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Numero do processo: 11080.734381/2012-40
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
IRPF. DEDUÇÕES DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE
A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento,exceto quando se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.
Recurso Negado.
Numero da decisão: 2201-002.996
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso
assinado digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH - Presidente Substituto.
assinado digitalmente
IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO - Relatora.
EDITADO EM: 03/04/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente Substituto), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
Nome do relator: IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 IRPF. DEDUÇÕES DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento,exceto quando se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Recurso Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso assinado digitalmente EDUARDO TADEU FARAH - Presidente Substituto. assinado digitalmente IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO - Relatora. EDITADO EM: 03/04/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente Substituto), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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DEDUÇÕES DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento,exceto quando se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Recurso Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso assinado digitalmente EDUARDO TADEU FARAH Presidente Substituto. assinado digitalmente IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO Relatora. EDITADO EM: 03/04/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente Substituto), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS ALBERTO MEES AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 73 43 81 /2 01 2- 40 Fl. 139DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 04/04/2016 por EDUARDO TAD EU FARAH Processo nº 11080.734381/201240 Acórdão n.º 2201002.996 S2C2T1 Fl. 140 2 STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ Relatório NILON ERLING, recorre da decisão proferida no acórdão 1042.606 – 4ª Turma da DRJ/POA, de 27 de fevereiro de 2013, fls. 109/113, que julgou improcedente sua impugnação. Transcrevo o relatório do voto condutor do acórdão recorrido, por bem definir o litígio: Mediante Notificação de Lançamento às fls. 05 a 09, exigese do contribuinte acima identificado a importância de R$ 8.658,60, a título de imposto de renda pessoa física suplementar(cód. 2904), adicionado da multa de ofício de 75% e de juros moratórios, referente ao exercício 2009. O crédito tributário apurado é de R$ 18.019,41, calculado até 28.09.2012. A ação da Fiscalização decorreu de revisão da Declaração de Ajuste Anual exercício 2009, ano calendário 2008, DIRPF/2009, cópia às fls. 69 a 75, quando foi apurada a dedução indevida de despesas médicas no valor de R$ 24.352,54, por falta de comprovação,conforme relatado na “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal” à fl. 06, integrante da Notificação de Lançamento Enquadramento legal: art. 8º, inciso II, alínea “a”, e parágrafos 2º e 3º da Lei nº 9.250/95; arts. 43 a 48 da Instrução Normativa SRF nº 15/2001; arts. 73, 80 e 83, inciso II do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, aprovado pelo Decreto nº 3.000/99. O contribuinte, inconformado com o lançamento, apresentou tempestivamente impugnação parcial à Notificação Fiscal, às fls. 02 e 03, argumentando que são suas despesas médicas incorridas em 2008, admitindo, no entanto, que o valor de R$ 7.133,28 do plano de saúde Unimed referese às contribuições mensais de sua esposa Joana Cafruni Erling. Junta documentação anexada às fls. 10 a 42. Solicita, ainda, prioridade na apreciação deste processo, de acordo com a previsão contida no art. 71 da Lei nº 10.471/2003 – Estatuto do Idoso. Cumpre assinalar que foi transferido para o Processo nº 11080.735634/2012, o crédito tributário, no valor principal, de R$ 1.961,65, conforme “Termo de Transferência de Crédito Tributário”, à fl. 77, restando, por conseguinte, o saldo do imposto (cód.2904), no valor principal de R$ 6.696,95, de acordo com o “Extrato do Processo“, à fl. 78. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 04/04/2016 por EDUARDO TAD EU FARAH Processo nº 11080.734381/201240 Acórdão n.º 2201002.996 S2C2T1 Fl. 141 3 Cientificado às fls.88, em 11 de março de 2013 interpôs o recurso voluntário de fls. 90/92, em 09 de abril de 2013, onde reclama da decisão dizendo que sofre de "Transtorno do Discos invertebral (CID M51.1) e de dor na coluna lombar(CID M54.6) conforme laudo médico assinado pelo ortopedista DR.Sérgio Zybersztejn, CREMERS 6770 (anexo VII) e laudo de ressonância magnética solicitado (anexoVIII). Informa que realizou fisioterapia em clínicas mas não resolveu seu problema. Somente com a Dra.Adriana Vargas Perez, realizou tratamento eficaz nos anos de 2008 e 2009. Alega que não há no ordenamento pátrio impedimento para que realize os pagamentos em moeda corrente, sentido no qual transcreve ementa do acórdão 10247.094. Aponta a declaração de ajuste anual do exercício de 2008/2007 onde provaria a existência de dinheiro em espécie, utilizado nos pagamentos glosados.Oferece a ementa do acórdão 280202.167, para afirmar que os recibos apresentados cumprem os requisitos legais sendo aptos a justificar a despesa, mormente quando não se apontou qualquer falsidade nos mesmos. Pede que seu pedido seja atendido e as despesas confirmadas. Através do despacho de fls.138,o processo vem a julgamento. É o Relatório. Voto Conselheira Ivete Malaquias Pessoa Monteiro O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade e dele conheço. Conforme anteriormente relatado tratase de exigência para o imposto de renda das pessoas físicas, referentes ao ano calendário de 2008, nos termos da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal de fls. 6, por glosa do valor de R$ 31.485,82 indevidamente deduzido a título de Despesa Médica, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução (enquadramento legal: arts.8º, inciso II alínea "a" e §§ 2º e 3º, da Lei 9250/95; art.43 a 48 da INSRF nº15/2001 , arts. 73,80 e 83, inciso II do Decreto 3.000/99 RIR/1999). A recorrente, na fase de impugnação, concordou com parte do valor lançado e só recorreu da importância de R$ 24.352,54, referentes aos seguintes serviços: nome valor R$ Comando da Aeronáutica 1.302,54 Luiz A.A.Germano 7.400,00 Edimar Ulzefer Júnior 6.150,00 Adriana Vargas Perez 9.500,00 total 24.352,54 Na impugnação juntou às fls.20/41 recibos e canhotos de cheques, dos quais foram aceitos o valor de R$ 13.052,54, rejeitados o valor total pago à fisioterapeuta e o valor Fl. 141DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 04/04/2016 por EDUARDO TAD EU FARAH Processo nº 11080.734381/201240 Acórdão n.º 2201002.996 S2C2T1 Fl. 142 4 de R$ 1.800,00 ao dentista Luiz Antonio Germano (porque o Contribuinte ofereceu o mesmo cheque como comprovação de dois pagamentos). Da decisão de primeiro grau remanesceu o valor de R$ 11.300,00 e o Contribuinte só recorre do valor de R$ 9.500,00 referentes aos recibos dos pagamentos à fisioterapeuta. No que tange às despesas médicas dispõe o Decreto 3000/99: art.80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea a). § 1º O disposto neste artigo (Lei 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): I aplicase,também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II — restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte,relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III — limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas — CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (...) Ou seja, pela legislação acima transcrita temse que na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados no anocalendário, a médicos, dentistas, fisioterapeutas, quando os pagamentos são efetuados pelo contribuinte,relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes;dedução permitida quando os pagamentos restam especificados e comprovados. A comprovação se dá com a apresentação de todos elementos de prova admitidos em direito. E, por óbvio, implica na análise dessa prova. O processo administrativo fiscal, regido pelo Decreto 70235/1972, no artigo 16 assim determina: o conteúdo da impugnação e o seu parágrafo 4º é claro quanto ao conteúdo e ao momento de juntada da prova: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; Fl. 142DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 04/04/2016 por EDUARDO TAD EU FARAH Processo nº 11080.734381/201240 Acórdão n.º 2201002.996 S2C2T1 Fl. 143 5 II os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos; Em sede de recurso voluntário o Contribuinte junta Relatório Médico, fls.111, laudo de ressonância magnética,de fls 112, datado de 2003 e todos os recibos juntados em sede de impugnação, além da Declaração de Ajuste Anual (DAA ano de 2007 ) , ou seja, todos documentos antigos que deveriam ser analisados pela autoridade julgadora de primeiro grau, no momento processual oportuno. O recorrente também argumenta que não é possível negar curso à moeda nacional e que todos os recibos foram pagos em espécie , além de afirmar que possuía recursos financeiros na declaração do ano anterior que lhe davam total condição de realizar os pagamentos das despesas em espécie. Mas esta não é a questão posta no litígio . A comprovação deveria ter sido feita no momento oportuno. todos esses argumentos deveriam ser apresentados em sede de impugnação, pois nenhum deles se alberga em fato novo. Entendo que a simples apresentação de recibos, sem qualquer outra prova que ateste a necessidade da despesa, desacompanhada da origem do pagamento, não é suficiente para resguardar a pretensão da Recorrente. Bastava juntar os cheques de onde realizou os saques para os pagamentos, poderiam ser em data e valores próximos, que justificassem a disponibilidade do recurso. E tal não aconteceu. Nesta Conformidade encaminho meu voto no sentido de negar provimento ao recurso. assinado digitalmente Ivete Malaquias Pessoa Monteiro. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 04/04/2016 por EDUARDO TAD EU FARAH Processo nº 11080.734381/201240 Acórdão n.º 2201002.996 S2C2T1 Fl. 144 6 Fl. 144DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 04/04/2016 por EDUARDO TAD EU FARAH
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Numero do processo: 13839.004545/2007-69
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
DEPÓSITO BANCÁRIO DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. CONTA CONJUNTA. INTIMAÇÃO DE TODOS OS COTITULARES. NECESSIDADE.
Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. (Súmula CARF n. 29). Hipótese em que não foi realizada a intimação de todos os co-titulares das contas conjuntas.
Recurso do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9202-004.025
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Heitor de Souza Lima Junior e Carlos Alberto Freitas Barreto.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
ANA PAULA FERNANDES - Relatora.
EDITADO EM: 13/07/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007 DEPÓSITO BANCÁRIO DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. CONTA CONJUNTA. INTIMAÇÃO DE TODOS OS COTITULARES. NECESSIDADE. Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. (Súmula CARF n. 29). Hipótese em que não foi realizada a intimação de todos os co-titulares das contas conjuntas. Recurso do Procurador Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Heitor de Souza Lima Junior e Carlos Alberto Freitas Barreto. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) ANA PAULA FERNANDES - Relatora. EDITADO EM: 13/07/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra
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CONTA CONJUNTA. INTIMAÇÃO DE TODOS OS COTITULARES. NECESSIDADE. Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.” (Súmula CARF n. 29). Hipótese em que não foi realizada a intimação de todos os cotitulares das contas conjuntas. Recurso do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Heitor de Souza Lima Junior e Carlos Alberto Freitas Barreto. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) ANA PAULA FERNANDES Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 00 45 45 /2 00 7- 69 Fl. 1125DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 EDITADO EM: 13/07/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de Análise de Divergência motivado pela Fazenda Nacional, face ao Acórdão 210101.566, proferido pela 1º Turma Ordinária/1ª Câmara/2ª Seção de Julgamento/CARF. Tratase de auto de infração de fls. 720/725, lavrado em 29 de outubro de 2007, em decorrência de omissão de rendimentos recebidos de fontes no exterior e de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, verificadas no anocalendário de 2002. A Contribuinte apresentou impugnação, a qual a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo/SP II (fls. 804/824), por maioria de votos, julgou procedente em parte. Da decisão da DRF, a Contribuinte interpôs o recurso voluntário de fls. 831/859, no qual alegou, preliminarmente: (i) a decadência de parte do crédito tributário, (ii) o cerceamento de defesa, (iii) a violação do direito à privacidade, constitucionalmente protegido, devido à quebra do sigilo bancário sem autorização judicial e, no mérito, a irregularidade do lançamento efetuado, bem como o caráter confiscatório da tributação. Em análise ao Recurso Voluntário, a 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção, consubstanciada do Acórdão já citado (n° 210101.566) (fls. 1075/1088), deu parcial provimento ao recurso para excluir da base de cálculo do imposto a totalidade dos depósitos efetuados nas contas nºs 000001821 (Real), 0113460 (Safra) e 0100293722 (BBV), bem como o valor de R$ 2.690,00, depositado na conta nº 0129960 (Safra), e as quantias de R$ 3.087,00 e R$ 7.630,00, depositadas na conta n.º 2927466 (BCN), mantendo, entretanto, a autuação com relação aos depósitos superiores a R$ 12.000,00 efetuados nas contas de titularidade exclusiva da Recorrente. Insatisfeita, a Fazenda Nacional apresentou Recurso Especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais, fls. 1113/1121 (882/886, numeração manual), alegando a divergência jurisprudencial e apresentando julgamentos com posicionamento no sentido de que, “para efeitos tributários, aplicamse ao espólio as mesmas normas a que se sujeitam as pessoas físicas”; e, ainda, “que cumpre ao inventariante comprovar a origem dos depósitos bancários efetuados na conta do de cujus”. No exame de admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, às fls. 1091/1093, o Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, ao analisar o cotejo realizado pela Recorrente, concluiu restar demonstrada a divergência alegada, pois se verificou que o entendimento firmado nos paradigmas é diverso daquele adotado no acórdão recorrido, em relação à aplicação da presunção prevista no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, para caracterizar como omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito, quando o responsável tributário, no caso o espólio, não justifica a sua origem. Fl. 1126DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13839.004545/200769 Acórdão n.º 9202004.025 CSRFT2 Fl. 10 3 Apresentadas contrarrazões pelo Contribuinte, fls. 1100/1107, vieram os autos conclusos. Fl. 1127DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 Voto Conselheira Ana Paula Fernandes, relatora. Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, contudo não atende aos pressupostos de admissibilidade, motivo pelo qual não deve ser admitido. Observese que o tema discutido nos autos já se encontra sumulado o que representa um óbice a discussão da matéria nesta Câmara Superior de Julgamento. Isso por que o Recurso de divergência pressupõe que haja entendimentos divergentes sobre o mesmo tema, contudo, uma vez sumulada a problemática a divergência se encontra superada, o que se observa no caso em tela, motivo pelo qual o recurso não deve ser conhecido. Não sendo este o entendimento da maioria do colegiado passo ao mérito. Tratase de auto de infração de fls. 720/725, lavrado em 29 de outubro de 2007, em decorrência de omissão de rendimentos recebidos de fontes no exterior e de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, verificadas no anocalendário de 2002. Na decisão recorrida, deuse parcial provimento ao recurso voluntário, para excluir da base de cálculo do imposto a totalidade dos depósitos efetuados nas contas elencadas uma a uma no relatório alhures, existentes nos Bancos Real, Safra, BBV e BCN, mantendose, entretanto, a autuação com relação aos depósitos superiores a R$ 12.000,00 efetuados nas contas de titularidade exclusiva da Contribuinte. O Recurso Especial, apresentado pela Fazenda Nacional, trouxe para análise a divergência jurisprudencial, apresentando julgamentos com posicionamento no sentido de que cumpre ao inventariante comprovar a origem dos depósitos bancários efetuados na conta do de cujus, nos termos do artigo 42 da Lei nº 9.430/96, caracterizando omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito, quando o responsável tributário, no caso o espólio, não justifica a sua origem. Como bem observou o acórdão recorrido o dispositivo legal (art. 42 da Lei n.º 9.430/96) que deu ensejo à fiscalização da DIRPF do de cujus, culminando na autuação, institui uma presunção relativa, atribuindo ao titular da conta de depósito o dever de provar a origem dos valores percebidos em sua conta. "Ora, o artigo supracitado é claro ao atribuir o ônus da prova, tão somente, ao contribuinte/titular da conta, pois apenas ele está apto e tem os meios necessários para comprovar a origem dos valores que em sua conta transitam. A comprovação da origem dos depósitos mencionada pelo art. 42 da Lei n.º 9.430/96 deve se dar com a apresentação de documentação hábil e idônea que identifique a fonte, o valor e a data do crédito, demonstrando a que título os valores foram recebidos, sendo certo que somente o titular da conta é capaz Fl. 1128DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13839.004545/200769 Acórdão n.º 9202004.025 CSRFT2 Fl. 11 5 de trazer todas as informações necessárias. É fato que o sucessor responde pelos tributos devidos pelo de cujus quando os fatos geradores são anteriores à data da abertura da sucessão e à época da lavratura do auto de infração já há sentença, transitada em julgado, homologando a partilha. Ocorre, todavia, que a pessoa do sucessor não se confunde com a do contribuinte falecido, o que torna difícil, quiçá impossível, a prestação de informações bancárias minuciosas sobre transações das quais o responsável tributário nunca participou, ou tomou conhecimento. A aplicação do enunciado do art. 42 da Lei n.º 9.430/96 àqueles que não são titulares da conta bancária transformaria, na prática, uma presunção relativa em absoluta, devido à impossibilidade de o terceiro comprovar a origem de depósitos realizados em conta que não é de sua titularidade. Com efeito, a partir da leitura do texto legal mencionado, bem como das questões acima enfrentadas, resta claro que a obrigação de comprovar a origem de depósitos bancários é, exclusivamente, do titular da conta de depósito, configurandose uma obrigação personalíssima. Portanto, não há como imputar a outra pessoa, in casu a sucessora, que não o contribuinte/titular a obrigação de comprovar depósitos feitos à época em que o contribuinte/titular da conta era vivo. Em sendo assim, concluo que a regra do art. 42 da Lei n.º 9.430/96 não alcança o responsável tributário e, portanto, é inadmissível a autuação de omissão de rendimentos decorrente da constatação de depósitos de origem não comprovada quando em procedimento fiscal verificarse que o contribuinte/titular da conta veio a óbito em momento posterior à movimentação dos recursos." Nesse sentido, inclusive, é a jurisprudência desse Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que assim se manifesta: “OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS – CONTA BANCÁRIA MOVIMENTADA PELO "DE CUJUS" – LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO REALIZADO CONTRA O ESPÓLIO – OBRIGAÇÃO PERSONALÍSSIMA A responsabilidade pela comprovação da origem dos recursos, para efeito do disposto no artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, por ser uma obrigação personalíssima, deve ser imputada, exclusivamente, ao titular de direito e/ou de fato da conta corrente. Portanto, não há como imputar ao espólio a obrigação de comprovar depósitos bancários feitos à época em que o contribuinte titular de fato da conta corrente era vivo, cabendo, se for o caso, a tributação segundo legislação específica.” (CARF, 2ª Seção, 2ª Turma, Acórdão 220200.385, de 03/02/2010) ESPÓLIO. CÔNJUGE SOBREVIVENTE. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Exigese do cônjuge sobrevivente os tributos devidos em razão de omissão de seus rendimentos próprios, ainda, que tais rendimentos se refiram a anocalendário, no qual o casal tenha optado pela tributação em conjunto. A opção pela Declaração de Ajuste Anual exercida pelo casal (de cujus e cônjuge sobrevivente) não pode ser estendida ao espólio.” (CARF, 3ª Seção, 1ª Turma, Acórdão 330100.038, de 05/03/2009) Fl. 1129DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 Considerandose o exposto, correta foi a decisão recorrida que definiu ser devido o afastamento da tributação relativa à omissão de rendimentos caracterizada por depósitos de origem não comprovada efetuados nas contas n.os 000001821 (Banco Real) e 0113460 (Banco Safra), que são de titularidade exclusiva do falecido cônjuge da Recorrente, por se tratar de obrigação personalíssima. O mesmo ocorre com que se refere a conta na qual a Recorrente figura como cotitular ao lado do de cujus (conta n.º 0100293722 – BBV), deveria a fiscalização, quando do processo fiscalizatório, ter intimado todos os titulares, em obediência ao quanto disposto no art. 42 da Lei n.º 9.430/96. A este respeito, aliás, é expressa a Súmula n.º 29 deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, cujo teor abaixo se reproduz: Súmula CARF nº 29: “Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.” No entanto, à luz do entendimento exposto, de que a regra do art. 42 da Lei n.º 9.430/96 alcança somente o titular da conta, devendo, tão só, esse ser intimado para comprovação dos valores entendidos como de origem não comprovada, a intimação do de cujus restou prejudicada, o que fulmina a tributação dos rendimentos supostamente omitidos e depositados em conta conjunta. Diante do exposto, recebo o Recurso Especial da fazenda Nacional para no mérito negarlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 1130DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13839.004545/200769 Acórdão n.º 9202004.025 CSRFT2 Fl. 12 7 Fl. 1131DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/07/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 13654.000869/2009-58
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2004 a 31/12/2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO NO ACÓRDÃO. COMPROVAÇÃO. ACOLHIMENTO. SEM EFEITOS INFRINGENTES.
Restando comprovada a omissão no acórdão, na forma suscitada pela embargante, impõe-se o acolhimento dos embargos de declaração para suprir a omissão apontada, sem qualquer efeito modificativo a decisão recorrida.
CONCOMITÂNCIA DE INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. NÃO CONSTATAÇÃO.
A aplicação da concomitância de instância pressupõe a identidade de objeto litigioso nas discussões administrativa e judicial, fato não evidenciado nos elementos probatórios juntados aos autos. Inteligência da Súmula no 1 do CARF.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO/OMISSÃO DISPOSITIVOS DA LEGISLAÇÃO. NÃO CONSTATADA. NÃO ACOLHIMENTO.
Os embargos de declaração não se prestam para a rediscussão de matéria enfrentada no acórdão embargado.
Constatada a inexistência de contradição ou de omissão na análise dos dispositivos da legislação (art. 126, par. 3o, da Lei 8.213/1991, art. 38 da Lei 6.830/1980) no acórdão embargado, rejeita-se a pretensão da embargante.
Embargos Acolhidos em Parte.
Numero da decisão: 2402-004.955
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher em parte os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, somente para a apreciação e integração da questão de concomitância de instâncias, em razão de ser matéria de ordem pública, e rejeitar a contradição apontada pela embargante.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci e Natanael Vieira dos Santos.
Nome do relator: RONALDO DE LIMA MACEDO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/09/2004 a 31/12/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO NO ACÓRDÃO. COMPROVAÇÃO. ACOLHIMENTO. SEM EFEITOS INFRINGENTES. Restando comprovada a omissão no acórdão, na forma suscitada pela embargante, impõe-se o acolhimento dos embargos de declaração para suprir a omissão apontada, sem qualquer efeito modificativo a decisão recorrida. CONCOMITÂNCIA DE INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. NÃO CONSTATAÇÃO. A aplicação da concomitância de instância pressupõe a identidade de objeto litigioso nas discussões administrativa e judicial, fato não evidenciado nos elementos probatórios juntados aos autos. Inteligência da Súmula no 1 do CARF. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO/OMISSÃO DISPOSITIVOS DA LEGISLAÇÃO. NÃO CONSTATADA. NÃO ACOLHIMENTO. Os embargos de declaração não se prestam para a rediscussão de matéria enfrentada no acórdão embargado. Constatada a inexistência de contradição ou de omissão na análise dos dispositivos da legislação (art. 126, par. 3o, da Lei 8.213/1991, art. 38 da Lei 6.830/1980) no acórdão embargado, rejeita-se a pretensão da embargante. Embargos Acolhidos em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher em parte os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, somente para a apreciação e integração da questão de concomitância de instâncias, em razão de ser matéria de ordem pública, e rejeitar a contradição apontada pela embargante. Ronaldo de Lima Macedo - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci e Natanael Vieira dos Santos.
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OMISSÃO NO ACÓRDÃO. COMPROVAÇÃO. ACOLHIMENTO. SEM EFEITOS INFRINGENTES. Restando comprovada a omissão no acórdão, na forma suscitada pela embargante, impõese o acolhimento dos embargos de declaração para suprir a omissão apontada, sem qualquer efeito modificativo a decisão recorrida. CONCOMITÂNCIA DE INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. NÃO CONSTATAÇÃO. A aplicação da concomitância de instância pressupõe a identidade de objeto litigioso nas discussões administrativa e judicial, fato não evidenciado nos elementos probatórios juntados aos autos. Inteligência da Súmula no 1 do CARF. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO/OMISSÃO DISPOSITIVOS DA LEGISLAÇÃO. NÃO CONSTATADA. NÃO ACOLHIMENTO. Os embargos de declaração não se prestam para a rediscussão de matéria enfrentada no acórdão embargado. Constatada a inexistência de contradição ou de omissão na análise dos dispositivos da legislação (art. 126, par. 3o, da Lei 8.213/1991, art. 38 da Lei 6.830/1980) no acórdão embargado, rejeitase a pretensão da embargante. Embargos Acolhidos em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 65 4. 00 08 69 /2 00 9- 58 Fl. 277DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher em parte os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, somente para a apreciação e integração da questão de concomitância de instâncias, em razão de ser matéria de ordem pública, e rejeitar a contradição apontada pela embargante. Ronaldo de Lima Macedo Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci e Natanael Vieira dos Santos. Fl. 278DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 13654.000869/200958 Acórdão n.º 2402004.955 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Embargos de Declaração, oposto pela Fazenda Nacional (PGFN), em face do Acórdão nº 2402004.744 da 2ª Turma Ordinária da 4a Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF. No Acórdão em questão, ficou consignado na sua ementa o seguinte: “[...] Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/09/2004 a 31/12/2008 Ementa: CONDIÇÃO DE ENTIDADE IMUNE. OBSERVÂNCIA AOS PRESSUPOSTOS LEGAIS. LANÇAMENTO. NECESSIDADE DE PRÉVIO ATO CANCELATÓRIO DO BENEFÍCIO FISCAL. Restando comprovado que a Recorrente se enquadra como entidade imune/isenta da cota patronal das contribuições previdenciárias, uma vez observados os requisitos legais para tanto, notadamente àqueles inscritos no artigo 55 da Lei 8.212/91, aplicável ao caso à época, a constituição de créditos previdenciários concernentes à aludida contribuição está condicionada à emissão de prévio Ato Cancelatório de Isenção, consoante estabelece a legislação de regência. LANÇAMENTO PREVENTIVO DA DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE. NÃO OBSERVÂNCIA AO PRÉVIO ATO CANCELATÓRIO. Poderá ser realizado o lançamento das diferenças de contribuições previdenciárias destinado a prevenir a decadência, mesmo que haja discussão judicial ou administrativa da matéria, desde que seja observada à regra processual e material para a constituição do crédito tributário. AUSÊNCIA DE DETERMINAÇÃO DOS MOTIVOS FÁTICOS E JURÍDICOS DO LANÇAMENTO FISCAL. VÍCIO MATERIAL. OCORRÊNCIA. A determinação dos motivos fáticos e jurídicos constituem elemento material/intrínseco do lançamento, nos termos do art. 142 do CTN. A falta desses motivos constituem ofensa aos elementos substanciais do lançamento, razão pelo qual deve ser reconhecida sua total nulidade, por vício material. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 279DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para declarar a nulidade do lançamento por vício material. [...]” A Embargante (Fazenda Nacional) afirma ter ocorrido omissão e contradição nos fundamentos do voto condutor do acórdão ora embargado, já que o seu conteúdo não se manifestou sobre o fato da lide estar sub judice, nos seguintes termos: “[...] 2. O Relatório Fiscal (fls. 17/20) informa que o lançamento visa impedir a decadência tributária, nos seguintes termos, verbis: ‘[...] A Entidade requereu, perante o Conselho Nacional de Assistência Social, o recadastramento e a renovação do CEBAS, por meio do processo n° 28984.016259/199428, sendo que este Órgão INDEFERIU, em decisão administrativa definitiva, o pedido de renovação do Certificado, com fundamento no Parecer CJ n° 1258/98 (cópia em anexo). Este Parecer se baseou no descumprimento, pela Entidade, do disposto no inciso IV do art. 2° do Decreto n° 752/93, já que ela não comprovou a aplicação de pelo menos 20% (vinte por cento) de sua receitabruta em gratuidade. Sem obter a renovação do CEBAS, aEntidade deixou de cumprir o requisito previsto no inciso II doart. 55 da Lei n° 8.212/91. Atualmente, a controvérsia acerca do direito da Entidade à isenção da cota patronal das contribuições sociais encontrase sub judice na Ação Ordinária n° 1999.38.00.0333672, proposta por ela contra o Instituto Nacional do Seguros Social e originária da 16° Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais – estando, atualmente, no Tribunal Regional Federal da 1' Região. Assim, este AI destinase a impedir a decadência do direito de lançar o crédito previdenciário em caso de eventual decisão judicial desfavorável à Entidade, razão pela qual ficará sobrestado até a decisão judicial definitiva. [...]’ 3. Diante da negativa de renovação do CEBAS, a empresa deixou de observar os preceitos contidos no artigo 55, inciso II, da Lei 8.212/1991, o que afastou a sua condição de entidade isenta. Por sua vez, a recorrente propôs Ação Ordinária n° 1999.38.00.0333672, originária da 16a Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, tendo obtido êxito em sua empreitada no sentido do reconhecimento da isenção da cota patronal, com decisões favoráveis em primeirae segunda instâncias, confirmadas pelo STJ, com decisão transitada em julgado, o que impediu a emissão de Ato Cancelatório, remanescendo tão somente a discussão no âmbito do STF em face de recurso extraordinário interposto pelo INSS. 4. Neste contexto, o v. acórdão de 1a instância considerou PROCEDENTE EM SUA TOTALIDADE o lançamento. 5. Assim, o INSTITUTO PRESBITERIANO GAMMON interpôs Recurso Voluntário, o qual foi PROVIDO, por unanimidade, pelo v. acórdão exarado pela Colenda 2a Turma Ordinária da 4a Câmara da 2a Seção de Julgamento do Conselho Fl. 280DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 13654.000869/200958 Acórdão n.º 2402004.955 S2C4T2 Fl. 4 5 Administrativo de Recursos Fiscais, cuja ementa assim dispôs, ipsis litteris: (...) 6. Como se vê, o v. acórdão ora recorrido assentou o entendimento de que a constituição de créditos previdenciários concernentes à aludida contribuição está condicionada à emissão de prévio ato cancelatório de isenção, consoante estabelece a legislação de regência. 7. Daí, surge a OMISSÃO do v. acórdão, eis que esta matéria encontravase PREJUDICADA, já que OBJETO DE AÇÃO JUDICIAL, conforme já reconhecera a r. decisão de 1a instância, como se vê pelo trecho abaixo, verbis: ‘Dessa maneira, entendo, que não obstante a não existência do ato cancelatório que seguiria a informação fiscal (art. 206, §8º, RPS), para este tipo de lançamento não haveria tal necessidade, porquanto a questão sobre a isenção encontrase posta em juízo (conforme processo judicial 1999.38.000.0333672, TRF1). Por conta, inclusive, dessa postulação judicial, a questão quanto ao direito do impugnante no que tange à isenção de contribuições sociais previdenciárias, inclusive para o período objeto do lançamento, encontrase prejudicada (art. 126, §3º, Lei 8.213/1991; art. 38, Lei 6.830/1980; art. 26, Portaria MF 58/2006).’ 8. Assim, deve ser sanada a OMISSÃO ora apontada, sob pena de clara ofensa aos artigos 126, par. 3o, da Lei no. 8.213, de 1991, artigo 38, da Lei no. 6.830, de 1980 e artigo 26 da Portaria MF 58/2006, sendo inquestionável que o v. acórdão ora embargado não tratou da questão da CONCOMITÂNCIA COM A VIA JUDICIAL. [...]” Enfim, a Embargante requer o recebimento e acolhimento do presente embargos, para sanar/retificar todos os vícios existentes no acórdão, acima apontados. É o relatório. Fl. 281DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 Voto Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, Relator O Recurso é tempestivo e dele farei apreciação. I Admissibilidade O Recurso é tempestivo e dele farei apreciação. II Omissão É cediço que as hipóteses de cabimento dos embargos são aquelas mencionadas no art. 65 do Regimento Interno do CARF, na forma do Anexo II da Portaria MF n.º 343/2015. Eis o dispositivo: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Assim, não cabe a Turma, pela via dos embargos, conhecer de matéria que sequer foi tratada no recurso do contribuinte. Por outro lado, sou forçado a reconhecer, por ser matéria de ordem pública, a omissão do acórdão embargado quanto à apreciação da concomitância das instâncias administrativa e judicial. Da concomitância de instância administrativa e judicial. Farei o enfrentamento do tema, embora não vejo como acolher o pedido de modificação da decisão ora embargada. Inicialmente, os elementos informativos dos autos apontam que a Recorrente propôs Ação Ordinária n° 1999.38.00.0333672, originária da 16a Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, pleiteando a renovação do CEBAS que fora indeferido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, tendo obtido êxito em sua empreitada no sentido do reconhecimento da isenção da cota patronal, com decisões favoráveis em primeira e segunda instâncias, confirmadas pelo STJ, com decisão transitada em julgado, remanescendo tão somente a discussão no âmbito do STF em face de Recurso Extraordinário nº 567076, interposto pelo INSS. Nos embargos de declaração na apelação cível n° 1999.38.00.0333672/MG, ficou assentado, na decisão proferida pelo Tribunal Regional Federal da 1a Região, que a Recorrente (autor naquela peça judicial) juntou aos autos judiciais cópia da Resolução n° 234 do CNAS que a ela deferiu, em 09/09/99, o dito Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos, atualmente designado de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS), nos seguintes termos: “[...] Interposta apelação pelo INSS (fls. 273/286), este elencou os requisitos para que a entidade ficasse a salvo da Fl. 282DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 13654.000869/200958 Acórdão n.º 2402004.955 S2C4T2 Fl. 5 7 revogação instituída pelo Decreto 1.572/77 (art. 1o, § 1o), quais sejam: ‘a) que tivesse sido reconhecida como de utilidade pública pelo Governo Federal até a data da publicaão do Decreto Lei n° 1.572/77; b) que fosse portadora de certificado de entidade de fins filantrópicos com validade por prazo indeterminado; c) e que estivesse isenta da contribuição.’ (fl. 275) Todavia, o INSS somente se insurgiu contra o terceiro requisito, sustentando que o Autor não o tinha preenchido. Nada falou sobre o segundo requisito, que trata do Certificado de Fins Filantrópicos, contra o qual agora se insurge. Efetivamente, observase, nos autos, que a renovação do Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos foi indeferida pelo Conselho Nacional de Assistência Social CNAS, em 19.02.98 (fl. 99), cuja decisão foi confirmada no julgamento do recurso administrativo interposto pelo Autor (fl. 100). Todavia, o próprio Autor junta aos autos cópia da Resolução n° 234 do CNAS que a ele defere, em 09.09.99, dito Certificado (fl. 101). [...]” De acordo com o enunciado no 1 de Súmula Vinculante do CARF (Portaria do Ministério da Fazenda no 383, de 14/07/2010), o contribuinte tem o direito de se defender na esfera administrativa, mas, caso haja discussão na via judicial sobre o mesmo objeto litigioso, demonstra que o contribuinte abdicou da via administrativa, levando o seu caso diretamente ao Poder Judiciário ao qual cabe dar a última palavra quanto à interpretação e à aplicação do Direito e, por consectário lógico do principio da jurisdição una no sistema brasileiro, isso importará em não conhecimento do recurso na via administrativa. Súmula CARF no 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Registrase que a aplicação desse anunciado e da legislação que dispõe sobre a concomitância de instâncias administrativa e judicial, tais como o art. 38, parágrafo único, da Lei 6.830/1980 e o art. 126, §3º, da Lei 8.213/1991, não é uma tarefa automática, a ser exercida mecanicamente, oriunda somente da propositura de ação judicial pelo contribuinte, pressupõe se sempre a identidade de objeto nas discussões administrativas e judicial para se adotar os seus comandos impositivos. Isso porque a identidade do objeto litigioso deverá ser constatada caso a caso, de modo a identificar as semelhanças fáticas e jurídicas das questões postuladas nas instâncias administrativa e judicial. É essencial consignar que não basta o mero ajuizamento de ação judicial para se estampar o imediatismo da concomitância de instâncias administrativa e judicial, necessário Fl. 283DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO 8 fazer o cotejo entre o objeto da ação e do recurso administrativo, para avaliar se a desistência se materializou. Nesse sentido, tanto a doutrina como a jurisprudência do STJ (EDcl no REsp 840.556/AM) afirmam que quando a demanda administrativa versar sobre objeto menor ou idêntico ao da ação judicial estará caracterizada a concomitância de instância, nas palavras de Leandro Paulsen: “(...) o ato administrativo pode ser controlado pelo Judiciário e que apenas a decisão deste é que se torna definitiva, com o trânsito em julgado, prevalecendo sobre eventual decisão administrativa que tenha sido tomada ou pudesse vir a ser tomada. (...) Entretanto, tal pressupõe a identidade de objeto nas discussões administrativa e judicial”. (Leandro Paulsen e René Bergmann Ávila. Direito Processual Tributário. 8a ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014, p. 560). Nessa linha de entendimento, percebese que, para ser configurada a concomitância de instâncias administrativa e judicial, os elementos informativos dos autos deverão estabelecer que as premissas fáticas e jurídicas sobre as quais se fundou a ação no STF (Recurso Extraordinário nº 567076) são idênticas às questões postuladas na peça recursal administrativa ou às razões de decidir do acórdão ora embargado, materializando pela identidade de demandas. E, o que importa para a configuração dessa identidade de demandas é a precisa correspondência, no mínimo, entre o pedido e a causa de pedir, já que a propositura de demanda judicial não irá levar, de forma automática, para a identidade das questões postuladas na demanda administrativa ou dos fundamentos do acórdão ora embargado. No caso dos autos, o objeto da peça recursal versa, em síntese, sobre as seguintes questões: 1. se a Recorrente seria ou não detentora do CEBAS para as competências autuadas, conforme quadro demonstrativo das renovações do CEBAS (período de 1999 a 2011), já que o Fisco lançou os valores para evitar a decadência e com base no indeferimento do pedido de renovação do CEBAS, com validade para o período de 20/04/1998 a 15/09/1999; 2. se o Fisco considerou ou não os pedidos de renovação do CEBAS para os períodos posteriores a 20/04/1998 a 15/09/1999, já que o Fisco não emitiu Ato Cancelatório de Isenção; 3. se a Recorrente perdeu ou não a sua condição de isenta da cota patronal das contribuições previdenciárias, pois cabia ao Fisco demonstrar que, no período autuado, a Recorrente deixou de cumprir algum dos pressupostos da aludida benesse fiscal. Por sua vez, o objeto litigioso da ação judicial versa sobre a discussão da necessidade ou não de lei complementar para se estabelecer a disciplina normativa das exigências a serem preenchidas pelas entidades beneficentes de assistência social para efeito de reconhecimento da imunidade prevista no § 7º do art. 195 da Constituição Federal. Diz a decisão de recebimento do Recurso Extraordinário nº 567076, verbis: ‘DECISÃO: A matéria veiculada na presente sede recursal discussão em torno da necessidade, ou não, de lei complementar para a disciplinação normativa das exigências a serem preenchidas pelas entidades beneficentes de assistência social para efeito de reconhecimento da imunidade prevista no § 7º do art. 195 Fl. 284DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 13654.000869/200958 Acórdão n.º 2402004.955 S2C4T2 Fl. 6 9 da Constituição será apreciada no recurso extraordinário representativo da controvérsia jurídica suscitada no RE 566.622/RS, Rel. Min. MARCO AURÉLIO. Sendo assim, os presentes autos permanecerão sobrestados até final julgamento do mencionado recurso extraordinário. Publiquese. Brasília, 21 de maio de 2008. Ministro CELSO DE MELLO Relator (RE 567076, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 21/05/2008, publicado em DJe118 DIVULG 27/06/2008 PUBLIC 30/06/2008)’ Diante desse cotejo das questões postuladas na via administrativa e judicial, é forçoso reconhecer que a ação judicial cuida de questão da constitucionalidade da norma tributária impositiva (lei ordinária ou lei complementar) que vai disciplinar as exigências a serem preenchidas pela entidade beneficente de assistência social para efeito de reconhecimento da imunidade prevista no § 7º do art. 195 da Constituição Federal/1988, enquanto o recurso administrativo se restringe a discussão se a entidade era detentora ou não do CEBAS para o período autuado e se o Fisco poderia lançar a contribuição patronal sem a emissão de Ato Cancelatório de Isenção para prevenir a decadência, tendo em vista que a Recorrente discutia judicialmente a renovação do CEBAS, em razão de questões de direito, para o período anterior as competências da autuação. Em outras palavras, administrativamente, a Recorrente impugna o lançamento com o propósito de anulálo em razão de questões de fato, ao passo que, em juízo, ela discute, para efeito de reconhecimento da imunidade prevista no § 7º do art. 195 da Constituição, a existência da norma a ser aplicada em plano distinto do período autuado e de forma abstrata dos elementos probatórios constantes dos autos, pois o objetivo desse Recurso Extraordinário nº 567076 não é desconstituir o presente lançamento fiscal e sim declarar, em sentido positivo ou negativo, uma determinada situação de direito para aplicação da lei complementar ou da lei ordinária. Nesse passo, caso a decisão judicial encaminhe no sentido de aplicação da lei complementar (artigos 9º, § 1º, e 14, da Lei 5.172/1966 Código Tributário Nacional1), isso, 1 Lei 5.172/1966 Código Tributário Nacional: Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado, quanto à majoração, o disposto nos artigos 21, 26 e 65; II cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em lei posterior à data inicial do exercício financeiro a que corresponda; III estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional, de pessoas ou mercadorias, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais; IV cobrar imposto sobre: a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo; (Redação dada pela Lei Complementar nº 104, de 2001) d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros. § 1º O disposto no inciso IV não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros. § 2º O disposto na alínea a do inciso IV aplicase, exclusivamente, aos serviços próprios das pessoas jurídicas de direito público a que se refere este artigo, e inerentes aos seus objetivos. ......................................................................................................... Fl. 285DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO 10 aparentemente, não influenciará no requisito de que a entidade era ou não portadora do CEBAS, pois tal requisito não faz parte do comendo normativo dessa lei complementar. Diante desse contexto, a nosso ver, não deve incidir o enunciado no 1 de Súmula Vinculante do CARF, nem a legislação que dispõe sobre a concomitância de instâncias administrativa e judicial (art. 38, parágrafo único, da Lei 6.830/1980 e o art. 126, §3º, da Lei 8.213/1991), porque os elementos probatórios constantes dos autos apontam para a inexistência de coincidência de objeto litigioso ou pedido das instâncias administrativa e judicial, esta cuida de questões de direito e aquela (administrativa) tratase de questões de fato independente da das questões veiculadas no Recurso Extraordinário nº 567076. Em razão das considerações acima, encaminho por indeferir o pleito da modificação da decisão ora embargada, pois não há concomitância de instâncias administrativa e judicial. III – Contradição (omissão de dispositivos da legislação) Também não encontro espaço jurídico para a aplicação das regras estabelecidas pelo art. 32 da Lei 9.430/19962 e pelo art. 32 da Lei 12.101/2009, pois o critério Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001) II aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. 2 Lei 9.430/1996: PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO Suspensão da Imunidade e da Isenção Art. 32. A suspensão da imunidade tributária, em virtude de falta de observância de requisitos legais, deve ser procedida de conformidade com o disposto neste artigo. § 1º Constatado que entidade beneficiária de imunidade de tributos federais de que trata a alínea c do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal não está observando requisito ou condição previsto nos arts. 9º, § 1º, e 14, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, a fiscalização tributária expedirá notificação fiscal, na qual relatará os fatos que determinam a suspensão do benefício, indicando inclusive a data da ocorrência da infração. § 2º A entidade poderá, no prazo de trinta dias da ciência da notificação, apresentar as alegações e provas que entender necessárias. § 3º O Delegado ou Inspetor da Receita Federal decidirá sobre a procedência das alegações, expedindo o ato declaratório suspensivo do benefício, no caso de improcedência, dando, de sua decisão, ciência à entidade. § 4º Será igualmente expedido o ato suspensivo se decorrido o prazo previsto no § 2º sem qualquer manifestação da parte interessada. § 5º A suspensão da imunidade terá como termo inicial a data da prática da infração. § 6º Efetivada a suspensão da imunidade: I a entidade interessada poderá, no prazo de trinta dias da ciência, apresentar impugnação ao ato declaratório, a qual será objeto de decisão pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento competente; II a fiscalização de tributos federais lavrará auto de infração, se for o caso. § 7º A impugnação relativa à suspensão da imunidade obedecerá às demais normas reguladoras do processo administrativo fiscal. § 8º A impugnação e o recurso apresentados pela entidade não terão efeito suspensivo em relação ao ato declaratório contestado. § 9º Caso seja lavrado auto de infração, as impugnações contra o ato declaratório e contra a exigência de crédito tributário serão reunidas em um único processo, para serem decididas simultaneamente. Fl. 286DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 13654.000869/200958 Acórdão n.º 2402004.955 S2C4T2 Fl. 7 11 jurídico a ser adotado deverá observar a regra do art. 144 do CTN, o qual dispõe que o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária e regese pela lei então vigente, ainda que modificada ou revogada (tempus regit actum). E, com isso, para a constituição do presente lançamento fiscal, impõese reconhecer a aplicação das regras estabelecidas pelo art. 55 da Lei 8.212/1991, vigente à época da ocorrência do fato gerador. Na espécie, reforça a aplicação das regras do art. 55 da Lei 8.212/1991 o fato de que a ciência do lançamento fiscal ao sujeito passivo deuse em 01/10/2009 (fls. 01 e 219), mediante correspondência postal com Aviso de Recebimento (AR), e a Lei 12.101/2009 somente foi publicada em 27/11/2009, portanto, após a lavratura do lançamento fiscal. Verificase que não há contradição no voto condutor, já que o seu conteúdo abordou de forma suficiente tanto a matéria fática como a configuração da nulidade evidenciada nos autos, sendo que os argumentos da Embargante apontam para uma nova discussão da matéria, não cabível em sede de Embargos de Declaração. Esse entendimento decorre do fato de que os Embargos de Declaração representam uma via estreita e não se prestam para a modificação da decisão embargada que não contenha contradição ou obscuridade. Vejamos trechos da decisão ora embargada: “[...] Aparentemente a motivação fática para ensejar o presente lançamento fiscal seria a não apresentação de requerimento junto ao INSS pela Recorrente, solicitando a isenção da cota patronal das contribuições previdenciárias, nos termos do art. 55, § 1°, da Lei 8.212/1991. Entendese que esse requerimento é apenas um elemento formal declaratório para se estabelecer a imunidade para a Recorrente. Para o Fisco, a não emissão do Ato Cancelatório se justificaria no fato de a entidade possuir decisão judicial reconhecendo sua isenção ou está discutindo a matéria no âmbito judicial, o que não podemos concordar. Pois, da mesma forma que fora constituído o crédito previdenciário, ainda que garantida a isenção da entidade por força de provimento judicial, ficando sobrestado o final do trâmite administrativo até decisão judicial final transitada em julgado, deveria o Fisco emitir o Ato Cancelatório, dando seguimento no eventual rito processual na esfera administrativa e, sendo procedente referido Ato, ficaria, igualmente, sobrestado até o término do processo judicial. § 10. Os procedimentos estabelecidos neste artigo aplicamse, também, às hipóteses de suspensão de isenções condicionadas, quando a entidade beneficiária estiver descumprindo as condições ou requisitos impostos pela legislação de regência. § 11. Somente se inicia o procedimento que visa à suspensão da imunidade tributária dos partidos políticos após trânsito em julgado de decisão do Tribunal Superior Eleitoral que julgar irregulares ou não prestadas, nos termos da Lei, as devidas contas à Justiça Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) (Revogado pela Lei nº 13.165, de 20150) § 12. A entidade interessada disporá de todos os meios legais para impugnar os fatos que determinam a suspensão do benefício. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Fl. 287DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO 12 Em outras palavras, a mesma conduta adotada por ocasião da lavratura da autuação sob análise deveria ter sido observada do procedimento pertinente à Informação Fiscal emitida e eventual Ato Cancelatório, de maneira a oferecer condições à constituição do crédito previdenciário que ora se contesta. Assim, não o tendo feito, não há como prosperar o lançamento fiscal. Por sua vez, constatase também que a Recorrente possuía o CEBAS, vigente à época do período de apuração, conforme documentos acostados aos autos, bem como das informações constantes das peças de instrução fornecidas pelo Fisco. Com isso, depreendese que a Recorrente possuía o Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CEBAS), atendendo o requisito do inciso II do art. 55 da Lei 8.212/1991. Assim, ao realizar o lançamento, o Fisco deveria ter demonstrado no Relatório Fiscal ou em Relatório Complementar, de maneira clara e exaustiva, a motivação fática – que foi a ausência do CEBAS, este deveria ser acompanhado do Ato Cancelatório de Isenção, e a falta de requerimento de isenção junto ao INSS –, bem como a motivação jurídica, que foi o § 1° do art. 55 da Lei 8.212/1991. Esclareço, ainda, que não há qualquer registro nos Fundamentos Legais do Debito (FLD) dessa motivação jurídica. Nesse passo, não existindo Ato Cancelatório de Isenção das Contribuições Sociais, isso, por si só, enseja a nulidade do lançamento fiscal por cerceamento ao devido processo legal. A confiabilidade das informações prestadas pelo Fisco por meio do lançamento fiscal, materializado no Relatório Fiscal e seus anexos, é essencial ao atendimento do princípio constitucional da ampla defesa, bem como da preservação da boafé objetiva, que deve orientar a relação entre o Fisco e o sujeito passivo da relação obrigacional tributária. Assim – na hipótese de entidade beneficente que se encontrava, antes do lançamento fiscal, devidamente abarcada pela imunidade prevista no art. 195, §7o, da Constituição Federal e em face de que as normas de imunidade comportam interpretação extensiva, consoante decisões do Supremo Tribunal Federal (STF. Plenário. RE 325822/SP. DJ 14/05/2004) –, não é justificável ao Fisco – como órgão adstrito à legalidade e à atividade vinculada, ao realizar o procedimento de auditoria, visando à apuração do crédito tributário decorrente da cota patronal previdenciária – proceder o lançamento fiscal sem a emissão do Ato Cancelatório de Isenção das Contribuições Sociais, conforme previa o § 4° do art. 55 da Lei 8.212/1991). Fl. 288DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 13654.000869/200958 Acórdão n.º 2402004.955 S2C4T2 Fl. 8 13 Ao proceder dessa maneira para a apuração dos valores lançados, a auditoria fiscal incorreu em um vício de motivo, este consubstanciado na inadequação do fato com o pressuposto jurídico da legislação previdenciária que previa a emissão do Ato Cancelatório de Isenção das Contribuições Sociais. Essa inadequação do motivo do lançamento fiscal, ocasionada pela falsidade do pressuposto no mundo fático com a previsão legal, é um desvio de finalidade do estabelecido pela legislação tributária que gera a nulidade pelo cerceamento ao direito de defesa do sujeito passivo. No caso concreto, em entidade que preenchia os requisitos previstos nos incisos do art. 55 da Lei 8.212/1991, é imprescindível que o lançamento fiscal que apura valores oriundos da cota patronal previdenciária seja devidamente fundamentado, uma vez que a apuração dessa contribuição previdenciária se trata de medida excepcional que depende de comprovação de requisitos específicos da legislação previdenciária, que davam eficácia e aplicabilidade a imunidade prevista no art. 195, §7o, da Constituição Federal. [...]” Nesse caminhar, percebese que o julgador não é obrigado a fundamentar o voto em todos os pontos pretendidos pela Embargante, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, conforme precedentes do STF (Embargos Declaração no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário 733.596MA). “[...] EMENTA: (...). OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO. 1. A omissão, contradição ou obscuridade, quando inocorrentes, tornam inviável a revisão em sede de embargos de declaração, em face dos estreitos limites do art. 535 do CPC. 2. O magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. (g.n.) (...) 5. Embargos de declaração DESPROVIDOS. [...]” (Informativo 743/2014. EMB. DECL. NO AG. REG. NO RE N. 733.596MA. RELATOR: MIN. LUIZ FUX). Nesse mesmo caminho, segundo a doutrina, entendese que há distinção entre enfretamento suficiente e enfretamento completo na análise das questões delineadas em peça de defesa. O julgador será em regra obrigado a enfrentar os pedidos, as causas de pedir e os fundamentos de defesa, mas não há obrigatoriedade de enfrentar todas as alegações feitas pelas partes a respeito de sua pretensão. Assim, o julgador deve enfrentar e decidir a questão colocada à sua apreciação, não estando obrigado a enfrentar todas as alegações feitas pela parte a respeito dessa questão, bastando que contenha a decisão fundamentos suficientes Fl. 289DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO 14 para justificar a conclusão estabelecida na decisão proferida (Araken de Assis, Manual dos recursos, nota 66.2.1.3, p. 591. 2 ed. São Paulo, RT, 2008). Com isso, entendese que o acórdão embargado, da forma como tratou a matéria, não foi contraditório ou omisso na análise dos dispositivos da legislação (art. 126, par. 3o, da Lei 8.213/1991, art. 38 da Lei 6.830/1980 e art. 26 da Portaria MF 58/2006), e, como consequência, o seu julgamento resultou em conclusão plenamente válida. IV Conclusão: Voto por conhecer e acolher em parte os embargos de declaração, sem efeitos infringentes (sem efeitos modificativos), somente para a apreciação e integração da questão de concomitância de instâncias, em razão de ser matéria de ordem pública, e rejeitar a contradição apontada pela embargante, nos termos acima apresentados. Ronaldo de Lima Macedo. Fl. 290DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 15/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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Numero do processo: 10715.000019/2010-33
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 03/02/2006 a 28/02/2006
ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA.
Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação - após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicou-se a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescente-se, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito.
Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 03/02/2006 a 28/02/2006
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010.
Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-003.553
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 03/02/2006 a 28/02/2006 ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação - após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicou-se a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescente-se, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 03/02/2006 a 28/02/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
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COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 03/02/2006 a 28/02/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 00 19 /2 01 0- 33 Fl. 264DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO Processo nº 10715.000019/201033 Acórdão n.º 9303003.553 CSRFT3 Fl. 265 2 advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente HENRIQUE PINHEIRO TORRES Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige do contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida deu provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3801004.879, aplicando a denúncia espontânea para afastar a exigência da multa acima citada. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350/2010. Fl. 265DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO Processo nº 10715.000019/201033 Acórdão n.º 9303003.553 CSRFT3 Fl. 266 3 O recurso foi admitido conforme despacho do Presidente da Câmara recorrida. Em suas contrarrazões, o sujeito passivo pugna pela não admissibilidade do apelo fazendário, e, caso admitido, o requer o seu improvimento. É o relatório, em síntese. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres O recurso é tempestivo e, como será demonstrado linhas abaixo, atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isso, ser conhecido. De fato, ao cotejarmos o objeto desta lide com o da discutida no acórdão paradigma nº 3802001.128, de 28/06/2012, vêse que tratam exatamente da mesma matéria, in casu, a multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . I omissis ..................................................................................................... IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . a) omissis ....................................................................................................... e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e As situações fáticas discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, são as mesmas, a saber: a entrega fora do prazo das informações previstas na alínea transcrita acima. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Mais uma vez, ressaltese que recorrido e paradigma, além de tratarem da mesma matéria, foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Lei 12.350, de 20/12/2010), portanto, posteriormente à alteração promovida no art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras. Fl. 266DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO Processo nº 10715.000019/201033 Acórdão n.º 9303003.553 CSRFT3 Fl. 267 4 Frisese que, tanto no paradigma quanto no recorrido, enfrentouse a aplicação da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras relativas ao descumprimento do prazo estabelecido para prestar as informações, a que alude o dispositivo legal acima transcrito, sendo que, no paradigma, afastouse a possibilidade de aplicação da denúncia espontânea a esse tipo de infração. Para tanto, o Colegiado buscou arrimo no Código Tributário Nacional, desprezando, completamente, em seus fundamentos, a novel legislação. Já no acórdão recorrido, tanto o CTN quanto a nova redação do § 2º do art. 102 do Decreto Lei 37/1966 foram utilizados para arrazoar a decisão que aplicou a denúncia espontânea à infração aqui sob exame. Todavia, o fato de o paradigma não ter consignado, em seus fundamentos, a alteração do § 2º do DL 37/66, ocorrida em 2010, não impede a configuração do dissenso, pois não são os fundamentos adotados pelo colegiado que configuram a divergência. No caso, diante de uma mesma penalidade e de julgamentos com resultados opostos (do recorrido e do paradigma), ambos realizados na vigência dos mesmos dispositivos legais, entendo presentes os requisitos necessários à comprovação da divergência jurisprudencial. Atendidos, assim, todos os requisitos de admissibilidade, é de se conhecer do apelo apresentado pela Fazenda Nacional. A matéria devolvida ao Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. O instituto da denúncia espontânea está para o Direito Tributário assim como o arrependimento eficaz e a desistência voluntária estão para o Direito Penal. Esses institutos são como uma ponte de ouro, como diriam os penalistas, para aqueles que se encontram à margem da lei, a esses é oferecida uma oportunidade de regressar ao caminho da lei, uma ponte de ouro para a legalidade. Por essa ponte só podem passar aqueles que, voluntariamente, desistem de consumar o ato ilícito, ou, se já o praticaram, evitamlhe o resultado. Nos delitos unissubsistentes1 não se admite desistência voluntária, uma vez que, praticado o primeiro ato, já se encerra a execução, tornando impossível a sua cisão. Já os crimes de mera conduta2 e os formais3 "não comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a execução, o crime já está consumado, não havendo resultado naturalístico a ser evitado". No direito tributário, a ponte de ouro é a denúncia espontânea que nada mais é do que o reconhecimento voluntário do ilícito, e a reparação do dano ao bem jurídico violado, o que não veio a ocorrer no caso em exame. Todavia, assim como no Direito Penal, no Tributário algumas infrações não são suscetíveis de denúncia espontânea. São aquelas em que a mera conduta, por si só, já configura o ilícito, o qual, uma vez ocorrido, não há possibilidade jurídica, ou até mesmo física, de se evitar o resultado. 1 Crime unissubsistente é aquele que é realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta. 2 Crime de mera conduta. Assim como nos crimes formais, no crime de mera conduta o criminoso não precisa produzir um resultado. Mas, diferente do crime formal, a lei sequer olha qual era a intenção do criminoso ou se ele poderia produzir determinado resultado: basta que o criminoso aja de uma forma que a lei considera não desejada. 3 O crime formal não exige a produção do resultado para sua consumação, ainda que possível que ele ocorra. Fl. 267DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO Processo nº 10715.000019/201033 Acórdão n.º 9303003.553 CSRFT3 Fl. 268 5 O exemplo mais característico desse tipo de infração, é, justamente, a referente ao atraso no cumprimento de obrigação acessória, pois, no exato momento em que se exauriu o prazo legal sem que a obrigação tenha sido adimplida, a infração está configurada e o atraso não poderá ser reparado. Em outras palavras, atendose às normas do Direito Tributário, o dano relativo ao descumprimento de obrigação principal pode ser reparado, pagandose o tributo e os consectários legais. Todavia, se se tratar de infrações referentes a obrigações acessórias autônomas, a ser prestada em determinado prazo, o dano não pode ser sanado, posto que o núcleo do bem jurídico protegido, uma vez violado, não tem como ser restabelecido. Assim, por exemplo, se a obrigação era apresentar declaração até determinada data, e se esta não foi apresentada no prazo determinado, não há como cumprir a obrigação acessória tempestivamente, salvo se se voltar no tempo, ainda não possível com a tecnologia disponível hoje. No caso dos autos, a obrigação acessória autônoma, descumprida pelo transportador ou seus representantes, consistia no dever de o sujeito passivo informar os dados de embarque de mercadorias no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Notese que, uma vez exaurido o prazo para se prestar as informações sem que elas tenham sido prestadas ao órgão competente, a infração restou configurada, não havendo mais possibilidade de se evitar o resultado. Notese que, se a sanção fosse destinada, apenas e tãosomente, a punir o não cumprimento da obrigação acessória, poderseia admitir que, o adimplemento a destempo, desde que espontâneo, poderia ser beneficiado com a norma excludente da penalidade. Entretanto, se a sanção é destinada a coibir o atraso no cumprimento da obrigação, uma vez ocorrida a mora, não há que se falar em denúncia espontânea. Essa questão da denúncia espontânea envolvendo descumprimento de obrigação acessória encontravase apascentada, tanto no Judiciário4 quanto no âmbito administrativo, tendo sido, inclusive, objeto de Súmula no CARF, mais precisamente, a de nº 49, cujo enunciado transcrevese a seguir: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, com a edição da Lei nº 12.350/2010, cujo art. 405 deu nova redação ao art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, a questão foi reaberta e gerou celeuma na jurisprudência 4 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' 5 Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Fl. 268DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO Processo nº 10715.000019/201033 Acórdão n.º 9303003.553 CSRFT3 Fl. 269 6 e na doutrina, mas, a meu sentir, não há razão alguma para se modificar o entendimento anteriormente firmado, pois, pela razões expostas linhas acima, a novel legislação não alcança a infração objeto destes autos. Neste sentido, impecável a decisão da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção, Acórdão 310200.988, cujo voto condutor foi da lavra do insigne Conselheiro José Fernandes do Nascimento, que, com as merecidas loas, peço licença para aqui transcrever o entendimento lá adotado, como arrimo deste voto. "O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) Fl. 269DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO Processo nº 10715.000019/201033 Acórdão n.º 9303003.553 CSRFT3 Fl. 270 7 Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez." No mesmo sentido, posicionouse o Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: Fl. 270DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO Processo nº 10715.000019/201033 Acórdão n.º 9303003.553 CSRFT3 Fl. 271 8 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 6. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" Não destoando desse entendimento, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse 6 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 271DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO Processo nº 10715.000019/201033 Acórdão n.º 9303003.553 CSRFT3 Fl. 272 9 sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Importante ressaltar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, atracação de embarcação, vinculação de manifesto de carga, etc. Afastada a aplicação da denúncia espontânea, necessário verificar o efeito desse entendimento sobre o resultado do julgamento, tendo em vista que a decisão neste processo será aplicada a diversos outros, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). Como a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impede o julgamento das demais questões afetas à exigência da penalidade em foco. Portanto, ainda que o voto condutor do recorrido tenha se pronunciado sobre outras questões de mérito, tal pronunciamento não representa julgamento pelo colegiado a quo, constituindo, apenas, manifestação pessoal do relator. Por isso, afastada a denúncia espontânea, deve o processo retornar à instância a quo para que sejam enfrentadas as questões de mérito trazidas pelo Sujeito Passivo no recurso voluntário. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Henrique Pinheiro Torres Relator Fl. 272DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO
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Numero do processo: 12448.737333/2012-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
DESPESAS COM SAÚDE. PROVA.
A eficácia da prova de despesas com saúde, para fins de dedução da base de cálculo do imposto de renda pessoa física, está condicionada ao atendimento de requisitos objetivos, previstos em lei, e de requisitos de julgamento baseados em critérios de razoabilidade.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2301-004.618
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
João Bellini Júnior- Presidente.
Luciana de Souza Espíndola Reis - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior, Julio Cesar Vieira Gomes, Alice Grecchi, Luciana de Souza Espíndola Reis, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Ivacir Julio de Souza, Fabio Piovesan Bozza e Amilcar Barca Teixeira Junior.
Nome do relator: LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 DESPESAS COM SAÚDE. PROVA. A eficácia da prova de despesas com saúde, para fins de dedução da base de cálculo do imposto de renda pessoa física, está condicionada ao atendimento de requisitos objetivos, previstos em lei, e de requisitos de julgamento baseados em critérios de razoabilidade. Recurso Voluntário Provido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. João Bellini Júnior- Presidente. Luciana de Souza Espíndola Reis - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior, Julio Cesar Vieira Gomes, Alice Grecchi, Luciana de Souza Espíndola Reis, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Ivacir Julio de Souza, Fabio Piovesan Bozza e Amilcar Barca Teixeira Junior.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1706; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 62 1 61 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12448.737333/201260 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301004.618 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 12 de abril de 2016 Matéria DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS Recorrente TÂNIA MARA GARCIA PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010 DESPESAS COM SAÚDE. PROVA. A eficácia da prova de despesas com saúde, para fins de dedução da base de cálculo do imposto de renda pessoa física, está condicionada ao atendimento de requisitos objetivos, previstos em lei, e de requisitos de julgamento baseados em critérios de razoabilidade. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. João Bellini Júnior Presidente. Luciana de Souza Espíndola Reis Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior, Julio Cesar Vieira Gomes, Alice Grecchi, Luciana de Souza Espíndola Reis, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Ivacir Julio de Souza, Fabio Piovesan Bozza e Amilcar Barca Teixeira Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 73 73 33 /2 01 2- 60 Fl. 62DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 1253.387, da 18ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I, f. 3034, que julgou improcedente a impugnação à exigência decorrente de lançamento de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), incidente no exercício 2011, anocalendário 2010, em razão de glosa de dedução indevida de despesas médicas, no valor de R$ 6.200,00, por falta de comprovação. O sujeito passivo apresentou impugnação, juntando documentos para comprovação das despesas médicas deduzidas na Declaração de Ajuste Anual e solicitando o cancelamento do crédito tributário. A impugnação foi considerada improcedente sob o fundamento de que os documentos apresentados não comprovam o beneficiário dos serviços. O sujeito passivo foi intimado da decisão recorrida em 28/08/2014, fls. 41. Em 19/09/2014 foi apresentado recurso, fls.446, no qual a interessada reitera os argumentos apresentados na impugnação. Por fim, requer o cancelamento do crédito tributário lançado. É o relatório. Fl. 63DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR Processo nº 12448.737333/201260 Acórdão n.º 2301004.618 S2C3T1 Fl. 63 3 Voto Conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis, Relatora Conheço do recurso por constatar que atende os requisitos de admissibilidade. Despesas Médicas A dedução das despesas com saúde na Declaração de Ajuste Anual é permitida nos casos de prestação de serviço na área da saúde, realizada por médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como no caso de fornecimento de produtos de exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (art. 8o , inc. II “a” da lei 9.520, de 26/12/1995), quando o beneficiário da prestação do serviço ou o adquirente do produto for o contribuinte ou seus dependentes, e desde que o preço do serviço ou do produto tenha sido suportado pelo contribuinte (art. 8o § 2o, inc. II da lei 9.520, de 26/12/1995). O legislador restringiu a prova da despesa médica ao tipo documental, estipulando requisitos objetivos para sua eficácia, a saber: Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995: Art. 8º, § 2º O disposto na alínea a do inciso II: III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; No mais, é do contribuinte o ônus da prova das despesas médicas deduzidas em sua Declaração de Ajuste Anual, quando exigida pelo Fisco, por força da determinação contida no DecretoLei 5.844/43, reproduzida no art. 73 do RIR, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). Logo, para desincumbirse do ônus da prova, ao contribuinte compete provar o fato que deu origem à despesa (serviço/produto) e também o pagamento efetuado. No caso dos autos, a fiscalização efetuou a glosa da dedução da despesa médica informada pela Recorrente em sua Declaração de Ajuste Anual, conforme abaixo discriminado: Fl. 64DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR 4 Tabela 1 CPF Prestador Serviço Nome Prestador Serviço Referência Valor Declarado DAA Valor Glosado NFLD Valor Mantido NFLD Motivo glosa NFLD 024.281.03733 Vera Lucia Machado Pereira Psicóloga 6.200,00 6.200,00 0,00 Os documentos apresentados não identificam o paciente e não preenchem as formalidades legais Os recibos de fls. 46 a 56, emitidos pela profissional Vera Lúcia Machado Pereira, especificam que a Recorrente foi submetida ao tratamento psicoterapêutico realizado pela referida profissional, conforme abaixo: Tabela 2 Documento Descrição contida no documento Valor Data fls recibo tratamento psicoterapêutico prestado a Tania Mara Garcia Pereira 600,00 30/01/2010 46 recibo tratamento psicoterapêutico prestado a Tania Mara Garcia Pereira 600,00 27/02/2010 47 recibo tratamento psicoterapêutico prestado a Tania Mara Garcia Pereira 600,00 30/03/2010 48 recibo tratamento psicoterapêutico prestado a Tania Mara Garcia Pereira 600,00 29/04/2010 49 recibo tratamento psicoterapêutico prestado a Tania Mara Garcia Pereira 600,00 30/05/2010 50 recibo tratamento psicoterapêutico prestado a Tania Mara Garcia Pereira 600,00 30/06/2010 51 recibo tratamento psicoterapêutico prestado a Tania Mara Garcia Pereira 600,00 30/07/2010 52 recibo tratamento psicoterapêutico prestado a Tania Mara Garcia Pereira 600,00 30/08/2010 53 recibo tratamento psicoterapêutico prestado a Tania Mara Garcia Pereira 600,00 30/09/2010 54 recibo tratamento psicoterapêutico prestado a Tania Mara Garcia Pereira 600,00 30/10/2010 55 recibo tratamento psicoterapêutico prestado a Tania Mara Garcia Pereira 200,00 30/11/2010 56 6.200,00 Os recibos contêm o nome do profissional de saúde, nº no Cadastro de Pessoa Física (CPF), nº do registro no Conselho Profissional, endereço, e identificam o tratamento específico ao qual a contribuinte foi submetida e o valor do serviço prestado. E não existem elementos nos autos infirmando a veracidade dos documentos apresentados. Portanto, considero eficazes as provas apresentadas e restabeleço a dedução a título de despesas médicas, correspondente ao valor de R$ 6.200,00. Conclusão Com base no exposto, voto por conhecer do recurso e darlhe provimento. Luciana de Souza Espíndola Reis Fl. 65DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR
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Numero do processo: 12466.724115/2011-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Jun 03 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 31/05/2006 a 24/11/2006
Ementa:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXISTÊNCIA DE OMISSÃO.
Devem ser acolhidos os embargos de declaração quando se constata a existência de omissão na apreciação de fundamento relevante e autônomo no acórdão embargado.
DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA.
Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do Decreto-Lei no 37/1966.
Embargos acolhidos sem efeitos infringentes.
Crédito Tributário Exonerado.
Numero da decisão: 3302-003.168
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os Embargos de Declaração, apenas para integração do Acórdão.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os Embargos de Declaração, apenas para integração do Acórdão. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 31/05/2006 a 24/11/2006 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXISTÊNCIA DE OMISSÃO. Devem ser acolhidos os embargos de declaração quando se constata a existência de omissão na apreciação de fundamento relevante e autônomo no acórdão embargado. DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do DecretoLei no 37/1966. Embargos acolhidos sem efeitos infringentes. Crédito Tributário Exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os Embargos de Declaração, apenas para integração do Acórdão. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 72 41 15 /2 01 1- 66 Fl. 1066DF CARF MF Impresso em 03/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 12466.724115/201166 Acórdão n.º 3302003.168 S3C3T2 Fl. 3 2 Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para aplicação da multa substitutiva de pena de perdimento, pela prática de ocultação do real adquirente mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta na importação, definida como dano ao erário, lavrado em face de GEMAX TRADING COMPANY S/A, de EASY SERVIÇOS E COMÉRCIO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS LTDA e EXIMLAB COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS PARA LABORATÓRIOS LTDA. Na sessão de 23/02/2016, esta turma proferiu o acórdão nº 3302003.074, com a seguinte ementa: Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 31/05/2006 a 24/11/2006 Ementa: DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do DecretoLei no 37/1966. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional opôs embargos de declaração, alegando omissão quanto à análise da ocorrência de fraude na infração punida com a multa lavrada (interposição fraudulenta na importação), o que levaria à aplicação do prazo decadencial previsto no artigo 173, inciso I do CTN, observando julgamento do STJ sob a sistemática de recursos repetitivos e as Súmulas CARF nº 72 e 101, os quais foram admitidos. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. A Fazenda Nacional alegou omissão quanto à análise da ocorrência de fraude na interposição fraudulenta, o que levaria à aplicação do artigo 173, inciso I do CTN e das Súmulas CARF nº 72 e 101. De fato, a DRJ entendeu que a ocorrência de fraude levaria o prazo decadencial para o artigo 173, I do CTN. Fl. 1067DF CARF MF Impresso em 03/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 12466.724115/201166 Acórdão n.º 3302003.168 S3C3T2 Fl. 4 3 Entretanto, este não é o posicionamento pacífico neste Conselho, nem da própria Receita Federal. A pena de perdimento decorrente do dano ao erário possui natureza administrativotributária, cujo bem tutelado não se restringe à arrecadação tributária, mas referese ao próprio controle aduaneiro, evitando a burla ao controle da habilitação para operar no comércio exterior, a blindagem do patrimônio do real adquirente ou encomendante etc, e é aplicada ainda que não haja tributos devidos numa importação com interposição fraudulenta. Assim, as disposições do Decretolei n º 37/1966 são específicas em relação à Lei nº 5.172/1966. Observase que o DL nº 37/1966, publicado em 21/11/1966, posterior à Lei nº 5.172/1966, publicada em 27/10/1966, previu no artigo 139 o prazo decadencial de cinco anos a contar da data da infração para o direito de impor penalidade. Por sua vez, o Decretolei nº 2.472/1988 alterou a redação do artigo 138, adequando ao comando do artigo 173, inciso I e ao artigo 150, §4º do CTN, evidenciando a diferença entre os prazos decadenciais para constituição de crédito tributário e para imposição de penalidade. Art.138 O direito de exigir o tributo extinguese em 5 (cinco) anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Parágrafo único. Tratandose de exigência de diferença de tributo, contarseá o prazo a partir do pagamento efetuado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração. A Receita Federal pacificou este entendimento com a edição da Solução de Consulta nº 32/2013, cuja ementa dispôs: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA CONTROLE ADUANEIRO DAS IMPORTAÇÕES. INFRAÇÃO. MULTA DE NATUREZA ADMINISTRATIVOTRIBUTÁRIA. PRAZO O prazo para efetuar lançamento de multas relacionadas ao controle aduaneiro das importações é de 5 (cinco) anos, contado da data da infração. A natureza administrativotributária das multas relacionadas ao controle aduaneiro das importações permite que a elas se apliquem regras tributárias de constituição e cobrança do respectivo crédito, inclusive o rito estabelecido pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (Processo Administrativo Fiscal), mas não a regra de contagem do prazo decadencial prevista no inciso I do art. 173 do CTN, pois a norma aplicável à espécie, pelo critério da especialidade, é o art. 78 da Lei nº 4.502, de 1964. Dispositivos Legais: Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), arts. 4º, 113 e 173; Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, arts. 78 e 83; DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, arts. 94, 96, 138 e 139; Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, art. 704; Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 1068DF CARF MF Impresso em 03/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 12466.724115/201166 Acórdão n.º 3302003.168 S3C3T2 Fl. 5 4 Transcrevese excerto dos fundamentos da solução de consulta que bem esclarecem a matéria: "21. Disse o consulente (item 20 da Consulta) que os §§ 1º ao 3º do art. 78 da Lei nº 4.502, de 1964, estabelecem “regras dissonantes das demais normas aplicáveis à matéria [referese a matéria tributária]”. Referese ao termo inicial do prazo de decadência, que segundo o CTN é o “primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado” (art. 173, I), e o caput do artigo 78 diz que os cinco anos são “contados da data da infração”. Referese também ao fato de aquele prazo “interromperse” pela notificação ao sujeito passivo e ficar “suspenso” durante o processo de cobrança (§§ 1º ao 3º). 22. Não se trata de dissonância, mas de especialidade. Importa apenas aprimorar e manter o controle aduaneiro das importações. O art. 78 e seus parágrafos estabelecem regras especiais só aplicáveis às multas relacionadas a esse controle. A natureza híbrida (administrativotributária) dessas multas permite que a elas se apliquem regras tributárias na constituição e cobrança do respectivo crédito, inclusive o rito estabelecido pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (Processo Administrativo Fiscal), mas não a regra de contagem do prazo decadencial prevista no inciso I do art. 173 do CTN, pois norma especial estabelece regra diversa. 23. Não se pode concluir, por isso, que a Lei nº 4.502 se sobrepõe ao CTN, nem que haja conflito entre este e aquela. O prazo para uma e outra exação é o mesmo: cinco anos. Porém, tratandose de multa relacionada ao controle aduaneiro das importações a Lei nº 4.502 e o Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759, de 2009) estabelecem que o prazo para a imposição tem início na data da infração. Tratase de regra especial estabelecida por norma especial, levandose em conta peculiaridades do controle aduaneiro. Não há ofensa ao CTN. 24. Apontou ainda o consulente (no item 21 da Consulta) que os arts. 138 e 139 do DecretoLei nº 37, de 1966, “não foram ajustados às disposições do CTN”. O art. 138 referese ao prazo decadencial para lançar o imposto de importação e está de acordo com o inciso I do art. 173 do CTN. E o art. 139 estabelece o mesmo prazo de cinco anos para a imposição de multa relacionada ao controle aduaneiro das importações, a contar da data da infração. 25. Não há, seguramente, ajustes a serem feitos, pois, enquanto o art. 138 referese ao imposto de importação (de natureza tributária stricto sensu), o art. 139 referese a multa relacionada ao controle aduaneiro de importações, de natureza híbrida (administrativotributária), para cuja imposição observamse critérios especiais, determinados por norma especial. Ao estabelecer regra especial de contagem do prazo de cinco anos para impor penalidade, o DecretoLei nº 37 não ofendeu o art. 146 da Constituição (que exige lei complementar para Fl. 1069DF CARF MF Impresso em 03/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 12466.724115/201166 Acórdão n.º 3302003.168 S3C3T2 Fl. 6 5 estabelecer normas gerais sobre decadência), pois a inovação referese apenas à data de início do prazo (a contar da infração), e só vale para multas relacionadas ao controle aduaneiro das importações, cuja peculiaridade é evidente. 26. No julgamento do Recurso Especial nº 643.185SC, o Relator, Ministro Teori Albino Zavascki, citando os arts. 138 e 139 do Decreto Lei nº 37, de 1966, fez clara distinção entre o prazo decadencial para se exigir pagamento de tributo e o prazo decadencial para impor penalidade administrativa. Disse que “o prazo decadencial neles estabelecido é de cinco anos a contar da data da infração e se refere ao direito de impor qualquer das penalidades previstas no artigo 96 [do DecretoLei 37], inclusive a pena de perdimento dos bens”. O termo inicial desse prazo é a data da infração, como estabelece o art. 139. [...] Conclusão 28. Com base no exposto, concluise: 28.1 o prazo para efetuar lançamento de multas relacionadas ao controle aduaneiro das importações é de 5 (cinco) anos, contado da data da infração, por força do art. 78 da Lei nº 4.502, de 1964, e do art. 139 do DecretoLei nº 37, de 1966. 28.2 A natureza administrativotributária das multas relacionadas ao controle aduaneiro das importações permite que a elas se apliquem regras tributárias de constituição e cobrança do respectivo crédito, inclusive o rito estabelecido pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (Processo Administrativo Fiscal), mas não a regra de contagem do prazo decadencial prevista no inciso I do art. 173 do CTN, pois a norma aplicável à espécie, pelo critério da especialidade, é o Regulamento Aduaneiro. De outro lado, não houve declaração de inconstitucionalidade do artigo 139 do Decretolei nº 37/1966, mas, pelo contrário, o Superior Tribunal de Justiça afirmou a validade do artigo 139 nos julgamentos dos Recursos Especiais nº 1.379.708CE, julgado em 05/12/2015, e nº 643.185SC, julgado em 15/03/2007, cuja ementa deste último transcrevese: EMENTA ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. VIOLAÇÃO AO ART. 535, II, DO CPC. INEXISTÊNCIA. LEGISLAÇÃO ADUANEIRA. IMPOSIÇÃO DE PENALIDADE. PERDIMENTO DOS BENS. EXPORTAÇÃO CLANDESTINA. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. 1. A ausência de debate, na instância recorrida, sobre os dispositivos legais cuja violação se alega no recurso especial atrai, por analogia, a incidência da Súmula 282 do STF. Fl. 1070DF CARF MF Impresso em 03/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 12466.724115/201166 Acórdão n.º 3302003.168 S3C3T2 Fl. 7 6 2. Não viola o artigo 535 do CPC, nem importa em negativa de prestação jurisdicional o acórdão que adota fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia posta. Precedentes: EDcl no AgRg no EREsp 254949/SP, Terceira Seção, Min. Gilson Dipp, DJ de 08.06.2005; EDcl no MS 9213/DF, Primeira Seção, Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 21.02.2005; EDcl no AgRg no CC 26808/RJ, Segunda Seção, Min. Castro Filho, DJ de 10.06.2002. 3. Nos termos dos artigos 138 e 139 do Decretolei nº 37/66, é de cinco anos o prazo decadencial para a imposição das penalidades nele previstas. 4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. Destacase, ainda, o HC nº 70.379/RS, julgado em 06/08/2009, ao tratar sob a incursão em crimes de descaminho, reafirmou a natureza administrativa da pena de perdimento, conforme ementa abaixo: EMENTA PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS . 1. DESCAMINHO. PENA DE PERDIMENTO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. INOCORRÊNCIA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO DO TRIBUTO E ACESSÓRIOS. 2. ILEGITIMIDADE PASSIVA DE UMA DAS ACUSADAS. QUESTÕES DE FUNDO. VIA ANGUSTA. INCURSÃO FÁTICOPROBATÓRIA. COGNIÇÃO VEDADA. 3. ORDEM DENEGADA. 1. A pena de perdimento caracteriza sanção de natureza administrativa, que não obsta a perseguição do crime de descaminho, diante da omissão no recolhimento do imposto devido, que muitas vezes se revela superior ao preço da própria mercadoria. 2. Não é lícito a esta Corte Superior ingressar em questionamentos acerca de matéria de fundo da ação penal. Tais aspectos devem ser examinados na via ordinária, em que a dialética processual terá lugar com toda a amplitude que lhe é conatural. 3. Ordem denegada. Assim, o artigo 139 não traz nenhuma dissonância com o artigo 173 do CTN, tendo convivido harmonicamente desde 1966, devendo ser considerado recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Salientase, ainda, que este Conselho já se posicionou em diversos acórdãos sobre a matéria, a saber: Acórdão nº 3402002.989, de 17/03/2016: Fl. 1071DF CARF MF Impresso em 03/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 12466.724115/201166 Acórdão n.º 3302003.168 S3C3T2 Fl. 8 7 DECADÊNCIA. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DATA DA INFRAÇÃO. TERMO INICIAL. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. O prazo decadencial das obrigações tributárias decorrentes de ilícitos aduaneiros tem como termo inicial a data de ocorrência da infração, na forma prevista no art. 139 do DL nº. 37/66. Tratandose de penalidade devida em face da interposição fraudulenta na importação (DL nº 1.455, art. 23, V), sujeitase à decadência ao cabo do prazo de cinco anos, cujo termo inicial é a prática da infração na data de registro da declaração de importação. Acórdão nº 3202001.588: SUBFATURAMENTO. MULTAS ADMINISTRATIVAS.DECADÊNCIA. Tratandose de imposição de multa, previstas no art. 88, parágrafo único, da Medida Provisória n° 2.15835/ 01, para o II, e no art. 83, I, da Lei nº 4.502/1964., para o IPI, por se cuidarem de infração de caráter administrativo (aduaneiro), tem lugar a contagem do prazo decadencial, na forma dos artigos 139 do DecretoLei nº 37/66 e 669 do Regulamento Aduaneiro, cujo prazo de 5 (cinco)anos tem seu curso iniciado na data da infração. Precedentes. Acórdão nº 3201001.884, de 25/02/2015: DECADÊNCIA. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO V. DECADÊNCIA. O prazo decadencial para aplicação das penalidades referentes a interposição fraudulenta prevista no art. 23, Inciso V do DecretoLei nº 1.455/76 é de 5 (cinco) anos contados a partir da data do registro da Declaração de Importação DI, nos termos previstos no art. 139 do DecretoLei nº 37/66. Recurso Voluntário Provido Acórdão nº 3401002.807, de 11/11/2014: INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO. MULTA. DECADÊNCIA. Tratandose da imposição de pena de perdimento, na hipótese do artigo 618, XXII do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 4.543, de 26 de dezembro de 2002), por se cuidar de infração de caráter administrativo (aduaneiro), tem lugar a contagem do prazo decadencial na forma dos artigos 139 do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966 e 669 do Regulamento Aduaneiro, cujo prazo de 5 (cinco) anos tem seu curso iniciado na data da infração. Acórdão nº 3403003.225, de 16/09/2014: Fl. 1072DF CARF MF Impresso em 03/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 12466.724115/201166 Acórdão n.º 3302003.168 S3C3T2 Fl. 9 8 AUTO DE INFRAÇÃO. IMPORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. DECADÊNCIA. O direito de aplicação de penalidade relacionada à interposição fraudulenta de pessoa em operações de importação extinguese em cinco anos contados da data do registro da Declaração de Importação. Quanto à suposta inobservância das Súmulas nº 72 e nº 101, ressaltase que todos os paradigmas destas súmulas versaram sobre constituição de crédito tributário e não sobre imposição de penalidade aduaneira, restando, portanto, inaplicáveis a este processo. Diante do exposto, voto para acolher os embargos opostos, para sanar a omissão alegada, sem, contudo, aplicarlhes efeitos infringentes, ratificando o Acórdão nº 3302003.074. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 1073DF CARF MF Impresso em 03/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Numero do processo: 15463.720550/2014-82
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jul 06 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2402-000.560
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do Relatório e do Voto do relator.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Lourenço Ferreira do Prado - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Kleber Ferreira de Araújo, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Malagoli da Silva e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: LOURENCO FERREIRA DO PRADO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do Relatório e do Voto do relator. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Lourenço Ferreira do Prado Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Kleber Ferreira de Araújo, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Malagoli da Silva e Lourenço Ferreira do Prado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 54 63 .7 20 55 0/ 20 14 -8 2 Fl. 74DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/0 7/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 15463.720550/201482 Resolução nº 2402000.560 S2C4T2 Fl. 3 2 RELATÓRIO Tratase de Recurso Voluntário interposto por SEBASTIAO JOSE MARTINS SOARES, em face de acórdão que manteve a integralidade da Notificação de Lançamento relativa ao anocalendário 2010/exercício 2011, sem saldo de imposto a pagar/restituir, em face da constatação de infração à legislação tributária, pois o recorrente efetuou compensação indevida de imposto de renda retido na fonte no valor de R$ 122.260,32 (fls. 7/11), por entender ser portador de moléstia grave. A glosa deveuse a ter o contribuinte ter efetuado compensação de imposto de renda retido na fonte cuja exigibilidade encontravase suspensa por decisão judicial e cujos valores estavam depositados nos autos do processo n. 001117670.2001.4.02.5101. A DRJ entendeu por manter a notificação de lançamento em face dos seguintes argumentos: a) Se o contribuinte lograr êxito na demanda judicial, o valor depositado lhe será restituído e, caso se aceitasse a compensação em Declaração de Ajuste Anual, ocorreria em duplicidade a devolução do valor, o que não se pode admitir; b) não ser merecedor da isenção em razão de que, a atestada cardiopatia isquêmica multilateral é doença que não consta do rol do art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713/88, que a ser ver é taxativo; Devidamente intimado do julgamento em primeira instância, a recorrente interpôs o competente recurso voluntário, através do qual sustenta: que já transitou em julgado o processo n. 001117670.2001.4.02.5101, motivo pelo qual já requereu a conversão em renda da UNIÃO dos valores de IRRF que ali se encontravam depositados, conforme é atestado por certidão de objeto e pé emitida pela 8ª Vara Federal do Rio de Janeiro, acostada no recurso voluntário (fls. 60), motivo pelo qual, não mais há que se falar em duplicidade de pagamentos, de modo que deve ser autorizada a compensação pleiteada; no que concerne a pleiteada isenção, aponta que cumpre com os requisitos autorizadores para a benesse, sendo que sua cardiopatia grave foi atestada por profissional habilitado para tal providência; por fim, requer a restituição do valor de R$ 122.260,32, após a confirmação da conversão em renda da UNIÃO; Processado o recurso sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, subiram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 75DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/0 7/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 15463.720550/201482 Resolução nº 2402000.560 S2C4T2 Fl. 4 3 VOTO Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado, Relator CONHECIMENTO Tempestivo o recurso e presentes os demais pressupostos de admissibilidade, dele conheço. PRELIMINARMENTE Antes mesmo de adentrar ao mérito da discussão objeto do recurso voluntário, tenho que existe questão que deva ser melhor esclarecida nos autos do presente processo. Conforme já relatado, a notificação de lançamento ora combatida originouse da glosa de pedido de compensação em declaração efetuado pelo recorrente, relativamente a valores de IRRF que estavam depositados nos autos do processo n. 0011176 70.2001.4.02.5101. Em que pese ter sido juntada aos autos a certidão de objeto e pé constantes às fls. 60 e dela já constar a informação do trânsito em julgado daquela ação, fato é que, uma das últimas providências determinadas pelo juízo responsável pela ação, foi a intimação da UNIÃO para que se manifestasse acerca da devida conversão dos valores ali depositados em renda. Pois bem, entendo que antes de analisar o pleito objeto do recurso voluntário, fazse necessário que este órgão julgador tenha informações consistentes sobre o montante e também sobre a devida correlação dos valores que foram convertidos em renda da união, com os valores objeto de compensação pela parte e que geraram a notificação de lançamento combatida. Assim, voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que os autos baixem a autoridade de origem, sendo esclarecido se: (ii) os valores depositados nos autos do processo 001117670.2001.4.02.5101 pelo ora recorrente já foram definitivamente convertidos em renda da UNIÃO; (ii) os valores convertidos correlacionamse com aqueles objeto da compensação glosada pela SRFB, além de totalizar o montante de R$ 122.260,32 glosado pela fiscalização. É como voto. Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 76DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/0 7/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O
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Numero do processo: 10480.723979/2013-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jun 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009
Ementa:
DO PROCEDIMENTO ADOTADO PELA FISCALIZAÇÃO
Se o valor indedutível foi excluído pelo contribuinte do lucro líquido do período de apuração, deverá a Fiscalização adicioná-lo, nos termos do artigo 249 do RIR/99 e, na sequência, deverá recompor o lucro real e recalcular o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL, para, assim, apurar eventual tributo devido, lavrando o competente auto de infração, conforme determina o artigo 142 do CTN.
DESCONTOS INCONDICIONAIS
De acordo com os artigos 31 da Lei nº 8.981/95, 20 da Lei nº 9.249/95, 224 e 280 do RIR/1999, 21 da Instrução Normativa SRF 390/2004 e o Processo de Consulta nº 34/13, da COSIT, os descontos incondicionais somente são dedutíveis para fins de determinação do lucro real do IRPJ e da base de cálculo da CSSL quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos.
COMPROVAÇÃO DE DESPESA
Para uma despesa ser dedutível, o contribuinte precisa comprová-la por meio de documentos hábeis e idôneos.
DEDUTIBILIDADE DE DESPESA. NÃO APRESENTAÇÃO DE NOTA FISCAL.
Sem a apresentação da correspondente nota fiscal, não é possível averiguar se a despesa é, ou não, dedutível.
DEDUTIBILIDADE DE DESPESA. VASOS.
A compra de vasos não são despesas normais, usuais e necessárias e, portanto, não são dedutíveis, conforme artigo 299 do RIR/99.
DEDUTIBILIDADE DE DESPESA. FESTA DE CONFRATERNIZAÇÃO DE FIM DE ANO.
As festas de confraternização de fim de ano, por contribuírem para a melhoria do ambiente de trabalho, humanizando o relacionamento empresa e empregados, aumentando a motivação para a consecução dos objetivos sociais e desde que em valores razoáveis, são despesas normais, usuais e necessárias e, por consequência, são dedutíveis, consoante artigo 299 do RIR/99.
COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
Para comprovar a prestação do serviço e poder deduzir a despesa, é necessário que a nota fiscal contenha a natureza da despesa, a identidade do beneficiário, a quantidade, o valor da operação, etc. Assim, se a nota fiscal contém descrição genérica, o contribuinte deve apresentar outros documentos que identifiquem a despesa.
MULTA QUALIFICADA. COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
Para a qualificação da multa, não basta a existência de simples irregularidade no prestador de serviço, que se quer poderia ser de conhecimento do contribuinte. É imprescindível a existência de outros elementos que demonstrem que o contribuinte utilizou daquele prestador de serviço para suprimir ou reduzir o pagamento de tributo.
BRINDES. BLOCOS DE ANOTAÇÃO.
Sendo os blocos de anotações enquadrados como brindes, conforme Solução de Consulta COSIT nº 58/13, eles são indedutíveis, nos termos do artigo 13, VII, da Lei nº 9.249/95.
BRINDES. CESTA DE NATAL.
As cestas de natal são dedutíveis, mas sua dedutibilidade está condicionada ao oferecimento de forma indistinta a todos os empregados, por força do artigo 13, § 1º, da Lei nº 9.249/95 e do artigo 369 do RIR/99, combinado com o artigo 27, parágrafo único, da Instrução Normativa SRF nº 11/96.
FALTA DE RECOLHIMENTO
O valor cobrado a título de IRPJ e de CSLL por falta de recolhimento corresponde, em verdade, a um erro cometido pela Contribuinte que adicionou duas vezes no cômputo da base de cálculo do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 256.393,98.
MULTA ISOLADA. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS IRPJ, RELATIVAS AOS MESES DE 2007, CUMULADAS COM MULTA DE OFÍCIO POR FALTA DE PAGAMENTO DE IRPJ APURADO NO AJUSTE ANUAL. INAPLICABILIDADE DA Súmula CARF nº 105.
Com o advento da Medida Provisória n° 351, de 22/01/2007, convertida na Lei n° 11.488/2007, que alterou a redação do art. 44 da Lei n° 9.430/96, torna-se cabível o lançamento da multa isolada por falta de recolhimento das estimativas, relativas aos meses de 2008 e 2009, e ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurados no ajuste anual de 31/12/2008 e 31/12/2009. (Inaplicabilidade da Súmula CARF nº 105)
Reflexos: CSLL
Aplicam-se aos lançamentos da CSLL, no que couber, a mesma solução que foi dada ao IRPJ.
IRRF
Não é admitida a tributação de IRRF por pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado nos casos em que há a redução do lucro líquido e nos casos em que a Fiscalização não demonstre a efetiva ocorrência do pagamento.
COFINS E PIS
Para tributação pelo PIS e pela COFINS, a Fiscalização deve discriminar mês a mês o valor dos descontos incondicionais não comprovados, haja vista que tais tributos são apurados mensalmente.
AUTO DE INFRAÇÃO COMPLEMENTAR. ORDEM SUPERIOR.
Não há a necessidade de qualquer ordem de qualquer autoridade, pois a própria autoridade que procedeu ao lançamento é quem é competente para a lavratura do Auto de Infração Complementar.
AUTO DE INFRAÇÃO COMPLEMENTAR.
Verificando a Fiscalização que foram excluídos valores que não poderiam ter sido excluídos, deverá recompor o lucro real e recalcular o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL, para, assim, apurar eventual tributo devido, lavrando o competente auto de infração, conforme determina o artigo 142 do Código Tributário Nacional.
Numero da decisão: 1201-001.429
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento aos recursos de ofício e voluntário. Vencidos o Relator e o Conselheiro Luis Fabiano, que votaram por afastar, também, a exigência da multa isolada. Os conselheiros João Thomé e Ester Marques acompanharam o Relator pelas conclusões em relação à exigência do IRRF sobre pagamento sem causa. Designada a Conselheira Ester Marques Lins de Sousa para redigir o voto vencedor em relação à multa isolada.
(assinado digitalmente)
MARCELO CUBA NETTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
JOÃO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO - Relator.
(assinado digitalmente)
ESTER MARQUES LINS DE SOUSA - Redatora designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa e Marcelo Cuba Netto.
