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Numero do processo: 19647.019536/2008-97
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
DESPESAS ANTECIPADAS. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. INCIDÊNCIA.
0 pagamento de valores a prestadores de serviços pessoas físicas, se inexistente prestação de contas ou qualquer comprovação do dispêndio realizado pelo beneficiário, não configura antecipação de despesa, mas ganho pelo trabalho executado, integrando, por extensão, a base de cálculo das contribuições devidas à Seguridade Social.
MULTA DE MORA. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO.
Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN) a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Nova Lei limitou a multa de mora a 20%.
A multa de mora, aplicada até a competência 11/2008, deve ser recalculada, prevalecendo a mais benéfica ao contribuinte.
REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS
O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais.
Recurso Voluntário Provido em parte
Crédito Tributário Mantido em Parte
Numero da decisão: 2403-002.821
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para determinar o recálculo da multa de mora, com base na redação dada pela Lei 11.941/2009 ao art. 35 da Lei 8.212/91, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa.
Carlos Alberto Mees Stringari
Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente), Jhonatas Ribeiro da Silva, Marcelo Magalhães Peixoto, Ivacir Julio de Souza e Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. INCIDÊNCIA. 0 pagamento de valores a prestadores de serviços pessoas físicas, se inexistente prestação de contas ou qualquer comprovação do dispêndio realizado pelo beneficiário, não configura antecipação de despesa, mas ganho pelo trabalho executado, integrando, por extensão, a base de cálculo das contribuições devidas à Seguridade Social. MULTA DE MORA. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN) a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Nova Lei limitou a multa de mora a 20%. A multa de mora, aplicada até a competência 11/2008, deve ser recalculada, prevalecendo a mais benéfica ao contribuinte. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Recurso Voluntário Provido em parte Crédito Tributário Mantido em Parte AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 95 36 /2 00 8- 97 Fl. 643DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para determinar o recálculo da multa de mora, com base na redação dada pela Lei 11.941/2009 ao art. 35 da Lei 8.212/91, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente e Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente), Jhonatas Ribeiro da Silva, Marcelo Magalhães Peixoto, Ivacir Julio de Souza e Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro. Fl. 644DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 19647.019536/200897 Acórdão n.º 2403002.821 S2C4T3 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra Decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife, Acórdão 33.075– 7ª Turma, que julgou a impugnação improcedente. O lançamento e a impugnação foram assim relatadas no julgamento de primeira instância: Cuidase de crédito tributário, constituído por meio do AI 37.203.0696, envolvendo, exclusivamente, contribuições sociais (parte patronal), incidentes sobre as remunerações creditadas a segurados contribuintes individuais (autônomos), que prestaram serviços à empresa supracitada no exercício de 2004. As bases de cálculo foram obtidas: A dos recibos e valores contabilizados, consoante planilhas de fls. 67/73; 124/125; 142; 159/166. B das Declarações de Imposto de Renda Retido na Fonte — DIRF, conforme quadros de fls. 167/188. Segundo o Fisco, mencionados valores não foram declarados nas correspondentes Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP’s. O lançamento totalizou o montante de R$ 211.620,11, na ocasião de sua consolidação, e recebeu nova numeração no Ministério da Fazenda, a saber: 19647.019536/200897 Cientificada, por via postal, em 13/11/2008 (fl. 212), a empresa manejou impugnação (fls. 216/233), em 12/12/2008, ocasião em que argúi, em síntese: I — erro de fato da fiscalização: na maioria dos casos o que houve foi adiantamento de despesas de transporte, hospedagem, alimentação, entre outros, aos prestadores de serviços, que não se confunde com remuneração, promovendose, assim, majoração indevida de bases de cálculo. Passa a contestar cada um dos levantamentos: a) Levantamento PRO (Convênio PRONAF) — diz possuir documentos para comprovar adiantamentos de despesas. Neste sentido, colacionar ao feito os recibos de pagamentos. b) Levantamento AAJ (Convênio MDA/AGENTE JOVEM) diz que se refere à beneficiária Jeanne Maria Duarte dos Santos e Fl. 645DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 que comprova a despesa com adiantamento para realização das atividades relacionadas ao citado convênio. c) Levantamento ROM — diz que se trata de quitação de mútuo, junto ao colaborador e antigo parceiro Rodrigo Maule, para iniciar atividades de Avaliação de Crédito Fundiário e Combate à Pobreza Rural, conforme declaração e cópia de extratos que faz anexar à sua impugnação. d) Levantamento INC (Convênio INCRA) — diz possuir todos os documentos que comprovam terem as contribuições sociais, tanto patronal, quanto dos empregados, sido recolhidas corretamente. Acresce ainda que os valores relativos a Adjane M. da Silva foram utilizados para custear as despesas para a realização das atividades. e) Levantamento COV (Convênio MDA/CONVIVER— CFE) — afirma possuir os documentos relativos aos adiantamentos referentes as despesas. Ressalta que os recibos juntados na impugnação foram entregues pelos beneficiários e, quando há remuneração, a quantia é destacada em separado. Protesta pela junta posterior de provas, que diz não terem sido encontradas ainda, em relação a Janete M. de Souza, José W.T. Bezerra, Ana Cristina Santana da Silva, José Ramalho Chagas Neto e Carlos Cezar S. Valadares. f) Levantamento CAJ (Convênio MDA AGENTE JOVEM) — referese aos valores pagos a Jeanne Maria Duarte dos Santos, protestando por juntar posteriormente os documentos comprobatórios, dado que ainda não encontrou os respec ivos comprovantes. g) Levantamento COC (Convênio MDA/COOPERATIVA DE CRÉDITO) — diz apresentar na impugnação os comprovantes de despesas com transporte, diárias e adiantamentos para realização das atividades do citado convênio. h) Levantamento AJC (Ajuda de Custo) — referese aos serviços prestados por Flauberto A. de Mello. Alega juntar os recibos do próprio beneficiário como prova que não se trata de remuneração. i) Levantamentos TRA e DDE — relacionados, respectivamente, com despesas de transporte e diárias/estadias e, por conseguinte, não representam remuneração, conforme comprovantes que diz juntar ao feito. i) Levantamentos SPF — relacionado a serviços prestados por contribuintes individuais, sem declaração em GFIP e recolhimento. Reconhece que alguns deles não constavam da GFIP, mas que tal fato ocorreu por equivoco e não por dolo e que parte dos recolhimentos foram realizados. k) Levantamento DIR — relativo a contribuintes lançados na D1RF, mas não declarados em GFIP e em registros contábeis. Confessa que de fato alguns prestadores não constavam da GFIP, mas por erro e não por dolo, e que efetuou parte dos recolhimentos. Fl. 646DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 19647.019536/200897 Acórdão n.º 2403002.821 S2C4T3 Fl. 4 5 II — inexistir crime contra a ordem tributária, sendo a Representação Fiscal para Fins Penais, elaborada pelo Fisco, equivocada, dado que a conduta realizada não restou tipificada penalmente, sem prova de fraude ou de seu indicio, inexistindo multa agravada. Também, pleiteia a realização de perícia, elencando quesitos e indicando assistente técnico. Faz juntar, em cópia, is fls. 234/401; 404/558: estatuto; ata de assembléia; procuração e documentos de identificação de mandantes e mandatário; DARF; recibos de pagamentos a pessoas físicas; documentos de caixa; NFS; recibo de corrida de táxi (fl. 272 comunicações internas; cronograma de viagem; extrato bancário; email com dados bancários. O feito foi convertido em diligência (fl. 565), ocasião em que o Fisco voltou a se pronunciar (fls. 574/583), esclarecendo, em resumo, que: I — retornou a empresa, solicitando a exibição de todos os documentos originais comprobatórios das alegações de defesa, consoante termo próprio; II — a empresa apresentoulhe uma série de recibos, nada diferente do que consta dos autos, alguns contendo o carimbo de contabilizado e outros não; III — não existir comprovação das despesas efetuadas ou prestação de contas pelos destinatários dos pagamentos; IV — as NFS, juntadas na impugnação, não demonstram vinculação entre o alegado adiantamento feito ao segurado contribuinte individual e a pessoa jurídica que as emitiu. V — o recibo de táxi, trazido na defesa, não identifica o cliente; Fl. 647DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 VI— em relação ao alegado mútuo, feito a Rodrigo Mauule, não foi trazido aos autos qualquer contrato relativo à matéria, nem comprovação de que o valor depositado em favor da empresa foi efetuado pelo referido segurado e, ainda que o fosse, sem prova de que o fez a titulo de empréstimo; Cientificada da diligência, em 01/07/2010 (fl. 583), a empresa não voltou a se manifestar nos autos. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso voluntário onde alega/questiona, em síntese: · Equivocado enquadramento da antecipação de despesas (transporte, alimentação, hospedagem e compra de materiais) como remuneração de serviços. · Discorre sobre cada um dos levantamentos: (à semelhança da impugnação) o PRO – Convênio PRONAF o AAJ – Convêncio MDA/Agente Jovem o ROM – Rodrigo Maule. Mútuo de Rodrigo para a Associação. o INC – Convênio INCRA o COV – Convênio MDA/Conviver CFE o CAJ – Convêncio MDA/Agente Jovem o COC – Convênio MDA/Cooperativa de crédito o AJC – Ajuda de custo o TRA – Transporte o DDE – Diárias e estadias o SPF – serviço prestado por pessoas físicas não informados em GFIP (reconhece erro) o DIR – informados na declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (reconhece erro) · Representação fiscal para fins penais. É o relatório. Fl. 648DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 19647.019536/200897 Acórdão n.º 2403002.821 S2C4T3 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari, Relator O recurso é tempestivo e por não haver óbice ao seu conhecimento, passo à análise das questões pertinentes. O que se discuta neste processo é o lançamento de contribuições previdenciárias incidente sobre remuneração de contribuintes individuais. O fisco tomou como Base de Cálculo previdenciária os valores pagos ou creditados pelo contribuinte contidos nos recibos (conforme explicados nas planilhas), registrados na contabilidade e os valores da Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), apresentada pelo contribuinte para a Receita Federal do Brasil. O Relatório Fiscal destaca a falta de comprovação das despesas e falta de esclarecimentos prestados. 10. LEVANTAMENTO PRO: Adiantamento Convênio PRONAF (contas do Razão 17259 • 1.1.05.008, 17331 1.1.05.009 e 17087 1.1.06.001) — Planilha I: foram solicitadas as comprovações das devoluções de tais adiantamentos efetuados nas contas do ativo da empresa, como os mesmos não foram esclarecidos, considerase remuneração. 11. LEVANTAMENTO AAJ: Adiantamento Convênio MDA/Agente Jovem — Jeanne Maria Duarte dos Santos (conta do Razão 17101 — 1.1.07.000) — Planilha II: foi solicitada a comprovação da devolução de tais recursos desta conta do ativo, e como o mesmo não foi comprovado, restou caracterizado como remuneração. 12. LEVANTAMENTO ROM: OUTRAS CONTAS A PAGAR Rodrigo Mauule (conta do Razão 16627 2.1.05.009) — Planilha IV: pagamento sem documentação comprobatória. ... Fl. 649DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 8 A recorrente alega que grande parte do lançamento referese a valores entregues a prestadores de serviço como antecipação de despesas para custear transporte, alimentação, hospedagem e compra de materiais, quando da prestação dos serviços. Registro que o objeto social da empresa constituise em "prestar serviços na área de ensino, pesquisa, cultura e desenvolvimento institucional através de ações de capacitação, assistência técnica, assessoria, consultoria, auditoria e coordenação técnica regional e nacional a cooperativas. Junto à impugnação foram anexados vários documentos. Esses documentos foram analisados inicialmente pelo fisco, a pedido da DRJ (diligência) e depois, pela própria DRJ. Também analisei os documentos. Parte deles se refere a remuneração de contribuintes individuais e aqui não se estabeleceu o contraditório. A discussão está na tributação do que se alega serem adiantamentos para cobrir despesas para a prestação dos serviços. A conclusão a que chegaram, com a qual concordo, é que faltou comprovação das despesas alegadas. O que se tem de concreto são os pagamentos efetuados para as pessoas físicas, sem prestação de contas. Destaca a Informação Fiscal (resposta da diligência) que para o transporte “Não há um comprovante de que com o valor recebido tenha se efetuado a compra de uma passagem de um transporte público, ou ate despesas com combustível.”, as ajudas de custo não custearam a mudança de local de trabalho de empregado, “Não existe nenhuma vinculação, entre os valores recebidos pelos contribuintes individuais e as despesas supostamente por ele realizadas.”, enfim, falta comprovação para tudo. Também apresenta a Informação Fiscal, manifestação sobre as alegações pontuais sobre todos os levantamentos. 7. Primeiramente a questão dos gastos com transporte e/ou adiantamento dos gastos com transporte. Analisando os Recibos apresentados pela ora impugnante, constatase que não existe nenhuma comprovação das despesas efetuadas pelos destinatários dos pagamentos, com os supostos gastos com transportes. Não há um comprovante de que com o valor recebido tenha se efetuado a compra de uma passagem de um transporte público, ou ate despesas com combustível. Não há nenhum comprovante também de que esses Recibos foram contabilizados pela empresa, até porque os Livros Contábeis, como bem registrado pelo Auditor autuante nas fls 52, foram apresentados sem cumprimento de todas as formalidades extrínsecas. 8. Em relação ao pagamento das ajudas de custo, a Lei n° 8.212/91 considera que não integra o saláriodecontribuição a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em Fl. 650DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 19647.019536/200897 Acórdão n.º 2403002.821 S2C4T3 Fl. 6 9 decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT. Já a CLT, nos termos desse art. 470, assegura aos empregados, em caso de necessidade de serviço, o direito à ajuda de custo resultante das despesas de sua transferência para localidade diversa da que resultar do contrato (grifamos). Como se vê, a ajuda de custo para não ser considerada como salário deContribuição ela só pode ser paga numa única parcela e com um fim especifico (mudanç' de local de trabalho), que não é o caso, uma vez que elas não são pagas com base nesse fim específico. E mais, só6 os segurados empregados, com base na Lei 8.212/91 e na CLT,. enquadram nessa situação, que também não 6 o caso, uma vez que está se tratando de pagamentos efetuados a contribuintes individuais. Ou seja, todos os pagamentos efetuados a Contribuintes individuais, a titulo de ajuda de custo, são considerados como saláriodecontribuição. 9. Quanto ao pagamento de diárias, a legislação prevê que elas não são consideradas como saláriodecontribuição quando correspondentes a até 50% da remuneração do empregado, (grifamos) e só esta espécie de segurado está protegida por esta legislação, como pode ser verificado no art. 457, § 1° da CLT, combinado com o art. 28 I, §§ 8° e 9°, letra "h", da Lei n° 8.212, de 24/07/1991 e com o art. 214, I e §§ 8° e 13 do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99. 0 parágrafo 9° do art 71 da IN SRP 03/2005, em vigor à época dos fatos geradores, também contém essa regra de que a verificação da limitação dos 50% só é válida para os segurados empregados. Ou seja, qualquer valor pago a este titulo a contribuintes individuais, que é o caso em questão, é considerado como saláriodecontribuição. 10. Ademais, se os pagamentos efetuados aos destinatários foram efetivamente a titulo de adiantamento, onde estão as Prestações de Contas apresentadas pelos contribuintes individuais para verificação dos valores gastos e possíveis sobras, que deveriam ser devolvidas à empresa? Não existe nenhuma vinculação, entre os valores recebidos pelos contribuintes individuais e as despesas supostamente por ele realizadas. 11. Pela fragilidade dos documentos apresentados pela impugnante, não ha como prosperar suas alegações, devendo ser mantido na Integra os valores considerados pela fiscalização como base de calculo das contribuições previdenciárias. 12. Agora sim, passaremos a analisar Levantamento por Levantamento. LEVANTAMENTO PRO (CONVÊNIO PRONAF) 13. Neste Levantamento, cuja Planilha com os valores considerados como remuneração pela fiscalização se encontra nas folhas 67, a empresa apresenta alguns recibos assinados Fl. 651DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 10 pela Sra. Maria Aparecida de Azevedo (fls 253, 258 e 259), sendo que num deles esta descrito que se trata de um pagamento efetuado a titulo de ajuda de custo de transportes, outro a titulo de ajuda de custo de diárias e outro referente à remuneração decorrente da prestação de serviços. 14. Analisando esses Recibos apresentados pela ora impugnante, constatase que não existe nenhuma comprovação das despesas efetuadas pela Sra. Maria Aparecida de Azevedo, por exemplo, com os supostos gastos com transportes. Não ha um comprovante de que com o valor recebido por esta senhora, ela efetuou a compra de uma passagem de um transporte público, ou até despesas com combustível. Não ha sequer coincidência entre o valor do Recibo de fls 253 com o valor do comprovante de depósito, que também sequer apresenta o nome do depositante. 15. Em relação aos pagamentos efetuados ao Sr. Moisés Leandro da Silva, cujos recibos foram apresentados pela empresa e constam nas fls 265, 268, 271 e 276, as mesmas observações dos itens 13 e 14 são validas para o caso em questão, ou; seja, não há comprovação efetiva dos gastos realizados pelo destinatário do pagamento. A empresa ainda juntou recibo de taxi (fls 272) e Nota Fiscal de Serviço, juntamente com recibo, emitida pela Cooptal (fls 273 e 274). Verificase facilmente que o recibo de táxi sequer tem o nome do cliente e a NFS da Cooptal não apresenta nenhuma vinculação entre o valor recebido pelo Sr. Moisés e o pagamento efetuado a Cooptal. Ou seja, não há nenhuma comprovação de que o Sr. Moisés efetuou o pagamento à Cooptal com os valores recebidos a titulo de "adiantamento". LEVANTAMENTO AAJ (CONVÊNIO MDA/AGENTE JOVEM) 16. Neste Levantamento, cuja Planilha com os valores considerados como remuneração pela fiscalização se encontra nas folhas 68,, a empresa apresenta alguns recibos assinados pela Sra. Jeanne Maria Duarte dos Santos (fls 254, 255 e 256), sendo que num deles está descrito que se trata de um pagamento efetuado a titulo de ajuda de custo de transportes, outro a titulo de ajuda de custo de diárias e outro referente à remuneração decorrente da prestação de serviços. 17. Analisando esses Recibos apresentados pela ora impugnante, constatase que não existe nenhuma comprovação das despesas efetuadas pela Sra. Jeanne Maria Duarte dos Santos, por exemplo, com os supostos gastos com transportes. LEVANTAMENTO ROM (OUTRAS CONTAS A PAGAR) 18. Neste Levantamento, cuja Planilha com os valores considerados como remuneração pela fiscalização se encontra nas folhas 69, a empresa apresenta um recibo assinado pela Assocene (fls 284), um extrato bancário (fls 285) e um recibo em nome do Sr. Rodrigo Maule, mas não assinado, com a informação de que se trata de devolução de empréstimo efetuado pelo mesmo em 10/10/2003 (fls 286). A empresa alega que se trata de uma devolução de empréstimo, que foi realizado pelo Sr. Rodrigo, para execução do evento Avaliação do Crédito Fundiário e Combate à Pobreza Rural. Alega ainda a empresa Fl. 652DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 19647.019536/200897 Acórdão n.º 2403002.821 S2C4T3 Fl. 7 11 em sua impugnação que há uma declaração do Sr. Rodrigo Maule, que não foi localizada por este auditor nos autos do processo. 19. Ainda que esta suposta declaração fosse apresentada, não há como comprovar que o valor pago ao Sr. Rodrigo Maule foi realmente a titulo de devolução de empréstimo, até porque não existe nenhum contrato de mútuo nos autos, nem a comprovação de que esse valor, que efetivamente foi depositado na contacorrente da empresa, foi efetuado por este senhor e se foi, se este depósito foi a titulo de empréstimo. LEVANTAMENTO INC (CONVÊNIO INCRA) 20. Neste Levantamento, cuja Planilha com os valores considerados como remuneração pela fiscalização se encontra nas folhas 70 e 71, a empresa alega em sua impugnação que tem todos os documentos necessários para comprovar que as contribuições foram recolhidas e que possui os documentos necessários para comprovar o valor antecipado A Sra. Adjnae M. da Silva, mas nenhum desses documentos foram anexados aos autos. LEVANTAMENTO COV (CONVÊNIO MDA/CONVIVER:CFE) 21. Neste Levantamento, cuja Planilha com os valores considerados como remuneração pela fiscalização se encontra nas folhas 72 e 73, a empresa apresenta alguns recibos assinados pelos destinatários dos pagamentos, mas como já relatado anteriormente em relação aos outros Convênios está registrado que se tratam de pagamentos efetuados a titulo de ajuda de custo de transportes, ajuda de custo de diárias, ajuda de custo de alimentação e remuneração decorrente da prestação de serviços. 22. Analisando esses Recibos apresentados pela ora impugnante, constatase que não existe nenhuma comprovação das despesas efetuadas, por exemplo, com os supostos gastos com transportes. 23. Não existe nenhuma vinculação, repitase, entre os valores recebidos pelos contribuintes individuais e as despesas supostamente por ele realizadas. Há, por exemplo, uma Nota Fiscal de Serviço (fis 326) que é juntada como se fizesse paga através do mecanismo da antecipação. Mas quem fez esse pagamento? Como ele foi realizado? Como vincular o pagamento do Hotel ao adiantamento de algum contribuinte individual? LEVANTAMENTO CAJ (CONVÊNIO MDA/AGENTE JOVEM) 24. Neste Levantamento, cuja Planilha com os valores considerados como remuneração pela fiscalização se encontra nas folhas 124, a empresa em sua impugnação afirma ainda não haver encontrado os comprovantes, protestando pela posterior juntada de documentos, que até a presente data ainda não foram apresentados. Fl. 653DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 12 25. Tendo em vista a ausência de documentos comprobatários, não há como prosperar suas alegações, devendo ser mantido na integra os valores considerados pela fiscalização como base de calculo das contribuições previdenciárias. , LEVANTAMENTO COC (CONVÊNIO MDA/CO:OFTRATIVA DE CRÉDITO) , 26. Neste Levantamento, cuja Planilha com os Valores considerados como remuneração pela fiscalização se encontra nas folhas 125, a empresa apresenta alguns recibos assinados pelos destinatários dos pagamentos, mas como já relatado anteriormente em relação aos outros Convênios esta registrado que se tratam de pagamentos efetuados a titulo de ajuda de custo de transportes, ajuda de custo de diárias, ajuda de custo de alimentação e remuneração decorrente da prestação de serviços. 27. Analisando esses Recibos apresentados pela ora impugnante, constatase que não existe nenhuma comprovação das despesas efetuadas, por exemplo, com os supostos gastos com transportes. LEVANTAMENTO AJC (AJUDA DE CUSTO) 28. Neste Levantamento, cuja Planilha com os valores considerados como remuneração pela fiscalização se encontra nas folhas 159, a empresa apresenta alguns recibos assinados pelo destinatário dos pagamentos, mas como já relatado anteriormente em relação aos outros Convênios esta registrado que se tratam de pagamentos efetuados a titulo de ajuda de custo. 29. Analisando esses Recibos apresentados pela ora impugnante, constatase que não existe nenhuma comprovação das despesas efetuadas. LEVANTAMENTO TRA (DESPESAS COM TRANSPORTE) 30. Neste Levantamento, cuja Planilha com os valores considerados como remuneração pela fiscalização se encontra nas folhas 160 e 161, a empresa apresenta alguns recibos assinados pelos destinatários dos pagamentos, mas como já relatado anteriormente em relação aos outros Convênios esta registrado que se tratam de pagamentos efetuados a titulo de ajuda de custo de transportes. 31. Analisando esses Recibos apresentados pela ora impugnante, constatase que não existe nenhuma comprovação das despesas efetuadas com os supostos gastos com transportes. LEVANTAMENTO DDE (DESPESAS COM DIÁRIA E ESTADAS) 32. Neste Levantamento, cuja Planilha com os valores considerados como remuneração pela fiscalização se encontra nas folhas 162 e 163, a empresa apresenta alguns recibos assinados pelos destinatários dos pagamentos, mas como já relatado anteriormente em relação aos outros Convênios esta registrado que se tratam de pagamentos efetuados a titulo de ajuda de custo de diárias e estadias. Fl. 654DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 19647.019536/200897 Acórdão n.º 2403002.821 S2C4T3 Fl. 8 13 33. Analisando esses Recibos apresentados pela ora impugnante, constatase que não existe nenhuma comprovação das despesas efetuadas com os supostos gastos com diárias e estadias. Não ha um comprovante de que com o valor recebido, tenha sido efetuado o pagamento de hospedagem. LEVANTAMENTO SPF (SERVIÇOS PRESTADOS PESSOA FÍSICA) 34. A própria empresa em sua impugnação (fls 223) confirma que alguns contribuintes não eram declarados em GFIP. Se a própria empresa admite tal fato, bastante evidente que deve ser mantido na integra os valores considerados pela fiscalização como base de cálculo das contribuições previdenciárias. LEVANTAMENTO DIR (VALORES DECLARADOS EM DIRF) 35. A própria empresa em sua impugnação (fls 223) confirma que alguns contribuintes não eram declarados em GFIP. Se a própria empresa admite tal fato, bastante evidente que deve ser mantido na Integra os valores considerados pela fiscalização como base de cálculo das contribuições previdenciárias. O voto condutor da decisão de primeira instância segue o mesmo caminho da diligência, isto é, falta de comprovação. 0 que de fato a fiscalização verificou foi o registro contábil de pagamento de valores a segurados contribuintes individuais, a serviço da empresa, sob títulos diversos como: "serviços prestados PF'; "Convênios"; "Despesas com Transporte", "Diárias e Estadas", consoante se verificam nas planilhas que instruem o lançamento em tela. Ocorre que para caracterizálas como adiantamento de despesas, como alega a impugnante, mister restasse comprovada pelos respectivos beneficiários a sua utilização para o desempenho das atividades contratadas com a empresa, com correspondente prestação de contas. Sem isto, não há como acolher a tese da defendente, dado que recibos expedidos pelos referidos segurados, sem qualquer comprovação do dispêndio efetivado, não têm, assim, o condão de caracterizar os referidos repasses financeiros como adiantamento de despesas. Ao contrário, representam ganhos pelo exercício de suas atividades e, em conseqüência, integram a remuneração para fins de tributação de contribuições previdenciárias, luz do disposto no art. 28, III, da Lei n.° 8.212/91, não importando a denominação que a empresa ou o segurado lhes atribua (ajuda de custo; diária; transporte, etc). Fl. 655DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 14 Pela falta de comprovação, entendo por não acatar a tese da recorrente. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS Quanto à Representação Fiscal Para Fins Penais, verificase que essa é uma questão sobre a qual o CARF possui decisões reiteradas e, por essa razão foi editada Súmula, cuja observância é obrigatória para estes conselheiros. Abaixo apresento a Súmula número 28. Súmula CARF nº 28: O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. MULTA DE MORA A multa de mora aplicada teve por base o artigo 35 da Lei 8.212/91, que determinava aplicação de multa que progredia conforme a fase e o decorrer do tempo e que poderia atingir 50% na fase administrativa e 100% na fase de execução fiscal. Ocorre que esse artigo foi alterado pela Lei 11.941/2009, que estabeleceu que os débitos referentes a contribuições não pagas nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 61 da Lei 9.430/96, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%. Visto que o artigo 106 do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei 9.430/96 para comparála com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91 (presente no crédito lançado neste processo) para determinação e prevalência da multa mais benéfica. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; Fl. 656DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 19647.019536/200897 Acórdão n.º 2403002.821 S2C4T3 Fl. 9 15 c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. CONCLUSÃO À vista do exposto, voto pelo provimento parcial do recurso, determinando o recálculo da multa de mora, com base na redação dada pela lei 11.941/2009 ao artigo 35 da Lei 8.212/91 e prevalência da mais benéfica ao contribuinte. Carlos Alberto Mees Stringari Fl. 657DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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Numero do processo: 16682.721085/2013-02
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2009 a 31/05/2009
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PAGA EM DESACORDO COM A LEI. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.
Os valores auferidos por segurados obrigatórios do RGPS a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando pagos ou creditados em desconformidade com a lei específica, integram o conceito jurídico de Salário de Contribuição para todos os fins previstos na Lei de Custeio da Seguridade Social.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. LIVRE ESTABELECIMENTO DE CONDIÇÕES. EXIGÊNCIA LEGAL RESTRITA A CLAREZA E OBJETIVIDADE DAS REGRAS. INSTRUÇÕES APARTADAS QUE SE LIMITEM À EXECUTORIEDADE DO PACTO.
A Lei n° 10.101/00 exige que os instrumentos decorrente da negociação de participação nos lucros ou resultados ostentem regras claras e objetiva, mas não impõe que as regras sejam ser sempre exaustivas, vedando qualquer detalhamento à parte, pois tal conclusão iria de encontro ao objetivo de incentivar a produtividade, que tem um caráter coletivo, mas também individual, exigindo, assim, um nível de detalhamento e pormenorização por vezes incompatível ou inconveniente a um pacto coletivo.
Para o incentivo à produtividade, é possível - e as vezes até é preciso - relegar a pormenorização, o detalhamento aos instrumentos empresariais internos, seja para se evitar a exposição das estratégias sigilosas, seja porque a individualização, setor a setor ou função a função, é demasiadamente extensa, principalmente em grandes empresas, que ostentam um quadro de dezenas de milhares de trabalhadores em inúmeras funções ou setores. O que se vedou foi a discricionariedade, o subjetivismo e a obscuridade.
Compete à fiscalização, todavia, descaracterizar a PLR, se verificar a fraude ou a ilicitude, em caso de não formalização do detalhamento, de sua inobservância ou quando carreguem em si critérios subjetivos ou obscuros de mensuração dos resultados. A delegação jamais pode ser utilizada como instrumento de tergiversação, de fraude, de transgressão ou de modificação do pacto celebrado. Deve se restringir a dar executoriedade àquilo que foi pactuado, face à variabilidade de particularidades e ao resguardo do sigilo empresarial, que deixa de ser exposto à concorrência (art. 155, §§ 1° e 2°, da Lei n° 6404/76).
