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Numero do processo: 10980.910915/2010-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/2005 a 28/02/2005
ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO.
A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.403
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Alargamento da base de cálculo. Recorrente CONSTRUTORA TOMASI LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/2005 a 28/02/2005 ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 09 15 /2 01 0- 72 Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10980.910915/201072 Acórdão n.º 3402003.403 S3C4T2 Fl. 0 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Curitiba/PR que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, a qual pretendeu a reforma do despacho decisório, que, por sua vez, indeferiu a homologação da compensação de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. A não homologação se deveu a inexistência do crédito informado, vez que o mesmo havia sido integralmente utilizado. Em sua manifestação a interessada alega que o crédito decorre da declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do §1º do art. 3º da Lei nº9.718, de 1998, e que aproveitou o referido crédito nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Cita e transcreve jurisprudência administrativa e, ressaltando o contido no art. 165 do CTN, insiste no direito à restituição. Ao final, pede a homologação da compensação. Sobreveio então o Acórdão 06041.126, da DRJ/CTA/PR, julgando improcedente a manifestação de inconformidade da Contribuinte. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho repisando os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade. É o relatório Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.399, de 29 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10980.911525/201010, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.399): "O recurso voluntário é tempestivo, com base no que dispõe o artigo 33 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, bem como atende as demais condições de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A questão de direito controversa no presente processo é amplamente conhecida. Tratase do inconstitucional alargamento da base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (“Cofins”), sobre o qual cumpre tecer algumas breves explanações. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10980.910915/201072 Acórdão n.º 3402003.403 S3C4T2 Fl. 0 3 A Cofins, sucessora do FINSOCIAL, foi disciplinada pela Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998 (“Lei n. 9.718/98”). Nos termos do artigo 3º da citada Lei, ficou estabelecido que a Cofins incidiria sobre a receita bruta de pessoa jurídica. Por sua vez, o §1º do mesmo artigo veio definir o que abrangia o termo "receita", dispondo que: entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Contudo, à época da edição da Lei n. 9.718/98, a Constituição da República brasileira, em seu artigo 195, estabelecia que as Contribuições Sociais a serem recolhidas aos Cofres da União pelos empregadores, dentre as quais se enquadra a Cofins, somente poderiam incidir sobre o “faturamento”. Diante dessa delimitação constitucional, o Supremo Tribunal Federal (“STF”) declarou que o §1º do artigo 3º da Lei n. 9.718/98 é inconstitucional, no julgamento dos Recursos Extraordinários (“RE”) n. 357950, 390840, 358273, 346084 e 336134 em 09 de novembro de 2005. Posteriormente, o Pretório Excelso, no julgamento do RE n. 585.235, publicado em 28/11/2008, julgou pela aplicação da repercussão geral sobre matéria em exame, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. A ementa do referido julgado foi lavrada nos seguintes termos: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Isto porque, segundo o entendimento dos Ministros do STF, esse dispositivo alargou indevidamente a base de cálculo da COFINS, uma vez que igualou o conceito de faturamento (ou receita operacional) ao conceito de receita . Explicase. Enquanto o faturamento é constituído pelas receitas advindas da venda de bens e serviços, a receita compreende "entrada de recursos financeiros remuneradores dos diferentes negócios jurídicos da atividade empresarial”, segundo a lição de José Antonio Minatel. 1 Assim, o faturamento (espécie) é menos amplo que a receita (gênero). 1 MINATEL, José Antonio. Conteúdo do Conceito de Receita e Regime Jurídico para sua Tributação. MP Editora. São Paulo, 2005, p. 132. Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10980.910915/201072 Acórdão n.º 3402003.403 S3C4T2 Fl. 0 4 Ocorre que tais conceitos não podem ser livremente manejados pelo legislador, pois o artigo 110 do Código Tributário Nacional determina que: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Destarte, se a Constituição determinava que a COFINS somente poderia incidir sobre o faturamento; e o faturamento constitui as receitas provenientes da venda de bens e serviços pela pessoa jurídica; conclui se pela inconstitucionalidade da lei que determina a incidência sobre a receita sem sentido amplo, pois essa é mais abrangente que o faturamento. 2 Buscando solucionar os vícios constitucionais de que padecia a Lei n. 9.718/98, o Poder Legislativo editou a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998 (“EC n. 20/98”). Tal Emenda alterou o texto do artigo 195 da Constituição, o qual restou positivado nos seguintes dizeres: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Em síntese, a EC n. 20/98 alargou a hipótese de incidência das contribuições sociais devidas pelo empregador, uma vez que a partir de então não só o faturamento pode ser tributado, como também a receita em sentido amplo. 2 Ademais, há de se ressaltar que a Lei n. 9.718/98 tem status jurídico de lei ordinária, o que torna ainda mais patente a sua inconstitucionalidade, tendo em vista que somente por meio de lei complementar é que poderia ser criada outra fonte de custeio da seguridade social (incidente sobre outra materialidade), nos termos do artigo 195, §4 e do artigo 154, inciso I, ambos da Constituição. Disto depreendese que somente seria legítima a cobrança da COFINS sobre a receita, hipótese que na época não estava prevista no rol de incisos do artigo 195 da Constituição, caso tal situação tivesse sido instituída por meio de lei complementar. Afinal, tratarseia de nova fonte de custeio da seguridade social. Como a Lei n. 9.718/98 foi votada e publicada pelo rito legislativo próprio das leis ordinárias, mais uma vez concluise pela inconstitucionalidade da exação. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10980.910915/201072 Acórdão n.º 3402003.403 S3C4T2 Fl. 0 5 Entretanto, essa mudança no texto da Constituição não teve o poder de convalidar os dizeres da Lei n. 9.718/98, pois o sistema jurídico brasileiro não admite a constitucionalidade superveniente, vale dizer, tendo sido promulgada e publicada lei que contraria a Constituição, não é possível que posterior alteração da própria Constituição, por via de emenda, traga de forma retroativa a validade da lei. Foi assim que decidiu o STF. Pois bem. Tendo sido decidida a questão em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, tornase imperioso o seu acatamento por este Conselho, nos moldes do artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF, o qual prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, na sistemática da repercussão geral: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Nesse sentido, é tranquila a jurisprudência do Conselho a respeito da necessidade de reprodução das decisões proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins – citadas alhures aos processos administrativos fiscais, nos quais os contribuintes formulam pedidos de restituição de valores indevidamente pagos a título da contribuição social em questão, exatamente como ocorre no presente caso. Destaco a seguir alguns julgados representativos do entendimento sobre a matéria: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 30/06/2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. 10 ANOS. PEDIDO REALIZADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR 118/2005. O prazo decadencial para o direito de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de 10 (dez) anos, a contar do fato gerador quando o pedido for realizado antes da entrada em vigor da Lei Complementar 118/2005, conforme entendimento do STF. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10980.910915/201072 Acórdão n.º 3402003.403 S3C4T2 Fl. 0 6 compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. COFINS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido (Processo 11618.002043/200519, MARCOS ANTONIO BORGES, Nº Acórdão 3801001.835) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/02/1999 a 31/05/2000 DECADÊNCIA. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. O prazo estabelecido na Lei Complementar 118/05 somente se aplica para os processos protocolizados a partir 9 de junho de 2005, e que anteriormente a este limite temporal aplicase a tese de que o prazo para repetição ou compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação é de dez anos, contado de seu fato gerador, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. PIS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido. (Processo 13855.001146/200586, Relator(a) FLAVIO DE CASTRO PONTES, Nº Acórdão , 3801001.722) COFINS. ART. 3º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10980.910915/201072 Acórdão n.º 3402003.403 S3C4T2 Fl. 0 7 ART. 62, §1o, I, do RICARF. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62A do RICARF. COFINS. ART. 3º, §1º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. Em face da inconstitucionalidade da alteração da base de cálculo da contribuição a COFINS, promovida pelo art. 3º, §1º, da Lei nº 19.718/98, é cabível o deferimento da restituição do indébito, devendo a autoridade preparadora verificar a comprovação do pagamento indevido ou a maior para compor o crédito a ser deferido ao contribuinte. Sobre o crédito apurado incide correção pela incidência da SELIC desde a data do pagamento indevido ou a maior, na forma do §4º, do Art. 39, da Lei nº 9.250/95. Recurso Parcialmente Provido. (Processo 10950.000184/200626, Relator(a) JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Acórdão 3402001.697) COFINS. FALTA DE RECOLHIMENTO. Mantémse o lançamento quando constatada a falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no período compreendido pelo auto de infração. COFINS. COMPENSAÇÃO. PROCEDIMENTO PRÓPRIO. Eventual direito à compensação da COFINS, em razão de recolhimento indevido ou efetuado a maior, deve ser apreciado no procedimento administrativo próprio de restituição/compensação, e não em processo de formalização de exigência de crédito tributário. Todavia, nada impede Requerêla em procedimento próprio. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA. O conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF não é competente para apreciar pedidos de restituição/compensação. A competência é da unidade da Receita Federal que jurisdiciona o contribuinte. Aos órgãos julgadores do CARF compete o julgamento de recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (art. 1º da Portaria MF nº 256/2009) MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Fl. 68DF CARF MF Processo nº 10980.910915/201072 Acórdão n.º 3402003.403 S3C4T2 Fl. 0 8 Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Recurso Voluntário Provido em Parte (Processo 10680.006962/200880, Relator(a) JOSE LUIZ BORDIGNON, Acórdão 3801000.984) Portanto é incontroverso o bom direito da Recorrente em relação à restituição dos recolhimentos indevidamente feitos a título de Cofins, no período de apuração em questão, haja vista que a presente lide administrativa tem como objeto principal a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 pelo STF (alargamento inconstitucional da base de cálculo da Cofins). Com efeito, como já tive a oportunidade de destacar em dissertação sobre o tema: Tanto a edição de leis inconstitucionais como a cobrança de tributos com base em tais leis tributárias inconstitucionais são atos ilícitos praticados pelo Poder Público. O primeiro constitui ilícito constitucional (edição de lei contrária aos dizeres da Constituição), enquanto o segundo caracteriza ilícito tributário (cobrança pelo Estado e consequente pagamento pelo contribuinte de tributo inválido). Lembrando que as normas jurídicas em sua feição completa são impreterivelmente dotadas de uma sanção em caso de descumprimento, aos citados atos ilícitos o ordenamento jurídico atrela as respectivas sanções: a declaração de inconstitucionalidade, com o objetivo de preservar a integralidade e coerência da ordem jurídica; e a restituição de tributos inconstitucionais, cuja função é conferir segurança jurídica e isonomia aos administrados. 3 Cumpre ainda salientar que à restituição de tributos inconstitucional, cuja natureza e regime jurídico são tributários, são totalmente aplicáveis as regras relativas às demais hipóteses de repetição de indébito dispostas no CTN (artigo 165 a 169). Entretanto, com relação ao quantum devido como restituição do tributo inconstitucional, compete à autoridade administrativa preparadora, com 3 LAURENTIIS, Thais de. Restituição de Tributo Inconstitucional. São Paulo: Noeses, 2015. Fl. 69DF CARF MF Processo nº 10980.910915/201072 Acórdão n.º 3402003.403 S3C4T2 Fl. 0 9 base na documentação apresentada pelo contribuinte no decorrer do processo administrativo, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Por fim, saliento que apurado o crédito, os valores originais devem sofrer correção pela incidência da SELIC, desde a data do pagamento indevido, como impõe o artigo 39, §4º da Lei nº 9.250/95, até a data do efetivo aproveitamento dos créditos pelo contribuinte. Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, haja vista a necessidade de liquidação do julgado, nos termos descritos acima." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito à restituição dos valores recolhidos com amparo no § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98 (declarado inconstitucional pelo STF), devendo o montante do direito creditório ser apurado pela unidade de origem. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 70DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.003087/2003-17
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999
MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO.
A fase litigiosa se instaura com a impugnação. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997.
Preclusão nada mais é do que a perda do direito de agir nos autos em face da perda da oportunidade, conferida por certo prazo. Tendo sido acatada a preclusão não há mais o que ser apreciado acerca da multa por não tratar-se de matéria de ordem pública.
Numero da decisão: 9202-004.291
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra (relator), Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que o conheciam em parte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra (relator), Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo De Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator.
