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Numero do processo: 13653.720075/2013-09
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Mar 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2013
INTEMPESTIVIDADE DA IMPUGNAÇÃO. NÃO INSTAURAÇÃO DO LITÍGIO.
A impugnação administrativa intempestiva não tem o condão de instaurar o contencioso administrativo. Observância das regras do Decreto n. 70.235/72.
Numero da decisão: 9101-002.580
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinatura digital)
Carlos Alberto Freitas Barreto, Presidente.
(assinatura digital)
Luís Flávio Neto, Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
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NÃO INSTAURAÇÃO DO LITÍGIO. A impugnação administrativa intempestiva não tem o condão de instaurar o contencioso administrativo. Observância das regras do Decreto n. 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. (assinatura digital) Carlos Alberto Freitas Barreto, Presidente. (assinatura digital) Luís Flávio Neto, Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 65 3. 72 00 75 /2 01 3- 09 Fl. 151DF CARF MF Processo nº 13653.720075/201309 Acórdão n.º 9101002.580 CSRFT1 Fl. 152 2 Relatório Tratase de recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN” ou “recorrente”), em que é parte interessada LUIZ CARLOS RIBEIRO & IRMÃO LTDA ME (doravante “contribuinte” ou “recorrido”), em face do acórdão nº 1803002.641 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”), proferido pela então 3a Turma Especial desta 1a Seção (doravante “Turma a quo”). O processo trata da exclusão do contribuinte do Simples Nacional pelo Ato Declaratório Executivo DRF/BHE/MG nº 704.975, de 10.09.2012, com efeitos a partir de 01.01.2013, em virtude de débitos exigíveis perante a Fazenda Nacional, com fundamento no art. 17, V, da Lei Complementar nº 123/2006, e nos art. 73, II, “d” e art. 76, I, da Resolução CGSN nº 94/2011. Ao analisar a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte, a DRJ/RPO decidiu rejeitar a preliminar de tempestividade arguida e não conhecer as demais argumentações apresentadas pela impugnante (efls. 38 e seg.). A decisão restou assim ementada: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2013 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. PRELIMINAR DE TEMPESTIVIDADE. O prazo concedido pela legislação para se contestar o Ato Declaratório Executivo que excluiu empresa do Simples Nacional é de trinta dias, contados da sua ciência. Comprovado que a manifestação de inconformidade foi protocolizada depois de expirado tal prazo, rejeitase a preliminar de tempestividade suscitada e não se conhecem as demais alegações apresentadas. A alegada demora involuntária do encaminhamento da correspondência, regularmente recebida no domicílio fiscal da contribuinte, ao administrador da empresa não suspende o curso do prazo para interposição da manifestação de inconformidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio Cientificado da decisão, o contribuinte interpôs seu recurso voluntário (fls. 46 e seg. do eprocesso). Ao julgar o aludido recurso, a Turma a quo decidiu, por unanimidade de votos, em darlhe parcial provimento, nos seguintes termos: “Verificase no presente caso que a Recorrente foi cientificada em 09.10.2012, fl. 08, e apresentou a impugnação em 27.02.2013, fl. 02. A apresentaçaõ intempestiva da impugnação tem o efeito de tornar definitiva a exclusão do Simples Nacional pela não instauração do litígio no procedimento. Ademais, notificada em 23.01.2014, fl. 45, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 31.01.2014, fl. 46. Por essa razão, houve ausen̂cia de instauração de litígio no procedimento. Ainda assim, tendo em vista o princípio da verdade material, devese observar, de ofício, os procedimentos fiscais já adotados pela autoridade preparadora em relação a matéria. Verificase que a Recorrente parcelou os débitos que foram causa da exclusão, fls. 0924 no anocalendário de 2013. Por essa razão, a DRF que a jurisdiciona já deferiu o pedido de inclusão no Simples Nacional para o Fl. 152DF CARF MF Processo nº 13653.720075/201309 Acórdão n.º 9101002.580 CSRFT1 Fl. 153 3 anocalendário de 2014, em conformidade com o Termo de Deferimento de Opção pelo Simples Nacional a partir de 01.01.2014, fl. 51. Em assim sucedendo, voto por dar provimento em parte ao recurso voluntário para considerar como termo final dos efeitos da exclusão do Simples Nacional o anocalendário de 2013, em observância aos procedimentos já adotados pela autoridade preparadora.” O acórdão restou assim ementado (fls. 115 e seg. do eprocesso): ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Exercício: 2014 NÃO INSTAURAÇÃO DO LITÍGIO NO PROCEDIMENTO. A apresentação intempestiva da impugnação tem o efeito de tornar definitiva o ato de exclusão do Simples Nacional pela não instauração do litígio no procedimento. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL. Tendo em vista o princípio da verdade material, devese observar, de ofício, os procedimentos fiscais já adotados pela autoridade preparadora em relação a matéria. Ao tomar ciência da decisão, a PFN interpôs recurso especial, arguindo divergência de interpretação entre o acórdão recorrido e os acórdãos n. 0304.033 e 0105.127 (efls. 121 e seg.), o qual foi admitido por despacho (efls. 139 e segs.). O contribuinte apresentou contrarrazões, em que repisa os argumentos consignadas na sua manifestação de inconformidade, no sentido de que, por equívoco de seus funcionários, não tomou conhecimento da correspondência emitida, requerendo seja relevada a intempestividade em questão (efls. 146 e seg.). Concluise, com isso, o relatório. Voto Conselheiro Luís Flávio Neto, o relator. Compreendo que o despacho de admissibilidade bem analisou o cumprimento dos requisitos para a interposição do recurso especial, razão pela qual não merece reparos. Quanto à questão de mérito, assim se pronunciou a Turma a quo: “Ainda assim, tendo em vista o princípio da verdade material, devese observar, de ofício, os procedimentos fiscais já adotados pela autoridade preparadora em relação a matéria. Verificase que a Recorrente parcelou os débitos que foram causa da exclusão, fls. 0924 no anocalendário de 2013. Por essa razão, a DRF que a jurisdiciona já deferiu o pedido de inclusão no Simples Nacional para o anocalendário de 2014, em conformidade com o Termo de Deferimento de Opção pelo Simples Nacional a partir de 01.01.2014, fl. 51.” Contudo, em seu recurso especial, a PFN alega que a impugnação apresentada fora do prazo leva à preclusão processual, de forma que a defesa administrativa do contribuinte não deveria ter sido conhecida, não havendo fundamento para a instauração da fase litigiosa. Fl. 153DF CARF MF Processo nº 13653.720075/201309 Acórdão n.º 9101002.580 CSRFT1 Fl. 154 4 O art. 23, inciso II, do Decreto n. 70.235/72, dispõe que a intimação poderá ser feita “por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo”, não sendo exigido que a entrega do documento seja feita ao seu procurador. Por sua vez, o art. 14 do Decreto n. 70.235/72 dispõe que “a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento”. Por sua vez, o art. 15 do mesmo diploma legal determina que “a impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência”. De fato, não há fase litigiosa sem a impugnação apresentada dentro do prazo determinado pela norma que regula os procedimentos tributários. Neste seguir, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso especial da PFN, de forma a reconhecer a intempestividade da impugnação apresentada pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Luís Flávio Neto Fl. 154DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16366.000602/2006-51
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Apr 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006
NÃO CUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. DIREITO AO CRÉDITO.
Para fins de constituição de crédito da COFINS pela sistemática não cumulativa, deve-se analisar se determinado bem ou serviço prestado caracteriza-se como insumo. Para tanto, torna-se imperativo verificar a sua pertinência e essencialidade ao processo produtivo e atividade do sujeito passivo.
O que, por conseguinte, no caso vertente, resta concluir pela possibilidade de o sujeito passivo constituir créditos da Cofins não cumulativa sobre os dispêndios com combustíveis e lubrificantes utilizados nos veículos da empresa no transporte de matéria prima dos frigoríficos para a indústria e desta, após a industrialização para seus compradores e portos onde serão exportados, por serem tais serviços de transporte essenciais para a produção e atividade do sujeito passivo - industrialização e exportação.
NÃO CUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES UTILIZADOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE FRETE E CARRETO
A TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO.
Somente se habilitam como insumos aptos a gerar créditos da não cumulatividade das contribuições da Cofins, serviços que sejam prestados e consumidos no processo produtivo da Empresa. Não cumprem tais requisitos aqueles serviços que sejam estranhos ao processo de produção.
Numero da decisão: 9303-004.621
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial para reconhecer o direito aos créditos de PIS e COFINS, exceto em relação aos combustíveis utilizados nos serviços de frete prestados pela a empresa a terceiros, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento integral; e os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Andrada Márcio Canuto Natal, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor, em relação aos combustíveis utilizados nos serviços de frete, o conselheiro Demes Brito.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama - Relatora
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 NÃO CUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. DIREITO AO CRÉDITO. Para fins de constituição de crédito da COFINS pela sistemática não cumulativa, deve-se analisar se determinado bem ou serviço prestado caracteriza-se como insumo. Para tanto, torna-se imperativo verificar a sua pertinência e essencialidade ao processo produtivo e atividade do sujeito passivo. O que, por conseguinte, no caso vertente, resta concluir pela possibilidade de o sujeito passivo constituir créditos da Cofins não cumulativa sobre os dispêndios com combustíveis e lubrificantes utilizados nos veículos da empresa no transporte de matéria prima dos frigoríficos para a indústria e desta, após a industrialização para seus compradores e portos onde serão exportados, por serem tais serviços de transporte essenciais para a produção e atividade do sujeito passivo - industrialização e exportação. NÃO CUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES UTILIZADOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE FRETE E CARRETO A TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO. Somente se habilitam como insumos aptos a gerar créditos da não cumulatividade das contribuições da Cofins, serviços que sejam prestados e consumidos no processo produtivo da Empresa. Não cumprem tais requisitos aqueles serviços que sejam estranhos ao processo de produção.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial para reconhecer o direito aos créditos de PIS e COFINS, exceto em relação aos combustíveis utilizados nos serviços de frete prestados pela a empresa a terceiros, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento integral; e os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Andrada Márcio Canuto Natal, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor, em relação aos combustíveis utilizados nos serviços de frete, o conselheiro Demes Brito. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama - Relatora (assinado digitalmente) Demes Brito - Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
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COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. DIREITO AO CRÉDITO. Para fins de constituição de crédito da COFINS pela sistemática não cumulativa, devese analisar se determinado bem ou serviço prestado caracterizase como insumo. Para tanto, tornase imperativo verificar a sua pertinência e essencialidade ao processo produtivo e atividade do sujeito passivo. O que, por conseguinte, no caso vertente, resta concluir pela possibilidade de o sujeito passivo constituir créditos da Cofins não cumulativa sobre os dispêndios com combustíveis e lubrificantes utilizados nos veículos da empresa no transporte de matéria prima dos frigoríficos para a indústria e desta, após a industrialização para seus compradores e portos onde serão exportados, por serem tais serviços de transporte essenciais para a produção e atividade do sujeito passivo industrialização e exportação. NÃO CUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES UTILIZADOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE FRETE E CARRETO A TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO. Somente se habilitam como insumos aptos a gerar créditos da não cumulatividade das contribuições da Cofins, serviços que sejam prestados e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 36 6. 00 06 02 /2 00 6- 51 Fl. 578DF CARF MF 2 consumidos no processo produtivo da Empresa. Não cumprem tais requisitos aqueles serviços que sejam estranhos ao processo de produção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em dar lhe provimento parcial para reconhecer o direito aos créditos de PIS e COFINS, exceto em relação aos combustíveis utilizados nos serviços de frete prestados pela a empresa a terceiros, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento integral; e os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Andrada Márcio Canuto Natal, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor, em relação aos combustíveis utilizados nos serviços de frete, o conselheiro Demes Brito. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora (assinado digitalmente) Demes Brito Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Fl. 579DF CARF MF Processo nº 16366.000602/200651 Acórdão n.º 9303004.621 CSRFT3 Fl. 565 3 Tratase de Recurso Especial interposto pela Apucacouros Indústria e Exportação de Couros S/A contra o Acórdão nº 330201.081, da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que, por voto de qualidade, negou provimento ao recurso voluntário, consignando acórdão com a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 CRÉDITO. INSUMOS. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Somente geram crédito de Cofins os dispêndios realizados com bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, observado as ressalvas legais. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 DILIGÊNCIA. MATÉRIA DE DIREITO. PRESCINDIBILIDADE. Indeferese o pedido de perícia cuja realização revelase prescindível para o deslinde da questão. Recurso Voluntário Negado.” Irresignado, após apreciação da matéria pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial, requerendo seu provimento. Insurge, para tanto, em síntese, que não há como prosperar o entendimento esposado no Acórdão recorrido que afirma que somente geram crédito de Cofins os dispêndios realizados com bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos à venda, observado as ressalvas legais. O apelo do sujeito passivo foi admitido integralmente, nos termos do Despacho de fls. 560/563 apreciado pelo Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção em exercício à época. Fl. 580DF CARF MF 4 A Fazenda Nacional apresentou Contrarrazões ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, alegando, em síntese, que: · Somente devem ser considerados insumos, para fins de creditamento da Cofins, os bens utilizados no processo de produção da mercadoria destinada à venda e ao ato de prestação de um serviço dos quais decorram a receita tributada, ou seja, os custos relacionados com a atividade fim, diretamente ligados aos processos de prestação de serviços e de fabricação de bens a serem vendidos, dos quais decorrem o auferimento de uma receita é que podem ser considerados insumos; · Considerase inadequado entender por insumo os gastos com bens ligados supostamente “essenciais ao processo produtivo”. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora O Recurso Especial é tempestivo e, depreendendose da análise de seu cabimento, entendo pela admissibilidade integral do recurso interposto pelo sujeito passivo. O que concordo com o exame feito em Despacho de fls. 560/563. No acórdão recorrido entendeuse que a condição para descontar o crédito da Cofins sobre combustíveis e lubrificantes é que eles sejam usados na fabricação de bens ou produtos e que, no presente caso, o gasto não gera direito ao creditamento eis que não são utilizados na fabricação ou produção. Enquanto nos acórdãos paradigma traz que o conceito de insumo abrange gastos com combustíveis e lubrificantes, vez que seria relacionado a gastos gerais de produção, no caso do primeiro paradigma, e a qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, no caso do segundo paradigma. Sendo assim, resta comprovada a divergência jurisprudencial entre os arestos colacionados. Fl. 581DF CARF MF Processo nº 16366.000602/200651 Acórdão n.º 9303004.621 CSRFT3 Fl. 566 5 As contrarrazões devem ser consideradas, pois tempestivas. Ventiladas tais considerações, passo a discorrer sobre o cerne da lide, qual seja, primeiramente, sobre os critérios a serem observados para a conceituação de insumo para a constituição do crédito da Cofins trazida pela Lei 10.833/03 – para fins de se definir se o gasto com combustíveis e lubrificantes utilizados em veículo da empresa no transporte de matéria prima dos frigoríficos para o seu estabelecimento industrial ou deste, para a industrialização, para seus clientes e portos onde são exportados, bem como os utilizados em fretes e carretos que são receitas de serviços sujeitas à Cofins geram crédito da contribuição à Cofins. Em relação ao conceito de insumo, para fins de fruição do crédito de PIS e da COFINS não cumulativos, não é demais enfatizar que se trata de matéria controvérsia. Vêse que a Constituição Federal não outorgou poderes para a autoridade fazendária para se definir livremente o conteúdo da não cumulatividade. O que, por conseguinte, concluo que a devida observância da sistemática da não cumulatividade exige que se avalie a natureza das despesas incorridas pelo contribuinte – considerando a legislação vigente, bem como a natureza da sistemática da não cumulatividade. Sempre que estas despesas/custos se mostrarem essenciais ao exercício de sua atividade, devem implicar, a rigor, no abatimento de tais despesas como créditos descontados junto à receita bruta auferida. Importante elucidar que no IPI se tem critérios objetivos (desgaste durante o processo produtivo em contato direto com o bem produzido ou composição ao produto final), enquanto, no PIS e na COFINS essa definição sofre contornos subjetivos. Fl. 582DF CARF MF 6 Tenho que, para se estabelecer o que é o insumo gerador do crédito do PIS e da COFINS, ao meu sentir, tornase necessário analisar a essencialidade do bem ao processo produtivo da recorrente, ainda que dele não participe diretamente. Continuando, frisese tal entendimento que vincula o bem e serviço para fins de instituição do crédito do PIS e da Cofins com a essencialidade no processo produtivo o Acórdão 3403002.765 – que, por sua vez, traz em sua ementa: "O conceito de insumo, que confere o direito de crédito de PIS/Cofins nãocumulativo, não se restringe aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, tal como traçados pela legislação do IPI. A configuração de insumo, para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte." Vêse que na sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS o conteúdo semântico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI, porém mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços que integram o custo de produção. Ademais, vêse que, dentre todas as decisões do CARF e do STJ, é de se constatar que o entendimento predominante considera o princípio da essencialidade para fins de conceituação de insumo. Não obstante à jurisprudência dominante, importante discorrer sobre o tema desde a instituição da sistemática não cumulativa das r. contribuições. Em 30 de agosto de 2002, foi publicada a Medida Provisória 66/02, que dispôs sobre a sistemática não cumulativa do PIS, o que foi reproduzido pela Lei 10.637/02 (lei de conversão da MP 66/02) que, em seu art. 3º, inciso II, autorizou a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. É a seguinte a redação do referido dispositivo: Fl. 583DF CARF MF Processo nº 16366.000602/200651 Acórdão n.º 9303004.621 CSRFT3 Fl. 567 7 “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI;” Em relação à COFINS, temse que, em 31 de outubro de 2003, foi publicada a MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, que dispôs sobre a sistemática não cumulatividade dessa contribuição, destacando o aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos em seu art. 3º, inciso II, em redação idêntica àquela já existente para o PIS/Pasep, in verbis (Grifos meus): “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)”. Posteriormente, em 31 de dezembro de 2003, foi publicada a Emenda Constitucional 42/2003, sendo inserida ao ordenamento jurídico o § 12 ao art. 195: Fl. 584DF CARF MF 8 “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições: [...] §12 A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas. ” Com o advento desse dispositivo, restou claro que a regulamentação da sistemática da não cumulatividade aplicável ao PIS e à COFINS ficaria sob a competência do legislador ordinário. Vêse, portanto, em consonância com o dispositivo constitucional, que não há respaldo legal para que seja adotado conceito excessivamente restritivo de "utilização na produção" (terminologia legal), tomandoo por "aplicação ou consumo direto na produção" e para que seja feito uso, na sistemática do PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, do mesmo conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI. Nessa lei, há previsão para que sejam utilizados apenas subsidiariamente os conceitos de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI. Ademais, a sistemática da não cumulatividade das contribuições é diversa daquela do IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Não menos importante, vêse que, para fins de creditamento do PIS e da COFINS, admite se também que a prestação de serviços seja considerada como insumo, o que já leva à conclusão de que as próprias Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 ampliaram a definição de "insumos", não se limitando apenas aos elementos físicos que compõem o produto. Fl. 585DF CARF MF Processo nº 16366.000602/200651 Acórdão n.º 9303004.621 CSRFT3 Fl. 568 9 Nesse ponto, Marco Aurélio Grego (in "Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS", Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, ano1, n. 1, jan/fev.2003, Belo Horizonte: Fórum, 2003) diz que será efetivamente insumo ou serviço com direito ao crédito sempre que a atividade ou a utilidade forem necessárias à existência do processo ou do produto ou agregarem (ao processo ou ao produto) alguma qualidade que faça com que um dos dois adquira determinado padrão desejado. Sendo assim, seria insumo o serviço que contribua para o processo de produção – o que, podese concluir que o conceito de insumo efetivamente é amplo, alcançando as utilidades/necessidades disponibilizadas através de bens e serviços, desde que essencial para o processo ou para o produto finalizado, e não restritivo tal como traz a legislação do IPI. Frisese que o raciocínio de Marco Aurélio Greco traz, pra tanto, os conceitos de essencialidade e necessidade ao processo produtivo. O que seria inexorável se concluir também pelo entendimento da autoridade fazendária que, por sua vez, validam o creditamento apenas quando houver efetiva incorporação do insumo ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, adotando o conceito de insumos de forma restrita, em analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI, ferindo os termos trazidos pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que, por sua vez, não tratou, tampouco conceituou dessa forma. Resta, por conseguinte, indiscutível a ilegalidade das Instruções Normativas SRF 247/02 e 404/04 quando adotam a definição de insumos semelhante à da legislação do IPI. As Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que restringem o conceito de insumos, não podem prevalecer, pois partem da Fl. 586DF CARF MF 10 premissa equivocada de que os créditos de PIS e COFINS teriam semelhança com os créditos de IPI. Isso, ao dispor: · O art. 66, § 5º, inciso I, da IN SRF 247/02 o que segue (Grifos meus): “Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: (Incluído) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído) a. Matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído) b. Os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído) [...]” · art. 8º, § 4ª, da IN SRF 404/04 (Grifos meus): “Art. 8 º Do valor apurado na forma do art. 7 º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4 º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: Fl. 587DF CARF MF Processo nº 16366.000602/200651 Acórdão n.º 9303004.621 CSRFT3 Fl. 569 11 utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no país, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. [...]” Tais normas infraconstitucionais restringiram o conceito de insumo para fins de geração de crédito de PIS e COFINS, aplicandose os mesmos já trazidos pela legislação do IPI. O que entendo que a norma infraconstitucional não poderia extrapolar essa conceituação frente a intenção da instituição da sistemática da não cumulatividade das r. contribuições. Considerando que as Leis 10.637/02 e 10.833/03 trazem no conceito de insumo: a. Serviços utilizados na prestação de serviços; b. Serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c. Bens utilizados na prestação de serviços; Fl. 588DF CARF MF 12 d. Bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e. Combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f. Combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vêse claro, portanto, que não poderseia considerar para fins de definição de insumo o trazido pela legislação do IPI, já que serviços não são efetivamente insumos, se considerássemos os termos dessa norma. Não obstante, depreendendose da análise da legislação e seu histórico, bem como intenção do legislador, entendo também não ser cabível adotar de forma ampla o conceito trazido pela legislação do IRPJ como arcabouço interpretativo, tendo em vista que nem todas as despesas operacionais consideradas para fins de dedução de IRPJ e CSLL são utilizadas no processo produtivo e simultaneamente tratados como essenciais à produção. Ora, o termo "insumo" não devem necessariamente estar contidos nos custos e despesas operacionais, isso porque a própria legislação previu que algumas despesas não operacionais fossem passíveis de creditamento, tais como Despesas Financeiras, energia elétrica utilizada nos estabelecimentos da empresa, etc. O que entendo que os itens trazidos pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03 que geram o creditamento, são taxativos, inclusive porque demonstram claramente as despesas, e não somente os custos que deveriam ser objeto na geração do crédito dessas contribuições. Eis que, se fossem exemplificativos, nem poderiam estender a conceituação de insumos as despesas operacionais que nem compõem o produto e serviços – o que até prejudicaria a inclusão de algumas despesas que não contribuem de forma essencial na produção. Com efeito, por conseguinte, podese concluir que a definição de “insumos” para efeito de geração de crédito das r. contribuições, deve observar o que segue: Fl. 589DF CARF MF Processo nº 16366.000602/200651 Acórdão n.º 9303004.621 CSRFT3 Fl. 570 13 · Se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção; · Se a produção ou prestação de serviço são dependentes efetivamente da aquisição dos bens e serviços – ou seja, sejam considerados essenciais. Tanto é assim que, em julgado recente, no REsp 1.246.317, a Segunda Turma do STJ reconheceu o direito de uma empresa do setor de alimentos a compensar créditos de PIS e Cofins resultantes da compra de produtos de limpeza e de serviços de dedetização, com base no critério da essencialidade. Para melhor transparecer esse entendimento, trago a ementa do acórdão (Grifos meus): “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Fl. 590DF CARF MF 14 Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõe se considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como Fl. 591DF CARF MF Processo nº 16366.000602/200651 Acórdão n.º 9303004.621 CSRFT3 Fl. 571 15 os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido.” Aquele colegiado entendeu que a assepsia do local, embora não esteja diretamente ligada ao processo produtivo, é medida imprescindível ao desenvolvimento das atividades em uma empresa do ramo alimentício. Em outro caso, o STJ reconheceu o direito aos créditos sobre embalagens utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o transporte, condição essencial para a manutenção de sua qualidade (REsp 1.125.253). O que, peço vênia, para transcrever a ementa do acórdão: “COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos. ” Tornase necessário se observar o princípio da essencialidade para a definição do conceito de insumos com a finalidade do reconhecimento do direito ao creditamento ao PIS/Cofins nãocumulativos. Fl. 592DF CARF MF 16 Sendo assim, entendo não ser aplicável o entendimento de que o consumo de tais bens e serviços sejam utilizados DIRETAMENTE no processo produtivo, bastando somente serem considerados como essencial à produção ou atividade da empresa. O que, por conseguinte, entendo que deva ser reformada a decisão recorrida – eis que empregou o critério do IPI para fins de conceito de insumo a ser aplicável para fins de se analisar o direito ao crédito das referidas contribuições. Para melhor elucidar, importante considerar o art. 3º, inciso II, da Lei 10.833/02 – com alterações posteriores, in verbis (Grifos meus): “Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...]” Tal dispositivo traz que os gastos com combustíveis e lubrificantes “utilizados” na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda devem gerar crédito da Cofins. O termo “utilizados” não pode ser interpretado de forma restritiva, por exemplo, como “consumido”, mas sim como “utilizados” na produção e prestação de serviço na acepção de serem tais combustíveis e lubrificantes essenciais para a atividade do sujeito passivo. É de se recordar que os combustíveis e lubrificantes em discussão, conforme notas de amostragem, são consumidos nos veículos da empresa no transporte de matéria prima dos frigoríficos para a indústria e desta, após a industrialização para seus compradores e portos onde serão exportados. E, ainda, Fl. 593DF CARF MF Processo nº 16366.000602/200651 Acórdão n.º 9303004.621 CSRFT3 Fl. 572 17 utilizados em veículos da empresa que, por sua vez, presta ainda serviço de fretes e carretos. Relativamente aos serviços de fretes e carretos prestados pelo sujeito passivo, cabe trazer que o Estatuto Social da empresa traz que a Sociedade tem por objeto a exploração do ramo de indústria e comércio de couros e seus derivados, sebos, graxas e subprodutos, não fazendo referência a esse serviço. Não obstante, ainda que o sujeito passivo não tenha em seu Estatuto Social por objeto a prestação de serviço de transporte, foram anexados aos autos, junto à manifestação de inconformidade, cópia de alguns Conhecimentos de Transporte Rodoviário de Cargas (fls. 499/500), emitidos pela empresa, que atestam sua atuação neste ramo de serviço. Constatase, ainda, que a receita decorrente desta atividade se encontra registrada nos Balancetes mensais, anexados aos autos, na conta n° 3.6.01.01.00007 — "Prestação Serv. Fretes e Carretos". Em relação à omissão desse serviço no Estatuto Social, é de se trazer o respeito à autonomia da vontade das partes (sujeito passivo e terceiro contratante dos serviços), dando legitimidade dos atos o valor jurídico que merece. Sendo assim, independentemente de não constar tais serviços no objeto do Estatuto Social, é de se considerar como legítima tal prestação de serviço para a empresa. O que, por conseguinte, considerando que o sujeito passivo efetivamente prestou serviço de frete e carretos, tributando, inclusive, a receita pela Cofins, é de se aplicar, para fins de constituição de crédito dessa contribuição, o art. 3º, inciso II, da Lei 10.833/03 – eis que o combustível e lubrificante foi utilizado e consumido “diretamente” nos veículos que serviram para a execução desse serviço. No que tange aos combustíveis e lubrificantes utilizados nos veículos da empresa no transporte de matéria prima dos frigoríficos para a indústria e desta, após a industrialização para seus compradores e portos onde serão exportados, Fl. 594DF CARF MF 18 vêse que tal transporte é essencial para a atividade do sujeito passivo. Ora, estamos tratando, conforme denominação da empresa, de Indústria e Exportação de Couros – ou seja, para a industrialização de couro e exportação do couro – é necessário e essencial que a empresa promova o transporte das matérias primas e produtos industrializados. Frisese tal entendimento o decidido pelo STJ quando da apreciação do REsp 1.235.979 – RS – que restou consignada a seguinte ementa: “TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES AO PIS E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. COMBUSTÍVEIS, LUBRIFICANTES E PEÇAS UTILIZADOS COMO INSUMOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ENTREGA DE MERCADORIAS VENDIDAS PELA PRÓPRIA EMPRESA. ARTS. 3º, II, DAS LEIS N. N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. O creditamento pelos insumos previsto nos arts. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003 e da Lei n. 10.637/2002 abrange os custos com peças, combustíveis e lubrificantes utilizados por empresa que, conjugada com a venda de mercadorias, exerce também a atividade de prestação de serviços de transporte da própria mercadoria que revende. 2. Recurso especial provido. ” Proveitoso, assim, trazer que o ministro Mauro Campbell Marques considerou que, no caso, estão presentes todos os pressupostos para o creditamento ao pronunciar: “Tratase de combustíveis, lubrificantes e peças utilizados na prestação de serviços de transportes, serviços, estes componentes do objeto social da empresa e cujo custo é transferido para o elo subsequente na cadeia econômica e cujo faturamento sofre a tributação pelas contribuições ao PIS e Cofins não cumulativas”. Vêse que a própria Fazenda Nacional em suas contrarrazões traz que devem ser considerados insumos, para fins de creditamento da Cofins o ato de prestação de um serviço dos quais decorram a receita tributada – o que é o caso da Fl. 595DF CARF MF Processo nº 16366.000602/200651 Acórdão n.º 9303004.621 CSRFT3 Fl. 573 19 prestação de serviço de frete a terceiros, eis que o sujeito passivo contabiliza e tributa pelas contribuições a receita desta prestação de serviço. Em vista de todo o exposto, voto por conhecer o Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo e darlhe provimento ao seu recurso. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Voto Vencedor Conselheiro Demes Brito Redator Designado Com a devida vênia, divirjo da Ilustre Relatora Conselheira Relatora Tatiana Midori Migiyama, tocante ao direito a créditos de PIS/COFINS, em relação aos combustíveis utilizados nos serviços de frete prestados pela empresa a terceiros. Em outras oportunidades, consignei meu entendimento intermediário sobre o conceito de insumo no Sistema de Apuração Não Cumulativo das Contribuições, penso que o conceito adotado não pode ser restritivo quanto o determinado pela Fazenda, mas também não tão amplo como aquele freqüentemente defendido pelos Contribuintes. Sem embargo, a jurisprudência Administrativa e dos Tribunais Superiores vem admitindo o aproveitamento de crédito calculado com base nos gastos incorridos pela sociedade empresária e com produtos ou serviços aplicados na produção ou a ela diretamente vinculados, mesmo que, ao contrario de como alguns pretendem limitar por meio de Instruções Normativas. De fato, salvo melhor juízo, não se vê razão para que conceito de insumo seja determinado pelos mesmos critérios utilizados na apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), todavia, respeito posicionamentos contrários. A legislação que introduziu o Sistema Não Cumulativo de apuração das Contribuições define sua base de cálculo como sendo o faturamento mensal, assim entendido o Fl. 596DF CARF MF 20 total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil, compreendendo a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Feitas as exclusões expressamente relacionadas nas Leis, tudo o mais deve er incluído na base imponível. Levandose em consideração a incumulatividade tributária traz em si a idéia de que a incidência não ocorra ao longo das diversas etapas de um determinado processo sem que o contribuinte possa reduzir de seu encargo aquilo do que foi onerado no momento anterior, ainda que considerássemos todas as particularidades e atipicidades do Sistema não cumulativo próprio das Contribuições, terminaríamos por concluir que, a um débito tributário calculado sobre o total das receitas, haveria de fazer frente um crédito calculado sobre o total das despesas. Contudo, ainda que a interpretação teleológica conduza nessa direção, o fato é que os critérios de apuração das Contribuições não foram dessa forma definidos em Lei. Tal como consta no texto legal, o direito ao crédito, em definição genérica, admite apenas que se considerem as despesas com bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, jamais referindose à integralidade dos gastos da pessoa jurídica. Prova disso é que os gastos que não se incluem nesse conceito e dão direito ao crédito são listados um a um nos itens seguintes, de forma exaustiva. Outrossim, se admitíssemos a tese de que insumo denota conceito amplo, abrangendo todos os gastos destinados à obtenção do resultado da pessoa jurídica, nos depararíamos com uma flagrante distorção promovida no amplo reconhecimento ao direito de crédito para o setor industrial ou prestador de serviços, em detrimento ao setor comercial, para o qual o direito teria ficado restrito apenas aos gastos com bens adquiridos para revenda. Insumos, tal como definido e para os fins a que se propõe o inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.833/03, são apenas as mercadorias, bens e serviços que, assim como no comércio, estejam diretamente vinculados à operação na qual se realiza o negócio da empresa. Na atividade comercial, sendo o negócio a venda dos bens no mesmo estado em que foram comprados, o direito ao crédito restringese ao gasto na aquisição para revenda. Fl. 597DF CARF MF Processo nº 16366.000602/200651 Acórdão n.º 9303004.621 CSRFT3 Fl. 574 21 Na indústria, uma vez que a transformação é intrínseca à atividade, o conceito abrange tudo aquilo que é diretamente essencial a produção do produto final, conceito igualmente válido para as empresas que atuam na prestação de serviços. Somente a partir desta lógica é que os créditos admitidos na indústria e na prestação de serviços observarão o mesmo nível de restrição determinado para os créditos admitidos no comércio. No caso concreto, verifico que a Contribuinte não tem por objeto a prestação de serviço de transporte conforme dispõe o artigo 3° de seu Estatuto Social (fls. 478 a 485), e tão pouco comprovou os gastos suportados na aquisição de combustíveis efetivamente vinculados ao serviço de frete realizado a terceiros (fls. 521). Nada obstante, a Relatora do voto vencido sustenta que devese observar o princípio da essencialidade para definição do conceito de insumos com a finalidade do reconhecimento do direito ao creditamento da Cofins não cumulativa. Compulsando os autos, verifico que a Contribuinte presta serviços de frete e carretos a terceiros, atividade estranha e sem nenhuma essencialidade ao seu objeto social, ademais, as despesas incorridas na aquisição de combustíveis relacionadas a tais serviços não foram comprovadas. Por outro lado, discordo do conceito de insumo empregado na decisão recorrida, considerando a utilização do critério do IPI para fins de analise ao direito a crédito da referida contribuição. Sem embargo, penso que o termo "insumo" utilizado pelo legislador para fins de creditamento da Cofins, apresenta um campo maior do que o MP, PI e ME, relacionados ao IPI. Considero que tal abrangência não é tão flexível como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e despesas necessárias à atividade da empresa. Por outro lado, entendo para que se mantenha o equilíbrio normativo, os insumos devem estar relacionados diretamente com a produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este produto não entre em contato direto com os bens produzidos. Fl. 598DF CARF MF 22 Neste sentido, inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.833/03, permite a utilização do crédito da COFINS não cumulativa nas seguintes hipóteses: “I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e b) nos §§ 1º e 1ºA do art. 2o desta Lei; II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2 da Lei n 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X vale transporte, vale refeição ou vale alimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção". Fl. 599DF CARF MF Processo nº 16366.000602/200651 Acórdão n.º 9303004.621 CSRFT3 Fl. 575 23 Deste modo, o conteúdo contido no inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.833, de 2003, pode ser interpretado de modo ampliativo, desde que o bem ou serviço seja essencial a atividade empresária, portanto, capaz de gerar créditos da COFINS. Diferentemente do presente caso, o qual a Contribuinte prestava serviço de frete e carreto a terceiros, serviço estranho a sua atividade empresária, tendo em vista que os gastos incorridos na aquisição de combustíveis relacionados a tais serviços não foram comprovados. Portanto, por ausência de previsão legal, as despesas incorridas em combustíveis e lubrificantes para prestação de serviço de frete e carreto a terceiros, não geram direito a crédito da COFINS não cumulativa, pois as despesas aqui analisadas não cumprem os requisitos de essencialidade, fato que estão fora do processo produtivo. Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Contribuinte. É como penso é como voto. (assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 600DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.911831/2009-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE
Ano-calendário: 2007
CIDE ROYALTIES (REMESSA). LICENÇA DE USO E DISTRIBUIÇÃO. PROGRAMA DE COMPUTADOR (SOFTWARE). AUSÊNCIA DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA (CÓDIGO FONTE). NÃO INCIDÊNCIA. Nos moldes do artigo 1º-A da Lei nº 10.168/2000, trazido pela Lei n. 11.452/2007, somente ocorrerá a incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE-royalties ou CIDE-remessas) sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador (software) quando tal negócio envolver a transferência de tecnologia. Esse é o teor do artigo 20 da Lei n. 11.452/2007, cuja vigência iniciou-se em 1º de janeiro de 2006, por expressa determinação do artigo 21 da mesma Lei.