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2302-003.586
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, mantendo no lançamento apenas as contribuições previdenciárias incidentes sobre valores pagos para as categorias funcionais de diretores e executivos a título de Participação nos Lucros e Resultados, porque os critérios específicos para tais categorias não foram objeto de negociação na reunião que aprovou o Programa de Participação nos Lucros e Resultados, com a participação do Sindicato da categoria. Vencido na votação o Conselheiro Relator, por entender que todos os valores pagos a título de Participação nos Lucros e Resultados para todos os segurados, o foram em desacordo com a as normas fixadas na Lei nº 10.101/2000. O Conselheiro André Luís Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor.
Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
André Luís Mársico Lombardi, Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), André Luís Mársico Lombardi, Theodoro Vicente Agostinho, Leo Meirelles do Amaral e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2009 a 31/05/2009 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PAGA EM DESACORDO COM A LEI. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Os valores auferidos por segurados obrigatórios do RGPS a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando pagos ou creditados em desconformidade com a lei específica, integram o conceito jurídico de Salário de Contribuição para todos os fins previstos na Lei de Custeio da Seguridade Social. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. LIVRE ESTABELECIMENTO DE CONDIÇÕES. EXIGÊNCIA LEGAL RESTRITA A CLAREZA E OBJETIVIDADE DAS REGRAS. INSTRUÇÕES APARTADAS QUE SE LIMITEM À EXECUTORIEDADE DO PACTO. A Lei n° 10.101/00 exige que os instrumentos decorrente da negociação de participação nos lucros ou resultados ostentem regras claras e objetiva, mas não impõe que as regras sejam ser sempre exaustivas, vedando qualquer detalhamento à parte, pois tal conclusão iria de encontro ao objetivo de incentivar a produtividade, que tem um caráter coletivo, mas também individual, exigindo, assim, um nível de detalhamento e pormenorização por vezes incompatível ou inconveniente a um pacto coletivo. Para o incentivo à produtividade, é possível - e as vezes até é preciso - relegar a pormenorização, o detalhamento aos instrumentos empresariais internos, seja para se evitar a exposição das estratégias sigilosas, seja porque a individualização, setor a setor ou função a função, é demasiadamente extensa, principalmente em grandes empresas, que ostentam um quadro de dezenas de milhares de trabalhadores em inúmeras funções ou setores. O que se vedou foi a discricionariedade, o subjetivismo e a obscuridade. Compete à fiscalização, todavia, descaracterizar a PLR, se verificar a fraude ou a ilicitude, em caso de não formalização do detalhamento, de sua inobservância ou quando carreguem em si critérios subjetivos ou obscuros de mensuração dos resultados. A delegação jamais pode ser utilizada como instrumento de tergiversação, de fraude, de transgressão ou de modificação do pacto celebrado. Deve se restringir a dar executoriedade àquilo que foi pactuado, face à variabilidade de particularidades e ao resguardo do sigilo empresarial, que deixa de ser exposto à concorrência (art. 155, §§ 1° e 2°, da Lei n° 6404/76). Recurso Voluntário Provido em Parte.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 42; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2627; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 709 1 708 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16682.721085/201302 Recurso nº 003.586 Voluntário Acórdão nº 2302003.586 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 21 de janeiro de 2015 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS AIOP Recorrente IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S/A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2009 a 31/05/2009 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PAGA EM DESACORDO COM A LEI. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Os valores auferidos por segurados obrigatórios do RGPS a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando pagos ou creditados em desconformidade com a lei específica, integram o conceito jurídico de Salário de Contribuição para todos os fins previstos na Lei de Custeio da Seguridade Social. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. LIVRE ESTABELECIMENTO DE CONDIÇÕES. EXIGÊNCIA LEGAL RESTRITA A CLAREZA E OBJETIVIDADE DAS REGRAS. INSTRUÇÕES APARTADAS QUE SE LIMITEM À EXECUTORIEDADE DO PACTO. A Lei n° 10.101/00 exige que os instrumentos decorrente da negociação de participação nos lucros ou resultados ostentem regras claras e objetiva, mas não impõe que as regras sejam ser sempre exaustivas, vedando qualquer detalhamento à parte, pois tal conclusão iria de encontro ao objetivo de incentivar a produtividade, que tem um caráter coletivo, mas também individual, exigindo, assim, um nível de detalhamento e pormenorização por vezes incompatível ou inconveniente a um pacto coletivo. Para o incentivo à produtividade, é possível e as vezes até é preciso relegar a pormenorização, o detalhamento aos instrumentos empresariais internos, seja para se evitar a exposição das estratégias sigilosas, seja porque a individualização, setor a setor ou função a função, é demasiadamente extensa, principalmente em grandes empresas, que ostentam um quadro de dezenas de milhares de trabalhadores em inúmeras funções ou setores. O que se vedou foi a discricionariedade, o subjetivismo e a obscuridade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 10 85 /2 01 3- 02 Fl. 709DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 2 Compete à fiscalização, todavia, descaracterizar a PLR, se verificar a fraude ou a ilicitude, em caso de não formalização do detalhamento, de sua inobservância ou quando carreguem em si critérios subjetivos ou obscuros de mensuração dos resultados. A delegação jamais pode ser utilizada como instrumento de tergiversação, de fraude, de transgressão ou de modificação do pacto celebrado. Deve se restringir a dar executoriedade àquilo que foi pactuado, face à variabilidade de particularidades e ao resguardo do sigilo empresarial, que deixa de ser exposto à concorrência (art. 155, §§ 1° e 2°, da Lei n° 6404/76). Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, mantendo no lançamento apenas as contribuições previdenciárias incidentes sobre valores pagos para as categorias funcionais de diretores e executivos a título de Participação nos Lucros e Resultados, porque os critérios específicos para tais categorias não foram objeto de negociação na reunião que aprovou o Programa de Participação nos Lucros e Resultados, com a participação do Sindicato da categoria. Vencido na votação o Conselheiro Relator, por entender que todos os valores pagos a título de Participação nos Lucros e Resultados para todos os segurados, o foram em desacordo com a as normas fixadas na Lei nº 10.101/2000. O Conselheiro André Luís Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor. Liége Lacroix Thomasi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. André Luís Mársico Lombardi, Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), André Luís Mársico Lombardi, Theodoro Vicente Agostinho, Leo Meirelles do Amaral e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 710DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 710 3 Relatório Período de apuração: 01/02/2009 a 31/05/2009 Data de lavratura dos Autos de Infração: 30/10/2013. Data da ciência dos Autos de Infração: 30/10/2013 Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela DRJ em Curitiba/PR que julgou improcedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário lançado por intermédio dos Autos de Infração de Obrigação Principal nº 51.005.2967 e 51.005.2975, consistentes em contribuições sociais previdenciárias a cargo da empresa destinadas ao custeio da Seguridade Social, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, e a Outras Entidades e Fundos, incidentes sobre os valores pagos a segurados empregados a título de participação nos lucros, porém pagos em desacordo com a lei específica de regência, conforme descrito no relatório fiscal e anexos a fls. 16/38. O presente processo tem por objeto o lançamento de crédito tributário formalizado mediante os seguintes Autos de Infração: · Auto de Infração n° 51.005.2967, referente a contribuições previdenciárias a cargo da empresa, destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho – Sat/Rat, incidentes sobre remunerações pagas aos segurados empregados a título de Participação nos Resultados, nas competências 02/2009 a 05/2009, no valor total de R$ 10.711.500,19, consolidado em 24/10/2013, incluídos os respectivos juros e multa de ofício. · Auto de Infração n° 51.005.2975, referente a contribuições da empresa destinadas a outras entidades ou fundos (terceiros), incidentes sobre remunerações pagas aos segurados empregados a título de Participação nos Resultados, nas competências 02/2009 a 05/2009, no valor total de R$ 2.958.414,32, consolidado em 24/10/2013, incluídos os respectivos juros e multa de ofício. De acordo com o Relatório Fiscal, a análise do Termo de Acordo de PLR revela que, com relação à Participação nos Resultados, o instrumento não estipula metas a serem atingidas pela empresa para fins de pagamento da verba, limitandose a estabelecer exemplificativamente os indicadores que poderiam vir a ser utilizados (item b. 1.2.1). Além disso, não estipula como seriam aferidos individualmente os trabalhadores, havendo tão somente previsão de que os objetivos individuais ou por equipe seriam formulados e negociados com base nos objetivos organizacionais e nas prioridades de cada área (item b. 1.3.1). A forma de apuração e cálculo do Fator de Desempenho da Empresa (FDE) e do Fator de Desempenho Individual (FDI) não se encontra estabelecida no próprio Acordo, tampouco consta a Fl. 711DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 4 definição dos índices de variação a serem aplicados em função do nível funcional de cada trabalhador, alterando o número final de salários a ser pago aos beneficiários. Na intenção de tentar suprir tais faltas, a Fiscalização intimou o Contribuinte a apresentar outros instrumentos de negociação complementares, porventura existentes, que regulamentassem o pagamento da Participação nos Resultados dos trabalhadores. Em resposta, o contribuinte apresentou novamente as cópias dos "slides de apresentação" informando que nesses "slides" consta a exposição detalhada do Programa de Participação nos Lucros e Resultados, aplicado em 2008, a todas os empregados da empresa, e que não existiam outros documentos resultantes de negociação entre empresa e empregados sobre o PLR, que tenham sido assinados pelas partes e pelo sindicato dos trabalhadores, além do próprio Acordo de PLR já apresentado. Constatou a Fiscalização que a regulamentação da Participação nos Resultados, incluídas as definições de metas, os critérios de avaliação de desempenhos da empresa e individuais e a forma de cálculo e distribuição dos valores a serem pagos, foi estabelecida em instrumentos diversos do Acordo de PLR, não tendo sido objeto de negociação, conforme exige a Lei n° 10.101/2000. Por outro lado, em relação à Participação nos Lucros, as regras e critérios de apuração e distribuição dos valores encontravamse no próprio Termo de Acordo do PLR, não havendo irregularidade. Segundo a empresa, a Participação nos Resultados especificada no Termo de Acordo do PLR corresponderia ao Plano de Remuneração Variável (PRV) emergente dos “slides” e das cartilhas entregues anualmente aos empregados, especificamente as referentes ao PRV do ano de 1997 da Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga CBPI, ao PRV do ano de 2003 da Ipiranga Produtos de Petróleo S.A IPP e ao PRV do ano de 2009 da IPP. Não teria sido apresentada durante a fiscalização cartilha referente ao PRV de 2008 da CBPI, objeto do lançamento. Portanto, as cartilhas teriam servido apenas de base para um melhor entendimento do plano, já que aparentemente os critérios aplicados seriam similares ao longo dos anos em ambas as empresas, com variações nos índices considerados. Apurou o Fisco que os valores pagos a título de Participação nos Resultados dos empregados da categoria de funcionários guardam correspondência ao Programa de Remuneração Variável PRV, o qual, conforme já mencionado, teria sido apresentado pelo contribuinte como sendo a concretização do plano de Participação nos Resultados previsto no Acordo de PLR, que deveria ser aplicado a todos os empregados da empresa. Contudo, para os Executivos e Diretores, o pagamento não seguia as regras estabelecidas no PRV. Quanto a essa diferenciação dos executivos e diretores, o Contribuinte foi intimado a demonstrar os critérios e cálculos utilizados na definição dos fatores utilizados, bem como a comprovar que tais critérios específicos para os diretores e executivos teriam sido objeto de negociação entre a empresa e empregados, com participação do sindicato, previamente à assinatura do Acordo de PLR. Em resposta, o contribuinte afirmou que os critérios para definição do FDE das categorias funcionais de executivos e diretores foram apresentados exclusivamente aos interessados. Portanto, a autuada deixou claro que tais critérios não foram objeto de negociação e aprovação pelos empregados e Sindicato. Do exposto, a fiscalização conclui que os valores pagos aos empregados de todas as categorias funcionais (diretores, executivos e funcionários em geral) a título de Participação nos Resultados, através das rubricas de folha de pagamentos de códigos "790", "791", "1060" e "1065", estão Fl. 712DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 711 5 em desacordo com os requisitos estabelecidos na Lei n° 10.101/2000, integrando o Salário de Contribuição. Muito embora os fatos geradores das contribuições apuradas tenham servido a diversos estabelecimentos da empresa incorporada, os lançamentos foram efetuados apenas no estabelecimento matriz da empresa sucessora, já que não foi possível à Fiscalização identificar uma exata correspondência entre os estabelecimentos antigos da empresa sucedida com os estabelecimentos atuais da empresa sucessora. Os estabelecimentos originários podem ser verificados no ANEXO I, onde constam discriminados os totais apurados, por rubrica da folha de pagamento, e por competência, em cada estabelecimento da empresa incorporada Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o Sujeito Passivo ofereceu impugnação administrativa a fls. 365/384. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 645.232 5ª Turma da DRJ/CTA, a fls. 628/639, julgando procedente o lançamento tributário e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 26/02/2014, conforme Termo de Abertura de Documento a fl. 654. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o Sujeito Passivo interpôs Recurso Voluntário a fls. 658/677, respaldando sua contrariedade em argumentação desenvolvida nos seguintes termos: · Que o Acordo estabelece, de forma clara e objetiva, as regras de cálculo e distribuição da Participação nos Resultados; · Que a Lei 10.101/2000 não exige que o Acordo contenha a especificação de metas, conferindolhe certa flexibilidade; · Que as diretrizes foram negociadas e traçadas de comum acordo entre a recorrente, o Sindicato dos Trabalhadores e a Comissão de Empregados, na medida que constam do Termo de Acordo as assinaturas dos representantes Legais de cada categoria; · Que o cálculo da Participação nos Resultados, paga aos diretores e executivos, observou a mesma diretriz prevista no Acordo, traduzida pela equação PR = FDE × FDI, sendo que também esses profissionais sujeitaramse ao método de avaliação de desempenho vigente no ano de 2008; · Que não há impedimento legal para a diferenciação segundo a categoria funcional; Ao fim, requer a declaração de improcedência dos Autos de Infração. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 713DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 6 Voto Vencido Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi valida e eficazmente cientificado da decisão recorrida em 26/02/2014. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 27/03/2014, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário, dele conheço. Ante a inexistência de questões preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 2. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 2.1. DA PLR. Alega o Recorrente que o Acordo estabelece, de forma clara e objetiva, as regras de cálculo e distribuição da Participação nos Resultados. Aduz que a Lei 10.101/2000 não exige que o Acordo contenha a especificação de metas, conferindolhe certa flexibilidade; Argumenta o Autuado que as diretrizes foram negociadas e traçadas de comum acordo entre a recorrente, o Sindicato dos Trabalhadores e a Comissão de Empregados, na medida que constam do Termo de Acordo as assinaturas dos representantes Legais de cada categoria. O Recorrente pondera que o cálculo da Participação nos Resultados, paga aos diretores e executivos, observou a mesma diretriz prevista no Acordo, traduzida pela equação PR = FDE × FDI, Fl. 714DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 712 7 sendo que também esses profissionais sujeitaramse ao método de avaliação de desempenho vigente no ano de 2008, acrescentando, ainda, que não há impedimento legal para a diferenciação segundo a categoria funcional. Grassa no seio dos que operam no mètier do Direito do Trabalho a serôdia ideia de que a remuneração do empregado é constituída, tão somente, por verbas representativas de contraprestação de serviços efetivamente prestados pelos empregados. A retidão de tal concepção poderia até ter sua primazia aferida ao tempo da promulgação do DecretoLei nº 5.452/43 (nos idos de 1943), que aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho. CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO CLT Art. 457 Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. (Redação dada pela Lei nº 1.999/53) §1º Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador. (Redação dada pela Lei nº 1.999/53) §2º Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinquenta por cento) do salário percebido pelo empregado. (Redação dada pela Lei nº 1.999/53) §3º Considerase gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos empregados. (Redação dada pelo Decretolei nº 229/67) Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por forca do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Redação dada pelo Decretolei nº 229/67) §1º Os valores atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário mínimo (arts. 81 e 82). (Incluído pelo Decretolei nº 229/67) § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243/2001) I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 10.243/2001) II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243/2001) III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; (Incluído pela Lei nº 10.243/2001) IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro saúde; (Incluído pela Lei nº 10.243/2001) V – seguros de vida e de acidentes pessoais; (Incluído pela Lei nº 10.243/2001) VI – previdência privada; (Incluído pela Lei nº 10.243/2001) VII – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.243/2001) Fl. 715DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 8 §3º A habitação e a alimentação fornecidas como salárioutilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do saláriocontratual. (Incluído pela Lei nº 8.860/94) §4º Tratandose de habitação coletiva, o valor do salárioutilidade a ela correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de coabitantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família. (Incluído pela Lei nº 8.860/94) Todavia, como bem professava Heráclito de Ephesus, há 500 anos antes de Cristo, Nada existe de permanente a não ser a eterna propensão à mudança. O mundo evolui, as relações jurídicas se transformam, acompanhando..., os conceitos evolvemse... Nesse compasso, a exegese das normas jurídicas não é, de modo algum, refratária a transformações. Ao contrário, tais são exigíveis. A sucessiva evolução na interpretação das normas já positivadas ajustamnas à nova realidade mundial, resgatandolhes o alcance visado pelo legislador, mantendo dessarte o ordenamento jurídico sempre espelhado às feições do mundo real. Hodiernamente, o conceito de remuneração não se encontra mais circunscrito às verbas recebidas pelo trabalhador em razão direta e unívoca do trabalho por ele prestado ao empregador. Se assim o fosse, o décimo terceiro salário, as férias, o final de semana remunerado, as faltas justificadas e outras tantas rubricas frequentemente encontradas nos contracheques não teriam natureza remuneratória, já que não representam contraprestação por serviços executados pelo obreiro. Paralelamente, as relações de trabalho hoje estabelecidas tornaramse por demais complexas e diversificadas, assistimos à introdução de novas exigências de exclusividade e de imagem, novas rubricas salariais foram criadas para contemplar outras prestações extraídas do trabalhador que não o suor e o vigor dos músculos. Esses ilustrativos, dentre tantos outros exemplos, tornaram o ancião conceito jurídico de remuneração totalmente démodé. Antenada a tantas transformações, a doutrina mais balizada passou a interpretar remuneração não como a contraprestação pelos serviços efetivamente prestados pelo empregado, mas sim, as verbas recebidas pelo obreiro decorrentes do contrato de trabalho. Com efeito, o liame jurídico estabelecido entre empregador e empregado segue os contornos delineados no contrato de trabalho no qual as partes, observado o minimum minimorum legal, podem pactuar livremente. No panorama atual, a pessoa física pode oferecer ao contratante, além do seu labor, também a sua imagem, o seu não labor nas empresas concorrentes, a sua disponibilidade, sua credibilidade no mercado, ceteris paribus. Já o contratante, por seu turno, em contrapartida, pode oferecer não só o salário stricto sensu como também uma série de vantagens diretas, indiretas, em utilidades, in natura, e assim adiante... Mas ninguém se iluda: Mesmo as parcelas oferecidas sob o rótulo de mera liberalidade, todas elas ostentam, em sua essência, uma nota contraprestativa. Todas elas colimam, inequivocamente, oferecer um atrativo financeiro/econômico para que o obreiro estabeleça e mantenha vínculo jurídico com o empregador. Por esse novo prisma, todas aquelas rubricas citadas no parágrafo precedente figuram abraçadas pelo conceito amplo de remuneração, eis que se consubstanciam acréscimos patrimoniais auferidos pelo empregado e fornecidas pelo empregador em razão do contrato de trabalho e da lei, muito embora não representem contrapartida direta pelo trabalho realizado. Nesse sentido, o magistério de Amauri Mascaro Nascimento: “Fatores diversos multiplicaram as formas de pagamento no contrato de trabalho, a ponto de ser incontroverso que além do saláriobase há modos diversificados de remuneração do empregado, cuja variedade de denominações não desnatura a sua natureza salarial ... Fl. 716DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 713 9 (...) Salário é o conjunto de percepções econômicas devidas pelo empregador ao empregado não só como contraprestação pelo trabalho, mas, também, pelos períodos em que estiver à disposição daquele aguardando ordens, pelos descansos remunerados, pelas interrupções do contrato de trabalho ou por força de lei” Nascimento, Amauri M. , Iniciação ao Direito do Trabalho, LTR, São Paulo, 31ª ed., 2005. Registrese, por relevante, que o entendimento a respeito do alcance do termo “remuneração” esposado pelos diplomas jurídicos mais atuais se divorciou de forma substancial daquele conceito antiquado presente na CLT. O baluarte desse novo entendimento tem sua pedra fundamental fincada na própria Constituição Federal, cujo art. 195, I, alínea “a”, estabelece: Constituição Federal de 1988 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (grifos nossos) Do marco primitivo constitucional deflui que a base de incidência das contribuições em realce não é mais o salário, mas, sim, a “folha de salários”, propositadamente no plural, a qual é composta, segundo a mais autorizada doutrina, por todos os lançamentos efetuados em favor do trabalhador em contraprestação direta pelo trabalho efetivo prestado à empresa, ACRESCIDO dos “demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício”, parcela esta que abraça todas as demais rubricas devidas ao trabalhador em decorrência do contrato de trabalho, de molde que, toda e qualquer espécie de contraprestação paga pela empresa, a qualquer título, aos segurados obrigatórios do RGPS encontramse abraçadas, em gênero, pelo conceito de Salário de Contribuição. Nessa perspectiva, todo e qualquer lançamento a conta de despesa da empresa representativa de rubrica paga, devida ou creditada a segurado obrigatório do RGPS, que tiver por motivação e origem o trabalho realizado pela pessoa física em favor do Contribuinte, ostentará natureza jurídica remuneratória, e como tal, base de cálculo das contribuições previdenciárias. Na prática, inexiste dificuldade em tal discernimento. Basta hipoteticamente suprimir o trabalho realizado pela pessoa física na consecução do objeto social da sociedade. A importância que deixar de ser vertida a essa pessoa corresponderá, assim, à parcela do trabalho que o obreiro dedicou à empresa. Ao revés, a fração que ainda for devida à pessoa, independentemente do eventual labor físico ou intelectual por ela realizado, representará mera liberalidade do empregador. Fl. 717DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 10 Como visto, o próprio Legislador Constituinte honrou deixar consignado no Texto Constitucional a real amplitude da base de incidência da contribuição social em destaque: as contribuições previdenciárias incidem não somente a “folha de salários”, como também, sobre os “demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício”. Tal compreensão caminha em harmonia com as disposições expressas no §11 do artigo 201 da Constituição Federal, que estendeu a abrangência da base de incidência das contribuições previdenciárias aos ganhos habituais do empregado, recebidos a qualquer título. Constituição Federal de 1988 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) §11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Portanto, a contar da EC n° 20/98, todas as verbas recebidas com habitualidade pelo empregado, qualquer que seja a sua origem e título, passam a integrar, por força de norma constitucional, o conceito jurídico de SALÁRIO (Instituto de Direito do Trabalho) e, nessa condição, passam a compor obrigatoriamente o SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (Instituto de Direito Previdenciário) do segurado, se sujeitando compulsoriamente à incidência de contribuição previdenciária e repercutindo no benefício previdenciário do empregado. Nesse sentido caminha a jurisprudência trabalhista conforme de depreende do seguinte julgado: TRT7 Recurso Ordinário: Processo: RECORD 53007520095070011 CE 00053007520095070011 Relator(a):DULCINA DE HOLANDA PALHANO Órgão Julgador: TURMA 2 Publicação: 22/03/2010 DEJT RECURSO DA RECLAMANTE CTVA NATUREZA SALARIAL CONTRIBUIÇÃO A ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. A parcela CTVA, paga habitualmente e com destinação a servir de compromisso aos ganhos mensais do empregado, detém natureza salarial, devendo integrar a remuneração para todos os fins, inclusive para o cálculo da contribuição a entidade de previdência privada. RECURSO DO RECLAMADO CEF CTVA. Com efeito, se referidas gratificações são pagas com habitualidade se incorporam ao patrimônio jurídico do reclamante, de forma definitiva, compondo sua remuneração para todos os efeitos. Atentese que a natureza de tal verba não mais será de "gratificação" mas sim de "Adicional Compensatório de Perda de Função" Fl. 718DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 714 11 A norma constitucional acima citada não exclui da tributação, de maneira alguma, as rubricas recebidas em espécie de forma eventual. A todo ver, a norma constitucional em questão fez incorporar ao SALÁRIO (instituto de direito do trabalho) todos os ganhos habituais do empregado, a qualquer título. Ocorre, contudo, que o conceito de SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (instituto de direito previdenciário) é muito mais amplo que o conceito trabalhista mencionado, compreendendo não somente o SALÁRIO (instituto de direito do trabalho), mas, também, todos os demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, pela empresa à pessoa física que lhe preste serviço. Assim, as verbas auferidas de forma eventual podem se classificar, conforme o caso, ou como incentivos salariais ou como benefícios. Em ambos os casos, porém, integram o conceito de Salário de Contribuição, nos termos e na abrangência do art. 28 da Lei nº 8.212/91, observadas as excepcionalidades contidas em seu §9º. Leinº8.212,de24 de julho de 1991 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (grifos nossos) II para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da remuneração; III para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5o; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). IV para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, observado o limite máximo a que se refere o § 5o. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). Notese que o conceito jurídico de Salário de contribuição, base de incidência das contribuições previdenciárias, foi estruturado de molde a abraçar toda e qualquer verba recebida pelo obreiro, a qualquer título, em decorrência não somente dos serviços efetivamente prestados, mas também, no interstício em que o trabalhador estiver à disposição do empregador, nos termos do contrato de trabalho. Advirtase que o termo “remunerações” encontrase empregado no caput do transcrito art. 28 em seu sentido amplo, abarcando todos os componentes atomizados que integram a contraprestação da empresa aos segurados obrigatórios que lhe prestam serviços. Em verdade, até mesmo a remuneração referente ao tempo ocioso em que o empregado permanecer à disposição do empregador não escapa da amplitude do conceito de salário de contribuição. Fl. 719DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 12 Tais conclusões decorrem de esforços hermenêuticos que não ultrapassam a literalidade dos enunciados normativos supratranscritos, eis que o texto legal revelase cristalino ao estabelecer, como base de incidência, o “total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título”. Nesses termos, compreendemse no conceito legal de remuneração os três componentes do gênero, assim especificados pela doutrina: 1 Remuneração Básica – Também denominada “Verbas de natureza Salarial”. Referese à remuneração em dinheiro recebida pelo trabalhador pela venda de sua força de trabalho. Diz respeito ao pagamento fixo que o obreiro aufere de maneira regular, na forma de salário mensal ou na forma de salário por hora. 2 Incentivos Salariais São programas desenhados para recompensar funcionários com bom desempenho. Os incentivos são concedidos sob diversas formas, como bônus, gratificações, prêmios, participação nos resultados a título de recompensa por resultados alcançados, dentre outros. 3 Benefícios Quase sempre denominados como “remuneração indireta”. Muitas empresas, além de ter uma política de tabela de salários, oferecem uma série de benefícios ora em pecúnia, ora na forma de utilidades ou “in natura”, que culminam por representar um ganho patrimonial para o trabalhador, seja pelo valor da utilidade recebida, seja pela despesa que o profissional deixa de desembolsar diretamente. Nesse novel cenário, a regra primária importa na tributação de toda e qualquer verba paga, creditada ou juridicamente devida ao empregado, ressalvadas aquelas que a própria lei excluir do campo de incidência. No caso específico das contribuições previdenciárias, a regra de excepcionalidade encontrase estatuída no parágrafo 9º do citado art. 28 da Lei nº 8.212/91, o qual, dada a sua relevância, transcrevemos em sua integralidade: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) §9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (grifos nossos) a) Os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o saláriomaternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). b) As ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973; c) A parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; d) As importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do Trabalho CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). e) As importâncias: (Alínea alterada e itens de 1 a 5 acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) 1. Previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; Fl. 720DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 715 13 2. Relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS; 3. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; 4. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; 5. Recebidas a título de incentivo à demissão; 6. Recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 7. Recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 8. Recebidas a título de licençaprêmio indenizada; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 9. