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Numero do processo: 10830.009455/2003-22
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Apr 19 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1992
IRPF. PEDIDO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. REQUERIMENTO DE RESTITUIÇÃO ANTERIOR VIGÊNCIA LEI COMPLEMENTAR N° 118/2005. PRESCRIÇÃO. PRAZO DECENAL. TESE DOS 5 + 5. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA STJ E STF.
De conformidade com a jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e corroborada pelo Supremo Tribunal Federal, a propósito da inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da Lei Complementar n° 118/2005, que prevê a aplicação retroativa dos preceitos de referido Diploma Legal, tratando-se de pedido de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, in casu, Imposto Sobre a Renda de Pessoa Física, incidente sobre as verbas pagas em decorrência de adesão a Programa de Demissão Voluntária - PDV, formulado anteriormente à vigência de aludida LC, o prazo a ser observado é de 10 (Dez) anos (tese dos 5 + 5), contando-se da data da ocorrência do fato gerador.
Recurso extraordinário provido.
Numero da decisão: 9900-000.387
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo Presidente
(Assinado digitalmente)
Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator
EDITADO EM: 28/11/12
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias, Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas e Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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PEDIDO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. REQUERIMENTO DE RESTITUIÇÃO ANTERIOR VIGÊNCIA LEI COMPLEMENTAR N° 118/2005. PRESCRIÇÃO. PRAZO DECENAL. TESE DOS 5 + 5. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA STJ E STF. De conformidade com a jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e corroborada pelo Supremo Tribunal Federal, a propósito da inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da Lei Complementar n° 118/2005, que prevê a aplicação retroativa dos preceitos de referido Diploma Legal, tratandose de pedido de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, in casu, Imposto Sobre a Renda de Pessoa Física, incidente sobre as verbas pagas em decorrência de adesão a Programa de Demissão Voluntária PDV, formulado anteriormente à vigência de aludida LC, o prazo a ser observado é de 10 (Dez) anos (tese dos 5 + 5), contandose da data da ocorrência do fato gerador. Recurso extraordinário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 94 55 /2 00 3- 22 Fl. 187DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/12/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 2 (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 28/11/12 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias, Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas e Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório ANDRÉ PIMENTEL POSSAS, contribuinte, pessoa física, já devidamente qualificado nos autos do processo administrativo em epígrafe, apresentou Pedido de Restituição de Imposto de Renda Pessoa Física, em 17/12/2003, em relação ao anocalendário 1992, incidente sobre as verbas indenizatórias percebidas em virtude de adesão a Plano de Demissão Voluntária ocorrida em 11/05/1992, conforme Petição Inicial, às fls. 01/10, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto Recurso Especial pela Procuradoria contra Acórdão nº 10248.866, da 2a Câmara do então Primeiro Conselho de Contribuintes, que deu provimento ao recurso voluntário do contribuinte, a Egrégia 4ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em 02/03/2009, por unanimidade de votos, achou por bem NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 930400.014, sintetizados na seguinte ementa: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 1993 DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO — PDV — DECADÊNCIA AFASTADA. O início da contagem do prazo de decadência para pleitear a restituição dos valores recolhidos a título de imposto de renda sobre os montantes pagos como incentivo pela adesão a Programas de Desligamento Voluntário PDV, começa a fluir a Fl. 188DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/12/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10830.009455/200322 Acórdão n.º 9900000.387 CSRFPL Fl. 12 3 partir da data em que o contribuinte viu reconhecido, pela administração tributária, o direito de pleitear a restituição. No momento em que a Secretaria da Receita Federal editou a Instrução Normativa SRF n° 165, de 31/12/1998, que foi publicada no Diário Oficial da União que circulou no dia 06/01/1999, são tempestivos os pedidos protocolizados até 06/01/2004. Recurso especial negado.” Ainda irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Extraordinário ao Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, às fls. 107/117, com arrimo nos artigo 9º e 43, do então Regimento Interno da CSRF, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Inicialmente, pretende seja conhecido seu Recurso Extraordinário, uma vez observados os requisitos para tanto, eis que o Acórdão atacado, ao determinar que o prazo para restituição do indébito tributário, nos casos de declaração de inconstitucionalidade, tem início no momento em que o Poder Executivo reconhece não mais ser devida a exação, divergiu de outras decisões exaradas pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme se extrai do Acórdão nº 930300.080, ora adotado como paradigma. Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, sustenta que o Acórdão encimado, ora adotado como paradigma, diverge do decisum guerreado, na medida em que admite como termo inicial para contagem do prazo decadencial do pedido de restituição a data da extinção do crédito tributário pelo pagamento indevido e não com a publicação de ato normativo ou prolação de decisão judicial, na forma que restou decidido pela Turma recorrida. Insurgese contra o Acórdão atacado, por entender ter contrariado os preceitos contidos nos artigos 165, inciso I e 168, inciso I, do Código Tributário Nacional. Assevera que a Instrução Normativa nº 165/1998, que reconheceu a não incidência de IRPF sobre as verbas pagas a título de PDV, em razão de sua natureza indenizatória, não exerce qualquer influência na contagem do prazo para repetição de indébito e/ou compensação, sobretudo quando referida norma secundária, por esse próprio caráter, não tem o condão de extinguir exigência tributária. Alega que foi editado pela Secretaria da Receita Federal o Ato Declaratório nº 096, de 26 de dezembro de 1999, o qual é expresso ao dispor que o direito a restituição do tributo pago indevidamente extinguese após o transcurso do prazo de cinco anos, contado da data da extinção do crédito tributário, não tendo a Instrução Normativa a capacidade de criar ou extinguir direitos, não inovando o lapso decadencial. Nesse sentido, sustenta que, para o CTN, a causa do recolhimento indevido é irrelevante, eis que não definiu como termo a quo para contagem da prescrição a edição de Instruções Normativas, Resolução do Senado Federal ou declaração de inconstitucionalidade pelo STF, não podendo o julgador dar à norma legal em comento interpretação que dela não decorre, sob pena de tornar indefinido o termo inicial do prazo para o pedido de restituição, destruindo o instituto da decadência, em total afronta a segurança jurídica. Fl. 189DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/12/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 4 Defende que os artigos 3º e 4º da Lei Complementar nº 118/2005, c/c artigo 106, inciso I, do CTN, corroboram seu entendimento, possibilitando, inclusive, a aplicação retroativa do artigo 3º, da LC nº 118, em virtude de sua natureza interpretativa. A fazer prevalecer sua pretensão, traz à colação doutrina a propósito da matéria, consonante com o entendimento acima esposado. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Extraordinário, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, entendeu por bem admitir o Recurso Extraordinário do Procurador, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido divergiu do entendimento consubstanciado no decisum paradigma, Acórdão nº 930300.080, consoante se positiva do Despacho nº 910000.443/2011, de fl. 153. Instado a se manifestar a propósito do Recurso Extraordinário da Procuradoria, o contribuinte apresentou suas contrarrazões, às fls. 159/168, corroborando as razões de decidir do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da CSRF, a divergência suscitada pela Procuradoria da Fazenda Nacional, conheço do Recurso Extraordinário e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso Extraordinário, pretende a Procuradoria a reforma do Acórdão recorrido, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram de outras decisões exaradas pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme se extrai do Acórdão nº 930300.080, ora adotado como paradigma. Em defesa de sua pretensão, sustenta que o Acórdão atacado malferiu os preceitos contidos nos artigos 165, inciso I e 168, inciso I, do Código Tributário Nacional, os quais prescrevem que o direito de o sujeito passivo pleitear a restituição de tributo pago indevidamente ou a maior extinguese com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário pelo pagamento indevido. Nesse sentido, reitera que, para o CTN, a causa do recolhimento indevido é irrelevante, eis que não definiu como termo a quo para contagem da prescrição a edição de Resolução do Senado Federal, a declaração de inconstitucionalidade pelo STF ou outro ato administrativo qualquer, não podendo o julgador dar à norma legal em comento interpretação que dela não decorre. Infere, ainda, que os artigos 3º e 4º, da Lei Complementar nº 118/2005, c/c artigo 106, inciso I, do CTN, corroboram seu entendimento, possibilitando, inclusive, a aplicação retroativa do artigo 3º, da LC nº 118, em virtude de sua natureza interpretativa. Consoante se infere dos autos, concluise que a pretensão da Fazenda Nacional merece acolhimento. Do exame dos elementos que instruem o processo, constatase Fl. 190DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/12/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10830.009455/200322 Acórdão n.º 9900000.387 CSRFPL Fl. 13 5 que o Acórdão recorrido, inobstante as sempre bem fundamentadas razões de direito do ilustre Conselheiro relator, as quais sempre compartilhei, apresentase em descompasso com o entendimento consolidado no Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal, especialmente nos autos de Recurso Repetitivo, de observância obrigatória por este Colegiado, como passaremos a demonstrar. Antes mesmo de se adentrar ao mérito da questão, cumpre trazer à baila os dispositivos legais que regulamentam a matéria, que assim prescrevem: “ Art.165 O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do art. 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;” “Art.168 O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipóteses dos incisos I e II do art. 165, da data da extinção do crédito tributário;” Na hipótese dos autos, não há dúvidas quanto à existência do indébito, tendo em vista tratarse de pedido de restituição de Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF incidente sobre as verbas concedidas em virtude de adesão a Programa de Demissão Voluntária PDV, reconhecidas como indenizatórias e, por conseguinte, não integrantes da base de cálculo do tributo sob análise, mediante edição da Instrução Normativa SRF nº 165, de 06/01/1999. Nesse sentido, a discussão centrase tão somente no prazo prescricional para o contribuinte exercer seu direito de repetição de indébito, mais precisamente em relação ao termo a quo de referido prazo. A Procuradoria da Fazenda Nacional, com amparo nos artigos 106, 165, inciso I, e 168, inciso I, do Códex Tributário, entende que o termo a quo do prazo prescricional em comento é a data do pagamento do tributo indevido. Por sua vez, a Turma recorrida, à sua unanimidade, determinou que o prazo para a contribuinte pleitear a restituição e/ou compensação dos tributos em referência (IRPF) iniciase na data da publicação da Instrução Normativa SRF nº 165, de 06/01/1999, entendimento compartilhado por este conselheiro, pelas razões de fato e de direito que passamos a desenvolver. Afora as várias discussões doutrinárias a propósito do tema, o certo é que o IRPF, cobrado sobre as verbas recebidas pela pessoa física em decorrência de adesão a PDV, só passou a ser indevido quando do definitivo reconhecimento pela autoridade fazendária da não incidência de tal imposto sobre aludidos valores, ou seja, a partir da publicação da Instrução Normativa SRF nº 165, de 06/01/1999. Em outras palavras, antes da IN SRF nº 165/1999, o tributo em debate era devido e deveria ser recolhido em época própria, ou melhor, os pagamentos foram efetuados Fl. 191DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/12/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 6 com fulcro na legislação de regência vigente, só passando a ser indébito quando da edição daquela Instrução Normativa. Nessa toada, ao admitir como termo a quo do prazo prescricional sub examine a data do pagamento do tributo indevido, estamos privilegiando o contribuinte que não o pagou, eis que não cumpriu a legislação de regência válida à época e não suportará lançamento fiscal com o fito de exigir tal exação, porquanto declarada inconstitucional posteriormente. Em outra via, o contribuinte que cumpriu com suas obrigações tributárias, pagando o tributo em dia, será penalizado por seguir os preceitos dos malfadados dispositivos legais que regulamentavam a matéria. Mais a mais, repitase, à época dos pagamentos do IRPF incidentes sobre as importâncias recebidas em razão de adesão a Programa de Demissão Voluntária, tal tributo era efetivamente devido, só passando a ser indébito quando do reconhecimento de sua natureza indenizatória pela própria autoridade fazendária e, por conseguinte, fora do alcance do IRPF, mediante edição da Instrução Normativa SRF nº 165/1999. Na esteira desse entendimento, as razões de decidir do Acórdão atacado representam, além da observância ao princípio da legalidade, o cumprimento do dever legal do julgador de se fazer justiça. Assim, não se pode admitir como termo inicial do prazo prescricional em análise, a data do pagamento do tributo. Este, aliás, era o entendimento majoritário da doutrina e jurisprudência judicial e administrativa, conforme restou circunstanciadamente demonstrado no Acórdão recorrido, bem como nas peças recursais da contribuinte. A propósito da matéria, mister trazer à baila a jurisprudência, anteriormente consolidada nesse Colendo Tribunal Administrativo, oferecendo proteção ao pleito da contribuinte, senão vejamos: “IRPF – RESTITUIÇÃO – TERMO INICIAL – PROGRAMA DE DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO – Contase a partir da publicação da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal nº 165, de 31 de dezembro de 1998, o prazo decadencial para a apresentação de requerimento de restituição dos valores indevidamente retidos na fonte, relativos aos planos de desligamento voluntário. . IRPF – PDV – PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ALCANCE – Tendo a Administração considerado indevida a tributação dos valores percebidos como indenização relativos aos Programas de Desligamento Voluntário em 06/01/99, data da publicação da Instrução Normativa nº 165 de 31 de dezembro de 1998, é irrelevante a data da efetiva retenção, que não é marco inicial do prazo extintivo. – Recurso Especial negado.” (1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Recurso nº 127.011, Acórdão nº CSRF/0104.174 – Sessão de 14/10/2002) “IRRF – RESTITUIÇÃO DE TRIBUTO. PRAZO DECADENCIAL – Nos casos de retenção pela fonte pagadora de importância a título de imposto de renda na fonte considerado indevido por legislação superveniente, o termo inicial para o sujeito passivo apresentar o pedido de restituição junto ao órgão competente é a data em que vigora os efeitos da nova legislação. PDV – PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TERMO DE INÍCIO – No Fl. 192DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/12/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10830.009455/200322 Acórdão n.º 9900000.387 CSRFPL Fl. 14 7 caso de retenções relativas a Programa de Demissão Voluntária ocorridas além do prazo de cinco anos, o termo inicial para protocolização de pedido de restituição ocorre em 06.01.1999, data da publicação de ato administrativo que reconheceu indevida referida exação. Recurso negado” (1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Recurso nº 126.098, Acórdão nº CSRF/0105.133 – Sessão de 29/11/2004) Não obstante as razões de fato e de direito acima esposadas, as quais vinham sendo adotadas nos julgados por este Colegiado, ao contemplar a matéria, o certo é que o tema vem sendo objeto de inúmeras discussões no Judiciário, o qual já se manifestou das mais diversas formas, sobretudo após a edição da Lei Complementar nº 118, que em seus artigos 3o e 4o, assim prescreveu: “Art. 3o Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Art. 4o Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional.” Escorado nos dispositivos legais encimados, a Procuradoria reforça sua tese, mormente com arrimo no artigo 4º, que estabelece a retroatividade de aludidas determinações. Em face da edição da Lei Complementar nº 118/2005, inúmeras foram as discussões que permearam o Judiciário, especialmente no que tange a constitucionalidade do disposto na parte final do artigo 4º, relativamente à retroatividade daquela norma. Após muitas disceptações a propósito da matéria, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que os preceitos inscritos na parte final do artigo 4º da Lei Complementar nº 118/2005, encontramse maculados por vício de inconstitucionalidade, não se cogitando na aplicabilidade retroativa do disposto no artigo 3°, consoante se infere da ementa do Acórdão exarado nos autos do Recurso Especial nº 1.002.932/SP, nos seguintes termos: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO CONDUÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 4º, DA LC 118/2005. DETERMINAÇÃO DE APLICAÇÃO RETROATIVA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO. CORTE ESPECIAL. RESERVA DE PLENÁRIO. 1. O princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC 118, de 9 de fevereiro de 2005, aos pagamentos indevidos realizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao Fl. 193DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/12/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 8 referido diploma legal, posto norma referente à extinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação correspectiva. 2. O advento da LC 118/05 e suas conseqüências sobre a prescrição, do ponto de vista prático, implica dever a mesma ser contada da seguinte forma: relativamente aos pagamentos efetuados a partir da sua vigência (que ocorreu em 09.06.05), o prazo para a repetição do indébito é de cinco a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior, limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova. 3. Isto porque a Corte Especial declarou a inconstitucionalidade da expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional", constante do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 06.06.2007). 4. Deveras, a norma inserta no artigo 3º, da lei complementar em tela, indubitavelmente, cria direito novo, não configurando lei meramente interpretativa, cuja retroação é permitida, consoante apregoa doutrina abalizada: [...] 5. Consectariamente, em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data da vigência da novel lei complementar, sobejem, no máximo, cinco anos da contagem do lapso temporal (regra que se coaduna com o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002, segundo o qual: "Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada." ). 6. Desta sorte, ocorrido o pagamento antecipado do tributo após a vigência da aludida norma jurídica, o dies a quo do prazo prescricional para a repetição/compensação é a data do recolhimento indevido. 7. In casu, insurgese o recorrente contra a prescrição qüinqüenal determinada pelo Tribunal a quo, pleiteando a reforma da decisão para que seja determinada a prescrição decenal, sendo certo que não houve menção, nas instância ordinárias, acerca da data em que se efetivaram os recolhimentos indevidos, mercê de a propositura da ação ter ocorrido em 27.11.2002, razão pela qual forçoso concluir que os recolhimentos indevidos ocorreram antes do advento da LC 118/2005, por isso que a tese aplicável é a que considera os 5 anos de decadência da homologação para a constituição do crédito tributário acrescidos de mais 5 anos referentes à prescrição da ação. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/12/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10830.009455/200322 Acórdão n.º 9900000.387 CSRFPL Fl. 15 9 8. Impende salientar que, conquanto as instâncias ordinárias não tenham mencionado expressamente as datas em que ocorreram os pagamentos indevidos, é certo que os mesmos foram efetuados sob a égide da LC 70/91, uma vez que a Lei 9.430/96, vigente a partir de 31/03/1997, revogou a isenção concedida pelo art. 6º, II, da referida lei complementar às sociedades civis de prestação de serviços, tornando legítimo o pagamento da COFINS. 9. Recurso especial provido, nos termos da fundamentação expendida. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.” ” (STJ – 1a Seção – Resp n° 1.002.932/SP – Relator Ministro Luiz Fux, Julgado em 25/11/2009) Conforme se depreende da ementa acima transcrita, o Superior Tribunal de Justiça posicionouse no sentido de que, no caso de repetição de indébito de tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo prescricional para protocolizar o pedido, após o advento da Lei Complementar n° 118, contase da seguinte forma: 1) Recolhimentos efetuados antes da LC 118/2005 – Prazo de 10 (dez) anos – tese dos 5 + 5 , a contar da ocorrência do fato gerador, limitado ao período máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova; 2) Recolhimentos realizados após a vigência da LC 118 (09/06/2005) – Prazo de 05 (cinco) anos a contar da data do pagamento indevido; No mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal, rechaçou de uma vez por todas qualquer dúvida quanto à matéria, ratificando a inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da Lei Complementar n° 118/2005, mantendo, portanto, o prazo prescricional com base na tese dos 5 + 5 para nos casos de recolhimentos indevidos ocorridos anteriormente à vigência de aludido Diploma Legal. É o que se extrai do Acórdão exarado nos autos do Recurso Extraordinário n° 566.621/RS, julgado sob o manto do rito previsto no artigo 543B do Código de Processo Civil, com a seguinte ementa: “DIREITO TRIBUTÁRIO. LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. DESCABIMENTO .VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA . NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS. APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos Fl. 195DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/12/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 10 contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” Como se observa do julgado acima ementado, o Supremo Tribunal Federal, ao contemplar a matéria, corroborou a inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da Lei Complementar n° 118/2005, ressalvando, porém, seu entendimento no sentido de que referido Diploma Legal somente poderá ser aplicado às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. No caso vertente, afora entendimento pessoal a respeito do tema, é de se restabelecer a decretação da prescrição do direito do contribuinte, tendo em vista que apresentou pedido de restituição em 17/12/2003, antes da vigência da Lei Complementar n° 118/2005, relativamente a recolhimento indevido ocorrido no anocalendário 1992, mais precisamente em 11/05/1992 (com fato gerador em 31/12/1992), a título de IRPF sobre verbas Fl. 196DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/12/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10830.009455/200322 Acórdão n.º 9900000.387 CSRFPL Fl. 16 11 indenizatórias percebidas em virtude de adesão a Plano de Demissão Voluntária, fora, portanto, do prazo decenal, seja qual for o posicionamento a ser adotado, do STF ou STJ. Partindo dessas premissas, uma vez pacificado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal o entendimento no sentido do prazo prescricional de 10 (dez) anos para protocolização do pedido de restituição de indébito, contado da data da ocorrência do fato gerador, impõese reconhecer a prescrição do pleito do contribuinte de maneira a reformar o Acórdão recorrido. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em dissonância com a jurisprudência consolidada no âmbito dos Tribunais Superiores, VOTO NO SENTIDO DE DAR PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 197DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/12/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 11516.004211/2009-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano calendário: 2004, 2005, 2006
ALEGAÇÃO NÃO COMPROVADA DO USO DE PROVA ILÍCITA (INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA JUDICIALMENTE DECLARADA ILÍCITA). ARGUIÇÃO DE NULIDADE REJEITADA.
Rejeita-se a arguição preliminar de nulidade, pelo alegado uso de prova judicialmente declarada ilícita (interceptação telefônica e provas dai derivadas), para fins de seleção e fiscalização da contribuinte, quando a seleção ocorreu de forma autônoma e regular, e toda informação, documentação e escrituração fiscal contábil que embasam os lançamentos foram apresentadas pelo sujeito passivo, diretamente à autoridade fiscal, em procedimento diverso do que foi objeto da manifestação judicial.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano calendário: 2005, 2006
DESPESAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS/COMISSÕES. GLOSA.
FALTA DE COMPROVAÇÃO.
Além da identificação do beneficiário, é preciso comprovar a causa da operação, necessidade e usualidade para que uma despesa seja considerada dedutível, não bastando a simples comprovação do desembolso. É indispensável, principalmente, comprovar que o dispêndio corresponde à contrapartida de serviços efetivamente prestados pelo beneficiário dos pagamentos.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano calendário: 2004, 2005, 2006
CSLL. LANÇAMENTOS DECORRENTES. EFEITOS DA DECISÃO
RELATIVA AO LANÇAMENTO PRINCIPAL (IRPJ).
Em razão da vinculação entre o lançamento principal (IRPJ) e os que lhe são decorrentes, devem as conclusões relativas àquele prevaleceram na apreciação destes, desde que não presentes argüições especificas ou elementos de prova novos.
ASSUNTO: COFINS E PIS NAS DESPESAS COM COMISSÃO A TERCEIRO. CRÉDITOS. BASE DE CÁLCULO.
Constatado que a contribuinte apurava créditos da contribuição sobre as
contas de Comissão a Terceiro (despesas), a glosa de despesas desta natureza
torna necessário o lançamento da contribuição na modalidade não
cumulativa.
Crédito Tributário Mantido em Parte.
Numero da decisão: 1401-000.772
Decisão: Acordam os membros do colegiado, da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de nulidade e, no mérito, DAR provimento parcial ao recurso, para cancelar a glosa no valor de R$54.700,00.
