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Numero do processo: 10980.013302/2005-28
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 31 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003
IRRF. FALTA DE RETENÇÃO. MULTA ISOLADA. LANÇAMENTO APÓS ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO. OBRIGAÇÃO DA FONTE PAGADORA. MULTA ISOLADA
Após o encerramento do período de apuração, a responsabilidade pelo pagamento do respectivo imposto passa a ser do beneficiário dos rendimentos, cabível a aplicação, à fonte pagadora, da multa pela falta de retenção ou de recolhimento, prevista no art. 9°, da Lei n° 10.426, de 2002, mantida pela Lei n° 11.488, de 2007, ainda que os rendimentos tenham sido submetidos à tributação no ajuste. Nesta hipótese, não há que se falar em retroatividade benéfica da Lei nº 11.488, de 2007.
Numero da decisão: 9202-007.709
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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FALTA DE RETENÇÃO. MULTA ISOLADA. LANÇAMENTO APÓS ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO. OBRIGAÇÃO DA FONTE PAGADORA. MULTA ISOLADA Após o encerramento do período de apuração, a responsabilidade pelo pagamento do respectivo imposto passa a ser do beneficiário dos rendimentos, cabível a aplicação, à fonte pagadora, da multa pela falta de retenção ou de recolhimento, prevista no art. 9°, da Lei n° 10.426, de 2002, mantida pela Lei n° 11.488, de 2007, ainda que os rendimentos tenham sido submetidos à tributação no ajuste. Nesta hipótese, não há que se falar em retroatividade benéfica da Lei nº 11.488, de 2007. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 01 33 02 /2 00 5- 28 Fl. 437DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de auto de infração de multa isolada sobre falta de retenção e recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF, relativos aos anoscalendário 2001, 2002 e 2003, que exige o recolhimento de R$ 66.195,10 de multa isolada e R$ 11.733,28 de juros de mora. O lançamento resultou de procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias da interessada, em que foram apuradas as seguintes infrações, relatadas no Termo de Verificação Fiscal, de fls. 126/140: i) Multas Isoladas Falta de Retenção e recolhimento do IRF nos períodos de 03/2001, 07/2001 a 02/2002, 04/2002, 06/2002 a 07/2002, 09/2002 a 10/2003 e 12/2003 enquadramento legal arts. 722, parágrafo único e 957 do RIR/1999; art. 9° da Lei n° 10.426, de 24 de abril de 2002; e ii) Juros Isolados Falta/Atraso da Retenção ou recolhimento do IRF nos períodos de 03/2001, 07/2001 a 02/2002, 04/2002, 06/2002 a 07/2002, 09/2002 a 10/2003 e 12/2003 – enquadramento legal art. 61 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. A autuada apresentou impugnação parcial, tendo unicamente por objeto por objeto a autuação referente aos fornecedores BJP Manutenção e Operação de Utilidades Ltda e Paulo Cezar Fahbush Pires, sendo que o crédito tributário incidente sobre as demais autuações (relativas às sociedades House of Palomino Produções S/C Ltda. e Sofhar Gestão & Tecnologia Ltda.) foi pago por Darf anexado aos autos (efl. 174). A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba/PR julgou o lançamento procedente, mantendo o crédito tributário em sua integralidade. Em seu Recurso Voluntário, a contribuinte reiterou as razões pelas quais a autuação não deveria prosperar em relação aos fornecedores BJP Manutenção e Operação de Utilidades Ltda e Paulo Cezar Fahbush Pires, alegando, em síntese, o que passo a transcrever. (a) Concernente à BJP Manutenção e Operação de Utilidades Ltda.: afirmou que, em 31/05/2001, firmou contrato de prestação de serviços com o fornecedor referido, com o seguinte escopo: "manutenção e operação, especificamente dos sistemas de vapor, ar comprimido, frio (Chiller), tratamento de efluentes, distribuição de água, predial em geral, ar condicionado, planejamento e controle da manutenção, almoxarifado de peças sobressalentes, média tensão elétrica e gerador de energia elétrica de emergência, manutenção preventiva geral, manutenção do site, iluminação interna e externa e pequenas modificações de layout nas instalações da contratante"; alegou que o art. 649 do RIR e demais legislações invocadas pelo auditor fiscal não são aplicáveis à modalidade de serviço contratada, por não se enquadrarem em prestação de serviços de limpeza, conservação, segurança, vigilância e tampouco locação de mão de obra, e que a incidência tributária ocorre quando há prestação de serviços de limpeza e conservação de bens imóveis; com base no art. 82 do Código Civil, asseverou que não se pode confundir os serviços que são objeto de retenção na fonte com aqueles que foram contratados pela requerente, que se referem a manutenção de técnicos especializados em Fl. 438DF CARF MF Processo nº 10980.013302/200528 Acórdão n.º 9202007.709 CSRFT2 Fl. 3 3 equipamentos e não de conservação e limpeza, os quais, uma vez removidos, não alterarão a substância ou a sua destinação, podendo ser citado como exemplos os equipamentos de ar condicionado, ou seja, podem ser removidos, sem que se perca a sua característica ou finalidade; frisou que o art. 43 do Código Civil mencionado pelo auditor fiscal foi revogado pelo código atual; reclamou que o conceito de manutenção e conservação não se correlaciona para os fins indicados pelo auditor, pois não se trata de conservação de imóvel, como estabelecido pela legislação e jamais como locação de mão de obra, sendo que a disponibilização dos empregados do fornecedor/contratado é premissa para a execução dos serviços; explicou que na prestação de serviços a retribuição é devida pelos serviços prestados, e a locação de mão de obra se presta, dentre outros, para ajustar contingentes aos picos sazonais ou eventualidades, ou suprir necessidades temporárias ou projetos prioritários da empresa, o que efetivamente não foi o objeto da contratação; citou solução de consulta n° 21 da 1ª Região Fiscal, no sentido de que não há retenção do imposto de renda na prestação de serviços de manutenção. (b) respeitante ao fornecedor Paulo Cezar Fahbush Pires: com base no art. 150 do Decretolei 1706/79, entende que a exceção somente se aplicaria às pessoas físicas que, individualmente, exerçam profissões ou explorem atividades de médico, engenheiro, advogado, dentista, veterinário, professor, economista, contador, jornalista, pintor, escritor, escultor e de outras formas de lhes possam ser assemelhadas (parágrafo único do art. 150 do RIR); aduziu que o prestador de serviços contratado através de pessoa jurídica não se enquadra em nenhuma das hipóteses acima, conforme decisão n° 289 da 8a Região Fiscal; entende ser inadmissível a descaracterização de empresas individuais como mencionado pelo auditor, para fins de tributação do IR, que não se enquadrem nas situações acima, ou seja, não tendo o serviço natureza profissional não há que se aplicar a retenção do imposto; e que a pessoa jurídica, ao efetuar o pagamento, deverá adotar as cautelas necessárias para identificar se está contratando com a pessoa física ou com pessoa jurídica por equiparação, sendo que para esta última, o imposto não é retido na fonte; justificou que contratou serviços com pessoa jurídica por equiparação, a teor do art. 150 do RIR, de modo que o art. 639 do RIR, invocado pelo auditor fiscal, não se aplica pela natureza dos serviços prestados por Paulo Cezar Fahbusch Pires Ltda, por ausência de previsão legal para a retenção. Em sessão plenária de 12/07/2016, foi dado provimento ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2201003.262 (efls. 340 a 349), com o seguinte resultado: “Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos dar provimento ao recurso. Fez sustentação oral a Dra. Heloisa Guarita Souza OAB/PR 16.597.” O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2002, 2003, 2004 AUSÊNCIA DE RETENÇÃO E/OU RECOLHIMENTO DE IRRF PELA FONTE PAGADORA. EXCLUSÃO DA MULTA PREVISTA PELO ART. 9º DA LEI Nº. 10.426/2002. FATOS GERADORES ANTERIORES À ALTERAÇÃO PROMOVIDA PELA LEI Nº. 11.488/2007. RETROATIVIDADE BENIGNA. Para os fatos geradores ocorridos anteriormente a alteração da redação do art. 9º da Lei nº. 10.426/2002, promovida pela Lei nº. Fl. 439DF CARF MF 4 11.488/2007, aplicase a retroatividade benigna prevista no art. 106, II, a, do Código Tributário Nacional, ante o fato de a referida alteração ter deixado de prever a aplicação da multa isolada do inciso II do art. 44 da Lei nº. 9.430/96. Recurso Voluntário Provido. Destaco que as razões pelas quais foi dado provimento ao Recurso Voluntário foram conhecidas de ofício pela Turma julgadora e que nenhuma das questões constantes do Recurso Voluntário foi objeto do Acórdão nº 2201003.262 O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional em 05/08/2016, para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs em 31/08/2016, portanto, tempestivamente, Recurso Especial (efls. 405 a 412). Em seu recurso, visa à reapreciação da seguinte matéria: aplicação da multa de ofício à fonte pagadora pela falta de retenção do IRRF, para fatos geradores anteriores à Medida Provisória 351, de 2007, convertida na Lei 11.488, de 2007. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº, da 2ª Câmara, de 10/02/2017 (efls. 414 a 418), conforme acórdão paradigma nº 2102000.465. No recurso é alegado que a imposição da multa isolada a ser aplicada na fonte pagadora pela falta de retenção e recolhimento do imposto de renda está prevista no art. 9º da Lei nº 10.426/2002, que assim dispõe: Art. 9º Sujeitase à multa de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicada na forma de seu § 1º, quando for o caso, a fonte pagadora obrigada a reter imposto ou contribuição no caso de falta de retenção ou recolhimento, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Extrai da leitura do citado dispositivo legal que mera falta de retenção já é expressamente caracterizada como tipo legal ensejador da multa, sendo irrelevante, dado o caráter de obrigatoriedade e estrita vinculação do lançamento previsto no art. 142 do CTN, que a beneficiária do pagamento tenha ou não oferecido os rendimentos à tributação. Destaca que a matéria foi objeto de pronunciamentos administrativos, que interpretaram e normatizaram a aplicação da multa, sendo o mais relevante, pela profundidade da abordagem, o Parecer Normativo nº 1/2002 da Receita Federal, cujos excertos ora se transcreve: IRRF. ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO APURADO PELO CONTRIBUINTE. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. PENALIDADE. Constatada a falta de retenção do imposto, que tiver a natureza de antecipação, antes da data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual, no caso de pessoa física, e, antes da data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual, no caso de pessoa jurídica, serão exigidos da fonte pagadora o imposto, a multa de ofício e os juros de mora. Fl. 440DF CARF MF Processo nº 10980.013302/200528 Acórdão n.º 9202007.709 CSRFT2 Fl. 4 5 Verificada a falta de retenção após as datas referidas acima serão exigidos da fonte pagadora a multa de ofício e os juros de mora isolados, calculados desde a data prevista para recolhimento do imposto que deveria ter sido retido até a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual, no caso de pessoa física, ou, até a data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual, no caso de pessoa jurídica; exigindose do contribuinte o imposto, a multa de ofício e os juros de mora, caso este não tenha submetido os rendimentos à tributação. Afirma que, sendo incontroverso que a autuada pagou ou creditou juros sobre o capital próprio, sem efetuar a retenção do IRRF, indiscutível o cabimento da multa isolada. Lembra que não cabe ao julgador relevar penalidades ou conceder qualquer redução nas multas de ofício lançadas sem que haja previsão legal para tanto; e que, inclusive, o Código Tributário Nacional prevê, em seu art. 97, que somente a lei pode determinar hipóteses de dispensa ou redução de penalidade, verbis: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...) VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Salienta que na esfera administrativa não cabe a apreciação das alegações de inconstitucionalidade das leis ou a determinação de que essas deixem de ser aplicadas a um caso concreto, sob alegação que ferem princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco, tendo em vista o já mencionado caráter vinculado do lançamento previsto no art. 142 do CTN. Por fim, assinala que não existe nenhuma retroatividade benigna da Lei nº 11.488/2007, que, ao alterar a redação do art. 9º da Lei nº 10.426/02, manteve a aplicação da multa prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/1996 para o caso de falta de retenção do imposto pela fonte pagadora. Considera, portanto, que o sujeito passivo, na qualidade de fonte pagadora, deixou de reter o IRRF a que estava obrigado, afigurandose correta a exigência de multa de ofício isolada, nos termos do art. 9º da Lei nº 10.426/02. Cientificado do Acórdão nº 2201003.262, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN em 06/03/2017, o contribuinte apresentou em 17/03/20172, portanto, tempestivamente, contrarrazões (efls. 426 a 433). Em suas contrarrazões, alega que a questão de mérito a ser enfrentada no presente auto diz respeito à não aplicação da multa de ofício à fonte pagadora, que deixou de fazer retenção do IRRF, para fatos geradores anteriores à Lei nº 11.488/2007, em função da nova redação dada por ela ao art. 9º, da Lei nº 10.426/2002. Traz as redações de ambas as leis para efeito de comparação: Redação original do art. 9º da Lei nº 10.426/2002: Fl. 441DF CARF MF 6 Art. 9º. Sujeitase às multas de que tratam os incisos I e II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a fonte pagadora obrigada a reter tributo ou contribuição, no caso de falta de retenção ou recolhimento, ou recolhimento após o prazo fixado, sem o acréscimo de multa moratória, independentemente e outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96, naquele momento concomitante: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I – de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II – cento e cinquenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. §1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: I – juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; II – isoladamente, quando o tributo ou a contribuição houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora; III – isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de fazê lo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste; IV – isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente. Redação alterada pela Lei nº 11.488/2007: Art. 9º. Sujeitase à multa de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicada na forma de seu §1º, quando for o caso, a fonte pagadora obrigada a reter imposto ou contribuição no caso de falta de retenção ou recolhimento, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida ou recolhida, ou que for recolhida após o prazo fixado. Fl. 442DF CARF MF Processo nº 10980.013302/200528 Acórdão n.º 9202007.709 CSRFT2 Fl. 5 7 Diz que a Lei nº 11.488/2007 também alterou a redação do artigo 44 da Lei nº 9.430, cujo conteúdo passou a ser o seguinte: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I – de 75% (Setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II – de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Afirma que a simples leitura dos dispositivos legais supra citados é suficiente para demonstrar que, a partir da Lei nº 11.488, de 2007, a hipótese normativa para a aplicação da multa isolada foi tacitamente revogada, uma vez que passou ela a ser prevista, na sua essência, no inciso II do artigo 44 da Lei nº 9.430/96, sendo que o artigo 9º da Lei nº 10.426, fundamento legal deste auto de infração, na sua nova redação a ele não mais se refere, tratando se de um descompasso legislativo que implica na revogação tácita do substrato legal da multa isolada. Acrescenta que a multa de ofício do inciso I do artigo 44 da Lei nº 9.430/96, a que se reporta o artigo 9º da Lei nº 10.426, na sua nova redação, é, apenas e tão somente, aquela lançada em conjunto com o tributo pago. Ressalta que, no caso concreto, não se cogita do imposto devido propriamente dito, mesmo porque se trata de fatos geradores pretéritos, não estando albergado por essa hipótese normativa; e que o inciso II do artigo 44 da Lei nº 9.430/96, onde está a previsão legal para o lançamento da multa isolada, não foi citado, vinculado ou mencionado na nova redação do artigo 9º da Lei nº 10.426, supra transcrito. Conclui que, se não há exigência do imposto em si, consequentemente, não há substrato legal a impor a multa isolada; e que, considerando que os anos autuados são de 2001 a 2003, e tendo em vista o disposto no artigo 106, II, “a”, do CTN, inquestionável é o reconhecimento dos efeitos na retroatividade benigna. É o relatório. Fl. 443DF CARF MF 8 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e atende, em princípio, aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial (efls. 414 a 418). Não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento, concordo com o despacho proferido para a apreciar o mérito da questão Do Mérito Quanto ao mérito, ressaltese que a situação em questão já foi enfrentada em diversas outras oportunidades por esta CSRF, razão pela qual alinhome aos que entendem, no âmbito deste CARF, não se confundir a penalidade estabelecida pelo art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, base legal do presente lançamento e aplicável à fonte pagadora dos rendimentos, com eventual sanção decorrente do não recolhimento do Imposto sobre a Renda incidente sobre os rendimentos recebidos, este último de responsabilidade do beneficiário dos rendimentos e sujeito à eventual multa de ofício aplicável quando não houver recolhimento do principal, previamente ao início da ação fiscal, com fulcro no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 24 de dezembro de 1996. Compartilho do posicionamento de que a única ligação existente entre os citados dois dispositivos é a remissão, pelo dispositivo da mencionada Lei nº. 10.426, de 2002, ao percentual de 75%, estabelecido pela Lei nº 9.430, de 1996, para fins de determinação do quantum devido a título de sanção. A matéria foi brilhantemente enfrentada no voto vencedor proferido na Câmara Superior de Recursos Fiscais no âmbito do Acórdão CSRF 9202003.582, de 03 de março de 2015, de relatoria da Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, o qual adoto para deslinde da controvérsia, assim, como razões de decidir quanto a este item guerreado pelo recorrente, verbis: "(...) A penalidade em tela foi instituída pela Medida Provisória n° 16, de 27/12/2001, convertida na Lei n° 10.426, de 2002, que assim estabelecia, em sua redação original: "Art.9°. Sujeitase às multas de que tratam os incisos I e II do art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a fonte pagadora obrigada a reter tributo ou contribuição, no caso de falta de retenção ou recolhimento, ou recolhimento após o prazo fixado, sem o acréscimo de multa moratória, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida ou recolhida, ou que for recolhida após o prazo fixado." Fl. 444DF CARF MF Processo nº 10980.013302/200528 Acórdão n.º 9202007.709 CSRFT2 Fl. 6 9 O dispositivo acima não deixa a menor brecha para que se entenda que a penalidade nele prevista poderia ser exigida de outra forma, que não a isolada. Com efeito, a penalidade está sendo aplicada à fonte pagadora, que não é a beneficiária dos rendimentos, portanto resta descartada qualquer possibilidade de cobrança desta multa juntamente com o imposto, cujo ônus, repitase, não é da fonte pagadora, e sim do beneficiário. Confirmando esse entendimento, o parágrafo único especifica a base de cálculo da multa, que nada mais é que o tributo que deixou de ser retido ou recolhido. O art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996, por sua vez, tinha a seguinte redação: "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I. de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II. cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. §1° As multas de que trata este artigo serão exigidas: I. juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; II. isoladamente, quando o tributo ou a contribuição houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora; III. isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão) na forma do art. 8° da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de fazêlo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste; IV. isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2°, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente; V. isoladamente, no caso de tributo ou contribuição social lançado, que não houver sido pago ou recolhido. (...)" Fl. 445DF CARF MF 10 Como se pode constatar, o art. 44, acima, não trata de multas incidentes sobre imposto cobrado por meio de responsabilidade tributária de fonte pagadora, e sim de penalidades que recaem diretamente sobre o imposto exigido do sujeito passivo, na qualidade de contribuinte, que relativamente ao Imposto de Renda é o próprio beneficiário dos rendimentos. Nesse passo, nenhuma das modalidades de exigência elencadas no § 1° se amolda à exigência estabelecida no art. 9° da Lei n° 10.426, de 2002, portanto não há que se falar que este último dispositivo tenha se referido ao art 44 da Lei n° 9.430, de 1996, para tomar de empréstimo algo além dos percentuais nele estabelecidos 75% e 150%. Isso porque a problemática que envolve as modalidades de exigência das penalidades constantes do § 1° do art. 44 vinculadas ao imposto ou exigidas isoladamente não se coaduna com a multa por falta de retenção na fonte. Esta, quando exigida, obviamente será isolada, eis que o principal, ou seja, o imposto, será cobrado não da fonte pagadora, mas sim, repitase, do beneficiário dos rendimentos. Com estas considerações, constatase que a referência feita pelo art. 9°, da Lei n° 10.426, de 2002, aos incisos I e II, do art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996, está focada nos incisos I e II do caput, e não nos incisos I e II do § 1°, do contrário estarseia atribuindo à fonte pagadora o papel de sujeito passivo contribuinte do tributo, e não o de mera intermediária entre este e o Fisco, responsabilidade esta conferida por lei. Ora, se os incisos I e II do caput do art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996, tratam de penalidades aplicáveis ao sujeito passivo na qualidade de contribuinte, que no caso do Imposto de Renda é o próprio beneficiário dos rendimentos, e o art. 9° da Lei n° 10.426, de 2002, trata exclusivamente de multa por descumprimento da obrigação de reter e recolher o tributo, aplicável à fonte pagadora na qualidade de responsável, o único elemento passível de empréstimo, do art. 44 para o art. 9°, diz respeito efetivamente aos percentuais de 75% ou 150%. Com efeito, não existe qualquer outro liame entre os dois dispositivos legais. Corroborando este entendimento, a Exposição de Motivos da Medida Provisória n° 16, de 27/12/2001, que foi convertida na Lei n° 10.426, de 2002, encaminhada ao Congresso Nacional, assim esclarece: "Os arts. 7° a 9° ajustam as penalidades aplicáveis a diversas hipóteses de descumprimento de obrigações acessórias relativas a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, reduzindoas ou, no caso do art. 9°, instituindo nova hipótese de incidência, preenchendo lacuna da legislação anterior." (grifei) O texto acima não deixa dúvidas, no sentido de que o art. 9°, da Lei n° 10.426, de 2002, trata unicamente de multa por descumprimento de obrigação acessória pela fonte pagadora, portanto descartase a sua exigência juntamente com o respectivo imposto, cujo ônus é do beneficiário dos rendimentos. Ademais, fica patente que se trata de nova hipótese de Fl. 446DF CARF MF Processo nº 10980.013302/200528 Acórdão n.º 9202007.709 CSRFT2 Fl. 7 11 incidência, o que também a desvincula definitivamente das hipóteses de incidência elencadas no § 1°, do art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996, eis que estas já existiam no ordenamento jurídico muito antes do advento da Medida Provisória n° 16, de 2001. (...)" Dos esclarecimentos transcritos no trecho acima, resta evidenciado que se tratam de obrigações distintas. A primeira resultante da obrigação de retenção e recolhimento do IRRF pela fonte pagadora à título de antecipação. A segunda decorrente do oferecimento à tributação, após o encerramento do período de apuração, pelo beneficiário dos rendimentos. Logo, o único ponto em comum em relação as duas obrigações é a referência ao dispositivo legal, cujo objetivo foi a utilização do percentual para fins de cálculo de sanção por descumprimento da obrigação de reter. Quanto a alegação de que a multa isolada fora revogada tacitamente pela Medida Provisória n° 351, de 2007, posteriormente convertida na Lei n° 11.488, de 2007 a questão foi suficientemente enfrentada no citado acórdão 9202003.582, de 03 de março de 2015, ao qual novamente transcrevo na parte pertinente por entender acertada a interpretação ali apresentada, senão vejamos: Com a edição da Medida Provisória n° 351, de 22/01/2007, convertida na Lei n° 11.488, de 15/06/2007, foi alterado o art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996, dentre outras finalidades, para extinguir a multa de ofício incidente sobre o pagamento de tributo ou contribuição fora do prazo, desacompanhado de multa de mora. Dito dispositivo legal passou a ter a seguinte redação: "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I. de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II. de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8° da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei n° 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2° desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1° O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. Fl. 447DF CARF MF 12 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (...)" Assim, o art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996, foi reformulado, mantendose a aplicação das multas de ofício vinculadas ao tributo, nos percentuais de 75% e 150%, a primeira mantida no inciso I, do caput, e a segunda não mais abrigada no inciso II, do caput, mas sim no inciso I, do §1°. O inciso II, do caput, que anteriormente continha a multa no percentual de 150%, passou a prever a multa isolada, no percentual de 50%, nos casos de falta de pagamento do carnêleão e de falta de pagamento do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devido por estimativa (alíneas "a" e "b"). Quanto à multa isolada pelo pagamento de tributo ou contribuição fora do prazo sem o acréscimo de multa de mora, esta foi extinta. Observese que a extinção da multa isolada acima destacada, levada a cabo pela nova redação do art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996, promovida pela Lei n° 11.488, de 2007, não tem qualquer reflexo nas multas do art. 9°, da Lei n° 10.426, de 2002, eis que, conforme já patenteado no presente voto, os dois dispositivos legais tratam de penalidades distintas, o primeiro disciplinando as exigências em face do sujeito passivo contribuinte, que no caso do Imposto de Renda é o beneficiário dos rendimentos, e o segundo regulamentando a incidência pelo descumprimento de obrigação de retenção e recolhimento do tributo pela fonte pagadora, na qualidade de responsável. Como ficou assentado, a conexão entre os dois dispositivos diz respeito unicamente aos percentuais de 75% e 150%. Tanto é assim que o art. 9° teve de sofrer também um ajuste, em função da realocação da multa de 150% (do caput para o § 1°). Ademais, também havia neste dispositivo a previsão de aplicação de multa de ofício à fonte pagadora, pelo recolhimento em atraso do Imposto de Renda Retido na Fonte, sem o acréscimo da multa de mora. Assim, na mesma linha da exclusão levada a cabo na nova redação do art. 44, esta penalidade teria de ser excluída do art 9°, já que não haveria sentido em permanecer no ordenamento jurídico apenas para apenar a fonte pagadora. Confirase a alteração do art. 9°, promovida pela mesma Lei n° 11.488, de 2007 (g.n.): "Art. 9° Sujeitase à multa de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicada na forma de seu § 1°, quando for o caso, a fonte pagadora obrigada a reter imposto ou contribuição no caso de falta de retenção ou recolhimento, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida ou recolhida, ou que for recolhida após o prazo fixado." Fl. 448DF CARF MF Processo nº 10980.013302/200528 Acórdão n.º 9202007.709 CSRFT2 Fl. 8 13 Ora, se a multa pela falta de retenção e recolhimento na fonte houvesse sido efetivamente extinta, não haveria qualquer razão para que se alterasse o art. 9°, da Lei n° 10.426, de 2002, como foi feito acima. A alteração visa claramente adaptar esse dispositivo à nova topografia do art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996, o que de forma alguma sinaliza que dita penalidade teria sido extinta. Além disso, repitase que a nova redação visou excluir a exigência de multa de ofício pelo recolhimento, pela fonte pagadora, do IRRF fora do prazo sem multa de mora, tal como ocorrera com penalidade semelhante, que antes também era imposta ao beneficiário do rendimento, relativamente ao recolhimento do principal. Assim, igualouse a exoneração desta penalidade, tanto em face do sujeito passivo contribuinte da obrigação principal, como perante a fonte pagadora, na qualidade de responsável pela obrigação de reter e recolher o tributo. (... ) Além de todas as razões que conduzem à conclusão de que não ocorreu a alegada extinção da multa de ofício pela falta de retenção ou recolhimento do IRRF, destacase o fato de que a adoção de tal tese equivaleria a admitirse a instituição de uma obrigação retenção e recolhimento do imposto pela fonte pagadora sem o estabelecimento de sanção, o que seria inusitado no Sistema Tributário Nacional. Ademais, ninguém põe em dúvida a manutenção da multa pela falta de recolhimento do carnêleão, que pressupõe relação entre pessoas físicas, que nem sempre possuem estrutura para cumprir com a obrigação, sendo que quem recolhe a antecipação, nesse caso, é o próprio contribuinte que arca com o encargo financeiro do tributo, descartada a possibilidade de apropriação indébita. Nesse passo, causa ainda maior perplexidade a conclusão de que a multa pela falta de retenção e recolhimento do imposto pela fonte pagadora teria sido extinta, já que as fontes pagadoras, na sua maciça maioria, são pessoas jurídicas, que dispõem de meios adequados ao cumprimento da obrigação. Acrescentese que a retenção na fonte sem o respectivo recolhimento caracteriza apropriação indébita, portanto terse ia ainda a possibilidade do cometimento de crime, sem qualquer previsão de sanção na esfera tributária, o que também seria inédito no Sistema Tributário Nacional. (...) (Grifouse.) Considerando os pontos acima, não assiste razão ao recorrente quanto a tese de revogação da referida multa isolada pela nova redação dada pela Medida Provisória n° 351, de 2007, posteriormente convertida na Lei n° 11.488, de 2007, ao art. 9º. da Lei n° 10.426, de 2002. Face o exposto, concluise que a multa isolada aplicada no caso sob análise tem previsão legal própria, no art. 9° da Lei n° 10.426, de 2002, com sua base de cálculo definida em seu parágrafo único, e somente se vincula ao art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430, de 1996, quanto ao percentual a ser aplicado. Fl. 449DF CARF MF 14 No mesmo sentido encaminhou este colegiado em relação ao Processo 12571000133/201151, Acórdão n° 9202005.326 de relatoria do conselheiro Heitor de Souza Lima Junior: Assunto: Obrigações Acessórias Exercício: 2007, 2008, 2009 OBRIGAÇÃO DA FONTE PAGADORA. MULTA ISOLADA Após o encerramento do período de apuração, a responsabilidade pelo pagamento do respectivo imposto passa a ser do beneficiário dos rendimentos, cabível a aplicação, à fonte pagadora, da multa pela falta de retenção ou de recolhimento, prevista no art. 9°, da Lei n° 10.426, de 2002, mantida pela Lei n° 11.488, de 2007, ainda que os rendimentos tenham sido submetidos à tributação no ajuste. Nesta hipótese, não há que se falar em retroatividade benéfica da Lei no. 11.488, de 2007. (...) No mesmo sentido, ainda, os Acórdãos 9202005.537, de 27/06/2017, 9202 005.443, de 23/05/2017 e 9202007.147, de 29/08/2018, desta Turma de CSRF. Conclusão Face o exposto, voto por CONHECER do Recurso Especial da Fazenda Nacional, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 450DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.907629/2014-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 23/12/2010
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE.
Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-005.929
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 90 76 29 /2 01 4- 81 Fl. 53DF CARF MF Processo nº 10880.907629/201481 Acórdão n.º 3301005.929 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão que manteve a não homologação da compensação do débito declarado pela contribuinte, em virtude de constar nos sistemas da RFB que o alegado recolhimento indevido já tinha sido utilizado integralmente para quitação de outros débitos. Confirase o teor do Despacho Decisório na origem: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Em manifestação de inconformidade, sustentou a contribuinte que o Despacho Decisório não teria fundamentação, tampouco motivação. Por isso, teria havido cerceamento do seu direito de defesa. A DRJ/RPO, no acórdão n° 14052.951, negou provimento ao apelo.. Em recurso voluntário, aduz que: a) A decisão de piso não levou em consideração a eficácia dos princípios constitucionais da motivação dos atos administrativos e da ampla defesa, o que impediu a empresa se defender adequadamente, bem como demonstrar a existência do crédito; b) O princípio da motivação dos atos administrativos foi desrespeitado, uma vez que a autoridade indeferiu a homologação das compensações utilizando como fundamento a inexistência do crédito, sem qualquer esclarecimento adicional; c) Restou violado o direito à ampla defesa, pois, como afirmado anteriormente, sem conhecer os motivos pelos quais sua compensação não foi homologada, a apresentação de qualquer defesa está prejudicada. Ao final, defende a reforma da decisão de primeira instância, para declarar insubsistente o despacho decisório que não homologa a compensação e acolher o recurso para homologála. É o relatório. Fl. 54DF CARF MF Processo nº 10880.907629/201481 Acórdão n.º 3301005.929 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.922, de 27 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.900868/201419, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301005.922): "O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Sustenta a empresa que o Despacho Decisório é nulo por ausência de motivação, o que lhe impede de fazer a comprovação do direito ao crédito, constituindo o cerceamento de defesa. Aduz: “como pode a recorrente argumentar e apresentar defesa sem saber ao certo por qual motivo sua compensação não foi homologada?”. A resposta a tal questão é límpida pelo teor do ato administrativo: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, a devida motivação reside no fato de que o alegado pagamento indevido não foi restituído, porque já tinha sido utilizado para quitar outros débitos. Por outro lado, não se observa as hipóteses do art. 59, II, do Decreto n° 70.235/72, sendo inexistente, por conseguinte, qualquer nulidade. Ademais, a Recorrente não traz apontamento da origem do indébito e tampouco qualquer elemento de prova. Limitouse em sede de manifestação de inconformidade apenas a afirmar que: A requerente, ao calcular o quantum debeatur do IPI, utilizouse de base de cálculo com valores que indevidamente a integravam, ou seja, de base de cálculo ampliada. Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10880.907629/201481 Acórdão n.º 3301005.929 S3C3T1 Fl. 5 4 Incluiu nesta base de cálculo, não só a receita decorrente de seu faturamento, ou seja, de suas vendas, mas sim as demais receitas que não devem compôlas. Para tanto, utilizouse de algumas teses tributárias já julgadas pelo Supremo Tribunal Federal de forma favorável aos contribuintes, a exemplo a ampliação da base de cálculo por alterar o conceito de faturamento, a exclusão da base de cálculo de determinadas despesas, entre outros. Por esta razão é que postulou a restituição/compensação do valor que pagou a maior desta exação. Tais afirmações sequer foram reiteradas no recurso voluntário. É sabido que a contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. Entretanto, a Recorrente não demonstrou a base de cálculo utilizada para apurar o IPI pago. Dessa forma, não há como se afirmar qual ou quais valores integraram a base de cálculo do IPI ao arrepio do art. 47 do CTN. Em pedido de sua iniciativa, cabialhe: a) Apresentar planilha com base de cálculo do IPI; b) Sustentar o indébito no livro de apuração do IPI e em notas fiscais; c) Exibir DIPJ, DCTF original e DARF e demais livros fiscais. Isso porque, dispõe o art. 170, do CTN que a compensação depende da comprovação da liquidez e certeza dos créditos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Dessa forma, na ausência de documentação referente ao crédito, entendo que a pretensão da Recorrente não merece acolhida, uma vez que, regra geral, considerase que o ônus de provar recai a quem alega o fato ou o direito: CPC/2015 Art. 373. O ônus da prova incumbe: Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10880.907629/201481 Acórdão n.º 3301005.929 S3C3T1 Fl. 6 5 I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Logo, é da própria empresa o ônus de registrar, guardar e apresentar os documentos e demais elementos que testemunhem o seu direito ao creditamento. Então, restou demonstrado que a interessada se omitiu em produzir a prova que lhe cabia, segundo as regras de distribuição do ônus probatório do processo administrativo fiscal. Não o fazendo, acertadamente, a compensação não foi homologada. Do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 57DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.900581/2008-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Data do fato gerador: 12/02/2003
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO PAGAMENTOS EFETUADOS.
O contribuinte que efetuou pagamento de tributos e contribuições com base no art. 5º da Medida Provisória n° 2.222, de 04 de setembro de 2001, e na Lei n° 10.431, de 24 de abril de 2002, em valor superior ao efetivamente devido, tem direito à restituição ou compensação da parcela comprovadamente paga a maior, de acordo com os procedimentos previstos na legislação tributária federal para os tributos e contribuições federais (ADI SRF nº 17/2007).
DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE DO MÉRITO.
Se a autoridade administrativa competente para apreciar o pedido, levantando questão prejudicial, sequer se manifestou sobre a existência do direito creditório, demonstrado o descabimento da prejudicial deve o processo retornar à autoridade competente para apreciá-lo.
Numero da decisão: 2201-004.958
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher a preliminar suscitada de ofício pelo conselheiro (relator), para considerar nula, por cerceamento do direito de defesa, a decisão proferida em sede de 1ª instância e determinar o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento para que emita nova decisão, oportunidade em que todos os temas tratados na impugnação deverão ser analisados pelo colegiado administrativo.
(assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fofano, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Daniel Melo Mendes Bezerra (Presidente em Exercício).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 12/02/2003 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO PAGAMENTOS EFETUADOS. O contribuinte que efetuou pagamento de tributos e contribuições com base no art. 5º da Medida Provisória n° 2.222, de 04 de setembro de 2001, e na Lei n° 10.431, de 24 de abril de 2002, em valor superior ao efetivamente devido, tem direito à restituição ou compensação da parcela comprovadamente paga a maior, de acordo com os procedimentos previstos na legislação tributária federal para os tributos e contribuições federais (ADI SRF nº 17/2007). DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE DO MÉRITO. Se a autoridade administrativa competente para apreciar o pedido, levantando questão prejudicial, sequer se manifestou sobre a existência do direito creditório, demonstrado o descabimento da prejudicial deve o processo retornar à autoridade competente para apreciálo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher a preliminar suscitada de ofício pelo conselheiro (relator), para considerar nula, por cerceamento do direito de defesa, a decisão proferida em sede de 1ª instância e determinar o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento para que emita nova decisão, oportunidade em que todos os temas tratados na impugnação deverão ser analisados pelo colegiado administrativo. (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra – Presidente em exercício e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 05 81 /2 00 8- 02 Fl. 78DF CARF MF Processo nº 16327.900581/200802 Acórdão n.º 2201004.958 S2C2T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fofano, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Daniel Melo Mendes Bezerra (Presidente em Exercício). Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.950, de 12 de fevereiro de 2019 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 16327.900498/200825, paradigma deste julgamento. "Tratase de recurso voluntário apresentado em face da decisão de primeiro grau que negou provimento à manifestação de inconformidade formalizada pelo sujeito passivo negando o direito ao crédito do IRRF recolhido, a ser compensado com outro tributo administrado pela Receita Federal. De acordo com o despacho decisório, o pagamento indicado não possui saldo disponível para compensação, visto que foi integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte. O contribuinte alega que efetuou a retenção de forma equivocada de IRRF, tendo em vista que se tratava de entidade de Educação Imune. Por tal razão, não deveria ter feito a retenção do IRRF da instituição que apresentou declaração informando que cumpria os requisitos para fruição da imunidade. Em primeiro grau a DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade sob o entendimento de que não poderia apreciar o pedido de compensação, pois se encontrava pendente ação judicial perante o Supremo Tribunal Federal. Considerando esses fatos, foi apresentado recurso voluntário para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Este recurso compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório do necessário." Voto Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.950, de 12 de fevereiro de 2019 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 16327.900498/200825, paradigma deste julgamento. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 16327.900581/200802 Acórdão n.º 2201004.958 S2C2T1 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.950, de 12 de fevereiro de 2019 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária: Acórdão nº 2201004.950 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária "O Recurso Voluntário é tempestivo e dele conheço. No caso em tela, verificase que a decisão de primeira instância não entrou no mérito da questão, o que pode ocasionar a malfadada a supressão de instância. Este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais determinou que a análise de mérito referente ao direito creditório deve ser feito pela decisão recorrida. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2003 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO PAGAMENTOS EFETUADOS NOS TERMOS DO ART. 5º DA MP n° 2.222/ 2001. O contribuinte que efetuou pagamento de tributos e contribuições com base no art. 50 da Medida Provisória n° 2.222, de 04 de setembro de 2001, e na Lei n° 10.431, de 24 de abril de 2002, em valor superior ao efetivamente devido, tem direito à restituição ou compensação da parcela comprovadamente paga a maior, de acordo com os procedimentos previstos na legislação tributária federal para os tributos e contribuições federais (ADI SRF nº 17/2007). DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE DO MÉRITO. Se a autoridade administrativa competente para apreciar o pedido, levantando questão prejudicial, sequer se manifestou sobre a existência do direito creditório, demonstrado o descabimento da prejudicial deve o processo retornar à autoridade competente para apreciálo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para anular a decisão recorrida e determinar o retorno dos autos à DEINF/RJ para, observando o disposto no Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 17, de 28 de dezembro de 2005, decidir o pleito. Para que a DRJ analise a regularidade da compensação realizada pela Recorrente, bem como sobre a existência do crédito, com a provas juntadas pelo contribuinte. Sendo assim, e considerando que a decisão de primeiro grau foi proferida levando em consideração a ADIn 18023 e que esta ação já foi julgada, declaro a nulidade da decisão recorrida para que outra seja proferida em seu lugar, analisando se a origem do crédito pleiteado, bem como o direito do contribuinte sobre o crédito pleiteado. Conclusão Diante do exposto, conheço do recurso e dou provimento para cancelar a decisão recorrida para que outra seja proferida." Fl. 80DF CARF MF Processo nº 16327.900581/200802 Acórdão n.º 2201004.958 S2C2T1 Fl. 5 4 Diante do exposto, conheço do recurso e dou provimento para cancelar a decisão recorrida para que outra seja proferida. (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Fl. 81DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13227.000482/2006-99
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1999
MATÉRIAS NÃO PROPOSTAS EM MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. APRESENTAÇÃO EM RECURSO AO CARF. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO.
As matérias não propostas em sede de manifestação de inconformidade não podem ser deduzidas em recurso ao CARF em razão da perda da faculdade processual de seu exercício, configurando-se a preclusão consumativa, a par de representar, se admitida, indevida supressão de instância.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DÉBITOS EXIGÍVEIS. CARTA COBRANÇA.
A ciência de Despacho Decisório de não homologação de compensação por meio de Carta-Cobrança, não constitui cerceamento direito de defesa, sendo mera consequência do caráter de confissão de dívida da Declaração de Compensação, de modo que, uma vez não homologada a compensação, os débitos indevidamente compensados passam a ser imediatamente exigíveis, ressalvada a apresentação de Manifestação de Inconformidade, hipótese em que ficam com a exigibilidade suspensa, nos termos da legislação vigente.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1999
INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 1999
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. CRÉDITOS QUE NÃO SE REFEREM A TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES ADMINISTRADOS PELA RECEITA FEDERAL. CRÉDITOS DE DECISÃO JUDICIAL SEM A PARTICIPAÇÃO DA UNIÃO E QUE NÃO RECONHECEU CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE.
Não é admitida a apresentação de Declaração de Compensação, para utilização de créditos de terceiros, não relacionados com tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, oriundos de decisão judicial que não envolve a União e que sequer reconheceu direito creditório em favor do sujeito passivo.
Numero da decisão: 1302-003.597
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, substituído pelo conselheiro Marcelo José Luz de Macedo.
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1999 MATÉRIAS NÃO PROPOSTAS EM MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. APRESENTAÇÃO EM RECURSO AO CARF. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO. As matérias não propostas em sede de manifestação de inconformidade não podem ser deduzidas em recurso ao CARF em razão da perda da faculdade processual de seu exercício, configurando-se a preclusão consumativa, a par de representar, se admitida, indevida supressão de instância. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DÉBITOS EXIGÍVEIS. CARTA COBRANÇA. A ciência de Despacho Decisório de não homologação de compensação por meio de Carta-Cobrança, não constitui cerceamento direito de defesa, sendo mera consequência do caráter de confissão de dívida da Declaração de Compensação, de modo que, uma vez não homologada a compensação, os débitos indevidamente compensados passam a ser imediatamente exigíveis, ressalvada a apresentação de Manifestação de Inconformidade, hipótese em que ficam com a exigibilidade suspensa, nos termos da legislação vigente. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1999 INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 1999 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. CRÉDITOS QUE NÃO SE REFEREM A TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES ADMINISTRADOS PELA RECEITA FEDERAL. CRÉDITOS DE DECISÃO JUDICIAL SEM A PARTICIPAÇÃO DA UNIÃO E QUE NÃO RECONHECEU CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. Não é admitida a apresentação de Declaração de Compensação, para utilização de créditos de terceiros, não relacionados com tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, oriundos de decisão judicial que não envolve a União e que sequer reconheceu direito creditório em favor do sujeito passivo.
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APRESENTAÇÃO EM RECURSO AO CARF. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO. As matérias não propostas em sede de manifestação de inconformidade não podem ser deduzidas em recurso ao CARF em razão da perda da faculdade processual de seu exercício, configurandose a preclusão consumativa, a par de representar, se admitida, indevida supressão de instância. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DÉBITOS EXIGÍVEIS. CARTA COBRANÇA. A ciência de Despacho Decisório de não homologação de compensação por meio de CartaCobrança, não constitui cerceamento direito de defesa, sendo mera consequência do caráter de confissão de dívida da Declaração de Compensação, de modo que, uma vez não homologada a compensação, os débitos indevidamente compensados passam a ser imediatamente exigíveis, ressalvada a apresentação de Manifestação de Inconformidade, hipótese em que ficam com a exigibilidade suspensa, nos termos da legislação vigente. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1999 INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 1999 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. CRÉDITOS QUE NÃO SE REFEREM A TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 22 7. 00 04 82 /2 00 6- 99 Fl. 311DF CARF MF Processo nº 13227.000482/200699 Acórdão n.º 1302003.597 S1C3T2 Fl. 312 2 ADMINISTRADOS PELA RECEITA FEDERAL. CRÉDITOS DE DECISÃO JUDICIAL SEM A PARTICIPAÇÃO DA UNIÃO E QUE NÃO RECONHECEU CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. Não é admitida a apresentação de Declaração de Compensação, para utilização de créditos de terceiros, não relacionados com tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, oriundos de decisão judicial que não envolve a União e que sequer reconheceu direito creditório em favor do sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, substituído pelo conselheiro Marcelo José Luz de Macedo. Relatório Tratase de Recurso Voluntário em relação ao Acórdão nº 019.356, proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém/PA (fls. 269 a 276), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo, e cuja ementa é a seguinte: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1999 Ementa: COMPENSAÇÃO. RESTITUIÇÃO. Não deve ser homologada a compensação quando a correspondente restituição é indeferida, pois esta versa sobre questão prejudicial daquela. DOUTRINA. ENTENDIMENTO DOMINANTE DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. VINCULAÇÃO ADMINISTRATIVA. Fl. 312DF CARF MF Processo nº 13227.000482/200699 Acórdão n.º 1302003.597 S1C3T2 Fl. 313 3 A autoridade julgadora administrativa não se encontra vinculada ao entendimento dos Tribunais Superiores pois não faz parte da legislação tributária de que fala o art. 96 do Código Tributário Nacional, desde que não se traduzam cm súmula vinculante nos termos da Emenda Constitucional n° 45, DOU de 31/12/2004. Da mesma forma, não há vinculação do julgador administrativo à doutrina jurídica. INCONSTITUCIONALIDADE. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de inconstitucionalidade de dispositivos legais. As leis regularmente editadas segundo o processo constitucional gozam de presunção de constitucionalidade até decisão cm contrário do Poder Judiciário. ILEGALIDADE DE DISPOSITIVOS LEGAIS. Falece competência à autoridade julgadora de se manifestar acerca da ilegalidade de dispositivos legais, por ser matéria de exclusiva competência do Poder Judiciário." A decisão recorrida, assim, resumiu os autos (a numeração de folhas se refere ao momento anterior à digitalização do processo administrativo): "Trata o presente processo de pedido de restituição de créditos de terceiros oriundo de ação judicial n° 1059/57, combinado com declaração de compensação de débitos diversos. Instruem o processo as PER/DCOMP de fls. 01 a 108. A DRF de JiParaná, por meio do despacho decisório de fls. 193 a 204, considerou não homologadas as PER/DCOMP transmitidas anteriormente à edição da Lei 11.051/04, em razão de a compensação ser vedada por expressa disposição legal, conforme artigo 170 da Lei 5.172/66 e artigo 74 da Lei 9.430/96, vigentes à época. Cientificado do despacho e inconformado com o indeferimento de seu pedido, o interessado apresentou manifestação de inconformidade às fls. 222 a 255, requerendo a esta DRJ a reforma da decisão proferida pela DRF, para que seja autorizada a restituição de créditos de terceiros oriundo de ação judicial n° 1059/57, cumulada com a compensação dos débitos declarados, alegando, em resumo, o seguinte: * Que a contribuinte adquiriu através de Escritura Pública créditos precatórios junto a empresa Waldemar Barros Esteves oriundos da Ação Ordinária de Indenização n° 37.974 em face do Estado do Paraná, resultante de desapropriação de terras, e que por isso passou a ser detentora legal do crédito, conforme preceitua o art. 286 do Código Civil; * Que a carta cobrança por ser sinal exteriorizador do indeferimento arbitrário da Autoridade Fazendária, referente ao pedido de compensação realizado, gera em si a mácula da Fl. 313DF CARF MF Processo nº 13227.000482/200699 Acórdão n.º 1302003.597 S1C3T2 Fl. 314 4 inconstitucionalidade do ato administativo (sic), por ofensa aos princípios da ampla defesa e do contraditório; * Que a Instrução Normativa 517/2005 extrapolou a sua competência e feriu o principio da legalidade estrita, quando instituiu obrigação não contida na lei 8.383/91, inclusive criando novos ônus ao contribuinte; * Que a Receita Federal legisla em seu favor criando inúmeras barreiras e dificuladades (sic) visando onerar o contribuinte de maneira injustificada e inconstitucional; * Que a Receita Federal na nova disciplina legal — Lei 11.051/04 — no seu indigitado parágrafo 12, inciso II, alíneas a, b e c, de forma inconstitucional impede a discussão administrativa, antecipando a possibilidade de que a autoridade fazendária entenda de forma diversa daquela exposta a priori; * Que o artigo 74 da Lei 9.430/96 é inconstitucional pois a compensação tributária tem permissivo constitucional e o CTN que tem força de lei complementar e estaria, portanto, acima da lei 9.430/96, não trouxe qualquer limitação no instituto para que fosse vedada a compensação com créditos de terceiros; * Que o principio constitucional que afirma o direito de propriedade (art. 5°, XXII da CF), o Código Civil Brasileiro nos artigos 286 a 298, que disciplina a cessão de créditos, o art. 78 do ADCT, incluído pela Emenda Constitucional n° 30/2000, e a Lei Complementar n° 101/00, fundamentam o direito do contribuinte, visto que o precatório não pago foi incluído no período sobre a divida liquida consolidada, passando assim, a integrar o passivo do ente federativo, o que possibilita o encontro de contas." Os julgadores a quo registraram serlhes vedado afastar qualquer ato normativo válido sob a alegação de ilegalidade ou inconstitucionalidade. Consideraram, ainda, que a jurisprudência administrativa, as decisões judiciais e as lições doutrinárias invocadas pelo sujeito passivo não constituem normas complementares de Direito Tributário, não vinculam o julgador administrativo e não podem ser aplicada genericamente a outros casos. Registraram, por fim, que as compensações declaradas pelo sujeito passivo foram corretamente consideradas nãohomologadas, uma vez que inexistente qualquer crédito em seu favor, além de o crédito da ação judicial referida nas DComps se referir ao Estado do Paraná, e, finalmente, o crédito em questão se de natureza não tributária. Após a ciência, o sujeito passivo apresentou o Recurso Voluntário de fls. 282 a 306, por meio do qual alega que: (i) a CartaCobrança a ele endereçada impediria o pleno exercício do direito de defesa, estando eivada de inconstitucionalidade, a qual poderia, e deveria, ser declarada pela autoridade administrativa; Fl. 314DF CARF MF Processo nº 13227.000482/200699 Acórdão n.º 1302003.597 S1C3T2 Fl. 315 5 (ii) o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), no Recurso Especial nº 550.400, garantiria que "as parcelas vencidas e não pagas do precatório tem o cunho liberatório do pagamento de tributos, independente de outra lei infraconstitucional", o que seria decorrência direta do próprio texto constitucional (art. 78 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias); (iii) não teria formulado Pedido de Compensação, de modo que inaplicável o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, mas pagamento de tributo com título dotado de poder liberatório; (iv) as limitações à compensação com créditos de terceiros devem ser interpretadas conforme a Constituição; (v) deve ser afastada a cominação de multa isolada em relação às compensações de que tratam os presentes autos. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator 1. Da admissibilidade do Recurso O sujeito passivo foi cientificado, por via postal, em 25 de janeiro de 2008 (fl. 281), tendo apresentado Recurso Voluntário em 31 de janeiro do mesmo ano (fl. 282), dentro, portanto, do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. O Recurso é assinado por procurador, devidamente constituído à fl. 308. A matéria objeto do Recurso está contida na competência da 1ª Seção de Julgamento do CARF, conforme Arts. 2º, inciso VII, e 7º do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RI/CARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. Como relatado, porém, o Recorrente traz, na peça recursal, novas alegações não apresentadas por ocasião da Impugnação. Nos termos da legislação de regência do processo administrativo fiscal, a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento, devendo dela constar todos os motivos de fato e de direito em que se fundamentam os pontos de discordância e as razões e provas das alegações (arts. 14 e 16 do Decreto nº 70.235, de 1972). Ou seja, é nesse instante em que se delimita a matéria objeto do contencioso administrativo, não sendo admitido ao contribuinte e à autoridade ad quem tratar de matéria não questionada por ocasião da impugnação, sob pena de supressão de instância e violação ao princípio do devido processo legal. Admitemse, contudo, algumas exceções à essa regra de preclusão consumativa. Fl. 315DF CARF MF Processo nº 13227.000482/200699 Acórdão n.