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Numero do processo: 13784.000057/2011-41
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS. MATÉRIA SUMULADA.
Incabível a incidência do Imposto de Renda sobres rendimentos de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão recebidos por portador de moléstia grave prevista em lei, devidamente comprovada por meio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63).
Numero da decisão: 9202-005.543
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS. MATÉRIA SUMULADA. Incabível a incidência do Imposto de Renda sobres rendimentos de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão recebidos por portador de moléstia grave prevista em lei, devidamente comprovada por meio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 78 4. 00 00 57 /2 01 1- 41 Fl. 145DF CARF MF 2 Relatório Em sessão plenária de 14/03/2012, foi dado provimento ao Recurso Voluntário s/n, exarandose o Acórdão nº 220201.706 (efls. 104 a 117), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 MOLÉSTIA GRAVE. MAL DE ALZHEIMER. ALIENAÇÃO MENTAL ISENÇÃO. Os rendimentos de aposentadoria, reforma ou pensão, auferidos pelos portadores de moléstia grave comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, estão isentos do imposto de renda, nos termos do artigo 6°, inciso XIV, da Lei n° 7.713, de 1988, com a redação que lhe foi dada pela Lei n° 8.541, de 1992, combinado com o artigo 30 da Lei n° 9.250, de 1955. Nos casos de alienação mental é possível considerarse como laudo pericial emitido por serviço médico oficial o laudo do médico perito designado pelo Juízo no curso de ação judicial de interdição, desde que conste a data inicial da doença. Havendo nos autos laudos médicos confirmando de que o contribuinte é portador do chamado Mal de Alzheimer e que o quadro clínico apresentado caracteriza sua alienação mental, é de se concluir que o mesmo tem direito ao gozo da isenção prevista no artigo 6°, inciso XIV, da Lei n° 7.713, de 1988, com a redação que lhe foi dada pela Lei n° 8.541, de 1992. Recurso provido." O processo foi encaminhado à PGFN em 17/04/2012 (Despacho de Encaminhamento de efls. 118). Assim, conforme o art. 7º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a ciência presumida do Procurador ocorreria em 17/05/2012, e, em 16/05/2012 (Despacho de Encaminhamento de efls. 130), foi interposto o Recurso Especial de efls. 119 a 129. O Recurso Especial está fundamentado no art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e visa rediscutir a isenção por moléstia grave, relativamente a portador do Mal de Alzheimer. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/n de 08/03/2013 (efls. 131 a 134). Em seu apelo a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: a isenção por moléstia grave encontrase regulamentada pela Lei nº 7.713/1988, em seu artigo 6º, inciso XIV, nos termos abaixo: Fl. 146DF CARF MF Processo nº 13784.000057/201141 Acórdão n.º 9202005.543 CSRFT2 Fl. 146 3 "Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançados da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sidocontraída depois da aposentadoria ou reforma; XIV os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente sem serviços, e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerosemúltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (Redação dada pela Lei nº 8.541, de 1992) (Vide Lei 9.250, de 1995) XIV os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (Redação dada pela Lei nº 11.052, de 2004)" a partir do anocalendário de 1996, devese aplicar, para o reconhecimento de isenções, as disposições, sobre o assunto, trazidas pela Lei nº 9.250, de 1995: "Art. 30 A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios."(g.n.) o Decreto nº 3.000/99 (RIR), em seu artigo 39, incisos XXXI e XXXIII, bem como no §4º também trata da matéria: Fl. 147DF CARF MF 4 CAPÍTULO II RENDIMENTOS ISENTOS OU NÃO TRIBUTÁVEIS Seção I Rendimentos Diversos Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) Pensionistas com Doença Grave XXXI os valores recebidos a título de pensão, quando o beneficiário desse rendimento for portador de doença relacionada no inciso XXXIII deste artigo, exceto a decorrente de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XXI, e Lei nº 8.541, de 1992, art. 47); (...) Proventos de Aposentadoria por Doença Grave XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º); (...) § 4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle (Lei nº 9.250, de 1995, art. 30 e § 1º). a Instrução Normativa SRF nº 15, de 06 de fevereiro de 2001, ao normatizar o disposto no art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713, de 1988, e alterações posteriores, assim esclarece: "Art. 5º Estão isentos ou não se sujeitam ao imposto de renda os seguintes rendimentos: (...) XII proventos de aposentadoria ou reforma motivadas por acidente em serviço e recebidos pelos portadores de moléstia (...) Fl. 148DF CARF MF Processo nº 13784.000057/201141 Acórdão n.º 9202005.543 CSRFT2 Fl. 147 5 1º A concessão das isenções de que tratam os incisos XII e XXXV, solicitada a partir de 1º de janeiro de 1996, só pode ser deferida se a doença houver sido reconhecida mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.(g.n.) § 2º As isenções a que se referem os incisos XII e XXXV aplicam se aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão, quando a doença for preexistente; II do mês da emissão do laudo pericial, emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença for contraída, quando identificada no laudo pericial." (g.n.) de acordo com o texto legal, depreendese que há dois requisitos cumulativos indispensáveis à concessão da isenção, um reportase à natureza dos valores recebidos, que devem ser proventos de aposentadoria ou reforma e pensão, e o outro relaciona se com a existência da moléstia tipificada no texto legal; quanto requisito indispensável à concessão da isenção objeto da controvérsia neste feito, frisese que a doença discriminada nos documentos apresentados trata se de demência senil do tipo ALZHEIMER, ou doença de Alzheimer, moléstia esta que não se encontra discriminada na Lei nº 7.713/1988, em seu artigo 6º, inciso XIV, com a redação dada pela Lei nº 11.052, de 29 de dezembro de 2004; sabese que, de acordo com o estabelecido na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), a interpretação da legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção deve ser literal. Não há como interpretar de modo diferente o assunto; concluise, então, que a interessada não faz jus à isenção regulamentada pela Lei nº 7.713/1988, em seu artigo 6º, inciso XIV, com a redação dada pela Lei nº 11.052, de 2004; registrese ademais, no esteio da decisão administrativa de primeira instância, que não foi coligido aos autos laudo emitido por serviço médico oficial: "Da exegese dos dispositivos, deduzse que a isenção deve ser concedida se comprovados, concomitantemente: a) ser portador de moléstia grave prevista em lei; b) que os rendimentos auferidos pelo seu portador sejam decorrentes de aposentadoria, pensão ou reforma; c) que a enfermidade contraída antes ou após a aposentadoria, reforma ou pensão , esteja devidamente comprovada através de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Fl. 149DF CARF MF 6 A interessada anexa o laudo pericial de fl..6 expedido pela Santa Casa de Misericórdia de Resende e documentos referentes ao convênio com o SUS. Em pesquisa efetuada nos sistemas da RFB verificase que a natureza da unidade é Associação Privada e portanto, tal documento não pode ser aceito como laudo emitido por serviço médico oficial. Não há como contornar a clareza do dispositivo legal transcrito acima: a enfermidade somente é comprovada por meio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Não há qualquer excepcionalidade ou menção de que documentos não oficiais, no que tange à concessão dessa espécie de isenção, têm o mesmo ou superior valor probante. Não custa lembrar o disposto no art. 111, do CTN, interpretase literalmente, no que tange à outorga de isenções, a legislação tributária. Além do laudo de fl. 6, foi juntada a declaração de fl. 23 expedida em março de 2008 pelo Fundo Municipal de Saúde,na qual não menciona doença expressamente prevista na lei isentiva. CID G30( Doença de Alzheimer) O artigo 30 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, é bem claro quando determina que a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O laudo pericial oficial consiste num instrumento que, devido ao seu grau de detalhamento e especificidade, visa fornecer elementos suficientes para formar a convicção do seu destinatário. Dessa forma, concluise que os documentos apresentados são inábeis para comprovação do estado clínico da paciente, e, em conseqüência, para formar a convicção do seu destinatário, no caso, a Receita Federal do Brasil, de que a contribuinte é portador de moléstia grave". o mesmo raciocínio merece ser aplicado ao laudo pericial emitido em juízo, tendo em vista que: a) não há comprovação de que a perícia foi realizada por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; b) ainda que sob o aval de decisão do Poder Judiciário, tal como elencou a DRJ de origem, "O laudo pericial oficial consiste num instrumento que, devido ao seu grau de detalhamento e especificidade, visa fornecer elementos suficientes para formar a convicção do seu destinatário", logo, cabe a conclusão de que os juízes não são dotados, em regra dos conhecimentos necessários requeridos pela norma; e c) aquela decisão judicial não vincula a administração tributária para fins de isenção de imposto de renda; desse modo, concluise que acórdão hostilizado merece reforma. Ao final, a Fazenda Nacional pede o conhecimento e provimento do Recurso Especial, reformandose o acórdão recorrido e restabelecendose o lançamento em sua integralidade. Fl. 150DF CARF MF Processo nº 13784.000057/201141 Acórdão n.º 9202005.543 CSRFT2 Fl. 148 7 Cientificada em 02/04/2013 (AR Aviso de Recebimento de efls. 137), a sucessora da Contribuinte ofereceu, em 16/04/2013 (carimbo aposto às efls.138), as Contrarrazões de efls.138 a 141, contendo os seguintes argumentos: o Recurso Especial baseiase no fato da Doença de Alzheimer não fazer parte das moléstias graves previstas em Lei; a Doença de Alzheimer, realmente não aparece de forma explícita na legislação, como sendo uma das doenças graves, merecedoras de proteção especial; no entanto, a doença está inserta no gênero alienação mental, o que isenta o portador de Alzheimer do Imposto de Renda de acordo com a Lei acima mencionada, dedicada a proteção dos portadores de doenças graves; para facilitar a compreensão da nomenclatura utilizada pelo meio jurídico, seguem abaixo os conceitos (cita conceitos de Alienação Mental, Demência e Alzheimer); após analisarse esses conceitos fica mais compreensível a opção do legislador em não ter colocado explicitamente, o nome de todas as doenças graves, pois esse rol se tornaria excludente, observe que o "gênero" Alienação Mental possibilita abranger algumas espécies até o momento qualificadas pela CID (Classigicação Internacional de Doenças): F00 Demência na doença de Alzheimer (G30) FOI Demência vascular F02 Demência em outras doenças classificadas em outra parte F03 Demência não especificada F20 Esquizofrenia. F21 Transtorno esquizotípico. F22 Transtornos delirantes persistentes. F25 Transtornos esquizoafetivos. F70 a F 79 Retardo mental na Internet encontramse estudos que apontam o Mal de Alzheimer como a principal causa de Alienação Mental em idosos a partir dos 65 anos, doença que se encontra discriminada na Lei nº 7.713/1988, em seu artigo 6º, inciso XIV e, por ser uma doença progressiva, é difícil estabelecer uma data, dia/mês/ano, do início da mesma; a Fazenda Nacional ainda alega que os documentos apresentados no decorrer do processo seriam inábeis à comprovação do estado clínico da paciente, não convencendo acerca de a contribuinte ser portadora de moléstia grave; cabe ressaltar que outros recursos da mesma Contribuinte (processos nºs 13874.000736/201030, 13784.000059/201131 e 13874.000060/201165) foram providos, com base nos mesmos documentos apresentados no processo em questão; Fl. 151DF CARF MF 8 Ao final, a Contribuinte pede a manutenção do acórdão recorrido, que deu provimento ao recurso voluntário. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial da Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de discussão acerca da isenção por moléstia grave, relativamente a portador do Mal de Alzheimer. Além de argumentar que tal moléstia não se encontra relacionada no dispositivo legal de regência, a Fazenda Nacional questiona as provas colacionadas aos autos. O art. 6º, inciso XIV da Lei nº 7.713, de 1988, com a redação da Lei nº 11.052, de 2004, assim estabelece: "Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma." (grifei) A matéria inclusive já se encontra sumulada no CARF: Súmula CARF nº 63. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. No presente caso, tratase de rendimentos de pensão, referentes ao exercício de 2006, recebidos por portadora de Mal de Alzheimer desde 2001, o que foi comprovado por laudo pericial emitido pela Santa Casa de Misericórdia de Resende (fls. 06), integrante do SUS, conforme convênio de fls. 08 a 30. O laudo assim atesta: "Declaro, sob as penas da Lei, que Nely Meira Menandro é portadora, desde fevereiro de 2001 até a presente data, de Mal de Alzheimer, CID 10 Nº F002, moléstia referida no art.6º, Fl. 152DF CARF MF Processo nº 13784.000057/201141 Acórdão n.º 9202005.543 CSRFT2 Fl. 149 9 inciso XIV, da lei nº 7.713/88, com a nova redação dada pelo artigo 47 da Lei nº 8.541/92, sob a rubrica de Alienação Mental. A referida paciente iniciou o quadro de Erosão Cognitiva, diagnosticada como portadora de Mal de Alzheimer, em fevereiro de 2001. Atualmente, ao exame físico, apresentase pouco cooperativa, parcialmente orientada quanto ao tempo e espaço, psicomotricidade danificada, memória de fixação e evocação danificada, pensamento de curso lento. A paciente é definitivamente incapaz para os atos da vida civil. A demência na Doença de Alzheimer é atualmente irreversível." Acrescentese que o profissional que firmou o laudo acima corroborou o quadro clínico de demência, por meio da declaração de fls. 23, emitida pelo Fundo Municipal de Saúde da Prefeitura Municipal de Resende. Assim, avaliandose e valorandose o conjunto probatório constante dos autos, concluise que a Contribuinte logrou comprovar que, no exercício em questão, encontravase efetivamente acometida de doença grave que, embora não relacionada na legislação concessiva de isenção, está associada a sintoma de alienação mental (demência), esta sim incluída no rol de moléstias cujo portador é passível de isenção. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, negolhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Fl. 153DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11846.000134/2010-85
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO.
As diferenças decorrentes de verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS.
Numero da decisão: 9202-005.646
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior - Redator designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO. As diferenças decorrentes de verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Redator designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 84 6. 00 01 34 /2 01 0- 85 Fl. 113DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Em sessão plenária de 14/04/2016, foi dado provimento ao Recurso Voluntário em epígrafe, prolatandose o Acórdão nº 2202003.350 (fls. 82 a 86), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 IRPF. RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE.APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA.O Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a exigência do imposto de renda com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Recurso Voluntário Provido.” O processo foi encaminhado à PGFN em 06/07/2016 (Despacho de Encaminhamento de fls. 87). De acordo com o disposto no art. 79, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, com a redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016, a intimação presumida da Fazenda Nacional ocorre 30 dias após essa data. Em 13/07/2016, tempestivamente, foi interposto o Recurso Especial de fls. 88 a 93 (Despacho de Encaminhamento de fls. 101), com fundamento no Art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 2015, e visa rediscutir a manutenção do lançamento relativo a omissão de rendimentos recebidos acumuladamente com recálculo do imposto de renda, para que seja apurado mensalmente, em correlação aos parâmetros fixados na tabela progressiva do imposto de renda vigente à época dos respectivos fatos geradores. Na origem, a discussão de fundo diz respeito às as alíquotas de imposto de renda aplicáveis às verbas trabalhistas pagas em atraso e acumuladamente, em virtude de condenação judicial. Diante do julgado, visa a Fazenda Nacional rever o recorrido e, cientificado o contribuinte, este quedouse silente. É o relatório. Fl. 114DF CARF MF Processo nº 11846.000134/201085 Acórdão n.º 9202005.646 CSRFT2 Fl. 114 3 Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora Na interposição do presente recurso, entendo cumpridos todos os pressupostos de admissibilidade. Importante pressuposto para o deslinde da presente questão é a Aplicação do art. 62A do Regimento Interno do CARF, verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Isso porque a constitucionalidade da utilização do art. 12 da Lei nº 7.713/88 para a cobrança do IRPF incidente sobre rendimentos recebidos de forma acumulada – através da aplicação da alíquota vigente no momento do pagamento sobre o total recebido – teve sua repercussão geral admitida pelo STF no âmbito do RE nº 614.406/RS. O Recurso Extraordinário acima referido teve seu julgamento encerrado em 09/12/14, através de decisão que negou provimento ao Recurso da União, chancelando o acórdão proferido pelo TRF da 4ª Região (TRF4, Corte Especial, ARGINC 2002.72.05.0004340, Relator Desembargador Federal Álvaro Eduardo Junqueira), que através da técnica da inconstitucionalidade sem redução de texto, entendeu que o critério correto ao dimensionamento da obrigação tributária em questão deve observar a capacidade contributiva (base de cálculo) de cada exercício, bem como as respectivas alíquotas. O Regimento Interno desse Conselho, em seu artigo 62, acima transcrito (caput), torna compulsória a aplicação do entendimento sufragado pelo STF. Outrossim, o recurso especial deve ser analisado a partir dos critérios fixados pela Corte Constitucional, de onde exsurge a importância do esclarecimento da sua ratio decidendi, frente ao que entendo absolutamente irrepreensíveis os dispositivos e justificações constantes do Voto Vencedor consubstanciado no Acórdão 280200.713, da lavra do ilustre Conselheiro Rafael Pandolfo, que adoto como razão de decidir: 1.2 A decisão proferida pelo STF no RE nº 614.406/RS A decisão proferida pelo Supremo, que manteve a declaração de inconstitucionalidade, sem redução de texto do art. 12 da Lei nº 7.713/88, reconhecida pelo TRF da 4ª Região, foi assentada no fundamento de qua ainda que seja aplicado o regime de caixa aos rendimentos recebidos acumuladamente pelas pessoas físicas (nascimento da obrigação tributária), é necessário, sob pena de violação aos princípios constitucionais da isonomia, da capacidade contributiva e da proporcionalidade, que o dimensionamento da obrigação tributária observe o critério Fl. 115DF CARF MF 4 quantitativo (base de cálculo e alíquota) dos anoscalendários em que os valores deveriam ter sido recebidos, e não o foram. O julgamento recebeu a seguinte ementa: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. (RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27 112014) A supracitada decisão1, nos termos do voto da Ministra Carmen Lúcia, consolidou o entendimento de que a aplicação irrestrita do regime previsto na norma do art. 12 da Lei nº 7.713/88 implica em tratamento desigual aos contribuintes. Segundo a decisão, não é juridicamente crível que os contribuintes que receberam a renda em atraso paguem um montante maior de IR – uma vez que calculado sobre o total acumulado , enquanto os contribuintes que receberam as verbas devidas em dias sejam isentos ou suportem carga inferior de imposto. Ressaltou ainda a Ministra que a aplicação dada pela Fiscalização ao art. 12 da Lei nº 7.713/88 viola os princípios da capacidade contributiva, pois a incidência do imposto de renda deve considerar as alíquotas vigentes na data em que verba decorrente dos rendimentos recebidos acumuladamente deveria ter sido paga. Abaixo, transcrevo trechos do voto da Ministra Carmen Lúcia: 19. No presente caso, a retenção do imposto de renda pelo regime de caixa afronta o princípio constitucional da isonomia, pois outros segurados/contribuintes com o mesmo direito receberia tratamento díspares. Como destacado pelos Ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli, não se pode imputar ao Recorrido a responsabilidade pelo atraso no pagamento de proventos, sob pena de premiar e incentivar o Fisco no retardamento injustificado no cumprimento de suas obrigações legais. Ademais, a efetivação do direito do contribuinte/segurado, pela via judiciária, conforme ocorrido, passa também pelo restabelecimento da situação jurídica quo ante, o que pressupõe a aplicação das corretas alíquotas. À luz dos princípios da isonomia e da capacidade contributiva, significa dizer que a incidência do imposto de renda deve considerar as datas e as alíquotas vigentes na data em que essa verba deveria ter sido paga (disponibilidade jurídica, como advertido pelo Ministro Marco Aurélio), observada a renda auferida no mês pelo segurado. Disso resulta não ser razoável, tampouco proporcional, a incidência da alíquota máxima sobre o valor global pago fora do prazo, como se dá na espécie examinada. (Voto Vista Ministra Carmen Lúcia, p. 22. RE Fl. 116DF CARF MF Processo nº 11846.000134/201085 Acórdão n.º 9202005.646 CSRFT2 Fl. 115 5 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27 112014) A decisão proferida pelo STF confirmou a decisão que utilizou como técnica a inconstitucionalidade sem redução de texto. Atuando no campo semântico da norma, a ferramenta exclui do seu raio deôntico determinado significado. Sendo assim, é inválido (inconstitucional) todo e qualquer ato administrativo que tiver por fundamento a interpretação do art. 12 da Lei n° 7.713/88 infirmada pelo STF. Segundo a Corte, a validade do crédito tributário prescinde da aplicação da base de cálculo e alíquotas vigentes à época em que foram sonegados ao contribuinte os rendimentos posteriormente por si recebidos – de forma acumuluda. 2. Efeitos da decisão do STF sobre o crédito tributário O crédito tributário debatido no presente recurso foi apurado através da aplicação das alíquotas vigentes no anocalendário do pagamento acumulado dos rendimentos sonegados ao contribuinte, em virtude de decisão judicial trabalhista. Esse pagamento se deu ao longo de 2007 e 2008, e dizia respeito a diferenças que deixaram de ser pagas ao contribuinte em 1994. A alíquota aplicada ao presente caso (27,5%), teve como fundamento legal o art. 1º da Lei nº 11.482/07 e incidiu sobre uma base de cálculo acumulada de R$ 187.546,28. Ocorre que o lançamento foi amparado na intepretação jurídica do art. 12 da Lei nº 7.713/88 que foi fulminada pelo STF. Como consequência utilizou bases de cálculo, alíquotas e fundamentos legais distintos daqueles que deveria ter utilizado, de acordo com o Supremo. O lançamento, portanto, é nulo, como entendeu essa turma em recente julgamento relatado pela Ilustre conselheira Dayse Fernandes Leite: RENDIMENTO RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. EQUÍVOCO NA APLICAÇÃO DA LEI QUE AFETOU SUBSTANCIALMENTE O LANÇAMENTO. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR PARA REFAZER O LANÇAMENTO. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Ao adotar outra interpretação do dispositivo legal, o lançamento empregou critério jurídico equivocado, o que o afetou substancialmente, pois prejudicou a quantificação da base de cálculo, a identificação das alíquotas aplicáveis e o valor do tributo devido, caracterizandose um vício material a invalidá lo. Não compete ao órgão de julgamento refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, as tão somente afastar a exigência indevida. Fl. 117DF CARF MF 6 (CARF. 2ª Seção de Julgamento, 2ª Câmara, 2 ª Turma Ordinária. Ac: 2202002.725. Rel. Conselheira Dayse Fernandes Leite. Julg.: 12/08/14). Grifo nosso. A nulidade é insanável e não caberia ao CARF refazer o lançamento, substituindo a administração na eleição do fundamento jurídico, alíquota e base de cálculo aplicáveis. A necessidade de substituição desses elementos implica cabalmente na invalidade do lançamento, uma vez que, a teor do art. 2º, parágrafo único, VII e art. 50, ambos da Lei nº 9.784/99, e do art. 10, IV, do Decreto nº 70.235/73, é imprescindível a indicação dos fundamentos de fato e de direito que dão fundamento ao lançamento. Em suma, a modificação do lançamento não pode ser efetuada em sede de julgamento de recurso voluntário, pois o recalculo da obrigação tributária com base em novas alíquotas, implica alteração do critério jurídico que serviu de fundamento ao lançamento, conforme entendimento já adotado por essa Turma: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Anocalendário: 2004 MUDANÇA DE MOTIVOS DETERMINANTES. NULIDADE DO ACÓRDÃO DE IMPUGNAÇÃO. A motivação constitui o fundamento do lançamento tributário, ato administrativo vinculado. A adoção, pela decisão recorrida, de fundamento distinto do utilizado pelo auto de infração (infirmado pelo contribuinte), visando à manutenção da relação tributária, revelase inconciliável com o estado democrático de direito. Recurso voluntário provido (CARF. 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Sessão. Acórdão nº 220201.548. Rel. Rafael Pandolfo. Julg. em 18/01/12.) No âmbito infralegal, a competência para realização do lançamento é estipulada pelos arts. 241 e 243 do Regimento Interno da Receita Federal do Brasil Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012. Art. 241. Às Divisões de Orientação e Análise Tributária Diort, aos Serviços de Orientação e Análise Tributária Seort e às Seções de Orientação e Análise Tributária Saort competem as atividades de orientação e análise tributária, e em especial: V realizar diligências e proceder ao lançamento do crédito tributário, no âmbito de suas competências; Art. 243. Às Divisões de Controle e Acompanhamento Tributário Dicat, aos Serviços de Controle e Acompanhamento Tributário Secat e às Seções de Controle eAcompanhamento Tributário Sacat competem as atividades de controle e acompanhamento tributário e, em especial: Fl. 118DF CARF MF Processo nº 11846.000134/201085 Acórdão n.º 9202005.646 CSRFT2 Fl. 116 7 IX realizar diligências e proceder o lançamento do crédito tributário, no âmbito de suas competências.(grifo nosso) Em outras palavras, cabe às autoridades eleitas pelos supracitados dispositivos a verificação do fato gerador e a quantificação da obrigação tributária que será atribuída ao contribuinte, com base nos critérios jurídicos indicados no lançamento (CTN, art. 142). A contrario sensu, o CARF não é competente para refazer o lançamento quando alterados os critérios jurídicos utilizados pela autoridade lançadora, porquanto não há lei que assim estipule. A função deste Conselho é definida pelo art. 1º do seu Regimento Interno Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009: Art. 1º O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão colegiado, paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, tem por finalidade julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobrea aplicação da legislação referente a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Esse entendimento está cristalizado na jurisprudência desta Turma: Assunto: Imposto de Renda Pessoa Física –IRPF Ano calendário: 2002. ERRO ESCUSÁVEL. EXCLUSÃO DA MULTA DE OFÍCIO. Depreendese dos autos que omissão de valores na Declaração de Ajuste Anual da recorrente é fruto de falta de informações prestadas pela Fonte Pagadora, em evidente descumprimento ao disposto no art. 941 do Decreto 3.000/99. INCOMPETÊNCIA DA DRJ PARA LANÇAR MULTA. A DRJ não possui competência para modificar o fundamento do lançamento, pois seu papel é corrigir o lançamento, não refazê lo a partir de esteio inaugural. (CARF. 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Sessão. Acórdão nº 2202002.289. Relator Conselheiro Rafael Pandolfo. Julgado em 17/04/13) Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Voto Vencedor Fl. 119DF CARF MF 8 Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator designado Com a devida vênia ao posicionamento esposado pela Relatora, ouso discordar no que diz respeito à existência de vício material no lançamento e/ou de utilização de critério jurídico equivocado, que levassem à necessidade de desconstituição integral do lançamento, na forma proposta pelo Colegiado recorrido. Sem dúvida, reconhecese aqui, em linha com o recorrido, que a matéria sob litígio foi objeto de análise recente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2o. do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome a este último julgado vinculante, noto, porém, que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do TRF4 acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer, na forma ali determinada, a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, de se ressaltar aqui também que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei no. 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional, não se estando destarte, diante de utilização de critério jurídico equivocado ou vício material no lançamento efetuado. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 23, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento esposado por alguns membros deste Conselho, entendo que, a esta altura, ao se defender a exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação Fl. 120DF CARF MF Processo nº 11846.000134/201085 Acórdão n.º 9202005.646 CSRFT2 Fl. 117 9 tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento anti isonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Assim, diante de tais motivos, voto no sentido de dar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional, no sentido de determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 121DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11610.014701/2002-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/1997 a 31/12/1997
VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103
O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103).
