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Numero do processo: 10166.007000/96-26
Turma: Segunda Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Aug 29 00:00:00 UTC 1996
Data da publicação: Thu Aug 29 00:00:00 UTC 1996
Ementa: CONSÓRCIO - CAPTAÇÃO DE POUPANÇA POPULAR - Tendo a administradora vendido cotas de consórcio acima do limite prévio autorizado pelo BACEN - com base na Circular nr. 2.195/92 - e o requerimento de reenquadramento do nível foi posterior à venda das cotas excedentes, já enseja a aplicação da penalidade pecuniária. REDUÇÃO DA MULTA. Mesmo que a administradora já tenha sido beneficiada pelo limite máximo estabelecido no artigo 67 da Lei nr. 9.069/95, ainda assim, por força do disposto no § 2 do citado dispositivo e edição da Resolução nr. 2.228/95, para a atividade de consórcio, é de prevalecer aquela prevista no item 8 - 1- letra "a", inciso V. Recurso provido em parte.
Numero da decisão: 202-08604
Nome do relator: JOSÉ CABRAL GAROFANO
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Jati I I CA% NO / D 9. (9). I . , 4 MINISTÉRIO DA FAZENDA ç:7 ,s!itfr 4.4) C ------------ j-*nSEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 4\eiÀ;1.'r; Processo : 10166.007000/96-26 Sessão • 29 de agosto de 1996 Acórdão : 202-08.604 Recurso : 99.186 Recorrente : CONSÓRCIO NACIONAL SABRICO S/C LTDA. Recorrido : Banco Central do Brasil CONSÓRCIO - CAPTAÇÃO DE POUPANÇA POPULAR - Tendo a administradora vendido cotas de consórcio acima do limite prévio autorizado pelo BACEN - com base na Circular n. 2.195/92 - e o requerimento de reenquadramento do nível foi posterior à venda das cotas excedentes, já. enseja a aplicação da penalidade pecuniária. REDUÇÃO DA MULTA. Mesmo que a administradora já tenha sido beneficiada pelo limite máximo estabelecido no artigo 67 da Lei n. 9.069/95, ainda assim, por força do disposto no § 2° do citado dispositivo e edição da Resolução n° 2.228/95, para a atividade de consórcio, é de prevalecer aquela prevista no item 8 - 1- letra "a", inciso V. Recurso provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por: CONSÓRCIO NACIONAL SABRICO S/C LTDA. ACORDAM os Membros da Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos temos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Daniel Corrêa Homem de Carvalho que dava provimento integral. Fez sustentação oral, pela recorrente, a adogada Dra. Marilia de Castro Valente. Sala das Sessões, em 29 de agosto de 1996 José Ca. . ofano Vice-P /icknte no exercício da Presidência e Rela r Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Antonio Carlos Bueno Ribeiro, Oswaldo Tancredo de Oliveira, José de Almeida Coelho, Tarásio Campelo Borges, Antonio Sinhiti Myasava e Luiz José de Souza (Suplente). FCLB/mas-rs 1 MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10166.007000/96-26 Acórdão : 202-08.604 Recurso : 99.186 Recorrente : CONSÓRCIO NACIONAL SABRICO S/C LTDA. RELATÓRIO O resumo dos fatos constante na DECISÃO DESPA-95/097, a qual é o objeto atacado no presente recurso voluntário, é de que a Administradora vendeu 4.430 cotas de consórcio além do limite autorizado, nos termos da Circular/BACEN n. 2.195, de 30.06.92, o que ensejou aplicação da multa pecuniária prevista no inciso IV, do artigo 14, da Lei n. 7.691/88. Após impugnado o lançamento (fls. 99/101) e com base no Parecer DESPA/REFIS-I-GF-95/013 (fls. 102/106), o Sr. Delegado Regional do BACEN em São Paulo indeferiu o pleito da autuada, sob os seguintes fundamentos denegatórios: " 4. Apreciadas as razões invocadas pela Intimada, verifica-se que a defesa foi elaborada no sentido de descaracterizar o motivo - pendência de entrega de bens, nos termos da legislação em vigor ( alínea a, do item II, do artigo 1 0 da Circular n°2.195/92), pelo qual teve indeferido, pela DESPA/REORF, o seu pedido de enquadramento em nível de atuação superior (nível 4) ao que estava autorizada a operar (nível 3) e, acreditando que o seu pedido de reconsideração da decisão inicial, seria deferido, quando, então, a seu ver, não teria ocorrido a irregularidade. 5. A intimação trata, entretanto, da atuação da Administradora em nível superior ao que estava autorizada a operar pela DESPA/REORF. 6. A Circular n°2.195, de 30.06.92, em seu artigo 1°„sç 2°, determina que: "A administradora que desejar operar em nível superior aquele em que estiver classificada devera pleitear reclassificação, a qual será procedida tendo por base os dados constantes do último balanço semestral em poder do órgão" e em seu artigo 2°, § 1°, traz que " Em razão do disposto neste artigo, cada administradora, de acordo com o nível de atuação em que classificada, não poderá, a qualquer tempo, apresentar o total correspondente à soma do número de cotas subscritas não contempladas mais o número de cotas contempladas mas cujos pertinentes bens ainda não foram entregues, referenciados nos mencionados veículos, superior a: (.) 7. O art. 3° da Circular n° 2.195, de 30.06.92, traz que "O Banco Central poderá indeferir sumariamente pedidos de autorização de que tratam o item III e § 2° do art. 1°, sempre que apurar irregularidades contra a administradora 2 1.• MINISTÉRIO DA FAZENDA .s'‘5 pft W, SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10166.007000/96-26 Acórdão : 202-08.604 ou seus administradores, caracterizadas pela inobservância da legislação e das normas regulamentares vigentes, ou constatar pendência junto aos órgãos de defesa do consumidor", 8. As normas regulamentares em questão não deixam dúvidas quanto à necessidade de a empresa primeiro obter a autorização para operar em nível superior aquele em que estiver classificada, para, obtendo a autorização, começar a operar em novo patamar e, que por descumprimento das normas em vigor, pode ser indeferido pedido de reclassificação em nível superior de atuação. 9. O processo n° 9400404717, de 21.11.94, arquivado na DESPA/REORF desde 16.06.95, traz em seu bojo carta da Intimada, datada de 18.11.94, contendo o referido pedido de autorização de reenquadramento de seu nível de cotas, sendo que pelos autos do processo administrativo, verifica-se que a Administradora em outubro de 1994 já havia ultrapassado o limite autorizado em 4.154 cotas, o que indica que vinha operando em limite superior antes mesmo de pedir a pertinente autorização a este Órgão. 10. O aludido pedido de reconsideração, datado de 16.02.95, foi indeferido em 12.06.95, com base no artigo 3° da Circular n° 2.195/92, sendo a Empresa comunicada a respeito desta decisão através da carta DESPA/REORF- 95/ 1623, de 16.06.95. 11. Ante o exposto, estando o processo em boa ordem, e considerando que as razões de defesa não lograram ilidir a irregularidade descrita na peça inicial, DECIDO aplicar ao CONSÓRCIO NACIONAL SABRICO S/C LTDA., observando o limite determinado no artigo 67 da Lei n° 9.069, de 29.06.95 (D.O. U. de 30.06.95), a pena da MULTA pecuniária no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), equivalentes a 132.205,18 Unidades Fiscais de Referência - UFIR, com fulcro no artigo 12 da Lei n° 5.768/71, com a nova redação dada pela Lei n° 7.691/88, combinado com os artigos I° e 3° da Lei n° 8.383/91." Em suas razões de Recurso (fls. 116/123) diz que o critério de atuação da Circular n. 2.195/92, na prática, funciona como um estoque de cotas automaticamente renovável já que a quantidade permitida, em nível estabelecido na norma, deve observar a exclusão das cotas contempladas e a inclusão das novas cotas, no mesmo número. Desde que o BACEN passou a regulamentar a atividade de operações de vendas por consórcio, o sistema tem convivido com inúmeros atos normativos que por vezes levam a erro da empresa. 3 MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10166.007000/96-26 Acórdão : 202-08.604 Em novembro/94, a Administradora requereu reenquadramento para o nível 4 de atuação, visto que o seu resultado do PLA assim permitia, pelo resultado do primeiro semestre daquele ano. Insurge-se contra a severidade da pena, vez que foi aplicada por entendimento equivocado do julgador, ao equiparar o descumprimento de uma mera formalidade ao ato grave que é a atuação sem a competente autorização para atuar no sistema consorcial. A Lei n. 9.069/95 estabelece que a multa máxima a ser aplicada, mas devem ser observado os comandos da Lei n. 5.768/71. Não foram levados em conta, para aplicação de uma multa justa e correta, os seguintes elementos: " 1. a coexistência de regramentos diferentes para a atuação no segmento de automóveis e de eletroeletrônicos que induzem em erro a administradora; 2. os dados constantes dos balanços do 1 0 e 20 semestres referentes ao exercício de 1994, que aprovam o PLA do ora recorrido em nível compatível ao exigido para o nível 4, cujo limite indica a quantidade de cotas apontadas pela autoridade fiscalizadora como irregularmente comercializadas; 3. os balanceies relativos aos meses do 20 semestre do ano de 1994 comprovam a manutenção do montante do PLA compatível ao nível 4 de atuação no segmento de automóveis. Situação que se verifica inclusive nos meses do 1° semestre do ano de 1995, resultando nos dados apurados no balanço referente ao 1° semestre de 1995; 4. a iniciativa do próprio recorrente em protocolizar, em novembro de 1994, o pedido de reclassificação de nível de atuação; 5. a proposta de instauração do processo administrativo em questão foi apresentada em 21 de fevereiro de 1995, conforme comprova o documento anexo; 6. a informação constante da retromencionada proposta relativa aos antecedentes do ora recorrente de que não consta "registro de qualquer tipo de ocorrência em nossos registros cadastrais em nome da Administradora ou de seus administradores (fls. 84/86)"; 7. a regularidade de remessa dos documentos exigidos pelo Banco Central e a inexistência de anotaçóes no CADIM (PISP 600); (.) 4 MINISTÉRIO DA FAZENDA 0,44) SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10166.007000/96-26 Acórdão : 202-08.604 Por fim, discorda da aplicação da multa, decidida pela decisão recorrida, em UFIR, tendo em vista a Lei n. 9.069/95, que estabeleceu o limite máximo da pena em moeda, sem nenhuma referência quanto a sua atualização monetária. É o relatório. 5 MINISTÉRIO DA FAZENDA ler% SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES CsÀ Processo : 10166.007000/96-26 Acórdão : 202-08.604 VOTO DO CONSELHEIRO-RELATOR JOSÉ CABRAL GAROFANO O recurso voluntário foi manifestado dentro do prazo legal. Dele conheço por tempestivo. O que não restou sob dúvidas neste processo administrativo foi o fato de a apelante ter vendido 4.430 cotas de consórcio, acima do limite previsto pelo seu enquadramento no nível 3 --- Circular/BACEN n. 2.195, de 30.06.92 ( artigo 2°, § 1° ). Efetivamente, para operar no nível superior àquele originariamente enquadrado, a Administradora necessitaria de autorização prévia do BACEN, vez que a este órgão compete a regulamentação e fiscalização da atividade de consórcio. Isto nada mudou após a edição da Lei n. 8.177/91, que transferiu da Secretaria da Receita Federal para o BACEN tais atribuições. Para qualquer um dos dois, sempre as normas disciplinadoras da atividade impunha como condição necessária a autorização prévia para negociar cotas acima do limite estabelecido. Como demonstrado ficou, quando a recorrente requereu sua reclassificação para o nível 4, isto em 18.11.94, já havia vendido, só nos meses de setembro e outubro/94, 4.154 cotas (cf. fls. 2). Entre novembro/94 e fevereiro/95, mais 276 cotas. Deveria a Administradora, antes de mais nada, tomar a iniciativa de requerer junto ao BACEN seu reenquadramento para o nível 4, antes de comercializa-las sem autorização prévia, como dispõe a legislação apontada. Seu pedido de reconsideração, de 16.02.95, também foi indeferido, logo, em momento algum poderia a recorrente se socorrer de seus expedientes para vender as cotas excedentes. No que respeita à descrição dos fatos e aplicação da penalidade imposta pelo BACEN, as mesmas não merecem reparos, vez que à primeira está devidamente comprovada nos autos e quanto à segunda, a principio, é de se registrar que a recorrente foi beneficiada pelo limite máximo de atuação disposto no artigo 67, da Lei n. 9.069/95. Sem a menor dúvida, caso a decisão recorrida não tivesse aplicado o redutor legal, a exigência pecuniária estaria muito acima do valor que aqui se discute, isto é, seria o equivalente a R$ 4.092.150,81. Contudo, o § 2° do artigo 67, da Lei n. 9.069/95, dispõe que a aplicação da multa prevista seria disciplinada conforme ato normativo do Conselho Monetário Nacional. Foi o que fez o BACEN através da Resolução n. 2.228, de 20.12.95. Pela atividade da recorrente e a infração descrita pelo BACEN, é de se aplicar a multa prevista no item 8 - 1 - letra "a", inciso V, da citada Resolução. Precedentes desta Câmara, como exemplos os recentes Acórdãos ns. 202-08.521 e 202-08.526. 6 c41 A MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10166.007000/96-26 Acórdão : 202-08.604 São estas razões de decidir que me levam a DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para reduzir a R$ 25.000,00, em valores de junho de 1995, a multa pecuniária imposta pela decisão recorrida, nos termos do item 8 - 1 - letra "a", inciso V, da Resolução n. 2.228, de 20.12.95 Sala das Sessões, em 29 de agosto de 1996 JOSÉ CAB ' AROFANO 7
score : 3.4243262
Numero do processo: 11817.000170/2002-86
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Sat Feb 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 15/08/1997, 19/12/1997, 23/01/1998, 19/02/1998, 17/04/1998, 16/06/1998, 02/09/1998, 30/12/1998, 01/10/1999, 11/01/2000
COMUTADOR DE PACOTE DE DADOS. SWITCH.
Dispositivo denominado hub-switch ou, simplesmente, switch, com a função de tratamento eletrônico dos dados que chegam ao distribuidor da conexão, monitorando e selecionando o destinatário de cada pacote (frame), classifica-se na NCM 8471.80.19. RG 1 e RGC 1.
Numero da decisão: 9303-006.141
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Tatiana Midori Migiyama, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Tatiana Midori Migiyama, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
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SWITCH. Dispositivo denominado hubswitch ou, simplesmente, switch, com a função de tratamento eletrônico dos dados que chegam ao distribuidor da conexão, monitorando e selecionando o destinatário de cada pacote (frame), classifica se na NCM 8471.80.19. RG 1 e RGC 1. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencida a conselheira Tatiana Midori Migiyama, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 81 7. 00 01 70 /2 00 2- 86 Fl. 269DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional contra decisão tomada no Acórdão nº 3101001.096, de 26 de abril de 2012 (efolhas 231 e segs), que recebeu a seguinte ementa: Assunto: Classificação Fiscal Data dos fatos geradores: 15/08/1997, 19/12/1997, 23/01/1998, 19/02/1998, 17/04/1998, 16/06/1998, 02/09/1998, 30/12/1998, 01/10/1999 e 11/01/2000 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS. SWITCH. Os equipamentos denominados hubswitch ou, simplesmente, switch por serem distribuidores de conexões para redes devem ser classificados na posição 8471.80.14, por força da RG 1 c/c a 3, "a", e RGC 1. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO A divergência suscitada no recurso especial (efolhas 242 e segs) referese à classificação fiscal do produto denominado switch. A Fiscalização Federal entende que o produto deve ser classificado no código 8471.80.191. A decisão recorrida decidiu pelo código 8471.80.14. O Recurso especial foi admitido conforme despacho de admissibilidade de e folhas 250 e segs. Contrarrazões da contribuinte às efolhas 263 e segs. Requer que seja mantida a decisão tomada no acórdão recorrido. É o Relatório. 1 No relatório do acórdão recorrido consta a informação equivocada de que o produto foi classificado pelo Fisco na NCM 8471.81.19. À folha 28 do processo, contudo, é possível atestar que a Fiscalização Federal enquadrou o produto no código 8471.80.19. Fl. 270DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Relator. Conhecimento do Recurso Especial Não há reparo a fazer no exame de admissibilidade. O recurso foi apresentado dentro do prazo legal. Dele tomo conhecimento. Mérito Em contrarrazões, a autuada pede a manutenção da decisão recorrida, sob o argumento de que o "acórdão paradigma limitase tão somente ao caso julgado e às partes inseridas no processo que resultou tal decisão (...)". Considera tratarse de uma restrição corroborada pelo teor do Parecer Normativo RFB nº 23/2013. Afastase de plano essa pretensão. Prosperasse esse entendimento e não haveria que se falar em instância especial. É claro que a decisão tomada no paradigma não se aplica instantaneamente ao caso em apreço, mas, por óbvio, prestase à demonstração do dissenso jurisprudencial. O Parecer Normativo RFB nº 23/2013 nada mais faz do que confirmar isso. Passo ao exame do mérito propriamente dito. A mercadoria objeto da lide funciona como elemento central de redes na topologia2 estrela. A ilustração abaixo, demonstra diferentes topologias de rede. 2 Topologia de rede é o canal de conexão do meio de rede aos computadores e outros componentes de uma rede. Há várias formas de interligação entre cada um dos nós (computadores) da rede. Fl. 271DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 5 4 O Switch atua como unidade central na interconexão de diversos componentes, tais como microcomputadores, estações de trabalho e outros elementos de distribuição. No caso concreto, o debate está centrado na possibilidade de que o switch seja identificado e classificado como um hub. Ao longo da lide, a autuada esforçouse em demonstrar que o dispositivo conhecido como hub tem características merceológicas em tudo semelhantes às do switch. Como elemento central de uma rede de computadores, o hub teria a função de otimizar a troca informações, recebendo e enviando pacotes (frames) de dados à todas unidades de rede. Com sua mecânica própria de funcionamento, eliminou a ameaça até então existente de que uma falha pontual em um desses elementos de rede colapsasse a rede como um todo. Com o passar do tempo, sempre segundo afirma a autuada, a função do dispositivo foi refinada, e o hub desenvolveu a capacidade de identificar o destinatário do pacote de informação, encaminhando os dados exclusivamente a esse destinatário predeterminado. Esse avanço tecnológico ganhou o apelido de "hubswitch" ou, simplesmente, "switch". Baseado nessas premissas, defendeu que o produto deveria ser classificado no código 8471.80.14, por tratarse de uma espécie do gênero hub. Contudo, a literatura técnica dá conta de diferenças mais substanciais entre as funções desempenhadas dentro de uma rede de computadores por um hub e as que são próprias de um switch. É o que se passa a demonstrar. Como dito antes, a função precípuo de um hub é evitar a incomutabilidade de toda a rede quando o barramento3 é rompido. Se os computadores estão interligados por um hub, ao invés de um barramento (até então) tradicional, qualquer problema na conexão de um computador ao hub ficará restrito a esse computador, não afetando a rede como um todo. O switch, por seu turno, desempenha funções de rede significativamente mais complexas. Para compreendêlas melhor, será interessante que, primeiro, se fale da função desempenhada pelo dispositivo de rede conhecido como bridge. Bridge é um dispositivo utilizado para isolar, seletivamente, o tráfego de duas redes locais. Desejandose dividir uma rede local com muitas estações interligadas a um Fl. 272DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 6 5 mesmo barramento (para, por exemplo, aliviar o tráfego de um dos barramentos), conectase uma bridge às partes da rede, permitindo a passagem, de um lado para o outro, somente de pacotes de dados endereçados aos computadores que se encontram do lado predeterminado. Desta forma, os dois segmentos da rede atuam como redes independentes. O switch é um dispositivo semelhante à bridge, mas, para além da função que é própria deste último, permite que não apenas dois, mas vários segmentos de rede se comuniquem ao mesmo tempo, dois a dois. O switch "pega" o pacote de dados, lê o endereço de destino e o envia à porta do segmento de rede na qual o endereço está alocado. O switch faz o tratamento eletrônico das informações contidas nos pacotes de dados que chegam ao distribuidor de conexões de rede. Numa configuração tipo estrela, todos os elementos de rede ficam ligados ao distribuidor de conexões através de um cabo de conexão. Quando um elemento da rede envia um pacote de dados para outro elemento, obrigatoriamente o pacote passará pelo distribuidor. Esse distribuidor, ao receber o pacote, é avisado sobre o seu destino. Em conseqüência, os dados são enviados exatamente ao seu destinatário, sem trafegar por outros elementos da rede. O hub, diferentemente, transmite a informação para todos os receptores ao mesmo tempo, num sistema de transmissão conhecido pela expressão broadcast4. A televisão aberta e o rádio bem exemplificam a difusão de sinal pelo sistema broadcast. Uma ou mais antenas de transmissão enviam o sinal por meio de ondas eletromagnéticas e qualquer aparelho que possa captálo, poderá sintonizálo. Em informática, broadcast é o sistema de transmissão empregado pelos hubs. Em redes de computadores, um endereço de broadcast é um endereço IP, que permite que a informação seja enviada para todas as máquinas da rede/subrede. O hub faz o controle do tráfego de dados de uma ou de várias redes simultaneamente. Quando um equipamento envia informações para o hub e o mesmo está ocupado transmitindo outras informações, o pacote de dados retorna à máquina requisitante com um pedido de espera. Tratase de uma mecânica notadamente mais simples do que a do switch. O hub apenas recebe dados vindos de um computador e os transmite às outras máquinas, obstando a comunicação quando a primeira tarefa ainda não foi 3 Linha de comunicação (condutor elétrico ou fibra optica) entre os dispositivos de um sistema de computação (CPU; Memória Principal; HD e outros periféricos), ou entre vários sistemas de computação. 4 Transmissão de ondas moduladas de radiofrequência simultaneamente para todos os receptores de rádio. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 7 6 concluída. O switch faz o tratamento eletrônico dos dados, identifica o destino informado e envia o pacote à unidade de rede especificada. A Solução de Consulta COANA nº 03/2001, efolhas 126, traz considerações técnicas conclusivas sobre o assunto. Visando estabelecer e reforçar uma diferenciação mais acentuada entre hub e switch, fazse necessária uma breve explanação sobre o modus operandi da transmissão de dados numa rede. Com o intuito de permitir a integração dos diversos componentes de uma rede de transmissão de dados, a International Standards Organization (ISO) estabeleceu o modelo Open Systems Interconnection (OSI). Esse modelo, além de separar as diversas etapas de transmissão, define como cada uma dessas fases do processo, rotuladas de nível do modelo ISO/OSI, devem atuar na transferência de dados, isto é: Nível 1: Físico; Nível 2: Enlace; Nível 3: Rede; Nível 4: Transporte; Nível 5: Sessão; Nível 6: Apresentação; Nível 7: Aplicação. Desses níveis, os que mostram relevância para a análise em curso são os de números 1 e 2. O nível 1 ou nível físico engloba as conexões mecânicas e elétricas formadas pelos modens, linhas físicas, conectores, cabos e interfaces de hardware de comunicação dos equipamentos, ou seja, todos os dispositivos que "enxergam" a informação apenas como uma seqüência de bits, sem identificar Fl. 274DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 8 7 o seu significado, sendo por isso chamados de dispositivos passivos. O hub se inclui no nível 1, pois tem por função conectar estações de múltiplos usuários através de conexões elétricas estabelecidas dentro dele, simulando um barramento, como já explicado. Em outras palavras, o hub distribui a conexão de cada uma de suas portas para as restantes, configurandose, como disposto na NCM, como um "distribuidor de conexões para redes". Por outro lado, no nível 2, ou nível de enlace, encontrase a conexão de dois pontos de uma rede, onde é feita a formatação de mensagens e o endereçamento dos pontos em comunicação, ou seja, os bits do nível físico são agora tratados como blocos de caracteres (pacotes), com endereçamento de origem e destino. Dessa forma, os dispositivos que trabalham nesse nível são capazes de "enxergar" os bits transmitidos como uma seqüência lógica, ao contrário dos dispositivos do nível físico, como o hub, que simplesmente repetem as informações recebidas. Um dos típicos equipamentos que trabalham no nível de enlace é o switch, visto que faz, a partir do endereçamento contido na mensagem enviada, a comutação dos pacotes de informações utilizandose de uma tabela dinâmica de endereços em sua memória, a qual atua como matriz de comutação. Segue daí que de forma alguma poderseia, como quer a Interessada, reduzir um switch a um simples "distribuidor de conexões para redes", haja vista que essa função é própria do nível físico, e não do nível de enlace onde trabalha o citado dispositivo. Com relação à afirmação da Interessada de que o "Superstack II Switch 1100" seria, ao mesmo tempo, um hub e um switch e, em vista disso, deveria ser classificado como hub, esclareçase que qualquer switch pode executar a função de um hub, bastando para tanto que a mensagem a ser transmitida seja endereçada pelo usuário a todos os demais usuários ou a pelo menos um dos usuários ligados a cada uma das portas do switch. Fl. 275DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 9 8 Mesmo nesse caso, o switch atuaria da seguinte maneira: a) identificação do pacote de dados; b) verificação do endereçamento; c) disponibilização da informação na porta relativa ao destinatário da mensagem, isto é, nesse caso particular, todas as portas. Assim sendo, é incorreto dizer que a mercadoria sob análise é, ao mesmo tempo, um hub e um switch, pois a sua atuação é a mesma, quer a mensagem seja enviada para todas as suas portas, quer destinada a apenas uma delas. Acrescentese a isto que, em tese, mesmo se tratando de um equipamento com funções de hub e switch, esta é muito mais complexa do que aquela, o que, a partir da Nota 3 da Seção XVI do Sistema Harmonizado, impediria a classificação do equipamento em tela no código 8471.80.14. Portanto, segundo definição dada pela International Standards Organization (ISO), o swicht enquadrase como dispositivo de nível 2 no sistema de integração das etapas de transmissão de uma rede, pois é capaz de "enxergar" os bits transmitidos como uma seqüência lógica, ao contrário dos dispositivos do nível físico, como o hub, que simplesmente repetem as informações recebidas. Por fim, cabem alguns comentários sobre os esclarecimentos "técnicos" nos quais baseouse a decisão tomada na instância a quo. Atendendo à diligência determinada pelo próprio colegiado recorrido, o perito respondeu às questões que lhe foram apresentadas nos seguintes termos: 3 As diferenças de funções entre ambos é suficiente para torná los produtos diferentes? Resposta: Não. A finalidade é a mesma entre ambos os produtos, ou seja, a interligação de computadores numa determinada rede. 4 Podese dizer que o "Hub" e o "Switch" tem características funcionais em comum? Ambos podem ser considerados unidades de máquinas automáticas para processamento de dados, atuando como distribuidores de conexões para redes? Existem outras semelhanças? E até que ponto essas semelhanças podem ser encontradas? Fl. 276DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 10 9 Resposta: Sim. A semelhança entre os produtos chegam ao ponto de um ser substituído pelo outro, conforme testes laboratoriais já realizados, em que um segmento de rede local, operando corn um "Hub", foi possível a substituição deste equipamento por um "Switch" mantendose o funcionamento na interligação da rede. 5 0 "Switch" pode ser tido como uma evolução do "Hub", de modo que os conceitos, técnicas e componentes deste estão presentes naquele, porém aprimorados? Ou tratamse de produtos com origens e finalidades diferentes. Resposta: Como dito o "Switch" é uma evolução do "Hub", de modo que os conceitos, técnicas e componentes deste estão presentes naquele, porém aprimorados. Peço vênia para dizer as considerações acima transcritas não se tratam de esclarecimentos técnicos no dizer do art. 30 do Decreto 70.235/725. A toda evidência, o que o Relator do processo buscou foi a opinião pessoal do perito acerca dos efeitos da evolução tecnológica na qualificação merceológica do produto e não esclarecimentos de natureza técnica a respeito do mesmo. O que se reserva à perícia são as informações que estejam fora do alcance da pessoa comum, não sujeitas à valoração subjetiva. Como visto no desenrolar do vertente voto, há fortes e objetivas razões para entender que o switch não é um tipo de hub, sendo absolutamente desnecessária e improfícua a contemplação de opiniões pessoais desamparadas de elementos técnicos objetivos. Tal como dispõem as Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado e as Regras Gerais Complementares, a classificação fiscal de mercadorias é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições, pelas sucessivas Regras Gerais de Interpretação6. Com base nisso, e uma vez que a mercadoria objeto dos autos não possa ser identificada como um hub, correto seu enquadramento tarifário na NCM 8471.80.197. 5 Art. 30. Os laudos ou pareceres do Laboratório Nacional de Análises, do Instituto Nacional de Tecnologia e de outros órgãos federais congêneres serão adotados nos aspectos técnicos de sua competência, salvo se comprovada a improcedência desses laudos ou pareceres. 6 1. Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes: Fl. 277DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 11 10 Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. 1. (RGC1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. 7 Embora a defesa não tenha lançado mão desse argumento, não será demais esclarecer que a Regra Geral nº 4 não é aplicável ao caso concreto. Ela destinase à classificação de mercadorias que não possam ser classificadas mesmo depois de observadas as etapas precedentes (Regras 1, 2 "a", "b" e 3 "a", "b" e "c"). Seria o caso, por exemplo, de duas ou mais posições se refiram, cada uma delas, a apenas uma parte das matérias constitutivas de um produto misturado. Não havendo como escolher nenhuma das posições, aplicase a Regra 4. No caso, uma vez que o bem não possa ser identificado como um "hub", não há como enquadrálo como tal, ainda que para alguns haja semelhanças entre eles. Fl. 278DF CARF MF
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Numero do processo: 19740.000679/2008-67
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Feb 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. BOLSA DE ESTUDOS. GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO
Os valores pagos relativos à educação superior (graduação e pós graduação), podem ser considerados como curso de capacitação e qualificação profissional se enquadrando, portanto, na hipótese de não incidência prevista na alínea t, § 9º, artigo 28, da Lei 8.212/91, desde que não exista nenhum outro descumprimento legal imputado pela autoridade fiscal.