Nome do relator: ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2004, 2005, 2006 ALEGAÇÃO NÃO COMPROVADA DO USO DE PROVA ILÍCITA (INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA JUDICIALMENTE DECLARADA ILÍCITA). ARGUIÇÃO DE NULIDADE REJEITADA. Rejeita-se a arguição preliminar de nulidade, pelo alegado uso de prova judicialmente declarada ilícita (interceptação telefônica e provas dai derivadas), para fins de seleção e fiscalização da contribuinte, quando a seleção ocorreu de forma autônoma e regular, e toda informação, documentação e escrituração fiscal contábil que embasam os lançamentos foram apresentadas pelo sujeito passivo, diretamente à autoridade fiscal, em procedimento diverso do que foi objeto da manifestação judicial. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2005, 2006 DESPESAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS/COMISSÕES. GLOSA. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Além da identificação do beneficiário, é preciso comprovar a causa da operação, necessidade e usualidade para que uma despesa seja considerada dedutível, não bastando a simples comprovação do desembolso. É indispensável, principalmente, comprovar que o dispêndio corresponde à contrapartida de serviços efetivamente prestados pelo beneficiário dos pagamentos. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano calendário: 2004, 2005, 2006 CSLL. LANÇAMENTOS DECORRENTES. EFEITOS DA DECISÃO RELATIVA AO LANÇAMENTO PRINCIPAL (IRPJ). Em razão da vinculação entre o lançamento principal (IRPJ) e os que lhe são decorrentes, devem as conclusões relativas àquele prevaleceram na apreciação destes, desde que não presentes argüições especificas ou elementos de prova novos. ASSUNTO: COFINS E PIS NAS DESPESAS COM COMISSÃO A TERCEIRO. CRÉDITOS. BASE DE CÁLCULO. Constatado que a contribuinte apurava créditos da contribuição sobre as contas de Comissão a Terceiro (despesas), a glosa de despesas desta natureza torna necessário o lançamento da contribuição na modalidade não cumulativa. Crédito Tributário Mantido em Parte.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005, 2006 ALEGAÇÃO NÃO COMPROVADA DO USO DE PROVA ILÍCITA (INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA JUDICIALMENTE DECLARADA ILÍCITA). ARGUIÇÃO DE NULIDADE REJEITADA. Rejeitase a arguição preliminar de nulidade, pelo alegado uso de prova judicialmente declarada ilícita (interceptação telefônica e provas dai derivadas), para fins de seleção e fiscalização da contribuinte, quando a seleção ocorreu de forma autônoma e regular, e toda informação, documentação e escrituração fiscalcontábil que embasam os lançamentos foram apresentadas pelo sujeito passivo, diretamente à autoridade fiscal, em procedimento diverso do que foi objeto da manifestação judicial. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006 DESPESAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS/COMISSÕES. GLOSA. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Além da identificação do beneficiário, é preciso comprovar a causa da operação, necessidade e usualidade para que uma despesa seja considerada dedutível, não bastando a simples comprovação do desembolso. É indispensável, principalmente, comprovar que o dispêndio corresponde à contrapartida de serviços efetivamente prestados pelo beneficiário dos pagamentos. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005, 2006 Fl. 1772DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 2 CSLL. LANÇAMENTOS DECORRENTES. EFEITOS DA DECISÃO RELATIVA AO LANÇAMENTO PRINCIPAL (IRPJ). Em razão da vinculação entre o lançamento principal (IRPJ) e os que lhe são decorrentes, devem as conclusões relativas àquele prevaleceram na apreciação destes, desde que não presentes argüições especificas ou elementos de prova novos. ASSUNTO: COFINS E PIS NAS DESPESAS COM COMISSÃO A TERCEIRO. CRÉDITOS. BASE DE CÁLCULO. Constatado que a contribuinte apurava créditos da contribuição sobre as contas de Comissão a Terceiro (despesas), a glosa de despesas desta natureza torna necessário o lançamento da contribuição na modalidade não cumulativa. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de nulidade e, no mérito, DAR provimento parcial ao recurso, para cancelar a glosa no valor de R$54.700,00. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fernando Luiz Gomes De Mattos, Karem Jureidini Dias. Fl. 1773DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.773 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 0718.249, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC, que, por unanimidade de votos, decidiu julgar procedente em parte a impugnação, mantendo parcialmente o crédito tributário lançado, pelas razões que serão adiante expostas. Por descrever os fatos com a riqueza de detalhes necessária para a compreensão da controvérsia, adoto e transcrevo o relatório elaborado pela DRJ: Trata o presente processo de impugnação aos Autos de Infração de fls.1.432 a 1.486, os quais exigem da Interessada o recolhimento da importância de R$5.674.122,51, acrescido de multa de oficio de 75% e juros de mora, a titulo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, relativamente a fato gerador ocorrido no 4° trimestre de 2004 (lucro Presumido) e fatos geradores ocorridos nos anos de 2005 e 2006, nestes sob as regras do Lucro Real, conforme Auto de Infração às fls.1.432 a 1.443. As irregularidades apontadas no Auto de Infração de IRPJ são as seguintes: Item 001. OMISSÃO DE RECEITAS RECEITAS NÃO CONTABILIZADAS Omissão de receita da atividade caracterizada pela falta de contabilização de operações consignadas nos livros e documentos fiscais, infração caracterizada na forma das circunstâncias fáticas expendidas no subitem "2.2 Receita Escriturada em Livro Fiscal Não Refletida na Contabilidade", do Termo de Verificação Fiscal lavrado no encerramento dos trabalhos, ato que passa a integrar os Autos de Infração de constituição das exações. Fato Gerador em 31/12/2005 Item 002. OMISSÃO DE RECEITAS Omissão de receita da atividade caracterizada por descompasso entre os documentos fiscais emitidos e os registros consignados nos livros fiscais e comerciais, infração caracterizada na forma das circunstâncias fáticas declinadas no subitem "2.3 – Receita Consignada em Documentos Fiscais Não Refletida nos Livros Fiscais e Contábeis", do Termo de Verificação Fiscal lavrado no encerramento dos trabalhos, ato que passa a integrar os Autos de Infração de constituição das exações. Fl. 1774DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 4 Fato Gerador em 31/12/2005 e em 31/12/2006 Item 003. CUSTOS OU DESPESAS NÃO COMPROVADAS GLOSA DE CUSTOS – SERVIÇOS DE FRETE PESSOA JURÍDICA Glosa de custos apropriados na apuração do resultado, em relação aos quais o sujeito passivo não logrou comprovar, por documentos hábeis e idôneos, os registros consignados na escrita contábil, infração caracterizada na forma das circunstâncias fáticas expendidas no subitem "2.5 – Custos/Despesas Não Comprovados – Serviços de Frete Pessoa Jurídica", do Termo de Verificação Fiscal lavrado no encerramento dos trabalhos, ato que passa a integrar os Autos de Infração de constituição das exações. Fato Gerador em 31/12/2005 e em 31/12/2006 Item 004. CUSTOS OU DESPESAS NÃO COMPROVADAS GLOSA DE DESPESAS COMISSÃO A TERCEIROS Glosa de despesas apropriadas na apuração do resultado, em relação as quais sujeito passivo não logrou comprovar, por documentos hábeis e idôneos, os registros consignados na escrita contábil, infração caracterizada na forma das circunstâncias fáticas expendidas no subitem "2.4 Custos/Despesas Não Comprovados Comissão a Terceiros", do Termo de Verificação Fiscal lavrado no encerramento dos trabalhos, ato que passa a integrar os Autos de Infração de constituição das exações. Fato Gerador em 31/12/2006 Item 005. RECEITAS DA ATIVIDADE NÃO DECLARADAS Receita da atividade, escriturada e não declarada, mantida, destarte, à margem da tributação, infração caracterizada na forma das circunstâncias fáticas declinadas no subitem "2.1. Receita Escriturada Não Declarada", do Termo de Verificação Fiscal lavrado no encerramento dos trabalhos, ato que passa a integrar os Autos de Infração de constituição das exações. Fato Gerador em 31/12/2004 Ainda, como lançamentos decorrentes da fiscalização do IRPJ foram lavrados também Autos de Infração onde se exige da Interessada as importâncias de R$ 29.233,93 e de R$ 368.555,23, a titulo de Contribuição para o Pis/Pasep (fls.1.444 a 1.458), de R$ 134.925,88 e de R$ 1.697.588,16, a titulo de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS (fls.1.459 a 1.473) e de R$ 2.058.875,20 a título de Contribuição Social sobre o Lucro Liquido CSLL (fls.1.474 a 1.486), acrescidas de multa de oficio de 75% e juros de mora. As irregularidades apontadas no lançamento de IRPJ estão discriminadas no Termo de Verificação Fiscal de Encerramento de Procedimento Fiscal (fls.1.487 a 1.512), parte integrante do Auto de Infração. Fl. 1775DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.774 5 A autuada apresentou sua impugnação (fls.1.517 a 1.546, munida de documentos de fls. 1.547 a 1.674, que ora se resume: Dos Fatos Da origem do auto de infração em 14/04/2008, o Delegado da Polícia Federal em Itajaí instaurou inquérito policial para investigar suposta organização criminosa, com atuação em Itajaí e outras localidades; não obstante não haver qualquer procedimento administrativo fiscal deflagrado contra a impugnante, a autoridade policial requereu, dentre inúmeros pedidos dirigidos a MM. Juíza da Vara Federal Criminal em Florianópolis, mandados de busca e apreensão em alguns endereços, bem como a quebra de sigilo bancário e fiscal da impugnante e o compartilhamento de dados com a Receita Federal, inclusive, "o fornecimento de cópias de peças e material cognitivo produzidos nestes autos."; após a manifestação favorável do representante do Ministério Público Federal, a MM. Juíza deferiu a quebra do sigilo bancário e fiscal da impugnante, bem como mandado de busca e apreensão; ainda em seu despacho, a MM. Juíza Federal assevera: "Obtidas as informações bancárias, financeiras e fiscais, a autoridade policial fica autorizada ao compartilhamento dos dados com a Receita Federal." assim, devidamente cumpridos os mandados de busca e apreensão e autorizadas as quebras dos sigilos bancários e fiscais, foram os documentos encaminhados à Delegacia da Receita Federal que, ai então, resolveu dar inicio à fiscalização junto à Impugnante, emitindo Termo de Inicio de Procedimento Fiscal em 11/08/2008, intimando o representante legal da impugnante em 13/08/2008; nesse passo, a impugnante apresentou justificativa acerca da impossibilidade de cumprimento das exigências formuladas pela autoridade fiscal, em face das buscas e apreensões deflagradas pela autoridade policial, que apreenderam inúmeros documentos, além dos HD's e equipamentos de informática, que frisese, não foram devolvidos ainda à impugnante, e requereu a dilação do prazo para a apresentação dos documentos exigidos; que foi novamente intimada, pois foram apresentados alguns documentos, por força da busca e apreensão deferidas contra a Impugnante; e que segundo o autuante relata no Termo Fiscal, na análise dos documentos retidos pela Policia Federal não encontrou aqueles que pudessem dar lastro aos registros contábeis de contas de despesas a titulo de pagamentos por serviços de fretes e de comissões a terceiros; que após inúmeras intimações, aliado às análises de documentos na sede da empresa realizada por agentes fiscais, foi Fl. 1776DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 6 lavrado termo de Verificação Fiscal e Encerramento, originado o Auto de Infração; ocorre que a pretensão fiscal não há que prosperar, vez que não foram respeitados os mais comezinhos princípios de direito quando da análise dos documentos que puderam ser apresentados, aliado à impossibilidade de utilização de documentos obtidos por força de mandado de busca e apreensão, cuja decisão foi revogada, motivo pelo qual a impugnante apresente sua manifestação de inconformismo; PRELIMINARMENTE DAS PROVAS ILÍCITAS Documentos obtidos por força de mandado de busca e apreensão deferidas em inquérito policial Decisão da MM. Juíza da Vara Federal Criminal que rejeitou a denúncia e indeferiu o pedido de compartilhamento das informações Imprestabilidade dos Documentos Apreendidos para fins de Fiscalização; que por meio de habeas corpus contra os atos praticados pelos Delegados de Polícia Federal, a MM. Juíza concedeu, em parte a ordem, reconhecendo a nulidade das provas de interceptação telefônica produzidas no período de 09/08/07 a 19/11/07 e determinou a suspensão do processo; posteriormente, o TRF da 4ª Região, ao analisar o recurso apresentado contra a r. decisão, ampliou seus efeitos, reconhecendo, também a violação da lei da interceptação telefônica; diante de tal fato, o representante do Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra 31 pessoas, porém a MM. Juíza, ao analisar seus termos, entendeu por rejeitála, com base nos seguintes fundamentos: "Ante o exposto, reconheço a nulidade de toda a prova oriunda da interceptação telefônica realizada nos autos n°2007.72.00.0139465, nos termos da fundamentação, bem como a imprestabilidade como prova dos documentos apreendidos [...]. Indefiro, por fim, todos os pedidos de compartilhamento feitos no Inquérito Policial, eis que as provas anuladas não podem servir para qualquer finalidade, seja criminal, civil ou administrativa." contudo, o agente autuante, em seu Termo de Verificação, alega: "4 OUTROS ESCLARECIMENTOS E/OU INFORMAÇÕES No curso do procedimento fiscal realizado, e em compasso com a decisão judicial exarada no âmbito do Inquérito Policial n° 0184/2008 DPF/IJI/SC, prolatada em 16/06/2008, que autorizou o compartilhamento dos elementos de prova da investigação em sede policial, foram analisados documentos carreados no seu bojo, notadamente de elementos coligidos por intermédio dos mandados de busca e apreensão cumpridos na esteira da aludida decisão judicial. Inobstante, com data de 17/06/2009, adveio nova decisão judicial, na qual a Juíza Federal Substituta, Ana Cristina Fl. 1777DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.775 7 Kramer, reconheceu a nulidade de toda prova oriunda da interceptação telefônica nos autos n° 2007.72.00.0139465, bem como a imprestabilidade como prova dos documentos apreendidos em decorrência da decisão outrora prolatada." E concluiu o agente autuante: "Assim, em homenagem a decisão judicial que sobreveio, os elementos originários da investigação policial foram desconsiderados/inutilizados, não mais integrando o procedimento administrativo ora levado a cabo. A rigor, apenas um único documento da investigação policial havia sido utilizado, notadamente a tabela de preços anexada a intimação Fiscal n° 02, como parte integrante do seu item 4." portanto, como o início do procedimento fiscal se deu em face dos mandados de busca e apreensão que apreenderam inúmeros documentos da impugnante, inicialmente autorizados com base em provas declaradas ilícitas, e tendo a MM. Juíza da Vara Federal Criminal indeferindo o compartilhamento destas informações, vez que não podem servir para qualquer finalidade, seja criminal, civil ou administrativa, o presente Auto de Infração é nulo, vez que sua origem assim foi declarada, constituindose, por conseguinte, em prova ilícita, o que é vedada a sua utilização para fins de lançamento; Das fls.1.525 a 1.532, a Impugnante traz excertos doutrinários acerca da utilização de provas ilícitas, bem como transcreve a decisão judicial então citada na impugnação, para concluir: "Portanto, tendo o Auto de Infração origem nos documentos apreendidos por força de decisão judicial já declarada inválida, ilícita é a utilização destes documentos para a constituição do crédito tributário, e, por conseguinte, nulo é o Auto de Infração lavrado, por utilização de provas ilícitas, vez que a fiscalização somente foi levada a efeito por força da documentação apreendida pela Polícia Federal." III DO MÉRITO DAS SUPOSTAS INFRAÇÕES que todos os documentos estão e sempre estiveram à disposição da fiscalização na sede da empresa, salvo no período em que tais documentos estiveram de posse da Policia Federal, apreendidos que foram no âmbito do Inquérito Policial n° 0184/2008, mas que ainda assim sempre estiveram ao alcance da fiscalização que, diante do imenso volume de documentos, adotou a pratica pouco ortodoxa e de legitimidade duvidosa, de exigir, via intimações, a apresentação de documentos que poderiam ter sido por eles analisados, um por um, fisicamente, sendo que assim não procedeu por mera obra da vontade dos agentes; que os agentes renunciaram ao seu poder/dever de apurar os fatos, in loco, documento a documento, que lhes deveriam ser e foram franqueados na sede da empresa, devidamente "embaralhados e desordenadamente" devolvidos pela Policia Federal, sendo o Fl. 1778DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 8 paradeiro de muitos documentos desconhecido após a ação policial, para comodamente exigir que volumes gigantescos de comprovações, que lhes fossem apresentadas em atendimento às intimações em prazos absurdos; que nesse plano é que se iniciou o "calvário" da impugnante, tendo que atender a sucessivas intimações, onde o objeto, entre outros, era a apresentação de documentos comprobatórios de despesas, cuja localização foi dificultada pela "desordem" em que foram devolvidos pela Polícia Federal, sendo que a fiscalização poderia ter levantado os referidos documentos in loco, e não o fez, evidentemente, pelo grau de dificuldade; assim, na maioria dos casos citados no relatório dos ilustres agentes fiscais, com a devida vênia, NÃO É O CASO de ausência de comprovação de despesas e sim, a SUBJETIVA compreensão dos agentes fiscais de que os documentos apresentados (com extrema dificuldade), no seu entendimento, não seriam suficientes para comprovar as operações; que ficou demasiado "cômodo" e "prático" aos agentes simplesmente requerer elementos documentais que seria sua obrigação funcional aferir a existência e correção e, ato continuo, sempre que conveniente, considerar "não comprovado" o lançamento, quando em sua opinião (apenas), os documentos apresentados não seriam "suficientes"; exemplo disso, ocorre no item "2.4" do Termo de Verificação Fiscal, os agentes fiscais elencam uma série de registros contábeis na conta "4.1.2.02.0016 Comissão a Terceiro" e alegam uma suposta "análise mais acurada", que teria resultado na desconsideração das referidas despesas de "Comissões a Terceiros", por suposta ausência de comprovação (Anexo I); convém assentar de plano que, de fato, nem todos os valores apresentados aos senhores agentes fiscais, pelos motivos descritos, referentes aos lançamentos dessa conta contábil componente do "Demonstrativo de Resultados" (despesa) puderam ser objeto de comprovação documental, não obstante, os agentes fiscais não consideraram a comprovação de nenhum deles e, conforme documentos juntados como "Anexo I", resta perfeitamente explicitado e "os beneficiários" e a "explicita motivação dos pagamentos em contraprestação de serviço"; comodamente, portanto, os agentes fiscais, mesmo tendo acesso aos destinatários e tendo clara indicação da existência de uma contraprestação de serviços, sem aferir absolutamente nada, sem apresentar nenhum elemento de prova ou indicio de que os serviços pagos não tenham sido de fato prestados, ignorando não só os lançamentos sem a apresentação de documentação, mas também os demais; que, EM NENHUM MOMENTO RESTOU APURADO se os pagamentos realizados são ou não referentes ao pagamento de despesas, e MUITO MENOS restou esclarecido pelos documentos dos autos, que se referem a "uma saída de numerário destinada ao pagamento de despesa indedutível", tendo em mira que "o beneficiário" é identificado e a motivação foi declarada, logo, não se pode afirmar que os "lançamentos Fl. 1779DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.776 9 não foram comprovados", principalmente tendo em mira que muitos deles realizados por transações bancárias cujos documentos foram apresentados e apenas "considerados insuficientes" para a comprovação das despesas, mas não se localizam nos autos explanações da motivação para tal conclusão, tão sumariamente empreendida que dispensou qualquer diligência em relação aos beneficiários; noutro trecho, os agentes fiscais, LITERALMENTE abusam de uma subjetividade na aplicação dos termos da LEI, a qual efetivamente NUNCA TIVERAM e, de forma inconseqüente e alheia aos fatos, afirmam que: "Afora essa repercussão, a infração também tem implicações na seara da COFINS e do PIS, considerando que os valores foram utilizados na determinação dos créditos inerentes its exações, em compasso com as regras de apuração da modalidade da incidência nãocumulativa. Assim, na forma de lançamento decorrente, a matéria também será submetida ao gravame das aludidas contribuições." em relação a tais TOSCAS alegações, nos limitamos apenas a esclarecer que, pela ordem: a) Ao contrário do alegado, despesas com "Comissões a Terceiros" pagas a terceiros NÃO PODEM gerar direito ao crédito de PIS e COFINS; b) A empresa NÃO tomou créditos de PIS e COFINS sobre os valores das despesas proporcionais de vendas "Comissões a Terceiros"; c) Não existem nos autos, quaisquer elementos de prova ou indiciários de que em algum momento, os agentes fiscais tivessem intentado apresentar algum "demonstrativo de apuração" ou outro instrumento destinado a aferir as apurações das bases de cálculo do PIS e da COFINS no período analisado, menos ainda, é possível determinar pelos elementos dos autos, que o contribuinte tivesse se aproveitado de créditos do PIS e da COFINS sobre as aludidas despesas de "Comissões a Terceiros". que tais afirmações em relação à pretensão de aplicar um lançamento "decorrente" em relação ao PIS e a COFINS, devidamente lastreadas "no palpite" de que teriam sido aproveitados créditos fiscais dessas contribuições, beira à insanidade e não merece a menor consideração; diante desses fatos, entendemos que, em relação ao IRPJ e a CSLL, diante da inexorável existência de pagamentos a beneficiários perfeitamente identificados e/ou identificáveis, e diante de identificação da finalidade dos desembolsos específicos, destinados a pagamento de "Comissões a Terceiros", não há como negar o pagamento de "DESPESAS", as quais somente poderiam ser objeto de "adição" ao Lucro Real e a Base Fl. 1780DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 10 de Cálculo da CSLL, SE COMPROVADO, o que não ocorreu no caso concreto, que se tratam despesas não usuais, não necessárias a atividade da empresa ou, não realizadas ou cuja documentação não pudesse atestar o seu efetivo pagamento; no item "2.5 Custos/Despesas Não Comprovados Serviços de Frete Pessoa Jurídica", a junção de "velhos " e de "novos maus hábitos" culminou com conclusões literalmente absurdas e descompromissadas com os fatos reais dos autos; conforme já apontado e descrito, os ilustres agentes fiscais adotaram a prática, no mínimo, pouco ortodoxa de renunciar ao seu poder/dever de apurar os fatos in loco, vista dos documentos que eles por dever de oficio deveriam carrear e avaliar, junto aos arquivos da impugnante, para atuar de forma mais, digamos, cômoda e tecnicamente questionável "de gabinete", requerer as comprovações e, ao seu exclusivo arbítrio, de acordo com apenas seu livre convencimento, julgar se tais comprovações apresentadas são ou não são suficientes; nesse sentido, parece de clareza solar que sendo a impugnante, como é e sempre foi do conhecimento dos ilustres agentes fiscais, pessoa jurídica dedicada "contratação posterior subcontratação" de fretes, onde efetivamente, conforme atestam os seus documentos contábeis e fiscais (todos), é prática corrente e coerente com o ramo e a sistemática das operações praticadas pela empresa, a contratação de serviços de frete junto terceiros, somente um levantamento fiscal MUITO ERRADO, poderia concluir que, de um total contabilizado de "Serviços de Frete Pessoa Jurídica" nos anos calendário de 2005 e 2006, num total de R$ 27.013.170,62, apenas o equivalente a R$ 10.173.294,86 seriam despesas, efetivas; mister se faz trazer à apreciação de fatos que, como já dito, maculam o trabalho realizado pela fiscalização que, com todo o respeito, apresentou o insólito e IMPOSSÍVEL número de R$ 16.839.875,76, de despesas a serem glosadas, o que convenhamos, evidentemente esta errado, pois se os referidos valores não se referissem a "fretes pagos a terceiros", quem teria transportado as cargas?; provas eloquentes de que o conteúdo da "Relação de Lançamentos não Comprovados Serviços de Frete Pessoa Jurídica" é dissociado da realidade e desprovido de razoabilidade e lastreado em critérios que não espelham os fatos reais dos autos e/ou os fatos reais do objeto da fiscalização, saltam aos olhos a todo instante que se processe avaliações sérias e desapaixonadas do conteúdo do malsinado relatório; dentre incontáveis exemplos dessa desenfreada desconformidade com um mínimo de VERDADE dos autos, se observa, por exemplo, nos contundentes casos que passamos a relatar, cujos documentos se junta como Anexo II; consta como "comprovado/admitido", como despesa realizada, em nome de "ARCOMAR", nos anoscalendário de 2005 e 2006, o valor de R$ 716.499,42, ao passo que o total contabilizado e pago ao referido beneficiário em relação aos serviços de frete efetivamente contratados foi de R$ 1.786.496,44, restando Fl. 1781DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.777 11 SUPOSTAMENTE não comprovado o estratosférico valor de R$ 1.069.997,02; cumpre destacar que, salvo raríssimas exceções, todos os pagamentos realizados a ARCOMAR, de janeiro de 2005 a novembro de 2006, foram realizados através de operações bancárias (normalmente TED), do Banco Santander, Banco do Brasil, Sudameris; asseveramos que TODOS OS PAGAMENTOS COMPROBATÓRIOS DISPONÍVEIS REFERENTES AOS PAGAMENTOS REALIZADOS A "ARCOMAR", TANTO OS "ADMITIDOS" QUANTO OS "INADMITIDOS" COMO "COMPROVADOS", SÃO RIGOROSAMENTE OS MESMOS. NÃO HÁ CRITÉRIO VIÁVEL PARA JUSTIFICAR O MOTIVO pelo qual os ilustres agentes fiscais entendem que R$ 716.499,42 do total dos serviços efetivamente prestados foram "comprovados" e os restantes R$ 1.069.997,02 não teriam sido, tendo em mira que: a) O serviço prestado é o mesmo; b) Os documentos que acobertaram as prestações são os mesmos; c) O beneficiário é o mesmo; d) A forma pela qual foram realizados os pagamentos é a mesma; e) Nada diferencia os lançamentos "admitidos" e os "inadmitidos" como despesa pela fiscalização. f) Os documentos apresentados aos agentes fiscais como comprovação, foram os mesmos. menciona outros exemplos de valores pagos aos beneficiários, que indica a fl.1.542, que alega não saber o motivo da glosa para aquelas parcelas de despesas que foram tidas como não comprovadas (inadmitidas, conforme assim denomina); fazendo referência ao contido no Termo Fiscal, alegaram os agentes fiscais que, de um total de R$ 7.835.832,20 adiantados a empresa "Vô Bráulio", apenas R$ 3.902.582,49 se referem a serviços efetivamente prestados e que a diferença se refere a "pagamentos graciosos em relação aos quais seguramente não existiu contraprestação."; diante de tais afirmações, cumpre apenas destacar que: a) aos agentes fiscais foram identificados claramente os valores referentes aos adiantamentos de frete realizado; Fl. 1782DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 12 b) não há nos autos qualquer indicação ou prova de que os adiantamentos realizados não tiveram a correspondente contraprestação de serviços em períodos de apuração subsequentes; c) se os agentes fiscais entendem que "não existiu contraprestação", como explicar que eles próprio lançaram de oficio, como "receita de prestação de serviços tributável" na beneficiária dos pagamentos, a empresa "Vô Bráulio", em procedimento fiscal decorrente da mesma origem, qual seja, a chamada operação influenza? alegam os agentes que valores de "Comissão de Fretes" pagos a BENEFICIÁRIOS identificados, cujo valor total seria de R$644.133,06, indevidamente constantes entre os lançamentos da conta "Serviços de Frete Pessoa Jurídica", seriam "despesas não comprovadas", no entanto, bem ou mal, foram levados ao seu conhecimento, em relação a maioria, o beneficiário, a origem do pagamento (comissão paga), a forma de pagamento, logo, não é um caso de despesa "não comprovada"; alegam ainda que, de um total de R$ 1.029.173,44 lançado como pagamento a VTL Vanhoni Transportes e Logística Ltda., no período de 08/2005 até 11/2006, apenas R$ 170.912,92 teriam sido referentes a "serviços efetivamente prestados" e que portanto, essa diferença deve ser considerada como "não comprovada" e oferecida a tributação; tal alegação é frontalmente conflitante com a tentativa promovida pelos mesmos agente fiscais, no sentido de oferecer a tributação os mesmos valores na beneficiária como "receita omitida"; ora, ou uma coisa ou outra; ou os referidos valores não são receitas na beneficiária, e por conseguinte não seriam despesa na fonte pagadora ou seriam meros adiantamentos na fonte pagadora e na beneficiária, mas JAMAIS se poderia imputar ao mesmo fato, como pretendem os incautos agentes fiscais, a malsinada natureza jurídica "camaleônica", podendo ser tratado ora como "adiantamento" e ora como "despesa/receita" de acordo com a melhor conveniência fiscal; mais adiante, os agentes fiscais tratam de glosar pequenos valores de despesas de viagem (R$ 44.351,88) sob o fútil argumento de que não se teriam apresentados os relatórios identificando, por exemplo, quem teria empreendido a viagem; acreditamos que, caso os documentos apresentados nos autos tivessem sido avaliados com um cuidado maior, e um apego maior aos fatos, tal discussão seria evitada, pois é inegável que as viagens ocorreram e que a empresa pagou por elas comprovadas elas foram o que se poderia discutir é a necessidade ou não das mesmas, isso, entretanto, não foi alegado, nem tampouco foi essa a fundamentação da pretensa glosa de despesa COMPROVADA; noutro ponto, os agentes fiscais consideram como não comprovados pagamentos realizados a titulo de "Diferencial de Fretes" no valor de R$ 601.739,54, o que só evidencia que, como já dito, não há lógica nos critérios adotados, sendo que em determinados casos, como esse dos Diferenciais de Frete, que são corriqueiramente pagos aos subcontratados nesse ramo de Fl. 1783DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.778 13 negócios, seja pelos volumes transportados, seja como forma de fidelização do "agregado", enfim os ilustres agentes fiscais não consideraram como comprovados pelas transações bancárias, documentação interna explicitando a motivação e o lastro dos pagamentos, via de regra, proporcional a uma tonelagem, foram apresentados e ignorados, pelo que, nesse caso, nos parece que independente da prova apresentada, NADA seria suficiente para "comprovar" a óbvia e corriqueira operação sem questão. Submetida a Impugnação à apreciação da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC, esta houve por bem julgar procedente em parte o lançamento, apenas para afastar a glosa sobre algumas despesas, por entender que, de acordo com os mesmos critérios adotados pela fiscalização, em relação a elas houve a efetiva comprovação de sua existência e necessidade. Confirase a ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006 DESPESAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS/COMISSÕES. GLOSA. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Para se comprovar uma despesa, de modo a tornála dedutível, face legislação do imposto de renda, não basta comprovar que ela foi assumida e que houve o desembolso. É indispensável, principalmente, comprovar que o dispêndio corresponde à contrapartida de serviços efetivamente prestados pelo beneficiário dos pagamentos. DESPESAS DE VIAGENS. DESNECESSÁRIAS. GLOSA. Consideramse desnecessárias as despesas de viagens e estadias de sócios, gerentes e funcionários, quando não comprovada a vinculação daquelas aos objetivos da empresa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005, 2006 ALEGAÇÃO NÃO COMPROVADA DO USO DE PROVA ILÍCITA (INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA JUDICIALMENTE DECLARADA ILÍCITA). ARGUIÇÃO DE NULIDADE REJEITADA. Rejeitase a arguição preliminar de nulidade, pelo alegado uso, para fins de seleção e fiscalização da contribuinte, de prova judicialmente declarada ilícita (interceptação telefônica e provas dai derivadas), quando a seleção ocorreu de forma autônoma e regular, e toda informação, documentação e escrituração fiscal Fl. 1784DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 14 contábil que embasam os lançamentos foram apresentadas pelo sujeito passivo, diretamente à autoridade fiscal, em procedimento diverso do que foi objeto da manifestação judicial. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005, 2006 CSLL. LANÇAMENTOS DECORRENTES. EFEITOS DA DECISÃO RELATIVA AO LANÇAMENTO PRINCIPAL (IRPJ). Em razão da vinculação entre o lançamento principal (IRPJ) e os que lhe são decorrentes, devem as conclusões relativas àquele prevaleceram na apreciação destes, desde que não presentes argüições especificas ou elementos de prova novos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005, 2006 COMISSÃO A TERCEIRO. CRÉDITOS. BASE DE CÁLCULO. Constatado que a contribuinte apurava créditos da contribuição sobre as contas de Comissão a Terceiro (despesas), a glosa de despesas desta natureza torna necessário o lançamento da contribuição na modalidade não cumulativa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Anocalendário: 2005, 2006 COMISSÃO A TERCEIRO. CRÉDITOS. BASE DE CÁLCULO. Constatado que a contribuinte apurava créditos da contribuição sobre as contas de Comissão a Terceiro (despesas), a glosa de despesas desta natureza toma necessário o lançamento da contribuição na modalidade não cumulativa. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Inconformada com a decisão proferida, que manteve em parte o lançamento realizado pela Autoridade Fiscal, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, no qual reiterou os fundamentos da sua impugnação e que, neste momento, passa a ser analisado por esta Turma Julgadora. É o relatório. Fl. 1785DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.779 15 Voto Conselheiro Relator Alexandre Antonio Alkmim Teixeira O recurso preenche as condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. 