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Numero do processo: 13161.001382/2007-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE.
Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelece-se o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições.
ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA.
A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial.
CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE.
1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir ano-calendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro.
2. O saldo apurado antes do ano-calendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições.
VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.158-35/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF.
As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes.
CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.265
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Domingos de Sá Filho - Relator
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Redator Designado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Redator Designado.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelecese o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 00 13 82 /2 00 7- 72 Fl. 346DF CARF MF 2 Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANOCALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE. 1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir anocalendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro. 2. O saldo apurado antes do anocalendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.15835/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 347DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 49 3 Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Fl. 348DF CARF MF 4 (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) Domingos de Sá Filho Relator (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Redator Designado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Redator Designado. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário em razão do Acórdão que negou o direito ao crédito pleiteado referente aos anos calendários de 2004, 2005, 2006 e 2007, e, manteve o indeferimento parcial da pretensão do reconhecimento do direito creditório relativo ao PIS/PASEP e a COFINS, conforme se vê do voto. Em sede de Embargos Declaratórios foram acolhidos os argumentos da Embargante, aqui Recorrente, para o exame da Manifestação de Inconformidade em toda a sua plenitude, diante de omissão quando da análise procedida que resultou num Acórdão da 2ª Turma da DRJ/CGE. Em sendo assim, está em exame o Acórdão de nº 3302003.265. O pleito foi deferido parcialmente pelos motivos elencados no relatório fiscal, o que restou acolhido pelo julgador de piso. Em sua conclusão resume os ajustes nos cálculos realizados pela contribuinte: “I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); Fl. 349DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 50 5 IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a matéria circunscrevese a questão se Recorrente é considerada agroindustrial ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); VI. Deferimento dos créditos básicos vinculados às operações de exportações realizados no período.” Do relatório fiscal constatas as razões das glosas: 1. CRÉDITO BÁSICO 1.1 AQUISIÇÃO DE INSUMOS No período em análise a contribuinte registrou créditos integrais da não comutatividade das contribuições para o Pis e da Cofins sobre as compras de pessoa jurídica. Através do Termo de Intimação Fiscal 003, por amostragem, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição registradas na memória de cálculo do Dacon. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.2 FRETES / DESPESAS DE ARMAZENAGEM O contribuinte apurou créditos da contribuição para Pis e da Cofins sobre os fretes de operações de venda/armazenagem, transferência e compras de mercadorias. Conforme será demonstrado, apenas os fretes vinculados a operações de venda geram direito a apuração de crédito da contribuição para Pis e da Cofins. 1.2.1 FRETE SOBRE OPERAÇÕES DE VENDAS / ARMAZENAGEM Nas operações com fretes sobre vendas somente existe direito ao crédito da nãocumulatividade das contribuições para o Pis e da Cofins se for comprovado que o ônus foi suportado pelo vendedor (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IX c/c art. 15, inciso II e art. 93) Através do Termo de Intimação Fiscal 003 a contribuinte foi intimada a apresentar cópia digitalizada dos comprovantes de pagamento a título de fretes sobre venda/despesa de armazenagem as pessoas jurídicas. Fl. 350DF CARF MF 6 Pela análise da documentação solicitada, a contribuinte comprovou que, no período entre agosto de 2004 e dezembro de 2007, foi a responsável pelo pagamento dos serviços de fretes contratados. Portanto, atende ao requisito legal para apuração do crédito, ou seja, o ônus foi suportado pela vendedora. 1.2.2 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA As transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte implicam em mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores. Portanto, não integram a “operação de venda” referida no art. 3º, inciso IX da Lei nº 10.833/2003. Somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias para o consumidor final, desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, gera direito ao crédito do PIS/PASEP e da Cofins. Cumpre registrar que somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes é que geram direito a créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, consoante entendimento da CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), exarado na Solução de Divergência nº 11, de 27 de setembro de 2007, cuja ementa está disponível no sítio da RFB na internet. A exclusão das transferências de mercadorias foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.2.3 FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA Os fretes sobre compras, quando por conta do comprador, integram o custo dos bens. Se tais bens geram direito a crédito de PIS e Cofins, logo, indiretamente, o frete incidente na compra dos mesmos também gerará. Porém, se a aquisição destes bens não gerarem crédito, o frete sobre a compra também não gerará direito ao crédito. As mercadorias transportadas nos fretes das operações de compra foram fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero (conforme, inciso I e III do art. 1º da Lei 10.925/2004). Portanto, nos fretes de operações de compra não existe a apuração do crédito. A exclusão dos valores relativos a estas operações foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.3 ENERGIA ELÉTRICA Fl. 351DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 51 7 As despesas com energia elétrica geram créditos da cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins contratadas com pessoa jurídica domiciliada no País, incorridas a partir do período de apuração de fevereiro de 2004 (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso III e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IX do caput). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição conforme os registros da memória de cálculo do Dacon apresentado pelo contribuinte. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.4 ALUGUÉIS PESSOA JURÍDICA É permitida a apropriação de créditos da nãocumulatividade da contribuição para o Pis e da Cofins sobre os valores relativos as despesas utilizadas na atividade da empresa, em relação a aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica domiciliada no Pais, utilizados na atividade da empresa (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IV e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IV). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos decorrentes de despesa com aluguéis. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04) 1.5 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A partir do mês de agosto 2004 é possível calcular créditos da não cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins somente em relação: a máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao Ativo Imobilizado, adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País ou importados, utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, incisos VI do caput e inciso II do § 3º). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos de aquisição de imobilizado. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04). 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA A luz do dispositivo transcrito, o enquadramento legal para utilização do crédito presumido decorre das seguintes condições: que as mercadorias produzidas estejam classificadas na(s) NCM(s) estabelecidas pela lei; que a contribuinte exerça a atividade de produção de mercadoria (agroindústria); e, que os produtos fabricados sejam destinados à alimentação humana ou animal. Fl. 352DF CARF MF 8 2.1 PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL OU VEGETAL O art. 8º da Lei nº 10.925/2004 estabeleceu os capítulos de classificação na NCM dos produtos de origem animal ou vegetal que dão direito ao crédito presumido da atividade agroindustrial. No caso em tela, conforme a memória de cálculo do DACON, no período em análise, os produtos exportados pela contribuinte foram soja NCM 1201.90.00 e milho NMC 1005.90.10. Assim, referidos produtos estão classificados entre os capítulos 8 a 12 da NCM, conforme a determinação do art. 8º da Lei 10.925/2004, com a regulamentação reproduzida na alínea d, inciso I, do art. 5º da Instrução Normativa RFB nº 660. 2.2 AGROINDÚSTRIA A Lei nº 10.925, de 2004, não faz nenhuma menção explícita a atividade de agroindústria. O art. 8º do referido diploma legal aponta a necessidade de produção de mercadorias para apuração do crédito presumido, nos seguintes termos: “Art. 8º As pessoas jurídicas […] que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal […]”. Grifouse O termo agroindústria foi definido no art. 6º da IN RFB 660/2006, abaixo transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e (...) Grifouse Conforme os aludidos dispositivos legais, somente possui direito de apurar o crédito presumido em análise a pessoa jurídica que produza mercadoria. O inciso III, § 1º, art. 8º, da Lei nº 10.925/2004, estabelece que o direito de apurar o crédito presumido nele previsto aplicase também nas aquisições efetuadas de pessoa de cooperativa de produção agropecuária. 3.3 DESTINAÇÃO À ALIMENTAÇÃO HUMANA OU ANIMAL Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em resposta a intimação fiscal a contribuinte limitouse a reproduzir o disposto no Regulamento Técnico Anexo a Instrução Normativa nº 11 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, bem como, a afirmar que “ Como visto, conforme padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura, as mercadorias relacionadas no Caput do Art. 8º da lei 10.925/2004, produzidas pela contribuinte estão dentro nos padrões a serem destinadas a alimentação humana ou animal, atendendo todos os requisitos para apuração do Crédito Presumido de Pis e Cofins. A comprovação dos requisitos destinação a alimentação humana ou animal é ônus da agroindústria interessada. A exportação, na maior parte dos casos pode inviabilizar a comprovação de tal Fl. 353DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 52 9 requisito, se a venda se der, por exemplo, para comerciantes no exterior (Solução de Consulta nº 24 – SRRF09/Disit). 2.3 UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO O valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. 8º e 15, somente pode ser utilizado para dedução da Contribuição para o PIS e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apuradas no regime de incidência não cumulativa. Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Vigência) Grifouse 3. CRÉDITOS MERCADO INTERNO NÃO TRIBUTADO Os créditos relativos ao mercado interno não tributado estão vinculados as seguintes operações: vendas suspensas; vendas com alíquota zero e exclusões de base de cálculo permitidas as sociedades cooperativas. Como se demonstrará, nestas situações não existe o direito a manutenção do crédito previsto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004. Desta maneira, os créditos vinculados a operações não tributadas no mercado interno foram integralmente indeferidos. 4.1 – VENDAS SUSPENSAS Conforme analisado no subitem 3.2, a Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista. Assim, nas operações realizadas no período a contribuinte faz jus a suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (art. 9º), mas deve providenciar o respectivo estorno dos créditos da não cumulatividade (inciso II, § 4o, art. 8º Tabela 04). 4.2 VENDAS COM ALÍQUOTA ZERO A partir do mês de agosto/2004 os insumos vendidos pela contribuinte aos associados (adubos, fertilizantes e sementes) tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero (art. 1º da Lei 10.925/2004). Entretanto, a venda de insumos a associados deve ser registrada como exclusão de base de cálculo nos termos da MP nº 2.158, de 24 de Fl. 354DF CARF MF 10 agosto de 2001 e não como uma venda não tributada sujeita à alíquota zero. O art. 17 da Lei nº 11.033 garantiu o direito à manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a operações com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o Pis e da Cofins. Portanto, ao registrar indevidamente as exclusões de base de cálculo como vendas sujeitas à alíquota zero, houve a manutenção indevida dos créditos vinculados a estas operações. O valor do crédito vinculado as operações de venda com alíquota zero foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) 4.3 EXCLUSÕES DE BASE DE CÁLCULO O legislador estabeleceu tratamento diferenciado para operações praticadas pela sociedade cooperativas. Em referidas operações, o procedimento previsto é o de excluir os valores respectivos das bases de cálculo do PIS e da Cofins. Nesta sistemática, NÃO existe previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo. O direito a manutenção do crédito nas operações não tributadas foi estipulado pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. No presente caso, conforme a memória de cálculo de Dacon, a contribuinte manteve indevidamente o direito a crédito nas operações de entradas vinculadas as exclusões de base de cálculo permitidas as cooperativas (art 15 MP 215835/01 e art 17 leis 10.684/03). O valor do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo admitidas as cooperativas foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) O julgado encontrase resumido a ementa: ACÓRDÃO. OMISSÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. Deve ser apreciada como embargos de declaração a manifestação do contribuinte na qual se alegue omissão quanto a questões suscitadas na defesa ou impugnação, acerca das quais o órgão julgador deveria ter se pronunciado. COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA. Não se homologa compensação quando o direito creditório não ficar comprovado. RESSARCIMENTO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. O reconhecimento do direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de PIS e Cofins depende da comprovação documental do respectivo direito. Fl. 355DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 53 11 CRÉDITO PRESUMIDO. COOPERATIVAS. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. REQUISITO. O crédito presumido destinado às cooperativas agroindustriais beneficiam apenas aquelas entidades que realizam algum processo que possa ser consideração como industrialização, observadas nas exclusões contidas na lei. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI Nº 10.925/2004, ARTS 8º E 15. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. VEDAÇÃO. O crédito presumido previsto nos artigos 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004 só pode ser utilizado para deduzir o PIS e a Cofins apurados no regime de incidência nãocumulativa, vedada a compensação ou o ressarcimento do valor do crédito presumido. JUROS. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. NÃO INCIDÊNCIA. Não incidirão juros compensatórios no ressarcimento de créditos de IPI, de PIS e de Cofins, bem como na compensação dos referidos créditos. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte.” Em sede recursal debate a contribuinte em relação aos tópicos: 1. Créditos de aquisições de insumos, comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 2. Créditos de aquisições de energia elétrica – comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 3. Fretes sobre a transferência de insumos entre estabelecimentos; 4. Fretes sobre compras de fertilizantes e sementes; 5. Créditos Presumido sobre aquisições de pessoas físicas, processo produtivo; 6. Forma de utilização do crédito presumido, restrições da colocadas pela Receita Federal ao ressarcimento; 7. Manutenção dos créditos vinculados as receitas com suspensão de incidência de PIS e Cofins; 8. Receitas sujeitas a alíquotas zero, reclassificação indevidas das vendas efetuadas pela fiscalização considerando como venda de bens a associados; Fl. 356DF CARF MF 12 9. Ressarcimento de créditos vinculados as receitas sem incidência de PIS e Cofins, exclusões permitidas as sociedades Cooperativas; 10. Previsão legal para incidência da SELIC. Inicialmente, faz introdução quanto aquisições de matéria prima e do processo produtivo: “O critério da nãocumulatividade permite a realização de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, tudo descrito no Art. 3o das respectivas Leis (10.637 e 10.833). Para o exercício regular de suas atividades, dentre os custos, despesas e encargos suportados, a contribuinte adquire de fornecedores pessoas físicas residentes no país e jurídicas situadas no mercado interno, bens e serviços utilizados como insumos (Inciso II do Art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003) para a produção de mercadorias classificadas na NCM nos Capítulos 8 a 12, constantes do Caput do artigo 8 o da lei 10.925/2004. Estes bens e serviços utilizados como insumos (Inc. II do art. 3 das Leis) decorrem de uma extensa e complexa cadeia produtiva, onde vários itens ao longo da mesma estão sujeitos à incidência das denominadas Contribuições ao Fundo de Participação no Programa de Integração Social PIS (Lei Complementar n° 7, de 7.9.70) , e Contribuição Social sobre o Faturamento COFINS (Lei Complementar n° 70, de 30.12.91), exemplo: óleo diesel, caminhões, colhedeiras, máquinas, peças, ferramentas, etc. Daí, o direito ao crédito sobre as aquisições de pessoas físicas e de pessoas jurídicas com suspensão, ser presumido, conforme constante nas Leis 10.637/2002, 10.833/2003 e no art. 8 o da Lei 10.925/2004. Os créditos sobre os bens e serviços utilizados como insumos conforme descritos no inciso II do art. 3 o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 devem ser apurados no mês da aquisição, conforme Inciso I do parágrafo 1 o do art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, combinado com o parágrafo 2o do art. 8o da lei 10.925/2004, independente da finalidade que se dará a mercadoria produzida, ou seja, do momento da venda.” Considerando que estes 56 (cinqüenta e seis) processos estão vinculados ao MPF 0140200.2011.00053 e: a) que possuem igual teor, pois o mérito discutido é o mesmo em todos os processos; b) considerando os princípios da economia e celeridade processual; c) o propósito de evitar o desperdício de recursos (papel, cópias, impressões, tempo utilizados pelos agentes fiscais para digitalização e vinculação das informações apresentadas para cada processo); d) o tempo utilizado pelo julgador para análise individual de cada processo; e) a possibilidade de julgamento simultâneo. Optou a Contribuinte ao invés de anexar em cada processo (56 vezes), os mesmos documentos que intencionam evidenciar seu direito, discorrer longamente em cada processo em 56 Fl. 357DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 54 13 manifestações de inconformidade idênticas, contendo 73 páginas cada uma, sobre os fundamentos que entende lhe assegurar o direito a crédito complementar; em ANEXAR todos os documentos, bem assim, EM APRESENTAR na versão estendida da manifestação de inconformidade todos os fundamentos legais que entende assegurar o melhor direito para todos os processos mencionados na página inicial, no processo n. 13161.001928/200795, conforme consta anexado nas folhas 84 à 267 do referido processo” Em síntese argumenta em suas razões que: III DAS RAZÕES DE REFORMA Fundamentos legais, discorre sobre o tema: “DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS DIREITO AO RESSARCIMENTO DOS CRÉDITOS 3.1.1 DAS PREMISSAS DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS E SUA INTERPRETAÇÃO Para o adequado enfrentamento dos importantes temas aqui versados, cumprenos trazer a baila, as premissas que nortearam a instituição do sistema não cumulativo para o PIS e a Cofins, marcos históricos de enunciação do direito positivo, constantes respectivamente das Justificativas dos Senhores Ministros da Fazenda, por ocasião dos Projetos de Medidas Provisórias que resultaram nas Leis 10.637/2002 (PIS) e 10.833/2003 (Cofins) 3.1.2 – DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS DE EXPORTAÇÕES Tanto a lei 10.637/2002 quanto a lei 10.833/2003, determinam que as empresas poderão descontar, dos seus débitos apurados, créditos calculados sobre os itens relacionados no Art. 3o de ambas as Leis. Sendo inicialmente autorizado o ressarcimento dos créditos vinculados as exportações conforme disposto para o PIS no Art. 5 o da Lei 10.637/02 e para a COFINS no Art. 6 o da Lei 10.833/03. Portanto, partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não comutatividade e também, evitar a incidência das Contribuições quando da realização de Exportações, ainda que indiretamente. Ao contrário, importaria em afirmar que incidem as referidas contribuições quando da realização de exportações, pois, não teria o Contribuinte o direito de ressarcir o montante pleno que incidiu nas etapas anteriores ao ato de exportar, o que representaria custo, ônus tributário, o que é vedado pelo Legislador Constitucional e, que contraria a prática internacional de não exportar tributos. 3.1.3 DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS NO MERCADO INTERNO. Fl. 358DF CARF MF 14 Inicialmente, na introdução do sistema não cumulativo, o Saldo de crédito de PIS e Cofins remanescente após o aproveitamento com os débitos das próprias contribuições, somente poderia ser utilizado para ressarcimento ou compensação, a parcela de créditos proporcional às receitas de exportação, imunidade, ao que as Leis (10.637 e 10.833) denominaram de isenção conforme disposto art. 5o da lei 10.637/2002 para o PIS e art. 6 o da lei 10.833/2003 para a Cofins. Na seqüência, mediante evolução legislativa, visando esclarecer dúvidas relativas a interpretação da legislação do PIS e Cofins, conforme consta no item 19 da exposição de motivos 111 MF, foi editada a medida provisória 206/2004, posteriormente convertida na lei 11.033/2004 que assim dispõem em seu art.17. Portanto, resta muito claro que o art. 17 da lei 11.033/2004 confirmou o direito a manutenção dos créditos apurados na forma do art. 3 o das 10.637/2002 e 10.833/2003 e vinculados às receitas nele mencionadas. Assim, também partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não cumulatividade, evitando o efeito cascata, ou seja, a cumulatividade. Portanto, as leis não deixam dúvidas quanto a possibilidade de manutenção dos créditos, bem como da recuperação dos mesmos (saldo credor), mediante dedução, compensação ou ressarcimento do saldo de créditos decorrentes de saídas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições para o PIS e Cofins, acumulados a partir de 09 de agosto de 2004. 3.1.4 DA MATERIALIDADE DO PIS E COFINS Ainda cabe destacar que a não cumulatividade do PIS e Cofins, possuiu sistemática de apuração própria, diferente da sistemática adotada em outros tributos como o IPI. No caso, não estamos tratando de apuração de créditos IPI, estamos diante de créditos de PIS e Cofins, cuja materialidade é diversa, sendo que o conceito de insumos e produção para PIS e Cofins é mais amplo que o conceito adotado para o IPI, não guardando nenhuma relação a apuração de créditos de PIS e Cofins com a incidência ou não de IPI no produto produzido. IV Análise do Relatório/Despacho Decisório da RFB No período analisado, em conformidade com o art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a contribuinte apurou créditos sobre insumos utilizados na produção adquiridos de pessoas jurídicas e, sobre a energia elétrica consumida em seus estabelecimentos. Porém, ao julgar o tema entendeu a 2 a Turma da DRJ/CGE que o direito ao crédito sobre estes itens não poderia ser deferido, pois Fl. 359DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 55 15 segundo seu entendimento, o direito não teria sido comprovado devendo ser considerada encerrada a fase probatória. Todavia, não concorda a contribuinte, pois estas aquisições como se demostrará a seguir, estão efetivamente comprovadas. Ressaltase, que a fiscalização durante sua análise teve várias maneiras e oportunidades de efetivamente comprovar a existência destas aquisições, uma vez que todos os livros e registos contábeis estavam em seu poder, conforme apresentado em atendimento as diversas intimações, sejam por meio dos documentos físico ou digital. Assim, considerando que para o caso em questão há documentos que comprovam a efetiva aquisição, entende a contribuinte que o crédito deve ser deferido, em observância ao principio da verdade material. 4.1.1 AQUISISÕES DE INSUMOS Mencionase que a fiscalização indeferiu parte dos créditos apurados sobre as aquisições de insumos utilizados na produção, sob o argumento que parte destas aquisições não foram comprovadas, uma vez que, segundo seu entendimento, não teriam sido apresentadas pela contribuinte, as notas fiscais (documento físico) relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuia ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, e que ora, para melhor análise do colegiado, novamente seguem anexo ao recurso. Ocorre, que o direito ao crédito apurado sobre estas aquisições não pode ser desconsiderado, pelo simples fato de a Contribuinte não ter conseguido encontrar parte destas notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização. Registrese que estas aquisições, constam registradas na escrituração contábil e fiscal da contribuinte, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. Assim, considerando que estas Notas Fiscais de aquisições de insumos foram devidamente registradas e escrituradas, a fiscalização poderia considerar estes meios para confirmar estas aquisições, uma vez que, estas informações estão relacionadas em documentos, tais como: livros digitais de entradas e saídas, razões contábeis, arquivos contábeis, arquivos digitais de entradas e saídas formato SINTEGRA, todos apresentados a fiscalização pela contribuinte em atendimento as intimações recebidas. Para além disso, todos os comprovantes que evidenciam a ocorrência da efetiva aquisição dos insumos referente as notas Fl. 360DF CARF MF 16 fiscais relacionadas Tabela 05 elaborada pela fiscalização anexa ao Relatório Fiscal, seguiram no ANEXO I da manifestação de inconformidade então protocolada para melhor análise da DRJ, onde foram anexados, cópia das notas fiscais n° 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos de demais registros, conforme podese observar nos documentos constantes nas folhas 166 a 225 do processo 13161.001928/200795, e que ora, para melhor analise deste colegiado, novamente são apresentados anexo a este recurso, confirmando o direito ao crédito. Portanto, considerando que estão comprovadas as aquisições de insumos anteriormente desconsideradas pela fiscalização, conforme relação constante na Tabela 05, que seguiu anexa ao Relatório Fiscal para ciência, requer a contribuinte a manutenção do crédito sobre estas as aquisições. 4.1.2 DA ENERGIA ELÉTRICA Relativo às despesas de energia elétrica, da mesma forma que manifestou entendimento sobre as aquisições de insumos, entendeu a fiscalização que algumas aquisições não estariam comprovadas, argumentando que não teriam sido apresentadas pela contribuinte as faturas relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuja ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, indeferindo desta forma, o crédito apurado sobre estas faturas. Todavia s.m.j., o argumento da fiscalização está equivocado, pois tais notas fiscais, foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentou cópia digitalizada destes documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004 onde a contribuinte apresentou os originais destes documentos, sendo que estas faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Ademais, evidenciado o equivoco da fiscalização, comprovado a existência destes documentos, juntamente com manifestação de inconformidade então protocolada para melhor analise da DRJ, contribuinte apresentou novamente as faturas de energia elétrica, que foram desconsideradas pela fiscalização (Tabela 05 elaborada pela fiscalização), conforme pode ser verificado nos documentos (ANEXO II) constantes nas folhas 226 a 267 do processo 13161.001928/200795, e que ora, em virtude de não terem sido considerados no julgamento da DRJ, no intuito de facilitar a análise deste colegiado a contribuinte novamente os apresenta, anexo, a este recurso. Assim, considerando o principio da verdade material, uma vez que existem os comprovantes das despesas de energia elétrica e, que foram desconsideradas pela fiscalização sob o argumento de Fl. 361DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 56 17 não apresentação da documentação, requer a contribuinte a manutenção do crédito de PIS e Cofins apurados sobre a totalidade das despesas com Energia Elétrica. 4.2 DOS FRETES SOBRE OPERAÇÃO DE TRANFERÊNCIAS DE MERCADORIAS Dentre os custos, despesas e demais encargos elencados no Art. 3o das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no inciso IX do art. 3o estão relacionados ás despesas de armazenagem e frete na operação de venda. Todavia, ao efetuar a verificação dos créditos apurados pelo contribuinte, a fiscalização entendeu que não seria possível apurar créditos sobre os fretes, relativo às transferências de insumos, mercadorias entre estabelecimentos, entendendo que estas operações não integrariam as operações de venda, argumentando se tratar de mero deslocamento das mercadorias. Ocorre que este "deslocamento" como denominado pela fiscalização, não se dá pela simples vontade da contribuinte em transferir a mercadoria de um estabelecimento para outro, mas decorre da necessidade de se realizar esta operação, em virtude de diversos fatores interligados a operação de produção e venda destas mercadorias. O fato é que estas transferências representam custos necessários a atividade da contribuinte, sendo certo que se houvesse alguma forma de evitar o ônus destes custos, certamente seriam evitados, pois nenhuma empresa almeja ter seus custos e despesas majorados sem que realmente seja estritamente necessário. Portanto, os fretes relativos a transferências entre estabelecimentos também fazem parte dos custos de produção necessários à atividade, pois sem eles não haveria como concluir todas as etapas de produção, não podendo a mercadoria ser comercializada, enviada para o destino. 4.3 DOS FRETES SOBRE COMPRAS DE FERTILIZANTES E SEMENTES A contribuinte no período analisado, adquiriu mercadorias para revenda, dentre as quais fertilizantes e sementes sujeitas a alíquota 0% de PIS e Cofins. Sobre a aquisição de sementes e fertilizantes não houve aproveitamento de crédito, pois a contribuinte observou o disposto no § 2o do art. 3° das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 que veda o aproveitamento de crédito sobre as aquisições não sujeitas ao pagamento das contribuições. Todavia, ao adquirir os fertilizantes e as sementes para revenda, é necessário que estas mercadorias sejam transportadas do Fl. 362DF CARF MF 18 estabelecimento do fornecedor até o estabelecimento do comprador, para isso, é preciso contratar os serviços de transportes de uma terceira empresa que realizará o frete destas mercadorias até o seu destino. Logo, quando o ônus desta despesa é suportado pelo adquirente, (caso da recorrente) esta despesa será agregada ao custo da mercadoria adquirida. Estes fretes (serviços), são onerados pelas contribuições para o PIS e Cofins, uma vez que estes fretes foram tributados na etapa anterior, pois para a pessoa jurídica que prestou o serviço de frete, estas operações representam sua receita/faturamento, portanto base de calculo das contribuições nesta fase da operação. Ademais, o frete não é aquisição com alíquota zero ou suspensão e, sim, operação regularmente tributada de PIS e Cofins, daí a não cumulatividade prever o direito ao crédito pelo adquirente. Ou seja, uma coisa é a mercadoria outra coisa é o frete. Que apesar de ser custo de aquisição, todavia, são operações distintas, de fornecedores igualmente distintos, mediante Notas Fiscais específicas. O fundamento utilizado pelo Agente Fiscal para vedar o crédito nas aquisições de fretes aplicados no transporte de mercadorias tributadas a alíquota zero não tem Isto porque, fundou seu entendimento no Inciso II do Parágrafo 2 o do art. 3 o da Lei 10.833/2003. Neste fundamento, claro está à vedação do direito ao crédito na aquisição de mercadorias ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Definitivamente, este não é o caso. Posto que, os fretes são alcançados pelas Contribuições. O fato de a mercadoria adquirida ser tributada a alíquota zero, não autoriza a extensão da interpretação no sentido de afastar o direito ao crédito nos serviços contratados (fretes) e aplicados no transporte daquelas mercadorias. 