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Numero do processo: 16004.000054/2010-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 31/01/2005 a 31/03/2005
CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. ELEMENTOS FILTRANTES, REFIS OU KITS DE REPOSIÇÃO.
Classificam-se sob o código 8421.99.99 os elementos filtrantes destinados a aparelhos de filtragem de água no âmbito dos quais tal processo se dá através de estágios mecânicos (polipropileno) e químicos (carvão ativado).
Numero da decisão: 3401-004.402
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencidos os Conselheiros André Henrique Lemos, Cássio Schappo, e Renato Vieira de Ávila, no que se refere à decadência, e os Conselheiros Cássio Schappo e Renato Vieira de Ávila, no que se refere à classificação.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan- Presidente
(assinado digitalmente)
Leonardo Ogassawara De Araújo Branco - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente), Robson Jose Bayerl, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Cássio Schappo (suplente convocado) e Marcos Roberto da Silva (suplente convocado).
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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ELEMENTOS FILTRANTES, REFIS OU KITS DE REPOSIÇÃO. Classificamse sob o código 8421.99.99 os elementos filtrantes destinados a aparelhos de filtragem de água no âmbito dos quais tal processo se dá através de estágios mecânicos (polipropileno) e químicos (carvão ativado). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencidos os Conselheiros André Henrique Lemos, Cássio Schappo, e Renato Vieira de Ávila, no que se refere à decadência, e os Conselheiros Cássio Schappo e Renato Vieira de Ávila, no que se refere à classificação. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara De Araújo Branco Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente), Robson Jose Bayerl, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 00 54 /2 01 0- 55 Fl. 1222DF CARF MF 2 Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Cássio Schappo (suplente convocado) e Marcos Roberto da Silva (suplente convocado). Relatório 1. Tratase do auto de infração, situado às fls. 04 a 222, referente a fatos geradores ocorridos no período de apuração correspondente a 31/01/2005 a 31/03/2005, lavrado com a finalidade de formalizar a exigência de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), acrescido de juros de mora, multa proporcional, e multa sobre IPI não lançado com cobertura de crédito, de maneira a totalizar o crédito tributário no valor histórico de R$ 443.073,46, obtido após reconstrução de sua escrita fiscal. 2. Conforme de depreende da leitura da descrição dos fatos e enquadramentos legais, situado às fls. 223 a 227, em procedimento de fiscalização, constatou se que a contribuinte promoveu saída de matérias primas (MP), produtos intermediários (PI) e materiais de embalagem (ME) adquiridos de terceiros, com destino a outros estabelecimentos, para industrialização ou revenda, sem o correspondente lançamento a título de IPI por atribuir classificação fiscal equivocada aos produtos finais de sua industrialização, denominados “refis”, “elementos filtrantes” e “kits de reposição”, sob o código 8421.21.00 ("aparelhos para filtrar ou depurar água"), com alíquota de 0%, enquanto que o correto, segundo a autoridade fiscal, teria sido a classificação sob o código 8421.99.99 – ("outras partes de aparelhos para filtrar ou depurar líquidos"), com alíquota de 8%. 3. A contribuinte apresentou, em 17/02/2010, impugnação, situada às fls. 1027 a 1035, na qual argumentou, em síntese, que: (i) o produto denominado "refil" não poderia ser considerado simplesmente parte do produto final, uma vez que os elementos filtrantes seriam a própria razão de ser do produto, exercendo as funções de filtragem ou de depuração, constituindose, portanto, o filtro d'água per se; (ii) o "refil" supera em mais de 50% o custo total do filtro, o que revela a sua importância e autonomia em relação aos demais componentes do aparelho; (iii) o relatório de análise de Capacidade da Universidade Federal de São Carlos confirmaria a eficiência de filtração individual do “refil”; (iv) a Solução de Consulta n. 33, de 12 de setembro de 2005 não se aplica ao “refil”, pois trata de produto absolutamente distinto; (v) uma vez comprovado que o refil se caracteriza como o próprio filtro, não deve subsistir o auto de infração lavrado. 4. Em 02/07/2013, a 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém (PA) prolatou o Acórdão DRJ nº 0126.613, sob a relatoria do Auditor Fiscal Flávio Castelo Branco Aflalo, que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação, nos termos da ementa abaixo se transcreve: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 31/01/2005 a 31/03/2005 CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. ELEMENTOS FILTRANTES, REFIS OU KITS DE REPOSIÇÃO. Consoante art. 16 do Decreto n. 4.544, de 2002 Regulamento do IPI, a classificação de mercadorias no âmbito da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM é realizada com o emprego das seis Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado Fl. 1223DF CARF MF Processo nº 16004.000054/201055 Acórdão n.º 3401004.402 S3C4T1 Fl. 1.528 3 RGI/SH, como também das duas Regras Gerais Complementares RGC e das Notas Complementares NC. Assim, a classificação fiscal de determinado produto é inicialmente levada a efeito em uma posição da tabela, em conformidade com o texto desta posição e das notas que lhe digam respeito. Uma vez classificado na posição mais adequada, passase a classificar o produto na subposição de 1º nível (5º dígito) e, dentro desta, na subposição de 2º nível (6º dígito). O sétimo e oitavo dígitos referemse a desdobramentos atribuídos no âmbito do MERCOSUL. À luz da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto n. 6.006, de 2006, classificamse sob o código 8421.99.99 os elementos filtrantes destinados a aparelhos de filtragem de água no âmbito dos quais tal processo se dá através de estágios mecânicos (polipropileno) e químicos (carvão ativado). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 31/01/2005 a 31/03/2005 POSTERIOR JUNTADA DE DOCUMENTOS. INOCORRÊNCIAS DAS HIPÓTESES DO ART. 16, §4.º, DO DECRETO N. 70.235, DE 1972. PRECLUSÃO. Consoante art. 16, §4.º, do Decreto n. 70.235, de 1972, deve a prova ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; refirase a fato ou a direito superveniente; ou se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. Em tais casos, consoante art. 16, §5.º, do mesmo Decreto, a juntada de documentos deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que reste demonstrada a ocorrência de uma das condições acima referidas. DILIGÊNCIAS E PERÍCIAS. A teor do §1.º ao art. 16 do Decreto n. 70.235, de 1972, considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do precitado artigo, a saber: motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do perito. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido 5. A contribuinte, intimada da decisão em 14/08/2013, por meio de envio postal, em conformidade com o aviso de recebimento situado à fl. 1096, interpôs, em 12/09/2013, recurso voluntário, situado às fls. 1108 a 1130, no qual reiterou as razões de sua Fl. 1224DF CARF MF 4 impugnação, acrescendolhes, ainda, as seguintes alegações preliminares: (i) cerceamento de defesa; e (ii) decadência. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele conheço. I. 1. Preliminares I. 1. a. Cerceamento de defesa 6. Argumenta a contribuinte que teria havido cerceamento de defesa decorrente do indeferimento da juntada de documentos aos autos, bem como devido à negativa do pedido de realização de diligências, em especial perícia técnica, em inobservância ao "princípio da verdade material" (sic) e ao direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório. 7. Em síntese, a recorrente requereu a realização de prova pericial nos termos do inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, formulando, ainda, quesitos nos seguintes termos, que recortamos das razões do seu recurso voluntário: Fl. 1225DF CARF MF Processo nº 16004.000054/201055 Acórdão n.º 3401004.402 S3C4T1 Fl. 1.529 5 8. O art. 18 do Decreto nº 70.235/72 dispõe que a realização de diligências ou perícias é uma prerrogativa da autoridade julgadora, e não do impugnante ou recorrente, o que afasta a alegação de que o indeferimento de perícia consubstanciaria um cerceamento do direito de defesa: Decreto nº 70.235/72 "Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o art. 28 in fine". 9. Entendo que a diligência tem por desígnio responder a dúvida que aflige o aplicador no momento da decisão, e não para reabrir a fase de instrução, finalidade que se denota do pedido formulado pela recorrente, uma vez que os quesitos por ela formulados pouco ou nada acrescerão à formação de minha convicção sobre o caso trazido a conhecimento, no sentido de que a perícia seria plenamente prescindível. A avaliação da necessidade de se realizar a análise técnica concernente a saber alheio ao jurídico mediante auxílio de especialistas nas suas respectivas áreas de aptidão e atuação participa da esfera da discricionariedade do aplicador e, assim, façome acompanhar de precedentes deste Conselho, como se depreende da leitura do Acórdão nº 3201000.617, de 02/02/2011, do Acórdão nº 205 01.497, de 03/02/2009, e do Acórdão nº 10323.470, de 28/05/2008. Tendo sido o auto de infração lavrado por autoridade competente, observados os requisitos previstos na legislação Fl. 1226DF CARF MF 6 que rege o processo administrativo tributário, e não demonstrado minimamente o óbice ao pleno exercício do direito de defesa, não há que se falar em nulidade do lançamento. 10. Acresço a tais convicções a leitura do quesito de nº 5, formulado pela contribuinte, que pretende que o laudo técnico responda, à luz das suas considerações técnicas, das RGI e das NESH, qual a classificação correta dos elementos filtrantes. Esclarecese que a perícia não pode jamais classificar o produto importado, mas apenas fornecer subsídios ao aplicador ao esclarecer os atributos e as características do material a se classificar. E isto ocorre porque a decisão de vincular um produto a um código se trata de um típico ato de aplicação do direito. O classificador se volta às regras e metaregras de seu repertório normativo, enquanto que o perito se volta aos elementos constitutivos do produto. Logo, indiferente é, ao profissional que realiza a perícia, a classificação correta, padecendo de qualquer propósito a pretensão de que, por meio de um laudo técnico, "tipifiquese" ou "classifiquese" o produto, pois não é tarefa do químico, do engenheiro ou do matemático aplicar o direito: podem participar da confecção da norma concreta, mas jungidos, restritos e atrelados a seu especialíssimo campo de atuação. Suas considerações técnicas acerca do produto deverão ser, sempre que pertinentes, acolhidas com redobrado interesse pelo direito, que envidará esforços para compreendêlas. Contudo, quaisquer suposições no que pertine à sua inserção em uma ou outra posição da nomenclatura deverão ser relegadas ao esquecimento no momento da fundamentação da decisão. 11. Assim, pelas justificativas acima descritas, dadas as circunstâncias do caso concreto, com base no art. 18 do Decreto nº 70.235/72 e nos precedentes ora referenciados, entendo como desnecessária a diligência e, ademais, não ter havido qualquer prejuízo ao contraditório ou à ampla defesa da recorrente. 12. Assim, voto por conhecer, mas julgar improcedente o recurso voluntário neste particular. I. 1. b. Decadência 13. Alega, ainda, a contribuinte que, como IPI é um tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o lustro decadencial do §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional com dies a quo a partir do momento da ocorrência do fato gerador, e que a ausência de pagamento se deu em virtude do acúmulo de crédito, o que, considerando a intimação do auto de infração em 20/01/2010, implica estarem decaídos os fatos geradores ocorridos até 20/01/2005, que deverão ser considerados extintos com fundamento no inciso V do art. 156 da norma em referência. 14. Tratase, no entanto, o presente caso, de débito não declarado e não pago, não havendo, portanto, que se falar em atividade de apuração do tributo por parte do sujeito passivo (e, notese, não propriamente o pagamento do tributo), a ser homologada em ulterior momento, uma vez que não teria a Administração condições de conhecer, antes de instaurado procedimento próprio de fiscalização, a existência de fato gerador. 15. Falase em decadência sob os auspícios do §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido porque se toma o recolhimento como etapa apical daquela atividade de apuração que, não obstante, pode ser demonstrada por meio da existência de registro ou entrega de declaração, na forma prevista pelas normas de regência da matéria. Por outro lado, não há de se cogitar aplicação da norma de exceção no caso de Fl. 1227DF CARF MF Processo nº 16004.000054/201055 Acórdão n.º 3401004.402 S3C4T1 Fl. 1.530 7 tributo não pago nem declarado, pois, neste caso, deslocase a aplicação para a regra geral do inciso I do art. 173 do Código Tributário Nacional, cujo prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. 16. Cabe, de todo modo, trazer à consideração o Parecer PGFN/CAT nº 1.617/2008, que trata do inciso I do art. 173 e do § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional nos seguintes termos: Parecer PGFN/CAT nº 1.617/2008 "40. (...) o pagamento antecipado da contribuição (ainda que parcial) suscita a aplicação da regra especial, isto é, do § 4º do art. 150 do CTN; a inexistência de pagamento justifica a utilização da regra do art. 173 do CTN, para efeitos de fixação do dies a quo dos prazos de caducidade, projetados nas contribuições previdenciárias. Isto é, no que se refere à contagem dos prazos de decadência. Tal concepção, em princípio, pode ser aplicada para todos os tributos federais, e não somente, para as contribuições previdenciárias” (seleção e grifos nossos). 17. Transcrevese, ainda, o § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional que, segundo se depreende do parecer em referência, será aplicado no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação cujo pagamento, ainda que parcial, tenha sido efetuado, desde que na ausência de dolo, fraude ou simulação: Código Tributário Nacional "Art. 150 (...) § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento (...). § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação” (seleção e grifos nossos). 18. Por outro lado, na inobservância da condição proposta, ou seja, de pagamento, ainda que parcial, ou, ainda, caso se verifique o dolo, a fraude ou a simulação, será aplicável o inciso I do art. 173 do Código Tributário Nacional, que ora se transcreve: Código Tributário Nacional "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: (...) I. Do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado” (seleção e grifos nossos). 19. Assim, voto por conhecer, mas julgar improcedente o recurso voluntário neste particular. Fl. 1228DF CARF MF 8 I. 2. Do mérito 20. Para se resolver a questão sob litígio, necessário o recurso ao texto consolidado das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de mercadorias (NESH), aprovadas pelo Decreto nº 435, de 27/01/1992, e de acordo com texto atualizado pela Instrução Normativa RFB nº 807, de 11/01/2008, que incorporou as alterações efetuadas pela Organização Mundial das Alfândegas (OMA) decorrentes da Recomendação do Conselho de Cooperação Aduaneira de 26/06/2004, em vigor a partir de 01º/01/2007 ("Quarta Emenda ao Sistema Harmonizado"). 21. Para a contribuinte recorrente, a mercadoria deve ser classificada no Capítulo 84 ("reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas partes"), Posição 8421 ("centrifugadores, incluídos os secadores centrífugos; aparelhos para filtrar ou depurar líquidos ou gases "), Subposição 8421.2 ("aparelhos para filtrar ou depurar líquidos"), Item e Subitem 8421.21.00 ("para filtrar ou depurar água"), submetida, portanto, a uma alíquota zero de IPI. 22. Por outro lado, a autoridade fiscal, em que pese concordar com a classificação quanto ao Capítulo e Posição 8421 ("centrifugadores, incluídos os secadores centrífugos; aparelhos para filtrar ou depurar líquidos ou gases"), discorda quanto aos seus sucedâneos, reputando como correta a Subposição 8421.9 ("partes"), Item e Subitem 8421.99.99 ("outras"), submetida, portanto, a uma alíquota de 8% de IPI. 23. Ao nos voltarmos especificamente ao Capítulo e Posição 8421 da TIPI ("centrifugadores, incluídos os secadores centrífugos; aparelhos para filtrar ou depurar líquidos ou gases"), encontramos o ponto limítrofe da classificação que restou incontroverso entre os litigantes, restando compreender se o produto em apreço se trata, portanto, de um "aparelhos para filtrar ou depurar líquidos" da espécie "para filtrar ou depurar água", como defende a contribuinte, ou de "partes" de aparelhos para filtrar ou depurar líquidos, como entende a autoridade fiscal. 24. Para se alcançar a classificação correta, é necessário se recorrer a um quadro de referências normativas bastante específico, a começar pelas regras gerais de interpretação (RGI) estabelecidas no anexo da Convenção Internacional do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias firmada em 1983, à qual o Brasil veio a aderir três anos depois, e que dão base à Tarifa Externa Comum (TEC) e internalizadas ao direito brasileiro por meio do Decreto Legislativo nº 71/1988 e promulgada por meio do Decreto nº 97.409/1988. Para tal análise, deverá o aplicador considerar, ainda, as notas explicativas do sistema harmonizado (NESH) que servem de orientação interpretativa até o nível das subposições, aprovadas pelo Decreto nº 435/1992, bem como as regras gerais complementares (RGC) da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) que, por seu turno, é fonte para a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) aplicáveis aos itens e subitens. 25. Necessário, portanto, coligiremse, em primeiro lugar, as notas da Seção XVI ("Máquinas e aparelhos, material elétrico, e suas partes") com aquelas especificamente voltadas ao capítulo, com os seguintes destaques: 2. Ressalvadas as disposições da Nota 1 da presente Seção e da Nota 1 dos Capítulos 84 e 85, as partes de máquinas (exceto as partes dos artigos das posições 84.84, 85.44, 85.45, 85.46 ou 85.47) classificamse de acordo com as regras seguintes: a) As partes que constituam artigos compreendidos em qualquer das posições dos Capítulos 84 ou 85 (exceto as Fl. 1229DF CARF MF Processo nº 16004.000054/201055 Acórdão n.º 3401004.402 S3C4T1 Fl. 1.531 9 posições 84.09, 84.31, 84.48, 84.66, 84.73, 84.87, 85.03, 85.22, 85.29, 85.38 e 85.48) incluemse nessas posições, qualquer que seja a máquina a que se destinem; b) Quando se possam identificar como exclusiva ou principalmente destinadas a uma máquina determinada ou a várias máquinas compreendidas numa mesma posição (mesmo nas posições 84.79 ou 85.43), as partes que não sejam as consideradas na alínea a) anterior, classificamse na posição correspondente a esta ou a estas máquinas ou, conforme o caso, nas posições 84.09, 84.31, 84.48, 84.66, 84.73, 85.03, 85.22, 85.29 ou 85.38; todavia, as partes destinadas principalmente tanto aos artigos da posição 85.17 como aos das posições 85.25 a 85.28, classificamse na posição 85.17; c) As outras partes classificamse nas posições 84.09, 84.31, 84.48, 84.66, 84.73, 85.03, 85.22, 85.29 ou 85.38, conforme o caso, ou, não sendo possível tal classificação, nas posições 84.87 ou 85.48. 3. Salvo disposições em contrário, as combinações de máquinas de espécies diferentes, destinadas a funcionar em conjunto e constituindo um corpo único, bem como as máquinas concebidas para executar duas ou mais funções diferentes, alternativas ou complementares, classificamse de acordo com a função principal que caracterize o conjunto. 4. Quando uma máquina ou combinação de máquinas seja constituída de elementos distintos (mesmo separados ou ligados entre si por condutos, dispositivos de transmissão, cabos elétricos ou outros dispositivos), de forma a desempenhar conjuntamente uma função bem determinada, compreendida em uma das posições do Capítulo 84 ou do Capítulo 85, o conjunto classificase na posição correspondente à função que desempenha. 26. Passase, em seguida, à análise das regras atinentes ao Capítulo 84 ("reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas partes"), na qual não se encontra nenhuma menção, direta ou indireta, ao Capítulo e Posição 8421 da TIPI ou aos seus sucedâneos. 27. Assim, bem sintetiza a decisão de primeiro piso a contenda: "(...) encontrandose a controvérsia sob as balizas de uma mesma posição (8421), reside a solução simplesmente na investigação tendente a verificar se estáse a cuidar de parte dos aparelhos para filtrar ou depurar líquidos ou dos próprios aparelhos", o que faz da seguinte forma: "Este o contexto, de se concluir não merece reparo o lançamento fiscal. Isto porque, ao largo das razões pela impugnante articuladas no sentido da finalidade primordial dos “refis”, “elementos filtrantes” ou “kits de reposição”, como também do significativo percentual componente do custo total de produção do aparelho para filtrar ou depurar água que referidos produtos representam, inegável que constituem partes dos Fl. 1230DF CARF MF 10 aparelhos, na medida em que integrantes de um todo no qual restam inseridos outros elementos para o fim de dar origem a um terceiro produto, este sim correspondente a aparelho para filtrar ou depurar água. Ausentes os demais elementos, no lugar do referido aparelho para filtrar ou depurar, de se convir estáse diante do “elemento filtrante”. (...) Vejase, não se coloca em questão a capacidade que os “elementos filtrantes” teriam de, individualmente, promover a filtração. Cuidase, isto sim, de constatação no sentido de que os “refis”, “elementos filtrantes” ou “kits de reposição” constituem partes de produtos que com eles não se confundem, quais sejam, os aparelhos para filtrar ou depurar água, fato que o custo relativo dos “elementos filtrantes” igualmente não desnatura. Por outro giro, reconhecimento no sentido de que os “refis”, “elementos filtrantes” ou “kits de reposição” possuem a capacidade individual de filtração não os deslocam à condição de próprio aparelho para filtrar ou depurar água. Não se pode acolher, assim, pretensão no sentido de que sejam tais produtos classificados como se o próprio aparelho fossem" (seleção e grifos nossos). 28. Neste sentido, a Solução de Consulta SRRF/6ª RF/DIANA nº 33, de 2005: Ementa: Código TIPI Mercadoria 8421.99.99 Elementos filtrantes, conhecidos como vela, para filtros de pressão de uso doméstico, de forma cilíndrica, com copo em poliestireno, contendo em seu interior camadas de superfícies filtrantes de carvão ativado e de polipropileno, denominados “Goiana” curto e longo e “Domus”. Dispositivos Legais: Decreto 97.409 de 23/12/88, Decreto 435 de 27/01/92, Decreto 4.542 de 26/12/02, IN SRF 157 de 10/05/2002, RGI1 (texto posição 84.21, Nota 2b Seção XVI), RGI – 3b, RGI6 (texto subposições de 1º nível 8421.9 e de 2º nível 8421.99), RGC1 (texto item 8421.99.9 e subitem 8421.99.99). 29. A decisão a quo está correta, pois busca a defesa demonstrar a todo momento que "refis", "elementos filtrantes" e "kits de reposição" são o próprio filtro, i.e., o aparelho de filtragem de água. E a contribuinte não está completamente equivocada, pois se vale do importante recurso lingüístico da transnominação certa, portanto, mas apenas por uma questão de palavras: o "filtro" é utilizado como figura de linguagem de grupo metonímico, aproximandose da sinédoque. Dizse o filtro (parte) como palavra representativa do aparelho de filtragem de água (todo). E o que se tributa a uma alíquota de 8% sob o código 8421.99.99 é a parte, e não o todo, ainda que se chame a parte de todo. Assim, os "refis", "elementos filtrantes" e "kits de reposição" podem ser chamados de filtros, mas nem por isso perdem a sua característica de partes. Ao nos voltarmos à Subposição 8421.2, a questão se aclara: não se está Fl. 1231DF CARF MF Processo nº 16004.000054/201055 Acórdão n.º 3401004.402 S3C4T1 Fl. 1.532 11 diante de um aparelhos para filtrar ou depurar líquidos, mas de peças e partes de aparelhos, o que atrai, na verdade, a classificação na Subposição 8421.9. 30. Necessário se ressaltar que, em casos de classificação fiscal de mercadorias, não basta ao aplicador constatar o equívoco do Código NCM utilizado pela contribuinte para sustentar a autuação, pois o erro cometido pelo sujeito passivo da obrigação não convalida a escolha levada a termo por sua contraparte na relação jurídicotributária. O lançamento de ofício apenas será mantido se confirmada a classificação superveniente reputada correta pela autoridade fiscal em detrimento da originalmente utilizada pela empresa. Por outro lado, não subsistirá o auto de infração se confirmado como correto o código originalmente utilizado, ou, ainda, se constatado o equívoco do código que motivou a autuação e, neste caso, ainda que as duas pontas da relação incorram em erro, ainda assim improcedente será o lançamento, até que um novo o suceda, sob uma terceira classificação, necessariamente diversa das que a antecederam, não cabendo a este Conselho, neste caso, a função consultiva de declarála. 31. No caso presente, portanto, constatouse que a classificação fiscal utilizada pela recorrente é equivocada, mas tal não é suficiente para manter a autuação ou tampouco para infirmála, como acima se consignou. Passase, portanto, à análise da correção da proposta da autoridade fiscal que motivou a lavratura do auto de infração ora combalido, i.e., a classificação NCM nº 8421.99.99: 32. Uma vez estabelecida a atração da Subposição 8421.9, há de se analisar a pertinência da aplicação de Item e Subitem ("outras"). Assim, conforme aduz a decisão a quo, "(...) a teor da Regra Geral nº 6, a classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada pelos textos destas subposições. Entre partes de aparelhos para filtrar ou depurar líquidos e os próprios aparelhos, de se enquadrar os 'elementos filtrantes' na primeira classificação". Assim, tratase de partes de "centrifugadores, incluídos os secadores centrífugos; aparelhos para filtrar ou depurar líquidos ou gases" (8421.9), que não de centrifugadores ou secadores centrífugos, mas de "outras" (3421.99). Uma vez estabelecido o item da classificação, para o subitem se constata que não se trata de um aparelho para filtrar ou depurar gases, nem do tipo utilizado em linhas de sangue para hemodiálise. Constatase, pois, que se trata de "outras" (3421.99.9). Uma vez que tampouco se apresenta como cartucho de membrana de aparelho de osmose inversa, resta a classificação em "outras", o que redunda na aplicação do código NCM nº 3421.99.99, em estreita conformidade com o quanto decidido na Solução de Consulta DIANA nº 33/2005. Fl. 1232DF CARF MF 12 Assim, pelos motivos expostos, voto por conhecer e negar provimento ao recurso voluntário interposto. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara De Araújo Branco Relator Fl. 1233DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002167/2010-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/1997 a 30/06/1998
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF.
A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento.
Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
Numero da decisão: 2201-004.177
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 21 67 /2 01 0- 13 Fl. 129DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 19515.002149/201031, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária "Tratase de recurso de ofício apresentado em face da decisão de primeiro grau, pela qual se deu integral provimento à impugnação do sujeito passivo ao auto de infração que constituiu crédito tributário relativo à contribuição a cargo da empresa e à contribuição para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho (SAT) apuradas com base nas remunerações paga aos segurados empregados de empresa prestadora de serviços. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário visando restabelecer a exigência realizada anteriormente através de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, referente a contribuições apuradas com base no instituto da solidariedade, que foi anulada por vício formal. A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual se reconheceu a decadência do direito de lançar do fisco, uma vez que entre a data que declarou a nulidade por vício formal do lançamento anterior e aquela em que o novo crédito foi constituído transcorreuse prazo superior a cinco anos. Segundo a decisão recorrida, o valor total do crédito constituído na ação fiscal superou o limite de alçada previsto na Portaria MF nº 3, de 2008, de RS 1.000.000,00. Considerando esse somatório, foi apresentado recurso de ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta conselheira. É o que havia para ser relatado." Fl. 130DF CARF MF Processo nº 19515.002167/201013 Acórdão n.º 2201004.177 S2C2T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018, proferido no julgamento do processo n° 19515.002149/201031, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018: Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Conforme se extrai do relatório, este processo compõe um conjunto de processos decorrentes da mesma ação fiscal e julgados na mesma sessão, com um total de crédito tributário afastado superior a R$ 1.000.000,00, limite previsto na Portaria MF nº 03, de 2008, o que justificou que a autoridade julgadora de primeira instância administrativa recorresse de ofício. Ocorre, porém, que a análise da admissibilidade do recurso de ofício deve ser realizada em vista do limite de alçada vigente na data em que ele é apreciado. É o que preceitua, sem embargo, o enunciado nº 103 da Súmula de jurisprudência deste CARF: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Os fundamentos das decisões que serviram de paradigma para este enunciado são bem explicitados pelo trecho que abaixo se transcreve do Acórdão nº 9202003.027, relator o Conselheiro Marcelo Oliveira: Em síntese, o cerne da questão versa sobre o conhecimento, ou não, de recurso de ofício quando há elevação do valor de alçada, entre o julgamento em primeira instância e o julgamento pelo CARF. Como é cediço, as normas processuais têm aplicação imediata, conforme determinação o Código de Processo Civil (CPC): CPC: “Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes.” Fl. 131DF CARF MF 4 Para a recorrente, entretanto, a norma posterior não pode prejudicar seu direito ao recurso, pois, em síntese, cercearia seu direito à defesa. Com todo respeito, não concordamos com a recorrente. Há uma diferença, relevante, que não pode ser deixada de lado nesta análise: uma das partes (União) foi quem emitiu a norma posterior que fundamentou o não conhecimento do recurso de ofício. No processo civil as norma processuais não são de iniciativa das partes. Ao contrário, a eventual norma processual atinge ambas as partes, beneficiandoas ou as prejudicando, a depender da fase em que se encontre o processo, daí a necessidade de garantia de direitos. Já no processo administrativo fiscal a norma é conseqüência do poder que goza a Administração Pública, o que permite que esta enquanto sujeito processual representado pela Fazenda Nacional, possa criar normas abrindo mão de seus próprios direitos. Esse é o raciocínio presente em acórdãos já proferidos por este Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão: 9202002.652 – CSRF. Relator: Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira). ... ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO EQUIVOCADO NULIDADE. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 19515.002167/201013 Acórdão n.º 2201004.177 S2C2T1 Fl. 4 5 A verificação do limite de alçada, para efeitos de conhecimento do recurso de ofício pelo Colegiado ad quem, é levada a efeito com base nas normas jurídicas vigentes na data do julgamento desse recurso. Não tendo o Colegiado ad quem observado o novo limite de alçada para o recurso de ofício. Tal julgamento é nulo, de pleno direito, visto que, a competência do órgão julgador, no caso concreto, é conferida pela devolutividade do recurso. Processo Anulado. (Acórdão: 9303002.165 – CSRF. Relator: Henrique Pinheiro Torres). ... REEXAME NECESSÁRIO — LIMITE DE ALÇADA — AMPLIAÇÃO — CASOS PENDENTES Aplicase aos casos não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário, estabelecido pela Portaria MF n° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). (Acórdão: CSRF/0400.965. Relatora: Maria Helena Cotta Cardozo) A criação e elevação do limite de alçada para recursos de ofício tem como um de seus objetivos dar celeridade à solução do processo no âmbito administrativo fiscal, pela diminuição de julgamentos pela segunda instância em processos em que a própria parte (União) demonstra ausência de interesse na continuidade do litígio. Atualmente, o limite de alçada se encontra fixado pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Pelos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, o recurso de ofício será cabível sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), valor este que deverá ser verificado por processo. Fl. 133DF CARF MF 6 O crédito tributário exonerado no processo em análise não atende a esses pressupostos, de forma que o recurso de ofício não preenche os requisitos necessários para que seja conhecido. Conclusão Com base no exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. Dione Jesabel Wasilewski – Relatora" Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Fl. 134DF CARF MF
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Numero do processo: 13053.000184/2008-08
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
CRÉDITO. FRETE NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA.
Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep e da Cofins sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo.
Não obstante à observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei 10.637/02 eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda quais sejam, os fretes na operação de venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento se harmoniza com a intenção do legislador ao trazer o termo frete na operação de venda, e não frete de venda quando impôs dispositivo tratando da constituição de crédito das r. contribuições.
PIS/PASEP E COFINS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. PRODUTOS ACABADOS. DESPESAS DE MOVIMENTAÇÃO PORTUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
O contribuinte paga de maneira global para execução de diversas despesas de movimentação portuária aí incluída a despesa de armazenagem do produto acabado. Como não há a individualização das despesas de armazenagem das demais despesas, não há possibilidade de seu creditamento. Nem são insumos da atividade fabril e nem compreendem como despesas de armazenagem propriamente dita.
Numero da decisão: 9303-006.727
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para admitir as despesas com frete de produtos acabados, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe negaram provimento, vencidas também, as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que deram provimento integral.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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CRÉDITO. FRETE. TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS. Recorrente MITA LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 CRÉDITO. FRETE NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep e da Cofins sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo. Não obstante à observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei 10.637/02 eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda quais sejam, os fretes na “operação” de venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento se harmoniza com a intenção do legislador ao trazer o termo “frete na operação de venda”, e não “frete de venda” quando impôs dispositivo tratando da constituição de crédito das r. contribuições. PIS/PASEP E COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. PRODUTOS ACABADOS. DESPESAS DE MOVIMENTAÇÃO PORTUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O contribuinte paga de maneira global para execução de diversas despesas de movimentação portuária aí incluída a despesa de armazenagem do produto acabado. Como não há a individualização das despesas de armazenagem das demais despesas, não há possibilidade de seu creditamento. Nem são insumos da atividade fabril e nem compreendem como despesas de armazenagem propriamente dita. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 05 3. 00 01 84 /2 00 8- 08 Fl. 1066DF CARF MF Processo nº 13053.000184/200808 Acórdão n.º 9303006.727 CSRFT3 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, para admitir as despesas com frete de produtos acabados, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe negaram provimento, vencidas também, as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que deram provimento integral. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência apresentado pelo contribuinte contra o Acórdão nº 3801005.281, de 18/03/2015, que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. GASTOS COM BENS E SERVIÇOS. INSUMO. DIREITO A CRÉDITO. Gastos com bens e serviços não efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação ou produção de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços ou que não estejam amparados por expressa disposição legal não dão direito a créditos da Cofins não cumulativa. PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. GASTOS COM FRETES. DIREITO A CRÉDITO. OPERAÇÃO DE VENDA. Os fretes nas operações de venda somente dão direito a crédito da contribuição se contratados para a entrega de mercadorias vendidas diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pelo vendedor. PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. GASTOS COM ARMAZENAGEM.. DIREITO A CRÉDITO. Os gastos com armazenagem somente dão direito a crédito da contribuição se identificados e comprovados. Fl. 1067DF CARF MF Processo nº 13053.000184/200808 Acórdão n.º 9303006.727 CSRFT3 Fl. 4 3 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO NÃO COMPROVADO DOCUMENTALMENTE. ÔNUS DA PROVA. É do contribuinte o ônus de comprovar documentalmente o direito de crédito pleiteado. Recurso Voluntário Negado. O presente processo trata de pedido de ressarcimento de contribuição não cumulativa vinculada à receita de exportação, cujo pedido foi deferido parcialmente pela Unidade de Origem. Pelo que consta dos autos, a empresa produz "cavaco de madeira" e exporta praticamente 100% de sua produção. O objeto do recurso especial é referente à possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nãocumulativas sobre as despesas citadas como fretes e armazenagem. O recurso especial foi admitido mediante despacho de admissibilidade do então Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento. Contrarrazões foram apresentadas pela Fazenda Nacional, solicitando o improvimento do recurso especial. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.718, de 15/05/2018, proferido no julgamento do processo 13053.000053/200731, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade e quanto ao mérito (Acórdão 9303006.718): Da admissibilidade "O recurso especial do contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos formais e materiais para o seu conhecimento." Do mérito Fl. 1068DF CARF MF Processo nº 13053.000184/200808 Acórdão n.º 9303006.727 CSRFT3 Fl. 5 4 (...)1 "Em que pese a excelente tese do Ilustre Relator. Com a devida vênia, divirjo dele na questão relativa ao frete na transferência de produtos acabados. Em homenagem ao princípio da Colegiabilidade, a matéria referente ao direito de crédito de PIS e COFINS em operações de frete na transferência de produtos acabados entre estabelecimentos da mesma empresa, foi julgado por esta E. Câmara Superior pela sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do artigo 47 do RICARF, sessão de 17 de maio de 2017, acórdão nº 9303005.132, de Relatoria do Ilustre Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, cujo voto acompanhei, de forma que peço vênia para transcrevêlo, o qual utilizo como fundamento para minhas razões de decidir por se tratar de matéria idêntica, que passa a fazer parte integrante do presente voto: "O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.116, de 17/05/2017, proferido no julgamento do processo 11686.000082/200811, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade do recurso e quanto ao mérito (Acórdão 9303005.116): "Eis que, pela leitura do acórdão recorrido e do indicado como paradigma, é de se constatar a divergência jurisprudencial, pois, no acórdão recorrido, entendeuse que não há previsão legal para crédito de PIS e Cofins não cumulativos sobre valores de fretes de produtos acabados realizados entre os estabelecimentos da mesma empresa, somente tendo direito de crédito o frete contratado para entrega de mercadorias aos clientes, na venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Enquanto, no acórdão indicado como paradigma, concluiuse que as despesas com fretes para transporte de produtos em elaboração e, ou produtos acabados entre estabelecimentos, pagas e/ou creditadas às pessoas jurídicas, mediante conhecimento de transporte ou de notas fiscais de prestação de serviços, geram créditos de PIS e Cofins, passiveis de dedução da contribuição devida e/ou de ressarcimento/compensação. Quanto às Contrarrazões apresentadas, não se devem ignorálas, pois foram apresentadas tempestivamente pela Fazenda Nacional. Ventiladas tais considerações, importante, a priori, discorrer sobre os critérios a serem observados para a conceituação de insumo para a constituição do crédito de PIS e de Cofins trazida pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03, bem como para a aplicação do art. 3º, inciso IX, das referidas Leis (“IX – armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor”). Em relação ao conceito de insumo, para fins de fruição do crédito de PIS e da COFINS não cumulativos, não é demais enfatizar que se trata de matéria controvérsia. Eis que a Constituição Federal não outorgou poderes para a autoridade fazendária definir livremente o conteúdo da não cumulatividade. O que, por conseguinte, concluo que a devida observância da sistemática da não cumulatividade exige que se avalie a natureza das despesas incorridas pelo contribuinte – considerando a legislação vigente, bem como a natureza da sistemática da não cumulatividade. 1 Deixouse de transcrever o voto vencido por não se aplicar à solução do litígio deste processo, uma vez que o entendimento nele expresso resultou vencido. Contudo, sua íntegra consta do acórdão do processo paradigma (9303006.718). Fl. 1069DF CARF MF Processo nº 13053.000184/200808 Acórdão n.º 9303006.727 CSRFT3 Fl. 6 5 Sempre que estas despesas/custos se mostrarem essenciais ao exercício de sua atividade, devem implicar, a rigor, no abatimento de tais despesas como créditos descontados junto à receita bruta auferida. Importante elucidar que no IPI se tem critérios objetivos (desgaste durante o processo produtivo em contato direto com o bem produzido ou composição ao produto final), enquanto, no PIS e na COFINS essa definição sofre contornos subjetivos. Tenho que, para se estabelecer o que é o insumo gerador do crédito do PIS e da COFINS, ao meu sentir, tornase necessário analisar a essencialidade do bem ao processo produtivo da recorrente, ainda que dele não participe diretamente. Continuando, frisese tal entendimento que vincula o bem e serviço para fins de instituição do crédito do PIS e da Cofins com a essencialidade no processo produtivo o Acórdão 3403002.765 – que, por sua vez, traz em sua ementa: "O conceito de insumo, que confere o direito de crédito de PIS/Cofins nãocumulativo, não se restringe aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, tal como traçados pela legislação do IPI. A configuração de insumo, para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte." Vêse que na sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS o conteúdo semântico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI, porém mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços que integram o custo de produção. Ademais, notase que, dentre todas as decisões do CARF e do STJ, é de se constatar que o entendimento predominante considera o princípio da essencialidade para fins de conceituação de insumo o que, em respeito a segurança jurídica das jurisprudências emitidas pelo Conselho e pelo Tribunal Superior, é de se atestar a observância do princípio da essencialidade para a adoção do conceito de insumo, afastando o entendimento restritivo dado pela autoridade fazendária na IN SRF 247/02. Não obstante a esses pontos, ressurgindome à questão posta, passo a discorrer sobre o tema desde a instituição da sistemática não cumulativa das r. contribuições. Em 30 de agosto de 2002, foi publicada a Medida Provisória 66/02, que dispôs sobre a sistemática não cumulativa do PIS, o que foi reproduzido pela Lei 10.637/02 (lei de conversão da MP 66/02) que, em seu art. 3º, inciso II, autorizou a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. É a seguinte a redação do referido dispositivo: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI;” Em relação à COFINS, temse que, em 31 de outubro de 2003, foi publicada a MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, que dispôs sobre a sistemática não cumulatividade dessa contribuição, destacando o aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos em seu art. 3º, inciso II, em redação idêntica àquela já existente para o PIS/Pasep, in verbis (Grifos meus): “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] Fl. 1070DF CARF MF Processo nº 13053.000184/200808 Acórdão n.º 9303006.727 CSRFT3 Fl. 7 6 II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)”. Posteriormente, em 31 de dezembro de 2003, foi publicada a Emenda Constitucional 42/2003, sendo inserida ao ordenamento jurídico o § 12 ao art. 195: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições: [...] §12 A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.” Com o advento desse dispositivo, restou claro que a regulamentação da sistemática da não cumulatividade aplicável ao PIS e à COFINS ficaria sob a competência do legislador ordinário. Vêse,portanto, em consonância com o dispositivo constitucional, que não há respaldo legal para que seja adotado conceito excessivamente restritivo de "utilização na produção" (terminologia legal), tomandoo por "aplicação ou consumo direto na produção" e para que seja feito uso, na sistemática do PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, do mesmo conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI. Nessa lei, há previsão para que sejam utilizados apenas subsidiariamente os conceitos de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI. É de se lembrar ainda que o IPI é um imposto que onera efetivamente o consumo, diferentemente do PIS e da Cofins que são contribuições que incidem sobre a receita, nos termos da legislação vigente. E nessa senda, haja vista que o IPI onera efetivamente o consumo, a não cumulatividade relacionase ao conceito de insumo como sendo o de bens que são consumidos ou desgastados durante a fabricação de produtos. Enquanto a sistemática não cumulativa das contribuições ao PIS e a Cofins está diretamente relacionada às receitas auferidas com a venda desses produtos. Sendo assim, resta claro que a sistemática da não cumulatividade das contribuições é diversa daquela do IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Não menos importante, constatase que, para fins de creditamento do PIS e da COFINS, admitese também que a prestação de serviços seja considerada como insumo, o que já leva à conclusão de que as próprias Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 ampliaram a definição de "insumos", não se limitando apenas aos elementos físicos que compõem o produto. Nesse ponto, Marco Aurélio Grego (in "Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS", Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, ano1, n. 1, jan/fev.2003, Belo Horizonte: Fórum, 2003) diz que será efetivamente insumo ou serviço com direito ao crédito sempre que a atividade ou a utilidade forem necessárias à existência do processo ou do produto ou agregarem (ao processo ou ao produto) alguma qualidade que faça com que um dos dois adquira determinado padrão desejado. Fl. 1071DF CARF MF Processo nº 13053.000184/200808 Acórdão n.º 9303006.727 CSRFT3 Fl. 8 7 Sendo assim, seria insumo o serviço que contribua para o processo de produção – o que, podese concluir que o conceito de insumo efetivamente é amplo, alcançando as utilidades/necessidades disponibilizadas através de bens e serviços, desde que essencial para o processo ou para o produto finalizado, e não restritivo tal como traz a legislação do IPI. Frisese que o raciocínio do ilustre Prof. Marco Aurélio Greco traz, para tanto, os conceitos de essencialidade e necessidade ao processo produtivo. O que seria inexorável se concluir também pelo entendimento da autoridade fazendária que, por sua vez, validam o creditamento apenas quando houver efetiva incorporação do insumo ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, adotando o conceito de insumos de forma restrita, em analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI, ferindo os termos trazidos pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que, por sua vez, não tratou, tampouco conceituou dessa forma. Resta, por conseguinte, indiscutível a ilegalidade das Instruções Normativas SRF 247/02 e 404/04 quando adotam a definição de insumos semelhante à da legislação do IPI. As Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que restringem o conceito de insumos, não podem prevalecer, pois partem da premissa equivocada de que os créditos de PIS e COFINS teriam semelhança com os créditos de IPI. Isso, ao dispor: ∙ O art. 66, § 5º, inciso I, da IN SRF 247/02 o que segue (Grifos meus): “Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep nãocumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) a. Matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b. Os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) [...]” ∙ art. 8º, § 4ª, da IN SRF 404/04 (Grifos meus):“Art. 8 º Do valor apurado na forma do art. 7 º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4 º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima,o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; Fl. 1072DF CARF MF Processo nº 13053.000184/200808 Acórdão n.º 9303006.727 CSRFT3 Fl. 9 8 b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no país, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. [...]” Tais normas infraconstitucionais restringiram o conceito de insumo para fins de geração de crédito de PIS e COFINS, aplicandose os mesmos já trazidos pela legislação do IPI. O que entendo que a norma infraconstitucional não poderia extrapolar essa conceituação frente a intenção da instituição da sistemática da não cumulatividade das r. contribuições. A Receita Federal do Brasil extrapolou sua competência administrativa ao “legislar” limitando o direito creditório a ser apurado pelo sujeito passivo. Considerando que as Leis 10.637/02 e 10.833/03 trazem no conceito de insumo: a. Serviços utilizados na prestação de serviços; b. Serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c. Bens utilizados na prestação de serviços; d. Bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e. Combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f. Combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vêse claro, portanto, que não poderseia considerar para fins de definição de insumo o trazido pela legislação do IPI, já que serviços não são efetivamente insumos, se considerássemos os termos dessa norma. Não obstante, depreendendose da análise da legislação e seu histórico, bem como intenção do legislador, entendo também não ser cabível adotar de forma ampla o conceito trazido pela legislação do IRPJ como arcabouço interpretativo, tendo em vista que nem todas as despesas operacionais consideradas para fins de dedução de IRPJ e CSLL são utilizadas no processo produtivo e simultaneamente tratados como essenciais à produção. Ora, o termo "insumo" não devem necessariamente estar contidos nos custos e despesas operacionais, isso porque a própria legislação previu que algumas despesas não operacionais fossem passíveis de creditamento, tais como Despesas Financeiras, energia elétrica utilizada nos estabelecimentos da empresa, etc. O que entendo que os itens trazidos pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03 que geram o creditamento, são taxativos, inclusive porque demonstram claramente as despesas, e não somente os custos que deveriam ser objeto na geração do crédito dessas contribuições. Eis que, se fossem exemplificativos, nem poderiam estender a conceituação de insumos as despesas operacionais que nem compõem o produto e serviços – o que até prejudicaria a inclusão de algumas despesas que não contribuem de forma essencial na produção. Nesse ínterim, cabe trazer que a observância do critério de se aplicar o conceito de “despesa necessária” para a definição de insumo, tal como preceituado no art. 299 do Fl. 1073DF CARF MF Processo nº 13053.000184/200808 Acórdão n.º 9303006.727 CSRFT3 Fl. 10 9 RIR/99 não seria a mais condizente, pois direciona a sistemática da não cumulatividade das referidas contribuições à sistemática de dedutibilidade aplicada para o imposto incidente sobre o lucro. O que, entendo que não há como se conferir que os custos ou despesas destinadas à aferição e lucro possam ser considerados como insumos necessários para o aferimento da receita. Com efeito, por conseguinte, podese concluir que a definição de “insumos” para efeito de geração de crédito das r. contribuições, deve observar o que segue: ∙ Se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção; Se a produção ou prestação de serviço são dependentes efetivamente da aquisição dos bens e serviços – ou seja, sejam considerados essenciais. Tanto é assim que, em julgado recente, no REsp 1.246.317, a Segunda Turma do STJ reconheceu o direito de uma empresa do setor de alimentos a compensar créditos de PIS e Cofins resultantes da compra de produtos de limpeza e de serviços de dedetização, com base no critério da essencialidade. Para melhor transparecer esse entendimento, trago a ementa do acórdão (Grifos meus): “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/ Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de não cumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é Fl. 1074DF CARF MF Processo nº 13053.000184/200808 Acórdão n.º 9303006.727 CSRFT3 Fl. 11 10 essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. ” Aquele colegiado entendeu que a assepsia do local, embora não esteja diretamente ligada ao processo produtivo, é medida imprescindível ao desenvolvimento das atividades em uma empresa do ramo alimentício. Em outro caso, o STJ reconheceu o direito aos créditos sobre embalagens utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o transporte, condição essencial para a manutenção de sua qualidade (REsp 1.125.253). O que, peço vênia, para transcrever a ementa do acórdão: COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos. ” Tornase necessário se observar o princípio da essencialidade para a definição do conceito de insumos com a finalidade do reconhecimento do direito ao creditamento ao PIS/Cofins não cumulativos. Sendo assim, entendo não ser aplicável o entendimento de que o consumo de tais bens e serviços sejam utilizados DIRETAMENTE no processo produtivo, bastando somente serem considerados como essencial à produção ou atividade da empresa. Dessa forma, para fins de se elucidar a atividade do sujeito passivo, importante recordar que é pessoa jurídica de direito privado, dos ramos de indústria, comércio, importação e exportação de alimentos, em especial, o arroz. Os fretes de produtos acabados em discussão, para sua atividade de comercialização, são essenciais para a sua atividade de “comercialização”, eis que: Sua atividade impõe a transferência de seus produtos para Centros de Distribuição de sua propriedade; caso contrário, tornarseia inviável a venda de seus produtos para compradores das Regiões Sudeste, Centro Oeste e Nordeste do país; Os grandes consumidores dos produtos industrializados e comercializados pelo sujeito passivo, possuem uma logística que não mais comporta grandes estoques, devido à extensa diversidade de produtos necessários para abastecer suas unidades, bem como devido ao custo que lhes geraria a manutenção de locais com o fito exclusivo de estocagem, visto a alta rotatividade dos produtos em seus estabelecimentos; O que, impõese para fins de comercialização e sobrevivência da empresa, os Centros de Distribuição; Fl. 1075DF CARF MF Processo nº 13053.000184/200808 Acórdão n.º 9303006.727 CSRFT3 Fl. 12 11 O sujeito passivo, que possui sede em Porto Alegre, se viu obrigada a manter Centros de Distribuição em pontos estratégicos do país, considerando a localidade dos maiores demandantes de seus produtos. Considerando, então, a atividade do sujeito passivo, devese considerar os fretes como essenciais e, aplicandose o critério da essencialidade, é de se dar provimento ao recurso interposto pelo sujeito passivo. Não obstante à essa fundamentação e ignorandoa, cabe trazer que, tendo em vista que: A maioria dos fretes são destinados ao Centro de Distribuição da empresa, para que se torne viável a remessa dos produtos e são realizados com a demora usual de 15 dias até a chegada do produto, para conseguir atender a sua demanda de pedidos, o sujeito passivo, devido à demora no trânsito das mercadorias, já transacionou as mercadorias, sendo que ao chegarem as mercadorias ao destino muitas já se encontram vendidas; A mercadoria já é vendida em trânsito, para quando chegar ao Centro de Distribuição já sair para a pronta entrega ao adquirente, descaracterizando, assim, um frete para mero estoque com venda posterior. É de se entender que, em verdade, se trata de frete para a venda, passível de constituição de crédito das contribuições, nos termos do art. 3º, inciso IX, das Lei 10.833/03 e Lei 10.637/02 – pois a inteligência desse dispositivo considera o frete na “operação” de venda. A venda de per si para ser efetuada envolve vários eventos. Por isso, que a norma traz o termo “operação” de venda, e não frete de venda. Inclui, portanto, nesse dispositivo os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda, dentre as quais o frete ora em discussão. Em vista de todo o exposto, voto por conhecer o Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, dandolhe provimento. "Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial do contribuinte e, no mérito, doulhe provimento. Rodrigo da Costa Pôssas". Com essas considerações, dou provimento parcial ao Recurso Especial do Contribuinte, para acatar a possibilidade de creditamento em relação ao frete na transferência de produtos acabados." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial do contribuinte foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento parcial, para admitir o creditamento em relação às despesas com o frete na transferência de produtos acabados. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 1076DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16832.000001/2010-81
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS.
Deve ser cancelada a glosa das deduções efetuadas na Declaração de Ajuste Anual a título de despesas médicas, quando os documentos de prova constantes dos autos suprem a irregularidade apontada pela decisão de primeira instância.