Recurso de ofício não conhecido.
Numero da decisão: 3402-004.237
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/1997 a 31/12/1997 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103 O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103). Recurso de ofício não conhecido.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
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score : 1.0
Numero do processo: 10855.001945/2005-64
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das
Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples
Exercício: 2005
Ementa: A inclusão de atividade antes vedada na opção do Simples, não se amolda à nenhuma das hipóteses contidas no artigo 106 do CTN. O que se deu com a superveniência da Lei Complementar nº 128/08 foi a possibilidade de desde a sua vigência, incluirse
atividades que antes eram vedadas. Aliás, tanto as atividades eram vedadas que o legislador as incluiu textualmente, nada tratando de definição de infração.
Numero da decisão: 1802-000.857
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
Matéria: Simples - ação fiscal - insuf. na apuração e recolhimento
Nome do relator: Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior
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ementa_s : Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Exercício: 2005 Ementa: A inclusão de atividade antes vedada na opção do Simples, não se amolda à nenhuma das hipóteses contidas no artigo 106 do CTN. O que se deu com a superveniência da Lei Complementar nº 128/08 foi a possibilidade de desde a sua vigência, incluirse atividades que antes eram vedadas. Aliás, tanto as atividades eram vedadas que o legislador as incluiu textualmente, nada tratando de definição de infração.
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Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Exercício: 2005 Ementa: A inclusão de atividade antes vedada na opção do Simples, não se amolda à nenhuma das hipóteses contidas no artigo 106 do CTN. O que se deu com a superveniência da Lei Complementar nº 128/08 foi a possibilidade de desde a sua vigência, incluirse atividades que antes eram vedadas. Aliás, tanto as atividades eram vedadas que o legislador as incluiu textualmente, nada tratando de definição de infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ESTER MARQUES LINS DE SOUSA – Presidente. (assinado digitalmente) EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR – Relator. Fl. 205DF CARF MF Emitido em 28/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Assinado digitalmente em 27/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, 25/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista, André Almeida Blanco. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte acima identificada, contra decisão proferida pela 6ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto/SP. Trata o presente processo de pedido de inclusão retroativa no Simples, efetivado pela recorrente, e contendo como atividade econômica (fl. 2) o comércio de livros didáticos e curso livre de línguas. Verificase nos autos que a recorrente aduziu (fl. 1) que segundo o Cadastro de Informações de Apoio para Emissão de Certidão, emitida em 02/06/2005, não constava como optante pelo Simples Federal. Todavia, que era possuidora de Termo de Opção pelo Simples datado de 29/07/1997, sendo adotado pela contribuinte esse regime de tributação. A Delegacia da Receita Federal em Sorocaba, mediante o Despacho Decisório n° 625, de 2008, indeferiu o pedido da contribuinte, sob o fundamento de que o ingresso no sistema está vedado pelo disposto na Lei n° 9.317, de 1996, art. 9º, XIII, tendo em vista a atividade exercida pela contribuinte: "curso livre de línguas", assemelhada à de professor. Ciente da decisão a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fl. 44), alegando em resumo que tem faturamento mensal dentro dos limites determinados pela Lei nº 9.317, de 1996, no entanto, recebeu correspondência enviada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Sorocaba, decidindo pelo indeferimento do pedido de inclusão no Simples Federal, retroativo a 01/01/1997. Diante disso, argumentou, entre outras coisas, que a Lei Complementar n° 123, de 2006, permitiu a opção pelo Simples Nacional, de empresa tem por atividade cursos livres, em especial cursos de idiomas, logo deve ser aplicado o disposto no CTN, art. 106, II, b. requerendo assim, o deferimento da sua inclusão. A 6ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto/SP, nos termos do acórdão e voto de folhas 122 a 128, indeferiu a solicitação constatando que a atividade desenvolvida pela recorrente, consistente no oferecimento do curso de línguas, era assemelhado a de professor, sendo vedada pela Lei nº 9.317/96. Devidamente notificada (fl. 130), a contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 133 – 168), apresentando extenso arrazoado para fundamentar sua inclusão no SIMPLES e requerendo ao fim sua inclusão retroativa. É relatório. Fl. 206DF CARF MF Emitido em 28/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Assinado digitalmente em 27/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, 25/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Processo nº 10855.001945/200564 Acórdão n.º 180200.857 S1TE02 Fl. 193 3 Voto Conselheiro EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Relator. O Recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos genéricos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Tratase no caso concreto de contribuinte que formalizou requerimento de opção pelo SIMPLES. Informou a recorrente que possuiria, desde 29 de agosto de 1997, termo de opção pelo aludido regime, entretanto, ao consultar os sistemas do Fisco, verificou que não constava como optante pelo SIMPLES, motivo pelo qual, pleiteou, em 11 de julho de 2005, sua inclusão com data retroativa. Observese, a propósito o que consignou a recorrente em seu requerimento, (SIC! fl. 01): (...) 1. Segundo o Cadastro de Informações de Apoio para Emissão de Certidão, emitida pela Receita Federal em 02/06/2005, no campo relativo aos "Dadas Cadastrais", consta que a requerente não é optante pelo SIMPLES; 2. Todavia, a requerente é possuidora de um TERMO DE OPÇÃO PELO SIMPLES, datada de 20/07/1997, devidamente preenchido de 'acordo com as formalidades legais tomandoa habilitada a recolher seus tributos pelo Sistema de Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e de Pequeno Porte, que a requerente passou a adotar desde a data de sua opção; 3. As declarações de Renda de Pessoa Jurídica foram devidamente apresentadas ao Fisco pelo referido Sistema, estando assim cumpridas as suas obrigações de acordo com as normas do SIMPLES, sendo indevida, conseqüentemente, a sua condição de não optante do SIMPLES, constante de seu cadastro, como também a de não apresentação de DIRFs e DCTFs; 4. Diante do exposto, solicita a peticionaria que lhe seja concedida a opção retroativa do SIMPLES a que tem direito, juntando ao presente o TERMO DE OPÇÃO datado de 29/07/1997, bem como as cinco ultimas declarações. (...) Temse nos autos, que a pretendida inclusão da recorrente não foi deferida porquanto exerceria atividade voltada ao ensino de idiomas, situação vedada pela Lei nº 9.317/96. A recorrente, por seu turno sustenta que o advento da Lei Complementar nº 128/2008, que alterou a Lei Complementar nº 123/2006 para os fins de incluir na sistemática do SIMPLES as escolas de idiomas, teve o condão de alcançar sua situação concreta porquanto Fl. 207DF CARF MF Emitido em 28/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Assinado digitalmente em 27/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, 25/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES 4 se trata de norma superveniente que excetuou a atividade econômica em trato, devendo assim, retroagir para os fins de alcançar os eventos pretéritos, em vista do disposto no artigo 106, inciso II, alínea ‘a’, do Código Tributário Nacional. Diante da situação fática apresentada, devese registrar que não se desconhece que a mencionada Lei Complementar 128/08, alterou a redação do artigo 17 da lei do SIMPLES, incluindolhe o § 5ºB, cujo teor segue transcrito abaixo: (...) § 5ºB. Sem prejuízo do disposto no § 1º do art. 17 desta Lei Complementar, serão tributadas na forma do Anexo III desta Lei Complementar as seguintes atividades de prestação de serviços: I creche, préescola e estabelecimento de ensino fundamental, escolas técnicas, profissionais e de ensino médio, de línguas estrangeiras, de artes, cursos técnicos de pilotagem, preparatórios para concursos, gerenciais e escolas livres, exceto as previstas nos incisos II e III do § 5ºD deste artigo; (...) Temse um quadro legal, portanto, em que inarredavelmente a atividade desenvolvida pela recorrente foi incluída, no ano de 2008, no rol daquelas passíveis de enquadramento no SIMPLES, a despeito da inclusão mencionada, nada há que implique na retroação desse dispositivo para antes de sua vigência. O que se tem na espécie, com a inclusão da atividade de “ensino de línguas” no rol daquelas que podem se valer do SIMPLES, não confunde com a hipótese versada no artigo 106, II, “a”, do CTN, visto que a norma inovadora não deixou de tratar como infração determinada conduta. O que se deu com a superveniência da Lei Complementar foi a possibilidade de desde a sua vigência incluirse atividades que antes eram vedadas. Aliás, tanto as atividades eram vedadas que o legislador as incluiu textualmente, nada tratando, repito, de definição de infração. Assim verificado, não vislumbro qualquer hipótese de retroação, aliás, sabidamente a lei do tempo rege o ato, motivo pelo qual, quando do requerimento e dos recolhimentos efetivados pela contribuinte na sistemática do SIMPLES, de fato a recorrente não podia optar pelo SIMPLES, nada obstante o possa ser após a dita Lei Complementar. Reforçase isso, ao verificar a exposição de motivos constante na data da publicação da lei inovadora: O Diário Oficial da União de hoje, dia 22.12.2008, publicou a Lei Complementar nº 128, que introduziu diversas alterações na Lei Complementar nº 123/2006, que trata do Simples Nacional. Dentre essas alterações, foram admitidas novas atividades, foi concedido parcelamento de débitos e foi alterada a sistemática de cálculo. A seguir, são especificadas as principais alterações. (...) Estabelecimentos de ensino Fl. 208DF CARF MF Emitido em 28/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Assinado digitalmente em 27/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, 25/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Processo nº 10855.001945/200564 Acórdão n.º 180200.857 S1TE02 Fl. 194 5 As escolas técnicas, profissionais e de ensino médio, de línguas estrangeiras, de artes, cursos técnicos de pilotagem, preparatórios para concursos, gerenciais e escolas livres, a partir de 1º.01.2009, também passarão a ser tributadas com base no Anexo III. (...) (meus os grifos) Ora, se o espírito do legislador era o de incluir novas atividades, é porque não as considerava como presentes na lei modificada, situação que por si só me faz concluir pelo NÃO PROVIMENTO do Recurso Voluntário. Sala das Sessões, em 30 de março de 2011 (assinado digitalmente) EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR Fl. 209DF CARF MF Emitido em 28/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES Assinado digitalmente em 27/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, 25/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES
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Numero do processo: 12448.735838/2011-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006, 2009
OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS.
Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a consequente tributação do novo ganho de capital apurado.
MULTA QUALIFICADA
A existência de correntes doutrinárias divergentes, bem como de precedentes jurisprudências favoráveis ao negócio jurídico praticado pelo contribuinte, demonstram, na verdade, uma hipótese de erro de proibição. Não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, quando se percebe dos autos a convicção do recorrente no sentido de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC.
Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 2202-002.569
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%. Vencidos os Conselheiros GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ (Relator), NATHALIA MESQUITA CEIA e GUSTAVO LIAN HADDAD, que deram provimento integral ao recurso, inclusive desqualificaram a multa de ofício e excluíram os juros de mora incidentes sobre a multa de ofício. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente.
(assinado digitalmente)
German Alejandro San Martín Fernández - Relator.
(assinado digitalmente)
Eduardo Tadeu Farah - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Nathalia Mesquita Ceia, German Alejandro San Martín Fernández, Gustavo Lian Haddad, Francisco Marconi de Oliveira e Eduardo Tadeu Farah. Presente aos julgamentos o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. Jules Michelet Pereira Queiroz e Silva.
Nome do relator: German Alejandro San Martín Fernández
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DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a consequente tributação do novo ganho de capital apurado. MULTA QUALIFICADA A existência de correntes doutrinárias divergentes, bem como de precedentes jurisprudências favoráveis ao negócio jurídico praticado pelo contribuinte, demonstram, na verdade, uma hipótese de erro de proibição. Não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, quando se percebe dos autos a convicção do recorrente no sentido de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 73 58 38 /2 01 1- 17 Fl. 1286DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, Pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. Vencidos os Conselheiros GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ (Relator), NATHALIA MESQUITA CEIA e GUSTAVO LIAN HADDAD, que deram provimento integral ao recurso, inclusive desqualificaram a multa de ofício e excluíram os juros de mora incidentes sobre a multa de ofício. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente. (assinado digitalmente) German Alejandro San Martín Fernández Relator. (assinado digitalmente) Eduardo Tadeu Farah Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Nathalia Mesquita Ceia, German Alejandro San Martín Fernández, Gustavo Lian Haddad, Francisco Marconi de Oliveira e Eduardo Tadeu Farah. Presente aos julgamentos o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. Jules Michelet Pereira Queiroz e Silva. Relatório Versam os autos sobre crédito tributário do Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF relativo aos anoscalendário 2006 e 2009, constituído por meio do Auto de Infração lavrado em 07/11/2011 (fls. 1.080/1.085), referente a omissão de ganhos de capital na alienação de ações/quotas não negociadas em Bolsa, cujos fatos geradores ocorreram em dezembro de 2006 e setembro de 2009. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 1.009/1.054), a ação fiscal teve como objeto a análise da operação de alienação das ações do Banco Pactual S/A, CNPJ nº 30.306.294/000145, e das ações pertencentes sócio Gustavo de Hungria Machado, precedida por reorganização societária ocorrida entre sociedades holdings, as quais detinham todas as ações do Banco Pactual. A reorganização consistiu na extinção das holdings que detinham participação societária no Banco, por meio de sucessivas incorporações às avessas, culminando com a alienação das ações do Banco Pactual diretamente pelos acionistas pessoas físicas da instituição. De acordo com a fiscalização, por meio da reorganização societária foi adotado planejamento tributário inconsistente, por meio do qual se verificou a majoração ilícita do custo das ações alienadas, gerando, por consequência, a redução indevida do ganho de capital tributável obtido pelo acionista pessoa física. Verificouse acréscimo no custo das ações alienadas do Banco Pactual S/A pertencentes ao acionista Gustavo de Hungria Machado da ordem de 970.954,28%, na data da Fl. 1287DF CARF MF Processo nº 12448.735838/201117 Acórdão n.º 2202002.569 S2C2T2 Fl. 120 3 alienação em dezembro de 2006, enquanto o aumento de patrimônio líquido do Banco Pactual S/A, entidade que concentrava toda a riqueza efetiva do grupo, no mesmo período, foi de 92,01% conforme Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica DIPJ da instituição financeira relativa ao anocalendário de 2006. Constatouse, assim, discrepância entre a evolução da riqueza da instituição financeira alienada com o acréscimo patrimonial do custo das respectivas ações pertencentes a um dos seus acionistas. Segundo consta do Termo, as reorganizações societárias realizadas não teriam como produzir efeitos econômicos que justificassem o acréscimo patrimonial da pessoa física, tendo como objeto tão somente a majoração irregular do custo de aquisição das ações alienadas do Banco Pactual S/A e, consequentemente, a supressão de tributos devidos pela pessoa física relativos à operação de alienação do Banco. Através de contrato firmado em 09/05/2006, entre a pessoa jurídica UBS AG, a pessoa jurídica Pactual S.A (controladora direta do Banco Pactual S.A.) e as pessoas físicas que possuíam participação indireta sobre o patrimônio do Banco Pactual S.A., ficou definido, entre outras cláusulas, que as holdings detentoras de todas as ações do Banco Pactual S.A seriam extintas mediante a reorganização, para que os sócios pessoas físicas assumissem a condição de proprietários diretos das ações negociadas. O pagamento pela compra das ações do Banco Pactual S.A. foi dividido em parcelas, sendo a primeira paga na data de “Fechamento” da compra e venda das ações, ocorrido em dezembro de 2006, e a segunda em data posterior denominada de “Pagamento Diferido”. Além desses pagamentos, os alienantes das ações receberiam ainda outros valores denominados “Pagamentos Especiais; Usufruto”. Os sócios pessoas físicas providenciaram uma reestruturação societária no anocalendário 2006, mediante incorporações às avessas das holdings controladoras do Banco, para permitir que a transferência das ações do Banco Pactual S.A. ao UBS AG fosse feita diretamente pelos sócios pessoas físicas. Em 28/12/2004 e em 31/12/2005, foram realizados os aumentos do capital social de Pactual Participações Ltda. nos montantes de R$ 210.000.000,00 e R$ 130.000.000,00, respectivamente, passando de R$ 125.000.321,05 para R$ 335.000.321,71 em 28/12/2004 e R$ 465.000.320,61 em 31/12/2005, mediante capitalização de parte dos lucros retidos na conta lucros acumulados da sociedade. Em 31/12/2005 a Pactual Participações Ltda. é incorporada por Pactual Participações S/A, cujo capital social passou de R$ 26.969.514,00 para R$ 70.118.786,40 (aumento de R$ 43.149.272,40). Posteriormente, a Pactual Participações S/A transformouse em Nova Pactual Participações Ltda. Em 13/10/2006, foi realizado o aumento do capital social da Nova Pactual Participações Ltda. no montante de R$ 686.000.000,00, passando de R$ 70.118.786,40 para R$ 756.118.786,40, mediante capitalização dos créditos detidos pelos sócios quotistas contra a sociedade. Em 13/10/2006 a Pactual Holdings S/A, aumentou seu capital social em R$ 202.500.000,00, mediante a capitalização de créditos detidos contra a sociedade e a capitalização da reserva legal da empresa. Fl. 1288DF CARF MF 4 Em 13/10/2006 a Pactual Holdings S/A é incorporada por Pactual S/A, passando o capital social da incorporadora de R$ 34.498.190,25 para R$ 64.248.147,47. Também nesta data, a Nova Pactual Participações Ltda. é incorporada por Pactual S/A, cujo capital social passou de R$ 64.248.147,47 para RS 97.841.295,93. Em 01/11/2006, o capital social da Pactual S/A foi aumentado em R$ 3.862.542,92, passando para R$ 101.698.838,85, com a conseqüente emissão de duas ações preferenciais subscritas pelos acionistas André Santos Esteves e Gilberto Sayão da Silva e integralizadas mediante a capitalização de créditos por eles detidos contra a sociedade. Em 03/11/2006 a Pactual S/A aumenta seu capital social em R$ 996.087.876,00, passando este para R$ 1.097.786.714,85, mediante a capitalização de créditos detidos pelos acionistas contra a Companhia. Em 01/12/2006 a Pactual S/A é incorporada pelo Banco Pactual S/A, sendo vertido para o incorporador o patrimônio líquido da incorporada, de R$ 1.149.597.660,18. A partir deste último evento societário, os acionistas pessoas físicas passaram a ter participação direta no Banco Pactual S/A, detendo as ações que, posteriormente, foram alienadas. De acordo com a fiscalização, observase um padrão nos eventos societários. Após o incremento dos respectivos Patrimônios Líquidos das companhias em decorrência dos ajustes de equivalência patrimonial originados pelo lucro do Banco Pactual S/A, todas as companhias Investidoras (Nova Pactual Participações Ltda., Pactual Holdings S/A e Pactual S/A) tiveram seus lucros e reservas capitalizados e posteriormente foram incorporadas pelas suas Investidas, operações essas inversas ao processo normal que é o da Investidora incorporar a Investida. Nos processos de incorporação reversa houve majoração irregular no custo das ações alienadas, tendo em vista que o processo de extinção das holdings Pactual Participações Ltda., Nova Pactual Participações Ltda. e Pactual Holdings S/A, com a anterior capitalização de dividendos nos valores de R$ 210.000.000,00, R$ 130.000.000,00, R$ 43.149.272,40, R$ 202.500.000,00, R$ 686.000.000,00, não poderiam gerar o aumento no custo das ações alienadas do Banco Pactual S/A, uma vez que, posteriormente, houve acréscimo cumulativo do custo das aludidas ações alienadas com a incorporação do acervo líquido da Pactual Holdings S/A e da Nova Pactual Participações Ltda e, mais tarde, a capitalização dos dividendos da companhia Pactual S/A, anteriormente à sua incorporação pelo Banco Pactual S/A, no montante de R$ 1.063.293.524,60, que representa a soma das parcelas R$ 29.749.957,22, RS 33.593.148,46, RS 3.862.542,92 e R$ 996.087.876,00. Com o evento de incorporação, todo o acervo líquido da Pactual S/A (PL), no montante de RS 1.149.610.206,41, foi incorporado pelo Banco Pactual S/A. As ações ou quotas recebidas pelo sócio ou acionista, em decorrência do aumento de capital subscrito pela sociedade fundida, incorporada ou cindida, continuam sendo basicamente as mesmas de antes, ainda que qualitativamente tenha sofrido alteração, da mesma forma como se aceitaria indiscutivelmente como inalterada a participação societária dos sócios ou acionistas que participavam em uma sociedade que tenha incorporado patrimônio de outra. Concluiu, a fiscalização, que o custo da ação alienada por cada acionista tem como base a participação de cada um deles no capital social da Pactual S/A, em 01/12/2006. Todavia, o contrato firmado na compra e venda do Banco Pactual S/A determinava que, entre a data da celebração do negócio e a data da efetivação do mesmo os lucros auferidos seriam objeto de distribuição aos antigos proprietários, de tal forma, que em 22/02/2007, os acionistas alienantes, àquela época exacionistas, receberam de dividendos o montante de R$ Fl. 1289DF CARF MF Processo nº 12448.735838/201117 Acórdão n.º 2202002.569 S2C2T2 Fl. 121 5 290.754.000,06. Tal montante, portanto, referese a lucros auferidos até 01/12/2006 e, para que pudessem ser distribuídos deveriam estar incluídos no patrimônio líquido da Pactual S/A. Por isso, esta parcela deve ser deduzida do custo de aquisição apurado. Com isso, chegase ao custo das ações alienadas pelo recorrente, que é de R$ 427.506,94, correspondente a 0,05% do total da sociedade. De acordo com o TVF, o que evidencia a irregularidade é que o sujeito passivo recebeu novas ações em troca das extintas, por ocasião da extinção da Nova Pactual Participações Ltda., mantendo assim, em sua propriedade a mesma parcela que detinha indiretamente do Banco Pactual S/A, entidade que concentrava a efetiva riqueza econômica e financeira do grupo empresarial, como também aumentou o custo de aquisição de tais ações por meio de dividendos não distribuídos. Os dividendos capitalizados são os mesmos, na medida em que as Reservas e Lucros capitalizados por Nova Pactual Participações Ltda. e Pactual S/A nada mais são do que o Resultado da Equivalência Patrimonial do Banco Pactual S/A. As operações engendradas pelas citadas sociedades empresariais (uma autêntica cadeia de repercussões de equivalência patrimonial), no que concerne à questão da incorporação de lucros e dividendos, somente encontra lastro jurídicocontábilfinanceiro no que se refere àqueles gerados pelo Banco Pactual S/A, com repercussão na controladora Pactual S/A. Com efeito, eventuais ajustes promovidos pelo Banco Pactual S/A em função de acréscimos patrimoniais ocorridos nas sociedades Pactual Participações Ltda e Nova Pactual Participações Ltda nada mais eram do que a própria riqueza gerada pelo Banco Pactual S/A, as quais já haviam sido consignadas no patrimônio de Pactual S/A. Para a fiscalização, a capitalização cumulativa dos lucros de equivalência patrimonial para aumentar o custo de aquisição das ações acima do cabível não pode ser admitida por causa de sua ilicitude, além do que deve ser inibida, para que, futuramente, não só comprometa a eficácia de toda tributação do ganho de capital sobre participações societárias, uma vez que o estratagema contábil viabilizaria a utilização de “empresas de papel” (holdings) tão somente para não pagar imposto de renda sobre ganho de capital, distorcendo gravemente a percepção do Fisco acerca da capacidade contributiva dos sócios pessoas físicas. Com os procedimentos adotados pelos exacionistas, estes informaram no Demonstrativo de Ganho de Capital de suas Declarações de Ajuste Anual o custo majorado de suas ações, inserindo, dessa forma, elementos inexatos com o fim de pagar menos imposto de renda, conduta que se insere no contexto de fraude à fiscalização tributária, sendo o tipo doloso (art.72, da Lei 4.502/64). Todo o arcabouço montado foi no sentido de prejudicar o direito do Fisco, configurando, em tese, crime contra a Ordem Tributária definido no inciso I, dos artigos 1 e 2o da Lei 8.137/90. Diante disso, a autoridade lançadora aplicou multa de 150% com base no art. 957, II, do RIR/99, tendo em vista a intenção do fiscalizado de majorar o custo de suas ações e permanecer com esse valor de custo majorado, mesmo após o recebimento de dividendos previstos no contrato de compra e venda das ações do Banco Pactual S/A em fevereiro de 2007, momento em que deveria recalcular o imposto apurado referente à primeira parcela, deduzindose tal valor do custo. Em sede de Impugnação, o recorrente alegou, em síntese: Antes da reestruturação, o impugnante ora recorrente era titular de investimentos representativos de 0,000019% da Nova Pactual Participações Ltda (NPP), Fl. 1290DF CARF MF 6 sociedade holding titular de investimentos representativos de 78,18% do capital de Pactual S.A. (PSA), também uma sociedade holding e titular de investimentos representativos de 100% do capital do Banco Pactual. Os demais 21,82% do capital social da NPP eram de propriedade de Pactual Holdings S.A., sociedade holding na qual o Impugnante não tinha qualquer participação. Após a implementação da reestruturação, o Impugnante considerou que o custo de seus investimentos no Banco Pactual passou a ser de R$ 1281804,5 e esse foi o valor utilizado como base para a quantificação de seu ganho de capital. O Auto de Infração indica, como enquadramento legal, uma série de dispositivos que apenas contém regras gerais relativas à apuração e à tributação dos ganhos de capital auferidos por pessoas físicas; entretanto, não há a indicação do dispositivo legal que teria sido infringido, o que nem poderia ser feito, pois os efeitos da reestruturação decorreram justamente da aplicação dos dispositivos legais em vigor. Segundo o recorrente, o Grupo Pactual era composto por diversas holdings, existentes há mais de 10 anos e constituídas em uma época em que os acionistas sequer cogitavam alienar seus investimentos no Banco Pactual. Os objetivos das holdings eram exclusivamente os de organizar o exercício do controle do Banco Pactual e propiciar uma distribuição adequada de seus resultados. Dessa forma, a alienação do Banco Pactual a terceiros faria com que as holdings se tornassem totalmente desnecessárias. O caminho trilhado pelos acionistas para se tornarem vendedores do Banco Pactual foi o mais lógico, rápido e econômico dentre todos disponíveis, sendo o acréscimo do custo de seus investimentos mera consequência de aplicação das normas em vigor. Havia algumas opções para a realização do negócio diretamente pelos acionistas, tendo sido a opção pela incorporação reversa das holdings pelo Banco Pactual a mais conveniente do ponto de vista prático, operacional, negocial e fiscal. Desde que o art. 8º da Lei n° 9.532/1997 definiu os efeitos fiscais das incorporações inversas, as incorporações de holdings têm sido a primeira opção para a eliminação de empresas cuja existência se torna desnecessária. A rapidez com que as holdings foram eliminadas bem demonstra a eficiência da opção adotada pelos acionistas. Assim, não procede a assertiva constante do TVF de que a reestruturação adotada foi realizada com o objetivo de ser utilizada pelos acionistas para aumentar indevidamente o custo de aquisição de seus investimentos no Banco Pactual. A Lei n° 6.404/1976 (LSA) define, em seu art. 227, a incorporação como a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Como regra, cabe à incorporadora aumentar seu capital social, sendo o aumento realizado pelo patrimônio líquido da incorporada e tocando aos acionistas desta última as ações representativas desse aumento de capital (art. 224, inciso I). A incorporadora recebe um conjunto patrimonial e paga aos acionistas da incorporada pelo mesmo, em ações representativas do aumento de seu capital. Não se apuram resultados na substituição de ações da incorporada por ações da incorporadora e, por essa razão, as ações da incorporadora recebidas pelos acionistas da incorporada tem o mesmo custo de seus investimentos na incorporada, declarados extintos na incorporação. Fl. 1291DF CARF MF Processo nº 12448.735838/201117 Acórdão n.