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Numero do processo: 11817.000170/2002-86
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Sat Feb 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 15/08/1997, 19/12/1997, 23/01/1998, 19/02/1998, 17/04/1998, 16/06/1998, 02/09/1998, 30/12/1998, 01/10/1999, 11/01/2000
COMUTADOR DE PACOTE DE DADOS. SWITCH.
Dispositivo denominado hub-switch ou, simplesmente, switch, com a função de tratamento eletrônico dos dados que chegam ao distribuidor da conexão, monitorando e selecionando o destinatário de cada pacote (frame), classifica-se na NCM 8471.80.19. RG 1 e RGC 1.
Numero da decisão: 9303-006.141
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Tatiana Midori Migiyama, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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SWITCH. Dispositivo denominado hubswitch ou, simplesmente, switch, com a função de tratamento eletrônico dos dados que chegam ao distribuidor da conexão, monitorando e selecionando o destinatário de cada pacote (frame), classifica se na NCM 8471.80.19. RG 1 e RGC 1. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencida a conselheira Tatiana Midori Migiyama, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 81 7. 00 01 70 /2 00 2- 86 Fl. 269DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional contra decisão tomada no Acórdão nº 3101001.096, de 26 de abril de 2012 (efolhas 231 e segs), que recebeu a seguinte ementa: Assunto: Classificação Fiscal Data dos fatos geradores: 15/08/1997, 19/12/1997, 23/01/1998, 19/02/1998, 17/04/1998, 16/06/1998, 02/09/1998, 30/12/1998, 01/10/1999 e 11/01/2000 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS. SWITCH. Os equipamentos denominados hubswitch ou, simplesmente, switch por serem distribuidores de conexões para redes devem ser classificados na posição 8471.80.14, por força da RG 1 c/c a 3, "a", e RGC 1. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO A divergência suscitada no recurso especial (efolhas 242 e segs) referese à classificação fiscal do produto denominado switch. A Fiscalização Federal entende que o produto deve ser classificado no código 8471.80.191. A decisão recorrida decidiu pelo código 8471.80.14. O Recurso especial foi admitido conforme despacho de admissibilidade de e folhas 250 e segs. Contrarrazões da contribuinte às efolhas 263 e segs. Requer que seja mantida a decisão tomada no acórdão recorrido. É o Relatório. 1 No relatório do acórdão recorrido consta a informação equivocada de que o produto foi classificado pelo Fisco na NCM 8471.81.19. À folha 28 do processo, contudo, é possível atestar que a Fiscalização Federal enquadrou o produto no código 8471.80.19. Fl. 270DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Relator. Conhecimento do Recurso Especial Não há reparo a fazer no exame de admissibilidade. O recurso foi apresentado dentro do prazo legal. Dele tomo conhecimento. Mérito Em contrarrazões, a autuada pede a manutenção da decisão recorrida, sob o argumento de que o "acórdão paradigma limitase tão somente ao caso julgado e às partes inseridas no processo que resultou tal decisão (...)". Considera tratarse de uma restrição corroborada pelo teor do Parecer Normativo RFB nº 23/2013. Afastase de plano essa pretensão. Prosperasse esse entendimento e não haveria que se falar em instância especial. É claro que a decisão tomada no paradigma não se aplica instantaneamente ao caso em apreço, mas, por óbvio, prestase à demonstração do dissenso jurisprudencial. O Parecer Normativo RFB nº 23/2013 nada mais faz do que confirmar isso. Passo ao exame do mérito propriamente dito. A mercadoria objeto da lide funciona como elemento central de redes na topologia2 estrela. A ilustração abaixo, demonstra diferentes topologias de rede. 2 Topologia de rede é o canal de conexão do meio de rede aos computadores e outros componentes de uma rede. Há várias formas de interligação entre cada um dos nós (computadores) da rede. Fl. 271DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 5 4 O Switch atua como unidade central na interconexão de diversos componentes, tais como microcomputadores, estações de trabalho e outros elementos de distribuição. No caso concreto, o debate está centrado na possibilidade de que o switch seja identificado e classificado como um hub. Ao longo da lide, a autuada esforçouse em demonstrar que o dispositivo conhecido como hub tem características merceológicas em tudo semelhantes às do switch. Como elemento central de uma rede de computadores, o hub teria a função de otimizar a troca informações, recebendo e enviando pacotes (frames) de dados à todas unidades de rede. Com sua mecânica própria de funcionamento, eliminou a ameaça até então existente de que uma falha pontual em um desses elementos de rede colapsasse a rede como um todo. Com o passar do tempo, sempre segundo afirma a autuada, a função do dispositivo foi refinada, e o hub desenvolveu a capacidade de identificar o destinatário do pacote de informação, encaminhando os dados exclusivamente a esse destinatário predeterminado. Esse avanço tecnológico ganhou o apelido de "hubswitch" ou, simplesmente, "switch". Baseado nessas premissas, defendeu que o produto deveria ser classificado no código 8471.80.14, por tratarse de uma espécie do gênero hub. Contudo, a literatura técnica dá conta de diferenças mais substanciais entre as funções desempenhadas dentro de uma rede de computadores por um hub e as que são próprias de um switch. É o que se passa a demonstrar. Como dito antes, a função precípuo de um hub é evitar a incomutabilidade de toda a rede quando o barramento3 é rompido. Se os computadores estão interligados por um hub, ao invés de um barramento (até então) tradicional, qualquer problema na conexão de um computador ao hub ficará restrito a esse computador, não afetando a rede como um todo. O switch, por seu turno, desempenha funções de rede significativamente mais complexas. Para compreendêlas melhor, será interessante que, primeiro, se fale da função desempenhada pelo dispositivo de rede conhecido como bridge. Bridge é um dispositivo utilizado para isolar, seletivamente, o tráfego de duas redes locais. Desejandose dividir uma rede local com muitas estações interligadas a um Fl. 272DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 6 5 mesmo barramento (para, por exemplo, aliviar o tráfego de um dos barramentos), conectase uma bridge às partes da rede, permitindo a passagem, de um lado para o outro, somente de pacotes de dados endereçados aos computadores que se encontram do lado predeterminado. Desta forma, os dois segmentos da rede atuam como redes independentes. O switch é um dispositivo semelhante à bridge, mas, para além da função que é própria deste último, permite que não apenas dois, mas vários segmentos de rede se comuniquem ao mesmo tempo, dois a dois. O switch "pega" o pacote de dados, lê o endereço de destino e o envia à porta do segmento de rede na qual o endereço está alocado. O switch faz o tratamento eletrônico das informações contidas nos pacotes de dados que chegam ao distribuidor de conexões de rede. Numa configuração tipo estrela, todos os elementos de rede ficam ligados ao distribuidor de conexões através de um cabo de conexão. Quando um elemento da rede envia um pacote de dados para outro elemento, obrigatoriamente o pacote passará pelo distribuidor. Esse distribuidor, ao receber o pacote, é avisado sobre o seu destino. Em conseqüência, os dados são enviados exatamente ao seu destinatário, sem trafegar por outros elementos da rede. O hub, diferentemente, transmite a informação para todos os receptores ao mesmo tempo, num sistema de transmissão conhecido pela expressão broadcast4. A televisão aberta e o rádio bem exemplificam a difusão de sinal pelo sistema broadcast. Uma ou mais antenas de transmissão enviam o sinal por meio de ondas eletromagnéticas e qualquer aparelho que possa captálo, poderá sintonizálo. Em informática, broadcast é o sistema de transmissão empregado pelos hubs. Em redes de computadores, um endereço de broadcast é um endereço IP, que permite que a informação seja enviada para todas as máquinas da rede/subrede. O hub faz o controle do tráfego de dados de uma ou de várias redes simultaneamente. Quando um equipamento envia informações para o hub e o mesmo está ocupado transmitindo outras informações, o pacote de dados retorna à máquina requisitante com um pedido de espera. Tratase de uma mecânica notadamente mais simples do que a do switch. O hub apenas recebe dados vindos de um computador e os transmite às outras máquinas, obstando a comunicação quando a primeira tarefa ainda não foi 3 Linha de comunicação (condutor elétrico ou fibra optica) entre os dispositivos de um sistema de computação (CPU; Memória Principal; HD e outros periféricos), ou entre vários sistemas de computação. 4 Transmissão de ondas moduladas de radiofrequência simultaneamente para todos os receptores de rádio. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 7 6 concluída. O switch faz o tratamento eletrônico dos dados, identifica o destino informado e envia o pacote à unidade de rede especificada. A Solução de Consulta COANA nº 03/2001, efolhas 126, traz considerações técnicas conclusivas sobre o assunto. Visando estabelecer e reforçar uma diferenciação mais acentuada entre hub e switch, fazse necessária uma breve explanação sobre o modus operandi da transmissão de dados numa rede. Com o intuito de permitir a integração dos diversos componentes de uma rede de transmissão de dados, a International Standards Organization (ISO) estabeleceu o modelo Open Systems Interconnection (OSI). Esse modelo, além de separar as diversas etapas de transmissão, define como cada uma dessas fases do processo, rotuladas de nível do modelo ISO/OSI, devem atuar na transferência de dados, isto é: Nível 1: Físico; Nível 2: Enlace; Nível 3: Rede; Nível 4: Transporte; Nível 5: Sessão; Nível 6: Apresentação; Nível 7: Aplicação. Desses níveis, os que mostram relevância para a análise em curso são os de números 1 e 2. O nível 1 ou nível físico engloba as conexões mecânicas e elétricas formadas pelos modens, linhas físicas, conectores, cabos e interfaces de hardware de comunicação dos equipamentos, ou seja, todos os dispositivos que "enxergam" a informação apenas como uma seqüência de bits, sem identificar Fl. 274DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 8 7 o seu significado, sendo por isso chamados de dispositivos passivos. O hub se inclui no nível 1, pois tem por função conectar estações de múltiplos usuários através de conexões elétricas estabelecidas dentro dele, simulando um barramento, como já explicado. Em outras palavras, o hub distribui a conexão de cada uma de suas portas para as restantes, configurandose, como disposto na NCM, como um "distribuidor de conexões para redes". Por outro lado, no nível 2, ou nível de enlace, encontrase a conexão de dois pontos de uma rede, onde é feita a formatação de mensagens e o endereçamento dos pontos em comunicação, ou seja, os bits do nível físico são agora tratados como blocos de caracteres (pacotes), com endereçamento de origem e destino. Dessa forma, os dispositivos que trabalham nesse nível são capazes de "enxergar" os bits transmitidos como uma seqüência lógica, ao contrário dos dispositivos do nível físico, como o hub, que simplesmente repetem as informações recebidas. Um dos típicos equipamentos que trabalham no nível de enlace é o switch, visto que faz, a partir do endereçamento contido na mensagem enviada, a comutação dos pacotes de informações utilizandose de uma tabela dinâmica de endereços em sua memória, a qual atua como matriz de comutação. Segue daí que de forma alguma poderseia, como quer a Interessada, reduzir um switch a um simples "distribuidor de conexões para redes", haja vista que essa função é própria do nível físico, e não do nível de enlace onde trabalha o citado dispositivo. Com relação à afirmação da Interessada de que o "Superstack II Switch 1100" seria, ao mesmo tempo, um hub e um switch e, em vista disso, deveria ser classificado como hub, esclareçase que qualquer switch pode executar a função de um hub, bastando para tanto que a mensagem a ser transmitida seja endereçada pelo usuário a todos os demais usuários ou a pelo menos um dos usuários ligados a cada uma das portas do switch. Fl. 275DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 9 8 Mesmo nesse caso, o switch atuaria da seguinte maneira: a) identificação do pacote de dados; b) verificação do endereçamento; c) disponibilização da informação na porta relativa ao destinatário da mensagem, isto é, nesse caso particular, todas as portas. Assim sendo, é incorreto dizer que a mercadoria sob análise é, ao mesmo tempo, um hub e um switch, pois a sua atuação é a mesma, quer a mensagem seja enviada para todas as suas portas, quer destinada a apenas uma delas. Acrescentese a isto que, em tese, mesmo se tratando de um equipamento com funções de hub e switch, esta é muito mais complexa do que aquela, o que, a partir da Nota 3 da Seção XVI do Sistema Harmonizado, impediria a classificação do equipamento em tela no código 8471.80.14. Portanto, segundo definição dada pela International Standards Organization (ISO), o swicht enquadrase como dispositivo de nível 2 no sistema de integração das etapas de transmissão de uma rede, pois é capaz de "enxergar" os bits transmitidos como uma seqüência lógica, ao contrário dos dispositivos do nível físico, como o hub, que simplesmente repetem as informações recebidas. Por fim, cabem alguns comentários sobre os esclarecimentos "técnicos" nos quais baseouse a decisão tomada na instância a quo. Atendendo à diligência determinada pelo próprio colegiado recorrido, o perito respondeu às questões que lhe foram apresentadas nos seguintes termos: 3 As diferenças de funções entre ambos é suficiente para torná los produtos diferentes? Resposta: Não. A finalidade é a mesma entre ambos os produtos, ou seja, a interligação de computadores numa determinada rede. 4 Podese dizer que o "Hub" e o "Switch" tem características funcionais em comum? Ambos podem ser considerados unidades de máquinas automáticas para processamento de dados, atuando como distribuidores de conexões para redes? Existem outras semelhanças? E até que ponto essas semelhanças podem ser encontradas? Fl. 276DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 10 9 Resposta: Sim. A semelhança entre os produtos chegam ao ponto de um ser substituído pelo outro, conforme testes laboratoriais já realizados, em que um segmento de rede local, operando corn um "Hub", foi possível a substituição deste equipamento por um "Switch" mantendose o funcionamento na interligação da rede. 5 0 "Switch" pode ser tido como uma evolução do "Hub", de modo que os conceitos, técnicas e componentes deste estão presentes naquele, porém aprimorados? Ou tratamse de produtos com origens e finalidades diferentes. Resposta: Como dito o "Switch" é uma evolução do "Hub", de modo que os conceitos, técnicas e componentes deste estão presentes naquele, porém aprimorados. Peço vênia para dizer as considerações acima transcritas não se tratam de esclarecimentos técnicos no dizer do art. 30 do Decreto 70.235/725. A toda evidência, o que o Relator do processo buscou foi a opinião pessoal do perito acerca dos efeitos da evolução tecnológica na qualificação merceológica do produto e não esclarecimentos de natureza técnica a respeito do mesmo. O que se reserva à perícia são as informações que estejam fora do alcance da pessoa comum, não sujeitas à valoração subjetiva. Como visto no desenrolar do vertente voto, há fortes e objetivas razões para entender que o switch não é um tipo de hub, sendo absolutamente desnecessária e improfícua a contemplação de opiniões pessoais desamparadas de elementos técnicos objetivos. Tal como dispõem as Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado e as Regras Gerais Complementares, a classificação fiscal de mercadorias é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições, pelas sucessivas Regras Gerais de Interpretação6. Com base nisso, e uma vez que a mercadoria objeto dos autos não possa ser identificada como um hub, correto seu enquadramento tarifário na NCM 8471.80.197. 5 Art. 30. Os laudos ou pareceres do Laboratório Nacional de Análises, do Instituto Nacional de Tecnologia e de outros órgãos federais congêneres serão adotados nos aspectos técnicos de sua competência, salvo se comprovada a improcedência desses laudos ou pareceres. 6 1. Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes: Fl. 277DF CARF MF Processo nº 11817.000170/200286 Acórdão n.º 9303006.141 CSRFT3 Fl. 11 10 Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. 1. (RGC1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. 7 Embora a defesa não tenha lançado mão desse argumento, não será demais esclarecer que a Regra Geral nº 4 não é aplicável ao caso concreto. Ela destinase à classificação de mercadorias que não possam ser classificadas mesmo depois de observadas as etapas precedentes (Regras 1, 2 "a", "b" e 3 "a", "b" e "c"). Seria o caso, por exemplo, de duas ou mais posições se refiram, cada uma delas, a apenas uma parte das matérias constitutivas de um produto misturado. Não havendo como escolher nenhuma das posições, aplicase a Regra 4. No caso, uma vez que o bem não possa ser identificado como um "hub", não há como enquadrálo como tal, ainda que para alguns haja semelhanças entre eles. Fl. 278DF CARF MF
score : 3.400207
Numero do processo: 11065.001293/2003-65
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Sat Jan 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 10/04/1998 a 31/08/2002
IPI. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. CAIXAS DE POLIESTIRENO DESTINADAS À EMBALAGEM DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS E FARMACÊUTICOS. POSIÇÃO 3923.10.00 DA TIPI.
Ainda que próprias para o acondicionamento de produto alimentar, enquadram-se nos respectivos códigos as embalagens com classificação mais específica na TIPI. As caixas de poliestireno expandido, ainda que utilizadas para embalar produtos alimentícios e farmacêuticos, classificam-se no código 3923.10.00, e não no Ex 01 do código 3923.90.00.
Recurso Especial do Contribuinte Negado
Numero da decisão: 9303-005.525
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 10/04/1998 a 31/08/2002 IPI. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. CAIXAS DE POLIESTIRENO DESTINADAS À EMBALAGEM DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS E FARMACÊUTICOS. POSIÇÃO 3923.10.00 DA TIPI. Ainda que próprias para o acondicionamento de produto alimentar, enquadramse nos respectivos códigos as embalagens com classificação mais específica na TIPI. As caixas de poliestireno expandido, ainda que utilizadas para embalar produtos alimentícios e farmacêuticos, classificamse no código 3923.10.00, e não no “Ex” 01 do código 3923.90.00. Recurso Especial do Contribuinte Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 12 93 /2 00 3- 65 Fl. 545DF CARF MF Processo nº 11065.001293/200365 Acórdão n.º 9303005.525 CSRFT3 Fl. 546 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pelo contribuinte ao amparo do art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 25 de junho de 2009 (RICARF/2009), em face da decisão formalizada no Acórdão nº 3401001.676, cuja ementa se transcreve a seguir: Assunto: Classificação de Mercadorias Período de apuração: 10/04/1998 a 31/08/2002 IPI. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. CAIXAS DE ISOPOR DESTINADAS À EMBALAGEM DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS E FARMACÊUTICOS. POSIÇÃO 3923.10.00 DA TIPI/96. Ainda que sirvam como embalagens de produtos alimentares ou farmacêuticos e sejam destinadas a empresas desses ramos industriais, caixas de poliestireno expandido enquadramse no código 3923.10.00 da Tabela do IPI aprovada pelo Decreto nº 2.092/96, sendo tributadas pelo IPI à alíquota de 15%. O tratamento tarifário previsto nos Ex 01 e Ex 02 do código 3923.90.00 é aplicável tãosomente às mercadorias que na posição 3923 não tiverem subposições mais específicas. A matéria de fundo do presente processo referese à classificação fiscal de caixas de poliestireno fabricadas pela recorrente, classificadas originalmente no código 3923.90.00, Ex 01 (Embalagens para produtos alimentícios) e Ex 02 (Embalagens para produtos farmacêuticos), e reclassificadas pelo Fisco no código 3923.10.00 (Caixas, caixotes, engradados e artigos semelhantes). A turma julgadora a quo negou provimento ao recurso voluntário interposto, mantendo a classificação fiscal determinada pelo Fisco. Cientificado da decisão de segunda instância, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial de divergência em 21/05/2012, alegando dissídio jurisprudencial acerca da classificação fiscal do produto. O Recurso Especial do sujeito passivo foi integralmente admitido, conforme despacho de admissibilidade às fls.535 a 537. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões às fls. 539 a 543. É o relatório. Fl. 546DF CARF MF Processo nº 11065.001293/200365 Acórdão n.º 9303005.525 CSRFT3 Fl. 547 3 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Possas, Relator O recurso interposto pelo sujeito passivo é tempestivo, e foi admitido pelo Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF. A divergência suscitada pela recorrente diz respeito à classificação fiscal na TIPI de caixas de poliestireno expandido utilizadas para embalar produtos alimentícios e farmacêuticos.Para comprovar a divergência foram indicados os acórdãos CSRF/0303.334 e CSRF/0303.268 (PAF 11065.000859/9660. A decisão recorrida entendeu que caixas de poliestireno expandido (popularmente conhecido como "isopor") devem ser classificados no código 3923.10.00 da Tabela do IPI aprovada pelo Decreto nº 2.092, de 1996, ainda que sejam utilizados para embalar produtos alimentícios ou farmacêuticos. No entanto, as decisões paradigmas apontam para classificação nos códigos próprios de embalagens de produtos alimentícios e de produtos farmacêuticos, levandose em consideração, inclusive, as exceções tarifárias. Diante da comprovação do dissídio jurisprudencial alegado e atendido os demais requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. Portanto, a matéria devolvida ao Colegiado cingese à questão da classificação fiscal na TIPI de caixas de poliestireno expandido utilizadas para embalar produtos alimentícios e farmacêuticos. Como inexiste discussão quanto à posição na TIPI do produto em questão (3923), a controvérsia seria qual subposição de 1º nível (5º dígito) se enquadraria o produto: 3923.1 ou 3923.9. Reproduzo a Tabela de Incidência do IPI (TIPI), aprovada pelo Decreto nº 2.092/96, na parte relacionada à posição 3923, para melhor ilustrar a questão: Fl. 547DF CARF MF Processo nº 11065.001293/200365 Acórdão n.º 9303005.525 CSRFT3 Fl. 548 4 Transcrevo os textos das subposições em discussão: 3923.1 Caixas, caixotes, engradados e artigos semelhantes 3923.9 Outros Destacase que ambas as subposições de 1º nível não foram desdobradas. Para classificarmos qualquer produto no Sistema Harmonizado, que é base da nomenclatura utilizada tanto na TEC como na TIPI, devemos observar as Regras de Classificação Fiscal desse sistema. Para identificarmos a subposição dentro de uma mesma posição, como é o caso dos autos, devemos nos recorrer à Regra 6 das Regras Gerais de Interpretação, que assim dispõe: "6. A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição respectivas, assim como, mutatis mutandis, pelas Regras precedentes, entendendo se que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário." Caso fosse necessário identificarmos o item ou subitem dentro de cada posição ou subposição, recorreríamos à Regra 1 das Regras Gerais Complementar. No presente Fl. 548DF CARF MF Processo nº 11065.001293/200365 Acórdão n.º 9303005.525 CSRFT3 Fl. 549 5 caso, como as subposições de 1º nível não foram desdobradas, não precisaremos recorrer à RGC1. Com a aplicação da RGI6, para identificarmos a subposição de 1º nível devemos inicialmente comparar os textos das subposições de mesmo nível, desdobradas da posição 3923: 3923.1 Caixas, caixotes, engradados e artigos semelhantes 3923.2 Sacos de quaisquer dimensões, bolsas e cartuchos 3923.3 Garrafões, garrafas, frascos e artigos semelhantes 3923.4 Bobinas, fusos, carretéis e suportes semelhantes 3923.5 Rolhas, tampas, cápsulas e outros dispositivos para fechar recipientes 3923.9 Outros É incontroverso que o produto em questão é uma caixa de plástico (poliestireno expandido) utilizadas para embalagem. Pelo texto das subposições de 1º nível, identificase a subposiçao 3923.1, que inclui as caixas, caixotes, engradados e artigos semelhantes. Apenas se não houvesse uma subposição específica é que poderíamos classificar o produto na subposição genérica 3923.9 (outros). Destacase, mais uma vez, que o texto a ser comparado deve ser do mesmo nível, ou seja, textos de subposição de 1º nível comparada com outros textos de subposições de 1º nível, da mesma posição. A posição defendida pela recorrente somente seria passível de aplicação para embalagens que não fossem anteriormente nominadas na mesma posição 3923. Tecnicamente, não se pode classificar um produto numa subposição de 1º nível genérica (outros) se houver outra subposição de 1º nível específica, de acordo com o texto das subposições. Também não há que se falar que o código 3923.90.00 seria mais específico do que o código pretendido pela fiscalização porque a recorrente comparou uma subposição de 1º nível (3923.2) com o texto do "ex" do subitem da posição 3923.90. Com relação ao "ex", devemos nos recorrer à Regra Geral Complementar da TIPI (RGC/TIPI), que determina a observância das Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado: "As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar, no âmbito de cada código, quando for o caso, o "Ex" aplicável, entendendose que apenas são comparáveis "Ex" de um mesmo código." Dessa forma, só podiam ser classificadas como embalagens para produtos alimentícios beneficiadas com o "ex" tarifário produtos que não enquadrassem nas subposições de 1º nível 3923.1, 3923.2. 3923.3, 3923.4, 3923.5, ainda que os produtos fossem embalagens para produtos alimentícios ou para produtos farmacêuticos, por terem esses produtos classificação específica. No presente caso, as caixas são enquadradas na subposição 3923.1. Também não procede a alegação de violação ao princípio da seletividade em função da essencialidade do produto. Tal princípio é destinado ao legislador quando da edição Fl. 549DF CARF MF Processo nº 11065.001293/200365 Acórdão n.º 9303005.525 CSRFT3 Fl. 550 6 do Decreto que estabelece a alíquota aplicável a cada produto. Possíveis questionamentos acerca da constitucionalidade do Decreto que instituiu a TIPI estão fora da competência dessa instância julgadora. Confirmase, portanto, a reclassificação processada pela Autoridade Fiscal para os produtos "caixas de poliestireno expandido utilizadas para embalar produtos alimentícios e farmacêuticos" no código 3923.10.00. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do sujeito passivo. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 550DF CARF MF
score : 3.354528
Numero do processo: 11817.000126/2009-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 28/05/2008, 17/06/2008, 23/09/2008, 08/10/2008, 21/11/2008
CLASSIFICAÇÃO INCORRETA DAS MERCADORIAS NA NCM.