1. PRELIMINAR: NULIDADE DOS AUTOS DE INFRAÇÃO AO FUNDAMENTO DE QUE SÃO EMBASADOS EM PROVAS ILÍCITAS. Afirma a Recorrente que o Auto de Infração é nulo por ser embasado em provas ilícitas, relativas a documentos obtidos por força de mandado de busca e apreensão deferido em inquérito policial que, posteriormente, teve judicialmente declarada a ilicitude na obtenção das provas e a vedação ao compartilhamento das informações oriundas dos documentos apreendidos pela Polícia Federal. Fundamenta ainda que “ao admitir que a ‘Operação Influenza’ revelou o envolvimento de uma série de empresas/pessoas físicas, aí incluindo a Impugnante, que, então, foram também investigadas pela Receita Federal, demonstra a origem do Auto de Infração e, por conseguinte, mesmo que os nobres julgadores não adotarem a tese dos ‘frutos da árvore envenenada’, não há como se dissociar a sua origem, já declarada ilícita.” Ao final, concluiu que “tendo o Auto de Infração origem nos documentos apreendidos por força de decisão judicial já declarada inválida, ilícita é a utilização destes documentos para a constituição do crédito tributário, e, por conseguinte, nulo é o Auto de Infração lavrado, por utilização de provas ilícitas, vez que a fiscalização somente foi levada a efeito por força da documentação apreendida pela Polícia Federal.” Entretanto, a pretensão da Recorrente não merece acolhida. Primeiramente porque, diferentemente do que alega a Recorrente e como bem alertou a DRJ, não há evidências nos autos de que a fiscalização foi realizada em virtude da documentação apreendida pela Polícia Federal. Inclusive, vale transcrever o trecho do acórdão recorrido no qual da DRJ mencionou que “a reprodução que consta na impugnação e que foi atribuída como de autoria dos autuantes (fls.1.523/1.524) não consta no Termo de Verificação Fiscal. De se esclarecer que tais afirmações ali expostas, então reproduzidas pela Impugnante, fazem parte de outro processo administrativo, relativamente à pessoa física envolvida com a Impugnante.” Ademais, ainda que a fiscalização do contribuinte tivesse sido iniciada a partir de denúncia da Polícia Federal, essa seria, entre várias outras, apenas uma das formas de se começar um procedimento de fiscalização. O que não quer dizer que o procedimento fiscal foi embasado exclusivamente em documentos fornecidos pela Polícia Federal, que posteriormente tiveram a sua ilicitude declarada em função de terem sido obtidos de maneira inidônea. Fl. 1786DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 16 Conforme se depreende do Termo de Início de Procedimento Fiscal (fls. 03 a 05), a fiscalização foi normalmente iniciada contra a Recorrente, com a sua regular intimação para prestar informações e apresentar documentos relativos à sua atividade e à tributação correspondente, nos mesmos moldes como acontece com qualquer outro contribuinte. Da relação de documentos demandados pela Autoridade Fiscal, verificase que foram solicitados aqueles relativos ao desempenho da atividade da Recorrente e à apuração de tributos, tais como: 1. Contrato Social de constituição da sociedade por quotas de responsabilidade limitada e suas alterações; 2. Livros Diário e Livro Razão, anos de 2005 e 2006; 3. Livro Registro de Apuração do Lucro Real – LALUR; 4. Livro Registro de Inventário, anos de 2005 e 2006; 5. Livros Registro de Entrada, de Saída, de Prestação de Serviços, e de Apuração do ICMS (anos de 2005 e 2006); 6. Todos os documentos da escrita comercial e/ou fiscal, inclusive extratos bancários de contas correntes e de aplicações financeiras; entre outros. É o caso, portanto, de um procedimento fiscal comum ao qual todos os contribuintes podem ser submetidos. A propósito, o Termo de Verificação Fiscal e de Encerramento de Verificação Fiscal (fls. 1.510 a 1.516) aborda detalhadamente as circunstâncias que nortearam o trabalho de auditoriafiscal, evidenciando a autonomia da fiscalização em relação aos trabalhos da Polícia Federal. Cumpre esclarecer que, em resposta ao Termo de Início de Procedimento Fiscal, o próprio contribuinte alegou que os documentos transcritos nos itens 1 e 6, foram retido pela Delegacia de Polícia Federal, conforme cópia anexa do Mandado de Busca/Apreensão/Sequestro do Inquérito Policial nº 0184/2008 DPF/IJI/SC.(fl. 9). Ainda, em resposta a Intimação Fiscal nº 01, o contribuinte afirma que quanto aos itens “1 e 2” daquela intimação, em que são solicitados todos os documentos que dão suporte fiscal e contábil aos lançamentos, comunica que ainda se encontram em poder da Delegacia de Polícia Federal, de acordo com os itens ‘1 a 7’ do competente Auto Circunstanciado de Busca e Apreensão, Equipe 044, do IPL Número 0184/2008DPF/IJI/SC, datado de 20 de junho de 2008, cuja cópia segue anexa, mais especificamente quanto aos itens ‘1 e 6’ do referido Auto; Portanto, o que ocorreu foi: como a escrituração contábil da Recorrente estava em posse da Polícia Federal (e esse fato foi comunicado à RFB pela própria Recorrente), a fiscalização procedeu a vistoria da documentação na Polícia Federal. Caso a documentação estivesse com a Recorrente, a fiscalização ocorreria da mesma forma e com os mesmos documentos. O fato de a interceptação telefônica ter sido considerada imprestável e, como decorrência, os documentos apreendidos pela Polícia Federal serem considerados imprestáveis para a denúncia criminal não significa a nulidade do acesso àqueles documentos pela RFB. Outro fator importante a ser considerado é que o Auto de Infração lavrado contra a Recorrente possui duas vertentes: i) não comprovação da efetiva necessidade e usualidade das despesas glosadas e ii) omissão de receitas. Em relação à não comprovação da efetiva necessidade e usualidade das despesas glosadas, ainda que a RFB tivesse tido acesso aos documentos apreendidos pela Polícia Federal, eles em nada teriam influenciado no resultado da autuação, porque tais documentos não provaram o caráter de necessidade e usualidade das despesas. Fl. 1787DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.780 17 Quanto às autuações por omissão de receitas, as informações que deram suporte ao lançamento são provenientes de outros procedimentos de fiscalização, sejam em suas filiais (Paranaguá/PR e Cuiabá/MT) ou de Representação Fiscal oriunda da Delegacia da Receita Federal do Brasil de São Paulo/SP (contra a AGRENCO DO BRASIL S/A, antiga INLOGS LOGÍSTICA LTDA), sendo que em todos esses procedimentos foram evidenciadas omissões de receitas. Uma análise sintetizada dos resumos das infrações apuradas pela fiscalização também permite constatar o equívoco cometido pela Recorrente ao argüir a nulidade dos Auto de Infração aqui debatidos. Os trechos abaixo transcritos (extraídos do TVF e da mencionada Representação Fiscal) demonstram que as receitas omitidas decorrem claramente de procedimentos de fiscalização autônomos, completamente independentes da investigação realizada pela Polícia Federal. Confirase: Item 2.1. Receita Escriturada Não Declarada (TVF fls. 1513 a 1514) Por intermédio da Representação Fiscal constante às fls. 1303 a 1321, advinda da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Fiscalização em São Paulo, foi delatada aparente inconsistência entre as receitas declaradas pelo sujeito passivo e os documentos fiscais emitidos pelo mesmo, localizados em contribuinte jurisdicionado à DRFFiscalização São Paulo. Em decorrência da aludida Representação foi o procedimento fiscal ampliado ao período abrangido na delação, notadamente o terceiro trimestre do ano de 2004. Nas verificações empreendidas constatouse que todos os documentos especificados na Representação estão regularmente escriturados no Livro Registro de Saídas, bem como na escrita contábil, nesta sob a rubrica "3.1.1.15.0002 Transporte de Cargas MT", com cópia às fls. 895 a 920. Representação Fiscal (fls. 1324) A empresa AGRENCO DO BRASIL S/A (antiga INLOGS LOGÍSTICA LTDA), CNPJ no 01.806.966/00183, está sob ação fiscal autorizada pelo Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização n° 08.01.90.002008070364, Operações Fiscais 30120 PIS, e 30220 COFINS. 0 contribuinte fiscalizado registrou em seus livros diversos CTRC's emitidos pela empresa T C — TRANSPORTES E LOGÍSTICA LTDA, CNPJ n° 06.925.709/000184, no decorrer do anocalendário 2004, num total de R$ 4.514.142,84, conforme relação anexa a esta representação. A receita com frete declarada pela empresa T C TRANSPORTES E LOGÍSTICA LTDA, no anocalendário 2004, é menor que o valor dos CTRC's coletados na empresa fiscalizada [...] Fl. 1788DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 18 Item 2.2. Receita Escriturada em Livro Fiscal Não Refletida na Contabilidade (fls. 1514 a 1515): Análises empreendidas, notadamente correlacionando dados de livros fiscais com os registros da escrita contábil, evidenciaram aparente descompasso. Valores consignados no livro registro de saídas, do estabelecimento filial sito na cidade de Paranaguá/PR, acerca dos meses de julho/2005 e de setembro/2005 a dezembro/2005 (fls. 735 a 758), não foram identificados na escrita contábil correspondente, pelo menos sob a rubrica atinente ao aludido estabelecimento (fls. 976 a 981). Ante esses fatos, mediante o item 1 da Intimação Fiscal n° 03 (fls. 220 a 230), a aparente inconsistência foi denunciada ao sujeito passivo, culminando na sua intimação para o esclarecimento da matéria. Em resposta a exigência assim formalizada, na forma da missiva acostada às fls. 231, informou que: "por equívoco os responsáveis pela escrita fiscal de nossa filial de Paranaguá PR, não foram enviadas para nossa contabilidade, motivos pela qual não foram registradas nos livros contábeis, o que estamos, agora, providenciando as devidas correções”. Item 2.3. Receita Consignada em Documentos Fiscais Não Refletida nos Livros Fiscais e Contábeis (fls.1515 e 1516): Em outras verificações, confrontando os conhecimentos emitidos com os registros processados nos livros fiscais e comerciais, também surgiu aparente descompasso. Diversos CTRC 's regularmente emitidos, e concernentes a operações de prestação de serviço de transporte efetivamente realizadas, não foram identificados no livro fiscal atinente ao registro das saídas, e por conseqüência, nos livros de escrituração contábil. Diante dessa constatação, e com o fito fundamental de compreender a sistemática de escrituração, mediante o item 2 da Intimação Fiscal n° 03 (fls. 220 a 230), destacamos uma amostra de operações com essa configuração, intimando o sujeito passivo a esclarecêlas. Na esteira desta exigência, na forma da missiva acostada às fls. 231, adveio resposta nos seguintes termos: "Por equivoco dos responsáveis pela escrituração fiscal de nossa filial em Cuiabá MT, alguns conhecimentos de transporte rodoviários de cargas, não foram registrados nos livros fiscais, e como esses livros servem de base para escrituração contábil, os mesmos não foram registrados, o que já tomamos as medidas cabíveis, para as devidas correções tanto, dos livros fiscais, quanto dos livros e contábeis. (...) Assim, ao cabo das análises nesta seara, restou configurada a falta de escrituração de receitas, nos montantes mensais retratados no quadro demonstrativo a seguir: (...) Essas receitas permaneceram à margem da tributação, uma vez que a determinação do imposto de renda .assentase na escrita contábil, configurando base imputável não submetida ao gravame, suscetível, portanto, a tributação na forma das regras do lançamento de ofício. Fl. 1789DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.781 19 Vêse que todas as infrações apontadas foram extraídas da escrituração contábil e fiscal da própria Recorrente (incluindo as suas filiais) e das informações por ela mesma consignadas. Desse modo, não prevalece o seu argumento de nulidade dos autos de infração, visto que foi exaustivamente demonstrado que eles nãos decorreram de provas ilícitas. É importante salientar que a Receita Federal do Brasil possui competência para realizar investigações na escrituração contábil/fiscal do contribuinte e de terceiros a ele relacionados, com o intuito de conferir a exatidão no cumprimento de obrigações acessórias e pagamento de tributos. Inclusive, como bem mencionado pela DRJ, o Código Tributário Nacional, no capítulo que trata da fiscalização, dispõe em seu art. 195 sobre o amplo acesso da fiscalização aos documentos comerciais ou fiscais e o dever de guarda dos contribuintes. Confirase a redação do mencionado dispositivo: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não tem aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. No intuito de fulminar quaisquer dúvidas acerca da legalidade do acesso da RFB à escrituração contábil da Recorrente, remeto à teoria prova ilícita por derivação. De acordo com a doutrina penal, a prova derivada da ilícita deve ser expurgada do processo, tendo em vista ser inadmissível para formação da convicção judicial. Entretanto, de acordo com Guilherme de Souza Nucci1, há duas exceções à impossibilidade de se utilizar a prova derivada da ilícita: a) inexistência de nexo causal entre a prova ilícita e a prova acoimada de derivada da primeira(...); e b) prova separada (ou fonte independente): significa que a prova obtida aparenta ser derivada de outra, reputada ilícita, porém, em melhor e mais detida análise, deduzse que ela seria conseguida de qualquer jeito, independentemente da produção da referida prova ilícita. Deve ser validada. Aprofundando acerca da aceitação da prova de fonte independente, o referido autor salienta que o critério da prova separada estabelece que a prova produzida com base em fator dissociado da ilicitude de prova anteriormente auferida deve ser validada. O importante em relação à prova advinda de fonte independente é a consideração de que, mesmo conectada, 1 Código de Processo Penal Comentado. 8ª edição rev., atual. e ampl. 3ª tiragem. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. Fl. 1790DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 20 de algum modo, à prova ilícita, ela poderia ter sido conseguida de qualquer modo, fundada em bases lícitas. Em vista do exposto, entendo que as provas constantes no processo administrativo fiscal não podem ser consideradas como ilícitas, seja pelos motivos salientados nas linhas acima, seja pela aplicação da teoria da fonte independente, uma vez que a RFB poderia ter franco acesso à escrituração contábil da contribuinte por outros meios, sem a necessidade de respaldo judicial para afastar o sigilo fiscal em relação àquele órgão. Assim, como o lançamento é atividade vinculada, não sendo ato discricionário (que suporta critérios de conveniência e oportunidade), deve a Autoridade Fiscal, ao apurar infrações por parte dos contribuintes, lavrar o Auto de Infração competente para a cobrança de tributos e/ou aplicação de multas por descumprimento de outras obrigações, utilizandose das ferramentas que a legislação lhe disponibiliza. Entendo, assim, que as provas que sustentam o lançamento não são provenientes de meio ilícito e, por isso, rejeito a preliminar de nulidade defendida pela Recorrente. 2. MÉRITO: 2.1 DA OMISSÃO DE RECEITAS. Apesar de devidamente alertado pela DRJ ao apreciar a Impugnação apresentada, a Recorrente também não contesta em seu recurso as infrações decorrentes das omissões de receitas e, muito menos, apresenta qualquer documento capaz de elidilas. Os tributos e contribuições pertinentes às receitas omitidas somente foram impugnados em face da preliminar de nulidade acima referida que, inclusive, já foi afastada. Os argumentos de mérito que serão analisados limitamse, portanto, às glosas de custos/despesas relativas a comissões a terceiros, serviços de frete pessoa jurídica, despesas com viagens e comissão de fretes. Há, ainda, uma impugnação específica em relação aos créditos de PIS e COFINS sobre as despesas com comissões a terceiros. É o que se passa a analisar. 2.2 DAS GLOSAS DE DESPESAS 2.2.1. ITEM 3 DO AUTO DE INFRAÇÃO DE IRPJ – CUSTOS OU DESPESAS NÃO COMPROVADAS. GLOSA DE CUSTOS – SERVIÇOS DE FRETE PESSOA JURÍDICA. Com relação à glosa dessas despesas, a fiscalização adotou dois critérios distintos para definir quais despesas seriam glosadas e quais não seriam, a partir dos documentos disponibilizados pela fiscalizada, a saber: Os assentos disponibilizados como sendo os de lastro dos registros consistiram em relatórios intitulados "PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS..." e respectivos comprovantes de depósito/pagamento, além de Conhecimentos de Transporte Rodoviário de Cargas CTRC e Cartas Fretes indicados nos relatórios apresentados, ambos emitidos pela empresa sob procedimento. Assim, a rigor, os documentos hábeis não foram exibidos, considerando que a empresa atua no ramo de logística, com a subcontratação dos serviços de transportes, Fl. 1791DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.782 21 circunstância em que os transportadores subcontratados deveriam emitir documentos fiscais, que seriam os assentos hábeis para comprovar os custos/despesas registrados na conta de resultado sob investigação. Não obstante, a despeito de a documentação não se conformar com os ditames da legislação fiscal, em relação aos lançamentos lastreados em assentos na forma antes referida, foi possível identificar, com segurança, os serviços executados mediante subcontratação, resultando comprovadas as operações, fundamentalmente ante a caracterização fidedigna dos agentes envolvidos, do serviço efetivamente prestado e das contraprestações correspondentes. Assentos então exibidos, notadamente, os relatórios intitulados "PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS..." e amostra dos comprovantes da movimentação financeira correspondente, compõem o Anexo Ido processo administrativo formalizado em decorrência da ação fiscal. Todavia, em relação à parcela dos registros consignados nas contas em pauta, além da não exibição dos documentos fiscais hábeis, não logrou ser exibida comprovação na forma antes referida. Acerca destes, em regra, foi disponibilizada apenas documentação atinente a movimentação bancária, sem identificação das operações que lhe deram causa, circunstancia em que restam não comprovados os custos/despesas lançados. Os registros assim configurados, pendentes de comprovação, foram então notificados ao sujeito passivo, por intermédio do item 1 da Intimação Fiscal n° 02 (11s.173 a 195), lavrada em 29/01/2009, culminando na formalização de exigência reiterando a apresentação dos documentos hábeis que embasam os lançamentos de custo/despesa especificados em anexo do aludido ato fiscal, intitulado "RELAÇÃO DE LANÇAMENTOS NÃO COMPROVADOS SERVIÇOS DE FRETES PESSOA JURÍDICA." Na esteira desta solicitação adveio resposta na forma do documento subscrito constante its fls.196 a 199. Consoante esta resposta, em suma, restringiuse a aduzir fatos que estariam dificultando o atendimento, e na apresentação de alguns poucos documentos intitulados "Carta Frete". Assim, a rigor, apenas estes cumpriram a solicitação em pauta, no sentido de elucidar as operações que deram causa a despesa de frete consignada na escrita contábil. Afora essas providências e informações, e diante das circunstâncias que aduziu, também formalizou pleito de mais prazo para o cumprimento da exigência em pauta. Nesse compasso, por intermédio do ato fiscal constante às fls. 260 a 262, intitulado "Termo de Concessão de Prazo", lavrado em 20/04/2009, foi concedido prazo adicional de 30 (trinta) dias para o atendimento derradeiro do item 1 da Intimação Fiscal n° 02. Na esteira deste ato adveio a resposta na forma do documento subscrito constante às fls. 263 a 266, recepcionado Fl. 1792DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 22 pela fiscalização em 04/06/2009. Ulteriormente, no curso da análise dos assentos apresentados, o contribuinte complementou e/ou alterou as informações outrora apresentadas, culminando em novo quadro demonstrativo consolidado, e que consta às fls. 273. Instruindo e/ou detalhando o aludido demonstrativo consolidado, foram exibidos os documentos juntados às fls. 274 a 700. Assim, os documentos acostados às fls. 273 a 700 do processo, contemplam os elementos que, ao final, foram apresentados em resposta à exigência em pauta, a partir dos quais passaremos a proceder à análise conclusiva da matéria sob investigação. Consoante anotamos, a resposta final está consolidada no quadro demonstrativo acostado às fls. 273, a partir do qual passaremos a empreender as análises, com o fito de demonstrar a situação dos lançamentos contábeis questionados. Ao final, conclui a Auditoria Federal que, a despeito de não existirem os documentos fiscais hábeis emitidos pelos prestadores do serviço, são consideradas como comprovadas as despesas para as quais foram apresentados relatórios intitulados "PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS", e respectivos comprovantes de depósito/pagamento, além de Conhecimentos de Transporte Rodoviário de Cargas CTRC e Cartas Fretes indicados nos relatórios apresentados, ambos emitidos pela empresa sob procedimento. Entretanto, foram consideradas não comprovadas as despesas para as quais não foram apresentados os documentos acima. Assim, o Fisco dividiu os fundamentos da autuação em LANÇAMENTOS COMPROVADOS e LANÇAMENTOS NÃO COMPROVADOS. Confirase: Ao cabo da análise assim empreendida, à luz dos elementos e/ou informações apresentados pelo sujeito passivo, depreendese que diversos lançamentos questionados foram comprovados, mas outros não. Os comprovados estamos retratando no demonstrativo intitulado "LANÇAMENTOS COMPROVADOS DO ITEM 1 DA INTIMAÇÃO FISCAL N° 02", acostado às fls. 1417. Já os lançamentos não comprovados estão evidenciados no demonstrativo "LANÇAMENTOS NÃO COMPROVADOS DO ITEM 1 DA INTIMAÇÃO Fiscal N° 02", constante ás fls. 1418 a 1429. Inconformada com a autuação, a Recorrente sustentou a ausência de critério viável por parte da fiscalização no que diz respeito à glosa das despesas com serviços de frete. Externou em sua impugnação e, também em seu recurso, a sua irresignação com o fato de a Autoridade Fiscal ora ter acatado a comprovação de várias despesas com base em determinados documentos e, em seguida, ter rejeitado a comprovação de outras despesas, ainda que embasadas em documentação semelhante. Considerando em parte os fundamentos de defesa da Recorrente, a DRJ afastou a glosa de despesas com pagamento de frete, por entender que, para se manter a coerência em todo o procedimento adotado pela fiscalização, algumas despesas estariam realmente comprovadas. No intuito de facilitar a compreensão, analisarei de forma segregada as despesas pelos nomes dos terceiros envolvidos na operação. Fl. 1793DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.783 23 ARCOMAR Ass. Dos Revend. De Comb. De Maringá. Sustenta a Recorrente, à fl. 1762, que “NÃO HA CRITÉRIO VIÁVEL PARA JUSTIFICAR O MOTIVO pelo qual os ilustres agentes fiscais entendem que, R$ 716.499,42 do total dos serviços efetivamente prestados foram "comprovados" e os restantes R$ 1.069.997,02 não teriam sido, tendo em mira que: a) O Serviço prestado é o mesmo; b) Os documentos que acobertaram as prestações são os mesmos; c) O beneficiário é o mesmo; d) A forma pela qual foram realizados os pagamentos é a mesma; e) Nada diferencia os lançamentos ‘admitidos’ e os "inadmitidos" como despesa pela fiscalização. f) Os documentos apresentados aos agentes fiscais como comprovação, foram os mesmos. Diante disso, natural perguntar PORQUE?” Entretanto, conforme já relatado nos fatos, houve sim critério por parte da fiscalização. Como dito, a despeito de não existirem documentos fiscais hábeis emitidos pelos prestadores do serviço, a Autoridade Fiscal considerou como: (i) comprovadas: as despesas para as quais foram apresentados relatórios intitulados "PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS", nos quais constam a natureza da operação e o conhecimento de frete, permitindo verificar, com relativa segurança, as operações de transporte que ensejaram o lançamento; (ii) não comprovadas: as despesas para as quais não foram apresentados os documentos acima. Portanto, diferentemente do que afirma a Recorrente, o Fisco buscou estabelecer critérios, inclusive bastante razoáveis, na apreciação da matéria. O problema aqui consiste no fato de o contribuinte ter comprovado apenas parte das despesas incorridas por meio da PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS. Se a Recorrente tivesse tido o cuidado de demonstrar, despesa por despesa, embasada no mencionado relatório, certamente o resultado da sua autuação seria bem diferente. Contudo, comprovou apenas parte das despesas e quer se valer desse fato para se eximir da glosas que recaem sobre aquelas que não foram comprovadas. Não basta, portanto, que a Recorrente alegue que não houve critério apenas pelo fato de o serviço prestado ser o mesmo, o beneficiário ser o mesmo, se não apresentou a mesma documentação para todas as despesas. O ônus da prova, nesse caso, é do contribuinte, sendo do seu interesse comprovar a efetiva necessidade e usualidade daquela despesa, justificando a sua dedutibilidade e afastando a sua glosa. Não quer dizer, entretanto, que o fato de ter comprovado algumas despesas da ARCOMAR significa que todas as outras automaticamente estão comprovadas. Não há nos autos a “Programação de Pagamentos”, como existiu nos demais casos (despesas admitidas), evidenciando que, diversamente do que foi afirmado pela Recorrente, a fiscalização cuidou de fixar um critério adequado e razoável na condução dos trabalhos fiscais, diferenciando as despesas comprovadas daquelas que não puderam ser. ASPOMAT — Associação de Postos de Mato Grosso Com relação às despesas relacionadas à ASPOMAT, discordo da DRJ apenas para afastar a glosa sobre a despesa com serviço de frete no valor de R$54.700,00, de 24/01/2006. Embora conste na planilha de LANÇAMENTOS NÃO COMPROVADOS (fl. Fl. 1794DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 24 1444), a referida despesa foi devidamente comprovada pela Recorrente por meio da RELAÇÃO DE PAGAMENTOS, juntada em sua impugnação (fl. 1688), que contém os mesmos dados da PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS. Além disso, o efetivo pagamento foi comprovado por meio do comprovante de transferência de fl. 586. Desse modo, visando manter a coerência dos parâmetros utilizados pela fiscalização, entendo que devese aceitar essa despesa como comprovada. Auto Posto Cerillo, Maximino Pastorell, Empresa Transportadora Botorlli Ltda, Posto e Churrascaria de Bortolli Cupim Ltda, Vô Bráulio e VTL Vanhoni Transportes e Logística Ltda. Adoto e mantenho os mesmos fundamentos de voto elaborados pela DRJ. Faço apenas uma ressalva em relação ao Vô Bráulio, sendo preciso refutar alguns pontos da argumentação desenvolvida pela Recorrente. Alega a Recorrente que: Mais adiante, no mesmo item "2.5" do Termo de Verificação Fiscal", alegam os ilustres agentes que, de um total de R$ 7.835.832,20 adiantados a empresa "Vô Bráulio", apenas R$ 3.902.582,49 se referem a serviços efetivamente prestados e que a diferença se refere a "pagamentos graciosos em relação aos quais seguramente não existiu contraprestação". Cabe ressaltar que o fato de a Recorrente ter demonstrado que adiantou valores à “Vô Bráulio” não significa que a totalidade dos valores tiveram características de despesas incorridas. Isso porque, o adiantamento em si não é uma despesa, tratase de um ativo da Recorrente e de um passivo da Vô Bráulio. Somente depois de a empresa recebedora dos recursos efetivamente realizar os serviços relacionados àquele adiantamento é que ela incorrerá em receitas e, conseqüentemente, a Recorrente relacionará os valores como despesa. O fato de comprovar o adiantamento é um bom indício de que haveria a prestação de serviços, todavia, a simples comprovação do adiantamento não é suficiente para demonstrar a despesa incorrida. Outro trecho que merece destaque é o seguinte: Diante de tais afirmações, cumpre apenas destacar que: a) Aos agentes fiscais foram identificados claramente os valores referentes aos adiantamentos de frete realizado; b) Não há nos autos qualquer indicação ou prova de que os adiantamentos realizados, não tiveram a correspondente contraprestação de serviços em períodos de apuração subseqüentes; C) Se os ilustres agentes fiscais entendem que "não existiu contraprestação", como explicar que eles próprios lançaram de oficio, como "receita de prestação de serviços tributável" na beneficiária dos pagamentos, a empresa "Vô Bráulio", em procedimento fiscal decorrente da mesma origem, qual seja, a chamada operação Influenza? Primeiramente, como dito, o ônus da prova é do contribuinte, sendo a ele incumbido a obrigação de comprovar a efetiva prestação do serviço e não do fisco. Sendo assim, caso as operações relativas aos adiantamentos já tivessem sido efetivamente implementadas, caberia à Recorrente comprovála. Fl. 1795DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.784 25 Ademais, ainda que tivesse sido tributada como receita para Vô Bráulio, a contrapartida não seria necessariamente uma despesa dedutível para a Recorrente. Não basta ser uma despesa, deve o contribuinte comprovar que ela preenche os requisitos de dedutibilidade. De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), as despesas operacionais dedutíveis para fins de apuração do lucro real são os gastos não computados como custo, mas necessários às transações operacionais da empresa, e que, além disso, sejam usuais e normais na atividade por esta desenvolvida, ou à manutenção de sua fonte produtiva, e, ainda, que estejam intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços, conforme determina o art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995. A legislação fiscal exige, também, que as despesas operacionais sejam devidamente suportadas por documentos hábeis e idôneos a comprovarem a sua natureza, a identidade do beneficiário, a quantidade, o valor da operação, entre outras características que servem para identificar a operação realizada. Inclusive, no Processo de Consulta nº 283/00 da Superintendência Regional da Receita Federal da 6ª Região Fiscal, foi destacado que as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real podem comprovar a realização de despesas dedutíveis por qualquer documentação hábil e idônea (fatura, nota fiscal, recibo, etc.) desde que fique claramente demonstrada a natureza da despesa, a identidade do beneficiário, a quantidade e o valor da operação. O mesmo raciocínio tecido para as despesas relacionadas a Vô Bráulio também se aplica à VTL Vanhoni Transportes e Logística Ltda, haja vista que é o mesmo caso de adiantamentos de fretes. Assim, como a Recorrente não preencheu satisfatoriamente os requisitos de dedutibilidade acima expostos, decido manter as glosas realizadas pela fiscalização. Despesas de Viagem: R$ 44.351,88 No mesmo sentido do que foi dito sobre o ônus da prova e os requisitos para dedutibilidade das despesas em geral, entendo que a glosa sobre despesas de viagem também deve ser mantida. Alega a Recorrente que “caso os documentos apresentados nos autos tivessem sido avaliados com um cuidado maior, e um apego maior aos fatos, tal discussão seria evitada, pois é inegável que as viagens ocorreram e que a empresa pagou por elas comprovadas elas foram o que se poderia discutir é a necessidade ou não das mesmas, isso, entretanto, NÃO FOI alegado, nem tão pouco foi essa a fundamentação da pretensa glosa de despesa COMPROVADA.” (sem destaques no original) Ora, não é o Fisco quem deve alegar, ou deixar de alegar, a necessidade das despesas. Esse é um requisito de dedutibilidade que, sem o seu preenchimento, a despesa jamais poderia ter sido deduzida. O fato de a Recorrente não comprovar a efetiva necessidade da despesa já é fundamento suficiente para se manter a sua glosa. Fl. 1796DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 26 Desse modo, como não há nos autos efetiva comprovação que permitisse aferir a necessidade da viagem, se realizada por membros da empresa e destinada aos seus negócios, não há como aceitar a sua dedutibilidade. Comissão de Frete: R$ 644.133,06 e Diferencial Frete: R$ 601.739,54 Com relação a essas duas glosas, mantenho os fundamentos de voto da DRJ, haja vista que, mesmo que a Recorrente tenha apresentado um quadro consolidado de despesas dessas naturezas e, também, um demonstrativo dos valores que compõem esses montantes, entendo que tais documentos não são suficientes para afastar a glosa das despesas. Ainda que tenha se preocupado em identificar alguns dos beneficiários (fl. 386 para comissão de frete e fl. 392 para diferencial frete), isso não é suficiente para a indicação de que efetivamente houve um serviço prestado. É preciso identificar, além do beneficiário, a causa da operação realizada, com a comprovação dos serviços prestados que implicaram as despesas incorridas, demonstrando a sua necessidade e usualidade para a manutenção da fonte produtora. Como a Recorrente não cuidou de preencher os pressupostos acima, entendo por manter as glosas efetuadas pela fiscalização. Comissão de Terceiros No mesmo sentido do tópico anterior, também mantenho os fundamentos de voto da DRJ. Da mesma forma, aqui a Recorrente limitouse a apresentar o demonstrativo de fl. 281, identificando, em alguns casos, os beneficiários daqueles pagamentos, sem entretanto comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a operação que deu causa à concessão da comissão de frete, demonstrando a sua necessidade e usualidade imprescindíveis para a sua dedutibilidade. Assim, mantenho a glosa realizada. Lançamentos decorrentes PIS/COFINS e CSLL Também decidiu acertadamente a DRJ quanto a esse ponto, não merecendo acolhida os argumentos defendidos pela Recorrente no sentido de "[...] a) ao contrário do alegado, despesas com ‘Comissões a Terceiros’ pagas a terceiros NÃO PODEM gerar direito ao crédito de PIS e COFINS; b) a empresa NÃO tomou créditos de PIS e de COFINS sobre os valores das despesas proporcionais de vendas ‘Comissões a Terceiros’;". No entanto, os documentos acostados aos autos contrariam os argumentos da própria Recorrente, haja vista que os demonstrativos de apuração do PIS/COFINS, juntados às fls. 262 a 273, evidenciam que a contribuinte efetivamente apurou e utilizou os créditos decorrentes dos pagamentos a título de comissão a terceiros. Desse modo, entendo que agiu acertadamente a Autoridade Fiscal ao efetuar o lançamento do PIS e da COFINS. Lançamentos reflexos Aos lançamentos de COFINS, PIS e CSLL, no que forem reflexos das irregularidades apuradas no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, por possuírem os mesmos fundamentos fáticos, devem ser aplicados os fundamentos da decisão prolatada para o Auto de Infração do IRPJ, em vista da íntima relação de causa e efeito que envolve os lançamentos. Fl. 1797DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.785 27 3. CONCLUSÃO Pelo exposto, dou parcial provimento ao Recurso Voluntário apenas afastar a glosa da despesa com serviço de frete relacionada à ASPOMAT, no valor de R$54.700,00, de 24/01/2006, por entender que foi devidamente comprovada pela Recorrente por meio da RELAÇÃO DE PAGAMENTOS, juntada em sua impugnação (fl. 1688), que contém os mesmos dados da PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS. Quanto aos demais fundamentos, mantenho integralmente o acórdão recorrido. É como voto. (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator. Fl. 1798DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10120.009978/2009-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 3201-000.297
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso voluntário em diligência, nos termos propostos pela relatora.
