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Numero do processo: 13888.904197/2009-16
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 28/02/2001
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.064
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente CRISTINA APARECIDA FREDERICH & CIA LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 28/02/2001 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 41 97 /2 00 9- 16 Fl. 268DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904197/200916 Acórdão n.º 9303004.064 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3302002.485, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 269DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904197/200916 Acórdão n.º 9303004.064 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 270DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904197/200916 Acórdão n.º 9303004.064 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 271DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904197/200916 Acórdão n.º 9303004.064 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 272DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904197/200916 Acórdão n.º 9303004.064 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 273DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904197/200916 Acórdão n.º 9303004.064 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 274DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904197/200916 Acórdão n.º 9303004.064 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 275DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 13819.001157/00-35
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/05/1990 a 31/12/1990, 01/05/1991 a 31/10/1991, 01/02/1992 a 31/07/1992, 01/01/1993 a 31/03/1993, 01/05/1993 a 31/08/1993, 01/01/1995 a 28/02/1995, 01/01/1996 a 28/02/1996, 01/04/1996 a 30/04/1996
Ementa:
PIS - LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO - DECADÊNCIA - ARTIGO 62-A DO RICARF. O Egrégio Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que nos casos onde são constatados recolhimentos mesmo que parciais do tributo, deve ser aplicado o artigo 150, § 4º e para os casos onde não foram efetivados recolhimentos deve ser aplicado o art. 173, I, ou parágrafo único, ambos do Código Tributário Nacional. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep.
Numero da decisão: 9900-000.356
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade dos votos, negar provimento ao Recurso Extraordinário da Procuradoria da Fazenda.
Matéria: PIS - ação fiscal (todas)
Nome do relator: Francisco maurício Rabelo de Albuquerque Silva
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/1990 a 31/12/1990, 01/05/1991 a 31/10/1991, 01/02/1992 a 31/07/1992, 01/01/1993 a 31/03/1993, 01/05/1993 a 31/08/1993, 01/01/1995 a 28/02/1995, 01/01/1996 a 28/02/1996, 01/04/1996 a 30/04/1996 Ementa: PIS LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO DECADÊNCIA ARTIGO 62A DO RICARF. O Egrégio Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que nos casos onde são constatados recolhimentos mesmo que parciais do tributo, deve ser aplicado o artigo 150, § 4º e para os casos onde não foram efetivados recolhimentos deve ser aplicado o art. 173, I, ou parágrafo único, ambos do Código Tributário Nacional. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade dos votos, negar provimento ao Recurso Extraordinário da Procuradoria da Fazenda. . OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. FRANCISCO MAURÍCIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA Relator. Fl. 563DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP26.1216.17052.AMK8. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias, Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Insurgese a Fazenda Nacional, em Recurso Extraordinário às fls. 485/497, admitido pelo Despacho às fls. 499, contra o Acórdão de fl. 477, que unanimemente negou provimento ao Recurso Especial da Fazenda, mantendo in totum o acórdão do recurso voluntário, que declarou parcialmente decadente o lançamento, restando não atingido apenas o período entre janeiro e março de 1996. O acórdão recorrido traz a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/1990 a 31/12/1990, 01/05/1991 a 31/10/1991, 01/02/1992 a 31/07/1992, 01/01/1993 a 31/03/1993, 01/05/1993 a 31/08/1993, 01/01/1995 a 28/02/1995, 01/01/1996 a 28/02/1996, 01/04/1996 a 30/04/1996. PIS. DECADÊNCIA. O prazo decadencial para a Fazenda Nacional constituir o crédito pertinente à contribuição para o Programa de Integração Social PIS é de 5 anos, como definido no art. 150, §4° do CTN, não se aplicando ao caso a norma do art. 45 da Lei n°8.212/61. Recurso especial negado. “ Aduz a Fazenda Nacional em seu apelo extraordinário que o Acórdão combatido causa dissídio jurisprudencial, citando contrariedade aos paradigmáticos Acórdãos (CSRF/01 03.167 e 0103.215), com ementas transcritas à fl. 488. Fl. 564DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP26.1216.17052.AMK8. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 13819.001157/0035 Acórdão n.º 9900000.356 CSRFPL Fl. 564 3 Segue argumentando que a falta de pagamento antecipado do tributo descaracteriza a incidência e aplicação do prazo decadencial do artigo 150, § 4º, do CTN, pois desta maneira não há pagamento a homologar, devendo ser aplicado o artigo 173, inciso I, também do Código Tributário. Na aplicação do aludido artigo 173, inciso I pela Fazenda Nacional, o prazo decadencial deve ter como marco inicial da contagem o primeiro diaútil do exercício seguinte àquele em que o lançamento deveria ter sido realizado pela Contribuinte, e não o fatogerador do tributo como fora aplicado nos autos em julgamento. Reforça tal entendimento reproduzindo à fl. 490 Informativo nº 250 do STJ, que sustenta a aplicação do marco inicial da decadência como estatui o artigo 173, inciso I do CTN. Cita também o parecer PGFN/CAT nº 1617/2008 às fls. 492/495. Por fim, pede reforma do acórdão recorrido para que seja alterado o marco inicial do prazo decadencial do direito de lançar o crédito tributário da Fazenda Nacional. Às fls. ContraRazões 503/520 da Contribuinte. Preliminarmente, pugna pelo não conhecimento do Recurso Extraordinário pelo mesmo não ter atendido aos prérequisitos do art. 43, § 1º do Regimento Interno, quando não fundamentou adequadamente a divergência objeto do apelo, conforme jurisprudência que transcreve em ementas às fls. 507/509. Noutra preliminar, mina o conhecimento do Recurso baseandose na existência de decisão judicial em mandado de segurança já transitado em julgado, cujo teor impede que a Contribuinte seja cobrada dos valores de PIS, tendo em vista que a segurança foi para autorizar a compensação dos valores pagos, cuja ementa transcreve à fl. 510. No mérito, reforça que o lançamento realizado pela Fazenda foi alcançado pela decadência. Fl. 565DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP26.1216.17052.AMK8. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 4 Reitera que os tributos sujeitos a lançamento por homologação devem ter prazo decadencial regido pelo artigo 150, §4º, encontrando guarida na ementa do STJ transcrita à fl. 512. Segue colacionando diversas ementas do STJ e deste Conselho às fls. 513/519, apoiando a tese articulada de que o marco inicial deve ser o fatogerador, assim como restou decidido no acórdão recorrido pela Fazenda. Por fim, pede mantença da decisão que declarou decadente em parte o lançamento da Fazenda. É o relatório. Voto V O T O do Conselheiro Relator Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva O Recurso preenche condições de admissibilidade porque tempestivo, e comprovando a divergência devidamente decodificada no texto do apelo. Constato no Acórdão nº 20215.832 na fl. 372 que os membros da Segunda Câmara do Segundo Conselho de então, deram parcial provimento ao Recurso Voluntário, a unanimidade, e no relatório de fl. 373 que alguns períodos foram depositados judicialmente e outros recolhidos via DARF, tudo relativamente aos valores aqui questionados, na conformidade do trecho que transcrevo, in verbis: “Neste trabalho estaremos concomitantemente considerando os depósitos judiciais parcialmente convertidos em renda da União (fls. 98/117/121), bem como alguns recolhimentos não considerados anteriormente e estaremos ratificando algumas de suas datas de arrecadação e/ou valor, conforme listagem e cópia dos DARF às fls. 99 a 145.” Neste sentido, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça relativamente ao prazo decadencial aplicável aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, posicionouse no Resp. nº973.733SC(2007/01769940), tendo como relator o Ministro Luiz Fux: Fl. 566DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP26.1216.17052.AMK8. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 13819.001157/0035 Acórdão n.º 9900000.356 CSRFPL Fl. 565 5 “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º E 173 DO CTN. IMPOSSIBILIDADE.” Diante do exposto, materializado nos autos o direito pela aplicação do Art. 150, § 4º do CTN, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Extraordinário da Fazenda Nacional mantendo incólume a decisão constante do Acórdão 0203.624 de fl. 477. Sala das Sessões, 28 de agosto de 2012. Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva – Relator. Fl. 567DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP26.1216.17052.AMK8. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA em 30/11/2012 18:27:18. Documento autenticado digitalmente por FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA em 30/11/2012. Documento assinado digitalmente por: OTACILIO DANTAS CARTAXO em 21/01/2013 e FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA em 30/11/2012. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 26/12/2016. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP26.1216.17052.AMK8 Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Outros". 3) Selecione a opção "eAssinaRFB - Validação e Assinatura de Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 138190011570035. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
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Numero do processo: 13804.000467/2005-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Nov 10 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3401-000.960
Decisão: Vistos e relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria, converter os presentes autos em diligência, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan e Robson José Bayerl.
ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente
FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rodolfo Tsuboi.
Nome do relator: FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA
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Resolvem os membros do colegiado, por maioria, converter os presentes autos em diligência, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan e Robson José Bayerl. ROBSON JOSÉ BAYERL – Presidente FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rodolfo Tsuboi. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 04 .0 00 46 7/ 20 05 -6 9 Fl. 23781DF CARF MF Processo nº 13804.000467/200569 Resolução nº 3401000.960 S3C4T1 Fl. 23.782 2 Relatório Versa o presente sobre Declaração de Compensação, em formulário aprovado pela IN SRF nº 460/2004, protocolizado em 31/01/2005, de um único débito com saldo credor da Contribuição para o PIS/PASEP, na sistemática da não cumulatividade, relativo a receitas de exportação do mês de outubro de 2003, no valor de R$ 500.000,00 (fls1. 3/4), com fundamento no inc. II, do §1º, do art. 5º, da Lei n° 10.637/2002. No Parecer de fls. 42/45, que embasa o Despacho Decisório proferido em 05/11/2009 (fl. 45) e cientificado em 02/12/2009 (AR à fl. 47), restou consignado que: (a) para comprovação dos créditos pleiteados, este e outros processos parentes, foram encaminhados para DEFIC/SP, iniciandose a ação fiscal com o Termo de Início de Fiscalização, lavrado em 14/04/2009, cientificado por via postal em 17/04/2009; não havendo resposta à primeira intimação, a Fiscalização intimou novamente a empresa, pelo Termo de ReIntimação, lavrado em 29/05/2009, recebido por via postal em 24/06/2009; e, diante da ausência de respostas às intimações, a DEFIC/SP encerrou a ação fiscal, propondo o indeferimento do pedido pela falta de apresentação de documentação comprobatória dos créditos pleiteados, enviando os processos para DERAT/SP para prosseguimento, conforme Informação Fiscal às fls. 39/41; (b) a empresa, mesmo sendo intimada por duas vezes pela DEFIC/SP, não comprovou a veracidade dos créditos pleiteados, portanto, não satisfazendo os requisitos de liquidez e certeza exigidos pelo artigo 170, do CTN, para efeitos de autorização da compensação; (c) a não apresentação dos documentos solicitados implicou o indeferimento integral do direito creditório e a não homologação da compensação vinculada, pela falta de comprovação dos créditos pleiteados. Ciente do despacho decisório em 02/12/2009 (AR à fl. 47), a empresa apresenta Manifestação de Inconformidade em 30/12/2009 (fls. 50/70), sustentando, em síntese emprestada da decisão recorrida, que: (a) apresenta inicialmente um quadro demonstrativo, no qual expõe minuciosamente o conteúdo da declaração de compensação ora examinada, informando a natureza do débito a compensar, bem como o respectivo valor, código e período de apuração; (b) afirma que o "histórico do objeto" emitido pelos Correios e anexo indica meramente a data de entrega do Termo de Início de Fiscalização, não contendo o aviso de recebimento com o nome e assinatura do recebedor. Acrescenta que o setor responsável da empresa não recebeu o aludido documento, o que a levou a solicitar aos Correios informações acerca do nome do recebedor no intuito de averiguar se teria havido extravio no interior de suas dependências; (c) assevera que, ao receber o Termo de Reintimação, entrou em contato com os auditores fiscais por intermédio de seu, patrono, a fim de obter cópia do Termo de Início de Fiscalização e solicitar prorrogação do prazo de 5 dias concedido para a entrega dos arquivos magnéticos, tendo em vista que o art. 20 da IN SRF n° 86/2001 lhe facultava prazo de 20 dias para cumprir tal exigência; (d) observando que, além de indeferir o pedido de prorrogação, os auditores fiscais não aceitaram os arquivos magnéticos que lhes foram apresentados após o decurso do prazo de 5 dias, assinala que o prazo de atendimento da segunda intimação também deveria ser de 20 dias, visto que, embora possuam discricionariedade para decidir se devem reintimar ou não o contribuinte, não podem as ditas autoridades fixar o prazo a ser cumprido, quando este se encontra previsto em diploma legal. Entende portanto que a fixação do referido prazo constitui ato vinculado, diferentemente do envio de nova intimação, a seu ver ato discricionário da autoridade administrativa; (e) ressalta ademais ser desnecessária a verificação dos arquivos magnéticos pertinentes à contabilidade da empresa, alegando que, para atestar a 1 Todos os números de folhas indicados neste documento referemse à numeração eletrônica do eprocesso. Fl. 23782DF CARF MF Processo nº 13804.000467/200569 Resolução nº 3401000.960 S3C4T1 Fl. 23.783 3 existência e a validade dos créditos de Pis apurados, bastaria analisar seus documentos fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, consistindo basicamente em DIPJ, DCTF, DACON, notas fiscais, livros de registro de entradas e saídas, etc.; (f) salienta a impossibilidade de apresentar no exíguo prazo de 5 dias os documentos requisitados, em virtude de seu volume expressivo, o qual se deve à quantidade de informações solicitadas e de lançamentos correspondentes; (g) no tocante ao item "6" do Termo de Início de Fiscalização, afirma que as notas fiscais de entrada e saída nele mencionadas sempre estiveram à disposição do Fisco e continuam a sua disposição; (h) esclarece que os créditos de Pis pleiteados, como consta no demonstrativo anexo, provêm de custos, despesas e encargos vinculados a receitas de exportação e que os apurou na forma da lei n° 10.833/2003 (na verdade na lei 10.637/2002, conforme se lê no dito demonstrativo), declarandoos devidamente na DIPJ e no DACON; (i) ressalta que as autoridades fiscais, além de não abordar nenhum aspecto relativo à inexistência do direito creditório ou do seu quantum, não comprovaram que ele seja facto ou inventado; (j) voltando a mencionar o DACON, o demonstrativo de créditos de Pis anexo, a DCTF e a DIPJ, assinala que os auditores fiscais não lhes questionaram a veracidade ou validade; (k) assinala que as informações contidas nas fichas 20 e 21 da DIPJ relativa ao exercício de 2004 conferem com aquelas exibidas pelo DACON, como mostram as cópias desses documentos; (l) declara que, ao não apreciar os arquivos magnéticos, a DIPJ (fichas 20 e 21), o DACON, a DCTF, as notas fiscais de saída e de entrada e os livros fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, o autor do parecer decisório impugnado feriu os princípios da instrumentalidade processual e da verdade material; (m) afirma haver juntado aos autos 1 DVD contendo os arquivos magnéticos solicitados, assim como cópia física dos seguintes documentos: DACON, Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais – DACON, e Demonstrativo do Crédito de Pis; e (n) finalmente, estribada em diversos julgados do Conselho de Contribuintes transcritos, requer que — na linha desses precedentes e em nome do princípio da verdade material — este órgão judicante anule o presente processo a partir do despacho decisório e determine que a autoridade a quo analise o pedido de restituição à luz dos documentos e arquivos magnéticos trazidos aos autos, "deferindose, por conseguinte, o pedido de restituição e homologandose as compensações declaradas vinculadas ao presente processo". Por fim, demanda juntada à manifestação de inconformidade os seguintes documentos: Procuração; Atas de Incorporação da Perdigão Agroindustrial S.A. pela Perdigão S.A.; Ata de alteração da denominação social de Perdigão S.A. para BRFBrasil Foods S.A.; Ata de Eleição da Diretoria; Cópia da cédula de identidade; e Cópia do despacho decisório; Cópia do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais — DACON; Planilhas informando a composição dos valores constante da DACON (linha a linha), indicando as contas contábeis lançadas, sendo: Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON; e Demonstrativo do crédito do PIS; além de 1 (um) DVD contendo os arquivos magnéticos solicitados. Na decisão de primeira instância, proferida em 10/06/2010 (fls. 164/173) e cientificada em 09/07/2010 (AR à fl. 176), a DRJ acorda unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos: (a) carece de fundamento a pretensão de invalidar o despacho ora impugnado, somente sendo nulos se lavrados por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa e que, no caso vertente, não vislumbrase nenhuma dessas hipóteses do art. 59, do Decreto nº 70.235/72; (b) o histórico do objeto constitui documento oficial extraído do sítio dos Correios, possuindo fé pública; (c) não há prova nos autos de que a contribuinte tenha de fato apresentado os arquivos magnéticos às autoridades fiscais ou pedido dilação de prazo; (d) não houve nenhuma irregularidade processual, visto que o prazo concedido pelas autoridades tributárias decorre de disposição Fl. 23783DF CARF MF Processo nº 13804.000467/200569 Resolução nº 3401000.960 S3C4T1 Fl. 23.784 4 expressa de lei; (e) o art. 11, caput, da lei n° 8.218/91 prevê textualmente a obrigatoriedade de os contribuintes que possuam escrituração em meio magnético conservála à disposição das autoridades fiscais; (f) em face da inação da interessada, não restou alternativa além de encerrar a ação fiscal e propor que se denegasse o ressarcimento dos referidos créditos, citando o art. 40, da lei n° 9.784/99; (g) para apurar a liquidez e certeza do direito creditório em apreço, cumpre verificar se possui todos os documentos necessários à comprovação; (h) entre outros elementos de prova, as notas fiscais dos bens e serviços utilizados como insumos (linhas 2 e 3), assim como documentos comprobatórios das despesas relativas a energia elétrica (linha 4), aluguéis de máquinas (linha 6), bens do ativo imobilizado (linha 9), etc.; (i) sem tal documentação tornase impossível aferir a veracidade dos dados registrados nos livros contábeis e fiscais da empresa, dos quais se presume que ela tenha extraído as informações contidas nos arquivos magnéticos que apresentou com a manifestação de inconformidade; (j) a documentação a que aludi não foi anexada ao processo, cuja instrução portanto ficou prejudicada, não havendo