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Numero do processo: 16095.720060/2016-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/10/2011 a 31/12/2011
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. LIQUIDEZ. CERTEZA. ART.142. CTN.
O lançamento de ofício que carece dos atributos essenciais e previstos no art.142 do CTN, deve ser cancelado.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
null
Numero da decisão: 1401-003.290
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Cláudio de Andrade Camerano - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Carlos André Soares Nogueira, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: CLAUDIO DE ANDRADE CAMERANO
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BASE DE CÁLCULO. Recorrente NEWPOWER SISTEMAS DE ENERGIA S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/10/2011 a 31/12/2011 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. LIQUIDEZ. CERTEZA. ART.142. CTN. O lançamento de ofício que carece dos atributos essenciais e previstos no art.142 do CTN, deve ser cancelado. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2011 a 31/12/2011 LANÇAMENTOS DECORRENTES. CSLL. PIS. COFINS. No mérito, tratandose da mesma matéria fática, aplicase aos lançamentos decorrentes a decisão proferida no lançamento principal (IRPJ). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Carlos André Soares Nogueira, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Eduardo Morgado Rodrigues. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 72 00 60 /2 01 6- 46 Fl. 356DF CARF MF 2 Relatório Trata o presente processo de Recurso Voluntário dirigido ao Acórdão de nº 11.55.344, proferido pela Quarta Turma da DRJ/REC, em sessão de 16/03/2017, que julgou improcedente a impugnação apresentada pela Contribuinte. Por bem descrever a situação verificada nos autos, transcrevo os termos do relatório da decisão recorrida: Relatório Contra a contribuinte acima qualificada foram lavrados os Autos de Infração, às fls. 156 a 183, para exigência de créditos tributários, referentes ao ano calendário de 2011, adiante especificados: [...] Os referidos autos de infração são decorrentes do procedimento de fiscalização efetuada junto à contribuinte, na qual a fiscalização constatou infração à legislação do IRPJ, resultando nas infrações OMISSÃO DE RECEITA DA ATIVIDADE – OUTRAS RECEITAS DA ATIVIDADE. Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal dos respectivos autos de infração e no Termo de Verificação e Constatação de Irregularidades (fls.55/67), a autoridade autuante descreve detalhadamente todas as informações concernentes ao procedimento fiscal e relata as apurações efetuadas nesta auditoria que passamos a resumir abaixo: A contribuinte tomou ciência do Termo de Início de Fiscalização em 11/12/2013, intimandoa a apresentar contrato social e notas fiscais de entrada. A empresa apresentou os documentos. O Termo de Intimação nº 2 intimoua a apresentar o Livro de Registro de Inventário. A empresa o apresentou. Os Termos de Intimação nº 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, intimaram a contribuinte a apresentar a Escrituração Contábil Digital ECD através da transmissão do arquivo digital para o SPED Sistema Público de Escrituração Digital. A empresa não atendeu às intimações. O Termo de Intimação nº 14 intimou a contribuinte, em 29/01/2016, a prestar esclarecimentos, por escrito, em relação às diferenças de valores entre o Relatório de Diretoria com as Demonstrações Financeiras do exercício encerrado em 31/12/2011 e 2010, publicados no Diário Oficial e os valores declarados à Receita Federal do Brasil quanto às receitas de vendas e demais valores da Demonstração de Resultados. Em 07/03/2016, a empresa apresentou a publicação no Diário Oficial de 05/03/2016 do Relatório de Diretoria com as Demonstrações Financeiras do exercício encerrado em 31/12/2011 e 2010, que substituiu a publicação anterior de 23/05/2012. Fl. 357DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 357 3 O Termo de Intimação nº 15 intimou a contribuinte, em 13/04/2016, a apresentar a Escrituração Contábil Digital ECD através da transmissão do arquivo digital para o SPED Sistema Público de Escrituração Digital. A empresa não atendeu à intimação. A contribuinte não apresentou sua contabilidade como também outros documentos solicitados durante esta fiscalização, através dos Termos de Intimações Fiscais. DAS DECLARAÇÕES DA EMPRESA Foi entregue a DIPJ, referente ao ano calendário de 2011, com a opção pela tributação com base no lucro real. DAS VENDAS DA EMPRESA A contribuinte emitiu Notas Fiscais eletrônicas (anexos Notas Fiscais Eletrônicas e Resumo das Notas Fiscais Eletrônicas) durante o ano calendário de 2011, conforme sistema SPED, que totalizam a Receita de Vendas de R$ 144.014.099,08. Esses valores foram objeto de lançamento de ofício através dos autos de infração constantes do processo nº 16095.720022/201693. Entretanto, na publicação do Relatório da Diretoria no Diário Oficial em 23/05/2012, a empresa informa que a sua Receita de Vendas no ano calendário de 2011 é de R$ 248.047.000,00. Intimada a empresa a prestar esclarecimentos em relação à diferença no valor de R$ 104.032.900,92 entre o Relatório da Diretoria com as Demonstrações Financeiras do exercício encerrado em 31/12/2011 e os valores declarados à RFB das Receitas de Vendas e demais valores da Demonstração de Resultados, a mesma se limitou a apresentar uma nova publicação no Diário oficial de 05/03/2016 do Relatório da Diretoria, mas não esclareceu a referida diferença de valores. DA CONTABILIDADE DA EMPRESA A contribuinte, apesar de regularmente intimada, não apresentou sua contabilidade relativa ao ano calendário 2011, como também não entregou a sua ECD no SPED, apesar de obrigada. DO ARBITRAMENTO DO LUCRO Diante da situação descrita, o arbitramento do lucro se faz necessário tendo em vista que a contribuinte, regularmente intimada, deixou de apresentar os livros e documentos da sua escrituração, conforme preceitua o art. 530, do Decreto 3.000/1999 (RIR/99). Conforme CNPJ, a empresa tem como atividade econômica a fabricação de pilhas, baterias e acumuladores elétricos, exceto para veículos automotores, código de atividade 27.21000, sujeita a alíquota de 8% para a apuração da base de cálculo, na forma prevista no artigo 528, 5 1 8 e5 19 do Decreto N° Fl. 358DF CARF MF 4 3.000/99, com o acréscimo de 20% previsto no artigo 532 do mesmo decreto. DA INFRAÇÃO APURADA A empresa publicou o Relatório de Diretoria no Diário Oficial informando que sua Receita de Vendas no anocalendário de 2011 foi de R$ 248.047.000,00, entretanto a empresa não emitiu documentos fiscais relativos a totalidade da Receita de Vendas acima descrita, como também não apresentou sua contabilidade relativa ao anocalendário de 2011, impossibilitando a fiscalização de verificar e quantificar o Imposto de Renda devido com base no lucro real, obrigando o lançamento do mesmo com base no lucro arbitrado. OMISSÃO DE RECEITAS A Matéria Tributável é composta dos valores da Receita Bruta Conhecida obtida através do Relatório de Diretoria publicado no Diário Oficial em 23/05/2012. DA BASE DE CÁLCULO Com base nos valores do Relatório de Diretoria publicado no Diário Oficial em 23/05/2012, a Receita de Vendas informada para o período foi de R$ 248.047.000,00, que passa a ser considerada como receita bruta conhecida. A fiscalização excluiu desta receita, os valores das Notas Fiscais Eletrônicas emitidas pela empresa, durante o anocalendário de 2011, que totalizam R$ 144.014.099,08, que foram objeto de Lançamento de Ofício em separado, no processo n.16095.720.022/201693, com ciência pela empresa em 23/01/2016. A diferença entre esses valores totalizou a quantia de R$ 104.032.900,92, utilizada para efeito de tributação. Diante da impossibilidade de alocar o referido valor durante o ano calendário em questão, a fiscalização efetuou o lançamento na última competência do referido ano, dezembro de 2011. DA TRIBUTAÇÃO REFLEXA O Arbitramento do Lucro dessas receitas da atividade, com relação ao IRPJ, traz como reflexos a insuficiência de recolhimento/declaração de CSLL, cuja base de cálculo é a mesma do IRPJ e a insuficiência de recolhimento/declaração do PIS e da COFINS, cujas bases de cálculo são os valores mensais informados na tabela do item 3, cujas bases legais encontramse nos respectivos Autos de Infração. DA QUALIFICAÇÃO E DO AGRAVAMENTO DA MULTA DE OFÍCIO Conforme visto, ficou evidenciado, de forma inequívoca, que o contribuinte não emitiu Notas Fiscais Eletrônicas ou qualquer outro documento fiscal, referentes ao montante utilizado como base de cálculo, neste Auto de Infração, caracterizando o crime de sonegação conforme preceitua o artigo 71 da Lei n° 4.502/1964, como também não apresentou sua contabilidade Fl. 359DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 358 5 nem entregou a ECD referente ao ano calendário de 2011, via SPED, tudo visando encobrir os aspectos materiais necessários para o dimensionamento das obrigações tributárias. Esses fatos, portanto, impõem a exigência de multa qualificada no lançamento ora efetuado, nos termos da legislação de regência, Lei n° 9.430, de 1996, art. 44, I, parágrafo 1º, com a redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488, de 15.06.2007. Também, considerando que a Newpower Sistemas de Energia S.A. não atendeu às intimações que lhe foram regularmente expedidas, foi aplicado o disposto no § 2º do mesmo artigo, elevando a multa total aplicada para 225 %. DA REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS Em consonância com o disposto na Portaria RFB n° 2439 de 21 de dezembro de 2010, a fiscalização elaborou a Representação Fiscal para Fins Penais. DA SUJEIÇÃO PASSIVA Responde solidariamente aos débitos tributários da empresa, o Sr.MARCO ANTONIO VAC JÚNIOR CPF 073.801.01897, que é administrador da empresa Newpower, conforme preceitua os artigos 134 e 135 do CTN. Em consonância com o disposto na Portaria RFB n° 2284, de 29 de novembro de 2010, a fiscalização elaborou os Termos de Sujeição Passiva correspondentes. DA IMPUGNAÇÃO Devidamente notificados, NEWPOWER SISTEMAS DE ENERGIA S.A. e Marco Antonio Vac Júnior apresentaram impugnação nos mesmos termos (fls. 202/2018 e 227/243): DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Preliminarmente, como é sabido, o auto de infração é um ato jurídico que produz efeitos jurídicos e, como tal, exige todos os requisitos para tanto, ou seja, que o agente seja capaz, que o objeto seja lícito, possível, determinado ou determinável, e que obedeça à forma prescrita ou não defesa em lei (artigo 104 do Código Civil). Na modalidade de ato vinculado o auto de infração deve conter os exatos e precisos ditames determinados na lei específica, o que, como veremos, não ocorre, já que vícios existem (Formais e Materiais). Dentre eles a não comprovação da matéria de fato, acarretando, por certo, a nulidade do ato. Nesse cenário, o motivo representa o sinônimo de fundamento do ato. E pode ser dividido em motivo fático e motivo de direito (motivação). Assim, o motivo de fato é a verificação das circunstâncias reais que ensejam a edição do ato. Fl. 360DF CARF MF 6 No caso concreto o ato administrativo não deve prosperar pelos defeitos do Motivo de fato, ou seja, o fundamento do ato não se completou. Os motivos elencados são, portanto, incompletos na forma e no conteúdo, no momento em que se apresentam como exatos por uma simples leitura de um balanço publicado em veículo de divulgação pública, sem a preocupação com a análise da efetiva da realização das operações que gerariam as receitas pretendidas como dolosamente omitidas, conforme detalharemos no próximo item. Desta forma, não podemos aceitar esta simples comparação entre os dados das receitas publicadas, e ressaltese retificadas, com os dados oficiais declarados em documento próprio, a DIPJ. Desta forma, quaisquer elementos externos que ensejassem desconfiança dos dados declarados deveriam ser minimamente investigados ou apurados, o que definitivamente não ocorreu, ao contrário, afirma a autoridade fiscal que a empresa emitiu as NFe – Notas Fiscais Eletrônicas decorrente de suas vendas e que intimada a explicar as diferenças entre a somatória da NFe emitidas e o valor publicado no “Relatório da Diretoria no Diário Oficial”, em 23/05/2012, não esclareceu as referidas diferenças. Este, pasmem, foi o único argumento apresentado para a lavratura de Auto de Infração. Assim, concluímos que o ato é nulo porque não foi instruído com as provas indispensáveis à comprovação do ilícito, conforme preceitua o artigo 9, caput do PAF –Decreto 70.235/72. DAS PROVAS, INDÍCIOS (FATOS INDICIÁRIOS) Não há a faculdade de se apresentar ou não o Auto de Infração com mínimos elementos que o ilícito apontado. O que apresentou a autoridade como fundamento basilar da infração: A simples não explicação das diferenças inferidas pela fiscalização. Ignorou que: O Relatório da Diretoria mencionado não é obrigação fiscal imposta pela Secretaria da Receita Federal, mas obrigação imposta pela lei 6404/76 (lei das S/A) visando dar transparência aos acionistas das operações realizadas pelos gestores; A empresa comunicou à fiscalização que, de fato, havia incorreções no Relatório publicado; A RFB, por seu Auditor, orientou a empresa a retificar o Relatório incorreto, com nova publicação oficial; A empresa assim procedeu e, em 05/03/2016, publicou a retificação no Diário Oficial do estado de São Paulo. Nessa edição ressalta o caráter substitutivo da publicação, conforme transcrevemos “in verbis”: “... Cabe ressaltar que esta publicação cancela e substitui a publicação realizada no dia 23/05/2012, no caderno empresarial página 14 ...”; Fl. 361DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 359 7 Em 07/03/2016, a Newpower deu ciência à fiscalização da retificação solicitada. Fica evidente, portanto, que se tratava de erro material, corrigido nos termos da orientação da Receita Federal. Caberia ao servidor, em atividade vinculada, repito, identificar os elementos de prova se não estivesse satisfeito com as explicações. Caberia à fiscalização informar da insuficiência das explicações. Ao contrário, a fiscalização calouse e no Termo subsequente (Termo de Intimação 15) apenas reintimou o contribuinte a apresentar a ECD, como se a retificação do Relatório fosse a explicação válida e aceita, vez que foi provocada pela própria autoridade fiscal. Ressaltamos que o principal e único argumento apresentado pela fiscalização para a lavratura do Auto, qual seja o Relatório da Diretoria publicado em 23/05/2012, não foi sequer juntado ao Processo 16095.720.060/201646, o que formalmente caracteriza um “cerceamento de defesa”. Assim, o que resta evidenciado nos autos é a falta de provas das receitas omitidas e o seu “quantum”, uma vez que se o Relatório foi retificado, quem poderia determinar o valor correto, se as NFe são compatíveis com o documento retificado? Haveria vendas ou mercadorias entregues sem o acompanhamento dos documentos fiscais ? Haveria receitas outras que comporiam a Receita Bruta informada anteriormente, quais seriam ? Haveria fraude na informação publicada em 23/05/2012, com que propósito? Qual o montante exato do omitido? Qual o critério utilizado para a certeza e liquidez dos valores devidos? ou se trata de uma presunção? As perguntas acima não foram respondidas no TVF e nos outros termos que compõem o Auto de Infração. Ora, se a DIPJ, instituída pela própria Receita Federal com o objetivo principal de se apurar as Receitas da empresa, não é instrumento hábil e suficiente para se constituir o crédito tributário, segundo Súmula CARF nº 92, por que o Relatório de Administração da Diretoria, que é um elemento estranho as normas tributárias, teria tal poder? DA PRESUNÇÃO, AFERIÇÃO E ARBITRAMENTO O Auto de Infração foi lavrado com fundamento nos arts. 532 e 537 do RIR/99. Todavia, os artigos não se aplicam, pois não se verificou omissão de receita e nem a receita bruta era conhecida. Além disso, no item 6.1 do TVF, o auditor nos Fl. 362DF CARF MF 8 informa que houve “Omissões de Receitas da atividade”. Como poderia concluir que se tratava de receitas da atividade, se não conseguiu sequer quantificálas ou identificar a sua origem? Mesmo que a autoridade desejasse aferir o valor devido, uma vez que não possui elementos de certeza do fato gerador, deveria utilizar fundamentação legal e métodos diversos de apuração do Auto, o que tornaria o vício insanável. DA QUALIFICAÇÃO DA MULTA A Autoridade Fiscal utilizou os agravantes que não estavam a sua disposição para constranger o contribuinte com multas de 225%, com responsabilização solidária ao sócio principal e arrolamento indevido dos seus bens pessoais. Em que pese a empresa não tenha apresentado todos os documentos solicitados, a auditoria jamais poderia concluir pela omissão de receitas por apuração, pois não há Notas não contabilizadas, boletos, ou outros comprovantes. A fiscalização sequer analisou a movimentação financeira da empresa para comprovar ou pelo menos obter outros indícios da sonegação apontada. A mera incredulidade do Auditor Fiscal não tem amparo na legislação e se tivesse, deveria ser uma apuração por presunção, ou seja, por ficção jurídica. Nesses casos, a multa de ofício prevista na Lei 9.430/96 deveria ser de 75% e não de 225%, como aplicada. A leitura dos argumentos adotados pelo agente fiscal no auto de infração impugnado, revela que a aplicação da multa de ofício de 150% está fundamentada na omissão de receitas que foi presumida pela autoridade tributária, desta forma deveria ser de 75%, e mesmo que aplicasse o agravamento pela falta da entrega de documentos (ECD), a multa de ofício total seria de 112,5% e nunca 225%. No caso concreto, o Auditor teria se baseado no artigo 71, da Lei 4.502/64, conforme informa no item 9 do Termo de Verificação Fiscal TVF, pois alega que o contribuinte não teria emitido as Notas Fiscais Eletrônicas ou qualquer outro documento fiscal, caracterizando crime de sonegação. Todavia, não há, na hipótese dos autos, nenhuma evidência de que o mesmo tenha agido com dolo. Sendo assim, além de restar evidente que não foi observada a redação contida nos dispositivos acima invocados, a conduta praticada se revela indevida quando analisamos a redação contida nos enunciados sumulares n.ºs 14 e 25 do CARF. Logo, levando em conta que o fiscal não atribuiu nenhuma conduta dolosa ao Impugnante, resta evidente que a multa de ofício qualificada carece de justa causa que possibilite sua aplicação, razão pela qual há que ser reconhecida sua improcedência manifesta. DO AGRAVAMENTO DA MULTA Fl. 363DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 360 9 A multa de ofício de 150% foi agravada pelo agente fiscal para 225% ao fundamento de que a Impugnante não teria prestado os esclarecimentos solicitados pela autoridade tributária. Ocorre que não seria possível, com base neste fato, agravar a multa de ofício aplicada em 150%. Com efeito, a mesma conduta atribuída ao Impugnante está sendo utilizada como fundamento para aplicação de duas penalidades. A primeira consistente no arbitramento dos lucros e, a segunda, no agravamento da multa de ofício pelo mesmo motivo. Esta pratica ilegal é reprimida pelo próprio CARF consoante se infere da leitura da Súmula nº 96. A Impugnante insurgiuse, também, contra o efeito confiscatório da multa de ofício aplicada em valor superior ao valor do tributo principal. Em consideração ao posicionamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal, a multa de ofício e respectivo agravamento, caso não seja anulada, deve ser reduzida ao limite máximo de 100% em homenagem ao princípio constitucional que veda a cobrança de tributos com efeito de confisco. DA RESPONSABILIZAÇÃO DO SÓCIO GERENTE (SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA) De todo o exposto fica evidente o descabimento da responsabilização do sócio gerente Sr. Marco Antonio Vac Júnior. Alega que a responsabilização decorre dos artigos 134 e 135 do CTN, mas nem se indigna a detalhar em qual ou quais hipóteses desses artigos o injustiçado sócio se enquadra. Presumimos que foi infração a lei, porém qual lei teria infringido, pois não há sequer conduta tipificada, quanto menos o dolo foi comprovado. TERMO DE ARROLAMENTO DE BENS IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO Em virtude da comprovação de que todos os créditos lançados são indevidos, não resta nenhuma possibilidade de manutenção dos termos de arrolamentos formalizados em nome da Impugnante e em nome do seu responsável legal, Sr. Marco Antonio Vac Júnior. DO PEDIDO Diante de todo o exposto, requer seja a presente impugnação julgada TOTALMENTE PROCEDENTE em seu mérito para que seja cancelado o lançamento ora impugnado. Requer também que, mesmo que a douta autoridade entenda procedente o Auto de Infração lavrado, determine a exclusão da Sujeição Passiva Solidária em relação ao impugnante, uma vez que não foram comprovados nos autos quaisquer condutas omissivas ou comissivas ilícitas do mesmo, durante a sua gestão, no período em análise. Fl. 364DF CARF MF 10 A DRJ manteve integralmente o crédito tributário: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 NULIDADE. Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e não se tratando das situações previstas no art. 59 do Decreto nº70.235/1972, incabível falar em nulidade do lançamento fiscal. DIFERENÇA APURADA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO Como resultado dos procedimentos de verificações obrigatórias, é legítimo o lançamento do IRPJ que apontou divergências tributáveis no confronto entre os valores declarados em DIPJ e os valores escriturados, representados pelo balanço patrimonial devidamente transcrito no livro Diário. MULTA QUALIFICADA DE 150% Falta de escrituração, de emissão de notas fiscais e de pagamento dos tributos devidos caracterizam a conduta dolosa da contribuinte ensejadora da qualificação da multa. MULTA AGRAVADA. FALTA DE ESCLARECIMENTOS E DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. A falta de esclarecimentos à intimação fiscal viola o dever de colaboração do sujeito passivo, aliada a falta de apresentação de documentos contábeis sabidamente em poder do mesmo autoriza o agravamento, mediante majoração em 50% da multa de ofício. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Comprovado que o sócio administrador teve participação direta e incisiva na conduta considerada fraudulenta que resultou em falta de pagamento do tributo, é cabível a imputação de responsabilidade tributária solidária, nos termos do art. 135, III, do CTN. ARROLAMENTO DE BENS. INVIABILIDADE DE DISCUSSÃO NO ÂMBITO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. O contencioso administrativo, por sua segunda instância, tem asseverado que as controvérsias sobre o arrolamento de bens Fl. 365DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 361 11 escapam aos limites do Decreto nº 70.235/72, o que impede sua discussão nessa via administrativa. VOTO Constam deste processo os Autos de Infração do IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, referente aos fatos geradores do ano calendário de 2011, decorrentes da apuração de OMISSÃO DE RECEITA DA ATIVIDADE. DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO De início, a Impugnante alegou a nulidade do Auto de Infração por não conter os exatos e precisos ditames determinados em lei específica, já que vícios existem. Dentre eles, a não comprovação da matéria de fato. Assim, a Impugnante concluiu que o ato é nulo porque não foi instruído com as provas indispensáveis à comprovação do ilícito, conforme preceitua o artigo 9, caput do PAF – Decreto 70.235/72. A preliminar de nulidade do auto de infração, levantada pela interessada em sua impugnação, não merece ser acolhida. Não há que se falar em nulidade, porquanto todos os requisitos previstos no art. 10 do Decreto nº 70.235/1972 foram observados quando da lavratura do auto de infração. "Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula." Quanto à alegação de que o ato é nulo porque não foi instruído com as provas indispensáveis à comprovação do ilícito, conforme preceitua o artigo 9º, caput do Decreto 70.235/72, também não pode prosperar. A Autoridade Fiscal instruiu o Auto de Infração com as provas que fundamentaram o lançamento de ofício, especificamente, o Relatório da Diretoria publicado no Diário Oficial São Paulo em 23/05/2012, que se encontra anexado aos autos às fls. 43. Fl. 366DF CARF MF 12 Todavia, a apreciação das provas e a consequente pertinência dos lançamentos são matéria de mérito a ser apreciada após a análise das preliminares. Há que se verificar, também, que o art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, que regula o Processo Administrativo Fiscal, enumera os casos que acarretam a nulidade do lançamento: "Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa." Pelo acima transcrito, verificase que somente os despachos e as decisões proferidas com preterição do direito de defesa ensejam declaração de nulidade. Já a lavratura de ato ou termo categoria à qual pertence o auto de infração —, não pode configurar “cerceamento do direito de defesa”. A apresentação de defesa, no caso, é posterior e não anterior ao ato impugnado. É oferecida contra esse ato. Por isso o PAF não arrolou o cerceamento do direito de defesa dentre os vícios que ensejam a declaração de nulidade de ato ou termo. Só os despachos e as decisões repitase podem estar eivados desse vício processual. Por outro lado, quaisquer outras irregularidades, incorreções, e omissões cometidas no auto de infração não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio (art. 60 do PAF). Dessa forma, verificase que o Auto de Infração preenche todos os requisitos dispostos nos artigos 9º e 10 do Decreto 70.235/72, não sendo caso de nulidade. Preliminar rejeitada. DAS PROVAS A Autoridade Fiscal considerou omissão de receita a diferença entre os valores de receitas de vendas informado do Relatório de Diretoria publicado no Diário Oficial em 23/05/2012, e os valores das Notas Fiscais Eletrônicas emitidas pela empresa, durante o anocalendário de 2011. A diferença entre esses valores totalizou a quantia de R$ 104.032.900,92, utilizada para efeito de tributação. A Impugnante alegou que o Relatório da Diretoria foi publicado, em 23/05/2012, com erro material, o qual foi corrigido com nova publicação no Diário Oficial do estado de São Paulo, em 05/03/2016. Não assiste razão à Impugnante. Vejamos. A Autoridade Fiscal intimou a contribuinte quinze vezes, sendo doze delas solicitando a apresentação da Escrituração Contábil Fl. 367DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 362 13 Digital ECD. A contribuinte não respondeu a essas doze intimações. Diante da negativa da contribuinte em apresentar a sua contabilidade, a Autoridade Fiscal foi obrigada a utilizar outras informações disponíveis, emitidas ou declaradas pela pessoa jurídica fiscalizada. Diante da negativa da contribuinte em apresentar a sua contabilidade, a Autoridade Fiscal foi obrigada a utilizar outras informações disponíveis, emitidas ou declaradas pela pessoa jurídica fiscalizada. Eram esses os dados acerca das receitas de vendas do ano calendário de 2011 disponíveis, conforme documentações de autoria da própria contribuinte: DIPJ/2012 receitas de vendas R$ 115.255.045,97; Notas Fiscais Eletrônicas receitas de vendas R$ 144.014.099,08; Relatório da Diretoria publicado em 23/05/2012 receitas de vendas R$ 248.047.000,00. Verificase que a informação mais confiável do valor total das receitas de vendas no ano calendário de 2011 