º 2202002.569 S2C2T2 Fl. 122 7 O conjunto patrimonial destinado à realização do aumento de capital corresponde à diferença entre o valor dos ativos e das obrigações da incorporada, isto é, ao seu patrimônio líquido. A parcela do patrimônio líquido da incorporada representada por lucros ou reservas de lucro, transformase em capital da incorporadora no processo de incorporação. Por essa razão, é indiferente que, antes da incorporação, os lucros da incorporada sejam ou não capitalizados. Nas incorporações inversas, a capitalização de lucros das incorporadas nos processos de incorporação por vezes não é perceptível de imediato, pois pode ocorrer de o capital da incorporadora permanecer o mesmo antes e depois da operação. Com efeito, tomese, por exemplo, situação em que: (i) a incorporadora/controlada tenha sido constituída no ano I, com o capital de RS 100.000,00; (ii) sua única acionista seja a incorporada/controladora, uma empresa sem nenhum passivo cujo único ativo sejam os investimentos na incorporadora/controlada (R$ 100.000,00); (iii) a incorporadora/controlada tenha auferido lucros de R$ 50.000,00 e promovido a capitalização dos mesmos. Na incorporação, caberia à incorporadora/controlada aumentar seu capital em R$ 150.000,00 (valor de patrimônio líquido da incorporada/controladora), atribuindo as ações representativas desse aumento aos acionistas da incorporada/controladora; em contrapartida desse aumento, os ativos da incorporada/controladora seriam transferidos à incorporadora/controlada mas, como a legislação brasileira não confere às ações representativas do capital da própria emitente a natureza de um ativo, as referidas ações seriam declaradas extintas e o capital social da incorporadora/controlada permaneceria inalterado. Assim, a situação patrimonial da incorporadora/controlada seria exatamente a mesma, antes e depois da incorporação. Mesmo quando o capital da incorporadora/controlada permanece inalterado após a incorporação, ocorre aumento de seu capital e desaparecem as contas que refletem os lucros e reservas da controladora/incorporada, cuja capitalização seria apta a gerar acréscimo de custo para seus acionistas. Antes da incorporação, os acionistas da investidora/incorporada seriam titulares de ações de empresa apta a distribuir dividendos no valor de R$ 50.000,00, quando tivesse disponibilidades de caixa, e em condições de capitalizar seus lucros, elevando para RS 150.000,00 o custo dos investimentos. Com a incorporação da investidora/incorporada, seus acionistas passariam a participar de empresa (a investida/incorporadora) sem lucros disponíveis e com capital social de RS 150.000,00. Assim, se o custo dos investimentos dos acionistas da investidora/incorporada não fosse elevado para R$ 150.000,00, eles perderiam, com a incorporação, a oportunidade de receber dividendos ou mesmo bonificações que possibilitassem o aumento do custo de seus investimento até o montante do patrimônio líquido da invertida/incorporadora; ou seja, se o custo não fosse ajustado, o acionista passaria a registrar um deságio nos seus investimentos. Fl. 1292DF CARF MF 8 Esse fato evidencia, por si só, a ocorrência da capitalização dos lucros das incorporadas nos processos de incorporação e justifica o ajuste do custo dos investimentos dos acionistas da incorporada, com base no § único do art. 130 ou no art. 135 do RIR. Não fosse a distribuição e capitalização prévia de lucros, a incorporação faria com que as quotas da incorporadora (Pactual S.A.), destinadas aos quotistas da Nova Pactual Participações Ltda em substituição de suas participações na mesma, fossemlhes atribuídas na proporção do capital social, fazendo com que os lucros acumulados até então fossem distribuídos também nesta proporção. Os lucros de Nova Pactual foram distribuídos em bases desproporcionais e reaplicados na empresa, acertando as participações dos acionistas no patrimônio líquido antes da incorporação. Com esse procedimento, a participação indireta do impugnante ora recorrente no Banco subiu de 0,000011% (0.000014% de 78,18%) para 0,05% (0,064% de 78,18%). O capital de Participações foi aumentado em R$ 686.000.000,00, mediante a conversão de créditos detidos por seus quotistas, créditos estes decorrentes do direito ao recebimento de lucros e, como nela se observa, a capitalização dos referidos lucros gerou significativa alteração nos percentuais de participações dos acionistas no capital da referida empresa. As capitalizações de lucros verificadas antes das incorporações não representaram mero artifício para elevação do custo dos investimentos dos acionistas, pois (i) essa elevação ocorreria independentemente da capitalização prévia dos lucros e, no caso concreto, (ii) era essencial à adequada distribuição dos lucros de Participações. Nas incorporações inversas, os acionistas da incorporada recebem ações da incorporadora por custo idêntico ao das ações da incorporada por eles detidas. Por outro lado, ocorre capitalização de lucros ou reservas eventualmente existentes na incorporada, passando o novo custo de aquisição das ações dos acionistas da incorporada a corresponder ao valor original de seu investimento, acrescido do montante dos lucros e reservas de lucros da incorporada, capitalizados no processo de incorporação. O aumento do custo de aquisição dos investimentos do Impugnante no Banco Pactual se verificaria, quer houvesse deliberação expressa e específica no sentido da capitalização dos lucros das holdings como houve quer não. Em se tratando da alienação de quotas ou ações e em sendo o alienante pessoa física, o custo de aquisição corresponde ao custo original do investimento acrescido do montante dos lucros e reservas de lucros capitalizados, nos termos do § 1º do art. 130 e do art. 135 do RIR. A legislação em vigor prevê que a capitalização de lucros gera acréscimo de custo para os acionistas pessoas físicas, sem cogitar da natureza do lucro. O ajuste do custo dos investimentos do Impugnante decorre da aplicação da lei e não há como rejeitálo. A Fiscalização limitase a alegar que houve uma interpretação incorreta do art. 135 do RIR, por parte do Impugnante. Isso evidencia que, na verdade, o Auto baseiase no inconformismo da Fiscalização quanto às consequências que a aplicação da lei trouxe no caso concreto. As distorções apresentadas através dos quadros demonstrativos do TVF decorrem do texto da lei. De certa forma, a própria fiscalização reconhece esse fato, quando, Fl. 1293DF CARF MF Processo nº 12448.735838/201117 Acórdão n.º 2202002.569 S2C2T2 Fl. 123 9 para demonstrar a distorção, apresenta exemplos elaborados rigorosamente a partir da aplicação da lei. Os ganhos de equivalência patrimonial integram o resultado do exercício da investidora e, conforme estabelece o §6° do art. 202 da LSA, os lucros do exercício devem ser integralmente distribuídos, ressalvada a possibilidade de serem retidos, nos termos dos arts. 193 a 197 da mesma lei. A opção de eliminaremse holdings mediante incorporações reversas era o caminho lógico, natural e admitido por lei para viabilizar a venda das ações do BANCO pelos ACIONISTAS e o aumento do custo das ações do IMPUGNANTE foi mera conseqüência da adoção dessa opção, legítima e essencial à realização do negócio, digase de passagem. O art. 22 da Lei n° 9.249/95, admite que, nas extinções de pessoas jurídicas, os bens de sua propriedade sejam restituídos a seus sócios ou acionistas pelos correspondentes valores contábeis. Não cabe à fiscalização deixar de aplicar a lei por considerar que ela gera distorções injustificáveis. O 1º Conselho de Contribuintes já decidiu que “a existência de falhas na legislação” não pode ser suprimida pelo julgador, ou, ainda, que “não cabe à autoridade fiscal ignorar o preceito representativo da vontade do legislador”. O montante dos lucros capitalizados somase ao custo dos investimentos a que correspondem, ainda que eles tenham sido reconhecidos em razão da aplicação do MEP. Assim, após a capitalização dos lucros existentes em Participações, o custo dos investimentos do Impugnante atingiu R$ 783.763,00. Esse é, pois, o valor que deveria ter servido de ponto de partida para quantificação do ganho de capital auferido na venda das ações do BANCO, caso os efeitos da Reestruturação fossem negados. Mesmo que a reestruturação tivesse sido levada a efeito nas bases que o TVF consideraria adequada, os R$ 783.763,00 corresponderiam ao custo dos investimentos do Impugnante no Banco. A sustentação da Fiscalização de que o custo das ações do Banco deveria ser definido com base no valor do capital de Pactual, dele expurgada uma parcela dos lucros do Banco que seria distribuída aos Acionistas, em razão de usufruto então constituído, chega a causar perplexidade, se confrontada com as normas legais que tratam da matéria, segundo as quais o custo do investimento corresponde ao preço pago por sua aquisição, acrescido dos lucros e reservas de lucros atribuídos aos mesmos, em razão da realização de aumentos de capital da investida. O procedimento adotado no Auto no sentido de partir da situação patrimonial de Pactual para definir o custo dos investimentos do Impugnante no Banco carece de base legal, como também carece o ajuste feito ao valor então encontrado, em razão da existência de usufruto sobre as ações do Banco. A fraude não estaria presente em ato específico, mas sim no resultado que, com a Reestruturação, o impugnante procurou atingir, qual seja, uma injustificada redução do montante do imposto a pagar. Fl. 1294DF CARF MF 10 A Reestruturação não foi realizada com esse propósito específico e seria levada a efeito, independentemente da economia fiscal que dela decorreu. O Auto não nega efeitos à Reestruturação, apenas rejeita um dos efeitos fiscais, qual seja, o cômputo no custo dos investimentos dos lucros capitalizados por Participações. Assim, não há que se falar em fraude à lei, abuso de forma ou ilícito semelhante, mas sim em aplicação inadequada das normas legais que versam sobre a determinação do custo de investimentos, para efeitos de determinação de ganhos de capital. Mesmo que os atos fossem praticados com abuso de direito, não poderiam ser classificados como fraudulentos e qualificados como ilícitos de natureza penal, pois para que haja abuso de direito os atos que sejam assim classificados devem observar a legislação em vigor. Se não observaram, o ilícito será de outra natureza. Em 2001, a RFB reconheceu publicamente que a legislação em vigor não lhe oferecia armas para combater o planejamento fiscal, o que levou o Congresso a publicar a Lei Complementar 104/2001 que introduziu no CTN o parágrafo único do art. 116, que depende ainda de regulamentação. O escopo das referidas normas foi atingir atos que, embora lícitos, fossem praticados com abuso de forma ou de direito. Aqueles praticados com observância da lei, mas com abuso de forma não podem ser rejeitados pela fiscalização, na medida em que a norma que lhe atribui esse poder ainda carece de regulamentação ou pelo menos não representam fraude ou simulação. Não há no TVF, elemento que possa caracterizar a alegada fraude. O único ponto suscetível de comportar discussão está na aplicação das regras do art. 130 e 135 do RIR. Se permanecer o entendimento de que o referido dispositivo legal não engloba a capitalização de lucros derivados da aplicação da MEP, o custo dos investimentos do impugnante no Banco foram superdimensionados, mas apenas por equívoco na interpretação da lei. Mas alegar que a Reestruturação foi concebida com evidente intuito de fraude é um absurdo. Jamais haveria fraude em procedimentos com as características da Reestruturação. Transcreve o Impugnante doutrina a respeito da matéria e destaca, por fim, que a participação do impugnante era extremamente reduzida, não tendo ele votos suficientes para fazer com que a Reestruturação ocorresse dessa ou daquela forma. Não se alegue que a mera intenção do sujeito passivo de obter economia tributária caracterizaria “dolo” capaz de deflagrar a multa qualificada. A participação do impugnante era extremamente reduzida, não tendo ele votos suficientes para fazer com que a Reestruturação ocorresse dessa ou daquela forma. A aplicação da multa de 150% só justificase quando há evidente intuito de fraude, ou seja, quando o contribuinte age de máfé e com claro propósito de violar conscientemente a lei. Assim, tendo em vista que a fiscalização não comprovou e sequer apontou um único ato praticado pelo impugnante que pudesse configurar a fraude, fica evidente que não se verificaram no caso concreto os pressupostos para aplicação da multa qualificada. Fl. 1295DF CARF MF Processo nº 12448.735838/201117 Acórdão n.º 2202002.569 S2C2T2 Fl. 124 11 Se o impugnante acreditava e acredita que a lei permitia a elevação do custo de seus investimentos, seu procedimento, ainda que equivocado, não denota consciente intuito de fraude. É descabida a incidência de juros sobre a multa porque isso implicaria numa indireta majoração da própria penalidade e não se pode falar em mora na exigência de multa. Perante o órgão colegiado a quo, a impugnação foi julgada procedente, sob o fundamento da impossibilidade de utilização múltipla de lucros acumulados para capitalização, em incorporações reversas cujo resultado é o aumento do curso dos investimentos e a redução do ganho de capital com a alienação das ações. Inconformado, o recorrente interpôs Voluntário (102/108) com vistas a obter a reforma do julgado, reafirmando os argumentos já trazidos por ocasião da Impugnação. Apresentados memoriais às vesperas do julgamento. Era o de essencial a ser relatado. Passo a decidir. Voto Vencido Conselheiro German Alejandro San Martín Fernández, Relator. Por tempestivo e pela presença dos pressupostos recursais exigidos pela legislação, conheço do recurso. A questão relativa à nulidade do lançamento na apuração da base de cálculo se confunde com mérito e será enfrentada em conjunto com os demais argumentos postos em Voluntário. No caso em julgamento, a fiscalização constatou omissão de rendimentos provenientes de ganho de capital na alienação de ações, decorrentes da seguinte operação, abaixo sintetizada. O recorrente, era detentor de 0,00019% das ações da sociedade holding Nova Pactual Participações Ltda., (PARTICIPAÇÕES), que por sua vez detinha 78,18% da Pactual S/A (PACTUAL), detentora de 100% das ações do Banco Pactual (BANCO). Houve aumento de capital da PARTICIPAÇÕES, mediante capitalização dos lucros gerados pela BANCO, o que gerou um aumento do custo dos investimentos, em decorrência da aplicação do MEP – Método de Equivalência Patrimonial. Incorporação de PARTICIPAÇÕES por PACTUAL, sua controlada, em operação denominada incorporação reversa, com substituição das ações do recorrente por ações da empresa incorporadora – PACTUAL. Fl. 1296DF CARF MF 12 Aumento do capital de PACTUAL mediante lucros gerados pelo BANCO e reconhecidos em decorrência da aplicação do MEP – Método de Equivalência Patrimonial, com aumento dos custos de investimentos do recorrente em PACTUAL, no valor de R$ 498.044,00. Incorporação de PACTUAL (controladora) pelo BANCO (controlada), em operação de incorporação às avessas, recebendo o recorrente, investimentos diretos da incorporadora, em substituição às ações da incorporada. Em seguida, as ações do BANCO de propriedade do recorrente foram alienadas ao grupo UBS Brasil. É evidente que a capitalização das empresas holdings (PARTICIPAÇÕES e PACTUAL), com lucros gerados pela empresa operacional (BANCO), aumentaram o custo dos investimentos e tiveram por resultado, após as sucessivas incorporações reversas, a redução do montante total do ganho de capital auferido com a alienação das ações. A justificativa apontada pelo recorrente a justificar a reestruturação realizada, se funda na existência a mais de uma década das empresas holding, e da estrutura escalonada do BANCO PACTUAL, muito antes de sequer se aventar a hipótese de venda do BANCO ao grupo UBS. Logo, a existência de dois “níveis” de empresas holding, não operacionais, acima do BANCO, não faria nenhum sentido se a finalidade fosse a alienação dos ativos da empresa operacional a terceiros. Daí a necessidade das sucessivas incorporações “reversas”, com o fim de manter apenas a única empresa do grupo cujos ativos seriam objeto de alienação. Presente, portanto, o propósito negocial, a justificar a reestruturação societária, cujo resultado importou na redução do ganho de capital na alienação de ações das pessoas físicas, entre elas, o recorrente, em decorrência do aumento do custo dos investimentos proporcionados pelas incorporações reversas realizadas e pela adoção do MEP Metodo de Equivalência Patrimonial para reconhecimento da capitalização dos lucros, nas duas incorporações realizadas (PACTUAL em PARTICIPAÇÕES e BANCO em PACTUAL). A redução do ganho de capital na alienação das ações é apenas decorrência do artigo 135 do RIR/99, cujo enunciado dispõe que o custo de aquisição de ações é igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. A controvérsia central não gira em torno da legalidade das incorporações reversas realizadas, mas, sim, sobre os efeitos redutores do ganho de capital na alienação das ações do BANCO pelo recorrente, mediante a capitalização de lucros acumulados pelo BANCO e conseqüente aumento do custo de investimento das ações, mediante utilização do MEP. O resultado matemático dessas operações, dada a sucessão de incorporações reversas, teve por resultado a múltipla utilização mesmo lucro acumulado na capitalização das ações das incorporadas/investidoras, e no entendimento da fiscalização, violação à capacidade contributiva. Na operação em foco, a sociedade controladora (holding) apura resultado decorrente da aplicação do Método de Equivalência Patrimonial (MEP) em face de sua controlada. Isto é, o lucro apurado na sociedade/controlada reflete na apuração do resultado positivo da controladora pelo MEP. A partir disso, a sociedade controladora capitaliza o lucro distribuindo as ações/quotas aos sócios que, com base no art. 135 do RIR/99, aumentam o custo de aquisição do seu investimento. Fl. 1297DF CARF MF Processo nº 12448.735838/201117 Acórdão n.º 2202002.569 S2C2T2 Fl. 125 13 No caso em tela, a operação ocorreu mais de uma vez a partir do lucro existente na sociedade controlada (operacional) e, combinada com incorporação das sociedades controladoras pelas controladas (incorporação às avessas), permitiu ao recorrente o aumento do custo de aquisição do investimento. O resultado do aumento do custo de aquisição do investimento possibilitou aos sócios a diminuição do ganho de capital na venda de suas ações da sociedade operacional, no caso o Banco Pactual S.A., único remanescente após as sucessivas incorporações. O recorrente se utilizou da possibilidade de aumento do custo de aquisição do investimento, prevista expressamente no art. 135 do RIR/99, para minimizar o impacto tributário na operação de venda de sua participação no Banco Pactual S.A. O recorrente demonstrou de forma inequívoca a presença de propósito negocial na reestruturação adotada, na utilização de lucros acumulados da empresa operacional em duplicidade com a finalidade de reduzir o ganho de capital na alienação de ações, dada a necessidade de alienação a terceiros das ações da pessoa jurídica operacional (BANCO). Nos termos do voto vencido, da lavra do i. Conselheiro Rafael Pandolfo, em caso semelhante ao presente: “(...) a estrutura que possibilitou o aumento do custo de aquisição das ações do recorrente existia, no mínimo, há mais de dois anos da data da venda das ações do Banco Pactual S.A. Mais que isso, consultando o sistema COMPROT se pode constatar a existência de processos administrativos datados de 2002, o que sugere que as empresas existiam, muito antes desta data. Ou seja, não se trata de estrutura criada com a finalidade de reduzir ou eliminar a incidência do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF) sobre o ganho de capital na venda das ações do Banco Pactual S.A., mas, sim, da adoção, pelo recorrente, do caminho legal mais vantajoso, em termos fiscais, diante da encruzilhada que poderia gerar maior ou menor custo tributário. No caso em tela, o recorrente conseguiu demonstrar não apenas a utilidade da estrutura societária existente como a existência de propósito negocial/econômico (fls. 1007/1010), o que permite concluir, inclusive, que aconteceria independentemente da redução da carga tributária para os acionistas na venda de sua participação no Banco Pactual S.A. O recorrente poderia, é verdade, ter adotado outro meio para realização da venda de sua participação no Banco Pactual S.A., como, por exemplo, após a incorporação Nova Pactual Ltda. pela Pactual Holding S.A, vender suas ações desta última (que detinha 100% do Banco Pactual S.A.), fazendo com que, indiretamente, o comprador tivesse o controle do Banco. Até mesmo, poderiam as sociedades não ter capitalizado, antes de sua incorporação, o resultado positivo auferido pelo MEP, mantendo esse resultado dentro do patrimônio líquido da incorporada. Mas não. O recorrente utilizou a possibilidade de aumento do custo de aquisição do investimento, prevista no art. 135 do Fl. 1298DF CARF MF 14 RIR/99, para minimizar o impacto tributário na operação de venda de sua participação no Banco Pactual S.A. Se a utilização desse mecanismo gerou distorção entre a evolução do patrimônio líquido do Banco e a evolução do aumento do custo do investimento do recorrente – e isso é um fato, de forma evidente há uma distorção econômica , essa é mais uma, dentre tantas distorções permitidas/previstas na lei, que ora atuam em favor dos contribuintes, ora em desfavor. Como exemplo, podemos citar a limitação da compensação do prejuízo fiscal acumulado pelas empresas no percentual de 30%, restrição legal cujo efeito é a criação artificial de um lucro fiscal que não encontra respaldo na situação patrimonial do contribuinte. Em outros termos, o fato de o lucro obtido no Banco Pactual S.A. gerar reflexos de resultado positivo na sua controladora (Pactual Holding S.A.) e também na empresa que controla essa última (Nova Pactual Ltda.), através do MEP não encontra qualquer óbice legal. Do mesmo modo, não há qualquer impedimento legal nas capitalizações desses resultados aos quotistas da Nova Pactual Ltda. e, posteriormente, aos acionistas da Pactual Holding S.A., ainda que provenientes do lucro existente no Banco Pactual S.A. Pelo contrário, tanto a fiscalização quanto a decisão recorrida admitem que, se houvesse em caixa dinheiro disponível, o lucro obtido com o MEP, tanto numa quanto noutra empresa controladora, poderia ser distribuído aos sócios. Portanto, se o lucro poderia ter sido distribuído aos sócios, por que o resultado positivo auferido através do MEP não poderia ser capitalizado, aumentando o custo de aquisição do investimento do quotista/acionista, nos termos previstos pelo art. 135 do RIR/99? (Processo n. 12448.736151/201191) Logo, é inequívoco que a lei faculta ao contribuinte o acréscimo ao custo de aquisição de investimento a capitalização de lucros ou reserva de lucros, mesmo que esses tenham sido apurados única e exclusivamente com base em resultados decorrentes da aplicação do método de equivalência patrimonial. Não há dispositivo legal proibitivo do incremento do custo de aquisição com base em resultados oriundos de equivalência patrimonial. O lucro resultante de equivalência patrimonial nada mais é que a riqueza auferida pela investida (Banco Pactual) refletida nos registros contábeis das investidoras (holdings). Entretanto, tal raciocínio somemte se aplica se adotada a interpretação econômica dos fatos, em desapego ao regime legal dado à capitalização dos lucros e dos seus respectivos efeitos. Conforme trecho de voto da i. Conselheira Natália Mesquita Ceia, em caso já julgado por este C. Colegiado: Assim, não se pode sob o pretexto de uma tributação econômica desconsiderar por completo a legislação posta. A tributação não pode ser decidida casuisticamente e com base em critérios econômicos, aritméticos ou matemáticos como defende a fiscalização. A tributação deve observar a norma legal, mesmo que essa por algumas vezes, não se coadune de forma perfeita com a realidade econômica dos fatos. Desta forma, tendo em vista que a presente autuação é exclusivamente baseada em critérios econômicos, entendo que o Fl. 1299DF CARF MF Processo nº 12448.735838/201117 Acórdão n.