Nome do relator: JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008, 2009 Ementa: DO PROCEDIMENTO ADOTADO PELA FISCALIZAÇÃO Se o valor indedutível foi excluído pelo contribuinte do lucro líquido do período de apuração, deverá a Fiscalização adicioná-lo, nos termos do artigo 249 do RIR/99 e, na sequência, deverá recompor o lucro real e recalcular o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL, para, assim, apurar eventual tributo devido, lavrando o competente auto de infração, conforme determina o artigo 142 do CTN. DESCONTOS INCONDICIONAIS De acordo com os artigos 31 da Lei nº 8.981/95, 20 da Lei nº 9.249/95, 224 e 280 do RIR/1999, 21 da Instrução Normativa SRF 390/2004 e o Processo de Consulta nº 34/13, da COSIT, os descontos incondicionais somente são dedutíveis para fins de determinação do lucro real do IRPJ e da base de cálculo da CSSL quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos. COMPROVAÇÃO DE DESPESA Para uma despesa ser dedutível, o contribuinte precisa comprová-la por meio de documentos hábeis e idôneos. DEDUTIBILIDADE DE DESPESA. NÃO APRESENTAÇÃO DE NOTA FISCAL. Sem a apresentação da correspondente nota fiscal, não é possível averiguar se a despesa é, ou não, dedutível. DEDUTIBILIDADE DE DESPESA. VASOS. A compra de vasos não são despesas normais, usuais e necessárias e, portanto, não são dedutíveis, conforme artigo 299 do RIR/99. DEDUTIBILIDADE DE DESPESA. FESTA DE CONFRATERNIZAÇÃO DE FIM DE ANO. As festas de confraternização de fim de ano, por contribuírem para a melhoria do ambiente de trabalho, humanizando o relacionamento empresa e empregados, aumentando a motivação para a consecução dos objetivos sociais e desde que em valores razoáveis, são despesas normais, usuais e necessárias e, por consequência, são dedutíveis, consoante artigo 299 do RIR/99. COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO Para comprovar a prestação do serviço e poder deduzir a despesa, é necessário que a nota fiscal contenha a natureza da despesa, a identidade do beneficiário, a quantidade, o valor da operação, etc. Assim, se a nota fiscal contém descrição genérica, o contribuinte deve apresentar outros documentos que identifiquem a despesa. MULTA QUALIFICADA. COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. Para a qualificação da multa, não basta a existência de simples irregularidade no prestador de serviço, que se quer poderia ser de conhecimento do contribuinte. É imprescindível a existência de outros elementos que demonstrem que o contribuinte utilizou daquele prestador de serviço para suprimir ou reduzir o pagamento de tributo. BRINDES. BLOCOS DE ANOTAÇÃO. Sendo os blocos de anotações enquadrados como brindes, conforme Solução de Consulta COSIT nº 58/13, eles são indedutíveis, nos termos do artigo 13, VII, da Lei nº 9.249/95. BRINDES. CESTA DE NATAL. As cestas de natal são dedutíveis, mas sua dedutibilidade está condicionada ao oferecimento de forma indistinta a todos os empregados, por força do artigo 13, § 1º, da Lei nº 9.249/95 e do artigo 369 do RIR/99, combinado com o artigo 27, parágrafo único, da Instrução Normativa SRF nº 11/96. FALTA DE RECOLHIMENTO O valor cobrado a título de IRPJ e de CSLL por falta de recolhimento corresponde, em verdade, a um erro cometido pela Contribuinte que adicionou duas vezes no cômputo da base de cálculo do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 256.393,98. MULTA ISOLADA. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS IRPJ, RELATIVAS AOS MESES DE 2007, CUMULADAS COM MULTA DE OFÍCIO POR FALTA DE PAGAMENTO DE IRPJ APURADO NO AJUSTE ANUAL. INAPLICABILIDADE DA Súmula CARF nº 105. Com o advento da Medida Provisória n° 351, de 22/01/2007, convertida na Lei n° 11.488/2007, que alterou a redação do art. 44 da Lei n° 9.430/96, torna-se cabível o lançamento da multa isolada por falta de recolhimento das estimativas, relativas aos meses de 2008 e 2009, e ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurados no ajuste anual de 31/12/2008 e 31/12/2009. (Inaplicabilidade da Súmula CARF nº 105) Reflexos: CSLL Aplicam-se aos lançamentos da CSLL, no que couber, a mesma solução que foi dada ao IRPJ. IRRF Não é admitida a tributação de IRRF por pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado nos casos em que há a redução do lucro líquido e nos casos em que a Fiscalização não demonstre a efetiva ocorrência do pagamento. COFINS E PIS Para tributação pelo PIS e pela COFINS, a Fiscalização deve discriminar mês a mês o valor dos descontos incondicionais não comprovados, haja vista que tais tributos são apurados mensalmente. AUTO DE INFRAÇÃO COMPLEMENTAR. ORDEM SUPERIOR. Não há a necessidade de qualquer ordem de qualquer autoridade, pois a própria autoridade que procedeu ao lançamento é quem é competente para a lavratura do Auto de Infração Complementar. AUTO DE INFRAÇÃO COMPLEMENTAR. Verificando a Fiscalização que foram excluídos valores que não poderiam ter sido excluídos, deverá recompor o lucro real e recalcular o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL, para, assim, apurar eventual tributo devido, lavrando o competente auto de infração, conforme determina o artigo 142 do Código Tributário Nacional.
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DESCONTOS INCONDICIONAIS De acordo com os artigos 31 da Lei nº 8.981/95, 20 da Lei nº 9.249/95, 224 e 280 do RIR/1999, 21 da Instrução Normativa SRF 390/2004 e o Processo de Consulta nº 34/13, da COSIT, os descontos incondicionais somente são dedutíveis para fins de determinação do lucro real do IRPJ e da base de cálculo da CSSL quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos. COMPROVAÇÃO DE DESPESA Para uma despesa ser dedutível, o contribuinte precisa comprovála por meio de documentos hábeis e idôneos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 39 79 /2 01 3- 19 Fl. 2907DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 2 DEDUTIBILIDADE DE DESPESA. NÃO APRESENTAÇÃO DE NOTA FISCAL. Sem a apresentação da correspondente nota fiscal, não é possível averiguar se a despesa é, ou não, dedutível. DEDUTIBILIDADE DE DESPESA. VASOS. A compra de vasos não são despesas normais, usuais e necessárias e, portanto, não são dedutíveis, conforme artigo 299 do RIR/99. DEDUTIBILIDADE DE DESPESA. FESTA DE CONFRATERNIZAÇÃO DE FIM DE ANO. As festas de confraternização de fim de ano, por contribuírem para a melhoria do ambiente de trabalho, humanizando o relacionamento empresa e empregados, aumentando a motivação para a consecução dos objetivos sociais e desde que em valores razoáveis, são despesas normais, usuais e necessárias e, por consequência, são dedutíveis, consoante artigo 299 do RIR/99. COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO Para comprovar a prestação do serviço e poder deduzir a despesa, é necessário que a nota fiscal contenha a natureza da despesa, a identidade do beneficiário, a quantidade, o valor da operação, etc. Assim, se a nota fiscal contém descrição genérica, o contribuinte deve apresentar outros documentos que identifiquem a despesa. MULTA QUALIFICADA. COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. Para a qualificação da multa, não basta a existência de simples irregularidade no prestador de serviço, que se quer poderia ser de conhecimento do contribuinte. É imprescindível a existência de outros elementos que demonstrem que o contribuinte utilizou daquele prestador de serviço para suprimir ou reduzir o pagamento de tributo. BRINDES. BLOCOS DE ANOTAÇÃO. Sendo os blocos de anotações enquadrados como brindes, conforme Solução de Consulta COSIT nº 58/13, eles são indedutíveis, nos termos do artigo 13, VII, da Lei nº 9.249/95. BRINDES. CESTA DE NATAL. As cestas de natal são dedutíveis, mas sua dedutibilidade está condicionada ao oferecimento de forma indistinta a todos os empregados, por força do Fl. 2908DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.098 3 artigo 13, § 1º, da Lei nº 9.249/95 e do artigo 369 do RIR/99, combinado com o artigo 27, parágrafo único, da Instrução Normativa SRF nº 11/96. FALTA DE RECOLHIMENTO O valor cobrado a título de IRPJ e de CSLL por falta de recolhimento corresponde, em verdade, a um erro cometido pela Contribuinte que adicionou duas vezes no cômputo da base de cálculo do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 256.393,98. MULTA ISOLADA. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS IRPJ, RELATIVAS AOS MESES DE 2007, CUMULADAS COM MULTA DE OFÍCIO POR FALTA DE PAGAMENTO DE IRPJ APURADO NO AJUSTE ANUAL. INAPLICABILIDADE DA Súmula CARF nº 105. Com o advento da Medida Provisória n° 351, de 22/01/2007, convertida na Lei n° 11.488/2007, que alterou a redação do art. 44 da Lei n° 9.430/96, tornase cabível o lançamento da multa isolada por falta de recolhimento das estimativas, relativas aos meses de 2008 e 2009, e ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurados no ajuste anual de 31/12/2008 e 31/12/2009. (Inaplicabilidade da Súmula CARF nº 105) REFLEXOS: CSLL Aplicamse aos lançamentos da CSLL, no que couber, a mesma solução que foi dada ao IRPJ. IRRF Não é admitida a tributação de IRRF por pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado nos casos em que há a redução do lucro líquido e nos casos em que a Fiscalização não demonstre a efetiva ocorrência do pagamento. COFINS E PIS Para tributação pelo PIS e pela COFINS, a Fiscalização deve discriminar mês a mês o valor dos descontos incondicionais não comprovados, haja vista que tais tributos são apurados mensalmente. AUTO DE INFRAÇÃO COMPLEMENTAR. ORDEM SUPERIOR. Não há a necessidade de qualquer ordem de qualquer autoridade, pois a própria autoridade que procedeu ao lançamento é quem é competente para a lavratura do Auto de Infração Complementar. AUTO DE INFRAÇÃO COMPLEMENTAR. Fl. 2909DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 4 Verificando a Fiscalização que foram excluídos valores que não poderiam ter sido excluídos, deverá recompor o lucro real e recalcular o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL, para, assim, apurar eventual tributo devido, lavrando o competente auto de infração, conforme determina o artigo 142 do Código Tributário Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento aos recursos de ofício e voluntário. Vencidos o Relator e o Conselheiro Luis Fabiano, que votaram por afastar, também, a exigência da multa isolada. Os conselheiros João Thomé e Ester Marques acompanharam o Relator pelas conclusões em relação à exigência do IRRF sobre pagamento sem causa. Designada a Conselheira Ester Marques Lins de Sousa para redigir o voto vencedor em relação à multa isolada. (assinado digitalmente) MARCELO CUBA NETTO Presidente. (assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO Relator. (assinado digitalmente) ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Redatora designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa e Marcelo Cuba Netto. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 2664/2752 e docs. anexos fls. 2753/2792) e de Ofício interpostos contra o Acórdão nº 1263.417 (fls. 2520/2623), proferido pela 6ª Turma da DRJ/RJ1, na sessão realizada em 20/02/2014, que, por maioria de votos, julgou parcialmente procedente o lançamento. Em apertada síntese, tratase de doze autuações a título de IRPJ, por conta de (i) abatimentos e descontos incondicionais não comprovados; (ii) custos ou despesas não comprovadas; (iii) custos, despesas operacionais e encargos não necessários; (iv) pagamento sem causa; (v) custo/despesa indedutível; (vi) ajustes decorrentes de equivalência patrimonial; (vii) contribuições e doações deduzidas indevidamente; (viii) multas indedutíveis; (ix) adições Fl. 2910DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.099 5 não computadas na apuração do lucro real; (x) falta de recolhimento/declaração do imposto de renda; (xi) multa isolada; e (xii) glosa de prejuízos compensados indevidamente de CSLL, por conta das infrações (i), (ii), (iii), (x) e (xi) acima descritas, de PIS e COFINS por conta da infração (i) acima e de IRRF por conta de pagamento a benefícios não identificado/pagamento sem causa. Tendo contextualizado a lide, passamos ao relatório pormenorizado dos autos. Em 11/08/2011, foi lavrado o Termo de Início do Procedimento Fiscal (fls. 130/131), para o fim de intimar a Contribuinte para apresentar diversos documentos fiscais e contábeis, em relação ao período de 01/01/2008 a 31/12/2009. Cientificada em 11/08/2011 (fl. 132), a Contribuinte, em 10/10/2011 e em 25/10/2011, cumpriu com a intimação, juntando os correspondentes documentos (fls. 136/138). Na sequência, foram formalizados diversos termos de intimação e de constatação, os quais foram cumpridos pela Contribuinte (fls. 139/1441). Em 26/03/2013, a Fiscalização elaborou Termo de Verificação Fiscal (fls. 81/114), cujos principais pontos podemos resumir assim: IRPJ 001 DESCONTOS INCONDICIONAIS “(...) No entanto não foram encaminhadas as notas fiscais de n° 5660; 5627 e 5136 que constam na planilha encaminhada para comprovação dos descontos incondicionais. Por outro lado, analisando as notas fiscais encaminhadas para efeito de comprovação dos descontos incondicionais concedidos em 2008, verificamos que nas citadas notas fiscais não consta destacado nenhum desconto. (...) Assim, constatamos que a fiscalizada deixou de comprovar o montante de R$ 405.610,34 correspondentes a descontos incondicionais” – fl. 89. 002 DESPESA NÃO COMPROVADA “(...) a fiscalizada deixou de comprovar diversas despesas, lançadas na conta contábil 3.6.01.01.01.002.0001 Outras despesas operacionais, no valor de R$317.496,16, lançado em 02.01.2008, correspondente à baixa de clientes; R$ 86.163,00, lançado em 31.12.2008, relativo a complemento provisão Paes a Pagar e R$ 130.987,00, lançado em Fl. 2911DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 6 31.12.2008, relativo à complemento de Provisão, totalizando o montante de R$ 534.646,16.” – fl. 111. Isso porque, quanto ao primeiro e ao terceiro item acima, “(...) a fiscalizada, apesar de ter solicitado prorrogação de prazo para sua comprovação, até a presente data não foi apresentado qualquer documento comprobatório das referidas despesas” – fl. 91. Já, quanto ao segundo item acima, “Analisando a documentação apresentada, verificamos que o extrato apresentado pela fiscalizada se refere ao saldo em 23.11.2009. Não foi possível com os dados apresentados, verificar a exatidão do lançamento efetuado em 31.12.2008” – fl. 91. 003 DESPESA NÃO NECESSÁRIA “Esta fiscalização verificou que a fiscalizada deixou de adicionar ao Lucro Líquido do Exercício, para efeito de apuração do Lucro Real, os valores das despesas relativas às notas fiscais 713 emitida pela empresa Lu Buffet, 1080, emitida pela empresa Luciana Steiner e 364, emitida pela Bode Sertanejo, nos valores de R$ 3.474,00; R$ 920,00 e R$ 1.390,00, respectivamente, consideradas não necessárias na apuração da Base de Cálculo do IRPJ e da CSLL, contabilizadas na conta 340210090010003 EVENTOS E CONFRATERNIZAÇÕES, no ano calendário de 2008, totalizando R$ 5784,00.” – fl. 112. 004 PAGAMENTO SEM CAUSA “A fiscalizada além de não apresentar a nota fiscal n° 151, no valor de R$ 650.000,00, emitida pela empresa CAC Empreendimentos, contabilizada em 29.05.2009 na conta 3.4.03.02.01.001.0001 Serviços Prestados Pessoa Jurídica, deixou de comprovar a efetiva prestação do serviço relativo à despesa lançada. A fiscalizada deixou de comprovar também a efetiva prestação do serviço relativo à nota fiscal n° 169, emitida em 08.10.2008, no valor de R$ 25.000,00, contabilizadas na conta 340103010010003 EVENTOS E CONFRATERNIZAÇÕES, no ano calendário de 2008, conforme demonstrado no item auditoria do presente Termo. Deixou ainda de comprovar a efetiva prestação dos serviços relativos a diversas despesas lançadas em contas de Serviços Prestados Pessoa Jurídica, nos anos de 2008 e 2009, já amplamente relatado no item Auditoria do presente Termo, onde foram detectados veementes indícios de utilização de interpostas Pessoas Jurídicas, ao que parece com o fito de reduzir o Lucro Líquido do período e ainda remunerar diretores, cujos valores encontramse demonstrados nas planilhas anexas ao presente.” – fl. 112. Fl. 2912DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.100 7 005, 006, 007, 008 E 009 – ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NO LUCRO REAL – BRINDES, MEP, DOAÇÕES, MULTAS E PROVISÃO “(...) os valores de R$ 1.182.489,04 e R$ 1.128.594,33 apesar de terem sido adicionados ao lucro líquido para efeito de apuração do Lucro Real no LALUR, não foram adicionados na ficha 09A Demonstração do Lucro Real da DIPJ. Verificamos ainda que no referido ano calendário, além do resultado da equivalência patrimonial a fiscalizada escriturou no LALUR as adições correspondentes à despesas indedutíveis, tais como brindes, provisões, multas e doações, não tendo, porém, efetuado qualquer adição ao lucro líquido para efeito de apuração do Lucro Real na DIPJ. Assim, serão adicionadas ao lucro líquido do período, para efeito de apuração do Lucro Real, os valores a seguir descritos:” – fls. 91/92 Data Natureza dos Ajustes Adições 31.12.2008 Brindes registrados na conta 3.3.03.02.01.001.0013 3.008,00 31.12.2008 Brindes registrados na conta 3.4.01.03.01.001.0002 13.541,56 31.12.2008 Doações registradas na conta 3.4.02.10.01.001.0013 310,27 31.12.2008 Multas registradas na conta 3.4.02.10.05.001.0008 1.054,11 31.12.2008 Brindes registrados na conta 3.4.02.10.09.001.0002 60.561,78 31.12.2008 PDD registrados na conta 3.4.02.10.10.001.0001 857.929,01 31.12.2008 Equivalência Patrimonial registrada na conta 3.6.01.01.01.001.0001 2.331.083,37 31.12.2008 Total 3.247.488,10 010 – FALTA DE RECOLHIMENTO DE IRPJ “Neste sentido, verificamos que o valor do Imposto de Renda a Pagar apurado na linha 20 da Ficha 12 A Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real PJ em Geral, da DIPJ relativa ao ano calendário de 2009, no valor de R$ 1.669.997,08 não foi declarado em DCTF, nem pago. Todavia, verificamos que a fiscalizada efetuou o parcelamento do IRPJ mensal por estimativa, inclusive o referente ao mês de dezembro de 2009, no valor de R$ 1.605,898,58. Assim, deduzindo do imposto de renda sobre o lucro real a estimativa do mês de dezembro, resta ainda uma diferença de R$ 64.098,50 de IRPJ a pagar relativamente ao IRPJ apurado em 31.12.2009.” – fl. 86. FALTA DE RECOLHIMENTO DE CSLL “Examinando a documentação apresentada pela fiscalizada, verificamos que foi declarado na página 20 da DCTF o valor de R$ 599.990,32, relativo à CSLL Estimativa Mensal (código 2484) e que o mesmo foi incluído em parcelamento administrativo [processo nº Fl. 2913DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 8 13405.000462/201004], juntamente com as demais estimativas da CSLL apuradas no ano calendário de 2009. Por outro lado, a CSLL a pagar apurada na ficha 17 Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, da DIPJ relativa ao ano calendário de 2009, foi de R$ 623.065,78. Assim, considerando o parcelamento da CSLL Mensal por Estimativa, ainda resta uma diferença a pagar de R$ 23.076,46.” – fl. 87. 011 – MULTA ISOLADA “Tendo em vista as infrações apuradas na presente auditoria fiscal, as quais afetaram o resultado do exercício assim como as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, apuradas com base em balanço ou balancete de suspensão ou redução, esta fiscalização efetuou a recomposição das bases de cálculo mensais por estimativa, para inclusão dos valores relativos às infrações apuradas com vistas à aplicação sobre as diferenças apuradas, da multa isolada de 50%, prevista no artigo 44, inciso II da Lei 9430/96 (com redação dada pela Lei 11.488/97).” – fl. 113. IRRF PAGAMENTO SEM CAUSA “Os valores relativos aos pagamentos sem causa/operação não comprovada serão tributados exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, na forma do parágrafo primeiro do artigo 674 do RIR/99 (Lei 8981/95, art. 61, § 1º).” – fl. 110. MULTA DE 150% “Tendo em vista as irregularidades relatadas no presente Termo de Verificação Fiscal, relativas às despesas contabilizadas as quais não tiveram a sua efetividade comprovada com documentação hábil e idônea e especialmente quanto às infrações apuradas em que os procedimentos adotados pela fiscalizada apontam para relevantes indícios de interposição de pessoas jurídicas, ao que parece com o fito de suprimir/reduzir o pagamento de tributos, procedimentos que, em tese, se configuram em crimes contra ordem tributária, previstos nos incisos I e II do artigo 1o da Lei 8.137/90, foi aplicada multa de 150%, prevista no artigo 957, II do RIR/99 (Art. 44 da Lei 9430/96, com redação dada pela Lei 11.488/97) sobre os valores relativos ao IRPJ e à CSLL apurados, decorrentes da infração “Pagamentos sem causa/Operação não Comprovada, bem como sobre o Imposto de Renda Retido na fonte incidente sobre os citados pagamentos.” – fl. 113. PREJUÍZO FISCAL Fl. 2914DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.101 9 “Tendo em vista as infrações apuradas na presente auditoria fiscal, que resultaram na redução de prejuízo no ano calendário de 2008, fica a fiscalizada intimada a retificar o Lalur.” – fl. 113. Em 27/03/2013, a autoridade lançadora lavrou Autos de Infração, para constituição de IRPJ, CSL, PIS, COFINS e IRRF (fls. 4/80), referente aos anoscalendários de 2008 e 2009, acrescido de multa ora qualificada, nos seguintes valores: IRPJ CSLL PIS COFINS IRRF CSLL Total Tributo R$ 1.536.571,33 R$ 530.090,22 R$ 6.692,57 R$ 30.826,38 R$ 4.638.291,30 R$ 23.076,46 R$ 6.765.548,26 Multa R$ 2.256.783,11 R$ 795.135,33 R$ 2.551,20 R$ 23.119,78 R$ 6.957.436,75 R$ 17.307,34 R$ 10.052.333,51 Multa Isolada R$ 1.581.386,24 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 459.820,06 R$ 2.041.206,30 Total R$ 5.374.740,68 R$ 1.325.225,55 R$ 9.243,77 R$ 53.946,16 R$ 11.595.728,05 R$ 500.203,86 R$ 18.859.088,07 A infração ao IRPJ foi assim descrita no auto de infração (fls. 6/17): “001 OMISSÃO DE RECEITAS ABATIMENTOS E DESCONTOS INCONDICIONAIS NÃO COMPROVADOS Omissão de Receita Operacional caracterizada pela não comprovação da concessão de abatimentos e/ou descontos incondicionais, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal anexo, que faz parte integrante deste. [destrincha as datas e os valores apurados] Enquadramento Legal: Art. 24 da Lei n° 9.249/95; Arts. 249, inciso II, 251 e parágrafo único, 278, 279, 280, e 288, do RIR/99. 002 CUSTOS OU DESPESAS NAO COMPROVADAS GLOSA DE DESPESAS Golsa(sic) de despesas não comprovadas, lançadas na conta 360101010020001 Outras Despesas Operacionais, apuradas conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal anexo, que faz parte integrante deste... [destrincha as datas e os valores apurados] Fl. 2915DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 10 Enquadramento Legal: Arts. 249, inciso I, 251 e parágrafo único, 299 e 300, do RIR/99. 003 CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS NÃO NECESSÁRIOS Valor apurado conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal anexo, que faz parte integrante deste. [destrincha as datas e os valores apurados] Enquadramento Legal: Arts. 249, inciso I, 251 e parágrafo único, 299 e 300, do RIR/99. 004 PAGAMENTOS SEM CAUSA Valor apurado conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal anexo, que faz parte integrante deste... [destrincha as datas e os valores apurados] Enquadramento Legal: Arts. 249, inciso I, 251 e parágrafo único, 300 e 304, do RIR/99. 005 ADIÇÕES NAO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL CUSTO/DESPESA INDEDUTÍVEL Ausência da adição ao lucro líquido do período, na determinação do lucro real, do valor de R$ 77.111,34, correspondente a brindes, no ano calendário de 2008, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal anexo, que faz parte integrante deste. [destrincha as datas e os valores apurados] Enquadramento Legal: Arts. 249, inciso I, do RIR/99. 006 ADIÇÕES NAO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL AJUSTES DECORRENTES DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Ausência de adição ao lucro líquido do período, na determinação do lucro real, de ajuste negativo de investimento avaliado pelo valor do patrimônio líquido, conforme descrito no Fl. 2916DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.102 11 Termo de Verificação Fiscal anexo, que faz parte integrante deste. [destrincha as datas e os valores apurados] Enquadramento Legal: Arts. 249, inciso I, 388 e 389, do RIR/99 007 ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL CONTRIBUIÇÕES E DOAÇÕES DEDUZIDAS INDEVIDAMENTE Ausência de adição ao lucro líquido do período, na determinação do lucro real, de despesa com contribuições e/ou doações, que foram adicionadas no LALUR, sem entretanto terem sido adicionadas na ficha 09A Demonstração do Lucro Real – OJ(sic) em Geral, da DIPJ. [destrincha as datas e os valores apurados] Enquadramento Legal: Art. 13, § 2º, da Lei n° 9.249/95; Arts. 249, inciso I, e 365, RIR/99. 008 ADIÇÕES NAO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL MULTAS INDEDUTÍVEIS Ausência de adição ao lucro líquido do período, na determinação do lucro real, de despesa(s) de multa(s) indedutível, no valor de R$1.054,11,que foram adicionadas no LALUR do ano calendário de 2008, sem, entretanto, constarem como adição na ficha 09 A Demonstração do Lucro Real PJ em Geral, da DIPJ. [destrincha as datas e os valores apurados] Enquadramento Legal: Arts. 249, inciso I, e 344, § 5°, do RIR/99. 009 ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL Deixou de adicionar ao Lucro Líquido, para efeito de apuração do Lucro Real, na ficha 09 A Demonstração do Lucro Real PJ em Geral, da DIPJ, o valor de R$ 857.929,01, relativo à Fl. 2917DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 12 Constituição de provisão, registrada na conta contábil 340210100010001 e registrada no LALUR, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal anexo, que faz parte integrante deste. [destrincha as datas e os valores apurados] Enquadramento Legal: Art. 249 do RIR/99. 010 FALTA DE RECOLHIMENTO/DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO OU DECLARAÇÃO Insuficiência de recolhimento ou de declaração do imposto de renda devido, apurado pelo confronto dos dados escriturados com os declarados e recolhimentos efetuados, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal anexo, que faz parte integrante deste. [destrincha as datas e os valores apurados] Enquadramento Legal: Art. 841, incisos I, III e IV, do RIR/99. 011 MULTAS ISOLADAS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA Falta de pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, incidente sobre a base de cálculo estimada em função da receita bruta e acréscimos e/ou balanços de suspensão ou redução, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal anexo, que faz parte integrante deste. [destrincha as datas e os valores apurados] Enquadramento Legal: Arts. 222 e 843 do RIR/99; art. 44, inciso II, alínea "b", da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488/07.” A Fiscalização, alterando os dispositivos legais citados, autuou a CSLL com idêntica descrição das infrações 001, 002, 003, 010 e 011 acima, o PIS com idêntica descrição da infração 001 acima, a COFINS com idêntica descrição da infração 001 acima e o IRRF, por conta de pagamento a beneficiários não identificado/pagamento sem causa, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal. Fl. 2918DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.103 13 Intimada em 27/03/2013 (fls. 23, 28, 33, 46, 70, 73 e 79), a Contribuinte, em 26/04/2013, apresentou impugnação aos Autos de Infração (fls. 1520/1609 e docs. anexos fls. 1610/2315), rebatendo todas as autuações, utilizando argumentos bem semelhantes àqueles utilizados no Recurso Voluntário. Em 18/04/2013, foi lavrado Auto de Infração Complementar (fls. 1454/1460), para a cobrança de IRPJ no valor de R$ 27.059,98 e de multa no valor de R$ 20.294,98, em virtude da seguinte infração: “001 – GLOSA DE PREJUÍZOS COMPENSADOS INDEVIDAMENTE SALDOS DE PREJUÍZOS INSUFICIENTES Nos procedimentos de fiscalização efetuados junto à empresa acima identificada, encerrados em 27/03/2013, foram apuradas diversas infrações à legislação tributária federal que resultaram na redução do prejuízo fiscal apurado pela empresa em 31/12/2008, conforme auto de infração lavrado naquela data. Por outro lado, constatamos que no ano calendário de 2009 foi efetuada pelo sujeito passivo uma compensação de prejuízo fiscal no valor de R$ 7.243.618,38 quando o saldo remanescente para aproveitamento era de R$ 7.135.378,44, resultando na compensação indevida de prejuízo fiscal no valor de R$ 108.239,94. Neste sentido, foi emitido em 17/04/2013 o MPF nº 0410100 2013 008901 (código de acesso 12194068) em virtude do agravamento da exigência ocasionado pela compensação indevida de prejuízo fiscal no ano de 2009, para lavratura de Auto de Infração Complementar nos termos do § 3º do artigo 18 da Lei 8748/93. Fica devolvido ao sujeito passivo o prazo para impugnação no concernente à matéria modificada. [destrincha as datas e os valores apurados] Enquadramento Legal: Arts. 247, 250, inciso III, 251, parágrafo único, 509 e 510 do RIR/99” – fl. 1456. Intimada em 22/04/2013 (fl. 1461), a Contribuinte, em 20/05/2013, apresentou impugnação ao Auto de Infração Complementar (fls. 1463/1479 e docs. anexos fls. 1480/1517), alegando, entre outros argumentos, a violação às regras para lavratura de Auto de Infração Complementar e o cerceamento do direito de defesa. Em 18/09/2013, a 6ª Turma da DRJ/RJ1, por meio da Resolução nº 12 (fls. 2319/2320), diante do fato de que a impugnação foi assinada por uma única procuradora e que, Fl. 2919DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 14 segundo o estatuto social, a companhia só poderia ser representada por dois membros da Diretoria ou por dois procuradores, determinou a intimação da Contribuinte para que apresentasse a impugnação em conformidade com o estatuto social ou que apresentasse uma declaração, por pessoa competente, reiterando os termos da impugnação anteriormente apresentada. Intimada (fl. 2321), a Contribuinte, em 03/10/2013, apresentou petição (fl. 2322 e docs. anexos fls. 2323/2496), assinada por dois membros da Diretoria, ratificando todos os termos da impugnação. Em 12/12/2013, a 6ª Turma da DRJ/RJ1, por meio da Resolução nº 12 000.309 (fl. 2498), converteu o julgamento em diligência para: “1 cadastrar no Sistema Integrado de Informações Econômico Fiscais SIEF o débito referente ao auto de infração complementar acostado às fls. 1453/1461; 2 – Atualizar o SAPLI em conformidade com saldo de prejuízo fiscal e base negativa de CSLL após as infrações apuradas no auto de infração de fls. 2/80, de acordo com a competência determinada pela alínea “a” do inciso I do artigo 3º da Norma de Execução Conjunta Cofis/Corat/Cotec/Cosit nº 01 de 23 de outubro de 2001.” Cumprido o quanto determinado na resolução (fls. 2500/2518), em 20/02/2014, a 6ª Turma da DRJ/RJ1, por meio do acórdão nº 1263.417 (fls. 2520/2623), votou, por maioria de votos, em dar parcial provimento a impugnação da Contribuinte, para (i) diminuir os valores devidos de IRPJ, de CSLL e de multas isoladas em relação ao ano calendário de 2009; e (ii) retificar a base de cálculo negativa da CSLL e o prejuízo fiscal do anocalendário de 2008. Mencionado acórdão restou assim ementado (fls. 2520/2521): “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2008, 2009 RECEITA BRUTA. DESCONTOS E ABATIMENTOS. COMPROVAÇÃO. Notas fiscais referentes a anos anteriores àquele que é objeto da autuação só podem ser acatadas para (sic) legitimar desconto caso comprovado que não integraram a contabilidade do ano a que remetem. DESPESAS DESNECESSÁRIAS. INDEDUTIBILIDADE. São indedutíveis para efeito de cálculo do Lucro Real as despesas que não tenham nexo com a manutenção da atividade produtiva da empresa. Fl. 2920DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.104 15 PAGAMENTOS SEM CAUSA OU REFERENTES A OPERAÇÕES NÃO COMPROVADAS. São indedutíveis para efeito de cálculo do Lucro Real os pagamentos cuja causa ou operação não tenham sido comprovados. DESPESAS QUE LEGALMENTE SÃO CONSIDERADAS INDEDUTÍVEIS. Correta a glosa de despesas consideradas indedutíveis por expressa previsão legal, e não adicionadas na apuração do Lucro Real tais como brindes, ajustes decorrentes de equivalência Patrimonial, doações e contribuições não autorizadas, multas consideradas indedutíveis e provisões. FALTA DE RECOLHIMENTO DE IRPJ APURADO ANUALMENTE. Constatado na própria DIPJ que houve erro de fato pela dupla adição do Resultado Negativo em Sociedade em Conta de Participação ao Lucro Líquido para efeito de apuração do Lucro Real afastase este valor da exação. MULTA ISOLADA SOBRE ESTIMATIVAS NÃO PAGAS. A falta ou insuficiência de recolhimento de estimativas enseja a aplicação da multa isolada sobre os valores que deixaram de ser recolhidos no percentual de 50%. No cálculo do valor devido da estimativa com base em balancetes ou balanços de redução ou suspensão deve ser levada em consideração a opção da contribuinte de compensar o Lucro Real, no limite de 30% deste, com Prejuízo Fiscal de ano calendário anterior. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2008, 2009 AUTO DE INFRAÇÃO CORRELATO. Sendo uma mesma infração fato gerador que enseja a incidência de CSLL a mesma sorte terá o auto de infração correlato observada sua base de cálculo e alíquota própria. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Anocalendário: 2008, 2009 PAGAMENTOS SEM CAUSA OU OPERAÇÕES NÃO COMPROVADAS. A glosa de custo ou despesa enseja o lançamento reflexo do IRRF motivado pelo pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado apenas quando haja a comprovação por parte da autoridade fiscal do efetivo pagamento. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Fl. 2921DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 16 Anocalendário: 2008, 2009 ERRO NO PERÍODO DE APURAÇÃO. A Cofins incide sobre o faturamento mensal, devendo ser cancelada a exação baseada em período anual. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2008, 2009 ERRO NO PERÍODO DE APURAÇÃO. O PIS incide sobre o faturamento mensal, devendo ser cancelada a exação baseada em período anual. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” As razões que levaram a essa conclusão podem ser assim resumidas: AUTO DE INFRAÇÃO LAVRADO EM 27/03/2013 PRELIMINARES “O lançamento foi efetuado com observância dos requisitos do artigo 142 da Lei 5.172, de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional CTN), não se configurando qualquer violação ao que o dispositivo do mencionado diploma legal dispõe e, tampouco, aos artigos 10 e 59 do Decreto n° 70.235, de 06/03/1972, que trata do processo administrativo fiscal (PAF). Nos Autos de Infração, as infrações imputadas ao interessado se encontram descritas e capituladas. A análise da procedência do lançamento no caso concreto com a aferição da base de cálculo do lançamento e sua fundamentação diz respeito ao mérito.” – fls. 2556/2557. MÉRITO IRPJ 001 DESCONTOS INCONDICIONAIS O voto vencido salientou que: “Não é o Fisco que, de ofício, deve acionar todos os recursos para suprir a ausência da comprovação que, por Lei, é incumbência da contribuinte” – fl. 2557. (...) “Destas NF [as juntadas pela Contribuinte] a única que apresenta desconto destacado é a de n° 5136, no valor de R$ 2.913,71. Embora esta Nota Fiscal tenha sido emitida em 18/09/2007 não deve ser desconsiderada porque sua contabilização posterior ao seu período de competência não representa postergação de pagamento de imposto. Fl. 2922DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.105 17 Logo, considero que o valor dos descontos incondicionais de R$ 405.610,34, deve ser reduzido para R$ 402.696,63.” – fls. 2557/2558. Contudo, o voto vencedor defendeu contrariamente que “(...) não considero este documento [nota fiscal nº 5136] válido, uma vez que sua data de emissão é de 18/09/2007, ou seja, do anocalendário anterior ao analisado. Como não há nos autos qualquer menção do contribuinte ou outro documento que demonstre que tal desconto não foi considerado no ano 2007, não há como aceitalo para o anocalendário 2008” – fl. 2608. 002 DESPESA NÃO COMPROVADA “Quanto à perda da conta clientes a contribuinte apenas alega que se trata de perda. Nada traz que possa comprovar que a baixa da conta clientes tenha se dado em consonância ao que dispõem os artigos 9° a 11 da Lei n° 9430/96” – fl. 2559. No que tange à provisão complementar do parcelamento PAES, “(...) a contribuinte ao responder a intimação 05 (fls. 264/306) demonstra não ter nenhuma base para esclarecer por qual razão efetuou os lançamentos que resultaram naquele valor” – fl. 2559 e “(...) os documentos trazidos pela contribuinte, acostados às fls. 1615 a 1632 não esclarecem se os valores lançados correspondem a ajustes devidos. São folhas do Livro Razão referentes às contas Parcelamento Impostos Federais registrando os lançamentos feitos no final do ano calendário de 2008 e um Demonstrativo de Pagamentos feitos até 30/09/2009 sem nenhuma conciliação com os lançamentos contábeis” – fls. 2559/2560. No que se refere à provisão PAES a pagar, “Não há nenhuma demonstração de cálculo que comprove o lançamento no valor de R$ 86.163,00” – fl. 2560 e “Dada a impossibilidade de aferição dos valores lançados pela contribuinte tornamse inócuas as sua(sic) alegações de que teria havido antecipação de despesa (e, acrescento eu, a conseqüente postergação do pagamento dos tributos)” – fl. 2560. 003 DESPESA NÃO NECESSÁRIA “Quanto ao questionamento do valor tributado não assiste razão à contribuinte. Conforme Termo de Verificação (fls. 112 subitem 3.5) foram consideradas despesas desnecessárias aquelas cujos valores correspondem às Notas fiscais n° 713 emitida pela empresa Le Buffet, n° 1080, emitida pela empresa Luciana Steiner e n° 364, emitida pela Bode Sertanejo, nos valores de R$ 3.474,00; R$ 920,00 e R$ 1.390,00, respectivamente totalizando R$ 5.784,00. Fl. 2923DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 18 Finalmente esclareçase que alimentação é dedutível desde que comprovado o seu fornecimento a todos os empregados indistintamente (§ 1° do artigo 13 da Lei n° 9.249/1996).” – fl. 2561. 004 PAGAMENTO SEM CAUSA Em relação ao cerceamento do direito de defesa, a DRJ acentuou que “(....) sejam quais forem os documentos eliminados (se é que existiram), a contribuinte poderia trazê los agora, reapresentando as Notas Fiscais e demais provas necessárias à comprovação dos serviços prestados a ela” – fl. 2567. A DRJ manteve a autuação no que se refere à CAC EMPREENDIMENTOS, porque “Tal documento [relações de imóveis para locação e fotos em papel timbrado com parte do nome da empresa que o emitiu (CAC)], por si só, não tem força probante para comprovar os serviços prestados. A comprovação de qualquer lançamento contábil depende de um documento hábil que o respalde e, no caso de um serviço que tenha sido prestado a Nota Fiscal é imprescindível.” – fl. 2567. A DRJ manteve a autuação para EVENTOS E CONFRATERNIZAÇÕES, vez que “A Descrição dos Serviços prestados sequer permite inferir quais foram. São expressões soltas, que tanto pode ser um título de um Livro, como de um evento que tratou do assunto Imunidade Tributária. E os documentos trazidos pela contribuinte, acostados às fls. 1655 a 1657 também não esclarecem nada a respeito de quais serviços foram prestados, pois, como já mencionei, fazem referência a um prêmio que a autuada teria recebido e há uma declaração da emitente da NF de que é inscrita no Simples.” – 2568. A DRJ manteve a autuação em relação à PERFORMA, pois “Verifico que tanto as Notas Fiscais trazidas pela contribuinte em resposta às intimações 8, 9, e 10 como as acostadas agora mencionam apenas que se trata de Serviços de Consultoria. Analisando as correspondências eletrônicas acostadas às fls. 1825/1829 e 1848/1869 chamoume a atenção a que está às fls. 1855 por mencionar um Contrato de prestação de Serviços entre a Performa e a autuada. Conforme aquela mensagem o contrato teria vencido em 17/01/2009. Por que tal contrato não foi trazido aos autos? (...) A autuada ao responder ao termo de Intimação de nº 7 (fls. 472) mencionou que a Performa auxiliou na prospecção e mensuração do valor de mercado de empresa de tecnologia para possível aquisição de participação por parte da TCI. Por qual razão não trouxe aos autos relatórios ou outros papéis que comprovassem esse serviço?” – fl. 2568. Fl. 2924DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.106 19 A DRJ manteve a autuação quanto ao BUFFET VENEZA, já que “Em sede de contencioso [a Contribuinte] nada apresentou adicionalmente, sequer se pronunciou com relação a esta despesa” – fl. 2569. A DRJ manteve a autuação para a AIC INFORMÁTICA, visto que “Em todos os casos a descrição dos serviços não discrimina o que foi feito. A expressão sempre é “Prestação de Serviços”, o que não pode ser considerado propriamente uma descrição mas tão somente a natureza da operação. Conforme mencionei, em grande parte destas Notas Fiscais consta um desconto de R$ 182,22 a título de assistência médica, o que é, no mínimo, incongruente com prestação de serviços relacionados à informática” fl. 2569 e que “Tem razão a contribuinte quando argumenta que irregularidades de terceiros não lhe podem ser imputadas” – fl. 2569, mas “(...) para a comprovação dos serviços representados pelas notas fiscais seria o contrato, algum relatório, enfim, a indicação de quais serviços foram contratados e efetivados, o que a contribuinte não logrou com os documentos apresentados” – fl. 2569. O voto vencido manteve a autuação em face de MDC Consultoria, vez que “Nenhuma das Notas Fiscais que a contribuinte traz ajuda a comprovar que os serviços tenham sido prestados porque só há a expressão “Consultoria Empresarial’. Não há menção a nenhum contrato ou que tipo de consultoria foi dada. A inscrição no CNPJ também não ajuda a esclarecer se o serviço foi efetivamente prestado.” – fl. 2570. Nada obstante, o voto vencedor entendeu que “(...) tendo o contribuinte apresentado as notas fiscais de prestação de serviços da empresa MDC Consultoria, os comprovantes de pagamentos e tendo a efetividade do registro contábil, [e não sendo o caso de partes relacionadas ou da existência de documentos que desabonem o prestador de serviço] considero que a escrituração do contribuinte faz prova a seu favor” – fl. 2609. A DRJ manteve a autuação para a SIMPLIFICARH, visto que “(...) É verdade que se trata de pessoa jurídica diversa da autuada e que eventuais irregularidades não lhe podem ser atribuídas. Entretanto, estão presentes vários fatores como coincidência de um preposto do tomador do serviço ser sócio da outra empresa que presta o serviço, referência genérica dos serviços nas notas fiscais, GFIP entregues em dois anos calendário informando ausência de movimentação e omissão na entrega da DIPJ. Nestes casos, é natural que na valoração da prova consubstanciada no contrato de serviço, juntamente com as Notas Fiscais emitidas, haja maior rigor, já que todos os demais indícios apontam no sentido de que os serviços não teriam sido prestados, tendo os pagamentos respectivos causa desconhecida. O Fl. 2925DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 20 rigor a que me refiro passa por comprovação documental de que os serviços contratados foram efetivamente prestados em consonância com o estipulado em suas cláusulas.” – fl. 2571. A DRJ manteve a autuação quanto à BC Representações, vez que “(...) juntamente com o contrato apresentado, bastava comprovar ter sido a pessoa jurídica contemplada com a licitação e que fossem indicadas as vendas recebidas, a percentagem efetivamente pactuada para cada caso conforme cláusula 5.1 do aditivo contratual correlacionandoas com os valor das NF emitidas pela BC Representações.” – fl. 2573. A DRJ manteve a autuação para Base Gestão, pois, partindo da premissa de que “A autuada e a empresa Base Gestão Ltda tem em comum o mesmo sócio Roberto Campos Marinho Filho, CPF nº 710.666.08415, o que demonstra uma relação de significativa influência entre ambas” – fl. 2577, de que “(...) Quando o tomador dos serviços e a autuada possuem valores várias vezes maior do que de outras” – fl. 2577 e de que “(...) o contrato de prestação de serviços entre a autuada e Base Gestão Ltda ratifico o que a fiscalização afirmou, que foi celebrado antes mesmo desta empresa ter adquirido personalidade jurídica” – fl. 2577, concluiu que o seguinte comprovaria a execução dos serviços: “(...) [pelo contrato] a execução dos serviços contratados são acompanhados mediante elaboração de relatórios detalhando os serviços e seu andamento, e que obrigatoriamente devem ser aprovados pela TCI antes do seu pagamento. Tais serviços devem ser medidos mensalmente e apresentados para autorização, o que deve ser por escrito na forma prevista na cláusula sétima” – fl. 2578. A DRJ manteve a autuação em face de BLACKDOOR, porque, considerando que “as GFIP foram apresentadas sem movimento” – fl. 2579 e que “(...) da relação entre a autuada e a empresa Simplificarh, há várias coincidências que indicam vinculação entre ambas” – fl. 2579, entendeu que apenas o seguinte comprovaria a execução dos serviços: “(...) reuniões convocadas pela autuada para análise e discussão da execução dos serviços, relatórios, cálculos, documentos a serem produzidos pela Blackdoor, informações dadas pela TCI que posteriormente devem ser devolvidas, e (...) todas as notificações, avisos e autorizações” – fl. 2580. A DRJ manteve a autuação para a SRS Sistemas de Informação Ltda, vez que, diante da existência de vários indícios de vínculo entre as empresas, entendeu que apenas o seguinte comprovaria a execução dos serviços: “(...) reuniões convocadas pela autuada para análise e discussão da execução dos serviços, relatórios, cálculos, documentos a serem produzidos pela SRS Sistemas de informação Ltda, informações dadas pela TCI que posteriormente devem ser devolvidas, e (...) todas as notificações, avisos e autorizações” – fl. 2581. Fl. 2926DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.107 21 005 – ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NO LUCRO REAL – BRINDES A DRJ manteve a autuação, uma vez que “(...) O valor da NF é de R$ 14.989,50 quando a apuração fiscal indicou um valor de R$ 77.111,34 a ser adicionado ao lucro líquido. Independentemente disso a NF não possui nenhuma descrição de compra de blocos de notas” – fl. 2581 e que “(...) Os gêneros ali indicados e a época em que foram adquiridos realmente têm coerência com o que comumente se encontra em cestas natalinas, que podem ser consideradas despesa com alimentação desde que comprovado o seu fornecimento a todos os seus empregados indistintamente (§ 1º do artigo 13 da Lei nº 9.249/1996).” – fl. 2582. 