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). f) A parcela recebida a título de valetransporte, na forma da legislação própria; g) A ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). h) As diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinquenta por cento) da remuneração mensal; i) A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; j) A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (grifos nossos) l) O abono do Programa de Integração SocialPIS e do Programa de Assistência ao Servidor PúblicoPASEP; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) m) Os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) n) A importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxíliodoença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) o) As parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). p) O valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couberem, os arts. 9º e 468 da CLT; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) q) O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o Fl. 721DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 14 reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) r) O valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) s) O ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) t) O valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). u) A importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) v) Os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) x) O valor da multa prevista no §8º do art. 477 da CLT. (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) Contextualizado nesses termos o quadro jurídiconormativo aplicável ao casoespécie, visualizando com os olhos de ver a questão controvertida ora em debate, sob o foco de tudo o quanto até o momento foi apreciado, verificamos que a alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 estatuiu, de forma expressa, que não integram o Salário de contribuição, as importâncias recebidas a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica. O Programa de Participação nos Lucros ou Resultados PLR consubstanciase numa ferramenta de gestão que visa ao alinhamento das estratégias organizacionais com as atitudes e desempenho dos empregados dentro do ambiente de trabalho. Tratase de um instrumento gerencial bastante utilizado pelas empresas, mundialmente disseminado, que auxilia no cumprimento das metas e diretrizes das organizações, permitindo uma maior participação e empenho dos empregados na produtividade da empresa, além do seu esforço ordinário decorrente do contrato de trabalho, proporcionando, dessarte, atração, retenção, motivação e comprometimento dos funcionários na busca de melhores resultados empresariais. Constituise o PLR num tipo de remuneração variável a ser oferecida àqueles que efetivamente colaboram na obtenção de lucros e/ou no atingimento das metas préestabelecidas pelo empregador. Tratase de um Direito Social de matriz constitucional, tendo o Constituinte Originário, taxativamente, outorgado à lei ordinária a competência para a estipulação dos parâmetros legais da conformação do Direito dos trabalhadores, in verbis: Constituição Federal de 1988 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: Fl. 722DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 716 15 (...) XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei. Merece ser enaltecido que a PLR legal comporta hipótese de não incidência legal, nos termos da alínea “j” do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, e não hipótese de imunidade constitucional. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa des∙vin∙cu∙lar (des + vincular) verbo transitivo 1. Tornar alienável (bens de morgadio).verbo transitivo e pronominal 2. Libertar ou libertarse de um vínculo. vín∙cu∙lo (latim vinculum, i, laço, atilho, relação de amizade ou parentesco) substantivo masculino 1. Liame; vincilho. 2. Laço; atilho; nó. 3. Tudo o que ata, liga ou aperta. = LAÇO, NÓ. 4. Aquilo que liga ou estabelece uma relação (ex.: vínculo laboral). 5. [Figurado] Morgadio. 6. Bens vinculados. Desvinculado da remuneração significa, tão somente, que a PLR não deve guardar qualquer relação de vínculo com a remuneração, ou seja, ser independente do valor da remuneração paga ao empregado. Tal desvinculação, todavia, não implica imunidade. De maneira alguma. Analisese a hipótese de uma empresa resolver pagar um abono de dois mil reais, a cada empregado, independentemente do cargo ou salário deste, por ocasião das festas natalinas. Tal abono é desvinculado da remuneração, posto que se trata de um valor fixo, sem qualquer relação com o salário nominal do beneficiário. Todavia, constituise base de cálculo das contribuições previdenciárias, eis que não expressamente previsto em lei. Atentese que quando o Legislador Constituinte elegeu hipóteses de imunidade tributária, ele fêlo não de maneira dissimulada, mas, sim, expressamente, conforme art. 149, §2º, I; art. 150, VI; art. 153, §3º, III e §4º, II; art. 155, §2º, X; art. 156, §2º, I; art. 195, §7º, etc. Nessa esteira, quando o Constituinte Originário utiliza os verbos “vincular” e “desvincular”, ele o faz no sentido da existência ou inexistência de relação de proporcionalidade matemática, como sói ocorrer nos incisos IV e XI do art. 7º da CF/88. Constituição Federal de 1988 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) Fl. 723DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 16 IV salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; (...) XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; (...) Como visto, não se encontra presente no preceito constitucional em voga qualquer referência, a mínima que seja, a eventual não incidência tributária sobre os valores pagos a título de PLR. Ao revés, a própria Lei nº 10.101/2000 dispõe expressamente que sobre a PLR legal há incidência de tributo. Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000 Art. 3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) §5o As participações de que trata este artigo serão tributadas na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, competindo à pessoa jurídica a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto. Ora, se fosse caso de imunidade tributária, a incidência de Imposto de Renda sobre a PLR legal seria inconstitucional, eis que sua base de cálculo é, também, a remuneração do trabalhador. Tratase, portanto, a PLR legal não de hipótese de imunidade constitucional, mas, sim, de caso de isenção legal, prevista na alínea “j” do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, fixada nos contornos estatuídos no Código Tributário Nacional CTN. Código Tributário Nacional CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...) VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. (...) Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Art. 175. Excluem o crédito tributário: I a isenção; Fl. 724DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 717 17 II a anistia. Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente. Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. Assim, nos termos dos artigos 111 e 176 do CTN, a fruição da isenção tributária depende do adimplemento integral das condições estabelecidas na lei concessiva, in caso, alínea “j” do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 c.c. Lei nº 10.101/2000. Sendo um instrumento de integração capitaltrabalho e de estímulo à produtividade das empresas, buscase por meio da regra imunizante e da consequente redução da carga tributária proporcionar vantagens competitivas às empresas que, regularmente, implementam mecanismos efetivos de integração e participação de seus empregados, sem que, com isso, haja substituição da remuneração devida. Decorre daí a norma de desvinculação do pagamento a título de PLR da remuneração em geral. A Participação nos Lucros é norma constitucional de eficácia limitada. Nesse sentido dispõe o Parecer CJ/MPAS nº 547, de 03 de maio de 1996, aprovado pelo Exmo. Sr. Ministro do MPAS, ad litteris et verbis: (...) de forma expressa, a Lei Maior remete à lei ordinária , a fixação dos direitos dessa participação. A norma constitucional em foco pode ser entendida, segundo a consagrada classificação de José Afonso da Silva, como de eficácia limitada, ou seja, aquela que depende "da emissão de uma normatividade futura, em que o legislador ordinário, integrandolhe a eficácia, mediante lei ordinária, lhes dê capacidade de execução em termos de regulamentação daqueles interesses". (Aplicabilidade das normas constitucionais, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1968, pág. 150). (Grifamos) Tais diretivas não atritam com entendimento esposado no Parecer CJ/MPAS nº 1.748/99, cujo teor transcrevemos na sequência: DIREITO CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO TRABALHADOR PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS ART. 7º , INC. XI DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA POSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. 1) O art. 7º , inciso XI da Constituição da República de 1988, que estende aos trabalhadores o direito a participação nos lucros desvinculado da remuneração é de eficácia limitada. Fl. 725DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 18 2) O Supremo Tribunal Federal ao julgar o Mandado de Injunção nº 426 estabeleceu que só com o advento da Medida Provisória nº 794, de 24 de dezembro de 1994, passou a ser lícito o pagamento da participação nos lucros na forma do texto constitucional. 3) A parcela paga a título de participação nos lucros ou resultados antes da regulamentação ou em desacordo com essa norma, integra o conceito de remuneração para os fins de incidência da contribuição social. (...) 7. No entanto, o direito a participação dos lucros, sem vinculação à remuneração, não é auto aplicável, sendo sua eficácia limitada a edição de lei, consoante estabelece a parte final do inciso anteriormente transcrito. 8. Necessita, portanto, de regulamentação para definir a forma e os critérios de pagamento da participação nos lucros, com a finalidade precípua de se evitar desvirtuamento dessa parcela. 9. A regulamentação ocorreu com a edição da Medida Provisória nº 794, 29 de dezembro de 1994, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas e dá outras providências, hoje reeditada sob o nº 1.76956, de 8 de abril de 1999. 10. A partir da adoção da primeira Medida Provisória e nos seus termos, passou a ser lícito o pagamento de participação nos lucros desvinculada da remuneração, mas, destaco, a desvinculação da remuneração só ocorrerá se atender os requisitos pré estabelecidos. 11. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ao julgar o Mandado de Injunção nº 426, onde foi Relator o Ministro ILMAR GALVÃO, que tinha por escopo suprir omissão do Poder Legislativo na regulamentação do art. 7º, inc. XI, da Constituição da República, referente a participação nos lucros dos trabalhadores, julgou a citada ação prejudicada, face a superveniência da medida provisória regulamentadora. 12. Em seu voto, o Ministro ILMAR GALVÃO, assim se manifestou: O mandado de injunção pretende o reconhecimento da omissão do Congresso Nacional em regulamentar o dispositivo que garante o direito dos trabalhadores de participarem dos lucros e resultados da empresa (art. 7º, inc. IX, da CF), concedendose a ordem para efeito de implementar in concreto o pagamento de tais verbas, sem prejuízo dos valores correspondentes à remuneração. Tendo em vista a continuação da transcrição a edição, superveniente ao julgamento do presente WRIT injuncional, da Medida Provisória nº 1.136, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências, verificase a perda do objeto desta impetração, a partir da possibilidade de os trabalhadores, que se achem nas condições previstas na norma constitucional invocada, terem garantida a participação nos lucros e nos resultados da empresa. (grifei) 14. O Pretório Excelso confirmou, com a decisão acima, a necessidade de regulamentação da norma constitucional (art. 7º, inc. XI), ficando o pagamento da participação nos lucros e sua desvinculação da remuneração, sujeitas as regras e critérios estabelecidos pela Medida Provisória. 15. No caso concreto, as parcelas referemse a períodos anteriores a regulamentação do dispositivo constitucional, em que o Banco do Brasil, sem a devida autorização legal, efetuou o pagamento de parcelas a título de participação nos lucros. Fl. 726DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 718 19 16. Nessa hipótese, não há que se falar em desvinculação da remuneração, pois, a norma do inc. XI, do art. 7º da Constituição da República não era aplicável, na época, consoante ficou anteriormente dito. (Grifamos) Tratandose de norma constitucional de eficácia limitada, esta depende da integração de documento normativo editado pelo órgão legislativo competente para que suas disposições possam produzir os efeitos jurídicos colimados pelo Constituinte. Tal matéria já foi bater às portas da Suprema Corte, cuja Segunda Turma, no julgamento do Agravo Regimental no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n° 505.597, pacificou o entendimento que deve prevalecer nas situações desse jaez. EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. ART. 7º, XI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. MP 794/94. Com a superveniência da MP n. 794/94, sucessivamente reeditada, foram implementadas as condições indispensáveis ao exercício do direito à participação dos trabalhadores no lucro das empresas [é o que extrai dos votos proferidos no julgamento do MI n. 102, Redator para o acórdão o Ministro Carlos Velloso, DJ de 25.10.02]. Embora o artigo 7º, XI, da CB/88, assegure o direito dos empregados àquela participação e desvincule essa parcela da remuneração, o seu exercício não prescinde de lei disciplinadora que defina o modo e os limites de sua participação, bem como o caráter jurídico desse benefício, seja para fins tributários, seja para fins de incidência de contribuição previdenciária. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. (grifos nossos) Na mesma linha de entendimento: RE 398.284 / RJ Rel. Min. MENEZES DIREITO Órgão Julgador: Primeira Turma DJe de 19122008 Participação nos lucros. Art. 7°, XI, da Constituição Federal. Necessidade de lei para o exercício desse direito. 1. O exercício do direito assegurado pelo art. 7°, XI, da Constituição Federal começa com a edição da lei prevista no dispositivo para regulamentálo, diante da imperativa necessidade de integração. 2. Com isso, possível a cobrança das contribuições previdenciárias até a data em que entrou em vigor a regulamentação do dispositivo. 3. Recurso extraordinário conhecido e provido. Deflui dos termos dos julgados suso transcritos que o exercício do direito social em debate se sujeita às disposições estabelecidas na lei disciplinadora, à qual foi confiada a definição do Fl. 727DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 20 modo e dos limites de sua participação, bem como do caráter jurídico desse benefício, seja para fins tributários, seja para fins de incidência de contribuição previdenciária. Atentese, por relevante, que o direito social estampado no inciso XI do art. 7º da CF/88 é dirigido à classe de trabalhadores que laboram mediante o vínculo jurídico de uma relação de emprego, não abraçando as pessoas físicas que, assumindo o risco da atividade econômica, exercem por conta própria, determinada atividade profissional de natureza urbana, como é o caso dos Diretores não empregados e demais segurados contribuintes individuais, eis que entre estes e as respectivas empresas não se formaliza vínculo empregatício. Das disposições plasmadas no caput do art. 2º do Diploma Legal acima desfiado ergue se como fato incontroverso que o direito social objeto de regulamentação abarca, tão somente, os empregados da empresa, assim compreendidos os trabalhadores vinculados mediante um liame empregatício com a entidade empresarial em questão, não irradiando efeitos sobre as demais categorias de obreiros, aqui incluídos os segurados contribuintes individuais. A assertiva ora alinhada encontra amparo, igualmente, nas disposições insculpidas no §4º do art. 218 de nossa Lei Soberana, cuja norma de caráter programático prevê o apoio e estímulo às empresas que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. Constituição Federal de 1988 Art. 218 O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas. (...) §4° A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. (grifos nossos) Com efeito, a Lei nº 8.212/1991, em obediência ao preceito constitucional em testilha, honrou materializar na alínea “j” do §9º do seu art. 28 a hipótese de não incidência tributária assinalada no inciso XI, in fine, do art. 7º da CF/88, excluindo do campo de tributação das contribuições previdenciárias as importâncias pagas, creditadas ou devidas a título de PLR, sempre que estas verbas forem pagas de acordo com a lei própria de regência, in casu, a Lei nº 10.101/2000, como assim prevê a Norma Matriz. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 28 – (...) §9º Não integram o saláriodecontribuição: (...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica. Relembrando, a edição da Medida Provisória nº 794/94 veio ao atendimento do comando constitucional em tela, introduzindo no Ordenamento Jurídico os primeiros traços definidores do direito social ora em debate, vindo a sofrer, ao longo do tempo, em suas reedições e renumerações, um volume pouco expressivo de modificações legislativas, até a sua definitiva conversão na Lei nº 10.101/2000. Fl. 728DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 719 21 Lei nº 10.101 de 19 de dezembro de 2000 Art.1o Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: (grifos nossos) I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. (grifos nossos) §1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. §2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. (...) Art. 3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §1o Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. §2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. §3o Todos os pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos espontaneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. §4o A periodicidade semestral mínima referida no §2o poderá ser alterada pelo Poder Executivo, até 31 de dezembro de 2000, em função de eventuais impactos nas receitas tributárias. §5o As participações de que trata este artigo serão tributadas na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, competindo à pessoa jurídica a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto. Art. 4º Caso a negociação visando à participação nos lucros ou resultados da empresa resulte em impasse, as partes poderão utilizarse dos seguintes mecanismos de solução do litígio: Fl. 729DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 22 I – Mediação; II – Arbitragem de ofertas finais. §1º Considerase arbitragem de ofertas finais aquela que o árbitro deve restringirse a optar pela proposta apresentada, em caráter definitivo, por uma das partes. §2º O mediador ou o árbitro será escolhido de comum acordo entre as partes. §3º Firmado o compromisso arbitral, não será admitida a desistência unilateral de qualquer das partes. §4º O laudo arbitral terá força normativa independentemente de homologação judicial. Colhemos dos princípios idealizadores da rubrica em pauta, que a verba paga a título de PLR tem por espírito e essência de sua instituição servir como um instrumento de incentivo à produtividade dos trabalhadores e, consequentemente, da empresa, mediante o pagamento de um plus remuneratório, além do salário e dos demais benefícios devidos ao trabalhador, como forma de estimular o empregado a ter um rendimento operacional que exceda ao desempenho ordinário que lhe é exigido habitualmente como decorrência comum, inerente e direta do contrato de trabalho. O plano de incentivo à produtividade tem que traduzir, portanto, de maneira clara e objetiva, um fim extraordinário a ser alcançado pelo desempenho emproado do trabalhador, estimulado que está pela promessa de um ganho adicional remuneratório consistente na PLR. Nos termos do §1º, in fine, do art. 2º da Lei nº 10.101/2000, tal fim extraordinário pode ser estabelecido como um índice de produtividade, de qualidade da produção ou de lucratividade da empresa. Pode, igualmente, ser traduzido por um programa de metas, de resultados ou de prazos, ou por qualquer uma outra ferramenta gerencial que, efetivamente, encoraje, deflagre e estimule o trabalhador a produzir mais e melhor do que aquele desempenho ordinário que ele vinha apresentando cotidiana e rotineiramente, decorrente do seu compromisso laboral celebrado no contrato de trabalho. Assim: · O desempenho regular e ordinário do trabalhador decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho é remunerado mediante salário; · O desempenho extraordinário e túmido do trabalhador, visando a atingir objetivos de excelência fixados previamente pela empresa que excedam aos resultados históricos, é remunerado mediante participação dos empregados nos lucros e resultados da empresa, em valores previamente fixados nas negociações coletivas. Realizase, assim, a integração Capital vs Trabalho: A empresa ganha com o aumento da produtividade, qualidade, lucratividade, volume de produção, prazos, etc. O trabalhador ganha também, mediante o auferimento do plus remuneratório consubstanciado na PLR. Conforme dessai dos incisos I e II do §1º do art. 2º da Lei nº 10.101/2000, optou o legislador infraconstitucional por não engessar na Lei os fins extraordinários a serem almejados nos planos de incentivo à produtividade, delegando às próprias empresas a prerrogativa de estabelecer nos seus planos de PLR os objetivos que melhor de adequem à realidade e às características intrínsecas de cada pessoa jurídica. Fl. 730DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 720 23 Dentre tais fins extraordinários, elencou a lei, exemplificativamente, dentre outros possíveis e viáveis, os seguintes critérios e condições: · Índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; · Programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. Mas não se iludam, caros leitores. Muito embora a legislação infraconstitucional não obrigue a empresa a seguir este ou aquele objetivo específico, a existência e delimitação clara e precisa, no plano de PLR, de um fim extraordinário específico a ser atingido pelo quadro funcional da Entidade é mandatória e indispensável para a caracterização da PLR legal. Assim, mesmo que a empresa decline de optar por qualquer um dos critérios ilustrativamente descritos nos incisos I e II do §1º do art. 2º da Lei nº 10.101/2000, ela tem que, necessariamente, descrever em detalhes, e de maneira prévia, um objetivo extraordinário específico a ser almejado pelo seu corpo funcional na consecução e realização do plano de participação nos lucros e resultados da empresa, sob pena de descaracterização da PLR legal. Almeja com isso a Lei um comprometimento efetivo dos empregados no sentido de oferecer uma dedicação, um cuidado e um empenho de excelência, superior ao ordinário, usual e cotidiano, na busca pela consecução dos objetivos fixados no acordo e na obtenção do direito subjetivo estipulado no plano. Isso porque, conforme já salientado, qualquer verba paga em razão do desempenho regular e ordinário do trabalhador decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho tem natureza jurídica de salário, remuneração direta e inescusável pelo labor rotineiro e usual oferecido cotidianamente pelo trabalhador à empresa e, nessas condições, base de cálculo das contribuições previdenciárias. Dessarte, sem o estabelecimento prévio no plano de PLR de um objetivo especial, que incentive e alavanque a produtividade, a ser atingido pelo operariado, o qual, se atingido satisfatoriamente, tem o condão de premiar os trabalhadores que efetivamente envidaram esforços supranormais na sua consecução, o plano de PLR recai na tábula rasa do trabalho comum e ordinário, o qual é remunerado mediante salário, sofrendo a incidência, assim, das obrigações previstas na Lei de Custeio da Seguridade Social. O pagamento de verba com o rótulo de PLR Legal em retribuição ao trabalho comum, ordinário, usual e cotidiano do empregado, desconectado a qualquer incentivo à produtividade, é expressamente vedado pela Lei nº 10.101/2000, cujo art. 3º obsta o pagamento de tal rubrica em substituição ou complementação à remuneração devida a qualquer empregado. As regras claras e objetivas quanto ao direito substantivo referemse ao direito dos trabalhadores de conhecerem, previamente, no corpo do próprio instrumento de negociação, o quanto irão receber a depender do lucro auferido pelo empregador se os objetivos forem cumpridos, o que terá que fazer para receber tal quantia e como irá recebêla. Quanto às regras adjetivas, deve o trabalhador ter ciência dos mecanismos de aferição de seu desempenho, de como aferilo em determinado momento e situação, das metas e índices de produtividade a serem alcançados e o que falta para alcançálos, etc. A inexistência de tais regras, de forma clara e objetiva, no instrumento de negociação, implica a sua estipulação e avaliação dos trabalhadores por ato unilateral do empregador, circunstância que colide com o objetivo almejado pelo legislador. Fl. 731DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 24 A exigência de regras claras e objetivas justificase como forma de inviabilizar a discriminação de empregados e de se consumar a própria finalidade do instituto criado. Sendo o resultado finalístico almejado pela norma o fomento da produtividade da mão de obra, nada mais compreensível e pertinente que os empregados tenham o real conhecimento da exata dimensão do direito a eles concedido e do esforço e dedicação que eles devem empreender para alcançálo. Exige, ainda, a Lei n° 10.101/2000 que do acordo constem os “mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado", de modo a assegurar aos empregados a transparência nas informações por parte da empresa, o fornecimento dos dados necessários à definição das metas, a adoção de indicadores de produtividade, qualidade ou lucratividade que sejam compreendidos por todos, a possibilidade de fiscalização do regular cumprimento das regras pactuadas e o acompanhamento progressivo da constituição do direito em debate por parte do empregado. Como visto, tem por finalidade precípua o plano de PLR a constituição formal de um direito subjetivo do trabalhador, porém condicionado, de maneira que, satisfazendo o empregado a condição assentada no Plano, ele trabalhador se imite no direito subjetivo ali estipulado de maneira clara e precisa, sendo justamente o plano de PLR o justo título para se exigir da empresa o que se foi ajustado nas negociações entre patrões e empregados. Por tais razões, as condições a serem adimplidas, os direitos substantivos dos trabalhadores, as regras adjetivas, bem como os mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado devem constar de maneira clara e objetiva no plano de PLR, e este deve ser previamente arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. Da pena de Sergio Pinto Martins (in Participação dos Empregados nos Lucros das Empresas, Editora Atlas, 2009, pág. 150) já se escreveu: "Os critérios da participação nos resultados não poderão ficar sujeitos apenas a condições subjetivas, mas objetivas, determinadas, para que todos as possam conhecer e para que não haja dúvida posteriormente sobre se o empregado atingiu o resultado almejado pela empresa". Exsurge a todo ver que a regulamentação legal pautase no desígnio da proteção do trabalhador para que sua participação nos lucros seja concreta, justa e impessoal. Os sindicatos envolvidos ou as comissões, nos termos do artigo 2º da Lei de regência, têm liberdade para fixarem os critérios e condições para a participação do trabalhador nos lucros e resultados. Visa o Legislador Ordinário a impedir que condições ou critérios subjetivos e/ou unilaterais obstem a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados ou que a empresa utilize a rubrica em foco como forma dissimulada de remuneração, o que é expressamente vedado pelo art. 3º do Diploma Legal Regulador. Assim, devem as regras conformadoras do direito em palco ser claras e objetivas para que os critérios e condições possam ser aferidos objetivamente, de modo que o obreiro possa exigir do empregador o seu efetivo cumprimento, eis que, alcançados os termos assentados no acordo, o trabalhador passa a ser titular do direito subjetivo ao recebimento da importância a que faz jus. Concretizase, dessarte, a integração entre o capital e o trabalho e o incentivo à produtividade tão visados pela lei. Mas a Lei não se contenta só com a explicitação dos direitos objetivos dos trabalhadores. Ela exige que o instrumento de acordo coletivo especifique os critérios e procedimentos a Fl. 732DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 721 25 serem seguidos para a mensuração do quanto do acordado já se houve por cumprido, bem como para a aferição de quanto cada empregado já contribuiu para o alcance das metas propostas. Em primoroso trabalho doutrinário, Kertzman e Cyrino (KERTZMAN, Ivan e CYRINO, Sinésio. In Salário de contribuição; Salvador, Editora Jus Podivm, 2ª edição, 2010) realçaram as notas características da hipótese de não incidência de contribuições previdenciárias ora em trato: “A exigência de regras claras é uma forma de impossibilitar a discriminação dos empregados e de alcançar a própria finalidade do instituto criado. Se o objetivo é estimular a produtividade dos empregados, nada mais correto do que se exigir que estes tenham conhecimento das regras do benefício proposto, pois, se assim não fosse, não seria possível a promoção de um esforço adicional para alcançar a meta estabelecida, e o programa seria apenas uma forma de remuneração disfarçada”. A lei exige que nos instrumentos decorrentes da negociação constem as regras adjetivas do plano de PLR, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, para que o trabalhador possa saber, de antemão, como ele será avaliado e como será apurado o cumprimento das metas previamente estabelecidas, não se contentando a Lei com a mera divulgação, a posteriori, na internet ou em outro meio qualquer de comunicação da empresa, da consolidação dos resultados alcançados. A Lei preconiza um enfoque proativo, de natureza dinâmica, antecipando de maneira clara e precisa qual será efetivamente o mecanismo de avaliação dos trabalhadores quanto às metas estabelecidas e de qual será o critério e metodologia de apuração do cumprimento das metas estabelecidas no acordo. Não se satisfaz com a mera postura estática, retroativa, de apenas medir e relatar os resultados alcançados. Alertese que a estipulação de metas e a divulgação estática dos resultados alcançados no final do período de apuração não se confundem com descrição dos mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado. A Lei nº 10.101/2000 exige ambas. Não se basta só com a primeira. De outro eito, decorre por dedução lógica e, principalmente, pelas disposições expressas na lei, que a definição e formalização em documento próprio das condições de contorno do plano de PLR têm que estar concluídas e tornadas públicas aos empregados previamente ao período de apuração dos objetivos pactuados entre as partes, de maneira que o trabalhador tenha o perfeito e exato conhecimento daquilo que precisa fazer, de como precisa fazer, do quanto e quando precisa fazer, de como serão mensurados e avaliados os objetivos estabelecidos pela empresa e de como o empregado será avaliado pela empresa para fazer jus ao ganho patrimonial especificamente consignado e prometido na negociação coletiva REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. Tendo por finalidade a norma em tela a integração entre capital e trabalho e o ganho de produtividade, exige a lei a negociação prévia entre empresa e os empregados, mediante acordo coletivo ou comissão de trabalhadores, da qual resulte clareza e objetividade das condições a serem satisfeitas (regras adjetivas) para a participação nos lucros ou resultados (direito substantivo). Tendo a PLR a finalidade de incentivar o trabalhador a realizar e oferecer à empresa um plus de produtividade que exceda ao resultado rotineiro e ordinário decorrente do contrato de Fl. 733DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 26 trabalho, avulta que acordo tem que ser assinado antes do início do período de apuração, para que os trabalhadores saibam, com precisão, o quê, como, quando e quanto precisam fazer para auferir o ganho patrimonial que lhes é prometido por intermédio do plano ajustado. Por isso, os trabalhadores, antes do início do período de apuração, necessitam ter o claro e preciso conhecimento de quanto e quando irão ganhar, sob que forma, e como serão avaliados, para poderem decidir se vale ou não a pena se empenhar de maneira excessiva à ordinária e comum. São as tais das REGRAS CLARAS E OBJETIVAS quanto aos direitos substantivos dos trabalhadores. O espirito da lei pautase na transparência, conhecimento e registro documental prévio dos direitos subjetivos dos trabalhadores na participação nos lucros e resultados da empresa, bem como das condições e dos fins excepcionais que deverão de