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Numero do processo: 18470.725744/2012-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.394
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Marotti Toselli - Relator.
EDITADO EM: 29/03/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE MAROTTI TOSELLI
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Relator. EDITADO EM: 29/03/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de Autos de Infração que exigem IRPJ e Reflexos (CSLL, PIS e COFINS), relativos ao ano calendário de 2008, em razão da presunção legal de omissão de receita apurada em face da constatação de depósitos de origem não comprovada. De acordo com o Termo de Constatação Fiscal (fls. 249 e seguintes): RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 84 70 .7 25 74 4/ 20 12 -1 0 Fl. 23908DF CARF MF Processo nº 18470.725744/201210 Resolução nº 1201000.394 S1C2T1 Fl. 3 2 Não se conformando com a exigência, a contribuinte apresentou impugnação (fls. 1.122/1.147). Pede o apensamento deste processo ao processo decorrente do Auto de infração de IPI (também reflexo PAF 18470.725743/201267) e alega que: (i) os extratos bancários foram entregues pela própria empresa após coação da fiscalização; (ii) os Autos de Infração foram emitidos de forma precipitada, em momento no qual a documentação individualizada das 3.600 operações estava sendo preparada; (iii) o fisco, diante dos extratos bancários, não os contrapôs à escrita fiscal, de modo que não verificou se existiam incongruências capazes de ensejar a presunção de omissão de receita decorrente do artigo 42 da Lei n. 9.430/1996; (iv) as autuações são nulas porque é vedado à Administração Pública acessar os extratos bancários dos contribuintes sem prévia autorização judicial; (v) os documentos fiscais apresentados à fiscalização, e que não foram desconsiderados, já eram suficiente à comprovação da origem dos depósitos vinculados aos extratos bancários. Não obstante, todos os valores foram registrados contabilmente e possuem origem comprovada, conforme atestam a vasta documentação juntada e suas notas explicativas; (vi) a fiscalização não excluiu os montantes a título de transferências interbancárias e empréstimos firmados pelo contribuinte, fato este que também macula o lançamento; Fl. 23909DF CARF MF Processo nº 18470.725744/201210 Resolução nº 1201000.394 S1C2T1 Fl. 4 3 (vii) a incidência de juros sobre a multa de ofício não possui fundamento. A impugnação foi julgada parcialmente procedente. Transcrevo abaixo a ementa da decisão (fls. 22.190/22.203): INCONSTITUCIONALIDADE A autoridade administrativa não possui competência material para apreciar inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo. NORMAS PROCESSUAIS. NULIDADE. Não se cogita de nulidade dos lançamentos, ausentes as causas delineadas no art. 59 do Decreto nº 7.574/2011, ou no 142 do CTN. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizamse como omissão de receitas os valores creditados em conta bancária de depósito, ou de investimento, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. LANÇAMENTOS REFLEXOS. Pis. Cofins. CSLL Uma vez que os lançamentos decorreram dos mesmos elementos prova que nortearam o do IRPJ, impõese a eles, mudando o que deve ser mudado, o mesmo veredicto firmado no lançamento principal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Logo em seguida, foi atestado erro de cálculo da decisão (despacho de fls. 22.233), o que levou a correção da tabela dos valores exonerados, conforme o seguinte quadro constante da decisão revisora de primeira instância (fls. 22.236/22.249): Considerando que o valor do montante exonerado supera o limite de alçada atualmente determinado, houve interposição de recurso de ofício por parte da DRJ. Já a parcela da exigência mantida foi objeto de recurso voluntário (fls. 22.285/22.311), por meio do qual a contribuinte reitera as alegações de defesa, pede a abertura Fl. 23910DF CARF MF Processo nº 18470.725744/201210 Resolução nº 1201000.394 S1C2T1 Fl. 5 4 de novo prazo para interposição de recurso voluntário como defesa suplementar, uma vez que apenas obteve o quadro demonstrativo anexo ao acórdão da DRJ 18 (dezoito) dias após ser intimada e tece considerações mais detalhadas para comprovar a origem individual dos valores remanescentes, juntando mais documentos a fim de contrapor a decisão de piso (fls. 22.345/23.882). É o relatório. Voto No tópico destinado ao mérito dos lançamentos, a decisão de piso registra que: Assim dispuseram o artigo 287 do Decreto nº 3.000/1999 e sua matriz legal: Art. 287. Caracterizamse também como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42). § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42, § 1º). § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo do imposto a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42, § 2º). § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados os decorrentes de transferência de outras contas da própria pessoa jurídica (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42, § 3º, inciso I). Não há dúvidas de que é relativa a presunção legal encerrada naquele tipo, passível de afastamento pela contribuinte. Mas, há ínsito nela também o ônus, de sua responsabilidade, da comprovação da origem dos recursos depositados/creditados naquelas contas correntes, com o gravame de que o seja mediante documentação hábil e idônea. A par das oportunidades a ela conferidas, tanto na fase procedimental, quanto nessa vestibular fase processual, a contribuinte não trouxe matéria de prova, que tivesse o condão de comprovar, em sua totalidade, "mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações." No entanto, a análise dos elementos de prova passiva desnuda a comprovação da maioria dos valores dos depósitos bancários, mas que não foram computados nas respectivas base de cálculo. Fl. 23911DF CARF MF Processo nº 18470.725744/201210 Resolução nº 1201000.394 S1C2T1 Fl. 6 5 Se tanto, tais valores haveriam de ser tributados sob o pálio do parágrafo 2° do art. 42 da Lei n° 9.430/1996, não com base em seu caput. Portanto, hão de ser expurgados da tributação. A referida análise culminou na confecção das planilhas contidas no QUADRO DEMONSTRATIVO N° 01 ACÓRDÃO DE IMPUGNAÇÃO anexo, partindose das seguintes premissas: a) foram aceitas como comprovadas as origens dos valores dos depósitos bancários creditados em conta de titularidade da contribuinte, que também foram creditados no todo ou em seu somatório, ainda que em datas distintas, mas próximas em outra(s) conta(s) de mesma titularidade e representativas de contas vinculada(s) àquela; b) não foram aceitas como comprovadas as origens dos depósitos que não foram objeto, tanto de anotação nas planilhas contidas no QUADRO DEMONSTRATIVO N° 01 ANEXO AO TERMO DE CONSTATAÇÃO DO AUTO DE INFRAÇÃO, quanto de alegação passiva de contrapartidas, em contas de mesma titularidade, mas órfãs de comprovação pela contribuinte; Tudo isso sem perder de vista que a inequívoca comprovação da origem dos depósitos bancários, mediante documentação hábil e idônea, impõe identidade de valores que transitaram entre essa ou aquela conta bancária de mesma titularidade. Ao contrário, não há que se projetar essa comprovação para contas vinculadas, de mesma titularidade, sem identidade de valores, ainda que no todo ou em parcelas que o perfazem, em sintonia com os condicionantes previstos naquela matriz legal. As considerações acima ainda são importantes para dizer da improcedência do discurso passivo da não exclusão, da tributação, dos valores de transferências e de empréstimos. Na realidade, os autos demonstram que o critério adotado pelo fisco, tal como asseverado no TCF, foi de proceder "as exclusões dos depósitos bancários que tinham origem comprovada (Transferencias / empréstimos) " . Em termos de matéria de prova propriamente dita, há que se dizer que, tanto as notas fiscais faturas, quanto os relatórios contábeis auxiliares e/ou o Razão trazidos na impugnação como tal foram analisados por amostragem em seu conjunto por esse relator, ao propósito de aferir se convergiam para a comprovação da origem dos depósitos bancários. Nesse ponto, esclareço que houve casos para os quais a contribuinte não comprovou nenhum dos depósitos bancários em determinado mês, destoando do padrão por ela adotado, de fazer anotações nos quadros demonstrativos orientadoras no sentido de se comprovar a origem da maioria dos depósitos bancários. Por desnecessário, não foram objeto de detalhamento no QUADRO DEMONSTRATIVO N° 01 ACÓRDÃO DE IMPUGNAÇÃO, mas foram consignados na planilha intitulada QUADRO DEMONSTRATIVO N° 2 ACÓRDÃO DE IMPUGNAÇÃO anexo. Fl. 23912DF CARF MF Processo nº 18470.725744/201210 Resolução nº 1201000.394 S1C2T1 Fl. 7 6 O juízo aqui firmado considerou ainda os seguintes explicativos pontuais da contribuinte, aqui resumidamente transcritos, quanto às seguintes instituições financeiras: [...] No recurso voluntário interposto, a Recorrente esclarece que: 66. Após minucioso trabalho, por conta da apresentação dos comprovantes de cada depósito, a decisão de primeira instância manteve, do valor total lançado a título de principal (R$ 14.500.779,03), apenas 28% (vinte e oito por cento), o que corrobora que o llmo. Fiscal Autuante sequer analisou os documentos apresentados durante o período de um ano e meio em que perdurou a fiscalização, enquanto a Recorrente o fez em 30 (trinta) dias. 67. Em relação aos lançamentos mantidos, a Recorrente apresenta em sede de recurso os mesmos documentos desconsiderados em primeira instância, porém, neste momento, o faz de forma diversa, a fim de restar ainda mais claro que não omitiu qualquer receita tributável. 68. A título de exemplo, mostrase emblemático o caso referente ao Banco Santander, para o qual a Fiscalização apontou mais de 800 (oitocentos) lançamentos. Assim, tendo em vista a hercúlea missão de analisálos individualmente no exíguo prazo de 30 (trinta) dias, a Recorrente os apresentou de maneira agregada em vez de fazêlo um a um por depósito. 69. No entanto, esta forma de comprovação não foi aceita pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento DRJ/JFA, razão pela qual a Recorrente, desta feita, apresenta a identificação individualizada de cada depósito (doc.03). 70. É de se ressaltar também o caso do Banco Banrisul, uma vez que a conta n.. 06.85341205 era utilizada apenas e tão somente para capital de giro com 60% de garantia de depósitos. Naquela conta, por certo, não há depósitos de clientes, pelo que não há que se falar em omissão de receitas. Em todos os lançamentos observase a descrição "Op. Cred. c/penhor". A fim de comprovar o exposto, a Recorrente colaciona a relação entre os depósitos e os borderôs com as duplicatas relacionadas. 71. Fato é, portanto, que as receitas tidas por omitidas pela Fiscalização encontramse absolutamente escrituradas, como se pode comprovar da documentação anexa a este recurso, discriminada no rol abaixo: (i) documentação comprobatória da origem dos depósitos realizados nas contas correntes de titularidade da Recorrente junto ao Banco Santander; (doc.03) (ii) documentação comprobatória da origem dos depósitos realizados nas contas correntes n9s 020102970 e 020104609, no Banco Mercantil; (doc.04) Fl. 23913DF CARF MF Processo nº 18470.725744/201210 Resolução nº 1201000.394 S1C2T1 Fl. 8 7 (iii) documentação comprobatória da origem dos depósitosrealizados nas contas correntes n9 162.699.0018 e 162.699.0026, do Banco Votorantim; (doc.05) (iv) documentação comprobatória da origem dos depósitos realizados nas contas correntes n9 038.0217 e 301.4521, do Banco Safra; (doc.06) (v) documentação comprobatória da origem dos depósitos realizados na conta corrente n9 4.0188207, do Banco Real; (doc.07) (vi) documentação comprobatória da origem dos depósitos realizados nas contas correntes n9s 241765, 219316 e 248281, do Banco Itaú; (doc.08) (vii) documentação comprobatória da origem dos depósitos realizados na conta corrente n9 06.853412.05, no Banco Banrisul; (doc.09) (viii) documentação comprobatória da origem dos depósitos realizados na conta corrente n9 55121X, no Banco do Brasil; (doc.10) (iv) documentação comprobatória da origem dos depósitos realizados nas contas correntes de titularidade da Recorrente junto ao Banco Bradesco (doc.11) 72. Na decisão de primeira instância, afirmouse que não foi possível encontrar identidades de datas e valores. Todavia, parece claro que o banco não iria depositar valores na conta da Recorrente equivalentes aos das duplicatas, em razão do risco envolvido em cada operação, motivo pelo qual não se vislumbra uma correlação exata entres os valores das duplicatas e depósitos. Inobstante tal fato, a própria descrição "Op. Cred. c/ penhor" em conjunto com as duplicatas são documentos mais do que suficientes para compreensão de que não houve omissão de receitas, (doe. 09) 73.Com objetivo de esclarecer a forma de apresentação dos documentos, a Recorrente informa que separou a documentação por banco, da seguinte forma: (i) em primeiro lugar, estão os comprovantes do TEDS; e (ii) em seguida, a relação de notas fiscais e relatórios contábeis relativos às entradas na conta corrente. Da análise dessa documentação, feita pelo presente Julgador por amostragem, realmente há indícios tendentes a comprovar a origem de valores ainda considerados nos lançamentos, fato este que precisa ser melhor investigado. Entendo, portanto, imprescindível que os esclarecimentos pontuais e documentos acostados aos autos por ocasião do recurso voluntário sejam apreciados, o que deve ser feito pela DRF a fim de evitar supressão de instância e cerceamento do direito de defesa. Do exposto, VOTO no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para que, diante das considerações e documentos trazidos com o recurso voluntário, seja verificado se de fato a Fl. 23914DF CARF MF Processo nº 18470.725744/201210 Resolução nº 1201000.394 S1C2T1 Fl. 9 8 Recorrente teria comprovado a origem dos depósitos ainda considerados como receitas omitidas. O resultado da diligência ora solicitada deve constar de relatório conclusivo, o qual deve indicar e justificar se outros montantes devem ser excluídos dos lançamentos, além daqueles já exonerados pela decisão de piso. Em seguida a contribuinte deve ser intimada para se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias. Após isso devem os autos retornar ao CARF para julgamento dos recursos. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Fl. 23915DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.909826/2006-25
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 30/11/1999
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA.
O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 343, de 2007, só se justifica quando há interpretação divergente para a mesma legislação tributária.