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira - Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. A fase litigiosa se instaura com a impugnação. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997. Preclusão nada mais é do que a perda do direito de agir nos autos em face da perda da oportunidade, conferida por certo prazo. Tendo sido acatada a preclusão não há mais o que ser apreciado acerca da multa por não tratarse de matéria de ordem pública. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 30 87 /2 00 3- 17 Fl. 672DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra (relator), Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que o conheciam em parte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra (relator), Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo De Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Fl. 673DF CARF MF Processo nº 10830.003087/200317 Acórdão n.º 9202004.291 CSRFT2 Fl. 673 3 Relatório Contra o contribuinte em epígrafe foi lavrado Auto de Infração, fls. 188/202, para formalização de exigência de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativa ao anocalendário 1998, exercício 1999, no valor total de R$ 2.607.848,85, incluindo multa de ofício agravada, no percentual de 112,5%, e juros de mora, estes últimos calculados até 30/04/2003. A infração apurada pela autoridade fiscal, detalhada no Auto de Infração e no Termo de Verificação Fiscal, fls. 191/194, foi omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. A Impugnação apresentada regularmente foi julgada totalmente improcedente, de modo que, tempestivamente, foi apresentado Recurso Voluntário pelo Contribuinte. No julgamento do Voluntário a 2ª Turma Ordinária, da 1ª Câmara, da 2ª Seção de Julgamento foi dado provimento em parte ao recurso, para reduzir a multa de ofício de 112,5% para 75%, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1999 NULIDADE DO LANÇAMENTO. PROVA ILÍCITA. INOBSERVÂNCIA DAS REGRAS FIXADAS NO DECRETO N° 3.724, DE 2001. O acesso aos extratos bancários não é de livre disposição do AuditorFiscal. Os elementos de prova nos autos dão suporte à conclusão de que a RMF foi regularmente expedida. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários. MULTA AGRAVADA. O agravamento da multa de ofício em razão do não atendimento à intimação para prestar esclarecimentos não se aplica nos Fl. 674DF CARF MF 4 casos em que a omissão do contribuinte já tenha conseqüências específicas previstas na legislação. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, afastar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, DAR PARCIAL provimento ao recurso para reduzir o percentual da multa de ofício de 112,5% para 75%. Regularmente intimada a Fazenda Nacional apresentou Embargos de Declaração (fl. 591)visando sanar alegada omissão no acórdão, em relação à preclusão para se analisar a matéria relativa à redução da multa agravada, tendo em vista a ausência desse argumento na Impugnação. Referidos embargos, entretanto, foram rejeitados pelo então presidente da 2ª Turma Ordinária, da 1ª Câmara, da 2ª Sessão de julgamento, ao argumento de que a União não apresentou contra razões, nem levantou a preclusão na Tribuna durante o julgamento, de modo que ficou superada a questão. Regularmente intimada da decisão a Fazenda Nacional, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, visando rediscutir duas matérias, a saber: a) preclusão em relação a matéria não ventilada em sede de Impugnação; e b) Agravamento da multa de ofício. Na análise de admissibilidade, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda tendo em vista a divergência de interpretação jurisprudencial em relação as duas matérias. Sobre a preclusão foram trazidos os acórdãos 130100.214 e 103 23.532 donde se extrai decisão no sentido de que não se instaura a fase litigiosa para questões não provocadas ao debate em 1ª instância. Sobre o agravamento da multa foram trazidos os Acórdãos 10421.564 e 10246.359, onde se manteve o agravamento da multa pela simples falta de atendimento, no prazo marcado de intimação para prestar esclarecimentos. Regularmente intimado o espólio do Contribuinte, compareceu nos autos apenas para mencionar o falecimento e requerer que o imóvel arrolado seja transferido para União, para pagamento do débito. É o relatório. Fl. 675DF CARF MF Processo nº 10830.003087/200317 Acórdão n.º 9202004.291 CSRFT2 Fl. 674 5 Voto Vencido Conselheiro Gerson Macedo Guerra Relator Inicialmente, entendo pertinente o debate em relação à análise de admissibilidade do Recurso, notadamente em relação à matéria preclusão. Como visto nos autos, a União embargou a decisão recorrida para sanar mencionada omissão em relação à matéria preclusão, porém seus embargos não foram admitidos ao argumento de que estava precluso seu direito à questionar tal matéria. Nesse contexto, não se pode admitir que a matéria foi analisada na decisão recorrida, o que impede a caracterização da divergência, pois não há posicionamento da Turma sobre o tema. Neste contexto, entendo que não merece ser conhecido o Recurso quanto a essa matéria. Com relação ao agravamento da multa, entretanto entendo estarem presentes os requisitos de admissibilidade, não havendo reparo a se fazer no despacho de admissibilidade. No mérito, com relação à preclusão de matéria não arguida em sede de impugnação entendo importante observar que no processo administrativo impera o princípio do formalismo moderado, permite a flexibilização de certas regras, quando favorável ao contribuinte. Entendo que a preclusão é uma matéria que deve ser relativizada em função desse princípio. Digo isso com base no artigo 3º, III, da Lei 9.784/99, que, ao tratar dos direitos dos contribuintes, em seu artigo 3º, III, assim dispõe: Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: (...) III formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; Nesse contexto, entendo que não merece prosperar o recurso da União quanto a essa matéria. Com relação à aplicação ou não do artigo 44, § 2º, da Lei 9.430/96 ao presente caso, entendo pertinente fazer um breve resumo dos fatos, com base no termo de verificação fiscal (fls. 453 e seguintes), antes de expor meu entendimento. Fl. 676DF CARF MF 6 1. em 23.04.01, foi recebido pelo representante legal do fiscalizado, o Termo de Início de Ação Fiscal; 2. m 22.05.01, o fiscalizado solicitou prorrogação de prazo para apresentação dos extratos. Nesta mesma data apresentou cópia de protocolo do Banco Itaú, datado de 25.04.01, onde solicitava os referidos extratos bancários; 3. em 05.06.01, a fiscalização recebeu cópia da liminar em Mandado de Segurança, para condicionar a quebra efetiva de sigilo bancário do Impetrante à prévia oitiva da autoridade judiciária; 4. em 20/08/01 a referida liminar foi cassada; 5. em 10/01/2002 foi proferida sentença julgando improcedente o pedido e denegando a segurança pleiteada; 6. em 08/02/02 o contribuinte novamente intimado a apresentar cópia dos extratos das contas bancárias, bem como comprovar a origem dos recursos creditados nas contas bancárias, não tendo o fiscalizado apresentado os documentos solicitados; 7. em 01.02.02, foi decretada a quebra do sigilo bancário e fiscal nos autos do processo crime de nº 2002.61.05.0000994; 8. m 06.05.02, foi exigido do fiscalizado a comprovação da origem dos depósitos, constantes do demonstrativo que seguiu em anexo, efetuados em suas contas bancárias no anocalendário 1998. Em resposta, o fiscalizado afirmou que entendia que enquanto a questão estivesse "sub judice" sentiase desobrigado a prestar qualquer informação; 9. foi efetuada mais uma intimação, datada de 03.06.02, e o fiscalizado respondeu, em 21.06.02, que não possuía os documentos solicitados. Pois bem. A par de todo o procedimento fiscal realizado, importante aqui destacar que o lançamento foi efetuado com fundamento no artigo 42, da Lei 9.430/96, que, como sabido, é regra de exceção ao admitir a cobrança de imposto por presunção. Nesse sentido a norma possui em seu cerne o objetivo de tributar e punir o contribuinte, e, por outro ângulo, poupar o trabalho da fiscalização, que, diante de sua inexistência, necessitaria de ampliar demasiadamente sua pesquisa em busca da identificação da efetiva ocorrência ou da caracterização dos elementos da obrigação tributária. Logo, quando a fiscalização se vale dessa regra para efetuar o lançamento está abrindo mão de realizar um trabalho de pesquisa mais aprofundado. De outra parte, a regra de majoração da multa trazida no artigo 44, § 2º, da Lei 9.430/96 visa punir os contribuintes que "embaraçam" o trabalho fiscal pela ausência de prestação de informações solicitadas, fazendo com que a pesquisa necessária para a identificação da ocorrência ou dos elementos do fato gerador seja demasiadamente exaustiva e complexa. Fl. 677DF CARF MF Processo nº 10830.003087/200317 Acórdão n.º 9202004.291 CSRFT2 Fl. 675 7 Vejo que a convivência de ambas não é em um mesmo lançamento é impossível. Ora, se a regra do artigo 42, da Lei 9.430/96 tem dentre seus objetivos facilitar o trabalho fiscal admitindo o lançamento por presunção, a fiscalização não pode se fundar em seu texto e ainda punir o contribuinte por haver "embaraçado" a fiscalização. Trata se, a meu ver, de dupla punição do contribuinte, que não é o objetivo de nosso sistema tributário. Por esses motivos entendo não ser possível o agravamento da multa quando o lançamento é fundado em regra que admite a tributação por presunção. Assim, voto por NEGAR provimento ao recurso. Gerson Macedo Guerra Fl. 678DF CARF MF 8 Voto Vencedor Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora Designada DO MÉRITO Peço licença ao ilustre conselheiro para divergir do seu entendimento tanto em relação ao conhecimento do recurso, quanto ao mérito da contenda. Quanto ao conhecimento, entendo acertado o posicionamento da despacho de admissibilidade, que deu seguimento ao recurso. senão vejamos: Apresentou o recorrente os seguintes paradigmas em relação a preclusão: Fl. 679DF CARF MF Processo nº 10830.003087/200317 Acórdão n.º 9202004.291 CSRFT2 Fl. 676 9 Conforme indicou o ilustre relator, houve embargos por parte da PGFN, no intuito de esclarecer os motivos pelos quais o relator do acórdão recorrido houve por afastar a multa, quando essa matéria não havia sido suscitada em sede de impugnação. Vejamos o trecho dos embargos que esclarece tal questão: Fl. 680DF CARF MF 10 Por outro lado, importante identificar os argumentos esboçados no despacho de admissibilidade de embargos: Ora, pela análise dos trechos acima, fica claro que a procuradoria cumpriu sim requisito para trazer a este colegiado a matéria preclusão, uma vez que suscitou a omissão em sede de embargos. Notese que, ao contrário do que alegou o relator do acórdão recorrido ao responder os embargos, não existe obrigatoriedade por parte da PGFN de apresentação de contrarrazões ou mesmo de sustentação para que seu recurso especial seja conhecido. O que deve sim, é demonstrar que o acórdão recorrido apresenta interpretação divergente de outras turmas deste conselho nos termos do art. 67 do RICARF. O tema aqui é preclusão, e na análise do caso, fica evidente a possibilidade de discussão do tema, já que o acórdão recorrido não observou referido instituto ao apreciar matéria não impugnada. Ademais, vale lembrar que o prequestionamento é direcionada ao sujeito passivo, quando da interposição de recurso especial. Para esse, desde a lavratura do auto de infração, com a devida cientificação, nasce a oportunidade de se contrapor, fato esse que para procuradoria da Fazenda Nacional só se inicia com o julgamento do processo pelas Câmara a Fl. 681DF CARF MF Processo nº 10830.003087/200317 Acórdão n.º 9202004.291 CSRFT2 Fl. 677 11 quo. Assim, nada impede que levante em sede de recurso especial, devidamente respaldado pelos embargos, mesmo que não admitidos, a rediscussão do tema preclusão. Quanto ao mérito, entendo que não havendo sido devidamente impugnada a matéria não compete ao colegiado a apreciação da questão, assim, como descrito nos acórdãos paradigmas, salvo no caso de tratarse de matéria de ordem pública ,o que não vem a ser a questão. Vejamos o trecho do decreto 70.235/72: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997. Conforme podemos identificar às fls. 225, onde consta a matéria impugnada não há contestação expressa acerca da multa, razão pela qual nos termos do decreto 70.235/72, não caberia ser apreciado em sede de recurso voluntário, razão pela qual estando preclusa a matéria multa, entendo deva se dar provimento ao recurso da fazenda nacional. Preclusão nada mais é do que a perda do direito de manifestarse acerca de determinada matéria, isto é, a perda da capacidade de praticar os atos ou ter apreciados argumentos, por não têlos feito na oportunidade devida ou na forma prevista. Tendo sido acatada a preclusão não há mais o que ser apreciado acerca da multa. CONCLUSÃO Face o exposto, voto por CONHECER do Recurso Especial do Procurador para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 682DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.911525/2010-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005
Ementa:
COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO.
A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF.
Numero da decisão: 3402-003.399
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(Assinado com certificado digital)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 15 25 /2 01 0- 10 Fl. 58DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Curitiba/PR que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, a qual pretendeu a reforma do despacho decisório, que, por sua vez, indeferiu a homologação da compensação de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (“COFINS”) com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Por bem consolidar os fatos ocorridos até a decisão da DRJ, colaciono o relatório do acórdão recorrido in verbis: Trata o processo de manifestação de inconformidade apresentada em 12/11/2010, em face da não homologação da compensação declarada por meio do Per/Dcomp nº 37928.05369.200407.1.3.040092, nos termos do despacho decisório emitido em 05/10/2010 pela DRF em Curitiba/PR (rastreamento nº 887106809), cuja ciência deuse em 18/10/2010. Na aludida Dcomp, transmitida eletronicamente em 20/04/2007, a contribuinte indicou um crédito de R$ 7.541,49 (que corresponde a uma parte do pagamento efetuado em 15/09/2005, sob o código 2172, no valor de R$ 28.421,60), e um débito de CSLL, relativo ao primeiro trimestre de 2007, no valor original de R$ 9.230,03. Segundo o despacho decisório a compensação não foi homologada porque o crédito indicado para a compensação havia sido totalmente utilizado na extinção, por pagamento, do débito de Cofins (2172) de agosto de 2005, no valor de R$ 28.421,60. Na manifestação apresentada, a interessada diz que o crédito decorre da declaração de inconstitucionalidade pelo STF do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998 e que aproveitou o referido crédito nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Demonstra numericamente a origem do crédito e diz estar amparada pelo art. 170 do CTN. Cita e transcreve jurisprudência administrativa e, ressaltando o contido no art. 165 do CTN, insiste no direito à restituição. Ao final, pede a homologação da compensação. Sobreveio então o Acórdão 0641.132, da 3ª Turma da CTA/PR, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, cuja ementa foi lavrada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10980.911525/201010 Acórdão n.º 3402003.399 S3C4T2 Fl. 112 3 Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls 504 524) a este Conselho repisando os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade. É o relatório Voto Conselheira Relatora Thais de Laurentiis Galkowicz O recurso voluntário é tempestivo, com base no que dispõe o artigo 33 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, bem como atende as demais condições de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A questão de direito controversa no presente processo é amplamente conhecida. Tratase do inconstitucional alargamento da base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (“Cofins”), sobre o qual cumpre tecer algumas breves explanações. A Cofins, sucessora do FINSOCIAL, foi disciplinada pela Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998 (“Lei n. 9.718/98”). Nos termos do artigo 3º da citada Lei, ficou estabelecido que a Cofins incidiria sobre a receita bruta de pessoa jurídica. Por sua vez, o §1º do mesmo artigo veio definir o que abrangia o termo "receita", dispondo que: entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Contudo, à época da edição da Lei n. 9.718/98, a Constituição da República brasileira, em seu artigo 195, estabelecia que as Contribuições Sociais a serem recolhidas aos Cofres da União pelos empregadores, dentre as quais se enquadra a Cofins, somente poderiam incidir sobre o “faturamento”. Diante dessa delimitação constitucional, o Supremo Tribunal Federal (“STF”) declarou que o §1º do artigo 3º da Lei n. 9.718/98 é inconstitucional, no julgamento dos Recursos Extraordinários (“RE”) n. 357950, 390840, 358273, 346084 e 336134 em 09 de novembro de 2005. Fl. 60DF CARF MF 4 Posteriormente, o Pretório Excelso, no julgamento do RE n. 585.235, publicado em 28/11/2008, julgou pela aplicação da repercussão geral sobre matéria em exame, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. A ementa do referido julgado foi lavrada nos seguintes termos: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Isto porque, segundo o entendimento dos Ministros do STF, esse dispositivo alargou indevidamente a base de cálculo da COFINS, uma vez que igualou o conceito de faturamento (ou receita operacional) ao conceito de receita . Explicase. Enquanto o faturamento é constituído pelas receitas advindas da venda de bens e serviços, a receita compreende "entrada de recursos financeiros remuneradores dos diferentes negócios jurídicos da atividade empresarial”, segundo a lição de José Antonio Minatel. 1 Assim, o faturamento (espécie) é menos amplo que a receita (gênero). Ocorre que tais conceitos não podem ser livremente manejados pelo legislador, pois o artigo 110 do Código Tributário Nacional determina que: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Destarte, se a Constituição determinava que a COFINS somente poderia incidir sobre o faturamento; e o faturamento constitui as receitas provenientes da venda de bens e serviços pela pessoa jurídica; concluise pela inconstitucionalidade da lei que determina a incidência sobre a receita sem sentido amplo, pois essa é mais abrangente que o faturamento. 2 Buscando solucionar os vícios constitucionais de que padecia a Lei n. 9.718/98, o Poder Legislativo editou a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998 (“EC n. 20/98”). 1 MINATEL, José Antonio. Conteúdo do Conceito de Receita e Regime Jurídico para sua Tributação. MP Editora. São Paulo, 2005, p. 132. 2 Ademais, há de se ressaltar que a Lei n. 9.718/98 tem status jurídico de lei ordinária, o que torna ainda mais patente a sua inconstitucionalidade, tendo em vista que somente por meio de lei complementar é que poderia ser criada outra fonte de custeio da seguridade social (incidente sobre outra materialidade), nos termos do artigo 195, §4 e do artigo 154, inciso I, ambos da Constituição. Disto depreendese que somente seria legítima a cobrança da COFINS sobre a receita, hipótese que na época não estava prevista no rol de incisos do artigo 195 da Constituição, caso tal situação tivesse sido instituída por meio de lei complementar. Afinal, tratarseia de nova fonte de custeio da seguridade social. Como a Lei n. 9.718/98 foi votada e publicada pelo rito legislativo próprio das leis ordinárias, mais uma vez concluise pela inconstitucionalidade da exação. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10980.911525/201010 Acórdão n.º 3402003.399 S3C4T2 Fl. 113 5 Tal Emenda alterou o texto do artigo 195 da Constituição, o qual restou positivado nos seguintes dizeres: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Em síntese, a EC n. 20/98 alargou a hipótese de incidência das contribuições sociais devidas pelo empregador, uma vez que a partir de então não só o faturamento pode ser tributado, como também a receita em sentido amplo. Entretanto, essa mudança no texto da Constituição não teve o poder de convalidar os dizeres da Lei n. 9.718/98, pois o sistema jurídico brasileiro não admite a constitucionalidade superveniente, vale dizer, tendo sido promulgada e publicada lei que contraria a Constituição, não é possível que posterior alteração da própria Constituição, por via de emenda, traga de forma retroativa a validade da lei. Foi assim que decidiu o STF. Pois bem. Tendo sido decidida a questão em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, tornase imperioso o seu acatamento por este Conselho, nos moldes do artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF, o qual prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, na sistemática da repercussão geral: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Nesse sentido, é tranquila a jurisprudência do Conselho a respeito da necessidade de reprodução das decisões proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins – citadas alhures aos processos administrativos fiscais, nos quais os contribuintes formulam pedidos de restituição de valores indevidamente pagos a título da contribuição social em questão, exatamente como ocorre no presente caso. Destaco a seguir alguns julgados representativos do entendimento sobre a matéria: Fl. 62DF CARF MF 6 Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 30/06/2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. 10 ANOS. PEDIDO REALIZADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR 118/2005. O prazo decadencial para o direito de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de 10 (dez) anos, a contar do fato gerador quando o pedido for realizado antes da entrada em vigor da Lei Complementar 118/2005, conforme entendimento do STF. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. COFINS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido (Processo 11618.002043/200519, MARCOS ANTONIO BORGES, Nº Acórdão 3801001.835) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/02/1999 a 31/05/2000 DECADÊNCIA. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. O prazo estabelecido na Lei Complementar 118/05 somente se aplica para os processos protocolizados a partir 9 de junho de 2005, e que anteriormente a este limite temporal aplicase a tese de que o prazo para repetição ou compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação é de dez anos, contado de seu fato gerador, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. PIS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10980.911525/201010 Acórdão n.º 3402003.399 S3C4T2 Fl. 114 7 PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido. (Processo 13855.001146/200586, Relator(a) FLAVIO DE CASTRO PONTES, Nº Acórdão , 3801001.722) COFINS. ART. 3º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §1o, I, do RICARF. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62A do RICARF. COFINS. ART. 3º, §1º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. Em face da inconstitucionalidade da alteração da base de cálculo da contribuição a COFINS, promovida pelo art. 3º, §1º, da Lei nº 19.718/98, é cabível o deferimento da restituição do indébito, devendo a autoridade preparadora verificar a comprovação do pagamento indevido ou a maior para compor o crédito a ser deferido ao contribuinte. Sobre o crédito apurado incide correção pela incidência da SELIC desde a data do pagamento indevido ou a maior, na forma do §4º, do Art. 39, da Lei nº 9.250/95. Recurso Parcialmente Provido. (Processo 10950.000184/200626, Relator(a) JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Acórdão 3402001.697) COFINS. FALTA DE RECOLHIMENTO. Mantémse o lançamento quando constatada a falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no período compreendido pelo auto de infração. COFINS. COMPENSAÇÃO. PROCEDIMENTO PRÓPRIO. Eventual direito à compensação da COFINS, em razão de recolhimento indevido ou efetuado a maior, deve ser apreciado no procedimento administrativo próprio de restituição/compensação, e não em processo de formalização de exigência de crédito tributário. Todavia, nada impede Requerê la em procedimento próprio. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA. Fl. 64DF CARF MF 8 O conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF não é competente para apreciar pedidos de restituição/compensação. A competência é da unidade da Receita Federal que jurisdiciona o contribuinte. Aos órgãos julgadores do CARF compete o julgamento de recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (art. 1º da Portaria MF nº 256/2009) MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Recurso Voluntário Provido em Parte (Processo 10680.006962/200880, Relator(a) JOSE LUIZ BORDIGNON, Acórdão 3801000.984) Portanto é incontroverso o bom direito da Recorrente em relação à restituição dos recolhimentos indevidamente feitos a título de Cofins, no período de apuração em questão, haja vista que a presente lide administrativa tem como objeto principal a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 pelo STF (alargamento inconstitucional da base de cálculo da Cofins). Com efeito, como já tive a oportunidade de destacar em dissertação sobre o tema: Tanto a edição de leis inconstitucionais como a cobrança de tributos com base em tais leis tributárias inconstitucionais são atos ilícitos praticados pelo Poder Público. O primeiro constitui ilícito constitucional (edição de lei contrária aos dizeres da Constituição), enquanto o segundo caracteriza ilícito tributário (cobrança pelo Estado e consequente pagamento pelo contribuinte de tributo inválido). Lembrando que as normas jurídicas em sua feição completa são impreterivelmente dotadas de uma sanção em caso de descumprimento, aos citados atos ilícitos o ordenamento jurídico atrela as respectivas sanções: a declaração de inconstitucionalidade, com o objetivo de preservar a integralidade e coerência da ordem jurídica; e a restituição de tributos inconstitucionais, cuja função é conferir segurança jurídica e isonomia aos administrados. 3 3 LAURENTIIS, Thais de. Restituição de Tributo Inconstitucional. São Paulo: Noeses, 2015. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10980.911525/201010 Acórdão n.º 3402003.399 S3C4T2 Fl. 115 9 Cumpre ainda salientar que à restituição de tributos inconstitucional, cuja natureza e regime jurídico são tributários, são totalmente aplicáveis as regras relativas às demais hipóteses de repetição de indébito dispostas no CTN (artigo 165 a 169). Entretanto, com relação ao quantum devido como restituição do tributo inconstitucional, compete à autoridade administrativa preparadora, com base na documentação apresentada pelo contribuinte no decorrer do processo administrativo, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Por fim, saliento que apurado o crédito, os valores originais devem sofrer correção pela incidência da SELIC, desde a data do pagamento indevido, como impõe o artigo 39, §4º da Lei nº 9.250/95, até a data do efetivo aproveitamento dos créditos pelo contribuinte. Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, haja vista a necessidade de liquidação do julgado, nos termos descritos acima. Relatora Thais de Laurentiis Galkowicz Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003852/2009-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1301-000.384
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por BRASIL TELECOMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA LTDA.
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Conselheiro Relator.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Rocha Veiga - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Flávio Franco Corrêa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: FLAVIO FRANCO CORREA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por BRASIL TELECOMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA LTDA. RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Conselheiro Relator. (documento assinado digitalmente) Waldir Rocha Veiga Presidente (documento assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e José Roberto Adelino da Silva. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 03 85 2/ 20 09 -2 3 Fl. 615DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por FLAVIO FRANCO CORREA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por FLAVIO FRANCO CORREA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 19515.003852/200923 Resolução nº 1301000.384 S1C3T1 Fl. 616 2 RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da DRJ/São Paulo, que julgou improcedente a impugnação apresentada para hostilizar autos de infração de PIS/Pasep, Cofins e CSLL retidas na fonte, quando do pagamento a pessoas jurídicas de direito privado por prestação de serviços. Pelo Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 28/07/2009, às fls. 38/39, a Fiscalização deixou consignado seguinte: "No exercício dos funções de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, durante a execução do procedimento de Verificações Obrigatórios, relacionados com a fiscalização em curso, cujo objeto principal é o IRPJ do anocalendário 2005, CONSTATAMOS as diferenças abaixo apontadas e, com fulcro nos artigos 904, 905, 907, 91 1 e 927, todos do RIR/99, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, e do §1° do art. 71 da MP 2.15835/2.001, vimos por meio do presente INTIMAR o contribuinte em epígrafe para que, no prazo de 05 (cinco) dias úteis a contar do ciente aqui exarado, apresente os documentos e/ou esclarecimentos abaixo: 1) Justificativa das diferenças encontradas entre a contabilização, declaração em DCTF e pagamento em DARF das retenções das contribuições sociais (CSLL. PIS e COFINS) nos pagamentos efetuados a outras pessoas jurídicas de direito privado pela prestação de serviços, conforme tabela abaixo: Fl. 616DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por FLAVIO FRANCO CORREA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por FLAVIO FRANCO CORREA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 19515.003852/200923 Resolução nº 1301000.384 S1C3T1 Fl. 617 3 2) Apresentar o razão da conto contábil n° 0212415219 OB.CP CSLL,PlS,COFlNS (MP 135) S/ SERV.TERC. assinado e rubricado pelo representante legal do empresa ou procurador." A resposta da fiscalizada à intimação acima está inserida às fls. 43/44, verbis: “A empresa deparouse com dificuldade de demonstrar os pagamentos efetuados frente aos valores provisionados tendo em vista que houve desencontro das informações conforme passamos a explicar: A Lei 10.833/03 no seu Art. 30 traz o seguinte texto: Art. 30. Os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas de direito privado, pela prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção, segurança, vigilância, transporte de valores e locação de mãodeobra, pela prestação de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, bem como pela remuneração de serviços profissionais, estão sujeitos a retenção na fonte da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido CSLL, da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP. (Vide Medida Provisória n° 232, 2004). (grifos nossos) Sendo assim a referida empresa adotou como procedimento reter os tributos no momento do pagamento ao fornecedor. Entretanto, em obediência ao Princípio da Competência provisionou integralmente o valor devido aos seus fornecedores e os respectivos tributos pelo valor total. Um fornecedor provisionado em janeiro pode ter concedido prazo de 30, 60 e 90 dias para pagamento. Dessa forma, o valor do imposto registrado integralmente no ingresso da nota fiscal foi pago parceladamente no momento do pagamento ao fornecedor. Como a baixa precisa ser feita com o registro do DARF e estes deverão ser contabilizados no mês do efetivo pagamento, fica difícil a conciliação [...] Na conciliação que a empresa apresentou a essa fiscalização, podese perceber claramente essas divergências pois, há meses em que a empresa apura saldo credor e outros em que apura saldo devedor. [D]O confronto entre os valores a crédito e [a]débito restou um saldo, supostamente, a recolher de R$ 77 mil. Entretanto não temos como afirmar tratarse de valores que não foram pagos tendo em vista a dificuldade de conciliação acima mencionada." Fl. 617DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por FLAVIO FRANCO CORREA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por FLAVIO FRANCO CORREA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 19515.003852/200923 Resolução nº 1301000.384 S1C3T1 Fl. 618 4 A conciliação a que se refere a Recorrente nos parágrafos acima consta às fls. 067/084 destes autos. Mais adiante, prosseguiu a Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal, às fls. 91/92, no arremate de seu trabalho: "... Da explicação prestada pela empresa podemos constatar que ocorreu um descontrole entre apuração e pagamento/declaração dos valores. No termo de constatação e intimação fiscal, lavrada em 28/07/09, o contribuinte foi intimado a apresentar a justificativa para as diferenças apuradas na tabela ali apresentada. Em números arredondados, constatamos que houve registro na contabilidade da retenção de R$ l.353.000, pagamento[s] de R$ 912.000 e declaração em DCTF de R$ 927.000. Só considerando valores originais, sem levar em consideração eventuais penalidades moratórias a diferença entre o retido e o declarado em DCTF montaria em R$ 426.000. Mesmo o sujeito passivo alegando dificuldades na conciliação dos valores não há como negar a vultosa diferença entre o valor apresentado na justificativa anterior à intimação e o valor acima citado: [(426.000/ 77.000)l] x l00 = 453% Ao demonstrar insegurança no controle e recolhimento dos valores retidos, o contribuinte não nos deixa outra opção senão a de sermos conservadores na preservação dos direitos do Erário. Portanto, nos baseamos na planilha apresentada na intimação lavrada em 28/07/2009 para efetuar o lançamento das contribuições para o PIS, a COFINS e a CSLL. Considerando os valores da coluna “Lançamento” como a retenção de 4,65%, os dividimos na proporção de 1,00%, 3,00% e 0,65% conforme disposto no caput do art. 31 da Lei 10.833/2003. Não consideramos os valores recolhidos ou declarados a maior nas linhas onde a coluna “Lançamento" apresentou o valor zero. Imprimimos de nosso sistema informatizado os valores declarados em DCTF para as contribuições sociais retidas na fonte CSRF (fls. 085 a 089) e as totalizamos por quinzena na folha seguinte." Os valores das contribuições lançadas estão demonstrados na tabela abaixo, que é parte integrante deste auto de infração Apenas para finalidade de edição do respectivo Auto de Infração agrupamos trimestralmente os valores retidos de CSLL.Este procedimento não causou nenhum prejuízo ao sujeito passivo, uma vez que resultou em menor cobrança de juros moratórios. Também por características do programa emissor dos autos de infração, alertamos que: onde se lê “COFINS apuração cumulativa", leiase “COFINS CSRF": onde se le “PIS apuração cumulativa", leia se “PIS CSRF": onde se lê “CSLL lucro presumido", leiase "CSLL CSRF"; O escopo do presente trabalho foi apenas fazer a verificação dos valores retidos na contabilidade versus os valores pagos ou declarados e a isto nos limitamos. Não checamos os documentos fiscais, apenas o livro diário e os controles internos da RFB no tocante a valores recolhidos e declarados. Face ao grande volume de cópias das folhas do livro diário que seriam necessárias para a documentação dos lançamentos, juntamos ao presente processo o Fl. 618DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por FLAVIO FRANCO CORREA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por FLAVIO FRANCO CORREA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 19515.003852/200923 Resolução nº 1301000.384 S1C3T1 Fl. 619 5 razão da conta contábil em questão rubricado e assinado pelo procurador do contribuinte (fls. 045 a 066)." Impugnação às fls. 195/225. Decisão de primeira instância às fls. 244/249, assim ementada: "Assumo: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL. Anocalendário: 2005 ESCRITURADO X DECLARADO/RECOLHIDO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Não há que se acatar alegação de mero erro, uma vez que ausente a comprovação da ocorrência, bem como do efetivo recolhimento, declaração ou estorno contábil dos valores lançados à conta de passivo." Ciência de decisão de primeira instância no dia 17/03/2010, à fl. 258. Recurso a este Colegiado com entrada da repartição de origem no dia 16/04/2010, às fls. 265/297. Este recurso já esteve em pauta de julgamento na sessão de outubro de 2014, quando esta Turma deliberou no sentido de se converter o julgamento em diligência, baixando se os autos à delegacia de origem para ser verificada a integralidade dos pagamentos das contribuições retidas na fonte, conforme Resolução nº 1301000.232. É o relatório. Fl. 619DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por FLAVIO FRANCO CORREA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por FLAVIO FRANCO CORREA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 19515.003852/200923 Resolução nº 1301000.384 S1C3T1 Fl. 620 6 VOTO Conselheiro Flávio Franco Corrêa, Relator Na interposição do presente recurso voluntário, foram observados os requisitos de recorribilidade. Dele conheço. De plano, anoto que, em atendimento à Resolução nº 1301000.232, a delegacia de origem empreendeu as tarefas apropriadas à diligência, relatadas às fls. 518/523 [numeração eletrônica]. Contudo, o desenrolar e as conclusões dessa diligência não foram comunicadas à Recorrente. O prosseguimento do processo não se legitima, a teor do exposto, caso se exclua da parte a oportunidade para o contraditório e a ampla defesa, razão pela qual se mostra necessário o retorno dos autos àquele órgão, com vistas à supressão da causa de futura pronúncia de invalidade do julgamento. Assim, voto no sentido de se converter o julgamento em diligência, baixandose os autos à delegacia de origem para que se dê ciência à Recorrente do Despacho de Diligência às fls. 518/523 [numeração eletrônica], abrindolhe prazo para, querendo, manifestarse a respeito, no pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. É como voto. (documento assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa Fl. 620DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por FLAVIO FRANCO CORREA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por FLAVIO FRANCO CORREA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA
score : 1.0
Numero do processo: 10880.914897/2012-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. RETENÇÃO NA FONTE. ÔNUS DO CONTRIBUINTE.
