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Numero do processo: 10680.912775/2009-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 28/02/2003
CONCOMITÂNCIA. MATÉRIA DISCUTIDA NA ESFERA ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. RENÚNCIA TÁCITA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. SÚMULA CARF Nº 1
A teor da Súmula CARF nº 01, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de Ação Judicial com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3402-004.077
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NÃO conhecer do recurso em virtude de concomitância com o processo judicial, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Sustentou pela recorrente a Dra. Teresa Mourão Passos Coutinho, OAB nº 98.760 (MG).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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MATÉRIA DISCUTIDA NA ESFERA ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. RENÚNCIA TÁCITA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. SÚMULA CARF Nº 1 A teor da Súmula CARF nº 01, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de Ação Judicial com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NÃO conhecer do recurso em virtude de concomitância com o processo judicial, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 27 75 /2 00 9- 18 Fl. 353DF CARF MF 2 Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Sustentou pela recorrente a Dra. Teresa Mourão Passos Coutinho, OAB nº 98.760 (MG). Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 67/89) contra o Acórdão DRJ/BHE nº 0238.038 de 20/03/12, constante de fls. 56/60, exarado pela 2ª Turma da DRJ do Belo Horizonte (MG) que, por unanimidade de votos, houve por bem “indeferir a Manifestação de Inconformidade” de fls. 02/04, mantendo o Despacho Decisório Eletrônico da DRF de Belo Horizonte MG (fl. 05), que indeferiu e deixou de homologar a PER/DCOMP nº 13235.05531.200905.1.3.041866, através da qual a ora Recorrente pretendia ver reconhecido o direito creditório relativo ao PIS Folha de Salários, no valor original na data de transmissão de R$ 1.713,36, representado por DARF recolhido em 14/03/2003 e de compensar o valor restituendo com o débito discriminado no referido PER/DCOMP. Por seu turno a decisão de fls. 56/60 da 2ª Turma da DRJ do Belo Horizonte (MG), houve por bem “indeferir a Manifestação de Inconformidade” de fls. 02/04, mantendo o Despacho Decisório Eletrônico da DRF de Belo Horizonte MG (fl. 05), aos fundamentos sintetizados em sua ementa exarada nos seguintes termos: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 28/02/2003 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Nas razões de Recurso Voluntário (fls. 67/89), oportunamente apresentadas, a ora Recorrente sustenta que deve ser reformada a decisão recorrida e que há a legitimidade do crédito compensando, tendo em vista: a) o afastamento da exigência do PIS incidente sobre a Folha de pagamento pela Receita Federal e o efeito vinculante da solução de consulta nº 412, de 2004 nos termos do art. 100, inc. II do CTN; b) a ilegalidade da exigência concomitante do PIS folha/faturamento e a ausência de dedução das rubricas previstas no Decreto nº 4.524/02 pela Recorrente em violação à legalidade e à tipicidade cerrada, e c) afirma que sob pena de se contrariar a realidade fática, a obediência ao princípio da legalidade e a própria solução de consulta, que vincula a administração pública, não pode prevalecer o entendimento da 1ª instância. Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10680.912775/200918 Acórdão n.º 3402004.077 S3C4T2 Fl. 354 3 Anexa ao final de seu recurso, planilha, comprovante de pagamento, cópia da Solução de Consulta SRRF06/DISIT nº 412, de 15 de dezembro de 2004 e cópia de balancete parcial referente ao mês do período de apuração do PIS Folha, dito como pago indevidamente (código 8301) e cópias de procuração e do Estatuto Social. O processo digitalizado, então, foi encaminhado para ser analisado por este CARF na forma regimental. Em 23/04/2014, os membros da 2ª Turma Ordinária/4ª Câmara da 3ª Sejul, resolvem converter o julgamento em DILIGÊNCIA, conforme Resolução nº 3402 000.658, nos seguintes termos (fls. 156/158): "(...) Assim sendo, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que a autoridade preparadora adote as seguintes providências: Recomponha a(s) apuração(ões) da contribuição para o PIS/Pasep do contribuinte para o(s) período(s) de apuração(ões) objeto(s) destes autos, mediante a aplicação dos comandos da Solução de Consulta n° 412/2004, de que é titular a Recorrente; Contraponha o valor aferido conforme alínea “a”, acima, com o valor que foi recolhido pelo contribuinte a título da contribuição ao PIS/Pasep, manifestandose sobre a existência, legitimidade e suficiência de créditos decorrentes de eventual pagamento indevido ou a maior para a restituição e/ou compensação levada a efeito nestes autos; Ao final, emitir Relatório Conclusivo da diligência, intimando a Recorrente para que sobre ele se manifeste, querendo, em prazo não inferior a 30 (trinta) dias, e após, com ou sem manifestação, seja o feito remetido a este Conselho para reinclusão em pauta e prosseguimento do julgamento". Os autos, então, foram encaminhados à DRF em Belo Horizonte (MG), para cumprimento da referida Resolução (fl. 170). Visando o atendimento da diligência solicitada, a fiscalização após a conclusão dos trabalhos, prolatou o Relatório de Diligência Fiscal de fls. 291/292, deixando consignado as seguintes considerações (grifei): Tratase da Resolução nº 3402.000648, da 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, que converteu o julgamento do recurso voluntário do contribuinte em diligência, para a recomposição da contribuição para o PIS/PASEP do período 02/2003, observando a aplicação dos comandos da Solução de Consulta SRRF/6ª RF/DISIT nº 412, de 15 de dezembro de 2004. Através do Termo de Intimação Fiscal emitido em 13/06/2014, do qual o contribuinte teve ciência em 24/06/2014, o mesmo foi solicitado a apresentar a seguinte documentação: Comprovação da base de cálculo do PisFaturamento (cod. 81092) e do Pis sobre Folha de Pagamento (cod. 83012), no período de apuração 02/2003, tendo em vista que o valor do PIS, cod. 81092, apurado em DCTF – Declaração de Créditos e Débitos Tributários e o valor apurado na DIPJ Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica estão divergentes; DÉBITO APURADO NA DCTF: R$ 4.196,29 CONTRIB. PARA O PIS/PASEP APURADA NA DIPJ: R$ 5.382,39 Fl. 355DF CARF MF 4 Planilha demonstrativa da base de cálculo do PISFaturamento, cod. 8109 2, com exigibilidade suspensa, tendo em vista os depósitos judiciais relativos ao Mandado de Segurança nº 2002.38.00020473, do período de apuração 02/2003. Em resposta à intimação, o contribuinte demonstrou, através de planilha extraída do RAZÃO, bem como através do resumo da Folha de Pagamento da competência fevereiro/2003, o total devido de PISFATURAMENTO – cod. 81092 (R$ 5.402,04) e o total devido de PIS sobre Folha de Pagamento – cod. 83012 (R$ 1.713,36). Estes valores devem ser posteriormente confrontados com os valores constantes das declarações do contribuinte e que constam dos sistemas da RFB Receita Federal do Brasil. Observamos que o contribuinte recolheu contribuições do PIS com base na folha de pagamento no período de 04/1997 a 04/2005. Observamos também que em 18/06/2002, o mesmo impetrou Mandado de Segurança preventivo contra o Delegado da Receita Federal do Brasil em Belo Horizonte, processo número 2002.38.00.0204732, que se encontra no eprocesso com número 10680.010675/200289, objetivando a concessão de medida liminar que autorize “recolher o PIS, com base na folha de pagamentos, à alíquota de 1% (um por cento), nos moldes do § 1º do art. 2º da Lei 9.715/98 e do art. 13 da MP nº 2.15835/2001, c/c art. 15 da Lei nº 9.532/95”. Não tendo sido concedida a liminar, o contribuinte fez depósitos judiciais com base no faturamento, com código de receita 7460, os quais se encontram nos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil RFB (período de apuração 07/2002 a 06/2014). De acordo com o parecer exarado na Consulta SRRF/6ª RF/DISIT nº 412, de 15 de dezembro de 2004, o contribuinte não preenche as condições para o tratamento fiscal previsto nos arts. 13 e 14 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24/08/2001, devendo ter o tratamento fiscal geral aplicável as demais pessoas jurídicas que não gozam de isenção e imunidade. Todavia, entendemos que é necessária a finalização do processo 2002.38.00.0204732, ainda sem conclusão definitiva, para que sejam tomadas providências a respeito do procedimento de homologação da DCOMP nº 13235.05531.200905.1.3.041866. Cientificada da conclusão da Diligência (Termo de Ciência com cópia do Relatório às fls. 294/295), a Recorrente manifestouse, apresentando suas contrarrazões, conforme o contido no documento de fls. 300/302, concluindo seus argumentos da seguinte maneira: "(...) Dessa forma, merece chamar a atenção para o fato de que este Mandado de Segurança somente argumenta pelo recolhimento de PIS Folha, pela cooperativa, como forma de demonstrar a não incidência da contribuição sobre a prática do ato cooperativo. É o que se depreende da petição inicial, a todo tempo insurgese contra a exigência do PIS Faturamento sobre a prática de atos cooperativos. Além disso, verificase que, atualmente, a decisão judicial é desfavorável ao seu enquadramento dentre as pessoas jurídicas obrigadas ao recolhimento do PIS sobre a sua folha de salários. Confirase trecho do acórdão exarado pelo Tribunal Regional Federal da Ia Região: (grifei) Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10680.912775/200918 Acórdão n.º 3402004.077 S3C4T2 Fl. 355 5 "Destarte, o recolhimento da contribuição para o PIS pelas cooperativas, à alíquota de 1% sobre a folha de salários, instituído pelo inciso II e § 1° artigo 2° da Lei n. 9.715/98 (conversão da Medida Provisória n. 1.212/95), foi revogado, em relação às cooperativas, pelo artigo 13 da Medida Provisória nº 1.8586/99 (atual Medida Provisória n. 2.15835/2001), não sendo possível estender às cooperativas o tratamento conferido às entidades contempladas nos incisos do aludido artigo 13, que continuaram sujeitas à tributação sobre a folha de salários." Destaquese que tal decisão aguarda o julgamento de Recurso Especial da cooperativa, mas para que seja reformado o acórdão, tão somente, no que tange ao entendimento acerca do conteúdo/abrangência do ato cooperativo das cooperativas de trabalho médico. Portanto, incapaz de constituir efeitos contrários ao pleito administrativo da cooperativa". Assim, após serem cumpridos todos os dispositivos da Resolução nº 3202 000.648, o processo retornou a este CARF e foi sorteado para este Conselheiro para prosseguimento. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Relator A ciência da decisão se deu no dia 14/04/2012 (fl. 66) e o protocolo do recurso, em 09/05/2012 (fl. 67). Tratase, portanto, de recurso tempestivo, que versa sobre matéria da competência desta Terceira Seção e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto no 70.235/1972. Como relatado, o presente processo trata de indeferimento de homologação de PER/DCOMP nº 13235.05531.200905.1.3.041866, através da qual a Recorrente pretendia ver reconhecido o direito creditório relativo ao PIS Folha de Salários, no valor original na data de transmissão de R$ 1.713,36, representado por DARF recolhido em 14/03/2004 e de compensar o valor restituendo com o débito discriminado no referido PER/DCOMP. Conforme consta no Relatório da fiscalização, objeto do atendimento da Resolução nº 3402000.648, que converteu o julgamento do recurso voluntário em diligência, informação trazida à baila nesta fase do recurso, noticiou que "(...) em 18/06/2002, a Recorrente impetrou Mandado de Segurança preventivo contra o Delegado da Receita Federal do Brasil em Belo Horizonte, processo número 2002.38.00.0204732, que se encontra no eprocesso com número 10680.010675/200289, objetivando a concessão de medida liminar que autorize a “recolher o PIS, com base na folha de pagamentos, à alíquota de 1% (um por cento), nos moldes do § 1º do art. 2º da Lei 9.715/98 e do art. 13 da MP nº 2.15835/2001, c/c art. 15 da Lei nº 9.532/95”. Consta ainda do referido Relatório Fiscal a informação que a Recorrente recolheu contribuições do PIS com base na Folha de pagamento de salários no período de 04/1997 a 04/2005. Não tendo sido concedida a liminar, a Recorrente fez depósitos judiciais com base no faturamento, com código de receita 7460, os quais se encontram nos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil (período de apuração 07/2002 a 06/2014). Fl. 357DF CARF MF 6 Por outro giro, a Recorrente quando instada a se manifestar do resultado da diligência, acostou aos autos cópia da referida PETIÇÃO Mandado de Segurança com pedido de liminar nº 2002.38.00.0204732, protocolada em 18/06/2002, junto a 19ª Vara da Justiça Federal do Estado de Minas Gerais, que ao final do documento, consigna o seguinte como sendo o objeto principal do PEDIDO (fls. 324/350): "a) a concessão de medida liminar para autorizar a Impetrante, até a solução definitiva do presente mandamus, a recolher o PIS Programa de Integração Social, com base na sua folha de pagamentos, à alíquota de 1% (um por cento), nos moldes do §1º do art. 2º da Lei nº 9.715/98 e do art. 13 da MP nº 2.15835/2001, c/c art. 15 da Lei nº 9532/95"; (...). Em sua manifestação pós diligência, a Recorrente, desta forma se pronunciou sobre a referida Ação Judicial proposta (conforme documento à fl. 301), "(...) Dessa forma, merece chamar a atenção para o fato de que este Mandado de Segurança somente argumenta pelo recolhimento de PIS Folha, pela cooperativa, como forma de demonstrar a não incidência da contribuição sobre a prática do ato cooperativo. É o que se depreende da petição inicial, a todo tempo insurgese contra a exigência do PIS Faturamento sobre a prática de atos cooperativos". O referido Mandado de Segurança nº 2002.38.00.0204732 encontrase em fase de Recurso Especial RE nº 1.366.315 MG (2012/00896109) impetrado pela Recorrente, sobrestado pelo STJ, pelo o fato de que, nas palavras da Decisão proferida pelo o relator Ministro Humberto Martins, “(...) A referida temática encontrase afetada à Primeira Seção do STJ, aguardando o julgamento do REsp 1.141.667/RS, relatoria Min. Napoleão Nunes Maia Filho, sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC)” Como se vê, há portanto, concomitância entre as esferas administrativa e judicial, o que, nos termos do Ato Declaratório Normativo COSIT nº 07, de 2014, do art. 38, parágrafo único, da Lei no 6.830, de 1980 e da Súmula CARF nº 01, implica renúncia à instância administrativa. Vejase: Súmula CARF nº 01: "Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial". O parágrafo único do art. 38 da Lei nº 6.830, de 1980, dispõe que: Art. 38 (...). Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. Já o art. 87 do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, regulamentou a matéria no mesmo sentido: Art. 87. A existência ou propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial com o mesmo objeto do lançamento importa em Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10680.912775/200918 Acórdão n.º 3402004.077 S3C4T2 Fl. 356 7 renúncia ou em desistência ao litígio nas instâncias administrativas (Lei no 6.830, de 1980, art. 38, parágrafo único). Parágrafo único. O curso do processo administrativo, quando houver matéria distinta da constante do processo judicial, terá prosseguimento em relação à matéria diferenciada. Assim, temos que o objeto do presente processo é matéria discutida no MS nº 2002.38.00.0204732, na Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte (MG), que ainda se encontra em julgamento nas instâncias superiores. Considerandose a Súmula CARF nº 01, voto no sentido de não conhecer do recurso voluntário. É como voto. (Assinatura Digital) Waldir Navarro Bezerra Relator Fl. 359DF CARF MF
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Numero do processo: 10580.722031/2010-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2007 a 31/12/2008
NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO QUANTO À MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO.
Face à ausência de contestação de parte das infrações apuradas no lançamento, quando de sua impugnação no julgamento de primeiro grau, a matéria quedou preclusa, sendo vedado à parte inovar no pedido em sede recursal.
SERVIÇOS PRESTADOS MEDIANTE COOPERATIVA DE TRABALHO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECISÃO DO STF EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO § 2º DO ART. 62 DO RICARF
Consoante decisão do STF no RE nº 595.838/SP, em sede de repercussão geral, é inconstitucional o inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, que prevê a contribuição previdenciária incidente sobre o valor de serviços prestados mediante cooperativa de trabalho. Aplicação do § 2º do art. 62 do Anexo II do RICARF.
INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO DE IMUNIDADE. JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES.
De acordo com copiosa jurisprudência dos tribunais superiores, inexiste direito adquirido a regime jurídico de imunidade tributário, devendo o contribuinte cumprir os requisitos estabelecidos em legislação superveniente para seu gozo.
SAT/RAT. ATIVIDADE PREPONDERANTE. ALEGAÇÃO GENÉRICA DE DESCUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO.
Alegação genérica acerca da existência de estabelecimentos cujos SAT/RAT não correspondem ao utilizado pela fiscalização não é suficiente para infirmar o lançamento efetuado com base na atividade preponderante da pessoa jurídica.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.648
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso, para, na parte conhecida, dar-lhe parcial provimento, para fins de que seja excluído do lançamento somente o crédito tributário relativo ao levantamento CP - cooperativa de trabalho.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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PRECLUSÃO. Face à ausência de contestação de parte das infrações apuradas no lançamento, quando de sua impugnação no julgamento de primeiro grau, a matéria quedou preclusa, sendo vedado à parte inovar no pedido em sede recursal. SERVIÇOS PRESTADOS MEDIANTE COOPERATIVA DE TRABALHO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECISÃO DO STF EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO § 2º DO ART. 62 DO RICARF Consoante decisão do STF no RE nº 595.838/SP, em sede de repercussão geral, é inconstitucional o inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, que prevê a contribuição previdenciária incidente sobre o valor de serviços prestados mediante cooperativa de trabalho. Aplicação do § 2º do art. 62 do Anexo II do RICARF. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO DE IMUNIDADE. JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. De acordo com copiosa jurisprudência dos tribunais superiores, inexiste direito adquirido a regime jurídico de imunidade tributário, devendo o contribuinte cumprir os requisitos estabelecidos em legislação superveniente para seu gozo. SAT/RAT. ATIVIDADE PREPONDERANTE. ALEGAÇÃO GENÉRICA DE DESCUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO. Alegação genérica acerca da existência de estabelecimentos cujos SAT/RAT não correspondem ao utilizado pela fiscalização não é suficiente para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 20 31 /2 01 0- 75 Fl. 384DF CARF MF 2 infirmar o lançamento efetuado com base na atividade preponderante da pessoa jurídica. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso, para, na parte conhecida, darlhe parcial provimento, para fins de que seja excluído do lançamento somente o crédito tributário relativo ao levantamento CP cooperativa de trabalho. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 385DF CARF MF Processo nº 10580.722031/201075 Acórdão n.º 2402005.648 S2C4T2 Fl. 108 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) DRJ/RJ1, que julgou procedente auto de infração de fls. 2/74 identificado pelo DEBCAD 37.243.1585, relativo a contribuições: (a) patronal: incidente sobre a remuneração de segurados empregados e contribuintes individuais; (b) patronal: incidente sobre o valor dos serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho; e (c) para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho – RAT, incidente sobre a remuneração de segurados empregados. Conforme descrito no Relatório Fiscal, o contribuinte não apresentou Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS) válido para o período fiscalizado (04/2007 a 12/2008). Na certidão apresentada, emitida pelo CNAS em 04/11/2008, consta a informação de que o último CEAS obtido pelo Hospital Evangélico da Bahia tinha validade para o período de 02/1977 a 12/1994, sendo que tal certidão atesta ainda que foi indeferido pedido de renovação do CEAS efetuado pelo contribuinte no processo 28976.003033/199420, e que também foi indeferido o pedido de concessão do CEAS efetuado através do processo 44006.001624/199946. Nesse rumo, foi expedido ato cancelatório de isenção de contribuições sociais, e, como o contribuinte informara nas GFIPs do período fiscalizado, o FPAS 639 específico para as Entidades beneficentes de assistência social com isenção requerida e concedida pela autoridade competente, face ao mencionado ato cancelatório. Em virtude deste, a fiscalização apurou os valores das contribuições devidas, por competência. Para fins de apuração foram utilizadas como base de cálculo, exclusivamente, as informações de massa salarial/remuneração existentes nas GFIPs. O contribuinte obteve liminar concedida no Mandado de Segurança nº 2005.33.00.0259311/ 8ª Vara Federal, em 11/01/2006. A decisão suspendeu os efeitos do Ato cancelatório nº 04.001.003/2005 e determinou que a autoridade administrativa admitisse a interposição de recurso administrativo contra a decisão que cancelou a isenção da Entidade. Tendo em vista que o recurso interposto pelo contribuinte no processo nº 35013.004320/200597, estava ainda em fase de julgamento, a autoridade lançadora frisou que o crédito tributário lançado para fins de prevenção de decadência permaneceria com a exigibilidade suspensa até a decisão administrativa. O contribuinte impugnou o lançamento (fls. 238/272), porém a instância de primeiro manteve a exigência (fls. 320/331), ensejando a interposição de recurso voluntário em 26/5/2014 (fls. 349/371), o qual trouxe as razões a seguir sintetizadas: é nulo o levantamento relativo à contribuição prevista no art. 22, IV, da Lei de Custeio, por não apontar quais cooperativas foram lançadas, requerendo, caso não aceita a nulidade, a realização de diligência para esclarecimento; Fl. 386DF CARF MF 4 a recorrente se trata de uma associação civil sem fins lucrativos, declarada, em 1989, como entidade de utilidade pública federal, detentora de certificado de filantropia desde 1968, possuindo direito adquirido à isenção conforme assevera o § 1º do art. 55 da Lei nº 8.212/91, colacionado nesse sentido precedentes judiciais e administrativos; incidiu em erro a fiscalização ao imputar a infração relativa ao RAT, pois considerou a atividade preponderante da empresa sem averiguar que seus estabelecimentos possuíam diversos graus de risco; deve ser aplicada ao lançamento, de modo retroativo, a multa de mora de 20%. É o relatório. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 10580.722031/201075 Acórdão n.º 2402005.648 S2C4T2 Fl. 109 5 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço, salvo no que diz respeito à suposta à aplicabilidade da multa de mora de 20% ao caso. Nesse ponto, notese que o contribuinte não pode modificar o pedido ou invocar outra causa petendi (causa de pedir) nesta fase do contencioso, sob pena de violação do princípio da congruência e ofensa ao art. 17 do Decreto nº 70.235/72, bem como aos arts. 128, 183, 264 e 460 do Código de Processo Civil. E, em que pese meu convencimento pessoal de que o instituto da preclusão não deve ser visto como um dogma, mas sim como instrumento para que o processo melhor atinja seu objeto último, a composição dos litígios, na espécie não vislumbro razões para sua eventual ponderação frente a outras normas do ordenamento jurídico, pois nenhuma justificativa trouxe o autuado para só agora verter sua inconformidade no tocante ao cálculo da multa imputada no lançamento. Cumpre, destarte, não conhecer do recurso nesse aspecto, confirmandose o entendimento da DRJ/RJ1 quanto à multa exigida na autuação. Quanto ao levantamento referente às cooperativas de trabalho, a despeito das nulidades aventadas na peça recursal, cabe aplicar o § 3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/72 para fins de reconhecer a insubsistência do lançamento no particular. Com efeito, é sabido que com a publicação em 25/2/2015 do acórdão exarado pelo STF no RE nº 595.838/SP, restou firmada a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, dispositivo que serviu de lastro à autuação referente aos serviços prestados por cooperados intermediados por cooperativa de trabalho. Tal decisão judicial, tomada conforme o rito estabelecido no art. 543B do CPC então vigente (repercussão geral), é de observância obrigatória por este Colegiado, por força do § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF Portaria MF nº 343/15). Não bastasse, merece destaque o fato de que a Resolução do Senado nº 10, de 30/3/2016 (DOU 31/3/2016), suspendeu a execução do dispositivo em comento, nos seguintes termos: RESOLUÇÃO Nº 10, DE 2016 Suspende, nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal, a execução do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Fl. 388DF CARF MF 6 O Senado Federal resolve: Art. 1º É suspensa, nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal, a execução do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, declarado inconstitucional por decisão definitiva proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário nº 595.838. Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Senado Federal, em 30 de março de 2016 Diante disso, cumpre excluir do lançamento o crédito atinente às contribuições patronais incidentes sobre os serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho, levantamento "CP". No que diz respeito ao alegado direito adquirido à isenção, vale lembrar que a questão está sendo discutida administrativamente no bojo do processo 35013.004320/200597, sendo que, conforme consulta processual realizada na data de 13/9/6/2016, o recurso especial contra a decisão que negou provimento ao recurso voluntário do contribuinte (Acórdão nº 240200.321) teve sua admissibilidade negada em 30/12/2015. Anotese que foi interposto agravo contra tal decisão em 19/5/2016, o qual na data da precitada consulta restava pendente de apreciação. De todo modo, naquele julgamento o relator, Conselheiro Marcelo Oliveira, após transcrever a legislação aplicável à época dos fatos, traçou apropriadas considerações sobre a situação do contribuinte e o pretenso direito adquirido, em análise que, com a devida vênia, reproduzo neste julgado, de modo a que passe a fazer parte de sua fundamentação: Portanto, para a recorrente ser isenta das contribuições em questão, as determinações legais devem ser seguidas. Nesse sentido, o STJ já emitiu Súmula buscando pacificando a questão. STJ Súmula n°352 11/06/2008 DJe 19106/2008 Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) Cumprimento dos Requisitos Legais Supervenientes A obtenção ou a renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) não exime a entidade do cumprimento dos requisitos legais supervenientes. Portanto, sobre a concessão e renovação do Certificado, Seção do STJ entendia que a entidade reconhecida como de caráter filantrópico antes da publicação do Decretolei 1.572 /1977 possuía direito adquirido à manutenção e renovação do certificado. Assim, o Fisco não poderia, com base no Decreto 752 /1993 (atual n. 2.536/1998), impor novos requisitos para a obtenção do Certificado, pois estaria extrapolando de forma irregular os requisitos anteriormente estabelecidos pela legislação ordinária. Esse entendimento foi modificado, pois a Seção reformulou a jurisprudência, definindo que não há direito adquirido a regime tributário ainda que a entidade tenha sido reconhecida como de caráter filantrópico na forma do Decretolei nº 1.572/1977. Foi ressalvada, na ocasião, a possibilidade de legislação superveniente estabelecer novos requisitos para o gozo do benefício fiscal. Destarte, não há direito adquirido algum, pois há necessidade de respeito às determinações presentes em legislação superveniente, como já demonstrado. Fl. 389DF CARF MF Processo nº 10580.722031/201075 Acórdão n.º 2402005.648 S2C4T2 Fl. 110 7 Anotese, outrossim, o posicionamento do STF acerca do tema não diverge do exposto, como ilustram o AgRg no RE nº 428815/AM (1ª Turma, Relator Min. Sepúlveda Pertence, j. 24/6/2005), o RMS nº 26932 (2ª Turma, Relator Min. Joaquim Barbosa, j. 1/12/2009), e o recente AgRg RMS nº 27396/DF, (1ª Turma, Relator Min. Edson Fachin, j. 16/2/2016), cuja ementa colaciono: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ENTIDADE FILANTRÓPICA. IMUNIDADE. CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CEBAS. RENOVAÇÃO PERIÓDICA. CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. 1. A ausência de provas idôneas que afastem quaisquer dúvidas quanto à aplicação do percentual de 20% da receita bruta da entidade em gratuidade evidencia a impossibilidade de se reconhecer direito líquido e certo eventualmente titularizado por ela à imunidade tributária. 2. A jurisprudência do STF é firme no sentido de que não existe direito adquirido à regime jurídico de imunidade tributária. A Constituição Federal de 1988, no seu art. 195, § 7º, conferiu imunidade às entidades beneficentes de assistência social, desde que atendidos os requisitos definidos por lei. Precedentes. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.(grifei) No tocante à contribuição para o RAT, prevista no inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212/91, melhor sorte não assiste ao recorrente. A fiscalização, de fato, considerou a atividade econômica preponderante da entidade para definir o grau de risco de seus funcionários, utilizando a alíquota de 2% para cálculo das rubricas correspondentes. Porém o contribuinte sequer especifica quais seriam os estabelecimentos que teriam o cogitado grau de risco ocupacional diferenciado, e não traz nenhum documento probatório nesse sentido, tal como demonstrativo ambiental previsto nas normas de regência (a saber, PPRA, LTCAT, PCMSO, PPP, etc.), como supedâneo de seus argumentos. A mera alegação genérica de desconformidade do procedimento fiscal com a legislação, sem lastro probatório mínimo a lhe dar amparo não tem o condão de ensejar reforma na autuação. Merece registro, aliás, o fato de que a fixação por decreto dos níveis de periculosidade e alíquotas do SAT, com amparo no poder regulamentar insculpido no inciso IV do art. 84 da CF, é matéria assente tanto no âmbito do STJ quanto no do STF, cabendo destacar neste último o julgamento do RE nº 343.446/SC, em 20/3/2003. Nessa toada, não há reparos a fazer no lançamento. Registrese, ao final, que o CARF já examinou em 1/12/2009 o recurso do contribuinte contra o Ato Cancelatório da isenção de contribuições sociais (expedido nos autos do processo administrativo 35013.004320/200597), sendolhe negado provimento, nos termos Fl. 390DF CARF MF 8 do Acórdão nº 240200321. Assim, não remanesce razão para que o presente julgamento tenha o seu prosseguimento obstado, ou seus efeitos, de alguma forma, tolhidos.. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer em parte do recurso voluntário, para, na parte conhecida, darlhe parcial provimento, para fins de que seja excluído do lançamento somente o crédito tributário relativo ao levantamento CP cooperativa de trabalho. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson. Fl. 391DF CARF MF
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Numero do processo: 13819.723123/2012-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
ESTATUTO DO IDOSO. PRIORIDADE NO JULGAMENTO
Ao contribuinte com idade a partir de 60 anos é concedido o direito assegurado no artigo 71 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), que lhe confere prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente, em qualquer instância.
DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. EFETIVA TRANSFERÊNCIA FINANCEIRA. FALTA DE COMPROVAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. São dedutíveis as despesas médicas, odontológicas e de hospitalização e os pagamentos feitos a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura destas despesas, quando relativas ao tratamento do contribuinte, desde que devidamente comprovadas com documentação hábil e idônea.
Numero da decisão: 2201-003.468
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Dione Jesabel Wasilewski e Ana Cecília Lustosa da Cruz votaram por dar provimento.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
EDITADO EM: 07/03/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2008 ESTATUTO DO IDOSO. PRIORIDADE NO JULGAMENTO Ao contribuinte com idade a partir de 60 anos é concedido o direito assegurado no artigo 71 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), que lhe confere prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente, em qualquer instância. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. EFETIVA TRANSFERÊNCIA FINANCEIRA. FALTA DE COMPROVAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. São dedutíveis as despesas médicas, odontológicas e de hospitalização e os pagamentos feitos a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura destas despesas, quando relativas ao tratamento do contribuinte, desde que devidamente comprovadas com documentação hábil e idônea.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Dione Jesabel Wasilewski e Ana Cecília Lustosa da Cruz votaram por dar provimento. Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. Marcelo Milton da Silva Risso - Relator. EDITADO EM: 07/03/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
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PRIORIDADE NO JULGAMENTO Ao contribuinte com idade a partir de 60 anos é concedido o direito assegurado no artigo 71 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), que lhe confere prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente, em qualquer instância. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. EFETIVA TRANSFERÊNCIA FINANCEIRA. FALTA DE COMPROVAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. São dedutíveis as despesas médicas, odontológicas e de hospitalização e os pagamentos feitos a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura destas despesas, quando relativas ao tratamento do contribuinte, desde que devidamente comprovadas com documentação hábil e idônea. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Dione Jesabel Wasilewski e Ana Cecília Lustosa da Cruz votaram por dar provimento. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Marcelo Milton da Silva Risso Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 72 31 23 /2 01 2- 91 Fl. 45DF CARF MF 2 EDITADO EM: 07/03/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relatório Tratase de Notificação de Lançamento nº 2009/596940697979158 (fls. 10/15) pelo meio do qual se exige Imposto de Renda Pessoa Física Suplementar (R$ 41,09), multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) – (R$ 30,81); e juros de mora (R$ 13,82), no total de R$ 85,72, cancelando, assim, restituição de R$ 2.812,70. O lançamento é fundamentado na dedução indevida de despesas médicas do contribuinte, no valor tributável de R$ 11.000,00. O contribuinte apresentou Impugnação (fls. 02/15) juntando nota fiscal de clínica médica e requerendo tramitação prioritária com fundamento no Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2013) , que foi julgada improcedente e manteve a glosa impugnada, conforme assim ementado pela DRJSPI: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário: 2008 DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS. Não comprovados os pagamentos efetuados a título de despesas médicas é de manterse a glosa para essas deduções pleiteadas na declaração de ajuste anual. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado da decisão de primeira instância em 26/03/2013 (fls. 27), o contribuinte interpôs, em 18/04/2013, Recurso Voluntário (fls. 29/34), acompanhado de declaração de clínica médica firmando que o contribuinte nela internou para o tratamento de Ritidoplastia (documento não apresentado na Impugnação). Na peça recursal, requer o cancelamento do crédito tributário exigido, com base nos documentos apresentados. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo MIlton da Silva Risso Relator O recurso voluntário preenche os requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Estatuto do Idoso. Prioridade no Julgamento Fl. 46DF CARF MF Processo nº 13819.723123/201291 Acórdão n.º 2201003.468 S2C2T1 Fl. 41 3 Pelos documentos acostados aos autos, o contribuinte comprovou possuir mais de 60 anos de idade, lhe sendo assegurado o direito conferido no artigo 71 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), qual seja, a prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências em que figure como parte, em qualquer instância. Assim, concedese a ele o direito mencionado. Dedução de Despesas Médicas Conforme dispõe o inciso III do parágrafo 2º do artigo 8º da Lei nº 9.250/95, as despesas médicas havidas pelos contribuintes são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda desde que seus pagamentos sejam comprovados, a saber: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: (...) II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; [...] § 2º O disposto na alínea "a" do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidade que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (...) Neste passo, a legislação do Imposto de Renda, mais especificamente o Decreto nº 5.844/43 – que trata da cobrança e fiscalização do imposto – dispõe que todas as deduções são sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora, conforme abaixo: Decreto nº 5.844/43 Art. 11 Poderão ser deduzidas, em cada cédula, as despesas referidas neste capítulo, necessárias à percepção dos rendimentos. (...) Fl. 47DF CARF MF 4 § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. O mesmo diploma normativo estabelece que as deduções permitidas são aquelas que correspondem a despesas efetivamente pagas, senão vejamos: Decreto nº 5.844/43 Art. 11 Poderão ser deduzidas, em cada cédula, as despesas referidas neste capítulo, necessárias à percepção dos rendimentos. § 1° As deduções permitidas senão as que corresponderem a despesas efetivamente pagas. Pela análise dos documentos acostados aos autos, temse que o contribuinte não logrou comprovar o efetivo pagamento, vale dizer, a efetiva transferência de recursos financeiros à clínica emitente do Recibo e da Declaração de Internação, mediante apresentação, por exemplo, de extrato de movimentação bancária, cópia de cheque, expedição de ordem de pagamento bancário, enfim dentre outros que comprovassem o real pagamento à clínica. Causa espécie o contribuinte não ter o cuidado de ter guardado nenhum tipo de comprovante de transferência ou outro meio de efetivo pagamento à clínica médica, posto que gastou de uma só vez o valor de R$ 11.000,00 para a cirurgia de Ritidoplastia (de forma leiga tratase de cirurgia para eliminação de rugas). Tal valor gasto, considerando o valor declarado em sua DIRPF (fls. 14) é praticamente ¼ (um quarto) de sua renda líquida. Nesse ponto, por mais que possa se considerar a previsão legal do pagamento em dinheiro como forma de quitação obrigacional (Código Civil. “Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, (...)”), verificase que o contribuinte não apresentou documentos que comprovassem o lastro ou a origem de dinheiro que porventura poderia ter sido entregue à clínica para saldar seus dispêndios clínicos. Assim, temse que a Declaração de Internação emitida pela clínica médica, desacompanhada de documentos outros que comprovem a efetiva transferência de recursos financeiros entre o contribuinte e a mencionada clínica, não confere força legal capaz de consideralas dedutíveis para fins de imposto de renda. Isto posto, deve ser mantida a glosa de despesa médica no valor tributável de R$ 11.000,00, mantendo a decisão de piso incólume. Conclusão Diante do exposto, com fundamento na legislação competente e nas disposições acima mencionadas, voto por conhecer do recurso voluntário para, no mérito, NEGAR PROVIMENTO, mantendo a glosa de despesa médica no valor tributável de R$ 11.000,00. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso Relator Fl. 48DF CARF MF Processo nº 13819.723123/201291 Acórdão n.º 2201003.468 S2C2T1 Fl. 42 5 Fl. 49DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10921.000841/2008-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 23/04/2004 a 03/08/2004
PRESTAÇÃO DE DADOS DE EMBARQUE DE FORMA INTEMPESTIVA. INFRAÇÃO CARACTERIZADA.
A prestação de informação de dados de embarque, de forma intempestiva, por parte do transportador ou de seu agente é infração tipificada no artigo 107, inciso IV, alínea "e" do Decreto-Lei 37/66, com a nova redação dada pelo artigo 61 da MP 135/2003, que foi posteriormente convertida na Lei 10.833/2003.
ATIPICIDADE DA CONDUTA. INOCORRÊNCIA.
A infração cometida no caso concreto está prevista nos artigos 37 e 107, IV, "e", ambos do Decreto-Lei 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/04 c/c art. 44 da IN/SRF 28/94, com a redação dada pela IN/SRF 510/05.
AGENTE MARÍTIMO. REPRESENTANTE DO TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES. LEGITIMIDADE PASSIVA.
Respondem pela infração à legislação aduaneira, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para a sua prática.
FALTA DE ELEMENTO ESSENCIAL. INOCORRÊNCIA.
A ausência de informações ou informações prestadas a destempo prejudicam o controle aduaneiro, e de modo finalístico, o Erário, nos termos do artigo 237 da Constituição Federal de 1988, de modo que no caso concreto não há violação ao artigo 113, § 2o do CTN.
Numero da decisão: 3401-003.462
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencido o Conselheiro André Henrique Lemos (relator), sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida. O Conselheiro Hélcio Lafetá Reis acompanhou a divergência pelas conclusões.
ROSALDO TREVISAN Presidente.
ANDRÉ HENRIQUE LEMOS - Relator.
FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA - Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Hélcio Lafetá Reis (suplente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator), Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ANDRE HENRIQUE LEMOS
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 23/04/2004 a 03/08/2004 PRESTAÇÃO DE DADOS DE EMBARQUE DE FORMA INTEMPESTIVA. INFRAÇÃO CARACTERIZADA. A prestação de informação de dados de embarque, de forma intempestiva, por parte do transportador ou de seu agente é infração tipificada no artigo 107, inciso IV, alínea "e" do Decreto-Lei 37/66, com a nova redação dada pelo artigo 61 da MP 135/2003, que foi posteriormente convertida na Lei 10.833/2003. ATIPICIDADE DA CONDUTA. INOCORRÊNCIA. A infração cometida no caso concreto está prevista nos artigos 37 e 107, IV, "e", ambos do Decreto-Lei 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/04 c/c art. 44 da IN/SRF 28/94, com a redação dada pela IN/SRF 510/05. AGENTE MARÍTIMO. REPRESENTANTE DO TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES. LEGITIMIDADE PASSIVA. Respondem pela infração à legislação aduaneira, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para a sua prática. FALTA DE ELEMENTO ESSENCIAL. INOCORRÊNCIA. A ausência de informações ou informações prestadas a destempo prejudicam o controle aduaneiro, e de modo finalístico, o Erário, nos termos do artigo 237 da Constituição Federal de 1988, de modo que no caso concreto não há violação ao artigo 113, § 2o do CTN.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencido o Conselheiro André Henrique Lemos (relator), sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida. O Conselheiro Hélcio Lafetá Reis acompanhou a divergência pelas conclusões. ROSALDO TREVISAN Presidente. ANDRÉ HENRIQUE LEMOS - Relator. FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA - Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Hélcio Lafetá Reis (suplente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator), Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 23/04/2004 a 03/08/2004 PRESTAÇÃO DE DADOS DE EMBARQUE DE FORMA INTEMPESTIVA. INFRAÇÃO CARACTERIZADA. A prestação de informação de dados de embarque, de forma intempestiva, por parte do transportador ou de seu agente é infração tipificada no artigo 107, inciso IV, alínea "e" do DecretoLei 37/66, com a nova redação dada pelo artigo 61 da MP 135/2003, que foi posteriormente convertida na Lei 10.833/2003. ATIPICIDADE DA CONDUTA. INOCORRÊNCIA. A infração cometida no caso concreto está prevista nos artigos 37 e 107, IV, "e", ambos do DecretoLei 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/04 c/c art. 44 da IN/SRF 28/94, com a redação dada pela IN/SRF 510/05. AGENTE MARÍTIMO. REPRESENTANTE DO TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES. LEGITIMIDADE PASSIVA. Respondem pela infração à legislação aduaneira, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para a sua prática. FALTA DE ELEMENTO ESSENCIAL. INOCORRÊNCIA. A ausência de informações ou informações prestadas a destempo prejudicam o controle aduaneiro, e de modo finalístico, o Erário, nos termos do artigo 237 da Constituição Federal de 1988, de modo que no caso concreto não há violação ao artigo 113, § 2o do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 1. 00 08 41 /2 00 8- 44 Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10921.000841/200844 Acórdão n.º 3401003.462 S3C4T1 Fl. 173 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencido o Conselheiro André Henrique Lemos (relator), sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida. O Conselheiro Hélcio Lafetá Reis acompanhou a divergência pelas conclusões. ROSALDO TREVISAN – Presidente. ANDRÉ HENRIQUE LEMOS Relator. FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Hélcio Lafetá Reis (suplente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator), Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Tratase de recurso voluntário, cujo nascedouro se deu por meio de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. No caso concreto, foi impingida a referida multa, referente a apuração de 19 (dezenove) atracações de navios com registros intempestivos dos dados de embarque, ou seja, informadas após 7 (sete) dias da data de embarque, conforme noticia o Auto de Infração, fl. 06, do presente PAF e a lista das várias Declarações de Despachos de Exportações DDE's (fls. 08 e 09), as quais correspondem aos fatos geradores de 23/04/2004 a 03/08/2004 (fl. 06). Inconformada com a autuação, a contribuinte apresentou impugnação, tecendo os seguintes argumentos: Em preliminares: a) ausência de tipicidade, vez que não deixou de prestar informações, bem como não é uma empresa de transporte internacional, tampouco um agente de carga, não havendo hipótese para seu enquadramento e não se prestando o art. 107, IV, "e" do DL 37/66 para este desiderato. Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10921.000841/200844 Acórdão n.º 3401003.462 S3C4T1 Fl. 174 3 b) ilegitimidade passiva, não podendo figurar no pólo passivo da autuação, posto que é mera agência de navegação marítima, age em nome do Armador e com este não se confunde, logo, não pode responder pessoalmente por eventuais tributos e/ou obrigações acessórias devidos com base no DL 37/66. Colacionou jurisprudência do E. STF (RE 87.138, de 1979); Súmula 192, do extinto TFR e também precedentes do STJ (AGREsp. 2003/01586385/PE, de 2004, REsp. 223836/RS, de 2005, REsp. 148683/SP, de 1998, REsp. 132.624/SP, de 2000, REsp. 724.295/PE, de 2005, REsp. 170997/SP, de 2005 e REsp. 640.895/PR, de 2004). No mérito: c) a inexistência de prazo expressamente previsto à época da suposta infração, disse que à época dos fatos geradores o artigo 37 c/c o artigo 44, ambos da IN/SRF 28/94 não fixavam prazo certo para prestar informações, o que somente fora feito com a edição da IN/SRF 510, de 14/02/2005, razão pela qual a multa não deve ser aplicada ao caso concreto. d) a ausência de embaraço à fiscalização, pois o atraso não pode ser interpretado como embaraço, situação esta que carece de motivação da autuação. e) ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, na medida em que o afastamento da multa é medida administrativa que se impõe, vez que não se está diante de fraude, máfé ou mesmo tentativa de burlar ou causar qualquer embaraço à fiscalização, já que todos os registros dos dados de embarque foram realizados. A DRJ/FLN apreciando todos os argumentos da contribuinte, manteve a autuação. Irresignada com a referida decisão, interpôs a contribuinte, recurso voluntário, basicamente repisando os argumentos asseverados em sua impugnação. Julgando o feito, a E. Turma deu provimento ao recurso voluntário, aplicando a denúncia espontânea para afastar a exigência da multa em comento. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional interpôs recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350, de 2010, defendendo que é inaplicável o instituto da denúncia espontânea ao descumprimento de obrigação acessória. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e o contribuinte não apresentou contrarrazões. A matéria submetida à Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF restringiuse, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. Em sede do recurso excepcional, aplicouse a sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos), dandose provimento parcial ao recurso Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10921.000841/200844 Acórdão n.º 3401003.462 S3C4T1 Fl. 175 4 interposto pela Fazenda Nacional, por voto de qualidade, para considerar inaplicável ao caso o instituto da denúncia espontânea ao caso concreto (art. 138 do CTN e art. 102 do DL 37/66), pois este não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento do dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à Administração. Citou o voto do relatorpresidente, precedente da 2a Turma Ordinária da 2a Câmara da 3a Seção, acórdão 310200.988, bem como o proferido no acórdão 3802002.314, e ainda, nos autos da AC 500599981.2012.404.7208/SC, da 2a Turma do TRF da 4a Região. Ato contínuo, decidiu que a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impedindo o julgamento das demais questões, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação da E. CSRF. Em razão disso, deuse ciência da decisão ao contribuinte, e após, ascenderam os autos para manifestação do Colegiado desta 3a Seção quanto aos demais argumentos expendidos pelo contribuinte em seu recurso voluntário. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro André Henrique Lemos, relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. A questão se restringe na autuação fiscal, por ter a Recorrente, supostamente, infringido o art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350, de 2010, ou seja, tivera a Recorrente prestado informações no Siscomex, referente ao embarque no prazo superior a 7 (sete) dias como exige o ordenamento. Como se viu, o argumento da denúncia espontânea foi enfrentado e julgado em desfavor do contribuinterecorrente por decisão da E. CSRF, restando a análise dos demais temas, quais sejam: 1) Ilegitimidade passiva (já relatado). 2) Do não enquadramento da multa prevista na alínea "e", IV, art. 107, do DL 37/66 (ausência de tipicidade), também já relatado. 3) falta de elemento essencial para a validade da autuação disse o Recorrente que não há no caso concreto um fim específico e próprio que justificasse a penalidade, a teor do art. 113, § 2° do CTN, sendo faltante o elemento essencial da finalidade "no interesse da arrecadação ou fiscalização dos tributos", não restando qualquer prejuízo arrecadatário ou fiscalizatório. O recurso voluntário merece prosperar em parte, somente no tocante à aplicação da multa no tempo, respeitando a vigência da Instrução Normativa 510, de 15/02/2005, como se perceberá a seguir. Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10921.000841/200844 Acórdão n.º 3401003.462 S3C4T1 Fl. 176 5 Quanto à legitimidade, entendo que os artigos 95, I do DL 37/66 c/c o artigo 135, II, do CTN, resolvem a questão, respectivamente: "Art. 94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie;(...)" "Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados;(...)" Deste modo, na condição de agência marítima e mandatário do transportador estrangeiro, a Recorrente estava obrigada a prestar, tempestivamente, as informações no Siscomex, e assim não procedendo, cometeu a infração contida na alínea "e" do inciso IV do artigo 107 do DL 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, respondendo, pessoalmente pela infração em comento. A Recorrente cita a Súmula 192 do extinto Tribunal Federal de Recursos: "O agente marítimo, quando no exercício exclusivo das atribuições próprias, não é considerado responsável tributário, nem se equipara ao transportador para efeitos do DecretoLei nº 37, de 1966." Esta Súmula restou superada ao longo do tempo, mormente pela redação do artigo 32, I do DL 37/66, dada pelo DL 2.472/1988 e do inciso II, do parágrafo único do mesmo artigo, dada pela MP 215835/2001: "Art . 32. É responsável pelo imposto: (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) I o transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Parágrafo único. É responsável solidário: .(Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) II o representante, no País, do transportador estrangeiro; (Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001)" Demais disso, a solidariedade tributária passiva está contida nos artigos 121, parágrafo único, II, 124, I e II e 128, todos do CTN, respectivamente, a saber: Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10921.000841/200844 Acórdão n.º 3401003.462 S3C4T1 Fl. 177 6 "Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação." (grifei). A referida Súmula 192 do TFR também restou superada pela decisão do REsp 1.129.430/SP, relator ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJE de 14/12/2010, julgado em sede de recurso repetitivo, o qual assentou que o agente marítimo, no exercício exclusivo de atribuições próprias, no período anterior à vigência do DecretoLei nº 2.472/88 (que alterou o art. 32, do DecretoLei nº 37/66), não ostentava a condição de responsável tributário, porque inexistente previsão legal para tanto. Todavia, a partir da vigência do DecretoLei nº 2.2472/88 já não há mais óbice para que o agente marítimo figurasse como responsável tributário. Ademais, para os 2 (dois) primeiros argumentos tecidos pela Recorrente em seu voluntário, este E. Tribunal em inúmeros precedentes idênticos ao caso concreto já teve a oportunidade de se manifestar, mantendo as autuações, dentre outros, os acórdãos 3302 002.733, 3802003.962, 3403003.252, 3802001.127 e 3302002.732. Por economia, cito apenas a ementa do acórdão 3301002.972 (17/06/2016): "Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. Por expressa determinação legal, o agente marítimo, representante do transportador estrangeiro no País, é responsável solidário com este em relação à exigência de tributos e penalidades decorrentes da prática de infração à legislação tributária. O agente marítimo é, portanto, parte legítima para figurar no polo passivo do auto de infração. REGISTRO NO SISCOMEX DOS DADOS DE EMBARQUE. PRAZO. O registro dos dados de embarque no Siscomex em prazo superior a 7 dias, contados da data do efetivo embarque, para o transporte marítimo, caracteriza a infração contida na alínea "e", inciso IV, do artigo 107 do DecretoLei n° 37/66. Recurso de Ofício negado e Recurso Voluntário negado." Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10921.000841/200844 Acórdão n.