º 1302003.597 S1C3T2 Fl. 316 6 Em primeiro lugar, são admitidas as provas apresentadas em momento posterior, desde que presente alguma das hipóteses trazidas pelo §4º do referido art. 16 do Decreto nº 770.235, de 1972 (impossibilidade de apresentação oportuna, por motivo de força maior; fato ou direito superveniente; contraposição de fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos). A par disso, também são excepcionadas as matérias que possam ser conhecidas de ofício pelo julgador, a exemplo das matérias de ordem pública. É patente que as alegações relacionadas a inconstitucionalidade de normas legais se inclui dentre tal rol. Ocorre que, nos termos da Súmula CARF nº 02: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Isto posto, a nova matéria não merece ser conhecida. A par disso, a alegação de que não teria realizada compensação, mas pagamento com título dotado de efeito liberatório é totalmente contrária às razões trazidas na Impugnação, de modo que não se insere dentre as exceções à preclusão consumativa, pelo que não pode, igualmente, ser conhecida. Tratando da preclusão consumativa, Fredie Didier Jr (Curso de Direito Processual Civil, 18a ed, Salvador: Ed. Juspodium, 2016. Vol. 1, p. 432) assim leciona: "A preclusão consumativa consiste na perda de faculdade/poder processual, em razão de essa faculdade ou esse poder já ter sido exercido, pouco importa se bem ou mal. Já se praticou o ato processual pretendido, não sendo possível corrigilo, melhorálo ou repetilo. A consumação do exercício do poder o extingue. Perdese o poder pelo exercício dele." É exatamente o caso dos presentes autos. O Recorrente não pode, em sede de Recurso Voluntário ao CARF, trazer matéria que poderia, e deveria, ter sido oposta naquele primeiro recurso. A questão se relaciona ainda com a extensão do efeito devolutivo dos recursos, sobre a qual o mesmo autor (Curso de Direito Processual Civil, 13a ed, Salvador: Ed. Juspodium, 2016. Vol. 3, p. 143) se manifesta nos seguintes termos: "A extensão do efeito devolutivo significa delimitar o que se submete, por força do recurso, ao julgamento do órgão ad quem. A extensão do efeito devolutivo determinase pela extensão da impugnação: tantum devolutum quantum apellatum. O recurso não devolve ao tribunal o conhecimento de matéria estranha ao âmbito do julgamento (decisão) a quo. Só é devolvido o conhecimento da matéria impugnada (art. 1.013, caput, CPC)." Há diversos precedentes, no âmbito de todas as Seções deste Conselho, bem como da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que concluem pelo reconhecimento da preclusão consumativa em relação às matérias não apreciadas pelo julgado a quo, a exemplo das seguintes decisões desta Turma julgadora: Fl. 316DF CARF MF Processo nº 13227.000482/200699 Acórdão n.º 1302003.597 S1C3T2 Fl. 317 7 "PROCESSUAL PRECLUSÃO CONSUMATIVA INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR APÓS A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO FORA DAS HIPÓTESES DO ART. 16, § 4º, DO DECRETO 70.235 IMPOSSIBILIDADE. O pedido deve ser compreendido, e limitado, pela causa de pedir efetivamente deduzida pelo contribuinte na primeira oportunidade legalmente prevista, conforme previsão contida no art. 17 do Decreto 70.235, somente se autorizando a inovar dentro das situações expressamente autorizadas pelo art. 16 do mesmo diploma processual administrativo." (Acórdão nº 1302 003.356, de 23 de janeiro de 2019, Rel. Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca) "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. MATÉRIAS NÃO CONSTANTES NA IMPUGNAÇÃO QUE INSTAUROU O LITÍGIO.O contencioso administrativo instaura se com a impugnação ou manifestação de inconformidade, que devem ser expressas, considerandose preclusa a matéria que não tenha sido diretamente indicada ao debate. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria nova não apresentada por ocasião da impugnação ou manifestação de inconformidade. Nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada em impugnação, verificandose a preclusão consumativa em relação ao tema. Impossibilidade de apreciação da temática, inclusive para preservar as instâncias do processo administrativo fiscal. Não conhecimento do recurso nas matérias inovadas." (Acórdão nº 1302003.097, de 18 de setembro de 2018, Rel. Conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa) Por fim, também não merece ser conhecidas as alegações relativas à imposição de multa isolada relacionada com as DComp apresentadas. A uma, porque não suscitadas na Impugnação, valendo tudo o já exposto. Ademais, por ser matéria estranha aos presentes autos. Isto posto, o Recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento, à exceção das matérias excepcionadas. II. Do Despacho de nãohomologação e CartaCobrança Como acertadamente decidido pela decisão recorrida, o Despacho Decisório proferido pela autoridade administrativa em relação às Declarações de Compensação (DComp) apresentadas pela Recorrente se encontra em plena consonância com a legislação que rege os procedimentos de compensação de créditos tributários federais. Os supostos créditos que o sujeito passivo pretendia utilizar se referem a ação judicial relativa a terceiros, contra o Estado do Paraná e relativa a matéria nãotributária, de modo que absolutamente imprestáveis, acaso existentes, para a compensação pleiteada. De outra parte, a CartaCobrança a ele encaminhada não tolhe o seu direito de defesa, uma vez que este é expressamente ressalvado, tanto que plenamente exercitado perante as duas instâncias administrativas. Fl. 317DF CARF MF Processo nº 13227.000482/200699 Acórdão n.º 1302003.597 S1C3T2 Fl. 318 8 O fato de a ciência do Despacho Decisório ser formulado por meio de Carta Cobrança decorre do caráter de confissão de débito das DComp, de modo que, uma vez não homologada a compensação, os débitos indevidamente compensados passam a ser imediatamente exigíveis (§§6º e 7º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996), ressalvada a apresentação de Manifestação de Inconformidade, hipótese em que ficam com a exigibilidade suspensa, nos termos dos §§9º e 11 do mesmo dispositivo legal. Inexistente, portanto, qualquer vício a ser reconhecido. Isto posto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do sujeito passivo. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 318DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.914396/2009-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.997
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os Membros da Segunda Turma da Quarta Câmara-Terceira Seção do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra-Presidente
(assinado digitalmente)
Pedro Sousa Bispo-Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
Nome do relator: PEDRO SOUSA BISPO
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RESOLVEM os Membros da Segunda Turma da Quarta CâmaraTerceira Seção do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro BezerraPresidente (assinado digitalmente) Pedro Sousa BispoRelator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes. RELATÓRIO Trata o processo de pedido de compensação formulado pelo contribuinte, por meio de PER/DCOMP, que foi parcialmente homologado pela DEINF SÃO PAULO porque foi constatado que inexistia crédito disponível suficiente relativo ao DARF indicado, conforme o constante do despacho decisório em anexo. Devidamente cientificada, a interessada apresentou sua manifestação de inconformidade, alegando o que se segue: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .9 14 39 6/ 20 09 -7 8 Fl. 147DF CARF MF Processo nº 16327.914396/200978 Resolução nº 3402001.997 S3C4T2 Fl. 148 2 3.1 Entre 01/06/2007 e 20/06/2007, foram lançados no seu livro Razão diversos valores supostamente devidos a título de IOF sobre operações de crédito realizadas por pessoas físicas, no total de R$ 96.054,85. Mesmo ciente de que aquele valor não era devido em sua integralidade, eis que muito diverso daqueles constantes da conta contábil relativa à CPMF (Doc. 73), fato este que indicava haver alguma falha em seu sistema de dados – nas operações de crédito, ambos os tributos tinham a mesma base de cálculo –, a Manifestante optou por recolher o IOF indicado como devido no razão, para, depois, apurar qual foi a falha do sistema e o seu montante e requerer a compensação do valor pago a maior. (fl. 4) 3.2 Posteriormente, apurou que todo o IOF recolhido era indevido, pois tratavase de operações não sujeitas a tributação por esse imposto. 3.3 Em 20/10/2009, apresentou DCTF retificadora, comprovando a existência do crédito a ser compensado. 3.4 O Despacho Decisório deve ser reformado em homenagem ao princípio da verdade material. 3.5 O erro de preenchimento da DCTF foi sanado por meio da retificação. 3.6 Erro de preenchimento não pode acarretar cobrança de tributo indevido. Tendo a DCTF sido apresentada após a PER/DCOMP e até mesmo do despacho decisório que não homologou a compensação, temse nela um fato superveniente, que pode ser alegado em Manifestação de Inconformidade, por permissão art. 16, § 4°, ‘b’, do Decreto n°.70.235/72. (fl. 10) 3.7 Negar a consideração da DCTF retificadora é negar o direito à ampla defesa, com todos os meios a ela inerentes. Ato contínuo, a DRF RIO DE JANEIRO I (RJ) julgou a manifestação de inconformidade nos seguintes termos; ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 20/06/2007 RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. INEFICÁCIA. A retificação de DCTF não produz efeitos quando tiver por objeto alterar débito relativo a imposto em relação ao qual o contribuinte tenha sido intimado do início de procedimento fiscal. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em seguida, devidamente notificada, a Empresa interpôs o presente recurso voluntário pleiteando a reforma do acórdão. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 16327.914396/200978 Resolução nº 3402001.997 S3C4T2 Fl. 149 3 No Recurso Voluntário, a Empresa suscitou as mesmas questões preliminares e de mérito, repetindo as argumentações apresentadas na manifestação de inconformidade. É o relatório. VOTO O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. A lide trata de direito creditório da Recorrente decorrente de suposto pagamento de Darf a maior de IOF ocorrido no período de apuração de 20/06/2007. Visando utilizar o suposto crédito, a Recorrente apresentou Declaração de Compensação (PER/DCOMP nº 07786.99790.290607.1.3.047906) que foi indeferida pela Autoridade Tributária sob o argumento de que inexistia crédito disponível relativo ao referido DARF, o que impediu a homologação da compensação. Em seu Recurso, a Empresa alega que cometeu erro de fato ao preencher incorretamente a DCTF com valor maior ao efetivamente devido. A fim de comprovar o seu direito, juntou aos autos a DCTF retificadora entregue após a ciência do Despacho Decisório denegatório, lançamentos contábeis e relatório de IOF da conta margem. Nesse passo, a Recorrente ainda explica detalhadamente os fatos que ensejaram o pagamento indevido: 3.1 Entre 01/06/2007 e 20/06/2007, foram lançados no seu livro Razão diversos valores supostamente devidos a título de IOF sobre operações de crédito realizadas por pessoas físicas, no total de R$ 96.054,85. Mesmo ciente de que aquele valor não era devido em sua integralidade, eis que muito diverso daqueles constantes da conta contábil relativa à CPMF (Doc. 73), fato este que indicava haver alguma falha em seu sistema de dados – nas operações de crédito, ambos os tributos tinham a mesma base de cálculo –, a Manifestante optou por recolher o IOF indicado como devido no razão, para, depois, apurar qual foi a falha do sistema e o seu montante e requerer a compensação do valor pago a maior. (fl. 4) 3.2 Posteriormente, apurou que todo o IOF recolhido era indevido, pois tratavase de operações não sujeitas a tributação por esse imposto. De plano, constatase no caso ora analisado que, embora a Recorrente tenha feito a retificação da DCTF intempestivamente, constam nos autos diversos documentos que sugerem a existência do crédito da Recorrente, tais como: a DCTF retificadora entregue após a ciência do Despacho Decisório denegatório, lançamentos contábeis e relatório de IOF da conta margem. Assim, tendo em vista esse conjunto indiciário de elementos trazidos pela Recorrente, entendo que há necessidade de conversão do processo em diligência para que a Autoridade Fiscal os analise quanto a sua potencialidade para comprovar o direito creditório da Recorrente, bem como solicite outros elementos necessários à análise do pleito, conforme indicado nos quesitos dessa diligência. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 16327.914396/200978 Resolução nº 3402001.997 S3C4T2 Fl. 150 4 Diante dessas considerações, à luz do princípio da verdade material e do art. 29 do Decreto n.º 70.235/72, proponho a conversão do presente processo em diligência para que a Autoridade Fiscal de origem (DEINF SÃO PAULO) realize os seguintes procedimentos: a) intimar a Recorrente a apresentar os seguintes itens: a.1) demonstrativo comparativo que discrimine a formação da base de cálculo que serviu ao pagamento a maior e a base pretensamente correta; a.2) apresentar contratos lavrados com clientes, se aplicável ao caso; a.3) comprovar que efetuou o recolhimento do valor retido e que devolveu/estornou ao cliente a quantia retida indevidamente ou a maior, bem como promoveu os estornos contábeis devidos; b) que a Autoridade Fiscal realize qualquer outra verificação ou intimação que entender necessária para atingir os objetivos da diligência; c) informar justificadamente se, independentemente de retificação da DCTF, a documentação juntada aos autos pela Recorrente e a por ventura obtida por meio de intimação são suficientes para comprovar que houve pagamento indevido e a maior do IOF no período de apuração de 20/06/2007, no montante indicado pela Recorrente. Em caso de apuração de valor divergente com aquele informado pela Empresa, elaborar demonstrativo e indicar, de forma fundamentada, os motivos da divergência; d) após a análise da documentação, a Autoridade Fiscalizadora deverá elaborar relatório, com os procedimentos realizados e conclusões tomadas; e e) elaborado o Relatório, devese dar ciência ao contribuinte para manifestação sobre o teor do relatório da diligência, retornando então o processo a este Colegiado para julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator Fl. 150DF CARF MF
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Numero do processo: 16682.902793/2011-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009
IPI. IMUNIDADE. DERIVADOS DE PETRÓLEO. TIPI.
Produtos relacionados na TIPI com alíquota positiva ou alíquota zero não estão abrangidos pela imunidade objetiva prevista aos derivados de petróleo no § 3º do art. 155 da Constituição Federal. Esses produtos estão dentro do campo de incidência do IPI em decorrência de decreto do poder executivo. Impossibilidade de afastar a sua aplicação por força da súmula CARF nº 2.
CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 155, § 3º DA CF. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 20.
Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2010
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. NÃO CONHECIMENTO.
Nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, considera-se não impugnada matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Preclusão do direito de fazê-lo na segunda instância.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2009
LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA.
Por se tratar de matéria de ordem pública a decadência tributária do lançamento deve ser conhecida de ofício, quando não for objeto de impugnação.
DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS ESCRITURAIS DO IPI. RECOLHIMENTO ANTECIPADO. PAGAMENTO.
Havendo pagamento antecipado, o prazo decadencial é contado de cinco anos a partir da ocorrência do fato gerador, ressalvado a prática de dolo, fraude ou simulação. A legislação do IPI, art. 183 do RIPI/2010, reconhece expressamente que os créditos escriturais do imposto é tratado com pagamento do imposto.
Numero da decisão: 3301-005.845
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para aplicar a decadência aos fatos geradores de 01/2008 a 11/2008.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente.
(assinado digitalmente)
SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR - Relator.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Marco Antonio Marinho Nunes, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior
Nome do relator: SALVADOR CANDIDO BRANDAO JUNIOR
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 IPI. IMUNIDADE. DERIVADOS DE PETRÓLEO. TIPI. Produtos relacionados na TIPI com alíquota positiva ou alíquota zero não estão abrangidos pela imunidade objetiva prevista aos derivados de petróleo no § 3º do art. 155 da Constituição Federal. Esses produtos estão dentro do campo de incidência do IPI em decorrência de decreto do poder executivo. Impossibilidade de afastar a sua aplicação por força da súmula CARF nº 2. CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 155, § 3º DA CF. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 20. Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2010 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, considerase não impugnada matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Preclusão do direito de fazêlo na segunda instância. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2009 LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 27 93 /2 01 1- 72 Fl. 229DF CARF MF 2 Por se tratar de matéria de ordem pública a decadência tributária do lançamento deve ser conhecida de ofício, quando não for objeto de impugnação. DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS ESCRITURAIS DO IPI. RECOLHIMENTO ANTECIPADO. PAGAMENTO. Havendo pagamento antecipado, o prazo decadencial é contado de cinco anos a partir da ocorrência do fato gerador, ressalvado a prática de dolo, fraude ou simulação. A legislação do IPI, art. 183 do RIPI/2010, reconhece expressamente que os créditos escriturais do imposto é tratado com pagamento do imposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para aplicar a decadência aos fatos geradores de 01/2008 a 11/2008. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente. (assinado digitalmente) SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR Relator. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vicepresidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Marco Antonio Marinho Nunes, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior Relatório Tratase de pedido de ressarcimento de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados, apurados no 1º trimestre/2009, cumulado com declaração de compensação. Foi apresentado o PER/DCOMP n° 25885.79732.301210.1.3.015657 (fls. 175178), declarando a compensação por um crédito histórico no valor de R$ 4.033.356,70. A unidade de origem, após a realização de diligência destinada a apurar a liquidez e certeza do direito creditório, emitiu o Termo de Informação Fiscal de fls. 169171 e o despacho decisório de fl. 172, indeferindo o pedido de ressarcimento e não homologando a compensação correlata, tendo em vista que o resultado da diligência foi a lavratura de um auto de infração para constituir crédito tributário sobre algumas operações (débito) e, também, realizar glosas de crédito. O auto de infração recebeu o numero de processo 16095.720242/201374. Conforme referido TIF, o auto de infração teve, em síntese, as seguintes acusações: Fl. 230DF CARF MF Processo nº 16682.902793/201172 Acórdão n.º 3301005.845 S3C3T1 Fl. 230 3 Sobre os débitos, afirmou: Houve emissão de Notas Fiscais sem destaque do imposto na saída dos produtos classificados pela empresa na posição fiscal 2710.1992 e 2710.1999, relacionada na TIPI com alíquota de 8%. As saídas se referem a venda de mercadorias de produção do estabelecimento como também a revenda de mercadorias adquiridas ou recebida de terceiros, importadas; Neste contexto, afirmou a fiscalização que o parágrafo único do artigo 2° do Regulamento do IPI vigente na época dos fatos previa que o campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" ( não tributado). Sobre as glosas, afirmou. A empresa também produziu e promoveu saídas por vendas de produtos classificados na posição fiscal 2710.1931, 2710.1932, que também não tiveram destaque do imposto, esses relacionados na TIPI como não tributados (N/T). (...) O artigo 11 da Lei 9.779/99, possibilita a manutenção do crédito relativo à aquisições de insumos aplicados em produtos tributados à alíquota zero ou isento, imunes quando destinados à exportação. (...) O § 3° do artigo 2° da IN 33/99 dispõe que deverão ser estornados os créditos originários de aquisição de MP, PI e ME, quando destinados à fabricação de produtos não tributados (NT). Considerando esse ordenamento os créditos pelas aquisições das matérias primas, PI e ME aplicados nos produtos classificados nas posições 27.10.1931 e 2710. 1932, foram apurados e por não terem direito a manutenção, na reconstituição da escrita fiscal foram estornados. A fiscalização ainda apontou que o estabelecimento utiliza insumos comuns na fabricação de produtos tributados e produtos não tributados. Em vista disso, e com base em listas técnicas fornecidas pela Recorrente contendo a discriminação dos insumos aplicados nos produtos industrializados, com seus valores, características e NCM, a fiscalização adotou uma metodologia para a quantificação das glosas. Com isso, elaborou uma relação percentual entre a quantidade de cada matériaprima utilizada no produto tributado e a quantidade do produto não tributado. O percentual encontrado foi utilizado no total dos créditos, em cada mês, para fins de apuração dos créditos que deveriam ser estornados. Com base nestas conclusões da fiscalização e do auto de infração, foi proferido o Despacho decisório com o seguinte teor: Fl. 231DF CARF MF 4 Analisadas as informações prestadas no PER/DCOMP e período de apuração acima identificados, constatouse o seguinte: Valor do crédito solicitado/utilizado: R$ 4.033.356,70 Valor do crédito reconhecido: R$ 0,00 O valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão do(s) seguinte(s) motivo(s): Constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado. Ocorrência de glosa de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal. Redução do saldo credor do trimestre, passível de ressarcimento, resultante de débitos apurados em procedimento fiscal. Informações complementares da análise do crédito estão disponíveis na página internet da Receita Federal, e integram este despacho. Diante do exposto: NÃO HOMOLOGO a compensação declarada no(s) seguinte(s) PER/DCOMP: 25885.79732.301210.1.3.015657 INDEFIRO o pedido de restituição/ressarcimento apresentado no(s) PER/DCOMP: 14276.66943.141210.1.1.017812 Valor devedor consolidado, correspondente aos débitos indevidamente compensados, para pagamento até 28/02/2014. Inconformada, a Recorrente apresentou sua manifestação de inconformidade (fls. 0218), instaurando o contencioso administrativo, argumentando, em síntese: pugnou pela suspensão do presente processo, em razão do trâmite do processo relacionado ao auto de infração, nº 16095.720242/201374, por uma questão de segurança jurídica, razoabilidade e para fins de evitar decisões conflitantes, nos termos do art. 265 do CPC; afirmou que a fiscalização não se baseou em nenhum critério técnico para justificar a desclassificação dos produtos como derivados de petróleo; afirmou que não há incidência de IPI sobre derivados de petróleo, nos termos do art 155, § 3º da Constituição; a própria TIPI incorreu em total desrespeito à imunidade constitucional por pretender a tributação do IPI sobre os produtos mencionados no capítulo 27.10, reservados aos derivados de petróleo, ao prever, para determinados itens desse capitulo, alíquotas positivas do imposto; Fl. 232DF CARF MF Processo nº 16682.902793/201172 Acórdão n.º 3301005.845 S3C3T1 Fl. 231 5 afirmou que as notas explicativas sobre o capítulo 27.10, notadamente as Notas 2 e 3, não deixam dúvidas de que os produtos ali classificados são hidrocarbonetos. afirmou que nem mesmo o Decreto n° 4.544/02 (RIPI), determinou qualquer restrição ao conceito de derivados de petróleo, como pretende fazer crer o auto de infração; afirmou que os produtos que negocia possuem mais de 70% de hidrocarbonetos derivados de petróleo em sua composição, sendo o que basta para serem quimicamente considerados hidrocarbonetos (derivados de petróleo), classificados nas posições 2710.1932, 2710.1992 ou 2710.1999 segundo sua destinação, isto é, lubrificante com aditivos, líquido para transmissões hidráulicas, etc; o Art. 18, § 3º do RIPI/2002 não estabelece nenhuma restrição ao conceito de derivados de petróleo. A simples classificação química dos produtos como hidrocarbonetos os deveria enquadrar automaticamente no conceito de derivados de petróleo; é imprescindível que se reconheça a imunidade, e, por via de consequência, a ilegalidade da exigência de valores de IPI sobre tais produtos imunes; sobre as glosas dos créditos, afirmou que a não cumulatividade do IPI prevista na constituição prevê a possibilidade de abatimento dos débitos do imposto, com os créditos decorrentes de aquisição de matériaprima, material de embalagem e produto intermediário; se houve aquisição de bem gravado pelo imposto, é direito do contribuinte escriturar o crédito em sua contabilidade. Havendo saída isenta ou não tributada, inexistirá débito a ser compensado quando do cálculo do saldo do imposto a recolher do mês de competência, que poderá ser credor ou devedor. Contudo, em havendo saldo credor, é direito do contribuinte a manutenção dos créditos e a sua alocação para as competências seguintes; o art. 11 da Lei n° 9.779/99 apenas explicitou um direito preexistente dos contribuintes no tocante à legislação, sendo constitucionalmente garantido aos contribuintes a manutenção de seus créditos a despeito de haver saídas não tributadas ou imunes; somente a partir de Junho/2010, com o Decreto n° 7.212/2010 (novo RIPI), posterior aos fatos geradores em questão, é que a legislação regulamentadora passou a prever expressamente a vedação ao crédito decorrente da aquisição de insumos utilizados na produção de produtos imunes; Em 14/01/2015 foi proferido o Acórdão 0131.079 pela 3ª Turma da DRJ/BEL (fls. 182196), julgando improcedente a manifestação de inconformidade, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 PAF. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Fl. 233DF CARF MF 6 Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. PAF. ATO NORMATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de dispositivos que integram a legislação tributária. IPI. ALÍQUOTA. PRODUTOS DAS POSIÇÕES 2710.19.92 e 2710.19.99. A saída dos produtos classificados nas posições fiscais 2710.19.92 e 2710.19.99 da Tabela de Incidência do IPI – TIPI submetese à alíquota de 8%. IPI. CRÉDITOS. MP, PI E ME EMPREGADOS EM PRODUTOS NT. Não podem ser escriturados créditos relativos a matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem que se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, inclusive quando se trate de produtos alcançados por imunidade. RESSARCIMENTO. DIREITO CREDITÓRIO. REQUISITOS E CONDIÇÕES. O ressarcimento de IPI vinculase ao preenchimento das condições e requisitos determinados pela legislação tributária que rege a espécie, devendo ser indeferido quando sua existência não resulte demonstrada pelo contribuinte. DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE. A declaração de compensação somente pode ser homologada quando o respectivo direito creditório resulte comprovado pelo sujeito passivo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Como fundamento de decidir, a DRJ apresentou os seguintes argumentos: não há previsão na legislação específica previsão para o sobrestamento de processos administrativos, ainda que presente eventual conexão ou relação de prejudicialidade; a previsão existente é acerca da conexão de processos, contudo, como o processo administrativo do auto de infração se encontra em fase recursal diversa, não seria possível operacionalizar tal apensamento; há presunção de legalidade e constitucionalidade das leis e regulamentos. À autoridade administrativa não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia de preceitos normativos. Impõese ao agente da Administração Pública aplicálas; quanto aos débitos do imposto, relativos aos produtos das posições 2710.19.92 e 2710.19.99 da TIPI, a imunidade relativa a derivados do petróleo restringese aos Fl. 234DF CARF MF Processo nº 16682.902793/201172 Acórdão n.