O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado se o contribuinte possuir comprovante hábil de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos, além de comprovar que tais valores foram oferecidos à tributação.
Numero da decisão: 1201-001.481
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Ronaldo Apelbaum acompanhou o Relator pela conclusões em relação à comprovação do IRRF.
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Ronaldo Apelbaum.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2007 COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. RETENÇÃO NA FONTE. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado se o contribuinte possuir comprovante hábil de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos, além de comprovar que tais valores foram oferecidos à tributação.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. RETENÇÃO NA FONTE. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado se o contribuinte possuir comprovante hábil de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos, além de comprovar que tais valores foram oferecidos à tributação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Ronaldo Apelbaum acompanhou o Relator pela conclusões em relação à comprovação do IRRF. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Ronaldo Apelbaum. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 48 97 /2 01 2- 98 Fl. 524DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10880.914897/201298 Acórdão n.º 1201001.481 S1C2T1 Fl. 3 2 Como os fatos e a matéria jurídica foram bem relatados pela decisão de primeira instância, reproduzoa a seguir (grifaremos): Trata o presente processo do Despacho Decisório de fl. 40 proferido pela DERAT/SÃO PAULO, o qual homologou parcialmente a compensação declarada no PER/DCOMP nº 35185.14165.240409.1.3.022597 e não homologou a compensação nos PER/DCOMPs indicados, nos quais a interessada alega possuir crédito contra a Fazenda Pública decorrente de saldo negativo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, IRPJ, relativo ao anocalendário 2007. A não homologação/homologação parcial da compensação teve como fundamento a falta de comprovação de parcelas de composição do crédito, informadas no PER/DCOMP, relativas ao IRRF. Parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP, IRRF, R$ 7.302.106,14, parcelas confirmadas, R$ 5.162.879,07, conforme demonstrado no Despacho Decisório. Assim, o crédito reconhecido foi insuficiente para compensar integralmente os débitos informados pelo sujeito passivo. Não se conformando, a interessada apresentou manifestação de inconformidade (fls. 53/64 ), alegando, em síntese: na diferença de IRRF apurada e não considerada pela Receita Federal, o maior valor, R$ 1.126.351,04, da fonte pagadora com CNPJ nº 01.701.201/000189, Banco HSBC, se deve ao fato de que o Informe Consolidado de Rendimentos Financeiros, doc. 04, está em nome da Procomp Comércio e Serviços Ltda, CNPJ nº 57.449.522/000192, que foi incorporada em 30/04/2007 pela Procomp Indústria Eletrônica Ltda., CNPJ nº 54.083.035/0001 60; a partir de maio até novembro/2007 os valores retidos em nome da incorporada foram utilizados pela incorporadora, quadro à fl.55; os demais tomadores não forneceram os informes de retenção, segue tabelas listando, por fonte pagadora, os valores retidos e informados na DIPJ e no PER/DCOMP que são corroborados pelas notas fiscais, fls. 57/62; a falta dos informes de retenção não invalida a retenção nem atinge o direito ao crédito porque a Receita Federal possui meios de verificar as retenções efetuadas; protesta pela futura juntada dos referidos informes de retenção, que seja efetuado levantamento para verificação do repasse à Receita Federal dos valores retidos; pede reconhecimento do crédito e extinção definitiva do crédito tributário cobrado. Fl. 525DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10880.914897/201298 Acórdão n.º 1201001.481 S1C2T1 Fl. 4 3 Em sessão de 29 de abril de 2015 a 3a Turma da Delegacia de Julgamento de Recife, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade, reconhecendo o direito creditório suplementar no valor de R$ 1.126.351,04. Com a ciência da decisão, a interessada interpôs Recurso Voluntário, no qual repetiu, basicamente, os argumentos da impugnação. Os autos foram encaminhados a este Conselho para apreciação e julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais, razão pela qual dele conheço. A discussão nos autos recai sobre o montante cujas retenções não foram reconhecidas pela DRJ. Aduz a Recorrente que a parte não reconhecida se refere a retenções efetuadas por fontes pagadoras que não entregaram os respectivos comprovantes. Defende que deve prevalecer o princípio da verdade material e que a Receita Federal tem como averiguar os valores retidos por meio de seus controles internos ou, ainda, que deveria intimar as fontes para apresentação dos comprovantes. Protesta, também, pela apresentação posterior de dossiê com informações complementares, mas não o fez. A decisão de piso analisou os documentos constantes dos autos e os valores presentes nos sistemas da Receita Federal e aceitou a retenção efetuada em nome de empresa incorporada, no montante de R$ 1.126.351,04. Quanto aos demais créditos entendeu que não houve comprovação documental, nos seguintes termos: A afirmação de que as fontes pagadoras não encaminharam ou não atenderam sua solicitação para encaminhar os comprovantes, não tem a força de afastar a exigência legal. A Declaração de Compensação, por estar vinculada a um direito alegado pela contribuinte, deve estar fundamentada e acompanhada de documentação comprobatória da existência do crédito junto à Fazenda Pública para aferição da autoridade administrativa quanto a sua consistência. Do contrário, como no caso, a autoridade administrativa não está obrigada a intimar o contribuinte ou realizar diligência ou perícia para efetuar levantamentos e comprovar a certeza e liquidez do crédito solicitado. Fl. 526DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10880.914897/201298 Acórdão n.º 1201001.481 S1C2T1 Fl. 5 4 Logo, a validação do imposto compensado fica limitada aos valores constantes dos controles internos da Receita Federal e das declarações apresentadas pela contribuinte e pelas fontes pagadoras. A recorrente pleiteia o reconhecimento da parcela do IRRF no valor de R$ 1.126.351,04, da fonte pagadora Banco HSBC, CNPJ nº 01.701.201/000189 alegando que o informe de rendimentos foi emitido em nome da Procomp Comércio e Serviços, CNPJ nº 57.449.522/000192 a qual foi incorporada em 30/04/2007 pela interessada, Procomp Indústria Eletrônica Ltda., CNPJ nº 54.083.035/000160. Confirmado o evento de incorporação, conforme telas abaixo, nos sistemas da RFB, a interessada possui legitimidade sobre eventuais créditos de IRFF que constarem em favor da sucedida, a partir da data da sucessão. (grifamos) Isso significa que o despacho decisório fundamentou seu entendimento justamente a partir dos elementos contidos nas DCOMP, DIPJ e demais declarações entregues pela contribuinte (inclusive pagamentos), além de ter verificado os dados sobre o IRRF das fontes pagadoras constantes dos sistemas da Receita Federal, conforme extratos presentes nos autos, posição que foi corroborada e ampliada, no que tange aos créditos oriundos de empresa sucedida, pela decisão de piso. Ressaltese que o ônus para a comprovação documental de direito creditório pertence ao interessado, dados os requisitos de liquidez e certeza para os valores pleiteados, conforme determina o Código Tributário Nacional: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. e Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 527DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10880.914897/201298 Acórdão n.º 1201001.481 S1C2T1 Fl. 6 5 Aliás, a necessidade de prova e o respectivo ônus do contribuinte já foram extensamente discutidos na esfera judicial e no âmbito deste Conselho. No Superior Tribunal de Justiça o tema já foi debatido, entre tantos outros julgados semelhantes, nos seguintes termos: RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PROVA. RECOLHIMENTOS. A recorrente aduz que a eventual restituição, se cabível, haveria de ser respaldada em prova documental, acostada na inicial, dos valores efetivamente pagos com as devidas comprovações de recolhimento, e ante tal incerteza não pode ser a União condenada à restituição dos valores postulados (pela via da compensação), sob pena de infração ao princípio do enriquecimento sem causa. Isso posto, a Turma deu provimento ao recurso ao argumento de que o pressuposto fático do direito de compensar é a existência do indébito. Sem prova desse pressuposto, a sentença teria caráter apenas normativo, condicionada à futura comprovação de um fato. REsp 924.550SC, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 15/5/2007. Seguindo igual raciocínio, podemos encontrar inúmeros julgados no CARF, inclusive da lavra desta Turma, na qual se decidiu que no caso de compensação, a prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido (Acórdãos 110200432, 110200443, 110200438, entre tantos outros). A legislação estabelece, ainda, dois critérios adicionais para o reconhecimento do direito creditório: a) a comprovação da efetiva retenção em nome do beneficiário; b) a demonstração de que os rendimentos foram oferecidos à tributação. Os artigos 231, III, 942 e 943 do Decreto n. 3.000/99 regulamentam a matéria nos seguintes termos: Art. 231 Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor (Lei nº 9.430, de 1996, art. 2º, §4º): (...) III do imposto pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; (...) Art. 942. As pessoas jurídicas de direito público ou privado que efetuarem pagamento ou crédito de rendimentos relativos a serviços prestados por outras pessoas jurídicas e sujeitos à retenção do imposto na fonte deverão fornecer, em duas vias, à pessoa jurídica beneficiária Comprovante Anual de Fl. 528DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10880.914897/201298 Acórdão n.º 1201001.481 S1C2T1 Fl. 7 6 Rendimentos Pagos ou Creditados e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte, em modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal (Lei nº 4.154, de 1962, art. 13, §2º, e Lei nº 6.623, de 23 de março de 1979, art. 1º). Parágrafo único.O comprovante de que trata este artigo deverá ser fornecido ao beneficiário até o dia 31 de janeiro do ano calendário subseqüente ao do pagamento (Lei nº 8.981, de 1995, art. 86). Art. 943. A Secretaria da Receita Federal poderá instituir formulário próprio para prestação das informações de que tratam os arts. 941 e 942 (DecretoLei nº 2.124, de 1984, art. 3º, parágrafo único). §1º O beneficiário dos rendimentos de que trata este artigo é obrigado a instruir sua declaração com o mencionado documento (Lei nº 4.154, de 1962, art. 13, §1º). §2º O imposto retido na fonte sobre quaisquer rendimentos ou ganhos de capital somente poderá ser compensado na declaração de pessoa física ou jurídica, quando for o caso, se o contribuinte possuir comprovante da retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora, ressalvado o disposto nos§§ 1º e 2º do art. 7º, e no §1º do art. 8º (Lei nº 7.450, de 1985, art. 55). (grifamos) Percebese que a apresentação do comprovante de retenção é condição essencial para o direito de compensação. Ademais, convém destacar que a compensação não tem como pressuposto a simples retenção na fonte, mas sim a existência de saldo negativo ao final do período, pois o IRRF é considerado apenas como antecipação do imposto devido no encerramento do período de apuração. Em conseqüência, o contribuinte deve deduzir o imposto retido do imposto de renda devido com base no lucro real do períodobase e somente o saldo negativo de imposto a pagar, que porventura decorra desse confronto na declaração, constitui crédito passível de restituição ou compensação. Nesse contexto, a alegação de que as fontes pagadoras não encaminharam os comprovantes não tem o condão de afastar a exigência legal, pois cabe à empresa o ônus de atender aos requisitos legais. Aliás, entendo que a Recorrente deveria ter feito isso antes de qualquer tentativa de compensação, pois tratase de condição inexorável para o pleito, conforme estabelecem os artigos já reproduzidos. Notese que a empresa já havia alegado, ao tempo da impugnação, que apresentaria os comprovantes de retenção ou documentos complementares, mas não o fez. O crédito passível de compensação deve ser líquido e certo, como vimos, e esses requisitos exigem o fiel cumprimento à legislação. A matéria encontrase, inclusive, sumulada no âmbito deste Conselho: Fl. 529DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10880.914897/201298 Acórdão n.º 1201001.481 S1C2T1 Fl. 8 7 Súmula CARF nº 80: Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto. Portanto, na esteira do que já restou decidido em primeira instância, o imposto a ser compensado fica limitado aos valores comprovados e àqueles presentes nos sistemas de controle da Receita Federal, pois a declaração de compensação deve estar acompanhada de documentos que comprovem a efetiva existência do crédito pleiteado. Nesse contexto, não cabe à autoridade tributária intimar as fontes pagadoras ou realizar diligências para suprir omissão de responsabilidade da interessada. Concluise, portanto, que não assiste razão à Recorrente. Ante o exposto CONHEÇO do Recurso e, no mérito, voto por NEGARLHE provimento. É como voto. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator Fl. 530DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Numero do processo: 19515.000447/2010-97
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006
MULTA QUALIFICADA. ÁGIO INTERNO. ÁGIO DE SI MESMO. OCORRÊNCIA DE FRAUDE E CONLUIO.
A consecução de atos que culminaram com a supressão ilícita de tributos, obtida com a dedução da amortização de ágio, ágio esse que, surgido da reavaliação de participação na empresa autuada, em operação intragrupo, foi por ela mesma contabilizado e deduzido, de forma artificial e sem qualquer dispêndio, evidencia conduta dolosa tendente a impedir a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal ("fraude", na inteligência do art. 72 da Lei n° 4.502, de 1964) e ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas visando os efeitos em questão ("conluio", conforme art. 73 da mesma Lei). Impõe-se, assim, a qualificação da multa de ofício.
