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Numero do processo: 10935.002914/2003-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 18 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 1999
PRELIMINAR - INTIMAÇÃO POR EDITAL - NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DE QUE OS MEIOS PARA INTIMAÇÃO PESSOAL E PELOS CORREIOS RESULTARAM IMPROFÍCUOS.
Verificado nos autos que a fiscalização esgotou os meios normais para ciência pessoal da parte, com base no artigo 23, III, do Decreto nº 70.235, de 1972, considera-se válida a citação feita por edital.
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Não procedem as alegações de nulidade quando não se vislumbra nos autos nenhuma das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. CONFISCO.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Em se tratando de lançamento de ofício, é legítima a cobrança da multa correspondente, por omissão de rendimentos, sendo inaplicável o conceito de confisco que é dirigido a tributos. JUROS DEMORA. TAXA SELIC. SÚMULACARFNº4
A partir de 1ºde abril de 1995,os juros moratório incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos,no período de inadimplência,à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2101-002.292
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa
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Verificado nos autos que a fiscalização esgotou os meios normais para ciência pessoal da parte, com base no artigo 23, III, do Decreto nº 70.235, de 1972, considerase válida a citação feita por edital. PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Não procedem as alegações de nulidade quando não se vislumbra nos autos nenhuma das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. CONFISCO. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Em se tratando de lançamento de ofício, é legítima a cobrança da multa correspondente, por omissão de rendimentos, sendo inaplicável o conceito de confisco que é dirigido a tributos. JUROSDEMORA. TAXASELIC. SÚMULACARFNº4 Apartirde1ºdeabrilde1995,osjurosmoratóriosincidentessobredébitostributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil sãodevidos,noperíododeinadimplência,àtaxareferencialdoSistemaEspecialdeL iquidaçãoeCustódiaSELICparatítulosfederais. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 29 14 /2 00 3- 79 Fl. 358DF CARF MF Impresso em 14/10/2015 por EMANOEL WERCELENS PINHEIRO EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. GILVANCI ANTÔNIO DE OLIVEIRA SOUSA Relator. EDITADO EM: 02/10/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Eivanice Canario da Silva, Francisco Marconi de Oliveira, Célia Maria de Souza Murphy, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa (Relator), Alexandre Naoki Nishioka. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls.241/261) interposto em 20 de maio de 2004 contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) (fls.222/238), do qual o Recorrente teve ciência em 22 de abril de 2004, fls.240, que, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento de fls. 135/139, lavrado em 25 de novembro de 2003, em decorrência de Omissão de Rendimentos, caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, sendo constituído um crédito tributário de R$ 510.371,22, mais cominações legais. A decisão recorrida possui a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998 Ementa: CIÊNCIA DO LANÇAMENTO POR EDITAL. NULIDADE. INEXISTÊNCIA É válida a notificação do lançamento realizada por edital após tentativas frustradas de realizar o ato pessoalmente e pela via postal no domicilio tributário do contribuinte. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. Fl. 359DF CARF MF Impresso em 14/10/2015 por EMANOEL WERCELENS PINHEIRO EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10935.002914/200379 Acórdão n.º 2101002.292 S2C1T1 Fl. 359 3 Inexistindo dolo e evidenciado, pela declaração de ajuste anual, que houve pagamento de imposto, o prazo decadencial de cinco anos para lançar imposto suplementar é contado desde o último dia do ano a que se refere o fato gerador objeto do lançamento. Relativamente ao ano de 1998, não havia ocorrido à decadência na data da ciência do lançamento realizada em 17/12/2003. SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA PELA AUTORIDADE FISCAL. INOCORRÊNCIA. É impertinente a alegação de que a autoridade administrativa não detém competência para quebrar sigilo bancário se o ato foi praticado pelo Poder Judiciário. INFORMAÇÕES ALUSIVAS À CPMF UTILIZAÇÃO RETROATIVAS. INOCORRÊNCIA. Tratandose de extratos bancários recebidos em decorrência de extensão à Receita Federal de sigilo bancário quebrado judicialmente, descabe falar em utilização retroativa de informações alusivas à CPMF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Os valores depositados em conta bancária com recursos de origem não comprovada caracterizam presunção de omissão de rendimentos. TAXA SELIC. ALEGAÇÃO DE INAPLICABILIDADE AO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. O julgador administrativo carece de competência para declarar inaplicável dispositivo legal vigente, atribuição reservada com exclusividade ao Poder Judiciário. FALTA DE ESCLARECIMENTO DA ORIGEM DE RECURSO DEPOSITADO. AGRAVAMENTO DA MULTA. IMPROCEDÊNCIA. Considerandose que a não comprovação da origem dos recursos depositados em conta bancária é pressuposto necessário para a presunção legal prevista no art. 42 da Lei n° 9.430/96, descabe, em lançamento da espécie, agravamento da multa motivado pela ausência da aludida comprovação. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. O julgador de instância administrativa carece de competência para se pronunciar sobre alegação de inconstitucionalidade de dispositivo legal vigente, atribuição reservada com exclusividade ao Poder Judiciário. Lançamento Procedente em Parte Fl. 360DF CARF MF Impresso em 14/10/2015 por EMANOEL WERCELENS PINHEIRO EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 O presente recurso já foi objeto de julgamento pela Segunda Câmara do então Primeiro Conselho de Contribuintes que, por maioria de votos, julgou procedente o recurso, no qual o Recorrente pugnou: Preliminarmente: a) Pela anulação do Edital nº 32/2003, para considerar a ciência do auto de infração ocorrida no ano de 2004; b) Invalidade do procedimento administrativo; c) Pela decadência ao defender que tomou ciência do auto de infração somente em 2004 No mérito: a) Pela mera presunção fiscal relativamente aos depósitos bancários, os quais não devem ser considerados sinônimos de renda; b) Pela violação ao princípio da proporcionalidade, instrumento fundamental no controle de constitucionalidade, havendo ausência de razoabilidade entre o valor originário do imposto e o valor da multa aplicada; c) Pela inaplicabilidade da taxa Selic, cujo mecanismo não é legalmente permitido. O acórdão do então Primeiro Conselho de Contribuintes teve a seguinte ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO CIÊNCIA POR EDITAL. Até a vigência da Lei 11.196/2005, somente era cabível a intimação do lançamento por edital quando restasse improfícua tanto a ciência pessoal quanto a postal. Verificado nos autos que a fiscalização não esgotou os meios ordinários de ciência, é nulo o edital. DECADÊNCIA TERMO FINAL DE CONTAGEM DO PRAZO APERFEIÇOAMENTO DO PROCEDIMENTO FISCAL — REABERTURA DO PRAZO DE IMPUGNAÇÃO. A reabertura do prazo de impugnação para o contribuinte manifestarse sobre documentos que deveriam fazer parte dos autos, haja vista que deram suporte ao lançamento, mas somente foram juntados após o encerramento da auditoria, evidencia a necessidade de aperfeiçoamento do procedimento fiscal. Uma vez que a ciência desse saneamento/ aperfeiçoamento ocorreu após o prazo de 5 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador do IRPF, o lançamento foi fulminado pela decadência, à luz do art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional. Em 17/03/2008 (fl. 304), a Fazenda Nacional foi intimada do acórdão acima referenciado e em 26/03/2008, protocolizou o recurso especial de fls. 306 a 317. Admitido o Fl. 361DF CARF MF Impresso em 14/10/2015 por EMANOEL WERCELENS PINHEIRO EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10935.002914/200379 Acórdão n.º 2101002.292 S2C1T1 Fl. 360 5 recurso (fls.346/355), a parte recorrida apresentou as contrarrazões de fls. 324 a 331. O Recurso Especial foi provido, cujo acórdão teve a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Exercício: 1999 PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO – INTIMAÇÃO POR EDITAL – NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DE QUE OS MEIOS PARA INTIMAÇÃO PESSOAL E PELO CORREIO RESULTARAM IMPROFÍCUOS. Verificado nos autos que a fiscalização esgotou os meios normais para ciência pessoal da parte, com base no artigo 23, III, do Decreto nº 70.235, de 1972, considerase válida a citação feita por edital. Recurso especial provido. O processo foi devolvido à turma recorrida, para apreciar as demais matérias e questões suscitadas no recurso voluntário, sendo distribuído a este Conselheiro, numerado até a fl. 357, que também trata do envio dos autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o relatório. Voto Conselheiro Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa O recurso atende os requisitos de admissibilidade. Decidida a questão preliminar quanto à intimação por edital, passemos às demais questões preliminares: A) DA JUNTADA DE DOCUMENTOS E REABERTURA DE PRAZO A Recorrente pede que seja considerada a ciência do Auto de Infração somente em 2004, isso em razão de a mesma entender que o referido auto não se configurava procedimento válido, haja vista o mesmo ter sido concluído somente com a juntada da documentação citada e a Recorrente ter tomado pleno conhecimento dos motivos que ensejaram a autuação. Como já decidido, a contribuinte foi intimada em 17/12/2003 (15 dias após afixação do edital, em 02/12/2003, ou seja, a contribuinte não foi intimada