º 2202002.569 S2C2T2 Fl. 126 15 auto de infração não deve prosperar. (Processo n. 12448.735830/201142). Desqualificação da multa Voto pela exclusão desqualificação da multa, se vencido quanto ao mérito, com fundamento na ausência de dolo na conduta do agente, cuja interpretação do artigo 135 do RIR não teve por finalidade fraudar o fisco, tal qual como exposto pelo agente autuante. A adoção de planejamentos tributários, ainda que desconstituídos pelo fisco, não pode ser causa de qualificação da multa, ainda mais quando fundados em interpretação literal de dispositivo regulamentar. Não há qualquer traço de fraude na conduta adotada pelo contribuinte, que desde o início agiu com lhaneza, fornecendo todas as informações e documentos necessários à compreensão da sua interpretação dos dispositivos legais aplicados. A eventual manutenção do crédito tributário, que acarretaria a discussão sobre o percentual sancionatório aplicável, decorreria de mera divergência interpretativa que, no caso do contribuinte, foi alicerçada em sólidas convicções. Nesse sentido, e em caso idêntico, jurisprudência deste E. Sodalício: MULTA QUALIFICADA Em suposto planejamento tributário, quando identificada a convicção do contribuinte de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios, não há como ser reconhecido odolo necessário à qualificação da multa, elemento este constante do caput dos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64.(Ac. 2202002.164). No mesmo sentido: Ac. 2202002.429 e Ac. 2202002.428. Por fim, voto pela exclusão da a aplicação da Taxa Selic sobre a multa de ofício, pela ausência de previsão legal. A incidência cumulativa da Taxa Selic está prevista apenas nos casos de lançamento isolado de multa ou juros de mora, nos termos do art. 43 da Lei no 9.430, de 1996 Nesse exato sentido, 2 Turma da CSRF: ACÓRDÃO: 9202002.600 Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 2002 JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INAPLICABILIDADE. Os juros de mora à taxa SELIC só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa de ofício aplicada proporcionalmente. Recurso especial negado. Fl. 1300DF CARF MF 16 Pelo exposto, conheço e dou provimento ao recurso voluntário. É o meu voto. (assinado digitalmente) German Alejandro San Martín Fernández Voto Vencedor Conselheiro Eduardo Tadeu Farah, Redator Designado Em que pese o voto proferido pelo ilustre Conselheiro German Alejandro San Martín Fernández, tenho, data vênia, opinião divergente ao seu entendimento. Embora alegue o Relator que o contribuinte, para minimizar o impacto tributário na operação de venda de sua participação no Banco Pactual S.A, se utilizou da possibilidade de aumento do custo de aquisição do investimento, na forma do art. 135 do RIR/1999, penso que o exame desta questão não pode, entretanto, ficar adstrita à interpretação literal das normas pertinentes. É Necessário perquirir a origem dos aumentos sucessivos do custo de aquisição dos investimentos e verificar, por meio de interpretação finalística e sistemática das normas tributárias, o alcance do art. 135 do RIR/1999. Para melhor esclarecimento dos fatos, transcrevo trecho Termo de Verificação Fiscal (fls. 1009/1054): 4. DOS PROCESSOS PE INCORPORAÇÃO DAS HOLDINGS Conforme descrito no presente Termo de Verificação Fiscal e com base, dentre outros, nas informações prestadas pelo Banco Pactual S/A como sociedade sucessora de Pactual S/A, os atos de reorganização societária (capitalização de lucros e reservas e incorporações reversas) compreenderam: • Em 28/12/2004 Aumento do Capital Social da Pactual Participações Ltda de R$ 210.000.000,66, mediante capitalização de parte dos lucros retidos na conta lucros acumulados da sociedade; • Em 31/12/2005 Aumento do capital social da Pactual Participações Ltda de R$ 130.000.000,00, mediante capitalização dos lucros detidos na reserva de lucros da sociedade. • Em 31/12/2005 Incorporação da Pactual Participações Ltda pela investida Pactual Participações S/A (logo depois, passou a denominação de Nova Pactual Participações Ltda), com o aumento do capital social desta em R$ 43.149.272,40; • Em 13/10/2006 Aumento do capital social da Pactual Holdings S/A de R$ 202.500.000, mediante capitalização dos créditos detidos contra a sociedade (R$ 200.500.000,00) e da reserva legal da companhia (R$ 2.000.000,00); • Em 13/10/2006 Pactual Holdings S/A é incorporada pela investida Pactual S/A, mediante aumento do capital social desta de R$ 29.749.957,22; Fl. 1301DF CARF MF Processo nº 12448.735838/201117 Acórdão n.º 2202002.569 S2C2T2 Fl. 127 17 • Em 13/10 7006 Aumento do capital social da Nova Pactual Participações Ltda de R$ 686.000.000,00. mediante capitalização dos créditos detidos contra a sociedade; • Em 13/10/2006 Nova Pactual Participações Ltda é incorporada pela investida Pactual S/A, mediante aumento do capital social desta de R$ 33.593.148,46; • Em 01/11/2006 Aumento do capital social da Pactual S/A de R$ 3.862.542,92, mediante capitalização dos créditos detidos contra a sociedade; • Em 03/11/2006 Aumento do capital social da Pactual S/A de R$ 996.087.876,00, mediante capitalização dos créditos detidos contra a sociedade; • Em 01/12/2006 Pactual S/A é incorporada pelo Banco Pactual S/A. O patrimônio a ser vertido representa o PL da Pactual S/A, de R$ 1.149.597.660,18. O que se pretende evidenciar no presente Termo de verificação Fiscal é que nos processos de incorporação reversa houve majoração irregular no custo das ações alienadas, tendo em vista que o processo de extinção das Holdings Pactual Participações Ltda, Nova Pactual Participações Ltda e Pactual Holdings S/A, com a anterior capitalização de dividendos nos valores de R$ 210.000.000,66, R$ 130.000.000,00, R$ 43.149.272,40, R$ 202.500.000,00, R$ 686.000.000,00, não poderiam gerar o aumento no Custo das Ações Alienadas do Banco Pactual S/A pertencentes aos acionistas, considerando que, posteriormente, houve acréscimo cumulativo do custo das aludidas ações alienadas com a incorporação do acervo líquido da Pactual Holdings S/A e da Nova Pactual Participações Ltda e, mais tarde, pela capitalização dos dividendos da companhia Pactual S/A, anteriormente à sua incorporação pelo Banco Pactual S/A, no montante de R$ 1.063.293.524,60, que representa a soma das parcelas R$ 29.749.957,22, R$ 33.593.148,46, R$ 3.862.542,92 e R$ 996.087.876,00. Com o evento de incorporação, todo o acervo líquido da Pactual S/A (PL), no montante de R$ 1.149.610.206,41, foi incorporado pelo Banco Pactual S/A. Esse valor representa o custo total das ações alienadas. (...) Reiterando, a principal base na qual se fundamentam as conclusões relativas à presente fiscalização, salta aos olhos que o custo das ações pertencentes ao acionista Gustavo de Hungria Machado, no momento da alienação havia aumentado de R$ 132,00 (100 QUOTAS DE Nova Pactual participações Ltda) para R$ 1.281.804,50 (567.039 Ações do Banco Pactual S/A), conforme informado no Demonstrativo de Cálculo de Ganho de Capital Venda de Ações do Banco Pactual em 2006, apresentado pelo sujeito passivo. Fl. 1302DF CARF MF 18 Somente para que fique clara a discrepância apontada, ocorreu um aumento de 970.954,28% o aludido custo das ações pertencentes ao Acionista Pessoa Física, enquanto que o aumento do patrimônio líquido do Banco Pactual S/A foi de apenas 92,01% [R$ 625.223.115,04 para R$ 1.200.480.531,05], Devese esclarecer que esta fiscalização não está contestando o aumento do custo de aquisição das ações do Banco Pactual alienadas, no percentual de 92,01%, por parte do contribuinte. O acréscimo em tal proporção está plenamente fundamentado no que dispõe artigo 135 do Decreto n° 3.000/99 RIR/99. O que se contesta é o acréscimo excedente. A explicação para o aumento excedente é que o custo das ações alienadas do Banco Pactual S/A na Declaração de Ajuste do acionista Gustavo de Hungria Machado foi aumentado tanto na capitalização dos lucros obtidos por ganho de equivalência patrimonial da “Holding” Nova Pactual Participações Ltda, no valor de RS 783.631,00, quanto na capitalização dos Dividendos da sucessora e incorporadora Pactual S/A, no montante de RS 498.044,00. O que evidencia a irregularidade é que o sujeito passivo recebeu novas ações em troca das extintas, por ocasião da extinção da Nova Pactual Participações S/A, mantendo assim, em sua propriedade a mês na parcela que detinha indiretamente do Banco Pactual S/A, entidade que concentrava a efetiva riqueza econômica e financeira do grupo empresarial, como também aumentou o CUSTO DE AQUISIÇÃO DE TAIS AÇÕES por meio de dividendos não distribuídos. Ocorre que os dividendos capitalizados são os mesmos, na medida em que as Reservas e Lucros capitalizados por Nova Pactual Participações Ltda e Pactual S/A nada mais são do que o Resultado da Equivalência Patrimonial do Banco Pactual S/A. (...) As operações engendradas pelas citadas sociedades empresariais (uma autêntica cadeia de repercussões de equivalência patrimonial), no que concerne à questão da incorporação de lucros e dividendos, somente encontra lastro jurídicocontábilfinanceiro no que se refere àqueles gerados pelo Banco Pactual S/A, com repercussão na controladora Pactual S/A. Com efeito, eventuais ajustes promovidos pelo Banco Pactual S/A em função de acréscimos patrimoniais ocorridos nas sociedades Pactual Participações Ltda e Nova Pactual Participações Ltda nada mais eram do que a própria riqueza gerada pelo Banco Pactual S/A, as quais já haviam sido consignadas no patrimônio de Pactual S/A. Cumpre ressaltar que o acréscimo de riqueza já havia sido consignado no patrimônio de Pactual S/A e que, tendo ocorrido incorporação reversa, admitirse que a capitalização dos lucros e reservas decorrentes da equivalência patrimonial nas sociedades controladoras incorporadas gerasse impactos no custo de aquisição das ações possuídas pelos acionistas pessoas físicas implicaria redução indevida do ganho de capital Fl. 1303DF CARF MF Processo nº 12448.735838/201117 Acórdão n.º 2202002.569 S2C2T2 Fl. 128 19 auferido, mediante artifício contábil tendente a inflar o custo de aquisição das participações societárias. Se materialmente válido fosse o artifício idealizado pelos contribuintes nas suas operações de incorporação reversa, os mesmos teriam descoberto um meio de criar patrimônio novo pela simples sucessão de incorporações. Optando por capitalizar os dividendos nas sociedades em que possuía participação, caberia ao Acionista Pessoa Física tão somente o recebimento das novas ações emitidas por Pactual S/A em substituição das quotas extintas de sua propriedade emitidas por Nova Pactual Participações Ltda, não sendo admissível a comutatividade entre recebimento de novas ações e incremento nos respectivos custos de aquisição. (...) 7. CONCLUSÃO Com base no exposto, mostrase indevido o acréscimo no Custo das Ações do Banco Pactual Alienadas no valor de RS 854.297,56, do acionista GUSTAVO DE HUNGRIA MACHADO, motivo pelo qual tal valor deve ser glosado no cômputo do Demonstrativo de Ganho de Capital na Alienação das Ações do Banco Pactual S/A, sendo o valor do seu Custo das Ações do Banco Pactual S/A Alienadas, reduzido de R$ 1.281.804,50 para R$ 427.506,94, o qual passa a ter a seguinte configuração. (...) Dessa forma, o Ganho de Capital total correspondeu ao valor de R$ 2.194.303,91 [R$ 2.621.810,85 R$ 427.506,94]. Considerando que a parcela recebida em 2006 foi de R$ 1.108.970,00 e o restante de RS 1.672.840,00 foi recebido em 2009, e a primeira parcela correspondeu a 38,87% do total do valor da venda que foi de R$ 2.621.810,85, o montante equivalente do CUSTO DAS AÇÕES DO BANCO PACTUAL S/A permitido corresponde a R$ 166.171,95 em 2006 e R$ 261.334,99 em 2009. Portanto, o Ganho de Capital, correspondente à parcela recebida, sujeito à tributação exclusiva, correspondeu ao valor de R$ 852.798,05 em 2006 e R$ 1.341.505,01 em 2009. Do exposto, verificase que o recorrente aumentou o custo de aquisição de sua participação, por meio de artifícios contábeis que tiveram como única origem o lucro obtido pelo Banco Pactual S/A. Na verdade, a mesma riqueza representou aumento do custo de aquisição mais de uma vez, reduzindo, dessa feita, o ganho de capital e, por consequência, o pagamento do imposto de renda devido. Fl. 1304DF CARF MF 20 Como bem pontuou o Conselheiro Relator, não há qualquer impedimento à utilização do art. 135 do RIR/1999 para computar no custo de aquisição os lucros ou reservas de lucros oriundos do aumento de capital ou incorporação dos resultados apurados pela sociedade, contudo, uma vez utilizados os lucros e reservas de capital, não é plausível que eles possam lastrear nova operação, já que, no caso dos autos, não houve geração de lucros autônomos e independentes nas sociedades investidoras. Com efeito, o método de equivalência patrimonial consiste em atualizar o valor contábil do investimento ao valor equivalente à participação societária da sociedade investidora no patrimônio líquido da sociedade investida. Consequentemente, pode o contribuinte promover o acréscimo ao custo de aquisição de investimento com a capitalização de lucros ou reserva de lucros, mesmo que esses tenham sido apurados única e exclusivamente com base em resultados decorrentes da aplicação do método de equivalência patrimonial. Entretanto, in casu, houve o aumento do custo de aquisição pelo efeito multiplicativo dos resultados do Banco Pactual, evidenciando, repisese, a elevação artificial do custo de alienação das ações, conforme se infere da comparação do aumento do patrimônio líquido do Banco Pactual no período de 31/12/2005 a 31/11/2006 ao acréscimo do custo de aquisição das ações do contribuinte no mesmo período. Não obstante o entendimento do Conselheiro Relator, não é dado ao contribuinte criar determinada situação para se encaixilhar na situação legalmente prevista, ou seja, proceder à interpretação jurídica da norma descasada com seu aspecto econômico. O fato de cada uma das transações isoladamente e do ponto de vista formal, ostentar uma aparente legalidade, não garante a legitimidade, perante o fisco, do conjunto de operações, quando fica comprovado que os atos praticados tinham objetivo diverso daquele que lhes é próprio. O princípio da liberdade de autoorganização, mitigado que foi pelos princípios constitucionais da isonomia tributária e da capacidade contributiva, não mais endossa a prática desses atos. Concluise, pois, que o recorrente majorou artificialmente o custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, já que seu propósito era de fato reduzir o montante de seu ganho de capital e consequente imposto incidente sobre essa alienação. Essa premissa fica mais evidente quando se constata que os aumentos de capital tiveram origem em um único fato econômico, o lucro obtido pelo Banco Pactual S/A, sendo que os demais aumentos de custo foram destituídos de qualquer amparo material e econômico. Em decisões semelhantes, nos casos de outros envolvidos na operação, o CARF reiteradamente posicionouse no sentido da ilegitimidade da majoração artificial do custo de aquisição, consoante se observa das ementas transcritas: OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, devem ser Fl. 1305DF CARF MF Processo nº 12448.735838/201117 Acórdão n.º 2202002.569 S2C2T2 Fl. 129 21 expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado. (Acórdão nº 2202 002.165) .... OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítida inobservância da primazia da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado. (Acórdão nº 2202002.428) ...... GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE AÇÕES. CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS REFLETIDOS NAS HOLDINGS. MAJORAÇÃO ARTIFICIAL DO CUSTO DE AQUISIÇÃO. Na incorporação societária é indevida a majoração do custo de aquisição na capitalização de lucros ou reservas de lucros apurados pela empresa investidora (operacional) refletidos nas investidas (holdings), apurados pelo Método de Equivalência Patrimonial, por se tratar de serem os mesmos lucros refletidos da investidora e das investidas holdings. (Acórdão n° 2201 002.196) ...... OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítido inobsevância do Principio da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a consequente tributação do novo ganho de capital apurado. (Acórdão nº 2202 002.167) .... OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Fl. 1306DF CARF MF 22 Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporações reversas e nova capitalização, em nítido inobsevância do Principio da essência sobre a forma, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a consequente tributação do novo ganho de capital apurado. (Acórdão nº 2202 002.166) Quanto à alegação de erro na base de cálculo, penso que não tem passagem, já que a autoridade fiscal identificou corretamente a base de cálculo tendo, inclusive, compensado o valor tempestivamente recolhido pelo contribuinte (fls. 1052/1054). Portanto, correto o procedimento adotado pela fiscalização de se expurgar os efeitos das seguidas capitalizações nas participações, tendo em vista que a operação implicaria em capitalização duplicada, e sem fundamentação econômica. No que tange à multa qualificada, entendeu a autoridade autuante que a forma utilizada pelo contribuinte para a implementação da alienação de sua participação societária demonstra, inequivocamente, a intenção de impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária das circunstâncias materiais do fato gerador, configurandose a sonegação definida no art. 71 da Lei n° 4.502/1964. Com a devida vênia, entendo que a operação praticada pelo contribuinte foi determinante para a apuração da omissão de ganhos de capital na alienação de ações/quotas, contudo, penso que não pode ser indicativo de evidente intuito de fraude. A propósito, valho me dos bem lançados fundamentos do Conselheiro Nelson Mallmann quando discorreu sobre o evidente intuito de fraude no Acórdão nº: 10421.480, de 23 de março de 2006: O evidente intuito de fraude floresce nos casos típicos de adulteração de comprovantes, adulteração de notas fiscais, conta bancária em nome fictício, falsidade ideológica, notas calçadas, notas frias, notas paralelas, etc., A existência de correntes doutrinárias divergentes, bem como de precedentes jurisprudências favoráveis ao negócio jurídico praticado pelo contribuinte, demonstram, na verdade, uma hipótese de erro de proibição. Com efeito, não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, quando se percebe dos autos a convicção do recorrente no sentido de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios. Nessa ordem de idéias, só posso concluir pela inaplicabilidade da multa de ofício qualificada, devendo a penalidade ser reduzida ao percentual de 75%. Por fim, os juros de mora sobre a multa são devidos em função do § 3º do art. 113 do CTN, já que tanto a multa quanto o tributo compõe o crédito tributário, sendo, portanto, aplicáveis os mesmos procedimentos e critérios de cobrança. Esse entendimento encontrase precedentes da 2ª Turma da CSRF: Acórdão nº 920201.806 e Acórdão nº 920201.991. Ressaltese que o próprio Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a legalidade dos juros de mora sobre a multa de oficio (AgRg no REsp 1.1335.688/PR; REsp 1.129.990PR; REsp 834.681MG). Fl. 1307DF CARF MF Processo nº 12448.735838/201117 Acórdão n.º 2202002.569 S2C2T2 Fl. 130 23 Ante ao exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. (assinado digitalmente) Eduardo Tadeu Farah Fl. 1308DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.722369/2012-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 22 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-001.020
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri, Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Avila.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri, Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Avila.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Winderley Morais Pereira Presidente substituto e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri, Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Avila. Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. Tratase o presente processo de impugnação a Auto de Infração referente à empresa em epígrafe. O Auto de Infração tem por objeto os tributos Contribuição para o PIS/Pasep, no valor de R$ 4.730.595,68, e Cofins, no valor de R$ 21.789.410,35, acrescidos de multa de ofício de 75% e juros do mora, referentes ao período de apuração de 01/10/2007 a 31/12/2007. RE SO LU Çà O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 25 .7 22 36 9/ 20 12 -4 1 Fl. 5828DF CARF MF Processo nº 10925.722369/201241 Resolução nº 3201001.020 S3C2T1 Fl. 3 2 O lançamento decorre de insuficiência no recolhimento das contribuições devidas, decorrentes da apropriação de créditos no regime da não cumulatividade utilizados para desconto em valor superior ao que a contribuinte possuía direito. Foram glosados créditos referentes a aquisições de bens e serviços não enquadrados como insumos, quais sejam uniformes, artigos de vestuário, equipamentos de proteção de empregados, materiais de uso pessoal, materiais de limpeza, desinfecção, produtos para movimentação de cargas, embalagens utilizadas para transportes, combustíveis que não exercem ação direta sobre o produto (hexano, óleo de xisto, GLP, acetileno, gases em geral), ferramentas e materiais utilizados em máquinas e equipamentos. Foram ainda glosadas aquisições de produtos não tributados pela Contribuição para o PIS/Pasep e pela Cofins, declarados como aquisições de insumos, e aquisições de insumos com incidência tributária suspensa. No que tange aos créditos declarados como sendo decorrentes de despesas com energia elétrica, foram glosadas despesas que não possuem esta natureza, como aquisições de serviços de comunicação e transporte. No tocante a despesas de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica, foram glosados aluguéis pagos a pessoas físicas, aluguéis de máquinas que não são utilizadas nas atividades da empresa e despesas não se enquadram em despesas de aluguéis de imóveis ou máquinas. Em relação a encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado, foram glosados créditos referentes a bens adquiridos em data anterior a 1º/05/2004, edificações e benfeitorias creditados como depreciação acelerada e aquisições sem descrição suficiente. Quanto aos créditos presumidos de atividades agroindustriais, foram glosadas as diferenças decorrentes da aplicação incorreta do percentual de 60%, e não do percentual de 35% ou 50% previsto na legislação. Também foram glosados créditos referentes a aquisições que não se enquadram no conceito de insumo, tais como animais reprodutores, reforma de uniformes, locação de projetor e costura de roupas. Foram ainda glosadas créditos referentes a insumos que não são aplicados em mercadorias destinadas à alimentação humana ou animal e mercadorias adquiridas para a finalidade de revenda. Foram glosados créditos declarados como bens importados utilizados como insumos mas que estavam sujeitos à alíquota zero, bem como aquisições que não se enquadram no conceito de insumos. A contribuinte, irresignada, apresentou impugnação ao lançamento com os argumentos abaixo expostos. Aduz que a Contribuição ao PIS e a Cofins são tributos sujeitos ao regime da homologação, tendo o Fisco o prazo de cinco anos contados da ocorrência do fato gerador para homologar o autolançamento. Afirma que os fatos geradores constantes do lançamento ocorreram no período compreendido entre outubro e dezembro de 2007, tendo sido os valores informados à Fiscalização pela entrega da DCTF e do DACON. Entende que o recolhimento efetuado foi tacitamente homologado para o período cujo fato gerador ocorreu em 01.10.2007, pelo que o crédito tributário estaria extinto, tendo em vista que o lançamento de ofício foi cientificado à impugnante em 09.10.2012. Fl. 5829DF CARF MF Processo nº 10925.722369/201241 Resolução nº 3201001.020 S3C2T1 Fl. 4 3 Sustenta que a expressão insumo referese a todas e quaisquer aquisições para emprego na produção de bens e serviços objeto da atividade fim, bem como os custos incorridos e as despesas necessárias ao processo produtivo, mesmo que o bem empregado não entre em contato físico direito com o bem produzido. Deste modo, inequívoco o direito de crédito das Contribuições decorrente dos custos e demais despesas incorridas pela impugnante e necessárias à consecução de sua atividades. Em relação à glosa de despesas com uniformes, artigos de vestuários, equipamento de proteção de empregados, materiais de uso pessoal materiais de limpeza e desinfecção, argumenta que os estabelecimentos que industrializam alimentos devem observar rigorosas normas do Ministério da Saúde – Secretaria de Vigilância Sanitária. Alude que as Portarias SVS/MS nº 326/97 e 368/97 estabelecem requisitos para as boas práticas de fabricação de alimentos os quais compreendem extenso rol de procedimentos a serem seguidos. Dentre os produtos exigidos estariam incluídos luvas, uniformes e materiais de proteção. No caso em tela, a vestimenta é um uniforme específico, exigido pela autoridade regulamentadora, caracterizando insumo. Quanto à glosa de créditos referente aos produtos de movimentação de cargas e embalagens utilizadas para transporte, afirma que os produtos são essenciais às atividades da Impugnante tendo em vista as normas de higienização e manutenção de qualidade, de observância obrigatória. Os pallets seriam utilizados no processo produtivo, nas diversas etapas que exigem o deslocamento das matérias primas, em condições de higiene, sendo ainda utilizados para a armazenagem dos produtos acabados. Quanto às embalagens para transporte, estas também seriam necessárias para a manutenção das condições de higiene e qualidade dos produtos alimentícios produzidos pela impugnante, desde a