º 3401003.462 S3C4T1 Fl. 178 7 Demais disso, impende consignar que a Recorrente, sendo parte em outros Processos Administrativos Fiscais PAF em casos de prestação de informações referente aos embarques, portanto, idênticos ao contido no presente feito , já obteve manifestação deste E. Tribunal, como são os processos resultantes dos acórdãos 3102002.072, 3102002.073, 3102 002.075 e 3102002.077, cuja ementa abaixo se refere ao primeiro acórdão (sendo as demais no mesmo sentido): "Assunto: Obrigações Acessória. Data do fato gerador: 11/06/2008. Multa pela Prestação de Informações em Desacordo com a Legislação. Agente Marítimo. Responsabilidade. Agente Marítimo que, em nome próprio, presta informações relativas ao embarque da mercadoria em desacordo com o estabelecido na legislação de regência, responde pela multa decorrente do descumprimento de obrigação acessória. Denúncia Espontânea. Obrigações Acessórias. Descabimento. As penalidades decorrentes do descumprimento de obrigação acessória não se beneficiam da excludente de responsabilidade fixada no art. 138 do CTN. Cobrança de Multa Isolada. Legalidade. A incidência de multa isolada, escora (sic) Insurgese (sic) ainda a recorrente contra a aplicabilidade, em abstrato, das multas que formam a exigência fiscal. Recurso Voluntário Negado." Portanto, no tocante às arguições de ilegitimidade passiva e atipicidade da conduta não tem razão a Recorrente. O terceiro argumento articulado pela Recorrente diz respeito a falta de elemento essencial, defendendo que o descumprimento do prazo não representaria qualquer prejuízo à arrecadação ou fiscalização dos tributos. O artigo 237 da Constituição Federal de 1988, dispõe: "Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda." Vêse que a fiscalização e o controle sobre o comércio exterior são essenciais à defesa dos interesses do Erário nacional, portanto, este os bens jurídicos tutelados, não podendo o descumprimento da obrigação acessória, nesta hipótese, se sobrepor àqueles. Neste particular fora o voto proferido no acórdão 3102002.073. Por estas razões, não há violação ao artigo 113, § 2o do CTN, como afirma a Recorrente. Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10921.000841/200844 Acórdão n.º 3401003.462 S3C4T1 Fl. 179 8 Por fim, entendo que a autuação deve ser cancelada com relação aos fatos geradores até o dia 15/02/2005, dia em que entrou em vigor a Instrução Normativa SRF 510/2005, vez que até esta data não existia no ordenamento ato regulamentar fixando prazo para prestar informações acerca dos embargos, ou seja, dar eficácia ao at. 37 do DL 37/66, com a redação dada pela Lei 10.833/2003. O artigo 37 da IN/SRF 28, de 27/04/1994 (DOU de 28/04/1994, seção 1, pág. 6167), não precisava o prazo para prestar as informações: "Art. 37. Imediatamente após realizado o embarque da mercadoria, o transportador registrará os dados pertinentes, no SISCOMEX, com base nos documentos por ele emitidos." (grifei). A precisão sobreveio com a alteração do mencionado texto normativo por meio da redação do artigo 1º da IN/SRF nº 510, de 14/02/2005 (Diário Oficial da União, Seção 1, 15/02/2005. p. 21): "Art. 37. O transportador deverá registrar, no Siscomex, os dados pertinentes ao embarque da mercadoria, com base nos documentos por ele emitidos, no prazo de dois dias, contado da data da realização do embarque." Vêse, portanto, que somente a partir de 15/02/2005 é que se fixou prazo para prestar as informações, logo, até esta data não se deve penalizar o contribuinte. Neste sentido são os votoscondutores dos acórdãos 3202.000.341 e 3102 002.073, este tendo como parte a própria Recorrente, a qual teve seu recurso voluntário provido em parte para afastar a exigência aos embarques anteriores a 15/02/2005, cuja ementa possui o seguinte teor: "Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 03/11/2009 Multa pela Prestação de Informações em Desacordo com a Legislação. Agente Marítimo. Responsabilidade. Agente Marítimo que, em nome próprio, presta informações relativas ao embarque da mercadoria em desacordo com o estabelecido na legislação de regência, responde pela multa decorrente do descumprimento de obrigação acessória. Denúncia Espontânea. Obrigações Acessórias. Descabimento As penalidades decorrentes do descumprimento de obrigação acessória não se beneficiam da excludente de responsabilidade fixada no art. 138 do CTN. Cobrança de Multa Isolada. Legalidade A incidência de multa isolada, decorrente do descumprimento de obrigação acessória, encontrase plenamente amparada pela legislação que disciplina o Controle Aduaneiro. Registro Extemporâneo dos Dados de Embarque na Exportação. Multa do Art. 107, IV, “e” do DL 37/1966 (INsSrf 28/1994 e 510/2005). Vigência e Aplicabilidade. Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10921.000841/200844 Acórdão n.º 3401003.462 S3C4T1 Fl. 180 9 A expressão “imediatamente após, constante da vigência original do art. 37 da IN SRF no 28/1994, traduz subjetividade e não se constitui em prazo certo e induvidoso para o cumprimento da obrigação de registro do prazo de registro dos dados de embarque na exportação. Para os efeitos dessa obrigação, a multa que lhe corresponde, instituída no art. 107, IV, “e” do Decretolei no 37/1966, na redação dada pelo art. 77 da Lei no 10.833/2003, somente começou a ser passível de aplicação a partir de fatos ocorridos a partir de 15/2/2005, data em que a IN SRF no 510/2005 entrou em vigor e fixou prazo certo para o registro desses dados no Siscomex. Recurso Voluntário Provido em Parte." À mão de ilustrar, atualmente o prazo é de 7 (sete) dias para se prestar as informações pertinentes ao embarque, a teor da IN/SRF 1.096/2010, que deu nova redação ao multicitado art. 37. No caso concreto os fatos geradores são de 23/04/2004 a 03/08/2004, devendo ser totalmente cancelado o presente auto de infração. Com essas considerações, dou provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a multa referente aos fatos geradores (embarques) anteriores a 15/02/2005 que, no caso concreto abrange todos os fatos geradores da autuação. André Henrique Lemos Fl. 180DF CARF MF Processo nº 10921.000841/200844 Acórdão n.º 3401003.462 S3C4T1 Fl. 181 10 Voto Vencedor Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida, redator designado Com as vênias de praxe, dissinto do entendimento do eminente Relator no sentido da exclusão do auto de infração dos fatos geradores anteriores à IN/SRF nº 510, de 15/02/2005. Entendeu o Relator que a autuação deve ser cancelada com relação aos fatos geradores até o dia 15/02/2005, posto que, antes desta data, não existia regra fixadora de prazo para se implementar a eficácia do art. 37, do DL nº 37/66, na redação dada pelo art. 77, da Lei nº 10.833/03. Argúi a relatoria que o art. 37, da IN/SRF no 28, de 27/04/1994, ao estabelecer que as informações deveriam ser prestadas: "Imediatamente após realizado o embarque da mercadoria..", não precisava o prazo para prestar as informações e que a precisão somente sobreveio com a alteração do mencionado texto normativo por meio da redação do art. 1o, da IN/SRF no 510, de 14/02/2005. Com essas razões, propôs ao Colegiado fosse dado provimento parcial ao recurso voluntário. Entretanto, foi correta a fiscalização ao exigir a observância dos prazos de antecedência de prestação de informações, considerando intempestivos os registros dos dados informadas após 7 (sete) dias da data de embarque. O caput do art. 37, da IN/SRF no 28, de 27/04/1994 determina que "imediatamente" após realizado o embarque da mercadoria, o transportador deve registrar os dados pertinentes, no Sistema Siscomex, com base nos documentos por ele emitidos. Por sua vez, a Noticia Siscomex no 105, de 27/07/1994, esclareceu que o termo "imediatamente" deveria ser interpretado como em até 24 (vinte e quatro) horas. Posteriormente, de acordo com a Noticia Siscomex no 2, de 07/01/2005, o prazo passou a ser de 7(sete) dias para embarques por via marítima. Entendeu a divergência não ser adequado o entendimento de que antes da IN/SRF no 510, de 15/02/2005, não existia regra fixadora de prazo para se implementar a eficácia do art. 37, do DL no 37/66. A norma do art. 37, do DL no 37/66, possui plena eficácia para determinar a imediata prestação de informações. Ocorreu que, as Notícias Siscomex supracitadas, apenas, permitiram que os dados exigidos fossem fornecidos com menor antecedência, nos casos, 48 (quarenta e oito) horas [Noticia Siscomex no 105/94] e 7 (sete) dias [Noticia Siscomex no 2/05], após realizados os embarques, portanto, interpretando a lei tributária que define infrações de maneira mais favorável ao acusado, na linha do que determina o art. 112, do CTN. Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10921.000841/200844 Acórdão n.º 3401003.462 S3C4T1 Fl. 182 11 Tendo em vista que a Recorrente não forneceu as informações imediatamente após realizados os embarques, tampouco, com a menor antecedência permitida, nos casos, 48 (quarenta e oito) horas [Noticia Siscomex no 105/94] e 7 (sete) dias [Noticia Siscomex no 2/05], não houve respeito aos prazos de antecedência previstos na legislação de regência em questão. Então, uma vez descumprida a obrigação acessória, não há como afastar a multa aplicada, pois, decorre de lei específica, na forma do art. 37, do DL no 37/66, na redação dada pelo art. 77, da Lei no 10.833/03, não havendo motivos, no caso, para afastar a aplicação ou deixar de observar lei válida. Assim, penso que a presente exigência fiscal, cujo objetivo é desestimular o descumprimento das obrigações aduaneiras, resulta de adequada subsunção dos fatos às normas que regem a matéria, de modo que não vislumbro argumentos capazes de invalidar o presente auto de infração. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, mantendose a exigência fiscal. Fenelon Moscoso de Almeida Fl. 182DF CARF MF
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Numero do processo: 13839.904308/2009-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 29/06/2001
RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DECOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS
Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido.
Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 29/06/2001
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS.
O produto denominado Vidro de segurança não emoldurado utilizados como pára-brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificam-se na posição 7007 da TIPI.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 29/06/2001
NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA
Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-003.171
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, Por unanimidade de votos, Negar Provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri (Relator), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Data do fato gerador: 29/06/2001 RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DECOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. Assunto: Classificação de Mercadorias Data do fato gerador: 29/06/2001 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. O produto denominado Vidro de segurança não emoldurado utilizados como pára-brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificam-se na posição 7007 da TIPI. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 29/06/2001 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, Por unanimidade de votos, Negar Provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri (Relator), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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COMPENSAÇÃO. PER/DECOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 29/06/2001 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. O produto denominado Vidro de segurança não emoldurado utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificamse na posição 7007 da TIPI. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 29/06/2001 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 43 08 /2 00 9- 61 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13839.904308/200961 Acórdão n.º 3301003.171 S3C3T1 Fl. 16 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, Por unanimidade de votos, Negar Provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri (Relator), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13839.904308/200961 Acórdão n.º 3301003.171 S3C3T1 Fl. 17 3 Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário contra Acórdão 1429.657, de 16 de junho de 2010, exarado pela 2ª Turma da DRJ/RPO em face de Despacho Decisório que denegou restituição pleiteada e, conseqüentemente, não homologou as compensações declaradas. A recorrente formalizou PER/DComp objetivando a compensação de pretensa diferença recolhida a maior relativo à IPI. A fiscalização, a partir das características do DARF discriminado na PER/DComp, constatou que o crédito alegado como indevidamente pago foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. Tempestivamente, o interessado manifestou sua inconformidade alegando preliminarmente que, pela genérica fundamentação legal seu direito de defesa teria sido cerceado e, no mérito, que teria direito à restituição, pois, teria recolhido IPI a maior por classificar seus produtos (vidros não emoldurados destinados exclusivamente para serem utilizados no párabrisas e nas janelas dos veículos automotores das posições 8701 a 8705) na posição 7007 (Vidros de Segurança), assim recolhendo o imposto pela alíquota de 15%, quando, pelos motivos, julgados e princípio da seletividade, entende que deveria têlos classificado na posição 8708 da TIPI (partes e acessórios dos veículos automóveis das posições 8701 a 8705), com alíquota aplicável de 5%. Ao analisar a Manifestação de Inconformidade, a 2ª Turma da DRJ/RPO exarou o Acórdão 1429.657, de 16 de junho de 2010, que, por unanimidade de votos, Declarou IMPROCEDENTE a Manifestação de Inconformidade, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 29/06/2001 NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. Somente são nulos os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com comprovada preterição do direito de defesa. RESTITUIÇÃO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. Inexiste erro de classificação fiscal se contribuinte lançou nos documentos fiscais e recolheu com a respectiva alíquota os vidros, utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificados na posição 7007 da TIPI. Conseqüentemente, inexiste recolhimento indevido ou maior que o devido que se enquadre como crédito líquido e certo contra a Fazenda Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13839.904308/200961 Acórdão n.º 3301003.171 S3C3T1 Fl. 18 4 Inconformado o contribuinte apresentou Recurso voluntário replicando as alegações da Manifestação de Inconformidade. Foime distribuído, por sorteio, o presente feito para relatar e pautar. É o relatório, em sua essência. Voto Conselheiro José Henrique Mauri Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. As indicações de folhas no presente voto, não havendo informação contrária, referemse à numeração constante no eprocesso. 1 Da Preliminar de Nulidade A recorrente alega que houve preterição do direito de defesa, ensejando a nulidade do despacho Decisório, por indicação inespecífica de dispositivo legal, nos seguintes termos: No despacho decisório que não homologou a compensação em tela constam como enquadramento legal: "Artigo 165 e 170, da Lei n°5.172 (CTN); Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. " Ocorre que os artigos contém parágrafos e incisos QUE NÃO FORAM DEVIDAMENTE ESPECIFICADOS, o que resultou na impossibilidade de a recorrente identificar qual deles fundamenta a decisão não homologatória da compensação, ou seja, EVIDENCIASE INDICAÇÃO INESPECÍFICA QUE CARACTERIZA FORMALIZAÇÃO INCORRETA, em flagrante contrariedade ao que dispõe a legislação que rege a matéria e que prevê a indicação clara e precisa dos dispositivos legais supostamente infringidos , o que não ocorreu no caso. Tal fato resulta em flagrante prejuízo à defesa do contribuinte, resultando em vício insanável que enseja a nulidade do despacho decisório". Não vislumbro nos autos qualquer preterição do direito de defesa. O Acórdão recorrido não merece reparos, nesse pormenor. O despacho Decisório encontrase suficientemente fundamentado e o enquadramento legal está adequado aos fatos apurados. Não há, na espécie, motivo para que a autoridade fiscal indicasse os incisos ou alíneas em que se subdividiam os artigos elencados. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13839.904308/200961 Acórdão n.º 3301003.171 S3C3T1 Fl. 19 5 Andou bem o julgador de primeira instância, vejamos parte dos fundamentos de seu voto que: [...] "Contudo, o que constato é que, para um pedido genérico lastreado num DARF, regularmente utilizado, para a integral quitação de débitos, mormente por inexistir qualquer retificação do DARF e da DCTF, nenhuma outra capitulação legal seria possível, aliás, creio que foi até exaustiva no caso, pois, bastaria citar o artigo 171 do CTN, ou seja, que a compensação só se faz com créditos líquidos e certos contra a Fazenda Nacional." [...] O excerto acima transcrito é suficientemente didático. Não há coerência lógica nos argumentos trazidos pela recorrente, senão o intuito de dar sobrevida ao litígio. Com o exposto, não se verifica qualquer cerceamento do direito de defesa, tampouco algum ato ou fato que ampare, ainda que de longe, a nulidade do Despacho Decisório. 2 Do Mérito O cerne do litígio está centrado da [in]existência do crédito disponível para restituição, submetido à PER/DComp, i.é., [in]existência de pagamento a maior de IPI por parte do contribuinte. A fiscalização, em procedimento de análise de PER/DComp, detectou que o crédito alegado como indevidamente pago fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. O recorrente, por sua vez, alega que efetuou recolhimento de IPI a maior em face de equívoco na classificação fiscal de vidros não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores das posições 8701 a 8705 da TIPI. Originariamente efetuou os recolhimento do IPI com base na posição da TIPI 7007, alíquota de 15%, conquanto, no seu entender, deveria ter recolhido com base na posição 8708, alíquota de 5%. Sustenta que tem o direito de classificar os vidros não emoldurados nas subposições 8708.29.19 ou 8708.29.99 da TIPI. Tece comentários sobre a metodologia do sistema de classificação fiscal e procura demonstrar a correção da classificação utilizada. Adentra em comentários acerca do princípio da seletividade do IPI sustentando que os princípios constitucionais devem ser considerados prioritariamente para fim de classificar um produto na TIPI, em detrimento às regras do Sistema harmonizado. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13839.904308/200961 Acórdão n.º 3301003.171 S3C3T1 Fl. 20 6 Em resumo temos que o recorrente sustenta que cometeu erro na classificação de vidros não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores, de sua fabricação e, como conseqüência, recolheu IPI a maior. É nessa matéria, classificação fiscal, que se limita a peça recursal. Outrossim, a exigência fiscal emerge da constatação por parte da fiscalização de que o crédito alegado como indevidamente pago fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. Essa é a matéria posta originariamente pela fiscalização. Sobre ela nada falou o recorrente. Apressome a afirmar: ainda que o recorrente tenha êxito quanto a classificação por ele pretendida, fazse necessária a comprovação de que eventual pagamento a maior do IPI fora devidamente escriturado, bem assim que as obrigações acessórias tenham sido alteradas para contemplar os valores efetivamente devido do tributo, tornadoo liquido e certo. Portanto temos dois pontos a serem apreciados: (i) a liquidez e certeza do crédito alegadamente pago a maior e (ii) a correta classificação do produto. 2.1 A LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ALEGADAMENTE PAGO A MAIOR É notoriamente sabido que, nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. Essa é a dicção do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil – CPC, aplicado subsidiariamente ao processo administrativo fiscal Decreto nº 70.235/72 (PAF): Art. 373 O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; [...] Disso não se desincumbiu o contribuinte. Do compulsar dos autos não se vislumbra nenhum elemento apresentado pela recorrente que tenha o condão de afastar as alegações da fiscalização que alicerçaram a negativa relativa ao pedido de restituição. Noutra esteira, a fiscalização demonstrou que, relativamente ao crédito que se pretende ser indevido, há débitos a ele originariamente vinculados, portanto não disponíveis para restituição e, conseqüentemente, não servindo para custear compensação. Dessarte, depreendese que os valores de IPI que o recorrente pretende considerar indevidamente recolhidos para fins de fruição de restituição não Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13839.904308/200961 Acórdão n.º 3301003.171 S3C3T1 Fl. 21 7 se encontram devidamente comprovados, portanto não revestidos de certeza e liquidez. 2.2 A CORRETA CLASSIFICAÇÃO DO PRODUTO Passo a apreciar a classificação fiscal adotada pelo contribuinte para o produto vidro não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores. Ressaltese que a classificação fiscal, no caso concreto, não influenciará diretamente na decisão quanto ao direito à restituição, posto que, isoladamente, eventual erro na classificação não é suficiente para dotar de liquidez e certeza o crédito pago a maior,. O recorrente sustenta que tem o direito de classificar os vidros não emoldurados nas subposições 8708.29.19 ou 8708.29.99 da TIPI. Tece comentários sobre a metodologia do sistema de classificação fiscal e procura demonstrar a correção da classificação utilizada. Adentra em comentários acerca do princípio da seletividade do IPI sustentando que os princípios constitucionais devem ser considerados prioritariamente para fim de classificar um produto na TIPI, em detrimento às regras do Sistema harmonizado. O Julgador a quo, em seu voto, constante do Acórdão recorrido, fundamenta exaustivamente as razões para descaracterizar a pretensa classificação dos vidros na posição 8708 e a necessária e correta classificação na posição 7007. vejamos excerto do voto: [...] Quanto ao mérito, nenhuma razão assiste ao interessado, sendo que a classificação fiscal do produto em questão já é pacificada na Receita Federal do Brasil desde 1998, quando, mediante o DEC SRRF 8ª RF nº 155/98, publicado no DOU em 06/08/98, classificou na posição 7007 da TIPI os vidros a serem utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis. [...] Não vislumbro razão para o aprofundamento da análise da presente matéria, a uma, pelo brilhante voto constante do Acórdão recorrido, não merecendo reparos, a duas, em face da publicação da Solução de Consulta do Centro de Classificação de Mercadorias da RFB, SC 56/2014, 1ª Turma, com a qual concordo e a utilizo como fundamento de minha decisão. Sua ementa é suficientemente esclarecedora: 7007.21.00 Vidro de segurança não emoldurado, formado por folhas contracoladas (vidro laminado), de espessuras que variam de 1 mm até mais de 6,5 mm, acompanhado de guarnição de borracha para vedação, destinado a uso como parabrisa de automóveis SC 296/2015 1ª Turma Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13839.904308/200961 Acórdão n.º 3301003.171 S3C3T1 Fl. 22 8 Como se vê o produto denominado vidro de segurança não emoldurado, destinado a uso como parabrisa de automóveis tem definida e consolidada sua classificação fiscal na posição 7007. Dispositivo Ante o exposto, considerando que (i) os créditos de IPI que se pretende considerar indevidamente recolhidos para fins de fruição de restituição, não se encontram devidamente comprovados, portanto não revestidos de certeza e liquidez e que (ii) o produto denominado vidro de segurança não emoldurado, destinado a uso como parabrisa de automóveis deve ser classificado fiscal na posição 7007, da TIPI, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. É como voto. José Henrique Mauri Relator Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19679.010763/2003-75
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Apr 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998
MULTA DE OFÍCIO. LANÇAMENTO. RETROATIVIDADE BENIGNA. EXCLUSÃO.
Aplica-se retroativamente aos atos e fatos pretéritos não definitivamente julgados as normas legais que beneficiam o sujeito passivo, excluindo-se a multa no lançamento de oficio do crédito tributário constituído em face da não-confirmação dos pagamentos informados em DCTFs.
Com a edição da MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, não cabe mais a imposição de multa, desde que não se trate das hipóteses descritas em seu art.
18. Tal dispositivo art. 18 da Lei 10.833/03 seria aplicável aos lançamentos ocorridos anteriormente à edição da MP 135/03 em face da retroatividade benigna (art. 106, II, "c" do CTN).
No caso vertente, o instituto da compensação não foi utilizado de forma fraudulenta.
