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Numero do processo: 19647.011377/2004-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
RESSARCIMENTO DE IPI. AQUISIÇÃO DESONERADA DO IPI. CONCOMITÂNCIA DE OBJETO COM AÇÃO JUDICIAL EM CURSO.
Não se conhece do mérito coincidente com o objeto de ação judicial em curso impetrada pela interessada, devendo prevalecer a decisão final a ser exarada pelo Poder Judiciário.
Numero da decisão: 3301-005.343
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida negar provimento.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Presidente
(assinado digitalmente)
Liziane Angelotti Meira - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira , Marcelo Costa Marques D´ Oliveira, Ari Vendramini , Salvador Candido Brandão Junior, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira.
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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AQUISIÇÃO DESONERADA DO IPI. CONCOMITÂNCIA DE OBJETO COM AÇÃO JUDICIAL EM CURSO. Não se conhece do mérito coincidente com o objeto de ação judicial em curso impetrada pela interessada, devendo prevalecer a decisão final a ser exarada pelo Poder Judiciário. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida negar provimento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira , Marcelo Costa Marques D´ Oliveira, Ari Vendramini , Salvador Candido Brandão Junior, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira. Relatório Adoto o relatório constante da decisão recorrida (fls. 110 e seguintes): AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 13 77 /2 00 4- 59 Fl. 185DF CARF MF Processo nº 19647.011377/200459 Acórdão n.º 3301005.343 S3C3T1 Fl. 186 2 O interessado identificado em epígrafe apresentou, em 23/11/2004, pedido de ressarcimento de IPI no valor de R$ 49.011,84, por suposto saldo credor do imposto, apurado em outubro/2004, em decorrência da aquisição de insumos isentos e/ou tributados à alíquota zero. Posteriormente enviou a PER/DCOMP n° 08835.15437.251104.1.3.019562, declarando a compensação de débitos de IPI, PIS/PASEP e COFINS apurados também no mês de outubro de 2004 com aquele suposto crédito de IPI, requerendo sua homologação. Embora o interessado haja omitido inicialmente qualquer informação acerca de existir, ou não, amparo judicial ao seu pleito, apurouse a existência de demanda judicial contra a Fazenda da União no âmbito do processo judicial n° 2002.83.00.0044607, cujo objeto se vincula ao pedido no presente processo administrativo. O Setor competente do SECAT, em consulta ao sítio eletrônico do E. STJ, obteve as informações anexadas às fls.65/68, que evidenciam a interposição de recurso especial n° 644.500 ( 2004/00318349) com relação à AMS 82188PE, correspondente ao processo original cujo número foi identificado acima, pendente de julgamento. O interessado apresentou esclarecimentos acerca das demandas judiciais, conforme consta às fls.51/52 que corroboram o apurado pelo SECAT/DRF/REC. Consta, às fls.50, informação fiscal da equipe de fiscalização do IPI do SEFIS/DRF/REC, propondo o indeferimento do pedido pelas seguintes razões: (i) o que o interessado aponta como insumos tributados à alíquota zero (fls.09/17), são na realidade produtos cuja saída se dá com suspensão do imposto, por força do disposto no artigo 43 do RIPI/2002 ( Decreto n° 4.544/2002), portanto não geram crédito de IPI e, muito menos, da forma calculada, com a utilização de alíquota de 10% sobre o valor das saídas; (ii) O que o interessado identifica como sendo insumos isentos (fls.18/48), são produtos tributados com alíquota zero, ou com alíquota positiva, para cujas saídas não houve destaque do IPI; e (iii) nos termos do art.11 da Lei 9.779/99, apenas é passível de ressarcimento o saldo credor de IPI acumulado ao final de cada trimestrecalendário, depois de abatidos os débitos gerados pelas saídas dos produtos elaborados, e nunca os meros créditos ocorridos em determina o mês, conforme deseja o interessado. Concluiuse, então, pela inexistência de saldo credor de IN passível de ressarcimento quanto ao período de apuração indicado. Foi, então, proferido o Despacho Decisório DRF/REC de fls.71, adotando os fundamentos expostos no Termo de Informação Fiscal de fls.69/70, e determinando assim: "1, não reconhecer o direito creditório pleiteado referente a ressarcimento de IPI do terceiro trimestre de 2004; 2. declarar não homologadas as compensações de débitos constantes das PER/DCOMP 08835.14437.251104.1.3.019562; 3. determinar a cobrança dos débitos de IPI indevidamente compensados constantes das supracitadas PER/DCOMP. Fl. 186DF CARF MF Processo nº 19647.011377/200459 Acórdão n.º 3301005.343 S3C3T1 Fl. 187 3 Ao ... SEORT, para dar ciência ao interessado, ressalvandolhe o direito de apresentar manifèstação de inconformidade perante a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Recife, no prazo de 30 dias a contar da ciência deste ...". Regularmente intimada em 27/10/200, conforme AR de fls.73, foi protocolada a manifestação de inconformidade, cujo teor integral se encontra às fls.75/82, em 05.11.2008, inicialmente no processo n° 19647.019256/200889, depois anexado aos presentes autos, em 02/01/2009, conforme despacho de fls.79. As principais razões de inconformidade podem ser essencialmente resumidas assim: 1. Acusase efetivo descumprimento de decisão judicial (REsp n° 644.500), pedese o reconhecimento do direito de manutenção dos créditos de IPI no caso de suspensão do imposto, a observação da incidência do §5° do art.29 da Lei n° 10.684/2003, e, por fim, a correção monetária (dos créditos de IPI). 2. Em face do entendimento administrativo, corroborado na decisão ora vergastada, que não reconhece o direito da ora manifestante de se apropriar dos créditos decorrentes das aquisições de insumos desonerados, em seu livro de IN (RAIPI), impetrouse Mandado de Segurança (processo n° 2002.83.00.0044667/PE). O pleito judicial foi deferido pelo E. 1RF/5a Região em sede de apelação. A ora Defendente passou, então, a aproveitar seus créditos extemporâneos de IR fundada na decisão judicial, a qual, ressaltase, está em vigor. O processo judicial encontrase para a apreciação de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, no âmbito do REsp n° 644500. 3. Nesse diapasão, a Defendente materializou a compensação de seus créditos de IN com débitos seus relacionados a tributos administrados pela SRF, de acordo com a legislação de regência, e nos moldes exigidos pelo art.74 da Lei 9.430/96., que autorizou a compensação realizada pelo próprio contribuinte sujeito à condição homologatória ulterior da Fazenda. 4. Reitera que todas as compensações materializadas, dentre elas a que enseja o processo administrativo em foco, foram realizadas em total conformidade com os termos da decisão judicial cuja ementa está transcrita às fls.77 (AGTR n° 42.173/PE e MAS n° 82.188PE). Aliás, há Parecer emitido pela própria Procuradoria da Fazenda Nacional, provocada a se manifestar nos autos do processo administrativo n° 10480.010459/200290, reconhecendo o direito da Impugnante nos seguintes termos: "(..) A decisão na MAS merece ser cumprida respeitandose seus estritos termos: deverá ser observado o direito efetivamente reconhecido no acórdão, o qual, como se depreende da cópia anexada, autoriza o particular tão somente a utilizarse dos créditos advindos das aquisições de INSUMOS sob ISENÇÃO OU ALIQUOTA ZERO, ATRAVÉS DE COMPENSAÇÃO COM O PRÓPRIO IPI OU COM OUTROS TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS. Tendo por pressuposto os limites da decisão colegiada nos do AMS n° 82.188PE, passaremos, pois , a responder os questionamentos bem colocados ao fim do Termo de Verificaçâ'o Fiscal: a) há direito ao creditamento do IPI no livro de registros de apuração do IPI, diante da situação atual da apreciação da lide Fl. 187DF CARF MF Processo nº 19647.011377/200459 Acórdão n.º 3301005.343 S3C3T1 Fl. 188 4 judicial e recursos diversos?Resposta: Em razão da existência de ordem liminar e de decisão favorável proferida em Apelacão, há direito ao creditamento do 1P1 no RAIPI, porém exclusivamente quanto asa aquisições de insumos sob isenção ou alíquota zero (...)".(Grifos da manifestante) 5. Com efeito, nada obstante o reconhecimento da vigência e efetividade da decisão judicial, houve seu descumprimento, posto que desconsidera o direito reconhecido judicialmente de aproveitamento dos insumos desonerados, bem como a incidência de correção monetária, de modo que o ato administrativo ora rechaçado incorre em flagrante ilegalidade. Sobre o direito ao crédito na aquisição de insumos desonerados e sua correção monetária apresenta a ementa de julgado, a qual ora se transcreve (conforme está às fis.79): "TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. RECURSO ESPECIAL 1P1. CRÉDITOS DECORRENTES DA AQUISIÇÃO DE INSUMOS UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO DE PRODUTOS SUJEITOS À ALIQUOTA ZERO, ISENTOS OU NÃOTRIBUTADOS. APROVEITAMENTO DOS CRÉDITOS. RESIS7'ÊNCI4 DO FISCO. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCL4 SÚMULA 168/ST1 1. A Primeira Seção, ao apreciar os Embargos de Divergência n° 468.926/SC, relatados pelo Ministro Teori Zavascki, entendeu ser devida a correção monetária dos créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos e matériaprima utilizados na fabricação de produtos sujeitos á alíquota zero, isentos ou não tributados, quando o ente público impõe resistência ao aproveitamento dos créditos. 2. Precedente do STF. 3. "Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão embargado" (Súmula 168/STJ). 2. Embargos não conhecidos. (STJ:S1 PRIMEIRA SEÇÃO: EREsp 614660/pr; W em 11/05/2005)". 6. Deve ser considerada a pacífica jurisprudência do STJ no sentido de reconhecer o direito à correção monetária dos créditos reconhecidos, bem como dos valores que restarem validados posteriormente. 7. Quanto à forma de apuração dos créditos, Com efeito a decisão existente em favor da Impugnante termina por alargar a interpretação costumeiramente dada à incumulatividade do IPI, para efeito de garantir aos adquirentes de insumos desonerados de IPI, o direito de apuração do crédito nessas operações. Por inexistir valor destacado, do IPI, no corpo das respectivas notas fiscais, a apuração do crédito se faz pela aplicação da alíquota prevista para a operação de saída do produto final, aplicada sobre o valor de aquisição do insumo desonerado. Sendo essa a única forma de se obter a efetividade do direito salvaguardado pelo Poder Judiciário à ora Defendente. O procedimento fiscal materializado em planilha (fls...), desrespeita a decisão judicial em pleno vigor que, certa ou errada, é favorável à Impugnante e deve ser cumprida pelo órgão fazendário, sob pena de infringência ao postulado da divisão de poderes albergado em Fl. 188DF CARF MF Processo nº 19647.011377/200459 Acórdão n.º 3301005.343 S3C3T1 Fl. 189 5 nossa Carta Magna. Eis um dos motivos ensejadores da reforma ora pleiteada, a planilha fiscal que subsidia a decisão combatida desrespeita a decisão judicial favorável, sob a premissa falsa de inexistência dos créditos de IPI decorrentes da aquisição de nsumos isentos de IPI ou submetidos à alíquota zero. 8. Ademais, a referida planilha fiscal glosou créditos referentes ao IPI suspenso. Assim dispõe o art.29 da Lei 10.637/2003, verbis: "Art.29. As matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem, destinados a estabelecimento que se dedique, preponderantemente, á elaboração de produtos classificados nos Capítulos 2, 3,4,7,89,10,11,12,15,16,17,18, 19, 20, 23 (exceto códigos 2309.10.00 e 2309.90.30 e Ex01 no código 2309.90.90), 28, 29, 30, 31 e 64, no código 2209.00.00 e 2501.00.00, e nas posições 21.01 a 21.05.00, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados — TIPI, inclusive aqueles a que corresponde a notação NT (não tributados), sairão do estabelecimento industrial com suspensão do referido imposto. (Redação dada pela Lei no 10.684, de 30.5.2003). §50. A suspensão do imposto não impede a manutenção e a utilização dos créditos do IPI pelo respectivo estabelecimento industrial, fabricante das referidas matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem". 9. Não é por outra razão que o §3° do art.5° da Lei 9.826/99, c/a redação dada pela Lei 10.485/2002, já assegurava no caso de suspensão do IPI a manutenção e utilização dos créditos de IPI. Assim, diante de todo o acima exposto, caracterizada a improcedência da decisão em vergaste, seja pela glosa indevida de créditos que possui a defendente, seja pelo efetivo descumprimento da decisão judicial em favor da Impugnante, seja, ainda, pelo inequívoco direito à correção monetária, requer seja reformada a decisão em foco. Conforme consta às fls. 104, foram apresentadas manifestações de inconformidade contra os despachos decisórios proferidos nos processos n° 19647.001993/200311, 19647.001064/200492, 19647.003297/200349, 10480.007213/2003 11, 19647.011377/200459, 19647.000212/200451, 19647.002282/200444 e 19647.003145/200427, constatandose ausência das assinaturas dos outros sócios da sociedade limitada no instrumento procuratório pertinente, com infração a cláusula do contrato social. Houve intimação da empresa interessada para que suprisse os presentes autos com nova procuração. Cumprida a exigência, conforme consta às fls.105/106, foi o processo remetido a esta DRJ para julgamento. Fl. 189DF CARF MF Processo nº 19647.011377/200459 Acórdão n.º 3301005.343 S3C3T1 Fl. 190 6 Analisada a manifestação de inconformidade, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento julgou parcialmente procedente, com a seguinte ementa (fl. 108): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 RESSARCIMENTO DE IPI. AQUISIÇÃO DESONERADA DO IPI. CONCOMITÂNCIA DE OBJETO COM AÇÃO JUDICIAL EM CURSO. Não se conhece do mérito coincidente com o objeto de ação judicial em curso impetrada pela interessada, devendo prevalecer a decisão final a ser exarada pelo Poder Judiciário. SAÍDA COM SUSPENSÃO DO IPI. ENTENDIMENTO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE DIREITO CREDITÓRIO NA AQUISIÇÃO ISENTA OU SUBMETIDA À ALÍQUOTA ZERO Não sendo tributado o produto final porque imune, isento, submetido à alíquota zero ou mesmo nãotributado NT, ainda que a aquisição do insumo se desse com suspensão do imposto, remanesceria direito de crédito relativo á aquisição onerada. Segundo o entendimento oficial, na cadeia de produção industrial, da aquisição do insumo onerada pelo IPI resultará direito de crédito. No presente caso, no entanto, tratamse de aquisições de insumos isentas do IPI ou submetidas à alíquota zero. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA A CORREÇÃO MONETÁRIA DE CRÉDITO ESCRITURAL. Não há previsão legal de atualização monetária de créditos escriturais. Não se confunde a natureza do crédito de IPI decorrente de eventual aquisição de MP, PI ou ME, utilizados na fabricação do produto final com a de um mero indébito, posto que aquele obedece a regime jurídico especial. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Acórdão Foi apresentado Recurso Voluntário (fls. 141 e seguintes), no qual a Recorrente assevera que não há concomitância nas esferas administrativa e judicial, defende seu direito à restituição/ressarcimento e também solicita que sejam analisadas suas declarações de compensação. Voto Fl. 190DF CARF MF Processo nº 19647.011377/200459 Acórdão n.º 3301005.343 S3C3T1 Fl. 191 7 Conselheira Liziane Angelotti Meira Relatora. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. Defende a Recorrente seu direito de utilizar créditos relativos a decisão judicial ainda não transitada em julgado. Observese, contudo, que a utilização de crédito ainda pendente de decisão judicial definitiva encontrase expressamente vedada no art. 170A do CTN, e no art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, os quais transcrevemos: Código Tributário Nacional Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Lei nº 9.430, de 1996 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...) § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (...) II em que o crédito: (...) d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado;ou (grifouse) Cabe consignar a informação de que o processo judicial em pauta teve trânsito em julgado com decisão desfavorável à Recorrente, com a seguinte ementa: AMS 82188/PE (2002.83.00.0044607) APTE : ENGARRAFADORA IGARASSU LTDA ADV/PROC : FÁBIO HENRIQUE DE ARAÚJO URBANO e outros APDO : FAZENDA NACIONAL ORIGEM : 7ª Vara Federal de Pernambuco (Especializada em Questões Agrárias) RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL VLADIMIR SOUZA CARVALHO (Ementa) Tributário. Retorno dos autos para, se for o caso, se proceder a adequação do acórdão, nos termos do art. 543B, § 3º, do Código de Processo Civil, por destoar do entendimento adotado em repercussão geral, RE 562.980, que tem como questão Fl. 191DF CARF MF Processo nº 19647.011377/200459 Acórdão n.º 3301005.343 S3C3T1 Fl. 192 8 controvertida o creditamento de IPI em relação à aquisição de insumos ou de produtos intermediários aplicados na fabricação de produtos finais sujeitos à alíquota zero ou isentos. 1. O entendimento do Supremo Tribunal Federal é de apenas haver direito constitucional a créditos de IPI, com supedâneo no princípio da não cumulatividade, quando se verifica superposição impositiva, com a incidência tributária na operação antecedente e também na de saída dos produto, exceto diante de previsão de lei específica, o que não é o caso dos autos, vez que se trata aqui de insumos sujeitos à alíquota zero, isentos ou não tributados e produto final tributado. 2. O acórdão recorrido destoa do entendimento do Supremo Tribunal Federal ao conferir à apelante o direito aos créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos isentos ou tributados à alíquota zero, diante de produto final tributado. 3. Adequação do julgado ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, passando se a negar provimento à apelação da Empresa. (Acórdão) Vistos, etc. Decide a Egrégia Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, adequar o acórdão recorrido, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos. Recife, 10 de março de 2015. (Data do julgamento) Ademais, adotase o entendimento constante da decisão de piso no sentido de que (fl. 114): No caso concreto, segundo as informações colhidas pela DRF/REC, e corroboradas pela manifestante, a demanda judicial proposta contra a Fazenda Nacional tem objeto em parte coincidente com o proposto no presente processo administrativo. As informações anexadas evidenciam a interposição de recurso especial (REsp n° 644.500 2004/00318349) com relação à AMS 82188PE, correspondente ao processo original n° 2002.83.00.0044607, pendente de julgamento. Não cabe no presente processo reconhecer ou autorizar matéria submetida e decidida pelo Poder Judiciário. Portanto, não se toma conhecimento da parte do mérito que coincide com o objeto da ação judicial em curso, e quanto ao mérito remanescente, desbordante da lide judicial, propõese manter o indeferimento do pedido. Diante do exposto, voto por conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida negar provimento. (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira Fl. 192DF CARF MF Processo nº 19647.011377/200459 Acórdão n.º 3301005.343 S3C3T1 Fl. 193 9 Fl. 193DF CARF MF
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Numero do processo: 10320.720171/2010-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.441
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. Charles Mayer de Castro Souza Presidente. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior. Relatório Inicialmente é necessário esclarecer que o presente feito compreende um lote de 36 processos conexos, todos eles relativos Pedidos de Ressarcimento de créditos de PIS e COFINS apurados pelo regime da nãocumulatividade nos anos calendários de 2003 a 2008. Tratamse dos seguintes processos: PROCESSO ACÓRDÃO DRJ TRIBUTO PERÍODO 10320.720149/201020 0830.513 PIS 2ª Trim 2003 10320.720150/201054 0831.407 PIS 3ª Trim 2003 13338.000103/200441 0831.247 PIS 1ª Trim 2004 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 20 .7 20 17 1/ 20 10 -7 0 Fl. 341DF CARF MF Processo nº 10320.720171/201070 Resolução nº 3201001.441 S3C2T1 Fl. 3 2 10320.720152/201043 0830.749 PIS 2ª Trim 2004 13338.000011/200542 0831.246 PIS 3ª Trim 2004 10320.720169/201009 0831.237 COFINS 4ª Trim 2004 10320.720047/201012 0830.748 COFINS 1ª Trim 2005 10320.720155/201087 0830.750 PIS 1º Trim 2005 19647.012516/200542 0825.611 COFINS Abril/2005 13338.000155/200680 0830.757 COFINS 2ª Trim 2005 10320.720156/201021 0830.751 PIS 2º Trim 2005 19647.007420/200562 0822.687 PIS 3ª Trim 2005 10320.720157/201076 0830.752 PIS 3º Trim 2005 10320.720170/201025 0830.755 COFINS 3º Trim 2005 10320.720158/201011 0830.753 PIS 4ª Trim 2005 10320.720171/201070 0830.931 COFINS 4º Trim 2005 10320.720159/201065 0830.936 PIS 1º Trim 2006 10320.720172/201014 0831.238 COFINS 1º Trim 2006 10320.720160/201090 0830.927 PIS 2º Trim 2006 10320.720161/201034 0830.928 PIS 3ª Trim 2006 10320.720174/201011 0830.933 COFINS 3º Trim 2006 10320.720162/201089 0830.929 PIS 4º Trim 2006 10320.720175/201058 0830.934 COFINS 4º Trim 2006 10320.720163/201023 0830.930 PIS 1º Trim 2007 10320.720164/201078 0830.937 PIS 2º Trim 2007 10320.720177/201047 0830.938 COFINS 2º Trim 2007 10320.720165/201012 0831.233 PIS 3º Trim 2007 10320.720178/201091 0831.239 COFINS 3º Trim 2007 10320.720166/201067 0831.234 PIS 4º Trim 2007 10320.720179/201036 0831.240 COFINS 4º Trim 2007 10320.720167/201010 0831.235 PIS 1º Trim 2008 10320.720180/201061 0831.241 COFINS 1º Trim 2008 10320.720168/201056 0831.236 PIS 2º Trim 2008 10320.720181/201013 0831.242 COFINS 2º Trim 2008 10320.720182/201050 0831.243 COFINS 3º Trim 2008 10320.720183/201002 0831.408 COFINS 4ª Trim 2008 Desse modo, a presente Resolução será replicada em todos os processos acima referidos, devendose, na execução do julgado, observarse aquilo que se aplica a cada um dos fatos geradores abrangidos. Como dito, tratamse de diversos Pedidos de Ressarcimento de créditos de PIS e COFINS oriundos da aquisição de bens e serviços utilizados na fabricação de bens exportados para o mercado externo, apurados trimestralmente, além de um Auto de Infração. Conforme Relatório Fiscal integrante do Despacho Decisório: (...) o não reconhecimento do crédito se deu em virtude de vários fatores, compreendendo cômputo de outras receitas registradas na escrituração contábil (livro razão) e fiscal (livros registro de entrada, registro de saída, apuração de IPI, inventário etc) não informadas pelo Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10320.720171/201070 Resolução nº 3201001.441 S3C2T1 Fl. 4 3 contribuinte no Dacon, bem como glosa de créditos informados no Dacon, mas não respaldados na contabilidade, incidentes sobre gastos ou despesas: Fl. 343DF CARF MF Processo nº 10320.720171/201070 Resolução nº 3201001.441 S3C2T1 Fl. 5 4 A Recorrente apresentou Manifestações de Inconformidade e Impugnação solicitando o reconhecimento integral do crédito postulado. Após exame, a DRJ proferiu acórdão assim ementado (ajustandose, apenas, para cada processo, o tributo PIS ou COFINS e o período de apuração): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 PEDIDO DE PERÍCIA. CARÁTER TÉCNICO DA PROVA. A perícia é meio de prova destinado a exames que requeiram conhecimento técnico específico. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10320.720171/201070 Resolução nº 3201001.441 S3C2T1 Fl. 6 5 processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas os autos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. A partir de dezembro de 2002, a base de cálculo da contribuição é o faturamento, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. RECEITA FINANCEIRA. ALÍQUOTA ZERO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A partir de agosto de 2004, estão sujeitas à alíquota zero as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas submetidas ao regime nãocumulativo. As receitas submetidas à alíquota zero não integram a base de cálculo da contribuição. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. CRÉDITOS NA AQUISIÇÃO. Quando adquiridos, os bens e serviços utilizados como insumo geram direito ao crédito na incidência nãocumulativa da contribuição. INSUMO. FORNECEDOR OPTANTE PELO SIMPLES. O fato de a pessoa jurídica fornecedora do bem enquadrado como insumo ser optante pelo Simples não obsta o direito de crédito do adquirente, relativamente ao valor pago. INSUMO. FORNECEDOR PESSOA FÍSICA. Não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. INSUMO. FORNECEDOR OU PRESTADOR. SITUAÇÃO FISCAL IRREGULAR. A situação fiscal irregular do fornecedor ou prestador não constitui obstáculo ao creditamento sobre o valor de bens e serviços. FALTA DE PROVA. UTILIZAÇÃO COMO INSUMO. Incumbe ao manifestante comprovar que determinado bem ou serviço, sobre o qual pleiteia creditamento, foi utilizado como insumo na fabricação de produtos destinados à venda. Fl. 345DF CARF MF Processo nº 10320.720171/201070 Resolução nº 3201001.441 S3C2T1 Fl. 7 6 RESSARCIMENTO. INSUMO CORPÓREO. Para configurar insumos para os fins de creditamento na forma do disposto no art. 3º, II, da Lei nº 10.637, de 2002, e do art. 3º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, as matérias primas, os produtos intermediários e o material de embalagem, utilizados na fabricação de bens destinados à venda, devem sofrer alterações, tais como o desgaste, o dano, ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, e, ainda, não podem representar acréscimo de vida útil superior a um ano ao bem em que forem aplicadas. RESSARCIMENTO. SERVIÇO. INSUMO. Na apuração do PIS/Pasep e da Cofins, a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre gastos incorridos com serviços utilizados como insumo, desde que pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. RESSARCIMENTO. ENERGIA ELÉTRICA. Podem ser descontados créditos da Cofins e do PIS/Pasep Nãocumulativos sobre os gastos totais com a energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica. RESSARCIMENTO. COMBUSTÍVEIS. O gasto com combustíveis utilizados como insumos na fabricação de produtos gera crédito na apuração da Cofins e do PIS/Pasep Não Cumulativos, ainda que submetidos à tributação monofásica com base em alíquota diferenciada, sendo os créditos calculados, todavia, com base nas alíquotas padrões. FRETE NA COMPRA DE INSUMOS. Não há previsão legal para apurar créditos de frete nas operações de compra. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em ParteA O acórdão recorrido, portanto, afastou as seguintes glosas: (i) receitas financeiras (determinou a exclusão das receitas financeiras da base de cálculo das contribuições); (ii) bens adquiridos e não integralmente pagos aos fornecedores no mesmo trimestre de apuração (aplicação do regime de competência); (iii) bens adquiridos de pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES; Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10320.720171/201070 Resolução nº 3201001.441 S3C2T1 Fl. 8 7 (iv) créditos adquiridos de pessoas jurídicas com irregularidades, posto que não comprovado pela Fiscalização a inaptidão do respectivos CNPJs; As glosas mantidas foram as seguintes: (v) receitas de recuperação de despesas (manteve as receitas de recuperação de despesas na base de cálculo das contribuições) (vi) carvão adquirido de produtores rurais pessoas físicas, portanto, não sujeitos à incidência do PIS e da COFINS; (vii) serviços utilizados como insumos, em razão destes não estarem devidamente escriturados em DACON e, também, pela ausência de demonstração da sua inserção no "conceito funcional de insumo"; (viii) aquisição de energia elétrica em razão de divergências entre os livros fiscais e os balancetes de verificação; (ix) frete sobre operações de compra, por ausência de previsão legal; (x) "outros valores com direito a crédito", por ausência de comprovação da natureza de tais créditos Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos de defesa apresentados quanto ao crédito tributário mantido, requerendo: (a) o afastamento da declaração de preclusão do direito à apresentação de documentos probatórios; (b) o afastamento do critério físico na apuração do PIS e da COFINS não cumulativos, com a utilização dos conceitos de custos necessários à obtenção de receita, conforme legislação do Imposto de Renda; (c) a autorização para a apropriação de créditos sobre a aquisição de carvão de pessoas físicas, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004; (d) a autorização para apropriação de créditos decorrentes da aquisição de insumos, ainda que não escriturados corretamente em DACON (erro material), bem como pela negativa imposta de comprovação da sua essencialidade; (e) a autorização para apropriação de créditos em decorrência da aquisição de energia elétrica, consumida no processo produtivo, devendo ser afastadas eventuais inconsistências verificadas em DACON; (f) a legitimidade da apropriação de créditos sobre quisição de fretes, seja nas operações de venda, seja nas aquisições; (g) autorização para a apropriação de créditos diversos decorrentes da aquisição de insumos (bens ou serviços) essenciais ao seu processo produtivo; Fl. 347DF CARF MF Processo nº 10320.720171/201070 Resolução nº 3201001.441 S3C2T1 Fl. 9 8 (h) requer a conversão do feito em diligência para a realização de perícia contábil para a verificação dos alegados erros de declaração e, também, da essencialidade dos insumos adquiridos; (i) por fim, requer seja determinada a aplicação da correção monetária sobre o crédito tributário a ser ressarcido. Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio ou por redistribuição em razão de conexão. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Conforme se verifica pelo relato dos fatos, o presente feito abrange tanto discussões exclusivamente de direito, como aspectos relacionados à materialidade do crédito tributário, quanto questões relativas aos cálculos de apuração do crédito tributário. Nesse aspecto, 2 (duas) questões sobressaltam e, a meu ver, demandam melhor análise dos fatos: (i) existência de divergências entre valores declarados em DACON e escriturados em documentos contábeis; (ii) essencialidade de itens ao processo produtivo da Recorrente. Quanto ao primeiro, tenho que deve se observar, na hipótese dos autos, o princípio da verdade material a ser perseguido no curso do procedimento administrativo de constituição do crédito tributário. Por óbvio, a aplicação de tal princípio deve estar calcada na necessária observância ao ônus da prova. Tratandose de apuração de créditos de PIS e COFINS, cabe ao contribuinte demonstrar a existência do seu direito. Verifico que a Recorrente, em sua defesa e em seu Recurso Voluntário, apresentou alegações e documentos pelos quais busca legitimar os valores dos créditos considerados em sua apuração, especialmente com relação aos seguintes pontos, conforme redação utilizada pelo Acórdão recorrido: "(...)despesas incorridas com serviços prestados por pessoa jurídica, declaradas pelo contribuinte no Dacon como utilizados como insumo, mas não verificadas na sua escrituração (...)". "(...) despesas com energia elétrica, declaradas pelo contribuinte no Dacon, mas não integralmente comprovadas na escrituração (...)" Fl. 348DF CARF MF Processo nº 10320.720171/201070 Resolução nº 3201001.441 S3C2T1 Fl. 10 9 "(...) despesas com armazenagem e frete, declaradas pelo contribuinte no Dacon, mas em valores significativamente inferiores aos comprovados na escrituração (...)" "(...) crédito relativo a outras operações com direito a crédito, identificada na linha 13 da ficha 6 do Dacon (...)" Embora o acórdão proferido tenha se manifestado acerca das alegações de erros cometidos pela Recorrente, não adentrou acerca da análise específica dos documentos apresentados, limitandose a concluir que competia ao contribuinte, ao prestar suas informações, trazer maiores especificações e detalhamentos. Assim, ainda sem concluir pela prestabilidade ou não dos esclarecimentos e documentos apresentados pela Recorrente, entendo que tais demonstrações não restaram devidamente examinadas pelo acórdão recorrido, merecendo melhor análise. Quanto ao segundo aspecto, atinente aos insumos aplicados ao processo produtivo da Recorrente, sabese que, há muito, a jurisprudência deste CARF vinha se firmando no conceito da essencialidade como critério autorizador à tomada de créditos no regime não cumulativo do PIS e da COFINS. Tal entendimento foi recentemente chancelado pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recurso Representativo de controvérsia, portanto, de observância obrigatória por este órgão julgador: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e Fl. 349DF CARF MF Processo nº 10320.720171/201070 Resolução nº 3201001.441 S3C2T1 Fl. 11 10 lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. (REsp 1221170/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/02/2018, DJe 24/04/2018) Assim, para a análise acerca da legitimidade das glosas efetuadas pela Fiscalização, necessário perquirir acerca da natureza de tais insumos e a sua essencialidade ao processo produtivo, aspecto não adentrado, seja em sede de lançamento, seja pela decisão de primeiro grau. Pelo exposto, voto por converter o feito em diligência para que a Autoridade Lançadora intime o contribuinte para, no prazo de 60 (sessenta) dias, prorrogável por mais 30 (trinta) dias: (i) apresentar, de forma detalhada, quais os erros de declaração existentes em suas DACONs, indicando, com o devido lastro probatório, os corretos valores a serem observado, podendo a Autoridade lançadora solicitar especificamente os documentos que entenda necessários para tal comprovação; (ii) apresentar laudo descritivo da sua atividade operacional, indicando, para cada um dos itens (insumos) objeto de glosa, sua aplicação e essencialidade ao seu processo produtivo. Após, deverá a Autoridade Lançadora se manifestar acerca das informações e documentos apresentados pela Contribuinte, notadamente no que se refere aos alegados erros de preenchimento das DACONs e respectivos documentos probatórios, apresentando relatório conclusivo. Concluído, abrase novo prazo de (30) trinta dias para que a Recorrente se manifeste acerca do Relatório Fiscal. Ao final, retornemse os autos para julgamento. Esclareço que o prazo concedido é único e aplicase a todos os processos objeto da presente Resolução. Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 350DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.010266/2007-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/03/2002
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECADÊNCIA.
O prazo decadencial para a constituição de exigência previdenciária decorrente de descumprimento de obrigação acessória inicia sua contagem a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
PENALIDADE. LEI NOVA.
Nos casos não definitivamente julgados, aplica-se a fato pretérito a lei que comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração.
Numero da decisão: 2201-004.808
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama,, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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DECADÊNCIA. O prazo decadencial para a constituição de exigência previdenciária decorrente de descumprimento de obrigação acessória inicia sua contagem a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. PENALIDADE. LEI NOVA. Nos casos não definitivamente julgados, aplicase a fato pretérito a lei que comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama,, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 01 02 66 /2 00 7- 15 Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10580.010266/200715 Acórdão n.º 2201004.808 S2C2T1 Fl. 147 2 O presente processo trata do Auto de Infração por descumprimento de obrigação acessória, NFLD 37.071.8763, fl. 2, por ter o contribuinte apresentado a Guia de Recolhimentos do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias ocorridas nas competências de 01/1999 a 03/2002, conforme previsto no Inciso V do art. 32, e parágrafo 5º da Lei 8.212/91. As informações não declaradas em GFIP foram apuradas nos seguintes levantamentos, os quais resultaram na emissão da Notificação Fiscal de Lançamento de Débitos. DEBCAD 37.071.8780, objeto do processo administrativo fiscal nº 10580.010263/200781. ALI ALIMENTAÇÃO, referente à parcela in natura recebida sob a forma de utilidade alimentação, fornecida pela empresa, não inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), motivo pelo qual os valores relativos a estas despesas foram considerados salários de contribuição, de acordo com o art. 28, parágrafo 9°, a1ínea“c”, da Lei 8.212/91. CON CONTABILIDADE, referente às remunerações pagas aos contribuintes individuais, levantadas através dos Livros Contábeis, a título de prólabore e prestação de serviços de pessoa física, bem como remunerações pagas aos segurados empregados referentes à gratificação; FL1 Desconto de segurados não declarado em GFIP; FOL DIFERENÇA FOLHA DE PAGAMENTO, remunerações pagas aos segurados empregados através de folhas complementares e diferenças apuradas não declaradas em GFIP; RES RESCISÃO NÃO DECLARADA NA GFIP, rescisões trabalhistas pagas a segurados empregados não declaradas em GFIP. Ciente do lançamento em 28 de julho de 2007, conforme AR de fl. 46, inconformado, o contribuinte formalizou a impugnação de fl. 52 e ss, lastreada nas seguintes questões: II DA PRELIMINAR AUSÊNCIA DE CLAREZA DA NFLD SUPRESSÃO DO DIREITO À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO.(...) fl. 53 “Portanto, informações generalizadas e imprecisas, ausência da descrição pormenorizada da forma de calcular a atualização monetária, os juros de mora, e, ainda, a ausência de definição da natureza da dívida, por si só, já implicam em NULIDADE do lançamento fiscal realizado”, fl. 57. III DO MÉRITO A) DA DECADÊNCIA .(...) fl. 58 Considerando que a lavratura desta autuação só se deu em julho de 2007, e que o prazo decadencial iniciase com a ocorrência do fato gerador, É INQUESTIONÁVEL A DECADÊNCIA DE Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10580.010266/200715 Acórdão n.º 2201004.808 S2C2T1 Fl. 148 3 TODO O PERÍODO LAVRADO 01/1999 a 03/2003 , PELO QUE FULMINADAS DE TOTAL IMPROCEDÊNCIA”, fl. 63. B) DA IMPROCEDÊNCIA DA BASE DE CÁLCULO CONSIDERADA NA FISCALIZAÇÃO NA NFLD REFLEXA 37.071.8780. (FL. 63) B.1) DA IMPOSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS SOBRE O AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO QUANDO HÁ DESCONTO EM FOLHA.(fl. 63) É que o referido auxílio prestado pela Impugnante se dá mediante o desconto em folha de pagamento, o que afasta a incidência das contribuições previdenciárias, consoante reiterada jurisprudência...”(...), fl. 95 Assim sendo, resta evidente que o auxílio prestado pela Impugnante não pode ser considerado como saláriode contribuição e, via de conseqüência, não pode ser base de cálculo de contribuições sociais. fl. 102. B.2) DA CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. fl. 71 Ocorre que a exigência da contribuição sobre autônomos denota falta de qualquer suporte de juridicidade. Com efeito, após a edição da Lei 8.212/91 e posteriormente da Lei n° 9.528/97, as empresas em geral passaram a ser obrigadas a recolher 20% (vinte por cento) sobre o total dos valores pagos a qualquer título, aos segurados empregados, que lhe prestem serviços, inclusive em virtude da Lei Complementar n° 84/96, obrigadas a recolher 15% (quinze por cento) sobre o total dos valores pagos a trabalhadores autônomos. Tais dispositivos além de majorarem a alíquota aplicável criaram também um novo campo de incidência tributária, qual seja, a exação ora questionada. Todavia, incabível é tal exigência, por alguns motivos básicos e igualmente relevantes. A começar pelo fato dessa Contribuição ter sido criada para custear a chamada Seguridade Social, sendo, porém deteminado no art. 195, inciso I, da Constituição Federal, que a seguridade seria financiada através de contribuições dos empregadores incidentes sobre a folha de salário, o faturamento e o lucro. Óbvio, portanto, que os pagamentos efetivados aos autônomos não têm natureza salarial, posto que não se lhes pode atribuir vínculo de emprego, 0 que, em qualquer hipótese, estaria vedada a dupla incidência de gravame, conforme se depreende do disposto no art. 154, da Constituição Federal. B.3) SEGURO ACIDENTE DO TRABALHO SAT, fl 72. (...) O inciso II do art. 22, da Lei n° 8.212/91, deixou de conceituar elementos essenciais para que a cobrança da Contribuição fosse possível, tais como: o que se deve entender por “atividade preponderante” e “risco de acidente do trabalho Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10580.010266/200715 Acórdão n.º 2201004.808 S2C2T1 Fl. 149 4 leve”, “médio” ou “grave”, tendo o Poder Executivo editado o Decreto n° 612/92, que, nos parágrafos do seu art. 26, conceituou tais elementos.(...), Em suma, a legalidade tributária não se conforma com a mera autorização da lei para a cobrança de tributos, requerse que a própria lei defina todos os aspectos pertinentes ao fato gerador necessários à quantificação do tributo devido em cada situação concreta que venha a espelhar a situação hipotética descrita na 1ei, fl. 74" É, portanto, ilegal e inconstitucional a exigência da contribuição ao SAT da Impugnante, razão pela qual deve ser julgada improcedente o lançamento feito sobre esta rubrica, fl. 75. B.4) DA INCORREÇÃO NAS ALÍQUOTAS APLICADAS ÀS CONTRIBUIÇÕES PARA TERCEIROS, fl. 75 (...)somente poderiam ser imputados os valores referentes às rubricas:Salárioeducação a 2,5%, INCRA a 0,2% e SEBRAE a 0,6%, totalizando uma alíquota de 3,3% sobre a folha de salários, fl. 78. A Impugnante não exerce atividade comercial, mas sim presta serviços de natureza eminentemente civil, razão pela qual devem ser afastadas da alíquota os 2,5% referentes ao SESC e ao SENAC. É, destarte, o que desde já se requer, fl. 78. B.5) COBRANÇA DE MULTA COM CARÁTER CONFISCATÓRIO: AFRONTA ÀS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS. fl. 78 No presente caso, inobstante a absoluta improcedência da autuação imposta à Impugnante, vale a advertência de que está sendo aplicada multa em valor nitidamente confiscatório, em afronta direta as garantias constitucionais do cidadão contribuinte; configurandose, com esta atuação, típica violação aos direitos mais básicos assegurados pela Constituição Federal. Na análise da impugnação, a 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Salvador/BA considerou procedente o lançamento, exarando o Acórdão 1515.595, de 17 de março de 2008, fl. 91 a 110. Ciente do Acórdão da DRJ em 11 de agosto de 2008, AR de fl. 112, ainda inconformado, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fl. 114 e ss, em 10 de setembro de 2008, no qual discorre sobre as razões que, no seu entendimento, justificariam a reforma da decisão de 1ª instância. Tais razões foram detalhadamente expostas nos seguintes tópicos do Recurso, sendo, basicamente, a reafirmação dos mesmos tópicos já tratados na impugnação: A) Decadência das competências lançadas; B) Da improcedência da base de cálculo considerada na fiscalização na nfld reflexa 37.071.8780.: Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10580.010266/200715 Acórdão n.º 2201004.808 S2C2T1 Fl. 150 5 B1) Da dispensabilidade da inscrição no PAT; B2) Da Contribuição Patronal; B3) Seguro Acidente do Trabalho SAT; C) Cobrança de multa com caráter confiscatório: Afronta às garantias constitucionais. Em seus pedidos, pleiteia o reconhecimento da decadência para o período fiscalizado e a total improcedência da NFLD em tela. Requer, ainda, caso não aceitas as alegações de mérito suscitadas, a revisão da multa aplicada. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Relator Em razão de ser tempestivo e por preencher demais condições de admissibilidade, conheço do presente Recurso Voluntário. Inicialmente, importante destacar que o presente processo foi distribuído a este Relator no mês de julho de 2016, sendo despachado, no mesmo mês, com vistas à reunião de outras demandas originárias do mesmo procedimento fiscal. A demora na vinculação requerida, resultou no julgamento de processos em datas diversas, em razão da expiração do prazo regimental para conclusão da análise daqueles processos que já se encontravam sob a responsabilidade deste Relator. O presente retornou para análise em 17 de outubro de 2018. DA DECADÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS LANÇADAS. Quanto ao tema, assim restou ementada a decisão recorrida, fl. 91/92: DECADÊNCIA. O direito de a Seguridade Social apurar e constituir seus créditos somente extinguese após 10 (dez) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído, conforme art. 45 da Lei n° 8.212/91. Sobre o amparo legal da decisão recorrida no que se refere à decadência, o Supremo Tribunal Federal STF declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91, editando a Súmula Vinculante n° 08, nos seguintes termos: Súmula Vinculante n° 08: “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10580.010266/200715 Acórdão n.º 2201004.808 S2C2T1 Fl. 151 6 Assim, resta evidente a inaplicabilidade do art. 45 da lei 8.212/91 para amparar o direito da fazenda pública em constituir o crédito tributário mediante lançamento, o que equivale a assentar que, como os demais tributos, as contribuições previdenciárias sujeitamse aos artigos 150, § 4º, e 173 da Lei 5.172/66 (CTN), cujo teor merece destaque: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (...) Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Grifouse Para a aplicação da contagem do prazo decadencial, este Conselho adota o entendimento do STJ, no Recurso Especial nº 973.733/SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008, e, portando, de observância obrigatória neste julgamento administrativo. Assim, o prazo decadencial inicia sua fluência com a ocorrência do fato gerador nos casos de lançamento por homologação, quando há antecipação do pagamento, conforme artigo 150, § 4º do CTN. Por outro lado, contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, inciso I do art. 173 do CTN, nos demais casos, configurando esta a regra e aquela a exceção. No presente caso, estamos diante de um lançamento por descumprimento de obrigação acessória, assim, a regra aplicável para contagem do prazo decadencial é a disposta no inciso I do art. 173 do CTN. Desta forma, considerando a periodicidade mensal da entrega da GFIP, bem assim que a ciência do lançamento ocorreu em 28 de julho de 2007, evidenciase que a decadência suscitada pela recorrente alcança todos os débitos relativos a períodos de apuração até novembro de 2001, inclusive, remanescendo hígidos os posteriores. Não obstante, cumpre destacar que a presente autuação tem lastro nos artigos da Lei nº 8.212/1991, com as alterações da Lei n° 9.528, de 1997, que previam as penalidades por descumprimento de obrigações principais e acessórias, nos seguintes: “Art. 32. A empresa é também obrigada a:(...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em Fl. 151DF CARF MF Processo nº 10580.010266/200715 Acórdão n.º 2201004.808 S2C2T1 Fl. 152 7 regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciárias e outras informações de interesse do INSS. (...) §5º. § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior (...) Art. 35. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º e abril de 1997, sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (...) II. para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c)vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRP; d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa.” Assim, no caso em apreço, considerandose que houve aplicação de multas pelo descumprimento de obrigações principais e acessórias, no contexto de lançamento de ofício, o entendimento deste Conselho é no sentido de que, embora a antiga redação dos artigos 32 e 35 da Lei nº 8.212, de 1991, não contivesse a expressão “lançamento de ofício”, o fato de as penalidades serem exigidas por meio de Auto de Infração e NFLD não deixa dúvidas acerca da natureza material de multas de ofício. Resta perquirir, portanto, se as alterações posteriores à autuação, implementadas pela Lei nº 11.941, de 2009, representariam a exigência de penalidade mais benéfica ao Contribuinte, hipótese que autorizaria a sua aplicação retroativa, a teor do art. 106, II, do CTN. A própria IN RFB nº 971/2009 estabelece: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros. action?idArquivoBinario=0(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10580.010266/200715 Acórdão n.º 2201004.808 S2C2T1 Fl. 153 8 inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. As alterações promovidas pela Lei nº 11.941, de 2009, nos artigos 32 e 35, da Lei nº 8.212, de 1991, no sentido de uniformizar os procedimentos de constituição e exigência dos créditos tributários, previdenciários e não previdenciários, são as seguintes: “Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (...) § 2o A declaração de que trata o inciso IV do caput deste artigo constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (...) Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (...) Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, Fl. 153DF CARF MF Processo nº 10580.010266/200715 Acórdão n.º 2201004.808 S2C2T1 Fl. 154 9 nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. E o art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, assim estabelece: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (grifouse) Assim, para fins de aplicação da retroatividade benigna, devese cotejar os débitos tratados no presente processo que não tenham sido alcançados pela decadência (a partir de dezembro de 2001) com a penalidade que seria devida nos termos do art. 44 da lei 9.430/96, ou seja, 75% aplicado sobre o imposto suplementar apurado. Ocorre que o tributo lançado a título de obrigação principal foi objeto da emissão da Notificação Fiscal de Lançamento de Débitos, DEBCAD 37.071.8780, controlada pelo processo administrativo fiscal nº 10580.010263/200781, no qual esta mesma Turma de Julgamento, no Acórdão nº 2201.003.448, de 09 de fevereiro de 2017, por unanimidade de votos, acompanhou as conclusões deste mesmo Relator para considerar fulminados pela decadência todos o débitos contidos na citada NFLD. Desta forma, a comparação que se apresenta é entre os débitos tratados no presente processo que não tenham sido alcançados pela decadência com o que seria devido pela aplicação da alíquota 75% sobre o imposto suplementar definitivamente constituído no DEBCAD 37.071.8780 (R$ 0,00). Portanto, é evidente que, neste caso, a legislação mais benéfica é aquela instituída pela Lei 11.941/2009, da qual resulta a exoneração integral dos débitos ainda hígidos no presente processo, razão pela qual, deixo de avançar na análise dos demais temas tratados no recurso para dar provimento integral ao recurso voluntário. Conclusão: Por tudo que consta nos autos, bem assim nas razões e fundamentos legais acima expostos, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10580.010266/200715 Acórdão n.º 2201004.808 S2C2T1 Fl. 155 10 Fl. 155DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10730.720891/2017-80
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2014
PRELIMINAR - COMPETÊNCIA DRJ
As Delegacias Regionais de Julgamento estão localizadas nas diversas regiões do país e suas competências são distribuídas tanto por circunscrição territorial quanto por matéria. Súmula 102 do CARF.