em 2004). À Recorrente foi estendido prazo para manifestação durante o procedimento de fiscalização, efetuada intimação regular do auto de infração com todos os elementos Fl. 362DF CARF MF Impresso em 14/10/2015 por EMANOEL WERCELENS PINHEIRO EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 legalmente exigidos, proporcionando prazo para interposição de impugnação, conhecidas e analisadas as eventuais provas anexadas na impugnação, e, por último, possibilitada a interposição de recurso voluntário, tudo na . Assim, não há que se falar em invalidade da peça básica, não se configurando quaisquer das hipóteses previstas no artigo 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, in verbis: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Com efeito, não há que se falar em cancelamento do lançamento em exame, pois este contém todos os requisitos legais para sua plena validade e eficácia, conforme dispõe o artigo 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, de modo a proporcionar ao autuado seu regular exercício do direito de defesa, e também não ocorreram os pressupostos elencados no artigo 59 do mesmo diploma legal, a conspurcar de nulidade o Auto de Infração. B) DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA PÚBLICA Pedimos vênia para transcrever trecho do voto formalizado no acórdão de n.º 5.906, de 7 de abril de 2004 (fls. 222/238), de relatoria do I. Conselheiro Hernani Ori Harlos, para adotar as mesmas razões de decidir: “1.2 — Decadência. A contribuinte alegou primeiro que teve conhecimento do lançamento somente em 06/01/2004 e depois alegou que a ciência regular do lançamento ocorreu somente em 17/02/2004, data em que foi intimada de que podia se pronunciar sobre novos documentos que haviam sido carreados aos autos. Arrimandose nestas datas, a contribuinte sustenta que a Fazenda Nacional não mais podia ter lançado crédito tributário do ano de 1998, uma vez que a decadência do mesmo havia se consumado no último dia do ano 2003. O Código Tributário Nacional — CTN (Lei n° 5.172, de 25/10/1966) instituiu duas regras de contagem do prazo decadencial para a constituição de crédito tributário: uma mais favorável ao contribuinte (art. 150, § 4°), aplicável aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, e outra menos favorável ao contribuinte (art. 173, 1), por redundar, ao final, em prazo mais longo para a administração tributária proceder ao lançamento. Os dois dispositivos legais têm a seguinte redação: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Fl. 363DF CARF MF Impresso em 14/10/2015 por EMANOEL WERCELENS PINHEIRO EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10935.002914/200379 Acórdão n.º 2101002.292 S2C1T1 Fl. 361 7 (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (...) Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. (grifos acrescidos) A regra de decadência do § 4° do artigo 150 do CTN tem aplicação nos lançamentos por homologação, característica dos tributos a que a lei atribui ao sujeito passivo o dever de apurar e recolher o montante do crédito tributário que entender devido, sem nenhuma participação prévia da autoridade tributária. Evidentemente, somente se pode falar em lançamento por homologação se houve pagamento de tributo, até porque, em caso contrário, não haveria o que homologar. A necessidade de pagamento unilateral pelo sujeito passivo está consolidada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, da qual é exemplificativa a seguinte ementa de acórdão: TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS AO REGIME DO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Nos tributos sujeitos ao regime do lançamento por homologação, a decadência do direito de constituir o crédito tributário se rege pelo artigo 150, § 4. °, do Código Tributário Nacional, isto é, o prazo para esse efeito será de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; a incidência da regra supõe, evidentemente, hipótese típica de lançamento por homologação, aquela em que ocorre o pagamento antecipado do tributo. Se o pagamento do tributo não for antecipado, já não será o caso de lançamento por homologação, hipótese em que a constituição do crédito tributário deverá observar o disposto no artigo 173, I do Código Tributário Nacional. Embargos de divergência acolhidos. (Ac un da //. a S do STJ — Ediv em Resp 101.407SP — Rel. Min. Ari Pargendler — j 07.04.00 — Embte.: Missiato S/A Indústria e Fl. 364DF CARF MF Impresso em 14/10/2015 por EMANOEL WERCELENS PINHEIRO EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 Comércio; Embda.: Fazenda do Estado de Selo Paulo — DJUe I 08.05.00, p 53. Também publicada no Repertório IOB de jurisprudência, RJ I, caderno n.° 11/2000, verbete n.° 14.798, com grifos acrescidos). Portanto, considerando que a recorrente tomou ciência em 17/12/2003 não há que se falar em decadência. Quanto ao mérito, tomo como razões de decidir, comungando na integralidade com o exposto nos seguintes trechos do voto formalizado no acórdão de n.