Próteses mamárias e penianas, de silicone, apresentadas em variados modelos e tamanhos, para implantes no corpo humano, classificamse no código 9021.39.80 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), Tarifa Externa Comum (TEC), aprovada pela Resolução Camex nº 43, de 2006, nos termos das Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado nºs 1 e 6 e Regra Geral Complementar nº 1 da NCM.
PROCESSO DE CONSULTA. AUSÊNCIA DE EFICÁCIA NORMATIVA. EFEITO ENTRE AS PARTES.
O processo administrativo de consulta formalizado pelo sujeito passivo da obrigação tributária produz efeitos exclusivamente para as partes Consulente e Fisco não se aplicando a terceiros não integrantes da relação processual, de acordo com os artigos 96 e 100 da Lei nº 5.172, de 1966.
EXCLUSÃO DE PENALIDADES. ART. 100 CTN E ART. 101 DO DL 3/66.
Tendo sido a classificação fiscal das mercadorias realizada de acordo com interpretação fiscal em processo de consulta, seja o interessado parte ou não, exclui a aplicação de penalidades.
ART. 100, II E PARÁGRAFO ÚNICO DO CTN. ART. 101, I DO DECRETO-LEI Nº 37/66. INAPLICABILIDADE.
A norma inserida no art. 100, II c/c parágrafo único do CTN somente se aplica, em matéria de consulta regular à Receita Federal, ao consulente.
Juros de mora objetiva corrigir crédito tributário não pago no vencimento e não se configura penalidade.
LANÇAMENTO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. ART. 61, § 3º DA LEI Nº 9.430/96. ART. 161 DO CTN.
Crédito tributário não pago no vencimento sujeita-se à incidência de juros de mora. Aplicação da Súmula CARF nº 5
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3201-003.662
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir apenas a multa de ofício, vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário (relatora), Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Cássio Schappo, que davam provimento parcial em maior extensão, para excluir a multa e os juros. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira.
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora
Paulo Roberto Duarte Moreira - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza; Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1991; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 211 1 210 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11817.000126/200942 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201003.662 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 19 de abril de 2018 Matéria CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Recorrente BRASMÉDICA HOSPITALAR E ORTOPEDICA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 28/05/2008, 17/06/2008, 23/09/2008, 08/10/2008, 21/11/2008 CLASSIFICAÇÃO INCORRETA DAS MERCADORIAS NA NCM. Próteses mamárias e penianas, de silicone, apresentadas em variados modelos e tamanhos, para implantes no corpo humano, classificamse no código 9021.39.80 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), Tarifa Externa Comum (TEC), aprovada pela Resolução Camex nº 43, de 2006, nos termos das Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado nºs 1 e 6 e Regra Geral Complementar nº 1 da NCM. PROCESSO DE CONSULTA. AUSÊNCIA DE EFICÁCIA NORMATIVA. EFEITO ENTRE AS PARTES. O processo administrativo de consulta formalizado pelo sujeito passivo da obrigação tributária produz efeitos exclusivamente para as partes Consulente e Fisco não se aplicando a terceiros não integrantes da relação processual, de acordo com os artigos 96 e 100 da Lei nº 5.172, de 1966. EXCLUSÃO DE PENALIDADES. ART. 100 CTN E ART. 101 DO DL 3/66. Tendo sido a classificação fiscal das mercadorias realizada de acordo com interpretação fiscal em processo de consulta, seja o interessado parte ou não, exclui a aplicação de penalidades. ART. 100, II E PARÁGRAFO ÚNICO DO CTN. ART. 101, I DO DECRETOLEI Nº 37/66. INAPLICABILIDADE. A norma inserida no art. 100, II c/c parágrafo único do CTN somente se aplica, em matéria de consulta regular à Receita Federal, ao consulente. Juros de mora objetiva corrigir crédito tributário não pago no vencimento e não se configura penalidade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 81 7. 00 01 26 /2 00 9- 42 Fl. 211DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 212 2 LANÇAMENTO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. ART. 61, § 3º DA LEI Nº 9.430/96. ART. 161 DO CTN. Crédito tributário não pago no vencimento sujeitase à incidência de juros de mora. Aplicação da Súmula CARF nº 5 Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir apenas a multa de ofício, vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário (relatora), Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Cássio Schappo, que davam provimento parcial em maior extensão, para excluir a multa e os juros. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira. Charles Mayer de Castro Souza Presidente Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Paulo Roberto Duarte Moreira Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza; Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 1140.613, proferido pela 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife (PE), que assim relatou o feito: DO LANÇAMENTO Em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte foi apurada a infração de mercadorias importadas classificadas incorretamente na NCM/TEC então vigente, objeto das Declarações de Importação nºs 08/09048196, 08/09046169, 08/09048196, 08/14954329, 08/15934160 e 08/18666220, registradas em 28.05, 17.06 (2), 23.09, 08.10 e 21.11, todas em 2008, na Receita Federal do Brasil do Rio de Janeiro. Foi lavrado, em 09.06.2009, pela fiscalização da Alfândega de Brasília, o Auto de Infração de fls. 02 a 13, para a cobrança do Imposto de Importação (II), no valor de R$ 76.200,92 (setenta e seis mil e duzentos reais e noventa e dois centavos), acrescido dos juros de mora, no montante de R$ 7.222,32 (sete mil, duzentos e vinte e dois reais e trinta e dois centavos), da multa Fl. 212DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 213 3 de ofício de 75%, no valor de R$ 57.150,69 (cinquenta e sete mil, cento e cinquenta reais e sessenta e nove centavos) e da multa de 1% sobre o valor aduaneiro das mercadorias por classificação incorreta na NCM, no montante de R$ 6.273,73 (seis mil, duzentos e setenta e três reais e setenta e três centavos). O crédito tributário totalizou R$ 146.573,93 (cento e quarenta e seis mil, quinhentos e setenta e três reais e noventa e três centavos), de acordo com Demonstrativo Consolidado, à fl.14. Na descrição dos fatos constante do Relatório de Auditoria, às fls. 15 a 20, a autoridade lançadora explicou que o contribuinte importou, através das DIs nºs 08/18666220, 08/14954329, 08/09048196 e 08/09048196, de 2008, “Implantes mamários de gel de Silicone Coesivo Prótese de Silicone Mamária, de variados modelos e tamanhos”, e através das DIs nºs 08/15934160, e 08/09046169, também registradas em 2008, “Próteses peniana e testicular, de silicone, para implante em seres humanos” 1, classificandoos como “Artigos e Aparelhos de Prótese” (Posição 9021); “Outros artigos e aparelhos de prótese” (Subposição de 1º nível 9021.3); “Próteses articulares” (Subposição de 2º nível 9021.31); e “Outras” (Item 9021.31.90) código NCM 9021.31.90. Esclareceu que a Posição 9021 e a Subposição de 1º nível 9021.3, adotadas pelo importador, estavam corretas, mas acrescentou que a Subposição de 2º nível por ele indicada (9021.31) estava incorreta. A Subposição de 2º nível correta, segundo a autoridade lançadora, é a 9021.39 “Outros” (Outras próteses não articulares), porque próteses articulares, onde o contribuinte enquadrou as mercadorias (9021.31) são aquelas utilizadas para substituir parcial ou totalmente articulações humanas ou animais e as próteses mamárias e penianas importadas, de silicone, para implantes no corpo humano, não servem para esse fim (articulações). Prosseguindo no desdobramento regional, a autoridade lançadora, classificou os produtos no Item 9021.39.80 “Outros”, argüindo que as próteses mamárias e penianas não se enquadram nos Itens anteriores a esse, ou seja, não se caracterizam como válvulas cardíacas (Item 9021.39.1), nem como lentes intraoculares (Item 9021.39.20), nem, tampouco como próteses arteriais (Item 9021.39.30) e, pelo fato de serem as próteses mamárias implantáveis, também não se classificam como próteses mamárias, não implantáveis (Item 9021.39.40), razão porque tanto estas quanto as penianas devem se classificar no código NCM 9021.39.80, de acordo com a RGIs nºs 1, 6 e RGC nº 1, sujeitas à alíquota de 14% (o importador utilizou alíquotas de 4% e 0%, dependendo da DI). Para facilitar a sua análise transcreveu o texto da Posição 9021 e os seus desdobramentos internacionais e regionais: Fl. 213DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 214 4 Foram anexados aos autos digitais, às fls. 26 a 98, demonstrativo das DI e seus extratos e pesquisa das importações da empresa. DA IMPUGNAÇÃO Intimado, o importador apresentou, tempestivamente a sua impugnação, às fls. 100 a 117, anexando a documentação de fls. 118 a 142 (ementa da SC SRRF 7ª RF/Diana nº 604/2004, cópia de pag. da TEC e folhetos técnicos sobre os produtos). Os argumentos da defesa foram agrupados em tópicos, seguindo a sua ordem de apresentação, visando facilitar a compreensão dos temas abordados: 1. Solução de Consulta SRRF 7ª RF/Diana nº 604, de 13.12.2004: 1.1 o código por ele adotado em suas importações, NCM 9021.31.90, tem por base Ato Administrativo regular, vigente e oficial da Receita Federal do Brasil (RFB), a Solução de Consulta (SC) SRRF/7ª RF/Diana nº 604, de 13.12.2004, da qual transcreve, não só a ementa (abaixo), como também parte do Relatório, Fundamentos Legais, Conclusão e Ordem de Intimação: “CÓDIGO TEC 9021.31.90 . Próteses de Silicone, marca registrada Silimed, utilizadas para implante em seres humanos, dos tipos mamário, peniano, panturrilha, glúteo, testicular, faciais, para reconstrução o u reparação em decorrência de traumas, casos de hipomastia ou amastia (mamário) e para fins estéticos, apresentados estéreis em “blister” plástico, acondicionados em caixa de papelão com protetor, e à base de elastômero de silicone ou de envelopes de elastômeros cheios de gel de silicone transparente, todos registrados na Agência Fl. 214DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 215 5 Nacional de Vigilância Sanitária MS, sob n° 101.021.800, com os dígitos correspondentes aos diversos tipos das Próteses.” 1.2 as características essenciais das próteses (similaridade), objeto da SC citada e da importação por ele efetivada, podem ser comprovadas pela descrição dos produtos importados, nos documentos de importação apresentados e nos registros dos bens na Anvisa; 1.3 a decisão prolatada na consulta deve ser respeitada, em consonância com o Decreto nº 70.235/72 e INRFB nº 740/2007, em obediência aos Princípios da Moralidade, da Ética, da Segurança Jurídica e da Boa Fé; 1.4 as alterações na interpretação da legislação cabem à Cosit, à Coana ou à autoridade que proferiu a decisão, nos termos dos artigos 11, 12, 13 e 14 e parágrafos, 16 e 17 da INRFB mencionada; não se tem notícia de Solução de Divergência, por representação de servidor ou por recurso especial, alterando a classificação fiscal adotada pela SC citada; 1.5 a SC que serviu de base à classificação adotada pelo importador não se aplica apenas às partes formalmente envolvidas no processo de consulta (cita a autora da consulta a que se refere: empresa Silimed), mas a todos os contribuintes que importem as mesmas mercadorias, porquanto a publicação do ato visa à uniformização de procedimentos que envolvem todos os importadores daqueles bens e a legislação tributária tem caráter geral, abstrato e uniforme, nos termos do artigo 681, inciso II, do Regulamento Aduaneiro, que dispõe que não será aplicada penalidade enquanto prevalecer o entendimento, a quem cumprir as obrigações, acessória e principal, de acordo com interpretação fiscal constante de ato expedido pela RFB; 1.6 o entendimento que endossa é confirmado pelo órgão administrativo de julgamento de 2a instância, na ementa do Recurso nº 143912, Acórdão 20172173: “ ...sendo o lançamento motivado num sentido que afronta o entendimento da Administração em processos de consulta, mesmo se de terceiros, se matéria idêntica, é o mesmo improcedente”; cita ainda o Acórdão nº 10808521, que versa sobre IRPJ, e sentencia na ementa:”...estando a recorrente sob regime do lucro presumido deverá observar o artigo 521 do RIR/99 e as disposições de Solução de Consulta Interna SRRF 10ª Disit nº 02/2002”. 2. Classificação tarifária dos bens importados: 2.1 a RGI nº 3 a) (Posição mais específica prevalecendo sobre a mais Genérica) ampara a classificação dos produtos importados, mutatis mutandis, na Subposição por ele adotada, NCM 9021.31; 2.2 cópia da TEC foi juntada, à fl.135 de sua defesa, para mostrar que na Subposição 9021.31, na tributação dos produtos pelo ICMS, consta a expressão “Prótese de Silicone”; acrescenta, ainda, que essa expressão não consta dos produtos que estão abrangidos pela Subposição indicada pela autuação, 9021.39. Fl. 215DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 216 6 3. Multas: 3.1 as multas que lhe foram aplicadas, multa de ofício de 75% sobre o II e de 1% sobre o valor aduaneiro das mercadorias por sua classificação incorreta, não podem subsistir, tendo em vista as disposições contidas no Ato Declaratório (AD) Cosit nº 10, de 1997, e no artigo 112, inciso II, do CTN, uma vez que não constitui infração punível com as multas previstas no artigo 4º da Lei nº 8.218/91 e artigo 44 da Lei nº 9.430/96 (multa de ofício de 75%) a classificação incorreta, desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e enquadramento tarifário; e, ainda, porque a legislação deve ser interpretada de maneira mais favorável ao acusado, um vez reconhecida a complexidade da tarefa de classificar mercadorias na NCM (multa de 1% sobre o valor aduaneiro); cita ementas de Acórdãos do antigo Conselho de Contribuintes, às fls. 111 e 112. Revisão Aduaneira: 4.1 a classificação apresentada pelo importador foi aceita quando do despacho aduaneiro das mercadorias objeto das DI em questão e não pode ser modificada posteriormente; as mercadorias estavam perfeitamente descritas nos documentos de importação, inexistindo qualquer erro de fato em relação a elas; 4.2 diversas ementas de decisões dos tribunais federais sobre a matéria, às fls.114 e 115, foram transcritas. Por todo o exposto, requer a improcedência da cobrança do II, acrescido dos juros e da multa de ofício, e da multa de 1% sobre o valor aduaneiro dos bens. 1 A autoridade lançadora faz menção a próteses penianas e testiculares, contudo, como não existem, dentre as importadas, próteses apenas testiculares, decidiuse por denominálas "Próteses Penianas". Após exame da Impugnação apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 28/05/2008, 17/06/2008, 23/09/2008, 08/10/2008, 21/11/2008 Classificação incorreta das mercadorias na NCM. Multa de 1% sobre valor aduaneiro. Próteses mamárias e penianas, de silicone, apresentadas em variados modelos e tamanhos, para implantes no corpo humano, classificamse no código 9021.39.80 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), Tarifa Externa Comum (TEC), aprovada pela Resolução Camex nº 43, de 2006, nos termos das Regras Gerais Fl. 216DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 217 7 para Interpretação do Sistema Harmonizado nºs 1 e 6 e Regra Geral Complementar nº 1 da NCM. As mercadorias classificadas incorretamente na NCM sujeitamse a aplicação da multa de 1% sobre o valor aduaneiro. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 28/05/2008, 17/06/2008, 23/09/2008, 08/10/2008, 21/11/2008 Cabível a cobrança da diferença do II, acrescida da Multa de ofício. A reclassificação das mercadorias importadas no Subitem 9021.39.80 da TEC vigente à época da ocorrência dos fatos geradores majorou as alíquotas do II incidente sobre os bens, que passaram de 4% e 0% para 14%, tornando cabível a cobrança da diferença desse tributo, acrescida dos juros de mora e da multa de ofício de 75%. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 28/05/2008, 17/06/2008, 23/09/2008, 08/10/2008, 21/11/2008 Processo de Consulta. Ausência de eficácia normativa. Efeito entre as partes. O processo administrativo de consulta formalizado pelo sujeito passivo da obrigação tributária produz efeitos exclusivamente para as partes Consulente e Fisco não se aplicando a terceiros não integrantes da relação processual, de acordo com os artigos 96 e 100 da Lei nº 5.172, de 1966. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos de defesa apresentados quanto ao crédito tributário mantido. Em síntese, o Recorrente (i) defende a classificação fiscal adotada, com fundamento no entendimento manifestado pela Solução de Consulta nº 604/2004; (ii) requer a aplicação do art. 681, inciso II do Regulamento Aduaneiro, que prevê hipótese de afastamento de penalidade; (iii) pede o afastamento da multa por descrição incorreta da mercadoria e, por fim, (iv) defende a impossibilidade de alteração do critério jurídico na revisão aduaneira Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Vencido Fl. 217DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 218 8 Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário O Recurso é próprio e tempestivo e dele tomo conhecimento. Não há dúvidas que o produto importado é descrito como “Próteses peniana e testicular, de silicone, para implante em seres humanos”. O Contribuinte os classificou no Código NCM 9021.31.90: Posição 9021 “Artigos e Aparelhos de Prótese” Subposição de 1º nível 9021.3 “Outros artigos e aparelhos de prótese” Subposição de 2º nível 9021.31 “Próteses articulares” Item 9021.31.90: “Outras” A Fiscalização concorda com a Posição 9021 e a subposição 9021.3. Contudo afirma que a 2ª Subposição adotada está incorreta, que não se trata de "Próteses articulares". Defende, assim a deveria ter sido utilizada a 2ª Subposição residual 9021.39 “Outros”, correspondente a outras próteses não articulares. Afirma que próteses articulares "são aquelas utilizadas para substituir parcial ou totalmente articulações humanas ou animais e as próteses mamárias e penianas importadas, de silicone, para implantes no corpo humano, não servem para esse fim (articulações)". O Contribuinte afirma que a classificação por ele utilizada fundamentouse em Solução de Consulta emitida pela RFB, sendo certo, ainda, que não era parte da Consulta: A referida Solução de Consulta está assim ementada: Não se diverge quanto à existência da Solução de Consulta, tampouco que o produto nela descrito seja similar ao importado pela Contribuinte. A controvérsia se insere na obrigatoriedade de aplicação da referida Solução de Consulta à contribuinte Fl. 218DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 219 9 Também observo que a Contribuinte não defende a sua reclassificação em face das regras gerais de aplicação ou mesmo das características do produto (não defende que as próteses são articuladas), apenas insiste na alegação de que, havendo Solução de Consulta, esta deve ser seguida pela RFB. Entendo que não assiste razão à Recorrente nesse aspecto. A Solução de Consulta vincula a Administração Tributária exclusivamente em relação ao Consulente, mas não de forma indistinta a todo e qualquer contribuinte, ainda que haja similitude fática. Ademais, além da ausência de impugnação específica, entendo que a reclassificação fiscal foi correta, e utilizo como fundamento as bem lançadas razões da DRJ. Da Classificação fiscal da mercadoria: Não há dúvida a respeito da Posição onde os produtos se enquadram, Posição 9021, e nem no que toca ao desdobramento dessa Posição na Subposição de 1º nível, 9021.3, da NCM/TEC. O litígio se refere ao desdobramento da Subposição de 1º nível, 9021.3, em Subposição de 2º nível: o importador adota a Subposição 9021.31 Próteses articulares; e a fiscalização a Subposição 9021.39 Outras (Outra Próteses que não sejam articulares) 5. Para facilitar a análise, transcrevese novamente o texto da Posição 9021 com os seus desdobramentos internacionais e regionais: Como a dúvida versa sobre Subposição, as diretrizes da RGI nº 6 devem nortear o enquadramento dos produtos nesse desdobramento internacional. A RGI nº 6 dispõe, em sua parte inicial, que a base legal para o enquadramento de determinada mercadoria em Subposições é Fl. 219DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 220 10 dado pelo texto das Subposições ou pelas Notas de Subposições; em sua segunda parte, que só devem ser comparados desdobramentos do mesmo nível; e, em sua parte final, que os ensinamentos das RGI anteriores aplicamse, mutatis mutandis, aos desdobramentos em Subposições. Excetuados os artigos e aparelhos de prótese dentária, os demais artigos classificamse na Subposição de primeiro nível 9021.3. A Subposição de segundo nível 9021.31 compreende as próteses articulares, ou seja, aquelas próteses próprias para implante nas articulações, tais como próteses de joelho, de quadril etc. As próteses objeto da presente lide não se caracterizam como artefatos implantáveis nas articulações. A Subposição residual de segundo nível 9021.39 inclui outros artigos e aparelhos de prótese que não sejam próteses articulares. Como as Próteses mamárias e penianas não são articulares, vão para esse desdobramento internacional, Subposição 9021.39, ao amparo da RGI nº 6. Há neste ponto que rebater as arguições da defendente de que a RGI nº 3 a) (Posição mais específica prevalecendo sobre a mais Genérica), combinada com a RGI nº 6, ampararia a classificação dos produtos importados na Subposição por ele adotada, NCM 9021.31 (próteses articulares). A RGI nº 3 a) combinada com a RGI nº 6 não poderia ser aplicada ao desdobramento em Subposição, uma vez que a classificação foi determinada com base na primeira e segunda parte das diretrizes constantes na RGI nº 6 (valor legal no texto da Subposição e comparação de desdobramentos do mesmo nível). A nomenclatura só permite que sejam utilizadas as Regras nºs 2, 3 e 4, mutatis mutandis, para a Subposição, se as duas primeiras determinações da RGI nº 6 não bastarem à classificação do bem nesse desdobramento. No caso em foco, o texto da Subposição 9021.31 foi o suporte legal para o enquadramento dos produtos aí. Outra questão levantada pela interessada: a de que a discriminação do produto, na Subposição por ele adotada, 9021.31, na tabela de tributação dos produtos pelo ICMS, estaria como “Prótese de Silicone”. Não são os artefatos abrangidos pela Subposição 9021.31 e 9021.39 próteses de silicone? O que os distingue, na verdade, não é a matéria de que são fabricados e, sim, a característica de serem próteses articulares ou não. Além do mais, não se deve confundir tarifa ou tabela com nomenclatura. Nomenclatura diz respeito à designação e codificação de uma mercadoria e a tarifa/tabela abrange a nomenclatura, agregando a alíquota dos tributos aos respectivos produtos. E como já visto anteriormente, só se tributa uma mercadoria após Fl. 220DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 221 11 classificála e para classificála há que seguir as determinações legais emanadas do Acordo internacional do Sistema Harmonizado (SH), firmado pelo Mercosul, base da NCM e da TEC. Quanto ao desdobramento regional, a RGC nº 1 dispõe que a classificação darseá pelo texto do Item e do Subitem e pelas Notas Complementares e que só se pode comparar desdobramentos regionais do mesmo nível. As próteses mamárias e penianas, de silicone, a serem implantadas no corpo humano, enquadramse, no âmbito da Subposição 9021.39, inexistindo Item específico (válvulas cardíacas, lentes intraoculares, próteses de artérias vasculares e próteses mamárias não implantáveis), no Item residual 9021.30.80, ao amparo da RGC nº 1. Não obstante, seja legítima a reclassificação, entendo que não andou bem a Fiscalização e a DRJ ao aplicar penalidades à Recorrente. Dispõe o art. 101 do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966. Art.101 Não será aplicada penalidade enquanto prevalecer o entendimento a quem proceder ou pagar o imposto: I de acordo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal inclusive de consulta, seja o interessado parte ou não; II de acordo com interpretação fiscal constante de decisão de primeira instância proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, em que o interessado for parte; III de acordo com interpretação fiscal constante de circular, instrução, portaria, ordem de serviço e outros atos interpretativos baixados pela autoridade fazendária competente. Na hipótese, a existência da Solução de Consulta nº 604/2004 inibe a cobrança de penalidades da Recorrente. No mesmo sentido, o art. 100 do Código Tributário Nacional: Normas Complementares Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; Fl. 221DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 222 12 III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Assim, entendo que devem ser excluídas as penalidades aplicadas, bem como a correção monetária, devendo a autuação subsistir apenas quanto ao valor correspondente ao principal do tributo lançado. Por fim, a Recorrente alega a ilegitimidade do procedimento de revisão aduaneira, afirmando se tratar de hipótese de alteração do critério jurídico, o que seria vedado pela legislação. Posicionome no sentido de que o procedimento de revisão aduaneira é legítimo, estando dentro da competência administrativa de revisão dos seus atos e do lançamento tributário. O Procedimento, por si, não se configura como alteração de critério jurídico, mormente quando a liberação do despacho aduaneiro se dá sem conferência física, como ocorreu na hipótese dos autos. Pelo exposto, voto por dar PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para excluir, do lançamento, os valores relativos às multas e juros aplicados, mantendo o lançamento exclusivamente quanto ao tributo originalmente lançado. É como voto. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Voto Vencedor Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Redator designado Divirjo do voto original quanto à exclusão dos juros de mora do lançamento. A Relatora votou no sentido de que devem ser excluídas as penalidades aplicadas, bem como a correção monetária, devendo a autuação subsistir apenas quanto ao valor correspondente ao principal do tributo lançado. O fundamento para tal entendimento é a classificação tarifária realizada pela contribuinte com base na Solução de Consulta nº 604/2004, efetuada por pessoa jurídica diversa. As soluções de consulta emitidas no âmbito da Receita Federal produzem efeitos somente à consulente, pois que vinculam as partes e conquanto válidas, o que não é a Fl. 222DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 223 13 situação da recorrente. Dessa premissa, com esteio na legislação tributária, exsurge a divergência em relação ao voto da Relatora no tocante, exclusivamente, à exoneração dos juros de mora, que entendo incidente à situação em que o pagamento do tributo devido foi a destempo. Rebatendo os argumentos da Relatora, não é o caso de aplicação do art. 101, I do DecretoLei 37/66 pois o dispositivo aplicase exclusivamente à imposição de penalidade: Art.101 Não será aplicada penalidade enquanto prevalecer o entendimento a quem proceder ou pagar o imposto: I de acordo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal inclusive de consulta, seja o interessado parte ou não; Igualmente inaplicável o parágrafo único do art. 100 do CTN, pois a Solução de Consulta 604/2004 que fundamentou a classificação efetuada pela contribuinte não se constitui (i) ato normativo (inciso I) ou (ii) decisão de órgão a que lei atribua eficácia normativa, mormente a administrado estranho à relação jurídica objeto da decisão (inciso II); e (iii) tampouco se consubstancia prática reiterada observada pelas autoridades administrativas, vez que a classificação efetuada na autuação diverge da adotada na referida Solução de Consulta (inciso III): Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. O crédito tributário não pago no vencimento sujeitase à incidência de juros de mora, no intuito de corrigir os valores devidos, sem se configurar em penalidade, conforme prescreve o art. 61, § 3º da Lei nº 9.430/96 e 161 do CTN: Lei nº 9.430/96: Fl. 223DF CARF MF Processo nº 11817.000126/200942 Acórdão n.º 3201003.662 S3C2T1 Fl. 224 14 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) [...] § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Lei nº 5.172/66: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. Esta norma, construída a partir da literalidade dos textos legais, encontrase pacificada no âmbito do CARF, com a edição da Súmula nº 5: " São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral". Conclusão Por tais fundamentos, nego a exclusão dos juros de mora de sobre o crédito tributário exigido neste processo. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 224DF CARF MF
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Numero do processo: 11050.001390/2005-89
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 19/04/2000 a 16/12/2004
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. NOTAS EXPLICATIVAS. INOBSERVÂNCIA.