Numero da decisão: 9303-006.418
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 30/11/1999 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA. O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 343, de 2007, só se justifica quando há interpretação divergente para a mesma legislação tributária.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
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BASE DE CÁLCULO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado SPECTRUM BRANDS BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE BENS DE CONSUMO LTDA. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/11/1999 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA. O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 343, de 2007, só se justifica quando há interpretação divergente para a mesma legislação tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 90 98 26 /2 00 6- 25 Fl. 333DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN contra o Acórdão nº 3801003.872, de 23/07/2014, proferido pela 1ª Turma Especial da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/11/1999 BASE DE CÁLCULO. BONIFICAÇÕES EM PRODUTOS. EQUIPARAÇÃO A DOAÇÕES. Os valores a título de concessão de bonificações autônomas em produtos equiparamse a doações e não configuram receitas para efeito de apuração da base de cálculo da contribuição. COMPENSAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. CRÉDITO CERTO E LÍQUIDO. Caracterizado o recolhimento a maior da contribuição é cabível o reconhecimento do direito creditório e a homologação da compensação. Recurso Voluntário Provido. Irresignada, a Recorrente se insurgiu contra o tratamento conferido, no acórdão recorrido, às bonificações auferidas pela contribuinte, às quais, ao contrário do entendimento nele adotado, representariam receita tributável pelo PIS/Cofins. Alega divergência com relação ao que decidido nos Acórdãos nº 3302002.119 e 3403002.367. O exame de admissibilidade do recurso encontrase às fls. 285/287. Intimada, a contribuinte apresentou contrarrazões ao recurso (fls. 293/330). É o Relatório. Voto Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela PFN não deve ser conhecido. Com efeito, restou decidido, no acórdão recorrido, que as bonificações em mercadorias, ainda que não se qualifiquem como descontos incondicionais, não são receitas tributadas pelo PIS/Cofins em face da gratuidade da operação, equiparandose, assim, a doações. O regime de apuração da contribuinte era o cumulativo. Todavia, em ambos os casos apreciados nos acórdãos paradigmas, os contribuintes foram tributados na sistemática não cumulativa, regime de apuração substancialmente diverso. Há, ademais, ainda duas outras divergências, que, a nosso juízo, impedem a admissibilidade dos recurso especial. É que, enquanto as bonificações aqui tratadas foram concedidas em mercadorias, as bonificações de que tratam os paradigmas foram recebidas em pecúnia. Trata Fl. 334DF CARF MF Processo nº 10880.909826/200625 Acórdão n.º 9303006.418 CSRFT3 Fl. 334 3 se, neste último caso, de dois grandes supermercadistas, que receberam recursos financeiros de seus fornecedores. Vejam: Acórdão nº 3302002.119: De um lado a fiscalização entende que tais descontos não se enquadram na categoria de incondicionais, por não se tratarem de parcelas redutoras de custo e por não cumprirem os requisitos da IN/RFB nº 51/78, ou seja, não estarem destacadas nas notas fiscais de aquisição. Aduz que, na verdade, o que a Recorrente chama de descontos incondicionais na verdade seria uma remuneração cobrada de seus fornecedores pelos serviços de distribuição de mercadorias e propaganda, bem como valores cobrados referentes a aniversários, inauguração, reforma de lojas, fidelização, não devolução de mercadorias defeituosas, bonificações e fundo de desenvolvimento de negócios. Em síntese todos teriam característica condicional. A Recorrente, por sua vez, aduz que todos os descontos obtidos não representam receita ou acréscimo patrimonial uma vez que são de natureza incondicional. Alega não prestar serviços a terceiros de transporte ou publicidade, bem como afirma não poderem ser consideradas como receitas os descontos recebidos por conta de campanhas promocionais, promoções de aniversário e inauguração de lojas por se caracterizarem como reembolso de despesas. (g.n.) Acórdão nº 3403002.367: A glosa efetuada pelo fisco, ensejadora da autuação, deveuse ao fato de a recorrente ter tributado à alíquota zero determinadas receitas (contas: receitas de promoções,..., cf. relatório), e de não ter computado outras receitas (contas: recuperação ordenado repositores, ..., cf. relatório) na base de cálculo das contribuições (para o PIS/PASEP e COFINS). Na sua defesa (tanto na impugnação quanto no Recurso Voluntário) a empresa sustenta em relação a ambas as situações que se tratam de descontos incondicionais (e, ainda que não o fossem, ad argumentandum tantum, seriam meros reembolsos de despesas, e não receitas). (...) Contudo, além de não constarem nas notas fiscais, os descontos a que se refere o presente caso são contraprestacionais, e não incondicionais. E se há contraprestação, há a possibilidade de incumprimento desta (por mais que se afirme na defesa da recorrente que os fornecedores não fiscalizam efetivamente se o produto está em gôndolas de destaque, etc.). (g.n.) Fl. 335DF CARF MF 4 Ora, sabese que nos regimes de apuração cumulativo e não cumulativo as bases de cálculo das contribuições sociais são bem diversas, de modo que, enquanto a base de cálculo no primeiro é o faturamento (na acepção mais moderna, as receitas que decorrem da realização das atividades típicas da pessoa jurídica), no segundo regime é a totalidade das receitas auferidas, independentemente de sua denominação ou classificação contábil, excetuadas algumas que as próprias leis que o instituíram expressamente excluiu. A meu sentir, o recurso especial somente se viabilizaria se, em todos os casos confrontados, o regime de apuração fosse o mesmo e se os contribuintes ou fossem todos os recebedores das bonificações (donatários), ou fossem todos os que promoveram a sua entrega (os doadores), porquanto tais circunstâncias se afiguram, a nosso juízo, fundamentais para o deslinde do litígio. Não sendo o caso, não há como conhecer do recurso. Ante o exposto, não conheço do recurso especial da PFN. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 336DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.903078/2008-24
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 15/10/2003
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO PROBATÓRIO. MOMENTO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO.
O sujeito passivo deve trazer aos autos todos os documentos aptos a provar suas alegações, em regra, no momento da apresentação de sua Impugnação/Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão. Admite-se a apresentação de provas em outro momento processual, além das hipóteses legalmente previstas, quando estas reforcem o valor probatório das provas já oportunamente apresentadas.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 15/10/2003
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA.
A apresentação de DCTF retificadora anteriormente à prolação do Despacho Decisório não é condição para a homologação das compensações. Contudo, a referida declaração não tem o condão de, por si só, comprová-lo. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3002-000.025
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto da Silva Esteves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Diego Weis Junior, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Carlos Alberto da Silva Esteves
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DA SILVA ESTEVES
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 15/10/2003 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO PROBATÓRIO. MOMENTO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. O sujeito passivo deve trazer aos autos todos os documentos aptos a provar suas alegações, em regra, no momento da apresentação de sua Impugnação/Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão. Admite-se a apresentação de provas em outro momento processual, além das hipóteses legalmente previstas, quando estas reforcem o valor probatório das provas já oportunamente apresentadas. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 15/10/2003 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. A apresentação de DCTF retificadora anteriormente à prolação do Despacho Decisório não é condição para a homologação das compensações. Contudo, a referida declaração não tem o condão de, por si só, comprová-lo. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Diego Weis Junior, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Carlos Alberto da Silva Esteves
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR PIS Recorrente PETROVIARIO TRANSPORTES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 15/10/2003 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO PROBATÓRIO. MOMENTO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. O sujeito passivo deve trazer aos autos todos os documentos aptos a provar suas alegações, em regra, no momento da apresentação de sua Impugnação/Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão. Admitese a apresentação de provas em outro momento processual, além das hipóteses legalmente previstas, quando estas reforcem o valor probatório das provas já oportunamente apresentadas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/10/2003 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. A apresentação de DCTF retificadora anteriormente à prolação do Despacho Decisório não é condição para a homologação das compensações. Contudo, a referida declaração não tem o condão de, por si só, comproválo. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 30 78 /2 00 8- 24 Fl. 448DF CARF MF Processo nº 10830.903078/200824 Acórdão n.º 3002000.025 S3C0T2 Fl. 449 2 (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Diego Weis Junior, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Carlos Alberto da Silva Esteves Relatório O processo administrativo ora em análise trata de PER/DCOMP (fl. 15/19), transmitido em 15/09/2004, cujo crédito teria origem em recolhimento do PIS efetuado a maior. A compensação declarada não foi homologada, conforme despacho decisório (fl. 111), pelos seguintes motivos: "A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Após ser intimada da decisão em 20/08/2008, a ora recorrente apresentou tempestivamente Manifestação de Inconformidade (fl. 2/4), na qual informou que, primeiramente, no anocalendário de 2003, havia recolhido a contribuição para o PIS/Pasep pelo regime cumulativo, contudo, posteriormente, no início de 2004, fez uma revisão interna e optou por adotar o regime da não cumulatividade, inclusive, em relação ao ano anterior. Essa mudança de critério, segundo ela, teria gerado pagamentos a maior, os quais foram objeto de pedidos de compensação com outros tributos. Informou, ainda, que deixou de retificar suas declarações em época própria: Dacon, DIPJ e DCTF, apresentadoas juntamente com sua manifestação. A DRJ/CPS converteu o julgamento em diligência (fl. 116/117) para que a autoridade fiscal cumprisse os seguintes quesitos: "a) verifique, com exame da documentação contábilfiscal da contribuinte, a efetividade e a regularidade dos créditos da não cumulatividade apurados pela interessada. Fl. 449DF CARF MF Processo nº 10830.903078/200824 Acórdão n.º 3002000.025 S3C0T2 Fl. 450 3 b) examine a apuração da contribuição na sistemática não cumulativa, incluindo o eventual aproveitamento futuro dos créditos apurados em 2003; c) elabore relatório circunstanciado destacando a contribuição efetivamente devida." Assim, em 24/11/2011, o Serviço de Orientação e Análise Tributária da DRF/Campinas intimou o sujeito passivo (fl 119/120) a apresentar, no prazo de 20 dias, a seguinte documentação: "Apresentar documentação contábilfiscal que comprove a efetividade e a regularidade dos créditos da não cumulatividade listados na tabela acima e utilizados no DACON; Apresentar fotocópia do livro Razão relativamente à conta “PIS a pagar”, Código de Arrecadação 6912, Período de Apuração Setembro de 2003." Após essa data, ocorreram pedidos de dilação de prazo e reintimações. A seqüência fática encontrase bem evidenciada na Informação Fiscal (fl. 292/293) e, por isso, transcrevese excerto: "Em 24/11/2011, através da INTIMAÇÃO SEORT/DRF CPS/1674/2011 a interessada foi chamada a apresentar documentação contábilfiscal que comprovasse a efetividade e a regularidade dos créditos da não cumulatividade listados na tabela e utilizados no DACON, bem como fotocópia do livro Razão relativamente à conta “PIS a pagar”, Código de Arrecadação 6912, Período de Apuração Fevereiro de 2003 Em 14/12/2011 a interessada protocolou pedido solicitando mais 20 dias para atendimento à intimação SEORT/DRF CPS/1674/2011. A interessada teve ciência do deferimento de seu pedido em 29/12/2011. Entretanto, em 25/01/2012, através do protocolo do dossiê eletrônico nº 10010.008343/011254 (documentos juntados às folhas 145/277), a interessada apresentou documento alegando já ter prestado os esclarecimentos solicitados, anexou cópia das manifestações de inconformidade já apresentadas e pediu ainda o cancelamento da intimação. Através da intimação SEORT/DRFCPS/232/2012 este SEORT esclareceu à interessada que os documentos estavam sendo requeridos a pedido da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas e que estes eram necessários para Fl. 450DF CARF MF Processo nº 10830.903078/200824 Acórdão n.º 3002000.025 S3C0T2 Fl. 451 4 análise do crédito em discussão. Assim, em 09/04/2012, a interessada novamente solicitou mais 20 dias para a apresentação dos documentos. Concedido prazo de 20 dias contados da ciência da intimação SEORT/DRFCPS/ 502/2012 (ciência em 26/06/2012) a interessada não se manifestou até 15/08/2012. Por todo o exposto, considerando as diversas tentativas improfícuas deste SEORT em receber os documentos necessários ao cálculo do crédito de PIS do período de apuração Set/2003, informamos que não foi possível preceder à análise/cálculo do crédito em questão." (grifo nosso) Após ser cientificada da Informação Fiscal, a contribuinte apresentou Complementação à Manifestação de Inconformidade e outros documentos. Em seqüência, analisando as argumentações da contribuinte e os documentos juntados, a DRJ/CPS julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, por decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/10//2003 DIREITO CREDITÓRIO. PROVA. O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua existência e montante, sem o que não pode ser restituído ou utilizado em compensação. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos pela interessada elemento que permita a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Intimada dessa decisão, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fl. 400/405), no qual requereu a reforma do Acórdão recorrido, repisando fatos e argumentos já apresentados e juntando os seguintes documentos: a) cópia do livro de registro de entrada nº 2; b) cópia do livro de registro de entradas nº 5; c) nova planilha de apuração de demonstrativo de base de cálculo do PIS não cumulativo e d) planilha das diferenças dos valores a compensar e a recolher. Fl. 451DF CARF MF Processo nº 10830.903078/200824 Acórdão n.º 3002000.025 S3C0T2 Fl. 452 5 É o relatório, em síntese. Voto Conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves O direito creditório envolvido no presente processo encontrase dentro do limite de alçada das Turmas Extraordinárias, conforme disposto no art. 23B do RICARF. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Entendo que a questão fundamental a ser decidida no presente julgamento se refere ao direito probatório em processos administrativos fiscais. O art. 173 do Código de Processo Civil (CPC) estabelece que o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito, e ao autor, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Ou seja, em regra, incumbe à parte fornecer os elementos de prova das alegações que fizer, visando prover o julgador com os meios necessários para o seu convencimento, quanto à veracidade do fato deduzido como base da sua pretensão. Seguindo essa mesma linha, o art. 36 da Lei nº 9.784, de 1999, que regula os processos administrativos federais, dispõe que cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Quanto ao processo administrativo fiscal, o art. 16 do Decreto 70.235/72 assim estabelece: Art. 16. A impugnação mencionará: I omissis ......................................................................................................... III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Inciso com redação dada pela Lei nº 8.748, de 9/12/1993) ......................................................................................................... § 1° omissis ......................................................................................................... § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluíndo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: Fl. 452DF CARF MF Processo nº 10830.903078/200824 Acórdão n.º 3002000.025 S3C0T2 Fl. 453 6 a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refira se a fato ou a direito superveniente; c) destine se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.532, de 10/12/1997) ......................................................................................................... Como se percebe dos dispositivos transcritos, o dever de provar incumbe a quem alega. Assim, creio que o ônus da prova atua de forma diversa em processos decorrentes de lançamento tributário e processos decorrentes de pedido de restituição, ressarcimento e compensação. Nestes, cabe ao contribuinte provar a liquidez e a certeza do seu crédito, naqueles, cabe ao fisco provar a ocorrência do fato gerador. Por certo, não se pode olvidar do Princípio da Verdade Material, que norteia o processo administrativo, devendo o julgador buscar o esclarecimento dos fatos, adotando as providências necessárias no sentido de firmar sua convicção quanto a verdade real. Contudo, a atuação do julgador somente pode ocorrer de forma subsidiária à atividade probatória, que deve ser desempenhada pelas partes. Assim, não pode o julgador usurpar a competência da autoridade fiscal e intentar produzir provas, que validem um lançamento fiscal fracamente instruído, assim como, lhe é vedado desincumbir, pela sua atuação ativa no processo, o sujeito passivo de trazer aos autos o conjunto probatório mínimo necessário para comprovar o seu direito creditório. Dessa forma, a busca pela verdade material não pode ser entendida como ilimitada. Em realidade, nenhum Princípio é soberano e outros também regem o processo administrativo, tais como: os Princípios da Celeridade, Imparcialidade, Eficiência, Moralidade, Legalidade, Segurança Jurídica, dentre outros. Por conseguinte, será lastreado nas circunstâncias fáticas do caso concreto, que o julgador deverá ponderar e sopesar a influência de cada um dos diversos Princípios, visando a maior justeza em seu julgamento. Outro ponto nodal sobre a mesma matéria referese ao momento para a apresentação de provas. Como é cediço, a autoridade fiscal tem como limite temporal para a juntada de provas, usualmente, a lavratura do Auto de Infração. Em contrapartida, o sujeito passivo está limitado, em regra, ao momento de instauração da fase litigiosa do processo, isto é, quando da apresentação de sua Impugnação/Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão, conforme o § 4º do art. 16 do Decreto 70.235/72. Entretanto, o próprio dispositivo citado enumera três circunstâncias , as quais permitiriam ao contribuinte carrear provas aos autos em outro momento processual: a) fique demonstrado a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente e c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Fl. 453DF CARF MF Processo nº 10830.903078/200824 Acórdão n.