saída do estabelecimento fabril até sua colocação nas gôndolas dos pontos de comercialização. Quanto à glosa de despesas com combustíveis, defende que tais combustíveis são empregados no processo industrial de fabricação dos alimentos, máquinas e veículos do parque fabril, permitindo, assim, o pleno exercício de sua atividade produtiva. Esclarece que o hexano é um produto químico fabricado a partir da destilação do petróleo, utilizado como combustível de motores e solvente na extração de óleos graxos e gordura. Já o óleo de xisto consiste em combustível especial para combustão de máquinas e equipamentos, sendo utilizado como substituto do gás natural, empregado no processo produtivo. O GLP e os gases em geral são utilizados no processo industrial como combustível para máquinas, tais como empilhadeiras. A lenha constituiria combustível que gera energia térmica para as caldeiras no processo industrial. No tocante à glosa de despesas com a aquisição de ferramentas e materiais utilizados em máquinas/equipamentos, entende que tais bens são utilizados em equipamentos e máquinas destinados à fabricação de alimentos, essenciais e inerentes ao processo produtivo, dando direito a crédito. Fl. 5830DF CARF MF Processo nº 10925.722369/201241 Resolução nº 3201001.020 S3C2T1 Fl. 5 4 Em relação à glosa da aquisição de diversos produtos sob alegação de não serem tributados, cita o crédito presumido concedido pela Lei nº 10.925/2004, afirmando que, embora o produtor rural – pessoa física e as cooperativas não sejam contribuintes das contribuições, as mesmas estão incluídas no preço dos produtos por eles adquiridos, sendo o respectivo valor repassado aos produtores, sofrendo o respectivo encargo. Aduz que o não reconhecimento do direito aos créditos presumidos traria distorções na carga tributária não só em relação ao mercado interno, como também traria desvantagem competitiva para os exportadores, impactando no valor do produto exportado. Defende, desta forma, a legitimidade do direito ao crédito pela aquisição de insumos agroindustriais de pessoas físicas e cooperativa. Entende ser inegável o direito ao crédito pela aquisição de insumos de pessoas físicas e cooperados, ainda que os insumos tenham sido adquiridos com alíquota zero. A impugnante afirma ainda que os percentuais foram corretamente creditados, pois os percentuais seriam aplicados em consonância com o produto adquirido como insumo, e não em conformidade com o produto final comercializado. Quanto aos produtos que teriam sido adquiridos com suspensão das contribuições, aduz que até o advento da IN RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009, as vendas com suspensão não eram obrigatórias. Apenas a partir da IN RFB nº 977/2009, que alterou a sistemática da venda com suspensão de PIS e COFINS, há obrigatoriedade, como estipularia o art. 4º, "caput", alterado. Desta forma, teria direito aos créditos das contribuições segundo as alíquotas integrais. Afirma ainda possuir direito a créditos sobre as despesas de frete na aquisição de insumos supostamente com suspensão das contribuições, pois o frete referente ao transporte de mercadorias comercializadas pela impugnante constitui custo inerente à atividade industrial. Quanto às glosas relacionadas a despesas com energia elétrica, afirma que os documentos fiscais emitidos por Rio Grande Energia S/A e Centrais Elétricas Matogrossense S/A por equívoco mencionaram os CFOPs 1302/AA e 1352/AA quando o correto é 1252/AA correspondente à aquisição de energia elétrica, o que seria detalhado por meio de perícia. No tocante à glosa de despesas com aluguéis de máquinas e equipamentos, entende que a contratação da locação de serviços de argônio para solda, cilindro de gás especial, locação de móveis, serviço de retro escavadeira, serviço de descarga e movimentação de máquina de lavar, entre outros, gera crédito, pois seria devido crédito decorrente do aluguel de equipamentos utilizados e qualquer atividade da empresa. No que tange à glosa de crédito quanto aos encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado, entende que o fato de os bens do ativo terem sido adquiridos em data anterior ao dia 01/05/2004 não veda o creditamento, pois o art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, em seu inciso VI, permite crédito das contribuições calculados sobre "máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços". Fl. 5831DF CARF MF Processo nº 10925.722369/201241 Resolução nº 3201001.020 S3C2T1 Fl. 6 5 Afirma que a limitação temporal introduzida pelo artigo 31, e §1º, da Lei nº 10.865/2004 foi declarada inconstitucional pelo TRF da 4ª Região, sendo objeto de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida pelo STF. Em relação à glosa de depreciação acelerada de edificações e benfeitoria, afirma que a mesma é improcedente, pois decorre de previsão legal, qual seja o §14 do artigo 3º da Lei nº 10.833/03 e o artigo 6º, §5º da Lei nº 11.488/07. Quanto à glosa do crédito presumido da atividade agroindustrial decorrente da aquisição de bens para revenda, afirma que o artigo 3º, inciso I da Lei nº 10.833/03 concede direito ao crédito integral, sendo incorreta a glosa. Em relação à glosa de bens importados e utilizados como insumo, pois seriam tributados mediante alíquota zero, afirma que são insumos e por isto concedem direito a crédito. Argumenta que, conforme extratos das declarações de importação nºs 07/14476115 e 07/14648951, houve a incidência de Pis e Cofins por ocasião do desembaraço aduaneiro. Requer a produção de prova pericial para que seja apurada a inexistência de quaisquer diferenças, mediante o levantamento do montante, da natureza e da aplicação de todos os insumos adquiridos no processo de industrialização da impugnante e que foram glosados, e dos custos e demais despesas incorridas e que dão direito ao crédito do Pis e da Cofins porquanto seriam todos necessários à atividade da Impugnante, na produção de bens por ela comercializados. Protesta pela oportuna juntada de laudo técnico cuja elaboração já foi por ela requerida à órgão técnico. Indica como assistente técnico a Sra. Neiva Terezinha Cesco, indicando os quesitos a serem respondidos. Questiona a aplicação da multa de ofício de 75%, pois teria declarado os débitos nas DACON’s apresentadas, enquadrandose na hipótese prevista no artigo 1ªº, §4º da IN SRF nº 16/2000. Afirma ainda que, com a edição da Lei nº 11.488/2007, a redação do artigo 44, I, da Lei nº 9.430/96 foi alterada, não sendo mais exigida a multa de 75 para os casos em que os valores devidos foram declarados. Afirma ainda que os débitos a título de multa não podem sofrer atualização com base na Selic, pois, segundo o artigo 161 do CTN, os juros de mora incidem apenas sobre o tributo devido. Requer, por fim, que seja reconhecido seus créditos, concedida a realização de prova pericial técnica, contábil e documenta, e seja julgada improcedente a multa de 75%, bem como seja afastada a incidência da taxa selic sobre a multa. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento negou provimento a impugnação, mantendo integralmente o lançamento. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. Fl. 5832DF CARF MF Processo nº 10925.722369/201241 Resolução nº 3201001.020 S3C2T1 Fl. 7 6 No regime da nãocumulatividade, consideramse insumos passíveis de creditamento as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado, e os serviços prestados por pessoa jurídica, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS COM AQUISIÇÕES DE PARTES E PEÇAS DE REPOSIÇÃO E SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO. As despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição em veículos, máquinas e equipamentos empregados diretamente na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, geram direito a créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS e da Cofins, desde que às partes e peças de reposição não estejam incluídas no ativo imobilizado. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS COM COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. Somente geram direito a crédito no âmbito do regime da não cumulatividade as aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS DE DESPESAS COM EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO. Despesas efetuadas com o fornecimento equipamentos de proteção aos empregados, adquiridos de outras pessoas jurídicas ou fornecido pela própria empresa, não geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS e da Cofins, por não se enquadrarem no conceito de insumos aplicados, consumidos ou daqueles que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida no processo de fabricação ou na produção de bens destinados à venda. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. AQUISIÇÕES NÃO TRIBUTADAS. Não é permitido descontar créditos decorrentes de aquisições de insumos não tributados na operação anterior, mesmo que utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. Apenas os bens do ativo permanente que estejam diretamente associados ao processo produtivo geram direito a crédito, a título de depreciação, no âmbito do regime da nãocumulatividade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. No regime da nãocumulatividade, consideramse insumos passíveis de creditamento as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em Fl. 5833DF CARF MF Processo nº 10925.722369/201241 Resolução nº 3201001.020 S3C2T1 Fl. 8 7 fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado, e os serviços prestados por pessoa jurídica, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS COM AQUISIÇÕES DE PARTES E PEÇAS DE REPOSIÇÃO E SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO. As despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição em veículos, máquinas e equipamentos empregados diretamente na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, geram direito a créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS e da Cofins, desde que às partes e peças de reposição não estejam incluídas no ativo imobilizado. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS COM COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. Somente geram direito a crédito no âmbito do regime da não cumulatividade as aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS DE DESPESAS COM EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO. Despesas efetuadas com o fornecimento equipamentos de proteção aos empregados, adquiridos de outras pessoas jurídicas ou fornecido pela própria empresa, não geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS e da Cofins, por não se enquadrarem no conceito de insumos aplicados, consumidos ou daqueles que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida no processo de fabricação ou na produção de bens destinados à venda. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. AQUISIÇÕES NÃO TRIBUTADAS. Não é permitido descontar créditos decorrentes de aquisições de insumos não tributados na operação anterior, mesmo que utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. Apenas os bens do ativo permanente que estejam diretamente associados ao processo produtivo geram direito a crédito, a título de depreciação, no âmbito do regime da nãocumulatividade. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE É ônus do contribuinte a comprovação minudente da existência do direito creditório. ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. Fl. 5834DF CARF MF Processo nº 10925.722369/201241 Resolução nº 3201001.020 S3C2T1 Fl. 9 8 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada com a decisão, a Recorrente interpôs recurso voluntário, onde repisa as alegações já apresentadas na impugnação. Ao analisar o recurso a extinta Segunda Turma Ordinária desta Segunda Câmara converteu o julgamento em diligência para que fosse emitido laudo técnico elaborado por instituição de reconhecida reputação técnica (IPT, INT, UNICAMP, ou outra similar) sobre o processo produtivo da Recorrente. A diligência foi assim detalhada no voto condutor da resolução. A fiscalização elaborou diversas tabelas (Tabelas nº 1 a 20, anexada às efls. 231 a 5254) com uma extensa relação de bens e serviços que foram considerados pela Recorrente como insumos e que, entretanto, foram objeto de glosa pela autoridade fiscal, por entender que não estariam relacionados diretamente à produção. Diante do exposto, entendo que deve ser propiciada a ampla oportunidade para as partes esclarecerem os fatos, em atendimento aos princípios da ampla defesa e do contraditório, e assim sendo, nos termos do que dispõem os artigos 18 e 29 do Decreto n° 70.235/72, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que a autoridade fiscal competente da DRF – Joaçaba SC: 1º) Intime a Recorrente a apresentar laudo técnico elaborado por instituição de reconhecida reputação técnica (IPT, INT, UNICAMP, ou outra similar), no qual deverá constar: a) A descrição detalhada do processo produtivo da Recorrente, apontando, discriminadamente, qual a utilização dos insumos ora glosados na produção dos bens destinados à venda; b) Quais insumos objeto da autuação fiscal são de aplicação direta ou indireta na produção; e c) Se tais insumos possuem natureza essencial à produção, ou seja, se a sua exclusão importaria na impossibilidade da produção. 2º) Após a juntada do laudo, promova diligência fiscal in loco, para verificar as conclusões do laudo pericial, elaborando Relatório conclusivo acerca da utilização efetiva, ou não, dos insumos ora glosados, em relação ao processo produtivo da Recorrente. Após a realização da diligência, a Recorrente deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, antes da devolução do processo para julgamento. A Unidade de Origem ao realizar a diligência intimou a Recorrente a providência o laudo determinado pelo CARF em 18/12/2015. Decorrido 18 (dezoito) dias da intimação a Recorrente solicitou prorrogação para entrega do laudo técnico em 26/12/2012. Em 26/03/2015 a interessada apresentou novo requerimento de dilação de prazo para entrega do Laudo Técnico necessário ao cumprimento de diligência, alegando que o Instituto Nacional de Tecnologia, órgão que foi pedido o laudo técnico solicitou prorrogação do prazo, tendo em vista dificuldades técnicas para elaboração do Fl. 5835DF CARF MF Processo nº 10925.722369/201241 Resolução nº 3201001.020 S3C2T1 Fl. 10 9 laudo. A Autoridade Fiscal concedeu como data final para apresentação do laudo, 08/06/2015, quando se completariam 6 (seis) meses do início da diligência. Em 08/06/2015, a Recorrente apresentou novo requerimento para prorrogação do prazo, trazendo a mesma alegação, que o INT informou que devido a restrições financeiras não poderia cumprir o prazo anteriormente acordado com a Recorrente. A Autoridade responsável, pela diligência, considerando o prazo já concedido de 6 (seis) meses e ainda que a Recorrente, desde o seu pedido de impugnação pede a elaboração do laudo técnico, decidiu por não conceder a prorrogação e encerrar a diligência fiscal, devolvendo os autos ao CARF para prosseguimento do julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Nos termos constantes do relatório, a diligência determinada pela antiga Segunda Turma desta Câmara, citou textualmente a necessidade de apresentação de laudo técnico de foi pedido pela fiscalização apresentação de laudo técnico elaborado por instituição de reconhecida reputação técnica (IPT, INT, UNICAMP, ou outra similar). A Recorrente para atender a intimação, buscou o lauto técnico do INT, instituto de reconhecida competência técnica. O INT alegando dificuldade técnicas e orçamentárias não cumpriu o prazo determinado pela Autoridade Fiscal pela diligência, totalizando prazo de 6 meses entre a intimação. Ao final do prazo foi solicitado mais 90 dias que foi negado pela fiscalização. Assim, o processo retornou ao CARF sem a diligência realizada. Verificase nos autos que o descumprimento da diligência não ocorreu por desídia da Recorrente, que buscou junto ao INT a realização da diligência, conforme demonstrado nas correspondências acostados aos autos. Também não se pode ignorar os argumentos apresentados pelas Autoridades Fiscais responsáveis pela diligência. O prazo mais que extenso para e a ausência de proposta de alternativas por parte da Recorrente em oferecer outro órgão capaz de realizar a diligência. Entretanto, em que pese o prazo já decorrido para a realização da diligência. As decisões recentes deste conselho caminham no sentido de dar aplicar um conceito de insumo para fruição dos créditos de PIS e COFINS mais abrangentes que aqueles adotados pela Receita Federal. Assim, o detalhamento do processo produtivo da Recorrente é fundamental para a correta aferição dos créditos pleiteados. Entendo que no caminho já adotado em outros julgamentos da mesma matéria por esta turma, uma nova diligência com prazo improrrogável de 90 (noventa) dias para apresentação de laudo detalhado do processo produtivo da Recorrente, indicando de forma Fl. 5836DF CARF MF Processo nº 10925.722369/201241 Resolução nº 3201001.020 S3C2T1 Fl. 11 10 detalhada a interferência dos produtos no processo produtivo que se deseja auferir os créditos, sob pena de considerar não comprovado a aplicação dos insumos no processo produtivo da Recorrente. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 5837DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.919065/2011-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Oct 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. NECESSIDADE DE LIQUIDEZ E CERTEZA.
A homologação da compensação depende da liquidez e certeza do crédito.
SALDO NEGATIVO DE IRPJ. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. ALEGAÇÃO DE IMUNIDADE TRIBUTÁRIA.
Quando a própria contribuinte não se declara imune em DIPJ e apresenta declaração de compensação de saldo negativo, não é cabível a apreciação de alegação de imunidade tributária em manifestação de inconformidade.
SOBRESTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é possível sobrestar o processo administrativo fiscal, por falta de previsão legal para tanto.
Numero da decisão: 1201-001.631
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Presidente
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Marotti Toselli - Redator Designado "ad hoc"
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes e José Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: LUIZ PAULO JORGE GOMES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. NECESSIDADE DE LIQUIDEZ E CERTEZA. A homologação da compensação depende da liquidez e certeza do crédito. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. ALEGAÇÃO DE IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. Quando a própria contribuinte não se declara imune em DIPJ e apresenta declaração de compensação de saldo negativo, não é cabível a apreciação de alegação de imunidade tributária em manifestação de inconformidade. SOBRESTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Não é possível sobrestar o processo administrativo fiscal, por falta de previsão legal para tanto.
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CRÉDITO. NECESSIDADE DE LIQUIDEZ E CERTEZA. A homologação da compensação depende da liquidez e certeza do crédito. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. ALEGAÇÃO DE IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. Quando a própria contribuinte não se declara imune em DIPJ e apresenta declaração de compensação de saldo negativo, não é cabível a apreciação de alegação de imunidade tributária em manifestação de inconformidade. SOBRESTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Não é possível sobrestar o processo administrativo fiscal, por falta de previsão legal para tanto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Presidente (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Redator Designado "ad hoc" AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 90 65 /2 01 1- 65 Fl. 333DF CARF MF Processo nº 11080.919065/201165 Acórdão n.º 1201001.631 S1C2T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes e José Carlos de Assis Guimarães. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte em face do Acórdão nº 1045.886 5ª Turma da DRJ/POA que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. Transcrevo abaixo partes do Relatório do Acórdão Recorrido, que bem descreve os fatos ocorridos no feito: A interessada apresentou manifestação de inconformidade contra despacho decisório que reconheceu parcialmente direito creditório referente ao saldo negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) do ano calendário 2005. A compensação formalizada no PER/Dcomp 27256.71303.230407.1.7.02 7835 foi parcialmente homologada porque não foi confirmada a liquidação integral das estimativas dos períodos de apuração (PA) 03 e 06/2005, eis que os pagamentos teriam sido utilizados parcialmente em Dcomps de pagamento indevido para compensação com outros tributos. A DIPJ apresenta um saldo negativo de IRPJ de R$ 5.898.721,85 no ano calendário de 2005, parcialmente reconhecido pela unidade de origem, pelo valor de R$ 5.559.133,29: A interessada alega, em síntese, que as compensações em que utilizou parte dos pagamentos das estimativas de 03 e 06/2005 não foram homologadas, tendo apresentado manifestações de inconformidade ainda pendentes de julgamento. Defende ainda o reconhecimento de imunidade tributária, com o que, todos os valores de IRPJ deixariam de ser devidos, informa que ajuizou ação declaratória de imunidade quanto aos tributos federais, julgada improcedente e objeto de recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal (RE n° 342.314), que estaria suspenso até o julgamento do RE n° 580.260, de repercussão geral. Fl. 334DF CARF MF Processo nº 11080.919065/201165 Acórdão n.º 1201001.631 S1C2T1 Fl. 4 3 É o relatório. Voto Conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli Considerando a ren[uncia do relator originário, Luiz Paulo Jorge Gomes, após a decisão prolatada por essa Eg. Turma, fui designado redator "ad hoc" nos termos da Portaria CARF 107/2016. O arquivo do acórdão do presente caso, relatado e julgado, encontravase disponível em "caixa de trabalho da Turma", em sua integralidade, razão pela qual ora reproduzo: O recurso reúne as condições de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Conforme bem exposto no Relatório do Acórdão recorrido, a recorrente se insurge em virtude da homologação parcial da compensação formalizada no PER/Dcomp 27256.71303.230407.1.7.027835, restandolhe um saldo não compensado no valor de R$ 339.588,56 (R$ 5.898.721,85 R$ 5.559.133,29), mantido por unanimidade em decisão de primeira instância. Verificase nos presentes autos que o PER/Dcomp 27256.71303.230407.1.7.027835 é retificador do PER/Dcomp 38336.4538.300306.1.3.02 5416, que foi entregue em 30/03/06, ocasião em que parte dos pagamentos das estimativas dos PAs 03 e 06/2005 já estavam comprometidos na utilização em compensações formalizadas nos PER/Dcomps 33394.73885.250505.1.3.044205 e 15147.85597.300805.1.3.040180, entregues em 25/5/05 e 30/8/05, respectivamente. Assim, ainda que os valores das estimativas dos PAs 03 e 06/2005 tenham sido recolhidos integralmente, parte deles estava comprometida em declarações de compensação anteriores. Nesse sentido, a própria DCTF apresentada pela recorrente informa valores de débito de estimativa dos PAs 03 e 06/2005 menores do que aqueles declarados em DIPJ e não há a vinculação da integralidade dos pagamentos. Como bem sabemos, o CTN ao prever a compensação como modalidade de extinção do crédito tributário, determina em seu art. 170 a possibilidade da compensação de créditos tributários, desde que os sejam, com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Ora, diante dos fatos acima expostos, temse que a recorrente é carecedora dos referidos pressupostos, ou seja, a diferença por ela reclamada em sua manifestação de inconformidade não preenchia, no momento da compensação, os requisitos de certeza e liquidez que deve nortear determinado crédito tributário, condição primordial para a sua utilização. No que se refere à alegada imunidade tributária que faria jus, a recorrente advoga em seu recurso voluntário que caso a mesma venha a ser reconhecida nos autos do Fl. 335DF CARF MF Processo nº 11080.919065/201165 Acórdão n.º 1201001.631 S1C2T1 Fl. 5 4 Recurso Extraordinário em trâmite perante o Egrégio Supremo Tribunal Federal, por consequência, desapareceria o direito da União de cobrar qualquer sigla a título de imposto de renda e, ao invés de haver débitos pendentes, a companhia passaria a ter créditos em face do ente tributante. Neste ínterim, não obstante o art. 74 da Lei 9.430/96 prever as hipóteses que dão ensejo à manifestação de inconformidade, prevendo de forma expressa que a mesma é lançada para que o sujeito passivo questione a não homologação de compensação, não vislumbrando aqui qualquer questionamento a não homologação da compensação e, muito menos, com relação à inexistência do crédito, temos que conforme observado pelo própria recorrente o evento "imunidade" questionado perante a Egrégia Corte, está condicionado a um evento futuro e incerto, em nada devendo repercutir, neste momento, nos presentes fatos. Aliás, em se tratando de realidade, a própria contribuinte, perante a Receita Federal, não se declara imune. Ao contrário, apura IRPJ e pretende a compensação do saldo negativo. Em caso de imunidade, o pedido seria de restituição/compensação de crédito de pagamento indevido e jamais de saldo negativo. Além disso, em se tratando de matéria objeto de discussão judicial, esse Tribunal Administrativo é detentora de obstáculo intransponível à sua apreciação. Assim dispõe a Súmula CARF nº 1, nos seguintes termos: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário e, no mérito, voto por NEGARLHE provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli conselheiro redator "ad hoc" Fl. 336DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.000264/2006-47
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 14/10/2004
MULTA PELA NÃO PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE
VEÍCULO OU CARGA NELE TRANSPORTADA. PRAZO.
RETROATIVIDADE BENIGNA.
A IN SRF no 1.096, de 2010, aumentou o prazo para prestação de informação sobre veículo ou carga nele transportada para sete dias, devendo ser aplicado o prazo mais favorável ao sujeito passivo na hipótese de aplicação de sanção, conforme o teor do art. 106, II, do CTN.
Numero da decisão: 3301-003.987
Decisão: Recurso Voluntário Provido
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
José Henrique Mauri - Presidente Substituto.
Liziane Angelotti Meira- Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros
José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques DOliveira, Liziane Angelotti Meira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado) e Cássio Schappo (suplente convocado).