Identificado erro de classificação fiscal de mercadorias importadas, a escolha de nova classificação exige que as mercadorias se enquadrem perfeitamente nas especificações contidas nos textos de posições, nas Notas de Capítulo, de Seção e, subsidiariamente, devem ser observados os textos das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Mercadorias.
Numero da decisão: 9303-007.035
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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NOTAS EXPLICATIVAS. INOBSERVÂNCIA. Identificado erro de classificação fiscal de mercadorias importadas, a escolha de nova classificação exige que as mercadorias se enquadrem perfeitamente nas especificações contidas nos textos de posições, nas Notas de Capítulo, de Seção e, subsidiariamente, devem ser observados os textos das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Mercadorias. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 0. 00 13 90 /2 00 5- 89 Fl. 649DF CARF MF Processo nº 11050.001390/200589 Acórdão n.º 9303007.035 CSRFT3 Fl. 650 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL (fls. 581 a 592), com fulcro no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 353/2015, buscando a reforma do Acórdão nº 3201000.424 (fls. 572 a 579) proferido pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 19 de março de 2010, no sentido de dar provimento ao recurso voluntário. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 19/04/2000 a 16/12/2004 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. NOTAS EXPLICATIVAS. INOBSERVÂNCIA. Identificado erro de classificação fiscal de mercadorias importadas, a escolha de nova classificação exige que as mercadorias se enquadrem perfeitamente nas especificações contidas nos textos de posições, nas Notas de Capítulo, de Seção e, subsidiariamente, devem ser observados os textos das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Mercadorias. Recurso Voluntário Provido Nessa oportunidade, insurgese a Fazenda Nacional por meio do recurso especial alegando divergência jurisprudencial quanto à classificação das mercadorias importadas pela Contribuinte, defendendo tratarse de vernizes (NCM 3208.20.20) e não de "outras tintas de impressão" (NCM 3215.19.00). Para comprovar o dissenso interpretativo, colacionou como paradigma o acórdão nº 30134.723. Nas suas razões recursais, sustenta, em síntese, que os produtos objeto da acusação fiscal são, conforme os Laudos Técnicos elaborados pela Fundação Universidade de Campinas FUNCAMP, verniz e não tinta de impressão, a saber: "UV Sensitive Blue ef. 2947"; "Laminating Varnish Ref. S2871" e "Laminating Varnish Ref. S1942". Alega, ainda, que a posição 3208 é específica para tintas e vernizes e a subposição 3208.20 é própria para tinta e vernizes à base de polímeros vinílicos, sendo o item 3208.20.20 reservado para Fl. 650DF CARF MF Processo nº 11050.001390/200589 Acórdão n.º 9303007.035 CSRFT3 Fl. 651 3 os vernizes com essas características, devendo ser classificados neste item os produtos importados. Ao final, requer seja provido o recurso especial. Por meio do despacho s/nº, de 24 de março de 2016 (fls. 601 a 602), foi dado seguimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, pois comprovada a divergência jurisprudencial, nos termos do que consignado pelo Ilustre Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento em exercício à época. A Contribuinte apresentou contrarrazões (fls. 2.987 a 3.002) requerendo, preliminarmente, o não conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional e, no mérito, a sua improcedência. O presente processo foi distribuído a essa Relatora, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise, desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ter prosseguimento. Mérito No mérito, cingese a controvérsia à determinação da correta classificação fiscal das mercadorias importadas pela Contribuinte: se vernizes (NCM 3208.20.20) ou tintas de impressão (NCM 3215.19.00). Conforme pontuado no acórdão recorrido e na descrição dos fatos no auto de infração, abstraiuse a destinação que seria dada aos produtos em discussão. Ao proceder à importação, a Contribuinte classificou a mercadoria no NCM 3215.19.00, considerandoa como "outras tintas de impressão". A Fiscalização, ao proceder à reclassificação fiscal, manifestou entendimento no sentido de que não poderia haver o enquadramento na posição NCM 3215, pois ausente pigmento preto ou colorido. Fl. 651DF CARF MF Processo nº 11050.001390/200589 Acórdão n.º 9303007.035 CSRFT3 Fl. 652 4 Ao lavrar o auto de infração, a Fiscalização ao proceder a "desclassificação" fiscal das mercadorias, descreveu entendimento nos seguintes termos: [...] 2.1. REGRAS DE CLASSIFICAÇÃO UTILIZADAS NO AUTO DE INFRAÇÃO A Regra Geral de Interpretação n° 1 é de fundamental importância para a classificação na Nomenclatura do produto importado, ao dispor: R.G.I. n° 1: "Os títulos das se cães, capítulos e subcapítulos têm apenas valor indicativo , para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das notas de seção e de capitulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e notas, pelas regras seguintes." Grifei E também a R.G.I. n° 6 e Regra Geral Complementar (RGC) n° 1, que tratam, respectivamente, da classificação a nível de subposição e de item e subitem, ao determinarem: R.G.I. n° 6: "A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das notas de suposição respectivas, assim como, mutatis mutandis, pelas regras precedentes, entendendose que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. para os fins da presente regra, as notas de seção e de capitulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário." Grifei REGRAS GERAIS COMPLEMENTARES (RGC) "1. As regras gerais para interpretação do sistema harmonizado se aplicarão, mutatis mutandis, para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível." Grifei O Sistema Harmonizado compreende 6 dígitos. Os 4 primeiros correspondem à posição, enquanto o 5° e o 6° dígitos indicam as subposições de 1° e 2° níveis, respectivamente. De acordo com a RGI n° 6, "apenas são comparáveis subposições do mesmo nível" para se classificar mercadorias numa determinada subposição de uma posição. A NCM acrescentou aos 6 dígitos do Sistema Harmonizado mais 2, que constituem o item e o subitem. Logo, o código NCM é constituído por 8 dígitos. O item é indicado pelo 7º digito e o subitem pelo 8° digito. A RGC n° 1 disciplina o funcionamento de itens e subitens. Fl. 652DF CARF MF Processo nº 11050.001390/200589 Acórdão n.º 9303007.035 CSRFT3 Fl. 653 5 A RGI n° 1 é suficientemente clara, sendo que as mercadorias em questão podem se classificar na Nomenclatura sem que seja necessário recorrer ás Regras 2, 3, 4 e 5. Pela aplicação das RGI's n° 1 e 6, devemos analisar o texto da posição e das subposições desta mesma posição, observandose as características constitutivas das mercadorias. [...] Do laudo laboratorial (fls. 114 a 116), inferese que o verniz é à base de Poli (Cloreto de Vinila), ou seja, um polimero vinilico. Portanto, utilizando a RGI 6, devemos classificar o produto na NCM 3208.20 referente "Vernizes à base de polímeros acrílicos ou vinilicos". Já a classificação no item 3208.20, enseja a seguinte diferenciação: 3208.20.10 Tintas 3208.20.20 Vernizes 3208.20.30 Soluções definidas na Nota 4 do presente Capitulo Portanto, a fiscalização aduaneira firmou convicção na NCM 3208.20.20 referente à "Vernizes à base de polímeros vinilicos dispersos em meio não aquoso". 2.5. DA DESCLASSIFICAÇÃO FISCAL O contribuinte classificou os produtos na declaração de importação na NCM 3215.19.00 referente a "Outras tintas de impressão". A nota explicativa da posição 3215 descreve: [...] Logo, a fiscalização aduaneira está convicta de que o contribuinte declarou incorretamente a classificação fiscal da mercadoria, pois, se os produtos são vernizes não podem ser classificados na posição referente a tintas (com pigmento). Em resposta ao quesito 8, o laudo laboratorial (fls. 115) frisou, em relação ao produtode nome comercial UV SENSITIVE BLUE — Ref: S2947: "No entanto, os ensaios analíticos realizados indicam que a mercadoria analisada não contém matéria corante, caracterizandoa como um Verniz". Assim, fica claro para a fiscalização aduaneira que apesar das mercadorias serem utilizadas em impressão serigráfica não se tratam de tintas e sim vernizes, pois, o laudo laboratorial não acusou a Fl. 653DF CARF MF Processo nº 11050.001390/200589 Acórdão n.º 9303007.035 CSRFT3 Fl. 654 6 presença de pigmento característico de tinta nos produtos objeto da presente autuação. [...] Para melhor elucidar as diferenças entre as classificações fiscais entre as posições adotadas pela Contribuinte (tintas de impressão) e Fiscalização (vernizes), importa colacionar as Notas Explicativas das posições NCM 3215 e NCM 3208, in verbis: NCM 3215 Tintas de impressão. São preparações de consistência mais ou menos gorda ou pastosa, que se obtêm misturandose um pigmento preto ou colorido, finamente triturado, com um excipiente. O pigmento utilizado, que é geralmente o negro de carbono para as tintas de impressão pretas, pode ser orgânico ou inorgânico para tintas coloridas. O excipiente é constituído, por exemplo, por resinas naturais ou polímeros sintéticos, dispersos em óleos ou dissolvidos em solventes e uma pequena quantidade de aditivos destinados a darlhe as propriedades funcionais desejadas. NCM 3208 Consideramse vernizes as preparações líquidas destinadas a proteger ou a decorar as superfícies. São à base de polímeros sintéticos (compreendendo a borracha sintética) ou de polímeros naturais modificados quimicamente (nitrato de celulose ou outros derivados da celulose, novolacas ou outras resinas fenólicas, resinas amínicas, silicones, por exemplo), adicionadas de solventes e de diluentes. Formam um filme seco, insolúvel em água, relativamente duro, mais ou menos transparente ou translúcido, liso e contínuo, que pode ser brilhante, fosco ou acetinado. Podem apresentarse corados pela adição de matérias corantes solúveis no meio. (Nas tintas ou nas tintas esmaltes, a matéria corante chamase “pigmento” e é insolúvel no meio ver a parte A, acima). [...] Para aplicar estas tintas e vernizes, utilizamse normalmente pincéis ou rolos; os principais métodos industriais são, entre outros, a pulverização, a aplicação por imersão e a aplicação a máquina. (...) Fl. 654DF CARF MF Processo nº 11050.001390/200589 Acórdão n.º 9303007.035 CSRFT3 Fl. 655 7 Conforme se verifica nas notas explicativas acima, há para ambas as posições disposições excludentes para as mercadorias importadas. No caso dos vernizes, posição escolhida pela Fiscalização, a nota considera como verniz apenas as preparações destinadas a proteger ou a decorar superfícies, finalidades diversas daquelas para as quais são destinados os produtos em questão. Essa informação não foi contestada nos presentes autos. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 655DF CARF MF
score : 3.0897326
Numero do processo: 19740.000668/2008-87
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. BOLSA DE ESTUDOS NÍVEL SUPERIOR. CURSOS DE CAPACITAÇÃO E QUALIFICAÇÃO. NÃO EXTENSÍVEL A TODOS OS EMPREGADOS. DESCUMPRIMENTO LEGAL PARA EXCLUSÃO..
A legislação trabalhista não pode definir o conceito de remuneração para efeitos previdenciários, quando existe legislação específica que trata da matéria, definindo o seu conceito, o alcance dos valores fornecidos pela empresa, bem como especifica os limites para exclusão do conceito de salário de contribuição.
Ao restringir o acesso a bolsa de nível superior apenas aos empregados com mais de 6 meses, descumpri a empresa o requisito legal previsto no art. 28, §9º, "t", impossibilitando a exclusão do benefício do conceito de salário de contribuição.
Numero da decisão: 9202-005.758
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
(Assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: Relator
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AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. BOLSA DE ESTUDOS NÍVEL SUPERIOR. CURSOS DE CAPACITAÇÃO E QUALIFICAÇÃO. NÃO EXTENSÍVEL A TODOS OS EMPREGADOS. DESCUMPRIMENTO LEGAL PARA EXCLUSÃO.. A legislação trabalhista não pode definir o conceito de remuneração para efeitos previdenciários, quando existe legislação específica que trata da matéria, definindo o seu conceito, o alcance dos valores fornecidos pela empresa, bem como especifica os limites para exclusão do conceito de salário de contribuição. Ao restringir o acesso a bolsa de nível superior apenas aos empregados com mais de 6 meses, descumpri a empresa o requisito legal previsto no art. 28, §9º, "t", impossibilitando a exclusão do benefício do conceito de salário de contribuição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 00 06 68 /2 00 8- 87 Fl. 1550DF CARF MF 2 Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora (Assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Redatora Designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci. Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pela Fazenda Nacional face ao acórdão 2301002.858, proferido pela 1ª Turma Ordinária / 3ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase de Auto de Infração AI n° 37.179.4340, consolidado em 15/12/2008, no valor de RS 258.849,95, acrescidos de juros e multa, por ter o Contribuinte deixado de recolher a contribuição previdenciária devida e SAT sobre os valores pagos a segurados a título de Participação nos Lucros e Resultados (empregados), Reembolso Faculdade (empregados), Previdência Privada (empregados e diretores) e Prêmios (empregados e diretores), conforme se infere do Relatório Fiscal às fls. 145/165. Apresentada impugnação às fls. 371/407. A 10ª Turma da DRJ/RJOI, às fls. 1207/1219, julgou totalmente procedente o lançamento. O Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, às fls. 524/561 (numeração manual), contra a decisão acima transcrita. Em seguida, apresentou petição às fls. 573/574, requerendo desistência parcial do recurso, mantendoo apenas no tocante às verbas pagas a título de PLR e Reembolso Faculdade, de modo que suas razões recursais podem ser resumidas às seguintes: 1) A previsão de pagamento de uma parcela fixa não contraria a legislação sobre o PLR, não tendo sido apurado pela fiscalização se a empresa auferiu lucro ou não para tal pagamento; 2) O requisito legal de que o PLR tem que ser precedido por negociação coletiva de trabalho entre empresa e empregados teria sido satisfeita pela Convenção Coletiva de Trabalho; 3) O art. 7º, XI da Constituição Federal é auto aplicável; 4) Os valores recebidos a título de PLR o foram eventualmente, recaindo na hipótese do art. 28, § 9º, alínea “e”, item 7 da Lei nº 8.212/1991; 5) O reembolso dos valores pagos aos empregados referente aos cursos de graduação e MBA enquadrase na hipótese contida no art. 28, § 9º, “t” da Lei nº 8.212/1991, abrangendo, também, educação superior. Fl. 1551DF CARF MF Processo nº 19740.000668/200887 Acórdão n.º 9202005.758 CSRFT2 Fl. 10 3 A 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 1360/1370, DEU PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Ordinário. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: Assunto: Contribuições Previdenciárias Período de Apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004. PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS – PLR. VALOR FIXO PAGO DESVINCULADO DO ATINGIMENTO DE METAS OU RESULTADOS. IRREGULARIDADE. INCLUSÃO NO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. O Programa de Participação nos Lucros e Resultados PLR tem como finalidade integrar os empregados nos resultados positivos da empresa e incentiválos a buscar o melhor desempenho, sendo a previsão de metas ou alcance de lucro ou resultados, individuais ou coletivos, requisitos necessários à regularidade do PLR. A previsão de pagamento de um valor fixo desvinculado do atingimento de qualquer meta ou resultado configurase como remuneração para efeito de incidência da contribuição previdenciária, por não se coadunar com o propósito constitucional do instituto. AUXÍLIO EDUCAÇÃO AOS EMPREGADOS. REEMBOLSO DE DESPESAS COM FACULDADE. POSSIBILIDADE. O art. 28, § 9º, “t” da Lei nº 8.212/1991 prevê a exclusão do salário de contribuição dos valores pagos aos empregados para custeio de despesas com educação básica e superior, incluindo neste cursos de graduação ou de especialização. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação acessória punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Fl. 1552DF CARF MF 4 Às fls. 1377/1394, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, alegando divergência jurisprudencial em relação às seguintes matérias: 1. Salário indireto – educação: o acórdão recorrido entendeu que as contribuições previdenciárias não incidem sobre as bolsas de estudo de ensino superior concedidas. Contudo, os acórdãos paradigmas, analisando a mesma legislação de regência – Lei nº 8.212/91, em particular o art. 28, § 9º, alínea “t” – concluíram que a verba paga a título de bolsa de estudo em cursos de nível superior, possuem natureza remuneratória e como tal sujeitam se à incidência tributária; 2. Retroatividade benigna: observou, inicialmente, que os acórdãos indicados como paradigma, assim como o acórdão recorrido, foram proferidos após o advento da MP nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei nº 11.941 de 27/05/2009, e, portanto, a análise da matéria ocorreu à luz da alteração da redação do caput do art. 35 da Lei nº 8.212/91. Consignou que a hipótese em análise nos acórdãos paradigma é idêntica ao caso concreto. Isso porque o que se encontrava em julgamento era exatamente Notificação Fiscal de Lançamento de Débito de contribuições devidas à Seguridade Social e o contribuinte declarou em GFIP os dados relacionados aos fatos geradores das contribuições previdenciárias. Ocorre que também naqueles feitos, assim como no presente, travouse discussão acerca da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, do CTN, em virtude das alterações promovidas pela Lei nº 11.941/09 (fruto da conversão da MP nº 449/2008) no art. 35 da Lei nº 8.212/91. Contudo, embora diante de situações semelhantes, os órgãos julgadores prolatores do acórdão recorrido e dos paradigmas encamparam conclusões diversas acerca da aplicação e interpretação da norma jurídica, em especial do art. 35, caput (redação revogada e com a novel redação dada pela MP nº 449/2008 posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009) e do art. 35A da Lei nº 8.212/1991. O acórdão recorrido entendeu que deveria ser aplicada ao caso a retroatividade benigna, sob o fundamento de que o art. 35, caput, da Lei nº 8.212/1991 deveria ser observado e comparado com a atual redação emprestada pela Lei nº 11.941/2009. E como na atual redação, há remissão ao art. 61 da Lei nº 9.430/96, entendeu que o patamar da multa aplicada estaria limitado a 20% (§ 2º do art. 61). Ao revés, os paradigmas adotaram solução oposta: o art. 35 da Lei nº 8.212/1991 deveria agora ser observado à luz da norma introduzida pela Lei nº 11.941/2009, qual seja, o art. 35A que, por sua vez, faz remissão ao art. 44, da Lei nº 9.430/96. Na ementa dos julgados paradigmas, a aplicação da retroatividade benigna na forma de aplicação do art. 61, § 2º, da Lei nº 9.430/1996 é rechaçada de forma expressa pelo órgão julgador. Às fls. 1485/1492, a 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, DANDO SEGUIMENTO ao recurso em relação às duas divergências propostas pela União. Intimado, o Contribuinte, às fl. 1504/1512, apresentou Contrarrazões, requerendo a manutenção do acórdão na parte recorrida. Vieram os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Fl. 1553DF CARF MF Processo nº 19740.000668/200887 Acórdão n.º 9202005.758 CSRFT2 Fl. 11 5 Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora. O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase de Auto de Infração AI n° 37.179.4340, consolidado em 15/12/2008, no valor de RS 258.849,95, acrescidos de juros e multa, por ter o Contribuinte deixado de recolher a contribuição previdenciária devida e SAT sobre os valores pagos a segurados a título de Participação nos Lucros e Resultados (empregados), Reembolso Faculdade (empregados), Previdência Privada (empregados e diretores) e Prêmios (empregados e diretores), conforme se infere do Relatório Fiscal às fls. 145/165. O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao Recurso Ordinário. O Recurso Especial, apresentado pela Fazenda Nacional trouxe para análise as seguintes divergências: 1. Salário indireto – educação e 2. Retroatividade benigna. 1. Salário indireto – educação a) Valores pagos a título de auxílioeducação (bolsa de estudo ensino superior); As Contribuições Previdenciárias possuem uma restrita linha de aplicação. Conforme bem delimitado pela Constituição Federal e pela Lei de Custeio estas exações se referem exclusivamente a valores advindos do trabalho, portanto, verbas de natureza remuneratória. O acórdão recorrido orienta a questão considerando que valores pagos relativos à educação superior (graduação e pósgraduação) se enquadram na hipótese de não incidência prevista na alínea “t”, § 9º, artigo 28, da lei 8.212/91 visto que a Lei 9394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, no artigo 39, estabelece que a educação profissional integrase aos diferentes níveis e modalidades de educação e inclui graduação e pósgraduação. Independentemente desta argumentação esposada no voto da conselheiro relator do recorrido, a qual aproveita nova redação da Lei alterada apenas em 2008 com a nova redação dada pela L. 11.741 e que poderia ser considerada norma favorável e razão de legiferar do legislador que representa a vontade do Estado, registro o mesmo encaminhamento com a inclusão de outros argumentos. Para dirimir esta questão me aproveito de alguns entendimentos veiculados no voto da Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, nos termos que segue: Fl. 1554DF CARF MF 6 Segundo afirma o jurista mineiro e Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Mauricio Godinho Delgado, na obra "Curso de Direito do Trabalho", 2ª ed., para caracterizar salário utilidade devem ser analisados três requisitos. O primeiro deles é o da "habitualidade do fornecimento", deve o fornecimento do bem ou serviço ser reiterado ao longo do contrato de trabalho, deve estar presente a idéia de ser uma prestação de repetição uniforme em certo contexto temporal. O segundo requisito é a presença do "caráter contraprestativo do fornecimento", defende que é necessário que a causa e objetivos envolvidos no fornecimento da utilidade sejam essencialmente contraprestativo, é preciso que a utilidade seja fornecida preponderantemente com o intuito retributivo, como um acréscimo de vantagens contraprestativas ofertadas ao empregado. Pela pertinência vale citar (p. 712): Nesse quadro, não terá caráter retributivo o fornecimento de bens ou serviços feito como instrumento para viabilização ou aperfeiçoamento da prestação laboral. É claro que não se trata, restritivamente, de essencialidade do fornecimento para que o serviço possa ocorrer; o que é importante, para ordem jurídica, é o aspecto funcional, prático, instrumental, da utilidade ofertada para o melhor funcionamento do serviço. A esse respeito, já existe clássica fórmula exposta pela doutrina com suporte no texto do velho art. 458, §2º da CLT: somente terá natureza salarial a utilidade fornecida pelo trabalho e não para o trabalho. E quanto ao fornecimento e provimento da educação referido Ministro ainda destaca que tratase de dever imposto à empresa pela própria Constituição Federal, e por tal razão o bem ou serviço ofertado não pode ser classificado como salário utilidade, vale citar (p. 715): O dever, como se sabe, é tutela de interesse de outrem imposta a alguém pela ordem jurídica. O dever não necessariamente favorece o sujeito passivo de uma relação jurídica direta (como a relação de emprego); neste sentido distinguese da simples obrigação contratual. Pode, assim, a conduta derivada da tutela de interesse de outrem reportarse a uma comunidade indiferenciadas de favorecidos. É o que se passa com as atividades educacionais, por exemplo. O empregador tem o dever de participar das atividades educacionais do país pelo menos o ensino fundamental (art. 205, 212, §5º, CF/88). Esse dever não se restringe a seus exclusivos empregados estendese aos filhos destes e até mesmo à comunidade, através da contribuição parafiscal chamada salárioeducação (art. 212, §5º, CF/88; DecretoLei n. 1.422/75). Há, pois, fixado em norma jurídica heterônoma do Estado (inclusive na Constituição) um dever jurídico das empresas com respeito ao ensino no país (pelo menos o ensino fundamental): ou esse dever concretizase em ações diretas perante sues próprios empregados e os filhos destes ou, na falta de tais ações diretas, ele se concretiza perante o conjunto societário, através do recolhimento do salário educação. Estáse, desse modo, perante um dever jurídico geral e não mera obrigação contratual. Quanto ao terceiro requisito "onerosidade unilateral", embora reconheça trata se de conduta técnicojuridico extremamente controvertida, o Ministro Delgado admite sua aplicação em casos específicos (p. 718): É claro que ocorrem, na prática juslaborativa, algumas poucas situações em que fica nítido o interesse real do obreiro em Fl. 1555DF CARF MF Processo nº 19740.000668/200887 Acórdão n.