qualquer indício de que o sujeito passivo a teria posto à disposição do Fisco; (k) único disco digital (DVD) juntado aos autos está incompleto; (l) embora esteja sujeita à observância dos princípios da instrumentalidade processual e da verdade material, a autoridade administrativa não pode examinar o mérito de uma declaração de compensação se não dispuser de todos os elementos necessários a sua análise; e (m) por ausência de lei que atribua eficácia normativa, não constitui norma geral de direito tributário a decisão processo fiscal proferida pelo CARF. Após ciência ao acórdão de primeira instância (AR à fl. 176) em 09/07/2010, apresentase, em 10/08/2010, o recurso voluntário de fls. 183/196, sustentando, em síntese que: (a) o Termo de Início de Ação Fiscal, jamais chegou a conhecimento da ora Recorrente e que somente o AR Aviso de Recebimento, não o "histórico do objeto", comprovaria o recebimento; (b) não questiona a fé pública dos documentos: "histórico do objeto" emitidos pelos Correios, mas o encaminhamento do Termo Início de Ação Fiscal ao seu estabelecimento (c) ao receber o Termo de Reintimação, solicitou prorrogação do prazo de 5 dias concedido para a entrega dos documentos solicitados, reiterando que o art. 2º da IN SRF n° 86/2001 lhe facultava o prazo de 20 dias para cumprir tal exigência e, ainda que fosse de 5 dias, deveria ser de 5 dias úteis; (d) além de indeferir o pedido de prorrogação, os auditores fiscais não aceitaram documentos que lhes foram apresentados após o decurso do prazo de 5 dias; (e) não foi dada à Recorrente a real e efetiva oportunidade de demonstrar seu crédito, seja pela falta de intimação em um primeiro momento, seja pelo reduzido prazo concedido no Termo de Reintimação; (f) ser desnecessária a verificação da parte dos arquivos magnéticos não apresentados, alegando que, para atestar a existência e a validade dos créditos de Pis apurados, bastaria analisar os DACON, as planilhas demonstrativas da apuração do crédito, além dos seus documentos fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco; (g) apresenta, nesta oportunidade, o balancete mensal da empresa, no qual constam todas as contas que compõem os créditos e débitos de PIS de outubro de 2003, referidas nas citadas planilhas; e (h) finalmente, na linha de precedentes do Conselho de Contribuintes transcritos, — e em nome dos Princípios da Verdade Material, do Informalismo e da Instrumentalidade — preliminarmente, requer que este órgão judicante anule o presente processo, a partir do despacho decisório, em razão de vício no procedimento de fiscalização; e, no mérito, seja dado provimento ao presente Recurso Voluntário, para o fim de reconhecer o crédito de PIS; ou ainda, a conversão do julgamento em diligência para confirmação do crédito de PIS, a partir dos documentos constantes nos autos e os disponíveis no estabelecimento da o Recorrente. Por fim, demanda juntada ao recurso voluntário os seguintes documentos: Substabelecimento, documentos societários e documentos pessoais; e Balancete contábil. Fl. 23784DF CARF MF Processo nº 13804.000467/200569 Resolução nº 3401000.960 S3C4T1 Fl. 23.785 5 Em Sessão de 27/02/2014, via Resolução nº 3401000.801 4ªCAM/1ªTO, determinouse a conversão do julgamento em diligência, nos termos determinados pela Relatora original, in verbis: "Entendo que os autos devam ser baixados em diligência para que a DRF competente intime o Recorrente para apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias, para que venha a apresentar as notas fiscais referentes ao objeto do requerimento, livro razão, bem como demais documentos que entenda por bem juntar aos autos para comprovar o crédito." Em 25/08/2014, por meio da Intimação nº 324/2014 ARFITJ/DRF/FNS, a Recorrente foi intimada à apresentação dos documentos, nos exatos termos da Resolução, atendendoa parcialmente, com a anexação dos documentos às fls. 307/411, conforme Despacho de Encaminhamento (fl. 412). Às folhas seguintes (fls. 413/23.780), diversos outros anexos, juntados após o retorno do processo ao CARF. É o relatório. Voto Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como visto do relatório, tratase de Declaração de Compensação, de um único débito com saldo credor da Contribuição para o PIS/PASEP, na sistemática da não cumulatividade, relativo a receitas de exportação do mês de outubro de 2003, com fundamento no inc. II, do §1º, do art. 5º, da Lei n° 10.637/2002. Preliminar Antes de se entrar no mérito da questão, cumpre enfrentar a preliminar suscitada pelo recorrente. No que tange ao pedido de nulidade, a partir do despacho decisório, em razão de vício no procedimento de fiscalização, penso que o argumento não merece prosperar. Alega a recorrente nulidade do procedimento de fiscalização, prévio ao Despacho Decisório ora tratado, e, conseqüentemente, de todos os atos processuais e decisões que o sucederam, seja pela falta de intimação em um primeiro momento: Termo de Início de Fiscalização, seja pelo reduzido prazo concedido em um segundo momento: Termo de Reintimação. Fl. 23785DF CARF MF Processo nº 13804.000467/200569 Resolução nº 3401000.960 S3C4T1 Fl. 23.786 6 Tratandose de lançamento de ofício, comprovase a regularidade do procedimento fiscal, fundamentalmente, porque atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN, bem como os requisitos dos arts. 10 e 11, do Decreto nº 70.235/1972 (PAF). Tratandose de pedido de compensação, o procedimento fiscal ganha contornos distintos, servindo também de meio de coleta de provas em favor da preensão do requerente, não havendo que se falar em nulidade de um procedimento inquisitivo auxiliar, ainda mais, quando o ônus da prova pertence ao inquirido (art. 36, da Lei nº 9.784/1999), e os documentos solicitados e não entregues tempestivamente à fiscalização dizem respeito a fatos que deveriam estar previamente detalhados, registrados na escrituração contábil/fiscal do sujeito passivo e disponíveis, não sendo razoável pleitear crédito sem medidas prévias de detalhamento da quantificação e comprovação, inclusive, por meio dos arquivos magnéticos exigíveis. Ainda assim, a prova documental tem seu momento próprio de apresentação, na instauração do procedimento contraditório, em sede de Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, nos termos do § 4º, do art. 16, do PAF, não havendo prejuízo ou cerceamento do direito de defesa com a apresentação de provas nesse instante processual, guardada também prerrogativa do julgador demandar por novas provas, ao teor do livre convencimento motivado, do art. 29, do mesmo diploma legal, assim como ocorrido no presente caso, onde determinou se a conversão do julgamento em diligência, por meio da Resolução nº 3401000.801, de 2014. Por fim, analisando detidamente o despacho decisório e o procedimento fiscal, também não se constatando hipóteses de nulidade, nos termos do art. 59, do PAF, atos e termos lavrados por pessoa incompetente e/ou despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, devese rejeitar a preliminar suscitada. Mérito A Recorrente requer, no mérito, seja dado provimento ao presente Recurso Voluntário, para o fim de reconhecer o crédito de PIS nãocumulativo, decorrente de operações de exportações de mercadorias de outubro de 2003, homologandose a compensação declarada; ou a conversão do julgamento em diligência, para que as r. autoridades fiscais, com os documentos constantes nos autos e os disponíveis no estabelecimento da Recorrente, possam confirmar a existência do crédito de PIS. Quando ao pedido principal da Recorrente, entendo, da mesma forma que a relatora original, que os documentos até então apresentados, mesmo após a diligência inicial, não são suficientes, por si sós, para demonstrar a existência do direito creditório pleiteado. No entanto, não é também o caso de indeferimento sumário do direito de crédito, uma vez que, nos termos do § 4º, do art. 16, do PAF, documentos foram inicialmente juntados no momento próprio: Manifestação de Inconformidade, consubstanciando indícios de provas suficientes à permitir o julgador administrativo manifestarse sobre o mérito do pedido e respectivas provas indicadas, ou propor uma dilação probatória mínima, necessária à formação do convencimento para a solução da lide. Em Sessão de 27/02/2014, essa mesma Turma, em outra composição, atendendo ao pedido alternativo da Recorrente, determinou a conversão do julgamento em diligência, por meio da Resolução nº 3401000.801, de 27/02/2014, para que a DRF competente intimasse a Recorrente à apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias, as notas fiscais referentes ao objeto do requerimento, livro razão, bem como demais documentos que entendesse por bem juntar aos autos para comprovar o crédito. Fl. 23786DF CARF MF Processo nº 13804.000467/200569 Resolução nº 3401000.960 S3C4T1 Fl. 23.787 7 A Recorrente foi intimada à apresentação dos documentos, nos exatos termos da Resolução, atendendoa parcialmente, com nova apresentação de documentos (fls. 307/411), em momento próprio, no curso da diligência fiscal, e posteriormente, às folhas seguintes (fls. 413/23.780), diversos outros anexos, juntados após o retorno do processo ao CARF. Da leitura, chegase à conclusão que a diligência foi cumprida, tanto pela DRF competente, quanto pela Recorrente, ainda que parcialmente, em um primeiro momento. Na ATA DA REUNIÃO DE JULGAMENTO, de 27/02/2014, registrouse apenas que, por maioria, converteuse o julgamento do recurso em diligência nos termos do voto da relatora. Vencido o Conselheiro Júlio Ramos. E, nos termos do voto da relatora, o qual determinava, exclusivamente, a juntada de documentos: notas fiscais, livro razão e demais documentos, a diligência foi cumprida, porém, não sendo conclusiva quando a (in)existência do direito creditório pleiteado, mesmo porque, não foi expressamente demandada à DRF competente (para decidir sobre o reconhecimento do direito creditório/compensação de débitos) nada além do que foi feito, apesar da reconhecida expertise e atribuição originária da DRF que, à presente data do eventual reconhecimento do direito creditório, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, para conclusivamente manifestarse sobre o pedido de ressarcimento de créditos e/ou compensação de débitos, quantificando e reconhecendo, ou não, o direito de crédito alegado, concluindo por homologar, ou não, a compensação declarada. Do exposto, entendo que os autos devam ser novamente baixados em diligência, agora, para que a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Florianópolis/SC exercite seu mister à quantificar e reconhecer o direito de crédito de saldo credor do PIS nãocumulativo, decorrente de operações de exportações de mercadorias de outubro de 2003, caso existente, a partir dos documentos já apresentados e outros que entenda necessários, concluindo sobre a possibilidade de homologação da compensação declarada pela Recorrente, apresentando, ao final, Relatório Conclusivo sobre ser o valor do direito de crédito reconhecido suficiente, ou não, à extinção do débito declarado no presente processo, informando o valor remanescente à cobrança, se houver. Concluído os trabalhos, o sujeito passivo deverá ser cientificado do resultado da realização da diligência: Relatório Conclusivo, sendo concedido prazo de 30 (trinta) dias para manifestação, nos termos do parágrafo único, do art. 35, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Após os autos deverão retornar ao CARF para julgamento. Fenelon Moscoso de Almeida Relator Fl. 23787DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13819.903335/2008-74
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.056
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente THREE BOND DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 90 33 35 /2 00 8- 74 Fl. 158DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903335/200874 Acórdão n.º 9303004.056 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3402001.415, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 159DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903335/200874 Acórdão n.º 9303004.056 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903335/200874 Acórdão n.º 9303004.056 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 161DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903335/200874 Acórdão n.º 9303004.056 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 162DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903335/200874 Acórdão n.º 9303004.056 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903335/200874 Acórdão n.º 9303004.056 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903335/200874 Acórdão n.º 9303004.056 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 165DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 11516.721537/2012-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 26 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Oct 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
TRIBUTAÇÃO REFLEXA DO IRPJ. COMPETÊNCIA. 1ª SEÇÃO.
À Primeira Seção do CARF compete processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância referentes a tributos exigidos em procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ.
Numero da decisão: 3201-001.497
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, declinando a competência deste julgamento para a 1ª Seção, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
JOEL MIYAZAKI - Presidente.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes.
Nome do relator: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2008 TRIBUTAÇÃO REFLEXA DO IRPJ. COMPETÊNCIA. 1ª SEÇÃO. À Primeira Seção do CARF compete processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância referentes a tributos exigidos em procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ.
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COMPETÊNCIA. 1ª SEÇÃO. À Primeira Seção do CARF compete processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância referentes a tributos exigidos em procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, declinando a competência deste julgamento para a 1ª Seção, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. JOEL MIYAZAKI Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 15 37 /2 01 2- 65 Fl. 483DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 11516.721537/201265 Acórdão n.º 3201001.497 S3C2T1 Fl. 484 2 Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. Tratase de Auto de Infração, com lançamento de contribuições para o PIS, no valor de R$ 851.822,09 e para a COFINS, no valor de R$ 3.923.544,22, no regime da nãocumulatividade, relativas ao período de 01/2008 a 12/2009, acrescidos de juros de mora e da multa proporcional de 150%. Procedimento Fiscal: Na verificação fiscal junto à contribuinte acima identificada foram constatadas irregularidades quanto às aquisições de insumos das empresas Gold Comércio e Beneficiamento de Minérios Ltda., doravante referenciada apenas como Gold, e T’Mel Beneficiamento Mineral Ltda. ME, doravante referenciada como T’Mel através de documentos considerados inidôneos, os quais levaram à glosa dos respectivos valores compensados em Dcomp, considerados como não declarados, gerando o Auto de Infração contestado. Os referidos documentos se referiam a supostos pagamentos efetuados pela empresa, referentes à aquisição de carvão mineral, matériaprima para a produção de coque, atividade principal do sujeito passivo. No caso da empresa Gold, foram constatados valores expressivos em relação a notas fiscais/duplicatas, os quais teriam sido pagos em espécie, segundo a empresa fiscalizada. Segundo o fisco, as notas fiscais e duplicatas de compra de carvão mineral desta empresa revelavam aspectos suspeitos quanto a sua idoneidade: falta de autenticações, carimbos ou anotações que indicassem a efetiva entrega da mercadoria; falta de comprovação do efetivo ingresso dessas mercadorias, bem como do efetivo pagamento à favorecida; falta do registro do recebimento e movimentação financeira por parte da vendedora (Gold). Em diligência junto à empresa Gold, verificou o fisco a trajetória desta empresa desde a sua constituição até a alteração da denominação Valério Veículos Ltda. Para Gold Comércio e Beneficiamento de Minérios Ltda., na qual foram verificadas inúmeras irregularidades de ordem formal. Constatou ainda a efetiva participação do responsável por esta alteração, contador da empresa, como intermediário na solicitação dos serviços de impressão das notas fiscais tidas como“falsas”. Por outro lado, os sócios desta empresa Sr. José Luiz Valério e sua esposa Neli Roecker Valério fizeram declarações de próprio punho quanto ao não reconhecimento da assinatura na terceira alteração contratual e, ainda, que após a exploração do ramo de comércio de veículos, teriam cessado suas atividades. Inicialmente, o contribuinte teria apresentado à auditoria fiscal, de forma parcial, as notas fiscais emitidas pela Gold, que foram Fl. 484DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 11516.721537/201265 Acórdão n.º 3201001.497 S3C2T1 Fl. 485 3 objeto de apreensão, recusandose, posteriormente, a entregar a totalidade das notas fiscais. Na diligência na T´Mel, constatou o fisco que a empresa estaria desativada, tendo havido a confecção e emissão de notas fiscais inidôneos para a prática de crime tributário. Embora lançados contabilmente, os documentos foram reconhecidos como inidôneos pelo contador da empresa fiscalizada Mineração Caravaggio que passou a considerálos indedutíveis, tendo apresentado à fiscalização livros contábeis elaborados à última hora no decorrer do procedimento fiscal, onde os valores das mencionadas notas fiscais estão lançadas como adições dos ajustes do lucro líquido do exercício. Consta ainda do relatório fiscal que o sujeito passivo informou de forma parcial os valores de contribuições sociais relativas ao PIS e à Cofins, estribado em suposta isenção incidente sobre a receita bruta do sujeito passivo, que consiste na produção de coque, a partir do beneficiamento da matéria prima, o carvão mineral, baseado no fato de que o destinatário – Tupy Fundições – utiliza o coque fundição em substituição à energia elétrica, proporcionando uma razoável economia de eletricidade. Segundo o fisco, a hipótese legal da não incidência (alíquota zero), tipificada no art. 2º. da Lei nº. 10.312/200, alterada pela Lei nº. 12.431/2011, está prevista para o caso da venda de carvão mineral destinado à geração de energia elétrica, o que não é o caso do sujeito passivo, que adquire o carvão mineral como matéria prima para a produção de coque, o qual é vendido para outros fins. Houve o agravamento da multa imposta, em vista de que as circunstâncias descritas revelaram de forma inequívoca a intenção firme e consciente da contribuinte no sentido de suprimir tributo, mediante sonegação, fraude e conluio praticados de forma dolosa e agravam o valor da multa, nos termos das disposições contidas no artigo 44, inciso I, parágrafo 1º. da Lei nº. 9.430/96, c/c os artigos 71, 72 e 73 da Lei nº. 4.502/64. Impugnação A contribuinte apresenta a sua defesa dividida em tópicos, os quais se relata aqui, sucintamente: Sob o tópico “3 Nulidade das Prorrogações de Prazo constantes do MPFE não motivadas e nunca informadas ao sujeito passivo”, a contribuinte suscita a nulidade das prorrogações de prazo constantes do MPFE, alegando, em síntese, a violação do princípio da ampla defesa e ao princípio da cientificação. Alega que estas prorrogações não constam do Auto de Infração; que foi ultrapassado o prazo de até sessenta dias de validade dos atos, determinado no art. 7º., §2º. Do Decreto 70.235/72 e o art. 12 da Portaria SRF nº. 6.087; que o parágrafo 3º., do art. 13 da referida Portaria estabelece que o AFRF responsável pelo Fl. 485DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 11516.721537/201265 Acórdão n.