Numero da decisão: 2002-000.078
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, no mérito, dar-lhe provimento, para determinar o restabelecimento de despesas médicas no montante de R$10.040,00, no ano-calendário 2007.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
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DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. Recorrente FRANK DE OLIVEIRA CALAZÃES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. Deve ser cancelada a glosa das deduções efetuadas na Declaração de Ajuste Anual a título de despesas médicas, quando os documentos de prova constantes dos autos suprem a irregularidade apontada pela decisão de primeira instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, para, no mérito, darlhe provimento, para determinar o restabelecimento de despesas médicas no montante de R$10.040,00, no anocalendário 2007. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 00 01 /2 01 0- 81 Fl. 235DF CARF MF Processo nº 16832.000001/201081 Acórdão n.º 2002000.078 S2C0T2 Fl. 236 2 Relatório Tratase de lançamento decorrente de procedimento de revisão interna da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física DIRPF, referente ao exercício de 2007 e 2008, anocalendário 2006 e 2007, tendo em vista a apuração de deduções indevidas com dependentes, de despesas médicas e com instrução e de previdência privada e Fapi. O contribuinte apresentou impugnação (fls.140/183), onde requer a revisão do lançamento, à vista dos documentos relativos ao anocalendário 2007, os quais não tivera tempo hábil para providenciar no curso da ação fiscal. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) deu parcial provimento à Impugnação (fls. 195/199), em decisão cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006, 2007 DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. DEPENDENTES. INSTRUÇÃO. PREVIDÊNCIA PRIVADA/FAPI. Somente podem ser aceitas as deduções comprovadas por meio documentação hábil e idônea e que estejam em conformidade com as. regras contidas na legislação de regência. Cientificado dessa decisão em 22/11/2010 (fl.202), o contribuinte formalizou, em 17/12/2010 (fl.203), seu Recurso Voluntário (fls. 203/229), no qual apresenta as seguintes alegações: Em relação ao anocalendário 2006, indica a juntada de recolhimento, enfatizando que nada tem a contestar. Considerando a decisão da DRJ, que manteve a glosa de algumas despesas pela falta do endereço dos profissionais, aponta a juntada de declarações dos profissionais, contendo a informação. Manifesta concordância quanto à glosa com instrução, no valor de R$325,00. Processo distribuído para julgamento em Turma Extraordinária, tendo sido observadas as disposições do artigo 23B, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, e suas alterações (fl.200). É o relatório. Fl. 236DF CARF MF Processo nº 16832.000001/201081 Acórdão n.º 2002000.078 S2C0T2 Fl. 237 3 Voto Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito O litígio recai sobre a glosa de despesas médicas relativas ao anocalendário 2007, no montante de R$10.040,00, conforme abaixo discriminado: Andréa Pinto R$80,00 Adriano de Moraes R$5.000,00 Viviane Monteiro R$4.960,00 Em que pese no curso da ação fiscal ter tido intimação ao contribuinte para comprovação do efetivo pagamento dessas despesas (fls.15 e 180), a DRJ manteve suas glosas sob o seguinte fundamento: O interessado anexou ao processo quando de sua impugnação os comprovantes de fls. 166 a 177. Contudo, os documentos de fls. 166 a 171 e 173 a 177 não podem ser aceitos, tendo em vista que não possuem o endereço dos prestadores de serviço, estando então em desacordo com o que a legislação tributária determina. Em relação ao recibo de fl. 172 no valor de R$ 370,00 pagos à Andréa Leonardo da Silva no anocalendário de 2007, pode ser acatado haja vista preencher todos os requisitos legais. Sendo assim, fica mantida a dedução indevida de despesas médicas no valor de RS 18.689,86 do anocalendário de 2006 e R$ 10.040,00 do anocalendário de 2007. (destaques acrescidos) Fl. 237DF CARF MF Processo nº 16832.000001/201081 Acórdão n.º 2002000.078 S2C0T2 Fl. 238 4 Em seu recurso, visando sanear a falha apontada na decisão de piso, o sujeito passivo junta as declarações de fls. 204, 208 e 209. Em outras oportunidades, já manifestei entendimento de que a autoridade fiscal pode exigir elementos adicionais aos recibos, tal como o efetivo pagamento da despesa ou prestação do serviço, a teor do artigo 73 do RIR/99. Ocorre que a decisão de piso aponta como único fundamento para a manutenção da glosa dessas despesas a falta de endereço nos recibos apresentados. A manutenção da glosa na fase recursal sob outro fundamento, como a falta de comprovação do efetivo pagamento, ainda que esse lhe tenha sido exigido no curso da ação fiscal, representaria um prejuízo ao contraditório e a ampla defesa do recorrente. Dessa feita, considerando que as declarações apresentadas corrigem as falhas apontadas pela decisão de piso, cabe o cancelamento das glosas dessas despesas. Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso, e, no mérito, darlhe provimento, para determinar o restabelecimento de despesas médicas no montante de R$10.040,00, no ano calendário 2007. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 238DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13604.720255/2014-49
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
RENDIMENTOS ISENTOS. DOENÇA GRAVE. COMPROVAÇÃO.
O contribuinte apresentou documentação comprovando doença grave, fazendo jus à isenção de imposto de renda dos rendimentos recebidos em razão de aposentadoria ou pensão.
Numero da decisão: 2001-000.278
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Relator
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JORGE HENRIQUE BACKES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal.
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DOENÇA GRAVE. COMPROVAÇÃO. O contribuinte apresentou documentação comprovando doença grave, fazendo jus à isenção de imposto de renda dos rendimentos recebidos em razão de aposentadoria ou pensão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Jorge Henrique Backes (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho, Jose Ricardo Moreira, Fernanda Melo Leal. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa à Imposto de Renda Pessoa Física. A Ementa do Acórdão de Impugnação foi prolatada nos seguintes termos: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 4. 72 02 55 /2 01 4- 49 Fl. 81DF CARF MF 2 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 RENDIMENTOS ISENTOS. LAUDO MÉDICO OFICIAL. PROFISSIONAL VINCULADO AO ÓRGÃO. A comprovação de doença grave, nos termos da legislação de regência para a isenção de imposto de renda afeta aos rendimentos recebidos em razão de aposentadoria, somente se faz com a apresentação de laudo médico oficial chancelado pelo órgão emissor e firmado por profissional dotado de competência e designado para tal fim. Impugnação Improcedente Outros Valores Controlados Destacamos algumas passagens do Acórdão de Impugnação: De acordo com o expresso no lançamento, não se deu a apresentação de laudo médico oficial, de maneira a permitir a análise de que os rendimentos de aposentadoria do interessado, pagos pela Prefeitura de Itabira/MG, efetivamente se enquadrariam na isenção ora em comento. O laudo anexado à fl. 12 não se encontra chancelado ou contém a identificação de qualquer serviço médico oficial. O carimbo do médico que o firmou, no caso Demerval José Camilo Guimarães de Oliveira, não faz qualquer referência a órgão público apto a lavrar o laudo nos termos previstos pela legislação. A declaração de fl. 13, emitida pela indigitada Prefeitura, informa que: "Declaro para os devidos fins que o Dr. Demerval José Camilo Guimarães de Oliveira, inscrito no CRMMG sob n. 15677 presta atendimento ambulatorial para o Sistema Único de Saúde SUS, no Hospital Carlos Chagas, na área de clínica geral.", o que não confere ao laudo de fl. 12 a oficialidade requerida para a matéria, porquanto não modifica a natureza particular do documento. Para esse mister, caberia àquele ente municipal reconhecer que a produção do laudo ocorreu em face de serviço médico próprio e lavrado por profissional de seu quadro designado para tal atividade; contudo, isso não se fez pela declaração em comento. À luz da SCI, resta patente que o laudo de fl. 12 não fora expedido por serviço médico oficial, porquanto ausentes informações indispensáveis à sua validade, no caso, o órgão emissor, bem como o número de registro no órgão público e a qualificação do profissional do serviço médico oficial responsável pela emissão do laudo pericial, o que, repisese, não se supriu pela declaração de fl. 13. E, em assim sendo, faltou ao interessado apresentar documento necessário à comprovação da doença grave visando à isenção pleiteada, cuja outorga requer a interpretação literal, rígida, do texto legal, de acordo com o que expressa o art. 111, II, do CTN. Os documentos e passagens do Recurso Voluntário, que constam do presente processo, foram vistos pelos conselheiros durante à sessão. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 13604.720255/201449 Acórdão n.º 2001000.278 S2C0T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Jorge Henrique Backes, Relator Verificada a tempestividade do recurso voluntário, dele conheço e passo à sua análise. O contribuinte apresentou laudo médico emitido por profissional que presta atendimento ambulatorial ao SUS, condição atestada por declaração emitida pela Secretaria Municipal de Saúde. O contribuinte apresenta alienação mental, e existe sentença judicial aceitando o Laudo acima para decretar a interdição. Pelo conjunto dos documentos entendo caracterizada a doença grave, supridas as lacunas apontadas no Laudo apresentado. Conclusão Em razão do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Fl. 83DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.000771/2006-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 1999, 2000
CSLL. Estimativas Extintas por Compensação. Multa Isolada. Não Cabimento.
Não cabe a aplicação de multa isolada nos casos de débitos de estimativa extintos por compensação.
Numero da decisão: 1301-002.824
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos declaratórios para, com efeitos infringentes, eliminar a omissão e retificar o decidido no Acórdão 1201-00.514, dando provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 1999, 2000 CSLL. Estimativas Extintas por Compensação. Multa Isolada. Não Cabimento. Não cabe a aplicação de multa isolada nos casos de débitos de estimativa extintos por compensação.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos declaratórios para, com efeitos infringentes, eliminar a omissão e retificar o decidido no Acórdão 1201-00.514, dando provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1999, 2000 CSLL. ESTIMATIVAS EXTINTAS POR COMPENSAÇÃO. MULTA ISOLADA. NÃO CABIMENTO. Não cabe a aplicação de multa isolada nos casos de débitos de estimativa extintos por compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos declaratórios para, com efeitos infringentes, eliminar a omissão e retificar o decidido no Acórdão 120100.514, dando provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 07 71 /2 00 6- 10 Fl. 135DF CARF MF Processo nº 18471.000771/200610 Acórdão n.º 1301002.824 S1C3T1 Fl. 136 2 Relatório Tratase de embargos de declaração opostos por FERRAGENS RAMADA LTDA., já qualificada nos autos, visando eliminar omissão e contradição do Acórdão n° 1201 00.514, que negou provimento ao recurso voluntário, indeferindo, ao argumento de falta de amparo legal, a pretensão de sobrestar este processo até o julgamento final da matéria objeto do processo administrativo nº 13707.000427/200191. Eis a ementa do acórdão embargado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1999, 2000 SOBRESTAMENTO DO JULGAMENTO. BASE LEGAL. INEXISTÊNCIA. PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE. Inexistindo previsão legal, não podem as autoridades julgadoras administrativas decidir pelo sobrestamento do processo, sob pena de violar o princípio da legalidade inserto na Constituição da República. O princípio da oficialidade impede que o andamento de um processo fique sobrestado no aguardo de decisão referente a outro processo interposto pelo mesmo contribuinte. Alegou a embargante que a multa foi imposta com fundamento no art. 68 da Instrução Normativa SRF nº 600/2005, e que esse dispositivo previa a suspensão do processo. A decisão seria contraditória, pois a mesma norma que respalda o lançamento determina o sobrestamento do processo. A omissão estaria no fato de o acórdão embargado não ter se pronunciado sobre a decisão judicial que legitimava a compensação indeferida administrativamente. Os embargos foram admitidos, no despacho de fls. 129/134, com os seguintes fundamentos: A situação de contradição está apontada objetivamente. No interior da própria decisão restou caracterizado esse vício, ou seja, ficou evidenciada a desconformidade interna da decisão jurisdicional. Também a situação de omissão está apontada objetivamente. Verificase que não houve expressa manifestação do julgado sobre ponto em que se impunha o seu pronunciamento de forma obrigatória, dentro dos ditames da causa de pedir. Verificase que não foi enfrentado o argumento sobre a possível existência de relação de causalidade entre os presentes autos e o processo n° 13707.000427/200191. Ademais, embora a alegação do Sujeito Passivo no sentido de que ajuizou a Ação Ordinária n° 2005.51.01.0032637 sobre a matéria tenha sido trazida nesta oportunidade aos autos, deve ser conhecida, haja vista o princípio da inafastabilidade da jurisdição (inciso XXXV do art. 5o da Constituição Federal) e o enunciado da Súmula CAR n° 1, de 14.07.2010. É o relatório. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 18471.000771/200610 Acórdão n.º 1301002.824 S1C3T1 Fl. 137 3 Voto Conselheiro Roberto Silva Junior, Relator Preliminarmente, importa registrar que a informação de fl. 125 dá notícia de que o crédito objeto deste processo foi parcelado, o que se evidencia pelo extrato de fls. 119 a 120. Essa circunstância, por si só, já implicaria a desistência do recurso e, consequentemente, a dos embargados declaratórios, por força do art. 78 do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Os embargos, porém, foram admitidos e cabe examinálos. A contradição apontada não existe. O lançamento da multa (objeto deste processo) não se fez com amparo no art 68 da IN SRF nº 600. Esse dispositivo não se refere à aplicação de multa isolada, mas a lançamento de crédito tributário que, embora informado em Dcomp, não havia sido formalmente constituído nem por DCTF, nem por qualquer outro meio, de modo que, na hipótese de não se homologar a compensação, a exigência do débito não compensado demandaria a prévia constituição do crédito por meio de lançamento de ofício, sob pena de decadência. Eis a redação do art. 68: Art. 68. A unidade da SRF na qual for proferido o despacho de nãohomologação da compensação objeto de pedido de compensação convertido em Declaração de Compensação, bem como da compensação objeto de Declaração de Compensação apresentada à SRF até 30 de outubro de 2003, promoverá o lançamento de ofício do crédito tributário que ainda não tenha sido lançado nem confessado, cientificará o sujeito passivo da nãohomologação da compensação e, se for o caso, do lançamento de ofício (simultaneamente) e intimáloá a efetuar, no prazo de trinta dias, o pagamento do débito indevidamente compensado. § 1º Não ocorrendo o pagamento ou o parcelamento no prazo previsto no caput, o débito deverá ser encaminhado à PGFN para inscrição em Dívida Ativa da União, salvo se instaurado o litígio administrativo fiscal em decorrência da apresentação tempestiva de manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação ou de impugnação do lançamento. § 2º Os processos de compensação e de lançamento de ofício serão apensados para fins de julgamento do litígio e de cobrança do crédito tributário. (g.n.) O procedimento determinado no art. 68 se justificava porque a Dcomp não tinha efeito de confissão de dívida, o qual só foi introduzido com o advento da Medida Provisória nº 135, de 30 de outubro de 2003, mais tarde convertida na Lei nº 10.833/2003. É por essa razão que o caput do art. 68 prevê lançamento de ofício apenas para os débitos relativos à Dcomp anteriores a 30 de outubro de 2003. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 18471.000771/200610 Acórdão n.º 1301002.824 S1C3T1 Fl. 138 4 Este processo, entretanto, não tem por objeto o lançamento de débito informado em Dcomp. O crédito aqui discutido se refere a multa por falta de recolhimento de estimativas de CSLL. Portanto, a ele não se aplica o parágrafo 2º do art. 68, que determina o apensamento do processo de exigência de crédito ao de compensação. A representação de fls. 5 a 7 relaciona os débitos incluídos em Dcomp, mas que não chegaram a ser compensados. Tais valores, entretanto, superavam os declarados em DCTF, por isso as diferenças tinham necessariamente de ser constituídas de ofício. A relação dos créditos a serem lançados contém tributos dos códigos 2172, 8109, 2484 e 2362, respectivamente, Cofins, PIS, CSLL estimativa mensal e IRPJ estimativa mensal. Portanto, foram dois lançamentos distintos: um abrangendo os tributos não compensados, entre os quais havia estimativa de CSLL; e o outro referente à multa isolada por falta de recolhimento de estimativa de CSLL. Este processo não alcança nenhum dos tributos citados, mas apenas à multa por falta de recolhimento, especificamente das estimativas de CSLL que não foram compensadas. Pelo quadro abaixo é possível, com mais facilidade, perceber o problema. PERÍODO CSLLESTIMATIVA MULTA ISOLADA fev/99 533,48 400,11 mar/99 595,12 446,34 abr/99 845,98 639,44 mai/99 841,18 630,89 jun/99 731,43 548,57 jul/99 522,74 392,06 ago/99 436,07 327,05 set/99 325,76 244,32 out/99 312,33 234,25 nov/99 10.547,63 7.910,72 dez/99 10.791,58 8.093,69 jan/00 30.970,45 23.227,84 fev/00 1.550,55 1.162,91 mar/00 1.467,33 1.100,50 TOTAL 60.471,63 45.358,69 A coluna central contém os valores que foram lançados como estimativa de CSLL. Na coluna da direita, têmse as multas isoladas referentes a cada período de apuração. Pelo exposto, concluise que não houve contradição do Acórdão embargado, que não estava obrigado a tratar de questões não suscitadas no recurso, e que eram estranhas ao lançamento. Contraditório, na verdade, foi o procedimento da Fiscalização, que lançou crédito tributário de estimativa de CSLL e, cumulativamente, lançou a multa isolada por falta de recolhimento das mesmas estimativas. A multa isolada se aplica à hipótese em que as estimativas não forem recolhidas pelo contribuinte e já não possam ser exigidas pelo Fisco, depois de encerrado o Fl. 138DF CARF MF Processo nº 18471.000771/200610 Acórdão n.º 1301002.824 S1C3T1 Fl. 139 5 respectivo ano base. Para tais situações foi criada a multa isolada. Se as estimativas ainda puderem ser exigidas, a multa aplicável (de mora ou de ofício) é a vinculada ao tributo. No caso, a multa é o acessório, o tributo é o principal. A multa isolada, ao contrário, tem existência em si mesma, não sendo acessório em relação ao tributo ou à estimativa; tanto é que, após o encerramento do ano, as estimativas já não podem ser cobradas, ante sua natureza de antecipação, mas a multa isolada pode. Estimativa e multa isolada são mutuamente excludentes: ou se exige uma, ou se exige a outra. Essa é a razão pela qual a multa isolada não pode conviver com a exigência concomitante de débitos de estimativa. Esse ponto, todavia, não tendo sido suscitado no recurso, não chegou a ser enfrentado no acórdão do CARF. A omissão estaria caracterizada pelo fato de o acórdão embargado não ter se pronunciado sobre decisão judicial que legitimava a compensação indeferida pela DEFIC RJ. Com efeito, não existe manifestação nem da DRJ, nem do CARF sobre a decisão judicial envolvendo as compensações. Mas também é verdade que esse ponto não foi trazido pela recorrente, quer na impugnação, quer no recurso. No despacho de admissibilidade, decidiuse que, apesar de ser trazida somente nos embargos, a matéria deveria ser examinada em respeito ao princípio da inafastabilidade da jurisdição. A análise da aludida decisão judicial importa no exame dos autos do processo administrativo nº 13707.000427/200191. Neles existe uma informação (fls. 1.009 a 1.011) do AuditorFiscal Glauco Octaviano Guerra, dando conta de que a decisão judicial, favorável à recorrente, transitara em julgado em 26 de maio de 2015. Da referida informação, é oportuno reproduzir o seguinte trecho: Conforme comprova o extrato da consulta junto às fls. 1007/1008, houve o trânsito em julgado em 26/05/2015, nos exatos limites do que se consignou nos excertos acima, de modo que a subsunção do decisum às partes impinge ao Fisco o efetivo reconhecimento das compensações engendradas pelo contribuinte, e, por consectário, a extinção do crédito tributário controlado pelo presente administrativo, nada mais havendo a se apreciar acerca dos fatos cobertos pela indigitada coisa julgada. (g.n.) (fl. 1.011) Consoante a informação acima, consta às fls. 1.012 a 1.017 do processo nº 13707.000427/200191, um documento denominado Extrato de Encerramento de Processo, no qual se vê que todos os débitos se encontram extintos por medida judicial, inclusive os do código 2484, relativos a estimativa de CSLL (fls. 1.015 a 1.016 do processo 13707.000427/200191). A decisão judicial reconheceu a validade das compensações realizadas pela recorrente, tornando insubsistente o fato que motivou a aplicação da multa isolada. A infração foi assim descrita no lançamento: Falta de pagamento da Contribuição Social incidente sobre a base de cálculo estimada em função da compensação indevida de valores informados em declaração Fl. 139DF CARF MF Processo nº 18471.000771/200610 Acórdão n.º 1301002.824 S1C3T1 Fl. 140 6 prestada, representada mediante processo n° 15374.000307/200633, tendo em vista decisão constante do processo n°13707.000427/200191. Se os débitos de estimativa foram extintos por compensação, fica sem sentido afirmar a inexistência de recolhimento. Se foi compensado, não precisa ser recolhido. Portanto, a multa isolada se mostra incabível dada inexistência do respectivo suporte fático. Conclusão Pelo exposto, voto por acolher os embargos declaratórios, para, com efeitos infringentes, eliminar a omissão e, assim, afastar a aplicação da multa isolada. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Fl. 140DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11060.724059/2011-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
IRPF. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ISENÇÃO. DECRETO-LEI 1.510/76. DIREITO ADQUIRIDO.
Em respeito ao instituto constitucional do direito adquirido, ganho auferido sobre operação de alienação de participação societária, mesmo que ocorrida após a revogação do Decreto-Lei que instituiu a isenção de IRPF, faz jus a tal benefício se as condições para a sua concessão foram cumpridas antes da vigência da legislação posterior que transformou a isenção em hipótese de incidência.
AÇÕES BONIFICADAS. INCORPORAÇÃO DE LUCROS OU RESERVAS DE LUCROS AO CAPITAL SOCIAL. INEXISTÊNCIA DE EFETIVO AUMENTO DO PATRIMÔNIO.
O aumento do valor do capital social em razão da incorporação de lucros ou reservas não devem ser considerados como aquisição de novas participações societárias uma vez que representa mero de aumento contábil, e não um aumento efetivo, decorrente do remanejamento de valores já existentes no balanço, sem mudança efetiva na consistência do patrimônio. As ações bonificadas são expansão das ações antigas, tendo a natureza de acessões.
Havendo o reconhecimento do direito adquirido à isenção prevista no art. 4º, d, do Decreto-Lei n° 1.510/76 em relação a determinada participação societária, o benefício fiscal também deve se estender às bonificações destas ações englobada pela isenção.