º 9202005.758 CSRFT2 Fl. 12 7 ingressar em certos programas ou atividades subsidiados pela empresa. Tratase de atividades ou programas cuja fruição é indubitavelmente vantajosa ao trabalhador e sua família, e cujo custo econômico para o empregado é claramente favorável, em decorrência do subsídio empresarial existente. Nestas situações, que afastam de modo patente a idéia de mera simulação trabalhista, não há por que negarlhe relevância ao terceiro requisito ora examinado. Aliás, a quase singularidade de tais situações é que certamente conduz a jurisprudência a valorizar o presente requisito apenas em alguns poucos casos concretos efetivamente convincentes. Embora haja habitualidade na ofertada das bolsas à totalidade dos empregados, a utilização do benefício pelo obreiro é facultativa e onerosa, já que condicionada ao pagamento da parcela da mensalidade devida, e salvo na hipóteses de realização de cursos sucessivos, teremos uma prestação com duração delimitada no tempo (período letivo) não se estendendo por todo contrato de trabalho. Por força do art. Art. 110 do CTN a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal e com base nessa premissa o art. 195, I, alínea a da Constituição Federal deve ser interpretado utilizandose os conceitos construídos pelo Direito do Trabalho o qual, no entender desta Relatora, seria o ramo do direito competente para se manifestar sobre as relações e reflexos dos contratos de trabalho. Dispões o art. 195 da CF/88: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; ... Em contrapartida o art. 458, §2º, inciso II da Consolidação das Leis do Trabalho assim define o salário: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. ... Fl. 1556DF CARF MF 8 § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: ... II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; ... Ora, se os benefícios ofertados aos empregados na forma de educação são considerados pela CLT como verbas não salariais, não pode a fiscalização interpretar a norma tributária no sentido de classificar tais vantagens como "salário utilidade" dandolhes caráter remuneratório. Embora o art. 28, §9º, alínea 't' da Lei nº 8.212/91, somente após 2011 e em situações restritas, tenha admitido a exclusão de bolsas de estudos do conceito de salário de contribuição, o Superior Tribunal de Justiça bem antes havia pacificado seu entendimento pela exclusão de tais verbas do conceito de saláriodecontribuição. Vale citar recente decisão monocrática proferida pela Ministra Regina Helena Costa no Recurso Especial 1.634.880/RS (publicada em 11/11/2016), que negou seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional entendo que a decisão recorrida seguia a jurisprudência da Corte: Acerca da contribuição previdenciária, esta Corte adota o posicionamento segundo o qual não incide essa contribuição sobre os valores pagos a título de auxílioeducação. Nessa linha: PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. ART. 535, II, DO CPC. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA. SITUAÇÃO FÁTICA DIVERSA. POSSIBILIDADE. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE VALETRANSPORTE PAGO EM PECÚNIA. (...) 5. O STJ tem pacífica jurisprudência no sentido de que o auxílio educação, embora contenha valor econômico, constitui investimento na qualificação de empregados, não podendo ser considerado como salário in natura, porquanto não retribui o trabalho efetivo, não integrando, desse modo, a remuneração do empregado. É verba utilizada para o trabalho, e não pelo trabalho. Portanto, existe interesse processual da empresa em obter a declaração do Poder Judiciário na hipótese de a Fazenda Nacional estar cobrando indevidamente tal tributo. 6. Recurso Especial da Fazenda Nacional parcialmente conhecido e, nessa parte não provido e Recurso Especial da empresa provido. (REsp 1586940/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/05/2016, DJe 24/05/2016); Fl. 1557DF CARF MF Processo nº 19740.000668/200887 Acórdão n.º 9202005.758 CSRFT2 Fl. 13 9 PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. BOLSA DE ESTUDO. VERBA DE CARÁTER INDENIZATÓRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE A BASE DE CÁLCULO DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. "O auxílioeducação, embora contenha valor econômico, constitui investimento na qualificação de empregados, não podendo ser considerado como salário in natura, porquanto não retribui o trabalho efetivo, não integrando, desse modo, a remuneração do empregado. É verba empregada para o trabalho, e não pelo trabalho." (RESP 324.178PR, Relatora Min. Denise Arruda, DJ de 17.12.2004). 2. In casu, a bolsa de estudos, é paga pela empresa e destinase a auxiliar o pagamento a título de mensalidades de nível superior e pósgraduação dos próprios empregados ou dependentes, de modo que a falta de comprovação do pagamento às instituições de ensino ou a repetição do ano letivo implica na exigência de devolução do auxílio. Precedentes:. (Resp. 784887/SC. Rel. Min. Teori Albino Zavascki. DJ. 05.12.2005 REsp 324178/PR, Rel. Min. Denise Arruda, DJ. 17.02.2004; AgRg no REsp 328602/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ.02.12.2002; REsp 365398/RS, Rel. Min. José Delgado, DJ. 18.03.2002). 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no Ag 1330484/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/11/2010, DJe 01/12/2010) In casu, tendo o acórdão recorrido adotado entendimento pacificado nesta Corte, o Recurso Especial não merece prosperar pela incidência da Súmula 83/STJ. Isto posto, com fundamento no art. 557, caput, do Código de Processo Civil, NEGO SEGUIMENTO ao Recurso Especial. Adotando como fonte de direito o jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, a qual melhor interpreta a amplitude da base de cálculo da contribuição previdenciária, concluo que as bolsas de estudos fornecidas pela instituição aos empregados e seus respectivos dependentes não possuem natureza remuneratória, seja em nível básico, médio ou superior, não se sujeitando, portanto, à incidência do tributo lançado.” Defendo aqui meu posicionamento de que o Tribunal Administrativo deve ser útil à sociedade, motivo pelo qual deve se adequar a jurisprudência dominante do Poder Judiciário, a fim de evitar a repetitiva judicialização de demandas (tão nefasta ao orçamento público), mesmo que não esteja adstrita a aplicação dela por força do regimento, uma vez que a jurisprudência citada não procede de repetitivo de controvérsia (STJ), nem de repercussão geral (STF). Fl. 1558DF CARF MF 10 Saliento aqui, que não desconheço a previsão legal que restringe os critérios para a concessão de bolsas de estudo, bem como suas alterações legais, mas considerando o princípio da juridicidade, abarcado no Art. 2º da Lei 9784/99, que preleciona que o julgador no âmbito do Tribunal Administrativo deve atuar conforme a lei o Direito, sendo a Jurisprudência do STJ uma das fontes do Direito, aplicoa como razão de decidir. Não se trata aqui de afastar a constitucionalidade da norma, mas sim de interpretar o ordenamento jurídico com base em uma das fontes do Direito previstas em Lei Específica do Processo Administrativo Federal, tomando a máxima de que “a Lei não prevê palavras inúteis”, a aplicação acima referida está permitida dentro do âmbito administrativo fiscal, vez que este está abarcado no Procedimento Administrativo Federal. E assim acredito que a melhor interpretação seja aquela dada pelo STJ na ementa que transcrita na citação acima, não devendo incidir Contribuição Previdenciária sobre as verbas decorrentes de bolsa de estudos concedidas ao empregados, mesmo em se tratando se ensino superior. 2. Retroatividade Benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: Fl. 1559DF CARF MF Processo nº 19740.000668/200887 Acórdão n.º 9202005.758 CSRFT2 Fl. 14 11 AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no Fl. 1560DF CARF MF 12 caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e Fl. 1561DF CARF MF Processo nº 19740.000668/200887 Acórdão n.º 9202005.758 CSRFT2 Fl. 15 13 II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da Fl. 1562DF CARF MF 14 contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Fl. 1563DF CARF MF Processo nº 19740.000668/200887 Acórdão n.º 9202005.758 CSRFT2 Fl. 16 15 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as Fl. 1564DF CARF MF 16 penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Assim dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Diante do exposto conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional para no mérito darlhe parcial procedência. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 1565DF CARF MF Processo nº 19740.000668/200887 Acórdão n.º 9202005.758 CSRFT2 Fl. 17 17 Voto Vencedor Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora Designada. Peço licença a ilustre conselheira Ana Paula Fernandes para divergir do seu entendimento quanto a exonerar o contribuinte de obrigação principal prevista em lei, bem como do alcance da lei 8212/91 em relação a concessão de bolsa de estudos de ensino superior, sem cumprir o requisito legal de extensão a todos os segurados. CONCESSÃO DE BOLSA AOS ESTUDO NÍVEL SUPERIOR AOS EMPREGADOS Quanto a concessão de bolsa de estudos nível superior aos empregados, na forma como concedida, constituírem salário de contribuição, razão confiro ao recorrente. De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades, nestas palavras: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Existem parcelas que não sofrem incidência de contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial, tais verbas estão arroladas no art. 28, § 9º da Lei n ° 8.212/1991, nestas palavras, especificamente em relação a bolsas de estudo: Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) No caso, quanto a verba BOLSA DE ESTUDOS, nos termos em que foi concedida não constituir salário de contribuição, entendo que não restaram cumpridos os Fl. 1566DF CARF MF 18 requisitos para que sua concessão não constituísse salário de contribuição. Conforme acima esclarecido, a legislação pertinente a contribuições previdenciárias possui legislação própria, tanto em relação a parte de custeio Lei 8212/91, como em relação a concessão de benefícios Lei 8213/91, ambas regulamentadas pelo Decreto 3048/99. Assim, não encontra amparo a exclusão dos valores pagos à título de bolsas de estudos em legislação diversa, assim como trazido pela ilustre relatora, quando existem pontos específicos sobre o tema na legislação previdenciária que restringe a sua exclusão do conceito de salário de contribuição. O citado art. 458, §2º da Consolidação das Leis dos Trabalho CLT, realmente assim encontrase disposto: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. [...] § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) [...] II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) [...] Ou seja, embora o conceito de salário de contribuição possua correlação com o conceito de remuneração do art. 458 da CLT, o legislador ordinário optou por atribuirlhes limites diversos de exclusão, destacando no art. 28, §9º da lei 8212/90, quais os limites para que a educação, seja na forma de bolsas ou auxílios, seja excluída do conceito de remuneração (salário de contribuição) para efeitos previdenciários. Para os que defendem que o art. 458, §2º foi editado posteriormente à lei 8212/91, o que autorizaria sua aplicação para definição da exclusão das verbas ali elencadas do conceito de salário de contribuição, entendo que razão não lhes assiste, pelos argumentos abaixo expostos: 1º) o custeio previdenciário é regido por legislação própria, sendo que mesmo após a alteração do art. 458, §2º da CLT pela lei 12.761/2012, não houve revogação expressa do art. 28, §9º, 't" da lei 8212/ 91, nem mesmo qualquer alteração para convergência irrestrita dos conceitos de remuneração (salário de contribuição) para efeitos previdenciários e remuneração para efeitos trabalhistas; 2º) outro ponto que mostrase relevante é que em momento algum o próprio dispositivo da CLT determina o alcance irrestrito as bolsas concedidas aos dependentes dos empregados; 3º) por fim, o ponto que entendo mais forte para determinar que o legislador trata as questões de forma diversa, é a alteração do art. 28, § 9º,“t”da Lei 8212/91 pela Lei nº 12.513, de 2011. Apenas nessa lei de 2011, o legislador optou por incluir os dependentes do Fl. 1567DF CARF MF Processo nº 19740.000668/200887 Acórdão n.º 9202005.758 CSRFT2 Fl. 18 19 segurado, mas ainda o fez de forma restrita para efeitos da exclusão do conceito de salário de contribuição, pois define claramente que não é qualquer bolsa para aos dependentes, ou mesmo aos próprios empregados que se encontram excluídos da base de cálculo de contribuições previdenciárias. Esse fato corrobora o entendimento de que estamos diante de disciplinamentos distintos com regras específicas. Quisesse o legislador nesse momento que as bolsas de estudos de forma irrestrita estivessem excluídas do conceito, bastaria reproduzir o dispositivo da CLT, porém assim, não o fez. Apenas para esclarecer, colacionamos o referido dispositivo. Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do saláriodecontribuição, o que for maior; (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) Vale destacar que não estamos falando de regra meramente interpretativa, ou mesmo legislação que deixou de considerar infração, determinada conduta, mas de alteração legislativa que excluiu da base de cálculo, ou mesmo do conceito de salário de contribuição determinado benefício. Dessa forma, sua aplicabilidade é restrita aos fatos geradores ocorridos após a sua publicação e dentro dos estritos limites da lei. Quanto a fundamentação de que não possuiria caráter remuneratório, transcrevendo inclusive julgados que indicariam seu caráter indenizatório, também não corroboro desse entendimento. Pelo contrário, o ganho foi direcionado ao segurado empregado da recorrente quando a empresa concedeu as BOLSAS DE ESTUDOS. O campo de incidência é delimitado pelo conceito de salário de contribuição, que destaca o conceito de remuneração em sua acepção mais ampla. Remunerar significa retribuir o trabalho realizado à qualquer título. Desse modo, qualquer valor em pecúnia ou em utilidade que seja pago a uma pessoa natural em decorrência de um trabalho executado, de um serviço prestado, ou até mesmo por ter ficado à disposição do empregador, está sujeito à incidência de contribuição previdenciária. Segundo o ilustre professor Arnaldo Süssekind em seu livro Instituições de Direito do Trabalho, 21ª edição, volume 1, editora LTr, o significado do termo remuneração deve ser assim interpretado: No Brasil, a palavra remuneração é empregada, normalmente, com sentido lato, correspondendo ao gênero do qual são espécies principais os termos salários, vencimentos, ordenados, soldo e honorários. Como salientou com precisão Martins Fl. 1568DF CARF MF 20 Catharino, “costumeiramente chamamos vencimentos a remuneração dos magistrados, professores e funcionários em geral; soldo, o que os militares recebem; honorários, o que os profissionais liberais ganham no exercício autônomo da profissão; ordenado, o que percebem os empregados em geral, isto é, os trabalhadores cujo esforço mental prepondera sobre o físico; e finalmente, salário, o que ganham os operários. Na própria linguagem do povo, o vocábulo salário é preferido quando há prestação de trabalho subordinado.” Não se pode descartar o fato de que os valores pagos á título de BOLSA D ESTUDOS, representam alguma espécie de ganho. Na verdade, dito benefício, está inseridos no conceito lato de remuneração, assim compreendida a totalidade dos ganhos recebidos como contraprestação pelo serviço executado. Também convém reproduzir a posição da professora Alice Monteiro de Barros acerca da distinção entre utilidades salariais e não salariais, enfatizando, de que forma, as utilidades fornecidas, tornamse ganhos, salários indiretos para os empregado. "As utilidades salariais são aquelas que se destinam a atender às necessidades individuais do trabalhador, de tal modo que, se não as recebesse, ele deveria despender parte de seu salário para adquirilas. As utilidades salariais não se confundem com as que são fornecidas para a melhor execução do trabalho. Estas equiparamse a instrumentos de trabalho e, conseqüentemente, não têm feição salarial." Dessa forma, entendo descabida a argumentação de que as BOLSAS sejam fornecidas para o trabalho, cujo alcance está restrito a utilidades que estejam relacionadas diretamente ao desempenho profissional, tais como equipamentos eletrônicos, uniformes, utilização de automóveis, telefones, dentre outros. Também não corroboro a argumentação de que não possua caráter remuneratório, pois não é considerada retribuição pelo trabalho prestado. Ora, não estamos falando de uma bolsa concedida a terceiros desvinculados de relação de trabalho com a empresa, mas de empregados, cuja concessão da bolsa, nada mais é do que um atrativo indireto de captura de profissionais, que muitas vezes não poderiam ter acesso com o simples salário pago pela instituição. Não discordo do aspecto louvável que se poderia extrair de tal ação, mas a legislação tributária não comporta interpretação extensiva face atitudes altruísticas, salvo nos casos expressamente determinados em lei, em obediência, no caso concreto, ao art. 111 do CTN c//c com o art. 28, I e §9º. 't" da lei 8212/91. Enfrentadas as questões pertinentes a qual legislação e, por conseguinte, exigências legais devem ser atendidas para que a bolsa de estudos esteja excluída do conceito de salário de contribuição, vale ressaltar que corroboro em parte com o acórdão recorrido, especificamente sobre a possibilidade de considerar a concessão de bolsa de estudos de nível superior, ou mesmo em nível de pós graduação como incluídos na previsão legal esculpida no art. 28, §9º, "t". Senão vejamos: Do Reembolso faculdade Ao contrário do que afirmado pela fiscalização, a exclusão do salário de contribuição dos valores pagos aos empregados a título de auxílio educação compõe toda a educação, inclusive superior, pois se refere a curso de capacitação e qualificação Fl. 1569DF CARF MF Processo nº 19740.000668/200887 Acórdão n.º 9202005.758 CSRFT2 Fl. 19 21 profissional, previsto no art. 28, §9º, “t” da Lei nº 8.212/1991, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores em comento: § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...). t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. Além de estar previsto em norma expressa do texto legal, o intuito do legislador, de incentivar o custeio e investimento na capacitação da mão de obra, é também alcançado através do pagamento de cursos de especialização ou de graduação em nível superior. Este é o entendimento deste CARF, que já foi firmado no julgamento do Recurso Voluntário, cuja decisão transcrevese abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 (...). BOLSA DE ESTUDO. EDUCAÇÃO SUPERIOR. CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL. EXCLUSÃO DE VALORES. Serão excluídos da base de cálculo da contribuição social previdenciária os valores pagos pelos empregadores a título de educação, estando incluídos cursos de graduação, pós graduação, de línguas estrangeiras, tendo em vista que esses estão destinados à capacitação profissional do trabalhador, não retribuindo os serviços prestados por esses. FPAS. REENQUADRAMENTO. Caso seja feito enquadramento incorreto na Tabela de Códigos FPAS, prevista no Anexo III, da IN SRP nº 03/2005, a RFB, por meio de sua fiscalização, fará a revisão do enquadramento efetuado pelo sujeito passivo, observadas as atividades por ele exercidas. Recurso Voluntário Provido. (Recurso Voluntário 898318, processo 10166.721622/200982, Quarta Câmara, Segunda Seção de Julgamento, acórdão 2403000.611). Contudo, entendo que a falha na interpretação do relator do acórdão recorrido encontrase no seguinte fato: É bem verdade que a legislação exige que o benefício seja extensivo a todos os empregados da empresa. Contudo, não se tem notícia nos autos, até porque não apontado pela fiscalização, de que apenas parcela dos empregados e diretores tenha acesso. Deste modo, sendo omisso o relatório fiscal sobre este ponto, presume se que o contribuinte teria cumprido dita exigência, pois do contrário deveria ter havido a indicação expressa pelo Fl. 1570DF CARF MF 22 AFRFB. Assim, neste ponto, deve ser reformada a decisão recorrida. Embora a fiscalização tenha descrito em seu relatório fiscal dois pontos para efetivar o lançamento, quais sejam: a concessão de bolsas apenas aos empregados com no mínimo 6 meses na empresa, para o auditor a simples concessão de nível superior já era suficiente para determinar o descumprimento legal, o que não venho a corroborar entigralmente frente a possibilidade de serem considerados qualificação profissional. 5.2.2. O contribuinte foi então intimado mediante Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD em 17/07/2008 a prestar informações sobre os critérios para o pagamento de reembolso faculdade no ano de 2004. 5.2.3. Em resposta a essa intimação foi informado que a bolsa de estudos era extensiva a todos os colaboradores para cursos técnicos, de 3 o grau e pósgraduação, desde que o colaborador tivesse completado no mínimo 6 meses de trabalho pela empresa. Além disso, foi apresentada tabela de benefício de bolsa vigente em 2004 (cópia em anexo, fls.2o3). 5.2.4. Foi também solicitado à empresa que fossem apresentados os documentos referentes aos pagamentos de Reembolso Faculdade. 5.2.5. Analisando os documentos apresentados, constatouse que os reembolsos referemse a cursos de graduação e MBA. Em anexo (fls. ) planilha discriminando os pagamentos feitos a esses empregados e os cursos a que o reembolso se refere. 5.2.6. Frente ao artigo 28 da Lei 8.212/91, transcrito no item 5.1, verificase que qualquer benefício concedido ao obreiro, sob qualquer denominação, é fato gerador de contribuição previdenciária, ante a amplitude da hipótese fenomênica. 5.2.7. Todavia, o § 9 o do artigo supramencionado traz hipóteses taxativas de não incidência dessa tributação. Dentre elas, a que interessa no caso presente: [...] 5.2.8. Dessa forma, a legislação previdenciária somente exclui do saláriodecontribuição as bolsas de complementação educacional que vise à educação básica, nos moldes da Lei 9.394/96, que no Título V Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino, Capítulo I Da Composição dos Níveis Escolares estabelece: 5.2.9. Diante do dispositivo legal mencionado acima, concluise que a educação básica compõese tãosomente pela educação infantil, ensino fundamental e médio, não se englobando no conceito de educação básica o ensino superior (graduação/pós graduação/MBA), que é uma outra modalidade de educação escolar. (...) 5.2.10. Assim, não estando albergados na isenção concedida pela alínea "t" do § 9 o do art. 28 da Lei 8.212/91, os valores despendidos por empresa visando a custear o ensino superior de empregados realizam a hipótese de incidência lapidada no art. 28, I da mesma lei, na medida em que são montantes recebidos Fl. 1571DF CARF MF Processo nº 19740.000668/200887 Acórdão n.º 9202005.758 CSRFT2 Fl. 20 23 pelos obreiros, perfazendo por si só a regra matriz de incidência das contribuições previdenciárias, principalmente, porque a norma diz "pagos a qualquer título". Contudo, ao contrário do descrito no acórdão recorrido, entendo que a autoridade fiscal trouxe sim em seu relatório a informação de que os cursos não eram extensivos a todos, mas apenas aos trabalhadores com no mínimo 6 meses de prestação de seviços.Senão reprisemos: 5.2.3. Em resposta a essa intimação foi informado que a bolsa de estudos era extensiva a todos os colaboradores para cursos técnicos, de 3 o grau e pósgraduação, desde que o colaborador tivesse completado no mínimo 6 meses de trabalho pela empresa. Além disso, foi apresentada tabela de benefício de bolsa vigente em 2004 (cópia em anexo, fls.2o3). Se a legislação trabalhista e previdenciária considera tanto o trabalhador por prazo indeterminado como determinado como empregados desde o primeiro dis, não vejo como considerar que conceder o benefício a apenas trabalhadores com mais de 6 meses como "extensível a todos os empregados", razão pela qual DOU PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, também nessa parte. Portanto, estando no campo de incidência do conceito de remuneração (salário de contribuição) e não havendo dispensa legal para incidência de contribuições previdenciárias sobre tais verbas no período objeto do presente lançamento, conforme já analisado, deve persistir o lançamento. Conclusão Pelo exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 1572DF CARF MF
score : 3.0809035
Numero do processo: 11080.002041/91-51
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Sat Jan 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 01/01/1989, 15/10/1990
FRASCOS PLÁSTICOS PARA A EMBALAGEM DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS.