º 3002000.025 S3C0T2 Fl. 454 7 Considerandose os Princípios da Igualdade, Moralidade, Imparcialidade e o da Verdade Material, entendo, data venia, que as exceções dispostas só podem ser validamente consideradas se estendidas a ambas as partes. A jurisprudência desse Conselho mostra que, em várias ocasiões, temse admitido a juntada de provas em fase posterior àquela definida na legislação e em circunstâncias diversas daquelas exceções legais, que afastam a preclusão. Tudo em nome do Princípio da Verdade Material. Creio que isso é possível, legal, justo e desejável. Entretanto, somente em condições bastante específicas. Entendo que somente devese admitir tais provas, quando no momento oportuno, o sujeito passivo já tenha carreado aos autos provas mínimas do que alega. Importante frisar que não basta ter apresentado documentos, que não guardam nenhum valor probatório no caso concreto analisado, há que ter sido juntado na Impugnação/Manifestação de Inconformidade um conjunto probatório mínimo. Assim, as provas excepcionalmente juntadas de forma extemporâneas são aceitáveis, quando apenas reforçam o valor probatório do material já anteriormente apresentado. Agir de forma diversa, aceitando qualquer tipo de prova, em qualquer circunstância, sem que tenha sido apresentado um conjunto probatório no momento fatal definido em lei, a fim de privilegiar a verdade material, significaria, data venia, se emprestar uma força absoluta e soberana a um Princípio em detrimento aniquilar dos outros. Ademais, estariase diante de uma verdadeira derrogação do § 4º do art. 16 do Decreto 70.235, realizada pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, o seu disposto não seria aplicado em hipótese alguma, excluindoo do ordenamento jurídico, fato que somente poderia ser realizado por lei. Ainda sobre o mesmo tema, devese tecer alguns comentários sobre o valor probatório do material eventualmente apresentado. Como consignei acima, não basta a juntada de documentos, estes devem possuir valor probatório, mínimo que seja, considerandose as vicissitude do caso concreto posto em análise. Assim, determinado documento pode guardar conteúdo probatório das alegações em um processo e, em outro, não se configurar prova. Por certo, em regra, as declarações fiscais transmitidas pelo contribuinte, assim como, seus registros contábeis, fazem prova em seu favor. Contudo, esses elementos, para possuírem algum valor probatório, devem ter sido elaborados segundo os ditames legais e em época apropriada. Vejamos, por exemplo, a DCTF retificadora. Como vem se manifestando, reiteradamente, este Conselho, a apresentação da DCTF retificadora antes da transmissão do pedido de compensação, em casos de pagamento indevido ou a maior, ou mesmo antes da ciência do Despacho Decisório, não é condição para a homologação da compensação pleiteada, pois o direito creditório não surge com a declaração, mas com o efetivo pagamento indevido ou a maior. Entretanto, a mera apresentação da DCTF retificadora não tem o condão de, por si só, comproválo. Nessa linha, outras declarações prestadas à RFB, tais como DIPJ e Dacon, poderiam fazer prova da veracidade dos dados registrados na DCTF retificadora, desde que transmitidas antes do Despacho Decisório e possuíssem informações compatíveis com o conteúdo da retificadora. Então, nesse caso, a juntada de outras declarações ao processo se constituiria num conjunto com força probatória, ainda que relativa e, por isso mesmo, não Fl. 454DF CARF MF Processo nº 10830.903078/200824 Acórdão n.º 3002000.025 S3C0T2 Fl. 455 8 afastaria a discricionariedade do julgador perquirir sobre outros elementos, visando firmar sua convicção. De forma diversa, deveriam ser consideradas essas mesmas declarações se fossem transmitidas extemporaneamente, pois não passariam de documentos sem nenhum valor probatório. Assim, registros contábeis, que não estejam revestidos das formalidades legais ou que não se possa confirmar tais requisitos, não se constituem prova. Essas considerações são de crucial importância para avaliação da caracterização de determinada prova como reforço da anteriormente apresentada e, conseqüentemente, da possibilidade de sua aceitação. Mormente, a análise das especificidades de cada caso concreto é o que deve pautar o julgador nesse desiderato, não obstante, sem se afastar do norte lógicojurídico que deve alicerçar sua decisão. No presente caso em análise, a ora recorrente restringiuse apenas a fazer alegações sobre seu suposto crédito, juntar planilha e cópia de declarações retificadoras, DCTF, DIPJ e Dacon, em sua Manifestação de Inconformidade. Ressaltese, por fundamental, que todas as declarações apresentadas foram transmitidas após a ciência do Despacho Decisório. Em seu texto, a própria recorrente reconhece sua falha: "A mudança de critério foi feita corretamente, todavia, incorreu o contribuinte no erro de deixar de retificar os documentos informativos de tais alterações referentes ao exercício de 2003, como por exemplo: DCTF, Dacom e DIPJ." Assim, seguindo o raciocínio lógicojurídico exposto anteriormente, o sujeito passivo não se desincumbiu do seu ônus de comprovar a liquidez e a certeza do suposto crédito pleiteado, pois o material apresentado não se constitui em um conjunto probatório, mas, são, apenas, meros documentos. A despeito disso, a DRJCampinas resolveu, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência e, na prática, oportunizar à contribuinte nova chance para apresentar as provas da liquidez e certeza do crédito pleiteado. Data venia, creio que essa medida não era necessária, obrigatória, nem mesmo conveniente, tendo em vista que nenhuma prova havia sido juntada aos autos no momento oportuno. De qualquer forma, o Serviço de Orientação e Análise Tributária da Delegacia da Receita Federal em Campinas, em atendimento à diligência requisitada, intimou, por diversas vezes, a contribuinte a apresentar sua escrituração contábil e os documentos fiscais que a embasavam. Todavia, a maior interessada não cumpriu as intimações e, conseqüentemente, inviabilizou a auditoria que poderia comprovar a existência do suposto crédito. Em realidade, somente após tomar ciência da Informação Fiscal, que noticiava o término da diligência, a contribuinte apresentou peça denominada "complementação à Manifestação de Inconformidade", repisando alegações já formuladas e sem adentrar no teor das informações prestadas pelo SEORT, e juntando documentos já Fl. 455DF CARF MF Processo nº 10830.903078/200824 Acórdão n.º 3002000.025 S3C0T2 Fl. 456 9 apresentados e outros novos. Contudo, mais uma vez, esses documentos não se configuravam como prova. Do voto condutor do Acórdão guerreado, transcrevese: "A falha da contribuinte em atender às seguidas intimações para submeter aqueles elementos à verificação fiscal fragiliza, ao ponto de inviabilizar, os argumentos que apresentou para contestar o ato de não homologação. Mesmo a apresentação do que seria seu Razão Analítico Contábil, no contexto em que o foi, ou seja, após ter sido reiteradamente intimado a fazêlo no âmbito da diligência, não tem o poder de socorrêlo. Concorre para comprometer seu valor probatório o fato de que o documento não apresenta os requisitos intrínsecos e extrínsecos que permitam aferir sua regularidade e, mais importante, está desacompanhado dos documentos contábeis e fiscais que permitiriam a aferição da correção dos valores e operações que dele constam. Diante de tudo isso, concluise pela inexistência de prova, nos autos, que permita acatar a nova apuração da contribuição realizada pela contribuinte e, por conseguinte, os créditos utilizados na compensação e que nela teriam origem." (grifo nosso) Após ciência da decisão da instância a quo, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário e juntou novos documentos aos autos. Por oportuno, frisese que documentos fiscais continuaram a não ser anexados. Embasado em todo o raciocínio lógicojurídico sobre o direito probatório, desenvolvido ao longo do presente voto, e nas circunstâncias do caso concreto, entendo não ser possível a aceitação de provas apresentadas somente em sede de Voluntário, tendo em vista que estas só poderiam ser validamente consideradas, caso reforçassem um conjunto probatório já presente nos autos. Fato que, como largamente demonstrado, não ocorre neste processo. Dessa forma, tal direito encontrase fulminado pela preclusão, conforme o disposto no § 4º do art. 16 do Decreto 70.235. Assim sendo, não tomo conhecimento dos novos documentos apresentados. Quanto ao suposto crédito, a recorrente não se desincumbiu do ônus de proválo, seja por seus erros anteriores ao Despacho Decisório, seja pela sua inércia em atender às diversas intimações, seja pela ausência da apresentação de provas válidas da sua liquidez e certeza. Desse modo, por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário e não reconhecer o direito creditório. Fl. 456DF CARF MF Processo nº 10830.903078/200824 Acórdão n.º 3002000.025 S3C0T2 Fl. 457 10 (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Fl. 457DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.721966/2016-08
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
CONTRIBUIÇÕES. DEDUÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. IMPOSSIBILIDADE.
As contribuições dedutíveis são aquelas destinadas a custear benefícios complementares, assemelhados aos da previdência oficial, cujo ônus tenha sido do participante, e em benefício deste ou de seu dependente.
Numero da decisão: 2002-000.035
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
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DEDUÇÕES.CONTRIBUIÇÃO À PREVIDÊNCIA PRIVADA. Recorrente CARL FRIEDRICH WALTHER TROGER Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2012 CONTRIBUIÇÕES. DEDUÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. IMPOSSIBILIDADE. As contribuições dedutíveis são aquelas destinadas a custear benefícios complementares, assemelhados aos da previdência oficial, cujo ônus tenha sido do participante, e em benefício deste ou de seu dependente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 72 19 66 /2 01 6- 08 Fl. 93DF CARF MF Processo nº 11040.721966/201608 Acórdão n.º 2002000.035 S2C0T2 Fl. 94 2 Relatório Tratase de lançamento decorrente de procedimento de revisão interna da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física DIRPF, referente ao exercício de 2012, ano calendário 2011, tendo em vista a apuração de omissão de rendimentos e dedução indevida de previdência privada e FAPI. O contribuinte apresentou impugnação (fls.2/17), contestando parcialmente a exação. Alega que faz jus a deduzir o montante de R$5.289,00 a título de contribuição previdência privada. Acrescenta que o valor não ultrapassa 12% dos rendimentos tributáveis declarados e ele efetuou, em seu nome, contribuições para o regime de geral de previdência social. Indica a juntada dos recolhimentos efetuados. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF) negou provimento à Impugnação (fls. 60/63), em decisão cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2012 MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA (AÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL) E DEDUÇÃO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA/FAPI (PARCIAL). Consideramse não impugnadas, portanto não litigiosas, as matérias que não tenham sido expressamente contestadas pelo contribuinte. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. DEDUÇÕES DOS RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. Para fins de dedução na Declaração de Ajuste Anual, todas as despesas estão sujeitas à comprovação mediante documentação hábil e idônea. Cientificado dessa decisão em 16/5/2017 (fl.68), o contribuinte formalizou, em 14/6/2017 (fl.71), Recurso Voluntário (fls. 71/87), no qual apresenta as seguintes alegações: Argumenta que juntou a sua defesa comprovantes de despesa dedutível no valor de R$5.289,00, representadas por guias GRU, com código 155608 (contribuição para o custeio das pensões militares), cuja fonte arrecadadora é Cmdo Ex/SEF/CPex, CNPJ 00.394.452/053304. Informa que essas contribuições têm base legal no artigo 2º da Lei nº 3.765, de 1960. Fl. 94DF CARF MF Processo nº 11040.721966/201608 Acórdão n.º 2002000.035 S2C0T2 Fl. 95 3 Diante da decisão de piso, que consignou que a natureza dos recolhimentos não estava identificada, indica a juntada de cartas emitidas pelo Ministério da Defesa Exército Brasileiro Comando da 3ª Região Militar, endereçadas a ele. Ao final, requer o acolhimento de seu recurso. Processo distribuído para julgamento em Turma Extraordinária, tendo sido observadas as disposições do artigo 23B, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, e suas alterações (fl.89). É o relatório. Fl. 95DF CARF MF Processo nº 11040.721966/201608 Acórdão n.º 2002000.035 S2C0T2 Fl. 96 4 Voto Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Juntada de Provas na Fase Recursal O Decreto nº 70.235/1972, que regulamenta o processo administrativo fiscal, limita a apresentação de provas em momento posterior a impugnação, restringindoa aos casos previstos no § 4º do seu art. 16. Porém a jurisprudência deste Conselho vem se consolidando no sentido de que essa regra geral não impede que o julgador conheça e analise novos documentos anexados aos autos após a impugnação, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos. Nesse caso, entendo que os documentos apresentados em sede de recurso voluntário devem ser recepcionados e analisados, uma vez que se destinam a sanear falhas na instrução probatória apontadas pela decisão de piso. Mérito O recurso recai sobre a glosa do montante de R$5.289,00 declarado a título de contribuição à previdência privada. Sobre a dedução dessas contribuições, dispõe o artigo 8º, inciso II, alínea e, da Lei nº 9.250, de 1995: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: Fl. 96DF CARF MF Processo nº 11040.721966/201608 Acórdão n.º 2002000.035 S2C0T2 Fl. 97 5 ... e) às contribuições para as entidades de previdência privada domiciliadas no País, cujo ônus tenha sido do contribuinte, destinadas a custear benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social; (destaques acrescidos) Por seu turno, o caput do artigo 11 da Lei nº 9.532, de 1997, dispõe: Art. 11. As deduções relativas às contribuições para entidades de previdência privada, a que se refere a alínea e do inciso II do art. 8o da Lei no 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e às contribuições para o Fundo de Aposentadoria Programada Individual Fapi, a que se refere a Lei no 9.477, de 24 de julho de 1997, cujo ônus seja da própria pessoa física, ficam condicionadas ao recolhimento, também, de contribuições para o regime geral de previdência social ou, quando for o caso, para regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observada a contribuição mínima, e limitadas a 12% (doze por cento) do total dos rendimentos computados na determinação da base de cálculo do imposto devido na declaração de rendimentos. (Redação dada pela Lei nº 10.887, de 2004) (destaques acrescidos) Verificase que o contribuinte informou o pagamento de contribuições à previdência privada no montante de R$12.690,54 a Seguro GBOEX CNPJ 92.872.100/0001 26 (fl.22). A autuação aponta que o contribuinte não apresentou documentação comprobatória dos valores declarados e, segundo informações prestadas à RFB pela entidade GBOEX, os pagamentos efetuados pelo contribuinte seriam referentes a pecúlio. O sujeito passivo pleiteou em sede de impugnação o restabelecimento parcial da dedução. A decisão de piso consigna que, em sua impugnação, o contribuinte juntou apenas as guias de recolhimento de fls. 9 a 17, que não permitiriam identificar a natureza dos recolhimentos efetuados. Agora, em seu recurso, o contribuinte junta declaração e cartas emitidas pelo Ministério da Defesa/Exército Brasileiro/Comando da 3ª Região Militar/Região D.Diogo de Souza (fls.73/83). A declaração noticia que o contribuinte está cadastrado como contribuinte facultativo à pensão militar, na forma prevista no artigo 2º, da Lei nº3.765, de 1960, e vem recolhendo as contribuições para Pensão Militar desde maio de 1977. Fl. 97DF CARF MF Processo nº 11040.721966/201608 Acórdão n.º 2002000.035 S2C0T2 Fl. 98 6 A mencionada lei dispôs sobre as pensões deixadas pelos militares em caso de morte aos seus dependentes devidamente habilitados. Seu artigo 1º estabelece, alterado pela Medida Provisória nº 2.21510, de 31 de agosto de 2001, que todos os militares das Forças Armadas são contribuintes obrigatórios da pensão militar, mediante desconto em folha de pagamento: Art.1oSão contribuintes obrigatórios da pensão militar, mediante desconto mensal em folha de pagamento, todos os militares das Forças Armadas. Parágrafo único.Excluemse do disposto no caput deste artigo: Io aspirante da Marinha, o cadete do Exército e da Aeronáutica e o aluno das escolas, centros ou núcleos de formação de oficiais e de praças e das escolas preparatórias e congêneres; e IIcabos, soldados, marinheiros e taifeiros, com menos de dois anos de efetivo serviço. (NR) O art. 2º da citada lei, vigente até 29 de dezembro de 2000, por ter sido revogado pela Medida Provisória nº 2.131, de 29 de dezembro de 2000 (atual Medida Provisória nº 2.21510, de 31 de agosto de 2001), permitia que os oficiais demitidos a pedido pudessem continuar como contribuintes da pensão militar, desde que requeressem e se obrigassem ao pagamento da contribuição: Art 2º Os oficiais demitidos a pedido e as praças licenciadas ou excluídas poderão continuar como contribuintes da pensão militar, desde que o requeiram e se obriguem ao pagamento da respectiva contribuição, a partir da data em que forem demitidos, licenciados ou excluídos. § 1º O direito de requerer e de contribuir para a pensão militar, na forma dêste artigo, pode ser exercido também por qualquer beneficiário da pensão. § 2º A faculdade prevista neste artigo sòmente pode ser exercida no prazo de 1 (um) ano, contado da data da publicação do ato da demissão, licenciamento ou exclusão. § 3º Os contribuintes de que trata êste artigo, quando convocados ou mobilizados, passarão à categoria de obrigatórios, durante o tempo em que servirem. Apesar da revogação do retrocitado dispositivo legal, a Medida Provisória nº 2.131, de 2000, em seu art. 35, assegurou a condição de contribuinte ao oficial demitido a pedido que, até 29 de dezembro de 2000, contribuísse para a pensão militar. Art.35.Fica assegurada a condição de contribuinte ao oficial demitido a pedido e à praça licenciada ou excluída que, até 29 de dezembro de 2000, contribuíam para a pensão militar. Da análise da documentação acostada ao recurso, constatase que não se trata de previdência complementar do sujeito passivo. Fl. 98DF CARF MF Processo nº 11040.721966/201608 Acórdão n.º 2002000.035 S2C0T2 Fl. 99 7 Os documentos apontam que as contribuições efetuadas por ele para o Fundo de Pensões dos Militares representam aportes para garantir o pagamento de pensão militar a dependentes habilitados, quando do seu falecimento. Portanto, a dedução desses valores pelo contribuinte não encontra amparo na legislação de regência, acima destacada, visto que não se configura em complementação de benefício previdenciário. Ainda que se entenda que, para os terceiros habilitados ao recebimento da pensão, o benefício se assemelha ao benefício previdenciário, é preciso observar que a legislação que trata da dedução das contribuições para previdência complementar condiciona a que o titular da declaração seja contribuinte para a previdência oficial e, caso o beneficiário do plano de previdência seja dependente maior de 16 anos, deve este ser filiado ao Regime Geral de Previdência Social ou outro regime oficial de previdência social. É o disciplinamento contido na IN SRF nº 588, de 2005, em seus artigo 6º e 7º: Dedução das contribuições pagas pela pessoa física Art. 6º As deduções relativas às contribuições para entidades de previdência complementar e sociedades seguradoras domiciliadas no País e destinadas a custear benefícios complementares aos da Previdência Social, cujo ônus seja da própria pessoa física, ficam condicionadas ao recolhimento, também, de contribuições para o regime geral de previdência social ou, quando for o caso, para regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observada a contribuição mínima, e limitadas a 12% (doze por cento) do total dos rendimentos computados na determinação da base de cálculo do imposto devido na Declaração de Ajuste Anual. § 1º O disposto no caput aplicase, inclusive, às contribuições ao Fapi. § 2º Excetuamse da condição de que trata o caput os beneficiários de aposentadoria ou pensão concedidas por regime próprio de previdência ou pelo regime geral de previdência social, mantido, entretanto, o limite de 12% (doze por cento) do total dos rendimentos computados na determinação da base de cálculo do imposto devido na Declaração de Ajuste Anual. § 3º Os prêmios de seguro de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência são indedutíveis para fins de determinação da base de cálculo do imposto devido na Declaração de Ajuste Anual. Art. 7º As contribuições para planos de previdência complementar e para Fapi, cujo titular ou quotista seja dependente, para fins fiscais, do declarante, podem ser deduzidas desde que o declarante seja contribuinte do regime geral de previdência social ou, quando for o caso, para regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observado o disposto no art. 6º. Fl. 99DF CARF MF Processo nº 11040.721966/201608 Acórdão n.º 2002000.035 S2C0T2 Fl. 100 8 Parágrafo único. Na hipótese de dependente com mais de 16 anos, a dedução a que se refere o caput fica condicionada, ainda, ao recolhimento, em seu nome, de contribuições para o regime geral de previdência social, observada a contribuição mínima, ou, quando for o caso, para regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. (destaques acrescidos) Ocorre que, no caso, o sujeito passivo sequer informou dependente da Declaração apresentada (fl.19). Portanto, não há como acatar a dedutibilidade de tais valores a título de contribuição à previdência privada. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 100DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.007027/2007-32
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2006
CONHECIMENTO: IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DE PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. SÚMULA CARF Nº 11.
