Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,066)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,079)
- Segunda Turma Ordinária d (16,754)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,782)
- Primeira Turma Ordinária (15,433)
- Segunda Turma Ordinária d (15,361)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,221)
- Segunda Turma Ordinária d (13,942)
- Primeira Turma Ordinária (12,790)
- Primeira Turma Ordinária (11,930)
- Segunda Turma Ordinária d (11,917)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,291)
- Terceira Câmara (63,950)
- Segunda Câmara (52,309)
- Primeira Câmara (17,004)
- 3ª SEÇÃO (15,782)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,687)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,159)
- Segunda Seção de Julgamen (110,024)
- Primeira Seção de Julgame (72,544)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,765)
- Câmara Superior de Recurs (37,232)
- Terceiro Conselho de Cont (25,925)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,039)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,791)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,008)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,320)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,799)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,041)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,459)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,836)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,611)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (16,750)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 13653.720280/2016-17
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2013
RENDIMENTOS ISENTOS. DOENÇA GRAVE. COMPROVAÇÃO.
O contribuinte apresentou documentação comprovando doença grave, fazendo jus à isenção de imposto de renda dos rendimentos recebidos em razão de aposentadoria ou pensão.
Numero da decisão: 2001-000.286
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Relator
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JORGE HENRIQUE BACKES
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2013 RENDIMENTOS ISENTOS. DOENÇA GRAVE. COMPROVAÇÃO. O contribuinte apresentou documentação comprovando doença grave, fazendo jus à isenção de imposto de renda dos rendimentos recebidos em razão de aposentadoria ou pensão.
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13653.720280/2016-17
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5857307
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 27 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2001-000.286
nome_arquivo_s : Decisao_13653720280201617.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : JORGE HENRIQUE BACKES
nome_arquivo_pdf_s : 13653720280201617_5857307.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
id : 7251277
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:16:52 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050308849958912
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1318; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T1 Fl. 2 1 1 S2C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13653.720280/201617 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.286 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 27 de fevereiro de 2018 Matéria IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA Recorrente WILSON PORTO DE OLIVEIRA FILHO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2013 RENDIMENTOS ISENTOS. DOENÇA GRAVE. COMPROVAÇÃO. O contribuinte apresentou documentação comprovando doença grave, fazendo jus à isenção de imposto de renda dos rendimentos recebidos em razão de aposentadoria ou pensão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa à Imposto de Renda Pessoa Física. A Ementa do Acórdão de Impugnação foi prolatada nos seguintes termos: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 65 3. 72 02 80 /2 01 6- 17 Fl. 89DF CARF MF 2 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2014 MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. NÃO RECONHECIMENTO. Somente é reconhecida a isenção do imposto de renda aos contribuintes, quando preenchidos todos os requisitos exigidos na legislação tributária. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Destacamos algumas passagens do Acórdão de Impugnação: Os fundamentos do lançamento, que se encontram na Notificação de Lançamento, são os seguintes: O Laudo pericial de folha 07, observase, contém apenas carimbo do SUS Itajubá, não havendo indicação de que foi emitido por entidade oficial. Cumpre esclarecer que somente podem ser aceitos laudos periciais expedidos por instituições públicas, independentemente da vinculação destas ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os laudos periciais expedidos por entidades privadas não atendem à exigência legal e, portanto, não podem ser aceitos, ainda que o atendimento decorra de convênio referente ao SUS. O documento de folhas 0809 é particular e não corresponde a Laudo Médico emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Dessa forma, não há nos autos qualquer documento hábil e idôneo, a exemplo de Laudo Médico Oficial, indicando, decisivamente, que o impugnante era portador de cardiopatia grave no ano 2013. Mantida a infração lavrada, por conseguinte. Por fim, colacionase aos presentes autos prova emprestada de outro Processo Administrativo do ora impugnante (nº 13653.720281/201653), relativo a pedido de isenção por moléstia grave de Exercício diverso, em que a Gerência Executiva do INSS, em 2014, confirma à Receita Federal do Brasil que o segurado foi submetido à avaliação pericial em 06/12/2011, tendo sido constatado que não faz jus à isenção do Imposto de Renda (fl. 45). Apresentamos abaixo documentos e algumas passagens do Recurso Voluntário apresentados pelo contribuinte: Fl. 90DF CARF MF Processo nº 13653.720280/201617 Acórdão n.º 2001000.286 S2C0T1 Fl. 3 3 Fl. 91DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Jorge Henrique Backes, Relator Verificada a tempestividade do recurso voluntário, dele conheço e passo à sua análise. Fl. 92DF CARF MF Processo nº 13653.720280/201617 Acórdão n.º 2001000.286 S2C0T1 Fl. 4 5 O contribuinte anexou ao processo novo Laudo Médico Oficial, emitido em setembro de 2017, com novo carimbo, suprindo a fundamentação da recusa apresentada no acórdão de impugnação. A menção a outro processo da Previdência, recusando a isenção, também se encontra superada, em nosso entendimento, pelo apresentação do novo laudo. Assim, apresentou documentação comprovando doença grave, fazendo jus à isenção de imposto de renda dos rendimentos recebidos em razão de aposentadoria ou pensão. Conclusão Em razão do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Fl. 93DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10855.906156/2012-41
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 25/02/2011
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE CARACTERIZADA. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece do recurso voluntário apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância.
Efetiva-se a ciência através do domicílio tributário eletrônico fornecido pelo contribuinte por decurso de prazo, que ocorre quinze dias após a disponibilização da intimação, ou no dia da abertura do documento, o que ocorrer primeiro.
Numero da decisão: 3001-000.318
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201804
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 25/02/2011 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE CARACTERIZADA. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece do recurso voluntário apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância. Efetiva-se a ciência através do domicílio tributário eletrônico fornecido pelo contribuinte por decurso de prazo, que ocorre quinze dias após a disponibilização da intimação, ou no dia da abertura do documento, o que ocorrer primeiro.
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10855.906156/2012-41
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5857084
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3001-000.318
nome_arquivo_s : Decisao_10855906156201241.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
nome_arquivo_pdf_s : 10855906156201241_5857084.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
id : 7248459
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:16:49 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050308858347520
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1408; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T1 Fl. 129 1 128 S3C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10855.906156/201241 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3001000.318 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 11 de abril de 2018 Matéria DCOMP ELETRÔNICO COMPENSAÇÃO COFINS Recorrente ÁGUAS DE ITU EXPLORAÇÃO DE SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 25/02/2011 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE CARACTERIZADA. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece do recurso voluntário apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância. Efetivase a ciência através do domicílio tributário eletrônico fornecido pelo contribuinte por decurso de prazo, que ocorre quinze dias após a disponibilização da intimação, ou no dia da abertura do documento, o que ocorrer primeiro. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 90 61 56 /2 01 2- 41 Fl. 129DF CARF MF 2 Cuidase de recurso voluntário (efls. 109 a 125) interposto contra o Acórdão 1455.632, da 6ª Turma Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP DRJ/RPO (efls. 98 a 101), que, em sessão de julgamento realizada em 27.11.2014, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo recorrente, mantendo, por conseguinte, a decisão exarada pela autoridade administrativa da unidade fiscal de jurisdição. Dos fatos Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a citada decisão recorrida, colaciono o relatório do respectivo acórdão: Relatório Tratase de Manifestação de Inconformidade interposta em face do Despacho Decisório em que foi apreciada a Declaração de Compensação (PER/DCOMP) 13989.34461.150711.1.3.04 0987, por intermédio da qual o contribuinte pretende compensar débitos próprios com crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo. Em decisão proferida pela DRF competente, não foi reconhecido qualquer direito creditório a favor do contribuinte e, por conseguinte, não foi homologada a compensação declarada no presente processo, em razão da constatação de que o valor pago foi integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação dos débitos informados no PER/DComp. Irresignado, interpôs o contribuinte Manifestação de Inconformidade, na qual alega, em síntese, que houve um equívoco no preenchimento de DCTF e DACON originais, o que levou à não homologação da compensação, mas que o erro foi sanado mediante a apresentação de DCTF e DACON retificadoras. Requer a revisão do Despacho Decisório. É o relatório. Da decisão de 1ª instância A 6ª Turma da DRJ/RPOSP, ao considerar improcedente a manifestação de inconformidade, exarou citado acórdão, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 25/02/2011 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10855.906156/201241 Acórdão n.º 3001000.318 S3C0T1 Fl. 130 3 Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do recurso voluntário Cientificada do acórdão recorrido, o contribuinte interpõe o recurso voluntário para, em apertada síntese, requer, em face dos diversos vícios que aponta, a reforma da decisão recorrida e o cancelamento do respectivo despacho decisório, reconhecendo o direito creditório pleiteado no pedido de ressarcimento formulado e homologando as compensações correspondentes ao crédito reconhecido. É o relatório. Voto Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Dos requisitos de admissibilidade O recurso voluntário em análise não atende a todos os requisitos de admissibilidade, pois, no que se refere especificamente à tempestividade, conforme restará demonstrado, quando da sua juntada aos autos já havia transcorrido o prazo legal para sua apresentação. Dispõe o documento de efl. 105: TERMO DE CIÊNCIA POR ABERTURA DE MENSAGEM O destinatário teve ciência dos documentos relacionados abaixo por meio de sua Caixa Postal, considerada seu Domicílio Tributário Eletrônico (DTE) perante a RFB, ciência esta realizada por seu representante legal 269.958.67815 REINALDO BERTIN, na data de 05/03/2015 09:57:39, data em que se considera feita a intimação nos termos do art. 23, § 2º, inciso III, alínea 'b' do Decreto nº 70.235/72. Data do registro do documento na Caixa Postal: 04/03/2015 17:56:47 Acórdão de Manifestação de Inconformidade Darf Intimação de Resultado de Julgamento DATA DE EMISSÃO : 06/03/2015 Dispõe o documento de efl. 106: Fl. 131DF CARF MF 4 TERMO DE ABERTURA DE DOCUMENTO O Contribuinte acessou o teor dos documentos relacionados abaixo na data 16/03/2015 16:04h, pela abertura dos arquivos digitais correspondentes no link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC), através da opção Consulta Comunicados/Intimações ou Consulta Processos, os quais já se encontravam disponibilizados desde 04/03/2015 na Caixa Postal do Domicílio Tributário Eletrônico. Acórdão de Manifestação de Inconformidade Darf Intimação de Resultado de Julgamento Contribuinte: 08.455.185/000130 AGUAS DE ITU EXPLORACAO DE SERVICOS DE AGUA E ESGOTO S.A. (ou seu Representante Legal) DATA DE EMISSÃO: 16/03/2015 Dispõe o documento de efl. 126: PROCESSO/PROCEDIMENTO: 10855.906156/201241 INTERESSADO: 08455185000130 AGUAS DE ITU EXPLORACAO DE SERVICOS DE AGUA E ESGOTO S.A. TERMO DE ANÁLISE DE SOLICITAÇÃO DE JUNTADA Em 11/05/2015 14:50:36 foi registrada a Solicitação de Juntada de Documentos ao processo citado acima. Essa solicitação envolve os documentos abaixo relacionados: * Recurso Voluntário A Solicitação de Juntada de Documentos teve os seguintes documentos aceitos: * Recurso Voluntário E os seguintes documento não foram aceitos: Nenhum documento foi rejeitado. Data de Emissão: 13/05/2015 13:14:17 Dispõe o documento de efl. 127: PROCESSO/PROCEDIMENTO: 10855.906156/201241 INTERESSADO: AGUAS DE ITU EXPLORACAO DE SERVICOS DE AGUA E ESGOTO S.A. DESTINO: GABINSEORTDRFSORSP Expedir Processo DESPACHO DE ENCAMINHAMENTO Tendo sido regularmente cientificado do Acórdão da DRJ, o interessado interpôs recurso voluntário ao CARF. A ciência do Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10855.906156/201241 Acórdão n.º 3001000.318 S3C0T1 Fl. 131 5 acórdão da DRJ ocorreu em 05/03/2015 (fl. 105) e o recurso foi apresentado em 11/05/2015 (fl. 109), portanto perempto. Diante do exposto, proponho a remessa do presente processo ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, para prosseguimento regulamentar. DATA DE EMISSÃO: 13/05/2015 O contribuinte teve ciência do acórdão de manifestação de inconformidade em 05.03.2015 (quintafeira), às 09:57:39h, conforme "Termo de Ciência por Abertura de Mensagem", através da sua Caixa Postal, Modulo eCAC do sítio da RFB, nos termos da alínea "b" do inciso III do parágrafo 2º do artigo 23 do Decreto 70.235 de 06.03.1972 (PAF), iniciandose a contagem do prazo para apresentação de recurso no dia útil subseqüente, conforme artigo 5º, também do PAF. Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Cumpre destacar as disposições previstas no artigo 23 do referido diploma legal (PAF), desta feita quanto às formas de intimação e a efetivação destas para fins de contagem dos prazos processuais. Art. 23. Farseá a intimação: (...) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Redação do inc. III dada pelo art. 113 da Lei n.º 11.196/2005) (...) § 2º Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997) III se por meio eletrônico: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) Fl. 133DF CARF MF 6 b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) (grifos não pertencem ao original). Observese que no caso em exame, quando o contribuinte opta pelo domicílio tributário eletrônico DTE (ciência pelo eCAC), constam no processo as informações acerca da “data de abertura do documento”, efl. 105, bem como da “ciência por decurso de prazo”, que ocorre quinze dias após a disponibilização da intimação no eCAC, no entanto, a data de ciência a ser considerada é a do evento que ocorrer primeiro (ou o dia da abertura do documento ou o dia da ciência por decurso de prazo), conforme disciplina o inciso III, alínea "b" do parágrafo 2º do artigo 23 do PAF, acima transcrito. No presente caso, o contribuinte, por seu representante legal, tomou ciência do acórdão de manifestação de inconformidade em 05.03.2015 (quintafeira), às 09:57:09h, pela abertura dos arquivos correspondentes no link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC) através da opção "Consulta Comunicados/Intimações", temse assim iniciada a contagem no dia 06.03.2015 (sextafeira) e findada em 06.04.2015 (segundafeira). O recurso voluntário foi apresentado tão somente em 11.05.2015 (segunda feira), às 14:50:36h, conforme o "Termo de Análise de Solicitação de Juntada". Prevê o artigo 56 do PAF: Art. 56. Cabe recurso voluntário, com efeito suspensivo, de decisão de primeira instância, dentro de 30 (trinta) dias, contados da ciência (grifos não pertencem ao original). Ressaltese, por oportuno, que o exame do recurso voluntário compete ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, quando interposto contra decisão das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento, inclusive quanto à tempestividade do recurso, é o que depreendese do disposto no artigo 35 do já citado PAF: Art. 35. O recurso, mesmo perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção. Nesse mister, por força das disposições das normas acima reproduzidas, o recurso, mesmo perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção. Razão pela qual a unidade de preparo DRF/SORSP exarou o competente "Despacho de Encaminhamento". Assim, ante as constatações acima destacadas, é isento de dúvida que o recurso voluntário apresentado é intempestivo, o que impede a "abertura" da via recursal ao recorrente. Conclusão Do exposto, com base nos fundamentos acima expostos, voto por não conhecer do recurso voluntário, em face da sua apresentação extemporânea, não comportando, por conseguinte, a apreciação, por essa instância recursal, dos argumentos de defesa nele delineados, exceto quanto ao exame da sua tempestividade, conforme apreciado. Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10855.906156/201241 Acórdão n.º 3001000.318 S3C0T1 Fl. 132 7 (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 135DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12585.000203/2010-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 26 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3302-000.753
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
RELATÓRIO
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jun 26 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 12585.000203/2010-31
anomes_publicacao_s : 201806
conteudo_id_s : 5871876
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jun 26 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-000.753
nome_arquivo_s : Decisao_12585000203201031.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 12585000203201031_5871876.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. RELATÓRIO
dt_sessao_tdt : Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
id : 7335103
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:20:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050308868833280
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 31; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1926; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 1.003 1 1.002 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12585.000203/201031 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3302000.753 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 23 de maio de 2018 Assunto Solicitação de diligência Recorrente ARACRUZ CELULOSE S/A (INCORPORADA POR FIBRIACELULOSE S/A) Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. RELATÓRIO Tratase de análise de direito creditório de Cofins NãoCumulativa, relativo ao segundo trimestre de 2007, na qual foram glosados os custos com a constituição de florestas, por serem anteriores à fase industrial (tratamento físicoquímico da madeira em si) e por pertencerem ao ativo imobilizado, sendo sujeito à quotas de exaustão, e, portanto sem previsão legal para creditamento da nãocumulatividade. Além disso, foram glosados despesas com fretes vinculados à Operação Florestal (pois compõe o ativo imobilizado), bem como despesas com despesas de comissão; manutenção e conservação em equipamentos de comunicação, imóveis e escritórios; serviços de consultoria e programas de formação profissional; além de outros que não exercem influência direta sobre os bens produzidos/industrializados, tais como: manutenção de estradas; despesas administrativas e de almoxarifado; limpeza da área de produção; segurança; despesas RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 25 85 .0 00 20 3/ 20 10 -3 1 Fl. 1003DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.004 2 com meioambiente, monitoramento e inventário florestal; etc. e de bens como combustíveis, peças de reposição e manutenção. Por fim, houve glosa quanto à diferença de despesas de depreciação relativas a junho de 2007 em razão da divergência entre o informado no Dacon e os saldos contábeis. Tudo conforme despacho decisório de efls. 242/256. Em manifestação de inconformidade, a recorrente alegou preliminarmente a nulidade do despacho decisório por falta de motivação e, alternativamente, o reconhecimento dos créditos reconhecidos implicitamente pela fiscalização e admitidos pelo despacho decisório. No mérito, defendeu: 1. A inaplicabilidade das IN SRF 247/2002 e 404/2004, pelo fato de o despacho desconsiderar os custos com a formação e manutenção das florestas, e que o conceito de insumos equivale ao conceito jurídico de custo ou custo de produção, abarcando todos os gastos despendidos pela empresa, necessários e indispensáveis à produção de bens e serviços destinados à venda; 2. A reversão das glosas relativas à manutenção e conservação de equipamentos de comunicação, manutenção de estradas, limpeza da área de produção, segurança, despesas com meio ambiente, monitoramento e inventário florestal por constituírem insumos indispensáveis à produção, bem como os gastos com combustíveis, peças de reposição e manutenção, equipamentos de segurança, que são utilizados para movimentar insumos, como toras de madeira extraídas das florestas, colocação nos picadores, retirada dos fardos de celulose, ou seja, essenciais ao processo produtivo. 3. A realização de diligência para que se comprovasse que os valores glosados fossem custos ligados à produção; 4. Que o crédito sobre a formação das florestas, sujeitos à exaustão, deve ocorrer seja como insumo na aquisição, seja como quotas de exaustão, alegando que o processo produtivo se inicia na fase agrícola; 5. Que as glosas referentes ao item 44 do despacho decisório, tais como clonagem, pesquisa, tratamento do solo, adubação, irrigação, controle de pragas, combate à incêndio e colheita foram adquiridos de terceiros e são fundamentais para a produção de celulose.; 6. Todos os fretes de aquisição de matériaprima e entre estabelecimentos, ainda que de produtos acabados, bem como os fretes de produto em elaboração, componente da Operação Florestal; 7. Que os custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação não estão sujeitos a qualquer condição adicional para gozo do direito. Em razão de juntada de planilhas pela autoridade preparadora, houve nova ciência à recorrente e aditamento da manifestação de inconformidade, alegando a homologação tácita das declarações de compensação transmitidas entre 31/05/2007 e 04/07/2007, em razão Fl. 1004DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.005 3 de que o despacho decisório anteriormente cientificado estava incompleto, tendo a DRJ determinado nova intimação para ciência de planilhas juntadas a posteriori. Por sua vez, a Sexta Turma da DRJ/SP1 proferiu o acórdão nº 1652.470, com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2007 INSUMO. CONCEITO. Insumo é a matériaprima, produto intermediário, material de embalagem e qualquer outro bem adquirido de terceiros, não contabilizado no ativo imobilizado, que sofra alteração em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou então seja aplicado ou consumido na prestação de serviços. Consideramse insumo também os serviços prestados por terceiros aplicados na produção do produto ou prestação de serviço. RESERVAS FLORESTAIS. CLASSIFICAÇÃO. Os empreendimentos florestais, independentemente da sua finalidade, devem ser considerados como integrantes do ativo permanente. ENCARGOS DE EXAUSTÃO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. As pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) não podem apurar créditos calculados em relação aos encargos de exaustão suportados, por falta de amparo legal. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reprisando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade e no aditamento e inovando quanto à glosa relativa às despesas de depreciação do mês de junho/2007, matéria não impugnada anteriormente. Na forma regimentar, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. VOTO Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O recurso interposto atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Preliminarmente, a recorrente pugnou pela nulidade do despacho decisório, alertando que as planilhas entregues posteriormente em nada elucidaram as glosas perpetradas, desconsiderando sem qualquer justificativa os serviços constantes no Dacon. Destacase, de plano, que o despacho decisório dispôs com suficiente clareza sobre os regramentos legal e infralegal utilizados para proceder às glosas perpetradas, Fl. 1005DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.006 4 indicando como fundamentos a definição de insumos adotada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, a necessidade de ativação dos custos com a constituição de florestas e sua consequente sujeição aos encargos de exaustão, a impossibilidade de tais encargos gerarem créditos da nãocumulatividade das contribuições. Assim, especificou que as despesas com a constituição de florestas como mudas, fertilizantes, herbicidas, máquinas de extração, etc, não podem ser consideradas insumos em razão de sua necessária contabilização no ativo imobilizado e sua sujeição às quotas de exaustão. Pelo mesmo motivo, os esforços para a obtenção de madeira de seus terrenos, a chamada Operação Florestal (clonagem, pesquisa, plantio, tratamento do solo, adubação, irrigação, controle de pragas, combate a incêndios, colheita, etc), assim como os fretes incorridos nesta operação, possuem o mesmo tratamento contábil de ativação no imobilizado e sujeição à exaustão. Por outro lado, a fiscalização enumerou no item 47 os serviços que não se enquadram na definição de insumo adotada pela RFB, e no item 48, os bens que não se amoldam à definição, resumindo no quadro de efls. 354/355. Quanto a todos estes itens, a recorrente produziu defesa e explicitou as razões divergentes dos fundamentos do despacho, demonstrando ter conhecimento dos fundamentos de direito das glosas efetuadas. Portanto, em relação a tais itens, não há que se falar em nulidade do despacho decisório. No que tange à alegação de homologação tácita, como já salientado pelo acórdão recorrido, cujas razões adoto, não houve declaração de nulidade do despacho decisório, nem prolação de novo despacho decisório. Portanto, tendo a ciência do despacho decisório ocorrida em 05/07/2012, inferior ao prazo de cinco anos da transmissão de declaração de compensação mais antiga, afastase a alegação de homologação tácita das declarações de compensação. Em relação à diferença de entre as planilhas acostadas às efls. 558/660, a recorrente defende que a fiscalização adotou de forma arbitrária os valores constantes na referida planilha e não os do Dacon. Pede, assim, que estas diferenças sejam consideradas imotivadamente glosadas e, portanto, serem revertidas. Para melhor esclarecimento, seguem as diferenças relativas à linha "serviços utilizados como insumos"1: Competênci a Valor DACON Valores demonstrados juntados pela unidade efls. 558/660 Diferença Valores glosados pela fiscalização efls. 227/320 Valores reconhecidos no despacho decisório 040/2007 43.947.260,40 42.236.239,43 1.711.020,97 36.696.977,03 5.539.262,40 05/2007 50.725.136,21 45.219.220,76 5.505.915,45 38.981.901,41 6.237.319,35 1 Dados extraídos do recurso voluntário e das efls. Fl. 1006DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.007 5 06/2007 48.909.733,57 46.751.994,04 2.157.739,53 40.811.926,21 5.940.067,83 Os valores reconhecidos no despacho decisório equivalem à diferença entre os valores juntados nas efls. 558/660 e as planilhas de glosas efetuadas pela fiscalização nas efls. 227/320. A recorrente, por seu turno, defende que deveria ser adotado o Dacon e não os demonstrativos apresentados. A meu ver, há uma dúvida que precisa ser esclarecida. Em análise do processo 12585.720457/201151 restou claro que estas planilhas juntadas posteriormente se referiam aos demonstrativos (memórias de cálculo) apresentados pelo contribuinte em ação fiscal, em planilha excel, os quais destinaram a compor as linhas de Dacon, o que foi objeto de duas intimações da fiscalização. Porém, aqui, não está claro se as planilhas juntadas às efls. 558/660 se referem à própria memória de cálculo apresentada pelo contribuinte ou se são apurações efetuadas pela fiscalização, a partir da memória de cálculo ou dos arquivos contábeis. Assim, entendo que os autos devem retornar à unidade para que a fiscalização esclareça se as planilhas se referem à memória de cálculo apresentada pela recorrente e, caso não seja, informar quais os critérios utilizados para elaboração da referida planilha. No mérito, a recorrente iniciou sua defesa, pugnando pela inaplicabilidade das IN SRF nº 247/2002 e 404/2004 quanto à definição de insumos, bem como pela definição de produção de forma a abranger a fase agrícola do empreendimento. Relativamente à definição de insumos, a nãocumulatividade das contribuições, embora estabelecida sem os parâmetros constitucionais relativos ao ICMS e IPI, foi operacionalizada mediante o confronto entre valores devidos a partir do auferimento de receitas e o desconto de créditos apurados em relação a determinados custos, encargos e despesas estabelecidos em lei. A apuração de créditos básicos foi dada pelos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, cujas atuais redações seguem abaixo: Lei nº 10.637/2002: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação Fl. 1007DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.008 6 ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento Fl. 1008DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.009 7 de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) A regulamentação da definição de insumo foi dada pelo artigo 66 da IN SRF nº 247/2002, e artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, de forma idêntica: Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep nãocumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...]