º 3301005.845 S3C3T1 Fl. 232 7 hidrocarbonetos decorrentes do refino, sendo que os produtos compostos de petróleo que não se beneficiam de imunidade encontramse relacionados na TIPI com alíquota positiva ou zero e, portanto, sujeitos ao pagamento do imposto; haver na TIPI produtos com notação "NT" não implica, necessariamente, que esta notação decorre de imunidade ou não incidência (pois se trata de produto natural), tendo em vista a existência de produtos industrializados que poderiam ser tributados pelo imposto, mas aos quais o legislador ordinário, por razões de ordem extrafiscal, optou por não tributar; a legislação tributária (art. 18, § 3º, do RIPI/2010) adota como critério para interpretação do alcance da imunidade constitucional conferida a derivados de petróleo o da imediatidade, pelo qual somente são imunes os produtos obtidos diretamente do refino (decomposição do petróleo bruto por intermédio de destilação fracionada), excluindose, por decorrência, os produtos ulteriormente colocados em circulação mercantil e aqueles que venham a ser obtidos por qualquer processo de industrialização subsequente (transformação ou beneficiamento ulteriores); os produtos do caso concreto, embora se tratem de óleo essencialmente constituído por hidrocarbonetos, classificase na subposição 2710.19.92 e outros 2710.19.99, ambos com alíquota de 8%; Quanto às glosas. não há autorização normativa para o aproveitamento de créditos decorrentes da nãocumulatividade do IPI quando se trate da industrialização de produtos NT, aí incluídos os imunes; o art. 11 da Lei n.º 9.779, de 11/01/1999, trouxe inovação na legislação do IPI, permitindo a manutenção dos créditos em situações específicas, mas a partir da vigência de tal disposição normativa; as saídas realizadas estão com notação NT (27.10.1931 e 2710. 1932), mas não porque são imunes, mas sem tributação porque o legislador ordinário, fundado em razões de ordem extrafiscal, não quis tributar; assim como os demais produtos que integram a posição 2710 que também não se encontram gravados por imunidade; com isso, para as saídas sem tributação (NT), os créditos devem ser estornados, e mesmo que fossem imunes, apenas a imunidade decorrente de exportação permite a manutenção dos créditos; esta disposição normativa somente pode ser afastada mediante a declaração de sua ilegalidade ou inconstitucionalidade, o que se encontra obstado, porém, ao julgador administrativo; ou seja, os produtos imunes a que se referem a IN SRF nº 33/1999 e o RIPI/2002, limitase àqueles imunes porque destinados à exportação (inciso III do §3° do art. 153 da CF/1988); cita o Ato Declaratório Interpretativo nº 5, de 17/04/2006; Fl. 235DF CARF MF 8 afirma haver matéria não impugnada e, portanto, preclusa, relativa à metodologia utilizada pela fiscalização para o cálculo da glosa, elaborando um cálculo proporcional entre os insumos utilizados em produtos tributados e produtos não tributados. Cientificada da decisão, a Recorrente apresentou, no prazo, seu recurso voluntário (fls. 205226), repisando os argumentos de sua manifestação de inconformidade, acrescentando apenas que, ao contrário do que foi alegado pela decisão de primeira instância, a Recorrente não pretende que seja julgada a inconstitucionalidade/ilegalidade de dispositivo legal na via administrativa, mas tão somente que o referido dispositivo legal seja interpretado e aplicado corretamente ao caso em questão. Isso porque, continua a Recorrente, a norma faz menção aos conceitos de “imediato e direto” como pretendeu fazer crer a decisão recorrida, estabelecendo apenas duas exigências, quais sejam: (i) seja o produto decorrente do refino de petróleo; e (ii) possa ele ser classificado quimicamente como hidrocarboneto. É a síntese do necessário. Voto Conselheiro Salvador Cândido Brandão Junior O recurso voluntário é tempestivo e por atender os demais requisitos da legislação será conhecido. O presente julgamento se reflete em todos os demais processos listados abaixo, todos incluídos no mesmo auto de infração 16095.720242/201374, pois representam a mesma discussão de PER/DCOMP, alterandose apenas o período de apuração. Assim, apenas será preciso verificar em cada um deles, se há algum período atingido por decadência: 16682.902792/201128 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902793/201172 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902794/201117 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902795/201161 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902796/201114 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902797/201151 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902798/201103 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902799/201140 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902800/201136 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902801/201181 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902802/201125 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. Fl. 236DF CARF MF Processo nº 16682.902793/201172 Acórdão n.º 3301005.845 S3C3T1 Fl. 233 9 Preliminarmente, afastase a possibilidade de suspensão do feito, nos termos do art. 265 do CPC/1973, pois o processo administrativo relativo ao auto de infração, nº 16095.720242/201374, encontrase em momento processual muito mais avançado, tendo já o julgamento de seu recurso voluntário já efetuado por esta colenda 1ª turma ordinária, inclusive, com julgamento de Recurso Especial interposto pela Recorrente na Câmara Superior, aguardandose, neste momento, o juízo de admissibilidade de embargos de declaração opostos pela Recorrente. Com isso, afastase a possibilidade de suspensão do feito, nem mesmo de conexão, pois, além de em fases processuais distintas, o mérito do processo relativo ao auto de infração já foi julgado. Quanto ao mérito, a controvérsia se restringe ao débito de IPI, em razão da realização de operações com produtos industrializados sem destaque na nota fiscal e classificados na NCM 2710.1992 e 2710.1999, com alíquota de 8%. Há também controvérsia sobre as glosas de crédito diante da falta de estorno na escrituração decorrente de aquisições das matérias primas, PI e ME aplicados nos produtos classificados nas posições 27.10.1931 e 2710. 1932, os quais possuem notação "NT" na TIPI. Creio correta a autuação fiscal e a decorrente não homologação dos PER/DCOMPs, em razão da constituição do débito do imposto (crédito tributário), em virtude da falta de destaque do imposto nos documentos fiscais que representam a realização de operações com produtos industrializados classificados na NCM 2710.1992 e 2710.1999, cuja alíquota na TIPI era de 8%. Quanto às glosas de crédito de MP e PI utilizados na industrialização de produtos com notação NT, de fato, há ausência de previsão legal pela manutenção dos créditos de insumos utilizados em produtos industrializados, mas com notação NT. No entanto, a discussão deveria ter sido baseada em categorias tributárias, e não o foi, nem mesmo pela Recorrente em sua impugnação. A própria DRJ em sua respeitável decisão, traz argumentos que poderiam ser a solução do caso, com um arrazoado acerca das hipóteses de utilização da notação NT na TIPI: i) para casos de não incidência pura e simples, pois diante de um produto in natura ou não industrializado; ii) para casos de não incidência em razão de uma regra de imunidade que retira a competência tributária para uma dada situação ou objeto; iii) não incidência no exercício da competência tributária, pois, embora diante de um produto industrializado, o legislador pretende não tributar por razões extrafiscais. Esta última hipótese de não incidência, a meu ver, tem natureza jurídica de isenção, sendo, portanto, possível a manutenção do crédito da não cumulatividade decorrentes das aquisições de MP, PI e ME, nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779/1999. Porém, não há clareza nos autos sobre qual é a natureza da notação NT para os produtos classificados nas posições 27.10.1931 e 2710. 1932, já que a Recorrente fincouse no argumento de que tais produtos são NT porque são derivados de petróleo e, portanto, Fl. 237DF CARF MF 10 imunes, enquanto que a fiscalização e a d. DRJ, diante destes argumentos, afirmam que apenas na imunidade decorrente de exportação há possibilidade de manutenção dos créditos. Ressaltese, no entanto, que esta colenda 1ª Turma Ordinária já julgou, em 2016, o auto de infração que realizou a constituição dos débitos e as glosas de crédito, no autos do processo nº 16095.720242/201374, também concordando in totum com a fiscalização e com a r. decisão de piso, mantendose as glosas e os lançamentos do débito, apenas reconhecendo, de ofício, um período de decadência do direito de lançar (decisão mantida pela CSRF). Na CSRF, em sede de Embargos no Recurso Especial, a discussão resumese à possibilidade de rediscussão da matéria não impugnada em primeira instância administrativa, relativo à metodologia do cálculo das glosas. Como o mérito do auto de infração já foi julgado e por concordar com os termos do v. acórdão proferido por esta turma no julgamento do recurso voluntário do auto de infração, peço vênia para transcrever seus fundamentos para adotálos como fundamentos desta decisão: Produtos das Posições 2710.19.92 e 2710.19.99 da TIPI Como visto a primeira controvérsia a ser debatida é quanto ao lançamento do IPI em relação aos produtos da posição fiscal 2710.19.92 e 2710.19.99. A fiscalização afirma que esses produtos estão relacionados na TIPI Tabela do IPI com aplicação de alíquota positiva de 8%. Que são produzidos e revendidos pelo contribuinte sem o lançamento do imposto nas notas fiscais de venda. No caso os produtos de revenda são importados, tendo sido pago o IPI correspondente por ocasião da importação. A recorrente entende que são produtos derivados de petróleo abrangidos pela imunidade constitucional. Alega que a decisão recorrida incorre em equívoco ao sustentar que a questão discutida seria de cunho eminentemente constitucional. Nesse sentido sustenta que o próprio RIPI/2002, em seu § 3º do art. 18, é que determinava a não incidência do IPI sobre derivados de petróleo. Portanto a discussão não é de âmbito constitucional, mas de aplicação incorreta da lei pela fiscalização. Ressaltese que não há controvérsia sobre referida classificação fiscal. Entendo que nesse caso a razão está com a fiscalização e com a decisão recorrida. É que a sistemática de tributação do IPI é efetuada com base na TIPI, nos termos do art. 2º, parágrafo único, do RIPI/2002: Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, e Decretolei nº 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1º). Fl. 238DF CARF MF Processo nº 16682.902793/201172 Acórdão n.º 3301005.845 S3C3T1 Fl. 234 11 Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (nãotributado) (Lei nº 10.451,de 10 de maio de 2002, art. 6º). A leitura do dispositivo acima transcrito não deixa margem de dúvidas. O campo de incidência do IPI foi determinado por lei que estabeleceu competência à TIPI para definir os produtos com incidência ou não do IPI e suas respectivas alíquotas. É de conhecimento primário que os produtos atingidos por imunidade constitucional estão fora do campo de incidência do imposto. Portanto, se os produtos da posição fiscal 2710.1992 e 2710.1999, estão listados na TIPI com alíquota positiva, o legislador infraconstitucional entendeu que eles não são destinatários daquela imunidade. Portanto, se da TIPI consta alíquota positiva, tal fato não é controverso, tratase de produto industrializado abrangido no campo de incidência do IPI. Entendo desnecessária toda a discussão travada a respeito se é ou não hidrocarboneto ou se é ou não um derivado de petróleo. Na verdade assim está descrita a dita imunidade na CF: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...) § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Por sua vez, coube ao Regulamento do IPI, limitar o vastíssimo termo "derivados de petróleo". Assim o fez no art. 18, § 3º do Decreto nº 4.544/2002, nos seguintes termos: Art. 18. São imunes da incidência do imposto: (...) IV a energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País (Constituição, art. 155, § 3º). (...) § 3º Para fins do disposto no inciso IV, entendese como derivados do petróleo os produtos decorrentes da transformação do petróleo, por meio de conjunto Fl. 239DF CARF MF 12 de processos genericamente denominado refino ou refinação, classificados quimicamente como hidrocarbonetos. (...) Como já dito, essas normas estão tratando de produtos industrializados que estão fora do campo de incidência do IPI. Tratase de uma imunidade objetiva que alcança o produto independente de sua destinação ou de quem o fabrica. O instrumento legal utilizado pela legislação do IPI, para identificar os produtos que estão fora de seu campo de incidência é a TIPI, conforme determinação do parágrafo único do art. 2º do RIPI/2002, acima transcrito. Nesse sentido assim consta da TIPI, para o período abrangido pelo lançamento, aprovada pelo Decreto nº 6006/2006: NCM Descrição Alíquota (%) 2710.19.92 Líquidos para Transmissões Hidráulicas 8 2710.19.99 Outros 8 Ressaltese que em várias posições consta a expressão NT (Não Tributado) que são utilizados para designar os produtos que estão fora do campo de incidência do IPI, ou por imunidades constitucionais ou até mesmo por determinação legal como bem apontou a decisão recorrida. Aliás, peço licença para transcrever trecho da citada decisão que ilustra bem a questão dos produtos NT da TIPI: (...) Em análise da legislação aplicável à espécie, notadamente da TIPI, aprovada pelo Decreto nº 7.660/2011, e das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias – NESH, aprovada pela IN RFB nº 807/2008, verificase, de pronto, que há três “espécies” de bens que se encontram fora do campo de incidência do IPI, que podem ser descritos como seguem: a) Produtos naturais ou em bruto que, em razão de sua própria natureza, encontramse fora do campo de incidência do imposto, já que não sofreram qualquer processo de industrialização, tais como os animais vivos classificados no Capítulo 1 da TIPI. Tais produtos possuem notação NT. b) Produtos abrangidos pela imunidade. Aqui, encontramse produtos alcançados por: b.1) imunidade objetiva, tais quais os livros, classificados na posição 49.01 da TIPI e com notação NT; e b.2) imunidade condicionada, relacionada a duas hipóteses: produtos industrializados destinados à exportação e papel para impressão de livro, jornais e periódicos, os quais não possuem notação NT na TIPI. c) Produtos retirados do conceito de industrialização sob determinadas condições, os quais não possuem a notação NT na TIPI (v.g., não se considera industrialização o preparo de refrigerantes, à base de extrato concentrado, por meio de máquinas, automáticas ou não, em restaurantes, bares e estabelecimentos similares, para venda direta a consumidor, nos termos do art. 5º, § 2º, do Decreto Lei nº 1.686/1979). Fl. 240DF CARF MF Processo nº 16682.902793/201172 Acórdão n.º 3301005.845 S3C3T1 Fl. 235 13 d) Produtos que poderiam ser tributados pelo imposto, mas aos quais o legislador ordinário, por razões de ordem extrafiscal, optou por não tributar, tal qual a farinha de trigo da posição 1101.11.10. Tais produtos também possuem a notação NT na TIPI. Acerca do tema, Raymundo Clovis do Valle Cabral Mascarenhas, em sua obra “Tudo sobre IPI”, vol. 1, 3ª edição, págs. 18 e 19, também conclui: “A Tabela de incidência do IPI – TIPI relaciona todas as coisas existentes, objeto de comercialização, quer sejam produtos naturais ou industrializados. Os produtos naturais evidentemente estão seguidos da notação NT (que significa não tributado), por força da norma constitucional básica que estabelece a incidência do imposto somente sobre os produtos industrializados. Os produtos industrializados, assim considerados também os produtos naturais que tenham sofrido um processo mínimo de elaboração ou beneficiamento, poderão constar da TIPI seguidos da alíquota de incidência, ainda que zero, ou da notação NT. Podemos dividir os produtos relacionados na TIPI com a notação NT em três categorias: a) Produtos naturais (animais, vegetais e minerais) em estado bruto, sem que tenham passado por qualquer processo de elaboração, para os quais a União não tem competência para instituir (e cobrar) o IPI. Neste caso, não há que se falar em imunidade, mas em falta de autorização constitucional para que seja cobrado o imposto sobre tais produtos. (...) b) Produtos industrializados que, por determinação da Constituição, não possam ser alcançados pela incidência do imposto. São os produtos imunes ao IPI (...). c) Produtos industrializados que o legislador ordinário não quis tributar. (...).” Deriva das constatações acima que nem todos os bens com notação NT na TIPI são “produtos naturais ou em bruto” ou “produtos imunes”. Logo, não é da simples notação utilizada pelo legislador ordinário que se poderá concluir, a priori, qual a natureza do bem ou produto, posto que, reafirmese, a referida notação não se encontra reservada exclusivamente a “produtos da natureza” ou “produtos imunes”. (...) Essa sistemática faz todo sentido na aplicação da legislação atinente ao IPI e também ao II. A imensa vastidão de produtos industrializados justifica a adoção da classificação dos produtos na NCM e a correspondente adoção da TIPI para determinar a incidência ou não de referidos tributos. No Fl. 241DF CARF MF 14 caso a fiscalização está vinculada sim à aplicação das alíquotas previstas na TIPI. Entender que essas alíquotas não obedecem o preceito constitucional da imunidade tributária aos derivados de petróleo, significa negar validade à TIPI que foi aprovada por Decreto do Poder Executivo. Ou seja, significa sim afastar a aplicação da Lei por eventual inconstitucionalidade. Se a tese do recorrente estiver correta, não acho que seja o caso, teríamos que declarar a inconstitucionalidade do decreto que aprovou a TIPI, situação não permitida aos julgadores do processo administrativo, nos termos da Súmula CARF nº 2 e art. 26 A do Decreto nº 70.235/72. “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)” Portanto nego provimento ao recurso voluntário nessa matéria. Crédito de Insumos Utilizados em Produtos NãoTributados A outra matéria controversa é quanto ao aproveitamento de crédito de IPI em relação à aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem quando destinados à industrialização de produtos não tributados ou imunes. Nessa questão o recurso voluntário repetiu exatamente os mesmos argumentos de sua impugnação. Não combateu, portanto, especificamente as razões de decidir utilizada na decisão recorrida. Por essa razão e por concordar com aquela decisão, utilizoa como fundamento para negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/99. Assim transcrevo abaixo a parte do voto daquela decisão: (...) Sustenta o impugnante o direito à apropriação de créditos relativos à aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem quando destinados à industrialização de produtos não tributados ou imunes. É patente, contudo, a ausência de autorização normativa para o aproveitamento de créditos decorrentes da nãocumulatividade do IPI quando se trate da industrialização de produtos NT, aí incluídos os imunes. Nesse sentido, até o ano de 1998, a regra geral era no sentido da anulação do crédito relativo a insumos tributados utilizados na industrialização de produtos desonerados do imposto. Por tal razão, encontravase gravado no art. 174 do então vigente RIPI/1998: “Art. 174. Será anulado, mediante estorno na escrita fiscal, o crédito do imposto (Lei n.º 4.502, de 1964, art. 25, § 3º, Decretolei n.º 34, de 1966, art. 2º, alteração 8ª, e Lei n.º 7.798, de 1989, art. 12): I relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, que tenham sido: a) empregados na industrialização, ainda que para acondicionamento, de produtos isentos, não Fl. 242DF CARF MF Processo nº 16682.902793/201172 Acórdão n.º 3301005.845 S3C3T1 Fl. 236 15 tributados ou que tenham suas alíquotas reduzidas a zero, respeitadas as ressalvas admitidas;” Como exceção à regra, o vigente DecretoLei n° 491/1969, em seu art. 5° (restabelecido pelo art. 1º, II, da Lei nº 8.402/1992), prescrevia e prescreve: “Art. 5º É assegurada a manutenção e utilização do crédito do IPI relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem efetivamente utilizados na industrialização dos produtos exportados (restabelecido pelo art. 1° da Lei Ordinária n°8.402/1992). Conforme já explicitado, o referido dispositivo constitui exceção legal ao regramento da operacionalização do principio da nãocumulatividade. Por sua vez, o art. 11 da Lei n.º 9.779, de 11/01/1999, trouxe inovação na legislação do IPI, nos seguintes termos: “Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal SRF, do Ministério da Fazenda.” A partir da vigência de tal disposição normativa (a qual ampliou as hipóteses de utilização e aproveitamento dos créditos e saldos credores do imposto), tornou se possível a utilização dos créditos decorrentes da aquisição de produtos isentos e alíquota zero (produtos os quais, frisese, encontramse inclusos no campo de incidência do IPI). Foi mantida, porque não revogada, a exceção relativa a produtos exportados, os quais, não obstante haverem sido excluídos do campo de incidência do imposto pelo art. 153, § 3º, III, da Constituição Federal de 1988, obtiveram o favor fiscal de manutenção e utilização dos créditos correspondentes. Por decorrência, a IN SRF nº 33/1999 assim dispôs: “Art. 1º A apuração e a utilização de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, inclusive em relação ao saldo credor a que se refere o art. 11 da Lei n.º 9.779, de 1999, darseá de conformidade com esta Instrução Normativa. (...) Art. 4º O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei no 9.779, de 1999, do saldo credor do IPI decorrente da aquisição de MP, PI e ME aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à Fl. 243DF CARF MF 16 alíquota zero, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a partir de 1º de janeiro de 1999.” Por sua vez, o Decreto nº 4.544/2002 – RIPI/2002 passou a dispor, em perfeita correspondência para com as disposições legais vigentes: “Art. 176. É admitido o crédito do imposto relativo às MP, PI e ME adquiridos para emprego na industrialização de produtos destinados à exportação para o exterior, saídos com imunidade (Decretolei n.º 491, de 1969, art. 5.º, e Lei n.º 8.402, de 1992, art. 1.º, inciso II). (...) Art. 190. (...) § 1.º Não deverão ser escriturados créditos relativos a MP, PI e ME que, sabidamente, se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, ou saídos com suspensão cujo estorno seja determinado por disposição legal. (...) Art. 193. Será anulado, mediante estorno na escrita fiscal, o crédito do imposto (Lei n.º 4.502, de 1964, art. 25, § 3.º, Decretolei n.º 34, de 1966, art. 2.º, alteração 8.ª, Lei n.º 7.798, de 1989, art. 12, e Lei n.º 9.779, de 1999, art. 11): I relativo a MP, PI e ME , que tenham sido: a) empregados na industrialização, ainda que para acondicionamento, de produtos nãotributados; (...) § 2.º O disposto na alínea a do inciso I aplicase, inclusive, a produtos destinados ao exterior. (...) Art. 195. Os créditos do imposto escriturados pelos estabelecimentos industriais, ou equiparados a industrial, serão utilizados mediante dedução do imposto devido pelas saídas de produtos dos mesmos estabelecimentos (Constituição, art. 153, § 3º, inciso II, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 49). § 1º Quando, do confronto dos débitos e créditos, num período de apuração do imposto, resultar saldo credor, será este transferido para o período seguinte, observado o disposto no § 2º (Lei nº 5.172, de 1996, art. 49, parágrafo único, e Lei nº 9.779, de 1999, art. 11). § 2º O saldo credor de que trata o § 1º, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de Fl. 244DF CARF MF Processo nº 16682.902793/201172 Acórdão n.º 3301005.845 S3C3T1 Fl. 237 17 aquisição de MP, PI e ME, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero ou imunes, que o contribuinte não puder deduzir do imposto devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 207 a 209, observadas as normas expedidas pela SRF (Lei nº 9.779, de 1999, art. 11).” Desta feita, resulta suficientemente óbvio que a disposições normativas constantes da IN SRF nº 33/1999 e do RIPI/2002, no sentido de que, a partir de 01/01/1999, os estabelecimentos industriais passaram a ter direito ao crédito do IPI relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem empregados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos e tributados à alíquota zero, continuaram excluindo os produtos nãotributados, cujos créditos correspondentes devem ser estornados, posto que tais disposições, como assinala o próprio impugnante, não poderiam ou podem inovar o conteúdo das leis que lhes servem de suporte, as quais não autorizam o crédito relativo a MP, PI e ME empregados na industrialização de produtos nãotributados. Ou seja, os produtos imunes a que se referem a IN SRF nº 33/1999 e o RIPI/2002, limitase àqueles imunes porque destinados à exportação (inciso III do §3° do art. 153 da CF/1988). Tratase, pois, da imunidade condicionada à exportação, que encontra exceção legal à regra geral de anulação do crédito relativo a insumos tributados utilizados na industrialização de produtos desonerados do imposto, nos termos do art. 5° do DecretoLei nº 491/1969. Logo, não houve a extensão do beneficio, sem base legal, para os produtos alcançados por imunidade objetiva, como é o caso da energia elétrica, derivados de petróleo, minerais etc., excluídos do campo de incidência do IPI e, portanto, não tributados, nos termos da limitação constitucional. Não se está diante, assim, de interpretação extensiva da lei, inclusive em razão da constatação de que careceria de validade a disposição infralegal que extrapolasse o conteúdo da lei respectiva, conforme já referido. Finalmente, em 18/04/2006, foi publicado o Ato Declaratório Interpretativo n.º 5, de 17/04/2006, como segue: “Art. 1.º Os produtos a que se refere o art. 4.º da Instrução Normativa SRF n.º 33, de 4 de março de 1999, são aqueles aos quais a legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) garante o direito à manutenção e utilização dos créditos. Art. 2.º O disposto no art. 11 da Lei n.º 9.779, de 11 de janeiro de 1999, no art. 5.º do Decretolei n.º 491, de 5 de março de 1969, e no art. 4.º da Instrução Normativa SRF n.º 33, de 4 de março de 1999, não se aplica aos produtos: I com a notação "NT" (nãotributados, a exemplo dos produtos naturais ou em bruto) na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Fl. 245DF CARF MF 18 Industrializados (Tipi), aprovada pelo Decreto n.