Alegação estranha à ide quando não há previsão regimental. Não pode haver prescrição intercorrente no presente caso porque, quando há impugnação ou recurso administrativo durante o prazo para pagamento do tributo, suspende-se a exigibilidade do crédito, o que simplesmente impede a fixação do início do prazo prescricional. Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. DECADÊNCIA ART. 173, I DO CTN.
O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante - Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN refere-se ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte.
Não havendo nos autos comprovação do pagamento do tributo, ainda que parcial, deve-se aplicar a decadência segundo a norma do art. 173, I do CTN.
Numero da decisão: 9202-006.299
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer da prejudicial de prescrição intercorrente suscitada pelo contribuinte, em sede de contrarrazões. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe negou provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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SÚMULA CARF Nº 11. Alegação estranha à ide quando não há previsão regimental. Não pode haver prescrição intercorrente no presente caso porque, quando há impugnação ou recurso administrativo durante o prazo para pagamento do tributo, suspende se a exigibilidade do crédito, o que simplesmente impede a fixação do início do prazo prescricional. Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. DECADÊNCIA ART. 173, I DO CTN. O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN refere se ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte. Não havendo nos autos comprovação do pagamento do tributo, ainda que parcial, devese aplicar a decadência segundo a norma do art. 173, I do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer da prejudicial de prescrição intercorrente suscitada pelo contribuinte, em sede de contrarrazões. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 70 27 /2 00 7- 32 Fl. 505DF CARF MF 2 vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe negou provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Do relatório anterior, da lavra do ilustre Conselheiro Gerson Guerra, reproduzo: Tratase o presente de lançamento de contribuições previdenciárias (patronal, terceiros, sat/rat), levado a efeito em 10/2007, em face do sujeito passivo acima, tendo em vista ter ele se auto enquadrado como Entidade Beneficente de Assistência Social – EBAS, nas competências 01/01/2002 à 31/12/2006, sem ter feito o pedido de isenção para tanto. No julgamento deste Recurso, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por maioria de votos, deu parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer a decadência do direito de constituição do crédito tributário, com base no § 4º, do artigo 150, do CTN, para fatos geradores ocorridos até a competência 09/2002, exarando a seguinte decisão: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2006 DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. REMUNERAÇÃO. Incidem contribuições previdenciárias sobre a remuneração e demais rendimentos do trabalho recebidos pelas pessoas físicas. Fl. 506DF CARF MF Processo nº 10283.007027/200732 Acórdão n.º 9202006.299 CSRFT2 Fl. 506 3 Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado: I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento as contribuições apuradas até a competência 09/2002, anteriores a 10/2002, devido à aplicação da regra decadencial expressa no § 4°, Art. 150 do CTN, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros: a) Mauro José Silva, que votou pela aplicação do I, Art. 173 do CTN para os fatos geradores não homologados tacitamente até a data do pronunciamento do Fisco com o início da fiscalização e; b) Bernadete de Oliveira Barros, que votou pela aplicação integral do I Art. 173 do CTN; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Cientificada da decisão, a União, tempestivamente, apresentou Recurso Especial, visando rediscutir o termo inicial do prazo decadencial, trazendo como paradigma o acórdãos 230200.359 e 240200.362, alegando que o entendimento ali exposto é no sentido de que o recolhimento antecipado que atrai a aplicação do § 4º, do artigo 150, do CTN é aquele referente à rubrica lançada, individualmente considerada, divergente, pois do entendimento exposto no acórdão recorrido no sentido guia de recolhimento genérica de contribuições previdenciárias já é suficiente para se poder aplicar o § 4º, do artigo 150. No exame de admissibilidade o Presidente da 3ª Câmara da 2ª seção acolheu o alegado pela União, dando seguimento ao Recurso. Regularmente intimado, o contribuinte apresentou contrarrazões, pugnando, pelo não provimento do recurso, haja vista a existência de pagamento de contribuições previdenciárias pelo contribuinte no período em questão. Tratase de retorno da diligência (Resolução 9202000.043, de 26 de outubro de 2016) para que a Unidade de Origem junte aos autos informações para o período compreendido entre 12/2001 (inclusive 13º salário) a 09/2002, sobre: (a) valores declarados em GFIP sobre contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre folha e contribuintes individuais e contribuições devidas a terceiros, bem como respectivos pagamentos realizados e (b) sobre a origem dos valores constantes do RDA (fls. 71 e seguintes); elabore relatório circunstanciado quanto à existência de pagamento por fato gerador. Após, que se abra prazo de trinta dias para manifestação do contribuinte, com posterior retorno ao relator, para prosseguimento. O processo retorna com a Informação Fiscal e planilha que esclarece, em suma: Atuação em 07/11/2007 Período 12/2001 a 9/2002 Fl. 507DF CARF MF 4 Que os levantamentos referemse a valores de diferença de remuneração e valores de remuneração de segurados contribuintes individuais que não possuem contrapartidas a crédito de valores recolhidos em GPS e de valores declarados em GFIP. Que as contribuições recolhidas em GPS e declaradas em GFIP pela Contribuinte no período em apreço são valores relativos à contribuição de segurados empregados do estabelecimento matriz. Dado conhecimento da Informação Fiscal à recorrida, esta alega a existência da prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal, nos termos do § 1.º do artigo 1.º da Lei 9.873/99 e caso não reconhecida, que seja mantida a decisão a quo. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial é tempestivo e entendo presentes os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual o conheço. Quanto à preliminar de (mérito): prescrição intercorrente. Entendo que não pode haver prescrição intercorrente no presente caso porque, quando há impugnação ou recurso administrativo durante o prazo para pagamento do tributo, suspendese a exigibilidade do crédito, o que simplesmente impede a fixação do início do prazo prescricional. Talvez fosse o caso de se alegar perempção, a saber: Quando os atos qualificados pelo ordenamento, aos quais está conectada a fixação de prazo, correspondetem atos de exercício de potestades diretas ou indiretas (direitos potestativos), o prazo respectivo correseponde ao que a doutrina e jursiprudencia conhecem por decadência. Por outro lado, se o ato em consideração corresponde ao exercício do direito público subjetivo de ação, o prazo respectivo será de prescrição. Todos estes prazos têm em comum a circunstância de, uma vez esgotados, deflagrarem consequência onerosa, para o responsável...Pórem, além de o ordenamento jurídico estabelecer prazos para a realização de atos, ele conhece também a figura de prazos para a conclusão de procedimento. Vale dizer, há normas em direito que, ao invés de fixarem prazos para a simples realização de um ato, leva em conta, par esse fim, conclusão de todo um procedimento, entendido como um conjunto encadeado de atos voltados a um fim único e aglutinado de forma congruente. [...] Em todas estas hipóteses o modelo teórico é sempre semelhante, qual seja o de o ordenamento positivo assegurar a alguém a realização de atos que formam um procedimento como necessário à obtenção de um determinado resultado jurídico. Para esse conjunto de tos, o ordenamento estabelece um prazo, findo o qual deflagrase um Fl. 508DF CARF MF Processo nº 10283.007027/200732 Acórdão n.º 9202006.299 CSRFT2 Fl. 507 5 efeito jurídico que pode afetar o direito em si. Este tipo de prazo juridicamente determinado não é tecnicamente nem decadência (pois não há propriamente um direito potestativo a ser exercido), nem de prescrição, pois não se trata de iniciar o processo judicial. Este prazo, que tem natureza especifica, corresponde ao que a doutrina conhece como prazo de perempção." (GRECO, Marco Aurélio. Princípios Tributários no Direito Brasileiro e Comparado Estudos jurídicos em homenagem a Gilberto Ulhôa Canto. Forense, 1988, págs. 502 e segs.) Assim, seja em nome da segurança jurídica, seja em nome da moralidade administrativa, podese alegar o necessário cumprimento ao disposto na Lei 9.873/99, a saber: [...] administração tributária, em face de um processo administrativo fiscal, pudesse ficar inerte pelo tempo que bem entendesse, sem maiores cuidados quanto à sua movimentação, no pressuposto de que não estaria sujeita à decadência ou prescrição, enquanto não proferida a decisão final do julgador administrativo. (BECKER, 2015). Entretanto, ainda que não sob a égide da nova Constituição Federal, nossos Tribunais Superiores refutam a alegação (vide RE 94.462SP). No caso, a alegação ainda se deu pela existência de diligência com o fito de melhor esclarecer a exação fiscal, motivo pelo qual, não se pode alegar destempo na apreciação, motivo pelo qual não conheço da preliminar de mérito. Neste sentido, estabelece a Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. REGISTRO QUE ESTE É MEU ENTENDIMENTO PESSOAL POIS A MAIORIA DO COLEGIADO ENTENDE QUE NÃO É POSSÍVEL CONHECER POR FALTA DE PREVISÃO REGIMENTAL. Quanto ao mérito: Nesse contexto, considerando que a ciência do lançamento em questão ocorreu em 10/2007, pela contagem do prazo decadencial com base no artigo 150, §4º, do CTN os débitos relativos a fatos geradores ocorridos até a competência 09/2002 encontramse decaídos e que pela contagem do prazo decadencial pelo artigo 173, I, do CTN os débitos relativos a fatos geradores ocorridos até 11/2001, inclusive, estão decaídos, apenas se encontram em litígio a decadência dos débitos cujos fatos geradores ocorreram entre 12/2001 a 09/2002, inclusive. O lançamento por homologação, regulado pelo artigo 150 do CTN, tem como principal característica a atribuição ao contribuinte do dever de antecipar o pagamento do tributo, ficando a autoridade administrativa com o dever de posteriormente chancelar ou não o valor do recolhimento efetuado e, sendo o caso, efetuar cobrança de diferença, verbis: Art.150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de Fl. 509DF CARF MF 6 antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. A regra da decadência do direito do fisco de lançar o tributo por homologação é regra especial, contida no §4º, do artigo 150 em questão, que estabelece o prazo de cinco anos contados da data da ocorrência do fato gerador do tributo, caso não comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, verbis: § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do Recurso Especial repetitivo 973.733/SC, firmou o seguinte entendimento em relação a questão em debate: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.” (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Ao se posicionar sobre o tema a 1ª Turma da CSRF, por maioria, se manifestou que a aplicação do artigo 173, I, do CTN na constituição de crédito relativo a tributos sujeitos ao lançamento por homologação, apenas pode ocorrer na hipótese de não haver pagamento, nem declaração do tributo, conforme trecho do voto vencedor do Acórdão 9101002.021, abaixo transcrito: A interpretação do texto transcrito nos leva à conclusão de que devemos nos dirigir ao artigo 173, I, do CTN quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste declaração prévia do débito que constitua o crédito tributário. Fl. 510DF CARF MF Processo nº 10283.007027/200732 Acórdão n.º 9202006.299 CSRFT2 Fl. 508 7 Assim, encontraríamos duas condições para sairmos do artigo 150, §4º: 1) não haver o pagamento e 2) não haver declaração prévia constitutiva do crédito. Assim, mesmo não existindo o pagamento, a declaração prévia constitutiva do crédito bastaria para mantermos a contagem do prazo a partir do fato gerador. Entendo pertinente essa última colocação, no sentido de que a declaração prévia, constitutiva do crédito tributário basta para manutenção da contagem do prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador. Isso porque, não pago o tributo a União já possui título passível de execução direta, não demandando qualquer procedimento administrativo para se efetuar a cobrança. Nesse contexto o próprio STJ, no fim do ano de 2015, editou a Súmula 555, que possui a seguinte redação: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário contase exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. Entretanto, o recolhimento de outros recolhimentos sobre folha Segurados Empregados, é suficiente para atirai a aplicação do § 4.º do art. 150 do CTN. O que a mim importa é a natureza e não fato gerador. Assim, para a aplicação do §4º, do artigo 150, do CTN exigese a ocorrência dos seguintes situações: 1. A lei deve estabelecer que o lançamento do tributo é realizado na modalidade homologação; 2. Não ocorra a comprovação de dolo, fraude ou simulação pelo ente tributante; 3. Haja pagamento e/ou declaração do tributo. Passo, então, a verificar a aplicação da decisão representativa de controvérsia do Recurso Especial nº 973.733 ao caso ora sob análise. Percebese, da leitura do próprio Relatório Fiscal (Fl. 109, item 12), que o lançamento foi realizado considerando as guias de recolhimento constantes no Sistema da Previdência Social, que foram considerados como crédito do contribuinte. Vejo que os tributos ora cobrado são exatamente da mesma natureza daqueles que foram pagos pelo contribuinte original, quais sejam: contribuições incidentes sobre a folha de pagamentos, tanto que os valores pagos foram considerados como crédito do contribuinte e foram abatidos na apuração do débito ora cobrado. Logo, não assiste razão à alegação de que se tratam de recolhimentos genéricos. Assim sendo, considerando que o pagamento foi comprovado no presente caso, entendo que o prazo decadencial deve ser contado com base no artigo 150, §4º do CTN. Fl. 511DF CARF MF 8 Mas ainda que genéricos fossem, entendo que havendo pagamento de contribuições sobre folha de pagamento, está cumprido o requisito para aplicação do § 4º, do artigo 150, do CTN. Nesse sentido, a súmula CARF 99, que assim dispõe: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. (grifei) Nesse contexto, voto por NEGAR provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Voto Vencedor Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Redatora designada Peço vênia para divergir da Conselheira Relatora no que tange a caracterização de pagamento para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, §4º do CTN. Lembramos que o lançamento se refere a cobrança de contribuição previdenciária (segurado, patronal e terceiros) devida pelo Contribuinte e incidente sobre a remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais que lhe prestaram serviço. O lançamento é decorrente do fato de a instituição ter tido sua condição de isenta não reconhecida pela fiscalização. O período de lançamento compreende os meses de 12/2002 a 12/2006. Contribuinte intimado em 16/10/2007. Em seu recurso da Fazenda Nacional requer a aplicação do art. 173, I do CTN haja vista a ausência de antecipação do tributo. Assim, discutese por meio do presente recurso se haveria nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, do tributo cobrado. Tal discussão é relevante na medida em que, após exaustivo debate, a jurisprudência se posicionou no sentido de que para aqueles tributos classificados na modalidade de lançamento por homologação o prazo decadencial aplicável é o do art. 150, §4º do CTN, salvo nas hipóteses em que o contribuinte tenha agido com dolo, fraude ou simulação, ou se restar comprovado que não ocorreu a antecipação de pagamento. Fl. 512DF CARF MF Processo nº 10283.007027/200732 Acórdão n.º 9202006.299 CSRFT2 Fl. 509 9 O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN referese ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte, nas palavras do Ministro Luiz Fux: "Assim é que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito". Referido julgado recebeu a seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose Fl. 513DF CARF MF 10 inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) A doutrina se manifestava neste mesmo sentido, valendo citar o posicionamento da Doutora Christiane Mendonça, no artigo intitulado "Decadência e Prescrição em Matéria Tributária", publicado livro Curso de Especialização em Direito Tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros Carvalho, editora Forense: Nos lançamentos por homologação o prazo de cinco anos é contado da data da ocorrência do fato gerador, art. 150, §4º. Ocorre que quando o contribuinte não cumpre o seu dever de produzir a norma individual e concreta e de pagar tributo, compete à autoridade administrativa, segundo art. 149, IV do CTN efetuar o lançamento de ofício. Dessa forma, consideramos apressada a afirmação genérica que sempre que for lançamento por homologação o prazo será contado a partir da ocorrência do fato gerador, pois não é sempre, dependerá se houve ou não pagamento antecipado. Caso não haja o pagamento antecipado, não há o que se homologar e, portanto, caberá ao Fisco promover o lançamento de ofício, submetendose ao prazo do art. 173, I do CTN. Nesse sentido, explica Sacha Calmon Navarro Coelho: "A solução do dia primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado aplicase ainda aos impostos sujeitos a homologação do pagamento na hipótese de não ter ocorrido pagamento antecipado... Se tal não houve, não há o que se homologar." Também a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no mesmo sentido de que na hipótese de ausência de pagamento de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial para constituição do crédito tributário segue a regra do art. 173, I do CTN, contandose os cinco a anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em o lançamento poderia ter sido efetuado. Destacase que tendo o REsp nº 973.733/SC sido julgado sob a sistemática do Recurso Repetitivo deve este Conselho, por força do art. 62, §2º do seu Regimento Interno, reproduzir tal entendimento em seus julgados. Ocorre que, embora não haja mais dúvidas de que para se considerar a data do fato gerador como termo inicial da decadência é necessário verificar acerca da ocorrência de antecipação do pagamento do tributo, permanece sob debate qual seria a abrangência do termo 'pagamento' adotado por aquele Tribunal Superior. Fl. 514DF CARF MF Processo nº 10283.007027/200732 Acórdão n.º 9202006.299 CSRFT2 Fl. 510 11 Em outras palavras, quais pagamentos realizados pelo contribuinte devem ser considerados para fins de aplicação do art. 150, §4º do CTN? No que tange as contribuições previdenciárias entendo que a resposta já foi construída por este Conselho quando da edição da Súmula CARF nº 99, que dispõe: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Embora a referida Súmula não seja aplicada ao caso pois a mesma contempla lançamento cujo objeto é cobrança da Contribuição Social incidente sobre pagamentos de salários tidos como indiretos o entendimento ali exposto é compatível com o caso em questão. Assim, a verificação da ocorrência de pagamento para fins de atração da regra o art. 150, §4º do CTN deve se dar pela análise de ter o contribuinte recolhido ao longo do período autuado contribuição previdenciária decorrente do mesmo fato gerador objeto do lançamento, ainda que os respectivos recolhimentos não se refiram propriamente aos fatos cujas hipóteses de incidência tenham sido questionadas pela fiscalização. Devese entender por 'mesmo fato gerador' as hipóteses de incidência que possuem identidade entre os critérios que compõem a respectiva regra matriz de incidência, ou seja, tributo previsto no mesmo dispositivo legal com coincidência de sujeito passivo e base de cálculo, ainda que esta última não tenha sido quantificada corretamente. No presente caso, restou comprovado nos autos que em relação às competências 12/2001, 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 05/2002, 06/2002, 07/2002, 08/2002 e 09/2002 não houve recolhimento antecipado de qualquer tributo de mesma natureza dos fatos geradores lançados, conforme se depreende dos autos às fls. 04/36, informação confirmada por meio de manifestação da autoridade fiscal juntada às efls. 505/517. Diante da total ausência de recolhimento do tributo (contribuições segurados, patronal e terceiros) sujeito a lançamento por homologação, concluise pela postergação do prazo decadencial para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o referido lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I do CTN. Assim, considerando o período de apuração e a data da ciência do lançamento, concluo pela inexistência da decadência. Diante do todo o exposto, dou provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 515DF CARF MF 12 Fl. 516DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.902363/2008-51
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/06/2003 a 30/06/2003
COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF POSTERIOR AO DESPACHO DECISÓRIO. PROVAS DO ERRO COMETIDO..