4.4 DO CRÉDITO PRESUMIDO ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL – PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS DE ORIGEM VEGETAL CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM. A Contribuinte diante da mecânica do PIS e da COFINS não cumulativa, para o período, apurou crédito presumido sobre insumos adquiridos de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão, utilizados na produção de mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, com fundamento, no inciso II do artigo 3o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 combinado com o § 10 do Art.3° da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3o da Lei 10.833/2003 e a partir de agosto de 2004 no artigo 8o da lei 10.925/2004. Todavia entendeu a fiscalização que a contribuinte não se enquadraria como empresa produtora, por conseguinte e não faria jus a apuração do referido crédito. Mas vejamos mais informações. 4.4.1 ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL CONCEITO PROCESSO PRODUTIVO. Fl. 363DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 57 19 A Recorrente de acordo com o inciso I do artigo 6 o da IN SRF 660 exerce atividade econômica de produção de mercadorias relacionadas no artigo 5º da referida IN. 4.4.3 AQUISIÇÃO DE INSUMOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO A Contribuinte adquire de pessoas físicas e jurídicas que desempenham atividade rural insumos, utilizados no processo produtivo em conformidade com o inciso II do art.3 o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 e art. 7 o da IN SRF 660. Ressaltamos que os produtos agropecuários resultantes da atividade rural, são adquiridos pela contribuinte, são os insumos (daí o Inciso II do Art. 3 o das Leis) que após processo produtivo atividade agroindustrial (definição da IN 660, art. 6), resultam nas mercadorias classificadas nos capítulos 10, e 12 da NCM Nomenclatura Comum do MERCOSUL (§ 10 do Art. 3 o da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3 o da Lei 10.833/2003 e Caput do art. 8 o da Lei 10.925 e Inciso II do art. 3o das Leis 10.637 e 10.833). Portanto, faz jus a Contribuinte ao crédito de PIS e COFINS, calculados sobre estes insumos, considerando as disposições da Lei e IN, nas alíquotas previstas na legislação. 4.4.4 DA ATIVIDADE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL. O contribuinte é equiparado a estabelecimento produtor de acordo com o artigo 4 o da lei 4.502/65: Art. 4o Equiparamse a estabelecimento produtor, para todos os efeitos desta Lei: IV os que efetuem vendas por atacado de matériasprimas, produtos intermediários, embalagens, equipamentos e outros bens de produção. (Incluído pelo DecretoLei n° 34, de 1966) (grifo acrescido) Por conseguinte, realiza o beneficiamento das mercadorias (grãos) através de procedimentos próprios e necessários para obtenção do Padrão Oficial, previsto em Legislação Federal e, requisito necessário para o comércio.” Submetido a julgamento, a Turma decidiu, em razão do apelo da contribuinte, confirmado pelo patrono em sustentação oral, a necessidade de se baixar o feito em diligência para que fosse anexada cópia integral dos autos do processo administrativo 13161.001928/200795, ao argumento de que as provas capazes de nortear a decisão teriam sido carreadas, por essa razão os autos retornaram a origem. Fl. 364DF CARF MF 20 Retorna os autos para apreciação das matérias, registrase, em que pese a diligência determinada, restou esclarecido, posteriormente, que os documentos objeto da determinação tinham sido anexados pela própria Recorrente. Era o que tinha a relatar, sendo essa a matéria a ser apreciada. Voto Vencido Conselheiro Domingos de Sá Filho, relator. Cuidase de recurso tempestivo, atendido os pressupostos de admissibilidade, deve ser conhecido. O debate encontra focado em glosas. No tocante aos créditos básicos oriundos de aquisição de insumos, o indeferimento decorre de falta de comprovação. O deferimento parcial dos créditos se refere aos insumos: ENERGIA ELÉTRICA, ALUGUÉIS PAGOS A PESSOAS JURÍDICAS, FRETE e AQUISIÇÃO DE IMOBILIZADO. GLOSA DE CRÉDITO DE INSUMOS TRIBUTADOS ALÍQUOTA ZERO, EXTORNO DE CRÉDITO VENDA MERCADO INTERNO, ETC. A fiscalização reconhece o direito a apropriação de créditos para as contribuições do PIS e da COFINS. Afirma que a solicitação dos comprovantes das aquisições de insumos aconteceu por meio do “Termo de Intimação – 003”, atendido, o contribuinte apresentou diversos documentos, entretanto, insuficientes a comprovar totalidade do crédito almejado, cabendo glosar parte. É cristalino o direito de tomar crédito relativo as contribuições a descontar referentes ao PIS e a COFINS é o que se extraí do relatório fiscal. Em resposta a Interessada sustenta que os livros de registros de entrada estavam à disposição e foram examinados pelo Fisco, além do que, anexou com o recurso os documentos a justificar a totalidade do crédito pretendido. Registrase, na fase inicial o julgador de piso determinou diligência no sentido de apurar a existência dos créditos desejados em razão da negativa total pelo fato da contribuinte deixar de apresentar documentação ao fundamento da incapacidade de pessoal, vez que a mesma encontrava e encontra em processo de liquidação. Concluído os trabalhos fiscais, o resultado mostrou existência de crédito o que foi reconhecido, tanto para o PIS quanto para a COFINS. Insatisfeita por diversas razões advém o voluntário, o que passase a examinar item a item: 1. DAS GLOSAS DOS CRÉDITOS BÁSICOS. As glosas em sua totalidade, como se vê do relatório fiscal aconteceu por insuficiência documental a título de comprovação. Há enorme dificuldade de aferir com precisão se os documentos colecionados junto com o voluntário fazem parte do rol da documentação examinado pela fiscalização em trabalhos diligenciais, visto que, o relatório fiscal menciona o número das planilhas (tabela), entretanto, essas planilhas não encontram nos autos. Fl. 365DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 58 21 Considerando que a Recorrente cuidou de trazer com o voluntário cópia das faturas de energia, bem como, aquisição de insumos básicos adquiridos, soja, trigo e sementes, cujo crédito foi glosado, devese reconhecer o direito de descontar crédito das contribuições com ressalvas, visto que, no caso da energia o relatório fiscal menciona ter reconhecido parcialmente com base da documentação apresentada, em sendo assim, o reconhecimento ao direito de apurar credito se restringe se as faturas anexadas aos autos, não sendo as mesmas aferidas pela fiscalização. Assim, sou inclinado reconhecer o direito a tomada do crédito das notas de aquisições de insumos colecionada aos autos referente às aquisições ali mencionadas por serem pertinentes a atividade da cooperativa, bem como, relacionadas com as faturas de energia, desde que não sejam as mesmas incluídas no rol daquelas que serviram para deferimento parcial pela fiscalização. 1.1 DA GLOSA DOS INSUMOS. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição dos insumos de produção foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF FORNECEDOR VALOR 23/03/05 10161 EURO GRAOS LTDA 281.400,00 14/04/05 467141 AGROPECUARIA ESCALADA DO NORTE 493.884,30 26/04/05 7771 KAZU CEREAIS LTDA 290.000,00 26/04/05 13951 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 286.000,00 08/08/05 40721 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 269.898,44 13/10/05 288801 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 650.000,00 19/12/05 29481 D'OESTE CEREAIS LTDA 409.500,00 15/03/06 112421 PROCOMP AGROPECUARIA LTDA 271.238,49 20/03/06 3097301 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 416.800,00 14/03/07 18731 KAZU CEREAIS LTDA 273.400,00 11/04/07 73311 KASPER E CIA LTDA 1.490.000,00 20/04/07 658241 LR AGROPECUARIA LTDA 363.635,39 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre tais aquisições não podia ser desconsiderado, pelo simples fato de a contribuinte não ter conseguido encontrar parte das notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização, haja vista que as respectivas operações de aquisição constavam registradas na sua escrituração contábil e fiscal, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. A recorrente asseverou ainda que anexada à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 166/225), as cópias das notas fiscais de nºs 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos, referente às demais aquisições. E para melhor análise, anexara tais documentos aos presentes autos. Com efeito, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que foram apresentados os referidos documentos. Porém, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, as demais cópias de documentos apresentados não se prestam para comprovar a respectiva operação de aquisição de insumos, por não serem os documentos hábeis e idôneos a Fl. 366DF CARF MF 22 comprovar as supostas operações de aquisição. A cópia da nota fiscal de nº 2948 não fora localizada nos autos. Assim, os créditos relativos as notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331 devem ser restabelecidos. 1. 2 GLOSA DE ENERGIA. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição de energia elétrica foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF CNPJ FORNECEDOR VALOR 09/08/04 27643 15.413.826/000150 12.632,67 13/08/04 273527 15.413.826/000150 14.016,00 19/08/04 28157 15.413.826/000150 35.147,35 19/08/04 28159 15.413.826/000150 31.133,05 20/08/04 28160 15.413.826/000150 10.689,13 01/09/04 28444 15.413.826/000150 40.973,62 09/09/04 616170 15.413.826/000150 14.040,33 14/09/04 28948 15.413.826/000150 42.539,70 14/09/04 28950 15.413.826/000150 29.725,81 14/09/04 910115 15.413.826/000150 17.213,00 06/12/04 758100 15.413.826/000150 12.143,06 10/12/04 841834 15.413.826/000150 11.270,00 14/12/04 987063 15.413.826/000150 32.906,66 21/12/04 92633 15.413.826/000150 30.573,39 07/01/05 406656 15.413.826/000150 11.001,64 15/03/05 58958 15.413.826/000150 21.085,00 16/03/05 149601 15.413.826/000150 20.394,47 16/03/05 149599 15.413.826/000150 19.717,11 06/06/05 604193 15.413.826/000150 18.076,86 06/07/05 541925 15.413.826/000150 14.470,31 26/09/05 317457 15.413.826/000150 20.696,10 03/10/05 579804 15.413.826/000150 19.708,12 04/10/05 579814 15.413.826/000150 34.273,16 08/09/06 576517 03.747.565/000125 19.361,01 19/02/07 233576 15.413.826/000150 10.158,24 08/03/07 1924 15.413.826/000150 10.123,00 19/03/07 151839 15.413.826/000150 30.148,74 10/04/07 605375 03.747.565/000125 10.026,33 08/05/07 316013 15.413.826/000150 11.167,38 20/07/07 24102 15.413.826/000150 10.043,49 21/08/07 19789 15.413.826/000150 10.132,90 21/08/07 19928 15.413.826/000150 10.076,62 01/10/07 41729 15.413.826/000150 30.678,69 3389 15.413.826/000150 13.561,00 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre valor de aquisição da energia elétrica acobertado pelas notas fiscais discriminadas na referida Tabela não podia ser desconsiderado, porque tais documentos foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentara cópia digitalizada dos citados documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004, em que apresentara os originais dos citados documentos, inclusive as faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Fl. 367DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 59 23 A recorrente asseverou ainda que anexara à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 226/267), as cópias das notas fiscais discriminadas na citada Tabela. E para melhor análise, anexara tais notas fiscais aos presentes autos. De fato, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925, as demais foram apresentadas. Assim, deve ser mantida a glosa apenas dos créditos calculados sobre o valor das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925. 1.3 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA. O motivo da glosa deuse ao fundamento de que tratase de meras transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, implicaria em mero deslocamento com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores, motivo pelo qual, entendeu não integrar operação de venda. Ao contrário da posição do fisco, sustenta o contribuinte tratarse de transferência necessárias a atividade, afirma, se houvesse meios de evitar o ônus destes custos, não há dúvida de que seriam evitados. Não há como ignorar que algumas atividades a armazenagem dos insumos são necessários, bem como, o seu remanejamento posterior. É de conhecimento notório, constantemente divulgado pelos veículos de comunicação o déficit de locais de armazenamento das safras de grão. A imprensa, repetidamente, divulga que no auge da colheita de grãos os produtores são obrigados a estocar os grãos em carrocerias de caminhões e em outros locais muitas vezes inusitados. Acontece, ainda, venda para exportação antecipada por falta de local adequado a estocagem, ninguém dúvida disso, pois essas notícias são facilmente comprovadas por intermédio das publicações dos periódicos. Essa Turma é sensível ao entendimento da necessidade de estocagem de insumos e sua transferência posteriormente para outro estabelecimento, desde que, não se revele transferência pura e simples estratégica de comercialização. Em outras oportunidades já reconheceu essa necessidade de se estocar em determinado local e o remanejamento para sede e ou outro estabelecimento industrial da mesma pessoa jurídica, nesses casos os custos de transferência configura insumo necessário a atividade da empresa. Bem afirmou a Recorrente, o frete nesses casos de transferência possui o único objetivo é de concluir todas as etapas de produção, pois a soja colhida no campo e adquirida pela Interessada ainda não está pronta a comercialização, precisa passar por processo industrial, seja aquela destinada ao mercado interno, quanto as destinadas a exportação. Não pode esquecer, que tratase de agroindústria, cuja atividade industrial se refere ao processo de beneficiamento de grãos, seja de soja, trigo e milho, a secagem, limpeza, padronização e classificação dos grãos, deixa os produtos prontos a exportação, bem como, ao consumo humano ou animal. Fl. 368DF CARF MF 24 Considerando que a razão da glosa foi simplesmente pelo fato de tratarse de transferência entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, sem análise apurada quanto ao destino dos insumos, inclino no sentido de afastar a glosa e reconhecer o direito quanto aos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06” que se refere a exclusão de transferência conforme demonstrado pela fiscalização. 1.4 – GLOSA DE VALOR PAGO DE FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA DE INSUMO QUE NÃO GERA DIREITO A CRÉDITO. Tratase de glosa de crédito oriundo do frete de transporte de mercadoria pago a pessoa jurídica nacional. No entendimento da fiscalização o fato dos insumos objeto do transporte não gerarem o direito a tomada, consequentemente, o frete também não pode gerar o direito. O motivo preponderante para glosar é simplesmente por tratarse de frete de operações de aquisições de fertilizantes e sementes submetidos à alíquota zero, inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004. Penso diferente, o evento da aquisição de produtos sujeitos à alíquotas zero não veda o direito de tomar crédito dos custos relativamente ao transporte desses produtos. Se a legislação prevê incidência à alíquota zero, mas não tem a amplitude de vedar outros créditos decorrentes de operações e prestações adquiridas por parte da Recorrente, que, por sua vez, está sujeita ao regime não cumulativo. Não se pode perder de vista que o inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004 realmente fixa alíquota igual a zero, sendo assim, para aqueles insumos veda o crédito de produto adquirido justamente porque essa operação não é tributada pelo PIS/COFINS, o que não ocorre com outras operações autônomas, e.g., frete e armazenagem, que são regularmente tributadas, não havendo razão jurídica nenhuma para não outorgarem o direito ao crédito. A esse respeito, calha trazer à colação ementa de decisão havida na Segunda Turma Ordinária, da Quarta Câmara, da Terceira Seção, veiculada no Acórdão no 3402 002.513, de relatoria do Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, que mediante raciocínio semelhante ao do presente processo, admitiu o crédito de frete e armazenagem de contribuinte que adquiriu tais prestações em cuja operação de venda estava sujeita ao regime monofásico: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. O distribuidor atacadista de mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) não pode descontar créditos sobre os custos de aquisição vinculados aos referidos produtos, mas como está sujeito ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele Fl. 369DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 60 25 suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Direito de Crédito Reconhecido. Recurso Voluntário Provido. A transferência direcionada a estabelecimentos da mesma pessoa jurídica com o objetivo de processamento gera direito a tomada de crédito sobre o dispêndio a título de frete, bem como, o frete decorrente da entrega de mercadorias vendidas, no caso resta patente que o ônus foi da cooperativa recorrente. Recentemente, em voto impa proferido pela Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, 2ª T. 3ª Câmara, 2ª Seção, processo administrativo nº 10925.720202/201415, afastou glosa em caso semelhante. Considerando à ausência das “tabelas 04 e 06 nestes autos, confiante na consignação da fiscalização, afasto também glosa, para reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete. 1.5 ALUGUEIS PESSOA JURÍDICA. A glosa procedida decorreu de análise da documentação apresentada e julgada insuficiente a comprovar todo custo de aluguéis registrados no DACON. A fiscalização elaborou a “TABELA 04””, concluiu tratarse de valores inferiores ao montante declarado pela Interessada. Nestes autos não se enxerga resistência a glosa, sendo assim, mantémse intacta a decisão de piso nesta parte. 1.6 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A glosa ocorreu em decorrência da ausência de comprovação total do crédito pleiteado. Segundo consta do relatório fiscal, que o contribuinte fez prova apenas de parte dos créditos registrados no DACON provenientes de aquisição de imobilizado. Também não se vê resistência e tampouco irresignação com referência a essa glosa. 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. O crédito presumido apontado pelo contribuinte restou glosado ao fundamento da inexistência de comprovação da atividade agroindustrial, e, pela ausência de comprobação da destinação, isso é, se era para alimentação humana e/ou animal, conforme dispõe o art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Consta que o contribuinte teria sido intimado para comprovar se os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em síntese teria a recorrente sido considerada tãosó cooperativa de produção agropecuária, para a qual existe a suspensão das contribuições, obrigandoa proceder o estorno dos créditos da não cumulatividade, e, não podendo apurar crédito presumido nos moldes ocorrido. Fl. 370DF CARF MF 26 Em resposta a posição do fisco, afirmou tratarse de produtos classificados no CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL, por essa razão é considerada agroindústria. Endossa seu entendimento de que todas as Pessoas Jurídicas que produzam as mercadorias classificadas nas posições da NCM descritas no caput do art. 8º da Lei nº 10.825/2004, gozam do direito de descontar o crédito oriundo das aquisições de insumos, para tanto, basta produzir as mercadorias de origem animal ou vegetal, desde que classificadas conforme determina o art. 8º do mencionado diploma legal. A Interessada justifica sua condição agroindústria, sustentando tratarse de exportação de produtos submetidos a processo industrial, impõe, assim, buscarse a saber se o beneficiamento dispensado a soja, milho e o trigo enquadram no rol das mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, da NCM. Não há dúvida de que os produtos agrícolas, soja, trigo e milho, passam por procedimento tecnológico de beneficiamento, embora em sua maior parte sejam exportados in natura. O beneficiamento de grãos e sementes é realizado por máquinas projetadas com base em uma ou mais características físicas do produto e dos contaminantes a serem retirados. O processo de secagem dos grãos visa melhor qualidade dos produtos, mantendo as propriedades físicoquímicas, permitindo acondicionamento e armazenagem resguardar qualidade. A pesquisa universitária divulgada notícias que o beneficiamento se revela etapa importante na qualidade dos grãos e sementes: “´´E na unidade de beneficiamento que o produto adquire, após a retirada de contaminantes como: sementes ou grãos imaturos, rachados ou partidos; sementes de ervas daninhas, material inerte, pedaços de plantas etc., as qualidades físicas, fisiológicas e sanitárias que possibilitam sua boa classificação em padrões e qualidade.” No processo de beneficiamento surge a padronização e classificação, essa última configura prática obrigatória em todos os segmentos de marcado, seja interno ou externo. A comercialização do produto depende do tratamento após colheita, tornando indispensável. Essa melhora busca a certificação, que constitui documento hábil para todas as transações. Em trabalho elaborado pela professora Maria A. B. Regitano d’Arce, Depto. Agroindústria e Nutrição ESALQ/USP, intitulado “PÓS COLHEITA E ARMAZENAMENTO DE GRÃOS” , colhe informação de suma importância: “Nos países desenvolvidos, os problemas de colheita, armazenamento e manuseio (secagem, limpeza, movimentação, etc.)de grãos, constituem objeto de estudo permanente, visando prolongar a vida comercial dos produtos. Uma prioridade das nações mais pobres deve ser a redução do trágico desperdício que se verifica a partir das colheitas, porfalta de silos adquados, secagem mal processada, transporte inadequado, controle de qualidade, etc. ...” Recentemente foi noticiado pela imprensa a união das duas maiores indústrias de beneficiamento da América Latina, Camil Alimentos, beneficiadora de arroz e Fl. 371DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 61 27 feijão e Cosan Alimentos, dona das marcas de varejo de açúcar união e da Barra, e, capitaneadas pela Gávea Investimentos. O destaque dáse em razão da união de duas maiores indústrias de beneficiamento, como se vê o beneficiamento é parte do processo industrial, necessariamente os produtos não precisam passar por transformações e resultar em produto novo. Sendo assim, não dúvida alguma de as atividades desenvolvidas pela Recorrente enquadraa na qualidade agroindústria e o benefício do art. 8º da Lei 10.925/2004. As informações trazidas colaboram para formação de juízo, não estão sujeitos a provas, os fatos que possuem presunção de legalidade, portanto, o beneficiamento configura uma etapa da industrialização, motivo pelo qual deve a interessada ser considerada agroindústria. De modo que resta assegurado pelo legislador ordinário o direito ao crédito presumido da Contribuição ao PIS e a COFINS em favor agroindústria, que realizar exportações, podendo compensar os referidos créditos com os débitos das contribuições ou com outros tributo dos desde que seja administrados pela Receita Federal. Nesse sentido os Acórdãos nºs 3102.002.231; 3402.002.113, que reconhece o direito, desnecessário tecer outros fundamentos, pois essa matéria encontra pacificado perante o CARF. Assim, reverter as glosas dos créditos procedido pela fiscalização. MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS DE AQUISIÇÕES VINCULADO VENDA COM SUSPENSÃO, ISENÇÃO, ALÍQUOTA ZERO OU NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PIS/COFINS. Outro ponto de discórdia se refere ao direito a manutenção do crédito previsto pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. A glosa encontra consubstanciada ao fato de que a Lei 10.925/2004 exclui do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal, por essa razão foram consideradas típicas de cerealista. Sustenta a Interessada, passado apenas cinco dias do inicio da vigência do parágrafo 4º do art. 8º da lei 10.925/2004, dispositivo que vedava às pessoas jurídicas o aproveitamento do crédito, foi derrogado pela Medida Provisória nº 206, de 06 de agosto de 2004, publicada em 09.08.2004. É verdade, a vedação foi afastada pela novel norma introduzida pela MP 206, convertida em Lei nº 11.033/2004, art. 17: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/P ASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Em sendo, assim, inexiste óbice a manutenção de crédito proveniente de aquisições com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS. Fl. 372DF CARF MF 28 Assim, impõe restabelecer esse direito de manutenção de crédito a Recorrente. DIREITO DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITO VENDA A ASSOCIADOS INCLUSÃO À BASE DE CÁLCULO No que tange a manutenção do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusões da base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins referentes a Repasses aos associados, a fiscalização sustenta inexistência de previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações, razão pela qual ocorreu a glosa. É de conhecimento geral com o advento da Medida Provisória 2.15835 de 2001, a sociedades cooperativas passaram a ser tributadas sobre a totalidade de suas receitas conforme encontra disciplinado pela Lei nº 9.718 de 1998. Restou assegurado, tanto pela Lei nº 9718, bem como, as seguintes, o direito de excluir da base de cálculo uma série de itens. Exclusão de receitas da base de cálculo só deve acontecer quando encontrar respaldada por permissivo legal, por essa razão a lei descreve minunciosamente os caso em que se autoriza as exclusões. Nesse mesmo sentido o conjunto de leis norteadoras da incidência da Contribuição Social para o PIS/PASEP e a COFINS, são explícitas em relação aos créditos, não deixam dúvida que só podem ser utilizados para desconto dos valores da contribuição apurados sobre as receitas sujeitas à incidência não cumulativa. Todas as vezes que a intenção do legislador foi no sentido de se manter o crédito, menciona com clareza, pois os créditos em si não ensejam compensação ou restituição, salvo expressa disposição legal. O exemplo mais comum é o crédito apurado em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, manifestamente a legislação pertinente autoriza. No caso específico tratase negócio com o associado da cooperativa, também possui caráter de alienação, assim sendo, encontra respaldo legal na norma prevista pelo art. 17º da Lei 11.033/2004, que se refere a operação de venda: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Sendo assim, é cabível se cogitar da possibilidade de manutenção de créditos nessas operações tendo por base o disposto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004, a manutenção de créditos da contribuição, nas hipóteses autorizadas por lei, tem por pressupostos necessários a possibilidade legal do respectivo crédito, é vedado quando não se verificando esses pressupostos. Assim, dou provimento para modificar a decisão recorrida e assegurar o direito de manutenção do crédito. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC DECORRENTE DE ÓBICE DA ADMINISTRAÇÃO. No tocante à aplicação da taxa SELIC sobre os créditos após o ingresso do pedido de compensação, não há, na legislação, dispositivo que reconheça aludido direito, mas o Superior Tribunal de Justiça, por meio do Recurso Especial no 1.037.847RS, julgado na Fl. 373DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 62 29 sistemática dos Recurso Repetitivos (artigo 543C do CPC), reconheceu a correção monetária dos créditos quando há oposição do Fisco, in verbis: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IP. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização direto de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direto pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo lídima necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: REsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09205, DJ 10.205; REsp 613.97/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.1205, DJ 05.1205; REsp 495.3/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09206, DJ 23.10206; REsp 52.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.1206, DJ 24.09207; REsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03208, DJe 07.4208; e REsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavscki, julgado em 12.1208, DJe 24.1208). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido a regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/208. Desse modo, tendo havido oposição do Fisco à compensação, sendo que houve o reconhecimento de um item controverso em favor da Recorrente, devese aplicar a correção monetária sobre os créditos da Recorrente, em conformidade com o julgado cuja ementa foi acima transcrita, resultante de julgamento de Recurso Repetitivo, que o CARF está obrigado a observar, por conta de seu Regimento Interno. Diante do exposto, conheço do recurso e dou provimento parcial para: 1 em relação a glosa dos créditos básicos, restabelecer somente o direito aos valores dos créditos calculados sobre o custo de aquisição (i) dos insumos, relativos às notas Fl. 374DF CARF MF 30 fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, e (ii) da energia de elétrica, exceto das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925; 2 afastar, também, glosa dos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06”, que se refere à exclusão de transferência entre estabelecimento, conforme demonstrado pela fiscalização; 3 reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete, cujos insumos adquiridos não geram créditos; 4 – reconhecer o direito do credito presumido, por tratarse de agroindústria; 5 afastar glosa e manter o crédito proveniente de aquisições vinculado a venda com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS; 6 – tornar sem efeito glosa dos créditos das aquisições de mercadorias vendidas aos associados da cooperativa; 7 – reconhecer o direito aplicação da Taxa Selic tendo em razão ter havido oposição do Fisco à compensação/restituição. Domingos de Sá Filho Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Inicialmente, cabe consignar que a controvérsia cingese (i) a glosa de créditos básicos e agroindustriais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, (ii) restrições quanto a forma de utilização do crédito presumido agroindustrial e (iii) não incidência de taxa Selic sobre a parcela do crédito pleiteado. A) DA ANÁLISE DOS CRÉDITO GLOSADOS As glosas dos créditos básicos foram motivadas por falta de comprovação, falta de cumprimento de requisitos legais e por falta de amparo legal, conforme a seguir demonstrado. De acordo com a conclusão apresentada no Relatório Fiscal colacionado aos autos, a seguir parcialmente reproduzida, os créditos não admitidos foram motivados por: I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); Fl. 375DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 63 31 III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 Tabela 03 e 04); [...]. O órgão colegiado de primeiro grau manteve, integralmente, as referidas glosas, com base nos mesmos fundamentos aduzidos na citado relatório fiscal. Inconformada com o resultado do citado julgamento, no recurso voluntário em apreço, a recorrente contesta a manutenção das referidas glosas. Assim, uma vez apresentadas as razões gerais da controvérsia, a seguir serão apreciadas apenas as questões específicas, para as quais este Conselheiro foi designado redator, a saber: a) em relação aos créditos básicos, a totalidade da glosa das despesas com fretes relativos às operações de transferência entre estabelecimentos e de compras sujeitas à alíquota zero; b ) crédito presumido agroindustrial. I) DA GLOSA DOS CRÉDITOS BÁSICOS. A glosa parcial dos créditos básicos realizada pela fiscalização está relacionada a: a) parte das aquisições de bens utilizados como insumos de fabricação de bens destinados à venda não comprovadas; b) parte do custo de aquisição de energia elétrica não comprovada; c) parte das despesas com aluguéis da pessoa jurídica não comprovada; d) a totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, por falta de amparo legal; e e) parte dos encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado não comprovada. Aqui será analisada apenas a questão referente à totalidade da glosa das despesas com fretes nas operações de (i) transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte e (ii) de compras de mercadorias que não geraram direito a crédito das referidas contribuições (compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero). De acordo com citado relatório fiscal, por falta de amparo legal, a fiscalização procedeu a glosa da totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, discriminadas nas Tabelas de nº 04 e 06, integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado. No entendimento da fiscalização, gera direito ao crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias diretamente para entrega ao consumidor final e desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, Fl. 376DF CARF MF 32 bem como os gastos com frete sobre as operações de compras de bens que geram direito a crédito, quando o comprador assume ônus com o frete, cujo valor integra o custo de aquisição dos bens. De outra parte, não gera direito a crédito os gastos com frete relativos aos serviços de transportes prestados: a) nas transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, que implicam mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores; e b) nas compras de mercadorias que não geram direito a crédito das referidas contribuições, no caso, nas operações de compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero, conforme art. 1º, I e III, da Lei 10.925/2004. O entendimento da fiscalização está em consonância com o entendimento deste Relator explicitado no voto condutor do acórdão nº 3302003.207, de onde se extrai os excertos pertinentes, que seguem transcritos: No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20031, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...]