006, 007, 008 E 009 – ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NO LUCRO REAL – MEP, DOAÇÕES, MULTAS E PROVISÃO A DRJ manteve estas autuações porque “(...) aplicamse aqui meus pronunciamentos referentes à infração de nº 2” – fl. 2582 e 2583. 010 – FALTA DE RECOLHIMENTO A DRJ afastou essa autuação, pois “(...) a diferença encontrada pela fiscalização no valor de R$ 64.098,50 relativa ao imposto de renda a pagar foi conseqüência do equívoco da contribuinte em adicionar duas vezes ao lucro líquido o Resultado Negativo em Sociedades em Conta de Participação no valor de R$ 256.393,98.” – fl. 2584. 011 – MULTA ISOLADA “Quanto às argumentações da contribuinte idênticas às que trouxe para as infrações de nºs 2, 6, 7 e 8, adoto o meu pronunciamento referente à infração de nº 2.” – fl. 2584. “(...) Nos termos do art 44, incisos I e II da Lei 9.430/96, a multa de 75% é aplicável pelo não recolhimento de IRPJ e CSLL devidos, conforme apuração realizada no final do anocalendário, enquanto a multa isolada de 50% é aplicável, sobre as estimativas mensais não recolhidas. São duas modalidades punitivas, que, respectivamente, incidem sobre fatos infracionais distintos” – fl. 2585. A despeito disso, a DRJ entendeu que “(...) a multa exigida isoladamente no auto de infração de fls. 4 deve ser mantida parcialmente no valor de R$ 1.411.988,49” – fl. 2588, já que “Para o cálculo das estimativas e considerando que deve ser considerada a opção da contribuinte prevista no artigo 15 da Lei nº 9065/1996” – fl. 2586 e “Também o afastamento Fl. 2927DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 22 da cobrança da parcela de R$ 2.913,71 relativa à infração de nº 1 altera o saldo de prejuízo fiscal ano calendário de 2008, compensáveis com o lucro real o que influenciará no cálculo das estimativas devidas” – fl. 2585. IRRF PAGAMENTO SEM CAUSA O voto vencido cancelou parcialmente a autuação, na medida em que “(...) qualquer fato gerador ocorrido antes daquela data [27/03/2008] foi alcançado pela decadência do direito de lançar o IRRF incidente a teor do art. 150 do CTN” – fl. 2589. O voto vencedor defendeu que “(...) para haver lançamento de IRRF por pagamento sem causa, a autoridade autuante deve demonstrar concretamente a existência de cada pagamento que motivou o lançamento, o que não foi o caso do presente processo” – fl. 2613, conforme Solução de Consulta Interna COSIT nº 11/13. Por meio de declaração de voto, foi afirmado que “(...) os pagamentos efetuados, por terem sido confessados pela contribuinte, devem ser considerados como fatos não impugnados, ou melhor dizendo, como fatos incontroversos que estão fora da lide” – fl. 2621 e que “(...) a impugnante não questionou a forma como a autoridade fiscal comprovou os fatos geradores do imposto de renda na fonte sobre os pagamentos sem causa constante do lançamento (...), razão pela qual considero que tais fatos não foram impugnados e que, também, não são objeto do presente litígio” – fl. 2622. PIS, COFINS, CSL E MULTA ISOLADA DA CSL “Considerando que as argumentações já foram enfrentadas meus pronunciamentos aplicamse nessas exações” – fl. 2590 “A Cofins e PIS foram apurados sobre o valor global de R$ 405.610,34 (...) Pelo exposto, afasto a cobrança dos valores lançados referentes ao PIS e Cofins (R$ 6692,57 e R$ 30.826,38 respectivamente)” – fl. 2590. A DRJ defendeu, no que tange à autuação 010 que recai sobre a CSLL, que “Assim como ocorreu com relação à autuação referente ao IRPJ também aqui houve o equívoco de adicionar duas vezes o valor de R$ 256.393,98 ao Lucro Líquido” – fl. 2593 e concluiu que “Logo, deve ser cancelada a cobrança de CSLL a pagar no valor de R$ 23.076,46” – fl. 2593. A DRJ entendeu que “(...) a multa exigida isoladamente no auto de infração de fls. 72/78 deve ser mantida parcialmente no valor de R$ 325.530,48” – fl. 2592, já que “(...) não foi considerada a opção da contribuinte em compensar o saldo negativo da CSLL de períodos anteriores com a base de cálculo positiva apurada com a adição dos valores das Fl. 2928DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.108 23 infrações limitada em 30% conforme prevê o artigo 16 da Lei nº 9.065/1996” – fl. 2590 e “O afastamento da cobrança da parcela de R$ 2.913,71 relativa à infração de nº 2 altera o saldo de base negativa (sic) de CSLL no ano calendário de 2008, compensáveis com o lucro real o que influenciará no cálculo das estimativas devidas” – fl. 2590. MULTA DE 150% “Por tais razões, concluo que deve ser mantida a multa qualificada de 150% prevista no inciso II do artigo 44 da Lei nº 9430/1996 sobre a tributação que incidiu sobre os pagamentos sem causa efetuados pela TCI à BASE GESTÃO LTDA e que deve ser afastada a mesma multa qualificada dos demais pagamentos efetuados às outras empresas indicadas na planilha de fls. 117/121.” – fl. 2598. AUTO DE INFRAÇÃO COMPLEMENTAR – IRPJ – GLOSA DE PREJUÍZOS COMPENSADOS INDEVIDAMENTE – SALDO DE PREJUÍZOS INSUFICIENTE “(...) se há um MPF para uma fiscalização em anocalendário já examinado emitido por uma das autoridades competentes previstas no artigo 6º, § 8º da Portaria nº 3014/2011 entendo que foi dada a ordem de que trata o artigo 906 do RIR/99” – fl. 2598, de modo que se estava autorizado para a lavratura do Auto de Infração complementar. “(...) não cabe em sede de contencioso administrativo arguir ilegalidade destes atos infralegais, pois regimentalmente os julgadores devem observalos” – fl. 2599. Não houve cerceamento do direito de defesa, visto que, “(...) Apesar do erro no enquadramento legal do procedimento fiscal não vejo que a contribuinte tenha sido prejudicada em sua defesa porque o próprio MPF traz o nº da Portaria que a autoriza” – fl. 2601 e “Quanto à argüição de que o lançamento deveria estar acompanhado de demonstrativos indicando como foram apurados os números também não me parece que fossem necessários para o pleno entendimento do que está sendo imputado” – fl. 2601, pois “Concordo que seria um facilitador visualmente mas a ausência do demonstrativo não impossibilita a aferição” – fl. 2601. O voto vencido concluiu que “(...) mantenho parcialmente a tributação de IRPJ incidente sobre o prejuízo compensado a maior no ano calendário de 2009 no valor de R$ 26.331,55” – fl. 2602. Fl. 2929DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 24 O voto vencedor acentuou que “(...) em função deste voto vencedor, o resultado do prejuízo fiscal de 2008 [que impactou em 2009] ficou alterado, tendo sido apurada compensação indevida de prejuízo no valor de R$ 45.839,35” – fl. 2609, o que corresponde ao IRPJ no valor de R$ 11.459,83. Em virtude do cancelamento parcial da autuação, foi formalizado Recurso de Ofício por parte da 6ª Turma da DRJ/RJ1. Intimada em 13/03/2014 (fl. 2661), a Contribuinte, em 11/04/2014, interpôs Recurso Voluntário (fls. 2664/2752 e docs. anexos fls. 2753/2792), sustentando que: IRPJ 001 DESCONTOS INCONDICIONAIS Primeiramente, alegou a Contribuinte que “foram juntadas as NFs e não foram consideradas” – fl. 2669. Secundariamente, sustentou que “Tanto a autuação, quanto a DRJ, não observaram a realidade fática exposta: é que TCI extrai a fatura do serviço prestado, mas os órgãos discordam da amplitude do serviço e só pagam o que entendem como efetivo serviço” – fl. 2670 e, como consequência, “(...) não há como desconhecer que o serviço prestado foi no montante recebido, e qualquer valor a mais não pode ser base de cálculo para nenhum tributo” – fl. 2670. Por fim, asseverou que “(...) TCI não pode intimar tais entidades, mas a fiscalização poderia fazer uma diligência para constatar que esses terceiros contabilizam o serviço apenas no valor pago” – fl. 2670. 002 DESPESA NÃO COMPROVADA Genericamente, a Contribuinte acentuou que “(...) por serem glosas precárias, [a Fiscalização] só poderia calcular hipoteticamente um resultado positivo, e, só aí, tributar para prevenir decadência o resultado da glosa aqui tratada”, concluindo que “Como não o fez, tornou o lançamento aqui efetuado viciado no fundamento legal e material.” – fl. 2675. Quanto à perda da conta clientes, a Contribuinte aduziu que “A baixa de clientes, como perda que é, não pode ser negada a condição de despesa” – fl. 2675 e que “Ora a própria norma invocada [Lei nº 9.430/96] aponta que não são todos os valores que precisam de medidas documentáveis” – fl. 2676. No que tange à provisão PAES, a Contribuinte defendeu que “(...) não registrava como despesa a correção mensal (fl. 1615), ao final do ano ficava uma discrepância Fl. 2930DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.109 25 com o saldo da Receita, e nessa hora TCI lançou a provisão, que na verdade é uma despesa” – fl. 2676. Ademais, destacou que: “a. Quanto às prestações pagas, ainda não deduzidas a correção, teria havido, no máximo, uma postergação de despesa, pois só depois TCI pôde deduzir a despesa que já existia. b. E quanto à correção já deduzida mas ainda não vencida, teria havido uma antecipação de despesa” – fl. 2677. 003 DESPESA NÃO NECESSÁRIA A Contribuinte apontou o mesmo vício no fundamento legal e material nessa autuação que na anterior, entendeu que “(...) não corrigiu a DRJ o valor autuado (R$ 5.784,00), por estar errado com a fundamentação da alegada irregularidade (R$ 5.670,00)” – fl. 2679 e aludiu que “(...) não procede a glosa da autuação, afinal despesa com alimentação é claramente dedutível, visto que é despesas necessária, usual e normal para o funcionamento da empresa e que está devidamente comprovada.” – fl. 2679. 004 PAGAMENTO SEM CAUSA “Equivocado, então, o fundamento fático da autuação, pois, se não tivesse havido prestação de serviço, TCI não funcionava! Eram os antigos funcionários que estavam operando suas empresas; e que continuavam interagindo (fl. 2.288). [Assim, a despesa decorreria da terceirização] Está devidamente comprovada a necessidade e a prestação, bem assim o respectivo pagamento” – fl. 2684. Ademais, a Contribuinte sustentou, preliminarmente, que: “Em primeiro lugar, porque houve, sim, um grave cerceamento do direito de defesa, gerando inclusive erro na matéria de fato autuada, pois a fiscalização não juntou a estes autos toda a documentação fornecida por TCI, inclusive em CD, respondendo às intimações” – fl. 2686, sendo que “não poderia TCI juntar agora, como propõe a DRJ, justamente porque entregou a documentação que dispunha, portanto, não dispõe mais” – fl. 2686. “Em segundo lugar, e corroborando a necessidade de juntada de todos os documentos, a fiscalização aceitou Notas Fiscais e prestação de serviços exatamente iguais a outras Notas Fiscais não aceitas e autuadas.” – fl. 2686. Fl. 2931DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 26 Em terceiro lugar, apontou o mesmo vício no fundamento legal e material nessa autuação que nas anteriores. Quanto aos serviços da EVENTOS E CONFRATERNIZAÇÕES, a Contribuinte ressaltou que: “Não procede a restrição que induziu em erro a DRJ, pois, em publicação indispensável para TCI se comunicar e difundir seus méritos, recebeu prêmio e fez a sua divulgação. Nesse sentido juntouse a Nota Fiscal, o prêmio e a revista do setor, o que demonstra a importância para a atividade TCI, permitindo a conferência (fl. 1653).” – fl. 2689. No que tange aos serviços da CAC EMPREENDIMENTOS, a Contribuinte juntou a correlata nota fiscal (fl. 2691). No que se refere aos serviços da BC REPRESENTAÇÕES (fls. 2692/2693), da PERFORMA (fl. 2695), da AIC Informática (fl. 2697), da MDC Consultoria (fls. 2698/2699), da SIMPLIFICAH (fl. 2700), da BASE Gestão (fl. 2703), da BLACKDOOR (fl. 2705) e da SRS Sistemas (fl. 2706), a Contribuinte alegou que “(...) erra a DRJ ao tentar desqualificar as notas fiscais de (...) com alegações genéricas, quando o fato material está estampado nos documentos” e que foi juntada uma “pletora de elementos que, ao lado do que já nos autos, demonstra a contratação, prestação, pagamento, etc.”. A Contribuinte acrescentou ainda que “não pode ser atribuído a TCI eventuais irregularidades de terceiros” no que tange aos serviços da AIC Informática (fl. 2697), da SIMPLIFICAH (fl. 2701), da BASE Gestão (fl. 2703), da BLACKDOOR (fl. 2705) e da SRS Sistemas (fl. 2706). A Contribuinte destacou também que “as próprias referências feitas pela fiscalização, acerca da proximidade de (...) e TCI, mostram como a autuação errou no enquadramento dos fatos e da regência legal, deixando subentendida acusação diversa” em relação aos serviços da SIMPLIFICAH (fl. 2701), da BASE Gestão (fl. 2703), da BLACKDOOR (fl. 2705) e da SRS Sistemas (fl. 2706). Além disso, quanto à PERFORMA, a Contribuinte aduziu que “Tal empresa não tinha vinculação com TCI; e de fato seu serviço de consultoria é mesmo abrangente, pois à medida que os trabalhos transcorrem é que se vai focando no que precisa ser aperfeiçoado” – fl. 2694. Ademais, defendeu que, em relação à MDC Consultoria, “o cancelamento parcial deve ser mantido” – fl. 2698. Por fim, a Contribuinte sustentou o não cabimento da multa qualificada, seja porque “(...) erra a DRJ ao tentar agregar dolo em relações empresariais estampadas em Fl. 2932DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.110 27 documentos idôneos” – fl. 2709, seja porque “(...) só mostram como a autuação errou no enquadramento dos fatos e da regência legal, deixando subentendida acusação diversa” – fl. 2710. 005 ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NO LUCRO REAL – BRINDES A Contribuinte destacou que “tal autuação não foi julgada pela DRJ” fl. 2712, apontou o mesmo vício no fundamento legal e material nessa autuação que nas anteriores e “a autuação repete tratarse de brinde, mas foram despesas necessárias para a atividade, pois remessa de cesta natalina para o bem estar do ambiente de trabalhos e blocos para anotações dos clientes e dos próprios funcionários da empresa quando executando seu trabalho, relativas às etapas de cada prestação de serviço” – fl. 2713. 006, 007, 008 E 009 – ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NO LUCRO REAL – MEP, DOAÇÕES, MULTAS E PROVISÃO A Contribuinte apontou o mesmo vício no fundamento legal e material nessa autuação que nas anteriores. 010 – FALTA DE RECOLHIMENTO “(...) o cancelamento deve ser mantido, por erro na determinação da base de cálculo, afinal tratouse de erro material” – fl. 2724. 011 – MULTA ISOLADA “(...) o cancelamento deve ser mantido, por erro na determinação da base de cálculo” – fl. 2725. A despeito disso, a Contribuinte afirmou que toda a autuação seria insubsistente, apontando o mesmo vício no fundamento legal e material nessa autuação que nas anteriores e destacando que “não poderia a autuação ter cumulado multa isolada e multa de ofício” – fl. 2726. IRRF PAGAMENTO SEM CAUSA “(...) o cancelamento deve ser mantido, por erro na determinação da base de cálculo” – fl. 2730. Ademais, a Contribuinte, além de ter apontado o mesmo vício no fundamento legal e material nessa autuação que nas anteriores e reiterado a defesa da infração 004, Fl. 2933DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 28 acentuou que “(...) o fisco glosa a despesa empunhando apenas o registro da despesa; mas para tributar essa despesa em IR Fonte, como pagamento sem causa, tem que empunhar o comprovante do pagamento da despesa glosada” – fl. 2730. PIS/COFINS “(...) o cancelamento deve ser mantido, por erro na determinação da base de cálculo mensal” – fl. 2733. CSLL A Contribuinte salientou que “(...) o cancelamento parcial deve ser mantido, por erro na determinação da base de cálculo” – fl. 2735, mas aduziu que toda a autuação seria insubsistente, “tendo em vista essa tributação de CSLL ser reflexa da feita no IRPJ” – fl. 2735. IRPJ – GLOSA DE PREJUÍZOS COMPENSADOS INDEVIDAMENTE – SALDO DE PREJUÍZOS INSUFICIENTES A Contribuinte ressaltou que “(...) o cancelamento parcial deve ser mantido, por erro na determinação da base de cálculo” – fl. 2741, mas asseverou que toda a autuação seria insubsistente, na medida em que: (i) “ao lavrar novo Auto de Infração em 18.04.2013 (fl. 1.454), houve uma revisão de lançamento que, como se sabe, pode ocorrer mas desde que expressa e devidamente autorizada” – fl. 2742, conforme artigos 906 do RIR e 42 do Decreto nº 7.574/11, “Bem como fundamentada e documentada a justificativa” – fl. 2743, nos termos do artigo 149 do CTN; (ii) “(...) só constou a mera alegação, sem fundamentação, sem documento para amparar as alegações” – fl. 2748, o que violaria o contraditório e a ampla defesa; (iii) “(...) não poderia outra autuação já ser tida como definitiva, portanto já gerar um prejuízo a menor, para já haver uma nova autuação aqui alegando compensação indevida do prejuízo” – fl. 2749; e (iv) “como o resultado de TCI era bastante negativo, mesmo com toda a glosa efetuada na outra autuação, o resultado continuaria negativo, portanto, potencialmente não haveria base de cálculo para nenhum tributo” – fl. 2751. É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. Voto Vencido Conselheiro JOÃO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO Fl. 2934DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.111 29 I. DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Os pressupostos e requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário e do Recurso de Ofício, determinados pelo Decreto 70.235/1972 e pelo Regimento Interno do CARF, fazemse presentes, senão vejamos. Nos termos do artigo 2º, incisos I e IV1, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, é da competência desta 1ª Seção julgar recursos voluntários e de ofício interpostos em face de decisão de primeira instância que versem sobre a aplicação da legislação relativa a IRPJ e de CSL, IRRF, PIS e COFINS, quando reflexos do IRPJ, razão pela qual é patente a competência desta C. Turma para apreciação do presente caso. No que tange à legitimidade, este requisito se faz presente, já que o recurso da Contribuinte está assinado por advogados (fls. 2664/2752) devidamente habilitados por procuração (fls. 2754/2755), que foi outorgada por pessoa habilitada para tanto (fls. 1480/1485 e 1491), conforme se extrai do artigo 22, § 2º e § 3º, do estatuto social (fls. 1502/1517). Quanto à tempestividade, este requisito também se faz presente, vez que a decisão proferida pela 6ª Turma da DRJ/RJ1 em 20/02/2014 (fl. 2520) chegou ao conhecimento da Contribuinte em 13/03/2014, uma quintafeira (fl. 2661), e o recurso foi interposto em 11/04/2014, uma sextafeira (fl. 2664), ou seja, dentro do prazo de trinta dias previsto no art. 33 do Decreto n° 70.235/70, afinal o dies ad quem era 12/04/2014, que, por ser um sábado, seria prorrogado para o dia 14/04/2014. No que se refere ao Recurso de Ofício, o art. 34, I, do Decreto nº 70.235/72 determina que a autoridade de primeira instância recorrerá sempre que exonerar valor de tributos e encargos de multa em valor igual ou superior a montante determinado por ato do Ministério da Fazenda. Por sua vez, a Portaria MF nº 3, de 03/01/2008, fixou o limite de alçada em R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Considerando que a 6ª Turma da DRJ/RJ1, por maioria de votos, decidiu julgar procedente em parte o lançamento, cancelando, dentre outros, todo o valor devido de IRRF (fl. 2618), o qual correspondia a R$ 4.638.291,30, somente a título de principal (fl. 45), restou ultrapassado o limite de alçada e, como consequência, restou preenchido o requisito exigido para o Recurso de Ofício. 1 Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: I Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); (...) IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova; Fl. 2935DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 30 Nesse caminho, recebo os Recursos Voluntário e de Ofício. II. DOS PONTOS CONTROVERTIDOS Ultrapassado o juízo de admissibilidade, os pontos controvertidos podem ser assim resumidos: 1. Os lançamentos estariam viciados no fundamento legal e material? 2. A Contribuinte conseguiu comprovar descontos incondicionais no valor de R$ 405.610,34, para fins de IRPJ e de CSLL? 3. A Contribuinte conseguiu provar que as seguintes despesas não mereciam ser glosadas pela Fiscalização, para fins de IRPJ e de CSLL: a) R$ 317.496,16, a título de baixa de clientes; b) R$ 130.987,00, a título de complemento de Provisão; e c) R$ 86.163,00, a título de complemento provisão Paes a Pagar. 4. A Contribuinte conseguiu demonstrar que são necessárias as seguintes despesas com “eventos e confraternizações”, para fins de IRPJ e de CSLL: a) R$ 3.474,00, relativo à nota fiscal nº 713, emitida pela empresa Lu Buffet; b) R$ 920,00, relativo à nota fiscal nº 1080, emitida pela empresa Luciana Steiner; e c) R$ 1.390,00, relativo à nota fiscal nº 364, emitida pela Bode Sertanejo. 5. A Contribuinte conseguiu comprovar que teria havido cerceamento do seu direito de defesa ou que foram prestados serviços pelas seguintes empresas: a) CAC EMPREENDIMENTOS; b) EVENTOS E CONFRATERNIZAÇÕES; c) PERFORMA; d) BUFFET VENEZA; e) AIC INFORMÁTICA; f) SIMPLIFICARH; g) BC REPRESENTAÇÕES; h) BASE GESTÃO; i) BLACKDOOR; e Fl. 2936DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.112 31 j) SRS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO LTDA. 6. Deve ser mantida a decisão da DRJ que considerou prestado o serviço por MDC CONSULTORIA? 7. Deve ser mantida a decisão da DRJ que exclui a qualificação da multa em face de todos os serviços prestados acima, exceto ao serviço prestado por BASE GESTÃO? 8. Seria cabível a qualificação da multa pela Fiscalização em face do serviço prestado pela BASE GESTÃO? 9. Deveriam ter sido adicionadas ao lucro líquido os brindes, a equivalência patrimonial, as doações, multas e provisão? 10. Deve ser mantida a decisão da DRJ no sentido de que não haveria diferença de R$ 64.098,50 de IRPJ e de R$ 23.076,46 de CSLL? 11. Deve ser excluída a multa isolada pois não poderia a autuação ter cumulado com a multa de ofício? 12. Sendo esse argumento improcedente, deve ser então mantida a decisão da DRJ que excluiu parcialmente a multa isolada? 13. Deve ser mantida a decisão da DRJ que cancelou a cobrança de IRRF por falta de comprovação pela Fiscalização do pagamento? 14. Deve ser mantida a decisão da DRJ que cancelou a cobrança do PIS e da COFINS por ter sido apurado sobre valor global? 15. Quanto ao Auto de Infração Complementar, questionase: a) Estaria correta a lavratura do Auto de Infração Complementar? b) Teria respeitado todos os procedimentos legais? c) Teria respeitado o contraditório e a ampla defesa? d) Poderia outra autuação já ser tida como definitiva, para haver uma nova autuação alegando compensação indevida do prejuízo? e) Haveria prejuízo indevidamente compensado em 2009? f) Nesse caso, deve ser mantida a decisão da DRJ que reduziu o resultado do prejuízo fiscal de 2008, apurando compensação indevida de prejuízo no valor de R$ 45.839,35 em 2009? III. HAVERIA VÍCIO NO FUNDAMENTO LEGAL E MATERIAL? Em quase todas as autuações, a Contribuinte alegou que: “(...) por serem glosas precárias, [a Fiscalização] só poderia calcular hipoteticamente um resultado positivo, e, Fl. 2937DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 32 só aí, tributar para prevenir decadência o resultado da glosa aqui tratada”, concluindo que “Como não o fez, tornou o lançamento aqui efetuado viciado no fundamento legal e material.” – fl. 2675. A despeito desse entendimento, a 6ª Turma da DRJ/RJ1 entendeu que: “Uma glosa de despesa poderá ou não gerar tributação. O Fisco ao apurar uma despesa não comprovada ou indedutível deve adicionála para recompor o Lucro Real. Se após a adição a despesa for absorvida pelo Prejuízo Fiscal somente alterará este, sem gerar tributação. Ao revés, se o prejuízo fiscal após adição transformarse em Lucro Real, haverá tributação de IRPJ. O mesmo se dá com a tributação da CSLL. E o Fisco ao lançar o faz não somente para prevenir a decadência mas, principalmente, para formalizar a exigência do crédito tributário e/ou alteração da base tributável negativa de IRPJ e CSLL em função das infrações detectadas. Portanto, diante de uma despesa considerada não comprovada ou indedutível deve o Fisco por dever de ofício constituir o auto de infração conforme artigo 142 do CTN.” – fls. 2558/2559. Correto o entendimento da 6ª Turma da DRJ/RJ1. Por força do disposto no artigo 249 do RIR/99, os valores indedutíveis deverão ser adicionados ao lucro líquido do período de apuração. Como consequência, se o valor indedutível foi excluído pela Contribuinte do lucro líquido do período de apuração, deverá a Fiscalização adicionálo, nos termos do artigo 249 do RIR/99. Na sequência, deverá a Fiscalização recompor o lucro real e recalcular o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL, para, assim, apurar eventual tributo devido, lavrando o competente auto de infração, conforme determina o artigo 142 do CTN. Logo, não há que se falar que a glosa seria precária, que o lançamento deveria ter sido lavrado apenas para prevenir a decadência e, muito menos, em nulidade no fundamento legal e material. Por conseguinte, afasto, desde já, essa alegação preliminar trazida pela Contribuinte em quase todas as autuações. IV. DOS DESCONTOS INCONDICIONAIS A Fiscalização entendeu por bem glosar o valor de R$ 405.610,34, a título de descontos incondicionais, sob o fundamento de que: “(...) não foram encaminhadas as notas fiscais de n° 5660; 5627 e 5136 que constam na planilha encaminhada para comprovação dos descontos incondicionais. Por outro lado, analisando as notas fiscais encaminhadas para efeito de comprovação dos descontos incondicionais concedidos em 2008, verificamos que nas citadas notas fiscais não consta destacado nenhum desconto.” – fl. 89. Fl. 2938DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.113 33 A fim de cancelar a autuação e reformar o acórdão proferido pela 6ª Turma da DRJ/RJ1, a Contribuinte, em seu Recurso Voluntário, alegou, primeiramente, que “foram juntadas as NFs e não foram consideradas” – fl. 2669. Consultando a legislação de regência, verificase que o artigo 31 da Lei nº 8.981/95, o artigo 20 da Lei nº 9.249/95, os artigos 224 e 280 do RIR/1999 e o artigo 21 da Instrução Normativa SRF 390/2004 estabelecem que os descontos incondicionais concedidos pela empresa vendedora são dedutíveis para fins de determinação do lucro real do IRPJ e da base de cálculo da CSL. Esclarecendo qual seria o conceito de descontos incondicionais que permitiria a mencionada dedução, o item 4.2 da Instrução Normativa SRF nº 51/78 determina que “Descontos incondicionais são parcelas redutoras do preço de venda, quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos”. De igual modo, foi o entendimento disposto no Processo de Consulta nº 34, da COSIT, publicado em 03/12/2013, confirase: BASE DE CÁLCULO. DESCONTOS CONDICIONAIS E INCONDICIONAIS. Os descontos incondicionais consideramse parcelas redutoras do preço de vendas, quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos; esses descontos não se incluem na receita bruta da pessoa jurídica vendedora e, do ponto de vista da pessoa jurídica adquirente dos bens ou serviços, constituem redutor do custo de aquisição, não configurando receita. Os descontos condicionais são aqueles que dependem de evento posterior à emissão da nota fiscal, usualmente, do pagamento da compra dentro de certo prazo, e configuram despesa financeira para o vendedor e receita financeira para o comprador. Dispositivos Legais: Lei nº 8.981, de 1995, arts. 31 e 57; Lei nº 9.249, de 1995, art. 20; Lei nº 9.430, de 1996, art. 28; Decreto nº 3000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999), arts. 373 e 374; Instrução Normativa SRF nº 51, de 1978, item 4.2; Instrução Normativa SRF nº 390, de 2004, art. 21. Assim, dos dispositivos acima e do Processo de Consulta nº 34/13, extraise que os descontos incondicionais somente são dedutíveis para fins de determinação do lucro real do IRPJ e da base de cálculo da CSL quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos. Pois bem. Analisando os autos, constatase que as notas fiscais relacionadas aos descontos incondicionais no valor de R$ 405.610,34 são as de nº 5660, 6031, 6105, 6181, Fl. 2939DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 34 5627, 6683, 5136, 7558, 8222, 8223, 8224, 8225, 8226, 8227, 8228, 8229 e 8230 (fl. 203), excluídas as notas fiscais nºs 5821, 6167 e 6181, cujo desconto restou comprovado pela Contribuinte, conforme apontado pela própria Fiscalização no TVF (fl. 89). Todas as aludidas notas fiscais foram juntadas aos presentes autos, ainda que algumas com a Impugnação, confirase: nota fiscal nº 5660 (fl. 2284), 6031 (fl. 247), 6105 (fl. 221), 6181 (fl. 249), 5627 (fl. 2283), 6683 (fl. 250), 5136 (fl. 2282), 7558 (fl. 246), 8222 (fl. 212), 8223 (fl. 239), 8224 (fl. 240), 8225 (fl. 241), 8226 (fl. 242), 8227 (fl. 243), 8228 (fl. 238), 8229 (fl. 244) e 8230 (fl. 245). Nada obstante, confrontandose as notas fiscais com os descontos concedidos, averiguouse o seguinte: Desconto Data Nota Fiscal Valor da Nota Líquido Desconto na Nota Observação 11/12/2007 NF 5660 R$ 29.754,73 R$ 23.669,91 Nenhum Serviço prestado de 26/08/2007 a 25/09/2007. 11/02/2008 NF 6031 R$ 9.817,66 R$ 9.206,39 Nenhum 20/02/2008 NF 6105 R$ 53.588,57 R$ 31.924,38 R$ 21.664,18 Esta nota fiscal foi cancelada. 06/12/2007 NF 5627 R$ 69.500,00 R$ 69.500,00 Nenhum Serviço prestado em novembro de 2007. 05/05/2008 NF 6683 R$ 16.606,17 R$ 15.634,72 Nenhum 18/09/2007 NF 5136 R$ 79.834,38 R$ 79.834,38 R$ 2.913,71 Serviço prestado em agosto de 2007. 13/08/2008 NF 7558 R$ 595.537,21 R$ 558.911,69 Nenhum 03/11/2008 NF 8222 R$ 209.639,14 R$ 162.575,18 Nenhum Esta nota fiscal foi cancelada por conta do valor estar errado. 03/11/2008 NF 8223 R$ 209.501,75 R$ 162.468,63 Nenhum 03/11/2008 NF 8224 R$ 209.627,51 R$ 162.566,16 Nenhum 03/11/2008 NF 8225 R$ 190.981,17 R$ 148.105,93 Nenhum 03/11/2008 NF 8226 R$ 208.884,61 R$ 161.990,05 Nenhum 03/11/2008 NF 8227 R$ 208.927,42 R$ 162.023,25 Nenhum 03/11/2008 NF 8228 R$ 208.999,67 R$ 162.079,27 Nenhum 03/11/2008 NF 8229 R$ 209.508,06 R$ 162.473,52 Nenhum 03/11/2008 NF 8230 R$ 209.090,65 R$ 162.149,83 Nenhum É dizer, apenas duas notas fiscais apresentam o desconto destacado, contudo, uma delas (a de nº 6105) foi cancelada e a outra (a de nº 5136), datada de 18/09/2007, se refere a um serviço prestado em agosto de 2007, não tendo sido comprovado pela Contribuinte que este desconto não foi computado no anocalendário de 2007 e que, assim, poderia ter sido computado no anocalendário de 2008. Desse modo, tenho que concordar com o voto vencedor proferido pela 6ª Turma da DRJ/RJ1 no sentido de que “(...) Como não há nos autos qualquer menção do Fl. 2940DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.114 35 contribuinte ou outro documento que demonstre que tal desconto não foi considerado no ano 2007, não há como aceitalo para o anocalendário 2008” – fl. 2608. Mas não foi só isso que alegou a Contribuinte, ela sustentou ainda, em seu Recurso Voluntário, que “Tanto a autuação, quanto a DRJ, não observaram a realidade fática exposta: é que TCI extrai a fatura do serviço prestado, mas os órgãos discordam da amplitude do serviço e só pagam o que entendem como efetivo serviço” – fl. 2670 e, como consequência, “(...) não há como desconhecer que o serviço prestado foi no montante recebido, e qualquer valor a mais não pode ser base de cálculo para nenhum tributo” – fl. 2670, requerendo, ao final, que “(...) TCI não pode intimar tais entidades, mas a fiscalização poderia fazer uma diligência para constatar que esses terceiros contabilizam o serviço apenas no valor pago” – fl. 2670. Sobre o tema, a 6ª Turma da DRJ/RJ1 salientou que “Não é o Fisco que, de ofício, deve acionar todos os recursos para suprir a ausência da comprovação que, por Lei, é incumbência da contribuinte” – fl. 2557. Apesar de concordar com a posição da 6ª Turma da DRJ/RJ1, devidamente fundamentada no artigo 373 do novo CPC, refuto o argumento da Contribuinte no fato de que o item 4.2 da Instrução Normativa SRF nº 51/78 e o Processo de Consulta nº 34, da COSIT, publicado em 03/12/2013 exigem, para ser dedutível o desconto e ser tido como incondicional, que ele não dependa de evento posterior à emissão desses documentos, o que não se verifica com o argumento da Contribuinte que expressamente afirma que os terceiros, após a emissão da nota, discordam do valor e só pagam pelo que entendem efetivamente prestado. Ante o exposto, mantenho integralmente esta autuação. V. DESPESAS GLOSADAS A Fiscalização entendeu que “(...) a fiscalizada deixou de comprovar diversas despesas, lançadas na conta contábil 3.6.01.01.01.002.0001 Outras despesas operacionais, no valor de R$ 317.496,16, lançado em 02.01.2008, correspondente à baixa de clientes; R$ 86.163,00, lançado em 31.12.2008, relativo a complemento provisão Paes a Pagar e R$ 130.987,00, lançado em 31.12.2008, relativo à complemento de Provisão, totalizando o montante de R$ 534.646,16.” – fl. 111, o que foi mantido pela 6ª Turma da DRJ/RJ1. A Contribuinte salientou que, quanto ao primeiro item, “A baixa de clientes, como perda que é, não pode ser negada a condição de despesa” – fl. 2675 e que “Ora a própria norma invocada [Lei nº 9.430/96] aponta que não são todos os valores que precisam de medidas documentáveis” – fl. 2676. Fl. 2941DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 36 No que tange ao segundo item, a Contribuinte defendeu que “(...) não registrava como despesa a correção mensal (fl. 1615), ao final do ano ficava uma discrepância com o saldo da Receita, e nessa hora a TCI lançou a provisão, que na verdade é uma despesa” – fl. 2676. Ademais, destacou que: “a. Quanto às prestações pagas, ainda não deduzidas a correção, teria havido, no máximo, uma postergação de despesa, pois só depois TCI pôde deduzir a despesa que já existia. b. E quanto à correção já deduzia mas ainda não vencida, teria havido uma antecipação de despesa” – fl. 2677. Com relação ao terceiro item, a Contribuinte não apresentou nenhum argumento especificamente quanto a ele. Analisando o primeiro item (baixa de clientes), verificouse que a Contribuinte trouxe apenas argumentos genéricos, como por exemplo, a baixa de clientes, por ser uma perda, se enquadra como uma despesa e, como tal, deve ser deduzida, mas não comprovou a possibilidade de sua dedução. Ao contrário do que alega a Contribuinte, em nenhum momento, a Lei nº 9.430/96 dispensou a apresentação de documentos. Na verdade, aludida lei tãosomente elenca hipóteses em que a perda no recebimento de créditos (artigo 9º) e os encargos financeiros de créditos vencidos (artigo 11) podem ser considerados dedutíveis. Assim, a Contribuinte deveria ter demonstrado o enquadramento do presente caso em alguma das hipóteses legais elencadas acima. Ao assim não ter procedido, não há como acolher os argumentos trazidos pela Contribuinte e deve ser mantida a autuação. Em relação ao segundo item (complemento provisão Paes a Pagar), constatouse que a Contribuinte procedeu a juntada na Impugnação de razão analítico sobre o parcelamento de impostos federais PAES, de 01/01/08 a 31/12/08, às fls. 1616/1618, que apontou, em 31/12/2008, o valor de R$ 86.163,00, a título de valor complemento provisão. De igual modo, a Contribuinte procedeu em face do terceiro item (complemento de Provisão), juntando com a Impugnação razão analítico sobre o parcelamento de impostos federais, de 01/01/08 a 31/12/08, às fls. 1619/1630, que apontou, em 31/12/2008, o valor de R$ 2.751,00, a título de valor complemento provisão de PIS, o valor de R$ 12.688,00, a título de valor complemento provisão de COFINS, o valor de R$ 82.128,00, a título de valor complemento provisão de IRPJ e o valor de R$ 33.420,00, a título de valor complemento provisão de CSLL. Por fim, a Contribuinte colacionou com a Impugnação demonstrativo de pagamentos (fls. 1631/1632) e, durante o procedimento fiscalizatório, recibo de consolidação de parcelamento de saldo remanescente dos programas REFIS, PAES, PAEX e parcelamentos ordinários – art. 3º Demais débitos no âmbito da RFB (fls. 301/304). Consultando todos esses documentos, não foi possível determinar o motivo pelo qual ocorreu a provisão do terceiro item. Essa mesma dúvida teve a Contribuinte durante o Fl. 2942DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.115 37 procedimento fiscalizatório, ao afirmar que “Ainda em relação as complementações de parcelamentos solicitamos a Vsa. A gentileza de nos enviar o extrato de parcelamento administrativo dessa empresa, em 31 de dezembro de 2008 para que possamos analisar os demais lançamentos de ajustes feitos nos valores de R$ 2.751,00, R$ 12.688,00, R$ 82.128,00 e R$ 33.420,00” – fl. 265, e também a 6ª Turma da DRJ/RJ1, quando da prolação do acórdão. Em sede de Recurso Voluntário, a Contribuinte não trouxe, reiterase, qualquer argumento que justificasse o porquê dessa provisão. Desse modo, entendo por sua manutenção. No que tange à provisão do segundo item, a despeito da explanação fornecida pela Contribuinte de que decorreria da diferença de correção monetária, não foi possível averiguála, já que a Contribuinte não procedeu a juntada de qualquer documento que demonstrasse qual era o saldo em 31/12/2008 do parcelamento, para que assim, em comparação com aquele indicado no razão analítico, se pudesse determinar se existia uma diferença, de quanto era ela e se ela decorreria de fato da correção monetária. Estando afastado o argumento principal, não há como prevalecer o argumento subsidiário de que teria ocorrido antecipação ou postergação de despesa, pois, reiterase, não foi possível confirmar a origem dessa despesa. Por todas as razões expostas acima, não tendo a Contribuinte obtido êxito no afastamento da presente autuação, mantenhoa integralmente. VI. DESPESAS NECESSÁRIAS No que se refere à esta autuação, a Fiscalização constatou que deveria ter sido adicionado ao lucro líquido do exercício o valor de R$ 5.784,00, pois: “Quanto às notas fiscais 713 e 1080, nos valores de R$ 3.474,00 e R$ 920,00, encaminhadas em 20.09.2012, verificamos tratarse de despesas indedutíveis, por não se caracterizarem como necessárias à atividade da empresa e a manutenção de sua fonte produtora. Verificamos ainda que a fiscalizada deixou de apresentar a nota fiscal 364, no valor de R$ 1.390,00” – fl. 96. Essa autuação foi integralmente mantida pela 6ª Turma da DRJ/RJ1. Todavia, no Recurso Voluntário, a Contribuinte aduziu que “(...) não corrigiu a DRJ o valor autuado (R$ 5.784,00), por estar errado com a fundamentação da alegada irregularidade (R$ 5.670,00)” – fl. 2679 e de que “(...) não procede a glosa da autuação, afinal Fl. 2943DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 38 despesa com alimentação é claramente dedutível, visto que é despesa necessária, usual e normal para o funcionamento da empresa e que está devidamente comprovada.” – fl. 2679. Pois bem. Primeiramente, não procede o argumento da Contribuinte no sentido de que deveria ter sido corrigido o valor autuado. Isso porque, a despeito dela ter entendido que a presente autuação se referiria às notas fiscais nºs 364 (R$ 1.390,00), 128461 (R$ 180,00) e 746 (R$ 4.100,00), compondo o valor de R$ 5.670,00, na verdade, a presente autuação se refere às notas fiscais nºs 1080 (R$ 920,00), 713 (R$ 3.474,00) e 364 (R$ 1.390,00), compondo o valor de R$ 5.784,00. Prova de que o valor correto é R$ 5.784,00 é o auto de infração (fl. 7) e também o seguinte trecho do Termo de Verificação Fiscal: “Esta fiscalização verificou que a fiscalizada deixou de adicionar ao Lucro Líquido do Exercício, para efeito de apuração do Lucro Real, os valores das despesas relativas às notas fiscais 713 emitida pela empresa Lu Buffet, 1080, emitida pela empresa Luciana Steiner e 364, emitida pela Bode Sertanejo, nos valores de R$ 3.474,00; R$ 920,00 e R$ 1.390,00, respectivamente, consideradas não necessárias na apuração da Base de Cálculo do IRPJ e da CSLL, contabilizadas na conta 340210090010003 – EVENTOS E CONFRATERNIZAÇÕES, no ano calendário de 2008, totalizando R$ 5784,00” – fl. 112. Afastado o primeiro argumento trazido pela Contribuinte, deve ser analisado o segundo. Consultando os documentos carreados aos autos, verificouse que foi juntada a nota fiscal nº 713 (fls. 373 e 1634), que continha a seguinte descrição: “Happy Hour realizado no dia 20/12/07”, no valor de R$ 3.474,00, cuja data de emissão corresponde a 03/01/0...; a nota fiscal nº 1080 (fl. 372), que continha a seguinte descrição: “vaso e ...”, sendo que cada unidade custava R$ 115,00, totalizando oito unidades o valor de R$ 920,00, cuja data de emissão corresponde a 05/06/0...; e não foi localizada a nota fiscal nº 364 no processo. Por falta de apresentação da nota fiscal nº 364, não dá para saber ao que corresponde esse valor e ainda se ele seria dedutível. Pela nota fiscal nº 1080, constatouse que ela está relacionada a compra de oito vasos, os quais, por força do artigo 299 do RIR/99, não são despesas normais, usuais e necessárias e, portanto, não são dedutíveis. Por fim, da nota fiscal nº 713, averiguouse que está relacionada a happy hour. Sobre a dedutibilidade da despesa de confraternização, o Parecer Normativo CST nº 322/1971 estabeleceu que as despesas de relações públicas em geral (incluindo as festas de congraçamentos), para serem dedutíveis, devem guardar estrita relação com a realização das transações operacionais ligadas a cada empresa, in verbis: Fl. 2944DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.116 39 “Despesas com relações públicas em geral, tais como, almoço, recepções, festas de congraçamento, etc., efetuadas por empresas, como necessárias à intermediação de negócios próprios de seu objeto social, para serem dedutíveis da receita bruta operacional, deverão guardar estrita correlação com a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa, além de rigorosamente escudadas em todos os elementos comprobatórios que permitem sua aceitabilidade pela Fiscalização, limitandose tais despesas a razoável montante, sob pena de sua inaceitação e tributandose as quantias glosadas de acordo com os artigos 243, letra I; 251, letra e e 252, letra d, do RIR. 02 – Imposto Sobre a Renda e Provento 02.02 – Pessoa Jurídica 02.02.03 – Custos, Despesas Operacionais e Encargos 02.02.03.99 – Outros – Despesas com Relações Públicas em Geral 1. Empresa conjetura sobre a possibilidade de serem dedutíveis, para efeito de apuração do lucro tributável, as despesas com almoços e reuniões de negócios, bem como as despesas com relações públicas, decorrentes de recepções e semelhantes a pessoas com as quais mantém relações. 2. Tais despesas, para serem admitidas como dedutíveis da receita bruta operacional, deverão guardar estrita e necessária correlação com a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa, conforme se infere do texto legal pertinente à espécie in casu, o art. 162 e seus §§ 1º e 2º do RIR. 3. Além de limitaremse a nível do razoável monta deverão, outrossim, tais despesas, sob pena de sua inaceitação, escudar se rigorosamente em elementos de comprovada idoneidade, que permitam a constatação de sua autenticidade e compatibilidade com as atividades da empresa. 