Numero da decisão: 9303-004.916
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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DE COMBUSTÍVEIS E DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998 MULTA DE OFÍCIO. LANÇAMENTO. RETROATIVIDADE BENIGNA. EXCLUSÃO. Aplicase retroativamente aos atos e fatos pretéritos não definitivamente julgados as normas legais que beneficiam o sujeito passivo, excluindose a multa no lançamento de oficio do crédito tributário constituído em face da nãoconfirmação dos pagamentos informados em DCTFs. Com a edição da MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, não cabe mais a imposição de multa, desde que não se trate das hipóteses descritas em seu art. 18. Tal dispositivo art. 18 da Lei 10.833/03 seria aplicável aos lançamentos ocorridos anteriormente à edição da MP 135/03 em face da retroatividade benigna (art. 106, II, "c" do CTN). No caso vertente, o instituto da compensação não foi utilizado de forma fraudulenta. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 67 9. 01 07 63 /2 00 3- 75 Fl. 437DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 330100.288, da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso de ofício, consignando a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998 CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXONERADO. RECURSO DE OFÍCIO Correta a exoneração, pela autoridade julgadora de primeira instância, do crédito tributário lançado e exigido em duplicidade.” Irresignada, a Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração, alegando omissão quanto ao exame individualizado de ponto essencial ao deslinde do feito e decorrente equívoco na análise documental. Traz, em síntese, que houve omissão no que toca à análise do Demonstrativo dos Créditos Vinculados Não Confirmados constante das fls. 28/31 dos autos, bem como quanto ao exame do extrato do processo 10830.007290/0040 do Sistema Sincor/Profisc acostado as fls. 47/48 dos autos. Fl. 438DF CARF MF Processo nº 19679.010763/200375 Acórdão n.º 9303004.916 CSRFT3 Fl. 438 3 Após apreciação dos Embargos de Declaração, a 1ª Turma da 3ª Câmara da 3ª Seção, por unanimidade de votos, acolheu os embargos, com efeitos infringentes, rerratificando o acórdão embargado para dar provimento parcial ao recurso de ofício interposto pela DRJ São Paulo, restabelecendo a exigência do crédito tributário que não estava em duplicidade e, ainda cancelar a multa de ofício por se tratar de débitos em DCTFs. O acórdão embargado foi retificado, consignando a seguinte ementa: CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXONERADO. DUPLICIDADE PARCIAL. RECURSO DE OFICIO. Mantémse a exoneração dos valores do crédito tributário cuja duplicidade foi efetivamente comprovada, restabelecendose a exigência dos valores cuja duplicidade não foi comprovada. MULTA DE OFICIO. LANÇAMENTO. DÉBITOS DECLARADOS EM DCTF. RETROATIVIDADE BENIGNA. EXCLUSÃO. Aplicase retroativamente aos atos e fatos pretéritos não definitivamente julgados as normas legais que beneficiam o sujeito passivo, excluindose a multa no lançamento de oficio do crédito tributário constituído em face da nãoconfirmação dos pagamentos informados em DCTFs. Insatisfeita, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o acórdão que, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso de ofício, eis que não manteve a aplicação da multa de ofício no caso de compensação indevida. Requer, assim, que se rejeite a aplicação do caput do art. 18 da Lei 10.833/03 e a suposta retroatividade benigna. Em Despacho às fls. 423 a 425, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. O sujeito passivo foi intimado por Edital, conforme segue: “7ª Região Fiscal MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL NO RIO DE JANEIRO I Fl. 439DF CARF MF 4 EDITAL DE INTIMAÇÃO DRF RJ I N° 071, DE 18 DE JUNHO DE 2015. A Delegada Adjunta da Receita Federal do Brasil no Rio de Janeiro I, no uso de suas atribuições regimentais, pelo presente Edital, cientifica o contribuinte CARIBEAN DISTR DE COMBUST E DERIV DE PETROLEO LTDA, CNPJ nº 01.158.473/000184, dos seguintes documentos: Acórdão nº 330100.288 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais; o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, bem como Despacho de Admissibilidade de Recurso Especial nº 3300000.283 3ª Câmara do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, insertos no processo nº 19679.010763/200375 tendo em vista SITUAÇÃO CADASTRAL BAIXADA – MOTIVO:OMISSÃO CONTUMAZ, constante do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) do Ministério da Fazenda. O presente Edital vale como intimação ao contribuinte acima identificado, na forma do art. 11, inciso IV, do Decreto nº 7.574/2011, assegurandolhe o prazo de 15(quinze) dias, contados do 15º (décimo quinto dia) da publicação deste Edital, para, se desejar, apresentar contrarrazões ao recurso da Fazenda Nacional PFN. A Cópia do processo, abaixo relacionado, poderá ser obtida através de prévio agendamento no sítio da Receita Federal, no endereço eletrônico http://idg.receita.fazenda.gov.br/, acessando o serviço Processo, Senhas e Procuração Processo Cópia/Vista. No dia agendado, o interessado deverá apresentar o Formulário de Solicitação de Cópia de Documento, obtido na página da RFB, no link: http://www.receita.fazenda.gov.br/GuiaContribuinte/Formularios.htm#Soli citação de Cópia de Documento FERNANDA FREIRE VIRGENS Delegada Adjunta Publicado no DOU nº 116, de 22 de junho de 2015, página 90, Seção 3” Considerando que o sujeito passivo não se manifestou, foi encaminhado o presente processo ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para prosseguimento. É o relatório. Fl. 440DF CARF MF Processo nº 19679.010763/200375 Acórdão n.º 9303004.916 CSRFT3 Fl. 439 5 Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora Depreendendose da análise do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, entendo que devo conhecêlo, eis que observados os pressupostos para a admissibilidade do r. recurso. Eis que o acórdão recorrido decidiu por afastar a penalidade, aplicando a retroatividade benigna, com o entendimento de que a partir da vigência do art. 18 da Lei nº 10.833/03, a multa ofício, em se tratando de diferenças apuradas em DCTF, não mais se aplicaria à hipótese dos autos. Enquanto, o acórdão indicado como paradigma firma entendimento diverso, devendose observar que não tratou das hipóteses de sonegação, fraude, ou conluio, ainda assim manteve o lançamento da multa de ofício por entender que a redação do artigo 18 da Lei 10.833/03 não excluiu a multa quando o lançamento desta natureza tenha como causa o fato da compensação ter sido considerada como inexata ou indevida (artigo 90 da MP 2.158 35). Ventiladas tais considerações, passo a discorrer sobre a questão. Em respeito ao art. 18 da MP n° 135/03, que foi convertida na Lei 10.833/03, houve previsão, a priori, que o lançamento de ofício decorrente de diferenças apuradas em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de compensação, seria cabível na hipótese em que as diferenças apuradas forem decorrentes de compensação indevida quando o crédito ou o débito não for passível de compensação por expressa disposição legal; o crédito for de natureza nãotributária e às demais hipóteses em que ficar caracterizada a prática de sonegação, fraude ou conluio – infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei 4.502/64. Tal como explicitou a exposição de motivos dessa MP: Fl. 441DF CARF MF 6 “15. O art. 18 limita a aplicação do lançamento de ofício, de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, à cobrança de multa isolada sobre o débito indevidamente compensado nas hipóteses em que as diferenças apuradas forem decorrentes de compensação indevida quando o crédito ou o débito não for passível de compensação por expressa disposição legal; o crédito for de natureza nãotributária e às demais hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964.” Sendo assim, com o advento da MP 135/03, a não homologação da compensação decorrente de crédito ou débito não passível de compensação por expressa disposição legal, ou com crédito de natureza não tributária (compensação não declarada), estava sujeita à multa prevista no art. 18 da MP, independentemente de ser ou não decorrente de prática de fraude ou conluio do sujeito passivo. Posteriormente, com o advento da Lei 11.488/07, que alterou o art. 18 da Lei 10.833/03 de conversão da MP 135/03, vêse que tal dispositivo sofreu alteração em sua redação – passando a estabelecer: “Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitar seá à imposição de multa isolada em razão de nãohomologação da compensação quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.” Foi suprimida, conforme exposto, da redação original as hipóteses em que as diferenças apuradas forem decorrentes de compensação indevida quando o crédito ou o débito não for passível de compensação por expressa disposição legal e o crédito for de natureza nãotributária – para a imputação da multa no lançamento de ofício. Dessa forma, a hipótese de lançamento de ofício e de aplicação da respectiva multa para autuações decorrentes de compensações indevidas, passou a ter aplicação ainda mais restrita, qual seja, apenas para os casos em que se comprovasse Fl. 442DF CARF MF Processo nº 19679.010763/200375 Acórdão n.º 9303004.916 CSRFT3 Fl. 440 7 a falsidade da declaração do sujeito passivo, além das hipóteses de compensações "não declaradas". A restrição das hipóteses para a aplicação da multa nos lançamentos de ofício não as conduziu automaticamente à aplicação da multa tratada no art. 44 da Lei 9.430/96 – eis que esse dispositivo traz a regra geral – que não seria aplicável aos casos de compensação – como nunca foi. Com o advento da Lei 11.488/07, que alterou o art. 18 da Lei 10.833/03, houve apenas a restrição da aplicação da multa no lançamento de ofício para aqueles casos de não homologação de compensação sem comprovação de falsidade da declaração. Continuando, importante lembrar que a MP 135/03 convertida na Lei 10.833/03, que trouxe novo regramento legal para as compensações, também, dispôs sobre a operacionalização a ser observada mediante entrega da "DComp", estabelecendo, inclusive em seu art. 17 – que, por sua vez, alterou o art. 74 da Lei 9.430/96 que tal declaração constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Dessa forma, vêse que com a constituição da DCOMP em confissão de dívida, perdeuse o sentido a aplicação da multa por descumprimento da obrigação tributária – por exemplo, entrega da DCTF com inexatidão quando identificada irregularidade na compensação sem comprovação de falsidade nas informações. O que afastaria a aplicação da multa prevista no art. 44, inciso II, da Lei 9.430/96. Com efeito, é de se clarificar que o art. 44, inciso II, da Lei 9.430/96 trata da multa isolada – como regra geral, não alcançando as hipóteses de compensação referendadas no caput do art. 18 da Lei 10.833/03 que faz referência aos lançamentos de ofício de que trata o art. 90 da MP 2.15835/01. Fl. 443DF CARF MF 8 Ora, o art. 90 da MP trata especificamente do lançamento de ofício das "diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal". Em respeito ao princípio da especialidade – lex specialis derogat legi generali é de se aplicar o art. 18 da Lei 10.833/03. Eis que prevê processo administrativo próprio. Dessa forma, entendo ser plenamente aplicável o instituto da retroatividade benigna – tal como estabelece o art. 106 do Código Tributário Nacional: "Art. 106 . A lei aplica se a ato o u fato pretérito: 1 em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratando se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática ". Com a aplicação do instituto da retroatividade benigna, no caso vertente, há de ser afastada a aplicação da multa de ofício, para se adotar a multa de mora – considerando a redação do art. 18 da Lei 10.833/03 com a redação dada pela Lei 11.488/07. Assevera ainda a própria DRJ a aplicação desse entendimento. O que, para melhor elucidar, trago algumas ementas de outros acórdãos das delegacias de julgamento nesse sentido: Fl. 444DF CARF MF Processo nº 19679.010763/200375 Acórdão n.º 9303004.916 CSRFT3 Fl. 441 9 “MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL 9 º TURMA ACÓRDÃO Nº 1653421 de 05 de Dezembro de 2013 ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep EMENTA: MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA DO ART. 18 DA LEI Nº 10.833, DE 2003. Com a edição da Medida Provisória n.º 135, de 2003, convertida na Lei n.º 10.833, de 2003, não cabe mais imposição de multa, excetuandose os casos mencionados em seu art. 18. Sendo tal norma aplicável aos lançamentos ocorridos anteriormente à edição da Medida Provisória n.º 135, de 2003, em face da retroatividade benigna (ex vi alínea “c”, inciso II do art. 106 do Código Tributário Nacional), impõese o cancelamento da multa de ofício lançada. Período de apuração: : 01/09/1997 a 30/09/1997” MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO EM SÃO PAULO 6 º TURMA ACÓRDÃO Nº 1615182 de 23 de Outubro de 2007 ASSUNTO: Normas Gerais de Direito Tributário EMENTA: MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA. Em razão da aplicação retroativa (retroatividade benigna) do art. 18 da Lei 10.833/03, com a redação dada pelo art. 25 da Lei 11.051/04, deve ser excluída a multa de ofício imposta. Período de apuração: : 01/02/2002 a 31/05/2002, 01/08/2002 a 30/04/2003 Fl. 445DF CARF MF 10 “MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL 9 º TURMA ACÓRDÃO Nº 1644304 de 28 de Fevereiro de 2013 ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep EMENTA: MULTA DE OFÍCIO RETROATIVIDADE BENIGNA DO ART. 18 DA LEI Nº 10.833/2003. Com a edição da MP nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003, não cabe mais imposição de multa excetuandose os casos mencionados em seu art. 18. Sendo tal norma aplicável aos lançamentos ocorridos anteriormente à edição da MP nº 135/2003 em face da retroatividade benigna (art. 106, II, “c” do CTN), impõese o cancelamento da multa de ofício lançada. Período de apuração: : 01/12/1998 a 31/12/1998” MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO EM FORTALEZA 4 º TURMA ACÓRDÃO Nº 0823210 de 10 de Abril de 2012 ASSUNTO: Normas de Administração Tributária EMENTA: MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tendo em conta a nova redação dada pelo art. 25 da Lei 11.051, de 2004, ao art. 18 da Lei 10.833, de 2003, em combinação com o art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, cancelase a multa de ofício aplicada. Anocalendário: : 01/01/1997 a 31/12/1997” Proveitoso também trazer no mesmo sentido parte da ementa da Solução de Consulta Cosit Interna nº 3, de 08 de janeiro de 2004: “Nos julgamentos dos processos pendentes, cujo crédito tributário tenha sido constituído com base no art. 90 da MP nº Fl. 446DF CARF MF Processo nº 19679.010763/200375 Acórdão n.º 9303004.916 CSRFT3 Fl. 442 11 2.15835, as multas de ofício exigidas juntamente com as diferenças lançadas devem ser exoneradas pela aplicação retroativa do caput do art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003, desde que essas penalidades não tenham sido fundamentadas nas hipóteses versadas no “caput” desse artigo”. Após breves considerações, importante trazer que, depreendendose da análise dos autos, não vejo indícios para se coadunar com a caracterização de conduta fraudulenta pelo sujeito passivo, eis que se trata de lançamento de débitos reconhecidos pela interessadas e declarados em DCTF, efetuado nos termos da MP n° 2.15835, de 2001, art. 90. Vêse que a própria DRJ ao analisar os autos também obteve a mesma conclusão: “7.3. Dessa maneira, não cabe mais imposição de multa de oficio fora dos casos mencionados, sendo tal norma aplicável aos lançamentos ocorridos anteriormente à edição da MP no 135/2003 em face do princípio da retroatividade benigna, consagrado no art. 106, inc. II, "c", do CTN, havendo que se exonerar a multa de oficio aplicada, mesmo que tivesse mantido o crédito tributário. ” O que, por conseguinte, em vista de todo o exposto, resta afastar a aplicação da multa de ofício, conforme art. 18 da Lei 10.833/03 e, considerando, não se tratar de conduta dolosa à fraude praticada pelo sujeito passivo. Em vista de todo o exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, negandolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 447DF CARF MF 12 Fl. 448DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12259.000748/2008-25
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/1999 a 31/12/2004
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.912
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 25 9. 00 07 48 /2 00 8- 25 Fl. 361DF CARF MF Processo nº 12259.000748/200825 Acórdão n.º 9202004.912 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 362DF CARF MF Processo nº 12259.000748/200825 Acórdão n.º 9202004.912 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 363DF CARF MF Processo nº 12259.000748/200825 Acórdão n.º 9202004.912 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 364DF CARF MF Processo nº 12259.000748/200825 Acórdão n.º 9202004.912 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 365DF CARF MF Processo nº 12259.000748/200825 Acórdão n.º 9202004.912 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 366DF CARF MF Processo nº 12259.000748/200825 Acórdão n.º 9202004.912 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 367DF CARF MF Processo nº 12259.000748/200825 Acórdão n.º 9202004.912 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 368DF CARF MF Processo nº 12259.000748/200825 Acórdão n.º 9202004.912 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 369DF CARF MF Processo nº 12259.000748/200825 Acórdão n.º 9202004.912 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 370DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.009437/2007-74
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Data do fato gerador: 30/06/2001, 30/09/2001, 31/12/2001, 31/03/2002, 30/09/2002, 31/12/2002, 31/03/2003, 30/06/2003, 30/09/2003, 31/12/2003, 31/03/2004, 30/06/2004, 30/09/2004, 31/12/2004, 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005, 31/12/2005
LUCRO PRESUMIDO. VENDA DE MATERIAIS ADQUIRIDOS DA FRANQUEADORA AOS FRANQUEADOS. PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO DO LUCRO.
A atividade de venda de materiais adquiridos da franqueadora aos franqueados, que não se caracteriza propriamente como comercial - sujeita, esta, ao percentual de presunção do lucro presumido sobre a receita bruta de 8% (oito por cento) -, submete-se ao percentual de presunção de 32% (trinta e dois por cento).
Numero da decisão: 9101-002.552
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Declarou-se impedida de participar do julgamento a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pelo conselheiro suplente Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa. Solicitaram apresentar declaração de voto os conselheiros Luis Flávio Neto e Rafael Vidal de Araújo.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício) e Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio). Ausente justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 30/06/2001, 30/09/2001, 31/12/2001, 31/03/2002, 30/09/2002, 31/12/2002, 31/03/2003, 30/06/2003, 30/09/2003, 31/12/2003, 31/03/2004, 30/06/2004, 30/09/2004, 31/12/2004, 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005, 31/12/2005 LUCRO PRESUMIDO. VENDA DE MATERIAIS ADQUIRIDOS DA FRANQUEADORA AOS FRANQUEADOS. PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO DO LUCRO. A atividade de venda de materiais adquiridos da franqueadora aos franqueados, que não se caracteriza propriamente como comercial sujeita, esta, ao percentual de presunção do lucro presumido sobre a receita bruta de 8% (oito por cento) , submetese ao percentual de presunção de 32% (trinta e dois por cento). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Declarouse impedida de participar do julgamento a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pelo conselheiro suplente Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa. Solicitaram apresentar declaração de voto os conselheiros Luis Flávio Neto e Rafael Vidal de Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 94 37 /2 00 7- 74 Fl. 1674DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.675 2 (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício) e Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio). Ausente justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Por bem descrever os fatos, reproduzo o relatório da decisão recorrida, no que interessa à presente lide (destaques do original): Trata o presente feito de auto de infração lavrado em desfavor da Recorrente, tendo em vista a identificação, durante procedimento de fiscalização, de aplicação equivocada do percentual sobre a receita bruta, para fins de determinação do lucro presumido. Em decorrência deste fato, foram lavrados os autos de infração relativos ao recolhimento do IRPJ e da CSLL. A presente autuação resultou de uma vasta fiscalização realizada, originariamente, em face de Wizard Brasil Livros e Consultoria Ltda., empresa franqueadora do ramo de ensino de idiomas, que culminou na lavratura de auto de infração fundamentado na equivocada aplicação do percentual para apuração do lucro presumido. A questão central discutida nos autos pode ser assim resumida: a Recorrente se declara à Receita Federal como “comerciante de livros” (CNAE 4647802), na condição de distribuidora do material didático da Wizard. Contudo, ao realizar esta distribuição, estaria, no entender da fiscalização, cedendo direitos de metodologia detidos pela Wizard e transferidos no bojo de um contrato de franquia. Neste sentido, a Autoridade Fiscal concluiu que (fl. 09): “A Wizard autoriza a Linx a distribuir, diretamente, a determinados franqueados, o material didático usado em seus cursos. Salientese, isto é capital para o entendimento da presente autuação, que o fato de o franqueador de método de ensino (Wizard) ter optado por distribuir parte de seu material didático por outra empresa do grupo (no caso, o fiscalizado) não tem o condão de transformar esta operação, que de fato é cessão de direitos, em simples “comércio de livros”. Por isso se diz que, nestas circunstâncias, a Linx não está a praticar uma simples venda, e sim estar operando uma cessão de direitos.” [...]. Fl. 1675DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.676 3 Em sede de Impugnação, a ora Recorrente alegou, em sua defesa, as seguintes razões de fato e de direito: [...]; d) improcedência do lançamento, em vista da licitude das operações mercantis, que se revestem de todas as características jurídicas de tal operação, em vista, inclusive, da caracterização da atividade de franquia (que inclui a cessão de direito de uso) como sendo distinta da operação mercantil de compra e venda de produtos; [...]. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campinas (SP) considerou o lançamento parcialmente procedente, conforme acórdão DRJ/CPS nº 0521.292 (fls. 709/735) e ementa que segue: [...]. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Data do fato gerador: 30/06/2001, 30/09/2001, 31/12/2001, 31/03/2002, 30/09/2002, 31/12/2002, 31/03/2003, 30/06/2003, 30/09/2003, 31/12/2003, 31/03/2004, 30/06/2004, 30/09/2004, 31/12/2004, 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005, 31/12/2005 Lucro Presumido. Fornecimento de Materiais vinculados a Contratos de Franquia de Escolas de Idioma. Percentual de Presunção. Configura cessão de direitos de qualquer natureza o contrato de franquia em que se prescreve a cessão de direitos de uso da marca, do nome e logotipo de empresa do segmento de escolas de idiomas, assim como a cessão de direitos de uso dos métodos de ensino e sistemas administrativos, mercadológicos, comerciais e operacionais. Constituemse remuneração indireta do contrato de franquia as receitas decorrentes de fornecimentos, a empresas franqueadas, de materiais que veiculam a marca e a tecnologia de ensino da empresa franqueadora, ainda que efetuados por empresas designadas por esta última. Tais fornecimentos, regidos pelas normas restritivas do contrato, devem receber o tratamento tributário específico previsto para as receitas decorrentes de cessão de direitos de qualquer natureza, submetendose ao percentual de presunção do lucro de 32% (trinta e dois por cento). Não é por ser a franquia um contrato complexo que seria possível a sua fragmentação em diversos outros contratos, sob pena de completa descaracterização de sua natureza jurídica. [...]. Inconformada, a Contribuinte aviou recurso para este Conselho, aduzindo o seguinte: [...]; d) [...], o lançamento é improcedente porque i) parte do pressuposto equivocado de que toda a receita da Recorrente deve ser considerada como cessão de direito de uso de terceiro, Fl. 1676DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.677 4 porque advinda de um contrato de franquia, e ii) que a atividade de franquia está englobada no art. 519, III, “c”, do RIR/99; e) e, também a título de argumentação, [...], não há que prevalecer o lançamento tributário, [...] pela improcedência do lançamento, vez que as operações mercantis estão perfeitamente caracterizadas e a receita delas advinda deve ser tributada com base no percentual de 8%, a título de apuração do IR pelo lucro presumido; [...]. Ao julgar o recurso, a Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção do CARF proferiu o Acórdão nº 140100.289, de 4 de agosto de 2010, cujas ementa e decisão transcrevo, respectivamente, no que interessa à presente lide (destaques do original): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/06/2001, 30/09/2001, 31/12/2001, 31/03/2002, 30/09/2002, 31/12/2002, 31/03/2003, 30/06/2003, 30/09/2003, 31/12/2003, 31/03/2004, 30/06/2004, 30/09/2004, 31/12/2004, 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005, 31/12/2005 CONTRATOS DE FRANQUIA. NATUREZA. TRATAMENTO TRIBUTÁRIO. O contrato de franquia, sendo de natureza complexa, encampa um conjunto de deveres indissociáveis, sendo certo que a eventual divisão desse conjunto em contratos autônomos acarretará a sua própria descaracterização. Nessa linha, a disponibilização de materiais didáticos, promocionais, publicitários e administrativos, prevista nos contratos de franquia, por representar atividademeio que concorre para a viabilização da cessão do direito de uso, não pode, no caso dos autos, se submeter a tratamento tributário diverso do previsto no art. 518, inciso III, alínea “c”, do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 (RIR/99). LUCRO PRESUMIDO. FORNECIMENTO DE MATERIAIS VINCULADOS A CONTRATOS DE FRANQUIA DE ESCOLAS DE IDIOMA. PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO. Configura cessão de direitos de qualquer natureza o contrato de franquia em que se prescreve a cessão de direitos de uso da marca, do nome e logotipo de empresa do segmento de escolas de idiomas, assim como a cessão de direitos de uso dos métodos de ensino e sistemas administrativos, mercadológicos, comerciais e operacionais. Constituemse remuneração indireta do contrato de franquia as receitas decorrentes de fornecimentos, a empresas franqueadas, de materiais que veiculam a marca e a tecnologia de ensino da empresa franqueadora, ainda que efetuados por empresas designadas por esta última. Tais fornecimentos, regidos pelas normas restritivas do contrato, devem receber o tratamento tributário específico previsto para as receitas decorrentes de cessão de direitos de qualquer natureza, submetendose ao percentual de presunção do lucro de 32% (trinta e dois por cento). [...]