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso voluntário em diligência, nos termos propostos pela relatora. Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Judith do Amaral Marcondes Armando, Daniel Mariz Gudiño, Adriene Maria de Miranda Veras e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Ausência justificada de Marcelo Ribeiro Nogueira. RELATÓRIO O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/06/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.009978/200971 Resolução n.º 3201000.297 S3C2T1 Fl. 2 2 Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: “Trata o presente processo de pedido de restituição, formalizado em formulário, no qual a contribuinte acima identificada pretende recuperar valores pagos a título de Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE Combustível, na aquisição de combustíveis efetuada no período de agosto a dezembro de 2004, no total de R$ 325.596,72, sob o argumento de desvio de finalidade de aplicação dos recursos da referida contribuição. Ao examinar a questão, a autoridade fiscal competente no despacho decisório (fls. 87 a 93), resolveu indeferir o pedido de restituição, por ausência do pagamento indevido ou a maior; crédito líquido e certo, e falta de legitimidade para pleitear a restituição. A contribuinte tomou ciência do despacho decisório em 23/12/2009 (AR – fl. 96). Inconformada apresentou em 22/01/2010, a manifestação de inconformidade (fls. 97 a 110), na qual transcreve os fatos, discorre sobre o recolhido indevido da CIDECombustível incidente sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico, instituída pelo artigo 1° da Lei n° 10.336, de 2001, em função dos arts. 149 e 177 da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda nº 33, de 2001, e, em resumo, apresenta os seguintes argumentos: 1.1 DA LEGITIMIDADE. embora não sendo contribuinte da CIDE, a possibilidade jurídica do pedido, caracterizase pela sua atividade, consumidora final do produto que sofreu a incidência dessa contribuição, quando da compra de combustíveis, assumindo inteiramente o ônus e/ou suportando o encargo financeiro respectivo; o direito ao crédito da CIDE não se restringe ao contribuinte de direito, mas da condição prevista no artigo 166 do CTN, ou seja, contribuinte de fato, tendo em vista que adquiriu os produtos inerentes à sua atividade na qualidade de sujeito final da operação tributável da CIDE–Combustível; ao adquirir os produtos do contribuinte de direito suportou a incidência e repercussão final da referida contribuição lançada em toda a cadeia tributária. Assim, embasada no artigo 166 do CTN, é a parte ativa, afastandose a afirmação de que somente seria possível ao Produtor, Formulador e Importador dos combustíveis, ingressar contra o Fisco para pleitear a restituição de valores recolhidos indevidamente a título de CIDE – Combustível; 1.2 INEXISTÊNCIA DE DARF. a ausência de DARF justificase, por ser contribuinte de fato, não estando seu ônus representado em guia DARF, mas pelas notas fiscais Fl. 159DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/06/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.009978/200971 Resolução n.º 3201000.297 S3C2T1 Fl. 3 3 comprobatórias de aquisição dos combustíveis. A emissão de DARF para recolhimento é ato acessório, cuja obrigação é atribuída ao contribuinte de direito da contribuição; a planilha acostada aos autos demonstra que seu crédito não se baseou nos DARF, mas, nas Notas Fiscais de aquisição de combustível junto ao Produtor, no período de agosto a dezembro de 2004, que resultou crédito no montante de R$ 325.596,72; 1.3 DO DIREITO a Constituição Federal, nos artigos 149 e 177, visou garantir a atuação da União quanto à instituição das contribuições sociais e intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, especialmente as incidentes nas atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível; a CIDECombustível será revertida ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e ao financiamento de programas de infra estrutura de transportes; a contribuição nasceu com a Emenda Constitucional n° 33, de 2001, que inseriu o parágrafo 4º ao art. 177 da Carta Magna, e instituída pela Lei n° 10.336/2001, alterada pela Lei 10.363/2002, que estabeleceu novas alíquotas e a destinação e objetivos essenciais; 1.4 DESVIO DE FINALIDADE com arrimo na doutrina, o traço marcante e distintivo da contribuição de intervenção no domínio econômico é a obediência às finalidades que justificam a sua criação. Assim também está a jurisprudência do STF (RE n° 209.3653/SP); o desvio de finalidade dos recursos da CideCombustível foi reconhecido por decisão do TCU. Assim, constado desvio de finalidade, ocorre o indevido pagamento da CIDE e, por conseqüência, o direito líquido e certo de pleitear a sua restituição; 1.5 DA INEXIGIBILIDADE DA CONTRIBUIÇÃO. a Constituição Federal determinou ser obrigatória a vinculação entre os valores arrecadados com a CIDE e a sua aplicação, o que em nenhum momento diverge do texto legal. A CIDECombustível passou a ser devida a partir de janeiro de 2002 para garantir investimentos na infraestrutura de transportes e recuperar o meio ambiente danificado pelo uso do petróleo, gás e álcool; Fl. 160DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/06/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.009978/200971 Resolução n.º 3201000.297 S3C2T1 Fl. 4 4 o produto da arrecadação da Cidecombustível seria destinado, na forma da lei orçamentária, ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, de gás natural e seus derivados e de derivados de petróleo; ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás e financiamento de programas de infra estrutura de transportes; para Cretella Júnior (Tratado de Direito Administrativo. RJ. Forense, 1966. V. 2.) desvio de finalidade consiste no afastamento do espírito da lei, ou seja, "desvirtuando o fim, desvirtuase o ato, eivase de vício irreparável, configurase denominado desvio do fim, desvio de finalidade ou desvio de poder"; o Conselho de Contribuintes, em análise de aplicação e interpretação de legislação, firmou entendimento quanto à necessária observância e convergência entre lei e finalidade, posicionandose no sentido de que "não atender ao fim legal é desatender à própria lei"; não restam dúvidas quanto à possibilidade de restituição dos valores por ela recolhidos da CIDECobustíveis, nos moldes da legislação vigente, que comprovadamente sofreram desvinculação entre lei e sua finalidade, não atendendo, assim, ao preceito constitucional; demonstrada regularidade de sua pretensão, resta incontestável seu direito de pleitear/repetir a restituição dos valores da CIDE–Combustível, relacionados na planilha anexada ao pedido inicial, recolhidos indevidamente no período R$ 325.596,72, com as atualizações monetárias correspondentes. No pedido, requer seja acolhida a sua manifestação de inconformidade para reformar o despacho decisório; deferir o pedido de restituição; reconhecer o seu direito à restituição dos valores pagos a título de CIDECombustível, corrigidos por índices que reflitam a real variação inflacionária do período ou sejam ainda homologadas compensações porventura realizadas com créditos objeto do Pedido de Restituição e finalmente a suspensão de quaisquer cobranças de débitos tributários, por ser da mais colimada ordem de direito e lídima Justiça.” O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/BSB n° 0337.392, de 09/06/2010, proferida pelos membros da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF, cuja ementa dispõe, verbis: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 LEGITIMIDADE RESTITUIÇÃO CIDECOMBUSTÍVEL . COMPETÊNCIA PARA AFASTAR NORMA LEGAL. A legitimidade para pleitear a restituição de valores da CIDECombustível pagos indevidamente somente cabe ao contribuinte (produtor, formulador e importador, pessoa física ou jurídica) que tenha relação jurídica pessoal e direta com o fato gerador dessa contribuição, estabelecida pela norma tributária. A contribuinte de Fl. 161DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/06/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.009978/200971 Resolução n.º 3201000.297 S3C2T1 Fl. 5 5 fato (consumidora final) não ocupa o pólo passivo da relação jurídicotributária pessoal e direta com o fato gerador da CIDECombustível. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido.” O julgamento foi no sentido de considerar improcedente a manifestação de inconformidade, tendo em vista que a empresa não tem legitimidade para pleitear a restituição de valores da CIDECombustível pagos indevidamente, pois somente cabe ao contribuinte (produtor, formulador e importador, pessoa física ou jurídica) que tenha relação jurídica pessoal e direta com o fato gerador dessa contribuição, estabelecida pela norma tributária. A contribuinte de fato (consumidora final) não ocupa o pólo passivo da relação jurídicotributária pessoal e direta com o fato gerador da CIDECombustível. O Contribuinte protocolizou o Recurso Voluntário. O processo digitalizado foi distribuído e encaminhado a esta Conselheira. É o Relatório. VOTO Conselheiro Mércia Helena Trajano D'Amorim Não obstante o despacho, (com numeração a punho de fl. 152) do SEORT da Delegacia da Receita Federal em Goiânia/GO, onde consta que a contribuinte foi cientificada em 16/07/2010 (fls. 128/129), do teor do Acórdão n° 0337.392 da 4ª Turma da DRJ/BSB de 10.06.2010 (fls. 121/127) e apresentou, tempestivamente, em 17.08.2010, recurso voluntário, cujo documento foi juntado às fls. 130/151 numerado e rubricado. Apesar da declaração de tempestividade do recurso voluntário acima, para que fique bem claro para fins de possibilitar a análise do mérito, dessa forma, voto por que se CONVERTA O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para: que o órgão de origem, verifique, de fato, a tempestividade ou não do recurso voluntário, a despeito do despacho mencionado acima, tendo em vista, AR à fl. 129, com recebimento em 16/07/2010 e o RV apresentado, consta carimbo, em sua primeira folha, com data de 18/08/2010, à fl. 130, contrariando a data aludida. Concluída a diligência solicitada, retornem os autos para prosseguimento por este Conselho. Mércia Helena Trajano D'Amorim Relator Fl. 162DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/06/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.009978/200971 Resolução n.º 3201000.297 S3C2T1 Fl. 6 6 Fl. 163DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por NALI DA COSTA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/05/2012 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/06/2012 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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Numero do processo: 13502.000427/2004-31
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL Ano-calendário: 1997, 1998 DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. O Supremo Tribunal Federal aprovou, em sessão plenária, a Súmula Vinculante nº 08, declarando a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91, que estipulavam um prazo de dez anos para ocorrência da decadência e prescrição de crédito tributário originado em contribuições sociais. Vigora para as contribuições o prazo qüinqüenal previsto no artigo 150, § 4° do CTN - Lei nº 5.172/66, por força do disposto no artigo 146, inciso III, letra “b”, da Carta Constitucional de 1988. DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO/DECLARAÇÃO DE DÉBITO. O lapso temporal para se averiguar a decadência da exigência fiscal no caso de contribuinte que não procedeu a recolhimento do tributo lançado, ou informou débito em DCTF, deve ser contado de acordo com o disposto no artigo 173, inciso I, do CTN.
Numero da decisão: 1801-000.742
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
Matéria: CSL - ação fiscal (exceto glosa compens. bases negativas)
Nome do relator: ANA DE BARROS FERNANDES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1997, 1998 DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. O Supremo Tribunal Federal aprovou, em sessão plenária, a Súmula Vinculante nº 08, declarando a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91, que estipulavam um prazo de dez anos para ocorrência da decadência e prescrição de crédito tributário originado em contribuições sociais. Vigora para as contribuições o prazo qüinqüenal previsto no artigo 150, § 4° do CTN Lei nº 5.172/66, por força do disposto no artigo 146, inciso III, letra “b”, da Carta Constitucional de 1988. DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO/DECLARAÇÃO DE DÉBITO. O lapso temporal para se averiguar a decadência da exigência fiscal no caso de contribuinte que não procedeu a recolhimento do tributo lançado, ou informou débito em DCTF, deve ser contado de acordo com o disposto no artigo 173, inciso I, do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da Relatora. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Presidente e Relatora Fl. 90DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/10/2 011 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Magda Azario Kanaan Polanczyk, Edijalmo Antonio da Cruz, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Edgar Silva Vidal e Ana de Barros Fernandes. Relatório Contra a empresa em epígrafe foi lavrado o Auto de Infração de fls. 12 a 35 para exigência de CSLL relativas aos anoscalendários de 1997 e 1998. A infração tributária restou assim descrita no Termo de Constatação Fiscal, parte integrante do referido Auto: “A presente auditoria fiscal foi motivada por representação procedente da Seção de Controle Tributário (MCAT), processo n° 13.502000364/200331, onde e demonstrado que o contribuinte, acima identificado apresentou retificação das suas declarações de rendimentos e de informações econômicofiscais da pessoa jurídica (DIPJ), dos anos calendários de 1997, 1998 e 1999, exercícios de 1998, 1999 e 2000, nas quais, os valores correspondentes aos itens das declarações originais foram, simplesmente, reduzidos a zero (0,00), isto e, as declarações retificadoras não apresentam valores monetários em quaisquer de seus itens. Iniciada a auditoria fiscal, o contribuinte foi intimado a apresentar sua documentação contábilfiscal, o que não foi atendido nos prazos estipulados. Após ser reintimado outras vezes, conforme termos anexos, o contribuinte, finalmente, apresenta sua escrituração contábil fiscal, relativa aos anoscalendários de 1997, 1998 e 1999, onde se verificam registros de faturamentos mensais, relativos a prestação de serviços, nos referidos períodos, conforme cópias de fls. dos livros Razão, em anexo. [...] Outrossim, verificouse que, em sua escrituração, o contribuinte apurou lucro tributável e conseqüentemente, Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o lucro liquido, devidos pela pessoa jurídica, relativos aos anoscalendários de 1997 e.1998, cujos valores, em suas declarações retificadas, não foram apurados corretamente. (Conforme cópias de Demonstração de Resultado, fls. em anexo.)” (grifos não pertencem ao original) A empresa autuada foi cientificada do lançamento tributário em 19/07/04. Impugnado o lançamento tributário por alegada perda do direito da Fazenda exigir o recolhimento da referida CSLL, pelo decurso do prazo – decadência , a Primeira Turma da DRJ em Salvador/BA, pelo Acórdão nº 1512.431/07, manteve o lançamento tributário, afastando a decadência suscitada entendendo que em relação às contribuições sociais o prazo para a Fazenda Pública exercer o seu direito é decendial – fls. 58 a 61. Tempestivamente, a empresa interpôs o Recurso de fls. 66 e ss rechaçando o entendimento esposado no acórdão vergastado que defende a tese da aplicação do art. 45 da Lei nº 8.212/91 às contribuições sociais, por ferir as disposições da Carta Magna quanto à exigência de lei complementar para disciplinar matérias de natureza tributária. Defende que o prazo decadencial para exigência das CSLL em questão está prescrito no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional, por se tratar de tributo sujeito ao lançamento por homologação. É o relatório. Passo à análise das razões recursais. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/10/2 011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13502.000427/200431 Acórdão n.º 180100.742 S1TE01 Fl. 86 3 Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes, Relatora Conheço do recurso interposto, por tempestivo. A empresa argumenta que a decadência fulminou o lançamento tributário ora discutido, realizado para a exigência das CSLL apuradas de ofício pela fiscalização, pertinentes aos anoscalendários de 1997 e 1998, cujos valores foram extraídos da contabilidade da recorrente. Em parte, assiste razão à recorrente. Há que se aplicar ao caso vertente a Súmula Vinculante nº 08 prolatada pelo Supremo Tribunal Federal e reformar o entendimento esposado pela turma julgadora a quo no aresto vergastado. Diz o enunciado da referida súmula: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Por este ato, encerrou discussão sobre qual o prazo decadencial a que se sujeitam as contribuições para a Seguridade Social, sendo aplicável, para este efeito, as disposições contidas na Lei nº 5.172/66, Código Tributário Nacional CTN, reconhecida com o status de Lei Complementar, conforme a Carta Magna exige para que se verse sobre normas gerais sobre obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários (artigo 146, III, b, da Constituição Federal). Definido que o prazo decadencial é de cinco anos, o outro ponto a ser analisado concerne ao dispositivo do Código Tributário Nacional a ser aplicado ao caso em concreto, haja vista haver dois artigos que disciplinam o instituto da decadência para os tributos em geral no referido diploma legal – o artigo 150, em seu § 4º, para os lançamentos por homologação, invocado pela recorrente, e o artigo 173, inciso I, para os créditos tributários, que consiste na regra geral. Relevante neste aspecto é o fato de a empresa não ter efetuado qualquer pagamento de CSLL no anocalendário em questão, ou mesmo haver declarado em DCTF qualquer débito a este título. Somente agora estálhe sendo exigido os recolhimentos da CSLL relativas aos anos de 1997 e 1998, por meio do lançamento ex officio em debate. Nesta situação não se pode aplicar as disposições do artigo 150 do Código Tributário Nacional CTN (Lei nº 5.172/66). Reza o referido artigo: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, Fl. 92DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/10/2 011 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifos não pertencem ao original) Por regra basilar de interpretação das normas legais, não se pode dissociar o texto do parágrafo 4º do caput do artigo, mesmo porque ao fazêlo perde a lógica que o legislador imprimiu o dispositivo legal. Não se discute que os tributos federais em quase sua totalidade são tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Todavia a homologação, seja tácita ou expressa, se refere, inequivocamente a ato do contribuinte, conforme disposição expressa do próprio dispositivo legal. O que é homologado não é o fato gerador, pois este não está suscetível a qualquer homologação. É fato, ocorre, nasce. Independe de reconhecimento, muito menos, homologação (!). Do dicionário Michaelis: Homologar ho.mo.lo.gar(homólogo+ar2) vtd 1 Confirmar por sentença ou autoridade judicial ou administrativa; aprovar. 2 Conformarse com: "...procurava homologar o que dissera" (Júlio Ribeiro). Do dicionário Houaiss: Homologar 1. tornar oficial... 2. reconhecer oficialmente... 3. reconhecer como legítimo; validar... (grifos não pertencem ao original) Como se depreende é uma questão até de se utilizar propriamente o vernáculo. O que se homologa, se aprova, valida ou se reconhece como legítimo, seja expressamente ou tacitamente (no caso da inércia do Estado), é o pagamento realizado pelo contribuinte no caso dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/10/2 011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13502.000427/200431 Acórdão n.º 180100.742 S1TE01 Fl. 87 5 O termo ‘homologação’ utilizado no caput do artigo 150, referese, gramaticalmente ao pagamento antecipado efetuado pelo contribuinte. Desta forma, após fisco tomar conhecimento da atividade do contribuinte, pela realização do ato do pagamento, cabe homologálo expressamente ou têlo como homologado, de forma tácita, após cinco anos do conhecimento da atividade do contribuinte. Ora, se no presente caso, a contribuinte: 1) não realizou qualquer pagamento; e , acresço, 2) não confessou qualquer débito a título do tributo em questão em DCTF; Como poderia o fisco ter conhecimento da atividade da contribuinte? Daí que impossível, juridicamente tratando, de aplicarse o artigo 150 e começar a contagem do prazo decadencial da ocorrência do fato gerador, cujo conhecimento não chegou ao fisco. Se houvesse, ao menos, pagamento parcial ou confissão do débito ao fisco, concordaria que chegou a seu conhecimento a ocorrência de fatos geradores da obrigação tributária, devendo, por força do artigo 150, §4º, do CTN agir no prazo legal de cinco anos, não o fazendo, abre mão de exigir o tributo devido, por inércia. Mas, não havendo como conhecer a existência do fato gerador, não há o que homologar, perdendo totalmente o sentido legiferante ao aplicarse o prazo decadencial previsto no artigo 150. Ainda mais porque não é a única previsão legal contida no Código Tributário Nacional sobre o instituto da decadência incidente sobre os tributos. Há a regra geral, condizente aos créditos tributários, esculpida no artigo 173, inciso I, do mesmo diploma legal. Neste tocante, é de aplicarse ao caso in concreto o prazo decadencial na forma prescrita no artigo 173, inciso I, do CTN: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Por derradeiro, recentemente o Superior Tribunal de Justiça, em recurso representativo de controvérsia, cujo entendimento estendese aos ministros da Primeira Seção, aos Tribunais Regionais Federais, bem como aos Tribunais de Justiça dos Estados decidiu – (Data de Publicação: 18/09/2009): Recurso Especial nº 973.733/SC (2007./01769940) Relator: Min Luiz Fux PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, E 173, DO CTN. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 94DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/10/2 011 por ANA DE BARROS FERNANDES 6 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.055/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007 [...]) 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase reguladas por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, “Decadência e Prescrição no Direito Tributário”, 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). [...] Assim é que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. (grifos pertencem ao original) Em assim sendo, e salientandose que a ciência da autuação ocorreu em 19/07/2004 (destaquei), para a CSLL cujo fato gerador ocorreu ao final do anocalendário de 1997, ou seja, em 31/12/1997, o termo inicial para a contagem dos cinco anos estabelecese em 1º/01/1999 (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido exigido) e encerrase em 1º/01/2004, estando decaído o lançamento tributário para este período. No que respeita à exigência da CSLL cujo fato gerador ocorreu em 31/12/1998, pela mesma regra disciplinada no inciso I do art. 173 do CTN, o prazo decadencial encerrase em 1º/01/2005, constatandose que foi realizado em tempo ainda hábil. Por todo o exposto, voto em dar provimento parcial para o recurso, exonerando a recorrente da exigência da CSLL relativa ao anocalendário de 1997, pela decadência, e mantendo a exigência desta contribuição para o anocalendário de 1998. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Relatora Fl. 95DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/10/2 011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13502.000427/200431 Acórdão n.º 180100.742 S1TE01 Fl. 88 7 Fl. 96DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/10/2 011 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 11176.000005/2007-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/1999 a 30/12/2003
Ementa: DECADÊNCIA PARCIAL De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103-A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO – AUSÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DO TRIBUTO.
Na ausência de recolhimento antecipado da contribuição previdenciária devida, incidente sobre a remuneração paga pela empresa aos segurados caracterizados como empregados pela fiscalização, aplica-se o prazo decadencial previsto no art. 173, do CTN, pois trata-se de lançamento de ofício. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO Nos termos do artigo 12, inciso I, letra “a”, da Lei 8.212/91, são segurados obrigatórios da Previdência Social, como empregado, “aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado.”
Os elementos caracterizadores do vínculo empregatício estão devidamente demonstrados no relatório fiscal da NFLD.
AFERIÇÃO INDIRETA - DESCARACTERIZAÇÃO DA ESCRITA CONTÁBIL. A constatação de que a contabilidade não registra o movimento real do faturamento, do lucro e de remuneração dos segurados a serviço da empresa, enseja a aferição indireta das contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário.
PERÍCIA INDEFERIMENTO A perícia será indeferida sempre que a autoridade julgadora entender ser prescindível e meramente protelatória e quando não houver dúvidas a serem sanadas. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA DO ARTIGO 106 DO CTN, NECESSIDADE DE AVALIAR AS ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELA LEI 11.941/09. Incide na espécie a retroatividade benigna prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo ser a multa lançada na presente autuação calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, se mais benéfica ao contribuinte.
Numero da decisão: 2301-002.706
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em manter a aplicação da multa. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por voto de qualidade: a) em dar provimento parcial ao recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento, devido à regra decadencial expressa no I, Art. 173 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 11/2001, anteriores a 12/2001, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, pela aplicação da regar expressa no § 4º, Art. 150 do CTN; III) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Adriano Gonzáles Silvério.