A retificação da DCTF depois de prolatado o despacho decisório não impede o deferimento do pedido, quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original (§ 1º do art. 147 do CTN).
Numero da decisão: 9303-006.268
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
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REQUISITOS. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado LASER SYSTEMS SERVIÇOS DE INFORMÁTICA E MICROFILMAGEM LTDA. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/06/2003 a 30/06/2003 COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF POSTERIOR AO DESPACHO DECISÓRIO. PROVAS DO ERRO COMETIDO.. A retificação da DCTF depois de prolatado o despacho decisório não impede o deferimento do pedido, quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original (§ 1º do art. 147 do CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 90 23 63 /2 00 8- 51 Fl. 208DF CARF MF 2 Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN contribuinte contra o Acórdão nº 3802001.802, de 22/05/2013, proferido pela 2ª Turma Especial da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2003 a 30/06/2003 PIS/PASEP. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS A PARTIR DE BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS, ASSIM COMO COM BASE EM CUSTOS E DESPESAS LEGALMENTE AUTORIZADOS. DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO EM PARTE. No regime de incidência não cumulativa do PIS/Pasep, a Lei no 10.637 de 2002 autoriza o desconto de créditos calculados com base em bens e serviços utilizados como insumos diretamente relacionados à atividade da empresa, bem como apurados a partir de custos e despesas passíveis de creditamento/desconto da contribuição, desde que satisfeitas as condições legais impostas pela norma em evidência. Realidade em que a documentação acostada aos autos alicerçou o reconhecimento apenas em parte do direito de crédito relativo aos custos e despesas tipificados nas hipóteses legais autorizativas do desconto, notadamente prescritas nos incisos II, IV, V, VI e IX do artigo 3o da Lei no 10.637/2002, bem como no artigo 3o, § 1o, inciso III da mesma Lei, e ainda, no inciso IX do artigo 3o, combinado com o artigo 15 da Lei no 10.833/2003. Recurso ao qual se dá parcial provimento. Irresignada, a Recorrente se insurgiu contra o provimento parcial do recurso voluntário, em que pese a retificação da DCTF retificadora somente após a prolação do despacho decisório. Alega divergência com relação ao que decidido nos Acórdãos nº 105 17.143 e 1202000.532. O exame de admissibilidade do recurso encontrase às fls. 199/202. Intimada, a contribuinte não apresentou contrarrazões ao recurso. É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator Fl. 209DF CARF MF Processo nº 13896.902363/200851 Acórdão n.º 9303006.268 CSRFT3 Fl. 209 3 Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela PFN deve ser conhecido. Conforme assentado no exame de sua admissibilidade, enquanto o acórdão recorrido admitiu a possibilidade de comprovação do direito creditório em momento posterior ao despacho decisório, os paradigmas adotaram entendimento diverso. A divergência, portanto, é manifesta. E, a nosso juízo, deve ser solucionada em desfavor da tese encartada no recurso especial. Em casos semelhantes, esta Corte Administrativa vem entendendo que a retificação da DCTF depois de prolatado o despacho decisório não impediria o deferimento do pedido, quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original, tal como preconiza o § 1º do art. 147 do CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. E, segundo o acórdão recorrido, é como procedeu a contribuinte, conforme registrado nos seguintes parágrafos do seu voto condutor: Para comprovar o direito creditório reclamado a recorrente acosta aos autos planilha de apuração do crédito (fls. 45), cujos valores inerentes à contribuição sobre a receita bruta (aplicação da alíquota de 1,65 %) (R$ 4.215,24), crédito a descontar segundo regime da não cumulatividade (R$ 2.164,97) e PIS efetivamente devido (R$ 2.050,27) correspondem aos montantes declarados na DACON retificadora (fls. 46/55) e na DCTF retificadora (56/79) do período (quarto trimestre de 2003). Tais declarações, decerto, por terem sido apresentadas somente depois do indeferimento da compensação vislumbrada, deverão vir acompanhadas de documentos que alicercem as informações ali consignadas. Nesse sentido, a recorrente apresenta cópias de notas fiscais, cupons e recibos de bens e de serviços considerados como insumos, faturas de energia elétrica, de locação de equipamentos, extratos bancários (juros passivos), demonstrativos de depreciações e de amortizações, etc., os quais foram utilizados como base para apuração dos descontos segundo o regime não cumulativo (ver fls. 84 e ss.). Fl. 210DF CARF MF 4 Ante o exposto, e sem maiores delongas, conheço do recurso especial e, no mérito, negolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 211DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.679875/2009-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO.
A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório.
COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião.
Numero da decisão: 2201-004.332
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 23/03/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2005 DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 23/03/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 23/03/2018 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 98 75 /2 00 9- 71 Fl. 86DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Trata o presente de Declaração de Compensação formalizada por meio eletrônico e registrada sob o número 16510.82447.180607.1.3.043949, fl. 02 a 04, com a qual o contribuinte extinguiu, nos termos da legislação, débito com a utilização de suposto indébito tributário decorrente de pagamento efetuado a maior ou indevidamente. Tal documento foi analisado pelo Sistema da Controle de Créditos SCC, tendo sido emitido o Despacho Decisório de fl. 05, por meio do qual o Titular da unidade de jurisdição do sujeito passivo não homologou a compensação declarada, detalhando os motivos que lastrearam tal decisão que, em apertada síntese, seria a inexistência de saldo disponível do suposto pagamento indevido ou a maior, integralmente utilizado para extinguir débito declarado pelo contribuinte. Cientificado do Despacho Decisório de não homologação em 05/11/2009, fl. 07, não concordando com seus termos, o contribuinte apresentou, em 03/12/2009, a manifestação de inconformidade de fl. 08 a 22. Os argumentos da defesa foram estruturados nos seguintes tópicos: Preliminar: do efeito suspensivo da presente manifestação de inconformidade; Pleiteia a atribuição de efeito suspensivo nos termos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. da carência de fundamentação do Despacho Decisório. Sustenta a nulidade do Despacho Decisório por entender que a carência de sua motivação ofende aos Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa. Mérito: O mero preenchimento incorreto da declaração não gera direito à crédito em favor da fazenda nacional da necessária observância aos princípios da busca pela verdade material, da razoabilidade e da proporcionalidade. Sustenta o recorrente que a lide administrativa em curso é fruto de um mero equívoco cometido na elaboração das DCTF originais apresentadas e da incapacidade do sistema informatizado da RFB. Afirma e que, se fosse dada ao contribuinte a chance de apresentar explicações à Fazenda Nacional, poupariase tempo com cobranças infundadas, já que qualquer Agente Fiscal que analisasse a situação em tela notaria que houve tão somente um erro de preenchimento de declaração. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10880.679875/200971 Acórdão n.º 2201004.332 S2C2T1 Fl. 87 3 Cita precedentes judiciais e administrativos, além de conclusões doutrinárias que apontam para a necessidade da Administração Pública investigar e valorar corretamente os fatos que dão ensejo à cobrança, em particular se já possui dados para identificálos, não podendo se ater a minúcias formais em manifesto prejuízo ao contribuinte. Informa já estar levantando internamente toda a documentação probante do seu direito creditório e providenciando a retificação da DCTF que demonstrará a existência do crédito indicado na DCOMP. Por fim, após ratificar os pedidos de atribuição de efeito suspensivo e de reconhecimento da nulidade do Despacho Decisório, pugna pela conversão do julgamento em diligência para que seja efetivamente examinada sua escrita fiscal para confirmação do seu direito creditório e a consequente homologação da compensação declarada. Debruçada sobre os termos da manifestação de inconformidade, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I/SP consideroua improcedente, nos termos do Acórdão de fl. 43 a 49, cujas conclusões podem ser assim resumidas: (...) Primeiramente, esclarecese à douta manifestante que, ao contrário do que alega, o despacho decisório do presente processo não é nulo pois, foi assinado por servidor competente no exercício de suas funções e sem preterimento do direito de defesa da contribuinte. (...) A analise eletrônica do despacho decisório de fls. 03, demonstra que os alegados pagamentos indevidos foram utilizados para quitar débitos declarados em DCTF , não restando qualquer crédito para ser compensado. (...) Assim, de acordo com o art. 59 do Decreto n° 70.235/72, não há qualquer nulidade no despacho decisório em comento, não assistindo razão a reclamante. (...) Relativamente à alegação que teria cometido erros no preenchimento da DCTF e que, sanados esses erros , haveria o crédito que utilizou nas PER/DCOMP , observase que a contribuinte limitase a declarar o fato mas não logrou apresentar qualquer prova do que alega. De fato, a contribuinte limitase alegar a existência de erro de preenchimento, erro nos cálculos de apuração de tributo, erro no pagamento em DARF, mas reconhece perfeitamente não haver apresentado qualquer DCTF retificadora até a data da ciência do Despacho Decisório. (...) Alias a simples alegação e mesmo a apresentação de DCTF retificadora não faz qualquer prova, por si só, nessa altura do rito processual, devendo, ao contrário, vir acompanhada dos documentos comprobatórios de eventual equivoco cometido na elaboração da declaração original.. Assim, a contribuinte deveria ter acostado aos autos a sua escrituração contábil/fiscal do período, em especial os Livros Diário e Razão, além da movimentação comercial da empresa. Fl. 88DF CARF MF 4 (...) Tratandose de exibição de documentos, cuja guarda e apresentação compete à contribuinte, desnecessária se revela também a realização de diligencias, que se presta mais a elucidar detalhes cuja prova cabe ao Fisco Federal, não aplicável ao presente caso, conforme infere dos dispositivos do Decreto n° 70.235/1972 que tratam da matéria: Cientificado do Acórdão da DRJ em 25/11/2010, conforme AR de fl. 51, e ainda inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, o recurso voluntário de fl. 52 a 68, que, em sua essência, reafirma as alegações já produzidas na impugnação, e que serão detalhadas no curso voto abaixo. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. DA CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO Após resumir os fatos, o recorrente contesta a conclusão do Acórdão recorrido de que a motivação do despacho decisório e os demais elementos do mesmo são suficientemente claros. Afirma que tal ato administrativo é absolutamente carente de fundamentação, do que resulta sua nulidade. Alega que, embora o avanço da tecnologia imponha o tratamento de demandas de forma eletrônica, não se pode admitir que sua agilidade viole direitos expressos na Constituição federal, resultando em prejuízo ao contraditório e à ampla defesa, já que desconhecidas as razões da negativa do crédito pleiteado. Não merecem acolhida as alegações recursais. A análise superficial do Despacho Decisório de fl. 05 não deixa nenhuma dúvida sobre os motivos que levaram à não homologação da compensação declarada. Tal documento indica claramente o número da DCOMP a que se refere, sua data de transmissão, o tipo de crédito pleiteado (pagamento indevido ou a maior), as características do DARF relativo ao suposto recolhimento em excesso, bem assim informa que tal recolhimento teria sido integralmente utilizado para quitar débitos do contribuinte, indicando código de receita e data do vencimento de tal débito. Diante de tais informações, não há necessidade de nenhuma outra motivação para se concluir pela inexistência de saldo disponível para lastrear a compensação pretendida. Portanto, presentes os elementos necessários ao pleno entendimento das razões que levaram à não homologação da compensação declarada, além de terem sido observados todos os requisitos de validade do ato administrativo, rejeito a preliminar de nulidade arguida. Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10880.679875/200971 Acórdão n.º 2201004.332 S2C2T1 Fl. 88 5 DA VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ESTRITA LEGALIDADE, DA VERDADE MATERIAL, DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE Sustenta o recorrente que a lide administrativa em curso é fruto de um mero equívoco cometido na elaboração das DCTF originais apresentadas e da incapacidade do sistema informatizado da RFB fazer o cruzamento destas com as informações prestadas via DCOMP, em que pese a evidência do direito ao aproveitamento de tais créditos. Afirma que, se fosse dada ao contribuinte a chance de apresentar explicações à Fazenda Nacional, poupariase tempo com cobranças infundadas, já que qualquer Agente Fiscal que analisasse a situação em tela notaria que não há justificativas válidas para a glosa ora em comento. Aduz que não merece amparo a conclusão do Julgador de 1ª Instância sobre a impossibilidade da DRJ e do Carf reconhecerem direito a crédito sem suporte documental produzido previamente pelo contribuinte. Cita precedentes administrativos e conclusões doutrinárias que apontam para a necessidade da Administração Pública investigar e valorar corretamente os fatos que dão ensejo à cobrança, em particular se já possui dados para identificálos, não podendo se ater a minúcias formais em manifesto prejuízo ao contribuinte. Afirma que a não homologação da compensação ofende ao Principio da Proporcionalidade, que impõe a adequação das medidas restritivas. Destaca que a Autoridade recorrida desconsiderou seu protesto pela apresentação posterior da DCTF retificada. Como é de elementar sabença, no exercício de seu mister, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais promove a verificação da legalidade dos atos administrativos produzidos no curso do procedimento fiscal e do julgamento em primeira instância, cotejando os fatos identificados e os efetivamente ocorridos com a legislação tributária correspondente. No caso ora sob análise, temos que o contribuinte, utilizando de indébito tributário decorrente de pagamento a maior ou indevido, extinguiu débitos de sua responsabilidade, nos termos do art. 74 da Lei 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) Fl. 90DF CARF MF 6 § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Dentro do lapso temporal legal, a Autoridade Administrativa emitiu o Despacho Decisório de fl. 05, por identificar que o pagamento que lastreava o crédito utilizado na compensação estaria integralmente comprometido com a liquidação de débito confessado pelo contribuinte em DCTF. Por sua vez, o recorrente reconhece que houve erro nas informações prestadas na DCTF ativa na data análise da DCOMP, tendo apresentado a impugnação alegando que estaria levantando internamente toda a documentação probante do seu direito creditório e providenciando a retificação da DCTF. Como se vê, pelas palavras do próprio recorrente, o crédito utilizado na DCOMP apresentada em junho de 2007 ainda não havia sido levantado na época da manifestação de inconformidade, em 2009. Tampouco foi juntada aos autos a DCTF retificadora, a qual foi, conforme informações disponíveis nos sistemas da RFB, apresentada em 03/12/2009, evidentemente após ciência do inteiro teor do Despacho Decisório ora sob análise. Assim, dispõe o DecretoLei nº 2.124/1984: Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. Portanto, considerando que, no momento da ulterior homologação do procedimento compensatório, de fato, os valores confessados pelo contribuinte como devidos, por meio de instrumento hábil e suficiente a sua exigência, não deixavam dúvidas da inexistência de crédito passível de restituição ou compensação. A criação do Sistema de Controle de CréditosSCC objetivou dar maior celeridade e segurança à necessária conferência dos pedidos de restituição, ressarcimentos e declarações de compensação formalizados pelos contribuintes. Naturalmente, tratase de ferramenta de extrema utilidade e eficiência quando batimentos de sistemas podem indicar a existência dos direitos pleiteados. Por outro lado, quando a complexidade da demanda exige, remanesce a necessidade de análise manual dos créditos pleiteados. Das situações possíveis de serem tratadas eletronicamente, sem sombra de dúvida, os indébitos tributários decorrentes de pagamentos indevidos ou a maior são, como regra, os que apresentam menor complexidade de análise, já que basta o SCC localizar o pagamento, identificar suas características e verificar, no sistema próprio, se há débitos compatíveis que demonstrem, no todo ou em parte, a ocorrência de um pagamento indevido ou a maior. Assim, não merece prosperar a alegação da defesa sobre a suposta incapacidade dos sistemas da RFB em cruzar informações. Ora, o sistema foi preciso em suas verificações e as alegações recursais sobre o erro no preenchimento da DCTF apenas corroboram a excelência do trabalho efetuado pelos sistemas da RFB. Afinal, nem mesmo o Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10880.679875/200971 Acórdão n.