Numero da decisão: 9202-007.095
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (relatora) e Pedro Paulo Pereira Barbosa, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10283.720090/2013-14, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. BOLSA DE ESTUDOS. GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO Os valores pagos relativos à educação superior (graduação e pós graduação), podem ser considerados como curso de capacitação e qualificação profissional se enquadrando, portanto, na hipótese de não incidência prevista na alínea t, § 9º, artigo 28, da Lei 8.212/91, desde que não exista nenhum outro descumprimento legal imputado pela autoridade fiscal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (relatora) e Pedro Paulo Pereira Barbosa, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10283.720090/2013-14, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. BOLSA DE ESTUDOS. GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO Os valores pagos relativos à educação superior (graduação e pós graduação), podem ser considerados como curso de capacitação e qualificação profissional se enquadrando, portanto, na hipótese de não incidência prevista na alínea “t”, § 9º, artigo 28, da Lei 8.212/91, desde que não exista nenhum outro descumprimento legal imputado pela autoridade fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (relatora) e Pedro Paulo Pereira Barbosa, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10283.720090/201314, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 00 06 79 /2 00 8- 67 Fl. 472DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 473 2 Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional, que visa rediscutir a incidência de contribuições previdenciárias sobre pagamentos feitos a título de auxílioeducação. Em despacho de admissibilidade o Presidente da Câmara recorrida deu seguimento ao recurso. Em suas razões, a Fazenda Nacional alega, em síntese, que a melhor exegese é a abraçada pelo acórdão paradigma, segundo o qual, tratandose de isenção, devese acolher a interpretação mais restritiva, excluindose da isenção as bolsas de nível superior. Cientificada do Recurso Especial e do Despacho de Admissibilidade, a Contribuinte em suas contrarrazões pugna pela manutenção incólume do acórdão recorrido. É o relatório. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202007.029, de 24/07/2018, proferido no julgamento do processo 10283.720090/201314, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor dos votos proferidos naquela decisão, quanto à admissibilidade e quanto ao mérito (Acórdão 9202007.029): Voto Vencido Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator O Recurso foi interposto tempestivamente e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Dele conheço. Quanto ao mérito, conforme se extrai do relatório fiscal à efl. 1.461, o lançamento alcança “pagamentos não declarados na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência – GFIP, aos segurados empregados, em reembolso de parte das Fl. 473DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 474 3 mensalidades de cursos de ensino superior, a título de auxílio educação.” A questão a ser decidida é se o reembolso pela empresa aos empregados, a título de auxílioeducação, de parte do valor das mensalidades de cursos de ensino superior frequentados por estes integram ou não o saláriodecontribuição. Registrese, de início, que, a teor do art. 28, da Lei n° 8.212/1991, integra o saláriodecontribuição do empregado e trabalhador avulso a totalidade das remunerações destinados a retribuir o trabalho, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidades. Confirase: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sente. Embora esse conceito comporte exceções, é a própria Lei nº 8.212, de 1991, no mesmo art. 28, que define as parcelas passíveis de serem excluídas do conceito de saláriode contribuição. Sobre a matéria em discussão, o art. 28, § 9º, “t” da lei nº 8.212, de 1991, na redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998, em vigor na data dos fatos, assim dispunha: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). Como se vê, pela alínea ‘t’, do § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212/91, não integram o saláriodecontribuição o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394/96, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em Fl. 474DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 475 4 substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. No caso presente, conforme consta do Relatório Fiscal, os valores informados a título de auxílioeducação correspondem a ressarcimentos de mensalidades de cursos de ensino superior. Portanto, de plano, não se enquadram na categoria de “planos educacionais que visem à educação básica”, assim definida pelo art. 21 da Lei nº 9.394, de 1996: Art. 21. A educação escolar compõese de: I educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II educação superior. Quanto a serem cursos de capacitação, a mesma Lei nº 9.394, de 1996, nos artigos 36A a 36D, com redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008, disciplina os ensino técnico de nível médio, e o art. 39, a educação profissional de nível superior. Confirase: Art. 36A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá preparálo para o exercício de profissões técnicas. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I articulada com o ensino médio; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II subseqüente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá observar: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) III as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Fl. 475DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 476 5 Art. 36C. A educação profissional técnica de nível médio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36B desta Lei, será desenvolvida de forma: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuandose matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o esteja cursando, efetuandose matrículas distintas para cada curso, e podendo ocorrer: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) a) na mesma instituição de ensino, aproveitandose as oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) b) em instituições de ensino distintas, aproveitandose as oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36D. Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de nível médio, quando registrados, terão validade nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação superior.(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. Os cursos de educação profissional técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e subseqüente, quando estruturados e organizados em etapas com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados de qualificação para o trabalho após a conclusão, com aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação para o trabalho. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integrase aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) § 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 2º A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Fl. 476DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 477 6 I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II – de educação profissional técnica de nível médio; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós graduação.(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 3º Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pósgraduação organizarseão, no que concerne a objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008). Esses cursos de educação profissional e técnico de graduação e pósgraduação, referidos no art. 39, § 2º, III, da Lei nº 9.394, de 1996, não se confundem com os cursos superiores em geral, que estão disciplinados nos artigos 43 a 57 da mesma lei. Integram uma categoria à parte, segundo a própria lei, que os define como cursos especiais com conteúdo prático e direcionados para o conhecimento técnico especializado. E como se não bastasse isso, a alínea “t”, do § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212, de 1991, alem de exigir que se trate de curso de capacitação profissional, exigem que estes “sejam vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa”, o que requer que os tais cursos sejam restritos a determinadas áreas, o que, em momento algum foi demonstrado. O acórdão recorrido, acolhendo alegação do Contribuinte, adotou como razão de decidir o fato de o art. nº 458, § 2º, II do DecretoLei nº 5.452, de 1.943 (CLT) excluir da definição de salários as utilidades concedidas pelo empregador relacionadas a educação. Eis o referido dispositivo: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Redação dada pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) [...] § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, Fl. 477DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 478 7 mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) De fato, é inequívoco que o referido dispositivo exclui os gastos com empregados no custeio de educação do conceito de salário. Porém, não exclui, e nem poderia fazêlo, do conceito de salário decontribuição. O art. 28, da Lei nº 8.212, ao definir as verbas que integram o saláriodecontribuição não restringiu estas ao conceito de salário. Ademais, como vimos, cuidou de delimitar os gastos com educação passíveis de serem excluídos do salário decontribuição. Assim, não há nenhuma contradição entre o art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991 e o art. 458, § 2, II da CLT. Quanto às alegações do contribuinte de que a Constituição da República reconhece a educação como um direito de todos e dever do Estado, não vislumbro a relação entre este ponto e a matéria em discussão. Tratase aqui de definição das base de incidência das contribuições para o custeio da previdência social, também com status constitucional e definida em lei, que delimitou, de forma inequívoca, os gastos com educação dos empregados passíveis de serem excluídos do conceito de salário decontribuição. Nessas condições, os valores pagos aos empregados a título de ressarcimento de mensalidades de cursos superiores não preenchem os requisitos necessários para que sejam excluídos do conceito de saláriodecontribuição. Diante do exposto, CONHEÇO e DOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL interposto pela FAZENDA NACIONAL. (assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosar Voto Vencedor Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Redatora designada Peço licença ao ilustre conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosar para divergir do seu entendimento quanto a possibilidade de exclusão da tributação sobre Bolsas de estudo em nível superior, na forma como encontrase fundamentado no presente lançamento fiscal. Concessão de Bolsa de Estudo em Nível Superior aos Empregados Quanto a concessão de bolsa de estudos nível superior aos empregados, na forma como concedida e descrita no relatório fiscal da infração, fls. 120/128, constituírem, de forma objetiva, salário de contribuição, razão não confiro ao recorrente (PGFN). Fl. 478DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 479 8 Porém, antes mesmos de passar ao ponto que, no meu entender, ensejou a negativa de provimento ao recurso da Fazenda Nacional, passo a esclarecer como interpreto os dispositivos em relação ao fornecimento de educação aos empregados constituírem ou não salário de contribuição, bem como relacionar esse entendimento ao presente lançamento. De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado empregado entendese por salário de contribuição a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades, nestas palavras: Art.28. Entendese por salário de contribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Existem parcelas que não sofrem incidência de contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial, tais verbas estão arroladas no art. 28, § 9º da Lei n° 8.212/1991, nestas palavras, especificamente em relação a bolsas de estudo: Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) No caso, quanto a verba BOLSA DE ESTUDOS, nos termos em que foi concedida não constituir salário de contribuição, entendo ser possível a interpretação para que o benefício não constitua salário de contribuição. Conforme acima esclarecido, a legislação pertinente a contribuições previdenciárias possui legislação própria, tanto em relação a parte de custeio Lei 8212/91, como em relação a concessão de benefícios Lei 8213/91, ambas regulamentadas pelo Decreto 3048/99. Fl. 479DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 480 9 Assim, primeiramente, ao contrário do trazido no acórdão recorrido, não encontra amparo a exclusão dos valores pagos à título de bolsas de estudos em legislação diversa, mais especificamente o art. 458, §2º da CLT, quando existem pontos específicos sobre o tema na legislação previdenciária que restringe a sua exclusão do conceito de salário de contribuição. O citado art. 458, §2º da Consolidação das Leis dos Trabalho CLT, realmente assim encontrase disposto: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. [...] § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) [...] II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) [...] Ou seja, embora o conceito de salário de contribuição possua correlação com o conceito de remuneração do art. 458 da CLT, o legislador ordinário optou por atribuirlhes limites diversos de exclusão, destacando no art. 28, §9º da lei 8212/90, quais os limites para que a educação, seja na forma de bolsas ou auxílios, seja excluída do conceito de remuneração (salário de contribuição) para efeitos previdenciários. Para os que defendem que o art. 458, §2º foi editado posteriormente à lei 8212/91, o que autorizaria sua aplicação para definição da exclusão das verbas ali elencadas do conceito de salário de contribuição, entendo que razão não lhes assiste, pelos argumentos abaixo expostos: 1º) o custeio previdenciário é regido por legislação própria, sendo que mesmo após a alteração do art. 458, §2º da CLT pela lei 12.761/2012, não houve revogação expressa do art. 28, §9º, 't" da lei 8212/ 91, nem mesmo qualquer alteração para convergência irrestrita dos conceitos de remuneração (salário de contribuição) para efeitos previdenciários e remuneração para efeitos trabalhistas; 2º) por fim, o ponto que entendo mais forte para determinar que o legislador trata as questões de forma diversa, é a alteração do art. 28, § 9º,“t”da Lei 8212/91 pela Lei nº 12.513, de 2011. Fl. 480DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 481 10 Apenas nessa lei de 2011, o legislador optou por incluir os dependentes do segurado, mas ainda o fez de forma restrita para efeitos da exclusão do conceito de salário de contribuição, pois define claramente que não é qualquer bolsa para aos dependentes, ou mesmo aos próprios empregados que se encontram excluídos da base de cálculo de contribuições previdenciárias. Esse fato corrobora o entendimento de que estamos diante de disciplinamentos distintos com regras específicas. Quisesse o legislador nesse momento que as bolsas de estudos de forma irrestrita estivessem excluídas do conceito, bastaria reproduzir o dispositivo da CLT. Porém, assim, não o fez. Apenas para esclarecer, colacionamos o referido dispositivo. Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do salário de contribuição, o que for maior; (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) Vale destacar que não estamos falando de regra meramente interpretativa, ou mesmo legislação que deixou de considerar infração, determinada conduta, mas de alteração legislativa que excluiu da base de cálculo, ou mesmo do conceito de salário de contribuição determinado benefício. Dessa forma, sua aplicabilidade é restrita aos fatos geradores ocorridos após a sua publicação e dentro dos estritos limites da lei. Quanto a fundamentação de que não possuiria caráter remuneratório, transcrevendo inclusive julgados que indicariam seu caráter indenizatório, também não corroboro desse entendimento. Pelo contrário, o ganho foi direcionado ao segurado empregado da recorrente quando a empresa concedeu as BOLSAS DE ESTUDOS. O campo de incidência é delimitado pelo conceito de salário de contribuição, que destaca o conceito de remuneração em sua acepção mais ampla. Remunerar significa retribuir o trabalho realizado à qualquer título. Desse modo, qualquer valor em pecúnia ou em utilidade que seja pago a uma pessoa natural em Fl. 481DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 482 11 decorrência de um trabalho executado, de um serviço prestado, ou até mesmo por ter ficado à disposição do empregador, está sujeito à incidência de contribuição previdenciária. Segundo o ilustre professor Arnaldo Süssekind em seu livro Instituições de Direito do Trabalho, 21ª edição, volume 1, editora LTr, o significado do termo remuneração deve ser assim interpretado: No Brasil, a palavra remuneração é empregada, normalmente, com sentido lato, correspondendo ao gênero do qual são espécies principais os termos salários, vencimentos, ordenados, soldo e honorários. Como salientou com precisão Martins Catharino, “costumeiramente chamamos vencimentos a remuneração dos magistrados, professores e funcionários em geral; soldo, o que os militares recebem; honorários, o que os profissionais liberais ganham no exercício autônomo da profissão; ordenado, o que percebem os empregados em geral, isto é, os trabalhadores cujo esforço mental prepondera sobre o físico; e finalmente, salário, o que ganham os operários. Na própria linguagem do povo, o vocábulo salário é preferido quando há prestação de trabalho subordinado.” Não se pode descartar o fato de que os valores pagos á título de BOLSA DE ESTUDOS EM DESCONFORMIDADE COM A LEI 8212/91, representam alguma espécie de ganho. Na verdade, dito benefício, está inseridos no conceito lato de remuneração, assim compreendida a totalidade dos ganhos recebidos como contraprestação pelo serviço executado. Também convém reproduzir a posição da professora Alice Monteiro de Barros acerca da distinção entre utilidades salariais e não salariais, enfatizando, de que forma, as utilidades fornecidas, tornamse ganhos, salários indiretos para os empregado: "As utilidades salariais são aquelas que se destinam a atender às necessidades individuais do trabalhador, de tal modo que, se não as recebesse, ele deveria despender parte de seu salário para adquirilas. As utilidades salariais não se confundem com as que são fornecidas para a melhor execução do trabalho. Estas equiparam se a instrumentos de trabalho e, conseqüentemente, não têm feição salarial." Dessa forma, entendo descabida a argumentação de que as BOLSAS sejam fornecidas "PARA" o trabalho, e como tal estariam excluídas do conceito de salário de contribuição. Na verdade, a acepção "para o trabalho" alcança utilidades que estejam relacionadas diretamente ao desempenho profissional, tais como equipamentos eletrônicos, uniformes, utilização de automóveis, telefones, moradia quando condição indispensável para o desempenho profissional, dentre outros. Fl. 482DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 483 12 Também não corroboro a argumentação de que não possua caráter remuneratório, pois não é considerada retribuição pelo trabalho prestado. Ora, não estamos falando de uma bolsa concedida a terceiros desvinculados de relação de trabalho com a empresa, mas de empregados, cuja concessão da bolsa, nada mais é do que um atrativo indireto de captura de profissionais, que muitas vezes não poderiam ter acesso com o simples salário pago pela instituição. Não discordo do aspecto louvável que se poderia extrair de tal ação, mas a legislação tributária não comporta interpretação extensiva face atitudes altruísticas, salvo nos casos expressamente determinados em lei, em obediência, no caso concreto, ao art. 111 do CTN c//c com o art. 28, I e §9º. 't" da lei 8212/91. Enfrentadas as questões pertinentes a qual legislação e, por conseguinte, exigências legais devem ser atendidas para que a bolsa de estudos esteja excluída do conceito de salário de contribuição, vale ressaltar que discordo do voto do relator, especificamente, sobre a possibilidade de considerar a concessão de bolsa de estudos de nível superior, ou mesmo em nível de pós graduação como excluídos na previsão legal esculpida no art. 28, §9º, "t". senão vejamos novamente o texto legal: Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) Ao meu entender, quando o legislador descreve: "e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo", acabou por abrir a possibilidade de se interpretar que, os curso de graduação e pós graduação, quando considerados como forma de capacitação profissional, ou seja, desde que vinculados as atividade da empresa, podem estar abrangidos na regra de exclusão prevista na lei. Notese que, embora a fiscalização tenha descrito em seu relatório fiscal as exigências legais, focou a atribuição de caráter salarial apenas no fato de interpretar que o legislador não abarcou cursos de nível superior dentro da exigência legal. Vejamos o trecho que traduz tal conclusão: Fl. 483DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 484 13 Pelo exposto, resta demonstrado que a educação superior de que trata o Capítulo IV, arts. 43 a 57 da Lei n° 9.394, de 1996, em vista da clara identificação dos diversos níveis e modalidades de educação, bem como as características estabelecidas nesta Lei, não é tida como curso de capacitação e qualificação profissional, entendimento reforçado pela nova redação da Lei n° 9.394/96, promovida pela Lei n° 11.741/08, que apontou o que constitui educação profissional de nível superior, no Capítulo III, deixando de fora os demais cursos superiores então tratados no Capítulo IV. Nestas condições os gastos relativos a educação superior (graduação e pósgraduação) de que trata o Capítulo IV, Lei n° 9.394/96, dispendidos pelo sujeito passivo, estão fora do alcance da isenção prevista na alínea "t", § 9o, art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991 e, portanto, integram o salário de contribuição para efeito de incidência de contribuição previdenciária, por se tratar de valor pago a "qualquer título", conforme previsto no inciso I, art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991. Ou seja, no entender do auditor, os cursos de nível superior não estão abrangidos na exclusão legal. Ressaltese que, não identifiquei no relatório fiscal, qualquer descumprimento em relação a não correlação dos cursos com a atividade exercida pelo empregado, nem tampouco que não era estendido a todos. Seguindo essa mesma linha, o acórdão recorrido descreveu que o requisito de "ser extensível a todos" não restou descumprido, senão vejamos: "Ademais, verificase nos autos que a empresa forneceu aos seus colaboradores, no exercício de 2009, sem distinção, o programa de assistência educacional, nos níveis de graduação, pós graduação e MBA, visando proporcionar condições para que os profissionais por ela contratados pudessem ampliar seus conhecimentos em sua área de atuação." Dessa forma, como a única imputação, por parte da autoridade fiscal, para não aplicação da exclusão prevista no art. 28, §9º, "t" à concessão de bolsas de nível superior no presente lançamento, foi tratarse de nível superior, não posso chancelar seu procedimento, já que não fez qualquer referência ao descumprimento da exigência "não extensível a totalidade de empregados", que no meu entender, encontravase perfeitamente vigente à época dos fatos geradores. Conclusão Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, quanto ao restabelecimento do lançamento em relação às BOLSAS de ESTUDO . É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 484DF CARF MF Processo nº 19740.000679/200867 Acórdão n.º 9202007.095 CSRFT2 Fl. 485 14 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, nos termos dos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, Anexo II do RICARF, voto em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 485DF CARF MF
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Numero do processo: 19740.000680/2008-91
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Feb 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. BOLSA DE ESTUDOS. GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO
Os valores pagos relativos à educação superior (graduação e pós graduação), podem ser considerados como curso de capacitação e qualificação profissional se enquadrando, portanto, na hipótese de não incidência prevista na alínea t, § 9º, artigo 28, da Lei 8.212/91, desde que não exista nenhum outro descumprimento legal imputado pela autoridade fiscal.