4. As importâncias que, na conformidade dos itens acima expostos, tenham sido devidamente deduzidas do lucro bruto, serão adicionadas ao lucro real, para sofrer imposição, em cada exercício financeiro, ex vi do disposto na letra I do artigo 243 do RIR. 5. As quantias gastas pela empresa em pagamento de despesas particulares de acionistas, sócio, dirigente ou participante nos lucros de pessoas jurídicas, ou dos respectivos parentes ou dependentes, salvo quando satisfizerem as condições legais para sua classificação como remuneração de trabalho assalariado, autônomo ou profissional, serão consideradas formas de distribuição disfarçada de lucros, de acordo com a letra e do artigo 251 do RIR e, por conseguinte, classificadas como dividendos, ex vi do disposto na letra d, do artigo 252 do RIR.” Fl. 2945DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 40 Dando um passo além do que o Parecer Normativo CST nº 322/1971, que admitia a dedução das festas de confraternização apenas quando esta guardasse estrita relação com as transações operacionais da empresa, o e. CARF entendeu, em diferentes decisões transcritas abaixo, pela dedutibilidade das despesas com as festas de confraternização, desde que num montante razoável. Vejamos: DESPESAS COM CONFRATERNIZAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. Na medida em que contribuem para a melhoria do ambiente de trabalho, humanizando o relacionamento empresa e empregados, aumentando a motivação para a consecução dos objetivos sociais, as despesas com confraternização de fim de ano, erroneamente apontados como despesas com brindes, acabam beneficiando a empresa, afigurandose normais, usuais e necessárias, sendo, por isso mesmo, dedutíveis. (Acórdão nº 10322.314, Processo nº 10880.028663/9419, Primeiro Conselho de Contribuintes, Terceira Câmara, do CARF, sessão de 24/02/2006) DESPESAS DE CONFRATERNIZAÇÃO – É de se admitir as despesas natalinas de confraternização, em importância razoável. (Acórdão nº 0102.365, Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF, sessão de 15/10/1998). FESTA DE CONGRAÇAMENTO: Admitida a dedução da despesa a este título, uma vez comprovada por documentação hábil e realizadas por ocasião das festas de fim de ano (Acórdão 10185.482, Processo nº 10680.005098/9063, Primeiro Conselho de Contribuintes do CARF, sessão de 23/08/1993) A despeito da existência de posição contrária no e. CARF, me filio àquela exposta acima, especialmente no sentido de que as festas de confraternização de fim de ano, por contribuírem para a melhoria do ambiente de trabalho, humanizando o relacionamento empresa e empregados, aumentando a motivação para a consecução dos objetivos sociais e desde que em valores razoáveis, são despesas normais, usuais e necessárias e, consequentemente, dedutíveis conforme disposto no artigo 299 do RIR. Em virtude do quanto foi acima exposto, bem como de que o valor de R$ 3.474,00 é razoável para a realização de uma festa de confraternização de fim de ano, entendo ser incorreta a sua adição ao lucro líquido pela Fiscalização e, por conseguinte, procedo ao cancelamento tãosomente dessa parte da autuação. Fl. 2946DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.117 41 VII. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal acentuou que: “A fiscalizada além de não apresentar a nota fiscal n° 151, no valor de R$ 650.000,00, emitida pela empresa CAC Empreendimentos, contabilizada em 29.05.2009 na conta 3.4.03.02.01.001.0001 Serviços Prestados Pessoa Jurídica, deixou de comprovar a efetiva prestação do serviço relativo à despesa lançada. A fiscalizada deixou de comprovar também a efetiva prestação do serviço relativo à nota fiscal n° 169, emitida em 08.10.2008, no valor de R$ 25.000,00, contabilizadas na conta 340103010010003 EVENTOS E CONFRATERNIZAÇÕES, no ano calendário de 2008, conforme demonstrado no item auditoria do presente Termo. Deixou ainda de comprovar a efetiva prestação dos serviços relativos a diversas despesas lançadas em contas de Serviços Prestados Pessoa Jurídica, nos anos de 2008 e 2009, já amplamente relatado no item Auditoria do presente Termo, onde foram detectados veementes indícios de utilização de interpostas Pessoas Jurídicas, ao que parece com 0 fito de reduzir o Lucro Líquido do período e ainda remunerar diretores, cujos valores encontramse demonstrados nas planilhas anexas ao presente.” – fl. 112. Desde já, a fim de facilitar a análise dos próximos itens, devem ser estabelecidos os requisitos que a legislação e o e. CARF entendem necessários para se comprovar que houve a efetiva prestação do serviço, lembrando que esta foi a autuação configurada pela Fiscalização, sendo que sua eventual ampliação configuraria inovação. Sobre o assunto, o artigo 61 da Lei nº 9.532/97 determina que a despesa operacional pode ser comprovada por meio da juntada de documento emitido pelo ECF, contendo a identificação da pessoa compradora, a descrição dos serviços objeto da operação e a data e o valor da operação, confirase: “Art. 61. As empresas que exercem a atividade de venda ou revenda de bens a varejo e as empresas prestadoras de serviços estão obrigadas ao uso de equipamento Emissor de Cupom Fiscal ECF. § 1º Para efeito de comprovação de custos e despesas operacionais, no âmbito da legislação do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, os documentos Fl. 2947DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 42 emitidos pelo ECF devem conter, em relação à pessoa física ou jurídica compradora, no mínimo: a) a sua identificação, mediante a indicação do número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF, se pessoa física, ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC, se pessoa jurídica, ambos do Ministério da Fazenda; b) a descrição dos bens ou serviços objeto da operação, ainda que resumida ou por códigos; c) a data e o valor da operação. § 2º Qualquer outro meio de emissão de nota fiscal, inclusive o manual, somente poderá ser utilizado com autorização específica da unidade da Secretaria de Estado da Fazenda, com jurisdição sobre o domicílio fiscal da empresa interessada.” De igual modo, foi o entendimento da Receita Federal, na Decisão de Consulta nº 283/00, da 6ª Região Fiscal, no sentido de que a fatura, a nota fiscal e o recibo servem como prova da prestação do serviço, desde que fique clara a natureza da despesa, a identidade do beneficiário, a quantidade, o valor da operação, etc., in verbis: “SOCIEDADE “DE FATO”. É contribuinte do imposto de renda da pessoa jurídica, sujeita a todos os encargos impostos à pessoa jurídica, a sociedade “de fato” formada por co proprietários de veículo que se dedicam à exploração conjunta de serviço de transporte de carga. LUCRO REAL. COMPROVAÇÃO DE DESPESAS DEDUTÍVEIS. As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real podem comprovar a realização de despesas dedutíveis por qualquer documentação hábil e idônea (fatura, nota fiscal, recibo etc.) desde que fique claramente demonstrada a natureza da despesa, a identidade do beneficiário, a quantidade, o valor da operação, etc.” Nesse mesmo sentido, a CSRF, nos autos do Acórdão nº 0105.499, estabeleceu, por unanimidade de votos, que, para que qualquer parcela seja dedutível na apuração do lucro real e do lucro líquido, é necessário que haja elementos convincentes de efetividade da operação, mormente no caso de prestação de serviços. A descrição genérica de ‘prestação de serviços’ é insuficiente. Vejamos: FALTA DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVIDADE NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO – INDEDUTIBILIDADE – Para que qualquer parcela seja dedutível na apuração do lucro real e do lucro líquido, é necessário que haja elementos convincentes da efetividade da operação, mormente no caso de prestação de serviços. A descrição genérica de “prestação de serviços” é insuficiente. A indedutibilidade da parcela não está inibida pela possibilidade de que, com maiores averiguações, se poder Fl. 2948DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.118 43 constatar, inclusive, o evidente intuito de fraude na redução do lucro líquido, pela falsidade material ou ideológica da documentação, fato que imporia aí sim a qualificação da penalidade. Recurso especial provido. (Acórdão nº CSRF/01 05.499, Processo nº 11030.000601/9723, DOU 20/06/2006). Assim, entendendo que as notas fiscais continham descrição demasiadamente genérica do serviço prestado, a Fiscalização exigiu da Contribuinte a apresentação de outros documentos a fim de comprovar a efetiva prestação do serviço, o que encontra respaldo, não só na legislação e no entendimento jurisprudencial acima, como também genericamente nos artigos 251, 264, 276 e 923 do RIR. Para comprovar a prestação do serviço, o e. CARF tem admitido, além das notas fiscais, as mais diversas provas, tais como: solicitação de pagamentos e registros contábeis (Acórdão nº 1101001.204, da 1ª TO da 1ª Câmara do CARF), relatório tarifador do PABX, no caso de reembolso de despesa (Acórdão nº 1103001.044, da 3ª TO da 1ª Câmara do CARF), parecer expedido em razão do serviço contratado, espelho do cheque e recibo (Acórdão nº 1101001.175, da 1ª TO da 1ª Câmara do CARF), comprovante de pagamento e contrato (Acórdão nº 1101001.175, da 1ª TO da 1ª Câmara do CARF). Devidamente estabelecidas as premissas, segregaremos a análise dessa autuação, primeiro, pela preliminar e, depois, por cada uma das empresas. Vejamos. (a) Preliminar A Contribuinte alegou em seu Recurso Voluntário que: “Em primeiro lugar, porque houve, sim, um GRAVE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA, gerando inclusive erro na matéria de fato autuada, pois a fiscalização não juntou a estes autos toda a documentação fornecida por TCI, inclusive em CD, respondendo às intimações” – fl. 2686, sendo que “não poderia TCI juntar agora, como propõe a DRJ, justamente porque entregou a documentação que dispunha, portanto, não dispõe mais” – fl. 2686. “Em segundo lugar, e corroborando a necessidade de juntada de todos os documentos, a fiscalização aceitou Notas Fiscais e prestação de serviços exatamente iguais a outras Notas Fiscais não aceitas e autuadas.” – fl. 2686. Em terceiro lugar, apontou o mesmo vício no fundamento legal e material nessa autuação que nas anteriores. Fl. 2949DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 44 A Contribuinte afirmou genericamente o cerceamento do direito de defesa, sem especificar em que ele consistiria. É dizer, ao invés de a Contribuinte demonstrar em que medida houve o cerceamento do seu direito de defesa, informando quais documentos não foram juntados e eram imprescindíveis para o caso, apenas se limitou a afirmar que teria ocorrido afronta ao seu direito de defesa. Analisando todas as petições apresentadas pela Contribuinte no decorrer da Fiscalização, verificouse que, em meio digital, a Contribuinte apresentou apenas notas fiscais (fls. 136, 377, 415, 418 e 420), livro de registro de apuração do ISS (fl. 136) e alguns contratos (fls. 477/478), possuindo apenas pertinência com a presente autuação o da BASE GESTÃO, que foi juntado em meio físico às fls. 1429/1441. As autuações abaixo ocorreram em virtude de a descrição dos serviços nas notas fiscais ser demasiadamente genérica, o que tornava indispensável, como visto, a apresentação de outros elementos para comprovar a efetiva ocorrência da prestação do serviço. Assim, a falta de alguma nota fiscal ou do livro de registro de apuração do ISS em nada contribuiria com a defesa da Contribuinte sobre a autuação. Existem duas exceções. A Fiscalização, para os prestadores de serviços CAC Empreendimentos e Buffet Veneza, deu um passo além e sustentou que não houve a juntada da nota fiscal. Em relação ao primeiro prestador de serviço, a Contribuinte procedeu a juntada da aludida nota fiscal com seu Recurso Voluntário (fl. 2759), não havendo que se falar em cerceamento do seu direito de defesa. Quanto ao prestador de serviço Buffet Veneza, a despeito de não ter sido localizada a mencionada nota fiscal, entendo que não houve cerceamento do direito de defesa da Contribuinte, pois, em nenhuma petição, ela deu a entender que teria procedido a sua juntada. Além disso, a Contribuinte poderia ter colacionada essa nota fiscal em sede de Recurso Voluntário, como fez com o da CAC Empreendimentos. Superado o primeiro argumento, o segundo argumento também não procede, seja porque a comparação entre os critérios adotados pela Fiscalização para aceitar certas despesas e não aceitar outras não encontra suporte legal, seja porque, para a comprovação da prestação do serviço, devese observar o que a legislação pertinente e a jurisprudência do CARF exigem como prova por parte da Contribuinte. Por fim, o terceiro argumento apresentado pela Contribuinte não procede em face do quanto disposto no item III do presente voto. Por último, alegou a Contribuinte, ainda preliminarmente, que: Fl. 2950DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.119 45 “Equivocada, então, o fundamento fático da autuação, pois, se não tivesse havido prestação de serviço, TCI NÃO FUNCIONAVA! Eram os antigos funcionários que estavam operando suas empresas; e que continuavam interagindo (fl. 2.288). [Assim, a despesa decorreria da terceirização] Está devidamente COMPROVADA A NECESSIDADE E A PRESTAÇÃO, BEM ASSIM O RESPECTIVO PAGAMENTO” – fl. 2684. Não prospera esse último argumento, uma vez que, apesar de a Contribuinte ter trazido provas para comprovar o quanto alegado (fls. 1636/1652), essas provas não demonstram que houve a inequívoca prestação do serviço, o que, contudo, fora exigido por parte da Fiscalização e gerou a presente autuação. Entendo que apenas outros documentos, aliados a esses, estariam aptos e seriam idôneos para comprovar a efetiva prestação do serviço. (b) CAC EMPREENDIMENTOS A Fiscalização asseverou que “A fiscalizada além de não apresentar a nota fiscal nº 151, no valor de R$ 650.000,00, emitida pela empresa CAC Empreendimentos, contabilizada em 29.05.2009 na conta 3.4.01.02.01.001.0001 – Serviços Prestados Pessoa Jurídica, deixou de comprovar a efetiva prestação do serviço relativo à despesa lançada” – fl. 112, autuação esta mantida pela 6ª Turma da DRJ/RJ1. A fim de reformar o acórdão, a Contribuinte procedeu a juntada dos seguintes documentos: (i) do registro civil da pessoa jurídica CAC Empreendimentos (fls. 1789/1790), a qual “tem por objeto social a exploração no ramo de prestação de serviços de supervisão, coordenação, orientação técnica, condução de trabalho técnico, estudo, planejamento, viabilidade técnicoeconômica, assistência, assessoria, consultoria, vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo, parecer técnico, ensino, pesquisa, análise, divulgação técnica, controle de qualidade, fiscalização de obra e serviços técnicos, execução de desenho técnico, projeto, especificação, direção de obras e serviços técnicos e elaboração de orçamento, todos na área de engenharia civil, e a exploração no ramo de incorporação, administração e execução de obras de engenharia civil” – fl. 1790; (ii) do comprovante de inscrição e de situação cadastral de CAC Engenharia; (iii) da proposta de prestação de serviços, datada de 02/12/2008 (fls. 1812/1816 e 2771/2775); Fl. 2951DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 46 (iv) do contrato de prestação de serviço firmado em 16/12/2008 (fls. 1804/1811 e 2763/2770), para o fim de contratar “(...) uma empresa de consultoria técnica e avaliação na área imobiliária para a determinação dos melhores locais para as novas instalações, levando em consideração o ramo de atividade e os interesses futuros da CONTRATANTE” – fl. 1805; (v) da carta da TCI à CAC Empreendimentos, datada de 10/03/2009, notificandolhe da rescisão do contrato de prestação de serviço, conforme lhe possibilita a Cláusula Sexta (fls. 1802/1803); (vi) da carta da CAC Empreendimentos à TCI, sem assinatura, datada de 18/03/2009, que, diante da rescisão do contrato por fato superveniente, a Contribuinte deveria lhe pagar pelo contrato o valor de R$ 812.500,00 (fls. 1800/1801); (vii) carta da TCI à CAC Empreendimentos, datada de 26/03/2009, sugerindo o pagamento de R$ 650.000,00, em duas parcelas, já incluídos neste valor todos os tributos incidentes sobre os serviços (fls. 1798/1799); (viii) da carta da CAC Empreendimentos à TCI, sem assinatura, data de 14/04/2009, concordando com o pagamento de R$ 650.000,00, desde que em uma única parcela (fls. 1796/1797); (ix) do aceite da Contribuinte em 23/04/2009 do acordo proposto pela CAC Empreendimentos, para que o pagamento fosse feito numa única parcela, no montante de R$ 650.000,00, já incluídos neste valor todos os tributos incidentes sobre os serviços (fls. 1794/1795 e 2760/2761); (x) de parte do resultado do serviço prestado pela CAC Empreendimentos em 15/05/2009 (fls. 1725/1788 e 2775/2792); (xi) da carta da CAC Empreendimentos à Contribuinte, sem assinatura, data de 19/05/2009, informando o cumprimento da prestação do serviço (fls. 1792/1793); (xii) da nota fiscal nº 151 (fl. 2759), datada de 19/05/2009, no montante de R$ 650.000,00 e com a descrição: “prestação de serviços de consultoria técnica e imobiliária visando a identificação, vistoria, detalhamento e avaliação dos valores locatícios de imóveis, conforme contrato pactuado pelas partes em 16 de dezembro de 2008 e acordo firmado”; e (xiii) do comprovante de depósito em 02/06/2009 no valor de R$ 610.025,00 à CAC Empreendimentos (fls. 1817/1821). Dos documentos juntados pela Contribuinte, especialmente a nota fiscal, o comprovante de pagamento (ainda que a menor), o relatório com parte do serviço prestado e as diversas cartas acerca do valor a ser pago em face da rescisão do contrato, tudo em Fl. 2952DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.120 47 conformidade com objeto social da CAC Empreendimentos, entendo que restou comprovada a efetiva prestação do serviço, razão pela qual afasto essa autuação. (c) EVENTOS E CONFRATERNIZAÇÕES A Fiscalização asseverou que “Analisando a documentação encaminhada verificamos que relativamente à nota fiscal 169, encaminhada em 12.09.2012, no valor de R$ 25.000,00, fazse necessária a comprovação da efetiva prestação do serviço descrito no corpo da nota fiscal e de que a mesma é necessária à atividade da empresa e à manutenção de sua fonte produtora. Todavia, até a presente data não restou comprovada a efetiva prestação do serviço” – fl. 96, o que foi mantido pela 6ª Turma da DRJ/RJ1. Nada obstante, tentando reformar a decisão da 6ª Turma da DRJ/RJ1 e cancelar a autuação, a Contribuinte ressaltou que: “Não procede a restrição que induziu em erro a DRJ, pois, em publicação indispensável para TCI se comunicar e difundir seus méritos, recebeu prêmio e fez a sua divulgação. Nesse sentido juntouse a Nota Fiscal, o prêmio e a revista do setor, o que demonstra a importância para a atividade TCI, permitindo a conferência (fl. 1653).” – fl. 2689. Dos documentos constantes nos autos, verificouse que foi juntada (i) nota fiscal nº 169 (fl. 1654), emitida pela Editora Executivos Financeiros Ltda., em 08/10/2008, no valor de R$ 25.000,00 e contém a seguinte descrição “Especial Gestão Virutal – Imunidade Tributária Consoante ao artigo 150, inciso VI, letra D da Constituição Federal de 0510.1988 – A/C de Desp. de Comunicação e Eventos S.A.”; (ii) documento que agradece a presença na cerimônia de entrega do IX prêmio eFinance de 2010, em que a TCI foi premiada pela prestação de serviços de gestão de processos junto ao Banco BGN S/A (fl. 1655); (iii) carta em 08/10/2008 da Editores Executivos Financeiros Ltda., informando que ela se sujeita ao Simples (fl. 1656); e (iv) propaganda do IX prêmio eFinance de 2010 (fl. 1657). Pela análise dos documentos juntados, bem como das alegações da Contribuinte em seu Recurso Voluntário, não foi possível definir qual foi o serviço prestado pela Editora Executivos Financeiros Ltda. É dizer, a despeito de a nota fiscal conter descrição genérica e a Contribuinte ter tentado demonstrar uma ligação entre o serviço prestado e o IX prêmio eFinance, esta ligação não ficou clara, seja porque, sem a apresentação do contrato de prestação do serviço, não dá para saber ao certo em que medida a Editora contribuiu com Fl. 2953DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 48 aludido prêmio ou procedeu a sua divulgação, seja porque o prêmio ocorreu no ano de 2010 e a nota fiscal foi emitida em 08/10/2008. Assim, não sendo possível definir qual foi o serviço prestado, não dá para verificar se este foi efetivamente prestado e se ele era mesmo necessário à atividade da Contribuinte, razão pela qual entendo por bem manter esta autuação. (d) PERFORMA A Fiscalização aduziu que “A descrição do serviço na nota fiscal é genérica “serviços de consultoria”. Não foi apresentado qualquer outro documento que comprovasse o tipo de serviço prestado” – fl. 100, o que foi mantido pela 6ª Turma da DRJ/RJ1. Não concordando com a autuação, a Contribuinte alegou, em seu Recurso Voluntário, primeiramente, que “(...) erra a DRJ ao tentar desqualificar as notas fiscais de PERFORMA com alegações genéricas, quando o fato material está estampado nos documentos” – fl. 2694, o que, contudo, afronta o entendimento manifestado pelo CARF e na Solução de Consulta nº 283/00, conforme asseverado no item VII do presente voto. Superado esse argumento, a Contribuinte acentuou secundariamente que foram juntados documentos que demonstrariam a contratação, prestação e pagamento dos serviços, bem como que tia serviços eram necessários à execução da atividade da Contribuinte. Consultando os autos, averiguouse que a Contribuinte, para comprovar suas alegações, colacionou os seguintes documentos: (i) email de março de 2009, demonstrando transferências bancárias da TCI para a PERFORMA (fl. 1824); (ii) emails organizando diversas reuniões de março e abril de 2009 (fls. 1825/1829); (iii) email de 11/03/2009 tratando sobre os valores que foram orçados em comparação com aqueles que foram realizados em fevereiro de 2009; (iii) notas fiscais do ano de 2008 e 2009, com a descrição “serviços de consultoria” (fls. 411/413, 861/869 e 1832/1837); (iv) power point trazendo informações sobre a empresa PERFORMA e indicando a TCI como sua cliente (fls. 1838/1845); (v) comprovante de inscrição e situação cadastral da empresa PERFORMA, constando como ativa (fl. 1847); e (vi) diversos emails tratando sobre os mais diversos assuntos, tais como: fiança, elaboração de contrato, relatório de atividades, reuniões, etc. (fls. 1848/1886). Ademais, constatouse que a Contribuinte, em resposta a intimação, informou que a PERFORMA lhe prestou “(...) consultoria em análise de empresa. Essa empresa nos auxiliou na prospecção e mensuração do valor de mercado de empresa de tecnologia, para possível aquisição de parte da TCI” – fl. 472. A despeito da descrição do serviço prestado pela PERFORMA à Contribuinte, esse não restou comprovado. Isso porque, as notas fiscais e os emails são Fl. 2954DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.121 49 genéricos, não informando qual foi a empresa analisada para a compra, os serviços realizados para tanto, o porquê dos pagamentos parcelados, etc. Também em nada contribui o fato de terem sido demonstradas apenas duas transferências bancárias da TCI para a PERFORMA. Por fim, o power point apresenta a empresa PERFORMA e suas atividades, assim como o comprovante de inscrição e situação cadastral demonstra sua regularidade, mas nenhum deles comprova e especifica o serviço prestado a TCI. Desse modo, entendo pela manutenção da autuação. (e) BUFFET VENEZA Durante a Fiscalização, a Contribuinte descreveu que a empresa BUFFET VENEZA lhe prestou o seguinte serviço: “(...) fornecimento de refeição para os funcionários” – fl. 479. A despeito disso, a Fiscalização destacou no Termo de Verificação Fiscal que “Apesar de a empresa alegar que os serviços prestados pelo Buffet Veneza se referem a fornecimento de refeição para os funcionários, não foi apresentado nota fiscal, contrato ou qualquer outro elemento que comprovasse as suas alegações” – fl. 100. Devidamente processado o feito, a 6ª Turma da DRJ/RJ1 manteve a autuação, já que “Em sede de contencioso [a Contribuinte] nada apresentou adicionalmente, sequer se pronunciou com relação a esta despesa” – fl. 2569. Analisando o processo, não se localizou qualquer argumento por parte da Contribuinte em sede de Impugnação ou de Recurso Voluntário, nem qualquer documento juntado aos autos, razão pela qual entendo por bem manter essa autuação. (f) AIC INFORMÁTICA A Fiscalização ressaltou que “(...) a descrição dos serviços no corpo da nota fiscal é genérica, “prestação de serviços”, não tendo sido apresentado qualquer outro documento que comprovasse o tipo de serviço prestado.” – fl. 100. A 6ª Turma da DRJ/RJ1 manteve a autuação, o que fez com que a Contribuinte interpusesse Recurso Voluntário, alegando, que “(...) erra a DRJ ao tentar desqualificar as notas fiscais de AIC com alegações genéricas, quando o fato material está estampado nos documentos” – fl. 2697. Como visto no item VII do presente voto, esse argumento não se sustenta, já que a CSRF defendeu que a descrição genérica de ‘prestação de serviços’ é insuficiente para fins de dedutibilidade. Fl. 2955DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 50 Superado esse argumento, a Contribuinte sustentou que “foi juntada uma pletora de elementos que, ao lado do que já nos autos, demonstra a contratação, prestação, pagamento, etc.” fl. 2697. Analisando os autos do processo, verificouse que a Contribuinte (i) descreveu, em sede de fiscalização, que a AIC Informática lhe prestou o seguinte serviço: “(...) desenvolvimento de software” – fl. 479; e (ii) procedeu a juntada de notas fiscais (fls. 852/858 e 1889/1909), com a seguinte descrição “prestação de serviços” ou “prestação de serviços – assistência médica”, certidão simplificada da AIC Informática (fl. 1911); comprovante de inscrição e situação cadastral da AIC Informática, constando como ativa (fl. 1912) e dois emails (fls. 2308/2310). Dos documentos juntados, não é possível identificar qual foi o serviço prestado. Para piorar a situação, a despeito de a Contribuinte ter informado que se tratava de desenvolvimento de software, em muitas das notas fiscais consta a informação “assistência médica”, que obviamente não possui nenhuma relação com o desenvolvimento de software. Ademais, a certidão simplificada e o comprovante de inscrição e situação cadastral apenas servem para atestar a regularidade da empresa AIC Informática, mas não para demonstrar a efetiva prestação de serviço. Por fim, o email do Sr. Marcos Oquendo consta como se ele fosse integrante do grupo TCI, mas o logo embaixo do seu nome faz referência à empresa AIC Informática. Diante da falta de comprovação da prestação do serviço da empresa AIC Informática à Contribuinte, entendo por bem manter essa autuação. (g) MDC CONSULTORIA A Fiscalização alegou que “A descrição do serviço na nota fiscal é genérica “serviços de consultoria”. Não foi apresentado qualquer outro documento que comprovasse o tipo do serviço prestado” – fl. 100. Diferentemente, o voto vencedor da 6ª Turma da DRJ/RJ1 entendeu que “(...) tendo o contribuinte apresentado as notas fiscais de prestação de serviços da empresa MDC Consultoria, os comprovantes de pagamentos e tendo a efetividade do registro contábil, [e não sendo o caso de partes relacionadas ou da existência de documentos que desabonem o prestador de serviço] considero que a escrituração do contribuinte faz prova a seu favor” – fl. 2609., concluindo que “considero improcedente a glosa de despesa de IRPJ efetuada quanto à empresa MDC Consultoria” – fl. 2609. Por sua vez, a Contribuinte, em sede de Recurso Voluntário, alegou que “(...) é indevida uma autuação que tenta desqualificar as notas fiscais de MDC com alegações genéricas, quando o fato material está estampado nos documentos” – fl. 2698 e que foi juntada Fl. 2956DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.122 51 uma “pletora de elementos que, ao lado do que já nos autos, demonstra a contratação, prestação, pagamento, etc.” fl. 2699. Com relação à afirmação das alegações genéricas, faço remissão ao quanto disposto nos tópicos anteriores no sentido de que a CSRF defendeu que a descrição genérica de ‘prestação de serviços’ é insuficiente para fins de dedutibilidade. No que tange aos documentos juntados ao processo, verifico terem sido colacionadas (i) as notas fiscais (fls. 384/386, 396, 404/406, 408, 859 e 1914/1924), constando a seguinte descrição “consultoria empresarial”; (ii) o comprovante de inscrição e situação cadastral da MDC Consultoria, estando com a informação “BAIXADA”, por extinção por encerramento liquidação voluntária, em 03/11/2011 (fl. 1925); e (iii) emails sobre o convite para concorrer na Avon à contratação de serviços de coleta de dados, digitação de pedido de compra e formulário para vendedoras durante o período de 2009 (fls. 2289/2292). Dos documentos juntados, não é possível concluir em que consistia a consultoria empresarial prestada pela MDC Consultoria à Contribuinte. Isso porque, as notas fiscais são genéricas, a comprovação de inscrição e situação cadastral da MDC Consultoria não informa qual a natureza dos serviços por ela prestados e os emails mais confundem do que auxiliam, já que, por exemplo, o email da Sra. Alessandra consta como integrante do grupo TCI, mas o logo embaixo do seu nome faz referência à empresa MDC Consultoria e se tratam de emails trocados entre a MDC e a Avon. Pelos motivos acima e não tendo sido localizados os comprovantes de pagamento, discordo do entendimento proferido pelo voto vencedor da 6ª Turma da DRJ/RJ1 e mantenho a presente autuação, vez que não restou comprovado o tipo de serviço prestado pela MDC Consultoria à Contribuinte. (h) SIMPLIFICARH A Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal defendeu que “A descrição do serviço na nota fiscal é genérica “serviços de consultoria”. Não foi apresentado qualquer outro documento que comprovasse o tipo de serviço prestado” – fl. 100. A 6ª Turma da DRJ/RJ1 houve por bem manter a autuação, o que fez com que a Contribuinte alegasse que “(...) erra a DRJ ao tentar desqualificar as notas fiscais de SIMPLIFICARH com alegações genéricas, quando o fato material está estampado nos documentos” e que foi juntada uma “pletora de elementos que, ao lado do que já nos autos, demonstra a contratação, prestação, pagamento, etc.” – fl. 2700. Ademais, a Contribuinte acrescentou que “não pode ser atribuído a TCI eventuais irregularidades de terceiros” fl. 2701 Fl. 2957DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 52 e que “as próprias referências feitas pela fiscalização, acerca da proximidade de SIMPLIFICAH e TCI, mostram como a autuação errou no enquadramento dos fatos e da regência legal, deixando subentendida acusação diversa” – fl. 2701. Primeiramente, vale notar que não se sustenta o argumento de que a Fiscalização teria se valido de alegações genéricas para desqualificar as notas fiscais, pois, conforme demonstrado no item VII do presente voto, a CSRF defendeu que a descrição genérica de ‘prestação de serviços’ é insuficiente para fins de dedutibilidade. Superado isso, consultando os autos, constatouse que a Contribuinte informou que a SIMPLIFICARH era “(...) especializada em gestão de RH, contratada para revisão de processos de benefícios e contratação” – fl. 480. Além disso, verificouse que foram colacionados os seguintes documentos: (i) instrumento particular de contrato de prestação de serviços de consultoria na área de tecnologia celebrado entre a Contribuinte e a SIMPLIFICARH e seus termos aditivos (fls. 1928/1942); (ii) termo de compromisso de confidencialidade e de declaração de titularidade de direitos autorais entre a Contribuinte e a SIMPLIFICARH (fls. 1943/1946); (iii) notas fiscais (fls. 828/851 e 1949/1972); (iv) emails (fls. 2293/2300); (v) instrumento particular de constituição da SIMPLIFICARH (fls. 1140/1142); (vi) alteração do contrato social (fls. 1144/1158); (vii) consulta CNPJ (fls. 1446/1447); (viii) certidão simplificada da SIMPLIFICARH (fl. 1974); (ix) comprovante de inscrição e de situação cadastral da SIMPLIFICARH, constando como ativa (fls. 490 e 1975); (x) sistema de arrecadação DATAPREV (fls. 1085/1089); e (xi) contrato de prestação de serviços com cláusula adjeta de comodato (fls. 486/489). Analisando as notas fiscais, elas contêm a seguinte descrição “consultoria em adm. de pessoal durante o mês de (...)” ou “serviços de consultoria em administração de pessoal no mês de (...)”, descrições estas bem genéricas, mas que estão de acordo com o que fora indicado na petição de fl. 480. Fazendo referência ao mesmo serviço contido nas notas fiscais, foi o contrato firmado entre a Contribuinte e a SIMPLIFICARH em 02/01/2008 (fl. 1936/1942), o qual tinha como intuito “(...) a prestação pela CONTRATADA à TCI, dos SERVIÇOS, de consultoria na área de Adm de Pessoal, sem exclusividade e de acordo com as regras e condições ajustadas neste contrato” – fl. 1937. No referido contrato, foi ajustado o pagamento do valor de R$ 72.000,00, em doze parcelas de R$ 6.000,00. Em 01/02/2008, foi firmado o primeiro aditivo (fl. 1935), para que as parcelas mensais fossem de R$ 6.400,00. Em 01/07/2008, foi firmado o segundo aditivo (fls. 1933/1934), sem alterações relevantes. Em 02/01/2009, foi firmado o terceiro aditivo (fls. Fl. 2958DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.123 53 1930/1932), aumentando as parcelas mensais para R$ 6.720,00 e prorrogando o contrato por doze meses. Em 02/01/2010, foi firmado o quarto aditivo (fls. 1928/1929), prorrogando por mais doze meses o contrato. Tais valores estão em conformidade com aqueles indicados nas notas fiscais. O serviço descrito nas notas fiscais e no contrato firmado entre SIMPLIFICARH e a Contribuinte está ainda de acordo com o objeto social contido na certidão simplificada da empresa SIMPLIFICARH, qual seja: “assessoria em serviços nas áreas de recursos humanos departamento de pessoal projetos culturais e recreativos em geral locação de mãodeobra prestação de serviços de digitação e digitalização impressão de dados recepção e entrega de documentos” – fl. 1974. Também está de acordo com o contrato de constituição (fls. 1140/1142), no qual constava o seguinte objeto social “(...) prestação de serviços de assessoria em matéria de recursos humanos, com a realização de planejamento estratégico, recrutamento, seleção e treinamento, planos e pesquisas de cargos e salários, promoção de eventos, agenciamento e locação de pessoal terceirizado em geral” – fl. 1140, o qual foi restringido em 24/10/2000 para “(...) ramo de serviço e assessoria em recursos humanos, conforme a legislação em vigor” – fl. 1144 e, em 01/02/2008, foi novamente ampliado para “a) Assessoria em serviços nas áreas de recursos humanos, departamento de pessoal, projetos culturais e recreativos em geral; b) Locação de mãodeobra; c) Prestação de serviços de: digitação, digitalização, impressão de dados, recepção e entrega de documentos” – fl. 1156. Nesse sentido, não prospera o argumento da 6ª Turma da DRJ/RJ1 de que deveriam ser apresentados relatórios para que aludida despesa fosse dedutível. Isso porque, as cláusulas do contrato apenas previram a apresentação de relatório para o reembolso das despesas incorridas com transporte, estadia e alimentação, sendo que tais despesas não demonstram em nada o exercício da atividade. Confirase: “3.3 – A TCI ressarcirá a CONTRATADA, mediante a apresentação dos respectivos comprovantes das despesas com transporte, estadia e alimentação realizadas na execução dos SERVIÇOS em outras Cidades fora da Região Metropolitana de São Paulo/SP, desde que previamente autorizadas pela TCI. 3.4 – A CONTRATADA deverá encaminhar à TCI um relatório detalhado de todas as despesas mencionadas na subcláusula anterior, anexando todas as respectivas notas de despesas efetuadas” – fl. 1938. Fl. 2959DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 54 Corroborando com o anteriormente disposto, a Contribuinte procedeu a juntada de alguns emails do Sr. Alipio Melo, sócio da empresa SIMPLIFICARH, direcionados aos integrantes da Contribuinte, tratando sobre os seguintes assuntos: (i) demissões sem justa causa em 02/06/2009 (fl. 2293); (ii) procedimento de revista em 11/08/2008 (fls. 2294/2295); (iii) projeto de implantação de relógios de ponto em 26/10/2009 (fls. 2298/2299); e (iv) a jornada de trabalho dos digitadores de Brasília em 26/11/2008, os quais, cumpre mencionar, estão de acordo com o contrato de prestação de serviço e seus aditivos, com as notas fiscais e com o objeto social indicado na certidão simplificada e no contrato de constituição da empresa SIMPLIFICARH. Ratificando também o anteriormente exposto, é a procuração juntada às fls. 1427/1428, em que a Contribuinte outorga, ainda que em 17/09/2012, ao Sr. Alipio José Alves de Melo, sócio da SIMPLIFICARH, poderes para “individualmente, representar a Outorgante na área de gestão de pessoal, podendo firmar Contratos de Estágio junto aos Agentes de Integração, assinar Carteiras Profissionais em admissão e Demissão, assinar e rescindir Contratos de Trabalho e assinar os respectivos documentos, assinar Contratos e Distratos junto à Caixa Econômica Federal para fins específicos de acesso ao sistema de conectividade Social de seus empregados, exempregados e colaboradores, podendo atuar como preposto na Justiça do Trabalho, dentro e fora do Estado, perante quaisquer Sindicatos e perante o Ministério do Trabalho, estando vedado seu substabelecimento” – fl. 1427. Ainda nesse sentido é a declaração da Fiscalização de que “Sr. Alípio José Alves de Melo foi quem recebeu esta fiscalização no endereço da fiscalizada TCI, apresentandose como gerente de recursos humanos, tendo fornecido cópia do crachá de funcionário da empresa e apresentado procuração para representála junto à diversas repartições públicas, conforme consta do Termo de Constatação Fiscal lavrado em 18.03.2013”, a qual demonstra que este (sócio/SIMPLIFICARH) efetivamente prestava o serviço para o qual foi contratado. Desse modo, entendo que, da combinação de todos os documentos juntados acima, a Contribuinte comprovou que o serviço prestado pela SIMPLIFICARH à ela estava relacionado a área de RH. O fato de, na consulta no CNPJ (fl. 1447), a SIMLIFICARH ter apresentado declaração inativa no anocalendário de 2008 e o fato de o sistema de arrecadação DATAPREV (fls. 1085/1089) demonstrar a inexistência de movimentação no GFIP nos anos calendários de 2008 e 2009 não fazem prova de que o serviço não teria sido prestado, apenas de que haveriam irregularidades com a SIMPLIFICARH, que, destacase, não podiam ser conhecidas pela Contribuinte. Essas provas também não servem para considerar inapta a Fl. 2960DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.124 55 empresa SIMPLIFICARH e exigir, para considerar a dedutibilidade da despesa, o preenchimento dos requisitos contidos no artigo 82 da Lei nº 9.430/96, pois não houve declaração de inaptidão da aludida empresa pelo Fisco. Além disso, as alegações da Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal de que a SIMPLIFICAR alterou seu endereço para a Rua Floriano Peixoto, número 89 A, Centro, na cidade de PaulistaCEP 53041460 [mesmo endereço da Base Gestão, SRS Sistemas de Informação Ltda e Blackdoor] e que a Contribuinte tinha conhecimento e tinha uma relação próxima porque uma das testemunhas que assinou a citada alteração contratual da empresa SIMPLIFICARH, Sra. Josileide Maria Pereira, CPF n° 353.184.23420, se apresentou a esta repartição fiscal, para atendimento à auditoria fiscal em curso, como funcionária da fiscalizada TCI e munida de procuração para representála junto à Receita Federal do Brasil, o que demonstraria certo vínculo entre as empresas, não faz prova, diante dos elementos acima, de que não teria havido a prestação do serviço. Nesse caso, entendo que as alegações trazidas pela Fiscalização, juntamente com o documento de fls. 1642 e 1651, apenas corrobora o argumento da Contribuinte de que “Eram os antigos funcionários que estavam operando suas empresas; e que continuavam interagindo [com a TCI]” fl. 2684. Por todos os argumentos expostos acima, cancelo a glosa efetuada pela Fiscalização quanto ao prestador de serviço SIMPLIFICARH. (i) BC REPRESENTAÇÕES A Fiscalização afirmou que as notas fiscais continham descrição genérica e que os documentos juntados não comprovavam a efetiva prestação do serviço. Tendo em vista que a 6ª Turma da DRJ/RJ1 manteve a autuação, a Contribuinte alegou que “(...) erra a DRJ ao tentar desqualificar as notas fiscais de BC com alegações genéricas, quando o fato material está estampado nos documentos” – fl. 2692, o que, contudo, afronta o entendimento manifestado pelo CARF e na Solução de Consulta nº 283/00, conforme restou demonstrado no item VII do presente voto. A Contribuinte defendeu que foi juntada uma “pletora de elementos que, ao lado do que já nos autos, demonstra a contratação, prestação, pagamento, etc.” – fl. 2693. Analisando os autos, verificouse que foram juntados os seguintes documentos: (i) notas fiscais (fls. 433/446 e 1669/1682), que continham a seguinte descrição “Prestação de Serviços de Assessoria Técnica Comercial”; (ii) primeiro termo aditivo ao instrumento particular para instituição de parceria técnica e comercial entre a Contribuinte e a Fl. 2961DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 56 BC Representações (fls. 1666/1667), datado de 10/04/2008, estabelecendo, na cláusula primeiro, um percentual de remuneração máxima e, na cláusula segunda, que o termo aditivo será rescindido caso a Contribuinte não venha sagrarse vencedora da licitação; (iii) comprovantes de pagamento (fls. 1684/1705); (iv) relatórios e correspondências sobre os serviços prestados pela BC Representações à Contribuinte (fls. 450/454 e 1707/1722), estando indicado na parte debaixo da folha endereço diverso daquele constante no comprovante de inscrição e de situação cadastral; (v) consulta CNPJ (fls. 1071/1074); e (vi) comprovante de inscrição e de situação cadastral (fls. 1723), o qual indicava a empresa como ativa e descrevia seu objeto social da seguinte forma: “Representantes comerciais e agentes do comércio de têxteis, vestuário, calçados e artigos de viagem”. A fim de verificar se a Contribuinte obteve êxito em comprovar a efetiva prestação do serviço através desses documentos, elaborouse tabela comparando as notas fiscais juntadas com os comprovantes de pagamentos, baseandose nas informações constantes da tabela de fls. 1697/1698, confirase o resultado: Pago Data Folha Nota Fiscal Valor Data Folha R$ 15.332,27 03/09/2009 1684 182 R$ 16.091,94 21/08/2009 1674 R$ 34.193,36 10/09/2009 1685 R$ 45.639,25 29/07/2009 1686 181 R$ 47.900,55 14/07/2009 1673 R$ 64.529,38 27/11/2009 1687 186 R$ 67.726,63 13/11/2009 1678 R$ 76.881,92 17/12/2009 1688 188 R$ 80.691,20 01/12/2009 1680 R$ 83.824,94 09/09/2009 1689 183 R$ 87.978,23 21/08/2009 1675 R$ 98.539,69 22/12/2009 1690 191 R$ 103.422,05 08/12/2009 1682 R$ 102.540,51 22/12/2009 1691 190 R$ 107.621,20 08/12/2009 1681 R$ 123.882,00 26/05/2009 1692 179 R$ 130.020,00 04/05/2009 1671 R$ 160.971,52 30/11/2009 1693 187 R$ 168.947,20 25/11/2009 1679 R$ 371.135,54 13/11/2009 1694 R$ 16.091,94 23/06/2009 1695 180 R$ 16.091,94 08/06/2009 1672 Da análise da tabela, constatase que quase todos os valores das notas fiscais não correspondem aos valores descritos nos comprovantes de pagamento. Apenas na nota fiscal nº 180 há essa similitude. Contudo, nesse caso, o documento juntado pela Contribuinte não é muito hábil para essa comprovação, já que se se trata de dados de uma transferência bancária copiados no interior de um email. Além disso, a Contribuinte, ao invés de ter juntado o contrato, tãosomente juntou o primeiro termo aditivo ao instrumento particular para instituição de parceria técnica e comercial entre a Contribuinte e a BC Representações (fls. 1666/1667), o qual, além de não trazer qualquer informação sobre o serviço prestado, trouxe só informações genéricas sobre o Fl. 2962DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.125 57 modo como deveria ser calculado o pagamento e que o contrato seria rescindindo se a Contribuinte não ganhasse a licitação. Ademais, os relatórios e as correspondências sobre os serviços prestados pela BC Representações à Contribuinte (fls. 450/454 e 1707/1722), apesar de terem por intuito a descrição dos serviços prestados, são demasiadamente genéricos, como por exemplo, definição das escalas de retirada dos documentos, adaptação do cronograma físico do recebimento e manipulação dos documentos, etc. Sem a cópia do contrato, não dá para identificar o que a BC Representações fazia à Contribuinte. Por fim, a consulta do CNPJ e o comprovante de inscrição e de situação cadastral não auxiliam a Contribuinte na identificação e na comprovação de quais foram os serviços prestados pela BC Representações, na medida em que tais documentos apenas atestam a regularidade dessa última empresa. A despeito disso, ressalto a estranheza do objeto social identificado em tais documentos com a descrição das atividades realizadas pela BC Representações nos relatórios e correspondências. Como uma empresa ligada ao comércio de têxteis, vestuário, calçados e artigos de viagem passou a realizar atividade voltada para a “organização e digitalização do acervo de inativos” – fl. 1708? Em vista da falta de provas que identificassem e comprovassem a realização do serviço, mantenho a autuação com relação a este prestador de serviço. (j) BASE GESTÃO No Termo de Verificação Fiscal, a Fiscalização asseverou que “A descrição do serviço na nota fiscal é genérica “Serviços Prestados conforme contrato”. Não foi apresentado qualquer documento que comprovasse a efetiva prestação do serviço pela contratada.” – fl. 102. Como a DRJ manteve a