ser atingidos com o empenho incentivado pelo plano, para a consecução de tal ganho patrimonial. Deve ser enaltecido que o instrumento de acordo celebrado não figura como mera peça decorativa na indigitada lei específica, mas, sim, como documento formal para o registro dos fins extraordinários a serem alcançados pelo corpo funcional da empresa, das regras claras e objetivas referentes aos direitos substantivos dos empregados, ou seja, do incentivo contraprestacional que irão auferir caso atinjam os objetivos do plano, e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo. Deflui da simbiose dos fundamentos jurídicos e principiológicos dimanados dos dispositivos legais ora revisitados que o instrumento de negociação celebrado entre patrões e empregados seja arquivado PREVIAMENTE na entidade sindical da categoria, como garantia dos direitos dos trabalhadores, porquanto os sindicatos ostentam, como uma de suas principais funções, a defesa dos interesses econômicos, profissionais, sociais e políticos dos seus associados. A Lei nº 10.101/2000 não se satisfaz com o mero convite ou carta de convocação aos sindicatos. Ela exige a participação efetiva dos sindicatos na mesa de negociações! A eventual escusa dos sindicatos de participar da celebração do plano de PLR não é excludente da exigência estatuída no Diploma Legal ora em foco, uma vez que o Ordenamento Jurídico prevê caminhos alternativos de sanatória de tal ausência, fixados no art. 616 da Consolidação das Leis do Trabalho, ad litteris et verbis: Consolidação das Leis do Trabalho Art. 616 Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou profissionais e as empresas, inclusive as que não tenham representação sindical, quando provocados, não podem recusarse à negociação coletiva. (Redação dada pelo Decretolei nº 229/67) §1º Verificandose recusa à negociação coletiva, cabe aos Sindicatos ou empresas interessadas dar ciência do fato, conforme o caso, ao Departamento Nacional do Trabalho ou aos órgãos regionais do Ministério do Trabalho e Previdência Social, para convocação compulsória dos Sindicatos ou empresas recalcitrantes. (Incluído pelo Decretolei nº 229/67) §2º No caso de persistir a recusa à negociação coletiva, pelo desatendimento às convocações feitas pelo Departamento Nacional do Trabalho ou órgãos regionais do Ministério de Trabalho e Previdência Social, ou se malograr a negociação entabolada, é facultada aos Sindicatos ou empresas interessadas a instauração de dissídio coletivo. (Incluído pelo Decretolei nº 229/67) §3º Havendo convenção, acordo ou sentença normativa em vigor, o dissídio coletivo deverá ser instaurado dentro dos 60 (sessenta) dias anteriores ao Fl. 734DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 722 27 respectivo termo final, para que o novo instrumento possa ter vigência no dia imediato a esse termo. (Redação dada pelo Decretolei nº 424/69) §4º Nenhum processo de dissídio coletivo de natureza econômica será admitido sem antes se esgotarem as medidas relativas à formalização da Convenção ou Acordo correspondente. (Incluído pelo Decretolei nº 229/67) Nessa esteira, não atendendo os sindicatos à convocação levada a efeito pela Recorrente, deveria esta ter dado ciência do fato ao órgão responsável do Ministério do Trabalho, ou ao órgão governamental competente que lhe faça as vezes, para que procedesse à convocação compulsória dos Sindicatos recalcitrantes. Dessarte, sem a presença de um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria e enquanto não se promover o efetivo arquivamento do instrumento de acordo celebrado na entidade sindical dos trabalhadores, irregular, incompleta e em desacordo com a Lei nº 10.101/2000 estará a negociação entre patrões e empregados, circunstância que exclui toda e qualquer verba paga a título de PLR do campo de não incidência tributária delimitado na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. Cumpre observar que, nos termos do art. 111, II do CTN, devese emprestar interpretação restritiva às normas que concedam outorga de isenção. Nesse diapasão, em sintonia com a norma tributária há pouco citada, para se excluir da regra de incidência é necessária a fiel observância dos termos da norma de exceção, tanto assim que as parcelas integrantes do supraaludido §9º, quando pagas ou creditadas em desacordo com a legislação pertinente, passam a integrar a base de cálculo da contribuição para todos os fins e efeitos, sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis. Código Tributário Nacional CTN Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; Dado à exegese restritiva exigida pelo CTN, somente serão extirpadas da base de cálculo das contribuições previdenciárias as verbas pagas sob o rótulo de participação nos lucros e resultados (PLR) que forem pagas ou creditadas a segurados empregados, e em estreita e inafastável consonância com a lei específica que rege o benefício em pauta. Do contrário, não. Permanecerão qualificadas como Salário de Contribuição. Diante dos aludidos dispositivos, deflui que o efeito sublime da desoneração prevista na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei de Custeio da Seguridade Social somente toma vulto na exclusiva condição de as verbas pagas ou creditadas a título de participação nos lucros e resultados atenderem cumulativamente aos seguintes requisitos: · A verba paga a título de participação nos lucros e resultados da empresa tem que ser representativa de um plano gerencial de incentivo à produtividade, consoante art. 1º da Lei nº 10.101/2000. · O plano de incentivo à produtividade tem que traduzir, portanto, de maneira clara e objetiva, um fim extraordinário a ser alcançado pelo desempenho emproado do Fl. 735DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 28 trabalhador, estimulado que está pela promessa de um ganho adicional remuneratório consistente na PLR, de maneira que, efetivamente, encoraje, deflagre e estimule o trabalhador a produzir mais e melhor do que aquele desempenho ordinário que ele vinha apresentando cotidiana e rotineiramente, decorrente do seu compromisso laboral celebrado no contrato de trabalho. Ø O desempenho regular, rotineiro e ordinário do trabalhador decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho é remunerado mediante salário; Ø O desempenho extraordinário e túmido do trabalhador, visando a atingir objetivos de excelência fixados previamente pela empresa que excedam aos resultados históricos, é remunerado mediante participação dos empregados nos lucros e resultados da empresa, em valores previamente fixados nas negociações coletivas. · Tem que resultar de negociação formal entre a empresa e seus empregados, por comissão escolhida pelas partes, integrada, obrigatoriamente, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria ou de convenção/acordo coletivo; · Das negociações suso citadas, deverão resultar instrumentos formais que registrem o plano de incentivo à produtividade adotado pela empresa, os objetivos a serem alcançados na execução de tal plano, as regras claras e objetivas definidoras dos direitos substantivos dos trabalhadores, bem como a regras adjetivas, abarcando os mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, etc. · A negociação entre empresa e trabalhadores tem que ser concluída e assinada previamente ao período de execução do plano, de modo que os empregados dele participem com a perfeita e exata noção do que, do quanto, do quando e do como fazer para o atingimento dos objetivos pactuados, do quanto receberão pelo seu sucesso, e de como serão avaliados para fazerem jus à PLR prometida; · O instrumento formal resultante do acordo em realce tem que ser arquivado previamente na entidade sindical dos trabalhadores; · A PLR não pode substituir, tampouco complementar, a remuneração devida a qualquer empregado; · A PLR não pode ser distribuída em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil; No caso em apreço, os lançamentos das bases de cálculo foram efetuados através dos levantamentos adiante descritos, segregados de acordo com a categoria funcional do empregado: · “PF PART RESULTADOS FUNCIONARIOS” pagamentos aos funcionários em geral; · “PE PART RESULTADOS EXECUTIVOS” pagamentos aos executivos; Fl. 736DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 723 29 · “PD PART RESULTADOS DIRETORES” pagamentos aos diretores. 2.1.1. PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS FUNCIONARIOS” – LEVANTAMENTO PF Apurou a Fiscalização que a Autuada remunerou seus empregados em geral, a título de “Participação nos Lucros e Resultados”, em desacordo com a lei específica nº 10.101/2000, uma vez que os planos de PLR acordados entre a Recorrente e os seus empregados não continham a especificação de qualquer fim extraordinário a exigir o esforço adicional dos trabalhadores, tampouco continham regras claras e objetivas sobre os direitos substantivos dos empregados, e nem mesmo os critérios de aferição para se verificar o quanto já se houve por cumprido do acordado ou para se calcular o Quantum a ser recebido por cada empregado. Verificou a Autoridade Lançadora que o direito ao recebimento da verba em questão dependia, tão somente, do empenho ordinário, usual e cotidiano do empregado, decorrente diretamente do contrato de trabalho comum, inexistindo no plano da empresa qualquer viés de incentivo à produtividade que justificasse a participação dos empregados nos lucros e resultados da empresa, nas circunstâncias encantadoras da Lei nº 10.101/2000. De acordo com as cláusulas do Acordo, a fls. 107/117, para fazer jus ao PLR bastaria ao beneficiário ter trabalhado na empresa durante período de apuração, mesmo que de maneira proporcional, não lhe sendo exigido qualquer esforço adicional para ser merecedor da remuneração de incentivo ora em tela. Frustrouse, assim, o objetivo superior da rubrica em foco que é o de servir como instrumento de incentivo à produtividade, conforme previsto no art. 1ª da Lei nº 10.101/2000. De outro eito, o Termo de Acordo a fls. 107/117 também não estipula meta ou qualquer fim extraordinário a ser atingido pela empresa a exigir um empenho de excelência dos seus trabalhadores de forma a justificar o pagamento da verba, afrontando assim o §lº do art. 2° da Lei n° 10.101/2000. O Acordo limitase a estabelecer, de maneira meramente ilustrativa, quais os indicadores que poderiam vir a ser utilizados, conforme item b.1.2.l, adiante transcrito: Termo de Acordo de PLR, de 24/06/2008 “b.1.2.1. Os objetivos organizacionais poderão abranger indicadores como: rentabilidade, lucro econômico/EVA, índice de inadimplência, custo logístico, participação de mercado, custos, franquias e quaisquer outros entendidos como relevantes para composição do programa”. Cadê as regras claras e objetivas ? Mas não é só. Há mais. Fl. 737DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 30 O Termo de Acordo 2008 não estipula como seriam aferidos individualmente os trabalhadores, havendo tão somente previsão de que os objetivos Individuais ou por equipe seriam formulados e negociados com base nos objetivos organizacionais e nas prioridades de cada área. Termo de Acordo de PLR, de 24/06/2008 “b. DA PARTICIPAÇAO NOS RESULTADOS b.1. A IPIRANGA pagará aos seus empregados anualmente Participação nos Resultados nos termos da Lei nº 10.101/2000. b.1.1. A Participação nos Resultados será paga com base na apuração do Fator de Desempenho da Empresa (FDE) e do Fator de Desempenho Individual (FDI). Da multiplicação do FDE pelo PDI resultará para cada empregado uma recompensa em número de salários de acordo com nível funcional, que será paga a titulo de Participação nos Resultados. b.1.2. O Fator de Desempenho da Empresa (FDE) será apurado com base no atingimento de padrões mínimos de desempenho estabelecidos para cada um dos objetivos organizacionais previamente definidos. b.1.2.1. Os objetivos organizacionais poderão abranger indicadores como: rentabilidade, lucro econômico/EVA, índice de inadimplência, custo logístico, participação de mercado, custos, franquias e quaisquer outros entendidos como relevantes para composição do programa. b.1.3. O Fator de Desempenho Individual (FDI) será apurado com base no desempenho de cada empregado de acordo com o método de avaliação de desempenho vigente / praticado. b.1 3.1. Os objetivos individuais ou por equipe serão formulados e negociados com base nos objetivos Organizacionais e nas prioridades de cada área. b.1.3.2. O FDI decorrerá da performance de cada empregado no atingimento dos objetivos individuais e/ou por equipes bem como da avaliação apurada nos respectivos fatores de competência de sua categoria funcional”. Segundo o Recorrente, a participação nos resultados a ser paga a cada empregado é calculada mediante a multiplicação de um Fator de Desempenho da Empresa FDE por um Fator de Desempenho Individual FDI, que resultará em um fator correspondente a um número de salários (PR), variável de acordo com o nível funcional do trabalhador. O Termo de Acordo reza que “O Fator de Desempenho da Empresa (FDE) será apurado com base no atingimento de padrões mínimos de desempenho estabelecidos para cada um dos objetivos organizacionais previamente definidos”, porém, não estabelece como será a forma de apuração desse índice FDE. O Acordo de PLR apenas dispõe que “Os objetivos organizacionais poderão abranger indicadores como: rentabilidade, lucro econômico/EVA, índice de inadimplência, custo logístico, participação de mercado, custos, franquias e quaisquer outros entendidos como relevantes para composição do programa”. Dou um doce para quem conseguir, com base no Termo de Acordo a fls. 107/117, calcular o FDE de cada empregado. O Termo de Acordo reza, também, que “O Fator de Desempenho Individual (FDI) será apurado com base no desempenho de cada empregado de acordo com o método de avaliação de desempenho vigente / praticado”, contudo não específica qual método de avaliação é este, quais as variáveis independentes da avaliação; quais os parâmetros e limites de aferição, quais os critérios de pontuação, etc. Fl. 738DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 724 31 Diz, ainda, que “Os objetivos individuais ou por equipe serão formulados e negociados com base nos objetivos Organizacionais e nas prioridades de cada área”. Ora, mas quais são os objetivos Organizacionais a serem considerados ? A empresa mencionou um rol exemplificativo que “poderão abranger indicadores como: rentabilidade, lucro econômico/EVA, índice de inadimplência, custo logístico, participação de mercado, custos, franquias e quaisquer outros entendidos como relevantes para composição do programa”. Em que instrumento gerencial estariam estipuladas as prioridades de cada área ? Estatui, ainda, o Termo de Acordo que “O FDI decorrerá da performance de cada empregado no atingimento dos objetivos individuais e/ou por equipes bem como da avaliação apurada nos respectivos fatores de competência de sua categoria funcional”. Mas qual será o critério para se medir a performance de cada empregado ? Quais serão os objetivos individuais ou por equipe ? Como será feita a avaliação dos respectivos fatores de competência de cada categoria funcional ? O Termo de Acordo é omisso. Cadê as regras claras e objetivas? Dou outro doce para quem conseguir, com base no Termo de Acordo a fls. 107/117, calcular o FDI de cada empregado. Assim, por não estabelecer claramente as regras e critérios de cálculo e distribuição da Participação nos Resultados, os mecanismos de avaliação do desempenho da empresa e dos empregados e demais fatores que influenciam na determinação dos valores a serem pagos, a Fiscalização concluiu que o Acordo de PLR apresentado não cumpria os requisitos da Lei n° 10.101/2000. E concluiu acertadamente! Aliás, ganha um Saco de São Cosme e São Damião aquele que conseguir, com base no Termo de Acordo a fls. 107/117, calcular o PLR de cada empregado, que é o que se espera de um acordo com regras claras e objetivas. Registrese que, na intenção de tentar suprir essa falta, a Fiscalização intimou a Empresa, mediante o Termo de Intimação Fiscal n° 4, a apresentar outros instrumentos de negociação complementares, porventura existentes, que regulamentassem o pagamento da Participação nos Resultados dos trabalhadores, destacandose que tais documentos deveriam conter data e a assinatura das partes negociantes (empresa e comissão de empregados) e do sindicato da categoria, para que pudessem ser considerados como parte Integrante do Acordo de PLR. (item 19 do Relatório Fiscal) Nada tendo sido apresentado, a Fiscalização, mediante o Termo de Intimação Fiscal n° 5, reiterou a solicitação de tais documentos complementares ao Acordo de PLR regulamentando o pagamento da Participação nos Resultados, ressaltandose novamente a importância da comprovação de que tais documentos tenham sido submetidos à apreciação dos empregados e dos respectivos sindicatos dos trabalhadores, e que tenham obtido concordância integral dos mesmos, previamente à assinatura do Termo de Acordo do PLR celebrado. (item 20 do Relatório Fiscal) Em resposta às Intimações, o contribuinte apresentou as cópias dos “slides de apresentação”, informando que nesses “slides” constaria a exposição detalhada do Programa de Participação nos Lucros e Resultados, aplicado em 2008 a todos os empregados da empresa, e que não existiam outros documentos resultantes de negociação entre empresa e empregados sobre o PLR, que tenham sido assinados pelas partes e pelo sindicato dos trabalhadores, além do próprio Acordo de PLR já apresentado. (item 21 do Relatório Fiscal) Fl. 739DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 32 Ocorre que os referidos “slides” nada mostram, a não ser tópicos genéricos que só se prestam a servir de apoio para o apresentador. Como visto, a forma de apuração e cálculo desses fatores, FDE e FDI, no entanto, não está estabelecida no próprio Acordo. Também não consta, no Acordo, a definição dos índices de variação a serem aplicados em função do nível funcional de cada trabalhador, alterando o número final de salários a ser pago aos mesmos. Além disso, o acordo, que tem como período de apuração o ano calendário de 2008, somente houvese por assinado em 24 de junho de 2008, de maneira que os trabalhadores ficaram quase a metade do período de apuração de metas e de desempenho sem saber se iriam auferir qualquer benefício a título de PLR; Em caso positivo, qual seria esse benefício, o que teriam que fazer, como teriam que fazer e quanto teriam que fazer para se imitir no direito de receber o suposto benefício, violando assim a exigência legal da estipulação das regras claras e objetivas. Isso porque não pode ser considerado como “CLARAS” as metas e os direitos substantivos que somente venham à luz quando já decorrido metade do período de apuração. Como visto, inexiste nos planos de PLR dos empregados da Recorrente qualquer animus de incentivo à produtividade ou de dedicação de excelência, superior à habitual, por parte dos trabalhadores, na medida em que tal comprometimento pessoal com os resultados da empresa é irrelevante para o cálculo do ganho que cada trabalhador irá auferir. A única regra existente que vincula a quota que cada um irá receber tem relação direta com a fração do ano que cada trabalhador esteve vinculado à empresa. Se trabalhou o ano inteiro, recebe o benefício integral, se trabalhou 03 meses, recebe 25% do valor do benefício, e assim por diante. Se produziu pouco ou se produziu muito, é irrelevante. Se operou com substantiva eficiência ou se com total desmazelo, é indiferente. Tais parâmetros não influenciam o quantum que cada trabalhador irá receber a esse título. A única coisa que importa, no caso, é a fração do ano em que o trabalhador se manteve vinculado à empresa. Onde estará o incentivo à produtividade exigido pela Lei ? Perdeuse no caminho ! Merece ser mencionado que o Autuado apresentou cópias impressas de “slides de apresentação” nos quais expõe a regulamentação da forma de apuração da Participação nos Lucros e Resultados a ser paga no ano de 2009 – período de aferição 2008 – aos empregados da Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga CBPI. Para subsidiar o entendimento dos “slides”, o Contribuinte apresentou algumas cartilhas que seriam entregues anualmente aos empregados contendo a explicação do denominado PLANO DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL PRV, o qual, segundo a empresa, corresponderia à concretização do plano de Participação nos Resultados previsto nos Acordos de PLR. Tais cartilhas referiamse ao PRV do ano de 1997 da Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga CBPI, ao PRV do ano de 2003 da Ipiranga Produtos de Petróleo S.A IPP e ao PRV do ano de 2009 da IPP. Não foi apresentada, no entanto, a cartilha referente ao PRV de 2008 da CBPI, ora fiscalizada. Portanto, tais cartilhas serviram apenas de base para um melhor entendimento do plano de PLR, já que os critérios aplicados se mostraram similares ao longo dos anos em ambas as empresas, com variações nos índices considerados. Em análise aos “slides” apresentados, acompanhados de esclarecimentos prestados pelo contribuinte, a Fiscalização apurou que a parcela referente à Participação nos Lucros estava Fl. 740DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 725 33 regulamentada no programa instituído pela empresa denominado PLANO DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL – PRV, o qual, repisese, não era parte integrando do Acordo de PLR. (item 24 do Relatório Fiscal) De acordo com o PRV, os objetivos Organizacionais para 2008 foram estabelecidos a partir de metas a serem atingidas pela empresa, na forma de índices de rentabilidade, participação de mercado, inadimplência, entre outros, conforme relacionados nos “slides”, os quais, igualmente, não foram especificados no Acordo de PLR, apenas citados exemplificativamente. Para cada meta estabelecida, de acordo com a faixa dos valores atingidos, houvese por atribuído um certo número de pontos, os quais somados entre si resultariam em um valor total de desempenho da empresa, variável de l a 4, sendo 4 o grau máximo de desempenho. Esse grau de desempenho determina o FDE Fator de Desempenho da Empresa, de acordo com a tabela abaixo, onde a coluna “Qte Sal” corresponde ao FDE mensurado em número de salários: DESEMPENHO DA EMPRESA GRAUS FAIXAS Qte. Sal. 4 acima de 33 pontos 1,5 3 24,1 até 33 pontos 1,0 2 16,1 até 24 pontos 0,5 1 abaixo de 16,1 pontos 0,0 O FDI atribuído a cada empregado, por seu turno, é determinado através de uma avaliação de desempenho realizada de acordo com o cumprimento dos seus objetivos individuais ou por equipe previamente definidos. De acordo com o PRV, no ano de 2008, esse fator poderia variar de 0,0 a 1,2 , conforme avaliação individual de cada empregado. O FDE obtido para a empresa em geral multiplicado ao Fator de Desempenho Individual FDI, obtido por cada empregado em sua avaliação de desempenho individual, resultará no número de salários atribuído ao mesmo. Esse número de salários multiplicado pelo Salário base de cada empregado determina o valor a ser pago a título de Participação nos Resultados PR. O valor efetivamente pago levará em conta também a assiduidade do empregado, sendo calculado proporcionalmente ao número de dias efetivamente trabalhados no ano de 2008, da seguinte forma: Valor do PR = Salário x FDE x FDI x (n° de dias efetivamente trabalhados/360) Reiterese que os critérios e a forma de cálculo do grau de desempenho da empresa, bem como do FDI Fator de Desempenho Individual, não constavam igualmente do Acordo de PLR, tampouco no PRV, sendo fixados unilateralmente pela empresa. Nos “Slides” consta também a apresentação dos resultados finais quanto ao desempenho da empresa apurado no ano de 2008 e os índices alcançados com relação às metas e Objetivos organizacionais atingidos, que influenciaram na determinação do Fator de Desempenho de Empresa FDE, denominado também de Salário Potencial da Empresa SPE. De acordo com os resultados apresentados em 2008, a empresa atingiu a pontuação máxima de desempenho, sendo atribuído o grau 4. Portanto, o FDE ou SDE a ser aplicado no cálculo da participação nos resultados de cada empregado é de 1,5. Fl. 741DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 34 Da conjugação desses fatores podese concluir que, de acordo com o Plano de Remuneração Variável, o valor máximo que um empregado poderia receber a título de Participação nos Resultados seria de 1,8 salários. 1,5 X 1,2 = 1,8 (FDE máximo) x (FDI máximo) = (nº máximo de Salários) Em resposta ao TIF n° 1, a Empresa apresentou planilhas demonstrativas discriminando os valores pagos no ano de 2009, a cada trabalhador beneficiado, a título de Participação nos Lucros do 2° semestre de 2008 e Participação nos Resultados de 2008. Posteriormente, diante de novas intimações, o contribuinte reapresentou tais planilhas fazendo constar, entre outras informações, os fatores utilizados no cálculo da Participação nos Resultados paga a cada empregado (FDE, FDI e assiduidade), os valores dos salários considerados como base de cálculo e os valores efetivamente pagos. Tais informações foram subdivididas em duas planilhas de acordo com a categoria funcional dos empregados, sendo uma referente aos executivos e a outra referente aos funcionários em geral. Comparandose tais planilhas com as folhas de pagamento, a Fiscalização constatou que os valores relativos às diversas colunas que compõem o total do pagamento da Participação nos Resultados a cada empregado das categorias de executivos e funcionários em geral encontram correspondência com os valores lançados nas rubricas “790”, “79l”, “l060” e “1065” das folhas de pagamentos. Há que se reconhecer, portanto, que o simples fato de as regras e critérios de cálculo e distribuição da Participação nos Resultados aos empregados, concretizadas no Programa de Remuneração Variável aplicado em 2008, não constarem como parte integrante do Termo de Acordo de PLR, e de não ter sido comprovado que tal Programa tenha sido objeto de negociação entre as partes (empresa, comissão de empregados e sindicato) previamente à assinatura do Acordo, já é por si só suficiente para se concluir que o pagamento da Participação nos Resultados aos empregados, de qualquer categoria funcional, houvese por realizado em desacordo com a Lei n° 10.101/2000, caracterizandose, portanto, base de cálculo das contribuições previdenciárias. Por outro lado, ainda que se fizesse constar integralmente as regras do PRV de 2008 no próprio texto do Acordo de PLR, o PRV não prescreve os critérios e as memorias de cálculo para a determinação dos índices FDE e FDI, sendo tais parâmetros definidos unilateralmente pelo empregador, segundo seu íntimo senso de conveniência e oportunidade, não gerando direitos subjetivos aos trabalhadores, indo de encontro ao imperativo das regras claras e objetivos exigidas pela Lei nº 10.101/2000. Além disso, não se encontra presente nos acordos de PLR qualquer estipulação de metas, ou fins extraordinários a ser alcançados pelos trabalhadores para fazer jus ao ganho patrimonial ora em pauta, tampouco se encontra descrito qualquer critério de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, fatos que, igualmente, representam violação aos requisitos insculpidos na Lei nº 10.101/2000. 2.1.2. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS – DIRETORES E EXECUTIVOS – LEV. PD e PE Fl. 742DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 726 35 A Fiscalização apurou que os valores relativos ao pagamento da Participação nos Resultados foram lançados na conta de despesas de código “614010012 Participações nos Resultados”. Foram detectados, no entanto, além dos lançamentos correspondentes ao pagamento da Participação nos Resultados aos empregados, outros lançamentos no Livro Razão da referida conta, referentes às categorias de executivos e funcionários em geral, conforme se observa na tabela ao pé da fl. 28. Intimado a esclarecer a natureza dos referidos lançamentos contábeis, identificados no histórico como “Acertos Contábeis CONTABILIZACAO VERBA 40”, o Sujeito Passivo informou tratar se da Participação nos Resultados paga aos diretores empregados da Companhia, cujos valores não se encontravam lançados na folha de pagamento apresentada em meio digital, e também não constavam nas planilhas de PLR apresentadas relativas às categorias de executivos e funcionários. Com relação a tais lançamentos, o contribuinte apresentou uma folha de pagamento especial, contendo apenas os referidos valores pagos aos diretores, os quais foram lançados como verba “0040 Participação Lucros”. Esclareceu ainda o Autuado que tais valores teriam sido lançados equivocadamente na rubrica referente a Participação nos Lucros, mas que na realidade tratamse de Participação nos Resultados, conforme contabilizados. Foi apresentada também uma terceira planilha contendo a discriminação dos valores pagos em 2009 aos empregados da categoria dos diretores a título de Participação nos Resultados, semelhante às planilhas apresentadas para os executivos e funcionários em geral, contendo os fatores utilizados no cálculo (FDE, FDI e assiduidade), os valores dos salários considerados como base de cálculo e os valores efetivamente pagos. Verificou a Fiscalização que os valores das participações pagas aos diretores informados nessa planilha correspondiam aos valores lançados na referida folha de pagamento especial, cujo total correspondia exatamente à soma dos dois lançamentos contábeis identificados como “Acertos Contábeis CONTABILIZACAO VERBA 40”. A Fiscalização constatou que para todos os empregados da categoria funcionários foi utilizado o Fator de Desempenho da Empresa FDE de 1,5 , que foi atribuído em decorrência da pontuação máxima obtida no cumprimento das metas estabelecidas para 2008, conforme as regras constantes no PRV anteriormente mencionadas. A Fiscalização observou que os Fatores de Desempenho Individual – FDI utilizados para cada um desses funcionários estava compatível com a faixa estabelecida no PRV, variando entre 0 e 1,2, de acordo com a pontuação obtida na sua avaliação de desempenho Individual em suas funções, realizada por um superior imediato. A Fiscalização apurou, também, que o PLR dos empregados da categoria de funcionários em geral foi paga de acordo com os critérios estabelecidos no Programa de Remuneração Variável PRV. No entanto, com relação aos empregados das categorias de executivos e diretores, tais critérios não foram integralmente obedecidos, uma vez que os Fatores de Desempenho da Empresa FDE utilizados no cálculo das participações nos resultados ultrapassam, em sua grande maioria, o valor máximo de 1,5 estabelecido pelo PRV de 2008. No caso dos executivos, observase que, para apenas 5 (cinco) dos 60 (sessenta) empregados relacionados, foi utilizado o FDE de 1,5, enquanto que, para os demais (55), foram aplicados Fl. 743DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 36 fatores com valores que variaram de 2,87 a 10,73. Com relação aos diretores, os FDE utilizados variaram entre 17,21 a 20,60, ou seja, valores bem superiores ao FDE máximo de 1,5 estabelecido no PRV. Ou seja, além de o Acordo de PLR não especificar os critérios e a memória de cálculo de apuração dos FDE e dos FDI, o pagamento da Participação nos Resultados aos diretores e executivos houvese por realizado em desacordo com o PRV Programa de Remuneração Variável vigente em 2008, o qual foi apresentado pelo contribuinte como sendo a concretização do plano de Participação nos Resultados previsto no Acordo de PLR. No que pertine à diferenciação nos valores definidos para o FDE dos executivos e diretores, o Autuado foi, por diversas vezes, intimado a demonstrar os critérios e cálculos utilizados na definição dos fatores utilizados, bem como a comprovar que tais critérios específicos para os diretores e executivos teriam sido objeto de negociação entre a empresa e empregados, com participação do sindicato, previamente à assinatura do Acordo de PLR. Em resposta, o contribuinte afirmou que os critérios para definição do FDE das categorias funcionais de executivos e diretores foram apresentados exclusivamente aos interessados, não tendo sido apresentados nem mesmo na reunião de negociação e aprovação do Programa. Ou seja: tais critérios não estavam contemplados no Acordo de PLR. Apesar das reiteradas intimações, o Autuado não apresentou quaisquer documentos ou esclarecimentos a respeito dos critérios e métodos de cálculos utilizados na determinação dos fatores FDE diferenciados atribuídos aos executivos e diretores, além de deixar claro que tais critérios não foram objeto de negociação e aprovação pelos empregados e sindicato, previamente à assinatura do Acordo de PLR. Há que se reconhecer, portanto, que o simples fato de as regras e critérios de cálculo e distribuição da Participação nos Resultados aos empregados, concretizadas no Programa de Remuneração Variável aplicado em 2008, não constarem como parte integrante do Termo de Acordo de PLR, e de não ter sido comprovado que tal Programa tenha sido objeto de negociação entre as partes (empresa, comissão de empregados e sindicato) previamente à assinatura do Acordo, já é por si só suficiente para se concluir que o pagamento da Participação nos Resultados aos empregados, de qualquer categoria funcional, houvese por realizado em desacordo com a Lei n° 10.101/2000, caracterizandose, portanto, base de cálculo das contribuições previdenciárias. Registrese que, ainda que se considerasse que