Numero da decisão: 9202-007.096
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (relatora) e Pedro Paulo Pereira Barbosa, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10283.720090/2013-14, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. BOLSA DE ESTUDOS. GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO Os valores pagos relativos à educação superior (graduação e pós graduação), podem ser considerados como curso de capacitação e qualificação profissional se enquadrando, portanto, na hipótese de não incidência prevista na alínea “t”, § 9º, artigo 28, da Lei 8.212/91, desde que não exista nenhum outro descumprimento legal imputado pela autoridade fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (relatora) e Pedro Paulo Pereira Barbosa, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10283.720090/201314, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 00 06 80 /2 00 8- 91 Fl. 465DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 466 2 Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional, que visa rediscutir a incidência de contribuições previdenciárias sobre pagamentos feitos a título de auxílioeducação. Em despacho de admissibilidade o Presidente da Câmara recorrida deu seguimento ao recurso. Em suas razões, a Fazenda Nacional alega, em síntese, que a melhor exegese é a abraçada pelo acórdão paradigma, segundo o qual, tratandose de isenção, devese acolher a interpretação mais restritiva, excluindose da isenção as bolsas de nível superior. Cientificada do Recurso Especial e do Despacho de Admissibilidade, a Contribuinte em suas contrarrazões pugna pela manutenção incólume do acórdão recorrido. É o relatório. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202007.029, de 24/07/2018, proferido no julgamento do processo 10283.720090/201314, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor dos votos proferidos naquela decisão, quanto à admissibilidade e quanto ao mérito (Acórdão 9202007.029): Voto Vencido Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator O Recurso foi interposto tempestivamente e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Dele conheço. Quanto ao mérito, conforme se extrai do relatório fiscal à efl. 1.461, o lançamento alcança “pagamentos não declarados na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência – GFIP, aos segurados empregados, em reembolso de parte das Fl. 466DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 467 3 mensalidades de cursos de ensino superior, a título de auxílio educação.” A questão a ser decidida é se o reembolso pela empresa aos empregados, a título de auxílioeducação, de parte do valor das mensalidades de cursos de ensino superior frequentados por estes integram ou não o saláriodecontribuição. Registrese, de início, que, a teor do art. 28, da Lei n° 8.212/1991, integra o saláriodecontribuição do empregado e trabalhador avulso a totalidade das remunerações destinados a retribuir o trabalho, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidades. Confirase: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sente. Embora esse conceito comporte exceções, é a própria Lei nº 8.212, de 1991, no mesmo art. 28, que define as parcelas passíveis de serem excluídas do conceito de saláriode contribuição. Sobre a matéria em discussão, o art. 28, § 9º, “t” da lei nº 8.212, de 1991, na redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998, em vigor na data dos fatos, assim dispunha: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). Como se vê, pela alínea ‘t’, do § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212/91, não integram o saláriodecontribuição o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394/96, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em Fl. 467DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 468 4 substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. No caso presente, conforme consta do Relatório Fiscal, os valores informados a título de auxílioeducação correspondem a ressarcimentos de mensalidades de cursos de ensino superior. Portanto, de plano, não se enquadram na categoria de “planos educacionais que visem à educação básica”, assim definida pelo art. 21 da Lei nº 9.394, de 1996: Art. 21. A educação escolar compõese de: I educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II educação superior. Quanto a serem cursos de capacitação, a mesma Lei nº 9.394, de 1996, nos artigos 36A a 36D, com redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008, disciplina os ensino técnico de nível médio, e o art. 39, a educação profissional de nível superior. Confirase: Art. 36A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá preparálo para o exercício de profissões técnicas. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I articulada com o ensino médio; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II subseqüente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá observar: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) III as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Fl. 468DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 469 5 Art. 36C. A educação profissional técnica de nível médio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36B desta Lei, será desenvolvida de forma: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuandose matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o esteja cursando, efetuandose matrículas distintas para cada curso, e podendo ocorrer: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) a) na mesma instituição de ensino, aproveitandose as oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) b) em instituições de ensino distintas, aproveitandose as oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36D. Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de nível médio, quando registrados, terão validade nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação superior.(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. Os cursos de educação profissional técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e subseqüente, quando estruturados e organizados em etapas com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados de qualificação para o trabalho após a conclusão, com aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação para o trabalho. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integrase aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) § 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 2º A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Fl. 469DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 470 6 I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II – de educação profissional técnica de nível médio; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós graduação.(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 3º Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pósgraduação organizarseão, no que concerne a objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008). Esses cursos de educação profissional e técnico de graduação e pósgraduação, referidos no art. 39, § 2º, III, da Lei nº 9.394, de 1996, não se confundem com os cursos superiores em geral, que estão disciplinados nos artigos 43 a 57 da mesma lei. Integram uma categoria à parte, segundo a própria lei, que os define como cursos especiais com conteúdo prático e direcionados para o conhecimento técnico especializado. E como se não bastasse isso, a alínea “t”, do § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212, de 1991, alem de exigir que se trate de curso de capacitação profissional, exigem que estes “sejam vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa”, o que requer que os tais cursos sejam restritos a determinadas áreas, o que, em momento algum foi demonstrado. O acórdão recorrido, acolhendo alegação do Contribuinte, adotou como razão de decidir o fato de o art. nº 458, § 2º, II do DecretoLei nº 5.452, de 1.943 (CLT) excluir da definição de salários as utilidades concedidas pelo empregador relacionadas a educação. Eis o referido dispositivo: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Redação dada pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) [...] § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, Fl. 470DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 471 7 mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) De fato, é inequívoco que o referido dispositivo exclui os gastos com empregados no custeio de educação do conceito de salário. Porém, não exclui, e nem poderia fazêlo, do conceito de salário decontribuição. O art. 28, da Lei nº 8.212, ao definir as verbas que integram o saláriodecontribuição não restringiu estas ao conceito de salário. Ademais, como vimos, cuidou de delimitar os gastos com educação passíveis de serem excluídos do salário decontribuição. Assim, não há nenhuma contradição entre o art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991 e o art. 458, § 2, II da CLT. Quanto às alegações do contribuinte de que a Constituição da República reconhece a educação como um direito de todos e dever do Estado, não vislumbro a relação entre este ponto e a matéria em discussão. Tratase aqui de definição das base de incidência das contribuições para o custeio da previdência social, também com status constitucional e definida em lei, que delimitou, de forma inequívoca, os gastos com educação dos empregados passíveis de serem excluídos do conceito de salário decontribuição. Nessas condições, os valores pagos aos empregados a título de ressarcimento de mensalidades de cursos superiores não preenchem os requisitos necessários para que sejam excluídos do conceito de saláriodecontribuição. Diante do exposto, CONHEÇO e DOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL interposto pela FAZENDA NACIONAL. (assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosar Voto Vencedor Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Redatora designada Peço licença ao ilustre conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosar para divergir do seu entendimento quanto a possibilidade de exclusão da tributação sobre Bolsas de estudo em nível superior, na forma como encontrase fundamentado no presente lançamento fiscal. Concessão de Bolsa de Estudo em Nível Superior aos Empregados Quanto a concessão de bolsa de estudos nível superior aos empregados, na forma como concedida e descrita no relatório fiscal da infração, fls. 120/128, constituírem, de forma objetiva, salário de contribuição, razão não confiro ao recorrente (PGFN). Fl. 471DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 472 8 Porém, antes mesmos de passar ao ponto que, no meu entender, ensejou a negativa de provimento ao recurso da Fazenda Nacional, passo a esclarecer como interpreto os dispositivos em relação ao fornecimento de educação aos empregados constituírem ou não salário de contribuição, bem como relacionar esse entendimento ao presente lançamento. De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado empregado entendese por salário de contribuição a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades, nestas palavras: Art.28. Entendese por salário de contribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Existem parcelas que não sofrem incidência de contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial, tais verbas estão arroladas no art. 28, § 9º da Lei n° 8.212/1991, nestas palavras, especificamente em relação a bolsas de estudo: Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) No caso, quanto a verba BOLSA DE ESTUDOS, nos termos em que foi concedida não constituir salário de contribuição, entendo ser possível a interpretação para que o benefício não constitua salário de contribuição. Conforme acima esclarecido, a legislação pertinente a contribuições previdenciárias possui legislação própria, tanto em relação a parte de custeio Lei 8212/91, como em relação a concessão de benefícios Lei 8213/91, ambas regulamentadas pelo Decreto 3048/99. Fl. 472DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 473 9 Assim, primeiramente, ao contrário do trazido no acórdão recorrido, não encontra amparo a exclusão dos valores pagos à título de bolsas de estudos em legislação diversa, mais especificamente o art. 458, §2º da CLT, quando existem pontos específicos sobre o tema na legislação previdenciária que restringe a sua exclusão do conceito de salário de contribuição. O citado art. 458, §2º da Consolidação das Leis dos Trabalho CLT, realmente assim encontrase disposto: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. [...] § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) [...] II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) [...] Ou seja, embora o conceito de salário de contribuição possua correlação com o conceito de remuneração do art. 458 da CLT, o legislador ordinário optou por atribuirlhes limites diversos de exclusão, destacando no art. 28, §9º da lei 8212/90, quais os limites para que a educação, seja na forma de bolsas ou auxílios, seja excluída do conceito de remuneração (salário de contribuição) para efeitos previdenciários. Para os que defendem que o art. 458, §2º foi editado posteriormente à lei 8212/91, o que autorizaria sua aplicação para definição da exclusão das verbas ali elencadas do conceito de salário de contribuição, entendo que razão não lhes assiste, pelos argumentos abaixo expostos: 1º) o custeio previdenciário é regido por legislação própria, sendo que mesmo após a alteração do art. 458, §2º da CLT pela lei 12.761/2012, não houve revogação expressa do art. 28, §9º, 't" da lei 8212/ 91, nem mesmo qualquer alteração para convergência irrestrita dos conceitos de remuneração (salário de contribuição) para efeitos previdenciários e remuneração para efeitos trabalhistas; 2º) por fim, o ponto que entendo mais forte para determinar que o legislador trata as questões de forma diversa, é a alteração do art. 28, § 9º,“t”da Lei 8212/91 pela Lei nº 12.513, de 2011. Fl. 473DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 474 10 Apenas nessa lei de 2011, o legislador optou por incluir os dependentes do segurado, mas ainda o fez de forma restrita para efeitos da exclusão do conceito de salário de contribuição, pois define claramente que não é qualquer bolsa para aos dependentes, ou mesmo aos próprios empregados que se encontram excluídos da base de cálculo de contribuições previdenciárias. Esse fato corrobora o entendimento de que estamos diante de disciplinamentos distintos com regras específicas. Quisesse o legislador nesse momento que as bolsas de estudos de forma irrestrita estivessem excluídas do conceito, bastaria reproduzir o dispositivo da CLT. Porém, assim, não o fez. Apenas para esclarecer, colacionamos o referido dispositivo. Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do salário de contribuição, o que for maior; (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) Vale destacar que não estamos falando de regra meramente interpretativa, ou mesmo legislação que deixou de considerar infração, determinada conduta, mas de alteração legislativa que excluiu da base de cálculo, ou mesmo do conceito de salário de contribuição determinado benefício. Dessa forma, sua aplicabilidade é restrita aos fatos geradores ocorridos após a sua publicação e dentro dos estritos limites da lei. Quanto a fundamentação de que não possuiria caráter remuneratório, transcrevendo inclusive julgados que indicariam seu caráter indenizatório, também não corroboro desse entendimento. Pelo contrário, o ganho foi direcionado ao segurado empregado da recorrente quando a empresa concedeu as BOLSAS DE ESTUDOS. O campo de incidência é delimitado pelo conceito de salário de contribuição, que destaca o conceito de remuneração em sua acepção mais ampla. Remunerar significa retribuir o trabalho realizado à qualquer título. Desse modo, qualquer valor em pecúnia ou em utilidade que seja pago a uma pessoa natural em Fl. 474DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 475 11 decorrência de um trabalho executado, de um serviço prestado, ou até mesmo por ter ficado à disposição do empregador, está sujeito à incidência de contribuição previdenciária. Segundo o ilustre professor Arnaldo Süssekind em seu livro Instituições de Direito do Trabalho, 21ª edição, volume 1, editora LTr, o significado do termo remuneração deve ser assim interpretado: No Brasil, a palavra remuneração é empregada, normalmente, com sentido lato, correspondendo ao gênero do qual são espécies principais os termos salários, vencimentos, ordenados, soldo e honorários. Como salientou com precisão Martins Catharino, “costumeiramente chamamos vencimentos a remuneração dos magistrados, professores e funcionários em geral; soldo, o que os militares recebem; honorários, o que os profissionais liberais ganham no exercício autônomo da profissão; ordenado, o que percebem os empregados em geral, isto é, os trabalhadores cujo esforço mental prepondera sobre o físico; e finalmente, salário, o que ganham os operários. Na própria linguagem do povo, o vocábulo salário é preferido quando há prestação de trabalho subordinado.” Não se pode descartar o fato de que os valores pagos á título de BOLSA DE ESTUDOS EM DESCONFORMIDADE COM A LEI 8212/91, representam alguma espécie de ganho. Na verdade, dito benefício, está inseridos no conceito lato de remuneração, assim compreendida a totalidade dos ganhos recebidos como contraprestação pelo serviço executado. Também convém reproduzir a posição da professora Alice Monteiro de Barros acerca da distinção entre utilidades salariais e não salariais, enfatizando, de que forma, as utilidades fornecidas, tornamse ganhos, salários indiretos para os empregado: "As utilidades salariais são aquelas que se destinam a atender às necessidades individuais do trabalhador, de tal modo que, se não as recebesse, ele deveria despender parte de seu salário para adquirilas. As utilidades salariais não se confundem com as que são fornecidas para a melhor execução do trabalho. Estas equiparam se a instrumentos de trabalho e, conseqüentemente, não têm feição salarial." Dessa forma, entendo descabida a argumentação de que as BOLSAS sejam fornecidas "PARA" o trabalho, e como tal estariam excluídas do conceito de salário de contribuição. Na verdade, a acepção "para o trabalho" alcança utilidades que estejam relacionadas diretamente ao desempenho profissional, tais como equipamentos eletrônicos, uniformes, utilização de automóveis, telefones, moradia quando condição indispensável para o desempenho profissional, dentre outros. Fl. 475DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 476 12 Também não corroboro a argumentação de que não possua caráter remuneratório, pois não é considerada retribuição pelo trabalho prestado. Ora, não estamos falando de uma bolsa concedida a terceiros desvinculados de relação de trabalho com a empresa, mas de empregados, cuja concessão da bolsa, nada mais é do que um atrativo indireto de captura de profissionais, que muitas vezes não poderiam ter acesso com o simples salário pago pela instituição. Não discordo do aspecto louvável que se poderia extrair de tal ação, mas a legislação tributária não comporta interpretação extensiva face atitudes altruísticas, salvo nos casos expressamente determinados em lei, em obediência, no caso concreto, ao art. 111 do CTN c//c com o art. 28, I e §9º. 't" da lei 8212/91. Enfrentadas as questões pertinentes a qual legislação e, por conseguinte, exigências legais devem ser atendidas para que a bolsa de estudos esteja excluída do conceito de salário de contribuição, vale ressaltar que discordo do voto do relator, especificamente, sobre a possibilidade de considerar a concessão de bolsa de estudos de nível superior, ou mesmo em nível de pós graduação como excluídos na previsão legal esculpida no art. 28, §9º, "t". senão vejamos novamente o texto legal: Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) Ao meu entender, quando o legislador descreve: "e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo", acabou por abrir a possibilidade de se interpretar que, os curso de graduação e pós graduação, quando considerados como forma de capacitação profissional, ou seja, desde que vinculados as atividade da empresa, podem estar abrangidos na regra de exclusão prevista na lei. Notese que, embora a fiscalização tenha descrito em seu relatório fiscal as exigências legais, focou a atribuição de caráter salarial apenas no fato de interpretar que o legislador não abarcou cursos de nível superior dentro da exigência legal. Vejamos o trecho que traduz tal conclusão: Fl. 476DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 477 13 Pelo exposto, resta demonstrado que a educação superior de que trata o Capítulo IV, arts. 43 a 57 da Lei n° 9.394, de 1996, em vista da clara identificação dos diversos níveis e modalidades de educação, bem como as características estabelecidas nesta Lei, não é tida como curso de capacitação e qualificação profissional, entendimento reforçado pela nova redação da Lei n° 9.394/96, promovida pela Lei n° 11.741/08, que apontou o que constitui educação profissional de nível superior, no Capítulo III, deixando de fora os demais cursos superiores então tratados no Capítulo IV. Nestas condições os gastos relativos a educação superior (graduação e pósgraduação) de que trata o Capítulo IV, Lei n° 9.394/96, dispendidos pelo sujeito passivo, estão fora do alcance da isenção prevista na alínea "t", § 9o, art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991 e, portanto, integram o salário de contribuição para efeito de incidência de contribuição previdenciária, por se tratar de valor pago a "qualquer título", conforme previsto no inciso I, art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991. Ou seja, no entender do auditor, os cursos de nível superior não estão abrangidos na exclusão legal. Ressaltese que, não identifiquei no relatório fiscal, qualquer descumprimento em relação a não correlação dos cursos com a atividade exercida pelo empregado, nem tampouco que não era estendido a todos. Seguindo essa mesma linha, o acórdão recorrido descreveu que o requisito de "ser extensível a todos" não restou descumprido, senão vejamos: "Ademais, verificase nos autos que a empresa forneceu aos seus colaboradores, no exercício de 2009, sem distinção, o programa de assistência educacional, nos níveis de graduação, pós graduação e MBA, visando proporcionar condições para que os profissionais por ela contratados pudessem ampliar seus conhecimentos em sua área de atuação." Dessa forma, como a única imputação, por parte da autoridade fiscal, para não aplicação da exclusão prevista no art. 28, §9º, "t" à concessão de bolsas de nível superior no presente lançamento, foi tratarse de nível superior, não posso chancelar seu procedimento, já que não fez qualquer referência ao descumprimento da exigência "não extensível a totalidade de empregados", que no meu entender, encontravase perfeitamente vigente à época dos fatos geradores. Conclusão Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, quanto ao restabelecimento do lançamento em relação às BOLSAS de ESTUDO . É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 477DF CARF MF Processo nº 19740.000680/200891 Acórdão n.º 9202007.096 CSRFT2 Fl. 478 14 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, nos termos dos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, Anexo II do RICARF, voto em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 478DF CARF MF
score : 3.3601606
Numero do processo: 10283.720090/2013-14
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Feb 05 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. BOLSA DE ESTUDOS. GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO
Os valores pagos relativos à educação superior (graduação e pós graduação), podem ser considerados como Curso de capacitação e qualificação profissional se enquadrando, portanto, na hipótese de não incidência prevista na alínea t, § 9º, artigo 28, da Lei 8.212/91 desde que não exista nenhum outro descumprimento legal imputado pela autoridade fiscal.
Numero da decisão: 9202-007.029
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Pedro Paulo Pereira Barbosa (relator) e Maria Helena Cotta Cardozo, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. BOLSA DE ESTUDOS. GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO Os valores pagos relativos à educação superior (graduação e pós graduação), podem ser considerados como Curso de capacitação e qualificação profissional se enquadrando, portanto, na hipótese de não incidência prevista na alínea t, § 9º, artigo 28, da Lei 8.212/91 desde que não exista nenhum outro descumprimento legal imputado pela autoridade fiscal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Pedro Paulo Pereira Barbosa (relator) e Maria Helena Cotta Cardozo, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício (assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora Designada Participaram do presente julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. BOLSA DE ESTUDOS. GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO Os valores pagos relativos à educação superior (graduação e pós graduação), podem ser considerados como Curso de capacitação e qualificação profissional se enquadrando, portanto, na hipótese de não incidência prevista na alínea “t”, § 9º, artigo 28, da Lei 8.212/91 desde que não exista nenhum outro descumprimento legal imputado pela autoridade fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Pedro Paulo Pereira Barbosa (relator) e Maria Helena Cotta Cardozo, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa – Relator (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 72 00 90 /2 01 3- 14 Fl. 2838DF CARF MF 2 Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Redatora Designada Participaram do presente julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente processo teve início com a lavratura de Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) relativamente a Contribuições Previdenciárias a cargo da empresa, incidentes sobre as remunerações dos empregados, contribuições para o SAT/RAT, bem como as contribuições destinadas às terceiras entidades, apuradas sobre o salário indireto pago pela empresa aos empregados a título de auxílio educação. A Contribuinte apresentou impugnação a qual foi julgada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Florianópolis – DRJ/FNS, que considerou procedentes os lançamentos (efls. 2.673 a 2.683). Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário o qual foi julgado na seção de 14/04/2014 da 3ª Turma Especial, da Segunda Seção de Julgamento do CARF, que proferiu o Acórdão nº 2803003.195, de efls. 2.743 a 2.748, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. BOLSA DE ESTUDO. VERBA DE CARÁTER INDENIZATÓRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE BASE DE CÁLCULO DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O STJ tem pacífica jurisprudência no sentido de que o auxílio educação, embora contenha valor econômico, constitui investimento na qualificação de empregados, não podendo ser considerado como salário in natura, porquanto não retribui o trabalho efetivo, não integrando, desse modo, a remuneração do empregado. É verba utilizada para o trabalho, e não pelo trabalho. Recurso Voluntário Provido A decisão foi assim registrada: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. O processo foi encaminhado à PGFN em 05/04/2014 (Despacho de Encaminhamento, efls. 2.749) que, em 20/05/2014 (Despacho de Encaminhamento de efls. 2.783), interpôs o Recurso Especial de Divergência de efls. 2.750 a 2.753. Fl. 2839DF CARF MF Processo nº 10283.720090/201314 Acórdão n.º 9202007.029 CSRFT2 Fl. 3 3 O Recurso visa rediscutir a incidência de contribuições previdenciárias sobre pagamentos feitos a título de auxílioeducação. Em despacho de admissibilidade de efls. 2.789 a 2.793 o Presidente da 3ª Câmara, da 2ª Seção do CARF deu seguimento ao recurso da Fazenda Nacional. Em suas razões, a Fazenda Nacional alega, em síntese, que a melhor exegese é a abraçada pelo acórdão paradigma, segundo o qual, tratandose de isenção, devese acolher a interpretação mais restritiva, excluindose da isenção as bolsas de nível superior. A Contribuinte foi cientificada do Acórdão nº 2803003.195, do Recurso Especial da Procuradoria e do Despacho que lhe deu seguimento em 06/07/2016 (Termo de Abertura de Documento, efls. 2.797) e, em 20/07/2016 (Termo de Análise de Solicitação de Juntada, efls. 2.834, apresentou as Contrarrazões de efls. 2.800 a 2.833 na qual alega, em síntese, que o acórdão paradigma foi proferido há nove anos e destoa da jurisprudência posterior, que lhe é favorável; que as razões apresentadas no paradigma para justificar a manutenção do auto de infração não se sustentam; que nesse julgamento, a redação do artigo 28, alínea t, § 9º da Lei nº 8.212/1991, foi analisada considerando o artigo 111, do Código Tributário Nacional, concluindose que a questão da isenção exige do julgador um crivo objetivo, com base em disposição literal da lei, não podendo o contribuinte, o fisco ou o julgador impor ou afastar condições e requisitos que não decorrem do texto legal; que, com base na interpretação literal, exigida pelo artigo 111, do Código Tributário Nacional, para as hipóteses de isenção, o exame cuidadoso do artigo 28, alínea t, § 9º da Lei nº 8.212/1991, com redação vigente no exercício de 2009, não é possível retirar desse campo isentivo o curso superior que é por sua própria natureza curso de capacitação e qualificação profissional; que a Constituição Federal estabeleceu a educação pública como direito de todos, atribuindo ao Estado o dever de prestála de forma gratuita, assegurada sempre garantia do padrão de qualidade em todos os níveis, desde a educação infantil até a educação superior e que, ao onerar o empregador com a cobrança indevida da contribuição previdenciária e multa sobre o auxílioeducação de nível superior, discrimina o profissional que exerce atividade intelectual, em detrimento do artigo 7º, inciso XXXII, da Magna Carta, que proíbe a distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual entre os profissionais; que a Fazenda Nacional, em detrimento dos fundamentos e dos objetivos da Constituição Federal, bem como das garantias asseguradas ao cidadão pela própria Magna Carta, exige do empregador, que assumiu uma obrigação constitucional do Estado e cumpre a sua função social, a contribuição previdenciária sobre o auxílio educação, fornecido aos seus empregados para custear o curso superior, aplicandolhe,’ ainda, multa de 75%; que o legislador trabalhista, em consonância com os fundamentos e objetivos da Constituição Federal, desvinculou as utilidades fornecidas pelo empregador para a Fl. 2840DF CARF MF 4 educação do seu colaborador, sem exceção, abarcando todos os níveis de ensino, compreendendo os valores da matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; que o Tribunal Superior do Trabalho, por ocasião do julgamento do Recurso de Revista nº 184.90008.199.5.01.0065, ratificou que o artigo 205, da Constituição Federal de 1988, é taxativo ao dizer que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, devendo ser implementada com a colaboração de toda a sociedade, incluindose aí o empregador. Nesse contexto, quando o empregador fornece o auxílioeducação aos seus colaboradores, não remunera o trabalho, mas cumpre a sua função social atribuída constitucionalmente; que é inaceitável onerar a empresa que, ante a notória má qualidade do ensino público disponibilizado para os cidadãos, supre a deficiência do Estado, cumpre sua função social e fornece aos seus colaboradores acesso a educação do ensino superior; que, nesse mesmo sentido, a Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por ocasião do julgamento do Recurso de Revista nº 184.40004.1999.5.01.0012, ratificou que a Constituição Federal de 1988 informa que a educação é direito de todos e dever do Estado e de toda a sociedade, inclusive do empregador; que a legislação previdenciária não pode determinar a inclusão de verba que a legislação especializada expressamente exclui do conceito de salário. Por disposição expressa da lei trabalhista, o auxílioeducação, para todos os níveis de ensino, não tem natureza salarial, não sendo destinado a retribuir o trabalho, razão pela qual não pode ser onerado pela contribuição previdenciária sobre a remuneração do empregado, nem pelo RAT, tampouco por aquelas contribuições destinadas ao FNDE, ao INCRA e ao SEBRAE; que o artigo 22, inciso I, da Lei no 8.212/1991, elegeu a base de cálculo da contribuição previdenciária a cargo do empregador o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título (...) destinadas a retribuir o trabalho; que a lei autoriza a incidência da contribuição previdenciária sobre as remunerações pagas ou creditadas ao colaborador destinadas a retribuir o trabalho prestado, porém, o auxílioeducação fornecido pelo empregador não visa retribuir o trabalho, mas, sim, colaborar para o aprimoramento do profissional, razão pela qual, não integra a base de cálculo da contribuição prevista no artigo 22, inciso I, da Lei nº 8.212/1991; que a Primeira e a Segunda Turmas do Superior Tribunal de Justiça, que tratam de matéria previdenciária, pacificaram entendimento no sentido de que o auxílio educação, embora contenha valor econômico, constitui investimento na qualificação do empregado, é verba empregada para o trabalho, e não pelo trabalho, não integrando a base de cálculo para a contribuição previdenciária porque não retribui o trabalho efetivo, conforme se infere das ementas dos seus respectivos julgados; que a cobrança da contribuição previdenciária sobre o auxílioeducação de nível superior é ilegal, não tendo respaldo na Lei nº 8.212/1991, que autoriza a incidência da contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o total das remunerações destinadas a retribuir o trabalho; que o auxílio educação pago pela empresa ao seu colaborador não visa retribuir o trabalho, mas, sim, capacitálo e qualificálo para melhor exercer a sua função laboral, não representando contraprestação pelo trabalho prestado pelo trabalhador, não Fl. 2841DF CARF MF Processo nº 10283.720090/201314 Acórdão n.