autuação, a Contribuinte alegou que “(...) erra a DRJ ao tentar desqualificar as notas fiscais de BASE com alegações genéricas, quando o fato material está estampado nos documentos”, o que, como visto anteriormente no item VII do presente voto, não tem como prosperar, já que é necessário esmiuçar na nota fiscal o serviço prestado ou apresentar outros documentos que comprovem o serviço prestado. A Contribuinte sustentou ainda que foi juntada uma “pletora de elementos que, ao lado do que já nos autos, demonstra a contratação, prestação, pagamento, etc.” – fl. 2703, que “não pode ser atribuído a TCI eventuais irregularidades de terceiros” fl. 2703 e que “as próprias referências feitas pela fiscalização, acerca da proximidade de BASE e TCI, Fl. 2963DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 58 mostram como a autuação errou no enquadramento dos fatos e da regência legal, deixando subentendida acusação diversa” fl. 2703. A Contribuinte, em resposta a Fiscalização, informou que a BASE GESTÃO LTDA lhe prestou “(...) serviço assessoria em gestão organizacional e planejamento estratégico nas áreas operacionais, administrativa e comercial. Contratada para desenvolver os processos das áreas de back Office e treinar as equipes para desenvolvêlas corretamente. Responsável por treinar, fiscalizar e promover as alterações necessárias para que as áreas trabalhem de forma padronizada, além da elaboração de manuais de procedimentos da empresa” – fl. 473. Analisando os autos, foram juntados os seguintes documentos: (i) notas fiscais (fls. 383, 393, 535/547, 549/554, 602, 615/673 e 2158/2180); (ii) comprovantes de pagamentos (fls. 555/585, 587/601, 674/714 e 2182/2271); (iii) livro razão (fls. 715/801); (iv) relatório feito por BASE GESTÃO LTDA (fls. 475/476); (v) contrato de prestação de serviços entre TCI e BASE GESTÃO LTDA (fls. 1429/1441 e 2036/2048); (vi) DIPJ 2009 e 2010 da empresa BASE GESTÃO LTDA. (fls. 2089/2134); (vii) consulta CNPJ da Base Gestão Ltda (fls. 1442/1443); (viii) Informações Cadastrais da empresa BASE GESTÃO LTDA. (fls. 2155/2156); (ix) certidão simplificada da BASE GESTÃO LTDA. (fls. 2273/2274); (x) instrumento de constituição da sociedade limitada denominada Base Gestão Ltda. (fls. 499/508 e 1161/1171); (xi) alterações do estatuto social (fls. 1176/1203, 1241/1262, 1266/1292 e 1295/1317); (xii) compra e venda de cotas (fls. 1318/1333); (xiii) comprovante de inscrição e de situação cadastral da BASE GESTÃO LTDA. (fls. 498 e 2275); (xiv) comprovante de arrecadação da BASE GESTÃO LTDA. (fls. 2050/2088 e 2135/2154); (xv) sistema de arrecadação DATAPREV (fls. 1079/1081); e (xvi) contrato de prestação de serviços com cláusula adjeta de comodato (fls. 494/497). As notas fiscais contêm a seguinte descrição “serviços prestados conforme contrato”, “serviço prestado de consultoria” ou “serviço prestado”, descrições estas extremamente genéricas. Os comprovantes de pagamento de fls. 555/585 e 587/601 se tratam de linhas soltas (as demais foram aparentemente apagadas) de extrato de conta do banco Bradesco com a seguinte referência: “TRANSF CC PARA CC PJ BASE GESTÃO LTDA”, sem que haja qualquer identificação de quem seja o titular da aludida conta, o que não serve como prova de pagamento. Além disso, os valores (Ex: transferência de R$ 4.000,00 – fl. 570 e de R$ 10.000,00 – fl. 571) não correspondem aqueles indicados nas notas fiscais (mais de R$ 200.000,00). Os comprovantes de pagamentos de fls. 674/714 se tratam, em verdade, de extratos da conta corrente da empresa BASE GESTÃO, ora sendo indicada transferência entre Fl. 2964DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.126 59 contas, ora sendo indicada transferências da Contribuinte como aptas a comprovarem as operações. Em primeiro lugar, questionase: como pode a transferência entre contas demonstrar o pagamento entre a Contribuinte e a BASE GESTÃO? Em segundo lugar, no que tange às transferências da Contribuinte para a BASE GESTÃO, os valores das transferências (R$ 297.000,00 fl. 674, R$ 5.000,00 fl. 679, R$ 145.000,00 fl. 682 e R$ 65.000,00 fl. 683) são bem distintos daqueles indicados nas notas fiscais (mais de R$ 200.000,00). Ademais, na fl. 703, a Contribuinte indicou diversos valores transferidos (R$ 500,00, R$ 12.000,00. R$ 26.742,50 e R$ 90.000,00) como integrantes de três notas fiscais ao mesmo tempo (30, 32 e 34), o que causa certa perplexidade. Os comprovantes de pagamento das fls. 2182/2271 se tratam de extrato de conta corrente do Bradesco ou até mesmo linhas soltas desse extrato, sem que fosse indicado quem era o titular, o que inviabiliza qualquer comprovação de que teria ocorrido o pagamento das operações postas em discussão pela Fiscalização. Assim, pelos motivos acima, entendo que não restou comprovado qualquer pagamento das notas fiscais. O livro razão, ao invés de demonstrar a regularidade das operações, demonstrou uma irregularidade logo em seu início. Em 10/03/2008, o livro razão indicou o adiantamento da Contribuinte à BASE GESTÃO de R$ 140.140,00 (fl. 717), o qual serviu para distribuição de dividendos em 11/03/2008 (fl. 717). O relatório feito por BASE GESTÃO LTDA (fls. 475/476), datado de 27/04/2009, é bem genérico, escrito a mão, não faz qualquer menção à Contribuinte e trata sobre “processo de baixa de notas fiscais recebidas” e “processo de cobrança”, não servindo, como consequência, como prova de que a aludida empresa prestou qualquer serviço de consultoria à Contribuinte. O contrato de prestação de serviços entre a TCI e a BASE GESTÃO LTDA traz também informações genéricas sobre os serviços que foram acordados: “A Contratada prestará à Contratante serviços de Consultoria e Assessoria em Gestão Organizacional, e planejamento estratégico, nas áreas operacionais, administrativa, financeira, comercial e mercadológica” – fl. 1430. Concordo com a Fiscalização de que outros elementos (como os relatórios) provariam a efetiva prestação do serviço, já que no contrato foi destacado que “A Contratada obrigase a fornecer à Contribuinte, mensalmente ou quando solicitado pela Contratante, relatório de acompanhamento detalhando todos os Serviços prestados no tempo que se passou Fl. 2965DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 60 desde o último relatório fornecido, e descrevendo o andamento de todas as atividades relacionadas aos Serviços. Tal relatório deverá ser aprovado pela Contratante, como condição para o pagamento, conforme as disposições da Cláusula Terceira seguinte” – fl. 1430. Os demais documentos (DIPJ 2009 e 2010 da empresa BASE GESTÃO LTDA. (fls. 2089/2134), consulta CNPJ da Base Gestão Ltda, Informações Cadastrais da empresa BASE GESTÃO LTDA. (fls. 2155/2156), certidão simplificada da BASE GESTÃO LTDA. (fls. 2273/2274), instrumento de constituição da sociedade limitada denominada Base Gestão Ltda. (fls. 499/508 e 1161/1171), alterações do estatuto social (fls. 1176/1203, 1241/1262, 1266/1292 e 1295/1317), compra e venda de cotas (fls. 1318/1333), comprovante de inscrição e de situação cadastral da BASE GESTÃO LTDA. (fls. 498 e 2275), comprovante de arrecadação da BASE GESTÃO LTDA. (fls. 2050/2088 e 2135/2154) e sistema de arrecadação DATAPREV (fls. 1079/1081) apenas servem para comprovar a eventual existência e regularidade da empresa, mas não se houve, ou não, a efetiva prestação do serviço. Ante o exposto, entendo que não restou comprovada que a BASE GESTÃO tenha prestado serviço à Contribuinte. (k) BLACKDOOR No Termo de Verificação Fiscal, a Fiscalização afirmou que “A descrição do serviço na nota fiscal é soluções em TI. Não foi apresentado qualquer outro documento que comprovasse o tipo do serviço prestado.” – fl. 201. A 6ª Turma da DRJ/RJ1 entendeu por bem manter a autuação. Visando reformar aludida decisão, a Contribuinte alegou em seu Recurso Voluntário que “(...) erra a DRJ ao tentar desqualificar as notas fiscais de BLACKDOOR com alegações genéricas, quando o fato material está estampado nos documentos”, argumento este improcedente, pois, conforme foi muito bem salientado no item VII do presente voto, é necessário, quando a nota fiscal contiver descrição genérica do serviço, outros meios de prova para comprovar a efetiva prestação do serviço. Ademais, a Contribuinte asseverou que foi juntada uma “pletora de elementos que, ao lado do que já nos autos, demonstra a contratação, prestação, pagamento, etc.” – fl. 2705 e ainda que “não pode ser atribuído a TCI eventuais irregularidades de terceiros” fl. 2705. Além disso, a Contribuinte destacou também que “as próprias referências feitas pela fiscalização, acerca da proximidade de BLACKDOOR e TCI, mostram como a autuação errou no enquadramento dos fatos e da regência legal, deixando subentendida acusação diversa” fl. 2705. Fl. 2966DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.127 61 Consultando o processo, verificouse que foram juntados os seguintes documentos: (i) notas fiscais (fls. 813/825 e 2000/2012); (ii) demonstrativo de conta corrente (fls. 804/812); (iii) contrato de prestação de serviços de consultoria entre a Contribuinte e a BLACKDOOR e seu aditivo (fls. 1982/1990); (iv) termo de compromisso de confidencialidade e de declaração de titularidade de direitos autorais (fls. 1991/1994); (v) instrumento particular de distrato social ao contrato de prestação de serviços de área de tecnologia, celebrado entre a Contribuinte e a BLACKDOOR (fls. 1978/1981); (vi) instrumento particular de constituição da sociedade BLACKDOOR (fls. 1114/1119 e 1995/1998); (vii) distrato social em 13/06/2011 (fls. 1128/1131); (viii) sistema de arrecadação DATAPREV (fls. 1082/1084); (ix) certidão de regularidade da BLACKDOOR perante o FGTS e as entidades fiscalizatórias (fls. 1132/1137); (x) consulta CNPJ (fls. 1448/1449); (xi) certidão simplificada da BLACKDOOR (fl. 2014); (xii) comprovante de inscrição e de situação cadastral da BLACKDOOR (fl. 2015); e (xiii) contrato de prestação e serviços com cláusula adjeta de comodato (fls. 511/514). Nas notas fiscais consta a seguinte descrição: “prestação de serviços em soluções de TI”, descrição esta bem genérica. No instrumento particular de constituição da sociedade BLACKDOOR (fls. 1114/1119 e 1995/1998), consta como objetivo social: “1 Suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da informação. 2 – Desenvolvimento de programa de computador sob encomenda” – fl. 1114, o que está de acordo com o que foi informado nas notas fiscais. No contrato de prestação de serviço (fls. 1984/1990), assinado em 07/05/2009, foi destacado que “o presente CONTRATO tem por objeto a prestação, pela CONTRATADA à TCI, dos SERVIÇOS, sem exclusividade e de acordo com as regras e condições ajustadas neste contrato” – fl. 1985, tendo sido especificado anteriormente que “(...) a CONTRATADA presta serviços na área de soluções de TI – Tecnologia de Informação” – fl. 1984, o que também está em conformidade com a descrição contida nas notas fiscais. No mencionado contrato (fls. 1984/1990), foi fixado como remuneração o valor de R$ 86.400,00, incluso todos os tributos, que seria pago em 12 parcelas mensais, no valor de R$ 7.200,00, tendo a parcela vencimento no dia 02 de cada mês. Em 01/09/2009, foi assinado o primeiro termo aditivo (fls. 1982/1983), aumentando, a partir da aludida data, o valor da parcela para R$ 8.200,00. Fl. 2967DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 62 Comparando os valores de remuneração determinados no referido contrato com os valores indicados nas notas fiscais, eles possuem certa sintonia, com exceção dos meses de maio, novembro e dezembro, confirase: Data Nota Fiscal Valor Folha 18/05/2009 1 R$ 5.520,00 813 18/06/2009 2 R$ 7.200,00 814 18/07/2009 4 R$ 7.200,00 815 21/08/2009 5 R$ 7.200,00 816 21/09/2009 6 R$ 8.200,00 817 19/10/2009 7 R$ 8.200,00 818 16/11/2009 8 R$ 2.199,59 819 16/11/2009 9 R$ 6.000,00 820 19/11/2009 11 R$ 9.200,00 821 18/12/2009 12 R$ 9.200,00 822 Em 31/12/2009, foi assinado distrato do aludido contrato de prestação de serviço (fls. 1978/1979). A despeito disso, existem notas fiscais emitidas posteriormente a esse período pela BLACKDOOR à Contribuinte (fls. 824/825), com data de 28/03/2010 e 30/08/2010, o que causa certa estranheza. No demonstrativo de conta corrente, houve a transferência da TCI para a BLACKDOOR de R$ 6.658,54, em 06/08/2009 (fl. 808), de R$ 7.589,14, em 05/11/2009 (fl. 811) e de R$ 8.527,64, em 02/12/2009 (fl. 812), o que não possui qualquer relação com o valor indicado nas notas fiscais, nem com o contrato. Considerando que os pagamentos não correspondem aos valores indicados nas notas fiscais e que os valores indicados nas notas fiscais não correspondem aqueles indicados no contrato, em relação aos meses de maio, novembro e dezembro e que existem notas fiscais emitidas posteriormente ao distrato, entendo que não restou comprovada a efetiva prestação do serviço. A certidão de regularidade da BLACKDOOR perante o FGTS e as entidades fiscalizatórias (fls. 1132/1137), a consulta CNPJ (fls. 1448/1449), a certidão simplificada da BLACKDOOR (fl. 2014) e o comprovante de inscrição e de situação cadastral da BLACKDOOR (fl. 2015) apenas atestam a eventual existência e regularidade da empresa, mas não servem para comprovar a efetiva prestação do serviço. Pelos motivos expostos acima, entendo que não restou comprovado que a BLACKDOOR efetivamente prestou serviço à Contribuinte. (l) SRS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO LTDA Fl. 2968DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.128 63 No Termo de Verificação Fiscal, a Fiscalização acentuou que “A descrição do serviço na nota fiscal é genérica “serviços de consultoria em tecnologia”. Não foi apresentado qualquer outro documento que comprovasse o tipo do serviço prestado.” – fl. 101. A 6ª Turma da DRJ/RJ1 manteve a autuação. Tentando reformar a decisão, a Contribuinte alegou que “Novamente erra a DRJ ao tentar desqualificar as notas fiscais de SRS com alegações genéricas, quando o fato material está estampado nos documentos”. Esse argumento, reiterase, não procede em face do quanto disposto no item VII do presente voto. Superado isso, a Contribuinte sustentou, em seu Recurso Voluntário, que foi juntada uma “pletora de elementos que, ao lado do que já nos autos, demonstra a contratação, prestação, pagamento, etc.” fl. 2706, que “não pode ser atribuído a TCI eventuais irregularidades de terceiros” fl. 2706 e que “as próprias referências feitas pela fiscalização, acerca da proximidade com TCI, mostram como a autuação errou no enquadramento dos fatos e da regência legal, deixando subentendida acusação diversa” fl. 2706. Consultando o processo, verificouse que foram juntados os seguintes documentos: (ii) notas fiscais (fls. 460, 860 e 2026/2030); (ii) contrato de prestação de serviços de consultoria na área de tecnologia entre a Contribuinte e a SRS Sistemas (fls. 2018/2024); (iii) emails (fls. 2302/2307); (iv) instrumento particular de constituição da SRS Sistemas de Informação Ltda (fls. 1094/1099); (v) primeira alteração do contrato social da SRS Sistemas de Informação Ltda (fls. 1107/1110); (vi) certidão simplificada da SRS Sistemas de Informação Ltda (fl. 2032); (vii) comprovante de inscrição e de situação cadastral (fl. 2033); (viii) consulta CNPJ (fls. 1444/1445); (ix) sistema de arrecadação DATAPREV (fls. 1090/1092); e (x) contrato de prestação de serviços com cláusula adjeta de comodato (fls. 517/520). Durante a Fiscalização, a Contribuinte destacou que a SRS Sistemas de Informação Ltda era “(...) Empresa de desenvolvimento de software. Contratada para nos apoiar no desenvolvimento de sistema implantado no cliente” – fl. 480. Realmente, nas notas fiscais consta a seguinte descrição: “Prestação de serviços em consultoria de tecnologia no mês de (...)”, descrição esta bem genérica. No contrato de prestação de serviço (fls. 2018/2024), assinado em 02/05/2008, foi destacado que “o presente CONTRATO tem por objeto a prestação, pela CONTRATADA à TCI, dos SERVIÇOS, sem exclusividade e de acordo com as regras e condições ajustadas neste contrato” – fl. 2019, tendo sido especificado anteriormente que “(...) a CONTRATADA presta serviços na área de Tecnologia de Informação” – fl. 2018, o que também está em conformidade com a descrição contida nas notas fiscais. Fl. 2969DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 64 No mencionado contrato (fls. 2018/2024), foi fixado como remuneração o valor de R$ 72.000,00, incluso todos os tributos, que seria pago em 12 parcelas mensais, no valor de R$ 6.000,00, tendo a parcela vencimento no dia 02 de cada mês, valor este que corresponde com aquele indicado nas notas fiscais. Os emails colacionados às fls. 2302/2307 tratam sobre call center e podem ter, ou não, alguma relação com o serviço de TI, se houver algum software envolvido, o que não ficou provado no presente caso. Ademais, estranhamente, consta no email como se o Sr. Carlos Blanco fosse integrante do grupo TCI, mas o logo embaixo do seu nome faz referência à empresa BLACKDOOR. No instrumento particular de constituição da sociedade SRS Sistemas (fls. 1094/1099), consta como objetivo social: “o licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação” – fl. 1094, o que está de acordo com o que foi informado nas notas fiscais e no contrato. Considerando que as informações contidas no contrato, nas notas fiscais e no contrato de constituição da sociedade são demasiadamente genéricas e que os emails não fazem prova em sentido contrário, entendo que a Contribuinte não conseguiu comprovar a efetiva prestação do serviço. A certidão simplificada da SRS Sistemas de Informação Ltda (fl. 2032), o comprovante de inscrição e de situação cadastral (fl. 2033) e a consulta CNPJ (fls. 1444/1445) apenas atestam a eventual existência e regularidade da empresa, mas não servem para comprovar a efetiva prestação do serviço. Ante o exposto, entendo que não restou comprovado que a SRS Sistemas efetivamente prestou serviço à Contribuinte. VIII. MULTA QUALIFICADA A Fiscalização acentuou que: “Tendo em vista as irregularidades relatadas no presente Termo de Verificação Fiscal, relativas às despesas contabilizadas as quais não tiveram a sua efetividade comprovada com documentação hábil e idônea e especialmente quanto às infrações apuradas em que os procedimentos adotados pela fiscalizada apontam para relevantes indícios de interposição de pessoas jurídicas, ao que parece com o fito de suprimir/reduzir o pagamento de tributos, procedimentos que, em tese, se configuram em crimes contra ordem tributária, previstos nos incisos I e II do artigo 1o da Lei 8.137/90, foi aplicada multa de 150%, prevista no artigo 957, II do RIR/99 (Art. 44 da Lei 9430/96, com redação dada pela Lei 11.488/97) sobre os valores relativos ao IRPJ e à CSLL apurados, decorrentes da infração Fl. 2970DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.129 65 “Pagamentos sem causa/Operação não Comprovada, bem como sobre o Imposto de Renda Retido na fonte incidente sobre os citados pagamentos.” – fl. 113. Sendo coerente com suas conclusões relativas à autuação 004 – pagamento sem causa, a 6ª Turma da DRJ/RJ1 entendeu “(...) que deve ser mantida a multa qualificada de 150% prevista no inciso II do artigo 44 da Lei nº 9430/1996 sobre a tributação que incidiu sobre os pagamentos sem causa efetuados pela TCI à BASE GESTÃO LTDA e que deve ser afastada a mesma multa qualificada dos demais pagamentos efetuados às outras empresas indicadas na planilha de fls. 117/121.” – fl. 2598. A Contribuinte, visando reformar o acórdão proferido pela 6ª Turma da DRJ/RJ, sustentou o não cabimento da multa qualificada, seja porque “(...) erra a DRJ ao tentar agregar dolo em relações empresariais estampadas em documentos idôneos” – fl. 2709, seja porque “(...) só mostram como a autuação errou no enquadramento dos fatos e da regência legal, deixando subentendida acusação diversa” – fl. 2710. Tendo por base os trechos transcritos da Fiscalização no item VII do presente voto para cada um dos prestadores de serviço, entendo que não restou comprovado qualquer irregularidade no que tange aos seguintes prestadores: CAC Empreendimentos, Editora Executivos Financeiros, Performa e MDC Consultoria. Isso porque, para o prestador CAC Empreendimentos, a Fiscalização sustentou apenas a falta de juntada da nota fiscal. Por outro lado, para os prestadores Editora Executivos Financeiros, Performa e MDC Consultoria, a Fiscalização somente alegou que a documentação apresentada pela Contribuinte foi insuficiente para comprovar a prestação do serviço. Por fim, para o prestador Buffet Veneza, a Fiscalização entendeu que faltou a juntada da nota fiscal e de outros documentos. No que se refere ao prestador AIC Informática, a Fiscalização apontou que não teria sido apresentado qualquer documento para comprovar a efetiva prestação do serviço e que “(...) consultando o sistema CNPJ da Receita Federal do Brasil, verificamos que a empresa AIC Informática apresentou DIPJ relativa ao exercício de 2009, ano calendário de 2008, como INATIVA” – fl. 100. A despeito da irregularidade constatada pela Fiscalização, entendo que esta isoladamente não é apta a qualificar a multa, pois não tinha como a Contribuinte saber o modo como o seu prestador de serviço entregou as suas declarações a autoridade fiscalizadora. Em relação à BC Representações, a Fiscalização asseverou que a documentação apresentada foi insuficiente para comprovar a efetiva prestação do serviço e que “(...) Observamos ainda que os referidos papéis [com relação sumária dos serviços que seriam Fl. 2971DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 66 executados] não foram impressos em papéis timbrados da empresa BC Representações e que o endereço constante do rodapé é diferente daquele constante das notas fiscais de serviços emitidas pela BC Representações que é o seu endereço no cadastro do CNPJ” – fl. 98. Esta irregularidade não é apta, a meu ver, para ensejar a qualificação da multa, sob o pretexto de que haveria a interposição de pessoa para suprimir ou reduzir o pagamento de tributo. No que tange à SIMPLIFICARH, a despeito da existência de certas irregularidades, conforme especificado no item (h), VII, do presente voto, entendo que, em face dos documentos colacionados, restou comprovada a efetiva prestação do serviço e, como consequência, afastada está a multa qualificada. Quanto ao prestador de serviço SRS Sistemas, a Fiscalização, além de ter considerado a documentação apresentada pela Contribuinte insuficiente para comprovar a efetiva prestação do serviço, destacou que (i) as GFIP’s apresentadas foram sem movimento; (ii) a SRS Sistemas tinha como sede a Rua Floriano Peixoto, número 89 A, Centro, na cidade de PaulistaCEP 53041460 [mesmo endereço da Base Gestão, Simplificarh e Blackdoor]; e (iii) o Contrato de Constituição da Sociedade teve como testemunha e advogado, o Sr. Alípio José Alves de Melo, sócio da Simplificarh e gerente da TCI, e a Sra. Josileide Maria Pereira, procuradora da TCI perante várias repartições públicas. A primeira irregularidade não tinha como ser de conhecimento da Contribuinte e não é apta a gerar a qualificação da multa. A segunda irregularidade mostra uma relação entre os prestadores de serviço, mas não mostra a existência de uma relação entre eles e a Contribuinte. A terceira irregularidade demonstra que a Contribuinte participou da abertura da SRS Sistemas, podendo ser considerado um indício de algo suspeito, contudo, não comprova que esta empresa foi utilizada pela Contribuinte com o fito de reduzir ou suprimir tributos, razão pela qual afasto a multa qualificada. Pelas mesmas razões expostas no parágrafo anterior, afasto a multa qualificada em face do prestador de serviço BLACKDOOR. Isso porque, nesse caso, assim como no anterior, a Fiscalização, além de ter considerado a documentação apresentada pela Contribuinte insuficiente para comprovar a efetiva prestação do serviço, ressaltou que (i) as GFIP’s apresentadas foram sem movimento; (ii) a BLACKDOOR tinha como sede a Rua Floriano Peixoto, número 89 Caixa Postal 207, Centro, na cidade de PaulistaCEP 53041460 [mesmo endereço da Base Gestão, SRS Sistemas de Informação Ltda e Simplificarh]; e (iii) o Contrato de Constituição da Sociedade teve como testemunha e advogado, o Sr. Alípio José Alves de Melo, sócio da Simplificarh e gerente da TCI, e a Sra. Josileide Maria Pereira, procuradora da TCI perante várias repartições públicas. Por fim, a Fiscalização aduziu que o prestador BASE GESTÃO que (i) os documentos apresentados não serviram para comprovar a efetiva prestação do serviço; (ii) o Fl. 2972DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.130 67 contrato de prestação de serviços entre a Contribuinte e a BASE GESTÃO, firmado em (01/02/2008), foi feito antes da constituição da empresa contratada (13/02/2008); (iii) no Contrato de Constituição da Base Gestão Ltda., consta aposto, em todas as suas páginas, um carimbo onde se lê “Grupo Jurídico TCI”; (iv) na Terceira e na Quarta Alteração, assinam, como testemunhas, procuradoras da TCI perante diversas repartições públicas; (v) o sócio majoritário e o administrador da empresa contratada, Base Gestão Ltda, e que na data da constituição da empresa detinha 96,96% do seu capital social, direta ou indiretamente, era também sócio da fiscalizada; (vi) a partir de maio de 2008, vários diretores da fiscalizada TCI passaram a integrar o quadro societário da contratada Base Gestão; (vii) a Base Gestão Ltda apresentou uma única GFIP em 03/2008; (viii) tinha como sede a Rua Floriano Peixoto, número 89, Centro, na cidade de PaulistaCEP 53041460 [mesmo endereço da BLACKDOOR, SRS Sistemas de Informação Ltda e Simplificarh]; (ix) a partir de 10 de março de 2008, foram registrados em sua conta caixa, recebimentos relativos à adiantamentos de clientes efetuadas pela TCI, no valor de R$ 140.140,00, quando a primeira nota fiscal emitida pela empresa foi em 25.06.2008, nota fiscal n° 02 no valor de R$ 718.000,00; (x) em 11/03/2008, todo o valor do adiantamento recebido pela diligenciada Base Gestão foi distribuído aos sócios, que exerciam funções de dirigentes na TCI, a título de antecipação de dividendos e, em 21.05.2008, foi efetuada uma devolução do capital da empresa aos sócios, zerando a conta caixa; e (xi) a Base Gestão Ltda não poderia ter distribuído os dividendos porque fez a opção, em sua DIPJ, pelo Lucro Presumido. Todas essas informações se encontram devidamente corroboradas pelos documentos acostados aos autos, não tendo sido contestadas pela Contribuinte, sendo prova mais do que suficiente para manutenção da qualificação da multa. Ante o exposto, mantenho a multa qualificada para o prestador de serviço BASE GESTÃO, cancelando a multa qualificada em face dos demais. IX. ADIÇÃO AO LUCRO LÍQUIDO DOS BRINDES, DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL, DAS DOAÇÕES, DAS MULTAS E DA PROVISÃO A Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal sustentou que: “(...) os valores de R$ 1.182.489,04 e R$ 1.128.594,33 apesar de terem sido adicionados ao lucro líquido para efeito de apuração Fl. 2973DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 68 do Lucro Real no LALUR, não foram adicionados na ficha 09A Demonstração do Lucro Real da DIPJ. Verificamos ainda que no referido ano calendário, além do resultado da equivalência patrimonial a fiscalizada escriturou no LALUR as adições correspondentes às despesas indedutíveis, tais como brindes, provisões, multas e doações, não tendo, porém, efetuado qualquer adição ao lucro líquido para efeito de apuração do Lucro Real na DIPJ. Assim, serão adicionadas ao lucro líquido do período, para efeito de apuração do Lucro Real, os valores a seguir descritos:” – fls. 91/92 Data Natureza dos Ajustes Adições 31.12.2008 Brindes registrados na conta 3.3.03.02.01.001.0013 3.008,00 31.12.2008 Brindes registrados na conta 3.4.01.03.01.001.0002 13.541,56 31.12.2008 Doações registradas na conta 3.4.02.10.01.001.0013 310,27 31.12.2008 Multas registradas na conta 3.4.02.10.05.001.0008 1.054,11 31.12.2008 Brindes registrados na conta 3.4.02.10.09.001.0002 60.561,78 31.12.2008 PDD registrados na conta 3.4.02.10.10.001.0001 857.929,01 31.12.2008 Equivalência Patrimonial registrada na conta 3.6.01.01.01.001.0001 2.33 1.083,37 31.12.2008 Total 3.247.488,10 Em todas essas autuações, a Contribuinte apontou, em seu Recurso Voluntário, o vício no fundamento legal e material analisado no item III desse voto, razão pela qual faço remissão ao quanto restou ali decidido. Apenas quanto à adição ao lucro líquido dos brindes, o qual perfaz o valor de R$ 77.111,34, a Contribuinte trouxe um argumento adicional para tentar cancelar a autuação, qual seja: “(...) foram despesas necessárias para a atividade, pois remessa de cesta natalina para o bem estar do ambiente de trabalhos e blocos para anotações dos clientes e dos próprios funcionários da empresa quando executando seu trabalho, relativas às etapas de cada prestação de serviço” – fl. 2713. Para comprovar o quanto alegado, a Contribuinte não colacionou nenhum documento adicional no Recurso Voluntário, apenas fez menção àqueles que foram juntados com a Impugnação, qual seja: nota fiscal nº 33466 (fl. 2277), no valor de R$ 14.969,50, contendo diversos produtos, tais como: panetone, ameixa, pão de mel, espumante, lentilha, entre outros, e fotos dos blocos de anotações (fls. 2278/2279). No que tange aos blocos de anotações, entendo, em primeiro lugar, que as fotos juntadas não servem de prova para comprovar a despesa, vez que não demonstram qual o valor e a data do gasto incorrido e, em segundo lugar, que, sendo os blocos de anotações enquadrados como brindes, já que, conforme Solução de Consulta COSIT nº 58/13, o termo Fl. 2974DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.131 69 brindes “referese às mercadorias que não constituam objeto normal da atividade da empresa, adquiridas com a finalidade específica de distribuição gratuita ao consumidor ou ao usuário final, objetivando promover a empresa ou o produto”, eles são indedutíveis, nos termos do artigo 13, VII, da Lei nº 9.249/95. Por sua vez, no que se refere às cestas de natal, entendo que a Contribuinte comprovou a despesa de R$ 14.969,50, decorrente da compra de diversos produtos alimentícios, que poderiam, sim, compor uma cesta de natal, especialmente considerando a data em que foi realizada a mencionada compra (em 21/12/2008). Nada obstante, cumpre verificar se as cestas de natal são, ou não, dedutíveis. Sobre o tema, a Solução de Consulta nº 234, de 29/06/2007, da 9ª Região Fiscal, estabeleceu que: “Os gastos com gratificações em dinheiro, vales para compra de medicamentos, material escolar, cestas de natal e brindes a funcionários e familiares, distribuídos em festas natalinas, são indedutíveis do lucro líquido”. Contudo, o e. CARF, por meio do acórdão nº 10184.180/92, proferido pela 1ª Câmara do antigo Primeiro Conselho de Contribuinte, em 14/10/1992, e do acórdão nº 107 07.610, proferido pela 7ª Câmara do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, em 15/04/2004, defendeu a dedutibilidade das cestas de natal. Como o primeiro acórdão do e. CARF foi proferido antes do advento do RIR/99 e das demais legislações que tratam acerca da dedutibilidade das despesas para fins de IRPJ e de CSLL, seus fundamentos não serão analisados no presente voto. Analisando, por outro lado, o segundo acórdão, verificouse que ele admitiu a dedutibilidade das cestas de natal, ainda que entregues a determinados empregados, é o que se comprova pelo seguinte excerto: “A decisão recorrida rechaça cada um dos argumentos da recorrente sob os seguintes fundamentos: (a) as despesas com Cestas de Natal não extensivas a todos os funcionários são indedutiveis, porque caracterizam mera liberalidade; (...) “Não procede o fundamento da decisão recorrida utilizado para rechaçar a dedutibilidade das despesas relacionadas com aquisições de cesta de natal. O fato da recorrente ter concedido as cestas de natal a determinados funcionários — de quantitativo Fl. 2975DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 70 expressivo, aliás — não retira o caráter de necessidade da despesa, sobretudo quando se contata que o valor gasto corresponde a parcela ínfima de seu faturamento.” A despeito de o aludido acórdão ter sido silente, acreditase que seu entendimento estaria fundamento no artigo 13, § 1º, da Lei nº 9.249/95 e no artigo 369 do RIR/99, que admitem a dedução das despesas de alimentação, desde que seja fornecida pela pessoa jurídica indistintamente a todos os seus empregados, em conjunto com o artigo 27, parágrafo único, da Instrução Normativa SRF nº 11/96, que estende a dedução das despesas de alimentação às cestas básicas. Vejamos: Lei nº 9.249/95 Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: (...) § 1º Admitirseão como dedutíveis as despesas com alimentação fornecida pela pessoa jurídica, indistintamente, a todos os seus empregados. RIR/99 Art. 369. Admitirseão como dedutíveis as despesas de alimentação fornecida pela pessoa jurídica, indistintamente, a todos os seus empregados, observado o disposto no inciso V do parágrafo único do art. 249 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, § 1º). Instrução Normativa SRF nº 11/96 Art. 27. As despesas com alimentação somente poderão ser dedutíveis quando fornecida pela pessoa jurídica, indistintamente, a todos os seus empregados. Parágrafo único. A dedutibilidade a que se refere este artigo independe da existência de Programa de Alimentação do Trabalhador e aplicase, inclusive, às cestas básicas de alimentos fornecidas pela empresa, desde que indistintamente a todos os empregados. Concordo com mencionado acórdão no sentido de que as cestas de natal são dedutíveis, mas, contrariamente ao que restou lá decidido, defendo que sua dedutibilidade está condicionada ao oferecimento de forma indistinta a todos os empregados, por força dos próprios dispositivos supratranscritos. Fl. 2976DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.132 71 No presente caso, consultando as provas colacionadas, a Contribuinte não demonstrou que os produtos comprados através da nota fiscal nº 33466 (fl. 2277), no montante de R$ 14.969,50, foram entregues a todos os empregados indistintamente, o que, contudo, deveria ter sido feito. Nesse mesmo sentido, foi, inclusive, o entendimento da 6ª Turma da DRJ/RJ1, nos autos do Acórdão nº 1263.417, a qual salientou que “(...) Os gêneros ali indicados [na nota fiscal] e a época em que foram adquiridos realmente têm coerência com o que comumente se encontra em cestas natalinas, que podem ser consideradas despesa com alimentação desde que comprovado o seu fornecimento a todos os seus empregados indistintamente (§ 1º do artigo 13 da Lei nº 9.249/1996).” – fl. 2582. Desse modo, mantenho na íntegra a presente autuação, pois, com relação à equivalência patrimonial, às doações, às multas e à provisão, a Contribuinte apenas trouxe um argumento, o qual revelou ser insustentável no item III desse voto, e, com relação aos brindes, revelouse que as fotos dos blocos de anotações não servem para comprovar a despesa e a nota fiscal dos produtos que integram a cesta básica, apesar de servir de comprovação da despesa, não demonstra a sua dedutibilidade. X. FALTA DE RECOLHIMENTO A Fiscalização autuou a Contribuinte, por falta de recolhimento em 31/12/2009 de R$ 64.098,50 de IRPJ e de R$ 23.076,46 de CSLL, na medida em que: “(...) verificamos que o valor do Imposto de Renda a Pagar apurado na linha 20 da Ficha 12 A Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real PJ em Geral, da DIPJ relativa ao ano calendário de 2009, no valor de R$ 1.669.997,08 não foi declarado em DCTF, nem pago. Todavia, verificamos que a fiscalizada efetuou o parcelamento do IRPJ mensal por estimativa, inclusive o referente ao mês de dezembro de 2009, no valor de R$ 1.605,898,58. Assim, deduzindo do imposto de renda sobre o lucro real a estimativa do mês de dezembro, resta ainda uma diferença de R$ 64.098,50 de IRPJ a pagar relativamente ao IRPJ apurado em 31.12.2009.” – fl. 86. (...) “Examinando a documentação apresentada pela fiscalizada, verificamos que foi declarado na página 20 da DCTF o valor de R$ 599.990,32, relativo à CSLL Estimativa Mensal (código 2484) e que o mesmo foi incluído em parcelamento Fl. 2977DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 72 administrativo [processo nº 13405.000462/201004], juntamente com as demais estimativas da CSLL apuradas no ano calendário de 2009. Por outro lado, a CSLL a pagar apurada na ficha 17 Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, da DIPJ relativa ao ano calendário de 2009, foi de R$ 623.065,78. Assim, considerando o parcelamento da CSLL Mensal por Estimativa, ainda resta uma diferença a pagar de R$ 23.076,46.” – fl. 87. A 6ª Turma da DRJ/RJ1 afastou a autuação de IRPJ por falta de recolhimento, pois “(...) a diferença encontrada pela fiscalização no valor de R$ 64.098,50 relativa ao imposto de renda a pagar foi conseqüência do equívoco da contribuinte em adicionar duas vezes ao lucro líquido o Resultado Negativo em Sociedades em Conta de Participação no valor de R$ 256.393,98.” – fl. 2584. De igual modo, a 6ª Turma da DRJ/RJ1 afastou a autuação de CSLL por falta de recolhimento, vez que “Assim como ocorreu com relação à autuação referente ao IRPJ também aqui houve o equívoco de adicionar duas vezes o valor de R$ 256.393,98 ao Lucro Líquido” – fl. 2593 e concluiu que “Logo, deve ser cancelada a cobrança de CSLL a pagar no valor de R$ 23.076,46” – fl. 2593. Sobre as mencionadas autuações, a Contribuinte, em seu Recurso Voluntário, em relação ao IRPJ, aduziu que “(...) o cancelamento deve ser mantido, por erro na determinação da base de cálculo, afinal tratouse de erro material” – fl. 2724 e, no que tange à CSLL, asseverou que “(...) o cancelamento parcial deve ser mantido, por erro na determinação da base de cálculo” – fl. 2735. Pois bem. Analisando a DIPJ 2010, referente ao anocalendário de 2009, colacionada aos autos às fls. 956/1008, verificouse que foram adicionados ao lucro líquido do IRPJ os montantes de R$ 3.816.457,98 (linha 12, ficha 9A, da DIPJ – fl. 963) e de R$ 256.393,98 (linha 38, ficha 9A, da DIPJ – fl. 963). Da mesma forma, foram adicionados ao lucro líquido da CSLL os valores de R$ 3.816.457,98 (linha 12, ficha 17, da DIPJ – fl. 975) e de R$ 256.393,98 (linha 31, ficha 17, da DIPJ – fl. 975). Pelas instruções de preenchimento da DIPJ 2010, a linha 12 da ficha 9A e a linha 12 da ficha 17, relativas aos “Ajustes por Diminuição Valor de Invest. Aval. p/ PL” (R$ 3.816.457,98), correspondem ao somatório da linha 45 da ficha 6A, relativa aos “Resultados Negativos em Participações Societárias” (R$ 3.560.064,00 – fl. 961), e da linha 48 da ficha 6A, relativa aos “Resultados Negativos em SCP” (R$ 256.393,98 – fl. 961), razão pela qual é Fl. 2978DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.133 73 evidente que o valor de R$ 256.393,98 foi adicionado duas vezes no cômputo da base de cálculo tanto do IRPJ, quanto da CSLL. Assim, em virtude de o valor de R$ 256.393,98 ter sido adicionado duas vezes no cômputo da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, cabível sua exclusão, o que resulta na seguinte diferença: IRPJ CSLL Valor Folha Valor Folha Lucro Real R$ 17.158.170,10 965 Lucro Real R$ 17.158.170,10 975 Valor a ser excluído R$ 256.393,98 Valor a ser excluído R$ 256.393,98 Lucro Real Ajustado R$ 16.901.776,12 Lucro Real Ajustado R$ 16.901.776,12 IRPJ de 15% R$ 2.535.266,42 CSLL R$ 1.521.159,85 Valor sujeito ao adicional R$ 16.661.776,12 Dedução R$ 79.299,14 976 IRPJ de 10% R$ 1.666.177,61 Dedução R$ 841.870,39 976 Total de IRPJ R$ 4.201.444,03 CSLL a Pagar R$ 599.990,32 Dedução R$ 101.410,66 970 CSLL Declarado R$ 599.990,32 197 Dedução R$ 9.000,00 970 Diferença apurada R$ 0,00 Dedução R$ 224.730,61 970 Dedução R$ 2.260.404,18 970 IRPJ a Pagar R$ 1.605.898,58 IRPJ Declarado R$ 1.605.898,58 1012 Diferença apurada R$ 0,00 Ante o exposto, concluo que deve ser mantida a decisão proferida pela 6ª Turma da DRJ/RJ1, cancelandose esta autuação, uma vez que o valor cobrado a título de IRPJ e de CSLL por falta de recolhimento corresponde, em verdade, a um erro cometido pela Contribuinte que adicionou duas vezes no cômputo da base de cálculo do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 256.393,98. XI. MULTA ISOLADA A Contribuinte alegou ser impossível cumular a multa isolada com a multa de ofício, jogando luz sobre o fato de que tal cumulação geraria dupla penalização pelos mesmos fatos. Enfim, concluiu que, caso fosse mantido o lançamento, deveria ser afastada a multa isolada, mantendo apenas a multa de ofício. Voto pelo cancelamento da autuação, pois entendo incabível a aplicação concomitante da multa por falta de recolhimento de tributo sobre bases estimadas e da multa de Fl. 2979DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 74 ofício exigida no lançamento para cobrança de tributo, haja vista que ambas penalidades tiveram como base o valor das receitas tidas como não tributadas pela Fiscalização. Sobre o tema, a Súmula CARF nº 105 dispõe que “A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício”. A despeito de as estimativas lançadas no presente caso dizerem respeito aos anoscalendário de 2008 e 2009, quando já vigia a Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, constato, analisando os acórdãos paradigmas da Súmula CARF nº 105, que ela é aplicável mesmo na vigência da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, senão vejamos. No voto do Relator do Acórdão nº 9101001.261, de 22/11/2011, seguido por todos os conselheiros, exceto pelo Cons. Alberto Pinto Souza Júnior, consta: “Conforme tenho reiteradamente me manifestado, entendo que, encerrado o anocalendário, não há mais base de cálculo para exigência da multa, eis que, com o deslocamento do fato gerador da obrigação tributária para 31 de dezembro de cada ano, para as empresas que optem por recolher o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro real anual, desaparece o bem tutelado pela norma jurídica, no caso as antecipações que deveriam ter sido recolhidas no decorrer do anocalendário, surgindo, com a apuração do lucro real ao final do ano calendário, o imposto efetivamente devido, única base imponível que sofrerá a sanção caso o mesmo não seja recolhido pelo sujeito passivo da obrigação tributária. (...) A partir daí, surge uma nova base imponível, esta já com base no tributo efetivamente apurado ao final do anocalendário, surgindo assim à hipótese da aplicação tãosomente do inciso I, § 1º. do referido artigo, caso o tributo não seja pago no seu vencimento e apurado exoffício, mas jamais com a aplicação concomitante da penalidade prevista nos incisos III e IV, do § 1º do mesmo diploma legal.” (p. 05). Ou seja, os pontos controvertidos postos para julgamento neste acórdão foram: (i) encerrado o anocalendário, é possível a exigência de multa de ofício? e (ii) é possível a exigência concomitante de multa de ofício por falta de recolhimento de tributo devido ao final do exercício com a multa pela falta de recolhimento de estimativa mensal? Como visto acima, a decisão foi pela impossibilidade da exigência. No mesmo sentido, os demais paradigmas: Fl. 2980DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.134 75 Acórdão 9101001.203, de 17/10/2011 “Conforme disposto em tais precedentes, a exigência da multa de lançamento de oficio isolada, sobre diferenças de CSLL não recolhidas mensalmente, somente se justifica se operada no curso do próprio anocalendário ou, se após o seu encerramento, constatarse a falta de recolhimento ou recolhimento a menor do tributo apurado ao final por conta da insuficiência das estimativas recolhidas.” (p. 08). (...) Também é entendimento assente em seara administrativa o de que é ilegítima a aplicação concomitante da multa isolada por falta de recolhimento de IRPJ sobre bases estimadas e da multa de oficio lançada conjuntamente com o montante principal do imposto quando ambas tiverem por base o mesmo fato apurado em procedimento fiscal.” (p. 10). 9101001.238, de 21/11/2011 Em que pesem as considerações recursais da Fazenda Nacional, citada controvérsia encontrase há muito superada por este Colegiado. E assente nesta Corte o entendimento de que é ilegítima a aplicação concomitante da multa isolada por falta de recolhimento de IRPJ sobre bases estimadas e da multa de oficio lançada conjuntamente com o montante principal do imposto, quando ambas tiverem por base o mesmo fato apurado em procedimento fiscal. 