º 3201001.497 S3C2T1 Fl. 486 4 procedimento, quando das prorrogações, deve fornecer o Demonstrativo de Emissão e Prorrogação. No item “4 – Nulidade do Auto de Infração”, suscita a incompetência para fiscalizar PIS e Cofis por ausência de MPF Complementar. Remete aos artigos 2º. e 10º. da Portaria SRF nº. 6.087, para alegar que, ainda que tenha havido a alteração do MPF para a inclusão de PIS e Cofins, não houve a expedição de MPF Complementar, conforme determinado na referida Portaria, restando injustificadas as apurações e infrações referentes a quaisquer outros tributos que não o IRPJ. No tópico “5 – Nulidade do Termo de Apreensão de Documentos”, alega que para este ser válido, deve conter obrigatoriamente a assinatura do sujeito passivo, meio idôneo para comprovar sua ciência e a observância do devido processo legal; que a Lei do Processo Administrativo Federal preceitua que são inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos; que é evidente a nulidade e inidoneidade do Termo de Apreensão de Documentos para instruir o Auto de Infração. Requer, assim, a nulidade de todos os atos do Auto de Infração que decorram das supostas notas falsas apreendidas. No item “6 – Contabilidade imprestável”, alega sobre a impossibilidade de manutenção da modalidade Lucro Real em razão da glosa de (quase) a totalidade dos custos. Sustenta que a glosa das notas fiscais opera em dissonância à manutenção da modalidade de lucro real adotada, em vista de que, na hipótese de válidos os argumentos esposados pelos auditores, a contabilidade seria imprestável para se apurar IRPJ, CSLL e, consequentemente, o recolhimento insuficiente de PIS e Cofins. Segundo a contribuinte, as supostas fraudes na emissão de notas fiscais “frias” inseridas na contabilidade da empresa, daria ensejo à aplicação da Lei nº. 8.981/95, combinada com o RIR/99 (Decreto 3.000/99), com a aplicação do lucro arbitrado como único meio de aferir rendimento tributável. Cita acórdãos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para reiterar que o procedimento de glosa de quase a totalidade dos custos da recorrente, com a manutenção por lucro real não atende aos requisitos legais de fiscalização tributária, indo de encontro à legislação aplicável ao presente caso, em especial aos artigos 47 da Lei nº. 8.981/95 e art. 530 do RIR/99. Requer a nulidade de todo o procedimento e que seja realizada nova apuração, com a aplicação do lucro arbitrado para apurar a suposta insuficiência de recolhimento de PIS e Cofins, porque inviável a manutenção da modalidade da tributação após a glosa de quase totalidade dos custos. No tópico “7 – Impossibilidade de desconsideração de notas fiscais sem o Ato Declaratório de Inidoneidade”, alega que não Fl. 486DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 11516.721537/201265 Acórdão n.º 3201001.497 S3C2T1 Fl. 487 5 foi realizado o regular procedimento, conforme descrito na Portaria 187/93 do MF, art. 1º. Destaca que a Declaração de Inidoneidade é imprescindível para a posterior desconsideração da contabilidade do sujeito passivo. Ainda, que o procedimento que resultou em diligências em outras empresas, declarações e comparação de assinaturas não foi precedido de ampla defesa e contraditório; que foi realizada perícia grafotécnica (nas assinaturas dos Contratos Sociais) pelo próprio auditor fiscal; que não houve válida decisão acerca da inidoneidade das empresas emitentes; que estas empresas continuam com CNPJ ativo; que, perante a Secretaria de Fazenda do Estado de Santa Catarina, o “Edital de Cancelamento” só foi publicado mais de um ano após o período em que foram emitidas as notas; que existem inscrições em dívida ativa e notificações para os períodos de 05/2010 a 07/2012, o que só se justificaria caso a atividade da empresa estivesse sendo exercida nestes períodos; que, do contrário, estarseia declarando a falsidade e inidoneidade de notas por estar cancelada a empresa, de um lado, e de outro, tributando as mesmas notas fiscais. Por fim, que seria contraditório considerar nulas as notas para fins de tributar a impugnante e, simultaneamente, tributar a atividade da empresa ‘inexistente’. Requer a declaração de nulidade por terem sido considerados documentos que não foram prévia e validamente declarados falsos ou inidôneos. No tópico “8 Opção pela forma de pagamento do Imposto – Lucro Real não optado pela contribuinte”, remete ao art. 3º. da Lei nº. 9.430/96 paras alegar que não optou expressamente pela tributação pelo Lucro Real e que a opção pelo Lucro Presumido representaria menor onerosidade ao contribuinte, cujo princípio seria aplicado ao presente caso, nos termos do art. 112 do CTN. Aduz que, nos anos de 2008 e 2009, não recolheu guias DARF referentes à tributação por Lucro Real, conforme extratos (doc. 05); e que o contador da empresa laborou em equívoco ao entregar LALUR dos anos de 2008/2009 à fiscalização. Em “9 Despesas dedutíveis”, alega que uma planilha apresentada “à última hora” pelo contador jamais poderia ser utilizada como base de cálculo; que não foi observado se houve ou não comprovação dos custos, resumindose o fisco a somar o total das despesas da planilha apresentada sem averiguar se estas eram dedutíveis ou não; que muitas destas despesas se tratam de compras de matéria prima flagrantemente dedutíveis. Cita alguns destes lançamentos, por amostragem. Requer a exclusão dos valores apurados com base na planilha de valores não dedutíveis, ou, alternativamente, que seja determinada a perícia contábil para apurar quais as despesas que foram equivocadamente incluídas como não dedutíveis, gerando a indevida incidência de PIS e Cofins, em desacordo com a legislação tributária. Fl. 487DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 11516.721537/201265 Acórdão n.º 3201001.497 S3C2T1 Fl. 488 6 No item “10 – Apuração indevida da contribuição ao PIS/Cofins”, a contribuinte alega que, caso mantida a tributação com base no lucro real, nos termos da Lei nº. 10.637/02 e Lei nº. 10.833/03, seria necessário aplicar a sistemática da não cumulatividade às contribuições ao PIS e Cofins, de forma que teria direito ao creditamento de todos os custos despendidos na produção de bens e de serviços, posto que, segundo ela, todos os gastos empregados para a obtenção de todas as receitas podem ser considerados insumos. Quanto ao item “11 Inaplicabilidade da Multa”, alega que, não havendo comprovação do dolo ou fraude (por ausência de Ato Declaratório de Inidoneidade), incabível seria a aplicação da multa duplicada. Subsidiariamente, requer o reconhecimento da aplicação da multa no percentual de 20% por atraso no recolhimento. No item “12 – Produção de Prova Pericial”, sustenta que, ainda que se considere viável o ato fiscal no que tange às provas produzidas no Auto de Infração, em havendo necessidade de realização de prova pericial para apurar a falsidade das notas fiscais e das assinaturas apostas no Contrato Social, esta perícia deverá ser realizada por profissional competente para tanto, com acompanhamento de assistente técnico do sujeito passivo, apresentação de quesitos e possibilidade de contraditar os atos realizados. Em “12Requerimentos”, em síntese, repetese em seus argumentos acima relatados, reiterando o pedido de nulidade do procedimento fiscal. Por fim, requer a exclusão das despesas tidas como não dedutíveis, a concessão de prazo para identificação específica de cada despesa tida como não dedutível, com a realização de prova pericial contábil para apura o valor a ser excluído do auto de infração; a apuração de valores a serem creditados em razão da nãocumulatividade de PIS e Cofins, incidentes sobre todos os gastos inerentes à atividade produtiva da impugnante; a exclusão da multa de 150% aplicada, afastandose igualmente a multa de 75%; a exclusão da totalidade das multas, aplicando se, subsidiariamente, a multa de 20%; e a realização de prova pericial sobre as assinaturas e contratos acostados aos autos, bem como de perícia contábil, solicitando a concessão de prazo para juntada de quesitos e indicação de assistente técnico, a produção de prova documental, bem como a oitiva das testemunhas. Sobreveio decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em.Florianópolis/SC, que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Fl. 488DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 11516.721537/201265 Acórdão n.º 3201001.497 S3C2T1 Fl. 489 7 Anocalendário: 2008, 2009 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. BENS E SERVIÇOS. Para efeito da nãocumulatividade das contribuições, há de se entender o conceito de insumo não de forma genérica, atrelando o à necessidade na fabricação do produto e na consecução de sua atividadefim (conceito econômico), mas adstrito ao que determina a legislação tributária (conceito jurídico), vinculando a caracterização do insumo à sua aplicação direta ao produto em fabricação. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2008, 2009 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. BENS E SERVIÇOS. Para efeito da nãocumulatividade das contribuições, há de se entender o conceito de insumo não de forma genérica, atrelando o à necessidade na fabricação do produto e na consecução de sua atividadefim (conceito econômico), mas adstrito ao que determina a legislação tributária (conceito jurídico), vinculando a caracterização do insumo à sua aplicação direta ao produto em fabricação. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009 INFRAÇÃO. MULTA AGRAVADA. É aplicável a multa de 150% no caso em que ficar caracterizada a ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Voto Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Tratase o presente processo de Autos de Infração referentes à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, no regime da nãocumulatividade. A ação fiscal foi demandada pelo Mandado de Procedimento Fiscal MPF n° 09.2.01.002011013574, sendo realizados os procedimentos de fiscalização das obrigações tributárias relativos ao IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, nos anos calendários de 2008 e 2009. Fl. 489DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 11516.721537/201265 Acórdão n.º 3201001.497 S3C2T1 Fl. 490 8 A fiscalização constatou a prática de fraude pelo contribuinte, mediante a utilização de notas fiscais e faturas inidôneas como despesas dedutíveis para fins de apuração do lucro real, bem como para geração de créditos da nãocumulatividade do PIS e da Cofins. Esta infração foi objeto do presente lançamento e do Auto de infração referente ao IRPJ e a CSLL (Processo nº 11516.721499/201241). Foi verificado ainda o não recolhimento do PIS e da Cofins referentes a receita obtida com a venda do produto Coque, devido a contribuinte considerarse isenta, entendimento não acatado pela fiscalização e cujos tributos não recolhidos são exigidos no presente lançamento. A contribuinte, em seu recurso voluntário, não contesta a exigência referente a receita que considerava isenta, restringindo seus argumentos a nulidade do Auto de Infração, a aplicação da multa de ofício e a exigência decorrente da utilização de notas fiscais e faturas inidôneas. Tendo em vista o exposto, constatase que o presente auto de infração tem por fundamento fatos que resultaram na configuração de infração à legislação do IRPJ, qual seja a utilização de notas fiscais e faturas inidôneas como despesas dedutíveis para fins de apuração do lucro real. Assim sendo, conforme previsto no artigo 2º, inciso IV do RICARF, a Primeira Seção deste Conselho possui a competência para julgamento da lide, e não a Terceira Seção: Art. 2º À Primeira Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de: [...] IV demais tributos, quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ; Tendo em vista o presente processo ter sido distribuído incorretamente a este conselheiro, designado para mandato na 1ª Turma da 2ª Câmara da 3ª Seção, voto por não conhecer do recurso voluntário e declinar a competência para seu julgamento a uma das Câmaras da 1ª Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Fl. 490DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 11516.721537/201265 Acórdão n.º 3201001.497 S3C2T1 Fl. 491 9 Fl. 491DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/12/2013 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 27/01/2014 por JOEL MIYAZAKI
score : 1.0
Numero do processo: 15586.002464/2008-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 31 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/12/2001 a 31/10/2007
CORRELAÇÃO ENTRE PROCESSOS DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUSÊNCIA.
A nulidade por vício formal de processo de obrigação principal não será reproduzida no processo de obrigação acessória cujo auto de infração foi regularmente lavrado.
Embargos Rejeitados.
Numero da decisão: 2301-004.767
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos e os rejeitar, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral o Dr. Tiago Conde Teixeira, OAB/DF 24.259.
João Bellini Junior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, ALICE GRECCHI, AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, FABIO PIOVESAN BOZZA, ANDREA BROSE ADOLFO, GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES, JULIO CESAR VIEIRA GOMES e MARCELA BRASIL DE ARAUJO NOGUEIRA.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/12/2001 a 31/10/2007 CORRELAÇÃO ENTRE PROCESSOS DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUSÊNCIA. A nulidade por vício formal de processo de obrigação principal não será reproduzida no processo de obrigação acessória cujo auto de infração foi regularmente lavrado. Embargos Rejeitados.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1211; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 785 1 784 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15586.002464/200850 Recurso nº Embargos Acórdão nº 2301004.767 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 12 de julho de 2016 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO: DEIXAR DE APRESENTAR DOCUMENTOS Embargante ARCELORMITTAL BRASIL S.A SUCESSORA DE ARCELORMITTAL TUBARÃO COMERCIAL S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/12/2001 a 31/10/2007 CORRELAÇÃO ENTRE PROCESSOS DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUSÊNCIA. A nulidade por vício formal de processo de obrigação principal não será reproduzida no processo de obrigação acessória cujo auto de infração foi regularmente lavrado. Embargos Rejeitados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 24 64 /2 00 8- 50 Fl. 788DF CARF MF Impresso em 31/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 24/08/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos e os rejeitar, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral o Dr. Tiago Conde Teixeira, OAB/DF 24.259. João Bellini Junior Presidente Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, ALICE GRECCHI, AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, FABIO PIOVESAN BOZZA, ANDREA BROSE ADOLFO, GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES, JULIO CESAR VIEIRA GOMES e MARCELA BRASIL DE ARAUJO NOGUEIRA. Fl. 789DF CARF MF Impresso em 31/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 24/08/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 15586.002464/200850 Acórdão n.º 2301004.767 S2C3T1 Fl. 786 3 Relatório Tratamse de embargos opostos com fundamento no artigo 65 do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015. Segue parte da ementa no acórdão embargado: EXIBIÇÃO DE LIVROS OU DOCUMENTOS. OBRIGAÇÃO AFETA A TODOS OS CONTRIBUINTES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. Apresentar documentos e livros relacionados com a previdência social é obrigação que afeta a todos os contribuintes da previdência social. Por isto, configura infração ao artigo 33, §§ 2 e 3, da Lei 8.212/91, deixar a empresa de exibir à Auditoria Fiscal da Receita Federal do Brasil tais livros e documentos. Entende o embargante que teria havido omissão. O acórdão embargado não teria enfrentado a alegação de conexão entre o presente processo de obrigação acessória e o processo de obrigação principal. A autuação por falta de apresentação de documentos teria motivado o arbitramento de contribuições previdenciárias, cujo lançamento fora declarado nulo pela decisão de primeira instância e, assim, também seria nula a autuação sob exame: Assim, a suposta não entrega dos documentos acima listados teria impedido que a fiscalização verificasse o recolhimento das contribuições sociais sobre os valores gastos com os serviços prestados mediante cessão de mãodeobra e, por essa razão, lavrou um outro auto de infração, o AI 37.178.0322. Pela suposta não entrega, também lavrou a presente multa! Para além disso, lavrou o auto de infração da obrigação principal, arbitrando o valor supostamente não recolhido. ... A decisão embargada não menciona a autuação de origem, AI Nº 37.178.0322, que acarretou a lavratura da presente obrigação assessória. E a menção à autuação principal é extremamente relevante, pois FOI INTEGRALMENTE CANCELADA PELA DRJ, em 2011. Eis o conteúdo da decisão proferida pela DRJ, cujo inteiro teor segue em anexo (doc. 02): “Acordam os membros da Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar, nos termos do inteiro teor desta decisão, em dar provimento à impugnação, cancelando o crédito tributário, no valor original de R$ 51.056.011,29. A Presidente substituta da Turma de Julgamento, considerando o disposto no artigo 10 da Portaria MF n° 03, de 03 de janeiro de 2008, DOU de 07/01/2008, resolve interpor Recurso de Ofício ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF". Acórdão 1243.112 – 12” ... Fl. 790DF CARF MF Impresso em 31/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 24/08/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 Ora, é certo que a obrigação acessória tem existência independente da obrigação principal, mas se – em processo administrativo anterior – restou demonstrado que todo procedimento de fiscalização estava maculado, não há sentido em manter a existência por ausência de cumprimento de obrigação acessória. A empresa deixou os documentos à inteira disposição da Fiscalização, tanto que os apresentou posteriormente e a autuação foi cancelada. Em despacho, o Senhor Presidente da turma entendeu presentes os pressupostos para conhecimento dos embargos. É o Relatório. Fl. 791DF CARF MF Impresso em 31/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 24/08/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 15586.002464/200850 Acórdão n.º 2301004.767 S2C3T1 Fl. 787 5 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Comprovada a tempestividade, conheço dos embargos e passo ao exame. De fato, o acórdão embargado não enfrentou a aplicação no presente processo de obrigação acessória da mesma decisão proferida no processo de obrigação principal. Verifico que no caso a obrigação acessória descumprida foi a recusa em apresentar livros ou documentos de interesse da fiscalização: EXIBIÇÃO DE LIVROS OU DOCUMENTOS. OBRIGAÇÃO AFETA A TODOS OS CONTRIBUINTES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DESCUMPRIMENTO. INFRAÇÃO. Apresentar documentos e livros relacionados com a previdência social é obrigação que afeta a todos os contribuintes da previdência social. Por isto, configura infração ao artigo 33, §§ 2 e 3, da Lei 8.212/91, deixar a empresa de exibir à Auditoria Fiscal da Receita Federal do Brasil tais livros e documentos. O processo de obrigação principal indicado foi o nº 15586.002463/200813. No caso, a fiscalização realizou lançamento tributário por arbitramento sobre serviços sujeitos à retenção na cessão de mão de obra. O fundamento para o arbitramento foi a falta de apresentação de documentos para a verificação das características dos serviços prestados por terceiros. O que ensejou o auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, examinado pelo acórdão embargado. Observada a decisão proferida no processo de obrigação principal nº 15586.002463/200813, constato que se declarou nulidade por vício formal, não teria sido indicado o dispositivo legal para o arbitramento, fls. 759. Como se depreende da análise, o vício formal não contamina o presente processo de obrigação acessória. A correlação entre os processos de obrigação principal e obrigação acessória não implica uma interdependência absoluta, mas apenas relativa às características que lhes sejam comuns, sobretudo questões fáticas e fundamentos jurídicos. No presente caso nenhuma característica coincide. O vício não esta presente neste auto de infração por descumprimento de obrigação acessória. Nele não há arbitramento que possa ensejar uma análise da presença ou não dos fundamentos que o justifique. Assim, voto por conhecer dos embargos para rejeitálos. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 792DF CARF MF Impresso em 31/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 24/08/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 Fl. 793DF CARF MF Impresso em 31/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 24/08/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10865.904919/2012-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2005
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO
A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia.
PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL.
A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-002.336
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cassio Shappo.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2005 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado.