encontrase no Relatório da Diretoria publicado em 23/05/2012 no Diário Oficial do estado de São Paulo. O valor total das receitas de vendas no montante de R$ 248.047.000,00 compreende o valor das receitas de vendas identificado nas Notas Fiscais Eletrônicas (R$ 144.014.099,08), que, por sua vez, abarca o valor das receitas de vendas informado na DIPJ/2012 (R$ 115.255.045,97). A Impugnante tentou desqualificar o Relatório da Diretoria publicado ao afirmar que não seria uma obrigação fiscal imposta pela Receita Federal do Brasil. Todavia, ela própria afirmou ser uma obrigação imposta pela Lei nº 6.404/76, visando dar transparência aos acionistas das operações realizadas pelos gestores. Cópia do Relatório da Diretoria publicado em 23/05/2012 no Diário Oficial do estado de São Paulo foi anexado aos autos pela Autoridade Fiscal (fls. 43): Fl. 368DF CARF MF 14 Sendo uma sociedade anônima, a pessoa jurídica autuada encontrase obrigada sim a publicar suas demonstrações financeiras, de acordo com vários dispositivos da legislação de regência. A Lei nº 6.404, de 15/12/1976, dispõe: SEÇÃO II Demonstrações Financeiras Disposições Gerais Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I balanço patrimonial; II demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III demonstração do resultado do exercício; e IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 11.638, de 2007) V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. § 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior. (Incluído pela Lei nº 11.638, de 2007) A Instrução CVM nº 480, de 7/12/2009, dispõe: Fl. 369DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 363 15 Subseção III – Demonstrações Financeiras Art. 25. O emissor deve entregar as demonstrações financeiras à CVM na data em que forem colocadas à disposição do público. (...) § 2º A data a que se refere o caput não deve ultrapassar, no caso de emissores nacionais, 3 (três) meses, ou, no caso de emissores estrangeiros, 4 (quatro) meses do encerramento do exercício social. Art. 26. As demonstrações financeiras de emissores nacionais devem ser: I – elaboradas de acordo com a Lei nº 6.404, de 1976 e as normas da CVM; e II – auditadas por auditor independente registrado na CVM. Waldirio Bulgarelli, em seu Manual das Sociedades Anônimas, faz as seguintes considerações: "A Lei nº 6.404 referiuse, ao tratar do balanço e demonstrações várias, a demonstrações financeiras, as quais deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício. (...) Essas demonstrações, que estão disciplinadas especificamente nos artigos 178 a 188, devem ser publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações dos exercícios anteriores, o que comprova que o legislador não as entendeu, aliás como é correto, como peças isoladas, mas integradas na marcha da empresa. (...) Essas demonstrações deverão ser postas à disposição dos acionistas, até um mês antes da data marcada para a realização da assembleia geral ordinária (art. 133) e ainda publicadas até cinco dias antes, pelo menos, da data marcada para a realização da assembleia geral. (...) Procurou resolver a lei o problema das retificações dos balanços, estipulando que, se a assembleia aprovar as demonstrações financeiras com modificação do montante do lucro do exercício ou no valor das obrigações da companhia, os administradores promoverão, dentro de trinta dias, a republicação das demonstrações, com as retificações deliberadas pela assembleia." Não há dúvidas, portanto, quanto à obrigação da publicação das demonstrações financeiras, encerrado o exercício, tal como efetuou a sociedade anônima autuada. A Impugnante tenta descaracterizar o Relatório da Diretoria publicado em 23/05/2012 no Diário Oficial do estado de São Paulo, ao publicar uma retificação do dito relatório no Diário Fl. 370DF CARF MF 16 Oficial do estado de São Paulo, em 5/03/2016, anexado aos autos (fls. 51/52): De acordo com o Relatório da Diretoria retificado, observase que o valor das receitas de vendas foi drasticamente reduzido para o montante de R$ 149.396.000,00, além de ter sido suprimida a indicação dos valores correspondentes da demonstração do exercício anterior, violando o disposto na legislação. Ora, como a Impugnante quer que seja aceito como verdadeiro um novo Relatório da Diretoria publicado em 5/03/2016, quando já havia sido iniciado o procedimento fiscal em 11/12/2013? Merece ser destacado que a publicação da retificação do relatório somente ocorreu após a contribuinte ser intimada, em 29/01/2016, a justificar as diferenças de valores entre o Relatório de Diretoria com as Demonstrações Financeiras do exercício encerrado em 31/12/2011 e 2010, publicados no Diário Oficial, e os valores declarados à Receita Federal do Brasil, quanto às receitas de vendas e demais valores da Demonstração de Resultados. Ao contrário do alegado na impugnação, a contribuinte é que não apresentou as provas necessárias que atestassem a veracidade do Relatório da Diretoria retificado. A Lei nº 6.404/76 exige que, para a realização de retificação das demonstrações financeiras, haja aprovação por parte da Assembleia Geral dos acionistas. Todavia, a Impugnante publicou um Relatório da Diretoria retificado quase quatro anos após a publicação do relatório original e não apresentou a ata da Assembleia Geral que autorizou a suposta retificação, nem a transcrição do balanço no Livro Diário, conforme determina a legislação de regência. No Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/1999), a exigência do balanço patrimonial consta expressa no art.274, in verbis: Fl. 371DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 364 17 Art. 274. Ao fim de cada período de incidência do imposto, o contribuinte deverá apurar o lucro líquido mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial, do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do período de apuração e da demonstração de lucro ou prejuízos acumulados (DecretoLei nº 1.598m de 1977, art. 7o, § 4o, e Lei nº 7.450, de 1985, art. 18). § 1º O lucro líquido do período deverá ser apurado com observância das disposições da Lei nº 6.404, de 1976 (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 67, inciso XI, Lei nº 7.450, de 1985, art. 18, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 5º). § 2º O balanço ou balancete deverá ser transcrito no Diário ou no LALUR (Lei nº 8.383, de 1991, art. 51, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 1º e 2º, § 3º). (grifos acrescentados) Observese que o disposto no artigo supra determina que a "contribuinte deverá apurar o lucro líquido mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial, do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do período de apuração e da demonstração de lucro ou prejuízos acumulados". Constatase, portanto que o próprio Regulamento do Imposto de Renda determina a observância das leis comerciais, que no presente caso é a Lei nº 6.404/76. Por isso, também não há sentido na alegação de que o Relatório da Diretoria não seria obrigação fiscal imposta pela RFB. A publicação das demonstrações financeiras é uma obrigação imposta pelas leis comerciais, que são de observância obrigatória conforme determina o RIR/99. Nestas circunstâncias, é legítimo o procedimento fiscal, que tomou por base as informações disponíveis no Relatório da Diretoria devidamente publicado no Diário oficial do estado de São Paulo em 23/05/2012 (fls. 43), que representam um “retrato” da contabilidade em data específica, no caso em 31/12/2011, para apurar diferenças tributáveis relativamente à DIPJ/2012 e notas fiscais eletrônicas. DO ARBITRAMENTO Como já foi apreciado supra, foram adotadas no levantamento fiscal as demonstrações financeiras apresentadas pela própria contribuinte, no caso o Relatório da Diretoria publicado em 23/05/2012, que devem refletir a contabilidade expressa nos livros Razão e Diário, não apresentados pela defendente, apesar de ter informado que possuía a contabilidade digital ao responder o Termo de Intimação Fiscal nº 14. Foi identificada a omissão de receita, sendo apurada a base de cálculo dos tributos a partir da receita de vendas conhecida a partir de documento de autoria da própria contribuinte. Fl. 372DF CARF MF 18 Como está bem explicado no Relatório Fiscal, foi considerada como receita bruta conhecida a Receita de Vendas informada para o período de R$ 248.047.000,00. Desta receita, foram excluídos os valores das Notas Fiscais Eletrônicas emitidas pela empresa, durante o anocalendário de 2011, que totalizaram R$ 144.014.099,08. A diferença entre esses valores totalizou a quantia de R$ 104.032.900,92, que foi utilizada para efeito de tributação. Concluise, então, ter sido correta a apuração das bases de cálculo com base no lucro arbitrado, em conformidade com o fundamento legal indicado no auto de infração. DA QUALIFICAÇÃO DA MULTA A Impugnante alegou que o Auditor teria se baseado no artigo 71, da Lei 4.502/64, conforme informa no Termo de Verificação Fiscal TVF, pois alega que o contribuinte não teria emitido as Notas Fiscais Eletrônicas ou qualquer outro documento fiscal, caracterizando crime de sonegação. Todavia, não há, na hipótese dos autos, nenhuma evidência de que o mesmo tenha agido com dolo. Sendo assim, a conduta praticada se revela indevida quando analisamos a redação contida nos enunciados sumulares n.ºs 14 e 25 do CARF. Logo, levando em conta que o fiscal não atribuiu nenhuma conduta dolosa ao Impugnante, resta evidente que a multa de ofício qualificada carece de justa causa que possibilite sua aplicação, razão pela qual há que ser reconhecida sua improcedência manifesta. Passamos a apreciar. A multa aplicada teve como fundamento o art. 44, I, e § 1º, da Lei nº9.430, de 1996, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 1997, verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas:(Vide Lei nº 10.892, de 2004)(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;(Vide Lei nº 10.892, de 2004)(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007). § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007). § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1º deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para:(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos;(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 373DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 365 19 II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991;(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Os artigos 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, tem a seguinte redação: Lei nº 4.502 de 1964: Art. 71 Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72 Fraude é toda ação ou omissão, dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou deferir o seu pagamento. Art. 73 – Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos no art. 71 e 72. (grifouse) As súmulas do CARF citadas pela Impugnante são as seguintes: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Súmula CARF nº 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Pelo entendimento sumulado pelo CARF, é necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. A Autoridade Fiscal, no presente caso, fundamentou a qualificação da multa de ofício nos seguintes fatos: ficou evidenciado, de forma inequívoca, que a contribuinte não emitiu Notas Fiscais Eletrônicas ou qualquer outro documento fiscal, referentes ao montante utilizado como base de cálculo, Fl. 374DF CARF MF 20 neste Auto de Infração, caracterizando sonegação conforme preceitua o artigo 71 da Lei n° 4.502/1964, não apresentou sua contabilidade nem entregou a ECD referente ao ano calendário de 2011, via SPED, tudo visando encobrir os aspectos materiais necessários para o dimensionamento das obrigações tributárias. Como já dito acima, entendo que se encontram demonstradas e comprovadas uma série de irregularidades caracterizando o intuito de sonegação ao impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. São elas: a apresentação da DIPJ/2012 com valor das receitas de vendas no montante de R$ 115.255.045,97, valor menor que a metade do faturamento real no montante de R$ 248.047.000,00.; somente foram identificadas Notas Fiscais Eletrônicas com receitas de vendas no total de R$ 144.014.099,08, valor também bem menor que o faturamento real no montante de R$ 248.047.000,00. Todavia, entendo que merece destaque o fato de a contribuinte ter tentado descaracterizar o Relatório da Diretoria com as demonstrações financeiras, devidamente publicado para conhecimento dos acionistas, conforme determina a legislação. Ao publicar um Relatório da Diretoria retificador quase quatro anos depois, justamente após intimação da fiscalização para esclarecimento dos dados inicias publicados, corrobora a intenção de reduzir a base de cálculo e evitar a constituição do crédito tributário sem amparo em documentação. Tal afirmativa tornase plausível, considerandose que a Impugnante não apresentou cópia da ata da Assembleia Geral necessária para autorizar a alteração das demonstrações financeiras, nem apresentou o balanço transcrito no Livro Diário, conforme determina a legislação. Como considero que essas ações aqui relatadas foram praticadas intencionalmente, a infração já vem, desde o início, marcada pelo dolo. Assim sendo, voto pela manutenção da multa qualificada no presente caso. DO AGRAVAMENTO DA MULTA Em relação à multa agravada, a Impugnante alegou que a multa de ofício foi agravada ao fundamento de que a contribuinte não teria prestado os esclarecimentos solicitados pela autoridade tributária. Ocorre que não seria possível, com base neste fato, agravar a multa de ofício, pois a mesma conduta atribuída ao Impugnante está sendo utilizada como fundamento para aplicação de duas penalidades. A primeira consistente no arbitramento dos lucros e, a segunda, no agravamento da multa de ofício pelo mesmo motivo. Esta pratica ilegal é reprimida pelo próprio CARF consoante se infere da leitura da Súmula nº 96. Fl. 375DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 366 21 O art. 44, §2º da Lei nº 9.430, de 1996, com redação dada pela Lei nº11.488, de 2007, dispõe assim sobre o agravamento da multa de ofício: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. Por sua vez, o art. 11 da Lei nº 8.218/91 dispõe o seguinte: Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) (vide Mpv n.º 303, de 2006) § 1º A Secretaria da Receita Federal poderá estabelecer prazo inferior ao previsto no caput deste artigo, que poderá ser diferenciado segundo o porte da pessoa jurídica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 2º Ficam dispensadas do cumprimento da obrigação de que trata este artigo as empresas optantes pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, de que trata a Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 3º A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Fl. 376DF CARF MF 22 § 4º Os atos a que se refere o § 3o poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) No caso, a Autoridade Fiscal enviou os Termos de Intimação Fiscal nº 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13, intimando a contribuinte a apresentar a Escrituração Contábil Digital ECD, através da transmissão do arquivo digital para o SPED, mas a empresa não atendeu às intimações. A resposta da contribuinte ao Termo de Intimação Fiscal nº 0014, apresentada em 17/02/2016, quando foi concedido pela Autoridade Fiscal o prazo adicional solicitado até 08/03/2016, atestou possuir a Impugnante a escrituração contábil digital, conforme trecho do documento copiado abaixo: Da análise da referida resposta, constatase que a própria contribuinte afirmou já ter reconstituído a sua contabilidade a partir do ano de 2011 e que estaria providenciando o envio dos arquivos eletrônicos (Sped Contábil). Todavia, até o momento de sua defesa, a Impugnante não apresentou a sua escrituração contábil digital, apesar de reconhecer que a possuía, em condições de ser encaminhada. A toda evidência, a contribuinte possuía a documentação e deixou de apresentar ao fisco exatamente para dificultar o trabalho fiscal. A jurisprudência do CARF quanto ao agravamento da multa por falta de atendimento às intimações fiscais é extremamente restritiva. Há que se provar nos autos que: i) o Fiscalizado, sabidamente, possuía os documentos solicitados pela Fiscalização; ii) tais documentos ou esclarecimentos eram absolutamente necessários à apuração de irregularidades e/ou dos tributos devidos, importando em prejuízo para o lançamento; iii) a Fiscalizada foi regularmente intimada a apresentar tais documentos, com prazos adequados. A meu ver, todas essas premissas foram atendidas e a Impugnante deixou de fornecer os documentos à Fiscalização exatamente por estar ciente do que acarretaria. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 367 23 Citese nesse sentido o acórdão 10246.374 de 16/06/2004, cuja ementa elucida: [...] Assim, ficou evidenciado que, com a negativa da contribuinte em apresentar a sua escrituração contábil digital, após vários termos de intimação fiscal, deve incidir a norma disposta no § 2º, do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Mantémse o agravamento da multa. Alegações que dizem respeito à inaplicabilidade de norma legal em razão de vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade não são analisadas na esfera administrativa, em razão da vinculação atribuída pelo art. 116, III, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 142 do Código Tributário Nacional, e da competência atribuída ao Poder Judiciário pela Constituição Federal, arts. 97 e 102. O assunto foi objeto da Súmula CARF nº 2, abaixo: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. DA RESPONSABILIDADE PASSIVA SOLIDÁRIA O sócio gerente Sr. Marco Antonio Vac Júnior insurgiuse contra a sua responsabilização passiva solidária, alegando que a Autoridade Fiscal nem se indignou a detalhar em qual ou quais hipóteses dos artigos 134 e 135 do CTN o injustiçado sócio se enquadra. Afirmou presumir que foi infração a lei, porém qual lei teria infringido, pois não há sequer conduta tipificada, quanto menos o dolo foi comprovado. Não assiste razão ao Impugnante. A Autoridade Fiscal, ao contrário do alegado pelo Impugnante, relatou no Auto de Infração o seguinte (fls. 158): [...] Cumpre ressaltar que o Sr. Marco Antonio Vac Júnior, além de sócio majoritário da empresa, era também administrador da sociedade, requisito necessário para a responsabilidade tributária definida no art. 135, III, do CTN. Há que se observar, ainda, que não se trata de considerar o mero inadimplemento como infração de lei. A situação definida como “infração de lei” se verifica, no presente caso, pela conduta fraudulenta do contribuinte com o fim de evitar o pagamento do tributo operacionalizada pela não emissão de notas fiscais e por corroborar com a intenção de reduzir a base de cálculo e evitar a constituição do crédito tributário sem amparo em documentação, como exposto supra. Fl. 378DF CARF MF 24 E, conforme corretamente pondera a fiscalização, a participação do Sr. Marco Antonio Vac Júnior foi direta e incisiva na prática de todas as operações que compõem a atuação societária como todo, uma vez que ele é o principal administrador da empresa, sem o qual nenhuma das infrações seria possível. Cabível, portanto, a imputação de responsabilidade passiva solidária. [...] CONCLUSÃO. Tendo em vista a análise procedida anteriormente, voto no sentido de considerar IMPROCEDENTE A IMPUGNAÇÃO para MANTER INTEGRALMENTE os Autos de Infração do presente processo. DO RECURSO VOLUNTÁRIO Cientificada da decisão do acórdão da DRJ, a Contribuinte e o responsável solidária interpõem um único recurso voluntário, no qual repetem a argumentação apresentada nas Impugnações, ora transcritas na decisão recorrida, então apreciadas por aquela instância. As alegações trazidas no recurso voluntário são, praticamente, as mesmas apresentadas na Impugnação. Voto Conselheiro Cláudio de Andrade Camerano Preenchidos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário apresentado, dele conheço. Passase à sua apreciação. No que tange às preliminares suscitadas, aliás, já adequadamente repelidas pela decisão recorrida, me declino de comentálas em função do voto a ser ora proferido, nas questões de mérito. Conforme relatoriado, já houve um lançamento de ofício (processo administrativo fiscal nº 16095.720022/201693, com o mesmo MPF, mesmo Termo de Verificação e Constatação de Irregularidades, mesmas intimações, com apenas uma exceção que será comentada adiante), contra esta empresa e relativo ao mesmo ano calendário (2011), sendo, inclusive, já objeto de julgamento por esta 1ª Turma, por meio do Acórdão nº 1401 003.018, em sessão de 22/11/2018, voto do Conselheiro Relator Daniel Ribeiro Silva, onde, por unanimidade de votos, se deu provimento parcial ao recurso voluntário tão somente para afastar o agravamento da multa de ofício. Oportuno reproduzir alguns excertos daquele voto: Fl. 379DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 368 25 Em sede de impugnação a contribuinte basicamente alegou a não dedução dos tributos pagos ou retidos na fonte (parte provida pela DRJ e objeto de Recurso de Ofício), e contestou a multa agravada por entender que já haveria multa específica aplicada. Por sua vez, em sede Recursal, com exceção do argumento contestatório ao agravamento da multa, a Recorrente alega incorreções na base de cálculo do arbitramento, bem como a inadequação da sua adoção, o que se constitui em inovação do mérito de defesa. Neste contexto, o recurso não atende a todos os pressupostos de admissibilidade intrínsecos. Pois, não obstante, o recurso ser cabível, haver interesse recursal, o recorrente deter legitimidade, inexistir fato impeditivo ou modificativo do poder de recorrer, em contra fluxo, notase existir fato extintivo do poder de recorrer relativo a preclusão consumativa que se operou quanto a todas as matérias nele aduzidas, haja vista que não apresentadas em impugnação. Naquele processo, consta que a Interessada tomou ciência do resultado do julgamento, não tendo havido recurso especial da PGFN. Quer se dizer com isto, que já houve uma decisão administrativa definitiva acerca de regime de apuração dos tributos desta empresa e relativo ao calendário de 2011, qual seja o lucro arbitrado. O presente processo utilizase dos mesmo argumentos daquele processo, tendo a autoridade autuante (a mesma) possibilitado, neste processo, uma rediscussão da matéria , as mesmas razões de arbitramento daquele processo, o que me parece irrazoável. Entendo que não se pode ficar aqui rediscutindo se o lucro de 2011 deve ou não ser arbitrado, uma vez que já decidimos tal questão. Entretanto, caso assim não entendam e, até porque os membros da presente Turma não são os mesmos daquela ocasião, de se tornar a enfrentar a questão. O arbitramento de lucro do ano de 2011 deuse com base no art.530, inciso III do RIR/99: falta de apresentação de livros e documentos de escrituração comercial ou fiscal. A Interessada foi intimada em 19/05/2014, por meio do Termo de Intimação Fiscal TIF 03, a apresentar a ECD de 2011, sendo posteriormente reintimada por meio dos TIF 04 a 013, e TIF 015, sendo este último lavrado em 11/04/2016, procedimento que, para não dizer exagerado, no mínimo é inusitado, pois bastavam duas intimações (afinal todas não tiveram resposta) para que se pudesse proceder ao arbitramento do lucro. Enfim, são as mesmas intimações daquele processo, evidentemente que foi perfeitamente adequado e legítimo o arbitramento do lucro do ano de 2011. Da Base de Cálculo do Arbitramento Fl. 380DF CARF MF 26 De se reproduzir excertos do Termo de Verificação e Constatação de Irregularidades: 3. DAS VENDAS DA EMPRESA Tendo em vista que a Interessada apenas retificou o referido Relatório de Diretoria, a autoridade autuante tributou a diferença entre o valor que ali constava originariamente, informado como receitas de vendas, e o valor que já havia sido lançado de ofício naquele processo que comentei no início do presente Voto. Foi assim: Receitas de Vendas R$ 248.047.000,00 conforme Relatório de Diretoria Receita lançada e tributada ( 144.014.099,08) Processo nº 16095.720022/201693 Valor ora tributado R$ 104.032.900,92 presente processo Se não tem ECD e o lucro foi arbitrado por esta razão, este Relatório de Auditoria que consta em Demonstração Financeira publicada em Diário Oficial do Estado de São Paulo não merece credibilidade para fins fiscais, quando muito os valores ali informados poderiam servir de elementos subsidiários para uma investigação mais aprofundada, por exemplo, averiguar a existência de contas bancárias, há informação de mais de R$ 40 milhões em empréstimos bancários, intimar o contador da empresa que detinha poderes (procuração nos autos) para receber e atender as demandas da fiscalização, etc, enfim, tal tributação não atendeos requisitos do art.142 do CTN. Fl. 381DF CARF MF Processo nº 16095.720060/201646 Acórdão n.º 1401003.290 S1C4T1 Fl. 369 27 O lucro arbitrado com base na receita bruta conhecida encontrase disciplinado no art.532 do RIR/99, mencionado no Termo Fiscal: Que receita bruta conhecida é esta? Uma pista vamos encontrar em dispositivos do RIR/99: Arbitramento pelo contribuinte Art.531. Quando conhecida a receita bruta (art.279 e parágrafo único) e desde que ocorridas as hipóteses do artigo anterior, o contribuinte poderá efetuar o pagamento do imposto correspondente com base no lucro arbitrado, observadas as seguintes regras (Lei nº 8.981, de 1995, art.47, parágrafos 1º e 2º, e Lei nº 9.430, de 1996, art.1º): [...] SUBSEÇÃO I DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE RECEITAS Receita Bruta Art.279. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (Lei nº 4.506, de 1964, art.44, e DecretoLei nº 1.598, de 1997, art.12). [...] Com exceção das presunções legais de omissão de receitas (como, por exemplo, saldo credor de caixa, passivo fictício, art.42 da Lei 9.430/96, etc), onde não se precisa apurar materialmente a omissão de receita receita bruta conhecida não vejo o devido respaldo legal que amparasse o procedimento da autoridade autuante na tributação que empreendeu e por esta razão devo acatar as alegações da Recorrente, a saber: O Auto de Infração foi lavrado com fundamento nos arts. 532 e 537 do RIR/99. Todavia, os artigos não se aplicam, pois não se verificou omissão de receita e nem a receita bruta era conhecida. Além disso, no item 6.1 do TVF, o auditor nos informa que houve “Omissões de Receitas da atividade”. Como poderia concluir que se tratava de receitas da atividade, se não conseguiu sequer quantificálas ou identificar a sua origem? Mesmo que a autoridade desejasse aferir o valor devido, uma vez que não possui elementos de certeza do fato gerador, deveria Fl. 382DF CARF MF 28 utilizar fundamentação legal e métodos diversos de apuração do Auto, o que tornaria o vício insanável. Entendo, portanto, que o lançamento carece de certeza e liquidez , atributos essenciais e previstos no art.142 do CTN, de forma que o mesmo deve ser cancelado pelas razões ora expostas e, por assim ser, deixo de comentar as demais questões alegadas em preliminar e/ou de mérito. Lançamentos Decorrentes A solução dada ao litígio principal, referente ao IRPJ, aplicase ao lançamento dele decorrentes (CSLL, PIS e COFINS), por resultarem dos mesmos elementos de prova e se referirem à mesma matéria tributável. Conclusão É como voto, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano Fl. 383DF CARF MF
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Numero do processo: 10580.728052/2009-61
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA SALARIAL.