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUEL.
Os aluguéis devem der tributados de acordo com a Tabela Progressiva do Imposto de Renda das pessoas físicas e a responsabilidade pelo recolhimento depende da natureza jurídica do locatário: (i) se pessoa jurídica, caberá a sociedade empresária recolher o imposto de renda na fonte. O locatário informa em sua DAA a razão social, CNPJ, o valor do aluguel recebido no ano e o imposto retido na fonte, no campo "Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Jurídica pelo Titular"; (ii) Se pessoa física, o locatário deve declarar o valor recebido no item "Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Física e do Exterior", dentro da aba "carnê-leão".
ISENÇÃO - MOLÉSTIA GRAVE
Da exegese da Lei nº 7.713/88 e do Regulamento de Imposto de Renda (RIR - Decreto 3.000/99) para o gozo da regra isentiva devem ser comprovados, cumulativamente (i) que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria, pensão ou reforma, (ii) que o contribuinte seja portador de moléstia grave prevista em lei e (iii) que a moléstia grave esteja comprovada por laudo médico oficial.
DEDUÇÃO - PENSÃO ALIMENTÍCIA - 13º SALÁRIO
A pensão alimentícia descontada do 13º salário do contribuinte, que tem tributação exclusiva na fonte, não é dedutível na Declaração de Ajuste Anual.
MULTA DE OFÍCIO - INCIDÊNCIA
Pelo Princípio da Praticidade, a maioria dos tributos, inclusive o imposto de renda, estão sujeitos ao lançamento por homologação e, caso o contribuinte não cumpra seu dever legal, caberá ao Fisco efetuar o lançamento tributário de oficio, cuja conseqüência é aplicação da multa de ofício de 75%, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96
Numero da decisão: 2002-000.426
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2014 PRELIMINAR - COMPETÊNCIA DRJ As Delegacias Regionais de Julgamento estão localizadas nas diversas regiões do país e suas competências são distribuídas tanto por circunscrição territorial quanto por matéria. Súmula 102 do CARF. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUEL. Os aluguéis devem der tributados de acordo com a Tabela Progressiva do Imposto de Renda das pessoas físicas e a responsabilidade pelo recolhimento depende da natureza jurídica do locatário: (i) se pessoa jurídica, caberá a sociedade empresária recolher o imposto de renda na fonte. O locatário informa em sua DAA a razão social, CNPJ, o valor do aluguel recebido no ano e o imposto retido na fonte, no campo "Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Jurídica pelo Titular"; (ii) Se pessoa física, o locatário deve declarar o valor recebido no item "Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Física e do Exterior", dentro da aba "carnê-leão". ISENÇÃO - MOLÉSTIA GRAVE Da exegese da Lei nº 7.713/88 e do Regulamento de Imposto de Renda (RIR - Decreto 3.000/99) para o gozo da regra isentiva devem ser comprovados, cumulativamente (i) que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria, pensão ou reforma, (ii) que o contribuinte seja portador de moléstia grave prevista em lei e (iii) que a moléstia grave esteja comprovada por laudo médico oficial. DEDUÇÃO - PENSÃO ALIMENTÍCIA - 13º SALÁRIO A pensão alimentícia descontada do 13º salário do contribuinte, que tem tributação exclusiva na fonte, não é dedutível na Declaração de Ajuste Anual. MULTA DE OFÍCIO - INCIDÊNCIA Pelo Princípio da Praticidade, a maioria dos tributos, inclusive o imposto de renda, estão sujeitos ao lançamento por homologação e, caso o contribuinte não cumpra seu dever legal, caberá ao Fisco efetuar o lançamento tributário de oficio, cuja conseqüência é aplicação da multa de ofício de 75%, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96
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Súmula 102 do CARF. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUEL. Os aluguéis devem der tributados de acordo com a Tabela Progressiva do Imposto de Renda das pessoas físicas e a responsabilidade pelo recolhimento depende da natureza jurídica do locatário: (i) se pessoa jurídica, caberá a sociedade empresária recolher o imposto de renda na fonte. O locatário informa em sua DAA a razão social, CNPJ, o valor do aluguel recebido no ano e o imposto retido na fonte, no campo "Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Jurídica pelo Titular"; (ii) Se pessoa física, o locatário deve declarar o valor recebido no item "Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Física e do Exterior", dentro da aba "carnêleão". ISENÇÃO MOLÉSTIA GRAVE Da exegese da Lei nº 7.713/88 e do Regulamento de Imposto de Renda (RIR Decreto 3.000/99) para o gozo da regra isentiva devem ser comprovados, cumulativamente (i) que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria, pensão ou reforma, (ii) que o contribuinte seja portador de moléstia grave prevista em lei e (iii) que a moléstia grave esteja comprovada por laudo médico oficial. DEDUÇÃO PENSÃO ALIMENTÍCIA 13º SALÁRIO A pensão alimentícia descontada do 13º salário do contribuinte, que tem tributação exclusiva na fonte, não é dedutível na Declaração de Ajuste Anual. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 72 08 91 /2 01 7- 80 Fl. 98DF CARF MF 2 MULTA DE OFÍCIO INCIDÊNCIA Pelo Princípio da Praticidade, a maioria dos tributos, inclusive o imposto de renda, estão sujeitos ao lançamento por homologação e, caso o contribuinte não cumpra seu dever legal, caberá ao Fisco efetuar o lançamento tributário de oficio, cuja conseqüência é aplicação da multa de ofício de 75%, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 43 a 48), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu autuação pela omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas alugueis e outros, bem como dedução indevida de pensão alimentícia judicial e/ou por escritura pública. Tal omissão gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 1.761,39, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, às efls. 02 a 41 dos autos, que conforme decisão da DRJ: Inconformado com o resultado da NL, o interessado apresentou a Impugnação de fl. 03/04, e documentos de fls. 04/41, alegando, resumidamente, que: não concordo com omissão de rendimentos de alugueis de R$ 24.067,73, alegando que o valor contestado referese a despesas dedutíveis da receita de aluguel declarada, cujo ônus foi do contribuinte, tais como: impostos, taxas e emolumentos; Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10730.720891/201780 Acórdão n.º 2002000.426 S2C0T2 Fl. 99 3 aluguel pago pelo imóvel sublocado; despesas de condomínio e despesas pagas para cobrança ou recebimento do rendimento; o valor contestado referese a pensão alimentícia paga a Eulália Nunes do Amaral, CPF 00207017727, e Irmela Flora Ficher, CPF 20970552734; é idoso, doente grave de câncer precisando de cuidados médicos constantes. Seu salário é bem baixo e não é conhecedor da lei. Por ser isento do imposto de renda achou que não deveria pagar mais nada e, apesar de tudo, o Fisco não foi prejudicado pois é isento por ser portador de moléstia prevista em lei, e não concorda com essa infração de R$ 4.210,02 porque o valor referese a pagamentos efetuados a titulo de pensão alimentícia. A impugnação foi apreciada na 1ª Turma da DRJ/REC que, por unanimidade, em 15/09/2017, no acórdão 1157.609, às efls. 64 a 68, julgou à unanimidade, a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário em sua integralidade. Recurso voluntário Ainda inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, em 26/10/2017 às efls. 76 a 88 no qual alega, em síntese: · questiona o porquê o julgamento foi processado em Recife (PE), sendo que reside em Niterói (RJ), levantando hipótese de incompetência territorial; · suas verbas seriam isentas, devendo ser afastada a autuação, bem como a multa de ofício; · que a pensão alimentícia decorreu de decisão judicial; É o relatório. Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que o contribuinte foi intimado do teor do acórdão da DRJ em 06/10/2017, efls. 91, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 26/10/2017, efls. 64, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Fl. 100DF CARF MF 4 De pronto, o contribuinte não entende o motivo pelo qual o processamento da decisão de piso ocorreu em Recife (PE), em detrimento a Niterói (RJ), município onde reside. Entendo como preliminar de mérito tal questionamento, que passo a análise. As Delegacias Regionais de Julgamento estão localizadas nas diversas regiões do país e suas competências são distribuídas tanto por circunscrição territorial quanto por matéria. A DRJ de Recife (PE), territorialmente, analisa processos originários da 4ª Região Fiscal, que abrange os Estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Contudo, sua competência material é mais abrangente, analisando e julgando processos cujo objeto são tributos e contribuições administrados pela Receita Federal, com exceção do IPI, II, IE e demais tributos ou contribuições exigidos quando do despacho aduaneiro de mercadorias na importação ou na exportação. Logo, competente para processar e julgar o presente processo, motivo pelo qual afasto a preliminar suscitada. Ainda, temos a Súmula nº 02 deste CARF: Súmula CARF nº 102: É válida a decisão proferida por Delegacia da Receita Federal de Julgamento – DRJ de localidade diversa do domicílio fiscal do sujeito passivo. No mérito, o contribuinte alega que suas verbas são isentas, pois possuidor de câncer. Da exegese da Lei nº 7.713/88 e do Regulamento de Imposto de Renda (RIR Decreto 3.000/99) para o gozo da regra isentiva devem ser comprovados, cumulativamente (i) que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria, pensão ou reforma, (ii) que o contribuinte seja portador de moléstia grave prevista em lei e (iii) que a moléstia grave esteja comprovada por laudo médico oficial. Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), comase em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º) XXXIV os rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por qualquer pessoa jurídica de direito público Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10730.720891/201780 Acórdão n.º 2002000.426 S2C0T2 Fl. 100 5 interno, ou por entidade de previdência privada, até o valor de novecentos reais por mês, a partir do mês em que o contribuinte completar sessenta e cinco anos de idade, sem prejuízo da parcela isenta prevista na tabela de incidência mensal do imposto (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XV, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 28); § 1º A concessão das isenções de que tratam os incisos XII e XXXV, solicitada a partir de 1º de janeiro de 1996, só pode ser deferida se a doença houver sido reconhecida mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. § 2º As isenções a que se referem os incisos XII e XXXV aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão, quando a doença for preexistente; II do mês da emissão do laudo pericial, emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial.(grifos nossos) A jurisprudência deste CARF segue a mesma linha: REQUISITO PARA A ISENÇÃO RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO E RECONHECIMENTO DA MOLÉSTIA GRAVE POR LAUDO MÉDICO OFICIAL LAUDO MÉDICO PARTICULAR CONTEMPORÂNEO A PARTE DO PERÍODO DA AUTUAÇÃO LAUDO MÉDICO OFICIAL QUE RECONHECE A MOLÉSTIA GRAVE PARA PERÍODOS POSTERIORES AOS DA AUTUAÇÃO IMPOSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DA ISENÇÃO O contribuinte aposentado e portador de moléstia grave reconhecida em laudo médico pericial de órgão oficial terá o benefício da isenção do imposto de renda sobre seus proventos de aposentadoria. Na forma do art. 30 da Lei nº 9.250/95, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. O laudo pericial oficial emitido em período posterior aos anoscalendário em debate, sem reconhecimento pretérito da doença grave, não cumpre as exigências da Lei. De outro banda, o laudo médico particular, mesmo que contemporâneo ao período da autuação, também não atende os requisitos legais. Acórdão nº 10616928 29/05/2008) IRPF – ISENÇÃO MOLÉSTIA GRAVE A Lei prescreve especificamente que prova de moléstia grave somente pode ser feita com laudo de órgão oficial. (Acórdão nº. : 10244.418 14/09/2000) Fl. 102DF CARF MF 6 Ainda, a súmula nº 63 deste CARF vincula a decisão deste colegiado: Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Contudo, em que pese as alegações do contribuinte, nos autos não consta a comprovação do atendimento aos requisitos legais. Ainda, os rendimentos provenientes de alugueis não são alcançados pela regra isentiva. Conforme os autos, o lançamento tributário foi baseado na omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas alugueis e outros, no valor de R$ 24.067,73 informados em DIMOB, apresentada pela administradora do imóvel. De acordo com a decisão da DRJ: 5. Verificase que a Fiscalização, tendo por base a Declaração de Operações Imobiliárias (Dimob) apresentada à Secretaria da Receita Federal do Brasil pela administradora de imóveis Grupo Imóveis Ltda EPP, CNPJ 30.143.994/000166, constatou omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas físicas. 6. De acordo com a referida Dimob, os aluguéis recebidos pelo interessado somaram R$ 26.893,65, dos quais foram descontados R$ 2.825,92 a título de comissões, sendo repassado ao locatário o valor líquido de R$ 24.067,73. Qualquer rendimento auferido pela pessoa física, salvo exceções legalmente previstas, seja oriundo do trabalho, do capital ou da combinação de ambos, entra na base de cálculo para incidência do imposto de renda, como se vê pela redação do artigo 37 do Regulamento de Imposto de Renda (RIR/99 Decreto nº 3.000/99): Art. 37. Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados (Lei nº 5.172, de 1966, art. 43, incisos I e II, e Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 1º). Parágrafo único. Os que declararem rendimentos havidos de quaisquer bens em condomínio deverão mencionar esta circunstância (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 66). Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10730.720891/201780 Acórdão n.º 2002000.426 S2C0T2 Fl. 101 7 Art. 38. A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título (Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º). Parágrafo único. Os rendimentos serão tributados no mês em que forem recebidos, considerado como tal o da entrega de recursos pela fonte pagadora, mesmo mediante depósito em instituição financeira em favor do beneficiário. Ainda, conforme jurisprudência deste CARF: IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS FÍSICAS — São rendimentos da pessoa física para fins de tributação do Imposto de Renda aqueles provenientes do trabalho assalariado, as remunerações por trabalho prestado no exercício de empregos, cargos, funções e quaisquer proventos ou vantagens percebidos tais como salários, ordenados, vantagens, gratificações, honorários, entre outras denominações. (Acórdão n°: 9202 002.451 – 08/11/2012) Os aluguéis devem der tributados de acordo com a Tabela Progressiva do Imposto de Renda das pessoas físicas e a responsabilidade pelo recolhimento depende da natureza jurídica do locatário: · Se pessoa jurídica, caberá a sociedade empresária recolher o imposto de renda na fonte. O locatário informa em sua DAA a razão social, CNPJ, o valor do aluguel recebido no ano e o imposto retido na fonte, no campo "Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Jurídica pelo Titular"; · Se pessoa física, o locatário deve declarar o valor recebido no item "Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Física e do Exterior", dentro da aba "carnêleão". O artigo 631 do RIR/99 trata da primeira hipótese: Art. 631. Estão sujeitos à incidência do imposto na fonte, calculado na forma do art. 620, os rendimentos decorrentes de aluguéis ou royalties pagos por pessoas jurídicas a pessoas físicas. Fl. 104DF CARF MF 8 Já a segunda hipótese é regida pelo artigo 106 do mesmo Regulamento: Art. 106. Está sujeita ao pagamento mensal do imposto a pessoa física que receber de outra pessoa física, ou de fontes situadas no exterior, rendimentos que não tenham sido tributados na fonte, no País, tais como (Lei nº 7.713, de 1988, art. 8º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 24, § 2º, inciso IV): I os emolumentos e custas dos serventuários da Justiça, como tabeliães, notários, oficiais públicos e outros, quando não forem remunerados exclusivamente pelos cofres públicos; II os rendimentos recebidos em dinheiro, a título de alimentos ou pensões, em cumprimento de decisão judicial, ou acordo homologado judicialmente, inclusive alimentos provisionais; III os rendimentos recebidos por residentes ou domiciliados no Brasil que prestem serviços a embaixadas, repartições consulares, missões diplomáticas ou técnicas ou a organismos internacionais de que o Brasil faça parte; IV os rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas físicas. Compulsando os autos, e de acordo com a DAA do contribuinte, às efls. 53 e seguintes, o contribuinte não declara os rendimentos de alugueis. Sequer apresente os carnêsleão que dão guarida aos valores recebidos com o devido pagamento do tributo devido, motivo pelo qual mantenho a decisão de piso. Quanto a autuação pela glosa da despesa com pensão alimentícia, mantenho a decisão da DRJ, vez que, consultada a DIRF da fonte pagadora, a pensão alimentícia foi descontada do 13º salário do contribuinte, que tem tributação exclusiva na fonte, não sendo levado a tributação na Declaração de Ajuste Anual: 18. Verificase que o a fonte pagadora informou à RFB o desconto de pensão alimentícia de R$ 45.208,53 referentes aos meses de janeiro a dezembro e o desconto de R$ 4.210,12 de pensão descontada do 13º salário pago ao contribuinte. 19. Está correta a glosa referente às pensões alimentícias descontadas do 13º salário pago ao contribuinte. Como esclarecido pela Fiscalização, esse rendimento é tributado exclusivamente na fonte, ou seja, o valor do 13º salário não compõe o total de rendimentos tributáveis sujeito ao ajuste anual na DAA. Assim, as pensões descontadas de tal rendimento não são dedutíveis da base de cálculo anual do imposto de renda. Quanto a incidência da multa de ofício, à luz do Direito Tributário, sem adentrar correntes doutrinárias específicas, o lançamento tributário é didaticamente dividido em três modalidades: lançamento de ofício, lançamento por homologação e lançamento por declaração. Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10730.720891/201780 Acórdão n.º 2002000.426 S2C0T2 Fl. 102 9 Conforme dispositivos do Código Tributário Nacional: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. Fl. 106DF CARF MF 10 § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No lançamento por homologação o contribuinte tem o dever de apurar e pagar o tributo por sua conta, antecipandose a autoridade administrativa. Atualmente, pelo Princípio da Praticidade, a maioria dos tributos, inclusive o imposto de renda, estão sujeitos ao lançamento por homologação e, caso o contribuinte não cumpra seu dever legal, caberá ao Fisco efetuar o lançamento tributário de oficio, cuja conseqüência é aplicação da multa de ofício de 75%, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Não interessa ao presente processo, contudo, como fora mencionado acima, o lançamento por declaração é aquele em que a autoridade administrativa, frente a uma informação prestada pelo sujeito passivo da obrigação tributária, exige o pagamento do tributo (por exemplo, o IPTU). Como o contribuinte não cumpriu seu dever legal voto pela manutenção da multa de ofício. Por todo exposto, voto por conhecer do presente Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, afastar a liminar suscitada e no mérito, negarlhe provimento. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10730.720891/201780 Acórdão n.º 2002000.426 S2C0T2 Fl. 103 11 (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 108DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10768.008690/99-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 1989, 1990, 1991, 1992
IMPOSTO SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - ILL. SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA.
É devido o ILL incidente sobre os lucros disponibilizadas aos sócios quotistas de sociedade empresárias limitadas nos casos em que o contrato social prevê a disponibilidade econômica ou jurídica, do lucro líquido apurado, na data do encerramento do período-base
Numero da decisão: 2201-004.775
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso (Relator), Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e Douglas Kakazu Kushiyama, que deram provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Redator designado.