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DCOMP. Recorrente ELO COMERCIO DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazêlo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cassio Shappo. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 49 19 /2 01 2- 08 Fl. 108DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904919/201208 Acórdão n.º 3201002.336 S3C2T1 Fl. 0 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. Relatório ELO COMERCIO DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito de Contribuição para o PIS/Pasep. A DRF LIMEIRA emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade a contribuinte alegou, em síntese, que comercializa alguns produtos sujeitos à tributação monofásica (alíquota zero sobre as suas vendas), que foram indevidamente tributados, o que deu origem aos créditos informados no PER/Dcomp. Procurando demonstrar a existência do direito creditório junta ao processo cópia da DCTF retificadora. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 08026.247. A DRJ fundamentou que a simples retificação da DCTF não é suficiente para comprovar o pagamento indevido ou a maior que o devido, e que a contribuinte não trouxe aos autos elementos comprobatórios do direito creditório utilizado na compensação declarada. Em seu recurso voluntário a Recorrente traz, em resumo, os seguintes argumentos: a) reitera que a origem de seu direito creditório decorre da inclusão indevida, na base de cálculo da contribuição, de receitas oriundas da venda de produtos sujeitos à alíquota 0%, conforme anexo I da Lei nº 10.485/2002 (SILENCIOSO componente do sistema de escapamento NCM 87.08.92.00), que já teriam sofrido tributação obedecendo ao critério monofásico; b) afirma que procurou comprovar o direito creditório com a manifestação de inconformidade acompanhada da DCTF retificadora, mas que, agora, junta aos autos demonstrativo mais detalhado e minucioso (listagem de notas fiscais com indicação dos produtos vendidos com respectivas alíquotas aplicáveis, cópia do Registro de Saídas e da GIA correspondentes), servindo para o reconhecimento de seu direito de crédito ou, pelo menos, para justificar a realização de diligência (cita a Resolução nº 3803000.330 como precedente); c) caso o Colegiado decida pela realização de diligência, informa que todas as notas fiscais relacionadas nos demonstrativos estão sob sua guarda, à disposição do Fisco; Fl. 109DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904919/201208 Acórdão n.º 3201002.336 S3C2T1 Fl. 0 3 d) sustenta que a decisão recorrida negou seu direito atendose a aspecto meramente formal, sem observar o princípio da verdade material, que norteia o processo administrativo fiscal. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.316, de 24/08/2016, proferido no julgamento do processo 10865.904904/201231, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.316): "Observados os pressupostos recursais, a petição de fls. 70 a 78 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJ/Fortaleza/3ª Turma, nº 0826.232, de 20 de agosto de 2013. No presente caso, a decisão recorrida não acolheu a alegação de erro na apuração da contribuição social, nem a simples retificação da DCTF para efeito de alterar valores originalmente declarados, porque o declarante, em sede de manifestação de inconformidade, não se desincumbiu do ônus probatório que lhe cabia e não juntou nos autos seus registros contábeis e fiscais, acompanhados de documentação hábil, para infirmar o motivo que levou a autoridade fiscal competente a não homologar a compensação ou mesmo para eventualmente comprovar a alegada inclusão indevida de valores na base de cálculo das contribuições, que poderiam levar à reduções de valores dos débitos confessados em DCTF. Agora, já no recurso voluntário, o interessado aporta aos autos novos documentos, que não haviam sido oferecidos à autoridade julgadora de primeira instância. A possibilidade de conhecimento desses novos documentos, não oferecidos à instância a quo, deve ser avaliada à luz dos princípios que regem o Processo Administrativo Fiscal. O PAF, assim dispõe, verbis: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...]Art. 16. A impugnação mencionará: [...]III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 110DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904919/201208 Acórdão n.º 3201002.336 S3C2T1 Fl. 0 4 [...]§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) [...]Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). O processo administrativo fiscal pode ser considerado como um método de composição dos litígios, empregado pelo Estado ao cumprir sua função jurisdicional, com o objetivo imediato de aplicar a lei ao caso concreto para a resolução da lide. Em razão de vários fatores, a forma como o processo se desenvolve assume feições diferentes. Humberto Theodoro Júnior em "Curso de Direito Processual Civil, vol. I" (ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303) assim diz: “enquanto processo é uma unidade, como relação processual em busca da prestação jurisdicional, o procedimento é a exteriorização dessa relação e, por isso, pode assumir diversas feições ou modos de ser.”. Ensina o renomado autor que “procedimento é, destarte, sinônimo de ‘rito’ do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo”. Neste sentido, o procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Conforme os antes transcritos artigos 14 e 15 do Decreto 70.235/1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal (PAF), é a impugnação da exigência, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, que instaura a fase litigiosa do procedimento. (grifei) Por sua vez, o art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972, estabelece que as provas devem ser apresentadas juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual. O sistema da oficialidade, adotado no processo administrativo, e a necessidade da marcha para frente, a fim de que o mesmo possa atingir seus objetivos de solução de conflitos e pacificação social, impõem que existam prazos e o estabelecimento da preclusão. Contudo, uma fria análise da norma pode vir a chocarse com os princípios da verdade material e da ampla defesa. Vejamos que a Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo em geral, no art. 3º, possibilita a apresentação de alegações e documentos antes da decisão e, no art. 38, permite que documentos probatórios possam ser juntados até a tomada da decisão administrativa. Entretanto, conforme a melhor doutrina, deve ser aplicada ao caso a lei específica existente, Decreto nº 70.235/1972, que determina o rito do processo administrativo fiscal, em detrimento da lei geral. Fl. 111DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904919/201208 Acórdão n.º 3201002.336 S3C2T1 Fl. 0 5 Neste ponto, sobre o momento da apresentação da prova no processo administrativo fiscal, cabe mencionar que de fato existe na jurisprudência uma tendência de atenuar os rigores da norma, afastando a preclusão em alguns casos excepcionais, que indicam trataremse daqueles que se referem a fatos notórios ou incontroversos, no tocante a documentos que permitem o fácil e rápido convencimento do julgador. Logo, o direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação e será determinado a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, bem como à percepção de que efetivamente houve um esforço na busca de comprovar o direito alegado, que é ônus daquele que objetiva a restituição, ressarcimento e/ou compensação de tributos. Como se vê, as alegações de defesa são faculdades do demandado, mas constituemse em verdadeiro ônus processual, porquanto, embora o ato seja instituído em seu favor, não sendo praticado no tempo certo, surgem para a parte conseqüências gravosas, dentre elas a perda do direito de fazêlo posteriormente, pois operase, nesta hipótese, o fenômeno da preclusão, isto porque, conforme já dito, o processo é um caminhar para a frente, não se admitindo, em regra, ressuscitar questões já ultrapassadas em fases anteriores. O § 4º do art. 16 do PAF estabelece que só é lícito deduzir novas alegações em supressão de instância quando: relativas a direito superveniente, demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Compete ainda ao julgador administrativo conhecer de ofício de matérias de ordem pública, a exemplo da decadência; ou por expressa autorização legal. Finalmente, o § 5º do mesmo dispositivo legal exige que a juntada dos documentos deve ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. Especificamente no caso desses autos, o recorrente não se preocupou em produzir oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal: o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, segundo o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. No mesmo sentido o art. 330 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC): Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 112DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904919/201208 Acórdão n.º 3201002.336 S3C2T1 Fl. 0 6 O recorrente tampouco comprovou a ocorrência de qualquer das hipóteses das alíneas “a” a “c” do § 4º do art. 16 do PAF, que justificasse a apresentação tão tardia dos referidos documentos. No caso, o acórdão da DRJ foi bastante claro ao fundamentar suas conclusões pela insuficiência da comprovação do direito creditório alegado quando afirmou: "a simples retificação da DCTF sem que o contribuinte tenha juntado aos autos documentos hábeis e idôneos que comprovem as alterações efetuadas não pode servir como justificativa de eventual erro no preenchimento da DCTF" (grifei). Ao final, a decisão recorrida novamente destaca: "a manifestação de inconformidade procura justificar o erro na declaração DCTF Original mediante retificação da DCTF, após a ciência do Despacho Decisório, sem apresentação de elementos comprobatórios do direito creditório pleiteado no citado PER/DCOMP. (grifei) A propósito dos documentos que instruem a peça recursal (demonstrativos do faturamento mensal, do cálculo dos créditos de PIS e Cofins e das compensações, bem como cópia do registro de saídas e da apuração do ICMS), verificase que o contribuinte anexou uma relação de Notas Fiscais de 7 (sete) páginas de extensão, fls. 79 a 85, afirmando que tal providência o dispensaria da anexação de todas estas notas emitidas no período, em face de seu "grande volume". Quanto à esta alegação, deve ser contraposto que o presente processo já foi instaurado na forma digital, o que em muito facilitaria a juntada da totalidade das referidas notas fiscais. Embora ressalte que todas estas Notas estariam sob sua guarda e poderiam ser imediatamente disponibilizadas na hipótese de realização de diligência, o interessado sequer procurou juntar algumas Notas como amostragem, o que ao menos denotaria um mínimo esforço no sentido de comprovar o efetivo teor das mesmas. Ainda, também não se preocupou em demonstrar a origem das mercadorias que teria revendido, mediante a apresentação das Notas Ficais de aquisição das mesmas, no sentido de comprovar que de fato o fabricante/fornecedor operava sob o regime da tributação monofásica. No caso, optou por reiterar suas alegações quanto à supremacia da verdade material sobre a verdade formal, quando deveria procurar demonstrar de maneira efetiva suas alegações juntando cópias de pelo menos parte de todas estas notas, para que o julgamento ocorresse com base em elementos concretos, capazes de comprovar a veracidade do alegado direito creditório. O recorrente invoca o princípio processual da verdade material. O que deve ficar assente é que o referido princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. Em outras palavras, o principio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega/pleiteia, a oportunidade de produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Fl. 113DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904919/201208 Acórdão n.º 3201002.336 S3C2T1 Fl. 0 7 Dito de outro modo: da mesma forma que não é aceitável que um lançamento seja efetuado sem quaisquer provas e que se permita posteriormente, em sede de julgamento ou por meio de diligências, tal instrução probatória, também não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Pelo exposto, entendo que deve ser afastada a insinuação recursal, implícita no brado pelo princípio da verdade material, de que esta instância de julgamento estaria obrigada a acolher todos e quaisquer documentos que por ventura acompanhem o recurso, primeiro porque existe um evidente limite temporal para a apresentação de provas no rito instituído pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF que no presente caso é o momento processual da apresentação da manifestação de inconformidade, segundo porque o ônus probatório aqui é do contribuinte, quando este pleiteia um ressarcimento ou uma restituição de indébito, tem a obrigação de comprovar inequivocamente o seu alegado direito creditório no momento que contesta o despacho decisório e instaura o contencioso. Como se vê, a documentação juntada ao recurso voluntário não se revela suficiente para atestar liminarmente a liquidez e a certeza do crédito oposto na compensação declarada e demandaria a reabertura da dilação probatória, o que, de regra, como já visto, não se admite na fase recursal do processo, exceto em casos excepcionais. A comprovação do valor do tributo efetivamente devido (e, por conseqüência, do direito à restituição de eventual parcela recolhida a maior) no caso concreto deveria ter sido efetuada mediante apresentação de documentos contábeis e fiscais que patenteassem que o valor da contribuição do período de apuração de interesse não atingiu o valor informado na DCTF vigente quando da emissão do Despacho Decisório aqui analisado, mas apenas o valor informado na DCTF retificadora (que no presente caso sequer efeitos surte quanto à redução deste débito). Como tal documentação não foi juntada no momento processual oportuno e nem mesmo agora em sede de recurso voluntário foi integralmente apresentada, quedou sem comprovação a certeza e liquidez dos créditos do contribuinte contra a Fazenda Pública, atributos indispensáveis para a homologação da compensação pretendida, nos termos do art. 170 do CTN. Sobre a jurisprudência trazida à colação pelo recorrente, inclusive a citada Resolução nº 3803000.330, devese contrapor que se tratam de decisões isoladas, que não se enquadram ao caso em exame e nem vinculam o presente julgamento, podendo cada instância decidir livremente, de acordo com suas convicções. Além disso, tratamse de precedentes que não constituem normas complementares, não têm força normativa, nem efeito vinculante para a administração tributária, pela inexistência de lei nesse sentido, conforme exige o art. 100, II, do CTN. Alertandose para a estrita vinculação das autoridades administrativas ao texto da lei, no desempenho de suas atribuições, sob pena de responsabilidade, motivo pelo qual tais decisões não podem ser aplicadas fora do âmbito dos processos em que foram proferidas. Fl. 114DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904919/201208 Acórdão n.º 3201002.336 S3C2T1 Fl. 0 8 Com essas considerações, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. Winderley Morais Pereira Fl. 115DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Numero do processo: 10820.000225/2009-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 1995
REMISSÃO DÉBITOS.INAPLICABILIDADE.
A remissão de que trata o art. 14, da Lei nº 11.941/2009, somente poderá ser concedida quando o total dos débitos do contribuinte não ultrapassarem o valor de R$10.000,00.
Não há que se falar em remissão de débitos com a Fazenda Nacional, quando a situação de fato não se subsume ao disposto no referido artigo.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INAPLICABILIDADE.
Conforme artigo 173, II do Código Tributário Nacional CTN, no caso de declaração de nulidade do lançamento por vício formal, o lançamento substitutivo deve ser realizado dentro do prazo de cinco anos da ciência da decisão que reconheceu a nulidade por vício formal.
Conforme Súmula CARF nº 11, não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal.
Recurso Negado
Numero da decisão: 2301-004.790
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(Assinado digitalmente)
João Bellini Júnior - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Alice Grecchi - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Gisa Barbosa Gambogi Neves, Julio Cesar Vieira Gomes, Andrea Brose Adolfo, Alice Grecchi e Fabio Piovesan Bozza
Nome do relator: ALICE GRECCHI
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A remissão de que trata o art. 14, da Lei nº 11.941/2009, somente poderá ser concedida quando o total dos débitos do contribuinte não ultrapassarem o valor de R$10.000,00. Não há que se falar em remissão de débitos com a Fazenda Nacional, quando a situação de fato não se subsume ao disposto no referido artigo. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INAPLICABILIDADE. Conforme artigo 173, II do Código Tributário Nacional CTN, no caso de declaração de nulidade do lançamento por vício formal, o lançamento substitutivo deve ser realizado dentro do prazo de cinco anos da ciência da decisão que reconheceu a nulidade por vício formal. Conforme Súmula CARF nº 11, não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. Recurso Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (Assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente. (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 00 02 25 /2 00 9- 11 Fl. 66DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 Alice Grecchi Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Gisa Barbosa Gambogi Neves, Julio Cesar Vieira Gomes, Andrea Brose Adolfo, Alice Grecchi e Fabio Piovesan Bozza Relatório Trata o presente processo de lançamento do Imposto Territorial Rural ITR e Contribuições Sindicais do Exercício 1995, no total de R$ 4.734,16, formalizado na Notificação de Lançamento de fls. 21, relativo ao imóvel rural denominado Fazenda São João, com área total de 853,5 ha, NIRF 35965649, localizado no município de Santópolis do Aguapeí/SP. O lançamento foi cientificado ao contribuinte, por via postal, em 26/02/2009 (fls. 23). O lançamento em questão foi formalizado em fevereiro/2009, em decorrência do reconhecimento da nulidade do lançamento anterior, por vício formal, pelo Acórdão CSRF/0305.397, sessão de 13 de agosto de 2007, que negou provimento ao recurso especial contra o Acórdão n.° 30332.660, sessão de 07 de dezembro de 2005. Em fl. 32, antes do julgamento, a DRJ devolveu o presente feito para à DRF/Araçatuba/SP, nos seguintes termos: O débito questionado apresenta vencimento posterior ao indicado na citada Medida Provisória, razão pela qual não deve ter sido objeto de verificação automática pelos sistemas da Receita Federal para avaliar seu possível enquadramento nos critérios de remissão ali previstos. Porém, como o mesmo é decorrente do lançamento formalizado no ano de 1996, com vencimento em 30/09/1996, declarado nulo pela segunda instância de julgamento administrativo, é mister que o órgão lançador avalie se o lançamento anterior apresentava os requisitos para a remissão prevista no art. 14 da MP 449/2008, o que pode implicar na falta de justificativa para o novo lançamento. Visto que, para o Exercício ora tratado, cabe observar as disposições da Norma de Execução SRF/COSAR/COSIT n° 07/1996, que atribuía às DRF/IRF de jurisdição do domicílio do contribuinte a análise inicial do pedido de retificação do lançamento, e que é cabível a revisão de ofício do lançamento pela autoridade administrativa nos casos previstos no art. 149 do CTN, devolvo o presente processo à DRF/Araçatuba/SP, para análise da situação e, se for o caso, cancelamento da exigência e posterior arquivamento do processo. Caso seja constatada a impossibilidade de reconhecimento da remissão, deve ser elaborado relatório dos fatos que justificarem esse entendimento, antes do retorno dos autos a esta DRJ, para julgamento do mérito da impugnação. Em fl. 33 consta a consolidação do débito em 31/12/2007, informando que o débito consolidado representava um total de R$ 15.421,05. A DRF/Araçatuba/SP acosta, em fls. 34 Parecer SACAT N.º 10820/473/2009, concluindo que: Fl. 67DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10820.000225/200911 Acórdão n.º 2301004.790 S2C3T1 Fl. 67 3 Por meio da presente Revisão, contatei que não houve remissão do crédito tributário anulado por vício formal, tendo em vista que ele estava suspenso para julgamento e sua consolidação, na data de 31/12/2007, importava em R$15.421,05 (v. fls. 30). Importância que ultrapassa o limite estabelecido no Art. 14 da Lei 11.941. Dessa forma, o lançamento ora questionado está correto. Na impugnação de fls. 02 a 10, apresentada em 26/03/2009, a representante legal do contribuinte argumentou, em suma, o que segue: A primeira Notificação de Lançamento do ITR do Exercício 1995, com vencimento em 30/09/1996, foi impugnada em 20/09/1996, e o lançamento foi julgado procedente; foi apresentado recurso ao Terceiro Conselho de Contribuintes, que anulou o lançamento, reconhecendo a nulidade da notificação efetuada por meio eletrônico, sendo essa decisão confirmada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais; posteriormente, foi emitida nova Notificação de Lançamento do ITR/1995, com vencimento em 31/03/2009; A exigência não pode prosseguir, em razão do prazo decorrido desde o primeiro lançamento, tendo ocorrido prescrição intercorrente; para ilustrar seu entendimento, transcreveu doutrina e jurisprudência judicial; A Medida Provisória 449/2008 convertida na Lei n.° 11.941/2009, instituiu a remissão de dívida tributária em seu art. 14, o que se aplica ao débito em questão por ser inferior a R$ 10.000,00 e 31/12/2007, resultando na extinção da obrigação tributária. O lançamento, ora recorrido, foi formalizado em decorrência do reconhecimento da nulidade da Notificação de Lançamento anterior pela Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais do antigo Conselho de Contribuintes, conforme Acórdão n.° CSRF/0305.397, sessão de 13 de agosto de 2007, formalizado em 23 de junho de 2008, que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, conforme ementa a seguir transcrita: NULIDADE VÍCIO FORMAL É nula por vício formal a Notificação de Lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu, requisito essencial prescrito em lei. O Recurso da Fazenda Nacional questionou o Acórdão n.° 30332.660, da Terceira Câmara do antigo Terceiro Conselho de Contribuintes, sessão de 07 de dezembro de 2005, que, por maioria de votos, declarou a nulidade da notificação, por vício formal. A impugnação contra o lançamento anulado foi tratada no processo n.° 13805.010826/9624, anexo ao presente, pela então DRJ/São PauloSP, que julgou procedente o lançamento, Decisão DRJ/SPO n.° 4044, de 26 de novembro de 1999, sob o argumento, em suma, de que o lançamento foi efetuado de acordo com a legislação tributária em vigor e que os documentos apresentados não justificavam sua alteração. Conforme consta acima, atendendo solicitação da DRJ (fls. 32), a Sacat/DRF/Araçatuba/SP analisou a situação do lançamento do ITR/1995 do imóvel e concluiu que o débito respectivo não se enquadrou nos requisitos de remissão previstos na Lei n.° 11.941/2009 (fls. 34). Fl. 68DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 A Turma Julgadora de Primeira Instância julgou a impugnação improcedente, restando a decisão assim ementada: Assunto: Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 1995 . PRESCRIÇAO. PRESCRIÇAO INTERCORRENTE. No processo administrativo fiscal não se inicia a contagem do prazo prescricional enquanto estiver suspensa a exigibilidade do crédito tributário em razão de apresentação de impugnação ou recurso, pendentes de julgamento. A prescrição intercorrente não se aplica ao crédito tributário em litígio na esfera administrativa, pendente de decisão. REMISSAO DE DEBITOS TRIBUTARIOS. A remissão prevista na Lei n.° 11.941/2009 somente se aplica a débitos que, em 31/12/2007, estavam vencidos a mais de cinco anos, cujo valor consolidado era igual ou inferior a dez mil reais. VALOR DA TERRA NUA VTN A base de cálculo do imposto é o valor da terra nua apurado com base no VTN mínimo por hectare, fixado pela Administração Tributária, se não for apresentada comprovação efetiva que justifique reconhecer valor menor. O EMPREGADOR RURAL Para efeito de enquadramento sindical, é considerado empresário ou empregador rural, o proprietário cujo imóvel rural se enquadre na situação prevista no inciso II, alínea b do Decreto Lei 1.166/1971, sendo, nesse caso, devida a contribuição à CNA. Impugnação Improcedente YCrédito Tributário Mantido A notificação do Acórdão 0419.662 1ª Turma da DRJ/CGE ao sujeito passivo ocorreu em 23/03/2010, mediante Aviso de Recebimento AR (fl. 44). Sobreveio recurso voluntário em 22/04/2010 (fls. 46/55). Em suas razões cingiuse a argüir a prescrição intercorrente, bem como remissão da dívida, com base no art. 14, da Lei nº 11.941/2009. É o relatório. Voto Conselheira Alice Grecchi O presente recurso possui os requisitos de admissibilidade do Decreto 70.235/72, merecendo ser conhecido. Fl. 69DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10820.000225/200911 Acórdão n.º 2301004.790 S2C3T1 Fl. 68 5 Segundo se verifica nos autos, o Recorrente, representado pelo seu Espólio, na pessoa da Inventariante Sra. Maria Terezinha de Barros Cisneiros, não veio a combater o mérito da autuação, limitandose a alegar que a cobrança em questão não pode prevalecer, posto a ocorrência de prescrição intercorrente, bem como a remissão da dívida pelo art. 14, da Lei nº 11.941/09. Quanto à prescrição intercorrente, não há como acolher a sua pretensão, uma vez que se trata de matéria objeto da Súmula CARF nº 11, que dispõe: Súmula CARF n° 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. Nos termos do caput do artigo 72, do Anexo II, do Regimento Interno deste Colegiado, aprovado pela Portaria MF n° 343, de 9 de junho de 2015, “As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF." No que tange a remissão da dívida, aqui não se pode aplicar o art. 14 da Lei nº 11.941/2009, resultante da Medida Provisória nº 449, de 03 de dezembro de 2008, considera remitidos os débitos com a Fazenda Nacional, inclusive aqueles com exigibilidade suspensa que, em 31 de dezembro de 2007, estejam vencidos há 5 (cinco) anos ou mais e cujo valor total consolidado, nessa mesma data, seja igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). O caput do art. 14 da Lei n.°11.941/2009, preceitua: Art. 14. Ficam remitidos os débitos com a Fazenda Nacional, inclusive aqueles com exigibilidade suspensa que, em 31 de dezembro de 2007, estejam vencidos há 5 (cinco) anos ou mais e cujo valor total consolidado, nessa mesma data, seja igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). Conforme comprova o documento de fl. 33 e Pelo Parecer da Sacat/DRF/Araçatuba/SP o débito ora tratado não se enquadra nos requisitos de remissão ali contidos, visto que seu valor consolidado importava em R$15.421,05. Importância que ultrapassava o limite estabelecido no Art. 14 da Lei 11.941/2009. Portanto, com relação à remissão prevista na MP 449, convertida na Lei nº 11.941/2009, artigo 14, também não assiste razão ao recorrente. Assim, tendo em vista a impossibilidade de aplicação do art. 14, da Lei nº 11.941/2009 para o caso em concreto e verificado que não houve a prescrição intercorrente alegada pelo recorrente, sendo que esses foram os únicos fundamentos do recurso voluntário, não sendo combatido o mérito da decisão "a quo", é dever manter o lançamento. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (Assinado digitalmente) Alice Grecchi Relatora Fl. 70DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 Fl. 71DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
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Numero do processo: 10980.006088/2009-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007
SIGILO BANCÁRIO. AUTORIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. REGULARIDADE.
Ao restar comprovado que o acesso aos dados bancários da interessada se deu mediante regular autorização do Poder Judiciário, não se há de cogitar de qualquer ilegalidade ou nulidade.
ARBITRAMENTO. GRAVES IRREGULARIDADES NA CONTABILIDADE. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. ALEGAÇÃO DE TRIBUTOS JÁ PAGOS. IMPROCEDÊNCIA.
Correto o arbitramento dos lucros ao se constatar graves e extensas irregularidades na contabilidade e a falta de apresentação de documentos em todos os anos fiscalizados, com o que inviabilizada a apuração do lucro por forma diversa. Igualmente improcedentes as alegações de que os tributos já teriam sido pagos, vez que os pagamentos foram considerados por ocasião do lançamento.
OMISSÃO DE RECEITAS. CIRCULARIZAÇÃO DE CLIENTES. NOTAS FISCAIS NÃO ESCRITURADAS. LANÇAMENTO PROCEDENTE.