º 9202007.029 CSRFT2 Fl. 4 5 sujeitando à incidência da contribuição previdenciária, conforme se infere da jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça; que o pressuposto exigido pela lei para se considerar saláriodecontribuição do empregado sujeito à contribuição previdenciária é que a remuneração seja percebida pelo colaborador a título de retribuição pelo trabalho prestado ou posto à disposição do empregador; que os artigos 22, inciso I, e 28, inciso I, da Lei no 8.212/1991, ratificam a necessidade do caráter retributivo da verba para fim de incorporação na base de cálculo da contribuição previdenciária tanto para o empregador, quanto para o empregado; que o auxílioeducação fornecido pela empresa aos seus colaboradores não é salário por disposição expressa do artigo 458, § 2º, inciso II, da Consolidação das Leis do Trabalho, tampouco visa retribuir o trabalhado prestado pelo empregado; que tal verba obviamente não integra o conceito de saláriodecontribuição para o fim de incidência de contribuição previdenciária prevista no artigo 28, da Lei nº 8.212/1991, que condiciona tal enquadramento à remuneração recebida pelo empregado em função da retribuição do trabalho prestado pelo colaborador, circunstância que ratifica a ilegalidade dos débitos constantes dos autos de infração mencionados neste recurso; que o artigo 28, inciso I, § 9º, alínea t, dessa lei, vigente no exercício de 2009, excluiu o valor relativo a plano educacional que visa à educação básica, nos termos do artigo 21, da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, sem limitar o nível do ensino; que, além da educação básica, estariam desonerados da contribuição previdenciária os valores pagos aos empregados para o custeio dos cursos de capacitação e qualificação profissional vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, não importando para a formação de tecnólogos ou bacharéis se o curso é de nível médio ou superior; que a referida norma legal, vigente no exercício de 2009, exclui do campo da incidência da contribuição previdenciária os valores pagos pelo empregador ao seu colaborador que participa de cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, incluindo aí aqueles de educação superior que tenham como finalidade formar diplomados aptos para a inserção em setores profissionais, com título de bacharelado, bem como aqueles de educação superior visando à formação do tecnólogo; que numa análise literal, ou sistemática, desse artigo de lei, não é possível excluir os cursos superiores regulares da condição de cursos capacitação e a qualificação profissional. É o relatório. Fl. 2842DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator O Recurso foi interposto tempestivamente e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Dele conheço. Quanto ao mérito, conforme se extrai do relatório fiscal à efl. 1.461, o lançamento alcança “pagamentos não declarados na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência – GFIP, aos segurados empregados, em reembolso de parte das mensalidades de cursos de ensino superior, a título de auxílioeducação.” A questão a ser decidida é se o reembolso pela empresa aos empregados, a título de auxílioeducação, de parte do valor das mensalidades de cursos de ensino superior frequentados por estes integram ou não o saláriodecontribuição. Registrese, de início, que, a teor do art. 28, da Lei n° 8.212/1991, integra o saláriodecontribuição do empregado e trabalhador avulso a totalidade das remunerações destinados a retribuir o trabalho, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidades. Confirase: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sente Embora esse conceito comporte exceções, é a própria Lei nº 8.212, de 1991, no mesmo art. 28, que define as parcelas passíveis de serem excluídas do conceito de salário decontribuição. Sobre a matéria em discussão, o art. 28, § 9º, “t” da lei nº 8.212, de 1991, na redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998, em vigor na data dos fatos, assim dispunha: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos Fl. 2843DF CARF MF Processo nº 10283.720090/201314 Acórdão n.º 9202007.029 CSRFT2 Fl. 5 7 os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). Como se vê, pela alínea ‘t’, do § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212/91, não integram o saláriodecontribuição o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394/96, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. No caso presente, conforme consta do Relatório Fiscal, os valores informados a título de auxílioeducação correspondem a ressarcimentos de mensalidades de cursos de ensino superior. Portanto, de plano, não se enquadram na categoria de “planos educacionais que visem à educação básica”, assim definida pelo art. 21 da Lei nº 9.394, de 1996: Art. 21. A educação escolar compõese de: I educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II educação superior. Quanto a serem cursos de capacitação, a mesma Lei nº 9.394, de 1996, nos artigos 36A a 36D, com redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008, disciplina os ensino técnico de nível médio, e o art. 39, a educação profissional de nível superior. Confirase: Art. 36A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá preparálo para o exercício de profissões técnicas. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I articulada com o ensino médio; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II subseqüente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá observar: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Fl. 2844DF CARF MF 8 III as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36C. A educação profissional técnica de nível médio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36B desta Lei, será desenvolvida de forma: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuandose matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o esteja cursando, efetuandose matrículas distintas para cada curso, e podendo ocorrer: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) a) na mesma instituição de ensino, aproveitandose as oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) b) em instituições de ensino distintas, aproveitandose as oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36D. Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de nível médio, quando registrados, terão validade nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação superior.(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. Os cursos de educação profissional técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e subseqüente, quando estruturados e organizados em etapas com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados de qualificação para o trabalho após a conclusão, com aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação para o trabalho. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integrase aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) § 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 2º A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Fl. 2845DF CARF MF Processo nº 10283.720090/201314 Acórdão n.º 9202007.029 CSRFT2 Fl. 6 9 I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II – de educação profissional técnica de nível médio; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós graduação.(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pósgraduação organizarseão, no que concerne a objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Esses cursos de educação profissional e técnico de graduação e pós graduação, referidos no art. 39, § 2º, III, da Lei nº 9.394, de 1996, não se confundem com os cursos superiores em geral, que estão disciplinados nos artigos 43 a 57 da mesma lei. Integram uma categoria à parte, segundo a própria lei, que os define como cursos especiais com conteúdo prático e direcionados para o conhecimento técnico especializado. E como se não bastasse isso, a alínea “t”, do § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212, de 1991, alem de exigir que se trate de curso de capacitação profissional, exigem que estes “sejam vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa”, o que requer que os tais cursos sejam restritos a determinadas áreas, o que, em momento algum foi demonstrado. O acórdão recorrido, acolhendo alegação do Contribuinte, adotou como razão de decidir o fato de o art. nº 458, § 2º, II do DecretoLei nº 5.452, de 1.943 (CLT) excluir da definição de salários as utilidades concedidas pelo empregador relacionadas a educação. Eis o referido dispositivo: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Redação dada pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) [...] § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) Fl. 2846DF CARF MF 10 De fato, é inequívoco que o referido dispositivo exclui os gastos com empregados no custeio de educação do conceito de salário. Porém, não exclui, e nem poderia fazêlo, do conceito de saláriodecontribuição. O art. 28, da Lei nº 8.212, ao definir as verbas que integram o saláriodecontribuição não restringiu estas ao conceito de salário. Ademais, como vimos, cuidou de delimitar os gastos com educação passíveis de serem excluídos do saláriodecontribuição. Assim, não há nenhuma contradição entre o art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991 e o art. 458, § 2, II da CLT. Quanto às alegações do contribuinte de que a Constituição da Repíblica reconhece a educação como um direito de todos e dever do Estado, não vislumbro a relação entre este ponto e a matéria em discussão. Tratase aqui de definição das base de incidência das contribuições para o custeio da previdência social, também com status constitucional e definida em lei, que delimitou, de forma inequívoca, os gastos com educação dos empregados passíveis de serem excluídos do conceito de saláriodecontribuição. Nessas condições, os valores pagos aos empregados a título de ressarcimento de mensalidades de cursos superiores não preenchem os requisitos necessários para que sejam excluídos do conceito de saláriodecontribuição. Diante do exposto, CONHEÇO e DOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL interposto pela FAZENDA NACIONAL. (assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa Fl. 2847DF CARF MF Processo nº 10283.720090/201314 Acórdão n.º 9202007.029 CSRFT2 Fl. 7 11 Voto Vencedor Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Redatora designada Peço licença ao ilustre conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa para divergir do seu entendimento quanto a possibilidade de exclusão da tributação sobre Bolsas de estudo em nível superior, na forma como encontrase fundamentado no presente lançamento fiscal. Concessão de Bolsa de Estudo em Nível Superior aos Empregados Quanto a concessão de bolsa de estudos nível superior aos empregados, na forma como concedida e descrita no relatório fiscal da infração, fls. 120/128, constituírem, de forma objetiva, salário de contribuição, razão não confiro ao recorrente (PGFN). Porém, antes mesmos de passar ao ponto que, no meu entender, ensejou a negativa de provimento ao recurso da Fazenda Nacional, passo a esclarecer como interpreto os dispositivos em relação ao fornecimento de educação aos empregados constituírem ou não salário de contribuição, bem como relacionar esse entendimento ao presente lançamento. De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado empregado entendese por salário de contribuição a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades, nestas palavras: Art.28. Entendese por salário de contribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Existem parcelas que não sofrem incidência de contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial, tais verbas estão arroladas no art. 28, § 9º da Lei n ° 8.212/1991, nestas palavras, especificamente em relação a bolsas de estudo: Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro Fl. 2848DF CARF MF 12 de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) No caso, quanto a verba BOLSA DE ESTUDOS, nos termos em que foi concedida não constituir salário de contribuição, entendo ser possível a interpretação para que o benefício não constitua salário de contribuição. Conforme acima esclarecido, a legislação pertinente a contribuições previdenciárias possui legislação própria, tanto em relação a parte de custeio Lei 8212/91, como em relação a concessão de benefícios Lei 8213/91, ambas regulamentadas pelo Decreto 3048/99. Assim, primeiramente, ao contrário do trazido no acórdão recorrido, não encontra amparo a exclusão dos valores pagos à título de bolsas de estudos em legislação diversa, mais especificamente o art. 458, §2º da CLT, quando existem pontos específicos sobre o tema na legislação previdenciária que restringe a sua exclusão do conceito de salário de contribuição. O citado art. 458, §2º da Consolidação das Leis dos Trabalho CLT, realmente assim encontrase disposto: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. [...] § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) [...] II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) [...] Ou seja, embora o conceito de salário de contribuição possua correlação com o conceito de remuneração do art. 458 da CLT, o legislador ordinário optou por atribuirlhes limites diversos de exclusão, destacando no art. 28, §9º da lei 8212/90, quais os limites para que a educação, seja na forma de bolsas ou auxílios, seja excluída do conceito de remuneração (salário de contribuição) para efeitos previdenciários. Para os que defendem que o art. 458, §2º foi editado posteriormente à lei 8212/91, o que autorizaria sua aplicação para definição da exclusão das verbas ali elencadas do conceito de salário de contribuição, entendo que razão não lhes assiste, pelos argumentos abaixo expostos: Fl. 2849DF CARF MF Processo nº 10283.720090/201314 Acórdão n.º 9202007.029 CSRFT2 Fl. 8 13 1º) o custeio previdenciário é regido por legislação própria, sendo que mesmo após a alteração do art. 458, §2º da CLT pela lei 12.761/2012, não houve revogação expressa do art. 28, §9º, 't" da lei 8212/ 91, nem mesmo qualquer alteração para convergência irrestrita dos conceitos de remuneração (salário de contribuição) para efeitos previdenciários e remuneração para efeitos trabalhistas; 2º) por fim, o ponto que entendo mais forte para determinar que o legislador trata as questões de forma diversa, é a alteração do art. 28, § 9º,“t”da Lei 8212/91 pela Lei nº 12.513, de 2011. Apenas nessa lei de 2011, o legislador optou por incluir os dependentes do segurado, mas ainda o fez de forma restrita para efeitos da exclusão do conceito de salário de contribuição, pois define claramente que não é qualquer bolsa para aos dependentes, ou mesmo aos próprios empregados que se encontram excluídos da base de cálculo de contribuições previdenciárias. Esse fato corrobora o entendimento de que estamos diante de disciplinamentos distintos com regras específicas. Quisesse o legislador nesse momento que as bolsas de estudos de forma irrestrita estivessem excluídas do conceito, bastaria reproduzir o dispositivo da CLT. Porém, assim, não o fez. Apenas para esclarecer, colacionamos o referido dispositivo. Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do salário de contribuição, o que for maior; (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) Vale destacar que não estamos falando de regra meramente interpretativa, ou mesmo legislação que deixou de considerar infração, determinada conduta, mas de alteração legislativa que excluiu da base de cálculo, ou mesmo do conceito de salário de contribuição determinado benefício. Dessa forma, sua aplicabilidade é restrita aos fatos geradores ocorridos após a sua publicação e dentro dos estritos limites da lei. Quanto a fundamentação de que não possuiria caráter remuneratório, transcrevendo inclusive julgados que indicariam seu caráter indenizatório, também não corroboro desse entendimento. Pelo contrário, o ganho foi direcionado ao segurado empregado da recorrente quando a empresa concedeu as BOLSAS DE ESTUDOS. O campo de incidência é delimitado pelo conceito de salário de contribuição, que destaca o conceito de remuneração em sua acepção mais ampla. Remunerar significa Fl. 2850DF CARF MF 14 retribuir o trabalho realizado à qualquer título. Desse modo, qualquer valor em pecúnia ou em utilidade que seja pago a uma pessoa natural em decorrência de um trabalho executado, de um serviço prestado, ou até mesmo por ter ficado à disposição do empregador, está sujeito à incidência de contribuição previdenciária. Segundo o ilustre professor Arnaldo Süssekind em seu livro Instituições de Direito do Trabalho, 21ª edição, volume 1, editora LTr, o significado do termo remuneração deve ser assim interpretado: No Brasil, a palavra remuneração é empregada, normalmente, com sentido lato, correspondendo ao gênero do qual são espécies principais os termos salários, vencimentos, ordenados, soldo e honorários. Como salientou com precisão Martins Catharino, “costumeiramente chamamos vencimentos a remuneração dos magistrados, professores e funcionários em geral; soldo, o que os militares recebem; honorários, o que os profissionais liberais ganham no exercício autônomo da profissão; ordenado, o que percebem os empregados em geral, isto é, os trabalhadores cujo esforço mental prepondera sobre o físico; e finalmente, salário, o que ganham os operários. Na própria linguagem do povo, o vocábulo salário é preferido quando há prestação de trabalho subordinado.” Não se pode descartar o fato de que os valores pagos á título de BOLSA DE ESTUDOS EM DESCONFORMIDADE COM A LEI 8212/91, representam alguma espécie de ganho. Na verdade, dito benefício, está inseridos no conceito lato de remuneração, assim compreendida a totalidade dos ganhos recebidos como contraprestação pelo serviço executado. Também convém reproduzir a posição da professora Alice Monteiro de Barros acerca da distinção entre utilidades salariais e não salariais, enfatizando, de que forma, as utilidades fornecidas, tornamse ganhos, salários indiretos para os empregado. "As utilidades salariais são aquelas que se destinam a atender às necessidades individuais do trabalhador, de tal modo que, se não as recebesse, ele deveria despender parte de seu salário para adquirilas. As utilidades salariais não se confundem com as que são fornecidas para a melhor execução do trabalho. Estas equiparamse a instrumentos de trabalho e, conseqüentemente, não têm feição salarial." Dessa forma, entendo descabida a argumentação de que as BOLSAS sejam fornecidas "PARA" o trabalho, e como tal estariam excluídas do conceito de salário de contribuição. Na verdade, a acepção "para o trabalho" alcança utilidades que estejam relacionadas diretamente ao desempenho profissional, tais como equipamentos eletrônicos, uniformes, utilização de automóveis, telefones, moradia quando condição indispensável para o desempenho profissional, dentre outros. Também não corroboro a argumentação de que não possua caráter remuneratório, pois não é considerada retribuição pelo trabalho prestado. Ora, não estamos falando de uma bolsa concedida a terceiros desvinculados de relação de trabalho com a empresa, mas de empregados, cuja concessão da bolsa, nada mais é do que um atrativo indireto de captura de profissionais, que muitas vezes não poderiam ter acesso com o simples salário pago pela instituição. Fl. 2851DF CARF MF Processo nº 10283.720090/201314 Acórdão n.º 9202007.029 CSRFT2 Fl. 9 15 Não discordo do aspecto louvável que se poderia extrair de tal ação, mas a legislação tributária não comporta interpretação extensiva face atitudes altruísticas, salvo nos casos expressamente determinados em lei, em obediência, no caso concreto, ao art. 111 do CTN c//c com o art. 28, I e §9º. 't" da lei 8212/91. Enfrentadas as questões pertinentes a qual legislação e, por conseguinte, exigências legais devem ser atendidas para que a bolsa de estudos esteja excluída do conceito de salário de contribuição, vale ressaltar que discordo do voto do relator, especificamente, sobre a possibilidade de considerar a concessão de bolsa de estudos de nível superior, ou mesmo em nível de pós graduação como excluídos na previsão legal esculpida no art. 28, §9º, "t". senão vejamos novamente o texto legal: Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) Ao meu entender, quando o legislador descreve: "e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo", acabou por abrir a possibilidade de se interpretar que, os curso de graduação e pós graduação, quando considerados como forma de capacitação profissional, ou seja, desde que vinculados as atividade da empresa, podem estar abrangidos na regra de exclusão prevista na lei. Notese que, embora a fiscalização tenha descrito em seu relatório fiscal as exigências legais, focou a atribuição de caráter salarial apenas no fato de interpretar que o legislador não abarcou cursos de nível superior dentro da exigência legal. Vejamos o trecho que traduz tal conclusão: Pelo exposto, resta demonstrado que a educação superior de que trata o Capítulo IV, arts. 43 a 57 da Lei n° 9.394, de 1996, em vista da clara identificação dos diversos níveis e modalidades de educação, bem como as características estabelecidas nesta Lei, não é tida como curso de capacitação e qualificação profissional, entendimento reforçado pela nova redação da Lei n° 9.394/96, promovida pela Lei n° 11.741/08, que apontou o que constitui educação profissional de nível superior, no Capítulo III, deixando de fora os demais cursos superiores então tratados no Capítulo IV. Nestas condições os gastos relativos a educação superior (graduação e pósgraduação) de que trata o Capítulo IV, Lei n° 9.394/96, dispendidos pelo sujeito passivo, estão fora do alcance da isenção prevista na alínea "t", § 9o, art. 28 da Lei n° 8.212, de Fl. 2852DF CARF MF 16 1991 e, portanto, integram o salário de contribuição para efeito de incidência de contribuição previdenciária, por se tratar de valor pago a "qualquer título", conforme previsto no inciso I, art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991. Ou seja, no entender do auditor, os cursos de nível superior não estão abrangidos na exclusão legal. Ressaltese que, não identifiquei no relatório fiscal, qualquer descumprimento em relação a não correlação dos cursos com a atividade exercida pelo empregado, nem tampouco que não era estendido a todos. Seguindo essa mesma linha, o acórdão recorrido descreveu que o requisito de "ser extensível a todos" não restou descumprido, senão vejamos: "Ademais, verificase nos autos que a empresa forneceu aos seus colaboradores, no exercício de 2009, sem distinção, o programa de assistência educacional, nos níveis de graduação, pós graduação e MBA, visando proporcionar condições para que os profissionais por ela contratados pudessem ampliar seus conhecimentos em sua área de atuação." Dessa forma, como a única imputação, por parte da autoridade fiscal, para não aplicação da exclusão prevista no art. 28, §9º, "t" à concessão de bolsas de nível superior no presente lançamento, foi tratarse de nível superior, não posso chancelar seu procedimento, já que não fez qualquer referência ao descumprimento da exigência "não extensível a totalidade de empregados", que no meu entender, encontravase perfeitamente vigente à época dos fatos geradores. Conclusão Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, quanto ao reestabeleimento do lançamento em relação às BOLSAS de ESTUDO . É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 2853DF CARF MF
score : 3.3572545
Numero do processo: 11065.001293/2003-65
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Sat Jan 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 10/04/1998 a 31/08/2002
IPI. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. CAIXAS DE POLIESTIRENO DESTINADAS À EMBALAGEM DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS E FARMACÊUTICOS. POSIÇÃO 3923.10.00 DA TIPI.
Ainda que próprias para o acondicionamento de produto alimentar, enquadram-se nos respectivos códigos as embalagens com classificação mais específica na TIPI. As caixas de poliestireno expandido, ainda que utilizadas para embalar produtos alimentícios e farmacêuticos, classificam-se no código 3923.10.00, e não no Ex 01 do código 3923.90.00.
Recurso Especial do Contribuinte Negado
Numero da decisão: 9303-005.525
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 10/04/1998 a 31/08/2002 IPI. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. CAIXAS DE POLIESTIRENO DESTINADAS À EMBALAGEM DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS E FARMACÊUTICOS. POSIÇÃO 3923.10.00 DA TIPI. Ainda que próprias para o acondicionamento de produto alimentar, enquadramse nos respectivos códigos as embalagens com classificação mais específica na TIPI. As caixas de poliestireno expandido, ainda que utilizadas para embalar produtos alimentícios e farmacêuticos, classificamse no código 3923.10.00, e não no “Ex” 01 do código 3923.90.00. Recurso Especial do Contribuinte Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 12 93 /2 00 3- 65 Fl. 545DF CARF MF Processo nº 11065.001293/200365 Acórdão n.º 9303005.525 CSRFT3 Fl. 546 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pelo contribuinte ao amparo do art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 25 de junho de 2009 (RICARF/2009), em face da decisão formalizada no Acórdão nº 3401001.676, cuja ementa se transcreve a seguir: Assunto: Classificação de Mercadorias Período de apuração: 10/04/1998 a 31/08/2002 IPI. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. CAIXAS DE ISOPOR DESTINADAS À EMBALAGEM DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS E FARMACÊUTICOS. POSIÇÃO 3923.10.00 DA TIPI/96. Ainda que sirvam como embalagens de produtos alimentares ou farmacêuticos e sejam destinadas a empresas desses ramos industriais, caixas de poliestireno expandido enquadramse no código 3923.10.00 da Tabela do IPI aprovada pelo Decreto nº 2.092/96, sendo tributadas pelo IPI à alíquota de 15%. O tratamento tarifário previsto nos Ex 01 e Ex 02 do código 3923.90.00 é aplicável tãosomente às mercadorias que na posição 3923 não tiverem subposições mais específicas. A matéria de fundo do presente processo referese à classificação fiscal de caixas de poliestireno fabricadas pela recorrente, classificadas originalmente no código 3923.90.00, Ex 01 (Embalagens para produtos alimentícios) e Ex 02 (Embalagens para produtos farmacêuticos), e reclassificadas pelo Fisco no código 3923.10.00 (Caixas, caixotes, engradados e artigos semelhantes). A turma julgadora a quo negou provimento ao recurso voluntário interposto, mantendo a classificação fiscal determinada pelo Fisco. Cientificado da decisão de segunda instância, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial de divergência em 21/05/2012, alegando dissídio jurisprudencial acerca da classificação fiscal do produto. O Recurso Especial do sujeito passivo foi integralmente admitido, conforme despacho de admissibilidade às fls.535 a 537. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões às fls. 539 a 543. É o relatório. Fl. 546DF CARF MF Processo nº 11065.001293/200365 Acórdão n.º 9303005.525 CSRFT3 Fl. 547 3 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Possas, Relator O recurso interposto pelo sujeito passivo é tempestivo, e foi admitido pelo Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF. A divergência suscitada pela recorrente diz respeito à classificação fiscal na TIPI de caixas de poliestireno expandido utilizadas para embalar produtos alimentícios e farmacêuticos.Para comprovar a divergência foram indicados os acórdãos CSRF/0303.334 e CSRF/0303.268 (PAF 11065.000859/9660. A decisão recorrida entendeu que caixas de poliestireno expandido (popularmente conhecido como "isopor") devem ser classificados no código 3923.10.00 da Tabela do IPI aprovada pelo Decreto nº 2.092, de 1996, ainda que sejam utilizados para embalar produtos alimentícios ou farmacêuticos. No entanto, as decisões paradigmas apontam para classificação nos códigos próprios de embalagens de produtos alimentícios e de produtos farmacêuticos, levandose em consideração, inclusive, as exceções tarifárias. Diante da comprovação do dissídio jurisprudencial alegado e atendido os demais requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. Portanto, a matéria devolvida ao Colegiado cingese à questão da classificação fiscal na TIPI de caixas de poliestireno expandido utilizadas para embalar produtos alimentícios e farmacêuticos. Como inexiste discussão quanto à posição na TIPI do produto em questão (3923), a controvérsia seria qual subposição de 1º nível (5º dígito) se enquadraria o produto: 3923.1 ou 3923.9. Reproduzo a Tabela de Incidência do IPI (TIPI), aprovada pelo Decreto nº 2.092/96, na parte relacionada à posição 3923, para melhor ilustrar a questão: Fl. 547DF CARF MF Processo nº 11065.001293/200365 Acórdão n.º 9303005.525 CSRFT3 Fl. 548 4 Transcrevo os textos das subposições em discussão: 3923.1 Caixas, caixotes, engradados e artigos semelhantes 3923.9 Outros Destacase que ambas as subposições de 1º nível não foram desdobradas. Para classificarmos qualquer produto no Sistema Harmonizado, que é base da nomenclatura utilizada tanto na TEC como na TIPI, devemos observar as Regras de Classificação Fiscal desse sistema. Para identificarmos a subposição dentro de uma mesma posição, como é o caso dos autos, devemos nos recorrer à Regra 6 das Regras Gerais de Interpretação, que assim dispõe: "6. A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição respectivas, assim como, mutatis mutandis, pelas Regras precedentes, entendendo se que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário." Caso fosse necessário identificarmos o item ou subitem dentro de cada posição ou subposição, recorreríamos à Regra 1 das Regras Gerais Complementar. No presente Fl. 548DF CARF MF Processo nº 11065.001293/200365 Acórdão n.º 9303005.525 CSRFT3 Fl. 549 5 caso, como as subposições de 1º nível não foram desdobradas, não precisaremos recorrer à RGC1. Com a aplicação da RGI6, para identificarmos a subposição de 1º nível devemos inicialmente comparar os textos das subposições de mesmo nível, desdobradas da posição 3923: 3923.1 Caixas, caixotes, engradados e artigos semelhantes 3923.2 Sacos de quaisquer dimensões, bolsas e cartuchos 3923.3 Garrafões, garrafas, frascos e artigos semelhantes 3923.4 Bobinas, fusos, carretéis e suportes semelhantes 3923.5 Rolhas, tampas, cápsulas e outros dispositivos para fechar recipientes 3923.9 Outros É incontroverso que o produto em questão é uma caixa de plástico (poliestireno expandido) utilizadas para embalagem. Pelo texto das subposições de 1º nível, identificase a subposiçao 3923.1, que inclui as caixas, caixotes, engradados e artigos semelhantes. Apenas se não houvesse uma subposição específica é que poderíamos classificar o produto na subposição genérica 3923.9 (outros). Destacase, mais uma vez, que o texto a ser comparado deve ser do mesmo nível, ou seja, textos de subposição de 1º nível comparada com outros textos de subposições de 1º nível, da mesma posição. A posição defendida pela recorrente somente seria passível de aplicação para embalagens que não fossem anteriormente nominadas na mesma posição 3923. Tecnicamente, não se pode classificar um produto numa subposição de 1º nível genérica (outros) se houver outra subposição de 1º nível específica, de acordo com o texto das subposições. Também não há que se falar que o código 3923.90.00 seria mais específico do que o código pretendido pela fiscalização porque a recorrente comparou uma subposição de 1º nível (3923.2) com o texto do "ex" do subitem da posição 3923.90. Com relação ao "ex", devemos nos recorrer à Regra Geral Complementar da TIPI (RGC/TIPI), que determina a observância das Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado: "As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar, no âmbito de cada código, quando for o caso, o "Ex" aplicável, entendendose que apenas são comparáveis "Ex" de um mesmo código." Dessa forma, só podiam ser classificadas como embalagens para produtos alimentícios beneficiadas com o "ex" tarifário produtos que não enquadrassem nas subposições de 1º nível 3923.1, 3923.2. 3923.3, 3923.4, 3923.5, ainda que os produtos fossem embalagens para produtos alimentícios ou para produtos farmacêuticos, por terem esses produtos classificação específica. No presente caso, as caixas são enquadradas na subposição 3923.1. Também não procede a alegação de violação ao princípio da seletividade em função da essencialidade do produto. Tal princípio é destinado ao legislador quando da edição Fl. 549DF CARF MF Processo nº 11065.001293/200365 Acórdão n.º 9303005.525 CSRFT3 Fl. 550 6 do Decreto que estabelece a alíquota aplicável a cada produto. Possíveis questionamentos acerca da constitucionalidade do Decreto que instituiu a TIPI estão fora da competência dessa instância julgadora. Confirmase, portanto, a reclassificação processada pela Autoridade Fiscal para os produtos "caixas de poliestireno expandido utilizadas para embalar produtos alimentícios e farmacêuticos" no código 3923.10.00. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do sujeito passivo. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 550DF CARF MF
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Numero do processo: 19740.000678/2008-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Feb 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. BOLSA DE ESTUDOS. GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO
Os valores pagos relativos à educação superior (graduação e pós graduação), podem ser considerados como curso de capacitação e qualificação profissional se enquadrando, portanto, na hipótese de não incidência prevista na alínea t, § 9º, artigo 28, da Lei 8.212/91, desde que não exista nenhum outro descumprimento legal imputado pela autoridade fiscal.