A transferência de tecnologia implica necessariamente na transferência de conhecimento, da técnica envolvida no produto. No caso dos softwares, são considerados como contratos de transferência de tecnologia aqueles que disponibilizam o código fonte, conforme determinação do artigo 11 da Lei n. 9.609/1998. Inexistindo a disponibilização do código fonte do software principal, objeto do contrato misto de licenciamento de sistema e que vincula o pagamento da empresa estrangeira, não há que se falar em transferência de tecnologia e, portanto, na incidência da CIDE-royalties.
PAGAMENTO INDEVIDO. DIREITO CREDITÓRIO. PER/DCOMP.
Demonstrado que os pagamentos efetuados a título de CIDE-royalties são indevidos, uma vez que pautados em remessas para o exterior de valores relativos à licença de uso de software, sem transferência de tecnologia, depois do início da vigência da regra constante do artigo 1º-A da Lei nº 10.168/2000 (1º de janeiro de 2006), cumpre reconhecer o indébito tributário e, por conseguinte, o direito ao crédito de tais valores, passível de compensação pelo contribuinte.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.719
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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LICENÇA DE USO E DISTRIBUIÇÃO. PROGRAMA DE COMPUTADOR (SOFTWARE). AUSÊNCIA DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA (CÓDIGO FONTE). NÃO INCIDÊNCIA. Nos moldes do artigo 1ºA da Lei nº 10.168/2000, trazido pela Lei n. 11.452/2007, somente ocorrerá a incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDEroyalties ou CIDEremessas) sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador (software) quando tal negócio envolver a transferência de tecnologia. Esse é o teor do artigo 20 da Lei n. 11.452/2007, cuja vigência iniciouse em 1º de janeiro de 2006, por expressa determinação do artigo 21 da mesma Lei. A transferência de tecnologia implica necessariamente na transferência de conhecimento, da técnica envolvida no produto. No caso dos softwares, são considerados como contratos de transferência de tecnologia aqueles que disponibilizam o código fonte, conforme determinação do artigo 11 da Lei n. 9.609/1998. Inexistindo a disponibilização do código fonte do software principal, objeto do contrato misto de licenciamento de sistema e que vincula o pagamento da empresa estrangeira, não há que se falar em transferência de tecnologia e, portanto, na incidência da CIDEroyalties. PAGAMENTO INDEVIDO. DIREITO CREDITÓRIO. PER/DCOMP. Demonstrado que os pagamentos efetuados a título de CIDEroyalties são indevidos, uma vez que pautados em remessas para o exterior de valores relativos à licença de uso de software, sem transferência de tecnologia, depois do início da vigência da regra constante do artigo 1ºA da Lei nº 10.168/2000 (1º de janeiro de 2006), cumpre reconhecer o indébito tributário e, por conseguinte, o direito ao crédito de tais valores, passível de compensação pelo contribuinte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 91 18 31 /2 00 9- 16 Fl. 410DF CARF MF Processo nº 10166.911831/200916 Acórdão n.º 3402003.719 S3C4T2 Fl. 0 2 Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório O presente Processo Administrativo foi objeto da Resolução n. 3801 000.808, cujo relatório, por economia processual, será a seguir transcrito no que for relevante: Trata o presente processo de compensação declarada que, conforme apontado pela Recorrente, tem origem em crédito referente a valor indevidamente recolhido a título de CIDE, apurada no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2007 sobre remessas ao exterior para pagamento de licença de uso ou de direitos de comercialização de programas de computador. A compensação não foi homologada, sob a alegação de inexistência do crédito informado, em virtude de o pagamento do qual seria oriundo já ter sido integralmente utilizado para quitar outros débitos da contribuinte. A Recorrente apresentou manifestação de inconformidade apontando os aspectos legais estabelecidos em conformidade com o artigo 21 da Lei 11.452, de 27 de fevereiro de 2007, que contemplou a nãoincidência da referida contribuição a partir de janeiro de 2006 e informou que feito o pagamento tem direito à devolução dos mesmos. A DRJ, em seu julgamento, não reconheceu o direito creditório da contribuinte, entendendo improcedente sua Manifestação de Inconformidade. Baseou seu entendimento no fato de a contribuinte não ter juntado aos autos documentos fiscais e contábeis imprescindíveis à constatação da existência do crédito solicitado, fazendose o conjunto probatório incapaz de aferir certeza e liquidez do crédito pretendido, bem assim, entende que a DCTF retificadora apresentada o foi em data posterior à ciência do despacho decisório. Fl. 411DF CARF MF Processo nº 10166.911831/200916 Acórdão n.º 3402003.719 S3C4T2 Fl. 0 3 O acórdão da DRJ restou assim ementado: APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO INDEVIDO. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento indevido, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a inexistência do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de declaração retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Manifestação de Inconformidade Improcedente." Irresignada com a decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário fundamentandose no princípio da verdade material, juntou aos autos documentos relativos às compensações com o fito de demonstrar que foram devidamente registradas na contabilidade do sujeito passivo, ponderando serem suficientes para constatação da certeza e liquidez do crédito ora pretendido, quais sejam: a) DARF comprobatória do recolhimento indevido, comprovando o pagamento indevido no período de junho de 2006, instruído na PER/DCOMP; b) Cópia do Livro Razão Analítico do exercício de 2007, em que se verifica o estorno do montante recolhido na subconta CIDE – Remessas Exterior, também instruído na PER/DCOMP; c) Cópia do Livro Razão Consolidado do exercício de 2006, em que se verifica o lançamento referente ao mês de junho de 2006; d) Cópias das DCTFs original e retificadora. Em julgamento datado de 17 de setembro de 2014 (Resolução n. 3801 000.808), a 1ª Turma Especial dessa 3ª Seção determinou a conversão do julgamento em diligência para a DRF de origem, nos seguintes termos: Conforme relatado, o ponto crucial da lide consiste na ausência de elementos probatórios capazes de aferir o direito ao crédito solicitado decorrente do suposto pagamento indevido a título de CIDE incidente sobre remessas ao exterior de remunerações pagas pela licença de uso ou de direitos de comercialização de softwares, com base nos artigos 20 e 21 da Lei 11.452/2007 que delimitou expressamente o campo de abrangência da Lei 10.168/2000 ao instituir a nãoincidência da CIDE a partir de janeiro de 2006, assim expresso: (...) Fl. 412DF CARF MF Processo nº 10166.911831/200916 Acórdão n.º 3402003.719 S3C4T2 Fl. 0 4 Certo é que a supracitada norma contempla a nãoincidência da CIDE para remunerações pagas ao exterior vinculadas a contratos de licenciamento de uso de programas de computador e, nesta esteira, faz se necessário averiguar o objeto da relação contratual, ou seja, é certo que os pagamentos dos contratos relativos ao licenciamento de uso ou direito de software, não obrigam ao pagamento da CIDE, desde 1º de janeiro de 2006, sendo que, tendo havido tal pagamento a Recorrente possui indébito possível de creditamento. Entretanto, apesar da Recorrente ter juntado documentos e comprovantes de pagamento tenho que os mesmos são insuficientes para se apurar se realmente se relacionam a remunerações pagas ao exterior vinculadas a contratos de licenciamento de uso de programas de computador, de modo que apenas mediante o confronto dos documentos contábeis com o contrato de licenciamento, licença de uso de software ou documento semelhante é que essa Turma poderá evidenciar se o pagamento efetivamente se deu por esse motivo. Nesse sentido, voto para baixar em diligência à Delegacia de origem para determinar ao contribuinte que apresente: 1. A cópia autenticada do Contrato referente de Licença de Uso ou de Direito de Programas de Computador ou documento que ateste o efetivo motivo do pagamento e cópia das notas fiscais (ou invoices, devidamente traduzidas) correspondentes; 2. Retorne o processo a este CARF para julgamento. Foram juntados aos autos esclarecimentos da Recorrente, bem como os documentos solicitados pela Resolução supratranscrita. É o relatório. Voto Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.711, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10166.911821/200981, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.711): "Os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário já foram anteriormente analisados e acatados por este Conselho, de modo que passo à apreciação do mérito. Fl. 413DF CARF MF Processo nº 10166.911831/200916 Acórdão n.º 3402003.719 S3C4T2 Fl. 0 5 Como bem pontuado na Resolução n. 3801000.837, posteriormente ao advento da Lei n. 11.452/2007, não há dúvidas de que somente ocorrerá a incidência da conhecida CIDEroyalties (ou CIDE remessas, instituída pela Lei n. 10.168/2000) sobre a remuneração pela licença de uso de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador quando tal negócio envolver a transferência de tecnologia. Esse é o teor do artigo 20 da Lei n. 11.452/2007, cuja vigência iniciouse em 1º de janeiro de 2006, por expressa determinação do artigo 21 da mesma Lei. Portanto, como no presente caso a Recorrente clama pela restituição de valores a título de CIDEroyalties de período posterior a janeiro de 2006, a discussão cingese à comprovação de que: a) os valores foram efetivamente pagos; b) tais remessas tinham como base contratos sem a transferência de tecnologia. Quanto ao item a descrito no parágrafo anterior, a Recorrente já apresentou cópia do livro razão consolidado (fls 134), no qual se verifica o lançamento contábil dos valores indevidamente recolhidos a título da CIDEroyalties (R$ 173.207,28); cópia do DARF referente ao mesmo pagamento (código da Receita 8741, conforme fls 136), além de cópias das DCTFs original (fls 138) e retificadora (fls 140), nas quais constata se a posterior exclusão dos valores referentes à CIDEroyalties da declaração, por força do advento da Lei n. 11.452/2007. Assim, restou devidamente comprovado o pagamento da CIDEroyalties, que a Recorrente reputa como indevido e passível de restituição/compensação. Cumpre então verificar o atendimento ao item b. Para tanto, é necessário, em primeiro lugar, ter em mente que a transferência de tecnologia implica necessariamente na transferência de conhecimento, da técnica envolvida no produto. Especificamente para o caso dos programas de computador (softwares) são considerados como contratos de transferência de tecnologia aqueles que disponibilizam o código fonte, ainda que parcialmente. O código fonte, numa síntese, é entendido como as instruções do programa de computador, as quais servem para operar o hardware. Em outros termos, o código fonte pode ser entendido como o “segredo” do software para operar a máquina e conferir utilidades ao usuário. Nesse sentido, o artigo 11 da Lei n. 9.609/1998, que dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programas de computador, sua comercialização no País, e dá outras providências, determina que: Art. 11. Nos casos de transferência de tecnologia de programa de computador, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial fará o registro dos respectivos contratos, para que produzam efeitos em relação a terceiros. Parágrafo único. Para o registro de que trata este artigo, é obrigatória a entrega, por parte do fornecedor ao receptor de tecnologia, da documentação completa, em especial do código fonte comentado, memorial descritivo, especificações funcionais internas, diagramas, fluxogramas e outros dados técnicos necessários à absorção da tecnologia. (grifei) Também a Receita Federal apresenta entendimento sobre ser indispensável a entrega do código fonte para que reste configurada a transferência de tecnologia no âmbito dos contratos envolvendo Fl. 414DF CARF MF Processo nº 10166.911831/200916 Acórdão n.º 3402003.719 S3C4T2 Fl. 0 6 softwares, conforme se depreende da Solução de Consulta nº 67 SRRF10/Disit, de 14 de julho de 2010, cuja ementa e o item 9.1. possuem o seguinte teor: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Não estão sujeitos à incidência de Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico os valores remetidos ao exterior pela aquisição de “software de prateleira” (cópias múltiplas) para revenda por pessoa jurídica detentora de licença de comercialização outorgada por fabricante estrangeiro. É irrelevante a forma de movimentação do programa do fabricante ao distribuidor ou revendedor, se por remessa de suporte físico, via internet (download) ou por reprodução a partir de matriz. Caso, ao invés de revenda, caracterizarse licenciamento temporário do uso de software, os valores remetidos ao exterior em pagamento constituem remuneração de cessão de direito. Ainda assim, não há incidência da Cide, em razão da edição da Lei nº 11.452, de 2007, que acresceu o § 1ºA ao art. 2º da Lei nº 10.168, de 2000, e, assim, estabeleceu isenção no caso de remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia. Esse dispositivo tem eficácia a partir de 1º de janeiro de 2006. Dispositivos Legais: Lei nº 4.506, de 1964, art. 22; Lei nº 9.609, de 1998, art. 11, caput e parágrafo único; Lei nº 9.610, de 1998, art. 7º, XII e § 1º e art. 49; Lei nº 10.168, de 2000, art. 2º; Lei nº 11.452, de 2007, arts. 20 e 21. (...) 9.1. Sendo assim, somente haveria a incidência da Cide no âmbito da presente consulta caso houvesse transferência de tecnologia entre os fabricantes estrangeiros e a consulente. Com efeito, como bem demonstra a interessada, no caso do software, a lei prevê que a entrega pelo fornecedor do códigofonte dos programas é condição indispensável para a ocorrência de transferência de tecnologia. É o que dispõe o art. 11, parágrafo único, da Lei nº 9.609, de 1998 (Lei do Software),(...). (grifei) Pois bem. Segundo o relato acima trazido, a Recorrente juntou aos autos: i) cópia autenticada do contrato de licenciamento de uso de software entre a Autotrac e a Qualcomm que fundamenta os pagamento realizados; ii) planilha elaborada e assinada pelo contador da contribuinte que demonstra a apuração do valor devido à Qualcomm conforme termos estipulados no Contrato de Licenciamento de Uso de Software, dividida por PER/DCOMP; iii) cópia das Notas Fiscais emitidas, acompanhadas dos respectivos contrato de câmbio e DARFs de IRRF recolhido na remessa por ocasião da remessa, organizadas em jogos para cada uma das PER/DCOMP. Pela análise do instrumento contratual em questão (de cessão de direitos da Qualcomm à Autotrac, denominado Contrato de Licenciamento e Distribuição), verifico que se trata de contrato que envolve uma série de obrigações relacionadas à concessão de licenciamento de softwares diversos. Fl. 415DF CARF MF Processo nº 10166.911831/200916 Acórdão n.º 3402003.719 S3C4T2 Fl. 0 7 A Recorrente informa que a remuneração paga à empresa Qualcomm, localizada no exterior, referese tão somente ao pagamento de licenciamento do software MCT/IMCT. A descrição desse produto no instrumento contratual é a seguinte (fls 208 e 2010): MCTs e IMCT O Terminal de Comunicações Móvel (MCT) é o componente móvel do Sistema OmniTRACS. Instalado em um veículo ou em local fixo, o MCT permite ao motorista ou operador enviar mensagens para a base de operações do cliente, assim como receber mensagens deste. (...) PROGRAMA MCT/IMCT O programa do IMCT é instalado nas interfaces da EPROM do IMCT com a Unidade de Display, a Unidade Externa e a NMF, o que permite que o motorista estabeleça uma interface com o despachante e oferece o processamento, a detecção e a codificação/decodificação de sinais que são necessários tanto para transmitir quanto para receber usando o enlace de satélite de banda C. Com efeito, no tópico dedicado às definições dos termos utilizados nas cláusulas contratuais, ao tratar do “software licenciado”, o Contrato traz à baila o Software MCT/IMCT, colocando em definições separadas outros produtos/serviços que fazem parte do acordo, dentre eles o “Sistema OminisTRACS” e o “QTRACS Web”. Vejamos: "Software Licenciado" significa os seguintes programas proprietários da QUALCOMM: (i) software MCT/IMCT, (ii) FIRMWARE SensorTRACS e TrailerTRACS, (iii) software MapEX, e (iv) quaisquer outros programas que a QUALCOMM, ao longo do tempo, licencie à AUTOTRAC. (...) "Software de IMCT" significa o software proprietário da QUALCOMM residente em cada IMCT ou MCT, incluindo a funcionalidade SensorTRACS e TrailerTRACS, tal como esse software é mais detalhadamente descrito no Documento B deste Contrato. "Sistema OmniTRACS" significa um certo serviço de mensagens de comunicações móvel, alfanumérico, proprietário, operando em dois sentidos, transmitindo por satélite, usando transmissoresreceptores de satélites da banda C (ou da Banda Ku, quando disponível), tal como descrito em maior detalhe no documento B. (...) "QTRACS Web" significa a solução proprietária da QUALCOMM, baseada na Rede Internet, residente em servidor. O serviço QTRACS/Web permite aos Usuários Finais que enviem e recebam mensagens e dados." Fl. 416DF CARF MF Processo nº 10166.911831/200916 Acórdão n.º 3402003.719 S3C4T2 Fl. 0 8 Disto já é possível perceber que, de fato, o Software MCT/IMCT é o programa de computador principal que está sendo objeto do licenciamento de uso, sendo os demais programas acessórios a este, todos formando uma espécie de licenciamento de sistema, bastante comum nesse tipo de contrato. Com relação à forma de remuneração pelo uso do software, dispõe o Contrato, em sua Cláusula 4.2, que a Autotrac pagará à Qualcomm uma taxa de licenciamento mensal pelo uso do software igual a quinze por cento (15%) da receita total líquida recebida pela Autotrac por cobrança de Tráfego de mensagens (“Taxa mensal de licenciamento de Software MCT/IMCT”). Vale dizer, o pagamento está atrelado ao software principal, e não aos acessórios. Ainda, pela apreciação do texto do instrumento contratual, constato que a licença de uso do software não implica na transferência de tecnologia, mas tão somente no simples uso direito em questão. Não existe o fornecimento de qualquer conhecimento ou técnica específica, tampouco quaisquer dos requisitos estabelecidos pelo artigo 11 da Lei n. 9.609/98. Com efeito, o Software MCT/IMCT é inviolável e inalterável, por determinação expressa do Contrato (cláusula 8.2. – “Limitações quanto ao software licenciado” e cláusula 8.5 – “Aperfeiçoamento ao software licenciado”). Ou seja, a Recorrente não tem a intenção de apropriarse do conhecimento e da técnica contida nos programas de computador, mas tão somente utilizálos e distribuílos. Daí já se torna bastante nítida a ausência da transferência de tecnologia no pacto efetuado entre as partes. Finalmente, o instrumento negocial expressamente coloca que tão somente o código fonte do Software QTRACS Web será concedido (cláusula 8.6), mas não dos demais programas. Isto porque o único software licenciado de forma onerosa é o MCT/IMCT. O Software QTRACS Web, de outro lado, foi oferecido sem custo, conforme a Cláusula 8.6. do Contrato, de modo que não fez parte das remessas para o exterior e, por conseguinte, do pagamento a título de CIDEroyalties. Confirma tal conclusão a Cláusula 8.1, que estabelece que a concessão da licença diz respeito tão somente ao “software licenciado”, dentro do qual não se inclui o QTRACS web, conforme determinam as próprias disposições iniciais de “definição de termos” do contrato, supra destacadas. Também é importante repisar que a citada Cláusula 4. 2, que trata da remuneração da empresa estrangeira pela cessão da licença de uso, confirma que o pagamento diz respeito unicamente ao licenciamento do software MCT/IMCT. Assim, concluise que o Contrato firmado entre as partes tem como escopo principal tornar a Recorrente um “revendedor” dos programas de computador (vide Cláusula 2 – “Distribuidor exclusivo do Sistema OmniTRACS” e 2.2. – “Exigências mínimas de desempenho”), e, para tanto, foilhe contratualmente cedida a licença do uso desses softwares. Sobre esse ponto, destaco que o INPI (“Instituto Nacional de Propriedade Industrial”), nos moldes do artigo 211 da Lei n. 9.279/96, coloca que, por não caracterizarem transferência de tecnologia, os contratos de Licença de uso de programa de computador (software) e Fl. 417DF CARF MF Processo nº 10166.911831/200916 Acórdão n.º 3402003.719 S3C4T2 Fl. 0 9 Distribuição de programa de computador (software) são dispensados de averbação pelo INPI. 1 Portanto, assim como pressupõe o artigo 1ºA da Lei n. 10.168/200, a princípio tais espécies de contratos dão acesso unicamente ao código objeto, que é aquele legível pela máquina, mas não da codificação fonte, que é a tecnologia. Poderia haver uma “desvirtuação” de tais contratos, implicando na transferência de tecnologia, caso o conteúdo do acordo trouxesse a disponibilização do código fonte do software licenciado, corroborando o intuito da empresa brasileira licenciada de ter acesso ao conhecimento tecnológico, para apropriálo e desenvolvêlo no sentido que lhe interessasse. Entretanto, no presente caso concreto, o contrato realmente não abarca a transferência de tecnologia, pelas razões expostas alhures, confirmando a natureza tradicional dessas espécies contratuais de cessão de uso e distribuição de software. Por fim, a planilha elaborada pela Contribuinte que demonstra a apuração do valor devido à Qualcomm conforme termos estipulados no Contrato , as cópias das Notas Fiscais emitidas pela Qualcomm, acompanhadas dos respectivos contrato de câmbio e DARFs de IRRF recolhido por ocasião da remessa confirmam a correlação entre os pagamentos efetuado a título de CIDEroyalties e o Contrato em questão, com as respectivas remessas ao exterior para pagamento da licença de uso de software. Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário interposto pela Contribuinte, reconhecendo a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração do quantum a ser compensado." 1 “Quais são os serviços que não são caracterizados como transferência de tecnologia? Por não caracterizarem transferência de tecnologia, nos termos do Art. 211 da Lei nº 9.279/96 alguns serviços técnicos especializados são dispensados de averbação pelo INPI. Segue lista não exaustiva desses serviços: Agenciamento de compras, incluindo serviços de logística (suporte ao embarque, tarefas administrativas relacionadas à liberação alfandegária, etc.); Serviços realizados no exterior sem a presença de técnicos da empresa brasileira, que não gerem quaisquer documentos e/ou relatórios, como por exemplo, beneficiamento de produtos; Homologação e certificação de qualidade de produtos; Consultoria na área financeira; Consultoria na área comercial; Consultoria na área jurídica; Consultoria visando participação em licitação; Serviços de marketing; Consultoria remota, sem a geração de documentos; Serviços de suporte, manutenção, instalação, implementação, integração, implantação, customização, adaptação, certificação, migração, configuração, parametrização, tradução, ou localização de programa de computador (software); Serviços de treinamento para usuário final ou outro treinamento de programa de computador (software); Licença de uso de programa de computador (software); Distribuição de programa de computador (software); Aquisição de cópia única de programa de computador (software).” Disponível em: http://www.inpi.gov.br/servicos/perguntasfrequentespaginasinternas/perguntasfrequentes transferenciadetecnologia#naocaracterizados Acesso em 12/01/2017. Fl. 418DF CARF MF Processo nº 10166.911831/200916 Acórdão n.º 3402003.719 S3C4T2 Fl. 0 10 Retornando ao caso deste processo, importante ressaltar que todos os documentos analisados no julgamento do paradigma encontram correspondência com os documentos juntados ao presente processo (fls. 136/142 e 201/405), a saber: a) cópia do livro razão consolidado, do DARF referente ao pagamento (código da Receita 8741) e cópias das DCTFs original e retificadora, que comprovam o pagamento da CIDEroyalties que a Recorrente reputa como indevido e passível de restituição/compensação; b) contrato de licenciamento de uso de software entre a Autotrac e a Qualcomm (mesmo contrato que o analisado no julgamento do paradigma); c) planilha elaborada pela Contribuinte que demonstra a apuração do valor devido à Qualcomm conforme termos estipulados no Contrato , cópias das Notas Fiscais emitidas pela Qualcomm, acompanhadas dos respectivos contrato de câmbio e DARFs de IRRF recolhido por ocasião da remessa, que confirmam a correlação entre os pagamentos efetuado a título de CIDEroyalties e o Contrato em questão, com as respectivas remessas ao exterior para pagamento da licença de uso de software. Portanto, constatase que neste processo a Contribuinte juntou os mesmos documentos que foram considerados hábeis à comprovação do direito creditório no caso do paradigma, variando apenas o número dos documentos e os valores envolvidos. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito alegado pela Contribuinte, devendo a compensação ser analisada pela RFB apenas para fins de apuração do quantum a ser compensado. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 419DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.012109/2003-92
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 1998
AUDITORIA DE DCTF. ERRO DE FATO. COMPROVAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DO DÉBITO DECLARADO.