Tratando-se de verba de natureza eminentemente salarial e não existindo qualquer isenção concedida pela União, ente constitucionalmente competente para legislar sobre imposto de renda, as diferenças de URV devem se sujeitar à incidência do imposto de renda.
Numero da decisão: 9202-007.591
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário, vencidas as conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri (relatora), Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
(assinado digitalmente)
Pedro Paulo Pereira Barbosa - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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NATUREZA SALARIAL. Tratandose de verba de natureza eminentemente salarial e não existindo qualquer isenção concedida pela União, ente constitucionalmente competente para legislar sobre imposto de renda, as diferenças de URV devem se sujeitar à incidência do imposto de renda. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário, vencidas as conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri (relatora), Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 80 52 /2 00 9- 61 Fl. 252DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo. Relatório Tratase de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional contra decisão proferida pela turma a quo que concluiu pela não incidência do imposto de renda sobre verbas recebidas à título de "Valores Indenizatórios de URV". O acórdão recorrido recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 IRPF. NÃO INCIDÊNCIA. URV. RESOLUÇÃO STF Nº 245/2002. INTEGRANTES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. Os valores pagos aos integrantes do Ministério Público Federal a título de diferença de URV foram excluídos da incidência do imposto de renda pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, nos termos da Resolução STF nº 245/2002 e Parecer PGFN nº 923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda. Juridicamente não é razoável sonegar tal interpretação às diferenças pagas ao mesmo título aos Membros do Ministério Público da Bahia, na forma da Lei complementar estadual nº 20/2003. Recurso Provido Citando como paradigma o acórdão 220200.615, defende a Recorrente que enquanto a decisão recorrida entendeu que sobre o abono variável não incide o Imposto de Renda Pessoa Física em razão de uma interpretação extensiva de decisão do Supremo Tribunal Federal que considerou isenta tais verbas pagas aos membros da magistratura federal, o acórdão paradigma em sentido diametralmente oposto considerou que o sobre abono variável pago à aos membros do Ministério Público Estadual incide Imposto de Renda Pessoa Física haja vista a vedação a extensão com base em analogia em sede de incidência tributária. Intimado o Contribuinte apresentou contrarrazões pugnando pela manutenção do acórdão. É o relatório. Fl. 253DF CARF MF Processo nº 10580.728052/200961 Acórdão n.º 9202007.591 CSRFT2 Fl. 3 3 Voto Vencido Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade e deve ser conhecido. Conforme relatório, discutese nos autos a incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos em razão de lei estadual que previa pagamento de diferenças decorrentes de erro na conversão da moeda Cruzeiro Real para URV Unidade Real de Valor. Segundo argumentos apontados no Recurso, a verba em questão não possui a mesma natureza do abono variável pago aos membros da Magistratura Federal e ao Ministério Público Federal e por tal razão não se aplica ao caso Resolução STF nº 245/2002, devendo ser mantida a tributação. A matéria não é nova neste Colegiado, e ao contrário do apontado tenho o entendimento que não se pode afastar a aplicação do citado entendimento apenas pelo fato de a Resolução nº 245/2002 versar sobre valores recebidos por profissionais da União, afinal interpretandose sistematicamente as normas pertinentes, percebemos que o problema central da discussão natureza jurídica das verbas decorrentes de diferenças de URV também é tratado tanto na resolução quanto nas normas federais acima citadas. O jurista Marco Aurélio Greco ao se manifestar sobre a questão emitiu parecer didático, demonstrando que apesar de as normas federais regularem a forma de pagamento de "abono variável", esse é composto por valores de URV e como tal, adotandose a posição do STF, devem ser classificados como verbas indenizatórias. O professor ainda traçou um histórico demonstrando que toda a legislação estadual teve como pano de fundo o tratamento dado ao pagamento efetuado na esfera federal. Merece transcrição parte do parecer emitido pelo jurista, haja vista a clareza na exposição dos fatos (grifos nossos): Em 2002, foi editada a Lei federal n. 10.474 cujo artigo 1° fixa o subsídio de Ministro do Supremo Tribunal Federal e cujo artigo 2° estabelece que o "abono variável" concedido pela Lei n. 9.655/98" passa a corresponder à diferença entre a remuneração mensal percebida pelo Magistrado, vigente à data daquela lei e a decorrente desta lei" (caput), "descontados todos e quaisquer reajustes remuneratórios percebidos ou incorporados a qualquer título" (§ 1°). Ou seja, a diferença entre o que cada Magistrado recebia em 1998 e o que foi fixado pela Lei n. 10.474/2002. Aqui está o ponto! Fixouse o subsídio do Ministro do S.T.F. e a diferença entre este e a remuneração individualmente percebida, no lapso temporal previsto na lei, seria pago a título de abono variável. Fl. 254DF CARF MF 4 Meses após esta Lei, é editada pelo Supremo Tribunal Federal a Resolução n. 245/2002 cujo artigo 1 é explícito ao prever: "Artigo 1o É de natureza indenizatória o abono variável e provisório de que trata o artigo 2º da lei 10.474, de 2002, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal." Diante da clareza dessa previsão, encerrase a discussão quanto à natureza jurídica do abono variável: tem natureza indenizatória. Portanto; não está sujeito à incidência do imposto sobre a renda e o que foi retido deveria ser devolvido ao magistrado. (É o que estabelece a respeito o art. 3°, II da REs. N. 245/2002). A questão que remanesceu em aberto era no sentido de saber se o montante desse abono variável englobava ou não a "diferença de URV". Para os agentes públicos que já estavam recebendo essa diferença, por força de decisão judicial ou administrativa, obviamente que o abono não a englobava, pois era expressamente excluída de sua base de cálculo (§ 1° do art 2° da Lei n. 10.474/2002 e inciso I, do art. 2° da Resolução n. 245/2002 do S.T. F) Para os demais, a resposta a esta pergunta é simples: se a "diferença de URV" foi considerada quando da fixação do subsídio do Ministro do S.T.F. (art. 1° da Lei n. 10.474/2002), então, ela (dif. URV) está abrangida pelo valor do abono, pois este corresponde à diferença entre o subsídio e a remuneração individual. Em números: se o subsídio foi fixado em R$ 100,00 computando se a diferença de URV de R$ 10,00 e a remuneração individual era de R$ 70,00 então o abono (de R$ 30,00) englobava a diferença de URV, pois esta estava dentro dos R$100,00 que serviram de patamar para cálculo do abono. Mas, como saber se o subsídio fixado pela Lei n. 10.474/2002 levava em conta a" diferença de URV"? A resposta não está no texto da lei, mas na estrutura da remuneração de Ministro do S.T.F então vigente. À época da Mensagem enviada pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal com o projeto que se transformou na Lei n, 10.474/2002 vigorava a Resolução STF n. 195/2000 cujo artigo 1° previa: "Artigo 1° A remuneração do Ministro do Supremo Tribunal Federal será integrada das parcelas: R$ 454,53 (Lei 8.880/94) + R$ 1.008,83 (DL n. 2.371/87) + R$ 9.536,74 (Lei 8.448/92), num total de R$ 11.000,00." Ora, a "parcela da Lei n. 8.880/94" é exatamente a "diferença de URV"!! Portanto, ao se fixar na Lei n. 10.474/2002 o subsídio do Ministro que serviu de parâmetro para cálculo do abono Fl. 255DF CARF MF Processo nº 10580.728052/200961 Acórdão n.º 9202007.591 CSRFT2 Fl. 4 5 variável, englobouse a "diferença de URV" extinguindo, com isto, eventuais pretensões neste sentido que ainda subsistissem. Aliás, isto foi expressamente apontado na Mensagem que encaminhou o projeto de lei que se transformou na Lei n. 10.474/2002: "A remuneração total da magistratura da União remanescerá composta unicamente de três parcelas (vencimento básico, gratificação e adicional de tempo de serviço). Não haverá possibilidade de incidir sobre esses valores quaisquer outros percentuais, tal como hoje está a correr, por exemplo, com os 11,98% relacionados com a conversão da URV." Podese concluir que, na fixação do subsídio e, portanto, na dimensão do abono variável, foi levada em conta a diferença de URV. Daí duas consequências: 1 quem recebeu o abono variável da Lei n. 10.474/2002 e não havia ganho por decisão administrativa ou judicial a diferença de URV estava a recebêIa naquele momento embutida no abono. 2 Ao dizer que o abono da Lei n. 10.474/2002 tinha natureza jurídica indenizatória não sujeita a imposto sobre a renda, o Supremo Tribunal Federal estava a dizer que a "diferença de URV" até então não recebida e que veio a ser embutida no abono tem natureza indenizatória. A natureza indenizatória do abono variável da Lei n. 10.474/2002 e a intributabilidade dessa verba pelo imposto sobre a renda veio a ser reconhecida pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, no Parecer n. 529/2003 e estendida também ao abono previsto pela Lei federal n. 10.477/2002 aplicável aos Procuradores da República pelo Parecer PGFN n. 923/2003 (ambos referidos na Nota COSITn. 177/2008). No âmbito dos agentes públicos estaduais, a PGFN entendeu que a natureza da verba era remuneratória (e, portanto, tributada pelo I.R.), salvo no caso do Rio de Janeiro, pois havia lei estadual determinando a aplicação aos Procuradores do Estado do abono previsto na Lei n. 10.477/2002. Em suma, como reconhecido pela própria PGFN os abonos variáveis previstos nas Leis n. 10.474/2002 e n. 10.477/2002 não são alcançados pela norma de incidência do imposto sobre a renda. E acrescenta: A Lei Complementar n. 20/2003 e a Lei n. 8.730/2003 do Estado da Bahia prevêem expressamente que os pagamentos nelas previstos dizem respeito às diferenças pela conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV. Notese que estas Leis: Fl. 256DF CARF MF 6 1) São de setembro de 2003, portanto, depois da Lei federal n. 10.474/2002 que instituiu o abono que englobava a diferença de URV e da Resolução n. 245/2002 do Supremo Tribunal Federal que afirmou o caráter indenizatório desse abono; 2) Aplicamse aos que não haviam até então recebido a "diferença de URV" os quais, se estivessem no âmbito federal ou no Estado do Rio de Janeiro, a estariam recebendo embutida no abono e como verba de natureza indenizatória. O quadro aqui exposto mostra que os dispositivos das referidas leis do Estado da Bahia, ao preverem que as 36 parcelas em que foi dividido o pagamento da diferença de URV tinham natureza indenizatória, não veiculam preceitos despropositados à vista do contexto jurídico da época. Mais ainda, se em relação a idênticas funções exercidas no âmbito federal e do Estado do Rio de Janeiro admitiuse o caráter indenizatório por existir lei expressa determinando o pagamento de verba que englobe a URV, cumpre ser assegurado o mesmo tratamento ao Estado da Bahia, sob pena de violação ao artigo 150, II da CF/88. (GRECO, Marco Aurélio. Imposto Sobre a Renda: Valores Pagos a Agente Públicos Estaduais a Título de Diferença de URV. Falta de Fundamento Jurídico Para a União Cobrar o Imposto. Revista Eletrônica de Direito do Estado (REDE), Salvador, Instituto Brasileiro de Direito Público, nº. 30, abril/maio/junho de 2012. Disponível na Internet: <http://www.direitodoestado.com/revista/REDE30ABRIL 2012MARCOAURELIOGRECO.pdf>. Acesso em: 06 de junho de 2016) Portanto, se o entendimento adotado pelo STF, e também pela Procuradoria da Fazenda Nacional em seus pareceres, é no sentido de o abono variável recebido pelos magistrados federais e Ministério Público Federal ser verba indenizatória, e se tal abono também é composto por verba paga em razão da conversão da moeda da época em URV, forçoso concluir que essa mesma verba quando prevista pelas leis estaduais deve receber o mesmo tratamento. Entendimento diverso violaria o princípio constitucional da isonomia e a segurança jurídica. Para o professor Roque Antônio Carrazza para garantir a segurança jurídica na relação Fisco/contribuinte é mister que "a lei que descreve a açãotipo tributária valha para todos igualmente, isto é, seja aplicada a seus destinatários (quer pelo Judiciário, quer pela Administração Fazendária) de acordo com o princípio da igualdade (art. 5º, I da CF)." Destaco ainda que eventual argumento de que essas verbas serviram para repor a atualização monetária dos salários do período considerado, acaba por reforçar a tese de que os valores ora discutidos não podem ser tributados pelo imposto de renda. Isso porque é passível na doutrina e na jurisprudência dos tribunais que a correção monetária não representa acréscimo patrimonial, é na verdade mecanismo de recomposição da efetiva desvalorização da moeda, seu objetivo é preservar o poder aquisitivo original em relação à inflação, inflação essa que motivou toda a sistemática de aplicação da própria URV. O Ministro Marco Aurélio, relator do Recurso Extraordinário nº 565.089, onde se discute (em sede de Repercussão Geral) a indenização por falta de revisão anual em Fl. 257DF CARF MF Processo nº 10580.728052/200961 Acórdão n.º 9202007.591 CSRFT2 Fl. 5 7 vencimentos dos servidores públicos de São Paulo, externa em seu voto o seguinte entendimento: O Supremo já assentou que “a correção monetária não se constitui em um plus, não é uma penalidade, mas mera reposição do valor real da moeda corroída pela inflação” – Agravo Regimental na Ação Cível Originária nº 404, da relatoria do Ministro Maurício Corrêa. Nos termos do art. 43 do CTN não se discute que o fato gerador do Imposto de Renda é a disponibilidade econômica ou jurídica de renda (produto do capital, do trabalho ou de ambos) ou proventos de qualquer natureza, entretanto o conceito de renda é limitado e não abrange valores que não representem acréscimo ao patrimônio do contribuinte, como é o caso dos autos. Portanto, sob todos os prismas analisados, não vejo como possível afastar a natureza indenizatória das verbas recebidas pelo Recorrente. Diante do exposto, nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Voto Vencedor Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa Redator designado Apesar do bem articulado voto da i. Relatora, divirjo do seu entendimento, quanto ao mérito. Penso, diferentemente, que as verbas em questão têm natureza eminentemente salarial, e como tal, devem ser submetidas à tributação. Essa posição, convém ressaltar, é a que tem prevalecido neste Colegiado e que coincide com a que, noutros tampos, eu próprio adotei. Cito recentes julgados desta corte administrativa: Acórdão nº 9202007.064, proferido na Sessão de 25 de julho de 2018: DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA SALARIAL. Tratandose de verba de natureza eminentemente salarial e não existindo qualquer isenção concedida pela União, ente constitucionalmente competente para legislar sobre imposto de renda, não há dúvida de que as diferenças de URV devem se sujeitar à incidência do imposto de renda. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE JUROS DE MORA. Como a verba principal não é isenta ou fora do campo de incidência do IR, bem como não é oriunda de rescisão do Fl. 258DF CARF MF 8 contrato de trabalho, há incidência do imposto de renda sobre os juros. Acórdão nº 9202006.495, proferido na Sessão de 26 de fevereiro de 2018: IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. MAGISTRADOS DA BAHIA. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN. Como dito, eu próprio me posicionei em outros tempos neste mesmo sentido. Como exemplo, cito o Acórdão nº 2201001.709, proferido na Sessão de 10 de julho de 2012: IRPF. REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO. INCIDÊNCIA. Sujeitamse à incidência do imposto de renda as verbas recebidas como remuneração pelo exercício de cargo ou função, independentemente da denominação que se dê a essa verba. Pois bem, o Recorrente invoca a Resolução nº 245, do Supremo Tribunal Federal que definiu que verba semelhante devida aos magistrados federais teria natureza indenizatória, decisão que ensejou o Parecer PGFN nº 529/2003, pelo qual a Fazenda Nacional manifestou o entendimento de que as referidas verbas não estariam sujeitas à tributação. Ocorre que tanto a Resolução do STF quanto o Parecer da PGFN referemse especificamente ao abono concedido aos Magistrados da União, e, em seguida, aos membros do Ministério Público Federal, e o que se discute neste processo é se o mesmo entendimento deve ser aplicado à verba atribuída aos membros do Ministério Público do Estado da Bahia. E o que passo a analisar. Vale destacar, inicialmente, que a posição do Supremo Tribunal Federal STF sobre a natureza do abono variável atribuído aos Magistrados da União foi definida em sessão administrativa e expedida por meio de Resolução, e não em sessão de julgamento daquela Corte e, por óbvio, não se trata de uma decisão judicial cujos efeitos são bem distintos dos de um ato administrativo. Enfim, é elementar e dispensa maiores considerações, que a Resolução do STF não vinculava a Administração Tributária da União. Sobreveio, todavia, o Parecer PGFN/Nº 529/2003 da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro da Fazenda, e que concluiu que o abono variável de que trata o art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002 tem natureza indenizatória. O referido Parecer, entretanto, não deixa dúvidas quanto aos limites desse entendimento, senão vejamos. Após destacar que o Superior Tribunal de Justiça STJ consolidou entendimento no sentido de que abonos recebidos em substituição a aumentos salariais sofrem a incidência do imposto de renda, fez a ressalva de que, segundo entendimento dessa mesma Corte, nos casos de abono concedido como reparação pela supressão ou perda de direitos, o mesmo tem natureza indenizatória. E, segundo o Parecer da PGFN, seria este, no entendimento do STF, manifestado por meio da Resolução nº 245, de Fl. 259DF CARF MF Processo nº 10580.728052/200961 Acórdão n.º 9202007.591 CSRFT2 Fl. 6 9 2002, o caso do abono variável e provisório previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002, no entendimento do STF. Fica claro, portanto, que o Parecer da PGFN somente reconhece natureza indenizatória do abono variável de que tratam as Leis nº 9.655, de 1998 e 10.174, de 2002, acolhendo entendimento do STF (por meio de resolução), de que tal abono destinase a reparar direito. Assim, o que se tem é, por um lado, a Resolução nº 245, do STF que, como se viu, não emana os efeitos de uma decisão judicial e, por outro, o Parecer PGFN/Nº 529/2003 que se limita a reconhecer a natureza indenizatória do abono concedido aos Magistrados da União, acatando interpretação do STF. É dizer, ambos os atos alcançam apenas o abono previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Nessas condições, não vejo como se estender o alcance dos dois atos acima referidos para abonos concedidos posteriormente, para outro grupo de servidores, por meio de ato específico distinto daqueles referidos na Resolução do STF e no Parecer da PGFN. Por outro lado, é irrelevante o fato de a lei estadual se reportar ao sistema remuneratório dos Magistrados da União. Tratase de mera questão de técnica legislativa, de opção por uma determinada forma de fixação de parâmetros remuneratórios, o que de modo algum implica na equiparação de uma e de outra verba. É preciso examinar, portanto, no caso concreto, a natureza da verba recebida pela Recorrente para se poder concluir pela incidência ou não incidência, sobre ela, do imposto de renda, e, como vimos acima, a verba tem natureza salarial e como tal é tributável. Digase também que o fato de membros do Poder Judiciário Federal terem obtido o reconhecimento da natureza indenizatória das verbas por eles recebidas não condiciona a aplicação de tratamento semelhante aos rendimentos recebidos pelos membros do Ministério Público e Magistrados do Estado da Bahia. É que os princípios da isonomia, da capacidade contributiva e outros que informam o sistema tributário devem ser observados pelo legislador na feitura das normas tributárias, e não cabe aos agentes da administração, vinculados que são a essa legislação, deixar de aplicala a pretexto de violação de princípios que elas deveriam observar. Ademais, no caso concreto, a situação específica dos membros da Magistratura Federal decorrem de ato do próprio Poder Judiciário, e não da legislação ou da administração tributária. Quanto ao mérito a respeito da incidência tributária sobre as referidas verbas, tratase, evidentemente, de verba de natureza salarial. O que os magistrados conquistaram em juízo foi o direito a receber diferenças de salários não pagas no tempo certo por desentendimento quanto aos índices de reajuste dos salários. O argumento de que as verbas em questão teriam natureza indenizatória porque tratase de reposição de direito, não se sustenta, pois toda reposição salarial é uma forma de reparação de direito, e a se dar curso geral a essa interpretação, quaisquer diferenças salariais recebidas em decorrência salarial deveriam ser excluída da tributação! A prevalecer esse entendimento, toda diferença salarial conquistada por meio de decisão judicial, não apenas por magistrados, mas por qualquer categoria labora, deveria ser considerada de natureza indenizatória. Fl. 260DF CARF MF 10 Diante do exposto, conheço do recurso e, no mérito, doulhe provimento. Como, em razão da decisão do acórdão recorrido, restaram questões não apreciadas pela turma a quo, os autos devem retorna àquela instância para apreciação dessas matérias. (assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa Fl. 261DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12466.001952/2008-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 07/05/2008
RECURSO INTEMPESTIVO.
O Recurso Voluntário apresentado após o transcurso do prazo legal de 30 (trinta) dias para interposição, constados da data da ciência postal da decisão DRJ, é intempestivo, pelo que dele não se deve tomar conhecimento.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3402-006.331
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário por intempestivo.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Marcos Antônio Borges (suplente convocado), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Ausente o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, sendo substituído pelo Conselheiro Marcos Antônio Borges (suplente convocado).
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 07/05/2008 RECURSO INTEMPESTIVO. O Recurso Voluntário apresentado após o transcurso do prazo legal de 30 (trinta) dias para interposição, constados da data da ciência postal da decisão DRJ, é intempestivo, pelo que dele não se deve tomar conhecimento. Recurso Voluntário Não Conhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário por intempestivo. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Marcos Antônio Borges (suplente convocado), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Ausente o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, sendo substituído pelo Conselheiro Marcos Antônio Borges (suplente convocado).