§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matériasprimas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). 1 Por haver simetria entre os textos dos referidos diplomas lgais, aqui será reproduzido apenas os preceitos da Lei 10.833/2003, por ser mais completa e, em relação aos dispositivos específicos, haver remissão expressa no seu art. 15 de que eles também se aplicam à Contribuição para o PIS/Pasep disciplinada na Lei 10.637/2002. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 64 33 §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas. Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe. [...] Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10;637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou Fl. 378DF CARF MF 34 fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Enfim, cabe esclarecer que, por falta de previsão legal, o valor do frete no transporte dos produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica (entre matriz e filiais, ou entre filiais, por exemplo), não geram direito a apropriação de crédito das referidas contribuições, porque tais operações de transferências (i) não se enquadra como serviço de transporte utilizado como insumo de produção ou fabricação de bens destinados à venda, uma vez que foram realizadas após o término do ciclo de produção ou fabricação do bem transportado, e (ii) nem como operação de venda, mas mera operação de movimentação dos produtos acabados entre estabelecimentos, com intuito de facilitar a futura comercialização e a logística de entrega dos bens aos futuros compradores. O mesmo entendimento, também se aplica às transferência dos produtos acabados para depósitos fechados ou armazéns gerais. 2 Com base nesse entendimento, rejeitase as alegações da recorrente de que gerava direito ao crédito das referidas contribuições o custo com o frete no transporte relativo a: a) transferências das mercadorias entre estabelecimentos, porque representava uma etapa intermediária da operação de venda e para exportação, logo, tais despesas, quando suportadas pela recorrente, eram complementares as despesas com fretes sobre vendas no ato da entrega da mercadoria ao adquirente; e b) das compras das mercadorias sujeitas a alíquota zero, porque os fretes sobres essas compras estavam oneradas pelas citadas contribuições, estando desta forma onerado o custo final da aquisição da mercadoria, pelos gravames na proporção do custo com fretes sobre tais aquisições. Por essas considerações, por falta de amparo legal, deve ser mantida integralmente as glosas dos referidos créditos, conforme determinado pela fiscalização. II) DA GLOSA DO CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. A falta de amparo legal foi o motivo da glosa do valor integral do crédito presumido agroindustrial apropriado pela recorrente no período fiscalizado. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia a atividade de cooperativa de produção agroindustrial e não comprovara que os produtos por ela exportados foram destinados à alimentação humana ou animal, conforme exigência determinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que segue transcrito: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2 BRASIL. CARF. 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção. Ac. 3302003.207, Rel. Cons. José Fernandes do Nascimento, Sessão de 19 mai 2016. Fl. 379DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 65 35 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM;3 (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. [...] Da leitura do referido preceito legal, extraise que não são todos os produtos de origem animal ou vegetal nele relacionados que proporcionam o direito de apropriação de crédito presumido agroindustrial, mas apenas aqueles destinados à alimentação humana ou animal. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária, uma vez que a sua atividade econômica limitavase a “limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura”, atividade típica de cerealista, que a própria Lei 10.925/2004 havia excluído do conceito de agroindústria. Para melhor análise, transcrevese os excertos pertinentes extraídos do relatório fiscal: Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que exerceu a atividade de produção de mercadorias (agroindústria). Em resposta a intimação fiscal, a contribuinte descreveu o processo produtivo realizado que pode 3 A atual redação do inciso é a seguinte: "I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM);" (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) Fl. 380DF CARF MF 36 ser sintetizado nas seguintes etapas: 1º ETAPA: Recebimento e Classificação; 2º ETAPA – Descarga das Mercadorias; 3º ETAPA – Prélimpeza dos Grãos; 4º ETAPA – Secagem; 5º ETAPA – Póslimpeza; 6º Armazenagem e Controle de Qualidade; 7º ETAPA Expedição. As etapas produtivas descritas subsumemse as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura. A própria Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista, sendolhe vedado apurar o mencionado crédito presumido (§ 4º, art. 8º da Lei 10.925/2004). Para a fiscalização, para que fosse considerada cooperativa de produção agroindustrial, a recorrente deveria receber a produção de seu cooperado, industrializála e vender o produto industrializado, o que não fora feito. De outra parte, a contribuinte alegou que desenvolve o processo produtivo/atividade econômica de beneficiamento, por meio do qual eram alteradas as características originais e obtidos os grãos aperfeiçoados/beneficiados a serem comercializados/exportados. Nos excertos a seguir transcritos, a recorrente expõe as razões pelas quais entende que fazia jus ao crédito presumido em questão: As aquisições de matériasprimas (produtos resultantes da atividade rural) realizadas junto a pessoas físicas ou jurídicas com suspensão, são os insumos necessários para a obtenção das mercadorias soja beneficiada, trigo beneficiado, e milho beneficiado, classificados na NCM respectivamente nos capítulos 12 e 10. Não há que se falar em mercadorias classificadas nos capítulos 12, 10, da NCM, sem que tenhamos as matériasprimas provenientes da atividade rural, que são o principal "insumo" destas mercadorias. Como se vê, as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente são por ela produzidas. E, diante de mecânica do PIS e da COFINS nãocumulativa, tem fundamento para apuração o crédito presumido, no inciso II do artigo 3º das leis 10.637/2002 e art. 3º da lei 10.833/2003 combinado com o Caput do artigo 8º da lei 10.925/2004. Do cotejo entre o entendimento da fiscalização e o da recorrente, fica evidenciado que o cerne da controvérsia reside no tipo da atividade exercida pela recorrente, ou seja, se a atividade por ela exercida era de produção agroindustrial ou, simplesmente, de produção agropecuária. A Lei 10.925/2004 não contém a definição da atividade de produção agroindustrial nem da atividade de cooperativa de produção agropecuária, no entanto, nos termos do art. 9º, § 2º, atribuiu à RFB a competência para regulamentar a matéria. E com base nessa competência, por meio da Instrução Normativa SRF 660/2006, o Secretário da RFB definiu a atividade de produção agroindustrial no art. 6º, I, da referida Instrução Normativa, a seguir transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: Fl. 381DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 66 37 I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e [...] As atividades de produção de que trata o art. 2º4 da Lei 8.023/1990, são as atividades rurais típicas, não exercidas pela recorrente, conforme se infere dos elementos coligidos aos autos. E as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente encontramse mencionadas no art. 5º, I, “d”, da citada Instrução Normativa, que, no período de apuração dos créditos, tinha a seguinte redação: Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: [...] d) nos capítulos 8 a 12, 15 e 16; 5 [...](grifos não originais) No período de apuração dos créditos presumidos em apreço, os produtos exportados pela recorrente foram grãos de milho, classificados no código NCM 1005.90.10, e grãos de soja, classificados no código NCM 1201.90.00. Portanto, inequivocamente, produtos pertencentes aos capítulos 8 a 12 da NCM. Além disso, inexiste controvérsia quanto ao fato de que tais produtos foram submetidos a processo de classificação, limpeza, secagem e armazenagem, conforme se extrai da descrição do processo produtivo apresentada pela própria recorrente. Porém, embora esse processo seja denominado de beneficiamento de grãos, ele não se enquadra na modalidade de industrialização, denominada de beneficiamento, que se encontra definida no art. 4º, II, do Decreto 7.212/2010 (RIPI/2010), porque, apesar de serem submetidos ao citado processo de “beneficiamento”, os grãos de milho e soja exportados pela recorrente permanecerem na 4 "Art. 2º Considerase atividade rural: I a agricultura; II a pecuária; III a extração e a exploração vegetal e animal; IV a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; V a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada, tais como a pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação. (Redação dada pela Lei nº 9.250, de 1995) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à mera intermediação de animais e de produtos agrícolas." (Incluído pela Lei nº 9.250, de 1995) 5 A redação autualmente vigente tem o seguinte teor: "d) nos capítulos 8 a 12, e 15, exceto os códigos 0901.1 e 1502.00.1;" (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1223, de 23 de dezembro de 2011) Fl. 382DF CARF MF 38 condição de produtos in natura e, portanto, com a anotação NT (Não Tributado) na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), o que os exclui da condição de produtos industrializados e, portanto, fora do campo de incidência do imposto, nos termos do parágrafo único do art. 2º do RIPI/2010. Aliás, em relação ao IPI, a vedação de apropriação de créditos sobre insumos utilizados na produção de produtos com a anotação NT na TIPI foi objeto da Súmula CARF nº 20, que tem o seguinte teor, in verbis: “Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.” Assim, por se tratar de comercialização/exportação de produto in natura, a atividade de produção realizada pela recorrente representa típica atividade de beneficiamento de produtos agropecuários, que não se caracteriza como operação de industrialização, conforme definido na legislação do IPI, mas atividade de beneficiamento de produtos in natura de origem vegetal (grãos), conforme definição estabelecida no art. 3º, § 1º, III, da Instrução Normativa SRF 660/2006, a seguir transcrito: Art. 3º A suspensão de exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º, alcança somente as vendas efetuadas por pessoa jurídica: I cerealista, no caso dos produtos referidos no inciso I do art. 2º; II que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel, no caso do produto referido no inciso II do art. 2º; e III que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária, no caso dos produtos de que tratam os incisos III e IV do art. 2º. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendese por: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal relacionados no inciso I do art. 2º; II atividade agropecuária, a atividade econômica de cultivo da terra e/ou de criação de peixes, aves e outros animais, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e III cooperativa de produção agropecuária, a sociedade cooperativa que exerça a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. [...] (grifos não originais) Assim, com base nas referidas definições e tendo em conta que a atividade da recorrente limitase a mero beneficiamento dos grãos de milho e soja exportados, chegase a conclusão de que a recorrente não exerce a atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária. E no âmbito da cooperativa de produção agropecuária, a diferenciação entre a atividade de beneficiamento e atividade de industrialização encontrase nitidamente Fl. 383DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 67 39 evidenciada, por exemplo, no art. 15, IV, da Medida Provisória 2.15835/2001, a seguir reproduzido: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; [...] (grifos não originais) Outro dado relevante que ratifica a conclusão de que a recorrente exercia a atividade de produção agropecuária, em vez da atividade de produção agroindustrial, está no fato de ela ter declarado, nos respectivos Dacon do período de apuração (fls. 131/154 do citado processo nº 10010.031138/041361), as receitas de venda no mercado interno dos referidos produtos de origem vegetal sob regime de suspensão6, regime de tributação não aplicável às cooperativas de produção agroindustrial, mas às cooperativas de produção agropecuária, nos termos do art. 9º, III, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1odo art. 8odesta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso;(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1odo art. 8odesta Lei; e(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1º do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] (grifos não originais) Assim, se acatada a pretensão da recorrente, o que se admite apenas por hipótese, ela seria duplamente beneficiada, pois, além de não submeter a tributação das referidas contribuições a receita da venda dos produtos de origem vegetal comercializados no mercado interno, ainda se apropriaria, indevidamente, do valor do crédito normal vinculado às referidas receitas, o que é expressamente vedado pelo art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004, a seguir analisado. Não se pode olvidar que a dedução de tais créditos somente é assegurada às cooperativas de produção agroindustrial, cujas receitas de venda dos produtos fabricados com 6 Os valores e o percentual de participação da receita submetida ao regime de suspensão encontramse discriminados na Tabelas de nº 03 (fls. 644/645), integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), apenso a este processo. Fl. 384DF CARF MF 40 insumos de origem vegetal, realizadas no mercado interno, sujeitamse ao regime de tributação normal das citadas contribuições. Também não procede a alegação da recorrente de que processo produtivo de grãos encontravase disciplinado na Lei 9.972/2000 e regulamentado pelo Decreto 6.268/2007 e pelas Instruções Normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pois, diferentemente do alegado, os referidos diplomas normativos não tratam de processo produtivo de grãos, mas da classificação dos produtos vegetais, incluindo a classificação dos grãos. Dada essa finalidade específica, certamente, tais preceitos normativos não têm qualquer relevância para a definição do tipo de processo produtivo realizado pela recorrente, para fins de atribuição da forma de incidência das referidas contribuições. Portanto, fica demonstrado que se trata de alegação estranha ao objeto da controvérsia em apreço. Dessa forma, por se caracterizar como cooperativa de produção agropecuária, independentemente da destinação dos produtos produzidos e comercializados (se destinada ou não à alimentação humana ou animal), a recorrente não faz jus ao aproveitamento do crédito presumido em apreço, conforme determina o art. 8º, § 4º, I, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 8º [...] § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: [...] III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. (grifos não originais) Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos presumidos agroindustriais, indevidamente apropriados pela recorrente. III) DO INDEFERIMENTO DOS CRÉDITOS VINCULADAS ÀS OPERAÇÕES NÃO TRIBUTADAS REALIZADAS NO MERCADO INTERNO. De acordo com relatório fiscal e os dados apresentados nas Tabelas de nºs 03 e 04 (fls. 643/653), integrantes do processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a fiscalização propôs o deferimento apenas dos valores dos créditos básicos vinculados às receitas de exportação. No que tange aos créditos básicos vinculados às receitas de venda realizadas no mercado interno, a fiscalização manifestouse pelo indeferimento integral, sob o argumento de que tais operações de aquisição estavam vinculadas às receitas de venda no mercado interno não sujeitas à tributação, especificamente, as receitas de venda com suspensão e sujeitas à Fl. 385DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 68 41 alíquota zero, bem como as exclusões da base de cálculo permitidas, exclusivamente, às sociedades cooperativas, efetivamente utilizadas. Aqui serão analisadas apenas as questões atinentes às receitas (i) das vendas com suspensão e (ii) das vendas excluídas da base de cálculo. III.1) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas das Vendas Com Suspensão. Segundo a fiscalização, na condição de cooperativa agropecuária de produção, as operações de venda realizadas pela recorrente no mercado interno estavam amparadas pela regime de suspensão da incidência da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do art. 9º da Lei 10.925/2004, em decorrência, ela deveria ter providenciado o estorno dos correspondentes créditos, conforme determinação expressa no inciso II do § 4º do art. 8º do citado diploma legal. Art. 8º [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. [...] (grifos não originais) Por sua vez, a recorrente alegou que a restrição contida no citado preceito legal fora revogada pelo art. 17 da Lei 11.033/2004, nos termos do § 1º do art. 2º da Lei 4.657/1942 (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro), a seguir transcrito: Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Sem razão a recorrente, porque, embora tenha entrado em vigor posteriormente, o novo preceito legal não é incompatível e tampouco regula inteiramente a matéria disciplinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que instituiu o crédito presumido agroindustrial e as vedações às manutenções tanto do referido crédito presumido quanto dos créditos vinculados as receitas de venda efetuadas com suspensão por pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e por cooperativa de produção agropecuária. Diferentemente do alegado, como o citado art. 17 da Lei 11.033/2004 instituiu norma de nítido caráter geral sobre manutenção, pelo vendedor, dos créditos Fl. 386DF CARF MF 42 vinculados às operações de vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, ao caso em apreço, aplicase o disposto no § 2º do art. 2º da Lei 4.657/1942, que determina que a lei nova não revoga nem modifica a lei anterior. Dessa forma, uma vez demonstrado que o inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004 estava em plena vigência no período de apuração dos créditos em questão e ainda se encontra em vigor, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1972 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho (RICARF/2015), aprovado pela Portaria MF 343/2015, aos membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Com base nessas considerações e tendo em conta que ficou anteriormente demonstrado que a recorrente, no período de apuração dos créditos, exercia atividade de cooperativa de produção agropecuária, com respaldo no inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados as receitas de venda com suspensão. III.2) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas de Venda Excluídas da Base de Cálculo. De acordo com relatório fiscal, no período analisado, a contribuinte registrou exclusões de base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstas no art 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, em relação as quais não lhe eram assegurado a manutenção dos créditos vinculados, sob o argumento de que como o ato cooperativo, definido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não representava operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria, logo, não existia “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS”, conforme estabelece o art. 17 da Lei 11.033/2004. Por decorrência, não havia suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo. Já a recorrente alegou que o conceito de ato cooperativo, contido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não influenciava na apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, porque, atualmente, o cálculo das ditas contribuições independiam de tal conceito, uma vez que tanto a base de cálculo e o fato gerador destas contribuições correspondiam ao faturamento total, independente da denominação e classificação contábil, conforme determinado pelo art. 1º das Leis 10.637/2003 e 10.833/2004. Para a recorrente, posteriormente ao advento da Medida Provisória 1.858 6/1999, cuja redação definitiva foi mantida na vigente Medida Provisória 2.15835/2001, os dispositivos que asseguravam isenção das citadas contribuições foram revogados, passando desde então as sociedades cooperativas a serem tributadas sobre a totalidade de suas receitas da mesma forma que as demais pessoas jurídicas, nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei 9.718/1998. Em decorrência, todos os fatos que não tinham a aptidão de gerar tributos integravam o campo da não incidência, logo o resultado obtido das exclusões da base de cálculo permitidas às sociedades cooperativas, efetuadas pela contribuinte, correspondiam as receitas sem incidência das referidas contribuições, em virtude de não gerar receita tributável. Não assiste razão à recorrente. No caso em tela, a não tributação das referidas contribuições não decorreu do fato de as receitas auferidas não serem submetidas à incidência das referidas contribuições, ou em razão das respectivas operações de venda estarem fora do campo incidência das referidas contribuições, conforme alegado pela recorrente, mas pelo fato Fl. 387DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 69 43 de não existir base cálculo ou a base de cálculo ter sido zerada, após efetivadas as exclusões, especificamente, asseguradas à recorrente na condição de sociedade cooperativa de produção agropecuária. E a falta de tributação motivada pela inexistência de base cálculo, certamente, não se enquadra em nenhuma das hipóteses de manutenção do crédito das referidas contribuições, previstas no art. 17 da Lei 11.033/2004. Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados à base cálculo zerada, em razão das exclusões da base de cálculo das referidas contribuições, autorizadas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, e efetuadas pela recorrente no curso do período da apuração dos créditos glosados. IV) DA ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC Em relação aos créditos escriturais da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, decorrentes da aplicação do regime da nãocumulatividade, cabe consignar que, independentemente da forma de aproveitamento (dedução, compensação ou ressarcimento), existe vedação expressa a qualquer forma de atualização ou incidência de juros, conforme expressamente consignada no artigo 13, combinado com o disposto no inciso VI do art. 15, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, que seguem transcritos: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Dessa forma, como se trata de preceito legal vigente, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1996 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II RICARF/2015, os membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Cabe consignar ainda que, no caso em tela, não se aplica o entendimento exarado no acórdão proferido no julgamento do Recurso Especial (REsp) nº 1.035.847/RS, submetido ao regime do recurso repetitivo, previsto no artigo 543C do CPC, transitado em julgado em 3/3/2010, por duas razões: a) o referido julgado trata da atualização de crédito escritural oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade do IPI e não de crédito escritural decorrente da aplicação do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins; b) a referida decisão não trata da vedação da atualização monetária determinada no art. 13 da Lei 10.833/2003 e tampouco afasta a aplicação do referido preceito legal, bem como se enquadra em nenhuma das hipóteses excepcionais elencadas no art. 62, § 1º, do Anexo II do RICARF/2015. Para melhor compreensão, transcrevese a seguir o enunciado da ementa do mencionado acórdão: Fl. 388DF CARF MF 44 PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547∕PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977∕RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953∕PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796∕PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498∕RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08∕2008.7 (grifos não originais) Com base nessas considerações, fica demonstrada a impossibilidade de acolher a sua pretensão da recorrente, com vistas à atualização dos valores dos créditos em apreço com base na variação da taxa Selic. VI) DA CONCLUSÃO Por todo o exposto, em relação às questões aqui analisadas, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 7 BRASIL. STJ. REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009. Fl. 389DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 70 45 Voto Vencedor 2 Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, redator designado. Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento quanto à reversão total da glosa relativa aos créditos vinculados às vendas de adubos, fertilizantes e sementes pela recorrente aos seus associados, as quais tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero pelo art. 1º da Lei 10.925/2004. Salientase que tais créditos foram glosados originalmente por falta de apresentação de documentos, como todos os demais créditos solicitados. Porém em diligência requerida pela DRJ, restou consignado em relatório fiscal a manutenção da referida glosa em razão de tais valores consistirem em exclusões da base de cálculo das cooperativas, nos termos do artigo 15 da MP nº 2.15835/2001: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; [...] No tópico seguinte "EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO", a autoridade fiscal justificou a glosa dos créditos vinculados a exclusões do artigo 15 da MP nº 2.158 35/2001, em razão da não previsão da manutenção de créditos vinculados à exclusões de base de cálculo na redação do artigo 17 da Leinº 11.033/2004, a seguir transcrito: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Acrescentou ainda que tais operações são atos cooperativos conforme definição contida no artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e, portanto, não configurariam operações de compra e venda, conforme extraise do excerto abaixo do relatório fiscal: "O conceito de ato cooperativo está disposto na Lei nº 5.764/71 (que “define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas”): Art. 79. Denominamse atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. Parágrafo único. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Grifouse. Fl. 390DF CARF MF 46 A luz do dispositivo legal, o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Portanto, não existe “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS (art. 17 da Lei nº 11.033/2004). Por decorrência, não há suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo." Verificase, de fato, que as operações consideradas como vendas de adubos, fertilizantes e sementes aos associados se subsumem à definição de ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e neste sentido, impende8 reproduzir a recente decisão do STJ no REsp nº 1.164.716/MG, transitado em julgado em 22/06/2016 e submetido à sistemática de recursos repetitivos, na qual restou decidido que os atos cooperativos não implicam operações de compra e venda, conforme ementa abaixo transcrita: EMENTA TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. NÃO INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS NOS ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS. APLICAÇÃO DO RITO DO ART. 543C DO CPC E DA RESOLUÇÃO 8/2008 DO STJ. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Os RREE 599.362 e 598.085 trataram da hipótese de incidência do PIS/COFINS sobre os atos (negócios jurídicos) praticados com terceiros tomadores de serviço; portanto, não guardam relação estrita com a matéria discutida nestes autos, que trata dos atos típicos realizados pelas cooperativas. Da mesma forma, os RREE 672.215 e 597.315, com repercussão geral, mas sem mérito julgado, tratam de hipótese diversa da destes autos. 2. O art. 79 da Lei 5.764/71 preceitua que os atos cooperativos são os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. E, ainda, em seu parág. único, alerta que o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. 3. No caso dos autos, colhese da decisão em análise que se trata de ato cooperativo típico, promovido por cooperativa que realiza operações entre seus próprios associados (fls. 126), de forma a autorizar a não incidência das contribuições destinadas ao PIS e a COFINS. 4. O parecer do douto Ministério Público Federal é pelo desprovimento do Recurso Especial. 5. Recurso Especial desprovido. 8 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 391DF CARF MF Processo nº 13161.001382/200772 Acórdão n.º 3302003.265 S3C3T2 Fl. 71 47 6. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 8/2008 do STJ, fixandose a tese: não incide a contribuição destinada ao PIS/COFINS sobre os atos cooperativos típicos realizados pelas cooperativas. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da PRIMEIRA Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Gurgel de Faria, Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Herman Benjamin. Sustentaram, oralmente, a Dra. HERTA RANI TELES, pela recorrente, e o Dr. JOÃO CAETANO MUZZI FILHO, pela interessada: ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS OCB Brasília/DF, 27 de abril de 2016 (Data do Julgamento). NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR Assim, tais operações não podem ser consideradas como mercantis, e, portanto, não se tratam de vendas, configurando operações não incidentes e não receitas de vendas não incidentes. Salientase que o artigo 17 da Lei 11.033/2004 dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. Destarte, entendo ser inaplicável o referido artigo para efeito de vinculação de créditos a estas parcelas. Porém, a glosa pura e simples dos créditos vinculados a estas operações, conforme realizada pela autoridade fiscal, pareceme equivocada. É que tais créditos referemse a custos, despesas e encargos comuns que foram vinculados a estas parcelas mediante rateio entre receitas. Assim, não sendo tais operações receitas de vendas, também não podem compor o rateio para vinculação de créditos tomados sobre custos, despesas e encargos comuns (por exemplo, energia elétrica), devendo tal rateio ser refeito, excluindo estas operações de seu denominador, e redistribuindo os créditos comuns às demais parcelas de receitas consideradas, devendo ser reanalisada a possibilidade de desconto, compensação ou ressarcimento, de acordo com a nova natureza e conforme o decidido neste julgamento. Frisese que a decisão não se refere às aquisições específicas de adubos, sementes e fertilizantes, as quais não geraram créditos, pois que sujeitaramse à alíquota zero, como, inclusive, confirmado pelo patrono da recorrente em sustentação oral. É como voto. Fl. 392DF CARF MF 48 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 393DF CARF MF
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Numero do processo: 10850.900131/2006-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
PER/DCOMP. PREENCHIMENTO EQUIVOCADO DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE DE CORREÇÃO.
Uma vez que se identifique que a Contribuinte preencheu equivocadamente o crédito, na DCOMP, que possui contra a Fazenda Pública, é possível corrigi-lo nos termos do art. 147, §2º, do CTN.
PER/DCOMP. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. EFEITOS.
A homologação tácita da compensação formalizada por meio de DCTF anteriormente a outubro de 2003 impede a cobrança do débito pela Fiscalização, mas não obsta a análise do crédito se houver relação direta com o crédito pretendido no processo.
Numero da decisão: 1201-001.448
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, dar-lhe provimento, para HOMOLOGAR as DCOMPs nºs 37768.96399.140806.1.7.02-2187 e 32202.15072.160806.1.7.02-1500 até o montante de R$ 56.225,26 e extinguir o débito de R$ 22.579,18, acrescido dos respectivos juros e multa, nos termos do voto.
(assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(assinado digitalmente)
RONALDO APELBAUM Redator Designado ad hoc.
EDITADO EM: 21/09/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luiz Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Ronaldo Apelbaum e Lizandro Rodrigues de Sousa.