Numero da decisão: 9202-007.094
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (relatora) e Pedro Paulo Pereira Barbosa, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10283.720090/2013-14, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. BOLSA DE ESTUDOS. GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO Os valores pagos relativos à educação superior (graduação e pós graduação), podem ser considerados como curso de capacitação e qualificação profissional se enquadrando, portanto, na hipótese de não incidência prevista na alínea “t”, § 9º, artigo 28, da Lei 8.212/91, desde que não exista nenhum outro descumprimento legal imputado pela autoridade fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (relatora) e Pedro Paulo Pereira Barbosa, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10283.720090/201314, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 00 06 78 /2 00 8- 12 Fl. 920DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 921 2 Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional, que visa rediscutir a incidência de contribuições previdenciárias sobre pagamentos feitos a título de auxílioeducação. Em despacho de admissibilidade o Presidente da Câmara recorrida deu seguimento ao recurso. Em suas razões, a Fazenda Nacional alega, em síntese, que a melhor exegese é a abraçada pelo acórdão paradigma, segundo o qual, tratandose de isenção, devese acolher a interpretação mais restritiva, excluindose da isenção as bolsas de nível superior. Cientificada do Recurso Especial e do Despacho de Admissibilidade, a Contribuinte em suas contrarrazões pugna pela manutenção incólume do acórdão recorrido. É o relatório. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202007.029, de 24/07/2018, proferido no julgamento do processo 10283.720090/201314, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor dos votos proferidos naquela decisão, quanto à admissibilidade e quanto ao mérito (Acórdão 9202007.029): Voto Vencido Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator O Recurso foi interposto tempestivamente e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Dele conheço. Quanto ao mérito, conforme se extrai do relatório fiscal à efl. 1.461, o lançamento alcança “pagamentos não declarados na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência – GFIP, aos segurados empregados, em reembolso de parte das Fl. 921DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 922 3 mensalidades de cursos de ensino superior, a título de auxílio educação.” A questão a ser decidida é se o reembolso pela empresa aos empregados, a título de auxílioeducação, de parte do valor das mensalidades de cursos de ensino superior frequentados por estes integram ou não o saláriodecontribuição. Registrese, de início, que, a teor do art. 28, da Lei n° 8.212/1991, integra o saláriodecontribuição do empregado e trabalhador avulso a totalidade das remunerações destinados a retribuir o trabalho, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidades. Confirase: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sente. Embora esse conceito comporte exceções, é a própria Lei nº 8.212, de 1991, no mesmo art. 28, que define as parcelas passíveis de serem excluídas do conceito de saláriode contribuição. Sobre a matéria em discussão, o art. 28, § 9º, “t” da lei nº 8.212, de 1991, na redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998, em vigor na data dos fatos, assim dispunha: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). Como se vê, pela alínea ‘t’, do § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212/91, não integram o saláriodecontribuição o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394/96, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em Fl. 922DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 923 4 substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. No caso presente, conforme consta do Relatório Fiscal, os valores informados a título de auxílioeducação correspondem a ressarcimentos de mensalidades de cursos de ensino superior. Portanto, de plano, não se enquadram na categoria de “planos educacionais que visem à educação básica”, assim definida pelo art. 21 da Lei nº 9.394, de 1996: Art. 21. A educação escolar compõese de: I educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II educação superior. Quanto a serem cursos de capacitação, a mesma Lei nº 9.394, de 1996, nos artigos 36A a 36D, com redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008, disciplina os ensino técnico de nível médio, e o art. 39, a educação profissional de nível superior. Confirase: Art. 36A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá preparálo para o exercício de profissões técnicas. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I articulada com o ensino médio; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II subseqüente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá observar: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) III as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Fl. 923DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 924 5 Art. 36C. A educação profissional técnica de nível médio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36B desta Lei, será desenvolvida de forma: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) I integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuandose matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o esteja cursando, efetuandose matrículas distintas para cada curso, e podendo ocorrer: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) a) na mesma instituição de ensino, aproveitandose as oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) b) em instituições de ensino distintas, aproveitandose as oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 36D. Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de nível médio, quando registrados, terão validade nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação superior.(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Parágrafo único. Os cursos de educação profissional técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e subseqüente, quando estruturados e organizados em etapas com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados de qualificação para o trabalho após a conclusão, com aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação para o trabalho. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integrase aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) § 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 2º A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Fl. 924DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 925 6 I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II – de educação profissional técnica de nível médio; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós graduação.(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 3º Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pósgraduação organizarseão, no que concerne a objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008). Esses cursos de educação profissional e técnico de graduação e pósgraduação, referidos no art. 39, § 2º, III, da Lei nº 9.394, de 1996, não se confundem com os cursos superiores em geral, que estão disciplinados nos artigos 43 a 57 da mesma lei. Integram uma categoria à parte, segundo a própria lei, que os define como cursos especiais com conteúdo prático e direcionados para o conhecimento técnico especializado. E como se não bastasse isso, a alínea “t”, do § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212, de 1991, alem de exigir que se trate de curso de capacitação profissional, exigem que estes “sejam vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa”, o que requer que os tais cursos sejam restritos a determinadas áreas, o que, em momento algum foi demonstrado. O acórdão recorrido, acolhendo alegação do Contribuinte, adotou como razão de decidir o fato de o art. nº 458, § 2º, II do DecretoLei nº 5.452, de 1.943 (CLT) excluir da definição de salários as utilidades concedidas pelo empregador relacionadas a educação. Eis o referido dispositivo: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Redação dada pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) [...] § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, Fl. 925DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 926 7 mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) De fato, é inequívoco que o referido dispositivo exclui os gastos com empregados no custeio de educação do conceito de salário. Porém, não exclui, e nem poderia fazêlo, do conceito de salário decontribuição. O art. 28, da Lei nº 8.212, ao definir as verbas que integram o saláriodecontribuição não restringiu estas ao conceito de salário. Ademais, como vimos, cuidou de delimitar os gastos com educação passíveis de serem excluídos do salário decontribuição. Assim, não há nenhuma contradição entre o art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991 e o art. 458, § 2, II da CLT. Quanto às alegações do contribuinte de que a Constituição da República reconhece a educação como um direito de todos e dever do Estado, não vislumbro a relação entre este ponto e a matéria em discussão. Tratase aqui de definição das base de incidência das contribuições para o custeio da previdência social, também com status constitucional e definida em lei, que delimitou, de forma inequívoca, os gastos com educação dos empregados passíveis de serem excluídos do conceito de salário decontribuição. Nessas condições, os valores pagos aos empregados a título de ressarcimento de mensalidades de cursos superiores não preenchem os requisitos necessários para que sejam excluídos do conceito de saláriodecontribuição. Diante do exposto, CONHEÇO e DOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL interposto pela FAZENDA NACIONAL. (assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosar Voto Vencedor Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Redatora designada Peço licença ao ilustre conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosar para divergir do seu entendimento quanto a possibilidade de exclusão da tributação sobre Bolsas de estudo em nível superior, na forma como encontrase fundamentado no presente lançamento fiscal. Concessão de Bolsa de Estudo em Nível Superior aos Empregados Quanto a concessão de bolsa de estudos nível superior aos empregados, na forma como concedida e descrita no relatório fiscal da infração, fls. 120/128, constituírem, de forma objetiva, salário de contribuição, razão não confiro ao recorrente (PGFN). Fl. 926DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 927 8 Porém, antes mesmos de passar ao ponto que, no meu entender, ensejou a negativa de provimento ao recurso da Fazenda Nacional, passo a esclarecer como interpreto os dispositivos em relação ao fornecimento de educação aos empregados constituírem ou não salário de contribuição, bem como relacionar esse entendimento ao presente lançamento. De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado empregado entendese por salário de contribuição a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades, nestas palavras: Art.28. Entendese por salário de contribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Existem parcelas que não sofrem incidência de contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial, tais verbas estão arroladas no art. 28, § 9º da Lei n° 8.212/1991, nestas palavras, especificamente em relação a bolsas de estudo: Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) No caso, quanto a verba BOLSA DE ESTUDOS, nos termos em que foi concedida não constituir salário de contribuição, entendo ser possível a interpretação para que o benefício não constitua salário de contribuição. Conforme acima esclarecido, a legislação pertinente a contribuições previdenciárias possui legislação própria, tanto em relação a parte de custeio Lei 8212/91, como em relação a concessão de benefícios Lei 8213/91, ambas regulamentadas pelo Decreto 3048/99. Fl. 927DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 928 9 Assim, primeiramente, ao contrário do trazido no acórdão recorrido, não encontra amparo a exclusão dos valores pagos à título de bolsas de estudos em legislação diversa, mais especificamente o art. 458, §2º da CLT, quando existem pontos específicos sobre o tema na legislação previdenciária que restringe a sua exclusão do conceito de salário de contribuição. O citado art. 458, §2º da Consolidação das Leis dos Trabalho CLT, realmente assim encontrase disposto: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. [...] § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) [...] II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) [...] Ou seja, embora o conceito de salário de contribuição possua correlação com o conceito de remuneração do art. 458 da CLT, o legislador ordinário optou por atribuirlhes limites diversos de exclusão, destacando no art. 28, §9º da lei 8212/90, quais os limites para que a educação, seja na forma de bolsas ou auxílios, seja excluída do conceito de remuneração (salário de contribuição) para efeitos previdenciários. Para os que defendem que o art. 458, §2º foi editado posteriormente à lei 8212/91, o que autorizaria sua aplicação para definição da exclusão das verbas ali elencadas do conceito de salário de contribuição, entendo que razão não lhes assiste, pelos argumentos abaixo expostos: 1º) o custeio previdenciário é regido por legislação própria, sendo que mesmo após a alteração do art. 458, §2º da CLT pela lei 12.761/2012, não houve revogação expressa do art. 28, §9º, 't" da lei 8212/ 91, nem mesmo qualquer alteração para convergência irrestrita dos conceitos de remuneração (salário de contribuição) para efeitos previdenciários e remuneração para efeitos trabalhistas; 2º) por fim, o ponto que entendo mais forte para determinar que o legislador trata as questões de forma diversa, é a alteração do art. 28, § 9º,“t”da Lei 8212/91 pela Lei nº 12.513, de 2011. Fl. 928DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 929 10 Apenas nessa lei de 2011, o legislador optou por incluir os dependentes do segurado, mas ainda o fez de forma restrita para efeitos da exclusão do conceito de salário de contribuição, pois define claramente que não é qualquer bolsa para aos dependentes, ou mesmo aos próprios empregados que se encontram excluídos da base de cálculo de contribuições previdenciárias. Esse fato corrobora o entendimento de que estamos diante de disciplinamentos distintos com regras específicas. Quisesse o legislador nesse momento que as bolsas de estudos de forma irrestrita estivessem excluídas do conceito, bastaria reproduzir o dispositivo da CLT. Porém, assim, não o fez. Apenas para esclarecer, colacionamos o referido dispositivo. Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do salário de contribuição, o que for maior; (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) Vale destacar que não estamos falando de regra meramente interpretativa, ou mesmo legislação que deixou de considerar infração, determinada conduta, mas de alteração legislativa que excluiu da base de cálculo, ou mesmo do conceito de salário de contribuição determinado benefício. Dessa forma, sua aplicabilidade é restrita aos fatos geradores ocorridos após a sua publicação e dentro dos estritos limites da lei. Quanto a fundamentação de que não possuiria caráter remuneratório, transcrevendo inclusive julgados que indicariam seu caráter indenizatório, também não corroboro desse entendimento. Pelo contrário, o ganho foi direcionado ao segurado empregado da recorrente quando a empresa concedeu as BOLSAS DE ESTUDOS. O campo de incidência é delimitado pelo conceito de salário de contribuição, que destaca o conceito de remuneração em sua acepção mais ampla. Remunerar significa retribuir o trabalho realizado à qualquer título. Desse modo, qualquer valor em pecúnia ou em utilidade que seja pago a uma pessoa natural em Fl. 929DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 930 11 decorrência de um trabalho executado, de um serviço prestado, ou até mesmo por ter ficado à disposição do empregador, está sujeito à incidência de contribuição previdenciária. Segundo o ilustre professor Arnaldo Süssekind em seu livro Instituições de Direito do Trabalho, 21ª edição, volume 1, editora LTr, o significado do termo remuneração deve ser assim interpretado: No Brasil, a palavra remuneração é empregada, normalmente, com sentido lato, correspondendo ao gênero do qual são espécies principais os termos salários, vencimentos, ordenados, soldo e honorários. Como salientou com precisão Martins Catharino, “costumeiramente chamamos vencimentos a remuneração dos magistrados, professores e funcionários em geral; soldo, o que os militares recebem; honorários, o que os profissionais liberais ganham no exercício autônomo da profissão; ordenado, o que percebem os empregados em geral, isto é, os trabalhadores cujo esforço mental prepondera sobre o físico; e finalmente, salário, o que ganham os operários. Na própria linguagem do povo, o vocábulo salário é preferido quando há prestação de trabalho subordinado.” Não se pode descartar o fato de que os valores pagos á título de BOLSA DE ESTUDOS EM DESCONFORMIDADE COM A LEI 8212/91, representam alguma espécie de ganho. Na verdade, dito benefício, está inseridos no conceito lato de remuneração, assim compreendida a totalidade dos ganhos recebidos como contraprestação pelo serviço executado. Também convém reproduzir a posição da professora Alice Monteiro de Barros acerca da distinção entre utilidades salariais e não salariais, enfatizando, de que forma, as utilidades fornecidas, tornamse ganhos, salários indiretos para os empregado: "As utilidades salariais são aquelas que se destinam a atender às necessidades individuais do trabalhador, de tal modo que, se não as recebesse, ele deveria despender parte de seu salário para adquirilas. As utilidades salariais não se confundem com as que são fornecidas para a melhor execução do trabalho. Estas equiparam se a instrumentos de trabalho e, conseqüentemente, não têm feição salarial." Dessa forma, entendo descabida a argumentação de que as BOLSAS sejam fornecidas "PARA" o trabalho, e como tal estariam excluídas do conceito de salário de contribuição. Na verdade, a acepção "para o trabalho" alcança utilidades que estejam relacionadas diretamente ao desempenho profissional, tais como equipamentos eletrônicos, uniformes, utilização de automóveis, telefones, moradia quando condição indispensável para o desempenho profissional, dentre outros. Fl. 930DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 931 12 Também não corroboro a argumentação de que não possua caráter remuneratório, pois não é considerada retribuição pelo trabalho prestado. Ora, não estamos falando de uma bolsa concedida a terceiros desvinculados de relação de trabalho com a empresa, mas de empregados, cuja concessão da bolsa, nada mais é do que um atrativo indireto de captura de profissionais, que muitas vezes não poderiam ter acesso com o simples salário pago pela instituição. Não discordo do aspecto louvável que se poderia extrair de tal ação, mas a legislação tributária não comporta interpretação extensiva face atitudes altruísticas, salvo nos casos expressamente determinados em lei, em obediência, no caso concreto, ao art. 111 do CTN c//c com o art. 28, I e §9º. 't" da lei 8212/91. Enfrentadas as questões pertinentes a qual legislação e, por conseguinte, exigências legais devem ser atendidas para que a bolsa de estudos esteja excluída do conceito de salário de contribuição, vale ressaltar que discordo do voto do relator, especificamente, sobre a possibilidade de considerar a concessão de bolsa de estudos de nível superior, ou mesmo em nível de pós graduação como excluídos na previsão legal esculpida no art. 28, §9º, "t". senão vejamos novamente o texto legal: Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) Ao meu entender, quando o legislador descreve: "e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo", acabou por abrir a possibilidade de se interpretar que, os curso de graduação e pós graduação, quando considerados como forma de capacitação profissional, ou seja, desde que vinculados as atividade da empresa, podem estar abrangidos na regra de exclusão prevista na lei. Notese que, embora a fiscalização tenha descrito em seu relatório fiscal as exigências legais, focou a atribuição de caráter salarial apenas no fato de interpretar que o legislador não abarcou cursos de nível superior dentro da exigência legal. Vejamos o trecho que traduz tal conclusão: Fl. 931DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 932 13 Pelo exposto, resta demonstrado que a educação superior de que trata o Capítulo IV, arts. 43 a 57 da Lei n° 9.394, de 1996, em vista da clara identificação dos diversos níveis e modalidades de educação, bem como as características estabelecidas nesta Lei, não é tida como curso de capacitação e qualificação profissional, entendimento reforçado pela nova redação da Lei n° 9.394/96, promovida pela Lei n° 11.741/08, que apontou o que constitui educação profissional de nível superior, no Capítulo III, deixando de fora os demais cursos superiores então tratados no Capítulo IV. Nestas condições os gastos relativos a educação superior (graduação e pósgraduação) de que trata o Capítulo IV, Lei n° 9.394/96, dispendidos pelo sujeito passivo, estão fora do alcance da isenção prevista na alínea "t", § 9o, art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991 e, portanto, integram o salário de contribuição para efeito de incidência de contribuição previdenciária, por se tratar de valor pago a "qualquer título", conforme previsto no inciso I, art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991. Ou seja, no entender do auditor, os cursos de nível superior não estão abrangidos na exclusão legal. Ressaltese que, não identifiquei no relatório fiscal, qualquer descumprimento em relação a não correlação dos cursos com a atividade exercida pelo empregado, nem tampouco que não era estendido a todos. Seguindo essa mesma linha, o acórdão recorrido descreveu que o requisito de "ser extensível a todos" não restou descumprido, senão vejamos: "Ademais, verificase nos autos que a empresa forneceu aos seus colaboradores, no exercício de 2009, sem distinção, o programa de assistência educacional, nos níveis de graduação, pós graduação e MBA, visando proporcionar condições para que os profissionais por ela contratados pudessem ampliar seus conhecimentos em sua área de atuação." Dessa forma, como a única imputação, por parte da autoridade fiscal, para não aplicação da exclusão prevista no art. 28, §9º, "t" à concessão de bolsas de nível superior no presente lançamento, foi tratarse de nível superior, não posso chancelar seu procedimento, já que não fez qualquer referência ao descumprimento da exigência "não extensível a totalidade de empregados", que no meu entender, encontravase perfeitamente vigente à época dos fatos geradores. Conclusão Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, quanto ao restabelecimento do lançamento em relação às BOLSAS de ESTUDO . É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 932DF CARF MF Processo nº 19740.000678/200812 Acórdão n.º 9202007.094 CSRFT2 Fl. 933 14 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, nos termos dos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, Anexo II do RICARF, voto em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 933DF CARF MF
score : 3.334923
Numero do processo: 35464.002911/2005-11
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 27 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2002 a 28/02/2004
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. EMPREGADOS E DIRIGENTES. CURSOS DE NÍVEL SUPERIOR. ISENÇÃO. POSSIBILIDADE.
A qualificação e capacitação profissional não se restringem a cursos oferecidos em nível de educação básica, podendo estender-se a cursos em nível de graduação ou pós-graduação.