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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PRAZO. RETROATIVIDADE BENIGNA. A IN SRF no 1.096, de 2010, aumentou o prazo para prestação de informação sobre veículo ou carga nele transportada para sete dias, devendo ser aplicado o prazo mais favorável ao sujeito passivo na hipótese de aplicação de sanção, conforme o teor do art. 106, II, do CTN. Recurso Voluntário Provido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. José Henrique Mauri Presidente Substituto. Liziane Angelotti Meira Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques D’Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado) e Cássio Schappo (suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 02 64 /2 00 6- 47 Fl. 187DF CARF MF Processo nº 11128.000264/200647 Acórdão n.º 3301003.987 S3C3T1 Fl. 188 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório do Acórdão da DRJ/SPO2, (fls. 51/58): De acordo com o Auto de infração, a empresa em epígrafe deixou de registrar os dados de embarque das mercadorias despachadas através da DDE n° 2041136220/8, no SISCOMEX, na forma e prazo estabelecidos pela SRF, conforme disposto no art. 37 da Instrução Normativa n° 28, de 27/04/1994 e Noticia SISCOMEX n° 0105, item "2" de 27/07/1994. Uma vez que as mercadorias foram embarcadas ao amparo do Conhecimento Marítimo n° SST003384, emitido em 14/10/2004, data do efetivo embarque, tendo sido registrados os dados de embarque apenas no dia 18/10/2004, conforme extratos de "Consulta Histórico Despacho" e "Consulta data de Embarque", a empresa foi intimada em 15/09/2005 a apresentar, no prazo de 7 (sete) dias, a contar da ciência, DARF com o recolhimento da multa prevista no inciso IV, item "e" combinado com o item "c" do art. 107, do Decreto Lei n° 37/66, alterado pelo artigo 77 da lei n° 10.833/03, para a DDE n° 2041136220/8, tendo em vista os dados de embarque informados fora do prazo. A intimação acima citada é a de no 156/05, de 15/09/2005 e encontrase As fls 14. Não consta no processo data da expedição da mesma nem mesmo o Aviso de Recebimento ou qualquer documento que indique a data de recebimento pela interessada. A interessada apresentou a Defesa Administrativa de fls.12/13, datada de 30/11/2005, onde informou: a intimação não traz especificamente em seu bojo o motivo de sua emissão, porém depreendese que a autoridade tenha verificado a ocorrência de alguma das hipóteses do artigo 107 "c" do referido diploma legal. os dados de embarque foram transmitidos para a Autoridade ora invocada, sem embaraçar, dificultar ou impedir ação de fiscalização aduaneira; prova do alegado é que não houve, por parte da fiscalização, qualquer pedido ou verificação da situação dos registros ainda no prazo regular, ou seja, quando da verificação dos dados por parte do setor competente, os mesmos já se encontravam rio sistema à disposição da fiscalização, não impedindo de forma alguma a conferencia e atuação deste órgão; a intimação não traz qualquer informação quanto ao prazo especifico, legal e expressamente determinado em quaisquer dispositivos invocados para a autuação; requer o cancelamento da multa. Fl. 188DF CARF MF Processo nº 11128.000264/200647 Acórdão n.º 3301003.987 S3C3T1 Fl. 189 3 Em 09/01/2006, a fiscalização lavrou o Auto de Infração de fls. 01/05, para a cobrança da multa acima citada. Ciente, a interessada apresentou a impugnação de fls.25/33, alegando o já anteriormente alegado, e mais: não tem cabimento a multa aplicada considerando que a requerente atendeu a intimação 156/205 GMAX, apresentando recurso administrativo tempestivamente; a ora notificação sem a decisão de ato interior desta autoridade não pode prosperar, haja vista que a atual defesa depende diretamente daquela, devendo ser declarada insubsistente, conforme prevê o Artigo 59, do Decreto 70.235, de 06/03/1972; a atual notificação não gera efeitos considerando que foi cercado o direito de defesa com a recusa da autoridade administrativa em decidir de forma fundamentada a primeira intimação n° 156/2005 GMAX; não há nos autos qualquer elemento que leve a conclusão que estaria autoridade fiscal procedendo de fiscalização quando foram lançados os dados no sistema; a DDE n° 2041136220/8 analisada foi entregue na repartição aduaneira ANTES da intimação (intimação n° 156/2005 GMAX), datada de 15 de setembro de 2005 e da presente Notificação, datada de 24/01/2006; aos sete dias do mês de Janeiro de 2005, fora, justamente, publicada a Noticia SISCOMEX 002/05, que declara: "o prazo para o transportador registrar os dados de embarque da mercadoria no SISCOMEX, definido no art.. 37 da IN 28/94, SERA DE 7 DIAS DA DATA DO EFETIVO EMBARQUE, quando a via for marítima". Tornase sem efeito o item 2 da Noticia Siscomex Exportação 105/94"; a denúncia espontânea da infração exclui o pagamento de qualquer penalidade, nos exatos termos do artigo 138 do Código Tributário Nacional; a Requerente está convicta que sera julgada insubsistente a autuação em tela, bem como determinado, consequentemente, seu cancelamento e definitivo arquivamento, medida que ora se requer; requer diligências. Por meio do Acórdão no 1730.150 2a Turma da DRJ/SPOII, julgouse improcedente a impugnação com a seguinte Ementa: ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Fl. 189DF CARF MF Processo nº 11128.000264/200647 Acórdão n.º 3301003.987 S3C3T1 Fl. 190 4 Data do fato gerador: 15/10/2004 EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO. DESPACHO DE EXPORTAÇÃO. No despacho de exportação o transportador deve registrar os dados do embarque no Siscomex, dentro do prazo previsto na legislação aduaneira. O desatendimento constitui embaraço à fiscalização. PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO CONTRADITÓRIO. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. O contraditório e a ampla defesa devem se assegurados no curso do processo administrativo fiscal, que se instaura com a lavratura do auto de infração. Não ha que se falar em contraditório e ampla defesa na fase de mera investigação de atos ilícitos que antecede a lavratura do correspondente auto de infração Lançamento Procedente. A Recorrente apresentou Recurso Voluntário (fls. 63/68), que teve provimento por meio do Acórdão no 3101001.457– 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária (fls. 84/91) com a seguinte Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 14/10/2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Aplicase o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. Recurso Voluntário Provido. Cientificado do acórdão mencionado, o Representante da Fazenda Nacional Recurso Especial de Divergência (93/100 ), suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei no 12.350, de 2010. O recurso foi admitido por intermédio de Despacho nº 3100363 – 1ª Câmara (fls 113/114), e o Recorrente apresentou contrarrazões (fls . 119/127). O Recurso Especial foi provido em parte, por meio do Acórdão no 9303003.609– 3ª Turma (fls. 167/175) com a seguinte Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 14/10/2004 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo Fl. 190DF CARF MF Processo nº 11128.000264/200647 Acórdão n.º 3301003.987 S3C3T1 Fl. 191 5 descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Recurso Especial Provido em Parte. Determinouse ainda na referida decisão o seguinte (fl. 175) Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, dáse provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Dessarte, conforme determinado pelo acórdão referido, os autos do processo em referência foram reencaminhados a esta Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e a mim distribuídos, para apreciação das questões trazidas no Recurso Voluntário do Recorrente que não foram objeto de deliberação. É o relatório. Voto Conselheira Liziane Angelotti Meira O recurso voluntário foi tempestivo e atendeu aos demais pressupostos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. No Recurso Voluntário (fls. 63/68) o Recorrente, além da denúncia espontânea, que não constitui matéria da presente decisão, alega falta de fundamento legal para o lançamento da multa e ilegitimidade passiva. A CSRF já se manifestou sobre a denúncia espontânea, cabendo neste momento somente analisar as outras questões ainda pendentes Cumpre observar que a infração, conforme indicada no Auto de Infração (fl.3), foi deixar de registrar os dados de embarque das mercadorias dentro do prazo regulamentar: registrar os dados de embarque das mercadorias despachadas através da DDE no 2041136220/8, no SISCOMEX, na forma e prazo estabelecidos pela SRF, conforme o disposto no art. 37, da Fl. 191DF CARF MF Processo nº 11128.000264/200647 Acórdão n.º 3301003.987 S3C3T1 Fl. 192 6 Instrução Normativa no 28, de 27/04/1994 e Noticia SISCOMEX no 0105, item "2", de 27/07/1994. As mercadorias foram embarcadas ao amparo do Conhecimento Marítimo (BL) no SST003884, emitido em 14/10/2004, data do efetivo embarque, tendo sido registrados os dados de embarque apenas em 18/10/2004 O art. 37 da IN SRF no 28/94, previa, na sua redação original, que o transportador devia, imediatamente após o embarque da mercadorias, registrar os dados pertinentes no Siscomex. Dessa forma, entendeuse que o interregno de quatro dias entre o embarque e o registro pertinente implicava descumprimento da regra. No entanto, a com a IN 1.096, de 13 de dezembro de 2010, alterou o art. 37, da Instrução Normativa 28/94, para os seguintes termos: Art. 37. O transportador deverá registrar, no Siscomex, os dados pertinentes ao embarque da mercadoria, com base nos documentos por ele emitidos, no prazo de 7 (sete) dias, contados da data da realização do embarque. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.096, de 13 de dezembro de 2010) § 1º Na hipótese de embarque de mercadoria em viagem internacional, por via rodoviária, ferroviária, fluvial ou lacustre, o registro de dados do embarque, no Siscomex, será de responsabilidade do exportador ou do transportador, e deverá ser realizado antes da apresentação da mercadoria e dos documentos na unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) de despacho. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.096, de 13 de dezembro de 2010) § 2º Na hipótese de o registro da declaração para despacho aduaneiro de exportação ser efetuado depois do embarque da mercadoria ou de sua saída do território nacional, nos termos do art. 52, o prazo a que se refere o caput será contado da data do registro da declaração. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.096, de 13 de dezembro de 2010) § 3º Os dados de embarque da mercadoria poderão ser informados pela fiscalização aduaneira nas hipóteses estabelecidas em ato da CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira (Coana).(Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.096, de 13 de dezembro de 2010) (grifouse) Essa sensível ampliação do prazo ocorrida após a lavratura do auto de infração em comento permite remissão ao art. 106 do Código Tributário Nacional: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; Verificouse, assim, que o prazo instituído pela IN SRF no 1.096, de 2010, alterou o prazo até então vigente, majorandoo para sete dias. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 11128.000264/200647 Acórdão n.º 3301003.987 S3C3T1 Fl. 193 7 Nesse contexto, levando em conta que o Recorrente efetuou o registro dentro do prazo de sete dias do embarque da mercadorias, entendo que deve ser aplicada a a legislação e o respectivo prazo mais favoráveis ao Recorrente, com a fulcro no art. 106, II, do CTN transcrito acima. Portanto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. Liziane Angelotti Meira Relatora Fl. 193DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10970.000017/2008-17
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Nov 08 00:00:00 UTC 2010
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO
PORTE - SIMPLES
Exercício: 2006
EXCLUSÃO DE OFÍCIO DO SIMPLES.
Restou comprovado que a Recorrente ultrapassou o limite de receita bruta no ano calendário anterior. A descrição da razão de fato indicada no ato de exclusão está demonstrada de forma inequívoca pelo implemento das condições legal de situação excludente.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Exercício: 2006
NULIDADE.
O enfrentamento das questões na peça de defesa com a indicação dos enquadramentos legais denota perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento. Sendo asseguradas à Recorrente as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa, não tem cabimento a nulidade do ato administrativo.
ESPONTANEIDADE.
O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em
relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas.
INEXATIDÕES MATERIAIS.
As meras alegações da Recorrente desprovidas de comprovação efetiva de sua materialidade mediante a análise de todos os documentos que embasaram a escrituração não são suficientes para elidir a motivação fiscal do procedimento, tendo em vista que as provas já constantes nos autos constituem um conjunto probatório lícito e robusto de que o lançamento de ofício não contém incorreções.
MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL QUALIFICADA.
A aplicação da multa de ofício proporcional qualificada tem cabimento no caso de serem ínfimos os valores registrados a título de receita bruta na DSPJ Simples em cotejo com os dados escriturados no Livro de Registro de Apuração de ICMS apresentados pela Recorrente à Administração Pública.
PIS, COFINS, CSLL.
Tratando-se de lançamentos decorrentes, a relação de causalidade que informa os procedimentos leva a que os resultados do julgamento dos feitos reflexos acompanhem aqueles que foram dados ao lançamento principal.
Numero da decisão: 1801-000.353
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em preliminar, afastar as nulidades suscitadas e, no mérito (a), por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário; (b) por voto de qualidade, manter a multa de ofício proporcional qualificada, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Marcos Vinicius Barros Ottoni e Rogério Garcia Peres
Matéria: Simples - ação fiscal - insuf. na apuração e recolhimento
Nome do relator: Carmen Ferreira Saraiva
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ementa_s : SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES Exercício: 2006 EXCLUSÃO DE OFÍCIO DO SIMPLES. Restou comprovado que a Recorrente ultrapassou o limite de receita bruta no ano calendário anterior. A descrição da razão de fato indicada no ato de exclusão está demonstrada de forma inequívoca pelo implemento das condições legal de situação excludente. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 2006 NULIDADE. O enfrentamento das questões na peça de defesa com a indicação dos enquadramentos legais denota perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento. Sendo asseguradas à Recorrente as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa, não tem cabimento a nulidade do ato administrativo. ESPONTANEIDADE. O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. INEXATIDÕES MATERIAIS. As meras alegações da Recorrente desprovidas de comprovação efetiva de sua materialidade mediante a análise de todos os documentos que embasaram a escrituração não são suficientes para elidir a motivação fiscal do procedimento, tendo em vista que as provas já constantes nos autos constituem um conjunto probatório lícito e robusto de que o lançamento de ofício não contém incorreções. MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL QUALIFICADA. A aplicação da multa de ofício proporcional qualificada tem cabimento no caso de serem ínfimos os valores registrados a título de receita bruta na DSPJ Simples em cotejo com os dados escriturados no Livro de Registro de Apuração de ICMS apresentados pela Recorrente à Administração Pública. PIS, COFINS, CSLL. Tratando-se de lançamentos decorrentes, a relação de causalidade que informa os procedimentos leva a que os resultados do julgamento dos feitos reflexos acompanhem aqueles que foram dados ao lançamento principal.
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Restou comprovado que a Recorrente ultrapassou o limite de receita bruta no ano-calendário anterior. A descrição da razão de fato indicada no ato de exclusão está demonstrada de forma inequívoca pelo implemento das condições legal de situação excludente. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 2006 NULIDADE. O enfrentamento das questões na peça de defesa com a indicação dos enquadramentos legais denota perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento. Sendo asseguradas à Recorrente as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa, não tem cabimento a nulidade do ato administrativo. ESPONTANEIDADE. O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. INEXATIDÕES MATERIAIS. As meras alegações da Recorrente desprovidas de comprovação efetiva de sua materialidade mediante a análise de todos os documentos que embasaram a escrituração não são suficientes para elidir a motivação fiscal do procedimento, tendo em vista que as provas já constantes nos autos Fl. 247DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES 2 constituem um conjunto probatório lícito e robusto de que o lançamento de ofício não contém incorreções. MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL QUALIFICADA. A aplicação da multa de ofício proporcional qualificada tem cabimento no caso de serem ínfimos os valores registrados a título de receita bruta na DSPJ Simples em cotejo com os dados escriturados no Livro de Registro de Apuração de ICMS apresentados pela Recorrente à Administração Pública. PIS, COFINS, CSLL. Tratando-se de lançamentos decorrentes, a relação de causalidade que informa os procedimentos leva a que os resultados do julgamento dos feitos reflexos acompanhem aqueles que foram dados ao lançamento principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em preliminar, afastar as nulidades suscitadas e, no mérito (a), por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário; (b) por voto de qualidade, manter a multa de ofício proporcional qualificada, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Marcos Vinicius Barros Ottoni e Rogério Garcia Peres. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes - Presidente (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva - Relatora EDITADO EM: Composição do Colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Carmen Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Maria de Lourdes Ramirez, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Rogério Garcia Peres e Ana de Barros Fernandes. Relatório Exclusão do Simples A Recorrente optante pelo Sistema Integrado de Pagamentos de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) foi excluída de ofício mediante o Ato Declaratório Executivo DRF/Uberlândia/MG nº 020, de 30 de maio de 2008, fl. 31, com efeitos a partir de 01/01/2005, por ter ultrapassado o valor da receita bruta legal no ano-calendário de 2004 (Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996), em conformidade com as informações escrituradas no Livro de Registro de Apuração de ICMS, fls. 03/27. Fl. 248DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES Processo nº 10970.000017/2008-17 Acórdão n.º 1801-00.353 S1-TE01 Fl. 243 3 Autos de Infração I - Contra a contribuinte acima identificada foi lavrado o Auto de Infração às fls. 41/47, com a exigência do crédito tributário no valor de R$39.291,15, a título de Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), juros de mora e multa de ofício proporcional qualificada, referente aos quarto trimestres do ano-calendário de 2005, apurado pelo regime de tributação com base no lucro arbitrado, uma vez que não houve apresentação da escrituração obrigatória. A infração se fundamenta na apuração da receita de revenda de mercadorias com base da diferenças entre os valores informados na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica (DSPJ Simples) apresentada em 31/05/2006, fls. 128/145, e aqueles escriturados no Livro de Registro de Apuração de ICMS, fls. 03/27. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: inciso III do art. 530 e art. 532 do Regulamento do Imposto de Renda constante no Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR, de 1999. Em decorrência de serem os mesmos elementos de provas indispensáveis à comprovação dos fatos ilícitos tributários foram constituídos os seguintes créditos tributários pelos lançamentos formalizados neste processo: II - O Auto de Infração às fls. 48/55 com a exigência do crédito tributário no valor de R$17.811,78 a título de Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), juros de mora e multa de ofício proporcional qualificada. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 1º e art. 3º da Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, bem como parágrafo único e alínea “a” do inciso I do art. 2º, art. 3º, art. 10, art. 22, art. 51 e art. 91 do Decreto nº 4.524 de 17 de dezembro de 2002. III – O Auto de Infração às fls. 56/63 com a exigência do crédito tributário no valor de R$82.209,09 a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), juros de mora e multa de ofício proporcional qualificada. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: parágrafo único do inciso II do art. 2º, art. 3º, art. 10, art. 22, art. 51 e art. 91 do Decreto nº 4.524 de 17 de dezembro de 2002. IV – O Auto de Infração às fls. 64/70 a exigência do crédito tributário no valor de R$29.468,36 a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), juros de mora e multa de ofício proporcional qualificada. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: §§ do art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, art. 20 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, art. 29 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, bem como art. 37 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Instauração do Litígio Cientificada da exclusão do Simples em 10/06/2008, fl. 32 e dos lançamentos em 30/07/2008, fl. 189, a Recorrente apresentou a impugnação em 29/08/2008, fls. 192/198. Defende que a exclusão do Simples não procede, já que se fundamentou injustificadamente em dados contábeis e fiscais próprios da esfera estadual. Esclarece que os Fl. 249DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES 4 lançamentos são nulos, porque sofreu uma ação fiscal muito rigorosa e intempestiva. Alega que não agiu com dolo e que apresentou o documento retificador com os valores dos tributos apurados de ofício. Defende que não está obrigada a apresentar a escrituração específica de outro ente político. Indica argumentos em face da incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic e da aplicação da multa de ofício proporcional qualificada. Indica a legislação que rege a matéria, princípios constitucionais que alega foram violados e ainda entendimentos jurisprudenciais em seu favor. Conclui Por todo o exposto requer seja dado provimento ao recurso interposto pela empresa recorrente, ante as nulidades apresentadas, inclusive naquelas por ventura não invocada explicitamente, para cassar a penalidade imposta no auto de infração [...] declarando a inexistência da obrigação da empresa pagar o crédito tributário com as seus acessórios, tudo, por ser medida de JUSTIÇA. Está registrado como resultado do Acórdão da 2ª TURMA/DRJ/JFA/MG nº 09-22.008, de 18/12/2008, fls. 217/225: “Lançamento Procedente”. Consta que ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Ano-calendário: 2005 NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA Não procedem as argüições de nulidade quando não se vislumbra nos autos qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72. LEGISLAÇÃO. EXAME DA VALIDADE, LEGALIDADE E/OU CONSTITUCIONALIDADE.COMPETÊNCIA. O julgador da esfera administrativa deve limitar-se a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade, legalidade ou constitucionalidade. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2005 ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS LIVROS OBRIGATÓRIOS. Não tendo a pessoa jurídica comprovado reunir condições de submeter seus resultados pelo lucro real ou presumido, obedecidas às obrigações acessórias próprias, tais como de opção na própria, escrituração do Livro Caixa, ou escrituração contábil completas, nos termos da legislação comercial e fiscal, cabível o arbitramento do lucro. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. É lícita a imposição de multa de oficio qualificada (150%), quando presente o evidente intuito de fraude. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. LEGALIDADE. Fl. 250DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES Processo nº 10970.000017/2008-17 Acórdão n.º 1801-00.353 S1-TE01 Fl. 244 5 Presentes os pressupostos de exigência, cobram-se, nos percentuais previstos em lei, a multa de oficio e os juros de mora, estes com base na taxa Selic. DEMAIS TRIBUTOS (PIS, COFINS E CSLL). MESMOS EVENTOS. DECORRÊNCIA. A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à real ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica-se à tributação dele decorrente. Notificada em 28/01/2009, fls. 230, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 27/02/2009, fls. 231/236, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge e reitera os argumentos apresentados na peça impugnatória. Conclui Por todo o exposto requer seja dado provimento ao recurso interposto pela empresa recorrente, ante as nulidades apresentadas, inclusive naquelas porventura não invocada explicitamente, para cassar a penalidade imposta no auto de infração [...] CASSANDO DE TODO MODO, A DECISÃO RECORRIDA, declarando a inexistência da obrigação da empresa pagar o crédito tributário com os seus acessórios, tudo, por ser medida de JUSTIÇA. É o Relatório. Voto Conselheira Relatora, Carmen Ferreira Saraiva O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência. Assim, dele tomo conhecimento. Exclusão do Simples A Recorrente discorda da exclusão do Simples. O tratamento diferenciado, simplificado e favorecido aplicável às microempresas e às empresas de pequeno porte relativo aos impostos e às contribuições estabelecido em cumprimento ao que determina o disposto no art. 179 da Constituição da República Federativa do Brasil (CR) de 1988 pode ser usufruído desde que as condições legais sejam preenchidas. Fl. 251DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES 6 A Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, determina: Art. 2° Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: [...] II - empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta superior a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais). (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.1998) [...] Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: [...] II - na condição de empresa de pequeno porte, que tenha auferido, no ano-calendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais); (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.189-49, de 2001) [...] Art. 13. A exclusão mediante comunicação da pessoa jurídica dar-se-á: [...] II - obrigatoriamente, quando: a) incorrer em qualquer das situações excludentes constantes do art. 9°; Consta no Termo de Verificação Fiscal, fls. 37/40: - o contribuinte apresentou Declarações Simplificadas Retificadoras referentes aos exercícios de 2005 e 2006 em 15/04/2008, ou seja, no curso da Ação fiscal, informando receita bruta total acumulada de R$ 1.691.270,85 e R$ 953.732,24 nos anos-calendário de 2004 e 2005, respectivamente, valores significativamente superiores aos montantes declarados originalmente: R$ 40.708,00 no ano-calendário de 2004, e R$ 27.179,00 no ano-calendário fiscalizado (declarações originais e retificadoras às fls. 110); - os valores informados nas declarações retificadoras correspondem aos valores escriturados nos livros fiscais apresentados. Cabe mencionar a jurisprudência administrativa sobre a questão (fonte: http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarJurisprudencia/listaJurisprudencia.jsf, acesso em 14/10/2010): Nº Recurso 154124 -Número do Processo 15374.001938/00-12 - Turma 8ª Câmara Contribuinte IMPORTACAO INDUSTRIA E COMERCIO AMBRIEX S/A Fl. 252DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES Processo nº 10970.000017/2008-17 Acórdão n.