Nome do relator: JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO
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conteudo_txt : Metadados => date: 2016-09-21T15:53:23Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2016-09-21T15:53:23Z; Last-Modified: 2016-09-21T15:53:23Z; dcterms:modified: 2016-09-21T15:53:23Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:ce899d5e-fa5a-43bb-92e0-f439578e8c6a; Last-Save-Date: 2016-09-21T15:53:23Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2016-09-21T15:53:23Z; meta:save-date: 2016-09-21T15:53:23Z; pdf:encrypted: true; modified: 2016-09-21T15:53:23Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2016-09-21T15:53:23Z; created: 2016-09-21T15:53:23Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; Creation-Date: 2016-09-21T15:53:23Z; pdf:charsPerPage: 1846; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2016-09-21T15:53:23Z | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 793 1 792 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10850.900131/200635 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1201001.448 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 04 de maio de 2016 Matéria PER/DCOMP Recorrente EMPRESA MUNICIPAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS EMPRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 PER/DCOMP. PREENCHIMENTO EQUIVOCADO DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE DE CORREÇÃO. Uma vez que se identifique que a Contribuinte preencheu equivocadamente o crédito, na DCOMP, que possui contra a Fazenda Pública, é possível corrigi lo nos termos do art. 147, §2º, do CTN. PER/DCOMP. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. EFEITOS. A homologação tácita da compensação formalizada por meio de DCTF anteriormente a outubro de 2003 impede a cobrança do débito pela Fiscalização, mas não obsta a análise do crédito se houver relação direta com o crédito pretendido no processo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, darlhe provimento, para HOMOLOGAR as DCOMP’s nºs 37768.96399.140806.1.7.022187 e 32202.15072.160806.1.7.021500 até o montante de R$ 56.225,26 e extinguir o débito de R$ 22.579,18, acrescido dos respectivos juros e multa, nos termos do voto. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 01 31 /2 00 6- 35 Fl. 793DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 2 ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (assinado digitalmente) RONALDO APELBAUM – Redator Designado “ad hoc”. EDITADO EM: 21/09/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luiz Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Ronaldo Apelbaum e Lizandro Rodrigues de Sousa. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra o Acórdão nº 1435.135 (fls. 165/171), proferido pela 5ª Turma da DRJ/RPO, na sessão de 30 de agosto de 2011, que, por unanimidade, julgou improcedente a manifestação de inconformidade protocolada em decorrência da não homologação das PER/DCOMP’s concernentes ao anocalendário de 2002. Para facilitar, apresentamos a seguinte tabela, identificando as Declarações de Compensação apresentadas: DCOMP nº Tipo Data de Transmissão Valor de Débito 16513.99377.150803.1.3.020206 original 15/08/2003 R$ 7.201,25 1 37768.96399.140806.1.7.022187 retificadora 14/08/2006 R$ 19.542,07 22803.01840.121103.1.3.025178 original 12/11/2003 R$ 4.844,84 2 32202.15072.160806.1.7.021500 retificadora 16/08/2006 R$ 17.941,09 São duas as DCOMPs que devem ser analisadas: I DCOMP: retificada e retificadora Em 15/08/2003, a Contribuinte apresentou a DCOMP nº 16513.99377.150803.1.3.020206 (fls. 50/52), na qual buscou compensar débitos de IRPJ no valor de R$ 7.201,25 com crédito de saldo negativo. Na DCOMP, todavia, os débitos não foram individualizados, e quanto ao crédito, não foi indicado o ano do saldo negativo. Essa DCOMP foi retificada em 14/08/2006, tendo recebido o nº 37768.96399.140806.1.7.022187 (fls. 42/49). Nessa feita, a ora Recorrente apresentou débitos de estimativas de IRPJ dos meses de abril, junho, julho e agosto de 2003, que totalizavam R$ 19.642,07, já considerando os juros e as multas. O crédito apresentado foi de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2001 no valor original de R$ 19.642,07. Fl. 794DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.900131/200635 Acórdão n.º 1201001.448 S1C2T1 Fl. 794 3 II DCOMP: retificada e retificadora Em 12/11/2003, a Contribuinte apresentou a DCOMP nº 22803.01840.121103.1.3.025178 (fls. 37/41), na qual buscava compensar débitos de estimativas de IRPJ dos meses de julho e agosto de 2003, com saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2002, no valor original de R$ 4.844,84. Essa DCOMP foi retificada em 16/08/2006, tendo recebido o nº 32202.15072.160806.1.7.021500 (fls. 31/36). Nessa feita, a ora Recorrente apresentou débitos de estimativas de IRPJ dos meses de agosto, outubro e novembro de 2003, que totalizavam R$ 17.941,09, já considerando os juros e as multas. O crédito apresentado foi de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2001 no valor original de R$ 17.941,09. Em 18/07/2008, foi emitido Despacho Decisório (fl. 23), nos seguintes termos: “Analisando as informações prestadas no documento acima identificado, não foi possível confirmar a apuração do crédito, pois o valor informado na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) não corresponde ao valor do saldo negativo informado no PER/DCOMP. Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$ 7.201,25 Valor do saldo negativo informado na DIPJ: R$ 65.793,37 Diante do exposto, não homologo a compensação declarada nos seguintes PER/DCOMP: 16513.99377.150803.1.3.020206 e 22803.01840.121103.1.3.025178. Valor devedor consolidado, correspondente aos débitos indevidamente compensados, para pagamento até 31/07/2008. Principal Multa Juros 12.046,09 2.409,20 8.557,09 Intimada em 29/07/2008 (fl. 25), a Contribuinte, em 26/08/2008, protocolou manifestação de inconformidade (fls. 2/3 e anexos fls. 4/22), aduzindo, em suma, que: · Havia analisado as DCOMPs e constatado o erro (divergência no valor do saldo negativo em relação à DIPJ); · Não era possível apresentar DCOMP retificadora por já haver despacho decisório; Fl. 795DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 4 · O Saldo Negativo referente ao anocalendário de 2002 era, efetivamente, de R$ 65.793,37, composto por estimativas mensais (março, junho, julho e agosto) extintas através de DARFs e de compensações. Em 30/08/2011, a 5ª Turma da DRJ/RPO, por meio do acórdão de nº 14 35.135 (fls. 165/171), decidiu, por unanimidade, julgar a manifestação de inconformidade improcedente. O aludido acórdão foi assim ementado à fl. 165: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Anocalendário: 2002 DCOMP. CRÉDITO. INDEFERIMENTO. Pendente, nos autos, a comprovação do crédito indicado na declaração de compensação formalizada, impõese o seu indeferimento. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Os fundamentos do acórdão proferido pela 5ª Turma da DRJ/RPO podem ser assim resumidos (fl. 171): “Em suma, caberia à recorrente trazer, por ocasião do presente contencioso, justificativas lastreadas em lançamentos contábeis comprobatórios da apuração de saldo negativo de IRPJ, no período em questão, especialmente por se tratar de pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real que, nos termos do artigo 7° do Decretolei n° 1.598, de 1977, deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais. E, no presente caso, a recorrente, em sua peça impugnatória, não apresentou tais elementos, limitandose as alegações acima referenciadas. As cópias de documentos de Fl. 796DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.900131/200635 Acórdão n.º 1201001.448 S1C2T1 Fl. 795 5 arrecadação, PER/DCOMP e DIPJ juntados à impugnação, embora relevantes, mostramse insuficientes à adequada instrução probatória dos autos, nos termos acima. (...) Nesse sentido, concluise não ter sido comprovada, nos autos, a existência de direito creditório líquido e certo, do contribuinte contra a Fazenda Pública, passível de compensação, nos termos do art. 170 do CTN, pelo que não se há de cogitar reparos no despacho decisório recorrido.” Cientificada em 21/12/2011 (fl. 179), a Contribuinte, em 13/01/2012, interpôs Recurso Voluntário (fls. 180/182 e Anexos – fls. 183/291), por meio do qual “apresenta, neste momento, as cópias dos documentos tidos como imprescindíveis à comprovação do direito da recorrente, reiterando, para todos os fins, o requerido na Manifestação de Inconformidade em questão” – fl. 181. Em 06/11/2013, a E. 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF, por unanimidade, na Resolução nº 1102000.216 (fls. 293/298), decidiu converter o julgamento em diligência, determinando (fl. 298): * apontamento dos valores que porventura não compensados em detrimento da falta de saldo negativos. * que a autoridade preparadora cientifique a recorrente da decisão ali proferida, facultandolhe a interposição do recurso voluntário no prazo legal. * dar ciência desta resolução à Contribuinte, entregandolhe cópia; * intimar a Contribuinte para que esta apresente, no prazo de 30 dias, com base em documentação hábil e idônea, a composição dos saldos negativos de IRPJ formados nos anos de 2001 e 2002 e passíveis de utilização, bem como a forma de utilização desses saldos nos anos de 2001 a 2003, cotejando cada valor e demonstrando possíveis saldos negativos não utilizados; * esclarecer, de forma conclusiva e fundamentada, a respeito das informações que serão prestadas pela Contribuinte, a fim de que confirme a existências dos referidos saldos negativos, se cada compensação realizada foi corretamente feita, quais valores não puderam ser compensados (e seus correspondentes períodos), e sobre a existência ou não de saldos negativos após compensações; sejam solicitados os documentos necessários para referida averiguação.”. Fl. 797DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 6 Intimada em 01/09/2014 (fl. 308), a Contribuinte, em 26/09/2014, requereu a concessão de prazo adicional (fl. 309) e, em 27/10/2014, apresentou petição (fls. 311/317 e Anexos – fls. 318/769), destacando o seguinte: § O Saldo Negativo do anocalendário de 2001 foi de R$ 19.891,63, sendo inclusive confirmado em outro processo através do acórdão CARF nº 1803 002.123, no processo administrativo fiscal nº 10850.901956/200839 (fls. 759/769). § O Saldo Negativo do anocalendário de 2002 foi apurado pelo pagamento de estimativas com base em balancetes de suspensão/redução apontado nas tabelas abaixo, comprovadas por documentação anexa: COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO DE 2002 Referência Valor Débito Apurado Valor Recolhido Valor Compensado Diferença a maior A B C D =C+DB 03/2002 R$ 6.301,82 R$ 6.301,82 06/2002 R$ 1.991,70 R$ 1.991,70 07/2002 R$ 38.733,70 R$ 28.044,40 R$ 10.689,30 08/2002 R$ 19.015,71 R$ 18.106,90 R$ 908,81 TOTAL R$ 66.042,93 R$ 46.151,30 R$ 19.891,63 SALDO NEGATIVO DE 2002 Recolhimento com DARF (+) R$ 46.151,30 Compensação Saldo Negativo Períodos Anteriores (+) R$ 19.891,63 IRPJ () R$ 249,56 Adicional de IRPJ () R$ 0,00 Saldo de IRPJ a compensar R$ 65.793,37 § Este Saldo Negativo do anocalendário de 2002 foi parcialmente utilizado para compensar as estimativas de IRPJ referentes ao ano de 2003, conforme a tabela abaixo: VALORES DE 2003 Referência Valor Débito Apurado Valor Recolhido Valor Compensado Diferença a maior A B C D =C+DB 03/2003 R$ 570,11 R$ 570,11 06/2003 R$ 6.631,14 R$ 6.631,14 07/2003 R$ 341,19 R$ 341,19 08/2003 R$ 4.503,64 R$ 4.503,64 Fl. 798DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.900131/200635 Acórdão n.º 1201001.448 S1C2T1 Fl. 796 7 10/2003 R$ 8.156,19 R$ 8.156,19 11/2003 R$ 2.376,91 R$ 2.376,91 TOTAL R$ 22.579,18 R$ 22.579,18 Em 18/11/2014, foi formalizada a Informação Fiscal (fls. 785/787). Dos R$ 65.793,37 declarados pela Contribuinte a título de saldo negativo, o Sr. AFRF reconheceu R$ 56.525,26, haja vista que: “Às fls.759/769, anexamos o Acórdão proferido referente Recurso Voluntário proc.10850.901.956/200839 ref. SDNegativo IRPJ AB2001, que considerou comprovado o Valor apurado de R$ 19.891,63 e reconheceu o valor de R$ 9.845,47 utilizados nas compensações declaradas através do programa PER/DCOMP nºs 28447.49986.301105.1.3.02 9973 e 24496.61239.301105.1.3.025684 (fls.770/781). Assim, restou o Saldo no valor de R$ 10.046,16 que foi utilizado nas compensações das estimativas dos meses de Março, Junho e parte do mês de Julho de 2002 (declaradas em DCTF), conforme Demonstrativo de Imputação às fls.782/784. Assim, uma vez que o contribuinte efetuou recolhimentos das estimativas dos meses de Julho e Agosto/2002, demonstramos abaixo o valor que apuramos do Saldo Negativo em 31122002: MÊS/ANO RECOLHIDO COMPENSADO 03/2002 6.301,82 06/2002 1.991,70 07/2002 28.044,40 2.330,00 08/2002 18.106,90 ,00 SOMA 46.151,30 10.623,52 56.774,82 IRPJ APURADO NO AJUSTE 249,56 249,56 SALDO NEGATIVO APURADO 56.525,26 Dos registros do Balancete e Balanço Geral levantado em 31/12/2002, às fls.570 e 581, o contribuinte apurou saldo a recuperar de IRPJ no valor de R$ 65.793,37. Verificados pelos documentos trazidos pelo interessado em resposta a intimação, verificamos que as referidas compensações efetuadas não foram comprovadas, uma vez que não constam os lançamentos contábeis. Fl. 799DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 8 Assim, uma vez analisados os documentos e pesquisas anexados ao processo, bem como dos documentos trazidos pelo contribuinte, concluímos pelo reconhecimento parcial do Saldo Negativo do IRPJ em 31/12/2002, no valor de R$ 56.525,26” – fls. 786/787. Devidamente intimada em 25/11/2014 (fls. 788/789), a Contribuinte optou por não se manifestar, o que foi formalizado no despacho de fl. 790. É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro Ronaldo Apelbaum Considerando a renúncia do relator originário, João Carlos de Figueiredo Neto, após a decisão prolatada por essa Eg. Turma, fui designado redator “ad hoc” nos termos da Portaria CARF 107/2016. O arquivo presente encontravase disponível em Caixa de Trabalho da Turma e representa, em sua integralidade, o acórdão prolatado e julgado por essa Turma, o qual reproduzo abaixo: I. DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Os pressupostos e requisitos de admissibilidade, determinados pelo Decreto 70.235/1972 e pelo Regimento Interno do CARF, do Recurso Voluntário interposto pela Contribuinte, fazemse presentes, senão, vejamos. Nos termos dos art. 7º, § 1º1, do Regimento Interno do CARF, combinado com o art. 2º, inciso I2, desse mesmo diploma, os recursos interpostos em processo de compensação, cujo crédito alegado seja decorrente de IRPJ, são da competência desta Primeira Seção. No que tange à legitimidade, a petição está assinada pela diretorapresidente (fls. 182/186), a qual possui poderes para a prática deste ato, conforme se comprova pelo artigo 28, I, do Estatuto Social (fls. 264/277). 1 Art. 7° Incluemse na competência das Seções os recursos interpostos em processos administrativos de compensação, ressarcimento, restituição e reembolso, bem como de reconhecimento de isenção ou de imunidade tributária. §1° A competência para o julgamento de recurso em processo administrativo de compensação é definida pelo crédito alegado, inclusive quando houver lançamento de crédito tributário de matéria que se inclua na especialização de outra Câmara ou Seção. 2 Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: I Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); Fl. 800DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.900131/200635 Acórdão n.º 1201001.448 S1C2T1 Fl. 797 9 Por fim, quanto à tempestividade, a decisão proferida pela 5ª Turma da DRJ/RPO em 30/08/2011 (fls. 165/171) chegou ao conhecimento da Contribuinte em 21/12/2011, uma quartafeira (fl. 179), e o recurso foi interposto em 13/01/2012 (fl. 180), ou seja, dentro do prazo de trinta dias previsto no art. 33 do Decreto n° 70.235/70, afinal o dies ad quem era 20/01/2012, um sextafeira. Nesse caminho, recebo o Recurso Voluntário. II. DOS PONTOS CONTROVERTIDOS Ultrapassado o juízo de admissibilidade, os pontos controvertidos encontram se abaixo elencados: PRELIMINAR 1. O Despacho Decisório analisou as DCOMPs corretas? Em caso negativo, é possível superar a incorreção? MÉRITO 2. A divergência de valores entre a DCOMP e a DIPJ impossibilita a análise do Crédito de Saldo Negativo da Contribuinte? 2.1 Em caso negativo, é possível/necessário retificar a DCOMP durante o processo administrativo? 3. A Contribuinte comprovou ter o crédito alegado? 3.1 É possível analisar as compensações efetuadas dos débitos que compõem o saldo negativo do anocalendário? DA PRELIMINAR 1. DO VÍCIO NO DESPACHO DECISÓRIO De ofício, relato que o despacho decisório proferido em 18/07/2008 (fl. 23) encontrase eivado de vício. Isso porque, analisou apenas as DCOMPs originais, mesmo tendo a Contribuinte enviado DCOMPs retificadoras aproximadamente dois anos antes do despacho decisório. A despeito de não haver no despacho decisório o fundamento, é bem provável que as DCOMPs retificadoras não tenham sido julgadas pelo fato de a Contribuinte ter adicionado novos débitos em relação às originais. Fl. 801DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 10 A IN 600, de 28/12/2005, vigente à época do envio da retificadora, no art. 59, vedava a retificação de DCOMP, quando tivesse “por objeto a inclusão de novo débito ou o aumento do valor do débito compensado”: Art. 59. A retificação da Declaração de Compensação gerada a partir do Programa PER/DCOMP ou elaborada mediante utilização de formulário (papel) não será admitida quanto tiver por objeto a inclusão de novo débito ou o aumento do valor do débito compensado mediante a apresentação da Declaração de Compensação à SRF. Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput, o sujeito passivo que desejar compensar o novo débito ou a diferença de débito deverá apresentar à SRF nova Declaração de Compensação. Registramos, nesse caminho, que a Instrução Normativa não pode ser aplicável em desfavor da Contribuinte, criando vedações que a Lei não estabelece, mormente quando não gera nenhum prejuízo ao fisco. Para não haver dúvida, vejamos as compensações enviadas: I DCOMP Retificada Retificadora DCOMP nº 16513.99377.150803.1.3.020206 DCOMP nº 37768.96399.140806.1.7.022187 Envio: 15/08/2003 Envio: 14/08/2006 Crédito: Saldo Negativo de IRPJ Crédito: Saldo Negativo de IRPJ de 2001 Valor: Não disse o R$ nem o ano do SN Valor: R$ 19.642,07 04/2003 R$ 570,11__ Estimativa IRPJ 04/2003 R$ 570,11__ Estimativa IRPJ 06/2003 R$ 6.631,14_Estimativa IRPJ 06/2003 R$ 6.631,14_Estimativa IRPJ 07/2003 R$ 341,19__ Estimativa IRPJ 08/2003 R$ 4.070,34_Estimativa IRPJ Débitos: Total com juros e multa: R$ 7.201,25 Débitos: Total com juros e multa: R$ 19.642,07 Despacho Decisório "Não foi possível confirmar a apuração do crédito, pois o valor informado na DIPJ não corresponde ao valor do saldo negativo informado no PER/DCOMP" fl. 23. Despacho Decisório Não apreciou esta DCOMP. II DCOMP Retificada Retificadora DCOMP nº 22803.01840.121103.1.3.025178 DCOMP nº 32202.15072.160806.1.7.021500 Envio: 12/11/2003 Envio: 16/08/2006 Crédito: Saldo Negativo de IRPJ de 2002 Crédito: Saldo Negativo de IRPJ de 2002 Valor: R$ 4.844,84 Valor: R$ 17.941,09 07/2003 R$ 341,19__ Estimativa IRPJ 08/2003 R$ 433,30__ Estimativa IRPJ 08/2003 R$ 4.503,65_Estimativa IRPJ 10/2003 R$ 8.156,19_Estimativa IRPJ 11/2003 R$ 2.376,91_Estimativa IRPJ Débitos: Total com juros e multa: R$ 4.844,84 Débitos: Total com juros e multa: R$ 17.941,09 Fl. 802DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.900131/200635 Acórdão n.º 1201001.448 S1C2T1 Fl. 798 11 Despacho Decisório "Não foi possível confirmar a apuração do crédito, pois o valor informado na DIPJ não corresponde ao valor do saldo negativo informado no PER/DCOMP" fl. 23. Despacho Decisório Não apreciou esta DCOMP. Portanto, as retificadoras deveriam ter sido analisadas, e não as primeiras. Todavia, esse vício configurase como uma incorreção descrita no art. 60 do Decreto nº 70.235/72, razão pela qual corrigimos agora o vício: Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Frisamos que, não constituindo hipóteses do art. 59 do indigitado decreto, posto que o ato foi lavrado por autoridade competente e não gerou cerceamento de defesa, não há que se falar em nulidade do despacho decisório. Em suma, o processo sob análise versa sobre as DCOMPs retificadoras e elas foram, efetivamente, o objeto da diligência ordenada por meio da Resolução nº 1102000.216 (fls. 293/298). 2. DO SALDO NEGATIVO DE IRPJ INDICADO NAS DCOMPs A DRF, ao analisar as DCOMPs apresentadas, concluiu não ser possível confirmar a existência do crédito, pois “o valor informado na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) não corresponde ao valor do saldo negativo informado no PER/DCOMP” – fl. 23. A primeira discussão que deve ser posta é: o saldo negativo apresentado como crédito é o do anocalendário de 2001 ou de 2002? A Contribuinte, a despeito de ter informado na DCOMP retificadora nº 37768.96399.140806.1.7.022187 que o crédito era de saldo negativo de 2001, na manifestação de inconformidade, no recurso voluntário e na petição apresentada após a Resolução nº 1102 000.216 da e. 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF informou, todavia, que o crédito era de saldo negativo de 2002. Havendo erro ou inexatidão material na declaração de compensação, a autoridade administrativa deve autorizar a retificação. Nesse sentido, a e. 2ª Turma Ordinária Fl. 803DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 12 da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF, na linha do entendimento do CARF, já decidiu pela possibilidade de retificação de DCOMP que continha mero erro decorrente da indicação de saldo negativo no lugar de pagamento a maior. Vejase voto proferido pelo então conselheiro Jose Evande Carvalho Araújo, em processo julgado em 04/06/2014: “COMPENSAÇÃO. ERRO NO PREENCHIMENTO DA DCOMP. INDICAÇÃO DE SALDO NEGATIVO NO LUGAR DE PAGAMENTO A MAIOR. POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO. Quando, em sede de recurso, o contribuinte demonstra ter preenchido a DCOMP de forma incorreta, indicando como crédito saldo negativo quando o correto seria pagamento a maior do imposto referente ao mesmo período, é possível a retificação de ofício pela autoridade julgadora, que determinará a análise do pedido com base no crédito efetivamente existente. (...) Não se está aqui a defender ser possível se promover alterações substanciais nas declarações de compensação em sede de recurso. Recordese: o contribuinte nunca apurou saldo negativo, demonstrou que efetuou recolhimento a maior do imposto a pagar apurado e está pleiteando a análise de crédito do mesmo tributo e período. Diante de erro facilmente constatável, e com a apresentação de argumentos e provas convincentes da verdadeira natureza do crédito, devese analisar o pedido com base no direito creditório realmente existente, em homenagem ao princípio da verdade material” fl. 07. Concluise, disso tudo, ser possível o pleito da Contribuinte. Resta analisar se, no caso concreto, houve mero erro material no preenchimento da DCOMP e, cumulativamente, se a Contribuinte tinha direito ao crédito indicado. 3. DA EXISTÊNCIA DE CRÉDITO PASSÍVEL DE HOMOLOGAÇÃO Já restou suficientemente demonstrado que o processo versa sobre duas DCOMP’s diversas e que foram apresentadas Declarações Retificadoras. Convém agora analisálas individualmente para verificar se houve, ou não, erro material no seu preenchimento. 3.1. DCOMP retificadora nº 37768.96399.140806.1.7.022187 (fls. 42/49): Fl. 804DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.900131/200635 Acórdão n.º 1201001.448 S1C2T1 Fl. 799 13 Transmitida em 14/08/2006, essa DCOMP apresentou como crédito saldo negativo de IRPJ de 2001, no valor original de R$ 19.642,07. Entendo que houve erro, pois nas DCTFs enviadas em 15/08/2006, referentes aos débitos de estimativas mensais de abril, junho, julho e agosto de 2003, o crédito informado para quitar os mesmos débitos da DCOMP em análise foi o saldo negativo de 2002 (fls. 751 a 758). Ademais, não faria sentido a empresa utilizar o saldo negativo de 2001, que não tinha mais, quando poderia usar o saldo negativo de 2002, ainda disponível. Em suma, não há dúvida que a Contribuinte pretendia indicar como crédito o saldo negativo de IRPJ de 2002. A existência de crédito para quitar os débitos informados nesta DCOMP será analisada no último capítulo deste voto. 3.2. DCOMP nº 32202.15072.160806.1.7021500 (fls. 31/36) Transmitida em 16/08/2006, essa DCOMP indicou crédito original de R$ 17.941,09, referente ao saldo negativo de IRPJ de 2002, e indicou como débito as estimativas mensais referentes a agosto, outubro e novembro de 2003, perfazendo um total de R$ 17.941,09. In casu, plausível o erro da Contribuinte: ao invés de indicar todo o seu crédito de saldo negativo de IRPJ de 2002, indicou apenas aquele suficiente para fazer frente ao débito que buscava compensar. Nesse caminho, possível retificar a DCOMP apresentada. A existência de crédito para quitar os débitos informados nesta DCOMP será analisada no próximo capítulo deste voto. 3.3. DO SALDO NEGATIVO DE IRPJ DO ANOCALENDÁRIO 2002 A Contribuinte declarou em sua DIPJ 2003, anocalendário 2002, Ficha 12A (fl. 64), saldo negativo de R$ 65.793,37. Esse saldo decorre do recolhimento de R$ 66.042,93, a despeito de seu IRPJ a pagar ter sido R$ 256,56. A composição do saldo negativo segue abaixo: Composição do Saldo Negativo de 2002 P.A Valor Débito Apurado Extinto por: Valor Recolhido Valor Compensado mar/02 R$ 6.301,82 Compensação em DCTF enviada em 30/04/2002, cujo crédito era SN de 2001. R$ 0,00 R$ 6.301,82 Fl. 805DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 14 jun/02 R$ 1.991,70 Compensação em DCTF enviada em 31/07/2002, cujo crédito era SN de 2001. R$ 0,00 R$ 1.991,70 jul/02 R$ 38.733,70 Parte compensação em DCTF enviada em 30/08/2002, cujo crédito era SN de 2001. Parte pagamento por DARF em 31/08/2002 R$ 28.044,40 R$ 10.689,30 ago/02 R$ 19.015,71 Parte compensação em DCTF enviada em 30/09/2002, cujo crédito era SN de 2001. Parte pagamento por DARF em 30/09/2002 R$ 18.106,90 R$ 908,81 TOTAL R$ 66.042,93 R$ 46.151,30 R$ 19.891,63 Ou seja, o saldo negativo é composto apenas de estimativa mensais, que foram extintas por DARF e por compensação em DCTF. Para comprovar, a Contribuinte apresentou DARFs no valor de R$ 46.151,30 (fls. 29/30), bem como as compensações feitas diretamente em DCTF no valor R$ 19.891,63 (fls. 785/787). Vejamos cada item que compõe o saldo negativo. Estimativas extintas por meio de DARFs Não há questionamento quanto à validade dos DARFs apresentados, tendo sido expressamente reconhecida a sua validade pela autoridade diligenciadora (fl. 786), logo esse crédito da Contribuinte deve ser reconhecido como líquido e certo. Estimativas extintas por meio de compensações feitas em DCTFs Como dito alhures, os débitos de estimativas de 2002 foram extintos por meio de compensações, cujo crédito era saldo negativo de IRPJ de 2001. Quando da realização da diligência ordenada por meio da Resolução nº 1102 000.216, o Sr. AFRF fundamentou: (i) o saldo negativo de 2001 foi de R$ 19.891,63; (ii) do saldo negativo de 2001, R$ 9.845,47 foi utilizado para extinguir estimativa de IRPJ de abril de 2004, reconhecido, inclusive, por este e. CARF (Acórdão nº 1803002.123); (iii) considerando as informações acima, restou R$ 10.046,16 de saldo negativo em 2001. A partir dessas premissas, o Sr. AFRF reconheceu parcialmente o saldo negativo de 2002, qual seja R$ 56.525,26, que corresponde à soma de R$ 46.151,30 recolhido por DARF e R$ 10.046,16 do saldo negativo de 2001. Devemos concordar com o relatório fiscal. Senão, vejamos. Fl. 806DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.900131/200635 Acórdão n.º 1201001.448 S1C2T1 Fl. 800 15 Ao tempo da compensação dos débitos de estimativas de 2002 com saldo negativo de IRPJ de 2001 efetuada pela Contribuinte, havia dois regimes para a compensação em nível federal: (a) O regime de compensação entre créditos e débitos da mesma natureza, realizado por simples encontro de contas, declaradas pelo contribuinte diretamente em DCTF, sem a necessidade de prévio requerimento à Receita Federal – artigo 66 da Lei n° 8.383/91; e (b) O regime de compensação entre créditos e débitos de espécies tributárias diversas, submetido a prévio requerimento à Receita Federal – artigo 74 da Lei nº 9.430/96. Nas compensações realizadas por encontro de contas (regime do art. 66 da Lei nº 8.383/91), que foi a utilizada pela Contribuinte para quitar os débitos de estimativas de 2002, duas situações poderiam ocorrer: (a) a homologação tácita ou expressa da compensação no prazo de cinco anos contado do art. 150, §4º, do CTN, com a consequente extinção definitiva do débito compensado; ou (b) o lançamento de ofício (auto de infração), dentro do prazo decadencial do art. 150, §4, do CTN, para exigir o débito objeto de compensação, na hipótese de discordância do Fisco. O lançamento de ofício era cabível à época dos fatos, na medida em que a compensação não constituía o débito ou o crédito, só a diferença entre eles, conforme entendimento do C. STJ, exarado nos autos dos Recursos Especiais nºs 1.240.110, 1.024.227 e 1.205.004. Assim, havendo discordância do débito ou do crédito apurado pela Contribuinte, era necessária a lavratura de auto de infração pela Fiscalização. Diante do fato de que não cabia a inscrição em dívida ativa, não se pode aplicar ao presente caso o disposto no Parecer da PGFN/CAT nº 88/2014 e se torna mais do que necessário analisar a compensação realizada dos débitos de estimativas de 2002 com saldo negativo de IRPJ de 2001. Fl. 807DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 16 No presente caso, não se tem a informação de que tenha havido a lavratura de um auto de infração, nem se tem a informação de que teria ocorrido a homologação expressa por parte da Fiscalização da compensação dentro do prazo de cinco anos contado do art. 150, §4º, do CTN. Na verdade, da análise das fls. 782 e 784 extraise que a Fiscalização, em 17/11/2014, isto é, muito após o prazo de cinco anos, considerou não homologada a compensação do saldo negativo de 2001 com a estimativa de julho de 2002 no valor de R$ 8.359,30 e com a estimativa de agosto de 2002 no valor de R$ 908,81. Assim, considerando que a Fiscalização não observou o prazo previsto no art. 150, §4, do CTN para se pronunciar sobre as compensações mencionadas acima, é inconteste a ocorrência da homologação tácita e, como consequência, a impossibilidade de o Fisco proceder a cobrança de eventuais débitos em aberto. Confirase: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. A despeito da ocorrência da homologação tácita nas compensações mencionadas acima, vale notar que a homologação tácita, conforme se observa do disposto no art. 150, §4, do CTN, apenas tem o condão de homologar o lançamento e definitivamente extinguir o débito, mas não tem o condão de constituir o crédito. É dizer, na compensação existe um crédito que é utilizado para quitar um débito. A homologação tácita impede a cobrança do débito pela Fiscalização, já que o considera extinto após o decurso do prazo de cinco anos, mas não faz com que o crédito seja constituído e que ele não possa ser objeto de questionamento. À luz do presente caso, a homologação tácita da compensação dos débitos de estimativas de 2002 com saldo negativo de IRPJ de 2001 efetuada pela Contribuinte impede a cobrança das estimativas de 2002, mas não impossibilita a análise da existência do crédito decorrente de saldo negativo de IRPJ de 2001. Fl. 808DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.900131/200635 Acórdão n.º 1201001.448 S1C2T1 Fl. 801 17 Nesse sentido, é o entendimento da e. 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF, proferido nos autos do Acórdão nº 1102001.196, em 28/08/2014, de acordo com o qual o decurso do prazo decadencial não extingue o direito da Fazenda Nacional de investigar o recolhimento dos tributos que geraram o crédito pretendido pelo contribuinte, in verbis: “Não bastasse, digase que o decurso do prazo decadencial qüinqüenal implica definitividade da apuração do resultado do contribuinte no respectivo anocalendário, mas não extingue o direito da Fazenda Nacional de investigar o recolhimento dos tributos que geraram o crédito pretendido pelo contribuinte. Nos termos das Leis n. 9.430/96 e n. 10.833/2003, a Fiscalização tem o direito de verificar a existência do direito creditório alegado pelo contribuinte no prazo de 5 (cinco) anos contados da data do pedido de compensação respectivo. O objeto dessa investigação reside exatamente na verificação da existência ou não do recolhimento do tributo cuja devolução se pretende, diretamente, ou do pagamento do tributo que origina o respectivo crédito (v.g., recolhimento das estimativas para a formação do saldo negativo). É permitido à Fiscalização verificar elementos relativos a períodos anteriores (ainda que decaídos em tese) que tenham direta relação com o pagamento/recolhimento dos tributos que originaram o crédito pretendido no processo. Com a devida vênia, e salvo respeitáveis opiniões em sentido contrário, a decadência atinge apenas o direito do Fisco de investigar o autolançamento do débito levado a efeito pelo contribuinte e homologado (expressa ou tacitamente) pelo Fisco, o que não ocorre no caso” (grifamos). Assim, sendo permitido ao Fisco verificar as compensações relativas a períodos anteriores, ainda que homologadas tacitamente, que tenham direta relação com o crédito pretendido no processo, é de rigor reconhecer parcialmente o saldo negativo de 2002, no valor de tãosomente R$ 56.525,26, afinal restou provado que parte do crédito indicado para extinguir as estimativas mensais que compõe o saldo negativo apresentado como crédito já havia sido utilizado em outra compensação. 4. DISPOSITIVO Por tudo quanto exposto, votamos no sentido de conhecer o recurso voluntário e, no mérito, darlhe provimento para HOMOLOGAR as DCOMP’s nºs 37768.96399.140806.1.7.022187 e 32202.15072.160806.1.7.021500 até o montante de R$ Fl. 809DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 18 56.525,26 e extinguir o débito de R$ 22.579,18, acrescido dos respectivos juros e multa, nos termos do voto. (assinado digitalmente) RONALDO APELBAUM – redator designado “ad hoc” Fl. 810DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Numero do processo: 13888.904214/2009-15
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/03/2004
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.079
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/03/2004 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente CRISTINA APARECIDA FREDERICH & CIA LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/03/2004 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 42 14 /2 00 9- 15 Fl. 275DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904214/200915 Acórdão n.º 9303004.079 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3303002.501, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 276DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904214/200915 Acórdão n.º 9303004.079 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 277DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904214/200915 Acórdão n.º 9303004.079 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 278DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904214/200915 Acórdão n.º 9303004.079 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 279DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904214/200915 Acórdão n.º 9303004.079 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 280DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904214/200915 Acórdão n.º 9303004.079 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 281DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904214/200915 Acórdão n.º 9303004.079 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 282DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10074.722133/2012-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/2010 a 31/10/2010
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. EXERCÍCIO REGULAR DE PROFISSÃO. AUSÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU CONLUIO SIMULATÓRIO.