Numero da decisão: 2201-004.453
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Daniel Melo Mendes Bezerra, que negaram provimento ao recurso. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007 IRPF. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ISENÇÃO. DECRETO-LEI 1.510/76. DIREITO ADQUIRIDO. Em respeito ao instituto constitucional do direito adquirido, ganho auferido sobre operação de alienação de participação societária, mesmo que ocorrida após a revogação do Decreto-Lei que instituiu a isenção de IRPF, faz jus a tal benefício se as condições para a sua concessão foram cumpridas antes da vigência da legislação posterior que transformou a isenção em hipótese de incidência. AÇÕES BONIFICADAS. INCORPORAÇÃO DE LUCROS OU RESERVAS DE LUCROS AO CAPITAL SOCIAL. INEXISTÊNCIA DE EFETIVO AUMENTO DO PATRIMÔNIO. O aumento do valor do capital social em razão da incorporação de lucros ou reservas não devem ser considerados como aquisição de novas participações societárias uma vez que representa mero de aumento contábil, e não um aumento efetivo, decorrente do remanejamento de valores já existentes no balanço, sem mudança efetiva na consistência do patrimônio. As ações bonificadas são expansão das ações antigas, tendo a natureza de acessões. Havendo o reconhecimento do direito adquirido à isenção prevista no art. 4º, d, do Decreto-Lei n° 1.510/76 em relação a determinada participação societária, o benefício fiscal também deve se estender às bonificações destas ações englobada pela isenção.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Daniel Melo Mendes Bezerra, que negaram provimento ao recurso. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ISENÇÃO. DECRETOLEI 1.510/76. DIREITO ADQUIRIDO. Em respeito ao instituto constitucional do direito adquirido, ganho auferido sobre operação de alienação de participação societária, mesmo que ocorrida após a revogação do DecretoLei que instituiu a isenção de IRPF, faz jus a tal benefício se as condições para a sua concessão foram cumpridas antes da vigência da legislação posterior que transformou a isenção em hipótese de incidência. AÇÕES BONIFICADAS. INCORPORAÇÃO DE LUCROS OU RESERVAS DE LUCROS AO CAPITAL SOCIAL. INEXISTÊNCIA DE EFETIVO AUMENTO DO PATRIMÔNIO. O aumento do valor do capital social em razão da incorporação de lucros ou reservas não devem ser considerados como aquisição de novas participações societárias uma vez que representa mero de aumento contábil, e não um aumento efetivo, decorrente do remanejamento de valores já existentes no balanço, sem mudança efetiva na consistência do patrimônio. As ações bonificadas são expansão das ações antigas, tendo a natureza de acessões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 72 40 59 /2 01 1- 60 Fl. 971DF CARF MF 2 Havendo o reconhecimento do direito adquirido à isenção prevista no art. 4º, “d”, do DecretoLei n° 1.510/76 em relação a determinada participação societária, o benefício fiscal também deve se estender às bonificações destas ações englobada pela isenção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Daniel Melo Mendes Bezerra, que negaram provimento ao recurso. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório 1 Adoto inicialmente como complemento ao relatório a narrativa constante do V. Acórdão da DRJ (fls. 864/873) por sua clareza e precisão: O presente Auto de Infração – AI lavrado contra o contribuinte supra identificado no valor principal de R$4.622.290,50 acrescido de multa e juros de mora decorre da omissão de ganho de capital na alienação de participação societária na empresa Expresso Mercúrio S/A à TNT Brasil Participações TWO Ltda. ocorrida em 09/01/2007. Fl. 972DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 972 3 O contribuinte apresentou impugnação, fls. 553 a 601, alegando que a fiscalização produziu o cálculo do imposto de renda sem considerar o direito adquirido à isenção de tributo sobre as ações adquiridas até 31 de dezembro de 1983, que foi reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do Mandado de Segurança n° 2007.71.02.0014672, impetrado pelo impugnante, com o objetivo de garantir o direito à isenção do imposto de renda de acordo com a alínea “d” do Art. 4º do DecretoLei n° 1.510/1976 e que a fiscalização realizou o lançamento de oficio considerando como tributável o lucro obtido com a venda das ações adquiridas até 31 de dezembro de 1983. Invoca a nulidade do lançamento, devido à incorreta apuração do custo médio ponderado, no qual foram consideradas, também, as ações alcançadas pela isenção e também pela exigência de imposto sobre matéria cuja exigibilidade esteja suspensa, conforme a legislação. E mesmo havendo exclusão da parcela devida relativo ao ganho de capital sobre ações adquiridas até 31/12/1983, há a alteração do valor encontrado, invalidando integralmente o lançamento. Alega, também, que a fiscalização somente poderia efetuar o lançamento para fins de prevenção de decadência, determinando a suspensão da cobrança do crédito tributário até o deslinde da ação judicial. Porém promoveu a imediata cobrança, inclusive com os acréscimos de multa e juros de mora. Discorre com relação ao princípio da unicidade da jurisdição, afirmando que a fiscalização violou tal princípio ao sustentar a inexistência do direito adquirido à isenção, lançando o tributo sobre a parcela cuja discussão encontrase sob o crivo do Poder Judiciário. Conclui que, se o órgão de julgamento administrativo não pode examinar a mesma questão levada ao Poder Judiciário, tão pouco poderia ser levantada qualquer questão pela fiscalização, por completa incompetência e submissão à decisão judicial. Fl. 973DF CARF MF 4 Embora não tivesse havido o trânsito em julgado da referida ação, aguarda se apenas o julgamento de um último recurso (Embargos de Declaração), interposto pela Fazenda Nacional junto ao Superior Tribunal de Justiça. A fiscalização entende como inaplicável o artigo 169 da lei n° 6.404/1976 como critério de rateio das bonificações recebidas pelo impugnante, além do que não tem o condão de produzir efeitos tributários de isenção. Tendo como argumentos, que a proporcionalidade prevista em lei trata apenas da obrigatoriedade que as bonificações sejam distribuídas de acordo com o percentual de cada acionista, que as ações distribuídas em bonificação não seriam acessórias em relação às ações que lhes deram origem. Tais argumentos não merecem prosperar, pois são dissociados de premissas básicas do direito societário e tributário. Afirma que para a ação recebida em bonificação, seja de natureza de ação nova subscrita, é necessário verificar se há ingresso de recursos do acionista para o recebimento das bonificações. Assim, não havendo qualquer subscrição de novas ações pelo impugnante, pelo fato de que sequer era necessário o recebimento de ações em bonificação, permitindose a simples alteração do valor nominal das ações já existentes, não se tratando, portanto, de transferência de patrimônio da companhia para o acionista ou aumento patrimonial. Com relação ao rateio das bonificações, acredita ser incorreto o auto de infração ao sustentar que para fins tributários, as ações recebidas em bonificação, sejam consideradas como ações novas e que a forma de rateio utilizada pelo impugnante tenha se baseado em normas revogadas. O contribuinte afirma, que realizou depósito judicial do imposto de renda diante os autos do Mandado de Segurança, que foi reconhecido no auto de infração. Requer, o acolhimento da preliminar de nulidade do Auto de Infração, não sendo esse o entendimento, que seja cancelado o Auto de Infração em razão de incorreta interpretação acerca da natureza jurídica das ações recebidas em bonificação, ou então, que seja afastada a aplicação de multa e juros de mora sobre os valores depositados judicialmente. Fl. 974DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 973 5 A impugnação não foi conhecida e o crédito mantido pelo Acórdão nº 10 39.586 da 4ª Turma da DRJ/POA na sessão de 11/07/2012, tendo em vista a renúncia à instância administrativa pela interposição na esfera judicial de recurso (Mandado de Segurança nº 2007.71.02.0014672/RS) com o “mesmo objeto”, conforme previsto no artigo 38 da Lei nº 6.830/1980, Ato Declaratório nº 3 de 14/02/1996 e artigo 26 da Portaria MF nº 341 de 12/07/2011. O contribuinte recorreu da decisão de primeira instância ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF cujo recurso voluntário foi julgado pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara através do Acórdão de nº 2202002.240, em 13/03/2013, que deu provimento ao recurso visto que a decisão judicial no processo que havia motivado a decisão de primeira instância teria transitado em julgado com decisão favorável ao impugnante. A decisão de 2ª instância, Acórdão nº 2202002.240, foi objeto de Embargos de Declaração (fls 808 a 813) pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN, com base no artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF. Entendendo a PGFN que a concomitância era “apenas parcial” devendo ser objeto de julgamento a matéria não submetida ao Poder Judiciário. Defende a PGFN que o Mandado de Segurança limitouse a requerer a isenção do imposto de renda sobre o lucro auferido nas alienações de participações societárias adquiridas anterior a 31/12/1983 e que o lançamento abrange período posterior, não havendo, neste caso, concomitância entre a instância administrativa e judicial. Os embargos declaratórios foram apreciados na sessão de 21/01/2014 pelo colegiado da 2ª Turma Ordinária/2ª Câmara que acolheu os embargos da PGFN, reconhecendo através do Acórdão nº 2202002.2550 (fls. 830 a 835) a inexistência de concomitância entre as esferas administrativa e judicial em relação a alienações das participações societárias adquiridas a partir de 01/01/1984. Retifica a decisão embargada (Acórdão nº 220202.240 de 13/03/2013), atribui efeitos infringentes para anular o acórdão de primeira instância e determina o retorno dos autos à 4ª Turma da DRJ/POA para que Fl. 975DF CARF MF 6 se pronuncie quanto as questões em que não ficou evidenciada a opção pela via judicial. 2 – A decisão de piso manteve o lançamento conforme ementa abaixo indicada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 NULIDADE. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n.º 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. As bonificações recebidas pelos acionistas da empresa através da emissão de novas ações decorrente da integralização de lucros e/ou reservas e posterior subscrição corresponde a aumento do capital da sociedade e conseqüente aumento do patrimônio individual. AÇÕES DISTRIBUÍDAS POR BONIFICAÇÕES. A aquisição de ações decorrentes da incorporação de reservas e ou lucros ao capital social sem alteração do valor nominal das ações, só é possível pelo aumentando do número de ações na mesma proporção. MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. Uma vez instaurado o procedimento de ofício, o crédito tributário apurado pela autoridade fiscal somente pode ser satisfeito com os encargos do lançamento de ofício. A parte do crédito não objeto de ação judicial é dado encaminhamento normal na via administrativa. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 976DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 974 7 3 – O contribuinte interpõe recurso voluntário às fls. 883/923, requerendo o cancelamento da autuação. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator 4 O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. 5 O ponto nodal da presente querela cingese à caracterização ou não de direito adquirido à isenção de imposto de renda sobre lucro auferido na alienação de ações societárias, após o ano de 1983, instituída pelo DecretoLei nº 1.510∕76 e revogada pela Lei 7.713∕88 sobre as ações bonificadas e sua natureza jurídica. Preliminar de nulidade do lançamento 6 Em síntese o contribuinte questiona o fato da nulidade integral do lançamento por ocasião de ter sido considerado na apuração do ganho as ações isentas de acordo com art. 4º, d do Decreto lei 1.510/76, citando jurisprudência para fundamentar seu pedido. 7 – Portanto entendo que não há elementos que possam conduzir a nulidade do lançamento posto que a fiscalização agiu na forma do art. 142 do CTN uma vez que lançou o crédito a fim de se evitar a decadência na medida em que o contribuinte questionava na Justiça a isenção do ganho de capital sobre as ações adquiridas até 1983 no qual sagrouse vencedor bem posteriormente. Portanto afasto essa preliminar. Fl. 977DF CARF MF 8 Da natureza jurídica das bonificações 8 A questão a ser decidida referese à aplicação da isenção nas alienações de participações societárias adquiridas a partir de 01/01/1984 no caso às suas bonificações. 9 Nesse tópico o contribuinte inicia questionando os pontos do relatório fiscal que diz a respeito da ação bonificada: Fl. 978DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 975 9 10 Em sua defesa entende o contribuinte que a fiscalização interpreta os institutos do direito provado em total dissonância com os termos do art. 110 do CTN que diz: Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. 11 Cita em decorrência desse entendimento de interpretação da norma tributária o art. 169 da Lei 6.404/76 que diz: Capitalização de Lucros e Reservas Art. 169. O aumento mediante capitalização de lucros ou de reservas importará alteração do valor nominal das ações ou distribuições das ações novas, correspondentes ao aumento, entre acionistas, na proporção do número de ações que possuírem. Fl. 979DF CARF MF 10 § 1º Na companhia com ações sem valor nominal, a capitalização de lucros ou de reservas poderá ser efetivada sem modificação do número de ações. § 2º Às ações distribuídas de acordo com este artigo se estenderão, salvo cláusula em contrário dos instrumentos que os tenham constituído, o usufruto, o fideicomisso, a inalienabilidade e a incomunicabilidade que porventura gravarem as ações de que elas forem derivadas. § 3º As ações que não puderem ser atribuídas por inteiro a cada acionista serão vendidas em bolsa, dividindose o produto da venda, proporcionalmente, pelos titulares das frações; antes da venda, a companhia fixará prazo não inferior a 30 (trinta) dias, durante o qual os acionistas poderão transferir as frações de ação. 12 Em complemento diz o contribuinte em suas razões: Fl. 980DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 976 11 Fl. 981DF CARF MF 12 13 Esse entendimento aliás é o que se coaduna com o que foi dado por essa C. Turma que por unanimidade de votos em 03.10.17 Ac. de Relatoria do I. Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, reconheceu que as ações bonificadas não são consideradas como novas aquisições de participações societárias, assim ementado, verbis: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2011 IRPF. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ISENÇÃO. DECRETOLEI 1.510/76. DIREITO ADQUIRIDO. Em respeito ao instituto constitucional do direito adquirido, ganho auferido sobre operação de alienação de participação societária, mesmo que ocorrida após a revogação do DecretoLei que instituiu a isenção de IRPF, faz jus a tal benefício se as condições para a sua concessão foram cumpridas antes da vigência da legislação posterior que transformou a isenção em hipótese de incidência. AÇÕES BONIFICADAS. INCORPORAÇÃO DE LUCROS OU RESERVAS DE LUCROS AO CAPITAL SOCIAL. INEXISTÊNCIA DE EFETIVO AUMENTO DO PATRIMÔNIO. O aumento do valor do capital social em razão da incorporação de lucros ou reservas não devem ser considerados como aquisição de novas participações societárias uma vez que representa mero de aumento contábil, e não um aumento efetivo, decorrente do remanejamento de valores já existentes no balanço, sem mudança efetiva na consistência do patrimônio. As ações bonificadas são expansão das ações antigas, tendo a natureza de acessões. Havendo o reconhecimento do direito adquirido à isenção prevista no art. 4º, “d”, do DecretoLei n° 1.510/76 em relação a determinada participação societária, o benefício fiscal também deve se estender às bonificações destas ações englobada pela isenção. Fl. 982DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 977 13 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2012 IRPF. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ISENÇÃO. DECRETOLEI 1.510/76. DIREITO ADQUIRIDO. Em respeito ao instituto constitucional do direito adquirido, ganho auferido sobre operação de alienação de participação societária, mesmo que ocorrida após a revogação do DecretoLei que instituiu a isenção de IRPF, faz jus a tal benefício se as condições para a sua concessão foram cumpridas antes da vigência da legislação posterior que transformou a isenção em hipótese de incidência. AÇÕES BONIFICADAS. INCORPORAÇÃO DE LUCROS OU RESERVAS DE LUCROS AO CAPITAL SOCIAL. INEXISTÊNCIA DE EFETIVO AUMENTO DO PATRIMÔNIO. O aumento do valor do capital social em razão da incorporação de lucros ou reservas não devem ser considerados como aquisição de novas participações societárias uma vez que representa mero de aumento contábil, e não um aumento efetivo, decorrente do remanejamento de valores já existentes no balanço, sem mudança efetiva na consistência do patrimônio. As ações bonificadas são expansão das ações antigas, tendo a natureza de acessões. Havendo o reconhecimento do direito adquirido à isenção prevista no art. 4º, “d”, do DecretoLei n° 1.510/76 em relação a determinada participação societária, o benefício fiscal também deve se estender às bonificações destas ações englobada pela isenção. AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL. INCORPORAÇÃO DE RESERVAS. CUSTO DE AQUISIÇÃO. Apenas integra o custo de aquisição o aumento de capital realizado mediante incorporação de lucros ou de reservas constituídas com esses lucros, hipótese em que o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado. Fl. 983DF CARF MF 14 Neste sentido, reservas não constituídas pelos lucros da empresa não podem compor o custo de aquisição de cotas/ações quando da capitalização. A reserva de incentivos fiscais não é constituída pelos lucros da empresa, mas sim por subvenções para investimento concedidas pelo governo. Ou seja, eventual capitalização de tal reserva não representa um custo em relação aos sócios. O mesmo entendimento deve ser observado em relação às reservas de capital, eis que a lei distinguiu claramente as reservas de capital das reservas de lucros, quer quanto à sua constituição, quer quanto ao destino de seus saldos. 14 A respeito do assunto e pedindo venia para transcrição dos fundamentos do V.Ac. que ora tomo como fundamento desse voto, diz o I. Conselheiro Relator do Ac. 2201 003.954: “Da isenção do IRPF em relação às ações bonificadas Conforme exposto no relatório, segundo a fiscalização, ainda que o RECORRENTE fizesse jus ao benefício fiscal, apenas 31,87% da participação do autuado (e não 85,49%) corresponderiam à fração remanescente do capital subscrito ou adquirido até 31.12.1983 (data limite para fazer jus à isenção do DecretoLei n° 1.510/76). Neste sentido, para facilitar a segregação do lançamento em decorrência de eventual reconhecimento do direto adquirido do RECORRENTE à isenção prevista pelo DecretoLei n° 1.510/76, a autoridade lançadora classificou o lançamento em duas partes, quais sejam (fls. 24 e seguintes dos autos): Fração Anterior (FA) – a fração remanescente (incluindo atualizações) do capital subscrito ou adquirido até 31.12.1983; e Fração Posterior (FP) – a fração correspondente ao capital subscrito ou adquirido posteriormente a esta data, incluídas suas atualizações. Tratase, portanto, da parte complementar do capital detido pelo sócio (FA + FP = 100%). De acordo com a fiscalização, “no momento da alienação das quotas de capital da DPZ, em 08/07/2011, 31,87% da participação do sujeito passivo correspondiam à fração remanescente (incluindo atualizações) do capital subscrito ou adquirido até 31/12/1983 (FA)”. Para chegar a tal percentual, elabora os cálculos indicados no anexo I do TVF (fls. 36/39), onde demonstra que a chamada Fração Posterior (FP) Fl. 984DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 978 15 é composta pelas bonificações (e respectivas atualizações monetárias) decorrentes de incorporação de lucros ou reservas de lucros ao capital social, ocorridas após 31/12/1983. No entender da fiscalização, tais bonificações representa “um efetivo aumento do patrimônio pessoal de cada sócio/acionista representado pelo acréscimo patrimonial, em termos absolutos, decorrente da subscrição de novas quotas/ações no capital social da empresa a partir dos resultados gerados pela mesma”. Neste sentido, considerou que tais parcelas teriam sido adquiridas nas datas das respectivas bonificações estando, assim, fora do alcance da isenção prevista pelo DecretoLei n° 1.510/76, uma vez que ocorridas após 31/12/1983. Contudo, não compartilho do mesmo entendimento adotado pela autoridade lançadora. S.m.j., as ações ou quotas distribuídas em bonificação aos sócios em virtude da integralização de Reserva para Subvenção de Capital, Reservas de Lucros e Lucros Acumulados não correspondem a novas aquisições de ações. A despeito de haver aumento no número de ações, o recebimento das bonificações não acresce a participação societária percentual na empresa. Ou seja, o percentual de participação do RECORRENTE na sociedade DPZ não se altera. Isso porque a bonificação é mero ato contábil, e não negocial. Ou seja, as bonificações não exerceram qualquer influência sobre a situação patrimonial do RECORRENTE. Podese dizer que o instituto da bonificação ocorre quando o capital social é aumentado pela capitalização de reservas. Neste caso, novas ações ou quotas são emitidas para os sócios da pessoa jurídica sem que ocorra o incremento do patrimônio líquido, apenas movimentação de valores entre contas que fazem parte do PL (reservas e/ou lucros acumulados para o capital social). Sendo assim, o valor da empresa não se altera, pois não há entrada de novos recursos. Neste sentido, entendo que as bonificações distribuídas em razão do aumento de capital das pessoas jurídicas por aproveitamento de reservas ou lucros não distribuídos não se revestem de aquisição de nova participação societária. Conforme doutrina citada pelo RECORRENTE, “as ações bonificadas representam mera expansão das antigas, tendo a natureza de acessões”; elas se incorporam e acompanham um bem principal, que é justamente a participação societária que originou tal bonificação. Fl. 985DF CARF MF 16 De acordo com Modesto Carvalhosa (Comentários a Lei das Sociedades Anônimas", 3° Volume, Editora Saraiva, pág. 601), o aumento mediante a capitalização de lucros ou reservas representa mero de aumento contábil, e não um aumento efetivo, uma vez que representa apenas o remanejamento de valores já existentes no balanço, sem mudança efetiva na consistência do patrimônio: "O aumento mediante a capitalização de lucros ou reservas constitui mero remanejamento de valores já existentes no balanço, não havendo, consequentemente, mudança no volume financeiro, nem entrada de novos valores no patrimônio social, nem aumento do encargo dos acionistas (art. 106 e s.). Tratase de aumento contábil, nominal ou gratuito, em contraposição ao aumento efetivo, real ou oneroso, que decorre da subscrição em dinheiro, bens ou direitos (art. 170). Tratase de mera transferência, parcial ou total, do montante da conta de reserva para a conta de capital. O aumento é contábil, porque a elevação do valor do capital é produzida sem mudança efetiva na consistência do patrimônio. Difere também do aumento por subscrição (art. 170), já que, somente após a homologação deste, é que o valor acrescido passa a pertencer ao patrimônio social.". Neste sentido, entendo que o aumento do valor do capital social em razão da incorporação de lucros ou reservas não devem ser considerados como aquisição de novas participações societárias. Portanto, não há sentido em diferenciar estas majorações da participação societária adquirida pelo contribuinte, eis que esta última não se altera mesmo com as capitalizações apontadas pela autoridade fiscal. Assim, as bonificações devem ser consideradas como adquiridas nas datas de subscrição/aquisição das participações societárias a que corresponderem. O art. 5º do DecretoLei n° 1.510/76 já previa tal natureza acessória ao dispor o seguinte: “Art 5º Para os efeitos da tributação prevista no artigo 1º deste Decretolei, presumese que as alienações se referem às participações subscritas ou adquiridas mais recentemente e que as bonificações são adquiridas, a custo zero, às datas de subscrição ou aquisição das participações a que corresponderem.” Portanto, as bonificações relativas às participações originadas durante a vigência do DecretoLei n° 1.510/76 devem ter o mesmo tratamento dado ao “bem principal”. Fl. 986DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 979 17 Ou seja, também devem ser alcançadas pela isenção do DecretoLei n° 1.510/76 as bonificações correspondentes às participações societárias mantidas pelo prazo de 5 anos durante a vigência do mencionado DecretoLei. Válido também argumentar a observação apontada pelo RECORRENTE de que o acórdão proferido pelo TRF4 nos autos do processo nº 501413537.2011.4.04.7100 (utilizado no TVF como embasamento para a não extensão da isenção do Decreto Lei n° 1.510/76 às bonificações ocorridas após 31/12/1983) foi reformado pelo próprio Tribunal quando da atribuição de efeitos infringentes a embargos de declaração. O acórdão proferido na ocasião possui a seguinte ementa: “PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. EQUÍVOCO. (...) 2. Se o acórdão embargado partiu de premissa equivocada, cabe acolher os embargos declaratórios para a correção do julgado. 3. As bonificações e os desdobramentos são ajustes realizados pela empresa com o escopo de conferir maior liquidez às ações (desdobramento) ou de capitalizar reservas (bonificação), mas sem qualquer alteração no patrimônio líquido ou no valor real das ações. Desse modo, não há qualquer lógica em se cobrar imposto de renda nessas hipóteses, quando as ações que lhes deram origem, por força do DecretoLei nº 1.510/76, estão isentas do pagamento do imposto sobre ganho de capital. Inteligência do art. 5º do DL 1.570/76 e do PNCST nº 68 de 23.09.1977. 4. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes.” No caso dos autos, é fato incontroverso de que a parcela de participação societária do RECORRENTE objeto do presente processo (correspondente ao percentual de 28,495%) foi integralmente adquirido até 31/12/1983. Todos os demais acréscimos indicados pelo fiscal na planilha de fls. 36/39 foram decorrentes de bonificação em virtude da integralização de Reserva para Subvenção de Capital, Reservas de Lucros e Lucros Acumulados. Portanto, no presente caso, tendo em vista o reconhecimento do direito adquirido do RECORRENTE à isenção prevista no art. 4º, “d”, do DecretoLei n° 1.510/76 (pelo fato de ter cumprido os requisitos ainda enquanto vigorava o referido diploma legal) em relação à participação societária correspondente a 28,495% da Fl. 987DF CARF MF 18 empresa DPZ, entendo que tal benefício fiscal também deve se estender às bonificações correspondentes à mencionada participação societária. Deste modo, não deve subsistir o lançamento, haja vista que tem por objeto unicamente parcela de participação societária adquirida pelo RECORRENTE até 31/12/1983, também não merecendo prosperar a tributação de qualquer bonificação correspondente a tal participação que tenha ocorrido após a data 31/12/1983.” 15 – O E. STJ já reconheceu, como ocorreu no presente caso na ação judicial proposta pelo contribuinte, que parte das ações houve o reconhecimento da isenção, contudo a jurisprudência do E. STJ não adentrou ao tema das ações bonificadas e mesmo assim entendeu que as isenções das ações são para as adquiridas até dezembro de 1983, como forma do contribuinte ficar com as ações durante o prazo de 5 (cinco) anos até a revogação da Lei em 1988. 16 Nesta toada, a mencionada regra isentiva estabelecida pelo art. 4, letra "d", do DecretoLei 1.510∕76, previa: "Art. 1º. O lucro auferido por pessoas físicas na alienação de quaisquer participações societárias está sujeito à incidência do imposto de renda, na cédula "H" da declaração de rendimentos. (...) Art. 4º. Não incidirá o imposto de que trata o artigo 1º: (...) d) nas alienações efetivadas após decorrido o período de cinco anos da data da subscrição ou aquisição da participação." Fl. 988DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 980 19 17 Todavia, com o advento da Constituição Federal de 1988, as regras gerais de recolhimento do imposto de renda foram dispostas na Lei 7.713∕88, que revogou expressamente a isenção em tela. Confirase: "Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. (...) § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. § 3º Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. (...) § 5º Ficam revogados todos os dispositivos legais concessivos de isenção ou exclusão, da base de cálculo do imposto de renda das pessoas físicas, de Fl. 989DF CARF MF 20 rendimentos e proventos de qualquer natureza, bem como os que autorizam redução do imposto por investimento de interesse econômico ou social. (...) Art 58. Revogamse o art. 50 da Lei nº 4.862, de 29 de novembro de 1965, os arts. 1º a 9º do DecretoLei nº 1.510, de 27 de dezembro de 1976, os arts. 65 e 66 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, os arts. 1º a 4º do DecretoLei nº 1.641, de 7 de dezembro de 1978, os arts. 12 e 13 do DecretoLei nº 1.950, de 14 de julho de 1982, os arts. 15 e 100 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, o art. 18 do DecretoLei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, o item IV e o parágrafo único do art. 12 do DecretoLei nº 2.292, de 21 de novembro de 1986, o item III do art. 2º do DecretoLei nº 2.301, de 21 de novembro de 1986, o item III do art. 7º do DecretoLei nº 2.394, de 21 de dezembro de 1987, e demais disposições em contrário." 18 No caso em tela verificase que o objeto do presente recurso se circunscreve em saber se as ações bonificadas podem ter o mesmo direito à isenção das ações de que a originaram e se a isenção vai além do período de 1983, sendo que pelo quadro de fls. 417/431 o recorrente efetivamente possuía as participações societárias em ações bonificadas há mais de cinco anos ainda na vigência do Decretolei 1.510∕76. 