§ 5º Para os efeitos da alínea " b" do inciso I do caput, entendese como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em Fl. 1009DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.010 8 função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...]§ 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. A partir destas disposições, três correntes se formaram: a defendida pela Receita Federal, corroborada em julgamentos deste Conselho, que utiliza a definição de insumos da legislação do IPI, em especial dos Pareceres Normativos CST nº 181/1974 e nº 65/1979. Uma segunda corrente que defende que o conceito de insumos equivaleria aos custos e despesas necessários à obtenção da receita, em similaridade com os custos e despesas dedutíveis para o IRPJ, dispostos nos artigos 289, 290, 291 e 299 do RIR/99. Por fim, uma terceira corrente, defende, com variações, um meio termo, ou seja, que a definição de insumos não se restringe à definição dada pela legislação do IPI e nem deve ser tão abrangente quanto a legislação do imposto de renda. Constatase também que havia divergência no STJ sobre o tema. No REsp 1.246.317MG, de relatoria do Ministro Mauro Campbell, decidiuse pela ilegalidade parcial do artigo 66º da IN SRF nº 247/2002 e do artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, na parte em que trata do conceito de insumos, adotando no acórdão um mais abrangente. De forma antagônica, no REsp Nº 1.128.018 RS, decidiuse pela legalidade das referidas INs e do conceito restrito de insumos. Fl. 1010DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.011 9 Em 22/02/2018, o STJ julgou a matéria, na sistemática de como recurso repetitivo, no REsp 1.221.170/PR, o qual restou decidido com a seguinte ementa: EMENTA TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, prosseguindo no julgamento, por maioria, a pós o realinhamento feito, conhecer parcialmente do Recurso Especial e, nessa parte, darlhe parcial provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator, que lavrará o ACÓRDÃO. Fl. 1011DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.012 10 Votaram vencidos os Srs. Ministros Og Fernandes, Benedito Gonçalves e Sérgio Kukina. O Sr. Ministro Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (votovista), Regina Helena Costa e Gurgel de Faria (que se declarou habilitado a votar) votaram com o Sr. Ministro Relator. Não participou do julgamento o Sr. Ministro Francisco Falcão. Brasília/DF, 22 de fevereiro de 2018 (Data do Julgamento). NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR Embora publicado, tal acórdão ainda não transitou em julgado, sendo sua aplicação ainda não obrigatória. Dado o panorama, entendo que a melhor interpretação está com a terceira corrente, pelos motivos a seguir. Inicialmente, destacase que a materialidade do fato gerador dos tributos envolvidos é distinta, isto é, a incidência sobre o produto industrializado para o IPI, sobre o lucro (real, presumido ou arbitrado), para o IRPJ, ao passo que o PIS/Pasep e a Cofins incidem sobre a receita bruta. Esta distinção se refletiu na redação original do artigo 3º, na definição das hipóteses de crédito, especialmente a relativa a insumos, dada por "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes". De plano, salta aos olhos a impropriedade de utilização da legislação do IPI como parâmetro, em razão da inclusão de serviços na mesma categoria normativa de bens, inaplicável à definição de IPI dada a bens. Outra distinção marcante relativo ao IPI reside na inclusão de combustíveis e lubrificantes na definição de insumos. A legislação do IPI delimitou o alcance da definição, especialmente no Parecer Normativo CST nº 65/1979, em função do contato físico direto com o produto em fabricação, o que levou à impossibilidade de tomada de crédito de IPI sobre tais bens, inclusive objeto de edição da Súmula CARF nº 19: Súmula CARF nº 19: Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário. É cediço que combustíveis não entram em contato físico direto com os produtos durante o processo produtivo, razão pela qual não podem ser inseridos no conceito de insumo adotado pelo IPI. Sendo assim, concluise que as Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, ao inserirem os termos combustíveis e lubrificantes na categoria de insumo, estabelecem um marco jurídico distinto da legislação do IPI. Verificase que, de fato, a própria Receita Federal flexibilizou a questão do contato direto com o produto em fabricação. Vejamos a Solução de Divergência nº 14/2007 e nº 35/2008, as quais permitem a dedução de partes e peças de reposição de máquinas e equipamentos, desde que não incluídas no imobilizado: Solução de Divergência nº 14/2007: Fl. 1012DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.013 11 ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: Crédito presumido da Cofins. Partes e peças de reposição e serviços de manutenção. As despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição e com serviços de manutenção em veículos, máquinas e equipamentos empregados diretamente na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito a créditos a serem descontados da Cofins, desde que às partes e peças de reposição não estejam incluídas no ativo imobilizado. Solução de Divergência nº 35/2008: Cofins nãocumulativa. Créditos. Insumos. As despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição que sofram desgaste ou dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas utilizadas em máquinas e equipamentos que efetivamente respondam diretamente por todo o processo de fabricação dos bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Cofins, desde que às partes e peças de reposição não estejam obrigadas a serem incluídas no ativo imobilizado, nos termos da legislação vigente. Esta distinção fica evidenciada na redação da Lei nº 10.276/2001, ao estabelecer o regime alternativo de crédito presumido de IPI sobre o ressarcimentos das contribuições para o PIS e a Cofins, delimitando a definição de insumos para o IPI a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, excluindo a energia elétrica e os combustíveis, distinguindose da redação dos incisos II dos artigos terceiros das leis instituidoras da não cumulatividade, a qual inclui combustíveis na qualidade de insumos. Por outro lado, a tese de que insumo equivaleria a custos e despesas dedutíveis necessários à obtenção da receita é por demais abrangente e não reflete a estrutura do artigo 3º das referidas leis. Este enumera as hipóteses de creditamento, sendo que todas se referem a custos ou despesas necessárias, o que afasta a definição abrangente, já que todas as demais hipóteses estariam abrangidas no inciso II, revelandose, assim desnecessárias. Assim, energia elétrica, aluguéis, contraprestação de arrendamento relativas a área administrativa são despesas necessárias, mas entretanto não são insumos e somente geram crédito por estarem previstas em hipóteses autônomas. O mesmo ocorre com a despesa de armazenagem e frete na operação de venda. Fl. 1013DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.014 12 A terceira corrente, buscando uma definição própria para insumos, se refletiu em vários acórdãos deste conselho, em maior ou menor abrangência: Acórdão nº 930301.740: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 COFINS. INDUMENTÁRIA. INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO.ART. 3º LEI 10.833/03. Os dispêndios, denominados insumos, dedutíveis da Cofins não cumulativa, são todos aqueles relacionados diretamente com a produção do contribuinte e que participem, afetem, o universo das receitas tributáveis pela referida contribuição social. A indumentária imposta pelo próprio Poder Público na indústria de processamento de alimentos exigência sanitária que deve ser obrigatoriamente cumprida é insumo inerente à produção da indústria avícola, e, portanto, pode ser abatida no cômputo de referido tributo. Recurso Especial do Procurador Negado. Acórdão nº 3202001.593: CONCEITO DE INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO. CRITÉRIOS PRÓPRIOS O conceito de insumos não se confunde com aquele definido na legislação do IPI restrito às matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados diretamente na produção; por outro lado, também não é qualquer bem ou serviço adquirido pelo contribuinte que gera direito de crédito, nos moldes da legislação do IRPJ. Ambas as posições (“restritiva/IPI” e “extensiva/IRPJ”) são inaplicáveis ao caso. Cada tributo tem sua materialidade própria (aspecto material), as quais devem ser consideradas para efeito de aproveitamento do direito de crédito dos insumos: o IPI incide sobre o produto industrializado, logo, o insumo a ser creditado só pode ser aquele aplicado diretamente a esse produto; o IRPJ incide sobre o lucro (lucro = receitas despesas), portanto, todas as despesas necessárias devem ser abatidas das receitas auferidas na apuração do resultado. No caso do PIS/Pasep e da Cofins, a partir dos enunciados prescritivos contidos nas Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, devem ser construídos critérios próprios para a apuração da base de cálculo das contribuições. As contribuições incidem sobre a receita da venda do produto ou da prestação de serviços, portanto, o conceito de insumo deve abranger os custos de bens e serviços, necessários, essenciais e pertinentes, empregados no processo produtivo, imperativos na elaboração do produto final destinado à venda, gerador das receitas tributáveis. Recurso Voluntário parcialmente provido. Acórdão nº 3201001.879: COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. Fl. 1014DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.015 13 INSUMOS. CONCEITO. O conceito de insumos no contexto da Cofins nãocumulativa é mais abrangente do que o conceito da legislação do IPI, devendo ser admitido todo dispêndio na contratação de serviços e aquisição de bens essenciais ao processo produtivo do sujeito passivo, independentemente de ter contato direto com o produto em fabricação. Acórdão nº 3401002.860: CONCEITO DE INSUMOS PARA FINS DE APURAÇÃO DE CRÉDITO DE PIS E COFINS NÃOCUMULATIVOS. O conceito de insumo deve estar em consonância com a materialidade do PIS e da COFINS. Portanto, é de se afastar a definição restritiva das IN SRF nºs 247/02 e 404/04, que adotam o conceito da legislação do IPI. Outrossim, não é aplicável as definições amplas da legislação do IRPJ. Insumo, para fins de crédito do PIS e da COFINS, deve ser definido como sendo o bem ou serviço utilizado direta ou indiretamente na produção de bens ou prestação de serviços, sendo indispensável a estas atividades e desde que esteja relacionado ao objeto social do contribuinte. Acórdão nº 3301002.270: COFINS/PIS. REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. A legislação do PIS/Cofins atribuiu conceito próprio de insumos para o fim de aproveitamento dos créditos da não cumulatividade. Este conceito não é tão restritivo quanto o da legislação do IPI e nem tão amplo quanto à legislação do imposto de renda. Acórdão nº 3403003.629: NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Entendo, pois, que a expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente de ter havido contato direto com o produto fabricado, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes, expressos no texto legal Assim, devem ser entendidos como insumos, os custos de aquisição e custos de transformação que sejam inerentes ao processo produtivo e não apenas genericamente inseridos como custo de produção. Esta distinção é dada pela própria lei e também pelo STJ (AgRg no REsp nº 1.230.441SC, AgRg no REsp nº 1.281.990SC), quando excluem, por exemplo, dispêndios com valetransporte, valealimentação e uniforme da condição de insumos, os quais poderiam ser considerados custos de produção, mas que somente foram alçados a insumos a partir da Lei Fl. 1015DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.016 14 nº 11.898/2009, e apenas para as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção. Destacase, ainda, que determinados custos de estocagem, embora, sejam considerados para avaliação de estoques, não podem ser considerados custos de transformação, pois são aplicados aos produtos já acabados. Concordase, asssim, em parte com a recorrente quanto à inaplicabilidade da definição de bens reportandose às expressões da legislação do IPI, especialmente no que se refere ao contato direto. Referente à definição do termo produção, comungo também com o entendimento da recorrente de que a expressão comporta um significado mais abrangente que fabricação. A definição de produção não está adstrita ao conceito de processo produtivo industrial, pois a própria lei dispõe sobre produção e fabricação. A produção contém um significado mais amplo, de "gerar", "criar", dar origem a". Inclui a produção não só de produtos industrializados, mas de produção agropecuária e não há na lei indicação de limitação de que produção se restrinja à última etapa do processo. Destacase que a tese de glosa do "insumo" de "insumo", advém do IPI, no qual o contato direto se revelou como característica essencial para se determinar o conceito de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem. No entanto, a própria RFB flexibilizou tal tese na IN SRF nº 660/2006 ao dispor sobre os créditos presumidos da agroindústria em seu artigo §3 do art. 5º, nos seguintes termos: Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: [...]§ 3º Aplicase o disposto neste artigo também em relação às mercadorias relacionadas no caput quando, produzidas pela própria pessoa jurídica ou sociedade cooperativa, forem por ela utilizadas como insumo na produção de outras mercadorias. No caso, a própria instrução normativa admitiu créditos presumidos de insumos que não foram diretamente utilizados em produtos destinados à venda, mas em produtos que foram utilizados como insumos de outros produtos, o que nada mais é que confirmar que a glosa de insumo sobre insumo não se aplica ao PIS/Pasep e Cofins nãocumulativos. Destarte, entendo que o termo "produção" abrange todo o processo desde a obtenção dos insumos (seja de terceiros, seja produzida pela própria empresa) até a elaboração do produto acabado. Este entendimento também foi adotado em julgados a respeito da atividade de agroindustrial de industrialização de açúcar e álcool a partir de produção própria de canade açúcar. Transcrevo voto do Conselheiro José Fernandes do Nascimento, proferido no Acórdão nº 3302004.906: "Embora não haja consenso na doutrina especializada, no essencial, a maioria entende que a agroindústria compreende a realização Fl. 1016DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.017 15 simultânea das atividades de produção rural e de industrialização da matéria prima agropecuária de produção própria ou de produção própria e terceiros. Assim, para ser considerada agroindústria, a pessoa jurídica, necessariamente, deverá industrializar parte ou a totalidade da matéria prima agropecuária de produção própria. Nesse caso, o produtivo da agroindústria tem início na fase de produção rural ou agropecuária e término no final da fase de fabricação ou industrialização da matéria prima agropecuária. Portanto, tratase de ciclo produtivo que compreende duas atividades: atividade de produção rural ou agropecuária e de fabricação ou industrialização de matéria prima agropecuária. No mesmo sentido, para fins de incidência da contribuição previdenciária, no caput do art. 22A2 da Lei 8.212/19911, a agroindústria foi definida como sendo o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica consiste na industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros. A contrário senso, se realizar apenas a fabricação ou industrialização de matéria prima agropecuária produzida por terceiros, inequivocamente, a pessoa jurídica não se enquadra como agroindústria, mas somente como indústria. Com base na referida definição legal, podese afirmar que a atividade agroindustrial compreende a atividade de produção rural ou agropecuária conjugada com a atividade de industrialização da matéria prima agropecuária de produção própria, ou de produção própria e de terceiro (produção mista). Dessa forma, por realizar a industrialização de matéria prima agropecuária de produção total ou parcialmente própria, a atividade agroindustrial, necessariamente, contempla duas atividades interligadas, interdependentes e indissociáveis, a saber: a atividade de produção rural ou agropecuária e a atividade de fabricação ou industrialização de bem origem agropecuária destinado à venda. E o art. 3º, II, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, contempla tanto a atividade de “produção” quando a atividade de “fabricação” de bens ou produtos destinados à venda. A primeira atividade, certamente, contempla a atividade de produção rural ou agropecuária, e a segunda abrange a atividade de fabricação do açúcar e do álcool, portanto, ambas integram o ciclo de produção da recorrente. Dada essa característica, no âmbito da atividade agroindustrial, insumo de produção ou fabricação não é somente os bens e serviços consumidos ou aplicados na fase de fabricação ou industrialização do açúcar e do álcool, mas também os bens e os serviços consumidos e aplicados na fase de produção rural ou agropecuária. Assim, por integrar o ciclo produção do produto final vendido pela recorrente, no caso em tela, não há a alegada falta de previsão legal, suscitada pela fiscalização, para excluir do conceito do insumo os bens 2 Art. 22A. A contribuição devida pela agroindústria, definida, para os efeitos desta Lei, como sendo o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros, incidente sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção, em substituição às previstas nos incisos I e II do art. 22 desta Lei, é de: (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). Fl. 1017DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.018 16 e serviços aplicados na atividade de produção da cana de açúcar (fase de produção rural ou agropecuária), desde que atendidas as demais condições estabelecidas no art. 3º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003. Ora, se a própria fiscalização reconheceu que a recorrente faria jus aos créditos nas vendas da cana de açúcar de produção própria, logo não há razão plausível para não admitir a apropriação de tais créditos no caso de a própria recorrente utilizar o referido produto como matéria prima no processo de fabricação do açúcar e do álcool, os produtos finais por ela vendidos. No mesmo sentido, o entendimento esposado nos seguintes julgados deste Conselho: CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. INSUMOS. Na incidência não cumulativa do PIS, instituída pela Lei nº 10.637/02 e da Cofins, instituída pela Lei nº 10.833/03, devem ser compreendidos por insumos somente bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto, ou seja, que integrem o processo produtivo e que com eles estejam diretamente relacionados. REGIME NÃO CUMULATIVO. AGROINDÚSTRIA. Os arts. 3º, II, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03 atribuem o direito de crédito em relação ao custo de bens e serviços aplicados na "produção ou fabricação" de bens destinados à venda. O art. 22A da Lei nº 8.212/91 considera "agroindústria" a atividade de industrialização da matériaprima de produção própria. Sendo assim, não existe amparo legal para que a autoridade administrativa seccione o processo produtivo da empresa agroindustrial em cultivo de matériaprima para consumo próprio e em industrialização propriamente dita, a fim de expurgar do cálculo do crédito os custos incorridos na fase agrícola da produção. COFINS. CRÉDITOS. AGROINDÚSTRIA. INSUMOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE MATÉRIAPRIMA. POSSIBILIDADE. Não existe previsão legal para que a autoridade administrativa seccione o processo produtivo da empresa agroindustrial, separando a produção da matériaprima (toras de eucalipto) da fabricação de celulose, com o fim de rejeitar os créditos apropriados na primeira etapa da produção. Os art. 3º, inc. II, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03 permitem o creditamento relativo aos insumos aplicados na produção ou fabricação de bens destinados a venda. PIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. AGROINDÚSTRIA. PRODUÇÃO DE ÁLCOOL E AÇÚCAR. INSUMOS. Geram direito a crédito do PIS nãocumulativo as despesas com bens e serviços, utilizados como insumo na produção da empresa, no caso, transporte de cana e transporte de olhadura; transporte, pago a pessoa jurídica, de trabalhadores rurais envolvidos na atividade de corte da canadeaçúcar e as aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados no maquinário agrícola ligado ao corte e carregamento da cana de açúcar, assim como, nos caminhões que transportam a cana da lavoura Fl. 1018DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.019 17 até a unidade industrial, por se tratarem de bens ou serviços utilizados em etapas da produção do açúcar e do álcool.5 No caso em tela, é fato incontroverso que a recorrente exerce, simultaneamente, as atividades de produção de matéria prima agrícola e de industrialização da referida matéria prima, ou seja, ela a própria produz a cana de açúcar, que é utilizada como matéria prima na fabricação dos produtos finais açúcar e álcool vendidos no mercado interno e externo." Concernente à possibilidade de creditamento sobre despesas de exaustão e sobre despesas incorridas para formação das florestas de eucalipto, salientase que os custos com formação de culturas permanentes (aquelas que proporcionam mais de uma colheita ou produção, sejam destinadas à exploração de seus frutos, sejam destinadas ao corte para comercialização) devem ser ativados no Imobilizado, a teor do Parecer CST nº 108/1978 e são sujeitas à depreciação (no caso de exploração de frutos) ou sujeitas à exaustão (no caso de empreendimentos próprios, ou de terceiros com prazo indeterminado, de culturas permanentes que não se extinguem com o primeiro corte), a teor do Parecer Normativo nº 18/1979. Sobre o tema, transcrevese a ementa e parte da fundamentação da Solução de Consulta SRRF/8º RF/Disit nº 251/2008, que bem abordou a matéria: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Atividade Rural. Cultura canavieira. Quotas de Exaustão. Os custos de aquisição e de formação da cultura da canadeaçúcar, excluída a terra nua, devem ser objeto de quotas de exaustão; portanto, nesse caso, não é legalmente prevista, para pessoas jurídicas que explorem a atividade rural, a sua dedução integral no próprio ano da aquisição, visto que aquela só é permitida em se tratando de depreciação propriamente dita dos bens do ativo permanente imobilizado adquiridos para uso na referida atividade. Dispositivos Legais: Arts. 58, VI, 305, 307, parágrafo único, IV, e 334 do RIR/99; art. 59 da Lei nº 9.430, de 1996; art. 6° da MP n° 2.15970, de 2001; art. 14 da IN SRF nº 257, de 2002; PN CST nº 18, de 1979; e Resolução CFC nº 909/01, que aprova a NBC T 10, item 10.14.5.6. Excerto: “16.Assentada essa premissa fundamental, passase a perquirir sua relação com a cultura da canadeaçúcar, a ver se estaria a mesma sujeita à depreciação ou à exaustão. Para tanto, importa transcrever trechos da obra “Contabilidade rural contabilidade agrícola, contabilidade da agropecuária, IRPJ”, de José Carlos Marion, 8ª edição, São Paulo, Atlas, 2005, onde consta que: a) Página 41: “2Culturas permanentes São aquelas que permanecem vinculadas ao solo e proporcionam mais de uma colheita ou produção. Normalmente, atribuise às culturas permanentes uma duração mínima de quatro anos. Do nosso ponto de vista basta apenas a cultura durar mais de um ano e propiciar mais de uma colheita para ser permanente. Exemplos: canadeaçúcar ... cafeicultura..... etc.... Fl. 1019DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.020 18 No caso de cultura permanente, os custos necessários para a formação da cultura serão considerados Ativo Permanente – Imobilizado. Os principais custos são: adubação, formicidas, forragem, fungicidas, herbicidas, mãodeobra, encargos sociais, manutenção, arrendamento de equipamentos e terras, seguro da cultura, preparo do solo, serviços de terceiros, sementes, mudas, irrigação, produtos químicos, depreciação de equipamentos utilizados na cultura etc. .................... Há casos em que a cultura permanente não passa do estágio de cultura em formação para cultura formada, pois, no momento de se considerar acabada, ela é ceifada. São, normalmente, a canade açúcar, o palmito, o eucalipto, o pinho e outras culturas extirpadas do solo ou cortadas para brotarem novamente.” (grifos nossos). b) Página 43: “2.1Colheita ou produção (da cultura permanente) A partir desse momento a preocupação é com a primeira colheita ou primeira produção, com sua contabilização e apuração do custo. A colheita caracterizase, portanto, como um Estoque em Andamento, uma produção em formação, destinada a venda. Daí sua classificação no Ativo Circulante. Como o ciclo de floração, formação e maturação do produto normalmente é longo, podese criar uma conta de ‘colheita em andamento’, sempre identificando o tipo de produto que vai ser colhido. Essa conta é composta de todos os custos necessários para a realização da colheita: mãodeobra e respectivos encargos sociais (poda, capina, aplicação de herbicida, desbrota, raleação ...), produtos químicos (para manutenção da árvore, das flores, dos frutos...), custo com irrigação (energia elétrica, transporte de água, depreciação dos motores ...), custo do combate a formigas e outros insetos, seguro da safra, secagem da colheita, serviços de terceiros etc. Adicionase ao custo da colheita a depreciação (ou exaustão) da “cultura permanente formada”, sendo consideradas as quotas anuais compatíveis com o tempo de vida útil de cada cultura”. (grifos nossos). c) Página 63: “1.Conceitos conforme a teoria da contabilidade Alkíndar de Toledo Ramos, em sua tese de doutoramento (O Problema da Amortização dos Bens Depreciáveis e as Necessidades Administrativas das Empresas), sugere que “a amortização, em sentido amplo, seria aplicada a quaisquer tipos de bens do ativo fixo, com vida útil limitada. Depreciação seria sinônimo de amortização, em sentido amplo, porém sendo aplicada somente aos bens tangíveis, como máquinas, equipamentos, móveis, utensílios, edifícios etc. Exaustão seria sinônimo da amortização em sentido amplo, porém sendo aplicada somente aos recursos naturais exauríveis, como reservas florestais, petrolíferas etc. Amortização, em sentido restrito, se confundiria com o seu sentido amplo, mas somente quando aplicada aos bens intangíveis Fl. 1020DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.021 19 de duração limitada, como as patentes, as benfeitorias em propriedades de terceiros etc.” ...................... 2Entendimento fiscal (na Agropecuária) Conforme disposições contidas no Parecer Normativo CST nº 18, de 9 479, o fisco dá sua interpretação no caso específico da agricultura, em nada contradizendo os conceitos expostos. No que tange às culturas permanentes, às florestas ou árvores e a todos os vegetais de menor porte, somente se pode falar em depreciações em caso de empreendimento próprio da empresa e do qual serão extraídos apenas os frutos. Nesta hipótese, o custo de aquisição ou formação da cultura é depreciado em tantos anos quantos forem os de produção de frutos. Exemplo: café, laranja, uva etc. Quando se trata de floresta própria (ou vegetação em geral), o custo de sua aquisição ou formação (excluído o solo) será objeto de quotas de exaustão, à medida que seus recursos forem exauridos (esgotados). Aqui, não se tem a extração de frutos, mas a própria árvore é ceifada, cortada ou extraída do solo: reflorestamento, canadeaçúcar, pastagem etc.(grifos nossos). d) Página 66: “3Casos de depreciação Cultura agrícola Conforme os conceitos apresentados, toda cultura permanente que produzir frutos será alvo de depreciação. Por um lado, a árvore produtora não é extraída do solo; seu produto final é o fruto e não a própria árvore. Um cafeeiro produz grãos de café (frutos), mantendose a árvore intacta. Um canavial, por outro lado, tem sua parte externa extraída (cortada), mantendose a parte contida no solo para formar novas árvores. Segundo esse raciocínio, sobre o cafeeiro incidirá depreciação e sobre o canavial, exaustão.” (grifamos). e) Página 72 e 73: “4Casos de exaustão Florestas e espécies vegetais de menor porte................................. Colocando o assunto nesses termos continua aquele parecer normativo (PN CST nº 18, de 9479) não é difícil concluir que o custo de formação de florestas ou de plantações de certas espécies vegetais que não se extinguem com o primeiro corte, mas voltam a produzir novos troncos ou ramos e permitem um segundo ou até um terceiro corte, deve ser objeto de quotas de exaustão, ao longo do período total de vida útil do empreendimento, efetuandose os cálculos em função do volume extraído em cada período, em confronto com a produção total esperada que engloba os diversos cortes. Obviamente, as empresas que estiverem nas situações desse tipo devem apresentar laudos de profissionais qualificados (engenheiros florestais, Fl. 1021DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.022 20 agrônomos), que possam seguramente servir de base aos cálculos mencionados. Exemplo:” ( grifos nossos). 17.Nadissertação de José Sérgio Della Giustina para o título de mestre em engenharia pela UFSC (“Um sistema de contabilidade analítica para apoio a decisões do produtor rural”), capítulo II, disponível na Internet (www.eps.ufsc.br) averbase (g.n.): “Exemplos de culturas que têm seu custo de formação, apropriados ao resultado pelo critério da exaustão, são as florestas artificiais de eucaliptos, de pinos, a canade açúcar, as pastagens artificiais etc.” (grifamos). 