Diante de provas do exercício de atividades normais ao desempenho das atividades de representação inerentes ao exercício da profissão de despachante aduaneiro, e ausência de prova de dolo, fraude ou conluio para simulação, não há que se responsabilizar tributariamente a Recorrente.
Numero da decisão: 3402-003.211
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para excluir a responsabilidade solidária da empresa STILLO LOGÍSTICA LTDA, exonerando-a dos valores lançados no auto de infração.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/09/2010 a 31/10/2010 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. EXERCÍCIO REGULAR DE PROFISSÃO. AUSÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU CONLUIO SIMULATÓRIO. Diante de provas do exercício de atividades normais ao desempenho das atividades de representação inerentes ao exercício da profissão de despachante aduaneiro, e ausência de prova de dolo, fraude ou conluio para simulação, não há que se responsabilizar tributariamente a Recorrente.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para excluir a responsabilidade solidária da empresa STILLO LOGÍSTICA LTDA, exonerando-a dos valores lançados no auto de infração. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. EXERCÍCIO REGULAR DE PROFISSÃO. AUSÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU CONLUIO SIMULATÓRIO. Diante de provas do exercício de atividades normais ao desempenho das atividades de representação inerentes ao exercício da profissão de despachante aduaneiro, e ausência de prova de dolo, fraude ou conluio para simulação, não há que se responsabilizar tributariamente a Recorrente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para excluir a responsabilidade solidária da empresa STILLO LOGÍSTICA LTDA, exonerandoa dos valores lançados no auto de infração. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 4. 72 21 33 /2 01 2- 72 Fl. 398DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Tratase de auto de infração contra a empresa SRL 370 DISTRIBUIDORA LTDA, decorrente da verificação de "Dano ao Erário" decorrente de interposição fraudulenta na importação de bens e mercadorias, haja vista a não comprovação da origem, disponibilidade e efetiva transferência dos recursos financeiros envolvidos em sua execução, punível com a penalidade de perdimento das mercadorias, convertida em pecúnia em face da impossibilidade de sua apreensão, com lançamento de crédito tributário no montante total de R$ 289.349,19, com atribuição de responsabilidade solidária às pessoa jurídica e física MMF 9212 COMERCIO E SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES E INFORMÁTICA LTDA, CNPJ nº 07.916.941/000119; STILLO LOGÍSTICA LTDA, CNPJ nº 08.096.875/000140; e MARCELO MARTINS FARIAS, CPF nº 043.935.25760, respectivamente, na forma prevista no art. 95, I do Dl. 37/66 do CTN. Reproduzse abaixo, por razões de economia, a descrição dos fatos veiculada pela decisão recorrida: 1. A SRL 370 não foi capaz de comprovar a origem lícita, disponibilidade e a efetiva transferência dos recursos empregados nas operações de comércio exterior que realizou, objeto da ação fiscal. Terseiam sido angariadas provas suficientes à conclusão de que a SRL 370 foi formalmente criada para servir de fachada, como interposta pessoa em operações de importação sob a responsabilidade da pessoa física MARCELO MARTINS FARIAS, CPF nº 043.935.25760; 2. A empresa sequer existiu de fato no endereço informado para cadastro perante a Receita Federal (fls. 25 a 26), situação identicamente constata em relação aos sócios da empresa (fl. 24), os quais também não foram localizados em seus endereços de cadastro em correspondências encaminhadas pelos Correios; 3. Os sócios nunca atenderam às intimações da fiscalização e não possuíam à época das operações capacidade econômica para integralizar o capital social subscrito, nem tampouco para suportar as operações de comércio realizadas pela empresa; 4. Tanto a empresa quanto seus sócios não possuem qualquer movimentação financeira, o que permitiria concluir que o custeio da empresa se deu através de recursos de terceiros; 5. Os sócios da empresa não atenderam às intimações da fiscalização, e jamais compareceram para prestar esclarecimento sobre as operações da empresa, tampouco informaram a destinação da mercadoria importada. Em decorrência de tais fatos, o procedimento especial de fiscalização foi concluído de forma sumária, em conformidade às disposições da IN SRF nº 228/2002, art. 10, aplicandose à situação as conclusões presuntivas do art. 23, V, §§ 1º e 2º, do Dl nº 1.455, de 1976, de Fl. 399DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10074.722133/201272 Acórdão n.º 3402003.211 S3C4T2 Fl. 3 3 interposição fraudulenta em operações de comércio exterior da empresa omissa na comprovação de origem lícita dos recursos empregados em suas operações de comércio exterior; 6. O conjunto de indícios e provas amealhados apontam que Marcelo Martins Farias concorreu para a prática da interposição fraudulenta nas operações de importação da SRL 370 financiando o pagamento de tributos das operações (fls. 51 a 52; 195 a 196), assim como também a empresa na qual consta como sócio e responsável perante o Sistema CNPJ – a MMF 9212 COMERCIO E SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES E INFORMÁTICA LTDA (MMF 9212), CNPJ nº 07.916.941/000119; 7. A fim de operacionalizar as importações da SRL 370, Marcelo Martins Farias contou com os serviços da empresa STILLO LOGÍSTICA LTDA (STILLO), CNPJ nº 08.096.875/000140, empresa de despacho aduaneiro responsável pelo registro das operações de importação no SISCOMEX, e pelo recolhimento dos tributos em débito automático na sua conta corrente, através de recursos provenientes de Marcelo Martins Farias ou da MMF, conforme comprovado pelos extratos bancários obtidos em diligência fiscal realizada na empresa STILLO (ver conjunto de indícios e provas reunidos pela fiscalização às fls.11/14; fls.16/19); 8. No lançamento, além da SRL 370 (empresa de fachada, aparente importadora), foram arrolados no pólo passivo da relação jurídica sancionatória, como responsáveis solidários, por haverem concorrido e/ou se beneficiado da ocorrência dos ilícitos tributários e aduaneiros constatados, a pessoa física MARCELO MARTINS FARIAS (financiador oculto), CPF nº 043.935.25760, bem como as pessoas jurídicas MMF 9212, CNPJ nº 07.916.941/000119 (financiador oculto) e STILLO, empresa em cuja conta corrente foram debitados os tributos federais exigidos no registro das Declarações de Importação em nome da empresa SRL 370; 9. Com relação à participação da empresa de despacho STILLO no cometimento do ilícito autuado, acrescenta que “outras empresas fiscalizadas nesta IRF/RJO apresentavam indícios de irregularidades em comum com a SRL 370, quais sejam: mesmo administrador do imóvel existente no endereço de cadastro em Niterói, no qual a empresa nunca existiu; mesmo despachante responsável pelo registro de DI’s; mesma contacorrente utilizada para pagamento dos tributos (fl. 16)”. Fl. 400DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 Não há nos autos documentação comprobatória da notificação da pessoa física Marcelo Martins Farias e da MMF 9212 COMERCIO E SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES E INFORMÁTICA LTDA. Quanto aos demais, apesar de cientificados, apenas a responsável solidária STILLO LOGÍSTICA LTDA apresentou impugnação, aduzindo o seguinte: (A) Preliminarmente, argui a impugnante nulidade do lançamento, haja vista a ausência de fundamentação fática e jurídica suficiente a estabelecer a responsabilidade solidária da recorrente; (B) Quanto ao mérito, inicialmente ressalta que o despachante aduaneiro apenas registra as informações contidas em documentos fornecidos pelo importador, o que faz recomendar todo cuidado possível na indicação de participação de tais profissionais na prática de infração aduaneira; (C) Em seguida, ressalta que há expressa disposição legal de que a solidariedade não pode ser presumida nem pode decorrer da vontade das partes, mas sempre advém da norma legal. Acrescentando que a solidariedade tributária fundada no art. 124, I do CTN somente pode existir entre sujeitos que figurem no mesmo pólo de relação obrigacional, pois só assim o interesse poderá ser considerado comum; (D) No caso em questão, não restara comprovada a prática de ilícito por parte da impugnante que pudesse caracterizar a sua solidariedade passiva; (E) A fiscalização não construiu o arcabouço de provas que legitimassem a manutenção da presunção legal estabelecida, suficiente a embasar a infração autuada; (F) Após todo o exposto, requer que seja anulado o presente lançamento por vício formal em sua análise preliminar e que seja julgado improcedente em sua análise de mérito. Protesta, por fim, pela produção posterior de todos os tipos de prova admitidos em direito, especialmente documental suplementar e pericial a ser realizada nos livros fiscais, sob pena de cerceamento ao direito de defesa. A DRJ julgou improcedente a sua impugnação, reconhecendo nulidade por vício formal do ato de sujeição passiva por ausência de notificação do lançamento e suas peças instrutivas, para excluir os responsáveis solidários MMF 9212 COMERCIO E SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES E INFORMÁTICA LTDA e MARCELO MARTINS FARIAS. Acerca da responsabilidade solidária da STILLO LOGÍSTICA LTDA., restou vencida a relatora que pugnou pela exclusão. O acórdão foi ementado nos seguintes termos: Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/09/2010 a 31/10/2010 ARGUIÇÃO DE NULIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. DIREITO AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA. Fl. 401DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10074.722133/201272 Acórdão n.º 3402003.211 S3C4T2 Fl. 4 5 Diante de alentada descrição dos fatos e indicação da fundamentação legal no auto de infração, o qual é instruído ainda com os elementos de prova em que se baseia a exigência fiscal, resta infundada a arguição de nulidade por cerceamento do direito de defesa. NULIDADE COM BASE NA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS FÁTICOS E JURÍDICOS – IMPROCEDÊNCIA DO EXAME EM PRELIMINAR. A existência, no auto de infração, da narrativa de fatos que o Fisco imputou à autuada, capitulandoos em disposições específicas da legislação tributária, realça que o lançamento de ofício está fundado em pressupostos de fato e de direito, o que afasta a possibilidade de acolher, em preliminar, a idéia da ausência de motivos. E somente no exame do mérito da lide é possível verificar se há comprovação dos fatos imputados ou se há adequação aos tipos legais. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. SUFICIÊNCIA COMPROBATÓRIA. PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO. O Decreto 70.232/1972 dispõe que o auto de infração deve conter a descrição dos fatos e o enquadramento legal (art. 10, incisos III e IV), bem como ser instruído com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito (art. 9º, caput). O ônus da prova recai sobre a pessoa que alega o direito ou o fato que o modifica, extingue ou que lhe serve de impedimento. A presunção decorre de lei e implica na inversão do ônus da prova, atribuindo ao importador a responsabilidade da demonstração da forma de financiamento de suas importações. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO. VÍCIO FORMAL. NULIDADE. A ausência de notificação do lançamento a qualquer dos sujeitos passivos eiva o ato de nulidade por vício formal, pela preterição do direito de defesa, na forma prevista no art. 59, II, do Decreto nº 70.235/72. NÃO COMPROVAÇÃO DA ORIGEM, DISPONIBILIDADE E TRANSFERÊNCIA DOS RECURSOS EMPREGADOS EM OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR. PRESUNÇÃO LEGAL. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO DOS BENS. A não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados em operações de comércio exterior presume a interposição fraudulenta do importador, infração tipificada como dano ao Erário e punível com a pena de perdimento dos bens importados. Fl. 402DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 PROVA INDICIÁRIA. JUÍZO DE INFERÊNCIA. Para que o juízo de inferência resulte em verdade convincente é necessário que a base indiciária, plenamente reconhecida mediante prova direta, seja constituída por uma pluralidade de indícios, interrelacionados, de modo a que se reforcem mutuamente, que não percam força creditória pela presença de outros possíveis contra indícios que neutralizem a sua eficácia probatória, e que a argumentação sobre que assente a conclusão probatória resulte inteiramente razoável em face de critérios lógicos do discernimento humano. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em seu Recurso Voluntário, a STILLO LOGÍSTICA LTDA (doravante STILLO) alegou preliminarmente a nulidade da autuação por ausência de intimação de todos os sujeitos passivos, e no mérito alegou a regularidade das importações, ausência de dano efetivo ao Erário, e a impossibilidade de responsabilização solidária da empresa. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. Quanto à preliminar de nulidade do presente processo, entendo dever ser a mesma indeferida, haja vista que a nulidade do processo em relação àqueles que não foram notificados já foi reconhecida em primeira instância, restando afetados pelo ato administrativo tão somente os demais. Conforme se depreende do relatório, a lida versa somente acerca da responsabilização solidária da STILLO conjuntamente à SRL 370, haja vista que este última não apresentou qualquer impugnação, tampouco recurso voluntário. Pois bem, fundamentouse a autuação na prática, por parte da SRL 370, de Dano ao Erário, através de interposição fraudulenta de terceiros presumida não comprovação da origem, disponibilidade e a efetiva transferência dos recursos empregados nas suas operações de comércio exterior, nos termos do art. 23,V e §2º do DecretoLei nº 1.455/76: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. Fl. 403DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10074.722133/201272 Acórdão n.º 3402003.211 S3C4T2 Fl. 5 7 A responsabilização da STILLO foi fundamentada no art.124, I do CTN, cumulado com os arts.94 e 95, I do DecretoLei nº37/66: “Art. 124. São solidariamente obrigadas: I – as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem”. DecretoLei nº 37/66: “Art. 94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. Conforme se depreende da leitura do relatório fiscal de fls. 1023, a participação da STILLO nos fatos descritos nas motivações do lançamento não pode ser configurada como de supridora dos recursos, já que, como empresa de objeto comercial envolvido na intermediação legal do registro do despacho, apenas recebeu e repassou os recursos necessários ao registro dos despachos de importação, inexistindo configuração diversa nos autos que indique o custeio das operações, ou mesmo o financiamento dos recursos envolvidos na importação na forma de crédito. Pelo contrário, verificase na conduta atribuída à recorrente tão somente o exercício de atividade normal ao desempenho das atividades de representação inerentes ao exercício da profissão de despachante aduaneiro, nos termos do art. 808 do Decreto 6.757/2009 (Regulamento Aduaneiro), que envolve, além do assessoramento técnico, a efetiva operacionalidade do despacho de importação. É o que se verifica do relatório fiscal: A fim de operacionalizar as importações da SRL 370, Marcelo Martins Farias contou com os serviços da empresa STILLO LOGISTICA LTDA, CNPJ nº 08.096.875/000140, doravante denominada simplesmente STILLO, responsável pelo registro das operações de importação no SISCOMEX, e pelo recolhimento dos tributos em débito automático na sua conta corrente, com recursos proveniente de Marcelo Martins Farias ou da MMF, como foi comprovado pelos extratos bancários obtidos em procedimento de fiscalização na empresa STILLO. Essa conduta, por si só, não pode ser configurada como participação no cometimento de eventual infração cometida por seu representado. Pelo contrário, a descrição Fl. 404DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 8 das atividades realizadas pela STILLO, constantes no relatório fiscal, cingemse à descrição exata das atividades de um despachante aduaneiro. Senão, vejamos os fundamentos da responsabilização: 1) FL 17: "Nos documentos instrutivos dos despachos de importação das demais empresas fiscalizadas, apresentados pela STILLO, verificouse a ocorrência de packing list contendo o nome de Marcelo Martins e um telefone como pessoa de contato (DOC ENTREGUE STILLO 1). Nos documentos das importações da SRL 370, especificamente, embora não constasse seu nome, o mesmo telefone está registrado para contato, (DOC ENTREGUE STILLO 1)" É de se ressaltar que o despachante aduaneiro não emite qualquer dos documentos instrutivos do despacho fatura comercial, conhecimento de carga e romaneio (packing list) , mas apenas formula as Declarações Aduaneiras e emite outros papéis internos necessários ao impulso do procedimento fiscal de despacho aduaneiro, que é regrado, à partir dos documentos tidos como necessários à instrução da Declaração de Importação, não se podendo punir por presunção, dado que deverá ele tal como a própria fiscalização, admitir serem autênticos e legítimos os documentos que recebe para dar início àquele procedimento fiscal de despacho, não só quanto à sua inteireza física (conformidade material), quanto aos dados e elementos que neles se contêm (conformidade ideológica). Vale dizer: a participação do despachante na infração há de ser inequívoca, suficientemente comprovada. 2) FL.18: "Em vista da insuficiência das informações prestadas pela STILLO em diligência, especialmente no que concerne aos extratos bancários, foi emitido MPFfiscalização, a fim de se proceder à solicitação de Requisição de Movimentação Financeira – RMF, nos termos da Portaria SRF nº 180/01, com a finalidade de identificar os responsáveis pela origem de recursos para o pagamentos dos tributos das importações realizadas em nome da SRL 370. A partir da resposta oferecida pela instituição financeira à RMF, em cotejo com os dados das importações obtidos no sistema DW Aduaneiro, foi possível relacionar o s depósitos de Marcelo Martins Farias e da MMF na contacorrente da STILLO às mesmas datas de cada operação de importação da SRL 370, e em valores próximos e suficientes para quitar os tributos federais destas importações(conforme planilha fechamento câmbio SRL – documento em anexo)." (grifamos) Ora, o fato de haver o recebimento de depósitos de Marcelo Martins e da MMF na conta corrente da STILLO não é, por si, qualquer infração, haja vista que o próprio sistema de débito automático dos tributos incidentes no registro de importação AUTORIZA a vinculação de conta bancária com titularidade diversa daquela importador cadastrado, não se encontrando nas disposições do art. 11 da Instrução Normativa SRF nº 680, de 2006, qualquer vedação em contrário. Senão vejamos o referido dispositivo: Instrução Normativa SRF nº 680/2006 Art. 11. O pagamento dos tributos e contribuições federais devidos na importação de mercadorias, bem assim dos demais valores exigidos em decorrência da aplicação de direitos antidumping, compensatórios ou de salvaguarda, será efetuado Fl. 405DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10074.722133/201272 Acórdão n.º 3402003.211 S3C4T2 Fl. 6 9 no ato do registro da respectiva DI ou da sua retificação, se efetuada no curso do despacho aduaneiro, por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) eletrônico, mediante débito automático em contacorrente bancária, em agência habilitada de banco integrante da rede arrecadadora de receitas federais.(grifamos) § 1º Para a efetivação do débito, o declarante deverá informar, no ato da solicitação do registro da DI, os códigos do banco e da agência e o número da contacorrente. § 2º Após o recebimento, via Siscomex, dos dados referidos no § 1o, e de outros necessários à efetivação do débito na contacorrente indicada, o banco adotará os procedimentos necessários à operação, retornando ao Siscomex o diagnóstico da transação. § 3º Para efeito do disposto neste artigo, o banco integrante da rede arrecadadora interessado deverá apresentar carta de adesão e formalizar termo aditivo ao contrato de prestação de serviços de arrecadação de receitas federais mantido com a SRF. § 4º A CoordenaçãoGeral de Administração Tributária (Corat) e a Cotec poderão expedir normas complementares para a implementação do disposto nos §§ 2 o e 3 o deste artigo. § 5º O Darf apresentado após o desembaraço da mercadoria, para pagamento dos créditos tributários exigidos pela autoridade aduaneira, será confirmado na forma estabelecida em ato da Coana. Como se verifica da literalidade do dispositivo, não há qualquer impedimento legal ou infralegal que exija que os depósitos sejam originários no importador cadastrado. Em terceiro lugar, há que se verificar que o despachante aduaneiro, nos termos do art. 809, IV do RA, age como mandatário do importador, investido de poderes outorgados por este e executando atos em seu nome, somente podendo ser responsabilizado, nos termos do art.137, III, b, do CTN, quanto à infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico: CTN Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente (destaquei) III quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico: b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou empregadores; A infração atribuída à SRL 370 é caracterizada pela conduta de "ocultar o sujeito passivo, o real vendedor, comprador ou responsável pela operação mediante [e não com a finalidade de] fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.".Para a verificação da colaboração da STILLO nessa infração, seria necessária prova Fl. 406DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 10 de participação da empresa de despacho na ocultação do real interveniente, o que, por sua vez, deveria envolver o cometimento no exercício de sua representação de qualquer conduta tipificada como dolo, fraude ou simulação, fosse na adulteração ou ocultação de documento ou informação envolvidos no despacho aduaneiro, em claro intuito de ocultar a identificação do real interveniente. Contrariamente, a própria fiscalização reconhece a cooperação da STILLO no curso da ação fiscal: Em procedimento de diligência (MPFdiligência) na STILLO foram obtidas, em resumo, as seguintes informações: Marcelo Martins Farias, sócio da empresa MMF, teria solicitado os serviços da STILLO para efetuar os despachos aduaneiros da SRL 370 e de outras empresas, as quais não possuem Marcelo Martins Farias em seu quadro societário, segundo declarado pelos sócios da empresa; Não foram apresentados contratos de prestação de serviços aduaneiros da STILLO para a SRL 370 ou para as demais empresas de responsabilidade de Marcelo Martins; A STILLO disponibilizou a esta fiscalização os extratos das DIs e documentos instrutivos dos despachos aduaneiros (DOCUMENTOS ENTREGUES PELA STILLO, EM ANEXO); Intimada, a STILLO informou o nome de outras empresas para as quais presta ou prestou serviço, vinculadas a Marcelo Martins(DOCUMENTOS ENTREGUES PELA STILLO, EM ANEXO); Intimada, a STILLO não informou o nome completo, nem outros dados de Marcelo Martins; (...) A responsabilidade de Marcelo Martins Farias foi apontada, inicialmente, pelos sócios da STILLO – CARLO FELIPPE SOARES FERREIRA, CPF nº 086.009.60762, e THIAGO DE OLIVEIRA GUIMARAES, CPF nº 087.710.54723 – em depoimento conjunto à fiscalização(DOCUMENTOS ENTREGUES PELA STILLO, EM ANEXO), nos seguintes termos: · Que o Sr. Marcelo Martins é o responsável pelas 3 empresas (SERTEC, SRL 370 e SRL 70) e pelo contato com a STILLO LOGISTICA; · Que é responsável também pela empresa MMF 9212, empresa para a qual prestaram serviço inicialmente; · Que o contrato com o Sr. Marcelo Martins é verbal, que o conheceram no Aeroporto do Galeão; · Que o telefone de contato do Sr. Marcelo Martins é (21) 7834 5174; Fl. 407DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10074.722133/201272 Acórdão n.º 3402003.211 S3C4T2 Fl. 7 11 · Que o pagamento de honorários de prestação de serviços à STILLO era feito diretamente pelo Sr. Marcelo Martins por depósito na conta corrente da STILLO; · Que o pagamento dos tributos das empresas foi efetuado a partir de depósito na contacorrente da STILLO pelo Sr. Marcelo Martins; · Que a empresa STILLO é responsável pelo registro das DIs das empresas de responsabilidade do Sr. Marcelo Martins; · Que a partir do registro das DIs, o Sr. Marcelo Martins muitas vezes se responsabiliza pelas demais etapas do despacho aduaneiro, como entrega dos documentos junto à fiscalização e retirada das mercadorias; · Que o Sr. Thiago de Oliveira Guimarães foi intimado pela Delegacia Especial da Polícia Federal no Aeroporto Internacional do Galeão através do Mandado de Intimação 0098/12 referente ao IPL 0216/094, apresentada cópia em anexo, a prestar depoimento sobre mercadorias apreendidas de empresa, da qual era representante, de propriedade do Sr. Marcelo Martins. Se verifica claramente uma cooperação ampla da STILLO para a obtenção de informações que possam caracterizar as fraudes realizadas pela SRL 370 e os demais responsáveis (Marcelo Martins e outros). A responsabilidade da STILLO somente estaria configurada caso se verificasse ação ou omissão sua no sentido de ocultar ou blindar o supridor dos recursos perante a ação fiscal, o que não se observa nas informações prestadas à fiscalização (fls. 5152 e 169189). Apesar disso, alega a fiscalização que: "intimada e reintimada a STILLO não apresentou extratos bancários com dados suficientes que identificassem quem foi responsável pela origem de recursos dos pagamentos de tributos das importações da SRL 370 (fl. 17)". Tal informação não prospera, vista que entre os documentos apresentados pela intimada, em atendimento ao Termo de Reintimação nº 150/2012 (fls.170/183), encontramse os extratos bancários da STILLO do período de maio de 2010 a janeiro de 2011, o que, conquanto não abranja todo o período fiscalizado, corrobora para afastar a hipótese de ocultação do real interveniente das operações de importação. Por fim, em uma tentativa de corporificar a responsabilização, alega o fiscal que: Verificouse que outras empresas fiscalizadas nesta IRF/RJO apresentavam indícios de irregularidades em comum com a SRL 370, quais sejam: mesmo administrador do imóvel existente no endereço de cadastro em Niterói, no qual a empresa nunca existiu; mesmo despachante responsável pelo registro de DIs; mesma contacorrente utilizada para pagamento dos tributos. Todavia, não há na autuação qualquer outro elemento que remeta a esses indícios de irregularidade em comum, tampouco há qualquer fundamento fático ou jurídico Fl. 408DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 12 que os caracterizem a ponto de viabilizar o contraditório a seu respeito tratase de mera alegação, vazia de conteúdo e de respaldo probatório. Esses indícios não são aptos a qualificar uma situação de simulação ou de infração, e tampouco foram utilizados como lastro para a produção de uma prova direta a respeito dos fatos lá indicados, o que impossibilidade a manutenção da responsabilização sobre os mesmos. Desse modo, entendo restar afastada a responsabilidade solidária da STILLO, pelo que julgo procedente o seu Recurso Voluntário para excluíla do pólo passivo da autuação. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 409DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 13770.000981/2007-09
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/1997 a 31/10/2006
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.714
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 77 0. 00 09 81 /2 00 7- 09 Fl. 2060DF CARF MF Processo nº 13770.000981/200709 Acórdão n.º 9202004.714 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 2061DF CARF MF Processo nº 13770.000981/200709 Acórdão n.º 9202004.714 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 2062DF CARF MF Processo nº 13770.000981/200709 Acórdão n.º 9202004.714 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 2063DF CARF MF Processo nº 13770.000981/200709 Acórdão n.º 9202004.714 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 2064DF CARF MF Processo nº 13770.000981/200709 Acórdão n.º 9202004.714 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 2065DF CARF MF Processo nº 13770.000981/200709 Acórdão n.º 9202004.714 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 2066DF CARF MF Processo nº 13770.000981/200709 Acórdão n.º 9202004.714 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 2067DF CARF MF Processo nº 13770.000981/200709 Acórdão n.º 9202004.714 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 2068DF CARF MF Processo nº 13770.000981/200709 Acórdão n.º 9202004.714 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 2069DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.005831/2009-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO.
Constatada a contradição que pode alterar a relação entre a parte dispositiva do acórdão e seus fundamentos, é de prover-se os mesmos para sanar a falha, alterando a parte dispositiva do acórdão.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2005
COFINS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
Realizado o lançamento, o contribuinte defende-se das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantê-lo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2005
PIS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
Realizado o lançamento, o contribuinte defende-se das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantê-lo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante.