19 – Entendo que o contribuinte tem direito a respectiva isenção mesmo com as ações bonificadas distribuídas após o ano de 1983 explico. 20 – Por mais que o E. STJ tenha entendido que se trata de direito adquirido e entendido em sua interpretação que o contribuinte tem direito à isenção apenas às ações adquiridas até o ano de 1983, com a devida vênia, entendo que pela interpretação do art. 4º do DL .1510/76 que o contribuinte faz jus às ações recebidas através de ações bonificadas. Fl. 990DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 981 21 21 O contribuinte trouxe elementos às fls. 925 que auxiliam na análise do assunto com entendimento na época da Receita Federal através de Parecer Normativo CST (Coordenador do Sistema de Tributação) nº 68/77 que traz em seu item 4 e que devem ser aplicados ao caso concreto de acordo com art. 100, I do CTN: "4. Datas de aquisição Bonificações 4.1 Dispõe o art. 5o do DecretoLei n° 1.510: Para os efeitos da tributação prevista no art. Io deste DecretoLei, presumese que as alienações se referem às participações subscritas ou adquiridas mais recentemente e que as bonificações são adquiridas, a custo zero, às datas de subscrição ou aquisição das participações a que corresponderem. A Portaria Ministerial n° 454/77, por sua vez, esclarece que: 5 Face ao disposto no art. 5o do DecretoLei n° 1.510/76, presumese que as alienações se referem às participações subscritas ou adquiridas mais recentemente e as bonificações recebidas devem ser rateadas segundo as datas e quantidades originalmente subscritas ou adquiridas, já acrescidas dos rateios de bonificações anteriores. Tratase de presunção legal; havendo alienação de participação societária, aquela que for de aquisição mais recente será obrigatoriamente computada; a lei dirime, assim, questões que certamente surgiram quando a alienação não abrangesse a totalidade da participação societária. São improcedentes, assim, as dúvidas sobre a situação da venda de ações, ainda que no momento da alienação estejam representadas por cautelas de emissão comprovadamente anterior a um qüinqüênio, ante o imperativo legal que define explicitamente, para todas as situações (ações, quotas de capital, quinhões societários, etc.) quais as datas de aquisição das participações negociadas. 4.2 Problema mais complexo, sem dúvida, é o disposto na parte final do artigo regendo a situação das bonificações recebidas, isto porque demanda interpretação integrada com os demais dispositivos da legislação do imposto de renda que definem o tratamento tributário dessas bonificações . Esses dispositivos , aplicáveis às pessoas físicas encontram se consolidados no art. 37. , Fl. 991DF CARF MF 22 incs. I, III e V do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 76.186, de 02 de setembro de 1975; concisamente, asseguram à pessoa física beneficiária a não tributação dessas bonificações, quando distribuídas em razão do aumento de capital das pessoas jurídicas por aproveitamento de reservas ou lucros suspensos, nos casos expressamente mencionados e que constituem a generalidade da ocorrência dessas bonificações. 4.3 Assim, se o recebimento das bonificações está isento do imposto, nada mais racional tenha o DecretoLei n° 1.510 disposto que elas só podem ser computadas a custo zero; e, de fato, tecnicamente esta seria a solução ainda que o diploma legal silenciasse a respeito. 4.4 Ainda por coerência com a sistemática da legislação do imposto de renda, dispõe o mesmo art. 5° que as bonificações serão consideradas segundo as datas de subscrição ou aquisição das participações a que correspondem. 5. Isto posto, resta, apenas, detalhe operacional, matéria de fato que, a rigor, não necessitaria ser abordada neste Parecer; mas, em razão das consultas formuladas e aparente complexidade, não deixam de ter conotações íntimas com exegese do texto legal." 22 Portanto, devem ser consideradas isentas também as ações bonificadas indicada às fls. 424/425: Fl. 992DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 982 23 Fl. 993DF CARF MF 24 Conclusão 23 Diante do exposto, conheço do recurso e no mérito DOU PROVIMENTO, para reconhecer a isenção em relação às ações bonificadas recebidas após 31/12/1983 indicadas às fls. 424/425 na forma da fundamentação. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator Declaração de Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Em que pese a pertinência das razões e dos fundamentos legais contidos no voto do Ilustre Relator, o qual foi acompanhado pela maioria dos membros da Turma, divirjo da tese vencedora pelas razões que passo a expor. A celeuma administrativa em tela decorre dos termos da alínea "d" do art. 4º do Decreto Lei 1.510/76 e sua posterior revogação pela Lei 7.713/88. Assim, dispunha o preceito revogado: Fl. 994DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 983 25 Art 1º O lucro auferido por pessoas físicas na alienação de quaisquer participações societárias está sujeito à incidência do imposto de renda, na cédula "H" da declaração de rendimentos. (...) Art 4º Não incidirá o imposto de que trata o artigo 1º: (...) d) nas alienações efetivadas após decorrido o período de cinco anos da data da subscrição ou aquisição da participação. O preceito em questão trazia em seu espírito o nítido propósito de estimular investimentos no mercado de capitais e, ao mesmo tempo, reduzir as oscilações decorrentes das negociações de papéis em operações de curto ou curtíssimo prazo. Com a revogação de tal dispositivo, que veio a termo pelo art. 58 da lei 7.713, de 22 de novembro de 1988, muitas dúvidas surgiram acerca dos efeitos trazidos pela nova norma, em particular se alcançariam aqueles que adquiriram participações societárias durante a vigência do Decreto 1.510/76. A isenção de tributos é uma exceção à regra de incidência que pode ser, a qualquer tempo, revogada ou modificada, a menos que tenha sido concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, é o que se extrai do art. 178 da Lei 5.172/66 (Código Tributário Nacional): Art. 178 A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. Ainda que, pessoalmente, não identifique na norma isentiva em comento qualquer condição onerosa tampouco prazo certo a justificarem sua irrevogabilidade sob amparo do art. 178 do CTN, há de se reconhecer que, amparados no citado bem assim na Súmula 544 do Supremo Tribunal Federal, que prevê que "isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente revogadas", contribuintes têm obtido sucesso em pleitos judiciais em que buscam estender o alcance da isenção tratada pelo Decreto 1.510/76 para alienações promovidas após sua revogação. Não obstante, tratase de claro equívoco, já que o enunciado da Súmula em tela é de 12 de dezembro de 1969 e, portanto, anterior à redação vigente do art. 178 do CTN, que foi dada pela Lei Complementar nº 24, de 07 de janeiro de 1975. Vale ressaltar que tal Súmula é perfeitamente compatível com a redação original do CTN, que assim estabelecia: Art. 178. A isenção, salvo se concedida por prazo certo ou em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do artigo 104. Por sua vez, a revogação do Decreto 1.510/76 pela lei 7.713/88 estava perfeitamente alinhada à preocupação do legislador constitucional originário, como se vê no teor do artigo 41 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que previa: Fl. 995DF CARF MF 26 Art. 41. Os Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios reavaliarão todos os incentivos fiscais de natureza setorial ora em vigor, propondo aos Poderes Legislativos respectivos as medidas cabíveis. § 1º Considerarseão revogados após dois anos, a partir da data da promulgação da Constituição, os incentivos que não forem confirmados por lei. § 2º A revogação não prejudicará os direitos que já tiverem sido adquiridos, àquela data, em relação a incentivos concedidos sob condição e com prazo certo. Contudo, as decisões judiciais se sucederam e resultaram na manifestação da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional incluindo o tema na Lista de Dispensa de Contestar e Recorrer, aos quais se aplica o disposto no art. 19 da Lei nº 10.522/02 e nos arts. 2º, V, VII, §§ 3º a 8º, 5º e 7º da Portaria PGFN Nº 502/2016, nos seguintes termos: Precedentes: REsp 1.133.032/PR, AgRg no REsp 1164768/RS, AgRg no REsp 1141828/RS e AgRg no REsp 1231645/RS. Resumo: A Primeira Seção do STJ fixou entendimento no sentido de que o contribuinte detentor de quotas sociais há cinco anos ou mais antes da entrada em vigor da Lei 7.713/88 possui direito adquirido à isenção do imposto de renda, quando da alienação de sua participação societária. Assim, diante do noticiado posicionamento do Judiciário e da manifestação da própria Procuradoria da Fazenda Nacional acerca do tema, a discussão sobre peculiaridades relacionadas à irrevogabilidade da isenção em questão e a compatibilidade dos termos da Súmula 544 do STJ com a atual redação do art. 178 do CTN mostrase, pelo menos por ora, desnecessária. Entretanto, ainda que já tenham ocorrido algumas decisões nessa Turma de Julgamento que poderiam até conduzir ao entendimento de que o tema estaria integralmente pacificado administrativamente, inclusive contando com a anuência deste Conselheiro, peço vênia para alterar meu posicionamento anterior, em razão da convicção de que e discussão ainda deve persistir em relação à questão da extensão da isenção às ações bonificadas adquiridas após 31 de dezembro de 1983. A Procuradoria da Fazenda Nacional, ao incluir o tema na Lista de Dispensa de Contestar e Recorrer, ressaltou: OBSERVAÇÃO 1: O entendimento acima explicitado não se aplica às ações bonificadas adquiridas após 31.12.1983, ante à impossibilidade lógica de implementação do lapso temporal de 05 (cinco) anos sem alienação até a revogação da isenção prevista no DecretoLei nº 1.510/76, indispensável à formação do direito, tratandose, nesse passo, de mera expectativa de direito, com relação à qual se aplica a norma do art. 178 do CTN e não a garantia constitucional do direito adquirido. Ainda que as bonificações decorram das ações originais, não é correto afirmar que delas fazem parte, não passando de meras atualizações ou modificações integrativas das ações antigas. Na verdade, elas representam efetivo acréscimo patrimonial, não se comunicando a isenção tributária relativa ao imposto de renda quando da alienação, caso a aquisição tenha ocorrido após 31.12.1983. Precedente: ApelREEX 2007.71.03.0025230, Fl. 996DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 984 27 Segunda Turma, Relator Otávio Roberto Pamplona, D.E. 12/01/2011, TRF da 4ª Região. (...) E não poderia ser de outra forma. Notase que o reconhecimento, pelo judiciário, da extensão das benesses contidas no DecretoLei 1.510/76 tem exclusiva relação com a configuração do direito adquirido, por ter o investidor, durante a vigência da norma isentiva, mantido em seu patrimônio investimentos em ações por mais de cinco anos, ainda que a alienação tenha ocorrido após sua revogação. A aquisição de ações, ainda que por bonificação, se ocorrida após 31 de dezembro de 1983 não resulta no direito à isenção do ganho de capital na alienação, exclusivamente por não ter o investidor, dentro da vigência do Decreto 1510/76, completado os cinco anos com tais papéis em seu patrimônio. Ainda que se diga que tais ações seriam frutos de ações adquiridas anteriormente, não há que se falar em extensão da regra isentiva, pois resultaria em afronta ao preceito contido no art. 111 do CTN, que estabelece que a legislação que dispõe sobre isenção deve ser interpretada literalmente. Há entendimentos de que o recebimento de bonificações não corresponda a um acréscimo na participação societária percentual na empresa, porque a bonificação é mero ato contábil, e não negocial, não havendo qualquer influência sobre a situação patrimonial do investidor. Neste caso, novas ações ou quotas são emitidas para os sócios da pessoa jurídica sem que ocorra o incremento do patrimônio líquido, apenas com a movimentação de valores entre contas que fazem parte do PL (reservas e/ou lucros acumulados para o capital social). Sendo assim, o valor da empresa não se altera, pois não há entrada de novos recursos. Neste sentido, entendese que as bonificações distribuídas em razão do aumento de capital das pessoas jurídicas por aproveitamento de reservas ou lucros não distribuídos não se revestem de aquisição de nova participação societária. Não há razão lógica para tal entendimento. Imaginemos, pois, a seguinte situação: um investidor adquiriu 50% do capital social da empresa ABC, no ano de 1982. Assim, quando, quando da revogação da isenção tratada pelo DecretoLei 1.510/76, considerando o entendimento judicial em tela, passou a ter direito adquirido à isenção do ganho de capital identificado quando da alienação de tal participação. Ocorre que a citada empresa, por questões empresariais, apresentou resultados negativos que resultaram na suspensão de sua operação até que, em 2010, seus sócios retomaram as atividades e a empresa, finalmente, começou a dar lucro. Já no primeiro ano, o resultado positivo (R$ 2.000.000,00) foi integralmente distribuído aos sócios, naturalmente, na proporção do capital de cada um. O investidor em comento, detentor de 50% do capital, recebeu, neste caso, R$ 1.000.000,00 de reais a título de participação nos lucros, integralmente isentos de tributação na pessoa física, em razão do art. 10 da Lei 9249/95. Logo após a distribuição, ocorrida no início de 2011, diante de notícias de um equipamento novo disponível no mercado, em comum acordo com seu outro único sócio, resolveu aumentar o capital social de sua empresa pela aquisição de novas e ações emitidas. Cada sócio entrou com R$ 600.000,00, de forma a aumentar a quantidade de ações, aumentar o capital, mas manter o percentual de participação. Fl. 997DF CARF MF 28 Ou seja, para este nosso investidor, seu patrimônio não se alterou, já que restou configurado um mero fato permutativo, deixando de ser uma disponibilidade e passando a ser um investimento. Contudo, caso queira alienar as nova ações adquiridas, não terá o direito de usufruir a isenção do Decretolei 1.510/76, já que estas foram adquiridas em 2011. Contudo, imaginemos que, no mesmo caso, os sócios, antevendo a chegada ao mercado de um equipamento novo, optaram por manter R$ 1.200.000,00 (600.000 de cada um) no patrimônio, sob a forma de reserva de lucros e, logo da confirmação da disponibilidade do tal equipamento, aumentaram o capital social, com a emissão de novas ações, distribuídas, naturalmente, na forma de bonificação e na proporção da participação de cada sócio. Neste caso, porém, a valer o entendimento de que as “as ações bonificadas representam mera expansão das antigas, tendo a natureza de acessões”; incorporandose e acompanhando o bem principal, que é justamente a participação societária que originou tal bonificação, toda ela integralmente adquirida em 1982, no momento de sua alienação não resultaria em incidência de tributação sobre o ganho de capital por conta de uma isenção revogada há mais de 20 anos, evidenciando um tratamento diferenciado para uma operação, que, em sua essência é a mesma. E mais, reconhecendo a possibilidade de uma isenção com caráter perpétuo. O Princípio da Verdade Material e a máxima de que a essência econômica prevalece sobre a forma jurídica, por si só, seriam suficientes para repelir tal tratamento diferenciado. Por outro lado, há a ainda a constituição de reservas de capital que nada têm a ver com riqueza anteriormente contida no patrimônio líquido da empresa ou seja fruto de riqueza anterior e que, embora no momento da efetiva incorporação ao capital social, mediante distribuição de ações bonificadas, possa não representar aumento do PL, em momento imediatamente anterior representou sim um incremento do investimento promovido pelos sócios e que, neste caso, havendo aplicação em valores proporcionais à participação de cada detida um, não haveria, por consequência, sequer, alteração na composição societária. É o caso´da contribuição do subscritor de ações que ultrapassar a importância destinada à formação do capital, incluvise nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias1. Não se pode perder de vista que este caráter perpétuo atribuído a tal isenção, no meu sentir resultante de uma interpretação equivocada dos fatos e da legislação, evidencia entendimento absolutamente contrário ao ordenamento jurídico em vigor, já que o próprio art. 178 do CTN, estabelece que, em regra, uma isenção pode ser revogada a qualquer tempo e que, excepcionalmente, não poderá haver tal revogação apenas nos casos em que, foram estabelecidas condições e que a isenção tenha sido por prazo certo. Sobre esta questão, assim se manifestaram os Drs. Osório Silva Barbosa Sobrinho, Carlos Frederico Ramos de Jesus, Gianfranco Faggin Mastro Andrea e Caio Castagine Marinho, em artigo publicado na Revista Jus Navigandi2 1 Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. § 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; 2 BARBOSA SOBRINHO, Osório Silva; JESUS, Carlos Frederico Ramos de et al. Isenções dadas sob condição onerosa geram direito adquirido após sua revogação?. Revista Jus Navigandi, ISSN 15184862, Teresina, ano 16, n. 2910, 20 jun. 2011. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/19370>. Acesso em: 25 fev. 2018. Fl. 998DF CARF MF Processo nº 11060.724059/201160 Acórdão n.º 2201004.453 S2C2T1 Fl. 985 29 Porém, podese indagar: qual a razão de ser do preceptivo do art. 178, do CTN? Por que o poder público não fica permanentemente vinculado a isenções concedidas por tempo indeterminado? Porque tal vinculação, ao estabelecer uma dívida permanente do erário com o contribuinte, violaria a preponderância do interesse público sobre o interesse privado, que é "um pressuposto lógico do convívio social". De fato, este princípio geral de direito público veda que a Administração estabeleça, por tempo indeterminado, liames com outros entes, em que ela ocupe a posição de devedora. O legislador não pode vincular o Estado perpetuamente ao particular, bastando que este cumpra certos requisitos para exigir algo do erário O próprio Judiciário já se manifestou sobre o tema, como se vê no Recurso Especial nº 1.470.768RS, em que o Acórdão recorrido foi assim destacado: Inicialmente, não se vislumbra a ocorrência de nenhum dos vícios elencados no artigo 535 do CPC a reclamar a anulação do julgado, mormente quando o aresto recorrido está devidamente fundamentado. A jurisprudência desta Corte é uníssona no sentido de que o julgador não está adstrito a responder a todos os argumentos das partes, desde que embase sua decisão, não havendo que se confundir decisão contrária ao interesse da parte com ausência de fundamentação ou negativa de prestação jurisdicional. É o que se depreende da leitura do seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido (fl. 335): "Divirjo do eminente relator com relação às ações bonificadas. Na inicial, o autor afirma que a controvérsia gira em torno da isenção do IRPF incidente sobre o ganho de capital auferido sobre a venda de 25,918% das quotas sociais adquiridas antes de 1983. Com relação às demais quotas vendidas, referentes a participações societárias adquiridas após 31/12/1983, afirma que efetuará o recolhimento do imposto de renda devido. Destaca que, 'no que se refere ao ganho auferido em razão da venda das quotas bonificadas, provenientes de aumento do capital social pela incorporação de reservas e lucros gerados a partir de 01/01/1984, tal como evidencia o anexo Doc. 5, 'Demonstração da Aquisição do Capital Social' da empresa, o Autor também entende que essa parcela está isenta do recolhimento do IRPF, uma vez que as bonificações nada mais são do que 'filhotes' das quotas originalmente subscritas'. Relata e sustenta o seguinte: [...] A sentença não comporta reparos. O critério a ser adotado para definir a parcela isenta é o número de ações existentes até 31/12/1983. Ou seja, se a pessoa física proprietária das ações foi bonificada com a emissão de novas ações após 31/12/1983, não tem direito à isenção com relação ao ganho de capital decorrente dessas últimas. Se a bonificação ocorreu após Fl. 999DF CARF MF 30 31/12/1983, não pode ser ficticiamente considerada a data de aquisição da participação que a originou. Irrelevante, para fins de reconhecimento da isenção, que a bonificação seja considerada extensão da propriedade das ações bonificadas, não se confundindo com fruto. A isenção tributária, como espécie de exclusão do crédito tributário, deve ser interpretada literalmente, nos termos do art. 111, II, do CTN, não comportando exegese extensiva. Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação do autor, à apelação da União e à remessa oficial. Por todo o exposto, expresso minha convicção de que as ações bonificadas recebidas a partir de 31 de dezembro de 1983 não têm o direito à isenção do ganho de capital observado no momento de sua alienação, ainda que sejam decorrentes de participação societária para a qual se reconheça, com base no instituto do direito adquirido, a isenção do ganho de capital com base na alínea "d" do art. 4º do Decreto 1.510/76. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 1000DF CARF MF
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Numero do processo: 14120.000241/2006-09
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2002
SUJEIÇÃO PASSIVA TRIBUTÁRIA. CARACTERIZAÇÃO.
Havendo a utilização de interposta pessoa para acobertar as operações e o efetivo auferimento de receitas, deve ser considerado como sujeito passivo o efetivo proprietário e administrador da empresa pelos débitos tributários desta.
Numero da decisão: 9101-003.592
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial. No mérito, (i) quanto ao IRPJ, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento e (ii) quanto à CSLL, por unanimidade de votos, acordam em dar-lhe provimento. Ausente, momentaneamente, a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rafael Vidal de Araújo, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro André Mendes Moura.
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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(RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO: RAFAEL PEREIRA GOLDONI) ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 SUJEIÇÃO PASSIVA TRIBUTÁRIA. CARACTERIZAÇÃO. Havendo a utilização de interposta pessoa para acobertar as operações e o efetivo auferimento de receitas, deve ser considerado como sujeito passivo o efetivo proprietário e administrador da empresa pelos débitos tributários desta. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial. No mérito, (i) quanto ao IRPJ, por maioria de votos, acordam em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento e (ii) quanto à CSLL, por unanimidade de votos, acordam em darlhe provimento. Ausente, momentaneamente, a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rafael Vidal de Araújo, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 12 0. 00 02 41 /2 00 6- 09 Fl. 1276DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 3 2 Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro André Mendes Moura. Relatório Tratase de recurso especial interposto pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) contra "decisão nãounânime de Câmara, quando for contrária à lei ou à evidência da prova", fundamentado no art. 7º, I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, c/c art. 4º da Portaria MF nº 256/2009 (RICARF/2009) e art. 3º da Portaria MF nº 343/2015, que aprova o atual Regimento Interno do CARF. A recorrente insurgiuse contra o Acórdão nº 10517.250, de 15/10/2008, por meio do qual a Quinta Câmara do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, deu provimento a recurso voluntário para afastar a responsabilização de Rafael Pereira Goldoni pelos débitos tributários apurados junto à empresa Roma Indústria e Comércio de Bebidas Ltda. O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva transcritas abaixo: Ementa: SUJEIÇÃO PASSIVA TRIBUTÁRIA NÃO CARACTERIZAÇÃO Não demonstrada a relação pessoal e direta do apontado como sujeito passivo da obrigação com a situação que constitua o respectivo fato gerador, a responsabilização não pode prosperar. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Marcos Rodrigues de Mello e José Clovis Alves. A PGFN afirma que o acórdão recorrido configura decisão nãounânime e contrária à prova dos autos, no que toca ao afastamento da responsabilidade tributária. Para o processamento do recurso, ela desenvolve os argumentos descritos abaixo: DOS FATOS foi lavrado contra o responsável tributário Rafael Pereira Goldoni o Auto de Infração de fls. 954/973, no qual é cobrado o crédito tributário de R$ 3.634.504,94 (três milhões, seiscentos e trinta e quatro mil, quinhentos e quatro reais e noventa e quatro centavos), relativo ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), aferido com base no lucro arbitrado, referente ao anocalendário 2002, bem como aos juros de mora e multa de ofício qualificada de 150% (cento e cinqüenta por cento); no procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pela contribuinte acima indicada, a fiscalização apurou a seguinte infração: Fl. 1277DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 4 3 "001 RECEITA BRUTA NÃO CONHECIDA. ARBITRAMENTO COM BASE NO VALOR DAS COMPRAS EMPRESAS INDUSTRIAIS. Valor arbitrado sobre a soma dos valores das compras de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem no anocalendário de 2002". de acordo com o Auto de Infração, não foram encontrados a empresa infratora Roma Indústria e Comércio de Bebidas Ltda. ou seus sócios nos endereços originalmente constantes no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica e Cadastro Nacional de Pessoas Físicas. Houve, por isso, cientificação por edital do Termo de Início de Fiscalização; ainda consoante o Auto de Infração, após decorrido o prazo de resposta, foram realizadas diligências a fim de se encontrar os reais proprietários da referida empresa. A partir de um depoimento prestado pelo pai do ora responsável tributário, tevese a notícia de que a empresa Tio Sam Ind. e Com. de Bebidas Ltda., sucessora da Avesani Indústria e Comércio Ltda, alugava um prédio para a empresa infratora Roma Indústria e Comércio de Bebidas Ltda.; com o passar das investigações, apurouse que o sócio da empresa Tio Sam Ind. e Com. de Bebidas Ltda, Sr. Rafael Pereira Goldoni, na verdade, era o representante legal da Roma Indústria e Comércio de Bebidas Ltda no ano de 2002, tendo sido apontado como tal pela fornecedora da empresa Roma Indústria e Comércio de Bebidas Ltda., White Martins S/A; segundo o Sr. Rafael Pereira Goldoni, haveria apenas um contrato de locação entre a empresa do qual era sócio e a empresa autuada. No entanto, consoante apurado pela fiscalização e informado pela fornecedora White Martins S/A, de fato ele era o gestor dos negócios da empresa infratora no anocalendário de 2002; diante de tais circunstâncias, a autoridade fiscal lavrou o mencionado auto de infração, por entender que teria sido infringido o disposto no art. 1º da Lei nº 9.430/96, razão pela qual caberia a cobrança do IRPJ com base no lucro arbitrado, com fulcro no art. 47 da Lei nº 8.981/95 e art. 530, inciso III, do RIR/99; ademais, tais fatos levaram a autoridade fiscal a concluir que havia evidentes indícios de fraude contra a ordem tributária, razão pela qual a multa de ofício foi qualificada para 150% (cento e cinqüenta por cento); além disso, por entender que a conduta da autuada constituiria, em tese, crime contra a ordem tributária (arts. 1º, I e 2º, I da Lei nº 8.137/90), a autoridade autuante elaborou representação fiscal para fins penais (processo nº 14120.000242/200645); inconformado, o sujeito passivo impugnou o auto de infração. A exigência, porém, foi mantida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande (DRJ/CGE); dessa decisão recorreu a autuada para o Primeiro Conselho de Contribuintes. O recurso foi distribuído à Colenda Quinta Câmara do Primeiro Conselho que lhe deu provimento, por maioria de votos, afastando a responsabilização do contribuinte pelo pagamento dos tributos exigidos; como restará demonstrado adiante, a decisão ora impugnada merece reforma, pois contrariou a prova constante dos autos; Fl. 1278DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 5 4 DOS FUNDAMENTOS PARA A REFORMA DO R. ACÓRDÃO RECORRIDO. a conduta do responsável de constituir empresa em nome de interposta pessoa deve ser prontamente punida pela Administração, pelos motivos adiante expostos; tal conduta encontrase comprovada através de depoimento prestado por fornecedor da empresa infratora, às fls. 951, no qual afirma que "os contatos comerciais eram realizados por nossos funcionários com o Sr. Rafael Pereira Goldoni, o qual sempre tivemos como representante legal da Roma Ind. e Com. de Beb. Ltda."; além disso, o depoimento à Polícia Federal do Sr. Oscar Goldoni importante político da região e pai do acusado às fls. 922924, mostram, por suas contradições, a veracidade da informação do fornecedor acima mencionado. Se não vejamos: "QUE, perguntado o que a AVESANI tem a ver com a empresa ROMA, disse que a ROMA aluga o prédio e maquinário da AVESANI, produzindo e distribuindo a bebida, sendo que utiliza a marca "VÔ KIKO"; QUE, o declarante é quem de fato gerencia a empresa AVESANI, sendo que seu nome não consta no contrato social; QUE, esclarece que o serviço de produção de bebidas da empresa foi arrendado para a firma ROMA INDÚSTRIA DE BEBIDAS LTDA., não sabendo dizer o nome do responsável por esta empresa; QUE, o declarante, no entanto, permanece na empresa a fim de cuidar do patrimônio e maquinário que pertencem à AVESANI INDÚSTRIA DE BEBIDAS, sendo que os empregados são contratados pela ROMA IND. BEBIDAS LTDA; QUE, com relação às bebidas que foram apreendidas na data de hoje (cachaça), já embaladas e prontas para serem vendidas e desacompanhadas do selo de IPI, explica que a empresa já havia solicitado à Receita Federal a licença para circulação da bebida, no entanto não conseguiu a autorização, tendo em vista que a empresa encontrase em situação de débito