Nome do relator: BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
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Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. LANÇAMENTO DE OFÍCIO – AUSÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DO TRIBUTO. Na ausência de recolhimento antecipado da contribuição previdenciária devida, incidente sobre a remuneração paga pela empresa aos segurados caracterizados como empregados pela fiscalização, aplicase o prazo decadencial previsto no art. 173, do CTN, pois tratase de lançamento de ofício. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO Nos termos do artigo 12, inciso I, letra “a”, da Lei 8.212/91, são segurados obrigatórios da Previdência Social, como empregado, “aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado.” Os elementos caracterizadores do vínculo empregatício estão devidamente demonstrados no relatório fiscal da NFLD. AFERIÇÃO INDIRETA DESCARACTERIZAÇÃO DA ESCRITA CONTÁBIL Fl. 1477DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 2 A constatação de que a contabilidade não registra o movimento real do faturamento, do lucro e de remuneração dos segurados a serviço da empresa, enseja a aferição indireta das contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. PERÍCIA INDEFERIMENTO A perícia será indeferida sempre que a autoridade julgadora entender ser prescindível e meramente protelatória e quando não houver dúvidas a serem sanadas. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA DO ARTIGO 106 DO CTN, NECESSIDADE DE AVALIAR AS ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELA LEI 11.941/09. Incide na espécie a retroatividade benigna prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo ser a multa lançada na presente autuação calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, se mais benéfica ao contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em manter a aplicação da multa. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por voto de qualidade: a) em dar provimento parcial ao recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento, devido à regra decadencial expressa no I, Art. 173 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 11/2001, anteriores a 12/2001, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, pela aplicação da regar expressa no § 4º, Art. 150 do CTN; III) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Adriano Gonzáles Silvério. Marcelo Oliveira Presidente. Bernadete de Oliveira Barros Relator. Adriano Gonzales Silvério Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzales Silvério, Bernadete de Oliveira Barros, Damião Cordeiro De Moraes, Mauro Jose Silva, Leonardo Henrique Pires Lopes. Fl. 1478DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11176.000005/200721 Acórdão n.º 2301002.706 S2C3T1 Fl. 2 3 Relatório Tratase de recurso interposto contra decisão que julgou procedente o débito lançado contra a empresa acima identificada. O crédito previdenciário lançado por intermédio da NFLD se refere à contribuições devidas à Seguridade Social correspondentes à contribuição dos empregados, à da empresa, à destinada ao financiamento dos benefícios decorrentes dos riscos ambientais do trabalho e aos terceiros. Segundo Relatório Fiscal (fls. 59), o fato gerador das contribuições apuradas ocorreu com a prestação de serviços, à notificada, de pessoas físicas que foram considerados segurados empregados da notificada pela fiscalização, por ter sido constatada a presença dos requisitos caracterizadores da relação de emprego. A autoridade lançadora informa que as remunerações dos referidos segurados, não constantes dos registros contábeis da empresa, foram apuradas mediante aferição indireta, com fundamento no art. 33, § 3o, da Lei n. 8.212/91. Expõe, a seguir, os motivos pelos quais entende que estão presentes, nos três casos incluídos na notificação fiscal de lançamento de débito, os requisitos que aperfeiçoam a formação do vínculo empregatício entre os segurados e a C.R.E. Participações e Empreendimentos Ltda, quais sejam, a pessoalidade, a não eventualidade, a subordinação e a onerosidade. Relata que, da análise da documentação da empresa, surgiram diversos questionamentos a respeito da regularidade da mão de obra empregada na execução dos serviços e das obras identificadas, o que levou a fiscalização a solicitar a apresentação de diversos documentos por meio de TIAD, tendo, contudo, a empresa se limitado a apresentar documentos e esclarecimentos relativos a pequena parcela das obras e serviços executados, o que ensejou a lavratura do Auto de Infração competente. Discorre sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade, estabelecidos pela Resolução CFC n° 750/93, cuja observância é obrigatória, nos termos do art. 177, da Lei n° 6.404/96, apontando as razões pelas quais entende que os mesmos não foram observado registros contábeis da notificada. A recorrente impugnou o débito e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 0616.092, da 6a Turma da DRJ/CTA (fls. 1.408), julgou o lançamento procedente. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso tempestivo (fls. 1.421), alegando, em síntese, o que se segue. Preliminarmente, alega inexigibilidade do depósito prévio e impossibilidade de cumprir todas as exigências efetuadas pela Fiscalização. Fl. 1479DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 4 Observa que foi concedido o exíguo prazo de 12 dias úteis para a contribuinte apresentar à fiscalização uma quantidade colossal de documentos relativos a 8 exercícios financeiros, englobando todas as obras e serviços por ela realizados, e que em momento nenhum reintimou a empresa quanto aos documentos faltantes, procedimento que é comum nos processos fiscais, mas que simplesmente autuaram a contribuinte sem que houvesse qualquer possibilidade de a empresa atender a fiscalização. Ressalta que, em que pese a legislação previdenciária não fixar o prazo no qual o contribuinte deve apresentar a documentação solicitada pela fiscalização, não há dúvidas de que esse prazo deva ser razoável e proporcional ao volume e importância da documentação solicitada, e conclui que a concessão de prazo de 12 dias úteis fere os princípios constitucionais da razoabilidade e proporcionalidade que devem balizar os atos administrativos, assim como os da ampla defesa e contraditório, tornando nulo o lançamento. Quanto à descaracterização da sua contabilidade, argumenta que o entendimento da fiscalização e dos julgadores do acórdão recorrido não refletem a realidade, pois a recorrente colocou à disposição das autoridades fiscais todos os valores e movimentos reais de remuneração dos segurados a serviço da empresa, do faturamento e do lucro, não existindo, portanto, nenhuma omissão quanto a recolhimento de contribuições previdenciárias. Infere que a fiscalização desconsiderou a contabilidade da empresa por ter entendido que os documentos apresentados e os esclarecimentos relativos aos funcionários que possuía não estavam corretos, e por considerar que o Srs. Miguel Hamati, Eleandra Toscan e Paulo Emílio Hofmann Garcia, eram funcionários da recorrente e não constavam em sua folha de pagamento, o que não é verdade, como provam os documentos anexados junto à impugnação. Sustenta que não há quaisquer irregularidades nos registros contábeis, assim como nos recolhimentos tributários efetuados pela empresa, e reafirma que, mesmo sendo os documentos apresentados ao INSS suficientes para concluir que a contribuinte não é devedora, a fiscalização sequer os analisou em sua totalidade. Assevera que a fiscalização não juntou provas suficientes para embasar de forma clara a presente NFLD e o julgamento de primeira instância, desconsiderando indevidamente a escrita fiscal da contribuinte e, conseqüentemente, arbitrando de forma fantasiosa a movimentação da empresa. Ainda em preliminar, alega nulidade do Acórdão recorrido por cerceamento de defesa em virtude do indeferimento da perícia requerida em sede de impugnação. Ressalta que a perícia técnica seria essencial para provar que os recolhimentos efetuados pelos subempreiteiros realmente se referem a obra em questão, o que comprovaria que os tributos cobrados na presente NFLD, ora em grau de recurso, já foram integralmente quitados. No mérito, alega decadência do débito lançado entre 09/2000 a 12/2001, e tenta demonstrar a inexistência de vínculo empregatício entre a recorrente e as pessoas arroladas no Relatório Fiscal. Reafirma que, entre o período de 10/1999 a 02/2002, a Sra. Eleandra era funcionária registrada da empresa Formato Construções Ltda, sendo que todas as contribuições previdenciárias incidentes sobre tal vinculo empregatício era suportado por aquela empresa, não havendo, portanto, como enquadrar a Sra. Eleandra como funcionária da recorrente, e que, Fl. 1480DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11176.000005/200721 Acórdão n.º 2301002.706 S2C3T1 Fl. 3 5 caso sejam mantidas as contribuições previdenciárias relacionadas com a Sra. Eleandra e exigidas na presente NFLD, o fisco estará a receber em duplicidade tais contribuições, o que gerará o enriquecimento ilícito por parte do INSS. Em relação ao Sr. Miguel Hamati, alega que durante o período de 11/1999 a 12/2003, o mesmo prestou serviços de engenharia à recorrente através da empresa Engemati Ltda, com a emissão de notas fiscais dos serviços prestados, conforme documentos demonstrados na impugnação. Insurgese contra a decisão recorrida ao argumento de que a mesma não levou em consideração as provas apresentas, não dando nenhuma explicação do porquê que os documentos juntados, como as notas fiscais, contratos e lançamentos contábeis, não constituíram elemento de prova, o que caracteriza um formalismo excessivo, ferindo o princípio da verdade real do processo contencioso tributário. Por fim, requerse que seja declarado improcedente a NFLD recorrida, com a reforma integral do julgamento de primeira instância, pois a recorrente apresentou todos os documentos exigidos pela fiscalização, assim como pelo fato de que a Administração Pública não deve basear seus atos em presunções, sendo sua obrigação a busca pela verdade real. É o relatório. Fl. 1481DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 6 Voto Vencido Conselheiro Bernadete De Oliveira Barros O recurso é tempestivo e não há óbice para o seu conhecimento. Da análise do recurso apresentado, registro o que se segue. Preliminarmente, a recorrente alega inexigibilidade do depósito prévio. De fato, plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar os Recursos Extraordinários ns. 390.513 e 389383, declarou a inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º do artigo 126 da Lei n. 8213/91, cujos acórdãos possuem a seguinte ementa: “RECURSO ADMINISTRATIVO – DEPÓSITO §§ 1º E 2º DO ARTIGO 126 DA LEI Nº 8.213/1991 – INCONSTITUCIONALIDADE. A garantia constitucional da ampla defesa afasta a exigência do depósito como pressuposto de admissibilidade de recurso administrativo.” A situação acima aplicase ao caso concreto e o efeito erga omnes somente se daria após a publicação de Resolução do Senado Federal conforme dispõe o inciso X do artigo 52 da Constituição Federal. Ocorre que o Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria 256, de 22/06/2009, prevê, em seu artigo 62, parágrafo único, inciso I, o seguinte: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; Portanto, com amparo no dispositivo acima, acato a preliminar de inexigibilidade do depósito prévio. Ainda em preliminarmente, a recorrente alega impossibilidade de cumprir todas as exigências efetuadas pela Fiscalização, argumentando que foi concedido o exíguo prazo de 12 dias úteis para a contribuinte apresentar à fiscalização uma quantidade colossal de documentos, e que em momento nenhum reintimou a empresa quanto aos documentos faltantes, procedimento que é comum nos processos fiscais, mas que simplesmente autuaram a contribuinte sem que houvesse qualquer possibilidade de a empresa atender a fiscalização. Porém, tais argumentos já foram trazidos no recurso 257.469, em processo de interesse da própria recorrente que, após análise, foram rejeitados por unanimidade por esta Turma de Julgamento, nos termos do voto de relatoria do Conselheiro Mauro José Silva, cujo trecho transcrevo a seguir: Fl. 1482DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11176.000005/200721 Acórdão n.º 2301002.706 S2C3T1 Fl. 4 7 “A recorrente aduz que houve violação do devido processo legal durante a fase fiscalizatória, na medida em que o prazo originalmente concedido era muito curto e seu pedido de dilação deste não foi atendido. Não há como acolher a pretensão da recorrente de violação ao devido processo legal, seja por ofensa ao contraditório ou à ampla defesa , pois os procedimentos da autoridade fiscalizadora têm natureza inquisitória não se sujeitando ao contraditório os atos lavrados nesta fase. Somente depois de lavrado o auto de infração e instalado o litígio administrativo é que se pode falar em obediência aos ditames do princípio do contraditório e da ampla defesa. Nesse sentido, já decidiu o antigo Conselho de Contribuintes atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF): “NORMAS PROCESSUAIS NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃOA fase de investigação e formalização da exigência, que antecede à fase litigiosa do procedimento, é de natureza inquisitorial, não prosperando a argüição de nulidade do auto de infração por não observância do princípio do contraditório. Assim também a mesma argüição, quando fundada na alegação de falta de motivação do ato administrativo, que, de fato, não ocorreu.(Acórdão 10193425)” Sem que fique demonstrado que após o início do litígio houve ofensa ao contraditório ou à ampla defesa, não há como acatar a pretensão da recorrente de nulidade.” Com relação ao argumento de que a legislação previdenciária não fixa o prazo no qual o contribuinte deve apresentar a documentação solicitada pela fiscalização, e de que a concessão de prazo de 12 dias úteis fere os princípios constitucionais da razoabilidade e proporcionalidade, assim como os da ampla defesa e contraditório, tornando nulo o lançamento, cumpre esclarecer que a legislação previdenciária não é omissa quanto ao prazo de apresentação de documentos solicitados por meio do TIAD. O art. 592, da IN 03/2005, dispõe que Art.592. O TIAD será emitido privativamente pelo AFPS, no pleno exercício de suas funções, quando da solicitação de documentos ao sujeito passivo em ações fiscais. §I° O sujeito passivo deverá apresentar a documentação e as informações no prazo lixado pelo A FPS, que será de, no máximo, dez dias úteis, contados da data da ciência do respectivo TIAD. §2° A não apresentação dos documentos no prazo fixado no TIAD ensejará a lavratura do competente Auto de Infração, sem prejuízo da aplicação de outras penalidades previstas em lei. Assim, a fiscalização observou o prazo previsto na legislação que trata da matéria. Fl. 1483DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 8 Ademais, se a empresa notificada contestou os valores aferidos ou discorda da caracterização de segurados empregados efetuada pela fiscalização, poderia ter trazido, aos autos, a documentação solicitada pela fiscalização, comprovando, assim, suas alegações ou a improcedência do valor lançado. Verificase, dos autos, que a notificada tomou ciência da NFLD em 02/01/2007, e da decisão de primeira instância em 11/12/2007 (AR fls. 1.421). Ou seja, a recorrente teve mais de 11 (onze) meses para a juntada de elementos que demonstrassem a regularidade dos registros contábeis e que todos os recolhimentos tributários foram efetuados pela empresa. Todas as alegações feitas pela recorrente poderiam ter sido comprovadas por meio da juntada de documentos, conforme disposto no relatório IPC, ressaltando que o contribuinte ainda dispunha do prazo de recurso para a apresentação de outros elementos. Todavia, a empresa não trouxe outros elementos para serem analisados por este Conselho que demonstrassem a veracidade de suas afirmações. E a convicção da autoridade julgadora advém, no processo administrativo fiscal, dos elementos probatórios carreados aos autos. Daí a necessidade de se juntar elementos comprobatórios dos fatos alegados. Dessa forma, entendo que a NFLD foi lavrada de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria, tendo o agente notificante demonstrado, de forma clara e precisa, a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, fazendo constar, nos relatórios que compõem a Notificação, os fundamentos legais que amparam o procedimento adotado e as rubricas lançadas. O Relatório Fiscal traz todos os elementos que motivaram a lavratura da NFLD e o relatório Fundamentos Legais do Débito – FLD, encerra todos os dispositivos legais que dão suporte ao procedimento do lançamento, separados por assunto e período correspondente, garantindo, dessa forma, o exercício do contraditório e ampla defesa à notificada. Também em preliminar, a recorrente alega nulidade do Acórdão recorrido por cerceamento de defesa em virtude do indeferimento da perícia requerida em sede de impugnação, ressaltando que a perícia técnica seria essencial para provar que os recolhimentos efetuados pelos subempreiteiros realmente se referem a obra em questão, o que comprovaria que os tributos cobrados na presente NFLD, ora em grau de recurso, já foram integralmente quitados. Todavia, a necessidade de perícia para o deslinde da questão tem que restar demonstrada nos autos. O art. 18, da Lei do Processo Administrativo Fiscal (Dec. 70.235/72), estabelece que: Art.18 A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine. Não tendo sido demonstrada pela recorrente a necessidade da realização Fl. 1484DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11176.000005/200721 Acórdão n.º 2301002.706 S2C3T1 Fl. 5 9 de perícia, não se pode acolher a alegação de cerceamento de defesa pelo seu indeferimento. Verificase, dos autos, que não existem dúvidas a serem sanadas, já que o Relatório Fiscal está claro e a NFLD muito bem fundamentada. A fiscalização deixou claro, nos relatórios integrantes da notificação, quais os valores da base de cálculo utilizada na apuração da contribuição lançada e as alíquotas aplicadas. Portanto, as autoridades julgadoras de primeira instância, ao entenderem ser prescindível a produção de novas provas e a realização de perícia, indeferiram, por unanimidade, o pedido formulado pela recorrente. Dessa forma, como a recorrente não demonstrou que a elucidação do caso dependeria da produção de prova pericial, indeferese o pedido de perícia, por considerála prescindível e meramente protelatória. Ademais, cumpre lembrar que o Decreto nº 70.235/1972 estabelece o seguinte: Art.16 A impugnação mencionará: .................................. IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito; § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. Da leitura do dispositivo, verificase que a recorrente não cumpriu os requisitos necessários à formulação de perícia pois limitouse a requerêla, sem indicar o perito ou formular os quesitos a serem respondidos. Assim, os julgadores de primeira instância agiram em observância dos dispositivos legais que tratam da matéria, e indeferiram, com muita propriedade, o pedido de perícia formulado pela recorrente. Quanto à descaracterização da sua contabilidade, argumenta que colocou à disposição das autoridades fiscais todos os valores e movimentos reais de remuneração dos segurados a serviço da empresa, do faturamento e do lucro, não existindo, portanto, nenhuma omissão quanto a recolhimento de contribuições previdenciárias Fl. 1485DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 10 Entende que a fiscalização desconsiderou a contabilidade da empresa por considerar que os documentos apresentados e os esclarecimentos relativos aos funcionários que possuía não estavam corretos, e por entender que o Srs. Miguel Hamati, Eleandra Toscan e Paulo Emílio Hofmann Garcia eram funcionários da recorrente e não constavam em sua folha de pagamento, o que não é verdade, como provam os documentos anexados junto à impugnação. Porém, não foi somente porque a empresa deixou de registrar os citados segurados como empregados que a contabilidade da prestadora foi descaracterizada, e sim devido à constatação de que a empresa omitiu lançamentos relativos ao pagamento de mão de obra utilizada na execução das obras e serviços, direta e/ou terceirizada, além de não terem sido emitidas/contabilizadas notas fiscais de serviços prestados. A fiscalização, ao analisar a documentação da empresa, constatou a existência de irregularidade do registro da mão de obra empregada na execução dos serviços e das obras identificadas, o que a levou a solicitar a apresentação de diversos documentos por meio de TIAD, tendo, contudo, a empresa se limitado a apresentar documentos e esclarecimentos relativos a pequena parcela das obras e serviços executados, ensejando a lavratura do Auto de Infração competente. A fiscalização verificou que a contabilidade da empresa não observa os Princípios Fundamentais de Contabilidade, estabelecidos pela Resolução CFC n° 750/93. Dessa forma, por ser a atividade administrativa plenamente vinculada ao cumprimento das disposições legais, a autoridade fiscal, ao constatar que a contabilidade da recorrente não espelha a realidade econômicofinanceira da empresa, por omissão de qualquer lançamento contábil ou por não registrar o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, agiu em conformidade com os ditames legais e apurou corretamente o débito por aferição indireta, mediante a aplicação dos percentuais previstos na legislação que trata da matéria. Assim, verificase que, ao contrário do que afirma a recorrente, a fiscalização motivou devidamente o procedimento adotado, apontando a legislação que ampara o procedimento de aferição indireta da base de cálculo da contribuição lançada e o arbitramento do débito, não havendo que se falar em ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa. À recorrente caberia provar que as irregularidades verificadas durante a ação fiscal não procedem e apresentar elementos que comprovem a regularidade dos registros contábeis. Nesse sentido, rejeito as preliminares suscitadas. No mérito, a recorrente alega decadência de parte do débito lançado. Observase que a fiscalização lavrou a presente NFLD com amparo na Lei 8.212/91 que, em seu art. 45, dispõe que o direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. No entanto, o Supremo Tribunal Federal, entendendo que apenas lei complementar pode dispor sobre prescrição e decadência em matéria tributária, nos termos do artigo 146, III, ‘b’ da Constituição Federal, negou provimento por unanimidade aos Recursos Fl. 1486DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11176.000005/200721 Acórdão n.º 2301002.706 S2C3T1 Fl. 6 11 Extraordinários nº 556664, 559882, 559943 e 560626, em decisão plenária que declarou a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46, da Lei n. 8212/91,. Na oportunidade, foi editada a Súmula Vinculante nº 08 a respeito do tema, publicada em 20/06/2008, transcrita abaixo: Súmula Vinculante 8 “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário” Conforme já exposto acima, o art. 62, da Portaria 256/2009 veda o afastamento de aplicação ou inobservância de legislação sob fundamento de inconstitucionalidade. Porém, determina, no inciso I do § único, que o disposto no caput não se aplica a dispositivo que tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal: Portanto, em razão da declaração de inconstitucionalidade dos arts 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 pelo STF, restaram extintos os créditos cujo lançamento tenha ocorrido após o prazo decadencial e prescricional previsto nos artigos 173 e 150 do Código Tributário Nacional. É necessário observar ainda que as súmulas aprovadas pelo STF possuem efeitos vinculantes, conforme se depreende do art. 103A e parágrafos da Constituição Federal, que foram inseridos pela Emenda Constitucional nº 45/2004. in verbis: “Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgandoa procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso (g.n.)." Fl. 1487DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 12 Da leitura do dispositivo constitucional acima, concluise que a vinculação à súmula alcança a administração pública e, por conseqüência, os julgadores no âmbito do contencioso administrativo fiscal. Ademais, no termos do artigo 64B da Lei 9.784/99, com a redação dada pela Lei 11.417/06, as autoridades administrativas devem se adequar ao entendimento do STF, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal. “Art. 64B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, darseá ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal” O fato gerador que ensejou a lavratura da NFLD em tela é o pagamento de remuneração dos segurados caracterizados como empregados pela fiscalização, cujo vínculo empregatício não havia sido reconhecido pela empresa. Portanto, tratase de lançamento de ofício, caso em que se aplica art. 173, do CTN, transcrito a seguir: Art.173 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva à decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo Único O direito a que se refere este artigo extingue se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. A NFLD foi consolidada em 29/12/2006, e sua cientificação ao sujeito passivo se deu em 02/01/2007. Dessa forma, considerando o exposto acima, constatase que se operara a decadência do direito de constituição do crédito apenas para os valores lançados nas competências compreendidas entre 10/1999 a 11/2001. Para a competência 12/2001, o tributo poderia ter sido recolhido em 01/2002, iniciandose a contagem do prazo em 01/01/2003, que é o primeiro dia do exercício seguinte àquele que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos temos do dispositivo legal transcrito acima. Nesse sentido, reconheço a decadência de parte do débito. Fl. 1488DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11176.000005/200721 Acórdão n.º 2301002.706 S2C3T1 Fl. 7 13 A recorrente tenta demonstrar ainda a ausência de vínculos com os segurados listados pela fiscalização. Os argumentos relacionados ao segurado Paulo Emílio Hofmann Garcia, caracterizado como empregado pela fiscalização, não serão objeto de análise uma vez que a prestação de serviços se deu em período atingido pela decadência. A notificada assevera que, entre o período de 10/1999 a 02/2002, a Sra. Eleandra era funcionária registrada da empresa Formato Construções Ltda, sendo que todas as contribuições previdenciárias incidentes sobre tal vinculo empregatício era suportado por aquela empresa, não havendo, portanto, como enquadrar a Sra. Eleandra como funcionária da recorrente, e que, caso sejam mantidas as contribuições previdenciárias relacionadas com a Sra. Eleandra e exigidas na presente NFLD, o fisco estará a receber em duplicidade tais contribuições, o que gerará o enriquecimento ilícito por parte do INSS. Contudo, mais uma vez a recorrente alega mas não prova o alegado. A recorrente não juntou aos autos provas da existência do alegado contrato de mútuo ou das contribuições recolhidas. Não há nada nos autos que comprove a afirmação da recorrente de que está se cobrando novamente o tributo lançado ou de que existe um contrato de mútuo celebrado entre a recorrente e a empresa cedente de mão de obra. Há mandamento expresso na Lei 9.784/99 quanto ao ônus probatório, conforme segue: ART 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. E, mesmo que a Sra Eleandra fosse funcionária da Formato Construções, como alega a recorrente, nada impede que a mesma segurada mantenha vínculo empregatício com outra empresa, no caso, a notificada. Restou comprovada, nos autos, a ocorrência de todos os requisitos necessários para a caracterização da relação de emprego , exigidos pelo art. 12, I, "a" da Lei n. º 8.212/91 c/c art. 9. º, I, "a", do RPS, aprovado pelo Decreto n. º 3.048/99, quais sejam, a não eventualidade (habitualidade), a remuneração e a subordinação. Aplicase portanto, ao caso, o artigo 9º, da Consolidação das Leis do Trabalho, que considera nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos nela contidos E como o parágrafo 2. º do art. 229 do Decreto 3.048/99, permite ao Auditor Fiscal desconsiderar o vínculo pactuado, a Auditoria, ao verificar a ocorrência dos requisitos da relação de emprego, agiu em conformidade com ditames legais e enquadrou corretamente os trabalhadores como empregados da notificada para efeitos da legislação previdenciária. Esse enquadramento será automático sempre que estiverem presentes, na prestação do serviço, os pressupostos da relação de emprego, quais sejam, a remuneração, a habitualidade e a subordinação, porque a lei assim determina, mesmo que no contrato Fl. 1489DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 14 formalizado entre as partes esteja definido de forma diversa, pois a relação de emprego não é aferida pelos elementos formais do ajuste, mas do conteúdo emergente de sua execução. Dessa forma, desde que presentes os requisitos do art. 12, I, "a", da Lei n. º 8.212/91, pode sim o Auditor Fiscal desconsiderar a contratação do segurado por meio de empresas terceirizadas para considerálo como empregado da contratante, exclusivamente para fins de recolhimento da contribuição previdenciária, pois houve a ocorrência do fato gerador. A fiscalização verificou que a segurada Eleandra Toscan foi registrada como empregada da C.R.E. somente em 03/2002, na função de Encarregada Administrativa, desenvolvendo atividades que já executava na empresa notificada anteriormente à sua contratação, pois já prestava, regularmente, esse tipo de serviço, representandoa perante terceiros, conforme se verifica das GFIPs, nas quais a segurada consta como responsável por sua elaboração, assinando rescisões de contrato de trabalho de empregados da CRE demitidos e sendo tratada pelo Técnico de Segurança do Trabalho como Gerente de Recursos Humanos da recorrente. Da mesma forma, durante a ação fiscal, a autoridade lançadora verificou que a presença do segurado Miguel Hamati no escritório da empresa notificada foi uma constante, dispondo inclusive de sala privativa na sede da empresa, assinando contratos na qualidade de preposto e documentos dirigidos à rede bancária na qualidade de GerenteGeral da C.R.E. Participações e Empreendimentos Ltda, sendo responsável pelo fundo fixo de numerário em diversas obras da empresa. O referido segurado recebe, sistematicamente, reembolsos por despesas executadas a serviço da empresa, como telefone celular, hospedagem, refeições, quilometragem rodada, pedágio, passagens aéreas e, a partir de 12/ 2003, passou a ser contratado pela C.R.E.Participações e Empreendimentos Ltda por intermédio da empresa Geratriz Empreendimentos Ltda, para prestar serviços de gerenciamento de obra. A recorrente não nega tais afirmações, mas apenas alega que o segurado prestou serviços de engenharia à CRE por meio da empresa Engemati Ltda. Todavia, mais uma vez a recorrente apenas alega, mas não comprova o alegado. Não junta documentos que comprovem suas afirmações. Nesse sentido e por tudo que foi exposto no Relatório Fiscal, entendo que restou comprovada, nos autos, a relação de emprego entre a CRE PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA e as pessoas físicas que lhe prestaram serviços. Ademais, as atividades desenvolvidas pelos segurados caracterizados como segurados empregados da notificada são necessidades constantes da empresa recorrente,. E como não é facultado ao agente fiscal deixar de cumprir a lei, ao constatar a ocorrência do fato gerador, lançou corretamente o presente débito, discriminando clara e precisamente os dispositivos legais aplicáveis ao caso, já que o relatório FLD Fundamentos Legais do Débito, relaciona a legislação que fundamenta as contribuições que constituem o presente lançamento, além do dispositivo legal que confere a competência para fiscalizar e atuar. Observase, ainda, que a NFLD atendeu o estabelecido pelo Decreto 70.235/72. Fl. 1490DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11176.000005/200721 Acórdão n.º 2301002.706 S2C3T1 Fl. 8 15 Dessa forma, o auditor autuante constituiu o crédito tributário por intermédio da presente NFLD, em observância ao disposto no art. 37, da Lei 8.212/91: Art.37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Nesse sentido e Considerando tudo o mais que dos autos consta. VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO PARCIAL, para excluir do débito, por decadência, os valores lançados nas competências compreendidas entre 10/1999 a 11/2001, inclusive. É como voto. Bernadete de Oliveira Barros – Relatora Voto Vencedor Adriano Gonzales Silvério, Redator Designado Conforme decidido pela E. 1º Turma, a divergência a ser registrada em relação ao voto da Ilustre Conselheira Relatora diz respeito apenas à quantificação da multa aplicada considerandose a retroatividade benigna espelhada no Código Tributário Nacional. Há de se registrar que o dispositivo legal da multa aplicada foi alterado pela Lei 11.941, de 27 de maio de 2009, merecendo verificar a questão relativa à retroatividade benigna prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Segundo as novas disposições legais, a multa de mora que antes respeitava a gradação prevista na redação original do artigo 35, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, passou a ser prevista no caput desse mesmo artigo, mas agora limitada a 20% (vinte por cento), uma vez que submetida às disposições do artigo 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Incabível a comparação da multa prevista no artigo 35A da Lei nº 8.212/91, já que este dispositivo veicula multa de ofício, a qual não existia na legislação previdenciária à época do lançamento e, de acordo com o artigo 106 do Código Tributário Nacional deve ser verificado o fato punido. Ora se o fato “atraso” aqui apurado era punido com multa moratória, consequentemente, com a alteração da ordem jurídica, só pode lhe ser aplicada, se for o caso, a novel multa moratória, prevista no caput do artigo 35 acima citado. Fl. 1491DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 16 Em princípio houve beneficiamento da situação do contribuinte, motivo pelo qual incide na espécie a retroatividade benigna prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo ser a multa lançada na presente autuação calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, se mais benéfica ao contribuinte. Ante o exposto, CONHEÇO o recurso voluntário para, NO MÉRITO, DAR LHE PARCIAL PROVIMENTO a fim de, se mais benéfica ao contribuinte, aplicar a multa prevista no artigo 35 caput da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/09. Adriano Gonzáles Silvério Fl. 1492DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 05/06 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assin ado digitalmente em 27/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
score : 1.0
Numero do processo: 10930.003328/2008-04
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
IRPF. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. EXISTÊNCIA DE LAUDO MÉDICO IDENTIFICANDO A DATA EM QUE A DOENÇA FOI CONTRAÍDA. MOLÉSTIA ISENTIVA. CONDIÇÃO DE APOSENTADO RECONHECIDA PELA DRJ. LANÇAMENTO DESCONSTITUÍDO.