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RECURSO NÃO CONHECIDO. Recorrente MICHELIN ESPIRITO SANTO COMP. IMP. EXP. LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 07/05/2008 RECURSO INTEMPESTIVO. O Recurso Voluntário apresentado após o transcurso do prazo legal de 30 (trinta) dias para interposição, constados da data da ciência postal da decisão DRJ, é intempestivo, pelo que dele não se deve tomar conhecimento. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário por intempestivo. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Marcos Antônio Borges (suplente convocado), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 19 52 /2 00 8- 18 Fl. 348DF CARF MF 2 Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Ausente o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, sendo substituído pelo Conselheiro Marcos Antônio Borges (suplente convocado). Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado em decorrência da reclassificação fiscal de mercadorias, cujos fundamentos da autuação e argumentos de defesa apresentados em sede de Impugnação foram bem sintetizado na r. decisão recorrida: "DO LANÇAMENTO A fiscalização, em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte supracitado, ao examinar a DI n° 08/06681823, Adições 001 e 002, registrada em 07.05.2008, na Alfândega do Porto de Vitória/ES, detectou divergência na descrição e, consequentemente, na classificação na NCM/TEC e NBM/TIPI vigentes, das mercadorias importadas, a saber: a) na Adição 001 o importador descrevera: “Pneus novos, radiais de borracha, para ônibus e caminhão, ref.: 205/75 R16 C 110R Agilis 81 TL137768, marca: Michelin” (grifos da relatora), classificandoos no código 4011.20.90 da TEC/TIPI; b) na Adição 002 ele consignara: “Pneus novos, radiais de borracha, para ônibus e caminhão, ref.: 225/70 R15 C 112R Agilis 81 TL137763, marca: Michelin, classificandoos no mesmo código, 4011.20.90 da TEC/TIPI. A fiscalização, após estudo das características dos produtos e da sua classificação, concluiu que eles deveriam ter sido descritos como: “Pneus novos, radiais, de borracha, para camionetas, furgões, vans, utilitários esportivos (“SUV”), etc.”, cuja classificação correta seria no código da TEC/TIPI 4011.99.90, o que deu origem à sua reclassificação e à cobrança das diferenças do IPI (de 2% para 15%) e das contribuições devidos na importação, da multa de ofício de 75% incidente sobre as contribuições, e das multas sobre o valor aduaneiro das mercadorias (de 1% por classificação incorreta na NCM e de 30% em razão da falta de licenciamento não automático das mercadorias reclassificadas. Ressaltou, ainda, a fiscalização que os “Pneus novos, radiais, de borracha, para camionetas, furgões, vans, utilitários esportivos (“SUV” sport utility vehicle“), etc.” foram objeto da Solução de Consulta SRRF/Diana 9ª RF n° 115, de 14.03.2007, que adotou para os pneus de “Ref.: 205/75 R 16C 11OR AGILIS 81 TL137768, marca Michelin (mesma referência dos importados através da Adição 001 da DI objeto da autuação) e para outros similares, destinados a veículos utilitários”, a classificação NCM/TEC e NBM/TIPI 4011.99.90 (apresentou o teor integral dessa Solução de Consulta). No código adotado pelo importador, 4011.20.90, as alíquotas eram de 16% para o II e de 2% para o IPI. Porém, relativamente ao código proposto pela fiscalização, 4011.99.90, a alíquota do IPI sofria majoração para 15%, havendo, portanto, diferença a ser recolhida no tocante a esse imposto e às contribuições, cujas bases de cálculo foram alteradas pela majoração da alíquota do IPI (não houve cobrança do II). Foram, então, lavrados os seguintes AI, em 30.06.2008: 1) para cobrança da diferença do IPI, às fls. 02 a 07, no valor de R$ 6.078,32 (seis mil, setenta e oito reais e trinta e dois centavos), sem acréscimo de juros ou multa de ofício até a sua lavratura; base legal do lançamento: arts. 2°, 15, 16, 17, 21, inc. I, 24, inc. I, 30, 34, inc. I, 122, 123, inciso I, "a", inc. II, “a", 124, § único, inc. II, 125, inc. III, 127, 130, 131, inc. I, "a", 200, inc. I, 202, inc. Fl. 349DF CARF MF Processo nº 12466.001952/200818 Acórdão n.º 3402006.331 S3C4T2 Fl. 349 3 I, 465, 466, do Decreto n° 4.544/02 (RIPI/2002). Dos juros de mora: art.61, § 3º, da Lei 9.430/96; 2) para a cobrança da diferença da Cofins, às fls. 08 a 13, no valor de R$ 66,14 (sem o acréscimo de juros de mora até a data da lavratura), acrescida da multa de 75%, no montante de R$ 49,61, totalizando o crédito o valor de R$ 115,75 (cento e quinze reais e setenta e cinco centavos); enquadramento legal: arts. 1°, 3°, inc. I, 4°, inc. I, 5°, inc. I, 7°, inc. I e 8°, inc. II, 13, inc. I, 19 e 20 da Lei n° 10.865, de 2004; arts. 2°, 3°, 482, 483, 485, 491, 504, 602, 604, inc. IV, e 684 do Decreto n° 4.543/02, c/c art. 61, § 3°, da Lei n° 9.430/96; 3) para a cobrança da diferença do PIS/Pasep, no valor de R$ 13,94 (sem juros) acrescida da multa de 75%, no montante de R$ 10,46, totalizando o crédito o valor de R$ 24,40 (vinte e quatro reais); enquadramento legal: arts. 1°, 3°, inc. I, 4°, inc. I, 5°, inc. I, 7°, inc. I e 8°, inc. II, 13, inc. I, 19 e 20 da Lei n° 10.865, de 2004; arts. 2°, 3°, 482, 483, 485, 491, 504, 602, 604, inc. IV, e 684 do Decreto n° 4.543/02, c/c art. 61, § 3°, da Lei n° 9.430/96; 4) para cobrança das multas sobre o valor aduaneiro das mercadorias: a primeira a multa administrativa do controle das importações por falta de licenciamento não automático da LI que acobertou as mercadorias reclassificadas, no montante de R$ 12.100,63 (doze mil, cem reais e sessenta e três centavos); enquadramento legal: arts. 490 e 633, inciso II, “a” do RA (Decreto n° 4.543/02), c/c Atos Declaratórios Normativos COSIT n° 5, de 1997 e 12, de 1997 (fl.22); e a segunda para a cobrança da multa de 1% por sua classificação incorreta na NCM, no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais); enquadramento legal: Decreto n° 4.543/02 e art. 84, inc. I, da MP n° 2.158 35/01, c/c arts. 69 e 81, inc. IV, da Lei n° 10.833/03. O crédito tributário totalizou R$ 19.319,09 (dezenove mil, trezentos e dezenove reais e nove centavos), consoante o Termo de Encerramento da Ação Fiscal, à fl. 24 os autos. Fazem parte dos AI lavrados os extratos da DI, às fls. 25 a 35; cópia da Fatura, às fls. 36 e 37; Guias para liberação do ICMS, às fls. 38 e 40; folheto técnico sobre os produtos, à fl. 40; cópia de inteiro teor da SC mencionada, às fls. 21 a 47; e procuração da empresa, às fls. 48 e 49. Há que esclarecer, finalmente, que o importador efetivou depósitos extra judiciais, através dos Darf, datados de 09 a 10.07.2008, cujas cópias foram anexadas às fls. 188 a 190 dos autos, comprobatórios do recolhimento do crédito tributário exigido, objeto dos AI lavrados, constando também dos autos extratos do Sistema Sinal, às fls. 195 a 199, consignando a efetivação dos mencionados depósitos, requerendo, em razão disso, o desembaraço dos bens, o que foi autorizado pelo Sr. Inspetor, conforme despacho de fls. 200/201. DA IMPUGNAÇÃO Intimada, a empresa apresentou, tempestivamente a sua impugnação, às fls. 51 a 61 (Multa administrativa ao controle das importações), juntando os documentos de fls. 62 a 84; às fls. 85 a 95 (IPI), anexando a documentação de fls. 96 a 118; às fls. 119 a 129 (PIS), com os documentos de fls. 130 a 152; e às fls. 153 do vol. I a 163 do vol. II (Cofins), com docs. de fls. 164 a 186, alegando as mesmas razões nas quatro petições, as quais serão apresentadas resumidamente a seguir: 1) Dos fatos: É empresa importadora e exportadora de pneumáticos, câmarasdear e protetores, tendo importando no mês de novembro de 2007 pneus novos, radiais, de borracha, Fl. 350DF CARF MF 4 para caminhões de pequeno porte, em duas dimensões: de 20575 R16 C, 110R Agilis81 TL e de 225/70 R15 C 112R Agilis81 TL. Durante o despacho aduaneiro, a autoridade fiscal constatou que a classificação fiscal efetuada pelo importador para os pneumáticos estaria incorreta, porque, segundo o seu entendimento, eles não se classificariam no código 4011.20.90 (próprios para ônibus e caminhões) e, sim, no código 4011.99.90 da TEC/TIPI (utilizáveis em camionetas, furgões, vans, utilitários esportivos, etc.). 2) Das especificações dos pneumáticos importados: Os pneus novos importados, radiais, de borracha, para caminhões de pequeno porte, nas dimensões 205/75 R16 C, 110 R Agilis81 TL e 225/70 R15 C 112R Agilis81 TL, destinamse a veículos profissionais, cujas características básicas são o transporte de carga e/ou de passageiros. Os pneumáticos de referência 205/75 R16, 110 R Agilis81 TL são próprios para veículos Furgovan 6000 (furgão), fabricados pela empresa Agrale, e para veículos Renault Master. Estes veículos classificamse no conceito de "caminhão monobloco" (fl.89). Quanto ao pneumático de referência 225/70 R15 C 112R Agilis81 TL, é utilizado no veículo Sprinter Chassi 313 CDI, cuja capacidade de carga útil é de 1.875 kg. e de peso bruto total de 3.550 kg, conforme folder anexado à defesa (fl.88). Transcreveu o art.1º e incs da INSRF nº 237, de 05.11.2002, que discorre sobre o conceito de caminhões: "Art. 1° Para fins do disposto no § 2°, inciso I, do art. 10 da Lei n° 10.485, de 3 de julho de 2002, entendese: I caminhões chassi, como os veículos de capacidade de carga igual ou superior a 1.800 kg, classificados na posição 8704 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto n° 4.070, de 28 de dezembro de 2001, providos de chassi com motor e de cabina justaposta ao compartimento de carga; II caminhões monobloco, como os veículos de capacidade de carga útil igual ou superior a 1.500 kg, classificados na posição 8704 da DPI, com cabina e compartimento de carga inseparáveis, constituindo um corpo único, tal como projetado e concebido; III carga útil, como o peso da carga máxima prevista para o veiculo, considerado o peso do condutor, do passageiro e do reservatório de combustível cheio." (...) Concluiu que todo veículo fechado, com cabina e compartimento de carga inseparáveis, constituindo um corpo único, com capacidade de carga útil igual ou superior a 1.500 kg é um caminhão monobloco (...). Analisou a capacidade de carga do Renault Master (gráfico à fl.88 dos autos), concluindo que esse veículo tem a capacidade de carga útil, nas duas versões apresentadas, superior a 1.500 kg, e, portanto, caracterizase como caminhão monobloco. A seguir discorreu sobre as especificações técnicas do veículo Furgovan 6.000 (gráfico de fl. 88), enfatizando que a capacidade de carga útil desse veículo é de 2.400 kg, ou seja, 900 kg superior ao valor mínimo para ser considerado um caminhão monobloco. Extraiu conceitos das NESH a respeito do alcance das Subposições do SH (relativas a veículos) 8704.21, 8704.22, 8704.23, 8704.31 e 8704.32, combinandoos com as disposições da IN citada: “...O peso em carga máxima é o peso total máximo de circulação, especificado pelo fabricante. Este peso compreende: o peso do veículo, o peso da carga máxima prevista, o peso do condutor e o reservatório de combustível cheio." Fez as seguintes constatações: a) a SC SRRF/9ª RF/Diana nº 115, de 14.03.2007, não exauriu a legislação sobre o tema e não buscou a verdade material sobre os conceitos envolvidos, Fl. 351DF CARF MF Processo nº 12466.001952/200818 Acórdão n.º 3402006.331 S3C4T2 Fl. 350 5 em especial as definições de caminhão que a própria Secretaria da Receita Federal estabeleceu; b) os AI basearamse em ato administrativo viciado, já que a SC diverge das normas legais existentes, devendo, pois, ser anulados, tanto os AI, quando a SC; c) os conceitos dos caminhões estabelecidos pela própria Receita Federal são imprescindíveis para o deslinde da questão, pois esclarecem o que deve ser considerado um caminhão (INSRF nº 237/2002, transcrita anteriormente); d) não existe a diferença apregoada pela fiscalização entre os caminhões, ou seja, o fato dele ser de pequeno porte não o descaracteriza de ser caminhão, daí a existência da Subposição 8704.2 “ Outros, com motor de pistão; motor de ignição por compressão (diesel ou semidiesel)”, desdobrada nas Subposições 8704.21 “ de peso em carga máxima não superior a 5 toneladas”. Ora, peso em carga máxima não superior a 5 toneladas é exatamente um caminhão de pequeno porte que não pode deixar de ser considerado um caminhão; e) não há uma norma para o IPI e outra para os demais tributos; se a Receita Federal conceituou o caminhão monobloco, como sendo veículo de capacidade de carga igual ou superior a 1.500 kg, enquadrado na posição 8704 da TIPI, com cabina e compartimento de carga inseparáveis, constituindo um corpo único, tal como projetado e concebido, o fez para todas as possíveis subsunções legais que devem ser feitas pela autoridade fiscal de forma vinculada, ou seja, o conceito se aplica a todos os tributos. Afirmou que os pneumáticos das referências 205/75 R16 C 110R Agilis81 TL e 225/70 R15 C 112R Agilis81, apesar de suas dimensões, possuem características básicas de um pneu para caminhão, ainda que de pequeno porte, como: resistência dos flancos com capacidade elevada, capacidade de carga total maior do que a de um pneu destinado a carros de passeio, capacidade de velocidade mais reduzida quando está com toda a sua capacidade de carga, entre outras. Assim, o importador, ao classificálo como pneu de carga, dos tipos utilizados em ônibus ou caminhões “outros”, no código TEC/TIPI 4011.20.90, o fez porque ele se presta para a utilização em pequenos caminhões e pequenos ônibus, cujo peso bruto total é superior a 3,5 toneladas. Citou, ainda, as IN/SRF n° 80, de 27.12.1996, c/c a 24, de 27.02.1998, que dispõem sobre a Nomenclatura de Valor Estatístico (NVE), argumentando que as especificações das mercadorias importadas devem ser observadas para fins de classificação: Subposição 4011.20.90 (NVE1) referese aos pneus utilizados em ônibus ou caminhões; no caso de especificação que não esteja destacada na NVE, relativa a determinado atribuo da mercadoria importada, o importador deverá utilizar a especificação genérica outros, identificandoa precisamente na sub ficha de descrição detalhada da mercadoria. Por essa razão, o importador utilizou a NVE2, com a especificação 9999 “Outros”, para os pneumáticos que apresentavam as referências 205/75 R16 110R Agilis81 TL e 225/70 R15 C112R Agilis 81 (art. 3º, § 2º, da INSRF 80/96). 3) Das multas administrativa ao controle das importações e por classificação incorreta na NCM: Não argumentou especificamente contra a aplicação da penalidade do controle administrativo, por falta de licenciamento dos bens reclassificados, nem contra a Fl. 352DF CARF MF 6 multa de 1% por classificação incorreta. Limitouse a repisar que a classificação por ele promovida estava correta e deveria ser acatada pelo fisco. 4) Do pedido: Por todo o exposto, requereu o julgamento improcedente dos AI lavrados e o seu cancelamento, confirmando, assim, como correta a classificação adotada pelo importador." (efls. 205/210) Referidos argumentos trazidos na peça de Impugnação foram julgados improcedentes, com a manutenção integral do Auto de Infração (efls. 204/233). Intimada deste acórdão em 20/06/2014 (efl. 238), a empresa apresentou Recurso Voluntário em 23/07/2014 (efls. 240/268). Esse é o relatório no que concerne o presente acórdão. Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne O recurso é intempestivo e não merece ser conhecido. Conforme documentação acostada aos presentes autos, reproduzida no relatório acima, a Recorrente foi intimada do acórdão da DRJ em 20/06/2014 (sextafeira). Com isso, o prazo de 30 (trinta) dias para a apresentação do Recurso Voluntário, previsto no art. 33 do Decreto n.º 70.235/721 e contado na forma do art. 5º deste mesmo Decreto2 e art. 66 da Lei n.º 9.784/993, começou a correr em 23/06/2014 (segundafeira), encerrandose definitivamente em 22/07/2014 (terça feira). Assim, mostrase intempestivo o Recurso Voluntário apresentado em 23/07/2014 pelo sujeito passivo (efls. 240/268). A intimação do sujeito passivo foi devidamente realizada na forma dos arts. 10 e 11 do Decreto n.º 7.574/2011, no endereço postal do contribuinte fornecido à Administração Tributária, no cadastro da Receita Federal, com a prova de recebimento: "Art. 10. As formas de intimação são as seguintes: (...) II por via postal ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 23, inciso II, com a redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997, art. 67); (...) 1 "Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão." 2 "Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato." 3 "Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindose da contagem o dia do começo e incluindose o do vencimento. § 1o Considerase prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal. § 2o Os prazos expressos em dias contamse de modo contínuo. § 3o Os prazos fixados em meses ou anos contamse de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, temse como termo o último dia do mês." Fl. 353DF CARF MF Processo nº 12466.001952/200818 Acórdão n.º 3402006.331 S3C4T2 Fl. 351 7 § 2o Para fins de intimação por meio das formas previstas nos incisos II e III, considerase domicílio tributário do sujeito passivo (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 23, § 4º, com a redação dada pela Lei no 9.532, de 1997, art. 67): I o endereço postal fornecido à administração tributária, para fins cadastrais; e (...) Art.11. Considerase feita a intimação:(Redação dada pelo Decreto nº 8.853, de 2016) (...) II se por via postal, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 23, § 2º, inciso II, com a redação dada pela Lei no 9.532, de 1997, art. 67);" Diante do exposto, deixo de conhecer o Recurso Voluntário apresentado, por intempestivo. É como voto. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne. Fl. 354DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10315.720042/2013-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. ASSOCIAÇÃO. CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA.
O instituto da concomitância deve ter tratamento semelhante ao da litispendência no processo civil, de forma que somente ocorrerá a renúncia ou desistência do recurso administrativo quando houver identidade entre os três elementos dos processos administrativo e judicial, quais sejam, partes, pedidos e causas de pedir.
A impetração de mandado de segurança coletivo, por substituto processual, não se configura hipótese em que se deva declarar a renúncia à esfera administrativa, eis que não há identidade de partes nos processos judicial e administrativo.
Em que pese a superioridade de eventual decisão judicial definitiva superveniente sobre o mesmos fatos, a contribuinte tem o direito subjetivo de ter apreciada sua impugnação administrativa, eis que, se ela não optou pela via judicial, não há que se falar em sua renúncia às instâncias administrativas.
É nula a decisão de primeira instância proferida com preterição do direito de defesa da impugnante, que não era parte da ação judicial de mesmo objeto.