º 1801-00.353 S1-TE01 Fl. 245 7 Tipo do RecursoRecurso Voluntário - Provimento Parcial Por Unanimidade-Data da Sessão 12/11/2008 Relator(a) Nelson Lósso Filho Nº Acórdão 108-09756 -Tributo / MatériaIRPJ - AF- omissão receitas - demais presunções legais Decisão Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso de oficio para restabelecer as exigências do PIS e da COFINS, em relação ao item 1 omissão de receita evidenciada por falta ou insuficiência de contabilização. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos Teixeira da Fonseca e Valéria Cabral Géo Verçoza. Ementa Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1997 IRPJ - CSL - COFINS E PIS - OMISSÃO DE RECEITAS - PRESUNÇÃO LEGAL - SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO DE SÓCIO - CARACTERIZAÇÃO - Para que seja aplicada a presunção legal de omissão de receitas contida no artigo 229 do RIR/94, falta de comprovação da origem e da efetiva entrega de numerário por sócio à empresa, é necessário que o Fisco caracterize a situação ali descrita. Não configurado que o aporte financeiro foi realizado pelo sócio da pessoa jurídica, incabível a tributação a esse título. IRPJ - CSL - COFINS E PIS - OMISSÃO DE RECEITAS - CONFRONTO ENTRE DADOS DOS LIVROS FISCAIS E DA DIRPJ - Caracteriza a ocorrência de omissão no registro de receitas a constatação de diferenças entre o total das vendas informadas nos Livros Fiscais do ICMS e ISS em comparação com aquele declarado na DIRPJ apresentada ao Fisco Federal, não configurando este procedimento lançamento amparado em mero indício. Não pode prosperar a exigência do IRPJ e da CSL referente a este item do auto de infração, quando o Fisco adota para confronto quadro da declaração de rendimentos que não expressa a apuração da base de cálculo desses tributos e sim das contribuições para o PIS e COFINS. Recurso de Ofício Provido em Parte. Ficou comprovado nos autos que a Recorrente ultrapassou no ano-calendário de 2004 o limite da receita bruta. A descrição da razão de fato indicada no ato de exclusão está demonstrada de forma inequívoca pelo implemento das condições legal de excludente, conforme a descrição da infração que se fundamenta na receita de revenda de mercadorias apurada com base da diferenças entre os valores informados na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica (DSPJ Simples), fls. 128/145, e aqueles escriturados, fls. 03/27. Ademais, não apresentados os livros comerciais e fiscais, é lícito, já que não há óbice legal, se tomar por base de cálculo os valores constantes no Livro de Registro de Apuração de ICMS de Apuração do ICMS escriturado pela própria Recorrente. Cabe esclarecer que a opção pelo Simples é um direito da pessoa jurídica que preenche todos os requisitos legais. No presente caso a Recorrente incorreu em situação excludente e por esta razão não poderia optar pelo Simples. Como este procedimento não foi adotado voluntariamente, foi efetuada de forma regular a exclusão de ofício pela autoridade competente, no estrito cumprimento do dever legal (art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de Fl. 253DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES 8 dezembro de 1990). Além disso, a partir dos efeitos da exclusão, ou seja, 01/01/2005, ela fica sujeita às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas, inclusive às obrigações tributárias principais e acessórias. Desta forma, a sua alegação não tem fundamento. Autos de Infração A Recorrente alega que os procedimentos são nulos, porque não foram lavrados em seu domicílio tampouco lhe dada oportunidade de recompor sua escrita fiscal. Os Autos de Infração foram lavrados por servidor competente que regularmente intimou a Recorrente para cumpri-los ou impugná-los no prazo legal. As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos nos autos do processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos. Ela tomou ciência do Termo de Início de Fiscalização em 02/04/2008, fls. 71/73, do Termo de Reintimação Fiscal em 05/05/2008, fls. 76/77, dos Termos de Retenção em 09/05/2008 e em 27/05/2008, fls. 78/79, do Termo de Intimação Fiscal em 10/06/2008, fls. 80/81 e do Termo de Reintimação Fiscal nº 002 em 15/07/2008, fls. 82/83, nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Assim, o procedimento fiscal se alongou tempo suficiente para que a Recorrente apresentasse seus esclarecimentos acompanhados de documentos comprobatórios (art. 7º da Lei nº 2.354, de 29 de novembro de 1954). Foi oferecida à interessada a oportunidade de apresentar, no prazo legal, a peça de defesa acompanhada de todos os meios de prova a ela inerentes. O enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento e a indicação dos enquadramentos legais não propiciam a nulidade do ato em litígio. Além disso, foram asseguradas à Recorrente as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa (inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil (CR) e Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972). Desta forma, a sua alegação não tem fundamento. A Recorrente solicita que a DSPJ Simples Retificadora apresentada espontaneamente seja assim considerada. O Código Tributário Nacional (CTN) determina: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Por seu turno, o Decreto nº 70.235, de 1972, que determina: Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001) Fl. 254DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES Processo nº 10970.000017/2008-17 Acórdão n.º 1801-00.353 S1-TE01 Fl. 246 9 I - o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; [...] § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. Cabe transcrever o enunciado da Súmula CARF n 33, que é de adoção obrigatória (art. 72 do Anexo II da Portaria n 256, de 22 de junho de 2009, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF), e que assim determina: A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. O Termo de Início da Ação Fiscal foi cientificado validamente à Recorrente em 02/04/2008, fls. 71/73. A DSPJ Simples Retificadora do ano-calendário de 2005, fls. 164/181, foi apresentada à RFB em 15/04/2008, ou seja, após o início da ação fiscal. Logo, não há que se falar em espontaneidade. A Recorrente discorda dos meios de prova adotados de ofício. A CR ordena: Art. 5º [...] LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; O CTN prevê: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. [...] Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. Por seu turno, o Decreto nº 70.235, de 1972, prevê: Fl. 255DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES 10 Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 1o Os autos de infração e as notificações de lançamento de que trata o caput deste artigo, formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. [...] Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. As provas da infração tributária constante nos autos foram exaustivamente analisadas pelas autoridades, que examinaram os livros contábeis e fiscais amparadas por permissivo legal. Partindo do pressuposto legal de que a defesa deve comprovar todas as suas alegações na oportunidade própria (art. 15 do Decreto nº 70.235, de 1996), a Recorrente não juntou novas provas aos autos mediante documentos hábeis e idôneos que demonstrem sua afirmativa de que não reconhece como lícitas, para fins de apuração de tributos de competência da União, as informações constantes no Livro de Registro de Apuração de ICMS, fls. 03/27. As suas meras alegações desprovidas de comprovação efetiva de sua materialidade não são suficientes para elidir a motivação fiscal do procedimento, tendo em vista que as provas já constantes nos autos constituem um conjunto probatório lícito e robusto de que o lançamento de ofício está correto. Ademais, no exercício da função pública, a autoridade administrativa, de forma vinculada e obrigatória, lavrou os Autos de Infração, fls. 41/70, com observância de todos os requisitos legais que lhes conferem existência, validade e eficácia. Ainda sobre os lançamentos, o RIR, de 1999, fixa: Art. 532. O lucro arbitrado das pessoas jurídicas, observado o disposto no art. 394, §11, quando conhecida a receita bruta, será determinado mediante a aplicação dos percentuais fixados no art. 519 e seus parágrafos, acrescidos de vinte por cento (Lei nº 9.249, de 1995, art. 16, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 27, inciso I). [...] Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (Decreto- Lei nº 1.598, de 1977, art. 9º, §1º). O sujeito passivo deve manter a escrituração com observância das leis comerciais e fiscais, que faz prova em seu favor dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis e idôneos. A contribuinte que deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos de acordo com as normas de escrituração comercial e fiscal fica sujeita ao arbitramento do lucro. Como ficou exaustivamente comprovado nos autos, no período objeto da ação fiscal, o imposto devido trimestralmente foi determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, uma vez que a Recorrente não apresentou à autoridade tributária os livros e Fl. 256DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES Processo nº 10970.000017/2008-17 Acórdão n.º 1801-00.353 S1-TE01 Fl. 247 11 documentos da escrituração comercial e fiscal a que estava obrigada. Logo, não cabem reparos aos procedimentos fiscais. A Recorrente discorda da incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic. Pelo fato desse argumento, o Código Tributário Nacional determina: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. A Lei nº 9.430, de 1996, prevê: Art.5º [...] §3º As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. [...] Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. [...] §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Aplicando a legislação de regência ao presente caso, verifica-se que como a Recorrente não procedeu ao pagamento do crédito tributário até a data do vencimento, deve fazê-lo acrescido de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic. Ainda em relação à matéria, vale transcrever os enunciados de súmulas do CARF n s 4 e 5, as quais são de adoção obrigatória (art. 72 do Anexo II da Portaria n 256, de 22 de junho de 2009, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais -CARF) que prevêem: Fl. 257DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES 12 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. [...] São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Cabe ressaltar o crédito tributário da União constituído não pago até a data do vencimento é acrescido de juros de mora equivalentes à Selic para títulos federais. Logo, não lhe cabe razão neste particular. A Recorrente se insurge contra a aplicação da multa de ofício proporcional qualificada. A Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, determina: Art. 71 – Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I – da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II – das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária ou o crédito tributário correspondente. Art. 72 – Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73 – Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos no artigo 71 e 72. Por seu turno, a Lei nº 9.430, de 1996, orienta expressamente no seguinte sentido: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Vide Mpv nº 303, de 2006) (Vide Medida Provisória nº 351, de 2007) I - de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Vide Mpv nº 303, de 2006) (Vide Medida Provisória nº 351, de 2007) Fl. 258DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES Processo nº 10970.000017/2008-17 Acórdão n.º 1801-00.353 S1-TE01 Fl. 248 13 II - cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Vide Mpv nº 303, de 2006) (Vide Medida Provisória nº 351, de 2007) Está registrado no Termo de Verificação Fiscal, fls. 37/40: O Livro de Registro de Apuração do ICMS n° 01 foi apresentado em 27/05/2008, conforme lavratura De Termo de Retenção (fls. 79). Ressalta-se que: - o contribuinte apresentou Declarações Simplificadas Retificadoras referentes aos exercícios de 2005 e 2006 em 15/04/2008, ou seja, no curso da ação fiscal, informando receita bruta total acumulada de R$1.691.270,85 e R$953.732,24 nos anos-calendário de 2004 e 2005, respectivamente, valores significativamente superiores aos montantes declarados originalmente: R$40.708,00 no ano-calendário de 2004, e R$27.179,00 no ano-calendário fiscalizado (declarações originais e retificadoras às fls. 110); - os valores informados nas declarações retificadoras correspondem aos valores escriturados nos livros fiscais apresentados. Cabe mencionar a jurisprudência administrativa sobre a questão (fonte: http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarJurisprudencia/listaJurisprudencia.jsf, acesso em 14/10/2010): Nº Recurso 151684 - Número do Processo 10120.004333/2005- 18 -Turma 1ª Turma Contribuinte FRANCISCO DE ASSIS SILVA - O GOIANO Tipo do Recurso Recurso Voluntário - Provimento Parcial Por Unanimidade-Data da Sessão 10/11/2008 Relator(a) José Clóvis Alves Nº Acórdão CSRF/01-06.020 -Tributo / MatériaPIS - ação fiscal (todas) Decisão Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Jose Carlos Passuello e Antonio Carlos Guidoni Filho que negaram provimento. Ementa Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Exercício: 2001, 2002, 2003 MULTA QUALIFICADA - CONDUTA CONTINUADA.- Da conduta continuada se extrai a intenção (dolo), para concluir-se pela aplicação da multa qualificada nos termos do artigo 71 da Lei nº 4.502/64. O fato do contribuinte entregar DIPJs em três anos como inativa, tendo faturamento expressivo declarado ao Estado para efeito de ICMS e no quarto ano declarado valor ínfimo em relação ao faturamento real, pode- se pode concluir pela existência de dolo, necessário à aplicação da norma contida no Fl. 259DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES 14 artigo 71 da Lei nº 4.502/64. Somente com o exame das provas colacionadas aos autos é que se pode concluir pela existência, ou não, do elemento subjetivo “dolo”. Recurso especial provido. A aplicação da multa de ofício proporcional qualificada tem cabimento já que foram registrados valores ínfimos a título de receita bruta na DSPJ Simples do ano-calendário de 2005, fls. 128/145, em cotejo com os dados escriturados no Livro de Registro de Apuração de ICMS, fls. 02/27, apresentados pela Recorrente à Administração Pública. Por conseguinte, o lançamento não contém incorreções. No que se refere à interpretação da legislação e entendimentos jurisprudenciais indicados na peça recursal, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos aos quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso (art. 100 do Código Tributário Nacional). Em relação aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe transcrever o enunciado da Súmula CARF n 2, que é de adoção obrigatória (art. 72 do Anexo II da Portaria n 256, de 22 de junho de 2009, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais -CARF), e que assim determina: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Logo, este argumento não pode prosperar. Atinente ao CSLL, PIS e Cofins, tratando-se de lançamentos decorrentes, a relação de causalidade que informa os procedimentos leva a que os resultados do julgamento dos feitos reflexos acompanhem aqueles que foram dados ao lançamento principal. Em face de o exposto, voto, em preliminar, por afastar as nulidades suscitadas e, no mérito, por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Fl. 260DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES
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Numero do processo: 11543.002360/2005-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
DESPACHO DECISÓRIO. FUNDAMENTAÇÃO. INOVAÇÃO NO JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
No Processo Administrativo Fiscal (PAF), aprecia-se a legalidade ou não do despacho decisório, sendo vedado ao órgão julgador trazer nova fundamentação legal que não constava do despacho original. Deve-se anular a decisão da primeira instância para a realização de novo julgamento adstrita aos fundamentos trazidos no despacho decisório que decidiu pela homologação parcial do pedido de compensação.
Recurso voluntário Parcialmente Provido
Numero da decisão: 3201-003.025
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para anular a decisão da primeira instância e a realização de novo julgamento adstrito aos fundamentos constantes no despacho decisório.
Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri, Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Avila.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 DESPACHO DECISÓRIO. FUNDAMENTAÇÃO. INOVAÇÃO NO JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. No Processo Administrativo Fiscal (PAF), aprecia-se a legalidade ou não do despacho decisório, sendo vedado ao órgão julgador trazer nova fundamentação legal que não constava do despacho original. Deve-se anular a decisão da primeira instância para a realização de novo julgamento adstrita aos fundamentos trazidos no despacho decisório que decidiu pela homologação parcial do pedido de compensação. Recurso voluntário Parcialmente Provido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para anular a decisão da primeira instância e a realização de novo julgamento adstrito aos fundamentos constantes no despacho decisório. Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri, Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Avila.
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FUNDAMENTAÇÃO. INOVAÇÃO NO JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. No Processo Administrativo Fiscal (PAF), apreciase a legalidade ou não do despacho decisório, sendo vedado ao órgão julgador trazer nova fundamentação legal que não constava do despacho original. Devese anular a decisão da primeira instância para a realização de novo julgamento adstrita aos fundamentos trazidos no despacho decisório que decidiu pela homologação parcial do pedido de compensação. Recurso voluntário Parcialmente Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para anular a decisão da primeira instância e a realização de novo julgamento adstrito aos fundamentos constantes no despacho decisório. Winderley Morais Pereira Presidente substituto e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri, Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Avila. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 23 60 /2 00 5- 48 Fl. 2347DF CARF MF 2 Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. "Tratase de reconhecimento de direito creditório de COFINS decorrentes do regime de nãocumulatividade, no período de 01/04/04 a 30/06/04, no valor de R$4.210.060,76, para fins de compensação. A autoridade fiscal decidiu (fl. 325) homologar parcialmente as compensações efetuadas, porque entendeu que a contribuinte não possuía o direito creditório no montante declarado. Reconheceu o valor de R$531.935,49, argumentando por meio do Parecer SEORT/DRF/VIT/ES nº 2977/09 (fls. 296 e ss), em resumo, que: 1. a requerente tem por objeto social o comércio atacadista de café, comércio atacadista de algodão em pluma, fabricação de óleos vegetais e fiação de fibras de algodão, todas atividades com vendas no mercado interno e no mercado externo; 2. em razão da atividade desenvolvida e tendo em vista a apuração do IRPJ com base no lucro real no ano calendário 2004, neste ano ficou sujeita ao regime de incidência nãocumulativa da Cofins; 3. a contribuinte informou despesas não passíveis de aproveitamento de crédito, visto que não se enquadraram na definição de insumos esboçada pela legislação tributária, e em outras situações, não discriminou os serviços efetivamente incorridos, o que impossibilitou o seu deferimento; 4. as vendas de mercadorias realizadas pela CONAB são vendas dos estoques estratégicos do Governo Federal que não são tributadas, portanto, não fazem jus ao crédito; 5. o mesmo entendimento adotado nas aquisições realizadas junto a Conab é aplicado sobre as aquisições do Ministério da Agricultura e do Abastecimento; 6. há compras de mais de 200 diferentes fornecedores, porém uma amostragem de mais de 80% das compras de café acabou por definir análise da situação dos 36 maiores fornecedores, 6 são cooperativas, restando 28 fornecedores; 7. aproximadamente 94% destes fornecedores analisados, enquadramse como pessoas jurídicas que se declararam à Receita Federal do Brasil em situação de inatividade, ou simplesmente estão omissas perante o órgão, outras ainda, quando prestaram tais informações, o fizeram de maneira irregular, eis que a receita declarada é totalmente incompatível com o valor das vendas realizadas, isto considerando apenas as operações mercantis com a requerente; 8. registrase que as compras de café de cooperativas foram desconsideradas do cálculo por possuírem tratamento diferenciado no que tange a apuração das contribuições nãocumulativas; 9. se tomados os valores de aquisição que foram declarados, das empresas analisadas, o percentual de aquisições que, em tese, sofreu a incidência da Cofins na etapa anterior é de impressionantes 0,45%, sublinhando que o levantamento se contentou em esquadrinhar apenas os valores declarados, independentemente do efetivo recolhimento de tais exações; 10. no caso examinado há presunção de que a abertura destas "pessoas jurídicas" era Fl. 2348DF CARF MF Processo nº 11543.002360/200548 Acórdão n.º 3201003.025 S3C2T1 Fl. 3 3 meramente casuística, indicando objetivos escusos, bastando verificar que aproximadamente 33% (trinta e três inteiros percentuais) destas "sociedades" analisadas iniciaram suas "operações" após 09/2002 (fls. 255/263), quando foi publicada a Medida Provisória n° 66/2002, que instituiu a nãocumulatividade para a contribuição para o PIS/Pasep, o que reforça ainda mais as suspeitas; 11. assim, o que se verifica deste quadro é que, a bem da verdade, estas "pseudopessoas jurídicas" são apenas figuras formais, longa manus de pessoas inescrupulosas, que as utilizam em suas práticas ilegais, onde funcionam como intermediárias, com o único propósito de "fabricar" créditos da nãocumulatividade para as contribuições em comento; 12. não se está afirmando que a requerente agiu em conluio ou mesmo que tivesse conhecimento de tal situação, ao passo que não houve investigação neste sentido e não há prova que aponte tal realidade, pois não é este o escopo deste trabalho; 13. nesse contexto, a ausência de provas que unam a requerente aos seus fornecedores gera uma presunção de boa fé em seu favor, todavia, em que pese tal circunstância, pressuposta inocência não pode lhe garantir o cômputo normal de tais créditos, justamente porque também foi vítima do procedimento ilegal; 14. não se concebe que a adquirente, neste ato requerente do crédito, possa transferir o seu pretenso prejuízo ao Estado, sob pena de se admitir a distribuição por toda a sociedade de um ônus individual; 15. nesta peça opinativa não se questiona a existência das operações de venda, mas sim, a inclusão das compras em debate no cálculo dos créditos a descontar dos valores devidos a título de PIS/Pasep e Cofins nãocumulativos, haja vista que sendo Fisco e contribuinte vítimas de um mesmo golpe, não é possível a socialização do prejuízo sofrido pelo adquirente, exigindose que o Estado arque com um prejuízo dobrado, qual seja, além de nada receber ainda ter de ressarcir aquilo que deveria ter sido recolhido e não foi, ainda que o adquirente tenha agido de boafé; 16. com estes fundamentos foi providenciado o reenquadramento dessas compras, consideradas irregulares pela presente fiscalização, para aquisições de pessoas físicas garantindose o direito ao crédito presumido, de acordo com a planilha de apuração das contribuições nãocumulativas; 17. o sujeito passivo apurou créditos referentes a embalagens adquiridas, de acordo com o DACON/Demonstrativo Analítico de apuração da Cofins, referidas aquisições estão enquadradas nos CFOP de n°s 1920 e 2920, os quais se referem à entrada de sacaria e vasilhame; 18. foram desconsideradas as entradas de mercadorias sob os CFOP de n°s 1122, 2122, 1125 e 2125, visto que referidas aquisições foram contempladas no item Compras Terceiros PJ, conforme declaração do próprio contribuinte às fls. 191/192; 19. verificase, pelo somatório da documentação apresentada, que o contribuinte não logrou êxito em confirmar as despesas de aluguel informadas, razão pela qual essa diferença foi desconsiderada para fins de apuração dos créditos a descontar; 20. o contribuinte ofereceu à base de cálculo dos créditos despesas de condomínio, mas não há previsão no texto legal para a inclusão desta despesa no âmbito da despesa de Fl. 2349DF CARF MF 4 aluguel, visto que possuem naturezas jurídicas distintas, desta forma, despesas de condomínio não foram consideradas como créditos passíveis de aproveitamento, tendo sido glosadas pela fiscalização; 21. foi excluído do cômputo da base de cálculo do estoque de abertura o item estoque do almoxarifado; 22. são receitas financeiras todas as variações cambiais ativas apuradas, vez que não há previsão para que se realize a compensação na contabilidade das variações cambiais passivas, reconhecendo como receita apenas o resultado mensal; 23. desta forma, é considerada receita da variação cambial o somatório das variações ativas, desconsiderandose as variações passivas; 24. procedeuse, então, à utilização dos créditos na dedução do débito da Cofins apurado no mês, além dos créditos vinculados ao mercado interno, consumiram se, também, créditos atrelados ao mercado externo, de sorte que restou saldo credor, a ser utilizado nas compensações de outros tributos ao final do 2º Trimestre de 2004 no montante de R$ 531.935,49; 25. por outro lado, nos meses de abril e maio de 2004, o crédito apurado foi insuficiente para cobrir o valor devido para a Cofins, restando saldo a pagar, cabendo, pois o lançamento. Cientificada da Decisão (fl. 350), em 08/03/10, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 353 e seguintes), em 07/04/10, onde alegou, em resumo, que: 1. as razões que fundamentaram a homologação parcial do presente pedido de ressarcimento de créditos de COFINS, contidas no Parecer DRF/VIT/SEORT n° 2.977/2009, encontramse espelhadas no Parecer DRF/VIT/SEORT n.° 2.985/2009 (Processo Administrativo n° 11543.000492/200535), o qual homologou parcialmente pedido de ressarcimento de PIS relativo ao mesmo período aqui tratado; 2. assim, mister se faz o apensamento destes autos àqueles, tudo com vistas a que sejam julgados simultaneamente, evitandose decisões conflitantes acerca da mesma matéria; 3. teve limitado seu direito a uma parcela do crédito pleiteado sem que tenham sido dados os fundamentos para a glosa, portanto, pleiteia a nulidade do processo; 4. o crédito tributário constituído pelo Sr. AFRF, mediante a inclusão na base de cálculo da Cofins, de receitas de variação cambial não tributadas pela Requerente não é exigível, vez que alcançado pelo instituto da decadência; 5. o Parecer aponta que o crédito relativo às despesas com a manutenção e reparo de equipamentos da Requerente foi glosado em razão da falta de discriminação dos serviços contratados, bem como pelo não enquadramento de parte dessas despesas no conceito de insumos contido na legislação da Cofins; 6. a Requerente esclarece que todas essas despesas são registradas na conta 752.600 e referemse à utilização de serviços no beneficiamento do algodão; 7. as despesas pagas às pessoas jurídicas responsáveis pela manutenção e reparos de seus ativos se enquadram verdadeiramente no conceito de insumos albergado pela legislação fiscal de regência; 8. o direito ao crédito da contribuição nascerá em relação a toda e qualquer aquisição de bens e serviços, desde que: (i) tratemse de elementos sem os quais a receita de vendas não se realizaria; e, (ii) não haja vedação legal à apropriação de créditos calculados sobre tais dispêndios; 9. se o art. 3º, II da Lei n.° 10.833/03 não restringiu o direito ao crédito apenas para as hipóteses em que os serviços Fl. 2350DF CARF MF Processo nº 11543.002360/200548 Acórdão n.º 3201003.025 S3C2T1 Fl. 4 5 são aplicados ou consumidos na produção, o ato administrativo ora mencionado (IN nº 247/02 com redação dada pela IN 358/03) não poderia criar este limite, sob pena de ofensa ao Princípio da legalidade, alçado a patamares constitucionais por força do art. 150, I da Constituição Federal; 10. o art. 3º, §2°, II da Lei n.° 10.637/02 (com a redação dada pelo art. 37 da Lei n.