(assinado digitalmente)
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA. É devido o ILL incidente sobre os lucros disponibilizadas aos sócios quotistas de sociedade empresárias limitadas nos casos em que o contrato social prevê a disponibilidade econômica ou jurídica, do lucro líquido apurado, na data do encerramento do períodobase Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso (Relator), Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e Douglas Kakazu Kushiyama, que deram provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Redator designado. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 00 86 90 /9 9- 31 Fl. 413DF CARF MF 2 Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório 1 Adoto como relatório o da decisão recorrida às fls. 269/276 do EFLS, por bem relatar os fatos ora questionados: A interessada solicitou, em 11.05.1999, restituição dos valores recolhidos a título de imposto de renda na fonte sobre lucro líquido referentes aos anoscalendário de 1989 a 1992, alegando que sua cobrança foi considerada inconstitucional pela Resolução do Senado n° 82 de 18/ 1 1/1996, que totalizam em valores originais R$ 340,77, (corrigido às efls. 05 no valor de R$ 490.099,67) recolhidos entre 16.05.1990 e 18.03.1993, conforme demonstrativo de cálculo apresentado pela mesma à fl. 03. Junta à fls. 06 a 12, cópias dos DARF. Consta à fl. 20 pedido de compensação com débitos de IRPJ de 04/1999 no valor de R$507.057,88. A autoridade administrativa indeferiu o pleito, Despacho Decisório e Parecer Conclusivo n°. 508/01, fls. 27/28, por considerar, em síntese, que, entre a data do pedido em 11.05.1999 e a data dos pagamentos transcorreram mais de 5 (cinco) anos, portanto, estava extinto o direito de pleitear a restituição desses recolhimentos, conforme o Ato Declaratório SRF n° 96 de 26.11.1999 e os art. 165,1 e art. 168,1 da Lei da Lei 5.172 de 25.10.1966 CTN. Cientificada da decisão, fl. 29v, a interessada apresentou sua manifestação de inconformidade, fls. 30/40, apreciada no Acórdão DR/RJOI n° 3841 de 16/05/2003, fls. 50/54, que indeferiu a solicitação por constatar o impedimento de apreciar o pedido de 11/05/1999, face à decadência. Às fls. 56/72, recurso voluntário da interessada ao 1° C.C. em 05/04/2004 e às fls. 94/97 o Acórdão n° 10707.976 de 24/02/2005 da 7a. Câmara do 1° C.C. que deu provimento ao recurso, para afastar a decadência e determinar o prosseguimento do julgamento quanto ao mérito. Em 30/11/2006, o pedido de restituição foi indeferido conforme Despacho decisório de fl. 187, com base no Parecer conclusivo n° 166/2006, fls. 183/186, que apreciou e concluiu o seguinte, em síntese: "Tratase do art. 35 da Lei 7.713 de 22/12/1988, que teve proferida a declaração de inconstitucionalidade nos autos do RE 172.0581, da expressão “o acionista” e a constitucionalidade da expressão “o sócio quotista e o titular da empresa individual”. A Resolução do Senado Federal suspendeu a execução do art. 35 apenas no que diz respeito à Fl. 414DF CARF MF Processo nº 10768.008690/9931 Acórdão n.º 2201004.775 S2C2T1 Fl. 413 3 expressão”o acionista”, deixando a interpretação, quanto ao sócio quotista para a análise do caso concreto. a jurisprudência do STF é finne no sentido de que somente será inconstitucional a exigência do ILL quando o contrato social for omisso sobre a distribuição de lucros ou quando o contrato preveja a destinação dos lucros independentemente da manifestação dos sócios; quando o contrato social prevê que a destinação do lucro líquido depedende da disposição dos sócios, dáse a situação configuradora da disponibilidade jurídica dos rendimentos; nesse sentido, a IN SRF 63 de 24/07/97, que vedada a constituição de créditos quando o contrato não previa a disponibilidade econômica ou jurídica imediata aos sócios; a cláusula 7a. do Contrato Social dá aos sócios a disponibilidade jurídica sobre os lucros da. empresa, não se aplicando a ela a inconstitucionalidade declarada, na qual fundamenta a existência do indébito; assim, indeferido o pedido de restituição de fl. 01 e de compensação de fl. 20. Cientificada em 15/12/2006, fl. 223, apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 189/ 198, onde alega, em síntese: o indeferimento foi fundamentado na existência de previsão expressa de distribuição automática de lucros, numa leitura perfunctória da cláusula 7a. do seu Contrato social, considerando constitucional a incidência do tributo; conforme o STF há três tratamentos distintos conforme o tipo societário de cada contribuinte, sendo que, no caso da interessada Sociedades por quotas de responsabilidade limitada, caberia a interpretação de constitucionalidade “na parte em que disciplinada a situação do sócio quotista, quando o contrato social encerra por si só, a disponibilidade imediata, quer econômica, quer jurídica, do lucro líquido apurado”, em consonância com o art. 43 do CTN; _ a cláusula 7”. do Contrato social não possibilita a disponibilidade automática dos lucros auferidos, impondo a concomitância de 3(três) requisitos: i) a confecção de balanço geral; ii) elaboração de demonstração de lucros e perdas; e iii) a confirmação por escrito de que realmente deveria haver distribuição de lucros no período, fato que se dava com as assinaturas pelos representantes legais dos cotistas; . a redação do caput e do parágrafo único da cláusula 73. conformam uma aparente antinomia de normas, donde a administração pública optou por interpretar o caput em função de seu parágrafo único, contrariando a norma legal que dispõe sobre a natureza supletiva dos parágrafos, bem como a doutrina; Fl. 415DF CARF MF 4 o caput prevê como requisito sine qua non a assinatura da totalidade dos sócios, inviabilizando o imediatismo da distribuição dos lucros; cita jurisprudência administrativa e judicial no sentido de somente ser constitucional 0 ILL quando a distribuição ocorrer independentemente de qualquer deliberação dos sócios; 2 – A decisão da DRJ julgou improcedente a impugnação do contribuinte, conforme decisão assim ementada: 3 – Seguiuse recurso voluntário do contribuinte às fls. 280/294. É o relatório do necessário. Voto Vencido Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator 4 – O recurso preenche os requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Fl. 416DF CARF MF Processo nº 10768.008690/9931 Acórdão n.º 2201004.775 S2C2T1 Fl. 414 5 5 – O recorrente pleiteia em síntese a sua legitimidade ativa para pleitear a restituição/compensação do ILL do período, item (II.A) da peça recursal e a reforma do julgado da DRJ que interpretou a cláusula sétima e parágrafo único de seu contrato social de fls. 18, considerando como os lucros e dividendos da PJ como de imediata e livre distribuição, fato que impediria a restituição do ILL julgado inconstitucional pelo STF (item II.B). 6 Quanto a esse item II.B não serão tratadas as questões constitucionais na forma da Súmula nº 2 do CARF, mas apenas a valoração da prova quanto à questão da interpretação da cláusula 7ª e parágrafo único do contrato social da recorrente. 7 Quanto ao item II.A é uma preliminar de mérito decidida pela DRJ que entendeu pela aplicação do art. 165 do CTN o recorrente não é o sujeito passivo para analisar a presente restituição. 8 Além de entender que esse tópico quanto a legitimidade não foi invocada em nenhum momento pela autoridade fiscal a quem cabe a análise do pedido de restituição, senão seria a primeira a avaliar tal fato, a DRJ invoca artigo do CTN (art. 165) que não é aplicável ao caso, e que não serve como fundamento legal para afastar a legitimidade ativa do recorrente. 9 Normalmente são indicados o art. 166 do CTN bem mais restrito ao pleito do contribuinte para afastar a restituição, na medida em que caberia ao contribuinte comprovar a assunção do ônus pelo recolhimento, contudo, não é o fundamento da decisão vergastada. 10 Veja que aplicandose ao presente caso de forma análoga decisões que afastaram a aplicação do artigo 166 do CTN (mais restrito), entendo que o contribuinte tem direito a pleitear a restituição e adoto como razões de decidir parte do Voto do I. Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim no Ac. 2201003.509 j. 15/03/2017 dessa Turma, verbis: Fl. 417DF CARF MF 6 ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Ano calendário: 1989, 1990, 1991, 1992 IMPOSTO DE RENDA SOBRE O LUCRO LÍQUIDO (ILL). RESTITUIÇÃO. ARTIGO 166 DO CTN. NÃO APLICAÇÃO A regra prevista no artigo 166 do Código Tributário Nacional somente se aplica aos chamados tributos indiretos. O imposto de renda previsto no artigo 35, da Lei nº 7.713, de 1988, é tributo direto, não lhe sendo aplicável a aludida condição por ocasião da apresentação de requerimento de restituição. É pacífica a jurisprudência do CARF a respeito da legitimidade da empresa que tenha recolhido indevidamente valores a título de ILL para pleitear a restituição do respectivo indébito. A questão em discussão nestes autos reside em saber se a RECORRENTE possui direito à restituição do ILL pleiteada. Não merece prosperar o entendimento da autoridade julgadora de primeira instância que negou o direito de restituição do ILL pleiteada pela RECORRENTE, tendo em vista a não comprovação da negativa de assunção do ônus do imposto e à falta da autorização dos terceiros que porventura tenham assumido este encargo (art. 166 do CTN). Contudo, o artigo 166 do CTN somente se aplica aos chamados tributos indiretos, em que há transferência do encargo financeiro. Os tributos diretos, a exemplo do imposto de que aqui se trata (ILL), não estão sujeitos ao comando do dispositivo enfocado. No caso do ILL, não há a chamada transferência do encargo financeiro a terceiros, na medida em que referido tributo incidia sobre o lucro líquido das pessoas jurídicas apurado na data de encerramento do período. Ou seja, nos termos do o art. 35, da Lei nº 7.713/88, a incidência do ILL ocorria antes mesmo da distribuição, não havendo que se falar em incidência do ILL sobre valores recebidos pelos sócios. A própria RECORRENTE demonstra por meio de suas DIPJs que não houve distribuição de lucros no período objeto do pedido de restituição e, mesmo assim, foi recolhido o ILL relativo a cada anocalendário. 11 Se é considerado pela jurisprudência um tributo direto, e muitos entenderem que se trata a empresa como responsável tributário, nada mais lógico que entender que a sujeição passiva indicada no caput do art. 165 é relativa também ao responsável tributário de acordo com os termos do art. 121, parágrafo único, I do CTN, verbis: Fl. 418DF CARF MF Processo nº 10768.008690/9931 Acórdão n.º 2201004.775 S2C2T1 Fl. 415 7 Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. 12 Apenas a título ilustrativo indico também a inaplicabilidade do artigo 166 do CTN aos pedidos de restituição do ILL cuja matéria tem posicionamento pacificado perante o Egrégio Superior Tribunal de Justiça –STJ, conforme ilustra a seguinte decisão monocrática: PROCESSUAL CIVIL – IMPOSTO DE RENDA – LUCRO LÍQUIDO (ART. 35 DA LEI 7.713/88) – LEGITIMIDADE ATIVA DA PESSOA JURÍDICA. Tratase de recurso especial interposto, com fulcro na alínea "a" do permissivo constitucional, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região assim ementado: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. ILL. ADIÇÃO DAS PROVISÕES PARA GASTOS COM MANUTENÇÃO DE ENTRESSAFRA E PARA PERDAS PROVÁVEIS NA REALIZAÇÃO DE INVESTIMENTOS NA BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO. ART. 35, § 1º, a, DA LEI Nº 7.713/88. UFIR. LEI 8.383/91. CORREÇÃO MONETÁRIA DO ILL. 1 – A pessoa jurídica tem legitimidade para questionar o ILL previsto no art. 35, da Lei nº 7.713/88, ainda que se trate de retenção na fonte, pois nesta circunstância atua como responsável tributário. 2 – Do mesmo, se a questão controvertida é a aplicação da correção monetária nos termos da Lei nº 8.383/91, pois indubitavelmente arcará com os acréscimos advindos de tal encargo. 3 – Recurso provido. Alega a recorrente violação do art. 6º do CPC, pugnando pela decretação da carência da ação, ante a ausência de interesse processual da ora recorrida, uma vez que não tem ela legitimidade ativa para substituir o efetivo contribuinte do imposto, qual seja, o sócio quotista, o acionista ou o titular da empresa individual. Com as contrarrazões, subiram os autos por força de agravo de instrumento. Fl. 419DF CARF MF 8 DECIDO: Dando por implicitamente prequestionada a tese trazida à apreciação, passo ao exame do recurso. Observo que o acórdão recorrido encontrase em consonância com a jurisprudência pacífica desta Corte. Vejamos: RECURSO ESPECIAL ALÍNEAS "A" E "C' IMPOSTO DE RENDA – RETENÇÃO NA FONTE SOCIEDADE ANÔNIMA – LEGITIMIDADE PARA PLEITEAR A RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO – AUSÊNCIA DE DISPONIBILIDADE ECONÔMICA DA RENDA AOS ACIONISTAS DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADA. É legítima a sociedade anônima para pleitear a repetição/compensação do recolhimento indevido do imposto de renda na fonte (artigo 35 da Lei n. 7.713/88), uma vez que os acionistas não tiveram disponibilidade econômica dos valores, a depender de manifestação da assembléia geral. Não se pode invocar o artigo 166 do CTN em amparo à pretensão fazendária. Nesse sentido, dentre outros, o REsp 29.579/SC, relator Min. Humberto Gomes de Barros, DJU 18.09.00. Recurso especial não conhecido. (RESP 266.491/RS, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em 19.11.2002, DJ 19.05.2003 p. 159) TRIBUTÁRIO IMPOSTO DE RENDA LUCRO LÍQUIDO – SOCIEDADE ANÔNIMA IMPOSTO RECOLHIDO ANTES DE O LUCRO SER POSTO À DISPOSIÇÃO DO SÓCIO REPETIÇÃO DO INDÉBITO LEGITIMIDADE DA PESSOA JURÍDICA – NÃO INCIDÊNCIA DO ART. 166 DO CTN. Se a sociedade anônima, antes de autorizada a distribuição de lucros aos acionistas, recolheu, em atenção ao Art. 35 da Lei 7.713/88, imposto de renda na fonte, ela está legitimada a repetir o indébito, sem necessidade da autorização prevista no Art. 166 do CTN. (RESP 229.579/SC, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17.08.2000, DJ 18.09.2000 p. 102) MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA.LUCRO NÃO DISTRIBUÍDO. LEI 7.713/1988. LEGITIMIDADE ATIVA "AD CAUSAM" DA EMPRESA RECORRENTE. I O art. 35 da Lei 7.713/1988 atribui a empresa a retenção do tributo em analise, fato que a transforma em responsável pelo pagamento do imposto, conforme dicção do par. único do art. 45, combinado com o art. 121, II, ambos do CTN. Dessa forma, a recorrente possui legitimidade para impetrar mandado de segurança. II Recurso especial conhecido e provido. (RESP 68.216/MG, Rel. Ministro ADHEMAR MACIEL, SEGUNDA TURMA, julgado em 03.03.1998, DJ 23.03.1998 p. 61) TRIBUTÁRIO IMPOSTO DE RENDA LEI 7.713/88, ART. 35 – LEGITIMIDADE ATIVA DA EMPRESA PRECEDENTES. A pessoa jurídica, sujeito passivo da obrigação tributaria, tem legitimidade ativa para impugnar a cobrança do imposto a que se refere o art. 35 da LEI 7.713/88. Recurso provido. Fl. 420DF CARF MF Processo nº 10768.008690/9931 Acórdão n.º 2201004.775 S2C2T1 Fl. 416 9 (RESP 67.409/MG, Rel. MIN. PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 02.06.1997, DJ 18.08.1997 p. 37811) TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ARTIGO 35 DA LEI NUM. 7.713/88. LEGITIMIDADE ATIVA DA EMPRESA PARA AFASTAR A EXIGÊNCIA. Exigindose da pessoa jurídica, sujeito passivo da obrigação tributária, o pagamento do tributo, tem ela legitimidade ativa para se insurgir contra a cobrança. (RESP 101.219/PB, Rel. Ministro HÉLIO MOSIMANN, SEGUNDA TURMA, julgado em 21.10.1996, DJ 18.11.1996 p. 44885) PROCESSO CIVIL IMPOSTO DE RENDA RETENÇÃO NA FONTE – LUCROS ATRIBUÍDOS AOS SÓCIOS LEGITIMIDADE DA PESSOA JURÍDICA PARA IMPETRAR MANDADO DE SEGURANÇA. A pessoa jurídica obrigada a recolher imposto de renda retido na fonte, incidente sobre lucros atribuídos a seus sócios, tem legitimidade para impetrar mandado de segurança impugnando a exação. Inteligência da Lei 7.713/88 (art. 35) e do CTN (art. 121). (RESP 79.372/MG, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07.03.1996, DJ 20.05.1996 p. 16676) Com essas considerações, nos termos do art. 557, caput, do CPC, NEGO SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. (STJ, REsp n° 596.339/SP, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJU de 06/06/2005) 13 Na mesma esteira os julgados do antigo Conselho de Contribuintes, atual CARF, conforme ilustram as ementas dos seguintes julgados: LEGITIMIDADE DA SOCIEDADE ANÔNIMA Nas sociedades anônimas, os acionistas somente adquirem disponibilidade financeira ou jurídica em relação ao lucro da empresa, após a deliberação de assembléia geral ordinária. Como o imposto incide sobre os lucros apurados e não distribuídos, o ônus econômico deste é suportado pela empresa, que, conseqüentemente, tem legitimidade para pleitear a restituição. Recurso provido. Primeiro Conselho, Quarta Câmara, acórdão n° 10422.023, Relator Conselheiro Remis Almeida Estol, julgado em 08/11/2006) “IMPOSTO DE RENDA SOBRE O LUCRO LÍQUIDO RESTITUIÇÃO ARTIGO 166 DO CTN NÃO APLICAÇÃO A regra prevista no artigo 166 do Código Tributário Nacional somente se aplica aos chamados tributos indiretos. O imposto de renda previsto no artigo 35, da Lei nº 7.713, de 1988, é tributo Fl. 421DF CARF MF 10 direto, não lhe sendo aplicável a aludida condição por ocasião da apresentação de requerimento de restituição” (Acórdão nº 10418984, de 18/09/2002). “ILL – RESTITUIÇÃO DE VALORES PAGOS POR SOCIEDADE ANÔNIMA – LEGITIMIDADE PARA PLEITEAR A RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO – INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 166 DO CTN. A empresa que recolheu indevidamente valores a título de ILL tem legitimidade para pleitear a restituição do indébito, não se aplicando ao caso a regra do artigo 166 do Código Tributário Nacional” (Acórdão nº 10616587, de 07/11/2007). 14 Destarte, a requerente tem legitimidade para pleitear a restituição do ILL indevidamente recolhido e portanto dou provimento ao recurso para reconhecer a legitimidade ativa da recorrente para pleitear a restituição/compensação do tributo ora em discussão. 15 Quanto ao mérito, em relação à interpretação da cláusula 7ª e parágrafo único do contrato social de fls. 18 a DRJ tem o seguinte entendimento, fls. 273/274 verbis: Fl. 422DF CARF MF Processo nº 10768.008690/9931 Acórdão n.º 2201004.775 S2C2T1 Fl. 417 11 16 Ao contrário do entendimento da DRJ entendo que o contrato social, deve fazer menção expressa e objetiva do termo "distribuição imediata", (a fim de se evitar subjetivismos) quanto a análise e evitar que a Fazenda Nacional se locuplete de forma indevida de um tributo considerado inconstitucional. 17 Repito, para melhor clareza, o acórdão do Supremo Tribunal Federal mencionado acima e que norteou o entendimento para a conclusão diversa da D. DRJ: RECURSO EXTRAORDINÁRIO ATO NORMATIVO DECLARADO INCONSTITUCIONAL LIMITES. Alicerçado o extraordinário na alínea b do inciso III do artigo 102 da Constituição Federal, a atuação do Supremo Tribunal Federal fazse na extensão do provimento judicial atacado. Os limites da lide não a balizam, no que verificada declaração de inconstitucionalidade que os excederam. Alcance da atividade precipua do Supremo Tribunal Federal de guarda maior da Carta Política da República. TRIBUTO RELAÇÃO JURÍDICA ESTADO/CONTRIBUINTE PEDRA DE TOQUE. No embate diário Estado/contribuinte, a Carta Política da República exsurge com insuplantável valia, no que, em prol do segundo, impõe parâmetros a serem respeitados pelo primeiro. Dentre as garantias constitucionais explícitas, e a constatação não excluí o reconhecimento de outras decorrentes do próprio sistema adotado, exsurge a de que somente a lei complementar cabe "a definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes" alínea "a" do inciso III do artigo 146 do Diploma Maior de 1988. IMPOSTO DE RENDA RETENÇÃO NA FONTE SÓCIO COTISTA. A norma insculpida no artigo 35 da Lei nº 7.713/88 mostrase harmônica com a Constituição Federal quando o contrato social preve a disponibilidade econômica ou jurídica imediata, pelos sócios, do lucro líquido apurado, na data do encerramento do períodobase. Nesse caso, o citado artigo exsurge como explicitação do fato gerador estabelecido no artigo 43 do Código Tributário Nacional, não cabendo dizer da disciplina, de tal elemento do tributo, via legislação ordinária. Interpretação da norma conforme o Texto Maior. IMPOSTO DE RENDA RETENÇÃO NA FONTE ACIONISTA. O artigo 35 da Lei nº 7.713/88 e inconstitucional, ao revelar como fato gerador do imposto de renda na modalidade "desconto na fonte", relativamente aos acionistas, a simples apuração, pela sociedade e na data do encerramento do períodobase, do lucro líquido, já que o fenômeno não implica qualquer das espécies de Fl. 423DF CARF MF 12 disponibilidade versadas no artigo 43 do Código Tributário Nacional, isto diante da Lei nº 6.404/76. IMPOSTO DE RENDA RETENÇÃO NA FONTE TITULAR DE EMPRESA INDIVIDUAL. O artigo 35 da Lei nº 7.713/88 encerra explicitação do fato gerador, alusivo ao imposto de renda, fixado no artigo 43 do Código Tributário Nacional, mostrandose harmônico, no particular, com a Constituição Federal. Apurado o lucro líquido da empresa, a destinação fica ao sabor de manifestação de vontade única, ou seja, do titular, fato a demonstrar a disponibilidade jurídica. Situação fática a conduzir a pertinência do princípio da despersonalização. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIMENTO JULGAMENTO DA CAUSA. A observância da jurisprudência sedimentada no sentido de que o Supremo Tribunal Federal, conhecendo do recurso extraordinário, julgara a causa aplicando o direito a espécie (verbete nº 456 da Súmula), pressupõe decisão formalizada, a respeito, na instância de origem. Declarada a inconstitucionalidade linear de um certo artigo, uma vez restringida a pecha a uma das normas nele insertas ou a um enfoque determinado, impõese a baixa dos autos para que, na origem, seja julgada a lide com apreciação das peculiaridades. Inteligência da ordem constitucional, no que homenageante do devido processo legal, avesso, a mais não poder, as solucões que, embora práticas, resultem no desprezo a organicidade do Direito. (RE 172058, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 30/06/1995, DJ 13101995 PP34282 EMENT VOL0180408 PP01530 RTJ VOL0016103 PP01043) (grifamos) 18 Conforme constante no Contrato Social, é possível confirmar a clara definição de que os sócios deverão deliberar de comum acordo sobre a distribuição do lucro, comprovando que não está evidenciada a automática disponibilidade do lucro apurado.Não vejo como conceber a interpretação diversa a que consta no supracitado acórdão do STF da referida cláusula do contrato social do contribuinte. Não há qualquer previsão de imediata distribuição do lucro. 19 A respeito do tema, cito parte do voto vencedor do I. Conselheiro Carlos Alexandre Tortato no Ac. 2401004.520 j. 22/09/2016, cuja ementa e dispositivo está equivocado, contudo revisado no voto dos embargos de declaração 2401004.564 j. 20/01/2017, que deu provimento a recurso do contribuinte com a análise de cláusula muito parecida com a do presente caso, verbis: No caso concreto, constato que o comando advindo da cláusula décima segunda do Contrato Social, juntado às efls. 8 a 16, determina que a destinação dos lucros dependerá, única e exclusivamente, da vontade dos próprios sócios. É o que constato a partir da leitura atenta da referida cláusula, a seguir transcrita: "CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA O ano social coincidirá com o ano civil, devendo a 31 de dezembro de cada ano ser levantado o balanço geral da sociedade, obedecidas as prescrições legais e técnicas pertinentes à matéria. Os resultados serão divididos entre os sócios proporcionalmente Fl. 424DF CARF MF Processo nº 10768.008690/9931 Acórdão n.º 2201004.775 S2C2T1 Fl. 418 13 às suas quotas de capital, podendo, a critério dos mesmos, serem distribuídos ou ficarem em reserva na sociedade. (grifei) Nos termos da cláusula acima, a interpretação que adoto é divergente do voto vencido, pois entendo que esta não estabelece a distribuição automática dos lucros (o que não daria o direito ao contribuinte restituir o ILL pago), mas sim estabelece que haverá uma deliberação entre os sócios e, se deverá haver deliberação, entendo que não se trata de distribuição automática, amoldandose assim, o caso concreto, ao estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal quanto à inconstitucionalidade da incidência do ILL. Por essas razões, entendo que a hipótese do presente caso está atingida pela inconstitucionalidade declarada pelo Supremo Tribunal Federal no RE 172058 e, assim, o ora recorrente faz jus à restituição pleiteada. 20 Dessa forma, entendo que de fato a Recorrente tem o direito à restituição dos valores indevidamente recolhidos, pois não ficou evidenciada a disponibilidade econômica ou jurídica do lucro líquido. Conclusão 21 Diante do exposto, conheço do recurso para dar provimento à preliminar de legitimidade ativa e no mérito dar provimento ao recurso do contribuinte para reconhecer o direito à restituição/compensação. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Voto Vencedor Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Redator designado Em que pese a pertinência das razões e dos fundamentos legais contidos no voto do Ilustre Relator, com a devida vênia, ouso divergir de suas conclusões, nos termos da fundamentação abaixo. Em apertada síntese, a lide administrativa gravita em torno de direito creditório decorrente de valores recolhidos a título de Imposto sobre o Lucro Líquido ILL, em razão de declaração de inconstitucionalidade exarada pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário nº 172.0581/SC, ratificada pela Resolução do Senado Federal nº 82/1996 e pela Instrução Normativa SRF nº 63/1997. Fl. 425DF CARF MF 14 A Decisão a quo indeferiu o pleito por reconhecer incapacidade ativa do recorrente, bem assim em razão da interpretação que deu aos termos cláusula 7ª e parágrafo único do contrato social de fls. 18 (efl. 20), que estaria prevendo distribuição a disponibilidade imediata dos lucros aos sócios, sendo devida a incidência do ILL. A citada exigência tem lastro legal no artigo 35 da Lei 7.713/88, que assim dispõe: Art. 35. O sócio quotista, o acionista ou titular da empresa individual ficará sujeito ao imposto de renda na fonte, à alíquota de oito por cento, calculado com base no lucro líquido apurado pelas pessoas jurídicas na data do encerramento do período base. Ao se debruçar sobre a questão no citado Recurso Extraordinário nº 172.058 1/SC, o Supremo Tribunal Federal exarou o Acórdão indicado no item 17 do voto do Nobre Relator, pontuando segregadamente suas conclusões para cada um dos sujeitos passivos elencados na regra de incidência tributária, sendo, para fins didáticos, oportuno relembralas: (...) IMPOSTO DE RENDA RETENÇÃO NA FONTE SÓCIO COTISTA. A norma insculpida no artigo 35 da Lei n.º 7.713/88 mostrase harmônica com a Constituição Federal quando o contrato social prevê a disponibilidade econômica ou jurídica imediata, pelos sócios, do lucro líquido apurado, na data do encerramento do períodobase. Nesse caso, o citado artigo exsurge como explicitação do fato gerador estabelecido no artigo 43 do Código Tributário Nacional, não cabendo dizer da disciplina, de tal elemento do tributo, via legislação ordinária. Interpretação da norma conforme o Texto Maior. RETENÇÃO NA FONTE ACIONISTA. O artigo 35 da Lei n.º 7.713/88 é inconstitucional, ao revelar como fato gerador do imposto de renda na modalidade "desconto na fonte", relativamente aos acionistas, a simples apuração, pela sociedade e na data do encerramento do períodobase, do lucro líquido, já que o fenômeno não implica qualquer das espécies de disponibilidade versadas no artigo 43 do Código Tributário Nacional, isto diante da Lei n.º 6.404/76. IMPOSTO DE RENDA RETENÇÃO NA FONTE TITULAR DE EMPRESA INDIVIDUAL. O artigo 35 da Lei n.º 7.713/88 encerra explicitação do fato gerador, alusivo ao imposto de renda, fixado no artigo 43 do Código Tributário Nacional, mostrandose harmônico, no particular, com a Constituição Federal. Apurado o lucro líquido da empresa, a destinação fica ao sabor de manifestação de vontade única, ou seja, do titular, fato a demonstrar a disponibilidade jurídica. Situação fática a conduzir a pertinência do princípio da despersonalização. (...) A partir de tal decisão, o Senado Federal exarou a Resolução nº 82/1996, que assim dispõe: Art. 1º É suspensa a execução do art. 35 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, no que diz respeito à expressão "o acionista" nele contida. O caso em questão envolve sociedade empresarial organizada em cotas, sob a forma de responsabilidade limitada, sendo, portanto, aplicável ao caso concreto as conclusões do STF acima para IMPOSTO DE RENDA RETENÇÃO NA FONTE SÓCIO COTISTA, Fl. 426DF CARF MF Processo nº 10768.008690/9931 Acórdão n.º 2201004.775 S2C2T1 Fl. 419 15 em que estou evidenciada a compatibilidade da exigência com a Constituição Federal exclusivamente nos casos em que os respectivos contratos sociais contenham previsão de disponibilidade econômica ou jurídica imediata, pelos sócios, do lucro líquido apurado na data do encerramento do exercício. Portanto, o cerne da questão para a solução da celeuma administrativa instaurada nos presentes autos reside na avaliação dos termos do Contrato Social da requerente, para identificar se há ou não previsão de disponibilidade econômica ou jurídica imediata do lucro líquido apurado, no encerramento do exercício, aos sócios. Conforme já dito alhures, tal previsão integra a Cláusula Sétima do Contrato Social e consta efl. 20, que assim dispõe: CLÁUSULA SÉTIMA O exercício social coincidirá com o ano civil, devendo em 31 de dezembro de cada ano, ser levantado o balanço geral e demonstração da conta de lucros e perdas assinados pelos representantes legais das empresas sócias entre as quais, na proporção de suas cotas, serão partilhados os lucros e prejuízos apurados. PARÁGRAFO ÚNICO Na hipótese de que os sócios venham a julgar conveniente os lucros poderão deixar de ser partilhados, total ou parcialmente, sendolhes atribuída qualquer outra destinação, inclusive aumentos ou criação de fundos de reserva ou provisão.) O parágrafo único da mesma cláusula prevê que, sendo julgado conveniente pelos sócios, os lucros poderão deixar de ser partilhados. Pareceme inequívoco que há previsão de que os lucros e prejuízos serão partilhados entre as empresas sócias no encerramento do exercício, apenas dependendo de deliberação dos interessados uma eventual outra destinação, seja para aumento de capital, constituição de fundos de reserva ou provisão. Assim, no encerramento do exercício, o sócio quotista, que frisese é o contribuinte da exigência em tela, mesmo que ainda não distribuído efetivamente o lucro, já detém disponibilidade jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza, evidenciando a explicitação do fato gerador estabelecido no artigo 43 do Código Tributário Nacional. Portanto, neste caso, o Imposto sobre o Lucro Líquido é devido, não havendo que se falar em recolhimento indevido a amparar o direito creditório pleiteado. Por fim, é relevante ressaltar que a constatação da decisão recorrida sobre a incapacidade ativa do requerente apresentase como uma consequência lógica da conclusão expressa no parágrafo precedente, já que este, ainda que tenha figurado na condição de responsável pelo recolhimento do tributo, o qual se deu em seu CNPJ, não é o contribuinte da exigência em questão. Assim, não identifico mácula na decisão recorrida a justificar sua reforma, razão pela qual, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fl. 427DF CARF MF 16 Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 428DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10070.001735/2004-12
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2001
SIMPLES. EXCLUSÃO. SÓCIO PARTICIPANDO COM MAIS DE 10% EM OUTRA PESSOA JURÍDICA.