. Fl. 1677DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.678 5 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, negar provimento ao recurso de ofício, por unanimidade de votos; e dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos seguintes termos: a) pelo voto de qualidade, com relação à aplicação do coeficiente do lucro presumido, mantendo o lançamento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antônio Bezerra Neto. A Conselheira Karem Jureidini Dias fará declaração de voto; b) por unanimidade de votos, afastar a qualificadora; c) por unanimidade de votos, reconhecer a decadência do IRPJ do quarto trimestre de 2001 e três primeiros trimestres de 2002, e da CSLL do anocalendário de 2001 e três primeiros trimestres de 2002. Foram interpostos embargos de declaração pelo contribuinte, rejeitados, conforme Acórdão nº 1401001.256, de 27 de agosto de 2014, da Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção do CARF, Inconformado, o contribuinte apresenta recurso especial por divergência, argumentando, em síntese, na parte admitida: a) que, ao contrário do entendimento da decisão recorrida, o contrato de franquia implica em diversas atividades, como a prestação de serviços, a venda de mercadorias, a cessão de direitos, etc.; b) que, considerando que o art. 519 do RIR/1999 contempla a possibilidade de que uma mesma pessoa jurídica tenha objetivos sociais diversos, é correto dizer que cada uma dessas atividades deverá se submeter ao percentual específico para a apuração da base de cálculo do lucro presumido; c) que a atividade de franquia não pode ser classificada como “cessão de direito de qualquer natureza”; d) que a atividade da Recorrente não pode ser considerada, isoladamente, “prestação de serviço”; e) que a Recorrente é pessoa diversa da Wizard; f) que é inviável sustentar que, por a operação mercantil ocorrer em função de um contrato de franquia, essa atividade mercantil passa a ser considerada atividade de franquia; g) que a franquia, não é, propriamente, uma atividade, mas, sim, um sistema complexo, que envolve inúmeras atividades; h) que a Recorrente não trata da atividade de comércio de material didático, administrativo e publicitário como uma fragmentação da atividade de franquia, mas como uma atividade decorrente do contrato de franquia; i) que essa atividade, em hipótese alguma, deixa de ser uma operação mercantil de compra e venda, uma operação real, substancial e material de circulação de mercadorias; j) que, resta, pois, inquestionável que a Recorrente não pratica cessão de direitos de uso de metodologia Wizard, mas, sim, compra e venda de mercadorias; k) que a Recorrente atua exclusivamente na distribuição dos materiais da rede Wizard; Fl. 1678DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.679 6 l) que as atividades de franchising e cessão de direito de uso são diversas, não podendo ser confundidas; e m) que a Recorrente não pode ser considerada como “cedente de direito de uso”, tampouco como “prestadora de serviços”. O recurso especial foi admitido, em parte, pelo presidente da Quarta Câmara da Primeira Seção do CARF. Devidamente cientificada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, a seguir resumidas: a) que, sendo a atividade de franquia uma espécie de contrato de natureza complexa, é impossível a dissociação das atividades que o compõem sem que haja a sua descaracterização; b) que os contratos de franquia são “infragmentáveis”, onde o comércio de materiais, por ser uma atividademeio do contrato de franquia, é indissociável deste último, e onde a franquia não existe sem esse comércio, razão pela qual a mercancia dos materiais deve ser tributada como cessão de direito de uso; c) que a compra de materiais pelas franqueadas independe da sua vontade; varia de acordo com os elementos impostos pela franqueadora; d) que o comércio varejista de materiais didáticos, administrativos e promocionais, disciplinado pelos contratos de franquia, em nada se assemelha às usuais práticas de compra e venda; e) que, tendo em vista a interdependência entre esses dois negócios, pois um é o meio pelo qual o outro é remunerado, eles devem ser considerados como um só: cessão de direito de uso de método de ensino de línguas estrangeiras pelo contribuinte; f) que o fiscalizado só seria um simples vendedor de livros se estes não tivessem relação com o método por ele desenvolvido e se este método não fosse o cerne de seu negócio e, ainda, se as vendas destes livros não fossem exclusivas; g) que os franqueados não adquirem do franqueador tais materiais didáticos, administrativos e promocionais pelas regras da oferta e da procura, mas em razão das cláusulas do contrato de franquia, que estipulam a obrigatoriedade de aquisição de tais materiais pelos franqueados; e h) que correta, portanto, a tributação pelo coeficiente de 32% (trinta e dois por cento) da totalidade das receitas auferidas pelo contribuinte a título de fornecimento de materiais a suas franqueadas. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão Relator O recurso é tempestivo, entendo que a divergência restou, em parte, comprovada e, por isso, conheço, em parte, do especial. A matéria posta à apreciação desta Câmara Superior referese ao percentual de presunção do lucro presumido sobre a receita bruta, no caso específico da atividade de Fl. 1679DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.680 7 venda de materiais adquiridos da franqueadora aos franqueados, se de 8% (oito por cento) ou de 32% (trinta e dois por cento). Entendo que não se pode ter como “Comércio Atacadista de Livros, Jornais e outras Publicações” (CNAE 4647802) a atividade da Recorrente, de venda de materiais adquiridos da franqueadora aos franqueados. Ora, os materiais vendidos, além de só poderem ser adquiridos da franqueadora, também somente podem ser vendidos às franqueadas, por força de acordo de distribuição exclusiva, não se destinando, pois, ao público consumidor em geral. Entendo que, para que se pudesse ter como “Comércio Atacadista de Livros, Jornais e outras Publicações” a atividade da Recorrente, necessário se faria, por exemplo, que suas práticas não desatendessem ao disposto no art. 39, inciso IX, da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor CDC): Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) [...]; IX recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquirilos mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) Ou seja, a Recorrente, com não vender os materiais adquiridos da franqueadora “a quem se disponha a adquirilos mediante pronto pagamento”, mas, única e exclusivamente, aos franqueados, não está a exercer, propriamente, o “comércio” desses materiais, como simples “vendedora”, mas, sim, a sua intermediação, como distribuidora, decorrente, não de “contrato de compra e venda”, mas de acordo de distribuição exclusiva — a aquisição e a venda são efetuadas apenas em decorrência desse acordo. Nesse mesmo sentido, assim se manifestou o voto vencedor da decisão recorrida (efls. 834, grifei): Pelo TVF ainda se constata que a Wizard foi a primeira empresa do grupo a ser constituída, e é em função de suas atividades que a fiscalizada (Linx) opera, funcionando como braço distribuidor e logístico da franqueadora Wizard, sendo responsável em fazer chegar aos franqueados o respectivo material didático. E não sendo a sua atividade, propriamente, a comercial (“simples vendedora de material didático”) — sujeita, esta, ao percentual de presunção do lucro presumido sobre a receita bruta de 8% (oito por cento) —, submetese, ela, ao percentual de presunção de 32% (trinta e dois por cento). Aditese que os franqueados, da mesma forma, por força de contratos de franquia, apenas podem adquirir materiais, ou da Recorrente ou de outras empresas em situação idêntica (acordo de distribuição exclusiva), o que, de igual modo, descaracteriza, completamente, a mera “atividade comercial”. Como bem ressaltado pela contraarrazoante, “a compra de materiais pelas franqueadas independe da sua vontade; varia de acordo com os elementos impostos pela franqueadora” (efls. 1.302). Notese, também, que, não sendo a Recorrente, efetivamente, “comerciante de livros didáticos”, mas intermediadora decorrente de acordo de distribuição exclusiva, a sua margem de lucro — em face da absoluta inexistência de concorrência na distribuição do Fl. 1680DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.681 8 material didático às franqueadas — extrapola, em muito, à que lhe caberia se comerciante fosse, conforme bem destacado pelo voto vencedor da decisão recorrida (efls. 835, destaquei): O autuante também constatou que, diferente do que acontece na atividade de comércio, onde o lucro efetivo oscila na faixa dos 8% (sendo esta, justamente, a razão que levou o legislador à adoção deste coeficiente para o Lucro Presumido), a margem de lucro da recorrente chegou a superar o índice dos 90% (noventa por cento), conforme coleta de dados constante em tabela de dados do TVF. Por outro lado, como bem salientado pelo voto vencedor da decisão recorrida, “não se pode desvincular a atividade praticada pelo fiscalizado do restante do grupo, sob pena de descaracterização da franquia e seu correspondente complexo negocial” (efls. 838). E mais adiante (efls. 838 a 840): A Wizard autoriza a Linx a distribuir, diretamente, a determinados franqueados o material didático usado em seus cursos, sem esclarecer as relações jurídicas por meio das quais isso se tornaria possível. Depois, quer fazer crer que o mero fato de o franqueador do método de ensino (Wizard) ter optado por distribuir parte de seu material didático por outra empresa do grupo (Recorrente) teria o poder mágico de transformar uma operação de cessão de direitos em um simples comércio de livros. [...]. Equivocase a defesa ao argumentar que, dada a complexidade das relações jurídicas envolvidas em um contrato de franquia, seria possível a sua fragmentação: de um lado, o contrato de franquia; e de outro, o fornecimento de materiais, pois não existe um contrato de fornecimento de materiais dentro de um contrato de franquia, sob pena de descaracterização deste último. O contrato de fornecimento, e outros mais, são meros acessórios (atividades meio) ao contrato principal de cessão de direitos (atividade fim). [...]. Fica patente, portanto, a impossibilidade de fragmentação do contrato de franquia em vários outros contratos, sob pena de descaracterização da natureza jurídica da própria franquia, que engloba necessariamente uma prestação de serviços e uma distribuição de certos produtos, de acordo com as normas convencionadas. Retirados quaisquer dos elementos distintivos do contrato de franquia, terseá um contrato de outra natureza. [...]. Diante da impossibilidade dessa indissociabilidade, cai por terra também toda a argumentação da recorrente no sentido de que a fiscalização deveria ter segregado a tributação e, não tendo feito isso, separando as operações mercantis da cessão de direitos, errara na base de cálculo. Ou seja, não é possível se admitir, também, como mera “comerciante de livros didáticos”, pessoa jurídica que só os vende, única e exclusivamente, por força de contrato de franquia. Fl. 1681DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.682 9 À conclusão análoga chegou a contraarrazoante (efls. 1.302 e 1.303, destaques do original): O comércio varejista de materiais didáticos, administrativos e promocionais, disciplinado pelos contratos de franquia, em nada se assemelha às usuais práticas de compra e venda. Da forma como o contribuinte estabeleceu no contrato, as condições para aquisição e fornecimento de materiais, a comercialização desses produtos não decorre das necessidades das franqueadas (adquirentes), mas sim das imposições da franqueadora (alienante). As regras para aquisição de materiais, impostas pelos contratos de franquias, estão mais próximas de um contrato de adesão, pelo qual a franqueada adere ou não às condições de compra estabelecidas pela franqueadora, do que de um contrato de compra e venda, onde a quantidade a ser negociada dependerá da vontade das partes e, principalmente, dos aspectos mercadológicos. Do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Seguem abaixo Declarações de Votos apresentadas no prazo Regimental. Declaração de Voto Conselheiro Luis Flávio Neto O núcleo do presente caso consiste em saber se a venda de material didático destinado a cursos de idiomas e outras mercadorias afins, por empresa regularmente optante pela sistemática do lucro presumido, deve submeterse ao percentual de presunção de lucros de 8% para o IRPJ e 12% para a CSL ou se, como sustenta a PFN, o percentual de presunção aplicável para ambos os tributos seria de 32%, nos termos do art. 15 da Lei n. 9.249/95, com a sua redação vigente à época. O seguinte relato é colhido do acórdão 140100.289 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”), proferido pela a 1a Turma Ordinária da 4a Câmara da 1a Seção do CARF (doravante “Turma a quo”) in verbis: “A presente autuação resultou de uma vasta fiscalização realizada, originariamente, em face de Wizard Brasil Livros e Consultoria Ltda., empresa franqueadora do ramo de ensino de idiomas, que culminou na lavratura de auto de infração fundamentado na equivocada aplicação do percentual para apuração do lucro presumido. Fl. 1682DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.683 10 A questão central discutida nos autos pode ser assim resumida: a Recorrente se declara à Receita Federal como “comerciante de livros” (CNAE 4647802), na condição de distribuidora do material didático da Wizard. Contudo, ao realizar esta distribuição, estaria, no entender da fiscalização, cedendo direitos de metodologia detidos pela Wizard e transferidos no bojo de um contrato de franquia. Neste sentido, a Autoridade Fiscal concluiu que (fl. 09): “A Wizard autoriza a Linx a distribuir, diretamente, a determinados franqueados o material didático usado em seus cursos. Salientese, isto é capital para o entendimento da presente autuação, que o fato do franqueador de método de ensino (Wizard) ter optado por distribuir parte de seu material didático por outra empresa do grupo (no caso, o fiscalizado) não tem o condão de transformar esta operação, que de fato é cessão de direitos, em simples “comércio de livros”. Por isso se diz que, nestas circunstâncias, a Linx não está a praticar uma simples venda e sim estar operando a uma cessão de direitos.” E, por entender que o procedimento adotado pela fiscalizada se amolda ao inciso II, do art. 44 da Lei n° 9.430/96, ou seja, fora realizado com evidente intuito de fraude, foi aplicada a qualificação da multa. Nos dizeres da autoridade fiscal (fl. 28): “(...) ao tributar , deliberadamente, os valores recebidos efetivamente como cessão de direitos a título de venda de mercadorias, realizou ação que se não impediu ou retardou a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, excluiu ou modificou as suas características essenciais pela redução de seu montante devido, além de ter evitado ou diferido seu pagamento (art. 72, Lei n°4.502/64).” Ao julgar o caso, a Turma a quo proferiu decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/06/2001, 30/09/2001, 31/12/2001, 31/03/2002, 30/09/2002, 31/12/2002, 31/03/2003, 30/06/2003, 30/09/2003, 31/12/2003, 31/03/2004, 30/06/2004, 30/09/2004, 31/12/2004, 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005, 31/12/2005 CONTRATOS DE FRANQUIA. NATUREZA. TRATAMENTO TRIBUTÁRIO. O contrato de franquia, sendo de natureza complexa, encampa um conjunto de deveres indissociáveis, sendo certo que a eventual divisão desse conjunto em contratos autônomos acarretará a sua própria descaracterização. Nessa linha, a disponibilização de materiais didáticos, promocionais, publicitários e administrativos, prevista nos contratos de franquia, por representar atividademeio que concorre para a viabilização da cessão do direito de uso, não pode, no caso dos autos, se submeter a tratamento tributário diverso do previsto no Fl. 1683DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.684 11 art. 518, inciso III, alínea “c”, do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 (RIR/99). LUCRO PRESUMIDO. FORNECIMENTO DE MATERIAIS VINCULADOS A CONTRATOS DE FRANQUIA DE ESCOLAS DE IDIOMA. PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO. Configura cessão de direitos de qualquer natureza o contrato de franquia em que se prescreve a cessão de direitos de uso da marca, do nome e logotipo de empresa do segmento de escolas de idiomas, assim como a cessão de direitos de uso dos métodos de ensino e sistemas administrativos, mercadológicos, comerciais e operacionais. Constituemse remuneração indireta do contrato de franquia as receitas decorrentes de fornecimentos, a empresas franqueadas, de materiais que veiculam a marca e a tecnologia de ensino da empresa franqueadora, ainda que efetuados por empresas designadas por esta última. Tais fornecimentos, regidos pelas normas restritivas do contrato, devem receber o tratamento tributário específico previsto para as receitas decorrentes de cessão de direitos de qualquer natureza, submetendose ao percentual de presunção do lucro de 32% (trinta e dois por cento). MULTA QUALIFICADA. Verificado no caso concreto que o contribuinte agiu com erro de direito e ante a ausência do evidente intuito de fraude, deve ser afastada a qualificação da multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. DECADÊNCIA. Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação e afastada a hipótese de fraude, deve o prazo decadencial ser contado da data da ocorrência do fato imponível, nos termos do art. 150, § 4 do CTN. Em especial, a Turma a quo, pelo voto de qualidade, decidiu manter a autuação fiscal no que se refere à adoção do coeficiente de presunção de lucro de 32% e, por unanimidade de votos, afastar a multa qualificada de 150%. Por sua vez, ao julgar o recurso especial interposto pelo contribuinte, o r. Colegiado da 1a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, novamente por voto de qualidade, decidiu manter a decisão recorrida. Nesta declaração de voto, apresento os fundamentos que me fizeram divergir de tal entendimento, por considerar mandatória a adoção dos percentuais de presunção de lucros de 8% para o IRPJ e 12% para a CSL em relação às atividades em discussão. O acórdão a quo evidencia que: (i) o contribuinte efetivamente realizou a venda de mercadorias, submetendoas à tributação do ICMS e ao percentual de presunção de lucro de 8% para o IRPJ e 12% para a CSL; (ii) a autuação considerou que a totalidade das receitas obtidas com a venda de materiais didáticos deveriam ser qualificadas como royalties e, então, deveriam sujeitarse ao percentual de presunção de lucro de 32 tanto para o IRPJ quanto para a CSLL; (iii) não foram praticados atos simulados, fraudulentos ou com dolo de evadir tributos. Em primeiro lugar, no presente caso, é forçoso constatar que a recorrente não é detentora da marca “WIZARD” e nem se confunde com “Wizard Brasil Livros e Consultoria Fl. 1684DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.685 12 Ltda”, empresa franqueadora do ramo de ensino de idiomas (cuja atual denominação, informada pela recorrente, é “CWM Consultoria e Participações Ltda”). Ambas as empresas (“LINX” e “Wizard Brasil”) pertencem ao mesmo grupo, mas possuem personalidades jurídicas distintas, cuja eficácia não foi desconsiderada no presente caso. A ausência de dolo, fraude ou simulação, que se tornou incontroversa neste processo administrativo, torna mandatório que se reconheça a organização do capital adotada pelos particulares, com o correspondente personalidade jurídica das empresas em questão. Há, no caso, uma segregação das fontes produtoras de receitas, de tal forma a LINX não se dedica à atividade de franqueadora dos cursos de idioma em questão, mas sim à comercialização de mercadorias. É certo que ambas as atividades (franqueadora e venda de mercadorias) poderiam ser desenvolvidas por uma única pessoa jurídica sem que com isso se confundissem, mas o particular decidiu por segregalas, tornando ainda mais clara a diferenciação. A Constituição protege um núcleo de liberdades econômicas do particular, mantendoo livre de intervenções do Estado e dentro do qual está inserida. Conforme leciona TÉRCIO SAMPAIO FERRAZ JÚNIOR11, essas liberdades atribuem ao ser humano um espaço que não pode ser absorvido pela sociabilidade, tendose como reconhecida a capacidade de “reger o próprio destino, expressar a sua singularidade como indivíduo, igual entre iguais: o homem como distinto e singular entre iguais”. Merecem destaque a livre iniciativa, a autonomia privada e liberdades como de empresa, de investimento, de organização e de contratação2. O particular possui o direito de organizar as suas atividades de forma lícita, de forma a empreender com modelo de negócios e com metodologia de ensino e comercialização de seus produtos. O particular não é obrigado a estagnarse a algum formato concebido como mais adequado pelas autoridades fiscais. Contudo, ao mesmo tempo em que a Constituição garante aos particulares esse âmbito de liberdade, outorga ao legislador infraconstitucional a competência para regular e interferir em seu exercício, seja para estabelecer a cobrança de tributos, seja para limitar planejamentos tributários. É relevante notar que a presença de decisão clara do legislador (agente competente) para a referida intervenção no patrimônio particular é cláusula irrenunciável de estirpe constitucional, sem o que adentrase no tenebroso campo do arbítrio. Essa mesma competência confere ao legislador ordinário a aptidão para a enunciação de normas de reação a planejamentos tributários específicos. Tais regras criam hipóteses de incidência, vedação a opções fiscais etc. No presente caso, não há qualquer norma específica que proíba os atos praticados, que vede a segregação de atividades pelo contribuinte ou que determine a aplicação do percentual de 32% em situações a que está sob julgamento. Pelo contrário: há norma expressa na legislação tributária que permite ao contribuinte, optante pelo lucro presumido, a submeter as receitas decorrentes de variadas atividades exercidas a diferentes percentuais de presunção de lucratividade. O art. 15 da Lei 9.249/95, replicado pelo art. 519 do RIR/99, é expresso nesse sentido: 1 FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Direito Constitucional: liberdade de fumar, privacidade, estado, direitos fundamentais e outros temas. – Barueri, SP : Manole, 2007, p. 196. 2 Cf. BARRETO, Paulo Ayres. Elisão tributária limites normativos. Tese apresentada ao concurso à livre docência do Departamento de Direito Econômico e Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo : USP, 2008, p. 128129. Fl. 1685DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.686 13 Lei 9.249/95, art. 15. (...) § 2º No caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a cada atividade. No caso dos autos, mesmo que a franqueadora (então “Wizard Brasil”) desempenhasse também a venda de mercadorias, tais atividades diversificadas reclamariam a incidência do art. 15, § 2º, da Lei n. 9.249/95, com a adoção das alíquotas de 8% para o IRPJ e 12% para a CSL em relação à venda de mercadorias. Ainda que por hipótese se compreenda que parte da receita da venda de mercadorias deveria ser qualificada como royalties, não há qualquer fundamento legal ou mesmo razoabilidade para atribuirse à totalidade das receitas da venda de bens a natureza de royalties. Esse fator, por si só, macula a autuação fiscal de forma insanável. Ademais, sequer se pode afirmar que a qualificação pretendida pela autoridade fiscal é a mais natural ou imediata. Muito pelo contrário. Não corresponde ao entendimento comum que a venda de mercadoria deve ser sempre qualificável como royalties quanto realizada na órbita de contrato de franquia. Essa última constatação pode ser aferida quando se cogita se a venda de materiais didáticos, nas condições em questão, deixaria de submeterse à competência dos Estados para a cobrança do ICMS. Naturalmente, a venda de tais mercadorias estaria sujeita ao ICMS, respeitada a imunidade de livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. Da mesma forma, não se pode arbitrariamente e à revelia de lei tornar letra morta os percentuais de presunção de lucros aplicáveis à venda de mercadorias pela sistemática do lucro presumido, com a adoção generalizada do percentual de 32% a todas as receitas em questão. Tal fator também fica evidente quando se considera outras modalidades de franquia, como as de lanches. Imaginemos uma dessas grandes franquias estrangeiras que comercializam lanches que, por ter a padronização como característica essencial, exigem de seus franqueados a aquisição de insumos (pão, hambúrguer, ketchup, mostarda etc.) de fornecedores predeterminados ou, ainda, têm esse fornecimento realizado pela própria franqueadora. Por acaso os insumos em questão (pão, hambúrguer, ketchup, mostarda etc.) deixariam de ser bens corpóreos destinados ao consumo e se transformariam em royalties? Não havendo dolo para evasão de tributos, fraude ou simulação, parece evidente que a resposta é negativa. No caso dos autos, é matéria incontroversa a inexistência de atos praticados com dolo para evasão de tributos, fraude ou simulação, conforme explicitado no acórdão recorrido pela unanimidade da Turma a quo. Não altera esse entendimento o fato de as empresas franqueadas possuírem quotas mínimas de compra de mercadorias em face da ora recorrente. Afinal, por acaso a existência de acordo em que duas partes celebram a venda de mercadorias em quantidades mínimas (por exemplo, para a obtenção de melhores preços) desnatura a operação como sendo de compra e venda de mercadorias? Também parece evidente que não. É importante observar que a lei geral das franquias (Lei n. 8.955/94) conduz à mesma conclusão exposta neste voto. A esse respeito, vale transcrever as ponderações expostas pelo Professor PAULO DE BARROS CARVALHO, em parecer juntado aos autos: “Além de serviços que se mostram indispensáveis à manutenção e ao bom uso da marca cedida, pode ser que o franqueador, no mesmo instrumento contratual, disponha sobre a venda e compra Fl. 1686DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.687 14 de produtos por ele fornecidos ao franqueado, ou, ainda fornecido por terceiros designados pelo franqueador. Ante tais considerações, logo se percebe que os contratos de franquia constituem microuniversos jurídicos, verdadeiros microssistemas em que se entrelaçam várias normas e cujo exame deve fazerse sempre com atenção tanto às particularidades de cada negócio jurídico desses, como também do todo constituído, para preservar a integridade dos interesses e propósitos que levaram as partes a estabelecer o contrato de franquia. Notase que o fim do contrato de franquia é possibilitar a terceiros a exploração de uma marca ou produto, usufruindo, o franqueado, de todos os benefícios a ela inerentes, tais como a experiência empresarial do franqueador, os efeitos de sua publicidade e reconhecimento no mercado. Essa espécie de contrato envolve elementos jurídicos, como marcas e títulos de estabelecimento, assim como os sinais exteriores indispensáveis à sua identificação, pelos consumidores, tais quais padrões visuais, decorações, uniformes, modo de atendimento e de exercício da atividade empresarial, além, é claro, dos serviços e produtos, originários do franqueador, que serão vendidos pelo franqueado aos seus clientes. (...) O franqueador, por sua vez, tem direito a uma remuneração a qual se constitui, geralmente, por (i) uma taxa inicial, designada de franquia, (ii) royalties mensais, na maior parte das vezes estabelecidos entre o franqueador e o franqueado, previstas no mesmo instrumento contratual. Percebese que, a despeito da unidade contratual, muitas são as causas jurídicas dos pagamentos realizados com fundamento nesse texto. Quero insistir nesse ponto: a franquia é composta por diversas organizações, indissociáveis entre si. Não se trata de mera soma ou justaposição de contratos diversos, autônomos e independentes: inexiste pluralidade de negócios jurídicos. Ao contrário, é exatamente o entrelaçamento de distintos deveres e correspondentes direitos, na formação de um contrato uno, que caracteriza a franquia. É o chamado negócio jurídico uno e complexo, onde o objetivo que se pretende alcançar só pode ser obtido pela conjugação de várias cláusulas obrigacionais, com conteúdos concernentes a diferentes prestações. Qualquer tentativa de dissociação das parcelas contratadas acabaria por desnaturar o negócio, pois a franquia não se confunde com simples cumulação de negócios, cada qual