Comprovada a inexistência do débito, declarado erroneamente em DCTF, deve ser cancelada a exigência fiscal.
Numero da decisão: 2202-003.746
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada e Theodoro Vicente Agostinho (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ERRO DE FATO. COMPROVAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DO DÉBITO DECLARADO. Comprovada a inexistência do débito, declarado erroneamente em DCTF, deve ser cancelada a exigência fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada e Theodoro Vicente Agostinho (Suplente convocado). Relatório Por bem descrever os fatos, reproduzo abaixo o relatório da decisão recorrida: “DA AUTUAÇÃO ELETRÔNICA Tratase de impugnação a lançamento eletrônico formalizado pelo AUTO DE INFRAÇÃO n° 0085699 (fls.26/37), relativo ao AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 21 09 /2 00 3- 92 Fl. 243DF CARF MF 2 tributo IRRF/1998, em decorrência de auditoria realizada nas DCTFs entregues, tendo sido lançado o crédito tributário de R$ 29.978,87 de principal, mais multa de oficio vinculada de 75% e juros de mora, perfazendo a autuação o total de R$ 80.417,30. DA IMPUGNAÇÃO O interessado foi cientificado da autuação eletrônica em 11 de agosto de 2003, conforme AR de fls. 55 e em 05 de setembro de 2003 apresenta impugnação de fls. 01/02, acompanhada dos documentos de fls. 03/16. Alega a requerente, Colégio Madre Paula Montalt CNPJ 22.985.832/000147, na qualidade de mantenedora do estabelecimento autuado que: (i) parte da exigência decorre de erro de preenchimento quanto ao período de apuração, conforme relação analítica e darfs de recolhimentos que acosta; e (ii) há débitos informados erroneamente na DCTF do CNPJ notificado 22.985.832/000490 pois corresponderiam a débitos do CNPJ 22.985.832/000228, também declarados na DCTF de tal CNPJ e recolhidos por meio de DARFs, conforme apontado em sua peça impugnatória as fls.02. Alega, ainda, a defesa que tais equívocos não foram percebidos em tempo de se fazer as devidas correções, não restando alternativa no sentido de retificar a DCTF e apresentar os REDARFs necessários. Requer o acolhimento da impugnação e o cancelamento do débito fiscal. DA REVISÃO DE OFICIO Conforme fls. 65, a autoridade administrativa efetua revisão de oficio nos termos dos artigos 145, inciso III e 149, inciso VIII, da Lei n° 5172/66 e determina o cancelamento do crédito tributário improcedente constante do demonstrativo de fls. 60/64, remanescendo a exigência a titulo de IRRF de R$ 6.023,98 e de R$ 4.517,99 de multa de oficio vinculada. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP) DRJ/SPOI julgou improcedente a impugnação, cuja ementa foi assim redigida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1998 DCTF. CONFISSÃO DE DIVIDA. ERRO DE PREENCHIMENTO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Os valores declarados em DCTF correspondem a confissão de divida e somente a comprovação inequívoca de inexistência do fato gerador poderia eliminar a exigência. A Contribuinte foi cientificada da decisão em 10/11/2008 (fl. 81), tendo interposto recurso voluntário em 05/12/2008 (fls. 82/177), no qual requer seja cancelado o Fl. 244DF CARF MF Processo nº 10680.012109/200392 Acórdão n.º 2202003.746 S2C2T2 Fl. 244 3 lançamento, alegando a inexistência do fato gerador, com a juntada aos autos da folha de pagamento, notas fiscais onde constam a retenção objeto da autuação, DARFs, razão contábil da conta de despesas onde foram registrados tais pagamentos, bem como razão contábil da conta de imposto de renda retido na fonte, relativo aos dois estabelecimentos, demonstrando que o fato gerador aconteceu de fato no Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio CNPJ 22.985.832/000228. Na sessão de 18 de abril de 2012, a 1ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento resolveu converter o julgamento em diligência, para que a autoridade fiscal tomasse as seguintes providências (fls. 182/185): verifique junto às DCTF apresentadas pelo Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio, CNJ 22.985.832/000228, e pelo Colégio Madre Paula Montalt, CNPJ 22.985.832 / 000490, referentes ao 4º trimestre de 1998, se, de fato, os valores pertencentes ao Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio, CNJ 22.985.832/000228, foram informados indevidamente na DCTF do Colégio Madre Paula Montalt, CNPJ 22.985.832/000490, tendo em vista a documentação de fls. 82/153, juntando aos autos os elementos de prova que confirmam as informações prestadas. Do resultado da diligência, antes de os autos retornarem a este Colegiado, deve ser dada ciência ao sujeito passivo do teor dos esclarecimentos a serem prestados pela autoridade fiscal, abrindo prazo para sua manifestação. A autoridade fiscal emitiu o Termo de Encerramento de Diligência Fiscal de fls. 233/236, no qual concluiu que houve declaração em duplicidade da contabilidade do Colégio São José na DCTF do Colégio Madre Paula. Cientificada do resultado da diligência em 22/04/2015 (fl. 239), a Contribuinte não se manifestou. Tendo em vista a extinção da 1ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento, o processo foi sorteado para essa 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, para a minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Relator O recurso é tempestivo e está dotado dos demais pressupostos legais de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. A Recorrente alega que o fato gerador aconteceu de fato no Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio CNPJ 22.985.832/000228 e não no estabelecimento Colégio Madre Paula Montalt – CNPJ 22.985.832/000490. Fl. 245DF CARF MF 4 Conforme o Termo de Encerramento de Diligência Fiscal de fls. 233/236, a autoridade fiscal concluiu o seguinte: DÉBITO DE R$ 2.063,45 (código 0561, P.A. 05*10/1998): Referese à soma do Imposto de Renda Retido na Fonte da folha normal (R$1.273,67) mais a folha de férias (R$789,78) do Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio – CNPJ 22.985.832/0000228, conforme folha 159 do presente processo, e Razão da conta IRF A PAGAR – 2.1.0.04.0001 (folha 161 deste processo). O valor de R$2.063,45 foi declarado na DCTF dos dois CNPJ. Corretamente no Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio – CNPJ 22.985.832/0000228 e erroneamente no Colégio Madre Paula Montalt – CNPJ 22.985.832/000490, pois em sua contabilidade (do Colégio Madre Paula) não consta tal valor de retenção do IRFonte, como pode ser verificado no Razão de folhas 167, 170, 175 e 176 deste processo. Foram realizados dois recolhimentos pelo Colégio São José, extinguindo o crédito tributário: em 06/10/1998, no valor de R$ 789,78 e, em 03/11/1998, no valor de R$ 1.273,67. DÉBITO DE R$3.548,73 (código 0561, P.A. 01*12/1998): Referese à soma do Imposto de Renda Retido na Fonte da folha normal (R$1.780,66) mais a folha de 13º salário (R$1.768,07) do Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio – CNPJ 22.985.832/0000228, conforme folha 163 do presente processo, e Razão da conta IRF A PAGAR – 2.1.0.04.0001 (folha 164 deste processo). O valor de R$3.548,73 foi declarado na DCTF dos dois CNPJ. Corretamente no Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio – CNPJ 22.985.832/0000228 e erroneamente no Colégio Madre Paula Montalt – CNPJ 22.985.832/000490, pois em sua contabilidade (do Colégio Madre Paula) não consta tal valor de retenção do IRFonte, como pode ser verificado no Razão de folhas 167, 170, 175 e 176 deste processo. Foram realizados dois recolhimentos pelo Colégio São José, extinguindo o crédito tributário: em 04/12/1998, nos valores de R$1.768,07 e R$ 1.780,66. DÉBITO DE R$35,84 (código 1708, P.A. 01*10/1998): Referese ao Imposto de Renda Retido na Fonte pelo Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio – CNPJ 22.985.832/0000228, relativo à NF 53990 de Conservadora Mundial Ltda, conforme folha 90 do presente processo, e Razão da conta IRF A PAGAR – 2.1.0.04.0001 (folha 96 ou 161 deste processo). O valor de R$35,84 foi declarado na DCTF dos dois CNPJ. Corretamente no Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio – CNPJ 22.985.832/0000228 e erroneamente no Colégio Madre Paula Montalt – CNPJ 22.985.832/000490, no valor de R$109,51 que inclui R$73,67 (que seria o valor correto) pois em sua contabilidade (do Colégio Madre Paula) não consta tal valor (R$35,84) de retenção do IRFonte, como pode ser Fl. 246DF CARF MF Processo nº 10680.012109/200392 Acórdão n.º 2202003.746 S2C2T2 Fl. 245 5 verificado no Razão de folhas 167, 170, 175 e 176 deste processo. O valor foi recolhido em 01/10/1998 pelo Colégio São José. DÉBITO DE R$75,00 (código 0561, P.A. 02*10/1998): Referese ao Imposto de Renda Retido na Fonte pelo Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio – CNPJ 22.985.832/0000228, relativo à NF 7505 de TREND Tecnologia Educacional Comercial Ltda, conforme folha 92 do presente processo, e Razão da conta IRF A PAGAR – 2.1.0.04.0001 (folha 96 ou 161 deste processo). O valor de R$75,00 foi declarado na DCTF dos dois CNPJ. Corretamente no Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio – CNPJ 22.985.832/0000228 e erroneamente no Colégio Madre Paula Montalt – CNPJ 22.985.832/000490, pois em sua contabilidade (do Colégio Madre Paula) não consta tal valor de retenção do IRFonte, como pode ser verificado no Razão de folhas 167, 170, 175 e 176 deste processo. O valor foi recolhido em 09/10/1998 pelo Colégio São José. DÉBITOS DE R$42,72 (código 0561, P.A. 05*10/1998): Referese ao Imposto de Renda Retido na Fonte pelo Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio – CNPJ 22.985.832/0000228, relativo à NF 000261 de Fundação L’Hermitage, conforme folha 94 do presente processo, e Razão da conta IRF A PAGAR – 2.1.0.04.0001 (folha 96 ou 161 deste processo). O valor de R$42,72 foi declarado na DCTF dos dois CNPJ. Corretamente no Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio – CNPJ 22.985.832/0000228 e erroneamente no Colégio Madre Paula Montalt – CNPJ 22.985.832/000490, pois em sua contabilidade (do Colégio Madre Paula) não consta tal valor de retenção do IRFonte, como pode ser verificado no Razão de folhas 167, 170, 175 e 176 deste processo. O valor foi recolhido em 29/10/1998 pelo Colégio São José. DEMAIS DÉBITOS: P.A. VALOR REF. FORNECEDOR NOTA FISCAL NA FOLHA RAZÃO IR‐ FONTE NA FOLHA DATA DO RECOLHIMENTO DARF 01*11/98 35,84 NF 100 CONS MUNDIAL 100 98 03/11/1998 02*11/98 75,00 NF 102 TREND 102 105 09/11/1998 04*11/98 42,72 NF 104 FUND L'HERMITAGE 104 105 27/11/1998 01*12/98 29,68 NF 110 CONS MUNDIAL 110 114 04/12/1998 03*12/98 75,00 NF 112 TREND 112 114 18/12/1998 Fl. 247DF CARF MF 6 Os valores da tabela acima também foram corretamente declarados em DCTF pelo Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio – CNPJ 22.985.832/0000228 e erroneamente pelo Colégio Madre Paula Montalt – CNPJ 22.985.832/000490, pois em sua contabilidade (do Colégio Madre Paula) não consta tais valores de retenção do IRFonte, como pode ser verificado no Razão de folhas 167, 170, 175 e 176 deste processo. 5. Portanto, é fato que houve declaração em duplicidade de valores da contabilidade do Colégio São José na DCTF do Colégio Madre Paula. 6. Ressaltese que os valores contabilizados no Colégio Madre Paula, de IRFonte (folhas 153 a 156 deste processo), foram objeto de recolhimentos tempestivos, conforme consulta aos sistemas de arrecadação da RFB, apesar de não declarados em DCTF (exceto o valor de R$73,67 declarado junto com R$35,84 do Colégio São José, totalizando R$109,51, na 1ª semana de outubro/98, código 1708). 7. Proponho que seja dada ciência ao contribuinte dos esclarecimentos aqui prestados, abrindo prazo para sua manifestação antes do retorno do processo ao CARF. De acordo com a conclusão da diligência efetuada pela autoridade fiscal, assiste razão à Recorrente, pois foi constatado que os valores lançados eram na realidade referentes ao estabelecimento Colégio São José de Ensino Fundamental e Médio CNPJ 22.985.832/000228 e não ao estabelecimento Colégio Madre Paula Montalt – CNPJ 22.985.832/000490, tendo ocorrido um erro de fato, devidamente comprovado por meio dos documentos anexados aos autos. Dessa forma, voto por DAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 248DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10140.720721/2010-79
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
ALIENAÇÃO DE IMÓVEL RURAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. COMPRA E VENDA.
O instituto constitucional da desapropriação tem natureza totalmente distinta do instituto civil da compra e venda. Na compra e venda o que impera é a vontade das partes, uma em alienar, a outra em adquirir. Na alienação de imóvel para fins de reforma agrária, o proprietário da terra é quem fixa o preço da alienação ou, ao menos, é ele quem precisa concordar com o preço oferecido. Na desapropriação, há a perda da propriedade por um ato unilateral e soberano do Poder Público que, como contrapartida, oferece uma indenização também estipulada unilateralmente pelo mesmo Poder Público, pouco importando a vontade do proprietário de deixar de ter a posse/propriedade sobre o imóvel. Não é possível, com base em mera interpretação, estender o benefício da imunidade tributária ao produto da alienação de imóvel para fins de reforma agrária.
SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE IMÓVEL RURAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA.
O sujeito passivo da obrigação tributária relativa ao ganho de capital na alienação de imóvel para fins de reforma agrária é o alienante, no caso, o legítimo proprietário do imóvel, assim qualificado no registro de imóveis.
BASE DE CÁLCULO. GANHO DE CAPITAL. REGIME DE COMPETÊNCIA.
O cálculo do ganho de capital deve tomar como valor de venda o constante da escritura de compra e venda, não havendo na legislação do IRPJ e da CSLL qualquer dispositivo que autorize o deságio das TDAs.
Segundo o regime de competência, os fatos geradores do IRPJ e da CSLL ocorreram no 4º trimestre de 2005, período em que o imóvel foi vendido ao INCRA, não importando a data do resgate das TDAs.
ABATIMENTO DO IRPF.
Concluindo-se que não há a relação obrigacional que se considerava existente com a pessoa física, de forma a exigir-se, para a mesma operação, a apuração de IRPJ e CSLL, a exigência tributária deve considerar os valores já espontaneamente recolhidos aos cofres públicos como IRPF.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2005
TRIBUTAÇÃO REFLEXA.
O decidido acerca da exigência principal deve -se refletir da exigência reflexa, em decorrência de íntima relação de causa-efeito.
Numero da decisão: 9101-002.483
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura e Rafael Vidal de Araújo, que não conheceram em relação ao tema da base de cálculo sobre o ganho de capital. No mérito, acordam, (1) em relação à imunidade na compra e venda de imóvel, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto (relator), André Mendes de Moura, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe deram provimento; (2) em relação à base de cálculo sobre o ganho de capital, ao regime de competência e à sujeição passiva, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto (relator), Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe deram provimento e (3) em relação à compensação do IR da pessoa física, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal de Araújo e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que lhe negaram provimento. Os conselheiros André Mendes de Moura, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado) acompanharam o relator pelas conclusões em relação ao tema da imunidade na compra e venda de imóvel. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Adriana Gomes Rego. Solicitaram apresentar declaração de voto os conselheiros André Mendes de Moura e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Encerrado o prazo regimental, o Conselheiro Demetrius Nichele Macei não apresentou a declaração de voto.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Luís Flávio Neto - Relator
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rego - Redatora designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal De Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
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GANHO DE CAPITAL. Recorrente PLATINA AGROPECUÁRIA S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 ALIENAÇÃO DE IMÓVEL RURAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. COMPRA E VENDA. O instituto constitucional da desapropriação tem natureza totalmente distinta do instituto civil da compra e venda. Na compra e venda o que impera é a vontade das partes, uma em alienar, a outra em adquirir. Na alienação de imóvel para fins de reforma agrária, o proprietário da terra é quem fixa o preço da alienação ou, ao menos, é ele quem precisa concordar com o preço oferecido. Na desapropriação, há a perda da propriedade por um ato unilateral e soberano do Poder Público que, como contrapartida, oferece uma indenização também estipulada unilateralmente pelo mesmo Poder Público, pouco importando a vontade do proprietário de deixar de ter a posse/propriedade sobre o imóvel. Não é possível, com base em mera interpretação, estender o benefício da imunidade tributária ao produto da alienação de imóvel para fins de reforma agrária. SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE IMÓVEL RURAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. O sujeito passivo da obrigação tributária relativa ao ganho de capital na alienação de imóvel para fins de reforma agrária é o alienante, no caso, o legítimo proprietário do imóvel, assim qualificado no registro de imóveis. BASE DE CÁLCULO. GANHO DE CAPITAL. REGIME DE COMPETÊNCIA. O cálculo do ganho de capital deve tomar como valor de venda o constante da escritura de compra e venda, não havendo na legislação do IRPJ e da CSLL qualquer dispositivo que autorize o deságio das TDAs. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 07 21 /2 01 0- 79 Fl. 2531DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.531 2 Segundo o regime de competência, os fatos geradores do IRPJ e da CSLL ocorreram no 4º trimestre de 2005, período em que o imóvel foi vendido ao INCRA, não importando a data do resgate das TDAs. ABATIMENTO DO IRPF. Concluindose que não há a relação obrigacional que se considerava existente com a pessoa física, de forma a exigirse, para a mesma operação, a apuração de IRPJ e CSLL, a exigência tributária deve considerar os valores já espontaneamente recolhidos aos cofres públicos como IRPF. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2005 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. O decidido acerca da exigência principal deve se refletir da exigência reflexa, em decorrência de íntima relação de causaefeito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura e Rafael Vidal de Araújo, que não conheceram em relação ao tema da base de cálculo sobre o ganho de capital. No mérito, acordam, (1) em relação à imunidade na compra e venda de imóvel, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto (relator), André Mendes de Moura, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe deram provimento; (2) em relação à base de cálculo sobre o ganho de capital, ao regime de competência e à sujeição passiva, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto (relator), Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe deram provimento e (3) em relação à compensação do IR da pessoa física, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal de Araújo e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que lhe negaram provimento. Os conselheiros André Mendes de Moura, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado) acompanharam o relator pelas conclusões em relação ao tema da imunidade na compra e venda de imóvel. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Adriana Gomes Rego. Solicitaram apresentar declaração de voto os conselheiros André Mendes de Moura e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Encerrado o prazo regimental, o Conselheiro Demetrius Nichele Macei não apresentou a declaração de voto. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Luís Flávio Neto Relator Fl. 2532DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.532 3 (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego Redatora designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal De Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de recurso especial interposto por PLATINA AGROPECUÁRIA S.A., anteriormente denominada HIDALGO EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES SA (doravante “PLATINA”, “contribuinte” ou “recorrente”), em que é recorrida a Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN” ou “recorrida”), em face do acórdão n. 1201000.778 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”), proferido pela 1a Turma Ordinária da 2a Câmara desta 1a Seção (doravante “Turma a quo”). A discussão envolve a cobrança de IRPJ, CSL, multa de 75% e juros, atinentes a suposto ganho de capital obtido pelo contribuinte (“PLATINA”) com a “venda” de bens imóveis rurais (“FAZENDA SANTA MÔNICA”) ao INCRA para fins de reforma agrária e com o intuito de apaziguar as invasões de terra e conflitos instalados sobre as respectivas terras. O acórdão a quo fornece as seguintes informações, in verbis (fls. 2.279 do e processo): “Segundo consta dos autos, o imóvel rural denominado Fazenda Santa Mônica foi formado pela reunião de três imóveis rurais adquiridos pelo Sr. Sérgio Carlos de Godoy Hidalgo, respectivamente, em 08/08/1997 (matrícula 1680), 15/08/1997 (matrícula 1681) e em 13/04/1999 (matrícula 1682). Em 10/05/2000 o Sr. Sérgio Carlos de Godoy Hidalgo, junto com dois de seus filhos, constituiu a empresa Hidalgo Empreendimentos e Participações S/A, hoje denominada Platina Agropecuária S/A, transferindo para esta o referido imóvel a título de integralização do capital. Ocorre que a averbação dessa transferência no registro imobiliário foi realizada somente quanto aos imóveis de matrícula 1681 e 1682, já que, quanto ao imóvel matrícula 1680 o titular do cartório recusouse a fazêlo sob o argumento de que este encontravase hipotecado. Em 29/04/2005, por meio de Assembléia Geral Extraordinária, a ora recorrente restituiu a Fazenda Santa Mônica, em sua integralidade, ao Sr. Sérgio Carlos de Godoy Hidalgo. Mas em razão de hipotecas pendentes sobre os imóveis de matrícula 1681 e 1682, a ata da AGE não foi averbada no registro imobiliário. Alega a interessada que, apesar de as citadas transferências não terem sido averbadas no registro imobiliário, o fato é que, na data de sua alienaçaõ ao INCRA, o legítimo proprietário de todos os imóveis que compõem a Fazenda Santa Mônica era o Sr. Sérgio Carlosde Godoy Hidalgo, e não a pessoa jurídica ora autuada, sendo o registro mera formalidade. Em outras palavras, Fl. 2533DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.533 4 argumenta a recorrente que houve erro na identificação do sujeito passivo da obrigação tributária sob exame.” Assim, em apertada síntese: Em 29.04.2005, foi realizada AGE da empresa PLATINA, com a redução de capital e desintegralização da FAZENDA SANTA MÔNICA à Sr. SÉRGIO CARLOS DE GODOY HIDALGO (doravante “Sr. SÉRGIO”). Há, no documento, firma reconhecida dos seguintes acionistas: Sr. RODRIGO HIDALGO (“Sr. RODRIGO”), datada de 29.04.2005, bem como do Sr. SÉRGIO e da Sra. ALESSANDRA HIDALGO (“Sra. ALESSANDRA”), datadas de 02.05.2005; Em 09.09.2005, a AGE foi levada a registro na Junta Comercial; Em 28.11.2005, foi lavrada escritura pública de compra e venda da FAZENDA FAZENDA SANTA MÔNICA, que se encontrava invadida por uma grande quantidade de pessoas do Movimento dos Sem Terra (doravante “MST”) e sob tenso conflito. Figuraram como vendedores o Sr. SÉRGIO e a empresa PLATINA e, como comprador, o INCRA; Em 2.12.2005, foi entregue a Declaração de Informação e Apuração do ITR (“DIAT”) pelo Sr. SÉRGIO; Em 01.12.2005, foi levado a registro, na matrícula da FAZENDA SANTA MÔNICA, a transferência da propriada, do Sr. SÉRGIO e da PLATINA, ao INCRA. A DRJ julgou improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte, em decisão assim ementada (fls. 2.101 e seg. do eprocesso): Acórdão n. 04.25.125 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 NULIDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. Está correto o lançamento relativo a ganho de capital efetuado tendo como sujeito passivo a pessoa jurídica vendedora que constava como proprietária do imóvel, conforme inscrição no registro imobiliário, e se a transferência anterior do imóvel a sócio não teve caráter negocial. NULIDADE. VALOR DA ALIENAÇÃO. O valor da alienação a ser considerado para a apuração do ganho de capital é o constante nas certidões de matrícula de cada um dos imóveis, no caso de na escritura constar o valor total de toda a área vendida, sem discriminação desta para cada uma das glebas individualizadamente. COMPRA E VENDA. REFORMA AGRÁRIA. As operações de compra e venda de imóvel, mesmo que para fins de reforma agrária, são tributadas pelo Imposto de Renda e pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. RECEBIMENTO EM TDAs. RESGATE E DESÁGIO. O valor do Imposto de Renda a título de ganho de capital é exigível na data de vencimento prevista em norma regulamentar, independentemente de o recebimento ocorrer a prazo, não havendo previsão legal para abatimento Fl. 2534DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.534 5 em face do deságio na alienação das TDAs recebidas pelo pagamento da operação. BENFEITORIAS. COMPENSAÇÃO. A compensação segue procedimento próprio, não podendo ocorrer no bojo de processo relativo a autos de infração, não sendo possível esta no caso de o crédito ter como titular pessoa diversa da autuada. MULTA DE OFÍCIO. EFEITO DE CONFISCO. Alegações que ultrapassem a análise de conformidade do ato de lançamento com as normas legais vigentes somente podem ser reconhecidas pelo Poder Judiciário e os princípios constitucionais têm por destinatário o legislador ordinário e não o mero aplicador da lei, que a ela deve obediência. CSLL. Aplicamse à CSLL os mesmos argumentos esposados no voto relativo ao IRPJ, pela similitude dos motivos ensejadores das autuações fiscais e das razões das impugnações. Impugnação Improcedente Cientificado da decisão, o contribuinte interpôs seu recurso voluntário (fls. 2.132 e seg. do eprocesso). Ao julgar o aludido recurso, a Turma a quo, por maioria de votos, proferiu decisão assim ementada (fls. 2.273 e seg. do eprocesso): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 IMÓVEL RURAL PRODUTIVO. COMPRA E VENDA PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. GANHO DE CAPITAL. INCIDÊNCIA. Os imóveis objeto de desapropriação para fins de reforma agrária são imunes aos impostos incidentes sobre as respectivas operações transferência (art. 184, § 5º, da Constituição). Em razão de serem insuscetíveis de desapropriação por expressa vedação constitucional (art. 185, II, da Constituição), a referida imunidade não alcança os imóveis rurais produtivos transferidos ao INCRA por meio de operações de compra e venda, ainda que para fins de reforma agrária. LEI Nº 7.713/88. PESSOAS JURÍDICAS. INAPLICABILIDADE. Por expressamente regular a incidência do imposto sobre a renda das pessoas físicas, a Lei nº 7.713/88 não se aplica às pessoas jurídicas, as quais estão submetidas à legislação própria. LUCRO PRESUMIDO. GANHO DE CAPITAL. REGIME DE CAIXA. As pessoas jurídicas que optarem pela tributação com base no lucro presumido têm também a faculdade de optar pelo regime de caixa. Todavia, não exercida a opção pelo regime de caixa, o ganho de capital deverá ser oferecido à tributação pelo lucro presumido segundo o regime de competência. Em 09.09.2013, o contribuinte interpôs recurso especial (fls. 2.307 e seg. do eprocesso), indicando como paradigmas os acórdãos nº 10615.264, 10420.336, 10249.406, 1402001.249, 10707.739 e 210200.447. Em apertada síntese, o contribuinte suscita os seguintes temas: (1) a compra e venda realizada pelo INCRA equivaleria à desapropriação para fins de reforma agrária, de forma atrair a incidência norma de imunidade tributária (art. 184, §5°, da Constituição Federal); (2) ainda que fosse possível a incidência tributária, haveria no auto de infração erro na eleição do sujeito passivo da obrigação tributária; Fl. 2535DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.535 6 (3) ainda que fosse possível a incidência tributária, a aplicação do regime de caixa seria mandatório, de forma a restar diferida a cobrança do tributo até o momento do resgate dos TDA; (4) ainda que fosse possível a incidência tributária, não houve ganho de capital apurado na operação; (5) ainda que fosse possível a incidência tributária sobre a pessoa jurídica, os valores recolhidos pela pessoa física devem ser excluídos do auto de infração. Realizado o exame de admissibilidade, foi dado seguimento ao recurso especial em relação a todas essas matérias arguidas pelo contribuinte (fls. 2.495 e seg. do e processo). Cientificada do recurso especial do contribuinte, a PFN apresentou suas contrarrazões, aduzindo, em síntese (fls. 2.518 e seg. do eprocesso): os imóveis objeto de desapropriação para fins de reforma agrária são imunes aos impostos incidentes sobre as respectivas operações de transferência (art. 184, §5º, da Constituição). No entanto, em razão de serem insuscetíveis de desapropriação por expressa vedação constitucional (art. 185, II, da Constituição), a referida imunidade não alcançaria os imóveis rurais produtivos transferidos ao INCRA por meio de operações de compra e venda, ainda que para fins de reforma agrária, como foi o caso da FAZENDA SANTA MÔNICA; em relação ao suposto erro na identificação do sujeito passivo, em conformidade com o quanto estabelecido no Código Civil, o registro do título de alienação do imóvel no cartório imobiliário competente não seria mera formalidade, mas sim parte da essência do ato de alienação. E, no caso em tela, uma vez que a ata da AGE não teria sido registrado no Cartório de Imóveis competente, os imóveis de matrícula 1681 e 1682 não teriam sido efetivamente transmitidos ao Sr. Sérgio Carlos de Godoy Hidalgo em 29/04/2005, de modo que o proprietário desses imóveis teria continuado sendo a ora recorrente, até o momento em que foram transferidos ao INCRA; não seria procedente a alegação de que, na hipótese de incidência tributária, esta só poderia ocorrer na medida em que os títulos (TDAs) fossem liquidados pelo INCRA. Tanto a Lei nº 7.713/88 quanto a Instrução Normativa SRF nº 84/2001 tratariam exclusivamente de imposto sobre a renda da pessoa física e seriam inaplicáveis ao caso. Na tributação das pessoas jurídicas, ao contrário do que ocorre com as pessoas físicas, imperaria, via de regra, o regime de competência, embora haja situações em que a legislação tributária autorize o sujeito passivo a optar pelo regime de caixa. No caso sob exame, uma vez que a contribuinte teria optado pela tributação com base no lucro presumido no anocalendário de 2005, também poderia ter optado pelo regime de caixa. Todavia, teria informado expressamente na ficha 53B, linha 23, de sua DIPJ/2006 (fl. 1631), haver adotado o regime de competência. Fl. 2536DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.536 7 não haveria previsão legal para compensarse débito de IRPJ com crédito de IRPF. Todavia, o IRPF recolhido pelo sócio, caso não tenha sido considerado pelo auditor no lançamento a que se refere o processo nº 10140.720723/201068, de interesse do Sr. Sérgio Carlos de Godoy Hidalgo, poderia, em tese, ser integralmente deduzido do IRPF lançado. A PFN não opôs argumentos contrários à admissibilidade do recurso especial interposto. Concluise, com isso, o relatório. Voto Vencido Conselheiro Luís Flávio Neto Relator CONHECIMENTO Em seu recurso especial, o contribuinte apresentou analiticamente argumentos para a demonstração da divergência jurisprudencial arguida, cumprindo com o que requer o art. 67 do RICARF. Compreendo que o despacho de admissibilidade bem analisou os requisitos de admissibilidade do recurso especial, concluindo corretamente quanto à legitimidade de seu integral conhecimento (fls. 2.513 do eprocesso). MÉRITO 1. IMUNIDADE SOBRE IMÓVEIS DESAPROPRIADOS PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. Imunidade tributária (ou incompetência tributárias) corresponde a hipóteses de não incidência tributária constitucionalmente qualificadas. O texto constitucional apresenta variadas imunidades tributárias, que podem ser classificadas a partir de uma série de características. No caso, a imunidade sobre imóveis desapropriados para fins de reforma agrária é: (i) expressa; (ii) geral; (iii) objetiva; (iv) incondicionada e; (v) declaratória. Tratase de imunidade expressa no art. 184 da Constituição, o qual deve conjugado com outros