Correto o lançamento para exigir tributos incidentes sobre receitas omitidas, apuradas por prova direta, mediante circularização junto a clientes da fiscalizada, quando foi verificado grande número de notas fiscais de vendas não escrituradas.
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS.
Mantido o lançamento principal de IRPJ, igual sorte devem ter os lançamentos reflexos, com idêntica fundamentação.
MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO.
A enorme quantidade de notas fiscais de vendas de emissão da interessada, não escrituradas, apuradas mediante procedimento de circularização junto aos clientes, afasta qualquer possibilidade de mero equívoco e denota procedimento sistemático e intencional. Presente a intenção consciente de impedir ou retardar o conhecimento do fato gerador tributário por parte da autoridade fazendária, com o que se revela correta a aplicação da multa qualificada de 150%.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007
MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
MATÉRIA PRECLUSA.
Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e somente vêm a ser demandadas na petição de recurso, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar o princípio do duplo grau de jurisdição a que está submetido o Processo Administrativo Fiscal.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007
DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. CONDUTA DOLOSA. APLICABILIDADE DO ART. 173, I, DO CTN. DECISÃO DO STJ NO REGIME DO ART. 543-C DO CPC. APLICABILIDADE DO ART. 62, § 2º, DO RICARF.
O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Decisão do Superior Tribunal de Justiça no REsp nº 973.733, no regime do art. 543-C do CPC. Aplicabilidade do art. 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF. No caso vertente, a conduta dolosa, comprovada nos autos, conduz à aplicação do art. 173, I, do CTN, com o que se constata a correção do quanto decidido em primeira instância, quanto a esta matéria.
JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
TAXA SELIC. ALEGAÇÃO DE ACUMULAÇÃO COM APLICAÇÃO DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS. IMPROCEDÊNCIA.
A correção monetária se encontra extinta desde 01/01/1996. A taxa SELIC é usada para cálculo dos juros moratórios, em regime de juros simples, não compostos. Alegação improcedente.
Numero da decisão: 1301-002.125
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, José Roberto Adelino da Silva e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007 SIGILO BANCÁRIO. AUTORIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. REGULARIDADE. Ao restar comprovado que o acesso aos dados bancários da interessada se deu mediante regular autorização do Poder Judiciário, não se há de cogitar de qualquer ilegalidade ou nulidade. ARBITRAMENTO. GRAVES IRREGULARIDADES NA CONTABILIDADE. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. ALEGAÇÃO DE TRIBUTOS JÁ PAGOS. IMPROCEDÊNCIA. Correto o arbitramento dos lucros ao se constatar graves e extensas irregularidades na contabilidade e a falta de apresentação de documentos em todos os anos fiscalizados, com o que inviabilizada a apuração do lucro por forma diversa. Igualmente improcedentes as alegações de que os tributos já teriam sido pagos, vez que os pagamentos foram considerados por ocasião do lançamento. OMISSÃO DE RECEITAS. CIRCULARIZAÇÃO DE CLIENTES. NOTAS FISCAIS NÃO ESCRITURADAS. LANÇAMENTO PROCEDENTE. Correto o lançamento para exigir tributos incidentes sobre receitas omitidas, apuradas por prova direta, mediante circularização junto a clientes da fiscalizada, quando foi verificado grande número de notas fiscais de vendas não escrituradas. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 60 88 /2 00 9- 87 Fl. 4456DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.457 2 documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos utilizados nessas operações. CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS. Mantido o lançamento principal de IRPJ, igual sorte devem ter os lançamentos reflexos, com idêntica fundamentação. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. A enorme quantidade de notas fiscais de vendas de emissão da interessada, não escrituradas, apuradas mediante procedimento de circularização junto aos clientes, afasta qualquer possibilidade de mero equívoco e denota procedimento sistemático e intencional. Presente a intenção consciente de impedir ou retardar o conhecimento do fato gerador tributário por parte da autoridade fazendária, com o que se revela correta a aplicação da multa qualificada de 150%. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007 MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MATÉRIA PRECLUSA. Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e somente vêm a ser demandadas na petição de recurso, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar o princípio do duplo grau de jurisdição a que está submetido o Processo Administrativo Fiscal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007 DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. CONDUTA DOLOSA. APLICABILIDADE DO ART. 173, I, DO CTN. DECISÃO DO STJ NO REGIME DO ART. 543C DO CPC. APLICABILIDADE DO ART. 62, § 2º, DO RICARF. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Decisão do Superior Tribunal de Justiça no REsp nº 973.733, no regime do art. 543C do CPC. Aplicabilidade do art. 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF. No caso vertente, a conduta dolosa, comprovada nos autos, conduz à aplicação do art. 173, I, do CTN, com o que se constata a correção do quanto decidido em primeira instância, quanto a esta matéria. Fl. 4457DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.458 3 JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. TAXA SELIC. ALEGAÇÃO DE ACUMULAÇÃO COM APLICAÇÃO DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS. IMPROCEDÊNCIA. A correção monetária se encontra extinta desde 01/01/1996. A taxa SELIC é usada para cálculo dos juros moratórios, em regime de juros simples, não compostos. Alegação improcedente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, José Roberto Adelino da Silva e Waldir Veiga Rocha. Relatório REFLORESTADORA BOM SUCESSO LTDA., já qualificada nestes autos, inconformada com o Acórdão n° 23.939, de 08/10/2009, da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba/PR, recorre voluntariamente a este Colegiado, objetivando a reforma do referido julgado. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito. Em decorrência de ação fiscal levada a efeito contra a contribuinte identificada, foram lavrados os autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, Contribuição para o Programa de Integração Social PIS, Contribuição para Financiamento da Seguridade Social Cofins e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, os quais relatamse a seguir. Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ Fl. 4458DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.459 4 O Auto de Infração do IRPJ (fls. 2/27) exige o recolhimento de R$ 315.862,26 de imposto, R$ 278.341,67 de multa de ofício prevista no art. 44, I e II da Lei n° 9.430/1996, além dos encargos legais. A exigência resulta do arbitramento do lucro tendo em vista que a contribuinte, deixou de registrar em sua contabilidade inúmeras operações, de todas as naturezas (receitas, despesas, pagamentos, recebimentos, compra de imobilizado), bem como deixou de escriturar o livro caixa com toda movimentação financeira, bem como deixou de apresentar documentos de grande parte das operações que realizou, razão porque está sujeita ao arbitramento do lucro conforme previsto no artigo 530, II, "a" do RIR/1999. A falta de apresentação dos documentos também enseja o arbitramento do lucros, conforme inciso II do artigo anteriormente citado. A base de cálculo foi apurada como a seguir demonstrada: 001 — Receita Operacional Omitida — Revenda de Mercadorias — Omissão de receitas caracterizada pela falta de escrituração de parte das notas fiscais de venda, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104. Enquadramento legal: artigos 532 e 537, do RIR/1999 002 — Depósitos bancários de origem não comprovada — Receitas caracterizadas por créditos em conta de depósito, em valores superiores as receitas escrituradas, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104. Enquadramento legal: artigos 27, I, e 42 da Lei n° 9.430/1996 e artigos 532 e 537, do RIR/1999. 003 — Receitas operacionais — Revenda de mercadorias — Receitas da atividade da empresa, informadas nas Declarações de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica, sujeitas ao arbitramento do lucro, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104. Enquadramento legal: artigos 530 e 532, do RIR/1999. 004 — Outras receitas — Receitas apuradas pela empresa (demais receitas e ganhos de capital), extraídas da DIPJ. Enquadramento legal Artigo 536 do RIR/1999. Contribuição para o Programa de Integração Social PIS O Auto de Infração do PIS (fls. 28/39) exige o recolhimento de R$ 55.097,87 de contribuição, R$ 82.646,75 de multa de ofício prevista no artigo 86, § 1 1, da Lei n° 7.450/1985; artigo 20 da Lei n° 7.683/1988, e artigo 44, II, da Lei n° 9.430/1996, além dos encargos legais. O lançamento é decorrente da fiscalização do IRPJ, no qual foram apuradas as infrações descritas como: omissão de receitas caracterizada pela falta de escrituração de parte das notas fiscais de venda, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104; receitas caracterizadas por créditos em conta de depósito, em valores superiores as receitas escrituradas, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104. Enquadramento legal: artigos 1º e 3º da Lei Complementar n° 7/1970; artigo 24, § 2º, da Lei n° 9.249/1995; e artigos 2º, I, "a" e parágrafo único, 3°, 10, 22, 51 e 91 do Decreto n° 4.524/2002. Fl. 4459DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.460 5 Contribuição para Financiamento da Seguridade Social Cofins O Auto de Infração da Cofins (fls. 40/51) exige os recolhimentos de R$ 254.298,27 de contribuição, R$ 381.447,36 de multa de ofício prevista no artigo 20, parágrafo único, da Lei Complementar n° 70/1991, e artigo 44, I, da Lei n° 9.430/1996, além dos encargos legais. O lançamento é decorrente da fiscalização do IRPJ, no qual foram apuradas as infrações descritas como: omissão de receitas caracterizada pela falta de escrituração de parte das notas fiscais de venda, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104; receitas caracterizadas por créditos em conta de depósito, em valores superiores as receitas escrituradas, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104. Enquadramento legal: artigos 2º, II e parágrafo único, 3°, 10, 2 , 1 e 91 do Decreto no 4.524/2002. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL O Auto de Infração da CSLL (fls. 52/74) exige o recolhimento de R$ 91.547,33 de contribuição, R$ 89.580,71 de multa de ofício prevista no artigo 44, I e II, da Lei n° 9.430/1996, além dos encargos legais. O lançamento é decorrente da fiscalização do IRPJ, no qual foram apuradas as infrações descritas como: 001 Receitas da atividade da empresa, informadas nas Declarações de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica, sujeitas ao arbitramento do lucro, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104; 002 Omissão de receitas caracterizada pela falta de escrituração de parte das notas fiscais de venda e receitas caracterizadas por créditos em conta de depósito, em valores superiores as receitas escrituradas, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 75/104; e 003 — Receitas apuradas pela empresa, extraídas da DIPJ. Enquadramento legal: artigo 2° e §§, da Lei n° 7.689/1988; artigo 20 da Lei no 9.249/1995; artigo 29 da Lei no 9.430/1996; e artigo 37 da Lei n° 10.63/2002. Cientificada em 18/06/2009, a interessada apresentou tempestivamente as impugnações de fls. 107/133 e 134/160, instruída com os documentos de fls. 161/330, trazendo as alegações a seguir, em síntese. Em preliminar e com base no artigo 150, § 4º, do Código Tributário Nacional argui a decadência dos lançamentos relativos a fatos geradores ocorridos em 2003. Alega, que se falhas existem em sua contabilidade, se devem a problemas administrativos, mas que no entanto em momento algum deixou de submeter à tributação o total de suas receitas. Que quando constatou que tal fato havia ocorrido nos anos de 2004 e 2005, apresentou por sua livre e espontânea vontade denúncia de tal fato a Receita Federal do Brasil, recolhendo tais débitos e parcelando o restante. Fl. 4460DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.461 6 Aduz que efetuou diversos pagamentos regulares, não considerados pela fiscalização, para os fatos geradores de 2004, 2005 e 2006, no valor de R$ 401.070,74, além dos parcelamentos efetuados pelo Refis, no valor de R$ 325.972,56, e simplificado, no valor de R$ 539.762,65. Argumenta que não se furtou a apresentar a documentação solicitada peio fisco. Que não ocorreram evidentes indícios de fraude e tampouco a documentação em questão é imprestável para fins de identificar a movimentação financeira. Que as notas fiscais de saída foram colocadas a disposição da fiscalização e assim continuam, conforme fazem prova alguns protocolos de entrega de documentos. Que valores foram apresentados à tributação por meio de denúncia espontânea cujos recolhimentos e valores parcelados não foram considerados. Diz que é empresa sujeita ao regime de lucro presumido, não estando sujeita ao recolhimento de tributos sobre o lucro real. Que a falta de escrituração, por si só, não configura que o imposto deixou de ser recolhido, pois a escrituração é obrigação acessória. Que não existe nexo causal direto entre a falta de escrituração e a falta de recolhimento do imposto. Contesta a autuação relativa a regularidade da escrituração das notas fiscais, já que não poderia ter vendido 86.576 metros estéreos de madeira sem a devida emissão de documento fiscal, omitindo desta foram receita, o que corresponde a 2.473 caminhões de mercadoria sem qualquer documento fiscal que acobertasse tal remessa, trafegando distâncias que variam de 20 a 600 quilômetros, sem que nenhum órgão de fiscalização municipal, estadual ou federal tivesse identificado e lavrado qualquer medida administrativa contra o mesmo por este motivo. No tocante a movimenta bancária alega que a partir dos extratos lhe foi solicitado a exata identificação de cada lançamento bancário e para os quais não conseguiu efetuar tal identificação, presumiu que a mesma se tratava de omissão de receitas. Mas, que não existe nexo causal entre os créditos bancários e receitas escrituradas. Que existem diversas operações financeiras que compõem o giro de caixa de urna empresa que não tem relação com a atividade comercial, não se constituindo em base de cálculo para a tributação. Argumenta que o seu movimento bancário é perfeitamente compatível com o volume de Notas Fiscais emitidas. Que tomando como exemplo o ano de 2004, a fiscalização apresentou um valor de créditos bancários em valores superiores as receitas escrituradas de R$ 4.761.729,07 e o faturamento oferecido a tributação foi de aproximadamente R$ 10 milhões. Que a divergência se deve a duplicidade de lançamentos em função de valores de cheques devolvidos que foram reapresentados, empréstimos feitos junto a terceiros que ingressaram na conta corrente que foram pagos e em alguns casos retomados e pagos novamente, recursos adiantados a sócios que foram devolvidos, entre outros. Que não houve prova que algum comprador houvesse efetivado depósitos em sua conta corrente em valor superior ao das notas fiscais de venda que teve emitida contra si. Aduz que relativamente a suposta omissão pela existência de depósitos bancários, o fisco efetuou o cálculo do montante tributável tendo por base o arbitramento. Que é irregular a tributação desta forma, devendo a apuração ser obtida não somente pela simples existência de depósitos em conta bancária. Que pode afirmar que os depósitos bancários não contabilizados são indícios ou prova de omissão de receitas, mas essa receita deve ser apurada na forma da Lei, de acordo com o § 2º do artigo 42 da Lei n° 9.430/1996. Fl. 4461DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.462 7 Argui que a fiscalização lança de ofício impostos relativos a Notas Fiscais não escrituradas sem comprovar que o imposto não foi recolhido independentemente da escrituração. Que os documentos que apresentou comprovam que houve recolhimento de impostos relativamente a operações que não haviam sido apresentadas a tributação e que não foram consideradas pela fiscalização. Contesta o lançamento da Cofins e do PIS, o que de acordo com o artigo 29 da Lei n° 9.430/1996, a base de cálculo é o faturamento, e não os depósitos bancários. Que o numerário depositado em instituição financeira não constitui, por si só, fato gerador do PIS ou da Cofins, porquanto caracteriza mera presunção do auferimento de renda. Questiona o enquadramento legal da multa de ofício e insurge contra seu agravamento, dizendo que sempre agiu de boafé, devendo a máfé ser comprovada pelo fisco, sendo indispensável a comprovação do dolo específico na prática da infração, não tendo ocorrido fraude no procedimento da empresa que sempre prestou as informações solicitadas e apresentou os documentos requeridos pela fiscalização, discorrendo a respeito. Alega o caráter confiscatório da multa de ofício e a ilegalidade da taxa Selic. A 1ª Turma da DRJ em Curitiba/PR analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e, por via do Acórdão nº 23.939, de 08/10/2009 (fls. 342/367), considerou parcialmente procedente o lançamento com a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006 Ementa: DECADÊNCIA. EXISTÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, em casos de dolo, fraude ou simulação, o termo de início para contagem do prazo decadencial é aquele previsto no item I do artigo 173 do CTN. PAGAMENTOS EFETUADOS Não há como aproveitar os pagamentos efetuados anteriormente à ação fiscal, quando estes já foram considerados no lançamento, reduzindo o montante lançado. DOCUMENTAÇÃO CONTÁBIL APRESENTADA E REGULARIDADE DA ESCRITURAÇÃO DAS NOTAS FISCAIS Não tendo sido comprovada a apresentação da documentação contábil e a regularidade escrituração das notas fiscais, é de se manter o lançamento. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Caracterizamse omissão de receita os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Fl. 4462DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.463 8 MULTA QUALIFICADA. Cabível a aplicação da multa de ofício qualificada, quando apurado que o sujeito passivo valeuse de artifício doloso, materializado na prática de infrações tributárias visando a sonegação fiscal. LANÇAMENTO POR PRESUNÇÃO. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS SUFICIENTES DE CONVICÇÃO. DESCABIMENTO DE MULTA QUALIFICADA. O lançamento feito exclusivamente por presunção legal de omissão de receitas não enseja a qualificação da multa, exceto quando a sonegação e/ou a fraude dolosa forem comprovadas por elementos de convicção suficientes. MULTA. ALEGAÇÕES CONTRA A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI. Mantémse o lançamento quando as multas aplicadas, estando regularmente prevista na legislação, se mostram compatível com as ocorrências descritas nos autos. Ao julgador administrativo falece competência para determinar o afastamento de lei vigente, em decorrência de alegada inconstitucionalidade. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995 é legítima a aplicação/utilização da taxa Selic no cálculo dos juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. DECORRÊNCIA. CSLL. PIS. COFINS Aplicase aos lançamentos decorrentes o mesmo decidido quanto àquele que lhe deu origem. Mantido integralmente o lançamento de IRPJ, mantêmse, na integralidade, as Contribuições lançadas por decorrência. Ao final, o acórdão restou redigido como segue: Acordam os membros da 1ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, acatar parcialmente a preliminar de decadência para exonerar integralmente o IRPJ e a CSLL relativos ao período do 1° ao 3º trimestre de 2003, o PIS e a COFINS relativos aos fatos geradores ocorridos até 30/11/2003, assim como a multa de ofício e os juros de mora correspondentes; e, por maioria de votos, vencido o julgador Paulo Quirino de Almeida, exclusivamente no que tange aos montantes de receita omitida apurados de acordo com a presunção legal do art. 42 da Lei n° 9.430/96, exonerar os seguintes tributos/períodos de apuração, assim como a multa de ofício e os juros de mora correspondentes (também atingidos pela decadência): 1. IRPJ: 4° trimestre do anocalendário 2003 e o 1º trimestre de 2004; 2. CSLL: 4° trimestre do anocalendárío 2003 e o 1º trimestre de 2004; 3. COFINS: dezembro do anocalendário 2003 e janeiro a maio de 2004; Fl. 4463DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.464 9 4. PIS/PASEP: dezembro do anocalendário 2003 e janeiro a maio de 2004. No mérito, acordam, por maioria de votos, vencido o julgador Paulo Quirino de Almeida, acatar parcialmente a impugnação para exonerar as qualificações da multa proporcional de ofício relativas à proporção de omissão de receitas apuradas de acordo com o art. 42 da Lei n° 9.430/96, relativas aos períodos de apuração do anocalendário 2004 que não tenham sido atingidos pela decadência. Não houve recurso de ofício sobre a parcela do crédito tributário afastada em primeira instância. Ciente da decisão de primeira instância em 11/12/2009, conforme termo à fl. 373, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 12/01/2010 conforme carimbo de recepção à folha 376. No recurso interposto (fls. 376/410), a recorrente alega preliminarmente os pontos que se seguem: · Requer a decadência para fatos geradores ocorridos anteriormente a 18/06/2004, com base no art. 150, § 4º, do CTN. · Sustenta a ilegalidade da quebra de seu sigilo bancário, “uma vez que a recorrente durante todo o processo fiscalizatório procedeu à apresentação espontânea de informações”. O processo administrativo não poderia dispor dos dados sigilosos bancários do contribuinte, e teria havido afronta a dispositivos constitucionais (art. 5º, incisos X e XII, da Constituição Federal). No mérito, a recorrente questiona a regularidade dos lançamentos e sustenta que os valores por ela declarados estariam em consonância com a receita auferida. Acrescenta, ainda, que todos os tributos teriam sido regularmente apurados e pagos. No que toca aos livros fiscais, sustenta que estariam juntados ao processo (anexos IX a XII). No que toca à falta de apresentação de documentos, isto teria ocorrido somente com relação a 2003. O lançamento deveria, então, ser cancelado, visto que teriam sido apresentados os livros e documentos à autoridade tributária. A recorrente passa, então, a tecer considerações e argumentos acerca de cada uma das infrações lançadas e demais tópicos, que podem ser sintetizadas como segue: · Infração de IRPJ – 001 – Receita Operacional Omitida. A interessada admite que parte das receitas dos anos de 2003 e 2004 não foram escrituradas. No entanto, afirma que houve sim oferecimento à tributação e informação na DIPJ. Busca explicar o equívoco contábil ocorrido no mês de junho/2004, que teria sido corrigido, tendo o valor correto constado da DIPJ retificadora apresentada em 21/02/2006. Observa, ainda, que “os valores imputados pela fiscalização como não contabilizados, a cerca de supostas NF não escrituradas, corresponde praticamente ao valor corrigido pela empresa, o que demonstra que os mesmos estão englobados naquele lançamento retificador”. Acrescenta que, a partir de 2005, nenhum outro equívoco teria ocorrido. Todos os tributos teriam sido quitados ou parcelados, e a totalidade das notas fiscais emitidas teria sido colocada à disposição da Fiscalização. Conclui com o pedido de afastamento dessa infração. Fl. 4464DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.465 10 · 002 – Depósitos Bancários de Origem não Comprovada A recorrente lembra que a lei estabelece a necessidade de tratamento individualizado dos depósitos bancários, afirma que as intimações sempre foram atendidas, ainda que, por vezes, com atraso, e que os depósitos bancários teriam as mais diversas origens. Em suas palavras: “[...] a movimentação financeira é ampla e complexa. O controle se dá por meios externos, através de provisões, previsões, negociações, transações. Decalcar o extrato e determinar conhecimento, item a item, anos depois, é muito difícil”. Reitera que nenhum depósito teria sido destacado como diverso dos valores relativos às notas fiscais emitidas. A interessada aduz, ainda, que, sendo possível a identificação das receitas por meio do levantamento das notas fiscais emitidas, descaberia a imputação de receitas omitidas com base em depósitos não passíveis de identificação. · 003 – Receitas Operacionais A recorrente considera inaceitável o arbitramento de valores por ela declarados e pagos. · 004 – Outras Receitas A recorrente afirma que os valores correspondentes a essa rubrica teriam sido extraídos da DIPJ. Acrescenta que tais valores teriam sido regularmente declarados e pagos, descabendo quaisquer arbitramentos ou penalidades. · CSLL, PIS e COFINS Onde cabíveis, os argumentos atinentes ao IRPJ são também trazidos contra os lançamentos dessas contribuições. No que tange ao PIS e à COFINS, a recorrente lembra ainda que créditos bancários não seriam, indubitavelmente, receitas ou faturamento. Caberia à fiscalização essa comprovação. · Multa com Caráter Confiscatório A recorrente alega ofensa à vedação contida no art. 150, inciso IV, da Constituição Federal. · Multa Qualificada A recorrente sustenta que a motivação declinada pelo Fisco seria insuficiente para a aplicação do gravame. Ademais, teria ocorrido erro no enquadramento legal (art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430/1996). A interessada aduz também que teriam ocorrido alguns equívocos contábeis, corrigidos e regularizados tão logo identificados, antes do início da fiscalização, e que nada teria sido ocultado do conhecimento da Autoridade Tributária. Lembra a súmula 14 do 1º Conselho de Contribuintes, e sustenta a inexistência de dolo, fraude ou outra hipótese legal capaz de justificar a qualificação da multa. Fl. 4465DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.466 11 · Ilegalidade de Utilização da Taxa SELIC A recorrente aduz argumentos que, por sua ótica, demonstrariam a inaplicabilidade da taxa SELIC como indexador de tributos recolhidos em atraso. · Inacumulabilidade de taxa de juros e multa. A recorrente traz argumentos contrários à aplicação da taxa SELIC juntamente com a aplicação de correção monetária e juros moratórios. O processo foi levado a julgamento perante esta 1ª Turma Ordinária em 08/12/2015. Na oportunidade, mediante a Resolução nº 1301000.279 (fls. 4411/4420), o Colegiado determinou a realização de diligência para que fossem adotadas as seguintes providências: 1. A Unidade Preparadora identifique, no presente processo administrativo, documentos emitidos pelo Poder Judiciário que encaminhem a documentação referente à movimentação bancária da interessada e autorizem seu uso pela fiscalização. 2. Caso os documentos referidos no item 1, acima, não constem do presente processo administrativo, a Unidade Preparadora deverá providenciar para que sejam acostados aos autos. 3. Caso a fiscalização tenha tido acesso à documentação referente à movimentação bancária da interessada por outro meio (por exemplo, mediante atendimento pela fiscalizada a intimação específica, ou, ainda, mediante Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira), esclarecer como se deu esse acesso, e fazer acostar aos autos a documentação pertinente. Em cumprimento, a Autoridade Fiscal fez acostar aos autos (fls. 4423/4426) cópia do Ofício nº 3012889 e de Despacho proferido pelo MM Juiz Federal Dr. Sérgio Fernando Moro nos autos da Representação Criminal nº 2006.70.00.0184929/PR. A ciência do cumprimento da diligência se deu por edital (fl. 4431), após tentativa por via postal, sem sucesso (fl. 4430). A interessada não se manifestou. O processo retorna, agora, para prosseguimento do julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O recurso é tempestivo e dele conheço. Como preliminar de mérito, a recorrente requer a decadência para fatos geradores ocorridos anteriormente a 18/06/2004, com base no art. 150, § 4º, do CTN. Fl. 4466DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.467 12 Para a apreciação deste tópico, requerse a verificação da ocorrência, ou não, de dolo, fraude ou simulação na conduta da interessada. Assim, a matéria será examinada após o item referente à qualificação da multa aplicada. · Ilegalidade no acesso aos dados bancários da interessada Ainda em preliminares, a recorrente sustenta a ilegalidade da quebra de seu sigilo bancário, “uma vez que a recorrente durante todo o processo fiscalizatório procedeu à apresentação espontânea de informações”. O processo administrativo não poderia dispor dos dados sigilosos bancários do contribuinte, e teria havido afronta a dispositivos constitucionais (art. 5º, incisos X e XII, da Constituição Federal). No Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal encontro as seguintes afirmações (fl. 77 e 78, grifos não constam do original): A ação fiscal foi instaurada para realizar, entre outras, verificações da exatidão dos lucros distribuídos nos anos de 2003, 2004, 2005 e 2006, em decorrência de demanda da Procuradoria da República no Estado do Paraná e da 2' Vara Federal Criminal em Curitiba. [...] Foi concedida pela 2a Vara Federal Criminal em Curitiba a quebra de sigilo bancário da empresa. Com isso, é de se entender que os extratos bancários (fls. 1347 e segs.), tenham sido recebidos e utilizados pelo Fisco mediante autorização do Poder Judiciário. Em um primeiro momento, essa autorização não foi localizada nos autos. Após a diligência, no entanto, foram trazidas aos autos cópia do Ofício nº 3012889 e de Despacho proferido pelo MM Juiz Federal Dr. Sérgio Fernando Moro nos autos da Representação Criminal nº 2006.70.00.0184929/PR. No Ofício (fl. 4423), da Lavra do MM Juiz Federal e dirigido ao Ilmo. Sr. Delegado da Receita Federal em Curitiba, consta: Para subsidiar a investigação e ação fiscal em relação à Reflorestadora Bom Sucesso Ltda. (CNPJ nº 05.108.082/000106), encaminho a Vossa Senhoria cópia da decisão de fls. 423/425, proferida nos autos acima, na qual decretei a quebra do sigilo fiscal e bancário da referida empresa, inclusive para os fins solicitados por esse órgão no Ofício nº 579/08/DRF/CTA/SEFIS, e autorizei a requisição de todos os documentos bancários que reputar necessário relativamente a ela diretamente ao Banco do Brasil S/A. No despacho (fl. 424) consta: [...] Assim sendo, presentes indícios de crimes, decreto a quebra do sigilo fiscal e bancário da empresa Reflorestadora Bom Sucesso Ltda., CNPJ nº 05.108.082/0001 06, inclusive para os fins requeridos pela autoridade fiscal nas fls. 414415. Autorizo que a Receita Federal, portanto, requisite todos os documentos bancários que reputar necessários relativamente à referida empresa diretamente ao Banco do Brasil S/A, podendo utilizar cópia deste despacho. Fl. 4467DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.468 13 [...] Como se vê, o acesso do Fisco aos dados bancários da interessada se deu mediante autorização do Poder Judiciário, não se podendo cogitar de qualquer ilegalidade ou de irregular quebra de sigilo bancário, nem de ofensa a dispositivos constitucionais. Se a interessada não concordava com a decisão judicial, seus reclamos deveriam se dirigir contra a autoridade que proferiu aquela ordem, e disso não se tem qualquer notícia neste processo administrativo fiscal. Rejeito, com estes fundamentos, a preliminar suscitada. · Mérito. Questionamento acerca da regularidade dos lançamentos. Alegação de que os tributos já teriam sido pagos. No mérito, a recorrente questiona a regularidade dos lançamentos e sustenta que os valores por ela declarados estariam em consonância com a receita auferida. Acrescenta, ainda, que todos os tributos teriam sido regularmente apurados e pagos. Quanto a terem sido pagos os tributos, a decisão recorrida já demonstrou que os pagamentos, inclusive os valores parcelados, foram considerados quando do lançamento, a abater os montantes apurados pelo Fisco. Confirase trecho a seguir transcrito (fl. 349): Relativamente aos pagamentos efetuados, os argumentos da interessada de que não foram considerados no lançamento não podem prosperar. Analisando os demonstrativos de apuração do imposto, podese verificar que os valores declarados em DCTF foram abatidos dos valores do imposto apurado como valores a compensar, ou seja, tomando como exemplo o 1° trimestre de 2004, para o IRPJ, ternos a redução dos valores de R$ 15.100,48, para a multa de 150%, e R$ 6.778,87, para a multa de 75%, o que corresponde ao débito declarado da DCTF do mesmo período de R$ 21.879,35, fls, 7/8 e 332, sendo que a empresa informou como crédito vinculado R$ 1.091,43, sendo que o saldo a pagar de R$ 20.787,92, e que consta do parcelamento de fl. 255. O mesmo ocorre em relação ao 2° trimestre, onde no demonstrativo de apuração do imposto consta o valor a compensar de R$ 32.868,34, fl. 8, correspondente ao débito apurado na DCTF, fl. 333, sendo que a empresa informou como crédito vinculado o montante de R$ 344,37, sendo o saldo a pagar de R$ 32.523,97 o constante do parcelamento de fl. 255. Como se verifica dos exemplos citados, os valores declarados em DCTF foram aproveitados para a dedução dos valores apurados de imposto ou contribuição a pagar. Desde que a recorrente nada traz de novo, nem comprova a existência de algum pagamento ou parcelamento que já não tenha sido considerado por ocasião do lançamento, é de se negar provimento ao recurso voluntário, neste ponto. No que toca aos livros fiscais, sustenta a interessada que estariam juntados ao processo (anexos IX a XII). No que toca à falta de apresentação de documentos, isto teria ocorrido somente com relação a 2003. O lançamento deveria, então, ser cancelado, visto que teriam sido apresentados os livros e documentos à autoridade tributária. Fl. 4468DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.469 14 No Termo de Verificação Fiscal, a Autoridade Fiscal descreve pormenorizadamente os procedimentos e os esforços para obter acesso aos livros e documentos da então fiscalizada. De particular interesse os trechos a seguir transcritos (fls. 82 e segs.) 5. DOS DOCUMENTOS NÃO APRESENTADOS 5. 1. TODOS OS DOCUMENTOS DO ANOCALENDÁRIO DE 2003 Relativamente a 2003, não foram apresentados quaisquer documentos registrados na contabilidade, conforme detalhamos a seguir: [...] Conforme se infere do exposto, não foi apresentado qualquer documento contábil /fiscal, do ano de 2003, sendo explicitado pela empresa que os extraviou, em sua totalidade. 5.2. NOTAS FISCAIS DE SAÍDAS DE 2003 E 2004 Através do nosso Termo de Intimação no 08 (item 1) a empresa foi intimada a apresentar aproximadamente 2000 notas fiscais de vendas. Conforme resposta às fls. 115 Anexo I, somente foram apresentados 150 notas fiscais. A intimação para apresentar as notas fiscais foi decorrente da constatação que a empresa teve por prática não contabilizar todas receitas, conforme detalhado no item 4.1. A não apresentação das notas fiscais impediu esta fiscalização de quantificar as receitas de 2003 e 2004 com base na documentação fiscal, não restando alternativa senão proceder a quantificação da receita com base nos créditos efetuados em contascorrentes bancárias. 5.3. DOCUMENTOS ESCRITURADOS NA CONTA CAIXA EM 2004 Através do nosso Termo de Intimação no 11 item 3 a empresa foi intimada a apresentar todos os documentos escriturados na conta caixa no ano de 2004. [...] Entretanto do exame do razão constatase que nesta conta constam mais de 6.000 lançamentos, ou seja, foi apresentado menos de 2% (dois por cento) da documentação escriturada. 5.4. COMPROVANTES DE DESPESAS ANOS 2003, 2004, 2005 E 2006 Através dos Termos de Intimação no 08, 09, 12, 15 e 17, a empresa foi intimada a identificar os beneficiários de recursos retirados da contacorrente mantida no Banco do Brasil S/A. Os valores relacionados foram contabilizados como se tivessem sido mantidos na conta caixa, que resultou majorada ficticiamente, em decorrência da falta de registros das saídas. Em resposta foram apresentadas as planilhas (fls. 213 a 257 e 336 anexo II), cuja consolidação das despesas encontrase às fls. 156 a 188 do anexo III, onde estão relacionados os valores dos pagamentos/ despesas não contabilizados, que totalizam R$14.852.089,54, nos quatro anos fiscalizados. Entretanto, não foram apresentados os comprovantes das despesas, contrariando o disposto no artigo 264 do RIR/99. Fl. 4469DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.470 15 O Fisco prossegue, às fls. 84/94, descrevendo em detalhe as graves irregularidades encontradas na escrita contábil. A seguir, transcrevo apenas os títulos e algumas das principais conclusões: 6. IRREGULARIDADES NA ESCRITA CONTÁBIL 6.1. FALTA DE REGISTRO DE DESPESAS NOS QUATRO ANOS CALENDÁRIO FISCALIZADOS Do exposto, concluise que houve omissão de despesas, cujo quantum é impossível mensurar, mas restou comprovado que o mínimo foi de R$ 14.852.089,54, que ocasionou majoração indevida do saldo da conta caixa e do lucro contábil a distribuir. Com o saldo da conta caixa ficticiamente inflado, a empresa simulava pagamentos aos sócios, a título de distribuição de lucros, em dinheiro. 6.2. FALTA DE REGISTRO DE RECEITAS [...] Mesmo não obtendo êxito em localizar todas as notas fiscais, e consequentemente quantificar toda a receita omitida, está comprovado que a empresa deixou de registrar receitas no valor de R$1.822.792,58 e R$1.892.091,51, em 2003 e 2004 respectivamente. 6.3. FALTA DE REGISTRO DE RECEBIMENTOS [...] 6.4. REGISTRO DE NOTAS FISCAIS DE SIMPLES REMESSA EM CONTAS DE RECEITA [...] Esta irregularidade foi cometida nos meses de março/2004 a julho/2004, novembro/2004 e maio/2005. Mais uma prova da total confusão que é a escrita da empresa: contabilizar em contas de receitas operações que não são receitas, distorcendo completamente a realidade contábil. 6.5. ESCRITURAÇÃO DE RECEITA A DÉBITO DE RECEITAS E CRÉDITO DE CAIXA Do exame das contas de receita e caixa, de junho/2004, constatase que a empresa, ao escriturar as receitas, fez uma inversão no lançamento da receita auferida. Ao invés de escriturar a débito de caixa e a crédito de receita, fez o lançamento inverso, ou seja, creditou a conta caixa e debitou a conta de receita. Como o valor da receita foi de R$906.978,41, o lançamento invertido ocasionou uma distorção, nas duas contas, de R$1.813.956,82. [...] Observamos que o caixa ficou distorcido, no valor de R$1.813.956,82, por no mínimo 03 (três) anos (pois até o final do período fiscalizado, não havia sido feito o ajuste contábil para regularizar o erro), e a empresa não percebeu. Com este fato Fl. 4470DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.471 16 comprovase a total incoerência da contabilidade com a realidade da empresa, pois havendo um equívoco desta monta, não foi percebido e regularizado. 6.6. ERRO NO TRANSPORTE DOS SALDOS De acordo com os livros contábeis apresentados, os saldos finais das contas patrimoniais de 2004 são divergentes dos saldos iniciais de 2005, donde se conclui que a contabilidade da empresa não foi escriturada com base nas leis comerciais e fiscais, apresentando incorreções, não merecendo fé, portanto, para a apuração dos resultados que foram distribuídos. [...] 6.7. OPERAÇÕES COM A EMPRESA KAMIFRA [...] 6.8. MÚTUO COM A REFLORESTADORA OVE [...] 6.9. FLORESTA TIGRE E EXAUSTÃO O saldo da conta estoques, em 31/12/04, era 0 (zero). A partir de 01/01/05, como num passe de mágica, o saldo da conta abre em R$ 4.389.336,24, com a denominação de "Floresta Tigre". A seguir, foram feitos lançamentos mensais, de despesas de exaustão, sobre o saldo da conta. Intimada, através do Termo de Intimação n° 01, a apresentar os documentos que embasaram os lançamentos a crédito da conta Floresta Tigre e despesa de exaustão, apresentou o seguinte esclarecimento: "estes lançamentos se referem a toda a área plantada da área total da fazenda Bom Sucesso, conforme documentos". Informa que anexa documentos na resposta ao Termo de Intimação n° 6. Do exame dos documentos encaminhados junto ao termo de intimação (fls. 73 a 85 anexo I), observase que não há qualquer documento que embase o aparecimento de um saldo em conta de estoques no valor de R$ 4.389.336,24, e tampouco das despesas de depreciação. Se não tivesse sido debitada a despesa de exaustão citada, a margem de lucro em 2004, teria sido de 55,32%. [...] 6.10. DIFERENÇA SALDO SERRARIAS CAMPOS DE PALMAS [...]. 6.11. FALTA DE REGISTRO DE AQUISIÇÃO DE IMOBILIZADO Conforme documentos no anexo VII, obtidos junto ao DETRAN, a empresa adquiriu diversos veículos no período fiscalizado, mas assim como as despesas, estas aquisições não foram registradas contabilmente. [...] 