18.Cabe asseverar ainda que o entendimento acima exposto é compartilhado pela professora Suely da Silva Carreira, da Unifamma – União das Faculdades Metropolitanas de Maringá, que em apostila de sua autoria (grifo nosso) assim se manifesta: “Somente pode se falar em depreciação em caso de empreendimento próprio da empresa e do qual serão extraídos os frutos. Exemplos: maçã, pêssego, café... Na exaustão, não se tem a extração de frutos, mas a própria árvore é ceifada ou extraída do solo. Ex.: canadeaçúcar, pastagem...” (in www.unifamma.edu.br). 19.Nas Normas Brasileiras de Contabilidade, emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, (in www.cfc.org.br) encontramos a Resolução CFC nº 909/01, que “Aprova, da NBC T 10 – Dos Aspectos Contábeis Específicos em Entidades Diversas, o item 10.14 – Entidades Agropecuárias.” Onde no item 10.14.5.6, declarase que: “10.14.5.6 A exaustão dos componentes do Ativo Imobilizado relativo às culturas permanentes, formado por todos os custos ocorridos até o período imediatamente anterior ao início da primeira colheita, tais como preparação da terra, mudas ou sementes, mãodeobra, etc., deve ser calculada com base na expectativa de colheitas, de sua produtividade ou de sua vida útil, a partir da primeira colheita.”(grifos nosso). 20.A contabilista Selma Bispo Alves, no trabalho “A contabilidade como instrumento de gestão nas empresas rurais”, apresentado no curso de ciências contábeis da Universidade Católica de Brasília, explicita (in www.ucb.br; g.n.): “A depreciação é o custo necessário para substituir os bens de capital, quando tornados inúteis pelo desgaste físico (depreciação física) ou quando perdem valor com o decorrer dos anos, devido a inovações técnicas (depreciação por obsolescência).No caso de culturas permanentes, a depreciação é chamada de exaustão, em virtude do declínio da capacidade produtiva causada pelo corte (cana, eucalipto, palmito (pasto) ou envelhecimento (frutas e café).”(grifo nosso). 21.Em trabalho divulgado na Web, relativo à disciplina “custos de agronegócios”, o prof. Raiol, da Instituição de Estudos Superiores do Pará, explana (in www.iesam.com.br; g.n.): “A exaustão surge em culturas em que é extraído o caule , permanecendo apenas a raiz para formação de novas árvores . Ex.: reflorestamento, canadeaçúcar, pastagem etc.”. Fl. 1022DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.023 21 22.Esclarecemos que na resposta à pergunta n° 412 do elenco de “perguntas e respostas” sobre IRPJ, do ano calendário de 2005 divulgado na página da RFB na WWW, consta a seguinte orientação: “412 Em relação aos recursos florestais quando ocorre a depreciação, a amortização ou a exaustão? Os ativos da pessoa jurídica representados por recursos florestais podem ser depreciados, amortizados ou exauridos, de acordo com as seguintes regras: a depreciação é calculada sobre ativo representado por empreendimento próprio da pessoa jurídica, do qual serão extraídos apenas os frutos. Nesta hipótese, o custo de aquisição ou formação (excluído o solo) é depreciado em tantos anos quantos forem os de produção dos frutos; a amortização é calculada sobre ativo representado por aquisição de direitos de exploração, por prazo determinado, sobre empreendimento de propriedade de terceiros. Neste caso, o custo de aquisição desses direitos é amortizado ao longo do período de duração do contrato; a exaustão é calculada sobre ativo representado por floresta própria. Neste caso o custo de aquisição ou formação (excluído o solo) será objeto de exaustão na medida e na proporção em que os recursos forem sendo exauridos. No caso da floresta ou o vegetal plantado proporcionar à pessoa jurídica a possibilidade de um 2º, ou mesmo um 3º corte, o custo de aquisição ou de formação deverá ser recuperado através da exaustão calculada em função do volume extraído em cada período, confrontado com a produção total esperada, englobando os diversos cortes.” 23.Assim, quando se trata de vegetação própria (excluído o solo), a recuperação do valor investido será objeto de quotas de exaustão, apurada à medida que seus recursos forem exauridos (esgotados). Neste caso, não se tem a extração de frutos, mas a própria cultura que é ceifada, cortada ou extraída do solo. Portanto, o custo de formação de plantações de espécies vegetais que não se extinguem com o primeiro corte, mas que permitem cortes adicionais, deve ser objeto de quotas de exaustão. 24.Com efeito, o esclarecimento exposto no item 2 do Parecer Normativo CST n° 18, de 09 de abril de 1979, publicado no DOU em 17/04/1979, corrobora toda a doutrina aqui ventilada, in verbis: “(.....) 2. Inicialmente compete fixar algumas distinções de natureza técnica, necessárias a uma dilucidação de certos aspectos que têm conduzido a interpretações errôneas quanto à utilização de depreciações, amortizações e quotas de exaustão. Em termos de florestas ou mesmo de vegetais de menor porte, somente se pode falar em depreciações em caso de empreendimento próprio da empresa e do qual serão extraídos apenas os frutos. Nesta hipótese, o custo de aquisição ou formação é depreciado em tantos anos quantos forem os de produção de frutos. O termo amortização, por sua vez, é reservado tecnicamente para os Fl. 1023DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.024 22 casos de aquisição de direitos sobre empreendimentos de propriedade de terceiros, apropriandose o custo desses direitos ao longo do período determinado, contratado para a exploração. Assim ocorre, por exemplo, nos casos de aquisição de direitos de extração de madeira de floresta pertencente a terceiros, ou de exploração de pomar alheio, por prazo determinado, a preço único e prefixado. Finalmente, quando se trata de floresta própria, o custo de sua aquisição ou formação (excluído o solo) será objeto de quotas de exaustão, à medida e na proporção em que os seus recursos forem exauridos, com observância dos mesmos critérios, quando a floresta pertença a terceiros, mas é explorada em função de contrato por prazo indeterminado. Em qualquer dos casos mencionados, quanto à depreciação, à amortização e à exaustão levadas a custos, terseão em conta os valores originais (aquisição ou formação de floresta; aquisição dos direitos) devidamente corrigidos nos termos da legislação aplicável (Decretolei nº 1.483/76; Decretolei nº 1.598/77). (.....)”25.Transcrevemos a seguir acórdão da 3º Câmara do 1º CC 103 – 18.812/97 – DOU de 20/10/1997, in verbis: “Formação de lavoura canavieira – A aplicação de recursos na formação de lavoura canavieira, por não se extinguir com o primeiro corte, e por voltarem a produzir, permitindo um segundo ou terceiro corte, deverá ser classificada no grupo do ativo imobilizado da pessoa jurídica, para que seus custos sejam absorvidos através de quotas de exaustão.” (grifo nosso). 26.Concluise que os custos de aquisição e de formação da cultura da canadeaçúcar, excluída a terra nua, devem ser objeto de quotas de exaustão; portanto, nesse caso, não é legalmente prevista, para pessoas jurídicas que explorem a atividade rural, a sua dedução integral no próprio ano da aquisição, visto que aquela só é permitida em se tratando de depreciação propriamente dita dos bens do ativo permanente imobilizado adquiridos para uso na referida atividade. Entretanto permanece a obrigatoriedade de registrar o valor dos recursos aplicados na formação da lavoura canavieira no grupo do ativo imobilizado.” Embora referindose à canadeaçúcar, o entendimento é perfeitamente aplicável às formações de florestas de eucalipto. A partir das premissas acima mencionadas, entendo que os custos de aquisição ou formação das culturas como a da recorrente devem ser ativados no imobilizado e sujeitos à exaustão, do ponto de vista contábil. Quanto à possibilidade de tomar créditos sobre referidas despesas de exaustão, concordo com a tese fiscal de que tais despesas não foram previstas na legislação da não cumulatividade, artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003. O próprio parecer acostado aos autos pela recorrente concluiu neste sentido. A respeito, tais artigos mencionaram apenas a depreciação e a amortização como despesas a gerarem créditos, assim como o artigo 66 da IN SRF nº 247/2002: Lei nº 10.637/2002: Fl. 1024DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.025 23 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) [...]VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) [...]IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1oO crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2odesta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.727, de 2008)(Vigência) [...]III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI, VII e XI docaput, incorridos no mês; Lei nº 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) [...]III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; [...]VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1oO crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2odesta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.727, de 2008)(Vigência) [...]III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI, VII e XI docaput, incorridos no mês; Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep nãocumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: I das aquisições efetuadas no mês: Fl. 1025DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.026 24 [...]II das despesas e custos incorridos no mês, relativos: [...]III dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003) a) máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003) b) outros bens incorporados ao ativo imobilizado; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003) c) edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003) Discordo, porém, que a omissão de previsão normativa de possibilidade de creditamento de despesas de exaustão implica a negativa de creditamento sob outro inciso qualquer dos artigos 3ºs, ao qual os aspectos fáticos e jurídicos dos bens e serviços adquiridos possam se subsumir. Verificase que nem todos os incisos do artigo 3º vinculam o creditamento ao momento em que ocorre a contabilização como custo ou despesa. Os incisos I e II tratam de créditos sobre bens e serviços adquiridos no mês, mas não necessariamente contabilizados como custo no mês, pois estes dois itens referemse a bens que também são ativados e considerados no resultado apenas no momento em que são revendidos, no caso do inciso I, ou quando os produtos dos quais resultam são vendidos. Nem por isso, deixase de tomar crédito no momento da aquisição, bastando que sejam observadas os requisitos específicos (utilização como insumos na produção ou na prestação de serviços) e as restrições gerais, como serem sujeitos ao pagamentos das contribuições, não se referirem a aquisições de pessoas física etc. O crédito sobre insumos é tomado no próprio mês, embora sua repercussão no resultado pode em meses posteriores, até em exercício seguinte. Assim, o fato de serem ativados, em princípio, não impede o creditamento. Por óbvio, tratandose de imobilizado sujeito à depreciação e à amortização, por haver inciso específico, tal creditamento somente pode ser feito mediante a despesa correspondente e não no momento da aquisição. Salientase, ainda, que na legislação do imposto de renda, todas estas parcelas são custos de produção, diferenciandose quanto ao momento em que repercutem no resultado, mas não quanto à natureza de custos de produção, a teor do artigo 290 do Decreto nº 3.000/1999 (RIR/99). 3 Assim, a omissão da expressão "exaustão" não pode ser interpretada 3 Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; II o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; Fl. 1026DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.027 25 como proibição de creditamento de bens e serviços aplicados na produção, se tais itens considerados puderem ser enquadrados em outros incisos do artigo. Exemplo disto foi a energia elétrica quando do início da legislação de nãocumulatividade para o PIS/Pasep. A redação original da Lei nº 10.637/2002 não continha a energia elétrica como hipótese de creditamento, o que veio a ser incluído em fevereiro de 2003 . Nem por isso, a RFB deixou de reconhecer como passível de creditamento a energia elétrica enquadrada na definição de insumo do incido II, conforme ADI SRF nº 2/2003: Art. 1º A partir de 1º de dezembro de 2002, as pessoas jurídicas submetidas à incidência nãocumulativa do PIS/Pasep poderão descontar créditos calculados em relação a bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à: I venda; e II prestação de serviços. [...]Art. 3º Para os fatos geradores da contribuição para o PIS/Pasep, na modalidade nãocumulativa, ocorridos em dezembro de 2002 e janeiro de 2003: I a receita decorrente da venda de bens do ativo imobilizado da pessoa jurídica integra a respectiva base de cálculo; II não poderá ser descontado: a) o crédito do PIS/Pasep calculado em relação ao valor da energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, exceto quando se tratar de insumo utilizado na forma prevista no art. 1º; e Destarte, os bens e serviços aplicados na produção de eucalipto, fase agrícola da recorrente, podem ser considerados insumos, pois se amoldam à redação do inciso II dos artigos 3º de ambas as leis, ou seja, são insumos utilizados na produção de bens destinados à venda e não são sujeitos a depreciação nem amortização, que são hipóteses específicas de creditamento: II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata oart. 2oda Lei no10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 daTipi;(Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Observase que a leitura da fiscalização pareceme equivocada quanto à utilização do inciso VI do artigo 3º da Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003 em um primeiro momento para dizer que ali se enquadram os créditos do imobilizado e com isso justificar, por especificidade, a exclusão do inciso II, para, logo em seguida, interpretar que também ali não se enquadram, em razão da restrição daquele inciso a depreciação e amortização. A meu ver, esta leitura compartimentada não é possível, ou seja, se o inciso VI ao final não abarca a possibilidade de creditamento por exaustão, então não pode ser utilizado para excluir a possibilidade de creditamento em outros incisos, sob a justificativa de serem autoexcludentes. III os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; IV os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção; V os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. Fl. 1027DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.028 26 A própria IN SRF nº2 247/2002 fez uma leitura inversa do artigo 3º, dispondo que: Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep nãocumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: I das aquisições efetuadas no mês: a) de bens para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos nos incisos III e IV do art. 19; b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003) b.1) na fabricação de produtos destinados à venda; ou (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003) b.2) na prestação de serviços; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003) II das despesas e custos incorridos no mês, relativos: a) à energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica; b) a aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos à pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; c) despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos tomados de pessoa jurídica, exceto quando esta for optante pelo Simples; d) a contraprestação de operações de arrendamento mercantil pagas a pessoa jurídica, exceto quando esta for optante pelo Simples; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003) III dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003) a) máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003) b) outros bens incorporados ao ativo imobilizado; Fl. 1028DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.029 27 (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003) c) edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 358, de 09 de setembro de 2003) [...] Neste sentido citamse os seguintes acórdãos deste conselho: Acórdão nº 9303002.628: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. INSUMOS. Na incidência não cumulativa do PIS, instituída pela Lei nº 10.637/02 e da Cofins, instituída pela Lei nº 10.833/03, devem ser compreendidos por insumos somente bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto, ou seja, que integrem o processo produtivo e que com eles estejam diretamente relacionados. RECURSO ESPECIAL DO PROCURADOR NEGADO Excerto: "Em relação aos serviços silviculturais e serviços florestais de produção, exceto manutenção de vias permanentes e terraplanagem, manutenção de estradas e serviços de pesquisa, desenvolvimento, planejamento e controle florestal, estão vinculadas ao processo produtivo e geram direito ao crédito. Assim as despesas com a manutenção e exploração de florestas ou produção de madeira geram direito ao aproveitamento dos créditos. Estão aqui incluídos todos os insumos empregados na produção de madeira e celulose, como os defensivos agrícolas, fertilizantes, serviços de corte, formicida, calcário, vermiculita e demais insumos usados direta ou indiretamente no processo produtivo. Assim como também dão direito os fretes dos insumos pagos à pessoa jurídica e devidamente comprovados e os combustíveis vinculados à produção de madeira, bem como despesas de manutenção do parque fabril e despesas com manutenção de máquinas e equipamentos industriais e agrícolas. Tratase da aplicação literal do art. 3º da Lei 10.637/02. Assim, nego provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional . Fl. 1029DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.030 28 Acórdão nº 3301002.270: COFINS. CRÉDITOS. AGROINDÚSTRIA. INSUMOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE MATÉRIAPRIMA. POSSIBILIDADE. Não existe previsão legal para que a autoridade administrativa seccione o processo produtivo da empresa agroindustrial, separando a produção da matériaprima (toras de eucalipto) da fabricação de celulose, com o fim de rejeitar os créditos apropriados na primeira etapa da produção. Os art. 3º, inc. II, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03 permitem o creditamento relativo aos insumos aplicados na produção ou fabricação de bens destinados a venda. COFINS/PIS. REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. A legislação do PIS/Cofins atribuiu conceito próprio de insumos para o fim de aproveitamento dos créditos da não cumulatividade. Este conceito não é tão restritivo quanto o da legislação do IPI e nem tão amplo quanto à legislação do imposto de renda. COFINS/PIS. CRÉDITOS. VINCULAÇÃO AO PROCESSO PRODUTIVO. Pode se apropriar de créditos do PIS/Cofins em relação aos insumos diretamente ligados e correlacionados ao processo produtivo, nos termos das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditário Reconhecido em Parte Acórdão 330100.661: [...]COF1NS NÃO CUMULATIVA, UTILIZAÇÃO DE. CRÉDITOS. Os pagamentos referentes à aquisição de serviços de terraplanagem, topografia e outros, bem assim, a locação de máquinas, equipamentos e veículos conferem direito a créditos da Cofins, porque esses serviços são aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens destinados à venda, em consonância com o disposto na Solução de Consulta SRRF10 Disit n" 04/07. [...]Excerto: "Em outro tópico, a contribuinte alega que, dentre os créditos glosados, grande parte referese aos serviços de terraplenagern, topografia e silvicultura, entre outros, utilizados como insumo pela Recorrente na etapa do processo produtivo que se destina ao plantio, manutenção, e colheita das florestas de eucalipto, principal insumo da produção da celulose, A Fiscalização entendeu que esses serviços devem ser classificados no ativo imobilizado calculandose os créditos mediante a aplicação das aliquotas previstas nas Leis 10,637/02 e 10.8.33/03 sobre os encargos de depreciação e amortização incorridos no mês. Corroborando esse entendimento, a decisão recorrida menciona o Parecer Normativo CST 108/78, o qual registra que os empreendimentos florestais, independentemente de sua finalidade, devem ser considerados integrantes do ativo permanente e, com Fl. 1030DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.031 29 fundamento no art„334 do Decreto n" .3000/99 RIR/99, convalida o critério de cálculo da quota de exaustão dos recursos florestais. Por outro lado, a interessada argumenta que desta forma estar seia violando o principio da nãocumulatividade e contrariando o art, 3 0, II, da Lei IV 10,83.3/03, Ainda que bem fundamentada, em relação a esta matéria a decisão a quo merece ser reformada. O fundamento da decisão recorrida é pertinente para fins de apuração dos valores dedutíveis a titulo de Imposto de Renda. Enquanto o imposto de renda caracterizase por ser um tributo incidente sobre o lucro, o PIS e a Cofins tem sua incidência centrada no faturamento, com regimes de incidência cumulativa e não cumulativa. [...]De se ressaltar que as normas em que se baseou a DM antecedem a criação do regime de incidência não cumulativa dessas contribuições.. Ainda releva observar a necessidade de ser considerada a lei especifica, Lei tf 10_833/03, ait 3", inciso II, com suas previsões de descontar créditos relacionados a bens e serviços, utilizados como instrui° na produção de bens destinados à venda, sob pena de inviabilizar a não cumulatividade. Ademais, o que se trata neste tópico cingese aos serviços de terraplenagem, topografia e silvicultura, entre outros, utilizados como insumo pela Recorrente na etapa do processo produtivo e não "em que contas se podem classificar as reservas florestais", conforme registra a decisão a quo, em relação ao PN CST n0 108/78 à fl. 269. [...]Tendo em vista a precitada Solução de Consulta SRRF 10 Disit nº 04/07, e sua semelhança ao presente caso, também deve ser reconhecido o direito da contribuinte aos créditos relacionados pela fiscalização no Anexo II de TDF às fls. 93/101, decorrentes dos serviços de terraplanagem, topografia, silvicultura, viveiro, preparo de terras, aquisição de sementes, plantio, abertura e conservação de estradas das florestas de eucalipto da Recorrente, possibilitando o transporte das toras de madeira da floresta para a unidade industrial. Acórdão nº 3403002.821: [...]REGIME NÃO CUMULATIVO. AGROINDÚSTRIA. Os arts. 3º, II, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03 atribuem o direito de crédito em relação ao custo de bens e serviços aplicados na "produção ou fabricação" de bens destinados à venda. O art. 22A da Lei nº 8.212/91 considera "agroindústria" a atividade de industrialização da matériaprima de produção própria. Sendo assim, não existe amparo legal para que a autoridade administrativa seccione o processo produtivo da empresa agroindustrial em cultivo de matériaprima para consumo próprio e em industrialização propriamente dita, a fim de expurgar do cálculo do crédito os custos incorridos na fase agrícola da produção. [...]CRÉDITOS. CUSTOS INCORRIDOS NO CULTIVO DE EUCALIPTOS. Os custos incorridos com bens e serviços aplicados na floresta de eucaliptos destinados à extração da celulose configuram custo de produção e, por tal razão, integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. Fl. 1031DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.032 30 FRETES. TRANSPORTE DE MATÉRIAPRIMA ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA. Os custos incorridos com fretes no transporte de madeira entre a floresta de eucaliptos e a fábrica configuram o custo de produção da celulose e, por tal razão, integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. [...]Ressaltase, ainda, que serviços relativos à colheita não são caracterizados como de formação de cultura. É o que depreendese do excerto abaixo extraído da Solução de Consulta SRRF/8º RF/Disit nº 251/2004: “2.1Colheita ou produção (da cultura permanente) A partir desse momento a preocupação é com a primeira colheita ou primeira produção, com sua contabilização e apuração do custo. A colheita caracterizase, portanto, como um Estoque em Andamento, uma produção em formação, destinada a venda. Daí sua classificação no Ativo Circulante. Como o ciclo de floração, formação e maturação do produto normalmente é longo, podese criar uma conta de ‘colheita em andamento’, sempre identificando o tipo de produto que vai ser colhido. Essa conta é composta de todos os custos necessários para a realização da colheita: mãodeobra e respectivos encargos sociais (poda, capina, aplicação de herbicida, desbrota, raleação ...), produtos químicos (para manutenção da árvore, das flores, dos frutos...), custo com irrigação (energia elétrica, transporte de água, depreciação dos motores ...), custo do combate a formigas e outros insetos, seguro da safra, secagem da colheita, serviços de terceiros etc. Adicionase ao custo da colheita a depreciação (ou exaustão) da “cultura permanente formada”, sendo consideradas as quotas anuais compatíveis com o tempo de vida útil de cada cultura”. (grifos nossos)” Partindose das premissas acima, entendo necessária a realização de diligência para que os quesitos 5 a 8 constantes do recurso voluntário sejam respondidos, a fim de que seja possível a aferição por este relator da conformação da natureza dos bens e serviços glosados às premissas veiculadas no voto: 5. Identificar a função e onde são utilizados no processo produtivo os produtos e serviços cujo o crédito não for reconhecido e que se encontram listados nas planilhas elaboradas pela fiscalização. 6. Classificar como custo ou custo de produção, despesa ou encargo os produtos e os serviços constantes das planilhas anexas elaboradas pela fiscalização. 7. Estão corretos os valores lançados nos DACON's relativos a bens, serviços e outras despesas utilizadas como insumos do período ora analisado? Fl. 1032DF CARF MF Processo nº 12585.000203/201031 Resolução nº 3302000.753 S3C3T2 Fl. 1.033 31 8. Todos os bens, serviços e despesas que geraram os créditos aproveitados estão lastreados em documentação hábil e idônea? Relativamente aos fretes, a recorrente deve identificar e comprovar quais se tratam de aquisição de insumos, transporte interno de insumos e produtos em elaboração e de produtos acabados, ficando a cargo da autoridade fiscal a confirmação da veracidade das informações apresentadas à vista da documentação a ser apresentada, conforme os critérios de amostragem que considerar adequados. Porém, considero desnecessários os quesitos 1, 2, 3, 4 da diligência requerida em recurso voluntário, pois tratam de questões de direito e conceituais, já deduzidas pela recorrente em suas peças recursais. Destarte, voto para converter o julgamento em diligência para que a recorrente elabore as respostas aos quesitos 5 a 8 acima, discriminar os fretes tomados, bem como para esclarecer se as planilhas juntadas às efls. 558/660 se referem à memória de cálculo apresentada pela recorrente e, caso não seja, informar quais os critérios utilizados para elaboração da referida planilha. Ao final, a autoridade fiscal deverá elaborar relatório com as considerações que julgar cabíveis, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre seu resultado, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 1033DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000162/2011-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/01/2006
NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Não procedem as arguições de nulidade quando não se vislumbram nos autos quaisquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. Não há previsão legal para o sobrestamento pretendido. A decisão recorrida enfrentou todos os fundamentos trazidos pelo contribuinte.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Tendo havido, por parte do contribuinte, conhecimento e ciência de todos os requisitos que compuseram a autuação; contendo o auto de infração suficiente descrição dos fatos e correto enquadramento legal, sanadas as irregularidades, dada ciência e oportunizada a manifestação do autuado, ou seja, atendida integralmente a legislação de regência, não se verifica cerceamento do direito de defesa.
INFORMAÇÕES Bancárias. UTILIZAÇÃO. QUEBRA DE SIGILO. INOCORRÊNCIA. A utilização de informações bancárias obtidas junto às instituições financeiras constitui simples transferência à administração tributária, e não quebra, do sigilo bancário dos contribuintes, não havendo, pois, que se falar na necessidade de autorização judicial para o acesso, pela autoridade fiscal, a tais informações.
PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO.
A instituição de uma presunção pela lei tributária transfere ao contribuinte o ônus de provar que o fato presumido pela lei não aconteceu em seu caso particular.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Os depósitos em conta-corrente, cuja origem não seja comprovada, presumem-se receitas omitidas. Como bem ressaltado na decisão recorrida, a partir de 1° de janeiro de 1997, com a edição da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 42, a existência dos depósitos bancários cuja origem não seja comprovada, foi erigida à condição de presunção legal de omissão de receita.
ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO.
As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE DOLO. REDUÇÃO DA MULTA.
O agente fiscal não justifica o porque no presente caso se enquadraria como crime, o que entendo imprescindível para qualificação de multa que exige a efetiva comprovação do dolo específico do contribuinte. Aplicação da Súmula CARF 25.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO.
O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas em lei tributária. A utilização da taxa SELIC para o cálculo dos juros de mora decorre de lei, sobre cuja aplicação não cabe aos órgãos do Poder Executivo deliberar. Correta a aplicação da taxa SELIC para a cobrança dos juros moratórios lançados, conforme previsão legal expressa no art. 61, § 3o da Lei nº 9.430/1996.
APLICAÇÃO DO ART. 57 § 3º DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. FACULDADE DO JULGADOR. Plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que a Recorrente não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida.