enunciados constitucionais: Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. (...) § 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Fl. 2537DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.537 8 Como se pode observar, o art. 184 da Constituição outorga competência à União para desapropriar imóvel que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização, destinandoo à reforma agrária. Com o propósito de garantir que os valores recebidos a titulo de indenização não fossem objeto de tributação, a Constituição Federal prevê a “isenção” (imunidade) de impostos federais, estaduais e municipais. Por sua vez, o art. 185 da CF/88 dispôs serem insuscetíveis de desapropriação a pequena e a média propriedade rural, desde que seja o único imóvel de seu proprietário (inciso I), e a propriedade produtiva (inciso II). Essa vedação pode ser compreendida como uma decorrência do princípio da propriedade. Tratase também de uma garantia: imóveis devidamente explorados por seus detentores, no gozo de seus direitos e conforme a sua função social, não devem ser reinvindicados pelo Estado, mas garantidos por este. Como também se depreende da Constituição, a imunidade sobre imóveis desapropriados para fins de reforma agrária pode ser classificada como geral, pois deve ser aplicada indistintamente a todos os impostos de quaisquer dos entes federados potencialmente incidentes sobre a operação. Tratase de imunidade objetiva, pois a norma constitucional tem como hipótese de incidência um dado objeto e não uma pessoa: a operação que gera a transferência ao Poder Público, para fins de reforma agrária (Constituição, art. 184, § 5º), de imóvel improdutivo (Constituição, art. 185). Notese que a interpretação das normas de imunidade deve ser conduzida de forma a concretizar os fins a que se destinam. Mas mesmo a interpretação teleológica ampliativa não autoriza o aplicador a se afastar desses dois núcleos objetivos da norma de imunidade. Devem ser abarcadas hipóteses em que: i) há transferência ao Poder Público de imóveis destinados à reforma agrária, pouco importando a vontade do particular em continuar com a propriedade do bem; ii) não há a adequada exploração do imóvel. Os debates do Colegiado me fizeram compreender que esses dois núcleos objetivos foram satisfeitos no caso concreto. Principiando com aquele segundo aspecto, verificase que o imóvel em questão não estava sendo explorado pelo seu proprietário, ainda que contra a sua vontade. O sujeito encontravase notoriamente destituído de seu poder de decisão quanto à exploração ou não das terras, que se tornou, então, improdutiva como decorrência da depredação, saques, atos atentatórias à integridade física de trabalhadores e outros eventos conduzidos pela invasão de terras do MST e não coibido pelo Poder Público. Vale registrar a pleura da i. Patrona do contribuinte, que declarouse testemunha de um ambiente de selvageria insustentável e sem perspectiva de solução provida pelo Estado, que precedeu o transferência do imóvel ao INCRA para fins de reforma agrária. Acionado quanto ao esbulho possessório que a ocupação do MST impunha ao particular, o Poder Público não garantiu a este a posse pacífica de seu bem, mas adquiriu o imóvel destinandoo à reforma agrária (INCRA). Tal como se dá em processos típicos de desapropriação, ao particular restou resignarse em não mais deter o bem imóvel em troca de TDAs diluídas por longos anos. Resta cumprido, portanto, também o primeiro núcleo objeto da norma de imunidade constitucional. Fl. 2538DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.538 9 No caso, o Decreto n. 433/92, com a nova redação que lhe foi dada pelo Decreto n. 2.614/98, conduz para que “áreas de manifesta tensão social para o assentamento de trabalhadores rurais”, outrora exploradas de forma produtiva por seus proprietários mas tornadas improdutivas em razão de esbulho possessório conduzido por movimentos sociais, sejam adquiridos pelo Poder Público sob a roupagem de “compra e venda” e não de desapropriação. Em tais casos, tal como se dá nos processos de desapropriação para reforma agrária, o Decreto impõe que o pagemento pela “compra e venda” seja realizado “efetuado de forma escalonada, em Títulos da Divida Agrária”. Merecem destaque os seguintes dispositivos do Decreto n. 433/92, com a nova redação que lhe foi dada pelo Decreto n. 2.614/98: Art. 1º Observadas as normas deste Decreto, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA fica autorizado a adquirir, mediante compra e venda, imóveis rurais destinados à implantação de projetos integrantes do programa de reforma agrária, nos termos das Leis nºs 4.504, de 30 de novembro de 1964, e 8.629, de 25 de fevereiro de 1993. (...) Art. 2º A aquisição imobiliária de que trata este Decreto ocorrerá, preferencialmente, em áreas de manifesta tensão social para o assentamento de trabalhadores rurais, visando atender à função social da propriedade. Parágrafo único. Compete ao INCRA definir e priorizar as regiões do País consideradas preferenciais para os fins do disposto neste artigo. Art. 11. O pagamento do preço contratado somente será efetuado após o registro da escritura pública no registro de imóveis competente. § 1º O pagamento será efetuado de forma escalonada, em Títulos da Divida Agrária, resgatáveis em parcelas anuais, iguais e sucessivas, a partir do segundo ano de sua emissão, observadas as seguintes condições: (...) Embora se trate de ato infralegal, os agentes administrativos do INCRA restavam vinculados ao Decreto n. 433/92, inclusive por razões de hierarquia. Daí porque a operação de transferência do imóvel foi rotulada como “compra e venda” e não como “desapropriação”. Ocorre, contudo, tratarse de espécie de imunidade incondicionada, pois a norma que deriva da Constituição é imediatamente aplicável, não cabendo a nenhum instrumento infraconstitucional a sua regulação ou interferência. Não poderia a lei e, por sucedâneo lógico, o Decreto (ato infralegal), excluir da hipótese de incidência da norma de imunidade tributária justamente casos em que há invasão violenta de terras não contida pelo Poder Público, com manifesta tensão social que conduz à impossibilidade de exploração produtiva por seus legítimos proprietários. A formalização da operação de transferência do bem imóvel ao Poder Público, tal qual requerida pelo Decreto n. 433/92, não tem a eficácia de afastar a fruição da norma constitucional, de eficácia imediata (incondicionada). Ademais, a imunidade em questão também pode ser classificada como declaratória, pois se funda na ausência de elemento fundamental para o fato gerador. Ocorre que a manifestação de vontade é aspecto fundamental e indissociável para a prática de fatos geradores de tributos: o indivíduo pratica ou não o fato gerador de um tributo conforme a sua Fl. 2539DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.539 10 vontade, restando compelido ao cumprimento da obrigação tributária desde que decida praticá lo. No caso concreto, é possível compreender que a manifestação de vontade do particular estava de tal forma comprometida que não foi efetivamente exercida. Como se pôde aferir, o sujeito encontravase destituído inclusive de seu poder de decisão quanto à exploração ou não da terra em conformidade com a sua função social, que se tornou improdutiva contra a sua vontade. Na verdade, a impossibilidade de manifestação livre de vontade pelo particular teve como causa, inclusive, a ausência de socorro do Poder Público para a contenção das sérias ameaças e dos graves danos que a ocupação do MST lhe impingia. Dessa forma, os fatores até aqui considerados são suficientes para que se conclua pela impossibilidade de manutenção do lançamento tributário discutido neste processo administrativo. Em caso semelhante, compreendeu esta e. CRSF, recentemente, que o fim teleológico da imunidade constitucional se materia intacta mesmo nos casos de compra e venda: Acórdão/CSRF n. 9101001.886, de 18/03/2014 IRPJ GANHO DE CAPITAL VENDA DE IMÓVEL REFORMA AGRÁRIA. Pelos fins teleológicos da norma imunizante, o disposto no art. 184, §5°, da Constituição Federal alcança o resultado apurado na venda de imóvel ao INCRA, cuja desapropriação era vedada por se tratar de terras produtivas, mas cuja aquisição pela União decorreu da necessidade de distender tensões sociais provocadas pela presença de numerosas famílias acampadas em torno da propriedade. Voto, portanto, para o PROVIMENTO do recurso especial do contribuinte. 2. VÍCIOS NO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO Por restar vencido quanto à incidência da imunidade tributária ao caso concreto, passo à análise das alegações do contribuinte quanto à existência de vícios insanáveis no lançamento tributário, atinentes à identificação do critério temporal, do sujeito passivo e da base de cálculo 2.1. Identificação do sujeito passivo da relação envolvida no caso concreto Tendo em vista os negócios jurídicos realizados com a FAZENDA SANTA MÔNICA antes de sua transferência ao INCRA, o recorrente alega que o lançamento tributário em discussão está eivado de erro na eleição do sujeito passivo. A Turma a quo, ao julgar essa matéria apresentada em caráter preliminar, resolveu afastála por concluir que “ao contrário do afirmado pela interessada, o registro do título de alienação do imóvel no cartório imobiliário competente não é mera formalidade. Ao contrário, faz parte da essência do ato de alienação” (fls. 2.280 do eprocesso). Compreendo que deve ser reformada a decisão a quo quanto a essa questão. No modelo de distribuição de competências tributárias adotado pela Constituição, os legisladores tributários de cada um dos entes federados devem se servir de Fl. 2540DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.540 11 diversificados fatos jurídicos para marcar a incidência do tributo. Para tanto, o legislador frequentemente realiza a remissão a institutos, conceitos ou formas do Direito Privado distintos mas relacionados entre si, tornandoos relevantes para a matéria fiscal. Mas é preciso compreender com clareza qual fato jurídico de Direito Privado é relevante para cada uma das específicas materialidades tributárias e, em especial, para o caso concreto. No presente caso, caso se considere a operação de transferência dos imóveis ao INCRA sujeita à incidência tributária (isto é, fora do escopo da imunidade do art. 184 da Constituição), haveria a potencial materialidade de ao menos dois entes federados diferentes, em face de fatos jurídicos tutelados pelo Direito Privado de forma distinta, ainda que relacionados entre si. Seria possível cogitar: ITBI, quando concretizarse o fato jurídico a “transmissão da propriedade”, tal como definida pelo Direito Privado (Constituição, art. 156; CTN, art. 35); IRPF, IRPJ e CSL, em que interessa, para a ocorrência do fato gerador, a aquisição de disponibilidade da renda, com a entrada de recursos ou de direitos incondicionalmente passíveis de liquidação (Constituição, art. 153; CTN, art. 43). O núcleo do critério material do ITBI, bem como o seu critério temporal, requer a transferência da propriedade do bem imóvel no cartório de registro de imóveis. Conforme o entendimento consagrado pelo e. STJ, são irrelevantes para a materialidade desse tributo municipal quaisquer fatos jurídicos anteriores à referida formalidade, como a assinatura de contratos, recebimento de parcelas etc. Citese esse recente acórdão: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS ITBI. FATO GERADOR. REGISTRO DA ALTERAÇÃO CONTRATUAL PERANTE A JUNTA COMERCIAL. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE REGISTRO DO TÍTULO TRANSLATIVO NO CARTÓRIO IMOBILIÁRIO. PRECEDENTES. 1. "O fato gerador do imposto de transmissão de bens imóveis ocorre com a transferência efetiva da propriedade ou do domínio útil, na conformidade da Lei Civil, com o registro no cartório imobiliário" (RMS 10.650/DF, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJU de 4/9/00). 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ, AgRg no REsp 1309667/RJ, Rel. Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA, julgado em 05/04/2016, DJe 13/04/2016) Por sua vez, fatos jurídicos muito distintos poderiam vir a ser relevantes para a materialidade de tributos como IRPF, IRPJ ou CSL. Primeiro, independentemente de registro no cartório de bens imóveis, a redução de capital levada a termo com o registro da AGE, com a entrega da FAZENDA SANTA MÔNICA realizada pela PLATINA ao Sr. SÉRGIO, poderia ensejar a incidência de IRPJ e CSL sobre a PLATINA, na hipótese de desintegralização do bem por valor superior ao seu valor contábil (RIR, art. 238). A questão deve ser observada não apenas com vistas ao caso sob julgamento. Em geral, se uma pessoa jurídica (“A”) reduz o seu capital em $100,00, com a entrega de bem Fl. 2541DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.541 12 imóvel ao sócio (“B”) adquirido por $50,00 (“valor contábil”), outorgandolhe o direito irretratável e irrevogável de proceder a sua transferência no cartório de bens imóveis. A União não estaria impedida de exercer a sua competência tributária pela pendência desse registro da transferência da propriedade no cartório de bens imóveis. A União poderia tributar a aquisição de disponibilidade jurídica de acréscimo patrimonial pela pessoa jurídica (“A”), evidenciado pela liquidação de obrigações perante o sócio (“B”) com ativos adquiridos por valor inferior (ganho de capital). Segundo, no caso concreto, também seria relevante à autoridade fiscal considerar o fato jurídico de “compra e venda” da FAZENDA SANTA MÔNICA ao INCRA, independentemente da transferência de sua propriedade no cartório de bens imóveis. No exemplo sugerido acima, suponhase que aquele sócio (“B”), que recebeu o bem imóvel pelo valor de $100,00, a despeito de não realizar o registro dessa transferência no cartório de bens imóveis, realize a outorga irretratável e irrenunciável desse direito a um terceiro (“C”), recebendo como contraprestação, à vista, $250,00. Também nesse caso, a União não estaria impedida de tributar o ganho de capital ($150,00), tendo como sujeito passivo o outorgante (“B”), independentemente de registros no cartório de bens imóveis. Ocorre que já haveria aquisição de disponibilidade da renda, com a entrada de recursos ou de direitos incondicionalmente passíveis de liquidação, que é a materialidade relevante para esses tributos de competência da União. Ainda nesse exemplo, é fundamental reconhecer que não poderia aquela pessoa jurídica (“A”) ser incluída na obrigação tributária pertinente a essa outorga realizada de “B” para “C”. Esse parece ser justamente um dos equívocos presentes no lançamento tributário sob julgamento. Após a redução de capital levada a termo com o registro da AGE da PLATINA, o sujeito passivo possível seria o Sr. SÉRGIO, a quem interessaria a disponibilidade de eventual acréscimo patrimonial decorrente dos TDAs entregues pelo INCRA. O Sr. SÉRGIO e não a PLATINA, portanto, deveria figurar no polo passivo do lançamento tributário sob discussão. Compreendo assistir razão à recorrente, quando se insurge contra o erro na eleição do sujeito passivo da obrigação tributária. 2.2. O regime de caixa aplicável às pessoas físicas. O segundo argumento suscitado pela recorrente, atinente ao diferimento decorrente do regime de caixa aplicável às pessoas físicas, decorre da atribuição dos supostos rendimentos em questão ao Sr. SÉRGIO e não à empresa PLATINA, analisado logo acima. Sustenta o recorrente que a exigência tributária em questão apenas poderia ocorrer na medida em que TDAs fossem liquidados pelo INCRA, conforme o regime de caixa aplicável ao IRPF. Com a liquidação parcelada, a tributação deveria ocorrer na medida do efetivo recebimento. No entanto, o lançamento tributário foi realizado conforme o regime de competência, regime geral das pessoas jurídicas. A decisão recorrida rejeitou o argumento em questão, nos seguintes termos: Fl. 2542DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.542 13 “Alega a recorrente, em segundo lugar, que como o pagamento pela venda do imóvel rural foi feito em TDAs, e como esses títulos têm prazos de resgate que variam de dois a dez anos, o ganho de capital deveria ser tributado na medida dos prazos para resgate. Sustenta sua argumentação no art. 21 da Lei nº 7.713/88 e no art. 31 da Instrução Normativa SRF nº 84/2001. Não assiste razão, neste ponto, à defesa. É que tanto a Lei nº 7.713/88 quanto a Instrução Normativa SRF nº 84/2001 tratam exclusivamente de imposto sobre a renda da pessoa física, conforme prescreve os seus arts. 1º, verbis: (...) O caso dos autos, todavia, é de imposto sobre a renda de pessoa jurídica e de contribuição social sobre o lucro líquido, daí porque, aqui, não se aplicam nem a Lei nº 7.713/88 nem a Instrução Normativa SRF nº 84/2001. Na tributação das pessoas jurídicas, ao contrário do que ocorre com as pessoas físicas, impera, via de regra, o regime de competência, embora haja situações em que a legislação tributária autorize o sujeito passivo a optar pelo regime de caixa. No caso sob exame, uma vez que a contribuinte optou pela tributação com base no lucro presumido no anocalendário de 2005, também poderia haver optado pelo regime de caixa. Todavia, informou expressamente na ficha 53B, linha 23, de sua DIPJ/2006 (fl. 1631), haver adotado o regime de competência. Em assim sendo, segundo o regime de competência, os fatos geradores do IRPJ e da CSLL ocorreram no 4º trimestre de 2005, período em que o imóvel foi vendido ao INCRA, não importando a data do efetivo recebimento (resgate das TDAs).” Notese, portanto, que a conclusão construída pelo acórdão a quo partiu da premissa de que o contribuinte seria pessoa jurídica optante pelo lucro presumido apurado conforme o regime de competência. Tendo em vista que o potencial sujeito passivo seria o Sr. SÉRGIO e não a PLATINA, a premissa em questão mostrase equivocada.. Deve ser aplicado ao caso o art. 21 da Lei nº 7.713/88: Art. 21. Nas alienações a prazo, o ganho de capital será tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver. Notese, ainda, o disposto na Instrução Normativa SRF nº 84/2001: Art. 31. Nas alienações a prazo, o ganho de capital é apurado como se a venda fosse efetuada à vista e o imposto é pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida, até o último dia útil do mês subseqüente ao do recebimento. Neste sentido se manifestou a jurisprudência do CARF: Acórdão 2402005.279, de 11/05/2016, 2ªT/4ªC/2ªSJ IRPF. DECADÊNCIA. GANHO DE CAPITAL. VENDA PARCELADA. O momento a partir do qual é contado o prazo decadencial no ganho de capital em vendas à prazo é aferido quando do recebimento de cada parcela, visto que é então que ocorre a subsunção do fato à norma jurídica de tributação do imposto de renda pessoa física, nos termos do art. 21 da Lei nº 7.713/1988, c/c a ressalva constante no art. 116 do CTN. Acórdão 2801003.557, de 15/05/2014, 1ªTE/2ªSJ GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÕES A PRAZO. MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Nas alienações de bens a prazo, o fato gerador ocorre no momento da alienação e o ganho de capital deverá ser Fl. 2543DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.543 14 apurado como venda à vista, com vencimento do imposto, de forma proporcional, na medida em que os pagamentos forem sendo realizados. O recebimento de valores de forma parcelada não altera e nem fraciona a data da ocorrência do fato gerador referente ao ganho de capital. Acórdão 2102002.325, de 16/10/2012, 2ªT/1ªC/2ªSJ IRPF. GANHO DE CAPITAL. VENDA PARCELADA. FATO GERADOR. Na apuração do ganho de capital decorrente de venda parcelada de bens, deve ser considerado o fato gerador como ocorrido na data do recebimento de cada uma das parcelas pactuadas, à medida do seu recebimento. Portanto, também por esse fundamento deve ser afastado o lançamento tributário. 2.3. Base de cálculo zero: inexistência de ganho de capital na transferência do imóvel rural A terceira matéria objeto de divergência diz respeito à existência ou não de ganho de capital tributável, conforme as regras específicas para imóveis rurais. No caso, deve ser observado o disposto na Lei nº 9.393/96: Art. 19. A partir do dia 1º de janeiro de 1997, para fins de apuração de ganho de capital, nos termos da legislação do imposto de renda, considerase custo de aquisição e valor da venda do imóvel rural o VTN declarado, na forma do art. 8º, observado o disposto no art. 14, respectivamente, nos anos da ocorrência de sua aquisição e de sua alienação. Parágrafo único. Na apuração de ganho de capital correspondente a imóvel rural adquirido anteriormente à data a que se refere este artigo, será considerado custo de aquisição o valor constante da escritura pública, observado o disposto no art. 17 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Portanto, para a apuração do ganho de capital na alienação de imóvel rural, deve ser considerado: i) como custo de aquisição, o VTN declarado na DIAT no ano da aquisição; ii) como valor de alienação, o VTN declarado na DIAT no ano da alienação. No caso concreto, tanto a aquisição quanto a alienação do imóvel rural pelo Sr. SÉRGIO ocorreram em 2005. Dessa forma, o VTN declarado na DIAT seria equivalente em ambas as operações, de forma a não haver base de cálculo para o tributo, que seria igual a “zero”. O acórdão a quo, no entanto, compreendeu que a DIAT apresentada em 2005 deveria ser desconsiderada, nos seguintes termos: “Pois bem, alega a recorrente que em 29/04/2005 devolveu o imóvel rural denominado Fazenda Santa Mônica ao anterior proprietário, o Sr. Sérgio Carlos de Godoy Hidalgo. Afirma que, tendo o Sr. Godoy apresentado sua DIAT/2005 (fl. 1666 e ss.) informando como valor da propriedade aquele pelo qual, Fl. 2544DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.544 15 posteriormente, em 28/11/2005, o alienou ao INCRA, não houve ganho de capital, haja vista o estabelecido no art 19 da Lei no 9.393/96. Ocorre que, como visto no item 2 deste voto, no momento de sua alienacã̧o ao INCRA, a proprietário de duas das três glebas da Fazenda Santa Mônica era a pessoa jurídica Platina Agropecuária S.A., e não o Sr. Sérgio Carlos de Godoy Hidalgo. Isso posto, na apuração do ganho de capital de que cuida o presente processo, relativo à venda dessas duas glebas ao INCRA, não tem efeito para o disposto no art 19 da Lei no 9.393/96 qualquer informação prestada pelo Sr. Sérgio Carlos de Godoy Hidalgo em sua DIAT/2005. Não há, portanto, como se acolher essa alegação da defesa.” Permissa vênia, a DIAT entregue em 2005, atinente à FAZENDA SANTA MÔNICA (fls. 1.666 e seg. do eprocesso), não pode ser desconsiderada pelo fundamento exposto no acórdão a quo. Ocorre que não apenas os proprietários registrados no Cartório de Registro de Imóveis são legitimados à entrega da DIAT, como se observa da IN n. 256/2002: Art. 4º Contribuinte do ITR é o proprietário de imóvel rural, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. § 1º É titular do domínio útil aquele que adquiriu o imóvel rural por enfiteuse ou aforamento. § 2º É possuidor a qualquer título aquele que tem a posse do imóvel rural, seja por direito real de fruição sobre coisa alheia, no caso do usufrutuário, seja por ocupação, autorizada ou não pelo Poder Público. § 3º Na hipótese de desapropriação do imóvel rural por pessoa jurídica de direito privado delegatária ou concessionária de serviço público, é contribuinte: I o expropriado, em relação aos fatos geradores ocorridos até a data da perda da posse ou da propriedade, observado o disposto no art. 5º; II o expropriante, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir da imissão prévia ou provisória na posse ou da transferência ou incorporação do imóvel rural ao seu patrimônio. § 4º Para fins do disposto nesta Instrução Normativa, não se considera contribuinte do ITR o arrendatário, comodatário ou parceiro de imóvel rural explorado por contrato de arrendamento, comodato ou parceria. Por sua vez, a IN SRF n. 256, de 11.12.2002 prevê: DECLARAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 36. O sujeito passivo, inclusive o isento, ou a pessoa imune deve apresentar anualmente, em modelo aprovado pela SRF, a Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR) correspondente a cada imóvel rural, composta pelos seguintes documentos: I Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR (Diac), mediante o qual o sujeito passivo, inclusive o isento, ou a pessoa imune deve prestar à SRF as informações cadastrais correspondentes a cada imóvel rural e a seu titular; II Documento de Informação e Apuração do ITR (Diat), mediante o qual o sujeito passivo deve prestar à SRF as informações necessárias ao cálculo do ITR e apurar o valor do imposto correspondente a cada imóvel rural. § 1º As informações constantes no Diac integrarão o Cafir, cuja administração cabe à SRF, que pode, a qualquer tempo, solicitar informações visando à sua atualização. Fl. 2545DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.545 16 § 2º A inscrição do imóvel rural no Cafir e os efeitos dela decorrentes não geram qualquer direito ao proprietário, ao titular do domínio útil e ao possuidor a qualquer título. § 3º As pessoas isentas ou imunes do ITR estão dispensadas de preencher o Diat. Art. 37. Os termos, locais, formas, prazos e condições para a apresentação da DITR serão fixados anualmente pela SRF em ato administrativo próprio. Nesse cenário, ainda que na qualidade de mero possuidor, o Sr. SÉRGIO seria legitimado à entrega da aludida DIAT no ano de 2005, não podendo ser ignorada, portanto, a norma prescrita pelo art. 19 da Lei nº 9.393/96. Também por esse fundamento, deve ser afastado o lançamento tributário. 2.3. Na hipótese de manutenção da exigência tributária: compensação do IRPF recolhido pelo Sr. SÉRGIO Por restar vencido o entendimento quanto ao cancelamento do lançamento tributário, resta analisar o pedido do contribuinte, de que ao menos os valores recolhidos pela pessoa física sejam abatidos do débito em questão, lançado em face da pessoa jurídica. Os debates do Colegiado me fizeram compreender pela procedência desse pedido. Ocorre que, concluindose que não há a relação obrigacional que se entendia existente em relação à pessoa física e que justificou o recolhimento do IRPF, de forma a exigirse, para a mesma operação, a apuração de IRPJ e CSL, a exigência tributária deve considerar os valores já espontaneamente recolhidos aos cofres públicos. 2. DISPOSITIVO DO VOTO Nesse seguir, voto por CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso especial do contribuinte. Por restar vencido quanto ao cancelamento do débito, voto também para dar PROVIMENTO ao pedido de abatimento dos tributos exigidos nestes autos do IRPF já recolhido sobre a operação. (assinatura digital) Conselheiro Luís Flávio Neto, relator. Fl. 2546DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.546 17 Voto Vencedor Conselheira Adriana Gomes Rêgo Redatora Designada Em que pese o muito bem fundamentado voto do Ilustre Relator, a maior parte dos integrantes deste Colegiado divergiu de suas conclusões, especificamente em relação aos seguintes temas: 1 Incidência da Imunidade Tributária sobre a Compra e Venda para Fins de Reforma Agrária. Inicio este tema aduzindo que a imunidade tributária se dá quando o legislador constituinte, ao promover a repartição de competência, deixa fora do campo de incidência tributária certos bens, pessoas, patrimônios ou serviços. Assim, a imunidade tributária é um instrumento limitador do poder de tributar, excluindo da esfera de competência de determinado ente federativo situações previamente disciplinadas no texto constitucional. O Professor Paulo de Barros Carvalho traz o seguinte conceito de imunidade: “A classe finita e imediatamente determinável de normas jurídicas, contidas no texto da Constituição Federal, que estabelecem de modo expresso a incompetência das pessoas políticas de direito interno, para expedir regras instituidores de tributos que alcancem situações específicas e suficientemente caracterizadas.” (Curso de direito tributário. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 178). Vêse, então, que a imunidade atinge uma classe finita e determinável, é estabelecida de modo expresso, alcançando situações específicas e suficientemente caracterizadas. Diante disso, e rendendo minhas homenagens à riqueza com que foi abordado o tema neste julgamento, não posso concordar que, por via de interpretação, seja estendida a imunidade tributária prevista no art. 184, da Constituição Federal, sobre imóveis desapropriados para reforma agrária, ao caso em tela, que trata de alienação compra e venda ainda que para a mesma finalidade, no caso, para reforma agrária, e isto por inexistência de expressa disposição constitucional nesse sentido. Como já exaustivamente dito, a imunidade tributária que alcança os imóveis desapropriados para reforma agrária encontrase prevista no art. 184, da Constituição Federal: Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa Fl. 2547DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.547 18 indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. § 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. § 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. § 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. § 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. § 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Diante dessas premissas e, como já consignado, o instituto constitucional da desapropriação tem natureza totalmente distinta do instituto civil da compra e venda. E a grande distinção entre eles é o elemento volitivo, ou seja, a vontade do agente, presente em um e ausente em outro. Na desapropriação, há a perda da propriedade por um ato de soberania do Poder Público, pouco importando a vontade do possuidor de deixar de ter a posse/propriedade sobre o imóvel, imperando a vontade do Poder Público em tomar aquela propriedade para o fim de reforma agrária. Aqui, não há uma contrapartida, já que não há qualquer tipo de contra pagamento por um preço que fora prépactuado. O que existe é mera compensação, via indenização, a ser estipulada também unilateralmente, pelo ente que está a promover a desapropriação. Assim, ao possuidor/proprietário, não resta praticamente nenhuma liberdade de decidir pela transferência de propriedade. Por outro lado, na compra e venda, grosso modo, o que impera é a vontade das partes, uma em adquirir, a outra em alienar. Há estipulação de preço, forma e local de pagamento e essa negociação pode resultar até em ganho econômico para ambas as partes. No presente caso o que ocorreu foi uma operação de compra e venda de imóvel rural para fins de reforma agrária. O sujeito passivo, legítimo possuidor/proprietário do imóvel rural denominado Fazenda Santa Mônica, vendeuo, alienouo, por sponte própria ao Poder Público INCRA, por um preço préestabelecido. O ilustre relator afirma que, mesmo nas condições acima, e ainda que não haja expressa disposição constitucional, a venda da Fazenda Santa Mônica pela pessoa jurídica PLATINA AGROPECUÁRIA S.A. (antiga Hidalgo Participações), ao INCRA estaria protegida pela imunidade constitucional. E faz isso a partir de uma interpretação muito particular que estende o benefício da imunidade destinada aos imóveis desapropriados para reforma agrária, ao imóvel rural alienado pela PLATINA AGROPECUÁRIA S.A.. Fl. 2548DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.548 19 Entendo que compete, privativamente ao Poder Judiciário e, em especial, ao STF, interpretar a Constituição Federal, tarefa essa defesa ao agente administrativo mormente quando essa interpretação resulta em limitar a competência tributária de um ente federativo que foi legitimamente atribuída pelo legislador constituinte. Isto porque, como dito, ao falar de competência não estamos a tratar apenas do poder de tributar mas também na limitação a este poder. Outro não poderia ser o diploma legislativo a tratar de competência dos entes tributários senão a Constituição Federal, pois são normas que definem o modo de aquisição e limitação do poder Estatal. É bem verdade o que aqui tanto se consignou a respeito da situação em que se encontrava o imóvel rural alienado, correndo o risco de ser invadido por integrantes de movimentos sociais. Essa situação pode ter influenciado, de certa forma, a vontade do sujeito passivo em proceder a alienação, por entender que essa seria a melhor ou até a única solução para o seu caso. Contudo, tudo o que se disse a respeito da falha do Poder Púbico em proteger a propriedade particular, não garantir a posse pacífica de um bem pelo seu legítimo possuidor, não pode ser justificativa para o Poder Público incorra em outro erro, o de, por meio de seus agentes, descumprir uma prescrição constitucional. O Decreto nº 433, de 1992, com as alterações promovidas pelo Decreto nº 2.614, de 1998, regulamentou a aquisição de imóveis rurais, para fins de reforma agrária, por meio da compra e venda. Esse diploma legal prevê o seguinte: Art. 1º. Observadas as normas deste Decreto, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA fica autorizado a adquirir, mediante compra e venda, imóveis rurais destinados à implantação de projetos integrantes do programa de reforma agrária, nos termos das Leis nºs 4.504, de 30 de novembro de 1964, e 8.629, de 25 de fevereiro de 1993. § 1º. A compra e venda autorizada por este Decreto realizarseá ad mensuram, na forma estabelecida pela legislação civil. § 2º. É vedada a aquisição de imóveis rurais, que, pelas suas características, não sejam adequados à implantação de projetos integrantes do programa de reforma agrária. (NR) (Redação dada ao artigo pelo Decreto nº 2.614, de 03.06.1998) Art. 2º. A aquisição imobiliária de que trata este Decreto ocorrerá, preferencialmente, em áreas de manifesta tensão social para o assentamento de trabalhadores rurais, visando atender à função social da propriedade. Parágrafo único. Compete ao INCRA definir e priorizar as regiões do País consideradas preferenciais para os fins do disposto neste artigo. (NR) (Redação dada ao artigo pelo Decreto nº 2.614, de 03.06.1998) [...] Art. 4º Definidas as regiões do País que atendem ao disposto no art. 2º, o INCRA procederá à seleção dos imóveis rurais que pretende adquirir por compra e venda, a fim de neles implantar projetos integrantes do programa de reforma agrária, destinados Fl. 2549DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.549 20 a reduzir demandas de acesso à terra ou a aliviar tensões sociais ocorrentes na área. Observase que o referido decreto prevê, de forma expressa, que tem preferência na aquisição por compra e venda, para fins de reforma agrária, justamente o imóvel que se situe em área de manifesta tensão social. Exatamente como no caso sob apreciação. Portanto, a ameaça de invasão do imóvel por integrantes de movimentos sociais não pode ser escusa para pretenderse exigir que a imunidade tributária dirigida aos imóveis desapropriados para reforma agrária, alcance os resultados econômicos de uma compra e venda, quando não há nada que disponha nesse sentido. Ao contrário, há expressa disposição constitucional em via inversa. Ademais, é de se ressaltar que ao proprietário que teve a posse esbulhada, se esse era o motivo que comprometia a sua liberdade, se apresentavam possibilidades outras de retomar a legitima posse do imóvel por meios jurídicos. Sim, é verdade que esses meios poderiam demandar em um longo período de tempo, sem falar no prejuízo econômico, até que se retornasse o resultado almejado, que poderia nem sequer ser experimentado. Mas esse tipo de avaliação também não cabe neste momento porque macularia a parcialidade deste julgamento. Afinal, todos nós estamos sujeitos ao mesmo ordenamento jurídico, com suas virtudes e suas mazelas. Voltando ao ponto, vimos que a grande distinção entre o instituto constitucional da desapropriação e o instituto civil da compra e venda é a vontade. Numa compra e venda a vontade das partes é aquela manifestada no estabelecimento de um preço, das condições de pagamento desse preço. E só detém o poder de estabelecer preço e condições de pagamento quem é o legítimo proprietário do imóvel, no uso e fruição de sua posse. E o mesmo Decreto nº 433, de 1992 (com alterações posteriores) deixa claro a partir de suas previsões quem, no presente caso, detinha a vontade, a liberdade e, portanto, a posse do imóvel rural Fazenda Santa Mônica: Art. 4ºA. Feita a seleção de um ou mais imóveis, o INCRA poderá proceder a abertura de processo administrativo destinado a adquirilos por compra e venda. § 1º. Cada processo administrativo de aquisição terá por objeto um único imóvel, e será instaurado com a oferta de venda formulada pelo titular do domínio ou por seu representante legal ou com a proposta de compra de iniciativa do INCRA, que poderão abranger a totalidade ou parte da gleba. § 2º. A oferta de venda formulada pelo proprietário ou por seu representante legal deverá conter o preço pedido, a forma e as condições de seu pagamento, e expressa permissão para que o INCRA proceda à vistoria e avaliação do imóvel ofertado. Claro está que é o proprietário da terra é quem fixa o preço da alienação para fins de reforma agrária, ou, ao menos, é ele quem precisa concordar com o preço oferecido. Ora, se é o proprietário quem fixa o preço da alienação do imóvel para o fim de reforma agrária, é óbvio que não se trata de desapropriação, tampouco se pode dizer que há qualquer semelhança com esse instituto. Como visto, na desapropriação, a perda da propriedade se dá por um ato soberano e unilateral do Poder Público, e a indenização Fl. 2550DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.550 21 devida ao proprietário pela expropriação também é estipulada unilateralmente pelo Poder Público. Ao proprietário, neste caso, resta apenas se conformar... Mais uma vez, e como bem lembrou o relator do voto condutor do acórdão atacado, a desapropriação de imóvel rural para fins de reforma agrária é instituto de estatura constitucional, daí porque a “isenção” prevista no art. 184, § 5º, do Texto Magno é, tecnicamente, uma imunidade, haja vista que não pode ser revogada pelo legislador ordinário. O legislador constitucional restringiu a imunidade do imposto de renda exclusivamente para os casos em que haja a perda da propriedade por ato do poder público, não podendo se estender tal beneficio para os contribuintes que exerçam o direito de alienar por moto próprio seus bens, independentemente da motivação que sustenta o exercício do direito de comprar e vender e mesmo que a destinação seja para a reforma agrária. Essa imunidade constitucional não pode ser estendida pelo agente administrativo, por meio de mera interpretação, para o fim de limitar o poder de tributar de um ente da Federação, cuja competência foilhe outorgada pela Constituição Federal. Em face a tudo o quanto aqui se expôs, não se pode equiparar a venda realizada pelo sujeito passivo, do imóvel rural em comento, à desapropriação, para o fim de incidir, ao caso, a imunidade tributária. 2 Sujeito Passivo da Obrigação Tributária Neste ponto o colegiado também discordou das conclusões do ilustre relator. De acordo com as alegações da defesa o Sr. Sérgio Carlos Godoy Hidalgo era o proprietário da Fazenda Santa Mônica que, por sua vez, era formada pela reunião de três glebas, cada uma detendo um registro imobiliário matrículas 1680, 1681, e 1682 Ao constituir a pessoa jurídica Hidalgo Empreendimentos e Participações S/A hoje, PLATINA, o sócio promoveu a integralização de sua participação no capital social da empresa por meio da transferência da Fazenda Santa Mônica à pessoa jurídica PLATINA. Mas a averbação dessa transferência só foi feita em relação a duas glebas do imóvel, registros 1681 e 1682, já que a terceira gleba registro 1680 encontravase gravada com uma hipoteca. Posteriormente, o imóvel Fazenda Santa Mônica foi transferido devolvido ao sócio majoritário da pessoa jurídica e antigo proprietário das glebas, Sérgio Carlos de Godoy Hidalgo, conforme ata nº 001 da Assembléia Geral Extraordinária. Mais uma vez, neste momento, o cartorário recusouse a averbar a referida transferência das matrículas 1681, e 1682 porque elas se encontravam gravadas com hipotecas. Temse, que, diante disso, a propriedade do imóvel, no momento da venda para o INCRA, era da Hidalgo Empreendimentos e Participações S/A hoje, PLATINA e não do sócio Sérgio Carlos Godoy Hidalgo. Esta foi justamente a razão pela qual o INCRA não pôde adquirir os imóveis da pessoa física mencionada, mas do efetivo proprietário, a PLATINA. A defesa não concorda com isso por entender que o registro do imóvel é mera formalidade que tem por finalidade garantir a segurança dos negócios em relação a terceiros, porém, jamais poderia ser considerado como requisito essencial à validade do ato. Fl. 2551DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.551 22 Com a devida vênia, buscandose fundamento no direito civil (art. 1.245 do Código Civil), temse que a transferência da propriedade só é considerada juridicamente realizada quando registrada no cartório de imóveis, quando então essa propriedade passa a ser, inclusive, oponível a terceiros. Portanto, antes do registro do instrumento de alienação/aquisição no registro de imóveis, não há transmissão de propriedade. E foi o que ocorreu no presente caso, em que a restituição do imóvel Fazenda Santa Mônica ao sócio Sérgio Carlos Godoy Hidalgo não foi averbada no registro de imóveis. Assim, a propriedade da Fazenda Santa Mônica permaneceu com a pessoa jurídica PLATINA, sendo precisamente esse o motivo de o INCRA ter comprado o imóvel da pessoa jurídica e não da pessoa física. Em face do exposto há que se concluir que o sujeito passivo da obrigação tributária, no presente caso, é a pessoa jurídica PLATINA AGROPECUÁRIA S.A., nova denominação de Hidalgo Empreendimentos e Participações S/A. 3 Valor da Base de Cálculo. Para fins de cálculo e apuração do ganho de capital, o agente fiscal adotou os valores de alienação constantes nas matrículas dos imóveis. A autoridade julgadora de 1ª Instância acatou esses valores, sob a seguinte fundamentação: Na escritura de compra e venda há a discriminação de valores das benfeitorias e da totalidade da terra nua. De fato, não há um valor de terra nua por cada uma das glebas matriculadas no registro de imóveis. Em face disso, não restou nenhuma opção ao registrador senão proceder como consta na certidão de matrícula: fazer um rateio do valor da terra nua especificado na escritura, proporcional à área de cada um dos imóveis. E ao autuante cabia tão somente acatar tais valores, em face do caráter público e oficial do documento. Como dito exaustivamente pela recorrente, ela entende que o imóvel rural denominado Fazenda Santa Mônica foi restituído ao seu antigo proprietário e sócio da empresa em 29/04/2005. Assim, como a propriedade, segundo seu raciocínio, seria do Sr. Sérgio Carlos de Godoy Hidalgo e como esta pessoa física apresentou DIAT/2005 informando como valor da propriedade aquele pelo qual teria alienado ao INCRA em 28/11/2005 e, dessa forma, não haveria ganho de capital em face do que dispõe o art. 19 da Lei no 9.393/96: Art. 19. A partir do dia 1º de janeiro de 1997, para fins de apuração de ganho de capital, nos termos da legislação do imposto de renda, considerase custo de aquisição e valor da venda do imóvel rural o VTN declarado, na forma do art. 8º, observado o disposto no art. 14, respectivamente, nos anos da ocorrência de sua aquisição e de sua alienação. Parágrafo único. Na apuração de ganho de capital correspondente a imóvel rural adquirido anteriormente à data a que se refere este artigo, será considerado custo de aquisição o Fl. 2552DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.552 23 valor constante da escritura pública, observado o disposto no art. 17 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. O ilustre relator do voto vencido acatou a tese da recorrente por entender que "No caso concreto, tanto a aquisição quanto a alienação do imóvel rural pelo Sr. SÉRGIO ocorreram em 2005. Dessa forma, o VTN declarado na DIAT seria equivalente em ambas as operações, de forma a não haver base de cálculo para o tributo, que seria igual a “zero”. (destaquei). Contudo, como visto, a alienação do imóvel ao INCRA foi feita pelo seu legítimo possuidor e proprietário, no caso a PLATINA AGROPECUÁRIA S.A., nova denominação de Hidalgo Empreendimentos e Participações S/A. Eis porque os valores declarados pelo Sr. Sérgio Carlos de Godoy Hidalgo na sua DIAT/2005, não tem qualquer influência sobre este julgamento. A turma a quo, partindo da mesma conclusão que aqui se chegou a respeito da propriedade do imóvel no momento da alienação ao INCRA, promoveu os devidos ajustes no cálculo da base imponível, nos seguintes termos, com os quais concordo: Pois bem, examinando os autos do processo é possível concluir que o laudo de avaliação do INCRA, que serviu de base ao valor da compra e venda da Fazenda Santa Mônica, não discrimina, para cada uma das três glebas que a compõem, o respectivo valor da terra nua e das benfeitorias (fl. 499 e ss.). O laudo foi elaborado segundo as diversas classes de terras observadas no imóvel com um todo, bem como o tipo de benfeitorias ali existentes. Do mesmo modo, também na escritura pública de compra e venda da Fazenda Santa Mônica não há discriminação de valores de venda relativamente a cada uma de suas três glebas. Ademais, consta neste documento que a ora recorrente recebeu do INCRA 50% pelo valor da venda do imóvel como um todo, tendo os outros 50% sido recebidos pelo Sr. Sérgio Carlos de Godoy Hidalgo (em relação à repartição do valor das benfeitorias, vide também registro no Siafi à fl. 1478 e ss.). Assim, embora conste na certidão de registro imobiliário (fl. 227 e ss.) valores de venda para cada uma das três glebas que compõem a Fazenda Santa Mônica, é certo que esses valores foram atribuídos pelo tabelião proporcionalmente ao tamanho de cada gleba em relação ao todo. Tal procedimento, todavia, está em desacordo com o valor de venda do imóvel rural presente na escritura. Isso posto, tendo em vista que no lançamento foi utilizado o valor de venda presente na certidão de registro imobiliário, há que se dar razão à recorrente neste ponto, devendose retificar o cálculo do ganho de capital para tomar como valor de venda o constante da escritura de compra e venda. 3.1 REGIME DE COMPETÊNCIA. DESÁGIO NO VALOR DAS TDAS Fl. 2553DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.553 24 Outro argumento levantado pela defesa atinente à base de cálculo para apuração do ganho de capital foi na linha de que o pagamento pela venda do imóvel rural foi feito em TDAs, e como esses títulos têm prazos de resgate que variam de dois a dez anos, o ganho de capital deveria ser tributado na medida dos prazos para resgate, ou seja, de acordo com o regime de caixa previsto no art. 21 da Lei nº 7.713/88 e no art. 31 da Instrução Normativa SRF nº 84/2001. O colegiado a quo lembrou que tais comandos não poderiam ser aplicados ao caso em tela por serem dirigidos à apuração do imposto de renda devido pelas pessoas físicas, e o presente processo trata de apuração de ganho de capital obtido por pessoa jurídica. O ilustre relator deste acórdão também restou vencido na matéria por encampar a tese da recorrente que defende que a alienação foi promovida pela pessoa física do sócio: Notese, portanto, que a conclusão construída pelo acórdão a quo partiu da premissa de que o contribuinte seria pessoa jurídica optante pelo lucro presumido apurado conforme o regime de competência. Tendo em vista que o potencial sujeito passivo seria o Sr. SÉRGIO e não a PLATINA, a premissa em questão mostrase equivocada. No entanto, com a devida vênia, a premissa equivocada é exatamente a adotada pelo ilustre relator. Como ficou sobejamente demonstrado, a alienante da Fazenda Santa Mônica ao INCRA, para fins de reforma agrária, foi a pessoa jurídica PLATINA AGROPECUÁRIA S.A., nova denominação de Hidalgo Empreendimentos e Participações S/A, legitima proprietária do imóvel rural, ora sujeito passivo da obrigação tributária aqui apreciada. Nesse sentido, faço minhas as palavras do relator do voto condutor do acórdão recorrido: Na tributação das pessoas jurídicas, ao contrário do que ocorre com as pessoas físicas, impera, via de regra, o regime de competência, embora haja situações em que a legislação tributária autorize o sujeito passivo a optar pelo regime de caixa. No caso sob exame, uma vez que a contribuinte optou pela tributação com base no lucro presumido no anocalendário de 2005, também poderia haver optado pelo regime de caixa. Todavia, informou expressamente na ficha 53B, linha 23, de sua DIPJ/2006 (fl. 1631), haver adotado o regime de competência. Em assim sendo, segundo o regime de competência, os fatos geradores do IRPJ e da CSLL ocorreram no 4º trimestre de 2005, período em que o imóvel foi vendido ao INCRA, não importando a data do efetivo recebimento (resgate das TDAs). Em terceiro lugar alega a interessada que, tendo em vista os longos prazos de resgate das TDAs, o valor da venda do imóvel deveria sofrer um deságio com vistas a se apurar o seu valor presente. Diz que esse valor presente de venda, em torno de R$ 17.500.000,00, é o que deve servir de base para o cálculo do ganho de capital. Fl. 2554DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.554 25 Também aqui não assiste razão à recorrente. Não há na legislação do IRPJ e da CSLL qualquer dispositivo que autorize esse deságio. Ao contrário, a lei é expressa ao apontar o valor de venda como a base para o cálculo do ganho de capital. Assim, sob esse aspecto, esta relatora não tem nada a acrescentar ao voto do colegiado a quo. Por todo o exposto encaminho meu voto no sentido de conhecer do Recurso Especial da Contribuinte e, no mérito, negarlhe provimento. Como restei vencida no tocante ao pedido de abatimento dos valores recolhidos a título de IRPF, do crédito tributário constituído nestes autos, prevalece, no caso, o voto do relator. É como voto. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Declaração de Voto Conselheiro André Mendes de Moura Venho esclarecer os motivos por ter acompanhado, pelas conclusões, o relator a respeito da matéria "imunidade na compra e venda de imóvel". A situação apresentada pela Contribuinte foi a de que o imóvel estava invadido por integrantes do Movimento Sem Terra (MST), o que ensejaria a desapropriação do imóvel. Contudo, considerandose que a propriedade era considerada "produtiva", não se poderia realizar a desapropriação, razão pela qual o INCRA efetuou a aquisição do imóvel rural com base no Decreto nº 2.614, de 03/06/1998. Como a operação deuse por meio de compra e venda, e não por desapropriação, foi efetuado o lançamento fiscal, por entender que a alienação não estaria amparada pela imunidade. A princípio, cumpre registrar que aqui se fala em imunidade, e não em outorga de isenção, no qual o art. 111 do CTN dispõe que se interpreta literalmente a legislação tributária. Fato é que situação similar foi julgada pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no Acórdão nº 9101001.886, de 18/03/2014, com composição bastante diferente da atual 1, conforme ementa que segue: 1 Segue composição do julgamento: Henrique Pinheiro Torres (Presidente Substituto), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Valmir Sandri, Valmar Fonseca de Menezes, André Fl. 2555DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.555 26 IRPJ GANHO DE CAPITAL VENDA DE IMÓVEL REFORMA AGRÁRIA. Pelos fins teleológicos da norma imunizante, o disposto no art. 184, §5°, da Constituição Federal alcança o resultado apurado na venda de imóvel ao INCRA, cuja desapropriação era vedada por se tratar de terras produtivas, mas cuja aquisição pela União decorreu da necessidade de distender tensões sociais provocadas pela presença de numerosas famílias acampadas em torno da propriedade. Como se pode observar deuse provimento ao recurso da Contribuinte por maioria, em Colegiado do qual participei na condição de Conselheiro Suplente. Contudo, na ocasião, votei em sentido contrário ao do relator. Ocorre que, deparandome novamente com caso semelhante nos presentes autos, na sessão de outubro de 2016, pedi vista para apreciar melhor os autos e refletir sobre o direito. E resolvi mudar meu posicionamento sobre o assunto. Transcrevo os artigos 184 e 185 da Lei Maior: Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. (...) Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: I a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; II a propriedade produtiva. (grifei) A desapropriação ocorre por interesse social, para fins de reforma agrária, em imóvel que não esteja cumprindo sua função social, e desde que não seja pequena e média propriedade rural e propriedade produtiva. O que não se pode ser desconsiderado na apreciação do caso concreto é que a propriedade estava invadida por manifestantes do MST. E, em razão de inúmeras famílias já instaladas na região (não apenas na fazenda em debate), já havia se consolidado cenário no qual seria realizada reforma agrária pelo INCRA. No caso, há que se analisar: o imóvel estava destinado para fins de reforma agrária? Estava cumprindo sua função social? Era propriedade produtiva? Mendes de Moura (Suplente Convocado), Marcos Vinicius Barros Ottoni (Suplente Convocado), Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado) e Suzy Gomes Hoffmann. Fl. 2556DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.556 27 Respondo a primeira pergunta: é incontroverso nos autos que o imóvel estava destinado para fins de reforma agrária. Sobre a segunda pergunta: transcrevo o art. 186 da Lei Maior: Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I aproveitamento racional e adequado; II utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV exploração que favoreça o bemestar dos proprietários e dos trabalhadores. Como dizer que um imóvel atende a requisitos de aproveitamento racional e adequado, ou promove utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, se estava com a administração e o funcionamento completamente prejudicado em razão da invasão de terceiros? Sobre a terceira pergunta, faço a mesma reflexão: como dizer que a propriedade é produtiva se está em situação de invasão dos militantes do MST? O pressuposto para a propriedade atender sua função social, ser uma propriedade produtiva, dentre outros requisitos, é que, antes de tudo, o direito de propriedade (e a posse) esteja garantido. E quando se diz que o imóvel não está cumprindo sua função social, tratase de situação consumada não apenas quando o proprietário dá causa, mas também quando o mesmo proprietário se vê impedido em razão de fatores exógenos. Ou seja, não ocorre exclusivamente por negligência do proprietário, mas também por negligência do Estado, que não garantiu o direito constitucional da propriedade/posse2 violado pelo movimento social O mesmo se aplica quanto a produtividade: sua ausência por ocorrer tanto por conta de negligência do proprietário, quanto porque o proprietário está impedido, porque os agentes de produção tem obstáculo intransponível para produzir, em razão da invasão da propriedade. Produção, sob uma perspectiva econômica, envolve a combinação e o emprego de recursos essenciais, como a terra, trabalho, capital, capacidade tecnológica e empresarial, para que a economia possa obter bens e serviços que atendam aos desejos e necessidades da coletividade 3. Insisto: como compreender que uma propriedade é produtiva diante da situação exposta no caso concreto? 2 Vide Constituição Federal, art. 5º: XXII é garantido o direito de propriedade; 3 ROSSETI, José P. Introdução à economia, 16ª ed. São Paulo : Atlas, 1994, p. 129 e 189. Fl. 2557DF CARF MF Processo nº 10140.720721/201079 Acórdão n.º 9101002.483 CSRFT1 Fl. 2.557 28 E, apreciandose o Decreto nº 2.614, de 1998, não obstante tratar de compra e venda, esclarece logo no art. 1º que a operação destinase à implantação de programa de reforma agrária, e faz remissão expressa às Leis nº 4.504, de 1964 (Estatuto da Terra) e 8.629 de 1993 (que regulamenta os dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária). O pagamento da propriedade é efetuado em Títulos da Divida Agrária, em parcelas anuais, nos mesmos moldes da desapropriação. Assim, não obstante o negócio ter sido formalizado junto ao INCRA como operação de compra e venda, materialmente revestese de todos os elementos presentes em uma desapropriação. Diante do exposto, acompanho o relator pelas conclusões, para dar provimento ao recurso especial da Contribuinte em relação à matéria "imunidade na compra e venda de imóvel". (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Fl. 2558DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18050.001566/2008-94
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/1998 a 31/10/1998
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-005.006
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 05 0. 00 15 66 /2 00 8- 94 Fl. 392DF CARF MF Processo nº 18050.001566/200894 Acórdão n.º 9202005.006 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 393DF CARF MF Processo nº 18050.001566/200894 Acórdão n.º 9202005.006 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 394DF CARF MF Processo nº 18050.001566/200894 Acórdão n.º 9202005.006 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 395DF CARF MF Processo nº 18050.001566/200894 Acórdão n.º 9202005.006 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 396DF CARF MF Processo nº 18050.001566/200894 Acórdão n.º 9202005.006 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 397DF CARF MF Processo nº 18050.001566/200894 Acórdão n.º 9202005.006 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 398DF CARF MF Processo nº 18050.001566/200894 Acórdão n.º 9202005.006 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 399DF CARF MF Processo nº 18050.001566/200894 Acórdão n.º 9202005.006 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 400DF CARF MF Processo nº 18050.001566/200894 Acórdão n.º 9202005.006 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 401DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16696.720239/2014-62
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF. RENDIMENTOS DE ALUGUEL. LIVRO CAIXA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
Pela falta de previsão legal para dedução de despesas escrituradas em Livro Caixa no caso de rendimentos de aluguéis e também pela falta de Comprovação de despesas pagas para cobrança ou recebimento dos rendimentos de aluguéis, deve ser mantida a infração de dedução indevida de Livro Caixa.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.577
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso para negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felicia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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RENDIMENTOS DE ALUGUEL. LIVRO CAIXA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Pela falta de previsão legal para dedução de despesas escrituradas em Livro Caixa no caso de rendimentos de aluguéis e também pela falta de Comprovação de despesas pagas para cobrança ou recebimento dos rendimentos de aluguéis, deve ser mantida a infração de dedução indevida de Livro Caixa. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 69 6. 72 02 39 /2 01 4- 62 Fl. 52DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso para negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felicia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild. Fl. 53DF CARF MF Processo nº 16696.720239/201462 Acórdão n.º 2402005.577 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Conforme relatório da decisão recorrida, tratase de Notificação de Lançamento (fls. 04/07) em nome do recorrente identificado em epígrafe, decorrente de procedimento de revisão da sua Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física (DIRPF) do exercício 2012 (fls. 25/34). A autoridade lançadora apurou a infração de dedução indevida de Livro Caixa, com glosa no valor de R$ 48.093,72, por falta de justificativa hábil para esta dedução, uma vez que os rendimentos declarados são provenientes de aluguéis e do trabalho assalariado. Em virtude deste lançamento, apurouse Imposto de Renda Pessoa Física suplementar de R$ 13.225,77, multa de ofício de R$ 9.919,32, além de juros de mora de R$ 2.057,92 (calculados até março de 2014). Com a ciência da Notificação, por via postal, em 09/04/2014 (fl. 09), o Interessado apresentou impugnação (fls. 02/03) em 09/05/2014, complementada pela petição de fls. 13/14, alegando, em síntese, que: a) as despesas escrituradas em Livro Caixa correspondem aos encargos para manutenção da fonte pagadora, incluindo pessoal assalariado, material de limpeza e conservação e despesas com pessoal administrativo, contador e advogado; b) tem em seu poder os documentos comprobatórios das despesas; e c) os rendimentos declarados não são provenientes do trabalho assalariado, mas sim em sua totalidade dos aluguéis de bens, para os quais exerce a atividade de autônomo como administrador. Em sessão realizada em 23 de Fevereiro de 2016, a DRJ/RJ julgou a impugnação improcedente, conforme decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2012 RENDIMENTOS DE ALUGUEL. LIVRO CAIXA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Pela falta de previsão legal para dedução de despesas escrituradas em Livro Caixa no caso de rendimentos de aluguéis e também pela falta de comprovação de despesas pagas para cobrança ou recebimento dos rendimentos de aluguéis, deve ser mantida a infração de dedução indevida de Livro Caixa. A recorrente foi intimada da decisão e interpôs recurso voluntário, aduzindo, em síntese, que: Fl. 54DF CARF MF 4 Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 55DF CARF MF Processo nº 16696.720239/201462 Acórdão n.º 2402005.577 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheira Bianca Felicia Rothschild Relatora O recurso é TEMPESTIVO, eis que intimado da decisão no dia 15/04/2016, interpôs recurso voluntário no dia 13/05/2016, atendendo também às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser CONHECIDO. DEDUÇÃO DE DESPESAS DE LIVRO CAIXA De acordo com o artigo 75 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999), o contribuinte que percebe rendimentos de trabalho não assalariado pode deduzir da receita decorrente do exercício da respectiva atividade uma serie de despesas que são necessárias a percepção de tal receita, conforme discriminação em Livro Caixa. O contribuinte apensa aos autos as folhas do Livro Caixa e defende que tais despesas são dedutíveis para fins de imposto de renda. No entanto, ao analisar as Declarações do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (Dirfs) que apresentam o Recorrente como beneficiário de rendimentos, estas apontam que a natureza dos mesmos é de rendimentos de aluguéis. A grande quantidade de bens imóveis de sua propriedade declarados na DIRPF corrobora a informação de rendimentos de aluguéis. O próprio recorrente afirma no recurso voluntário que tratamse de receitas decorrentes de alugueis, vejamos: Fl. 56DF CARF MF 6 Apesar de mencionar orientação dada aos contribuintes pela Receita Federal no Perguntas e Respostas de 2014 que justificaria as deduções por ele realizadas em Livro caixa, não foi possível localizar tal orientação. Sendo assim, entendo que devam ser aplicadas as deduções previstas em lei, mais especificamente no artigo 50 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999), e não a dedução de despesas escrituradas em Livro Caixa conforme feito pelo Recorrente. Art. 50. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto, no caso de aluguéis de imóveis: I o valor dos impostos, taxas e emolumentos incidentes sobre o bem que produzir o rendimento; II o aluguel pago pela locação de imóvel sublocado; III as despesas pagas para cobrança ou recebimento do rendimento; IV as despesas de condomínio. Em analise ao artigo acima mencionado vis a vis as despesas mencionadas no Livro Caixa apresentado pelo recorrente, verificase que a remuneração paga a terceiros com vínculo empregatício e despesas de custeio em geral (material de limpeza e conservação) não são hipóteses de dedução dos rendimentos de aluguel. No entanto, as despesas incorridas a título de comissões pagas para administradores de imóveis são dedutíveis na medida em que forem devidamente comprovadas por documentação legítima. Pela falta de previsão legal para dedução de despesas escrituradas em Livro Caixa no caso de rendimentos de aluguéis e também pela falta de comprovação de despesas pagas para cobrança ou recebimento dos rendimentos de aluguéis, deve ser mantida a infração de dedução indevida de Livro Caixa. Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, mantendo o crédito tributário lançado, acrescido de multa de ofício e juros de mora calculados de acordo com a legislação vigente. Firme no entendimento exposto, voto por CONHECER, mas NEGAR PROVIMENTO ao recurso de forma a manter o Crédito Tributário. (assinado digitalmente) Bianca Felicia Rothschild. Fl. 57DF CARF MF
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Numero do processo: 10280.004249/2006-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001
PEDIDO DE RESSARCIMENTO DE CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INSUMO EMPREGADO NO PROCESSO PRODUTIVO. CARÊNCIA PROBATÓRIA QUANTO À ATIVIDADE DE INDUSTRIALIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
Impossibilidade de reconhecimento de crédito presumido de IPI objeto de pedido administrativo de ressarcimento na ausência de material probatório mínimo apto a fundamentar que as operações praticadas pela contribuinte consistiria em industrialização e não simples revenda de mercadoria.