A isenção de rendimentos percebidos por portadores de moléstia grave somente pode ser reconhecida a partir do momento da emissão do laudo pericial que a reconhece, podendo retroagir à data em que a moléstia foi contraída, quando assim está expresso no respectivo documento, nos termos da legislação de regência. Exigência atendida nos autos, sendo ainda reconhecida pela DRJ a condição de aposentado do contribuinte.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2802-002.223
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Jorge Claudio Duarte Cardoso Presidente e Relator.
EDITADO EM: 18/04/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jaci de Assis Júnior, Julianna Bandeira Toscano, Dayse Fernandes Leite, Carlos André Ribas de Mello, German Alejandro San Martín Fernández e Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente).
Nome do relator: JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
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MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. EXISTÊNCIA DE LAUDO MÉDICO IDENTIFICANDO A DATA EM QUE A DOENÇA FOI CONTRAÍDA. MOLÉSTIA ISENTIVA. CONDIÇÃO DE APOSENTADO RECONHECIDA PELA DRJ. LANÇAMENTO DESCONSTITUÍDO. A isenção de rendimentos percebidos por portadores de moléstia grave somente pode ser reconhecida a partir do momento da emissão do laudo pericial que a reconhece, podendo retroagir à data em que a moléstia foi contraída, quando assim está expresso no respectivo documento, nos termos da legislação de regência. Exigência atendida nos autos, sendo ainda reconhecida pela DRJ a condição de aposentado do contribuinte. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso – Presidente e Relator. EDITADO EM: 18/04/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jaci de Assis Júnior, Julianna Bandeira Toscano, Dayse Fernandes Leite, Carlos André Ribas de Mello, German Alejandro San Martín Fernández e Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 00 33 28 /2 00 8- 04 Fl. 105DF CARF MF Impresso em 25/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/04/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 18 /04/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 2 Relatório Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física do exercício 2007, anocalendário 2006, em que se discute a isenção dos rendimentos recebidos por portadores de doenças graves previstas no inciso XIV do art. 6º da Lei 6.7713/1988. O contribuinte impugnou alegando isenção por ser portador de alienação mental e apresentou laudos médicos, entretanto, a Delegacia de Julgamento, ao apreciar os Laudos, concluiu que o contribuinte não contribuinte não comprovou com laudo médico expedido por serviço médico oficial a existência da alienação mental. Ciente da decisão de primeira instância em 03/08/2010, o recorrente apresentou recurso voluntário em 02/09/2010, no qual apresenta os seguintes argumentos: 1. é aposentado por invalidez permanente, desde 1996, em virtude de Psicose Maníacodepressiva – Tipo depressiva, atualmente denominada Transtorno Afetivo Bipolar, diagnóstico comprovado por perícia do INSS em 01/11/1996; 2. o psiquiatra indicado pelo Serviço Municipal de Londrina, ao descrever a gravidade da doença, indicou a alienação mental; 3. o órgão julgador interpretou erroneamente o laudo pericial em virtude da grafia de difícil leitura, e como este laudo foi anterior à publicação do RIR1999, não poderia oferecer resposta a questões surgidas somente com o referido regulamento; 4. obteve decisão favorável nos processos 10930.004821/200329 e 10930.003936/200304 e não pode ficar a mercê de decisões conflitantes. Em 22/07/2011, o contribuinte protocolou nova petição em que requer juntada de mandato de novos procuradores, do acórdão 0613.898 e alega: 1. que no acórdão 0613.898 levouse em consideração não somente o laudo como também o atestado neurológico; 2. o acórdão recorrido considerou não comprovada a existência de alienação mental exclusivamente porque no laudo do perito do INSS consta resposta negativa ao quesito “è isento do IR?”, sem atentar para outros pontos relevantes: a lei isentiva é posterior ao laudo e o perito não é competente para manifestarse sobre isenção de imposto de renda; a prova da alienação mental é irrefutável com base no laudo do INSS que indica o início da doença em 20/11/1996; 3. nos exercícios de 1999 e 2000 (processos n° 10930.004821/200329 e n° 10930.003936/200304) o contribuinte já demonstrou ser portador de moléstia grave, fazendo jus à isenção. porém, atualmente encontrase autuado em outros 4 (quatro) Processos Administrativos Fiscal de Fl. 106DF CARF MF Impresso em 25/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/04/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 18 /04/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10930.003328/200804 Acórdão n.º 2802002.223 S2TE02 Fl. 124 3 lançamento de IRPF, em relação aos anoscalendário de 2003, 2006, 2007 e 2008, as autuações reiteradas têm causado constrangimentos ao contribuinte, sobretudo por ser portador de alienação mental; 4. requer, ainda, intimação do procurador em tempo hábil para realizar sustentação oral e o julgamento em conjunto dos processos 10930.001995/200763, 10930.003327/200851, 10930.000061/201018, e 10930.000062/201054. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Claudio Duarte Cardoso, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele devese tomar conhecimento. O pedido de intimação do procurador não encontra previsão legal. A notificação ordinária é feita com a publicação da pauta de julgamento descabendo exigir procedimento complementar para viabilizar a sustentação oral. O recorrente requer julgamento conjunto com outros quatro processos, porém dois deles já foram julgados – por esta mesma Turma Julgadora o que, por si só, impede atender seu pleito. Não obstante, por se tratar dos mesmos elementos de convicção, adoto como razões de decidir os fundamentos do acórdão 2802001.869, de 18 de setembro de 2012, de relatoria do Conselheiro Carlos André Ribas de Mello (processo 10930.000062/201054). O recurso deve ser conhecido, por atender aos requisitos de admissibilidade, e exclusivamente quanto àquilo que constitui seu objeto, isto é, a omissão de rendimentos pelo Contribuinte por falta de comprovação de ser portador de moléstia grave. Invoco o princípio do formalismo moderado para conhecer dos documentos juntos aos autos a partir de fl.69, na esteira da jurisprudência desta Turma. O objeto do presente recurso é tão somente estabelecer se o contribuinte é portador de moléstia isentiva, de vez que já reconhecida pela DRJ sua condição de aposentado. Observo que a essa altura é desnecessária a discussão sobre os demais documentos trazidos aos autos, de vez que o laudo pericial emitido por médico do INSS e datado de 04/04/2012, a fl.123 (numeração CARF), estabelece ser o contribuinte portador “desde 12/1996 de esquizofrenia paranóide, CID Fl. 107DF CARF MF Impresso em 25/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/04/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 18 /04/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 4 F20.0, moléstia referida no art.6º, inciso XIV, da Lei no. 7713/88, com nova redação dada pelo artigo 47 da Lei no. 8541/92”, afirmando ainda tratarse de doença mental grave e que o paciente é incapaz para a vida civil, não sendo a doença passível de controle, laudo que se afirma definitivo e de que consta a condição de alienação mental. Isto posto, dou o recurso por provido, para desconstituir o lançamento materializado no auto de infração de fls.1416, que apurou omissão de rendimentos pelo Contribuinte por falta de comprovação de ser aposentado ou portador de moléstia grave. No mesmo sentido foi o acórdão 2802001.868, de 18/09/2012 (processo 10930.003327/200851). Diante do exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso Fl. 108DF CARF MF Impresso em 25/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/04/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 18 /04/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10930.003328/200804 Acórdão n.º 2802002.223 S2TE02 Fl. 125 5 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA CÂMARA DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3º do art. 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministerial nº 256, de 22 de junho de 2009, intimese o (a) Senhor (a) Procurador (a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Segunda Seção, a tomar ciência do Acórdão identificado em epígrafe. Brasília/DF, 18 de abril de 2013 (assinado digitalmente) JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Presidente Segunda Turma Especial da Segunda Câmara/Segunda Seção Ciente, com a observação abaixo: (......) Apenas com ciência (......) Com Recurso Especial (......) Com Embargos de Declaração Data da ciência: _______/_______/_________ Procurador(a) da Fazenda Nacional Fl. 109DF CARF MF Impresso em 25/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/04/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 18 /04/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 6 Fl. 110DF CARF MF Impresso em 25/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/04/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 18 /04/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
score : 1.0
Numero do processo: 13116.001419/2001-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 07 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano-calendário: 1996, 1997
PESSOA JURÍDICA EXTINTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA.
É nulo, por erro na identificação do sujeito passivo, o auto de infração lavrado em face de pessoa jurídica regularmente extinta, relativamente a fatos geradores ocorridos antes de sua extinção.
Numero da decisão: 1201-000.731
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR
provimento ao recurso.
Nome do relator: MARCELO CUBA NETTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1996, 1997 PESSOA JURÍDICA EXTINTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. É nulo, por erro na identificação do sujeito passivo, o auto de infração lavrado em face de pessoa jurídica regularmente extinta, relativamente a fatos geradores ocorridos antes de sua extinção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz Presidente (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz (Presidente), Plínio Rodrigues Lima, (Suplente convocado), Marcelo Cuba Netto, Manoel Mota Fonseca (Suplente convocado), João Carlos de Lima Junior e Rafael Correia Fuso. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto com fundamento no art. 33 do Decreto nº 70.235/72, em face do Acórdão nº 14.104, de 03.06.2005, (fls. 140/146), proferido pela e. 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em BrasíliaDF. Fl. 333DF CARF MF Impresso em 03/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 p or FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 13116.001419/200112 Acórdão n.º 120100.731 S1C2T1 Fl. 330 2 Os autos de infração foram lavrados para constituir o crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) (fls. 21/29) e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) (fls. 30/36). O lançamento alcançou os períodos de apuração compreendidos entre os meses e trimestres de abril de 1996 e dezembro de 1997. Conforme o quadro “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal” do auto de infração, o lançamento decorre de diferenças constatadas entre as receitas informadas pela Recorrente à Secretaria de Fazenda estadual e aquelas declaradas ao Fisco Federal. Tendo em conta que a Contribuinte, após regularmente intimada, deixou de apresentar os livros e documentos de sua escrituração, a fiscalização procedeu ao arbitramento do lucro com base nas informações disponíveis. Após ciência dos autos de infração em 30.11.2001, a Recorrente impugnou o lançamento (fls. 42/63). Em 20.09.2002, por meio do Acórdão nº 2.932 (fls. 73/81), a 2ª Turma da DRJBrasíliaDF decidiu pela nulidade do lançamento, por não ter sido provada a emissão tempestiva de MPFComplementar para estender o prazo de validade da fiscalização, bem assim sua ciência ao Contribuinte, sendo considerado extinto o MPF e, por conseguinte, incompetente o AuditorFiscal para efetuar o lançamento. Em face do recurso de ofício, a Sétima Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, por meio do Acórdão nº 10707.756, de 12.08.2004 (fls. 112/122), afastou a nulidade naquele decretada e determinou o retorno dos autos para que fosse proferida outra decisão, com base na apreciação dos demais argumentos apresentados na impugnação. Cientificada desta decisão em 23.05.2005 (fl. 134), a Recorrente interpõe recurso (voluntário) à Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 153/179), cujos documentos foram recebidos por via postal em 16.06.2005 (fls. 152). Em cumprimento à decisão do Conselho, proferida pela extinta Sétima Câmara, os autos foram restituídos para nova apreciação em sede de primeira instância. Assim, a 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em BrasíliaDF proferiu o Acórdão nº 14.104, de 03.06.2005 (fls. 140/146), desta vez julgando procedente o lançamento, conforme decisão assim ementada, verbis: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário:1996, 1997 Ementa: DECADÊNCIA Em havendo descumprimento do disposto no art. 150 do CTN, cabe o lançamento de ofício, sendo que a contagem do prazo decadencial é efetuada consoante o inciso I do art. 173 do mesmo código. Às contribuições, aplicase o art. 45 da Lei no. 8.212/91. ARBITRAMENTO A motivação do arbitramento do lucro foi a falta de apresentação dos livros contábeis e fiscais por parte do contribuinte. Tratouse de medida extrema adotada após inúmeras intimações não atendidas para apresentação dos livros. Fl. 334DF CARF MF Impresso em 03/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 p or FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 13116.001419/200112 Acórdão n.º 120100.731 S1C2T1 Fl. 331 3 PROVA EMPRESTADA Não restou caracterizado lançamento com base em prova emprestada, haja vista que a autoridade lançadora não restringiu seu trabalho única e exclusivamente a pegar as informações constantes das DPIs entregues ao fisco estadual. Ademais, não há que se falar em prova emprestada, se a mesma foi produzida pelo sujeito passivo. RECEITA BRUTA CONHECIDA O AuditorFiscal recorreu aos montantes de receitas informados pelo próprio contribuinte ao fisco estadual. Não há pois que se discutir que a receita bruta era conhecida, pois constante de declaração válida feita pelo próprio sujeito passivo. CSLL Segue a sorte do principal por ser reflexo. Lançamento procedente.” Cientificada da nova decisão da DRJ em 26.07.2005 (AR de fls. 193), a Contribuinte recorre a este Conselho por meio do segundo recurso voluntário (fls. 195/219), recebido tempestivamente em 25.08.2005. Encaminhado este recurso para julgamento, a extinta Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes resolveu converter o julgamento em diligência, nos termos da Resolução nº 10700.631, de 18.10.2006 (fls. 266/270), com a finalidade de confirmar a protocolização do recurso à Câmara Superior e seu efetivo encaminhamento àquele colegiado, condicionando a apreciação do recurso voluntário ao não provimento daquele, apresentado inicialmente em 16.06.2005 (fls. 153/179). Da diligência, resultou o encaminhamento do processo à Câmara Superior para julgamento do aludido recurso voluntário (fls. 153/179) em face do acórdão nº 107 07.756, em cuja decisão foi dado provimento ao recurso de ofício. A Câmara Superior, por sua vez, conforme decisão nos termos do Acórdão nº 0106.100, de 02.02.2009, negou provimento ao recurso voluntário, acarretando a restituição do processo para exame do segundo recurso voluntário da Recorrente, apresentado anteriormente, em face da segunda decisão da DRJ que julgou procedente o lançamento. Em seu arrazoado (fls. 195/219), a Recorrente sustenta, em síntese: Preliminarmente: a) que o lançamento referente aos fatos geradores ocorridos até o mês de outubro de 1996 foi alcançado pelo instituto da decadência, considerandose o transcurso cincos anos contados do fato gerador, conforme previsto no art. 150, § 4º do CTN; b) que o auto de infração é nulo, pois no momento da autuação, a empresa não mais existia, tendo sido baixada conforme certidão juntada aos autos juntamente com o recurso; Fl. 335DF CARF MF Impresso em 03/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 p or FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 13116.001419/200112 Acórdão n.º 120100.731 S1C2T1 Fl. 332 4 No mérito: c) que conforme pode ser comprovado na simples leitura dos Autos de Infração, a Recorrente foi intimada a apresentar os livros contábeis e fiscais, todavia referidos livros não foram apresentados em virtude de extravio, pelo representante da empresa, na ocasião da baixa, tendo em vista tratarse tãosomente de documentos que interessavam apenas ao Fisco Estadual, considerando desnecessária sua conservação e guarda; d) que a autoridade fiscal optou pelo arbitramento do lucro a partir da receita bruta constante das fls. 16/17, do Auto de Infração, informações extraídas junto à Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás, desprezando as informações constantes nas DIRPJ apresentadas pela Recorrente; e) que, se existe divergência entre os valores apurados e não foi possível ao Fisco comprovar qual o valor correto, não pode o Agente Fiscal escolher qual receita deve ser utilizada no arbitramento do lucro, uma vez que, obviamente, este optaria por aquele de maior valor; f) que o procedimento adotado pelo Agente Fiscal foi equivocado e, consequentemente, afronta a legislação vigente, uma vez que para ser considerada como receita bruta conhecida, esta deve ser devidamente comprovada através de documentação hábil e idônea, tais como notas fiscais, tendo em vista que sem isso, tornase mera especulação; g) que o simples confronto de informações divergentes, constantes em bancos de dados de natureza distinta, não possui o condão, muito menos autoriza o Fiscal a decidir sobre qual das duas é a correta, salvo se optar pela mais favorável ao contribuinte, tendo em vista o disposto no artigo 112 do Código Tributário Nacional; h) que o ICMS e o Imposto de Renda são duas matérias distintas e não necessariamente o que é fato gerador de um é fato gerador de outro; i) que a autoridade fiscal fundamentou o arbitramento de lucro com base em informações extraídas junto ao Fisco Estadual, não sendo consideradas as informações prestadas à Secretaria da Receita Federal, o que, por si só, não deve prosperar; e j) que a multa aplicada com base no art. 44, inciso I da Lei nº 9.430 de 1996, fere princípios basilares de nosso ordenamento jurídico, quais sejam, o da legalidade, o da razoabilidade e o da proporcionalidade. Ao final, requer seja acolhida a preliminar de decadência dos lançamentos efetuados e a de nulidade do auto de infração pela ilegitimidade passiva. Caso seja outro o entendimento, requer seja declarado insubsistente o auto de infração ante o ilegal arbitramento e, caso ainda assim não se entenda, que seja desconsiderada a multa aplicada com base no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/1996. Os autos foram distribuídos a este Relator, conforme sorteio realizado na Sessão Plenária de 12.04.2012, da 2ª Turma Ordinária da Segunda Câmara. Fl. 336DF CARF MF Impresso em 03/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 p or FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 13116.001419/200112 Acórdão n.º 120100.731 S1C2T1 Fl. 333 5 Voto Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Relator. 1) Da Admissibilidade do Recurso O recurso atende aos pressupostos processuais de admissibilidade estabelecidos no Decreto nº 70.235/1972, razão pela qual dele tomo conhecimento. 2) Do Erro na Identificação do Sujeito Passivo Inicio a análise pela preliminar de nulidade do lançamento, suscitada pela defesa, por considerar matéria prejudicial às demais questões trazidas no recurso. A exigência fiscal foi lavrada em nome de CENTRO SUL ALIMENTOS LTDA., pessoa jurídica extinta por liquidação voluntária e baixada no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas em 17.12.1997, conforme cópia de certidão trazida ao processo juntamente com o presente recurso (fls. 210). Ao que se dessume dos autos, as alterações cadastrais junto à Receita Federal foram devidamente formalizadas, tendo sido, inclusive, apresentada a declaração de extinção relativa ao período de 01/01 a 17/12/1997 (fls. 212//217). De fato, é possível inferir que na data da formalização do lançamento em 30.11.2001, a empresa indicada como sujeito passivo já estava efetivamente liquidada e extinta. Isso posto, não há dúvida de que, no caso, houve a dissolução regular da pessoa jurídica, dissolução essa objeto, inclusive, de certidão de baixa emitida pela Secretaria da Receita Federal (fl. 210). O fato de o Fisco haver apurado, após a data da baixa, créditos tributários relativos a fatos geradores ocorridos antes daquela data, em nada altera a regularidade da extinção. Isso posto, não mais existindo a pessoa jurídica, em face de sua extinção regular, o lançamento deveria ter sido realizado em face do responsável pelo pagamento do crédito tributário, e na medida de sua responsabilidade. Como a pessoa jurídica foi constituída sob a forma de cotas de responsabilidade limitada, cujos sócios eram, à época da extinção, os Srs. JOESLEY MENDONÇA BATISTA e WESLEY MENDONÇA BATISTA (fl. 229 e ss.), são eles os sujeitos passivos da relação jurídica tributária ora sob exame. Houve, portanto, erro na identificação do sujeito passivo da obrigação principal. Ademais, não tendo sido apontado pelo autor da ação fiscal a prática dolosa da infração, a responsabilidade dos sócios limitarseia aos valores recebidos por cada um deles após a liquidação das obrigações da pessoa jurídica extinta, conforme normas abaixo transcritas: Código Tributário nacional (Lei nº 5.172/1966) Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Fl. 337DF CARF MF Impresso em 03/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 p or FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 13116.001419/200112 Acórdão n.º 120100.731 S1C2T1 Fl. 334 6 Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. (Grifamos) (...) Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. (Grifamos) (...) Novo Código Civil (Lei nº 10.406/2002) Art. 1.110. Encerrada a liquidação, o credor não satisfeito só terá direito a exigir dos sócios, individualmente, o pagamento do seu crédito, até o limite da soma por eles recebida em partilha, e a propor contra o liquidante ação de perdas e danos. (Grifamos) Ainda a respeito do assunto, vale transcrever as ementas a alguns julgados, verbis: “LANÇAMENTO. FORMALIZAÇÃO CONTRA EMPRESA EXTINTA. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO A extinção da pessoa jurídica, por qualquer forma que seja (incorporação, cisão ou distrato, para exemplificar) e o cancelamento de sua inscrição no CNPJ tornam inábil lançamento sobrevindo a tal ato por evidente erro na identificação do sujeito passivo da obrigação tributária dada como ocorrida”(Acórdão nº 10321.959, Sessão de 18/05/2005, Relator: Victor Luis de Salles Freire. Unânime)” “SOCIEDADE EXTINTA. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. NULIDADE DO LANÇAMENTO. A pessoa jurídica dissolvida por deliberação social não é titular de direitos, nem sujeito de obrigação. Os direitos se transmitem aos seus membros de acordo com a vontade expressa no contrato de dissolução e as obrigações, inclusive as tributárias, por força de lei. Recurso de ofício a que se nega provimento.(Acórdão 1º CC. 3ª Câmara, nº 10322.779, Sessão de 06/12/2006, aprovado por maioria de votos)” 3) Conclusão Fl. 338DF CARF MF Impresso em 03/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 p or FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 13116.001419/200112 Acórdão n.º 120100.731 S1C2T1 Fl. 335 7 Tendo em vista todo o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Fl. 339DF CARF MF Impresso em 03/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 31/08/2012 p or FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QU, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por MARCELO CUBA NETTO
score : 1.0
Numero do processo: 11330.000270/2007-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2000 a 30/12/2005
Ementa: REMUNERAÇÃO INDIRETA REMUNERAÇÃO – CONCEITO Remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo empregado pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, decorrentes do contrato de trabalho. RESPONSABILIDADE. SÓCIOS. REQUISITOS DO ART. 135 DO CTN. A imputação da responsabilidade prevista no art. 135, III, do CTN não está vinculada apenas ao inadimplemento da obrigação tributária, mas à comprovação das demais condutas nele descritas. SEGURO DE VIDA EM GRUPO - INCIDÊNCIA O valor referente ao seguro de vida em grupo, pago em desacordo com o estabelecido no Decreto 3.048/99, integra o salário de contribuição. DECADÊNCIA PARCIAL De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103-A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. LANÇAMENTO DE OFÍCIO – AUSÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DO TRIBUTO. 2 No caso em que o lançamento é de ofício, para o qual não houve pagamento antecipado do tributo, aplica-se o prazo decadencial previsto no art. 173, do CTN. Considera-se lançamento de ofício a contribuição incidente sobre o pagamento de verbas que a empresa não considerava como sendo base de cálculo da contribuição. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APLICAÇÃO. MULTA DE MORA. OBSERVÂNCIA DA NORMA MAIS BENÉFICA. MULTA LIMITADA A 20%. As contribuições sociais previdenciárias estão sujeitas à multa de mora, na hipótese de recolhimento em atraso devendo observar o disposto na nova redação dada ao artigo 35, da Lei 8.212/91, combinado com o art. 61 da Lei nº 9.430/1996.
Numero da decisão: 2301-002.644
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por voto de qualidade: a) em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento, devido à aplicação da regra expressa no I, Art. 173 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 11/2001, anteriores a 12/2001, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, pela aplicação da regra expressa no § 4º, Art. 150 do CTN; b) em negar provimento ao recurso, no que tange à integração ao Salário de Contribuição dos valores referentes ao seguro de vida em grupo, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento ao recurso nesta questão; II) Por maioria de votos: a) em dar provimento ao recurso voluntário, nas preliminares, para afastar a responsabilidade dos administradores da recorrente, nos termos do voto do Redator designado. Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira que votaram em dar provimento parcial para deixar claro que o rol de co-responsáveis é apenas uma relação indicativa de representantes legais arrolados pelo Fisco, já que, posteriormente, poderá servir de consulta para a Procuradoria da Fazenda Nacional, nos termos do voto do(a) Relator(a); b) em manter a aplicação da multa, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; III) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento às demais alegações apresentadas pela Recorrente, nos termos do voto da Relatora. Sustentação oral: Caio Alexandre Taniguchi Marques. OAB:242.279/SP. Redator designado: Damião Cordeiro de Moraes. Declaração de voto: Damião Cordeiro de Moraes.