Sujeita-se à exclusão do Simples a pessoa jurídica que não observa o artigo 9º, inciso IX da Lei 9317/96.
Numero da decisão: 1001-000.848
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente)
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente)
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EXCLUSÃO. SÓCIO PARTICIPANDO COM MAIS DE 10% EM OUTRA PESSOA JURÍDICA. Sujeitase à exclusão do Simples a pessoa jurídica que não observa o artigo 9º, inciso IX da Lei 9317/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 0. 00 17 35 /2 00 4- 12 Fl. 90DF CARF MF Processo nº 10070.001735/200412 Acórdão n.º 1001000.848 S1C0T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 77 a 77) interposto contra o Acórdão nº 1239.277, proferido pela 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Rio de Janeiro/RJ (fls. 70 a 73), que, por unanimidade, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: "ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE ADE Sujeitase à exclusão do Simples a pessoa jurídica que não observa o artigo 9º, inciso IX da Lei 9317/96. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: " Tratase de Manifestação de inconformidade, fls. 49/50 apresentada em decorrência da decisão de fls. 43, que RATIFICOU o Ato Declaratório Executivo DERAT/RJO nº 537.823, de 02/08/2004, fls. 08, que excluiu o contribuinte do Simples a partir de 01/01/2002, pelo fato de o sócio ou titular participar de outra empresa com mais de 10% e a receita global no anocalendário de 2000 ter ultrapassado o limite legal – CPF 039.155.81704 e CNPJ 33.017.716/000150, 33.414.509/000130, 33.413.378/000176 e 33.203.613/000185. 2. A exclusão teve fundamento na Lei 9317, de 05/12/1996, art. 9º, IX; art 12; art 14, I; art 15, II; Medida Provisória 215834 de 27/07/2001, art 73; Instrução Normativa SRF 355, de 29/08/2003, art. 20, IX, art 21; art 23 I, art 24 II c/c parágrafo único. 3. O contribuinte foi comunicado da Decisão em 11/05/2011, fls. 45. 4. Nas razões apresentadas em 27/05/2011, o contribuinte, em síntese alega: 4.1. A empresa foi excluída “de ofício” do Simples, mediante ato declaratório, sem que lhe fosse oportunizado o direito prévio de defesa, ao arrepio do art 5º, inciso LV, da Constituição Federal. 4.2. O risco do dano irreparável está presente, pois a exclusão do Simples e a conseqüente irregularidade fiscal é de fato nefasto para toda empresa. 4.3.A exclusão somente poderia se realizar após procedimento administrativo que oferecesse à administrada a garantia do contraditório e da ampla defesa, o que Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10070.001735/200412 Acórdão n.º 1001000.848 S1C0T1 Fl. 4 3 não ocorreu. Expedir ato declaratório de exclusão e neste não garantir defesa, é o mesmo que consubstanciálo ineficiente para os fins legais afrontando o §3º, do art 15, da Lei 9317/96, o Decreto 70235/72 e Lei 9784/99, art 2º. 4.4. Recebeu o ato declaratório e entrou com recurso, e para surpresa, depois de 5 anos recebeu a decisão do recurso julgando improcedente. Como se explica? 4.5. Demonstrada a insubsistência e improcedência da exclusão de ofício, nada resta além da necessária sindicabilidade do ato administrativo defeituoso da administração pública. 4.6. Requer o acolhimento da Impugnação." Inconformada com a decisão de primeiro grau que indeferiu a sua Manifestação de Inconformidade, a ora Recorrente apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos já expendidos em primeira instância e adicionando que o Sr. Joaquim das Oliveiras teria vendido parte de suas cotas nas demais empresas afim de ficar dentro do limite de 10% . É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Em seu Recurso Voluntário a Contribuinte alega que a decisão ora atacada tomou por premissa o fato de o Sr. Joaquim das Oliveiras, seu sócio, ter participação societária acima de 10% em três outras pessoas jurídicas, contudo, não teria observado que o mesmo havia vendido suas cotas nas referias empresa de modo a ficar abaixo do limite permitido. De plano, cumpre observar que tal informação não é verificada nos autos, uma vez que o Recurso apresentando formulou tal alegação mas não apresentou qualquer documento que a corroborasse, tampouco deu mais detalhes a respeito dessas operações que pudesse ser verificado em diligência fiscal. Por outro lado, conforme já apontado pela decisão de piso, as telas juntadas pela d. Fiscalização nas fls. 31 a 42 demonstram justamente o oposto do alegado pela contribuinte, que este tinha participação que alcançava os 25% do capital social de outras pessoas jurídicas tendo sido excluído apenas anos após o ano da exclusão em comento. Desta forma, temse de forma clara que o argumento trazido pela Recorrente não se compatibiliza com a realidade descortinada nos autos. Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10070.001735/200412 Acórdão n.º 1001000.848 S1C0T1 Fl. 5 4 Assim, por economia processual, peço licença para adotar e transcrever os fundamentos já exarados na decisão de primeira instância: "(...) 7. O contribuinte foi excluído do Simples através do Ato Declaratório Executivo DERAT/RJO nº 537.823, de 02/08/2004, que excluiu o contribuinte do Simples a partir de 01/01/2002, pelo fato de o sócio ou titular participar de outra empresa com mais de 10% e a receita global no anocalendário de 2000 ter ultrapassado o limite legal, com fundamento na Lei 9317, de 05/12/1996, art. 9º, IX; art 12; art 14, I; art 15, II, Medida Provisória 215834 de 27/07/2001, art 73 Instrução Normativa SRF 355, de 29/08/2003, art. 20, IX, art 21; art 23 I, art 24 II c/c parágrafo único “ Lei 9317/96 Art. 2° Para os fins do disposto nesta Lei, considerase: .... II empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica que tenha auferido, no anocalendário, receita bruta superior a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais). (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.1998) Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: ... IX cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do art. 2° ; ... Art. 13. A exclusão mediante comunicação da pessoa jurídica darseá: ... II obrigatoriamente, quando: a) incorrer em qualquer das situações excludentes constantes do art. 9°; ..... Art. 14. A exclusão darseá de ofício quando a pessoa jurídica incorrer em quaisquer das seguintes hipóteses: I exclusão obrigatória, nas formas do inciso II e § 2° do artigo anterior, quando não realizada por comunicação da pessoa jurídica; 8. Pelas telas de sistema juntadas aos autos pela autoridade que proferiu a Decisão ora contestada e que constam das fls 32/37, constatase que o Sócio Sr. Joaquim das Oliveiras, CPF 039.155.81704, participou com mais de 10% das empresas Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10070.001735/200412 Acórdão n.º 1001000.848 S1C0T1 Fl. 6 5 Castelandia Bar Ltda, CNPJ 33.017.716/000180, da empresa Bar Kice, CNPJ 33.414.509/000130, da empresa Café e Bar Princesa Isabel Ltda, CNPJ 33.413.378/000176 e da empresa Café e Bar Azul Ltda, CNPJ 33.203.613/000185. Já nas telas de sistma constante das fls.38/42 constatase o excesso de receita. 9. Na manifestação de inconformidade o contribuinte não mais discute o percentual de participação do sócio nas empresas enumeradas, mas apenas apresenta razões de cunho processual, que não podem ser acatadas pelos seguintes fatos: 9.1. O motivo que ocasionou a exclusão do simples é hipótese de exclusão obrigatória por comunicação da pessoa jurídica – Assim, a própria empresa deveria ter solicitado a sua exclusão, tendo sido realizada de ofício, por não ter a mesma a efetivado. 9.2 A exclusão de ofício foi efetivada nos termos do §3º do artigo 15, da Lei 9317/96, que estabelece: § 3o A exclusão de ofício darseá mediante ato declaratório da autoridade fiscal da Secretaria da Receita Federal que jurisdicione o contribuinte, assegurado o contraditório e a ampla defesa, observada a legislação relativa ao processo tributário administrativo. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 11.12.1998) 9.3 O contraditório e a ampla defesa foram oportunizados ao contribuinte quando da ciência do ADE, uma vez que lhe foi concedido prazo de defesa e agora de manifestação de inconformidade, não sendo possível, portanto, falarse em desrespeito ao artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal, nem do Decreto 70235/72 e/ou da Lei 9784/99. 10. Quanto ao argumento do tempo decorrido entre a defesa do contribuinte e a primeira Decisão, assim como da necessidade de sindicabilidade de ato administrativo, esta Autoridade Administrativa não possui competência para manifestarse. 11. Assim, considerando que o Contribuinte não demonstrou que improcede a exclusão do Simples, NEGO PROVIMENTO a manifestação de inconformidade e confirmo a exclusão operada pelo ADE. (...)" Conforme apontando, houve infração por parte da Recorrente aos ditames específicos do regime simplificado de forma a justificar a sua exclusão do mesmo. Desta forma, deve ser confirmado o ato praticado pela autoridade administrativa. Em face a todo o exposto, VOTO pelo NÃO PROVIMENTO do Recurso Voluntário, com a consequente manutenção da decisão de origem. Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10070.001735/200412 Acórdão n.º 1001000.848 S1C0T1 Fl. 7 6 (assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues Relator Fl. 95DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10730.721161/2017-04
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2014
DEDUÇÕES. PLANO DE SAÚDE.
Pessoa Física que constou como beneficiário em plano de saúde de outra, pode deduzir as suas despesas, desde que haja prova do pagamento e que o titular do plano não tenha se aproveitado do crédito.
Numero da decisão: 2002-000.586
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a conselheira Monica Renata Mello Ferreira Stoll que lhe deu provimento parcial, para restabelecer os pagamentos comprovadamente efetuados pela recorrente em 2014 (excluído o de 10/02/2014 já acatado pela DRJ): R$ 890,89 de 04/2014 + R$ 1.062,11 de 10/2014 = R$ 1.953,00. Votou pelas conclusões a conselheira Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente.
(assinado digitalmente)
Virgílio Cansino Gil - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: VIRGILIO CANSINO GIL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2014 DEDUÇÕES. PLANO DE SAÚDE. Pessoa Física que constou como beneficiário em plano de saúde de outra, pode deduzir as suas despesas, desde que haja prova do pagamento e que o titular do plano não tenha se aproveitado do crédito.
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PLANO DE SAÚDE. Pessoa Física que constou como beneficiário em plano de saúde de outra, pode deduzir as suas despesas, desde que haja prova do pagamento e que o titular do plano não tenha se aproveitado do crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a conselheira Monica Renata Mello Ferreira Stoll que lhe deu provimento parcial, para restabelecer os pagamentos comprovadamente efetuados pela recorrente em 2014 (excluído o de 10/02/2014 já acatado pela DRJ): R$ 890,89 de 04/2014 + R$ 1.062,11 de 10/2014 = R$ 1.953,00. Votou pelas conclusões a conselheira Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 72 11 61 /2 01 7- 04 Fl. 96DF CARF MF Processo nº 10730.721161/201704 Acórdão n.º 2002000.586 S2C0T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 72/73) contra decisão de primeira instância (fls. 62/67), que julgou procedente em parte a impugnação do sujeito passivo. Em razão da riqueza de detalhes, adoto o relatório da DRJ, que assim diz: Trata o presente processo de Notificação de Lançamento (fls.06/11), emitida em nome da contribuinte acima identificada em decorrência de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda, referente ao exercício de 2015, anocalendário de 2014, que alterou o resultado de saldo de imposto a restituir declarado de R$ 1.417,57, para imposto suplementar de R$ 1.337,37. 2. De acordo com descrição dos fatos de fls.08/09, verificouse deduções indevidas de despesas médicas (R$ 11.289,95), referente à Caixa de Assistência dos Servidores da CEDAE, tendo em vista que não ficou comprovado o repasse dos valores do plano ao titular Carlos Augusto Torquato Dantas. 2.1. Em decorrência deste lançamento apurouse Imposto de Renda Pessoa Física Suplementar (cód. 2904) de R$ 1.337,37, multa de ofício de R$ 1.003,02, além de juros de mora de R$ 347,71 (até 28/04/2017). 3. A interessada foi cientificada em 19/04/2017 (AR fl.44) e ingressou com impugnação (fl.02), em 17/05/2017, através de procurador (fl.03/04) onde alega que a contribuinte participa do plano de saúde CAC PLANAF da CEDAE, do empregado Carlos Augusto Torquato Dantas, de quem não é dependente, e efetua os pagamentos através de boletos emitidos em seu próprio nome. Informa que o Sr. Carlos Augusto não se beneficia do valor glosado em sua declaração. Junta documentos. 3.1. Consta declaração do Sr. Carlos Augusto (fl.12), onde este reforça as alegações da interessada. O resumo da decisão revisanda está condensado na seguinte ementa do julgamento. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. PLANO DE SAÚDE. ÔNUS DA PROVA. As despesas com plano de saúde somente serão acatadas como dedução desde que amparadas pela legislação e comprovadas por documentos hábeis. A impugnação deve ser instruída com elementos de prova suficientes a promover o convencimento do julgador. Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10730.721161/201704 Acórdão n.º 2002000.586 S2C0T2 Fl. 4 3 Inconformada, a contribuinte apresentou recurso reiterando as alegações da impugnação e, juntando documentos. É o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro Virgílio Cansino Gil Relator Recurso Voluntário aviado a modo e tempo, portanto dele conheço. De acordo com a fl. 93 dos autos, em 06/11/2017 foi postada a correspondência para ciência da contribuinte do Acórdão proferido pela DRJ, conforme documento de fl. 90, porém o AR foi extraviado e a contribuinte protocolou Recurso Voluntário em 06/12/2017 (fl. 72), assinado por procurador legalmente constituído (fl. 74/75). Responde a contribuinte nestes autos, pela seguinte infração: a) Dedução do Plano de Saúde. Diz o Sr. AFR, que foi glosado o valor de R$ 11.289,95, referente ao pagamento efetuado ao CNPJ 31.934.805/000136, por falta de previsão legal, uma vez que o pagamento foi feito por Carlos Augusto Torquato Dantas e não foi comprovado o repasse do valor pela contribuinte. Diz a r. decisão, que somente “os documentos de fls. 36/38, são hábeis a comprovar o pagamento efetuado pela Interessada ao plano de saúde, em 10/02/2014. Isto porque os demais boletos bancários e os correspondentes comprovantes de pagamentos de títulos apresentados nos autos se referem a anoscalendário diversos do aqui tratado, muito embora esteja confirmado, em pesquisa efetuada no sistema informatizado da RFB, que não houve utilização dos valores glosados pelo Sr. Carlos Augusto Torquato Dantas. Ou seja, a contribuinte não logrou comprovar todos os pagamentos que alega ter efetuado, ela própria, ao plano de saúde”. Assim a r. decisão, considerou excluir da glosa o valor de R$ 890,89, porque documentalmente comprovado, mantendose glosado o valor de R$ 10.399,06. Irresignada a recorrente maneja recurso próprio, combatendo o mérito da decisão acatada. Pois bem, encontramos à fl. 11 dos autos, uma “Declaração” de lavra de Carlos Augusto Torquato Dantas, dizendo que a recorrente é sua sogra, porém não sua dependente, haja vista que se mantém com recursos próprios. Afirma que em sua Declaração para o Fisco, a parcela referente às mensalidades do Plano de Saúde (CAC) pertinentes ao CPF da recorrente, não faz parte da sua dedução no IR e somente consta como parcela dedutível da declaração do IR da recorrente. A r. decisão revisanda, não desmente a declaração do titular do plano, eis que, em pesquisa efetuado junto ao sistema informatizado da RFB, consta que não houve utilização dos valores glosados pelo Sr. Carlos Augusto Torquato Dantas. Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10730.721161/201704 Acórdão n.º 2002000.586 S2C0T2 Fl. 5 4 Diante das provas, colhidas pela própria decisão revisanda, fica claro que o titular do plano não se aproveitou das parcelas glosadas e que as mesmas foram de fato pagas pela recorrente. Isto posto, e pelo que mais consta dos autos, conheço do Recurso Voluntário, e no mérito dáse provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Fl. 99DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10140.722975/2015-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 2201-000.325
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do processo em diligência, para que a unidade responsável pela administração do tributo instrua os autos com peças relacionadas à demanda judicial que tangencia a matéria sob análise, com vistas à convicção ou não de ocorrência de concomitância de instâncias administrativa e judicial.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Douglas Kakazu Kushiyama - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente)
Nome do relator: DOUGLAS KAKAZU KUSHIYAMA
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decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do processo em diligência, para que a unidade responsável pela administração do tributo instrua os autos com peças relacionadas à demanda judicial que tangencia a matéria sob análise, com vistas à convicção ou não de ocorrência de concomitância de instâncias administrativa e judicial. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente. (assinado digitalmente) Douglas Kakazu Kushiyama - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente)
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(assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Douglas Kakazu Kushiyama Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente) Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF), de fls. 249/257, a qual julgou procedente o lançamento de Contribuições Sociais Previdenciárias, referente ao período de apuração: 01/09/2014 a 31/12/2014, acrescido de multa e juros de mora. O presente processo trata de Autos de Infração de Obrigação Principal (AIOP), lavrados em desfavor da empresa acima qualificada, incluindo os seguintes debcad's: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 40 .7 22 97 5/ 20 15 -3 6 Fl. 329DF CARF MF Processo nº 10140.722975/201536 Resolução nº 2201000.325 S2C2T1 Fl. 330 2 AIOP DEBCAD Nº 51.048.2600– consolidado em 30/11/2015, no valor de R$11.643.176,61, relativo a contribuições previdenciárias –RAT e RURAL, correspondente ao levantamento PR. AIOP DEBCAD Nº 51. 048.2619– consolidado em 30/11/2015, no valor de R$ 1.343.776,83, relativo a contribuições de terceiros – SENAR, correspondente aos levantamentos PR e P1.1. RELATÓRIO FISCAL Conforme Relatório Fiscal, a autuada, pessoa jurídica que explora atividades atacadista de compra e venda , adquire produtos de produtores rurais pessoas físicas, estando, portanto, obrigada a recolher as contribuições destinadas ao Funrural, Rat e Senar, como subrogada. A autoridade lançadora esclarece que a base de cálculo das contribuições lançadas não foi declarada em GFIP e foi apurada com base nas notas fiscais de entrada da empresa, demonstradas na Planilha I, tendo sido excluídas as vendas canceladas e devolvidas, como as aquisições de produtos rurais de pessoas jurídicas. Informa que o contribuinte protocolou, junto ao TRF1, em 18/03/2014, medida judicial visando exonerarse da contribuição previdenciária incidente sobre a comercialização de produtos rurais, conforme processo 002024039.2014.4.01.3400, logrando êxito em 24/09/2014, em que obteve, em primeira instância, decisão suspendendo a exigibilidade da cobrança da contribuição rural. Salienta que a referida ação não abrange as contribuições devidas a Terceiros (SENAR). Da Impugnação Recebida a cientificação do lançamento, em 02.12.2015 (fl. 144), apresentou, em 21.12.2015, as impugnações de fls. 167/178 (Funrural) e fls. 204/214 (SENAR) , alegando em síntese: AI 51.048.2600 2.1.1 AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL ATRIBUTIVA DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 30, IV, DA LEI 8.212/91, REDAÇÃO ORIGINAL inexiste regra expressa de responsabilidade tributária que obrigue a impugnante de reter e recolher o Funrural nas operações em que adquire os produtos dos produtores rurais pessoas físicas, o que viola o primado da estrita legalidade tributária, prevista no art.150, I, da CF, c.c art. 97, III e 128 do CTN; a suposta responsabilidade por subrogação das empresas adquirentes fundarseia na previsão do art. 30, IV, da Lei 8.212/91, com redação dada pelas leis 8.540/92 e 9.528/97, ambas declaradas inconstitucionais pelo STF, com reconhecimento de repercussão geral; com a declaração de inconstitucionalidade das citadas leis, o referido art. 30, IV, da lei 8.212 recobrou sua redação original, a qual não Fl. 330DF CARF MF Processo nº 10140.722975/201536 Resolução nº 2201000.325 S2C2T1 Fl. 331 3 prevê a responsabilidade tributária da empresa adquirente quanto às obrigações do produtor rural pessoa física; sem a previsão expressa do art. 30, IV, da LCSS, não há como imputar à impugnante a responsabilidade pela retenção e recolhimento do FUNRURAL, devido pelos produtores rurais pessoas físicas que com ela comercializou sua produção, sendo ilegal qualquer pretensão de exigirlhe o crédito tributário; 2.1.2 AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL DESCREVENDO A HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO E DA ALÍQUOTA. IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA. a contribuição previdenciária do produtor rural pessoa física, incidente sobre a comercialização de sua produção, deixou de ter sua hipótese de incidência com a decretação de inconstitucionalidade do art. 1º, da Lei 8.540/92 e redações posteriores; não há, na lei, descrição da materialidade e dos aspectos espacial e temporal do tributo, e nem a base de cálculo e a alíquota da contribuição capazes determinar o quantum devido; a simples leitura do art. 1º, da Lei 10.256/2001, veiculado após EC 20/98, revela que a modificação introduzida por esse dispositivo legal não corrigiu a ausência da hipótese de incidência normativa, remanescendo inválida a cobrança deste tributo; sem a previsão da alíquota e da base de cálculo do referido tributo, a exigência do FUNRURAL é indevida, pois como poderia a autoridade fiscal descrever, no auto de infração, a ocorrência concreta de fato gerador que não tem previsão em lei, ou mesmo calcular o montante devido sem que a lei traga a base de cálculo ou a alíquota a ser aplicada?; o ato do lançamento, neste caso, revela cobrança de tributo sem previsão legal, o que configura, em tese, crime de excesso de exação, previsto no art. 316, §1o, do CP. vale destacar que na própria fundamentação legal da cobrança há expressa menção de que ela se baseia no art. 25, incisos I e II, na redação dada pela lei 9.528/97, disposições, que como visto, foram expressamente declaradas inconstitucionais pelo STF. 2.1.3 DO PEDIDO que a impugnação seja admitida e julgada totalmente procedente para anular à integralidade o AI 51.048.2600, afastandose, por conseguinte, a cobrança dos valores exigidos. 2.2 AI 51.048.2619 2.2.1 CONTRIBUIÇÃO PARA O SENAR. NATUREZA DE CONTRIBUIÇÃO DE INTERESSE DE CATEGORIA ECONÔMICA. somente os indivíduos que explorem atividade econômica no setor rural estão sujeitos à incidência da contribuição ao SENAR, sendo evidente o enquadramento dessa contribuição como sendo de interesse de categoria econômica, nos termos do art. 149, caput, da CF, o que reflete na impossibilidade de emprego da previsão da lei 8.212/91, que Fl. 331DF CARF MF Processo nº 10140.722975/201536 Resolução nº 2201000.325 S2C2T1 Fl. 332 4 versa sobre contribuições previdenciárias, para disciplinar a responsabilidade tributária; 2.2.2 DA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. INAPLICABILIDADE DA PREVISÃO DO ART. 30, IV, DA LEI 8.212/91 À CONTRIBUIÇÃO AO SENAR. as previsões da lei 8.212/91 destinamse a organizar a seguridade social, sendo juridicamente inviável e ilegal aplicálas à contribuição ao SENAR, cuja natureza jurídicoespecífica é absolutamente distinta; é juridicamente inválido valerse das disposições legais que regulam a responsabilidade tributária das contribuições sociais para suprir a ausência de expressa previsão legal que estabeleça responsabilidade em matéria de contribuições ao SENAR, que detém natureza de categoria econômica, pois isso frada a legalidade estrita que orienta o sistema tributário; inexigível a cobrança da contribuição ao SENAR da empresa adquirente ante a ausência de lei formal expressa estabelecendo a responsabilidade tributária; o art.6º, da Lei 9.528/97 impõe a obrigação tributária aos próprios produtores rurais, pessoas físicas, e não aos adquirentes e, da leitura do art. 30, IV, da lei 8.212/91, com a redação dada pela lei 9.528/97, constatase que a empresa adquirente somente se subroga nas obrigações do produtor rural pessoa física quanto às obrigações do art. 25, da mesma lei, não havendo menção à contribuição ao SENAR; a declaração de inconstitucionalidade da lei 9.528/97 devolveu a redação original ao art. 30,IV, da 8.212, impondo a responsabilidade tributária apenas às empresas que adquirir produtos comercializados pelos produtores rurais que exploram a atividade em regime de economia familiar, o que não é o caso da impugnante; é inexigível a cobrança da contribuição ao SENAR da impugnante, na condição de responsável tributária por subrogação, por inaplicável ao caso, bem assim por inexistir previsão legal que estabeleça a substituição tributária nesta circunstância. 2.2.3 DO PEDIDO que a impugnação seja admitida e julgada totalmente procedente para anular à integralidade o AI 51.048.2619, afastandose, por conseguinte, a cobrança dos valores exigidos. Da Decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF) Quando da apreciação do caso, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF) julgou procedente a autuação, conforme ementa abaixo (fl. 249): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Fl. 332DF CARF MF Processo nº 10140.722975/201536 Resolução nº 2201000.325 S2C2T1 Fl. 333 5 Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2014 AQUISIÇÃO DE PRODUTO RURAL DE PESSOA FÍSICA É devida, pelo produtor rural pessoa física, contribuição previdenciária e ao SENAR, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção. RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE A empresa adquirente da produção de produtores rurais pessoas físicas fica subrogada nas obrigações de tais produtores e está obrigada a arrecadar, mediante desconto, a contribuição previdenciária e a de Terceiros por ele devida. A responsabilidade pelo recolhimento das contribuições de que trata o art. 25 da Lei nº 8.212/91 encontra amparo no inciso III do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, que não é alvo da declaração de inconstitucionalidade do RE nº 363.852/MG, permanecendo tal obrigação tributária ainda vigente e eficaz, produzindo todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI Impossibilidade de apreciação de inconstitucionalidade da lei no âmbito administrativo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Do Recurso Voluntário A Recorrente, devidamente intimada da decisão da DRJ, conforme aviso de fls. 271, recebido em 09/06/2016, apresentou os recursos voluntários de fls. 280/298 e fls. 301/316 em 11/07/2016, praticamente repetindo os argumentos apresentados em sede de impugnação. Este recurso compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Relator Douglas Kakazu Kushiyama No caso em discussão, a decisão de piso negou provimento à impugnação e manteve o crédito tributário. Por outro lado, com base em um extrato referente ao processo nº 002024039.2014.4.01.3400 (fls. 148/149), e fez menção à afirmação de que a contribuição ao SENAR não seria objeto da mencionada ação judicial. Ocorre que o mencionado extrato não informa qual foi o pedido, quem são as partes, nem mesmo a extensão da decisão proferida em sede de tutela antecipada. Sendo assim, para que seja possível analisar se a mencionada ação judicial não está discutindo as mesmas questões postas nos autos, deveria ter sido trazido aos presentes autos as peças mencionadas acima, bem como o atual status do processo judicial para que fosse possível verificar eventual concomitância e, se fosse o caso, manifestarme sobre a aplicação da Súmula 1 deste Eg. CARF. Fl. 333DF CARF MF Processo nº 10140.722975/201536 Resolução nº 2201000.325 S2C2T1 Fl. 334 6 Conclusão Diante todo o exposto, converto o julgamento em diligência, para que a unidade responsável pela administração do tributo, mediante intimação do Recorrente para que este traga aos autos as seguintes cópias referentes ao processo nº 002024039.2014.4.01.3400: 1) Cópia da petição inicial; 2) Cópia da decisão que concedeu tutela antecipada e outras decisões proferidas naqueles autos e 3) Certidão de objeto e pé dos autos. (assinado digitalmente) Douglas Kakazu Kushiyama Relator Fl. 334DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.723465/2011-69