Numero da decisão: 3401-003.237
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado da Primeira Turma da Quarta Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
LEONARDO OGASSAWARA DE ARAÚJO BRANCO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-presidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rodolfo Tsuboi.
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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E EXP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001 PEDIDO DE RESSARCIMENTO DE CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INSUMO EMPREGADO NO PROCESSO PRODUTIVO. CARÊNCIA PROBATÓRIA QUANTO À ATIVIDADE DE INDUSTRIALIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Impossibilidade de reconhecimento de crédito presumido de IPI objeto de pedido administrativo de ressarcimento na ausência de material probatório mínimo apto a fundamentar que as operações praticadas pela contribuinte consistiria em industrialização e não simples revenda de mercadoria. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado da Primeira Turma da Quarta Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. LEONARDO OGASSAWARA DE ARAÚJO BRANCO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vicepresidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rodolfo Tsuboi. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 00 42 49 /2 00 6- 42 Fl. 464DF CARF MF 2 Relatório 1. Tratase de Pedido de Ressarcimento de Crédito Presumido de IPI, fundado nos dispositivos da Lei n° 9.363/96, relativo ao segundo trimestre de 2001, no valor de RS 59.594,17, formulado em 10/02/2005 por meio do programa PER/DCOMP. 2. Reproduzimos, abaixo, pela fidelidade aos fatos, trecho do relatório presente na Resolução n° 20300.916, julgada em sessão de 03/09/2008: "(...) diante da documentação obtida junto à interessada e carreada para o processo, a Seort indeferiu totalmente o pedido por meio de Despacho Decisório por entender que a empresa não realizou operações de industrialização e sim de simples revenda de mercadorias adquiridas no mercado interno. Para assim ter deliberado, fundamentouse nos fatos de que, tanto na DIPJ, quanto nos livros fiscais, não há a indicação de que tenha havido a industrialização, já que os campos próprios de preenchimento das respectivas informações estão zerados, bem como que, tanto nas notas fiscais de aquisição junto aos seus fornecedores, quanto nas suas notas fiscais de saídas para exportação, constava 'madeira serrada'. Além disso, no objetivo social constante do contrato social não consta a atividade de industrialização e tampouco a empresa escritura o Livro de Apuração do IP1. Na Manifestação de Inconformidade, a interessada, inicialmente, argumenta que se trata, sim, de uma empresa industrial exportadora e que opera com a finalidade precípua de industrialização da madeira, atuando, mais especificamente, na etapa final da cadeia produtiva, qual seja, o seu beneficiamento e o seu acondicionamento. Em sede de preliminar, pede a nulidade do Despacho Decisório por ter sido o mesmo elaborado sem que tivesse sido realizada uma diligência fiscal junto ao seu estabelecimento, o que, a seu ver, resultou numa análise superficial e rasteira dos documentos, com fundamentos de decisão neles garimpados e, por isso mesmo, insustentáveis perante os eventos legais e fáticos que amparam a sua pretensão. Outro motivo para justificar o pedido de nulidade se prende ao fato de que o agente julgador deveria ter inscrição no Conselho Regional de Contabilidade. No mérito, inicia transcrevendo dispositivos do Regulamento do IPI nos quais julga que suas atividades estejam subsumidas, as quais descreve em detalhes, para reforçar a ideia de que é uma empresa industrial. Diz ainda a Impugnante que o fato de as notas fiscais de aquisição conterem a expressão "madeira para exportação" não significa que as mesmas não possam vir a receber um processo de industrialização na etapa seguinte, e que, além disso, é norma da Secretaria Estadual de Fazenda fazer tal exigência por conta dos benefícios fiscais que concede aos produtores. Rechaça também o fundamento de que a coincidência de medidas da madeira, quer, na nota fiscal de entrada, quer na nota fiscal de Fl. 465DF CARF MF Processo nº 10280.004249/200642 Acórdão n.º 3401003.237 S3C4T1 Fl. 465 3 saída, estaria a indicar que não houve realmente a industrialização, visto que não houve a diligência fiscal para validar tal argumento e que o processo produtivo é mais complexo e não se limita a medidas das peças produzidas. Justifica a ausência de escrituração de livros relacionados à apuração do IPI por ter sua atividade voltada para a exportação, bem como pelo fato de seus fornecedores lhe venderem produtos NT. Assim, não lida com créditos nem com débitos do referido imposto, daí entender não se ver obrigado à escrituração. Ademais disso, sua condição de industrial não poderia ser retirada pela falta de cumprimento de mera obrigação acessória. Quanto à ausência de informações que pudessem conduzir ao entendimento que exerce a interessada atividade industrial, quer por conta das omissões na sua DIPJ, nos livros de entrada e de saída de mercadorias, nas notas fiscais de saída, e no seu contrato social, atribui a erros de preenchimento e a um "erro societário", não podendo os mesmos prevalecer sobre a realidade fática. Por fim, pede a Impugnante o reconhecimento também do direito à atualização monetária do crédito ora postulado, bem como a realização de perícia. A 3ª Turma da DRJ em Belém PA, entretanto, não considerou os argumentos da interessada, indeferindoos integralmente em decisão assim ementada: Acórdão DRJ nº 018793, de 2007 Imposto sobre Produtos Industrializados IPI CREDITO PRESUMIDO. RESSARCIMENTO. O direito ao ressarcimento do crédito presumido do IPI, instituído pela Lei nº 9.363, de 1996, é condicionado à comprovação de que os produtos exportados foram efetivamente industrializados pela empresa, com a utilização dos insumos para tal adquiridos. No Recurso Voluntário a interessada praticamente repete as argumentações postas na sua Manifestação de Inconformidade, enfatizando que o presente caso deve ter como norte a obediência ao princípio da primazia da realidade, ou seja, o que ocorre na prática deve prevalecer sobre os documentos, de sorte que reste caracterizada a sua condição de industrial e não de mero revendedor de mercadorias. Fez ajuntada de um "Laudo Técnico", elaborado por Engenheiro Florestal, segundo o qual fica demonstrado que efetivamente realiza a industrialização dos produtos que exporta. Aduz ainda, para refutar as coincidências de descrição da madeira nas notas fiscais de compra e de venda, que, segundo a TIPI, tanto a madeira simplesmente serrada que adquire e que constitui em sua matéria prima, quanto a madeira beneficiada (classificada, tratada quimicamente, Fl. 466DF CARF MF 4 secada/estufada, refilada, destapada e aplainada), possuem o mesmo código, qual seja '4407.24.10'". 3. O Conselheiro Odassi Guerzoni Filho, que nos antecedeu na presente relatoria, votou por condicionar o reconhecimento do direito ao ressarcimento a uma nova análise por parte da unidade de origem, convertendo, assim, o julgamento em diligência para nova análise nos cálculos que resultaram no montante pleiteado, nos seguintes termos: "Em face de todo o exposto, da documentação carreada ao processo, dos argumentos trazidos pela Recorrente, bem como do debate que travamos nesta Sessão, reconheço que suas atividades são de industrialização (beneficiamento), porém, condiciono o reconhecimento do direito ao ressarcimento a uma nova análise por parte da Unidade de origem, bem como que sejam procedidas às retificações nos livros Reg. de Entradas e de Saídas, que seja escriturado o Livro Reg. Apuração de IPI, conforme explicitado acima. Assim, fica o presente julgamento convertido em diligência para que a Unidade de origem, caso atendidas as condições acima, proceda a uma nova análise nos cálculos que resultaram no montante ora pleiteado. Nessa análise e a bem da ênfase, poderá a Unidade de origem fazer as considerações que julgar pertinentes acerca do processo produtivo da empresa, caso sua diligência resulte em informação relevante acerca do mesmo. A interessada deverá ser cientificada quanto ao resultado da diligência, podendo, no prazo de trinta dias, se manifestar a respeito". 4. O Serviço de Fiscalização da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belém lavrou o termo de início de diligência fiscal, e intimou o contribuinte a apresentar (a) o livro Registro de Entradas dos anos calendário de 2000 e 2001, devidamente retificado e autenticado pelo órgão competente; (b) o livro Registro de Saídas dos anos calendário de 2000 e 2001, devidamente retificado e autenticado pelo órgão competente; e (c) o livro Registro de Apuração do IPI dos anos calendário de 2000 e 2001, devidamente autenticado pelo órgão competente. 5. Entretanto, as tentativas de intimar a contribuinte se mostraram infrutíferas, o que culminou com a expedição de edital eletrônico: “(...) improfícuas as tentativas de localização do contribuinte no seu domicílio fiscal, mesmo por via postal. Constatouse que a PJ encontrase inativa desde o ano calendário de 2009 (vide relação de DIPJ’s em anexo). Por esta razão, a ciência do Termo de Início do Procedimento Fiscal se deu por Edital (Edital Eletrônico nº 000645759, em anexo), em 24/07/2014. 3) Esgotado o prazo concedido ao contribuinte para apresentação do Livro Registro de Entradas (retificado), do Livro Registro de Saídas (retificado) e do Livro Registro de Apuração do IPI, sem que o mesmo tenha se manifestado, consideramos não cumprida a condição para a realização de nova análise dos cálculos do Crédito Presumido do IPI pleiteado, motivo pelo qual deixamos de fazêla”. Fl. 467DF CARF MF Processo nº 10280.004249/200642 Acórdão n.º 3401003.237 S3C4T1 Fl. 466 5 6. Tendo retornado os autos a este Conselho, foi proferida a Resolução n° 3401000.886, julgada em sessão de 28/01/2015 para a finalidade de intimar a contribuinte no endereço de seus sócios. 7. Após restarem infrutíferas as tentativas de intimação postal no endereço dos sócios, foi lavrado o edital eletrônico. Decorrido o prazo legal para que a contribuinte se manifestasse, os autos retornaram. É o Relatório. Voto Leonardo Ogassawara de Araújo Branco 8. A contribuinte requereu o reconhecimento de sua condição como empresa exportadora, fazendo jus ao benefício fiscal instituído pela Lei nº 9.363/1996, e, em decorrência, que fosse reconhecida a totalidade do crédito pleiteado na PER/DCOMP, devidamente atualizado. 9. O processo de industrialização da recorrente é descrito da seguinte forma: (a) Compra e classificação da matériaprima: aquisição de madeira em bruto dos diversos centros produtores e sua reunião em local único, onde é feita a sua classificação. A classificação consiste em separálas por tipo, tamanho e qualidade, sendo, ao final, remetidas para a planta industrial. (b) Recepção e classificação da matériaprima: descarregamento e estocagem no pátio da indústria. Segunda classificação: as espécies e tamanhos de madeiras são classificadas em consonância com os tipos de pedidos efetuados pelos clientes e empilhadas para direcionamento para a próxima etapa. (c) Secagem: a madeira é colocada em estufas (próprias ou terceirizadas) nas quais é submetida a calor a vapor de modo a se obter o grau de umidade ideal para o produto final, ocorrendo aqui a primeira modificação em relação ao estágio da matériaprima no seu estágio inicial, visto que, nesta etapa, sua concentração de umidade, peso e espessura já não correspondem aos da matériaprima que iniciou o processo produtivo.Pode ser dar também ao ar livre. O tempo de secagem varia em função do tipo de madeira, umidade anterior e umidade desejada, podendo durar dias ou semanas. (d) Beneficiamento: após a secagem, a madeira é transportada para os equipamentos responsáveis pelo beneficiamento, onde sofre: (a.i) refilamento: transformação de uma pela de madeira em duas ou mais; (a.ii) destopo: corte transversal para determinar o comprimento da peça, transformando uma peça em uma ou mais peças com tamanho determinado; (a.iii) aplainamento: retoques em alguns ou em todos os lados do produto. Fl. 468DF CARF MF 6 Nesta fase fica a matériaprima já transformada em produto acabado com largura e comprimento determinado pelo adquirente através de pedido previamente formulado e diferente da matériaprima inicial, inclusive pela aplicação de materiais intermediários. (e) Embalagem: empilhados, embalados e transportados para embarque nos containeres para envio ao porto. 10. Em vista do laudo apresentado, que conta, ainda, com detalhes e fotos que lançam luz sobre o processo produtivo da empresa, associados à verossimilhança das alegações, parecenos inegável que a contribuinte realiza operações de industrialização nos termos da legislação pertinente, em especial, o art. 4º do Decreto nº 2.637/1998 (Regulamento do IPI), em vigor à época dos fatos: Decreto nº 2.637/1998 (Regulamento do IPI) Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como: I a que, exercida sobre matériaprima ou produto intermediário, importe na obtenção de espécie nova (transformação); II a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); III a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem); IV a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); V a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento). Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados. 11. Esta também foi a mesma conclusão a que chegou o conselheiro que nos antecedeu na presente relatoria, na fundamentação do voto que deu origem à Resolução n° 20300.916, julgada em sessão de 03/09/2008: "Do conjunto das informações e documentos constantes do processo, bem como do confronto do processo produtivo com os dispositivos do RIPI/98 que caracterizam a industrialização, especialmente o inciso II, do artigo 4o , Fl. 469DF CARF MF Processo nº 10280.004249/200642 Acórdão n.º 3401003.237 S3C4T1 Fl. 467 7 acima reproduzido, me convenci de que as atividades da empresa são efetivamente a de industrialização (beneficiamento), não podendo ser tratada como mera revendedora de madeiras. Com esse entendimento, afasto a motivação dada pela autoridade fiscal para considerar que a empresa não é um estabelecimento industrial, qual seja: a) o fato de o contrato social não dispor sobre a atividade industrial; b) o fato de não possuir ela escrituração do Livro Reg. Apuração do IPI; c) o fato de o Livro Reg. de Entradas e o Livro Reg. de Saídas não conterem registros de operações relacionadas especificamente ao processo produtivo (respectivamente, operações registradas sob o CFOP 1.11 e 2.11, que se referem a compras para industrialização, sob o CFOP 7.11, que sé refere a vendas da produção do estabelecimento para o mercado externo); d) o fato de na DIPJ ter sido informado o valor do custo das mercadorias vendidas e não o custo de produção de fabricação própria, e também ter sido deixado em branco o campo correspondente às aquisições de matériaprima, material secundário e material de embalagem para utilização no processo produtivo; e) o fato de nas notas fiscais de aquisição constar como produto adquirido "madeiras serradas", sendo que idêntica expressão consta das notas fiscais de saída; e f) o fato de as notas fiscais de venda ter sido utilizado o código 7.12, que significa vendas de mercadorias adquiridas de terceiros para o mercado externo, em vez do código 7.11, que significa as vendas da produção do estabelecimento pra o mercado externo. Embora tenha de admitir que a empresa está completamente equivocada ao não seguir a determinação expressa contida no artigo 345 do RIPI/98 no sentido de que, em sendo um estabelecimento industrial, deva preencher corretamente os livros fiscais correspondentes, especialmente o Livro Reg. de Apuração do IPI, não creio que esse e os demais equívocos acima reproduzidos e assumidos pela empresa, possam inviabilizar o seu direito ao aproveitamento dos benefícios trazidos pela Lei nº 9.363, de 1996, caso, realmente, se confirmem procedente os valores pleiteados. Primeiro, porque, na linha do que alega a Recorrente, entendo que deva prevalecer a realidade fática sobre a realidade documental, embora, admita, não se possa ter isso como regra absoluta. Ocorre que neste processo e abstendome de considerar relevantes e prejudiciais os erros, aliás, confessos, da Recorrente, no preenchimento de notas fiscais, de livros, da DIPJ, contrato social etc., os documentos estão a demonstrar claramente quais foram os valores formadores do crédito presumido que ora pleiteia, de maneira que, corrigidos tais equívocos, nada estaria a impedir que seu pedido pudesse ser analisado, desta feita, sob o manto, ou melhor, tendo cumprido as formalidades mínimas exigidas para tal. Assim, não obstante as regras que tratam da concessão do crédito presumido de IPI, quer as estipuladas na própria Lei n° 9.363/96, quer as na IN SRF n" 419, de 10/05/2004 e na IN SRF n° 441, de 11/08/2004, não condicionarem a fruição do benefício à escrituração do RAIPI, por certo, esse procedimento é Fl. 470DF CARF MF 8 o mínimo que se pode esperar de um estabelecimentoque se diz industrial e que deseja se aproveitar dos benefícios legais. Para mim, não vale o argumento trazido pela DRJ de que o artigo 16 da citada IN SRF n° 419, de 2004, conteria a regra para a obrigatoriedade do RAIPI, visto que o referido dispositivo foi direcionado para empresas industriais que possuem mais de um estabelecimento7, o que, até onde se sabe pelos presentes documentos, não é o caso. Por conta desses argumentos, direciono meu voto no sentido de reconhecer que o estabelecimento é industrial, embora deva enfrentar outros argumentos do Fisco mais adiante (...). (...).Tampouco, acrescento, consta de sua razão social. Mas, para mim, isso não se reveste em condição essencial para que determinada empresa seja considerada ou não como executora de operações de industrialização; o que deve prevalecer são os atos que pratica, não os que se dispôs a praticar, embora seja salutar que haja tal coincidência entre ambos. Como dito acima, resta agora deliberar sobre o outro argumento utilizado pela DRF para negar o direito ao crédito presumido, qual seja, o fato de, nas notas fiscais de aquisição de matériaprima (madeira), constar a expressão "para exportação", o que estaria a indicar que o fornecedor não seria contribuinte do PIS/Pasep e da Cofins, e, portanto, não haveria que se falar em restituição de ditas contribuições sob a forma do crédito presumido de IPI em favor da ora Recorrente. Realmente, na totalidade das notas fiscais de aquisição de madeira consta, na descrição dos produtos, a expressão "madeira para exportação". Além disso, também consta no campo "Informações Complementares" das ditas notas fiscais, um carimbo com os dizeres: 'Mercadoria destinada à exportação. Não incidência do I.C.M.S. conforme Lei n](...)'. A Recorrente se defende, primeiro, dizendo que os profissionais que preenchem os documentos fiscais nem sempre são providos de condições para compreender a língua portuguesa, que reputa complexa mesmo para especialistas, de modo que, onde está escrito "madeira para exportação", deve se entender "madeira tipo exportação". Ou seja, não seria a nota fiscal de entrada o fator determinante para se definir se haveria ou não industrialização por parte do adquirente. Divirjo da Recorrente quanto aos seus argumentos, mas, ao final das contas, concluo no mesmo sentido, já que, para mim, o significado daquela expressão "madeira para exportação" é um só, qual seja, tratase, efetivamente, de madeira que, industrializada ou não, terá como destino final o exterior, o que não significa dizer que o fornecedor emitente desta nota estará livre do pagamento do PIS/Pasep e da Cofins, pois, afinal, não terá sido ele o exportador, mas sim o estabelecimento para o qual ele forneceu as madeiras. Em outras palavras, o fornecedor da ora Recorrente, ao lhe vender as madeiras não incorreu numa operação imune à incidência do PIS/Pasep e da Cofins, já que realizou uma venda no mercado interno, e isso pode ser comprovado pela natureza da operação (venda) e o CFOP que inseriu nas suas notas fiscais (5.11, que indica venda no mercado interno). Fl. 471DF CARF MF Processo nº 10280.004249/200642 Acórdão n.º 3401003.237 S3C4T1 Fl. 468 9 Assim, afasto também o argumento da autoridade fiscal de que as matérias primas adquiridas não sofreram a incidência do PIS/Pasep e da Cofins, podendo, em princípio integrar a base de cálculo para determinação do crédito presumido de IPI." (seleção e grifos nossos). 12. Contudo, ainda que concorde com os argumentos acima formulados, assiste razão à autoridade de primeira instância administrativa na medida em que a descrição do produto nas notas fiscais de entrada e nas notas fiscais de saída é praticamente a mesma, indício de que não teria ocorrido industrialização, mas simples operação de compra e venda, não sendo possível se afirmar, com clareza, se ocorreu uma ou outra. 13. Não havendo certeza sobre os fatos, o reconhecimento do direito ao ressarcimento está condicionado à produção de material probatório mínimo que dê sustentação às alegações formuladas pela recorrente, não sendo possível se afirmar com a clareza necessária nem o crédito a que a contribuinte teria direito, nem se a totalidade das matérias primas indicadas teriam efetivamente passado pelo processo de beneficiamento 14. Neste sentido, principalmente em razão da ausência dos livros Registro de Apuração do IPI e do Registro de Entradas e de Saídas, uma vez que as repetidas tentativas de intimação da contribuinte e da pessoa de seus sócios resultaram infrutíferas, e em que pese reconhecer expressamente a contribuinte como produtora exportadora, não há como reconhecer o crédito por ela pleiteado em virtude de carência de material probatório apto a fundamentar que as operações praticadas pela recorrente consistiram em industrialização e não simples revenda de mercadoria. 15. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário interposto. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Fl. 472DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.913802/2011-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-001.052
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO. Recorrente RODOBENS CAMINHÕES PERNAMBUCO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER que pretende obter reconhecimento de direito creditório das contribuições por suposto pagamento a maior. O sistema informatizado da Receita Federal emitiu o Despacho Decisório em processamento automatizado indeferindo o pedido, afirmando que o valor do DARF de onde viria o crédito já estava totalmente comprometido em quitação de débito constante de declaração prestada pelo contribuinte ao Fisco. A contribuinte manifestou inconformidade, explicando que: 1. A autoridade de administração e a autoridade fiscal não tomaram conhecimento das razões da contribuinte para seu direito, nem se aprofundaram em sua análise, nem buscaram investigar os fatos; a contribuinte não foi intimada a explicar os fundamento do seu pedido antes do despacho decisório; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .9 13 80 2/ 20 11 -4 1 Fl. 243DF CARF MF Processo nº 10480.913802/201141 Resolução nº 3401001.052 S3C4T1 Fl. 3 2 2. seu direito repousa no fato de que ela indevidamente tinha incluído na base de cálculo do tributo receitas (tais como receitas financeiras, e outras), face a declaração de inconstitucionalidade pelo STF para o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/1998; pois a base de tributação deve se cingir às receitas de faturamento pela venda de mercadorias e da prestação de serviços. 3. Pede a reunião dos vários processos administrativos que tratam da mesma matéria/tributo, mudando apenas os períodos de apuração, para serem julgados na mesma ocasião. Os Julgadores de 1º piso não acolheram o pedido de reunião dos vários processos. Eles também consideraram improcedente o recurso da contribuinte, entendendo pela insuficiência de provas pelo alegado. Seria da contribuinte o ônus de provar o direito objeto do seu pedido, no momento da interposição da Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legalmente previstas, nos termos do art. 16, caput, III e §4°, do Decreto 70.235/72, conforme consta do voto da decisão recorrida. Concluíram, os Julgadores a quo, pelo não reconhecimento do direito creditório, nos termos do Acórdão 11041.053. Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual repisou as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade, e acrescentou as seguintes: ● não é verdade que houve insuficiência de provas, pois apresentou planilha, balancete e livro obrigatório da contabilidade da contribuinte; ● a autoridade fiscal não questionou a efetividade dos pagamentos em discussão; ● não pode prevalecer o entendimento esposados pelos julgadores de 1º piso de que houve preclusão para a juntada de provas; isso fere o disposto na letra "c" do § 4º do artigo 16 do Decreto n. 70.235, de 1972 (apresentar provas que se destine a contrapor fatos e razões posteriormente trazidas aos autos). Cita doutrina, acórdãos e jurisprudências; ● a falta de retificação da DCTF não deve servir de justificativa para não se analisar e se deferir o direito da contribuinte; ● Não procede o entendimento dos Julgadores a quo de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/1998 proferida pelo STF não seja de observação obrigatória no processo administrativo fiscal; ● a Verdade Material deve prevalecer, e a autoridade deve realizar um exame completo dos fatos. É o relatório Fl. 244DF CARF MF Processo nº 10480.913802/201141 Resolução nº 3401001.052 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3401000.984, de 25 de janeiro de 2017, proferida no julgamento do processo 10480.900040/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3401000.984): "Tempestivo o Recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Temos diante de nós mais um caso de despacho decisório processado automaticamente, sem que haja qualquer intervenção humana para rever o seu teor e a eventual existência de razões para questionar sua conclusão. É freqüente, nessas situações, que a contribuinte somente compreenda totalmente a situação quando recebe a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento mantendo o indeferimento eletrônico inicial, geralmente por falta de provas ou de contra argumentações por parte da contribuinte. Nessa toada, há os que se escudam no instituto da preclusão probatória para justificar a impossibilidade de reverter as negativas até então impostas à contribuinte. Coerente com minhas propostas de votação anteriores em situações semelhantes, baseado no argumento de que o princípio da verdade material deve prevalecer, relativizando as formalidades e os institutos preclusivos e assemelhados, e no argumento de que não é do interesse público maior praticar a injustiça fiscal qual seja, a manutenção no Tesouro do pagamento indevido , é que proponho que se tome providências para garantir substantivamente o contraditório (e não apenas formalmente) e para se verificar a verdade do alegado pelas partes. As teses que esposo divergem das postas no acórdão de 1º piso: (a) para uma visão absoluta do ônus probatório e do instituto da preclusão probatória, argumento em favor de que prevaleça a Verdade Material, e que os julgadores do processo administrativo possam agir e determinar providências nessa direção, aliás como expus em outros votos quando fiz alusão aos modelos trazidos pelo novo CPC; (b) que a negativa em pedidos de restituição e/ou compensações motivada pela inexistência de créditos líquidos e certos passe a considerar que a liquidez e certeza possam ser demonstradas ao longo do processo administrativo, não se limitando ao que o instruiu antes de sua chegada à instância de julgamento. Ressalto que a contribuinte, segundo que foi relatado, em sua primeira contestação havia juntado balancetes e planilhas, o que poderia ser no mínimo considerado princípio de prova. Fl. 245DF CARF MF Processo nº 10480.913802/201141 Resolução nº 3401001.052 S3C4T1 Fl. 5 4 Por isso, tendo em vista que a administração tributária de jurisdição não apreciou as razões do suposto direito creditório, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, converto o julgamento deste processo em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 246DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.730189/2013-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa do contribuinte. Descabe a alegação de nulidade quando não existirem no processo atos insanáveis, ainda mais quando comprovado que a autoridade lançadora observou, durante os trabalhos de auditoria, os procedimentos previstos na legislação tributária.