º 5.906, de 7 de abril de 2004 (fls. 222/238), de relatoria do I. Conselheiro Hernani Ori Harlos: “2.1 Presunção fiscal — depósitos bancários. A síntese do argumento de defesa é que depósitos bancários não são suficientes por si só para caracterizar omissão de rendimentos. Pela regra geral de direito de que o ônus da prova é de quem alega, caberia à autoridade fiscal provar a omissão de rendimentos que imputou ao contribuinte. Ocorre, todavia, que o legislador criou presunções legais de omissão de rendimentos, entre as quais está a do artigo 42 da Lei n° 9.430/96, verbis: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. No caso dos autos, a autoridade fiscal relacionou (fls.07) créditos realizados nas contas correntes da contribuinte nos bancos HSBC e Noroeste/Santander no período de abril a dezembro de 1998 e a intimou para no prazo de 20 dias provar a origem dos recursos com que realizou aquelas operações. Em resposta, a contribuinte, embora aparentemente tivesse intenção de atender objetivamente h intimação, uma vez que requereu ampliação do prazo por quatro vezes, ao que foi atendida (fls. 1418), ao final nada provou. Restou, assim, plenamente caracterizada a hipótese de omissão de rendimentos prevista no dispositivo legal transcrito acima. Releva registrar que servidor administrativo carece de competência para apreciar alegações que inquinam de inconstitucional dispositivo legal. A atribuição do servidor administrativo consiste em aplicar a legislação vigente, ainda que discorde de seu comando.” Ao se contrapor à pretensão, cabe ao sujeito passivo provar os fatos alegados como impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do fisco. A origem dos créditos Fl. 365DF CARF MF Impresso em 14/10/2015 por EMANOEL WERCELENS PINHEIRO EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10935.002914/200379 Acórdão n.º 2101002.292 S2C1T1 Fl. 362 9 bancários é ônus atribuído expressamente pelo artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, ao sujeito passivo. O contribuinte poderia ter apresentado todas as provas que julgasse cabível durante o procedimento de fiscalização ou dentro do prazo de impugnação, pois esta deve estar acompanhada de documentos que lhes dê suporte, consoante dispõe o artigo 15, do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 (in verbis): “Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência.” Já o artigo 16, §§ 4º e 5º, do mesmo diploma legal, assim dispõe em relação ao tema: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) A fim de consolidar o entendimento deste CARF sobre a matéria foi editada a Súmula de nº 26, com a seguinte redação: “A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.” Destarte, é ônus probatório do contribuinte, por expressa determinação legal a comprovação da origem dos créditos bancários e não cabe à fiscalização substituílo neste dever, porque o titular da conta bancária é que conhece a natureza das operações que Fl. 366DF CARF MF Impresso em 14/10/2015 por EMANOEL WERCELENS PINHEIRO EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 10 propiciaram os ingressos. Neste aspecto, no voluntário, como já dito, nenhum elemento de prova foi apresentado para comprovar a origem dos recursos. Assim, relativamente à presunção vergastada, a mesma se manifestou na forma da legislação aplicável, não merecendo guarida o argumento do Recorrente. No concernente ao princípio da proporcionalidade, por ser o lançamento um ato administrativo vinculado à lei (art.142 do CTN), ainda que se reconhecesse a sua desproporcionalidade, até a revogação da norma legal transcrita, cabe ao órgão administrativo de julgamento tão somente zelar por sua aplicação (art.97,VI, CTN). No relativo à Taxa Selic, verificase que a Decisão à quo deu correta solução à demanda, com a qual comungo, analisando minuciosamente a questão (fls.237/238). Vejase, ainda, a seguinte Súmula CARF: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Em face ao exposto, nego provimento ao recurso. Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa Relator Fl. 367DF CARF MF Impresso em 14/10/2015 por EMANOEL WERCELENS PINHEIRO EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 03/10/2013 por GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001109/2007-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2002, 2003
IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. COMPROVAÇÃO MATERIAL DA UTILIZAÇÃO DE INTERPOSTAS PESSOAS. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DE COTITULAR. NULIDADE. A comprovação do uso de conta bancária em nome de terceiros para movimentação de valores tributáveis enseja o lançamento sobre os titulares de fato, verdadeiros sujeitos passivos da obrigação tributária. De acordo com a Súmula do CARF n.º 29, “Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.” Não havendo, no presente caso, a intimação de todos os cotitulares de fato, o auto de infração é nulo quanto aos valores depositados na conta conjunta.
Embargos de declaração acolhidos.