Nulidade da decisão recorrida
Aguardando nova decisão
Numero da decisão: 3402-006.363
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para declarar a nulidade da decisão recorrida, determinando à Delegacia de Julgamento que profira nova decisão com a apreciação dos argumentos de mérito da contribuinte.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos e Marcos Antonio Borges (Suplente convocado em substituição ao Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes). Ausente o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. ASSOCIAÇÃO. CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA. O instituto da concomitância deve ter tratamento semelhante ao da litispendência no processo civil, de forma que somente ocorrerá a renúncia ou desistência do recurso administrativo quando houver identidade entre os três elementos dos processos administrativo e judicial, quais sejam, partes, pedidos e causas de pedir. A impetração de mandado de segurança coletivo, por substituto processual, não se configura hipótese em que se deva declarar a renúncia à esfera administrativa, eis que não há identidade de partes nos processos judicial e administrativo. Em que pese a superioridade de eventual decisão judicial definitiva superveniente sobre o mesmos fatos, a contribuinte tem o direito subjetivo de ter apreciada sua impugnação administrativa, eis que, se ela não optou pela via judicial, não há que se falar em sua renúncia às instâncias administrativas. É nula a decisão de primeira instância proferida com preterição do direito de defesa da impugnante, que não era parte da ação judicial de mesmo objeto. Nulidade da decisão recorrida Aguardando nova decisão Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para declarar a nulidade da decisão recorrida, determinando à Delegacia de Julgamento que profira nova decisão com a apreciação dos argumentos de mérito da contribuinte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 5. 72 00 42 /2 01 3- 01 Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10315.720042/201301 Acórdão n.º 3402006.363 S3C4T2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos e Marcos Antonio Borges (Suplente convocado em substituição ao Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes). Ausente o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes. Relatório Versam os autos sobre PER/DCOMPs que restaram indeferidas/não homologadas, consoante razões constantes no Despacho Decisório que instrui os autos. Insatisfeita com esta decisão, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, que não foi conhecida pelo colegiado a quo, sob o argumento de que a matéria estaria sendo discutida no mandado de segurança coletivo nº 2008.34.00.0011699 (nova numeração 0001162.69.2008.4.01.3400). Cientificada dessa decisão (acórdão nº 08035.437), a interessada apresentou recurso voluntário tempestivo, alegando, em síntese: Nos termos da Súmula nº 629 do STF, a impetração de mandado de segurança coletivo prescinde de autorização de seus associados, o que significa que esses não estão obrigados a aproveitar os benefícios obtidos na possível decisão favorável concedida no processo ajuízado pela associação, podendo, inclusive, ajuizar demanda individual própria. O período abrangido pelos créditos concedidos no processo judicial da Assobrav não é o mesmo do crédito por aquela pleiteado administrativamente, como destacou o AuditorFiscal, razão pela qual não há vinculação entre o processo administrativo e o mandado de segurança. Portanto, a alínea "c" do Ato Declaratório nº 03/96 não se aplica ao caso, devendo o recurso ser recebido e conhecido. A recorrente está sujeita à alíquota zero de PIS/Cofins sobre as receitas decorrentes de suas vendas de veículos e peças, dentro do regime de incidência monofásica ao qual está submetido, conforme disposto na Lei nº 10.833/2003, de forma que tem direito ao aproveitamento de créditos pelas suas aquisições de veículos e peças para revenda, nos termos do art. 16 da MP nº 206/2004 e do art. 17 da Lei nº 11.033/2004. É o relatório. Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10315.720042/201301 Acórdão n.º 3402006.363 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402006.362, de 28 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10315.720660/201343, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3402006.362) "Atendidos aos requisitos de admissibilidade tomase conhecimento do recurso voluntário. Importa verificar se teria havido a concomitância do presente processo administrativo com o mandado de segurança coletivo nº 000116269.2008.4.01.3400, distribuído na 17ª Vara Federal em Brasília, impetrado pela Associação Brasileira de Distribuidores Volkswagen Assobrav em face do Secretário da Receita Federal do Brasil. A questão do encerramento da discussão no âmbito administrativo quando a matéria seja submetida à apreciação judicial foi tratada nos seguintes dispositivos legais: Decretolei nº 1.737/79: Art 1º (...) (...) § 2º A propositura, pelo contribuinte, de ação anulatória ou declaratória da nulidade do crédito da Fazenda Nacional importa em renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. Lei nº 6.830/80: Art. 38 A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10315.720042/201301 Acórdão n.º 3402006.363 S3C4T2 Fl. 0 4 Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. [negritos da Relatora] A matéria foi objeto da Súmula CARF nº 01, publicada no DOU de 22/12/2009, no sentido de que: "Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial". Pelo que se depreende dos textos em negrito dos dispositivos acima, a renúncia ou desistência do litígio administrativo somente resta caracterizada quando a ação judicial é proposta pelo contribuinte ou sujeito passivo ou, no mínimo, integre o seu pólo ativo como litisconsorte, o que é bastante razoável, eis que a contribuinte, quando opta pela via judicial, já é sabedora da previsão de caracterização de renúncia ou desistência do seu recurso administrativo. Por certo, a contribuinte não poderia perder o direito à discussão administrativa em face da opção de outrem pela via judicial. No mais, tratandose de normas que excepcionam a regra geral de que o administrado tem direito ao devido processo legal no âmbito administrativo, é certo que não poderia haver interpretação extensiva ou ampliativa dessa exceção. Considerando, no entanto, a regulamentação um pouco dúbia dada pelo art. 87 do Decreto nº 7.574/20111, que parece abrigar a mera existência de ação judicial com o mesmo objeto, convém prosseguir um pouco mais na análise da matéria. Sobre a questão da identidade entre os objetos dos processos administrativo e judicial, o Parecer Normativo Cosit nº 7, de 22 de agosto de 2014, DOU de 27/08/2014, veicula o seguinte entendimento: 9. Poderseia questionar quanto à definição da expressão “mesmo objeto” a que se reportam o ADN Cosit nº 3, de 1996, a Súmula nº 1 do CARF e a Portaria MF nº 341, de 2011. Aqui, fazse mister diferenciar o objeto da relação jurídica substancial ou primária do objeto da relação jurídica processual. Aquele consiste no bem da vida sobre o qual recaem os interesses em conflito, in casu, o 1 Decreto nº 7.574/2011: Art. 87. A existência ou propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial com o mesmo objeto do lançamento importa em renúncia ou em desistência ao litígio nas instâncias administrativas (Lei no 6.830, de 1980, art. 38, parágrafo único). Parágrafo único. O curso do processo administrativo, quando houver matéria distinta da constante do processo judicial, terá prosseguimento em relação à matéria diferenciada. Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10315.720042/201301 Acórdão n.º 3402006.363 S3C4T2 Fl. 0 5 patrimônio do contribuinte; este, por sua vez, diz respeito ao serviço que o Estado tem o dever de prestar, e nos procedimentos de que este se utiliza para tanto, resultando no proferimento de decisões administrativas ou judiciais em cada processo, guardando relação de instrumentalidade com a real demanda do autor (JUNIOR, Nelson Nery; NERY, Rosa Maria de Andrade. Constituição Federal Comentada. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 179). 9.1. Assim, só produz o efeito de impedir o curso normal do processo administrativo a existência de processo judicial para o julgamento de demanda idêntica, assim caracterizada aquela em que se verificam as mesmas partes, a mesma causa de pedir (fundamentos de fato – ou causa de pedir remota e de direito – ou causa de pedir próxima) e o mesmo pedido (postulação incidente sobre o bem da vida) a chamada teoria dos três eadem, conforme definida no art. 301, § 2º da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil – CPC), o qual ora se aplica por analogia. 9.2. Levase em consideração o objeto da relação jurídica substancial; se a discussão judicial se refere a questões instrumentais do processo administrativo, contra as quais se insurge o sujeito passivo da obrigação tributária, não há que se falar em desistência da instância administrativa nem em definitividade da decisão recorrida, quando nesta se discute alguma questão de direito material. Se, no entanto, a discussão administrativa gira em torno de alguma questão processual, como a tempestividade da impugnação, por exemplo, questão esta também levada à apreciação judicial, configurase a renúncia à esfera administrativa quanto a este ponto específico. 9.3. Seguindo esse raciocínio, encontrase entendimento na doutrina e na jurisprudência de que só se caracteriza a identidade de ações quando se verificam as mesmas partes, o mesmo pedido e a mesma causa de pedir: 19. Identidade de ações: caracterização. As partes devem ser as mesmas, não importando a ordem delas nos pólos das ações em análise. A causa de pedir, próxima e remota [...], deve ser a mesma nas ações, para que se as tenha como idênticas. O pedido, imediato e mediato, deve ser o mesmo: bem da vida e tipo de sentença judicial. Somente quando os três elementos, com suas seis subdivisões, forem iguais é que as ações serão idênticas. (JUNIOR, Nelson Nery; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado. 11. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p. 595) Litispendência. Identidade de pedidos. A identidade de pedidos não caracteriza a litispendência. Somente se verifica a litispendência com a identidade de ações: as Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10315.720042/201301 Acórdão n.º 3402006.363 S3C4T2 Fl. 0 6 mesmas partes, o mesmo pedido e a mesma causa de pedir. (TRF5ª, 1ª T., Ap 17299RN, rel. Juiz Ridalvo Costa, v.u., j. 10.12.1992, JSTJ 47/583) 9.4. Vale reproduzir o seguinte excerto do Parecer PGFN/Cocat nº 2/2013: 49. Dito disso, conferimos ao instituto da concomitância no PAF o mesmo tratamento da litispendência no processo civil, pois a verificação da ausência desses dois pressupostos negativos têm como finalidade precípua evitar o processamento de causas iguais quando houver: (i) identidade das partes, (ii) da causa de pedir e (iii) do pedido (art. 301, §§ 1º e 2º, do CPC; e Súmula nº 1/CARF). 50. Com efeito, na linha do que foi afirmado no item 26, tanto a concomitância quanto a litispendência constituem requisitos de validade objetivos extrínsecos da relação processual. São pressupostos negativos, ou seja, fatos que não podem ocorrer para que o procedimento se instaure validamente. Representam acontecimentos estranhos à relação jurídica processual (daí o adjetivo "extrínseco") que, uma vez existentes, impedem a formação válida do processo (procedimento). (grifos conforme original) 9.5. Feitos esses esclarecimentos, e à vista da terminologia utilizada nos normativos retromencionados, adotarseá, neste parecer, o entendimento de que a expressão “mesmo objeto” diz respeito àquilo sobre o qual recairá o mérito da decisão, quando sejam idênticas as demandas. Portanto, temse como critérios de aplicação da impossibilidade do prosseguimento do curso normal do processo administrativo, em vista da concomitância com processo judicial, tanto o pedido como a causa de pedir, e não somente o pedido. 9.6. Seguindo essa lógica, caso o processo administrativo fiscal contenha pedido mais abrangente que o do processo judicial, ele deve ter seguimento somente em relação à parte que não esteja sendo discutida judicialmente. Se, por exemplo, a ação judicial requer a anulação de um lançamento em relação a determinada multa, mas nada diz sobre a base de cálculo do tributo, e a impugnação administrativa tratar também da discussão sobre a base de cálculo, esta parte deverá ser objeto de julgamento administrativo. Assim, o entendimento que prevalece na Receita Federal é no sentido de que deve ser dado ao instituto da concomitância tratamento semelhante ao da litispendência no processo civil, de forma que somente ocorrerá a renúncia ou desistência do recurso administrativo quando houver identidade entre os três elementos dos processos administrativo e judicial, quais sejam, partes, pedidos e causas de pedir. Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10315.720042/201301 Acórdão n.º 3402006.363 S3C4T2 Fl. 0 7 No caso, embora não conste nos autos a petição inicial do referido mandado de segurança coletivo, a fim de que se possa cotejar os pedidos e causas de pedir dessa ação judicial com aqueles do presente processo, podese analisar, de imediato, a questão de a impetrante do mandado de segurança não ser a própria recorrente, mas uma entidade da qual ela é associada. Sobre o conceito de parte e substituição processual, Humberto Theodoro Júnior2, nos ensina que: (...) Assim para Liebman, "são partes do processo os sujeitos do contraditório instituído perante o juiz (os sujeitos do processo diversos do juiz, para os quais este deve proferir o seu provimento". Parte, portanto, em sentido processual, é o sujeito que intervém no contraditório ou que se expõe às suas consequências dentro da relação processual. (...) Em regra a titularidade da ação vinculase à titularidade do pretendido direito material subjetivo, envolvido na lide (legitimação ordinária). Assim, "ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico" (NCPC, art. 18). Há, só por exceção, portanto, casos em que a parte processual é pessoa distinta daquela que é parte material do negócio jurídico litigioso, ou da situação jurídica controvertida. Quando isso ocorre, dáse o que em doutrina se denomina substituição processual (legitimação extraordinária), que consiste em demandar a parte, em nome próprio, a tutela de um direito controvertido de outrem. (...) (...) Uma consequência importante da substituição processual, quando autorizada por lei, passase no plano dos efeitos da prestação jurisdicional: a coisa julgada formase em face do substituído, mas, diretamente, recai também sobre o substituído. A regra, porém prevalece inteiramente na substituição nas ações coletivas de consumo. Nestas, as sentenças benéficas fazem coisa julgada para todos os titulares dos direitos homogêneos defendidos pelo substituto processual (CDC, art. 103, III). O insucesso, porém, da ação coletiva não obsta as ações individuais, a não ser para aqueles que tenham integrado o processo como litisconsortes (CDC, arts. 94 e 103, §2º). Nesse último caso, a coisa julgada impede a repropositura da ação coletiva, mas não o manejo de ações individuais 2 THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. v. 1. 58. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 270/273. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10315.720042/201301 Acórdão n.º 3402006.363 S3C4T2 Fl. 0 8 com o mesmo objeto visa pela demanda coletiva. Dizse que a pretensão individual nunca será a mesma formulada coletivamente, ou seja: o direito difuso ou coletivo nunca se confunde com o direito individual de cada um dos indivíduos interessados. Mesmo no caso dos direitos individuais homogêneos, o que se discute, coletivamente, é apenas a tese comum presente no grupo de cointeressados. Nunca ficará o indivíduo privado do direito de demonstrar que sua situação particular tem aspectos que justificam a apreciação da ação individual. (...) Com relação especificamente ao mandado de segurança coletivo, esclarece Sergio Ferraz3 que: "(...) a entidade comparece não em representação, mas em defesa dos interesses ou direitos de seus filiados. Há, pois, legitimação direta, extraordinária (substituição processual), nãointermediada, para agir. Por isso, aqui não se há de cogitar de autorização expressa, mandato etc. (...)"4. Prossegue o autor: "(...) a legitimação coletiva não exclui a individual, ainda que sobre o mesmo tema versado no writ coletivo (...). Tampouco invocável, aqui, a excludente de litispendência, eis que, no eventual ajuizamento de mandado de segurança individual e coletivo contra o mesmo ato coator, pertinente a mesma constrição, não está estritamente configurado o requisito da identidade dos autores (...)". Dessa forma, no presente caso, não se verifica a identidade entre as partes do processo administrativo fiscal e do mandado de segurança coletivo, razão pela qual não há que se falar em concomitância entre o presente processo e o referido mandado de segurança. Nesse sentido já foi decidido por este CARF, conforme ementas abaixo transcritas: Acórdão nº 3402004.614– 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de setembro de 20017 Relator: Carlos Augusto Daniel Neto ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA. 3 FERRAZ, Sergio. Mandado de Segurança. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 73/77. 4 Vide Súmula do STF nº nº 629, nos seguintes termos:"A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes". Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10315.720042/201301 Acórdão n.º 3402006.363 S3C4T2 Fl. 0 9 A impetração de mandado de segurança coletivo, por substituto processual, não se configura hipótese em que se deva declarar a renúncia à esfera administrativa. Acórdão n° 9101001.216 — 1ª Turma Sessão de 18 de outubro de 2011 Relator: Antonio Carlos Guidoni Filho Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercícios: 1998, 2000, 2002 Ementa: PROCESSO TRIBUTÁRIO. CONCOMITÂNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. INOCORRÊNCIA. A impetração de mandado de segurança coletivo por associação de classe não impede que o contribuinte associado pleiteie individualmente tutela de objeto semelhante ao da demanda coletiva, já que aquele (mandado de segurança) não induz litispendência e não produz coisa julgada em desfavor do contribuinte nos termos da lei. É impróprio falarse em afronta ao principio da unicidade de jurisdição neste caso, pois o sistema jurídico admite a coexistência e convivência pacifica entre duas decisões (uma de natureza coletiva e outra individual), sendo que, via de regra, aplicarseá ao contribuinte aquela proferida no processo individual. A renúncia à instância administrativa de que trata o art. 38 da Lei n. 6.830/80 pressupõe ato de vontade do contribuinte expressado mediante litisconsórcio com a associação na ação coletiva ou propositura de ação individual de objeto análogo ao processo administrativo, o que não se verifica na hipótese. Recurso Especial do Procurador Negado. Ademais, não se poderia sequer alegar relação de prejudicialidade entre os processos, eis que, pelo que consta no sítio do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, o mandado de segurança coletivo já transitou em julgado com resultado desfavorável à associação impetrante. Dessa forma, em consonância com o disposto no art. 59, II do Decreto nº 70.235/725, entendo que deve ser declarada a 5 Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10315.720042/201301 Acórdão n.º 3402006.363 S3C4T2 Fl. 0 10 nulidade da decisão recorrida para que outra seja proferida com a análise de mérito dos argumentos da impugnante, que não é parte na ação judicial. Assim, pelo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para declarar a nulidade da decisão recorrida, determinando à Delegacia de Julgamento que profira nova decisão com a apreciação dos argumentos de mérito da contribuinte." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por dar parcial provimento ao recurso voluntário para declarar a nulidade da decisão recorrida, determinando à Delegacia de Julgamento que profira nova decisão com a apreciação dos argumentos de mérito da contribuinte. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 133DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13603.902518/2011-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002
COMPENSAÇÃO. FORMALIDADES. DIREITO.
A compensação cujo crédito foi reconhecido, e cujas formalidades operacionais foram cumpridas corretamente pelo contribuinte, deve ser homologada, posto que não pode ser penalizado por erro da administração.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3201-005.178
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinatura digital)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinatura digital)
Marcelo Giovani Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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FORMALIDADES. DIREITO. A compensação cujo crédito foi reconhecido, e cujas formalidades operacionais foram cumpridas corretamente pelo contribuinte, deve ser homologada, posto que não pode ser penalizado por erro da administração. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinatura digital) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 90 25 18 /2 01 1- 01 Fl. 92DF CARF MF 2 Reproduzo o relatório da primeira instância administrativa: Tratam os autos da Declaração de Compensação DCOMP nº 17814. 25947.250907.1.7.048220, transmitida eletronicamente em 25/09/2007, com base em créditos relativos à Contribuição para o PIS/Pasep. A contribuinte declarou no PER/DCOMP a existência de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior, cujo DARF apresenta as seguintes características: Características do DARF: Analisadas as informações prestadas, constatouse que na data de transmissão do PER/DCOMP original já estava extinto o direito de utilização do crédito, por terem se passado mais de cinco anos entre a data de arrecadação do DARF informado no documento retificador em análise e a data de transmissão do PER/DCOMP original. Assim, em 06/06/2011, foi emitido eletronicamente o Despacho Decisório (fl. 6), cuja decisão não homologou a compensação declarada. O valor do principal correspondente aos débitos informados é de R$ 4.430,10. Cientificado, via postal, dessa decisão em 16/06/2011 (fl. 10), bem como da cobrança dos débitos declarados na Dcomp, o sujeito passivo apresentou em 22/06/2011, manifestação de inconformidade às fls. 11 e 12, por meio da qual apresentou suas razões de defesa contra a decisão proferida. A contribuinte esclarece que o prazo prescricional de cinco anos a contar a partir do fato gerador foi atendido com a transmissão do PER nº 30857.25788. 310707.1.2.041457 em 31/07/2007 e requer a reformulação da análise e homologação do débito declarado, uma vez que não existe determinação legal que fixe o tempo máximo para a finalização da utilização deste crédito e que esta utilização está amparada pelo § 10 do art. 234 da Instrução Normativa nº 900/2008. Ao final, pede deferimento. A 4ª Turma da DRJ/Brasília/DF, por meio do Acórdão 0370.044, de 26/02/2016, decidiu pela improcedência da Manifestação de Inconformidade. Transcrevo a ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2002 Fl. 93DF CARF MF Processo nº 13603.902518/201101 Acórdão n.º 3201005.178 S3C2T1 Fl. 3 3 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. No Recurso Voluntário, a empresa : pede a nulidade da decisão recorrida, por omissão, porque não teria se manifestado quanto ao fundamento do Despacho Decisório, a prescrição; no mérito, reitera as razões de defesa quanto à não ocorrência da prescrição. Voto Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Relator O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade. Em preliminar, a recorrente pede a nulidade da decisão recorrida, porque não teria apreciado o mérito do direito ao crédito. A questão se confunde com o mérito do próprio recurso, conforme analisado a seguir. Os procedimentos operacionais para a compensação eram previstos, à época, na Instrução Normativa da Receita Federal nº 900/2008. Transcrevo alguns dos dispositivos pertinentes: Art. 34. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, ressalvadas as contribuições previdenciárias, cujo procedimento está previsto nos arts. 44 a 48, e as contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos. Fl. 94DF CARF MF 4 (...) § 5º O sujeito passivo poderá compensar créditos que já tenham sido objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento apresentado à RFB, desde que, à data da apresentação da Declaração de Compensação: I – o pedido não tenha sido indeferido, mesmo que por decisão administrativa não definitiva, pela autoridade competente da RFB; e II – se deferido o pedido, ainda não tenha sido emitida a ordem de pagamento do crédito. § 6º A compensação declarada à RFB de crédito tributário lançado de ofício importa renúncia às instâncias administrativas ou desistência de eventual recurso interposto. ...) § 7º Os débitos do sujeito passivo serão compensados na ordem por ele indicada na Declaração de Compensação. § 8º A compensação de crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, será efetuada pelo sujeito passivo mediante a apresentação da Declaração de Compensação ainda que: I o débito e o crédito objeto da compensação se refiram a um mesmo tributo; II o crédito para com a Fazenda Nacional tenha sido apurado por pessoa jurídica de direito público. (...) § 10. O sujeito passivo poderá apresentar Declaração de Compensação que tenha por objeto crédito apurado ou decorrente de pagamento efetuado há mais de 5 (cinco) anos, desde que referido crédito tenha sido objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento apresentado à RFB antes do transcurso do referido prazo e, ainda, que sejam satisfeitas as condições previstas no § 5º. (...) Art. 55. Homologada a compensação declarada, expressa ou tacitamente, ou consentida a compensação de ofício, a unidade da RFB adotará os seguintes procedimentos: I debitará o valor bruto da restituição, acrescido de juros, se cabíveis, ou do ressarcimento, à conta do tributo respectivo; II creditará o montante utilizado para a quitação dos débitos à conta do respectivo tributo e dos respectivos acréscimos e encargos legais, quando devidos; III registrará a compensação nos sistemas de informação da RFB que contenham informações relativas a pagamentos e compensações. Fl. 95DF CARF MF Processo nº 13603.902518/201101 Acórdão n.º 3201005.178 S3C2T1 Fl. 4 5 IV certificará, se for o caso: a) no pedido de restituição ou de ressarcimento, qual o valor utilizado na quitação de débitos e, se for o caso, o saldo a ser restituído ou ressarcido; b) no processo de cobrança, qual o montante do crédito tributário extinto pela compensação e, sendo o caso, o saldo remanescente do débito; e V expedirá aviso de cobrança, na hipótese de saldo remanescente de débito, ou ordem bancária, na hipótese de remanescer saldo a restituir ou a ressarcir depois de efetuada a compensação de ofício. Em vista desses normativos, verifico que a decisão recorrida não observou o regramento previsto. O contribuinte apresentou primeiramente o pedido de restituição (Per), e depois, os pedidos de compensação (Dcomp´s). Vejase a cronologia: Pedido de Restituição (final 1457), apresentado em 30/08/2002; Pedidos de Compensação posteriores, tendo como crédito referente o Pedido de Restituição acima, apresentados nas seguintes datas e valores: 09/08/2007 1.761,87 19/09/2007 255,51 25/09/2007 2.418,97 17/11/2007 3.456,60 A Receita Federal decidiu, equivocadamente, a compensação apresentada em 25/09/2007 em primeiro lugar, negando o pedido por prescrição, em 06/06/2011, com ciência em 27/06/2011. No contexto da restituição e das compensações efetuadas, deveria ter analisado conjuntamente os pedidos, porque apresentados em correlação, nos termos do §5º do art. 34 transcrito, tendo sido respeitadas, pelo contribuinte, as condições dos incisos I e II do mesmo parágrafo. O Despacho Decisório deveria ter cumprido a ordem apresentada pelo contribuinte, compensado o valor devido (superada a prescrição, cf. §10º do art. 34 acima transcrito). Com efeito, o crédito foi reconhecido e as outras Dcomp´s homologadas nos autos do processo 13603.900096/201214, e o valor da compensação no presente processo foi restituído ao contribuinte, equivocadamente. O erro, portanto, foi da Receita Federal, ao decidir o pedido de compensação antes do pedido de restituição respectivo, e não do contribuinte. Gizese, para registrar, que a decisão recorrida alterou completamente o fundamento do Despacho Decisório, o que importaria em sua nulidade, por cerceamento do direito de defesa na Manifestação de Inconformidade. O Despacho Decisório negou o pedido Fl. 96DF CARF MF 6 por prescrição, enquanto a decisão recorrida afastou a prescrição (cf. §10º do art. 34), mas negou o pedido porque o valor a compensar já fora restituído. Não obstante, considerando que o caso pode ser solucionado em prol do contribuinte, a nulidade não lhe aproveita e pode ser superada (art. 59, III do PAF1). Desse modo, a compensação deve ser homologada, posto que o direito de crédito foi reconhecido no processo 13603.900096/201214, e o contribuinte cumpriu corretamente todas as formalidades para a compensação. O contribuinte deve ser orientado sobre a forma de devolver a restituição indevidamente efetuada, conforme solicitou. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira Relator 1 Art. 59. São nulos: (...) II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Fl. 97DF CARF MF
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Numero do processo: 14337.000208/2010-11
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2005 a 31/12/2007
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DEVIDAS PELO PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA - SUBROGAÇÃO DO ADQUIRENTE PESSOA JURÍDICA. STF RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 718.874/RS.
É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/01, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. SÚMULA CARF nº 119.
No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996.