Numero da decisão: 1301-002.109
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento aos embargos para retificar a ementa do acórdão embargado, sem efeitos modificativos. O Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza acompanhou o Relator pelas conclusões.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Hélio Eduardo de Paiva Araújo - Relator.
EDITADO EM: 20/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio Franco Corrêa, Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2005 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. Constatada a contradição que pode alterar a relação entre a parte dispositiva do acórdão e seus fundamentos, é de prover-se os mesmos para sanar a falha, alterando a parte dispositiva do acórdão. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2005 COFINS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Realizado o lançamento, o contribuinte defende-se das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantê-lo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2005 PIS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Realizado o lançamento, o contribuinte defende-se das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantê-lo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante.
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. Constatada a contradição que pode alterar a relação entre a parte dispositiva do acórdão e seus fundamentos, é de proverse os mesmos para sanar a falha, alterando a parte dispositiva do acórdão. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005 COFINS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Realizado o lançamento, o contribuinte defendese das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantêlo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2005 PIS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Realizado o lançamento, o contribuinte defendese das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantêlo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 58 31 /2 00 9- 42 Fl. 4566DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 0/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por WALDIR VEIGA RO CHA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento aos embargos para retificar a ementa do acórdão embargado, sem efeitos modificativos. O Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza acompanhou o Relator pelas conclusões. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente. (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo Relator. EDITADO EM: 20/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio Franco Corrêa, Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Waldir Veiga Rocha. Fl. 4567DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 0/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por WALDIR VEIGA RO CHA Processo nº 19515.005831/200942 Acórdão n.º 1301002.109 S1C3T1 Fl. 4.567 3 Relatório Tratase de apreciar embargos de declaração opostos pela UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por intermédio da Procuradoria da Fazenda Nacional, em face do acórdão nº 1301001.958, proferido por esta turma na sessão de 03/03/2016, no qual este colegiado decidiu, (i) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; e (ii) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, vencidos os Conselheiros Hélio Eduardo de Paiva Araújo (Relator) e Gilberto Baptista, que reduziam a multa para o percentual de 75% e, por decorrência, reconheciam a decadência parcial do PIS e COFINS. Alega a ora embargante que o acórdão combatido incorreu em contradição entre a ementa e o inteiro teor do voto. No entendimento da Fazenda Nacional, revelase, portanto, evidente a contradição entre a ementa e o voto condutor do acórdão embargado: enquanto a ementa explicita entendimento pela possibilidade de aperfeiçoamento do lançamento para a sistemática da cumulatividade, no caso presente, o voto condutor do julgado manifestase em sentido diametralmente oposto, concluindo pela impossibilidade do ajuste e pela improcedência do lançamento nesta parte, de modo que se afigura necessário corrigir a contradição apontada. Em suma, alega a embargante que a contradição apontada necessita ser sanada para que a Fazenda Nacional identifique, com retidão, o fundamento a ser combatido em eventual recurso. Assim, tendo sido apresentados tempestivamente, foram objeto de despacho de admissibilidade da lavra deste Conselheiro, onde o mesmo entendeu que haviam sido preenchidos os requisitos estampados no art. 65 do Regimento Interno (ANEXO II), submetendo proposta ao Presidente desta 1ª Turma Ordinária, no sentido de que ele seja admitido e submetido à apreciação do Colegiado. Tal proposta foi aceita pelo Presidente, tendo sido incluído os autos em pauta para regular julgamento por este Colegiado. É o relatório. Fl. 4568DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 0/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por WALDIR VEIGA RO CHA 4 Voto Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo, Relator. Os embargos são tempestivos e, em face de despacho no sentido de sua admissibilidade, deles conheço. A embargante insurgese contra contradição entre a ementa e o voto condutor do acórdão embargado: enquanto a ementa explicita entendimento pela possibilidade de aperfeiçoamento do lançamento para a sistemática da cumulatividade, no caso presente, o voto condutor do julgado manifestase em sentido diametralmente oposto, concluindo pela impossibilidade do ajuste e pela improcedência do lançamento nesta parte, de modo que se afigura necessário corrigir a contradição apontada. Quanto a alegada contradição, razão assiste à Embargante! De fato, a ementa do acórdão não reflete o inteiro teor do voto proferido, razão pela qual se faz necessária a correção dos termos da Ementa, a fim de que a mesma reflita o quanto restou decidido por este Colegiado. Nestes termos, proponho a seguinte nova redação para a ementa do Acórdão ora embargado: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2005 COFINS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Realizado o lançamento, o contribuinte defendese das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantêlo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2005 PIS. MUDANÇA DO CRITÉRIO ADOTADO PARA O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Realizado o lançamento, o contribuinte defendese das acusações que lhe foram imputadas. Disto resulta que a autoridade julgadora não poderá ajustar o lançamento de forma a agravar a situação do contribuinte ou a mantêlo sob motivação ou capitulação legal distintas daquelas adotadas pela autoridade fiscal autuante. Assim, por todo o acima exposto, voto no sentido de CONHECER dos embargos, ACOLHENDOOS, para corrigir a contradição apontada, sem contudo conferirlhes efeitos infringentes. Fl. 4569DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 0/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por WALDIR VEIGA RO CHA Processo nº 19515.005831/200942 Acórdão n.º 1301002.109 S1C3T1 Fl. 4.568 5 Sala de Sessões 10 de agosto de 2016. (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo Relator Fl. 4570DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 0/08/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por WALDIR VEIGA RO CHA
score : 1.0
Numero do processo: 10735.002689/00-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1997
DESPESAS DE LIVRO-CAIXA COMPROVADAS NO CURSO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO-FISCAL. DEDUÇÃO.
As despesas de Livro-Caixa devidamente comprovadas e admitidas pela fiscalização, no decorrer do contencioso administrativo fiscal, devem ser consideradas na apuração do imposto devido.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.445
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso para dar-lhe provimento parcial, para fins de que o imposto de renda de pessoa física devido no ano-calendário 1997 seja recalculado levando-se em conta a dedução de despesas de Livro-Caixa no montante de R$ 14.135,34.
(Assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso para dar-lhe provimento parcial, para fins de que o imposto de renda de pessoa física devido no ano-calendário 1997 seja recalculado levando-se em conta a dedução de despesas de Livro-Caixa no montante de R$ 14.135,34. (Assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Presidente (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
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DEDUÇÃO. As despesas de LivroCaixa devidamente comprovadas e admitidas pela fiscalização, no decorrer do contencioso administrativo fiscal, devem ser consideradas na apuração do imposto devido. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 5. 00 26 89 /0 0- 12 Fl. 194DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 26/08/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso para darlhe provimento parcial, para fins de que o imposto de renda de pessoa física devido no anocalendário 1997 seja recalculado levandose em conta a dedução de despesas de LivroCaixa no montante de R$ 14.135,34. (Assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 195DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 26/08/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10735.002689/0012 Acórdão n.º 2402005.445 S2C4T2 Fl. 1.817 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro II (RJ) DRJ/RJ2, que julgou procedente Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), exigindo crédito tributário no valor total de R$ 12.733,47 relativo ao anocalendário 1997. O lançamento de fls. 5/10 deuse em virtude da constatação das infrações de omissão de rendimentos recebidos das fontes pagadoras Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu, Bradesco Seguros S/A., Golden Cross Assistência Internacional de Saúde e Mediservice Administradora de Plano de Saúde Ltda. Em sua impugnação (fl. 1), o contribuinte afirmou que as irregularidades constatadas se devem ao fato de por motivos de doença em família esteve impossibilitado de preencher a declaração delegando tal tarefa a pessoa desabilitada, e que não foram declaradas as despesas de LivroCaixa relativas ao consultório médico. Mantida a exigência pela instância de primeiro grau (fls. 57/59), foi interposto recurso voluntário em 8/9/2005 (fls. 63/135), afirmandose ter sido demandado à DRJ a apresentação do LivroCaixa, e carreando o que qualifica como documentos comprobatórios desse livro. Mediante a Resolução nº 10601.445, datada de 8/11/2007 (fls. 177/181), a Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuinte determinou a conversão do julgamento em diligência, para que a autoridade emitisse relatório conclusivo sobre as despesas de livro caixa juntadas aos autos. A Delegacia de origem emitiu informação fiscal acatando despesas de Livro Caixa no montante de R$ 14.135,34, resultado do qual foi intimado o contribuinte, que não se manifestou no prazo legal (fls. 186/193). É o relatório. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 26/08/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson Relator O recurso já foi conhecido pelo CARF, portanto cabe passar de plano à sua análise. Compulsando os autos, vêse que a autoridade fiscal admitiu fazer o autuado jus à dedução de despesas de LivroCaixa no valor R$ 14.135,34 (fl. 186), quantia bem próxima à postulada, R$ 15.764,22. O contribuinte, por seu turno, quedou silente quando cientificado acerca da conclusão da diligência. Assim sendo, deve a fiscalização refazer o demonstrativo de cálculo do imposto devido, considerando a dedução das despesas de LivroCaixa de R$ 14.135,34, incontroversamente estabelecidas no presente contencioso. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, para fins de que a imposto de renda pessoa física devido no anocalendário 1997 seja recalculado considerada a dedução de despesas de Livro Caixa no montante de R$ 14.135,34. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 26/08/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 16327.721276/2012-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1401-000.421
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
Documento assinado digitalmente.
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Ricardo Marozzi Gregorio - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho, Livia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: RICARDO MAROZZI GREGORIO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto - Presidente. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho, Livia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto.
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Perdas com opreações de crédito. Recorrente BANCO PANAMERICANO SA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto Presidente. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho, Livia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por BANCO PANAMERICANO SA contra acórdão proferido pela DRJ/São Paulo I que concluiu pela procedência total da atuação efetuada. Os créditos tributários lançados, no âmbito da Deinf/SP, referentes ao IRPJ e CSLL, RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .7 21 27 6/ 20 12 -2 4 Fl. 9336DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.337 2 devidos nos períodos de apuração correspondentes ao anocalendário de 2008, totalizaram o valor de R$ 105.802.680,39. A autuação promoveu a glosa de perdas com operações de crédito. Em seu relatório, a decisão recorrida assim descreveu o caso: DA AUTUAÇÃO Conforme o Termo de Verificação Fiscal de fls.76/90, em fiscalização empreendida junto à contribuinte acima identificada, o AuditorFiscal autuante verificou em síntese que: 1. A contribuinte reconheceu na Linha 47 da Ficha 09B da DIPJ 2009, ano calendário 2008, "Perdas Dedutíveis em Operações de Crédito" no valor de R$386.979.642,38 (fls.36), em função do que foi intimada em 22/11/2010 (item 6 da intimação de fls.05/06) a apresentar a composição do valor em questão por meio de listagem com as contas contábeis, a descrição e o detalhamento dos respectivos itens, discriminando: (a) Data de início da operação de crédito; (b) Nome e CPF ou CNPJ do tomador do empréstimo; (c) Valor da operação; (d) Garantias; e (e) Data da baixa do crédito (considerado como perda). 2. A fiscalizada apresentou então a resposta de fls.10/11, datada de 10/01/2011, na qual segregou o valor total referente às perdas nas seguintes parcelas: (i) Créditos Baixados como Perda: R$276.234.900,26; (ii) Recuperação de Créditos: R$ 21.984.185,07; e (iii) Artigo 11 da Lei n° 9.430: R$ 79.313.852,19. 3. Cabe observar que as parcelas acima totalizam R$377.532.937,52, logo faltou esclarecer a origem de R$9.446.704,86. 4. Foram ainda lavrados Termos de Intimação, a fim de que a contribuinte esclarecesse os seguintes itens: 4.1. Comprovação com controles internos, lançamentos contábeis e LALUR, de que o valor de R$21.984.185,07, referente a créditos recuperados, sofreu tributação anterior, conforme a resposta de fls.15/16 ao Termo de Intimação de 14/09/2011 (fls.14), entregue em 11/11/2011 (item 1 do Termo de Intimação de fls.27, de 18/01/2012): 4.1.1. Em 24/02/2012 a contribuinte respondeu, conforme o item 1 às fls.29/32, que o valor referese a receitas de operações de crédito que foram tributadas no passado, e que não foram recebidas naquele momento, sendo recebidas após a efetivação do processo de renegociação. Argumentou que o valor total da receita de créditos recuperados somou o montante de R$96.308.827,23 (conforme os balancetes mensais de 06/2008 e 12/2008 às fls.17/18 e 34/35) e o valor da exclusão foi somente de R$21.984.185,07. 4.1.2. Os controles desses valores, segundo a contribuinte, eram efetuados pelos sistemas informatizados (sistemas legados) de cada produto do banco, que controlavam todo o histórico das operações de crédito. Tais sistemas disponibilizavam relatórios/arquivos (enviados em 07/02/2011 – conforme resposta de fls.13) para evidenciar o montante da receita a ser excluída da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Fl. 9337DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.338 3 4.1.3. Também informou que essas receitas de créditos recuperados foram incluídas de forma equivocada na linha 47 da Ficha 9B (perdas dedutíveis em operações de crédito), pois deveriam constar na linha 53 da ficha 9B (outras exclusões). 4.1.4. Cumpre ressaltar que, em 07/02/2011, a contribuinte entregou uma planilha eletrônica com os valores referentes aos créditos recuperados. Contudo, não comprovou com documentos contábeis que esses valores foram efetivamente reconhecidos como receitas e oferecidos a tributação. Somente apresentou exemplos de contabilização. 4.1.5. Dessa forma a exclusão de R$21.984.185,07 como perdas de crédito ou outras exclusões não tem respaldo em documentação contábil e tampouco na legislação tributária. 4.2. Comprovação com controles internos, lançamentos contábeis, e correspondente resultado na DIPJ, de que os valores excluídos de acordo com o artigo 11 da Lei nº 9.430 foram contabilizados como receita (item 2 do Termo de Intimação de fls.27, de 18/01/2012): 4.2.1. A contribuinte reconheceu uma parcela de R$79.313.852,19 referente a valores contabilizados como receitas e excluídos de acordo com o artigo 11 da Lei n° 9.430, que dispõe: Art. 11. Após dois meses do vencimento do crédito, sem que tenha havido o seu recebimento, a pessoa jurídica credora poderá excluir do lucro líquido, para determinação do lucro real, o valor dos encargos financeiros incidentes sobre o crédito, contabilizado como receita auferido a partir do prazo definido neste artigo. 4.2.2. O artigo em comento é claro no que diz respeito aos encargos financeiros contabilizados como receita. 4.2.3. Em 24/02/2012, a contribuinte respondeu, conforme o item 2 às fls.32/33, que os valores excluídos eram oriundos de sistemas informatizados (sistemas legados) e corresponderiam aos valores de receitas das operações de empréstimos e financiamentos do banco, contabilizadas na conta COSIF 7.1.1.05.006 (Rendas de Empréstimos), enquanto as operações não estivessem vencidas a mais de 59 dias. Informou também que o controle das receitas encontrase nos sistemas legados do banco, que disponibilizavam relatórios/arquivos já enviados em 07/02/2011 (consoante resposta de fls.13). 4.2.4. Cumpre ressaltar que, em 07/02/2011, a contribuinte entregou uma planilha eletrônica com os valores referentes a essas receitas, porém, não comprovou com documentos contábeis que esses valores foram efetivamente contabilizados como receitas, auferidas a partir do prazo definido pelo artigo 11 da Lei n° 9.430. 4.3. Comprovação de que as perdas em valores superiores a R$30.000,00 foram objeto de procedimentos judiciais para seu recebimento, de acordo com o artigo 9º, §1º, incisos II, “c”, e III da Lei n° 9.430/96 (item 2 do Termo de Intimação de fls.14, de 14/09/2011): 4.3.1. O total das perdas com valor superior a R$30.000,00 é composto de 236 registros no valor total de R$10.848.194,83. 4.3.2. Em resposta às intimações, a contribuinte apresentou listagem informando cobranças judiciais e cópias de contratos de empréstimos referentes a 114 registros, no valor total de R$5.227.355,09 (fls.69/70). Fl. 9338DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.339 4 4.3.3. Deixou assim de comprovar que 122 registros de perdas, no valor de R$5.620.839,74, foram objeto de procedimentos judiciais de cobrança, consoante a listagem de fls.80/82. Dessa forma, esse valor não pode ser excluído da apuração do Lucro Real, conforme o artigo 9º, §1º , incisos II, “c” e III da Lei n° 9.430/96. 4.4. Comprovação de que as perdas em valores de R$18.000,00 a R$30.000,00 foram objeto de procedimentos judiciais e/ou administrativos para seu recebimento, de acordo com o artigo 9º, §1º, incisos II, “b” e “c”, e III (item 3 do Termo de Intimação de fls.14, de 14/09/2011): 4.4.1. O total de perdas com valor entre R$18.000,00 até R$30.000,00 é composto de 700 registros no valor total de R$ 15.557.992,82. 4.4.2. Em resposta às intimações, a contribuinte apresentou listagem informando cobranças judiciais e/ou administrativas e cópias de contratos de empréstimos referentes a 306 registros, no valor total de R$6.754.778,05 (R$6.614.179,47, às fls.71/74, mais R$140.598,58, às fls.75). 4.4.3. Deixou assim de comprovar que 394 registros de perdas, no valor de R$8.803.214,77, foram objeto de procedimentos judiciais e/ou administrativos de cobrança, consoante a listagem de fls.83/90. Dessa forma, esse valor não pode ser excluído da apuração do Lucro Real, conforme o artigo 9º, §1º , incisos II, “b” e “c”, e III da Lei n° 9.430/96. 5. Considerando o exposto, os valores abaixo, reconhecidos indevidamente como perdas em operações de crédito, serão adicionados na apuração do Lucro Real, no ano calendário de 2008: Item Valor em R$ Valor não informado nas respostas 9.446.704,86 Recuperação de créditos 21.984.185,07 Art. 11 da Lei n° 9.430 79.313.852,19 Valores sem comprovação de cobrança judicial 5.620.839,74 Valores sem comprovação de cobrança judicial e/ou administrativa 8.803.214,77 Total a ser adicionado 125.168.796,63 (...) DA IMPUGNAÇÃO A autuada apresentou a impugnação de fls.122/155, protocolizada em 27/11/2012 e acompanhada dos documentos de fls.156/358 e 378/4749, expondo, em síntese, que: 1. A alíquota de 15% aplicada sobre a base de cálculo da CSLL, apurada pela fiscalização, conforme Demonstrativo de Apuração referente ao anocalendário de 2008, não pode ser aplicada ao caso em tela. 1.1. A autoridade fiscal deveria segregar os valores que seriam passíveis de tributação pela alíquota de 15% por período de competência, e não na forma como consta no "Demonstrativo de Apuração", o qual exige o recolhimento da CSLL à alíquota majorada sobre todo o ano de 2008, sendo que a aplicação da alíquota majorada de 15% está limitada ao período de maio a dezembro de 2008. 1.2. Esse ato vai de encontro às próprias normas regulamentares expedidas pela Receita Federal do Brasil, haja vista que a Instrução Normativa n° 810, de 21/01/2008, Fl. 9339DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.340 5 é expressa sobre a vigência da majoração da alíquota apenas no que tange aos fatos ocorridos a partir de maio de 2008. 1.3. Adotandose as premissas fixadas pelo artigo 4º da IN nº 810/2008, foi apurada base de cálculo de R$285.800.706,85, gerando uma alíquota efetiva de 11,5% (R$32.856.311,85 [CSLL apurada] / R$285.800.706,09 [Base de Cálculo da CSLL] = 11,5%), conforme a planilha de fls.128. 1.4. No caso, uma vez que a glosa foi no valor de R$125.168.796,63, a CSLL passível de cobrança seria R$14.389.695,09 (alíquota efetiva apurada com base no resultado do exercício) e não o montante de R$18.775.319,49 (alíquota de 15% desconsiderando a regra prevista no artigo 4º da IN nº 810/2008). 1.5. Assim, considerandose que os créditos tributários de CSLL são ilíquidos e incertos, a impugnante aguarda o cancelamento integral da autuação fiscal. 2. A Medida Provisória n° 413/08 (convertida na Lei n° 11.727/2008) sujeitou a impugnante e as demais instituições equiparadas às financeiras ao recolhimento da CSLL a uma alíquota mais gravosa do que as demais pessoas jurídicas. 2.1. A causa desse tratamento distinto não decorre da necessidade de adequar a participação das pessoas jurídicas ali mencionadas ao respectivo valor que demandam da Seguridade Social, em razão de atividade econômica, utilização de mãodeobra, porte ou condição do mercado de trabalho, motivo pelo qual não se pode aplicar o percentual de 15% no presente caso, sob pena de ofensa ao princípio da referibilidade. 3. Além dos argumentos anteriormente expostos, a majoração de alíquota da CSLL também deve ser afastada, já que ofende os princípios da irretroatividade e anterioridade. 4. A fiscalização não poderia ter adicionado à base de cálculo da CSLL as despesas consideradas indedutíveis, por falta de previsão legal que autorize tal conduta. 4.1. Tendo em vista que a CSLL tem regras que lhe são próprias, não se pode aceitar a aplicação, para fins de composição da base de cálculo da contribuição em questão, de regras que são próprias do IRPJ, razão pela qual não pode subsistir o lançamento da CSLL, sob pena de afronta ao princípio da legalidade. 5. A glosa de R$21.984.185,07 não merece prosperar, uma vez que uma receita de mesmo valor foi reconhecida na escrita contábil da impugnante, na conta contábil 7.1.9.20.00.9.100.5 "Recuper. Créditos Bx. como Prejuízo CDC", com saldo de R$70.550.666,13 no ano de 2008 (R$45.887.048,20 do 1º semestre e R$24.663.617,93 do 2º semestre), como se denota dos razões contábeis às fls.247/307. 5.1. Como a informação de que estes valores estavam contabilizados no grupo de contas 7.19.20.00.9.000.00, no valor de R$96.308.827,13, não foi suficiente para o convencimento da autoridade fiscal, a impugnante apresenta relatório analítico contendo todas as recuperações de crédito, individualizadas por contrato e conciliadas com os lançamentos do razão contábil, conforme as planilhas (i) conciliação por dia às fls.378/384, (ii) conciliação por mês às fls.385, (iii) razão contábil às fls.386/397, e (iv) relação de baixas às fls.398/4749, de tal forma que não reste dúvida de que os contratos utilizados para composição do valor de R$21.984.185,07 estão incluídos na relação dos contratos contabilizados como recuperação de créditos baixados como prejuízo em 2008. 5.2. Pela análise de todos os contratos que compõem a relação dos créditos recuperados no valor de R$21.984.185,07, concluise que estes valores foram tributados Fl. 9340DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.341 6 em momento anterior, logo não há que se falar em nova incidência tributária, sob pena de se incorrer em dupla tributação. 5.3. Assim, deve ser cancelada a glosa da quantia de R$21.984.185,07, pois restou comprovada a sua contabilização e tributação em períodos anteriores. 6. A parcela de R$103.184.611,56 glosada pela autoridade fiscal, já excetuado o montante de R$ 21.984.185,07 abordado no tópico anterior, decorre de prejuízos apurados em cessões de crédito a terceiros. 6.1. A impugnante celebrou em 2007, com posterior aditamento em janeiro de 2008, contrato de cessão de crédito, sem coobrigação, com a empresa Feurs Holding S/A (CNPJ/MF n° 08.984.665/000199), no montante de R$692.851.775,65, com preço de cessão ajustado em 4,8% do total dos créditos cedidos (fls.312/340), sendo que somente após o aditamento, em 07/01/2008 (fls.342/350), houve o efetivo recebimento do preço e respectivo registro do lançamento contábil da operação (fls.352 e 354/358). 6.2. Posteriormente à cessão, o cessionário Feurs Holding S/A transferiu os direitos creditórios aos fundos MSQUARE FIDC NP (CNPJ/MF n° 08.944.430/0001 73) e BRAZIL NPLS FIDC NP (CNPJ/MF n° 09.111.844/000184), na seguinte proporção: (i) MSQUARE: R$ 276.289.657,04 (40%); e BRAZIL NPLS: R$416.562.118,61 (60%), passando aos Fundos todos os direitos, obrigações e prerrogativas decorrentes do Compromisso de Cessão de Créditos firmado em 31/10/2007 (fls.342/350). 6.3. O preço ajustado na referida cessão foi devidamente pago pelos Fundos de Investimento no montante de R$19.994.981,69 (R$ 416.562.118,61 x 4,8% BRAZIL NPLS) e R$13.261.903,54 (R$276.289.657,04 x 4,8% MSQUARE), os quais foram contabilizados na conta contábil COSIF 7.1.9.20.00.9 ("Recuper. Créditos Baixados como Prejuízo", às fls.354/358) e creditados na conta corrente da impugnante, conforme extrato bancário às fls.352, em 07/01/2008. 6.4. Uma vez que as despesas relativas ao anobase de 2008, no valor de R$103.184.611,56, foram deduzidas em razão da celebração do compromisso de cessão de crédito, concluise que são dedutíveis do lucro real e da base de cálculo da CSLL, nos termos do artigo 299 do RIR/99. 7. A contribuinte descobriu irregularidades e inconsistências na contabilidade, que ocasionaram uma perda na ordem R$2,5 bilhões, tendo sido posteriormente identificado um adicional de R$1,8 bilhão às perdas já encontradas. Logo, o montante total apurado, integralmente ajustado no Balanço Patrimonial, levantado em 30/11/2010, foi de R$4,3 bilhões. Assim, requerse a conversão do julgamento em diligência, possibilitando a correta apuração do IRPJ e CSLL devidos no anocalendário de 2008. 8. A manutenção das glosas acarretará na configuração da hipótese de responsabilidade pessoal dos antigos administradores da impugnante, conforme o artigo 135, inciso III, do CTN. 8.1. Caso a documentação ofertada aos autos não seja suficiente à comprovação das despesas contabilizadas e deduzidas pela antiga gestão, a impugnante não poderá arcar com sua cobrança, pois não participou dos fatos que desencadearam as exigências fiscais consubstanciadas nos autos de infração ora debatidos. 8.2. A impugnante não poderia compor o pólo passivo desse processo administrativo, justamente porque a responsabilidade deve ser atribuída aos seus Fl. 9341DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.342 7 antigos dirigentes não de forma supletiva, como prevê o artigo 134 do CTN, mas exclusiva, originária e pessoal, como estabelece o artigo 135, inciso III, do mesmo diploma. 8.3. Logo, deve ser reconhecida a nulidade do lançamento, por equívoco na identificação do sujeito passivo. 9. Os juros calculados com base na taxa SELIC não podem ser exigidos sobre a multa de ofício lançada, por ausência de previsão legal. Assim, a exigência de juros calculados à taxa SELIC sobre a multa de ofício representa afronta ao princípio da legalidade. Ao apreciar a impugnação apresentada, a 10ª Turma da já mencionada DRJ/São Paulo I proferiu o Acórdão nº 1649.446, de 15 de agosto de 2013, por meio do qual decidiu pela procedência total do feito fiscal. Assim figurou a ementa do referido julgado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 IRPJ. PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITO. DEDUTIBILIDADE. As perdas na realização de créditos podem ser consideradas como despesas dedutíveis para efeito de apuração do Lucro Real, desde que devidamente comprovadas, observadas as condições previstas na legislação de regência. À autoridade administrativa cabe cumprir a determinação legal, aplicando o ordenamento vigente às infrações concretamente constatadas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2008 CSLL. PERÍODO ENCERRADO EM 31/12/2008. ALÍQUOTA VIGENTE. No momento do encerramento do fato gerador da CSLL, em 31/12/2008, estava vigente a alíquota de 15% para as instituições financeiras. CSLL. BASE DE CÁLCULO. NORMAS DE APURAÇÃO. PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro as mesmas normas de apuração para o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Fl. 9342DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.343 8 O exame de alegações de ilegalidade e inconstitucionalidade é de exclusiva competência do Poder Judiciário. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. AUSÊNCIA DE QUESITOS. PEDIDO NÃO FORMULADO. Considerase não formulado o pedido de diligências, diante da ausência de formulação de quesitos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 RESPONSABILIDADE PESSOAL DO ADMINISTRADOR. ÔNUS DA PROVA. Tendo em vista que o contribuinte nem identificou pessoalmente qualquer administrador da sociedade, nem comprovou qual ato teria sido praticado com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, consequentemente não assiste razão ao pleito de que haveria equívoco na identificação do sujeito passivo. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao do vencimento. Inconformada, a empresa apresentou recurso voluntário no qual, essencialmente, repete os argumentos deduzidos em sua impugnação. Acrescenta, entretanto, as seguintes alegações: (a) a base de cálculo por ela apurada, que foi considerada na autuação, não reflete o montante real do IRPJ e CSLL devidos como demonstra o relatório elaborado pela empresa de auditoria independente PWC acostado aos autos antes do julgamento na primeira instância; (b) a DRJ foi silente no que tange a esse relatório e se esquivou da apreciação do erro na base de cálculo; (c) estava impedida de entregar DIPJ retificadora no decorrer da fiscalização, no entanto, após o seu encerramento, procedeu à retificação; (d) a DRJ manteve a autuação em discordância com o princípio da verdade material; (e) a turma julgadora deveria ter convertido o julgamento em diligência e não simplesmente desconsiderar a sua requisição alegando que não foram elaborados quesitos; (f) a ausência de manifestação acerca do relatório da PWC implica em nulidade da decisão da DRJ por cerceamento do direito de defesa; (g) está equivocada a premissa da DRJ no sentido de que não seria possível concluir que parte da perda total deduzida pela empresa fizesse referência a parcelas deduzidas em meses anteriores a maio de 2008 a fim de se utilizar a metodologia de proporcionalização da alíquota da CSLL prevista na IN/RFB nº 810/2008; (h) é também equivocada a afirmação da decisão recorrida no sentido de que a impugnação fez menção à escrituração contábil de valores distintos a fim de justificar a perda no valor de R$ 21.984.185,07 porque o grupo de contas 7.1.9.20.00.9.000.00 (saldo de R$ 96.308.827,13) é gênero do qual a conta analítica 7.1.9.20.00.9.100.5 (saldo de R$ 70.520.666,13) é espécie ou subconta; (i) apresenta nova planilha, dessa vez eliminando colunas de controle interno, para corroborar, ratificar e facilitar a análise da planilha anteriormente apresentada, com o intuito de comprovar que a glosa de R$ 21.984.185,07 não merece prosperar; (j) pela análise de todos os contratos que compõem a relação dos créditos recuperados nesse valor de R$ 21.984.185,07, concluise que tais créditos, no momento anterior, quando reconhecidos como despesa de provisão/perda não tiveram sua dedução fiscal, vale dizer, "foram tributados"; (l) o restante dos valores glosados, equivalente a R$ 103.184.611,56, decorre de prejuízos em créditos apurados em cessões a terceiros, tendo Fl. 9343DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.344 9 caráter de despesa efetiva, já que o contrato de cessão continha cláusula prevendo a não coobrigação, assim como que a cessão seria definitiva e irretratável, devendo essa despesa ser reconhecida na data em que o contrato foi aditado, ou seja, janeiro de 2008; (m) apresenta o CDROM aludido no acórdão da DRJ, relacionando os créditos que compõem a despesa no montante de R$ 103.184.611,56, bem como os dados de cada devedor que compõe o saldo total dos créditos cedidos; e (n) é ônus do Fisco identificar o sujeito passivo da obrigação tributária, por isso, não procede o argumento da DRJ acerca da necessidade de o contribuinte fazer prova da responsabilidade pessoal dos seus antigos administradores. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Marozzi Gregorio, Relator Preliminar: Cumpre, primeiramente, enfrentar a alegação de nulidade da DRJ por cerceamento de direito de defesa. Isso porque a recorrente sustenta que a ausência de manifestação acerca do relatório elaborado pela empresa PWC se enquadra na hipótese prevista no artigo 59, II, do Decreto nº 70.235/72 (Processo Administrativo Fiscal PAF), verbis: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (grifei) Nada obstante, como afirma a própria recorrente, o mencionado relatório foi acostado aos autos em data posterior à interposição da impugnação mediante requerimento de complementação à impugnação apresentado em 31/07/2013 (fls. 9052 a 9055). É verdade que esse fato ocorreu antes do julgamento na primeira instância (cujo acórdão foi proferido em 15/08/2013). Porém, é de se notar que o objetivo da apresentação do relatório foi demonstrar que a base de cálculo do IRPJ e da CSLL originalmente apurada pela empresa, e considerada na autuação, não reflete a realidade. Nesse sentido, explicava aquele requerimento, ao invés da base de cálculo positiva informada na DIPJ, o correto seria apurar uma base de cálculo negativa no valor de R$ 246.110.103,00 (depois, no recurso, a empresa corrigiu esse valor para R$ 203.669.931,00). Cabe observar, ainda, que o relatório elaborado pela PWC foi produzido Fl. 9344DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.345 10 no contexto do saneamento de inconsistências contábeis que impactaram o resultado apurado em alguns anoscalendário, incluindo, o de 2008. Vejase, sobre isso, o seguinte trecho extraído daquele relatório (fls. 9067) e que também foi transcrito no requerimento de complementação à impugnação: Em análise prévia constatouse que as inconsistências contábeis, apuradas e ajustadas em 2010, foram geradas em anos anteriores e considerando que o Banco Panamericano apurou bases tributáveis de 2007 a 2009 originadas em resultados não adequados, a partir de maio de 2011, sob a coordenação da nova Diretoria, nomeada pelos atuais controladores (BTG Pactual e Caixa Econômica Federal), foram iniciados os trabalhos e as análises para identificação da origem das inconsistências contábeis. O estudo visou possibilitar a segregação ao longo dos períodos de apuração dos valores realizados no patrimônio líquido do Banco Panamericano para que fossem apurados os devidos efeitos fiscais. Nesse sentido, com a segregação dos ajustes identificados ao longo dos períodos mensais de 2007 a 2010, o Banco Panamericano poderá demonstrar os impactos fiscais decorrentes dos resultados ajustados obtidos pela entidade nesses períodos, buscando ajustar a apuração de tributos sobre o lucro e sobre as receitas. Esse problema das inconsistências contábeis, contudo, já havia sido noticiado na impugnação. Na decisão recorrida, o assunto foi assim relatado: 7. A contribuinte descobriu irregularidades e inconsistências na contabilidade, que ocasionaram uma perda na ordem R$2,5 bilhões, tendo sido posteriormente identificado um adicional de R$1,8 bilhão às perdas já encontradas. Logo, o montante total apurado, integralmente ajustado no Balanço Patrimonial, levantado em 30/11/2010, foi de R$4,3 bilhões. Assim, requerse a conversão do julgamento em diligência, possibilitando a correta apuração do IRPJ e CSLL devidos no anocalendário de 2008. Portanto, na impugnação, a recorrente vinculou o problema das inconsistências contábeis com um pedido de diligência que possibilitasse a correta apuração do IRPJ e CSLL devidos no anocalendário de 2008. Foi nessa perspectiva que a DRJ enfrentou o problema. Ao analisar o pedido, o voto condutor da decisão recorrida se pronunciou no sentido de negálo porque entendeu haver a necessidade de formulação de quesitos na consonância do que está previsto no § 1º do artigo 16 do PAF. Ademais, o relatório, que supostamente faz prova da inexatidão da base de cálculo considerada na autuação, só foi apresentado após a impugnação. Sobre isso, há que se lembrar a regra veiculada no § 4º do mesmo artigo 16 do PAF: Fl. 9345DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.346 11 § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Quando se lê o requerimento de complementação à impugnação, não se encontra nada sobre alguma das condições excludentes da regra preclusiva acima referida. O que se constata é uma argumentação de direito, direcionada ao CARF, alegando que este órgão deverá analisar os documentos apresentados naquela ocasião com supedâneo no princípio da verdade material. Portanto, concordese ou não com a decisão da DRJ, o fato é que não houve omissão sobre o tema. Inexiste, então, motivo para determinar a sua nulidade. Mérito: Apesar de reconhecer que a instância a quo, pelas razões expostas, não estava obrigada a tomar conhecimento do relatório apresentado após a impugnação, não se pode dizer o mesmo quanto ao presente julgamento. É verdade que boa parte da jurisprudência atual do CARF, em homenagem ao princípio da verdade material, vem temperando a possibilidade de apresentação de novos elementos de prova após a impugnação ou, mesmo, o recurso. Particularmente, penso que esse “tempero” não pode extrapolar o sentido da própria norma. Explico. É que para a criação de uma regra, como a estabelecida pelo referido § 4º do artigo 16 do PAF, o legislador já sopesou os princípios e interesses coletivos normalmente relevantes para a maioria dos casos concretos que sobrevirão aos seus futuros aplicadores. Eventual superação da regra, sob a influência de princípios que pareçam acentuadamente ofendidos em determinados casos concretos, como pode ocorrer com a verdade material, só há de ser feita em especialíssimas situações, e, mesmo assim, pela autoridade judiciária (Cf. Ricardo Marozzi Gregorio, Preços de Transferência – Arm’s Length e Praticabilidade – São Paulo: Quartier Latin, 2011, p. 204). Sem embargo, muitas vezes, os elementos juntados após a impugnação revestemse de características que permitem enquadrálos na própria regra veiculada no § 4º do artigo 16. Isso porque as três alíneas que enumeram situações excludentes do dispositivo legal preveem conceitos abertos ou indeterminados que podem e devem ser objeto de interpretação do aplicador da lei. É o que ocorre com os conceitos de “força maior”, “fato ou direito superveniente” e “fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos”. No presente caso, há um fato superveniente. É que, a este mesmo relator, foi distribuído o processo administrativo nº 16327.721631/201346, incluído em pauta de Fl. 9346DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.347 12 julgamento nesta mesma turma do CARF, no qual se discute a autuação, entre outras infrações, referente a exclusões indevidas (segundo a fiscalização) realizadas pela contribuinte no ano calendário de 2008. Nesse contexto, o valor de R$ 489.470.637,03 foi excluído na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL por obra das mesmas inconsistências contábeis referidas na impugnação (e sua complementação) do presente processo. Naquele julgamento, este relator propôs a sua conversão em diligência porque entendeu que não havia razões de direito para discordar das exclusões perpetradas pela contribuinte. Inexistia, no entanto, certeza quanto ao aspecto quantitativo daquelas exclusões, ou seja, o aferimento da fidedignidade das exclusões carecia de um pronunciamento da autoridade fiscal acerca do confronto entre os ajustes realizados com a correspondente documentação de suporte. Tais ajustes estavam consubstanciados num documento denominado "relatório de reprocessamento" apresentado com a impugnação (fls. 927 a 1042 daquele processo). Eis que o mencionado "relatório de reprocessamento" é o mesmo relatório apresentado com o requerimento de complementação à impugnação neste processo (vide fls. 9057 a 9140). Pois bem. Em face daquela diligência, é bem provável que, como alega a recorrente, a base de cálculo considerada na presente autuação seja, de fato, desconstruída. Nada obstante, a glosa das perdas com operações de crédito sancionada pela fiscalização neste processo, se ainda procedente, deverá reduzir o quantum do prejuízo fiscal e base negativa da CSLL, referentes ao anocalendário de 2008, eventualmente confirmados naquele processo. Registrese que esse prejuízo fiscal e base negativa, no relatório de reprocessamento, atingiu a soma de R$ 203.669.931,00. Portanto, considero prudente que o presente julgamento seja também convertido em diligência para que se verifique, em consonância com os resultados da diligência produzida no processo nº 16327.721631/201346, a efetiva existência (e, se existir, em que medida) de base de cálculo de IRPJ e CSLL no anocalendário de 2008. Além disso, no que diz respeito à materialidade das perdas glosadas neste processo, convém verificar se as correspondentes operações de crédito possuem alguma relação com as operações que provocaram as inconsistências contábeis tratadas no relatório de processamento. No caso positivo, há que se fazer a devida consolidação. Ademais, a recorrente deduz alguns argumentos (alegações "h" a "m" no trecho do relatório acima referente à parte que trata do recurso voluntário) com o propósito de justificar a dedutibilidade das perdas glosadas. Tendo em conta a diligência sugerida, considero oportuno também que a fiscalização se manifeste sobre a sua procedência. Pelo exposto, proponho que o presente julgamento seja convertido em diligência para que a unidade de origem adote as seguintes providências: a) verifique, em consonância com os resultados da diligência produzida no processo nº 16327.721631/201346, a efetiva existência (e, se existir, em Fl. 9347DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.348 13 que medida) de base de cálculo de IRPJ e CSLL no anocalendário de 2008; b) verifique se as operações de crédito que motivaram as perdas glosadas no presente processo possuem alguma relação com as operações que provocaram as inconsistências contábeis tratadas no relatório de processamento analisado no âmbito da diligência produzida no processo nº 16327.721631/201346, no caso positivo, promova a devida consolidação expurgando as perdas já consideradas naquele outro processo; c) opine sobre a procedência das seguintes alegações deduzidas no recurso voluntário: seria equivocada a afirmação da decisão recorrida no sentido de que a impugnação fez menção à escrituração contábil de valores distintos a fim de justificar a perda no valor de R$ 21.984.185,07 porque o grupo de contas 7.1.9.20.00.9.000.00 (saldo de R$ 96.308.827,13) é gênero do qual a conta analítica 7.1.9.20.00.9.100.5 (saldo de R$ 70.520.666,13) é espécie ou subconta (fls. 9175 a 9177); apresenta nova planilha, dessa vez eliminando colunas de controle interno, para corroborar, ratificar e facilitar a análise da planilha anteriormente apresentada, com o intuito de comprovar que a glosa de R$ 21.984.185,07 não merece prosperar (fls. 9177 a 9180); pela análise de todos os contratos que compõem a relação dos créditos recuperados nesse valor de R$ 21.984.185,07, concluise que tais créditos, no momento anterior, quando reconhecidos como despesa de provisão/perda não tiveram sua dedução fiscal, vale dizer, "foram tributados" (fls. 9180); o restante dos valores glosados, equivalente a R$ 103.184.611,56, decorre de prejuízos em créditos apurados em cessões a terceiros, tendo caráter de despesa efetiva, já que o contrato de cessão continha cláusula prevendo a não coobrigação, assim como que a cessão seria definitiva e irretratável, devendo essa despesa ser reconhecida na data em que o contrato foi aditado, ou seja, janeiro de 2008 (fls. 9181 a 0183); e apresenta o CDROM aludido no acórdão da DRJ, relacionando os créditos que compõem a despesa no montante de R$ 103.184.611,56, bem como os dados de cada devedor que compõe o saldo total dos créditos cedidos (fls. 9181 a 9182). Ao final, devese produzir um relatório circunstanciado acerca dos resultados produzidos. Depois, promover a ciência à empresa dos elementos eventualmente juntados na diligência, para que esta, querendo, se manifeste no prazo de 30 (trinta) dias. Fl. 9348DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16327.721276/201224 Resolução nº 1401000.421 S1C4T1 Fl. 9.349 14 É como voto. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator Fl. 9349DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 12/09/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO
score : 1.0
Numero do processo: 10675.003462/2005-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jan 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2001
DILIGÊNCIA. CABIMENTO.
Incabível a conversão do julgamento em diligência para adoção de providência não prevista na legislação tributária.
ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL.
Incabível a manutenção da glosa da ARL - Área de Reserva Legal, por falta de apresentação de ADA - Ato Declaratório Ambiental, quando consta a respectiva averbação na matrícula do imóvel, efetuada antes da ocorrência do fato gerador.
Numero da decisão: 9202-004.632
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a prejudicial de conversão do julgamento em diligência arguida pela conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri (relatora), vencida também a conselheira Patrícia da Silva, que concordou com a conversão em diligência. Por unanimidade de votos, acordam em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Designada para redigir o voto vencedor quanto à prejudicial de diligência a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado SEBASTIAO ANTONIO DA SILVA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001 DILIGÊNCIA. CABIMENTO. Incabível a conversão do julgamento em diligência para adoção de providência não prevista na legislação tributária. ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. Incabível a manutenção da glosa da ARL Área de Reserva Legal, por falta de apresentação de ADA Ato Declaratório Ambiental, quando consta a respectiva averbação na matrícula do imóvel, efetuada antes da ocorrência do fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a prejudicial de conversão do julgamento em diligência arguida pela conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri (relatora), vencida também a conselheira Patrícia da Silva, que concordou com a conversão em diligência. Por unanimidade de votos, acordam em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Designada para redigir o voto vencedor quanto à prejudicial de diligência a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 34 62 /2 00 5- 12 Fl. 270DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Redatora Designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra o Contribuinte e por meio do qual exigese o Imposto Territorial Rural ITR relativo ao exercício de 2001. Conforme descrição dos fatos (fl. 96 e ss) a autuação é decorrente do fato de o contribuinte, mesmo intimado, não ter consegui fazer provas do seu direito à isenção do ITR sobre as áreas declaradas em sua DITR transmitida em 25/09/2001. No entendimento do fiscal, o contribuinte deixou de cumprir os requisitos legais para fazer jus ao benefício da isenção, mais precisamente não comprovou a existência de averbação das áreas de reserva legal/preservação permanente em data anterior a ocorrência do fato gerador como também não apresentou o Ato Declaratório Ambiental ou seu respectivo requerimento até a data fixada pela legislação. Foi apontado ainda irregularidades quanto as áreas declaradas de benfeitorias e quanto ao Valor da Terra Nua VTN apurado. Cobrase o imposto sobre o valor total da área tributável apurada, qual seja, 3.767,4ha e com base no novo VTN apurado. Intimado o contribuinte apresentou impugnação requerendo a aplicação da verdade material, afirma que apesar de não conhecer as normas regentes do tributo possível condições de comprovar a existência de fato das declarações prestadas por meio da DITR. Inicialmente a Delegacia da Receita Federal de Julgamento converteu o julgamento em diligência determinando a intimação do contribuinte para apresentar, se fosse de seu interesse, laudo técnico de avaliação do imóvel para fins de comprovar o VTN utilizado. Laudo juntado às fls. 138 e seguintes e por meio do qual é trazido esclarecimentos acerca das áreas de utilização limitada e ainda sobre o valor do imóvel na época da ocorrência do fato gerador. A DRJ manteve o lançamento sob o argumento de que o contribuinte não cumpriu os requisitos da norma isentiva, especialmente pela ausência de ADA e ainda pela fato de o laudo técnico juntado não ter observado as normas da ABNT (NBR 14.6533). Em seu Recurso Voluntário (fls. 172) o Contribuinte citando jurisprudência deste conselho afirma que a falta de apresentação do requerimento do ADA — Ato Fl. 271DF CARF MF Processo nº 10675.003462/200512 Acórdão n.º 9202004.632 CSRFT2 Fl. 271 3 Declaratório Ambiental ou sua entrega intempestiva ao IBAMA bem como falta de averbação da área de reserva junto ao Cartório de Registro de Imóveis deixaram de ser tratadas como regra absoluta para fins de isenção do ITR. Questiona a metodologia de apuração do VTN utilizada e requer a produção de prova pericial. Por meio do acórdão nº 2801003.668 a 1ª Turma Especial da Segunda Seção de Julgamento deu provimento parcial ao Recurso Voluntário para restabelecer a área de reserva legal de 319,0 ha, haja vista a existência de averbação da limitação no respectivo registro do imóvel. Referido acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001 ITR. VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO. SIPT. VALOR POR APTIDÃO AGRÍCOLA. A subavaliação do Valor da Terra Nua (VTN) declarado pelo contribuinte autoriza o arbitramento do VTN pela Receita Federal. O lançamento de ofício deve considerar, por expressa previsão legal, as informações referentes a levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas, que considerem a localização e dimensão do imóvel e a capacidade potencial da terra, constante de sistema de preços de terras da Receita Federal. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO DE TERMO DE RESPONSABILIDADE. Cabe excluir da tributação do ITR as áreas de Reserva Legal, reconhecidas em Termo de Responsabilidade de Averbação firmado entre o proprietário do imóvel e a autoridade de fiscalização ambiental. ÁREA OCUPADA COM BENFEITORIAS. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. A teor do artigo 17 do Decreto nº 70.235/1972 considerarseá não impugnada a matéria que não seja expressamente questionada pelo contribuinte, estando, portanto, fora do litígio. Recurso Voluntário Provido em Parte. Inconformada a Fazenda Nacional interpôs recurso especial de divergência. Citando como paradigma o acórdão nº 39100037, afirma o Recorrente que enquanto o acórdão impugnado dispensa a comprovação da área de reserva legal por meio de protocolização tempestiva do ADA pelo contribuinte junto ao IBAMA ou órgão ambiental conveniado, o paradigma afirma tratar a referida declaração de requisito indispensável à fruição da isenção do ITR nos termos do art. 17O da Lei nº 6.938/81. Contribuinte intimado do acórdão e do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional por edital. É o relatório. Fl. 272DF CARF MF 4 Voto Vencido Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Da preliminar de nulidade de intimação do Recorrido: Antes de submeter o mérito e este Colegiado, julgo pertinente tecer algumas considerações sobre a intimação edilícia do Contribuinte acerca do acórdão prolatado e ainda do respectivo recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Apesar da regularidade e da previsão legal de realização de intimação das partes por edital, entendo que tratase de procedimento que somente se justifica após cessado todas as possibilidades de realização da intimação pessoal do contribuinte ou de pessoa legalmente por ele nomeado. O art. 23 do Decreto nº 70.235/72 descreve as formas de intimação deixando claro essa posição de ser o edital forma excepcional de comunicação com o Contribuinte: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 273DF CARF MF Processo nº 10675.003462/200512 Acórdão n.º 9202004.632 CSRFT2 Fl. 272 5 Marcos Vinicius Neder e a ex Conselheira Maria Teresa Martínez López, na obra "Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado", fizeram a seguinte consideração na concepção desta Relatora ainda atual sobre o tema: "Dispõe o preceito legal que a intimação poderá ser efetuada por edital quando resultarem não proveitosos um dos meios referidos anteriormente (pessoal, postal, telegráfico). O próprio Supremo Tribunal Federal já firmou entendimento que "por inviabilizar o pleno exercício do direito de defesa, assegurado constitucionalmente, a intimação ficta, via publicação na imprensa oficial, não é o meio adequado a darse ciência ao interessado de infração cometida. Tanto quando possível, esta deve ser pessoal, admitindose, no entanto, posso ser feito mediante postado". Por estes precedentes, deve o agente fiscal adotar a intimação por edital apenas quando existirem fortes razões que justifique este medida excepcional." Conforme documentos juntados aos autos não foi possível a realização da intimação postal do Contribuinte, tendo sido acusada a ocorrência de ter o destinatário falecido, houve menção ainda acerca de mudança de endereço, o que justificou a intimação por meio de edital eletrônico. Necessário destacar que desde o início do processo já havia informações nos autos acerca do falecimento do Contribuinte, fato que se comprova pelos documentos juntados às fls. 162 e seguintes: procuração, certidão de óbito e termo de compromisso expedido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais nomeando como inventariante do espólio a Sra. Josefa Francisca Nunes. Em todos esses documentos consta como endereço da inventariante a Rua Clésio Eustáquio Migueleto, nº 653, Centro na cidade de CoromandelMG, endereço diverso do utilizado para o envio da intimação da decisão proferida em Recurso Voluntário e do Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional. Destacamos que além do endereço da inventariante ainda há nos autos procuração de fls. 187 onde são outorgados poderes de representação à advogada Mônica Rosa Pereira e ao contabilista Fábio Rosa, ambos com escritório profissional localizado em Uberlândia — MG, na Rua Bernardo Cupertino, n.° 962 — Bairro Martins. Assim, entendo que antes de se realizar a citação por edital deveria a autoridade responsável ter feito a tentativa de intimar o contribuinte por meio dos terceiros legalmente constituídos como representantes. Diante do exposto, para evitar eventual prejuízo as partes, voto por converter o julgamento em diligência à Secretaria de Câmara para realização de nova intimação do Contribuinte para ciência acerca do Acórdão de Recurso Voluntário e da interposição de Recurso Especial pela Fazenda Nacional, reabrindose os respectivos prazos de recurso e contrarrazões. A intimação deve ocorrer na pessoa da Sra. Josefa Francisca Nunes no endereço citado às fls. 162 e também dos procuradores constituídos às fls. 187. Do Mérito: Vencida quanto à necessidade de conversão do julgamento em diligência, passo ao mérito. Fl. 274DF CARF MF 6 Conforme exposto no relatório, o objeto do recurso é a discussão acerca dos requisitos necessários para que o contribuinte tenha direito a exclusão de áreas classificadas como de reserva legal do cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, requisitos para aplicação da exoneração prevista no art. 10, §1º inciso II, 'a' da Lei nº 9.393/96, que até 1º de janeiro de 2013, possuía a seguinte redação: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; (...) Sabese que o ITR, previsto no art. 153, VI da Constituição Federal e no art. 29 do CTN, é imposto de apuração anual que possui como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana de município, em 1º de janeiro de cada ano. Analisando as característica da base de cálculo eleita pelo legislador conjuntamente com o teor do art. 10 da Lei nº 9.393/96 é possível concluir fato que coaduna com a característica extrafiscal do ITR, que somente há interesse da União que sejam tributadas áreas tidas como produtivas/aproveitáveis, havendo ainda uma preocupação em se favorecer aqueles que um vez tolhidos do exercício pleno de sua propriedade sejam ainda mais onerados pela incidência de um tributo. As áreas caracterizadas como de preservação permanente e de reserva legal diante das limitações que lhe são impostas, por expressa determinação legal são excluídas do cômputo do VTN – Valor da Terra Nua, montante utilizado para a obtenção da base de cálculo do ITR. Por essa razão, no entendimento desta Relatora, o inciso II acima citado ao conceituar “área tributável” não prevê uma isenção, ele nos traz na verdade uma hipótese de não incidência do ITR. Entretanto, para que a propriedade, o domínio útil ou a posse dessas áreas não caracterize fato gerador do imposto é necessário que o imóvel rural preencha as condições, no presente caso, previstas na então vigente Lei nº 4.771/65. As características da Área de Preservação Permanente e da Área de Reserva Legal estavam descritas, respectivamente no art. 2º (com redação dada pela Lei nº 7.803/89) e 16 (com redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) do Código Florestal de 1965: Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: Fl. 275DF CARF MF Processo nº 10675.003462/200512 Acórdão n.º 9202004.632 CSRFT2 Fl. 273 7 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. i) nas áreas metropolitanas definidas em lei. Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervarseá o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. (...) Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Regulamento) Fl. 276DF CARF MF 8 I oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IV vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 1o O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de floresta e cerrado será definido considerando separadamente os índices contidos nos incisos I e II deste artigo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 2o A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 3o Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 4o A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I o plano de bacia hidrográfica; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II o plano diretor municipal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III o zoneamento ecológicoeconômico; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Fl. 277DF CARF MF Processo nº 10675.003462/200512 Acórdão n.º 9202004.632 CSRFT2 Fl. 274 9 IV outras categorias de zoneamento ambiental; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) V a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166 67, de 2001) § 5o O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecológico Econômico ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, poderá: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices previstos neste Código, em todo o território nacional. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 6o Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das áreas relativas à vegetação nativa existente em área de preservação permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetação nativa em área de preservação permanente e reserva legal exceder a: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b" e "c" do inciso I do § 2o do art. 1o. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 7o O regime de uso da área de preservação permanente não se altera na hipótese prevista no § 6o. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Fl. 278DF CARF MF 10 § 9o A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicandose, no que couber, as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis envolvidos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Interpretando os dispositivos percebemos além de diferenças ecológicas existentes entre uma APP e uma ARL, diferença formal/procedimental na constituição dessas áreas. Em relação a Área de Preservação Permanente, salvo as hipóteses previstas no art. 3º da Lei nº 4.771/65 as quais requerem declaração do Poder Público para sua caracterização, nos demais casos estando área pleiteada localizada nos espaços selecionados pelo legislador, caracterizada estava pelo só efeito da lei, sem necessidade de cumprimento de qualquer outro requisito uma APP. Em contrapartida, por força dos §§4º e 8º do art. 16 para caracterização de um Área de Reserva Legal, além dos requisitos ecológicos, exigiase i) aprovação prévia do Poder Público quanto a localização da área limitada e ainda ii) que essa área definida fosse devidamente averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel, averbação essa que era substituída por Termo de Ajustamento de Conduta nos casos em que o Contribuinte fosse apenas possuidor do bem. Faziase necessária a realização desses esclarecimentos, pois as diferenças formais apontadas traz impactos diretos no estudo dos requisitos para aplicação da não incidência do ITR especificamente acerca da necessidade de averbação prévia e apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) junto ao IBAMA. No presente caso, nos interessa discutir acerca dos requisitos que devem ser cumpridos pelo Contribuinte para que reste caracterizada a não incidência do ITR sobre áreas classificadas como de Reserva Legal. Do requisito da averbação: Considerando a redação da Lei nº 4.771/65 afirmase que o ato de averbação em nada afeta a constituição de uma área de preservação permanente a qual existe é pode ser comprovada por qualquer meio capaz de demonstrar que aquele imóvel ou parte dele está localizado em áreas com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bemestar das populações humanas. Fl. 279DF CARF MF Processo nº 10675.003462/200512 Acórdão n.