Nome do relator: BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
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RESPONSABILIDADE. SÓCIOS. REQUISITOS DO ART. 135 DO CTN. A imputação da responsabilidade prevista no art. 135, III, do CTN não está vinculada apenas ao inadimplemento da obrigação tributária, mas à comprovação das demais condutas nele descritas. SEGURO DE VIDA EM GRUPO INCIDÊNCIA O valor referente ao seguro de vida em grupo, pago em desacordo com o estabelecido no Decreto 3.048/99, integra o salário de contribuição. DECADÊNCIA PARCIAL De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. LANÇAMENTO DE OFÍCIO – AUSÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DO TRIBUTO. Fl. 235DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 2 No caso em que o lançamento é de ofício, para o qual não houve pagamento antecipado do tributo, aplicase o prazo decadencial previsto no art. 173, do CTN. Considerase lançamento de ofício a contribuição incidente sobre o pagamento de verbas que a empresa não considerava como sendo base de cálculo da contribuição. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APLICAÇÃO. MULTA DE MORA. OBSERVÂNCIA DA NORMA MAIS BENÉFICA. MULTA LIMITADA A 20%. As contribuições sociais previdenciárias estão sujeitas à multa de mora, na hipótese de recolhimento em atraso devendo observar o disposto na nova redação dada ao artigo 35, da Lei 8.212/91, combinado com o art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por voto de qualidade: a) em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento, devido à aplicação da regra expressa no I, Art. 173 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 11/2001, anteriores a 12/2001, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, pela aplicação da regra expressa no § 4º, Art. 150 do CTN; b) em negar provimento ao recurso, no que tange à integração ao Salário de Contribuição dos valores referentes ao seguro de vida em grupo, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento ao recurso nesta questão; II) Por maioria de votos: a) em dar provimento ao recurso voluntário, nas preliminares, para afastar a responsabilidade dos administradores da recorrente, nos termos do voto do Redator designado. Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira que votaram em dar provimento parcial para deixar claro que o rol de coresponsáveis é apenas uma relação indicativa de representantes legais arrolados pelo Fisco, já que, posteriormente, poderá servir de consulta para a Procuradoria da Fazenda Nacional, nos termos do voto do(a) Relator(a); b) em manter a aplicação da multa, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pelo afastamento da multa; b) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; III) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento às demais alegações apresentadas pela Recorrente, nos termos do voto da Relatora. Sustentação oral: Caio Alexandre Taniguchi Marques. OAB:242.279/SP. Redator designado: Damião Cordeiro de Moraes. Declaração de voto: Damião Cordeiro de Moraes. Declaração de voto: Damião Cordeiro De Moraes Marcelo Oliveira Presidente. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11330.000270/200780 Acórdão n.º 230102.644 S2C3T1 Fl. 244 3 Bernadete de Oliveira Barros Relator. Damião Cordeiro De Moraes Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzales Silverio, Bernadete De Oliveira Barros, Damião Cordeiro De Moraes, Mauro Jose Silva, Leonardo Henrique Pires Lopes. Fl. 237DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 4 Relatório Tratase de crédito previdenciário lançado contra a empresa acima identificada, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondente à parte dos segurados, à da empresa, à destinada ao financiamento dos benefícios decorrentes dos riscos ambientais do trabalho e aos terceiros. Consta do Relatório Fiscal da NFLD (fls. 67) que o fato gerador das contribuições lançadas é o pagamento realizado pela empresa a segurados empregados, de verbas a título de seguro de vida em grupo, sem previsão em acordo/convenção coletiva de trabalho. A autoridade lançadora esclarece que considerou o beneficio concedido aos segurados empregados, a titulo de Seguro de Vida em Grupo, como integrante da remuneração do empregado, pelo fato de ter sido realizado em desacordo com o § 9°, Inciso XXV, art.214, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99, acrescentado pelo Decreto n°.3.265/99. A empresa notificada apresentou defesa e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 1215.496 da 7a Turma da DRJ/RJOI, (fls. 197), julgou o lançamento procedente. Cientificada da decisão de primeira instância, a recorrente apresentou recurso tempestivo (fls. 218) alegando, em síntese, o que se segue. Inicialmente, cita os critérios que deveriam ser, mas que, conforme entende, não foram observados pela Auditoria Fiscal quando do lançamento tributário e discorre sobre a natureza jurídica da verba em comento, na tentativa de demonstrar que a despesa da recorrente com o custeio do seguro de vida em grupo em beneficio da totalidade de seus empregados, não integra a base de cálculo da contribuição previdenciária, pois não se configura salário indireto, ou salárioutilidade. Entende que não há espaço para caracterizar as despesas da Recorrente com o pagamento do prêmio de seguro como "ganho econômico na forma de utilidade" do empregado, não havendo, portanto, como enquadrar essa despesa no conteúdo dos conceitos constitucionais e legais de remuneração. Assevera que, no caso discutido, nem a retributividade e nem a habitualidade estão presentes, inexistindo, portanto, norma legal que autorize a exigência das contribuições previdenciárias objeto da notificação fiscal lavrada, havendo manifesta atuação em desobediência ao principio da legalidade, o que se requer seja reconhecido, para acolhimento das razões recursais e reforma da r. decisão recorrida. Sustenta que tratase, na verdade, de hipótese de nãoincidência tributária, na medida em que não há como se cogitar que os pagamentos da Recorrente à Seguradora pudessem ser interpretados como integrantes da remuneração dos empregados, e transcreve trechos de julgados do STJ para reforçar seus argumentos. Infere que a prova inconteste de que o entendimento fiscal não tem embasamento legal ou jurídico é o fato de que a base para a autuação foi o valor do prêmio Fl. 238DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11330.000270/200780 Acórdão n.º 230102.644 S2C3T1 Fl. 245 5 pago pela Recorrente à Seguradora, ou seja, o preço do seguro contratado seria a expressão da suposta "remuneração" de cada um dos empregados, o que é um absurdo, e que é inequívoca a desvinculação do pagamento do seguro de vida em relação aos rendimentos habitualmente recebidos pelos empregados em razão dos serviços prestados. Aduz que resta claro que não há base fática ou jurídica a sustentar a autuação fiscal levada a efeito, e de que é insustentável a premissa da fiscalização, mantida pela r. decisão recorrida, de que o conceito de remuneração seria de tal forma amplo que comportaria fosse assim enquadrado o prêmio pago pela Recorrente à Seguradora. Cita o inciso V, do art. 458 da CLT, em seu, na redação dada pela Lei n.° 10.243/2001, consolidando jurisprudência de nossas Cortes Trabalhistas, que o pagamento de seguro de vida não será considerado salárioutilidade, não integrando a remuneração dos empregados e ressalta que a alteração do Decreto 3.048/99 nada inovou em relação às hipóteses de incidência tributária para fins previdenciários, ou seja, apenas reconheceu que os valores relacionados ao seguro de vida em grupo não integram o saláriodecontribuição, porque a natureza de tal pagamento não se enquadra ao conceito constitucional e legal de remuneração. Alega que, ao criar condições para que não se considere esse pagamento como base de cálculo das contribuições previdenciárias, o decreto inovou na ordem jurídica, pois, apesar de não existir na Lei que rege o plano de custeio da previdência social, qualquer restrição à nãoincidência de contribuições previdenciária sobre o seguro de vida em grupo pago pela Recorrente a todos os seus empregados, o Decreto 3.265/99 acabou por exigir que existisse previsão em acordo ou convenção coletiva de trabalho, para que o valor gasto pela empresa não fosse entendido como remuneração. Argumenta que não há como aceitar tal imposição, pois o decreto não pode criar ou alterar natureza jurídica determinando incidência tributária, mas apenas reconhecer e explicitar o que está no teor da lei, uma vez que o decreto não é ato normativo adequado para limitar direitos ou criar obrigações, somente a lei, em sentido estrito, pode fazêlo, desde que, obviamente, não viole as garantias esculpidas na Constituição Federal. Reitera que parte do débito foi alcançado pela decadência, nos termos do art. 150, § 4o, ou, quando por equívoco, do inciso I, art. 173, ambos do CTN, e insiste na ilegalidade da inclusão dos diretores da recorrente no pólo passivo. Inova em relação à defesa, trazendo alegações de ilegalidade e inconstitucionalidade de aplicação da taxa SELIC para atualização de débitos tributários. É o relatório. Fl. 239DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 6 Voto Vencido Conselheiro BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS O recurso é tempestivo e todos os pressupostos de admissibilidade foram cumpridos, não havendo óbice ao seu conhecimento. Da análise do recurso apresentado, registro o que se segue. A recorrente alega decadência de parte do débito. Verificase que a fiscalização lavrou a NFLD discutida com amparo na Lei 8.212/91 que, em seu art. 45, dispõe que o direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. No entanto, o Supremo Tribunal Federal, entendendo que apenas lei complementar pode dispor sobre prescrição e decadência em matéria tributária, nos termos do artigo 146, III, ‘b’ da Constituição Federal, negou provimento por unanimidade aos Recursos Extraordinários nº 556664, 559882, 559943 e 560626, em decisão plenária que declarou a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46, da Lei n. 8212/91,. Na oportunidade, foi editada a Súmula Vinculante nº 08 a respeito do tema, publicada em 20/06/2008, transcrita abaixo: Súmula Vinculante 8 “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário” Cumpre ressaltar que o art. 62, da Portaria 256/2009, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, veda o afastamento de aplicação ou inobservância de legislação sob fundamento de inconstitucionalidade. Porém, determina, no inciso I do § único, que o disposto no caput não se aplica a dispositivo que tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou Portanto, em razão da declaração de inconstitucionalidade dos arts 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 pelo STF, restaram extintos os créditos cujo lançamento tenha ocorrido após o prazo decadencial e prescricional previsto nos artigos 173 e 150 do Código Tributário Nacional. Fl. 240DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11330.000270/200780 Acórdão n.º 230102.644 S2C3T1 Fl. 246 7 É necessário observar ainda que as súmulas aprovadas pelo STF possuem efeitos vinculantes, conforme se depreende do art. 103A e parágrafos da Constituição Federal, que foram inseridos pela Emenda Constitucional nº 45/2004. in verbis: “Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgandoa procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso (g.n.)." Da leitura do dispositivo constitucional acima, concluise que a vinculação à súmula alcança a administração pública e, por conseqüência, os julgadores no âmbito do contencioso administrativo fiscal. Ademais, no termos do artigo 64B da Lei 9.784/99, com a redação dada pela Lei 11.417/06, as autoridades administrativas devem se adequar ao entendimento do STF, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal. “Art. 64B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, darseá ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal” O STJ pacificou o entendimento de que nos casos de lançamento em que o sujeito passivo antecipa parte do pagamento da contribuição, aplicase o prazo previsto no § 4º do art. 150 do CTN, ou seja, o prazo de cinco anos passa a contar da ocorrência do fato gerador, uma vez que resta caracterizado o lançamento por homologação. No caso presente, a fiscalização deixa claro que se trata de contribuição incidente sobre verbas que a recorrente não considerava como base de cálculo da contribuição Fl. 241DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 8 previdenciária, tratandose, portanto, de lançamento de ofício, para o qual não houve adiantamento do tributo, caso em que se aplica o disposto no art. 173, do CTN, transcrito a seguir: Art.173 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva à decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo Único O direito a que se refere este artigo extingue se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. A NFLD foi consolidada em 28/12/2006, e sua cientificação ao sujeito passivo se deu em 03/01/2007, conforme documento às fls. 129.. Dessa forma, considerando o exposto acima, constatase que se operara a decadência do direito de constituição do crédito apenas para os valores lançados nas competências compreendidas entre 02/2000 a 11/2001. Para a competência 12/2001, o tributo poderia ter sido recolhido em 01/2002, iniciandose a contagem do prazo em 01/01/2003, que é o primeiro dia do exercício seguinte àquele que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos temos do dispositivo legal transcrito acima. Nesse sentido, acato parcialmente a preliminar de decadência. No mérito, a recorrente traz argumentos tentando demonstrar que os pagamentos feitos pela Recorrente a titulo de Seguro de Vida a seus empregados jamais poderiam compor a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Já a fiscalização alega que os dispêndios da recorrente com o Seguro de Vida de seus empregados integram o salário de contribuição. Impõe, portanto, verificar se a verba em comento possui natureza salarial. A recorrente traz argumentos tentando demonstrar que os gastos realizados com prêmio de seguro de vida em grupo disponibilizado à totalidade de seus empregados e dirigentes não constituem remuneração, não podendo, dessa maneira, integrar a base de cálculo das contribuições previdenciárias, pois, além de não possuírem caráter contraprestativo, não representam ganho habitual e nem trazem qualquer acréscimo patrimonial ao trabalhador. Contudo, entendo que a exigência fiscal encontra amparo legal no inciso I, do art. 28 do referido diploma legal, que estabelece que o conceito de salário de contribuição é “...a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades, ...” (grifei). A própria Constituição Federal, preceitua, no § 4º do art. 201, renumerado para o § 11, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/98, o seguinte: Fl. 242DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11330.000270/200780 Acórdão n.º 230102.644 S2C3T1 Fl. 247 9 § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüentemente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (grifei) A regra geral é que, se a utilidade é necessária para executar o serviço, ou se o trabalhador paga pela utilidade, essa não constitui salário, tratase tãosomente de instrumento de trabalho. Se, por outro lado, aumentar seu patrimônio, então integrará o salário para todos os efeitos legais. Verificase que as despesas efetuadas pela empresa com o Seguro de Vida de seus empregados se originaram em decorrência única e exclusiva do vínculo laboral entre empregado e empregador, não devendo, portanto, serem excluídas da base de cálculo da contribuição. Dessa forma, ao contrário do que afirma a recorrente, entendo que a parcela paga a título de prêmio de seguro de vida representa uma vantagem econômica para o trabalhador e integrava o saláriodecontribuição até 28/11/99. Com o Decreto 3.265, de 30/11/99, o prêmio de seguro de vida em grupo passou a figurar no rol das rubricas não integrantes do saláriodecontribuição, desde que atenda ao preceito legal, ou seja, esteja previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho e seja disponível à totalidade dos empregados e dirigentes da empresa, que são as condições para afastar a incidência de contribuição previdenciária. A condição de se tratar ou não de salário não está vinculada ao interesse da fonte pagadora em, com aquele pagamento, assalariar ou não seu empregado. Ou seja, não é o nome do pagamento ou a vontade da empresa em si que vai determinar sua natureza jurídica. O que irá afastar os valores pagos a título de Seguro de Vida da incidência tributária é a estreita observância à legislação específica que trata da matéria. Portanto, no caso presente, como o seguro de vida não foi previsto em acordo coletivo, a parte do prêmio paga pela empresa à seguradora representa uma vantagem econômica para o trabalhador e integra o saláriodecontribuição, já que não se inclui na hipótese de isenção da Lei 8.212/91, regulamentada pelo Decreto 3.048/91. Corrobora nesse sentido os pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, cujas ementas transcrevo a seguir: PARECER/CJ Nº 2.118/2000 : NFLD nº 171.275/91 INTERESSADO: INDÚSTRIA FREIOS KNORR LTDA. ASSUNTO: Crédito Previdenciário. Seguro de Vida em Grupo. EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. SEGURO DE VIDA. Fl. 243DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 10 1. O pagamento do seguro de vida em grupo corresponde à parcela salário, que, por seu turno, posicionase no gênero remuneração. 2. A legislação previdenciária não excetua o pagamento do seguro de vida em grupo como parcela não integrante do cálculo a cargo da empresa. Precedentes, Pareceres/CJ Nºs 850/97 e 1.733/99. PARECER/CJ Nº 2.057/2000 REFERÊNCIA: NFLD nº 31.698.1060 INTERESSADO: ARTHUR ANDERSEN S/C. ASSUNTO: Crédito Previdenciário. Seguro de Vida em Grupo. EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. SEGURO DE VIDA. 1. O pagamento do seguro de vida em grupo corresponde à parcela salário, que, por seu turno, posicionase no gênero remuneração. 2. A legislação previdenciária não excetua o pagamento do seguro de vida em grupo como parcela não integrante do cálculo a cargo da empresa. Precedentes, Pareceres/CJ nºs 824/97, 850/97 e 1.733/99. PARECER/CJ Nº 2.114/2000 REFERÊNCIA: NFLD nº 32.464.2083 (CRPS nº 1.430/96). INTERESSADA: TEC TOY INDÚSTRIA DE BRINQUEDOS S.A. ASSUNTO: Crédito Previdenciário Seguro de Vida em Grupo. EMENTA DIREITO PREVIDENCIÁRIO E DO TRABALHO. SEGURO DE VIDA EM GRUPO. SALÁRIO UTILIDADE. O prêmio do seguro de vida dos empregados custeado pela empresa é salário utilidade, sendo, portanto, parcela integrante da base de cálculo das contribuições previdenciárias a cargo da empresa. Precedentes: Pareceres/CJ nº 850/97 e 1.733/99. Parecer pelo conhecimento da avocatória, para reformar o acórdão nº 1.948/97 proferido pela 8ª Câmara de Julgamento do CRPS. Com relação aos argumentos de ausência de habitualidade, entendo que não estamos diante de um pagamento eventual, já que o ganho habitual passível de exação não é necessariamente aquele valor auferido mês a mês, trimestralmente ou mesmo bimestralmente etc. Há verbas pagas no decorrer do contrato de trabalho, ainda que não sejam auferidas nessas condições, e que não podem ser vistas como meramente eventuais. No caso sob análise, não há dúvida de que o pagamento realizado pela empresa a título de Seguro de Vida em Grupo, em favor de seus empregados, revestese de habitualidade, já que é de conhecimento de todos os empregados que, no caso da ocorrência do “evento mórbido” previsto no contrato de seguro farão jus ao recebimento do valor ajustado. Fl. 244DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11330.000270/200780 Acórdão n.º 230102.644 S2C3T1 Fl. 248 11 Assim, o conhecimento prévio de que tal pagamento será realizado se ocorrer o evento retiralhe o caráter da eventualidade, tornandoo habitual. Há, portanto, uma expectativa criada que se sobrepõe ao fato de os valores percebidos pelos segurados empregados, no caso de se concretizar o evento previsto na apólice de seguro, não serem rotineiros, e essa expectativa perdura até o final do vínculo empregatício. Essa expectativa criada, o costume e a certeza do pagamento gera a habitualidade e afasta por completo a eventualidade. A ampla divulgação da concessão do benefício e de suas condições faz com que integre o contrato de trabalho dos empregados, pois tratase de um pagamento ajustado com condição (ocorrência do sinistro) préfixada. Ou seja, a cada ocorrência do sinistro será concedido o benefício, desde de que existente o vínculo trabalhista. Portanto, o valor efetivamente pago pela autuada relativo a prêmio de seguro de vida em grupo integra o salário de contribuição e a pretensão da recorrente de se excluir os referidos valores da base de cálculo da contribuição previdenciária carece de amparo legal. A recorrente alega, ainda, que o inc. V, § 2°, do art. 458 da CLT, expressamente retira as despesas do seguro de vida em grupo do rol de elementos que podem ser incorporados ao trabalho, motivo pelo qual entende que é vedado à administração querer incluir tais parcelas na base de cálculo da contribuição previdenciária. Contudo, a doutrina há muito já consagrou a autonomia científica do Direito Previdenciário em face do Direito do Trabalho. O conceito de saláriodecontribuição não se confunde com o conceito de remuneração retirado do Direito Laboral. Segundo Wladimir Novaes Martinez (Comentários à Lei Básica da Previdência Social), “O conceito previdenciário de saláriodecontribuiçao não tem de coincidir exatamente com a definição trabalhista de remuneração ou, com mais razão, com a descrição de salário. Para isso é necessário o tipo legal circunscrever o fato gerador, impondo suas condições”. Em relação ao argumento de que merece destaque a mais recente redação do art. 458, § 2o, V, da CLT, atribuída pela Lei 10.243/01, que expressamente exclui do conceito de salário “o seguro de vida e de acidentes pessoais”, cumpre observar que o art. 12, da CLT determina que “Os preceitos concernentes ao regime de seguro social são objeto de lei especial”. A Lei 8.212/91 é a lei especial que veio tratar sobre a organização da Seguridade Social e instituir o Plano de Custeio. O art. 458, § 2o, V, da CLT, com a redação dada pela Lei 10.243/01 não revogou os arts. 28, § 9o, da Lei 8.212/91. Dessa forma, não pode ser declarado insubsistente o lançamento em relação aos fatos geradores posteriores ao advento da Lei 10.243/01, ou seja, a partir de 06/2001, pois, conforme disposto no art. 2º, § 2º, da Lei de Introdução ao Código Civil, “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”. Cumpre esclarecer que a incompatibilidade de normas pertencente a um mesmo ordenamento jurídico e com mesmo âmbito de validade se denomina antinomia e, Fl. 245DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 12 tradicionalmente, os critérios para solucionar a antinomia são três, o cronológico, o hierárquico e o da especialidade. O da especialidade ocorre entre duas normas, uma geral e uma especial, prevalecendo a específica apenas na parte da lei geral que é incompatível com a especial. Portanto entendo que a revogação ou modificação de lei geral por especial ou de especial por geral não pode ser tácita, havendo de ser expressa do tipo "revogase o artigo tal, parágrafo tal da lei tal", o que não ocorreu quando da edição da Lei 10.243/01, que deu nova redação ao art. 458, da CLT. A notificada defende que o fato de o seguro de vida em grupo não ter sido objeto do campo normativo da Lei 8.212/91, mas somente do Decreto 3.048/99, que passou a integrar a referida verba como parcela não integrante do salário de contribuição, constitui entrave à exigência, pois inexiste norma legal autorizativa para a incidência da contribuição almejada pelo fisco. Contudo, entendo que o fato de a Lei 8.212/91 não incluir o seguro de vida nas hipóteses de isenção previstas no § 9o, do seu art. 28 apenas corrobora a correção da exigência fiscal, pois, conforme art. 176 do CTN, “a isenção, ainda que prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão...”. Ademais, o referido Decreto encontrase plenamente em vigor no nosso ordenamento jurídico, não podendo ser afastado pelas autoridades administrativas , cuja atividade é plenamente vinculada ao cumprimento das disposições legais. Nesse sentido, o ilustre jurista Alexandre de Moraes ( curso de direito constitucional, 17ª ed. São Paulo. Editora Atlas 2004.314) colaciona valorosa lição: “o tradicional princípio da legalidade, previsto no art. 5º, II, da CF, aplicase normalmente na administração pública, porém de forma mais rigorosa e especial, pois o administrador público somente poderá fazer o que estiver expressamente autorizado em lei e nas demais espécies normativas, inexistindo, pois, incidência de vontade subjetiva. Esse principio coadunase com a própria função administrativa, de executor do direito, que atua sem finalidade própria, mas sem em respeito à finalidade imposta pela lei, e com a necessidade de preservarse a ordem jurídica”(grifei) Ademais, o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, veda aos Conselhos de Contribuintes afastar aplicação de decreto sob fundamento de inconstitucionalidade, conforme disposto em seu art. 62. E sendo o lançamento um ato administrativo vinculado, e não sendo facultado ao servidor público eximirse de aplicar uma lei ou decreto, a fiscalização, ao constatar que o pagamento feito pela notificada a título de Seguro de Vida não foi previsto em acordo ou convenção coletiva, contrariando o estabelecido no Decreto. 3.048/99, lavrou a competente NFLD, em observância aos normativos que regem a matéria. A recorrente inova em seu recurso, em relação à impugnação, ao alegar ilegalidade e inconstitucionalidade da utilização da taxa SELIC para correção de débito tributário. No entanto, cabe observar que o argumento acima não foi apresentado em defesa, o que, nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/1972, se consubstancia em matéria não impugnada, para a qual ocorreu a preclusão do direito de discussão. Fl. 246DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11330.000270/200780 Acórdão n.º 230102.644 S2C3T1 Fl. 249 13 Porém, ainda que não se considerasse ocorrida a preclusão, verificase, no caso presente, que a utilização da Taxa SELIC para atualizações e correções dos débitos apurados encontra respaldo no art. 34, da Lei 8.212/91, não havendo que se falar em ilegalidade da referida exação E este CARF uniformizou a jurisprudência administrativa sobre tais matérias, por meio, das súmulas nºs 2 e 3. A recorrente alega, ainda, impossibilidade da inclusão dos diretores da recorrente no pólo passivo da NFLD. Todavia, cumpre esclarecer que a inclusão do nome dos coresponsáveis é um dos requisitos necessários para a constituição do crédito. O sujeito passivo que deve suporta o ônus contido na NFLD em tela é a própria empresa, sendo ela, em primeira análise, a responsável pelo crédito ora discutido, não podendo se afirmar que sejam as pessoas arroladas no relatório de coresponsáveis, neste momento, o sujeito passivo da obrigação inadimplida. Desse modo, a indicação dos sócios e administradores no anexo denominado de CORESP nada mais representa do que documento instrutório da NFLD, previsto na legislação previdenciária. Como o art. 79, inciso VII, da Lei n.º 11.941/2009, revogou o art. 13 da Lei n.º 8.620/93, a simples indicação dos representantes legais da empresa por meio do CORESP não implica a sua inscrição de imediato em dívida ativa. Registrese que a lista nominal serve apenas como uma relação indicativa de representantes legais arrolados pelo fisco, já que posteriormente servirá de consulta para a Procuradoria da Fazenda Nacional. Porém, para deixar claro que o fisco não pode incluir as pessoas físicas relacionadas no CORESP de pronto na certidão da dívida ativa, este colegiado vem decidindo reiteradamente deixar consignado o provimento parcial do recurso, eis que necessário para o dispositivo final do julgado. Nesse sentido, acato o requerimento formulado pela recorrente, a fim de afastar a coresponsabilidade dos representantes legais. No entanto, mantenho a lista nominal apenas como uma relação indicativa de representantes legais arrolados pelo fisco, já que, posteriormente, poderá servir de consulta para a Procuradoria da Fazenda Nacional, cabendo a ressalva de que esses nomes não poderão ser inscritos de imediato em dívida ativa, somente com base na indicação trazida pelo fisco. Nesse sentido e Considerando tudo o mais que dos autos consta; VOTO por CONHECER DO RECURSO, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para excluir do débito, por decadência, os valores lançados nas Fl. 247DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 14 competências compreendidas entre 02/2000 e 11/2001, inclusive, e para deixar claro que o rol de coresponsáveis é apenas uma relação indicativa de representantes legais arrolados pelo fisco, podendo servir, posteriormente, de consulta para a Procuradoria da Fazenda Nacional É como voto. Bernadete De Oliveira Barros Relatora Voto Vencedor Damião Cordeiro De Moraes Redator DA RESPONSABILIDADE A responsabilidade da pessoa física não pode decorrer da simples falta de pagamento de tributo. É inquestionável que o lançamento tributário tem sua exigibilidade em face da sociedade contribuinte. Porém, o que é questionável é a exigibilidade de tais créditos perante o administrador dessa sociedade. A sujeição passiva da obrigação principal no direito tributário, como é sabido, se dá de duas formas: por contribuição (CTN 121, parágrafo único, inciso, I) ou por responsabilização (CTN 121, parágrafo único, inciso II). No caso em tela, inegável a condição de contribuinte da sociedade. De outro lado, é completamente dúbia a condição de responsável do administrador por esses créditos. Inexiste, no direito tributário pátrio, espécie de responsabilização objetiva do sócio por créditos tributários inadimplidos pela sociedade. O que o sistema prevê é a responsabilidade tributária do administrador por atos irregulares – atos ultra vires –, seja este administrador sócio ou não. A forma da responsabilização daquele que exerça cargo de administração ou gerência encontrase presente no art. 135, inc. III do CTN, que dispõe: “Art. 135 – São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: [...] III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.” Sem a presença dos requisitos do art. 135, não há de se falar em responsabilidade do sócio administrador. Nesse sentido leciono o prof. Luciano Amaro: “Para que incida o dispositivo, um requisito básico é necessário: deve haver prática de ato para qual o terceiro não detinha poderes, ou de ato que tenha infringido a lei, o contrato social ou o estatuto de uma sociedade. Se inexistir esse ato irregular, não cabe a invocação do preceito em tela”(in Direito Tributário Brasileiro. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. P.319). Fl. 248DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11330.000270/200780 Acórdão n.º 230102.644 S2C3T1 Fl. 250 15 In casu, o fisco não colacionou aos autos nenhuma manifestação que delimite a ter havido a prática de ato para o qual os relacionados não detivessem poderes, ou de ato que tenha infringido a lei, o contrato social ou o estatuto da empresa. 12. Em uníssono é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ): “TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. SÓCIO. RESPONSABILIDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. EXCEÇÃO DE PRÉEXECUTIVIDADE. CABIMENTO. ART. 135, III. DO CTN. PRECEDENTES.1. A arguição da exceção de pré executividade com vista a tratar de matérias de ordem pública em processo executivo fiscal – tais como condições da ação e pressupostos processuais – somente é cabível quando não for necessária, para tal mister, dilação probatória. 2. A imputação da responsabilidade prevista no art. 135, III, do CTN não está vinculada apenas ao inadimplemento da obrigação tributária, mas à comprovação das demais condutas nele descritas: prática de atos com excesso de poderes ou infração de lei contrato social ou estatutos.3. Recurso especial provido”[g.n] (REsp 426.157/SE, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 18.08.2006 p. 361).” Assim, ante a impossibilidade de responsabilização tributária dos administradores da recorrente pelos créditos lançados (art. 135 do CTN), devem ser excluídos da relação de vínculos as pessoas nele relacionadas. DA MULTA APLICADA Sobre a multa aplicada, cumpre ressaltar que, em respeito ao art. 106 do CTN, inciso II, alínea “c”, deve o Fisco perscrutar, na aplicação da multa, a existência de penalidade menos gravosa ao contribuinte. No caso em apreço, esse cotejo deve ser promovido em virtude das alterações trazidas pela Lei nº 11.941/2009 ao art. 35 da Lei nº 8.212/1991, que instituiu mudanças à penalidade cominada pela conduta da Recorrente à época dos fatos geradores. Assim, identificando o Fisco benefício ao contribuinte na penalidade nova, essa deve retroagir em seus efeitos, conforme ocorre com a nova redação dada ao art. 35 da Lei nº 8.212/1991 que assim dispõe: “Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” Fl. 249DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 16 3. E o supracitado art. 61, da Lei nº 9.430/96, por sua vez, assevera que: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento.” Confrontando a penalidade retratada na redação original do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 com a que ora dispõe o referido dispositivo legal, vêse que a primeira permitia que a multa atingisse o patamar de cem por cento, dado o estágio da cobrança do débito, ao passo que a nova limita a multa a vinte por cento. Sendo assim, diante da inafastável aplicação da alínea “c”, inciso II, art. 106, do CTN, concluise pela possibilidade de aplicação da multa prevista no art. 61 da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009 ao art. 35 da Lei nº 8.212/1991, se for mais benéfica para o contribuinte. CONCLUSÃO Diante do exposto, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, para aplicar a multa prevista no art. 35 da Lei n.º 8.212/91 combinado com o art. 61, §2 º da Lei nº 9.430/96, se mais benéfica ao contribuinte e para afastar a responsabilidade dos administradores da recorrente. (assinado digitalmente) Damião Cordeiro de Moraes Declaração de Voto DO SEGURO DE VIDA Acerca da ilegalidade da cobrança de contribuições previdenciárias sobre valores pagos pela empresa a título de seguro de vida, importante ressaltar que a norma celetista expressamente excluiu da definição legal de remuneração a parcela referente ao segurosaúde e ao seguro de vida e de acidentes pessoais, inclusive sem o requisito de que a utilidade fosse oferecida à totalidade dos empregados. Senão vejamos: Fl. 250DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11330.000270/200780 Acórdão n.º 230102.644 S2C3T1 Fl. 251 17 "Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (...) § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (...) IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante segurosaúde V seguros de vida e de acidentes pessoais;” Evidentemente que, em atendimento ao princípio da especificidade das normas, a lei trabalhista deve ser considerada sempre com muita cautela para que não invada a esfera do ordenamento legal previdenciário, notadamente no que se refere à cobrança de contribuições sociais. Ocorre que o conceito jurídico de salário não é originário do direito previdenciário, mas sim do direito trabalhista. Assim é que, para a exata definição de salário contribuição, foi que o art. 28, inciso I, da Lei 8.212/91 utilizou a expressão ‘remuneração’, termo técnico advindo do direito do trabalho. Nesse sentido, transcrevese ementa do Acórdão da lavra da Juíza Tânia Terezinha Cardozo Escobar, do TRT da 4ª Região, que deu correto tratamento à questão: “GRATIFICAÇÃO NÃO EVENTUAL. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ART. 28, DA LEI Nº 8.212/91. 1. Para definir o saláriodecontribuição, o art. 28, I, da Lei n.º 8.212/91, utiliza a expressão ‘remuneração’. Tratase de termo técnico próprio do Direito do Trabalho. Portanto, devemos entendêlo tal como formulado no campo desta ciência. E neste campo, remuneração é a soma das parcelas de natureza salarial com as gorjetas recebidas pelo empregado, conforme arts. 457 e 458 da CLT. Se a gratificação eventual paga pela empregadora aos seus empregados não é salário, também não é remuneração. Logo, não há incidência de contribuições previdenciárias. (..)” (AC 9504540686/PR) É dizer: para a incidência de contribuição previdenciária sobre os pagamentos realizados a título de utilidade devese levar em conta o conceito construído pelo direito privado, por força do disposto no art. 110, do CTN. Este dispositivo traz uma relevante regra de conduta tributária ao dispor que "A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias". Fl. 251DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS 18 A rigorosa discriminação de campos materiais para o exercício da atividade tributária, tendo estatura constitucional, por si só já determina essa inalterabilidade, de maneira que, a definição de cada instituto utilizada pela Carta Magna não pode ser manipulada pelo fiscal tão somente no afã de ampliar o campo de incidência tributária. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou pela não incidência da contribuição sobre os valores do seguro de vida em grupo pago pelo empregador para todos os empregados, uma vez que não pode ser considerado como espécie de benefício ao empregado, uma vez que o empregado nada usufrui pelo seguro de vida em grupo, o que descarta a possibilidade de considerarse o valor pago, se generalizado para todos os empregados, como sendo salárioutilidade (v.g. REsp 441096/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, DJ 04/10/2004, p. 231; REsp 677751/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, DJ 21/11/2005, p. 137, REPDJ 10/04/2006, p. 135). Para reforçar a tese, citase trecho do voto da Ministra Eliana Calmon, relatora do REsp 695724/RS (DJ 16/05/2006, p. 205): “Temse entendido que a incidência da contribuição previdenciária está afeta às parcelas que se constituem em salário, seja pago de forma direta ou de forma indireta, de tal modo que a liberalidade patronal, se em caráter habitual passa a integrar o salário e, como tal, a servir de base de cálculo para efeito de incidência da exação de que se cuida. Na hipótese, estamos a tratar especificamente do que é pago pelo empregador a título de seguro de vida em grupo, sendo certo que a partir da Lei 9.528, de 10∕12∕97, não se tem dúvida, porque prevista a exclusão de forma expressa no art. 28, § 9º, letra "p" da Lei 8.212∕91, o qual enuncia o expurgo da base de cálculo do que for pago a título de programa de previdência complementar. (...) Dentro de uma interpretação teleológica, à vista da previsão legislativa que antecedeu a reforma da Lei 8.212∕91, temos que o seguro de vida em grupo pago pelo empregador para todos os empregados, de forma geral, não pode ser considerado como espécie de benefício ao empregado, o qual não terá nenhum benefício direto ou indireto, eis que estendido a todos uma espécie de garantia familiar, em caso de falecimento. Se de seguro individual se tratasse, não haveria dúvida quanto à incidência, o que, entretanto, não ocorre em relação ao seguro de vida em grupo.” O seguro não está previsto na Lei n. 8.212/91com verba tributável, apenas indiretamente no Decreto n. 3.048/1999 (art. 214, §9º, inc. XXV), o que não é suficiente para se confirmar a exação. O CARF tem se posicionado em uníssono com o Superior Tribunal de Justiça, verbis: “Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1997 a 30/11/1999 PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD. SEGURO DE VIDA EM GRUPO. NÃO INCIDÃSNCIA DE CONTRIBUIÇAO PREVIDENCIARIA. O Seguro de Vida em Grupo não está sob o campo de incidência de contribuição previdenciária por não se amoldar ao conceito de salário de contribuição previsto no art. 28, I da Lei nº 8.212/91. Recurso Voluntário Provido” (Segundo Conselho de Contribuintes. 6ª Fl. 252DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS Processo nº 11330.000270/200780 Acórdão n.º 230102.644 S2C3T1 Fl. 252 19 Câmara. Turma Ordinária; Acórdão nº 20600747 do Processo 35138000064200714. Conselheiro Rogerio de Lellis Pinto, Relator designado. Data 10/04/2008). Frisase, porque importante, que o empregado nada usufrui pelo seguro de vida, o que descarta então a possibilidade de considerarse o valor pago como sendo salário utilidade para efeitos de cobrança de contribuições previdenciárias. Enfim, cobrar contribuições sociais sobre estes benefícios é penalizar as empresas e desestimular a colaboração da sociedade no bem estar e segurança dos trabalhadores, para que os familiares não passem dificuldades em caso de falecimento do mantenedor da família. (assinado digitalmente) Damião Cordeiro de Moraes Fl. 253DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 20/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assin ado digitalmente em 02/07/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
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Numero do processo: 11030.002486/2004-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI
Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000
IPI RESSARCIMENTO. EXPORTAÇÃO. CRÉDITO PRESUMIDO PARA
RESSARCIMENTO PIS-PASEP E COFINS. CONCEITO DE RECEITA DE EXPORTAÇÃO.