º 4.542, de 26 de dezembro de 2002; II amparados por imunidade; III excluídos do conceito de industrialização por força do disposto no art. 5.º do Decreto n.º 4.544, de 26 de dezembro de 2002 Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (Ripi). Parágrafo único. Excetuamse do disposto no inciso II os produtos tributados na Tipi que estejam amparados pela imunidade em decorrência de exportação para o exterior.” Em face das constatações anteriormente consignadas, resulta evidente que o Ato Declaratório Interpretativo nº 5, de 17/04/2006, ao referir que o disposto nas respectivas leis de incidência não se aplica aos produtos com a notação NT, amparados por imunidade e excluídos do conceito de industrialização, nada mais fez que elucidar que inexiste disposição legal que assegure o direito à manutenção do crédito de IPI quando o produto industrializado é imune (objetivamente) e, portanto, não tributado (uma vez que se encontra fora do campo de incidência do imposto). Em outros dizeres, o referido Ato Declaratório não inovou a ordem jurídica nem representou mudança de critério jurídico, haja vista que apenas explicitou o já contido na legislação tributária. No mais, reafirmese que as alegações acerca da (inexistente) inconstitucionalidade ou ilegalidade dos preceitos normativos em tela não podem ser opostas ao julgador administrativo. (...) Além disso referido tema já se encontra pacificado no Poder Judiciário. O Supremo Tribunal Federal através de seu Plenário, já teve a oportunidade de se pronunciar sobre a temática dos insumos tributados seguidos de saída desonerada, como constante no resultado do julgamento do Recurso Extraordinário 475.551/PR (DJe de 13/11/2009), assim ementado: “IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI. INSUMOS OU MATÉRIAS PRIMAS TRIBUTADOS. SAÍDA ISENTA OU SUJEITA À ALÍQUOTA ZERO. ART. 153, §3°, INC. II, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ART. 11 DA LEI N. 9779/99. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO AO CREDITAMENTO: INEXISTÊNCIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. 1. Direito ao creditamento do montante de Imposto sobre Produtos Industrializados pago na aquisição de insumos ou matérias primas tributados e utilizados na industrialização de produtos cuja saída do estabelecimento industrial é isenta ou sujeita à alíquota zero. 2. A compensação prevista na Constituição da República, para fins da não cumulatividade, depende do cotejo de valores apurados entre o que foi cobrado na entrada e o que foi devido na saída: Fl. 246DF CARF MF Processo nº 16682.902793/201172 Acórdão n.º 3301005.845 S3C3T1 Fl. 238 19 o crédito do adquirente se dará em função do montante cobrado do vendedor do insumo e o débito do adquirente existirá quando o produto industrializado é vendido a terceiro, dentro da cadeia produtiva. 3. Embora a isenção e a alíquota zero tenham naturezas jurídicas diferentes, a conseqüência é a mesma, em razão da desoneração do tributo. 4. O regime constitucional do Imposto sobre Produtos Industrializados determina a compensação do que for devido em cada operação com o montante cobrado nas operações anteriores, esta a substância jurídica do princípio da não cumulatividade, não aperfeiçoada quando não houver produto onerado na saída, pois o ciclo não se completa. 5.Com o advento do art. 11 da Lei n. 9779/99 é que o regime jurídico do Imposto sobre Produtos Industrializados se completou, apenas a partir do início de sua vigência se tendo o direito ao crédito tributário decorrente da aquisição de insumos ou matérias primas tributadas e utilizadas na industrialização de produtos isentos ou submetidos à alíquota zero. Recurso extraordinário provido” (g.n.) Em consonância com esse entendimento, o Superior Tribunal de Justiça – STJ já havia decidido, nos autos do RESP nº 1.015.855/SP (DJe de 30/04/2008), que os casos de produtos com notação NT e imunes estão fora do alcance do previsto no art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999. Confirase: “TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IPI. PRETENSÃO DE APROVEITAMENTO DE VALOR PAGO NA AQUISIÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS, INSUMOS E MATERIAIS DE EMBALAGENS EMPREGADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS ISENTOS, IMUNES, NÃO TRIBUTADOS OU SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO. PREVISÃO LEGAL QUE CONTEMPLA SOMENTE OS PRODUTOS FINAIS ISENTOS OU TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. ART. 11 DA LEI 9.779/99. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO TRIBUTÁRIO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ESTRITA. ARTS. 150, I, CF/88 E 97 DO CTN. INTERPRETAÇÃO LITERAL. ART. 111 DO CTN. ART. 49 DO CTN E ART. 153, IV, § 3o, DA CF/88. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. DL 20.910/32. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. INCIDÊNCIA. Fl. 247DF CARF MF 20 (...) 4. O art. 11 da Lei 9.779/99 prevê duas hipóteses para o creditamento do IPI: quando o produto final for isento ou tributado à alíquota zero. Os casos de não tributação e imunidade estão fora do alcance da norma, sendo vedada a sua interpretação extensiva. 5. O princípio da legalidade, insculpido no texto constitucional, exalta que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5o, II). No campo tributário significa que nenhum tributo pode ser criado, extinto, aumentado ou reduzido sem que o seja por lei (art. 150, I, CF/88 e 97 do CTN). É o princípio da legalidade estrita. Igual pensamento pode ser atribuído a benefício concedido ao contribuinte, como no presente caso. Não estando inscrito na regra beneficiadora que na saída dos produtos não tributados ou imunes podem ser aproveitados os créditos de IPI recolhidos na etapa antecessora, não se reconhece o direito do contribuinte nesse aspecto, sob pena de ser atribuída eficácia extensiva ao comando legal. (g.n.) A decisão recorrida, portanto, além de afinada com esse entendimento, está sintonizada com a jurisprudência iterativa desta Corte Administrativa. Exemplificativamente: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002 CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRILIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO III, alínea “d” da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO. Não gera crédito de IPI a aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso III, alínea “d” da Constituição Federal. A previsão para manutenção dos créditos previsto no art. 11, da Lei nº 9.779/99, alcança exclusivamente aqueles insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorrer da exportação. (Acórdão nº 3201002.096 de 15/03/2016. Processo 11050.001316/200210). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 IPI. IMUNIDADE. DERIVADOS DE PETRÓLEO. Fl. 248DF CARF MF Processo nº 16682.902793/201172 Acórdão n.º 3301005.845 S3C3T1 Fl. 239 21 Não podem ser escriturados créditos relativos a matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem que se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, inclusive quando se trate de produtos alcançados por imunidade objetiva.Aplicação da Súmula CARF n. 20. (Acórdão nº 3201001.866 de 28/01/2015. Processo nº 16682.720026/201228). Não bastasse isso essa matéria também é objeto da Súmula CARF nº 20, a qual vincula os julgadores desse colegiado. Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Portanto nego provimento ao recurso voluntário também nessa matéria. Matérias Preclusas As duas matérias acima enfrentadas foram as únicas objeto da impugnação. Conforme relatado, o contribuinte em seu recurso voluntário apresentou matéria não impugnada a partir do item III.3 "DO ERRO DE APURAÇÃO DOS CRÉDITOS GLOSADOS". Nesse tópico o recorrente afirma que houve erros na metodologia de apuração da base de cálculo do IPI, sendo que, em nome do princípio da verdade material, não há que se falar em preclusão, citando jurisprudência do CARF e pedindo o conhecimento e acatamento do seu recurso voluntário. Pugna pela realização de diligência para confirmação dos erros apontados. Posteriormente, em 08/07/2015, cerca de um ano após a apresentação do recurso voluntário, o contribuinte apresentou o requerimento de efls. 617/627, por meio do qual inova praticamente todos os argumentos de defesa apresentando laudo técnico no qual apontaria uma série de erros na apuração do auto de infração, inclusive decadência parcial do lançamento. A possibilidade de conhecimento e apreciação dessas novas teses deve ser avaliada à luz dos princípios que regem o Processo Administrativo Fiscal, o Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF, verbis: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. (...) Art. 16. A impugnação mencionará: Fl. 249DF CARF MF 22 (...) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei no 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). Os textos legais acima colacionados são muito claros. A fase litigiosa somente se instaura se a matéria for expressamente contestada e seus argumentos submetidos à primeira instância, determinando os limites do litígio. Todas essas novas questões não tendo sido apontadas na impugnação, impedem o seu conhecimento por essa turma julgadora. Concluise que, não tendo sido objeto de impugnação, carece competência à autoridade de segunda instância para dela tomar conhecimento em sede de recurso voluntário. O direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação, a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade, a oficialidade, a segurança indispensável, a ampla defesa e a verdade material, para a consecução dos fins processuais. (A Prova no Processo Tributário, Coord. NEDER, Marcos Vinícius e outros – São Paulo : Dialética, 2010, p. 34 a 51) Tenho entendimento que determinados elementos possam ser sim apreciados, quando apresentados a destempo, afastando a preclusão em alguns casos excepcionais, os quais indicam trataremse daqueles que se referem a fatos notórios ou incontroversos, sobretudo em relação a documentos que permitem o rápido convencimento do julgador. O afastamento da preclusão em privilégio da verdade material pode se dar apenas diante de prova que se mostre inconteste para o julgador. Fl. 250DF CARF MF Processo nº 16682.902793/201172 Acórdão n.º 3301005.845 S3C3T1 Fl. 240 23 Não entendo que esse seja o caso dos autos. A matéria inovada no contexto do recurso voluntário, além de não apresentar qualquer demonstrativo está totalmente desacompanhada de elementos de prova, tanto é que o recorrente solicita a realização de diligências para sua comprovação. Quanto ao laudo técnico apresentado pelo contribuinte, cerca de um ano após a apresentação do recurso voluntário, embora elaborado com refinamento técnico não pode ser objeto de conhecimento por essa turma dada a sua clara intempestividade. Notório verificar que para confirmação dos elementos apresentados no laudo técnico, seria necessária a realização de diligência o que por si só afasta o caráter de prova incontestável. Nesse sentido, para contrapor a vasta jurisprudência apresentada pelo contribuinte que em tese, lhe seria favorável, transcrevo abaixo decisão da CSRF a respeito do acolhimento de provas após a impugnação: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001, 2002, 2003 PRECLUSÃO APRESENTAÇÃO DE PROVA DOCUMENTAL RATEIO DE CUSTOS. Em que pese o princípio do formalismo moderado que informa o processo administrativo fiscal, não é razoável, depois da impugnação, a reabertura de oportunidade ao sujeito passivo para trazer a prova quando, sem qualquer justificativa aceitável, ele deixou de fazêlo em duas oportunidades anteriores (no curso da fiscalização e com a impugnação). Contudo, se aspectos específicos da prova a ser produzida demonstram que ela não se realizaria mediante a apresentação de planilhas e demonstrativos, e se os documentos trazidos posteriormente são suficientes a formação da convicção do julgador, não demandando diligências, o sopesamento dos princípios da verdade material, do formalismo moderado e do princípio finalístico do processo justificam o acolhimento das provas.(Acórdão nº 9101002.114, de 24/02/2015, da 1ª Turma da CSRF Processo nº 19740.000090/200605). Veja que embora tenha havido o acolhimento das provas, exaltouse o seu caráter de excepcionalidade. No presente caso a situação é ainda mais extrema, pois não estamos falando unicamente de provas, mas de novas matérias de defesa que sequer foram aduzidas na impugnação e a maior parte delas nem no recurso voluntário, somente em laudo técnico, o qual foi apresentado cerca de um ano após a apresentação do recurso voluntário. Assim, entendo que não estamos diante de um caso de excepcionalidade em que a norma processual deva ser abrandada em nome dos Fl. 251DF CARF MF 24 princípios da verdade material e do formalismo moderado que instruem o processo administrativo fiscal. O contribuinte nem sequer demonstrou qualquer impossibilidade ou justificativa plausível para que não tivesse submetido todas essas matérias em sua impugnação. Decadência Reconhecimento de Ofício Muito embora o contribuinte não tenha suscitado a decadência nem em sua impugnação e nem no recurso voluntário, entendo ser ela uma questão de ordem cogente, de análise obrigatória pelas autoridades lançadoras e julgadoras, e, em razão disto, analiso de ofício a questão decadencial no presente lançamento. Neste sentido transcrevo abaixo o art. 150 do CTN. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.(grifei) De acordo com este dispositivo do CTN, se houver antecipação do pagamento, e não ocorrendo as situações de dolo, fraude ou simulação, o prazo para a fazenda pública efetuar o lançamento decai em cinco anos contados do fato gerador. O presente auto de infração foi cientificado ao contribuinte em 20/12/2013, fl. 245, e abrangeu fatos geradores desde janeiro/2008. Assim, na regra do § 4º do art. 150 do CTN, acima transcrito, com a antecipação do pagamento, só poderiam ser objetos de lançamento os fatos geradores ocorridos de dezembro/2008 em diante. No presente processo não constam provas de que tenha havido recolhimentos do IPI no período de 2008, porém na planilha de reconstituição da escrita fiscal do IPI, fl. 267, consta a informação da existência de créditos escriturais do IPI, os quais são considerados pagamentos para fins da legislação do IPI. Confira o disposto no art. 124 do RIPI/2002: Art. 124. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto ou com a compensação do mesmo, nos termos dos arts. 207 e 208 e efetuados antes de qualquer procedimento de ofício da autoridade administrativa (Lei nº 5.172, de 1966, Fl. 252DF CARF MF Processo nº 16682.902793/201172 Acórdão n.º 3301005.845 S3C3T1 Fl. 241 25 art. 150 e § 1º, Lei nº 9.430, de 1996, arts. 73 e 74, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 49). Parágrafo único. Considerase pagamento: I o recolhimento do saldo devedor, após serem deduzidos os créditos admitidos dos débitos, no período de apuração do imposto; II o recolhimento do imposto não sujeito a apuração por períodos, haja ou não créditos a deduzir; ou III a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher. Portanto, como houve antecipação de pagamentos, representados pela existência de créditos escriturais reconhecidos pela fiscalização, e não há acusação de dolo, fraude ou simulação, há que se reconhecer que para o presente caso, o prazo decadencial deve ser contado em cinco anos da ocorrência do fato gerador. Como o lançamento foi cientificado ao contribuinte em 20/12/2013, a fazenda pública somente poderia lançar no presente caso os fatos geradores ocorridos até 21/12/2008. Portanto há que se reconhecer o transcurso do prazo decadencial relativo aos fatos geradores de 01/2008 a 11/2008. Não foram atingidos pela decadência os períodos lançados a partir de 12/2008, pois para este mês o fato gerador mensal deuse em 31/12/2008. Conclusão Isto posto, conheço do recurso voluntário para lhe dar parcial provimento, reconhecendose decadência para os fatos geradores ocorridos entre 01/2008 até 11/2008. Salvador Cândido Brandão Junior Relator Fl. 253DF CARF MF
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Numero do processo: 13706.008927/2008-58
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2402-000.751
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil preste as informações solicitadas, nos termos do voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada ao Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira -Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira.
Relatório
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil preste as informações solicitadas, nos termos do voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada ao Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (efls. 86/94) em face do Acórdão n. 1255.545 21ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I DRJ/RJ1 (efls. 73/76), que julgou improcedente a impugnação (efls. 03/07), mantendo o RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 37 06 .0 08 92 7/ 20 08 -5 8 Fl. 109DF CARF MF Processo nº 13706.008927/200858 Resolução nº 2402000.751 S2C4T2 Fl. 110 2 crédito tributário consignado no lançamento constituído em 14/10/2008 (efl. 53) mediante a Notificação de Lançamento Imposto de Renda Pessoa Física n. 2004/607450974174106 no total de R$ 139.101,12 (efls. 12/18) com fulcro em dedução indevida de dependentes; dedução indevida de despesas médicas; e compensação indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). Todavia, a Notificação de Lançamento Imposto de Renda Pessoa Física IRPF n. 2004/607450974174106 (efls. 12/18) foi objeto de análise de questões de fato alegadas pelo sujeito passivo suscitadas na impugnação (efls. 03/07), com a consequente lavratura de Termo Circunstanciado (efls. 57/59), conforme previsto no art. 6°. A da Instrução Normativa RFB n. 958, de 15 de julho de 2009, incluído pela Instrução Normativa RFB n. 1061, de 04 de agosto de 2010. No Termo Circunstanciado (efls. 57/59), a autoridade lançadora restabeleceu as deduções de dependentes e de despesas médicas, mantendo, todavia, a glosa de IRRF por compensação indevida, consubstanciado no Despacho Decisório (efl. 60), do qual o sujeito passivo tomou ciência em 29/11/2012 (efl. 62) e em face do qual apresentou manifestação em 18/12/2012 (efls. 65/67). Irresignado com o lançamento, o sujeito passivo apresentou impugnação (efls. 03/07) em 28/10/2008, aduzindo, em linhas gerais, a improcedência da autuação em lide. A impugnação (efls. 03/07) foi julgada improcedente pela instância de piso, nos termos do Acórdão n. 1255.545 (efls. 73/76), conforme entendimento sumarizado na ementa abaixo reproduzida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2003 COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO RETIDO NA FONTE Não restando comprovada, mediante documentação hábil e idônea, que a retenção tenha ocorrido no anocalendário em questão, fica mantida a glosa da dedução do IRRF. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado do teor do Acórdão n. 1255.545 (efls. 73/76) em 09/10/2014 (efl. 84), o impugnante, agora Recorrente, apresentou Recurso Voluntário (efls. 86/94) na data de 07/11/2014, enfrentando apenas a glosa do IRRF. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 110DF CARF MF Processo nº 13706.008927/200858 Resolução nº 2402000.751 S2C4T2 Fl. 111 3 Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator. O Recurso Voluntário (efls. 86/94) é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores, portanto dele CONHEÇO. Passo à análise. O cerne deste litígio concentrase na glosa do IRRF no valor de R$ 68.889,00, em virtude do entendimento da autoridade lançadora de se tratar de compensação indevida do imposto devido apurado na DIRPF/2004 ND 07/34.210.793 (efls. 42/50). Muito bem. Ao apreciar a impugnação (efls. 03/07), a instância de piso concluiu que não restou comprovada retenção de imposto de renda no valor de R$ 68.889,00, nos termos do Acórdão n. 1255.545 (efls. 73/76), cujo voto condutor destaco no essencial: [...] Considerando que do lançamento original, somente permanece em discussão a infração de Compensação Indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte no valor de R$ 68.889,00, referente ao Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro, cabe analisar as teses das defesas em conjunto com os documentos de fls. 41 e 69. Alega o Impugnante que exerce a profissão de Advogado e em Maio de 2003 o IPERJ (Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro) lhe pagou honorários do Precatório Judicial n° 303/96 no valor R$ 276.818,00, menos a quantia R$ 68.889,50, a título de imposto de renda na fonte, conforme demonstra o documento de fl. 41. Declara que a retenção do IRRF teria ocorrido no dia 10 de julho de 2003, o que restaria comprovado com a juntada de Certidão fornecida pelo Diretor da Divisão de Certidões e Traslados do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro à fl. 69. Aduz que o raciocínio lógico que leva à certeza de que o imposto foi retido no ano de 2003 é que o recebimento do precatório também ocorreu no ano de 2003. E o pagamento, por certo, não teria ocorrido sem a devida retenção na fonte. [...] Pela análise dos documentos anexados na impugnação, o contribuinte comprova que recebeu R$ 228.528,15 de rendimento decorrente de verba honorária, já descontado o Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF no valor de R$ 68.889,50, conforme documento de fl. 41 expedido em 07/04/2004. Já a fl. 69 consta a Certidão emitida em 10/07/2003 com a mesma informação acerca dos rendimentos e IRRF. Fl. 111DF CARF MF Processo nº 13706.008927/200858 Resolução nº 2402000.751 S2C4T2 Fl. 112 4 Diante da não aceitação do documento de fl. 41, expedido em 2004, em razão de o mesmo ser insuficiente para comprovar que a retenção teria ocorrido no ano calendário 2003, o contribuinte apresentou o de fl. 69 que contém como única diferença o fato de ter sido emitido em 10/07/2003. Contudo, entendo que não foi suprida a falha apontada pela Fiscalização. Não há como afirmar que a data de expedição da Certidão de fl. 69 se trata do dia em que a retenção ocorreu, como acredita o contribuinte. Da mesma forma, não consta dos autos qualquer informação de que o contribuinte recebeu os rendimentos no mês de maio de 2003, como alegou. Portanto, face aos elementos constantes nos autos, deve ser mantida a glosa do valor de IRRF, conforme lançamento. [...](grifos originais) Em sede de recurso voluntário, verificase que o Recorrente acosta aos autos mandado de pagamento n. 20032991 no valor de R$ 228.528,15 (efl. 91), referente ao Precatório Judicial n. 1996.993035 Processo n. 920010019970 data de depósito 27/05/2003, que, todavia, não faz prova, na verdade, sequer começo de prova, da retenção de imposto de renda como pretende o Recorrente, vez que informa IRRF de R$ 0,00. Consta ainda dos autos outras certidões lavradas pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (efls. 69 e 104) informando pagamento efetuado ao Recorrente pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro (IPERJ) no valor líquido de R$ 228.528,15 e retenção de imposto de renda no valor de R$ 68.889,50, desacompanhado, todavia, do respectivo alvará de levantamento com a discriminação das verbas, inclusive deduções, e/ou respectivo comprovante de recolhimento (DARF). É dizer, não há elemento de prova inequívoca de retenção de imposto de renda no valor de 68.889,00 informado pelo Recorrente na DIRPF/2004 ND 07/34.210.793 (efls. 42/50). Todavia, considerando que as informações consignadas nas certidões lavradas pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (efls. 69 e 104) constituemse em relevante começo de prova, observandose ainda que a comprovação do IRRF glosado foge à governança do Recorrente, enxergo, no caso concreto, hipótese de mitigação da preclusão prevista nos arts. 15 e 16, III, do Decreto n. 70.235/1972, em homenagem, inclusive, ao princípio da verdade material, intrínseco ao direito tributário, impondose, por consequência, as devidas diligências junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Divisão de Precatórios Judiciais e ao Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro (IPERJ), com o fito de averiguar a ocorrência de recolhimento de imposto de renda na fonte no AC 2003 no valor de R$ 68.889,50 vinculado ao Precatório Judicial n. 1996.993035 Processo n. 920010019970. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 13706.008927/200858 Resolução nº 2402000.751 S2C4T2 Fl. 113 5 Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do Recurso Voluntário (efls. 86/94) para CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA à Unidade de Origem para averiguar junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Divisão de Precatórios Judiciais e ao Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro (IPERJ a ocorrência de recolhimento de imposto de renda na fonte no AC 2003 no valor de R$ 68.889,50 vinculado ao Precatório Judicial n. 1996.993035 Processo n. 920010019970, observandose que, após a diligência ora solicitada, deverá a Unidade de Origem consolidar Informação Fiscal em face das verificações realizadas, cientificando o Recorrente do seu teor e concedendo prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ciência, para que, a seu critério, apresente contrarrazões.. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 113DF CARF MF
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Numero do processo: 11634.000059/2010-48
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
LANÇAMENTO. MOTIVAÇÃO.
Não cabe falar em ausência de motivação quando o lançamento foi constituído de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria e expõe de forma clara os motivos determinantes da autuação.
DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. NÃO COMPROVAÇÃO.
Podem ser deduzidos da base de cálculo do imposto de renda os pagamentos efetuados, no ano-calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes.
Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados e dos correspondentes pagamentos. Nessa hipótese, a apresentação tão somente de recibos é insuficiente para comprovar o direito à dedução pleiteada.
SUMULA CARF N.40
A apresentação de recibo emitido por profissional para o qual haja Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz, desacompanhado de elementos de prova da efetividade dos serviços e do correspondente pagamento, impede a dedução a título de despesas médicas e enseja a qualificação da multa de ofício. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018).
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA.
É devida a multa de oficio qualificada de 150% quando restar comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, conforme previsão contida no parágrafo 1o do artigo 44 da Lei n.° 9.430/96.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. REDUÇÃO. CRITÉRIO DE EQUIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
O patamar da multa de ofício qualificada é fixo e definido objetivamente pela lei, no percentual de 150%, não dando margem a considerações sobre a graduação da penalidade, o que impossibilita o julgador administrativo reduzi-la como medida de equidade.
Numero da decisão: 2003-000.061
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Sheila Aires Cartaxo Gomes - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sheila Aires Cartaxo Gomes (Presidente), Wilderson Botto e Francisco Ibiapino Luz.