º 9202004.632 CSRFT2 Fl. 275 11 A própria Receita Federal do Brasil nos documentos "Perguntas e Respostas do ITR" manifestava expressamente no sentido de a legislação do ITR não exigir a averbação da área de preservação permanente no Cartório de Registro de Imóveis. Por outro lado a necessidade de averbação das áreas de Reserva Legal é exigência prevista na própria Lei nº 4.771/65, razão pela qual filiome a corrente cujo entendimento é no sentido de ser a averbação requisito constitutivo da referida área. A averbação, precedida da outra exigência legal de ser a área reconhecida pelo poder público, é condição imprescindível para a existência da Área de Reserva Legal, sendo que tal fato nos leva a conclusão lógica de que para fins de cálculo do ITR tal averbação deve ser anterior ao fato gerador. O Superior Tribunal de Justiça já pacificou o citado entendimento, valendo citar parte do voto proferido pelo Ministro Benedito Gonçalves, no RESP nº 1.125.632PR: Ao contrário da área de preservação permanente, para as áreas de reserva legal a legislação traz a obrigatoriedade de averbação na matrícula do imóvel. Tal exigência se faz necessária para comprovar a área de preservação destinada à reserva legal. Assim, somente com a averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel é que se poderia saber, com certeza, qual parte do imóvel deveria receber a proteção do art. 16, § 8º, do Código Florestal (...) Assim, considerado que a norma de apuração do ITR prevista no art. 10, §1º inciso II, 'a' da Lei nº 9.393/96 a qual nos remete aos conceitos e requisitos da então nº Lei nº 4.771/65 podemos afirmar que para fim de não incidência do ITR a averbação da área delimitada pelo Poder Público no registro do imóvel em data anterior a ocorrência do fato gerador é requisito aplicável apenas à Área de Reserva Legal. Do Ato Declaratório Ambiental ADA: A discussão quanto a necessidade de apresentação do ADA para fins da não incidência do ITR sobre áreas de Preservação Permanente e também Reserva Legal, é um pouco mais polêmica, isso porque tratase de exigência inicialmente prevista por meio de norma infralegal, valendo citar a IN SRF nº 67/97. Nem a Lei nº 9.393/96, nem a Lei nº 4.771/65 exigiam o ADA para fins constituição das respectivas áreas ou para fins de apuração do imposto. Por tal razão, após amplo debate concluise que para os fatos geradores ocorridos até o ano de 2000, era dispensável a apresentação do ADA, conclusão que pode ser ilustrada pela seguinte ementa do STJ : PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. ISENÇÃO. EXIGÊNCIA CONTIDA NA IN SRF Nº 67/97. IMPOSSIBILIDADE. (...) Fl. 280DF CARF MF 12 2. De acordo com a jurisprudência do STJ, é prescindível a apresentação do ADA Ato Declaratório Ambiental para que se reconheça o direito à isenção do ITR, mormente quando essa exigência estava prevista apenas em instrução normativa da Receita Federal (IN nº 67/97). Ato normativo infralegal não é capaz de restringir o direito à isenção do ITR, disciplinada nos termos da Lei nº 9.393/96 e da Lei 4.771/65. 3. Na hipótese, discutese a exigibilidade de tributo declarado em 1997, isto é, antes da entrada em vigor da Lei 10.165/00, que acrescentou o § 1º ao art. 17O da Lei 6.938/81. Logo, é evidente que esse dispositivo não incide na espécie, assim como também não há necessidade de se examinar a aplicabilidade do art. 106, I, do CTN, em virtude da nova redação atribuída ao § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96 pela MP nº 2.16667/01. 4. Recurso especial não provido. (REsp 1.283.326/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 8/11/2011, DJe 22/11/2011.) Tal entendimento fundamentase na regra de que a norma jurídica que regulamenta o conteúdo de uma lei é veículo secundário e infralegal e, portanto, seu conteúdo e alcance deve se restringir aos comando impostos pela lei em função da qual foi expedida. Neste sentido uma instrução normativa não poderia prever condição não exigida pela norma originária, mormente quando tal condição depende de manifestação de órgão cuja atuação não se vincula com o objetivo da norma desoneração tributária. Tal discussão assume um novo viés com a criação do art. 17O da Lei nº 6.938/81. Em 29.01.2000 foi editada a Lei nº 9.960/00 que acrescentou o citado art. 17 O à Lei nº 6.938/81, nesta oportunidade, por meio do §1º, o legislador expressamente previu que a utilização do ADA para efeito de redução do valor do ITR era opcional. Ocorre que tal previsão não produziu efeitos, pois antes mesmo da ocorrência de um novo fato gerador do ITR o referido artigo foi radicalmente modificado pela Lei nº 10.165, publicada em 27 de dezembro de 2000, a qual tornou o ADA instrumento obrigatório para fins de ITR: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1oA. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 2o O pagamento de que trata o caput deste artigo poderá ser efetivado em cota única ou em parcelas, nos mesmos moldes escolhidos pelo contribuinte para o pagamento do ITR, em Fl. 281DF CARF MF Processo nº 10675.003462/200512 Acórdão n.º 9202004.632 CSRFT2 Fl. 276 13 documento próprio de arrecadação do IBAMA.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 3o Para efeito de pagamento parcelado, nenhuma parcela poderá ser inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais). (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 4o O inadimplemento de qualquer parcela ensejará a cobrança de juros e multa nos termos dos incisos I e II do caput e §§ 1oA e 1o, todos do art. 17H desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 5o Após a vistoria, realizada por amostragem, caso os dados constantes do ADA não coincidam com os efetivamente levantados pelos técnicos do IBAMA, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Receita Federal, para as providências cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Diante desta alteração normativa discutese agora se lei posterior teria o condão de condicionar a aplicação de norma específica de não incidência tributária à realização de dever extra fiscal. Se diz extra fiscal porque como conceituado pelo próprio órgão o ADA nada mais é que um documento de cadastro das áreas do imóvel junto ao IBAMA. Destacase: a função do ADA é apenas informar ao IBAMA a existência de área de interesse ambiental em propriedade, posse ou domínio de particular área essa reconhecida seja pela própria lei no caso de APP, ou por meio da averbação no caso da ARL. É documento meramente informativo de uma área já existente, ou seja, o ADA não é requisito para constituição de áreas não consideradas pelo legislador quando da delimitação do fato gerador do ITR. É por essa razão que compartilho do entendimento de que o ADA não tem reflexos sobre a regra matriz de incidência do ITR, a ausência de documento informativo ou sua apresentação intempestiva não pode gerar como efeito a desconsideração de área reconhecidamente classificada como não tributada pelo legislador. Assim, é notável o conflito existente entre o art. 10, §1º, II da Lei nº 9.393/96 e o art. 17O da Lei nº 6.938/81, antinomia que deve ser solucionada pela aplicação do critério da especialidade, devendo prevalecer neste sentido a norma que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, qual a Lei nº 9.393/96. Destaco que, embora essa Relatora tenha o entendimento isolado de que o ADA é requisito dispensável para fins de desoneração do ITR em qualquer circunstância, o entendimento da maioria deste Colegiado é no sentido de se reconhecer ao Contribuinte o direito a isenção nos casos em que existir averbação da ARL à margem do registro do imóvel antes da ocorrência do fato gerador, para a maioria o cumprimento deste requisito formal supre a necessidade de apresentação do ADA. Por fim, embora utilizandose de outros fundamentos, é importante mencionar que o Poder Judiciário, por meio do Superior Tribunal de Justiça tem firmado jurisprudência no sentido de que o ADA nunca foi, mesmo com a criação do art. 17O, requisito para desoneração do ITR, desoneração essa entendida pelos Ministros como isenção. Fl. 282DF CARF MF 14 Essa orientação do STJ foi recentemente reconhecida pela própria Fazenda Nacional por meio do Parecer PGFN/CRJ/Nº 1329/2016 que atualizou o Item 1.25 da Lista de Dispensa de Contestar e Recorrer prevista no art.2º, V, VII e §§ 3º a 8º, da Portaria PGFN Nº 502/2016. Pela relevância, peço vênia para transcreve parte do parecer: a) Área de reserva legal e área de preservação permanente (NOVO) * Data da alteração da redação do resumo e da Observação 1, bem como da inclusão da Observação 2: 05/09/2016 Precedentes: AgRg no Ag 1360788/MG, REsp 1027051/SC, REsp 1060886/PR, REsp 1125632/PR, REsp 969091/SC, REsp 665123/PR e AgRg no REsp 753469/SP. Resumo: O STJ entendeu que, por se tratar de imposto sujeito a lançamento que se dá por homologação, dispensase a averbação da área de preservação permanente no registro de imóveis e a apresentação do Ato Declaratório Ambiental pelo Ibama para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e de reserva legal, com vistas à concessão de isenção do ITR. Dispensase também, para a área de reserva legal, a prova da sua averbação (mas não a averbação em si) no registro de imóveis, no momento da declaração tributária. Em qualquer desses casos, se comprovada a irregularidade da declaração do contribuinte, ficará este responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa. OBSERVAÇÃO: Caso a matéria discutida nos autos envolva a prescindibilidade de averbação da reserva legal no registro do imóvel para fins de gozo da isenção fiscal, de maneira que este registro seria ou não constitutivo do direito à isenção do ITR, devese continuar a contestar e recorrer. Com feito, o STJ, no EREsp 1.027.051/SC, reconheceu que, para fins tributários, a averbação deve ser condicionante da isenção, tendo eficácia constitutiva. Tal hipótese não se confunde com a necessidade ou não de comprovação do registro, visto que a prova da averbação é dispensada, mas não a existência da averbação em si. OBSERVAÇÃO 2: A dispensa contida neste item não se aplica para as demandas relativas a fatos geradores posteriores à vigência da Lei nº 12.651, de 2012 (novo Código Florestal). PARECER PGFN/CRJ/No 1329/2016 Documento público. Averbação e prova da Área de Reserva Legal e da Área de Preservação Permanente. Natureza jurídica do registro. Ato Declaratório Ambiental. Isenção do Imposto Territorial Rural. Item 1.25, “a”, da Lista de dispensa de contestar e recorrer. Art. 10, II, “a”, e § 7º da Lei nº 9.393, de 1996. Lei nº 12.651, de 2012. Lei 10.165, de 2000. (...) II.1 Exame da jurisprudência sobre o questionamento feito à luz da legislação anterior à Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000 que deu nova redação ao art. 17O da Lei nº 6.938, de 27 de dezembro de 2000 e à Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Novo Código Florestal (...) 12. Após as considerações acima, restam incontroversas, no âmbito da Corte de Justiça, à luz da legislação aplicável ao questionamento, as posições abaixo: Fl. 283DF CARF MF Processo nº 10675.003462/200512 Acórdão n.º 9202004.632 CSRFT2 Fl. 277 15 (i) é indispensável a preexistência de averbação da reserva legal no registro de imóveis como condição para a concessão de isenção do ITR, tendo aquela, para fins tributários, eficácia constitutiva; (ii) a prova da averbação da reserva legal não é condição para a concessão da isenção do ITR, por se tratar de tributo sujeito à lançamento por homologação, sendo, portanto, dispensada no momento de entrega de declaração, bastando apenas que o contribuinte informe a área de reserva legal; (iii) é desnecessária a averbação da área de preservação permanente no registro de imóveis como condição para a concessão de isenção do ITR, pois tal área se localiza a olho nu; e (iv) é desnecessária a apresentação do ADA para que se reconheça o direito à isenção do ITR. (...) II.2 Considerações relacionadas ao questionamento à luz da legislação anterior à Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Novo Código Florestal. (...) 21. Em que pese tal possibilidade de interpretação, o STJ utilizouse do teor do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, para reforçar a tese de que o ADA é inexigível, tendo, ao que tudo indica, desprezado o conteúdo do art. 17O, caput e §1º, da Lei nº 6.938, de 2000, pois não foram encontradas decisões enfrentando esse regramento. Além disso, registrou que, como o dispositivo é norma interpretativa mais benéfica ao contribuinte, deveria retroagir. 22. Essa argumentação consta no inteiro teor dos acórdãos vencedores que trataram do tema, bem como na ementa do REsp nº 587.429/AL, senão vejamos: Trecho do voto da Ministra Eliana Calmon, Relatora do REsp nº 665.123/PR: Como reforço do meu argumento, destaco que a Medida Provisória 2.166 67, de 24/08/2001, ainda vigente, mas não prequestionada no caso dos autos, fez inserir o § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96 para deslindar finalmente a controvérsia, dispensando o Ato Declaratório Ambiental nas hipótese de áreas de preservação permanente e de reserva legal para fins de cálculo do ITR [...] Trecho do voto do Ministro Benedito Gonçalves, Relator do REsp nº 1.112.283/PB: Assim, considerando a superveniência de lei mais benéfica (MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001), que prevê a dispensa de prévia apresentação pelo contribuinte do ato declaratório expedido pelo Ibama, impõese a aplicação do princípio insculpido no art. 106, do CTN. Trecho do voto do Ministro Benedito Gonçalves, Relator do REsp nº 1.108.019/SP: Fl. 284DF CARF MF 16 Assim, considerando a superveniência de lei mais benéfica (MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001), que prevê a dispensa de prévia apresentação pelo contribuinte do ato declaratório expedido pelo Ibama, impõese a aplicação do princípio insculpido no art. 106, do CTN. "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO DO IBAMA. MP.2.16667/2001. APLICAÇÃO DO ART. 106, DO CTN. RETROOPERÂNCIA DA LEX MITIOR. 1. Recorrente autuada pelo fato objetivo de ter excluído da base de cálculo do ITR área de preservação permanente, sem prévio ato declaratório do IBAMA, consoante autorização da norma interpretativa de eficácia ex tunc consistente na Lei 9.393/96. 2. A MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, ao inserir § 7º ao art.10, da lei 9.393/96, dispensando a apresentação, pelo contribuinte, de ato declaratório do IBAMA, com a finalidade de excluir da base de cálculo do ITR as áreas de preservação permanente e de reserva legal, é de cunho interpretativo, podendo, de acordo com o permissivo do art. 106, I, do CTN, aplicarse a fator pretéritos, pelo que indevido o lançamento complementar, ressalvada a possibilidade da Administração demonstrar a falta de veracidade da declaração contribuinte. 3. Consectariamente, forçoso concluir que a MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, que dispôs sobre a exclusão do ITR incidente sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal, consoante § 7º, do art. 10, da Lei 9.393/96, veicula regra mais benéfica ao contribuinte, devendo retroagir, a teor disposto nos incisos do art.106, do CTN, porquanto referido diploma autoriza a retrooperância da lex mitior. 4. Recurso especial improvido." (REsp 587.429/AL, Rel. Ministro Luiz Fux, PRIMEIRA TURMA, DJe de 2/8/2004) 23. A partir das colocações postas, concluise que, mesmo com a vigência do art. 17O, caput e §1º, da Lei nº 6.938, de 1981, com a redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000, até a entrada em vigor da Lei nº 12.651, de 2012, o STJ continuou a rechaçar a exigência do ADA com base no teor do § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996. 24. Consequentemente, caso a ação envolva fato gerador de ITR, ocorrido antes da vigência da Lei nº 12.651, de 2012, não há motivo para discutir em juízo a obrigação de o contribuinte apresentar o ADA para o gozo de isenção do ITR, diante da pacificação da jurisprudência. (...) Diante do exposto, negase provimento ao recurso da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 285DF CARF MF Processo nº 10675.003462/200512 Acórdão n.º 9202004.632 CSRFT2 Fl. 278 17 Voto Vencedor Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Redatora Designada Discordo do voto da Conselheira Relatora no que tange à conversão do julgamento em diligência, por entender que não há previsão regimental a amparar as providências que seriam adotadas. Primeiramente, a Relatora argumenta: "Apesar da regularidade e da previsão legal de realização de intimação das partes por edital, entendo que tratase de procedimento que somente se justifica após cessado todas as possibilidades de realização da intimação pessoal do contribuinte ou de pessoa legalmente por ele nomeado." (grifei) Entretanto, o Decreto nº 70.235, de 1972, com a redação vigente à época do fato gerador, não requer o esgotamento de todos os meios de intimação pessoal, bastando que seja utilizado um dos meios, e este se revele improfícuo. Confirase: "Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. § 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo, a intimação poderá ser feita por edital publicado: I no endereço da administração tributária na internet; II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou III uma única vez, em órgão da imprensa oficial local." Ademais, não há previsão legal no sentido de que sejam intimados terceiros indicados pelo Contribuinte, mas apenas aqueles que a lei estabelece como responsáveis ou representantes legais, o que não abrange a figura eventual do procurador da parte. Segue a Relatora argumentando: Fl. 286DF CARF MF 18 "Em todos esses documentos consta como endereço da inventariante a Rua Clésio Eustáquio Migueleto, nº 653, Centro na cidade de CoromandelMG, endereço diverso do utilizado para o envio da intimação da decisão proferida em Recurso Voluntário e do Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional. Destacamos que além do endereço da inventariante ainda há nos autos procuração de fls. 187 onde são outorgados poderes de representação à advogada Mônica Rosa Pereira e ao contabilista Fábio Rosa, ambos com escritório profissional localizado em Uberlândia — MG, na Rua Bernardo Cupertino, n.° 962 — Bairro Martins. Assim, entendo que antes de se realizar a citação por edital deveria a autoridade responsável ter feito a tentativa de intimar o contribuinte por meio dos terceiros legalmente constituídos como representantes." Em face de tais argumentos, reiterase a ausência de previsão legal para intimação de terceiros não especificados na legislação tributária, portanto sequer se cogita da intimação a eventual procurador do Contribuinte. Quanto ao endereço para o qual devem ser encaminhadas as intimações, o art. 23, do Decreto nº 70.235, de 1972 (acima transcrito), determina que é o endereço do domicílio tributário eleito pelo Contribuinte. Nesse passo, a Administração Tributária estabelece as regras para que o sujeito passivo eleja seu domicílio, o que é feito por meio de comunicação direta à Receita Federal, via declarações, ou mediante a utilização de formulário próprio, para que os dados sejam inseridos em seu cadastro. Com efeito, o meio para a atualização cadastral perante a Receita Federal não corresponde a mera citação de endereço em instrumento de representação, ou em outro documento que eventualmente conste dos autos. Diante do exposto, rejeito a preliminar de conversão do julgamento em diligência, arguida pela Conselheira Relatora. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 287DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12719.000127/2005-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 03/07/2001
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NÃO COMPROVADA A ALEGADA CONTRADIÇÃO. ACOLHIMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
Rejeita-se os embargos de declaração apresentados pelo titular da unidade da Receita Federal de origem, quando não comprovada a existência do alegado vício de contradição entre os fundamentos do voto condutor do julgado e o dispositivo da acórdão embargado.
EMBARGOS INOMINADOS. COMPROVADA A ALEGADA INEXATIDÃO MATERIAL. ACOLHIMENTO. POSSIBILIDADE.
Uma vez demonstrada a inexatidão material, por lapso manifesto, nos fundamentos do voto condutor julgado e no dispositivo do acórdão, acolhe-se os embargos de declaração da contribuinte, com efeitos infringentes, para retificar o equívoco na redação e alterar a decisão do Colegiado.
Embargos da Unidade Preparadora Rejeitados. Embargos do Contribuinte Acolhidos.
Numero da decisão: 3302-003.335
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração apresentados pela Unidade Preparadora e acolhidos os Embargos Inominados apresentados pelo contribuinte, com efeitos infringentes, para retificar o Acórdão embargado.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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Interessado CONTROLLER COMÉRCIO E SERVIÇO LTDA. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 03/07/2001 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NÃO COMPROVADA A ALEGADA CONTRADIÇÃO. ACOLHIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Rejeitase os embargos de declaração apresentados pelo titular da unidade da Receita Federal de origem, quando não comprovada a existência do alegado vício de contradição entre os fundamentos do voto condutor do julgado e o dispositivo da acórdão embargado. EMBARGOS INOMINADOS. COMPROVADA A ALEGADA INEXATIDÃO MATERIAL. ACOLHIMENTO. POSSIBILIDADE. Uma vez demonstrada a inexatidão material, por lapso manifesto, nos fundamentos do voto condutor julgado e no dispositivo do acórdão, acolhese os embargos de declaração da contribuinte, com efeitos infringentes, para retificar o equívoco na redação e alterar a decisão do Colegiado. Embargos da Unidade Preparadora Rejeitados. Embargos do Contribuinte Acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração apresentados pela Unidade Preparadora e acolhidos os Embargos Inominados apresentados pelo contribuinte, com efeitos infringentes, para retificar o Acórdão embargado. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 71 9. 00 01 27 /2 00 5- 34 Fl. 317DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 26 /09/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RICARDO PAULO ROS A 2 (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Tratase de embargos de declaração apresentados pelo titular da unidade da Receita Federal de origem e pela autuada. Nos embargos de declaração (fls. 244/245), tempestivamente, o titular da unidade da Receita Federal de origem alegou suposto vício de contradição no acórdão nº 3102 00.684, de 26 de maio de 2010 (fls. 224/239), em que os membros deste Colegiado, por unanimidade de votos, decidiram dar provimento parcial ao recurso voluntário. Para a embargante, as operações de importação relativas às DI de nºs 01/11133305 e 02/09994716, ambas registradas, respectivamente, em 13/11/2001 e 10/11/2001 [10/11/2002], estavam sujeitas a multa prevista no art. 84, I, da Medida Provisória nº 2.15835/2001, haja vista que, diferentemente do asseverado no voto condutor do julgado, o registro das referidas DI ocorrera após 27/08/2001, data da entrada em vigor da norma legal que introduziu no mundo jurídico a referida penalidade. Em 22/10/2012, tempestivamente, a autuada também apresentou os embargos de declaração de fls. 304/307, em que pleiteou a rejeição dos embargos de declaração do titular da unidade da Receita Federal de origem e requereu a complementação do acórdão embargado, para que fosse declarado que as DI de nºs 00/05337954/001, 00/10370646/001, 00/1223695 5/001 e 01/11133305/001, cujas mercadorias foram classificadas no código NCM 9021.19.20, também estavam alcançadas pelos efeitos da alteração do critério jurídico. Para a segunda embargante, não obstante o entendimento consignado no voto condutor do julgado de que os efeitos da mudança de critério jurídico alcançavam somente as DI de nºs 02/09994716/001 e 03/04363000/001, houve evidente erro material na prolação do acórdão embargado ao concluir que o referido efeito limitarseia à mercadoria classificada no código NCM 9021.10.20, importada por meio dessas últimas DI, e não alcançava a mercadoria classificada no código NCM 9021.19.20, objeto das quatro primeiras DI, pois as referidas NCM eram correlatas e as diferenças entre elas decorriam das alterações nos códigos da mesma mercadoria, introduzidas pela NCM SH 2002 em relação aos códigos da NCM SH 1996, anteriormente vigente. Com base nas razões aduzidas no despacho de fls. 313/316, com fundamento no art. 65, § 3º, do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF 259/2009 (RICARF/2009), o então presidente da extinta 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara desta 3ª Seção, reconheceu a procedência do alegado vício de contradição e erro matéria apontados nos respectivos embargos e determinou que este Conselheiro, oportunamente, colocasse os autos em pauta de julgamento. É o relatório. Fl. 318DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 26 /09/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 12719.000127/200534 Acórdão n.º 3302003.335 S3C3T2 Fl. 318 3 Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. Atendidos os requisitos de admissibilidade de ambos os embargos, tomase conhecimento deles, para análise do vício de contradição alegado pelo titular da unidade da Receita Federal do Brasil (RFB) de origem e do erro material alegado pela autuada. Do erro contradição alegado pelo titular da unidade da RFB de origem. O titular da unidade da RFB de origem alegou vício de contradição entre o dispositivo do acórdão embargado e os seus fundamentos, sob argumento de que as operações de importação relativas às DI de nºs 01/11133305 e 02/09994716, ambas registradas, respectivamente, em 13/11/2001 e 10/11/2001 [10/11/2002], estavam sujeitas a multa prevista no art. 84, I, da Medida Provisória nº 2.15835/2001, haja vista que, diferentemente do afirmado no voto condutor do julgado, o registro das referidas DI ocorrera após 27/8/2001, data da vigência do citado preceito legal. O vício de contradição alegado pela recorrente, de fato, tratase de inexatidão material devido a lapso manifesto, hipótese que admite a interposição de embargos inominados, conforme previsto no art. 66 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF 343/2015 (RICARF/2015). Não assiste razão à embargante. A uma, porque, embora a referida DI nº 01/11133305/001 tenha sido registrada após a vigência do art. 84, I, da Medida Provisória nº 2.15835/2001, a proposição do cancelamento da multa aplicada aqui será feita por outro motivo, ou seja, em razão da mudança de critério jurídico, pelos fundamentos explicitados no tópico a seguir, em que se analisará os embargos da autuada. A duas, porque o motivo do cancelamento da referida multa em relação à DI nº 02/09994716/001, registrada em 10/11/2002, não foi porque o seu registro foi anterior a vigência do citado preceito legal, mas em razão da mudança de critério jurídico, conforme explicitado no excerto a seguir transcrito, extraído do voto condutor do referido julgado: Por tal motivo, entendo que assiste razão, em parte, a recorrente, pois, no caso em tela, só houve mudança de critério jurídico em relação às DI de nºs 02/09994716/001 e 03/04363000/001, onde o referido produto foi classificado no código NCM 9021.10.20. Como no Acórdão recorrido já foi afastado os créditos atinentes a última DI, no presente julgamento, resta ser excluídos do lançamento em apreço apenas os créditos relativos à DI de nº 02/09994716/001. (grifo não original) Dessa forma, conhecese dos presentes embargos, porém rejeitase a pretensão da embargante. Do erro material alegado pela autuada. Fl. 319DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 26 /09/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RICARDO PAULO ROS A 4 Nos embargos inominados, a autuada requereu correção do acórdão embargado, para que as DI de nºs 00/05337954/001, 00/10370646/001, 00/12236955/001 e 01/11133305/001 fossem também declaradas alcançadas pelos efeitos da alteração do critério jurídico, posto que houve evidente erro material no acórdão embargado ao restringir os efeitos da referida mudança apenas às mercadorias classificadas no código NCM 9021.10.20, objeto das DI de nºs 02/09994716/001 e 03/04363000/00. Segundo a embarbgante, as mercadorias declaradas nas referidas quatro DI, classificadas no código NCM 9021.19.20, eram correlatas e a diferença entre elas decorriam, exclusivamente, das alterações introduzidas nos códigos da NCM SH 1996 em relação aos correspondentes códigos da NCM SH 2002. Assiste a razão a autuada, ora embargante. De fato, compulsando a tabela de correlação do códigos da NCM SH 1996 com os da NCM SH 2002, existente no sítio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior1, verificase que os referidos códigos são correlatos e apresentam a mesma descrição “Artigos e aparelhos para fraturas”. Assim, fica evidenciado a inexatidão material suscitada pela embargante, pois, se o fundamento apresentado no voto condutor julgado, para excluir as DI de nºs 02/09994716/001 e 03/04363000/001, foi a mudança de critério jurídico em relação à classificação do produto importado no código NCM 9021.10.20, consequentemente, a mesma razão de decidir deve ser aplicada em relação ao mesmo produto descrito e importado por meio das DI de nºs 00/05337954/001, 00/10370646/001, 00/12236955/001 e 01/11133305/001, que apresentam classificação fiscal correlata a apresentadas nas referidas duas DI. Para espancar qualquer dúvida a respeito da existência da inexatidão material cometida, segue transcrito os trechos do voto condutor do julgado embargado, que serviu de fundamento para a questão em comento: Entretanto, há uma ressalva importante a ser feita. Por ocasião do procedimento de revisão aduaneira, a autoridade fiscal só se manifestou quanto ao correto enquadramento tarifário do produto no código NCM 9021.10.20. Acontece que o presente lançamento também alcançou às DI de nºs 00/05337954/001, 00/10370646/001, 00/12236955/001 e 01/11133305/001, onde o referido produto foi classificado no código NCM 9021.19.20. Especificamente, sobre esta classificação fiscal, não há notícias nos autos de que houve manifestação da autoridade fiscal a respeito. Consequentemente, em relação a tais DI, não há que se falar em mudança de critério jurídico. Por tal motivo, entendo que assiste razão, em parte, a recorrente, pois, no caso em tela, só houve mudança de critério jurídico em relação às DI de nºs 02/09994716/001 e 03/04363000/001, onde o referido produto foi classificado no código NCM 9021.10.20. Como no Acórdão recorrido já foi afastado os créditos atinentes a última DI, no presente julgamento, resta ser excluídos do lançamento em apreço apenas os créditos relativos à DI de nº 02/09994716/001. (grifo do original) 1 Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1325262905.pdf> Acesso em 19 mai 2015. Fl. 320DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 26 /09/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 12719.000127/200534 Acórdão n.º 3302003.335 S3C3T2 Fl. 319 5 Assim, uma vez demonstrada a inexatidão material alegada pela autuada, para restabelecer a higidez do acórdão embargado, além da DI de nº 02/09994716/001, também deve ser cancelada a cobrança dos créditos tributários lançados relativos às DI de nºs 00/05337954/001, 00/10370646/001, 00/12236955/001 e 01/11133305/001, inclusive da multa por classificação incorreta, prevista no art. 84, I, da Medida Provisória nº 2.15835. Com base nessas considerações, propugnase pelo cancelamento da cobrança do crédito tributário relativo às DI de nºs 00/05337954/001, 00/10370646/001, 00/1223695 5/001, 01/11133305/001 e 02/09994716/001, em razão da mudança do critério jurídico, de que trata o art. 146 do CTN. Da conclusão. Por todo o exposto, votase pela rejeição dos embargos de declaração interpostos pelo titular da unidade da Receita Federal de origem e pelo acolhimento dos embargos opostos pela autuada, com efeitos infringentes, para retificar o dispositivo do acórdão embargado, que passará a ter a seguinte redação: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, para cancelar integralmente a cobrança do crédito tributário lançado. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 321DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 26 /09/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RICARDO PAULO ROS A
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