Numero da decisão: 9202-007.585
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em negar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento, para aplicação da Súmula CARF nº 119.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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STF RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 718.874/RS. É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/01, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. SÚMULA CARF nº 119. No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em negarlhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento, para aplicação da Súmula CARF nº 119. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 33 7. 00 02 08 /2 01 0- 11 Fl. 1360DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo. Relatório Tratase Auto de Infração (Debcad 37.290.9396) que nos termos do relatório fiscal de efls. 321 e seguintes foi assim resumido: Este relatório é parte integrante do Auto de InfraçãoObrigação Principal AIOP de contribuições devidas à Seguridade Social, correspondente as contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização da produção rural, EXCETO IMPORTÂNCIAS DEVIDAS A OUTRAS ENTIDADES OU FUNDOS (TERCEIROS) que integram o AIOP 37.290.9388, haja vista que essas importâncias não se sujeitam a solidariedade. As bases de cálculos não foram declaradas nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP. O auto se fundamentou nos artigos 25 e 30, III da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 10.256/2001. Após o trâmite processual, a 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária manteve em parte o lançamento. O decisão foi assim registrada: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao recurso quanto à caracterização do grupo econômico, nos termos do voto do Relator; II) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso quanto à questão da comercialização da produção rural pessoa física, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Adriano Gonzáles Silvério e Manoel Coelho Arruda Júnior, que votaram em dar provimento ao recurso nesta questão; III) a) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada. Redator: Bernadete de Oliveira Barros. Fl. 1361DF CARF MF Processo nº 14337.000208/201011 Acórdão n.º 9202007.585 CSRFT2 Fl. 3 3 O Acórdão 2301003.718 recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2005 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. Sempre que uma ou mais empresas, tendo cada uma personalidade jurídica própria, porém sob a direção, controle ou administração de outra; ficará caracterizada a constituição de grupo econômico. AFERIÇÃO INDIRETA. CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Quanto aos segurados obrigatórios, o inciso V, alínea g, do artigo 12 da Lei 8.212/91, caracteriza como contribuinte individual, “quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego.” CONTRIBUIÇÃO DO PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA SUBROGAÇÃO É devida, pelo produtor rural pessoa física, contribuição previdenciária incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção A empresa adquirente da produção de produtores rurais pessoas físicas fica subrogada nas obrigações de tais produtores e está obrigada a arrecadar, mediante desconto, a contribuição previdenciária por ele devida. Em relação à aplicação de multa pelo descumprimento de obrigação acessória previdenciária, o seu cálculo final deve observar o disposto no artigo 32A, da Lei 8.212/91, nos termos da redação dada pela Lei 11.941/09. POSSIBILIDADE. MULTA. MAIS BENÉFICA AO CONTRIBUINTE. SELIC. JUROS MORATÓRIOS. POSSIBILIDADE. Os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. As contribuições sociais previdenciárias estão sujeitas à multa de mora, na hipótese de recolhimento em atraso devendo observar o disposto na nova redação dada ao artigo 35, da Lei 8.212/91, combinado com o art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Contra a decisão a Fazenda Nacional, interpôs recurso especial de divergência questionando o critério adotado pelo Colegiado no que tange a aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em Fl. 1362DF CARF MF 4 face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Intimados, Contribuinte e responsáveis solidários não apresentaram contrarrazões, entretanto interpuseram seus respectivos recursos especiais. Após exame de adimissibilidade somente foi dado seguimento ao recurso interposto pelo contribuinte Ativo Alimentos Exportadora e Importadora Ltda. cujo objeto visa discutir a constitucionalidade do tributo incidente sobre a contribuição previdenciária do produtor rural pessoa física haja vista as alterações promovidas pela Lei nº 10.256/01. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões pugnando pela manutenção do acórdão sob o fundamento de ser inaplicável ao caso a decisão do RE 363.852/MG. Originalmente pautado para sessão de 18.04.2018, por meio da Resolução nº 9202000.193, este Colegiado converteu o julgamento em diligência para determinar a realização da complementação do despacho de admissibilidade do recurso especial interposto pelo Contribuinte. O novo despacho consta das fls. 1340/1345 e concluiu pelo seguimento parcial do Recurso Especial interposto pelo contribuinte, admitindo apenas a matéria relativa a "inconstitucionalidade do tributo incidente sobre a contribuição previdenciária do produtor rural pessoa física". É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Os recursos preenchem os requisitos de admissibilidade razão pela qual deles conheço. Diante da relação de causa e efeito, inicio a análise pela apreciação do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte. Do recurso do contribuinte: O objeto do recurso é a discussão acerca da inconstitucionalidade da cobrança da contribuição social de produtor rural, inclusive por sub‑ rogação, haja vista decisão proferida pelo STF no RE nº 363.852/MG. Em que pese argumentações em sentido contrário, o acórdão recorrido não merece reforma. Conforme consta do voto vencedor o lançamento ora discutido se baseia no art. 25 da Lei nº 8.212/91 com a redação dada pela Lei nº 10.526/2001, o que afasta a aplicação do Recurso Extraordinário nº 363.852/MG cujo objeto foi a discussão da constitucionalidade do citado art. 25, na redação dada pelo art. 1º da Lei nº 8.540/1992 discussão alheia ao presente processo. A decisão do citado recurso extraordinário é clara neste sentido, valendo destacar as conclusões do Tribunal Superior quando do julgamento do RE 596.177/RS, recurso Fl. 1363DF CARF MF Processo nº 14337.000208/201011 Acórdão n.º 9202007.585 CSRFT2 Fl. 4 5 recebido sob as regras processuais da Repercussão Geral, haja vista acórdão proferido em sede de Embargos de Declaração: RE 363.852/MG RECURSO EXTRAORDINÁRIO PRESSUPOSTO ESPECÍFICO VIOLÊNCIA À CONSTITUIÇÃO ANÁLISE CONCLUSÃO. Porque o Supremo, na análise da violência à Constituição, adota entendimento quanto à matéria de fundo do extraordinário, a conclusão a que chega deságua, conforme sempre sustentou a melhor doutrina José Carlos Barbosa Moreira , em provimento ou desprovimento do recurso, sendo impróprias as nomenclaturas conhecimento e não conhecimento. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS SUBROGAÇÃO LEI Nº 8.212/91 ARTIGO 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 UNICIDADE DE INCIDÊNCIA EXCEÇÕES COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PRECEDENTE INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR. Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária subrogada do adquirente, presente a venda de bovinos por produtores rurais, pessoas naturais, prevista nos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e nº 9.528/97. Aplicação de leis no tempo considerações. RE 596.177 ED/RS Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. FUNDAMENTO NÃO ADMITIDO NO DESLINDE DA CAUSA DEVE SER EXCLUÍDO DA EMENTA DO ACÓRDÃO. IMPOSSIBILIDADE DA ANÁLISE DE MATÉRIA QUE NÃO FOI ADEQUADAMENTE ALEGADA NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO NEM TEVE SUA REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. INEXISTÊNCIA DE OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU OMISSÃO EM DECISÃO QUE CITA EXPRESSAMENTE O DISPOSITIVO LEGAL CONSIDERADO INCONSTITUCIONAL. I – Por não ter servido de fundamento para a conclusão do acórdão embargado, excluise da ementa a seguinte assertiva: “Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador”(fl. 260). II – A constitucionalidade da tributação com base na Lei 10.256/2001 não foi analisada nem teve repercussão geral reconhecida. III – Inexiste obscuridade, contradição ou omissão em decisão que indica expressamente os dispositivos considerados inconstitucionais. IV – Embargos parcialmente acolhidos, sem alteração do resultado. De fato, como bem apontado na peça recursal o lançamento ora discutido foi feito com base no art. 25 da Lei 8.212/91 com a redação dada pela Lei nº 10.526/2001, fundamentada pela Emenda Constitucional nº 20/1998 e ao contrário do alegado pelo contribuinte, a responsabilidade de recolhimento da referida contribuição está baseada no inciso III e não no inciso IV (o qual foi declarado inconstitucional pelos mesmos recursos Fl. 1364DF CARF MF 6 extraordinários acima citados) do art. 30 da mesma Lei nº 8.212/91, conforme se verifica do auto de infração lavrado. Sobre o referido inciso III não há qualquer declaração de inconstitucionalidade. Assim, a regra matriz do tributo e a previsão da responsabilidade pelo seu pagamento, possuía quando da ocorrência do fato gerador a seguinte redação: Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho. (...) Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (...) III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25 até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de essas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento; Percebese, portanto, que a autoridade fiscal agindo no estrito cumprimento do dever legal aplicou aos fatos praticados pela Recorrida a legislação válida e vigente. Em que pese o esclarecimento acima, e como citado pelas partes ora demandantes, lembramos que a inconstitucionalidade da contribuição previdenciária devida pelo empregador rural pessoa física e incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001, era matéria controvertida. Parte considerável da doutrina defendia, ao meu ver com propriedade, que as alterações promovidas na Lei nº 8.212/91 pela polêmica Lei nº 10.256/2001, não teriam sido suficientes para afastar a inconstitucionalidade da referida contribuição previdenciária. O Jurista Humberto Ávila quando instado a se manifestar sobre o tema (Revista Dialética nº 185, p. 128) enumerou os diversos problemas da contribuição. Ocorre que todo este debate perdeu seu objeto haja vista decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, também sob a sistemática da Repercussão Geral, no RE nº 718.874/RS. Na oportunidade, discutiuse o tema 699: "Validade da contribuição a ser recolhido pelo empregador rural pessoa física sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção, nos termos do art. 1º da Lei nº 10.256/2001" tendo sido adotado a tese no sentido de ser constitucional, formal e materialmente, a contribuição social Fl. 1365DF CARF MF Processo nº 14337.000208/201011 Acórdão n.º 9202007.585 CSRFT2 Fl. 5 7 do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. O julgado recebeu a seguinte ementa: Ementa: TRIBUTÁRIO. EC 20/98. NOVA REDAÇÃO AO ARTIGO 195, I DA CF. POSSIBILIDADE DE EDIÇÃO DE LEI ORDINÁRIA PARA INSTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO DE EMPREGADORES RURAIS PESSOAS FÍSICAS INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 10.256/2001. 1.A declaração incidental de inconstitucionalidade no julgamento do RE 596.177 aplicase, por força do regime de repercussão geral, a todos os casos idênticos para aquela determinada situação, não retirando do ordenamento jurídico, entretanto, o texto legal do artigo 25, que, manteve vigência e eficácia para as demais hipóteses. 2.A Lei 10.256, de 9 de julho de 2001 alterou o artigo 25 da Lei 8.212/91, reintroduziu o empregador rural como sujeito passivo da contribuição, com a alíquota de 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; espécie da base de cálculo receita, autorizada pelo novo texto da EC 20/98. 3. Recurso extraordinário provido, com afirmação de tese segundo a qual É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/01, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. Diante do exposto, nego provimento ao recurso do contribuinte. Do recurso da Fazenda Nacional: A controvérsia levantada pela Fazenda Nacional é relativa às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; Fl. 1366DF CARF MF 8 b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) Interpretando o dispositivo e aplicandoo ao caso concreto, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) tem o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. Fl. 1367DF CARF MF Processo nº 14337.000208/201011 Acórdão n.º 9202007.585 CSRFT2 Fl. 6 9 A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é o entendimento deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia Fl. 1368DF CARF MF 10 seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) Fl. 1369DF CARF MF Processo nº 14337.000208/201011 Acórdão n.º 9202007.585 CSRFT2 Fl. 7 11 cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº Fl. 1370DF CARF MF 12 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Referido entendimento, que reflete as explicações da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009, foi recentemente ratificado com edição da Súmula CARF nº 119 com o seguinte teor: SÚMULA CARF 119. No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Assim, quando da execução do julgado deverá ser observada a necessidade de adequação da multa haja vista a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009 e Súmula CARF nº 119. Conclusão: Nos termos do voto acima, conheço e nego provimento ao recurso interposto pelo contribuinte, e conheço e dou provimento ao recurso da Fazenda Nacional nos termos da Súmula CARF nº 119. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 1371DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720539/2016-82
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 01 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2402-000.727
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil preste as informações solicitadas, nos termos do voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada à Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Wilderson Botto (suplente convocado), Luís Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Junior e Denny Medeiros da Silveira.
Relatório
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil preste as informações solicitadas, nos termos do voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada à Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Wilderson Botto (suplente convocado), Luís Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Junior e Denny Medeiros da Silveira. Relatório
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil preste as informações solicitadas, nos termos do voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada à Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Wilderson Botto (suplente convocado), Luís Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Junior e Denny Medeiros da Silveira. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (efls. 1800/1838) em face do Acórdão n. 0134.415 4ª Turma da DRJ/BEL (efls. 1778/1788) que julgou improcedente a impugnação (efls. 1727/1764) e manteve os lançamentos lavrados em 05/12/2016 e constituídos em 09/12/2016 (efl. 1698), consignados no Auto de Infração CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DA EMPRESA E DO EMPREGADOR valor total de R$ 14.995.328,42 Contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à parte da empresa e ao RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .7 20 53 9/ 20 16 -8 2 Fl. 1895DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.896 2 financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (GIILRAT) incidentes sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a segurados empregados, referentes a diferenças nas Folhas de Pagamento a título de Salários, nas competências 01/2011 a 08/2011 e 10/2011 a 12/2011 (efls. 1434/1442) e no Auto de Infração CONTRIBUIÇÃO PARA OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS valor total de R$ 3.627.558,02 Contribuições devidas a terceiros (FNDE – Salário Educação, INCRA, SENAT, SEST e SEBRAE), incidentes sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a segurados empregados, referentes a diferenças nas Folhas de Pagamento a título de Salários, nas competências 01/2011 a 08/2011 e 10/2011 a 12/2011. (efls. 1443/1456) conforme discriminado no Relatório Fiscal (efls. 1460/1474). Irresignado com o lançamento, o sujeito passivo apresentou impugnação (e fls. 1727/1764) em 05/01/2017 (efl. 1703), julgada improcedente pela DRJ/BEL, nos termos do Acórdão n. 0134.415 (1778/1788), com o entendimento sumarizado na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 MULTA QUALIFICADA. DOLO. ALÉM DA PURA INADIMPLÊNCIA. Driblar o sistema de cobrança automática da Receita Federal de forma reiterada, por meio de transmissões de GFIP zeradas retificadoras das GFIP com todas as informações, seguida do não recolhimento das Contribuições a cargo da empresa durante todo anocalendário ultrapassa o limite da mera inadimplência, configurando uma opção consciente em não pagar ou retardar ao máximo o pagamento das contribuições previdenciárias, GILRAT e as destinadas a outros entidades e fundos. Essa prática subsumese às normas que autorizam a qualificação da multa. DECADÊNCIA. DOLO. Constatada a existência de comportamento consciente, planejado, com objetivo de reduzir o recolhimento de contribuições previdenciárias e de terceiros a contagem do prazo decadencial se desloca do § 4º do art. 150 para a regra geral contida no art. 173, I, ambos do Código Tributário Nacional CTN. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. PAF. JULGADOR ADMINISTRATIVO. LIMITES. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS. TRÊS PODERES. 1. O Processo Administrativo Fiscal não é o palco apropriado para discussão sobre qual critério ou percentual seria mais seguro para que a multa de ofício não afete o direito de propriedade. A norma que veda a instituição de tributo e multa com caráter confiscatório é dirigida ao legislador. 2. Tampouco possui o julgador de litígios administrativos fiscais, no âmbito da Administração Tributária Federal, competência para decidir Fl. 1896DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.897 3 sobre a ilegalidade ou inconstitucionalidade de leis que, eventualmente, fundamentaram a confecção de determinado lançamento tributário. Pelo contrário, a opção do sistema jurídico pátrio foi pela unicidade da jurisdição, portanto, é vedado ao julgador administrativo negar vigência a determinado dispositivo normativo, sejam regras ou princípios, sob a alegação de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Esta atribuição foi reservada ao poder judiciário. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificada do teor do Acórdão n. 0134.415 (1778/1788) em 24/07/2017 (e fls. 1795/1796), a impugnante, agora Recorrente, interpôs Recurso Voluntário (efls. 1800/1838) na data de 21/08/2017 (efl. 1797), enfrentando os lançamentos em sua totalidade, sumarizados no pedido abaixo transcrito: Deve ser reconhecida a nulidade do lançamento pela incompetência da DELEGACIA AUTUANTE, DEFIS SÃO PAULO, a quem não foi delegada competência para julgar processos relativos à ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA, auto de infração para débitos já confessados em GFIP e compensação de oficio de créditos não realizada, ante a competência originária da DERAT DELEGACIA ESPECIAL DA RECEITA FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA, conforme Regimento Interno da SRF vigente quando do lançamento fiscal, bem como dado a incompatibilidade do relatório fiscal e relatório de fundamentos legais do débito. O primeiro sugere que o auto de infração deuse em função de contribuições devidas nos termos do artigo 22, I e II da Lei 8.212/91. No entanto, o mesmo termo de verificação fiscal informa que o contribuinte confessou os débitos em GFIP, sendo o auto de infração lançado com estes valores, que teriam sido excluídos do sistema GFIP. O procedimento não foi comprovado. Deve ser acatado neste caso um PARECER DA PGFN, O PARECER PÚBLICO PGNF/CAT NÚMERO 466/2014, APROVADO EM 02 DE ABRIL DE 2014 PELA PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA NACIONAL, emitido a partir de CONSULTA INTERNA da Receita Federal do Brasil especificamente para os casos da SÃO PAULO TRANSPORTES e que assim conclui: "Ante o exposto, mantendo o posicionamento desta CoordenaçãoGeral de Assuntos Tributários exposto nos Pareceres PGFN/CAT 135/2009 e 2793/2009, com a necessária adequação à jurisprudência consolidada do STJ, concluise que: a) A natureza jurídica do instituto da retenção descrito no artigo 31 da Lei 8.212/91 é de responsabilidade tributária por substituição; Fl. 1897DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.898 4 b) Na hipótese de ter ocorrido a retenção, por parte da empresa contratante (tomadora) de serviços executados mediante cessão de mão de obra, do montante da contribuição previdenciária devida, será ela responsável direta e exclusivamente pelo pagamento do referido tributo. c) Não havendo a retenção, subsiste a responsabilidade da empresa cedente de mão de obra JUNTAMENTE COM A EMPRESA TOMADORA e, d) Também se aplica esse entendimento quando o tomador de serviços executados mediante cessão de mão de obra for entidade da Administração Pública. Deve ser acatado o direito da RECORRENTE de proceder à compensação de créditos válidos decorrentes do crédito havido junto ao CONSÓRCIO SETE que integra, conforme artigo 112 da IN 971. Em diligência fiscal deverá ser verificado se as empresas participantes do mesmo procederam à alocação do crédito dentro do limite disponível. Este crédito relativo à retenção de 11% incidente sobre as faturas ou recibos, nos termos dos artigos 44 a 48 da IN 900 de 30/12/2008, deve ser concedido ao RECORRENTE independentemente de constar em GFIP, tendo em vista a documentação anexada, com determinação do procedimento de concessão do crédito pela Procuradoria Geral Especializada do INSS, vinculada à Advocacia Geral da União. O documento que contém a numeração fls.1323/1324, relativo a processo judicial, extraído do Mandado de Segurança noticiado é muito claro em relação ao direito da RECORRENTE quanto ao crédito de 11% incidente sobre o faturamento para compensação de suas contribuições previdenciárias. Pelo documento, a Procuradora da AGU Dra. Sofia Mutchnik declara em documento intitulado CONSULTA: "A nosso ver, portanto, temse que o dever de recolher aos cofres previdenciários a retenção de 11% da Nota Fiscal relativa à cessão de mão de obra é único e exclusivo do tomador, não podendo ser cobrado tal montante do sujeito passivo direito da obrigação tributária (o detentor da folha de salários que cede a mão de obra ao tomador)". Conclui a douta procuradora com a assertiva de que há de se abater todos os débitos lançados nas prestadoras de serviço. Tratase de "coisa julgada", ante decisão do Egrégio Tribunal Regional Federal da Terceira Região que considerou válido o entendimento da Procuradoria da Fazenda Nacional e manteve lançamento em face da SÃO PAULO TRANSPORTES em relação à responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias incidente sobre a folha de pagamento dos prestadores de serviço. Foram anexados durante a ação fiscal os AUTOS DE INFRAÇÃO lançados pela RECEITA FEDERAL DO BRASIL em Fl. 1898DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.899 5 face da SECRETARIA MUNICIPAL DOS TRANSPORTES, que definem os valores que passarão a ser considerados como créditos do RECORRENTE e das demais empresas que integram o CONSÓRCIO. O crédito havido está dentro do contido no lançamento em relação ao GRUPO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE PARTICIPANTES DO CONSÓRCIO INTEGRADO PELA RECORRENTE. O artigo 31 da Lei 8.212/91, redação da Lei 9711/2008 determinava a compensação das retenções para as contribuições previdenciárias. Compulsando a planilha anexa à impugnação, vemos que a primeira retenção, crédito do RECORRENTE foi em 01/2006. O valor deve ser atualizado pela taxa SELIC para a competência seguinte, que recebeu ainda outro crédito. Assim, até 12/2007 havia um total de retenções não alocadas como crédito do RECORRENTE que atualizadas pela SELIC atingem valor infinitamente superior ao crédito tributário lançado. O RECORRENTE dispunha de créditos suficientes para a compensação integral dos valores ora lançados. Como o CONSÓRCIO é formado por empresas do grupo, e os seus créditos não foram utilizados em várias competências pela integrante EMPRESA CIDADE DUTRA LTDA, os valores dos créditos da retenção devem ser integralmente alocados na ora RECORRENTE, que detinha em todo o tempo a maior parte da mão de obra que atendia ao transporte público do Município de São Paulo. Demonstra ainda o RECORRENTE que não utilizou os créditos de retenção anteriormente. Sobre este fato o Recorrente apresenta documento não disponível anteriormente, cuja existência é posterior à Impugnação, relativa a Oficio encaminhado pela SÃO PAULO TRANSPORTES À CPI do INSS em curso junto ao Doutro Senado Federal do Brasil. Deve ser declarada a decadência, em qualquer hipótese, de contribuições lançadas no período de 01 a 11/2011 ante a evidente decadência do período, nos termos do artigo 150 parágrafo 4° do CTN e da Súmula 99 do CARF, Súmula CARF n° 99: "Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida Fl. 1899DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.900 6 no auto de infração". A este respeito também a Solução de Consulta Interna 03/2013 que também se pede juntada, em função de princípio inserto no CARF, a busca da verdade material. Notória ainda a Decadência invocada no período de 01/2001 a 11/2011, pelas razões já expostas, mercê da aplicação inclusive da SUMULA 99 DO CARF. Inexiste no presente processo qualquer prova de conduta do contribuinte que pudesse levar à aplicação de multa qualificada, ante a inexistência de qualquer elemento que o determine, mormente pelo fato de que as contribuições previdenciárias lançadas foram devidamente informadas a tempo e modo, e deveriam ser de imediato objeto de cobrança, quando não recolhidas, não cabendo sequer a emissão de auto de infração. GFIPs posteriores foram efetuadas apenas no intuito de atender demandas de processos na justiça do trabalho. Sem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator O Recurso Voluntário (efls. 1800/1838) é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores, portanto dele CONHEÇO. Para uma melhor contextualização da presente lide, resgato, no essencial, o Relatório Fiscal (efls. 1460/1474): [...] 2.5. Da análise da documentação, conforme será demonstrado a seguir, constatouse que a empresa: Remunerou os segurados empregados a título Salários, sendo esta remuneração apurada através das folhas de pagamento, nas competências de 01/2011 a 08/2011 e 10/2011 a 12/2011. 2.6. Em relação a tais verbas remuneratórias a empresa: Não as declarou em GFIP antes do início da ação fiscal, relativamente a fatos geradores ocorridos a partir da competência 01/1999; Não comprovou o recolhimento ou a provisão das contribuições previdenciárias correspondentes na escrita contábil; e Não apresentou documentos hábeis a comprovar a não incidência das contribuições previdenciárias sobre o pagamento das referidas verbas remuneratórias. Fl. 1900DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.901 7 [...] 3.2. As remunerações pagas e/ou creditadas aos segurados empregados foram apuradas com base nas Folhas de Pagamento comparadas com os valores declarados nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIPs, obtidos através do Sistema GFIPWEB, com código de status 1 (GFIPS exportadas), relativas às competências 01/2011 a 12/2011 e 13º 2011. Os valores tributados foram referentes às diferenças de Salário de Contribuição, apuradas entre os valores constantes nas Folhas de Pagamento e os valores declarados nas GFIPs. 3.3. A empresa comprovou o recolhimento parcial dos valores não declarados nas GFIPs, através de Guias de Recolhimento da Previdência Social GPS, no valor anual de R$ 2.301.237,53, apuradas no procedimento fiscal e não apropriadas pela fiscalização; pois tais valores são compatíveis com os recolhimentos apenas das contribuições descontadas dos segurados empregados, que não são objeto da presente ação fiscal. [...] 3.5. Constatouse no procedimento fiscal, que existem no Sistema GFIPWEB várias GFIPs com código de status 7 ou excluídas. Estas GFIPs não foram consideradas pela fiscalização, visto que sem motivo aparente respaldado pelo Manual da GFIP, tais documentos foram substituídos por outros com informação de remuneração zerada. Os valores anteriormente informados nas GFIPs excluídas estavam compatíveis com os valores lançados nas Folhas de Pagamento. Tal procedimento adotado pelo contribuinte, foi supostamente um mecanismo criado com o objetivo de excluir estas remunerações da base de cálculo das contribuições previdenciárias das GFIPs. Assim sendo, o contribuinte agiu intencionalmente, em tese, com o evidente intuito de sonegação, o que configura infração à legislação tributária, conforme definido no art. 71 da Lei nº 4.502 de 30/11/1964. [...] Em face das acusações fiscais em tela, a impugnante, agora Recorrente, apresentou impugnação (efls. 1727/1764), apreciada pela instância de piso nos seguintes termos: [...] Com fundamento no art. 59, I, do Decreto 70.235, de 6 de março de 1972 e dos artigos 12 e 31 do Decreto 7.574, de 29 de setembro de 2011 a Interessada entende que os lançamentos são nulos, uma vez que realizados por Agente e Delegacia incompetentes e de forma equivocada, já que em seu Fl. 1901DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.902 8 entendimento não caberia Auto de Infração, mas sim Notificação de Lançamento pela não homologação da compensação. Transcrevese o 31 do Decreto 7.574/2011, citado pela Impugnante, com o objetivo de afastar qualquer dúvida sobre a competência do AuditorFiscal da Receita Federal para realizar o lançamento de ofício das Contribuições Sociais, objeto do presente processo. O lançamento de ofício compete ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, podendo a exigência do crédito tributário ser formalizada em auto de infração ou em notificação de lançamento.