Numero da decisão: 1401-002.511
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso do contribuinte, tão somente, para reduzir a multa qualificada.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Daniel Ribeiro Silva- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia de Carli Germano (Vice-Presidente), Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga
Nome do relator: DANIEL RIBEIRO SILVA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Período de apuração: 01/01/2006 a 31/01/2006 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não procedem as arguições de nulidade quando não se vislumbram nos autos quaisquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. Não há previsão legal para o sobrestamento pretendido. A decisão recorrida enfrentou todos os fundamentos trazidos pelo contribuinte. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Tendo havido, por parte do contribuinte, conhecimento e ciência de todos os requisitos que compuseram a autuação; contendo o auto de infração suficiente descrição dos fatos e correto enquadramento legal, sanadas as irregularidades, dada ciência e oportunizada a manifestação do autuado, ou seja, atendida integralmente a legislação de regência, não se verifica cerceamento do direito de defesa. INFORMAÇÕES Bancárias. UTILIZAÇÃO. QUEBRA DE SIGILO. INOCORRÊNCIA. A utilização de informações bancárias obtidas junto às instituições financeiras constitui simples transferência à administração tributária, e não quebra, do sigilo bancário dos contribuintes, não havendo, pois, que se falar na necessidade de autorização judicial para o acesso, pela autoridade fiscal, a tais informações. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO. A instituição de uma presunção pela lei tributária transfere ao contribuinte o ônus de provar que o fato presumido pela lei não aconteceu em seu caso particular. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Os depósitos em conta-corrente, cuja origem não seja comprovada, presumem-se receitas omitidas. Como bem ressaltado na decisão recorrida, a partir de 1° de janeiro de 1997, com a edição da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 42, a existência dos depósitos bancários cuja origem não seja comprovada, foi erigida à condição de presunção legal de omissão de receita. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE DOLO. REDUÇÃO DA MULTA. O agente fiscal não justifica o porque no presente caso se enquadraria como crime, o que entendo imprescindível para qualificação de multa que exige a efetiva comprovação do dolo específico do contribuinte. Aplicação da Súmula CARF 25. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas em lei tributária. A utilização da taxa SELIC para o cálculo dos juros de mora decorre de lei, sobre cuja aplicação não cabe aos órgãos do Poder Executivo deliberar. Correta a aplicação da taxa SELIC para a cobrança dos juros moratórios lançados, conforme previsão legal expressa no art. 61, § 3o da Lei nº 9.430/1996. APLICAÇÃO DO ART. 57 § 3º DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. FACULDADE DO JULGADOR. Plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que a Recorrente não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 19515.000162/2011-37
anomes_publicacao_s : 201806
conteudo_id_s : 5869654
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1401-002.511
nome_arquivo_s : Decisao_19515000162201137.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : DANIEL RIBEIRO SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 19515000162201137_5869654.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso do contribuinte, tão somente, para reduzir a multa qualificada. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Daniel Ribeiro Silva- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia de Carli Germano (Vice-Presidente), Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga
dt_sessao_tdt : Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
id : 7323971
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:20:07 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050308880367616
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2108; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 566 1 565 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.000162/201137 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401002.511 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 16 de maio de 2018 Matéria SIMPLES Recorrente PANIFICADORA E CONFEITARIA PILAR DE PINHEIROS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Período de apuração: 01/01/2006 a 31/01/2006 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não procedem as arguições de nulidade quando não se vislumbram nos autos quaisquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. Não há previsão legal para o sobrestamento pretendido. A decisão recorrida enfrentou todos os fundamentos trazidos pelo contribuinte. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Tendo havido, por parte do contribuinte, conhecimento e ciência de todos os requisitos que compuseram a autuação; contendo o auto de infração suficiente descrição dos fatos e correto enquadramento legal, sanadas as irregularidades, dada ciência e oportunizada a manifestação do autuado, ou seja, atendida integralmente a legislação de regência, não se verifica cerceamento do direito de defesa. INFORMAÇÕES Bancárias. UTILIZAÇÃO. QUEBRA DE SIGILO. INOCORRÊNCIA. A utilização de informações bancárias obtidas junto às instituições financeiras constitui simples transferência à administração tributária, e não quebra, do sigilo bancário dos contribuintes, não havendo, pois, que se falar na necessidade de autorização judicial para o acesso, pela autoridade fiscal, a tais informações. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO. A instituição de uma presunção pela lei tributária transfere ao contribuinte o ônus de provar que o fato presumido pela lei não aconteceu em seu caso particular. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Os depósitos em contacorrente, cuja origem não seja comprovada, presumemse receitas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 01 62 /2 01 1- 37 Fl. 566DF CARF MF 2 omitidas. Como bem ressaltado na decisão recorrida, a partir de 1° de janeiro de 1997, com a edição da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 42, a existência dos depósitos bancários cuja origem não seja comprovada, foi erigida à condição de presunção legal de omissão de receita. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE DOLO. REDUÇÃO DA MULTA. O agente fiscal não justifica o porque no presente caso se enquadraria como crime, o que entendo imprescindível para qualificação de multa que exige a efetiva comprovação do dolo específico do contribuinte. Aplicação da Súmula CARF 25. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas em lei tributária. A utilização da taxa SELIC para o cálculo dos juros de mora decorre de lei, sobre cuja aplicação não cabe aos órgãos do Poder Executivo deliberar. Correta a aplicação da taxa SELIC para a cobrança dos juros moratórios lançados, conforme previsão legal expressa no art. 61, § 3o da Lei nº 9.430/1996. APLICAÇÃO DO ART. 57 § 3º DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. FACULDADE DO JULGADOR. Plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que a Recorrente não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso do contribuinte, tão somente, para reduzir a multa qualificada. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Daniel Ribeiro Silva Relator. Fl. 567DF CARF MF Processo nº 19515.000162/201137 Acórdão n.º 1401002.511 S1C4T1 Fl. 567 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia de Carli Germano (VicePresidente), Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face do acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal em São Paulo (SP), que julgou improcedente a impugnação administrativa apresentada pelo contribuinte, para manter o crédito tributário exigido. Conforme Termo de Verificação e Constatação Fiscal – “TVCF” às fls. 168/175, “tratase de crédito lançado contra o Contribuinte acima identificado (optante pelo SIMPLES – Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições), em relação à competência de janeiro/2006, vez que em decorrência do procedimento fiscal realizado foi constatada omissão de registro de receitas, referente a valores identificados créditos e depósitos bancários em contas correntes da Fiscalizada, não declarados nem contabilizados, o que resultou na lavratura dos Autos de Infração incluídos no presente processo (acompanhados de demonstrativos de apuração dos valores devidos e demonstrativos de acréscimos legais – multa e juros). O montante do crédito tributário em epígrafe perfez R$ 165.440,53 (cento e sessenta e cinco mil e quatrocentos e quarenta reais e cinqüenta e três centavos)”. As exigências tributárias referemse às supostas infrações a legislação tributária – “DEPÓSITOS E VALORES CREDITADOS EM CONTA BANCÁRIA. ORIGEM NÃO COMPROVADA. DETERMINAÇÃO DO IMPOSTO” atinentes aos anoscalendário de apuração de 2006, Às fls. 227 dos autos consta a REPRESENTAÇÃO FISCAL – “Exclusão do Simples”. Ciente da autuação, o interessado apresenta IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA em 28/02/2011 (fls. 229/262), trazendo as seguintes razões: 1. DA QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO: Narra os acontecimentos e termos do procedimento fiscal desenvolvido, afirma que as movimentações bancárias se referiam as refeições fornecidas a seus clientes e pagas por meio de tickets. 2. Ademais, informa que não apresentou relação de beneficiários dos recursos sacados de suas contas correntes, conforme solicitado, pois que a própria Defendente era quem sacava tais valores para a compra dos tickets. 3. Ainda, sustenta que seu comércio apresentava lucro extremamente diminuto, vez que suportava custos elevados com fornecedores e, desta forma, sua movimentação financeira, ainda que elevada, não Fl. 568DF CARF MF 4 pode ser considerada como base de cálculo para qualquer tributo federal. 4. Articula que a Insurgente foi vítima de contumazes e reiterados roubos a seu estabelecimento comercial, situação que conduziu, invariavelmente, ao extravio de papéis de toda sorte, entre os quais, alguns daqueles que seriam aptos a prestar os devidos esclarecimentos. Em resumo e reforço, assevera que origem das movimentações financeiras nas reclamadas contas bancárias decorreu da prática de compra de tíquetes de alimentação e de refeição dos trabalhadores que a procuravam, mediante deságio do valor total. 5. Demais do exposto, exemplifica a “operação de desconto” que efetuava quando da “compra” dos tíquetes (vale refeição/alimentação), para ratificar que os valores movimentados em suas contascorrente não compõe o seu faturamento, senão no quanto referente ao “deságio” (equivalente a 1% do valor total) cobrado na referida “operação”. 6. Em complemento, entende por inadmissível a exigência de conhecimento técnicotributário de pessoas acostumadas à informalidade inerente à cultura de seus pares, quando mesmo aqueles com conhecimento na área jurídica ou contábil enfrentam dificuldades face a complexa legislação tributária pátria.Erige o argumento de que os valores creditados em suas contascorrente não se enquadram no conceito de receita, trazendo como suporte opiniões doutrinárias e, em conclusão, assevera que receita é somente aquele ingresso que se incorpora ao patrimônio do contribuinte. Colaciona julgado administrativo. Neste ponto, conclui, amparado na doutrina, que o caso é verdadeiramente de não incidência vez que o fato jurígeno efetivamente ocorrido escapa, por completo, àquele previsto na legislação e na própria Constituição. Colaciona julgados administrativos. 7. Aborda a questão da presunção, mormente quanto à previsão do art. 42 da Lei nº 9.430/96, após discorrer longamente sobre o tema, expressa o entendimento de que a presunção jamais poderá ser resultado da iniciativa criativa e original do legislador, devendo esta apoiarse na repetida e comprovada correlação natural de dois fatos considerados, o conhecido e o desconhecido. Afirma, ainda, que tal previsão colide com as diretrizes do processo de criação das presunções legais por inexistência de liame absoluto entre o depósito bancário e o rendimento omitido. 8. Conclui asseverando que entre os depósitos bancários e a omissão de rendimentos não há uma correlação lógica direta e segura, pois nem sempre o volume de depósitos injustificado leva ao rendimento omitido correlato. Colaciona julgados administrativos atinentes ao IRPF. 9. Do exposto, conclui que nem sempre o volume de depósitos injustificado leva ao rendimento omitido correlato. Colaciona doutrina e afirma que a presunção legal estribada em depósitos Fl. 569DF CARF MF Processo nº 19515.000162/201137 Acórdão n.º 1401002.511 S1C4T1 Fl. 568 5 bancários encontra os seguintes óbices: não está calcada em experiência anterior; não é possível estabelecer uma correlação direta entre o montante dos depósitos e a omissão de rendimentos; o encargo probatório é totalmente transferido para o contribuinte, com manifesta impossibilidade de produção de provas. 10. A Insurgente articula pela abusividade das multas de ofício impostas e, ainda, característica de confisco, vez que entende não ter havido qualquer irregularidade ou infração praticada pela Impugnante que ensejasse tal imposição. Colaciona doutrina e jurisprudência. 11. Do que expõem, entende que resta claro ser descabidas, devendo ser totalmente canceladas as multas de ofício de 75% e 150% sobre o valor do tributo supostamente devido, por configurar situação abusiva e confiscatória, em total descompasso com o disposto no art. 5º , inciso XXII, e art 150, IV, ambos da Constituição Federal de 1988. 12. No tocante aos juros moratórios, por falta de previsão legal expressa, contesta a respectiva incidência sobre a multa de ofício, com fundamento no art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/96. Colaciona jurisprudência. 13. Alega, ademais, que em virtude de o CTN prever a incidência de juros no percentual de 1%, resta desconforme o ordenamento a cobrança de juros com base na taxa SELIC. Escorase em jurisprudência colacionada. 14. Por fim, em razão da inconstitucionalidade da Taxa SELIC, conforme discorre em sua peça vestibular de Defesa, entende deva ser cancelado o combatido Auto de Infração. 15. Pelo exposto, requer que seja acolhida e provida a Impugnação apresentada a fim de que seja julgada improcedente a lavratura dos presentes Autos de Infração, com o consequente cancelamento do débito em epígrafe e arquivamento do processo administrativo correspondente. 16. Em arremate, requer que as publicações e intimações referentes ao presente feito sejam encaminhadas exclusivamente em nome e endereço dos patronos que nomeia. Às fls. 325 dos autos Ato Declaratório Executivo DERAT/DIORT/EQRES de nº 80/2011 – Exclusão do Simples. Conforme despacho de fls. 357, não foi apresentada impugnação em relação ao ADE nº 80/2011. Às fls. 329/336 – Petição do Contribuinte – requerendo a juntada de NOVOS DOCUMENTOS (SOLICITAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL PF). Fl. 570DF CARF MF 6 Às fls. 359/360 – Petição do Contribuinte requerendo a JUNTADA DE NOVOS DOCUMENTOS (INQUÉRITO POLICIAL – POLÍCIA CIVIL). O Acórdão ora Recorrido (1645.004 13ª Turma da DRJ/SP1) recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2006 a 31/01/2006 NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não procedem as arguições de nulidade quando não se vislumbram nos autos quaisquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Tendo havido, por parte do contribuinte, conhecimento e ciência de todos os requisitos que compuseram a autuação; contendo o auto de infração suficiente descrição dos fatos e correto enquadramento legal, sanadas as irregularidades, dada ciência e oportunizada a manifestação do autuado, ou seja, atendida integralmente a legislação de regência, não se verifica cerceamento do direito de defesa. ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Período de apuração: 01/01/2006 a 31/01/2006 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS E VALORES CREDITADOS EM CONTA BANCÁRIA. ORIGEM NÃO COMPROVADA. ÔNUS DA PROVA. A Lei nº 9.430/96, em seu art. 42, estabeleceu a presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta corrente ou de investimento. OMISSÃO DE RECEITAS. DETERMINAÇÃO DO IMPOSTO. REGIME DE TRIBUTAÇÃO. Verificada a omissão de receita, o imposto a ser lançado de ofício deve ser determinado de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida à pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão. Período de apuração: 01/01/2006 a 31/01/2006 JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas em lei tributária. A utilização da taxa SELIC para o cálculo dos juros de mora decorre de lei, sobre cuja aplicação não cabe aos órgãos do Poder Executivo deliberar. Fl. 571DF CARF MF Processo nº 19515.000162/201137 Acórdão n.º 1401002.511 S1C4T1 Fl. 569 7 Correta a aplicação da taxa SELIC para a cobrança dos juros moratórios lançados, conforme previsão legal expressa no art. 61, § 3o da Lei nº 9.430/1996. A multa de ofício decorrente de tributos e contribuições administrados pela Receita Federal é considerada débito para com a União, sendo devidos juros de mora sobre o valor lançado inadimplido a partir de seu vencimento. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. Isto porque, segundo entendimento da Turma, “os créditos tributários em debate tiveram por fatos geradores a aferição de receitas não declaradas/justificadas, resultantes do cotejo das informações constantes do Livro Caixa nº 06, nº 205611 (JUCESP) e os montantes mensais de movimentação financeira (créditos/depósitos) das contas correntes da Auditada mantidas junto à Caixa Econômica Federal, ao Banco do Brasil e ao Bradesco, consoante se depreende da planilha acostada às fls. 79/111, combinada com as informações constantes do Termo de Verificação e Constatação Fiscal – SIMPLES”. Informa ainda, “que ao compulsar os autos não se encontra informação conclusiva acerca da atuação dos procuradores da Autuada com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. (...) Desta forma, o pleito da Autuada no sentido da atribuição pessoal e exclusiva da responsabilidade tributária aos procuradores não pode ser acatado. Pelo exposto, é de se concluir que faltou nos autos a demonstração da prática de ato irregular por parte dos Srs. Gervásio Cavalcante de Macedo e Cláudia Cristina Coelho Cavalcante, no exercício do mandato ou no desrespeito à lei ou ao contrato social, para se cogitar acerca da colmatação dos fatos ao previsto na invocada norma em apreço, sem o que não devem aqueles serem entendidos como responsáveis tributários pelos discutidos créditos, nem mesmo de forma solidária”. (...) “Tendo em vista que não há nos autos menção ou comprovação da prática de infração tributária no exercício do mandato que foi conferido aos Srs. Gervásio Cavalcante de Macedo e Cláudia Cristina Coelho Cavalcante, não há de cogitar da adequação da pretendida solidariedade com o previsto em tal preceito”. Ademais, “a Autoridade Lançadora esclarece que o procedimento fiscal do qual resultou o AI em tela foi encerrado parcialmente, contemplando, apenas, a competência de janeiro/2006”. Por fim, ao Impugnar os créditos tributários decorrentes da presunção legal plasmada no art. 42 da Lei nº 9.430/96 sem comprovar as alegações aludidas em sua exordial, a Insurgente desatendeu norma cogente, vez que o art. 16 do Decreto nº 70.235/72, especialmente em seu inciso III e § 4º, determina que a Impugnação será apresentada com as provas que suportem os motivos de fato e de direito em que se fundamente precluindo o direito de apresentar as provas que possuir em outro momento, excetuadas as previsões legais expressamente ressalvadas. Demais do exposto, quanto à realização de perícias aventada pela Defendente, tendo em vista que o art. 18 do citado Decreto nº 70.235/72 faculta à Autoridade Julgadora a determinação de realização de perícia ou de diligência de ofício ou a pedido do Impugnante, bem como sua recusa, quando entendêla prescindível ou impraticável e não foi atendido o quanto previsto no art. 16, IV do indigitado normativo, tendo por base as articulações encadeadas no transcorrer do presente Voto, em acréscimo ao quanto já tratado sobre a inexistência de provas ou indícios da verdade alegada pela Insurgente”. Fl. 572DF CARF MF 8 No tocante ao inquérito policial solicitado junto à Delegacia de Polícia Civil do 14º Distrito de São Paulo, informa os julgadores que “nenhuma notícia ou desfecho constou do processo. Contudo, ressaltese, o desenrolar ou destino do referido inquérito, sem que haja o carreamento de provas cabais para o processo administrativo, não tem/teria o condão de afetar a decisão sobre o tema ora analisado”. Afirma os julgadores, que “a caracterização da ocorrência do fato gerador em discussão não se dá pela mera constatação de um crédito bancário, considerado isoladamente, abstraída das circunstâncias fáticas. Pelo contrário, a caracterização está ligada à falta de esclarecimentos da origem dos numerários creditados e seu oferecimento à tributação, conforme dicção literal da lei. Existe, portanto, uma correlação lógica entre o fato conhecido – ser beneficiado com um crédito bancário sem origem ou não oferecido à tributação – e o fato desconhecido – auferir rendimentos. Essa correlação autoriza plenamente o estabelecimento da presunção legal de que o valor creditado em conta bancária, sem qualquer justificativa, provém de rendimentos não declarados”. Às fls. 398 – Petição do Contribuinte requerendo juntada de certidão do Escrivão de Polícia do 14º Distrito Policial. Às fls. 401 – Petição do Contribuinte requerendo a juntada de cópia integral do inquérito policial de nº 148/2013. Ciente da decisão do Acórdão em 26/08/2014 (fls. 510), o contribuinte interpõe Recurso Voluntário em 23/09/2014 (fls. 511/540), alegando as seguintes razões: 1. DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS PROCURADORES: Diz que a conduta praticada pelo procurador Gervásio e pela sra. Cláudia teve como finalidade deixar de recolher tributos sobre a sua atividade (compra e venda de tickets). 2. DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS REALIZADOS NAS CONTAS DA RECORRENTE: Afirma que nunca realizou a pratica a compra e venda de tickets de refeição, sendo certo que essa era atividade realizada pelo seu procurador sem a autorização ou conhecimento, que por sua vez utilizava indevidamente as contas correntes da Recorrente para movimentar o seu negócio. 3. DA NULIDADE DA DECISÃO: Afirmou que não tem como carrear para o presente processo administrativo as provas a respeito dos fatos narrados no pedido de abertura de inquérito, ficando evidente a nulidade da decisão recorrida por cerceamento de defesa, seja pelo fato de não ter levado em consideração os documentos juntados as autos, seja por deixar de considerar fatos relevantes noticiados pela recorrente após a apresentação da impugnação, os quais ainda estão sendo investigados. 4. DA RESPONSABILIDADE DO PROCURADOR: Afirma que impõemse a sua responsabilização pessoal e exclusiva dos procuradores o Sr. Gervásio Macedo e a Sra. Cláudia Cristina pelo crédito tributário exigido nos autos de infração, conforme o art. 135, II do CTN pela conduta única e exclusivamente do não pagamento Fl. 573DF CARF MF Processo nº 19515.000162/201137 Acórdão n.º 1401002.511 S1C4T1 Fl. 570 9 dos tributos que são devidos sobre a sua atividade por eles exercidas compra e venda de tickets. 5. DO SOBRESTAMENTO DO PROCESSO ART. 62A DO RICARF. Afirma que “o lançamento tributário em discussão é eivado de nulidade e deve ser cancelado, pois o ordenamento jurídico não admite a apuração de crédito tributário a partir de extratos bancários obtidos mediante quebra de sigilo bancário diretamente pela Autoridade Fiscal sem o devido amparo judicial”. 6. DA ILEGALIDADE DA PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITA: Diz que “a caracterização da ocorrência do fato gerador não se deu pela mera constatação de um crédito bancário, mas sim pela falta de esclarecimentos acerca da origem dos numerários creditados”. 7. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO REPRESENTAM RECEITA TRIBUTÁVEL: Afirma que “a “recorrente” comprava "tickets" de seus clientes com pequeno deságio e depois repassava tais "tickets" para as competentes empresas operadoras, as quais realizam os depósitos nas contascorrentes da impugnante, descontadas todas as taxas e despesas de praxe. Desse modo, os créditos efetuados em sua conta não representam lucro e conseqüentemente, não podem ser considerados como receita para fins de tributação"”. 8. DO USO INDEVIDO DA PRESUNÇÃO PARA O LANÇAMENTO REALIZADO: Diz “que tendo em vista que os depósitos bancários que deram origem à autuação representavam movimento de atividade de compra e venda de tickets exercida pelo procurador Gervásio, resta claro que a recorrente ou os sócios jamais se beneficiariam dos respectivos valores”. 9. DA MULTA ABUSIVA IMPOSTA À EMPRESA CONTRIBUINTE: Afirma que “resta claro que deve ser cancelada as multas de oficio de 75% e 150% sobre o valor do tributo supostamente devido, por configurar situação confiscatória”. DA INAPLICABILIDADE DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO: Diz que deve ser cancelado a aplicação de juris de mora sobre a multa de ofício, por ausência de previsão legal expressa”. 10. DA ILEGALIDADE DA UTILIZAÇÃO DA TAXA SELIC COMO JUROS MORATÓRIOS EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA OFENSA AO PRINCIPIO DA ESTRITA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA: Afirma que "de acordo com o ordenamento jurídico, a composição e a forma de cálculo da taxa Selic deveria estar prevista em lei e não apenas em resoluções e circulares do Banco Central". 11. Requereu a conversão do julgamento em diligência, "de modo a provar os fatos que estão sendo apurados no inquérito policial que se encontra em andamento". Fl. 574DF CARF MF 10 12. Requereu a procedência do Recurso Voluntário interposto e a nulidade da sentença recorrida. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Daniel Ribeiro Silva Relator. Observo que as referências a fls. feitas no decorrer deste voto se referem ao eprocesso. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Como já acima exposto, da análise dos autos é fácil constatar que o Recurso Voluntário apresentado, constituise de repetição dos argumentos utilizados em sede de impugnação e, em verdade, acabam por repetir e reafirmar a tese sustentada pelo contribuinte, as quais foram detalhadamente apreciadas pelo julgador a quo. Nestes termos, cumpre ressaltar a faculdade garantida ao julgador pelo § 3º do Art. 57 do Regimento Interno do CARF: Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a Fl. 575DF CARF MF Processo nº 19515.000162/201137 Acórdão n.º 1401002.511 S1C4T1 Fl. 571 11 segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017). Da análise do presente processo, entendo ser plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida. Assim, desde já proponho a manutenção da decisão recorrida pelos seus próprios fundamentos, considerandose como se aqui transcrito integralmente o voto da decisão recorrida. O Recorrente defende ser nula a decisão recorrida por cerceamento do direito de defesa, seja pelo fato de não ter levado em consideração os documentos juntados as autos, seja por deixar de considerar fatos relevantes noticiados pela recorrente após a apresentação da impugnação, os quais ainda estão sendo investigados. Ora, não assiste razão ao recorrente. A decisão recorrida analisou detalhadamente os "fatos novos" trazidos pela Recorrente, fundamentando o motivo da sua decisão. Em verdade, o fato de os argumentos e documentos apresentados não serem suficientes, de acordo com a decisão recorrida, para tornar insubsistente o lançamento, não inquina de nulidade a decisão. Não houve omissão na apreciação, mas simples não acatamento do alegado. Senão vejamos como se manifestou a DRJ: 8.9.6. Ainda, é de observar que o apontado inquérito policial (Polícia Federal) desejado pela Autuada, consoante Ofício nº 3.044/2012 – COR/SR/DPF/SP, fls. 337, não foi, sequer, instaurado. 8.9.7. No tocante ao inquérito policial solicitado junto à Delegacia de Polícia Civil do 14º Distrito de São Paulo, nenhuma notícia ou desfecho constou do processo. Contudo, ressaltese, o desenrolar ou destino do referido inquérito, sem que haja o carreamento de provas cabais para o processo administrativo, não tem/teria o condão de afetar a decisão sobre o tema ora analisado. Ademais, como bem asseverado pela decisão recorrida, a obrigação tributária decorre do seu respectivo fato gerador, e deve ser interpretada objetivamente. O eventual prosseguimento ou conclusão do inquérito policial não terá conseqüências para o crédito tributário, mas sim para posterior ação de reparação de danos das supostas vítimas. Outrossim, da narração dos fatos pelo próprio contribuinte, bem como dos documentos acostados, é de se perceber que todos os fundamentos e acusações da referida queixa crime se fundam em suposto golpe sofrido pelos sócios da contribuinte. Entretanto, o que se verifica dos autos é que os sócios outorgaram a procuração livremente, foram Fl. 576DF CARF MF 12 beneficiados com suposto "empréstimo" para reformas, tinham poderes para movimentar a conta do Banco do Brasil, que não é a única conta objeto de omissão. Assim, absolutamente frágeis os argumentos defensivos. Face ao exposto, não acolho a preliminar de nulidade da decisão recorrida. Quanto ao pedido de nulidade/sobrestamento também não assiste razão ao recorrente. Não subsiste hipótese legal para se sobrestar o julgamento. No que se refere à arguição de responsabilidade pessoal dos procuradores, igualmente não assiste razão ao Recorrente. Primeiro porque a procuração outorgada para os mesmos era tão somente para movimentação da conta no Banco do Brasil, e as demais contas do recorrente também foram objeto de fiscalização e omissão. Outrossim, em sendo verdadeiros os fundamentos do Recorrente, ele teria sido, no mínimo, imprudente ao conferir a respectiva procuração, e arcou com o risco dos seus atos em troca de facilidades como um suposto empréstimo (que sequer foi comprovado), e benefícios econômicos e financeiros com a suposta operação de compra e venda de tickets. Todos os atos praticados o foram feitos com participação direta ou indireta da Recorrente, não havendo como sustentar a sua tese defensiva de atribuição de responsabilidade exclusiva e pessoal aos referidos procuradores. Além disso, ressaltese, ao conferir a procuração a Recorrente não perdeu os poderes de movimentação bancária junto à citada conta no Banco do Brasil, não havendo provas concretas de quem efetivamente a movimentou. Apesar disso, essas provas também não interfeririam, a meu ver, na manutenção do presente lançamento. Ademais, é no mínimo estranho que a Recorrente queira, agora, atribuir toda a responsabilidade aos referidos procuradores e, quando do processo de fiscalização, em resposta ao Termo de Intimação n. 12, tenha faltado com a verdade ao afirmar que jamais teria outorgado procuração aos Srs. Gervário e Cláudia. Outrossim, ressaltese mais uma vez, a contabilidade da empresa foi feita pela própria Recorrente, e o presente lançamento abarca a omissão da declaração de receita em outras instituições financeiras. Outrossim, se não bastasse isso tudo, instado a apresentar provas de suas alegações, seja no curso do procedimento de fiscalização, seja na sua defesa no curso desse processo administrativo fiscal, o Recorrente apenas reitera argumentos, e diz não ter documentos ou provas por terem sido furtadas nos constantes assaltos ao seu estabelecimento. Tratase portanto o Recorrente de uma vítima que não sabia de nada, que atribui toda a responsabilidade a seus procuradores, os quais receberam o instrumento procuratório livremente e movimentaram mais de R$ 18 milhões de reais em contas de sua titularidade, sem que ele soubesse de nada! Não há como acolher as alegações do Recorrente. No que se refere à origem dos depósitos bancários serem fruto de suposta comercialização de tickets, em que a recorrente ficaria com aproximadamente 1% da renda também não merece ser acolhida. Fl. 577DF CARF MF Processo nº 19515.000162/201137 Acórdão n.º 1401002.511 S1C4T1 Fl. 572 13 Primeiro não há a comprovação do fato. A Recorrente alega que os documentos teriam sido roubados. Segundo, como ela mesma confessa, o objeto comercial da empresa não seria compra e venda de tickets, mas sim comercialização de gêneros alimentícios. Terceiro, o que se tem é um grande volume de recebimento de operações realizadas com tickets, operações absolutamente convergentes com o seu ramo de atividade. Ou seja, o cliente adquire produtos em seu estabelecimento e paga mediante ticket. Essa é a presunção lógica da operação, jamais a fantasiosa tese sustentada pela Recorrente, a qual o faz sem qualquer prova concreta. Outrossim, a omissão das receitas não se deu apenas quanto ao recebimento em tickets ou com a movimentação na conta do Banco do Brasil, mas também foram omitidos recebimentos de vendas com cartões de crédito e débito, bem como movimentações em outras 2 contas de sua titularidade. O optante do SIMPLES tem um tratamento quanto à escrituração fiscal diferenciado, bem como a tributação como regra decorre de um percentual sobre o faturamento. Desta feita, não há sentido em se questionar os custos da atividade, créditos, efetivo acréscimo patrimonial, etc, quando tais elementos são estranhos à forma de tributação escolhida pelo Recorrente. Desta feita, tendo o autuante identificado claramente a receita omitida, não há o que se falar em necessidade de arbitramento tendo em vista que a forma de tributação escolhida pela Recorrente decorre da aplicação de um percentual legal à referida receita. Em que pese não tenha havido quebra de sigilo, vez que os extratos bancários foram fornecidos pela própria Recorrente, mesmo que tivesse ocorrido não haveria qualquer ilegalidade em razão de previsão legal e do entendimento manifestado pelo STF. De posse dos extratos bancários foi lavrado Termo de Intimação solicitando que o contribuinte informasse/comprovasse a origem dos créditos (depósitos) efetuados em contas corrente de sua titularidade. O contribuinte se omitiu perante a fiscalização. Outrossim, mesmo que assim não fosse, em que pese este Relator não concorde com o seu resultado, o STF no julgamento da ADI 2390 em 18.02.2016 entendeu ser constitucional a lei que permite ao Fisco o acesso aos dados bancários dos contribuintes. Ademais, diante da ausência de documentos hábeis, face o descumprimento das intimações realizadas, a solicitação de movimentação bancária do contribuinte foi meio absolutamente adequado e que se demonstrou eficaz. Como bem ressaltado na decisão recorrida, a partir de 1° de janeiro de 1997, com a edição da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 42, a existência dos depósitos bancários cuja origem não seja comprovada, foi erigida à condição de presunção legal de omissão de receita, conforme dispositivo legal já transcrito. Fl. 578DF CARF MF 14 Com essa nova previsão legal, sempre que o titular de conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento, está o Fisco autorizado/obrigado a proceder ao lançamento do imposto correspondente, não mais havendo a obrigatoriedade de se estabelecer o nexo causal entre cada depósito e o fato que represente omissão de receita. Nem poderia ser de outro modo, ante a vinculação legal decorrente do principio da legalidade que rege a Administração Pública, cabendo ao agente tãosomente a inquestionável observância do novo diploma. Ao fazer uso de uma presunção legalmente estabelecida, o Fisco fica dispensado de provar no caso concreto a omissão de rendimentos. Tratase de presunção iuris tantum, que admite prova em contrário, cabendo ao contribuinte a sua produção. O que não o fez de forma adequada. No mais, não trouxe o contribuinte nenhuma outra prova capaz de desconstituir a presunção legal, razão pela qual o crédito lançado é devido e legítimo, tendo agido bem a Delegacia de Julgamento. Ressaltese, ainda, que durante o período fiscalizado (janeiro) o contribuinte declarou receitas de aproximadamente R$ 10.000,00, quando de fato movimentou receitas que superam R$ 900.000,00, sem qualquer justificativa ou comprovação em contrário. Quanto à inaplicabilidade de juros sobre a multa, é pacífico neste Conselho o entendimento de que, de acordo com art. 161 do CTN, sobre o crédito tributário incidem juros de mora. Como a multa de ofício integra o crédito tributário, também sobre ela devem incidir juros de mora. Igualmente é pacífico que o crédito tributário não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. No que se refere à confiscatoriedade da penalidade aplicável, ressalto que as multas aplicáveis são as legalmente previstas, e não compete a este CARF apreciar alegações quanto à inconstitucionalidade de norma em razão do que dispõe a Súmula CARF n. 2. Entretanto, requer de forma subsidiária a redução da multa qualificada. Neste ponto cumpre ressaltar que o agente fiscal dividiu o lançamento em 2 grupos de receitas: Fl. 579DF CARF MF Processo nº 19515.000162/201137 Acórdão n.º 1401002.511 S1C4T1 Fl. 573 15 E segregando as omissões em 2 grupos bem definidos, aplicou a penalidade qualificada de 150% para o primeiro grupo e a penalidade de 75% para o segundo. E neste particular está a minha única discordância com o procedimento adotado pelo agente autuante. Isto porque, no primeiro grupo encontramse receitas recebidas de clientes e fornecedores e, de fato, nos termos do que dispõe a Súmula 25 do CARF, a presunção de omissão de receitas não importa de ofício na qualificação da multa. Por sua vez, o segundo grupo de receitas foi identificada em conta corrente à margem da contabilidade da Recorrente, razão pela qual, no meu entender, era este grupo que deveria ter a penalidade qualificada. Fl. 580DF CARF MF 16 O TVF não justifica adequadamente o motivo pelo qual majorou a penalidade do primeiro grupo, simplesmente presumindo a omissão como sonegação, indo de encontro com o previsto na Súmula CARF n. 25. Assim, face ao exposto, voto por acolher o recurso do contribuinte neste particular para o fim de reduzir a multa aplicada de 150% para 75%. Desta feita, dou parcial provimento ao Recurso Voluntário do contribuinte, tão somente, para reduzir a multa qualificada. É como voto. (assinado digitalmente) Daniel Ribeiro Silva Fl. 581DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15540.000306/2007-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
PRELIMINAR. NULIDADE. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA.
Não se comprovam dos autos a existência de preterição do direito e defesa, tendo em vista que os elementos apresentados pela defesa foram analisados, ainda que contra a expectativa do recorrente.
DESPESAS FINANCEIRAS DECORRENTES DE PASSIVOS FICTÍCIOS. NÃO COMPROVAÇÃO DO PASSIVO. GLOSAS MANTIDAS.
O exame 'de glosas de despesas financeiras realizado em diligência realizada junto à empresa demonstra a inexistência de fato dos empréstimos entre empresas que se configuram em simples transferências de caixa para a realização de aquisições societárias. Mantém-se a glosa realizada.
CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE. PROCEDÊNCIA.
Verificando-se que o lançamento decorre de glosa de despesas que influíram na composição do resultado do exercício, a glosa das despesas relativa à apuração do IRPJ, necessariamente se reflete na apuração da CSLL devida.
Numero da decisão: 1401-002.350
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos rejeitar as arguições de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário quanto à glosa de despesas decorrentes de empréstimos. Por voto de qualidade, negar provimento ao recurso em relação ao efeito das glosas de despesas na apuração da CSLL. Vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo De Oliveira Barbosa.
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201804
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 PRELIMINAR. NULIDADE. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. Não se comprovam dos autos a existência de preterição do direito e defesa, tendo em vista que os elementos apresentados pela defesa foram analisados, ainda que contra a expectativa do recorrente. DESPESAS FINANCEIRAS DECORRENTES DE PASSIVOS FICTÍCIOS. NÃO COMPROVAÇÃO DO PASSIVO. GLOSAS MANTIDAS. O exame 'de glosas de despesas financeiras realizado em diligência realizada junto à empresa demonstra a inexistência de fato dos empréstimos entre empresas que se configuram em simples transferências de caixa para a realização de aquisições societárias. Mantém-se a glosa realizada. CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE. PROCEDÊNCIA. Verificando-se que o lançamento decorre de glosa de despesas que influíram na composição do resultado do exercício, a glosa das despesas relativa à apuração do IRPJ, necessariamente se reflete na apuração da CSLL devida.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 15540.000306/2007-19
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5861155
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1401-002.350
nome_arquivo_s : Decisao_15540000306200719.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
nome_arquivo_pdf_s : 15540000306200719_5861155.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos rejeitar as arguições de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário quanto à glosa de despesas decorrentes de empréstimos. Por voto de qualidade, negar provimento ao recurso em relação ao efeito das glosas de despesas na apuração da CSLL. Vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo De Oliveira Barbosa.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
id : 7273062
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:17:41 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050308891901952
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1980; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 1.279 1 1.278 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15540.000306/200719 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401002.350 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de abril de 2018 Matéria IRPJ GLOSA DE DESPESAS Recorrente CDR CLÍNICAS DE DOENÇAS RENAIS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 PRELIMINAR. NULIDADE. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. Não se comprovam dos autos a existência de preterição do direito e defesa, tendo em vista que os elementos apresentados pela defesa foram analisados, ainda que contra a expectativa do recorrente. DESPESAS FINANCEIRAS DECORRENTES DE PASSIVOS FICTÍCIOS. NÃO COMPROVAÇÃO DO PASSIVO. GLOSAS MANTIDAS. O exame 'de glosas de despesas financeiras realizado em diligência realizada junto à empresa demonstra a inexistência de fato dos empréstimos entre empresas que se configuram em simples transferências de caixa para a realização de aquisições societárias. Mantémse a glosa realizada. CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE. PROCEDÊNCIA. Verificandose que o lançamento decorre de glosa de despesas que influíram na composição do resultado do exercício, a glosa das despesas relativa à apuração do IRPJ, necessariamente se reflete na apuração da CSLL devida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos rejeitar as arguições de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário quanto à glosa de despesas decorrentes de empréstimos. Por voto de qualidade, negar provimento ao recurso em relação ao efeito das glosas de despesas na apuração da CSLL. Vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 00 03 06 /2 00 7- 19 Fl. 1279DF CARF MF 2 Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo De Oliveira Barbosa. Relatório Iniciemos com a transcrição de trechos do relatório da Decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais, com os nossos acréscimos. Tratase de Recurso Voluntário interposto contra Acórdão no. 1224.531 (fls. 1421/1431) proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento n o Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), em sessão de 10 de junho de 2009, que, por unanimidade, julgou procedente em parte o lançamento, reduzindo, com isto, o prejuízo fiscal declarado (IRPJ) e a b ase de cálculo negativa da CSLL. Em suma, o ato inaugural deste processo foi a lavratura do auto de infração p ela DRF Niterói (RJ), anocalendário 2002, que consistiu no ajuste do prejuízo fiscal (do IRPJ) e da base de cálculo negativa (da CSLL) no montante de R$ 3.009.993,09 (fls. 13/16) através d a glosa de determinados valores. Importante citar primeiro que a Recorrente teve suas contas relativas ao ano c alendário de 1998 fiscalizadas, resultando no Processo Administrativo n° 10730.003796/200312, já julgado pela Quinta Câmara do Conselho de Contribuintes, através do Acórdão no. 10517.247, em sessão de 15/10/2008 (fls. 1383). Naquele processo, que ainda carece de apreciação de Recurso da Recorrente à Câmara Superior, restou apreciado que esta n ão comprovou empréstimos obtidos perante a empresa Tozzco / Brasnefro e perante a NMC do Brasil Ltda. Referidos valores continuam mantidos em seu balanço estando sujeitos a variação de juros. A fiscalização retornou a apreciar as contas da Recorrente e, conseqüentemente, lavrou auto de infração em decorrência de efeitos continuados. O Acórdão ora combatido foi assim fundamentado pela autoridade fiscalizad ora (fls. 1.423): “2.1 Custos ou despesas não comprovadas (R$ 418.350,01) para comprovação dos pagamentos à empresa Morita Importação e Exportação Ltda, o Fl. 1280DF CARF MF Processo nº 15540.000306/200719 Acórdão n.º 1401002.350 S1C4T1 Fl. 1.280 3 interessado apresentou notas fiscaisfaturas, sendo que grande parte delas con stituídas de outras vias que não as lª vias e de cópias. Não apresentou as dupli catas ou qualquer outro documento comprovando a quitação dos valores cont abilizados. 2.2 Glosa de despesas financeiras (R$ 2.591.643,08) despesas financeiras referentes a empréstimos não comprovados em fiscalização anterior (processo n°10730.003796/200312), sendo R$ 485.993,28 da Brasnefro Participações Ltda (antiga Tozzco Participações S/C Ltda) e R$ 2.105.649,80 da NMC do Brasil Ltda.” Os integrantes da DRJ/RJ1, por unanimidade, julgaram procedentes em parte os lançamentos, ou seja, mantiveram a glosa de despesas financeiras no valor de R$ 485.993,28, conseqüentemente o prejuízo fiscal declarado (IRPJ) ficou alterado de R$ 4.560.072,32 (fl. 22) para R$4.074.079,04, igual valor para a base negativa da CSLL (fls. 1.427 /8). Os fundamentos apresentados no Acórdão combatido (nº 1224.531), para red ução do auto de infração, podem ser assim resumidos (Fls. 1421/1.431): Custos ou despesas não comprovadas R$ 418.350,01 (fls. 1426) O fiscal deveria ter demonstrado o efeito no resultado de transferir valores q ue estavam no ativo; a despeito de o contribuinte não ter apresentado a 1ª via da NF, apresentou a s demais que possuem valor jurídico; a dedutibilidade de custo ou despesa independe de pagamento; o lançamento realizado não foi acertado, tornandoo inapto e incerto, ocasionando, portanto, sua inexigibilidade. Glosa de despesas financeiras “não cabe nova apreciação do passivo com a Brasnefro, pois significaria rev er o acórdão do Conselho de Contribuintes [Processo no. 10730.003796/200312,]. Em sendo a ssim, se este passivo é ficto, a respectiva despesa financeira, de R$ 485.993,28, deve ser glosad a.” (fls. 1427). “Por outro lado, o passivo e a despesa financeira do empréstimo com a NM C será apreciado, visto que no lançamento anterior não houve exame de documentos (a matéria foi considerada preclusa, por falta de questionamento à primeira instância)”. “Com relação a estes empréstimos (da NMC valor de R$ 2.105.649,80), os documentos juntados às fls. 673/688 comprovam a existência do passivo, não se justificando a autuação.” (fls. 1427). Fl. 1281DF CARF MF 4 assim, mantida a glosa da despesa financeira com a Brasnefro no valor de R $ 485.993,28; logo, o prejuízo fiscal declarado (IRPJ) fica alterado de R$ 4.560.072,32 (fl. 22) para R$ 4.074.079,04.” (fls.. 1427). CSLL “Na apreciação dos documentos relativos aos empréstimos com a Brasnefro, o Conselho de Contribuintes considerou o passivo ficto. Ora, se inexiste contabilmente o passivo, consequentemente inexiste a despesa financeira e o resultado apurado pelo interessado deve ser ajustado, excluindose tal despesa. Se assim não fosse, estaria fazendo da legislação comercial tabula rasa, ou seja, qualquer valor poderia ser contabili zado sem qualquer compromisso com a verdade. Portanto, com a glosa da despesa financeira, n o valor de R$ 485.993,28, a base de cálculo negativa da CSLL declarada (fl. 32) fica alterada d e R$ 4.560.072,32 para R$ 4.074.079,04.” (fls. 1428) Intimada a Recorrente em data de 20/07/2009 via AR. (fls. 1603), apresentou Recurso Voluntário em data de 19/08/2009 (fls. 1607 e segs.). No recurso interposto pelo contr ibuinte, foram apresentadas as seguintes razões para reforma do capítulo do Acórdão nº 1224. 531, da 2ª Turma da DRJ/RJ1, referente à glosa de despesas financeiras no valor de R$ 485.99 3,28: Da nulidade do acórdão recorrido a) “ainda que ambos os processos tratem de matérias relacionadas, a análise d o conjunto de argumentos e provas constituído no presente processo administrativo não tem qualquer relação de dependência com o primeiro e, justamente por este motivo, deve haver sua necessária apreciação.” Fl. 1.613; b) “Tanto isto é verdade, que, se, ao contrário, o primeiro lançamento tivesse sido cancelado pelo antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, a exigência feita nestes autos não estaria automaticamente afastada, podendo ser, inclusive, proferida decisão no sentido de sua manutenção.” Fl. 1.613; c) “Não é demais lembrar que o resultado obtido nos autos daquele processo administrativo deveuse, em grande parte, ao fato de que a apresentação das provas para o afastamento da exigência ocorreu apenas por ocasião da apresentação do Recurso Voluntário, o que acabou por interferir na sua correta apreciação.” F l. 1.614; d) “Ademais, não se deve olvidar que a decisão proferida nos autos daquele processo administrativo não é definitiva, tendo em vista que, além de não ter a Recorrente sido formalmente dela intimada, ainda poderá apresentar recursos para a sua reform a.” Fl. 1.615; e) “a Recorrente ainda poderá dispor de todos os recursos previstos na legisla ção para a sua reforma, bem como poderá discutir judicialmente a exigência.” Fl. 1.615; f) Alega que, pelos motivos acima elencados, “a e. Turma Julgadora incorreu na nulidade prevista pelo art. 59, II, do Decreto n° 70.235/72”; g) Pediu, por fim, a anulação do acórdão no capítulo referente à “à glosa de d espesas financeiras relativas à empresa Brasnefro Participações Ltda. (antiga Tozzco Participaç ões S/C Ltda.), para que outro seja proferido, analisandose os documentos apresentados.” Fl. 1.616; Fl. 1282DF CARF MF Processo nº 15540.000306/200719 Acórdão n.º 1401002.350 S1C4T1 Fl. 1.281 5 No mérito h) Cita que, no processo administrativo nº 10730.003796/200312, houve entendimento por parte da Fazenda que a Brasnefro Participações Ltda. e a ora recorrente eram a mesma pessoa jurídica; Fl. 1.617; i) Em face dos documentos apresentados pela Recorrente em sua impugnação , não é possível manterse tal conclusão, pois possuem CNPJ diferentes, objetos sociais diferentes, endereços diferentes, etc.” Fl. 1.617; j) Alega que, por ausência de previsão legal, não há como pretender aplicar à CSLL às disposições da legislação do IRPJ para fins de glosa de despesas não comprovadas (Fl . 1.621). Invoca o art. 5º, II, da CF/88, os arts. 97 e 108, do CTN, a Lei nº 7.689/88 e a Instruçã o Normativa nº 390/04; k) A fiscalização procedeu à glosa de despesas no valor de R$ 485.993,28, ob jeto de juros incorridos no exercício 2002, incidente sobre o valor total de R$ 4.275.378,61, co mposto de (Fl. 1.624): l) Alega que o passivo não é fictício, e apresenta informações e documentos. Da não liquidação dos empréstimos Os passivos permanecem em aberto, “em virtude dos investimentos que tive ram que ser realizados em cumprimento às disposições legais.” (Fl. 1.692); Alega que a clínica teve de recorrer a financiamento junto a terceiros para re alizar investimentos e para atender às necessidades de caixa (Fl. 1.694); Da ilegitimidade da glosa de despesas financeiras a título de juros sobre empr éstimos “...uma vez comprovado que os empréstimos realizados caracterizavamse, efetivamente, como passivos, como exaustivamente demonstrado, e como tal estão contabilizados, não se pode admitir a glosa dos valores relativos a juros, porque decorrentes da obrigação principal (empréstimos).” Fl. 1.696; Fl. 1283DF CARF MF 6 Do pedido Por fim, pediu a anulação do acórdão nº 1224.531, e, na eventualidade, o pr ovimento do recurso voluntário (fls. 1.697) Em decorrência da inclusão deste processo na pauta de julgamento, a recorrente apresentou Memorial, noticiando que: Em 25/04/2006, os débitos com a Brasnefro (antiga Tozzco) foram renegociados e consolidados, incluídos os valores de R$ 1.861.343,00, R$ 12 5.020,00, R$ 1.476.101,89 e R$ 812.913,72. Definiuse que o débito consolidado da CDR frente à Bransnefro era R$ 9.2 69.418,22, sendo R$ 4.005.438,84 (R$ 125.020,00 + R$ 1.206.162,12 + R$ 1 .861.343,00 + R$ 812.913,72) de principal e R$ 5.263.979,38 de juros, até 31 /03/2006; Foi estabelecido novo termo para pagamento do débito, o dia 31/12/2010; Estabeleceuse, também, que sobre o principal incidiria 1% de juros ao mês; Em 01/07/2008, a Brasnefro utilizou o crédito de R$ 10.343.336,60 que pos suía frente à Recorrente para integralizar a totalidade do aumento do capital s ocial, qual seja, R$ 34.449.390,00, tornandose, assim, acionista da CDR; A capitalização do crédito ocorreu após a Recorrente ter aumentado seu cap ital social de R$ 489.376,58 para R$ 34.938.766,58; Essa operação tem fundamento legal no § 2º, do art. 171, da Lei nº 6.404/1976; A liquidação dos empréstimos comprovam que não há passivo fictício a legi timar a glosa da despesa financeira. Juntou cópia do “Instrumento particular de consolidação de empréstimos, co nfissão de dívida e outras avenças” e a “Ata de assembléia geral extraordinári a realizada em 1 de julho de 2008”. Iniciado o julgamento a turma decidiu converter o julgamento em diligência a fim de que a Delegacia de Origem intime o contribuinte a apresentar documentos e informações e apresente respostas às seguintes questões: a) dê ciência desta resolução ao contribuinte para que, desejando, entregue d ocumentos, informações e planilhas para a melhor análise da fiscalização; b) analise todas as provas e argumentos trazidos sob as seguintes premissas, verificando: b.1) a existência ou não dos contratos firmados com as empresas cedentes de financiamento; b.2) o registro dos contratos pela Recorrente buscando constatar a real mo vimentação financeira entre as partes envolvidas; b.3) o efetivo registro contábil do passivo na empresa Recorrente; Fl. 1284DF CARF MF Processo nº 15540.000306/200719 Acórdão n.º 1401002.350 S1C4T1 Fl. 1.282 7 b.4) a efetiva tributação da receita financeira pelas empresas que emprestaram os valores à Recorrente; b.5) declarar se a despesa financeira lançada a resultado está ou não prova da, podendo ou não ser considerada dedutível e o porquê, em caso contrár io; c) caso se considere impossível a utilização do critério de rateio do item “ b.3”, enviar ao contribuinte documento com a exposição detalhada das dif iculdades do cálculo, intimandoo a comprovar o rateio que entende corre to, concedendo o prazo mínimo de 30 (trinta) dias para tanto; d) elabore relatório de diligência circunstanciado, especificando o totalde despesas com variações cambiais a que o contribuinte tem direito, e, por consequência, qual o crédito de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2002 passível de restituição/compensação; e) dê ciência desse relatório ao contribuinte para sobre ele se manifestar, c aso deseje, no prazo de 30 (trinta) dias, retornandose os autos a este Cole giado para ulterior julgamento. Realizada a diligência a fiscalização apresentou as seguintes respostas e esclarecimentos aos quesitos formulados: 3 – DOS QUESITOS CARF a) Existência ou não dos contratos firmados com as empresas cedentes de financiamento. Resposta: Documentos apresentados na diligencia, mas que já constavam no processo. b) O registro dos contratos pela Recorrente, buscando constatar a real movimentação financeira entre as partes envolvidas; Resposta: A recorrente apresentou extratos bancários, comprovando as operações entre as partes envolvidas, porém esses documentos já faziam parte do processo. c) O efetivo registro contábil na empresa Recorrente; Resposta: Constatamos os registros contábeis das operações de empréstimo. d) A efetiva tributação da receita financeira pelas empresas que emprestaram os valores à Recorrente; Resposta: A recorrente apresentou cópias dos livros contábeis da TOZZCO (Livro Diário e Razão – doc. 29), com as informações de Fl. 1285DF CARF MF 8 tributação das receitas financeiras relativos aos juros recebidos em decorrência dos contratos de empréstimo. e) Se a despesa financeira lançada a resultado está ou não provada, podendo ou não ser considerada dedutível e o porquê, em caso contrário; Resposta: Diante do presente relatório, consideremos indedutível as despesas financeiras referente aos juros decorrente dos contratos de empréstimos pelos motivos já expostos. f) Caso considere impossível a utilização do critério de rateio das despesas com juros, enviar ao contribuinte documento com a exposição detalhada das dificuldades do cálculo, intimandoo a comprovar o rateio que entende correto, concedendo o prazo mínimo de 30 (trinta) dias para tanto; Em 01/06/2017, intimamos a recorrente a apresentar a forma de rateio das despesas com juros no valor de R$ 485.993,28, conta 7.2.3.01.003. Dentro do prazo legal, a recorrente apresentou planilhas demonstrativas, cópia do “Razão Analítico” da conta contábil nº 2.1.1.13.008 e Balancete contábil analítico. g) Elabore relatório de diligência circunstanciado, especificando o total de despesas com juros a que o contribuinte tem direito, e, por conseqüência, qual o crédito de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2002 passível de restituição/compensação; Resposta: Relatório elaborado. Cumpre ressaltar que o sujeito passivo contou com acentuado prazo à sua disposição, desde a execução do procedimento fiscal até esta fase recursal, para promover a adequada instrução probatória. Não se pode protelar indefinidamente tal instrução em detrimento da resolução definitiva do litígio instaurado. Nem mesmo o princípio da verdade material pode justificar tal circunstância, sobretudo diante do fenômeno da preclusão, contrário ao citado princípio. Portanto, diante dos fatos apresentados somos favoráveis a glosa integral da despesa financeira na ordem de R$ 485.993,28, ficando o prejuízo fiscal declarado de R$ 4.560.072,32 (fls. 22) para R$ 4.074.079,04 e igual valor para a base negativa da CSLL (fls. 1.427/1.428). É o relatório. Voto Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Fl. 1286DF CARF MF Processo nº 15540.000306/200719 Acórdão n.º 1401002.350 S1C4T1 Fl. 1.283 9 O recurso é tempestivo e preenche os requisitos legais, assim dele tomo conhecimento. Passemos a analisar o recurso na ordem de argumentos aduzidos no recurso voluntário. Nulidade do Acórdão Recorrido Alega a recorrente neste item que a nulidade do acórdão decorre de preterição do direito de defesa em razão de a decisão recorrida não ter analisado os documentos relativos ao empréstimo junto à empresa Brasnefro Participações (antiga Tozzco Participações S/C Ltda) haja vista que, nos autos do processo nº 10730.003796/200312, já julgados no Conselho de Contribuintes, as despesas com este empréstimo foram consideradas passivo fictício por falta de comprovação. Entende que os processos são independentes e que, assim, deveriam os documentos ser novamente analisados neste processo. Em relação às nulidades assim se apresentam as normas do Decreto nº 70.235/72. Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Neste caso a recorrente alega a preterição do direito de defesa em razão de não terem sido analisados os documentos relativos aos empréstimos obtidos junto à empresa Brasnefro. Ocorre, no entanto, que no presente caso não houve preterição ao direito de defesa. Na verdade o que ocorreu foi o fato de a Delegacia de Julgamento, em relação aos empréstimos citados ter concordado com a análise já realizada nos autos do processo nº 10730.003796/200312, onde os empréstimos foram considerados não comprovados e considerados passivo fictício. O fato de a decisão de Piso ter utilizado estes fundamentos não pode ser considerado cerceamento do direito de defesa quando são apresentados os fundamentos por ela utilizados para deixar de proceder à análise dos documentos. Para se caracterizar o cerceamento haveria a decisão de deixar de apresentar seus fundamentos de decidir, o que não ocorreu. Mais ainda, os fundamentos de decidir foram utilizados pelo próprio contribuinte em seu recurso com vistas a buscar o convencimento deste colegiado quanto à aceitação dos mesmos empréstimos como passivo e geradores de despesas financeiras. Por tudo isto, voto no sentido de rejeitar a preliminar suscitada. Mérito – Empréstimo com a Bransnefro Participações S/C Ltda Fl. 1287DF CARF MF 10 Neste ponto o recorrente apresenta documentos onde pretende demonstrar que a decisão proferida no outro processo seria incorreta, pois entende que existe a comprovação dos empréstimos realizados e, assim, existe o passivo que foi anteriormente considerado fictício. Da Composição do Valor de R$ 485.993,28 de dedução de despesas de juros com empréstimos Apresenta neste item, longa argumentação na qual pretende demonstrar que os valores dos empréstimos realizados junto à Brasnefro são regulares e legítimos e, assim, não devem ser considerados passivo fictício da empresa. Da Ilegitimidade da Glosa de Despesas Financeiras a Título de Juros sobre Empréstimos Complementa o item acima, apenas para demonstrar que apresentado os documentos e fatos que entende serem viáveis à comprovação dos juros, pleiteia o cancelamento das glosas. Em relação aos três itens acima que referemse, ao final, ao mesmo problema da análise da comprovação dos empréstimos obtidos junto à empresa Brasnefro, passo a apresentar as conclusões da análise promovida pela diligência determinada pela Turma Julgadora deste mesmo CARF. Vejamos, item a item, a realização da análise. Contrato de empréstimo no valor de R$ 1.861.343,00(conta 2.1.1.13.007) Nessa operação, são apresentados 3 (três) contratos a saber: a) Em 21/12/1995, foi firmado Instrumento Particular de Cessão de Direitos e Obrigações (doc. 03 da diligencia), no qual a empresa Tozzco Participações S/C Ltda (atual Brasnefro Participações Ltda) transferiu à recorrente todos os direitos e obrigações decorrentes da carta de intenção datada de 01/07/1995 (documento não localizado no processo nem na diligencia), na qual os sócios do Instituto Mineiro de Nefrologia Ltda (IMN) com sede em MG, se comprometem a vender à Tozzco Participações S/C Ltda, ou a quem ela indicasse, as quotas do IMN; b) Na mesma data, 21/12/1995, a recorrente celebrou contrato de Compra e Venda de Quotas (doc. 04 da diligencia) com os sócios do “IMN”, adquirindo a totalidade da participação societária desta pessoa jurídica, no valor total de R$ 1.861.343,00; c) Por fim, em 27/12/1995, a recorrente firmou com a Tozzco Participações S/C Ltda (atual Brasnefro Participações Ltda) contrato de empréstimo no valor total de R$ 1.861.343,00; Para comprovar a operação, a impugnante apresentou seu extrato bancário e da Tozzco Participações S/C Ltda (doc. 06), onde verificamos a transferência bancária no Fl. 1288DF CARF MF Processo nº 15540.000306/200719 Acórdão n.