Nome do relator: SHEILA AIRES CARTAXO GOMES
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MOTIVAÇÃO. Não cabe falar em ausência de motivação quando o lançamento foi constituído de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria e expõe de forma clara os motivos determinantes da autuação. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. NÃO COMPROVAÇÃO. Podem ser deduzidos da base de cálculo do imposto de renda os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados e dos correspondentes pagamentos. Nessa hipótese, a apresentação tão somente de recibos é insuficiente para comprovar o direito à dedução pleiteada. SUMULA CARF N.40 A apresentação de recibo emitido por profissional para o qual haja Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz, desacompanhado de elementos de prova da efetividade dos serviços e do correspondente pagamento, impede a dedução a título de despesas médicas e enseja a qualificação da multa de ofício. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 00 00 59 /2 01 0- 48 Fl. 379DF CARF MF 2 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. É devida a multa de oficio qualificada de 150% quando restar comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, conforme previsão contida no parágrafo 1o do artigo 44 da Lei n.° 9.430/96. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. REDUÇÃO. CRITÉRIO DE EQUIDADE. IMPOSSIBILIDADE. O patamar da multa de ofício qualificada é fixo e definido objetivamente pela lei, no percentual de 150%, não dando margem a considerações sobre a graduação da penalidade, o que impossibilita o julgador administrativo reduzila como medida de equidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Sheila Aires Cartaxo Gomes Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sheila Aires Cartaxo Gomes (Presidente), Wilderson Botto e Francisco Ibiapino Luz. Relatório Autuação e Impugnação Trata o presente processo, de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física (auto de infração fls. 88 a 93), acrescido de multa de ofício qualificada e juros de mora, nos anoscalendário de 2004 a 2006. Por bem descreverem os fatos e as razões da impugnação, adoto o relatório da decisão de primeira instância, o qual transcrevo a seguir: 1. Trata o processo do Auto de Infração de fls. 90 e 91, resultante de revisão das Declarações de Ajuste Anual DAAs correspondentes aos exercícios de 2005, 2006 e 2007, anos calendário de 2004, 2005 e 2006, que exige R$ 4.523,75 de imposto, R$ 1.983,96 de juros de mora e R$ 5.754,37 de multa proporcional, em virtude de glosa de deduções a título de despesas médicas. 2. Segundo o Termo de Encerramento de fls. 92 a 97, por falta de comprovação do efetivo pagamento das despesas médicas, foram glosadas as seguintes deduções: Fl. 380DF CARF MF Processo nº 11634.000059/201048 Acórdão n.º 2003000.061 S2C0T3 Fl. 380 3 3. O presente Termo de Encerramento também informa que as atividades do profissional João Evangelista de Mello Neto foram objeto de verificação fiscal, donde se concluiu que os recibos emitidos por este profissional são ideologicamente falsos, sendo, inclusive, emitido o Ato Declaratório Executivo n° 60, de 13/10/08, vide fl. 54. 4. A fiscalização informa, ainda, a emissão de Representação Fiscal para Fins Penais, haja vista o contribuinte ter utilizado recibos (vide fls. 21 a 26) inidôneos para respaldar deduções de despesas médicas, reduzindo artificialmente e indevidamente o montante do imposto devido nos anoscalendário de 2004 e 2005, o que configura, em tese, crime contra a ordem tributária, definido pelo art. 1°, inciso IV, da Lei n° 8.137/90. 5. Cientificado do lançamento em 01/02/10, conforme Aviso de Recepção de fl. 101, o interessado ingressou com a impugnação tempestiva de fls. 103 a 117, em 02/03/10, alegando, em síntese, que: a) decaiu o direito da Fazenda Pública de efetuar o lançamento em relação ao anocalendário de 2004, pois somente foi cientificado da autuação em 01/02/10. Além do mais “não há que se falar, em nenhum momento, em dolo, fraude ou simulação por parte do contribuinte, em virtude de [...] ter realmente efetuado o tratamento odontológico e ter realizado as despesas que estão consignadas nos recibos enviados à Secretaria da Receita Federal do Brasil.”; b) não se conforma com a glosa das despesas referentes aos recibos declarados inidôneos, pois tais despesas encontram plena correspondência com os rendimentos oferecidos à tributação e com a documentação acostada ao procedimentos fiscal. “Se houve irregularidades, que estas sejam atribuídas ao profissional e não ao Impugnante, com a absurda multa de 150%.”; c) “em nenhum momento nos autos constam as diligências que deveriam ser feitas [...]. Desse modo, a liquidez e certeza do crédito tributário não estão nos autos amplamente demonstrados, tornando ilíquido e incerto, pois não foram observados os requisitos essenciais a sua real constituição, conforme determinação de matéria tributável.” d) em “se tratando do profissional Dr. Leonardo Dechandt Brochado, o Impugnante, assume o ônus, pelas explicações anteriormente dadas à fiscalização, ou seja, não sabe o porquê constou na declaração, pois nunca contratou este profissional à prestação de serviços junto a ele e familiares, inclusive, na cópia da declaração de posse do Impugnante, não constam despesas com este profissional.” 6. Diante dessas considerações, requer o Impugnante o acolhimento de sua impugnação, cancelandose as alterações efetuadas em suas declarações de rendimentos. Fl. 381DF CARF MF 4 Acórdão de Primeira Instância Os membros da 6a Turma da DRJCTA, por unanimidade de votos, acordaram considerar improcedente a impugnação parcial apresentada, mantendose o crédito tributário exigido, nos termos do Voto do Relator. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase como nãoimpugnada a parte do lançamento em relação à qual o contribuinte não apresenta óbice. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, contase O prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. ' São dedutíveis despesas médicas, desde que devidamente comprovadas mediante documentação hábil e idônea. DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. ÔNUS DA PROVA. É lícito ao fisco exigir a comprovação e justificação das despesas médicas, cabendo o ônus da prova ao contribuinte. Impugnação lmprocedente Credito Tributário Mantido Ressaltese a existência de crédito tributário incontroverso (não foi questionado, pelo Impugnante, o valor glosado de R$ 5.000,00, referente ao profissional Leonardo Dechant Brochado, anocalendário de 2006). Recurso Voluntário Cientificado dessa decisão em 04/10/2010 (fl.150), o contribuinte interpôs em 03/11/2010 recurso voluntário (fls. 152 a 166), no qual alega, em síntese: Preliminarmente Nota de Protesto. Assim I. Julgadores, o que o Recorrente deseja nesta breve nota de protesto, reclama um julgamento atencioso e particularizado, fato comum nesse I. Conselho, e, mais ainda, que esta conduta fiscal seja refletida para não tratar indistintamente e sem provas as pessoas honestas como se fossem sonegadoras. Que haja humildade suficiente para esta autoreflexão fiscal. Fl. 382DF CARF MF Processo nº 11634.000059/201048 Acórdão n.º 2003000.061 S2C0T3 Fl. 381 5 ARBITRARIEDADE DO AGENTE FISCAL NAS GLOSAS DAS DESPESAS MÉDICAS: FALTA DE MOTIVAÇÃO NA DECISÃO No caso em comento, infelizmente, o agente fiscal, entendase o autuante e a 6a Turma, não traçaram uma linha de fundamentação, sequer motivando sua (equivocada) decisão de glosar as despesas médicas com os profissionais que prestaram os serviços ao Recorrente. Em outras palavras, o Recorrente nem sabe os motivos que levaram o agente fiscal a ignorarem os recibos, as declarações e os pagamentos efetuados, uma vez que estão todos devidamente assinados e preenchidos pelas pessoas envolvidas. A única argumentação da 6a Turma, é que não houve a comprovação do efetivo pagamento. Ora se quando do cumprimento da Intimação é levado a Agência da Receita Federal do domicilio do contribuinte, toda a documentação necessária., e se na própria intimação consta recibos originais e cópias, próprio obviamente que o funcionário da Receita Federal, os anexa no processo. Portanto, esta afirmação da 6a Turma, não merece prosperar. Lá estavam originais e cópias, isto com certeza. I. Julgadores, é um enorme absurdo exigir que a comprovação dos gastos com despesas médicas seja feita tãosomente através de cópias de cheques, boletos ou ordens bancárias. Primeiro, porque não houve emissão de boletos ou ordens bancárias para o pagamento dos serviços prestados; segundo, porque cabe ao consumidor optar pelo pagamento em dinheiro ou em cheque, sendo que a primeira alternativa, como sabemos, é sempre a preferida ou até exigida pelos credores. Nesse passo, o próprio artigo 80, § 1°, III, do RIR/99, expressamente citado no campo “enquadramento legal”, faculta (e não “obriga”) ao contribuinte, apenas na falta de documentação (que não é o caso, visto que a contribuinte apresentou os recibos e as declarações emitidos pelos profissionais), a indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. Enfim, o que o artigo 8°, da Lei n° 9.250/95, e o artigo 80, do RIR/99 exigem é a comprovação da despesa, que é feita pelo recibo passado pelo recebedor dos honorários pagos, e não por qualquer outra forma. Exigir outras formas de prova consubstancia flagrante afronta ao princípio da legalidade, que, segundo dispõe o caput do art. 37, da Constituição Federal, é princípio norteador e de obrigatória observância por parte da Administração Pública em geral. Registrese que, em realidade, comprova absolutamente nada realmente o efetivo pagamento, pois mesmo cheque nominal/ordem de pagamento/transferência eletrônicas saídos das contas dos pagadores e entrados nas contas do recebedores podem ter tido seus valores devolvidos “por fora”. Fl. 383DF CARF MF 6 Assim, sem sentido, exigirse comprovação de efetivo pagamento. Destarte, com a ausência de uma justificação por parte do agente fiscal, percebese que a glosa das despesas médicas foi feita de modo arbitrário, injustificado, imotivado. Acontece que, nos termos do artigo 145, §l°, da Carta Maior, a administração tributária deve, sempre, se pautar na lei e nos direitos fundamentais dos contribuintes, o que abrange, certamente, a ampla defesa, o contraditório e o due process of law. Ademais, no próprio conceito legal de TRIBUTO, estampado no artigo 3° do Codex Tributário, depreendese que sua cobrança é feita mediante atividade administrativa plenamente vinculada, descartando, assim, medidas administrativas destituídas de qualquer fundamento, como se verifica no auto de infração em comento. Desta forma, requerse a anulação do auto de infração, em virtude da total falta de embasamento do agente fiscal ao desconsiderar os recibos, as declarações, apresentados pelo Recorrente. POSSIBILIDADE DE OCORRÊNCIA ILEGAL E INCONSTITUCIONAL B1S 1N IDEM; COBRANÇA SIMULTÂNEA DO IRPF DO PRESTADOR E DO TOMADOR DO SERVIÇO Complementando a irregularidade do auto de infração, quanto à ausência de motivo que justificasse a glosa das despesas médicas, comprovadas suficientemente pelo Recorrente através de recibos, declarações, etc., a presente cobrança possivelmente também configure um bis in idem, ou seja, provavelmente a Receita Federal está cobrando o IRPF da Impugnante que já foi pago pelo profissional ligado ao presente caso. Com efeito, em nenhum momento foi pesquisado e analisado pelo agente fiscal se o profissional envolvido declarou/pagou, ou não, o recebimento dos seus honorários/remunerações consignados nos recibos, tendose partido unilateral e diretamente para a presunção de que não houve a declaração nem o recolhimento do imposto de renda por parte daquele profissional. Sendo assim, a análise deste auto de infração DEPENDE da verificação ajuste anual da declaração de prestada pelo profissional, a fim de ser checado se houve, ou não, a declaração das receitas (despesas para o Recorrente) aqui tratadas, ou ainda, se a declaração não existiu por mero motivo de isenção ou dedução legal. Em caso afirmativo, estaria evidentemente constatada a ocorrência de um bis in idem, é dizer, de uma cobrança dupla por parte da Receita Federal sobre o mesmo fato gerador (pagamento dos honorários/remunerações). Tecnicamente, pode se dizer que a declaração do profissional é causa incidental para o deslinde deste auto de infração. AUSÊNCIA DE ,SOLIDARIEDADE ENTRE O RECORRENTE E OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE Fl. 384DF CARF MF Processo nº 11634.000059/201048 Acórdão n.º 2003000.061 S2C0T3 Fl. 382 7 Caso não tenha havido a declaração dos honorários/remunerações por parte do profissional da saúde aqui envolvido, o Recorrente não pode ser responsabilizada como “devedor solidária” do Imposto de Renda devido por ele. Ou seja, se após a verificação da declaração do profissional que assistiu o Recorrente e sua dependente e emitiu recibos dos honorários percebidos, a Receita Federal vir a apurar uma omissão destes rendimentos na declaração do mesmo, somente ele deverá responder por esta ausência, e não o Recorrente! IDONEIDADE DAS DECLARAÇÕES, RECIBOS, APRESENTADOS: EFETIVA SUBMISSÃO DO RECORRENTE E DEPENDENTES ÀS INTERVENÇÕES MÉDICO/ODONTOLÓGICAS O artigo 8°, da Lei n° 9.250/95, exige a comprovação de pagamento das despesas médicas, e não que essa comprovação se dê por essa ou aquela maneira, à exceção dos requisitos que devem ser preenchidos pelo recibo médico. Em outras palavras, pela leitura de mencionado comando normativo, as deduções efetuadas na Declaração de Rendimentos deverão corresponder às despesas médicas pagas (“...pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas... ”), devidamente comprovadas. E a forma de comprovação do pagamento dessas despesas, segundo a Lei n° 9.250/95, é o recibo passado pelo profissional, e que, consoante disposto no art. 8°, §2°, III, deve conter os dados do emitente, com seu número de CPF/MF ou CNPJ/MF. E nenhum outro requisito! Aliás, o próprio artigo 80, § 1°, III, do RIR/99, expressamente citado no auto de infração (campo “enquadramento legal”), faculta (e não “obriga”) ao contribuinte, apenas na falta de documentação (que não é o caso, visto que o Recorrente apresentou o relatório e os recibos emitidos pelo profissional). Nessa esteira, o que o artigo 8°, da Lei n° 9.250/95, e o artigo 80, do RIR/99 exigem é a comprovação da despesa, que é feita pelo recibo passado pelo recebedor dos honorários pagos, e não por qualquer outra forma. Exigir outras formas de prova consubstancia flagrante afronta ao princípio da legalidade, que, segundo dispõe o caput do art. 37, da Constituição Federal, é princípio norteador e de obrigatória observância por parte da Administração Pública em geral. O que o Recorrente fez foi agir conforme a lei: para que pudesse descontar gastos tidos por necessários para a manutenção de sua vida, cuidou de providenciar os recibos médicos que pudessem comprovar o efetivo pagamento. A comprovação e justificação das deduções foram devidamente realizadas pelo Recorrente, por meio de documentos hábeis e idôneos! não comprovou a suposta Em verdade, quem (e inexistente) inidoneidade da documentação apresentada foi à Fl. 385DF CARF MF 8 fiscalização, motivo pelo qual tais documentos devem ser aceitos! Enfim, não se mostra plausível exigir que a comprovação dos gastos com despesas médicas seja feita tãosomente através de cópias de cheques, boletos ou ordens bancárias. Primeiro, porque não houve emissão de boletos ou ordens bancárias para o pagamento dos serviços prestados; segundo, porque cabe ao cliente/paciente optar pelo pagamento em dinheiro ou em cheque, sendo que a primeira alternativa, como se sabe, é sempre a preferida ou até exigida pelos credores. No acórdão, consta da existência do Ato Declaratório Executivo DRF/LON n° 61, de 13/10/2008, o qual declarou a inidoneidade de todos os recibos de tratamento odontológico emitidos pelo profissional João Evangelista de Mello Neto CPF n° 410.152.669 91. O profissional base dos serviços prestados ao recorrente, através dos AUTOS N° 2006.70.13.0028907/PR, foi absolvido, na qual O MM. Juízo Federal apregoa, em parte da sentença. Portanto, a única dedução que se tem é que jamais o Fisco poderia glosar todos os recibos de todos os contribuintes, os quais foram devidamente preenchidos pelo profissional base da autuação e principalmente a do recorrente. SUBSIDIARIAMENTE: EXCLUSÃO DA MULTA PUNITIVA PELA EQUIDADE Na absurda hipótese de as glosas serem mantidas, o que se admite por mero exercício de raciocínio, o recorrente requer o afastamento da multa punitiva, uma vez que os serviços foram efetivamente prestados pelo profissional, houve os efetivos pagamentos, mas, talvez, por pura e íntima convicção fiscal, apenas não houve a necessária comprovação dos efetivos pagamentos. Em suma, o que está acontecendo na presente demanda é a desconsideração das despesas médicas declaradas pela contribuinte, por questões exclusivamente formais, é dizer, porque o Recorrente não juntou documentos “pertinentes” que comprovassem os pagamentos. É certo que a ninguém é dado o direito de escusarse de suas responsabilidades tributárias alegando ignorância da lei (o artigo 108, §2°, do CTN é claro neste sentido). Entretanto, o Codex Tributário autoriza a exclusão ou diminuição da responsabilidade por infração, quando houver erro escusável por parte do contribuinte, como no caso em apreço (artigo 112). Com efeito, o artigo 108, §2°, do CTN, dispõe que o emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de TRIBUTO devido, deixando, a contrario sensu, totalmente aberta a possibilidade de a eqüidade dispensar o pagamento de MULTA (principalmente, as de caráter punitivo, com percentual de 150%). Fl. 386DF CARF MF Processo nº 11634.000059/201048 Acórdão n.º 2003000.061 S2C0T3 Fl. 383 9 Enfim, buscase a eqüidade no caso em questão, no sentido de eliminar a cobrança da multa punitiva de 150% sobre as glosas efetuadas das despesas médicas ou, subsidiariamente, que a multa aplicada seja a de caráter moratório (de 20%), tendo em vista as considerações acima apresentadas. Processo distribuído para julgamento em Turma Extraordinária, tendo sido observadas as disposições do artigo 23B, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, e suas alterações. É o relatório. Voto Conselheira Sheila Aires Cartaxo Gomes Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Preliminares Em que pese o recorrente nomear um tópico em seu recurso como "preliminar", nele não estão contidas alegações referentes a inobservância do disposto nos artigos 10 e 59, ambos do Decreto nº 70.235/72. No tópico consta "nota de protesto" para que seja atendido o propósito maior da justiça e para que se tenha um julgamento atencioso e particularizado, princípios estes que norteiam os julgamentos deste conselho. Mérito O recorrente insurgese contra a decisão de primeiro grau, alegando em suma, ter direito às deduções de despesas com saúde e pede a exclusão/redução da qualificação da multa de ofício pela equidade. Glosas de Despesas Médicas No tocante às glosas de despesas médicas, alega o recorrente, em síntese: · Que não houve motivação e fundamentação para a glosa efetuada e que a única argumentação é que não houve a comprovação do efetivo pagamento. · Que é um enorme absurdo exigir que a comprovação dos gastos com despesas médicas seja feita tãosomente através de cópias de cheques, boletos ou ordens bancárias. Fl. 387DF CARF MF 10 · Que o próprio artigo 80, § 1°, III, do RIR/99, faculta (e não “obriga”) ao contribuinte, apenas na falta de documentação, a indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. · Que o artigo 8°, da Lei n° 9.250/95, e o artigo 80, do RIR/99 exigem é a comprovação da despesa, que é feita pelo recibo passado pelo recebedor dos honorários pagos, e não por qualquer outra forma. · Que consoante disposto no art. 8°, §2°, III, os recibos devem conter os dados do emitente, com seu número de CPF/MF ou CNPJ/MF, e nenhum outro requisito. · Que a fiscalização não comprovou a suposta inidoneidade da documentação apresentada, motivo pelo qual tais documentos devem ser aceitos. A dedução de despesas médicas e de saúde na declaração de ajuste anual tem como supedâneo legal os seguintes dispositivos do art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, abaixo transcritos: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os não tributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento;(grifei) IV não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; Fl. 388DF CARF MF Processo nº 11634.000059/201048 Acórdão n.º 2003000.061 S2C0T3 Fl. 384 11 V no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário. Os mesmos dispositivos formam regulamentados e reproduzidos no art. 80 do Decreto nº 3.000/1999, in verbis: Seção I Despesas Médicas Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento;(grifei) IV não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; V no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário. § 2º Na hipótese de pagamentos realizados no exterior, a conversão em moeda nacional será feita mediante utilização do valor do dólar dos Estados Unidos da América, fixado para venda pelo Banco Central do Brasil para o último dia útil da primeira quinzena do mês anterior ao do pagamento. § 3º Consideramse despesas médicas os pagamentos relativos à instrução de deficiente físico ou mental, desde que a deficiência seja atestada em laudo médico e o pagamento efetuado a entidades destinadas a deficientes físicos ou mentais. § 4º As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só poderão ser deduzidas se o referido Fl. 389DF CARF MF 12 estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. § 5º As despesas médicas dos alimentandos, quando realizadas pelo alimentante em virtude de cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, poderão ser deduzidas pelo alimentante na determinação da base de cálculo da declaração de rendimentos (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 3º). A fim de elidir a possibilidade de perpetuação de sonegação e fraude fiscal, nos termos do art. 66, do Decreto 9580/2018 (Regulamento do Imposto de Renda), a legislação permite ao fisco exigir a apresentação de outros elementos de prova, possibilitando à autoridade tributária firmar seu convencimento, quanto à ocorrência do fato, com base na verdade material: Art. 66. As deduções ficam sujeitas à comprovação ou à justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º O sujeito passivo será intimado a apresentar, no prazo estabelecido na intimação, esclarecimentos ou documentos sobre inconsistências ou indícios de irregularidade fiscal detectados nas revisões de declarações, exceto quando a autoridade fiscal dispuser de elementos suficientes para a constituição do crédito tributário. § 2º As deduções glosadas por falta de comprovação ou de justificação não poderão ser restabelecidas depois que o ato se tornar irrecorrível na esfera administrativa (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 5º). É que a autoridade tributária não está vinculada a um único meio de prova, pelo contrário, deve pautar seu convencimento a partir do conjunto probatório, expondo adequadamente os fundamentos legais e os motivos de sua decisão, com base nos elementos constantes dos autos. Foi exatamente isso que ocorreu no presente caso, pois ao requerer a apresentação de comprovantes dos efetivos desembolsos, a fiscalização procurava elementos para poder tomar uma decisão segura sobre os fatos analisados. De acordo com o art. 835 do Decreto n° 3.000/1999 que aprovou o Regulamento do Imposto de Renda RIR, assevera que todas as deduções declaradas pelos contribuintes estão sujeitas à comprovação, a juízo da autoridade lançadora, na forma preconizada no art. 73 do mesmo diploma legal, como segue: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora.(grifei) Quando não comprovadas da forma solicitada as deduções informadas nas declarações, cabe à autoridade lançadora efetuar o lançamento de oficio com base nas infrações apuradas, de acordo com o art. 841 do Decreto acima citado, in verbis: Art. 841. O lançamento será efetuado de ofício quando o sujeito passivo (...) Fl. 390DF CARF MF Processo nº 11634.000059/201048 Acórdão n.º 2003000.061 S2C0T3 Fl. 385 13 II ~.deixar de atender ao pedido de esclarecimentos que lhe for dirigido, recusarse a prestálos ou não os prestar satisfatoriamente; Relativamente às despesas médicas, o art. 8°, inc. II, alínea “a” da Lei n° 9.250, de 26 de dezembro de 1995, bem como o art. 80 do RIR, estabelecem que na declaração de ajuste anual, para apuração da base de cálculo do imposto, poderão ser deduzidos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, pagamentos efetuados pelo contribuinte relativos ao seu tratamento e ao de seus dependentes. De acordo com o § 2° do precitado dispositivo, a dedução fica condicionada a que os pagamentos sejam especificados e comprovados, com indicação do nome. endereço e CPF ou CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação de cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. Verifica se, portanto, que a dedução de despesas médicas na declaração do contribuinte está, sim, condicionada ao preenchimento de alguns requisitos legais. Observese que a dedução exige a efetiva prestação do serviço, tendo como beneficiário o declarante ou seu dependente, e que o pagamento tenha se realizado pelo próprio contribuinte. Assim, havendo qualquer dúvida em um desses requisitos, é direito e dever da Fiscalização exigir provas adicionais da efetividade do serviço, do beneficiário deste e do pagamento efetuado. E é dever do contribuinte apresentar comprovação ou justificação idônea, sob pena de ter suas deduções não admitidas pela autoridade fiscal. A lei pode determinar a quem caiba a incumbência de provar determinado fato. É o que ocorre no caso das deduções. O art. ll, § 3° do DecretoLei n° 5.844, de 1943, estabeleceu expressamente que o contribuinte pode ser instado a comproválas ou justificálas, deslocando para ele o ônus probatório. Tal dispositivo está em sintonia com o princípio de que o` ônus da prova cabe a quem a alega. O art. 333 do Código de Processo Civil prevê que o ônus da prova incumbe: “I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito e II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”. Filio me a esse entendimento, tanto pelas determinações do art. 73 do RIR/99, acima transcrito, que exige que as deduções sejam justificadas a juízo da autoridade lançadora, quanto pelo disposto no art. 333, inciso I, do Código de Processo Civil, que atribui a quem declara o ônus de demonstrar fato constitutivo do seu direito. Assim, a inversão legal do ônus da prova, do fisco para o contribuinte, transfere para o sujeito passivo o dever de comprovação e justificação das deduções, e não o fazendo, deve assumir as conseqüências legais decorrentes. O ônus de provar implica trazer elementos que não deixem nenhuma dúvida quanto ao fato questionado. No caso em apreço, temos que, o recorrente, ao ser devidamente intimado, apenas apresentou recibos, sem fazer provas da efetiva prestação dos serviços e do pagamento efetuado. A inidoneidade dos recibos está demonstrada no Termo de Encerramento de fls. 94 a 99, o qual informa: Fl. 391DF CARF MF 14 As atividades do profissional João Evangelista de Mello Neto foram objeto de verificação pela Fiscalização desta Delegacia, visando confirmar a efetividade da prestação de serviços odontológicos a diversos contribuintes declarantes do imposto de renda da pessoa física. Os levantamentos fiscais efetuados levaram à conclusão de que os recibos firmados pelo profissional são inidôneos. Para formalizar essa constatação, foram emitidos, pelo Delegado da DRF/LON, os Ato Declaratórios Executivo n° 60, de l3/11/08, vide fl. 55, nos termos do art. 238, inciso IX, da Portaria MF n° 95, de 30/04/95, declarando tais documentos imprestáveis e ineficazes. Tais fatos lançaram dúvidas à fiscalização quanto à idoneidade das despesas odontológicas de JOÃO EVANGELISTA DE MELLO NETO, razão pela qual solicitou as comprovações dos serviços prestados e do efetivo pagamento realizado. Desta forma, a autoridade fiscal agiu de forma correta, motivada e fundamentada ao exigir a comprovação dos efetivos pagamentos pelos serviços médicos contratados pelo recorrente. Não cabe falar em ausência de motivação quando o lançamento foi constituído de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria e expõe de forma clara os motivos determinantes da autuação. Sobre o assunto já se manifestou este conselho em diversos julgados. Cito aqui a título de exemplo a ementa de dois acórdãos que reproduzem este entendimento: Acórdão no 2101001.842 DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. COMPROVAÇÃO COM DOCUMENTAÇÃO COMPLEMENTAR. Podem ser deduzidos da base de cálculo do imposto de renda os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados e dos correspondentes pagamentos. Nessa hipótese, em regra, a apresentação tão somente de recibos é insuficiente para comprovar o direito à dedução pleiteada. Hipótese em que o recorrente teve sucesso em comprovar parte das deduções pleiteadas.(grifei) Recurso Voluntário Provido em Parte. Acórdão no2802001.988 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. Em princípio, os recibos que, emitidos por profissionais habilitados, atendem os requisitos legais são hábeis e idôneos Fl. 392DF CARF MF Processo nº 11634.000059/201048 Acórdão n.