Numero da decisão: 9101-002.503
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidas as Conselheiras Cristiane Silva Costa e Lívia De Carli Germano, que conheceram somente quanto à fraude e, no mérito, acordam, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano e Demetrius Nichele Macei, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal De Araújo, Lívia de Carli Germano (suplente convocada em substituição à Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio) e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 MULTA QUALIFICADA. ÁGIO INTERNO. ÁGIO DE SI MESMO. OCORRÊNCIA DE FRAUDE E CONLUIO. A consecução de atos que culminaram com a supressão ilícita de tributos, obtida com a dedução da amortização de ágio, ágio esse que, surgido da reavaliação de participação na empresa autuada, em operação intragrupo, foi por ela mesma contabilizado e deduzido, de forma artificial e sem qualquer dispêndio, evidencia conduta dolosa tendente a impedir a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal ("fraude", na inteligência do art. 72 da Lei n° 4.502, de 1964) e ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas visando os efeitos em questão ("conluio", conforme art. 73 da mesma Lei). Impõese, assim, a qualificação da multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidas as Conselheiras Cristiane Silva Costa e Lívia De Carli Germano, que conheceram somente quanto à fraude e, no mérito, acordam, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano e Demetrius Nichele Macei, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 04 47 /2 01 0- 97 Fl. 1229DF CARF MF Processo nº 19515.000447/201097 Acórdão n.º 9101002.503 CSRFT1 Fl. 1.230 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal De Araújo, Lívia de Carli Germano (suplente convocada em substituição à Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio) e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório A FAZENDA NACIONAL recorre a este Colegiado, por meio do Recurso Especial de efls 1.183 e ss., contra o acórdão nº 1201000.969, de 11 de março de 2014 (efls. 1.162 e ss.), que, no mérito e por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso voluntário, para desqualificar a multa de ofício. Transcrevese a ementa do acórdão recorrido: Anocalendário: 2006 ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. Tal como ocorre na determinação do lucro líquido apurado para fins societários, é indedutível das bases de cálculo do imposto de renda e da contribuição social a amortização do ágio gerado a partir de reorganização de empresas sob controle comum. DESPESAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. GLOSA. Cabível a glosa de despesas com a prestação de serviços por terceiros quando o sujeito passivo, apesar de intimado para tanto, não apresenta documentação hábil e idônea capaz de comprovar a sua efetividade. Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2006 MULTA QUALIFICADA. DOLO. DÚVIDA RAZOÁVEL. Devese afastar a qualificação da multa de ofício quando houver dúvida razoável acerca do dolo do sujeito passivo quanto aos atos que vieram a retardar o conhecimento, por parte do Fisco, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. O recurso foi admitido por meio do Despacho de efls. 1.200 e ss. A Recorrente aponta divergência jurisprudencial em relação aos acórdãos a seguir, cujas ementas estão assim redigidas na parte de interesse: Acórdão nº 120200.753: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009 DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. OPERAÇÃO INTERNA. SIMULAÇÃO. GLOSA. A criação de ágio por meio de reorganização societária entre empresas do mesmo grupo econômico, pautada em fortes indícios, além de prova direta da ocorrência de simulação revelase artificial e não gera direito à dedução das respectivas despesas de amortização. MULTA QUALIFICADA. Fl. 1230DF CARF MF Processo nº 19515.000447/201097 Acórdão n.º 9101002.503 CSRFT1 Fl. 1.231 3 A constatação de evidente intuito de fraudar o Fisco, pela intencional prática de atos simulados, enseja a qualificação da multa de ofício. Acórdão nº 10196.724: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anoscalendário: 2001 e 2002 (...) ATOS SIMULADOS. PRESCRIÇÃO PARA SUA DESCONST1TUIÇÃO. No campo do direito tributário, sem prejuízo da anulabilidade (que opera no plano da validade), a simulação nocente tem outro efeito, que se dá plano da eficácia: os atos simulados não têm eficácia contra o fisco, que não necessita, portanto, demandar judicialmente sua anulação. INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADE. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO NA AQUISIÇÃO DE AÇÕES. SIMULAÇÃO. A reorganização societária, para ser legítima, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. A caracterização dos atos como simulados, e não reais, autoriza a glosa da amortização do ágio contabilizado. MULTA QUALIFICADA A simulação justifica a aplicação da multa qualificada. Nas razões de mérito, a Recorrente inicia fazendo exposição do processo de surgimento do ágio ocorrido, asseverando que "o suposto 'ágio' utilizado pelo contribuinte em epígrafe não existiu de verdade, fora criado apenas no papel, pois não apresentou propósito negocial e substrato econômico que justificasse o seu surgimento" e que "o único substrato econômico existente é aquele oriundo da amortização do suposto 'ágio' na conta de resultado da Recorrente após a incorporação da Inlogs Investimentos". Passa, então, a fazer as seguintes alegações: a) que "na esfera do direito civil, para um ato jurídico ter validade precisa ter, entre outros pressupostos, perfeição da vontade manifestada", acrescentando que "a existência de defeitos que afetam essa perfeição (vícios da vontade) acarreta a invalidade do ato jurídico, como no caso da simulação", trazendo à baila o conceito de simulação na doutrina de MARCOS BERNARDES DE MELLO, bem como as disposições do art. 167, do Código Civil, acerca de negócios jurídicos simulados; b) que relativamente à Administração Tributária, o desfazimento do negócio simulado não é medida necessária, sendo suficiente reconhecer que houve a invalidade para dar o adequado tratamento ao verdadeiro negócio ocorrido. E refere que "na seara tributária, o reconhecimento da simulação se situa, exclusivamente, no plano da eficácia", sendo que "o ato simulado não produz efeitos em relação ao Fisco, que tem o dever de efetuar o lançamento para tributar o fato gerador efetivamente praticado pelo sujeito passivo"; c) que "mesmo que, a princípio, possa haver uma 'coincidência' entre a intenção das partes e os atos jurídicos formalizados, ainda assim tais poderão não surtir efeitos jurídicos tributários, se, analisados sob uma perspectiva sistêmica, revelarem que foram materializados com o fim único de livrar as partes de uma tributação específica"; Fl. 1231DF CARF MF Processo nº 19515.000447/201097 Acórdão n.º 9101002.503 CSRFT1 Fl. 1.232 4 d) que "na hipótese dos autos, a ação fiscal revelou que a contribuinte para subtrair o pagamento de tributo simulou diversas operações de reorganização societária, com objetivo exclusivo de criação de ágio fictício a ser utilizado na redução da base de cálculo do IRPJ e CSLL, no ano calendário de 2006, resultando na subtração do pagamento dos tributos devidos"; e) que a Contribuinte praticou atividade ilícita comprovada, com a prática de diversos atos simulados, sendo que, como resultado de sua conduta dolosa, houve a diminuição do efetivo valor da obrigação tributária, em evidente prejuízo ao erário. E que "a conduta foi sempre resultado de sua vontade, livre e consciente, já que realizada de forma sistemática, objetivando impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal" e que "a conduta sistemática demonstrou desprezo ao cumprimento da obrigação fiscal, ao princípio da solidariedade de matriz constitucional e ao dever legal de participação, indicando a intensidade do dolo"; f) conclui afirmando que demonstrado cabalmente "que o ágio amortizado pelo recorrente foi registrado de forma simulada e com evidente intuito fraudulento", por meio de uma aparente sequência de operações societárias, através das quais o que a Contribuinte procurou foi a redução indevida da sua carga tributária. Inevitável, portanto, a qualificação da multa de ofício. Ao final, pede a Recorrente que o presente recurso seja conhecido e provido, para que "o acórdão recorrido seja reformado no quesito objeto da presente insurgência". Não houve a apresentação de contrarrazões por parte da Contribuinte (conforme Despacho de efls. 1.228). É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo Relatora O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. A discussão cingese à procedência ou não da imposição de multa de ofício qualificada em 150% à infração de dedução de despesas com amortização de ágio gerado a partir de reorganização societária entre empresas sob controle comum (ágio interno). Não mais se discute a procedência ou não da autuação em questão. Com efeito, a Turma do CARF recorrida manteve a autuação da infração, manifestandose no sentido de que a amortização de ágio gerado a partir de reorganização societária entre empresas sob controle comum (ágio interno) é indedutível, mas desqualificou a multa de ofício. Entendeu que, estando esse tipo de reorganização societária previsto em lei (art. 36 da Lei nº 10.637/2002), "remanescerá sempre dúvida razoável acerca de se o sujeito passivo agiu, ou não, dolosamente ao amortizar o 'ágio interno'", destacando a possibilidade de haver erro de direito nesses casos ("crença da validade jurídica da amortização para fins Fl. 1232DF CARF MF Processo nº 19515.000447/201097 Acórdão n.º 9101002.503 CSRFT1 Fl. 1.233 5 fiscais"), bem como que, diante do permissivo legal, "não há que se perquirir sobre a existência de propósito negocial diverso daquele previsto na própria lei". Como relatado, alega a Fazenda que o ágio amortizado pela autuada foi registrado de forma simulada e com evidente intuito fraudulento, por meio de uma aparente sequência de operações societárias, levadas a cabo para obter redução indevida de tributos. O Termo de Constatação elaborado pela Fiscalização (efls. 274 e ss.) descreve as operações de reorganização societária intragrupo que deram origem ao ágio cuja amortização foi deduzida em termos que podem ser assim sintetizados: a) em 29/12/2003, os sócios da INLOGS LOGÍSTICA LTDA (a empresa Autuada, depois denominada AGRENCO DO BRASIL S/A) constituíram a empresa INLOGS ADMINISTRAÇÃO DE BENS S.A. (depois denominada AGRENCO Administração de Bens S/A), conferindo ao capital da nova empresa quotas da Autuada por seu valor patrimonial de R$ 1.000.000,00; b) no dia seguinte, a INLOGS ADMINISTRAÇÃO DE BENS S.A. ingressou como sócia da empresa A&A Matheus Consultoria em Informática Ltda., conferindo ao capital desta as mesmas quotas que recebera dos sócios pessoa física da Autuada, em valor reavaliado para R$ 74.051.000,00, em decorrência de laudo técnico de avaliação. Nesse ato, os sócios fundadores da empresa A&A Matheus, de "faturamento mensal inexpressivo e ramo de atividade completamente alheio aos das empresas do 'GRUPO AGRENCO'", se retiram da sociedade, passando ela passa a se denominar INLOGS INVESTIMENTOS LTDA, sendo que ela passou a registrar em seu ativo R$ 9.710.501,44, sob a rubrica "Investimento na INLOGS LOGÍSTICA LTDA", e R$ 64.340.498,56, sob a rubrica "Agio na aquisição de investimento", perfazendo o total de R$ 74.051.000,00; c) em 02/07/2004, a INLOGS INVESTIMENTOS LTDA (investidora) foi incorporada (de forma reversa) pela Autuada (investida), tendo a Autuada registrado em seu ativo os R$ 64.340.498,56, sob a rubrica "Ágio na aquisição do investimento da Inlogs Investimentos Ltda (ativo diferido)" e passado a amortizar o ágio e deduzir a amortização da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, à razão de 1/60 avos ao mês. A imposição da multa em percentual qualificado de 150% pela Fiscalização se deu em razão de se ter identificado nas operações societárias a prática de atos simulados, artificiais, com o intuito de impedir ou ocultar a ocorrência do fato gerador, configurando a prática de sonegação, fraude e conluio, na inteligência dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964. É o que se constata do trecho a seguir do antes referido Termo de Constatação: Tendo em vista a prática de atos simulados, conforme ficou demonstrado nesta exposição, com evidente intuito de impedir ou ocultar a ocorrência do fato gerador de exações federais, a multa a ser aplicada no lançamento de oficio é a de 150%, conforme mandamento do caput, inciso I e § 1º do Artigo 44 da Lei n° 9.430, de 1.996, com a nova redação, dada pela Lei n° 11.488, de 2007, que citamos, "in verbis: "Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 1233DF CARF MF Processo nº 19515.000447/201097 Acórdão n.º 9101002.503 CSRFT1 Fl. 1.234 6 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) 1° O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis." O teor dos artigos da Lei n° 4.502, de 1.964, mencionados no texto legal acima reproduzido, é o seguinte: "Art 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72." Da leitura do presente Termo, fica evidente que os atos, praticados pelo contribuinte — ou por suas controladoras, em seu interesse , tiveram a intenção precípua de ocultar e simular a ocorrência de operação realmente não realizada incorporação de empresa. A forma jurídica adotada para os atos simulados teve, ainda, evidente objetivo de "modificar as suas características essenciais [do fato gerador] de modo a reduzir o montante do imposto devido", de modo a caracterizar a fraude definida no artigo 72 da Lei n°4.502, de 1.964. Finalmente, fica evidenciado pelo concurso das partes envolvidas — sócios pessoas físicas e jurídicas diretamente interessados no negócio jurídico simulado — o "ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas", que caracteriza do conluio, definido no artigo 73 do mesmo diploma legal. Fl. 1234DF CARF MF Processo nº 19515.000447/201097 Acórdão n.º 9101002.503 CSRFT1 Fl. 1.235 7 A defesa da Contribuinte, quer em sede de impugnação efls. 316 e ss., ou no recurso voluntário efls. 1.071 e ss. (não houve contrarrazões ao presente recurso especial), afirma a legalidade da reorganização societária, forte no art. 36 da Lei nº 10.637/2002, e a inocorrência de atos simulados, bem como de fraude ou de conluio. Entretanto, o que se vê na reorganização societária perpetrada é uma sequência de atos em que os sócios de uma pessoa jurídica A (a Autuada) constituem uma nova empresa B, utilizando quotas de A na integralização do capital da nova empresa B. Ato contínuo, a empresa B ingressa como sócia em uma terceira empresa C, utilizando as mesmas quotas de A que recebera dos sócios de A na integralização de capital. Só que agora tais quotas de A estão sobrevalorizadas em razão de reavaliação, sobrevalorização essa que se consubstancia através de ágio contabilizado em C. Além disso, os sócios originais de C saem da sociedade. Mais adiante a empresa C, que ostentava a posição de investidora em A, é pela investida A incorporada, passando a empresa A (a Autuada) a contabilizar o ágio vindo de C, ágio esse que corresponde à sobrevalorização de quotas dela mesmo. Passa, então, a amortizar o ágio e a reduzir o lucro tributável pelos valores amortizados. Por fim, C, que detinha a participação em A, desaparece, e o montante do ágio sobre quotas de A passa a estar dentro dela própria. Tudo isso sem que haja qualquer pagamento ou dispêndio de qualquer natureza, apenas movimentações de quotas societárias. Ninguém paga, ninguém recebe. O único ganho que sobrevém é a redução do montante de tributos a serem pagos por A, em evidente evasão fiscal ilícita. Para usar as classificações construídas pela doutrina, o que se tem não é apenas "ágio interno" (surgido em operações intragrupo), mas "ágio de si mesmo", sem que tenha havido, vale repisar, qualquer dispêndio. Correta, portanto, a Fiscalização quando impôs a multa de ofício qualificada. Isso porque a conduta dolosa tendente a impedir a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal (o que o art. 72 da Lei n° 4.502, de 1964, classifica como "fraude") é evidenciada pela deliberada consecução de atos que culminam com a supressão ilícita de tributos, através da dedução da amortização de um ágio surgido artificialmente, que não apenas é criado em operações entre partes que compõem o mesmo grupo (ágio interno), mas que tem como origem participação societária na própria empresa que o amortiza (ágio de si mesmo), tudo isso sem que haja dispêndio e com retorno à situação anterior ("status quo ante"). Presente, também, a figura do "conluio" (art. 73 da Lei n° 4.502, de 1964), caracterizado pelo ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas para a consecução da fraude, igualmente a justificar a qualificação da multa. Como se viu, a Turma recorrida não deixou de concluir que indedutível a amortização de ágio, mas, ponderando que o art. 36 da Lei nº 10.637/2002 autorizava que a pessoa jurídica investidora reavaliasse seu investimento em investida, com diferimento da tributação do ganho de capital assim auferido para momento futuro e incerto, entendeu que remanescia dúvida razoável acerca de conduta dolosa por parte do sujeito passivo, suscitando a possibilidade de erro de direito. Contudo, vejamos o que dispõe o art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002: Art. 36. Não será computada, na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da Fl. 1235DF CARF MF Processo nº 19515.000447/201097 Acórdão n.º 9101002.503 CSRFT1 Fl. 1.236 8 pessoa jurídica, a parcela correspondente à diferença entre o valor de integralização de capital, resultante da incorporação ao patrimônio de outra pessoa jurídica que efetuar a subscrição e integralização, e o valor dessa participação societária registrado na escrituração contábil desta mesma pessoa jurídica. § 1o O valor da diferença apurada será controlado na parte B do Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) e somente deverá ser computado na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido: I na alienação, liquidação ou baixa, a qualquer título, da participação subscrita, proporcionalmente ao montante realizado; II proporcionalmente ao valor realizado, no período de apuração em que a pessoa jurídica para a qual a participação societária tenha sido transferida realizar o valor dessa participação, por alienação, liquidação, conferência de capital em outra pessoa jurídica, ou baixa a qualquer título. § 2o Não será considerada realização a eventual transferência da participação societária incorporada ao patrimônio de outra pessoa jurídica, em decorrência de fusão, cisão ou incorporação, observadas as condições do § 1o. Com a devida vênia, esse dispositivo apenas autoriza o diferimento da tributação do ganho de capital a ser apurado por uma pessoa jurídica que tinha participação societária que foi transferida por valor superior ao patrimonial, por ocasião de integralização de capital em outra sociedade. É de se perceber que a participação societária desta pessoa jurídica continua a lhe pertencer, ainda que indiretamente. E o ganho foi diferido para o momento em que esta participação for realizada. É claro que se esta participação se dá sem a interveniência de terceiras pessoas, ou seja, se ocorre intragrupo, a titularidade das participações sequer muda. No caso em comento, como se pode verificar, AGRENCO constituiu INLOGS ADMINISTRAÇÃO DE BENS S.A, que, no dia seguinte, transferiu as ações de AGRENCO, reavaliadas, para INLOGS INVESTIMENTO LTDA (denominação recebida pela A&A MATHEUS CONSULTORIA EM INFORMÁTICA LTDA, empresa com faturamento inexpressivo e ramo de atividade alheio, após a saída dos seus sócios originários), que contabilizou uma parte como ágio. É de se observar que o art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, em momento algum autoriza contabilizar um ágio, até porque o ágio é outra figura. O ágio requer que partes independentes se disponham a pagar um preço adicional sobre um ativo, isto é, algo além do valor patrimonial. No caso em apreço, não se pode olvidar que a A&A MATHEUS CONSULTARIA EM INFORMÁTICA não tinha recursos e nada pagou pelas ações da AGRENCO que contabilizou parte como ágio no valor de R$ 64.340.498,56. Logo, não se tem dúvidas da artificialidade do ágio e, portanto, da sua indedutibilidade, como bem reconhecido pela decisão recorrida. No entanto, o simples fato de se criar artificialmente um ágio (por meio da reavaliação de ativos para transacionar entre partes vinculadas), para simular uma situação que Fl. 1236DF CARF MF Processo nº 19515.000447/201097 Acórdão n.