fiscal; QUE, a empresa produz refrigerante e cachaça e confessa que já foi feita a venda de cachaças anteriormente com as garrafas desacompanhadas dos selos de IPI; QUE, esclarece nesse instante que apenas o terreno e o prédio pertencem a seu filho e sua exmulher e que a máquina de produzir cachaça foi adquirida pela ROMA IND. DE BEBIDAS LTDA; QUE, a empresa ROMA enche as garrafas de cachaça e a VÔ KIKO autorizou o uso da marca para a empresa, por isso as garrafas possuem o rótulo da empresa; QUE, a VÔ KIKO possuía antes o selo de IPI, no entanto tornouse devedora e a Receita Federal "trancou" o selo; QUE, se compromete a apresentar contrato de arrendamento do serviço de uso de marca para a empresa ROMA IND. DE BEBIDAS LTDA; QUE, as caixas com garrafas de cachaça apreendidas foram encontradas no depósito da empresa e realmente seriam vendidas sem o selo do IPI;" de acordo, portanto, com o pai do autuado: • a AVESANI, registrada como propriedade do seu filho e de sua exmulher, aluga o prédio e a marca VÔ KIKO para a ROMA; • ele, o depoente, não sabe quem seja o representante da ROMA embora seja ele próprio, de fato, o gerenciador da AVESANI; Fl. 1279DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 6 5 • há contrato de arrendamento de serviço de uso de marca entre a AVESANI, da qual é gerente, e a ROMA (de quem não sabe quem seja o representante). somese a todas essas contradições (o depoente é gerente mas não sabe com quem negocia), o fato de que o Sr. Oscar Goldoni se responsabiliza pelos produtos apreendidos na empresa ROMA por falta do selo do IPI, no momento em que "confessa que já foi feita a venda de cachaças anteriormente com as garrafas desacompanhadas dos selos de IPI", e demonstrando domínio sobre o modus operandi da empresa ROMA, ao afirmar peremptoriamente que "as caixas com garrafas de cachaça apreendidas foram encontradas no depósito da empresa e realmente seriam vendidas sem o selo do IPI"; ora, se realmente houvesse apenas arrendamento do patrimônio e maquinário não haveria sentido a empresa AVESANI saber qual o destino que se daria às bebidas de propriedade da ROMA, se seriam comercializadas de pronto ou se aguardariam a concessão do selo do IPI. Para quem são sabe quem é o representante da ROMA se afigura de todo inverossímil saber a destinação de sua produção; desse modo, correta a autuação do Sr. Rafael Pereira Goldoni como responsável pelo débito tributário, uma vez que todos os fatos acima descritos apontam que o Sr. Rafael é de fato representante da empresa ROMA, como bem informado pela fornecedora White Martins S/A; uma vez caracterizada a infração à legislação tributária, conforme amplamente demonstrado, urge seja mantida também a qualificação da multa de ofício aplicada, em virtude da ocorrência do fato previsto no art. 44, II (atualmente §1º Medida Provisória nº 351, de 22 de janeiro de 2007), da Lei nº 9.430/1996, cujo teor é o seguinte: "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Vide Mpv nº 303, de 2006) (Vide Medida Provisória nº 351, de 2007) I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Vide Mpv nº 303. de 2006) (Vide Medida Provisória nº 351, de 2007) II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Vide Mpv nº 303, de 2006) (Vide Medida Provisória nº 351, de 2007)" com efeito, entendese que a infração indireta de normas jurídicas, como regra, independe da intencionalidade do agente; todavia, no caso dos autos, a conduta da autuada foi dolosa. Todos os atos praticados pela autuada caracterizaram o evidente intuito de fraude, que engloba as figuras da sonegação, da fraude (sentido estrito) e do conluio (arts. 71,72 e 73 da Lei nº 4.502/64); mais precisamente, as condutas do sujeito passivo de constituir empresa por meio de interpostas pessoas, deixando de recolher o tributo devido, e de não apresentar os Fl. 1280DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 7 6 livros e documentos fiscais foram tendentes a "impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento"; dessarte, constatada a ocorrência do fato ensejador da aplicação da penalidade pecuniária em tela, é imperiosa sua manutenção, motivo pelo qual deve ser mantida a decisão de primeira instância. Quando do exame de admissibilidade do Recurso Especial da PGFN, o Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do Despacho nº 103 181/2009, exarado em 06/05/2009, deu seguimento ao recurso, nos seguintes termos: [...] Analisando os autos verifico que a decisão foi tomada por maioria, preenchendo assim a condição para apresentação do recurso com base no artigo 7º inciso I e 15° §1º do RICSR. O recorrente argumenta a contrariedade da decisão às provas dos autos e aponta quais as provas que no seu entender foram contrariadas, cumprindo assim os requisitos regimentais para o seguimento de seu recurso. Assim, na competência a mim conferida pelo artigo 15 §6º do RICSRF, DOU SEGUIMENTO ao RE, por preencher os requisitos regimentais. Em 15/07/2009, o responsável tributário Rafael Pereira Goldoni foi cientificado do Acórdão nº 10517.250, do recurso especial da PGFN e do despacho que deu seguimento a esse recurso. O referido sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 1281DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 8 7 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. Conheço do recurso, pois este preenche os requisitos de admissibilidade. O presente processo tem por objeto lançamento para constituição de crédito tributário a título de IRPJ e CSLL sobre fatos geradores realizados pela empresa Roma Indústria e Comércio de Bebidas Ltda. no anocalendário 2002. A apuração dos tributos se deu pelo arbitramento dos lucros, realizado com base nos valores das compras de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem no referido período. Foi aplicada a multa qualificada de 150%, porque teria ficado evidente o intuito de sonegar tributos, em razão da colocação de interpostas pessoas como sócios da empresa, do não recolhimento de qualquer tributo e da não apresentação de livros e documentos fiscais. E foi imputada a responsabilidade tributária a Rafael Pereira Goldoni, que, segundo a Fiscalização, era o verdadeiro proprietário da empresa. A decisão de primeira instância administrativa manteve o lançamento e a responsabilidade tributária. A decisão de segunda instância administrativa (acórdão ora recorrido), por maioria de votos, afastou a responsabilidade tributária de Rafael Pereira Goldoni, e é essa a matéria objeto do recurso especial apresentado pela PGFN. Todas as questões debatidas na primeira e na segunda instância administrativas giram em torno da responsabilidade tributária de Rafael Pereira Goldoni. Penso que o acórdão recorrido realmente contrariou a prova dos autos. O lançamento está fundamentado nos seguintes fatos, conforme descrito no auto de infração: Em 02/02/2006, a fiscalização foi no endereço constante no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, à rua Jaborandi, 212, Campo Grande/MS, e constatou que naquele endereço não havia nenhum estabelecimento comercial e sim uma casa abandonada, sendo lavrado um Termo de Diligência. Em 02/02/2006, a fiscalização foi no endereço do sócio Rosival Eleobino Ferreira, constante no Cadastro de Pessoas FísicasCPF, à rua Fernandópolis, 157, Campo Grande/MS, e encontramos a moradora Zenaide Oliveira, portadora do CPF 014.086.46102, que informou que é moradora no local e não conhece o senhor Rosival Eleobino Ferreira, conforme Termo de Diligência lavrado. Fl. 1282DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 9 8 Em 02/02/2006, a fiscalização foi no endereço do sócio Manoel Carneiro da| 'Silva, constante no Cadastro de Pessoas FísicasCPF, à avenida Tiradentes, 1632, Campo Grande/MS, e encontramos a moradora Cícera dos Santos, que nos informou que mora neste endereço a mais de cinco anos e não conhece o senhor Manoel Carneiro da Silva, conforme Termo de Diligência lavrado. Em 15/03/2006, foi dada a ciência do Termo de Início de Fiscalização, via Edital, foi solicitada a apresentação de livros e documentos fiscais. Como não foram encontrados os sócios proprietários da empresa para que fossem apresentados os livros e documentos fiscais, foram intimados os seguintes fornecedores da empresa: Plásticos Magno S/A, Soprasinos Ind. e Com. de Plásticos, Brasalpla Brasil lnd. de Embalagens e White Martins para apresentação das notas fiscais de vendas efetuadas para a Roma Ind. e Com. de Bebidas Ltda. Através das notas fiscais apresentadas pelos fornecedores acima descritos, foram somados os valores das compras de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem, referente ao ano calendário de 2002, conforme demonstrado acima e foi calculado em lucro arbitrado sobre 40% do valor das compras, de acordo com o previsto no art 51, inciso VI, da Lei 8981/95 e art. 535, inciso VI do RIR/99. Tendo em vista que foi constatado pela fiscalização que a empresa foi constituída por interpostas pessoas, pelos sócios Rosival Eleobino Ferreira, CPF 465.292.25153 e Manoel Carneiro da Silva, CPF 465.182.40130, foram realizadas várias investigações para se encontrar quem eram os verdadeiros proprietários da empresa, sendo constatado que havia a lavratura de um auto de infração para a empresa Tio Sam lnd. e Com. de Bebidas Ltda., constante do processo administrativo 4120.000379/200519, onde consta um depoimento feito na Polícia Federal pelo senhor Oscar Goldoni, datado de 05/09/2003, onde informou que a empresa de bebidas ROMA IND. DE BEBIDAS LTDA. alugava o prédio e maquinário da AVESANI TIO SAM LTDA., CNPJ 03.981.305/000110, que o serviço de produção de bebidas da empresa estava arrendado para a firma ROMA IND. BEBIDAS LTDA., não sabendo dizer o nome do responsável pela empresa ROMA e que os proprietários da empresa de bebidas AVESANI TIO SAM LTDA., eram RAFAEL PEREIRA GOLDONI e sua esposa. Em 07/08/2006, foi intimado o senhor Rafael Pereira Goldoni, para apresentação dos livros e documentos fiscais, tendo em vista que o mesmo foi colocado na condição de Sujeito Passivo. Em 18/08/2006, o senhor Rafael Pereira Goldoni, em resposta à intimação, informou que: 1) É sócio da empresa Tio Sam indústria e Comércio de Bebidas Ltda., sucessora da Avesani Tio Sam Ltda., empresa que é proprietária do imóvel, construções, maquinas e equipamentos que compõem uma planta industrial destinada á fabricação e envasamento de refrigerantes; 2) Desde que adquiriu mencionada planta, nunca exerceu, diretamente, quaisquer atividades ligadas à produção e à comercialização de produtos optando, invariavelmente, pela locação do imóvel e Fl. 1283DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 10 9 equipamento, a terceiros interessados na industrialização de bebidas não alcoólicas; 3) Que em 01 de julho de 2001, firmou contrato de locação com a Roma Ind. e Com. de Bebidas Ltda, cuja vigência se estendeu até 31 de dezembro de 2003; 4) Deste modo, em nenhuma oportunidade, desde 01 de julho de 2001, a TIO SAM ou qualquer um dos seus sócios, com exceção das atividades locatícias, exerceu qualquer ação voltada para a industrialização e/ou comércio, razão pela qual não é, e nunca foi, responsável pelas obrigações tributárias devidas pelas locatárias. Juntamente com a resposta à intimação foi apresentado o contrato de locação, onde consta como representante da Roma Ind. Bebidas Ltda. o procurador, Paulo Ricardo Sbardelote, portador do RG/SSPRS 615633842 e CPF 719.657.34120. Em 25/08/2006, foi intimado o fornecedor White Martins S/A para que fosse informado os nomes das pessoas da empresa Roma Ind. e Com. de Beb. Ltda., com quem eram realizados os negócios no anocalendário de 2002, em especial se houve algum contato ou negócio realizado com Rafael Pereira Goldoni neste período. Em 18/09/2006, a empresa White Martins S/A, em resposta à intimação, informou que no anocalendário de 2002, os contatos comerciais foram realizados por seus funcionários com o sr. RAFAEL PEREIRA GOLDONI, o qual sempre o tiveram como representante legal da empresa Roma Ind. e Com. de Beb. Ltda. Portanto, pelos fatos acima descritos fica também responsabilizado pelo crédito tributário o senhor RAFAEL PEREIRA GOLDONI, CPF 700.659.26153 na forma do art. 121, inciso I do Código Tributário Nacional CTN, que era o verdadeiro proprietário da empresa. Como os livros não foram apresentados foi lavrado o presente auto de infração com base no lucro arbitrado, com base na soma dos valores das compras de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem ocorridas no anocalendário de 2002. Diante dos fatos e da legislação, sobre os tributos lançados de acordo com as infrações acima descritas, esta fiscalização concluiu haver evidentes indícios de fraude contra a ordem tributária, e, por isso, qualificou a multa incidente em 150%, em conformidade com o art. 44, II, da Lei 9.430/96, com nova redação dada pelo art. 18 da Medida Provisória 303, de 29 de junho de 2006, que versa que: [...]; A Lei 4.502/64 prevê que: [...]; Fica evidente o intuito do contribuinte de sonegar os tributos, ao colocar interpostas pessoas como sócios da empresa, deixando de recolher qualquer valor como tributo e deixando de apresentar os livros e documentos fiscais. Fl. 1284DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 11 10 A pessoa jurídica foi revel, ou seja, não impugnou o lançamento. Já os argumentos contidos na impugnação apresentada por Rafael Pereira Goldoni foram assim examinados no voto que orientou a decisão de primeira instância administrativa, ocasião em que foi mantido o vinculo da responsabilidade tributária: Voto Tendose em vista a rasura contida no AR de f. 977 e, assim, considerandose, na pior das hipóteses, a data de 26 de setembro de 2006 como a da efetiva ciência do lançamento, a impugnação apresentada pelo senhor Rafael Pereira Goldoni, apontado como responsável tributário, é tempestiva. E, por preencher os demais requisitos exigidos pela legislação, dela devese conhecer. A pessoa jurídica Roma Indústria e Comércio de Bebidas Ltda. é revel, conforme termo acostado à f. 987, devendo a ela ser aplicados os efeitos próprios, conforme legislação pertinente. Inconstitucionalidades e ilegalidades. Muito embora não tenham sido expressamente alegadas as preliminares de inconstitucionalidade e ilegalidade, em diversos pontos da impugnação foi argumentado que houve afronta a diversos princípios constitucionais. Entretanto, não cabe em sede administrativa tal discussão. Desde que haja diploma legal formalmente sancionado, promulgado e publicado, encontrandose em vigor, cabe seu fiel cumprimento, em homenagem ao princípio da legalidade objetiva que informa o lançamento e o processo administrativo fiscal, sob pena de responsabilidade funcional (CTN, art. 142, parágrafo único). Nesse sentido as orientações do Parecer Normativo CST/SRF n. 329/1970 e Parecer PGFN/CRF n. 439/1996. A declaração de inconstitucionalidade de lei, ainda que "incidenter tantum" é atribuição do Poder Judiciário e, como bem ensina o mestre Seabra Fagundes, "administrar é aplicar a lei de ofício". Ademais, diante dessas limitações colocadas à atuação da autoridade administrativa, tornase evidente a idéia de que os princípios constitucionais relacionados com juízos valorativos associados às imposições tributárias são dirigidos à atuação do legislador. Apenas este, que tem a competência de legislar soberanamente, é que cabe ter em conta, na produção da norma tributária, critérios e princípios como os reclamados pelo contribuinte. Depois de formulada a norma, entretanto, sua aplicação se impõe de forma objetiva, sem espaço para juízos discricionários por parte de quem a ela deve obediência. Assim, deve ser reiterado que correto foi o procedimento adotado pelo autuante, visto que, em razão de sua atividade absolutamente vinculada, limitouse a aplicar o determinado em lei que se encontrava em vigor no momento da lavratura do Auto de Infração. Nulidade. O impugnante aponta como motivos da nulidade do lançamento, além da capitulação errônea no que diz respeito à sua responsabilização, o desrespeito a princípios constitucionais e o cerceamento do seu direito de defesa. Fl. 1285DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 12 11 Relativamente ao desrespeito aos princípios constitucionais, tal alegação já foi analisada no tópico acima. Quanto à responsabilização do impugnante pelo crédito tributário lançado, serão tecidos comentários em itens posteriores. Neste tópico, a análise será empreendida no tocante à alegação de cerceamento do direito de defesa. No que se refere às exigências para a validade do Auto de Infração, o Decreto 70.235/72 (Processo Administrativo Fiscal) prescreve: Art. 10. [...]; Ainda, no mesmo diploma legal ficaram estabelecidos os casos de nulidade: Art. 59. São nulos: [...]; Da leitura dos dispositivos acima transcritos, concluise que o Auto de Infração só poderá ser declarado nulo se lavrado por pessoa incompetente ou quando não constar, ou nele constar de modo errôneo, a descrição dos fatos ou o enquadramento legal, no caso em que o sujeito passivo não consiga saber o que lhe foi imputado, ao ponto de consubstanciar preterição do direito de defesa. Cumpre transcreverse, também, o art. 60 do mesmo instrumento normativo: [...]; Vêse, assim, que, conforme art. 60 do Decreto n. 70.235/72, se porventura existirem irregularidades, incorreções e omissões diferentes daquelas referidas no art. 59 do mesmo Decreto, e ainda, se resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, mesmo assim o lançamento não será nulo, pois elas podem ser sanadas. No que se refere ao alegado cerceamento do direito de defesa, há que se salientar que isso não ocorreu. Em primeiro lugar, o procedimento de fiscalização é inquisitório e aos particulares cabe colaborar e respeitar os poderes legais dos quais a autoridade administrativa está investida. Durante essa fase não se formou ainda a relação jurídica processual e os particulares não atuam como parte. Isso somente acontece com o ato de lançamento ou de imposição de penalidades e a respectiva impugnação. A esse respeito, assim leciona James Marins, em sua obra Direito Processual Tributário Brasileiro: Administrativo e Judicial, São Paulo, Dialética, 2001, págs. 222/223: [...]; Coerentemente com essa interpretação, o art. 14 do Decreto 70.235/72 preceitua: a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Com a apresentação da impugnação o procedimento se torna processo, estabelecendose o conflito de interesses: de um lado o Fisco que acusa a existência de débito tributário, fundando sua pretensão de recebêlo e, de outro, o contribuinte, que opõe resistência por meio da apresentação de impugnação. E a partir desse momento que, iniciada a fase processual, passa a vigorar, na esfera administrativa, o princípio constitucional da garantia ao devido processo legal, no qual está compreendido o respeito à ampla defesa e ao contraditório, com os meios e recursos a eles inerentes, nos termos do art. 5º , incisos LIV e LV, da Constituição Federal. O impugnante recebeu o Auto de Infração e os demonstrativos, que são documentos suficientes para o exercício do direito de defesa. Tanto é Fl. 1286DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 13 12 assim que veio aos autos por meio da impugnação protocolada em 26 de outubro de 2006 e que instaurou o contencioso administrativo, demonstrando ter cabal conhecimento das infrações e o quanto a ele imputado. Também, como pode ser visto nos documentos de f. 981 a 983, foi requerida cópia do inteiro teor destes autos, a qual foi recebida em 5 de outubro de 2006. Não bastasse isso, antes da lavratura do Auto de Infração, o impugnante recebeu o Termo de Início de Fiscalização, da mesma forma que o contribuinte originário. Depois de ter recebido tal termo, procedeu à apresentação de arrazoado pelo qual tentou convencer a fiscalização a respeito de que não cabia a sua responsabilização, apresentando documentos com os quais pretendeu comprovar que a relação entre ele (ou a pessoa jurídica de que era sócio) e a contribuinte originária era de simples locador e locatário. Vêse, portanto, que não há nem sombra de cerceamento de direito de defesa, pelo que não há nulidade por esse motivo. Requerimento de provas e oitiva de testemunhas. O impugnante requer provar o alegado por todos os meios de prova admitidos e, em especial, a oitiva de testemunhas. Ocorre que a apresentação de documentos é ônus do contribuinte, devendo ocorrer junto com a impugnação, excetuados os casos legais, sujeitandose inclusive à preclusão, a teor do §4º do art. 16 do Decreto n. 70.235/1972 (Processo Administrativo Fiscal), "in verbis": [...]; Quanto à oitiva de testemunhas requerida, verificase que o Processo Administrativo Fiscal, regulado pelo Decreto n. 70.235/72, determina no seu artigo 15 que a impugnação deverá ser formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, não havendo a previsão de prova testemunhai ou por meio de depoimentos pessoais. Assim, indeferese o pedido de produção de prova testemunhai. Sujeição passiva tributária. Caracterização. O impugnante, apontado como responsável tributário, alega que, além da capitulação errônea no que diz respeito à sua responsabilização, não há qualquer envolvimento tributário de sua parte, porque nunca foi proprietário, sócio, "acionista" nem nunca teve qualquer vínculo jurídico com a empresa Roma Indústria e Comércio de Bebidas Ltda., excepcionandose o contrato de locação firmado, em que atuou como representante da empresa Tio Sam, locadora, da qual é gerente. Além disso, que o enquadramento invocado pelo autuante não se coaduna com a condição a ele imposta de responsável tributário. Também, que para haver a responsabilização de diretores, gerentes, administradores ou responsáveis, é obrigatório o ajuizamento de ação na qual se estabeleça o vínculo com a sociedade e o grau de responsabilidade, quantificando o tributo devido. Quanto à capitulação legal relativa à responsabilidade tributária, no que tange às diferenças entre os dispositivos mencionados no Termo de Início de Fiscalização (f. 925 e 926) e os constantes no Auto de Infração, conforme visto no tópico relativo à nulidade, com a impugnação instaurase Fl. 1287DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 14 13 o contencioso administrativo, passando a vigorar, então, o princípio constitucional da garantia ao devido processo legal, no qual está compreendido o respeito à ampla defesa e ao contraditório, com os meios e recursos a eles inerentes, nos termos do art. 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal. Durante a fiscalização, que é inquisitória, a menção a dispositivos legais não vinculam o autuante que pode modificar seu entendimento depois das investigações efetuadas. Aliás, esse é o propósito do procedimento fiscalizatório. O importante e necessário é que, após a lavratura do Auto de Infração, seja concedido ao sujeito passivo plenas condições de defesa com as garantias constitucionais a ela inerentes, o que ocorreu. Também, como se viu, o impugnante pôde se defender adequadamente, demonstrando ter pleno conhecimento da imputação a ele feita, não havendo, portanto, que se falar em nulidade do Auto de Infração por esse motivo. O enquadramento do impugnante como responsável tributário ocorreu com fundamento no art. 121, do Código Tributário Nacional (CTN), in verbis: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal dizse: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Conquanto possa parecer contraditória a imputação de responsabilidade com base em dispositivo que trata da sujeição passiva lato sensu, e, no caso, em especial referindose ao inciso I do parágrafo único do dispositivo em tela que se ocupa da sujeição passiva direta, como já exaustivamente explanado o impugnante demonstrou ter plena ciência da imputação, ou seja, de que o lançamento atribuiu a ele a responsabilidade, em sentido material, pelos créditos tributários, uma vez que a sociedade Roma Indústria e Comércio de Bebidas Ltda. só existia de direito, mas não de fato, sendo o impugnante o verdadeiro sujeito passivo das obrigações tributárias, tendo ocorrido interposição fictícia de pessoas com a conseqüente simulação de atos. Conforme o professor Heleno Taveira Torres a interposição ocorre "quando um sujeito que potencialmente ocuparia o pólo passivo da obrigação tributária investe um terceiro, por interposição, na titularidade passiva da relação jurídica. Nesses casos, já não se trata de interposição real, mas sim de interposição fictícia, mediante simulação relativa ou fraude à lei porque criada com a finalidade de omitir o verdadeiro negócio jurídico que é realizado sob a forma de um outro, ao substituir o real titular do direito por um titular aparente. Por isto, o problema do controle sobre a interposição fictícia de pessoas não é tanto o de isolar o real adquirente, e, por converso, excluir o fictício, mas sim de indicar ao interessado aonde ir para obter a superação da ocultação. Saber como a sujeição passiva ligase ao fato jurídico tributário é o principal critério para que se possa iniciar o controle Fl. 1288DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 15 14 sobre a interposição fictícia de pessoas. Por isso, a demonstração de capacidade contributiva exerce um papel fundamental na identificação dos sujeitos passivos efetivos..." (Direito tributário e direito privado: autonomia privada, simulação e elusão tributária. São Paulo: RT, 2003, p. 446447). Essa questão (interposição de pessoa fictícia e simulação) está pacificada nos Conselhos de Contribuintes, conforme ementas a seguir transcritas: [...]; Ainda com relação ao assunto, Washington de Barros Monteiro, em sua obra "Curso de Direito Civil", Editora Saraiva, 29ª Edição, 1º Volume, página 209/210, ao analisar a figura do ato simulado, assim nos ensina: "Espécies: A doutrina distingue duas espécies de simulação, a absoluta e a relativa. (...) É relativa, quando efetivamente há intenção de realizar algum ato jurídico, mas este: a) é de natureza diversa daquele que, de fato, se pretende ultimar; b) não é efetuado entre as próprias partes, aparecendo então o testadeferro, o prestanome, ou a figura de palha; c) não contém elementos verdadeiros, ou melhor, seus dados são inexatos. Dizse, nesse caso, que a simulação é parcial, hipótese em que subsiste o ato, ressalvado à Fazenda, é óbvio, a percepção dos respectivos direitos fiscais. (...) A prova da simulação pode assentar em indícios e presunções, desde que precisos, graves e concordantes, ainda mais em face do estatuído no art. 332 do Código do Processo Civil. (...) Dispõe o art. 102, do Código Civil, que haverá simulação nos atos jurídicos em geral: I. Quando aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas das a quem realmente se conferem, ou transmitem; II. Quando contiverem declaração, confissão, condição, ou cláusula não verdadeira; III. Quando os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. Três, por conseguinte, as espécies de simulação consideradas pelo legislador pátrio: a) por interposição de pessoa (n° I). O intuito do declarante é o de inculcar a existência de um titular de direito, mencionado na declaração, ao qual, todavia, nenhum direito se outorga ou se transfere, servindo seu nome exclusivamente para encobrir o da pessoa a quem de fato se quer outorgar ou transferir o direito de que se trata; (...) Fl. 1289DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 16 15 Estabelece o art. 105 que 'poderão demandar a nulidade dos atos simulados os terceiros lesados pela simulação, ou os representantes do poder público, a bem da lei, ou da fazenda'. " (grifouse) Com efeito, diante de flagrante abuso de direito no uso de pseudo titular da pessoa jurídica, a autoridade administrativa ou judiciária, em defesa do interesse público, deve aprofundar as investigações a fim de alcançar as verdadeiras pessoas, físicas ou jurídicas, que por trás dela se escondem, desacobertando, destarte, a simulação ou a fraude. Ressaltese que, na área tributária, a preocupação é premente dado que o "pseudotitular" ou os "pseudosócios" normalmente não têm patrimônio para garantir a realização do crédito tributário. Comumente, colocase como "testasdeferro" pessoas físicas que não dispõem de qualquer patrimônio para garantir o crédito tributário, sendo que quando da constituição deste, geralmente bem após a ocorrência dos fatos geradores, a pessoa jurídica já se extinguiu de fato ou mesmo por razões de direito. Assim, é que a legislação pátria permite o alcance de terceiros que efetivamente se locupletaram por intermédio da simulação. E não tem fundamento a alegação de que, para a imputação da responsabilidade tributária a sócios, proprietários etc, haja a necessidade de uma ação judicial em que seja estabelecido o vínculo com a sociedade e o grau de responsabilidade, quantificando o tributo devido. Além de o impugnante não trazer qualquer fundamento legal ou jurídico quanto a essa alegação, o CTN não prevê nenhum expediente desse tipo, especificando apenas os casos de sujeição passiva e de responsabilidade. Ao agente administrativo compete, nos termos do art. 142 do CTN, procedendo da forma como ali disposta, efetuar o lançamento identificando o sujeito passivo (contribuinte ou responsável). A este (sujeito passivo) cabe impugnar o lançamento, instaurando a fase litigiosa do processo administrativo ou optar pela via judicial, o que impõe a renúncia às instâncias administrativas. Se assim não proceder o auditor, sujeitase inclusive à responsabilidade funcional, a teor do disposto no parágrafo único do citado art. 142. Retornandose ao mérito do caso, basta, então, a prova de que houve simulação de atos, que consistiu em se utilizar de uma sociedade em que os sócios não tinham nenhuma capacidade econômica, financeira ou contributiva, para a prática de atos comerciais efetivamente por terceira pessoa: o impugnante apontado pela fiscalização como "responsável", na realidade o verdadeiro sujeito passivo. E a prova de tais atos simulados foi produzida pelo auditor autuante. Conforme Termos de Diligência de f. 22 e 24, verificouse que as pessoas constantes como sócias no Contrato Social da pessoa jurídica Roma Indústria e Comércio de Bebidas Ltda não moravam nos endereços por elas fornecidas à Receita Federal desde muito tempo (inclusive no período de apuração dos tributos: 2002) e que