6.12. ESCRITA CONTÁBIL X ARBITRAMENTO DO LUCRO Fl. 4471DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.472 17 Como restou comprovado que a contabilidade é completamente divergente da realidade financeira da empresa, nos quatro anoscalendário, tendo omitido o registro de inúmeras operações de receitas e despesas e apresentado outras inexatidões relacionadas acima, concluise que a escrita contábil da empresa é imprestável. Dos anos de 2003 e 2004, não foram apresentados as notas fiscais de vendas (todas de 2003 e parte de 2004) e documentos escriturados no livro caixa, conforme detalhado nos capítulos 5.1, 5.2 e 5.3. Dos anos de 2005 e 2006 não foram apresentados documentos de despesas e retiradas de caixa, conforme detalhado no capitulo 6.1. A fiscalizada, como optante do lucro presumido, poderia manter escrituração contábil nos termos da legislação comercial, ou facultativamente livro caixa, no qual deveria estar escriturada toda a movimentação financeira. A escrituração contábil não foi constituída nos termos da legislação comercial, e tampouco a conta caixa registrou todas as operações realizadas pela empresa, tendo omitido, portanto, parte da movimentação financeira. Intimada a regularizar sua escrita, por diversas vezes Termos de Intimação n° 04 (item 4.1) n° 05 (item 1.5) e n° 07 (item 6) , negouse a apresentar livros contábeis que englobassem todas as operações. Foi vastamente demonstrado que a empresa deixou de registrar em sua contabilidade inúmeras operações, de todas as naturezas (receitas, despesas, pagamentos, recebimentos, compra de imobilizado), bem como deixou de apresentar documentos de grande parte das operações que realizou, razão porque está sujeita ao arbitramento do lucro, conforme previsto no artigo 530, inciso II, alínea "a" do RIR/99. A falta de apresentação dos documentos também autoriza o arbitramento dos lucros, conforme artigo 530, inciso III, do RIR/99. Como se vê, as graves irregularidades na contabilidade e a falta/insuficiência de apresentação de documentos, em todos os anos, são mais do que suficientes para justificar o arbitramento dos lucros. Ao contrário do que afirma a recorrente, a falta de documentos não ocorreu apenas para 2003, mas para todos os períodos objeto de lançamento. E, desde que o arbitramento não é condicional, a correção do procedimento fiscal em nada é afetada pela alegação da recorrente de que teria acostado aos autos os livros fiscais. Também aqui o recurso voluntário deve ser negado. · Mérito. Infração de IRPJ – 001 – Receita Operacional Omitida. A interessada admite que parte das receitas dos anos de 2003 e 2004 não foram escrituradas. No entanto, afirma que houve sim oferecimento à tributação e informação na DIPJ. Busca explicar o equívoco contábil ocorrido no mês de junho/2004, que teria sido corrigido, tendo o valor correto constado da DIPJ retificadora apresentada em 21/02/2006. Observa, ainda, que “os valores imputados pela fiscalização como não contabilizados, a cerca de supostas NF não escrituradas, corresponde praticamente ao valor corrigido pela empresa, o que demonstra que os mesmos estão englobados naquele lançamento retificador”. Fl. 4472DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.473 18 Acrescenta que, a partir de 2005, nenhum outro equívoco teria ocorrido. Todos os tributos teriam sido quitados ou parcelados, e a totalidade das notas fiscais emitidas teria sido colocada à disposição da Fiscalização. Conclui com o pedido de afastamento dessa infração. Inicialmente, cabe esclarecer que essa infração somente alcançou os anos calendário 2003 e 2004, pelo que as referências da recorrente a 2005 devem ser desconsideradas. Quanto à retificação das receitas, foi considerada pelo fisco no lançamento, como se observa ao cotejar a DCTF retificadora do 2º trimestre de 2004 (fl. 337) e o demonstrativo de apuração do imposto (fl. 10), onde se constata que o valor declarado foi considerado a abater o valor devido apurado pelo Fisco. A eventual retificação da DIPJ não tem qualquer influência sobre o lançamento, dado que aquele instrumento declaratório não constitui confissão de dívida1. Quanto às receitas omitidas, foram apuradas pelo Fisco mediante procedimento de circularização com os clientes da então fiscalizada, estando minuciosamente descrita no item 4.1 do TVF (fls. 80/81). Nenhum reparo se há de fazer. 4.1. NOTAS FISCAIS NÃO ESCRITURADAS Do exame das contas de receita, nos livros razão de 2003 e 2004, constatamos que havia quebra na seqüência das notas fiscais escrituradas, o que indicou que a empresa poderia não ter escriturado todas as receitas. Para confirmarmos o indício, intimamos diversos clientes da fiscalizada, que nos encaminharam relação das notas fiscais das compras efetuadas anexo VI. O critério para intimar os clientes foi a informação prestada por estes, nas DIPJ, sobre suas compras. Ocorre que nem todas as empresas prestam este tipo de informação, e como a fiscalizada não individualizava os clientes em sua escrita contábil, não foi possível identificar todos os compradores. [...] Como não conseguimos identificar /intimar parte dos compradores, não obtivemos êxito em obter informações sobre todas as notas fiscais emitidas, e consequentemente não foi possível quantificar a totalidade das vendas efetuadas com notas fiscais. Do confronto da relação das Notas Fiscais não escrituradas (Anexo III), extraída das informações encaminhadas pelos clientes intimados (anexo VI), em confronto com os livros razão (anexos IX e X), confirmase que a empresa, nos anos de 2003 e 2004, tinha por prática não escriturar parte das notas fiscais de vendas. [...] Desta forma, concluise que as Notas Fiscais não escrituradas (Demonstrativo no anexo III) não foram oferecidas à tributação em nenhum momento. A recorrente não consegue comprovar suas alegações de que todos os tributos teriam sido quitados ou parcelados. Seus argumentos devem ser, portanto, rejeitados. 1 Súmula CARF nº 92: A DIPJ, desde a sua instituição, não constitui confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para a exigência de crédito tributário nela informado. Fl. 4473DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.474 19 · Mérito. Infração de IRPJ – 002 – Depósitos Bancários de Origem não Comprovada. A recorrente lembra que a lei estabelece a necessidade de tratamento individualizado dos depósitos bancários, afirma que as intimações sempre foram atendidas, ainda que, por vezes, com atraso, e que os depósitos bancários teriam as mais diversas origens. Em suas palavras: “[...] a movimentação financeira é ampla e complexa. O controle se dá por meios externos, através de provisões, previsões, negociações, transações. Decalcar o extrato e determinar conhecimento, item a item, anos depois, é muito difícil”. Reitera que nenhum depósito teria sido destacado como diverso dos valores relativos às notas fiscais emitidas. O lançamento a este título (que alcançou os anoscalendário 2003 e 2004) trata de omissão de receitas, caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430, com a redação dada pela Lei n° 10.637/2002, a seguir transcrito: Art.42.Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). §4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou Fl. 4474DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.475 20 receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. Tratase, como é cediço, de presunção relativa, que admite prova em contrário. Mas essa prova cabe à recorrente. Ao Fisco cabe provar o fato indiciário, definido na lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, qual seja, a ocorrência de depósitos bancários de origem não comprovada. Não há dúvidas de que os depósitos efetivamente ocorreram. No entanto, regularmente intimada, a recorrente poderia afastar a presunção de omissão de receitas, desde que apresentasse, nos termos da lei, documentação hábil e idônea que comprovasse, individualizadamente, a origem dos valores creditados nas contacorrentes da pessoa jurídica. A obrigação de escriturar toda a movimentação financeira, inclusive bancária e, ainda, de guardar todos os documentos e demais papéis que sirvam de base para a escrituração está prevista na legislação fiscal, e aplicase, com pequenas variações, aos contribuintes tributados com base no lucro real, presumido (situação da recorrente) ou mesmo optantes pelo SIMPLES. Ao descumprir a obrigação de escriturar, a interessada queda sem meios hábeis para comprovação da origem dos valores que transitaram por suas contascorrentes. Não tendo a interessada qualquer cautela em documentar adequadamente os fatos, ficam por sua conta e risco as conseqüências de tal negligência. No caso, a conseqüência é a aplicação da presunção legal de omissão de receitas, nos estritos termos da lei, conforme anteriormente mencionado. No caso concreto, constato que o tratamento dado pelo Fisco foi individualizado, vide item 5 do Termo de Intimação Fiscal nº 11 (fl. 568) e relação anexa de 26 paginas (fls. 570 e segs.). A seguir, em resposta ao Termo de Intimação nº 13, a interessada informou que “todos os recebimentos efetivos relacionados anteriormente são provenientes de receitas” (fl. 752). Posteriormente, ao prestar esclarecimentos referentes ao Termo de Intimação nº 16, a então fiscalizada identificou parte dos lançamentos que não seriam receitas. O Fisco excluiu esses valores, restando somente aqueles cuja origem não foi comprovada e que a fiscalizada admitiu serem receitas. Como se vê, irretocável o procedimento fiscal. A interessada aduz, ainda, que, sendo possível a identificação das receitas por meio do levantamento das notas fiscais emitidas, descaberia a imputação de receitas omitidas com base em depósitos não passíveis de identificação. Esclareçase que não foi possível a identificação das receitas por meio das notas fiscais emitidas. As NFs de 2003 não foram apresentadas e as de 2004 foram apresentadas com lacunas, que foram parcialmente supridas mediante a circularização. Isto fica muito claro da leitura dos itens 4.1 e 6.2 do Termo de Verificação Fiscal. Não obstante, ainda Fl. 4475DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.476 21 que por hipótese todas as notas fiscais estivessem disponíveis e escrituradas, a presunção de omissão de receitas do art. 42 é autônoma, e caberia à interessada provar, individualizadamente, que os depósitos bancários correspondiam a receitas escrituradas e oferecidas à tributação. Acrescento ainda que, prudentemente, o Fisco apenas lançou o excesso entre os depósitos bancários de origem não comprovada e o somatório, em cada mês, dos valores declarados acrescidos das receitas omitidas apuradas por circularização. O demonstrativo se encontra às fls. 98/99, no Termo de Verificação Fiscal. Por todo o exposto, o recurso voluntário deve ser negado, quanto a este ponto. · Mérito. Infração de IRPJ – 003 – Receitas Operacionais. A recorrente considera inaceitável o arbitramento de valores por ela declarados e pagos. · Mérito. Infração de IRPJ – 004 – Outras Receitas. A recorrente afirma que os valores correspondentes a essa rubrica teriam sido extraídos da DIPJ. Acrescenta que tais valores teriam sido regularmente declarados e pagos, descabendo quaisquer arbitramentos ou penalidades. No que tange a essas duas infrações, cabe observar que a recorrente traz, em sede de recurso, contestação em relação a matérias que não foram objeto de impugnação. Com efeito, por ocasião da apresentação da referida peça (impugnação) a recorrente, em nenhum momento, aduziu quaisquer argumentos sobre algum dos pontos acima mencionados. Assim, a teor do que dispõe o artigo 17 do Decreto nº 70.235, de 1972, na redação que lhe foi dada pela Lei nº 9.532, de 1997, a matéria que não tenha sido expressamente contestada, considerarseá não impugnada, tornandose preclusa. Decorre daí que, não tendo sido objeto de impugnação, carece competência à autoridade de segunda instância para dela tomar conhecimento em sede de recurso voluntário. Não obstante, apenas a título de esclarecimento à interessada, registrese que anteriormente neste voto já foi demonstrada a correção do arbitramento, e que os valores declarados em DCTF e/ou parcelados foram considerados a reduzir o montante lançado. Com isso, caem por terra os argumentos da recorrente, quanto a estes dois itens. · Reflexos tributários – CSLL, PIS e COFINS. Onde cabíveis, os argumentos atinentes ao IRPJ são também trazidos pela recorrente contra os lançamentos dessas contribuições. Desde que o lançamento do IRPJ foi mantido, igual sorte devem ter os lançamentos reflexos, com idêntica fundamentação. No que tange ao PIS e à COFINS, a recorrente lembra ainda que créditos bancários não seriam, indubitavelmente, receitas ou faturamento. Caberia à fiscalização essa comprovação. Fl. 4476DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.477 22 Equivocase, também aqui, a recorrente. A presunção legal aplicável aos depósitos bancários é a do art. 42 da Lei nº 9.430/1996, e seu texto já foi anteriormente transcrito neste voto. A presunção legal é de omissão de receitas, cabendo à interessada a prova em contrário. E, em se tratando de receitas, ainda que por presunção legal, correto seu cômputo na base de cálculo das contribuições, a teor dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/1998, em sua redação então vigente: Art.2°As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei.(Vide Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Art.3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. Com estes fundamentos, rejeito também essas alegações. · Multa com Caráter Confiscatório A recorrente alega ofensa à vedação contida no art. 150, inciso IV, da Constituição Federal. Tratase do princípio constitucional do nãoconfisco, e basta trazer à colação o teor da Súmula CARF nº 2, abaixo, de aplicação obrigatória aos membros deste Colegiado administrativo. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. · Multa Qualificada. A recorrente sustenta que a motivação declinada pelo Fisco seria insuficiente para a aplicação do gravame. Ademais, teria ocorrido erro no enquadramento legal (art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430/1996). A interessada aduz também que teriam ocorrido alguns equívocos contábeis, corrigidos e regularizados tão logo identificados, antes do início da fiscalização, e que nada teria sido ocultado do conhecimento da Autoridade Tributária. Lembra a súmula 14 do 1º Conselho de Contribuintes, e sustenta a inexistência de dolo, fraude ou outra hipótese legal capaz de justificar a qualificação da multa. No que toca ao enquadramento legal, o auto de infração traz como fundamento para a multa qualificada o que segue (fls. 19/20): Fatos Geradores entre 01/01/1997 e 21/01/2007. 150,00% Art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430/96. Alega a recorrente que haveria aqui um erro, e que esse dispositivo legal não se prestaria a sustentar a multa de ofício de 150%. No entanto, o equívoco é da recorrente, que não atentou à alteração legislativa introduzida pela Lei nº 11.488/2007, exatamente a partir de 21/01/2007. Antes dessa alteração, o art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430/1996 possuia a seguinte redação: Fl. 4477DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.478 23 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: [...] IIcento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nosarts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Essa redação sofreu alteração com a Medida Provisória nº 351/20072, posteriormente convertida na Lei nº 11.488/2007. Mas a alteração de redação não implicou a extinção da penalidade, mas tão somente mudou sua localização para o parágrafo 1º do mesmo art. 44 da Lei nº 9.430/1996, confirase: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) [...] § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nosarts. 71, 72 e 73 da Lei no4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Como os fatos geradores aqui tratados eram anteriores à alteração legislativa, a Autoridade Lançadora, corretamente, fez consignar a redação vigente à época dos fatos geradores. Quanto a estar, ou não, caracterizada alguma das situações previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964, é o que se verá a seguir. Após a decisão de primeira instância, a multa qualificada foi mantida apenas para a infração de omissão de receitas (notas fiscais não escrituradas – 001), apurada mediante procedimento de circularização. Essa infração é descrita no item 4.1 do Termo de Verificação Fiscal (fls. 80/81), do qual considero relevante transcrever os trechos seguintes (grifos não constam do original): 4.1. NOTAS FISCAIS NÃO ESCRITURADAS Do exame das contas de receita, nos livros razão de 2003 e 2004, constatamos que havia quebra na seqüência das notas fiscais escrituradas, o que indicou que a empresa poderia não ter escriturado todas as receitas. Para confirmarmos o indício, intimamos diversos clientes da fiscalizada, que nos encaminharam relação das notas fiscais das compras efetuadas anexo VI. 2 Publicada no DOU de 22/01/2007, edição extra. Fl. 4478DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.479 24 O critério para intimar os clientes foi a informação prestada por estes, nas DIPJ, sobre suas compras. Ocorre que nem todas as empresas prestam este tipo de informação, e como a fiscalizada não individualizava os clientes em sua escrita contábil, não foi possível identificar todos os compradores. Outros clientes não foram localizados, tendo sido os Termos de Intimação, devolvidos pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ECT, sem que fossem cientificados, conforme Anexo VI. Como não conseguimos identificar /intimar parte dos compradores, não obtivemos êxito em obter informações sobre todas as notas fiscais emitidas, e consequentemente não foi possível quantificar a totalidade das vendas efetuadas com notas fiscais. Do confronto da relação das Notas Fiscais não escrituradas (Anexo III), extraída das informações encaminhadas pelos clientes intimados (anexo VI), em confronto com os livros razão (anexos IX e X), confirmase que a empresa, nos anos de 2003 e 2004, tinha por prática não escriturar parte das notas fiscais de vendas. Intimada a apresentar as notas fiscais, relativamente a 2003, foi alegado extravio de todas, conforme documento às fls. 55 anexo I cujo teor é o seguinte: "as notas fiscais de saídas emitidas no período de 01/01/03 a 31/12/03, a intimada tem a comentar que as referidas relativas ao período solicitado não puderam ser encontradas, estando extraviadas em função de mudança de profissional da contabilidade mencionada em informações anteriores, o que prejudica parcialmente o cumprimento deste item. Intimada, através dos Termos de Intimação n° 07 (item 2) a se manifestar sobre falta de registro das notas fiscais de venda em 2004, a empresa apresentou o seguintes esclarecimento: "...A partir de 2005 a contabilidade foi assumida por novo profissional que identificou a precariedade dos registros contábeis e fiscais até então. Desta mesma constatação foi identificada a necessidade de complementar a apuração dos tributos para os períodos de 2004 até 2005. Entretanto, em 2004, mesmo a contabilidade encontrandose em processamento, não era viável proceder se aos devidos ajustes para todos os fins, contábeis e fiscais. Assim após levantamento das vendas não computadas, na apuração dos tributos e contribuições anteriores, foi recalculado o valor complementar e efetuada a retificação da DIPJ e das DCTFs. Quanto ao exercício de 2004, os ajustes pertinentes resultaram no montante total da receita para o exercício de R$9.334.245,72 sendo que a receita contábil foi de apenas R$7.593.955,05, que resultou no oferecimento a tributação para fins de IRPJ e CSLL a maior que a contabilidade do total de R$1.740.290,67". Observando o livro razão de 2004, constatase que o total das receitas escrituradas naquele ano foi de R$ 9.407.911,87. No final do ano consta o saldo de R$ 7.593.955,00, mas em razão da receita do mês de junho ter sido escriturada a débito de receita, ao invés de a crédito, diminuindo em duplicidade o valor. Se a receita de junho tivesse sido lançada corretamente o saldo em 31/12/04 seria de R$ 9.407.911, 87 . Desta forma, concluise que as Notas Fiscais não escrituradas (Demonstrativo no anexo III) não foram oferecidas à tributação em nenhum momento. O demonstrativo das notas fiscais de vendas não escrituradas a que se refere o Fisco se encontra às fls. 1064/1093 (30 páginas) e discrimina notas fiscais de vendas de Fl. 4479DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.480 25 emissão da interessada em todos os meses compreendidos entre janeiro de 2003 e outubro de 2004, inclusive. A enorme quantidade de notas fiscais não escrituradas afasta qualquer possibilidade de mero equívoco e denota procedimento sistemático e intencional. Acresçase a isso que o acesso do Fisco a tais documentos somente foi possível mediante custoso procedimento de circularização junto aos clientes da então fiscalizada. A conduta da interessada se amolda à perfeição ao que dispõe o inciso I do art. 71 da Lei nº 4.502/1964: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; De fato, ao se constatar a não escrituração de grande número de notas fiscais de vendas de sua emissão ao longo de 22 meses e a informação de valores a menor de tributos em suas DIPJ e DCTF não se pode concluir de modo diverso: está presente a intenção consciente de impedir ou retardar o conhecimento do fato gerador tributário por parte da autoridade fazendária, com o que se revela correta a qualificação da multa. · Decadência. Retomo, então, a análise da preliminar de mérito, na qual a recorrente requer o reconhecimento da decadência para fatos geradores ocorridos anteriormente a 18/06/2004, com base no art. 150, § 4º, do CTN. A decadência, especialmente no que toca aos tributos sujeitos ao lançamento dito por homologação, é matéria tormentosa, que tem suscitado interpretações variadas mesmo no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Em oportunidades anteriores, já me manifestei no sentido de que o critério aplicável para se distinguir se um lançamento é por homologação ou de ofício deveria ser a própria sistemática de apuração do tributo. Os tributos sujeitos a lançamento por homologação seriam aqueles para os quais a lei estabelece para o sujeito passivo que apure o valor devido e antecipe o pagamento, sem prévio exame da Autoridade Administrativa. Seria essa sistemática, a atividade exercida pelo contribuinte, que faria com que o lançamento fosse por homologação, e não a mera presença ou ausência de pagamento. Entretanto, com o louvável fito de fazer com que as decisões administrativas se conformassem à jurisprudência pacificada do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, o Regimento Interno deste Conselho (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, fez constar o § 2º do art. 62 do Anexo II, a seguir transcrito: Art. 62 [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 4480DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.481 26 Ocorre que a matéria sob exame, a saber, a aplicabilidade do art. 150, § 4º, ou do art. 173, I, ambos do CTN, já foi objeto de decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, em regime de recursos repetitivos (art. 543C do CPC), nos autos do Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940). O julgamento se deu em 12/08/2009 e o acórdão foi publicado no DJe de 18/09/2009, restando assim ementado (grifos constam do original): PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. Fl. 4481DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.482 27 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Posteriormente, o próprio STJ reviu seu posicionamento quanto ao termo inicial para a contagem do prazo decadencial, nos EDcl nos EDcl no AgRG no Recurso Especial nº 674.497 – PR (2004/01099782). Ressalto que o ilustre Ministro Relator, após mencionar expressamente o REsp nº 973.733, registra que “impõese o acolhimento dos presentes embargos de declaração, a fim de se adequar o decisório embargado à jurisprudência uniformizada no âmbito do STJ sobre a matéria”. O julgamento ocorreu em 09/02/2010, e o acórdão foi publicado no DJe em 26/02/2010, com a seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS. EXCEPCIONALIDADE. 