º 9101002.503 CSRFT1 Fl. 1.237 9 estaria autorizada pelos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997 , não pode ter outro intuito senão aquele de reduzir indevidamente os tributos devidos, com a geração de uma despesa inexistente, para a qual não houve qualquer desembolso. Ou seja, se as ações da AGRENCO voltam para a AGRENCO, porém com o resultado da operação ela reduziu tributo, tentando simular uma despesa para a qual nunca houve qualquer dispêndio, como não dizer que o intento foi doloso? Assim, vislumbro não só a fraude, consistente na ação dolosa da AGRENCO ao tentar modificar características essenciais do fato gerador, procurando dar uma roupagem de ágio amortizável por incorporação, que reduziria a base de cálculo dos tributos IRPJ e CSLL, como também o conluio, vez que foi necessária a participação de outras pessoas jurídicas para obter o intuito desejado pela fraude. Por oportuno, destaco posicionamento no sentido da manutenção, por esta 1ª Turma da CSRF, da qualificação da multa em caso bastante semelhante, em julgamento recente, de votação unânime, cujo relator da Câmara a quo é o mesmo e adotou a mesma fundamentação para exonerar a qualificação (acórdão de nº 9101002.300, de 7/4/2016, Relator Rafael Vidal de Araújo). Confirase: Conforme relatado alhures, a PGFN apresentou recurso especial visando à reforma do Acórdão nº 120100.967 na parte em que a 1a Turma Ordinária da 2a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF decidiu reduzir o percentual da multa de ofício de 150% para 75%. (...) No caso sob análise, a autoridade lançadora entendeu que a conduta da contribuinte teria configurado fraude, conforme definição do art. 72 da Lei nº 4.502/1964: (...) Justificouse tal decisão com base nas seguintes alegações, perfiladas no Termo de Verificações Fiscais: (...) A aplicação da multa qualificada foi excluída por ocasião do julgamento do recurso voluntário interposto pela contribuinte, sob a seguinte fundamentação: "Pois bem, entendo que neste tipo específico de reorganização societária, que encontra previsão no art. 36 da Lei 10.637/2002, sempre remanescerá dúvida razoável acerca de se o sujeito passivo agiu, ou não, dolosamente. De fato, o referido dispositivo legal autoriza esse tipo de reorganização societária única e exclusivamente para possibilitar a reavaliação, na investidora, da participação que mantém em sua investida, reavaliação essa cuja incidência do IRPJ e CSLL devidos pela investidora poderá ser diferida. (...) Com toda a vênia, não vislumbro, no presente caso, dúvida acerca da atuação dolosa da contribuinte. Fl. 1237DF CARF MF Processo nº 19515.000447/201097 Acórdão n.º 9101002.503 CSRFT1 Fl. 1.238 10 Conforme já foi tratado no tópico que cuidou especificamente da questão da amortização do ágio gerado em operações intragrupo, o art. 36 da Lei nº 10.637/2002 fixa determinado efeito fiscal para operações societárias permitidas não por ele, mas pela legislação civil e comercial e pelas normas contábeis. O efeito fiscal que o dispositivo estabelecia era o diferimento da tributação de IRPJ e de CSSL sobre o ganho de capital proveniente da reavaliação do valor de sociedade investida. O fato de o art. 36 da Lei nº 10.637/2002 mencionar determinada operação de reorganização societária não autoriza os contribuintes a atribuírem a ela efeitos outros que não aqueles especificamente descritos no dispositivo. Além disso, conforme análise desenvolvida no tópico que tratou da amortização do ágio, a própria análise do dispositivo levaria à conclusão de que seu intuito era o de estabelecer a neutralidade tributária da operação. Tal neutralidade não permitia que se chegasse à conclusão de que, embora a tributação do ganho de capital restasse diferida, o ágio contabilizado pudesse ser desde logo amortizável. Prova cabal de que a contribuinte e o grupo econômico a que pertence teriam praticado ação dolosa tendente a impedir a ocorrência de fato gerador de obrigação tributária principal ou a modificar suas características de modo a reduzir o montante devido, o que atrai a aplicação do art. 72 da Lei nº 4.502/1964, é o fato de nenhuma alteração de fato ter ocorrido no controle societário da empresa fiscalizada, após encerrada a reorganização. (...) Conclusão Em face do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, restabelecendose a imposição de multa de ofício qualificada no percentual de 150%. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 1238DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10711.721778/2011-54
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 07/10/2008
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO.
É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto-Lei nº 37/66.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-003.452
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 07/10/2008 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do DecretoLei nº 37/66. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Por bem retratar a realidade dos fatos, adoto e transcrevo, no que for relevante, o relatório da decisão de piso proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 17 78 /2 01 1- 54 Fl. 115DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721778/201154 Acórdão n.º 3302003.452 S3C3T2 Fl. 3 2 O presente processo é referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O lançamento, que totalizou R$ 5.000,00 à época de sua formalização, foi contestado pela empresa autuada. Da Autuação Antes de adentrar na descrição dos fatos que ensejaram a autuação, a autoridade lançadora fez longa explanação acerca do comércio marítimo internacional, na qual esclarece quem são os intervenientes nessa atividade, a documentação utilizada, as informações a serem prestadas e seus respectivos prazos e a sistemática de utilização delas. Foram apresentados tópicos específicos sobre a obrigatoriedade de prestar informação pelo transportador e sobre a importância, para o controle aduaneiro, de os dados exigidos serem prestados correta e tempestivamente. A fiscalização expôs detalhadamente quais as informações que devem ser prestadas e os respectivos prazos estabelecidos na legislação regente. Em seguida apresentou dispositivo legal que trata da denúncia espontânea esclarecendo que, depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior, esse instituto não é mais aplicável para infrações imputadas ao transportador, por força de expressa disposição do Regulamento Aduaneiro (art. 683, § 3°). Foi também comentado sobre os danos causados ao controle aduaneiro pelo descumprimento das normas referentes à prestação de informações pelos intervenientes no transporte internacional de cargas. Na sequência, a fiscalização discorreu sobre o tipo de infração verificada, inclusive no tocante a sua penalização. Depois, passou a demonstrar a irregularidade apurada que, de acordo com o relatado no tópico Dos Fatos, consistiu na prestação de informação intempestiva referente ao conhecimento eletrônico (CE) ali identificado. De acordo com a autoridade fiscal, a autuada deixou de atender ao prazo estabelecido no parágrafo único, inciso II, do art. 50 da Instrução Normativa RFB n° 800, de 27/12/2007. Assim, a fiscalização considerou caracterizada a infração tipificada no art. 107, IV, "e", do DecretoLei n° 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, e aplicou a multa ali prescrita, que entende ser cabível para cada CE incluído ou retificado após o prazo para prestar informações. Da Impugnação O sujeito passivo foi cientificado da exação e, apresentou impugnação na qual aduz os seguintes argumentos. Inobservância do art. 50 da IN RFB 800/2007. Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional. Duplicidade de multa para o mesmo navio/viagem. O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma Fl. 116DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721778/201154 Acórdão n.º 3302003.452 S3C3T2 Fl. 4 3 embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/2008. Ao final a impugnante requer que seja cancelado o lançamento. A Turma Julgadora "a quo", por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada pela Recorrente, mantendo integralmente o crédito constituído. Inconformada com o resultado do julgamento, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, reproduzindo os mesmos argumentos apresentados em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.395, de 28 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10711.006561/201030, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.395): 1. Tempestividade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. 2. Preliminar 2.1 Duplicidade: Cobrança de múltiplas multas decorrente do mesmo fato gerador Em síntese apartada, alega a Recorrente que" O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados em seu recurso voluntário, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/20081." 1 Trecho destacada no voto: Ora, o transportador que deixou de informar os dados de embarque de uma declaração de exportação e o que deixou de informar os dados de embarque sobre todas as declarações de exportação cometeram a mesma infração, ou seja, deixaram de cumpri a obrigação acessória de informar os dados de embarque. Nestes termos, a multa deve ser aplicada uma única vez por veículo transportador, pela omissão de não prestar as informações exigidas na forma e no prazo estipulados. Fl. 117DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721778/201154 Acórdão n.º 3302003.452 S3C3T2 Fl. 5 4 Em relação ao primeiro ponto suscitado pela Recorrente, na parte em que ela afirma ser impossível existir mais de uma penalidade para o mesmo fato, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento decidiu da seguinte forma: "No caso sob análise não houve uma infração. Examinandose as ocorrências citadas pela fiscalização, verificase que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos. Sendo assim, não se pode afirmar sequer que as infrações são idênticas, uma vez que são diferente seus objetos materiais." Já em relação ao segundo ponto (aplicação da solução de consulta interna Cosit nº 8/2008), a fiscalização justificou seu afastamento com base nos seguintes argumentos. "Todavia, esse entendimento não é aplicável ao caso sob exame. As informações cujos atrasos na prestação deram ensejo ao lançamento são referentes a importação de mercadorias, enquanto a citada decisão soluciona consulta relativa à exportação. Cada um desses tipos de operações envolve peculiaridades próprias, especialmente no tocante ao controle administrativo, as quais se refletem na legislação regente e não podem ser desprezadas. O caso ora apreciado diz respeito à importação de cargas consolidadas, as quais são acobertadas por documentação própria, cujos dados devem ser informados de forma individualizada para a geração dos correspondentes conhecimentos eletrônicos (CE). Esses registros devem representar fielmente as correspondentes mercadorias, a fim de possibilitar à Aduana definir previamente o tratamento a ser adotado a cada caso, de forma a racionalizar procedimentos e agilizar o despacho aduaneiro. Nesses casos, não é viável estender a conclusão trazida na citada SCI, conforme se passa a demonstrar. Pois bem. Em que pese os argumentos explicitados pela Recorrente, fato é que não houve comprovação da existência de duplicidade de cobrança por parte da fiscalização, tampouco argumentos capazes de infirmar o lançamento fiscal ou contradizer os argumentos utilizados pela turma de origem que afirmou " que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos". Sequer um demonstrativo analítico, com os registros relativos as operações tratadas em cada processo apontado no recurso foram produzidas pela Recorrente, em total desrespeito ao artigo 16, inciso III e §4º, do inciso V , do Decreto nº 70.235/72, bem como do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. Nestes termos, considerando que a Recorrente deixou inexplicavelmente de comprovar suas alegações, não há como acolher o pedido de nulidade do lançamento suscitado pela contribuinte, restando, assim, prejudicado a análise dos demais argumentos por ela suscitado. Fl. 118DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721778/201154 Acórdão n.º 3302003.452 S3C3T2 Fl. 6 5 3. Mérito 3.1. Ilegalidade do Auto de Infração O presente processo administrativo diz respeito a exigência de multa regulamentar pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, prevista no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, pelo fato da Recorrente ter prestado informações sobre a desconsolidação da carga fora do preceitos e prazos previstos nos artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007. Em sede Recursal a Recorrente alegou que "Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional". Como se vê, a multa sob análise foi aplicada com fundamento no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, que assim disciplina: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; Do que se extrai do artigo 77 alhures, é que sua finalidade visa penalizar os contribuintes que descumprirem as obrigações acessórias, na forma e nos prazos instituídos pelo legislador e/ou pela Receita Federal, com aplicação de multa. Além disso, a obrigação do agente de carga de prestar as informações à Receita Federal do Brasil está prevista no artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003, a saber: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Fl. 119DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721778/201154 Acórdão n.º 3302003.452 S3C3T2 Fl. 7 6 § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Já no que tange ao prazo e forma para prestar informações à fiscalização, os artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007, assim dispõem: Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: I as relativas ao veículo e suas escalas, cinco dias antes da chegada da embarcação no porto; e II as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: a) dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, exceto quando se tratar de granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) b) cinco horas antes da saída da embarcação, para manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, quando toda a carga for granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) c) cinco (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) d) quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com descarregamento em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. § 1o Os prazos estabelecidos neste artigo poderão ser reduzidos para rotas e prazos de exceção. § 2º As rotas de exceção e os correspondentes prazos para a prestação das informações sobre o veículo e suas cargas serão registrados no Siscomex Carga pela Coordenação Geral de Administração Aduaneira (Coana), a pedido da unidade da RFB com jurisdição sobre o porto de atracação, de forma a garantir a proporcionalidade do prazo em relação à proximidade do porto de procedência. Fl. 120DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721778/201154 Acórdão n.º 3302003.452 S3C3T2 Fl. 8 7 (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 3o Os prazos e rotas de exceção em cada porto nacional poderão ser consultados pelo transportador. § 4º O prazo previsto no inciso I do caput reduzse a cinco horas, no caso de embarcação que não esteja transportando mercadoria sujeita a manifesto ou arribada. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 5º Os CE de serviço informados até a atracação ou registro do passe de saída serão dispensados dos prazos de antecedência previstos nesta Instrução Normativa. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 6º Para os manifestos de cargas nacionais, as informações a que se refere o inciso II do caput devem ser prestadas antes da solicitação do passe de saída. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) *** Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Com todo respeito aos argumentos tecidos pela Recorrente, entendo que razão não lhe assiste. Com efeito, os prazos mínimos de prestação de informações à Receita Federal do Brasil (vide artigo 22, da IN 800/2007 e IN 899/2008), passaram a ser obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009, exceção feita as hipóteses dos incisos do artigo 50, a saber: (i) sobre a escala; e (ii) sobre as cargas transportadas, que permaneceram válidas e vigentes, produzindo seus efeitos legais e jurídicos. Ou seja, embora o prazo previsto no artigo 22 não se aplique a fatos ocorridos em data anterior a 1º de abril de 2009, a Recorrente deveria ter observado as demais obrigações previstas no parágrafo único do artigo 50, sob pena de ensejar a aplicação da multa em comento. Fl. 121DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721778/201154 Acórdão n.º 3302003.452 S3C3T2 Fl. 9 8 Assim, considerando que a obrigação do agente de cargas de apresentar as informações antes da atracação da embarcação era obrigatória, entendo legítima a penalidade imposto à Recorrente. No mais, destacase que o artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003 define, igualmente ao previsto no artigo 2º, da IN 800/20072, o agente de carga como sendo " qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos". Ou seja, referido dispositivo equipara o agente de carga ao transportar para efeitos de aplicação da multa em comento. Este destaque se faz necessário na medida em que a Recorrente suscitou a aplicação do artigo 110, do Código Tributário Nacional, arguindo que a fiscalização ao equiparar o agente de cargas ao transportador, para efeito da obrigação tributária acessória em apreço que no seu texto normativo prevê a obrigação somente ao transportar distorce conceitos de direito privado, o que é expressamente vedado pelo referido artigo. Cita a definição de "transportar" e "agente de cargas" do Dicionário Aurélio como fonte de direito privado. O artigo 110 do CTN prevê: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e forma de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios, para definir ou limitar competências tributária. Ao contrário do que explicitou a Recorrente, suas razões não merecem respaldo. A uma porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" extraída do Dicionário Aurélio não é fonte de direito privado e, a duas porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" não estão previstas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados, ou nas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios. Portanto, considerando que o Decreto 37/66 e a IN 800/2007 não alteraram definição prevista nos diplomas legais citados no artigo 110, do CTN, fica afastada a alegação da Recorrente neste ponto. Por fim, não vejo que o artigo 150, inciso III, da Constituição Federal tenha aplicabilidade ao presente caso, posto que referido dispositivo impede a cobrança de tributo antes da vigência da lei que os instituiu, ao que passo que no presente a discussão corresponde a aplicação de multa administrativa por descumprimento de obrigação acessória, institutos estes totalmente distintos e que não se confundem. O artigo 3º, do Código Tributário Nacional é claro ao definir tributo como sendo "toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada." 2 Art. 2o Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: § 1o Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: IV o transportador classificase em: e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; Fl. 122DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721778/201154 Acórdão n.º 3302003.452 S3C3T2 Fl. 10 9 Como se vê, o legislador ao estabelecer que tributo não constitui sanção de ato ilícito, faz a diferenciação fundamental entre tributo e multa, deixando cristalino que um não se confunde com o outro. Isso porque, tributo somente pode ter, por fato gerador, situação lícita, fato lícito, ao contrário da sanção, que por excelência tem o fato gerador proveniente de ato ilícito. Por todo exposto, rejeito a preliminar de nulidade e, no mérito, voto em negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, rejeitase a preliminar de nulidade e, no mérito, negase provimento ao recurso voluntário. Ricardo Paulo Rosa Fl. 123DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 10930.903590/2012-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 28/12/2005
COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à repetição quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3402-003.663
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 28/12/2005 COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. Recurso voluntário negado.