A norma jurídica instituidora do benefício fiscal atribui ao Ministro de Estado da Fazenda a competência para definir “receita de exportação” e para o período pleiteado a receita deve corresponder a venda para o exterior de produtos industrializados, conforme fato gerador do IPI, não sendo confundidos com produtos “NT” que se encontram apenas fora do campo abrangido pela tributação do imposto.
“IPI – CRÉDITO PRESUMIDO – RESSARCIMENTO – AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS – A base de cáculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matérias-primas, produtos intermediários, e material de embalagem referidos no art. 1º da Lei nº 9.363, de 13.12.96, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador (art. 2º da Lei nº 9.363/96). A lei citada refere-se a “valor total” e não prevê qualquer exclusão. As Instruções Normativas nºs 23/97 e 103/97 inovaram o texto da Lei nº 9.363, de 13.12.96, ao estabelecerem que o crédito presumido de IPI será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas à COFINS e às Contribuições ao PIS/PASEP (IN nº 23/97), bem como que as matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de cooperativas não geram direito ao crédito presumido (IN nº 103/97). Tais exclusões somente poderiam ser feitas mediante Lei ou Medida Provisória, visto que as Instruções Normativas são normas complementares das leis (art. 100 do CTN) e não podem transpor, inovar ou modificar o texto da norma que complementam.
RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE.
Numero da decisão: 3101-000.776
Decisão: ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: 1) afastar o impedimento ao uso do benefício em face da saída de produtos NT; 2) desconsiderar a vedação de se incluir na base de cálculo do crédito presumido as matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de pessoas físicas ou de cooperativas; e 3) determinar o retorno dos autos ao órgão julgador de primeira instância para apreciar as demais questões de mérito. Vencidos os conselheiros Corintho Oliveira Machado e Henrique Pinheiro Torres.
Nome do relator: Valdete Aparecida Marinheiro
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E EXPORTAÇÃO LTDA Recorrida DRJ PORTO ALEGRE/RS “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000 IPI RESSARCIMENTO. EXPORTAÇÃO. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO PISPASEP E COFINS. CONCEITO DE RECEITA DE EXPORTAÇÃO. A norma jurídica instituidora do benefício fiscal atribui ao Ministro de Estado da Fazenda a competência para definir “receita de exportação” e para o período pleiteado a receita deve corresponder a venda para o exterior de produtos industrializados, conforme fato gerador do IPI, não sendo confundidos com produtos “NT” que se encontram apenas fora do campo abrangido pela tributação do imposto. “IPI – CRÉDITO PRESUMIDO – RESSARCIMENTO – AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS – A base de cáculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários, e material de embalagem referidos no art. 1º da Lei nº 9.363, de 13.12.96, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador (art. 2º da Lei nº 9.363/96). A lei citada refere se a “valor total” e não prevê qualquer exclusão. As Instruções Normativas nºs 23/97 e 103/97 inovaram o texto da Lei nº 9.363, de 13.12.96, ao estabelecerem que o crédito presumido de IPI será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas à COFINS e às Contribuições ao PIS/PASEP (IN nº 23/97), bem como que as matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de cooperativas não geram direito ao crédito presumido (IN nº 103/97). Tais exclusões somente poderiam ser feitas mediante Lei ou Medida Provisória, visto que as Instruções Normativas são normas complementares das leis (art. 100 do CTN) e não podem transpor, inovar ou modificar o texto da norma que complementam. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE Fl. 1DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /01/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 01/08/2012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11030.002486/200411 Acórdão n.º 3101 000776 S3C1T1 Fl. 2 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: 1) afastar o impedimento ao uso do benefício em face da saída de produtos NT; 2) desconsiderar a vedação de se incluir na base de cálculo do crédito presumido as matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de pessoas físicas ou de cooperativas; e 3) determinar o retorno dos autos ao órgão julgador de primeira instância para apreciar as demais questões de mérito. Vencidos os conselheiros Corintho Oliveira Machado e Henrique Pinheiro Torres. HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Tarásio Campelo Borges e Vanessa Albuquerque Valente. Ausente momentaneamente, o Conselheiro Luiz Roberto Domingo. . Relatório Por bem relatar, adotase o Relatório de fls. 86 a 87 dos autos emanados da decisão DRJ/POA, por meio do voto do relator Carlos Alberto Donassolo, nos seguintes termos: “O estabelecimento acima qualificado formalizou pedido de ressarcimento do crédito presumido do IPI (CP), instituído pela Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, para se ressarcir das contribuições da Cofins e do PIS/PASEP, incidentes sobre as aquisições , no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem, empregados na fabricação de produtos exportados durante o período de 01/07/2000 a 30/09/2000, no valor de R$ 22.530,75, conforme pedido de ressarcimento PER/DCOMP, de fls. 02 e 03. 1.1 A verificação prévia do pedido foi feita pela fiscalização que, de acordo com o Termo de Verificação Fiscal, de fls. 08 e 09, concluiu que o requerente não teria direito ao ressarcimento pleiteado, em razão de que as exportações efetuadas pelo requerente são referentes a produtos classificados no código 7103.10.00 da TIPI, com a notação NT (não tributável) e, portanto, ditos produtos se encontram fora do campo de incidência do IPI, desatendendo a condição para a fruição do benefício fiscal, prevista no art. 1º da Lei nº 9.363, de 1996, ou seja, de que o produto deve ser industrializado sujeito à incidência desse imposto. Não bastasse isso, prossegue o agente fiscal, a maior parte das matériasprima adquiridas são provenientes de pessoas físicas, que não sofreram o gravame das contribuições para o Fl. 2DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /01/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 01/08/2012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11030.002486/200411 Acórdão n.º 3101 000776 S3C1T1 Fl. 3 3 PIS/PASEP e Cofins a que o benefício fiscal visa ressarcir e, dessa forma, essas aquisições também não dariam direito ao crédito presumido. 1.2 O Delegado da DRF/Passo Fundo, acolhendo a proposição da Fiscalização, indeferiu integralmente o pedido de ressarcimento, conforme teor do Despacho Decisório, de fls. 11. 2 Regularmente intimado do Despacho Decisório referido, mas discordando daquele entendimento, o requerente apresentou a manifestação de inconformidade, de fls. 16 a 31, alegando, em síntese, o que segue: a) que realiza uma operação de beneficiamento da pedra denominada “ametista”, caracterizada como sendo uma operação típica de industrialização, uma vez que a matéria prima adquirida (ametista) passa por todo um processo de tratamento/acabamento antes de ser comercializada, operação essa caracterizada como sendo de industrialização pelo Regulamento do IPI; b) que no caso da não admissão na base de cálculo das aquisições de insumos de pessoas físicas houve ofensa ao princípio da legalidade estrita, previsto no art. 150, I, da Constituição Federal/88, de forma que a fiscalização não poderia impor restrições na composição do cálculo com base em atos infralegais, posto que tanto o conceito insculpido na Lei nº 9.363, de 1996 quanto na Lei nº 10.276, de 10 de setembro de 2001, estendem o benefício para toda a cadeia produtiva e não somente para a última etapa desta. Transcreve jurisprudência administrativa em apoio à sua tese; 2.1. Finaliza, requerendo a procedência de sua manifestação de inconformidade para que seja reformado o Despacho Decisório e que se defira integralmente o crédito presumido do IPI pleiteado, acrescido de juros pela taxa Selic, desde a protocolização do pedido.” A decisão recorrida emanada do Acórdão nº. 1015.472 de fls. 85 traz a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. RESSARCIMENTO. Inexiste direito ao crédito presumido do IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT (nãotributado). IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. Não se incluem na base de cálculo do benefício as aquisições de matérias primas de pessoas físicas, por não terem sofrido a incidência das contribuições para o PIS/PASEP e a Cofins. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /01/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 01/08/2012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11030.002486/200411 Acórdão n.º 3101 000776 S3C1T1 Fl. 4 4 ABONO DE JUROS SELIC. DESCABIMENTO. Por falta de previsão legal, é incabível o abono de correção monetária e de juros Selic, aos ressarcimentos de créditos do IPI. Solicitação Indeferida “ Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho – CARF, onde faz as mesmas alegações antes apresentadas e finalmente requer: a) a reforma do acórdão recorrido, com escopo de que seja declarado o direito integral pleiteado, relativo ao crédito presumido do IPI; b) acrescido da respectiva correção monetária e, por conseguinte, homologada a compensação tributária levada a cabo pela Contribuinte. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Valdete Aparecida Marinheiro, O Recurso Voluntário é tempestivo e dele tomo conhecimento, por conter todos os requisitos de admissibilidade. Inicialmente, cabe destacar que o motivo principal de controvérsia no presente processo se deve ao fato da fiscalização ter considerado que os produtos exportados pelo interessado estariam classificados na TIPI com a notação “NT” (nãotributado), ou seja, são produtos que não são considerados industrializados pela legislação do IPI e, portanto, sem direito ao crédito presumido do IPI. Nesse sentido, a decisão recorrida, analisou a classificação fiscal dos produtos exportados e concluiu “... que se tratam de produtos que se encontram fora do campo de incidência do IPI, ou seja, indicação típica de produtos que não são considerados industrializados pela legislação do IPI e, por essa razão, sem direito ao crédito presumido do IPI pela legislação que trata do benefício fiscal”. Assim, não obstante, demais considerações é importante lembrar que o IPI é um imposto seletivo em virtude da essencialidade do produto, e não cumulativo conforme artigo 153 § 3º da CF/88, logo, por imposição constitucional, o IPI deve ser seletivo, não cumulativo e não poderá incidir sobre produtos industrializados, destinados ao exterior. Esses são os limites mínimos a serem respeitados pelo legislador infraconstitucional. Verificase na TIPI, que inumeros produtos ficaram sem tributação, outros tantos, reduzidos à alíquota zero, outros, ainda, tiveram isenções decretadas por leis específicas. No caso concreto, como o produto exportado está na TIPI como produto não tributado, significa que o objeto encontrase fora do campo abrangido pela tributação, isto é, é o fato de não estar contemplado na norma jurídica definidora do fato gerador da obrigação Fl. 4DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /01/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 01/08/2012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11030.002486/200411 Acórdão n.º 3101 000776 S3C1T1 Fl. 5 5 tributária. Acontece que o fato gerador do IPI é a industrialização e a lei definiu o que seja produto industrializado (artigo 46 do CTN e art. 3º da Lei nº 4.502/64). Assim, uma tabela aprovada por mero decreto ao promover enumeração de produtos não tributados, motivados tãosomente pelo caráter da seletização gradual do imposto, não pode implicar em alteração do fato gerador, a ponto de excluir os produtos não tributados do rol de produtos industrializados, abrangidos pela definição do fato gerador do IPI. Logo, produto classificado na TIPI como NT, não significa necessáriamente tratarse de produto não industrializado. Portanto, o relevante é que a Recorrente tenha exportado produtos industrializados, ainda que esses produtos estejam classificados na TIPI como NT, nada considerável, também, que seus insumos sejam classificados como NT, pois, não estamos tratando de créditos normais de IPI, mas um crédito pressumido, uma ficção, onde as bases para sua apuração estão contempladas pela Lei 9.363/96. Também, a Recorrente pretende ver incluído no seu pedido de ressarcimento crédito referente a aquisições de pessoas físicas e cooperativa e nesse sentido discordando da decisão recorrida, corroboro com o entendimento exposto pelo nosso Presidente Dr. Henrique Pinheiros Torres no Recurso nº 201116199 da CSRF – 2º Turma nos seguintes termos: “IPI – CRÉDITO PRESUMIDO – RESSARCIMENTO – AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS – A base de cáculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários, e material de embalagem referidos no art. 1º da Lei nº 9.363, de 13.12.96, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador (art. 2º da Lei nº 9.363/96). A lei citada referese a “valor total” e não prevê qualquer exclusão. As Instruções Normativas nºs 23/97 e 103/97 inovaram o texto da Lei nº 9.363, de 13.12.96, ao estabelecerem que o crédito presumido de IPI será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas à COFINS e às Contribuições ao PIS/PASEP (IN nº 23/97), bem como que as matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de cooperativas não geram direito ao crédito presumido (IN nº 103/97). Tais exclusões somente poderiam ser feitas mediante Lei ou Medida Provisória, visto que as Instruções Normativas são normas complementares das leis (art. 100 do CTN) e não podem transpor, inovar ou modificar o texto da norma que complementam.” Diante do todo o exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO VOLUNTÁRIO determinando afastar a exclusão na receita bruta de exportação, os produtos exportados pela Recorrente, ainda que classificados como NT na TIPI, por estar afastados do campo de tributação, mas, não afastados do fato gerador do IPI; afastar a glosa dos créditos referentes a aquisição de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem de pessoa físicas e cooperativas e determinar o retorno do processo ao órgão julgador de primeira instância para análise dos demais pressupostos a garantir o crédito pleiteado. É como voto Relatora Valdete Aparecida Marinheiro Fl. 5DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /01/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 01/08/2012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11030.002486/200411 Acórdão n.º 3101 000776 S3C1T1 Fl. 6 6 Fl. 6DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 30 /01/2012 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 01/08/2012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
score : 1.0
Numero do processo: 10980.722691/2011-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano calendário: 2007, 2008
PAGAMENTOS E PARCELAMENTOS COMPROVADOS.
Deve o lançamento ser revisto, em relação aos valores tempestivamente recolhidos e/ou parcelados pelo contribuinte e não considerados pelas autoridades fiscais.
MULTA ISOLADA. INCOERÊNCIA ENTRE FUNDAMENTOS FÁTICOS E LEGAIS DO LANÇAMENTO.
É de se cancelar o lançamento quando a descrição dos fatos não se coaduna com o enquadramento legal das infrações, inviabilizando o exercício do direito de defesa por parte docontribuinte.
Numero da decisão: 1401-000.796
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 PAGAMENTOS E PARCELAMENTOS COMPROVADOS. Deve o lançamento ser revisto, em relação aos valores tempestivamente recolhidos e/ou parcelados pelo contribuinte e não considerados pelas autoridades fiscais. MULTA ISOLADA. INCOERÊNCIA ENTRE FUNDAMENTOS FÁTICOS E LEGAIS DO LANÇAMENTO. É de se cancelar o lançamento quando a descrição dos fatos não se coaduna com o enquadramento legal das infrações, inviabilizando o exercício do direito de defesa por parte docontribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes De Mattos e Karem Jureidini Dias. Fl. 696DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo parcialmente o relatório que integra o acórdão recorrido, fls.. 677679: Este processo trata de autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ (fls. 126135) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL (fls. 136144), mediante os quais se exige da autuada o crédito tributário total de R$ 6.075.911,50, incluindo juros moratórios calculados até 29/04/2011, conforme somatório dos Demonstrativos Consolidados do Crédito Tributário do Processo espelhados às fls. 0203. As infrações atribuídas à autuada se encontram descritas no auto de infração do IRPJ (fls. 132133) nos seguintes termos: “001FALTA DE RECOLHIMENTO/DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA – INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO OU DECLARAÇÃO 1. Insuficiência de recolhimento e de declaração do imposto de renda devido, apurada em trabalho de revisão interna, correspondente aos valores informados na DIPJ – Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica, DIPJ 2008, AnoCalendário 2007, Linha 11/12, não declarada em DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais, e na qual, não consta recolhimento no Sistema Sinal da Receita Federal do Brasil/e ou compensações vinculada a PER/DCOMP. 2. Procedeuse glosa no valor de R$ 1.023.761,45 (...), meses junho/2007, julho 2007 e agosto 2007, DIPJ 2008 Ano Calendário 2007, linha 12A/17, Imp. De Renda Mensal Pago por Estimativa, com base em Balanço ou Balancete de Suspensão ou Redução. Esses valores constam negativos na DIPJ, Linha 11/12, IMPOSTO DE RENDA A PAGAR, que confrontados com os Balancetes e Livro Lalur anexos, confere prejuízo fiscal, sendo assim, os referidos valores não foram considerados como compensação, por não estarem vinculados a Perdcomp – Pedido de Compensação, conforme demonstramos em planilha anexo I e II. (...); 002 – DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS – OMISSÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO INEXATA OU INCOMPLETA Valor incidente sobre a base de cálculo estimada em função da receita bruta e acréscimo e/ou balanços de suspensão ou redução, conforme DIPJ 2009, ano PAGAR, linha 11/12, confrontados com Balancetes e Livro Lalur – Em anexo. Tais valores não constam Declarados em DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais ou recolhidos conforme Sistema Sinal da Receita Federal do Brasil e ou Fl. 697DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA Processo nº 10980.722691/201124 Acórdão n.º 140100.796 S1C4T1 Fl. 697 3 compensações vinculadas a Perdcomp – Pedido de Compensação, conforme demonstramos na planilha – Anexo II.” Os enquadramentos legais se encontram discriminados em seguida à descrição dos fatos acima transcrita. A autuada foi cientificada do lançamento em 26/05/2011, conforme Aviso de Recebimento estampado às fls. 505, e apresentou tempestivamente, em 24/06/2011, a impugnação de fls. 507532, veiculando as alegações a seguir sintetizadas: 1 – Preliminar de Nulidade do Auto de Infração por Deficiência na Fundamentação Legal e na Matéria Tributável – Violação ao art. 142 do CTN. [...] 2. Mérito: A Regularidade e Suficiência dos Recolhimentos de IRPJ e CSLL com respeito ao mérito, a impugnante verte argumentação tendente a demonstrar a suficiência dos recolhimentos implementados, conforme detalhamento a ser feito no voto. Também discorre sobre o não cabimento da imposição da multa, em face de ter efetuado os recolhimentos em montantes suficientes. Finaliza requerendo o reconhecimento da improcedência do lançamento. Foram anexados os documentos de fls. 533666. A 1ª Turma de Julgamento da DRJ Curitiba, por maioria de votos, julgou procedente em parte a impugnação: a) cancelando integralmente as multas de ofício lançadas isoladamente, por alegado descumprimento de obrigação acessória; b) cancelando integralmente o lançamento relativo ao IRPJ e seus consectários; e c) exonerando, da CSLL lançada, a importância de R$ 419.011,50, de sorte a ser mantida apenas a exigência no importe de R$ 5.601,47. Em face do montante do crédito tributário exonerado, houve recurso de ofício a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. É o relatório. Fl. 698DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA 4 Voto Conselheiro Fernando Luiz Gomes de Mattos O recurso atende aos requisitos legais, razão pela qual deve ser conhecido. O acórdão recorrido cancelou integralmente a exigência relativa ao IRPJ (anocalendário de 2007) , tendo em vista a comprovação de que as estimativas glosadas foram recolhidas e/ou compensadas em PERD/DCOMPs, devidamente submetidas ao crivo da Administração. Sobre o tema, assim se manifestou o acórdão recorrido, fls. 683: Quanto ao valor das estimativas glosadas, é evidente que procede a alegação da impugnante de que não foram considerados os pagamentos implementados por meio dos DARF que juntou às fls. 587589, cujos recolhimentos tempestivos se encontram comprovados pelas telas por mim anexadas, nos valores de R$ 368.325,42, R$ 284.116,33 e R$ 371.320,00, totalizando o exato valor glosado (R$ 1.023.761,75). Tratase, portanto, de equivoco crasso cometido pela fiscalização. Quanto à diferença de R$ 224.558,03, apurada pelo confronto do débito de IRPJ apurado no ajuste anual (R$ 1.528.250,03) e o valor efetivamente recolhido (R$ 1.303.692,00), também procede a alegação da impugnante de que já havia declarado a compensação desse débito no PER/DCOMP nº 02408.64089.240809.1.7.033414, cuja cópia foi por ela juntada às fls. 635647 e consta de confirmação por mim anexada. Concluo, portanto, pela absoluta improcedência do lançamento relativo ao saldo do IRPJ do anocalendário de 2007, seja porque as estimativas glosadas foram recolhidas, seja porque a diferença do saldo anual lançada consta de compensação declarada em PER/DCOMP submetida ao crivo da Administração, o que suspende a exigibilidade do débito. A exigência relativa à CSLL (anocalendário de 2008), por sua vez, foi parcialmente cancelada, tendo em vista a comprovação de que as estimativas glosadas foram recolhidas. Subsistiu apenas uma pequena parcela da exigência, referente à diferença entre o saldo do ajuste a pagar apurado na DIPJ e o valor efeftivamente pago, conforme DARF de fls. 660. Sobre o tema, assim se manifestou o acórdão recorrido, fls. 683684: Como se vê, o valor lançado (R$ 424.612,97) corresponde à soma do valor final a pagar (R$ 390.287,97) e a importância de R$ 34.325,00, glosada a título de estimativa paga, conforme consta do item 1 do auto de infração, espelhado às fls. 142. Com respeito à glosa dessa estimativa, no importe de R$ 34.325,00, procede a alegação da impugnante de que efetuou o Fl. 699DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA Processo nº 10980.722691/201124 Acórdão n.º 140100.796 S1C4T1 Fl. 698 5 pagamento representado pelo DARF de fls. 653, cujo recolhimento se encontra comprovado por tela por mim anexada. Com respeito ao saldo do ajuste a pagar, no importe de R$ 390.287,97, apurado na DIPJ apresentada pela contribuinte (fls. 198 e 666), procede a alegação da impugnante de que a fiscalização não incluiu em seus cálculos o pagamento representado pelo DARF que apresentou a título de documento 07 (fls. 660), no importe de R$ 384.686,50, pago a título de ajuste anual da CSLL, sob código 6773, cujo recolhimento se encontra comprovado pela tela por mim juntada. Acrescento que a existência desse recolhimento já havia sido informada à fiscalização, como se vê às fls. 35. Também esclareço que, apesar de a impugnante haver apurado em sua DIPJ débito no montante de R$ 390.287,97, somente declarou na DCTF retificadora, apresentada já sob ação fiscal, o valor que efetivamente recolheu (R$ 384.686,50). [...] Entendo, portanto, que a exigência deve ser reduzida para R$ 5.601,47, que é a parcela do saldo do ajuste anual que a impugnante apurou em sua DIPJ, mas que não recolheu e tampouco apresentou qualquer justificativa a respeito. No que tange às exigências de IRPJ e CSLL, a análise dos autos permite concluir pela integral correção da decisão recorrida, a qual merece ser confirmada por este colegiado. O colegiado julgador recorrido também cancelou a multa de ofício lançada, uma vez que a citada multa foi exigida por alegado “descumprimento de obrigações acessórias” e pela “omissão ou prestação de informação inexata ou incompleta”. Sobre o tema, assim se pronunciou o acórdão recorrido, fls. 680682: [...] é forçoso reconhecer a procedência das alegações vertidas às fls. 512 e seguintes. Com efeito, neste particular o lançamento carece de lógica, como foi demonstrado pela impugnante, e passo a reforçar. Ocorre que a pouco elucidativa redação do auto de infração informa que a irregularidade consistiria no descumprimento de obrigação acessória, porquanto valores devidos – incidentes sobre base de cálculo estimada – não teriam sido declarados em DCTF, ou recolhidos ou compensados. [...] [...] ainda que fosse possível concluir de forma inequívoca que a intenção da autuante fosse aplicar multa por descumprimento de obrigação principal (falta de recolhimento/declaração de estimativas), o lançamento não diz respeito a multa por falta de recolhimento de estimativas. O lançamento diz respeito a descumprimento de obrigações acessórias, o que se conclui pela Fl. 700DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA 6 descrição literal e pela utilização, como fundamento, dos art. 16, da Lei nº 9.779, de 19/01/1999, e do art. 57, inciso II, da Medida Provisória nº 2.15833, de 28/06/2001, verbis: [...] Art. 57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I – (omissis); II cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. [...] Ora, nessas condições, o lançamento da multa é absolutamente inepto. A autuante não demonstrou quais as transações comerciais ou operações financeiras que deixaram de constar dos instrumentos das obrigações acessórias. Tampouco existe evidência de que tenha sido utilizado o percentual de 5% (cinco por cento) previsto para a hipótese. Não há, portanto, qualquer vinculação desse percentual com os valores lançados. Como facilmente se percebe, o auto de infração imputou à contribuinte tão somente o descumprimento da obrigação acessória de prestar informação. No entanto a multa efetivamente exigida decorreu do descumprimento da obrigação principal de recolher a estimativa. Pelos motivos expostos, considero que a contribuinte efetivamente teve o seu direito de defesa irremediavelmente cerceado, razão pela qual considero que também agiu corretamente o colegiado julgador recorrido, ao acolher a preliminar de nulidade e cancelar a multa de ofício lançada. Conclusão Nestes termos, voto no sentido de negar provimento ao presente recurso de ofício. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator. Fl. 701DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA Processo nº 10980.722691/201124 Acórdão n.º 140100.796 S1C4T1 Fl. 699 7 Fl. 702DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA
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