tal requisito da Lei estivesse satisfeito, no que diz respeito ao pagamento efetuado aos diretores e executivos, nem mesmo o próprio Programa de Remuneração Variável de 2008 houvese por respeitado, na medida em que as regras e critérios utilizados para a determinação dos valores pagos a essas categorias funcionais de empregados em nenhum momento foram esclarecidas. Portanto, concluímos que a parcela da Participação nos Resultados paga aos diretores e executivos está em desacordo com a Lei, não só pelo fato de o Acordo não cumprir os requisitos da Lei n° 10.101/2000, mas também por não existir qualquer outro documento que esclareça as regras e critérios utilizados em tais pagamentos. Ou seja, ainda que se fizessem constar integralmente as regras do PRV de 2008 no próprio texto do Acordo de PLR, tais parcelas estariam caracterizadas como base de cálculo das contribuições previdenciárias, por não seguirem as regras do Programa. O Recorrente alega não haver impedimento legal para a diferenciação segundo a categoria funcional. Correto, não há. Fl. 744DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 727 37 Todavia, o efeito primoroso da desoneração tributária somente ocorrerá quando, cumulativamente, o Plano de PLR resultar de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante convenção, acordo coletivo ou comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; quando a PLR servir de instrumento de incentivo à produtividade e integração entre Capital e Trabalho; quando o plano de PLR contiver regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado; Quando o plano de PLR estabelecer um fim extraordinário a ser alcançado pelos trabalhadores, podendo ser considerados como critérios e condições, exemplificativamente, índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa, programas de metas, resultados e prazos, todos pactuados previamente ao período de apuração; que o instrumento de acordo seja arquivado na entidade sindical dos trabalhadores, etc., requisitos esses não adimplidos pelo Recorrente, no caso em tela, circunstâncias que implicam a não subsunção do caso em espécie à hipótese de não incidência tributária prevista na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. O Recorrente alega, também, que o cálculo da Participação nos Resultados, paga aos diretores e executivos, observou a mesma diretriz prevista no Acordo, traduzida pela equação PR = FDE × FDI, sendo que também esses profissionais sujeitaramse ao método de avaliação de desempenho vigente no ano de 2008. Contudo, os critérios e as memórias de cálculo dos índices FDE e FDI não se encontram definidas e estipuladas no Acordo de PLR; os FDE utilizados foram muito superiores ao limite máximo estabelecido no PRV Programa de Remuneração Variável; O PRV, por seu turno, não se consubstancia parte integrante do Acordo de PLR; O ajuste para o pagamento da PLR não resultou de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante convenção, acordo coletivo ou comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria, tampouco o instrumento de acordo se houve por arquivado na entidade sindical dos trabalhadores, etc. Assim, a carência desses e de outros requisitos previstos na Lei nº 10.101/2000 impede que a verba paga a título de PLR aos diretores e executivos se subsuma à hipótese de isenção tributária prevista na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. Por tais razões, os valores pagos foram considerados pela Fiscalização como Salário de Contribuição, nos termos do art. 28, I, da Lei nº 8.212/1991. Por tais razões, havendo sido as verbas sob o rótulo de PLR pagas em desacordo com as normas fixadas na Lei nº 10.101/2000, tais rubricas escapam do abrigo da legislação que rege o direito social previsto no inciso XI do art. 7º da CF/88. O pagamento de tais verbas, nas condições em que se consumaram, não possui as premissas básicas conformadoras da Participação nos Lucros ou Resultados assentadas na Carta de 1988. Ora, o pagamento de verbas, a título de PLR, pagas em ampla desconformidade com as normas tributárias fixadas na Lei nº 10.101/2000 transmuda a natureza jurídica da constitucional Participação nos Lucros ou Resultados para mero prêmio ou gratificação, os quais não se encontram abraçados pela hipótese de não incidência tributária prevista na Lex Excelsior. Frustramse então os objetivos da lei, que tem como inspiração maior o fomento à produtividade. Fl. 745DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 38 Ao não atender aos requisitos impostos pela Lei nº 10.101/2000, fugiu a verba em questão da proteção do manto da não incidência prevista na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, sujeitandose a importância paga sob o rótulo de participação nos lucros às obrigações tributárias fincadas na Lei de Custeio da Seguridade Social, A inobservância à aplicação de lei representaria, por parte deste Colegiado, negativa de vigência aos preceitos inseridos no inciso XI do art. 7º da CF/88 e nas Leis nº 8.212/91 e 10.101/2000, providência que somente poderia emergir do Poder Judiciário. Estando, portanto, no campo de incidência do conceito de remuneração e não havendo dispensa legal para incidência de contribuições previdenciárias sobre tais verbas, nas circunstâncias ora analisado, deve persistir o lançamento ora em debate. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 746DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 728 39 Voto Vencedor Conselheiro André Luís Mársico Lombardi, Redator Designado. PLR. Funcionários. Com o devido respeito à compreensão do Ilustre Relator, discordamos da manutenção do lançamento quanto à PLR dos funcionários (levantamento “PF PART RESULTADOS FUNCIONARIOS”). Em suma, o lançamento das contribuições incidentes sobre a PLR dos funcionários (excluídos os diretores e executivos) ocorreu, exclusivamente, em razão dos fatores de desempenho empresarial e individual, tomados em conta para o cálculo da PLR, terem sido discriminados em instrumentos à parte do Termo de Acordo celebrado Comissão de Empregados e do Sindicato dos Trabalhadores (fls. 107/117). Em tais instrumentos (cartilhas e slides) não constaram a assinatura da Comissão e do Sindicato. A própria autoridade fiscal, analisando as planilhas, cartilhas e slides apresentados, reconhece que “os critérios aplicados no cálculo dos valores pagos a cada empregado está (sic) de acordo com o Programa de Remuneração Variável – PRV”. Portanto, não se duvida que o quanto ali contido foi respeitado, imputandose a ilegitimidade seja pelo fato de os pormenores, o detalhamento não ter sido objeto da negociação (aspecto material), seja pelo fato de não constarem as assinaturas da Comissão e do Sindicato (aspecto formal). Em que pese reconheça que o Termo de Acordo não tenha esgotado a avença, a recorrente defende que tais objetivos/métodos foram amplamente divulgados a todos os empregados, por meio de reuniões presenciais coletivas, além daquelas realizadas, periodicamente, com os chefes de cada equipe, com a entrega de material didático, também disponibilizados na intranet da empresa. Ou seja, defende que não houve desvirtuamento ou fraude do quanto pactuado. Verifico ainda que o pagamento da PLR está vinculado à existência de lucratividade, constando do Termo de Acordo que “o pagamento de participação nos lucros está condicionado à apuração de lucro no exercício social a que se refere, que se não ocorrer, torna indevido qualquer pagamento (clásula IV, a.4). A base de cálculo do benefício é o “Lucro da Atividade Operacional da IPIRANGA, após a dedução dos prejuízos acumulados de exercícios anteriores” (cláusula III, a), sendo que o montante da participação será equivalente a 3% do lucro apurado (cláusula IV, a, a.1). Portanto, afora o fato invocado pela autoridade fiscal, parecenos que o Termo de Acordo efetivamente pretendeu estatuir um plano de participação nos lucros e resultados, afastando, por mais este argumento, a possível desconfiança de que se trata de uma fraude. No entanto, assiste razão à autoridade fiscal em afirmar que o Termo de Acordo não esgota a avença, pois em tal instrumento foi estipulado que “a Participação nos Resultados será paga com base na apuração do Fator de Desempenho da Empresa (FDE) e do Fl. 747DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 40 Fator de Desempenho Individual (FDI)”, mas se relegou parte da definição de tais fatores a ato da própria empresa. E se diz que foi parte da definição porque o Termo de Acordo até estipula os indicadores que compõem o FDE (rentabilidade, lucro econômico/EVA, índice de inadimplência, custo logístico, participação de mercado, custos, franquias e quaisquer outros entendidos como relevantes para composição do programa) e o FDI (método de avaliação de desempenho vigente / praticado), mas o faz de forma incompleta, demandando uma complementação. Diante de tal panorama, a questão essencial a se enfrentar é se, uma vez estabelecidos por acordo/convenção coletiva ou comissão paritária os critérios gerais, as linhas mestras do pagamento da PLR, podem as partes, por delegação implícita contida no próprio pacto, relegarem a complementação e/ou pormenorização da PLR a outro instrumento a ser elaborado e detalhado, a princípio, pela própria empresa. Como visto, no entendimento da autoridade fiscal, todos os instrumentos deveriam conter data e a assinatura das partes negociantes (empresa e comissão de empregados) e do sindicato da categoria, para que pudessem ser considerados como parte integrante do Acordo de PLR. Como a recorrente apresentou apenas “slides de apresentação” e cartilhas, sem o atendimento daqueles requisitos, não foram considerados instrumentos hábeis a comprovar a legitimidade da PLR. Entendemos que para o incentivo à produtividade, é possível e as vezes até é preciso relegar a pormenorização, o detalhamento aos instrumentos empresariais internos, seja para se evitar a exposição das estratégias sigilosas, seja porque a individualização, setor a setor ou função a função, é demasiadamente extensa, principalmente em grandes empresas, que ostentam um quadro de dezenas de milhares de trabalhadores em inúmeras funções ou setores. A lei exige um pacto sério, claro e objetivo, mas não nos parece que exija que a celebração seja o ponto final das estipulações para o pagamento, pois isso significaria transformar o pacto em um instrumento extenso e talvez confuso aos olhos de quem não tem intimidade com situações particulares daquela empresa, setor ou função. Tal exposição nos parece inoportuna e até desnecessária, desde que o acordo celebrado estipule previamente regras claras e objetivas que dêem todo o contorno necessário à compreensão pelas partes daquilo que esta sendo pactuado. Ademais, é preciso alertar que esta delegação jamais pode ser utilizada como instrumento de tergiversação, de fraude, de transgressão ou de modificação do pacto celebrado. Deve se restringir a dar executoriedade àquilo que foi pactuado, face à variabilidade de particularidades e ao resguardo do sigilo empresarial, que deixa de ser exposto à concorrência (art. 155, §§ 1° e 2°, da Lei n° 6404/76). Assim, podese dizer que tal complementação estaria para o pacto assim como o decreto está para a lei, não podendo inovar ou adulterar o sentido original daquilo que foi democraticamente celebrado. Ora, estando firmado que o pagamento será efetuado com base na apuração do FDE e do FDI, cujas linhas mestras encontramse já indicadas no Acordo, entendo que há no pacto regras claras e objetivas, não retirando a natureza jurídica de legítima PLR o fato de a definição dos índices considerados nos Fatores ser relegada a algum instrumento de complementação que não desvirtuou, ao que consta, o espírito do Acordo assinado pelo Sindicato dos Trabalhadores e pela Comissão de Empregados. Não é o caso dos autos, mas tal conclusão ostenta ainda mais sentido quando se celebra uma PLR em Convenção Coletiva, estando envolvidas diversas empresas e por Fl. 748DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 16682.721085/201302 Acórdão n.º 2302003.586 S2C3T2 Fl. 729 41 vezes até uma federação sindical – com matizes estratégicas totalmente distintas e, em grande parte das vezes, concorrentes entre si. Certamente houve intenção do legislador de integrar os trabalhadores e a representação sindical nas negociações, mas tal propósito não pode ser interpretado de forma a impedir que o plano possa ser estipulado de maneira particularizada, incentivando ainda mais produtividade. Em análise à lei, vislumbro uma abertura muito grande para os empregadores, trabalhadores e sindicatos estabelecerem as regras que melhor atendam aos seus anseios, desde que tais regras sejam “claras e objetivas”. Nas negociações coletivas de trabalho, em matéria de participação nos lucros e resultados, é intuitivo imaginar que os empregadores buscarão sempre o incentivo mais próximo do individual do que do coletivo (índices ou metas individuais ou de pequenos grupos) como também parece claro que os sindicatos de trabalhadores prestigiarão índices ou metas gerais, com pouca segmentação, a fim de sobrepor o interesse coletivo da categoria aos interesses individuais. Dessa dicotomia ideológica, por vezes prevalecerá o interesse do empregador (regras mais pormenorizadas e individualizadas) e, por outras tantas vezes, preponderará o interesse sindical (regras mais genéricas, mas abstratas, como as ligadas exclusivamente ao lucro, ao salário e à condição de empregado da empresa). A saída para a celeuma pode passar pela atribuição de certas questões particulares a um instrumento apartado da negociação. Como em matéria de participação nos lucros e resultados, a lei buscou interferir o mínimo possível, exigindo tão somente regras claras e objetivas, entendo como válida este tipo de delegação, desde que isso não funcione como instrumento de fraude ao pacto. Assim, além de o detalhamento e pormenorização se mostrar inviável, pode mesmo comprometer estratégias empresariais. À fiscalização, todavia, sempre caberá descaracterizar a PLR, se verificar a fraude ou a ilicitude, pois pode ocorrer de não haver a formalização desse detalhamento ou, havendo o detalhamento, pode não ter sido observado. Também caberá a desconsideração da PLR quando as regras carreguem em si critérios subjetivos ou obscuros de mensuração dos resultados. No caso em comento, todavia, nada disso foi apontado. Assim, entendo que quando a lei se referiu às regras claras e objetiva não pretendeu que as regras claras e objetivas do instrumento devam ser sempre exaustivas, sendo vedado qualquer detalhamento à parte, pois tal conclusão iria de encontro ao objetivo de incentivar a produtividade, que tem um caráter coletivo, mas também individual, exigindo, assim, um nível de detalhamento e pormenorização por vezes incompatível ou inconveniente a um pacto coletivo. Em suma, o que se exige é que os contornos (claros e objetivos) estejam estampados no instrumento de negociação e que haja publicidade (possibilidade de controle pelas partes da observância da avença) da referida pormenorização/detalhamento e da efetiva e correta apuração das avaliações. Assim, seja no instrumento à parte (mero detalhamento/pormenorização) ou no pacto celebrado pelas partes (regras claras e objetivas), o que se vedou foi a discricionariedade, o subjetivismo e a obscuridade. Portanto, sendo o pacto plenamente “compreensível” às partes e atendendo o instrumento a essas diretrizes claras e objetivas, não vislumbro transgressão à Lei n° 10.101/00. Fl. 749DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA 42 Por tais razões, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, mantendo no lançamento apenas as contribuições previdenciárias incidentes sobre valores pagos para as categorias funcionais de diretores e executivos a título de Participação nos Lucros e Resultados, porque os critérios específicos para tais categorias não foram objeto de negociação na reunião que aprovou o Programa de Participação nos Lucros e Resultados, com a participação do Sindicato da categoria. É como voto. André Luís Mársico Lombardi, Redator Designado. Fl. 750DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 07/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA
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Numero do processo: 13506.000535/2008-05
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2102-000.044
Decisão: Suscitada a preliminar de sobrestamento do julgamento do recurso, em virtude do RE nº 614.406/RS, com decisão de repercussão geral em 20/10/2010 (DJU 03/03/2011), decidiu-se, por unanimidade de votos, sobrestar o processo até que transite em julgado o
Recurso Extraordinário.
Nome do relator: Francisco Marconi de Oliveira
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Suscitada a preliminar de sobrestamento do julgamento do recurso, em virtude do RE nº 614.406/RS, com decisão de repercussão geral em 20/10/2010 (DJU 03/03/2011), decidiuse, por unanimidade de votos, sobrestar o processo até que transite em julgado o Recurso Extraordinário. (ASSINADO DIGITALMENTE) Giovanni Christian Nunes Campos – Presidente (ASSINADO DIGITALMENTE) Francisco Marconi de Oliveira – Relator EDITADO EM: 15/03/2012 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos (Presidente), Francisco Marconi de Oliveira, Atílio Pitarelli, Núbia Matos Moura, Acácia Sayuri Wakasugi e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti. Fl. 365DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2012 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 5/03/2012 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por GIOVANNI CHRIST IAN NUNES CAMPOS Processo nº 13506.000535/200805 Resolução n.º 210200.044 S2C1T2 Fl. 358 2 Relatório Contra o contribuinte acima identificado foi emitida a Notificação de Lançamento com Imposto de Renda Pessoa Física – Suplementar, exercício 2005 (fls. 11 a 13), referente a omissão de rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente de pessoa jurídica, no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). O contribuinte apresentou impugnação solicitando a improcedência do lançamento, tendo em vista que os rendimentos se compõem de diversas verbas indenizatórias isentas do Imposto de Renda, conforme planilhas apresentadas pelo Ministério do Exército. A 3ª Turma de Julgamento da DRJ/SDR, por meio do Acórdão nº 1525.510, entendeu ser a impugnação improcedente, por inexistir dispositivo legal que isente do imposto de renda os adicionais de moradia e de representação, entre outros, ainda que nos informativos da fonte pagadora essas verbas sejam designadas como indenizações. Cientificado em 21 de fevereiro de 2011(fl. 335), o contribuinte interpôs recurso voluntário no dia 14 do mês subsequente (fls. 336/348) alegando que: a) recebeu por meio da Caixa Econômica Federal a importância de R$ 374.336,02 (trezentos e setenta e quatro mil, trezentos e trinta e seis reais e dois centavos) referentes a um precatório da Justiça Federal (Proc. 2004.05.00.0158259 PRC 51551PE), conforme cópia acostada aos autos; b) do total foram retidos R$ 11.230,08 (onze mil, duzentos e trinta reais e oito centavos) e descontados os honorários advocatícios contratuais de R$ 72.621,18 (setenta e dois mil, seiscentos e vinte e um reais e dezoito centavos); c) o valor resultou de verbas acumuladas referentes a remuneração mensal de soldos, indenizações, adicionais e gratificações apuradas mês a mês, no período de novembro de 1988 a outubro de 2000, tempo que ficou afastado do Exército Brasileiro; d) por ocasião da Declaração de Ajuste Anual, informou os rendimentos que entendeu serem tributáveis, incluindo os salários do anocalendário em referência, no valor de R$ 128.343,08 (cento e vinte e oito mil, trezentos e quarenta e três reais e oito centavos), e todo o restante, que entendeu não incidir tributos, como não tributável; e) não é aplicável a multa de ofício, pois não omitiu informações sobre a receita auferida, já que os rendimentos objeto da autuação estão informados no campo “rendimentos não tributáveis”, portanto, não pode ser considerada como omissão; Fl. 366DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2012 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 5/03/2012 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por GIOVANNI CHRIST IAN NUNES CAMPOS Processo nº 13506.000535/200805 Resolução n.º 210200.044 S2C1T2 Fl. 359 3 f) não há intuito de fraude, portanto inaplicável, nos termos da Súmula CC nº 14, a qualificação da multa de ofício; g) o valor se refere a parcelas mensais de rendimentos que, por exclusiva culpa da união, foram suspensas e pagas acumuladamente por força de decisão judicial, mas se as parcelas tivessem sido pagas em épocas próprias, no final de cada mês, estariam isentas de retenção do tributos; e h) além das Leis nº 5.787/72 e 8.237/91, deve ser considerada a Lei nº 8.852, de 1994, que exclui o caráter remuneratório da Gratificação Adicional de Tempo de Serviço. O recorrente anexou os seguintes documentos comprobatórios: planilha das verbas indenizatórias; planilhas informativas elaboradas pelo Exército Brasileiro; e sentenças da Justiça Federal e os respectivos embargos e petições. É o relatório. Fl. 367DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2012 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 5/03/2012 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por GIOVANNI CHRIST IAN NUNES CAMPOS Processo nº 13506.000535/200805 Resolução n.º 210200.044 S2C1T2 Fl. 360 4 Voto Conselheiro Francisco Marconi de Oliveira Declarase a tempestividade, uma vez que o contribuinte foi intimado da decisão de primeira instância e interpôs o recurso voluntário no prazo regulamentar. O requerente solicita que os rendimentos oriundos da sentença judicial sejam considerados isentos, porque são compostos de rendimentos não tributáveis e, ainda, se fossem recebidos mês a mês estariam isentos do imposto de renda na tabela mensal. Antes enfrentar a questão, devese observar a possibilidade de apreciação da matéria, já que o processo em análise trata de rendimentos recebidos acumuladamente pelo contribuinte, referente ao período de novembro de 1988 a outubro de 2000, tributados no ano calendário 2005, nos termos do art. 12 da Lei n.º 7.713, de 22 de dezembro de 1988. Essa forma de tributação foi levada à apreciação, em caráter difuso, pelo Supremo Tribunal Federal, que reconheceu a repercussão geral do tema, nos seguintes termos: TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados – se por regime de caixa ou de competência – vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC.” (STF, RE 614406 AgRQORG/RS, Relator(a): Min. Ellen Gracie, julgado em 20/10/2010, DJe043 DIVULG 03032011) A decisão foi tomada na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil, obrigando o sobrestamento dos demais recursos sobre a mesma matéria até o pronunciamento definitivo da Corte. Nesse sentido, o art. 62A do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de Fl. 368DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2012 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 5/03/2012 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por GIOVANNI CHRIST IAN NUNES CAMPOS Processo nº 13506.000535/200805 Resolução n.º 210200.044 S2C1T2 Fl. 361 5 junho de 2009, determina o sobrestamento de ofício dos recursos nas hipóteses em que for reconhecida a repercussão geral do tema pelo egrégio Supremo Tribunal Federal. Diante do exposto, voto para sobrestar o presente recurso até ulterior decisão definitiva do egrégio Supremo Tribunal Federal, a ser proferida nos autos do RE nº 614.406/RS, nos termos do disposto pelos artigos 62A, §§1º e 2º, do RICARF. (ASSINADO DIGITALMENTE) Francisco Marconi de Oliveira Relator Fl. 369DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2012 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 5/03/2012 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por GIOVANNI CHRIST IAN NUNES CAMPOS
score : 1.0
Numero do processo: 10280.901060/2012-48
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte) e serviços de transporte de rejeitos industriais.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.518
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e a serviços de transporte de rejeitos industriais. Sustentou pela recorrente o Dr. Victor André Teixeira Lima, OAB/PA no 9.664.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte) e serviços de transporte de rejeitos industriais. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte) e serviços de transporte de rejeitos industriais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 10 60 /2 01 2- 48 Fl. 492DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e a serviços de transporte de rejeitos industriais. Sustentou pela recorrente o Dr. Victor André Teixeira Lima, OAB/PA no 9.664. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre Pedido de Ressarcimento/Restituição PER de no 37041.64348.130809.1.1.084048 (fls. 2 a 4)1, com transmissão em 13/08/2009, referente a créditos de Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa exportação/1o trimestre de 2008, em valor de R$ 9.742.929,58 (com base no § 1o do art. 5o da Lei no 10.637/2002), sendo o montante utilizado em compensações R$ 9.450.000,00 (DCOMP de fls. 5 a 8). A análise efetuada pela fiscalização culmina no parecer de fls. 333 a 337 (emitido em 22/03/2012), no qual são informadas as glosas de créditos efetuadas pelo fisco (detalhadas em planilhas anexas): (a) produtos/bens que não são aplicados diretamente no processo produtivo (como o ácido sulfúrico, que é material de limpeza), ou descritos de forma imprecisa que não possibilita enquadramento para fins de aproveitamento do crédito; (b) serviços considerados pela fiscalização como não utilizados na produção dos bens (Alumina, que é o produto final); e (c) bens do ativo imobilizado, considerando as glosas efetuadas no processo administrativo no 10280722272/200965 (com depreciação de 1/48 para as aquisições de maio/2004 a dezembro/2005, e de 1/12 para as aquisições de fevereiro a dezembro/2007). Com base no parecer é emitido o Despacho Decisório de fl. 339 (com ciência à empresa em 16/05/2012, cf. AR de fl. 341), deferindose crédito no montante de R$ 7.066.333,76, homologandose parcialmente a DCOMP, e exigindose o pagamento em relação aos débitos indevidamente compensados, com acréscimos legais. A empresa apresenta sua manifestação de inconformidade em 14/06/2012 (fls. 343 a 387), sustentando que: (a) na não cumulatividade (que não foi restrita pelo texto constitucional), geram créditos os custos, despesas e encargos relativos à receita de exportação, e consideramse insumos, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 493DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 493 3 todos os gastos gerais da pessoa jurídica necessários para a produção dos bens ou prestação de serviços; (b) não foi feita qualquer visita na empresa, dificultando a análise da efetiva aplicação dos bens no processo produtivo; (c) os custos com transporte de rejeitos são geradores de créditos, pois inerentes às atividades produtivas da empresa, assim como os custos de transporte dos insumos considerados glosados; (d) constituem insumos o óleo BPF (destinado à queima em fornos adequados para calcinação de hidrato e geração de vapor nas caldeiras), o ácido sulfúrico (para limpeza dos trocadores de calor por onde passa o licor rico em alumina, na neutralização de efluentes cáusticos), inclusive glosado em duplicidade, e o inibidor de corrosão (que forma uma película protetora contra corrosão nas tubulações de água de resfriamento); (e) há previsão expressa para desconto de créditos em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, ainda que não enquadrados como insumos (incisos VI e VII da Lei no 10.637/2002), embora no caso concreto tais bens sejam efetivamente utilizados na produção de alumina, e o aproveitamento possa ser feito em bases diferenciadas (1/12) para os equipamentos descritos no RECAP e depreciação acelerada para aquisições de bens de capital por empresas estabelecidas em microrregiões menos favorecidas nas áreas de atuação da SUDAM e da SUDENE, cabendo ainda destacar que o fisco considerou indevidamente (sem justificativa) como edificações algumas máquinas e equipamentos; e (f) não houve violação ao REIDI, que reduziu para 24 meses o prazo mínimo para utilização dos créditos decorrentes da aquisição de edificações. Demanda, por fim, produção de prova pericial, via auditagem suplementar. Em 26/03/2013 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 420 a 437), no qual se decide unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os argumentos de que: (a) o conceito de insumos para as contribuições deriva do inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 e da IN SRF no 404/2004 (bens com ação direta sobre o produto em fabricação); (b) somente os serviços prestados por pessoa jurídica contribuinte geram créditos, desde que utilizados diretamente na linha de produção da empresa; (c) não há qualquer glosa, nos autos, de óleo BPF ou carvão energético; (d) as glosas em relação ao ativo imobilizado alcançam, de forma geral, produtos não utilizados na produção de bens destinados a venda e bens considerados como edificações, perfeitamente individualizados; e (e) o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado. Cientificada do acórdão da DRJ em 03/06/2013 (AR de fl. 439), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 03/07/2013 (fls. 441 a 486), basicamente reiterando as considerações expostas na manifestação de inconformidade, e acrescentando que: (a) ao contrário do que entendeu a fiscalização, o ácido sulfúrico é utilizado para limpeza dos trocadores de calor por onde passa o licor rico em alumina, sendo a limpeza fundamental para manter a eficiência de troca térmica e a estabilidade do licor para garantir a produtividade da planta; (b) não há disposição normativa que restrinja o aproveitamento dos encargos de depreciação/amortização a partir da utilização do bem; e (c) são relevantes as decisões administrativas/judiciais trazidas aos autos. É o relatório. Voto Fl. 494DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como relatado de início, o presente processo se refere exclusivamente à Contribuição para o PIS/PASEP relativa ao 1o trimestre de 2008. Cabe destacar que o processo congênere (de no 10280.901059/201213, referente à COFINS relativa ao 1o trimestre de 2008) foi apreciado por esta Terceira Turma recentemente, acordandose pela baixa em diligência (Resolução no 3403000.545), em virtude de não constarem naquele processo as planilhas referidas no parecer que contém a motivação e a fundamentação do despacho decisório. Assim, cabe, preliminarmente, verificar se tais planilhas estão presentes no processo em análise. No parecer de fls. 333 a 337 fazse referência à “Planilha Insumos Glosas, item outros insumos”, no qual são indicados os itens glosados e a uma “Planilha Serviços Glosas”. Em relação a ativo imobilizado, há simples remissão ao processo administrativo no 10280722272/200965. Às fls. 9 a 130, há planilha inominada (aparentemente se referindo às glosas de bens efetuadas) contendo quatro colunas (“descrição do fornecedor/número da nota fiscal”; “nome do fornecedor”, “valor da nota fiscal” e “período”), destacandose que há sobreposição de linhas em vários itens (embora sem prejuízos substanciais à leitura). Às fls. 131 a 252, aparentemente se encontram a quinta e a sexta colunas (“descrição da nota fiscal” e “insumo”) da mesma planilha, o que dificulta sobremaneira (embora não impossibilite) a identificação individualizada das glosas efetuadas. Às fls. 253 a 269 há nova planilha inominada, com três colunas (“descrição do fornecedor/número da nota fiscal”; “nome do fornecedor” e “valor da nota fiscal”), havendo na última coluna algumas linhas com valores positivos, e outras com valores negativos destacados em vermelho. Às fls. 270 a 286, aparentemente se encontram a quarta e a quinta colunas (“período” e “descrição da nota fiscal”) da mesma planilha. Contudo, as descrições não são de serviços, mas de bens, inclusive o óleo BPF. Às fls. 287 a 293, encontrase uma terceira planilha inominada (aparentemente tratando de serviços glosados), tendo duas colunas “descrição do fornecedor” e “valor da nota fiscal”). E a terceira e a quarta colunas (“período” e “descrição”) de tal planilha se encontram às fls. 294 a 300. Há, ainda, às fls. 301 a 310, vários “resíduos” de planilhas (provavelmente continuações de textos das planilhas anteriores). Por fim, às fls. 311 a 318 surge nova planilha inominada com três colunas (“descrição do fornecedor”, “valor da nota fiscal” e “período”), sendo a quarta coluna (“descrição”) presente às fls. 319 a 332. Temos, assim, logo de início, caracterizada uma situação lamentável, na qual o fisco anexa planilhas aos autos sem qualquer preocupação em relação a seu manuseio pela recorrente (e pelo próprio julgador). Diante de documentos sem nome, linhas sobrepostas, planilhas que começam e recomeçam a cada dezena de páginas, sem indicação do número da linha correspondente (isso sem falar nos “resíduos de texto”, dificilmente passíveis de vinculação a alguma linha das planilhas, na forma em que estão dispostos), certo que há maior Fl. 495DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 494 5 dificuldade à análise (mas não impedimento, como no caso do processo congênere, no qual sequer constavam as planilhas). Como a empresa, tanto em sua manifestação de inconformidade quanto em seu recurso voluntário sequer suscita dificuldades no manejo de tais planilhas, ou alega ter existido empecilho para saber exatamente quais as glosas, não vemos prejuízo à continuidade da análise do processo. Os assuntos em discussão são basicamente os mesmos já analisados pela turma em diversos processos da mesma empresa: (a) aspectos constitucionais da não cumulatividade; (b) delimitação do conceito de insumo para as contribuições; (c) glosas de bens considerados como insumos (v.g., ácido sulfúrico); (d) glosas de serviços considerados como insumos (transporte de rejeitos); e (e) glosas em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, inclusive no que se refere a bases diferenciadas (1/12). Preliminarmente a tais questões, no entanto, cabe efetuar considerações sobre o ônus probatório nos processos referentes a compensação, como o presente. 