não possuíam capacidade financeira para constituírem a empresa em comento (extratos às f. 1030 e 1031). Também, por meio da diligência cujo termo consta à f. 05, ficou constatado que não havia qualquer empresa funcionando no endereço constante no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas e na última alteração contratual arquivada na JUCEMS (f. 20). Além disso, intimada uma das empresas (White Martins Gases Industriais Ltda. f. 951) que manteve Fl. 1290DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 17 16 negócios regulares com a pessoa jurídica constante como contribuinte originária no Auto de Infração, foi por ela declarado, por meio de seu Gerente de Unidade, de maneira bastante clara e conclusiva, o seguinte: "os contatos comerciais eram realizados por nossos funcionários com o Sr. Rafael Pereira Goldoni, o qual sempre tivemos como representante legal da Roma Ind. E Com. De Beb. Ltda." (os destaques constam no original). Cumpre salientar que, mesmo que outra empresa fornecedora possa ter declarado que os contatos tenham sido mantidos com outra pessoa, o que efetivamente pode ser verdadeiro, tal fato não infirma a declaração prestada pela White Martins Gases Industriais Ltda. A relação aqui não é quantitativa, mas qualitativa, ou seja, depende do grau de confiabilidade do declarante, no caso uma empresa multinacional de grande porte e de alto conceito. Dessa forma, ficou caracterizado que o senhor Rafael Pereira Goldoni era o efetivo proprietário da empresa autuada e não simples locatário de prédio e equipamentos, tendo atuado com infração à lei, uma vez, além do acima explanado, ter sido constatado que a declaração DIPJ do período (anocalendário 2002), apresentada em nome da pessoa jurídica, ter sido a de inatividade (f. 952 e 953), que os negócios da empresa nesse período foram significativos e que ocorreu a inclusão de interposta pessoa. Na realidade, o senhor Rafael Pereira Goldoni, de fato, era o verdadeiro proprietário e responsável pela movimentação comercial da empresa, conforme comprovado nos autos. Comprovado, como foi pela fiscalização, que houve a utilização de interposta pessoa para acobertar as operações e o efetivo auferimento de receitas, para que fosse afastada a imputação ao senhor Rafael Pereira Goldoni, deveriam ter sido carreadas aos autos provas incontestes da não ocorrência desse fato em oposição àquelas produzidas pela fiscalização, o que não ocorreu. Não tem lugar neste processo quaisquer alegações de ordem sentimental, tais como o confisco de sonhos e de esperanças, ante à natureza jurídicoobjetiva do Processo Administrativo Fiscal. A alegada afronta às garantias fundamentais prescritas na Constituição Federal já foi objeto de análise e devidamente refutada ante ao princípio da legalidade objetiva que norteia o lançamento tributário. Vêse, portanto, mais uma vez que não procede a argüição de nulidade do lançamento. Autuação reflexa: CSLL. Salientese que quanto ao lançamento reflexo, aplicamse as razões esposadas no voto relativas ao IRPJ. Nesse sentido, cabe reproduzir a ementa do acórdão n. 10193177, do Primeiro Conselho de Contribuintes (sessão de 13.09.2000), que assim se pronunciou sobre a matéria: TRIBUTAÇÃO REFLEXA A decisão proferida no lançamento principal (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) é aplicável aos demais lançamentos ditos reflexivos, face à relação de causa e efeito que vincula um ao outro. (Ac. 1º CC nº 10193177) Fl. 1291DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 18 17 Conclusão. Ante o exposto e considerando tudo mais que dos autos consta, voto no sentido de indeferir o pedido de prova testemunhai, rejeitar as preliminares de inconstitucionalidade, ilegalidade e nulidade argüidas e, no mérito, pela procedência integral dos lançamentos conforme evidenciado nos Autos de Infração (IRPJ e CSLL). O órgão de origem deverá tomar as providências cabíveis ante à declaração de revelia da pessoa jurídica indicada como contribuinte originário. No recurso especial, a PGFN destaca com precisão os fatos que ensejam a responsabilização tributária de Rafael Pereira Goldoni: A conduta do responsável de constituir empresa em nome de interposta pessoa deve ser prontamente punida pela Administração, pelos motivos adiante expostos. Tal conduta encontrase comprovada através de depoimento prestado por fornecedor da empresa infratora, às fls. 951, no qual afirma que "os contatos comerciais eram realizados por nossos funcionários com o Sr. Rafael Pereira Goldoni, o qual sempre tivemos como representante legal da Roma Ind. e Com. de Beb. Ltda." (Grifos no original) Além disso, o depoimento à Polícia Federal do Sr. Oscar Goldoni importante político da região e pai do acusado às fls. 922924, mostram, por suas contradições, a veracidade da informação do fornecedor acima mencionado. Senão vejamos: "QUE, perguntado o que a AVESANI tem a ver com a empresa ROMA, disse que a ROMA aluga o prédio e maquinário da AVESANI, produzindo e distribuindo a bebida, sendo que utiliza a marca "VÔ KIKO"; QUE, o declarante é quem de fato gerencia a empresa AVESANI, sendo que seu nome não consta no contrato social; QUE, esclarece que o serviço de produção de bebidas da empresa foi arrendado para a firma ROMA INDÚSTRIA DE BEBIDAS LTDA., não sabendo dizer o nome do responsável por esta empresa; QUE, o declarante, no entanto, permanece na empresa a fim de cuidar do patrimônio e maquinário que pertencem à AVESANI INDÚSTRIA DE BEBIDAS, sendo que os empregados são contratados pela ROMA IND. BEBIDAS LTDA; QUE, com relação às bebidas que foram apreendidas na data de hoje (cachaça), já embaladas e prontas para serem vendidas e desacompanhadas do selo de IPI, explica que a empresa já havia solicitado à Receita Federal a licença para circulação da bebida, no entanto não conseguiu a autorização, tendo em vista que a empresa encontrase em situação de débito fiscal; QUE, a empresa produz refrigerante e cachaça e confessa que já foi feita a venda de cachaças anteriormente com as garrafas desacompanhadas dos selos de IPI; QUE, esclarece nesse instante que apenas o terreno e o prédio pertencem a seu filho e sua ex mulher e que a máquina de produzir cachaça foi adquirida pela ROMA IND. DE BEBIDAS LTDA; QUE, a empresa ROMA enche as garrafas de cachaça e a VÔ KIKO autorizou o uso da marca para a empresa, por isso as garrafas possuem o rótulo da empresa; QUE, a VÔ KIKO possuía antes o selo de IPI, no entanto tornouse devedora e a Receita Federal "trancou" o selo; QUE, se compromete a apresentar Fl. 1292DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 19 18 contrato de arrendamento do serviço de uso de marca para a empresa ROMA IND. DE BEBIDAS LTDA; QUE, as caixas com garrafas de cachaça apreendidas foram encontradas no depósito da empresa e realmente seriam vendidas sem o selo do IPI;" De acordo, portanto, com o pai do autuado: • a AVESANI, registrada como propriedade do seu filho e de sua ex mulher, aluga o prédio e a marca VÔ KIKO para a ROMA. • ele, o depoente, não sabe quem seja o representante da ROMA embora seja ele próprio, de fato, o gerenciador da AVESANI. • há contrato de arrendamento de serviço de uso de marca entre a AVESANI, da qual é gerente, e a ROMA (de quem não sabe quem seja o representante). Somese a todas essas contradições (o depoente é gerente mas não sabe com quem negocia), o fato de que o Sr. Oscar Goldoni se responsabiliza pelos produtos apreendidos na empresa ROMA por falta do selo do IPI, no momento em que "confessa que já foi feita a venda de cachaças anteriormente com as garrafas desacompanhadas dos selos de IPI", e demonstrando domínio sobre o modus operandi da empresa ROMA, ao afirmar peremptoriamente que "as caixas com garrafas de cachaça apreendidas foram encontradas no depósito da empresa e realmente seriam vendidas sem o selo do IPI". Ora, se realmente houvesse apenas arrendamento do patrimônio e maquinário não haveria sentido a empresa AVESANI saber qual o destino que se daria às bebidas de propriedade da ROMA, se seriam comercializadas de pronto ou se aguardariam a concessão do selo do IPI. Para quem são sabe quem é o representante da ROMA se afigura de todo inverossímil saber a destinação de sua produção. Desse modo, correta a autuação do Sr. Rafael Pereira Goldoni como responsável pelo débito tributário, uma vez que todos os fatos acima descritos apontam que o Sr. Rafael é de fato representante da empresa ROMA, como bem informado pela fornecedora White Martins S/A. A empresa Roma Indústria e Comércio de Bebidas Ltda. estava constituída em nome de interpostas pessoas e informou à Receita Federal um endereço cadastral onde não havia nenhum estabelecimento comercial, e sim uma casa abandonada. Ela também apresentou DIPJ de inatividade para o anocalendário de 2002, ao mesmo tempo em que realizou negócios em valores significativos. Um de seus fornecedores, a empresa White Martins Gases Industrias Ltda., CNPJ 35.820.448/002503, estabelecida à Av. Costa e Silva, 775 Vila Progresso, em Campo Grande MS, atendendo à intimação fiscal, informou que no anocalendário 2002, "os contatos comerciais eram realizados por nossos funcionários com o Sr. Rafael Pereira Goldoni, o qual sempre tivemos como representante legal da Roma Ind. E Com. De Beb. Ltda". Conforme já bem apontado pela decisão de primeira instância administrativa, tal informação tem valor qualitativo e não quantitativo, implicando na responsabilidade pelo total do crédito tributário constituído, e não apenas pelos tributos incidentes sobre a parcela Fl. 1293DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 20 19 comercializada com a White Martins S/A (como vinha requerendo o responsável, em caráter subsidiário). Cabe destacar ainda, em sua integralidade, o referido depoimento prestado à Polícia Federal em 05/09/2003 (data próxima à dos fatos geradores autuados) por Oscar Goldoni, pai de Rafael Pereira Goldoni, e que não deixa nenhuma dúvida de que a relação entre as pessoas e empresas lá citadas não é de mera locação de prédio e equipamentos empregados na fabricação de bebidas: Aos 05 dias de setembro de dois mil e três, nesta cidade de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul, na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal, onde se encontrava Tatiana Alves Torres, Delegada de Polícia Federal, comigo, Escrivão de Polícia Federal, ao final declarado e assinado, presente o DECLARANTE OSCAR GOLDONI, brasileiro, separado judicialmente, nascido aos 03/08/1949, filho de Aquilino Goldoni e Tereza Baldo, natural de Anta Gorda/RS, portador do RG 000275427 SSP/MS, agricultor, endereço comercial na BR 463, Km 02, Ponta Porã/MS, endereço residencial na rua Eliodoro Alves Salgueiro, 1001, Centro, Ponta Porã/MS, fone 4314984, Campo Grande/MS, grau de instrução ensino fundamental incompleto. Inquirido pela Autoridade DECLAROU: QUE, esclarece que seu filho RAFAEL PEREIRA GOLDONI e sua exmulher MARION PEREIRA são proprietários da empresa de bebidas AVESANI TIO SAM LTDA. que fica localizada no Parque Industrial INDOBRASIL, na Av. Principal 10, 434, Núcleo Industrial, nesta Capital; QUE, a Vô KIKO é uma empresa que possui a marca de mesmo nome; QUE, a empresa VÔ KIKO DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS LTDA. não está mais em atividade, no entanto não foi dada baixa na Junta Comercial , uma vez que se encontra em situação de débitos fiscal; QUE, no entanto a marca continua a ser utilizadas pela empresa de bebidas ROMA INDUSTRIA DE BEBIDAS LTDA e pela indústria de bebidas de Ponta Porã/MS IBEKIN; QUE, não sabe dizer quem era o dono da empresa VÔ KIKO; QUE, perguntado o que a IBEKIN tem a ver com a AVESANI, respondeu que nada; QUE, perguntado o que a AVESANI tem a ver com a empresa ROMA, disse que a ROMA aluga o prédio e maquinário da AVESANI, produzindo e distribuindo a bebida, sendo que utiliza a marca "VÔ KIKO"; QUE, o declarante é quem de fato gerencia a empresa AVESANI, sendo que seu nome não consta no contrato social; QUE, esclarece que o serviço de produção de bebidas da empresa foi arrendado para a firma ROMA INDÚSTRIA DE BEBIDAS LTDA., não sabendo dizer o nome do responsável por esta empresa; QUE, o declarante, no entanto, permanece na empresa a fim de cuidar do patrimônio e maquinário que pertencem à AVESANI INDÚSTRIA DE BEBIDAS, sendo que os empregados são contratados pela ROMA IND. BEBIDAS LTDA; QUE, com relação às bebidas que foram apreendidas na data de hoje (cachaça), já embaladas e prontas para serem vendidas e desacompanhadas do selo de IPI, explica que a empresa já havia solicitado à Receita Federal a licença para circulação da bebida, no entanto não conseguiu a autorização, tendo em vista que a empresa encontrase em situação de débito fiscal; QUE, a empresa produz refrigerante e cachaça e confessa que já foi feita a venda de cachaças anteriormente com as garrafas desacompanhadas dos selos de IPI; QUE, esclarece nesse instante que apenas o terreno e o prédio pertencem a seu filho e sua exmulher e que a máquina de produzir cachaça foi adquirida pela ROMA IND. DE BEBIDAS LTDA; QUE, na verdade, o declarante cuida somente da parte do patrimônio da empresa; QUE, a Fl. 1294DF CARF MF Processo nº 14120.000241/200609 Acórdão n.º 9101003.592 CSRFT1 Fl. 21 20 empresa ROMA enche as garrafas de cachaça e a VÔ KIKO autorizou o uso da marca para a empresa, por isso as garrafas possuem o rótulo da empresa; QUE, a VÔ KIKO possuía antes o selo de IPI, no entanto tornou se devedora e a Receita Federal "trancou" o selo; QUE, se compromete a apresentar contrato de arrendamento do serviço de uso de marca para a empresa ROMA IND. DE BEBIDAS LTDA; QUE, as caixas com garrafas de cachaça apreendidas foram encontradas no depósito da empresa e realmente seriam vendidas sem o selo do IPI; QUE, a respeito do galão de éter também apreendido explica que referida substância já se encontrava nos depósitos da empresa quando a mesma foi comprada por seu filho e ex mulher há uns quatro ou cinco anos; QUE, provavelmente os documentos que autorizam o depósito da substância devem estar registrados em nome da AVEZANI; QUE, nunca precisou comprar éter e nunca utilizou tal substância; QUE, neste ato apresenta cópia de uma tabela elaborada pelo químico da AVESANI para utilização do éter; QUE, acrescenta que a cachaça era revendida somente para o Estado do Mato Grosso do Sul; QUE, não produzem bebida em Ponta Porã/MS. E mais não disse e nem lhe foi perguntado. Nada mais havendo, mandou a Autoridade encerrar o presente termo que, lido e achado conforme, vai devidamente assinado. Eu, Augustinho Oliveira Cezarino, Escrivão de Polícia Federal, o lavrei. Há uma série de situações evidenciando que a empresa Roma Indústria e Comércio de Bebidas Ltda., constituída em nome de interpostas pessoas, era na verdade uma empresa de fachada para encobrir todo um esquema fraudulento de produção e comercialização de bebidas, e que, conforme informação prestada pela empresa White Martins Gases Industrias Ltda., se apresentava para terceiros (nos contatos comerciais que fazia), pela pessoa de Rafael Pereira Goldoni. Acolhendo, portanto, os argumentos apresentados pela Fiscalização, pela DRJ, e também pela ora recorrente (a PGFN), penso que deve ser restabelecida a responsabilidade tributária de Rafael Pereira Goldoni. Desse modo, voto no sentido de DAR provimento ao recurso especial da PGFN. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 1295DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.916743/2011-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.592
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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COFINS. Recorrente Sociedade Paranaense de Ensino e InformáticaSPEI Recorrida Fazenda Nacional Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. A DRF, no despacho decisório, indeferiu o pedido, em razão do recolhimento indicado no PER/DCOMP ter sido integralmente utilizado para quitação de débito confessado pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição ou compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, o Pedido de Restituição foi indeferido e a compensação declarada não foi homologada, conforme o caso. Cientificada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade cuja argumentação é a seguir resumida. Sustenta que é uma instituição de educação sem fins lucrativos e, nos termos do art. 14, X da MP nº 2.15835, de 2001, estaria isenta da COFINS. Argumenta que tal RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 16 74 3/ 20 11 -2 1 Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10980.916743/201121 Resolução nº 3301000.592 S3C3T1 Fl. 3 2 dispositivo estabelece que tal isenção se dá, a partir de 01/02/1999, para as receitas relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13, o qual, por sua vez, referese às “instituições de educação e de assistência social” arroladas no art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Afirma que se encaixa nos requisitos legais, uma vez que: (a) não remunera, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; (b) aplica integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; e (c) assegura a destinação de seu patrimônio à outra instituição congênere, em caso de extinção. Anexa o seu Estatuto Social para provar o alegado. Relativamente à expressão “atividade própria” (art. 14, X, da MP 2.158/35), argumenta que deve ser entendida como aquela atividade regular e relativa à natureza essencial da entidade. Sustenta que ‘própria’ é toda a atividade prevista em seu estatuto, ou na lei, já que conexa à própria existência da pessoa jurídica. Assim, assevera que “a existência de finalidade lucrativa não devia ser vinculada à gratuidade ou não dos serviços prestados ou à forma de obtenção da receita, nas, sim, à forma como ela é aplicada. Caso constitua objetivo da instituição exercer atividade educacional sem fins lucrativos, ainda que o serviço seja prestado mediante o pagamento de mensalidade ou retribuições, a receita obtida com as mensalidades constitui receita própria de sua atividade e, desta forma, estaria isenta da COFINS.” Afirma, outrossim, que os princípios da legalidade e da legalidade tributária impede o Fisco de exigir tributo que não está previsto em lei, acrescentando que a lei, nesse caso, prevê expressamente uma isenção. Portanto, em seu entendimento, não há “espaço para que atos normativos como, por exemplo, decretos, instruções normativas, atos interpretatórios ou declaratórios criem qualquer redução ou limitação à isenção de COFINS prevista nos artigos 13 e 14 da MP 2.15835/01”. No seguimento, tece comentários sobre o instituto da compensação para afirmar que “tendo a instituição recolhido o tributo de forma indevida tem direito à restituição/compensação”. Em razão do alegado, requer a homologação da compensação pleiteada. A 3ª Turma da DRJ/CTA indeferiu a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 06041.979. Em seu recurso voluntário, a empresa: § Reitera os fundamentos de sua manifestação de inconformidade; § Declara que se subsume à isenção do art. 14, X da MP n° 2.15835; § Aduz que “todos os valores que são aplicados no desenvolvimento da atividade da entidade sem fins lucrativos são receitas decorrentes de atividades próprias”. § Defende a inaplicabilidade da IN n° 247/2002; § Junta documentos que comprovariam sua condição de isenta. É o relatório. Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10980.916743/201121 Resolução nº 3301000.592 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3301000.589, de 19 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10980.934789/200916, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301000.589): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Os fundamentos da negativa do pleito da Recorrente pela DRJ foram: I. Na interpretação do art. 14, X da MP, entendeu o voto condutor que seriam receitas de atividades próprias das instituições a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532/97, apenas as receitas típicas dessas entidades, como as decorrentes de contribuições, doações e subvenções por elas recebidas, bem assim mensalidades ou anuidades pagas por seus associados, destinadas à manutenção da instituição e consecução de seus objetivos sociais, sem caráter contraprestacional. A DRJ aplicou o art. 47, da Instrução Normativa n° 247/2002: Art. 47. As entidades relacionadas no art. 9º desta Instrução Normativa: I – não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e II – são isentas da Cofins em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. § 1º Para efeito de fruição dos benefícios fiscais previstos neste artigo, as entidades de educação, assistência social e de caráter filantrópico devem possuir o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social expedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos, de acordo com o disposto no art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991. § 2º Consideramse receitas derivadas das atividades próprias somente aquelas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. II. Atendeu ao comando do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, aduzindo que se sujeitam à incidência da COFINS, as receitas decorrentes de atividades comuns às dos agentes econômicos, como as resultantes da venda de mercadorias e prestação Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10980.916743/201121 Resolução nº 3301000.592 S3C3T1 Fl. 5 4 de serviços, inclusive as receitas de matrículas e mensalidades dos cursos ministrados pelas entidades educacionais, ainda que exclusivamente a seus associados e em seu benefício e, receitas de aplicações financeiras. Concluiu que estão sujeitas à COFINS, por força da Lei nº 9.718/98, as receitas de caráter contraprestacional, inclusive as mensalidades cobradas por instituições de educação e as receitas financeiras auferidas. A revisão dos dois pontos será feita a seguir. Isenção do art. 14, X, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001 Prescreve o art. 14, X da MP n° 2.15835: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. Por sua vez, o art. 13 do mesmo veículo normativo dispõe: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997; Notese que o art. 13, III da MP nº 2.15835/2001 ao fazer remissão ao art. 12 da Lei n° 9.532/1997, condiciona a Instituição ao cumprimento das exigências impostas por esta Lei. O art. 12 da Lei n° 9.532/1997, com redação vigente à época, exigia: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10980.916743/201121 Resolução nº 3301000.592 S3C3T1 Fl. 6 5 c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes; g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público; h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo. § 3º Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinando exercício, destine referido resultado integralmente ao incremento de seu ativo imobilizado. Ocorre que as mensalidades cobradas por instituições de educação estão ao abrigo da norma isentiva, como já pacificado pela Súmula CARF n° 107 e pelo REsp 1.353.111 RS, DJ 18/12/2015, julgado como recurso repetitivo, transitado em julgado desde 02/03/2016, verbis: Súmula CARF nº 107 A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.15835, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997. REsp 1.353.111 – RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COFINS. CONCEITO DE RECEITAS RELATIVAS ÀS ATIVIDADES PRÓPRIAS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 14, X, DA MP N. 2.15835/2001. ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 247/2002. SOCIEDADE CIVIL EDUCACIONAL OU DE Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10980.916743/201121 Resolução nº 3301000.592 S3C3T1 Fl. 7 6 CARÁTER CULTURAL E CIENTÍFICO. MENSALIDADES DE ALUNOS. 1. A questão central dos autos se refere ao exame da isenção da COFINS, contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos, a fim de verificar se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de instituição de ensino como contraprestação desses serviços educacionais. O presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. 2. O parágrafo § 2º do art. 47 da IN 247/2002 da Secretaria da Receita Federal ofende o inciso X do art. 14 da MP n° 2.15835/01 ao excluir do conceito de "receitas relativas às atividades próprias das entidades", as contraprestações pelos serviços próprios de educação, que são as mensalidades escolares recebidas de alunos. 3. Isto porque a entidade de ensino tem por finalidade precípua a prestação de serviços educacionais. Tratase da sua razão de existir, do núcleo de suas atividades, do próprio serviço para o qual foi instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa toada, não há como compreender que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de "atividades próprias da entidade", conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 4. Precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (...) 6. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: as receitas auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sendo flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Logo, deve a decisão de piso ser reformada nesse ponto. A respeito do cumprimento dos requisitos do art. 12 da lei n° 9.532/97, aponta a Instituição os artigos do seu Estatuto Social que comprovam exatamente o exigido pela Lei n° 9.532/97 (art. 1°, 3°, 30, 32, 34), junta a DIPJ alegando que sua condição sempre foi de conhecimento do fisco e prossegue: Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10980.916743/201121 Resolução nº 3301000.592 S3C3T1 Fl. 8 7 Entendo que a prova do cumprimento dos requisitos é da Recorrente, contudo não foi instada a isso quando da edição do Despacho Decisório. No recurso voluntário, acostou documentos que merecem a análise da Delegacia de Origem. Alargamento da Base de Cálculo da COFINS – RE n° 585.235/MG RG Resta pacificado no STF o entendimento sobre a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Dessa forma, considerase receita bruta ou faturamento o que decorre da venda de mercadorias, da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. É o resultado econômico das operações empresariais típicas, que constitui a base de cálculo do PIS. O alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE nº 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmando a jurisprudência consolidada pelo STF: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais... Em decorrência, apenas o faturamento decorrente da prestação de serviços e da venda de mercadorias (não se podendo incluir outras receitas, tais como aquelas de natureza financeira) pode ser tributado pelo PIS. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10980.916743/201121 Resolução nº 3301000.592 S3C3T1 Fl. 9 8 Logo, assiste razão à Recorrente quando alega que as receitas financeiras não podem compor a base de cálculo da COFINS. Conclusão Diante da plausibilidade do pleito da Recorrente, entendo necessária a conversão em diligência deste processo para a confirmação da tributação indevida pela COFINS sobre as receitas operacionais (“próprias”), bem como sobre as receitas financeiras. Isso porque a tributação sobre as “receitas próprias”, incluídas as mensalidades pagas por alunos, são isentas, nos termos do art. 14, X da Medida Provisória. Ao passo que a exclusão das receitas financeiras se dá com base na inconstitucionalidade do alargamento a base de cálculo da COFINS pelo art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/1998. Por conseguinte, voto pela conversão do julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10980.916743/201121 Resolução nº 3301000.592 S3C3T1 Fl. 10 9 c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 110DF CARF MF
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Numero do processo: 13855.721574/2011-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2006, 2007
ACÓRDÃO DRJ. AUTORIDADE COMPETENTE. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos dos artigos 10 e 59, ambos do Decreto nº 70.235/72. In casu, o acórdão foi proferido por autoridade competente.
EXCLUSÃO DO SIMPLES FEDERAL. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS.
A Representação para Fins de Exclusão do Simples Nacional e o Ato Declaratório foram devidamente fundamentados nos termos dos artigos 9º, inciso II e 14º, inciso I, da Lei nº 9.317/96. Não há que se falar em nulidade dos atos administrativos.
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
As normas que regulamentam a emissão de Mandado de Procedimento Fiscal dizem respeito ao controle interno das atividades da Secretaria da Receita Federal, portanto, eventuais vícios na sua emissão e execução não afetam a validade do lançamento, desde que não tragam prejuízo às defesas dos contribuintes.
Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2006, 2007
SIMPLES. EXCLUSÃO DE OFÍCIO. EFEITOS.
A pessoa jurídica excluída do Simples Federal sujeitar-se-á, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas.
Para se determinar o início dos efeitos da exclusão, nos termos do artigo 15, inciso II, da Lei nº 9.317/96, devemos considerar a situação excludente prevista no artigo 9º, inciso XIII, do mesmo diploma legal.
ANÁLISE DE CONSTITUCIONALIDADE. LEGISLAÇÃO VIGENTE. IMPOSSIBILIDADE.
Não pode a autoridade lançadora e julgadora administrativa, invocando o princípio do não-confisco, afastar a aplicação da lei tributária. Isso ocorrendo, significaria declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da lei tributária que funcionou como base legal do lançamento (imposto e multa de ofício). Aplicável o teor da Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 1201-002.161
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Gisele Barra Bossa, José Carlos de Assis Guimarães, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à ausência do conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado), Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado em substituição à ausência do conselheiro Rafael Gasparello Lima), Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado em substituição à ausência do conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli), Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausentes, justificadamente, os conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado, Rafael Gasparello Lima e Luis Henrique Marotti Toselli.