(Redação dada pelo Decreto nº 8.853, de 2016) Outrossim, para afastar de vez qualquer dúvida sobre a competência do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil para realizar o lançamento de Contribuições Federais, citase a Lei 11.457, de 16 de março de 2007: “São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições; (destacouse) Após a citação deste comando legal, como dito, dúvida não pode persistir que o AuditorFiscal da Receita é o servidor competente para realizar o lançamento tributário, de ofício, das Contribuições Federais. No mesmo sentido, não macula de nulidade os lançamentos em razão da mudança de endereço da empresa na fase final de ação fiscal. A Delegacia Especial de Fiscalização de São Paulo DEFIS/SP é competente para tais lançamentos realizados por AuditoresFiscais, não há norma estabelecendo, para o caso concreto, a necessidade do término da ação fiscal se realizar em Delegacia diversa da que iniciou referido procedimento, pelo contrário há normas ratificando os procedimentos fiscais mesmo que formalizados por servidor competente de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo, consoante a inteligência do § 2º, art. 9º do Decreto 70.235/72. Ademais, não houve nenhum prejuízo à contribuinte, tampouco cerceamento ao seu direito de defesa. As descrições fática, metodológicas e os fundamentos legais constantes no Corpo do Auto de Infração e no Relatório Fiscal foram suficientes para a Interessada exercitar seu amplo direito de defesa, com bem demonstra as 38 (trinta e oito) laudas de impugnação. Outra nulidade suscitada diz respeito à corporificação dos lançamentos tributários, que no entendimento da Impugnante não caberia auto de infração, mas sim notificação de lançamento pela não homologação da compensação. Ocorre que o objeto do processo é outro, a compensação entra no atual cenário apenas Fl. 1902DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.903 9 como parte da defesa da Interessada, que solicita, por ocasião da impugnação, uma compensação de ofício com base em eventuais créditos a ser apurados. Portanto, não há nenhum conflito, tampouco nulidade na utilização de Autos de Infração para lançar Contribuições Previdenciárias da empresa, GILRAT e de outras entidades e fundos. ainda mais se obedeceram os requisitos contidos no art. 10 do Decreto 70.235/72. Não se vislumbra nenhuma nulidade decorrente da existência de MPF Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização , fl. 2. No entendimento da Impugnante, não teria necessidade, pois entende que a fiscalização tratou apenas de um procedimento interno de revisão de declaração, nos termos do inciso IV, art. 10 da Portaria 3.014/2011. Ocorre que o Mandado de Procedimento fiscal é um mecanismo de controle administrativo que torna o procedimento fiscal mais transparente e legítimo. O sujeito passivo pode verificar a autenticidade do mesmo com a utilização do programa “Consulta Mandado de Procedimento Fiscal”, disponível na página da Secretaria da Receita Federal do Brasil na internet. No vertente caso é só verificar o Termo de Início de Procedimento Fiscal, fl. 4, e o conteúdo da intimação que ele carrega, para verificar que a fiscalização foi ampla, não se reduziu a uma auditoria interna de declaração, neste ponto, é de bom alvitre não confundir o procedimento de fiscalização com seus resultados. A Instrução Normativa RFB nº 3.014, de 29 de junho de 2011, que dispõe sobre o planejamento das atividades fiscais e estabelece normas para a execução de procedimentos fiscais relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, trata do prazo de vigência dos Mandados de Procedimentos Fiscais e suas respectivas prorrogações. No caso sob exame, as prorrogações estão tão todas consignadas no Demonstrativo de Prorrogações, fl. 3, in fine, ou seja, temse a norma e os fatos adequados às normas, nenhum irregularidade ou nulidade poderia resultar do prazo utilizado para realizar a fiscalização. O tempo previsto no art. 24 da Lei 11.457, de 16 de março de 2017, não diz respeito ao tempo para fiscalizar, mas sim para proferir a decisão administrativa a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativo do contribuinte. Assim, afastase as preliminares de nulidade dois lançamentos, uma vez que foram realizados por agentes competentes e sem preterição do direito de defesa, nos termos do art. 59 do Decreto 70.235/72. Por oportuno, observase que na seara administrativa não é apropriado falar em cerceamento do direito de defesa na fase anterior ao lançamento tributário, pois só após a Impugnação tempestiva é que se inaugura a fase litigiosa. É neste estágio que incidem as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa, visto que esses princípios, nos termos da Constituição Federal, aplicamse aos litigantes, no marco de um processo administrativo ou judicial. Vencidas as preliminares, passase a análise da prejudicial de mérito, no caso, se ocorreu ou não a decadência do direito de a Fl. 1903DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.904 10 Administração Tributária Federal realizar os lançamentos tributários. A Impugnante sustenta que as competências 01/2011 a 11/2011 estão decadentes, com fulcro no § 4º, art. 150, do Código Tributário Nacional e na Súmula CARF nº 99. CTN, art. 150, § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No caso em tela se constata pagamentos parciais para as competências lançadas, referentes as contribuições descontadas dos segurados do RGPS7, no entanto, a aplicação do § 4º só ocorrerá se a situação fática não se subsumir a exceção contida no final do mencionado parágrafo: "salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação", neste caso, a regra a ser aplicada para contagem do prazo decadencial será a contida no art. 173, I do Código Tributário Nacional CTN8: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; A causa dos lançamentos foi a não declaração em GFIP válida das Contribuições Previdenciárias, GILRAT e para outras entidades e fundos. A interessada transmitia a GFIP com os valores devidos à Previdência e com as Contribuições retidas dos segurados. Em seguida, no mesmo mês, no seguinte ou no máximo em dois meses, ela enviava uma GFIP retificadora zerada, sobrepondo todas as informações anteriores. Em sua Impugnação ela justifica que as retificação foram decorrentes de decisões da Justiça do Trabalho, a empresa teve que entregar novas GFIP com alteração no salário de contribuição. Esta realidade não foi confirmada. Em pesquisa ao sistema GFIPWEB se constatou que as retificações resultaram em zerar todos os valores devidos à Previdência e os retidos dos Segurados do RGPS e não simples alterações para mais ou para menos desses valores. É de todo oportuno lembrar que as alterações nas informações prestadas em GFIP será formalizada mediante a apresentação de GFIP retificadora, elaborada com a observância das normas constantes do Manual da GFIP, conforme estabelece o art. 463 da Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009. Fl. 1904DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.905 11 Resta ressalvar, nesta seara, que há muito anos a GFIP retificadora sobrepõe as informações da GFIP retificada, em razão disso o manual9 de preenchimento das GFIP é extremamente repetitivo no sentido de que as novas informações ou fatos geradores omitidos devem ser informados mediante a transmissão de nova GFIP, contendo todos os fatos geradores, inclusive os já informados, com as respectivas correções e confirmações. Chega a colocar com letra garrafais um aviso antes mesmo do índice: AVISO IMPORTANTE PELA NOVA SISTEMÁTICA DE RETIFICAÇÃO, ORIENTADA NESTE MANUAL, É NECESSÁRIO O ENVIO DO ARQUIVO COM TODOS OS DADOS CONTIDOS NO ARQUIVO ANTERIOR (A RETIFICAR), COM AS DEVIDAS CORREÇÕES. Observase que a Interessada, como os outros contribuintes, tinha todas as informações para fazer a retificações de GFIP sem a opção de zerálas. Não se pode olvidar que a contribuinte não é uma pequena empresa e está há muito tempo no mercado, sem espaço para alegar desconhecimento deste procedimento básico de retificação de Declarações. Como a Impugnante só recolheu as Contribuições Previdenciárias retidas dos salários dos segurados, sem pagar a parte da empresa, entende que cabia "à Receita Federal tão somente a cobrança da diferença entre os valores confessados e os valores recolhidos". Repousa aqui, a gravidade da opção de zerar as GFIP, pois o sistema de cobrança, em um ambiente de lançamento por homologação, parte do pressuposto que o declarado é verdadeiro. No caso concreto, a manutenção das GFIP zeradas não gera nenhum tipo de cobrança, a não ser por ocasião de uma eventual fiscalização, com de fato aconteceu. No que diz respeito ao pagamento das contribuições da empresa, a Impugnante propõe uma solução sem amparo normativo, fazer uma compensação de ofício com crédito não certos e não líquidos, uma vez que ainda controversos no âmbito de outro litígio10 em face do Município de São Paulo Secretaria Municipal de Transportes. Tal proposta contraria os preceitos básicos do instituto da compensação tributária, que deve ser realizada mediante a existência de crédito líquido e certo e em obediência as formalidade exigidas na legislação tributária. Neste contexto, resta caracterizado o dolo da Interessada, um interesse consciente em zerar, reiteradamente11, as GFIP e mantêlas zeradas, obstacularizando a cobrança automática das Contribuições Previdenciárias da Empresa, GILRAT e de Terceiros. Portanto, o cálculo da decadência, no caso sob exame, deve ser realizado com base na regra entalhada no art. 173, I, do Código Tributário Nacional. Neste compasso, todas as competências Fl. 1905DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.906 12 foram lançadas dentro do prazo, não ocorreu, portanto, decadência. Consignase, para iniciar a análise do mérito, que as Contribuições Previdenciárias retidas pela empresa e pagas em GPS não foram objeto de lançamento neste processo. Neste aspecto, não se constata nenhuma ausência de apropriação, GPS de fls. 1.704/1.716, uma vez os valores recolhidos são os devidos de Contribuições Previdenciárias dos Segurados do RGPS. Por outro lado, como visto ao norte, não é possível atender ao pedido de compensação de eventual crédito decorrente de Auto de Infração relacionado a retenção de 11% que deveria incidir sobre os repasses efetuados às viações prestadoras de serviço e ser realizada pela Secretaria Municipal de Transportes, Processo 19311.720413/201190, uma vez que não se trata de crédito líquido, nem certo, portanto, não passível de compensação, nos termos do art. 170 de Código Tributário Nacional. Tampouco atende as formalidades necessárias de um pedido de compensação. O próprio interessado demonstra total desconhecimento sobre o valor e a existência do alegado crédito, ao solicitar que "Receita Federal do Brasil diligencie para que os valores lançados em face da Municipalidade sejam alocados para os reais prestadores de serviço”. Observase que o crédito tributário 51.000.4440 foi exonerado pelo Acórdão 05 039.653, de 11 de dezembro de 2012, proferido pela DRJ em Campinas. Portanto, indeferese o pedido de diligência, por ser desnecessário ao deslinde do presente litígio e não atender aos requisitos estampados no art. 16 do Decreto 70.235/72. Na mesma toada, indeferese o pedido de adição de cópia do Processo 19311.720413/201190, por não haver coincidência de partes, envolver questões de sigilo fiscal e também não ser necessário para solução do litígio. Observase que os argumentos relacionados à cessão de mão de obra acompanhado da citação de conclusões do Parecer PGFN/CAT nº 466/2014, que versa sobre retenção em cessão de mão de obra e igualmente os excertos de decisões administrativos e judiciais relacionados ao tema, são argumentos que não se aplicam ao presente litígio e sim ao Processo 19311.720413/201190 Município de São Paulo Secretaria Municipal de Transportes. Notase que a Impugnante possui todos os dados referentes as GFIP enviadas, inclusive com seu respectivo status, pois referidas Declarações preenchidas e transmitidas pela própria Interessada. Qualquer divergência em relação a base de cálculo ou alíquotas aplicadas nos lançamentos deveria vim acompanhada de provas, de referência a competência que eventual divergência ocorreu e dos motivos que a fundamente. Alegações genéricas desacompanhadas de prova não tem o condão de alterar os lançamentos, ainda mais quando estes Fl. 1906DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.907 13 foram realizados com base em declarações anteriormente produzidas pela própria Interessada. Mantémse, além dos levantamentos que lastrearam os lançamentos, pois no caso sob análise não existia outro instrumento de cobrança, pois as GFIPS foram zeradas e, neste passo, são mantidas as multas, inclusive no percentual de 150%, pois o dolo restou evidenciado, conforme visto anteriormente, por ocasião da análise da decadência, e sintetizado no parágrafo seguinte. Ao transmitir as GFIP retificadoras zeradas a Interessada contornava o sistema de cobrança automática da Receita Federal de forma reiterada. Não recolhia as contribuições de responsabilidade da empresa e ao mesmo tempo não era cobrada pelo sistema, assim, configurouse uma opção consciente em sonegar as contribuições, primeiro declarava que devia, depois retificava as declarações, zerando todas as informações, e não pagava as contribuições da empresa, nem tampouco seria cobrada, a não ser por ocasião de uma eventual fiscalização, como de fato aconteceu, portanto, não se trata de um mera inadimplência, mas de uma opção consciente em não pagar ou retardar ao máximo o pagamento das contribuições litigiosas. Referida opção subsume as normas contidas no art. 44, I e § 1º da Lei 9.430/96. Não se pode olvidar que este Órgão Julgador falece de competência para afastar normas presumidamente constitucionais, conforme dicção do art. 26A do Decreto 70.235/72, portanto, por ser improfícuo, não se estabelece o debate sobre qual o critério ou percentual seria mais adequado para que aplicação das leis tributárias respeitasse o princípio do nãoconfisco, ainda mais em situações que envolvem o elemento doloso. Conclusão Em vista do exposto, da ausência de nulidades, votase pela Improcedência da Impugnação, pela manutenção integral dos autos de infração que compõem este processo. [...] Muito bem. De plano, verificase que o Recurso Voluntário (efls. 1800/1838) apenas reproduz, ipsis litteris, os mesmos argumentos aduzidos na impugnação (efls. 1727/1764), sem nada acrescentar. Todavia, a sua apreciação reclama diligência para averiguar existência de retenção de contribuições sociais pelo tomador de serviço no AnoCalendário 2011 passíveis de aproveitamento no lançamento em litígio. Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do Recurso Voluntário (efls. 1800/1838) para CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA à Unidade de Origem da RFB para averiguar existência de retenção de contribuições sociais pelo tomador de Fl. 1907DF CARF MF Processo nº 19515.720539/201682 Resolução nº 2402000.727 S2C4T2 Fl. 1.908 14 serviço no AnoCalendário 2011 passíveis de aproveitamento no lançamento em litígio, observandose que, após a diligência ora solicitada, deverá a Unidade de Origem consolidar Informação Fiscal em face das verificações realizadas, cientificando a Recorrente do seu teor e concedendo prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ciência, para que, a seu critério, apresente contrarrazões.. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 1908DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.933857/2008-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. NÃO COMPROVAÇÃO.
Cabe ao sujeito passivo a comprovação, por meio do documentação hábil e idônea, de seu direito creditório reclamado.
Numero da decisão: 2402-006.931
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário para, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Wilderson Botto (suplemente convocado), João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior e Paulo Sergio da Silva.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2003 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. NÃO COMPROVAÇÃO. Cabe ao sujeito passivo a comprovação, por meio do documentação hábil e idônea, de seu direito creditório reclamado.
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. NÃO COMPROVAÇÃO. Cabe ao sujeito passivo a comprovação, por meio do documentação hábil e idônea, de seu direito creditório reclamado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário para, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Wilderson Botto (suplemente convocado), João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior e Paulo Sergio da Silva. Relatório Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, que considerou improcedente a Manifestação de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 93 38 57 /2 00 8- 69 Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10880.933857/200869 Acórdão n.º 2402006.931 S2C4T2 Fl. 168 2 Inconformidade apresentada pelo sujeito passivo, contra o Despacho Decisório Eletrônico nº 791231028 proferido pela DERAT/SP, que não reconheceu o direito creditório do recorrente e, por conseguinte, não homologou as compensações promovidas e controladas nestes autos. O contribuinte transmitiu, em 3.12.03, Declaração de Compensação com as seguintes características: Em 4.11.08, o sujeito passivo apresentou sua Manifestação de Inconformidade aduzindo em resumo: (fls. 10/24) 1 Nulidade do Despacho Decisório, eis que careceria de fundamentação; e 2 Que o crédito resultaria do recolhimento indevido de IRRF, na medida em que seria indevida a incidência do IRRF sobre os juros pagos pela recorrente à sua matriz na Alemanha em função de um empréstimo em moeda dela obtido. Para isso, cita o artigo 691, X do RIR/99 e o fato de o item 8 do Certificado emitido pelo BACEN em favor da recorrente está especificada a não incidência do IRRF sobre as operações de câmbio. Como já dito, a DRJ julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade (fls. 121/125). Em seu Recurso Voluntário de fls 130/145, a recorrente reitera as razões de defesa de sua Manifestação de Inconformidade, além de aduzir novas razões à lide, como se seguem: 1 Da nulidade do Despacho Decisório, eis que careceria de fundamentação; 2 Da nulidade da decisão de primeira instância, posto que a autoridade de piso teria inovado modificado o critério jurídico (art 146 do CTN) ao não apreciar a temática acerca da não incidência do IRRF sobre remessa de juros ao exterior decorrente de lançamento de fixed rute notes; e 3 Da higidez do crédito compensado. Que o crédito resultaria do recolhimento indevido de IRRF, na medida em que seria indevida a incidência do IRRF sobre os juros pagos pela recorrente à sua matriz na Alemanha em função de um empréstimo em moeda dela obtido. Para isso, cita o artigo 691, X do RIR/99 e o fato de o item 8 do Certificado emitido pelo BACEN em favor da recorrente está especificada a não incidência do IRRF sobre as operações de câmbio; e É o relatório. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO CRÉDITO nº data valor CÓD REC pa vencimento dt recolhimento 01524.51719.031203.1.3.043658 03.12.2003 489.988,58 0481 28.10.2003 28.10.2003 28.10.2003 Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10880.933857/200869 Acórdão n.º 2402006.931 S2C4T2 Fl. 169 3 Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator A recorrente tomou ciência do acórdão de piso em 14.9.15, consoante se denota de fls. 165 e apresentou, tempestivamente, seu Recurso Voluntário em 9.10.15 (fls. 130). Preenchido os demais requisitos, dele passo a conhecer. Quanto à suscitada nulidade do Despacho Decisório por carência de fundamentação, valhome dos esclarecimentos e conclusão da decisão de piso, eis que, com propriedade, bem esclarece e resolve a controvérsia. Vejamos: Na sequência, no que toca à suposta nulidade da decisão de piso em virtude da alegada modificação do critério jurídico e não análise de temática atinente à não incidência Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10880.933857/200869 Acórdão n.º 2402006.931 S2C4T2 Fl. 170 4 ou alíquota zero na remessa, in casu, de juros ao exterior, penso não assistir razão à recorrente. Como já dito, trata o caso de compensação promovida pelo recorrente valendose de direito creditório que alega possuir. Por sua vez, o artigo 170 do CTN é textual ao prescreve que "a lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública." Em outras palavras, o crédito oferecido em compensação precisa ostentar indubitavelmente os prérequisitos de liquidez e certeza, cabendo ao titular desse direito, o ônus de sua comprovação. 1 Dito isso, cumpre observar que a controvérsia em tela comporta duas condições que precisam ser simultaneamente atendidas, com vistas ao reconhecimento do direito creditório do sujeito passivo. A primeira, que demandaria uma análise de fato, consistiria na comprovação de que o recolhimento que teria dado origem ao crédito referese, sem sombra de dúvidas, ao IRRF apurado e recolhido pelo recorrente em função da remessa de juros decorrente do empréstimo tomado de sua matriz no exterior a título de fixed rute notes. Sobre esse ponto, cumpre mencionar que não teria sido atendida a intimação fiscal, por meio da qual se pretendida fossem esclarecidos os itens abaixo (fls. 119): A segunda, a ser verificada após satisfeita a condição acima, consistiria na análise da disposição legal invocada para, se for o caso, concluir pelo indevido recolhimento do tributo e o conseqüente reconhecimento do direito creditório. Assim sendo, a decisão de piso entendeu, acertadamente, que não teria sido demonstrada a vinculação do recolhimento reclamado à circunstância ensejadora de seu direito creditório. Vale destacar que mesmo após o assentado acima, o recorrente não buscou trazer aos autos máxime em seu recurso voluntário evidências que tendessem a infirmar tal conclusão. 1 Art 333 do CPC/73 Art 373 do NCPC Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10880.933857/200869 Acórdão n.º 2402006.931 S2C4T2 Fl. 171 5 Vejamos os fundamentos da decisão de piso sobre o tema, com os quais concordo e passo a adotar. Como se pode notar, a decisão recorrida, de forma bastante prudente, preocupouse em analisar a adequação fática à circunstância legal suscitada, marco inicial para o reconhecimento do direito creditório reclamado. Fl. 171DF CARF MF Processo nº 10880.933857/200869 Acórdão n.º 2402006.931 S2C4T2 Fl. 172 6 Nesse rumo, não vislumbro qualquer inovação na decisão recorrida que pudesse cercear o direito de defesa do recorrente. Ao contrário, foi dado ao sujeito passivo as diretrizes para, se assim o entendesse, prosseguisse na comprovação de seu direito ao crédito nesta fase recursal, o que não foi feito. Face ao exposto, VOTO no sentido de CONHECER do recurso apresentado para, na parte conhecida, REJEITAR as preliminares suscitadas e NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 172DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.900656/2011-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE.
Se transmitida a PER/DCOMP sem a retificação ou com retificação após o despacho decisório da DCTF, por imperativo do princípio da verdade material, o contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito.
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE.
Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-005.627
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007 COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. Se transmitida a PER/DCOMP sem a retificação ou com retificação após o despacho decisório da DCTF, por imperativo do princípio da verdade material, o contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
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APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. Se transmitida a PER/DCOMP sem a retificação ou com retificação após o despacho decisório da DCTF, por imperativo do princípio da verdade material, o contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 06 56 /2 01 1- 17 Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10925.900656/201117 Acórdão n.º 3301005.627 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação DCOMP, apresentada pela contribuinte acima qualificada, que restou não homologada pela DRF de origem face a inexistência de crédito disponível. Inconformada com a não homologação de sua compensação, interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese, que apurou crédito tributário da contribuição ao PIS e da Cofins em razão da declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98, proferida pelo Supremo Tribunal Federal. Esclarece, a interessada, que a razão de o crédito não ter sido reconhecido está no fato de que o mesmo não constava nos dados de controle da RFB, uma vez que o débito foi declarado integralmente, inclusive com a parcela inconstitucional incidente sobre as receitas financeiras. Em sua defesa, a contribuinte traz julgado administrativo do CARF e do judiciário – TRF da 4ª Região a fim de ver reconhecido o direito à compensação. O colegiado a quo julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 07031.023. Cientificada desta decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, reiterando os termos de sua manifestação de inconformidade, em especial: a) Defende a existência dos créditos empregados na compensação não homologada; b) Sustenta que não há previsão legal para a exigência da retificação da DCTF como condição para a homologação da compensação: ofensa ao princípio da legalidade tributária; c) E acrescenta que a exigência de retificação da DCTF afronta aos princípios da verdade material e do formalismo moderado dos atos administrativos. Ao final, requer o provimento do recurso. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10925.900656/201117 Acórdão n.º 3301005.627 S3C3T1 Fl. 4 3 3301005.620, de 30 de janeiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10925.900617/201110, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301005.620): "O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Fundamentação do acórdão da DRJ Como relatado, a Recorrente apresentou DCOMP, mas não retificou a DCTF. A DRJ ao julgar improcedente a manifestação de inconformidade o fez com fundamento único: antes da apresentação da DCOMP, a empresa deveria ter retificado regularmente a DCTF. Entendo que assiste razão à Recorrente quando afirma que a compensação via PER/DCOMP não está vinculada à retificação de DCTF. Isso porque o indébito tributário decorre do pagamento indevido, nos termos dos art. 165 e 168 do CTN. Sendo assim, a retificação da DCTF não “cria” o direito de crédito. Ademais, o Parecer Normativo COSIT nº 02/2015, publicado no DOU de 01/09/2015, esclarece: Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Fl. 90DF CARF MF Processo nº 10925.900656/201117 Acórdão n.º 3301005.627 S3C3T1 Fl. 5 4 Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. O procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/nãohomologação do PER/DCOMP. A não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios. O valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Retificada a DCTF e sendo intempestiva a manifestação de inconformidade, a análise do pedido de revisão de ofício do PER/DCOMP compete à autoridade administrativa de jurisdição do sujeito passivo, observadas as restrições do Parecer Normativo nº 8, de 3 de setembro de 2014, itens 46 a 53. Assim, discordo da decisão de piso que manteve a não homologação da compensação sobre o argumento de que a DCTF retificadora deveria ter sido transmitida antes da DCOMP. Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10925.900656/201117 Acórdão n.º 3301005.627 S3C3T1 Fl. 6 5 Por conseguinte, se transmitida a PER/DCOMP sem a retificação ou com retificação após o despacho decisório da DCTF, por imperativo do princípio da verdade material, o contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. Contudo, como se verá a seguir, não há suporte probatório da liquidez e certeza do crédito pleiteado. Ônus da prova – recolhimento indevido A Recorrente aduz que tem crédito de COFINS oponível à Fazenda Nacional, em decorrência da declaração de inconstitucionalidade pelo STF da ampliação da base de cálculo pelo parágrafo 1°, do art. 3°, da Lei n° 9.718/98. Por isso, efetuou a compensação, explicando: Entretanto, a Recorrente não demonstrou a base de cálculo utilizada para apurar a COFINS paga, para a verificação de que os recolhimentos abrangeram receitas mensais que não faziam parte da atividade da empresa: as receitas financeiras. Em pedido de iniciativa do contribuinte, cabialhe: a) Apresentar planilha com base de cálculo da COFINS, relativa ao valor da receita bruta mensal e o valor das receitas financeiras; b) Apontar no livro razão/balancete os valores indicados; c) Exibir DIPJ, DCTF original e DARF; d) Mostrar outros documentos fiscais e contábeis que permitissem afirmar que houve recolhimento sobre as receitas financeiras, que não compunham o seu faturamento. Dispõe o art. 170, do CTN que a compensação depende da comprovação da liquidez e certeza dos créditos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10925.900656/201117 Acórdão n.º 3301005.627 S3C3T1 Fl. 7 6 créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Assim, na ausência de documentação referente ao crédito, entendo que a pretensão da Recorrente não merece acolhida. Isso porque, regra geral, considerase que o ônus de provar recai a quem alega o fato ou o direito, nos termos do art. 373, do CPC/2015. Logo, é do próprio contribuinte o ônus de registrar, guardar e apresentar os documentos e demais elementos que testemunhem o seu direito ao creditamento. Então, restou demonstrado que a interessada se omitiu em produzir a prova que lhe cabia, segundo as regras de distribuição do ônus probatório do processo administrativo fiscal. Não o fazendo, acertadamente, a compensação não foi homologada. Enfim, não há reparos a serem feitos na decisão recorrida. Do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 93DF CARF MF
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Numero do processo: 11330.000676/2007-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/1997 a 31/10/1998
CRÉDITO TRIBUTÁRIO PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE Nº 8. PAGAMENTO ANTECIPADO. INDEFERIMENTO PARCIAL.
Declarada pelo STF, sendo inclusive objeto de súmula vinculante, a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91, que estabeleciam o prazo decenal para constituição e cobrança dos créditos relativos às contribuições sociais previdenciárias, a matéria passa a ser regida pelo Código Tributário Nacional, que determina o prazo de 5 (cinco) anos para a constituição e cobrança do crédito tributário.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ART. 31 DA LEI 8.212/1991. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO TOMADOR DE MÃO-DE-OBRA. PERÍODO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI 9.711/1998. NECESSIDADE DE PRÉVIA FISCALIZAÇÃO DO PRESTADOR DE SERVIÇO, A FIM DE CERTIFICAR A AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO TRIBUTO. AGRAVO INTERNO DA FAZENDA NACIONAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
A responsabilidade do tomador do serviço pelas Contribuições Previdenciárias é solidária, conforme consignado na redação original do art. 31 da Lei 8.212/1991, não comportando benefício de ordem. Todavia, no período pretérito à edição da Lei 9.711/1998, há necessidade de prévia aferição na contabilidade do prestador dos serviços, cedente de mão-de-obra, para certificar a ausência do reconhecimento da Contribuição Previdenciária, sendo incabível a aferição indireta nas contas do tomador dos serviços antes de tal providência
JUROS. TAXA SELIC. LEGITIMIDADE. Súmula CARF n° 04:
A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.JUROS. TAXA SELIC.