1. Considerações iniciais O ônus probatório em processos de compensação é do postulante ao crédito, tendo este o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidindo esta turma de forma unânime: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Fl. 496DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 Não há dúvidas, assim, sobre ser o ônus probatório da recorrente, no caso em análise. E o fisco não se furtou a assegurar à recorrente a possibilidade de exercer tal prova, durante o procedimento de fiscalização. Incumbe à empresa a apresentação de prova de vínculo dos bens e serviços ao seu processo produtivo, sendo a visita às instalações da empresa medida que se faz necessária somente no caso de haver dúvidas em relação ao conteúdo probatório apresentado. Da mesma forma, a diligência se presta a esclarecer dúvida do julgador, e não à complementação probatória. Feitos estes esclarecimentos, indeferese, por desnecessária, a realização de perícia no caso concreto. Aproveitase ainda este tópico preliminar para aclarar que as decisões administrativas e judiciais prestamse a auxiliar na formação de convicção de julgador administrativo, mas apenas em alguns casos excepcionais (v.g., as proferidas nas sistemáticas citadas no art. 62A do Regimento Interno deste CARF) efetivamente exercem efeito vinculante no julgamento por este colegiado. Assim, indubitavelmente se toma em conta a jurisprudência apresentada na presente análise, ainda que dela se discorde eventualmente. 2. Do caráter constitucional da não cumulatividade Impendese destacar a impossibilidade de análise por parte deste CARF de eventual tese que sustente ser a nãocumulatividade expressa na Constituição Federal brasileira (art. 195, § 12) inatingível (ou não sujeita a restrições) pela legislação infraconstitucional, devendo eventual modulação ser feita tãosomente no próprio texto constitucional, o que culminaria no reconhecimento de inconstitucionalidade nas limitações estabelecidas essencialmente pelas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003. O tema já é inclusive sumulado no âmbito deste tribunal: “Súmula CARF no 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Resta, assim, a análise da abrangência do conceito de insumos na legislação referente à contribuição, e a verificação da compatibilidade das glosas a tal conceito. 3. Da delimitação do conceito de insumos para as contribuições O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Fl. 497DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 495 7 Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, cabe analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. As glosas discutidas ocorreram basicamente em três grupos: bens utilizados como insumo, serviços utilizados como insumo e bens do ativo imobilizado. 3.1. Bens utilizados como insumo Fl. 498DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 Em relação a bens utilizados como insumos, o texto que trata da justificativa para as glosas (fls. 334/335) é extremamente sintético, pelo que merece ser integralmente transcrito: 13) CRÉDITOS DECORRENTES DE BENS INFORMADOS COMO INSUMOS, OBJETO DE GLOSA: Em primeiro lugar cabe realçar que a legislação em vigor estabelece que a pessoa jurídica poderá creditarse em relação a aquisições de bens e serviços utilizados como insumos, inclusive combustíveis e lubrificantes (art 3º da Lei 10.637/2002).Todavia o bem para ser considerado insumo deve guardar relação com o conceito estabelecido no artigo 8º da IN 404/2004 que considera insumo a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. O contribuinte apresentou uma extensa relação de bens adquiridos utilizados para crédito de PIS. Destacamos da Planilha Insumos Glosas os itens considerados MATÉRIA PRIMA (MP) pelo contribuinte, mas que não cabem no conceito de Insumo para gerar direito a crédito como o ÁCIDO SULFÚRICO que é utilizado como material de limpeza. As glosas demonstradas na Planilha Insumos Glosas, item OUTROS INSUMOS são de bens que não se enquadram como Insumos ou são descritos de forma imprecisa que não possibilita enquadramento para fins de aproveitamento de crédito. Exemplo: MATERIAIS DIVERSOS.” Vejase que o conceito de insumo adotado pelo fisco (derivado da legislação do IPI) não corresponde ao aclarado no tópico anterior do presente voto. Assim, fazse necessário verificar se os bens glosados são efetivamente necessários à produção de alumina (produto final fabricado pela empresa). O fisco justifica expressamente somente dois itens glosados, a título exemplificativo: o ácido sulfúrico (que afirma ser material de limpeza, e não bem destinado ao processo produtivo) e os bens relacionados como “materiais diversos”, que, pela descrição, não permitem concluir se são destinados ao processo produtivo. E não junta aos autos nenhuma explicação em relação ao processo produtivo da empresa ou a outros elementos que afirma terem sido apresentados pela fiscalizada à fl. 333. Em relação ao segundo item (“materiais diversos”), estamos de acordo que a descrição impossibilita a obtenção de crédito, pois não resta comprovado pelo postulante a utilização como insumo na produção de alumina. No que se refere ao ácido sulfúrico, no entanto, o fisco simplesmente afirma que constitui “material de limpeza”. Na manifestação de inconformidade (fl. 347), a empresa literalmente afirma que o ácido sulfúrico é utilizado para “limpeza dos trocadores de calor por onde passa o licor rico em alumina”, e que tal limpeza “é fundamental para manter a eficiência de troca térmica e a estabilidade do licor para garantir a produtividade da planta”. E a informação é reiterada em sede recursal (fl. 444). Ou seja, não se está aqui a tratar de limpeza do chão, ou de mesas e cadeiras, mas da limpeza de trocadores de calor, inseridos no processo produtivo. Fl. 499DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 496 9 Não se sabe ao certo de onde o fisco tira a informação de que o ácido sulfúrico constitui simples “material de limpeza” (pois a fiscalização não anexa aos autos nenhuma resposta de intimação efetuada à recorrente, nem efetua visita à empresa, como se atesta na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário). Mas, se peca o fisco em relação ao ácido sulfúrico, a heresia por parte da empresa é ainda maior em relação a todos os demais itens da planilha, sequer questionados especificamente. A empresa contentase em alegar em sua defesa que se consideram insumos, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, todos os gastos gerais da pessoa jurídica necessários para a produção dos bens ou prestação de serviços (sobre o tema, remetemos ao entendimento já exarado neste voto a respeito da delimitação do conceito de insumos para as contribuições, reiterando que o insumo gerador de créditos deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final). Acrescentese que esta Terceira Turma já apreciou diversos outros processos da mesma empresa, em relação a idêntico processo produtivo, restando configurado que o ácido sulfúrico se enquadra no conceito de insumo: “A fiscalização considerou o ácido sulfúrico como material de limpeza e consignou na planilha 10 que o inibidor de corrosão e o dispersante de sais são aplicados no tratamento de água potável e no resfriamento de água. (...) A descrição do processo produtivo revela que o ácido sulfúrico tem outras utilidades, além se servir como desincrustante. A limpeza de dutos e trocadores de calor, assim como a desmineralização da água das caldeiras e o tratamento de efluentes são procedimentos necessários para assegurar a eficiência das instalações fabris e a proteção do meioambiente. A empresa incorre em custos ao adotar esses procedimentos. E é inequívoco que esses custos estão umbilicalmente correlacionados com o processo produtivo da alumina, enquadrandose na disposição do art. 290, I do RIR/99. Assim, devem ser afastadas as glosas relativas ao ácido sulfúrico e aos respectivos fretes, uma vez que são insumos que integram o custo de produção (art. 290, I, do RIR/99). Integrando o custo de produção, o valor desses insumos deve ser considerado no cálculo do crédito da contribuição, nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 10.833/03. Quanto aos demais bens descritos na planilha 10 A, tidos pela recorrente como insumos, verificase que em sua maioria não são relacionados ao processo produtivo. (...) Segundo o critério do Fisco, realmente tais produtos não são insumos aptos a gerarem créditos das contribuições, mas pelo critério do custo de produção, que vem sendo adotado pelo CARF, tais produtos poderiam ensejar a tomada do crédito, caso Fl. 500DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 a recorrente tivesse apresentado algum elemento capaz de elidir a glosa efetuada. Caberia à recorrente ter comprovado na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário onde são aplicados e quais as funções desempenhadas pelos produtos, pois a teor do art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72 a impugnação deve ser específica e vir acompanhada dos elementos de prova necessários ao convencimento do julgador. Tendo em vista, que não houve contestação específica em relação aos demais bens relacionados na planilha 10 – A e que os elementos existentes nos autos não permitem identificar nem a função e nem onde são aplicados aqueles produtos, há que se manter a glosa efetuada pela fiscalização.”(voto condutor do Acórdão no 3403001.955, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação à matéria, sessão de 20.mar.2013) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.954 e 956) “O Ácido Sulfúrico, conforme explica o Recorrente, é empregado na limpeza dos caloríficos por onde circula o licor enriquecido de alumina, dependendo deste procedimento a manutenção do sistema de trocas térmicas e a estabilidade dos reagentes. (...) Entendo que o contribuinte demonstrou de maneira satisfatória, por meio de sua explicação, a participação destes três bens no processo produtivo. A atuação destes três bens configura o conceito de insumo para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, pois atuam e colaboram no processo produtivo da indústria de alumina, devendose reconhecer o crédito pela sua aquisição. (...) Quanto às demais aquisições de bens, no entanto, tendo em vista que não houve a demonstração pelo contribuinte de sua participação no processo produtivo precluindo a oportunidade de fazêlo, eis que não fez tal demonstração nem na manifestação de inconformidade, nem no recurso voluntário , deve ser mantida a glosa realizada pela Fiscalização..” (voto unanimemente acolhido no Acórdão no 3403002.764, Rel. Cons. Ivan Allegretti, sessão de 25.fev.2014) (grifo nosso) (No mesmo sentido o Acórdão no 3403002.765) Na linha que já vem adotando esta turma, assim, entendese que são improcedentes as glosas em relação às aquisições de ácido sulfúrico (assim como dos correspondentes fretes). E, ainda acompanhando a recorrente jurisprudência da turma, mantém se a glosa em relação aos demais itens, não questionados especificamente nas peças de defesa. 3.2. Serviços utilizados como insumo Fl. 501DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 497 11 Em relação a serviços utilizados como insumo, são igualmente sintéticas as motivações das glosas (fl. 335), aqui integralmente transcritas: “15) CRÉDITOS DECORRENTENTES (sic) DOS SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS: Serviços glosados por não serem considerados como utilizados diretamente na produção da Alumina (produto final) conforme Planilha Serviços Glosas em anexo.” Mas é novamente genérica a defesa. Sem embargo, no único serviço especificamente questionado assiste razão à recorrente, conforme também já assentado unanimemente por esta turma recentemente. Transcrevase excerto do julgamento que resultou no Acórdão no 3403002.764, no qual passamos a acolher a possibilidade de crédito em relação à remoção de resíduos, reformando posicionamento anterior, adotado nos Acórdãos no 3403 001.954, 955 e 956: “Deve ser reconhecido o direito de crédito em relação ao pagamento pela prestação de serviço de remoção de rejeitos industriais, visto que tal atividade deve ser considerada como inserida no contexto da produção, tal como sustenta o Recorrente (fl. 464/465). Entendo que assiste razão ao Recorrente, pois os serviços de transporte dos resíduos industriais configuram atos que viabilizam e integram a atividade produtiva. Não apenas o transporte de matériaprima destinada ao processo produtivo, mas também o transporte dos resíduos decorrentes da produção configura ato que viabiliza e integra o processo produtivo. Este tema foi enfrentado logo nos primeiros julgados deste Conselho a respeito do regime nãocumulativo, concluindose que “Quanto aos dispêndios realizados com o serviço de remoção de resíduos industriais, não há nenhuma dúvida de que este serviço é parte do processo de industrialização dos bens exportados e está vinculado à receita de exportação. Pela natureza da atividade da recorrente, sem este serviço não há produção. Sendo um serviço diretamente vinculado ao processo produtivo, entendo que a recorrente tem direito ao crédito da Cofins incidente sobre a compra desse serviço e, como tal, tem direito ao ressarcimento desse crédito em face da exportação dos produtos (inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002)” (trecho do voto proferido no Acórdão 20181.139, Recurso 148.457, Processo 11065.101271/200647, Rel. Cons. Walber José da Silva, j. 02.06.2008). Entendo, pois, que deve ser reconhecido o direito de crédito em relação aos serviços de remoção de resíduos em questão. Quanto às demais aquisições de serviços, no entanto, tendo em vista que não houve a demonstração pelo contribuinte de sua participação no processo produtivo –precluindo a oportunidade Fl. 502DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 de fazêlo, eis que não fez tal demonstração nem na manifestação de inconformidade, nem no recurso voluntário, deve ser mantida a glosa realizada pela Fiscalização.” (voto unanimemente acolhido no Acórdão no 3403002.764, Rel. Cons. Ivan Allegretti, sessão de 25.fev.2014) (grifo nosso) Assim, novamente mantenho o entendimento externado pela turma, reconhecendo o direito ao crédito em relação a serviços de transporte de rejeitos industriais, mantendose a glosa em relação aos serviços não especificamente questionados pela defesa. 3.3. Bens do ativo imobilizado Em relação ao ativo imobilizado, além de ser sintética a justificativa (fl. 335), novamente transcrita de forma integral, remetese a outro processo administrativo (que teve o recurso voluntário recentemente apreciado por esta turma): “16) CRÉDITOS DECORRENTES DO ATIVO IMOBILIZADO: O contribuinte apurou crédito de depreciação em duas modalidades: 1/48 avos para bens adquiridos de Maio/2004 a Dezembro/2005 e 1/12 avos para as aquisições posteriores. Consideramos as glosas realizadas em procedimento fiscal formalizado no Processo 10280.722272/200965 para as aquisições de Maio/2004 a Dezembro/2005 (1/48 avos) e de fevereiro a dezembro de 2007 (1/12 avos) da seguinte forma (...)” Não há assim propriamente uma glosa, mas uma decorrência de glosa efetuada em outro processo da mesma empresa. A recorrente não questiona a simples remissão ao outro processo, sem detalhamento da motivação nestes autos, e parece compreender bem a motivação quando se defende da mesma forma que naquele processo, discutindo os dois mecanismos de depreciação (1/48 e 1/12). Mas a defesa é novamente genérica, com reprodução de diversos dispositivos normativos e decisões, sem a eficaz vinculação à situação concreta narrada nos autos. E a regra de que o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado encontra expressa guarida no art. 305, § 2o do RIR (por sua vez derivado de disposição legal art. 57, § 8o da Lei no 4.506//1964): “[A] quota de depreciação é dedutível a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço ou em condições de produzir”. E, reiterese, esta mesma Terceira Turma já apreciou aquele processo administrativo, exatamente em relação à matéria, concluindo que: “DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 3º, § 14 DA LEI Nº 10.833/04 Quanto à glosa dos créditos tomados sobre o valor de aquisição de bens para o ativo imobilizado, como opção à regra geral da tomada de crédito sobre a depreciação desses bens (art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04), o exame das planilhas 1 a 7B revela que essas glosas foram motivadas pela fiscalização em dois fatos: a) os bens não se enquadram como máquinas e equipamentos ou não são aplicados diretamente na produção dos bens destinados Fl. 503DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 498 13 à venda; e b) os bens, embora pertençam ao imobilizado, são edificações não abrangidas pelo benefício legal. (...) Os bens relacionados nessa planilha não se enquadram na hipótese legal do art. 3º, VI, da Lei nº 10.833/03, ou seja, não constituem “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. O requisito legal que rende ensejo ao crédito é que as máquinas, os equipamentos ou os “outros bens” sejam passíveis de ativação e que sua destinação seja a locação a terceiros ou o emprego na produção, o que não é o caso dos produtos glosados pela fiscalização na planilha 1. Por seu turno, os valores dos produtos relacionados nas planilha 2 e 5 foram glosados porque os bens ali descritos constituem edificações. Os bens descritos constituem partes de edificações, como estruturas metálicas, ou bens destinados à construção civil, como elevadores, mãodeobra, “diversos materiais para construção civil”, e etc. A opção prevista no art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04 só alcança os bens especificados no art. 3º, VI, da lei, que não inclui obras de construção civil e nem suas partes. Quanto à planilha 4, os bens relacionados constituem basicamente móveis como por exemplo: gaveteiros, colchões, painel divisor, armários, balcão de atendimento, mesa de reunião, mapoteca e cabideiro, (...). É óbvio que tais produtos não possuem aptidão para gerarem créditos, pois nem sequer são utilizados na produção da alumina. Portanto, ficam mantidas as glosas efetuadas pela fiscalização. DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 31 DA LEI Nº 11.196/2005. (...) O que a fiscalização fez foi glosar bens que não se enquadram na previsão contida no art. 31 da Lei nº 11.196/2005. Os requisitos estabelecidos nesse dispositivo legal são os seguintes: a) a pessoa jurídica deve ter projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários; b) localização nas áreas das extintas Sudene e Sudam; c) o crédito é gerado pela aquisição, a partir do ano de 2006, de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados em regulamento, destinados à incorporação ao seu ativo imobilizado; d) o desconto do crédito deve ser feito no prazo de 12 meses, contados da aquisição do bem; e e) o crédito é resultante da aplicação da alíquota de 7,6% sobre 1/12 do custo de aquisição do bem. Fl. 504DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 O exame da planilha 7D revela que a fiscalização somente questionou o item “c” acima relacionado, pois os códigos das glosas foram os seguintes: DT05 – indica que o bem foi glosado em virtude da data de aquisição ser anterior à publicação da Lei nº 11.196/2005; EDIF06 E EDIF07 – indica que se tratam de edificações dos anos de 2006 e 2007, que não são contempladas pelo benefício; Nindica que os bens não são considerados bens do imobilizado ou não são empregados no processo produtivo do adquirente; NCDindica que os bens não estão relacionados no regulamento; NREBindica que o bem não possui aptidão para gerar crédito por ter sido adquirido em operação equiparada a exportação (que é desonerada das contribuições). A recorrente mais uma vez não se desincumbiu do ônus estabelecido no art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72, pois não contestou especificamente e nem trouxe documentação hábil a elidir nenhum dos motivos invocados para a glosa. Sendo assim, devem ser mantidos os cálculos elaborados pela fiscalização. A defesa invocou as soluções de consulta proferidas pela 8ª Região Fiscal, nas quais o órgão entendeu que materiais utilizados na manutenção dos bens de produção da empresa são passíveis de gerarem créditos das contribuições. Esse direito em momento algum foi contestado pela fiscalização ou pelo Acórdão de primeira instância. A questão é a mesma já constatada linhas acima, qual seja: o contribuinte não apresentou contestação específica elencando quais itens foram destinados à manutenção do ativo imobilizado, não demonstrou se os bens aplicados eram ou não passíveis de ativação obrigatória e também não demonstrou onde e como foram aplicados. Ao contrário do alegado pela defesa, o art. 6º, §§ 1º e 3º da Lei nº 10.833/03, não autoriza o crédito em relação a qualquer gasto vinculado à obtenção da receita de exportação, pois o § 1º remete o cálculo do crédito ao disposto no art. 3º. Portanto, os eventos que dão direito ao crédito são os mesmos, independentemente de a venda da produção ocorrer no mercado interno ou externo.” (Acórdão no 3403001.954, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013) (grifo nosso) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.955 e 956, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânimes em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013, que tratavam, respectivamente, da COFINS do terceiro e do primeiro trimestres de 2007) Mantémse, assim, novamente o entendimento já firmado na turma, restando hígidas neste tópico as glosas decorrentes efetuadas pelo fisco. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido Fl. 505DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901060/201248 Acórdão n.º 3403003.518 S3C4T3 Fl. 499 15 sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e a serviços de transporte de rejeitos industriais. Rosaldo Trevisan Fl. 506DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN
score : 1.0
Numero do processo: 10850.901124/2009-01
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2006
ÔNUS DA PROVA.
Cabe à autoridade julgadora apreciar os dados e fatos declarados pelo contribuinte à Administração Tributária quando estes estão registrados em seus bancos de dados.
NULIDADE
A decisão prolatada sem a devida fundamentação acarreta preterição do direito de defesa do contribuinte, devendo ser declarada nula.
Numero da decisão: 1801-002.259
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao Recurso Voluntário e determinar o retorno dos autos à Turma de Julgamento de Primeira Instância, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente
(assinado digitalmente)
Neudson Cavalcante Albuquerque Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2006 ÔNUS DA PROVA. Cabe à autoridade julgadora apreciar os dados e fatos declarados pelo contribuinte à Administração Tributária quando estes estão registrados em seus bancos de dados. NULIDADE A decisão prolatada sem a devida fundamentação acarreta preterição do direito de defesa do contribuinte, devendo ser declarada nula.
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ESPONTANEIDADE. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. Os valores declarados em DCTF espontânea, seja original ou retificadora, somente podem ser desacreditados mediante procedimento de iniciativa da Administração Tributária ou ainda mediante a existência de outras provas nos autos que os contraponham. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006 ÔNUS DA PROVA. Cabe à autoridade julgadora apreciar os dados e fatos declarados pelo contribuinte à Administração Tributária quando estes estão registrados em seus bancos de dados. NULIDADE A decisão prolatada sem a devida fundamentação acarreta preterição do direito de defesa do contribuinte, devendo ser declarada nula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao Recurso Voluntário e determinar o retorno dos autos à Turma de Julgamento de Primeira Instância, nos termos do voto do Relator. (ASSINADO DIGITALMENTE) Ana de Barros Fernandes Wipprich– Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 11 24 /2 00 9- 01 Fl. 74DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10850.901124/200901 Acórdão n.º 1801002.259 S1TE01 Fl. 75 2 (ASSINADO DIGITALMENTE) Neudson Cavalcante Albuquerque – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich. Relatório USINA COLOMBO S/A AÇÚCAR E ÁLCOOL, pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida no Acórdão nº 1437.322 (fl. 27), pela DRJ Ribeirão Preto, interpõe recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma da decisão. O recorrente apresentou à Receita Federal do Brasil a declaração de compensação de nº 25536.96825.310306.1.3.041008 (fl. 17), que não foi homologada por aquele órgão, nos termos do despacho decisório de fl. 14: Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. Ciente dessa decisão, o interessado apresentou a manifestação de inconformidade de fl. 2, em que alega, em resumo: (i) que a restrição imposta pelo artigo 10 da Instrução Normativa SRF nº 600, de 2005 é ilegal e não deve ser aplicado ao caso; (ii) que esse dispositivo foi revogado pela Instrução Normativa SRF nº 900, de 2008, antes mesmo da intimação do manifestante. A DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, entendendo que, mesmo reconhecendo a possibilidade de compensação de crédito de estimativa, não há nos autos prova suficiente da liquidez e certeza desse crédito de forma a suprir a compensação. A decisão adotou a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/01/2006 COMPENSAÇÃO. NORMAS APLICÁVEIS. Fl. 75DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10850.901124/200901 Acórdão n.º 1801002.259 S1TE01 Fl. 76 3 As normas aplicáveis às compensações são aquelas vigentes na data do encontro de contas. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. INTIMAÇÃO DO ADVOGADO. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. INDEFERIMENTO. O domicílio tributário do sujeito passivo é o endereço fornecido pelo próprio contribuinte à Receita Federal do Brasil (RFB) para fins cadastrais. Dada a inexistência de previsão legal, há que ser indeferido o pedido de endereçamento das intimações ao escritório do procurador. Cientificado dessa decisão em 17/05/2012, por meio de remessa postal (fl. 47), o contribuinte interpôs o presente Recurso Voluntário (fl. 50), em 13/06/2012, em que reafirma os argumentos apresentados na sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Neudson Cavalcante Albuquerque, Relator. O recurso voluntário apresentado atende aos pressupostos de admissibilidade, sendo digno de conhecimento. Inicialmente, devese dizer que foi superada a barreira imposta pelo artigo 10 da Instrução Normativa SRF nº 600, de 2005, que impedia a compensação de estimativas. O advento da Instrução Normativa SRF nº 900, de 2008, retirou a referida proibição do ordenamento tributário e é pacífico na jurisprudência administrativa o entendimento de que seus efeitos devem retroagir para alcançar as compensações pendentes de decisão administrativa, conforme a Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Portanto, não mais existe o fundamento legal que levou a DRF a não homologar a compensação, o que foi reconhecido na decisão da DRJ. Fl. 76DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10850.901124/200901 Acórdão n.º 1801002.259 S1TE01 Fl. 77 4 Vencida essa questão preliminar, a DRJ passou à necessária análise do mérito da compensação. Nesse mister, entendeu aquela autoridade julgadora que o indébito apontado não possuía liquidez e certeza, uma vez que o contribuinte não apresentou os documentos que comprovariam o pagamento a maior de estimativa, conforme o seguinte excerto: Diante disso, caberia à recorrente trazer, por ocasião do presente contencioso, justificativas lastreadas em lançamentos contábeis que identificassem, inequivocamente, a base de cálculo do IRPJ do mês de dezembro de 2005, o imposto de renda devido em meses anteriores (até novembro/2005) e os recolhimentos que deram origem ao indébito pretendido. Ainda mais, quando a contribuinte é pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real que, nos termos do artigo 7º do Decretolei nº 1.598, de 1977, deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais. Nesse contexto, indispensáveis, portanto, os registros contábeis de conta no ativo do imposto a recuperar, a expressão deste direito em balanços ou balancetes, regularmente transcritos nos livros “Diário” ou “Lalur”, a demonstração do resultado do exercício, etc, além dos registros pertinentes do livro “LALUR”. Todavia, na sistemática das compensações eletrônicas, não é exigido do contribuinte que apresente livros ou documentos juntamente com sua declaração de compensação. A apresentação de comprovação somente é exigível mediante intimação da Administração Tributária. É certo que o contribuinte tem o ônus da prova daquilo que alega em sua manifestação de inconformidade. Contudo, na espécie, a defesa do contribuinte trazia apenas uma questão legal, relativa à proibição da compensação de estimativa, e isso não demanda esforço probatório quanto aos fatos registrados em sua contabilidade. Ademais, entendo que a DCTF deve ser aceita como prova do indébito, em razão da presunção de legitimidade das declarações espontaneamente apresentadas pelos contribuintes, mesmo sendo retificadoras, nos termos do artigo 9º da Instrução Normativa RFB nº 1.100, de 2010: Art. 9º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir os débitos relativos a impostos e contribuições: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; Fl. 77DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10850.901124/200901 Acórdão n.º 1801002.259 S1TE01 Fl. 78 5 b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. II alterar os débitos de impostos e contribuições em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. Os valores declarados em DCTF espontânea somente podem ser desacreditados mediante a existência de outras provas nos autos que os contraponham ou ainda mediante procedimento de iniciativa da Administração Tributária, conforme o artigo 8º da Instrução Normativa supracitada: Art. 8º Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. É certo que é ônus do contribuinte demonstrar aquilo que afirma no processo, conforme o citado artigo 333 do Código de Processo Civil pátrio. Todavia, esse dispositivo deve ser articulado com as demais regras do processo administrativo, dentre elas o artigo 37 da Lei nº 9.784, de 1999: Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Entendo que a decisão recorrida não atendeu a este dispositivo, quando não considerou as informações prestadas na DCTF correspondente ao crédito pleiteado, o que merece reparo. Portanto, a decisão recorrida foi prolatada sem a devida fundamentação, o que acarretou inevitável preterição do direito de defesa do contribuinte, devendo ser declarada nula, nos termos do artigo 59, II, do Decreto nº 70.235, de 1976. Por todo o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a possibilidade de compensação de indébitos de estimativa por meio de DCOMP e para declarar a nulidade da decisão recorrida, devendo a DRJ Ribeirão Preto prolatar nova decisão com base nas provas contidas nos autos e nas declarações apresentadas pelo contribuinte à Administração Tributária. (assinado digitalmente) Neudson Cavalcante Albuquerque Fl. 78DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10850.901124/200901 Acórdão n.º 1801002.259 S1TE01 Fl. 79 6 Fl. 79DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 11065.721256/2011-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Feb 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009
UTILIZAÇÃO DE EMPRESAS INTERPOSTAS INSCRITAS NO SIMPLES. SIMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.
A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária.
MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. PRESENÇA DE INTERPOSTA PESSOA. PROCEDÊNCIA.
A multa de ofício qualificada de 150% é aplicável quando caracterizada a prática de sonegação com o objetivo de impedir o conhecimento da ocorrência do fato gerador pelo Fisco e de reduzir o montante das contribuições devidas, utilizando-se de interpostas pessoas jurídicas.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.313
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues que excluíam a multa qualificada mantendo a multa de ofício em 75%. Apresentará o voto vencedor o conselheiro Ronaldo de Lima Macedo.