1402001.217, de 04/10/2012; “Isso ocorreu no presente caso, porém essa mesma irregularidade, qual seja, a falta de recolhimento da estimativa refletiu no ajuste anual ensejando a exigência da multa de oficio proporcional de 75%. Logo, estamos diante de duplo penalidade da mesma infração, que a meu ver não tem amparo no citado artigo 44 da Lei 9.430/1996.” (fls. 13/14) Esse último Acórdão, qual seja, 1402001.217, além de ser paradigma da Súmula CARF nº 105, também é relevantíssimo, pois enfrentou a alteração do art. 44, promovida pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, vejamos: Por fim, para espancar quaisquer dúvidas sobre a impossibilidade dessa aplicação cumulativa das multas, é sabido que um dos fatores que levou a mudança da redação do citado art. 44 da Lei 9.430/1996 foram os julgados deste Conselho. Fl. 2981DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 76 Vejamos novamente a redação de parte disposições do art. 44 da Lei 9.430/1996 alteradas/incluídas pela Lei 11.488/2007: (...) Ora, o legislador tinha conhecimento da jurisprudência deste Conselho quanto a impossibilidade de aplicação cumulativa da multa isolada com a multa de oficio, além de outros entendimentos no sentido de que não poderia ser exigida se apurado prejuízo fiscal no encerramento do anocalendário, ou se o tributo tivesse sido integralmente pago no ajuste anual. Todavia, tratou apenas das duas últimas hipóteses na nova redação, ou seja, deixou de prever a possibilidade de haver cumulatividade dessas multas. E não se diga que seria esquecimento, pois, logo a seguir no parágrafo §1º, excetuou a cumulatividade de penalidades quando a ensejar a aplicação dos art. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502/1964. Vejam que, tal qual este Conselheiro, o Relator do Acórdão nº 1402001.217 entendeu que nem mesmo a alteração do art. 44, promovida pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, possibilita a exigência concomitante de multa de ofício por falta de recolhimento de tributo devido ao final do exercício com a multa pela falta de recolhimento de estimativa mensal. Com a devida vênia, entendo que não poderia ser outro o entendimento, principalmente quando comparamos as redações do art. 44, da Lei nº 9.430/96: Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996 Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: (...) § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: (...) IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º [estimativa mensal], que deixar de fazê lo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente; Art. 14. O art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação, transformando se as alíneas a, b e c do § 2o nos incisos I, II e III: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (...) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (...) b) na forma do art. 2o desta Lei [estimativa mensal], que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (...) Fl. 2982DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.135 77 Art. 41. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Vejam que não houve mudança na norma, mas alteração na disposição dos incisos e parágrafos, logo o “sentido da norma” vedado pela Súmula CARF nº 105 permanece o mesmo após a alteração do art. 44 da Lei nº 9.430/96. Dado o exposto, entendo incabível a aplicação concomitante da multa por falta de recolhimento de tributo sobre bases estimadas e da multa de ofício exigida no lançamento para cobrança de tributo, haja vista que ambas penalidades tiveram como base o valor das receitas tidas como não tributadas pela Fiscalização. XII. IRRF A Fiscalização destacou no Termo de Verificação Fiscal que “Os valores relativos aos pagamentos sem causa/operação não comprovada serão tributados exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, na forma do parágrafo primeiro do artigo 674 do RIR/99 (Lei 8981/95, art. 61, § 1º).” – fl. 110. O voto vencido cancelou parcialmente a autuação, na medida em que “(...) qualquer fato gerador ocorrido antes daquela data [27/03/2008] foi alcançado pela decadência do direito de lançar o IRRF incidente a teor do art. 150 do CTN” – fl. 2589. Contudo, o voto vencedor aduziu que “(...) para haver lançamento de IRRF por pagamento sem causa, a autoridade autuante deve demonstrar concretamente a existência de cada pagamento que motivou o lançamento, o que não foi o caso do presente processo” – fl. 2613, conforme Solução de Consulta Interna COSIT nº 11/13. Por meio de declaração de voto, foi afirmado que “(...) os pagamentos efetuados, por terem sido confessados pela contribuinte, devem ser considerados como fatos não impugnados, ou melhor dizendo, como fatos incontroversos que estão fora da lide” – fl. 2621 e que “(...) a impugnante não questionou a forma como a autoridade fiscal comprovou os fatos geradores do imposto de renda na fonte sobre os pagamentos sem causa constante do lançamento (...), razão pela qual considero que tais fatos não foram impugnados e que, também, não são objeto do presente litígio” – fl. 2622. A Contribuinte, por meio do seu Recurso Voluntário, acentuou que “(...) o cancelamento deve ser mantido, por erro na determinação da base de cálculo” – fl. 2730, reiterou a sua defesa em relação à infração 004 e destacou que “(...) o fisco glosa a despesa empunhando apenas o registro da despesa; mas para tributar essa despesa em IR Fonte, como Fl. 2983DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 78 pagamento sem causa, tem que empunhar o comprovante do pagamento da despesa glosada” – fl. 2730. Sobre o tema, dispõe o artigo 674 do RIR, utilizado pela Fiscalização como fundamento legal para autuação, que: Art. 647. Fica sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais (Lei nº 8.981, de 1995, Art. 61). § 1º A incidência prevista neste artigo aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa (Lei nº 8.981, de 1995, Art. 61, § 1º). § 2º Considerase vencido o imposto no dia do pagamento da referida importância (Lei nº 8.981, de 1995, Art. 61, § 2º). § 3º O rendimento será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto (Lei nº 8.981, de 1995, Art. 61, § 3º). Comentando aludido dispositivo, a Quarta Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF, nos autos do Acórdão nº 0401.094, Recurso nº 104144.451 e Processo nº 19515.000085/200496, em sessão de 03/11/2008, definiu que não pode ser aplicado aludido dispositivo para os casos em que haja redução do lucro líquido, como a hipótese de glosa de custos ou de despesas, in verbis: Ementa “Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte Exercício: 1999 IRRFONTE – PAGAMENTO SEM CAUSA – ART. 61 DA LEI Nº. 8981/95 – LUCRO REAL – REDUÇÃO DE LUCRO LÍQUIDO – MESMA BASE DE CÁLCULO – INCOMPATIBILIDADE – A aplicação do art. 61 está reservada para aquelas situações em que o fisco prova a existência de um pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado, desde que a mesma hipótese não enseje tributação por redução do lucro líquido, tipicamente caracterizada por omissão de receita ou glosa de custos/despesas, situações próprias da tributação do IRPJ pelo lucro real. Recurso Especial do Procurador Negado.” Fl. 2984DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.136 79 Voto “Tratase da convivência dos dispositivos em questão (artigos 44 das Leis 8.541 e 61,62 da Lei 8.981, ambas de 1995). No caso do artigo 44 da Lei 8541/1995 o objetivo era tributar o lucro distribuído pela via da redução indevida do resultado (sem nenhuma vinculação com despesa indedutível). Já o art. 61 da 8.981/95 (MP 812) era uma alternativa às situações surgidas quando havia saídas de recursos do disponível sem comprovação, com nota frias, com a criação de passivos ou ativos falsos que ficavam inflando o resultado de vários períodos, devido a inflação, vigente à época. Assim, tributavase o lucro "distribuído" ou o "ativo falso" antes da sua tributação na Pessoa Jurídica. Ademais, como os dispositivos conviveram durante todo ano de 1995, (pois o artigo 62 da lei 8981/1995 expressamente alterou a alíquota prevista no artigo 44 da 8541/95, para 35%) vigendo até a revogação deste dispositivo através da Lei 9249/1995, levando a conclusão de que, pelo menos na intenção do legislador, o artigo 61 da Lei 8981/1995 serve somente para tributar redução indevida do lucro líquido, ou seja, sua distribuição efetiva a sócio ou terceiro antes da incidência do IRPJ e da CSLL, quando não for possível identificar a causa ou o beneficiário do pagamento.” Tal entendimento foi, inclusive, reiterado em sessão de 13/04/2010 pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF, nos autos do Acórdão nº 9202 00.686, Recurso nº 143.457 e Processo nº 10730.004442/200212, confirase: Ementa “Assunto: Imposto de Renda Retido na Fonte IRFonte IRFONTE PAGAMENTO SEM CAUSA ART. 61 DA LEI N°8.981, DE 1995 LUCRO REAL REDUÇÃO DE LUCRO LIQUIDO – MESMA BASE DE CÁLCULO INCOMPATIBILIDADE. A aplicação do art. 61 da Lei n° 8.981, de 1995, está reservada para aquelas situações em que o Fisco prova a existência de um pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado, desde que a mesma hipótese não enseje tributação por redução do lucro líquido, tipicamente caracterizada por omissão de receita ou glosa de custos/despesas, situações próprias da tributação do IRPJ pelo lucro real. Precedente da CSRF. Acórdão n° CSRF/0401 094. Jul. 03/11/2008 Rel. Conselheira Ivete Malaquias Pessoa Monteiro. No caso concreto, por presunção, foi considerado omissão de receita o dinheiro creditado em conta bancária da empresa no dia 18/02/97. Assim, se houve receita omitida aumentouse o Fl. 2985DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 80 lucro e exigiuse IRPJ, CSLL, COFINS, PIS. Todavia, quando o dinheiro saiu do caixa da empresa para pagar, com juros, o valor que foi considerado receita omitida, tal importância não pode ser considerada pagamento sem causa, sob pena de efetivamente confirmar que não se tratava de receita omitida, mas sim empréstimo com obrigação de restituição dos valores. Recurso especial negado.” Voto “Vamos nos ater às pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, cujas despesas necessárias à obtenção da receita são dedutiveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica — IRPJ. Assim, quando se glosa determinada despesa aumentase o lucro e, conseqüentemente, sobre este lucro majorado há incidência de IREI. Desta forma, em sendo glosada determinada despesa não se pode exigir imposto de renda pessoa jurídica em face do lucro majorado e, ao mesmo tempo, tributar o pagamento de tal "despesa" com base no artigo 61 da Lei n° 8.981, de 1961. Nestes casos, tributase única e exclusivamente o IRPJ incidente sobre o lucro decorrente da receita glosada. Exemplo de situação exposta no item anterior é caracterizada, com mais nitidez, nos casos em que se glosam despesas por "notas frias", que não correspondem a um serviço efetivamente prestado. Glosada a despesa por não caracterizar um serviço efetivamente prestado ou transação realizada, não será pelo registro formal lançado na contabilidade da empresa, que irá se tributar pelo artigo 61 da Lei n° 8.981, de 1961. Nos casos em que as empresas valemse de "notas frias" para deduzir despesas elas, obrigatoriamente, em sua contabilidade, são obrigadas a registrar o respectivo pagamento. No entanto, sendo glosada a despesa por inexistência da transação ou falta de materialidade do pagamento, não se pode exigir imposto de renda com base na alegação de pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado, tributo este previsto no artigo 61 da Lei n° 8.981, de 1961.” Tendo sido definido, assim, pela Câmara Superior, em dois julgados, que não se pode autuar por IRRF, com base no artigo 61 da Lei nº 8.981/95, que é bem similar ao artigo 674 do RIR, utilizado pela Fiscalização como fundamento legal para autuação, nos casos em que há a redução do lucro líquido e enquadrandose o presente caso nesta hipótese, não há como prosperar a autuação por este motivo. Ainda que assim não se entendesse, o que se admite apenas para argumentar, a Solução de Consulta COSIT nº 11, de 08/05/2013, apesar de defender que a glosa de custo ou de despesa baseada em nota fiscal inidônea (destacase, não é o caso dos autos) seria compatível com o lançamento de IRRF por pagamento sem causa ou beneficiário não identificado, determinou que deveria haver comprovação pela Autoridade Fiscal de que teria ocorrido o pagamento. Vejamos o que dispõe a ementa: Fl. 2986DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.137 81 “O registro contábil de despesa amparado em nota fiscal inidônea não autoriza, por si só, além da exigência do IRPJ (em face da glosa da despesa inexistente ou não comprovada), a cobrança pelo Fisco do IRRF por pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado. A glosa de custo ou despesa, baseada em nota fiscal inidônea é compatível com o lançamento reflexo do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF) motivado pelo pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado, desde que haja a comprovação por parte da autoridade fiscal do efetivo pagamento. Dispositivos Legais: Decreto nº 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza RIR/1999), arts. 217, 299 e 674.” Essa mesma exigência de comprovação pela Autoridade Fiscal de que teria ocorrido o pagamento também foi feita em diversos julgados do e. CARF: “Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Exercício: 2009 IRF. PAGAMENTO SEM CAUSA. COMPROVAÇÃO. A exigência do imposto de renda na fonte com fundamento no art. 61, da Lei nº 8.981/1995, se sustenta quando houver indiscutível comprovação de que o sujeito passivo efetuou pagamento sem causa justificada ou a beneficiário não identificado. (...)” (Acórdão 2201002.697, Processo nº 10580.733770/201254, 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção, Relator German Alejandro San Martin Fernandez, Data de sessão: 11/03/2015) “(...) IRRFONTE. PAGAMENTO SEM CAUSA OU A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. O pressuposto material para que seja configurada a hipótese de aplicação da alíquota de IRRF de 35% prevista no artigo 61 da Lei n. 8.981/95 é a efetiva ocorrência de pagamento. Ausente a comprovação, pela Fiscalização, de que houve efetivo pagamento pelo contribuinte a terceiros, impõese o cancelamento da exigência de IRRFonte correspondente. Recurso voluntário provido.” (Acórdão 1102001.205, Processo nº 10980.007336/200745, 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção, Relator Antonio Carlos Guidoni Filho, Data da sessão: 24/09/2014) “(...) RECURSO DE OFÍCIO IRRF PAGAMENTO A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO PROVA DO PAGAMENTO Da falta de comprovação da efetividade do pagamento referente à aquisição de bens e serviços, cujas Fl. 2987DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 82 operações se acham documentadas em notas fiscais, não se está autorizado a concluir a ocorrência do pagamento. Ao contrário, em termos de verdade processual, pagamento não comprovado é pagamento que não se realizou. Assim, não se mostra admissível que o simples registro contábil da operação comercial em torno do aventado pagamento, ou mesmo a nota fiscal que a tenha documentado, sirvam de prova da ocorrência do pagamento. Pressuposto legal da exigência fiscal não confirmado. Recurso de ofício conhecido e improvido.” (Acórdão nº 10515518, Processo nº 10240.001095/200361, Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, Relatora Nadja Rodrigues Romero, Data da sessão: 22/02/2006) Assim, seja porque não é admitida a tributação de IRRF por pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado nos casos em que há a redução do lucro líquido, seja porque não é admitida a tributação do IRRF por pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado nos casos em que a Fiscalização não demonstre a efetiva ocorrência do pagamento, sendo que ambas as hipóteses estão presentes no caso, entendo pelo cancelamento da presente autuação. XIII. PIS E COFINS A Fiscalização autuou a Contribuinte, a título de PIS (fls. 22/26) e de COFINS (fls. 27/31), vez que ela teria deixado de comprovar o valor de R$ 405.610,34, em 31/12/2008, correspondentes a descontos incondicionais Ao analisar esta autuação, a 6ª Turma da DRJ/RJ1 estabeleceu que “A Cofins e PIS foram apurados sobre o valor global de R$ 405.610,34 que, no auto de infração de IRPJ correspondeu à de nº 1. Em se tratando de IRPJ e CSLL está correta a periodicidade anual, mas na apuração do PIS e Cofins é necessário a demonstração mês a mês” – fl. 2590, concluindo que “afasto a cobrança dos valores lançados referentes ao PIS e Cofins (R$ 6692,57 e R$ 30.826,38 respectivamente)” – fl. 2590. Em face da decisão da 6ª Turma da DRJ/RJ1, a Contribuinte, em seu Recurso Voluntário, se limitou a dizer que “(...) o cancelamento deve ser mantido, por erro na determinação da base de cálculo mensal” – fl. 2733. Analisando os presentes autos, verifico que a Contribuinte, em resposta ao Termo de Intimação nº 4 (fl. 202), sustentou que os descontos incondicionais, que totalizavam originalmente o montante de R$ 418.385,06, decorriam das seguintes notas fiscais, em relação aos seguintes períodos (fl. 203): Desconto Fl. 2988DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.138 83 Data Denominação Valor 04/01/2008 SERVICOS PREST.CONF. NF005821 CONS R$ 843,00 21/01/2008 VF REF. DESCONTO NF 5660 PETROBRAS R$ 19.861,29 11/02/2008 DESC. CONC S/ VENDA NF006031 ACCENTURE R$ 215,44 20/02/2008 DESC. CONC S/VENDA NF006105 MS SAUDE R$ 21.664,18 27/02/2008 DESC. CONC S/ VENDA NF006176 BANCO INDUS R$ 11.308,18 28/02/2008 DESC. CONC. S/ VENDA NF006181 BANCO SCHAHI R$ 623,54 26/05/2008 DESC CONCED. 005627 CLIENTE FUSAMSES R$ 24.541,64 26/05/2008 DESC CONCEDIDO NF 6683 MIN DESENV R$ 5.475,90 27/05/2008 DES CONCED. 005136 CLIENTE FUSAMSES R$ 10.598,49 22/09/2008 DESC CONCED. 007558 CLIENTE IMESP R$ 51.939,49 31/10/2008 DESCONTO REF NF 008222 FUNASA R$ 30.145,99 31/10/2008 DESCONTO REF NF 008223 FUNASA R$ 30.145,99 31/10/2008 DESCONTO REF NF 008224 FUNASA R$ 30.145,99 31/10/2008 DESCONTO REF NF 008225 FUNASA R$ 30.145,99 31/10/2008 DESCONTO REF NF 008226 FUNASA R$ 30.145,99 31/10/2008 DESCONTO REF NF 008227 FUNASA R$ 30.145,99 31/10/2008 DESCONTO REF NF 008228 FUNASA R$ 30.145,99 31/10/2008 DESCONTO REF NF 008229 FUNASA R$ 30.145,99 31/10/2008 DESCONTO REF NF 008230 FUNASA R$ 30.145,99 Total R$ 418.385,06 No Termo de Verificação Fiscal, a Fiscalização aduziu que “Com relação aos descontos incondicionais, cujo valor informado foi de R$ 418.385,06, foram comprovados apenas o correspondente às notas fiscais nº 5821; 6167 e 6118, nas quais encontramse destacados os descontos incondicionais concedidos, totalizando o valor de R$ 12.774,72” – fl. 89, concluindo que “(...) a fiscalizada deixou de comprovar o montante de R$ 405.610,34 correspondentes a descontos incondicionais” – fl. 89. Tendo em vista que os descontos incondicionais não comprovados correspondem ao valor total de R$ 405.610,34, relativo ao período de 21/01/2008 a 31/10/2008 (a despeito de as datas estarem um pouco erradas, conforme planilha feita no item IV, baseada nas informações contidas nas notas fiscais), é inconteste que a Fiscalização não discriminou mês a mês o valor dos descontos incondicionais não comprovados, o que, destacase, deveria ter sido feito, haja vista que o PIS e a COFINS são tributos apurados mensalmente. Ante o exposto, mantenho a decisão proferida pela 6ª Turma da DRJ/RJ1, que cancelou a autuação de PIS e COFINS, vez que o valor dos descontos incondicionais foi informado de forma global e, não, individualizado por mês. Fl. 2989DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 84 XIV. DO AUTO DE INFRAÇÃO COMPLEMENTAR No Auto de Infração Complementar lavrado em 18/04/2013 (fls. 1454/1460), a Fiscalização procedeu a cobrança de IRPJ no valor de R$ 27.059,98 e de multa no valor de R$ 20.294,98, sob o seguinte fundamento: “Nos procedimentos de fiscalização efetuados junto à empresa acima identificada, encerrados em 27/03/2013, foram apuradas diversas infrações à legislação tributária federal que resultaram na redução do prejuízo fiscal apurado pela empresa em 31/12/2008, conforme auto de infração lavrado naquela data. Por outro lado, constatamos que no ano calendário de 2009 foi efetuada pelo sujeito passivo uma compensação de prejuízo fiscal no valor de R$ 7.243.618,38 quando o saldo remanescente para aproveitamento era de R$ 7.135.378,44, resultando na compensação indevida de prejuízo fiscal no valor de R$ 108.239,94. Neste sentido, foi emitido em 17/04/2013 o MPF nº 0410100 2013 008901 (código de acesso 12194068) em virtude do agravamento da exigência ocasionado pela compensação indevida de prejuízo fiscal no ano de 2009, para lavratura de Auto de Infração Complementar nos termos do § 3º do artigo 18 da Lei 8748/93. Fica devolvido ao sujeito passivo o prazo para impugnação no concernente à matéria modificada. [destrincha as datas e os valores apurados] Enquadramento Legal: Arts. 247, 250, inciso III, 251, parágrafo único, 509 e 510 do RIR/99” – fl. 1456. A 6ª Turma da DRJ/RJ1 defendeu que “(...) se há um MPF para uma fiscalização em anocalendário já examinado emitido por uma das autoridades competentes previstas no artigo 6º, § 8º da Portaria nº 3014/2011 entendo que foi dada a ordem de que trata o artigo 906 do RIR/99” – fl. 2598, de modo que se estava autorizado para a lavratura do Auto de Infração complementar. Ademais, a 6ª Turma da DRJ/RJ1 salientou que “(...) não cabe em sede de contencioso administrativo arguir ilegalidade destes atos infralegais, pois regimentalmente os julgadores devem observalos” – fl. 2599 e que não houve cerceamento do direito de defesa. Quanto ao mérito, o voto vencido concluiu que “(...) mantenho parcialmente a tributação de IRPJ incidente sobre o prejuízo compensado a maior no ano calendário de 2009 no valor de R$ 26.331,55” – fl. 2602. O voto vencedor acentuou que “(...) em função deste voto vencedor, o resultado do prejuízo fiscal de 2008 [que impactou em 2009] ficou alterado, tendo sido apurada Fl. 2990DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.139 85 compensação indevida de prejuízo no valor de R$ 45.839,35” – fl. 2609, o que corresponde ao IRPJ no valor de R$ 11.459,83. Por não concordar com o quanto restou decidido pela 6ª Turma da DRJ/RJ1, a Contribuinte sustentou que: “(...) o cancelamento parcial deve ser mantido, por erro na determinação da base de cálculo” – fl. 2741, mas asseverou que toda a autuação seria insubsistente, na medida em que: (i) “ao lavrar novo Auto de Infração em 18.04.2013 (fl. 1.454), houve uma revisão de lançamento que, como se sabe, pode ocorrer mas desde que expressa e devidamente autorizada” – fl. 2742, conforme artigos 906 do RIR e 42 do Decreto nº 7.574/11, “Bem como fundamentada e documentada a justificativa” – fl. 2743, nos termos do artigo 149 do CTN; (ii) “(...) só constou a mera alegação, sem fundamentação, sem documento para amparar as alegações” – fl. 2748, o que violaria o contraditório e a ampla defesa; (iii) “(...) não poderia outra autuação já ser tida como definitiva, portanto já gerar um prejuízo a menor, para já haver uma nova autuação aqui alegando compensação indevida do prejuízo” – fl. 2749; e (iv) “como o resultado de TCI era bastante negativo, mesmo com toda a glosa efetuada na outra autuação, o resultado continuaria negativo, portanto, potencialmente não haveria base de cálculo para nenhum tributo” – fl. 2751. Em primeiro lugar, não prospera o argumento da Contribuinte de que, para a lavratura do Auto de Infração Complementar, deveria ter havido uma ordem expressa e devidamente autorizada, em virtude do quanto disposto no artigo 906 do RIR e no artigo 42 do Decreto nº 7.574/11. Isso porque, os dois primeiros dispositivos, os quais determinam que “Em relação ao mesmo exercício, só é possível um segundo exame, mediante ordem escrita do Superintendente, do Delegado ou do Inspetor da Receita Federal”, tratam de situação completamente diversa da presente. É dizer, enquanto na hipótese trazida pelos dois dispositivos se está fiscalizando novamente um contribuinte, em relação a um mesmo exercício, no presente caso se está procedendo a lavratura de um Auto de Infração Complementar, conforme artigos 18, § 3º, do Decreto nº 70.235/72 e 41 do Decreto nº 7.574/11. Confirase: Fl. 2991DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 86 DECRETO Nº 70.235, DE 6 DE MARÇO DE 1972 Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 3º Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias, realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será lavrado auto de infração ou emitida notificação de lançamento complementar, devolvendose, ao sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente à matéria modificada. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) DECRETO Nº 7.574, DE 29 DE SETEMBRO DE 2011 Art. 41. Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões, de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será efetuado lançamento complementar por meio da lavratura de auto de infração complementar ou de emissão de notificação de lançamento complementar, específicos em relação à matéria modificada (Decreto no 70.235, de 1972, art. 18, § 3o, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). § 1o O lançamento complementar será formalizado nos casos: I em que seja aferível, a partir da descrição dos fatos e dos demais documentos produzidos na ação fiscal, que o autuante, no momento da formalização da exigência: a) apurou incorretamente a base de cálculo do crédito tributário; ou b) não incluiu na determinação do crédito tributário matéria devidamente identificada; ou II em que forem constatados fatos novos, subtraídos ao conhecimento da autoridade lançadora quando da ação fiscal e relacionados aos fatos geradores objeto da autuação, que impliquem agravamento da exigência inicial. § 2o O auto de infração ou a notificação de lançamento de que trata o caput terá o objetivo de: I complementar o lançamento original; ou II substituir, total ou parcialmente, o lançamento original nos casos em que a apuração do quantum devido, em face da legislação tributária aplicável, não puder ser efetuada sem a inclusão da matéria anteriormente lançada. Fl. 2992DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.140 87 § 3o Será concedido prazo de trinta dias, contados da data da ciência da intimação da exigência complementar, para a apresentação de impugnação apenas no concernente à matéria modificada. § 4o O auto de infração ou a notificação de lançamento de que trata o caput devem ser objeto do mesmo processo em que for tratado o auto de infração ou a notificação de lançamento complementados. § 5o O julgamento dos litígios instaurados no âmbito do processo referido no § 4o será objeto de um único acórdão. Em tais dispositivos, diferentemente dos anteriores, não há exigência de que haja uma ordem para se proceder a lavratura do Auto de Infração Complementar, razão pela qual não prospera o argumento trazido pela Contribuinte. Sobre esse último dispositivo, a Contribuinte afirmou que “a norma invocada na autuação para justificar a refiscalização, também aponta que (a) não é ato espontâneo de uma fiscalização que terminou, (b) depende de nova determinação superior, (c) e a determinação teria de prover deste Egrégia DRJ” – fl. 2744. Ao contrário do que afirmado pela Contribuinte, comentando quem possui competência para lavratura de Auto de Infração Complementar, Marcos Vinicius Neder e Maria Teresa Martínez Lópes salientaram que a própria autoridade administrativa é quem possui esta competência, in verbis: “(...) Só quem pode constituir o crédito tributário por meio do lançamento é quem possui a competência para, em exames posteriores, realizados no curso do processo, verificadas incorreções, omissões ou inexatidões, proceder ao agravamento da exigência fiscal”.2 Assim, verificando que não havia a necessidade de qualquer ordem de qualquer autoridade e que a própria autoridade que procedeu ao lançamento é quem era competente para a lavratura do Auto de Infração Complementar, não há como prosperar o argumento da Contribuinte de que haveria qualquer irregularidade pela Fiscalização. Em segundo lugar, não prospera o argumento da Contribuinte de que o Auto de Infração Complementar não teria sido devidamente fundamentado, seja porque a Fiscalização especificou o motivo pelo qual estava lavrando o Auto de Infração Complementar, 2 NEDER, Marcos Vinicius; e LÓPES, Maria Teresa Martínez. Processo administrativo fiscal federal comentado. 3. ed. São Paulo: Dialética, 2010, p. 319. Fl. 2993DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 88 seja porque o artigo 41, § 1º, do Decreto nº 7.574/11, que indica as hipóteses em que é admitida a formalização de Auto de Infração Complementar, não exige que a Fiscalização proceda ao enquadramento em alguma dessas hipóteses. A Contribuinte não questionou a possibilidade de lavratura do Auto de Infração Complementar ou o enquadramento em alguma hipótese do o artigo 41, § 1º, do Decreto nº 7.574/11. De qualquer forma, no presente caso, da forma como foi fundamentada a lavratura do Auto de Infração Complementar pela Fiscalização, entendo que restou configurada as hipóteses previstas no artigo 41, § 1º, ‘a’ e ‘b’, do Decreto nº 7.574/11, o que demonstra a inexistência de qualquer irregularidade no procedimento adotado pela Repartição Fazendária. Em terceiro lugar, a Contribuinte sustentou que “(...) só constou a mera alegação, sem fundamentação, sem documento para amparar as alegações” – fl. 2748 e que “(...) teria que ter havido a produção de elementos para autuar” – fl. 2748, o que violaria o contraditório e a ampla defesa. Diversamente do que sustentado pela Contribuinte, a Fiscalização explicou em que consistia a complementação da autuação (por conta das infrações apuradas, houve a redução do prejuízo fiscal e, consequentemente, houve compensação a maior de prejuízo fiscal no anocalendário de 2009) e também identificou os dispositivos legais que a fundamentariam (arts. 247, 250, inciso III, 251, parágrafo único, 509 e 510 do RIR/99). Não havia a necessidade de produção de qualquer prova, vez que a autuação é consequência da constatação de que as infrações apuradas anteriormente reduziram o prejuízo fiscal. Nesse contexto, caso entendesse que o valor apurado de prejuízo fiscal estivesse errado, deveria então a Contribuinte ter demonstrado eventual erro no cálculo e não exigir que a Representação Fazendária apresentasse demonstrativos e planilhas. Entendo que as planilhas teriam ajudado, mas sua não apresentação, não obstam o exercício do contraditório e da ampla defesa por parte da Contribuinte, cuja autuação estava muito bem especificada. Em quarto lugar, a Contribuinte asseverou que “(...) não poderia outra autuação já ser tida como definitiva, portanto já gerar um prejuízo a menor, para já haver uma nova autuação aqui alegando compensação indevida do prejuízo” – fl. 2749, concluindo que “(...) no máximo a fiscalização poderia lançar para prevenir decadência” – fl. 2750 e que “(...) assim fazendo procedeu em desconformidade legal: é que as glosas que fez, e que receberam defesa e nas quais ficou DEVIDAMENTE COMPROVADO O RESPECTIVO DIREITO, não podiam já ser tidas como (sic) definitivas, ANTES DO SEU JULGAMENTO ADMINISTRATIVO DEFINITIVO, de acordo com o art. 42 do Decreto 70.235/1972, a ponto de alterarem a contabilização para fazer surgir novo resultado, a maior” – fl. 2750. Contudo, esse entendimento não tem como se sustentar, haja vista que ele não encontra nenhum embasamento legal. O artigo 42 do Decreto nº 70.235/72 trata de Fl. 2994DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.141 89 hipótese distinta, qual seja: quando se considera definitiva uma decisão. Ademais, se aplica às mesmas conclusões tecidas no tópico III do presente voto. Por força do disposto no artigo 509 do RIR/99, o prejuízo compensável é aquele apurado na demonstração do lucro real e registrado no LALUR. Como consequência, se a demonstração do lucro real e registrado no LALUR for menor daquele indicado pela Contribuinte, o prejuízo compensável também será menor. Assim, verificando a Fiscalização que foram excluídos valores que não poderiam ter sido excluídos, deverá recompor o lucro real e recalcular o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL, para, assim, apurar eventual tributo devido, lavrando o competente auto de infração, conforme determina o artigo 142 do Código Tributário Nacional. Por fim, arguiu a Contribuinte que “como o resultado de TCI era bastante negativo, mesmo com toda a glosa efetuada na outra autuação, o resultado continuaria negativo, portanto, potencialmente não haveria base de cálculo para nenhum tributo” – fl. 2751. Para tanto, indicou a ficha 9A da DIPJ do anocalendário de 2008, em que constava como prejuízo R$ 13.822.212,84. Nada obstante, esse argumento não prospera, pois, além de ser bem genérico, não considera o cálculo elaborado pela 6ª Turma da DRJ/RJ1 em seu acórdão à fl. 2601, que, se atentando as informações contidas nas DIPJ’s da Contribuinte, indicou que ela possuía ao final do anocalendário de 2008 o valor de R$ 14.052.986,04 a título de prejuízo fiscal, já observando nesse cálculo o prejuízo fiscal de R$ 13.822.212,84 do anocalendário de 2008, confirase: Fl. 2995DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 90 Também não considera que, a despeito de o prejuízo fiscal da Contribuinte ser de R$ 14.052.986,04 no anocalendário de 2008, foi constatada, conforme foi informado no Auto de Infração, a ocorrência de diversas infrações nesse mesmo anocalendário, as quais perfaziam os valores de R$ 2.724.079,00 e de R$ 4.193.528,60 (fl. 18). Diante disso, a Fiscalização, ao invés de cobrar os valores das autuações constatadas no anocalendário de 2008, procedeu a compensação do valor dessas infrações (a soma corresponde a R$ 6.917.607,60) com o valor do prejuízo fiscal, reduzindo, como consequência, este valor para R$ 7.135.378,44. Assim, tendo a Contribuinte se utilizado do valor de R$ 7.243.618,38, conforme informado em sua DIPJ (fl. 965) para compensação no anocalendário de 2009, evidentemente que compensou a maior o valor de R$ 108.239,94 e correta a lavratura do Auto de Infração para cobrar esse valor indevidamente compensado. Em face do cancelamento de parte das autuações, consoante especificado no voto acima, deve a DRF, quando do cumprimento desta decisão, após o seu trânsito em julgado, considerar o valor atualizado do prejuízo fiscal. XV. CONCLUSÃO Por fim, voto no sentido de conhecer dos Recursos Voluntário e de Ofício e, no mérito, darlhes parcial provimento, conforme exposto no voto acima, para: (i) excluir o valor de R$ 3.474,00, relativo ao item 003 do Auto de Infração, uma vez que restou comprovado se tratar de despesa necessária (festa de confraternização de fim de ano); (ii) excluir o valor de R$ 650.000,00, relativo ao item 004 do Auto de Infração, no que tange à empresa CAC Empreendimentos, por ter sido comprovada a origem desse pagamento; (iii) voltar a submeter à tributação os valores relativos ao item 004 do Auto de Infração, em relação à empresa MDC Consultoria, por não ter sido comprovada a origem desses pagamentos; (iv) excluir os valores relativos ao item 004 do Auto de Infração, no que se refere à empresa Simplificarh, por ter sido comprovada a origem desses pagamentos; (v) manter o cancelamento da multa qualificada em face de todos os prestadores de serviço, exceto da empresa Base Gestão; (vi) cancelar integralmente a multa isolada; e Fl. 2996DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.142 91 (vii) determinar que a DRF, quando do cumprimento desta decisão, após o seu trânsito em julgado, considere o valor atualizado do prejuízo fiscal. (assinado digitalmente) João Carlos de Figueiredo Neto Voto Vencedor Em que pesem as razões de decidir do eminente Relator, peço vênia para dele divergir quanto à aplicação da MULTA ISOLADA por falta recolhimento de estimativas relativas aos anoscalendário de 2008 e 2009, quando já vigia a Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Registrese que, em passado recente vinha compartilhando com o entendimento dos que laboram na tese de que é cabível o lançamento da multa de ofício, exigida isoladamente, nos casos em que a pessoa jurídica optante pelo lucro real anual deixa de recolher total ou parcialmente as estimativas mensais de IRPJ a que estava obrigada, no curso do ano calendário, ainda que lançada multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual. No entanto, por dever regimental curvome à Súmula CARF nº 105 que assim concluiu, para afastar a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício, verbis: Súmula CARF nº 105 : A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Como se vê, a Súmula tem como fundamento o art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996. Ocorre que, o mencionado dispositivo legal fora alterado pela Medida Provisória nº 351, de 22/01/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, vejamos: Redação anterior: Art.44.Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição:(Vide Lei nº 10.892, de 2004) Ide setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte;(Vide Lei nº 10.892, de 2004) .... Fl. 2997DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO 92 §1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: ... IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente; ... Redação após a Lei nº 11.488, de 2007: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas:(Vide Lei nº 10.892, de 2004)(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) ... II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal:(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) ... b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) No caso dos autos, as multas isoladas aplicadas têm como fundamento o artigo 44, inciso II, alínea "b", da Lei 9.430/96, fl.113, porquanto já em vigor a Medida Provisória nº 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, de sorte que a mencionada Súmula não se aplica ao presente processo, haja vista que os fatos geradores das multas isoladas exigidas ocorreram em 2008 e 2009, sob a égide da Medida Provisória nº 351, de 22/01//2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, portanto, sem qualquer óbice legal para imposição concomitante da multa prevista em seu inciso I com aquela estabelecida no inciso II, alínea "b". Desse modo, temse como indiscutível o cabimento da incidência da multa isolada pela falta de pagamento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, ainda que cumulativamente se exija a multa de ofício proporcional ao imposto e à contribuição devidos no ajuste anual dos anos de 2008 e 2009. Portanto, ainda que em face dos auto de infração se exija o pagamento do IRPJ e CSLL no ajuste anual, em 31/12/2008 e 31/12/2009, com a multa de ofício de 75%, deve ser mantida a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, nos presentes autos de infração, em relação aos meses de 2008 e 2009. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso voluntário em relação à multa isolada. (documento assinado digitalmente) Fl. 2998DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10480.723979/201319 Acórdão n.º 1201001.429 S1C2T1 Fl. 2.143 93 Ester Marques Lins de Sousa. Fl. 2999DF CARF MF Impresso em 01/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 30/ 05/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 31/05/2016 por JOAO CARLOS DE FIGU EIREDO NETO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 14033.000686/2010-46
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 03 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. RECONHECIMENTO DA PROCEDÊNCIA.
O reconhecimento pela autoridade fiscal da procedência do pedido de restituição põe fim a lide tributária em benefício do contribuinte.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-005.403
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário
Kleber Ferreira de Araújo
Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Bianca Felicia Rothschild, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Theodoro Vicente Agostinho.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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RETENÇÃO SOBRE NOTAS FISCAIS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. Recorrente CONSTRUTORA RV LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. RECONHECIMENTO DA PROCEDÊNCIA. O reconhecimento pela autoridade fiscal da procedência do pedido de restituição põe fim a lide tributária em benefício do contribuinte. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário Kleber Ferreira de Araújo Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Bianca Felicia Rothschild, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Theodoro Vicente Agostinho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 03 3. 00 06 86 /2 01 0- 46 Fl. 921DF CARF MF Impresso em 03/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 20/07 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 Relatório Tratase de pedido de restituição de contribuições previdenciárias decorrente de supostas sobras de recolhimento relativas à retenção prevista no art. 31 da Lei n.º 8.212/1991, na redação dada pela Lei n.º 9.711/1998. O requerimento de repetição do indébito foi enviado eletronicamente em 18/12/2009, tendo sido indeferido mediante despacho decisório, o qual teve fundamento na insuficiência de mãodeobra para execução dos serviços. O contribuinte apresentou inconformismo contra o referido despacho, todavia, a DRJ manteve o indeferimento sob os mesmos fundamentos. Cientificada da decisão em 30/03/2011 (fl. 645), o sujeito passivo interpôs recurso voluntário (fls. 647 a 685) em 13/05/2011. O julgamento no CARF foi convertido em diligência em duas ocasiões, conforme Resolução nº 2803000.196, da 3ª Turma Especial de 17 de julho de 2013 (fls. 727 a 733), e Resolução CARF nº 2803000.279, da 3ª Turma Especial, de 10 de março de 2015 (fls. 891 a 893), para as seguintes providências a serem adotadas pela autoridade fiscal : "(1) indiferentemente da relação massa salarial e faturamento, analise se a contribuinte apresentou pedido de restituição que cumpre todos os requisitos para o reconhecimento do direito, condições para a restituição e o valor de restituição, conforme a legislação de regência; (2) havendo qualquer carência de requisitos ou documentos, que seja informada a requerente, instruindoa de como retificar, e concedido prazo para realizar a retificação; (3) responda todos os questionamentos complementares trazidos pela petição protocolizada antes da presente resolução, bem como analise as demonstrações unificadas dos pedidos(processos) de restituição conexo caso sejam efetivamente apresentadas pela parte; (4) após, emita informação fiscal analítica e motivada, observando os itens anteriores, inclusive sobre o valor a ser restituído, sendo a contribuinte intimada para manifestarse, no prazo de 30 (trinta) dias". Às fls. 905/907 veio aos autos informação fiscal, reconhecendo o direito à restituição integral do montante pleiteado. Eis os termos do pronunciamento da autoridade fiscal: "8. A empresa declarou em campo próprio da GFIP, as retenções sofridas em Nota Fiscal de Serviço, de acordo com o artigo 31 da Lei 8.212/91, e conforme consta nas telas do sistema CCORGFIP (fls.896 a 903), nas matrículas CEI nº 38.720.05895/70 e 38.720.05896/72, bem como nos dados da Base Central do sistema RestWeb (fl.895). 9. Deduzindo os valores devidos pela empresa a título de contribuição previdenciária cota parte patronal, empregado e SAT/RAT também declarados em GFIP, dos valores retidos a Fl. 922DF CARF MF Impresso em 03/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 20/07 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 14033.000686/201046 Acórdão n.º 2402005.403 S2C4T2 Fl. 921 3 título de retenção da Lei 9.711/1998, restou saldo a ser restituído em relação ao pedido de restituição eletrônico PER nº 41284.73277.181209.1.2.158684, referente à competência 08/2005, conforme quadro abaixo e planilha de restituição, anexa ao processo(fl.904): (...) 10. Diante do acima exposto, informo que de acordo com quadro do item 09 da presente Informação Fiscal, o contribuinte tem o direito creditório reconhecido no PER nº 41284.73277.181209.1.2.158684, referente à competência 08/2005, no valor originário de R$ 35.701,18 (trinta e cinco mil setecentos e um reais e dezoito centavos)." É o relatório. Fl. 923DF CARF MF Impresso em 03/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 20/07 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo Relator Admissibilidade O recurso foi apresentado no prazo legal e preenche os demais requisitos legais, devendo ser conhecido. Direito à restituição O reconhecimento pelo órgão da RFB da procedência integral do pedido de restituição, expresso na informação fiscal supra, põe fim a lide tributária, conduzindome obrigatoriamente a encaminhar pelo provimento do recurso voluntário. Conclusão Voto por dar provimento ao recurso voluntário. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 924DF CARF MF Impresso em 03/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 20/07 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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Numero do processo: 10580.720563/2009-34
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL
Sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação.
Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente
Numero da decisão: 9202-004.234
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 01/07/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, PATRICIA DA SILVA, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI e GERSON MACEDO GUERRA.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora. EDITADO EM: 01/07/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, PATRICIA DA SILVA, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI e GERSON MACEDO GUERRA.