º 2003000.061 S2C0T3 Fl. 386 15 para fins de comprovar a dedução de despesas médicas, são eles que comprovam o pagamento. Não obstante, em havendo indícios que desabonem a presunção de idoneidade desses documentos, a autoridade fiscal tem o poder dever de exigir outras formas de comprovação a fim de comprovar por provas ou mesmo por conjunto de indícios veementes que afastem a regra geral de aptidão dos recibos para fins de dedução. Na falta dessas provas ou indícios veementes os recibos permanecem como documentos hábeis e idôneos. Todavia, não são hábeis a justificar a dedução documentos que não contenham os requisitos intrínsecos a qualquer recibo, entre os quais identificar quem pagou e em que data e sem rasuras, e os requisitos legais. (grifei) IRPF. DESPESA MÉDICA. COMPROVAÇÃO. ENDEREÇO. O endereço do emitente é requisito expresso na lei. A apresentação de recibos que não cumprem integralmente os requisitos legais para a dedução, por si só, justifica a glosa das deduções a que se referem. A Súmula de Documentação Tributariamente Ineficaz tem cunho administrativo, tendo se originado de Processo Administrativo (procedimento fiscalizatório) 11634.000548/200885, que atestou a inidoneidade de todos os recibos/comprovantes emitidos pela profissional, concluindo serem esses documentos imprestáveis e ineficazes para dedução da base de cálculo do imposto de renda pessoa física. Peço licença para trazer aqui as conclusões exaradas no bojo do referido processo às fls. 5188 a 5193. Somente um formalismo exacerbado poderia admitir que simples recibos emitidos ao léu, com indícios veementes de falsidade, sejam suficientes para comprovar pagamentos realizados por dezenas de pessoas. O que se pode concluir de tudo o que se apurou ao longo do procedimento de fiscalização é a existência de fortes indícios de que as despesas deduzidas pelos contribuintes, com esteio nos recibos odontológicos emitidos por JOÃO EVANGELISTA DE MELLO NETO, não se fizeram acompanhar pela correspondente prestação dos serviços por parte desse profissional, justificandose sua emissão tãosomente pelo fato de prestaremse à dedução da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física por ocasião da declaração de ajuste anual. Resta ainda mais evidenciada tal prática se atentarmos para o fato de que todos esses contribuintes não despenderam recursos financeiros, em montantes semelhantes, nos anoscalendário em questão, com outros profissionais de saúde (médicos, fisioterapeutas, etc), isso sem falar de outras despesas com profissionais liberais que não são dedutíveis da base de cálculo do IRPF anual (contador, advogado, etc). Se não bastassem tais elementos probatórios, é importante recapitular os demais fatos de tal natureza coligidos no curso do procedimento fiscal: Fl. 393DF CARF MF 16 • Inexistência de patrimônio ou de valores movimentados em contas bancárias que possam denunciar os rendimentos auferidos provenientes da prestação dos serviços a pessoas físicas; • Inexistência de documentário fiscal relativo às despesas da atividade, aliado ao fato de as empresas apontadas como usuais fornecedoras negarem haver realizado vendas ao contribuinte; • Inexistência de registros de funcionários, fato agravado pela conduta do fiscalizado de não fornecer seus nomes; • Ausência de regular escrituração, com observância das formalidades legais, dos valores que compuseram suas receitas e despesas; • Irregularidade cadastral perante a fiscalização de postura municipal, em vários anoscalendário; • Consumo exíguo de energia elétrica em muitos meses em que declarou rendimentos recebidos de pessoas físicas; • Inadimplência total dos valores apurados de imposto de renda da pessoa física nas declarações de ajuste anual. Por todo o exposto, é patente a existência de consistentes indícios de que os serviços odontológicos não foram prestados pelo contribuinte JOÃO EVANGELISTA DE MELLO NETO, pelo que proponho que se dê, em face dos usuários de seus recibos ao longo dos anoscalendário ainda não abarcados pela decadência (artigo 173, inciso I, CTN), a instauração de procedimento administrativo de fiscalização, ou de revisão interna de declarações, com vistas à obtenção da comprovação do efetivo pagamento, vale dizer, do trânsito dos recursos financeiros, único meio factível de comprovação ante a profusão de evidências aqui apontadas da efetiva prestação dos serviços odontológicos, medida que implicará, destarte, o direito ao gozo do beneficio fiscal da dedutibilidade dos pagamentos da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física. A contrario sensu, restará tipificado o evidente intuito de fraude, capitulado no artigo 72 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, caracterizado pela emissão de recibos odontológicos ideologicamente falsos (sem a respectiva prestação dos serviços). Ao final, em face da existência de indícios da prática de crime contra a ordem tributária (Lei n° 8.137/90), cuja tipificação, contudo, não pode prescindir da constituição de ofício do crédito tributário, alerto para a necessidade de formulação de representação fiscal para fins penais, na forma da Portaria RFB n° 665/2008, por ocasião dos procedimentos fiscais a serem instaurados, ou já em curso, em face dos contribuintes que deduziram, em suas respectivas declarações de IRPF, pagamentos ao profissional objeto da presente ação fiscal. Por tudo aqui exposto, entendo que restou devidamente configurada a inidoneidade dos recibos emitidos por JOÃO EVANGELISTA DE MELLO NETO. Não sendo pertinente a alegação de que os recibos deveriam ser aceitos por falta de comprovação. Fl. 394DF CARF MF Processo nº 11634.000059/201048 Acórdão n.º 2003000.061 S2C0T3 Fl. 387 17 A glosa das despesas de saúde, no caso de existência de Súmula de Documentação Tributariamente ineficaz, só pode ser afastada caso o contribuinte comprove a efetividade dos dispêndios, por meio, por exemplo, de cópias de cheques, transferências bancárias, extratos onde haja coincidência de datas e valores com os recibos, bem como comprove a efetividade da prestação de serviços(exames, fichas clinicas, prontuários, cartões de marcação de consultas, etc.). Se em circunstancias normais basta a mera apresentação do recibo para comprovar a efetiva prestação do serviço profissional e o recebimento/pagamento dos honorários respectivos, em casos como o que se analisa nos presentes autos, em que os recibos são objetos de fundadas suspeitas de irregularidades, competia ao impugnante produzir outras provas que demonstrassem a efetividade dos serviços prestados e respectivos pagamentos. Contudo, verificase que o recorrente não o fez. A documentação por ele apresentada não restou suficiente para comprovar o desembolso efetuado, bem como a real prestação do serviço, condições necessárias para usufruir do direito à dedução. Destaco também, que o assunto encontrase sumulado nesta corte, senão vejamos: Súmula CARF nº 40 A apresentação de recibo emitido por profissional para o qual haja Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz, desacompanhado de elementos de prova da efetividade dos serviços e do correspondente pagamento, impede a dedução a título de despesas médicas e enseja a qualificação da multa de ofício. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). Desta forma, o recorrente não logrou êxito em comprovar a efetiva prestação de serviços e nem o efetivo pagamento das despesas de saúde glosadas. Teve oportunidade de fazêlo durante todo o procedimento fiscal, em sede de impugnação e de recurso voluntário, mas não o fez. Contudo o recorrente limitase a apresentar somente recibos, o que conforme a Súmula CARF no 40 impede a dedução a título de despesas médicas e enseja a qualificação da multa de ofício. Em razão do exposto, voto por manter as glosas de despesas odontológicas não comprovadas. Bis In Idem e Solidariedade Aduz o recorrente que a presente cobrança possivelmente também configure um bis in idem, ou seja, a Receita Federal estaria cobrando o IRPF da Impugnante que já foi pago pelo profissional ligado ao presente caso. Contudo, não há que se falar em bis in idem. São contribuintes do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) as pessoas físicas domiciliadas ou residentes no Brasil, titulares de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza, inclusive rendimentos e ganhos de capital, sem distinção da nacionalidade, sexo, idade, estado civil ou profissão. Fl. 395DF CARF MF 18 A renda e os proventos de qualquer natureza percebidos no Brasil por residentes ou domiciliados no exterior ou a eles equiparados estão sujeitos ao imposto de acordo com as disposições legais pertinentes. Já a dedução do imposto de Renda é uma quantia que pode ser abatida da base de cálculo durante a declaração. Conhecida também por despesas dedutíveis, a dedução pode reduzir o pagamento do imposto devido ou mesmo garantir a restituição. No caso em questão temos duas situações: 1) Do recorrente, que auferiu rendimentos sujeitos ao imposto de renda e pleiteou deduções referentes aos serviços prestados pelo dentista afim de reduzir o valor do imposto que lhe é devido; 2) Do dentista, que estaria sujeito ao imposto de renda sobre os rendimentos supostamente auferidos pelo exercício de sua profissão. Temos que ambos, estão sujeitos ao Imposto de Renda caso aufiram rendas de qualquer natureza, e que, a dedução prevista somente serve para diminuir o imposto devido do recorrente, não guardando nenhuma correlação em caso de glosa com bitributação, pois o que está sendo objeto de cobrança é o imposto incidente sobre a própria renda de quem foi glosado. O imposto que está sendo cobrado na glosa, teve como fato gerador a própria renda auferida pelo recorrente, diferentemente do imposto do dentista, que originase na renda por ele percebida. Não há que se confundir as duas obrigações, que são totalmente diferentes. Ademais, ainda que fosse o caso, não se verifica nos autos do processo 11634.000548/200885 nenhum pagamento de imposto efetuado por JOÃO EVANGELISTA DE MELLO NETO, conforme fls. 20 e 24. Desta forma, incabível a alegação de Bis in idem. Alega também o recorrente não poder ser responsabilizado como “devedor solidário” do Imposto de Renda devido pelo dentista. Contudo, não há que se falar em solidariedade, pois o imposto que lhe está sendo cobrado no auto de infração incidiu sobre o seu próprio rendimento. Deixouse de ter uma dedução a que legalmente não teria direito, portanto, cabível o pagamento do imposto devido na sua integralidade. Não foi objeto do lançamento o rendimento auferido pelo dentista, mas sim o restabelecimento por meio da glosa do montante do imposto devido sobre o rendimento do recorrente. Além disso, como as prestações de serviços pelo dentista não foram confirmadas no processo 11634.000548/200885 mediante análise patrimonial, sequer houve lançamento em nome de JOÃO EVANGELISTA DE MELLO NETO, pois não restou comprovado que houve auferição de renda na prestação de serviços odontológicos pelo mesmo. Diante do disposto, também não é devida a alegação de que houve solidariadade. Multa qualificada Fl. 396DF CARF MF Processo nº 11634.000059/201048 Acórdão n.º 2003000.061 S2C0T3 Fl. 388 19 O recorrente requer o afastamento da multa punitiva, uma vez que alega que os serviços foram efetivamente prestados pelo profissional, que houve os efetivos pagamentos, mas, talvez, por pura e íntima convicção fiscal, apenas não houve a necessária comprovação dos efetivos pagamentos. Pede a aplicação da eqüidade no caso em questão, no sentido de eliminar a cobrança da multa punitiva de 150% sobre as glosas efetuadas das despesas médicas ou, subsidiariamente, que a multa aplicada seja a de caráter moratório (de 20%), tendo em vista as considerações acima apresentadas. Sobre o tema, cumpre apresentar os dispositivos legais que regulamentam a matéria (conforme legislação em vigor à época dos fatos): Lei nº 9.430/96 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (grifei) § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; Já os artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502, de 30 de novembro de 1964, assim definem: Art. 71 Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72 Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Fl. 397DF CARF MF 20 Art. 73 Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72. Como se percebe, nos casos de lançamento de ofício, a regra é aplicar a multa de 75%, estabelecida no inciso I do artigo acima transcrito. Excepciona a regra a comprovação do intuito fraudulento, a qual acarreta a aplicação da multa qualificada de 150%, prevista no inciso II, do artigo 44, da Lei nº 9.430 de 1996, com a redação dada Lei nº 11.488, de 15/06/2007. A fraude fiscal pode se dar em razão de uma ação ou omissão, de uma simulação ou ocultação, e pressupõe sempre a intenção de causar dano à Fazenda Pública, um propósito deliberado de se subtrair, no todo ou em parte, a uma obrigação tributária. Nesses casos, deve sempre estar caracterizada a presença do dolo, um comportamento intencional, específico, de causar dano à Fazenda Pública, onde se utilizando subterfúgios escamoteiam a ocorrência do fato gerador ou retardam o seu conhecimento por parte da autoridade fazendária. O conceito de dolo encontrase no inciso I do art. 18 do Decretolei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), que dispõe ser o crime doloso aquele em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzilo. A doutrina decompõe, ainda, o dolo em dois elementos: o cognitivo, que é o conhecimento do agente do ato ilícito; e o volitivo, que é a vontade de atingir determinado resultado ou em assumir o risco de produzilo. Na aplicação da multa qualificada, a autoridade fiscal deve subsidiar o lançamento com elementos probatórios que demonstrem de forma irrefutável a existência destes dois elementos formadores do dolo, elemento subjetivo dos tipos relacionados nos artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502 de 30 de novembro de 1964 os quais o art. 44, II, da Lei 9.430 de 1995 faz remissão. É, pois, esta comprovação nos autos requisito de legalidade para aplicação da multa na sua forma qualificada. Ou seja, a autoridade lançadora deve observar os parâmetros e condições básicas previstas na legislação de regência em casos de imputação da multa qualificada, que somente poderá ser aplicada quando houver convencimento do cometimento do crime (fraude ou sonegação mediante dolo) e a demonstração de todos os fatos, de forma pormenorizada, possibilitando ao contribuinte a devida análise da conduta que lhe está sendo atribuída e o delito efetivamente praticado. De acordo com o Termo de Encerramento, a multa foi qualificada em razão do contribuinte Airton Sérgio Diniz, utilizarse de recibos considerados como inidôneos (ADE no 60 de 13/11/2008), para respaldar deduções de despesas médicas com o objetivo de reduzir, artificial e indevidamente, o montante do imposto devido nos anoscalendário 2004 e 2005, nos termos da Lei n° 9.430/96, em seu artigo 44, inciso II. A Súmula Vinculante CARF nº 40 determina que a apresentação de recibo emitido por profissional para o qual haja Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz, desacompanhado de elementos de prova da efetividade dos serviços e do correspondente pagamento, impede a dedução a título de despesas médicas e enseja a qualificação da multa de ofício. Tendo em vista que o recorrente não logrou êxito em comprovar a efetividade dos serviços prestados e o correspondente pagamento dos recibos considerados como inidôneos pela ADE no 60, deve ser aplicada a qualificadora prevista no art. 44, II, da Lei nº 9.430. Quanto ao pedido de aplicação do percentual de 20% de multa moratória pelo princípio da equidade, temos que o patamar da multa de ofício qualificada é fixo e definido objetivamente pela lei, no percentual de 150%, não dando margem a considerações sobre a Fl. 398DF CARF MF Processo nº 11634.000059/201048 Acórdão n.º 2003000.061 S2C0T3 Fl. 389 21 graduação da penalidade, o que impossibilita o julgador administrativo reduzila como medida de equidade. Não tem a autoridade administrativa autonomia para afastar imposição estabelecida na lei, cabendo somente a essa adequar o fato à norma e aplicar a regra legal prevista. Colaciono aqui acórdão deste conselho sobre a matéria: Acórdão nº 2402007.114 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. SUMULA CARF nº 40. A apresentação de recibo emitido por profissional para o qual haja Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz, desacompanhado de elementos de prova da efetividade dos serviços e do correspondente pagamento, impede a dedução a título de despesas médicas e enseja a qualificação da multa de ofício. (vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). LANÇAMENTO. MOTIVAÇÃO. Não cabe falar em ausência de motivação quando o lançamento foi constituído de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria e expõe de forma clara os motivos determinantes da autuação. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação, ou deixar de observar lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, cujo reconhecimento encontrase na esfera de competência do Poder Judiciário. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. REDUÇÃO. CRITÉRIO DE EQUIDADE. IMPOSSIBILIDADE. O patamar da multa de ofício qualificada é fixo e definido objetivamente pela lei, no percentual de 150%, não dando margem a considerações sobre a graduação da penalidade, o que impossibilita o julgador administrativo reduzila como medida de equidade. Ante ao exposto, voto por manter a qualificação da multa de 150% aplicada ao recorrente. Fl. 399DF CARF MF 22 Conclusão Por todo o exposto, voto por conhecer do recurso, para, no mérito, negarlhe total provimento. É como voto (assinado digitalmente) Sheila Aires Cartaxo Gomes Fl. 400DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.901405/2014-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 31 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2011
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DCTF RETIFICADORA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. PN COSIT nº 02/2015.
São passíveis de restituição e compensação os créditos declarados em DCTF retificada apenas após a ciência de Despacho Decisório, desde que o equívoco esteja devidamente comprovado. Aplicação do Parecer Normativo Cosit nº 02 de 2015.
Numero da decisão: 1401-003.351
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restituir os autos à Unidade de Origem para que faça a análise da liquidez e certeza do crédito pretendido, verificando sua existência, suficiência e disponibilidade, considerando os documentos trazidos aos autos nesta fase recursal, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONÇALVES - Presidente.
(assinado digitalmente)
EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Carlos André Soares Nogueira, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Eduardo Morgado Rodrigues, Letícia Domingues Costa Braga, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
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PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DCTF RETIFICADORA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. PN COSIT nº 02/2015. São passíveis de restituição e compensação os créditos declarados em DCTF retificada apenas após a ciência de Despacho Decisório, desde que o equívoco esteja devidamente comprovado. Aplicação do Parecer Normativo Cosit nº 02 de 2015. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restituir os autos à Unidade de Origem para que faça a análise da liquidez e certeza do crédito pretendido, verificando sua existência, suficiência e disponibilidade, considerando os documentos trazidos aos autos nesta fase recursal, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONÇALVES Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 90 14 05 /2 01 4- 41 Fl. 171DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Carlos André Soares Nogueira, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Eduardo Morgado Rodrigues, Letícia Domingues Costa Braga, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 110 a 167) interposto contra o Acórdão nº 1150.457, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife/PE (fls. 99 a 105), que, por unanimidade, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: "ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2011 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DCTF RETIFICADORA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. Não são passíveis de restituição nem compensação os créditos sobre os quais não resta comprada sua liquidez e certeza. A simples retificação de DCTF posterior à ciência de Despacho Decisório não é prova da liquidez e certeza do crédito. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: "A interessada acima qualificada transmitiu o PER/Dcomp referido no Despacho Decisório, conforme excerto abaixo deste, no qual foi declarado “Valor Original do Crédito Inicial” no valor de R$ 26.190,84 e o valor de R$ 4.267,71 como “Crédito Original na Data de Transmissão”. Após atualização do crédito e compensação dos débitos, informa que teriam restado R$ 623,43 como “Saldo do Crédito Original”, e, por fim, informa que tal crédito pleiteado teria origem no DARF de IRPJ, código 0220, período de apuração 30/09/2011, vencimento em 30/12/2011 e arrecadação em 29/12/2011, cujo valor do principal foi de R$ 25.712,59, multa de R$ 0,00, juros de R$ 478,25 e total de R$ 26.190,84. (...) Cientificada do Despacho Decisório em 14/05/2014, conforme fl. 28, a contribuinte, em sua manifestação de inconformidade, fls. 02 a 03, apresentada em 06/06/2014, de acordo com o carimbo na fl. 2, argumenta que: Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 4 3 3.1. o(s) espelho(s) do(s) DARF(s) comprova(m) a existência do crédito a ser utilizado, os recibos de entrega das DCTF retificadas demonstram as alterações das informações para utilização dos créditos compensados, anexa planilha com nº de rastreamento, contendo o uso dos créditos, o recibo de entrega das DCTF retificadas, as DCTF do trimestre anterior e o espelho do(s) DARF(s) utilizado(s), e diante de todas essas informações solicita a homologação dos créditos compensados, conforme §§ 7o e 9o do art. 74 da Lei 9430/96." A decisão ora combatida lastreouse nos seguintes fundamentos: (i) a Contribuinte não apresentou qualquer documentação que demonstrassem as retenções nas fontes que teriam deixado de ser consideradas no momento da apuração e recolhimento dos tributos, e, consequentemente, dado azo ao crédito pleiteado; (ii) a Contribuinte teria, ainda, admitido que se equivocou inicialmente no valor do crédito preenchido em DCOMP, vez que considerou erroneamente os valores retidos na fonte a título de CSLL, PIS e COFINS, o que configuraria "pedido implícito de correção de PER/DCOMP", o que supostamente não seria competência da DRJ analisar; e (iii) por fim, a Contribuinte teria promovido as necessárias retificações da DCTF, para fazer constar o seu crédito, apenas após a ciência do Despacho Decisório e, a despeito da falta de espontaneidade, não haveria comprovado os equívocos na DCTF Original que justificassem a correção. Inconformada, a ora Recorrente apresentou o presente Recurvo Voluntário aduzindo os seguintes pontos: (i) por equívoco, na apuração do IRPJ a pagar teria se esquecido de deduzir os valores já retidos na fonte, valores esses que originariam o crédito utilizado na DCOMP em tela; (ii) igualmente, teria se equivocado ao somar às retenções supracitadas aquelas realizadas a título de CSLL, PIS e COFINS ao designar o crédito a que faria jus no momento da transmissão, contudo, ainda assim teria crédito suficiente para amparar a compensação pretendida; (iii) não haveria qualquer óbice à retificação da DCTF após despacho decisório, desde que ainda vigente o prazo regulamentar de 05 anos; e (iv) finalmente, entende que os documentos apresentados apenas nesta fase Recursal devem ser normalmente apreciados por este colegiado, em observância ao dever da autoridade julgadora administrativa em garantir formalidade moderada ao processo e perquirir a realidade dos fatos. É o relatório. Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Primeiramente, o presente processo faz parte de um conjunto de 15 processos semelhantes da mesma Contribuinte que, assim como ocorreu na instância a quo, foram distribuídos para este mesmo Relator e julgados na mesma sessão. Tal conjunto se compõe dos seguintes Processos: 10580.901405/201441, 10580.901404/201404, 10580.901399/201421, 10580.901402/201415, 10580.901395/201443, 10580.901396/201498, 10580.901391/2014 65, 10580.901400/201418, 10580.901392/201418, 10580.901394/201407, 10580.901406/201495, 10580.901401/201462, 10580.901403/201451, 10580.901398/2014 87, 10580.901397/201432. Versam os presentes autos sobre a PER/DCOMP nº 18158.01998.200214.1.3.049005, que pretendia compensar débitos de IRRF de Janeiro de 2014 com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior no 4º Trimestre de 2011. Conforme já relatado, a compensação não foi homologada porquanto nos sistemas da RFB o recolhimento realizado já se encontrava completamente alocado nos débitos do próprio período correspondente. Apenas após o Despacho Decisório a Contribuinte promoveu a retificação da respectiva DCTF para fazer constar os valores recolhidos a título de IRRF e, assim, demonstrar o direito creditório que entende possuir. Em que pese as explicações dadas, a título de adendo posterior à entrega da Manifestação de Inconformidade, a DRJ de origem manteve a não homologação sob a fundamentação de que, além da extemporaneidade da retificação das declarações, não houve qualquer elemento nos autos trazidos por parte da Recorrente que corroborasse a materialidade de suas alegações. Pois bem, analisando as questões suscitadas no Recurso ora em análise, de plano, entendo que não há óbice algum à apresentação de novos documentos e esclarecimentos pertinentes às matérias já impugnadas em primeira instância. A decisão de piso ao comentar quanto ao momento oportuno para a produção probatória cita os ditames do art. 16 do Decreto 70.235/72, in verbis: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 6 5 como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (grifouse) Uma analise literal e isolada deste dispositivo permitiria concluir rigidamente que haveria a preclusão do direito à produção probatória após a apresentação da Impugnação, salvo nas hipóteses taxativas do §5º. Contudo, tal interpretação não deve ocorrer desta forma, vez que há outros elementos normativos atinentes a matéria que também devem ser considerados. A Constituição Federal, norma de maior hierarquia em nosso ordenamento, estabelece no inciso LV de ser art. 5º os princípios do contraditório e da ampla defesa, nos seguintes termos: LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 7 6 Ao incluir o direito ao contraditório e a ampla defesa "com os meios e recursos a ela inerentes" no rol de direitos e garantias fundamentais, o legislador constituinte elevaos ao mais alto grau de importância dentro de nosso ordenamento, restando claro a preponderância que tais direitos devem ter. E, assim, devem ser observados e operacionalizados pelas demais normas infraconstitucionais. Não por acaso, tais princípios foram observados pela Lei 9.784/99, responsável por regular o Processo Administrativo Federal, que trouxe no bojo de seu art. 2º as seguintes disposições: Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I atuação conforme a lei e o Direito; (...) VI adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, e à produção de provas à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; (...)(grifouse) Conforme se extrai, o legislador infraconstitucional não só incorporou expressamente os princípios constitucionais da legalidade, ampla defesa, contraditório e ouros, como elencou uma série de critérios a serem observados na regulamentação e condução dos processos administrativos. Desses critérios expressos acima, temse de forma bastante clara que as formalidades e restrições devem ser limitados ao estrito necessário para garantir a efetividade do processo em atender a finalidade pública. Ora, as regras processuais formais visam dar ordem ao processo, permitindo que este cumpra com seus objetivos de forma eficiente, isto é, dentro da moralidade e proporcionando segurança jurídica no cumprimento do interesse público. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 8 7 Contudo, a norma processual não pode se sobrepor ao próprio objetivo do processo, qual seja, a promoção da legalidade. Por oportuno esclarecese que não se está a sugerir que as regras formais postas sejam mitigadas, mas sim que a interpretação do texto legal seja feita de forma a considerar a finalidade maior do processo, as regras formais não devem ser interpretadas de forma rigorosa a ponto de prejudicar o cumprimento de seu escopo. Ainda, cumpre trazer a colação os termos do art. 38 da mesma Lei 9.784/99, que trata especificamente da produção probatória nos Processos Administrativos Federais: Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Notese que o texto legal diz expressamente que é permitido ao interessado apresentar ou requerer a produção de material probatório não só na fase instrutória, mas também antes da tomada da decisão. Outrossim estabelece taxativamente que a prova só poderá ser recusadas quando ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Pois bem, uma vez que as normas jurídicas devem ser interpretadas da forma mais harmônica possível, me parece que eventual interpretação restritiva do art. 16 do Decreto 70.235/72, para recusar de plano toda e qualquer prova apresentada pelo contribuinte após o protocolo da Impugnação/Manifestação de Inconformidade não se coaduna com as demais normativas já expostas. Em verdade, a aplicação tão restrita assim da norma, não só implicaria na frontal negativa de vigência aos disposto da mais moderna Lei 9.784/99, como destoa até mesmo dos objetivos maiores do Processo Administrativo Federal que é a revisão do ato administrativo fiscal e a garantia de que este se encontra dentro da legalidade. Alias, fazse oportuno lembrar que o Processo Administrativo Fiscal também se rege pelo princípio da busca pela verdade material, ou seja, a preponderância no interesse público é a solução jurídica mais adequada ao caso, independente dos excessos de formalidade. Assim, ao meu ver, a melhor interpretação extraída da conjugação dos disposto quanto ao tema na Constituição Federal, Lei. 9.784/99 e Decreto 70.235/702 é aquela que não impõe óbice na apresentação de provas junto ao Recurso Voluntário, ou até mesmo em momento posterior prévio ao julgamento, desde que as provas não sejam ilícitas ou manejadas de má fé. De forma semelhante tem decidido a 1ª Câmara Superior de Recursos Fiscais, em recentes julgados, conforme se colaciona: Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 9 8 PROVAS. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRESENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SEM INOVAÇÃO E DENTRO DO PRAZO LEGAL. Da interpretação sistêmica da legislação relativa ao contencioso administrativo tributário, art. 5º, inciso LV da Lei Maior, art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999, que regula o processo administrativo federal, e arts. 15 e 16 do PAF, evidenciase que não há óbice para apresentação de provas em sede de recurso voluntário, desde que sejam documentos probatórios que estejam no contexto da discussão de matéria em litígio, sem trazer inovação, e dentro do prazo temporal de trinta dias a contar da data da ciência da decisão recorrida. (Processo: 10880.004637/9929. Rel. ANDRE MENDES DE MOURA. Data da Sessão: 14/09/2017) PROVAS. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRESENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SEM INOVAÇÃO E DENTRO DO PRAZO LEGAL. Da interpretação sistêmica da legislação relativa ao contencioso administrativo tributário, art. 5º, inciso LV da Lei Maior, art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999, que regula o processo administrativo federal, e arts. 15 e 16 do PAF, evidenciase que não há óbice para apresentação de provas em sede de recurso voluntário, desde que sejam documentos probatórios que estejam no contexto da discussão de matéria em litígio, sem trazer inovação, e dentro do prazo temporal de trinta dias a contar da data da ciência da decisão recorrida. (Processo: 16327.001227/200542. Rel. ADRIANA GOMES REGO. Data da Sessão: 08/08/2017) RECURSO VOLUNTÁRIO. JUNTADA DE DOCUMENTOS. POSSIBILIDADE. DECRETO 70.235/1972, ART. 16, §4º. LEI 9.784/1999, ART. 38. É possível a juntada de documentos posteriormente à apresentação de impugnação administrativa, em observância ao princípio da formalidade moderada e ao artigo 38, da Lei nº 9.784/1999. (Processo: 14098.000308/200974. Rel. GERSON MACEDO GUERRA. Data da Sessão: 19/06/2017 ) Para melhor ilustrar, peço vênia para transcrever a parte final da fundamentação do Voto deste último julgado colacionado, de autoria da ilustre Conselheira Cristiane Silva Costa, designada Redatora para o Voto Vencedor: "Os processos administrativos, portanto, devem atender a formalidade moderada, com a adequação entre meios e fins, Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 10 9 assegurandose aos contribuintes a produção de provas e, principalmente, resguardandose o cumprimento à estrita legalidade, para que só sejam mantidos lançamentos tributários que efetivamente atendam à exigência legal. (...) Ao tratar do artigo 16, §4º, do Decreto nº 70.235/1972, são as pertinentes considerações de Marcos Vinicius Neder e Maria Teresa Martínez López: Ao se levar às últimas consequências, as regras atualmente vigentes para o Decreto nº 70.235/72, estarseia mitigando a aplicação de um dos princípios mais caros ao processo administrativo que é o da verdade material. (...) Assim, revela destacar que a depender da situação é possível flexibilizar a norma, desde que evidentemente, a prova apresentada seja inconteste e nesse sentido independa da análise de uma instância inferior, eis que a preclusão ligase ao princípio do impulso processual. (...) Na prática, quer nos parecer que, o direito à parte à produção de provas comporta graduação a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade desejável e a segurança indispensável na realização da justiça. (Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado, 3ª edição, Dialética, 2010, fls. 305 e 306.) Diante de tais razões, voto por dar provimento ao recurso especial do contribuinte, determinando a baixa dos autos para que a Turma a quo aprecie os documentos apresentados pelo contribuinte." Destarte, diante de todos os argumentos expedindos, entendo que as provas apresentadas em momento posterior ao da Impugnação/Manifestação de Inconformidade, podem, e devem, ser conhecidas, desde que não acarretem qualquer prejuízo processual as partes ou ao bom trâmite processual. Nestes trilhos, reitero meu entendimento pelo regular conhecimento e apreciação dos documentos anexados ao Recurso Voluntário. Seguindo com a análise do Recurso, também não vejo razão para que a retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório impeça o usufruto de crédito eventualmente existente. A MP nº 2.18949 de 2001, em seu art. 18, estabelece o seguinte: Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 11 10 originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. Em consonância com tal dispositivo, a Instrução Normativa RFB nº 1.110/2010 (vigente à época dos fatos), em seu art. 9º, assim dispunha: Art. 9º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir os débitos relativos a impostos e contribuições: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. II alterar os débitos de impostos e contribuições em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. § 3º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já enviado à PGFN para inscrição em DAU ou de débito que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, somente poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração e enquanto não extinto o crédito tributário. § 4º Na hipótese do inciso II do § 2º, havendo recolhimento anterior ao início do procedimento fiscal, em valor superior ao declarado, a pessoa jurídica poderá apresentar declaração retificadora, em atendimento a intimação fiscal e nos termos desta, para sanar erro de fato, sem prejuízo das penalidades calculadas na forma do art. 7º. Fl. 180DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 12 11 § 5º O direito de o contribuinte pleitear a retificação da DCTF extinguese em 5 (cinco) anos contados a partir do 1º (primeiro) dia do exercício seguinte ao qual se refere a declaração. Do colacionado acima, temse que o prazo para a retificação da DCTF era de 05 anos, havendo restrições apenas para os casos em que a retificação reduza débito tributário já encaminhados á PGFN para cobrança, ou objeto de procedimento de fiscalização. Notese que não é o caso que se desenhou nos presentes autos, a Contribuinte não sofreu procedimento de fiscalização, tampouco se tratam os débitos alterados em sua DCTF de valores já encaminhados a PGFN. Tendo a Contribuinte promovido a retificação dentro do prazo de 05 anos, ainda que após o Despacho Decisório, não se percebe qualquer irregularidade, contanto que tal modificação reflita a realidade dos fatos e tal situação seja devidamente comprovada pela Recorrente. Em igual sentido a própria RFB, por meio de seu setor consultivo, já exarou o Parecer Normativo COSIT nº 02 de 2015, conforme transcrevo sa conclusões ali obtidas: 22. Por todo o exposto, concluise: a) as informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário; b) não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010; c) retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 13 12 sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo; d) o procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/nãohomologação do PER/DCOMP; e) a não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios; f) o valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996; e g) Retificada a DCTF e sendo intempestiva a manifestação de inconformidade, a análise do pedido de revisão de ofício do PER/DCOMP compete à autoridade administrativa de jurisdição do sujeito passivo, observadas as restrições do Parecer Normativo nº 8, de 3 de setembro de 2014, itens 46 a 53. Do colacionado acima extraise que não há qualquer impedimento para que a DCTF seja retificada após o Despacho Decisório que deixou de homologar a compensação pleiteada, inclusive, estabelecendo a possibilidade da própria DRJ baixar o processo em diligência para que haja nova analise por parte da DRF face aos novos elementos. Ademais, bom repisar que o erro que ocasiona a necessidade de correção da DCTF deve ser efetivamente demonstrado e comprovado por meio de documentos idôneos, para que tal correção surta os efeitos pretendidos no caso em tela. Neste esteio, superamos estas questões processuais e procedimentais e adentramos no mérito do litígio. Fl. 182DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 14 13 Pois bem, conforme argui a Recorrente, o motivo que levou ao surgimento de seu Crédito foi a não observação por parte de sua equipe contábil, no momento de apuração do imposto a pagar, dos valores recolhidos ao longo do período a título de retenção na fonte. Como já dito, apenas nesta segunda instância a Interessada trouxe aos autos cópia de sua DIPJ, DIRFs, a DCTF Retificadora em questão, Demonstrativos de IRPJ, CSLL e Contribuições Previdenciárias Retidas na Fonte, Comprovante de Recolhimento, bem como planilha explicativa elaborada por ela própria (anexos do Recurso Voluntário). Em análise aos documentos supra citados, se evidência a existência de valores já recolhidos anteriormente a título de retenção na fonte que, a primeira vista, não teriam sido considerados no momento de apuração final do imposto a pagar no período, o que permitira o direito creditório pleiteado. Desta feita, conforme já exposto, tendo a Recorrente apresentado documentos que tendem a comprovar a veracidade de seu direito, estes só podem ser desconsiderados da análise do julgador após fundamentada a sua eventual falta de idoneidade ou de pertinência para com os fatos a serem provados. Por outro lado, fazse oportuno relembrar que tais documentos, por terem sido apresentados apenas nesta fase Recursal, não foram objetos de análise do Despacho Decisório. Assim, se faz por bem que tal procedimento não seja suprimido. É necessário que tais documentos, bem como os valores declarados, sejam conferidos pela equipe fiscal competente afim de se avaliar a correição e/ou eventual circunstância que desconstitua o direito pleiteado. Igualmente, tal medida oportuniza o regular contraditório do Fisco. Concluindo, diante do cenário exposto, VOTO por dar PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, para restituir os autos à Unidade de Origem para que faça a análise da liquidez e certeza do crédito pretendido, verificando sua existência, suficiência e disponibilidade, considerando os documentos trazidos aos autos nesta fase recursal, em especial a DCTF retificadora. É como voto. (assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues Relator Fl. 183DF CARF MF Processo nº 10580.901405/201441 Acórdão n.º 1401003.351 S1C4T1 Fl. 15 14 Fl. 184DF CARF MF
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Numero do processo: 10680.902472/2015-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 10 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2013
PER/DCOMP. ERRO NO PREENCHIMENTO. RETIFICAÇÃO APÓS PROLAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. PRINCÍPIOS DA VERDADE MATERIAL E DA INFORMALIDADE. POSSIBILIDADE.
Constatando-se dos documentos acostados ao processo que o contribuinte apresentou equivocadamente PER/DCOMP relativo a pagamento a maior ou indevido quando seu crédito deveria ser manejado como saldo negativo de IRPJ e/ou CSLL, refaz-se a análise do crédito sob a forma de Saldo Negativo, e, apurando-se crédito disponível, aplica-se ao mesmo a sistemática de atualização aplicável aos saldos negativos para fins de compensação com os débitos declarados nos PER/DCOMP.
Numero da decisão: 1401-003.217
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para reconhecer o direito creditório relativo ao saldo negativo de CSLL do ano calendário de 2013, no valor de R$ 217.754,18, determinando que o mesmo seja atualizado pela taxa SELIC a partir de 01/01/2014, e homologando as compensações efetuadas no âmbito deste processo até o limite do valor reconhecido. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº 10680.902443/2015-73, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira, Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2013 PER/DCOMP. ERRO NO PREENCHIMENTO. RETIFICAÇÃO APÓS PROLAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. PRINCÍPIOS DA VERDADE MATERIAL E DA INFORMALIDADE. POSSIBILIDADE. Constatandose dos documentos acostados ao processo que o contribuinte apresentou equivocadamente PER/DCOMP relativo a pagamento a maior ou indevido quando seu crédito deveria ser manejado como saldo negativo de IRPJ e/ou CSLL, refazse a análise do crédito sob a forma de Saldo Negativo, e, apurandose crédito disponível, aplicase ao mesmo a sistemática de atualização aplicável aos saldos negativos para fins de compensação com os débitos declarados nos PER/DCOMP. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para reconhecer o direito creditório relativo ao saldo negativo de CSLL do ano calendário de 2013, no valor de R$ 217.754,18, determinando que o mesmo seja atualizado pela taxa SELIC a partir de 01/01/2014, e homologando as compensações efetuadas no âmbito deste processo até o limite do valor reconhecido. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº 10680.902443/201573, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 90 24 72 /2 01 5- 35 Fl. 422DF CARF MF Processo nº 10680.902472/201535 Acórdão n.º 1401003.217 S1C4T1 Fl. 3 2 Carlos André Soares Nogueira, Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). Relatório Iniciemos com a transcrição de trechos do relatório da Decisão de Piso. Versa o presente processo sobre a controvérsia instaurada, em razão do indeferimento pela Administração Tributária do pleito compensatório apresentado pelo interessado através de PER/DCOMP, alegando que o DARF foi integralmente utilizado para a compensação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível. Devidamente intimado, o interessado apresentou, manifestação de inconformidade, alegando que: Houve uma antecipação de IRPJ e CSLL que, ao final do exercício, verificouse que foi maior que o tributo devido, uma vez que o contribuinte encerrou o exercício com prejuízo; O pedido foi indeferido sob o argumento de inexistência de crédito. Foi, no entanto, em razão de mudança legislativa acerca do instituto dos pagamentos por estimativa, utilizado o teor do Parecer Normativo COSIT nº 08/2014 (atualmente Parecer Normativo Cosit nº 02/2016) para afastar o motivo e realizar a análise do mérito, o que ocorreu, entendendo a administração tributária que, efetivamente, no caso dos autos inexistia crédito disponibilizado nas estimativas recolhidas, eis que, foram utilizadas integralmente para compor o saldo negativo, não havendo recolhimentos efetuados de forma indevida ou a maior. A interessada apresentou manifestação de inconformidade, alegando que poderia compensar estimativas pagas a maior ou indevida independentemente do final do período de apuração, fato esse que, antes era pautado na Instruções Normativas vigentes, mas a partir da IN RFB nº 900/2008, tal situação deixou de existir, requerendo, ainda a nulidade do despacho decisório. A Delegacia de Julgamento, na análise da manifestação de inconformidade julgou pela sua improcedência em razão de não ser possível a modificação do tipo de crédito após a emissão do despacho decisório e que analisando os pedidos de pagamento a maior e que os valores devidos de estimativa são idênticos inexiste o crédito pretendido. Cientificada de decisão a interessada apresentou recurso voluntário no qual repisa os argumentos aduzidos na manifestação de inconformidade, junta precedentes deste CARF e pleiteia que lhe seja reconhecido o direito de crédito. É o breve relatório. Fl. 423DF CARF MF Processo nº 10680.902472/201535 Acórdão n.º 1401003.217 S1C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401003.188, de 19/03/2019, proferido no julgamento do Processo nº10680.902443/201573, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº1401003.188): O recurso é tempestivo e preenche os requisitos legais, por isso dele tomo conhecimento. O caso em análise no presente processo diz respeito á possibilidade de o contribuinte, que apresentou declaração de compensação pretendendo créditos de pagamento indevido por estimativa de IRPJ/CSLL, possa ter reconhecido o direito de crédito relativo a Saldo Negativo de IRPJ/CSLL no exercício. Verificase, no presente caso que o contribuinte, optante pelo lucro real, recolheu IRPJ e CSLL por estimativa em diversos meses do ano de 2013. Apresentou regularmente as DCTFs destes períodos informando os débitos e a sua quitação por DARF que, posteriormente, entendeu se referirem a pagamentos indevidos. Em sua DIPJ apresentou informações de que apurou o IRPJ e CSLL devidos por estimativa com base na receita bruta, e que, no final do exercício, inexistindo lucro a ser tributado, os valores dos pagamentos realizados a título de estimativa transformaram se em crédito em benefício da empresa. Na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário pretende que, em razão da apuração de prejuízo no exercício, seja reconhecido o crédito como saldo negativo de IRPJ e CSLL no exercício. Diante dos fatos acima narrados e da confirmação da existência dos pagamentos realizados temos a seguinte decisão a tomar: O contribuinte cometeu os seguintes equívocos: 1 – Optou pelo lucro real e pela apuração das estimativas no ano de 2013, recolheu os valores e os confessou em DCTF tendo, posteriormente, solicitado o crédito destes mesmos pagamentos sem retificar suas DCTF e DIPJ; 2 – Apresentou a DIPJ informando a correta apuração dos saldos negativos de IRPJ e CSLL a que faria jus; Fl. 424DF CARF MF Processo nº 10680.902472/201535 Acórdão n.º 1401003.217 S1C4T1 Fl. 5 4 3 Ao requer os créditos que entendia fazer jus o fez por meio de PER/DCOMP relativo a pagamento indevido ou a maior em vez de saldo negativo; Por sua vez a decisão que não reconheceu o crédito está juridicamente correta vez que analisou o pedido de pagamento indevido a partir das informações da DCTF e DARF da empresa. Constatamos, no entanto, com base nos documentos acostados ao processo, que efetivamente o contribuinte faz jus aos saldos negativos de CSLL do anocalendário 2013 no montante equivalente aos pagamentos realizados por estimativa, visto inexistir saldo de devido de CSLL. Com base nestas informações a nossa análise prendese ao fato de considerar que, no presente caso, o contribuinte incidiu apenas em erro de fato ao preencher a PER/DCOMP ou se houve um erro de direito ao pleitear crédito diferente do que deveria ter sido solicitado. A este respeito entende este relator que não se trata de simples erro de fato. Ora, errarse o período de apuração, o exercício ou mesmo o tipo de tributo solicitado no PER/DCOMP pode se considerar um erro de fato. Neste caso o problema não é tão simples. Aqui o contribuinte solicitou crédito absolutamente diverso do crédito que efetivamente lhe assistia direito. Tratase, claramente de erro material que, digase de passagem, sequer é escusável, haja vista o porte da empresa, a apuração pelo lucro real e o período de tempo decorrido entre a instituição dos PER/DCOMP eletrônicos (2003) e os pedidos do contribuinte (2012). Ocorre, entretanto, que por mais que este relator entenda que o erro cometido na empresa não se adequa aos precedentes apresentados em sede recursal, sou firme na corrente que entende no sentido de que a verdade material deve prevalecer como fundamento de decidir em todos os processos, sejam administrativos, sejam judiciais. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. (Acórdão nº 3401 003.096, de 23/02/2016) DCOMP. CRÉDITO. ERRO NO PREENCHIMENTO DA DCTF. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. RECONHECIMENTO Na hipótese de mero equívoco no preenchimento da DCTF, contrastando com as informações acertadas da DIPJ e com a comprovação do recolhimento a maior através de DARF juntado aos autos, não há razão para penalizar o contribuinte, sendo medida certa o reconhecimento do crédito pleiteado. (Acórdão nº 1201002.106, de 16/03/2018) Fl. 425DF CARF MF Processo nº 10680.902472/201535 Acórdão n.º 1401003.217 S1C4T1 Fl. 6 5 COMPENSAÇÃO ERRO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO E/OU PEDIDO Uma vez demonstrado o erro no preenchimento da declaração e/ou pedido, deve a verdade material prevalecer sobre a formal. (Acórdão nº 1302002.031, de 26/01/2017) Neste sentido é que não pode este relator se furtar a decidir contra a verdade apresentada nos autos. A verdade é que, com base na apuração do lucro do exercício, não existiu lucro tributável e, assim, não era devido, ao final do exercício a apuração do IRPJ e CSLL devidos. Em razão deste fatos os recolhimentos abaixo realizados, relativos aos pagamentos de CSLL por estimativa, tornaramse saldo negativo de CSLL ao final do exercício. À vista do exposto e em atenção ao princípio da informalidade e da fungibilidade, precedentes abaixo, que rege o processo administrativo fiscal, constatandose que, no mérito, assiste razão ao contribuinte quanto à existência de créditos, mesmo que não da espécie originalmente pleiteada, entendo que deve ser reconhecido o direito de crédito da empresa, não em relação aos pagamentos indevidos da forma por ela solicitada, mas sim em razão da existência de saldos negativos de CSLL que se formaram a partir destes mesmos pagamentos. Registro, para bem deixar delineado meu entendimento, que não entendo que o princípio da informalidade e da fungibilidade sejam aplicáveis de qualquer forma e em qualquer situação. Esta aplicação deve ser casuística e se adequar à realidade de cada processo. Neste processo, em específico, a utilização da informalidade prendese a um fato singelo. Para a aferição da existência do crédito, a partir das informações apresentadas em petição simples de duas páginas, se daria apenas pela análise da ficha de apuração do IRPJ e CSLL a pagar, nas quais resta demonstrada a inexistência de saldos dos tributos a serem pagos. Em razão da facilidade de conhecimento do verdadeiro direito da empresa é que entendo poder ser aplicada a informalidade e a fungibilidade neste processo de modo a garantir um direito que, de fato, sempre assistiu ao contribuinte. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RESSARCIMENTO DE IPI. DEFERIMENTO PARCIAL. INCONFORMIDADE POSTERIOR A PARECER DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA E ANTERIOR A DESPACHO DECISÓRIO QUE O HOMOLOGA. APRECIAÇÃO PELA DRJ. CABIMENTO. Contra indeferimento de ressarcimento do IPI cabe manifestação de inconformidade, a ser apreciada pelas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento nos termos do Decreto n° 70.235/72. Tendo o contribuinte tomado ciência de parecer da administração tributária que propõe o deferimento parcial do seu pedido, e ingressado com manifestação de inconformidade antes do Fl. 426DF CARF MF Processo nº 10680.902472/201535 Acórdão n.º 1401003.217 S1C4T1 Fl. 7 6 despacho decisório que homologa tal parecer, considerase instaurado o litígio e, por isso, deve a primeira instância analisar a inconformidade, sob pena de ofensa à ampla defesa e ao contraditório e desprezo pelos princípios da informalidade moderada e da fungibilidade, que norteiam o processo administrativo fiscal. Por não ter sido conhecida pela DRJ a inconformidade, anulase a decisão a quo para que outra seja produzida com apreciação das razões de inconformismo. (Acórdão nº 3102001.572, de 19/07/2012) PAGAMENTO A MAIOR. SALDO NEGATIVO. TRANSMUTABILIDADE. POSSIBILIDADE. Em nome do princípio da verdade material e da fungibilidade devese permitir a retificação da Dcomp quando se trata de erro material no seu preenchimento. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez admitida que outra é a natureza do crédito, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela autoridade administrativa que jurisdiciona a contribuinte, como foi o caso.(Acórdão nº 1401001.655, de 09/06/2016) Ementa: PAGAMENTO A MAIOR. SALDO NEGATIVO. TRANSMUTABILIDADE. POSSIBILIDADE. Em nome do princípio da verdade material e da fungibilidade devese permitir a retificação da Dcomp quando é patente o erro material no seu preenchimento e que tenha ficado bem configurada a divergência, facilmente perceptível, entre o que foi apresentado e o que queria ser apresentado, revelado no próprio contexto em que foi feita a declaração. (Acórdão nº 1401000.737, de 15/03/2012) NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO E DA DECISÃO RECORRIDA. Não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito de defesa. A competência das DRJ pode ser alterada por ato interno da RFB, para melhor distribuição de quantidade de processos ou concentração de assuntos, sem que isso fira, de plano, qualquer direito do Contribuinte. As formalidades não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa. Alegada eventual irregularidade, cabe, à autoridade administrativa ou judicial, verificar, pois, se tal implicou efetivo prejuízo à defesa do contribuinte. Daí falarse do princípio da informalidade do processo administrativo. (Acórdão nº 2202003.053, de 08/12/2015) Fl. 427DF CARF MF Processo nº 10680.902472/201535 Acórdão n.º 1401003.217 S1C4T1 Fl. 8 7 NULIDADE DO LANÇAMENTO. VÍCIO FORMAL. Padece de nulidade o Auto de Infração com inobservância ao art. 10, inciso IV, do Decreto nº 70.235/72, não contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais individualizados por infração, em diferentes fatos geradores do imposto de renda retido na fonte, levando o contribuinte a equivocadas interpretações que confundiram a impugnação. A nulidade não decorre propriamente do descumprimento do requisito formal, mas dos seus efeitos comprometedores do direito de defesa. As formalidades não são um fim em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa. Daí falarse do princípio da informalidade do processo administrativo. (Acórdão nº 2202003.671, de 07/02/2017) Por isso, entendo que assiste razão ao recorrente quanto à existência de saldo negativo de CSLL do exercício 2014, ano calendário 2013, no montante de R$ 217.754,18 , formados a partir dos recolhimentos das estimativas destes tributos realizados durante o ano. Por todo o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso, em obediência ao Princípio da Verdade Material, a fim de: Reconhecer, em atenção ao princípio da informalidade e da fungibilidade, o direito do contribuinte de crédito relativo a saldo negativo de CSLL do exercício 2014, anocalendário 2013, no valor original de R$ 217.754,18; Fl. 428DF CARF MF Processo nº 10680.902472/201535 Acórdão n.º 1401003.217 S1C4T1 Fl. 9 8 Determinar que estes valores devem ser acrescidos pela taxa SELIC apenas a partir de 01/01/2014, haja vista se tratar se saldo negativo que, desta forma deve ser atualizado e, Determinar que os créditos, agora reconhecidos, podem ser utilizados na compensação dos débitos informados nos PER/DCOMP de pagamento indevido de CSLL relativos aos recolhimentos que formaram o saldo acima e que foram requeridos sob a forma de PER/DCOMP de pagamento a maior, cobrandose as diferenças ao final apuradas após a realização dos procedimentos de compensação Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de dar provimento ao recurso, em obediência ao Princípio da Verdade Material, a fim de: a) Reconhecer, em atenção ao princípio da informalidade e da fungibilidade, o direito do contribuinte de crédito relativo a saldo negativo de CSLL do exercício 2014, anocalendário 2013, no valor original de R$ 217.754,18; b) Determinar que estes valores devem ser acrescidos pela taxa SELIC apenas a partir de 01/01/2014, haja vista se tratar se saldo negativo que, desta forma deve ser atualizado e, c) Determinar que os créditos, agora reconhecidos, podem ser utilizados na compensação dos débitos informados nos PER/DCOMP de pagamento indevido de CSLL relativos aos recolhimentos que formaram o saldo acima e que foram requeridos sob a forma de PER/DCOMP de pagamento a maior, cobrandose as diferenças ao final apuradas após a realização dos procedimentos de compensação (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 429DF CARF MF
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