Numero da decisão: 9202-007.673
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2002 a 28/02/2004 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. EMPREGADOS E DIRIGENTES. CURSOS DE NÍVEL SUPERIOR. ISENÇÃO. POSSIBILIDADE. A qualificação e capacitação profissional não se restringem a cursos oferecidos em nível de educação básica, podendo estenderse a cursos em nível de graduação ou pósgraduação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 46 4. 00 29 11 /2 00 5- 11 Fl. 856DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD relativa a contribuições sociais, incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados, correspondente à parte da empresa, às destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho GILRAT e as destinadas aos terceiros (Salário Educação, INCRA e SEBRAE). Em sessão plenária de 11/05/2011, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 230102.051 (fls. 368/376). Em virtude de a decisão ter sido formalizada sem ementa, mediante aclaratórios interpostos pela Fazenda Nacional, prolatouse o Acórdão de Embargos nº 230102.716 (fls. 384/390), assim ementado: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2002 a 28/02/2004 Ementa: EMBARGOS. OMISSÃO. Segundo determina o Regimento Interno do CARF, cabem embargos de declaração em caso de omissão existente em acórdão proferido. No caso, ocorreu a omissão descrita pela nobre PGFN, devendo o acórdão ser saneado. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. EDUCAÇÃO. INTEGRAÇÃO. Não integram o saláriodecontribuição o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. O PGFN foi cientificada da decisão em 31/10/2012 (Termo de Intimação de fl. 391) e, em 05/11/2012, foi interposto o Recurso Especial de fls. 394/400 (Relação de Movimentação de fl. 393), com fundamento no art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, visando rediscutir as seguintes matéria “auxílioeducação – curso de graduação, pósgraduação e MBA”. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº 2300 018/2013, datado de 28/01/2013 (fls. 402/404). A Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos: a decisão comporta reformas, na medida em que o contribuinte não atendeu os requisitos exigidos pela lei para fazer jus ao beneficio pretendido; no caso em exame, nos termos do Relatório Fiscal, verificase que a contribuinte realizou pagamentos de cursos de nível superior (graduação, pósgraduação e MBA) em favor de seus empregados; Fl. 857DF CARF MF Processo nº 35464.002911/200511 Acórdão n.º 9202007.673 CSRFT2 Fl. 3 3 da leitura do inciso I do art. 22 da Lei nº 8.212/1991, temos que a regra geral é a de que todo e qualquer rendimento pago durante o mês constitui saláriodecontribuição para fins de base de cálculo para as contribuições previdenciárias; por opção legislativa, o § 9° do mesmo artigo elenca os rendimentos que, apesar de serem percebidos pelo empregado, não constituem saláriode contribuição; válido colacionar desde já que estas hipóteses são taxativas, e que, por se tratarem de exceções, devem ser interpretadas restritivamente. A hipótese em discussão nos autos referese ao §9º, alínea “t” do art. 28 da Lei 8.212/91; a regra determina, claramente, que não integrará o saláriodecontribuição o valor relativo a “plano educacional que vise à educação básica”, nos termos do artigo 21 da Lei 9394/1996”; do referido art. 21, inferese que o legislador não pretendeu incluir, no artigo 28 da Lei 8212/91, o ensino superior. Ao contrário, foi taxativo ao explicitar o objeto a ser contemplado com as bolsas de estudos conferidas aos empregados das empresas: educação básica e cursos de capacitação e qualificação de profissionais; observase que os documentos são contundentes e suficientes em comprovar que os pagamentos realizados pela empresa a seus empregados referese ao custeio de cursos de nível superior (graduação, pósgraduação e MPA), fato este que, inclusive, foi reconhecido pela decisão ora recorrida e pela própria contribuinte em suas peças recursais; está provado que a contribuinte não satisfaz o requisito legal necessário para valerse do benefício pretendido; por tratarse de renúncia fiscal já que, uma vez excluídas tais parcelas do saláriodecontribuição não haverá a incidência de contribuições previdenciárias devidas sobre estes valores a interpretação deve ser literal e restritiva, nos termos do art. 111. I, do CTN, cabendo ao contribuinte a cabal comprovação do cumprimento de todos os requisitos exigidos pela lei; comprovado que o contribuinte não cumpriu todos os requisitos exigidos pelo art. 28, §9°, alínea “t” da lei 8.212/91 para exclusão dos pagamentos efetuados para custeio de ensino superior, não pode a mesma excluir tais valores do saláriodecontribuição, não merecendo o lançamento efetuado qualquer reparo. Requer a Fazenda Nacional seja admitido e provido o Recurso Especial e mantido o lançamento. Cientificada do acórdão de Recurso Voluntário e de Embargos, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 16/04/2013 (fl. 408), a Contribuinte, em 30/04/2013 (fl. 410), ofereceu as Contrarrazões de fls. 410/418, alegando, em resumo o que segue: Conhecimento a peça recursal não preencheu todos os requisitos legais previstos no Regimento Interno deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, Fl. 858DF CARF MF 4 mais especificamente (i) o prequestionamento da matéria recorrida e (ii) a similitude fática entre o acórdão recorrido e os acórdãos paradigmas; sustenta a Fazenda Nacional que o acórdão recorrido teria desatendido os limites da norma de isenção (a rt. 28, §9°, “t”, da Lei no 8.212/91), ao afastar a incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos pela Recorrida a título de reembolso de despesas com o ensino superior de seus empregados; as alegações da Recorrente são no sentido de que apenas a educação básica, regulamentada pelo art. 21 da Lei no 9.394/1996, teria sido objeto de isenção pelo legislador ordinário; de acordo com entendimento da Recorrente, os cursos de graduação, pós graduação e MBA não poderiam ser objeto de isenção; o acórdão recorrido havia dado provimento ao Recurso Voluntário da Recorrida em virtude do reconhecimento de que o fundamento da autuação fiscal – a suposta ausência de extensão do benefício a todos os empregados – não condizia com a realidade; não há no acórdão recorrido qualquer menção acerca da qualidade ou espécie do benefício subsidiado pela Recorrida (se relativo à educação básica ou superior); e nem poderia ser diferente, pois verificase do Relatório Fiscal da autuação, bem como da decisão administrativa de ia instância (proferida pela então competente Secretaria Receita Previdenciária), que a questão da qualidade ou espécie do curso objeto de reembolso não serviu de fundamento do lançamento fiscal; a matéria abordada pela Fazenda Nacional no seu Recurso Especial não foi examinada pelo v. acórdão recorrido, tampouco manejada em sede de Embargos de Declaração, razão pela qual está ausente o requisito do prequestionamento, não podendo ser admitido e conhecido o presente recurso. Cita decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais; permitir que o presente recurso seja admitido significaria admitir a inovação do critério jurídico da autuação fiscal, o que é totalmente vedado pela legislação em vigor (a rt. 146, do CTN) e veemente refutado pelo CARF; argumentação que fundamenta a pretensão recursal é diversa daquela até então debatida nos autos (o que gerou a configuração de ausência de prequestionamento da matéria) – é a configuração da total dissonância fática entre o acórdão recorrido e os acórdãos paradigmas. não se pode inadmitir a pretensão recursal em questão, em razão da ausência de similitude fática entre o acórdão recorrido e os acórdãos paradigmas. Mérito a Recorrente argumentou que a hipótese de isenção relativa à concessão de bolsa de estudos estaria restrita aos cursos de educação básica, em linha com o disposto na Lei no 9.394/96, ou seja, restrita à educação básica, ao ensino infantil, ao ensino fundamental e ao ensino médio; entretanto, que o argumento da Recorrente é oriundo de uma análise restritiva do disposto na alínea “t”, § 9º, art. 28, da Lei nº 8.212/91, na medida em que é clara a extensão da isenção a todo e qualquer benefício que promova a capacitação ou qualificação do empregado; Fl. 859DF CARF MF Processo nº 35464.002911/200511 Acórdão n.º 9202007.673 CSRFT2 Fl. 4 5 e nem se alegue que os cursos de graduação, pósgraduação e MBA, ou qualquer outro curso relativo ao Ensino Superior, não teriam o condão de capacitar ou qualificar os empregados, por total falta de lógica e razoabilidade que justificasse tal alegação. Reproduz excertos de decisão administrativa; Requer, por fim: i) seja negado seguimento ao Recurso Especial, uma vez que ausente os requisitos do prequestionamento da matéria recorrida e da similitude fática entre acórdão recorrido e paradigmas; ou ii) acaso assim não se entenda, que seja negado provimento ao presente Recurso Especial, mantendose incólume o acórdão recorrido. Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator Conhecimento O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade. No que diz respeito ao prequestionamento, o § 3º do art. 64 do Regimento Interno do CARF, vigente à época da apresentação do Recurso, é expresso no sentido de ser esse um requisito exclusivamente voltado ao recurso especial apresentado pelo contribuinte. Acerca da similitude fática entre acórdãos recorrido e paradigmas, mister transcrever o seguinte trecho do Relatório Fiscal (fls. 66/69) 4.5. Este benefício oferecido pela empresa visa ao ensino superior e, conforme critérios de elegibilidade discriminados na política, não se encontra disponível a todos os funcionários da empresa, incompatibilizandose, assim, com a regra legal e ainda, o pagamento desta verba substitui um gasto que o empregado incorreria caso a empresa não lhe oferecesse essa vantagem e, portanto, a utilidade consiste em ganho economicamente avaliável e decorre da fruição de bens integrantes de suas necessidades. Observese que, ao revés do que infere a Contribuinte, o Relatório Fiscal é bastante claro no sentido de que o benefício não se compatibiliza com a regra legal em razão do descumprimento de dois de seus critérios: i) visar o ensino superior; e ii) não se encontrar disponível a todos os funcionários da empresa. Por outro lado, ao afirmar que “pelos cursos estarem disponíveis a todos os segurados que se encontrem na situação descrita na norma e por esses cursos fornecidos possibilitarem o melhor desempenho dos segurados em seu trabalho, não há como considerá los Salário de Contribuição”, o Colegiado Ordinário, mesmo sem fazer referência direta, admite que o fato de os cursos oferecidos pela empresa serem de nível superior não é óbice ao gozo do benefício. Fl. 860DF CARF MF 6 Dessarte, por entender que em situações fáticas similares foram proferidas decisões em sentido diverso, conheço do Recurso Especial. Mérito A controvérsia cingese à incidência de contribuições sociais sobre a folha de salários relativa a plano educacional que oferta aos trabalhadores por meio de cursos de graduação e pósgraduação. A esse respeito do tema temse que a base de cálculo das contribuições previdenciária é o denominado saláriodecontribuição. Nos termos do art. 28 da Lei n° 8.212/1991, em relação a empregados e trabalhadores avulsos: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; Reparese que o saláriodecontribuição abrange a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título aos empregados, incluindose nessa relação os ganhos habituais percebidos sob a forma de utilidades. Donde se depreende que, em se tratando de utilidades disponibilizadas pela empresa aos obreiros que lhe prestam serviços, sua inclusão na base de cálculo das contribuições previdenciárias dependerá da verificação dos seguintes requisitos: a) onerosidade; b) retributividade; e c) habitualidade. Inexistem dúvidas quanto ao caráter oneroso do plano educacional mantido pela recorrente em benefício de seus empregados, sendo desnecessário tecer maiores comentários a esse respeito. Do mesmo modo, sendo o benefício pago no contexto da relação laboral, resta caracterizada sua índole retributiva, bem assim a habitualidade dessa parcela. Apercebase, pois, que auxílio educação aqui referido ostenta natureza nitidamente remuneratória e, desse modo, sua exclusão da base de cálculo das contribuições previdenciárias vai depender de previsão expressa em norma de caráter tributário, mormente no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, o qual, no que se refere a isenção, relaciona exaustivamente as parcelas ao abrigo desse favor legal no âmbito da Lei de Custeio Previdenciário. Especificamente com relação a educação, à época da ocorrência do fato gerador das contribuições objeto do presente lançamento, a alínea “t” do referido § 9º dispunha: Art. 28. [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] Fl. 861DF CARF MF Processo nº 35464.002911/200511 Acórdão n.º 9202007.673 CSRFT2 Fl. 5 7 t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo;(Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). Notese que a isenção referida nos dispositivo acima abrange: planos educacionais que visem à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação – (LDB); e cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa. Referido plano: não pode ser utilizado em substituição de parcela salarial; e deve ser extensivo a todos os empregados e dirigentes da empresa. Ressaltese que, conquanto o acórdão recorrido tenha reconhecido que o auxílio educação era extensivo a todos os empregados e dirigentes da empresa, o Recurso Especial não faz referência a esse tema, tratandose, então, de matéria fora do litígio. Por outro lado, não há evidência de que tal benefício seja oferecido no intuito de substituir parcela salarial. Restanos, portanto, avaliar se a isenção prevista na Lei de Custeio possibilita a instituição de auxílio educação voltado para cursos de nível superior de graduação ou pós graduação. Para tanto, convém recorrer à LDB, iniciandose pelo art. 22 da norma, que dispõe: Art. 21. A educação escolar compõese de: I educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II educação superior. É impassível o entendimento de que a educação básica é formada pela educação infantil, o ensino fundamental e o médio. Contudo, as informações contidas no Relatório Fiscal dão conta de que o plano educacional ofertado pelo sujeito passivo abrange cursos de nível superior na modalidade de graduação e pósgraduação. Restanos aferir, por conseguinte, se referidos cursos (de nível superior) poderiam ou não ser considerados como qualificação ou capacitação profissional. Embora qualificação ou capacitação profissional não encerrem conceitos legais ou doutrinários absolutamente precisos, o Dicionário Online de Português atribuilhes os seguintes significados: Qualificação: Ato ou efeito de qualificar. Atribuição de uma qualidade, um título (...). Condições referentes à formação profissional e experiência, sugeridas para o exercício do cargo, função etc. 1 1 Disponível em: <https://www.dicio.com.br/qualificacao/>, Acesso em: 30/015/2018. Fl. 862DF CARF MF 8 Capacitação: Ação ou efeito de capacitar, de tornar capaz; aptidão. Ato de se tornar apto, habilitado, de passar a possuir uma habilitação. [Por Extensão] Preparação, ensino, conhecimento dados a alguém para que essa pessoa desenvolva alguma atividade especializada: capacitação em negócios2. Recorrendose a essa significação, é possível inferir que a qualificação está voltada para a obtenção de conhecimentos e habilidades necessários para que o indivíduo esteja apto a exercer determinado mister. A capacitação, por sua vez, é focada no aprimoramento pessoal para o desenvolvimento de aptidões para a atuação em contextos profissionais mais específicos. Retornandose mais uma vez à LDB, notadamente a seu Capítulo III (Da Educação Profissional e Tecnológica), importanos transcrever o art. 39 da Lei, na redação vigente à época dos fatos geradores: Art. 39. A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Parágrafo único. O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como o trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará com a possibilidade de acesso à educação profissional. (Grifouse) Vejase que esse e outros dispositivos presentes na norma educacional não restringem o ensino profissionalizante à educação básica. Ao revés disso, esclarece que essa modalidade de ensino, na qual se inserem os cursos de capacitação e qualificação, integrase às diferentes formas de educação, o que, no meu entender, significa dizer que a instrução profissional pode ser desenvolvida não somente no contexto da educação básica, mas também do ensino superior de graduação e pósgraduação. Se considerarmos o art. 39 da LDB, na redação dada pela Lei nº 11.741/2008, que objetivou não somente fazer referência à educação tecnológica, mas também esclarecer o alcance da expressão “educação profissional”, essa constatação mostrase ainda mais evidente. Vejamos a íntegra do novel dispositivo: Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integrase aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.(Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) § 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino.(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos: I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; II – de educação profissional técnica de nível médio; 2 Disponível em: <https://www.dicio.com.br/capacitacao/>, Acesso em: 30/05/2017. Fl. 863DF CARF MF Processo nº 35464.002911/200511 Acórdão n.º 9202007.673 CSRFT2 Fl. 6 9 III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós graduação. § 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pósgraduação organizarseão, no que concerne a objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação. (Grifouse) De se esclarecer que o exame aqui empreendido não buscou ampliar a isenção compreendida na alínea “t” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 em detrimento do disposto no art. 111 do CTN, e sim apreender o real alcance da norma. Desse modo, por entender que qualificação e capacitação profissional não se restringem à educação básica, penso que para efetuar o lançamento a autoridade autuante deveria ter comprovado que os curso oferecidos i) não estavam vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa; ii) eram utilizados em substituição a parcela salarial; ou iii) que os planos educacionais não eram extensíveis a todos os empregados e dirigentes. Conforme revelado acima, a despeito da informação contida no Relatório Fiscal, de que o benefício não se encontraria disponível a todos os funcionários da empresa, a decisão atacada foi em sentido contrário. Além do que, o aresto fustigado reconheceu que, “os cursos oferecidos visam propiciar a melhor produtividade dos segurados no seu trabalho na recorrente”, ou seja, estão voltados para sua capacitação ou qualificação profissional para o desenvolvimento de tarefas vinculadas às atividades do sujeito passivo. Em virtude disso, como não há evidências de que os valores despendidos com o plano educacional tinha por objeto substituir parcela de natureza salarial e o cumprimento dos demais critérios foram reconhecidos pelo Colegiado a quo, não vejo como acolher a pretensão recursal. Conclusão Ante o exposto voto por conhecer do Recurso Especial para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 864DF CARF MF
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Numero do processo: 16561.720044/2013-67
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 09/06/2008 a 17/12/2010
LANÇAMENTO. MUDANÇA DE MÉTODO DE AVALIAÇÃO ADUANEIRA. PROVA. AUSÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
A mudança de método de avaliação aduaneira deve estar acompanhada de amostra da pratica de conduta ilícita, descrição, assim como, afirmação descalçada de prova robusta, impossibilita modificar o método adotado pelo contribuinte. Além do que, nos casos de ajuste motivados por diferenças dos níveis comerciais, quantidades ou diminuição do valor das mercadorias, só são aceitos com base em evidência comprovada.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 3302-003.344
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado,
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
Domingos de Sá Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho (relator), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Deroulede, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 09/06/2008 a 17/12/2010 LANÇAMENTO. MUDANÇA DE MÉTODO DE AVALIAÇÃO ADUANEIRA. PROVA. AUSÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. A mudança de método de avaliação aduaneira deve estar acompanhada de amostra da pratica de conduta ilícita, descrição, assim como, afirmação descalçada de prova robusta, impossibilita modificar o método adotado pelo contribuinte. Além do que, nos casos de ajuste motivados por diferenças dos níveis comerciais, quantidades ou diminuição do valor das mercadorias, só são aceitos com base em evidência comprovada. Recurso de Ofício Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, Ricardo Paulo Rosa Presidente. Domingos de Sá Filho Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho (relator), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Deroulede, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 44 /2 01 3- 67 Fl. 1590DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA 2 Relatório Cuidase de Recurso de Ofício por força do art. 34 do Decreto nº 70.235, de março de 1972, e alterações posteriores pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, em razão da exoneração do crédito tributário para o IPI, II, PIS e COFINS, serem superior ao valor de alçada, tomase conhecimento. O crédito tributário exonerado decorre de lançamento em razão de a fiscalização desconsiderar o preço ajustado e pago pelo importador de bebidas ao exportador pelo fato de existir vinculação entre comprador e o vendedor, motivo pelo qual concluiu ser o 2º MÉTODO DE AVALIAÇÃO ser mais realista do que o 1º método, após comparar com os valores pagos por dois importadores, sem declinar a razão ou denominação social. Adoto o relatório da decisão recorrida por bem expressar a verdade dos autos: “Relatório Tratase de impugnação aos autos de infração de fls. 271/1367, constituídos para cobrança do Imposto sobre a Importação, Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público incidente na Importação de Produtos Estrangeiros ou Serviços (PIS/Pasep Importação) e da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior (Cofins Importação), acrescidos da multa de 75% de que trata o art. 44, inc. I, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e dos juros de mora, perfazendo, na data da autuação, o valor de R$ 86.920.154,98 (oitenta e seis milhões, novecentos e vinte mil, cento e cinquenta e quatro reais e noventa e oito centavos). No Termo de Verificação Fiscal de fls. 1368/1405 o autuante historia com detalhes a ação fiscal e expõe os fundamentos para a autuação, que, sinteticamente, podem ser expostos conforme a seguir: tendo em vista a vinculação entre o importador Diageo Brasil Ltda e o exportador Diageo Brands B.V, a Administração, com a finalidade de verificar se o valor de transação poderia ser aceitável para fins aduaneiros, conforme as disposições do parágrafo 2 do artigo 1 do Acordo de Valoração Aduaneira (AVA), solicitou ao importador o fornecimento de explicações adicionais e a apresentação de documentos ou outras provas de que os valores dos bens declarados nas importações, registradas entre os anos de 2008 e 2010, representavam o montante efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas nos termos daquela acordo, ajustado em conformidade com as disposições do seu Artigo 8;durante a ação fiscal, diante da constatação de que a Diageo Brands B.V, ao exportar para importadores nacionais não vinculados, fixava o preço FOB das mercadorias1, em média, 50% acima do valor praticado com a Diageo Brasil Ltda, esta foi intimada a comprovar, nos termos da alínea b do parágrafo 2 do artigo 1 do AVA, que os valores praticados nas suas importações, tendo como fornecedor pessoa Fl. 1591DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 16561.720044/201367 Acórdão n.º 3302003.344 S3C3T2 Fl. 11 3 vinculada, se aproximavam muito de um dos valores critérios dispostos nos incisos i, ii e iii daquele dispositivo, caso em que o valores declarados poderiam ser aceitos com base no primeiro método de valoração; em resposta, a fiscalizada forneceu dados com a pretensão de demonstrar que os valores praticados nas suas importações se aproximavam muito do valor critério definido no inc. ii, da alínea b do parágrafo 2 do artigo 1 do AVA (apresentando Declaração de Valor Aduaneiro –DVA, preenchida de acordo com o 4º método); considerando tecnicamente insatisfatória aquela resposta, uma vez que: “(...) focouse na exposição dos seus valores de importação referentes às Declarações de Importação nº 10/170775664, 10/14959561, 10/15681486, 10/16521520, 08/11058349, preenchendo as planilhas anexas à IN SRF nº 327, de 2003 , não fazendo demonstrar que os valores de transação praticados pelos exportadores dos produtos, exportados para o Brasil, se aproximariam muito do valor aduaneiro de mercadorias idênticas ou similares”, a fiscalização em mais uma intimação solicitou ao importador que fornecesse “uma explanação adicional, incluindo documentos originais ou a outra evidência, de que o valor declarado não sofreu a influência da vinculação no que tange aos valores de transação das mercadorias em tela”; a resposta do contribuinte, dessa vez, focouse na impossibilidade de comparação entre os seus valores de transação e os valores critérios apresentados pela fiscalização, sob os argumentos de que: 1) na condição de distribuidora no Brasil de grandes marcas de bebidas importa volumes substanciais de tais produtos, incomparavelmente superiores aos volumes importados pelos importadores não relacionados/vinculados, fator que por si só já justificaria reduções substanciais de preço na transação e; 2) tem que suportar expressivos gastos com publicidade e propaganda e com logística, armazenagem, distribuição, transporte, registros regulatórios, entre outros, inerentes à atividade comercial, que não são suportados pelos outros importadores não vinculados que vendem diretamente ao consumidor final; quanto ao primeiro argumento, analisando os dados das importações da Diageo Brasil Ltda e as importações de mercadorias idênticas, observase que quase não há sensível variação dos valores de venda praticados em relação ao montante das mercadorias, conforme indicam os gráficos derivados das tabelas em anexo, Figs. 1 a 11. Percebese que mesmo nas quantidades idênticas às importações utilizadas para se determinar o valor critério não há variação significativa do valor unitário no local de embarque (VULE US$/ caixa versus quantidade importada). Este fato, por si só, demonstra que não é cabível a atribuição da divergência entre os valores critérios determinados pela fiscalização e os valores de transação praticados, afirmação do contribuinte, no que se refere ao nível comercial e à quantidade. Fl. 1592DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA 4 Evidenciando que o vendedor/exportador no caso de venda a sua vinculada compradora/importadora não se lastreia em critérios simples e equitativos, condizentes com as práticas comerciais nos procedimentos de valoração, havendo, sim, a afetação dos valores praticados em função da vinculação entre as partes nos termos do AVA; quanto a outra justificativa, só vem a corroborar a tese da fiscalização, pois confirma a oportuna adequação do valor declarado como de transação, praticado entre as partes vinculadas, aos custos e despesas inerentes ao mercado interno do Brasil para obter condições privilegiadas de competir no mercado nacional; “Esta assertiva, por si só, pode ser tomada como uma confissão de que realmente há a influência da vinculação, entre as partes em transação, na composição dos valores de venda das mercadorias exportadas/importadas em face da capacidade das partes em reduzir o valor da transação não devido aos descontos por quantidade, mas, sim, por causa das despesas que incidem sobre a mercadoria posteriormente ao desembaraço aduaneiro, inerentes à atividade comercial exercida. O fato da Diageo Brasil Ltda suportar expressivos gastos com publicidade, propaganda, custos e despesas relativos a logística, armazenagem, distribuição transporte, registros regulatórios permite às partes arbitrariamente compor um valor adequado aos ganhos econômicos planejados para a transação de comércio internacional. Recurso este que não se coaduna com as determinações do AVA na busca do real valor praticado em uma transação de comércio exterior condizente com as práticas do comércio internacional. (...)”; a afirmação do contribuinte do fato das empresas não vinculadas que importam diretamente da Diageo Brands B.V. estarem situadas na Zona Franca de Manaus ou em áreas destinadas a "Duty Free", tendo nessas áreas tratamento tributário diferenciando frente ao tratamento que é aplicável a Diageo Brasil Ltda não procede, uma vez, que como se pode notar das informações obtidas das Declarações de Importação que serviram para a obtenção dos valorescritério os encargos fiscais são idênticos nas condições de desembaraço aduaneiro, estabelecendo critérios similares às da transação entre as partes vinculadas, como se pode deduzir da tabela anexa ao processo; em 21/05/2013, a fiscalização atendendo o exarado no artigo 16 do AVA apresentou ao importador os seus motivos de convicção de que o valor de transação foi afetado pela vinculação entre as partes, demonstrando através de tabelas e gráficos as diferenças de valores praticadas entre o importador vinculado e outros importadores/compradores não vinculados ao exportador, na importação de mercadorias idênticas, provando que o tratamento aplicável aos descontos por quantidades que poderia ser considerado no caso em tela não se aplica ao mesmo em face do exportador/vendedor não possuir tabela ou mesmo a prática deste procedimento comercial aplicado ao seu comprador/importador vinculado, conforme preconiza a Opinião Consultiva 15.1, constante do anexo à Instrução Normativa SRF nº 318/03; Fl. 1593DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 16561.720044/201367 Acórdão n.