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DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL Sujeitamse à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 05 63 /2 00 9- 34 Fl. 469DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 2 EDITADO EM: 01/07/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, PATRICIA DA SILVA, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI e GERSON MACEDO GUERRA. Relatório Tratase de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física dos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo em vista a reclassificação, como tributáveis, de rendimentos declarados como isentos, recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em trinta e seis parcelas, no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08/09/2003, editada em virtude do objeto da Ação Ordinária de nº140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nºs 613 e 614. A citada verba corresponde a diferenças de remuneração verificadas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV, em 1994. Em diligência, a DRJ de Salvador/BA solicitou a aplicação da forma de cálculo determinada pelo Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009, aprovado pelo Ministro da Fazenda no DOU de 11/05/2009, que dispõe sobre rendimentos recebidos acumuladamente, levando em conta as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem os rendimentos, sendo o cálculo mensal e não global. Entretanto, a diligência ficou prejudicada, com a edição do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2.331/2010, de 26/10/2010, que suspendeu ditos cálculos (fls. 208). Em sessão plenária de 17/07/2014, foi julgado o Recurso Voluntário, exarandose o Acórdão nº 2802002.979 (fls. 335 a 350), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 ALEGAÇÃO DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO. FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE . DESNECESSIDADE DE REBATER TODOS OS ARGUMENTOS. OMISSÃO INEXISTENTE. O órgão julgador não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pelo impugnante, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. In casu, o acórdão de primeira instância enfrentou suficientemente as questões ventiladas. ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. Fl. 470DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 469 3 É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal, uma vez que a atribuição de titularidade do produto da arrecadação do imposto de renda retido na fonte toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercute sobre a legitimidade da União Federal para exigir o imposto de renda sujeito ao ajuste anual. IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluílos, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12. REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO INCIDÊNCIA. Sujeitamse à incidência do imposto de renda as verbas recebidas como remuneração pelo exercício de cargo ou função, independentemente da denominação que se dê a essa verba. IRPF. JUROS DE MORA. PAGAMENTO FORA DO CONTEXTO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO. No caso dos autos a verba não foi recebida no contexto de rescisão de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, de forma que incide o imposto de renda sobre as parcelas intituladas juros de mora, conforme jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça STJ. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM RAZÃO DE LEI EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO MANIFESTADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ AO JULGAR O RESP 1.118.429∕SP. Em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento decorreu diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual deverseia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil, não se aplica, portanto, o entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça STJ no RESP 1.118.429∕SP. IRPF. VERBAS ISENTAS E TRIBUTADAS EXCLUSIVAMENTE NA FONTE. DOCUMENTOS EMITIDOS PELA FONTE PAGADORA COM INFORMAÇÕES DIFERENTES. ÔNUS DO RECORRENTE DE PROVAR SUAS ALEGAÇÕES. Fl. 471DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 4 PREVALÊNCIA DE DOCUMENTO CONFORME ANÁLISE DOS AUTOS. PLEITO RECURSAL NÃO ATENDIDO. Cabe ao recorrente provas suas alegações. Ao juntar aos autos documento emitido pela fonte pagadora que contradiz outro de mesma origem, o recorrente tem o ônus de justificar a discrepância. Indeferese o pleito com base em análise comparativa de ambos os documentos que deu prevalência ao documento original em razão das deficiência do segundo. MULTA DE OFÍCIO. COMPROVANTE DE RENDIMENTOS COM ERRO. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL CONFORME OS COMPROVANTES EMITIDOS PELA FONTE PAGADORA. SÚMULA CARF Nº 73. Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. JUROS DE MORA. Sobre tributo pago em atraso incidem juros de mora conforme previsão legal, não sendo lícito ao julgador administrativo afastar a exigência. TRIBUTAÇÃO DE VERBAS REMUNERATÓRIAS. ALEGAÇÃO DE CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAR ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Reputado que as verbas são remuneratórias e que olançamento tem amparo em lei, não cabe ao CARF aferir inconstitucionalidade. Recurso provido em parte ” A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para tão somente excluir a multa de ofício, nos termos do voto do relator." O processo foi enviado à PGFN, que não interpôs Recurso Especial (fls. 352). Cientificado do acórdão em 16/09/2014 (AR Aviso de Recebimento de fls. fls. 358), o Contribuinte interpôs, em 26/09/2014, o Recurso Especial de fls. 360 a 396, fundamentado no art. 67, do Anexo II, do RICARF, visando rediscutir as seguintes matérias: não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e, caso assim não se entenda, não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 17/07/2015 (fls. 447 a 451). Fl. 472DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 470 5 Em seu Recurso Especial, o Contribuinte alega, em síntese: Natureza indenizatória das diferenças da URV. Não incidência do Imposto de Renda a URV nasceu com a MP 434/94, como medida necessária ao controle inflacionário à época e substituta do padrão monetário até então vigente; assim preceitua o art. 1º da Medida Provisória n. 434/94: Art. 1° Fica instituída a Unidade Real de Valor (URV), dotada de curso legal para servir exclusivamente como padrão de valor monetário, de acordo com o disposto nesta medida provisória. § I o A URV, juntamente com o cruzeiro real, integra o Sistema Monetário Nacional, continuando o cruzeiro real a ser utilizado como meio de pagamento dotado de poder liberatório, de conformidade com o disposto no art. 3o. § 2o A URV, no dia I o de março de 1994, corresponde a CR$ 647,50 (seiscentos e quarenta e sete cruzeiros reais e cinqüenta centavos). a função a ser exercida pela URV era de compensar a perda do poder aquisitivo resultante da inflação desenfreada, verificada à época, como dispõe a própria Medida Provisória: Art. 4o O Banco Centrai do Brasil, até a emissão do Real, fixará a paridade diária entre o cruzeiro real e a URV, tomando por base a perda do poder aquisitivo do cruzeiro real. [...] § 2o A perda de poder aquisitivo do cruzeiro real, em relação à URV, poderá ser usada como índice de correção monetária. assim, começa a definirse a moldura das parcelas em exame; a norma legal tinha por intuito conferir segurança à economia, garantindo que a nova moeda não restasse contaminada pelo ciclo inflacionário, sendo caracterizada a URV como expressão da perda do poder aquisitivo da moeda antiga cruzeiro real; há, portanto, evidente caráter compensatório da URV desde a sua gênese, o que certamente conduz à conclusão pela não incidência do Imposto de Renda, como bem adotado pelo Primeiro Acórdão; as parcelas referentes às diferenças de URV não representam qualquer acréscimo patrimonial, produto do capital ou do trabalho, mas constituem ressarcimento pelo erro no cálculo da remuneração, na oportunidade da conversão de cruzeiro real para URV e, consequentemente, reposição de quantias que deveriam integrar a remuneração ao longo do tempo passado, na tentativa de reparar prejuízos; assim sendo, os valores obtidos das diferenças de URV tiveram a finalidade de ressarcir o Recorrente pela reposição de quantias que deveriam integrar a remuneração, e que não integraram, causandolhe dano material, cuja reparação somente veio a ocorrer posteriormente quando, após o julgamento de uma Ação Ordinária no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, foi editada a Lei Complementar baiana n° 20/2003; Fl. 473DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 6 desse modo, a URV é indenização e não salário; aqui, vale registrar que o acordo para o pagamento das diferenças de remuneração do Recorrente que ocorreu quando houve a conversão do Cruzeiro Real em URV, em 36 parcelas, para os membros do Ministério Público do Estado da Bahia, se deu através da Lei Estadual Complementar n° 20/2003, não correspondendo a qualquer permuta do trabalho/serviço por moeda, o que tornaria clara a natureza salarial; configura, isto sim, permuta de um direito por moeda, ou seja, a realização de um direito de forma diversa da sua natureza, o que consubstancia a natureza indenizatória da verba; possuindo a URV o caráter de verba indenizatória, não se afigura legal a incidência da exação tributária; não por outro motivo que o Supremo Tribunal Federal editou a Resolução n. 245, com o propósito de conferir tratamento definitivo à controvérsia, deixando claro que se cuida de verba indenizatória os abonos conferidos aos magistrados federais em razão das diferenças de URV e, por esse motivo, isentos da contribuição previdenciária do imposto de renda: RESOLUÇÃO N° 245, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2002 Dispõe sobre a forma de cálculo do abono de que trata o artigo 2o e §§ da Lei n° 10.474, de 27 de junho de 2002. Art. I o É de natureza jurídica indenizatória o abono variável e provisório de que trata o artigo 2o da Lei n° 10.474, de 2002, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal. Art. 2o Para os efeitos do artigo 2o da Lei n° 10.474, de 2002, e para que se assegure isonomia de tratamento entre os beneficiários, o abono será calculado individualmente, observandose, conjugadamente, os seguintes critérios: I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei n° 10.474, de 2002 (Resolução STF n° 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que Inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recalculo da representação (194%); [...] Art. 3o Serão recalculados, mês a mês, no mesmo período definido no Inciso I do artigo 2o, o valor da contribuição previdenciária e o do imposto de renda retido na fonte, expurgandose da base de cálculo todos e quaisquer reajustes percebidos ou incorporados no período, a qualquer título, ainda que pagos em rubricas autônomas, bem como as repercussões desses reajustes nas vantagens pessoais, por terem essas parcelas a mesma natureza conferida ao abono, nos termos do artigo 1º, observados os seguintes critérios: [...](grifos aditados) ressaltese que o Ministério Público da União, por força da simetria verificada pela Lei n. 10.477/2002, também é contemplado com a isenção que cuida a Fl. 474DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 471 7 Resolução n. 245/2002, senão vejase o art. 2o da mencionada Lei, que dispõe sobre a remuneração dos membros do Ministério Público Federal: Art. 2o O valor do abono variável concedido pelo art. 6o da Lei nº 9.655. de 2 de iunho de 1998. é aplicável aos membros do Ministério Público da União, com efeitos financeiros a partir da data nele mencionada e passa a corresponder à diferença entre a remuneração mensal percebida pelo membro do Ministério Público da União, vigente à data daquela Lei, e a decorrente desta Lei. [...] (grifos nossos) ademais, salientese que o ProcuradorGeral da República, Geraldo Brindeiro, adotou o mesmo entendimento da Excelsa Corte, autorizando, em 23 de dezembro de 2002, em despacho que ora transcrevese, que fosse dado ao pagamento do abono variável, no qual se incluem as diferenças de URV, devidos do Ministério Público da União, a mesma interpretação conferida pelo Supremo Tribunal Federal na Resolução n. 245/2002: Considerando a Resolução n° 245, de 12 de dezembro de 2002, do Supremo Tribunal Federal, encaminhada a esta Procuradoria Geral da República pelo Presidente daquela Corte, pela qual ficou definida como indenizatória a natureza jurídica do abono variável de que trata o art. 2o da Lei 10.474/2002, bem como estabelecia a sistemática de restituição da contribuição previdenciária e do imposto de renda retido na fonte sobre o referido abono, entre janeiro de 1998 e maio de 2002; considerando que a Lei 10.474/02 guarda estreita correlação com a Lei 10.477/02, determinando, em seu art. 2o o pagamento do abono variável para os membros do Ministério Público da União, de forma análoga àquele estabelecida para os membros da magistratura; considerando a equivalência entre a remuneração dos membros do Poder Judiciário e do Ministério Público da União; considerando, ainda, a , manifestação da Secretaria de Pessoal do Ministério Público Federal no Processo n° 1.00.000.011735/200283, aprovada pela SecretarlaGeral do Ministério Público Federal, AUTORIZO que se dê ao pagamento do abono variável devido aos membros do Ministério Público da União a mesma interpretação conferida pelo Colendo Supremo Tribunal Federal ao abono variável da magistratura por meio da Resolução n° 245, de 12 de dezembro de 2002. (grifos aditados) embora a Resolução voltese para a magistratura federal e, como exposto, para o Ministério Público da União, a equiparação do tema é impositiva e legítima para o caso em tela, como bem exposto no Primeiro Acórdão Paradigma. tanto é assim que, na hipótese da categoria do membro do Ministério Público da Bahia, como é o caso do Recorrente, houve a edição da Lei Complementar nº 20/2003, determinando a natureza indenizatória das parcelas referentes às diferenças de Cruzeiro Real para URV: Art. 3o São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2o desta Lei. Fl. 475DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 8 como se vê, a Lei Complementar n. 20/2003 mais completa que as demais leis federais previu expressamente a natureza indenizatória da parcela recebida, pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia a título de diferenças de URV. neste ponto, importa saber se o Fisco Federal pode afastar a qualificação jurídica desta verba que tenha sido atribuída por lei estadual, e a resposta é não; como é cediço, toda lei goza de presunção de constitucionalidade, portanto, enquanto subsistir o preceito normativo, falece competência ao Fisco Federal para afastar a qualificação jurídica ali contida; para afastála, portanto, é preciso, previamente, buscar a declaração da sua inconstitucionalidade, o que não ocorreu com a Lei Complementar nº 20/2003; é evidente que esta razão exclusivamente formal presunção de constitucionalidade poderia ser objetada com o argumento de que, ainda que se trate de lei, se o preceito nela contido for manifestamente inconstitucional por dispor sobre matéria que não cabe ao Estado regular ou se seu conteúdo contiver disciplina inequivocadamente conflitante com o ordenamento, a ponto de configurar aquilo que a jurisprudência denomina de "ato teratológico", então o Fisco federal poderia ser recusar a acatar a qualificação jurídica contida em Lei estadual (cita doutrina de Marco Aurelio Greco); ademais, se o diferencial de URV estava incluído no chamado abono variável e se este tem caráter indenizatório em relação aos Magistrados e Procuradores da República como efetivamente o tem , não se pode negar que tenham o mesmo caráter em relação aos membros do Ministério Público dos Estados; como brilhantemente sustentado pelos Conselheiros da 2a Turma Ordinária da 1a Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF, no Primeiro Acórdão Paradigma, tratase, em verdade, de normas que versam exatamente sobre a mesma matéria, mas que se distinguem tão somente porque emanadas de entes políticos diversos União e Estado da Bahia e produzidas em favor de destinatários diversos; se a interpretação conferida às diferenças auferidas pelos Membros do MPF, com base no ar. 2o da Lei n° 10.477/2002, foi de que tais parcelas possuem natureza indenizatória, igual entendimento deve ser adotado em relação às diferenças auferidas pelos Membros do Ministério Público da Bahia, com base na Lei complementar n° 20/2003, pois onde há a mesma razão, deve necessariamente haver o mesmo direito; este, inclusive, é o posicionamento adotado pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, que reconhece a natureza indenizatória das verbas recebidas pelos membros do Ministério Público dos Estados: TRIBUTÁRIO PROCESSO CIVIL CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL INCOMPETÊNCIA DO STJ IMPOSTO SOBRE A RENDA URV DIFERENÇAS RESOLUÇÃO N. 245/STF APLICAÇÃO. 1. Falece competência ao Superior Tribunal de Justiça para conhecer de alegações de ofensa à Constituição Federal. 2. A utilização de fundamento constitucional pelo tribunal local impede a admissão do recurso especial quanto à questão controvertida. Fl. 476DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 472 9 3.Cuidandose de remuneração percebida por magistrado estadual, aplicase na resolução da controvérsia a Resolução n. 245/STF, que considerou de natureza jurídica indenizatória o abono variável e provisório de que trata o artigo 2° da Lei n° 10.474, de 2002. 4.Recurso especial conhecido em parte e não provido. (grifos aditados) por fim, esclareçase que a natureza indenizatória da verba não foi, em momento algum, reconhecida no bojo de qualquer lei, seja esta referente à Magistratura Federal (Lei n° 10.474/2002) ou ao Ministério Público Federal (Lei n° 10.477/2002), mas sim pelo órgão jurisdicional supremo, através da edição de Resolução, o que afasta, de logo, a argumentação de que estender a natureza indenizatória às verbas recebidas pelos membros do Ministério Público dos Estados seria promover uma afronta ao princípio da legalidade tributária. entendimento diverso do aqui exposto consubstanciaria literal afronta ao princípio constitucional da isonomia, segundo o qual não se pode dispensar tratamento diferenciado àqueles que se encontram na mesma situação fática, como se demonstrará a seguir. Princípio constitucional da isonomia o caso em tela nos remete ao conceito aristotélico de igualdade, cautelosamente dilapidado e inserido no contexto social ao longo dos séculos, tratando igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida das suas desigualdades; este é o ponto crucial da presente questão, inclusive tendo sido abordado pelo Primeiro Acórdão Paradigma, pois os descontos tributários pretendidos pela autoridade fiscal representam uma afronta ao princípio isonômico constitucionalmente garantido no art. 5o da Carta Magna; digase mais: haveria uma ofensa dupla ao mencionado princípio, pois, além de dispensar tratamento diferenciado entre os membros da Magistratura Federal e dos Ministérios Públicos Estaduais, em face de situações fáticas iguais, referentes à não tributação de verbas da mesma natureza, ou seja, natureza indenizatória similar do mesmo fato reposição do percentual de 11.98% aos vencimentos dos magistrados federais e promotores de justiça , estaria também dispensando tratamento não isonômico entre os membros do Ministério Público da União e Estadual; ora, o simples fato de possuírem âmbitos de atuação distintos não pode levar à conclusão de que, quando do recebimento das mesmas verbas, os membros do Ministério Público da União sejam beneficiados com a isenção da contribuição previdenciária e do imposto de renda, enquanto que os membros do Ministério Público do Estado sejam apenados com a tributação; conceituase o Ministério Público, de acordo com o art. 127 da Constituição Federal de 1988, como a "instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindolhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis"; Fl. 477DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 10 entretanto, porque essencial ao exercício da jurisdição, as funções do Ministério Público são exercidas perante todos os organismos judiciários do país; desse modo, há o Ministério Público Federal, ramo que oficia perante cada uma das Justiças da União e perante os Tribunais de superposição (Supremo Tribunal Federal de Superior Tribunal de Justiça) e os Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, que atuam junto às respectivas Justiças; tratase de ramos diferentes da mesma instituição, Ministério Público, com a mesma missão constitucional, teleologicamente definida pela fórmula contida no art. 127 e pelas funções institucionais arroladas no art. 129 da Constituição Federal; como aceitar, sem pisar na Constituição da República, que para a mesma instituição. Ministério Público, se adote um tratamento mais benéfico para um ramo, já que os procuradores da república não pagam imposto sobre a verba ora em discussão, em detrimento de um tratamento mais gravoso para outro ramo da mesma instituição, onde se encontra alocado o Recorrente, Procurador de Justiça aposentado do Estado da Bahia? ora, se a verba é a mesma repisese, ressarcimento pelo erro no cálculo da remuneração, na oportunidade da conversão do cruzeiro real para URV e consequentemente reposição de quantias (diferenças) que deveriam integrar a remuneração ao longo do tempo passado, na tentativa de reparar prejuízos , por óbvio, a natureza só pode ser a mesma indenizatória e, assim sendo, escapa a incidência tributária; se os Magistrados federais e Procuradores da República foram isentados do recolhimento do Imposto de Renda na fonte e da contribuição previdenciária, tendo incluído as parcelas das diferenças de URV, o tratamento igualitário se impõe em face da ordem constitucional, ao membro do Ministério Público estadual, como é o caso do Recorrente, em razão da mesma natureza indenizatória entre as verbas, não se pode impor tratamento tão desigual; não se pode admitir que a tributação a que uns estejam submetidos seja diferente daquela a que submetidos todos os que se encontrem em situação equivalente no âmbito público, em razão da função por eles exercida; mais que isso: não se pode imaginar que a União pretenda tributar os agentes estaduais e municipais de forma diversa da que o faz para „us agentes, pois isso seria clara hipótese de discriminação odiosa violadora da isonomia ad interno da Administração Pública; isto significa afirmar, por exemplo, que o Imposto federal sobre a Renda não pode alcançar rendimentos auferidos por agentes estaduais que exerçam função judicante, diferentemente do que ocorrer em relação a rendimentos da mesma natureza auferidos por aqueles que exerçam as mesmas funções no âmbito federal; e mais: que os critérios utilizados para qualificar juridicamente certas verbas não sejam diferentes quando se tratar de agente federal ou estadual, pois esta é, também, uma forma de discriminação. tratandose de isonomia tributária, cumpre deixar claro que viola a isonomia não apenas cobrar de uns e não de outros (pessoas ou rendimentos), mas também reconhecer inexistir incidência em relação a uns e não reconhecêla em relação a outros; Fl. 478DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 473 11 desonerar uns e não fazêlo em relação a outros é tão discriminatório quanto aumentar a exigência apenas de uns; dessa forma, os descontos que a autoridade fiscal pretende implementar ao Recorrente, membro do Ministério Público Estadual, não há dúvidas, viola o art. 150 da Constituição Federal de 1988 que proíbe expressamente o tratamento desigual entre os contribuintes: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] II instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos: (grifos aditados) do dispositivo acima transcrito se extrai a impossibilidade de tratamento desigual entre os membros do Ministério Público da União e dos Estados, ainda que as parcelas recebidas pelos mesmos possuam denominações distintas, já que, como demonstrado, a proibição de distinção se mantém independentemente da denominação jurídica dos rendimentos recebidos; na verdade, a denominação da verba é irrelevante, é, isto sim, a natureza jurídica de determinada verba que importa para fins de incidência tributária; nestes termos, se uma verba é remuneratória de um serviço, ainda que receba outra denominação, haverá a incidência do Imposto federal; de igual sorte, possuindo a verba natureza indenizatória, não haverá a incidência do Imposto de Renda, independentemente da denominação adotada; no caso em tela, pouco importa se os membros do Ministério Público da União recebem "abono variável" montante que engloba as diferenças de URV e os membros do Ministério Público da Bahia recebem "valores indenizatórios de URV", já que, em que pese a denominação seja distinta, a verba é a mesma e , portanto, deve receber o mesmo tratamento; apenas dessa forma, equiparandose todos os que se encontram diante da mesma situação fática, magistrados/procuradores federais e promotores de justiça, estaria obedecendo ao princípio constitucional da isonomia, tão prestigiado pela nossa Constituição; admitir o contrário como fez o acórdão ora recorrido, divergindo do posicionamento adotado pela 2a Turma Ordinária da 1a Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF é atribuir apenas à Magistratura Federal e ao Ministério Público da União uma vantagem exclusiva e casuística, o que é discutível sob o ponto de vista ético, legal e moral; pelos fundamentos aqui expostos, resta mais do que clarificada a divergência entre os acórdãos cotejados, razão pela qual o acórdão recorrido deve ser imediatamente reformado, para declarar a não incidência do Imposto de Renda sobre os rendimentos recebidos pelo ora Recorrente à título de "diferenças de URV", seja porque Fl. 479DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 12 tais rendimentos possuem natureza indenizatória e, portanto, não estão inseridos no campo de incidência do imposto federal, seja em razão o necessário tratamento isonômico entre os membros dos Ministérios Públicos da União e do Estado, o que se requer desde já. Da não incidência do imposto de renda sobre juros moratórios. o acórdão ora recorrido se pronuncia de forma sucinta acerca da manutenção dos juros moratórios, mantendo o valor correspondente. nessa senda, a ausência de enfrentamento da matéria pelo acórdão recorrido, apenas mantendo a parcela correspondente aos juros moratórios, diverge frontalmente daquele adotado pela 1a Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF, constante do Acórdão n. 280102.264 (paradigma); em idêntica situação fática, a 1a Turma Especial da 2a Seção de julgamento do CARF entendeu dar provimento parcial ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, para excluir da base de cálculo lançada tanto a multa de ofício de 75%, quanto a parcela referente aos iuros moratórios, enquanto que manteve as parcelas de juros de mora na decisão recorrida; neste ponto, vale a transcrição de trecho do voto proferido no Acórdão nº 280102.264 (paradigma), já que o mesmo contraria diretamente o quantum sustentado no acórdão recorrido, senão vejase: Por outro lado, com base no posicionamento da Primeira Seção do STJ no julgamento do Resp n° 1.227.133/RS, submetido à sistemática do art. 543C do CPC e Res. N° 8, de 2008/STJ, que tratam dos recursos repetitivos, verificase que foi negado provimento ao recurso interposto pela Fazenda Nacional e manteve o acórdão da 4a Região, o qual havia decidido que não cabe a tributação pelo Imposto de Renda Pessoa Física sobre os juros moratórios incidentes sobre valores recebidos acumuladamente em decorrência de sentença judicial, por se tratarem de verbas indenizatórias. Respaldado nesse entendimento, entendo que devem ser refeitos os cálculos de fls. 10, que embasam o lançamento, de modo a contemplar a exclusão dos valores recebidos a título de iuros, identificados nos documentos de fls. 19/21 (considerados no demonstrativo de fls. 10). (grifos aditados) vêse que os Conselheiros da mencionada Turma Especial utilizaram, em seus fundamentos, o acórdão proferido pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n. 1.227.133/RS, cuja ementa segue abaixo transcrita: RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JUROS DE MORA LEGAIS. NATUREZA INDENIZA TÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. Não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla. Recurso especial, julgado sob o rito do art. 543C do CPC, improvido. (grifos aditados) fez bem a 1a Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF em adotar o posicionamento do STJ acima transcrito, já que, conforme art. 62A do Regimento Fl. 480DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 474 13 Interno do Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais, as decisões definitivas de mérito proferidas por aquele Tribunal, na sistemática prevista no art. 543B e 543C, do CPC, devem necessariamente ser reproduzidas pelos Conselheiros, em seus julgamentos, senão vejase: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1 o Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2o O sobrestamento de que trata o § 1o será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. (grifos aditados) nessa senda, havendo matéria julgada pelos Tribunais Superiores sob o rito dos artigos 543B e 543C, os quais reconhecem, respectivamente, a repercussão geral do tema e a repetitividade deste, o posicionamento consolidado deverá ser adotado por este Ilustre Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme transcrito acima; assim, as decisões administrativas devem obedecer e acatar a jurisprudência consolidada acerca de determinada matéria, objetivando uniformizar a aplicação e o entendimento sobre uma matéria no caso concreto há, no caso, como já demonstrado, Recurso Especial n° 1.227.133/RS, julgado sob o rito do artigo 543C do CPC, o qual reconhece a natureza indenizatória dos juros de mora, excluindoos da incidência do Imposto de Renda; o referido entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça reconheceu a natureza indenizatória dos juros de mora, haja vista que estes representam uma indenização pelos danos emergentes do não uso do patrimônio pela mora do devedor, não havendo incidência do Imposto de Renda; seguindo a tradicional divisão dos juros em compensatórios/ remuneratórios e moratórios, podese dizer que o juro de mora é um fruto civil consistente no valor auferido pelo uso do dinheiro alheio, decorrente da privação do credor de seu uso durante um determinado período; no caso, observese que os juros de mora constantes do cálculo da diferença de URV, realizado pelo Ministério Público do Estado da Bahia, visaram recompor o patrimônio do agente público, lesado pela demora na percepção de seus direitos, privado durante o período em que não foram oportuna e mensalmente pagos os valores devidos; os juros de mora representam, portanto, tradicionalmente, uma indenização pelos danos emergentes do não uso do patrimônio, àquilo que perdeu o credor (agente público) pela mora do devedor (Estado da Bahia); Fl. 481DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 14 hoje, entretanto, com a evolução jurisprudencial, legislativa e doutrinária pertinente à proteção dos direitos, sobretudo personalíssimos, impõese que tais indenizações, para serem completas, abarquem os bens materiais e imateriais; com isso, devese considerar que o conteúdo indenizatório dos juros moratórios abarca não só a reparação do período de tempo em que o credor, com profunda insatisfação, permaneceu privado da posse do bem que lhe seria devido por direito, mas, também, os possíveis e eventuais danos morais, ainda que remotos, os quais não precisam sequer ser alegados, tampouco provados. abrangendo os juros moratórios, em tese, de forma abstrata e heterogênea, eventuais danos materiais, ou apenas imateriais, que não precisam ser discriminados ou provados, não se pode conceber que aqueles representem simples renda ou acréscimo patrimonial, não se enquadrando na forma do art. 43 do Código Tributário Nacional; não é por outra razão que o Min. Cesar Asfor Rocha, em voto proferido no julgamento do Recurso Especial n° 1.227.133/RS, considera derrogado o art. 16 da Lei n. 4.506/1964 que estabelece serem, os juros de mora, classificados como rendimentos do trabalho. Pela importância, as lições do Nobre Ministro: O parágrafo único do dispositivo aqui reproduzido [art. 16 da Lei n. 4.506/1964], a meu ver, encontrase derrogado, tendo em vista que, na linha do que afirmei acima, destinandose atualmente os juros de mora a indenizar, de forma ampla e heterogênea, danos materiais e imateriais, é incompatível com o art. 43 do Código Tributário Nacional e com o atual Código Civil, ambos diplomas posteriores à Lei n. 4.506/1964. [...] In casu, a tributação dos juros de mora pagos juntamente com as diferenças de URV, desnatura o perfil constitucional do Imposto sobre a Renda, pois a variação em comento não aumenta ou acresce o patrimônio do contribuinte, sendo evidente desde logo o seu caráter indenizatório; por estas razões, tais valores não podem ser base de cálculo para o imposto em debate, posto que referida aquisição de disponibilidade não representa, de forma alguma, acréscimo patrimonial ou renda, mas uma recomposição do que não foi pago no momento oportuno; assim sendo, não havendo acréscimo patrimonial, mas apenas uma recomposição dos valores pagos em momento diverso do devido, não é justificável a incidência do tributo sobre os juros de mora; tal entendimento vem sendo, inclusive, aplicado pelo próprio Superior Tribunal de Justiça em recursos que versam sobre a incidência de Imposto de Renda sobre iuros moratórios decorrentes de diferença de URV, conforme segue: PROCESSUAL CIVIL, ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. JUROS DE MORA LEGAIS. NATUREZA IN DE NIZA TÓRIA. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA. ERRO DE PREMISSA. RECONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE EFEITOS INFRINGENTES. 1. Discutese nos autos a incidência do imposto de renda sobre os juros moratórios sobrevindos de diferenças salariais Fl. 482DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 475 15 decorrentes da conversão dos vencimentos em URV no ano de 1994. 2. A despeito de o caso dos autos não se enquadrar na hipótese de reclamatória trabalhista prevista no REsp 1.227.133/RS, julgado sob o regime do art. 543C do CPC, há orientação nesta Corte no sentido de que o valor oaao em pecúnia, a título de iuros moratórios, tem por finalidade a recomposição do patrimônio e , por isso, natureza indenizatória por forca de dívida não quitada, o que afasta a incidência do imposto de renda. Embargos de declaração acolhidos, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão apontada, mantendo o não conhecimento do recurso especial, por outro fundamento (grifos aditados). admitir o contrário como fez o acórdão ora recorrido, divergindo do posicionamento adotado pela Ia Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF é permitir a incidência de imposto de rend? sobre parcela que não representa acréscimo patrimonial, em flagrante violação à Constituição Federal de 1988; apenas por amor ao debate, vale registrar o quantum sustentado pelo Rel. Min. Teori Albino Zavascki quando do julgamento do Recurso Especial n° 1.227.133/RS, que teve o seu voto vencido; segundo o renomado Ministro, a conclusão acerca da incidência do Imposto de Renda sobre a parcela referente aos juros moratórios requer uma verificação da natureza jurídica da verba principal (se indenizatória ou remuneratória) sobre a qual os juros incidem a fim de se estabelecer a natureza jurídica dos juros e a sua submissão ao imposto de renda ou não; data máxima vénia, equivocase o Ministro, razão pela qual, inclusive, o seu voto restou vencido pelos demais Ministros; com o respeito que lhe é devido, urge esclarecer que, no âmbito do Direito Tributário, para fins de tributação da renda, a relação existente entre o principal e o acessório deve ser examinada com cautela, sobretudo tendo em vista o art. 43, §1°, do Código Tributário Nacional, in verbis: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: [...] § 1° A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. diante da circunstância de que o rendimento ou receita independe da denominação, da origem ou da forma de percepção para ser oferecida à tributação, a parcela objeto de estudo deve ser aferida de forma autônoma, no pendente, para fins da verificação da hipótese de incidência; Fl. 483DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 16 nesta linha de raciocínio, o Min. Arnaldo Esteves Lima, em voto proferido no julgamento do Recurso Especial n° 1.227.133/RS, sustenta: Se a verba principal for de natureza remuneratória ou indenizatória, para efeitos de exigência do imposto de renda, não terá relevância para o acessório. Não há falar em extensão. Nesse contexto, os juros de mora, quanto ao aspecto tributário, não obstante seu caráter acessório, não podem seguir a sorte da prestação principal a que se referem, (grifos aditados) desse modo, ainda que se entenda tributável, para fins de Imposto de Renda, as parcelas recebidas a título de "diferenças de URV" o que não se espera não há que se falar em extensão de tal entendimento aos juros moratórios, vez que, em âmbito tributário, o acessório não segue a sorte do principal; por fim, é imperioso observar que, neste caso específico, não se trata apenas de apresentação da divergência existente entre as Turmas do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, mas, também, de demonstração da necessidade de adoção do entendimento exposto pelo Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial n° 1.227.133/RS, julgado sob o rito do artigo 543C do CPC, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF; sendo assim, ainda que os Nobres Conselheiros entendam, em seu íntimo, pela incidência do imposto de renda sobre a parcela referente aos juros moratórios o que se admite apenas por debate, já que sabe, o Recorrente, da boa técnica dos membros deste Conselho estes deverão reproduzir o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, em prestígio ao art. 62A do Regimento Interno do CARF. Ao final, a Contribuinte pede: seja reformado in totum o acórdão recorrido, declarando a não incidência do Imposto de Renda sobre os rendimentos recebidos pelo ora Recorrente à título de "diferenças de URV", conforme posicionamento exposto no acórdão n. 210201.687 pela 2a Turma Ordinária da 1a Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF ou, caso assim não entenda este Ilustre Conselho, seja parcialmente reformado o acórdão ora vergastado, para determinar a exclusão da parcela referente aos juros moratórios, em consonância com o exposto no acórdão n. 280102.264 pela Ia Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF, seja porque tal montante não representa acréscimo patrimonial apto a ensejar a incidência do imposto federal, seja em observância ao art. 62A do Regimento Interno do CARF. O processo foi encaminhado à PGFN em 20/07/2015 (Despacho de Encaminhamento de fls. 452) e, em 04/08/2015, a Fazenda Nacional ofereceu as Contrarrazões de fls. 453 a 465 (Despacho de Encaminhamento de fls. 466), alegando, em síntese: Preliminar de não conhecimento do recurso o Despacho da 2ª Câmara reconheceu como comprovada a caracterização da divergência jurisprudencial em relação ao Acórdão n. 2801 02.264, alegadamente quanto à “não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora”; todavia, o recorrente não logrou êxito na demonstração da divergência jurisprudencial; Fl. 484DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 476 17 em primeiro lugar, observase que a recorrente sequer pleiteia a demonstração de divergência quanto à “não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora”, como assentou o referido despacho de admissibilidade; na verdade, objetivou a recorrente a exclusão dos juros de mora do presente lançamento, confirase trecho do recurso especial: 2.8. Na remota hipótese deste Conselho entender de forma diversa daquela sustentada pelo primeiro paradigma apresentado, impõese a verificação da divergência existente entre a decisão recorrida e aquela proferida pela 1a Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF, constante do Acórdão n. 280102.264 (Segundo Acórdão Paradigma) (Doc. 04), que, em similar hipótese, excluiu do débito tanto a multa de ofício, quanto a parcela referente aos juros moratórios, conforme Ementa abaixo: (...) 2.9 Também aqui o cotejo das Ementas revela clara divergência sobre o tema. Enquanto que o acórdão recorrido manteve a autuação e juros de mora, excluindo apenas a multa de ofício, o segundo acórdão paradigma proferido pela Ia Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF, a contrario sensu. defende a exclusão tanto da multa de ofício, quanto dos juros moratórios. na verdade, objetivou a recorrente a exclusão dos juros de mora do presente lançamento; portanto, a pretensão da recorrente nada tem a ver com a “não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora”, pretende apenas a exclusão dos juros de mora do lançamento. nesse passo, o acórdão nº 280102.264 não se mostra com apto à configuração do dissenso, pois trata de outra questão totalmente estranha e diversa da discutida nestes autos e sequer se reporta à possibilidade de exclusão dos juros do lançamento, como quer a recorrente. noutro passo, a exigência dos juros de mora, além de encontrar amparo na lei, não é alvo de divergências jurisprudenciais que possam justificar o manejo de recurso especial cujo fim precípuo é a uniformização de teses jurídicas. Para comprovar seguem dois enunciados da Súmula de Jurisprudência deste Eg. Conselho: Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Fl. 485DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 18 logo, como o recorrente não logrou êxito em demonstrar a diversidade das teses jurídicas contrapostas, não ficou comprovada a divergência jurisprudencial suscitada; ante os argumentos expendidos, em sede preliminar, devese negar seguimento ao recurso especial manejado, diante da ausência de demonstração da divergência jurisprudencial. Mérito do recurso a não incidência do IRPF sobre os valores percebidos a título de “valores indenizatórios de URV” aos membros da Magistratura Federal e do MPU constitui isenção e como tal deve ter sua aplicação analisada sob o prisma mais restritivo possível; nos termos do art. 153, III, da Constituição Federal, compete à União instituir imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. em face do que dispõe o art. 146, III, a, da Constituição Federal, a Lei nº 5.172/66 assim definiu o fato gerador do Imposto de Renda: “Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.” em conformidade com o § 1º do artigo transcrito, incluído pela Lei Complementar nº 104/2001, e também o § 4º do art. 3º da Lei nº 7.713/88, a tributação independe da denominação dos rendimentos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título; em consonância ainda com o art. 16 da Lei nº 4.506/64, serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado, para fins de incidência do Imposto de Renda, todas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício de empregos, cargos ou funções; a partir da interpretação sistemática das normas jurídicas acima, temos que os valores recebidos a título de diferenças no cálculo da URV possuem natureza salarial e estão sujeitas ao imposto de renda; desta forma, a regra é a tributação destes valores e, somente, nas situações excepcionalmente elencadas nas Leis nºs 9.665/98 e 10.477/2002, conforme Resolução 245/2002 do STF, encampada pelo Ministro da Fazenda por meio do Parecer PGFN nº 923/2003, é que a incidência de IRPF deve ser afastada, e não é este o caso dos autos; a instituição de benefício fiscal desonera a carga tributária, causando uma exceção ao entendimento de que tal carga deve ser suportada por todos os sujeitos passivos previstos em lei a fim de que o Estado possa atingir seus objetivos e cumprir suas obrigações, e, portanto, sua análise deve ser a mais cautelosa possível (cita doutrina de Ives Gandra da Silva Martins); Fl. 486DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 477 19 desta forma, qualquer benefício que reduza o ingresso de divisas nos cofres públicos deve ser interpretado restritivamente, ou seja, a interpretação deve ser literal; as principais normas jurídicas que tratam de isenção (tributária), estabelecendo os contornos fundamentais do instituto, são as seguintes: Constituição "Art. 150. (...) §6 Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativas a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no artigo 155, § 2º, XII, g." Código Tributário Nacional “Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. (...) Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares.” diante dos comandos constitucionais e legais transcritos não subsiste dúvida: a isenção é exceção feita expressamente à regra jurídica de tributação e deve ser veiculada por meio de lei; como exceção à regra, a isenção comporta interpretação e aplicação restritivas, portanto somente as hipóteses clara e explicitamente consagradas pelo legislador podem gozar do “favor tributário” da isenção; estas premissas foram e são sufragadas veementemente na ordem jurídica nacional: “RESP RECURSO ESPECIAL – 529577 Fl. 487DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 20 Relator(a) FRANCISCO FALCÃO Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJ DATA:14/03/2005 PG:00201 TRIBUTÁRIO. IPI. RECURSO ESPECIAL DO CONTRIBUINTE. RECONHECIMENTO DO DIREITO AO RESSARCIMENTO DE CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 1º DA LEI 9.363/96. BENEFÍCIO FISCAL QUE ATINGE SOMENTE AS MERCADORIAS INTEGRADAS NO PROCESSO PRODUTIVO DE PRODUTO FINAL DESTINADO À EXPORTAÇÃO. INTERPRETAÇÃO LITERAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO C. STF. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL NÃO CONHECIDO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO C. STF. I O art. 1º da Lei 9.363/96 disciplina o reconhecimento do direito ao ressarcimento do crédito presumido do IPI somente em relação às mercadorias agregadas em processo produtivo a produto final destinado à exportação. II A desoneração da carga tributária, como benefício fiscal, e em exceção à regra geral que é a incidência dos tributos que gerarão o crédito presumido, deve ser interpretada nos exatos termos da previsão legal, sem ampliação ou redução de seu alcance.(...)” “Processo AGRESP AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 1093720 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDA TURMA Fonte DJE DATA:04/05/2009 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC – INEXISTÊNCIA – IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO – MÁQUINA IMPRESSORA OFFSET – BENEFÍCIO FISCAL – REGIME DE ALÍQUOTA ZERO – REQUISITOS – INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA – ART. 111, INCISO II, DO CTN. 1. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando a prestação jurisdicional é dada na medida da pretensão deduzida. 2. As isenções, diante da inteligência do art. 111, inciso II, do CTN, devem ser interpretadas literalmente, ou seja, restritivamente, pois sempre implicam renúncia de receita. 3. A aplicação de alíquota zero na importação da máquina impressora offset em comento é concedida apenas quando preenchidos os requisitos previstos na Portaria MF n. 279/96, o que, segundo o Tribunal de origem, não ocorreu, afastandose a violação do art. 111, II, do CTN. Agravo regimental improvido. Indexação VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMAÇÕES. Data da Decisão 14/04/2009 Data da Publicação 04/05/2009.” “AgRg no REsp 1093720 / RJ AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2008/01970838 Relator(a) Ministro HUMBERTO MARTINS (1130) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 14/04/2009 Data da Publicação/Fonte DJe 04/05/2009 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC – INEXISTÊNCIA – IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO Fl. 488DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 478 21 – MÁQUINA IMPRESSORA OFFSET – BENEFÍCIO FISCAL – REGIME DE ALÍQUOTA ZERO – REQUISITOS – INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA – ART. 111, INCISO II, DO CTN. 1. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando a prestação jurisdicional é dada na medida da pretensão deduzida. 2. As isenções, diante da inteligência do art. 111, inciso II, do CTN, devem ser interpretadas literalmente, ou seja, restritivamente, pois sempre implicam renúncia de receita. 3. A aplicação de alíquota zero na importação da máquina impressora offset em comento é concedida apenas quando preenchidos os requisitos previstos na Portaria MF n. 279/96, o que, segundo o Tribunal de origem, não ocorreu, afastandose a violação do art. 111, II, do CTN. Agravo regimental improvido.” no que se refere à Resolução STF nº 245/2002 cabe observar, que a mesma restringese ao abono variável aplicável aos membros da Magistratura da União; esse abono, especificamente, foi considerado de natureza indenizatória pelo STF e, por determinação expressa do Parecer PGFN n° 923/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, está fora da incidência tributária do imposto de renda; em momento algum, houve pronunciamento do STF ou do Ministro da Fazenda acerca das naturezas jurídica e tributária dos rendimentos recebidos com fulcro na referida Lei Estadual que criou a isenção; nesta seara, atribuir aos rendimentos em análise a mesma natureza do abono variável das Leis n°s 10.477/2002 e 9.655/98 seria alargar as fronteiras da nãoincidência tributária sem previsão de Lei Federal para tanto; não se trata, no caso concreto, de mera equiparação de benefício previsto em lei federal (competente para reger a matéria) para a Magistratura Federal a membro da Magistratura Estadual/Ministério Público Estadual, mas sim de elastecer a concessão de uma isenção por analogia, diante da inexistência de previsão legal, o que não se pode permitir; neste sentido colacionamse os seguintes julgados: "ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. REMUNERAÇÃO DE SERVIDORES. CONVERSÃO DA URV PARA O REAL. PARCELA RESULTANTE DAS DIFERENÇAS APURADAS. NATUREZA SALARIAL. RESOLUÇÃO 245/STF. INAPLICABILIDADE. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. ART. 4º DA LEI 1.060/50. INDEFERIMENTO EXPRESSO DO PEDIDO PELO TRIBUNAL A QUO. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. 1. As verbas percebidas por servidores públicos, resultantes da diferença apurada na conversão de sua remuneração da URV para o Real, têm natureza salarial, por isso que estão sujeitas à incidência de imposto de renda e de contribuição previdenciária. (Precedentes: EDcl no RMS 27.336/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe 14/04/2009; RMS 27.338/RS, Rel. Ministro Fl. 489DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 22 TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/03/2009, DJe 19/03/2009; AgRg no RMS 25.995/RS, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/03/2009, DJe 01/04/2009; RMS 28.241/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/12/2008, DJe 18/02/2009; AgRg no RMS 27.614/RS, Rel. Ministro HERM HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/12/2008, DJe 13/03/2009) 2. A Resolução Administrativa 245 do Supremo Tribunal Federal é inaplicável in casu, porquanto versa sobre as diferenças da URV referentes, especificamente, ao abono variável concedido aos magistrados pela Lei 9.655/98, sendo certo o reconhecimento da natureza indenizatória da aludida verba no bojo da mencionada Resolução. (Precedentes: AgRg no RMS 27.577/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/12/2008, DJe 11/02/2009; AgRg no RMS 27.614/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/12/2008, DJe 13/03/2009; RMS 19.088/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/04/2007, DJ 20/04/2007) 3. A mera declaração do interessado acerca da hipossuficiência é bastante à concessão da gratuidade da justiça, sendo certo certo que referido documento revestese de presunção relativa de veracidade, suscetível de ser elidida pelo julgador que entenda haver fundadas razões para crer que o requerente não se encontra no estado de miserabilidade declarado. (Precedentes: RMS 27.338/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/03/2009, DJe 19/03/2009; RMS 27.582/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/11/2008, DJe 09/03/2009; RMS 26.588/MS, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 02/09/2008, DJe 15/09/2008; AgRg no AgRg no Ag 978.821/DF, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/08/2008, DJe 15/10/2008) 4. In casu, restou assente nas instâncias ordinárias (fls. 43/44) que, in verbis: "(...) pelo disposto no § 1º do referido artigo, "presumese pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais". Isto é, a lei consagra a presunção juris tantum de pobreza. No caso vertente, entretanto, inicialmente não foi indeferido o benefício da Assistência Judiciária Gratuita, mas tãosomente se determinou que apresentasse comprovante de rendimentos e/ou cópia da declaração de imposto de renda/isento. Tal determinação, por sua vez, apresentase justificada à medida que houver dúvida sobre a sinceridade do pedido e/ou sobre a necessidade da parte demandante. Com a apresentação do documento requerido às fls. 41, temse agora sim por indeferir o pedido de Assistência Judiciária, visto que o montante das custas é reduzido, e tal documento revela rendimentos superiores a R$ 6.000,00 mensais." 5. Exclusão da multa imposta com base no art. 538, parágrafo único, do CPC, ante a ausência de intuito protelatório por parte da recorrente, porquanto ausente provimento jurisdicional a ensejar interesse em procrastinar do feito. 6. Recurso ordinário parcialmente provido, para excluir a multa imposta com base no art. 538 do CPC.” Fl. 490DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 479 23 ROMS 200900116260. Luiz Fux. 1ª Turma. STJ. Publicado em 03/08/2010 “TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE DIFERENÇAS PAGAS A TÍTULO DE URV. 1. Afastase a alegada ofensa ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, pois o acórdão denegatório do mandado de segurança está claro e suficientemente fundamentado, muito embora o Tribunal de origem tenha decidido de forma contrária aos interesses do impetrante. Isso, contudo, não significa omissão, mormente por terem sido abordados todos os pontos necessários para a integral resolução da controvérsia. Da mesma forma, é cabível a aplicação de multa por oposição protelatória de embargos de declaração na espécie, tendo em vista a inexistência de omissão, contradição ou obscuridade e a sucessiva utilização do incidente processual. Nesse sentido: RMS 28.241/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 18.2.2009. 2. Quanto à alegada ofensa ao art. 4º, § 1º, da Lei 1.060/50, o recurso ordinário nem sequer deve ser conhecido. Isto porque, de acordo com o art. 169, V, do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, compete ao Relator processar e julgar os pedidos de assistência judiciária, ressalvada a competência do 1º VicePresidente para, nos termos do art. 44, III, do mesmo Regimento, processar e julgar os pedidos de assistência judiciária antes da distribuição e quando se tratar de recurso extraordinário ou especial. E ressalvadas as exceções previstas nesse Regimento, o seu art. 233 dispõe que caberá agravo regimental, no prazo de cinco (5) dias, de decisão do Presidente, dos VicePresidentes ou do Relator, que causar prejuízo ao direito da parte. No caso, contra a decisão que indeferiu o pedido de assistência judiciária o impetrante não interpôs agravo regimental, ficando preclusa, portanto, a discussão da matéria perante este Tribunal Superior. Por outro lado, embora seja possível a renovação, no ato de interposição do recurso, do pedido de assistência judiciária que, formulado na petição inicial, vem a ser denegado na instância de origem, fazse necessária a comprovação, no segundo pedido de gratuidade da justiça, da mudança na situação econômica do recorrente que não lhe permita pagar as custas processuais, sem prejuízo do sustento próprio ou da família. 3. Este Tribunal Superior firmou sua jurisprudência no sentido de que os valores recebidos a título de diferenças no cálculo da URV possuem natureza salarial e estão sujeitas ao imposto de renda e à contribuição previdenciária. 4. A jurisprudência desta Corte também se firmou no sentido de que a Resolução Administrativa nº 245, do Supremo Tribunal Federal, não se aplica a casos como o dos presentes autos, pois tal resolução faz referência ao abono variável concedido aos magistrados pela Lei 9.655/98. Ademais, não se trata de decisão proferida em ação com efeito erga omnes, de modo que não pode ser considerada como fato constitutivo, modificativo ou extintivo de direito suficiente para influir no julgamento da presente ação mandamental. 5. Recurso ordinário parcialmente conhecido, porém não provido.” ROMS 200801608971. Min. Mauro Campbell. STJ. 2ª Turma. Publicado em 30/09/2010. Fl. 491DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 24 logo, deve ser mantido o acórdão recorrido, rejeitandose o pleito de sua reforma demandado pela recorrente; quanto aos juros de mora, melhor sorte não merece a pretensão da recorrente; com efeito, sobre tributo pago em atraso incidem juros de mora conforme previsão legal e uníssona jurisprudência deste Eg. Conselho: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. desse modo, deve ser mantido o acórdão atacado, negandose provimento ao recurso especial da contribuinte. Ao final, a Fazenda Nacional pede seja negado seguimento ao recurso especial interposto pela contribuinte e, caso não seja este o entendimento sufragado, requer que, no mérito, seja negado provimento ao recurso, mantendose o acórdão recorrido por seus próprios fundamentos, bem como com fundamento nas razões expendidas acima. Voto Conselheira MARIA HELENA COTTA CARDOZO O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e visa rediscutir as seguintes matérias: não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e, caso assim não se entenda, não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora. Em sede de Contrarrazões, a Fazenda Nacional pede o não conhecimento do apelo, no que tange à segunda matéria, alegando que, ao mencionar "juros de mora", a Contribuinte estaria se referindo aos juros Selic incidentes sobre o crédito tributário e não sobre a verba de juros por ela recebida. Entretanto, o Recurso Especial é por demais claro, no sentido de que os "juros de mora" referidos são efetivamente aqueles recebidos juntamente com os rendimentos acumulados, mormente na parte em que se demonstra a divergência, mediante a indicação na ementa do paradigma. Confirase: Fl. 492DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 480 25 "2.8. Na remota hipótese deste Conselho entender de forma diversa daquela sustentada pelo primeiro paradigma apresentado, impõese a verificação da divergência existente entre a decisão recorrida e aquela proferida pela 1a Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF, constante do Acórdão n. 280102.264 (Segundo Acórdão Paradigma) (Doc. 04), que, em similar hipótese, excluiu do débito tanto a multa de ofício, quanto a parcela referente aos juros moratórios, conforme Ementa abaixo: (...) Acórdão n. 280102.264 (...) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007. NULIDADE. LANÇAMENTO. ACÓRDÃO DRJ. INOCORRÊNCIA Não procedem as alegações de nulidade quando não se vislumbra nos autos nenhuma uma das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972. COMPETÊNCIA INSTITUCIONAL A repartição da receita tributária pertencente à União com outros entes federados não afeta a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. Portanto, não implica transferência da condição de sujeito ativo. ILEGITIMIDADE PASSIVA. SÚMULA CARF N° 12. Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃOINCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA As verbas recebidas por membros do Ministério Público do Estado da Bahia não têm natureza indenizatória do abono variável previsto pelas Leis n° 10.474 e 10.477, de 2002, sendo incabível excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. JUROS MORATÓRIOS. AÇÃO TRABALHISTA. Os juros moratórios recebidos acumuladamente em decorrência de sentença judicial, não se sujeitam à incidência do Imposto de Renda. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL Não comporta multa de ofício o lançamento constituído com base em valores espontaneamente declarados pelo contribuinte que, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração de rendimento. Fl. 493DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 26 Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte (grifos aditados) 2.9. Também aqui o cotejo das Ementas revela clara divergência sobre o tema. Enquanto que o acórdão recorrido manteve a autuação e juros de mora, excluindo apenas a multa de ofício, o segundo acórdão paradigma proferido pela Ia Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF, a contrario sensu. defende a exclusão tanto da multa de ofício, quanto dos juros moratórios." Com efeito, o trecho destacado na ementa do paradigma não deixa dúvidas acerca da matéria suscitada, que é "juros de mora recebidos acumuladamente". Não bastasse isso, nas razões de recurso, ao tratar desta matéria, a Contribuinte assim a intitula: "4. DA NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE JUROS MORATÓRIOS." No mais, as razões de recurso seguem focando no Recurso Especial 1.227.133/RS, que nada tem a ver com juros Selic incidente sobre o crédito tributário, mas sim com a matéria efetivamente suscitada, que é a verba de juros recebida acumuladamente. Diante do exposto, conheço integralmente do recurso e passo à sua análise. A matéria não é nova neste Colegiado. Tratase de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física dos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo em vista a reclassificação, como tributáveis, de rendimentos declarados como isentos, recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em trinta e seis parcelas, no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08/09/2003, editada em virtude do objeto da Ação Ordinária de nº140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nºs 613 e 614. As verbas ora analisadas constituem diferenças salariais verificadas na conversão da remuneração do servidor público, quando da implantação do Plano Real, portanto tais valores referemse a salários (vencimentos) não recebidos ao longo dos anos. Nesse passo, o objetivo da ação judicial e/ou da lei do estado da Bahia foi simplesmente pagar à Contribuinte aquilo que antes deixou de ser pago, que nada mais é que salário, portanto de natureza tributável. Assim, o recebimento da verba ora tratada configura acréscimo patrimonial e, consequentemente, sujeitase à incidência do Imposto de Renda, consoante dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; Fl. 494DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 481 27 II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. O dispositivo legal acima não deixa dúvidas acerca da abrangência da tributação do Imposto de Renda, abarcando qualquer evento que se traduza em aumento patrimonial, independentemente da denominação que seja dada ao ganho. Seguindo esta linha, a Lei nº 7.713, de 1988, assim dispõe: Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. (...) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (...) § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. (...)” (grifei) Quanto à alegação de violação ao princípio da isonomia, a Contribuinte traz à baila o fato de que o Supremo Tribunal Federal, em sessão administrativa, atribuiu natureza indenizatória ao Abono Variável concedido aos membros da Magistratura da União pela Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN nº 529, de 2003, manifestou entendimento no sentido de que a verba em tela não estaria sujeita à tributação. Entretanto, a Resolução nº 245, do STF, bem como o Parecer da PGFN, se referem especificamente ao abono concedido aos Magistrados da União pela Lei nº 10.474, de 2002; e o que se discute no presente processo é se tal entendimento deve ser aplicado à verba recebida pelos membros da Ministério Público do Estado da Bahia. Primeiramente, verificase que a posição do Supremo Tribunal Federal – STF sobre a natureza do Abono Variável atribuído aos Magistrados da União foi definida em sessão Fl. 495DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 28 administrativa e expedida por meio de Resolução, e não em sessão de julgamento daquela Corte e, assim, não se trata de uma decisão judicial, cujos efeitos são bem distintos dos de uma resolução administrativa. Destarte, obviamente que a Resolução do STF nunca vinculou a Administração Tributária da União. Com o advento do Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro da Fazenda, portanto com força vinculante em relação aos Órgãos da Administração Tributária, concluiuse que o Abono Variável de que trata o art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002, teria natureza indenizatória. Entretanto, dito parecer é claro quanto aos limites desse entendimento, conforme será demonstrado na seqüência. O parecer destaca que o Superior Tribunal de Justiça – STJ consolidou entendimento no sentido de que abonos recebidos em substituição a aumentos salariais sofrem a incidência do Imposto de Renda. Após, faz a ressalva de que, segundo entendimento dessa mesma Corte, nos casos de abono concedido como reparação pela supressão ou perda de direito, ele tem natureza indenizatória. Ainda segundo o parecer da PGFN, seria este o entendimento do STF, manifestado por meio da Resolução nº 245, de 2002, relativamente ao abono variável e provisório previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Assim, claro está que o Parecer da PGFN somente reconheceu a natureza indenizatória do Abono Variável, previsto nas Leis nºs 9.655, de 1998, e 10.474, de 2002, acolhendo entendimento do STF, no sentido de que tal verba destinarseia a reparar direito. Destarte, a Resolução nº 245, do STF, não possui efeitos de decisão judicial, e o Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, apenas reconhece a natureza indenizatória do abono concedido aos Magistrados da União, acatando interpretação do STF quanto à natureza reparatória, especificamente para esse abono. Portanto, ambos os atos alcançam apenas o abono previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a Resolução nº 245, do STF, excluiu do abono a verba referente à diferença de URV, o que evidencia que esta não tem natureza indenizatória, mas sim de recomposição salarial. Confirase a manifestação Superior Tribunal de Justiça, por meio de voto da Ministra Eliana Calmon, reconhecendo a falta e identidade entre o abono salarial tratado na Resolução e as diferenças de URV: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E também o Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão no Recurso Extraordinário n.º 471.115: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza Fl. 496DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 482 29 jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Assim, não há como estenderse o alcance dos atos legais acima referidos para verbas distintas, concedidas para outro grupo de servidores, por meio de ato específico, diverso daqueles referidos na Resolução do STF e no Parecer da PGFN. Com efeito, a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II, do art. 111, do CTN. Ademais, o mesmo código veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação supostamente semelhante, o que implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º, do art. 150, da Constituição Federal, e o art. 176, do CTN. Destarte, a verba em exame deve ser efetivamente tributada. Quanto à alegada inexigibilidade de Imposto de Renda incidente sobre a verba recebida pela contribuinte a título de juros de mora, a decisão do STJ, no julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C, do CPC, é no sentido de que estaria restrita aos casos de pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, por força da norma isentiva prevista no inciso V, do art. 6º, da Lei nº 7.713, de 1988. Confirase: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. JUROS DE MORA. CARÁTER REMUNERATÓRIO. TEMA JULGADO PELO STJ SOB A SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC. 1. Por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, pelo regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos), consolidou se o entendimento no sentido de que 'não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla.' Todavia, após o julgamento dos embargos de declaração da Fazenda Nacional, esse entendimento sofreu profunda alteração, e passou a prevalecer entendimento menos abrangente. Concluiuse neste julgamento que 'os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88, até o limite da lei'. 2. Na hipótese, não sendo as verbas trabalhistas decorrentes de despedida ou rescisão contratual de trabalho, assim como por terem referidas verbas (horas extras) natureza remuneratória, deve incidir o imposto de renda sobre os juros de mora. Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1235772 RS – julgado em 26/06/2012) Fl. 497DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 30 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. JUROS DE MORA DECORRENTES DO PAGAMENTO EM ATRASO DE VERBAS TRABALHISTAS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA JÁ PACIFICADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.227.133/RS. 1. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, fixou orientação no sentido de que é inexigível o imposto de renda sobre os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial. 2. Agravo regimental não provido.” (AgRg nos REsp 1163490 SC – julgado em 14/03/2012) Da análise do julgamento do Recurso Repetitivo 1.227.133/RS, verificase que são isentos do imposto de renda os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, conforme a regra do “accessorium sequitur suum principale”. Assim, não sendo as verbas trabalhistas de natureza indenizatória, o imposto de renda deve incidir também sobre os juros de mora. Ressaltese que as verbas ora analisadas já foram objeto de julgamento pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, oportunidade em que se deu provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, por meio do Acórdão nº 9202003.585, de 03/03/2015, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial da Fazenda, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou por negar provimento ao recurso. Fez sustentação oral o Dr. Marcio Pinto Teixeira, OAB/BA nº 23.911, patrono da recorrida. Defendeu a Fazenda Nacional a Procuradora Dra. Patrícia de Amorim Gomes Macedo." Fl. 498DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.720563/200934 Acórdão n.º 9202004.234 CSRFT2 Fl. 483 31 Assentada a natureza tributável dos rendimentos objeto da autuação, resta esclarecer que o tributo devido deve ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que os rendimentos deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Nesse passo, salientese que a questão já foi decidida pelo STF, no RE 614.406/RS, com trânsito em julgado em 11/12/2014, e repercussão geral previamente reconhecida, em 20/10/2010, na sistemática do art. 543B, do Código de Processo Civil. Destarte, os Conselheiros do CARF devem reproduzir o entendimento do citado julgado, prolatado pelo STF em 23/10/2014, conforme determina o art. 62, § 2º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Nesse passo, a decisão vinculante é no sentido de aplicarse o regime de competência, vedada a aplicação do regime de caixa. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte e, no mérito, doulhe provimento parcial, para que o cálculo do Imposto de Renda seja efetuado com base no regime de competência. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora Fl. 499DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO
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