MULTA.RETROATIVIDADE BENIGNA.Em face do disposto no art. 57 da Lei n° 11.941, de 2009, a eventual aplicação de penalidade mais benéfica deve observar o regramento traçado em portaria conjunta da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, no caso a Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 14, de 2009
Numero da decisão: 2401-006.017
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para declarar a decadência do crédito tributário lançado no período até 11/1997. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Matheus Soares Leite, substituído pela conselheira Fernanda Melo Leal (Suplente Convocada).
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier (Presidente), Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Sheila Aires Cartaxo Gomes e Fernanda Melo Leal. Ausente a Conselheira Marialva de Castro Calabrich Schlucking.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE Nº 8. PAGAMENTO ANTECIPADO. INDEFERIMENTO PARCIAL. Declarada pelo STF, sendo inclusive objeto de súmula vinculante, a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91, que estabeleciam o prazo decenal para constituição e cobrança dos créditos relativos às contribuições sociais previdenciárias, a matéria passa a ser regida pelo Código Tributário Nacional, que determina o prazo de 5 (cinco) anos para a constituição e cobrança do crédito tributário. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ART. 31 DA LEI 8.212/1991. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO TOMADOR DE MÃODE OBRA. PERÍODO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI 9.711/1998. NECESSIDADE DE PRÉVIA FISCALIZAÇÃO DO PRESTADOR DE SERVIÇO, A FIM DE CERTIFICAR A AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO TRIBUTO. AGRAVO INTERNO DA FAZENDA NACIONAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. A responsabilidade do tomador do serviço pelas Contribuições Previdenciárias é solidária, conforme consignado na redação original do art. 31 da Lei 8.212/1991, não comportando benefício de ordem. Todavia, no período pretérito à edição da Lei 9.711/1998, há necessidade de prévia aferição na contabilidade do prestador dos serviços, cedente de mãodeobra, para certificar a ausência do reconhecimento da Contribuição Previdenciária, sendo incabível a aferição indireta nas contas do tomador dos serviços antes de tal providência JUROS. TAXA SELIC. LEGITIMIDADE. Súmula CARF n° 04: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 33 0. 00 06 76 /2 00 7- 62 Fl. 323DF CARF MF 2 A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.JUROS. TAXA SELIC. MULTA.RETROATIVIDADE BENIGNA.Em face do disposto no art. 57 da Lei n° 11.941, de 2009, a eventual aplicação de penalidade mais benéfica deve observar o regramento traçado em portaria conjunta da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, no caso a Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 14, de 2009 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para declarar a decadência do crédito tributário lançado no período até 11/1997. Declarouse impedido de participar do julgamento o conselheiro Matheus Soares Leite, substituído pela conselheira Fernanda Melo Leal (Suplente Convocada). (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier – Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier (Presidente), Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Sheila Aires Cartaxo Gomes e Fernanda Melo Leal. Ausente a Conselheira Marialva de Castro Calabrich Schlucking. Relatório Tratam os presentes autos de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD (DEBCAD 35.566.2434 – fls. 163/177), lavrado contra as empresas SENDAS S/A e SINENGE PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA., no valor total de R$ 1.946,63 (um mil novecentos e quarenta e seis reais e sessenta e três centavos). De acordo com o Relatório Fiscal (fls. 196/200) o crédito constituído é referente às contribuições sociais arrecadadas pelo INSS e destinadas à Seguridade Social, correspondente à contribuição dos segurados empregados e a contribuição da empresa, inclusive para o custeio das prestações decorrentes de acidente de trabalho ou do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa Decorrente dos Riscos do Ambiente de Trabalho – GILRAT, em razão da responsabilidade solidária entre a empresa tomadora (Sendas S/A) e a Fl. 324DF CARF MF Processo nº 11330.000676/200762 Acórdão n.º 2401006.017 S2C4T1 Fl. 3 3 empresa prestadora (Sinenge Projetos e Construções Ltda.), decorrente da contratação de prestação de serviços de construção civil no período de 06/1997 a 10/1998. Às fls. 201 consta tabela indicando os percentuais usados para o cálculo para o salário de contribuição, correspondendo tais valores a 20% sobre o valor bruto da nota fiscal, uma vez que não estavam discriminados nas respectivas notas os valores correspondentes ao material fornecido pela prestadora para a execução da obra. Devidamente cientificada, a Interessada SENDAS S/A apresentou Defesa Prévia (fls. 207/220), com as seguintes considerações: (i) Da decadência. Se a Fazenda Pública não se pronunciar sobre o recolhimento no prazo de 5 (cinco) anos, contados da data do fato gerador, operase automaticamente a homologação tácita do recolhimento. É o que impõe expressa e inequivocamente o artigo 150, § 4º do CTN, e assim dáse a preclusão do prazo da Fazenda Pública para a constituição do crédito tributário. É ilegal o lançamento efetuado pelo INSS, materializado na NFLD em tela, diante da extinção dos alegados créditos, já homologados, operandose a decadência do direito da Fazenda. Apesar do caput do artigo 45 da Lei 8.212/91 estabelecer um prazo de 10 anos para a Seguridade Social apurar e constituir débitos, este dispositivo é manifestamente inconstitucional, além de violar também o CTN, e por isso a sua aplicação vem sendo sistematicamente rejeitada pelos Tribunais. Isto porque não há dúvidas de que o prazo decadencial, estabelecido pelo Código Tributário Nacional, não pode ser revogado ou alterado por mera lei ordinária, que porventura pretenda estabelecer prazo diverso. Concluise, portanto, que foram ilegalmente constituídos na NFLD em tela todos os valores lançados pelo INSS relativos às competências de novembro de 1995 a agosto de 1997, inclusive, posto que já homologada tacitamente, na forma do artigo 150, § 4º, do CTN, ocorrendo assim a preclusão do prazo da Fazenda Pública para constituir eventual crédito mediante lançamento. (ii) Da ilegalidade in totum do lançamento. As competências a que se refere o lançamento em apreço nesta lide são anteriores ao advento da Lei nº 9.711, de 20.11.98. Logo, a presente discussão não trata da obrigação do tomador de serviços de reter o percentual de 11% (onze por cento) sobre os valores de notas fiscais de seus prestadores de serviço, instituída posteriormente aos fatos geradores em tela nesta demanda. Argumenta que somente pode existir o instituto da solidariedade se houver dívida, a fim de que o credor possa imputála a qualquer um dos devedores solidários, e para existir dívida é necessário que haja inadimplência do devedor originário. Cita os artigos 124 e 142 do Código Tributário Nacional para defender a sua ausência de responsabilidade. Conclui que o instituto da solidariedade somente pode ser efetivado nos casos em que a Fiscalização, preliminarmente, determine junto ao contribuinte praticante do fato gerador a devida a devida e efetiva contribuição não recolhida, para, só então, cobrarse do co responsável pela obrigação. Fl. 325DF CARF MF 4 (iii) As formas de calcular o montante do tributo devido. No caso presente, realizou o Fisco uma indubitável aferição indireta, ao apurar o pseudo débito através de percentuais sobre os valores das notas fiscais de prestação de serviços, ignorando, não se sabe porquê, a contabilidade do devedor originário, o que não é aceitável. Argumenta que é dever, e não mera faculdade, da Autarquia fiscalizar junto à empresa contribuinte (devedora originária) a sua folha de pagamento, cuja obrigação de manter em consonância com as normas legais é unicamente da empresa que paga ou credita tais remunerações (prestadora de serviços). Alega que o Fisco contrariou o artigo 33, § 6º da Lei nº 8.212/91, uma vez que este dispositivo estabelece as situações que dão margem à aferição indireta por parte da Fiscalização. (iv) Da ausência de qualquer infração por parte da impugnante. Assevera que constituir o crédito tributário contra a responsável solidária mediante a aplicação de percentual sobre as notas fiscais detidas pela impugnante, sem prévia comprovação da idoneidade dos registros contábeis do prestador de serviços, é ilegal, contrariando claramente o § 6º do artigo 33 da Lei nº 8.212/91. (v) Ilegal incidência de juros e multa. Sobre o tema, a impugnante defende que os valores são excessivos, configurando confisco tributário, o que é vedado pela Constituição Federal, que não pode ser ofendida por legislação ordinária. A Seção do Contencioso Administrativo da Previdência Social, por intermédio do Despacho nº 17.422.4/0023/2005 (fls. 230/233), saneou o processo para corrigir inconsistências contidas entre o Relatório Fiscal e os Fundamentos Legais do Débito – FLD, reabrindo prazo para apresentação de defesa. Cientificada, dentro do prazo legal, a empresa Sendas S/A apresentou Defesa Adicional (fls. 252/263), em suma, com o mesmo conteúdo da defesa anteriormente apresentada. Por sua vez, apesar de devidamente notificada, a empresa SINENGE PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA. deixou de se manifestar. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) lavrou Decisão Administrativa contextualizada no Acórdão nº 1216.153 da 14ª Turma da DRJ/RJOI, às fls. 279/291, julgando procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário exigido em sua integralidade. Confirase: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. Período de apuração: 01/06/1997 a 31/10/1998 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. ELISÃO. ARBITRAMENTO. DECADÊNCIA. JUROS E MULTA. O proprietário, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, são solidários com o construtor, e estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com a Fl. 326DF CARF MF Processo nº 11330.000676/200762 Acórdão n.º 2401006.017 S2C4T1 Fl. 4 5 Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de importância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem. (Lei 8.212/91, art. 30, VI). Somente será elidida a responsabilidade solidária existente entre o tomador e prestador de serviços se comprovado o recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados incluída em nota fiscal ou fatura correspondente aos serviços executados. É lícita a apuração por aferição indireta do salário de contribuição na ocorrência de recusa, sonegação ou apresentação deficiente de documentos (Art. 33, § 3º, da Lei nº 8.212/91). É de 10 (dez) anos o prazo para apuração e constituição do crédito previdenciário, conforme artigo 45 da Lei nº 8.212/91. Conforme estabelece o artigo 34 da Lei nº 8.212/91, com a redação alterada pela Lei nº 9.528/97, sobre as contribuições sociais recolhidas em atraso incidem juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC e multa de mora, todos de caráter irrelevável. Lançamento Procedente” Do resultado do julgamento, o contribuinte Recorrente foi intimado em 10/07/2008 (fl. 300). Inconformada com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 11/08/2008 (às fls. 303/315), argumentando, em síntese, o que segue: (i) Afirma a tempestividade do seu recurso. (ii) Da decadência. Apesar do caput do artigo 45 da Lei nº 8.212/91 estabelecer um prazo de 10 anos para a Seguridade Social apurar e constituir débitos, este dispositivo é manifestamente inconstitucional, além de violar também o CTN, e por isso a sua aplicação vem sendo sistematicamente rejeitada pelos Tribunais. Isto porque não há dúvidas de que o prazo decadencial, estabelecido pelo Código Tributário Nacional, não pode ser revogado ou alterado por mera lei ordinária, que porventura pretenda estabelecer prazo diverso. Se a Fazenda Pública não se pronunciar sobre o recolhimento no prazo de 5 (cinco) anos, contados da data do fato gerador, operase automaticamente a homologação tácita do recolhimento. É o que impõe expressa e inequivocamente o artigo 150, § 4º do CTN, e assim dáse a preclusão do prazo da Fazenda Pública para a constituição do crédito tributário. É ilegal o lançamento efetuado pelo INSS, materializado na NFLD em tela, diante da extinção dos alegados créditos, já homologados, operandose a decadência do direito da Fazenda. Fl. 327DF CARF MF 6 Concluise, portanto, que foram ilegalmente constituídos na NFLD em tela todos os valores lançados pelo INSS relativos às competências anteriores a abril de 1998, inclusive, posto que já homologada tacitamente, na forma do artigo 150, § 4º, do CTN, ocorrendo assim a preclusão do prazo da Fazenda Pública para constituir eventual crédito mediante lançamento. (iii) Da previsão da responsabilidade solidária. Contestando a aplicação do artigo 30, VI, da Lei 8.212/91, afirma que um credor não pode tentar receber do devedor solidário algo inexistente, ou mesmo algo claramente não configurado. Nesse sentido, para o recebimento do devedor solidário, por óbvio, há que existir uma dívida configurada, documentada e fundamentada, advinda de inadimplência do devedor originário. Apenas com um crédito regularmente constituído em seu devedor originário, terá o credor a possibilidade de imputála a quaisquer um dos devedores solidários. Deste modo, defende que sendo o prestador o real contribuinte, neste deve ser constituído eventual crédito tributário, e, caso existente, poderá este ser exigido dos responsáveis solidários nos termos da legislação vigente. Inexistindo o crédito tributário não há o objeto ao qual é atribuída a responsabilidade do terceiro, e, consequentemente, falta o seu pressuposto para o chamamento à relação jurídica. (iv) Formas de calcular o montante do tributo devido. No caso presente, realizou o Fisco uma indubitável aferição indireta, ao apurar o pseudo débito através de percentuais sobre os valores das notas fiscais de prestação de serviços, ignorando, não se sabe porquê, a contabilidade do devedor originário, o que não é aceitável. Argumenta que é dever, e não mera faculdade, da Autarquia fiscalizar junto à empresa contribuinte (devedora originária) a sua folha de pagamento, cuja obrigação de manter em consonância com as normas legais é unicamente da empresa que paga ou credita tais remunerações (prestadora de serviços). Alega que o Fisco contrariou o artigo 33, § 6º da Lei nº 8.212/91, uma vez que este dispositivo estabelece as situações que dão margem à aferição indireta por parte da Fiscalização. (v) Da ausência de qualquer infração por parte da Recorrente. Assevera que constituir o crédito tributário contra a responsável solidária mediante a aplicação de percentual sobre as notas fiscais detidas pela impugnante, sem prévia comprovação da idoneidade dos registros contábeis do prestador de serviços, é ilegal, contrariando claramente o § 6º do artigo 33 da Lei nº 8.212/91. (vi) Ilegal incidência de juros e multa. Sobre o tema, a impugnante defende que os valores são excessivos, configurando confisco tributário, o que é vedado pela Constituição Federal, que não pode ser ofendida por legislação ordinária. É o relatório. Voto Fl. 328DF CARF MF Processo nº 11330.000676/200762 Acórdão n.º 2401006.017 S2C4T1 Fl. 5 7 Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE A Recorrente foi cientificada da r. decisão em debate no dia 20/07/2008 (fl. 300), e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 11/08/2008 (fls. 303/315), razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DA PRELIMINAR a. Da decadência. A Recorrente argúi a decadência das contribuições lançadas nestes autos. Argumenta que apesar do caput do artigo 45 da Lei nº 8.212/91 estabelecer um prazo de 10 anos para a Seguridade Social apurar e constituir débitos, este dispositivo é manifestamente inconstitucional, além de violar também o CTN, e por isso a sua aplicação vem sendo sistematicamente rejeitada pelos Tribunais. Defende que não há dúvidas de que o prazo decadencial, estabelecido pelo Código Tributário Nacional, não pode ser revogado ou alterado por mera lei ordinária, que porventura pretenda estabelecer prazo diverso. Nesse passo, argumenta que se a Fazenda Pública não se pronunciar sobre o recolhimento no prazo de 5 (cinco) anos, contados da data do fato gerador, operase automaticamente a homologação tácita do recolhimento. É o que impõe expressa e inequivocamente o artigo 150, § 4º do CTN, e assim dáse a preclusão do prazo da Fazenda Pública para a constituição do crédito tributário. Sobre o tema, no que se refere à prescrição decenal, cumpre chamar a atenção para o fato de que na sessão plenária de 12/06/2008, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante n.º 8 (D.O.U. de 20/06/2008), e consagrou o entendimento há muito estabelecido pelo STJ de que prescrição e decadência tributária são matérias reservadas à lei complementar, na forma do artigo 146, III, "b", da Constituição Federal, declarando, em consequência, a inconstitucionalidade de normas infraconstitucionais que versavam sobre o tema. Eis o seu teor: SÚMULA VINCULANTE Nº 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Portanto, o prazo decenal para constituição e cobrança dos créditos relativos às contribuições sociais previdenciárias, a matéria passa a ser regida pelo Código Tributário Nacional, que determina o prazo de 5 (cinco) anos para a constituição e cobrança do crédito tributário. Fl. 329DF CARF MF 8 Ao verificar os requisitos para aplicação do critério de contagem do prazo decadencial, pela análise dos autos, não constam recolhimentos na prestadora para o período 01/06/1997 a 31/10/1998. Assim, o critério para a contagem do prazo decadencial é o previsto pelo artigo 173, inciso I, do CTN, dessa forma, como o contribuinte foi notificado do Auto de Infração no dia 19/05/2003 (fl. 163), o período até 11/97 resta fulminado pela decadência. 3. DO MÉRITO. Tratam os presentes autos de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD (DEBCAD 35.566.2434 – fls. 163/177), lavrado contra as empresas SENDAS S/A e SINENGE PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA. O crédito constituído é referente às contribuições sociais arrecadadas pelo INSS e destinadas à Seguridade Social, correspondente à contribuição dos segurados empregados e a contribuição da empresa, inclusive para o custeio das prestações decorrentes de acidente de trabalho ou do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa Decorrente dos Riscos do Ambiente de Trabalho – GILRAT, em razão da responsabilidade solidária entre a empresa tomadora (Sendas S/A) e a empresa prestadora (Sinenge Projetos e Construções Ltda.), decorrente da contratação de prestação de serviços de construção civil no período de 06/1997 a 10/1998. A presente notificação foi lavrada com base no instituto da responsabilidade solidária, prevista no artigo 30, inciso VI, da Lei nº 8.212/91, face à não comprovação pela empresa tomadora de serviços, do recolhimento das contribuições previdenciárias devidas em relação à remuneração contida nas notas fiscais de serviço arroladas nos demonstrativos de fls. 39/40. O artigo 30, inciso VI da Lei nº 8.212/91, prevê a responsabilidade solidária em relação às contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração paga ou creditada a segurados na execução de obras de construção civil. Não assiste razão à Recorrente quanto à alegação de impossibilidade de atribuirlhe responsabilidade solidária, pelo fato do crédito não ter sido constituído em nome do contribuinte originário, nos moldes do artigo 142 do CTN. A obrigação solidária pode ser definida como aquela em que, havendo pluralidade de credores, ou de devedores, ou ainda, de uns e de outros, cada um tem o direito, ou é obrigado, pela dívida toda. Solidariedade significa a coresponsabilidade entre as partes. A alegação da Recorrente que somente pode exigir o crédito do tomador de serviço após a sua constituição no devedor originário(prestador do serviço), não procede. O artigo 43 do Decreto nº 2.173 de 05 de março de 1997, vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, prevê a elisão da responsabilidade solidária nas obrigações para com a Seguridade Social decorrentes de obra de construção civil. Notese ainda que, a apuração de crédito por aferição indireta pelo FISCO está positivada no artigo 33 e § 3º da Lei nº 8.212/91. Já a Ordem de Serviço INSS/DAF nº 165 de 11 de julho de 1997 estabelecia critérios e rotinas para a fiscalização de obra de construção civil de responsabilidade de pessoa jurídica e construção em nome coletivo, com as alterações da Ordem de Serviço INSS/DAF nº 185, de 31/03/1998, também vigente à época de parte da ocorrência dos fatos geradores do crédito em discussão, fixou os critérios a serem adotados na determinação da base de cálculo da contribuição previdenciária, quando da não apresentação de elementos comprobatórios da remuneração paga u creditada aos segurados, na execução de obra de construção civil. Fl. 330DF CARF MF Processo nº 11330.000676/200762 Acórdão n.º 2401006.017 S2C4T1 Fl. 6 9 Já a Instrução Normativa INSS/DC nº 69, de 10/05/2006 estabelecia em seu artigo 76 o percentual a ser aplicado à nota fiscal para o cálculo dos salários de contribuição. O artigo 144, em seu parágrafo 1º estabelece que se aplica a legislação em vigor à época do lançamento fiscal para a apuração dos valores de salário de contribuição. Nesse diapasão, os percentuais usados para a aferição dos salários de contribuição dos segurados da prestadora de serviços envolvidos na obra de construção civil da SENDAS S/A foram previstos pela IN INSS nº 69/2002, vigente à época da lavratura desta NFLD. Assim, observase que não resta dúvida quanto aos percentuais utilizados visto que a Ordem de Serviço vigente à época dos fatos geradores das referidas contribuições também estabeleciam os mesmos percentuais, desta forma, em nenhum momento foi estabelecido percentual diverso daquele utilizado pela fiscalização. Impende salientar que a Recorrente não comprovou o recolhimento das contribuições devidas sobre a remuneração dos segurados incluída em noat fiscal ou fatura correspondente aos serviços executados, nem apresentou elementos que possibilitassem a identificação do montante da remuneração paga ou creditada aos referidos segurados, temse que os critérios adotados pela auditoria fiscal na apuração da base de cálculo do crédito em discussão estão em perfeita consonância com a legislação de regência. A Ordem de Serviço INSS/DAF nº 165/1997 prevê a possibilidade da elisão da responsabilidade solidária decorrente de serviços prestados por empresas de construção civil para o serviço de instalações de telefone interno, à vista de apresentação de cópia de GRPS com recolhimento englobado pelo CGC da empresa. Entretanto, para o caso sob análise, não foi apresentada nenhuma GRPS da empresa prestadora dos serviços. O que se observa é que a Recorrente não apresenta nenhum documento que possibilitem a elisão da sua responsabilidade solidária perante ao presente crédito. A alegação da Recorrente de que o artigo 33, § 6º da lei nº 8.212/91 somente autoriza constituir o crédito por aferição indireta caso fique constatada fraude nos registros contábeis, não pode prosperar. Referida hipótese só poderia ocorrer no curso de uma ação fiscal junto à empresa prestadora e, se no curso da análise de sua documentação (registros contábeis), se constatasse que não registram o movimento real da remuneração paga aos segurados a seu serviço. No caso sob análise, a ação fiscal deuse no tomador dos serviços e o que motivou a apuração do crédito por aferição indireta, utilizandose as prerrogativas previstas no § 3º do artigo 33 da Lei nº 8.212/91, foi a não apresentação das folhas de pagamento, conforme estabelecido no artigo 43, § 2º do Decreto nº 2.173/97. Por fim, na parte final dos seus pedidos a recorrente alega ser indevida imposição de juros e multa. Temse, pois, que não é da competência funcional do órgão julgador administrativo a apreciação de alegações de ilegalidade ou inconstitucionalidade da legislação vigente. A declaração de inconstitucionalidade/ilegalidade de leis ou a ilegalidade de atos Fl. 331DF CARF MF 10 administrativos é prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário, outorgada pela própria Constituição Federal, falecendo competência a esta autoridade julgadora, salvo nas hipóteses expressamente excepcionadas no parágrafo primeiro do art.62 do Anexo II, do RICARF, bem como no art.26A, do Decreto n° 70.235/72, não sendo essa a situação em questão. Portanto, não assiste razão ao contribuinte. Cumpre lembrar, ainda, que a utilização da Taxa SELIC para atualizações e correções dos débitos apurados está prevista no art. 34, da Lei n° 8.212/91, sendo que sua incidência sobre débitos tributários já foi pacificada, conforme Súmula n° 04, do CARF, in verbis: Súmula CARF nº 4. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). Por essas razões, afasto a pretensão recursal a respeito da impossibilidade de aplicação da Taxa SELIC para o cálculo das contribuições previdenciárias recolhidas fora do prazo. No que tange à multa, como já esclarecido pela instância a quo, cabe à autoridade administrativa, no momento da extinção do crédito tributário de obrigação prncipal, observar o cumprimento do preceito insculpido no artigo 106, II, alínea "c", do CTN, mediante comparação entre o valor da multa efetivamente aplicada no momento da autuação e aquele que seria devido caso fosse considerada a nova metodologia introduzida pela Lei n 11.941/09, de forma a assegurar a aplicação da penalidade pecuniária que se mostrar mais benéfica ao sujeito passivo. Em face do exposto, dou provimento parcial ao recurso mantendo a decisão da instância a quo. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, declarando a decadência parcial dos crédito constantes na NFLD ora guerreada, no que tange ao período até 11/97, nos termos do relatório e voto. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 332DF CARF MF Processo nº 11330.000676/200762 Acórdão n.º 2401006.017 S2C4T1 Fl. 7 11 Fl. 333DF CARF MF
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