º 3302003.344 S3C3T2 Fl. 12 5 o contribuinte foi informado de que, na impossibilidade de aplicação do primeiro método, pela constatação da influência da vinculação no valor declarado nas importações, o valor aduaneiro seria apurado com base em método substitutivo ao valor de transação, conforme exara o artigo 2 do Acordo de Valoração Aduaneira, aprovado pelo Decreto Legislativo nº 30, de 1994, e promulgado pelo Decreto nº 1.355, de 1994. A fiscalização informa, ainda, que os valorescritério foram obtidos após apuração de vendas de mercadorias idênticas, com valores de transação previamente aceitos pela administração aduaneira, mercadorias estas iguais em tudo, inclusive nas características físicas, de mesma qualidade e reputação comercial, produzidas no mesmo país e pela mesma pessoa e exportadas no mesmo tempo ou aproximadamente no mesmo tempo que as mercadorias objeto deste rito de valoração aduaneira (figs. 1 a 11 – fls. 1389/1391). Cientificado dos autos de infração em 28/5/132, o interessado apresentou, em 27/6/13, a impugnação de fls. 1422/1476, onde, preliminarmente, alega que ocorreu cerceamento ao direito de defesa, tendo em vista, em resumo, que: 1) as planilhas apresentadas não foram acompanhadas pelos documentos que lhe teriam embasado, como por exemplo, Declaração de Importação, Declaração Cadastral dos Importadores, faturas comerciais e a fiscalização sequer se dignou a informar a razão social (ou seja, o "nome") dos importadores, cujas operações pautaram a exigência; 2) não foi respeitado o rito procedimental previsto na Instrução Normativa SRF nº 327/2003; 3) ocorreu indevida inversão do ônus da prova, não amparada pelas regras do AVA, pois somente quando da emissão do Termo de Fiscalização nº 004, é que lhe foram apresentadas as planilhas que, segundo o fiscal afirma, referemse a importações de produtos idênticos àqueles por ele importados, sem contudo, instruir tais planilhas com os respectivos documentos comprobatórios e sem que tenha sido, em qualquer ocasião, clara e expressamente notificado acerca de quais documentos/informações – entre aqueles que tem condições materiais de obter – deveriam ter sido apresentados à fiscalização. Ainda em sede de preliminar é trazido o argumento sobre a “falta de identidade entre os produtos importados pelo autuado e os objeto de comparação pela d. fiscalização”, alegando o autuado que não é raro que “no canal direto de varejo a que eles se destinam (como o que é exercido pelas importadoras não vinculadas que atuam em lojas francas e na ZFM)” os produtos sejam adquiridos em embalagens diferenciadas e, até mesmo, "temáticas", caracterizadas como edições especiais e que “para fins do AVA, é imprescindível a comparação dos valores de produtos exatamente idênticos, assim entendidos os da mesma espécie, marca e, principalmente, capacidade e forma de Fl. 1594DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA 6 acondicionamento” e que tal como apontou, mas foi ignorado pela fiscalização “para fins de comparação de preços que resultou no presente auto de infração foram utilizados preços de produtos que, considerado o seu acondicionamento e/ou unidades por caixa, não correspondem àqueles importados pelo autuado. Logo, a condição exigida para fins da aludida comparação não foi, por óbvio, preenchida pela d. fiscalização nos autuações combatidas”. No mérito, o impugnante argui, em síntese, que: a comparação entre os valores foi efetuada sem os ajustes de quantidades e de níveis comerciais diferentes, determinados pela regulamentação em vigor; não se pode comparar o preço de venda do exportador para seu distribuidor exclusivo no Brasil, com o preço de venda para exportação praticado pelo mesmo exportador para dois varejistas (supostamente as empresas Dufry e Top International), sem os devidos ajustes do nível comercial dessas operações e das substanciais diferenças nas quantidades. apenas a diferença de volumes de caixas de uísques importados pelo distribuidor (Diageo) e pelos dois estabelecimentos importadores não vinculados, varejistas, é tão brutal, a ponto de, por si só, justificar a necessidade do ajuste de nível comercial; importou no período fiscalizado 1.525.336 (um milhão, quinhentas e vinte e cinco mil e trezentas e trinta e seis) caixas de uísque, enquanto que os dois importadores varejistas importaram em conjunto 43.750 (quarenta e três mil, setecentos e cinquenta) caixas. A diferença é abismal. Ou seja, do total de 1.567.086 de caixas, cerca de 97,21% foi importado pelo autuado e 2,79% pelos importadores não vinculados; se extrai do que dispõe o último parágrafo do item 2 ao Artigo 1 do AVA que para que sejam realizados os necessários ajustes de nível comercial que tornem possível a comparação de valores de importações efetuadas no nível de distribuidor e no nível de varejista, devem ser consideradas as elevadas despesas a que se sujeita o distribuidor para comercialização dos produtos no País; a alegação da fiscalização no sentido de que a fixação de um preço unitário menor, ou seja de um valor de transação inferior, em decorrência de despesas incorridas pelo importador posteriormente ao desembaraço aduaneiro das mercadorias nas atividades de comercialização das mercadorias deve ser tomada como uma confissão no sentido de que a formação do preço efetivamente teria sido influenciada pela vinculação entre as partes é totalmente absurda e não pode e nem deve prevalecer pelo único e simples motivo que tais despesas seriam incorridas da mesma forma, quer seja o distribuidor vinculado ao realizados os necessários ajustes de nível comercial que tornem possível a comparação de valores de importações efetuadas no nível de distribuidor e no nível de varejista, devem ser consideradas as elevadas despesas a que se sujeita o distribuidor para comercialização dos produtos no País; a alegação da fiscalização no sentido de que a fixação de um preço unitário menor, ou seja de um valor de transação inferior, em decorrência de despesas incorridas pelo importador Fl. 1595DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 16561.720044/201367 Acórdão n.º 3302003.344 S3C3T2 Fl. 13 7 posteriormente ao desembaraço aduaneiro das mercadorias nas atividades de comercialização das mercadorias deve ser tomada como uma confissão no sentido de que a formação do preço efetivamente teria sido influenciada pela vinculação entre as partes é totalmente absurda e não pode e nem deve prevalecer pelo único e simples motivo que tais despesas seriam incorridas da mesma forma, quer seja o distribuidor vinculado ao exportador, quer seja o distribuidor independente, não vinculado de qualquer forma ao exportador; o Comentário 9.1, constante do Anexo à Instrução Normativa SRF n° 318/03 “examina o tratamento aplicável aos custos das atividades executadas no país de importação, no contexto do Artigo 1 e da sua Nota Interpretativa”; são exatamente essas despesas incorridas pelo distribuidor após a importação, que caracterizam a diferença de nível comercial que exige um ajuste no valor para que o preço de exportação para o distribuidor possa ser comparado com o preço de exportação para o nível comercial do varejista, que não incorre em tais despesas; exigir que a Diageo adote como valor aduaneiro o mesmo valor adotado nas exportações promovidas aos citados varejistas, além de não encontrar respaldo no AVA, inviabiliza a sua atividade do ponto de vista econômico e de todos os demais comerciantes atacadistas e varejistas que dela adquirem produtos no mercado interno; foram fornecidas todas as informações relacionadas com todo e qualquer pagamento efetuado a qualquer título ao exportador, que pudesse ser considerado direta ou indiretamente como parte de pagamento das exportações efetuadas, sem que se pudesse fazer qualquer reparo ao valor da transação nesse particular. O interessado ainda requer a realização de perícia técnica e protesta “pela posterior juntada de qualquer documento e/ou informação que venha a ser necessário à cabal elucidação dos fatos objeto da presente fiscalização”. Diante do resultado contrário, ciente, tempestivamente, sobreveio o voluntário, onde se reprisa os argumentos tecidos na fase inicial. É o relatório. Voto Conselheiro Domingos de Sá Filho, relator. Tratase de Recurso de Ofício, atende o pressuposto de admissibilidade, visto que, o valor do crédito tributário ultrapassa o valor de alçada, impondo, assim, conhecer. Fl. 1596DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA 8 O debate travado nesses autos se refere aval oração das mercadorias importadas apoiadas tãosó no fato de vinculação entre o importador e a exportação, sem o lastro em prova robusta capaz de demonstrar a existência de influência da vinculação nos preços praticados de compra e venda das mercadorias importadas. Em síntese, inferese da leitura do Termo de Verificação Fiscal, tratarse de acusação de acerto ou ajuste de preço (valor) das mercadorias exportadas/importadas, isto é, redução do valor real da transação, como se vê do trecho aqui transcrito: “Esta assertiva, por si só, pode ser tomada como uma confissão de que realmente há a influência da vinculação, entre as partes em transação, na composição dos valores de venda das mercadorias exportadas/importadas em face da capacidade das partes em reduzir o valor da transação não devido aos descontos por quantidade, mas, sim, por causa das despesas que incidem sobre a mercadoria posteriormente ao desembaraço aduaneiro, inerentes à atividade comercial exercida. O fato da Diageo Brasil Ltda suportar expressivos gastos com publicidade, propaganda, custos e despesas relativos a logística, armazenagem, distribuição transporte, registros regulatórios permite às partes arbitrariamente compor um valor adequado aos ganhos econômicos planejados para a transação de comércio internacional. Recurso este que não se coaduna com as determinações do AVA na busca do real valor praticado em uma transação de comércio exterior condizente com as práticas do comércio internacional.”. Após diversos termos de indagação do Fisco, respondidos pelo contribuinte, concluiu a existência de prática redução de preço, tomando como parâmetro outros importadores da “Diageo Brands B.V, o mesmo que exporta para a empresa Diageo Brasil Ltda., sem declinar o nome dos paradigmas, com isso elaborar planilha apontando desarmonia entre o preço pago pela Diageo Brasil e os hipotéticos importadores. Nas planilhas elaboradas, aponta que as importações das pessoas não vinculadas são superiores aos praticados entre as duas empresas vinculadas. Mesmo de posse de documento fiscal de vendas dos produtos importados (Whisky Jonnie Walker) no mercado interno pela Diageo Brasil, documento que reputo capaz de nortear no sentido de dar condição de avaliar se o preço de venda no mercado interno distância substancialmente do valor pago na compra, considerando as despesas com impostos e publicidade. Só o fato de deixar de declinar o nome das empresas importadoras sem vinculo com exportador, macula o lançamento, como se sabe é ato administrativo, assim sendo, deve obedecer aos ditames legais previsto no Decreto nº 70.235/72. Outro ponto, não há um documento fiscal dos importadores sem vinculo com o exportador capaz de atestar a suspeita da fiscalização, deixando de trazer a baile prova, afirmativa passa ser considerada presunção, o que é inaceitável. Como se sabe, o ônus de provar o vício alegado é sempre de quem alega, prevalecendo como regra geral a de que o ato jurídico celebrado entre exportador e importador encontra no campo da livre manifestação de vontade e, mais importante não se revela conduta contrária a legislação. A leitura do relatório fiscal leva a concluir tratarse de jogo de palavras, se a situação descrita existisse estaria diante de fraude na importação, não basta descrever sem Fl. 1597DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 16561.720044/201367 Acórdão n.º 3302003.344 S3C3T2 Fl. 14 9 juntar amostra do que os fatos narrados aconteceram. É preciso, mas do que a descrição das supostas irregularidades, fazse necessário a reunião documental a justificar os elementos demonstrados nas planilhas de apuração do suposto tributo devido, como é de correntia sabença, cabe a fiscalização e tal incumbência não pode ser transferida a pessoa da autuada. Além do que, com razão o julgador de piso, quando constata falhas na aplicação do segundo método pela fiscalização: “Por seu turno, o autuante, por um lado, afirma em diversos trechos do seu relato que as importações tomadas como paradigma se processaram no mesmo nível comercial das que foram objeto de fiscalização5 e, por outro, procura demonstrar por meio das figuras 12 a 22, que graficamente se assemelham e podem ser exemplificadas pela fig. 13, abaixo reproduzida, que “mesmo considerando as quantidades de produtos em cada importação, a variação de preços entre os valores praticados entre as partes e os valores critério permanece não explicado qualquer elo de significância com nível comercial ou quantidade de mercadorias e mesmo com o fator tempo ou tempo aproximado”: Deixou de observar as regras do AVA a ser aplicadas quando se trata de ajuste por diferenças de nível comercial e de quantidade, matéria tratada pelos artigos 2º e 3º do AVA, bem como, em Notas Interpretativas. “O Artigo 2 e sua Nota assim estabelecem: Artigo 2 1. (a) [...]. (b) Na aplicação deste Artigo será utilizado, para estabelecer o valor aduaneiro, o valor de transação de mercadorias idênticas numa venda no mesmo nível comercial e substancialmente na mesma quantidade das mercadorias objeto de valoração. Inexistindo tal venda, será utilizado o valor de transação de mercadorias idênticas vendidas em um nível comercial diferente ou em quantidade diferente, ajustado para se levar em conta diferenças atribuíveis aos níveis comerciais e/ou às quantidades diferentes, desde que tais ajustes possam ser efetuados com base em evidência comprovada que claramente demonstre que os ajustes são razoáveis e exatos, quer conduzam a um aumento quer a uma diminuição no valor. [...]. Nota ao artigo 2 1. Na aplicação do artigo 2, a administração aduaneira se baseará, sempre que possível, numa venda de mercadorias idênticas efetuadas no mesmo nível comercial e substancialmente nas mesmas quantidades das mercadorias objeto de valoração. Inexistindo tal venda, recorrerseá a uma venda de mercadorias idênticas, efetuada de acordo com qualquer uma das três seguintes: a) uma venda no mesmo nível comercial, mas em quantidades diferentes; b) uma venda em um nível comercial diferente, mas Fl. 1598DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA 10 substancialmente nas mesmas quantidades; ou c) uma venda em um nível comercial diferente e em quantidades diferentes. 2. Existindo uma venda de acordo com qualquer uma dessas três condições, serão feitos ajustes, conforme o caso, para: a) somente fatores relativos à quantidade; b) somente fatores relativos ao nível comercial; ou c) fatores relativos ao nível comercial e à quantidade. 3. A expressão “e/ou” confere flexibilidade para utilizar as vendas e para fazer os ajustes necessários em qualquer uma das três condições descritas acima. 4. Para os fins do artigo 2, entendese por valor de transação de mercadorias importadas idênticas, um valor aduaneiro ajustado conforme as determinações dos parágrafos 1 (b) e 2 deste artigo, e que já tenha sido aceito com base no artigo 1.” Diante da inexistência de evidência capaz de justificar a mudança de método, tenho como inconsistente a constituição do crédito tributário pela ausência de comprovação da situação fática. Sendo assim, nego provimento ao Recurso de ofício. É como voto. Domingos de Sá Filho Fl. 1599DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 12045.000552/2007-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Aug 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/1999 a 28/02/2004
DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º DO CTN. COMPROVAÇÃO DE INÍCIO DE PAGAMENTO.
Tratando-se de tributos sujeitos à homologação e comprovada a ocorrência de antecipação de pagamento, aplica-se, quanto à decadência, a regra do art. 150, § 4 º do CTN. Não constatada a ocorrência de recolhimento, ainda que parcial, incide a regra geral do art. 173, I do CTN, segundo a qual o prazo quinquenal de decadência é contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
ADICIONAL PARA FINANCIAMENTO DA APOSENTADORIA ESPECIAL. DOCUMENTO EXTEMPORÂNEO. LANÇAMENTO POR ARBITRAMENTO.
Havendo apresentação deficitária dos documentos necessários à comprovação do efetivo gerenciamento de riscos no ambiente de trabalho, tal como laudo extemporâneo à competência autuada, deve a autoridade fiscalizadora proceder ao lançamento por arbitramento.
AGENTE NOCIVO RUÍDO. EXPOSIÇÃO ACIMA DO LIMITE DE TOLERÂNCIA DO MTE. CONFIGURAÇÃO DA APOSENTADORIA ESPECIAL.
O STF decidiu no ARE/SC nº 664335, em repercussão geral, que no caso de exposição do trabalhador ao agente nocivo ruído em nível acima do limite de tolerância definido pelo MTE, o uso de EPI eficaz não tem o condão de afastar a configuração da aposentadoria especial.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA.Não há ocorrência de bis in idem por aplicação em duplicidade de multa, quando esta tem fatos geradores diversos: descumprimento da obrigação principal e descumprimento de obrigação acessória, tendo em vista serem obrigações tributárias distintas, e, portanto, passíveis de distintas penalizações.
Numero da decisão: 2202-005.305
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente
(assinado digitalmente)
Ludmila Mara Monteiro de Oliveira - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ludmila Mara Monteiro de Oliveira (Relatora), Leonam Rocha de Medeiros, Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Rorildo Barbosa Correia, Ronnie Soares Anderson (Presidente) e Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado).
Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: LUDMILA MARA MONTEIRO DE OLIVEIRA
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CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º DO CTN. COMPROVAÇÃO DE INÍCIO DE PAGAMENTO. Tratandose de tributos sujeitos à homologação e comprovada a ocorrência de antecipação de pagamento, aplicase, quanto à decadência, a regra do art. 150, § 4 º do CTN. Não constatada a ocorrência de recolhimento, ainda que parcial, incide a regra geral do art. 173, I do CTN, segundo a qual o prazo quinquenal de decadência é contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. ADICIONAL PARA FINANCIAMENTO DA APOSENTADORIA ESPECIAL. DOCUMENTO EXTEMPORÂNEO. LANÇAMENTO POR ARBITRAMENTO. Havendo apresentação deficitária dos documentos necessários à comprovação do efetivo gerenciamento de riscos no ambiente de trabalho, tal como laudo extemporâneo à competência autuada, deve a autoridade fiscalizadora proceder ao lançamento por arbitramento. AGENTE NOCIVO RUÍDO. EXPOSIÇÃO ACIMA DO LIMITE DE TOLERÂNCIA DO MTE. CONFIGURAÇÃO DA APOSENTADORIA ESPECIAL. O STF decidiu no ARE/SC nº 664335, em repercussão geral, que no caso de exposição do trabalhador ao agente nocivo ruído em nível acima do limite de tolerância definido pelo MTE, o uso de EPI eficaz não tem o condão de afastar a configuração da aposentadoria especial. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA.Não há ocorrência de bis in idem por aplicação em duplicidade de multa, quando esta tem fatos geradores diversos: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 04 5. 00 05 52 /2 00 7- 65 Fl. 2524DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.525 2 descumprimento da obrigação principal e descumprimento de obrigação acessória, tendo em vista serem obrigações tributárias distintas, e, portanto, passíveis de distintas penalizações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente (assinado digitalmente) Ludmila Mara Monteiro de Oliveira Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ludmila Mara Monteiro de Oliveira (Relatora), Leonam Rocha de Medeiros, Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Rorildo Barbosa Correia, Ronnie Soares Anderson (Presidente) e Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado). Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por RENOSA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS contra decisão proferida por Auditor Fiscal de Previdência Social vinculado à Delegacia da Receita Federal do Brasil Previdenciária em Cuiabá (MT), que rejeitou a impugnação apresentada para manter a cobrança de R$ 488.899,41 (quatrocentos e oitenta e oito mil, novecentos e noventa e nove reais e quarenta e um centavos), referente à alíquota adicional para aposentadoria especial, acrescida de multa e juros, referente ao período compreendido entre abril de 1999 e fevereiro de 2004. Em síntese, do Relatório da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito, acostado às f. 59/76, extraise o seguinte: Quanto ao Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP): empregados da empresa que rescindiram o contrato de trabalho em 2003 não receberam cópia do documento. Foi, inclusive, lavrado auto de infração por deixar a empresa de elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico. Quanto ao Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA): a empresa apenas identifica os agentes nocivos em seus diversos Grupos Homogêneos de Exposição (GHE), sem atestar, contudo, as prioridades e metas na avaliação e controle dos riscos ambientais reconhecidos no ambiente do trabalho, e sem introduzir metodologias das avaliações. Além disso, i) não há medição do agente ruído para todas as ocorrências; ii) não houve apresentação do PPRA relativo aos anos de 1998 e 1999 e os PPRAs dos anos de 2001 a 2003 são praticamente iguais ao PPRA de 2000; iii) a empresa não atende ao disposto na NR 09, item 9.3.5.4, com relação à adoção de medidas de caráter administrativo/organização do trabalho e da utilização do EPI antes de serem adotadas as medidas de proteção coletiva – EPC.; iv) no reconhecimento dos riscos ambientais, a empresa menciona o agente químico PLURON, utilizando o nome comercial, mas sem identificar o elemento químico, conforme estabelece o item 9.3.3, “a” da NR 09; v) a empresa identifica o agente ruído em alguns GHE, Fl. 2525DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.526 3 mas não os mensura, violando o item 9.3.4 da NR 09; e vi) os PPRAs de 2000 a 2003 não atendem a estrutura mínima preconizada na NR 09. Quanto ao Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO): não houve atendimento ao item 7.4.6.1 da NR 07, o qual prevê que deveria haver a discriminação por setores a empresa, o número e a natureza dos exames médicos, estatísticas de resultados anormais e planejamento para o próximo ano. Ademais, a empresa não apresentou PCMSOs de 1998, 2000 e 2001, tampouco modificou o ambiente de trabalho em função das alterações nos exames audiométricos. Quanto ao Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho (LTCAT): não foram apresentados os laudos referentes aos anos de 1998, 1999, 2000 e 2001. O LTCAT do ano de 2002 carece de conclusão quanto à eliminação ou neutralização do agente ruído em função da adoção das medidas de proteção implementadas. No documento relativo ao ano de 2003 deixou de mencionar se houve alteração nas condições ambientais de trabalho, o que demonstra estar o laudo desatualizado. Quanto às atas de reuniões da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): em sua maioria, se limitam a prestar informações sobre eleições da comissão e treinamentos aos empregados na área de segurança do trabalho, carecendo de análise dos resultados dos programas incluídos em PPRA e PCMSO, de acordo com o disposto na NR5. Quanto aos agentes nocivos constatados: no ambiente de trabalho da empresa foram encontrados: ruído, benzeno e tetracloreto de carbono. Em relação ao ruído, não há avaliação conclusiva acerca da eliminação ou neutralização do agente em função da adoção das medidas de proteção adotadas. Verificase, pois, que a empresa apenas mede o agente, mas não o controla nem avalia seus resultados, o que confirma que não há gerenciamento do risco. Acrescenta a autoridade fiscalizadora que (...) no relatório anual do ano de 2000, constam 11 (onze) casos de perdas auditivas diagnosticadas como sugestivas de PAIRO — perda auditiva induzida de riscos ocupacionais e 8 (oito) casos com predisposição ao PAIRO, todas elas com nexo de causalidade. Quanto ao relatório anual do ano de 2002, foram constatados 38 (trinta e oito) casos relacionados à perda auditiva (com e sem nexo de causalidade), representando aproximadamente 8% do total dos funcionários da empresa. (f. 72) Quanto ao agente nocivo benzeno, foi levantado o crédito correspondente em relação a todos trabalhadores expostos, uma vez que se trata de agente “qualitativo”, cuja nocividade é presumida e independe de mensuração. Quanto ao agente tetracloreto de carbono, esclareceu a autoridade fiscalizadora que, conforme consta no LTCAT de 2002, foi considerada a exposição em valores muito superiores ao limite legal permitido na “Asseguração da Qualidade – ETA (Estação de tratamento de água)”. A utilização deste agente químico não é mencionada nos PPRAs apresentados, embora o laudo indique um funcionário como colaborador na coleta de amostra para análise deste agente. Do lançamento do crédito previdenciário e do direito correspondente ao benefício: além de cobrar o crédito previdenciário devido, a autoridade fiscalizadora ainda outorgou aos trabalhadores implicados o direito à conversão do tempo especial em comum no período de cobertura do ato fiscal. Fl. 2526DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.527 4 Conforme já relatado, o lançamento foi tido como procedente pelo julgador monocrático, pelas razões assim sintetizadas: 9. DA DECADÊNCIA (...) 9.4. Quanto às contribuições previdenciárias, previstas no art. 195 da Constituição da República Federativa do Brasil, aplicase o disposto na Lei n° 8.212/91 — Plano de Custeio da Seguridade Social, a qual regula integralmente a referida espécie de contribuição social. Como já aqui mencionado, o prazo para constituição dos créditos tributários oriundos das contribuições previdenciárias é de dez anos, conforme disposição do art. 45 da mencionada Lei. (...) 10. DAS DEMAIS ALEGAÇÕES SOBRE O LEVANTAMENTO DA ALIQUOTA DO ADICIONAL AO SAT PARA CUSTEIO DA APOSENTADORIA ESPECIAL. (...) 17.7. Enfim, não há como produzir novos documentos, com a finalidade de refletir situações de ambientes de trabalho ocorridas em épocas anteriores (período do lançamento 04/99 a 02/2004), situações estas, que foram atestadas/comprovadas pelos próprios documentos da empresa, apresentadas à época dos trabalhos fiscais, sendo que os mesmos, foram devidamente assinados por profissionais habilitados. Mais uma vez comentando, está perfeitamente correto o procedimento fiscal, quando, concluiu pela insuficiência da comprovação por parte da empresa, do eficaz gerenciamento do ambiente de trabalho, fato que levou ao levantamento do adicional à contribuição social relacionada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais de trabalho, conforme previsto nos arts. 57 e 58 da Lei 8.213/91. 18. Quanto aos Juros alegados nos valores apurados na Notificação Fiscal de Lançamento de Débito. (...) 18.2. Enfim, os Juros aplicados nos valores apurados na presente débito, estão em perfeita consonância com a legislação vigente, todas mencionadas no Relatório de Fundamentos Legais do Débito que faz parte das fls. 42 a 44 do processo. 18.3. Como já aqui comentado, à fiscalização do INSS não assiste o direito de qualquer questionamento à respeito de "lei", mas tão somente, zelar pelo seu cumprimento, sendo o lançamento fiscal um procedimento legal a que a autoridade fiscal está vinculada (f. 24742479). Notificada da decisão, 30/09/2005, apresentou a recorrente recurso voluntário, suscitando, preliminarmente, o reconhecimento da decadência. Quanto ao mérito, argumentou, em apertadíssima síntese, o seguinte: a) não pretendeu formular novos documentos para regularizar situações pretéritas, mas, sim, colacionar à sua defesa documentos que não foram analisados pela autoridade fiscalizadora. Ressalta que o cerne da defesa são as fichas de EPIs, que comprovam Fl. 2527DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.528 5 que apenas em relação a uma minoria de funcionários é devida a contribuição para custeio da aposentadoria especial. b) se os funcionários que estavam expostos a agentes nocivos utilizavam EPIs capazes de eliminálos ou neutralizálos, conforme Certificação de Aprovação em anexo, não há que se falar em pagamento de adicional de insalubridade ou contribuição social para financiamento de aposentadoria especial. No caso em questão, as fichas de EPI e os Certificados de Aprovação dos equipamentos permitem identificar quais os funcionários de fato estavam expostos aos agentes nocivos. c) se os auditores fiscais tivessem considerado a utilização dos EPIs em sua análise, certamente não haveria ocorrido o enquadramento do número de funcionários constantes da NFLD. d) confrontando o nível de ruído a que os funcionários estavam expostos segundo os laudos elaborados pela empresa terceirizada, com o tipo de EPI utilizado pelos funcionários, temse que houve eliminação e/ou redução dos riscos a níveis abaixo do limite de tolerância. e) os funcionários enquadrados no “Setor de Equipamentos e Serviços – Oficina” exercem suas funções externamente, conforme atesta o Programa de Cargos e Salários acostado aos autos, motivo pelo qual não estavam expostos ao agente nocivo ruído. f) no “Setor de Produção – Linha Mista”, a sala de envase, onde é constatada a presença do agente nocivo ruído, é isolada. Afirma que, conforme relatório anexo aos autos, os inspetores de garrafas trabalhavam dentro da sala de envase apenas em dias em que a produção da linha de vidro está sendo realizada, não em tempo permanente, e sempre utilizando EPIs, que eliminam os agentes nocivos. Nos demais dias, trabalham fora da sala, onde o ruído é consideravelmente menor. g) os operadores da rotuladora e os trabalhadores lotados no setor de supervisão de garrafas não estão sujeitos aos níveis de ruído, conforme relatório e fotos anexos aos autos. h) a funcionária Joseane S. Oliveira, do Setor de Produção – Linha Pet, não labora na sala de enchimento, não estando, portanto, exposta ao agente nocivo ruído. i) os funcionários lotados no “Setor de Operações – Manobristas” não estão expostos a ruído ou qualquer outro agente nocivo, uma vez que exercem função no pátio da empresa, onde não há equipamento causador de ruídos, conforme demonstrado por foto retirada do local e anexada aos autos. j) segundo o relatório elaborado pelo engenheiro e pelos técnicos de segurança do trabalho, dos 215 (duzentos e quinze) funcionários enquadrados pela autoridade fiscalizadora, apenas 17 (dezessete) ficariam enquadrados como expostos ao agente nocivo ruído. Quanto ao agente nocivo benzeno, afirmou que este deixou de ser usado pela empresa em 2002, conforme comprovado pelo laudo técnico do referido ano. k) como a empresa manteve os mesmos maquinários, deve ser considerado o Relatório Técnico de Condições dos Ambientes de Trabalho elaborado em 2004. l) segundo laudo elaborado pelo médico da empresa, não foram identificados todos os casos de Perda Auditiva Induzida pelo Ruído Ocupacional (PAIRO) mencionados pela autoridade fiscalizadora. m) a não apresentação dos documentos segundo as formalidades legais já ensejou a cobrança de multa, motivo pelo qual a presente NFLD ensejaria bis in idem. Fl. 2528DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.529 6 n) deve recolher a contribuição previdenciária em consonância com a realidade fática – isto é, apenas para os funcionários que estavam, de fato, expostos aos agentes nocivos acima do permissivo legal. Registro, por oportuno, não ter a recorrente renovado sua irresignação quanto à impossibilidade de incidência de juros e multa até a constituição definitiva do crédito tributário, bem como no tocante à suposta inconstitucionalidade da aplicação da taxa SELIC. Tampouco teceu quaisquer considerações sobre os funcionários expostos ao tetracloreto, razão pela qual permanece a autuação incólume neste tocante. É o relatório. Voto Conselheira Ludmila Mara Monteiro de Oliveira – Relatora Conheço do recurso, presentes os pressupostos de admissibilidade. I – PRELIMINAR: DA DECADÊNCIA Consabido ter a Súmula Vinculante de nº 8 declarado inconstitucional os arts. 