Nome do relator: GISELE BARRA BOSSA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2006, 2007 ACÓRDÃO DRJ. AUTORIDADE COMPETENTE. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos dos artigos 10 e 59, ambos do Decreto nº 70.235/72. In casu, o acórdão foi proferido por autoridade competente. EXCLUSÃO DO SIMPLES FEDERAL. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS. A Representação para Fins de Exclusão do Simples Nacional e o Ato Declaratório foram devidamente fundamentados nos termos dos artigos 9º, inciso II e 14º, inciso I, da Lei nº 9.317/96. Não há que se falar em nulidade dos atos administrativos. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. As normas que regulamentam a emissão de Mandado de Procedimento Fiscal dizem respeito ao controle interno das atividades da Secretaria da Receita Federal, portanto, eventuais vícios na sua emissão e execução não afetam a validade do lançamento, desde que não tragam prejuízo às defesas dos contribuintes. Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2006, 2007 SIMPLES. EXCLUSÃO DE OFÍCIO. EFEITOS. A pessoa jurídica excluída do Simples Federal sujeitar-se-á, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Para se determinar o início dos efeitos da exclusão, nos termos do artigo 15, inciso II, da Lei nº 9.317/96, devemos considerar a situação excludente prevista no artigo 9º, inciso XIII, do mesmo diploma legal. ANÁLISE DE CONSTITUCIONALIDADE. LEGISLAÇÃO VIGENTE. IMPOSSIBILIDADE. Não pode a autoridade lançadora e julgadora administrativa, invocando o princípio do não-confisco, afastar a aplicação da lei tributária. Isso ocorrendo, significaria declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da lei tributária que funcionou como base legal do lançamento (imposto e multa de ofício). Aplicável o teor da Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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AUTORIDADE COMPETENTE. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos dos artigos 10 e 59, ambos do Decreto nº 70.235/72. In casu, o acórdão foi proferido por autoridade competente. EXCLUSÃO DO SIMPLES FEDERAL. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS. A Representação para Fins de Exclusão do Simples Nacional e o Ato Declaratório foram devidamente fundamentados nos termos dos artigos 9º, inciso II e 14º, inciso I, da Lei nº 9.317/96. Não há que se falar em nulidade dos atos administrativos. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. As normas que regulamentam a emissão de Mandado de Procedimento Fiscal dizem respeito ao controle interno das atividades da Secretaria da Receita Federal, portanto, eventuais vícios na sua emissão e execução não afetam a validade do lançamento, desde que não tragam prejuízo às defesas dos contribuintes. ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2006, 2007 SIMPLES. EXCLUSÃO DE OFÍCIO. EFEITOS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 72 15 74 /2 01 1- 77 Fl. 237DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 3 2 A pessoa jurídica excluída do Simples Federal sujeitarseá, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Para se determinar o início dos efeitos da exclusão, nos termos do artigo 15, inciso II, da Lei nº 9.317/96, devemos considerar a situação excludente prevista no artigo 9º, inciso XIII, do mesmo diploma legal. ANÁLISE DE CONSTITUCIONALIDADE. LEGISLAÇÃO VIGENTE. IMPOSSIBILIDADE. Não pode a autoridade lançadora e julgadora administrativa, invocando o princípio do nãoconfisco, afastar a aplicação da lei tributária. Isso ocorrendo, significaria declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da lei tributária que funcionou como base legal do lançamento (imposto e multa de ofício). Aplicável o teor da Súmula CARF nº 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Gisele Barra Bossa, José Carlos de Assis Guimarães, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à ausência do conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado), Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado em substituição à ausência do conselheiro Rafael Gasparello Lima), Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado em substituição à ausência do conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli), Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausentes, justificadamente, os conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado, Rafael Gasparello Lima e Luis Henrique Marotti Toselli. Relatório 1. Por economia processual e por bem descrever os fatos, adoto como parte deste, o relatório constante da decisão de primeira instância: “Tratase de Representação Fiscal para Exclusão do Simples elaborada com amparo nos artigos 9º, XIII, 12, 13, II, “a” e 14, I da Lei 9.317/96, e nos seguintes fatos: Consta do contrato social e alterações da empresa como objeto social o “COMÉRCIO VAREJISTA DE ARTIGOS PARA Fl. 238DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 4 3 ESCRITÓRIO EM GERAL, OBJETOS ESCOLARES E PAPELARIA.” No entanto, de fato, constatouse que a atividade da empresa corresponde à de escritório de contabilidade. Tal conclusão baseouse: (a) em declaração fornecida pelo sócio da empresa de que não possuía atividade mercantil, atuando como escritório de contabilidade; (b) recibos de pagamentos aos empregados e Fichas de Registro de Empregados (FRE) que demonstram o exercício de funções exclusivamente de prestação de serviços para escritório de contabilidade (contador, encarregado de departamento pessoal, auxiliar de departamento fiscal, etc.); (c) o Livro de Registro de Entradas (LRE) demonstra que a empresa não praticou atividade comercial, não havendo movimento registrado nesse livro; (d) constatação mediante análise dos bancos de dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) que não existe receita oriunda da atividade comercial para o período fiscalizado. A representante legal da empresa foi pessoalmente cientificada em 16/09/2011 para apresentar suas razões contra a Representação Fiscal, tendo se mantido inerte. Com base nas informações constantes da Representação Fiscal, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Franca emitiu o Ato Declaratório Executivo 25, de 27/07/2011, excluindo a empresa do Simples no período de 01/01/2006 a 30/07/2007. Regularmente cientificada, a empresa apresentou Manifestação de Inconformidade em relação ao ato declaratório em questão. A manifestação de inconformidade também foi interposta pela Sra. Vanessa Marília Vieira, sócia da empresa. Foi alegando, em síntese, que: Inicialmente, requer a suspensão de qualquer medida judicial e todos os atos posteriores ao presente auto até o julgamento definitivo do processo administrativo, com fundamento no artigo 151, III do Código Tributário Nacional (CTN). A suposta conduta da interessada é descrita pela fiscalização de forma indeterminada e imprecisa. Não foram especificados os atos que vicejaram a aplicação das penalidades administrativas, não se demonstrando qual a participação ou envolvimento da empresa com os supostos fatos. Não houve indicação da norma ou lei infringida e da penalidade aplicável. Assim, verificasse ofensa à ampla defesa e contraditório. Discorre longa e repetidamente acerca de tais argumentos. A interessada, sem qualquer ato que caracterizasse sua permissão, foi excluída do Simples com fundamento no artigo 9º, XIII da Lei 9.317/96. Tudo foi realizado sem respeito aos direitos da interessada e sem a ciência da empresa, a qual somente depois da notificação dos AI é que tomou conhecimento do ato declaratório, não tendo sido informados os motivos que poderiam justificar esta conduta tomada de forma abrupta. Fl. 239DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 5 4 Discorre a respeito do Simples Nacional, invocando a Lei Complementar 123/2006. Ressaltando sua condição de microempresa, alega a inconstitucionalidade dos impedimentos à opção previstos nessa lei. Cita o artigo 179 da Constituição Federal e discorre a respeito da importância do tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas, mencionando que a pequena empresa não precisa se organizar como um empreendimento de vulto, tendo apresentado à fiscalização em tempo hábil, todos os documentos que possuía, não podendo ser descredenciada do Simples pela mera suposta falta de documentos. A fiscalização não apurou qualquer fato contábil não contabilizado, assim, a interessada está sendo punida não por não contabilizar determinado fato (o que seria correto), mas por efetuar de forma escorreita os lançamentos e não localizar algum documento para apresentar à fiscalização. Ressalta que “Ninguém lança VALORES CONTÁBEIS SEM ORIGEM, NINGUÉM DESEJA PAGAR MAIS DO QUE DEVE”. No máximo poderia ser aplicada a multa correspondente pela não apresentação do documento. A exclusão promovida pelo ato declaratório não pode retroceder, sob pena de ofensa ao princípio da segurança jurídica. Uma vez sendo pago o valor constante do lançamento e o mesmo sendo convalidado, incide a regra da imutabilidade do lançamento, que não pode ser alterado por mudança do critério interpretativo. Aduz que houve ofensa ao disposto no artigo 150, III, “a” da CF (princípio da irretroatividade da lei tributária) e menciona, ainda, o disposto no artigo 15, II da Lei 9.317/96, afirmando que o mês no qual ocorreu a situação excludente é aquele em que o contribuinte foi notificado de sua exclusão, não cabendo ao contribuinte ser penalizado pela omissão da RFB, a quem compete fiscalizar as opções no Simples. Ademais, o contribuinte é parte hipossuficiente na relação com o fisco e afastase, desde o início, qualquer tentativa de utilização de máfé por parte do contribuinte, eis que esta tem que ser provada. Invoca a ocorrência da decadência, mencionando o que dispõe o artigo 173 do CTN. Não havia vedação para que a empresa pudesse optar pelo Simples e a Lei Complementar 128 estendeu esta possibilidade ao contador (alegação a título meramente argumentativo já que a empresa nunca exerceu ou realizou função de contador). Tendo sido revogada a Lei 9.317/96, não pode ser mantida medida sancionatória fiscal com amparo em lei que não se encontra mais em vigência. A empresa não possui débito e seus empregados estão todos registrados, com seus direitos assegurados, não existindo qualquer irregularidade. Fl. 240DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 6 5 Requer por economia processual, a aplicação do disposto no artigo 9º, § 1º. do Decreto 70.235/72, bem como, os demais documentos do AI e do processo administrativo como parte integrante desta defesa. A empresa jamais agiu de forma inidônea, sendo sua atividade – digitação e ou processamento de dados – totalmente abrigada pelo Simples. Também, jamais deixou de cumprir com suas obrigações sociais. Questiona (a) onde se encontra a prova cabal do ato irregular da empresa? (b) quando foram ouvidos seus representantes? (b) quando foi dada ciência aos mesmos dos atos relativos às oitivas unilaterais de “testemunhas” pelo fisco? (d) quando foi apurada a utilização irregular da pessoa jurídica? (e) qual dispositivo legal permite a cobrança retroativa do Simples se a vigência da LC 123/2006 é a partir de 07/2007 e (f) onde estão as provas de intimação da impugnante de todos os atos procedimentais. Impugna os documentos apreendidos e constantes da relação anexada ao Termo de Verificação Fiscal, pugna pelo acolhimento de suas razões e pela produção de todas as provas e diligências que se fizerem necessárias.” 2. Em sessão de 21 de dezembro de 2011, a 9ª Turma da DRJ/RBP, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do voto relator, Acórdão nº 1436.213 (fls. 158/167), cuja ementa recebeu o seguinte descritivo, verbis: “ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2006, 2007 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. SUSPENSÃO DA EXCLUSÃO DO SIMPLES. IMPOSSIBILIDADE. A manifestação de inconformidade não tem o condão de suspender o ato de exclusão do Simples. PRODUÇÃO DE PROVAS. NECESSIDADE. A produção de provas desenvolverseá de acordo com a necessidade à formação da convicção da autoridade julgadora, a quem cabe indeferilas quando se mostrarem desnecessárias. EXCLUSÃO. EFEITOS. Constatado pela autoridade fiscal que a empresa informou o exercício de atividade que permitia a opção pelo simples mas, de fato, exercia atividade vedada à opção, deverá ser feita sua exclusão do regime tributário simplificado a partir da ocorrência da situação excludente, entendendose como tal o exercício da atividade vedada. Fl. 241DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 7 6 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGÜIÇÃO. AFASTAMENTO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. A instância administrativa é incompetente para afastar a aplicação da legislação vigente em decorrência da arguição de sua inconstitucionalidade ou ilegalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio.” 3. A DRJ/RPO não acatou os argumentos da Recorrente, em síntese, sob os seguintes fundamentos: (i) a contribuinte não logrou êxito em comprovar que ao tempo da fiscalização exercia atividade não vedada pela Lei nº 9.317/96; (ii) a autoridade fiscal fundamentou devidamente o ato de exclusão do Simples com documentos comprobatórios e nos termos da lei vigente à época dos fatos fiscalizados; (iii) diferentemente do alegado pela contribuinte, a Lei do Simples Federal prevê que os efeitos da exclusão terão início a partir do mês subsequente ao que incorrida a situação excludente e não da intimação da contribuinte da exclusão; e (iv) não é de competência do julgador administrativo declarar inconstitucionalidade de norma, devendo aplicar o disposto da lei vigente. 4. Cientificada da decisão (AR de 19/03/2012, de fls. 170), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário (fls. 174/226) em 10/04/2012, reiterando parcialmente as razões já expostas em sua Manifestação de Inconformidade contra o Ato de Exclusão do Simples Federal (fls. 117/149), para reafirmar que (i) a suposta conduta irregular da empresa foi descrita de forma imprecisa; (ii) o ato de exclusão é nulo e inconstitucional; e (iii) o efeito retroativo da exclusão do Simples é ilegal. 5. Em especial, requerer a declaração de nulidade: (i) do acórdão da DRJ/RPO de fls. 158/167 em razão da inobservância de requisito formal de subscrição por autoridade competente e por não enfrentar alegações da Recorrente; (ii) do Ato de Exclusão do Simples Federal de fl. 14; (iii) do procedimento fiscal; e (iv) do processo administrativo fiscal. É o relatório. Voto Conselheira Gisele Barra Bossa, Relatora 6. O recurso é tempestivo e cumpre os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar. Questões Preliminares I. Da Validade do acórdão proferido pela DRJ/RPO 7. Inicialmente, é relevante pontuar que o presente processo tem como objeto a exclusão da Recorrente do Simples Federal e não eventuais inconsistências nos autos de infração lavrados em virtude da exclusão. Fl. 242DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 8 7 8. Em que pese a Recorrente alegue ser nula a r. decisão de piso (fls. 158/167) por não ter apreciado integralmente seus argumentos de defesa, verifico que o referido acórdão enfrentou as alegações preliminares e de mérito constantes do presente processo administrativo fiscal, com observância dos ditames legais e processuais inerentes. Nesse sentido, não vislumbro quaisquer vícios formais e materiais no Ato de Exclusão, tampouco óbices ao pleno exercício do direito de defesa pela contribuinte. 9. No mais, a Recorrente alega ser a autoridade fiscal que subscreveu o acórdão incompetente para prolatar decisões de primeira instância por não ser Delegada da Secretaria da Receita Federal, o que leva a nulidade do acórdão. 10. Contudo, a Recorrente se limitou a apontar falta do requisito formal e não apresentou quaisquer provas que fundamentem a alegação de incompetência. 11. Vejam que, a decisão de piso foi proferida pela 9ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) e, portanto, em conformidade com teor do artigo 25, do Decreto nº 70.235/72, que determina a competência da Delegacias da Receita Federal de Julgamento para julgar os processos administrativos fiscais em primeira instância, verbis: Art. 25. O julgamento do processo de exigência de tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal compete: I em primeira instância, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento, órgãos de deliberação interna e natureza colegiada da Secretaria da Receita Federal; 12. Logo, o acórdão foi proferido por autoridade competente. 13. Não é demais lembrar que, somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos dos artigos 10 e 59, ambos do Decreto nº 70.235/72: “Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula.” “ Art. 59. São nulos: Fl. 243DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 9 8 I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta.” 14. No presente caso, não verifico qualquer nulidade formal ou material ocasionada pela inobservância do disposto nos artigos 10 e 59, tampouco dos requisitos constantes do artigo 5º, incisos V e XXXIII, da Constituição Federal e artigo 142 do Código Tributário Nacional. 15. Portanto, afasto a caracterização de nulidade alegada pela Recorrente. II. Da Validade do Ato de Exclusão do Simples Federal 16. A Recorrente afirma ser nulo o ato administrativo de exclusão do Simples Federal porque a autoridade fiscal teria deixado de motivar sua decisão. 17. No entanto, a autoridade fiscal concluiu, a partir das circunstâncias fáticas, que a empresa, ora Recorrente, exercia atividade não permitida pela legislação do Simples e fundamentou o Ato de Exclusão nos artigos 9º, 12º, 13 e 14º da Lei nº 9.317/96. 18. Nesse mesmo sentido, foi a r. decisão de piso, verbis: “Dos Fundamentos do Ato Declaratório Executivo de Exclusão: (...) Embora a interessada tenha afirmado genericamente que não exercia a atividade de escritório de contabilidade, inclusive asseverando que atuava com digitação e ou processamento de dados (atividade que também divergem do objetivo social), não enfrentou os motivos que levaram a autoridade fiscal a esta conclusão. Assim, nada argumentou a respeito da declaração própria de que apenas atuava como escritório de contabilidade e não forneceu qualquer justificativa para fatos apurados pela autoridade lançadora, tais como: empregados registrados com funções típicas de um escritório de contabilidade, LRE e outras informações comprobatórias de que a empresa não exerceu atividade comercial. Todos estes fatos constam da Representação Fiscal lavrada, da qual foi dada a devida ciência à interessada em 16/09/2011, conforme consta nos autos. Sendo assim, restam claros os Fl. 244DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 10 9 fundamentos de fato e de direito que ensejaram a exclusão da empresa do Simples, não havendo que se falar em cerceamento ao seu direito de defesa ou ao contraditório. Com tais esclarecimentos, respondese aos questionamentos da interessada referentes à prova do ato irregular da empresa, da ciência dos atos praticados, não se verificando qualquer vício de natureza formal ou material no procedimento realizado”. 19. De fato, a alegação de nulidade por ausência de fundamentação/ motivação não se sustenta, pois examinando a Representação Fiscal para Exclusão do Simples (fls. 8/12) é possível verificar que a autoridade fiscalizadora analisou cuidadosamente os documentos entregues pela Recorrente e outros que compõe o processo de nº 13855.002341/201092 para, somente após, concluir que a contribuinte exercia atividade cuja opção pelo Simples Federal é vedada. 20. O Ato Declaratório Executivo foi devidamente fundamentado no artigo 9º, inciso XIII, da Lei nº 9.317/96. Confirase: Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: (...) XIII que preste serviços profissionais de corretor, representante comercial, despachante, ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico, dentista, enfermeiro, veterinário, engenheiro, arquiteto, físico, químico, economista, contador, auditor, consultor, estatístico, administrador, programador, analista de sistema, advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitário, fisicultor, ou assemelhados, e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida; 21. Diante do exposto, não acolho o pedido da Recorrente de nulidade do Ato Declaratório Executivo SIMPLES Nacional nº 25, de Julho de 2011. Também aqui, não verifico qualquer causa de nulidade pela inobservância do disposto nos artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235/72. III. Da Validade do Procedimento e do Processo Administrativo Fiscal 22. Por fim, a Recorrente afirma que não foram observados os princípios do contraditório e da ampla defesa ao longo do procedimento e do processo administrativo fiscal. 23. Entretanto, conforme já consignado, a autoridade fiscal analisou cuidadosamente documentação entregue pela contribuinte. De outra parte, a Recorrente, mesmo tendo sido regularmente intimada, foi incapaz de trazer, em seus instrumentos de defesa, elementos capazes de comprovar suas alegações. 24. Dentre as matérias supostamente não enfrentadas pela decisão de piso, a Recorrente afirma que não há nos autos prova da “necessária prorrogação da MPF”, visto que a averiguação e investigação teriam extrapolado o prazo de 120 dias. Fl. 245DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 11 10 25. O Mandado de Procedimento Fiscal nº 0812300.2011.00396 foi lavrado no dia 27/05/2011 (fl. 2), a Recorrente foi intimada por meio do Termo de Início de Procedimento Fiscal em 01/06/2011 e novamente em 12/07/2011 do Termo de Intimação Fiscal nº 01/2011 (fls. 6/7) e então, em 27/07/2011 foi lavrada a Representação Fiscal para exclusão (fls. 8/12). Verificase que o prazo de 120 dias não foi excedido, logo não há que se falar em vício do procedimento fiscal. 26. Ademais, as normas que regulamentam a emissão de Mandado de Procedimento Fiscal MPF dizem respeito ao controle interno das atividades da Secretaria da Receita Federal, portanto, eventuais vícios na sua emissão e execução não afetam a validade do lançamento, desde que não tragam prejuízo às defesas dos contribuintes. Isso porque, a data do termo final do MPF tem implicações para fins de resgate da espontaneidade do contribuinte (artigo 7º, § 2° do Decreto nº 70.235/72) e para a configuração da decadência do crédito tributário, mas não para a sua validade formal. 27. Nesse sentido, são os julgados desse E. Conselho, verbis: "VÍCIOS DO MPF NÃO GERAM NULIDADE DO LANÇAMENTO. As normas que regulamentam a emissão de mandado de procedimento fiscal MPF, dizem respeito ao controle interno das atividades da Secretaria da Receita Federal, portanto, eventuais vícios na sua emissão e execução não afetam a validade do lançamento." (Processo nº 13839.004872/200711, Acórdão nº 1201001.630, 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária/ 1ª Seção, Sessão de 10 de abril de 2017, Relator Luis Henrique Marotti Toselli). "MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. CIÊNCIA. TERMOS EMITIDOS PELA FISCALIZAÇÃO. VALIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF é instrumento interno de planejamento e controle das atividades e procedimentos fiscais efetuados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Mesmo se houver equívocos na formalização do MPF, tendo sido emitidos os termos previstos no art. 196 do Código Tributário Nacional e no art. 8º do Decreto nº 70.235/1972 nos moldes legais, não há que se falar em nulidade do procedimento fiscal." (Processo nº 10875.722953/201409, Acórdão nº 2201003.859, 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária/ 2ª Seção, Sessão de 12 de setembro de 2017, Relator Marcelo Milton da Silva Risso). "MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE NÃO CONFIGURADA. A suposta imprecisão do MPF, ainda que impedisse a precisa identificação temporal para o seu encerramento, não implicaria a sua nulidade e do correlato lançamento, uma vez que não trouxe prejuízo às defesas dos contribuintes e, ainda, porque a data do termo final do MPF tem implicações para fins de resgate da espontaneidade do contribuinte (art. 7º, § 2° do Decreto nº 70.235/72) e para a configuração da decadência do crédito tributário, mas não para a sua validade formal." (Processo nº 10314.723792/201418, Acórdão nº 3402004.365, 4ª Câmara / Fl. 246DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 12 11 2ª Turma Ordinária/ 3ª Seção, Sessão de 30 de agosto de 2017, Relator Diego Diniz Ribeiro). 28. O MPF em questão foi emitido nos termos no art. 196 do Código Tributário Nacional (CTN) e no art. 8º do Decreto nº 70.235/721, não constato qualquer prejuízo a Recorrente que justifique sua invalidação formal, tampouco a nulidade dos lançamentos em exame. Dessa forma, rejeito a presente preliminar. Mérito I. Da Exclusão do Simples Federal 29. Verificouse durante o procedimento fiscal que a Recorrente prestava serviços de contadoria, conduta esta vedada pelo artigo 9º, inciso XIII, da Lei 9.317/96. A Recorrente não trouxe provas ou argumentos capazes de demonstrar que realizava atividade diversa da prevista em seu objeto social quando da sua constituição. Também não foi capaz de refutar declaração assinada pela representante legal da empresa, na qual afirma que a ora Recorrente desempenhava a atividade de contabilidade desde o início do seu funcionamento. 30. Como a Recorrente não trouxe elementos para refutar os fatos que levaram à sua exclusão do Simples, tampouco argumentos específicos em seus instrumentos de defesa (Manifestação de Inconformidade (fls. 117/149) e Recurso Voluntário (fls. 174/ 226)), considero a questão incontroversa. II. Da Vigência da Legislação do Simples Federal 31. A Recorrente reitera em seu recurso voluntário de que as autoridades fiscais e julgadoras utilizaram legislação revogada (Lei nº 9.317/96) para fundamentar o ato de exclusão. 32. Entretanto, o fato que motivou a exclusão da Recorrente do Simples Federal se referente ao anocalendário de 2006, especificamente o período de 01/01/2006 a 30/06/2006. Nesse período, a norma vigente a ser aplicada é justamente a Lei nº 9.317/96. 33. Portanto, alinhome a r. decisão de piso e afasto a alegação da Recorrente por considerar adequada a aplicação da Lei nº 9.317/96 ao caso concreto. III. Dos Efeitos Retroativos do Ato Declaratório Executivo de Exclusão 34. A Recorrente afirma ser nulo o ato administrativo de exclusão do Simples Federal porque teria a autoridade fiscal atribuído ilegítimo efeito retroativo. 1 CTN, "Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere este artigo." Decreto nº 70.235/1972, "Art. 8º. Os termos decorrentes de atividade fiscalizadora serão lavrados, sempre que possível, em livro fiscal, extraindose cópia para anexação ao processo; quando não lavrados em livro, entregar seá cópia autenticada à pessoa sob fiscalização." Fl. 247DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 13 12 35. A par das alegações de nulidade já terem sido superadas à luz das disposições do legislação Decreto nº 70.235/72, insta salientar que, para se determinar o início dos efeitos da exclusão, nos termos do artigo 15, inciso II, da Lei nº 9.317/96, devemos considerar a situação excludente prevista no artigo 9º, inciso XIII, do mesmo diploma legal. 36. No caso em questão, a situação excludente consiste no exercício da atividade do serviço de contadoria. Lei nº 9.317/96 Art. 15. A Exclusão do SIMPLES nas condições de que tratam os arts. 13 e 14 surtirá efeito: (...) II – a partir do mês subsequente ao que incorrida a situação excludente, nas hipóteses de que tratam os incisos III a XIX do art. 9º; 37. Não se trata aqui de violação a irretroatividade da lei tributária, pois a lei é clara ao determinar o momento no qual surtirão os efeitos da exclusão para este caso. Não é cabível admitir que os efeitos devam ter início a partir da notificação da empresa do ato declaratório que a excluiu do Simples. Essa condicionante não consta da norma e mais, neste caso, a Recorrente sequer poderia ter optado pelo regime de tributação do Simples Federal. 38. Nesta linha, considero que a r. decisão de piso aplicou corretamente o dispositivo legal, verbis: “Dos Efeitos do Ato Declaratório Executivo de Exclusão: (...) Labora em equívoco a interessada ao defender que a situação excludente corresponde à sua notificação de exclusão. Na verdade, deve se ter em mente que a exclusão foi motivada pelo exercício da atividade vedada, esta sim, a situação excludente a ser considerada. (...) Portanto, em que pese a interessada – que mostra veemência na defesa das garantias e princípios constitucionais entender que aquele que faz a opção indevida deve colher, às custas de toda a sociedade, os benefícios dessa opção enquanto não notificada de sua exclusão, o único entendimento em harmonia com o Estado Democrático de Direito e o ordenamento jurídico vigente é no sentido de que a exclusão do regime tributário simplificado daquele que exerceu atividade vedada deve produzir efeitos desde o início do exercício dessa atividade. Ainda quanto a este tema, é equivocado afirmar que a exclusão com efeitos retroativos importa em adotar retroativamente a alteração de critério interpretativo ou jurídico, ou ainda implica em ofensa aos princípios tributários da irretroatividade e da segurança jurídica. Fl. 248DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 14 13 Não houve alteração de critério jurídico nem alteração legislativa com efeitos retroativos e não representa mudança de critério interpretativo a constatação de que a empresa exercia atividade diversa da que informava ao órgão fazendário. Nos termos da Lei 9.317/96, sempre esteve prevista a exclusão da empresa que exercesse atividade vedada a partir do mês subsequente à prática dessa atividade. Quando a interessada, de fato, exerceu atividade vedada, já havia previsão legal nesse sentido e o entendimento do órgão fiscal também era este, não tendo sido alterado posteriormente. O que se verificou foi apenas a aplicação dos efeitos da exclusão à partir de quando se praticou a atividade vedada, tudo conforme previsto em lei a respeito do qual já se discorreu.” 39. Do exposto, considero correta a determinação da exclusão da Recorrente do Simples Federal a partir de 01/2006 até 06/2007. IV. Da Ausência de Ilegalidades e Inconstitucionalidades 40. A Recorrente reitera em seu Recurso Voluntário que a mera falta de apresentação dos documentos probatórios não concede “o poder de descredenciar e retirar a recorrente do SIMPLES NACIONAL”, por clara violação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 41. Na prática, tal alegação é infundada, pois na medida em que a Recorrente não consegue demonstrar que exercia atividade não vedada pelo artigo 9º, inciso XIII, da Lei nº 9.317/96, a exclusão é consequência inafastável. 42. Como se não bastasse, a Recorrente considera que os dispositivos que impõe limites e restrições às empresas que pleiteiem o direito de opção do Simples Federal são inconstitucionais, pois não se atentam ao tratamento especial de proteção que a Carta Magna ofereceu às empresas de pequeno porte e microempresas. 43. Contudo, não pode a autoridade lançadora e julgadora administrativa afastar a aplicação da lei tributária por considerála inconstitucional. 44. Isso ocorrendo, significaria declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da lei tributária que funcionou como base legal do lançamento (imposto e multa de ofício). Aplicável o teor da Súmula CARF nº 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. 45. A própria decisão de piso também desconsiderou tal alegação, pois não compete à DRJ afastar legislação vigente em razão de alegação de inconstitucionalidade, verbis: “Da Alegação de Inconstitucionalidade A interessada alega que a lei não pode impor restrições ao direito da microempresa optar pelo Simples, pois, o direito ao regime tributário simplificado é assegurado pela Constituição. Fl. 249DF CARF MF Processo nº 13855.721574/201177 Acórdão n.º 1201002.161 S1C2T1 Fl. 15 14 Tais alegações caracterizam a arguição da inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei 9.317/96 e a respeito, não cabe à Administração Pública deixar de aplicar a legislação vigente à época em que se passaram os fatos ( que conforme já dito, só foi revogada posteriormente pela LC 123/2006), pois, toda atividade administrativa passase na esfera infralegal e as normas jurídicas, quando emanadas do órgão legislador competente, gozam de presunção de constitucionalidade e legalidade, bastando sua mera existência para inferir a sua validade. É oportuno registrar que a atribuição dos julgadores da esfera administrativa está limitada a afastar a aplicação apenas de leis e atos normativos excluídos do ordenamento jurídico, nos termos dispostos na Portaria RFB 10.875, de 16 de agosto de 2007 (publicada no DOU 24/08/2007) em seu artigo 18 e no Decreto 70.235/72, artigo 26A, introduzido pela Medida Provisória 449/2008. Assim, considerandose que a autuação encontrase respaldada na legislação vigente à época, a análise de sua inconstitucionalidade esbarra na impossibilidade deste órgão julgador administrativo apreciar questões desta índole.” 46. Portanto, não há outra alternativa senão afastar a alegação da Recorrente. Conclusão 47. Diante do exposto, VOTO no sentido de CONHECER do presente RECURSO VOLUNTÁRIO, e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO para manter a exclusão da contribuinte do Simples Federal. É como voto. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Fl. 250DF CARF MF
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