Os frascos plásticos, mesmo os destinados ao acondicionamento de produtos farmacêuticos, classificam-se no código 3923.30.00 da TIPI/88, por força do disposto nas RGI-SH nºs 1 e 6, combinadas com a RGC nº 1, pois a destinação desse tipo de embalagem é irrelevante para a definição de seu código tarifário.
Recurso Especial do Procurador Provido
Numero da decisão: 9303-005.505
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 01/01/1989, 15/10/1990 FRASCOS PLÁSTICOS PARA A EMBALAGEM DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS. Os frascos plásticos, mesmo os destinados ao acondicionamento de produtos farmacêuticos, classificamse no código 3923.30.00 da TIPI/88, por força do disposto nas RGISH nºs 1 e 6, combinadas com a RGC nº 1, pois a destinação desse tipo de embalagem é irrelevante para a definição de seu código tarifário. Recurso Especial do Procurador Provido Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 20 41 /9 1- 51 Fl. 796DF CARF MF Processo nº 11080.002041/9151 Acórdão n.º 9303005.505 CSRFT3 Fl. 797 2 Relatório Cuidase de Recurso Especial (fls. 777 a 7841) interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 30238.658, de 22 de maio de 2007 (fls. 756 a 772), com fulcro no inc. I do art. 7º do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007 RICSRF. O acórdão recorrido está assim ementado: Assunto: Classificação de Mercadorias Data do fato gerador: 01/01/1989, 15/10/1990 Ementa: DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. INDEFERIMENTO DE DILIGÊNCIA. MOTIVAÇÃO. Tendo a decisão recorrida apontado os motivos do indeferimento da diligência requerida, não há como acatar o argumento de cerceamento do direito de defesa da recorrente. Também não se afigura plausível o argumento de inexistência de motivação ou fundamentação legal no acórdão recorrido, uma vez que tanto o relatório reclamado como os fundamentos de fato e de direito estão plasmados no corpo do decisum. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS — FRASCOS PLÁSTICOS PARA A EMBALAGEM DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS. Os frascos plásticos destinados à embalagem de produtos farmacêuticos se classificam no código 3923.90.99.02 da TIPI/88, por força do disposto na Regra 3"a" das Regras Gerais Para Interpretação do Sistema Harmonizado. Incabível a aplicação da penalidade capitulada no art. 364, inciso II, do RIPI aprovado pelo Decreto n° 87.981/82, sobre os frascos plásticos com a destinação de que se trata. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. Consta do texto da decisão: ACORDAM os Membros da SEGUNDA CÂMARA do TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar arguida pela recorrente, no mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora designada. Vencido o Conselheiro Corintho Oliveira Machado, relator que negava provimento e por maioria de votos, negar provimento quanto à multa. Vencido o conselheiro Paulo Affonseca de Barros Faria Júnior. Designada para redigir o acórdão a Conselheira Elizabeth Emílio de Moraes Chieregatto. 1 A numeração das folhas reportase à atribuída nos autos digitais. Fl. 797DF CARF MF Processo nº 11080.002041/9151 Acórdão n.º 9303005.505 CSRFT3 Fl. 798 3 Em síntese, a decisão extirpou do lançamento de ofício de IPI os valores relativos à classificação fiscal das embalagens de plástico destinadas ao acondicionamento de produtos farmacêuticos, tendo como correta a classificação fiscal realizada pelo contribuinte sob o código 3923.90.99.02 da TIPI/88, ao entendimento de que a mesma estava em consonância com a Regra 3"a" das Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado – RGISH. A Fazenda Nacional acusou a violação do violação ao art. 1° do Decreto nº 97.409, de 23 de dezembro de 1988, que promulgou a Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias. No mérito, defende que a classificação correta do produto em questão, de acordo com as RGIs 1ª e 6ª (textos da posição 3923 e da subposição 3923.30), da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – TIPI, aprovada pelo Decreto nº 97.410, de 23 de dezembro de 1988 – TIPI/88, dáse na subposição 3923.30. Por meio do Despacho nº 30200.209, de 11/09/2008, fls. 785 a 787, a Presidente da extinta 2ª Câmara do 3º Conselho de Contribuintes admitiu o apelo. O interessado foi intimado do Acórdão nº 30238.658, do Recurso Especial fazendário e do despacho que o admitiu, sem nada opor (cfe. despacho de fl. 795). É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Admissibilidade A Fazenda Nacional foi intimada da decisão recorrida em 16/04/2008 (cfe. Termo de Intimação pessoal do Procurador, fl. 774). Assim, o recurso formulado na mesma data (cfe. RM nº 10657, fl. 776) é tempestivo. Ademais, a PFN afirma que o acórdão recorrido malferiu o Sistema Harmonizado, introduzido no ordenamento jurídico pelo Decreto nº 97.409, de 1988, em decisão não unânime. Presentes os pressupostos recursais, a petição de fls. 777 a 784 merece ser conhecida como recurso especial contra o Acórdão nº 30238.658, de 22 de maio de 2007. Mérito Conforme relatado, a questão de fundo cingese em verificar qual a classificação fiscal dos frascos de plástico destinadas ao acondicionamento de produtos farmacêuticos de acordo com as RGISH. Não há controvérsia quanto à posição: o capítulo (1º e 2º dígitos) é o 39 (Plástico e suas obras) e a posição (3º e 4º dígitos), 3923. A divergência está na subposição (5º dígito, que define a subposição de 1º nível, e 6º, ou subposição de 2º nível): 3923.30 ou 3923.90. A decisão recorrida invocou a RGISH 3“a”, para classificar o produto na subposição 3923.90, conforme indicado pelo autuado, em especial consideração do fato de Fl. 798DF CARF MF Processo nº 11080.002041/9151 Acórdão n.º 9303005.505 CSRFT3 Fl. 799 4 existir um Ex que faz referência a embalagens de produtos farmacêuticos. A Fazenda Nacional, a seu turno, pugna pela adoção da subposição 3923.30, adotada pela Fiscalização, na esteira das soluções de consulta que refere (e.g. Decisão SRRF /8ª RF/DIANA nº 45, de 31 de maio de 1999). A controvérsia, além de antiga (como atesta o ano de protocolo do presente processo), é corriqueira, e o seu deslinde passa necessariamente pela análise do disposto nas subposições de mesmo nível da TIPI, tendo em vista o disposto na RGI/SH nº 6, a seguir transcrita: 6 A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Suposição respectivas, assim como, "mutatis mutandis", pelas Regras precedentes, entendendose que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário. Atentese também para as Regras Gerais Complementares da TIPI RGC/TIPI: RGC/TIPI RGC/TIPI1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar, no âmbito de cada código, quando for o caso, o "Ex" aplicável, entendendose que apenas são comparáveis "Ex" de um mesmo código. Regra 1 das RGC RGC1 As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, mutatis mutandis, para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. Ressalto ainda que, para fins de determinação da classificação fiscal de um produto na TIPI, a comparação deve ser feita na seguinte ordem: em primeiro lugar entre os textos das posições de um mesmo capítulo, em seguida, entre os textos das subposições de mesmo nível da mesma posição, depois entre os textos dos itens da mesma subposição e, por último, entre os textos dos subitens do mesmo item. À época da autuação, a Posição 3923 apresentava os seguintes desdobramentos em subposições, itens e subitens, com as respectivas incidências: CÓDIGO NBM DESCRIÇÃO ALÍQUOTA (%) 3923 ARTIGOS DE TRANSPORTE OU DE EMBALAGEM, DE PLÁSTICOS; ROLHAS, TAMPAS, CÁPSULAS E OUTROS DISPOSITIVOS PARA FECHAR RECIPIENTES, DE PLÁSTICOS 3923.10.0000 ‐Caixas, caixotes, engradados e artigos semelhantes 12 Fl. 799DF CARF MF Processo nº 11080.002041/9151 Acórdão n.º 9303005.505 CSRFT3 Fl. 800 5 3923.2 ‐Sacos de quaisquer dimensões, bolsas e cartuchos 3923.21 ‐‐De polímeros de etileno 3923.21.0100 ‐‐‐‐Sacos, exceto postais 8 3923.21.0200 ‐‐‐Sacos e Malotes postais 16 3923.21.0300 ‐‐‐Container flexível, tipo saco, com alças para entrada dos garfos das máquinas de elevação ou empilhamento 8 3923.21.9900 ‐‐‐ Outros 16 3923.29 ‐‐De outros plásticos 3923.29.0100 ‐‐‐‐Sacos, exceto postais 8 3923.29.0200 ‐‐‐Sacos e Malotes postais 16 3923.29.0300 ‐‐‐Container flexível, tipo saco, com alças para entrada dos garfos das máquinas de elevação ou empilhamento 8 3923.29.9900 Outros 8 3923.30.0000 ‐Garrafões, garrafas, frascos e artigos semelhantes 10 3923.40 ‐Bobinas, carretéis e suportes semelhantes 3923.40.0100 ‐‐‐‐Para a indústria têxtil 0 3923.40.0200 ‐‐‐‐Para filmes ou películas fotográficas ou cinematográficas e para fitas de registro de som 16 3923.40.9900 ‐‐‐‐ Outros 8 3923.50.0000 ‐Rolhas, tampas, cápsulas e outros dispositivos para fechar recipientes 8 3923.90 ‐Outros 3923.90.0100 ‐‐‐Vasilhame para transporte de leite, de capacidade de até 300 litros ISENTO 3923.90.0200 ‐‐‐Canudos ou minitubos para acondicionamento de sêmen animal em doses e de aplicação direta em inseminação artificial 16 3923.90.99 ‐‐‐Outros 3923.90.9901 ‐‐‐‐‐Embalagens para produtos alimentícios 0 3923.90.9902 ‐‐‐‐‐Embalagens para produtos farmacêuticos 0 3923.90.9903 ‐‐‐‐Embalagens para produtos de perfumaria, toucador e cosméticos 8 3923.90.9999 ‐‐‐‐Qualquer outro 8 De pronto, pela combinação da RGISH 6 e da Regra 1 das RGC verificase que o texto da subposição 3923.30 contempla os frascos de plásticos de quaisquer dimensões, sem que se faça qualquer referência à sua utilização. Dito de outra forma, a utilização dada ao frasco é irrelevante para a classificação do produto nessa subposição. Por outro lado, a classificação do produto na subposição 3923 90, sob a descrição de "outros", é inadmissível, posto que essa descrição somente alcança os produtos não nomeados nas outras subposições da posição 3923 (e.g., copos, potes, baldes, bisnagas etc.), o que não é o caso dos frascos plásticos, expressamente referidos na subposição 3923.30. Portanto, andou mal a decisão recorrida no exercício de classificação que procedeu, ao classificar o produto em comento na subposição 3923.90.00, adotando como critério exclusivo a destinação da embalagem, em total desconsideração das regras de classificação acima explicitadas. Em se tratando de classificação fiscal, estabelecer comparação do texto do Ex da subposição 99 outros com o texto do item e subitem 0000 dentro da posição 3923.30 garrafões, garrafas, frascos e artigos semelhantes, é uma heresia. Devese primeiro definir a subposição, e somente depois são considerados os Ex (na posição previamente definida). Assim, mesmo que o produto em questão destinese ao acondicionamento de produtos farmacêuticos, por serem frascos (espécie do gênero embalagem), são classificadas necessariamente na subposição 3923.30 em face da maior especificidade. Fl. 800DF CARF MF Processo nº 11080.002041/9151 Acórdão n.º 9303005.505 CSRFT3 Fl. 801 6 Como se não bastasse, a RGISH nº 3, alínea "a", aplicada pela decisão recorrida, somente deve ser empregada quando pareça que o produto pode classificarse em duas ou mais posições por aplicação da Regra 2 b) ou por qualquer outra razão, do que, absolutamente, não se cogita, haja vista a demonstração cabal de que aplicação combinada das RGISH n° 1, nº 6 e RGC nº 1 é suficiente para a perfeita identificação do seu código tarifário. Conclusão Com essas considerações, dou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, para restabelecer a exigência dos valores do lançamento (principal e consectários legais) excluídos pela decisão recorrida. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 801DF CARF MF
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Numero do processo: 11444.000764/2007-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Aug 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2001 a 31/12/2006
DECISÕES DE SEGUNDA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. MATÉRIA DE IDÊNTICO TEOR. NÃO VINCULAÇÃO.
Ressalvada a hipótese de súmula editada no âmbito do CARF, o julgador administrativo não está vinculado a decisões adotadas em razão da análise de processo diverso, ainda que relacionada à mesma matéria e ao mesmo contribuinte.
O instrumento adequado para se evitar divergência de posicionamento no âmbito do CARF em razão de fatos análogos, privilegiando o princípio da segurança jurídica, é o recurso especial.
PRODUÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO.
As razões de prova de que dispuser o contribuinte devem ser apresentadas na impugnação, precluindo o direito de o sujeito passivo fazê-lo em momento processual posterior.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. EMPREGADOS E DIRIGENTES. CURSOS DE NÍVEL SUPERIOR. ISENÇÃO. POSSIBILIDADE.
A qualificação e capacitação profissional não se restringem a cursos oferecidos em nível de educação básica, podendo estender-se a cursos em nível de graduação ou pós-gradual.
Não se afigura suficiente para afastar a isenção prevista em lei, relativa ao auxílio educação, a demonstração de que os curso oferecidos aos empregados e dirigentes no âmbito do programa de formação seja de nível superior.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. DEPENDENTES. INCIDÊNCIA.
Não há previsão legal para a isenção de contribuições previdenciárias em relação valores pagos a título de bolsa de estudos oferecidas a dependentes de empregados e dirigentes vinculados à empresa, ainda que esse benefício esteja previsto em convenção coletiva de trabalho.
A previsão de determinado benefício em convenção coletiva de trabalho não exclui a incidência das contribuições previdenciárias a ele relativas a menos que exista previsão legal expressa nesse sentido.
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. ALTERAÇÃO LEGAL. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO.
O cálculo da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser efetuado de conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO.
A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu.
O Código de Defesa do Consumidor não tem aplicação em se tratando de multa por descumprimento de obrigação tributária.
JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC.
Os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic para títulos federais.
Numero da decisão: 2402-006.286
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento os valores pagos sob a forma de bolsa de estudos a empregados e dirigentes da empresa e para que seja aplicada a retroatividade benigna de acordo com a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregorio Rechmann Junior, Luis Henrique Dias Lima, e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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MATÉRIA DE IDÊNTICO TEOR. NÃO VINCULAÇÃO. Ressalvada a hipótese de súmula editada no âmbito do CARF, o julgador administrativo não está vinculado a decisões adotadas em razão da análise de processo diverso, ainda que relacionada à mesma matéria e ao mesmo contribuinte. O instrumento adequado para se evitar divergência de posicionamento no âmbito do CARF em razão de fatos análogos, privilegiando o princípio da segurança jurídica, é o recurso especial. PRODUÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. As razões de prova de que dispuser o contribuinte devem ser apresentadas na impugnação, precluindo o direito de o sujeito passivo fazêlo em momento processual posterior. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. EMPREGADOS E DIRIGENTES. CURSOS DE NÍVEL SUPERIOR. ISENÇÃO. POSSIBILIDADE. A qualificação e capacitação profissional não se restringem a cursos oferecidos em nível de educação básica, podendo estenderse a cursos em nível de graduação ou pósgradual. Não se afigura suficiente para afastar a isenção prevista em lei, relativa ao auxílio educação, a demonstração de que os curso oferecidos aos empregados e dirigentes no âmbito do programa de formação seja de nível superior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 44 4. 00 07 64 /2 00 7- 87 Fl. 564DF CARF MF 2 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. DEPENDENTES. INCIDÊNCIA. Não há previsão legal para a isenção de contribuições previdenciárias em relação valores pagos a título de bolsa de estudos oferecidas a dependentes de empregados e dirigentes vinculados à empresa, ainda que esse benefício esteja previsto em convenção coletiva de trabalho. A previsão de determinado benefício em convenção coletiva de trabalho não exclui a incidência das contribuições previdenciárias a ele relativas a menos que exista previsão legal expressa nesse sentido. PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. ALTERAÇÃO LEGAL. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. O cálculo da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser efetuado de conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. O Código de Defesa do Consumidor não tem aplicação em se tratando de multa por descumprimento de obrigação tributária. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. Os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. Fl. 565DF CARF MF Processo nº 11444.000764/200787 Acórdão n.º 2402006.286 S2C4T2 Fl. 3 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento os valores pagos sob a forma de bolsa de estudos a empregados e dirigentes da empresa e para que seja aplicada a retroatividade benigna de acordo com a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregorio Rechmann Junior, Luis Henrique Dias Lima, e Renata Toratti Cassini. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 1421.145, da 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP – DRJ/RPO (fls. 487/505) que julgou improcedente impugnação apresentada em face de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD lavrada sob o Debcad nº 37.072.8866 para a apuração de contribuições previdenciárias relativas à parte dos segurados nas competências 07/2001 a 12/2006. Por bem retratar as razões expostas no Relatório Fiscal e na impugnação, transcrevese a parte correspondente do acórdão recorrido: Relatório Fiscal A Auditoria Fiscal conclui que as bolsas concedidas aos próprios empregados e aos seus dependentes são consideradas Salário de Contribuição, nos termos do art. 28, inciso I da Lei n° 8.212/91. Constam às fls. 48/154 Planilhas contendo a discriminação dos segurados empregados beneficiados, seus respectivos dependentes, os valores individualmente percebidos, os salários de contribuição, a base de cálculo e as contribuições dos segurados empregados. Impugnação Dentro do prazo regulamentar a Empresa Notificada contestou o Lançamento através do instrumento de fls. 168 a 202, consubstanciada nas seguintes alegações: Dos fatos. Reportase ao contido no Relatório Fiscal e transcreve trecho. Fl. 566DF CARF MF 4 O lançamento não merece subsistir . Por primeiro, cumpre deixar consignada a presença da decadência, precisamente aqueles decorrentes dos fatos geradores ocorridos no ano de 2001. Os valores recebidos a título de Bolsa de Estudos não compõem o Salário Contribuição, portanto, não são integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Por fim, a multa aplicada é confiscatória, bem como a Taxa SELIC não pode ser aplicada, visto ser inconstitucional e ilegal. Da Preliminar. Da Decadência e do Prazo Decadencial de 05 anos. Tece elaborado arrazoado sobre o assunto. Cita e transcreve Doutrina e dispositivos legais. Conclui que a RFB não exercitou seu direito dentro do prazo e, portanto, o direito ao crédito tributário decorrente dos fatos geradores ocorridos no ano de 2001 está extinto pela decadência. Da Inconstitucionalidade do Art. 45 da Lei n° 8.212/91. A Constituição Federal preceitua que caberá à lei complementar dispor sobre prescrição e decadência que em nosso ordenamento jurídico está recepcionado pelo Código Tributário Nacional. Transcreve farta Jurisprudência. Ao final afirma que os Tribunais superiores chancelam a tese de que o prazo decadencial é de 05 anos. Menciona também o recente posicionamento do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça que afastaram o art. 45 da Lei 8212/91 por ser inconstitucional. Do Direito. Da inverdade da Premissa Utilizada Para Sustentar o Presente Lançamento. O cerne da questão cingese: os valores pagos a título de Bolsa de Estudo são integrantes do SaláriodeContribuição, que é base de cálculo das contribuição previden iárias? Respondese: Não. É inverídico o baluarte que deu ensejo ao lançamento, demonstrando a total improcedência desta NFLD, visto que o valor pago a título de Bolsa de Estudo aos segurados e seus dependentes não é parte integrante do Salário de Contribuição. Da Não Integração dos Valores Pagos a Título de Bolsa de Estudos no SalárioContribuição. O fato de o valor pago a título de bolsa de estudo não ter natureza de salário de contribuição é disposição expressa de Lei. A CLT deixa expressamente consignado que o montante percebido por funcionário, concedido pelo empregador, a título de educação NÃO é considerado salário. Transcreve o art. 458. Mas não é somente este o dispositivo legal que afirma não consistir salário de contribuição. Consta na própria Lei de Custeio da Previdência Social que os valores a título de bolsa de estudo não integram o SalárioContribuição. Transcreve o art. 28, §9°, alínea "t" da Lei n° 8.212/91. É texto expresso da lei. Não há como interpretar tal dispositivo legal de maneira diferente. Salienta que a bolsa de estudo concedida é um valor concernente a plano educacional, de curso de capacitação e qualificação profissionais, e vinculado às atividades desenvolvidas pela Impugnante, tal como pode ser aferido de seu estatuto social, documento que segue anexado. A bolsa de Estudo concedida é para todo e qualquer empregado e dirigente da mesma o que deixa transparecer ainda mais não ser tal verba componente do salário. Fl. 567DF CARF MF Processo nº 11444.000764/200787 Acórdão n.º 2402006.286 S2C4T2 Fl. 4 5 A concessão da bolsa é cláusula de Convenção Coletiva, tanto para a categoria de professores quanto para a dos Auxiliares de Administração Escolar. Demonstra que está obrigada a fornecer a Bolsa de Estudo, pois se não o fizer poderá sofrer sanções advindas do descumprimento da convenção coletiva. Não tem qualquer disponibilidade ou poder de decisão sobre a concessão ou não de referidas bolsas. Apresenta considerações acerca das convenções coletivas. Transcreve trecho da Convenção de 2002 e menciona que mesmas disposições encontramse nas Convenções dos anos subseqüentes tanto na que se refere aos Professores como aos Auxiliares de Administração Escolar de Ensino Superior, destacando que nas convenções que vigoraram pelo ano de 2001, houve cláusula denominada "Programa de Capacitação e Qualificação Profissionais". Ambas as convenções restou expressamente reconhecido que tal benefício não integra o salário, visto que não possui caráter remuneratório. A Bolsa de Estudo, tal como reconhecido pela própria convenção, é transitória e não habitual, portanto, não tem caráter remuneratório, não sendo salário de contribuição. Pela explanação evidenciou que os valores pagos a título de bolsa de estudo não integram o salário de contribuição. Não há qualquer dúvida acerca de tal conclusão. O STJ é pacífico neste sentido. Transcreve Julgados. Conclui que desta feita, a Bolsa de Estudo concedida se amolda com precisão à hipótese descrita na alínea "t", § 9% art.28 da Lei no 8.212/91. Evidente, pois, que não deve integrar o SalárioContribuição. Por este motivo, não é base de cálculo das contribuições previdenciárias. Da Multa Aplicada. A multa punitiva imposta é inaplicável ao caso em epígrafe, bem como atingiu caráter confiscatório de modo que não pode prevalecer. Transcreve Doutrina. Discorre sobre o assunto. Transcreve Julgado. Conclui que, de todo o exposto, que a multa é incabível e, portanto, deve ser anulada. Todavia se assim não entender, deve ser reconhecida a inconstitucionalidade da multa. Da Taxa SELIC. A aplicação da taxa SELIC mitiga vários princípios constitucionais, merecendo ser rechaçada tal aplicação. Menciona e transcreve dispositivos da legislação pertinente. Conclui que diante dos fatos e fundamentos declinados, o lançamento deverá ser julgado insubsistente. Do Requerimento. Requer que seja julgado totalmente improcedente o presente lançamento, ou se este não for o entendimento, que seja o lançamento ao final extinto pela decadência, bem como pelas ilegalidades e inconstitucionalidades da aplicação da Taxa SELIC e da multa, ou ao menos seja esta última reduzida. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova, tais como documentais, testemunhais e outros. Decisão de Primeira Instância Administrativa A DRJ/CTA julgou a impugnação improcedente, conforme pode se verificar da ementa da decisão recorrida: Fl. 568DF CARF MF 6 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2001 a 31/12/2006 PRAZO DECADENCIAL. INÍCIO DA CONTAGEM. PAGAMENTO PARCIAL DA OBRIGAÇÃO. Sujeitamse ao prazo decadencial de cinco anos contados a partir da ocorrência do fato gerador as contribuições relativas às competências em que se verifique o pagamento parcial da obrigação. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA. A empresa é obrigada a recolher as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, no prazo estabelecido na legislação previdenciária. BOLSAS DE ESTUDO. A previsão legal de exclusão do saláriodecontribuição somente é aplicável aos pagamentos de plano educacional que vise a educação básica e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, não englobando os cursos superiores e desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. BOLSAS DE ESTUDO CONCEDIDAS A DEPENDENTES DOS SEGURADOS EMPREGADOS. Integram o saláriodecontribuição os valores relativos a bolsas _de estudo concedidas a dependentes de segurados empregados ainda que a concessão das mesmas decorra de previsão contida em instrumento normativo. MULTA. CONFISCO. As contribuições sociais não recolhidas nas épocas próprias estão sujeitas à multa moratória irrelevável. A multa aplicada encontra respaldo na legislação vigente. JUROS. TAXA SELIC. A aplicação da SELIC para fixação dos acréscimos incidentes sobre o crédito previdenciário lançado pela fiscalização encontra respaldo na legislação vigente. 1NCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. A instancia administrativa é incompetente para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis, visto que à Administração Pública cabe tãosomente dar aplicação aos comandos legais. PROVAS. PRAZO PARA APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. A prova documental no contencioso administrativo previdenciário deve ser apresentada juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento Fl. 569DF CARF MF Processo nº 11444.000764/200787 Acórdão n.º 2402006.286 S2C4T2 Fl. 5 7 processual, salvo se fundada nas hipóteses expressamente previstas. Lançamento Procedente em Parte Recurso Voluntário Em sede de recurso voluntário (fls. 508/542) o sujeito passivo repisa questões trazidas na impugnação e alega adicionalmente o que segue: a concessão da Bolsa é cláusula de Convenção Coletiva, tanto para a categoria dos Professores quanto para a dos Auxiliares de Administração Escolar; deveria a fiscalização buscar a desconstituição das normas da Convenção Coletiva por meio do órgão competente para, somente depois de tal desconstituição, afastar sua aplicação, fazendo incidir as contribuições previdenciárias. a competência para desconstituir a Convenção Coletiva é outorgada pela CLT ao Ministério do Trabalho e Previdenciária e à Justiça do Trabalho; não existe qualquer contrariedade legal nas disposições contidas nas Convenções Coletivas a que se submete; as relações jurídicas concretizadas sob a égide da norma contida em Convenção Coletiva caracterizaram a prática de atos jurídicos perfeitos, impassíveis de serem desconstituídos por mera prerrogativa dos agentes da Receita Federal do Brasil. a multa não pode prevalecer no percentual em que foi aplicada, posto que existe outra lei mais benéfica, que deve retroagir. Faz referência à Medida Provisória nº 449/2008; ao repisar questões sobre a propalada inaplicabilidade da Taxa Selic como fator de correção dos tributos objeto de lançamento, discorre sobre possibilidade de manifestação sobre a constitucionalidade de leis pela esfera administrativa. Repisa pedidos apresentados por via impugnatória, requer que seja declarada a nulidade da decisão recorrida e a juntada de novas provas. Por fim a recorrente atravessou petição dando conta do julgamento de recurso voluntário relativo a matéria semelhante, nos autos do Processo nº 11444.000672/200705, cuja decisão que lhe foi favorável (Acórdão 2201003.222). É o relatório. Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Fl. 570DF CARF MF 8 Extensão dos Efeitos da Decisão Adotada no Acórdão nº 2201003.222 ao Presente Julgado Quanto a adoção dos fundamentos presentes no Acórdão nº 2201003.222, de 15/07/2016, para considerar procedente o recurso voluntário em “observância à segurança jurídica”, compete esclarecer que uma turma de julgamento não está vinculada a decisões proferida por outros colegiados, ainda que em razão de situações semelhantes. Para se evitar divergências de posicionamento no âmbito do CARF em razão de fatos análogos, privilegiando o princípio da segurança jurídica, o instrumento adequado é o recurso especial, previsto no inciso II do art. 64 e nos arts. 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 – RICARF. In verbis: Art. 64. Contra as decisões proferidas pelos colegiados do CARF são cabíveis os seguintes recursos: [...] II Recurso Especial; e [...] Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. [...] Desse modo, inexiste previsão para que determinado colegiado adira às razões suscitadas por outro, a menos que haja coincidência de entendimento ou nas hipóteses previstas em lei ou no Regimento Interno do CARF, o que não é o caso. Produção de Provas De acordo com o inciso III e o § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, os motivos de fato e de direito em que se fundamenta o litígio, bem assim os pontos de discordância e as razões e provas em favor do contribuinte devem ser mencionados na impugnação, precluindo o direito do sujeito passivo fazêlo em outro momento processual, a menos que se verifique as situações relacionadas no citado § 4º. Vejamos: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos Fl. 571DF CARF MF Processo nº 11444.000764/200787 Acórdão n.º 2402006.286 S2C4T2 Fl. 6 9 Desse modo, não restando verificadas as circunstâncias arroladas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, é precluso o direito da recorrente quanto a apresentação de novas provas. Pelas razões aqui expostas, indefiro o pedido de apresentação de provas apresentado pela recorrente. Incidência de Contribuições sobre Bolsa de Estudos Alega a recorrente que as importâncias referentes à bolsa de estudos não integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias por não ter natureza salarial. Fato esse que restaria expressamente consignado no § 2º do art. 458 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que abaixo se transcreve: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. § 1º Os valôres atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do saláriomínimo (arts. 81 e 82) § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante segurosaúde; V – seguros de vida e de acidentes pessoais; VI – previdência privada; VII –(VETADO) [Grifouse] Ocorre que o § 2º do art. 458 da norma trabalhista não irradia efeitos automáticos sobre matéria tributária. É importante ressaltar que, de acordo com o princípio da especialidade, norma especial afasta a incidência da norma geral. In casu, estandose diante de matéria de índole tributária, o regramento a ser considerado no que atina à incidência ou não de Fl. 572DF CARF MF 10 contribuição previdenciária sobre valores pagos a título de auxílioeducação é aquele estabelecido na Lei de Custeio Previdenciário. A base de cálculo das contribuições previdenciária é o denominado salário decontribuição. Nos termos do art. 28 da Lei n° 8.212/1991, em relação a empregados e trabalhadores avulsos: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; Reparese que o saláriodecontribuição abrange a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título aos empregados, incluindose nessa relação os ganhos habituais percebidos sob a forma de utilidades. Donde se depreende que, em se tratando de utilidades disponibilizadas pela empresa aos obreiros que lhe prestam serviços, sua inclusão na base de cálculo da contribuição previdenciária dependerá da verificação dos seguintes requisitos: a) onerosidade; b) retributividade; e c) habitualidade. Inexistem dúvidas quanto ao caráter oneroso da bolsa de estudos concedida pela recorrente a seus empregados e respectivos dependentes, sendo desnecessário tecer maiores comentários a esse respeito, visto que a própria recorrente deixou de tratar desse requisito. Do mesmo modo, sendo o benefício pago no contexto da relação laboral, estando inclusive previsto em acordo coletivo de trabalho, resta caracterizada sua índole retributiva, bem assim a habitualidade dessa parcela. De se ressaltar que, a despeito do que entende a recorrente, a habitualidade referida na legislação previdenciária está relacionada à empresa, ou seja, o fato de o sujeito passivo oferecer bolsa de estudos a seus empregados de forma habitual, fazendo constar o direito a esse benefício em convenção coletiva, é, por si só, suficiente para caracterizar a existência de tal condição. Assim, mesmo podendo o benefício ser considerado transitório, cessando quando da conclusão curso, por exemplo, isso não afasta o requisito da habitualidade. Apercebase, pois, que os planos educacionais aqui referidos ostentam natureza nitidamente remuneratória e, desse modo, sua exclusão da base de cálculo das contribuições previdenciárias vai depender de previsão expressa em norma de caráter tributário, mormente no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, o qual, no que se refere a isenção, relaciona exaustivamente as parcelas ao abrigo desse favor legal no âmbito da Lei de Custeio Previdenciário. Especificamente com relação a educação, à época da ocorrência do fato gerador das contribuições objeto do presente lançamento, a alínea “t” do referido § 9º dispunha: Art. 28. [...] Fl. 573DF CARF MF Processo nº 11444.000764/200787 Acórdão n.º 2402006.286 S2C4T2 Fl. 7 11 § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo;(Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). Notese que a isenção referida nos dispositivo acima abrange: planos educacionais que visem à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa. Referido plano: não pode ser utilizado em substituição de parcela salarial; e deve ser extensivo a todos os empregados e dirigentes da empresa. Em vista disso, (fls. 45/48) e considerando o disposto na Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), o Relatório Fiscal do lançamento apresenta as seguintes considerações: 2.4. A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, definiu a Educação Básica como sendo a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, ficando, dessa forma, estabelecido que todo plano educacional desenvolvido pela empresa que vise seu empregado cursar qualquer série até o Ensino Médio está isenta de contribuição previdenciária. Não integra o saláriodecontribuição, ainda, os cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculadas às atividades desenvolvidas pelos trabalhadores na empresa. 2.5. Assim sendo, fica evidente que as bolsas de estudo, parcial ou total, concedidas a segurados empregados da entidade em questão, assim como a seus dependentes, integram o saláriode contribuição, por não se moldarem à hipótese excludente do § 9º, letra "t", do art. 28 da Lei 8.212/91. Na mesma linha defendida pelo Fisco, a decisão recorrida assenta que: Primeiramente, quanto ao nível de ensino custeado. Os gastos referemse à concessão de bolsas de estudo de cursos de nível superior, o qual está fora do alcance da isenção, que contempla somente os níveis fundamental, médio e profissional (cursos de capacitação e qualificação profissionais), nos termos da Lei n° 9.394/96, não englobando a educação superior. Vale lembrar que o artigo 21 da Lei n° 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, prevê: A educação escolar compõese de: I educação básica, formada pela Fl. 574DF CARF MF 12 educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II educação superior. Observe que, para beneficiarse do auxílioeducação de que trata a alínea "t", o plano educacional deve caracterizarse pelo oferecimento de educação básica e de curso de capacitação e qualificação profissional. Pela leitura do artigo 21 da Lei no 9.394/96, transcrito, verificase que a Educação Básica compreende para os fins do plano educacional da alínea "t" o ensino fundamental e ensino médio. Assim, apenas o plano educacional desenvolvido pela empresa que vise seu empregado cursar qualquer série até o Ensino Médio estará isento de contribuições previdenciárias. (Grifouse) De fato, não há como se fazer uma análise mais detalhada a respeito do alcance da isenção referida na alínea “t” do § 9º da Lei nº 8.212/1991 sem recorrer à Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. À luz do art. 22 dessa norma: Art. 21. A educação escolar compõese de: I educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II educação superior. É impassível o entendimento de que a educação básica é formada pela educação infantil, o ensino fundamental e o médio. Contudo, os demonstrativos acostados aos autos pela Fiscalização (fls. 49 e ss) dão conta de que os planos educacionais ofertados pelo sujeito passivo abrangem somente cursos de nível superior na modalidade de graduação e pós graduação. Restanos aferir, por conseguinte, se referidos curso (de nível superior) poderiam ou não ser considerados como qualificação ou capacitação profissional. Embora qualificação ou capacitação profissional não encerrem conceitos legais ou doutrinários absolutamente precisos, o Dicionário Online de Português atribuilhes os seguintes significados: Qualificação: Ato ou efeito de qualificar. Atribuição de uma qualidade, um título (...). Condições referentes à formação profissional e experiência, sugeridas para o exercício do cargo, função etc. 1 Capacitação: Ação ou efeito de capacitar, de tornar capaz; aptidão. Ato de se tornar apto, habilitado, de passar a possuir uma habilitação. [Por Extensão] Preparação, ensino, conhecimento dados a alguém para que essa pessoa desenvolva alguma atividade especializada: capacitação em negócios2. Recorrendose a essa significação, é possível inferir que a qualificação está voltada para a obtenção de conhecimentos e habilidades necessários para que o indivíduo esteja apto a exercer determinado mister. A capacitação, por sua vez, é focada no aprimoramento pessoal para o desenvolvimento de aptidões para a atuação em contextos profissionais mais específicos. Retornandose mais uma vez à LDB, notadamente a seu Capítulo III (Da Educação Profissional e Tecnológica), importanos transcrever o art. 39 da Lei, na redação vigente à época dos fatos geradores: 1 Disponível em: <https://www.dicio.com.br/qualificacao/>, Acesso em: 30/015/2018. 2 Disponível em: <https://www.dicio.com.br/capacitacao/>, Acesso em: 30/05/2017. Fl. 575DF CARF MF Processo nº 11444.000764/200787 Acórdão n.º 2402006.286 S2C4T2 Fl. 8 13 Art. 39. A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Parágrafo único. O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como o trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará com a possibilidade de acesso à educação profissional. Vejase que esse ou outros dispositivos presentes na norma educacional não restringe a educação profissional à educação básica. Ao revés disso, esclarece que essa modalidade de ensino, na qual se inserem os cursos de capacitação e qualificação, integrase às diferentes formas de educação, o que, no meu entender, significa dizer que a educação profissional pode ser desenvolvida não somente no contexto da educação básica, mas também do ensino superior de graduação e pósgraduação. Se considerarmos o art. 39 da LDB, na redação dada pela Lei nº 11.741/2008, o qual objetivou não somente fazer referência à educação tecnológica, mas também esclarecer o alcance da expressão “educação profissional”, essas constatação mostrase ainda mais evidentes. Vejamos a íntegra do novel dispositivo: Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integrase aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.(Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) § 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino.(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) § 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos: I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; II – de educação profissional técnica de nível médio; III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós graduação. § 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pósgraduação organizarseão, no que concerne a objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação. (Grifouse) De se esclarecer que o exame aqui empreendido não buscou ampliar a isenção compreendida na alínea “t” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 em detrimento do disposto no art. 111 do CTN, e sim apreender o real alcance da norma. Fl. 576DF CARF MF 14 Desse modo, por entender que qualificação e capacitação profissional não se restringem à educação básica, penso que, com relação aos empregados da recorrente, para efetuar o lançamento a autoridade autuante deveria ter comprovado que os curso oferecidos i) não estavam vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa; ii) eram utilizados em substituição a parcela salarial; ou iii) que os planos educacionais não eram extensíveis a todos os seus empregados e dirigentes. Não tendo o Fisco adotado essa providência, deve ser provido o recurso voluntário, neste ponto, para excluir da autuação os valores relativos aos cursos ofertados aos empregados ou dirigentes do sujeito passivo. No que se refere às bolsas ofertadas aos filhos dos empregados a situação é completamente diversa. É que a regra isentiva faz referência a “plano educacional que vise à educação básica (...) e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo”. Observe que o regramento aqui referido (Lei nº 8.212/1991, art. 28, § 9º, alínea t) não faz menção a plano de educacional ofertado a filhos, mas tãosomente a empregados e dirigentes da empresa, não havendo como estender o favor legal a hipóteses que não estejam expressamente prevista em lei visto que, neste ponto, estarseia infringindo o art. 111 do CTN que impõe a interpretação literal da legislação tributária que disponha sobre isenção de tributos. Ademais, a justificativa apresentada na peça recursal de que as bolsas de estudos referemse cursos de nível superior de capacitação e qualificação profissional vinculado às atividades desenvolvidas pela empresa mostrase contraditória em relação aos dependentes de empregados e dirigentes. Ora, além de não haver previsão legal para o oferecimento de capacitação ou qualificação a filhos dos segurados a serviço da empresa, carece de sentido que seu plano educacional esteja também voltado à formação e ao aperfeiçoamento, em atividades que lhe são próprias, de pessoas físicas que não lhe prestam qualquer tipo de serviço. Sobre a jurisprudência suscitada no apelo recursal, além de não vincular o julgador administrativo, essa é no sentido de que “não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária os valores gastos pela empresa a título de bolsas de estudo destinadas a seus empregados”, não acudindo o sujeito passivo no que se refere ao valor da bolsas de estudos ofertadas aos filhos desses empregados. No que atina à convenções coletivas, embora não se desconheça o seu caráter normativo, essas não têm o condão de excluir a incidência de contribuições previdenciárias, a menos que exista previsão legal nesse sentido. A esse respeito, o art. 176 do CTN estabelece: Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. (Grifouse) Reiterese que inexiste qualquer previsão legal no sentido de isentar os valores pagos a título de bolsas de estudos em favor de dependentes de segurados da Previdência Social a serviço da empresa, ainda que esse benefício esteja previsto em convenção coletiva. Assim, mostrase desnecessária a adoção de qualquer providência em Fl. 577DF CARF MF Processo nº 11444.000764/200787 Acórdão n.º 2402006.286 S2C4T2 Fl. 9 15 relação a citado instrumento, inclusive no sentido de desconstituílo, como devaneia o sujeito passivo. Aliás não há no Relatório Fiscal ou nos demais documentos anexos à NFLD qualquer referência quanto à hipotética invalidade das convenções coletivas celebradas entre a empresa e seus empregados. Ainda sobre as convenções coletivas, peço vênia para reproduzir trecho da decisão recorrida que bem reflete meu entendimento a respeito desse assunto: Acordos Coletivos: Com relação aos instrumentos normativos invocados pela Impugnante, não se desconhece que os mesmos encontram amparo no ordenamento jurídico vigente e têm força de lei entre as partes signatárias. As Convenções Coletivas de Trabalho, obrigam as parte envolvidas, mas não detêm a faculdade de se contrapor disposições inseridas em lei específica quanto à incidência das contribuições sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título aos segurados empregados. Portanto, não pode a notificada se eximir da responsabilidade sob alegação de que estava amparada na Convenção Coletiva, ao dispor sobre a bolsa de estudos. Sobre a matéria, vale transcrever doutrina de Hugo de Brito Machado: “As convenções particulares podem ser feitas e são juridicamente válidas entre as partes contratantes, mas nenhum efeito produzem contra a Fazenda Pública”. (Curso de Direito Tributário, Malheiros, 1997. p 100) Embora estabeleçam obrigações e direitos, não têm o condão de excluir determinada verba do conceito de saláriodecontribuição trazido pela legislação previdenciária. Ainda que dispondo de eficácia normativa, tais instrumentos quando redigidos de forma a não considerar determinada verba como sujeita à incidência das contribuições lançadas, não podem sobreporse à legislação previdenciária no que tange à definição do saláriodecontribuição (artigo 28 da Lei n° 8.212/91). Manifestação sobre a Constitucionalidade de Leis na Esfera Administrativa Inferese no recurso voluntário que a decisão a quo foi no sentido de que “a esfera administrativa está impedida de se manifestar acerca de declaração de inconstitucionalidade, por ser função exclusiva do poder judiciário”, razão pela qual “estaria impossibilitada, a esfera administrativa, de reconhecer as inconstitucional idade da multa e da Taxa Selic”. Contudo, entende a contribuinte não ter requerido a declaração de inconstitucionalidade de quaisquer normas, mas “demonstrar foi que a multa, tal como estipulada, assim como a aplicação da Taxa Selic se mostram inconstitucionais”. Em seguida, o sujeito passivo reproduz jurisprudência e doutrina que diz respaldar sua tese e dedica boa parte de seu apelo para defender que o julgador administrativo está obrigado a apreciar questões afetas as aspectos constitucionais das normas relacionadas ao processo administrativo fiscal. No seu entender: os órgãos da administração podem e devem analisar e afastar a aplicação de norma que seja inconstitucional. Não se trata de declarar a inconstitucionalidade de tal norma, mas sim de deixar Fl. 578DF CARF MF 16 de aplicála por ser a mesma maculada pelo vício da inconstitucionalidade. Não obstante esses e outros argumentos trazidos no apelo recursal, a teor art. 26A do Decreto nº 70.235/1972, aos órgãos de julgamento administrativo é vedado afastar a aplicação de lei ou decreto sob fundamento de inconstitucionalidade, excetuando apenas os casos elencados no próprio Decreto, os quais não têm relação com o objeto da presente lide. Vejamos: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II – que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. No mesmo sentido é o art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, em relação à segunda instância administrativa: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; Fl. 579DF CARF MF Processo nº 11444.000764/200787 Acórdão n.