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REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 35 90 /2 01 2- 29 Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10930.903590/201229 Acórdão n.º 3402003.663 S3C4T2 Fl. 56 2 Relatório Tratase de Pedido de Restituição (PER) no qual a contribuinte solicita a restituição do crédito de R$ 2.731,82 (fls. 2/4), em valor original, decorrente do pagamento de COFINS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS (código 5442), realizado na data de 28/12/2005. No Despacho Decisório prolatado em 05/11/2012 (fl. 5), a autoridade competente da DRF em Londrina/PR indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade (fls. 7/10), na qual esclarece tratarse de pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal indústria, comércio e exportação de couros de boi. Consigna que a Lei nº 10.865/2004 instituiu as contribuições do PIS e da Cofins sobre a importação de bens e serviços, mas não foi clara em relação à incidência sobre as quantias remetidas ao exterior a representantes comerciais a título de comissões sobre vendas, o que fez com que a interessada optasse por recolher as contribuições sobre essas operações na ocasião. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, em resposta a diversas consultas (cita 2), passou a vazar o entendimento de que as comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior, não estão sujeitas à incidência do PIS Importação. Isso porque, anota a ora recorrente, essas operações não configuram hipótese de serviços prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Assim, uma vez ter efetuado o pagamento de tributo indevido, tem o direito à restituição na forma prevista no art. 165 do Código Tributário Nacional CTN, devidamente corrigido pela taxa SELIC, conforme prescreve a Lei nº 9.250, de 1995, "ainda que informado o débito em DCTF". Sobreveio o acórdão da 3ª Turma da DRJ/CTA (fl. 28/31), de 26/03/2014, negando provimento à manifestação de inconformidade, cuja ementa transcrevo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do Fato Gerador: 28/12/2005 COFINSIMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. REDUÇÃO DE VALORES DECLARADOS EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10930.903590/201229 Acórdão n.º 3402003.663 S3C4T2 Fl. 57 3 a reduzir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignada com a r. decisão, foi interposto o presente recurso voluntário, cujas razões, em suma, são as seguintes: (i) diferente do que entendeu a autoridade julgadora, a empresa recorrente comprovou ser pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi; (ii) que demonstrou que a Lei n° 10.865, de 2004, que instituiu as contribuições ao PIS/Pasep e COFINS sobre a importação de bens e serviços, não foi clara ao determinar a incidência sobre as quantias pagas, ou remetidas ao exterior, a representantes comerciais domiciliados no exterior a título de comissões sobre vendas; (iii) para não sofrer sanções, optou por recolher as contribuições sobre as quantias remetidas ao exterior (para representantes domiciliados no exterior) incidentes sobre comissões sobre vendas, conforme (DARF's) apresentados; (iv) que, posteriormente, a própria RFB, através de inúmeras respostas a soluções de consultas, veiculou entendimento no sentido de que as "comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior não estão sujeitas à incidência da COFINS/PISImportação", por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Reproduz algumas Solução de Consulta. (v) que o processo administrativo sempre deve buscar a verdade real ou material relativa aos fatos tributários, em decorrência da estrita legalidade tributária, que devem nortear todos os atos da administração fiscal. Com isto, não basta simplesmente argumentar que "prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido", para negar a existência do direito creditório; (vi) frisa que os erros contidos em declaração podem e devem ser retificados de ofício, por força da estrita legalidade tributária e nos moldes do art. 147, § 2º do CTN. (vii) que seja reconhecido que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis em valores devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95; (viii) requer seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova ou esclarecimento de dúvidas relativas aos fatos trazidos neste processo. À vista do exposto, espera e requer seja julgado integralmente procedente o presente recurso, a fim de que seja reconhecido o direito creditório e assegurada a restituição das quantias recolhidas indevidamente. Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10930.903590/201229 Acórdão n.º 3402003.663 S3C4T2 Fl. 58 4 É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, relator. Emerge do relatado, que o objeto do pedido de ressarcimento tem como fundamento o indébito de COFINS sobre comissão de venda paga a representantes comerciais residentes/domiciliados no exterior. No Despacho Decisório restou consignado que, "A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição." Consta dos autos que o despacho decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. Ou seja, ao que tudo indica, o contribuinte não retificou a DCTF no que pertine ao pleito em questão, por isso a conclusão do despacho decisório vestibular que o valor sob pedido de ressarcimento foi integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Por outro lado, a recorrente tenta demonstrar em seu recurso, que não há incidência de contribuições à COFINS sobre remessas realizadas para o exterior para pagamento de comissões à agentes no exterior a título de comissões ali realizadas, por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique, e que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis e em montantes devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95. Tudo com base na Lei nº 10.865, de 2004 e Soluções de Consultas emitidas pela RFB que cita. Contudo, se de um lado a decisão recorrida tenha asseverado que "como se vê uma das hipóteses de ocorrência do fato gerador das contribuições ao PIS e a COFINS, sobre importação de serviços, é a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado", como alega a peticionante, por outro, deixou patente que o ônus da prova quanto ao indébito seria da ora recorrente, nos seguintes termos: Mas, para a verificação se os valores remetidos ao exterior atendem às condições estabelecidas em lei para a incidência das contribuições sobre a importação de serviços ou, não se caracterizando o fato gerador da obrigação tributária, há, de fato, o indébito reclamado pela interessada, é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. Ocorre que, no presente caso, prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido. Nesse sentido, é bom lembrar que não se permite, depois de iniciado qualquer procedimento fiscal, que seja Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10930.903590/201229 Acórdão n.º 3402003.663 S3C4T2 Fl. 59 5 retificada declaração quando vise a reduzir ou a excluir tributo, a não ser mediante a comprovação do erro em que se funde. É o que determina o art. 147, § 1º, da Lei nº 5.172, de 25/10/1966. E, como visto, o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. (sublinhei) E conclui a decisão a quo: Assim, instaurado o contencioso administrativo, as alegações quanto ao suposto crédito decorrente de recolhimento indevido ou a maior, como no caso em análise, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da contribuinte. Dessa forma, uma vez que a conclusão emitida pela autoridade administrativa teve como pressuposto as informações prestadas pela própria interessada em declarações fiscais válidas a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório e não havendo prova hábil que contrarie as informações prestadas espontaneamente, demonstrando o pagamento indevido do tributo, é de se manter o indeferimento da restituição pleiteada. Portanto, a lide se resume na questão de atendimento de condições estabelecidas em lei e provas documentais trazidos aos autos, pois para o deslinde do litígio é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, mormente quando o pedido versa sobre suposto pagamento indevido. No caso em análise, por se tratar de pedido de restituição, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da recorrente. Documentação essa, frisese, de posse da recorrente por determinação legal, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. E, no presente caso, é fato que prova alguma foi trazida aos autos pela recorrente que comprovem que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora ela tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, quer na impugnação, quer agora na fase recursal. Demais disso, o fundamento da decisão recorrida foi justamente este, qual seja, a falta de prova. Mas, contrariando os ditames do ônus da distribuição da prova para provar fato constitutivo de seu direito, insiste que "seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova". Ora, se toda a documentação para provar o direito que alega está em seu poder, deveria ter ela produzido tal prova quando da manifestação de inconformidade, ou mesmo em sede recursal, o que não o fez. Assim, por falta de prova, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10930.903590/201229 Acórdão n.º 3402003.663 S3C4T2 Fl. 60 6 Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Jorge Olmiro Lock Freire relator. Fl. 60DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10384.000215/2011-88
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
RECURSO VOLUNTÁRIO. CONHECIMENTO. Tendo a decisão de primeira instância considerado a impugnação do contribuinte procedente, carece de motivação a interposição de Recurso Voluntário, a não ser para corrigir erro formal. No caso dos autos, a contribuinte questiona valores não abrangidos pela lide.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2401-004.554
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Cleci Coti Martins - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2005 RECURSO VOLUNTÁRIO. CONHECIMENTO. Tendo a decisão de primeira instância considerado a impugnação do contribuinte procedente, carece de motivação a interposição de Recurso Voluntário, a não ser para corrigir erro formal. No caso dos autos, a contribuinte questiona valores não abrangidos pela lide. Recurso Voluntário Não Conhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Maria Cleci Coti Martins - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.
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score : 1.0
Numero do processo: 13116.000750/2010-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DISCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA.
Incabível na esfera administrativa a discussão de que uma determinada norma legal não é aplicável por ferir princípios constitucionais, pois essa competência é atribuída exclusivamente ao Poder Judiciário, na forma dos artigos 97 e 102 da Constituição Federal. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO.
A vedação quanto à instituição de tributo com efeito confiscatório é dirigida ao legislador e não ao aplicador da lei.
SALDO NEGATIVO. DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO. LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO POSTERIOR COM UTILIZAÇÃO DO SALDO NEGATIVO. NÃO HOMOLOGAÇÃO.
Tendo sido lavrado auto de infração referente ao mesmo período de apuração do saldo negativo pleiteado, se no momento da autuação a autoridade fiscal se utiliza do saldo negativo na apuração do imposto a lançar de ofício, não se pode homologar as compensações pleiteadas, sob pena de duplicidade de utilização do mesmo saldo negativo.
COMPENSAÇÃO NÃO-HOMOLOGADA. NÃO CONFIRMAÇÃO DA LEGITIMIDADE OU SUFICIÊNCIA DO CRÉDITO INFORMADO EM DECOMP. EXIGÊNCIA DE MULTA ISOLADA.