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Oct 31 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010
DECADÊNCIA - OMISSÃO DE RENDIMENTOS - GANHO DE CAPITAL.
Ganho de capital auferido na alienação do imóvel rural o fato gerador se dá no momento do efetivo ganho de capital. Em sendo o pagamento parcelado o fato gerador também será tomado a cada parcela separadamente.
Numero da decisão: 9202-007.177
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe negou provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Ana Paula Fernandes.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
(assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes - Redatora designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010 DECADÊNCIA - OMISSÃO DE RENDIMENTOS - GANHO DE CAPITAL. Ganho de capital auferido na alienação do imóvel rural o fato gerador se dá no momento do efetivo ganho de capital. Em sendo o pagamento parcelado o fato gerador também será tomado a cada parcela separadamente.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe negou provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva - Relatora. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes - Redatora designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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Ganho de capital auferido na alienação do imóvel rural o fato gerador se dá no momento do efetivo ganho de capital. Em sendo o pagamento parcelado o fato gerador também será tomado a cada parcela separadamente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe negou provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Redatora designada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 34 65 /2 01 1- 69 Fl. 453DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial, de efls. 381/387, interposto pela Fazenda Nacional, em face do acórdão nº 2201002.131, julgado na sessão do dia 15 de maio de 2013, pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção, o qual provimento ao Recurso Voluntário. A decisão restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010 Ementa: DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. No caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, na hipótese de não haver antecipação do pagamento, utilizase a sistemática prevista no inciso I, do art. 173, do CTN. A constituição do crédito tributário se deu por meio da lavratura do auto de infração e não respeitou o prazo quinquenal legal. Como se trata de matéria de ordem pública a decadência deve ser reconhecida de oficio. IRPF. GANHO DE CAPITAL ALIENAÇÃO DE IMÓVEL A PRAZO. FATO GERADOR. DATA DA OCORRÊNCIA. O fato gerador do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda a prazo de bens imóveis ocorre no dia da alienação. A data do fato gerador deve ser a mesma tanto para efeitos de contagem do prazo decadencial como para apuração do imposto devido. Na origem, trata o presente processo de Auto de Infração relativo a IRPF, anoscalendário 2006 a 2009. A fiscalização apurou omissão de rendimentos decorrentes do ganho de capital auferido na alienação do imóvel rural denominado "Fazenda Sete Belo" No relatório da ação fiscal, às fls. 22/36, foi consignado que: a) o fiscalizado não atendeu a intimação fiscal para apresentar o demonstrativo de apuração do ganho de capital decorrente da alienação do citado imóvel; b) o referido imóvel foi adquirido, em 21 de julho de 1988, por Cz$ 5.500.168,00 (cinco milhões quinhentos mil e cento e sessenta oito cruzados), conforme Certidão do Cartório de Registro de Imóveis do 2º Ofício de Barreiras/Ba. Atualizando Fl. 454DF CARF MF Processo nº 10530.723465/201169 Acórdão n.º 9202007.177 CSRFT2 Fl. 454 3 tal valor mediante a aplicação do índice de 142,8467, conforme estabelece a Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001, chegouse ao custo de aquisição atualizado de R$ 38.503,99, que foi utilizado na apuração do ganho de capital, nos termos do parágrafo único do art. 136 do RIR/1999; c) em razão do imóvel ter sido adquirido pelo autuado em condomínio com o Sr. Loreci José Comparin e Sr. Loreni Luiz Comparin, nos percentuais indicados na tabela, às fls. 35, e dele ser casado em regime de comunhão universal de bens com a Sra. Iria Baroni Comparin, a exigência fiscal recaiu somente sobre a metade de sua participação no bem, nos termos do art. 22 e § 2º do art. 30 da Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001; d) na apuração do ganho de capital não foram deduzidos valores a título de benfeitorias, em razão da falta de comprovação da ocorrência de tais dispêndios, bem como, de que os valores das benfeitorias porventura existentes tivessem sido deduzidas dos resultados das respectivas atividades rurais, hipótese em que tais receitas seriam deduzidas do valor da alienação e tributadas como receita da atividade rural; e) no Contrato Particular de Compra e Venda do referido imóvel, datado de maio de 2002, consta que o preço de venda pactuado entre as partes foi de 1.391.467 (um milhão trezentos e noventa e um mil quatrocentos e sessenta e sete) sacas de soja de 60 kg, que seria recebido conforme cronograma, às fls. 25/26. Entretanto, o referido preço diverge significativamente do valor constante na escritura pública lavrada em julho de 2007, que ratifica a operação de compra e venda em questão; f) na apuração do ganho de capital, a fiscalização considerou como valor da alienação os valores efetivamente pagos, listados às fls. 35, sendo que em razão de divergências entre as informações prestadas pelos adquirentes das prestadas pelos vendedores, os valores foram apurados mediante a adoção dos critérios indicados às fls. 34, destacandose que as informações prestadas pelos adquirentes estavam lastreadas com documentação financeira, enquanto que as prestadas pelos vendedores não; g) na apuração do ganho de capital foi aplicado o percentual de redução de 5% (cinco por cento), nos termo do art. 18 da Lei nº 7.713, de 1988; h) a multa de ofício foi agravada, nos termos do art. 44, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996, em razão do fiscalizado não ter atendido a intimação fiscal para apresentar demonstrativo de apuração do ganho de capital objeto do lançamento fiscal; i) a multa de ofício foi qualificada, nos termos do art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996, em razão do fiscalizado não ter apresentado o demonstrativo de apuração do ganho de capital em sua declaração de rendimento, com o objetivo de retardar/dificultar o conhecimento dos fatos geradores correspondentes por parte do Fisco. Fl. 455DF CARF MF 4 Diante de tal lançamento, a Contribuinte apresentou impugnação de efls. 319/333, alegando a insubsistência do Auto de Infração. A 3ª Turma da DRJ de Salvador/BA, conforme acórdão nº 1528.388, de e fls. 336/341, julgou parcialmente procedente a Impugnação, reduzindo a multa de ofício de 225% para 112,5%. Com isso, em razão do montante reduzido houve a "interposição de Recurso de Ofício" Intimado de tal decisão, houve a interposição de Recurso Voluntário, efls. 343/361, que foi julgado pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção, o qual provimento ao Recurso Voluntário Após a decisão que deu provimento ao Recurso Voluntário, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial efls. 381/387. Apresentou como paradigmas o acórdão nº 220200.306. “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1996, 1997, 1998, 1999 GANHO DE CAPITAL, DECADÊNCIA. O direito de a Fazenda lançar o imposto decorrente da apuração de ganho de capital devido no ajuste anual decai após cinco anos da data da alienação, se esta for à vista, ou da data do recebimento das parcelas, se for a prazo, desde que não seja constada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” De acordo com o despacho de efls. 411/413 foi dado seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional para que seja reapreciada a questão do inicio do prazo decadencial na omissão de ganho de capital, quando ocorre o recebimento das parcelas a prazo. Após o exame de admissibilidade do Recurso Especial da Fazenda Nacional, o processo foi encaminhado à origem. A DRF de Feira de Santana/BA, conforme despacho de efls. 416, determinou o retorno dos autos ao CARF para analise do Recurso de Ofício. Assim, conforme acórdão efls. 418/421, houve a análise do Recurso de Ofício, sendo aplicada a Súmula nº 14 do CARF, alterando a parte dispositiva do acórdão para: "negar provimento ao Recurso de Ofício e dar provimento ao Recurso Voluntário." Conforme efls. 423, a Fazenda tomou ciência da nova decisão. Após a Resolução 9202000.093, a unidade de origem encaminhou cópia de AR datado de 14 de agosto de 2017, com assinatura de recebimento na mesma data (efl. 441) É o relatório. Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora Fl. 456DF CARF MF Processo nº 10530.723465/201169 Acórdão n.º 9202007.177 CSRFT2 Fl. 455 5 O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Cuida o presente lançamento de omissão de rendimentos decorrentes de ganho de capital auferido na alienação do imóvel rural denominado “Fazenda Sete Belo”, conforme Contrato Particular de Compra e Venda datado de 18 de maio de 2002 (fls. 304/313). De acordo com Relatório de Ação Fiscal, fls. 22/43: “... o valor efetivo da operação de alienação em questão, tendo em vista que no Contrato de Compra e Venda assinado pelas partes, em maio de 2002, o preço foi estipulado 1.391.467 (um milhão, trezentos e noventa um mil e quatrocentos e sessenta e sete) sacas de soja de 60 kg”. Assevera, ainda, a autoridade fiscal que “... Sobre o montante dos valores efetivamente desembolsados pelos compradores para fins de pagamento pela aquisição do imóvel em comento, foram coligidas informações tanto da parte dos adquirentes em relação aos pagamentos efetuados durante os anos de 2003 a 2009, quanto informações prestadas pelos próprios vendedores em relação aos pagamentos recebidos entre 2006 e 2009”. Assim, o fato gerador relativo ao ganho de capital ocorreu em 18 de maio de 2002, e o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o imposto poderia ter sido lançado corresponde a 01/01/2003 e o término do prazo decadencial de 5 anos ocorre em 31/12/2007. Deste modo, como a ciência do Auto de Infração ocorreu em 19/07/2011 (Edital 36/2011– fl. 549), o crédito tributário já havia sido atingido pela decadência Por irrepreensíveis, reproduzo o voto do Ilustre Conselheiro Eduardo Farah, com o qual meu entendimento encontra acolhida, verbis: De início, devese anotar que independentemente das questões levantadas pelo contribuinte, incumbe a este Colegiado verificar o controle interno da legalidade do lançamento, bem como apreciar as matérias de ordem pública. No caso destes autos urge reconhecer de oficio a decadência do crédito tributário, matéria de ordem pública que deve ser apreciada em qualquer grau de jurisdição. A decadência em matéria tributária consiste na inércia das autoridades fiscais, pelo decurso de prazo, para efetivar a Constituição do crédito tributário. As alterações legislativas do imposto de renda ao atribuir à pessoa física e jurídica a incumbência de apurar o imposto, sem prévio exame da autoridade administrativa, classificase na modalidade de lançamento por homologação. E o § 4º, do art. 150, do Código Tributário Nacional (CTN) fixa prazo de homologação de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, no caso em que a lei não fixar outro limite temporal. Transcrevese o § 4º, do art. 150, do CTN: Fl. 457DF CARF MF 6 Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifei) Assim, o prazo decadencial para Fazenda Pública constituir crédito tributário no lançamento por homologação é de 5 (cinco) anos a contar da ocorrência do fato gerador, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No caso dos autos, a autoridade recorrida já havia afastada a conduta dolosa do contribuinte e, consequentemente, a multa qualificada imposta. Transcrevese parte do voto condutor onde a matéria é tratada: Quanto à qualificação da multa, nos termos do art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996, a falta de apresentação do demonstrativo de apuração do ganho de capital na declaração de rendimento, quando desacompanhada de outros indícios que demonstrem a intenção do contribuinte em retardar/dificultar o conhecimento do fato gerador pelo Fisco, não comprova sua conduta dolosa. Portanto, descabida a qualificação da multa de ofício. Com efeito, como não consta no anocalendário de 2006 pagamento do imposto de renda sobre ganho de capital (Código 4600), devese aplicar o Recurso Especial nº 973.733/SC c/c art. 543C do CPC c/c art. 62A do RICARF, contando o dies a quo a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, conforme prevê o inciso I, do art. 173, do CTN: Art. 173 — O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: lançamento poderia ter sido efetuado; Ressaltese que no caso venda a prazo de bens imóveis, o fato gerador do imposto de renda é apurado como se a venda fosse efetuada à vista, consoante determina o art. 31 da Instrução Normativa nº 84/2001: Art. 31. Nas alienações a prazo, o ganho de capital é apurado como se a venda fosse efetuada à vista e o imposto é pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida, até o último dia útil do mês subseqüente ao do recebimento. Parágrafo único. O imposto devido relativo a cada parcela recebida, é apurado aplicandose: Fl. 458DF CARF MF Processo nº 10530.723465/201169 Acórdão n.º 9202007.177 CSRFT2 Fl. 456 7 1o percentual resultante da relação entre o ganho de capital total e valor total da alienação sobre o valor da parcela recebida; II a alíquota de quinze por cento sobre o valor apurado na forma do inciso I. Este também é o entendimento deste Órgão Administrativo, conforme ementas destacadas: IRPF. GANHO DE CAPITAL AUFERIDO NA ALIENAÇÃO DE BEM IMÓVEL A PRAZO. FATO GERADOR. DATA DA OCORRÊNCIA. Para efeitos do imposto de renda, o conceito de alienação abrange o contrato de promessa de venda e compra. A legislação considera que o fato gerador do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda a prazo de bens imóveis ocorre no dia da alienação, diferindose o pagamento do tributo para o momento do recebimento de cada uma das parcelas do contrato. A data do fato gerador deve ser a mesma tanto para efeitos de contagem do prazo decadencial como para apuração do imposto devido. Preliminar de decadência acolhida. (Processo: 16707.005398/200495 Acórdão 10249406, sessão 06/11/2008) ... IRPF. GANHO DE CAPITAL AUFERIDO NA ALIENAÇÃO DE BEM IMÓVEL A PRAZO. FATO GERADOR. DATA DA OCORRÊNCIA. A legislação considera que o fato gerador do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda a prazo de bens imóveis ocorre no dia da alienação, diferindose o pagamento do tributo para o momento do recebimento de cada uma das parcelas do contrato. A data do fato gerador deve ser a mesma tanto para efeitos de contagem do prazo decadencial como para apuração do imposto devido. Preliminar de decadência acolhida. (Processo: 10850.002613/200113 Acórdão 10249.427, sessão 16/12/2008) ... GANHO DE CAPITAL – Nas alienações a prazo, o ganho de capital é apurado como se a venda fosse efetuada à vista e o imposto deve ser pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebido. (Acórdão 10247217, Data da Sessão 10/11/2005) Reafirmo aqui meu posicionamento no julgamento do Acórdão 9202 003.770, com base nas esclarecedoras palavras da Ilustre Conselheira Maria Teresa Martinez López: Fl. 459DF CARF MF 8 nas vendas a prazo o fato gerador do Imposto de Renda se realiza com o efetivo pagamento da parcela acordada pelas partes, devendo este ser o momento para contagem do prazo decadencial". Assim, a contagem do prazo decadencial, na hipótese de ganho de capital em virtude da alienação de bem imóvel nos contratos de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento, segundo a ilustre Relatora, para efeito da contagem do prazo decadencial, deve observar o regime de caixa, ou seja, ser considerado cada parcela recebida. Isto porque, em apertada síntese, não há, no momento do recebimento de cada uma das parcelas, nova apuração do tributo, à luz da lei vigente ao tempo do efetivo pagamento do preço, o que seria necessário se a lei considerasse como momento da ocorrência do fato gerador a data do recebimento de cada uma das parcelas, como se o lucro fosse aferido sob o regime de caixa. Em se admitir que o fato gerador ocorre no momento do recebimento (CAIXA), haveria sim que se proceder a uma nova apuração do imposto devido, segundo a lei então vigente. No mais, explico fundamentalmente a minha divergência: A questão que se coloca portanto, para análise deste Colegiado diz respeito à definição do marco inicial da contagem do prazo decadencial, nas hipóteses de ganho de capital em virtude da alienação de bem imóvel nos contratos de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento. Retornando ao passado, vejo que a matéria já foi examinada, por alguns Conselheiros do antigo Conselho de Contribuintes. Nos acórdãos de nos 10249.406 e 102 49.427, ambos da 2ª Câmara do 1ª Conselho de Contribuintes e de relatoria do conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, afirmouse que a análise da questão controvertida deveria debruçarse sobre conceitos como o de disponibilidade econômica e jurídica e a aplicabilidade das subsequentes regras concernentes ao regime de caixa e ao regime de competência. Em tempo, informo que a matéria abaixo é fruto de estudo pelo ex Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, ao qual peço vênia para citar parte do seu trabalho, a ser futuramente publicado pelo Núcleo de Estudos Tributários da FGV. 1 Para tanto, inicialmente, vejase o disposto no art. 21 da Lei 8.981/95, a seguir reproduzido: Art. 21. O ganho de capital percebido por pessoa física em decorrência da alienação de bens e direitos de qualquer natureza sujeitase à incidência do imposto de renda, à alíquota de 15% (quinze por cento). (...) §2º. Os ganhos a que se refere este artigo serão apurados e tributados em separado e não integrarão a base de cálculo do imposto de renda na declaração de ajuste anual, e o imposto pago não poderá ser deduzido do devido na declaração.” À luz do dispositivo legal, cumpre auferir qual o critério temporal da regra matriz de incidência tributária1 em comento. É dizer, há que se precisar o exato instante em que se considera nascida a relação jurídicotributária entre os sujeitos ativo e passivo, consubstanciada em uma relação obrigacional entre ambos para que, assim, se possa aferir qual o dies a quo do prazo decadencial. Imprescindível perquirir quais os conceitos de “alienação” e de “ganho de capital”, referidos pela norma jurídica trazida à colação, em especial para que se possa aferir se a transferência do imóvel em virtude de contrato de promessa de compra e venda sem cláusula Fl. 460DF CARF MF Processo nº 10530.723465/201169 Acórdão n.º 9202007.177 CSRFT2 Fl. 457 9 de arrependimento, na forma do artigo 463 do Código Civil, se amolda ao conceito de “alienação”. Penso que sim. A transmissão verificada por meio de contrato de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento amoldase ao âmbito semântico do termo do vocábulo “alienação”, tal como previsto na regra de incidência do imposto de renda. Com efeito, como assevera DE PLÁCIDO E SILVA, 2 alienar “é o verbo que significa a ação de passar para outrem o domínio de coisa ou o gozo de direito que é nosso.” Nesse sentido, perseguindose a natureza jurídica da celebração de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento, verificase que, nos termos em que dispõe o art. 1225, VII, do Código Civil pátrio, referido contrato preliminar constitui autêntico direito de aquisição, de maneira que, uma vez firmado, fica vedado ao promitente vendedor gravar o imóvel ou alienálo a terceiros. Por outro giro, sendo certo que o direito real de aquisição atribui ao promissário comprador o direito de impor a assinatura do contrato definitivo ao vendedor assim que adimplidas as parcelas acordadas, possuindo, assim, o correspondente direito de seqüela, oponível a quaisquer partes, impõese admitir que a celebração de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento constitui autêntica compra e venda a prazo, não havendo qualquer possibilidade de alienação do imóvel a terceiros que não o próprio promissário comprador. Não há que se restringir, portanto, a interpretação do conceito de alienação de imóvel apenas ao momento da outorga da escritura definitiva, ainda que, para efeitos cíveis, a aquisição do imóvel requeira registro do título translativo no Registro de Imóveis (art. 1245 do Código Civil). Isto porque, reiterese, ao se celebrar o referido contrato preliminar sem estipulação de qualquer cláusula de arrependimento, permutase a disponibilidade do bem imóvel pela disponibilidade do preço acordado, permitindose ao alienante a própria cessão de tal valor a terceiros. Esse posicionamento, aliás, já restou consolidado por meio de Solução de Consulta emitida pela SRRF da 10ª Região Fiscal, 3 in verbis: “IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF – ALIENAÇÃO DE IMÓVEIS. IMÓVEL FINANCIADO. Para a legislação tributária ocorre a alienação e aquisição de imóveis em qualquer operação que importe a transmissão ou promessa de transmissão de imóveis, a qualquer título, ou a cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, ainda que efetuadas por meio de instrumento particular não inscrito em registro público. No caso de imóvel financiado, considerase consumada a sua alienação, para efeitos tributários, na data da assinatura do documento particular de cessão de direitos sobre ele.”3 Também o Primeiro Conselho de Contribuintes, ora Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, já se manifestou neste sentido, conforme se constata dos acórdãos infra ementados: GANHO DE CAPITAL ALIENAÇÃO A QUALQUER TÍTULO PARA FINS FISCAIS Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação Fl. 461DF CARF MF 10 em pagamento, procuração em causa própria, promessa de compra e venda de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. 