º 2201004.332 S2C2T1 Fl. 89 7 contribuinte havia apurado a efetiva existência do seu direito creditório quando da apresentação da DCOMP ou da impugnação. Menos procedente ainda é a argumentação recursal de que o contribuinte deveria ter sido instado a apresentar explicações à Fazenda Nacional. Se assim fosse, em particular nestes casos mais simples, do que teria adiantado a construção de um sistema eletrônico para tratamento de demandas dessa natureza, já que um simples cotejo de informações declaradas daria lugar a um lento e manual procedimento fiscal? Portando, em uma análise primária, notase que a não homologação em discussão é procedente, o que não impede que se reconheça, em respeito à verdade material, que tenha havido algum erro de fato que justifique sua revisão. Contudo, para tanto, necessário que sejam apresentados os elementos que comprovem a ocorrência de tal erro. Veja o que preceitua a Lei 13.105/2015 (Código de Processo Civil): Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Assim, caso a retificação tivesse ocorrido antes do procedimento de homologação, decerto que caberia ao Fisco buscar elementos que apontassem eventual impropriedade na alteração para menor do débito anteriormente declarado. Contudo, efetuada a retificação em momento posterior àquele em que o Fisco exerce com precisão o seu direito, passa ser do contribuinte o ônus de provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da Fazenda. Ocorre que o contribuinte limitase a contestar a Decisão recorrida afirmando a ocorrência de mero erro de informação e que estaria providenciando o levantamento do seu crédito e a retificação da DCTF. Ora, não merece prosperar tais conclusões. Não foi trazida aos autos nenhuma documentação que tenha sido produzida em tal levantamento e que pudesse lastrear a alegação de erro. Por outro lado, a DCTF retificadora, ainda que não haja impedimento para que seja apresentada após a não homologação de uma compensação, por si só não se constituiu em elemento capaz de confirmar a correção dos dados nela inseridos. As manifestações doutrinárias e os precedentes administrativos colacionados no recurso não vinculam a presente análise, sendo certo que tantas outras decisões em sentido oposto poderiam ser citadas, com se verifica no Acórdão nº 3201001.713 da 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária: DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Fl. 92DF CARF MF 8 Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Quanto à alegação de que a Autoridade recorrida desconsiderou seu protesto pela apresentação posterior da DCTF retificada, bem assim quanto à sugestão para conversão do julgado em diligência, é evidente que não poderia a DRJ suspender o julgamento sobre a procedência de um crédito pleiteado em 2007, quando já deveria ter sido apurada a sua liquidez e certeza, para aguardar o contribuinte a efetuar o levantamento de seu suposto direito. Notase que, mesmo sabendo da necessidade de apresentação de elementos probatórios, do mesmo modo agiu o recorrente ao apresentar seu recurso voluntário, lastreando o suposto direito ao crédito unicamente no erro que teria levado à retificação da DCTF levada a termo após o Despacho Decisório de não homologação, quando já decorridos quase 5 anos do fato gerador que pretende ver alterado. É inegável que, comprovada a ocorrência de erro que justifique a alteração de ato administrativo que tenha constituído crédito tributário em razão de infração à legislação tributária, ou mesmo negado direito pleiteado pelo contribuinte, pode a Administração, diante do seu dever de auto tutela, reconhecer efeitos de ofício. Contudo, não há nos autos nenhuma evidência da ocorrência de tal erro, que se mostra presente apenas nas alegações do recorrente. Assim, não tendo sido apresentado pelo recorrente elementos que justificassem a conversão do julgamento em diligência ou que comprovassem os supostos erros de fato que levaram à retificação da DCTF em momento posterior à Decisão administrativa, correta a decisão recorrida ao negar a conversão do julgamento em diligência e ao entender improcedente a manifestação de inconformidade. Por fim, não há nada nos autos que indique eventual ofensa aos Princípios da Estrita Legalidade, da Verdade Material, da Razoabilidade ou da Proporcionalidade. Afinal, todo o procedimento foi efetuado de acordo com os elementos de fato e de direito disponíveis; não foi efetivamente comprovada a ocorrência de erro de fato; a cobrança de um débito indevidamente compensado é medida que se impõe como consequência da não homologação da compensação, devendo sobre estes incidir os acréscimos legais previstos para os casos de pagamento a destempo. Assim, nego provimento ao recurso voluntário neste tema. DO ESCORREITO PROCEDIMENTO DE COMPENSAÇÃO REALIZADO PELA ORA RECORRENTE Sustenta a defesa que, apresentada a DCTF retificadora, a qual corrigiria equívoco contido na DCTF ativa no momento da análise da compensação declarada, cai por terra qualquer dúvida quanto à liquidez e certeza do crédito pleiteado. Afirma que tal equívoco é perfeitamente sanável até mesmo de ofício, já que o fisco que tem livre acesso à escrituração fiscal da recorrente. Por fim, não tendo sido possível apresentar a manifestação de inconformidade com a instrução da documentação acostada ao recurso voluntário, requer sua apreciação. Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10880.679875/200971 Acórdão n.º 2201004.332 S2C2T1 Fl. 90 9 Ao contrário do que quer fazer crer a defesa, mesmo com o recurso voluntário, nenhuma documentação comprobatória do direito pleiteado foi apresentada. Os argumentos em tela foram aqui reproduzidos exclusivamente em respeito ao esforço argumentativo do recorrente, mas não merecem qualquer acolhida, devendo às questões do ônus da prova e do conteúdo probatório contido nos autos serem aplicadas as razões e fundamentos legais citados no item precedente, que adoto com razão de decidir para, da mesma forma, negar provimento ao recurso voluntário no tema em questão. Conclusão Por tudo que consta nos autos, bem assim nas razões e fundamentos legais que integram o presente, nego provimento ao recurso voluntário. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 94DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10735.903836/2012-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Mar 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009
INSUMOS DESONERADOS. PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. IPI. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
Nos termos do artigo 62 do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 - Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
INSUMOS ISENTOS. ZONA FRANCA DE MANAUS. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
O adquirente de produto isento e oriundo da Zona Franca de Manaus não possui direito ao crédito presumido.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-005.221
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Jorge Lima Abud, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Raphael Madeira Abad, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. IPI. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62 do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. INSUMOS ISENTOS. ZONA FRANCA DE MANAUS. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O adquirente de produto isento e oriundo da Zona Franca de Manaus não possui direito ao crédito presumido. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 5. 90 38 36 /2 01 2- 79 Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10735.903836/201279 Acórdão n.º 3302005.221 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Jorge Lima Abud, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Raphael Madeira Abad, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Tratase de pedido de ressarcimento de IPI que foi indeferido pelo Despacho Decisório (Eletrônico) do Delegado da Receita Federal do Brasil em Uberlândia/MG, que não reconheceu na sua totalidade o crédito pleiteado através de PER/DCOMP e não homologando as compensações vinculadas que excediam o limite do montante porventura reconhecido. O crédito foi apurado pelo estabelecimento filial, inscrito no CNPJ sob nº 00.455.985/000492. Os motivos do indeferimento foram a constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado e a ocorrência de glosa de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal. Na Informação Fiscal que acompanha o DDE a justificativa para a glosa assim foi expressa: “Referido estabelecimento industrial opera dentro da planta industrial de um fabricante de óleos vegetais para alimentação, onde produz com exclusividade embalagens "pet" de 900 ml. (garrafas plásticas), classificadas na Tabela de Incidência do IPI (TIPI) no códigofiscal 3923.30.00, tributadas à alíquota de 15%. Com base nas vias originais das notas fiscais de aquisições colocadas à nossa disposição, constatamos que a quase totalidade dos citados insumos foram adquiridos da empresa Valfilm Amazônia Ind. e Com. Ltda., estabelecida na Zona Franca de Manaus, com a isenção do IPI prevista no art° 69, inciso II do Decreto n° 4.544/2002 (art° 81, inciso II do Decreto n° 7.212/2010). Mesmo hão havendo imposto destacado nas referidas notas fiscais, a Interessada em sua escrita fiscal aproveitou créditos presumidos do mesmo na ordem de 15% sobre valor do insumo adquirido. (grifei). Intimada a informar e identificar a base legal em que se baseou para aproveitar citados créditos presumidos, a mesma assim se pronunciou: "A empresa adquire produtos originários da Zona Franca de Manaus, classificação fiscal 3923.30.00 tributados na TIPI à alíquota de 15% (quinze por cento), mas que em face do disposto no artigo 69, inciso II, do Decreto n° 4.544/2002 (art. 81, inciso II do Decreto n° 7.212/2010) são isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados. Por esse motivo, com base no art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999: nos artigos 164, 165 e 167, do Regulamento do IPI aprovado pelo Decreto n° 4.544/2002 (RIPI), na nãocumulatividade do IPI prevista no art. 153, IV, § 3o, II da Constituição Federal de Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10735.903836/201279 Acórdão n.º 3302005.221 S3C3T2 Fl. 4 3 1988 e alicerçada na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal conforme decisão originada do RE212.484/RS, DJ de 27/1198, nos períodos compreendidos do 1o trimestre de 2008 ao 4o trimestre de 2010 creditouse do imposto calculado à alíquota de 15% (quinze por cento) sobre o valor das compras efetuadas, a título de crédito presumido. ...” Inconformada com a decisão proferida, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, com as alegações a seguir sintetizadas. Inicialmente, alega a tempestividade da manifestação. Sustenta que não estaria comprovado que a intimação por via postal teria sido improfícua, fato que teria ensejado a intimação por edital. Diz ter ficado sabendo que o débito compensado já se encontrava em cobrança final em 05 de novembro de 2013, quando verificou que o processo administrativo havia sido incluído no Relatório de Situação Fiscal emitido pela Receita Federal do Brasil na situação “DEVEDOR”. E assim, considerando que nesta data a Requerente foi devidamente intimada, o prazo para contestação encerraria em 05 de dezembro de 2013. Alega ainda que, até a presente data, sequer teria obtido cópia do Processo Administrativo Eletrônico. Quanto ao mérito, defende o aproveitamento de crédito de IPI referente a aquisições de insumos fornecidos pela empresa Valfilm Amazônia Indústria e Comércio Ltda., com a isenção prevista no art. 9º do Decretolei 288/1967 e do então vigente artigo 69, II, do RIPI/2002. Considera equivocado o posicionamento do AuditorFiscal no sentido de que o simples fato de não ter sido cobrado imposto na etapa produtiva antecedente impediria o aproveitamento do crédito pelo adquirente do produto beneficiado na etapa subsequente, pois esse entendimento seria incompatível com o princípio da nãocumulatividade do IPI, sobre o qual discorre. Reportase ao entendimento manifestado pelo Exmo. Ministro Nelson Jobim no voto vencedor do Recurso Extraordinário n.° 212.4842/RS, julgado pelo Tribunal Pleno do E. Supremo Tribunal Federal, que transcreve em parte. Ataca também a menção ao Parecer PGFN n.° 405/2003, que não teria eficácia normativa em relação ao presente caso, pois referese à possibilidade de creditamento do IPI nas aquisições de insumos tributados à alíquota zero, não havendo nenhuma relação com as operações isentas do IPI, provenientes da Zona Franca de Manaus de que se trata neste processo. Sustenta que a circunstância de se tratar de insumos provenientes da ZFM daria ainda mais guarida ao seu direito pois se trata de isenção peculiar, com natureza de incentivo regional, que somente será efetivo se o direito ao crédito for mantido em favor do adquirente. Tanto que o próprio E. Supremo Tribunal Federal consignou recentemente no julgamento do Recurso Extraordinário n.° 566.819 que o julgamento ali proferido para as hipóteses de creditamento de IPI decorrente de aquisições de insumos isentos não contempla os casos de insumos beneficiados por isenção concedida à Zona Franca de Manaus. Finalizando, solicita o cancelamento dos débitos e o arquivamento do processo administrativo. Uma vez que se encontrava esgotado o prazo para apresentação da manifestação de inconformidade, o interessado interpôs ação de mandado de segurança (M.S n° 0002832.23.2013.4.02.5120) junto à 2a Vara Federal de Nova Iguaçu, na qual obteve liminar que assegurou a suspensão da exigibilidade dos débitos compensados e o direito ao exame de manifestação de inconformidade, nos seguintes termos: "(...) DEFIRO A LIMINAR Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10735.903836/201279 Acórdão n.º 3302005.221 S3C3T2 Fl. 5 4 para suspender a exigibilidade do crédito tributário objeto dos processos administrativos arrolados na inicial, devendo as manifestações de inconformidade apresentadas nos referidos processos administrativos (n°s 10735.903830/201200, 10735.903831/201246. 10735.903832/201291, 10735.903833/201235, 10735.903834/201280. 10735.903835/2012 24, 10735.903836/201279, 10735.903838/201268. 10735.903839/201211, 10735.903840/201237, 10735903.829/201277 e 10735.903837/201213) serem processadas e encaminhadas para julgamento.” A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 10053.126. Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa apresentou Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, no qual repisa os argumentos já aduzidos em sede de manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.216, de 26 de fevereiro de 2018, proferido no julgamento do processo 10735.903831/201246, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.216): "Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Em pesquisa no site deste E. Conselho constatei que foi formalizado o processo nº 19515.721546/201278, decorrente de autuação fiscal na referida empresa em relação à glosa de créditos indevidos por aquisições de insumos isentos, provenientes da empresa Valfilm Amazônia Indústria e Comércio Ltda., localizada na Zona Franca de Manaus, isenta de IPI nos termos dos art. 69, I e II e 134, II do Decreto nº 4.544/2002. Informa o referido processo que as glosas foram efetuadas após a auditoria fiscal nos Pedidos Eletrônicos de Ressarcimento PER transmitidos para utilização dos saldos credores do IPI apurados pela Lorenpet, no período de apuração de 1º trimestre/2007 ao 4º trimestre/2008. Estando o PER/DCOMP do presente processo abrangido na referida autuação, adoto como fundamento decisório o voto proferido no Acórdão nº 3301003.626, de 23/05/2017, com escopo no artigo 50, § 1º da Lei nº 9.784, de Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10735.903836/201279 Acórdão n.º 3302005.221 S3C3T2 Fl. 6 5 1999, cuja ementa e excertos do voto estão a seguir transcritos, na parte de interesse: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008 DECADÊNCIA. GLOSA DE CRÉDITOS DE IPI. INAPLICABILIDADE DOS ART. 150, §4º E 173 DO CTN. Os prazos decadenciais previstos nos art. 150, §4º e 173 do CTN se referem ao direito de constituir o crédito tributário e não de glosar o crédito de IPI escriturado. ISENÇÃO. CREDITAMENTO DE AQUISIÇÕES DE MATÉRIA PRIMA.ZONA FRANCA DE MANAUS. IMPOSSIBILIDADE. Nas operações isentas, como não há cobrança de IPI na saída, então não há direito creditório a ser escriturado, sob pena de violação ao princípio da nãocumulatividade, previsto no art. 153, § 3º, II, da CF/88, art. 49 do CTN, art.25 da Lei nº 4.502/1964 e art. 11 da Lei nº 9.779/1999. Recurso Voluntário Negado. Excertos do voto: Glosa dos créditos de IPI relativo à aquisição de matériaprima com isenção de IPI Não há reparos a serem feitos na decisão de piso, pois a legislação tributária não permite a apropriação de créditos escriturais na aquisição de matériasprimas isentas aplicadas na industrialização, provenientes da Zona Franca de Manaus, como a seguir se expõe. A nãocumulatividade estabelecida no art. 153, § 3º, II, da CF, implica que os produtos que tenham sido tributados pelo IPI geram créditos na entrada em estabelecimentos contribuintes para fins de compensação com o que for devido a título desse mesmo tributo em saídas tributadas realizadas num período de apuração, confrontados os créditos e débitos no RAIPI. A nãocumulatividade voltase à quantificação tributária nas várias etapas de processo produtivo plurifásico, com a finalidade de evitar que a última etapa da cadeia (venda ao consumidor final) seja onerada pelo que se agregou em cada fase anterior. Disso decorre que se não houver recolhimento de IPI na operação precedente, não há que se falar em creditamento, assim, se a entrada de matériaprima for não tributada (alíquota zero, isenção ou nãoincidência),então não haverá direito a crédito escritural correspondente à entrada. Posteriormente ao julgamento do RE nº 212.484, citado pela Recorrente, o STF, nos RE nº 370.682SC e nº 353.657PR, decidiu de modo contrário à sua pretensão: Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10735.903836/201279 Acórdão n.º 3302005.221 S3C3T2 Fl. 7 6 Recurso extraordinário. Tributário. 2. IPI. Crédito Presumido. Insumos sujeitos à alíquota zero ou não tributados. Inexistência. 3. Os princípios da nãocumulatividade e da seletividade não ensejam direito de crédito presumido de IPI para o contribuinte adquirente de insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero. 4. Recurso extraordinário provido. RE 370.682SC, DJ 19/12/2007. E, IPI. INSUMO. ALÍQUOTA ZERO. AUSÊNCIA DE DIREITO AO CREDITAMENTO. Conforme disposto no inciso II do § 3º do artigo 153 da Constituição Federal, observase o princípio da nãocumulatividade compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores, ante o que não se pode cogitar de direito a crédito quando o insumo entra na indústria considerada a alíquota zero. IPI. INSUMO. ALÍQUOTA ZERO. CREDITAMENTO.INEXISTÊNCIA DO DIREITO. EFICÁCIA. Descabe, em face do texto constitucional regedor do Imposto sobre Produtos Industrializados e do sistema jurisdicional brasileiro, a modulação de efeitos do pronunciamento do Supremo, com isso sendo emprestada à Carta da República a maior eficácia possível, consagrandose o princípio da segurança jurídica. RE 353.657PR, DJ 07/03/2008. Em seguida, o STF, no julgamento do RE nº 566.819, alinhou a negativa da possibilidade de creditamento em relação a insumo adquirido sob qualquer regime de desoneração, assentando que insumo isento não dá direito a crédito de IPI:(grifei) IP. CRÉDITO. A regra constitucional direciona ao crédito do valor cobrado na operação anterior. IPI. CRÉDITO. INSUMO ISENTO. Em decorrência do sistema tributário constitucional, o instituto da isenção não gera, por si só, direito a crédito. IPI CRÉDITO. DIFERENÇA. INSUMO. ALÍQUOTA. A prática de alíquota menor para alguns, passível de ser rotulada como isenção parcial não gera o direito a diferença de crédito, considerada a do produto final. RE 566.819, DJ 10022011. Ademais, não há qualquer vinculabilidade do RE nº 212.484, uma vez que o RE nº 592.891, em repercussão geral, ainda não julgado, tratará também do direito ao crédito por aquisições isentas da ZFM, quer isto dizer que não há posicionamento assentado do STF sobre a questão específica da Zona Franca de Manaus. Requer a Recorrente o sobrestamento deste processo até decisão final de mérito no RE nº 592.891. Todavia, não há previsão Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10735.903836/201279 Acórdão n.º 3302005.221 S3C3T2 Fl. 8 7 regimental para essa suspensão, no RICARF atualmente em vigência, Portaria nº 343/2015. Por fim, devese destacar que o RE nº 566.819 deve ser adotado para os casos em que os produtos sejam provenientes da Zona Franca de Manaus, uma vez que a lógica da desoneração é a mesma. O STJ, em recurso repetitivo, no REsp nº 1.134.903 SP, DJ 24/06/2010, consignou a impossibilidade de creditamento nas entradas isentas:(grifei). PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. DIREITO AO CREDITAMENTO DECORRENTE DO PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS OU MATÉRIASPRIMAS SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO OU NÃO TRIBUTADOS. IMPOSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA FIRMADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. A aquisição de matériaprima e/ou insumo não tributados ou sujeitos à alíquota zero, utilizados na industrialização de produto tributado pelo IPI, não enseja direito ao creditamento do tributo pago na saída do estabelecimento industrial, exegese que se coaduna com o princípio constitucional da não cumulatividade (Precedentes oriundos do Pleno do Supremo Tribunal Federal: (RE 370.682, Rel. Ministro Ilmar Galvão, julgado em 25.06.2007, DJe165 DIVULG 18.12.2007 PUBLIC 19.12.2007 DJ 19.12.2007; e RE 353.657, Rel. Ministro Marco Aurélio, julgado em 25.06.2007, DJe041 DIVULG 06.03.2008 PUBLIC 07.03.2008) 2. É que a compensação, à luz do princípio constitucional da nãocumulatividade (erigido pelo artigo 153, § 3º, inciso II, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988), darseá somente com o que foi anteriormente cobrado, sendo certo que nada há a compensar se nada foi cobrado na operação anterior. 3. Deveras, a análise da violação do artigo 49, do CTN, revelase insindicável ao Superior Tribunal de Justiça, tendo em vista sua umbilical conexão com o disposto no artigo 153, § 3º, inciso II, da Constituição (princípio da nãocumulatividade),matéria de índole eminentemente constitucional, cuja apreciação incumbe, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal. 4. Entrementes, no que concerne às operações de aquisição de matériaprima ou insumo não tributado ou sujeito à alíquota zero, é mister a submissão do STJ à exegese consolidada pela Excelsa Corte, como técnica de uniformização jurisprudencial, instrumento oriundo do Sistema da Common Law e que tem como desígnio a consagração da Isonomia Fiscal. 5. Outrossim, o artigo 481, do Codex Processual, no seu parágrafo único, por influxo do princípio da economia processual, determina que "os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário, do Supremo Tribunal Federal sobre a questão”. 6. Ao revés, não se revela cognoscível a insurgência especial atinente às operações de aquisição de Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10735.903836/201279 Acórdão n.º 3302005.221 S3C3T2 Fl. 9 8 matériaprima ou insumo isento, uma vez pendente, no Supremo Tribunal Federal, a discussão acerca da aplicabilidade, à espécie, da orientação firmada nos Recursos Extraordinários 353.657 e 370.682 (que versaram sobre operações não tributadas e/ou sujeitas à alíquota zero) ou da manutenção da tese firmada no Recurso Extraordinário 212.484 (Tribunal Pleno, julgado em 05.03.1998, DJ 27.11.1998), problemática que poderá vir a ser solucionada quando do julgamento do Recurso Extraordinário 590.809, submetido ao rito do artigo 543B, do CPC (repercussão geral). 7. In casu, o acórdão regional consignou que: "Autorizase a apropriação dos créditos decorrentes de insumos, matériaprima e material de embalagem adquiridos sob o regime de isenção, tão somente quando o forem junto à Zona Franca de Manaus, certo que inviável o aproveitamento dos créditos para a hipótese de insumos que não foram tributados ou suportaram a incidência à alíquota zero, na medida em que a providência substancia, em verdade, agravo ao quanto estabelecido no art. 153, § 3°, inciso II da Lei Fundamental, já que havida opção pelo método de subtração variante imposto sobre imposto, o qual não se compadece com tais creditamentos inerentes que são à variável base sobre base, que não foi o prestigiado pelo nosso ordenamento constitucional." 8. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Em seguida, o REsp nº 1.429.525SP, DJ 20/02/2014, com base no recurso repetitivo acima, expressamente indicou:(grifei). TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. AQUISIÇÃO DE INSUMOS E MATÉRIASPRIMAS ISENTOS, NÃO TRIBUTADOS OU FAVORECIDOS COM ALÍQUOTA ZERO PROVENIENTES DA ZONA FRANCA DE MANAUS. TEMA JÁ JULGADO EM SEDE DE RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO (ART. 557, CPC). Do voto do relator Mauro Campbell Marques extraise o seguinte trecho: De observar que, muito embora o item "6" da ementa suso transcrita indique a negativa de conhecimento dos recursos especiais onde se discute o direito ao creditamento relativo às operações de aquisição de matériaprima ou insumo isento, mutatis mutandis, tendo já havido o julgamento da matéria pelo STF, deve ser utilizada a mesma lógica para ser conhecido o recurso e aplicada a jurisprudência do Pretório Excelso, prestigiando a uniformização jurisprudencial e a isonomia fiscal, indiferente tratarse de isenção proveniente da Zona Franca de Manaus, posto que a lógica é a mesma.(grifei). Por conseguinte, nas operações isentas, como não há cobrança de IPI na saída, então não há direito creditório a ser escriturado, sob pena de violação do princípio da não cumulatividade, previsto no art. 153, § 3º, II, da CF/88, art. 49 Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10735.903836/201279 Acórdão n.º 3302005.221 S3C3T2 Fl. 10 9 do CTN, art. 25 da Lei nº 4.502/1964 e art. 11 da Lei nº 9.779/1999. No sentido de impossibilidade de creditamento na entrada de insumos isentos da Zona Franca de Manaus, citese o acórdão nº 3403003.242 (j. 16/09/2014), no qual a Recorrente Lorenpet figura também como parte: Assunto: Imposto sobre Produtos IndustrializadosIPI Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 IPI. DIREITO DE CRÉDITO. AQUISIÇÃO DE MATÉRIA PRIMA ISENTA. ZONA FRANCA DE MANAUS.IMPOSSIBILIDADE. O Supremo Tribunal Federal já entendeu, no passado, pelo direito de crédito de IPI nas aquisições de matériasprimas isentas (RE 212.484), o que chegou a ser estendido às aquisições sujeitas à alíquota zero (RE 350.446), mas este entendimento foi posteriormente alterado, passando a mesma Corte a entender que não há direito de crédito em relação às aquisições não tributadas e sujeitas à alíquota zero (RE 370.682), depois estendendo o mesmo entendimento em relação às aquisições isentas (RE 566.819), de maneira que a jurisprudência atual é no sentido de que nenhuma das aquisições desoneradas dão direito ao crédito do imposto. Nada obstante o Supremo Tribunal Federal tenha reconhecido existir a Repercussão Geral especificamente em relação à aquisição de produtos isentos da Zona Franca de Manaus ZFM (Tema 322; RE 592.891), isto não equivale ao reconhecimento do direito de crédito, além de que, não pode este Tribunal Administrativo analisar a constitucionalidade das leis (Súmula CARF nº 1). Conjuntura dos fatos que autoriza a aplicação ao presente caso do entendimento do STF no RE 566.819, visto não haver decisão em contrário no RE 592.891. Precedente (Acórdão 3403003.050, Rel. Cons. Luiz Rogério Sawaya Batista, j. 22/07/2014). Recurso negado. Além disso, a Súmula CARF n° 18 prescreve que a aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem tributados à alíquota zero não gera crédito de IPI. Entendo que a alíquota zero e a isenção têm a mesma repercussão de não gerarem recolhimento na entrada, o que veda o creditamento, como acima já se defendeu. Ainda na mesma linha de impossibilidade de creditamento na entrada de insumos isentos da Zona Franca de Manaus, citase o julgado de 27/09/2016, proferido no processo 19515.001412/201075, da mesma empresa conforme a seguir ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10735.903836/201279 Acórdão n.º 3302005.221 S3C3T2 Fl. 11 10 Data do fato gerador: 31/08/2005, 30/09/2006, 30/11/2006, 31/12/2006 TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO.DECADÊNCIA. Nos casos em que há pagamento antecipado do imposto, o prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário será de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN). CREDITAMENTO. IPI. INSUMOS DESONERADOS. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. A aquisição de matériaprima e/ou insumo não tributados ou sujeitos à alíquota zero, utilizados na industrialização de produto tributado pelo IPI, não dá direito ao creditamento do tributo, exegese que se coaduna com o princípio constitucional da não umulatividade. Cabe destacar que neste processo a empresa apresentou recurso especial, o qual foi negado seguimento de forma definitiva, uma vez que o acórdão recorrido observou decisão do STJ proferida sob a sistemática dos recursos repetitivos. Ante o exposto, VOTO POR NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio cingese ao direito a créditos de IPI nas aquisições de insumos isentos provenientes da Zona Franca de Manaus. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10735.903836/201279 Acórdão n.º 3302005.221 S3C3T2 Fl. 12 11 Fl. 121DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.990002/2009-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2004
PIS. DCTF. RETIFICAÇÃO PÓS DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA.
A retificação da DCTF pelo contribuinte, que reduz o valor devido de PIS originariamente informado, não é pressuposto para reconhecimento do indébito relativo ao saldo credor. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da existência do crédito declarado, para possibilitar a aferição de sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
DCOMP. CRÉDITO. PROVAS NO PROCESSO TRIBUTÁRIO. EFEITOS
A falta de comprovação do crédito objeto da Declaração de Compensação apresentada impossibilita a homologação das compensações declaradas.