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que tratavam da prescrição e decadência decenal. Além disso, sob a sistemática dos recursos repetitivos, o col. Superior Tribunal de Justiça firmou, no bojo do RESP nº 973.333/SC, o entendimento segundo o qual o prazo de 5 (cinco) anos para constituição do crédito tributário começa a correr no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado “nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito”. Da atenta leitura do referido precedente daquela Corte Superior, tirante de dúvidas que, havendo adiantamento de pagamento, ainda que parcial, deverá ser adotada regra prevista no §4º do art. 150 do Digesto Tributário. Assim, constatado o princípio de pagamento, deve ser aplicado o regramento previsto no art. 150, § 4º do CTN. Esse entendimento encontra se, inclusive, sumulado no âmbito deste Conselho. Confirase: Súmula nº 99 – Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Fixadas essas premissas, mister aplicálas ao caso sob escrutínio. A NFLD em debate tem como objeto a cobrança de contribuição social previdenciária adicional para custeio da aposentadoria especial. Não há dos autos, contudo, quaisquer indicativos de que a recorrente tenha antecipado, ainda que parcialmente, o pagamento da contribuição discutida no presente processo. Segundo consta do relatório de fiscalização: Fl. 2529DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.530 7 Esta auditoria se depara frontalmente com um documento tributárioprevidenciário — GFIP — que não paga a aposentadoria especial a nenhum trabalhador por conseguinte não habilita o CNIS para tal concessão. Na GFIP apresentada pela empresa declara no campo ocorrência: "0" (em branco), empregado não exposto a agentes nocivos e alguns empregados declara no campo ocorrência: "1", indicando que houve exposição a agentes nocivos e que hoje não mais estão sujeitos a tais agentes. O item "1" foi informado na GFIP sem nenhum critério, não sabendo informar porque tais empregados possuem essa informação (f. 73, sublinhas deste voto). Corrobora a narrativa da autoridade fiscalizadora os dados constantes do Discriminativo Analítico de Débito (f. 515), que demonstra que nenhum valor fora recolhido. Por conseguinte, aplicase ao caso a regra geral do art. 173, I, CTN, segundo a qual o prazo decadencial quinquenal anos contase “do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado” (cf. consta, também, da Súmula CARF nº 101). Nesse sentido, os créditos relativos à competência de 04/99 só decairiam em 31/12/2004. Como a recorrente foi cientificada em 13/12/2004 (f. 2), nenhuma parte dos créditos foi atingida pela decadência. Rejeito, portanto, a preliminar suscitada. II – MÉRITO II.1 – DO GERENCIAMENTO DOS RISCOS AMBIENTAIS Os lançamentos referemse, como visto, à contribuição social destinada ao financiamento do benefício de aposentadoria especial, previsto nos artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/91 (art. 22, II, Lei 8.212/91). Conforme consta do relatório fiscal, a empresa foi intimada a apresentar os documentos necessários à comprovação da existência ou não de riscos ambientais em níveis ou concentrações que prejudiquem a saúde ou integridade física dos trabalhadores. Da análise dos documentos apresentados pela empresa, a autoridade fiscalizadora concluiu que a empresa deixou de comprovar o eficaz gerenciamento dos riscos ocupacionais existentes e, por fim, de dar cumprimento às normas de saúde e segurança do trabalho, de acordo com a legislação de regência. Em suas razões, a recorrente alega que os documentos apresentados à fiscalização foram, em grande parte, produzidos por empresa terceirizada. Reconhece que tais documentos estavam sendo elaborados sem atender às formalidades legais e que apresentavam informações distorcidas. Afirma, contudo, que as informações ali contidas não são compatíveis com a realidade. Argumenta não ter a fiscalização levado em consideração as fichas de EPIs dos funcionários e seus certificados de avaliação, que demonstram que houve eliminação e/ou redução dos riscos a níveis abaixo do limite de tolerância. Acrescenta que o laudo elaborado pelo engenheiro de segurança do trabalho da empresa demonstra exatamente quais funcionários estavam efetivamente expostos a agentes nocivos acima dos níveis de tolerância, considerados os EPIs fornecidos. Apesar de tal documento ter sido elaborado em 2004, diz que deve ser considerado na análise, uma vez que não houve alterações no ambiente de trabalho da empresa. Fl. 2530DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.531 8 Para melhor desate da querela, há de ser feita a análise em apartado de cada um dos agentes nocivos identificados pela autoridade fiscalizadora, levandose em consideração os setores nos quais se encontram presentes e as respectivas medidas de proteção implementadas pela ora recorrente. A Ruído Segundo o recorrente, o laudo acostado aos autos não promoveu nova quantificação dos agentes nocivos, apenas “apontou o nível de ruído em que estavam submetidos os funcionários, segundo os documentos analisados pelos auditores, considerando o tipo de EPI utilizado e sua atenuação” (f. 2493). Acrescenta ainda que “os próprios fiscais poderiam ter realizado este cotejo entre os dados apresentados, e certamente teriam constatado que apenas uma minoria dos funcionários estava exposta aos agentes nocivos” (f. 2493). Compulsando o “Relatório Técnico das Condições dos Ambientes do Trabalho”, contudo, observase que houve, sim, nova medição do agente ruído: 1. Fundamentação Legal e Metodologia (...) Os agentes geradores de riscos ocupacionais que necessitaram de análise quantitativa foram o Ruído Continuo. Para tanto, utilizamos a seguinte aparelhagem: Dosímetro marca SIMPSON, 110 Modelo 897, calibrado antes da avaliação em 94 dBs e 140 dBs utilizandose do calibrador acústico marca SIMPSON, Modelo 8872, e Monitor Portátil de Stress Térmico marca INSTRUTHERM, modelo TGD — 200 (f. 350). Analisandose o quadro de “Avaliações Quantitativas” do relatório (f. 353), observase que os níveis de ruído não correspondem àqueles previstos nos PPRAs. Apenas a título de exemplo, observase que, no setor “Caldeira”, consta que o nível de ruído é inferior ao limite legal de 85 dB. Todavia, avaliandose os PPRAs de 2000 e 2003, acostados aos autos pela autoridade fiscalizadora, notase que, no mesmo setor, averiguouse o nível de ruído de 90,8 dB (f. 103 e 130). Registro não ser possível levar em consideração os valores apurados em 2004, uma vez que, em que pese as alegações do recorrente, não há, nos autos, quaisquer provas de que o ambiente de trabalho da empresa mantevese inalterado desde 1999. Sendo assim, o relatório anexado aos autos não faz prova da situação do ambiente do trabalho no período autuado, eis que anterior ao de sua elaboração. A recorrente acostou aos autos, ainda, “Relatório de todos os funcionários enquadrados pelo INSS identificando o nível de ruído alteração e exposição real” (f. 2150 2167). Neste, há uma relação dos funcionários de cada setor indicado, o nível de ruído a que o funcionário estava exposto, segundo os documentos apresentados originariamente à fiscalização, o tipo de EPI utilizado e a sua atenuação. Setor: Transporte – Rampa de Lavagem Em relação ao setor em questão, tomando por base o nível de ruído constante dos documentos originalmente apresentados à fiscalização, concluiuse que todos os trabalhadores estariam expostos a um nível de ruído superior àquele autorizado pela lei, mesmo Fl. 2531DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.532 9 levando em consideração a atenuação provocada pelos EPIs. O laudo, contudo, faz a seguinte observação: (...) Esse nível de ruído apresentado pelo PPRA de 2000, não retrata a realidade, visto que esse valor só se verificou em momentos de pico, não uma dosimetria de um dia de trabalho. Medido no ano de 2004, com dosímetro que atendem a legislação, o valor encontrado é de 85,5 dB, sendo que os protetores auditivos individuais atenuam em 17dB, resultando em uma exposição à 68,5 dB, que se configura bem abaixo do limite de tolerância que é de 85 dB (f. 2151). Há de se ter em vista, contudo, que, conforme já esclarecido, não há motivos para se utilizar os dados colhidos em 2004 como representativos do ambiente de trabalho dos anos anteriores, especialmente quando não há provas concretas de que não houve alterações no ambiente de trabalho da empresa. Sendo assim, deve manterse o enquadramento de todos os funcionários lotados no setor em questão. Setores de: “Manutenção Industrial – Elétrica” e “Manutenção Industrial – Mecânica” Em relação aos setores em questão, o laudo aponta que, em que pese o nível de ruído identificado nos documentos analisados pela fiscalização superar o limite legal, era comprovadamente reduzido para abaixo dos limites de tolerância em razão da utilização dos EPIs. Em relação a todos os setores indicados consta a seguinte nota: Todos os funcionários deste setor tem (sic) comprovadamente redução do risco a níveis abaixo do limite de tolerância, de acordo com o resultado de exposição real depois de aplicada atenuação do EPI, que tem a sua entre comprovada pelos recibos anexos (f. 2152 e 2153). Observase, pois, que o laudo retira os funcionários do enquadramento procedido pela fiscalização sob o argumento de que foram fornecidos EPIs, o que seria comprovado pelos recibos anexos aos autos. Todavia, em que pese haver, efetivamente, a comprovação de fornecimento dos EPIs, não há provas de que estes eram utilizados de maneira adequada no período fiscalizado e de que, portanto, mantinham os trabalhadores em segurança. O verbete sumular de nº 289 do TST pode ser aplicado, “mutatis mutandis”, à querela ora sob escrutínio: O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade, cabendolhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, dentre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado. Repiso que, embora tenham sido distribuídos EPIs, não houve demonstração de que, no período alvo da fiscalização, estes eram devidamente empregados e que promoviam a atenuação do ruído descrita no relatório de f. 21502167 – produzido extemporaneamente, frisese. Em verdade, no bojo do ARE/SC nº 664335, o Tribunal Pleno do exc. Supremo Tribunal Federal firmou a tese de que Fl. 2532DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.533 10 na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. Isto porque, no que tange ao agente nocivo ruído, a eficácia dos EPIs não descaracteriza o tempo de serviço especial para fins de aposentadoria, uma vez que os prejuízos ao organismo humano não se restringem à eventual perda auditiva e que não é possível garantir a plena eficácia dos EPIs. Assim sendo, deve manterse o enquadramento de todos os funcionários lotados no setor. Setor de: Produção – Sopro Sob; Em relação ao setor em questão, o laudo aponta que, em que pese o nível de ruído identificado nos documentos analisados pela fiscalização superar o limite legal, era comprovadamente reduzido para abaixo dos limites de tolerância em razão da utilização dos EPIs. O engenheiro de segurança anota estarem os “[f]uncionários com proteção adequada, atenuando o risco de ruído abaixo do nível de tolerância.”(f. 2155) Há de se ter em vista, contudo, que, assim como esclarecido, a mera comprovação da distribuição de EPIs não é suficiente para demonstrar que, no período fiscalizado, esses eram utilizados de forma adequada e promoviam a atenuação do agente ruído conforme informado pelo relatório. Assim sendo, deve manterse o enquadramento de todos os funcionários lotados no setor. Setores de Produção – Sopro – Despaletizadora 2000; Setor: Produção: Sopro Paletizadora 600; Setor: Produção – Lata; Operações Em relação a tais setores, o laudo aponta que o nível de ruído era mantido dentro dos limites legais pela utilização de EPIs. O engenheiro, responsável pela segurança, atestou que os funcionários que trabalharam nesta função “utilizam equipamentos de proteção individual, que atenuam com eficácia o risco ruído. A comprovação da eficácia se comprova pela não apresentação de resultados positivos para exames de perda auditiva.” (f. 2156, 2157, 21632164) Repiso: a mera distribuição de EPIs não é suficiente para afastar a necessidade de pagamento do adicional para custeio da aposentadoria especial, devendo haver comprovação, ainda, de que estes eram efetiva e devidamente utilizados pelos trabalhadores. Esta comprovação, contudo, não consta dos documentos apresentados originalmente apresentados à fiscalização. Certo é que o relatório produzido extemporaneamente não pode fazer prova de que, nos anos precedentes, havia a correta utilização dos equipamentos, a fim de manter os agentes nocivos dentro dos limites de tolerância legais. Importante destacar, ainda, que, o simples fato de não haver sido detectada perda auditiva não é suficiente para afastar o pagamento do adicional para a aposentadoria especial. Assim prevê a Instrução Normativa RFB nº 971: Art. 292. O exercício de atividade em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física do trabalhador, com exposição a agentes nocivos de modo permanente, nãoocasional nem intermitente, conforme disposto no art. 57 da Lei nº 8.213, Fl. 2533DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.534 11 de 1991, é fato gerador de contribuição social previdenciária adicional para custeio da aposentadoria especial. Observase, pois, que o que dá direito à aposentadoria especial é a exposição permanente a agentes nocivos, não a constatação de doença resultante dessa exposição. Sendo assim, o fato de não haver resultado positivo para perda auditiva não é suficiente para afastar a cobrança do adicional para custeio do benefício, motivo pelo qual entendo que o lançamento deve ser manter incólume em relação aos setores tratados nesse tópico. Setor: Asseguração da Qualidade – Laboratório Em relação a tal setor, o laudo aponta que o nível de ruído era mantido dentro dos limites legais pela utilização de EPIs. Eis a nota do engenheiro responsável pela segurança: Os funcionários que trabalham nesta função utilizam equipamentos de proteção individual, que atenuam com eficácia o risco de ruído. A comprovação da eficácia se comprova pela apresentação de apenas 1 (um) resultado positivo para exames de perda auditiva (f. 2163). Todavia, conforme já exaustivamente explanado, não houve comprovação de que, no período fiscalizado, houve a devida utilização dos EPIs. Ademais, a existência, ou não, de exames com diagnóstico de perda auditiva não é fator decisivo para a concessão da aposentadoria especial, cujo fato gerador é a exposição permanente dos funcionários a agentes nocivos acima dos limites de tolerância legal. Sendo assim, tal fato não tem o condão de afastar o pagamento do adicional de custeio para o benefício. Setor: Produção Linha PET Em relação ao setor em questão, o relatório indica que, com a utilização dos EPIs, os níveis de ruído eram mantidos dentro dos limites de tolerância previstos em Lei. Há apenas um trabalhador que estaria exposto a nível de ruído superior a 85 dB, mesmo com a utilização do EPI. Importante salientar, contudo, que só houve comprovação de entrega dos EPIs, mas não de sua efetiva e adequada utilização no período fiscalizado, motivo pelo qual deve ser mantido o enquadramento em relação a todos os funcionários. Fazse necessário, contudo, fazer uma pequena ressalva. Segundo o laudo, os funcionários Joseane S. Oliveira e Manoel Benedito Campos (...) não trabalham na sala de enchimento, que apresenta o nível de ruído de 97,1 dB. Nos setores onde trabalham estes funcionários, o nível de ruído medido encontrase abaixo de 85 dB. Portanto, não devem ser enquadrados como operadores que trabalham dentro da sala de enchimento. (f. 2158) O relatório não indica – e a recorrente tampouco comprova – em qual setor laboram tais funcionários e qual o nível de ruído aí apurado. Sendo assim, por ausência de provas, não há como excluílos do enquadramento. Setor: Linha Mista Fl. 2534DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.535 12 Em relação ao setor em questão, o relatório indica que, com a utilização dos EPIs, os níveis de ruído eram mantidos dentro dos limites de tolerância previstos em Lei. Há apenas 8 (oito) trabalhadores que estariam expostos a nível de ruído superior a 85 dB, mesmo com a utilização do EPI. Importante salientar, contudo, que só houve comprovação de entrega dos EPIs, mas não de sua efetiva e adequada utilização no período fiscalizado, motivo pelo qual deve ser mantido o enquadramento em relação a todos os funcionários. Consta do relatório, contudo, a seguinte observação: Todos os funcionários foram enquadrados como trabalhando no mesmo setor, dentro da sala de envaze, portanto expostos ao nível de ruído único, o que não configura realidade. O nível de ruído apresentado apresentase somente dentro da sala de envaze. Os inspetores de garrafas, trabalham dentro da sala apenas nos dias em que a produção da linha de vidro está sendo realizada. Nos dias em que a produção é pet, os inspetores de garrafa trabalham fora da sala, onde o nível de ruído é bem menor. A rotuladora também encontrase fora da sala, portanto os funcionários operadores da rotuladora, não estão expostos a este nível de ruído. O setor de supervisório também encontrase fora da sala de envaze, portanto não estão expostos ao ruído indicado. A maior parte dos funcionários utilizaremse de EPIs que evidentemente atenuavam o risco ruído a níveis abaixo do limite de tolerância exigido pela lei previdenciária. (f. 2161) Quanto aos inspetores de garrafa, notase que não houve indicação de quantos dias trabalham dentro da sala de envaze, tampouco qual é o nível de ruído no local onde trabalham quando não estão aí. Ademais, analisandose o “Relatório Técnico das Condições de Ambientes de Trabalho” (f. 353), que promoveu nova avaliação do agente nocivo ruído, observase que foi indicado para os inspetores de garrafa o nível de 91,0 dB, o qual também é superior ao limite legal. Sendo assim, como não houve comprovação quanto à efetividade dos EPIs no período fiscalizado, deve ser mantido o enquadramento de todos os inspetores de garrafas. Quanto aos operadores da rotuladora, também não há indicação do ruído ao qual estão expostos. Analisandose o “Relatório Técnico das Condições de Ambientes de Trabalho” (f. 353), observase que foi indicado para o setor “Rotuladora – PET” o nível de ruído de 93,9 dB, o qual também é superior ao limite legal. Sendo assim, não havendo comprovação quanto à efetividade dos EPIs no período fiscalizado, deve ser mantido o enquadramento de todos os operadores de rotuladora. Quanto ao setor de supervisório, alegase que funciona fora da sala de envaze e, portanto, está sujeito a nível de ruído menor. Observase que há um único operador de Supervisório, Nelci Zukovski. Como o próprio relatório aduz que todos os funcionários do setor “linha mista” foram enquadrados pela autoridade fiscalizadora como se expostos ao mesmo nível de ruído, temse que o nível “< 85 dB” indicado no quadro para Nelci Zukovski (f. 2159) foi apurado em 2004. Não havendo provas de que o funcionário era exposto a esse nível de ruído no período abrangido pela NFLD, uma vez que os documentos apresentados originalmente à fiscalização não faziam distinção entre os trabalhadores do setor, não se pode excluir o funcionário do enquadramento. Setor: Operações – Manobrista Fl. 2535DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.536 13 Quanto ao setor, a recorrente afirma que “em nenhum momento estes laboraram expostos a ruído ou qualquer outro agente nocivo, uma vez que exercem sua função no pátio da empresa, onde não há equipamento causador de ruídos, como pode ser demonstrado pela foto tirada do local” (f. 2497). Em sentido convergente estão os PPRAs avaliados, que não indicam a exposição de ruído para função de manobrista. Conforme consta do relatório fiscal, às f. 72, sequer houve lançamento em relação ao setor de “Operações – Manobristas”. Sendo assim, claro falecer a recorrente de interesse recursal. B – Benzeno A recorrente alega que os “03 (três) funcionários que exerciam a função de Técnico no Laboratório de Tratamento de água da empresa notificada foram enquadrados, no entanto, o Benzeno deixou de ser utilizado pela empresa desde 2002, como faz provas o laudo técnico de 2002” (f. 2500). No mesmo sentido prevê o “Relatório Técnico das Condições de Ambientes de Trabalho”, segundo o qual o “[b]enzeno deixou de ser utilizado em nossa empresa como comprovam o laudo de 2002” (f. 55). Todavia, não há indicação em qual laudo estaria a comprovação de informação. Analisando o LTCAT de 2002, observase que há apenas a indicação de presença de benzeno no ambiente de trabalho e a seguinte observação: “todas as atividades que envolvem o manuseio de Benzeno é considerada INSALUBRE (...)” (f. 154). Nas conclusões do LTCAT, consta o seguinte: Com relação aos colaboradores expostos ao BENZENO, por se tratar de produto nocivo a saúde, independente da quantidade de manuseio, somos de parecer pelo pagamento de INSALUBRIDADE, no grau máximo 40% sobre o salário mínimo ou em acordo com possível Convenção Coletiva de Trabalho. (f. 158). Ademais, verificase que, no PPRA de 2003, há a indicação da presença do agente nocivo benzeno na UG “Asseguração Qualidade” – cf. f. 110 e 111. Sendo assim, não há qualquer comprovação nos autos de que a empresa deixou de usar benzeno a partir de 2002, motivo pelo qual não deve haver alterações no lançamento. II.2 – DOS CASOS DE PERDA AUDITIVA INDUZIDA PELO RUÍDO OCUPACIONAL (PAIRO) A recorrente narra que as autoridades de fiscalização (...) atestam que a empresa apenas mede o agente, mas não controla e não avalia seus resultados, não havendo gerenciamento desse risco, sendo que no relatório do ano de 2000, constam 11 (onze) casos de perdas auditivas diagnosticadas como sugestivas de PAIRO — Perda Auditiva Induzida de Riscos Ocupacionais e 8 (oito) casos com predisposição ao PAIRO, com nexo de causalidade, bem como o relatório anual do ano de 2002, foram constatados 38 (trinta e oito) casos relacionados à perda auditiva, com e sem nexo de causalidade, representando aproximadamente 8% do total dos funcionários da empresa. Ocorre que conforme falado alhures Fl. 2536DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.537 14 essa documentação analisada pelos auditores não representa a veracidade dos fatos, uma vez que o Laudo em anexo elaborado pelo Médico da empresa notificada, acentua que ao efetivar os exames periódicos não foram identificados todos os casos apontados (f. 2499/2500; sublinhas deste voto) O laudo, ao qual faz alude a recorrente, assinado pelo médico do trabalho da empresa, datado de 02/12/2004, atesta o seguinte: Existe um relatório anual da empresa prestadora de serviços na área de saúde, SESI, que afirma existirem na empresa 11 casos de colaboradores portadores de PAIR. Estes colaboradores não foram nominados. Ao realizarmos este ano os exames periódicos não conseguimos identificar todos esses casos. (...) Mas se levarmos em consideração os dados atuais, temse que apesar de alguns setores apresentarem níveis de pressão sonora elevados, não temos um número significativo de casos de PAIRO na empresa, o que atesta algumas constatações pertinentes: a proteção individual está sendo efetiva e concretamente praticada; os protetores são eficazes para estes níveis de pressão sonora; o tempo de permanência destes funcionários na empresa, em locais de fonte de pressão sonora elevada, é de uma rotatividade considerável, sendo este tempo insuficiente para desencadear as perdas auditivas; há um predomínio de funcionários com idade baixa, na faixa dos 20 aos 30 anos, e que ainda não desenvolveram quadros de perda auditiva; ainda em decorrência dessa idade, não sofreram as repercussões desses níveis de pressão sonora, nem clínica nem audiometricamente (f. 2171, sublinhas deste voto). Conforme já frisado à exaustão, os diagnósticos de perda auditiva são dispensáveis à concessão da aposentadoria especial, cujo fato gerador é, simplesmente, a exposição permanente a agente nocivo acima dos limites de tolerância previstos em lei. Quanto à alegação de que a proteção individual está sendo efetiva e concretamente praticada, diz respeito ao momento de elaboração do laudo, ou seja, 2004. Não se pode presumir que, nos anos precedentes, tais equipamentos vinham sendo utilizados adequadamente, a fim de garantir a segurança dos trabalhadores. II.3 – DO LANÇAMENTO POR ARBITRAMENTO E DO INDIGITADO “BIS IN IDEM” A recorrente alega que o lançamento efetuado pela autoridade fiscalizadora não condiz com a realidade e que não levou em consideração as fichas e EPIs e seus certificados de medição. Há de se ter em vista, contudo, que a fiscalização agiu em plena consonância com a Lei, uma vez que, em caso de apresentação deficiente de documentos, é autorizado o lançamento por arbitramento. O conteúdo do art. 387 da Instrução Normativa/SRP nº 03/05, art. 387 foi reproduzido no art. 296 da novel Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, que assim dispõe: Fl. 2537DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.538 15 Art. 296. A contribuição adicional de que trata o art. 292, será lançada por arbitramento, com fundamento legal previsto no § 3º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991, combinado com o art. 233 do RPS, quando for constatada uma das seguintes ocorrências: I a falta do PPRA, PGR, PCMAT, LTCAT ou PPP, quando exigíveis, observado o disposto no inciso V do art. 291; II a incompatibilidade entre os documentos referidos no inciso I; III a incoerência entre os documentos do inciso I e os emitidos com base na legislação trabalhista ou outros documentos emitidos pela empresa prestadora de serviços, pela tomadora de serviços, pelo INSS ou pela RFB. Parágrafo único. Nas situações descritas neste artigo, caberá à empresa o ônus da prova em contrário (sublinhas deste voto). O supramencionado dispositivo retira seu fundamento legal do art. 33, § 3º da Lei nº 8.812/91. Confirase: Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (...) § 3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida (sublinhas deste voto). No mesmo sentido é a previsão do art. 233 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999: Art. 233. Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita Federal podem, sem prejuízo da penalidade cabível nas esferas de sua competência, lançar de ofício importância que reputarem devida, cabendo à empresa, ao empregador doméstico ou ao segurado o ônus da prova em contrário. Parágrafo único. Considerase deficiente o documento ou informação apresentada que não preencha as formalidades legais, bem como aquele que contenha informação diversa da realidade, ou, ainda, que omita informação verdadeira. Constatase, pois, que, ante a apresentação deficiente dos documentos relativos ao gerenciamento de riscos, pode a autoridade fiscalizadora proceder ao lançamento por arbitramento, cabendo ao contribuinte o ônus de apresentar elementos de prova aptos a elidir a pretensão fiscal. Tal é o entendimento deste Conselho, senão, vejase: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 30/06/2015 Fl. 2538DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.539 16 LANÇAMENTO FISCAL. ADICIONAL PARA CUSTEIO DE APOSENTADORIA ESPECIAL. A existência de segurados que prestam serviço em condições especiais e prejudiciais à saúde ou à integridade física obriga a empresa ao recolhimento do adicional para financiamento do benefício, nos termos do art. 57, § 6o, da Lei nº 8.213/91 c/c art. 22, inciso II, da Lei nº 8.212/91. (...) CONTRIBUIÇÃO. ARBITRAMENTO. INCOMPATIBILIDADE ENTRE DOCUMENTOS. A contribuição adicional ao GILRAT será lançada por arbitramento quando for constatada a incompatibilidade entre PPRA, PGR, PCMAT, LTCAT ou PPP (Processo nº 11634.720240/201660, Acórdão nº 2201004.466 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Sessão de 08 de maio de 2018). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2009 a 31/12/2011 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO. A recusa ou apresentação deficiente de documentos à fiscalização enseja o lançamento de ofício por arbitramento, cabendo à autuada o ônus de apresentar elementos impeditivos, extintivos ou modificativos do direito do fisco de constituir o crédito tributário (Processo nº 16682.720575/201464, Acórdão nº 2201004.405 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Sessão de 03 de abril de 2018). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2005 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ADICIONAL PARA FINANCIAMENTO DA APOSENTADORIA ESPECIAL. É devia contribuição a título de adicional ao SAT, para o financiamento dos benefícios concedidos em razão da exposição dos trabalhador a agente nocivo decorrente de riscos ambientais, a ser pago pelas empresas que possuem segurados em condições especiais que prejudiquem a saúde e a integridade física. ARBITRAMENTO. BASE DE CÁLCULO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. PREVISÃO LEGAL A lei prevê o arbitramento da base de cálculo das contribuições quando ocorrer a apresentação deficiente de documento, invertendose o ônus da prova (Processo nº 17883.000208/201013, Acórdão nº 2202004.366 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, Sessão de 08 de maio de 2018). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2001 ADICIONAL PARA CUSTEIO DE APOSENTADORIA ESPECIAL. AFERIÇÃO INDIRETA. A empresa deve demonstrar, por meio dos documentos exigidos por lei, relativos aos riscos ambientais do trabalho, os segurados Fl. 2539DF CARF MF Processo nº 12045.000552/200765 Acórdão n.º 2202005.305 S2C2T2 Fl. 2.540 17 expostos a agentes nocivos. A falta de apresentação desses documentos na forma exigida por lei, autoriza o lançamento por aferição indireta, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário (...) (Processo nº 35387.000566/200541, Acórdão nº 2202004.374 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, Sessão de 08 de maio de 2018). Caberia à recorrente comprovar que realizava o efetivo gerenciamento dos riscos no período abrangido pela fiscalização. Só logrou comprovar, contudo, que fornecia EPIs aos seus empregados, o que, por si só, não afasta a cobrança do adicional para custeio da aposentadoria especial. Frisese, por imprescindível, que os relatórios produzidos em 2004 não fazem prova quanto à situação do ambiente de trabalho da empresa nos anos precedentes. Por fim, descabida a alegação de que a autoridade fiscalizadora incorreu “bis in idem”, uma vez que a multa cobrada pelo descumprimento de obrigação acessória não se confunde com a exigência da obrigação principal, que não tem caráter punitivo. III – CONCLUSÃO Ante o exposto, nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ludmila Mara Monteiro de Oliveira Fl. 2540DF CARF MF
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