º 1401002.350 S1C4T1 Fl. 1.284 11 valor de R$ 1.819.593,00, que corresponde à diferença entre o valor de empréstimo (R$ 1.861.343,00) e o sinal pago aos sócios do “IMN” (R$ 41.750,00 – extrato da Tozzco). Em 03/01/1996, a impugnante efetuou pagamento aos sócios do “IMN”, mediante 3 (três) depósitos bancários no valor de R$ 606.531,00, cada (doc. 07), concluindo o procedimento de aquisição da participação societária. Apresentou extrato bancário e 9ª Alteração do Contrato Social do “IMN”, para comprovar a operação (doc. 08 e 09). Cópia do livro Diário da recorrente (doc. 10) foi apresentado onde verificamos a escrituração do recebimento do valor de R$ 1.819.593,00 (Ativo), bem como o registro no passivo do empréstimo recebido no valor de R$ 1.861.343,00. Foi apresentando também aditamento firmado em 01/03/1996, entre a recorrente e a Tozzco Participações S/C Ltda, onde consta a prorrogação do prazo de vencimento do empréstimo para 01/03/2007 e notificação extrajudicial da Tozzco Participações S/C Ltda, datado de 23/11/2006 (doc. 11). Teceremos alguns comentários em relação à documentação juntada pela interessada, referente a esta operação: a) Instrumento Particular de Cessão de Direitos e Obrigações (doc. 03 da diligencia). Falta de assinatura da recorrente; Falta de identificação das testemunhas; Falta do Registro em cartório de Títulos e Documentos; b) Contrato de Compra e Venda de Quotas (doc. 04 da diligencia) Falta de assinatura da recorrente; Falta de identificação das testemunhas; Falta do Registro em cartório de Títulos e Documentos; c) Contrato de empréstimo no valor total de R$ 1.861.343,00 (doc 05 da diligencia); Falta do Registro em cartório de Títulos e Documentos; Não consta cláusula contratual que disponha sobre garantias do empréstimo realizado, subestimando altos riscos de inadimplência; Falta de apresentação de protestos realizados em cartório e execução judicial; Fl. 1289DF CARF MF 12 Mesmo não levando em conta os vícios apontados (falta de assinaturas, falta de registro, falta de cláusulas contratuais, falta de protesto ou execução, falta de testemunhas) o que causa estranheza é a correspondência encaminhada ao Banco Itaú S/A (fls 405 do processo), com a seguinte informação: “Vimos, por meio desta, solicitar a emissão de 3(três) cheques administrativos (vide relação abaixo), os quais deverão ser entregues ao nosso funcionário Alan Zelano, cujos valores serão debitados de nossa conta corrente junto a esta instituição, de número 015970, agência 2901, em nome de CDR Clínica de Doenças Renais S/A” Observamos que a correspondência foi assinada pelo controller Alberto Pereira e o Gerente Financeiro João Cláudio Vercesi, que solicitaram a entrega dos cheques ao funcionário Alan Zelano, cuja agencia 2901, localizase na Torre do Shopping Rio Sul, Botafogo Rio de Janeiro. Outra correspondência (fls 408 do processo) assinada pelo mesmo Controller e mesmo Gerente Financeiro e que deverá ser entregue ao mesmo funcionário Alan Zelano, mesma agencia (Torre do Rio Sul, em Botafogo, no Estado do Rio de Janeiro), apesar do domicílio fiscal da empresa Tozzco Participações S/C Ltda (atual Brasnefro Participações Ltda) está localizada em SP, na época da realização dos negócios, com a seguinte comunicação: “ Vimos, por meio desta, solicitar a emissão de 1(um) cheque administrativo (vide relação abaixo), o qual deverão ser entregues ao nosso funcionário Alan Zelano, cujo valor será debitado de nossa conta corrente junto a esta instituição, de número 010765, agência 2901, em nome de Tozzco Participações S/C Ltda. O que se pode concluir dessa documentação é que, apesar da conta bancária número 010765 ser da titularidade da empresa Tozzco Participações S/C Ltda, esta e a recorrente são empresas do mesmo grupo econômico, não obstante terem objetos sociais diferentes, tendo sido constituído para gerir os recursos da recorrente. Isso explica o fato da recorrente não ter efetuado qualquer pagamento durante mais de 10 anos, não ter a Tozzco Participações S/C Ltda realizado qualquer protesto ou execução judicial, configurando tãosomente em um planejamento tributário capaz de criar recursos que servisse de suporte para as aquisições posteriormente promovidas. B) Empréstimo recebido no valor de R$ 1.476.101,89(conta 2.1.1.13.007) Nessa operação, são apresentados 2 (dois) contratos a saber: a) Em 05/10/1995, foi firmado contrato de empréstimo no valor de R$ 1.206.162,12 (doc. 12 da diligencia), entre a empresa Tozzco Participações S/C Ltda (atual Brasnefro Participações Ltda) e a “SIC” Serviços Médicos Ltda, CNPJ 44.692.077/000145; b) Posteriormente, em 06/10/1996, a “SIC” firmou com recorrente Instrumento Particular de cessão de direitos e obrigações (doc. 13), figurando a TOZZCO na Fl. 1290DF CARF MF Processo nº 15540.000306/200719 Acórdão n.º 1401002.350 S1C4T1 Fl. 1.285 13 condição de interveniente e anuente, onde foi transferido a dívida firmado com a Tozzco Participações S/C Ltda em 05/10/1995; A impugnante apresentou cópia do livro Diário (doc. 14), para comprovar o registro na contabilidade da requerente (passivo) da dívida decorrente de empréstimo no valor atualizado de R$ 1.476.101,89, que corresponde ao valor captado pela “SIC” em 05/10/1995 acrescido dos juros até 31/10/1996; Por fim, recebeu da “SIC” a participação societária na Clínica do Rim Artificial São João do Mereti Ltda, CNPJ 30.647.465/000108 (doc. 15) e apresentou notificação extrajudicial feita pela TOZZCO em 23/11/2006 (praticamente 10 anos após firmado contrato); Teceremos alguns comentários em relação à documentação juntada pela interessada, referente a esta operação: contrato de empréstimo no valor de R$ 1.206.162,12 entre a empresa Tozzco Participações S/C Ltda e a “SIC” Serviços Médicos Ltda (doc. 12 da diligencia). a) Alberto Pereira como testemunha, coincidindo com a correspondência enviada ao Itaú, pela empresa CDR – Clínica de Doenças Renais; b) Falta do Registro em cartório de Títulos e Documentos; c) Não consta cláusula contratual que disponha sobre garantias do empréstimo realizado, subestimando altos riscos de inadimplência; Falta de apresentação de protestos realizados em cartório e execução judicial (apresentou uma cobrança extrajudicial 10 anos após firmado contrato); b) Instrumento Particular de cessão de direitos e obrigações (doc. 13) Falta de identificação das testemunhas; Falta do Registro em cartório de Títulos e Documentos; Aqui cabem as mesmas considerações apresentadas no item anterior (Contrato de empréstimo no valor de R$ 1.861.343,00), pois estamos diante de operação envolvendo a empresa Tozzco Participações S/C Ltda que, pelas evidencias retratadas, trata se de operações contábeis capazes de criar recursos que serviram de suporte para aquisições posteriormente promovidas pela recorrente. Mesmo não levando em conta os vícios apontados (falta de assinaturas, falta de registro, falta de cláusulas contratuais, falta de protesto ou execução, falta de testemunhas) o que causa surpresa é a correspondência encaminhada ao Banco Itaú S/A (fls 487 do processo), com a seguinte informação: “Vimos, por meio desta, solicitar que seja feita transferência eletrônica de fundos, no valor de R$ 1.116.162,12 (hum milhão cento e dezesseis mil sessenta e dois reais), cujos valores serão debitados de nossa conta corrente junto a esta instituição, de número 010765, agência 2901, em nome de Tozzco Participações S/C Ltda, creditando a conta Fl. 1291DF CARF MF 14 corrente da mesma instituição de número 005834, agência 1074, em nome de SIC Serviços Médicos S/A”. Correspondência assinada pelo Controller Alberto Pereira, cuja agencia 2901, da instituição financeira Itaú, localizada na Torre do Shopping Rio Sul, Botafogo Rio de Janeiro, mesma agência da recorrente. Observese que a Empresa Tozzco tinha, na época, domicílio em São Paulo, mas mantinha conta corrente em instituição financeira na agência bancária da CDR – Clínica de Doenças Renais S/A. O controler que envia a correspondência ao Banco Itaú pela empresa Tozzco e o mesmo que enviou outra correspondência para a recorrente (folha 405). O que se pode concluir dessa documentação é que, apesar da conta bancária número 010765 ser da titularidade da empresa Tozzco Participações S/C Ltda, esta e a recorrente são empresas do mesmo grupo econômico, apesar de terem objetos sociais diferentes, tendo sido constituído apenas para gerir os recursos da recorrente. Isso explica o fato da recorrente não ter efetuado qualquer pagamento durante mais de 10 anos, não ter a Tozzco Participações S/C Ltda realizado qualquer protesto ou execução judicial, configurando tãosomente engenharia contábil capaz de criar recursos que servisse de suporte para as aquisições posteriormente promovidas. c)Empréstimo recebido no valor de R$ 125.020,00 Tratase de contrato de empréstimo entre a Tozzco e a recorrente com o objetivo de obter recursos para aquisição da empresa Nephron Brasília Serviços Médicos Ltda, CNPJ 32.911.992/000103 (doc. 17). O valor referese ao sinal pago aos sócios da empresa para garantia da aquisição da participação societária da pessoa jurídica. Apresentou cópia do livro diário (doc. 18) comprovando a escrituração da operação na recorrente. Teceremos alguns comentários em relação à documentação juntada pela interessada, referente a esta operação: a) contrato de empréstimo no valor de R$ 125.020,00 Alberto Pereira como testemunha, coincidindo com a correspondência enviada ao Itaú, pela empresa CDR – Clínica de Doenças Renais – recorrente e Tozzco Participações; Falta do Registro em cartório de Títulos e Documentos; Não consta cláusula contratual que disponha sobre garantias do empréstimo realizado, subestimando altos riscos de inadimplência; Falta de apresentação de protestos realizados em cartório e execução judicial (apresentou uma cobrança extrajudicial 10 anos depois de firmado contrato); Mais uma vez cabe a mesma observação apresentada nos itens anteriores, ou seja, os elementos colacionados aos autos permitem concluir que efetivamente inexiste Fl. 1292DF CARF MF Processo nº 15540.000306/200719 Acórdão n.º 1401002.350 S1C4T1 Fl. 1.286 15 passivo da recorrente com a empresa Tozzco Participações, tudo levando a crer que esta foi criada para movimentar recursos da recorrente. Podemos observar que os cheques (em anexo) emitidos para pagamento aos sócios da empresa “Nefron”, todos da indigitada conta 010765 da agência Banco Itaú, mesma agencia da recorrente, apresentando assinaturas semelhantes ao documento de fls 405 do processo, enviado pelo funcionário da recorrente. O que se pode concluir dessa documentação é que a conta bancária da qual proveio os recursos era de titularidade da própria recorrente, onde concluímos que o passivo é ficto, representando a operação um planejamento tributário capaz de justificar os recursos para as aquisições das empresas citadas. D) Empréstimo recebido no valor de R$ 812.913,72 A empresa SIC – Serviços Médicos S/A se compromete a vender suas ações para TOZZCO, no valor de R$ 812.913,72, conforme valores adiantados aos sócios, escriturado no livro diário (doc.21). A TOZZCO acordou com a recorrente que cederia todos os direitos e obrigações decorrentes da aquisição da SIC, firmando em 26/08/1998 Instrumento particular de Cessão de Crédito (doc. 22), no valor de R$ 812.913,72. Na mesma data, foi celebrado Instrumento Particular de Venda e Compra de Ações entre a recorrente e os sócios da SIC, sendo que a recorrente adquiriu as ações da SIC pelo preço ajustado anteriormente. Teceremos alguns comentários em relação à documentação juntada pela interessada, referente a esta operação: a) Instrumento particular de Cessão de Crédito (doc. 22), no valor de R$ 812.913,72; Falta de identificação das testemunhas; Falta do Registro em cartório de Títulos e Documentos Não consta cláusula contratual que disponha sobre garantias do empréstimo realizado, subestimando altos riscos de inadimplência; Falta de apresentação de protestos realizados em cartório e execução judicial (apresentou uma cobrança extrajudicial 10 anos depois de firmado contrato); Cabem as mesmas considerações apresentadas nos itens anteriores, uma vez que estamos diante de transações financeiras envolvendo a empresa “Tozzco” e a recorrente apresentando mesmas características, com semelhanças de cláusulas, ausência de registro em cartório e falta de apresentação de garantias. A corroborar toda as ilações apresentadas, o documento apresentado pela recorrente, onde a empresa Brasnefro Participações S/A utilizou o suposto crédito que tinha Fl. 1293DF CARF MF 16 com a fiscalizada, para integralizar aumento de capital na recorrente, tornandose acionista, comprova que as empresa Tozzco Participações S/A e CDR – Clínica de Doenças Renais eram a mesma pessoa jurídica, apesar de terem CNPJ, objetos e sócios diferentes e que “Tozzco” (atual Brasnefro Participações S/A) foi constituída apenas para movimentar os recursos da própria recorrente. CONCLUSÃO Portanto, diante dos fatos apresentados somos favoráveis a glosa integral da despesa financeira na ordem de R$ 485.993,28, ficando o prejuízo fiscal declarado de R$ 4.560.072,32 (fls. 22) para R$ 4.074.079,04 e igual valor para a base negativa da CSLL (fls. 1.427/1.428). Verificase, da leitura do relatório de diligência apresentado pela fiscalização que, após a análise dos argumentos e documentos apresentados pela empresa, a fiscalização apresenta argumentos de fato e de direito no sentido de demonstrar que, a despeito das alegações da empresa, resta demonstrado que os valores transferidos de uma empresa para a outra tratam apenas formalmente de empréstimos entre empresas. No entanto, realizada uma análise aprofundada verificase que, apesar dos registros contábeis dos mesmos a transferência de recursos não pode ser considerada como empréstimos, entre outros fatores por falta de requisitos formais dos documentos contratuais e, além disso, pelo fato de as relações entre as empresas demonstrarem que os recursos advindos da empresa Brasnefro referiremse a valores utilizados por ambas as empresas, funcionando, em verdade a Brasnefro como caixa da recorrentes. Por fim, e mais relevante, há de se citar o fato de que, decorridos dez anos da realização dos ditos empréstimos, estes não foram, cobrados, nem saldados, não existindo comprovação de que estes empréstimos seriam efetivos e não uma simples transferência de recursos de caixa entre empresas do mesmo grupo. À vista do exposto, considerando a análise realizada na diligência determinada anteriormente e concordando com as conclusões apresentadas pela fiscalização, entendo que restou demonstrada a inexistência de fato dos empréstimos entre as empresas e, assim, devem ser consideradas procedentes as glosas das despesas a eles relativas. Assim, voto no sentido de negar provimento ao recurso quanto a este título. Dedutibilidade das Despesas para fins de Apuração da CSLL Após apresentar uma extensa narrativa sobre a legislação da contribuição social, entende que as glosas de despesas relativas a glosas de despesas não comprovadas, por se referirem a legislação específica do IRPJ, não podem ser aplicadas para a CSLL. Neste ponto, entendo não assistir razão ao recorrente. As despesas que foram objeto de glosa por parte da fiscalização e que levaram à redução das bases de cálculo negativas da CSLL referemse a despesas utilizadas na redução do resultado do exercício. Ora, sendo assim, estas despesas, quando glosadas, influem na apuração do resultado da empresa e, com isso, influem na base de cálculo de apuração da CSLL, razão pela Fl. 1294DF CARF MF Processo nº 15540.000306/200719 Acórdão n.º 1401002.350 S1C4T1 Fl. 1.287 17 qual, a glosa da despesa realizada tem, obrigatoriamente, de refletir na apuração da CSLL devida. Desta forma, em relação a este ponto, entendo que as glosas realizadas tem de influir na apuração do resultado da empresa e, por consequência, devem influir na apuração da base de cálculo da CSLL, razão pela qual não assiste razão ao recorrente e pelo que voto no sentido de negar provimento ao recurso. Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Fl. 1295DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.900379/2009-80
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/08/1996 a 31/08/1996
VÍCIO NA REPRESENTAÇÃO. FALTA DO INSTRUMENTO DE PROCURAÇÃO. INTIMAÇÃO NÃO ATENDIDA. INCAPACIDADE PROCESSUAL. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC.
Constatando-se que o processo não está devidamente instruído com o instrumento de procuração, deve a autoridade intimar o contribuinte a sanar o vício em seu recurso. Não atendida a intimação, resta configurada a incapacidade processual e, portanto, aplica-se o art. 76, § 2º, II, do CPC.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3002-000.153
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto da Silva Esteves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Alan Tavora Nem e Carlos Alberto da Silva Esteves
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DA SILVA ESTEVES
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/08/1996 a 31/08/1996 VÍCIO NA REPRESENTAÇÃO. FALTA DO INSTRUMENTO DE PROCURAÇÃO. INTIMAÇÃO NÃO ATENDIDA. INCAPACIDADE PROCESSUAL. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC. Constatando-se que o processo não está devidamente instruído com o instrumento de procuração, deve a autoridade intimar o contribuinte a sanar o vício em seu recurso. Não atendida a intimação, resta configurada a incapacidade processual e, portanto, aplica-se o art. 76, § 2º, II, do CPC. Recurso Voluntário Não Conhecido.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10865.900379/2009-80
anomes_publicacao_s : 201806
conteudo_id_s : 5868139
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3002-000.153
nome_arquivo_s : Decisao_10865900379200980.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO DA SILVA ESTEVES
nome_arquivo_pdf_s : 10865900379200980_5868139.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Alan Tavora Nem e Carlos Alberto da Silva Esteves
dt_sessao_tdt : Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
id : 7315404
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:19:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050308900290560
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1284; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T2 Fl. 58 1 57 S3C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10865.900379/200980 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3002000.153 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 15 de maio de 2018 Matéria PEDIDO DE RESSARCIMENTO PIS Recorrente COSTA & LIMA AGUAI LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/08/1996 a 31/08/1996 VÍCIO NA REPRESENTAÇÃO. FALTA DO INSTRUMENTO DE PROCURAÇÃO. INTIMAÇÃO NÃO ATENDIDA. INCAPACIDADE PROCESSUAL. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC. Constatandose que o processo não está devidamente instruído com o instrumento de procuração, deve a autoridade intimar o contribuinte a sanar o vício em seu recurso. Não atendida a intimação, resta configurada a incapacidade processual e, portanto, aplicase o art. 76, § 2º, II, do CPC. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 03 79 /2 00 9- 80 Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10865.900379/200980 Acórdão n.º 3002000.153 S3C0T2 Fl. 59 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Alan Tavora Nem e Carlos Alberto da Silva Esteves Relatório O processo administrativo ora em análise trata do PER/DCOMP retificador 23873.79175.160207.1.7.044993 (fl. 02/06), transmitido em 16/02/2007, cujo crédito teria origem em recolhimento do PIS efetuado a maior. O PER/DCOMP original foi transmitido em 10/02/2005. A compensação declarada não foi homologada, conforme Despacho Decisório (fl. 07), pelos seguintes motivos: "Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, não foi confirmada a existência do crédito informado, pois o DARF a seguir, discriminado no PER/DCOMP, não foi localizado nos sistemas da Receita Federal." Ou seja, baseado nas informações sobre o documento de arrecadação, prestadas pela própria contribuinte em seu pedido de compensação, não foi possível confirmar a existência de tal pagamento, levando ao indeferimento do pleito. Após ser intimada da decisão em 03/03/2009, a ora recorrente apresentou tempestivamente Manifestação de Inconformidade (fl. 12/17), na qual informou que o Darf não foi localizado, porque o programa gerador da Dcomp não possibilitava informar a real data de arrecadação. Esclareceu, ainda, que a data de arrecadação é a data de vencimento informada e que estava juntando aos autos a cópia do Darf informado na Dcomp para análise. Analisando as argumentações da contribuinte, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (DRJ/FNS) julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, por decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário:2007 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO DECADENCIAL O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo decadencial de cinco anos, contado da data do pagamento indevido. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DARF NÃO LOCALIZADO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Não tendo sido localizado o Darf com as características indicadas pelo contribuinte como origem do crédito, ratificase o despacho decisório que não homologou a compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10865.900379/200980 Acórdão n.º 3002000.153 S3C0T2 Fl. 60 3 Direito Creditório Não Reconhecido Em seqüência, após ser cientificada dessa decisão, a contribuinte apresenta Recurso Voluntário (29/48), no qual requereu a reforma do Acórdão recorrido, repisando e reforçando argumentos jurídicos já apresentados e acrescentando novos argumentos, assim como jurisprudência e doutrina. Em 25/10/13, a contribuinte é intimada (fl. 55), pela Agência da Receita Federal em São João da Boa Vista (ARFJBV), a apresentar os documentos listados em 8 dias: "Original e cópia simples ou cópia autenticada da Carteira de Identidade expedida pela Secretaria de Segurança Pública ou documento equivalente, que permita reconhecer por cotejo a assinatura constante no objeto de defesa, ou seja, Recurso Voluntário, protocolado em 14/10/2013, sob nº Prot. Aux. 1455/13/ARFJBV; • Original e cópia simples ou cópia autenticada do instrumento procuratório, com firma reconhecida, a fim de demonstrar a legitimidade do subscritor do Recurso Voluntário, para atuar em nome da empresa (se for o caso), além dos poderes que lhe foram outorgados, nos termos da lei". Após certificar que não houve o cumprimento da intimação para a comprovação da representatividade do signatário do Recurso Voluntário, a unidade de origem encaminha os autos ao CARF. É o relatório, em síntese. Voto Conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves Relator O direito creditório envolvido no presente processo encontrase dentro do limite de alçada das Turmas Extraordinárias, conforme disposto no art. 23B do RICARF. O Recurso Voluntário é tempestivo, contudo, não preenche todos os requisitos formais de admissibilidade. Por oportuno, transcrevese caput e § 2º do art. 56, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011: Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10865.900379/200980 Acórdão n.º 3002000.153 S3C0T2 Fl. 61 4 Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10865.900379/200980 Acórdão n.º 3002000.153 S3C0T2 Fl. 62 5 § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (grifo nosso) Conforme assentado na doutrina e na jurisprudência, o próprio sujeito passivo pode subscrever impugnações e recursos em processos administrativos, ao contrário do que ocorre, em regra, no judicial, entretanto, resolvendo o fazer através de procurador, deverá ser anexado instrumento de procuração ao processo. Além disso, a representação processual no processo administrativo fiscal demanda procuração com poderes específicos, não sendo passível de aceitação aquela emitida com poderes para o foro em geral. A falta de apresentação do instrumento de procuração impede o conhecimento do recurso, pois não havendo a comprovação da regular representação, o signatário do recurso não possuirá, então, capacidade processual. Porém, há entendimento majoritário nesta Corte, do qual compartilho, no sentido da aplicação subsidiária do art. 76 do Código de Processo Civil (CPC) ao processo administrativo, que assim dispõe: Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício. § 1o Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária: I o processo será extinto, se a providência couber ao autor; II o réu será considerado revel, se a providência lhe couber; III o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre. § 2o Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator: I não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente; II determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido. Assim, entendo que, no processo administrativo, tal comando está direcionado para qualquer das instâncias julgadoras, assim como para a unidade preparadora e, portanto, podendo ser satisfeito por qualquer uma delas. No presente caso concreto, a unidade preparadora percebeu a falta de apresentação do devido instrumento de procuração e, em decorrência, intimou a contribuinte a Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10865.900379/200980 Acórdão n.º 3002000.153 S3C0T2 Fl. 63 6 apresentálo. Dessa forma, foi privilegiado o Princípio da Ampla Defesa, pois oportunizada a possibilidade da contribuinte vir a sanar o vício cometido. Ainda assim, como já mencionado, o sujeito passivo não respondeu à intimação neste processo. Nesse ponto, esclareçase que a contribuinte apresentou vários PER/DCOMP´s, referentes a supostos pagamentos indevidos ou a maior realizados em 1996, os quais deram origem a vários processos, que se encontram para relatoria deste conselheiro. Em todos eles, a contribuinte foi intimada a apresentar a procuração, que comprovava a representatividade do signatário do Recurso voluntário. Da mesma forma, em todos eles, a contribuinte deixou de atender à intimação no prazo estipulado. Porém, no processo 10865.900380/200912 foi enviada, após o prazo, pelos correios, postagem em 07/01/2014, resposta à intimação, conforme abaixo: Embora se refira a outro processo, no intuito de novamente privilegiar o direito de defesa da recorrente, considero a resposta acima como tendo sido dada também à intimação do presente processo. Como se percebe no documento acima, a recorrente informou que estava apresentando os documentos solicitados, isto é, cópia da carteira de identidade do signatário do Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10865.900379/200980 Acórdão n.º 3002000.153 S3C0T2 Fl. 64 7 Recurso Voluntário e cópia do instrumento de procuração, que comprovava a devida representação, e informou, ainda, que tais documentos já haviam sido entregues juntamente com sua Manifestação de Inconformidade. Com efeito, as afirmações da recorrente não procedem. De início, esclareça se que não foi entregue nenhum desses documentos juntamente com a Manifestação de Inconformidade apresentada em nenhum dos processos sob análise. Ademais, embora a recorrente tenha informado que estava enviando a procuração, de fato, esta não foi encontrada no interior do envelope postado, conforme se verifica do despacho (fl. 67 do processo retrocitado) da unidade de origem: "Tendo sido apresentada resposta à Intimação 13841/JBV/3582013, com data de postagem em 07/01/2014, esclareço que, embora tenha sido elencado pelo contribuinte o envio do instrumento procuratório, o mesmo não estava dentro do conteúdo do envelope de postagem." (grifo nosso) Assim, em realidade, apenas cópias de dois documentos de identidade, dos signatários do recurso e da resposta à intimação, foram remetidas pela recorrente para serem anexados ao processo anteriormente mencionado. Importante salientar que, além de não serem encaminhados todos os documentos solicitados, a recorrente somente enviou a resposta 74 dias após a ciência da intimação. Desta forma, não há como negar que a recorrente deixou de cumprir a determinação para sanar o vício em seu recurso, embora tenha sido intimada a fazêlo, em conformidade com o art. 76 do CPC. Em decorrência, restou configurada a incapacidade processual, logo, o Recurso Voluntário apresentado não preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, aplicase o disposto no art. 76, § 2º, II, do CPC. Assim sendo, por todo o exposto, voto no sentido de não conhecer do Recurso Voluntário e, por conseguinte, não reconhecer o direito creditório. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Fl. 64DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13864.000534/2010-06
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas.