A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir certeza às argumentações do recorrente. Será na prova assim produzida que irá o julgador formar sua convicção sobre os fatos, sendo-lhe vedado fundamentá-la em elementos desprovidos da segurança jurídica que os princípios e normas processuais acautelam.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-005.089
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2004 PIS. DCTF. RETIFICAÇÃO PÓS DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA. A retificação da DCTF pelo contribuinte, que reduz o valor devido de PIS originariamente informado, não é pressuposto para reconhecimento do indébito relativo ao saldo credor. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da existência do crédito declarado, para possibilitar a aferição de sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DCOMP. CRÉDITO. PROVAS NO PROCESSO TRIBUTÁRIO. EFEITOS A falta de comprovação do crédito objeto da Declaração de Compensação apresentada impossibilita a homologação das compensações declaradas. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir certeza às argumentações do recorrente. Será na prova assim produzida que irá o julgador formar sua convicção sobre os fatos, sendo-lhe vedado fundamentá-la em elementos desprovidos da segurança jurídica que os princípios e normas processuais acautelam. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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DCTF. RETIFICAÇÃO PÓS DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA. A retificação da DCTF pelo contribuinte, que reduz o valor devido de PIS originariamente informado, não é pressuposto para reconhecimento do indébito relativo ao saldo credor. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da existência do crédito declarado, para possibilitar a aferição de sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DCOMP. CRÉDITO. PROVAS NO PROCESSO TRIBUTÁRIO. EFEITOS A falta de comprovação do crédito objeto da Declaração de Compensação apresentada impossibilita a homologação das compensações declaradas. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir certeza às argumentações do recorrente. Será na prova assim produzida que irá o julgador formar sua convicção sobre os fatos, sendolhe vedado fundamentála em elementos desprovidos da segurança jurídica que os princípios e normas processuais acautelam. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 99 00 02 /2 00 9- 16 Fl. 140DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Tratase o presente processo em que a empresa IOB INFORMAÇÕES OBJETIVAS PUBLICAÇÕES JURÍDICAS LTDA., ingressou com Declaração de Compensação alegando pagamento a maior de PIS. Conforme o Despacho Decisório Eletrônico acostado aos autos, a compensação pleiteada não foi homologada, sob o fundamento de que a partir das características do DARF por meio do qual teria ocorrido o pagamento a maior ou indevido, o pagamento foi integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. A Recorrente cientificada da decisão, apresentou Manifestação de Inconformidade tempestiva onde alega, em síntese, que: a) em procedimento de auditoria e verificação interna, verificouse que a empresa pagou PISa maior. Como a legislação lhe dá guarida, realizou compensação do valor apurado a maior, com demais tributos a pagar; b) desta forma, ingressou com Declaração de Compensação de pagamento a maior. Cita fundamentação do Despacho Decisório que não homologou a compensação. A RFB considerou que o pagamento realizado foi utilizado na quitação de débitos informados em DCTF, o que não ocorreu; c) alega que ao verificar que o tributo foi pago a maior, retificou DCTF. Desta forma, apropriouse integralmente do valor recolhido indevidamente. A única justificativa da Receita Federal ao proferir tal despacho, foi ter se baseado na DCTF original. Se tivesse considerado a declaração retificadora, não teria por que não homologar a compensação; e d) considerando a retificação da DCTF, requer a homologação da compensação realizada. A DRJ em São Paulo I (SP) julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada por entender que a mera retificação da DCTF é insuficiente para o reconhecimento do direito creditório vindicado, quando desacompanhada de provas hábeis para tal. Cientificada da decisão de primeira instância, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual alega em síntese que: ao verificar que o tributo foi pago a maior, retificou sua DCTF. Desta forma, apropriouse integralmente do valor recolhido a maior; que a única justificativa da RFB ao proferir o despacho decisório, foi ter se baseado na DCTF original e não considerar a DCTF retificadora. Caso tivesse considerado a declaração retificadora, não teria por que não homologar a compensação realizada; Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10880.990002/200916 Acórdão n.º 3402005.089 S3C4T2 Fl. 3 3 quanto a existência de documentos suficientes para análise do PER/DCOMP, aduz que a decisão recorrida não poderá prevalecer em relação à necessidade de juntada de novas provas, eis que a recorrente demonstrou o quantum que a RFB no Despacho Decisório, desconsiderou a DCTF retificadora na composição do saldo devedor. Nesse sentido, não há razão para se exigir outros documentos senão a DCTF desconsiderada na análise do PER/DCOMP insubsistente, nos termos da Instrução Normativa vigente na época da compensação; da demonstração da existência do Crédito Compensado: em caso da necessidade de a Recorrente juntar outros elementos para embasar a existência do crédito corretamente compensado, evidenciase o pagamento a maior e correspondente direito à compensação, existindo prova do crédito compensado pelos documentos ora juntados. Através dos correspondentes documentos juntados, resta claro que sobreveio o pagamento indevido e o direito ao crédito consubstanciado no art. 170 do CTN; não há como se admitir o não conhecimento da ulterior juntada de documentos no presente caso, eis que o despacho decisório era fundado em matéria estritamente formal (decorrente da divergência de DCTF); tal providencia, inclusive, vem ao encontro dos princípios da Verdade Real e Material, o qual baliza o reconhecimento de provas no processo administrativo fiscal (PAF); o CARF reconhece a ulterior juntada de provas em atendimento aos princípios do contraditório e ampla defesa; Ao final, considerando as provas carreadas nos autos, requerse o conhecimento e provimento do presente recurso voluntário, com a conseqüente homologação da compensação realizada. Os autos, então, foram encaminhados a este CARF para apreciação e julgamento do recurso. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.069, de 22 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.977028/200979, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402005.069): "1 Da admissibilidade do Recurso Voluntário Presentes os pressupostos recursais, a petição de fls. 142/147, é tempestiva e foi conhecida como recurso voluntário. 2 Objeto da lide Fl. 142DF CARF MF 4 A empresa ingressou com Declaração de Compensação através de PER/DCOMP nº 04014.84529.071205.1.3.048793, de pagamento a maior de COFINS, referente ao mês de março/2001, no valor (principal) de R$ 2.343,83. Ao verificar que o tributo foi pago a maior, retificou sua DCTF e apropriouse integralmente do valor recolhido a maior. No entanto, ao analisar os autos no Despacho Decisório, a RFB considerou que o pagamento realizado foi totalmente utilizado na COFINS devida, correspondente ao mês de março de 2001 (no valor de R$ 215.529,03), não homologando a compensação realizada. Como se vê, a lide diz respeito em que a Recorrente não apresentou prova documental juntamente com a Manifestação de Inconformidade, ou seja, não comprovou com a documentação correspondente, a existência do suposto crédito informado na Declaração de Compensação em exame. 3. Das provas trazidas aos autos Primeiramente, aduz a Recorrente em seu recurso que, a decisão recorrida não poderá prevalecer em relação à necessidade de juntada de novas provas, eis que a Recorrente demonstrou suficientemente que a RFB, em seu Despacho Decisório, desconsiderou a DCTF retificadora na composição do saldo supostamente devedor. Nesse sentido, não há razão para se exigir outros documentos senão a DCTF desconsiderada na análise do PEDCOMP supostamente insubsistente, nos termos da Instrução Normativa vigente na época da compensação. Pois bem. As normas de vigentes à época da apresentação da Declaração de Compensação e legislação superveniente, são: IN SRF 460, de 2004; IN SRF 600, de 2005, e IN RFB 900, de 2008. Na forma da legislação acima, eventual crédito passível de restituição ou ressarcimento pode ser utilizado na compensação com débitos do sujeito passivo. Contudo, a homologação da compensação está sujeita ao anterior reconhecimento do direito creditório, tendo em vista que a compensação somente pode ser efetuada com credito liquido e certo. Aduz a Recorrente que ao verificar que o tributo foi pago a maior, retificou a DCTF. Para tanto, junta aos autos, cópia da DCTF retificadora referente ao 10 trimestre de 2001, enviadas em 30/09/2009 (fls. 19/90). Como a justificativa da Fiscalização ao proferir o Despacho que não homologou a compensação, foi ter se baseado na DCTF original, se tivesse considerado a declaração retificadora, não teria por que não homologar a compensação. Há que se ressaltar que a Recorrente, em 30/09/2009, após a emissão do Despacho Decisório, de 24/08/2009, retificou as DCTFs referente ao 10 trimestre de 2001, na qual reduz o valor devido de COF1NS e pleiteia a compensação dos valores supostamente recolhidos a maior. É cediço que a Declaração retificadora apresentada, reduzindo o valor devido de COFINS, não é suficiente para demonstrar a Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10880.990002/200916 Acórdão n.º 3402005.089 S3C4T2 Fl. 4 5 existência do credito pleiteado, visto ser indispensável que a origem do credito seja comprovada por documentação hábil que de suporte aos valores declarados (necessidade de se apensar documentos, cópias da escrituração contábil, objetivando respaldar a retificação efetuada). O credito pleiteado somente fica assegurado, quando respaldado por documentação hábil e idônea. Agora, no recurso voluntário, visando demonstrar a existência do crédito compensado, a Recorrente alega "existir prova do crédito compensado pelos documentos ora juntados. Através dos correspondentes documentos juntados, resta claro que sobreveio o pagamento indevido e o direito ao crédito consubstanciado no art. 170 do CTN". Solicita o conhecimento de tais provas. No entanto, manuseando as peças dos autos, verifico que junto com o Recurso Voluntário, foram acostados as seguintes cópia de documentos: identificação da OAB do procurador; procuração; alteração do Contrato Social e cópia do Acórdão DRJ recorrido (documentos de fls. 148/170). Verificase que, diferente do alegado, a defesa não apresentou prova documental juntamente com a manifestação de inconformidade e nem em seu recurso, ou seja, não comprovou com a documentação correspondente, a existência do suposto crédito informado na declaração de compensação em exame. Continua aduzindo a Recorrente que: (...) Tal providencia, inclusive, vem ao encontro dos princípios da Verdade Real e Material, o qual baliza o reconhecimento de provas no processo administrativo fiscal (PAF), impondo a ampla análise e igualdade em oportunizar ao contribuinte opor se aos argumentos fazendários, os quais, no caso, apresentaram se no acórdão recorrido e não no despacho decisório escorreitamente, enfrentado pela manifestação de inconformidade". Sabemos que o momento apropriado para apresentação das provas que comprovem suas alegações é na propositura da Impugnação, no caso a Manifestação de Inconformidade. Temos conhecimento, também, que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo Legislador Nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do Novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo Fl. 144DF CARF MF 6 administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário, e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Em virtude dessas considerações, é importante relembrar alguns preceitos que norteiam a busca da verdade real por meio de provas materiais. A finalidade da prova é a formação da convicção do julgador quanto à existência dos fatos. Em outras linhas, um dos principais objetivos do direito é fazer prevalecer a justiça. Para que uma decisão seja justa, é relevante que os fatos estejam provados a fim de que o julgador possa estar convencido da sua ocorrência. A verdade encontrase ligada à prova, pois é por meio desta que se torna possível afirmar idéias verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou certificarse de sua exatidão jurídica. Ao direito somente é possível conhecer a verdade por meio das provas. Posto isto, concluímos que a finalidade imediata da prova é reconstruir os fatos relevantes para o processo e a mediata é formar a convicção do julgador. Os fatos não vêm simplesmente prontos, tendo que ser construídos no processo, pelas partes e pelo julgador. Após a montagem desse quebracabeça, a decisão se dará com base na valoração das provas que permitirá o convencimento da autoridade julgadora. Assim, a importância da prova para uma decisão justa vem do fato dela dar verossimilhança às circunstâncias a ponto de formar a convicção do julgador. Regressando aos autos, como já mencionado, a Recorrente não apresentou indícios mínimos de prova seu direito (como planilha demonstrativa e cópia dos livros contábeis e fiscais), de sorte que me sinto na obrigação de julgar com os dados constantes nos autos. Neste contexto, não vislumbro razões para reformar a decisão de primeira instância uma vez que sua decisão foi baseada nos fundamentos jurídicos constantes dos autos e a consequente subsunção aos fundamentos legais que regiam a matéria à época dos fatos geradores. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ merece ser mantida pelos seus próprios fundamentos. 4. Conclusão Posto isto, voto no sentido de conhecer do Recurso Voluntário e NEGARLHE provimento, mantendose a decisão recorrida." Importa registrar que nos autos ora em apreço, assim como no paradigma, o interessado tampouco trouxe provas de seu direito (como planilha demonstrativa e cópia dos livros contábeis e fiscais), de tal sorte que há identidade na situação cotejada. Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10880.990002/200916 Acórdão n.º 3402005.089 S3C4T2 Fl. 5 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 146DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13832.720035/2013-41
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Mar 05 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1001-000.359
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa- Presidente.
(assinado digitalmente)
José Roberto Adelino da Silva - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva
Nome do relator: JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1421; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T1 Fl. 2 1 1 S1C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13832.720035/201341 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1001000.359 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 06 de fevereiro de 2018 Matéria INDEFERIMENTO DE OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL Recorrente ARGEMIRO DE OLIVEIRA ELETRONICOS ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO INDEFERIMENTO DE OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL ANOCALENDÁRIO 2013 A regularização de pendências apontadas no Termo de Indeferimento de Opção até o dia 31 de janeiro do ano da opção não impede a inclusão no Simples Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva Relatório Tratase Recurso Voluntário contra o acórdão, número 0127.969, da 2ª Turma da DRJ/BEL, o qual indeferiu a Manifestação de Inconformidade contra Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional, face à existência de débitos fiscais, sem AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 2. 72 00 35 /2 01 3- 41 Fl. 46DF CARF MF 2 exigibilidade suspensa, bem como pelo exercício atividade econômica vedada (consultoria) consoante o artigo 17, incisos V e XIII, da Lei Complementar nº 123, de 2006. A ora recorrente apresentou uma impugnação ao referido termo. cuja decisão da DRJ foi contrária à manifestação de inconformidade, a qual reproduzo o voto: Voto 8. A impugnação é tempestiva e atende aos requisitos de admissibilidade previstos nos arts 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72. Do Mérito 9. No que se refere à matéria objeto deste processo, verificase que o sujeito passivo questiona a possibilidade de ser tributado pela modalidade denominada de SIMPLES NACIONAL, prevista na Lei Complementar nº 123/2006. 10. De acordo com o art. 16 da Lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, “A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte darseá na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, sendo irretratável para todo o ano calendário.” 11. Nesse sentido, o Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (CGSN) dispôs que a forma de ingresso no regime especial deve se dar pela Internet, até o último dia útil do mês de janeiro, de acordo com o art. 7º da Resolução CGSN nº 4, de 30 de maio de 2007: Art. 7º A opção pelo Simples Nacional darseá por meio da internet, sendo irretratável para todo o anocalendário. § 1º A opção de que trata o caput deverá ser realizada no mês de janeiro, até seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do anocalendário da opção, ressalvado o disposto no § 3º deste artigo e observado o disposto no § 3º do art. 21. § 1ºA Enquanto não vencido o prazo para solicitação da opção o contribuinte poderá: (Incluído pela Resolução CGSN nº 56, de 23 de março de 2009) I regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, sujeitandose ao indeferimento da opção caso não as regularize até o término desse prazo; (Incluído pela Resolução CGSN nº 56, de 23 de março de 2009) II efetuar o cancelamento da solicitação de opção, salvo se o pedido já houver sido deferido. (Incluído pela Resolução CGSN nº 56, de 23 de março de 2009). 12. Analisando os documentos de fls 02 a 05, 07, 08, 09 a 12, 13 e 17, e mais precisamente o documento da fl 07, verificouse que o sujeito passivo não conseguiu regularizar no prazo limite determinado, que no caso seria 31.01.2013, estabelecido no inciso I, do § 1A, do art. 7º da Resolução CGSN nº 04, acima Fl. 47DF CARF MF Processo nº 13832.720035/201341 Acórdão n.º 1001000.359 S1C0T1 Fl. 3 3 transcrito, considerando que a regularização ocorreu somente na data de 07.02.2013. Conclusão 13. Pelo exposto e pela prova material juntada, encaminho o meu voto, no sentido de considerar a Manifestação de Inconformidade como IMPROCEDENTE. Voto Conselheiro José Roberto Adelino da Silva Relator Inconformada, a recorrente apresentou o Recurso Voluntário, tempestivo, que apresenta os pressupostos de admissibilidade e, portanto, dele eu conheço. A própria DRJ, considerou que o débito, apontado no Termo de indeferimento de Opção, foi regularizado tempestivamente (até 31/01//2013), mediante o regular parcelamento. Entretanto, considerou que a regularização da atividade econômica deuse apenas em 07/02/12013, com a apresentação da respectiva alteração do contrato social, datada de 31/01/2013. A Recorrente argumenta, em seu Recurso, que o arquivamento do ato na data acima citada atende ao que dispõe a Lei 8.934/94, artigos 32 , inciso II, alínea a e art. 36, da referida lei, que trata do registro público de empresas mercantis e atividades afins, conforme versam: Art. 32. O registro compreende: I ... II O arquivamento: a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas; Art. 36. Os documentos referidos no inciso II do art. 32 deverão ser apresentados a arquivamento na junta, dentro de 30 (trinta) dias contados de sua assinatura, a cuja data retroagirão os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento só terá eficácia a partir do despacho que o conceder.(grifei) Citou ainda a Solução de Consulta Interna n° 1 Cosit, de 06 de janeiro de 2012, conforme ementa reproduzido a seguir: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Os efeitos do registro dos atos constitutivos da empresa retroagem à data de assinatura de seus atos constitutivos.Tratandose de empresa que resultar de fusão ou cisão, considerase como data de abertura da nova empresa a da Fl. 48DF CARF MF 4 assembleia de sócios que aprovar o evento, desde que o ato respectivo seja apresentado para arquivamento no prazo estabelecido pelo art. 36 da Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994. A mora da Administração em efetivar o arquivamento de ato apresentado tempestivamente não modifica a data de constituição ou de abertura da nova empresa. Dispositivos Legais: Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN), art. 126, III; Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, art. 119; Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, arts. 227 a 229; Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994; Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, art. 45; Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR), Assim, como o ato está datado de 31/01/2013 e o correspondente registro solicitado em 07/02/2013, é de se considera que a alteração contratual deuse em 31/01/2013, nos termos da Lei 8.934/94 e da Solução de Consulta Interna n° 1 Cosit, como antes transcritos, não se lhe aplicando, desta forma o que dispõe o inciso V, ao artigo 17, da Lei Complementar 123/2006, posto que as pendências apontadas foram, de fato regularizadas, tempestivamente. Recurso voluntário provido, sem crédito em litígio. É como voto. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Fl. 49DF CARF MF
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