com individualidade própria. No plexo de deveres impostos a franqueador e franqueado, as avenças são interligadas e dependentes umas das outras: a cessão do uso da marca é indissociável da transferência de tecnologia, da assistência técnica e dos demais pactos constantes do ajuste, incumbindo a ambas as partes sua execução, de forma integral. Ele porque os diversos deveres inerentes ao negócio de franquia não podem ser desmembrados para fins de consideração jurídico, inclusive tributária. Fl. 1687DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.688 15 (...) De fato, a própria Lei nº 9.249/95, em seu art. 15, § 2º, estipula que se devem fracionar as diferentes atividades desempenhadas pelos sujeitos para submetêlas ao percentual a elas apropriado na apuração do chamado lucro presumido, que se constituirá a base de cálculo do Imposto sobre a Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. O critério para segregalas encontrase no exame da legislação sobre os institutos tributados, os “conceitos de direito privado” a que se refere o art. 110 do CTN. Quando assim se faz, reforçase aquele comando da Norma Geral Tributária, prescrevendo que às diferentes atividades praticadas pelo mesmo sujeito, diversos serão os percentuais aplicáveis às frações de sua receita. Sendo assim, convém estabelecer a parcela das receitas que objetivamente corresponderia aos royalties e, portanto, poderia submeterse à alíquotas de 32%, própria da cessão de direitos. Se imprimirmos rigoroso exame ao art. 3º da Lei nº 8.955/94, que trata dos elementos componentes da Circular de Oferta de Franquia, mais precisamente em seu inciso VIII, logo perceberemos a exigência de que tal documento discrimine os valores a serem pagos pelo franqueado ao franqueador ou a terceiros, separandoos em cinco categorias: Art. 3º Sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema de franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornarse franqueado uma circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível, contendo obrigatoriamente as seguintes informações: (...) VIII informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem pagos pelo franqueado ao franqueador ou a terceiros por este indicados, detalhando as respectivas bases de cálculo e o que as mesmas remuneram ou o fim a que se destinam, indicando, especificamente, o seguinte: a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca ou em troca dos serviços efetivamente prestados pelo franqueador ao franqueado (royalties); b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial; c) taxa de publicidade ou semelhante; d) seguro mínimo; e e) outros valores devidos ao franqueador ou a terceiros que a ele sejam ligados; As alíneas de “a” a “d” prescrevem diferentes contraprestações as distintas modalidades de negócios jurídicos que serão firmados em meio ao contrato de franquia, mas que, certamente, não se devem confundir com a contraprestação decorrente da cessão de direito do uso da marca do franqueador. É importante atentar para o fato de que a segregação do valor correspondente a cada um desses negócios jurídicos precisa estar fixada de maneira clara e de forma que especifique aquilo a que ela remunera. É o direito privado prescrevendo, explicitamente, a Fl. 1688DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.689 16 independência negocial dos vínculos jurídicos ajustados por meio do contrato de franquia. Vêse, ali na alínea “a”, que os serviços que constituem atividadesmeio para a realização do objeto central do contrato de franquia, a cessão de direito de uso de marca, são remunerados por meio de royalties. Não se devendo confundir com operações outras, como as de locação de imóvel e de venda e compra, que são remuneradas, respectivamente, pelos alugueres e pelo pagamento do preço ajustado para a transferência da propriedade da coisa alienada. (...) Resta claro, desse modo, que o preço pago na aquisição de material didático e administrativo não se confunde com a quantia devida ao franqueador a título de royalties, pois constituem negócios jurídicos autônomos e cuja remuneração é segregada pelos mecanismos de direito privado, condicionado, assim, o próprio exercício da competência para instituir e para aplicar as leis que versam sobre incidência de tributos (...) 6. Em relação a base de cálculo utilizada pela fiscalização para determinar o montante devido a título de IRPJ, o percentual de 32% aplicado sobre a receita de vendas de material didático e de outros itens é o mais adequado para a determinação do montante devido a título desse imposto? Em caso negativo, apontar o percentual correto de presunção do lucro presumido no caso concreto. Resposta: Penso que não. Tendo firmado que (i) as receitas devem ser segregadas e que (ii) os recebimentos decorrentes da venda de material didático, administrativo e promocional não se quadram às exceções prescritas nos arts. 15 e 20 da Lei nº 9.249/95, sintome seguro ao afirmar que os percentuais aplicáveis a essas receitas devem ser de 8% (oito por cento), para o IRPJ, e de 12% (doze por cento), para CSLL.” Também é fundamental que a jurisprudência do CARF, inclusive desta e. CSRF, corrobora o entendimento ora adotado: CSRF, ac. 9101001.660. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 IRPJ. LUCRO PRESUMIDO. CONTRATO DE FRANQUIA. O contrato de franquia é, por sua natureza, contrato híbrido, que se constitui de um complexo de relações jurídicas diferentes entre si, o contrato de franquia implica, dentre outras, as atividades de cessão de direitos, cessão de knowhow, distribuição, prestação de serviços, venda de mercadorias, etc. O art. 519 do RIR/99 contempla a possibilidade de que uma mesma pessoa jurídica tenha objetivos sociais diversos, hipótese em que cada urna dessas atividades deverá se Fl. 1689DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.690 17 submeter ao percentual específico para apuração da base de cálculo do lucro presumido. Recurso Especial do Procurador Negado. CARF, Ac. 1201000.941. Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 CONTRATO DE FRANQUIA. A natureza jurídica do contrato de franquia, por ser complexa e híbrida, implica em relações jurídicas diferentes entre si, passíveis de segregação e individualização. Dentre as atividades que encontramos nesse complexo relacional está a atividade de cessão de direitos, a cessão de knowhow, a distribuição, a prestação de serviços e a venda de mercadorias. No caso em apreço a fiscalização não individualizou as operações, preferindo imputar toda a receita da venda de mercadorias como royalties, utilizando uma base de cálculo presumida de 32%. Diante disso, o artigo 519 do RIR é muito claro em contemplar possibilidades de que uma mesma pessoa jurídica tenha objetivos sociais diversos, hipótese em que cada uma dessas atividades deverá se submeter ao percentual específico para apuração da base de cálculo do lucro presumido. Da mesma forma deve ser o entendimento aplicado quanto à CSLL. Recurso voluntário conhecido e provido. Por todo o exposto, conduzo o meu voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso especial interposto pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Luis Flávio Neto Declaração de Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araújo O ponto central da discussão travada nos presentes autos diz respeito ao correto percentual de presunção de lucro aplicável às receitas que a contribuinte auferiu, durante determinados anoscalendário, com o fornecimento de materiais didáticos (principalmente), administrativos e promocionais a empresas franqueadas suas e de outras pessoas jurídicas pertencentes ao seu grupo empresarial. Para a Fiscalização, o fornecimento de tais materiais inserese obrigatoriamente no contexto do contrato de franquia anteriormente celebrado entre as empresas, não podendo dele ser separado, segmentado, apartado, ainda que somente para fins Fl. 1690DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.691 18 tributários. A autuação fiscal lavrada contra a contribuinte baseouse no entendimento de que a franquia é um contrato complexo, que traz em si diversos elementos que são fundidos entre si, perdendo sua autonomia. Assim, defende a Fiscalização que o fornecimento do material necessário à prática do negócio de franquia (espécie de cessão de direitos) é parte indissociável deste e que as receitas daí decorrentes devem, na apuração dos resultados dos contribuintes optantes pelo regime de tributação com base no lucro presumido, ser submetidas à aplicação do percentual de 32% para fins de presunção do lucro e da base de cálculo da CSLL, nos termos então vigentes do art. 15, §1º, III, "c" da Lei nº 9.249/1995 (reproduzido no art. 519, §1º, III, "c" do Decreto nº 3000/1999 Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999) e da parte final do caput do art. 20 da mesma lei: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...) III trinta e dois por cento, para as atividades de: (...) c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza; (...) Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a 34 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do anocalendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do §1º do art. 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento. (Redação dada Lei nº 10.684, de 2003) Por entender que as atividades desenvolvidas pela contribuinte durante os anos de 2001 a 2005, inclusive aquelas relativas ao fornecimento de material às empresas franqueadas, estariam todas inseridas no contrato de franquia, a Fiscalização lançou a diferença de IRPJ e CSLL que entendeu devida em relação aos fatos geradores ocorridos naqueles anos. Tal diferença foi calculada entre os valores dos tributos apurados a partir do lucro presumido de 32% da receita bruta do período e os valores declarados pela contribuinte, encontrados mediante a aplicação, sobre a maior parte de sua receita, do percentual de presunção genérico de lucro de 8%, conforme previsão contida no caput do art. 15 da Lei nº 9.429/1995 (e de 12% para base de cálculo presumida da CSLL, conforme o art. 20 da mesma lei). A contribuinte alega que as receitas sobre as quais aplicou os percentuais de 8% e 12% são oriundas não da sua atividade de franqueadora, mas de sua atuação no ramo de Fl. 1691DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.692 19 "comércio atacadista de livros, jornais e outras publicações" (conforme CNAE apontado nas Declarações de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ). Em sua defesa, a contribuinte afirma que o fornecimento de material às suas franqueadas e às de outras empresas pertencentes ao seu grupo econômico configura atividade comercial, independente de sua atuação como franqueadora. Assim, entende que as receitas advindas da venda deste material devem ser submetidas ao percentual de 8% para o cálculo do lucro presumido (12%, no caso da CSLL), e não ao de 32%, como impôs a Fiscalização. Inicialmente, é importante registrar que o assunto é polêmico e ainda não há entendimento pacífico a seu respeito no âmbito do CARF. Prova disso é a existência de decisões antagônicas em processos originados por autos de infração lavrados contra a própria contribuinte LINX BRASIL DISTRIBUIDORA LTDA e as demais empresas integrantes de seu grupo. A título ilustrativo, o Acórdão nº 1102001.217, proferido nos autos do processo administrativo fiscal nº 10830.008568/200815, e o Acórdão nº 9101001.660, proferido pela CSRF nos autos do processo nº 10830.006552/200614, abraçaram o entendimento defendido pela contribuinte, no sentido de que as receitas auferidas com a comercialização de material junto aos franqueados é "destacável" do total dos rendimentos relacionados ao contrato de franquia, devendo ser submetidos à aplicação do percentual de 8% para a apuração do lucro presumido (e 12%, no caso da CSLL). Em ambos os processos citados, o sujeito passivo é a empresa CWM CONSULTORIA E PARTICIPAÇÕES LTDA, pertencente ao mesmo grupo econômico da contribuinte LINX BRASIL DISTRIBUIDORA LTDA. Já nos presentes autos e no processo administrativo fiscal nº 10830.009438/200719, foram proferidos respectivamente os Acórdãos nº 140100.289 e nº 130200.216, que alcançaram conclusão favorável ao Fisco, entendendo que a disponibilização de materiais didáticos, promocionais, publicitários e administrativos, prevista no contrato de franquia, representa atividademeio que concorre para a viabilização da cessão do direito de uso e não pode, por isso, receber tratamento tributário diverso do dispensado às demais receitas provenientes da franquia. O citado processo nº 10830.009438/200719 tem como sujeito passivo a empresa MULTI TREINAMENTO E EDITORA LTDA, também integrante do grupo econômico a que pertence a contribuinte LINX BRASIL DISTRIBUIDORA LTDA. Alinhome ao entendimento cultivado pela Fiscalização, da forma como brilhantemente desenvolvida pelo ilustre relator e faço apenas algumas considerações adicionais. O estudo acerca do tema deve se iniciar pela dicção do diploma legal que ainda hoje regula a atividade de franquia (Lei nº 8.955/1994): Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício. O artigo reproduzido define, portanto, a franquia empresarial como um contrato complexo que traz, em seu interior, vários outros "contratos". Assim, celebrado tal negócio, o franqueador cede ao franqueado mais do que simplesmente o direito de uso de sua Fl. 1692DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.693 20 marca ou patente. Podem também ser cedidos o direito de distribuição exclusiva ou semi exclusiva de produtos e serviços, o direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio, o direito de uso do sistema operacional desenvolvido ou detido pelo franqueador. E este rol não é exaustivo: dependendo do modelo de negócio desenvolvido pelo franqueador, são também envolvidos no contrato de franquia outros aspectos, tais como a prestação de orientação quanto à padronização de instalações físicas da empresa, o treinamento de gerentes e funcionários, a assistência técnica continuada, entre outros. Já a Associação Brasileira de Franchising (ABF) define franquia como um "sistema onde alguém (Franqueador) autoriza um terceiro (Franqueado), a explorar os direitos de uso da marca, os direitos de distribuição de produtos e/ou serviços em um mercado definido e os direitos de utilizar um sistema de operação e gestão de um negócio de sucesso". Dos ensinamentos de Marçal Justen Filho podem ser extraídas características mais detalhadas acerca do contrato de franquia (em ISS e as atividades de Franchising. Revista de Direito Tributário, vol. 64, pgs. 242/256): "A franquia é um contrato complexo nessa acepção. É inviável nela divisar a conjugação de uma pluralidade de contratos autônomos (senão em acepção que será adiante apontada), que se somam por justaposição. Não se trata da cumulação de contrato de cessão de marca com contrato de transferência de tecnologia e outros contratos, cada um com individualidade própria. Há um plexo de deveres impostos a ambas as partes, onde a transferência de tecnologia é indissociável da cessão do uso de marca e dos demais pactos. Esses deveres não são unilaterais, muito pelo contrário. Incumbe a ambas as partes a execução de inúmeras obrigações de fazer. Isso torna inviável a dissociação de obrigações de fazer, para fins de identificação de "prestação de serviço". É impossível, aliás, definir quem presta serviço a quem, no âmbito do contrato de franquia, tal como é inviável apontar remuneração correspondente à prática de um dever específico. (...) Por decorrência e relativamente ao conjunto de atividades desenvolvidas pelas partes, em cumprimento aos plexos de deveres de fazer e de não fazer, previstos no contrato de franquia, não se caracteriza prestação de serviços. Nem o franqueado presta serviços ao franqueador, nem viceversa.” (Grifouse) Da lição do renomado doutrinador, depreendese que a franquia é um contrato complexo e isso não configura uma simples justaposição de contratos autônomos. Há um plexo de deveres impostos, de forma conjunta, a ambos os contratantes, o que torna impossível a dissociação entre as várias obrigações que coexistem num contrato de franquia. No mesmo sentido já se pronunciou a jurisprudência pátria, por meio de acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). No julgamento do Agravo Regimental interposto no Recurso Especial nº 953.480RJ (2007/01157913), o Ministro Relator Luiz Fux expôs o seguinte a respeito dos contratos de franquia: "O conteúdo do contrato de franquia envolve obrigações de dar, de fazer e de nãofazer. Disso decorre a complexidade do contrato de franquia e a inexorável impossibilidade de Fl. 1693DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.694 21 dissociação dos diversos elementos do contrato, para fins de consideração jurídica. (...) Não é possível seccionar o contrato de franquia em vários outros, para considerálo de per si. O contrato de franquia é contrato misto, complexo, indivisível. Não se confunde com contratos coligados. (...) Em suma, a franquia é um contrato misto, do tipo complexo. Ao franqueador incumbe, fundamentalmente, conceder licença para uso da marca. A essa obrigação se conjugam elementos: contratos completos, prestações típicas inteiras, ou elementos mais simples de outros contratos. Temse aí uma unidade contratual. Não há como separar esses diversos elementos porque, absorvidos, fundidos, amalgamados no contrato de franquia, perdem totalmente sua individualidade, deixando de ser autônomos. Dentre eles, despontam as atividades necessárias à consecução da franquia, sob pena de desnaturação do contrato." (Grifouse) Assim, também o STJ já manifestou o entendimento de que não podem ser separados, para fins de consideração jurídica, os elementos que, juntos, formam o contrato de franquia. O fato de tal contrato ser complexo não possibilita, como quer fazer crer a contribuinte recorrente, a separação de seus elementos para fins de submissão a regras de tributação distintas. Se o contrato é fragmentado e um de seus elementos é objeto de consideração jurídicotributária em separado, a natureza jurídica do conjunto restante é descaracterizada, não mais podendo ser considerado um contrato de franquia. Registrese que o voto reproduzido foi proferido em julgamento relativo ao ISS, tributo de competência municipal. Discutiase a possibilidade de incidência do tributo sobre a atividade de franquia, que constava no rol de serviços anexo à Lei Complementar nº 116/2003. Tal fato, entretanto, não invalida a aplicabilidade das considerações ali expostas ao caso sob discussão nos presentes autos. Naquele contexto, a questão da indissociabilidade dos elementos que compõem um contrato de franquia foi levantada porque se discutia se as características de prestação de serviço de tal contrato teriam o condão de provocar sua sujeição à tributação pelo ISS. Concluiuse que não seria possível tal segregação para fins tributários. Assim, também não é possível a segregação desejada pela contribuinte recorrente, sob pena de descaracterização da natureza jurídica da própria franquia. Rememorese que a recorrente defende como aplicável à tributação de suas receitas o §3º do art. 519 do RIR/1999. O dispositivo determina que, caso o contribuinte optante pelo regime de tributação com base no lucro presumido exerça atividades diversificadas, deverá aplicar o percentual de presunção correspondente a cada uma das atividades às respectivas receitas. A recorrente alega ser este o seu caso, sob o argumento de que a atividade de fornecimento de materiais didáticos, promocionais e administrativos às suas franqueadas (e às franqueadas de outras pessoas jurídicas pertencentes ao seu grupo) é autônoma, independente de sua atuação como franqueadora, embora dela decorra. Assim, aduz que as receitas da primeira atividade, comercial, devem ser submetidas ao percentual de 8% para fins de presunção de lucro, nos termos do caput do art. 15 da Lei nº 9.429/1995 e do art. 518 do Fl. 1694DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.695 22 RIR/1999 (12%, para a apuração da base de cálculo da CSLL). Já sobre as receitas decorrentes da atividade de franquia, a cessão de direitos propriamente dita, aplicarseia o percentual de presunção de 32%, segundo determinam o art. 15, §1º, III, "c", da Lei nº 9.429/1995 (art. 519, §1º, III, "c", do RIR/1999) e na parte final do caput do art. 20 da mesma lei. Equivocase a contribuinte ao defender tal tese. O fornecimento de material às franqueadas não configura uma atividade alheia ao contrato de franquia, assim como não constitui um contrato integrante e "destacável" daquele principal. A exemplo de outros, o contrato de fornecimento de materiais didáticos, administrativos e promocionais é um acessório (atividademeio) necessário à concretização da cessão de direitos de uso de método de ensino (atividadefim). A contribuinte e as empresas do mesmo grupo societário detêm os direitos sobre métodos de ensino, profissionalizante e de idiomas, que são cedidos, por meio da celebração de contratos de franquia, a empresas que se tornam suas franqueadas. Pela natureza dos direitos sob cessão, o emprego de materiais (notadamente os didáticos) é imprescindível para o desempenho, pelas franqueadas, de sua atividadefim de ensino. Assim, nada mais natural do que o fornecimento de tais materiais ser considerado uma atividademeio no contrato de franquia. Poderseia, talvez, admitir a tese defendida pela recorrente, no sentido de que o fornecimento de material didático, promocional e administrativo configura atividade autônoma, caso as regras de tal comercialização não estivessem pormenorizadamente estabelecidas no contrato de franquia e caso os bens comercializados não envolvessem o uso da marca e do método de ensino das franqueadoras. Como restou sobejamente demonstrado nos presentes autos, não é este o caso. Assim, o fornecimento de material é completamente dependente e subordinado à prévia existência de um contrato de franquia. Corrobora o que foi exposto até aqui o parecer do professor Paulo de Barros Carvalho, elaborado em resposta a uma consulta formulada pela ABF concernente à incidência do ISS sobre a atividade de franquia. O parecer traz os seguintes trechos: "A franquia é composta por diversas obrigações, indissociáveis entre si. Não se trata de mera soma ou justaposição de contratos diversos, autônomos e independentes. Ao contrário, é exatamente o entrelaçamento de distintos deveres e correspondentes direitos, na formação de um contrato uno, que caracteriza a franquia. É o chamado “contrato complexo”, onde o objetivo que se pretende alcançar só pode ser obtido pela conjugação de várias cláusulas obrigacionais, com conteúdos concernentes a diferentes prestações. Qualquer tentativa de dissociação das parcelas contratadas acabaria por desnaturar o contrato, pois a franquia não se confunde com simples cumulação de contratos, cada qual com individualidade própria. No plexo de deveres impostos a franqueador e franqueado, as avencas são interligadas e dependentes uma das outras: a cessão do uso da marca é indissociável da transferência de tecnologia, da assistência técnica e demais pactos constantes do ajuste, incumbindo a ambas as partes sua execução, de forma integral. Eis porque os diversos deveres inerentes ao contrato de franquia não podem ser desmembrados para fins de consideração jurídica, INCLUSIVE TRIBUTÁRIA. (...) Fl. 1695DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.696 23 O objeto da franquia é a exploração de marca ou produto devidamente registrado pelo franqueador. Essa é a finalidade do contrato de “franchising”. Outras obrigações acordadas, consistentes em atividades intermediárias, necessárias à boa implantação do empreendimento, são atividadesmeio e não podem ser consideradas prestações autônomas. (...) Ainda que a cessão de direito venha acompanhada pela execução de algumas atividades, como normalmente ocorre nas franquias, tal fator não altera sua natureza jurídica de “contrato complexo”, que se utiliza de prestações variadas para atingir o objetivo último, consistente na cessão de direito. (...) As atividades desenvolvidas como requisito para a realização de outra utilidade qualquer são atividadesmeio, ao passo que os atos praticados como fim, acarretando, por si só, uma vantagem material ou imaterial colocada à disposição de outrem, configuram atividadesfim. Apenas a segunda espécie (atividadefim) deve ser examinada para o escopo de possível tributação, pois as diversas etapas necessárias à sua concretização não caracterizam prestação de serviços a terceiros. O alvo da tributação deve limitarse ao objeto final da contratação, não às suas etapas ou tarefas intermediárias." (Grifouse) O ilustre professor Paulo de Barros Carvalho também abraça, portanto, o entendimento de que as diversas obrigações que compõem um contrato de franquia são indissociáveis, sob risco de desnaturação do contrato. Defende também que obrigações acordadas, consistentes em atividades intermediárias e necessárias à boa implantação do empreendimento (atividadefim), são consideradas atividadesmeio e não podem ser consideradas como prestações autônomas. É justamente nesta categoria que se encaixa, no caso sob análise, o fornecimento de material pela recorrente às empresas franqueadas. Mas o parecer traz ainda outra informação importante: o desmembramento das obrigações presentes no contrato de franquia é vedado inclusive para fins de tributação. Para propósitos tributários, apenas a atividadefim deve ser examinada. Como, no presente caso, a atividadefim consiste na cessão do direito de uso sobre método de ensino, a situação fática amoldase perfeitamente à previsão contida no art. 15, §1º, III, "c", e na parte final do caput do art. 20 da Lei nº 9.429/1995, devendo ser aplicado o percentual de presunção de 32%, para a apuração da base de cálculo tanto do IRPJ quanto da CSLL. O já reproduzido art. 2º da Lei nº 8.955/1994 prevê que um contrato de franquia pode ser remunerado de duas formas: direta ou indireta. A remuneração direta relacionase às taxas de filiação e aos royalties pagos pelas franqueadas à franqueadora. Nos termos da alínea “a” do inciso VIII do art. 3º da Lei das Franquias, royalties são a remuneração periódica paga pelo uso do sistema, da marca ou em troca de serviços efetivamente prestados pela franqueadora à franqueada. A remuneração decorrente da relação franqueadorafranqueada que não se enquadra como direta é, por exclusão, indireta. Como a atividade de franquia não se resume à cessão de direitos de uso da marca e de tecnologia, freqüentemente se verifica a necessidade da realização de atividadesmeio, necessárias à adequada consecução do objeto final da franquia. Fl. 1696DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.697 24 Os rendimentos porventura percebidos a partir de tais atividadesmeio, gerados sob as regras estipuladas no contrato de franquia, caracterizamse como remuneração indireta. No caso sob exame, caracterizam perfeita espécie de remuneração indireta as receitas auferidas pela recorrente, decorrentes do fornecimento, às franqueadas, de material didático, promocional e administrativo, que veiculam a marca e o método de ensino da franqueadora. Como inexiste a possibilidade de segregação dos elementos constituintes do contrato de franquia, a tributação de toda a remuneração oriunda de tal contrato deve ser feita de forma unificada, determinada a partir da verificação de sua atividadefim. Se tal atividade relacionase à cessão de direitos de qualquer natureza, a totalidade das remunerações direta e indireta deve ser submetida ao percentual de presunção de 32% para a apuração do IRPJ e da CSLL devidos pelos contribuintes optantes pelo regime do lucro presumido. Portanto, é indiferente, para fins de tributação, se a recorrente aufere 90% de seus rendimentos por meio de remuneração indireta e apenas 10% por direta, ou, na proporção inversa, 10% sob a forma de remuneração indireta e 90% pela via direta. O que interessa é que a atividadefim do contrato de franquia é uma cessão de direito e a totalidade das receitas deve ser tributada com base nas regras do art. 15, §1º, III, "c", da Lei nº 9.429/1995 (reproduzida no art. 