1. Tratase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional objetivando afastar a decadência de créditos tributários referentes a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1993. 2. Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar parcial provimento ao recurso especial. De se observar a diferença relevante entre um e outro julgados: no primeiro caso (REsp nº 973.733), o termo inicial para a contagem do prazo decadencial era tido como sendo o primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, interpretação esta Fl. 4482DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.483 28 que fugia por completo à textualidade do art. 173, I, do CTN. No segundo julgado, revendo o posicionamento anterior, o Tribunal passou a considerar que (naquele caso), completandose o fato gerador em 31 de dezembro de 1993, o lançamento somente poderia ser feito a partir de 1994, e o prazo decadencial começaria a fluir em 1º de janeiro de 1995. De se ver, portanto, de que forma tais decisões devem ser reproduzidas no caso sob exame, em cumprimento das disposições regimentais. O Superior Tribunal de Justiça aponta, inequivocamente, para a contagem do prazo decadencial segundo as disposições do art. 173, I, do CTN, como regra geral. Esse seria também o dispositivo aplicável quando a lei determine o pagamento antecipado do tributo e o contribuinte não cumpra com essa obrigação e, ainda, inexistindo declaração prévia do débito. Além disso, também seria a aplicável a regra geral (art. 173, I) quando constatado dolo, fraude ou simulação na conduta do contribuinte. E é precisamente este o motivo que vislumbro para que a contagem do prazo decadencial se dê a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Tenho me manifestado em diversas ocasiões no sentido de que o dolo deve ser extraído de cada situação concreta sob exame. No caso vertente, a conduta de deixar de escriturar grande número de notas fiscais de vendas de sua emissão ao longo de 22 meses, de modo sistemático, além de informar valores a menor de tributos em suas DIPJs e DCTFs desses períodos não pode levar a conclusão diversa: tais atos foram conscientes e intencionais, com o objetivo de impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, conformandose essa conduta à sonegação, na dicção do art. 71 da Lei nº 4.502/1964. A aplicação correta da lei ao reconhecimento ou não da decadência depende tão somente da presença do elemento volitivo, do dolo na conduta do contribuinte relacionada às infrações apuradas. Aplicandose ao caso concreto as disposições do art. 173, I, do CTN temos: O lançamento foi cientificado ao sujeito passivo em 18/06/2009 (fl. 22). Para IRPJ e CSLL, com apuração trimestral, tomemos o fato gerador do terceiro trimestre de 2003, ocorrido em 30/09/2003. O lançamento poderia ser efetuado em 01/10/2003, pelo que a fluência do prazo quinquenal se inicia no primeiro dia do exercício seguinte, a saber, em 01/01/2004, encerrandose em 31/12/2008. Este período está alcançado pela decadência, bem assim os períodos anteriores (primeiro e segundo trimestres de 2003). No entanto, para o quarto trimestre de 2003 (fato gerador completado em 31/12/2003), o lançamento poderia ser efetuado em 01/01/2004, pelo que a fluência do prazo quinquenal se inicia no primeiro dia do exercício seguinte, a saber, em 01/01/2005, encerrando se em 31/12/2009. Não se cogita, aqui, de decadência, nem para os períodos de apuração posteriores. Para PIS e COFINS, com apuração mensal: tomemos o fato gerador ocorrido em 30/11/2003. O lançamento poderia ser efetuado em 01/12/2003, pelo que a fluência do prazo quinquenal se inicia no primeiro dia do exercício seguinte, a saber, em 01/01/2004, Fl. 4483DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.484 29 encerrandose em 31/12/2008. Este período está alcançado pela decadência, bem assim os períodos anteriores (janeiro a outubro de 2003). No entanto, para o fato gerador ocorrido em 31/12/2003, o lançamento poderia ser efetuado em 01/01/2004, pelo que a fluência do prazo quinquenal se inicia no primeiro dia do exercício seguinte, a saber, em 01/01/2005, encerrandose em 31/12/2009. Não se cogita, aqui, de decadência, nem para os períodos de apuração posteriores. Por todo o exposto, concluo da mesma forma que a autoridade julgadora a quo: foram alcançados pela decadência fatos geradores ocorridos nos primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2003, para IRPJ e CSLL, e aqueles ocorridos nos meses de janeiro a novembro de 2003, para PIS e COFINS. Nada além disso. Não merece reparos a decisão recorrida, pelo que rejeito também esta preliminar de mérito. · Ilegalidade de Utilização da Taxa SELIC. A recorrente aduz argumentos que, por sua ótica, demonstrariam a inaplicabilidade da taxa SELIC como indexador de tributos recolhidos em atraso. A matéria já foi inúmeras vezes discutida por este Colegiado, bem assim pelo extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, e se encontra pacificada, a ponto de resultar na súmula CARF nº 4, a seguir reproduzida: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Não acolho, pois, o pedido de desconsideração dos valores decorrentes da aplicação da taxa SELIC. · Inacumulabilidade de taxa de juros e multa (sic, fls. 406/407). Ao contrário do que se poderia entender a partir do título deste item, a irresignação da recorrente se dirige contra a cumulação da taxa SELIC com a aplicação de correção monetária e juros moratórios. A correção monetária se encontra extinta desde 01/01/1996 (Lei 9.249/1995, art. 4º). Não há cumulação de SELIC com juros moratórios, apenas aquela taxa é utilizada para cálculo dos juros moratórios, em regime de juros simples, não compostos. O argumento deve ser rejeitado. · Conclusão. Por todo o exposto, em conclusão, voto por rejeitar as preliminares e, no mais, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fl. 4484DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10980.006088/200987 Acórdão n.º 1301002.125 S1C3T1 Fl. 4.485 30 Waldir Veiga Rocha Fl. 4485DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 21/09/2016 p or WALDIR VEIGA ROCHA
score : 1.0
Numero do processo: 13609.720811/2009-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2006
ÁREA OCUPADA COM BENFEITORIAS. COMPROVAÇÃO. LAUDO. Acolhe-se, para fins de cálculo do ITR devido, área ocupada com benfeitorias, cuja existência seja devidamente confirmada mediante apresentação de laudo técnico.
VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT).
Incabível a manutenção do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), por contrariar o disposto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996.
Recurso de Ofício Negado
Numero da decisão: 2301-004.855
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da relatora.
(Assinado digitalmente)
João Bellini Júnior - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Alice Grecchi - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior, Gisa Barbosa Gambogi Neses, Julio Cesar Vieira Gomes, Andrea Brose Adolfo, Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza
Nome do relator: ALICE GRECCHI
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COMPROVAÇÃO. LAUDO. Acolhese, para fins de cálculo do ITR devido, área ocupada com benfeitorias, cuja existência seja devidamente confirmada mediante apresentação de laudo técnico. VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). Incabível a manutenção do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), por contrariar o disposto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996. Recurso de Ofício Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da relatora. (Assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente. (Assinado digitalmente) Alice Grecchi Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 72 08 11 /2 00 9- 70 Fl. 387DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior, Gisa Barbosa Gambogi Neses, Julio Cesar Vieira Gomes, Andrea Brose Adolfo, Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza Relatório Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrado Notificação de Lançamento n° 06113/00004/2009 de fls. 150, intimando a recolher o crédito tributário referente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, exercício de 2006, acrescido de juros de mora e multa proporcional (75%), totalizando o crédito tributário de R$ 1.497.297,10 relativos a propriedade rural denominada “Fazenda Cordeiro I”, NIRF 3.480.2096, com área declarada de 20.805,6 ha, localizada no Município de Três Marias – MG. Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 151/154), consta as seguintes informações: que o sujeito passivo após intimado não comprovou a área declarada de benfeitorias úteis e necessárias destinadas à atividade rural, bem como não comprovou os valores de terra nua através de laudo de avaliação do imóvel. Após analisar os documentos apresentados pelo contribuinte em resposta ao Termo de Intimação n° 06113/00004/2009 e da DITR/2006, a autoridade fiscal glosou integralmente a área ocupada com benfeitorias (520,4 ha) e recusou o VTN declarado de R$ 8.322.240,00 (R$ 400,00/ha), integrando o montante de R$ 41.611.200,00 (R$ 2.000,00/ha), com base no Sistema de Preços de Terras – SIPT, da RFB, com o consequente aumento da área aproveitável, do VTN tributável e respectiva alíquota de cálculo, tendo sido apurado imposto suplementar de R$ 709.821,32 (fls. 153). Resumo da autuação: Distribuição da Área do Imóvel (ha) Declarado Apurado 01. Área Total do Imóvel 20.805,6 20.805,6 02. Área de Preservação Permanente 1.607,4 1.607,4 03. Área de Reserva Legal 7.000,0 7.000,0 04. Área de Reserva Particular do Patrimônio Natural 0,0 0,0 05. Área de Interesse Ecológico 0,0 0,0 06. Área de Servidão Florestal ou Ambiental 0,0 0,0 07. Área Tributável 12.198,2 12.198,2 08. Área Ocupada com Benfeitorias Úteis e Necessárias Destinadas à Atividade Rural 520,4 0,0 09. Área Aproveitável 11.677,8 12.198,2 Cálculo do Valor da Terra Nua Declarado (R$) Apurado (R$) 19. Valor Total do Imóvel 79.304.685,00 111.593.645,00 Fl. 388DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13609.720811/200970 Acórdão n.º 2301004.855 S2C3T1 Fl. 388 3 20. Valor das Benfeitorias 0,0 0,0 21. Valor das Culturas/Pastagens/Florestas 69.982.445,00 69.982.445,00 22. Valor da Terra Nua 8.322.240,00 41.611.200,00 Cálculo do Imposto Declarado (R$) Apurado (R$) 23. Valor da Terra Nua Tributável (07 / 01) * 22 4.787.497,08 24.392.485,44 24. Alíquota 0,45 3,00 25. Imposto Devido (23 * 24) / 100 21.953,23 731.774,56 DIFERENÇA DE IMPOSTO APURADA 709.821,33 Após o contribuinte ser cientificado do lançamento em 21/12/2009, conforme Aviso de Recebimento AR à fl. 158, apresentou a impugnação de fls. 159 a 174, em 18/01/2010, que em suas razões, alega: discorda do procedimento fiscal, por glosar área declarada com benfeitorias, além de arbitrar o VTN com base na tabela SIPT, “cujos valores não refletem as particularidades do imóvel e a realidade regional”; que o valor de R$ 2.000,00 por hectare é considerado incorreto e equivocado pelo contribuinte, por não ser razoável para o imóvel em questão, ratificando através de laudo de avaliação com o valor de terra nua declarada; ressalta o valor de R$ 400,00 por hectare apurado através de levantamento cartorial das transações efetuadas no ano de 2006 na região de Três Marias – MG; cita legislação de regência, acórdãos do antigo Conselho de Contribuintes, atual CARF, e doutrinas para reforçar seus argumentos; o contribuinte pede que seja realizada perícia técnica por peritos indicados, para comprovar o VTN e a área com benfeitorias declarados no exercício de 2006. A Turma de Primeira Instância julgou a impugnação procedente, restando a decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL – ITR Exercício: 2006 DA ÁREA OCUPADA COM BENFEITORIAS. Fl. 389DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 Deverá ser restabelecida a área ocupada com benfeitorias, informada na DITR/2006 e glosada pela autoridade autuante, com base em documentos hábeis para comprovála, à época do respectivo fato gerador. DO VALOR DA TERRA NUA VTN. Deverá ser revisto o VTN arbitrado para o ITR/2006, restabelecendose o VTN declarado, com base em laudo técnico de avaliação, emitido por profissional habilitado e com ART/CREA, demonstrando de maneira convincente o valor fundiário do imóvel rural avaliado, a preços da época do fato gerador do imposto, bem como suas peculiaridades desfavoráveis. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado O contribuinte foi notificado do Acórdão 0351.437 1ª Turma da DRJ/BSB em 02/07/2013 (fl. 380), mediante Aviso de Recebimento – AR. Tendo em vista que a decisão foi de procedência, não apresentou recurso voluntário. Considerando que foi exonerado crédito tributário em limite superior ao estabelecido pela Portaria MF nº 03, de 03 de janeiro de 2008, houve RECURSO DE OFÍCIO, o qual passo a analisar. É o relatório. Voto Conselheira Alice Grecchi Tratase de Recurso de Ofício, interposto face a decisão de Primeira Instância ter exonerado crédito tributário em valor superior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais). Passo a apreciar as razões de decidir da decisão recorrida, colacionando, abaixo, excertos do voto: [...] Para comprovar a área ocupada com benfeitorias (520,4 ha), informada na declaração do ITR/2006 e glosada pela autoridade fiscal, a requerente apresentou laudo técnico agronômico (fls. 163/179), que comprova a existência dessa área na propriedade, composta por estradas internas e externas, aceiros, plantas de carbonização (carvoarias), torre de vigilância e sede (fls. 168). Assim, entendo que deva ser restabelecida a área ocupada com benfeitorias úteis e necessárias à atividade rural (520,4 ha), informada na DITR/2006 e compatível com a área total do imóvel, por ter sido apresentada documentação hábil para tanto. Fl. 390DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13609.720811/200970 Acórdão n.º 2301004.855 S2C3T1 Fl. 389 5 Registrese que esse acatamento restabelece o grau de utilização do imóvel (GU) de 80,2% e a alíquota de 0,45%, utilizados pela contribuinte na DITR/2006, conforme demonstrativo de fls. 108. Do Valor da Terra Nua – VTN A autoridade fiscal considerou ter havido subavaliação no cálculo do VTN declarado para o ITR/2006, R$ 8.322.240,00 (R$ 400,00/ha), arbitrandoo em R$ 41.611.200,00 (R$ 2.000,00/ha), com base no SIPT da Receita Federal, instituído em consonância com o art. 14 da Lei 9.393/1996, e observado o art. 3º da Portaria SRF nº 447/2002 e o item 6.8. da Norma de Execução Cofis nº 02/2010, aplicável à execução da malha fiscal desse exercício. Esse valor corresponde ao menor VTN/ha, por aptidão agrícola (campos), para o exercício de 2006 (fls. 110), para os imóveis rurais localizados no município de Três Marias MG, com base nos valores fornecidos pela Secretaria Estadual de Agricultura, nos termos do § 1º do art. 14 da Lei 9.393/1996 A requerente reapresentou nesta fase o laudo de avaliação e anexos de fls. 183/214, elaborado por profissional habilitado, com ART/CREA MG (fls. 215), com o valor da terra nua do imóvel de R$ 400,00/ha, equivalente a R$ 8.322.240,00, solicitando seu acolhimento para revisão do VTN arbitrado. Não obstante a autoridade fiscal ter rejeitado esse laudo de avaliação como documento hábil para comprovação do VTN declarado, formei convicção de que o mesmo, quando analisado no contexto, cabe ser acatado para revisão do VTN arbitrado e, consequentemente, restabelecimento do VTN declarado. Na análise do laudo apresentado, verificase que o autor do trabalho descreve as características particulares do imóvel rural, arenoso e com baixa fertilidade, cuja destinação econômica é unicamente o reflorestamento, utilizando o método comparativo de dados de mercado, com homogeneização dos valores encontrados em 05 amostras. Efetuado o devido tratamento matemático estatístico, esse laudo apresenta o VTN de R$ 400,00/ha (R$ 8.322.240,00), igual ao valor da terra nua declarado (fls. 237), e conclui ter alcançado o grau de precisão II, conforme pontuação definida na NBR 14.6533. Salientese que esse valor encontrase muito próximo do VTN/ha médio do SIPT (R$ 401,47 fls. 110), apurado com base nos valores informados pelos contribuintes em suas respectivas declarações do ITR/2006, para os imóveis localizados no município de Três Marias – MG. Fl. 391DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 Assim, entendo que o referido laudo de avaliação, além de ter sido emitido por profissional habilitado, com ART/CREA, atende aos requisitos essenciais estabelecidos na NBR 14.6533 da ABNT e demonstra de maneira convincente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador, sendo considerado documento hábil para alterar o VTN arbitrado, nos termos da NE/Cofis nº 002/2010. Portanto, cabe ser acatado o laudo de avaliação trazido aos autos, com um de VTN de R$ 400,00/ha (R$ 8.322.240,00), para revisar o VTN arbitrado para o ITR/2006 da Fazenda Cordeiro I. Dessa forma, devem ser restabelecidos o VTN de R$ 8.322.240,00 e a área com benfeitorias (520,4 ha) informados na DITR/2006, ratificando o imposto apurado pela Contribuinte nessa declaração (autolançamento), com o consequente cancelamento do imposto suplementar apurado pela autoridade fiscal (fls.108). Diante do exposto, voto no sentido de se julgar procedente a impugnação interposta pela contribuinte, para cancelar o lançamento constituído pela notificação/anexos de fls. 105/109 e tornar insubsistente o crédito tributário exigido. [...] Primeiramente, cumpre apreciar a glosa da área declarada com benfeitorias úteis e necessárias para a atividade rural. Compulsando os documentos acostados ao feito, verifico que consta Laudo Técnico Agronômico às fls. 233, em que são elencadas as benfeitorias existentes na propriedade em questão. Em anexo ao referido laudo, constam os mapas com as áreas ocupadas por essas benfeitorias. Ainda, há outro Laudo Técnico acostado às fls.110/112, em que consta informação de que as áreas ocupadas com benfeitorias úteis e necessárias à atividade rural (aceiros e estradas), totalizam 520,40 ha. O documento foi elaborado pelo engenheiro florestal Carlúcio Guimarães Oliveira CREAMG nº 23.913/D, com Anotação de Responsabilidade Técnica às fls. 113. Portando, resta confirmado o que foi declarado na DITR/06 pela contribuinte, uma vez que os Laudos juntados atestam a existência da área informada de 520,40 ha de benfeitorias. No que se refere ao arbitramento do VTN, a decisão da Turma Julgadora de Primeira Instância se coaduna com o entendimento que esta relatora vem adotando nos processos de sua relatoria, de que o arbitramento do Valor da Terra Nua, não está com consonância com a legislação de regência, sendo arbitrado pelo preço médio constante das DITR ou mesmo de acordo com os dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Agricultura. Vejamos: Processo nº 10183.720539/200716 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301004.596 Fl. 392DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13609.720811/200970 Acórdão n.º 2301004.855 S2C3T1 Fl. 390 7 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 12 de abril de 2016 Matéria IRPF Recorrente TAQUARI EMPREENDIMENTOS AGROPECUÁRIOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 [...] VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DITR. Incabível a manutenção do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), utilizando VTN médio das DITR entregues no município de localização do imóvel, por contrariar o disposto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996. Recurso Voluntário Provido em Parte Não é outro entendimento da E. Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, ao proferir o Acórdão nº 9202003.749 abaixo ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2005 ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Ainda que conste às fls. 155 (Tela SIPT CONSULTA) não há como saber se foram atendidos todos os parâmetros legais para o cálculo do VTN, de modo que não pode ser utilizado para proceder o arbitramento do valor da terra nua. Ademais, como bem observado na decisão recorrida, o Valor da Terra Nua atribuído ao imóvel, constante do Laudo e Avaliação (R$ 400,00/ha), está muito próximo ao valor informado pelos contribuintes em suas respectivas declarações do ITR/2006, para os imóveis localizados no município de Três Marias – MG, que foi de R$ 401,47/ha (fl. 155). Assim, bem exarada a decisão "a quo", a qual acatou o Laudo Técnico para atribuir o VTN de R$ 400,00/ha, não merecendo reparos. Fl. 393DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 8 Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício, mantendo a decisão recorrida por seus próprios fundamentos. (Assinado digitalmente) Alice Grecchi Relatora Fl. 394DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
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