Numero da decisão: 9202-006.889
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Júnior, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201805
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13864.000534/2010-06
anomes_publicacao_s : 201806
conteudo_id_s : 5869632
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9202-006.889
nome_arquivo_s : Decisao_13864000534201006.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 13864000534201006_5869632.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Júnior, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
dt_sessao_tdt : Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
id : 7323914
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:20:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050308902387712
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1470; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 976 1 975 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13864.000534/201006 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202006.889 – 2ª Turma Sessão de 23 de maio de 2018 Matéria PAF NULIDADE NATUREZA DO VÍCIO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado TIVIT TERCEIRIZAÇÃO DE PROCESSOS, SERVIÇOS E TECNOLOGIA S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Júnior, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 86 4. 00 05 34 /2 01 0- 06 Fl. 976DF CARF MF 2 Tratase de ação fiscal que originou os seguintes procedimentos: PROCESSO DEBCAD TIPO FASE 13864.000512/201038 37.291.7162 (AI 34) Obrig. Acessória Liquidado 13864.000509/201014 37.311.3722 (AI 68) Obrig. Acessória Recurso Especial 13864.000513/201082 37.311.3730 (Emp.) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000511/201093 37.311.3749 (AI 69) Obrig. Acessória Agravo 13864.000510/201049 37.311.3757 (AI 38) Obrig. Acessória Liquidado 13864.000508/201070 37.311.3765 (AI 22) Obrig. Acessória Recurso Especial 13864.000534/201006 37.311.3773 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000525/201015 37.311.3781 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000536/201097 37.311.3790 (Emp. e SAT) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000519/201050 37.311.3803 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000522/201073 37.311.3811 (Seg.) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000520/201084 37.311.3820 (Emp. e SAT) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000518/201013 37.311.3838 (Seg.) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000517/201061 37.316.8195 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000528/201041 37.316.8209 (Emp. e SAT) Obrig. Principal REsp do Cont. não admitido 13864.000527/201004 37.316.8217 (Seg.) Obrig. Principal Liquidado 13864.000526/201051 37.316.8225 (Terceiros) Obrig. Principal Liquidado 13864.000523/201018 37.316.8233 (Emp. e SAT) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000521/201029 37.316.8241 (Seg.) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000524/201062 37.316.8250 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000516/201016 37.316.8268 (Emp. e SAT) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000515/201071 37.316.8276 (Seg.) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000514/201027 37.316.8284 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000535/201042 37.318.2872 (Emp.) Obrig. Principal Recurso Especial Fl. 977DF CARF MF Processo nº 13864.000534/201006 Acórdão n.º 9202006.889 CSRFT2 Fl. 977 3 O presente processo trata do Debcad 37.311.3773, referente às Contribuições Sociais incidentes sobre os valores pagos aos segurados empregados, destinadas a Terceiros, relativas ao período de 01/2007 a 12/2007. Nos termos do Relatório Fiscal, a Contribuinte informou código FPAS Fundo de Previdência e Assistência Social 566, quando o correto seria 515. Em conseqüência, informou código de Terceiros 0099, quando o correto seria 0115, deixando de recolher valores a título de Contribuições Previdenciárias destinadas ao SENAC e SEBRAE. Em sessão plenária de 17/04/2013, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2301003.472 (efls. 780 a 786), assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 NULIDADE DA AUTUAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO FATO GERADOR. É nulo o auto de infração carente de comprovação, pelo Fisco, da ocorrência do fato gerador, por incorrer em vício material." A decisão foi assim resumida: “ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, I) Por maioria de votos: a) em anular o lançamento pela existência de vício, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes, que votou em dar provimento ao recurso; b) em conceituar o vício como material, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em conceituar o vício como formal." O processo foi encaminhado à PGFN em 22/08/2013 (Despacho de Encaminhamento de efls. 787) e, em 23/09/2013, foi interposto o Recurso Especial de efls. 788 a 799 (Despacho de Encaminhamento de efls. 836). O apelo está fundamentado no arts. 67 e 68, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e visava rediscutir os seguintes pontos: inexistência de nulidade no lançamento; se nulidade houve, tratase de vício formal e não material. Ao Recurso Especial foi dado seguimento parcial, unicamente em relação à questão da natureza do vício, conforme Despacho de Admissibilidade de 16/09/2015 (efls. 845 a 849), que foi mantido pelo Despacho de Reexame de efls. 850/851. Em seu apelo, quanto à matéria que obteve seguimento, a Fazenda Nacional alega: ao qualificar o lançamento como o “procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente”, o CTN exigiu que o lançamento, formalizado por meio de Auto de Infração, NFLD, dentre outros, exponha o fato Fl. 978DF CARF MF 4 gerador da obrigação correspondente, i. e., as circunstâncias fáticas que, subsumidas à legislação tributária, têm o condão de fazer surgir uma obrigação de pagar tributo ou penalidade pecuniária; não se pode negar, contudo, a distinção entre o fato que levou ao lançamento e a descrição desse mesmo fato pelo agente do Fisco; o primeiro, o fato em si, materialmente considerado, é o motivo do lançamento, é o pressuposto de fato que autoriza ou exige a prática do ato; é, pois, a situação do mundo empírico que deve ser tomada em conta para a prática do ato; o segundo, a descrição do motivo pelo agente, é o relato, em documento próprio, dos motivos que culminaram na autuação, e a essa descrição a doutrina chama de motivação (cita doutrina de Celso Antônio Bandeira de Mello, bem como jurisprudência do CARF); vêse, assim, que motivo e motivação, a despeito de estarem intimamente ligados, têm natureza diametralmente opostas: um (o motivo) tem natureza material, enquanto o outro (motivação) natureza formal; nesse passo, em se verificando que o motivo alegado não existe, ou que, à luz da legislação, não gera os efeitos pretendidos, terseá vício de ordem material; por outro lado, em se constatando deficiência na descrição dos fatos pelo fiscal, de modo a prejudicar a defesa do contribuinte ou a dificultar a adequada compreensão do ocorrido, terseá vício de ordem formal; verificase, que o problema apontado pelos julgadores para anular o auto de infração. por suposto vício material, diz respeito à suposta falta de elementos para enquadrar a atividade exercida pela contribuinte no código FPAS 515; em que pese se entenda desnecessária tal informação, em razão da presunção de veracidade dos atos públicos, resta claro que a apontada deficiência pode ser facilmente sanada com a baixa dos autos em diligência para esclarecimentos da fiscalização e coleta de documentos; o vício, portanto, se existente, diz respeito apenas à formalização do lançamento, plenamente passível de correção; evidente, pois, que o Colegiado a quo considerou deficitária a motivação do Auto de Infração, razão pela qual decidiu pela anulação do lançamento; à luz de todo o exposto, se o vício é relacionado à motivação, falase em vício formal, razão pela qual, se houver de ser declarada nulidade no caso em foco, isso deve ocorrer em face de vício formal, e não por vício material, resguardandose, assim, o teor do art. 173, II, do CTN. Ao final, a Fazenda Nacional requer, quanto à parte que teve seguimento, o conhecimento e o provimento do recurso, para que seja reconhecida a nulidade por vício formal. Cientificada do acórdão, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 29/02/2016 (Termo de Ciência por Abertura de Mensagem de efls. 862), a Contribuinte, em 15/03/2016, ofereceu as Contrarrazões de efls. 863 a 882 (protocolo de efls. 863), contendo os seguintes argumentos: Fl. 979DF CARF MF Processo nº 13864.000534/201006 Acórdão n.º 9202006.889 CSRFT2 Fl. 978 5 Da negativa de seguimento do Recurso Especial por falta de comprovação de requisito de admissibilidade quanto ao acórdão paradigma n° 20309.332, as informações nele presentes são insuficientes para identificar a situação fática discutida, dificultando, assim, a verificação da similitude entre o vício constatado no acórdão recorrido e no paradigma; ainda assim, a Contribuinte tentou identificar a suposta similitude da situação fática alegada pela recorrente e verificou que, no acórdão paradigma, não se discute a ausência de demonstração da ocorrência do fato gerador, como no presente caso, mas a ausência da indicação da norma a que está submetida a entidade sem fins lucrativos, quando da suspensão do benefício, para que dela seja exigido crédito tributário a título de Cofins; portanto a falta de vinculação da descrição dos fatos com a norma jurídica (ausência de tipificação do lançamento), verificada no Acórdão n° 20309.332, não guarda semelhança com a ausência de comprovação do fato gerador das contribuições destinadas a terceiros, como ocorreu no presente caso, e, por isso, não se pode considerar que o entendimento pela nulidade do lançamento, por vício formal, seria aplicável, indistintamente, a qualquer um dos dois casos; sendo assim, se o que se busca por meio do recurso em questão é definir, diante de dois entendimentos opostos sobre a mesma situação, qual é o "melhor" ou o "mais correto" a ser adotado, não pode ser admitido o apelo fazendário, justamente porque não há que se falar em entendimentos opostos, quando se compara casos distintos; nesse passo, embora o recurso especial interposto tenha sido admitido, é de rigor que seja revista a presença do requisito de admissibilidade, no que tange à necessária constatação de que o acórdão recorrido tenha dado interpretação à lei tributária diversa daquela dada por outra Câmara, Turma de Câmara, Turma Especial ou a própria CSRF, já que manifestamente ausente. Do Mérito a princípio, mister esclarecer que, no caso em tela, a recorrente pretende que a desconsideração, pela Autoridade Autuante, do enquadramento feito pela Contribuinte no código FPAS 566, com o novo enquadramento no Código FPAS 515, sem qualquer justificativa ou embasamento na legislação vigente à época, seja considerado mero vício formal do lançamento, passível de ser sanado; ora, limitouse a Autoridade Administrativa a enquadrar a Contribuinte no Código FPAS 515, que traz listadas inúmeras atividades econômicas, sem indicar em qual daquelas atividades enquadrarseia a Contribuinte; bem verdade que tal tarefa seria impossível, já que inexiste qualquer similitude ou aproximação entre a atividade de teleatendimento e qualquer daquelas listas sob esse código; aliás, a própria Autoridade Administrativa reconhece isso, ao afirmar que a Contribuinte deveria enquadrarse no código em cujo ramo estaria inserida a atividade por ela desenvolvida, qual seja, de Call Center e outras direcionadas ao auxílio no ramo empresarial Fl. 980DF CARF MF 6 em cobrança de seus créditos, propaganda e outros serviços, atividade essa não descrita no Código FPAS 515; nesse ponto, o Código Tributário Nacional é peremptório ao prescrever que a Administração Fiscal deve comprovar a ocorrência do fato gerador do tributo objeto de um lançamento fiscal, nos termos do que determina o artigo 142, do CTN; destarte, compete à Fiscalização efetuar o lançamento, e para tanto deve, obrigatoriamente, verificar e demonstrar a efetiva ocorrência da hipótese de incidência, inclusive com a descrição do fato que a realizaria e a apresentação de todos os elementos de prova para sua demonstração; a simples exigência fiscal, destituída desses elementos obrigatórios, leva à nulidade do lançamento pela ocorrência de vício material, o qual cerceia o direito de defesa do Contribuinte; assim, quando a descrição do fato não é capaz de identificar sua ocorrência, se está diante da falta de algum elemento material necessário para gerar a obrigação tributária e, portanto, o crédito dele decorrente é duvidoso, e isso é o que caracteriza a ocorrência de vício material (cita jurisprudência do CARF); portanto, é notório que, nos presentes autos, se está diante de vício material, haja vista que a Fiscalização sequer se deu ao trabalho de tentar enquadrar a atividade desenvolvida pela Contribuinte em alguma das atividades elencadas sob o Código 515 na Tabela de Códigos FPAS vigente no ano de 2007, não comprovando, assim, a ocorrência do fato gerador; e isso sequer poderia ser diferente, uma vez que a atividade de call center (ou teleatendimento) desenvolvida pela Contribuinte, repitase, jamais poderia ser enquadrada sob o referido Código FPAS 515, vigente para o exercício de 2007, que abarcava as seguintes atividades, dentre outras: Comércio Atacadista, Comércio Varejista, Agente Autônomo de Comércio, Comércio Armazenador, Comércio Transportador, Revendedor, Retalhista de Óleo Diesel, Óleo Combustível e Querosene, Empresa e Serviços de Processamento de Dados, Consórcio, AutoEscola, Partido Político, etc. Ao final, a Contribuinte pede o não conhecimento do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, caso assim não se entenda, que lhe seja negado provimento. Distribuído o processo na Instância Especial, o julgamento foi convertido em diligência à Câmara recorrida, para análise do segundo paradigma indicado pela Fazenda Nacional para a matéria "b" natureza do vício, se formal ou material, Acórdão nº 206 01.026, conforme Resolução nº 9202000.176, de 13/12/2017 (efls. 955 a 964). Quando da análise complementar da admissibilidade do Recurso Especial, o segundo paradigma não foi considerado apto a demonstrar a alegada divergência (Despacho de Complemento de Admissibilidade de 14/03/2018, efls. 966 a 970). Cientificada do despacho, a Fazenda Nacional não apresentou Requerimento de Agravo. Voto Fl. 981DF CARF MF Processo nº 13864.000534/201006 Acórdão n.º 9202006.889 CSRFT2 Fl. 979 7 Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade. O apelo visa rediscutir a natureza do vício de nulidade do lançamento. Tratase de Auto de Infração Debcad 37.311.3773, referente às Contribuições Sociais incidentes sobre os valores pagos aos segurados empregados, destinadas a Terceiros, relativas ao período de 01/2007 a 12/2007. Nos termos do Relatório Fiscal (fls. 318 a 322), a Contribuinte informou código FPAS Fundo de Previdência e Assistência Social 566, quando o correto seria 515. Em conseqüência, informou código de Terceiros 0099, quando o correto seria 0115, deixando de recolher valores a título de Contribuições Previdenciárias destinadas ao SENAC e SEBRAE. Em sede de Contrarrazões, a Contribuinte alega inexistência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma. A matéria que teve seguimento à Instância Especial diz respeito à natureza do vício, se formal ou material, sendo que a Fazenda Nacional indicou como paradigmas os Acórdãos nºs 20309.332 e 20601.026. Conforme o Despacho de Admissibilidade de Recurso Especial de fls. 845 a 849, o seguimento do apelo se deu mediante a análise apenas do primeiro deles. Confirase: "Neste caso, vislumbro a similitude das situações fáticas nos acórdãos recorrido e no primeiro paradigma (nº 20309.332), motivo pelo qual entendo que está configurada a divergência jurisprudencial apontada pela Fazenda Nacional. De fato, em ambas as situações verificase que houve insuficiência na descrição dos fatos, ocasionando incerteza quanto à sua ocorrência. Contudo, no acórdão recorrido decidiuse pela nulidade por vício material, enquanto no acórdão paradigma concluiuse pela nulidade por vício formal. Diante do exposto, com fundamento no artigo 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), proponho que seja DADO SEGUIMENTO ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, quanto à matéria: (b) nulidade por vício formal X nulidade por vício material." (destaques no original) No caso do acórdão recorrido, conforme o voto condutor, a Fiscalização teria atribuído à Contribuinte, cujo ramo de atividade é de teleatendimento, o código FPAS 515 para os períodos de 2007, aplicando a IN RFP nº 785, que somente entrou em vigor em janeiro de 2008. O código adotado pela empresa em 2007 foi o 566. Confirase: "Afirma a Recorrente que, em 2007, período de apuração do presente auto, o enquadramento no código FPAS era efetuado pela própria empresa, a qual, por sua vez,considerando a atividade exercida, escolheu o código 566. Aduz ainda que, apenas com versão da Tabela de Códigos FPAS trazida pela IN RFP nº 785/2007, houve alteração significativa na forma de enquadramento das empresas nos respectivos Códigos FPAS e, a Fl. 982DF CARF MF 8 partir de 02 de janeiro de 2008, a atividade de teleatendimento passou a ser expressamente listada na tabela de Códigos FPAS, seguindo o código 515. Ocorre que, à época, o enquadramento no FPAS era de fato designado à responsabilidade da empresa. Contudo, a Recorrente optou pelo código 566, código este que a excluía da obrigação de recolher determinadas contribuições, a exemplo das destinadas ao SENAC e SEBRAE. Ora, o FPAS tem como finalidade precípua a de indicar as obrigações tributárias das empresas, de modo que a informação ao Fisco do número correspondente já indica as diversas obrigações principais e acessórias a que a empresa está submetida, permitindo, inclusive, apurar o valor da contribuição devida. Ainda que coubesse à empresa escolher o FPAS, evidentemente que esse número não poderia ser aleatório, pois a empresa teria a seu favor um 'cheque em branco' para se submeter ao regime jurídico que bem entendesse. Nesse caso de inexistência de previsão expressa da atividade da empresa no rol dos FPAS, caberia a esta identificar aquele em que seu regime jurídico se enquadraria, o que, segundo o Fisco, foi feito pela empresa de forma equivocada, levandoa a ser autuada. Ocorre que, conforme se observa do procedimento fiscal, em momento algum se verifica a fundamentação da autoridade fiscal para o enquadramento da atividade da Recorrente no código 515, ao invés do código 566 adotado pela empresa." Quanto ao primeiro paradigma analisado para a matéria em tela Acórdão nº 20309.332 a Fazenda Nacional levou a cabo o seguinte cotejo: Acórdão recorrido “No caso do ato administrativo de lançamento, o autode infração com todos os seus relatórios e elementos extrínsecos é o instrumento de constituição do crédito tributário. E a sua lavratura se dá em razão da ocorrência do fato descrito pela regramatriz como gerador de obrigação tributária. Esse fato gerador, pertencente ao mundo fenomênico, constitui, mais do que sua validade, o núcleo de existência do lançamento. Quando a descrição do fato não é suficiente para a certeza de sua ocorrência, carente que é de algum elemento material necessário para gerar obrigação tributária, o lançamento se encontra viciado por ser o crédito dele decorrente duvidoso. É o que a jurisprudência deste Conselho denomina de vício material (..)”(destaques da Recorrente) Paradigma Acórdão nº 20309.332 "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL IMUNIDADE NULIDADE POR VÍCIO FORMAL A imprecisa descrição dos fatos, pela falta de motivação do ato administrativo, impedindo a certeza e segurança jurídica, macula o Fl. 983DF CARF MF Processo nº 13864.000534/201006 Acórdão n.º 9202006.889 CSRFT2 Fl. 980 9 lançamento de vício insanável, tornando nula a respectiva constituição. Processo anulado ab initio." (destaques da Recorrente) O cotejo dos trechos acima não permite que se conheça os vícios que estão sendo cotejados, o que é de fundamental importância, quando se está tratando exatamente da natureza desses defeitos. Resta então perquirir, mediante a análise do inteiro teor do paradigma, se a situação nele tratada confirmaria ou inviabilizaria a possibilidade de comparação com o acórdão recorrido. Confirase: "Por se tratar de matéria envolvendo a imunidade da COFINS, há de se observar a independência deste processo em relação ao Processo de n° 13133.000025/9962 (Imposto de Renda e CSLL), o qual foi julgado em Sessão de 11 de junho de 2003, por meio do Acórdão n° 10707.197, de forma a dar provimento ao recurso voluntário para anular o Ato Declaratório n° 15, de 27 de março de 2002, que suspendera a imunidade. Reitero que a independência deste se justifica porque os tributos são essencialmente diferentes em sua materialidade e em seus pressupostos legais. Compulsando os autos, verifico que a fundamentação no artigo 32 da Lei n° 9.430/96 não diz respeito à COFINS, objeto do presente processo administrativo, ainda que a suspensão da imunidade, operada por ato administrativo, possa servir como subsidio para aplicabilidade do direito. (...) Em se tratando da COFINS, há de se observar que o comando legal inserido está originariamente no artigo 195, § 7°, da Constituição Federal. Em decorrência, reitero que o lançamento é um ato declaratório da obrigação tributária, devendose reportar à legislação específica do tributo em análise. Pela independência da COFINS, os atos praticados, ou faltas cometidas, devem, obrigatoriamente, ser descritos no auto específico da contribuição e regidos pela lei do tempo em que foram praticados. Estas considerações preliminares são importantes, sobretudo no tocante à prova, pois "a prova" regida pelo direito substantivo há de se ater aos fatos trazidos no processo e com estes ter dependência. Não há como tratar a COFINS como decorrente do IR porque assim não o quis o legislador. (...) Em verdade, o agente fiscal pode e deve efetuar o ato administrativo do lançamento de acordo com as razões de seu livre convencimento, todavia, deve explicitar as razões que o levaram a adotar este ou aquele procedimento, de maneira que seu procedimento não se configure em arbítrio; logo, imprescindível, indicar, na descrição dos fatos, os motivos que lhe formaram o convencimento, sem se reportar a outro procedimento fiscal como prova única de suas argumentações. Ressaltese que essa exigência tem implicação substancial e não Fl. 984DF CARF MF 10 meramente formal. No mais, em se tratando de pessoa jurídica de fins não lucrativos, não basta, portanto, a autoridade julgadora dizer que houve falta de pagamento e reportarse a artigos genéricos da lei, como se fosse uma pessoa jurídica comum, eis que necessário, sob pena de nulidade, a exteriorização da base fundamental do procedimento." (grifei) Destarte, constatase que o vício ocorrido, no caso do paradigma, foi a consideração, por parte da Fiscalização, de que um processo de exigência de Cofins seria decorrente de um outro processo de IRPJ, sem colacionarse os fundamentos e provas específicos do caso concreto (Cofins) mas sim adotandose os elementos do outro processo (IRPJ). Quanto ao acórdão recorrido, reiterase que o vício consistiria na ausência de fundamentação, na autuação, para a atribuição de código de FPAS que somente teria sido especificado pela Administração Tributária após a ocorrência do fato gerador. Ressaltese que esse ponto restou incontroverso, já que não se verificou a oposição de Embargos de Declaração por parte da Fazenda Nacional. Assim, os vícios relatados não possuem a necessária similitude, a ponto de estabelecerse divergência jurisprudencial, exatamente no que tange à natureza do defeito se formal ou material. Com efeito, não há como discutirse a natureza do vício, quando os defeitos em confronto não possuem similaridade. Destarte, esse primeiro paradigma não se presta a demonstrar a alegada divergência. Quanto ao segundo paradigma indicado pela Fazenda Nacional, Acórdão nº 20601.026, este não foi considerado apto a demonstrar a alegada divergência, conforme despacho complementar de 14/03/2018 (efls. 966 a 970), registrandose que não foi apresentado Requerimento de Agravo. Diante do exposto, não conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 985DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.912797/2009-88
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/01/2005
PIS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTOS. COOPERATIVA DE CREDITO. VINCULAÇÃO DA SOLUÇÃO DE CONSULTA.
Não se aplica às cooperativas de crédito a incidência cumulativa do PIS sobre a Folha de Pagamentos e o PIS sobre as receitas auferidas, uma vez que as exclusões previstas no art. 15 da MP n" 2.15835/2001 não se referem à atividade dessa espécie de cooperativa.
Efeitos da Solução de Consulta n.° 412/2004, em que a Receita Federal reconheceu a impossibilidade de exigência da Contribuinte da Contribuição ao PIS com base na folha de salários, por ter sido expressamente excluída do rol de contribuintes do PIS folha enquadrados no artigo 13 da Medida Provisória n.° 2.158-35/2001, entendendo pela incidência exclusiva sobre o PIS Faturamento.
Numero da decisão: 9303-006.569
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Érika Costa Camargos Autran - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201804
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/01/2005 PIS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTOS. COOPERATIVA DE CREDITO. VINCULAÇÃO DA SOLUÇÃO DE CONSULTA. Não se aplica às cooperativas de crédito a incidência cumulativa do PIS sobre a Folha de Pagamentos e o PIS sobre as receitas auferidas, uma vez que as exclusões previstas no art. 15 da MP n" 2.15835/2001 não se referem à atividade dessa espécie de cooperativa. Efeitos da Solução de Consulta n.° 412/2004, em que a Receita Federal reconheceu a impossibilidade de exigência da Contribuinte da Contribuição ao PIS com base na folha de salários, por ter sido expressamente excluída do rol de contribuintes do PIS folha enquadrados no artigo 13 da Medida Provisória n.° 2.158-35/2001, entendendo pela incidência exclusiva sobre o PIS Faturamento.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10680.912797/2009-88
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5863799
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9303-006.569
nome_arquivo_s : Decisao_10680912797200988.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
nome_arquivo_pdf_s : 10680912797200988_5863799.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
id : 7288847
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:18:38 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050308911824896
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1373; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 297 1 296 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10680.912797/200988 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303006.569 – 3ª Turma Sessão de 10 de abril de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado FEDERACAO INTERFEDERATIVA DAS COOPERATIVAS DE TRABALHO MÉDICO DE MG ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/01/2005 PIS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTOS. COOPERATIVA DE CREDITO. VINCULAÇÃO DA SOLUÇÃO DE CONSULTA. Não se aplica às cooperativas de crédito a incidência cumulativa do PIS sobre a Folha de Pagamentos e o PIS sobre as receitas auferidas, uma vez que as exclusões previstas no art. 15 da MP n" 2.15835/2001 não se referem à atividade dessa espécie de cooperativa. Efeitos da Solução de Consulta n.° 412/2004, em que a Receita Federal reconheceu a impossibilidade de exigência da Contribuinte da Contribuição ao PIS com base na folha de salários, por ter sido expressamente excluída do rol de contribuintes do PIS folha enquadrados no artigo 13 da Medida Provisória n.° 2.15835/2001, entendendo pela incidência exclusiva sobre o PIS Faturamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 27 97 /2 00 9- 88 Fl. 297DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 298 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o acórdão n.º 3403002.234, de 22 de maio de 2013 (fls. 158 a 162 do processo eletrônico), proferido Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção de Julgamento deste CARF, integrado pelo acórdão de n.º 3403002.504, de 26/09/2013, decisão que por unanimidade de votos, acolheu os embargos de declaração com efeito modificativo, para sanar a omissão na decisão embargada, e, no mérito, em deu provimento ao recurso voluntário. A discussão dos presentes autos tem origem na DCOMP transmitida em 18/08/2008 para compensar valores pagos a maior ou indevidamente a título da Contribuição para o PIS/Pasep (R$ 2.082,56, recolhidos em 15/02/2005) com débitos de IRPJ de outubro de 2005 (no valor de R$ 2.082,56). Fl. 298DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 299 3 Conforme despacho decisório exarado, a compensação não foi homologada diante da inexistência do direito creditório, tendo em vista que o pagamento informado foi integralmente utilizado para quitação de débitos da empresa. O Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, que “não requereu a utilização daquele crédito para quitação de qualquer outro débito, mas tãosomente daquele objeto do ora discutido PER/DCOMP, sendo perfeitamente suficiente para a compensação a ser realizada (documentação anexa)”. Em anexo, figuraram cópias da DCOMP, do Despacho Decisório e do Estatuto da recorrente. A 2ª Turma DRJ/BHE julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte. Irresignado com a decisão contrária ao seu pleito, o Contribuinte apresentou recurso voluntário, o Colegiado por maioria de votos, negou provimento ao recurso voluntário, conforme acórdão assim ementado in verbis ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/01/2005 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO. NÃO CABIMENTO. É incabível a compensação diante da ausência de comprovação da existência e da liquidez do crédito informado na DCOMP. O Contribuinte opôs embargos de declaração – fls. 169 a 176, estes foram acolhidos com efeitos modificativos para sanar a omissão na decisão embargada, e, no mérito, deu provimento ao recurso voluntário, conforme ementa do acordão, in verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/01/2005 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. EFEITOS DE CONSULTA. Produzindo a Solução de Consulta manifestação dúplice em parte favorecendo e em parte se opondo à argumentação da consulente, ambas as Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 300 4 consequências devem ser tomadas em conta pelo aplicador (e pelo julgador), sendo incabível a não homologação de compensação com base em entendimento divergente daquele externado na solução de consulta, a menos que presente a situação descrita no art. 48, § 12 da Lei no 9.430/1996. A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de Divergência (fls.245 a 250) em face do acórdão nº 3403002.234, integrado pelo acórdão de nº 3403002.504, o Colegiado por unanimidade de votos, acolheu os embargos de declaração com efeito modificativo, para sanar a omissão na decisão embargada, e, no mérito, em deu provimento ao recurso voluntário, a divergência suscitada pela Fazenda Nacional diz respeito ao recolhimento do PIS/folha de salários, diante da Solução de Consulta nº 412/2004, que afasta o enquadramento do contribuinte no art. 13 da MP nº 2.15835/2001. Para comprovar a divergência jurisprudencial suscitada, a Fazenda Nacional apresentou como paradigma o acórdão de número 3301001.961. A comprovação do julgado firmouse pela juntada de cópia de inteiro teor do acórdão, documento de fls. 251 a 256. O Recurso Especial da Fazenda Nacional foi admitido, conforme despacho de fls. 258 a 260. O Contribuinte apresentou contrarrazões às fls. 266 a 294, manifestando pelo não provimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional e que seja mantido o v. acórdão. É o relatório em síntese. Voto Conselheira Érika Costa Camargos Autran Relatora Fl. 300DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 301 5 O Recurso Especial da Fazenda é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, dele conheço. Tratase pedido de compensação não homologado por despacho decisório que entendeu que o crédito declarado de PIS Folha seria inexistente, eis que já teria sido integralmente utilizado para a quitação de débitos da Contribuinte daquela mesma natureza. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte, entendeu, de forma diferente da fiscalização em Despacho Decisório, que, enquanto Federação de Cooperativas, a Federação não estaria dispensada do recolhimento de PIS sobre a folha de salários, em razão do disposto no artigo 32, § 4o, do Decreto n.º 4.524/2002, que determina que a cooperativa que fizer uso de qualquer das exclusões da receita bruta previstas neste artigo contribuirá, cumulativamente, para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. Em face de tal decisão o Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, no qual foi demonstrado a existência da Solução de Consulta n.º 412/2004, na qual a própria Receita Federal a afasta do rol de contribuintes do PIS Folha. No entanto, foi negado provimento, mantendo o entendimento exarado pela 2a Turma de Julgamento da DRJ/BHE. Assim, o Contribuinte apresentou Embargos de Declaração. Em análise dos Embargos de Declaração a extinta 3a Turma Ordinária da 4a Câmara da 3a Seção de Julgamento acabou por reverter o entendimento anteriormente proferido no acórdão de análise do Recurso Voluntário, reconhecendo a impossibilidade de exigência da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários, em decorrência dos efeitos da Solução de Consulta n.