4 ALIENAÇÃO DE BENS OU DIREITOS APURAÇÃO DE GANHO DE CAPITAL O ganho de capital na alienação de bens ou direitos deve ser reconhecido e apurado por ocasião da celebração do negócio ou do contrato de cessão ou promessa de cessão, ainda que através de instrumento particular, mormente quando o referido instrumento é celebrado em caráter irrevogável e irretratável e o recolhimento do tributo deverá ocorrer no prazo ali fixado. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose da validade jurídica dos atos efetivamente praticados. Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. 5 Não basta, no entanto, para a incidência do tributo, que haja a alienação do bem, fazendose mister, igualmente, que a parte alienante tenha auferido um ganho de capital. Como se sabe, ganho de capital é conceito compreendido no âmbito da expressão “renda e proventos de qualquer natureza”, deles não podendo traspassar. Nesse sentido, verificase que também a definição do que seja ganho de capital demanda uma aferição do que se entende por renda lato senso, o que se afere a partir do que dispõe o art. 43 do CTN, in verbis: “Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.” Pois bem. Interessanos perquirir quais os conceitos de “disponibilidade jurídica” e “disponibilidade econômica” da renda e dos proventos de qualquer natureza, aludidos pela dicção do artigo colacionado. Primeiramente importa definir o que seria “disponibilidade” para, em momento subseqüente, acrescer os vocábulos “jurídica” e “econômica” para efeito de definir cada espécie aludida pelo CTN. Para tanto, será de grande valia a utilização da conceituação já existente no ordenamento jurídico brasileiro, mais precisamente no Código Civil hodierno. Como se sabe, o Código Tributário Nacional define que “os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos” (art. 109 do CTN). Ingressando na seara do direito privado, percebese que o verbo “dispor” encontrase atrelado, sempre, à noção de propriedade, sendo, em verdade, um atributo próprio a este instituto jurídico. Neste aspecto, portanto, apenas pode dispor de algo aquele que possui a sua propriedade. Elucidativo, pois, o disposto no art. 1.228 do Código Civil de 2002, in verbis: Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Diferentemente, no caso da simples posse, não há uma faculdade de dispor da “coisa”, mas, apenas, de exercer o seu uso ou gozo. Fl. 462DF CARF MF Processo nº 10530.723465/201169 Acórdão n.º 9202007.177 CSRFT2 Fl. 458 11 Neste sentido é a lição do Prof. ARNOLDO WALD 6 que ora se traz à colação: A posse costuma ser definida como a exteriorização da propriedade. O Código Civil brasileiro, no seu art. 1.196, fornecenos o conceito de possuidor, esclarecendo ser aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Constitui, pois, a posse uma situação de fato, na qual alguém mantém determinada coisa sob sua guarda e para seu uso ou gozo, tendo ou não a intenção de considerála como de sua propriedade. Vêse, portanto, que a disponibilidade é atributo típico da noção de propriedade. Nos termos postos por CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, a faculdade de dispor “é a mais viva expressão dominial, pela maior largueza que espelha” 7 Nesse passo, percebese que a noção do vocábulo para o direito civil se amolda, à perfeição, para delimitação do conceito na seara tributária. Por isso é que entendo valiosa a explanação do jurista CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, em trecho que interessa ser citado, verbis: O ‘ius abutendi’, no sentido de ‘disponendi’, envolve a disposição material que raia pela destruição (De Page) como a jurídica, isto é, o poder de alienar a qualquer título – doação, venda, troca; quer dizer ainda destruíla, mas somente quando não implique procedimento antisocial. Em suma: dispor da coisa vai dar no fato de atingir a sua substância, uma vez que no direito a esta reside a essência mesma do domínio. Mas envolve, ainda, o poder de gravála de ônus ou submetêla ao serviço alheio. Pois bem. Com base no conceito de “disponibilidade”, resta perquirir à indagação do que seja “disponibilidade econômica” e “jurídica”. O Código Tributário Nacional adotou, expressamente, a teoria do acréscimo patrimonial para tributar a renda. Neste passo, o termo “renda e proventos de qualquer natureza” encontrase profundamente ligado à idéia central de patrimônio. Assim é que, para definirse o que seja acréscimo ao patrimônio, devese, em etapa preliminar, verificar o que é, realmente, patrimônio. Justamente abordando este ponto fulcral da discussão, BRANDÃO MACHADO esclarece que: Quando se faz alguma referência ao que é patrimonial, para logo se tem a noção de que se cogita do econômico, porque a patrimonialidade está intimamente vinculada ao valor econômico. Entretanto, não é possível dissociar da noção de patrimônio a noção fundamental de direito, porque, como se disse, o conceito de patrimônio engloba um complexo não de objetos, materiais ou não, mas de direitos reais (sobre coisas) e pessoais (contra pessoas), portanto, sempre direitos. Então, podese concluir, sem discussão, que o acréscimo de que fala o Código Tributário é um acréscimo de direitos (reais ou pessoais). É claro que a conclusão não pode ser senão a de que, sendo o patrimônio composto apenas de direitos, qualquer acréscimo será sempre necessariamente de direitos. Se o contribuinte auferir rendas e proventos sobre os quais exerça direitos de propriedade, tais direitos serão reais; se o rendimento for exigível no futuro, os direitos serão de crédito ou pessoais. Em abono ao exposto, cumpre trazer à baila o disposto no Código Civil pátrio, a respeito da conceituação do que seja “patrimônio”: “Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações Fl. 463DF CARF MF 12 jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.” Tratase, portanto, o acréscimo patrimonial de um incremento de direitos sob a titularidade do contribuinte, ou seja, direitos que podem ser dispostos pelo seu titular. Vejase, portanto, que mesmo na posse, ainda que se trate de uma situação de fato, existe um direito que a protege, ou seja, é instituto com contornos jurídicos próprios que conferem ao titular certas prerrogativas, como, por exemplo, o direito de promover ação possessória contra aquele que, de maneira ilegítima, esbulhe ou turbe o direito do possuidor (art. 920 do Código Civil). Com base nos conceitos de “disponibilidade” e “patrimônio”, podese afirmar que se considera como disponível, para fins do imposto de renda, o direito que tiver ingressado no patrimônio do contribuinte. Com efeito, sendo certo que o patrimônio é um conjunto de direitos, a aquisição de quaisquer destes, ainda que não se trate da moeda em si, mas desde que possam ser dispostas pelo contribuinte, amoldamse ao âmbito de incidência do imposto de renda. Resta consignado, que a “disponibilidade econômica”, pressupõe propriedade da riqueza, que só existe em conjunto com a jurídica. Isto é, esta última precede, necessariamente, da outra, não havendo como se aventar a hipótese de uma disponibilidade que não seja jurídica. Vale ressaltar, neste ponto, que a mera posse da pecúnia, ou seja, o ingresso de capital, não pode ser tributada pelo imposto de renda a não ser que tal valor ingresse no patrimônio do contribuinte, vertendose, pois, em direito deste. Caso contrário, o que se terá é mera posse, ou mesmo detenção, institutos nos quais o ordenamento não confere o poder de livremente dispor do bem. Notese, pois, que a posse, no ordenamento pátrio, apenas poderá culminar na propriedade e, conseqüentemente, conferir o atributo necessário da disponibilidade no caso de usucapião do bem, como forma originária de aquisição. O que há, portanto, são diferentes graus de disponibilidade do ponto de vista econômico e não jurídico, ou seja, sob o ponto de vista econômico se pode identificar uma disponibilidade mais plena quando o dinheiro da renda já adquirida esteja em poder do seu titular, situação em que a maior plenitude econômica decorre da confrontação sobre o título de crédito que antecedeu o seu recebimento em dinheiro.” Não há dúvidas, que a disponibilidade haverá de ser, sempre, jurídica, tendo em vista que, o patrimônio é dotado de direitos e não de bens. Cumpre, agora, fazer um paralelo desta questão com os regimes de caixa e de competência. No que toca ao primeiro regime, as mutações patrimoniais são consideradas, para fins de incidência do imposto de renda, apenas no momento em que ingressam, no patrimônio do contribuinte, os valores em moeda. Ao reverso, na hipótese do regime de competência, são consideradas as receitas quando efetivamente ingressam no patrimônio do contribuinte, ainda que tal direito não tenha se convertido em pecúnia ou, de qualquer modo, em títulos com liquidez semelhante (designados por BULHÕES PEDREIRA como quasemoeda). Feita a distinção acima, é cabível afirmar que, em rigorosa classificação, ambas as formas de tributação têm como hipótese de incidência a disponibilidade jurídica de um direito, ainda que no caso do regime de caixa haja a coincidência de ambas as hipóteses elencadas pelo CTN. O que há, portanto, no regime de caixa é uma disponibilidade financeira, que permite ao titular da riqueza dispor do recurso Fl. 464DF CARF MF Processo nº 10530.723465/201169 Acórdão n.º 9202007.177 CSRFT2 Fl. 459 13 financeiro, e não apenas do direito a ele. Nesse passo, sendo certo que o art. 43 do CTN se aplica, indistintamente, às pessoas físicas ou jurídicas, uma vez que define a hipótese de incidência possível do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, temse que a lei ordinária poderá, em estrito regime de política fiscal, determinar a inclusão na base de cálculo tanto dos rendimentos adquiridos apenas juridicamente, quanto daqueles em que haja, igualmente, uma disponibilidade econômica concomitante. Assim é que a tributação das pessoas físicas, muito embora observe, via de regra, o regime de caixa, não necessariamente deve ser submetida a este. No caso de não haver qualquer imposição pela legislação ordinária à observância do aludido regime, podese admitir a tributação de direitos já ingressados no patrimônio do contribuinte, ainda que não convertidos em moeda. Portanto, com base neste entendimento, penso que é exatamente isto o que ocorre na tributação da renda auferida pela pessoa física na alienação de bem imóvel a prazo (contrato de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento), em que a legislação considera como critério temporal da regra de incidência não o recebimento efetivo da moeda, mas a própria alienação, da qual decorra ganho de capital em virtude do preço pactuado pelas partes. É dizer, a legislação de regência não estipula, expressamente, que a incidência do imposto de renda se verifica, apenas, no momento em que os valores, em moeda, ingressam no patrimônio do alienante. Muito ao contrário. O que a legislação estabelece é que, sendo possível constatar a ocorrência de ganho de capital no momento da alienação, é devido o imposto de renda à alíquota de 15% sobre o referido acréscimo patrimonial. Neste momento da alienação já é possível determinar a base de cálculo do imposto, apurandose a valorização do imóvel, mais valia esta que será objeto de tributação pelo imposto de renda. Neste sentido, vale conferir o disposto no art. 31 da IN nº. 84/01: “Art. 31. Nas alienações a prazo, o ganho de capital é apurado como se a venda fosse efetuada à vista e o imposto é pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida, até o último dia útil do mês subseqüente ao do recebimento. Parágrafo único. O imposto devido, relativo a cada parcela recebida, é apurado aplicandose: I o percentual resultante da relação entre o ganho de capital total e valor total da alienação sobre o valor da parcela recebida; II a alíquota de quinze por cento sobre o valor apurado na forma do inciso I.” Nada mais nítido. Referido dispositivo determina, expressamente, que ocorre a incidência do tributo já no momento da alienação, ainda que a venda seja a prazo. Com base no preço pactuado no contrato, que deverá ser levado em conta na apuração do ganho de capital, é feita a relação entre o ganho de capital total e o valor total da alienação sobre o valor da parcela recebida. Assim, considerase ocorrido o fato gerador no momento da alienação, diferindose tãosomente o pagamento do tributo devido, com base no que dispõe o artigo 117, §2º, do RIR/99 8 bem como com fulcro no art. 21 da Lei 7.713/88. 9 Diferir o pagamento do tributo, como se infere da própria etimologia do termo14, não se confunde com a alteração do critério temporal Fl. 465DF CARF MF 14 do tributo. No primeiro caso, nesse passo, há a ocorrência do fato gerador, dilatandose o prazo de seu pagamento, enquanto que no segundo alterase o próprio instante do nascimento da obrigação jurídicotributária. Ao julgar a matéria, a Câmara Superior de Recursos Fiscais proferiu o acórdão n.º 920202.014, no qual, interpretando o contido no art. 20 da Lei nº 8.981/95 e no art. 31 da IN nº 084/2001, norma regulamentar da Receita Federal do Brasil, conclui que esta última “difere, de forma correta, ocorrência do fato gerador (apuração) com o pagamento do tributo. Notese que o ganho de capital total é apurado no momento da alienação, de acordo com a legislação vigente à época, sendo que o pagamento do imposto é feito proporcionalmente à medida que os valores são recebidos pela pessoa física alienante. Não há, como exposto anteriormente, no momento do recebimento de cada uma das parcelas, nova apuração do tributo, à luz da lei vigente ao tempo do efetivo pagamento do preço, o que seria necessário se a lei considerasse como momento da ocorrência do fato gerador a data do recebimento de cada uma das parcelas, como se o lucro fosse aferido sob o regime de caixa. De fato, se considerássemos a ocorrência de vários fatos geradores em decorrência de uma única venda e compra a prazo, terseia de admitir a aplicação de cada uma das leis vigentes ao tempo de cada fato gerador, o que exigiria diferentes formas de apuração do imposto para parcelas decorrentes de um mesmo contrato, o que tornaria ainda mais complexo o nosso sistema, principalmente em se tratando de alienação de imóveis a prazo, cuja legislação prevê critérios de redução de base de cálculo que levam em conta os meses decorridos entre a data de aquisição e a data de alienação. Tal forma de tributação atende assim à praticabilidade tributária15, posto que fosse o próprio fato gerador postergado certamente o montante do ganho de capital poderia ser influenciado por diversos fatores, inclusive pelos índices de inflação e, como se viu, pela superveniência de novas leis. A respeito do momento da ocorrência do fato gerador do “imposto sobre ganhos de capital”, na terminologia de HENRY TILBERY, com base no critério de tributação conhecido como realization basis, esclarece este mesmo jurista que “será o da alienação do bem por um preço, que ultrapassa a reposição do capital, realizando neste momento a maisvalia.” 10 Mais adiante, HENRY TILBERY, justificando a opção pelo método do “momento do ganho realizado”, cita o autor americano HENRY C. SIMONS, para explicitar que “poderia talvez haver críticas contra a prática da ‘base do ganho realizado’, porém, quem exigisse que fosse abandonada, demonstraria pouca compreensão a considerações práticas. Conforme opinião do autor [Henry C. Simons], o critério de realização infelizmente tem de ser aceito como necessidade prática.” Em virtude do que se expôs, o legislador ordinário estabeleceu que, nas alienações a prazo, o ganho de capital deverá ser apurado como se venda à vista fosse e tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês. Apenas o pagamento é que é diferido, consoante determinam o art. 21 da Lei n.º 7.713, de 22 de dezembro de 1988, e o art. 31 da IN SRF n.º 84, de 11 de outubro de 2001. Assim, a análise cuidadosa da legislação federal a respeito do tema leva à conclusão inevitável de que o momento da ocorrência do fato gerador é o da alienação do bem ou direito, da qual decorra, Fl. 466DF CARF MF Processo nº 10530.723465/201169 Acórdão n.º 9202007.177 CSRFT2 Fl. 460 15 para o contribuinte, um ganho de capital. Assim, muito embora haja divergências a respeito, devo concluir que o regime de caixa não é necessariamente aplicável para efeitos de determinação do momento da ocorrência do fato gerador do imposto de renda devido pelas pessoas físicas, tratandose de mero instrumento de política fiscal que pode ser livremente abandonado pelo legislador. Neste caso específico, portanto, optou o legislador em considerar ocorrida a disponibilidade, para fins de incidência do imposto, no momento da alienação, sendo certo que já neste momento existe, para o alienante, o ingresso de direitos que vêm a incorporar de maneira definitiva seu patrimônio e sobre os quais pode livremente dispor. Isto significa dizer que, para efeitos de apuração do ganho de capital, a legislação considera ocorrido o fato gerador na data da alienação, diferindo o pagamento do tributo até a data do recebimento de cada parcela mensal. Se assim é para apurar o ganho tributável, o mesmo raciocínio deverá ser aplicado na contagem do prazo decadencial de que trata o §4º. do art. 150 do Código Tributário Nacional, ou seja, devese considerar como marco inicial do prazo decadencial nas alienações a prazo a data da celebração do contrato de promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento, tal como conceituada pela legislação do imposto de renda. Não se pode admitir que, numa mesma situação, existam datas distintas de ocorrência do fato gerador, uma para efeitos de decadência e outra para efeitos de apuração do tributo devido. CONCLUSÕES: Para efeitos de apuração do ganho de capital, a legislação considera ocorrido o fato gerador na data da alienação, diferindo o pagament do tributo até a data do recebimento de cada parcela mensal. Inexiste nova apuração da base de cálculo a cada parcela recebida. Aplicase aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, como é o caso do imposto de renda devido em virtude do ganho de capital auferido na alienação de bens imóveis, o prazo decadencial de 5 anos aludido pelo art. 150, §4º, do CTN, à exceção dos casos de “dolo, fraude ou simulação” (art. 150, §4º., c/c art. 149, VII, do CTN). Partindose desta premissa e movendo à análise da regra de incidência formada pelo art. 21 da Lei 8.981/95, verificase que o conceito de alienação alberga a promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento (art. 463 do CC). Outrossim, no que concerne à definição do momento em que se considera auferido o ganho de capital, devese recorrer ao conceito de “renda e proventos de qualquer natureza”, referido pelo art. 43 do CTN, mais especificamente no que toca à definição de disponibilidade jurídica e econômica. Nesta esteira, “disponibilidade” é a faculdade de dispor de bens, noção esta atrelada ao direito civil, mormente no que atine aos conceitos de patrimônio (art. 91 do Código Civil) e de Fl. 467DF CARF MF 16 propriedade (art. 1228 do Código Civil). Nesse passo, para efeitos de incidência do imposto de renda, seja no que toca aos rendimentos de pessoa física, seja naqueles relativos às pessoas jurídicas, fazse mister constatarse a disponibilidade jurídica, apenas havendo que se demonstrar o ingresso de pecúnia nos casos em que o legislador expressamente a ela se referir. Com supedâneo em tais premissas, concluo, no caso do art. 21 da Lei 8.981/95, a legislação considera ocorrido o fato gerador (aspecto temporal) no momento da alienação, apenas postergando o recolhimento do tributo (art. 117, §2º do RIR – Decreto 3.000/1999, c/c art. 21 da Lei 7.713/89), inclusive determinando o cálculo do tributo de acordo com o ganho auferido no momento da alienação (art. 31 da IN n.º 84/2001). Conjugandose, pois, este entendimento com a regra insculpida no art. 150, §4º, do CTN, podese asseverar que o dies a quo do prazo decadencial, no caso de venda a prazo de imóvel (promessa de compra e venda sem cláusula de arrependimento) é a própria data da alienação deste último, contandose os 5 anos referidos pelo dispositivo legal a partir de então, à exceção, como se disse, dos casos de dolo, fraude ou simulação. Ante ao exposto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Voto Vencedor Conselheira Ana Paula Fernandes Redatora designada O Recurso Especial da Fazenda Nacional insurgiuse tão somente quanto a determinação do fato gerador, o qual tem consequente aplicação na definição da decadência, conforme relatado. Pois bem, para tratar da decadência do direito da Fazenda Nacional em lançar de ofício o imposto em questão é preciso analisar o fato gerador deste tributo. No presente caso tratase de IRPF cujo auto de infração discute a omissão de receita pela existência de ganho de capital não declarado, aplicável os dispositivos legais arts. 43 e 116, do CTN. Na leitura simplificada da norma legal parece significar que o fato gerador do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda de bens imóveis ocorre no dia da alienação. Logicamente, em havendo o pagamento integral da compra na data da alienação esta será tomada como a data do fato gerador. Contudo, algumas decisões equivocadamente interpretaram que a data de início do prazo decadencial se fixa na data da alienação (fato gerador único), independente do pagamento integral, ou seja, do momento que existe o ganho de capital. Fl. 468DF CARF MF Processo nº 10530.723465/201169 Acórdão n.º 9202007.177 CSRFT2 Fl. 461 17 Ora, estamos tratando de ganho de capital, desse modo, por uma questão de interpretação lógica e respeitando a interpretação sistemática do conjunto de normas que compõem o arcabouço legal aplicável ao caso, não resta dúvida, se o pagamento ocorre a prazo o ganho de capital também ocorre a prazo e consequentemente o fato gerador se "renova" a cada parcela, observese os arts. 2 e 21, § 2 da Lei 7.713/88 . LEI Nº 7.713, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1988. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3º (...) § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. ......... Art. 21. Nas alienações a prazo, o ganho de capital será tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver. Para que não reste dúvida, cumpre esclarecer o que diz o Código Tributário nacional a respeito de fato gerador: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. ........... Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputamse perfeitos e acabados: I sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; II sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio. Não há dúvidas de que a tributação do IRPF segue o regime de caixa – o fato gerador ocorre na medida do recebimento de rendimentos. De modo que assiste razão a fazenda nacional quando alega que a ocorrência do fato gerador ou fato imponível faz nascer a obrigação tributária. A alienação de bens, por si só, não faz nascer a obrigação de pagar tributo, portanto, somente a alienação não constitui fato gerador. É fato gerador o recebimento de rendimentos decorrentes de ganho de capital produzido na alienação. Portanto, o fato gerador Fl. 469DF CARF MF 18 não ocorre na data de alienação, mas sim, quando do recebimento das parcelas que representam o ganho de capital. Para bem esclarecer esta situação cumpre analisar o que diz a Lei 8.134/90, que trata da apuração de ganho de capital a prazo e também a IN/SRF 84/2001. Tal esclarecimento é importante para que não reste dúvidas acerca da forma que os dispositivos devem ser aplicados. Não se ignora aqui a alegação de parte da doutrina de que o artigo 140, §1º da Lei 8.134/90 e o artigo 31 da IN/SRF 84/2001, dispõe que a apuração nas alienações a prazo deve ser realizada como se fosse á vista. Vejamos: LEI N 8.134, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1990. Art. 2° O Imposto de Renda das pessoas físicas será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 11. RIR 99 – Decreto 3.000/99 § 2º O imposto será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 85. Art.140. Nas alienações a prazo, o ganho de capital deverá ser apurado como venda à vista e tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês considerandose a respectiva atualização monetária se houver (Lei n. 7.713, de 1988, art. 21). §1º Para efeito do disposto no caput, deverá ser calculada a relação percentual do ganho de capital sobre o valor de alienação que será aplicada sobre cada parcela recebida. Instrução Normativa SRF nº 84, de 11 de Outubro de 2001 Art. 31. Nas alienações a prazo, o ganho de capital é apurado como se a venda fosse efetuada à vista e o imposto é pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida, até o último dia útil do mês subseqüente ao do recebimento. Parágrafo único. O imposto devido, relativo a cada parcela recebida, é apurado aplicandose: I o percentual resultante da relação entre o ganho de capital total e valor total da alienação sobre o valor da parcela recebida; Contudo, tanto a redação do art. 140 do RIR/99, quanto a do art. 31 da IN SRF n° 84, de 11 de outubro de 2001, referemse à forma de apuração, devendo ser calculado abstraindo os eventuais reajustes nos preços vincendos, assim como a correspondência da relação percentual entre o preço recebido e valor tributável, pensar diferente feriria literal dispositivo de Lei, eis que o art. 2º do mesmo diploma legal dispôs que o IRPF “será devido a medida que os rendimentos foram percebidos”. Ou ainda, flagrantemente contra o disposto no artigo 21 da Lei 7.713/88, que explicita: “nas alienações a prazo, o ganho de capital será tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver”. Dispositivos estes literais, os quais expressamente se referem ao fato gerador do tributo. Assim, apurase, como dito pela Fazenda Nacional em sede de Recurso Especial, o ganho de capital na data da alienação; a mesma relação percentual da parcela recebida, é o percentual que deve ser aplicado para o valor tributável. Na data da alienação a prazo ocorre a expectativa da incidência do fato gerador. Isso tudo, com o mesmo fundamento apontado pela decisão recorrida, qual seja, a de que a data do fato gerador deve ser a mesma tanto para efeitos de contagem do prazo decadencial como para apuração do imposto devido, de modo que ambas, se renovam no tempo no tocante a cada parcela específica referente ao pagamento da citada alienação do imóvel, pois a norma não pode ser tomada de modo isolado, quanto menos aplicada fora do intuito do Fl. 470DF CARF MF Processo nº 10530.723465/201169 Acórdão n.