º 2402006.286 S2C4T2 Fl. 10 17 c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973. e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Em vista das normas processuais reproduzidas acima, vêse que não é lícito a este Colegiado a análise da constitucionalidade de atos legais ou regulamentares, mediante afastamento de sua aplicação. Além disso, de conformidade com a Súmula CARF nº 2, de aplicação obrigatória no âmbito deste Conselho, é vedado a esta Corte Administrativa pronunciarse sobre constitucionalidade de lei. In verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Desta feita, temse como não sendo possível aos órgãos de julgamento administrativos afastar lançamento de crédito tributário, inclusive no que ser refere a juros e multa, sob o fundamento de que as normas legais que lhe dão suporte ferem princípios consagrados na Carta da República, pois, admitir ao julgador administrativo tal análise equivaleria invadir competência exclusiva do Poder Judiciário. Asseverese que os normativos encimado, bem assim a Súmula CARF nº 2 não se restringem à impossibilidade de o julgador administrativo declarar a inconstitucionalidade de lei, mas também de afastar a aplicação ou deixar de observar lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Sem razão a recorrente. Multa Aplicada Sobre o propalado caráter confiscatório da multa aplicada, demonstrouse acima que a autoridade autuante pautouse nas disposições legais relativas à matéria para a determinação da multa aplicada. Do mesmo modo, já se esclareceu que o CARF não tem competência para afastar a aplicação de lei sob a alegação de inconstitucionalidade. De mais a mais, a vedação ao confisco referida no texto constitucional é regra dirigida ao legislador, e que deve ser observada por ocasião da elaboração das leis. À Fl. 580DF CARF MF 18 autoridade administrativa, em vista do disposto no art. 3º do CTN, cabe aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. Quanto ao dever de observância, pela Administração Pública, a princípios consagrados na Constituição, referido no art. 2º da Lei nº 9.784/1999, impende ressaltar que o primeiro deles é justamente o princípio da legalidade o qual impõe a estrita obediência às normas legais em vigor quando da prática de determinado ato administrativo. No presente caso, o dispositivo vigente quando da aplicação da multa em razão do descumprimento da obrigação tributária era o art. 35 da Lei nº 8.2121/1991, o qual foi rigorosamente acatado pela autoridade administrativa por ocasião da autuação. A respeito das decisões judiciais colacionadas no tópico do recurso em que se discute à questão da multa, cabe mais uma vez ressaltar que tais decisões não vinculam o julgador administrativo, além de não respaldarem as alegações recursais visto não se amoldarem ao caso sob análise. Sobre a redução da multa para o percentual de 2%, nos termos do § 1º do art. 52 da Lei nº 8.078/1990, na redação dada pela Lei nº 9.298/1996, deveria o representante da recorrente saber que esse percentual, por constar do Código de Defesa do Consumidor, é aplicável às relações estabelecidas com base naquele Código. No que se refere às contribuições previdenciárias, à época da ocorrência do fato gerador, a multa pelo seu não recolhimento, como já se disse, era aquela referida no art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Assim, considerandose que a multa aplicada levou em consideração as norma legais de regência, as quais encontramse em pleno vigor, carece de razão as asserções recursais quanto ao malferimento do princípio de vedação ao confisco ou de que o percentual da multa deveria ser reduzido para 2%. Em vista disso, nego provimento ao recurso voluntário em relação à presente matéria. Retroatividade Benigna Ainda a respeito da multa aplicada, com o advento da Medida Provisória Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, houve profunda alteração nas regras relativas ao cálculo das multas decorrentes de descumprimento das obrigações principais e acessórias relacionadas às contribuições previdenciárias. Nesse passo, não obstante o auto de infração ter sido lavrado em face das normas vigentes à época do lançamento, verificase possível a retroação da novel legislação, em benefício do sujeito passivo, em razão do disposto no art. 106 do CTN. In verbis: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; Fl. 581DF CARF MF Processo nº 11444.000764/200787 Acórdão n.º 2402006.286 S2C4T2 Fl. 11 19 c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (Grifos nossos) Na sistemática anterior, constatada a falta de recolhimento do tributo acompanhada da infração de omitir fatos geradores em GFIP, aplicavase a multa por inadimplemento da obrigação principal (inciso do II do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 – redação antiga), cumulada com a penalidade decorrente do descumprimento da obrigação acessória (§§ 4º e 5ºdo art. 32 da Lei n.º 8.212/1991 – dispositivos revogados). A multa aplicada sobre as contribuições lançadas (descumprimento da obrigação principal) variava de acordo com a fase processual do lançamento, ou seja, quanto mais cedo o contribuinte quitava o débito, menor era a multa imposta. O descumprimento da obrigação acessória era punido com multa correspondente a 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, ficando a penalidade limita a um teto calculado em função do número de segurados da empresa. Com a edição da Medida Provisória 449/2008, inseriuse o art. 32A na Lei nº 8.212/1991, com a seguinte redação: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo. § 1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2º Observado o disposto no § 3º deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. Fl. 582DF CARF MF 20 Além disso, foi também alterado o art. 35 e incluído na Lei de Custeio Previdenciário o art. 35A. Referidos artigos dispõem: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 19963. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 19964. Do exame dos dispositivos acima descritos é possível concluir que: a) o art. 32A aplicase a situações em que se verifica, mediante procedimento de ofício, isoladamente, a não entrega de GFIP ou sua entrega com incorreções ou omissões; b) o art. 35 referese a multa de mora decorrente do pagamento em atraso, mas espontâneo, de contribuições previdenciárias (0,33% ao dia limitada a 20%); e c) o art. 35A trata da multa aplicada em procedimento de ofício no patamar ordinário de 75%, por descumprimento da obrigação principal e/ou acessória. Ressaltese que, no caso de procedimento de ofício, inaplicável é a multa prevista na nova redação do art. 35, 0,33% ao dia limitada a 20%, visto que voltada ao recolhimento em atraso, porém espontâneo do tributo. Pois bem, para sabermos qual à multa aplicável ao caso concreto, atendendo à retroatividade benigna estabelecida na alínea “c” do inciso II do art. 106 do CTN, será necessário analisar as peculiaridades envolvidas na ação fiscal que deu origem ao lançamento, posto ser necessário que as penalidades sopesadas apresentem natureza material semelhante, tendo em vista que as normas cotejadas devem estar voltadas para condutas de mesma espécie. Para tanto, necessário verificar se o procedimento fiscal redundou exclusivamente na aplicação de multa por descumprimento de obrigação acessória (não entrega ou entrega de GFIP ou sua entrega sem informação relativa a todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias) ou se, além disso, o sujeito passivo deixou de recolher os tributos não informados na guia. Assim, caso se esteja diante de infração exclusivamente pelo descumprimento das obrigações acessórias previstas nos revogados §§ 4º ou 5º do art. 32 da 3 Art.61 .Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso.(Vide Decreto nº 7.212, de 2010) [...] §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. [...] 4 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; [...] Fl. 583DF CARF MF Processo nº 11444.000764/200787 Acórdão n.º 2402006.286 S2C4T2 Fl. 12 21 Lei nº 8.212/1991, a penalidade mais benéfica deve ser aferida a partir da comparação entre tais dispositivos e aquelas referidas no art. 32A da mesma lei, inserido pela Medida Provisória 449/2008. No procedimento fiscal que deu ensejo à lavratura da presente NFLD, foram apurados valores que a empresa autuada não considerou como base de cálculo de contribuições previdenciárias e, portanto, não computou no cálculo da contribuição previdenciária devida (obrigação principal), deixando, também, de declarar tais valores em GFIP, o que deu causa a autuação pelo descumprimento dessa obrigação acessória. Ressaltese que, a partir da inclusão do art. 35A da Lei n.º 8.212/1991, pela MP nº 449/2008, ocorrendo também o lançamento da obrigação principal, a penalidade decorrente de erro ou omissão em GFIP fica incluída na multa de ofício constante no crédito constituído, ou seja, incabível, com fulcro na norma atual, a aplicação simultânea de multas por descumprimento de obrigação principal e acessória. Nesse caso, a multa mais benéfica deve ser calculada a partir da comparação entre soma da multa aplicada nos lançamento pelo descumprimento da obrigação principal, nos termos do art. 35 da Lei nº 8.212/1991 (redação vigente à época do lançamento) e da referente à obrigação acessória de que trata o § 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991 (redação vigente à época da ocorrência do fato gerador) com a multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Convém ressaltar que o entendimento trazido neste voto e adotado por ocasião do lançamento está em consonância com o que dispõe a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009, que trata tanto de lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Taxa Selic Sobre esse assunto, cabem as mesmas considerações sobre a impossibilidade de se afastar a aplicação da lei que institui referido índice de correção sob o fundamento de que “tal incidência mitiga vários princípios constitucionais”. Aduz ainda a recorrente que: Se aplicarmos a Taxa SELIC sem lei anterior e específica a respeito , haverá aumento de tributo e ficará desrespeitado o princípio contido no art. 150, inciso I da Constituição Federal , que reza não ser possível exigir se ou aumentarse tributo sem lei que o estabeleça. Contudo, a incidência da Taxa Selic sobre contribuições previdenciárias pagas após a data de vencimento não tem nenhuma relação com instituição ou aumento de tributo, não devendo prosperar as alegações recursais acerca desse assunto. Ademais, a imposição da Taxa Selic sobre contribuições sociais objeto de lançamento, à época do lançamento, encontravase expressamente prevista no art. 34 da Lei nº 8.212/1991. Senão vejamos: Art. 34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, Fl. 584DF CARF MF 22 ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de CustódiaSELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável.(Artigo restabelecido, com nova redação dada e parágrafo único acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). Correta, pois, a aplicação do índice adotado pelo Fisco, tendo em vista que o art. 144 do CTN preleciona que o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária e regese pela lei então vigente, ainda que modificada ou revogada. Esse entendimento é corroborado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) que entendeu como legitima a incidência da Taxa SELIC sobre os tributos não recolhidos no prazo legal, consoante assentado no Recurso Especial n° 475904, publicado no DJ em 12/05/2003. Confirase: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CDA. VALIDADE. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 07/STJ. COBRANÇA DE JUROS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. A averiguação do cumprimento dos requisitos essenciais de validade da CDA importa o revolvimento de matéria probatória, situação inadmissível em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 07/STJ. No caso de execução de dívida fiscal, os juros possuem a função de compensar o Estado pelo tributo não recebido tempestivamente. Os juros incidentes pela Taxa SELIC estão previstos em lei. São aplicáveis legalmente, portanto. Não há confronto com o art. 161, § 1º, do CTN. A aplicação de tal Taxa já está consagrada por esta Corte, e é devida a partir da sua instituição, isto é, 1º/01/1996 (REsp 439256/MG). Recurso especial parcialmente conhecido, e na parte conhecida, desprovido. Assim, não vejo como acolher o entendimento esposado no apelo da contribuinte acerca da ilegalidade de cobrança de juros, haja vista os valores descritos no lançamento fiscal estarem em consonância com a legislação tributária transcrita acima, dado que as contribuições sociais não recolhidas à época própria se sujeitam aos juros SELIC, de caráter irrelevável. A propósito, como destacado na decisão do STJ, e ao revés do que entende a recorrente, a incidência de juros moratórios na forma aplicada pela Fiscalização está em perfeita consonância com o art. 161, § 1°, do CTN, pois havendo legislação especifica dispondo de modo diverso daquele previsto no caput desse artigo (161), a taxa prevista em tal legislação é que deve ser aplicada e, no caso das contribuições previdenciárias pagas com atraso, a taxa cabível, reiterese, é a Selic. Lei 5.172/1966 Código Tributário Nacional (CTN): Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º. Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. (Grifouse) Fl. 585DF CARF MF Processo nº 11444.000764/200787 Acórdão n.º 2402006.286 S2C4T2 Fl. 13 23 Somente a título de esclarecimento, o art. 161 do CTN não estabelece norma geral em matéria de legislação tributária. Portanto, sendo materialmente lei ordinária pode ser alterado por outra lei de igual status, não havendo necessidade de lei complementar para o estabelecimento de juros moratórios a incidir sobre tributos. Importa mencionar ainda que o CARF uniformizou a jurisprudência administrativa sobre a matéria por meio do enunciado da Súmula nº 4, de observâcia obrigatória no pelos colegiados deste Conselho, nos seguintes termos: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. Pelas mesmas razões acima relatadas, nego provimento ao recurso também nesta parte. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por indeferir o pedido de produção de novas provas, afastar as preliminares e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para excluir do lançamento os valores pagos sob a forma de bolsa de estudos a empregados e dirigentes da empresa e para que seja aplicada a retroatividade benigna de acordo com a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 586DF CARF MF
score : 3.0406392
Numero do processo: 10073.720666/2016-53
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
RENDIMENTOS ISENTOS. MOLÉSTIA GRAVE. CONDIÇÕES.
Para a concessão do direito à isenção por moléstia grave, é necessário o cumprimento de duas condições concomitantes. Uma é que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria ou pensão e a outra é que o contribuinte seja portador de uma das doenças previstas no texto legal, na data do recebimento dos rendimentos.
BOLSAS DE ESTUDO E PESQUISA.
Somente são isentas as bolsas de estudo caracterizadas como doação, quando recebidas exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas e desde que os resultados dessas pesquisas não representem vantagem pra o doador e nem importem contraprestação de serviços.
Numero da decisão: 2001-000.372
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernanda Melo Leal - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira.
Nome do relator: FERNANDA MELO LEAL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2013 RENDIMENTOS ISENTOS. MOLÉSTIA GRAVE. CONDIÇÕES. Para a concessão do direito à isenção por moléstia grave, é necessário o cumprimento de duas condições concomitantes. Uma é que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria ou pensão e a outra é que o contribuinte seja portador de uma das doenças previstas no texto legal, na data do recebimento dos rendimentos. BOLSAS DE ESTUDO E PESQUISA. Somente são isentas as bolsas de estudo caracterizadas como doação, quando recebidas exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas e desde que os resultados dessas pesquisas não representem vantagem pra o doador e nem importem contraprestação de serviços.
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MOLÉSTIA GRAVE. CONDIÇÕES. Para a concessão do direito à isenção por moléstia grave, é necessário o cumprimento de duas condições concomitantes. Uma é que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria ou pensão e a outra é que o contribuinte seja portador de uma das doenças previstas no texto legal, na data do recebimento dos rendimentos. BOLSAS DE ESTUDO E PESQUISA. Somente são isentas as bolsas de estudo caracterizadas como doação, quando recebidas exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas e desde que os resultados dessas pesquisas não representem vantagem pra o doador e nem importem contraprestação de serviços. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 72 06 66 /2 01 6- 53 Fl. 126DF CARF MF 2 Relatório O contribuinte acima qualificado recebeu a notificação de lançamento em que foi lhe exigido o imposto suplementar no valor de R$ 13.040,69, relativo ao anocalendário 2012, em virtude da apuração de omissão de rendimentos do trabalho com e/ou sem vínculo empregatício, rendimentos indevidamente considerados isentos por moléstia grave e dedução indevida de despesas médicas, na forma dos dispositivos legais sumariados na peça fiscal(fls. 08 e seguintes). O contribuinte, às fls. 02 a 04, impugna tempestivamente o lançamento, alegando, em síntese que acerca da prestação de serviço pela profissional FERNANDA OLIVEIRA GONÇALVES DA SILVA (CPF 097.578.337 89), totalizando R$2.500,00, os recibos foram devidamente complementados pela própria e de próprio punho, com o endereço e o número do registro de classe (CRO). A respeito do valor recebido (R$30.886,70) pela sua esposa Mareia Cristina Rocha dos Santos, da PREFEITURA MUNICIPAL DE VOLTA REDONDA, no ano calendário em 2012, como Rendimento Isento e Não Tributável, foi apresentado no ano de 2007 à PMVR, Declaração Médica, visando a isenção do Imposto de Renda, conforme Instrução Normativa n° 15 da SRF de 06/02/2001, art. 39, inciso XXXIII, do Decreto 3.000 de26/03/1999, publicado no DOU de 29/03/1999, com diagnóstico oncológico de carcinoma de mama (CID10 C50.9), com estágio clínico avançado. O diagnóstico de doença maligna foi feito em 23 de julho de 2007, em conformidade com o Laudo Histopatológico. Alega que não sabia da exigência de que o Laudo deveria ser emitido por profissional médico municipal, estadual, federal ou distrital. Assim, anexa a documentação comprobatória (Anexo II), conforme exigência legal, motivo pelo qual, solicita a reversão do referido lançamento para a rubrica original da declaração. Quanto ao valor recebido (R$13.200,00), da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES do Ministério da Educação MEC, o rendimento declarado é BOLSA, portanto, Rendimento Isento e Não Tributável (Outros BOLSA) emitido pelo MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES, atividade de Coordenadora de Polo UAB, conforme declaração emitida pelo CAPES (Anexo III). Informa que a atividade exercida de Coordenadora de Polo UAB, é sem vínculo empregatício, além de sua esposa não ter poderes nem autonomia para se auto contratar, nem emitir/gerar Comprovante de Rendimentos Pagos e Retenção de Imposto de Renda na Fonte, cuja informação, certamente pode ser verificada com exatidão pela RFB, sobre qual rubrica consta o pagamento efetivado pelo CNPJ 00.889.834/000108 (MEC FUNDAÇÃO COORDENAÇÃO APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR). Assim, pede o restabelecimento do lançamento original como Rendimento Isento e Não Tributável (Outros BOLSA). A respeito dos lançamentos: TOMO SCAN DIAGNÓSTICO POR IMAGEM LTDA., no valor de R$184,00 , MED LIFE HOSPITALITY SERVIÇOS MÉDICOS E HOTELARIA, no valor de R$350,00 e FUNDAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTANCIADO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no valor de R$337,08, CONCORDA com os três lançamentos acima epigrafados, Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10073.720666/201653 Acórdão n.º 2001000.372 S2C0T1 Fl. 3 3 A DRJ Porto Alegre, na análise da peça impugnatória, dá provimento parcial aos pleitos, no seguinte sentido: em relação às despesas médicas, no valor de R$2.500,00, entende que foram supridas as faltas apontadas no lançamento acata , pois, a dedução de tal despesa. No que se refere a rendimentos supostamente isentos por moléstia grave, entende que não há nos autos a comprovação exigida via laudo oficial. Assim, mantém o lançamento. Por fim, quanto a caracterização do rendimento recebido pelo Capes/MEC, entende que há uma contraprestação de serviços, não se enquadrando como isentos. Assim, também mantém o lançamento quanto a esta rubrica. Apresenta o contribuinte o Recurso Voluntário, juntando uma vasta documentação inclusive o laudo médico oficial comprovando a situação de portadora de moléstia grave da sua esposa bem como o recebimento de bolsa do MEC Ministério da Educação, Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES. É o relatório. Voto Conselheira Fernanda Melo Leal Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Rendimentos indevidamente considerados isentos por moléstia grave Foi lançado o valor de R$ 30.886,70 a título de rendimentos indevidamente considerados isentos por moléstia grave, recebido pela esposa do contribuinte, Marcia Cristina Rocha dos Santos, da PREFEITURA MUNICIPAL DE VOLTA REDONDA. De acordo com o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, (RIR/1999), art. 39, inciso XXXIII, e §§ 4º, 5º e 6º, para o contribuinte, portador de moléstia considerada grave, ter direito à isenção são necessárias duas condições concomitantes. Uma é que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria ou pensão e outra é que ele seja portador de uma das doenças previstas no texto legal, na data do recebimento dos rendimentos. Tendo em vista que em sede de Recurso Voluntário há prova de que os valores recebidos por Marcia Cristina Rocha dos Santos referemse a proventos de aposentadoria ou pensão e que ela é portadora de moléstia grave comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entendo restar absolutamente claro que deve ser concedida a pretendida isenção. Fl. 128DF CARF MF 4 Prospera, pois, o pleito do contribuinte eis que amplamente comprovadas as condições determinadas em lei. Omissão de rendimentos do trabalho com e/ou sem vínculo empregatício O impugnante alega que o valor recebido (R$ 13.200,00) da fonte pagadora Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES do Ministério da Educação MEC, referese a BOLSA, sendo portanto, rendimento isento e não tributável. Conforme menciona a DRJ, a regra geral estabelecida pela legislação do imposto de renda é a de que os rendimentos recebidos a título de bolsa de estudos e pesquisa são tributáveis, conforme disposto no art. 43 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99. No entanto, caso sejam atendidas as três condições cumulativamente, a bolsa de estudos e pesquisa pode ser considerada isenta. Vejamos as condições: 1) ser caracterizada como doação; 2) recebidas exclusivamente para proceder a estudos e/ou pesquisa; 3) os resultados destas atividades não podem representar vantagens para o doador e nem importar em contraprestação de serviços. Entendo que restou comprovada a inexistência de qualquer vínculo empregatício e que a contratação pelo MEC como bolsista resta plenamente evidenciada. Sendo assim, entendo que também merece prosperar o pleito do contribuinte neste aspecto. CONCLUSÃO: Diante tudo o quanto exposto, voto no sentido de, CONHECER e DAR PROVIMENTO o recurso voluntário, para acatar os pleitos de considerar os rendimentos recebidos como isentos por moléstia grave (eis que atendidos todos os requisitos legais) e rendimento de trabalho como Bolsa (recebido pelo MEC). (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal. Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10073.720666/201653 Acórdão n.º 2001000.372 S2C0T1 Fl. 4 5 Fl. 130DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.009328/2005-71
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2002
Ementa:
SIMPLES EXCLUSÃO.
Comprovado que a recorrente é uma sociedade empresária que se dedica exclusivamente a um pequeno negócio no ramo de meras filmagens inerentes a atividade de produção de eventos e festividades para divulgação da criação publicitária de terceiros, prestados por profissionais de nível médio que independem de habilitação profissional legalmente exigida, ou assemelhados, e que este ramo não se confunde de modo algum com o de "diretor ou produtor de espetáculos e publicitário", sendo essas atividades exercidas pela recorrente, perfeitamente permitidas pela legislação vigente aplicável à espécie, é de se reconsiderar o ADE que a excluiu do sistema integrado de pagamento de impostos e contribuições das microempresas e das empresas de pequeno porte simples.
Numero da decisão: 9101-003.486
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros
André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2002 Ementa: SIMPLES EXCLUSÃO. Comprovado que a recorrente é uma sociedade empresária que se dedica exclusivamente a um pequeno negócio no ramo de meras filmagens inerentes a atividade de produção de eventos e festividades para divulgação da criação publicitária de terceiros, prestados por profissionais de nível médio que independem de habilitação profissional legalmente exigida, ou assemelhados, e que este ramo não se confunde de modo algum com o de "diretor ou produtor de espetáculos e publicitário", sendo essas atividades exercidas pela recorrente, perfeitamente permitidas pela legislação vigente aplicável à espécie, é de se reconsiderar o ADE que a excluiu do sistema integrado de pagamento de impostos e contribuições das microempresas e das empresas de pequeno porte simples.