Julio César Vieira Gomes - Presidente
Nereu Miguel Ribeiro Domingues Relator
Ronaldo de Lima Macedo Redator Designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana Espindola de Souza Reis, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES
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SIMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. PRESENÇA DE INTERPOSTA PESSOA. PROCEDÊNCIA. A multa de ofício qualificada de 150% é aplicável quando caracterizada a prática de sonegação com o objetivo de impedir o conhecimento da ocorrência do fato gerador pelo Fisco e de reduzir o montante das contribuições devidas, utilizandose de interpostas pessoas jurídicas. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 12 56 /2 01 1- 87 Fl. 372DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues que excluíam a multa qualificada mantendo a multa de ofício em 75%. Apresentará o voto vencedor o conselheiro Ronaldo de Lima Macedo. Julio César Vieira Gomes Presidente Nereu Miguel Ribeiro Domingues – Relator Ronaldo de Lima Macedo – Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana Espindola de Souza Reis, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 373DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 11065.721256/201187 Acórdão n.º 2402004.313 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de autos de infração constituídos em 28/03/2011 (fls. 2 e 11), decorrente do não recolhimento da cota patronal sobre pagamentos efetuados a segurados empregados e contribuintes individuais, bem como GILRAT e contribuições de terceiros (Sal. Educação, INCRA e SEBRAE), no período de 01/01/2008 a 31/12/2009. De acordo com o Relatório Fiscal (fls. 29 e seguintes), o lançamento se baseou no fato de a empresa Max Metalúrgica Ltda. (Recorrente) ter utilizado a empresa Universal Ferramentas Ltda., optante pelo SIMPLES, para o abrigo indevido de segurados empregados. Mencionouse ainda que a Recorrente mantém convênio com o SESI e SENAI, pagandoas diretamente, motivo pelo qual não se exigiu as contribuições destinadas a estas entidades. A Recorrente interpôs impugnação (fls. 125 e seguintes) requerendo a total improcedência do lançamento. A empresa Associação Educativa do Brasil SOEBRAS interpôs impugnação (fls. 634/780). A d. Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG, ao analisar o presente caso (fls. 345 e seguintes), julgou o lançamento procedente, entendendo que: (i) o procedimento de fiscalização tem caráter investigativo, prescindindo da participação do autuado, sendo o direito ao contraditório garantido na fase litigiosa do lançamento; (ii) correta a apuração da simulação realizada com o intuito de burlar o fisco; (iii) a multa de ofício qualificada de 150% é aplicável quando caracterizada a prática de sonegação com o objetivo de impedir o conhecimento da ocorrência do fato gerador pela autoridade fazendária; e (iv) é vedado aos órgãos de julgamento administrativo afastar a aplicação da lei sob fundamento de inconstitucionalidade. A Recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 362/369) argumentando que: (i) a fiscalização não comprovou terem ocorridos os requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica da Universal, como a confusão patrimonial e o desvio de finalidade; (ii) a Universal produz peças à Recorrente de forma não exclusiva; (iii) a multa de 150% foi aplicada de forma infundada e é confiscatória. É o relatório. Fl. 374DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 Voto Vencido Conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Relator Primeiramente, cabe mencionar que o presente recurso é tempestivo e preenche a todos os requisitos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. A fiscalização fundamentou o presente lançamento nos seguintes fatos: (i) a sede da Recorrente é a mesma da empresa Universal; (ii) há grau de parentesco entre os sócios da Recorrente (Luiz Fernando Oderich) e da Universal (Maria Isabel de Paiva Oderich); (iii) ambas as empresas são fabricantes de ferramentas manuais empregadas na construção civil; (iv) o registro ponto é feito eletronicamente em locais separados, mas no mesmo pavilhão; (v) a Universal é um departamento da empresa Max; (vi) existem processos na justiça do trabalho onde observase haver responsabilidade solidária entre as empresas Max e Universal; (vii) os reclamantes trabalhavam na produção das duas empresas, no mesmo estabelecimento fabril, com a mesma atividade fim e sob o comando dos mesmos dirigentes; (viii) que o Sr. Vilmar de Souza Câmara foi demitido da Max em 28/11/2007 e admitido na Universal em 03/12/2007; (ix) que a rescisão do contrato de trabalho de tal funcionário foi assinada pela Sra. Giovana Fernandes, funcionária registrada na Universal mas que na prática trabalha para as duas empresas; (x) que o ativo imobilizado da Universal é de R$ 299.990,75 e o da Max é de R$ 2.177.547,22, enquanto que a relação entre faturamento/custo com mãodeobra é de 80/90% naquela e apenas 2% nesta; (xi) consta na contabilidade da Max diversos empréstimos e endossos à Universal, o que demonstra a dependência desta; (x) o faturamento da Max é muito superior ao da Universal, embora seus custos com funcionários sejam muito inferiores. Destacouse ainda que a Universal emite notas fiscais para a Max ref. a operações de mercadorias recebidas para industrialização por encomenda, retornandoa para a Max com o devido custo da prestação do serviço efetuado pela Universal, tudo dentro do mesmo estabelecimento. Defende a Recorrente que a fiscalização não comprovou os requisitos previstos no art. 50 do Código Civil para a desconsideração da personalidade jurídica, quais sejam: a confusão patrimonial e o desvio de finalidade. Entretanto, vale destacar que o processo administrativo tributário é regido pelo princípio da primazia da realidade sobre a forma, ou princípio da verdade material. De acordo com o art. 118 do CTN, a definição legal do fato gerador deve ser interpretada abstraindose (i) “da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos” (ii) e “dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.” Assim, constatando a fiscalização que os fatos levantados refletem uma realidade distinta daquela que foi apresentada pelo contribuinte (ou seja, verificada a simulação), cabível se definir os fatos geradores sem considerar a validade jurídica dos atos praticados pelos contribuintes. Vale mencionar que o art. 50 do Código Civil, além de ser um instrumento de prerrogativa do Juiz de Direito, trata da desconsideração da personalidade jurídica para fins de Fl. 375DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 11065.721256/201187 Acórdão n.º 2402004.313 S2C4T2 Fl. 4 5 se estender as obrigações aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica, o que não é o caso. Em situação similar à presente, assim já decidiu este Conselho: “CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INTERPOSTA PESSOA OPTANTE DO SIMPLES. EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE. O pr ocedimento administrativo de caracterização da prestação de serviços por segura dos à outra empresa que não aquela para o qual foi contratado tem por fundamen to os princípios da primazia da realidade e da verdade material e encontra respaldo nos artigos 116, parágrafo único, e 149, VII, do CTN, sendo irrelevante qualquer procedimento de desconstituição, inaptidão ou exclusão da pessoa jurídica do SIMPLES.” (CARF, PAF nº 11065.724735/201155, Cons. Rel. André Luís Mársico Lombardi, Sessão de 16 de julho de 2014) Destarte, não assiste razão à Recorrente. Alegou a Recorrente ainda que a Universal produz peças a ela de forma não exclusiva. No entanto, não foi juntado aos autos qualquer documento que pudesse atestar tal alegação, razão pelo qual não há como prosperar este argumento. Sustenta ainda a Recorrente que não se justifica a aplicação da multa de 150%, haja vista que não foram levantadas provas materiais das práticas dolosas ou fraudulentas que teriam sido utilizadas. Analisando o Relatório Fiscal, constatase que a autoridade administrativa pautou a majoração da multa em sua conclusão de que a Max utilizou empresa do SIMPLES para omitir e/ou reduzir contribuições previdenciárias, nos seguintes termos: “A multa qualificada, de 150%, está sendo aplicada em virtude de ter sido constatado pela fiscalização que a empresa Max utilizouse de empresas, optantes pelo sistema SIMPLES Nacional com a finalidade de omitir e/ou reduzir a contribuição previdenciária.” Contudo, cabe ressaltar que, para aplicação da multa de 150% prevista no art. 44, inc. I e § 1º da Lei nº 9.430/96, os fatos devem ser analisados de acordo com o disposto nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64 (se sonegação, fraude ou conluio), de modo a tipificar a penalidade. Notase que no presente processo a autoridade administrativa não efetuou qualquer análise da legislação acima, deixando a fundamentação da multa agravada totalmente carente. Deste modo, revelase equivocada a majoração da multa ref. ao período de 12/2008 a 12/2009, devendo esta ser exigida no patamar padrão de 75%, nos termos do art. 35 A da Lei nº 8.212/91. Fl. 376DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 Diante do exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para, no mérito, DARLHE PARCIALPROVIMENTO, a fim de que a multa exigida no período de 12/2008 a 12/2009 seja retificada ao patamar de 75%, nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212/91.. É o voto. Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 377DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 11065.721256/201187 Acórdão n.º 2402004.313 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Vencedor Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, Redator Designado. Analisando o voto proferido pelo i. Conselheiro Relator, especificamente no que tange à multa qualificada de 150%, entendo que houve a demonstração dos fundamentos fáticos e jurídicos da multa agravada pelo Fisco. A multa qualificada no percentual de 150% foi aplicada sobre os valores lançados para as competências 12/2008 a 12/2009 Quando das infrações aqui em comento, tinha vigência a regra do art. 44 da Lei 9.430/1996 para as multas oriundas da legislação previdenciária (Lei 8.212/1991). Aplica se a multa qualificada nos casos de evidente intuito de sonegação, fraude ou conluio definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/1964. Esses fundamentos jurídicos foram esposados nos Fundamentos Legais do Débito (FLD), anexos do Relatório Fiscal, nos seguintes termos: “[...] 703 SONEGAÇÃO, FRAUDE OU CONLUIO 703.01 Competências : 12/2008 a 13/2009 Lei n. 8.212, de 24.07.91, 35A (combinado com o art. 44, parágrafo1. da Lei n. 9.430, de 27.12.96), ambos com redação da MP n. 449 de 04.12.2008, convertida na Lei n. 11.941, de 27.05.2009. Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996 50% (75% x 2) 75% falta de pagamento, de declaração e nos de declaração inexata Lei 9430/96, art. 44, inciso I: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Aplicar em dobro sonegação, fraude ou conluio Lei 9.430/96, art. 44, parágrafo 1º: § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. [...]” Fl. 378DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 Assim, entendese que a multa aplicada de 150% foi tipificada legalmente nos Fundamentos Legais do Débito (FLD), conforme os tipos abstratos do art. 44 da Lei 9.430/96 combinados com os arts. 71, 72, 73 da Lei 4.502/1964. Nesse caminhar, o Relatório Fiscal delineou que o negócio jurídico estabelecido entre a Recorrente e a Universal Ferramentas Ltda ocorreu com a finalidade de simular a realidade fática, concluindo que esta foi constituída com o fim de absorver a mão de obra empregada no processo produtivo da própria Recorrente, para obter os benefícios do “Simples” na redução dos encargos tributários. Esse raciocínio decorre dos elementos fáticos registrados no item III do Relatório Fiscal, que também foram devidamente registrados na decisão de primeira instância nos seguintes termos: “[...] Falta de capacidade financeira da Universal Ferramentas Ltda, ante o grande número de empréstimos que esta tomou da autuada; Após análise da representatividade dos custos de mãodeobra em relação ao faturamento das duas empresas, constatouse que na autuada não chega a 5%, e a Universal Ferramentas Ltda chega a ultrapassar 90%, o que aponta a situação de que a Universal Ferramentas Ltda, na verdade, foi constituída com o fim de absorver a mãodeobra alocada na produção da autuada, com o fim de reduzir encargos tributários utilizandose dos benefícios do Simples; A existência de processos judiciais em que a autuada e a Universal Ferramentas Ltda foram chamadas para compor a lide na condição de demandados pelos trabalhadores que alegaram terem sido contratados para trabalhar na linha de produção de ambas, que ficam estabelecidas no mesmo estabelecimento, possuindo as mesmas atividades e sob os mesmos dirigentes; A autuada e a Universal Ferramentas Ltda ocupam o mesmo estabelecimento, e seus sóciosadministradores são parentes que residem no mesmo endereço. Além disso, autuada trouxe aos autos o contrato de comodato de fls.208 a 214, por meio do qual ela transferiu à Universal Ferramentas Ltda os direitos de uso e gozo de bens de se ativo imobilizado, no valor de R$ 1.228.760,00, que na verdade se refere a máquinas e ferramentas utilizadas na industrialização de seus produtos. Isso demonstra que a Universal Ferramentas Ltda além de não dispor de capacidade financeira, não dispõe também de capacidade operacional para realizar o negócio para a qual foi constituída, pois seu ativo imobilizado é de apenas R$ 299.990,75 (fl.31), ou seja, representa cerca de 25% do ativo imobilizado obtido da autuada em comodato. [...]” (decisão de primeira instância; Acórdão 0428.644 da 4ª Turma da DRJ/CGE). Percebese, então, que a Recorrente utilizouse da empresa Universal Ferramentas Ltda para simular a realidade fática evidenciada pelo Fisco, visando esconder o fato gerador da contribuição previdenciária, já que ficou demonstrado que a Recorrente utilizouse de interposta pessoa jurídica para absorver a mão de obra empregada no seu processo produtivo. Logo, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada que houve a prática de interposta pessoa na contratação da mão de obra. O mesmo entendimento, apenas sendo distinta a espécie de tributos, foi manifestado no enunciado da Súmula CARF nº 34: “Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não Fl. 379DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 11065.721256/201187 Acórdão n.º 2402004.313 S2C4T2 Fl. 6 9 comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas”. Em relação ao pretenso aspecto confiscatório da multa lançada, melhor sorte não socorre a Recorrente, a teor do art. 150, inciso IV, da Constituição Federal de 1988 que positivou o princípio do nãoconfisco. Constituição Federal de 1988: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) IV utilizar tributo com efeito de confisco; Como estampado no art. 3° do Código Tributário Nacional (CTN), tributo é toda prestação pecuniária compulsória, que não constitua sanção de ato ilícito. A sanção de ato ilícito tem na multa pecuniária uma de suas espécies. Assim, tratandose de multa pecuniária, não há que falar em princípio nãoconfisco. Vêse, claramente, que o CTN extrema os conceitos de tributo e de multa, não havendo identidade entre estes. O princípio do não confisco (art. 150, IV) somente se aplica a tributos. Com isso, rejeitase a pretensão recursal. Quanto aos demais pontos abordados pelo ilustre Relator, no que não colidem com a demonstração (motivação) supramencionada, aliome às suas razões de decidir. Ante todo o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso e NEGARLHE PROVIMENTO, nos termos do voto. Ronaldo de Lima Macedo. Fl. 380DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 10855.907035/2012-16
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/12/2008
SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS.
O pedido de restituição de tributos retidos e recolhidos indevidamente cabe a pessoa jurídica que de fato assumiu o ônus da exação.
Numero da decisão: 1802-002.462
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. O conselheiro José de Oliveira Ferraz Correa vai apresentar declaração de voto para expor suas razões quanto a negativa.
(assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Correa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gustavo Junqueira Carneiro Leão - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Darci Mendes de Carvalho Filho, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano, José de Oliveira Ferraz Correa, Nelso Kichel. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira.
Nome do relator: GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO
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PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS. O pedido de restituição de tributos retidos e recolhidos indevidamente cabe a pessoa jurídica que de fato assumiu o ônus da exação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. O conselheiro José de Oliveira Ferraz Correa vai apresentar declaração de voto para expor suas razões quanto a negativa. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Correa Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Darci Mendes de Carvalho Filho, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano, José de Oliveira Ferraz Correa, Nelso Kichel. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 90 70 35 /2 01 2- 16 Fl. 96DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907035/201216 Acórdão n.º 1802002.462 S1TE02 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto (SP), que por unanimidade de votos julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela ora Recorrente. Por economia processual passo a adotar o suscinto relatório elaborado pela DRJ, in verbis: “Tratase de Pedido de Restituição das contribuições sociais retidos na fonte por ocasião de pagamento de serviços de terceiros. Na fundamentação do Despacho Decisório que indeferiu o Pedido, consta: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição (...) Diante da inexistência do crédito, INDEFIRO o Pedido de Restituição. Cientificada, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade alegando, em síntese, que: o crédito, cuja restituição se pretende decorrente de retenção indevida praticada pela Impugnante referente a serviço prestado por pessoa jurídica optante do SIMPLES Nacional, nos termos em que instituído pela Lei Complementar nº 123/2006. ... Consoante relatado e conforme comprovam os respectivos documentos fiscais, a Impugnante contratou a prestação de serviços da pessoa jurídica de direito privado ‘Guarapuã Florestal Ltda – EPP’ (...). Com base nas disposições do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99 e da Lei nº 10.833/2003, a Impugnante é obrigada a reter os valores concernentes ao imposto de renda e às contribuições sociais CSLL, PIS e COFINS Fl. 97DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907035/201216 Acórdão n.º 1802002.462 S1TE02 Fl. 4 3 incidentes sobre as operações e repassálos (...) na condição de substituta tributária. Todavia, a Impugnante constatou posteriormente que a pessoa jurídica substituída fornecedora dos serviços contratados à época dos fatos geradores ora considerados, era optante do Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar nº 123/2006, situação em que permaneceu no período de 11/07/2008 a 31/12/2011, como bem comprovam os documentos inclusos. ... Por esta peculiar sistemática, o adimplemento dos mencionados tributos dáse de modo unificado, por meio de uma alíquota única, ao encargo da pessoa jurídica optante do SIMPLES, o que indelevelmente a desonera as empresas porventura obrigadas às retenções de IRPJ, PIS, COFINS e CSLL, como a Impugnante, a assim procederem. ... Nesta esteira, a retenção praticada pela Impugnante não teve sentido algum e o montante recolhido por ela por ocasião da operação retratada notadamente constitui indébito, cuja restituição se justifica (...).” A DRJ de Ribeirão Preto (SP) julgou improcedente a manifestação de inconformidade, consubstanciando sua decisão na seguinte ementa: “ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Data do fato gerador: 30/12/2008 SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS. Ainda que indevida a retenção de tributos devidos por prestadora de serviços optante pelo Simples, a restituição de valores depende da demonstração da assunção do ônus tributário por parte da tomadora dos serviços que efetuou as retenções por ocasião do pagamento das respectivas notas fiscais, sem o que esta última não preenche os requisitos para que lhe sejam restituídos os valores eventual e indevidamente recolhidos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Dessa decisão da qual tomou ciência em 29/10/2013, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário em 27/11/2013. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907035/201216 Acórdão n.º 1802002.462 S1TE02 Fl. 5 4 No Recurso faz arrazoado sobre os motivos pelo qual o acórdão exarado pela DRJ não deve prosperar, reiterando em seguida as alegações feitas por ocasião da sua manifestação de inconformidade e, no fim, pugnando pelo provimento do seu Recurso Voluntário, eis que tem autorização expressa da empresa para a qual o encargo foi transferido para pleitear a devolução do indébito. Este é o Relatório. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907035/201216 Acórdão n.º 1802002.462 S1TE02 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, pelo que dele tomo conhecimento. A análise feita sobre o pedido apresentado pela contribuinte se deu no âmbito do processamento eletrônico de declarações, meio legítimo e eficiente de verificação dos pleitos formalizados pelos sujeitos passivos, também de forma eletrônica, em busca dos créditos que entendem possuir contra a Fazenda Pública. Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. Especialmente nos processos iniciados pelo Contribuinte, como o aqui analisado, há toda uma dinâmica na apresentação de elementos de prova, uma vez que a Administração Tributária se manifesta sobre esses elementos quando profere os despachos e decisões com caráter terminativo, e não em decisões interlocutórias, de modo que não é incomum a carência de prova ser suprida nas instâncias seguintes. É por isso também que antes de proferir o despacho decisório, ainda na fase de auditoria fiscal, pode e deve a Delegacia de origem inquirir o Contribuinte, solicitar os meios de prova que entende necessários, diligenciar diretamente em seu estabelecimento (se for o caso), enfim, buscar todos os elementos fáticos considerados relevantes para que na sequ ência, na fase litigiosa do procedimento administrativo (fase processual), as questões envolvam mais a aplicação das normas tributárias e não propriamente a prova de fatos. Desse modo, para a homologação desse crédito a Administração Fazendária solicitou que o contribuinte juntasse ao seu pedido a documentação contábil que deu suporte ao preenchimento ao pedido de restituição. A Recorrente por ocasião de sua Manifestação de Inconformidade juntou: a) consulta feita na internet em que consta a informação de que a empresa Guarapuã Florestal Ltda – ME estaria compreendida no Simples no período de 11/07/2008 a 31/12/2011, o que abarca os pagamentos tidos por indevidos. b) notas fiscais emitidas pela prestadora de serviços nas quais estão destacadas as parcelas referentes aos tributos que teriam sido indevidamente retidos. Os valores segundo análise da DRJ são compatíveis com o montante do crédito inscrito no Pedido de Restituição. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907035/201216 Acórdão n.º 1802002.462 S1TE02 Fl. 7 6 c) documento endereçado à contribuinte, no qual consta a seguinte solicitação: “GUARAPUÃ FLORESTAL LTDA – EPP, cadastrada no CNPJ sob o nº 10.296.543/000151, estabelecida à Rua Ruy Barbosa, nº 685 – Centro, município de Buri/SP, vem solicitar através desta a restituição de imposto descontado indevidamente em notas fiscais devido empresa ser optante do SIMPLES NACIONAL, conf. Demonstrativo abaixo” Com isso a Recorrente requer a restituição de apenas uma parcela do valor recolhido por meio do DARF inscrito no Pedido, razão pela qual não foi possível a verificação, a partir dos valores, da exata composição do DARF de forma a aferir se o valor recolhido corresponde efetivamente ao tido por indevido. Uma demonstração da composição do DARF seria indispensável para a efetiva comprovação da inclusão dos valores eventualmente indevidos nos recolhimentos efetuados. Seria caso de baixar esse processo em diligência, caso a Recorrente não viesse reiteradamente se evadindo em demonstrar que de fato assumiu o ônus do tributo retido da prestadora de serviço indevidamente. Pelo contrário, deu todos os indícios, inclusive com a declaração da empresa Guarapuã Florestal Ltda – EPP, que não assumiu o ônus, mas que apenas se prendeu a parte final do CTN, artigo 166, onde mediante autorização de quem sofreu o ônus do tributo, haveria a possibilidade de efetuar o pedido de restituição em nome próprio. Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. Nesse sentido a Lei nº 9.430/96, art, 74, § 12, II, “a” veda expressamente a trasferência de créditos tributários para terceiros. A esse respeito já há jurisprudência consolidada, senão vejamos: "TRIBUTÁRIO – COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS A TERCEIROS – LEI 9.430/96 – IN SRF 21/97 E 41/2000 – LEGALIDADE. A Lei 9.430/96 permitiu que a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, autorizasse a utilização de créditos a serem restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. O art. 15 da IN 21/97, permitiu a transferência de créditos do contribuinte que excedessem o total de seus débitos, o que foi posteriormente proibido com o advento da IN 41/2000 (exceto se se tratasse de débito consolidado no âmbito do REFIS) e passou a constar expressamente do art. 74, § 12, II, "a" da Lei 9.430/96. Dentro do poder discricionário que lhe foi outorgado, a Secretaria da Receita Federal poderia alterar os critérios da compensação, sem que isso importe em ofensa à Lei Fl. 101DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907035/201216 Acórdão n.º 1802002.462 S1TE02 Fl. 8 7 9.430/96. (REsp 677874/PR Ministra ELIANA CALMON DJ 24.04.2006)". A autorização de restituição a quem não teve o ônus seria o mesmo que a Administração Fazendária anuir com o enriquecimento ilícito ou sem causa, também denominado enriquecimento indevido, ou locupletamento, pois configuraria aumento patrimonial sem causa jurídica, ou o que se perderia sem causa legítima. Isso porque em momento algum está estabelecido que o produto da restituição será repassado a quem teve o ônus. Nesse sentido prescreve o Código Civil: “Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituíla, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.” Isso porque a despesa já incorrida foi integralmente registrada em conta de resultado atribuida ao fornecedor, sendo sua contrapartida registrada em conta de passivo, uma parte devida ao fornecedor e o restante em tributos retidos de terceiro. A recuperação do crédito tributário daria ensejo ao registro em conta redutora de passivo com a contrapartida em caixa / bancos. Essa prática daria ensejo a obteção de uma receita decorrente da cessão de créditos tributários, essa vedada pela legislação ora em vigor, sem qualquer tributação. No presente caso, havendo crédito tributário a ser restituído, caberia somente a empresa GUARAPUÃ FLORESTAL LTDA – EPP, contribuinte do tributo para solicitar a restituição. Sendo assim, resta claro que a parte final do caput do art. 166 do CTN deve ser interpretado de acordo com o restante do sistema jurídico que rege a matéria, em especial os citados anteriormente. Por oportuno cabe salientar ainda que se trata apenas de “Pedido de Restituição”, pois em caso de “Pedido de Compensação” a Recorrente estaria sujeita à multa correspondente a compensação não declarada, nos termos do diploma legal supra citado. Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso, mantendo a decisão da delegacia de origem. (assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão Fl. 102DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907035/201216 Acórdão n.º 1802002.462 S1TE02 Fl. 9 8 Declaração de Voto Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa. Faço a presente declaração de voto para demonstrar os fundamentos que me levam a acompanhar o relator no não provimento do recurso voluntário. O art. 166 do Código Tributário Nacional – CTN, trazido à baila para o exame das questões suscitadas, guarda relação com a antiga classificação dos contribuintes em “contribuinte de direito” e “contribuinte de fato”. O chamado “contribuinte de fato”, na lógica dos tributos indiretos (p/ ex., IPI e ICMS), desimportante para o direito tributário num primeiro momento, adquire relevância nos casos de restituição de indébito, eis que de acordo com o referido artigo: Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. O problema é que essa lógica não se aplica aos tributos retidos na fonte. Ocorrida a retenção de tributo e presente o respectivo beneficiário do pagamento que ensejou essa retenção, tal situação refoge ao campo do art. 166 do CTN. A fonte pagadora é encarregada de cumprir um dever administrativo (de reter e recolher o tributo), na condição de mero responsável, mas não ocupa a posição do chamado “contribuinte de direito” (que se perfaz na pessoa do fabricante, no caso do IPI, e do comerciante, no caso do ICMS). Tratandose de retenção na fonte, a condição de contribuinte, desde o início, cabe ao beneficiário do pagamento/rendimento, ou seja, àquele que sofreu a retenção do tributo, e é somente ele quem poderá reivindicar a repetição do tributo retido e que se configurou como indébito tributário. Nesse caso, a fonte pagadora não possui legitimidade para figurar no pólo ativo da repetição de indébito. Não se aplica aqui a autorização mencionada no art. 166 do CTN, eis que a situação seria de apropriação/aproveitamento de crédito de terceiro, o que não é admitido pela legislação (Lei nº 9430, art. 74), e a referida autorização não poderia servir a esse fim – transferência de direito creditório de um contribuinte para outro. Por essas razões, acompanho o relator e também nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 103DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907035/201216 Acórdão n.º 1802002.462 S1TE02 Fl. 10 9 Fl. 104DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA
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Numero do processo: 13841.000613/2003-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 15 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/1999 a 30/09/2003
APURAÇÃO DA COFINS. LEI 9718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. ISONOMIA COM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. IMPOSSIBILIDADE.
Nos termos da Súmula Carf nº 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Não há como estender às empresas comerciais a mesma apuração da Cofins prevista para as instituições financeiras, sob o argumento do princípio constitucional da isonomia.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA.
Para caracterizar a denúncia espontânea o art. 138 do CTN exige a extinção do crédito tributário por meio de seu pagamento integral. Pagamento e compensação são formas distintas de extinção do crédito tributário. Não se afasta a exigência da multa de mora quando a extinção do crédito tributário confessado é efetuada por meio de declaração de compensação.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3301-002.261
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martinez Lopez, José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Fábia Regina Freitas e Andrada Márcio Canuto Natal.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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LEI 9718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. ISONOMIA COM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos da Súmula Carf nº 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Não há como estender às empresas comerciais a mesma apuração da Cofins prevista para as instituições financeiras, sob o argumento do princípio constitucional da isonomia. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. Para caracterizar a denúncia espontânea o art. 138 do CTN exige a extinção do crédito tributário por meio de seu pagamento integral. Pagamento e compensação são formas distintas de extinção do crédito tributário. Não se afasta a exigência da multa de mora quando a extinção do crédito tributário confessado é efetuada por meio de declaração de compensação. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 84 1. 00 06 13 /2 00 3- 48 Fl. 109DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 01/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13841.000613/200348 Acórdão n.º 3301002.261 S3C3T1 Fl. 102 2 Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martinez Lopez, José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Fábia Regina Freitas e Andrada Márcio Canuto Natal. Fl. 110DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 01/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13841.000613/200348 Acórdão n.º 3301002.261 S3C3T1 Fl. 103 3 Relatório Por economia processual e por bem relatar os fatos até aquele momento, adoto o relatório elaborado pela 1ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto, abaixo transcrito: O processo epigrafado foi inaugurado para recepcionar pedido de restituição de Cofins “2º período”, protocolado em 02/12/2003, no montante de R$ 149.046,02 (fl. 01), relativos a valores recolhidos no período de março de 1999 a outubro de 2003, conforme relacionados na planilha de fls. 02/03. Após informar, preliminarmente, que a protocolização do pedido em formulário deveuse “em razão de não haver conseguido esta contribuinte proceder ao envio por meio eletrônico (Internet) através do programa fornecido pela SRF”, a contribuinte assevera que “valendose dos preceitos que lhe são assegurados pela Constituição da República de 1988, bem como o tratamento diferenciado dispensado aos contribuintes da COFINS, invocar a aplicação do princípio constitucional da isonomia tributária”, entendo que devem ser estendidas aos demais contribuintes “as prerrogativas que beneficiaram as entidades financeiras no que diz respeito à determinação da BASE DE CÁLCULO da COFINS”. Em síntese, a interessada pretende ter aplicado ao seu caso o mesmo tratamento dispensado às instituições financeiras, quanto às exclusões e deduções da base de cálculo do tributo. Adverte, ainda, que, em face do instituto da denúncia espontânea, não poderá ser exigida a multa de mora pelo atraso no pagamento “dos débitos a serem oportunamente protocolados para a compensação com os valores destinados à restituição objetivada neste pleito”. Anexa ao pedido cópia dos DARFs relativos aos referidos recolhimentos (fls. 04/31). Por meio do despacho decisório de fls. 52/53, a DRF Limeira indeferiu o pedido, nos termos da seguinte ementa: ISONOMIA ENTRE CONTRIBUINTES. Não compete à autoridade administrativa a apreciação de arguições sobre a aplicação de princípios constitucionais relativos a atos legais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico nacional. A interessada foi cientificada da referida decisão em 02/12/2008 (fl. 55), por meio da intimação de fl. 54. Em 24/12/2008, a interessada protocolou sua manifestação de inconformidade conforme peça de fls. 57/66, por meio da qual aduz, em síntese, que: a) “evidenciou, de forma perfeitamente clara e sustentada, que na LC nº 70/91, as instituições financeiras foram beneficiadas com tratamento diferenciado, no que toca ao recolhimentos da COFINS, permitindolhe a exclusão do pagamento da referida contribuição social sobre o faturamento, conforme artigo 1º da Lei Complementar antes citada”; b) “o tratamento imposto pelo legislador infraconstitucional não se amolda à melhor exegese dada aos dispositivos insertos na lei ápice (Lei nº 8.212, de 1991), Fl. 111DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 01/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13841.000613/200348 Acórdão n.º 3301002.261 S3C3T1 Fl. 104 4 dando motivação justa e correta ao pleito deduzido pela recorrente em seu pedido inaugural”, porquanto a Constituição Federal (CF) veda a instituição de tratamentos desiguais entre os contribuintes. Assim sendo, restou violado o princípio constitucional da isonomia; c) “contudo, em que pese a sólida argumentação posta no requerimento inaugural, a decisão recorrida limitouse a concluir que não compete à autoridade administrativa a apreciação de arguições sobre aplicação de princípios constitucionais relativos a atos legais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico”. Nesse sentido, verificase, “visivelmente”, que a decisão recorrida “não enfrentou as questões deduzidas pela recorrente em seu requerimento originário, o que deverá ser objeto de análise por força deste recurso, possibilitando a reforma do decisum ora atacado, para fins de deferimento da restituição dos valores recolhidos a título de COFINS no período de 11/94 a 01/99; d) seu pleito deve ser reconhecido, “especialmente, pelo fato da decisão vergastada limitarse a reconhecer a impossibilidade, na esfera administrativa, da invocação do princípio constitucional da isonomia tributária, face a ausência de competência legal do agenteautoridade, para tanto”. Ao analisar referida manifestação de inconformidade, a 1ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto proferiu o Acórdão nº 1430.217, de 19/07/2010, assim ementado: Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/02/1999 a 30/09/2003 ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA. A arguição de inconstitucionalidade não pode ser oponível na esfera administrativa, por transbordar os limites de sua competência o julgamento da matéria, do ponto de vista constitucional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Não concordando com referida decisão o contribuinte apresentou recurso voluntário por meio do qual tece basicamente os mesmos argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade. É o relatório. Fl. 112DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 01/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13841.000613/200348 Acórdão n.º 3301002.261 S3C3T1 Fl. 105 5 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, por isto dele tomo conhecimento. O contribuinte efetuou pedido de restituição de valores que teria pago a maior da Cofins do período de fevereiro/99 a maio/2003, requerendo desde já a possibilidade de efetuar compensações com futuros débitos de sua titularidade. Alegando o princípio constitucional da isonomia tributária previsto no art. 150, inc. II da CF, requer o direito de recolher a Cofins nos mesmos moldes das instituições financeiras. A contribuinte é uma sociedade limitada cujo objeto social é o comércio de máquinas, implementos e peças agrícolas. Nesta condição, para o período em questão, estava obrigado ao recolhimento da Cofins nos termos da Lei nº 9.718/98, da qual transcrevo alguns artigos de maior relevância: Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: (...) Art. 8° Fica elevada para três por cento a alíquota da COFINS. Por força de lei, as instituições financeiras e assemelhadas possuíam e ainda possuem regras diferenciadas para apuração e recolhimento da Cofins, como bem alinhavou a recorrente. A decisão recorrida está correta, à medida em que reconhecer a possibilidade de uma empresa comercial recolher a Cofins nos mesmos moldes das instituições financeiras é negar validade à lei instituidora e regulamentadora da contribuição, o que é vedado aos tribunais administrativos, conforme Súmula Carf nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Apesar de não apreciada a argüição de suposta ofensa ao princípio da isonomia, observo que na situação aqui colocada não reconheço a mácula apontada. Isto porque as atividades das instituições financeiras em nada se parece com as atividades das empresas comerciais em geral. Elas têm especificidades tão distintas que levaram o legislador Fl. 113DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 01/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13841.000613/200348 Acórdão n.º 3301002.261 S3C3T1 Fl. 106 6 infraconstitucional a dar tratamento diferenciado a elas. Neste sentido transcrevo abaixo trecho do voto do Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis, no Acórdão nº 20312.507, da 3ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes, o qual estou de inteiro acordo. “Como se sabe, o principio da igualdade implica em tratar os iguais de forma igual e em diferenciar os desiguais, sendo que estes devem ser diferenciados na medida de suas desigualdades conforme a lição célebre de Ruy Barbosa, in Oração aos Moços. A questão, então, passa a ser como discriminar, e quais os discrímenes a serem adotados. Celso Antonio Bandeira de Mello, in Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade, atualmente editado pela Malheiros Editores, analisa com rigor a questão e leciona que primeiro temse que investigar qual o critério discriminador, segundo, a relação entre o discriminador e o tratamento jurídico construído em função do discrímen eleito; terceiro, se a discriminação resulta, in concreto, de acordo com a Constituição. No caso em tela, o discriminador é a atividade das entidades financeiras, bastante diferenciada e que pode, sim, ser eleita como discrímen, já que não há vedação constitucional neste sentido. As entidades financeiras, responsáveis pela intermediação entre os que emprestam e os que tomam emprestados, possuem a peculiaridade de renovarem, a cada período de tempo préestabelecido — no geral, um mês — o que compram e o que vendem, que é o capital comprado dos aplicadores e vendido aos tomadores de empréstimos. Bem ao contrário das atividades comerciais no geral, nas quais as empresas vendem produtos uma única vez, sem as renovações periódicas. Assim, nas empresas não financeiras a incidência do PIS e da COFINS é computada a cada venda, uma única vez. Estas Contribuições, ao incidirem sobre o faturamento ou receita bruta das empresas, ocasionam bis in idem imposto repetido sobre a mesma base de cálculo: bis, repetição, in idem, sobre o mesmo , mas em operações distintas, de um fornecedor para outro e do último para o consumidor final. Não há repetição da incidência numa mesma operação, como aconteceria no caso da intermediação financeira, caso não permitidas as deduções próprias das instituições financeiras. Se nas atividades não financeiras não há renovação das vendas — comprase um produto uma única vez, sem se renovar tal compra , não acontece o cômputo renovado do PIS e da COFINS. Já os empréstimos são renovados a cada mês, dado que a taxa de juros normalmente é mensal. É como se as instituições financeiras vendessem o valor emprestado a cada mês. Assim sendo, se não pudessem deduzir os custos pagos aos aplicadores — a quem compram o capital também periodicamente , as bases de cálculo do PIS e da COFINS seriam renovadas mensalmente, no que repercutiriam diretamente na taxa de juros dos empréstimos. A título de exemplo, tomese um empréstimo mensal com taxa de juros igual a 3,00% (três por cento). Se a instituição financeira não pudesse deduzir do valor emprestado (faturamento) o custo dessa intermediação financeira, tal como permitido pelo art. 3°, § 6°, I, "a" da Lei n°9.718/98, com a redação dada pela MP n° 2.15835/2001, a taxa de juros, ao invés de 3,00%, seria 6,65% (3,00% de juros mais 3,00% de COFINS mais 0,65% de PIS). Destarte, o discrímen atividade financeira, além de ser permitido constitucionalmente, é também uma necessidade, como demonstrado acima. Por outro lado, o tratamento jurídico construído em função do discrimen eleito, bem Fl. 114DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 01/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13841.000613/200348 Acórdão n.º 3301002.261 S3C3T1 Fl. 107 7 como o que dele resulta, em concreto, estão de acordo com a Constituição, pois a discriminação feita pela legislação tributária não permite às instituições financeiras todo tipo de dedução, mas somente aquelas que, se acaso não permitidas, inviabilizariam a intermediação financeira. Dito de outra forma: a discriminação estabelecida não ultrapassa os limites do que é peculiar à atividade financeira. Tanto é assim que as despesas administrativas, não dedutíveis nas bases de cálculo do PIS e da COFINS das empresas não financeiras, também não o são nas instituições financeiras (§ 1° do art. 1° da Lei n°9.701/98, com a redação dada pelo art. 3° da MP n°2.15835/2001).” Também a título de ilustração esta questão foi colocada no judiciário, sendo que o STF negou seguimento ao recurso extraordinário interposto com a seguinte ementa: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. PIS/PASEP E COFINS. EXTENSÃO DE TRATAMENTO DIFERENCIADO. ISONOMIA. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. 1. O acolhimento da postulação da autora extensão do tratamento tributário diferenciado concedido às instituições financeiras, às cooperativas e às revendedoras de carros usados, a título do PIS/PASEP e da COFINS implicaria converterse o STF em legislador positivo. Isso porque se pretende, dado ser ínsita a pretensão de ver reconhecida a inconstitucionalidade do preceito, não para eliminálo do mundo jurídico, mas com a intenção de, corrigindo eventual tratamento adverso à isonomia, estender os efeitos de norma contida no preceito legal a universo de destinatários nele não contemplados. Precedentes. Agravo Regimental não provido. (Agravo Regimental no Recurso Extraordinário 402.7488 PE. Relator Ministro Eros Grau. 22/04/2008) MULTA DE MORA O contribuinte pede subsidiariamente o afastamento da cobrança da multa de mora na cobrança dos débitos compensados em caso de não homologação das declarações de compensação em face da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN, in verbis: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Da leitura do dispositivo legal acima transcrito resta claro que a denúncia espontânea só é valida se vier acompanhada do pagamento do tributo. No presente caso apesar do contribuinte ter confessado o débito por meio das declarações de compensação, esta Fl. 115DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 01/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13841.000613/200348 Acórdão n.º 3301002.261 S3C3T1 Fl. 108 8 confissão não veio acompanhada do pagamento e sim de uma pretensa compensação que dependerá sempre de sua homologação posterior, expressa ou tácita. Pagamento e compensação são formas distintas de extinção do crédito tributário, pois para o pagamento a extinção do crédito tributário não está vinculada a nenhuma condição e o art. 74, § 2º da Lei nº 9.430/96 estabelece que a compensação extingue o crédito tributário sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Assim, diante do exposto, voto em negar provimento ao recurso voluntário. Andrada Márcio Canuto Natal Relator Fl. 116DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 01/ 04/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS
score : 1.0
Numero do processo: 11020.901471/2008-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 16 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REDISCUSSÃO DO MÉRITO. NÃO CONHECIMENTO.