519, §1º, III, "c", do RIR/1999) e da parte final do caput do art. 20 da mesma lei. Esta constatação contraria uma alegação apresentada reiteradamente pela recorrente ao longo do processo: a de que caberia à Fiscalização ter determinado quanto das receitas recebidas pela venda de material corresponderia aos royalties indevidamente embutidos nos preços. No entender da defesa, somente a parcela dos valores que pudesse ser considerada como royalties embutidos é que poderia ser submetida ao índice de presunção de 32%. O restante, como típica receita de operações de compra e venda, continuaria sujeito à aplicação dos percentuais de 8% e 12%. Como a Fiscalização não identificou tal destaque, argui a recorrente a nulidade do lançamento em razão de erro na identificação da correta base de cálculo dos tributos cobrados. Tal argumento cai por terra diante da impossibilidade de separação das atividades que, fundidas, formam o contrato de franquia. Para quaisquer fins jurídicos, notadamente os tributários, não se pode considerar separadamente cada atividademeio e cada cessão de direito que componha a atividadefim. Todo o faturamento decorrente da venda de materiais que veiculam a marca e o método de ensino licenciados pela franqueadora, realizada sob o regramento estabelecido no contrato de franquia, deve ser considerado como remuneração do contrato e não como produto de simples operações de compra e venda. Assim, não se pode separar remuneração direta da indireta, ainda mais para submeter cada uma delas a uma regra diversa de tributação. Repitase: a receita oriunda do contrato de franquia é una para fins tributários, sujeitandose toda ela à regra aplicável aos rendimentos decorrentes da cessão de direito que caracteriza o cerne do negócio. No caso concreto, restou evidenciado que a contribuinte recorrente e as demais empresas de seu grupo societário elegeram a remuneração indireta como a principal fonte de receitas, talvez motivadas pela crença de que seria possível submeter a parte mais significativa de seus rendimentos aos percentuais de presunção de 8% e 12%. Demonstrativo elaborado pela Fiscalização a partir de dados fornecidos pela própria contribuinte, acostado à fl. 62 (numeração do processo digital), permite verificar que o valor faturado com o fornecimento de produtos durante os anos de 2001 a 2005 foi superior a 97% do faturamento total do período. Fl. 1697DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.698 25 Agindo dessa forma, a recorrente objetivou garantir lucratividade expressiva pelo recebimento de valores embutidos na venda sistemática de material que as franqueadas deveriam adquirir de maneira compulsória (como se abordará adiante). É sintomático da opção feita pela contribuinte recorrente o fato de que, tanto na sua Circular de Oferta de Franquia (documento disponibilizado a potenciais franqueadas) quanto no seu Contrato de Franquia, são relativamente inexpressivos os valores atribuídos às taxas de franquia e às demais rubricas que as franqueadas devem pagar periodicamente à franqueadora (relacionadas ao contínuo desenvolvimento do método de ensino, ao investimento em programa nacional de publicidade etc), verbas estas que compõem a remuneração direta da franquia: Circular de Oferta de Franquia "Sistema de remuneração WORKTEK Taxa de Franquia A Taxa de Franquia será paga integralmente no ato da assinatura do Contrato de Franquia, sendo: a) cidades até 30 mil habitantes R$ 16.000,00 b) cidades de 31 à 50 mil habitantes R$ 24.000,00 c) cidades de 51 à 100 mil habitantes R$ 34.000,00 d) cidades de 101 à 200 mil habitantes R$ 42.000,00 c) cidades de 201 à 350 mil habitantes R$ 54.000,00 d) cidades de 351 à 500 mil habitantes R$ 64.000,00 d) acima de 500 mil habitantes R$ 90.000,00 e) São Paulo e Rio de Janeiro R$ 100.000,00 ENTRADA DE 30% DO VALOR, SALDO DIVIDIDO EM ATÉ 10 PAGAMENTOS. Essa Taxa remunera: • fornecimento do Projeto Arquitetônico de Fachada, mediante envio de foto digital. • licença e direito ao uso da marca; • transferência de "Knowhow" e tecnologia; • apoio à inauguração da unidade; • assistência inicial à operação da franquia; • treinamento inicial do Franqueado e de seu coordenador • orientações perenes sobre a operação de uma unidade WORKTEK. Taxa de Assessoria Pedagógica e Comercial O franqueado pagará mensalmente uma taxa para assessoria pedagógica e comercial no valor de R$ 1000,00 (mil reais), para a remuneração do acompanhamento da implantação e manutenção de técnicas comerciais e pedagógicas inerentes ao objeto da franquia. Fl. 1698DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.699 26 A referida taxa será corrigida anualmente pela média de uma cesta de índices governamentais. (...)" Contrato de Franquia "7. OBRIGAÇÕES DO FRANQUEADO (...) 7.7. O Franqueado pagará a WORKTEK, mensalmente, o equivalente a 06 (seis) conjuntos didáticos , pelos treinamentos que a WORKTEK fornecerá via satélite para sua equipe comercial e pedagógica, devendo para tanta adquirir e instalar o Kit de antena parabólica e receptor de fornecedor indicado pela WORKTEK, sem o qual não será possível ao franqueado participar de todos os treinamentos que vierem a ser ministrados. (...) 8. PUBLICIDADE 8.1. O valor do Fundo Nacional de Marketing será cobrado juntamente com o preço do material didático o qual será repassado pela LINX ao Fundo no percentual de 7% sobre o valor de venda a vista de cada conjunto. (...)" É interessante notar que a remuneração direta relacionada às despesas que a franqueadora tem com a divulgação nacional da marca são expressas como um percentual do total gasto pelas franqueadas com a aquisição de material didático (talvez como uma forma de, seguindo o entendimento defendido pela contribuinte, enquadrar também tais valores como receitas relacionadas à venda de materiais, desvinculadas da cessão de direitos em si e sujeitas à aplicação dos percentuais de presunção de 8% e 12%). Além disso, notese que outra parte do que se tem como remuneração direta é, no Contrato de Franquia, expresso em "conjuntos didáticos", ao invés de reais. Isso é, aliás, frequente nos Contratos de Franquia que a recorrente celebrava com suas franqueadas. Os "conjuntos didáticos" exercem a função de verdadeira unidade monetária, principalmente para a quantificação das penalidades. O papel de destaque que o Contrato de Franquia dá aos materiais didáticos é parte da estratégia já mencionada de, sempre que possível, priorizar formas de remuneração indireta. Isso tornaria possível, na tese adotada pela recorrente, que tais valores fossem considerados não relacionados à atividade de franquia, o que possibilitaria fugir à aplicação do percentual de presunção de 32%. Observemse os seguintes trechos retirados da Circular de Oferta de Franquia e de um Contrato de Franquia celebrado pela contribuinte recorrente, onde é possível notar o considerável esforço empregado em regular pormenorizadamente aspectos relativos à remuneração indireta do contrato (na forma de comercialização de material didático, promocional e administrativo), dada a posição de destaque conferida a essa modalidade no modelo de franquia desenvolvido pela recorrente e pelas demais empresas de seu grupo econômico: Circular de Oferta de Franquia "Perfil do Franqueado WORKTEK Fl. 1699DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.700 27 (...) Atividades a serem realizadas pelo Franqueado Compele ao Franqueado: • adquirir os materiais didáticos, os materiais administrativos e os materiais promocionais, única e exclusivamente da WORKTEK; (...) Fornecedores O franqueado deverá comprar, única e exclusivamente da LINX o material didático a ser entregue aos alunos, cujo pedido inicial será composto de no mínimo 100 (cem) conjuntos didáticos, mais livro do professor, materiais administrativos e promocionais. Para os demais pedidos serão solicitados em lotes mínimos de 20 (vinte) conjuntos didáticos, Quando do lançamento de novos produtos, o franqueado obrigase a receber, arcando com as despesas, pelo menos 1 (hum) item de cada novo produto, seja promocional ou didático. Além do material didático, que é obrigatório e deve ser adquirido exclusivamente da LINX, o franqueado deverá abastecer a sua escola apenas através da Rede de fornecedores credenciados pela LINX no que se refere à padronização de sua unidade em função da qualidade exigida pela LINX. A relação de fornecedores será oferecida quando da aquisição do bem ou da contratação do serviço, em função da constante atualização. O franqueado deverá adquirir da LINX o material promocional relativo às campanhas de marketing, bem como materiais administrativos necessários à operação do seu negócio, conforme catálogo a ser oferecido nas épocas oportunas." Contrato de Franquia "4. LOCALIZAÇÃO E INSTALAÇÃO DA ESCOLA (...) 4.5. É vedado ao FRANQUEADO, em qualquer época, colocar na fachada ou no interior do estabelecimento quaisquer placas de venda e anúncios da Franquia, bem como veicular em jornais e revistas matéria que revele intenção de venda, sem autorização da LINX. Caso haja descumprimento desta cláusula, o FRANQUEADO fica desde já obrigado a pagar multa em reais equivalentes a 125 (cento e vinte e cinco) conjuntos didáticos, por semana, enquanto permanecer a veiculação, do anúncio. (...) 5. AQUISIÇÃO E FORNECIMENTO DE MATERIAIS 5.1. Antes da inauguração da Escola, o FRANQUEADO deverá adquirir um lote inicial de conjuntos didáticos, bem como todos os materiais administrativos e publicitários para a abertura e divulgação da Escola, de acordo com os parâmetros atuais da Linx. 5.2. Os demais pedidos de materiais didáticos deverão ser feitos pelo FRANQUEADO, em lotes mínimos de 20 (vinte) conjuntos Fl. 1700DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.701 28 didáticos, sendo as despesas de frete para remessa de responsabilidade do FRANQUEADO. 5.3. O FRANQUEADO deverá manter um estoque mínimo de 20 (vinte) conjuntos didáticos de cada estágio de cada curso que o sistema WORKTEK oferece ou venha oferecer, e no mínimo 10 (dez) exemplares dos demais produtos para atender a demanda dos alunos interessados. (...) 5.7. O FRANQUEADO fica proibido de fornecer materiais didáticos WORKTEK a outro FRANQUEADO, sob pena de pagamento de multa equivalente ao dobro do valor do material fornecido. 5.8. Fica estabelecido que para a manutenção deste contrato, o FRANQUEADO deverá realizar o consumo de conjuntos didáticos da seguinte forma: Cidades por mil habitantes 1º ano civil 2º ano civil 3° ano civil Até 50 200 300 400 Até 100 250 375 500 Acima de 100 300 450 600 5.9. Caso não ocorra esse consumo ao longo do ano, o FRANQUEADO desde já concorda em efetuar o pagamento no valor equivalente ao número de conjuntos que constitui a diferença em relação à quota anual, tendo como base o conjunto didático do curso CTA. O FRANQUEADO ficará ainda sujeito a uma convocação pela LINX para participar de um curso de reciclagem operacional, comercial e pedagógico com o intuito de otimizar seus resultados. (...) 5.11. O FRANQUEADO está ciente que deverá adquirir os materiais didáticos, administrativos e promocionais, única e exclusivamente da LINX. (...) 7. OBRIGAÇÕES DO FRANQUEADO (...) 7.11. adquirir os conjuntos didáticos para a totalidade de seus alunos matriculados, não lhe sendo permitido reproduzir, copiar, ceder ou emprestar o material didático, total ou parcialmente, sob pena de rescisão imediata do contrato, além de responsabilidade civil e criminal, bem como pagamento de multa de valor equivalente à multa prevista no item 12.4; (...) 8. PUBLICIDADE (...) 8.7. O FRANQUEADO se compromete a adquirir o material publicitário exclusivamente da LINX ou de quem ela vier a formalmente autorizar. Fl. 1701DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.702 29 8.8. O FRANQUEADO deverá adquirir kit publicitário de todas as campanhas de marketing realizadas pela Linx, por tratarse de atividade padrão da franquia. (...) 12. EFEITOS DA RESCISÃO DO CONTRATO (...) 12.2.1. Após a rescisão, o franqueado deverá efetuar imediatamente a pintura de todo o imóvel, interna e externamente, em cores distintas daquelas existentes no Manual de Padronização Worktek de forma que não reste nenhuma identidade visual em relação as franquias Worktek, sob pena de pagar a Linx uma indenização equivalente a 1000 (mil) conjuntos didáticos Worktek, por mês, enquanto perdure a irregularidade. 12.3. Ocorrendo a rescisão deste Contrato por justa causa, o FRANQUEADO deverá devolver à Linx todos documentos e publicações que lhe tiverem sido entregues em decorrência do presente Contrato, abstendose do uso das informações deles constantes e demais informações comerciais, administrativas e de instalação e implantação da Escola, deixando também, imediatamente, de fazer uso da marca Worktek e, em especial, providenciar a retirada do luminoso com a marca e logotipo Worktek que a Escola tiver, e absterse de utilizar do numero do telefone usado enquanto franqueado Worktek para fidelizar alunos, sob pena de pagar à Linx uma indenização equivalente a 1.000 (mil) conjuntos didáticos inglês l por mês, enquanto permanecer a irregularidade e independentemente daquela prevista na cláusula 12.4, a seguir. Na hipótese de término ou rescisão deste instrumento por quaisquer outros motivos exceto justa causa, o FRANQUEADO deverá atender ao disposto neste item no prazo máximo de 30 (trinta) dias. 12.4. Rescindido o presente contrato, por qualquer motivo, obrigase o FRANQUEADO a não explorar direta ou indiretamente, por si ou por intermédio de terceiros, a prestação de serviços voltados para o ensino de cursos profissionalizantes que sejam baseados, aperfeiçoados, iguais ou semelhantes ao método WORKTEK, constante em seu material didático ou, ainda, que demonstrem terem decorrido de todo o conhecimento técnico, administrativo pedagógico e de "know how" transmitido pela LINX ao FRANQUEADO, em função do relacionamento comercial havido. Em caso de descumprimento da presente disposição, o FRANQUEADO sujeitarseá às sanções cíveis e penais cabíveis à violação dos direitos autorais da LINX, inclusive à ação de perdas e danos e multa não compensatória equivalente a 5.000 (cinco mil) conjuntos didáticos, calculada pelo valor destes à época da infração." Verificase que a contribuinte se cercou de todos os cuidados no Contrato de Franquia para que, diante da inexpressividade dos valores cobrados como remuneração direta, as verbas previstas como remuneração indireta garantissem um considerável e constante fluxo de entrada de recursos nos cofres da empresa. Fl. 1702DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.703 30 Como exemplos de dispositivos que cumprem este papel, temos: a) a obrigatoriedade de aquisição inicial de, no mínimo, 100 conjuntos didáticos; b) a obrigatoriedade de aquisição periódica de uma quantidade mínima de conjuntos didáticos, em função do número de habitantes da cidade onde a franqueada está instalada; c) o pagamento à franqueadora do valor equivalente à parte da quota mínima periódica de conjuntos didáticos que deixar de ser adquirida; d) a obrigatoriedade de aquisição de conjuntos didáticos para a totalidade dos alunos matriculados, sendo vedados a reprodução, a cessão ou o empréstimo de material; e) a obrigatoriedade de aquisição de kits publicitários de todas as campanhas de marketing realizadas pela franqueadora. De acordo com os termos estabelecidos no contrato de franquia, a comercialização dos materiais não decorre das necessidades das franqueadas, mas sim das imposições da franqueadora. É ela quem determina unilateralmente a periodicidade das aquisições, a quantidade de itens a serem adquiridos e os preços praticados. Além disso, é fixado contratualmente que a aquisição de materiais tem que ser feito exclusivamente da recorrente (ou de terceiro formalmente autorizado por ela). Em razão de tais características, o contrato proposto pela recorrente se configura como verdadeiro contrato de adesão. As condições para a comercialização dos materiais didáticos, promocionais e administrativos são impostos unilateralmente às franqueadas, que somente têm real direito de escolha no momento de optar por assinar ou não o contrato. Uma vez assinado o termo, as franqueadas devem seguir as regras relativas às aquisições de materiais ali previstas (periodicidade, quantidade e preço), sob o risco de sujeição às penalidades fixadas. Além disso, a recorrente não fornece os materiais a qualquer interessado em adquirilos, mas somente a empresas que já sejam suas franqueadas (ou franqueadas de outras empresas pertencentes ao seu grupo econômico). Tal afirmação foi feita pela própria contribuinte em resposta a intimação manejada pela Fiscalização. Assim, verificase que as operações praticadas pela recorrente se diferenciam bastante do negócio de compra e venda tradicional, em que imperam a vontade das partes e aspectos mercadológicos. Não se encontra nas operações esquadrinhadas neste processo a influência das chamadas "leis de mercado". Os preços e as quantidades comercializadas não são afetados pela oferta e procura, pela livre concorrência ou pela ampla oferta aos consumidores. Tampouco dependem das reais necessidades das franqueadas. A este respeito, relevante se faz observar o que dispõe o art. 489 da Lei nº 10.406/2002 (Código Civil Brasileiro): Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. É exatamente o que se observa no caso sob análise. Como a franqueada não pode adquirir o material de fornecedor diverso da franqueadora (ou de terceiro por ela obrigatoriamente indicado), não se pode dizer que ela tenha real participação na definição dos preços. Além disso, são feitas ainda de forma unilateral a definição da quantidade de itens comercializados e da periodicidade em que se dará a venda. Todas estas características infirmam a tese de que a recorrente seria comerciante atacadista de livros, jornais e outras publicações (conforme CNAE informada em DIPJ). A "vendedora" dos materiais não pode vender a "clientes" fora do grupo de suas franqueadas. Os "clientes" não podem adquirir de outros fornecedores que não sejam sua franqueadora (ou alguém expressamente autorizado por ela). Além disso, não importam a Fl. 1703DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.704 31 vontade ou as reais necessidades dos "clientes" no que diz respeito à quantidade dos itens adquiridos, à periodicidade das operações de compra ou ao preço praticado. Em relação ao papel que a vontade do adquirente de bens desempenha em uma compra e venda, tragase à discussão trecho de um segundo parecer assinado pelo professor Paulo de Barros Carvalho. Este parecer foi elaborado em atendimento a consulta elaborada pela própria contribuinte e trazido aos autos como anexo de seus memoriais. O eminente professor, ao discorrer sobre as condições exigidas para que determinada operação comercial pudesse ser considerada independente do contrato de franquia originalmente celebrado, expôs: "Há muitas situações em que, nos instrumentos contratuais de franquia fica ajustado entre as partes, além do contrato de cessão da marca (e das atividadesmeio indispensáveis à sua manutenção), também outros tipos de negócio jurídico, Para saber, nesses casos, se tais negócios inseremse dentro da unidade e complexidade do negócio de franquia, mostrase, uma vez mais, útil o triplo teste quanto (i) à identidade de pessoas, (ii) à unicidade de objeto e (iii) à manifestação de vontade. (...) O mesmo se diga da manifestação de vontade, o terceiro elemento a ser testado para que se possa aferir a unidade ou pluralidade de negócios jurídicos: é preciso que as partes produzam novo ato de fala, nas condições previstas no contrato, para, só então, manifestando a sua vontade de adquirir esses bens, tenhase a formação do negócio jurídico de venda e compra. Não basta o aceite ao contrato de franquia para que exista esse fornecimento. É preciso que as partes ajustem o negócio jurídico de venda e compra a cada vez que pretendam realizar esse tipo de operação. A existência de condições previamente estabelecidas no instrumento contratual de franquia (como preço, ou volumes mínimos para o pedido) não elimina a necessidade de produzir de nova manifestação de vontade, sem a qual, inexistirá a aquisição do material." (Grifouse) Destaca portanto o ilustre doutrinador que a terceira condição para que se possa considerar uma operação como externa ao negócio de franquia (e, na tese defendida pela recorrente, como tributável de maneira independente) diz respeito à manifestação de vontade autônoma do adquirente de bens. Mesmo que as condições gerais para a celebração do negócio estejam previstas no contrato de franquia, a operação de compra e venda poderá ser considerada autônoma se, entre outras coisas, depender de uma nova manifestação de vontade dos adquirentes dos bens. Analisando caso igual ao dos autos, o parecerista entende que tal condição se verificou. Com toda a vênia à análise desenvolvida pelo brilhante professor, a verificação cuidadosa do caso dos presentes autos nos leva à conclusão de que a condição restou descumprida, uma vez que a aquisição periódica do material didático não depende, na realidade, de manifestação de vontade das empresas franqueadas. Observese que há, no contrato de franquia, uma quantidade mínima estabelecida de conjuntos didáticos que as franqueadas devem obrigatoriamente adquirir da franqueadora a cada ano. Se o pedido não for expressamente apresentado pela franqueada, a Fl. 1704DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.705 32 cláusula contratual expressamente prevê a obrigação de pagamento do valor equivalente ao número de conjuntos didáticos que deixaram de ser pedidos. Assim, no caso concreto, a manifestação da vontade das franqueadas não é realmente determinante para que a venda dos materiais didáticos se concretize. Como terá, de qualquer forma, que desembolsar o valor da contrapartida à compra dos kits didáticos, a celebração do negócio, pelo menos em relação a uma mínima quantidade a ser comercializada anualmente, já está integralmente definida no âmbito do contrato de franquia. Assim, correta a tese adotada pelo Fisco, no sentido de que a obrigatoriedade da aquisição periódica de uma quantidade mínima de conjuntos didáticos tinha por objetivo garantir a continuidade de recebimento de recursos provenientes das franqueadas, sob a forma de remuneração indireta. Conforme já foi apontado, a recorrente defende a tese de que a comercialização do material didático seria desvinculada da atividade de franquia e poderia, assim, ter suas receitas submetidas aos percentuais de presunção de 8% (para a apuração do IRPJ) e 12% (em relação à CSLL), diferentemente dos rendimentos diretamente atribuídos à cessão de direitos que caracteriza a franquia, que devem ser submetidos ao percentual de 32% para fins de determinação da base de cálculo destes tributos. Registrese que o legislador fixou os percentuais de presunção das bases de cálculo dos tributos, para fins de apuração pelos contribuintes optantes pela tributação com base no lucro presumido, a partir da observação das margens de lucro efetivamente calculadas por empresas que exerciam as várias atividades econômicas consideradas na legislação. Assim, excepcionaramse à aplicação dos índices gerais de presunção de 8% e 12%, previstos na Lei nº 9.429/1996, as atividades que comprovadamente experimentavam uma margem de lucro diversa, calculada sobre o total da receita bruta auferida. Com base na observação de que empresas que exploravam as atividades de "administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis ou direitos de qualquer natureza" tinham a base de cálculo de IRPJ e CSLL equivalente a aproximadamente 32% de sua renda bruta, o legislador fixou neste patamar o percentual de presunção para o cálculo dos tributos citados (alínea "c" do inciso III do §1º do art. 15 da Lei nº 9.429/1996, para o IRPJ, e parte final do caput do art. 20 da mesma lei, para a CSLL). Assim, não é razoável supor que a recorrente, que fornece material didático, promocional e administrativo às suas franqueadas em um ambiente sem qualquer concorrência e com base em regras totalmente préestabelecidas no contrato de franquia, tenha a mesma lucratividade de empresas que realmente comercializam livros, jornais e outras publicações em um ambiente de livre concorrência. Estas empresas não têm qualquer das facilidades de que dispõe a recorrente: consumidores cativos, vendas periódicas garantidas, autonomia para definição dos preços. A recorrente se aproxima muito mais da figura de uma distribuidora exclusiva do que de uma verdadeira comerciante de livros e outras publicações. Esta afirmação é corroborada pelas tabelas presentes no Termo de Verificação Fiscal elaborado pela Fiscalização. Ali se pode verificar que, para a maioria dos itens representativos do material didático “comercializado” pela recorrente, o custo unitário do produto representa menos de 10% do valor de venda. Assim, em que pese a contribuinte ter ainda várias outras despesas operacionais, é difícil crer que estas representariam valor suficiente para reduzir a margem de lucro de pelo menos 90% (calculada com base apenas na diferença entre os valores de aquisição e de venda destes itens) para apenas 8% ou 12%. Concluo, assim, que a atividade de distribuidora de materiais da recorrente, às suas franqueadas e às de outras empresas pertencentes aos mesmos sócios, é total e obrigatoriamente subordinada às suas atividades de franqueadora. A conclusão poderia ser Fl. 1705DF CARF MF Processo nº 10830.009437/200774 Acórdão n.º 9101002.552 CSRFT1 Fl. 1.706 33 diferente se as franqueadas pudessem adquirir os materiais didáticos, promocionais e administrativos em regime de livre concorrência de qualquer fornecedor ou ainda se a franqueadora oferecesse seus produtos a qualquer interessado em adquirilos, independentemente da prévia celebração de um contrato de franquia. Na forma de operação engendrada pela contribuinte recorrente e pelas demais empresas pertencentes ao seu grupo econômico, a atividade de fornecimento dos materiais não pode ser tratada separadamente da atividade originária de cessão de direitos (franquia). Assim, as receitas advindas de tal fornecimento não podem ser tributadas como simples produtos de atividades mercantis, submetendose aos percentuais de presunção de 8% e 12%. Diante de todo o exposto, voto com o relator no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Fl. 1706DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15868.720111/2011-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2008
BASE DE CÁLCULO. OPERADORAS DE PLANO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. ART. 3º, § 1º, LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE.
As receitas que não se caracterizam como próprias da atividade da entidade, tal como estabelecido pelo estatuto ou contrato social, não compõem o seu faturamento, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em repercussão geral, ao declarar a inconstitucionalidade da ampliação do conceito de receita bruta promovida pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98.
PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. COOPERATIVA MÉDICA. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL.
As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Contribuição para o PIS e a COFINS as despesas e custos operacionais relacionados com os atendimentos médicos realizados em seus próprios beneficiários, por meio de estabelecimento próprio ou pela rede conveniada/credenciada de profissionais e empresas da área de saúde, bem como aos atendimentos médicos efetuados em beneficiários pertencentes à outra operadora de plano de assistência à saúde, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade, em conformidade com o preceptivo do art. 3º, § 9º-A da Lei nº 9.718/98, introduzido, em caráter interpretativo, pela Lei nº 12.873/2013.
Numero da decisão: 3401-003.468
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por maioria de votos, negou-se provimento ao recurso de ofício, vencido o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, que dava provimento em relação às contas dos grupos 3.4 e 3.5.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente), e Hélcio Lafetá Reis (suplente).