º 9202007.177 CSRFT2 Fl. 462 19 legislador, e exatamente por isso, a contrário sensu da alegação da contribuinte, o fato gerador pode ou não coincidir com a alienação de capital, importando de forma preponderante o pagamento que configura em si o chamado ganho de capital real. Pois bem, encontrado o momento em que se operacionaliza o fato gerador, preciso registrar a escorreita decisão do acórdão recorrido no tocante ao dispositivo legal a ser aplicado. Admitido o recurso embora não recorra contra o dispositivo, mister se faz que eu o justifique, pois fundamental para demonstração da conclusão adotada. Estamos tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, cuja parte da renda foi omitida pelo contribuinte e lançada de ofício pela Receita Federal, pode ensejar dúvida entre a aplicação do disposto no art. 150, §4 ou 173, I, do CTN. Para elidir esta discussão necessário se faz que se observem outros requisitos, conforme entendimento jurisprudencial do STJ: AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ICMS. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, E 173, DO CTN. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. (RECURSO REPETITIVO RESP 973.733SC). Relator(a) Ministro LUIZ FUX (1122) Órgão Julgador T1 PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento 02/03/2010 Data da Publicação/Fonte DJe 16/03/2010 1. O tributo sujeito a lançamento por homologação, em não ocorrendo o pagamento antecipado pelo contribuinte, incumbe ao Fisco o poderdever de efetuar o lançamento de ofício substitutivo, que deve obedecer ao prazo decadencial estipulado pelo artigo 173, I, do CTN, segundo o qual o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue se após 5 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. (...) 3. Desta sorte, como o lançamento direto (artigo 149, do CTN) poderia ter sido efetivado desde a ocorrência do fato gerador, é do primeiro dia do exercício financeiro seguinte ao nascimento da obrigação tributária que se conta o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário, na hipótese, entre outras, da não ocorrência do pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, independentemente da data extintiva do direito potestativo de o Estado rever e homologar o ato de formalização do crédito tributário efetuado pelo contribuinte ... (...) 5. À luz da novel metodologia legal, publicado o julgamento do Recurso Especial nº 973.733/SC, submetido ao regime previsto no artigo 543C, do CPC, os demais recursos já distribuídos, fundados em idêntica controvérsia, deverão ser julgados pelo relator, nos termos do artigo 557, do CPC (artigo 5º, I, da Res. STJ 8/2008). 6. Agravo regimental desprovido. Embora o contribuinte tenha de fato omitido parte das receitas em sua declaração e isso tenha ensejado o lançamento de ofício, é preciso que se observe por força do entendimento jurisprudencial firmado pelo STJ, se houve ou não adiantamento do pagamento do imposto devido ou de parte dele. Contudo, importa aqui salientar que não se trata de qualquer pagamento. Esse precisa ter relação com o fato gerador objeto da infração ora analisada. Fl. 471DF CARF MF 20 Compulsando os autos, observo que não há nenhuma informação de que o contribuinte tenha realizado qualquer pagamento a título de Ganho de Capital nos anos calendários em que fora autuado. Desse modo, assiste razão a alegação esposada no recurso da Fazenda Nacional no tocante a aplicação do art. 173, I, cuja aplicação é cogente nos casos de lançamento de ofício, em que o contribuinte não tenha realizado pagamento do tributo devido, nem parte dele, mesmo que o débito seja advindo de um tributo inicialmente sujeito a lançamento por homologação. Essa inclusive, é a orientação firmada no RE 973.733SC , cuja natureza da decisão advinda de repetitivo de controvérsia, vincula este órgão julgador por força do artigo 62 do RICARF. Da análise do referido julgado, transcrito acima, resta definido que não tendo havido o adiantamento de pelo menos parte do pagamento do imposto, este atrai a aplicação do art. 173, I do CTN, conforme definido no acórdão recorrido. Por conseguinte, definida a regra a respeito da contagem do prazo, resta aplicála ao caso concreto destes autos o que da analise do caso concreto abordado pela relatora e citado no relatório demonstra que não há que se falar em decadência do direito do fisco em cobrar o IRPF devido. Este Colegiado já se manifestou neste sentido em voto da minha lavra acompanhado à época pela maioria do Colegiado, formalizado no acórdão 9202003.770. Do exposto, recebo o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, para no mérito darlhe provimento. (Assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Relatora Fl. 472DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16366.720033/2015-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007
CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI 10.925/2004. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ACÚMULO EM RAZÃO DE EXPORTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SALDO APURADO ATÉ 01/01/2012.
O crédito presumido da contribuição (PIS/Cofins) para a agroindústria apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº10.925/2004 só pode ser compensado com débitos próprios da contribuição. A Lei nº 12.995/2014, art. 7º-A, permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012.
O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pudesse ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Impossibilidade de ressarcir créditos apurados em outra data, na medida em que a lei escolheu uma data específica.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-005.440
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI 10.925/2004. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ACÚMULO EM RAZÃO DE EXPORTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SALDO APURADO ATÉ 01/01/2012. O crédito presumido da contribuição (PIS/Cofins) para a agroindústria apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº10.925/2004 só pode ser compensado com débitos próprios da contribuição. A Lei nº 12.995/2014, art. 7º-A, permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012. O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pudesse ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Impossibilidade de ressarcir créditos apurados em outra data, na medida em que a lei escolheu uma data específica. Recurso Voluntário Negado
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI 10.925/2004. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ACÚMULO EM RAZÃO DE EXPORTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SALDO APURADO ATÉ 01/01/2012. O crédito presumido da contribuição (PIS/Cofins) para a agroindústria apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº10.925/2004 só pode ser compensado com débitos próprios da contribuição. A Lei nº 12.995/2014, art. 7ºA, permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012. O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pudesse ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Impossibilidade de ressarcir créditos apurados em outra data, na medida em que a lei escolheu uma data específica. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 36 6. 72 00 33 /2 01 5- 55 Fl. 155DF CARF MF Processo nº 16366.720033/201555 Acórdão n.º 3301005.440 S3C3T1 Fl. 3 2 Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de indeferimento do Pedido de Ressarcimento (PER) de Crédito Presumido da Contribuição (PIS/Cofins), em virtude do fato de que o art. 8º da Lei nº 10.925/2004 autorizava a utilização do crédito presumido somente para dedução das próprias contribuições não cumulativas. De acordo com a repartição de origem, a Lei 12.995/2014 passou a autorizar que empresas da agroindústria que possuíssem, em 01/01/2012, saldo de crédito presumido calculado e acumulado na forma da Lei 10.925/2004 pudessem utilizar esse saldo via compensação ou ressarcimento. Contudo, ainda de acordo com a autoridade administrativa de origem, no presente caso, mesmo preenchendo todos os requisitos legais para apuração e aproveitamento dos créditos em referência, o requerimento do ressarcimento fora protocolizado após o prazo prescricional de cinco anos. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte arguiu que a lei que concedera o direito ao ressarcimento do crédito presumido acumulado havia sido publicada em 18/06/2014, inexistindo, até então, direito ao ressarcimento, apenas sendo possível o aproveitamento com débitos das contribuições (PIS/Cofins), em razão do quê, somente se aplicaria a regra da prescrição a partir daquela data. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 14062.932, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, considerando que o prazo para se pedir ressarcimento de créditos da não cumulatividade, básicos ou presumidos, é de cinco anos contados da data de sua apuração. Em suas razões de voto, a DRJ trouxe os seguintes argumentos: a) no formulário do pedido, consta “CRÉDITO PRESUMIDO vinculado à receita de exportação com base na Lei nº 12.995/2014”; b) cita o Decreto nº 20.910/1932, em que se prevê, em seu art. 1º, que qualquer dívida da União, de qualquer natureza, prescreve em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem; c) a possibilidade de crédito prevista no art. 7ºA da Lei nº 12.599/2012 (acrescentado pela Lei nº 12.995/2014), e de seu ressarcimento, é um direito “novo” e não a implementação de uma condição suspensiva que impedia o referido aproveitamento; d) a norma que instituiu o aproveitamento dos referidos créditos presumidos, expressamente previu a aplicação da prescrição; Fl. 156DF CARF MF Processo nº 16366.720033/201555 Acórdão n.º 3301005.440 S3C3T1 Fl. 4 3 e) cita o art. 29D da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012, onde resta previsto que o ressarcimento do saldo de créditos presumidos de que trata o caput pode ser solicitado somente para créditos apurados até 5 (cinco) anos anteriores, contados da data do pedido. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e repisou os argumentos trazidos em sua Manifestação de Inconformidade, insistindo que a Lei nº 12.995/2014, ao acrescentar o art. 7A à Lei nº 12.599/2012, conferira o direito ao contribuinte de obter créditos que, até então, não podiam ser utilizados, não tendo ocorrido, portanto, a prescrição. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.430, de 25/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 10930.721698/201467, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301005.430): O recurso voluntário foi interposto no prazo e reúne os pressupostos legais de interposição, portanto, merece conhecimento. A partir do relato acima, constatase que a discussão dos autos não está na legitimidade ou não do montante de crédito, pois este foi conferido e admitido pelo Fisco. Centrase a discussão em saber se o pedido de ressarcimento formulado pela Recorrente está prescrito ou não. Assim, para fins de realizar uma análise do prazo prescricional, necessário traçar a linha do tempo. Até 18 de junho de 2014, a pessoa jurídica que desenvolvesse atividades agroindustriais, poderia apurar crédito presumido de PIS e COFINS, na forma como previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, para compensar, exclusivamente, com débitos destas mesmas contribuições (caput). No dia 18 de junho de 2014 entrou em vigor a Lei nº 12.995/2014 que acrescentou o art. 7ºA na Lei nº 12.599/2012, permitindo que o saldo de créditos presumidos apurados na forma do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 até 01/01/2012 pudessem ser compensados com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, vencidos ou vincendos, ou ainda requerer o ressarcimento em dinheiro, observandose a legislação aplicável sobre os prazos extintivos: Art. 7ºA. O saldo do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, apurado até 1o de janeiro de 2012 em relação Fl. 157DF CARF MF Processo nº 16366.720033/201555 Acórdão n.º 3301005.440 S3C3T1 Fl. 5 4 à aquisição de café in natura poderá ser utilizado pela pessoa jurídica para: (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria, inclusive quanto a prazos extintivos; ou (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria, inclusive quanto a prazos extintivos. (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) (grifei) Em 26/08/2014 a Recorrente protocolizou seu pedido de ressarcimento de créditos apurados na forma do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, conforme permissivo implementado pela novel Lei nº 12.995/2014. Resta, portanto, determinar quando surge o direito de ressarcimento de crédito, para fins de contagem da prescrição, se de sua apuração ou da publicação da lei que confere o direito, e qual é o prazo prescricional, bem como determinar o que se entende por "saldo de crédito presumido" apurado até 01/01/2012. I) Do prazo de prescrição e de seu marco inicial A prescrição é um instituto jurídico previsto no ordenamento jurídico com a finalidade de fornecer estabilidade às relações jurídicas, em homenagem à segurança jurídica, estabelecendo um prazo para o exercício de um direito. A premissa é que não se tem como desejável a permanência indefinida de um direito, estabelecendose, assim, um prazo para o exercício de sua pretensão. Caso o titular de um direito não exerça este direito no prazo, isto é, não exercite sua pretensão para ver satisfeito seu direito, considerase extinta esta pretensão, impossibilitandose que este direito seja, juridicamente, exercido. Com isso, para que o prazo prescricional tenha início, é preciso haver um direito, a possibilidade de exercêlo (pretensão) e a inércia do titular deste direito. Neste sentido, Caio Mário da Silva Pereira1: O sujeito não conserva indefinidamente a faculdade de intentar um procedimento judicial defensivo de seu direito. A lei, ao mesmo tempo em que o reconhece, estabelece que a pretensão deve ser exigida em determinado prazo, sob pena de perecer. Pela prescrição, extinguese a pretensão, nos prazos que a lei estabelece. (...) É, então, na segurança da ordem jurídica que se deve buscar o seu verdadeiro fundamento. O direito exige que o devedor cumpra o obrigado e permite ao sujeito ativo (credor) valerse da sanção contra quem quer que vulnere o seu direito. Mas se ele se mantém inerte, por longo tempo, deixando que se constitua uma situação contrária ao seu direito, permitir que mais tarde reviva o passado é deixar em perpétua incerteza a vida social. Há, pois, um interesse de ordem pública no afastamento das incertezas em torno da existência e eficácia dos direitos, e este interesse justifica o instituto da prescrição, em sentido genérico. Na seara tributária o instituto da prescrição se funda, também, na segurança jurídica, conforme ensinamentos de Luís Eduardo Schoueri, no 1 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Teoria Geral de Direito Civil. Volume 1. 26ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. Fl. 158DF CARF MF Processo nº 16366.720033/201555 Acórdão n.º 3301005.440 S3C3T1 Fl. 6 5 sentido de que a prescrição surge "da necessidade de garantir a desejada estabilidade das relações jurídicas"2. No direito tributário, portanto, também há prazos extintivos por prescrição tanto para o crédito tributário, conforme art. 156, V do CTN, extinguese o próprio direito de crédito da Fazenda Pública, como há também prazo de prescrição extintivo do direito de requerer (pretensão) a restituição de um indébito, ou de cobrar créditos que o particular tenha contra a Fazenda Pública. Assim, a hipótese de incidência da prescrição é a existência de um direito sem que seja exercido por seu titular, tendo como consequente a extinção do respectivo direito. Discutiase se o prazo prescricional para ressarcimento de créditos acumulados seria aquele do art. 168, CTN, no qual tinha início com o pagamento indevido, ou se seria outro, como o do artigo 1º do Decreto nº 20.910/1932. Não me parece adequado que o prazo prescricional, bem como seu marco de início de contagem, sejam aqueles previstos no CTN para a repetição do indébito, na medida que o pedido de ressarcimento não se funda em pagamento indevido. Assim, o crédito presumido é, veramente, um direito de crédito que o particular possui contra a Fazenda Pública em razão de alguma determinação legal. Portanto, se é um direito de crédito contra a Fazenda Pública, não decorrente de pagamento indevido, mas por alguma disposição legal, creio ser mais adequada aplicação do prazo prescricional existente no Decreto nº 20.910/1932 para a cobrança das dívidas passivas das entidades públicas. Neste diapasão, de acordo com o Decreto nº 20.910/1932, as dívidas passivas da União Federal, bem como qualquer direito ou ação contra a Fazenda Nacional, seja qual for a sua natureza, prescrevem em 5 anos, contados da data do ato ou fato do qual se originaram, verbis: Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. (grifei) A Câmara Superior de Recursos Fiscais, para um caso de crédito presumido de IPI, em sessão de 15/03/2018, proferiu o Acórdão CSRF nº 9303006.519, de relatoria do ilustre Conselheiro Rodrigo da Costa Possas, onde restou consignado que o prazo prescricional para ressarcimento deste crédito presumido observa o Decreto nº 20.910/1932: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/04/1995 a 31/12/1995 RESSARCIMENTO. PEDIDO FEITO EM RAZÃO DE OUTRO ANTERIOR INDEFERIDO. SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO DURANTE A ANÁLISE DO PRIMEIRO. INOCORRÊNCIA. Conforme art. 1º do Decreto nº 20.910/32 , prescreve em cinco anos o direito à apresentação de Pedido de Ressarcimento de créditos contra a Fazenda Pública, contados da data do fato do qual se originarem. Tendo sido feito um pedido considerado pela Administração como em desacordo com a legislação 2 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. Fl. 159DF CARF MF Processo nº 16366.720033/201555 Acórdão n.º 3301005.440 S3C3T1 Fl. 7 6 tributária, não fica suspensa a prescrição para a apresentação de um novo, relativo ao mesmo crédito, após o indeferimento do primeiro, não se aplicando o art. 4º do mesmo Decreto, pois quem deu causa foi o sujeito passivo, além do que a não é líquida a dívida passiva da União. Recurso Especial do Procurador Provido. No mesmo sentido, o Acórdão CSRF nº 9303006.519, proferido em sessão de 21/03/2017, de relatoria do Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/1997 a 31/03/1997 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. O direito de pleitear o ressarcimento do crédito presumido do IPI prescreve em cinco anos contados do último dia do trimestre em que se deu a entrada dos insumos no estabelecimento industrial. Aplicação do Decreto n° 20.910, de 1932, combinado com Portaria MF n° 38/97. Recurso Especial do Contribuinte negado Em síntese, para que seja possível se falar em prescrição, necessário, preliminarmente, a existência de um direito. Somente após verificada a existência de um direito é que passa a ser possível se falar em início de prazo prescricional, extinguindose este direito caso não exercido por seu titular. No caso dos autos, é preciso discernir, o direito que se pleiteia não é o crédito presumido em si, qual seja, o crédito presumido apurado da forma em que previsto no art. 8º da Lei 10.925/2004 e passível de utilização desde 2004. Repitase, não é esse o direito que se pretende exercer. O direito que se discute nestes autos é o direito de utilizar este crédito para compensar com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal, bem como o direito de requerer o ressarcimento em dinheiro deste crédito. E este direito apenas surgiu no ordenamento jurídico quando da publicação Lei nº 12.995 em 18 de junho de 2014. Não se pode admitir o fluxo do lapso temporal para a prescrição extintiva de um direito se o direito não existia e não podia ser exercido. Não se trata de causa interruptiva ou suspensiva da prescrição, mas sim da própria impossibilidade de início do curso do prazo diante da inexistência do direito a ser exercido. Não há como falar de inércia do titular do direito se direito não havia. Como dito, para se falar em prescrição é preciso que o direito exista e que o titular deste direito fique inerte por certo período de tempo. Assim, o ato ou fato que origina este direito, para utilizar a dicção do Decreto nº 20.910/1932, é a Lei nº 12.995 que permite novas formas de utilização de um crédito, criando, portanto, um novo direito a ser exercido. Desta feita, se o direito de ressarcimento em dinheiro do crédito presumido apenas surgiu em 18 de junho de 2014, é a partir deste momento que o prazo de prescrição tem início. No entanto, não se quer dizer, com Fl. 160DF CARF MF Processo nº 16366.720033/201555 Acórdão n.º 3301005.440 S3C3T1 Fl. 8 7 isso, que o crédito presumido que se quer ver ressarcido é irrelevante, muito ao contrário, a meu ver, a lei estabeleceu um marco temporal para o crédito presumido para que o direito de ver este crédito ressarcido em dinheiro possa ser fruído a partir de 18 de junho de 2014. II) Do saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012 A apuração do PIS e da COFINS no regime não cumulativo se faz no confronto dos débitos decorrentes de receitas auferidas em face de créditos apurados em razão de custos e despesas permitidos na legislação. Incluem se nestes créditos, os créditos presumidos permitidos pela lei. Ao final do período de apuração, o saldo de débito é levado à DCTF e recolhido pelo contribuinte, mas o saldo de crédito, por sua vez, pode ser mantido e transferido para o próximo período de apuração, e assim indefinidamente por tantos quantos períodos de apuração sejam necessários até que o montante de débito supere o montante de crédito. No caso em análise, a Recorrente pretende ver ressarcido um montante de crédito presumido apurado no primeiro trimestre de 2009. A fiscalização afirma nestes autos, fls. 151156, que este crédito presumido foi apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Entretanto, salvo melhor juízo, não foi o crédito presumido apurado em seu respectivo período de apuração que a Lei nº 12.995/2014 permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento, mas sim o saldo de crédito presumido que permaneceu escriturado em 01/01/2012, vejamos: Art. 7ºA. O saldo do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, apurado até 1º de janeiro de 2012 em relação à aquisição de café in natura poderá ser utilizado pela pessoa jurídica para: (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) Ao que parece, o problema não é de prescrição. O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pode ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Desta feita, não se permitiu ressarcir o montante de crédito de cada período de apuração, individualmente, até 01/01/2012, mas sim o saldo ainda existente nesta data. Até porque, conforme salientado acima, a apuração do PIS e da COFINS se faz por confronto de créditos e débitos por período de apuração, podendose manter escriturado o saldo de crédito para abatimento das contribuições devidas nos próximos períodos de apuração. Desta feita, não há como identificar nestes autos se este crédito presumido apurado no primeiro trimestre de 2009 já não foi superado por algum montante de débito de algum período de apuração que o sucedeu até janeiro de 2012. Nem poderia ser assim, já que não me parece ter sido esta a escolha do legislador, já que foi definido um momento específico no tempo. Com isso, creio que o pedido de ressarcimento está equivocado, pois o que deve ser objeto de ressarcimento é o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 16366.720033/201555 Acórdão n.º 3301005.440 S3C3T1 Fl. 9 8 Isto posto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, negar provimento. Importa registrar que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 162DF CARF MF
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