Não devem ser conhecidos os embargos de declaração que visam unicamente rediscutir o mérito de questões já devidamente julgadas.
Numero da decisão: 1302-001.577
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer dos embargos de declaração, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator.
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto S. Jr., Waldir Rocha, Eduardo Andrade, Márcio Frizzo, Guilherme Silva e Leonardo Marques.
Nome do relator: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Embargante CREDEAL MANUFATURA DE PAPÉIS LTDA. Interessado Fazenda Nacional ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REDISCUSSÃO DO MÉRITO. NÃO CONHECIMENTO. Não devem ser conhecidos os embargos de declaração que visam unicamente rediscutir o mérito de questões já devidamente julgadas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer dos embargos de declaração, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto S. Jr., Waldir Rocha, Eduardo Andrade, Márcio Frizzo, Guilherme Silva e Leonardo Marques. Relatório Versa o presente processo sobre embargos de declaração opostos pela contribuinte em face do Acórdão nº 1302001.443, nos quais alega o seguinte: “No entanto, não ficou clara a decisão, pois tendo em vista que o valor discutido já se encontra em parcelamento, ou seja, já está sendo quitado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 90 14 71 /2 00 8- 81 Fl. 256DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 2 e, desta forma, não há no que se falar de não homologação integral da compensação, tendo em vista que o crédito glosado irá ser quitado integralmente de uma forma ou de outra. Seja pela quitação do parcelamento, ou caso, não seja quitado o parcelamento, pela emissão de carta cobrança e eventual cobrança executiva. .......................................................................................................... Diante do exposto, e nos termos do art. 65, da Portaria MF 256/09 – Regimento Interno do CARF, requer a Embargante sejam acolhidos os presentes Embargos de Declaração para que seja sanada a obscuridade apontada, esclarecendo que o valor de R$ 261.783,26 que restou em aberto no presente processo, é ilegítima, pois o débito já está sendo quitado pelo parcelamento da Lei 11.941/09 e desta forma obrigatória sua homologação integral. Tendo em vista que o débito irá ser quitado com o fim do parcelamento ou caso a embargante não quite o parcelamento, com a emissão de carta cobrança para pagamento do restante do débito, e eventual cobrança executiva. Desta forma, restando comprovado que não houve lesão ao erário público, motivo pelo qual, não há que se falar em não homologação integral da compensação.”. É o relatório. Voto Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior A embargante foi cientificada da decisão recorrida em 22/09/2014 e opôs embargos de declaração em 26/09/2014, razão pela qual passo a analisar os outros pressupostos de admissibilidade. Os embargos de declaração são o remédio processual adequado quando a decisão embargada incorre em obscuridade, em contradição entre a sua fundamentação e a sua parte dispositiva; ou em omissão na apreciação de algumas das questões preliminares ou de mérito que compõem o pedido da parte. Logo, os embargos de declaração não servem para se reabrir discussão sobre o mérito de decisão embargada. No presente caso, os fundamentos dos embargos de declaração, ora em julgamento, deixam claro que o embargante repete argumentação já enfrentada, para tentar reverter, em sede de embargos, o que fora decidido no mérito. A clareza da decisão embargada estampa o manejo indevido e abusivo dos embargos no presente caso, se não vejamos, os seguintes trechos do referido voto condutor: “O fato de a diferença, hoje, está em parcelamento é prova irrefutável de que não havia crédito líquido e certo nesse montante no momento em que a recorrente apresentou as suas PER/DCOMP, razão pela qual o seu direito à compensação, ora pleiteada, há de ficar limitado ao SNIRPJ AC 2003 que fazia jus naquele momento, ou seja, R$ 68.104,88.”.. Ademais, os embargos de declaração, ora em análise, sequer apontam Fl. 257DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 11020.901471/200881 Acórdão n.º 1302001.577 S1C3T2 Fl. 257 3 qualquer contradição, omissão ou obscuridade, pois articulam argumentos que deixam claro, primo ictu oculi, a intenção de apenas rediscutir o mérito da decisão embargada. Como se vê, estamos diante de mais um entre tantos casos de manejo flagrantemente abusivo de embargos de declaração, com o fito único de rediscutir os fundamentos da decisão embargada, conduta que muito tem contribuído para o desprestígio desse importante instrumento processual. Em face do exposto, voto por não conhecer dos embargos de declaração. Alberto Pinto Souza Junior Relator Fl. 258DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Numero do processo: 14751.000140/2006-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO OU SEM CAUSA COMPROVADA. Sujeitam-se à incidência do imposto exclusivamente na fonte, à aliquota de 35%, todo pagamento efetuado pela pessoa jurídica a beneficiário não identificado, assim como os pagamentos efetuados ou os recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa. O prazo para a constituição do IRPJ na hipótese em que não há pagamento da divida, é de cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte Aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional.
Numero da decisão: 1401-000.706
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, rejeitar as preliminares suscitadas e, por maioria, negar provimento ao recurso voluntário vencida a conselheira Karem Jureidini Dias.
Nome do relator: Mauricio Pereira Faro
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Sujeitamse à incidência do imposto exclusivamente na fonte, à aliquota de 35%, todo pagamento efetuado pela pessoa jurídica a beneficiário não identificado, assim como os pagamentos efetuados ou os recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa. O prazo para a constituição do IRPJ na hipótese em que não há pagamento da divida, é de cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte Aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, rejeitar as preliminares suscitadas e, por maioria, negar provimento ao recurso voluntário vencida a conselheira Karem Jureidini Dias. Assinado digitalmente Jorge Celso Freire da Silva Presidente Assinado digitalmente Maurício Pereira Faro – Relator Participaram do julgamento os conselheiros Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Alexandre Antônio Alkmin Teixeira, Antônio Bezerra Neto, Mauricio Pereira Faro e Fernando Luiz Gomes de Mattos. Fl. 596DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 15/08/201 2 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14751.000140/200601 Acórdão n.º 140100.706 S1C4T1 Fl. 2 2 Relatório Tratase de recurso manejado pelo contribuinte contra o acórdão proferido pela DRJ/REC que julgou procedente o auto de infração. Por bem resumir a questão adoto o relatório da DRJ: 1.Contra a empresa supra qualificada foi lavrado, em 16/05/2006, o Auto de Infração a seguir relacionado, referente a fatos geradores ocorridos entre os anos calendários de 2001 e 2002. 2. Segundo a descrição dos fatos (fl. 07), constatouse, na ação fiscal, FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRRF SOBRE PAGAMENTO SEM COMPROVAÇÃO DE SUA CAUSA (cheques sacados e pagamentos efetuados, CONTA:1.1.01.0001 CAIXA, listados nas intimações de 16/02/2006 e 20/03/2006— fls. 149 a 155) e. 3. Consta ainda que a empresa, durante a fase de implantação do projeto, efetuou pagamentos cuja causa não logrou comprovar: 3.1. Ano 2000: Cheques de R$ 5.000,00 emitidos pela CIMA e sacados no Bradesco, não incluidos no auto, em virtude da decadência do direito da fazenda lançar; 3.2. Ano 2001 e 2002: Cheques emitidos pela CIMA e sacados no Bradesco e Banco do Nordeste do Brasil. Intimação para apresentação dos cheques não atendida e intimação e reintimação para comprovação das operações que deram causa aos pagamentos também não atendidas; Intimação e reintimação aos sócios da empresa Joseilton Construções e Comércio ltda, CNPJ 02.378.740/000191 relativa às prestações dos serviços à CIMA (Edificação da Obra) devolvidas; 3.4. Intimação e reintimação A. CIMA do contrato com Joseilton C e C Ltda e Notas Fiscais, dos cheques por ela emitidos nos anos de 2001 e 2002 e de várias inconsistências contábeis. A empresa não as atendeu; DA IMPUGNACÃO Fl. 597DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 15/08/201 2 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14751.000140/200601 Acórdão n.º 140100.706 S1C4T1 Fl. 3 3 4. Devidamente notificada e não se conformando com o lançamento, o contribuinte apresentou, em 23/06/2006 (fls. 267/286), a sua contestação, alegando em síntese: 4.1. DA PRELIMINAR DE DECADENCIA: Dito o lançamento por homologação, que seja reconhecida a decadência relativamente ao período de 02/01/2001 a 18/05/2001, já que tomou ciência do auto em 24 de maio de 2006. DO MÉRITO: 4.2. Partindo da premissa que a Corregedoria Geral da Uniao no Estado da Paraiba — CGU realizou auditoria no projeto da empresa, constatando liberações de dinheiro, até 14/02/2002, na ordem de R$ 1.886.544,00, e, ainda, que ao final de 2001, o montante de recursos próprios vinculados ao projeto já totalizava R$ 3.890.279,00; mais, ainda, que a SUDENE após auditoria, concluiu pela regularidade do projeto, que as presumíveis irregularidades apontadas pelo FISCO, com enquadramento legal no § 1°, do art. 674 do R 1R199, consignadas as operações que motivaram os pagamentos elencados nos demonstrativos de fls. 155/158, se referem aos contratos firmados pela impugnante, mencionados, alias, no relatório da CGU na Paraiba com as empresas Joseilton Construções e Comércio Ltda, Construtora Unidas Ltda e Empresa Firmino Construções Ltda; 4.3. Que os serviços contratados foram executados, conforme comprovaram as fiscalizações realizadas pelas equipes de fiscalização da UGFIN, órgão que administra os projetos da extinta SUDENE, e pela CGU, que registram a execução de um galpão industrial com area superior a 14.000 M 2, e que foi exatamente o objeto dos contratos aqui referidos; 4.4. Que a emissão de cheques nominais a Carmem de Lourdes de Araújo e Claudio Paulo Marcone constitui uma operação normal, típica de transferência de recursos de estabelecimentos bancários para reforço de caixa, conforme livro Razão anexado. Esses suprimentos, que totalizam R$ 61.000,00, mais o cheque 153, do Bradesco, no valor de R$ 295.000,00, possibilitaram os pagamentos Construtora Firmino e à Unidas Ltda.; 4.5. Que os valores lançados, totalizando R$ 156.000,00, referemse à adiantamentos IIVIAL — Industria Mecânica Antônio Leopoldino Ltda, pela confecção de cantoneiras galvanizadas para transporte de bacias sanitárias. Ainda, que ao final do ano, ao concluir o trabalho, emitiu Nota Fl. 598DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 15/08/201 2 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14751.000140/200601 Acórdão n.º 140100.706 S1C4T1 Fl. 4 4 Fiscal Fatura n° 412, de 27/12/2000, no valor de R$ 244.200,00; 4.6. Que a Construtora Unidas Ltda, em função do contrato para conclusão do galpão industrial, executou as obras constantes da Nota Fiscal de serviços no 27, no valor de R$ 406.894,19 e reconheceu um crédito em favor da CIMA, no valor de R$ 695.000,00, pagos durante o 1° semestre de 2001, a titulo de adiantamentos; 4.7. Que o distrato relativo ao contrato firmado com a Construtora Unidas Ltda contém dois erros, A uma, não faz menção à nota fiscal de serviços n° 33, de 28/03/2001, no valor de R$ 330.108,73. A duas, os adiantamentos totalizam apenas a quantia de R$ 685.000,00, consoante registro no Razão, e correspondem aos cheques 78, 81, 82, 84, 86, 89, 9294, 9698, 101, 103, 104 3 106; 4.8. Que o total das notas fiscais 27 e 33, no montante de R$ 737.007,92, foi pago com os cheques 95 e 155, do Bradesco, e o restante R$ 142.502,92, indicado no demonstrativo de fl. 157 [Sacou o cheque no valor de R$ 295.000,00, conforme registro no Razão 2001 (doc.87)]; 4.9. Que em função do contrato firmado com Joseilton Construções e Comércio Ltda em 01/08/2000, pagou até 03/01/2001 o valor de R$ 2.922.192,53 pelos serviços prestados, conforme notas fiscais de serviço n° 570, 582 e 583. A parcela final ocorreu em 02/01/2001, no valor de R$ 300.000,00, para o qual resgatou aplicação de igual valor (doc. 87) e, ainda, no mesmo dia, emitiu o cheque n° 66 do Bradesco e, com o produto do saque, realizou pagamento em espécie a Joseilton, que assim preferiu para fugir da incidência da CPMF; 4.10. Que o Sr. Joseilton Alves da Silva deixou a empresa em abril de 1998 e passou a gerir os negócios da empresa como procurador dos sócios remanescentes, assinando, nessa qualidade, os papéis de fls. 219/249 e a rescisão contratual; 4.11. Que em relação aos desembolsos realizados em 2000, sobre os quais a fiscalização afirma que a CIMA apresentou documentação que lhes desse suporte, verifica se que compõemse de pagamento, notas fiscais e recibos assinados por Joseilton Alves da Silva como procurador, estranhamente agora não aceito pelo fisco; 4.12. Que na contabilidade da CIMA há registros de vários pagamentos que teriam sido feitos à empresa Joseilton C. Ltda, nos anos de 2000 e 2001, a titulo de adiantamento para execução de obras, mas que, com efeito, se referem a Fl. 599DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 15/08/201 2 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14751.000140/200601 Acórdão n.º 140100.706 S1C4T1 Fl. 5 5 adiantamentos A. Construtora Unidas Ltda, embora emitidos nominais à empresa Joseilton C. Ltda.; 4.13. Que um acordo firmado entre as supracitadas empresas (sucedida e sucessora na construção do galpão), talvez em virtude de problemas administrativos e fiscais autorizou a CIMA pagar à Joseilton obrigações concernentes a Unidas; Que em função do contrato firmado entre CIMA e Firmino Construções Ltda, para realização de obras do projeto Mamanguape, no valor de R$ 2.865.996,38 (docs 224/226), sendo paga a quantia de R$ 300.000,00, em 02/01/2002, parte como adiantamento e parte por serviços, e que, em função de outros serviços, os valores foram compensados com a quantia de R$ 695.000,0; 4.15. Que os cheques de n's 158 e 159, totalizando R$ 520.000,00, sacados junto ao Bradesco, tiveram a finalidade de suprir o caixa, com o fim de permitir, entre outros, o pagamento da NF n° 45 da Empresa Firmino Contruções Ltda. No valor de R$ 456,866,06; 4.16. Que o pagamento de R$ 14.000,00, consta no Razão (doc. 142) como pagamento da NF no 174, da empresa J. E. Engenharia Ltda.; 4.17. Quanto aos pagamentos em espécie, que nada existe proibindo tal prática, consoante disposto no inciso II, do art. 5 0 da Constituição Federal de 88; 4.18. Que as obras foram realizadas, como está sobejamente comprovado neste processo; 4.19. Que as receitas forma contabilizadas e oferecidas a. tributação pelas empresas contratadas, como poderá ser constatado em diligência; e 4.20. Por fim, que sejam consideradas comprovadas as operações ou as suas causas, referente aos pagamentos efetuados no período acima indicado, bem como no período de 07/06/2001 a 27/12/2002, que tratam os demonstrativos de fls. 155/157; Analisando a questão, entendeu o órgão julgador a quo por julgar procedente o auto de infração, nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2001, 2002 Fl. 600DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 15/08/201 2 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14751.000140/200601 Acórdão n.º 140100.706 S1C4T1 Fl. 6 6 PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO OU SEM CAUSA COMPROVADA. Sujeitamse à incidência do imposto exclusivamente na fonte, à aliquota de 35%, todo pagamento efetuado pela pessoa jurídica a beneficiário não identificado, assim como os pagamentos efetuados ou os recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001, 2002 PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. O prazo para a constituição do IRPJ na hipótese em que não há pagamento da divida, é de cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte Aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001, 2002 IMPUGNAÇÃO. ONUS DA PROVA. As alegações apresentadas na impugnação devem vir acompanhadas das provas documentais correspondentes, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador administrativo. Lançamento Procedente Irresignado, interpôs a contribuinte o recurso ora analisado, reiterando os argumentos anteriormente apresentados e suscitando uma preliminar de cerceamento de defesa. É o relatório. Voto Conselheiro Mauricio Pereira Faro Da Decadência Sustenta a Recorrente a decadência parcial do crédito tributário ora discutido tendo em vista a aplicação do artigo 150, § 4º do CTN. Entendeu o órgão julgador a quo que no presente caso deve ser aplicado o artigo 173, I do CTN que determina o inicio do prazo a partir do primeiro dia do exercício seguinte, haja vista a inexistência de pagamento, ainda que a menor, por parte da Recorrente. Em suas razoes recursais limitase a Recorrente a reiterar os argumentos expendidos anteriormente, bem como apresentar acórdãos do antigo Conselho de Contribuinte sem, contudo, fazer prova de eventual pagamento a menor. Fl. 601DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 15/08/201 2 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14751.000140/200601 Acórdão n.º 140100.706 S1C4T1 Fl. 7 7 Nesse sentido, já é pacífica a jurisprudência do STJ acerca da aplicação do artigo 173, I do CTN nos casos em que inexiste pagamento a menor, conforme se verifica do REsp. Nº 973.733 SC, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12.8.2009. Ante o exposto, afasto a decadência suscitada pela Recorrente. Do Cerceamento de defesa Sustenta a Recorrente a ocorrência de cerceamento de defesa em razão dos Fiscais da SRFB terem efetuado a oitiva dos Srs. Paulo Sérgio G da Silva, no dia 16 de fevereiro de 2006, e Franciraldo de Lima Rocha, no dia 15 de fevereiro de 2006, localizados as fls. 258 a 261. Isso porque, segundo a Recorrente, a mesma não foi intimada previamente para fazerse presente ao referido ato ceifando seu direito à ampla defesa e ao contraditório. É necessário esclarecer que o objetivo da oitiva das pessoas acima mencionadas se justificou em razão dos mesmos constarem como sócios no contrato social da empresa JOSEILTON CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO LTDA a quem a Recorrente afirma ter efetuado pagamentos da ordem de quase três milhões de reais. Todavia, conforme se verifica dos referidos depoimentos, as referidas pessoas não apenas afirmaram desconhecer a empresa JOSEILTON CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO LTDA, como também demonstrarem não possuir condições financeiras para possuir uma empresa desse porte, residindo, inclusive, em casas humildes cujas fotos foram anexadas aos presentes autos. Por seu turno, além de reconhecer a pertinência da referida oitiva para o deslinde da presente controvérsia, não vislumbro o cerceamento de defesa alegado haja vista que a Recorrente contestou plenamente o auto de infração não apenas na impugnação apresentada como também no recurso ora analisado. Dessa forma, entendo que não merece prosperar a preliminar de cerceamento de defesa. Do Mérito Conforme é cediço, nas hipóteses em que seja apurada a existência de pagamentos em relação aos quais não seja possível a identificação do beneficiário ou da causa do pagamento, é legalmente autorizada a incidência de IRRF, com base na presunção de se tratar de pagamento de rendimento tributável a terceiro, sujeito a uma aliquota diferenciada, em face das circunstâncias indicativas de irregularidade (falta de identificação do beneficiário ou da causa do pagamento). Da leitura dos presentes autos podese verificar que a empresa em tela foi intimada em 16/02/2006 e reintimada em 20/03/2006 a comprovar as operações que deram causa aos cheques por ela emitidos elencados nos demonstrativos de fls. 151 e 154, sacados em 2001 e 2002, nos bancos Bradesco e do Nordeste do Brasil — BNB, pagamentos efetuados Fl. 602DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 15/08/201 2 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14751.000140/200601 Acórdão n.º 140100.706 S1C4T1 Fl. 8 8 com desembolsos na conta CAIXA e prestar outros esclarecimentos a respeito de inconsistências contábeis detectadas. Todavia, conforme indicado pela decisão recorrida, a Recorrente , não atendeu as referidas intimações. Por seu turno, os cheques sacados, totalizando R$ 2.654.700,00) apresentam como beneficiários a própria CIMA (R$ 1.204.500,00), IMAL — Indústria Mecânica Antônio Leopoldino Ltda (R$ 10.400,00), Carmem de Lourdes de Araújo (R$ 15.000,00), Cláudio Paulo Marcone (118.500,00), Joseilton Construções Ltda. (R$ 624.500,00), Visão Empreendimentos Ltda. (R$ 10.000,00), José Carlos Teixeira de Carvalho (R$ 81.000,00), Unidas Construções Ltda. (R$540.000,00) e Firmino Construções Ltda. (R$ 55.000,00) Convém aqui lembrar que, no tocante aos dispêndios correlacionados a despesas efetuadas pela pessoa jurídica, para sua comprovação, a legislação do imposto de renda impõe que fique inequivocamente comprovado, mediante documentação hábil e idônea, o respectivo pagamento e que o gasto efetuado teve como contrapartida o efetivo ingresso de bens ou serviços na empresa, e em se tratando de custo ou despesa operacional, que se trate de dispêndio necessário à manutenção das atividades da empresa. Registrese, ainda, que o montante de R$ 624.500,00 foi pago à empresa Joseilton Construções Ltda. Todavia, de acordo com os depoimentos contidos as fls 258/261 os Srs. Paulo Sérgio G da Silva e Franciraldo de Lima Rocha, que seriam supostos sócios da referida empresa, não apenas afirmaram desconhecer a referida empresa como demonstraram cabalmente não possuírem condições financeiras para atuar em empresa de tal porte. Tal fato não somente levanta duvidas acerca da índole da referida empresa, como também da legitimidade dos vultosos pagamentos que a Recorrente afirma ter efetuado. Por seu turno, conforme atestou a decisão de Primeiro Grau, da documentação apresentada pela Recorrente o que se observa é que não existe qualquer correlação entre os beneficiários dos pagamentos efetuados (cheques) e os respectivos registros na contabilidade, gerando uma presunção relativa de que os referidos registros não são absolutamente aceitáveis e, em se tratando de pagamentos cujas operações se quer correlacionar, ser necessário outros elementos de prova que não os produzidos pela própria Recorrente e, ainda, com validade perante terceiros, sob pena de assim não sendo, exigirse o IRRF sobre os mesmos, nos termos do art. 61, §1° da Lei no 8.981, de 1995. No que se refere à alegada conclusão da regularidade do projeto por parte da Corregedoria Geral da União no Estado da Paraiba, SUDENE, etc., são análises especificas dos citados órgãos que, vale salientar, em nenhum momento foram contestadas pela fiscalização, mas que não pressupõem a regularidade da escrituração contábil e fiscal do contribuinte para fins tributários, cuja competência de análise pertence à Secretaria da Receita Federal do Brasil. Já quanto à comprovação da execução dos serviços contratados, conforme fiscalizações realizadas pelas equipes de fiscalização da UGFIN e CGU, que registram a execução de um galpão industrial com area superior a 14.000 m 2, tal fato não foi contestado pela fiscalização, apenas não foram apresentadas provas da correlação entre os dispêndios e os mencionados serviços, fato que enseja a aplicação do disposto no art. 674 do RIR/99. Ainda, é de se mencionar, mais uma vez, que não compete à RFB fiscalizar o uso dos recursos fornecidos por entidades governamentais destinadas a formentar o desenvolvimento, quer seja local, regional ou nacional, como é o caso das entidades enumeradas pela Recorrente. Fl. 603DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 15/08/201 2 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14751.000140/200601 Acórdão n.º 140100.706 S1C4T1 Fl. 9 9 Pretende a Recorrente comprovar as possíveis operações que deram causa aos pagamentos (despesas na fase préoperacional), correlacionando pagamentos diversos a contratos, notas fiscais e recibos, além de alegações variadas, tais como acordos informais entre empresas contratadas. Todavia, conforme registrado pela decisão de Primeiro Grau, a fiscalização não desconsiderou os contratos apresentados e demais documentos apresentados pela contribuinte relativamente a despesas da fase préoperacional, nem, tampouco, as obras realizadas, sendo certo que a contribuinte não obteve êxito para comprovar as as causas dos dispêndios efetuados. Ante o exposto, afasto a preliminar de decadência e cerceamento de defesa e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Mauricio Pereira Faro Relator Fl. 604DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 15/08/201 2 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por MAURICIO PEREIRA FARO
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