IMPOSTO DE RENDA PAGO NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE.
A pessoa jurídica poderá compensar o imposto de renda incidente, no exterior, sobre os lucros, rendimentos e ganhos de capital computados no lucro real, até o limite do imposto de renda incidente, no Brasil, sobre os referidos lucros, rendimentos ou ganhos de capital, desde que os documentos comprobatórios sejam reconhecidos pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto.
POSTERGAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
Devem ser cancelados os lançamentos baseados em postergação de receitas quando comprovada a sua inocorrência pela autoridade diligenciante.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS, COFINS E CSLL. DECORRÊNCIA.
Tratando-se de tributação reflexa decorrente de irregularidades apuradas no âmbito do Imposto sobre a Renda, constantes do mesmo processo, aplicam-se ao PIS, à COFINS e à CSLL, por relação de causa e efeito, os mesmos fundamentos e razões de decidir do lançamento primário.
Numero da decisão: 1201-001.616
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, mantendo apenas a autuação do IRPJ relativa ao item b) do voto.
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes e José Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008, 2009, 2010 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa do contribuinte. Descabe a alegação de nulidade quando não existirem no processo atos insanáveis, ainda mais quando comprovado que a autoridade lançadora observou, durante os trabalhos de auditoria, os procedimentos previstos na legislação tributária. IMPOSTO DE RENDA PAGO NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. A pessoa jurídica poderá compensar o imposto de renda incidente, no exterior, sobre os lucros, rendimentos e ganhos de capital computados no lucro real, até o limite do imposto de renda incidente, no Brasil, sobre os referidos lucros, rendimentos ou ganhos de capital, desde que os documentos comprobatórios sejam reconhecidos pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto. POSTERGAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Devem ser cancelados os lançamentos baseados em postergação de receitas quando comprovada a sua inocorrência pela autoridade diligenciante. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2008, 2009, 2010 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS, COFINS E CSLL. DECORRÊNCIA. Tratando-se de tributação reflexa decorrente de irregularidades apuradas no âmbito do Imposto sobre a Renda, constantes do mesmo processo, aplicam-se ao PIS, à COFINS e à CSLL, por relação de causa e efeito, os mesmos fundamentos e razões de decidir do lançamento primário.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, mantendo apenas a autuação do IRPJ relativa ao item b) do voto. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes e José Carlos de Assis Guimarães.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009, 2010 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa do contribuinte. Descabe a alegação de nulidade quando não existirem no processo atos insanáveis, ainda mais quando comprovado que a autoridade lançadora observou, durante os trabalhos de auditoria, os procedimentos previstos na legislação tributária. IMPOSTO DE RENDA PAGO NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. A pessoa jurídica poderá compensar o imposto de renda incidente, no exterior, sobre os lucros, rendimentos e ganhos de capital computados no lucro real, até o limite do imposto de renda incidente, no Brasil, sobre os referidos lucros, rendimentos ou ganhos de capital, desde que os documentos comprobatórios sejam reconhecidos pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto. POSTERGAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Devem ser cancelados os lançamentos baseados em postergação de receitas quando comprovada a sua inocorrência pela autoridade diligenciante. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009, 2010 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS, COFINS E CSLL. DECORRÊNCIA. Tratandose de tributação reflexa decorrente de irregularidades apuradas no âmbito do Imposto sobre a Renda, constantes do mesmo processo, aplicamse ao PIS, à COFINS e à CSLL, por relação de causa e efeito, os mesmos fundamentos e razões de decidir do lançamento primário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 73 01 89 /2 01 3- 18 Fl. 2803DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, mantendo apenas a autuação do IRPJ relativa ao item b) do voto. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes e José Carlos de Assis Guimarães. Relatório Como os fatos e a matéria jurídica foram bem relatados pela Resolução deste Colegiado, de 21 de janeiro de 2016, reproduzoa a seguir: Tratase de recurso voluntário interposto nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72, contra o acórdão nº 1655.545, exarado pela 2ª Turma da DRJ 1 em São Paulo SP. Por bem descrever o litígio objeto do presente processo, tomo de empréstimo o relatório contido na decisão de primeiro grau (fl. 2321 e ss.): Tratase de impugnação de fls. 416/440, apresentada contra os autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS, COFINS e multas isoladas pelo não recolhimento de estimativas de IRPJ e CSLL, no montante de R$ 171.366.413,77, aí incluídos multa de ofício e juros de mora calculados até a data da autuação. O auto de infração assim descreve as infrações às fls. 06/26, para a autuação do IRPJ: 0001 RECEITAS ESCRITURADAS E NÃO DECLARADAS RECEITAS OPERACIONAIS ESCRITURADAS E NÃO DECLARADAS Receitas operacionais escrituradas e não declaradas, no valor de R$ 1.579.827,49, referente a um crédito oriundo do exterior, conforme lançamento contábil, conta 2130106, em 31/12/2008 (Doc. 1). Fl. 2804DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 4 3 A contribuinte chegou a registrar na conta citada obrigações referentes ao IRPJ no montante de R$ 16.496.123,32, em 31/12/2008; ocorre que, na mesma data, transferiu para a conta 2430101 – RESULTADOS ACUMULADOS, o valor de R$ 1.579.827,49 e, por conseguinte, agregou ao lucro líquido sujeito a distribuição ao quadro societário, sem a devida tributação. Na escrituração contábil foram efetuados dois lançamentos para a transferência em 31/12/2008: D 2130106 IRPJ C 3280101 PROV IR 1.579.827,49 D 328.0101 PROV IR C 2430101 RESULTADOS ACUMULADOS 1.579.827,49 Como se vê, a conta 3280101 PROVISÃO PARA IMPOSTO DE RENDA foi debitada e creditada pelo mesmo valor, ou seja, o efeito foi zero, restando, induvidosamente, a transferência do valor para o Resultado Liquido do Período. Resultado de R$ 31.322.977,02 que, ainda em 31/12/2008, foi integralmente transferido para a conta "21605 DIVIDENDOS A PAGAR" (Doc. 10) e efetivamente distribuído em 02/03/2009, conforme Razão do anocalendário 2009 (Doc 11). (...) 0002 INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE ESCRITURAÇÃO REDUÇÃO INDEVIDA DO LUCRO REAL CAUSADA POR POSTERGAÇÃO DE RECEITAS – EMPRESAS IMOBILIÁRIAS E/OU CONTRATOS DE LONGO PRAZO A contribuinte desenvolve a atividade de montagem de usinas termoelétricas, tendo iniciado suas operações no anocalendário 2008. Para esse mister assinou três contratos de longo prazo, ainda em execução, a saber: Contrato I Porto do Pecém 720 MW UTE, de 27/01/2008; Contrato II Porto Itaqui 360 MW UTE, de 27/01/2008; e Contrato III Porto do Pecém BR 365 MW UTE, de 06/11/2008 (extratos anexos Doc. 15, 16 e 1). Entretanto, na apuração do resultado dos contratos, por não ter observado a IN SRF 21/79, reduziu indevidamente o Lucro Real em virtude de postergação no reconhecimento de receitas tributáveis dos períodos trimestrais do anocalendário 2009, no qual foi tributada com base no Lucro Real Trimestral, e do período do anocalendário 2010, que optou pela tributação com base no Lucro Real Anual. Intimada a respeito, conforme Termo de Intimação 007 PAPEL, respondeu (Doc. 13) em relação a cada projeto: 1 data da assinatura do contrato; 2 data de assinatura do último aditivo; Fl. 2805DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 5 4 3 valor contratado. Valor este que será utilizado no cálculo da apuração do resultado, conforme demonstrativos anexados; 4 custo total estimado. No caso, informa que não houve segregação dos custos de produção por contrato e dá um valor global; 5 data de reajuste e respectivos valores; 6 data da conclusão. A informação é que nada foi concluído até o presente momento. Quanto aos custos de produção foi lavrada nova intimação, desta feita em mídia eletrônica, identificada como Termo de Intimação 007 NOTES, que é complemento da 007 em PAPEL, exigindo a composição do custo total estimado por projeto. A resposta a este documento (Doc. 14), depois de alguns ajustes, informa os custos realizados até julho de 2013, dos contratos em conjunto, e o estimado para a conclusão final, também dos três projetos englobadamente, perfazendo, assim, o custo total estimado de R$ 3.436.828.976,00 (Doc. 12A, base para cálculo dos percentuais de realização dos contratos): (...) Considerando que os três projetos estão sendo executados simultaneamente, desde o início, e que na auditoria das contas de custos ficou constatado que não houve a segregação por contrato, é de se concluir que a apuração do resultado dos contratos por período, pode ser feito em conjunto, sem prejuízo para a fiscalizada. Para isso, determinouse a Receita Total Reajustada por projeto, de acordo com os números apresentados pela própria contribuinte e, posteriormente somadas por período (Doc. 12B), a saber: (...) Em razão da contribuinte não ter determinado o resultado dos contratos de longo prazo, por período de apuração, e por não ter apresentado Laudo Técnico de Execução, só restou à fiscalização a possibilidade de apurar o resultado com base no critério dos custos incorridos em relação ao custo total estimado, como demonstrado nas planilhas Apuração Contrato L Prazo Custos nesta, se encontra o Percentual Acumulado de Realização de cada período (Doc. 12 A), na planilha Apuração Contrato L Prazo Receitas, nesta está demonstrado o reconhecimento da receita devida (Doc. 12B) e na planilha Apuração Contrato L Prazo Resultado (Doc 12C) nesta se demonstra o resultado por período, tendo sido constatada redução indevida do Lucro Real nos seguintes períodos: 3º TRIMESTRE 2009 R$ 10.840.323,00 4º TRIMESTRE 2009 R$ 13.567.757,00 ANOCALENDÁRIO 2010 RS 242.857.557,00 Fl. 2806DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 6 5 Por oportuno, esclareçase que nos anoscalendário seguintes a empresa registrou prejuízo fiscal, portanto, nada recolheu de imposto postergado. (...) 0003 IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO Recolhimento a menor do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, referente ao anocalendário 2008, no montante de R$ 789.798,19 causado pelas deduções indevidas de Imposto de Renda Retido na Fonte e Imposto de Renda pago no Exterior (ver infração por falta de recolhimento de estimativa do IRPJ), conforme demonstrativos: (...) 0004 COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO COMPENSAÇÃO INDEVIDA A TÍTULO DE RECOLHIMENTOS ANTERIORES EFETUADOS A MAIOR Compensação indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte no valor de R$ 800.181,47, no anocalendário 2008. A contribuinte ao preencher a DIPJ/2009 FICHA 12A CALCULO DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE O LUCRO REAL consignou na linha 14 Imp. de Renda Ret. na Fonte o montante de R$ 1.850.282,28, enquanto que, na escrituração contábil, o saldo da conta "1120403 IRRF S/APLIC FINANCEIRAS" (Doc. 2), em 31/12/2008, é de R$ 1.764.047,91, a diferença resultante de R$ 86.234,37 já foi vencida na infração INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Ocorre que, após auditoria circunstanciada na conta contábil citada, verificouse que, em relação ao cálculo do IRPJ do anocalendário 2008, ao invés da dedução do saldo do IRRF, via registro contábil, só foi efetivamente compensado (lançado) o valor de R$ 963.866,44. A diferença, R$ 800.181,47, foi utilizada na compensação de outras obrigações do IRPJ do anocalendário 2009. A auditoria da conta IRRF S/ APLIC FINANCEIRAS (Doc. 2 e 7) consistiu na análise dos anoscalendário 2008 e 2009 e nas contas que serviram de contrapartida: "1120404 IRPJ ESTIMATIVA" (Doc. 6 e 8) e "2130106 OBRIG EST IRPJ" (Doc. 1 e 9). Com efeito, o saldo inicial da conta "1120403 IRRF S/ APLIC FINANCEIRAS AC 2009 (Doc. 7), em 01/01/2009, é, como não poderia deixar de ser, igual ao saldo final da mesma conta em 31/12/2008 (Doc. 2), R$ 1.764.047,91. E, como se pode verificar no Razão, o lançamento de R$ 963.866,44, em 31/01/2009, tem como contrapartida a conta "2130106 OBRIGAÇÕES IRPJ (Doc. 9), zerando a obrigação do anocalendário 2008: (...) Fl. 2807DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 7 6 O próximo lançamento na conta "1120403 IRRF S/ APLIC FINANCEIRAS" é de 30/04/2009 e diz respeito ao IRPJ do ano calendário 2009, que, digase de passagem, foi declarado no regime trimestral, fatos que demonstram cabalmente, a dedução indevida do IRPJ demonstrada na DIPJ/2009. A conta "1120404 IRPJ ESTIMATIVA" (Doc. 6 e 8) corrobora os fatos descritos quando apresenta saldo ZERO, em 31/01/2009, após o lançamento do recolhimento da Estimativa de dezembro/2008 no dia 30/01/2009. Por oportuno, e com o fito de uma melhor clareza, vale lembrar que por ocasião da infração n° 2 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ ficou demonstrado: IMPOSTO DEVIDO R$ 16.492.123,32 () ESTIMATIVA RECOLHIDA R$ 13.938.277,22 () SALDO IRRF S/ APLIC FIN R$ 1.764.047,91 IMPOSTO A RECOLHER R$ 789.798,19 Observese que o saldo de IRRF S/ APLC FIN foi todo aproveitado, reduzindo, dessa maneira, o Imposto a Recolher. Na presente infração demonstrase que do saldo de IRRF S/ APLICAÇÕES FINANCEIRAS só foram efetivamente compensados no IRPJ apurado em 31/12/2008, RS 963.866,44, o que implica numa dedução indevida de R$ 800.181,47 (saldo em 31/12/2008 R$ 1.764.047,91 R$ 963.866,44). (...) 0005 MULTA OU JUROS ISOLADOS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA Multa pela falta de pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, incidente sobre a base de cálculo estimada em função do balanço de suspensão ou redução, referentes aos meses de junho e dezembro de 2008, nos valores de R$ 7.076,08 e de R$ 1.271.846,97, respectivamente. Com efeito, no que pertine a junho/2008, o Imposto de Renda Mensal, no montante de R$ 14.152,62 (DIPJ/2009 FICHA 11), apesar de ter sido lançado no razão da conta 2130106 OBRIGAÇÕES FISCAIS/IRPJ (Doc. 1), o mesmo não foi recolhido, conforme se pode verificar no sistema SINAL (Doc. 4), cabendo, por consequência, a cobrança da multa de 50%, que importa em R$ 7.076,08. Em relação ao mês de dezembro/2008, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica, incidente sobre a base de cálculo estimada em função do balanço de suspensão ou redução, foi recolhido a menor em R$ 2.543.693,94, o que implica na aplicação da multa Fl. 2808DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 8 7 de 50%, com importe de RS 1.271.846,97, consoante demonstrativo. (...) A falta de recolhimento foi em decorrência do aproveitamento indevido de Imposto de Renda Retido na Fonte sobre aplicações financeiras de R$ 915.237,17, mais R$ 1.628.456,77 referentes a um crédito inexistente do exterior, perfazendo o total de R$ 2.543.693,94. Quanto ao IRRF, o valor apesar de consignado na DIPJ/2009 FICHA 11 LINHA 07, do mês de dezembro, não houve lançamento correspondente na conta "IRRF S/APLIC FINANCEIRAS 1120403" (Doc. 2), o que torna indevida a dedução, mormente, por que o saldo final da conta foi aproveitado na apuração do Imposto de Renda sobre o Lucro Real (DIPJ/2009 FICHA 12A, LINHA 14). No que diz respeito ao valor de R$ 1.628.456,77, referente ao suposto crédito oriundo do exterior, também consignado na DIPJ/2009 FICHA 11 DEZ/ 08, LINHA 08, intimada a apresentar o comprovante (item 02 do Termo de Intimação 0006), informou na Resposta à Intimação 006 (Doc 3): "A informação constante na DIPJ referente ao pagamento do valor de R$ 1.628.450,77 (sic) a título de Imposto de Renda no Exterior se trata de um erro no preenchimento da referida declaração, motivo pelo qual a empresa não tem como apresentar o comprovante solicitado, tendo em vista que o mencionado pagamento não existiu, devendo, esta informação constante da DIPJ ser desconsiderada". Destarte, fica patente a falta de recolhimento de R$ 2.543.693,94 (R$ 915.237,17 + R$ 1.628.456,77) da estimativa do IRPJ de dezembro/2008, implicando, assim, na multa mencionada. (...) Cientificado, em 01/11/2013, nos próprios autos de infração, o contribuinte apresentou, em 03/12/2013, a presente impugnação, com as alegações abaixo sintetizadas. PRELIMINAR As presentes autuações seriam nulas por ausência de infração e erro de cálculo. MÉRITO ITEM 0001 dos autos de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS O valor de R$ 1.579.827,49 tratado no item 0001 corresponderia à parte do crédito tomado no Brasil do imposto de renda pago no Chile sobre o lucro líquido disponibilizado pela MABE Chile (empresa controlada localizada no Chile), conforme o Tratado para evitar a dupla tributação BrasilChile (Decreto 4.852/2003). Esse valor estaria compreendido dentro do lucro líquido da MABE Chile apurado no ano de 2008 no valor de Fl. 2809DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 9 8 aproximadamente R$ 14 milhões, o qual já teria sido tributado no Brasil em razão da equivalência patrimonial. Tributálo novamente como pretende a D. Fiscalização equivaleria a um Bis in Idem, o que não seria admissível. Ademais, a receita de equivalência patrimonial não seria tributável pelo PIS e COFINS. Item 0002 do auto de IRPJ e Item 0003 do auto de CSLL Teria ocorrido erro de cálculo pela D. Fiscalização no momento de estimar a receita que seria tributável de acordo com o custo incorrido pela Requerente e as receitas decorrentes dos contratos de empreitada de longo prazo por ela firmados. A diferença de receita apurada pela D. Fiscalização teria decorrido da utilização indevida de receitas previstas no contrato que teriam sido pagas diretamente a empresa MABE Chile (uma das partes do contrato localizada no Chile), as quais corresponderiam às importações de mercadorias vendidas pela MABE Chile às empresas contratantes no Brasil. Uma vez refeitos os cálculos, a Requerente verificou que não haveria qualquer diferença de tributo a ser paga após a exclusão das receitas apuradas pela MABE Chile. Item 0003 do AIIM IRPJ Os documentos trazidos com a impugnação comprovariam a quitação da estimativa mensal do IR e seria legítimo o crédito oriundo do imposto de renda recolhido no exterior (Chile). Item 0004 do AIIM IRPJ Os documentos anexos a presente impugnação comprovariam o recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) decorrente de aplicações financeiras e a sua utilização na apuração do IRPJ do ano de 2008 e não no ano de 2009 como teria alegado a Fiscalização, assim não haveria valor residual de IRPJ a ser cobrado em 2008. Item 0005 do AIIM IRPJ Os documentos anexos à presente impugnação demonstrariam que os valores de estimativa dos meses de junho/2008 e dezembro/2008 teriam sido compensados com créditos decorrentes de aplicações financeiras e do imposto de renda recolhido no exterior e creditado no Brasil conforme o Decreto 4.852/2003 (Acordo BrasilChile). A jurisprudência administrativa de forma reiterada não admitiria a cobrança da multa de isolada de 50% em conjunto com a multa de ofício de 75% e tampouco após o término do respectivo exercício. Itens 0002 e 0004 do AIIM CSLL Os documentos colacionados comprovariam que o valor da diferença de estimativa da CSLL do mês de Junho/2008 no valor Fl. 2810DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 10 9 de R$ 5.814,78 teria sido compensado e quitado com crédito de COFINS pago a maior, não seria aplicável a multa isolada de 50% pelos mesmos motivos acima. Em sessão de 20 de fevereiro de 2014, a 2a Turma da Delegacia de Julgamento de São Paulo, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a impugnação, para reconhecer a extinção por compensação de parte das estimativas do IRPJ e da CSLL referente ao mês de junho de 2008, exonerando assim parte do IRPJ, da CSLL e das respectivas multas isoladas. Não houve recurso de ofício, pois o valor ficou abaixo do limite de alçada. Com a ciência da decisão, a interessada interpôs Recurso Voluntário, no qual repetiu, basicamente, os argumentos da impugnação (fls. 2355 e ss.). Em 16 de janeiro de 2016, este Colegiado resolveu converter o julgamento em diligência, para várias providências, nos termos do voto do i. Conselheiro Marcelo Cuba Netto. Após a conclusão dos trabalhos o processo retornou a este Conselho e foi sorteado a este Relator, em virtude do término do mandato do relator original. É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais, razão pela qual dele conheço. Como foram imputadas ao sujeito passivo diversas infrações, faremos a análise tópica dos pontos controvertidos, ressaltando, de plano, que em relação aos itens 0002 e 0004 do AIIM da CSLL as autuações foram canceladas integralmente pela decisão de piso, dentro do seu limite de alçada e, portanto, não estão mais em litígio. a) Preliminar de nulidade Aduz a Recorrente que o lançamento é nulo pela inexistência das infrações apontadas pela fiscalização, bem como por conter erros de cálculo. Não há como acolher a pretensão da interessada porque os supostos problemas mencionados não têm o condão de anular os lançamentos efetuados, nos termos dos artigos 59 e 60 do Decreto n. 70.235/72: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; Fl. 2811DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 11 10 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Portanto, eventuais equívocos nas infrações imputadas ao sujeito passivo ou erros de cálculo nos lançamentos efetuados serão analisados e revistos por este Colegiado, mas não implicam nulidade do procedimento fiscal. b) Da alegação de inexistência de diferença entre a receita escriturada e a declarada O item 0001 dos autos de infração, relativos ao IRPJ, CSLL, PIS e Cofins teve como fundamento, de acordo com a fiscalização: Receitas operacionais escrituradas e não declaradas, no valor de R$ 1.579.827,49, referente a um crédito oriundo do exterior, conforme lançamento contábil, conta 2130106, em 31/12/2008 (Doc. 1). A contribuinte chegou a registrar na conta citada obrigações referentes ao IRPJ no montante de R$ 16.496.123,32, em 31/12/2008; ocorre que, na mesma data, transferiu para a conta 2430101 RESULTADOS ACUMULADOS, o valor de R$ 1.579.827,49 e, por conseguinte, agregou ao lucro líquido sujeito a distribuição ao quadro societário, sem a devida tributação. Na escrituração contábil foram efetuados dois lançamentos para a transferência em 31/12/2008: D 2130106 IRPJ C 3280101 PROV IR 1.579.827,49 e D 3280101 PROV IR C 2430101 RESULTADOS ACUMULADOS 1.579.827,49 Como se vê, a conta 3280101 PROVISÃO PARA IMPOSTO DE RENDA foi debitada e creditada pelo mesmo valor, ou seja, o efeito foi zero, restando, induvidosamente, a transferência do valor para o Resultado Líquido do Período. Resultado de R$ 31.322.977,02 que, ainda em 31/12/2008, foi integralmente transferido para a conta "21605 DIVIDENDOS A PAGAR" (Doc. 10) e efetivamente distribuído em 02/03/2009, conforme Razão do anocalendário 2009 (Doc. 11). (...) Fl. 2812DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 12 11 Por seu turno, a Recorrente alega que: a) o valor de R$ 1.579.827,49, integrante do crédito no montante de R$ 2.568.123,27, referese ao imposto de renda pago no Chile por sua controlada, a empresa Comercializadora de Equipos y Materiales Mabe Limitada (fl. 664 e ss.); b) a existência dessa empresa foi informada na ficha 34 da DIPJ/2009 (fl. 158) e o lucro por ela disponibilizado, no montante de R$ 14.819.082,53, foi adicionado ao lucro real e à base de cálculo da contribuição social, conforme fichas 09A e 17 da mesma declaração (fl. 142 e fl. 153); c) referido imposto foi compensado pela ora recorrente, controladora de Mabe Chile, conforme lhe faculta o disposto no art. 26 da Lei nº 9.249/95; d) ocorre que os lucros disponibilizados no exterior foram adicionados às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL pelo seu valor bruto, ou seja, antes de descontado o imposto pago no exterior. Assim sendo, se a recorrente houvesse adicionado ao lucro real e à base de cálculo da CSLL o imposto de renda pago no exterior no valor de R$ 1.579.827,49 estaria incorrendo em bis in idem. Com o voluntário, a interessada anexou cópias consularizadas dos documentos. Em relação a este tópico, ratifico as conclusões do i. Conselheiro Marcelo Cuba, que na Resolução de janeiro de 2016 assim se posicionou: Pois bem, não está claro que o valor de R$ 1.579.827,49, transferido da conta representativa da provisão para o imposto de renda para a conta representativa de lucros acumulados, tenha como origem o imposto pago no exterior por Mabe Chile. Até porque, conforme afirmado pela própria recorrente, o imposto pago pela controlada chilena equivale a R$ 2.568.123,27. Assim sendo, não faria sentido o argumento da contribuinte pois, para anular o alegado bis in idem deveria ela excluir da provisão o montante de R$ 2.568.123,27, e não apenas R$ 1.579.827,49. Seja como for, de acordo com o abaixo transcrito art. 1º, § 7º, da Instrução Normativa SRF nº 213/2002, os lucros disponibilizados por controlada no exterior devem ser tributados no Brasil pelo seu valor bruto, ou seja, antes de descontado o imposto no país de origem: Art. 1º Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, por pessoa jurídica domiciliada no Brasil, estão sujeitos à incidência do imposto de renda das pessoas jurídicas (IRPJ) e da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), na forma da legislação específica, observadas as disposições desta Instrução Normativa. (...) Fl. 2813DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 13 12 § 7º Os lucros, rendimentos e ganhos de capital de que trata este artigo para serem computados na determinação do lucro real e da base de cálculo de CSLL, serão considerados pelos seus valores antes de descontado o tributo pago no país de origem. (...) Correta, portanto, a exigência do IRPJ. Contudo, o mesmo não se pode dizer em relação à CSLL bem como ao PIS/Cofins. De fato, quanto à CSLL a autoridade não demonstrou ter havido exclusão do montante de R$ 1.579.827,49 da conta representativa da provisão para a contribuição social sobre o lucro. Ademais, não provou que os R$ 1.579.827,49 referemse a receita auferida pela ora recorrente, daí porque sobre aquele valor não poderia incidir o PIS/Cofins já que tais contribuições têm como fato gerador a receita. Ademais, a leitura dos autos revela que existe diferença (talvez em função da taxa de câmbio) entre o valor do pagamento