Aplica-se a multa prevista nos §§ 15 e 17 do art. 74 da Lei nº 9.430/96 sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 1402-002.246
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário em relação às arguições de inconstitucionalidade e confisco e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DISCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. Incabível na esfera administrativa a discussão de que uma determinada norma legal não é aplicável por ferir princípios constitucionais, pois essa competência é atribuída exclusivamente ao Poder Judiciário, na forma dos artigos 97 e 102 da Constituição Federal. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO. A vedação quanto à instituição de tributo com efeito confiscatório é dirigida ao legislador e não ao aplicador da lei. SALDO NEGATIVO. DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO. LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO POSTERIOR COM UTILIZAÇÃO DO SALDO NEGATIVO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Tendo sido lavrado auto de infração referente ao mesmo período de apuração do saldo negativo pleiteado, se no momento da autuação a autoridade fiscal se utiliza do saldo negativo na apuração do imposto a lançar de ofício, não se pode homologar as compensações pleiteadas, sob pena de duplicidade de utilização do mesmo saldo negativo. COMPENSAÇÃO NÃO-HOMOLOGADA. NÃO CONFIRMAÇÃO DA LEGITIMIDADE OU SUFICIÊNCIA DO CRÉDITO INFORMADO EM DECOMP. EXIGÊNCIA DE MULTA ISOLADA. Aplica-se a multa prevista nos §§ 15 e 17 do art. 74 da Lei nº 9.430/96 sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2329; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 367 1 366 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13116.000750/201014 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402002.246 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 06 de julho de 2016 Matéria DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente CAOA MONTADORA DE VEÍCULOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DISCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. Incabível na esfera administrativa a discussão de que uma determinada norma legal não é aplicável por ferir princípios constitucionais, pois essa competência é atribuída exclusivamente ao Poder Judiciário, na forma dos artigos 97 e 102 da Constituição Federal. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO. A vedação quanto à instituição de tributo com efeito confiscatório é dirigida ao legislador e não ao aplicador da lei. SALDO NEGATIVO. DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO. LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO POSTERIOR COM UTILIZAÇÃO DO SALDO NEGATIVO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Tendo sido lavrado auto de infração referente ao mesmo período de apuração do saldo negativo pleiteado, se no momento da autuação a autoridade fiscal se utiliza do saldo negativo na apuração do imposto a lançar de ofício, não se pode homologar as compensações pleiteadas, sob pena de duplicidade de utilização do mesmo saldo negativo. COMPENSAÇÃO NÃOHOMOLOGADA. NÃO CONFIRMAÇÃO DA LEGITIMIDADE OU SUFICIÊNCIA DO CRÉDITO INFORMADO EM DECOMP. EXIGÊNCIA DE MULTA ISOLADA. Aplicase a multa prevista nos §§ 15 e 17 do art. 74 da Lei nº 9.430/96 sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 00 07 50 /2 01 0- 14 Fl. 367DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13116.000750/201014 Acórdão n.º 1402002.246 S1C4T2 Fl. 368 2 Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário em relação às arguições de inconstitucionalidade e confisco e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone. Fl. 368DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13116.000750/201014 Acórdão n.º 1402002.246 S1C4T2 Fl. 369 3 Relatório CAOA MONTADORA DE VEÍCULOS LTDA recorre a este Conselho, com fulcro nos §§ 10 e 11 do art. 74 da Lei nº 9.430/96 e no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 0359.257 da 4ª Turma da Delegacia de Julgamento em Brasília que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. Por bem representar o litígio, adoto o relatório de tal resolução, complementandao ao final: Cuidam os autos de Declaração de Compensação Dcomp, crédito oriundo de Saldo Negativo de IRPJ, anocalendário 2008, no valor de R$ 13.148.004,17, com débito próprio da contribuinte. Irresignada com a nãohomologação da compensação pela instância a quo, a interessada oferece manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que: O Despacho Decisório não adentrou efetivamente no mérito do direito creditório pleiteado e, em flagrante distorção do objeto da diligência determinada pela DRJ/Brasília, pautouse em matéria estranha à verificação de créditos de IRPJ, anobase 2008, consistente em exigência fiscal decorrente de lançamento superveniente, objeto do processo 13116.722101/201141, desatendendo as determinações inerentes às análises da Dcomp, especialmente os limites delineados pela DRJ/BSB; O lançamento suplementar do tributo ocorreu em momento superveniente ao envio da Dcomp e ainda pende de decisão administrativa definitiva, devendo ser rechaçada a nãohomologação da compensação, que constitui verdadeira cobrança prematura efetuada por via transversa pela autoridade fiscal, em atenção ao disposto nos artigos 150, parágrafo 1º, e 151, inciso III, ambos do CTN; Considerando os pagamentos por estimativas do IRPJ relativamente aos meses de janeiro e fevereiro/2008, efetuados extemporaneamente, já comprovados às fls. 103 e 108, bem como os demais comprovantes de arrecadação ora juntados, foi constatada contabilmente a existência do saldo negativo do referido imposto apurado pela Recorrente e utilizado para compensação de tributos, conforme previsão contida nos artigos 72, inciso IV, da Instrução Normativa 900/2008 e 6º, inciso II, da Lei 9.430/1996; Com base na referida legislação e nos documentos apresentados pela Recorrente, os dois requisitos exigidos pela legislação (utilização do saldo negativo após a sua devida apuração – término do exercício – e a realização do pagamento) foram devidamente preenchidos, o que corrobora o procedimento adotado; e A Autoridade Fiscalizadora, ao imputar multa isolada de 50% para o simples caso de indeferimento do pedido de compensação, sem comprovação de dolo, fraude ou máfé do contribuinte, afronta o direito de petição (art. 5º, inciso XXXVI, alínea “a”, da Constituição Federal), bem como os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Fl. 369DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13116.000750/201014 Acórdão n.º 1402002.246 S1C4T2 Fl. 370 4 Diante do exposto, sem prejuízo da realização de diligências que se mostrem imperiosas para a correta percepção dos fatos e da verdade material, requer a reforma integral do Despacho Decisório guerreado, pela necessidade de reconhecimento da totalidade do crédito pleiteado e do acerto do procedimento adotado, afastandose as penalidades impostas; Subsidiariamente, caso não seja este o entendimento dos nobres Julgadores, requer seja ao menos afastada a multa isolada imputada, vez que a situação concreta não se subsume às hipóteses contidas no artigo 74, parágrafos 15 e 17 da Lei 9.430/1996. Analisando a manifestação de inconformidade apresentada, a turma julgadora de primeira instância julgoua improcedente, tendo a ementa do julgado recebido a seguinte redação: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2008 COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO DO SUJEITO PASSIVO. A lei somente autoriza a compensação de crédito tributário com crédito líquido e certo do sujeito passivo. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. NÃO CONFIRMAÇÃO DA LEGITIMIDADE OU SUFICIÊNCIA DO CRÉDITO INFORMADO EM DECOMP. EXIGÊNCIA DE MULTA ISOLADA. Aplicase a multa prevista no § 15, também, sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO. ATIVIDADE ADMINISTRATIVA VINCULADA E OBRIGATÓRIA. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. FUNDAMENTO DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DEVER DO JULGADOR. OBSERVÂNCIA DO ENTENDIMENTO DA RFB. Cabe ao Poder Judiciário se manifestar sobre a inconstitucionalidade das leis, por força do princípio da unidade jurisdicional. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, o julgador deve observar o entendimento da RFB expresso em atos normativos. Fl. 370DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13116.000750/201014 Acórdão n.º 1402002.246 S1C4T2 Fl. 371 5 O contribuinte foi cientificado da decisão em 26 de maio de 2014 (fl. 359), apresentando em 16 de junho de 2014 (fl. 319) o recurso voluntário de fls. 320352. Em resumo, repete os argumentos deduzidos na manifestação de inconformidade, acrescentando ainda que o seguinte: que não fora obedecido pela unidade de origem o solicitado na diligência inicial requerida pela turma julgadora de primeira instância, qual seja, a análise sobre pretensos pagamentos de estimativa, limitandose a autoridade fiscal a argumentar que fora lavrado auto de infração relativo ao mesmo anocalendário que acabou por redundar em saldo a pagar de IRPJ; a esse respeito, requer que sejam desconsideradas as conclusões consignadas no Despacho decisório e também no acórdão recorrido; a respeito da necessidade de homologar as compensações pleiteadas, uma vez que o lançamento realizado foi posterior à transmissão da Dcomp, reafirma que seu entendimento possui respaldo em reiteradas decisões proferidas pelas diversas esferas de julgamento tributária, o que fundamenta o crédito apropriado; em razão da regularidade dos procedimentos e da inexistência de dano ao erário, mostrase necessária a reforma do v. acórdão guerreado, com o reconhecimento do crédito glosado e o consequente afastamento da multa isolada; em prol do princípio da verdade material, norteador do processo administrativo fiscal, há que se reconhecer o pagamento efetuado e a devida existência do saldo negativo apropriado, mantendose o crédito utilizado extinguindose, desse modo, a obrigação tributária com fundamento no artigo 156, inciso II, do Código Tributário Nacional; e a Autoridade Fiscalizadora, ao imputar multa de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor dos créditos não homologados, acaba por confiscar relevante parte do patrimônio da Recorrente, uma vez que as supostas infrações cometidas, mesmo que fossem verdadeiras, não justificam multas extorsivas correspondentes a valores próximos ao quantum principal. É o relatório. Fl. 371DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13116.000750/201014 Acórdão n.º 1402002.246 S1C4T2 Fl. 372 6 Voto Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE O recurso é tempestivo e preenche os demais pressupostos para sua admissibilidade. Dele, portanto, conheço. 2 DO PEDIDO DE DESCONSIDERAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO E DA DECISÃO RECORRIDA: DESVIO AO QUE FOI SOLICITADO EM RESOLUÇÃO Segundo a Recorrente, a unidade de origem teria se desviado totalmente do que fora solicitado na diligência inicial requerida pela turma julgadora de primeira instância. A turma julgadora havia requerido a análise sobre pretensos pagamentos de estimativa, mas o responsável pela diligência não analisou a questão, limitandose a argumentar que fora lavrado auto de infração relativo ao mesmo anocalendário que acabou por redundar em saldo a pagar de IRPJ. Tal posicionamento foi acatado pela decisão recorrida. Não vislumbro qualquer vício procedimental na conduta adotada pela unidade de origem e acatada pela turma julgadora de primeira instância. Se a não homologação da compensação foi ou não acertada, tratase de matéria de mérito, a ser analisada oportunamente. Portanto, rejeito o pedido de desconsideração do despacho decisório e da decisão recorrida a respeito da não homologação da compensação em razão de auto de infração lavrado posteriormente à transmissão da Dcomp. 3 LANÇAMENTO DE OFÍCIO E SEU CÔMPUTO PARA FINS DE APURAÇÃO DO SALDO NEGATIVO Em relação ao período de apuração objeto do presente pedido (anocalendário de 2008), foi lavrado auto de infração de IRPJ posteriormente à transmissão da Dcomp (processo 13116.722101/201141). Tanto a decisão da unidade de origem, quanto o julgado de primeira instância, entenderam por bem computar o IRPJ lançado de ofício no cômputo do IRPJ devido no período, implicando a reversão do saldo negativo inicialmente apurado pela Recorrente, redundo, ao fim e ao cabo, em saldo a pagar de IRPJ. Entendo que, em princípio, no momento da lavratura do auto de infração há de se observar se há saldo negativo disponível. Em caso afirmativo, deverá a autoridade fiscal, na lavratura do auto de infração, levar em consideração o saldo de IRPJ, deduzindose do valor a ser lançado. Com tal procedimento, evitase a cobrança do tributo, com multa de ofício, que o contribuinte já recolheu e encontrase em poder do Fisco. Nessa hipótese, se o contribuinte vier a apresentar PER/Dcomp após a lavratura do auto de infração, somente se pode seguir adiante da análise do pedido de Fl. 372DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13116.000750/201014 Acórdão n.º 1402002.246 S1C4T2 Fl. 373 7 restituição/compensação quando já houver decisão administrativa a respeito da lavratura do auto de infração. No caso concreto, a transmissão da Dcomp se deu antes da lavratura do auto de infração. Contudo, a autoridade fiscal lançadora utilizouse do suposto saldo negativo do contribuinte para deduzir o IRPJ lançado de ofício. Nesse cenário, se a Dcomp transmitida pela Recorrente for homologada, estarseá diante de dupla utilização do mesmo crédito, o que não se pode admitir. O lançamento em questão foi analisado pelo CARF na sessão de 27 de agosto de 2014, tendo sido mantida a exigência do IRPJ lançado, exonerandose tão somente as multas isoladas por falta de recolhimento de estimativas (Acórdão 1401001.255). Opostos embargos de declaração, na sessão de 01 de fevereiro de 2016 os mesmos foram rejeitados (Acórdão 1401001.516). Alega a Recorrente que haveria de se aguardar a decisão definitiva naqueles autos para que se pudesse analisar o mérito da presente lide. Discordo de tal entendimento. Tal decisão não necessita ser definitiva, bastando que ambos os processos ao menos estejam na mesma fase processual, tal qual ocorreria se os autos estivessem apensos (situação em que ambos seriam julgados na mesma sessão). Saliento que o atual Regimento Interno do CARF, em seu art. 6º, § 6º, corrobora tal entendimento ao determinar que, ARt. 6º. [...] § 6º. Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. [grifo nosso] Assim, já havendo decisão do CARF quanto ao recurso voluntário do processo principal, nada impede que se realize também o julgamento do recurso voluntário atinente ao pedido de restituição/compensação, devendose, contudo, determinar o apensamento dos autos para que os efeitos de eventual reforma no processo relativo ao auto de infração sejam automaticamente replicados na execução do acórdão referente ao processo de restituição/compensação, execução essa que deverá aguardar a decisão administrativa irreformável em relação ao lançamento de ofício. É importante ressaltar que o contribuinte não é prejudicado com a utilização do saldo negativo de IRPJ para dedução do lançamento de ofício, pois naqueles autos deixou se de aplicar penalidade de 75% sobre todo o saldo negativo aproveitado de ofício, enquanto no caso da declaração de compensação, em caso de não homologação, é cobrada multa moratória de 20% e multa isolada de 50%, ambas sobre os débitos cuja homologação não venha a ser homologada. Fl. 373DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13116.000750/201014 Acórdão n.º 1402002.246 S1C4T2 Fl. 374 8 Por fim, é imperioso destacar que mesmo que houvesse a extinção do crédito tributário lançado de ofício, mediante pagamento, o cenário não se alteraria, pois, conforme já salientado, já se deduziu o saldo negativo na realização do lançamento. Assim sendo, voto por negar provimento ao recurso em relação às DComp, confirmando a decisão recorrida de não homologar as compensações pleiteadas. 4 MULTAS ISOLADAS No que atine à exigência de multa isolada de 50% sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, tratase de exigência prevista em lei, mais especificamente nos §§ 15 e 17 do art. 74 da Lei nº 9.430/96, cuja redação, à época da transmissão da declaração de compensação era a seguinte:: Art. 74. [...] 15. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido. [...] § 17. Aplicase a multa prevista no § 15, também, sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Portanto, a autoridade fiscal autuante, ao cominar tal penalidade, tão somente aplicou expresso dispositivo de lei em vigência. No que tange às questões que envolvem princípios constitucionais e inconstitucionalidade de leis apontadas pela Recorrente, seu mérito não pode ser analisado por este Colegiado. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico nacional. Devese observar que as supostas ofensas aos princípios constitucionais levam a discussão para além das possibilidades de juízo desta autoridade. No âmbito do procedimento administrativo tributário, cabe, tão somente, verificar se o ato praticado pelo agente do fisco está, ou não, conforme à lei, sem emitir juízo de constitucionalidade das normas jurídicas que embasam aquele ato. Ademais, o próprio Regimento Interno do CARF, em seu art. 62, dispõe que “Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.” O caso concreto não se enquadra nas exceções elencada no parágrafo único de tal dispositivo regimental, portanto, as normas atacadas são de aplicação cogente aos membros do CARF. Por fim, sobre a matéria este Conselho já pacificou seu entendimento por meio da Súmula nº 2, cujo teor é o seguinte: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 374DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13116.000750/201014 Acórdão n.º 1402002.246 S1C4T2 Fl. 375 9 Em relação aos argumentos sobre confisco, esclareçase, ainda, que a vedação à utilização de tributo com efeito de confisco, preceituada pelo art. 150, IV, da Constituição da República Federativa do Brasil não se destina aos aplicadores da Lei, mas sim ao Poder Legislativo, que deve tomar em consideração tal preceito quando da elaboração das leis. Desse modo, voto por manter a exigência da penalidade. 5 CONCLUSÃO Isso posto, voto por não conhecer do recurso em relação às arguições de inconstitucionalidade e confisco, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator Fl. 375DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO
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