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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OPERADORAS DE PLANO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. ART. 3º, § 1º, LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. As receitas que não se caracterizam como próprias da atividade da entidade, tal como estabelecido pelo estatuto ou contrato social, não compõem o seu faturamento, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em repercussão geral, ao declarar a inconstitucionalidade da ampliação do conceito de receita bruta promovida pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. COOPERATIVA MÉDICA. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL. As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Contribuição para o PIS e a COFINS as despesas e custos operacionais relacionados com os atendimentos médicos realizados em seus próprios beneficiários, por meio de estabelecimento próprio ou pela rede conveniada/credenciada de profissionais e empresas da área de saúde, bem como aos atendimentos médicos efetuados em beneficiários pertencentes à outra operadora de plano de assistência à saúde, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade, em conformidade com o preceptivo do art. 3º, § 9ºA da Lei nº 9.718/98, introduzido, em caráter interpretativo, pela Lei nº 12.873/2013. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 86 8. 72 01 11 /2 01 1- 74 Fl. 415DF CARF MF 2 Por maioria de votos, negouse provimento ao recurso de ofício, vencido o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, que dava provimento em relação às contas dos grupos 3.4 e 3.5. ROSALDO TREVISAN Presidente. LEONARDO OGASSAWARA DE ARAÚJO BRANCO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente), e Hélcio Lafetá Reis (suplente). Relatório 1. Tratase do Autos de Infração, situado às fls. 222 a 240, lavrado com a finalidade de formalizar a exigência de Cofins, no valor histórico de R$ 3.287.651,20, e de PIS, no valor histórico de R$ 712.324,50, já acrescidos de juros de mora e das multas de ofício, apurados nos períodos de outubro de 2006 a dezembro de 2008. 2. De acordo o termo de constatação de infração fiscal, situado às fls. 195 a 220, a autoridade fiscal lavrou o auto em virtude de a contribuinte, ao realizar o cálculo do valor devido a título de PIS e Cofins, ter deixado de incluir, no período fiscalizado, os valores das receitas financeiras contabilizadas nas seguintes contas: (i) conta 3.6 Receitas Não Operacionais, na qual registrou as receitas que classifica como “ato cooperativo auxiliar” e que, no entendimento da contribuinte, “(...) não podem compor a base de cálculo do PIS/Cofins, por conta da isenção tributária que recai sobre o ato cooperativo”; (ii) conta 3.5 Receitas Patrimoniais, na qual escriturou valores correspondentes ao recebimento de aluguel e de distribuição de lucros; (iii) conta 3.4 Receitas Financeiras, que, segundo a contribuinte, tratase de receitas isentas da contribuição do PIS/Pasep e da Cofins, conforme dispõe o artigo 1º do Decreto n° 5.442/2005; (iv) conta 4 Dispêndios/Despesas, na qual escriturou as despesas e custos operacionais relacionados com os atendimentos médicos realizados em seus próprios beneficiários (clientes), por meio de estabelecimento próprio ou rede conveniada/credenciada de profissionais e empresas da área de saúde, com amparo no artigo 3º, § 9º, III, da Lei nº 9.718/98, com redação dada pela da Medida Provisória n° 2.15835/2001. 3. Em 06/12/2013, a contribuinte, irresignada, apresentou impugnação, situada às fls. 345 a 347, na qual alegou, em síntese: (i) a não incidência das contribuições em comento sobre os valores que seriam oriundos de atos cooperativos, isentos de acordo com o disposto no inciso I do art. 6º da Lei Complementar 70/91; (ii) que não pratica atividade mercantil, por não possuir receita bruta, sendo que o montante arrecadado em nome dos sócios é imediatamente para eles transferido, de modo a representar mero ingresso de recursos na sociedade; (iii) ter excluído da base de cálculo das contribuições os valores referentes às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos, deduzidos das Fl. 416DF CARF MF Processo nº 15868.720111/201174 Acórdão n.º 3401003.468 S3C4T1 Fl. 10.631 3 importâncias recebidas a titulo de transferência de responsabilidades, de acordo com o inciso III do art. 2º da Medida Provisória nº 2.158/01 e, neste sentido, seriam valores repassados a terceiros, tais como repasses a hospitais, clinicas, e laboratórios atos que teriam sido anteriormente tributados pela contribuinte ora recorrente de forma que este procedimento se encontra em conformidade com a orientação da Agência Nacional de Saúde no sentido de que os eventos indenizáveis são todos os custos assistenciais decorrentes da cobertura oferecida pelo plano de saúde da operadora aos seus beneficiários, como consultas médicas, exames laboratoriais, hospitalização, etc.; (iv) que os ingressos classificados como receitas financeiras não se enquadram no conceito de faturamento, em razão da inconstitucionalidade do § 1 do art. 3o da Lei n° 9.718/98 declarada pelo Supremo Tribunal Federal. 4. Em sessão de 06/11/2014, a 17ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJO) proferiu a Resolução DRJ nº 446, situada às fls.352 a 357, com a finalidade de apurar, com base na escrituração contábil/fiscal da interessada, "(...) os valores mensais dedutíveis da base de cálculo do PIS e da Cofins nos termos do § 9º, inciso III e § 9ºA da Lei nº 9.718/18, para os meses 10/2006 a 12/2008". 5. Em 06/03/2015, a unidade intimou a contribuinte do "Termo de Constatação e Intimação Fiscal", situado às fls. 370 a 375, em cumprimento à diligência determinada. 6. Em 24/03/2015, a contribuinte protocolou petição, situada às fls. 376 a 377, para "(...) manifestar a sua concordância quanto aos cálculos apresentados pela fiscalização" (seleção e grifos nossos) no termo acima descrito. 7. Em 27/05/2015, a 17ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJO) proferiu o Acórdão DRJ nº 1276.388, situado às fls. 383 a 402, sob a relatoria da AuditoraFiscal Maria Aparecida da Silva Corrêa, em que se decidiu, por unanimidade de votos, acolher o resultado da diligência, exonerando parcialmente o crédito tributário, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2008 COOPERATIVA DE SERVIÇOS MÉDICOS. INCIDÊNCIA. Incide a Cofins sobre a receita bruta auferida pela Cooperativa, deduzidas as exclusões admitidas na legislação em vigência. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA LEGAL. As argüições de inconstitucionalidade não são oponíveis na esfera administrativa, incumbindo ao Poder Judiciário apreciálas. BASE DE CÁLCULO ALTERAÇÃO LEI Nº 9.718/98 INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, Fl. 417DF CARF MF 4 reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberandose, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixase de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. LEI INTERPRETATIVA. As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Cofins e do PIS as despesas e custos operacionais relacionados com os atendimentos médicos realizados em seus próprios beneficiários, por meio de estabelecimento próprio ou pela rede conveniada/credenciada de profissionais e empresas da área de saúde, bem como aos atendimentos médicos efetuados em beneficiários pertencentes à outra operadora de plano de assistência à saúde, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2008 COOPERATIVA DE SERVIÇOS MÉDICOS. INCIDÊNCIA. Incide a Cofins sobre a receita bruta auferida pela Cooperativa, deduzidas as exclusões admitidas na legislação em vigência. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA LEGAL. As argüições de inconstitucionalidade não são oponíveis na esfera administrativa, incumbindo ao Poder Judiciário apreciálas. BASE DE CÁLCULO ALTERAÇÃO LEI Nº 9.718/98 INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberandose, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixase de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. LEI INTERPRETATIVA. As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Cofins e do PIS as despesas e custos operacionais relacionados com os atendimentos médicos realizados em seus próprios beneficiários, por meio de estabelecimento próprio ou pela rede conveniada/credenciada de profissionais e empresas da área de saúde, bem como aos atendimentos médicos efetuados em beneficiários pertencentes à outra operadora de plano de assistência à saúde, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade. Impugnação Procedente em Parte Fl. 418DF CARF MF Processo nº 15868.720111/201174 Acórdão n.º 3401003.468 S3C4T1 Fl. 10.632 5 Crédito Tributário Mantido em Parte 8. Diante da exoneração parcial do crédito tributário, o acórdão foi submetido à apreciação deste Conselho por recurso de ofício, de acordo com o art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de1997, e Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco 9. O recurso de ofício preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 10. Em que pese a alegação da contribuinte recorrente no sentido de que os fatos por ela praticados se tratem de atos cooperativos, uma vez que sua receita é reconhecida em nome dos médicos cooperados, estes sim individualmente responsáveis pelas obrigações tributárias, da análise dos documentos trazidos a conhecimento nos presentes autos se depreende que a recorrente representa uma operadora de plano de saúde: o consumidor contrata um plano que lhe confere direito de atendimento por parte dos médicos cooperados em contrapartida de um pagamento mensal. Tais valores transitam pela contabilidade da cooperativa e o resultado líquido havido deve obedecer às destinações legais, entre elas a distribuição aos cooperados. 11. Assim, são atos cooperativos stricto sensu a prestação de serviços que a cooperativa, que age sem o objetivo de lucro, realiza aos médicos cooperados. Especificamente para o caso de cooperativas médicas, há, por outro lado, pagamento a laboratórios, clínicas médicas, e a profissionais da área médica não cooperados. Neste sentido, a previsão dos arts. 85 e 86 da Lei nº 5.764/1971, cujos resultados devem ser levados à conta do "Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social" e, como se sabe, contabilizados em separado, conforme tratamento dispensado pelo Parecer Normativo CST nº 38/1980, que denominou os atos tratados pelos dispositivos em referência como "atos cooperativos legalmente permitidos", uma vez que serviriam aos propósitos e objetivos sociais. A decorrência da aplicação deste entendimento, como se percebe, é considerar "(...) atos não cooperativos aqueles que importam em operação com terceiros não associados ". Tal questão foi expressamente tratada pelo Parecer Normativo CST nº 155/1973, nos seguintes termos: "O que exorbita desse campo tributável, como se infere dos artigos supratranscritos, em todos os quais se verificam descaracterizações das atividades normais das cooperativas: ou porque adquiriram produtos de Fl. 419DF CARF MF 6 não associados (art. 85), ou porque forneçam bens ou serviços, que deveriam destinarse aos associados, a pessoas que não se revestem dessa condição (art. 86), ou porque participam de outras sociedades não cooperativas (art 88) (...). Essas operações, vêse, são excepcionais e condicionadas pela lei à verificação de certos pressupostos, presentes os quais, a cooperativa terá faculdade de praticálas. Além de a cooperativa ter que atender a essas condições, estabelece o retrotranscrito art. 111 que os resultados por elas produzidos são tributáveis". 12. A hipótese em que a cooperativa interage com terceiros é refletida no art. 183 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), que prevê que os resultados positivos das operações e atividades estranhas à sua finalidade deverão ser oferecidos à tributação, e chega à minúcia de, no inciso II, apontar, como exemplo de "atividade estranha" o "(...) de fornecimento de bens ou serviços a não associados, para atender aos objetivos sociais". 13. Observase, não obstante, que a discussão concerne à tributação das operadoras de planos de saúde especificamente quanto à constituição de crédito tributário decorrente da dedução efetuada pela contribuinte da base de cálculo das contribuições a titulo de “Eventos Líquidos Indenizáveis”. Tal questão deverá ser apreciada a partir da edição da Medida Provisória nº 2.15835/2001, regulamentada pelo art. 26 da Instrução Normativa nº 247/2002 e ao art. 17 da Instrução Normativa nº 635/2006. Sob o pálio de tais dispositivos, entendeu o julgador de primeira instância administrativa: "A Lei 12.873, de 24 de outubro de 2013, deu nova interpretação ao disposto no inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, permitindo às operadoras de planos de saúde a deduzirem a totalidade das despesas e custos relacionados com os atendimentos médicos realizados em seus próprios beneficiários, por meio de estabelecimento próprio ou pela rede conveniada/credenciada de profissionais, bem como naqueles realizados em beneficiários de outros planos de saúde por meio de transferência de responsabilidade" (seleção e grifos nossos). 14. Transcrevemse, portanto, os dispositivos pertinentes, já com as alterações promovidas pela Lei nº 12.873/2013: Lei nº 9.718/1998 Art. 3º (...). § 9o Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: I coresponsabilidades cedidas; II a parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas; III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. § 9oA. Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9o entendese o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida. Fl. 420DF CARF MF Processo nº 15868.720111/201174 Acórdão n.º 3401003.468 S3C4T1 Fl. 10.633 7 15. Assim, correta a conclusão da decisão a quo no sentido de que, com a alteração normativa acima, "(...) restou pacificada qualquer divergência quanto à interpretação do inciso III do §9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98", reconhecendose, desta feita de maneira expressa, a autorização para que as operadoras de planos de saúde reconheçam a dedução da "(...) totalidade dos custos assistenciais decorrentes não somente dos serviços médicos prestados aos beneficiários de outras operadoras, mas também aos utilizados pelos seus próprios beneficiários": "Portanto, com o novo dispositivo legal acima reproduzido, não mais deveremos considerar o entendimento da Receita Federal exteriorizado via Soluções de Consulta, em sentido contrário. Desta feita, as operadoras de planos de saúde, a despeito de estarem organizadas como cooperativas, estão autorizadas a deduzir a totalidade dos custos assistenciais efetivamente pagos decorrentes da utilização da cobertura assistencial à saúde, por elas oferecidas aos seus próprios beneficiários, bem como aos beneficiários de outras operadoras, via transferência de responsabilidade" (seleção e grifos nossos). 16. Acrescese à argumentação do julgador de primeira instância, ademais, o quanto decidido no Acórdão CARF nº 3403002.049, de relatoria do Conselheiro Ivan Alegretti, proferido em sessão de 13/05/2013 pela 3ª Turma desta Câmara, reconheceu o direito à dedução dos valores dos pagamentos que a operadora realiza para assegurar a cobertura prevista no plano de saúde, por meio dos quais se concretiza a assistência aos usuários, da base de cálculo de PIS/Cofins, "(...) independente de se referir a contratantes/associados da própria operadora ou de outra operadora de saúde", em conformidade com o inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/08/2003 a 31/08/2007 PIS/COFINS. COOPERATIVAS DE SERVIÇOS MÉDICOS. DEDUÇÕES DAS OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE. APLICAÇÃO. ART. 3º, § 9º, III, DA LEI 9.718/98. INDENIZAÇÕES CORRESPONDENTES AOS EVENTOS OCORRIDOS. CONCEITO. ALCANCE. Configuram indenizações de eventos ocorridos, para o efeito da dedução da base de cálculo prevista no art. 3º, § 9º, III, da Lei nº 9.718/98, os pagamentos realizados pelas cooperativas para terceiros (tais como médicos, clínicas, hospitais e laboratórios credenciados), para suportar os atendimentos (tais como consultas médicas, exames laboratoriais, hospitalização, cirurgias, terapias etc), a que deram causa os usuários dos planos de saúde independente de se tratar de usuários da própria operadora ou de outras operadoras, desde que tenham sido efetivamente pagos, reduzidos dos valores reembolsados pelas outras operadoras. Fl. 421DF CARF MF 8 PIS/COFINS. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. CONTRATOS OPERACIONAIS OU DE MERA INTERMEDIAÇÃO. SISTEMÁTICA DE REPASSE NÃO DEMONSTRADA. Não foi demonstrado o vínculo jurídico que obrigaria o repasse dos valores pagos pelos usuários, por parte da operadora, aos prestadores dos serviços. PIS/COFINS. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. COPARTICIPAÇÃO PAGA PELO USUÁRIO. O ingresso de valores na operadora, pagos pelos usuários a título de co participação, corresponde a uma receita variável, devendo ser tratado da mesma maneira que as receitas fixas mensais correspondentes à manutenção da cobertura do plano de saúde. 17. Transcrevese, ainda, por pertinente, trecho da fundamentação do voto do conselheiro relator que integra o acórdão acima descrito: "Para a Fiscalização, as indenizações de eventos ocorridos apenas poderiam ser interpretadas como os pagamentos realizados pela operadora em favor de outra operadora. Para o contribuinte, as indenizações de eventos ocorridos referemse aos pagamentos que a operadora realiza aos médicos e prestadores de serviço em cumprimento à cobertura do amparo médico contratado pelos seus usuários e pelos usuários de outras operadoras de planos de saúde. Entendo que assiste razão ao contribuinte, primeiro porque fica claro que o legislador transportou para as operadoras de planos de saúde o mesmo método e racionalidade da apuração da receita que é aplicada às seguradoras. Não há como ignorar a identidade entre a sistemática de apuração prevista em relação às sociedades seguradoras, prevista no § 6º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, e a sistemática introduzida em relação às operadoras de planos de saúde no § 9º do mesmo dispositivo de Lei. No caso das empresas de seguros privados, a Lei assegura a dedução do 'valor referente às indenizações correspondentes aos sinistros ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de cosseguro e resseguro, salvados e outros ressarcimentos' (§ 6º, II)". 18. Adiciona, ainda, a este vetor argumentativo, no sentido de que os custos assistenciais das operadoras de planos de saúde devem ser deduzidos das suas receitas na apuração das referidas contribuições sociais, o reconhecimento, por parte do Superior Tribunal de Justiça, das exclusões em comento, em conformidade com o Recurso Especial nº 1.471.576/RS, de relatoria da Ministra Assusete Magalhães, que entendeu o § 9ºA do art. 3º da Lei nº 9.718/98, inserido pela Lei nº 12.873/2013, superveniente ao lançamento de ofício em apreço, dispositivo expressamente interpretativo, aplicando, à espécie, a determinação do Fl. 422DF CARF MF Processo nº 15868.720111/201174 Acórdão n.º 3401003.468 S3C4T1 Fl. 10.634 9 inciso I do art. 106 do Código Tributário Nacional, que determina a sua aplicabilidade a ato ou fato pretérito: TRIBUTÁRIO. PIS/PASEP. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. INDENIZAÇÕES CORRESPONDENTES AOS EVENTOS OCORRIDOS. CUSTOS ASSISTENCIAIS DECORRENTES DA UTILIZAÇÃO DA COBERTURA POR BENEFICIÁRIO DA PRÓPRIA OPERADORA E POR BENEFICIÁRIO DE OUTRAS OPERADORAS A TÍTULO DE TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADE. DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. POSSIBILIDADE. ART. 3º, § 9º, III, DA LEI Nº 9.718/98. INTERPRETAÇÃO EXPRESSAMENTE ADOTADA PELA LEI Nº 12.873/13 QUE INCLUIU O § 9ºA AO REFERIDO DISPOSITIVO. ART. 106 DO CTN. 1. A discussão travada nos autos não diz respeito à incidência tributária sobre receita decorrente de ato cooperativo; antes, diz respeito às deduções da base de cálculo do PIS/PASEP autorizadas legalmente para as operadoras de planos de saúde. No caso, discutese alcance da expressão "valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago" prevista no inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. 2. Somente é passível de dedução o valor que efetivamente integra a base de cálculo do tributo devido. Assim, ainda que se reconheça que os valores auferidos dos usuários (pacientes tomadores de serviço) pela cooperativa e repassados aos profissionais cooperativados (médicos) integram a base de cálculo do PIS/PASEP, nada impede que a legislação autorize deduções da referida base de cálculo, como efetivamente o fez. 3. O inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 permite a dedução da base de cálculo do PIS/PASEP "do valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago", não havendo limitação expressa no sentido de que sejam considerados apenas os eventos realizados com associados de outras operadoras; antes, o que se exige é o abatimento dos valores recebidos pela operadora a título de transferência de responsabilidades, que se referem aos gastos com associados de outras operadoras recuperados pela empresa, conforme se depreende da redação da parte final do dispositivo, no sentido de que o valor do benefício seja "deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades". 4. A interpretação a que se refere o art. 111 do CTN, é a literal, que não implica, necessariamente, diminuição do seu alcance, mas sim sua exata compreensão pela literalidade da norma. 5. Não cabe ao intérprete restringir o alcance do inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 somente aos eventos ocorridos com beneficiários de outras operadoras de planos de saúde quando a lei não fez tal distinção, mas apenas determinou o abatimento dos valores recuperados pela operadora a título de transferência de responsabilidade do montante a ser deduzido da base de cálculo do PIS/PASEP. Fl. 423DF CARF MF 10 6. O valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, inclui os custos assistenciais decorrentes da utilização da cobertura tanto pelos beneficiários da própria operadora quanto pelos beneficiários de outras operadoras atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida, abatidas as importâncias recebidas a esse título. Tanto é assim que a Lei nº 12.873/13, ao incluir o § 9ºA no art. 3º da Lei nº 9.718/98, adotou expressamente a interpretação aqui declinada. 7. Por se tratar de dispositivo expressamente interpretativo, o § 9ºA do art. 3º da Lei nº 9.718/98, inserido pela Lei nº 12.873/13, chama à aplicação o art. 106 do CTN. 8. Recurso especial conhecido e não provido. 19. Em outro passo, cabe salientar que aquelas receitas não entendidas como próprias da atividade da entidade não compõem o faturamento, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em repercussão geral, ao declarar a inconstitucionalidade da ampliação do conceito de receita bruta promovida pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718, em repercussão geral conforme se extrai do quanto decidido na Questão de Ordem no Recurso Extraordinário nº 585.235, de relatoria do Ministro. Cezar Peluso. 20. Ao se compulsar o conteúdo da Instrução Normativa DIOPE nº 36/2009, da Diretoria de Normas e Habilitação das Operadoras da Agência Nacional de Saúde (ANS), depreendese que as receitas combalidas pela defesa da contribuinte não se encontram entre as suas "atividades típicas", devendo ser excluídas da base de cálculo das contribuições em debate. 21. Observase, ademais, o reconhecimento pelo Poder Executivo da construção jurisprudencial, nos termos do inciso IV do art. 19 da Lei nº 10.522/02, por meio da emissão da Nota PGFN nº 1.114/2012, em cujo anexo, em seu item 1, delimitou a matéria no sentido abaixo descrito: "(...) o PIS/COFINS deve incidir somente sobre as receitas operacionais das empresas, escapando da incidência do P1S/COF1NS as receitas não operacionais. Consideramse receitas operacionais as oriundas dos serviços financeiros prestados pelas instituições financeiras (serviços remunerados por tarifas e atividades de intermediação financeira)" (seleção e grifos nossos). 22. Neste sentido, especificamente quanto às receitas financeiras, o teor da decisão recorrida, cujo trecho abaixo se transcreve: "(...) entendo não mais haver dúvida em relação à definitividade do entendimento da Corte Suprema acerca do tema, independentemente de súmula vinculante, cuja edição, aliás, é questão apenas de tempo. Em conseqüência, resta atingido o objetivo pretendido no texto das normas acima transcritas, ou seja, a não aplicação, pelo julgador administrativo, de dispositivo legal declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva Fl. 424DF CARF MF Processo nº 15868.720111/201174 Acórdão n.º 3401003.468 S3C4T1 Fl. 10.635 11 do STF, resguardando a Fazenda Nacional de futuros prejuízos quando da fase de execução fiscal do crédito tributário. Observese, por fim, que, em consonância com o entendimento pacificado no âmbito do Poder Judiciário, foi editada a já citada Lei nº 11.941/2009, revogando expressamente o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98" (seleção e grifos nossos). 23. Naquilo que concerne à dedução a título de indenização de eventos ocorridos, por seu turno (inserta na conta 4 Dispêndios/Despesas), a turma julgadora de primeiro piso se posiciona da seguinte forma: "Como já mencionado, a matéria envolvendo a interpretação mais restritiva que dava a administração acerca do alcance das exclusões à base de cálculo tratadas na antiga redação do inciso III, §9º, art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, acrescentado pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, já foi apreciada por esta Turma no âmbito do decidido na Resolução nº 466, de 6 de novembro de 2014. Com efeito, nos termos do art. 106, I, do Código Tributário Nacional, sobre o lançamento age retroativamente a interpretação legal dada ao inciso III, do §9º, art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, pelo texto do §9ºA, introduzido pela Lei nº 12.873, de 2013. Assim, como dito, toda a matriz de custos assistenciais das operadoras de planos de saúde despendida no atendimento de seus próprios conveniados ou de outras operadoras atendidos no regime de responsabilidade assumida, é passível de dedução da receita bruta das operadoras para fins de determinação da base de cálculo da contribuição" (seleção e grifos nossos). 24. Assim, correta a decisão a quo ao excluir das bases de cálculo do PIS e da Cofins as receitas financeiras (Grupo 3.4) e as receitas patrimoniais (grupo 3.5) e, ainda, as despesas apuradas a título de “eventos indenizáveis” (grupo 4.1). 25. Apresentou, ainda, o julgador de primeira instância administrativa, a tabela a seguir, extraída da Resolução DRJ nº 446, proferida pela 17ª Turma da DRJ/RJ1 em sessão de 06/11/2014, cumprida pela DRFAraçatuba com a finalidade de apurar, com base na escrituração contábil/fiscal da contribuinte, os valores mensais dedutíveis da base de cálculo do PIS e da Cofins nos termos do § 9º, inciso III e § 9ºA da Lei nº 9.718/18, para os meses 10/2006 a 12/2008, mantendo os seguintes valores de PIS e Cofins (coluna Contribuição Mantida), acompanhados de multa de ofício (75%) e juros moratórios: Fl. 425DF CARF MF 12 Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso de ofício, mantendo a decisão recorrida pelos seus próprios fundamentos. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 426DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.910986/2011-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-000.931
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Fortaleza/CE que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, a qual pretendeu a reforma do despacho decisório que, por sua vez, indeferiu a homologação da compensação de créditos da Contribuição ao Programa de Integração Social (“PIS”) com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Por bem consolidar os fatos ocorridos até a decisão da DRJ, colaciono o relatório do acórdão recorrido in verbis: Consta no referido Despacho Decisório o seguinte motivo para indeferimento do Pedido: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .9 10 98 6/ 20 11 -0 1 Fl. 98DF CARF MF Processo nº 13896.910986/201101 Resolução nº 3402000.931 S3C4T2 Fl. 112 2 Contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. ... De acordo com a Defesa, as operações que destinem mercadorias à Zona Franca de Manaus – ZFM se equiparam, para todos os efeitos fiscais, a uma exportação para o exterior, conforme disposto no art. 4º da Decretolei nº 288/1967. O disposto no referido artigo foi recepcionado pelo art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, que garante a manutenção do referido benefício por prazo determinado. No entanto, o § 2º, inciso I, do art. 14 da Medida Provisória nº 1.858/1999, posteriormente reeditada pela Medida Provisória nº 2.037/2000, excluiu da isenção das receitas de exportação das Contribuições PIS/COFINS, as vendas efetuadas a Empresas instaladas na Zona Franca de Manaus. Ocorre que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento de Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.348, em 07/12/2000, por unanimidade, concedeu a liminar pleiteada, para “suspender a eficácia do artigo 51 da Medida Provisória nº 2.03724, de 23 de Novembro de 2000, relativamente ao inciso I do § 2º do artigo 14 quanto à expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ ”. Assim, tendo em vista a suspensão da eficácia do disposto no art. 14, § 2º, inciso I, quanto às Empresas instaladas na Zona Franca de Manaus, entende o Manifestante que restou assegurada a isenção das Contribuições PIS/COFINS sobre a receita de vendas efetuadas à Empresa estabelecida na citada região. Com efeito, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional, deve ser reconhecido o direito à restituição dos valores indevidamente recolhidos pelo Manifestante. Sobreveio então o Acórdão 0831.128, da 3ª Turma da FOR/CE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, cuja ementa foi lavrada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2000 Ementa: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. Mantémse o Despacho Decisório de não homologação da compensação, quando a Defesa não comprova a certeza e liquidez do crédito pretendido. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho repisando os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade, bem como apresentando notas fiscais por amostragem que dizem respeito às vendas à Zona Franca de Manaus, o que, no seu entender, suprimiria o problema da falta de prova Fl. 99DF CARF MF Processo nº 13896.910986/201101 Resolução nº 3402000.931 S3C4T2 Fl. 113 3 É o relatório Voto Conselheiro Antônio Carlos Atulim, relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3402000.905, de 28 de março de 2017, proferida no julgamento do processo 13896.910963/201199, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3402000.905: "Como se depreende do relato acima, o pedido de restituição da Recorrente fundase na alegação de ter tributado indevidamente a Contribuição ao PIS sobre receitas de vendas de produtos à estabelecimentos localizados na Zona Franca de Manaus, sendo que tais receitas seriam isentas pela legislação federal, uma vez que foram equiparadas às exportações (artigo 4º do Decreto lei nº 288/1967). Tal direito ao indébito, em tese, foi reconhecido pelo julgamento da DRJ, que somente não conferiu o direito em concreto por falta de provas a certeza e liquidez do crédito pretendido. Para suprir tal falta, a Recorrente trouxe em seu recurso voluntário cópias de notas fiscais de vendas, do período em questão, de bens para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus. Tais provas, apesar de induzirem à conclusão do direito ao crédito, não lhe confere certeza e liquidez, de modo que não foi completamente suprido o ônus da prova da Recorrente, nos moldes do artigo 373 do Código de Processo Civil, uma vez que se trata de pedido de restituição de indébito, de sua iniciativa. Assim é que tem decidido esse Colegiado, conforme se depreende do conteúdo do Acórdão 3402002.881. 1 Pelos os motivos acima expostos, justifico a necessidade de conversão do presente processo em diligência, como requer o artigo 18 caput do Decreto 70.235/72 (PAF), para o arremate do convencimento deste Colegiado sobre os fatos em discussão. Para tanto, devem ser tomadas as seguintes providências pela Repartição Fiscal de origem: i) analisar os documentos adequados para a verificação do crédito, quais sejam: o Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS, cópias das folhas dos livros fiscais (Registro de Saídas e de Apuração 1 Nas palavras do Conselheiro Relator do caso, Antonio Carlos Atulim: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade." Fl. 100DF CARF MF Processo nº 13896.910986/201101 Resolução nº 3402000.931 S3C4T2 Fl. 114 4 do ICMS ou do IPI) e contábeis (Razão) do respectivo período de apuração do crédito pleiteado, notas fiscais, entre outros; ii) elaborar relatório conclusivo a respeito do crédito pleiteado; iii) dar ciência do Relatório à Recorrente, abrindolhe prazo regulamentar para manifestação; e iv) devolver o processo para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. Importante registrar que os documentos apresentados pelo contribuinte no paradigma são os mesmos que instruem o presente processo, de tal sorte que os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso daquele também se justificam neste. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, determino a conversão do autos em diligência para que a Repartição Fiscal de origem adote as seguintes providências: i) analisar os documentos adequados para a verificação do crédito, quais sejam: o Demonstrativo de Apuração da Contribuição ao PIS/COFINS, cópias das folhas dos livros fiscais (Registro de Saídas e de Apuração do ICMS ou do IPI) e contábeis (Razão) do respectivo período de apuração do crédito pleiteado, notas fiscais, entre outros; ii) elaborar relatório conclusivo a respeito do crédito pleiteado; iii) dar ciência do Relatório à Recorrente, abrindolhe prazo regulamentar para manifestação; e iv) devolver o processo para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Fl. 101DF CARF MF
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