° 10.865/04), veda o direito ao crédito calculado em relação às aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção; 11. entretanto, o fato que o Sr. AFRF não levou em consideração é que essa limitação ao crédito só passou a existir, tão somente, após a entrada em vigor da Lei n.° 10.865/04, isto é, em agosto/2004; 12. em razão da sua similitude com a glosa dos créditos apropriados em relação às aquisições da CONAB, as razões para o cancelamento da glosa efetuada dos créditos relativos às aquisições do Ministério da Agricultura e Abastecimento são as mesmas já expostas acima; 13. em relação aos fornecedores inidôneos, a Requerente acosta notas fiscais, comprovantes de pagamentos e de entrada de mercadorias, que comprovam as transações elencadas pelo Sr. AFRF; 14. cumpre destacar que a Lei nº 10.833/2003 não condicionou a apropriação de créditos ao pagamento do produto adquirido, mas sim a sua aquisição; 15. exigir que a Requerente tome os créditos apenas de pessoas jurídicas que estejam em dia com suas obrigações tributárias (principais e acessórias) é no mínimo paradoxal, na medida em que a Requerente não dispõe do mesmo aparato que o Fisco detém para constatar irregularidades tributárias; 16. ainda que existisse regra condicionando o crédito ao pagamento na etapa anterior, tratarseia de dispositivo absolutamente inócuo, na medida em que em virtude do sigilo fiscal (arts. 198 e 199 do CTN) não há como a Requerente constatar se seus fornecedores estão em dia com o Fisco; 17. assim, solicita o cancelamento da glosa referente às aquisições de pessoas jurídicas inidôneas; 18. o Parecer equivocouse ao glosar o crédito pleiteado pela Requerente (registrado na linha 02 da ficha 04 do DACON), na medida em que as embalagens registradas nessa linha do DACON (contabilizadas na conta 755.000) referemse àquelas consumidas na industrialização do óleo de algodão, não guardando qualquer/relação com aquelas adquiridas, sob o CFOP n°s 1.122, 2122, 1125 e 2125; 19. as demais despesas com embalagens citadas referem se às aquisições de sacaria utilizada na exportação, de café (linha 01 do DACON); 20. não há registro em duplicidade e, consequentemente, não há valores à serem glosados; 21. não há como prosperar a glosa efetuada em relação à aluguel, pois todos os dispêndios encontramse devidamente suportados por recibos e comprovantes de pagamento que à Requerente anexará posteriormente a esta manifestação de inconformidade; 22. os dispêndios de condomínio compõem o valor da própria despesa de aluguel e, dessa forma, também geram direito ao crédito; 23. o Sr. AFRF se equivocou ao invalidar os créditos de COFINS por ela apropriados sobre o item do estoque de abertura relativo ao estoque de almoxarifado, pois, as mercadorias adquiridas sob essa rubrica possuem sim Fl. 2351DF CARF MF 6 vinculação ao seu processo produtivo; 24. tratamse de itens auxiliares de produção empregados pela Requerente na produção do óleo de algodão por ela comercializado; 25. não restam mais argumentos para que não se possa excluir, do âmbito de abrangência da imunidade constitucional, as variações cambiais incidentes sobre ACC (adiantamento de contrato de câmbio), haja vista ser inequívoca a circunstância de que tais variações cambiais decorrem de exportações; 26. se a receita de exportações é imune; nada mais natural do que também excluir do campo de incidência tributária a variação cambial sobre elas verificada, ademais, doutrina e, jurisprudência são uníssonas ao asseverarem que "assim como a correção monetária, a variação cambial nada acresce ao objeto, sendo mera expressão formal da mesma entidade substancial"; 27. no que se refere aos lançamentos à crédito na conta 675.000, deverá ser adotado o mesmo raciocínio, pertinente às variações monetárias registradas na conta 869.000 tendo em vista que se tratam, igualmente, de receitas de exportação; 28. a partir de 01/01/2000, especialmente em virtude da expressiva oscilação cambial experimentada no ano anterior, passou a viger o tratamento instituído pela Medida Provisória atualmente sob o nº 2.15835/ 01, determinando que as variações cambiais, em regra, deveriam ser reconhecidas no momento da liquidação (regime de caixa); 29. caso não se admita a anulação dos débitos registrados nas mencionadas contas pelas razões expostas acima, é de se adotar, por outra via, a interpretação de que as variações cambiais deveriam ser tributadas pelo seu valor líquido. A inconformada cita legislação e jurisprudência, requerendo reconhecimento do direito de crédito e homologação das compensações efetuadas. O processo fora baixado em diligência (fl. 1.297) para a Unidade a quo examinar, em resumo, se há alguma repercussão na controvérsia aqui instaurada e no crédito pleiteado dos mesmos fatos apurados nas operações “Tempo de Colheita” e “Broca”, pedindo ainda esclarecimentos acerca de outros itens glosados. A Delegacia de origem no “Relatório Fiscal”, à fl. 1.622 e seguintes, responde positivamente a tal indagação, junta variados documentos, e, em síntese, justifica que: 1. a operação fiscal “TEMPO DE COLHEITA” foi deflagrada pela DRF/Vitória, em outubro de 2007, que resultou na operação BROCA parceria do Ministério Público, Polícia Federal, e Receita Federal, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão e prisão; 2. no rol de supostos fornecedores da contibuinte, é importante mencionar a ACÁDIA, COLÚMBIA, DO GRÃO, L&L, J.C. BINS e V. MUNALDI, hipotéticas atacadistas de café localizadas na cidade de COLATINA, norte do ES, uns dos principais alvos na “Operação Tempo de Colheita”, deflagrada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória – ES; 3. a motivação da operação Tempo de Colheita foi a flagrante divergência entre as movimentações financeiras de pessoas jurídicas atacadistas – na ordem de 3 bilhões de Reais nos anos de 2003 a 2006 – e os valores insignificantes das receitas declaradas; 4. dezenove (53%) das empresas atacadistas fiscalizadas foram criadas a partir de 2002, e passaram a ter movimentação financeira crescente e vultosa a partir do ano de 2003; 5. ao contrário dos tradicionais atacadistas, tais empresas ocupam salas pequenas e acanhadas, Fl. 2352DF CARF MF Processo nº 11543.002360/200548 Acórdão n.º 3201003.025 S3C2T1 Fl. 5 7 sem qualquer estrutura física ou logística, nem dispõem de funcionários para operar como atacadistas; 6. entre os documentos obtidos ao longo da operação “TEMPO DE COLHEITA” estão declarações de produtores rurais, maquinistas, corretores, sócios e pessoas ligadas às empresas de fachada, e, ainda, documentos relacionados a tais empresas; 7. do Ministério Público e da Polícia Federal a Fiscalização recebeu documentos fiscais e contábeis em papel e meio magnético; 8. com o objetivo de colher provas sobre o modus operandi do esquema, coletouse, durante as mencionadas operações, documentos além de realizar diligências nas atacadistas e principais empresas exportadoras de café; 9. junto aos produtores rurais foi apurado que havia uma negociação direta, ou por meio de corretores, entre os produtores rurais e tradicionais maquinistas e empresas do ramo atacadistas, exportadoras ou indústrias, porém, nas notas fiscais apareciam como compradores pseudoatacadistas, tais como, Colúmbia, Do Grão, V. Munaldi, JC Bins, e outras; 10. os produtores rurais, via de regra, não preenchiam as notas fiscais, sendo que as mesmas eram preenchidas nos escritórios dos corretores e/ou compradores; 11. os corretores de café convergiram para firmar os pontos levantados pelos produtores rurais, especialmente, no que tange à utilização das pseudoempresas jurídicas para intermediar a venda do café do produtor para a comercial atacadista, inclusive, do pleno conhecimento da empresa, ora autuada, de tais operações; 12. os corretores afirmaram que as próprias empresas tradicionais de exportação e industrialização do café passaram a dificultar a compra com nota fiscal do produtor rural, exigindo notas em nome de pessoas jurídicas; 13. os corretores afirmaram que algumas empresas foram constituídas com a única e exclusiva finalidade de vender notas fiscais, e, ainda, que as Exportadoras/Indústrias tinham pleno conhecimento do esquema fraudulento; 14. a migração para empresas laranjas foi um movimento orquestrado, onde exportadoras e indústrias caminharam no mesmo sentido, com exigência inclusive de que as notas fiscais anotassem ficticiamente a incidência do PIS/COFINS, bem como as mesmas cautelas adotadas de consultar os cadastros fiscais no momento do recebimento do café por meio de empresas laranjas na tentativa de evitar problemas futuros; 15. restou demonstrado que a EISA não só tinha pleno conhecimento do esquema fraudulento como dele se beneficiava, apropriandose de créditos fictícios sobre notas fiscais ideologicamente falsas gerados por empresas atacadistas de fachada. Intimada do resultado da diligência (fl. 1784), a contribuinte ratificou os termos de sua Manifestação de Inconformidade, adicionando (fls. 1788 e ss), em resumo, que: 1. nenhum dos sócios, administradores ou empregados da Requerente foi investigado no âmbito do Inquérito Policial nº 541/2008 DPF/ SR/ES ou denunciado nos autos do Processo Criminal n° 2008.50.05.0005383, ou em qualquer outro processo criminal oriundo das operações "Tempo de Colheita" e "Broca"; 2. ao revés, em momento algum das investigações ocorridas houve a vinculação da Requerente ao Fl. 2353DF CARF MF 8 suposto sistema fraudulento; 3. assim, resta evidente a precariedade da acusação da d. autoridade fiscal de que a Requerente teria se utilizado de empresas laranjas como intermediárias fictícias na compra de café de produtores, com o intuito exclusivo de apropriação de créditos da Contribuição ao PIS e da COFINS; 4. o volume de operações mantido com pessoas físicas pouco sofreu alterações com a instituição da nãocumulatividade das contribuições e previsão de direito ao crédito (anoscalendários 2002 e 2003), e com a mudança da legislação aplicável ao setor em 2012 (Lei n° 12.599/2012); 5. ainda que o nome do produtor rural, da fazenda de café e/ou da região fosse informado ao adquirente em referidas situações, como até hoje o é, este adquire o produto da empresa atacadista, que ao final é responsável pela entrega do produto em determinada quantidade, em boa qualidade e em determinado prazo e local; 6. as empresas atacadistas, comerciantes e exportadoras de café cru em grão não necessitam de estrutura física própria para operarem a não ser uma sala, onde localizado o estabelecimento comercial utilizado para a formalização da compra e venda do café, na medida em que referido produto, após adquirido, pode perfeitamente permanecer depositado em armazém geral até a ocasião da revenda; 7. em nenhum dos depoimentos constantes dos autos é feita menção à pessoa da Requerente ou de algum administrador/funcionário seu como participante do alegado esquema fraudulento; 8. em sendo inegável a boafé da Requerente, verificase a completa improcedência da glosa dos créditos apurados sobre aquisições de café cru em grão de pessoas jurídicas no período compreendido entre o 1º trimestre de 2004 e o 3° trimestre de 2005; 9. demonstrou a completa improcedência da glosa dos créditos originais das contribuições apurados pela Requerente sobre aquisições de café de pessoas jurídicas; 10. considerando a indiscutível boafé da empresa e nos termos do artigo 82, parágrafo único, da Lei n° 9.430/96, deve ser cancelada a glosa dos créditos levada a efeito em razão da suposta inidoneidade dos fornecedores da Requerente; 11. na remota hipótese da glosa em questão ser mantida, o que se admite apenas para fins de argumentação, há que ao mínimo se reconhecer o direito à apuração do crédito presumido de que trata a Lei n° 10.925/04, como fora inicialmente realizado pela d. autoridade fiscal; 12. ainda que não tivesse ocorrido a decadência para inovação dos fundamentos da glosa, apenas a título de argumentação, restará comprovado que a posição da 16ª Turma da DRJ/RJ1 quanto à apuração de crédito presumido de aquisições de café de produtores rurais não deve prosperar; 13. um dos requisitos para a apropriação do crédito presumido na aquisição de produto in natura consiste no fato de que o adquirente exerça a atividade agroindustrial, e a Requerente, na condição de encomendante, é considerada, para todos os fins fiscais, produtora de café e, por conseguinte, beneficiária do crédito presumido. Reitera, “com base nos argumentos constantes da Manifestação de Inconformidade apresentada, somados aos argumentos que aqui são apresentados”, pela reforma da decisão que não homologou os pedidos de compensação, a fim de que seja reconhecido o crédito pleiteado em sua integralidade." Fl. 2354DF CARF MF Processo nº 11543.002360/200548 Acórdão n.º 3201003.025 S3C2T1 Fl. 6 9 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve integralmente o despacho decisório. A decisão foi assim ementada: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 Créditos a Descontar. Incidência nãoCumulativa. Não dá direito a crédito gastos ou despesas com bens ou serviços utilizados nas atividades da Empresa, quando não corresponderem ao conceito de insumo ou a outra expressa hipótese legal. Aquisições. Nãosujeitas ao PIS. Crédito Vedado. A Partir de 01/05/04. A alteração promovida pela Lei nº 10.865, de 30 de abril 2004, na Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, no sentido de vedar o direito ao crédito da nãocumulatividade do PIS, nos casos de aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, passou a produzir efeitos a partir de 01/05/04. Fraude. Dissimulação. Desconsideração. Negócio Ilícito. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderandose os negócios fraudulentos. Uso de Interposta Pessoa. Inexistência de Finalidade Comercial. Dano ao Erário. Caracterizado. Negócios efetuados com pessoas jurídicas, artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva, sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária, além de simular negócios inexistentes para dissimular negócios de fato existentes, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública, rejeitandose peremptoriamente qualquer eufemismo de planejamento tributário. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte” Cientificada da decisão, a autuada interpôs recurso voluntário, alegando em sede preliminar que a decisão da primeira instância inovou a matéria discutida nos presentes autos, ao trazer argumentos para manutenção do lançamento resultante de diligência realizada, que trariam afirmações que a Recorrente teria participado de suposto esquema visando gerar, fraudulentamente, créditos da Contribuição ao PIS e da Cofins. No restante do recurso são repisadas as alegações já apresentadas na impugnação. Fl. 2355DF CARF MF 10 Ao apreciar o recurso voluntário, a turma resolveu converter o julgamento em diligência, nos seguintes termos: Nos termos aqui expostos, entendo que os documentos e informações constantes dos autos não são suficientes para definir com exatidão quais são os insumos glosados pela Fiscalização e quais deles o contribuinte tenta pleitear seus créditos. Assim, fazse necessário a baixa dos autos em diligência para que seja determinada com acuracidade, quais são as aquisições de bens e as despesas de serviços que foram utilizadas a título de crédito pela Recorrente, quais foram glosadas pela Fiscalização e qual a implicação destes bens e serviços no processo produtivo. Diante do exposto, buscando os esclarecimentos necessários ao prosseguimento do julgamento, voto no sentido de converter o julgamento em diligência a fim de que unidade preparadora: a) Intime a Recorrente para no prazo de 30 (trinta) dias prorrogável uma vez por igual período, detalhar o seu processo produtivo e indicar de forma minuciosa qual a interferência de cada um dos bens e serviços que pretende aferir créditos para apuração do PIS e a COFINS não cumulativos; b) A Receita Federal, deverá elaborar relatório identificando quais dos bens e serviços utilizados que foram objeto de glosa, indicando os motivos para tal indeferimento. Com a possibilidade, se julgar necessário, de manifestarse quanto as informações apresentadas, inclusive fazendo as diligências e intimações que julgar necessárias. A Unidade de Origem procedeu a diligência determinada pelo CARF, elaborando relatório fiscal. Informando que a Recorrente apresentou documentos referentes à glosa de despesas de manutenção e reparos e de aquisição de embalagens. A auditoria fiscal concluiu por manter a glosa referente a despesas com manutenção e reparo, por entender, que não estariam ligados a atividade de produção da Recorrente. Quanto as aquisições de embalagem, entendeu por acatar as alegações da Recorrente e afastar a glosa referente a este item. Cientificada da diligência, a Recorrente apresentou manifestação ,concordando com o afastamento da glosa sobre as aquisições de embalagem e afirmando que as despesas de manutenção e reparo estariam vinculados a atividade da empresa e portanto, também estariam aptas a serem utilizadas como créditos na apuração das contribuições. Com estas considerações, o processo retornou ao CARF para o prosseguimento do julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Fl. 2356DF CARF MF Processo nº 11543.002360/200548 Acórdão n.º 3201003.025 S3C2T1 Fl. 7 11 Os recursos são tempestivos e atendem aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isto, ser conhecido. Nos termos detalhados no relatório, em sede de recurso voluntário, a Recorrente alega a nulidade da decisão da primeira instância, sob o arrimo que o acórdão teria inovado nos fundamentos inicialmente citados no despacho negatório do pedido de compensação. Consultando a decisão da primeira instância é possível identificar o enfrentamento de matérias referentes a glosa de créditos, por entender que tais operação não estariam incluídas no conceito de insumo e outra discussão quanto a possibilidade de creditamento sobre operações realizadas com empresas que foram identificadas como inaptas ou inexistentes de fato. Para a segundo grupo de créditos glosados, a decisão recorrida trata de dois fundamentos para negar os créditos. O primeiro seria a inexistência de recolhimento das contribuições na etapa anterior e o segundo a existência de fraude na criação e operação de empresas declaradas inexistentes de fato ou declaradas inaptas pela receita federal. O acórdão da primeira instância adotou como fundamento da decisão, a fraude nas operações realizadas com empresas, conforme pode ser verificado no trecho abaixo, extraído no voto condutor do Acórdão da DRJ. Assim, considerando os fatos descritos, e sustentados por conjunto probatório robusto constante dos autos, é imperativo concluir que as ‘compras’ efetuadas pelo contribuinte, ora recorrente, de pessoas jurídicas artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária no contexto da nãocumulatividade do PIS/Cofins, além de simular negócios de fato inexistentes para dissimular o negócio real entre o produtor rural/pessoa física e o contribuinte, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública. A análise exposta acima leva à rejeição peremptória de eventual alegação de planejamento tributário, pois demonstra que o autuado participou da criação ou utilizou de pessoas jurídicas de existência fantasmagórica, a fim de interpor elo fictício na cadeia produtiva e, assim, escapar do pagamento de tributo de sua responsabilidade, por meio de compensação de créditos inexistentes de fato, e ainda com vultosos valores de ressarcimento em dinheiro. O trabalho fiscal, por ocasião da diligência realizada, fundouse em amplo material probatório, permitindo o exercício do direito de defesa e ao contraditório. No Relatório é comprovado detalhadamente o acerto das glosas efetuadas. Neste contexto, perderam relevância as notas fiscais e comprovantes de pagamento. Fl. 2357DF CARF MF 12 Na decisão recorrida é possível identificar claramente que o enfrentamento da matéria, que nega o direito creditório da recorrente, possui como fundamento a aquisição de produtos de pessoas jurídicas, quando na verdade tratariamse de pessoas físicas. A decisão da primeira instância considerou que os dois fundamentos teriam sido enfrentados no despacho decisório, tanto a questão da ausência de recolhimento das contribuições nas etapas anteriores, bem como, a existência de aquisições de "pseudoatacadistas". Quanto ao primeiro fundamento discutido na decisão da DRJ é inequívoco a sua utilização pelo despacho decisório, que consta de forma explicita na sua conclusão, conforme se depreende do trecho abaixo do despacho decisório, exarado pela Unidade de Origem. Em resumo: . Restou demonstrado que não houve incidência econômica dos tributos na maior parte das aquisições realizadas; . A ocorrência da incidência jurídica é duvidosa, uma vez que as pessoas jurídicas que poderiam realizar o aspecto material da hipótese de incidência (faturamento), aparentam ser meros instrumentos para realização de práticas ilegais; . Sob o ponto de vista econômica, não houve qualquer oneração da cadeia produtiva em relação a tais operações; . Em não havendo tal oneração perde o sentido o dualismo cumulatividade x nãocumulatividade que justificou o escopo da alteração da legislação; . Em conclusão, não ocorrendo a indesejada cumulutividade que ensejou a mudança da sistemática da apuração das contribuições em apreço não há que se falar em saldo credor possível de ressarcimento. Quanto ao segundo fundamento, a decisão da Delegacia de Julgamento da RFB afirma existir no despacho decisório menção ao fato de existir fraude na criação e operação dos atacadistas revendedores de café, cito trecho abaixo constante da decisão da DRJ, que detalha estes argumentos. 2º argumento: Compras de “pseudoatacadistas” Se a instrução processual se encerrasse neste ponto, dificilmente poderia prosperar a glosa procedida sub examen. Porém, com a diligência veio o relatório, onde se concluiu que parte dos créditos de PIS/Cofins reivindicados nos pedidos de ressarcimento e utilizados nas declarações de compensação foi gerada através de simulação de aquisições de pessoas jurídicas, quando realmente o foi de aquisições de produtores rurais pessoas físicas. Tratase agora da hipótese já contida Parecer DRF/VIT/SEORT (fls. 247 e ss) de considerar as compras, correspondentes aos fornecedores irregulares, transações fictícias: No caso em questão, aparentemente existiria a intermediação comercial por pessoa jurídica. Entretanto, se ditas "pessoas Fl. 2358DF CARF MF Processo nº 11543.002360/200548 Acórdão n.º 3201003.025 S3C2T1 Fl. 8 13 jurídicas" forem apenas instrumentos para práticas fraudulentas, acobertando vendas realizadas por outros sujeitos, muito provavelmente pessoas físicas, não haveria que se falar em hipótese de incidência de PIS/Pasep e Cofins não cumulativos e, muito menos, em créditos da não cumulatividade como ora pretendido. Entendese que a prova colacionada aos autos no âmbito da diligência lançou nova luz sobre os créditos relativos às compras de café pela contribuinte, que foram glosados pela Autoridade Fiscal. O quadro amplo traçado a partir das Operações Broca e Tempo de Colheita milita desfavoravelmente à contribuinte no que concerne a seu alegado direito de crédito. Além disso, há elementos nos autos que não permitem simplesmente entender pela completa “isenção” do contribuinte na frustração da Receita Federal em sua legítima pretensão de caráter constitucional de amealhar recursos ao Erário. Quanto a este segundo fundamento para afastar os créditos referentes a aquisição das empresas atacadistas consideradas inidôneas, divirjo do entendimento da decisão da primeira instância. Apesar de existir a citação da existência de operações realizadas com empresas inidôneas, o despacho decisório é claro ao afirmar que matéria não esta sendo objeto de enfrentamento e discussão, conforme consta do trecho abaixo extraído do despacho decisório. 52. No caso examinado há uma presunção que a abertura destas "pessoas jurídicas" era meramente casuística, indicando objetivos escusos, bastando verificar que aproximadamente 33% (trinta e três inteiros percentuais) destas "sociedades" analisadas iniciaram suas "operações" após 09/2002 (fls. 210;219), quando foi publicada a Medida Provisória nº 66/2002 que instituiu a nãocumulatividade para a contribuição para o PIS/Pasep, o que reforça ainda mais as suspeitas. 53. Assim, o que se verifica deste quadro é que, a bem da verdade, estas "pseudopessoas jurídicas" são apenas figuras formais, longa manus de pessoas inescrupulosas que as utilizam em suas práticas ilegais, onde funcionam como intermediárias, com o único propósito de "fabricar" créditos da não cumulatividade para as contribuições em comento. 54. Deixese claro, neste interim, que não se está com isto afirmando que a requerente agiu em conluio ou mesmo que tivesse conhecimento de tal situação, ao passo que não houve nenhuma investigação neste sentido e não há prova que aponte tal realidade, pois não é este o escopo deste trabalho. De forma alguma. Até porque, se isto ocorreu ou vem ocorrendo, estar seia diante de um crime contra a ordem tributária. 55. Nesse contexto, a ausência de provas que una a requerente aos seus fornecedores gera uma presunção de boafé em seu favor. Todavia, em que pese tal circunstância, pressuposta inocência não pode lhe garantir o cômputo normal de tais créditos, justamente porque também foi vítima do procedimento Fl. 2359DF CARF MF 14 ilegal. Demais disso, não se concebe que a adquirente, neste ato requerente do crédito, possa transferir o seu pretenso prejuízo ao Estado, sob pena de se admitir a distribuição por toda a sociedade de um ônus individual. 56. Frisese: nesta peça opinativa não se questiona a existência das operações de venda, mas sim, a inclusão das compras em um debate no cálculo dos créditos a descontar dos valores devidos a título de PIS/Pasep e Cofins nãocumulativos, haja vista que sendo Fisco e contribuinte vítimas de um mesmo golpe, não é possível a socialização do prejuízo sofrido pelo adquirente, exigindose que o Estado arque com um prejuízo dobrado, qual seja, além de nada receber ainda ter de ressarcir aquilo que deveria ter sido recolhido e não foi, ainda que o adquirente tenha agido de boafé. Neste pormenor aplicase o princípio da prevalência dos interesses públicos sobre os particulares. 57. Como se pode extrair, a situação é paradoxal porquanto a Fazenda Nacional é instada a ressarcir um direito creditório que, como contrapartida, não possui o competente recolhimento dos tributos devidos na etapa imediatamente anterior. 58. Diante do que descortinado, a plausível conclusão conduz à inadmissibilidade do pleito formulado integralmente, no que toca às ditas compras de PJ, sob pena de gerar um claro enriquecimento sem causa em detrimento dos cofres públicos, o que representaria uma cessão de interesses públicos.(grifo nosso) A leitura do despacho decisório deixa evidente que não existiu o aprofundamento da matéria referente a aquisição de empresas inidôneas, tampouco tal fato foi utilizado como fundamento para negar o creditamento das operações da Recorrente. O Processo Administrativo Fiscal tem seu desenvolvimento a partir da existência de um lançamento ou decisão fiscal, que é objeto de questionamento por parte do contribuinte, que utilizando dos instrumentos da impugnação ou da manifestação de inconformidade, define as matérias sobre a qual discorda da decisão da autoridade fiscal. A delimitação da lide, submetida a apreciação dos julgamentos administrativos, está restrita aos fundamentos e fatos arrolados no despacho decisório, delimitado pelos argumentos trazidos pelo contribuinte nos seus recursos. No caso em tela, ao meu sentir, restou claramente identificado como fundamento utilizado no despacho decisório para negar os créditos referentes a aquisição de empresas atacadistas consideradas inidôneas, o fato de não existir o recolhimento das contribuições nas etapas anteriores. Assim, entendo que existiu na decisão da primeira instância, a utilização de fundamentos que não constariam do despacho decisório, determinando que tal decisão seja cancelada para realização de um novo julgamento adstrito aos fundamentos constantes do despacho decisório. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para anular a decisão da primeira instância e a realização de um novo julgamento considerando unicamente os fundamentos constantes do despacho decisório. Winderley Morais Pereira Fl. 2360DF CARF MF Processo nº 11543.002360/200548 Acórdão n.º 3201003.025 S3C2T1 Fl. 9 15 Fl. 2361DF CARF MF
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