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ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 Ementa: SIMPLES EXCLUSÃO. Comprovado que a recorrente é uma sociedade empresária que se dedica exclusivamente a um pequeno negócio no ramo de meras filmagens inerentes a atividade de produção de eventos e festividades para divulgação da criação publicitária de terceiros, prestados por profissionais de nível médio que independem de habilitação profissional legalmente exigida, ou assemelhados, e que este ramo não se confunde de modo algum com o de "diretor ou produtor de espetáculos e publicitário", sendo essas atividades exercidas pela recorrente, perfeitamente permitidas pela legislação vigente aplicável à espécie, é de se reconsiderar o ADE que a excluiu do sistema integrado de pagamento de impostos e contribuições das microempresas e das empresas de pequeno porte simples. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 93 28 /2 00 5- 71 Fl. 127DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela PGFN, em face do acórdão nº 130200.521, onde se cancelou exclusão ao SIMPLES perpetuada no âmbito da Lei 9.137/96, pela constatação de que a atividade de produção de vídeos não estaria vedada pelo regime. Consiste o presente processo da exclusão da interessada do Simples, através do Ato Declaratório Executivo ADE DRF/CTA nº 439479 (fls. 34), de 7 de agosto de 2003, pelos motivos previstos no art. 9º, XIII da Lei nº 9.317, de 1996, devido ao CNAE Fiscal 92118/99 Outras atividades relacionadas a produção de filmes e fitas de vídeo. A Solicitação de Revisão da Vedação/Exclusão à Opção pelo Simples – SRS apresentada pela empresa foi recepcionada pela DRF e indeferida mediante o entendimento de que a execução de serviços de produção de filmes e fitas de vídeo caracteriza serviços de empresário, diretor ou produtor de espetáculos vedada ao Simples. Aa interessada, tempestivamente, interpôs a Manifestação de Inconformidade de fls., 43/47, afirmando que a atividade principal, conforme consta do contrato social é a prestação de serviços de produção de filmes e fitas de vídeo e que não presta serviços de publicidade e propaganda. A DRJ em Curitiba indeferiu o pedido, alegando que a atividade de produção de vídeos para programas de televisão, comunicação corporativa, documentários, tele educação e comerciais é vedada ao Simples, por se tratar de atividade de diretor e produtor de espetáculos. Apresentado Recurso Voluntário, a Turma a quo a ele deu provimento, conforme ementa abaixo: "ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS ECONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 SIMPLES EXCLUSÃO. Comprovado que a recorrente é uma sociedade empresária que se dedica exclusivamente a um pequeno negócio no ramo de meras filmagens inerentes a atividade de produção de eventos e festividades para divulgação da criação publicitária de Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10980.009328/200571 Acórdão n.º 9101003.486 CSRFT1 Fl. 128 3 terceiros, prestados por profissionais de nível médio que independem de habilitação profissional legalmente exigida, ou assemelhados, e que este ramo não se confunde de modo algum com o de "diretor ou produtor de espetáculos e publicitário", sendo essas atividades exercidas pela recorrente, perfeitamente permitidas pela legislação vigente aplicável à espécie, é de se reconsiderar o ADE que a excluiu do sistema integrado de pagamento de impostos e contribuições das microempresas e das empresas de pequeno porte simples. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimiade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso." Cientificada da decisão, a Fazenda Nacional apresentou Recurso Especial de divergência alegando que a previsão no objeto social da pessoa jurídica de qualquer das atividades vedadas pela Lei n.`2 9.317/96, ainda que a empresa não as esteja exercendo efetivamente, é suficiente para excluíla do SIMPLES. O Recurso da Fazenda foi conhecido, conforme despacho de admissibilidade Intimado do Recurso da Fazendo o contribuinte não apresenta contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Gerson Macedo Guerra, Relator Sobre a admissibilidade do Recurso, entendo não haver reparos a serem feitos no despacho de admissibilidade, portanto, dele conheço. Sobre o mérito da questão, entendo, também, que não merece reparo decisão recorrida. Fortes são os seguintes argumentos do Relator da decisão recorrida: 1. A exclusão tomou por base apenas o que consta do contrato social da contribuinte, sem qualquer precaução quanto à busca da verdade material, ou seja, da constatação da natureza dos serviços que efetivamente são prestados; 2. A autoridade fiscal consignou que “A execução de serviços de produção de filmes e fitas de vídeo, por caracterizar prestação de serviços profissionais de empresário, diretor ou produtor de espetáculos, é vedada à opção pelo Simples de acordo com o art. 9º, inciso XIII, da Lei nº 9.317, de 1996”, o que serviu de base para que a exclusão fosse mantida; 3. A análise das notas fiscais trazidas aos autos, que descrevem apenas a produção de vídeos como serviço prestado, não permite afirmar, com Fl. 129DF CARF MF 4 segurança, que aquele resultado final dependa do concurso de pessoas com conhecimentos técnicos especializados. Diante disso, adoto as razões de decidir contidas na decisão a quo, para negar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional. A autoridade fiscal consignou às fls. 18, que “A execução de serviços de produção de filmes e fitas de vídeo, por caracterizar prestação de serviços profissionais de empresário, diretor ou produtor de espetáculos, é vedada à opção pelo Simples de acordo com o art. 9º, inciso XIII, da Lei nº 9.317, de 1996”, o que serviu de base para que a exclusão fosse mantida. Entendo que não assiste razão ao fisco. De plano, observamos, que não existe qualquer exigência ou prérequisito legal algum para que os serviços que vêm sendo exercidos pela recorrente devam ser através de profissionais com conhecimentos técnicos especializados. Ao contrário, as atividades exercidas pela recorrente dependem apenas de pessoas com conhecimentos empíricos num ramo de atividade que independe de profissionais com habilitação legalmente estatuída. Verificamos ademais, que essa pequena sociedade empresária, é composta por profissionais de nível médio, sendo um aposentado e o outro comerciante, que não necessitam de instrução especializada para exercerem suas atividades. A exclusão, como se viu, tomou por base apenas o que consta do contrato social da recorrente, sem qualquer precaução quanto à busca da verdade material, ou seja, da constatação da natureza dos serviços que efetivamente são prestados. Para indeferir o pedido de manutenção no SIMPLES, a decisão recorrida louvouse nas notas fiscais acostadas aos autos que especificam os serviços prestados como “Produção de vídeos” para a empresa GW Comunicação Ltda., sediada em Brasília, concluindo: 18. No caso sob exame resta claro que a atividade do contribuinte por se tratar de produções de vídeos, para cliente cuja atuação são programa de televisão, comunicação corporativa, documentários, teleeducação, comerciais se refere a produções artísticas, dirigidas e elaboradas pela interessada, por encomenda da GW Comunicação, o que impede a sua opção pelo Simples, por se tratar de atividade vedada, tendo em vista que a atividade econômica da empresa é assemelhada a de diretor ou produtor de espetáculos já que faz a direção e a produção de vídeos para as áreas assinaladas. A conclusão não se sustenta uma vez que achase impregnada de subjetivismo ao equiparar a atividade da recorrente à atividade da tomadora dos serviços, sem se estribar num mínimo contexto probatório. Por fim, a análise das notas fiscais trazidas aos autos, que descrevem apenas a produção de vídeos como serviço prestado, não permite afirmar, com segurança, que aquele resultado final Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10980.009328/200571 Acórdão n.º 9101003.486 CSRFT1 Fl. 129 5 dependa do concurso de pessoas com conhecimentos técnicos especializados. Em vista disso, concluímos que as atividades que exerce a recorrente, estão entre aquelas permitidas pela legislação de regência do SIMPLES, portanto, não incluídas na restrição de que trata o inciso XIII do art. 9° da Lei 9317 de 05/12/1996. Nesse contexto, voto por negar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Fl. 131DF CARF MF
score : 3.0005863
Numero do processo: 19515.720618/2017-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 16 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 2202-000.837
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, para fins de que a unidade de origem discrimine, nas planilhas A e B anexas ao lançamento, quais os valores referem-se à adicional de Performance e Adicional de Projeto, e verifique se houve algum pagamento à titulo de Adicional de Projeto ao Diretor Gerente M10, devendo, na sequência, ser intimado o contribuinte para que possa se manifestar acerca do resultado dessa providência. Vencido o conselheiro José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), que entendeu não ser necessária a diligência.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson Presidente
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Jorge Henrique Backes (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson (Presidente)
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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Vencido o conselheiro José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), que entendeu não ser necessária a diligência. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson– Presidente (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Jorge Henrique Backes (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson (Presidente) Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .7 20 61 8/ 20 17 -7 4 Fl. 2116DF CARF MF Processo nº 19515.720618/201774 Resolução nº 2202000.837 S2C2T2 Fl. 1.321 2 Tratase de Autos de Infração para constituição dos créditos tributários relativos as seguintes contribuições sociais: a) Contribuição previdenciária a cargo da empresa incidente sobre remuneração paga aos segurados empregados; b) Contribuição previdenciária em razão do grau de incidência de incapacidade laboral decorrente de riscos ambientais do trabalho (GILRAT); c) Contribuição à outras entidades e fundos (SENAC, SESC, SEBRAE, INCRA e FNDE); De acordo com o Termo de Verificação (fls. 362/378), a Fiscalização verificou que os valores distribuídos aos empregados relativos à PLR estavam em desacordo com a legislação pertinente (Lei nº 8.212/91, Lei nº 10.101/2000, Decreto nº 3.048/99 e IN RFB nº 971/2009). O problemas apontados foram os seguintes: a) Os valores pagos à título de Participação nos Lucros ou Resultados foram equivalentes a mais de doze vezes o salário mensal e, por isso, assumem feição de contraprestação pelo trabalho.; b) A empresa utilizou de Avaliações de Desempenho com propostas de julgamentos subjetivos; c) Que "nos Acordos de 2011 e 2012 Anexo I, há outra evidência de ausência de atendimento ao preconizado na Lei n° 10.101/2000, onde a empresa oferece com caráter de Bônus aos Gerentes e Consultores, especificados no Anexo, o Adicional de Performance em função da margem bruta da empresa em relação ao orçamento. Pelo instrumento, somente o fato de ser diretor já proporcionaria o pagamento do bônus em função dos honorários recebidos, independente do cumprimento de metas". d) "o tratamento diferenciado a Gerentes, por força do adicional de performance não se legitima diante do argumento de tratamento desigual de pessoas que se situem em realidades desiguais" A Bain Brasil Ltda. apresentou impugnação, em 27/07/2017 (fls. 413/414), contestando o lançamento (fls. 415/490), sob os seguintes argumentos: a) nulidade do lançamento, uma vez que o trabalho fiscal do qual se originou a autuação tinha como objeto IRRF; b) coisa julgada em razão do julgamento realizado pela DRJ de Ribeirão Preto e pelo CARF nos autos do processo nº 19515.722975/201343 no qual foram efetuados lançamentos de contribuições sobre o PLR do período de junho a dezembro de 2009; c) a legislação de regência da Participação nos Lucros e/ou Resultados, Lei n° 10.101/2000, dispõe de forma exemplificativa as modalidades de metas e objetivos que as empresas podem utilizar para formatar seus planos, de modo a dar total liberdade para que tais metas se amoldem adequadamente às suas atividades e ao que realmente é importante para seus negócios; d) em relação a clareza e a objetividade das metas dos acordos de PLR, o maior equívoco cometido pela fiscalização em seu relatório está representado na afirmação de que os Fl. 2117DF CARF MF Processo nº 19515.720618/201774 Resolução nº 2202000.837 S2C2T2 Fl. 1.322 3 acordos de PLR da Impugnante não possuiriam regras claras e objetivas, pois teria se utilizado de avaliações de desempenho com julgamentos subjetivos, através de apreciações, conceitos e consensos, aplicando critérios de conveniência f) em relação a legalidade da diferenciação dos valores por cargo e ausência de vedação legal à desproporcionalidade de valores de PLR, afora todo o já exposto, a fiscalização ainda criou um critério ausente da Lei n° 10.101/2000, para criticar os planos de PLR da empresa, aduzindo que haveria tratamento diferenciado a determinados empregados e que a PLR deveria obedecer a um limite de valor para que não houvesse desproporcionalidade em relação aos pares e ao próprio salário do empregado; g) em relação aos adicionais de performance, a existência de metas e os resultados a serem atingidos, alegou consoante destacado inicialmente, a fiscalização mencionou, dentre seus argumentos, questões relacionadas a um Adicional de Performance e um Adicional de Diretor Gerente, sem, no entanto, discriminar qual o valor desses adicionais, quem teria recebido, e ainda fazendo confusão ao misturar o Adicional de Performance de Gerentes e Consultores com o Adicional relativo exclusivamente ao Diretor Gerente; A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA) deu parcial provimento à Impugnação exonerando os valores relativos à PLR e mantendo os valores pagos relativos ao adicional de performace em decisão cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2012 a 31/12/2012 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PROGRAMA DE METAS DE ACORDO COM A LEI. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. A parcela paga aos empregados a título de participação nos lucros ou resultados, em conformidade com as diretrizes fixadas pela Lei nº 10.101/2000, não integra o salário de contribuição. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. INOBSERVÂNCIA DAS NORMAS. ADICIONAL DE PERFORMANCE. INTEGRA O SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Integram o saláriodecontribuição, para fins de incidência de contribuição social, as parcelas pagas a título de participação nos lucros e resultados da empresa em desacordo com a legislação. O Adicional de Performance pago a diretores e gerentes em desacordo com a Lei nº 10.101/2000 está sujeito à incidência das contribuições sociais. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. Somente há nulidade do Auto de Infração quando ocorrer violação aos requisitos dos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235/72. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. APRESENTAÇÃO DE PROVAS APÓS O PRAZO REGULAMENTAR. PRECLUSÃO. No processo administrativo fiscal, o direito de apresentar provas preclui após o prazo regulamentar. Cientificado (fls. 1454) a contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fls. 1591/1643, no qual alega, resumidamente, o seguinte: Fl. 2118DF CARF MF Processo nº 19515.720618/201774 Resolução nº 2202000.837 S2C2T2 Fl. 1.323 4 a) Preliminares a.1) Coisa julgada em razão do julgamento realizado pela DRJ de Ribeirão Preto e pelo CARF nos autos do processo nº 19515.722975/201343 no qual foram efetuados lançamentos de contribuições sobre o PLR do período de junho a dezembro de 2009 a.2) Nulidade do lançamento em face da ausência de identificação precisa dos valores dos Adicionais de Performace e do Diretor Gerente pela fiscalização, assim como ausência de conclusão e acusação sobre este tema no relatório fiscal. A omissão da fiscalização teria causado prejuízo ao direito de defesa e induzido a DRJ em erro de fato; b) Mérito b.1) O adicional de Perfomace era pago apenas a Consultores e Gerente (níveis C5 a M9) e decorriam de atingimento de meta de margem bruta/lucro da empresa. O referido adicional não está vinculado a receita de honorários ou projetos não se confundindo com o Adicional de Diretor Gerente e, portanto, não estão refletidos na 'Planilha B' da fiscalização; b.2) o CARF já declarou a legalidade do Adicional de Performace, vinculado a meta de margem bruta, conforme julgamento ocorrido em 2016 a respeito de plano de PLR idêntico (referente a 2009); b.3) O adicional de honorários de Projetos para Diretor Gerente não foi pago em 2012 ao único empregado elegível (Diretor Gerente nível M10). Tal fato foi reconhecido pelo CARF ao julgar a autuação anterior; É o relatório. Voto O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. 1.1) PRELIMINARES 1.1.1 ) EXISTÊNCIA DE COISA JULGADA ADMINISTRATIVA Ainda no âmbito das preliminares ao mérito, o Recorrente requer o reconhecimento da existência de coisa julgada administrativa em seu favor, uma vez que os planos de PLR objeto do presente processos são idênticos ao plano de PLR glosado no processo nº 19515.722975/201343. Todavia, como reconhece a própria Recorrente, no presente lançamento, foram glosados os pagamentos de PLR relativos ao ano de 2012, ao passo em que no processo nº 19515.722975/201343 discutiase a PLR paga no ano de 2009. Dessa forma, não há identidade invocada pelo Recorrente como apta a caracterizar a mencionada “coisa julgada administrativa”. Há fatos geradores distintos, como distintas bases de cálculo e aspectos temporais de ocorrência. A coisa julgada administrativa a que faz menção o recorrente apenas importa no não cabimento de recurso na própria via administrativa. Assim, esgotados as instâncias de discussão relativamente ao processo 19515.722975/201343, não mais é dado à administração alterar o que ali ficara decidido. A decisão proferida pela turma julgadora naquele processo, relativamente à situação específica ali tratada, é irretratável para a administração, pois exauridas todas as possibilidades de recurso. Fl. 2119DF CARF MF Processo nº 19515.720618/201774 Resolução nº 2202000.837 S2C2T2 Fl. 1.324 5 Em face do exposto, rejeito a preliminar 2.2) NULIDADE DO LANÇAMENTO EM FACE DA AUSÊNCIA DE IDENTIFICAÇÃO PRECISA DOS VALORES DOS ADICIONAIS DE PERFORMACE E ADICIONAL DE HONORÁRIOS LÍQUIDOS APLICÁVEL AO DIRETOR GERENTE Alega a Recorrente que houve vício insanável na identificação do fato gerador uma vez que o lançamento, assim como a decisão recorrida, trataram o adicional de honorários devidos exclusivamente ao diretor gerente como adicional de honorários o que, nos termos do artigo 142 do CTN, importaria em nulidade do lançamento. Em relação as nulidades apontadas pela Impugnante, ora Recorrente, a Delegacia de Julgamento se limitou a afirmar, com fundamento no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, que não haveria que se falar em nulidade, uma vez que, sob o aspecto formal, os atos praticados no processo foram lavrados por pessoa competente (inciso I) e os despachos e decisões foram igualmente lavrados por autoridades competentes e sem preterição do direito de defesa (inciso II). Entendo que o inconformismo quanto análise dos planos de PLR realizada pelo fiscal se confunde com o mérito e, por isso, será juntamente com ele analisada. 3) MÉRITO 3.1) DOS ADICIONAIS DE PERFORMACE E ADICIONAL DE HONORÁRIOS De acordo com a Recorrente a decisão recorrida reiterou a confusão feita pela fiscalização misturando o Adicional de Performace de Gerentes e Consultores com o Adicional do Diretor Gerente, assumindo erroneamente que a Planilha B da fiscalização seria referente a esses valores adicionais, que teriam natureza salarial por serem comissão de venda de projeto. De fato, ao analisar o Plano de Participação nos Resultados do ano de 2012 é possível identificar três espécies de remuneração (fls. 104/106); “CLAÚSULA 2ª REGRAS GERAIS As regras aqui definidas foram fruto da livre negociação entre a BAIN e a COMISSÃO, sendo claras e objetivas, acessíveis a todos os participantes, facilitando o controle e acompanhamento por parte dos mesmos. A participação dos EMPREGADOS nos resultados da BAIN está condicionada às suas respectivas avaliações, de acordo com os fatores especificados nas cláusulas abaixo, os quais levam em consideração as competências que os EMPREGADOS devem possuir e desenvolver para melhorar os resultados da BAIN como um todo.. O pagamento do valor equivalente à participação dos EMPREGADOS nos resultados do ano de 2012 será efetuado da seguinte forma: (i) Para empregados enquadrados nos cargos de Diretor, o pagamento da participação nos resultados relativa à avaliação do indivíduo e/ou em relação à parcela pertinente ao desempenho da empresa será efetuado em duas parcelas, sendo a 1ª parcela paga entre 15/12/2012 e 29/12/2012 e a 2ª entre 16/06/2013 e 30/06/2013, respeitado o intervalo mínimo de 6 meses entre o 1º e 2º pagamentos; Fl. 2120DF CARF MF Processo nº 19515.720618/201774 Resolução nº 2202000.837 S2C2T2 Fl. 1.325 6 (ii) Para os empregados enquadrados na categoria Diretor Gerente (M10), Gerente (MIM9, Case Team Leaders (níveis C5 a C8), Consultores (C1C4) e Consultores Associados (A1 a A8) e os "Administrativos", o pagamento da participação nos resultados será efetuado em uma única parcela, a ser paga entre 15/12/2012 e 29/12/2012. (...) CLÁUSULA 3ª AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E REGRAS DE APURAÇÃO DO PPR Todos os EMPREGADOS serão avaliados de acordo com seu desempenho pessoal, levandose em consideração fatores individuais e coletivos, consoante as regras especificadas no Anexo 1 e de acordo com o modelo de formulário e descritivo de avaliação constantes dos Anexos 2 e 3. Os valores bases de participação por nível são de ciência dos EMPREGADOS, conforme divulgado na época de sua admissão e nas comunicações individuais feitas ao final de cada ano, que passam a integrar o presente Termo para todos os fins de direito. O cálculo do valor a ser pago levará em conta os critérios para a avaliação de desempenho individual e os resultados da empresa, conforme as regras estabelecidas no anexo 1. Esses valores de participação nos resultados, informados aos EMPREGADOS, poderá ser revisados mediante a superação das metas estabelecidas no Anexo 1 e conforme as regras ali definidas. Fica, porém, estabelecido um limite geral de distribuição da participação relativa ao ano de 2009, qual seja, 70% do faturamento bruto da empresa. Caso o lucro bruto da BAIN antes do pagamento da participação esteja abaixo do valor a ser distribuído de acordo com as regras do presente Termo de Participação nos Resultados, a participação adicional nos resultados dos Case Team Leaders (C5 a C8) e Gerentes (MI a M9) não será devida. No item 9 do Anexo 2 consta a previsão do adicional de performace aplicável aos Empregados Consultores CLT (níveis C5 a C8) e Gerentes (níveis M1 a M9) (fls. 110) 9) O valor base resultante da avaliação individual conforme critérios descritos acima, os quais foram informados aos empregados na época da admissão e/ou nas comunicações individuais feitas ao final de cada ano, poderá ser majorado ou diminuído, somente nos casos de Gerentes (MI M9), e Case Team Leaders CTL´s ( C5 a C8), conforme tabela abaixo e de acordo com o resultado de avaliação individual, se a Margem Bruta da BAIN antes do pagamento das participações, for maior ou igual ao orçamento (considerando lucro bruto em R$ calculado como as receitas brutas, menos impostos, salários e despesas, definido pela direção da BAIN. O adicional de honorários devidos exclusivamente ao Diretor Gerente nível M10, está previsto no item 6 do Anexo 2 (fls. 109/110): Fl. 2121DF CARF MF Processo nº 19515.720618/201774 Resolução nº 2202000.837 S2C2T2 Fl. 1.326 7 6) Para os Diretores Gerentes (M10), um adicional no valor da participação nos resultados será definido em função dos honorários brutos faturados oriundos de projetos, a saber: (i) 7% (sete por cento) sobre os honorários obtidos em projetos nos quais o Diretor Gerente tenha autado somente como Diretor Gerente do projeto; (ii) 8% (oito por cento) sobre os honorários obtidos em projetos nos quais o Diretor Gerente tenha sido responsável pela venda do projeto; e (iii) 15% (quinze por cento) no caso de terem sido contempladas as duas situações anteriormente descritas. Alega a Recorrente que a fiscalização, ao analisar os planos de PLR da empresa, agrupou os valores pagos em duas planilhas (Planilha A e B). No entanto, o critério de agrupamento dos valores não observou os níveis ou cargos empregados, assim como não diferenciou o que seria a Participação relacionada ao Desempenho Individual da Participação Adicional de Performace decorrente da superação da meta de margem bruta (lucro) da empresa e da Participação Adicional de honorários de projetos do Diretor Gerente. Ao analisar o relatório fiscal (fls. 376/377) verificase os critérios utilizados na elaboração das planilhas foram os seguintes: As planilhas anexas que integram esse Termo de Verificação Fiscal referemse aos seguintes fatos: A Valores pagos aos empregados a título de PLR das competências 06/2012 e 12/2012 sem constas as regras claras e objetivas, cujos valores totalizam R$ 17.715.142,36 (dezessete milhões, setecentos e quinze mil, cento e quarenta e dois reais e trinta e seis centavos); B Valores pagos aos empregados a título de PLR das competências 06/2012 e 12/2012 consideradas como substituição salarial e com ausência de regras claras e objetivas, que totalizam R$ 71.025.979,09 (setenta e um milhões, vinte e cinco mil, setenta e nove reais e nove centavos) C Valores consolidados das planilhas "A" e "B", cujos valores totalizam R$ 88.741.121,45 (oitenta e oito milhões, setecentos e quarenta e um mil, cento e vinte e um reais e quarenta e cinco centavos); 11. Diante da tabela acima lavramos o auto de infração referente a Contribuições Previdenciárias e Contribuição de Terceiros com os seguintes valores: Processo nº 19.515.720.618/201774 Contribuição Previdenciária R$ 41.994.824,24 Processo nº 19.515.720.618/201774 Contribuição de Terceiros R$ 11.598.570,33. Com efeito, as planilhas elaboradas pela fiscalização não cuidaram de especificar o que seria Participação relacionada ao Desempenho individual, a Participação Adicional de Performace de margem bruta (lucro,) e a Participação Adicional de honorários de Projetos do Diretor Gerente. Da mesma forma, conforme se verifica pelo trecho abaixo transcrito, a decisão recorrida não fez essa distinção entre os adicionais ao afirmar que o adicional de performace está diretamente vinculado aos honorários obtidos em projeto independente dos lucros, o que, como visto, não procede. Confirase: Fl. 2122DF CARF MF Processo nº 19515.720618/201774 Resolução nº 2202000.837 S2C2T2 Fl. 1.327 8 26.4 Após estas considerações, passouse a analisar o Anexo I. No que diz respeito ao ponto específico adicional de performance, observase que tal adicional não está sujeito aos mesmos critérios específicos a serem aferidos para efeito de obter o direito à PLR. Observase também que o adicional de performance está diretamente vinculado aos honorários obtidos em projetos, independente do lucro ou resultado para a empresa. Inclusive, no item 6 do Anexo 1 (fls. 109/110) do acordo de PLR, consta que para os Diretores Gerentes está reservado um adicional em função dos honorários brutos faturados, ou seja, em função do faturamento e não dos lucros ou resultados. 26.5 Aliás, foi possível perceber, neste caso, que o adicional de performance se assemelha muito à retribuição financeira exclusiva pela atuação no projeto, de forma a caracterizar comissão, ao invés de participação nos lucros ou resultados, uma vez que, para efeito de auferir o adicional, o empregado precisava apenas ter atuado como gerente do projeto, ter sido o responsável pela venda do projeto ou ter atuado em ambas situações. 26.6 Isto posto, notase que a participação do Diretor Gerente, ou qualquer outra denominação para o cargo que tenha desempenhado tal função (Gerente, Consultor ou Manager), está diretamente vinculada a sua atuação como profissional, demonstrando que estas situações fazem parte das competências do cargo, qual seja, atuar como gerente e/ou como responsável pela venda do projeto. De onde se pode extrair o entendimento, que por estar exercendo as atribuições do seu cargo, o Diretor Gerente está recebendo uma comissão, denominada adicional de performance, com natureza típica de remuneração, por estar vinculada diretamente ao exercício do cargo, independente de produtividade e de outros critérios de avaliação, ou seja, somente pela atuação no projeto como gerente ou vendedor já fez jus ao adicional de performance. Essa discriminação é fundamental, uma vez que a natureza jurídica dos valores são distintos. Isso porque, assim como o Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, relator Processo nº 19515.722975/201343 (relativo à mesma contribuinte e plano de igual teor) entendo que a participação de performace de margem bruta não ofende ao disposto na Lei nº 10.101/00 ao passo que a Participação Adicional de honorários de Projeto do Diretor Gerente compõe o salário de contribuição. Em face do exposto, entendo que o processo ainda não se encontra em condições de ter um julgamento justo, motivo pelo qual, proponho a baixa em diligência para fins de que a unidade de origem discrimine, nas planilhas A e B anexas ao lançamento, quais os valores referemse à adicional de Performance e Adicional de Projeto, e verifique se houve algum pagamento à titulo de Adicional de Projeto ao Diretor Gerente M10, devendo, na sequência, ser intimado o contribuinte para que possa se manifestar acerca do resultado dessa providência. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 2123DF CARF MF
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