°412/2004 e o crédito pleiteado decorrente do recolhimento indevido da Contribuição ao PIS sobre a folha de salários. Transcrevo a seguir o trecho do Acórdão dos Embargos nº 3403002.504 de lavra do ilustre Conselheiro Rosaldo Trevisan, que adoto, in totum, seus fundamentos como razão de decidir no presente feito. Em relação à argumentação de que a Solução de Consulta apontada (com conclusão desfavorável à empresa) apresenta excerto (na fundamentação) no qual a “Receita Federal acabou por afastar o enquadramento da Fl. 301DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 302 6 embargante como contribuinte do PIS/Folha”, há que se aprofundar a análise, na busca de eventual omissão ou obscuridade. O excerto a que se refere a embargante, que lhe asseguraria o direito a não recolher o “PIS/Folha”, é o seguinte (fls. 176/1771): “Pelos termos expostos na consulta, a interessada se julga enquadrada no inciso V do art. 13 da MP n. 2.15835, de 2001. Entretanto, ressaltase que “as federações e confederações” referidas no inciso V da Medida Provisória n. 2.15835, de 24 de agosto de 2001 se referem a federações e confederações de sindicatos. Portanto, ao contrário do que expõe da (sic) consulente, ela não está entre as entidades referidas no inciso V do art. 13 da MP n. 2.15835, de 2001.” Assim, o fato de não se enquadrar no disposto no art. 13 da referida Medida Provisória traria um efeito contrário à embargante (inexistência de isenção da Contribuição para o PIS/PASEP para receitas relativas a atividades próprias percebido pelo acórdão embargado) e outro favorável (ausência de exigência da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários sobre o qual o acórdão teria sido omisso/obscuro). A Solução de Consulta, como destacado na decisão embargada, é no sentido de que a empresa “não preenche as condições para o tratamento fiscal previsto nos arts. 13 e 14 da MP no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, devendo ter o tratamento fiscal geral aplicável às pessoas jurídicas que não gozam de isenção ou imunidade”. A Solução de Consulta fulcra seus pressupostos na impossibilidade de utilização de “isenção/imunidade” pela embargante, afastandoa do art. 13 (e por consequência do art. 14, X) da Medida Provisória no 2.15835/ 2001. E é imperioso reconhecer que realmente tal exclusão ocasiona a impossibilidade de exigência da Contribuição para o PIS/PASEP com base Fl. 302DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 303 7 na folha de salários, ao menos na forma estabelecida no art. 13 da referida MP. Se a empresa não preenche as condições para o tratamento fiscal do art. 13, e tal artigo dispõe que “a contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento”, em relação às entidades que contempla, indevida a contribuição paga sob tal fundamento. Acolhese, assim, a argumentação de omissão no acórdão embargado, reconhecendose que a decisão proferida na Solução de Consulta, em dezembro de 2004 (processo administrativo no 10680.013505/200418), implica, além dos efeitos reconhecidos em tal acórdão, a impossibilidade de exigência da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários, ao menos na forma estabelecida no art. 13 da referida MP (desde que não exista alteração de entendimento comunicada à recorrente, na forma do art. 48, § 12 da Lei no 9.430/1996). Mister se faz, por consequência, analisar o impacto de tal acolhida na decisão inicialmente proferida. A Medida Provisória no 2.15835/ 2001, em seu art. 15 (que não foi objeto de análise na mencionada Solução de Consulta) estabelece exclusões que podem ser efetuadas pelas cooperativas na base de cálculo faturamento das contribuições (para o PIS/PASEP e COFINS), e que tais exclusões não impedem a exigência da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários, na forma do art. 13 (comando materializado no § 4o do art. 32 do Decreto no 4.524/2002). Contudo, entendese não ser oponível tal comando ao presente caso, porque a Solução de Consulta expressamente excluiu a empresa do tratamento tributário do art. 13 (a empresa informa que ainda que Fl. 303DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 304 8 houvesse a exigibilidade, continuaria inaplicável a ela, pois não promoveu nenhuma das exclusões referidas no art. 15). Restaria assim derradeiramente avaliar como o aqui exposto (não exigibilidade da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários) afeta a questão probatória, presente nas decisões de primeira e segunda instâncias. A DCOMP transmitida em 18/08/2008 (fls. 9 a 14) objetivava compensar valores pagos a maior ou indevidamente a título da Contribuição para o PIS/PASEP sobre Folha de Salários código 8301 (R$ 2.082,56, recolhidos em 15/02/2005) com débitos de IRPJ de outubro de 2005 (no valor de R$ 2.082,56). Assim, após o exposto, e diante da verdade material, menor relevância passa a assumir a questão probatória. Tendo sido objeto da compensação um recolhimento comprovadamente efetuado no código 8301 (referente à Contribuição para o PIS/PASEP sobre Folha de Salários) e sendo indevida tal espécie de contribuição pela empresa, irrelevante seria a que título se deu o recolhimento, pois o tributo continuaria indevido. Temse, destarte, que a evidenciação de omissão no acórdão embargado provoca diametral modificação de rumo na decisão, devendo ser integralmente reconhecido o direito creditório da embargante, visto que o pagamento comprovado se refere a espécie de contribuição à qual a empresa não estava sujeita. Verificase que da analise da Solução de Consulta nº 412/2004, fls.88, a turma ordinária reconheceu a impossibilidade de exigência do Recorrido da Contribuição ao PIS com base na folha de salários, por ter sido expressamente excluída o Contribuinte do rol de contribuintes do PIS folha enquadrados no artigo 13 da Medida Provisória n.° 2.15835/2001, entendendo pela incidência exclusiva sobre o PIS Faturamento. Fl. 304DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 305 9 Ou seja, a própria Receita Federal afastou o Contribuinte do rol de contribuintes deste tributo. Vale ressaltar que o Contribuinte quando realizou a Consulta fez o questionamento referente a sua sujeição ou não ao PIS/ Folha, decorrente do entendimento de que estaria enquadrada dentre as entidades que a lei enquadra como contribuintes daquele tributo, no caso o artigo 13 da Medida Provisória n.° 2.15835, quais seja, entidades imunes/isentas ao PIS Faturamento, senão vejamos: Relatório da Superintendência Regional da Receita Federal da 6a Região Fiscal: "Relatório 1. A interessada informa que é uma federação de cooperativas dedicadas à assistência médicohospitalar, na forma da Lei n.° 5.764/71 e de seu estatuto. Diz que, no desenvolvimento de suas atividades, presta serviços às cooperativas suas associadas, recebendo pagamentos mensais, a título de "taxas de manutenção", necessárias à sua sobrevivência e atuação, tratando se também de ato cooperativo, destinado a manter a sociedade cooperativa de segundo grau. 2. Cita o disposto no art. 13 da Medida provisória n" 2.15835, de 24 de agosto de 2001, ao qual faz menção aos sindicados, as federações e confederações, concluindo que são isentas da Cofins as receitas das atividades próprias dessas entidades, as quais contribuem para o PIS com base na folha de salários. 3. Aduz que, aplicandose à consulte tal dispositivo, combinado com o art. 60 da Lei n° 5.764/71, temse que ela está sujeita ao PIS com base unicamente na folha de salários. E, quanto à Cofins, a taxa de manutenção e demais ingressos destinados a garantir sua sobrevivência e atuação constituem receitas de suas atividades próprias, sendo, portanto, isentos dessa contribuição. Fl. 305DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 306 10 4. Isso posto, pergunta se está correto o seu entendimento quanto à isenção da Cofins sobre as mencionadas receitas e o pagamento do PIS com base na folha de salários, como exposto na consulta." (destaques nossos). Fundamentos Legais (...) 9. No que diz respeito ao PIS e à Cofins, a Medida Provisória n. ° 2.15835, de 24 de agosto de 2001, tem os seguintes comandos: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IXcondomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § lo da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971 (...) 10. E, por sua vez, o Decreto n." 4.524, de 17 de dezembro de 2002, que regulamentou as contribuições sociais para o PIS e a COFINS, dispõe: Fl. 306DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 307 11 Art. 9o São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, art. 13): I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei n°9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, cientifico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei n° 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VIserviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VIII fundações de direito privado; X condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e IX Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e as organizações estaduais de cooperativas previstas no art. 105 e seu § I o da Lei n° 5.764, de 16 de dezembro de 1971. (...) Pelos termos expostos na consulta, a interessada se julga enquadrada no inciso V do art. 13 da MP n.° 2.15835, de 2001. Entretanto, ressaltese que as "federações e confederações" referidas no inciso V da Medida Provisória n." 2.15835, de 24 de agosto de 2001 se referem a federações e confederações de sindicatos. Portanto, ao contrário do que expõe da consultente, ela não está entre as entidades referidas no inciso V do art. 13 da MP n."2.15835, de 2001. (...) 14. Pode a consulente estar enquadrada, todavia, no inciso IV do mesmo art. 13 da MP n.° 2.15835, de 2001, que contempla as associações que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei n. ° 9.532/1997. 15. Entre esses requisitos, está o de não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados. Todavia, a transcrição da ata da Fl. 307DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 308 12 assembleia geral ordinária da consulente, realizada em 08/03/2002 (...), informa que a mesma assembleia fixou o valor dos honorários para os membros da Diretoria Executiva, inclusive reajustando os referidos honorários." (destaques nossos). Ou seja, a resposta dada é que o Contribuinte não é contribuinte do PIS Folha, inclusive à luz do mencionado Decreto. Assim, diante da resposta acima o Contribuinte que havia recolhido indevidamente a contribuição, fez à sua compensação com débitos diversos, conforme determina a Lei n.° 9.430/96 e o Código Tributário Nacional. Portanto, a glosa da compensação do PIS/Folha recolhido indevidamente viola explicitamente seu próprio ato administrativo que entendeu pela sua não incidência. Por fim a Fazenda Nacional entende que o Contribuinte por se tratar de sociedade cooperativa, estaria sujeito ao recolhimento do PIS/folha de salário, nos termos do artigo 2o, § 1o, da Lei nº 9.715/98. Entendo que a previsão da contribuição sobre a folha de pagamento mensal das sociedades cooperativas, inicialmente prevista no § 1o, do artigo 2o da Lei nº 9.715/98, mencionada no Recurso Especial como fundamento para a glosa em discussão, perdeu seu fundamento desde a edição da Lei nº 9.718/98. Com o advento da Lei n.° 9.718/1998 o legislador determinou a exigência do PIS somente sobre faturamento/receita, revogando, portanto, a exigência do PIS/Folha. Essa alteração foi confirmada pela Medida Provisória n.° 1.8586, de 29 de junho de 1999, a exigência daquela contribuição em relação às entidades sem fins lucrativos que menciona ficou adstrita ao PIS apurado sobre o faturamento/receita bruta (no caso das sociedades cooperativas, decorrente da prática de atos não cooperativos), afastandose o recolhimento de uma mesma contribuição duplamente, e com duas bases de cálculo distintas (faturamento/receita e folha). Fl. 308DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 309 13 Vale ressaltar que as sociedades cooperativas são entidades sem fins lucrativos e por tal característica lhe era cobrado o PIS sobre a folha de salários, conforme anteriormente esclarecido. Notase que a MP n.° 1.8589, de 24 de setembro de 1999 (atual MP n.° 2.15835/01) determinou a incidência do PIS Folha apenas sobre as sociedades cooperativas especificamente relacionadas no inciso X do artigo 13 daquele instrumento, bem como sobre aquelas cooperativas que procedessem às deduções enumeradas no artigo 15 (claramente direcionadas às cooperativas de produção). Vejase: MP n.° 1.8589, de 24/09/99 até MP n.° 2.15835, de 24/08/01 Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. (...) Fl. 309DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 310 14 Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2° e 3° da Lei n° 9.718, de 27 de novembro de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § 1 o Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. § 2o Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, TAMBÉM, de conformidade com o disposto no art. 13; serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas." Assim., pela leitura do dispositivo acima demonstra que as exclusões tratadas nos incisos I a V (art. 15 da MP n° 2.15835/2001) não se aplicam às cooperativas médicas de prestação de serviços. Tais exclusões referemse às cooperativas de produção (também chamadas cooperativas de produtores ou cooperativas de vendas em comum), uma vez que aquelas exceções decorrem de atividades típicas desse tipo de cooperativa. Assim, as sociedades cooperativas que não têm um tratamento específico estão impedidas de excluir da Fl. 310DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 311 15 base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofms os valores repassados aos associados a qualquer título. A exclusão prevista no art. 15, I, da MP n° 2.15835, de 2001, referese a produto (mercadoria) que pode ser entregue à cooperativa para ser comercializado, não abrangendo, portanto, serviços. Portanto, as exclusões e deduções específicas previstas no art. 15 da MP n° 2.15835/2001 (art. 32, incisos I a V, do Decreto nº 4.524/2002) não se aplicam às cooperativas de trabalho médico. As demais exclusões, previstas no art. 32 do Decreto n° 4.524/202 e no art. 3o, § 2o, da Lei nº 9.718/98, também não respaldam as exclusões pretendidas pela impugnante. Desta forma, a partir de 01/11/1999, a contribuição ao PIS e COFINS das sociedades cooperativas passou a incidir sobre o total da receita bruta, como definido na Lei 9.718/98, não se diferenciando os atos cooperativos dos nãocooperativos, ou seja, as sociedades cooperativas passaram à condição de contribuintes da COFINS e do PIS/FATURAMENTO também sobre as receitas oriundas de atos cooperativos, sendo admitidas, entretanto, além das exclusões comuns a todas as pessoas jurídicas, a exclusões expressas no artigo 15 da MP 18587/99 e suas reedições. Entretanto, as exclusões expressas no dispositivo legal acima citado não alcançam as atividades cooperativas em geral, tendo em vista que essas exclusões decorrem da atividades típicas das cooperativas de produção agropecuária. Logo tratandose o contribuinte em questão de uma sociedade cooperativa de trabalho médico, não fará jus às exclusões expressas no artigo 15 da MP 18587/99 e suas reedições." Assim que, nos termos da legislação retro transcrita, todas as demais cooperativas que não cooperativas de produção, incluídas as de trabalho médico, deveriam recolher, exclusivamente, o PIS sobre faturamento/receita. Confirase entendimento já exarado pelo CARF em situação semelhante: "Período de apuração: 2002, 2003, 2004, 2005 Fl. 311DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 312 16 PIS. COOPERATIVAS DE CRÉDITO. BASE DE CÁLCULO A base de cálculo das Contribuições ao PIS das cooperativas de crédito, a partir da edição da Lei no. 10.637/2002, é a receita total auferida, excluindose as sobras, na forma do par. 2o do art. I o da Lei n° 10.676/2003. PIS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTOS. COOPERATIVA DE CREDITO. Não se aplica às cooperativas de crédito a incidência cumulativa do PIS sobre a Folha de Pagamentos e o PIS sobre as receitas auferidas, uma vez que as exclusões previstas no art. 15 da MP n" 2.15835/2001 não se referem à atividade dessa espécie de cooperativa. Recurso Voluntário Provido em Parte." (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais 2a Turma Ordinária/ 3a Câmara/ 3a Seção Processo n.° 16327.000.833/200621 Acórdão n.° 330201.449 Relator Gileno Gurjão Barreto Sessão de 15/02/2012) Aliás, ressaltase que a atual Instrução Normativa n. 635/2006 da Secretaria da Receita Federal, ao contrário do que dispôs em relação aos outros ramos cooperativistas (de forma ilegal, digase), nada dispôs acerca da exigência do PISFolha para as cooperativas de trabalho médico. Confirase o disposto no artigo 17 da referida IN que, ao contrário das anteriores que a sucederam, nada dispõe acerca da obrigatoriedade das Cooperativas de Trabalho Médico em recolher o PIS Folha: Das exclusões e deduções da base de cálculo das cooperativas de médicos "Art. 17 A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, apurada pelas sociedades cooperativas de médicos que operem plano de assistência à saúde, pode ser ajustada, além do disposto nos arts. 9°e 10, pela: I exclusão dos valores glosados em faturas emitidas contra planos de saúde; II dedução dos valores das coresponsabilidades cedidas; III dedução das contraprestações pecuniárias destinadas à constituição de provisões técnicas; e IV dedução do valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. Fl. 312DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 313 17 §1° As glosas dos valores, de que trata o inciso I do caput, devem ser decorrentes de auditoria médica dos convênios e planos de saúde nas faturas, em razão da prestação de serviços e de fornecimento de materiais aos seus conveniados. §2" As disposições dos incisos II a IV do caput aplicamse aos fatos geradores ocorridos a partir de 1° de dezembro de 2001". Notese que nos capítulos em que se tratou das deduções específicas de cada ramo cooperativista, como do crédito ou do transporte rodoviário e de cargas, a referida IN/SRF 635/2006 cuidou de dispor que em face de tais deduções a cooperativa deveria recolher também o PIS/Folha (ilegalmente, reiterese). Vejase: Das exclusões e deduções da base de cálculo das cooperativas de crédito "Art. 15 A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, apurada pelas sociedades cooperativas de crédito, pode ser ajustada, além do disposto no art. 9o, pela: I dedução das despesas incorridas nas operações de intermediação financeira; II dedução dos encargos com obrigações por refinanciamentos, empréstimos e repasses de recursos de órgãos e instituições oficiais ou de direito privado; III dedução das perdas com títulos de renda fixa e variável, exceto com ações; IV dedução das perdas com ativos financeiros e mercadorias em operações de hedge; V exclusão dos ingressos decorrentes de ato cooperativo; e VI dedução das sobras líquidas apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (Fates), previstos no art. 28 da Lei n°5.764, de 1971. (...) §4° A sociedade cooperativa de crédito, nos meses em que fizer uso de qualquer das exclusões ou deduções previstas nos incisos I a VI do caput, deverá, também, efetuar o pasamento da Contribuição para o PIS/Pasep Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 314 18 incidente sobre a folha de salários, conforme disposto no art. 28". (destaques nossos). "Das exclusões e deduções da base de cálculo das cooperativas de transporte rodoviário de cargas Art. 16" A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, apurada pelas sociedades cooperativas de transporte rodoviário de cargas, pode ser ajustada, além do disposto no art. 9o, pela: I exclusão dos ingressos decorrentes de ato cooperativo; II exclusão das receitas de venda de bens a associados, vinculados às atividades destes; III exclusão das receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados aplicáveis na atividade de transporte rodoviário de cargas, relativos a assistência técnica, formação profissional e assemelhadas; IV exclusão das receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos contraídos junto a instituições financeiras, para a aquisição de bens vinculados à atividade de transporte rodoviário de cargas, até o limite dos encargos devidos às instituições financeiras; e V dedução das sobras líquidas apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (Fates), previstos no art. 28 da Lei nº 5.764, de 1971. § 1º A sociedade cooperativa de transporte rodoviário de cargas, nos meses em que fizer uso de qualquer das exclusões ou deduções previstas nos incisos I a V do caput, deverá, também, efetuar o pasamento da Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários, conforme disposto no art. 28. " Vejase, portanto, que manter a exigência do PIS/Folha para as sociedades cooperativas de trabalho médico pelo Decreto nº 4.524/2002 (reiterado pelas INS n°s 145/99, 247/2002) ofende a própria lógica estabelecida na atual IN n. 635/2006, a qual sequer impõe a exigência da referida contribuição para as cooperativas de trabalho médico. E isso além do flagrante desrespeito à lei. Fl. 314DF CARF MF Processo nº 10680.912797/200988 Acórdão n.º 9303006.569 CSRFT3 Fl. 315 19 Diante disto, nego provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Fl. 315DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13028.000069/2003-28
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Jan 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003
RECURSO ESPECIAL. MATÉRIAS PARA AS QUAIS NÃO SE DEMONSTRA A DIVERGÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO.
Não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente, sendo que a divergência deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido (art. 67, caput, e §§ 1º e 8º, do RICARF).
Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. ADMISSÃO, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STJ (REsp nº 993.164/MG), proferida na sistemática do art 543-C do antigo CPC (Recursos Repetitivos), no sentido da inclusão na base de cálculo do Crédito Presumido de IPI na exportação (Lei nº 9.363/96) das aquisições de não contribuintes PIS/Cofins, como as pessoas físicas, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental (art. 62, § 2º, do RICARF).
Numero da decisão: 9303-006.279
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201801
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 RECURSO ESPECIAL. MATÉRIAS PARA AS QUAIS NÃO SE DEMONSTRA A DIVERGÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO. Não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente, sendo que a divergência deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido (art. 67, caput, e §§ 1º e 8º, do RICARF). Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. ADMISSÃO, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STJ (REsp nº 993.164/MG), proferida na sistemática do art 543-C do antigo CPC (Recursos Repetitivos), no sentido da inclusão na base de cálculo do Crédito Presumido de IPI na exportação (Lei nº 9.363/96) das aquisições de não contribuintes PIS/Cofins, como as pessoas físicas, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental (art. 62, § 2º, do RICARF).
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13028.000069/2003-28
anomes_publicacao_s : 201806
conteudo_id_s : 5869896
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9303-006.279
nome_arquivo_s : Decisao_13028000069200328.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 13028000069200328_5869896.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
dt_sessao_tdt : Fri Jan 26 00:00:00 UTC 2018
id : 7326431
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:20:17 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050308929650688
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1835; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 236 1 235 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13028.000069/200328 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303006.279 – 3ª Turma Sessão de 26 de janeiro de 2018 Matéria CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI Recorrente LUPO MINERAIS LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 RECURSO ESPECIAL. MATÉRIAS PARA AS QUAIS NÃO SE DEMONSTRA A DIVERGÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO. Não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente, sendo que a divergência deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido (art. 67, caput, e §§ 1º e 8º, do RICARF). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. ADMISSÃO, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STJ (REsp nº 993.164/MG), proferida na sistemática do art 543C do antigo CPC (Recursos Repetitivos), no sentido da inclusão na base de cálculo do Crédito Presumido de IPI na exportação (Lei nº 9.363/96) das aquisições de não contribuintes PIS/Cofins, como as pessoas físicas, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental (art. 62, § 2º, do RICARF). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 02 8. 00 00 69 /2 00 3- 28 Fl. 236DF CARF MF Processo nº 13028.000069/200328 Acórdão n.º 9303006.279 CSRFT3 Fl. 237 2 Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência (fls. 180 a 192), interposto pelo contribuinte, contra o Acórdão 2101000.097, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 3ª Sejul do CARF (fls. 170 a 176), sob a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CRÉDITO PRESUMIDO. RESSARCIMENTO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. Somente os insumos que se submeteram à incidência da contribuição na operação de aquisição pelo produtorexportador compõem a base de cálculo do incentivo, situação essa em que não se incluem as aquisições junto a pessoas físicas. Na sua peça recursal, o contribuinte contesta não somente a não inclusão na base de cálculo de aquisições de não contribuintes PIS/Cofins – mais especificamente, de pessoas físicas – mas, no seu bojo (*) trata ainda: Da não admissão de exportações de produtos simplesmente adquiridos de terceiros e de produtos “NT”; Da atualização do crédito reconhecido com base na Taxa Selic, desde a data do protocolo do pedido. (*) Mas, no seu requerimento final, não inclui as exportações, limitandose a pedir a reforma do acórdão para “(a) determinar a inclusão das aquisições de pessoas físicas na base de cálculo ... (b) ... reconhecer o direito ao crédito ... devidamente corrigido ... acrescer da Taxa Selic desde a protocolização do pedido”. Ao Recurso Especial foi dado seguimento parcial (fls. 221 a 223), “apenas em relação à matéria ... AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS”. A PGFN não apresentou Contrarrazões. É o Relatório. Fl. 237DF CARF MF Processo nº 13028.000069/200328 Acórdão n.º 9303006.279 CSRFT3 Fl. 238 3 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O acórdão recorrido trata somente da inclusão ou não na base de cálculo do Crédito Presumido de IPI das aquisições de pessoas físicas. E não só ele: a ementa da decisão da instância de piso, nele transcrita (fl. 171), só fala que geram direito ao crédito apenas as aquisições que sofrem a incidência de PIS/Cofins. Indo mais além na análise dos autos, ainda se vê, na descrição dos Fatos do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fl. 113) que a glosa de créditos se deu unicamente pelo fato do Auditor ter constatado “que o contribuinte, para cálculo do Incentivo, incluiu na Base de Cálculo, as MatériasPrimas adquiridas de Pessoas Físicas ...”. Então, somente há que se falar em divergência em relação às aquisições de pessoas físicas, pelo que, a teor do disposto no RICARF, não conheço do Recurso Especial no que tange às demais matérias: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. § 1º Não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente. (...) § 8º A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. No que se refere às aquisições de não contribuintes PIS/Cofins, como as pessoas físicas, o tema não é mais passível do discussão no CARF, pois há decisão do STJ admitindo estes créditos, em Acórdão submetido ao regime do art 543C do Antigo CPC (Recursos Repetitivos), no RESp nº 993.164/MG, de Relatoria do Ministro Luiz Fux, publicado em 17/12/2010. Transcrevo excerto da Ementa do referido Acórdão, no que interessa à discussão: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À Fl. 238DF CARF MF Processo nº 13028.000069/200328 Acórdão n.º 9303006.279 CSRFT3 Fl. 239 4 TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. Por força regimental – Portaria MF nº 343/2015, art. 62, § 2º, a decisão deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda que: 1) Existe inclusive Súmula do STJ a respeito, publicada em 13/08/2012: Súmula 494: O benefício fiscal do ressarcimento do crédito presumido do IPI relativo às exportações incide mesmo quando as matériasprimas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa física ou jurídica não contribuinte do PIS/PASEP. 2) Antes disto, já havia sido editado o Ato Declaratório nº 14/2011 da PGFN, nos seguintes termos: A PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida ..., DECLARA que fica autorizada a dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: “nas ações e decisões judiciais que fixem o entendimento no sentido da ilegalidade da IN/SRF 23/1997, que, ao excluir da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI as aquisições relativamente aos produtos da atividade rural, de matériaprima e de insumos de pessoas físicas, extrapolou os limites do art. 1º da Lei n. 9.363/1996”. JURISPRUDÊNCIA: AGRESP 913433/ES, REsp 627.941/CE, REsp 840.056/CE RESP 995285/PE, RESP 1008021/CE, RESP 921397/CE, RESP 840056/CE, RESP 767617/CE, todas do STJ. 3) Na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, mas em razão da manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir: Fl. 239DF CARF MF Processo nº 13028.000069/200328 Acórdão n.º 9303006.279 CSRFT3 Fl. 240 5 NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.155/2012 (...) Em complementação à Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que delimitou a matéria decidida nos julgamentos submetidos à sistemática dos artigos 543B e 543C, do Código de Processo Civil, ... encaminhase a presente nota na qual se acrescenta o item 84 da lista do art. 1º, V, da Portaria PGFN nº 294/2010, correspondente ao Recurso Especial nº 993.164/MG, acrescentado a esta lista na sua última atualização realizada no dia 10 de agosto de 2012. 2. Em razão de o referido julgado ter repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, encaminhase o item relativo à delimitação do tema para fins de complementação do anexo da Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, com a seguinte redação: 84 – RESP 993.164/MG Relator: Min. Luiz Fux (...) Resumo: o tribunal julgou ilegal a IN RFB Nº 23/97, por ter ela extrapolado os limites da Lei 9.363/96, ao excluir da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeitos à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS. À vista do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte, na parte conhecida. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 240DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002207/2010-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/1998 a 31/12/1998
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF.
A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento.
Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
Numero da decisão: 2201-004.217
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/1998 a 31/12/1998 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 19515.002207/2010-27
anomes_publicacao_s : 201805
conteudo_id_s : 5861854
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2201-004.217
nome_arquivo_s : Decisao_19515002207201027.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 19515002207201027_5861854.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
id : 7281057
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:18:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050308933844992
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1576; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 2 1 1 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.002207/201027 Recurso nº 1 De Ofício Acórdão nº 2201004.217 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 06 de março de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CONTAXMOBITEL S.A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/1998 a 31/12/1998 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 22 07 /2 01 0- 27 Fl. 195DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 19515.002149/201031, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária "Tratase de recurso de ofício apresentado em face da decisão de primeiro grau, pela qual se deu integral provimento à impugnação do sujeito passivo ao auto de infração que constituiu crédito tributário relativo à contribuição a cargo da empresa e à contribuição para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho (SAT) apuradas com base nas remunerações paga aos segurados empregados de empresa prestadora de serviços. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário visando restabelecer a exigência realizada anteriormente através de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, referente a contribuições apuradas com base no instituto da solidariedade, que foi anulada por vício formal. A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual se reconheceu a decadência do direito de lançar do fisco, uma vez que entre a data que declarou a nulidade por vício formal do lançamento anterior e aquela em que o novo crédito foi constituído transcorreuse prazo superior a cinco anos. Segundo a decisão recorrida, o valor total do crédito constituído na ação fiscal superou o limite de alçada previsto na Portaria MF nº 3, de 2008, de RS 1.000.000,00. Considerando esse somatório, foi apresentado recurso de ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta conselheira. É o que havia para ser relatado." Fl. 196DF CARF MF Processo nº 19515.002207/201027 Acórdão n.º 2201004.217 S2C2T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018, proferido no julgamento do processo n° 19515.002149/201031, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018: Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Conforme se extrai do relatório, este processo compõe um conjunto de processos decorrentes da mesma ação fiscal e julgados na mesma sessão, com um total de crédito tributário afastado superior a R$ 1.000.000,00, limite previsto na Portaria MF nº 03, de 2008, o que justificou que a autoridade julgadora de primeira instância administrativa recorresse de ofício. Ocorre, porém, que a análise da admissibilidade do recurso de ofício deve ser realizada em vista do limite de alçada vigente na data em que ele é apreciado. É o que preceitua, sem embargo, o enunciado nº 103 da Súmula de jurisprudência deste CARF: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Os fundamentos das decisões que serviram de paradigma para este enunciado são bem explicitados pelo trecho que abaixo se transcreve do Acórdão nº 9202003.027, relator o Conselheiro Marcelo Oliveira: Em síntese, o cerne da questão versa sobre o conhecimento, ou não, de recurso de ofício quando há elevação do valor de alçada, entre o julgamento em primeira instância e o julgamento pelo CARF. Como é cediço, as normas processuais têm aplicação imediata, conforme determinação o Código de Processo Civil (CPC): CPC: “Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes.” Fl. 197DF CARF MF 4 Para a recorrente, entretanto, a norma posterior não pode prejudicar seu direito ao recurso, pois, em síntese, cercearia seu direito à defesa. Com todo respeito, não concordamos com a recorrente. Há uma diferença, relevante, que não pode ser deixada de lado nesta análise: uma das partes (União) foi quem emitiu a norma posterior que fundamentou o não conhecimento do recurso de ofício. No processo civil as norma processuais não são de iniciativa das partes. Ao contrário, a eventual norma processual atinge ambas as partes, beneficiandoas ou as prejudicando, a depender da fase em que se encontre o processo, daí a necessidade de garantia de direitos. Já no processo administrativo fiscal a norma é conseqüência do poder que goza a Administração Pública, o que permite que esta enquanto sujeito processual representado pela Fazenda Nacional, possa criar normas abrindo mão de seus próprios direitos. Esse é o raciocínio presente em acórdãos já proferidos por este Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão: 9202002.652 – CSRF. Relator: Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira). ... ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO EQUIVOCADO NULIDADE. Fl. 198DF CARF MF Processo nº 19515.002207/201027 Acórdão n.º 2201004.217 S2C2T1 Fl. 4 5 A verificação do limite de alçada, para efeitos de conhecimento do recurso de ofício pelo Colegiado ad quem, é levada a efeito com base nas normas jurídicas vigentes na data do julgamento desse recurso. Não tendo o Colegiado ad quem observado o novo limite de alçada para o recurso de ofício. Tal julgamento é nulo, de pleno direito, visto que, a competência do órgão julgador, no caso concreto, é conferida pela devolutividade do recurso. Processo Anulado. (Acórdão: 9303002.165 – CSRF. Relator: Henrique Pinheiro Torres). ... REEXAME NECESSÁRIO — LIMITE DE ALÇADA — AMPLIAÇÃO — CASOS PENDENTES Aplicase aos casos não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário, estabelecido pela Portaria MF n° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). (Acórdão: CSRF/0400.965. Relatora: Maria Helena Cotta Cardozo) A criação e elevação do limite de alçada para recursos de ofício tem como um de seus objetivos dar celeridade à solução do processo no âmbito administrativo fiscal, pela diminuição de julgamentos pela segunda instância em processos em que a própria parte (União) demonstra ausência de interesse na continuidade do litígio. Atualmente, o limite de alçada se encontra fixado pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Pelos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, o recurso de ofício será cabível sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), valor este que deverá ser verificado por processo. Fl. 199DF CARF MF 6 O crédito tributário exonerado no processo em análise não atende a esses pressupostos, de forma que o recurso de ofício não preenche os requisitos necessários para que seja conhecido. Conclusão Com base no exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. Dione Jesabel Wasilewski – Relatora" Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Fl. 200DF CARF MF
score : 1.0