apresentado pelo próprio contribuinte às fls. 668 e 669 dos autos e aquele pleiteado no Recurso Voluntário. De qualquer sorte, tal circunstância somente seria objeto de apreciação se fosse acatada a tese da Recorrente, o que não é o caso, pois, como bem demonstrado pelo relator anterior, a interessada deveria excluir da provisão o valor de R$ 2.568.123,27 e não apenas R$ 1.579.827,49, como procedeu. Na medida em que a legislação determina o cômputo do lucro apurado no exterior antes de descontado o tributo porventura pago no país de origem não assiste razão à Recorrente quanto ao IRPJ, que deve ter a autuação mantida. Reconheço, portanto, a diferença entre a receita escriturada e a declarada, nos moldes apurados pela fiscalização. Contudo, devem ser afastadas as autuações a título de CSLL, posto que não restou demonstrado pela autoridade fiscal que houve exclusão na correspondente conta de provisão (ou lançamento semelhante), assim como as infrações relativas ao PIS e à COFINS, que possuem como fato jurídico a obtenção de receita e não a apuração do lucro no exterior pelo método da equivalência patrimonial. c) Do erro de cálculo na apuração da receita Quanto a este ponto, que engloba o item 0002 do auto de infração do IRPJ e o item 0003 do auto de infração da CSLL, a autoridade tributária constatou que: A contribuinte desenvolve a atividade de montagem de usinas termoelétricas, tendo iniciado suas operações no anocalendário 2008. Para esse mister assinou três contratos de longo prazo, ainda em execução, a saber: Contrato I Porto do Pecém 720 MW UTE, de 27/01/2008; Contrato II Porto Itaqui 360 MW UTE, de 27/01/2008; e Contrato III Porto do Pecém BR 365 MW UTE, de 06/11/2008 (extratos anexos Doc. 15, 16 e 17). Entretanto, na apuração do resultado dos contratos, por não ter observado a IN Fl. 2814DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 14 13 SRF 21/79, reduziu indevidamente o Lucro Real em virtude de postergação no reconhecimento de receitas tributáveis dos períodos trimestrais do ano calendário 2009, no qual foi tributada com base no Lucro Real Trimestral, e do período do anocalendário 2010, que optou pela tributação com base no Lucro Real Anual. Intimada a respeito, conforme Termo de Intimação 007 PAPEL, respondeu (Doc. 13) em relação a cada projeto: 1 data da assinatura do contrato; 2 data de assinatura do último aditivo; 3 valor contratado. Valor este que será utilizado no cálculo da apuração do resultado, conforme demonstrativos anexados; 4 custo total estimado. No caso, informa que não houve segregação dos custos de produção por contrato e dá um valor global; 5 data de reajuste e respectivos valores; 6 data da conclusão. A informação é que nada foi concluído até o presente momento. Quanto aos custos de produção foi lavrada nova intimação, desta feita em mídia eletrônica, identificada como Termo de Intimação 007 NOTES, que é complemento da 007 em PAPEL, exigindo a composição do custo total estimado por projeto. A resposta a este documento (Doc. 14), depois de alguns ajustes, informa os custos realizados até julho de 2013, dos contratos em conjunto, e o estimado para a conclusão final, também dos três projetos englobadamente, perfazendo, assim, o custo total estimado de R$ 3.436.828.976,00 (Doc 12A, base para cálculo dos percentuais de realização dos contratos): Fl. 2815DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 15 14 Considerando que os três projetos estão sendo executados simultaneamente, desde o início, e que na auditoria das contas de custos ficou constatado que não houve a segregação por contrato, é de se concluir que a apuração do resultado dos contratos por período, pode ser feito em conjunto, sem prejuízo para a fiscalizada. Para isso, determinouse a Receita Total Reajustada por projeto, de acordo com os números apresentados pela própria contribuinte e, posteriormente somadas por período (Doc 12B), a saber: Em contraponto, a interessada alega que a autoridade tributária cometeu erro quanto ao montante da receita por ela auferida na execução dos três contratos sob exame. Afirma que a receita auferida, já reajustada, foi de R$ 2.955.490.921,00 e não de R$ 4.948.220.057,00 (fl. 2372). Explica que a diferença, no montante de R$ 1.992.729.136,00, é receita de sua controlada no exterior, Comercializadora de Equipos y Materiales Mabe Limitada (Mabe Chile), conforme itens 4.1, 4.26 e 14.15 dos mencionados contratos. A Resolução deste Colegiado constatou que: Pois bem, pelo exame dos três contratos (fl. 682 e ss.; fl. 828 e ss.; fl. 961 e ss.) é possível verificar que em cada um deles há três partes, quais sejam: (i) a "Empregadora", que são, Porto do Pecém Geração de Energia S.A. (Contrato I), UTE Porto do Itaqui Geração de Energia S.A. (Contrato II) e MPX Pecém II Geração de Energia S.A. (Contrato III); (ii) a "Contratada", ora recorrente, Mabe Construção e Administração de Projetos Ltda., e; (iii) a "Fornecedora no Exterior", Comercializadora de Equipos y Materiales Mabe Limitada. A decisão de piso entendeu que foi a Recorrente quem forneceu às contratantes (empregadoras) os maquinários e os materiais adquiridos da Mabe Chile. Contudo, este Colegiado reconheceu que os documentos acostados aos autos e as cláusulas dos contratos ensejavam dúvida quanto ao real fornecedor, razão pela qual o processo foi convertido em diligência para que a autoridade de jurisdição da Recorrente: a) verificasse, tendo em vista o disposto nas cláusulas 4.1 e 4.26 dos contratos, se a relação jurídica obrigacional de fornecimento dos materiais e maquinários importados se deu entre a ora recorrente e as Empregadoras, ou se se deu entre Fl. 2816DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 16 15 Mabe Chile e as Empregadoras. Se for o caso, poderá inclusive intimar as Empregadoras para elucidar a questão; b) informasse se o montante da receita empregada na lavratura do auto de infração, em reais, era aquele auferido pela recorrente, conforme item anterior; c) em caso negativo, refizesse os demonstrativos 12A a 12C (indicados nos autos de infração) e informasse os novos valores de IRPJ e de CSLL a serem exigidos da contribuinte; d) recompusesse os documentos contidos nas fls. 82 a 86 dos autos, tendo em vista a ocorrência de erro na leitura do arquivo digital (pdf); e) elaborasse relatório sobre as informações acima requeridas; f) intimasse a recorrente a, se assim lhe convier, apresentar contrarrazões ao relatório de diligência no prazo de 20 dias de sua ciência. Reproduzimos a seguir as conclusões da autoridade fiscal, que são essenciais para o deslinde da questão (destacaremos): Tendo em vista que a demanda da autoridade julgadora é centrada na controvérsia sobre a relação obrigacional inerente ao fornecimento dos materiais e maquinários importados, e considerando que o procedimento de diligência prestase a carrear aos autos do processo, elementos externos necessários à complementação de sua instrução, procuramos atender ao que foi solicitado, mediante busca junto às empresas contratantes (empregadoras) da identificação da real fornecedora, para a qual destinaram os correspondentes pagamentos. E assim, formulamos as competentes intimações dirigidas às empregadoras Porto do Pecém Geração de Energia S/A (CNPJ 08.976.495/000109) (fls.2498 a 2499), Itaqui Geração de Energia S/A (CNPJ 08.219.477/000255) (fls.2550 a 2551) e Pecém II Geração de Energia S/A (CNPJ 10.471.487/000225) (fls. 2662 a 2663), com os seguintes questionamentos acerca dos contratos firmados com a empresa MABE Construção e Administração de Projetos Ltda: 1. Qual empresa, afinal, assumiu, na relação jurídica obrigacional estabelecida no referido contrato, a incumbência de fornecer os maquinários e materiais importados para utilização na obra contratada? A MABE Construção e Administração de Projetos Ltda ou a Comercializadora de Equipos Y Materiales MABE Limitada? 2. Caso a responsável tenha sido a Comercializadora de Equipos Y Materiales MABE Limitada, informar se no total indicado na alínea "c" do presente Termo, está incluído o montante atribuído às importações dos bens aludidos no referido contrato, e qual o seu valor, apresentando, neste caso, elementos de prova que possam atestar que tais aquisições foram realmente feitas pela ora intimada, diretamente da mencionada empresa. Fl. 2817DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 17 16 Em suas respostas, que vieram acompanhadas por amostras de documentos de importações e pagamentos (fls. 2503 a 2549; fls. 2554 a 2661; fls. 2666 a 2753), as empresas empregadoras afirmam, de maneira unânime, que a relação obrigacional para fornecimento de maquinários e materiais importados para utilização nas obras contratadas, se deu diretamente com a empresa Comercializadora de Equipos Y Materiales Mabe Limitada, na qualidade de "Fornecedora no Exterior", a quem os correspondentes pagamentos foram realizados, conforme esclarecido detalhadamente no teor das ditas correspondências, onde consta ainda a informação sobre distribuição dos pagamentos da empreitada global, destinados à MABE Construção e Administração de Projetos Ltda e à Comercializadora de Equipos Y Materiales Mabe Limitada, conforme apontado a seguir: 1. Empregadora: Porto do Pecém Geração de Energia S/A Valor pago a MABE Construção e Administração de Projetos Ltda: R$ 1.500.391.910,00 Valor pago a Comercializadora de Equipos Y Materiales Mabe Limitada: US$ 270.326.444,00 e EUR$ 94.664.831,00 2. Empregadora: Itaqui Geração de Energia S/A Valor pago a MABE Construção e Administração de Projetos Ltda: R$ 828.154.063,00 Valor pago a Comercializadora de Equipos Y Materiales Mabe Limitada: US$ 135.879.081,00 e EUR$ 45.485.286,00 3. Empregadora: Pecém II Geração de Energia S/A Valor pago a MABE Construção e Administração de Projetos Ltda: R$ 626.944.948,00 Valor pago a Comercializadora de Equipos Y Materiales Mabe Limitada: US$ 151.990.089,00 e EUR$ 74.132.656,00. Em face do exposto, concluímos a diligência, respondendo a seguir, os quesitos formulados e juntando aos autos, todo o material colhido no procedimento, para subsidiar o julgamento do processo por parte da autoridade competente: 1. Quanto ao solicitado no item "a": Os esclarecimentos apresentados pelas diligenciadas transparecem convincentes no sentido de que a relação jurídica obrigacional de fornecimento dos materiais e maquinários procedentes do exterior, de fato e de direito, se deu entre as empresas empregadoras Porto do Pecém Geração de Energia SIA, Itaqui Geração de Energia S/A e Pecém II Geração de Energia S/A e a empresa Comercializadora de Equipos Y Materiales Mabe Limitada (Mabe Chile); 2. Em relação ao item "b": Em consonância com o item precedente, podese concluir que o montante da receita empregada na lavratura do auto de infração, em reais, não corresponde ao montante de receita auferido pela recorrente, uma vez que a receita considerada no Fl. 2818DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 18 17 auto de infração engloba parcelas em Real, Dólar e Euro, entretanto, de acordo com as informações das diligenciadas, somente as parcelas da receita em Real é que foram pagas a recorrente; 3. Em relação ao item "c": Por decorrência, refizemos os demonstrativos 12B e 12C que se junta às fls. 2754 a 2757, concernentes à apuração das receitas de contratos de longo prazo, apropriáveis em face da IN 21/79, de cujo resultado verificase não ter havido a postergação arrolada no item 0002 do auto de infração do IRPJ e seu reflexo de CSLL. Não houve necessidade de refazerse o demonstrativo 12A, por não ter sido este, afetado pela alteração das receitas. Deixase de refazer o cálculo do IRPJ e CSLL a serem exigidos da contribuinte, conforme também foi solicitado pela autoridade demandante, tendo em vista que essas exigências só são cabíveis após o julgamento final da lide; 4. Em relação ao item "d": Na forma como solicitado pela autoridade demandante, fizemos nova juntada aos autos, às fls. 2758 a 2762, dos mesmos documentos já listados às fls. 82 a 86, ressalvandose que na anexação original, apenas o documento de fls. 82 está ilegível. Intimada, a Recorrente concordou com as conclusões da autoridade diligenciante. A partir das informações apuradas durante a diligência, tornase forçoso concluir, na esteira do raciocínio apresentado pela autoridade diligenciante, que houve equívocos no lançamento, sendo o principal deles o montante total considerado como receita. A fiscalização considerou o valor global dos três contratos como receita da Recorrente, nele incluindo a parcela pertencente à Mabe Chile, num total de R$ 4.948.220.057,00. Isso significa que foi desconsiderado o fato de que a Mabe Chile também figurava nos respectivos contratos e que parte das receitas é de sua competência, na qualidade de fornecedora no exterior. Aduz a Recorrente que o valor total das suas receitas para os períodos corresponde a R$ 2.955.490.921,00 e que o restante se refere a valores pagos em dólares ou euros na modalidade offshore, diretamente para a Mabe Chile. A autoridade diligenciante refez os demonstrativos das receitas reajustadas e chegou ao montante tributável, no período, de R$ 3.062.381.871, conforme quadro a seguir: Fl. 2819DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 19 18 Nesse contexto, devemos aceitar a segregação das obrigações e das correspondentes receitas entre a Recorrente e a Mabe Chile, pois ambas figuram como contratadas nos instrumentos celebrados. Por força disso, devem ser cancelados os lançamentos relativos ao item 0002 dos autos de infração (IRPJ e CSLL), que se referem aos seguintes períodos e valores, nos termos do Demonstrativo 12C lavrado pela autoridade diligenciante (fls. 2.755 e ss.): d) Do item 0003 Insuficiência de recolhimento do IRPJ Neste tópico, a Recorrente questiona a autuação por recolhimento a menor do IRPJ, no valor de R$ 789.798,19, decorrente de deduções indevidas de imposto de renda retido na fonte e imposto de renda pago no exterior. A interessada, por outro lado, alega que no final do exercício de 2008 apurou saldo negativo de IRPJ no valor de R$ 1.854.282,28, conforme ficha 12A da DIPJ 2009, embora reconheça que houve erro no preenchimento da declaração, pois adicionou indevidamente o valor do IRRF que fora objeto de compensação em outubro de 2008 (R$ 1.001.471,57). Contudo, entende que o equívoco apenas reduziria o saldo negativo do final do exercício, de sorte que ainda remanesceria saldo negativo de R$ 852.810,74. A tabela a seguir, elaborada pela própria Recorrente, indica os valores que representam a divergência entre o seu entendimento e o montante autuado pela fiscalização: Fl. 2820DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 20 19 O item 2 da Tabela acima, no valor de R$ 14.152,16, decorre de compensações que foram homologadas pela Receita Federal e reconhecidas pela decisão de piso, que afastou a respectiva glosa, matéria já transitada em julgado. Remanesce, portanto, a discussão sobre o valor do crédito pago no exterior, de R$ 1.628.456,77. O acórdão da DRJ não reconheceu a compensação do imposto de renda sob o argumento de que não houve comprovação do recolhimento do tributo no Chile, nos moldes do artigo 26, §2o, da Lei n. 9.249/95: Art. 26. A pessoa jurídica poderá compensar o imposto de renda incidente, no exterior, sobre os lucros, rendimentos e ganhos de capital computados no lucro real, até o limite do imposto de renda incidente, no Brasil, sobre os referidos lucros, rendimentos ou ganhos de capital. (...) § 2º Para fins de compensação, o documento relativo ao imposto de renda incidente no exterior deverá ser reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto. A Recorrente apresentou, junto com o Voluntário, os documentos referentes à declaração do imposto e ao pagamento consularizados (fls. 2.451 a 2.457). Pareceme que os documentos comprovam o recolhimento do imposto no exterior e atendem à exigência legal, razão pela qual voto, neste ponto, por cancelar o lançamento relativo ao item 0003 IRPJ. e) Do item 0004 compensação indevida de IRRF no valor de R$ 800.181,47 na apuração do IRPJ de 2008 Neste tópico, a fiscalização entendeu que houve compensação indevida, com os seguintes fundamentos: Após auditoria da conta contábil "1120403 IRRF S/ APLICAÇÃO FINANCEIRAS", verificouse que, em relação ao cálculo do IRPJ do anocalendário de 2008, ao invés da dedução do saldo do IRRF via registro contábil, só foi efetivamente compensado (lançado) o valor de R$ 963.866,44. A diferença, R$ 800.181,47, foi utilizada na compensação de outras obrigações do IRPJ do anocalendário de 2009. Em contraponto à autuação, aduz a Recorrente que: Ocorre que o fiscal equivocouse ao analisar a documentação fiscal e contábil da Recorrente, uma vez que o IRRF apurado no Fl. 2821DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 21 20 ano de 2008 foi utilizado exclusivamente naquele mesmo período, inexistindo parcela utilizada no período de 2009, tal como alegado no Auto de Infração. Senão vejamos. De acordo com as Informações apresentadas em DIRF do ano calendário de 2008, obtida junto ao Sistema Dirf da Receita Federal por meio do eCAC (vide doc. n° 18 da Impugnação juntada aos autos), a Recorrente tinha crédito de IRRF, decorrente de rendimentos de aplicações financeiras, no montante de R$ 2.765.519,45: Esse crédito de IRRF foi igualmente reconhecido na Ficha 54 Demonstrativo do IRRF da DIPJ 2009 (a.c. 2008 vide doc. n° 5 da Impugnação juntada aos autos) e escriturado na conta contábil "IRRF a recuperar" (conta 1120403), conforme se depreende pela análise do razão contábil (vide doc. n° 15 da Impugnação juntada aos autos). De acordo com a DIPJ 2009 (a.c. 2008), referido crédito de IRRF foi utilizado ao longo do ano de 2008 da seguinte forma: Conforme já foi objeto de comentários anteriormente (item 0003 acima), a Recorrente utilizou parte do crédito de IRRF oriundo de rendimentos de aplicações financeiras para compensar com o IR apurado por estimativa em outubro de 2008, no valor de R$ 1.001.471,55. A compensação deste crédito pode ser atestada pelo lançamento a débito na conta na conta "IRRF a recuperar" (conta 1120403), tal como se verifica através do lançamento contábil nesta conta em 30/11/2008 (vide doc. n° 15 da Impugnação juntada aos autos). No que se refere a compensação descrita no item (b) da Tabela F, a Recorrente utilizou parte do crédito de IRRF oriundo de rendimentos de aplicações financeiras para igualmente compensar com o IR apurado por estimativa em dezembro de 2008, no valor de R$ 915.237,17. A compensação deste crédito está registrada na linha 07 da Ficha 11 da DIPJ 2009 (a.c. 2008), referente ao mês de dezembro de 2008. Por fim, o saldo remanescente do crédito de IRRF oriundo de rendimentos de aplicações financeiras (item "c" da "Tabela F"), no montante de R$ 848.810,74, foi lançado na linha 14 da Ficha 12A da DIPJ 2009 (a.c. 2008), conforme pode ser observado na "Tabela C" acima. Tal valor remanescente passou, assim, a Fl. 2822DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 22 21 integrar o saldo credor do IRPJ apurado no anocalendário de 2008. Em relação a contabilização do reconhecimento deste crédito e de sua utilização, podese verificar através do razão contábil da conta 1120403 "IRRF a recuperar" que em 2008 o crédito fiscal de R$ 2.765.519,46 foi integralmente reconhecido nesta conta contábil, tendo sido "baixado" desta conta em 2008 apenas o valor de R$ 1.001.471,55, relativamente à compensação realizada com o IR apurado por estimativa em outubro de 2008. Com a compensação realizada e registrada em 2008, o saldo final da conta "1120403 IRRF a Recuperar" em 31/12/2008 foi de R$ 1.764.047,91 (R$ 2.765.519,46 R$ 1.001.471,55). Este saldo foi transportado para o ano de 2009, como não poderia deixar de ser. Em 2009, de forma a regularizar a "baixa" contábil do saldo de IRRF transportado do anocalendário de 2008, no montante de R$ 1.764.047,91, a Recorrente procedeu com os seguintes lançamentos contábeis que podem ser evidenciados no razão contábil da conta contábil "1120403 IRRF a Recuperar": Percebese, portanto, que a D. Fiscalização equivocouse quando relatou no Auto de Infração que "em relação ao cálculo do IRPJ do anocalendário de 2008, ao invés da dedução do saldo do IRRF, via registro contábil, só foi efetivamente compensado (lançado) o valor de R$ 963.866,44. A diferença, R$ 800.181,47, foi utilizada na compensação de outras obrigações do IRPJ do anocalendário de 2009". A bem da verdade, e conforme restou evidenciado acima, a Recorrente lançou contabilmente em 2009 (vide "Tabela G") a baixa do saldo remanescente do crédito fiscal de IRRF utilizado em 2008, no valor de R$ 1.764.047,91. Portanto, é equivocada a interpretação dada pelo D. Fiscalização de que a suposta diferença de R$ 800.181,47 foi utilizada para compensação com outras obrigações do IRPJ do anocalendário de 2009. Essa diferença que foi objeto de autuação é justamente o somatório dos dois lançamentos contábeis realizados em 30/04/2009 (R$ 172.494,24 + R$ 627.687,73), e que fora objeto de baixa/ajuste na conta "1120403 IRRF a Recuperar". Não obstante a 2a Turma de Julgamento da DRJ/SP1 não discorde do que foi exposto acima pela Recorrente e, inclusive, reconheça o seu direito potencial ao crédito decorrente do IRRF, o V. Acórdão recorrido decidiu manter a cobrança objeto do item 0004 do AIIM IRPJ sob a alegação que a Recorrente não Fl. 2823DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 23 22 teria comprovado a efetiva retenção do IRRF sobre aplicações financeiras, inclusive com a apresentação dos informes de rendimento e um demonstrativo da composição das receitas oferecidas à tributação respaldada por escrituração fiscal. Confirase: Os valores relativos ao IRRF que integraram a base de cálculo do IRPJ podem ser usados como dedução do imposto a pagar e, dessa forma, provocar a redução do imposto a pagar. Para tanto, necessário se faz a apresentação dos informes de rendimentos bem assim a comprovação de que as receitas vinculadas ao IR retido teriam sido de fato oferecidas à tributação, o que não ocorreu o presente caso. Deveria a requerente ter apresentado um demonstrativo da composição das receitas oferecidas à tributação respaldada na escrituração fiscal, com os quais comprovassem a veracidade de suas alegações. Sem a prova, por meio de documentação hábil e idônea, da tributação dos rendimentos na declaração de rendimentos, incabível o reconhecimento da parcela do IRRF para a dedução do IR a pagar. Diante do que determinou o v. Acórdão recorrido, a Recorrente esclarece que elaborou o anexo demonstrativo com a composição dos rendimentos de aplicações financeiras obtidos no ano de 2008 e do IRRF retido pelos bancos na fonte (doc. n° 5), conforme exigido em lei, o qual foi elaborado tendo por base a sua escrituração contábil, cuja cópia também está anexa ao presente recurso (doc. n° 6). Tal demonstrativo (doc. n° 5) comprova que as receitas de aplicações financeiras foram registradas na conta contábil 4.3.2.01 ("Receitas Aplicações Financeiras"), tendo esta conta contábil de receita integrado o resultado do período de 2008 e, por consequência, o lucro real daquele período, conforme se comprova pela análise da ficha 11 da DIPJ 2009 (a.c. 2008). A análise do demonstrativo trazido pela Recorrente, de fls. 2.458, revela que os valores mensais são compatíveis com aqueles declarados na DIPJ 2009 (anocalendário 2008, fls. 144 e ss. dos autos), que indicam um total de receitas financeiras de R$ 15.147.240,38. O valor total do IRRF de instituições financeiras, de R$ 2.765.519,45, indicado no demonstrativo, confere com os valores declarados na Ficha 54 da DIPJ 2009 (fls. 167). Fl. 2824DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 24 23 Os valores constantes do demonstrativo também são compatíveis com o extrato do Sistema DIRF acostado às fls. 2.460: Fl. 2825DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 25 24 Conquanto não tenha apresentado os comprovantes de rendimentos das fontes pagadoras, pareceme que a Recorrente conseguiu comprovar a retenção na fonte dos valores compensados, suprindo a deficiência apontada pela decisão de piso. Dessa forma, a partir da premissa de idoneidade das informações apresentados pela Recorrente, em cotejo com os documentos presentes nos autos, penso ser possível considerar, mediante a adoção do critério da razoabilidade, como comprovadas as retenções na fonte que ensejaram as compensações, do que decorre o cancelamento da autuação relativa a este item do Auto de Infração. f) Item 0005 do Auto de Infração, relativo à exigência de multa isolada de 50% em relação à estimativa de dezembro de 2008 Como já destacado na decisão de piso, a multa isolada deste tópico referese à falta de recolhimento do IRPJ sobre a base de cálculo estimada para os meses de junho, no montante de R$ 7.076,08, e de dezembro, no valor de R$ 1.271.846,97, cujas estimativas consideradas não recolhidas somaram R$ 14.152,62 e R$ 2.543.693,94, respectivamente. De se notar que a DRJ cancelou a multa isolada relativa ao mês de junho (R$ 14.152,62), mas manteve a autuação do mês de dezembro. De acordo com a autoridade fiscal, o valor da estimativa para dezembro de 2008 seria R$ 5.354.882,67 e o contribuinte teria recolhido o valor de R$ 2.811.188,73, remanescendo a diferença de R$ 2.543.693,94. Fl. 2826DF CARF MF Processo nº 10380.730189/201318 Acórdão n.º 1201001.616 S1C2T1 Fl. 26 25 Constatase que o valor mantido pela decisão de piso, em relação a dezembro de 2008, decorre da não aceitação dos argumentos formulados pela interessada, que, no entendimento daquela instância de julgamento não teria comprovado o direito ao IRRF pelas retenções de instituições financeiras nem o crédito do imposto de renda recolhido no Chile. Tratase de uma relação de causa e efeito, pois, na medida em que este voto reconhece o recolhimento do imposto no Chile, à luz dos documentos, devidamente consularizados, trazidos aos autos no Recurso Voluntário, assim como aceita como comprovadas as retenções na fonte realizadas pelas instituições financeiras, tornase de rigor cancelar, apenas por esses fatores, os lançamentos relativos à multa isolada de dezembro de 2008. Isso porque este Relator já se manifestou, inúmeras vezes, pela possibilidade jurídica de aplicação concomitante da multa isolada pelo não recolhimento de estimativas com a multa de ofício, a partir do anocalendário de 2007, por força das alterações promovidas no artigo 44 da Lei n. 9.430/96. Contudo, no caso dos autos a multa isolada resta prejudicada em razão da comprovação, pela interessada, da regularidade das compensações e dos procedimentos relativos às retenções na fonte e ao imposto pago no exterior. Ante o exposto CONHEÇO do Recurso e, no mérito, voto por DARLHE parcial provimento, mantendo apenas a autuação do IRPJ relativa ao item b) deste voto. É como voto. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator Fl. 2827DF CARF MF
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