Numero da decisão: 2101-001.738
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para sanear o vício apontado e retificar o Acórdão n.º 2101- 00.416, de 21 de janeiro de 2010, alterando o resultado do julgamento para dar provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. COMPROVAÇÃO MATERIAL DA UTILIZAÇÃO DE INTERPOSTAS PESSOAS. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DE COTITULAR. NULIDADE. A comprovação do uso de conta bancária em nome de terceiros para movimentação de valores tributáveis enseja o lançamento sobre os titulares de fato, verdadeiros sujeitos passivos da obrigação tributária. De acordo com a Súmula do CARF n.º 29, “Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.” Não havendo, no presente caso, a intimação de todos os cotitulares de fato, o auto de infração é nulo quanto aos valores depositados na conta conjunta. Embargos de declaração acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para sanear o vício apontado e retificar o Acórdão n.º 2101 00.416, de 21 de janeiro de 2010, alterando o resultado do julgamento para dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente Fl. 1129DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por MARIA MADALENA SILVA EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/06/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 23/06/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.001109/200777 Acórdão n.º 210101.738 S2C1T1 Fl. 2 2 (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), José Evande Carvalho Araujo, Celia Maria de Souza Murphy e Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa. Relatório Tratase de embargos de declaração (fls. 362/407) opostos por Carlos Eduardo Schahin, em 08 de setembro de 2010, contra o Acórdão n.º 210100.416, de 21 de janeiro de 2010 (fls. 327/336), que, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso voluntário. O acórdão teve a seguinte ementa: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2002, 2003 Ementa: PRAZO DE DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. O lançamento tributário efetuado nos casos em que haja comprovação de dolo, fraude ou simulação, tem o dies a quo deslocado para o primeiro dia útil do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, consoante determinado pela combinação dos arts. 150, §4º, e 173, I, do CTN. ASPECTO TEMPORAL DA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA CONSUMADO EM 31/12 DO ANOCALENDÁRIO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 42, §4º, DA LEI 9.430/96. Sendo certo que o aspecto temporal do IRPF é anual, afigurase equivocada a interpretação conferida pelo Recorrente ao art. 42, §4º, da Lei n.º 9.430/96. O disposto pelo artigo citado, ao contrário, apenas corrobora o sistema de apuração do IRPF existente desde a edição da Lei n.º 7.713/88, de bases correntes, impondo o dever de anteciparse o recolhimento do imposto em conformidade com a percepção dos rendimentos ao longo do anocalendário. Nesse sentido, é preciso lembrar que os rendimentos sujeitos à tabela progressiva obrigatoriamente são colacionados no ajuste anual, quando, então, apurase o imposto devido, a partir do confronto entre os fatosacréscimos e os fatosdecréscimos. O fato, portanto, de a legislação determinar a sujeição dos depósitos à tabela progressiva, portanto, poderia no máximo ensejar uma eventual autuação do contribuinte para cobrança de multa isolada, nas hipóteses em que inexistissem tributos devidos ao final do ano calendário. Fl. 1130DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por MARIA MADALENA SILVA EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/06/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 23/06/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.001109/200777 Acórdão n.º 210101.738 S2C1T1 Fl. 3 3 SUJEITO PASSIVO. IDENTIFICAÇÃO. A comprovação do uso de conta bancária em nome de terceiros para movimentação de valores tributáveis enseja o lançamento sobre o titular de fato, verdadeiro sujeito passivo da obrigação tributária. COMPROVAÇÃO MATERIAL. CARACTERIZAÇÃO. A comprovação material é passível de ser produzida não apenas a partir de uma prova única, concludente por si só, mas também como resultado de um conjunto de indícios que, se isoladamente nada atestam, agrupados têm o condão de estabelecer a certeza manifesta de uma dada situação de fato. Nesses casos, a comprovação é deduzida como conseqüência lógica destes vários elementos de prova, não se confundindo com as hipóteses de presunção. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INTERPOSIÇÃO DE PESSOA. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo, inclusive quando efetuados em conta bancária mantida em nome de interposta pessoa. INTERPOSIÇÃO FICTÍCIA DE PESSOAS. PROCURAÇÃO CONFERIDA COM AMPLOS PODERES PARA OS SUPOSTOS MANDATÁRIOS. BASE DE CÁLCULO. Havendo sido comprovado que a contacorrente detida junto à instituição financeira no exterior no nome de interposta pessoa era de titularidade efetiva de seus supostos procuradores, fazse mister a divisão proporcional dos recursos percebidos nas contas bancárias entre todos os beneficiários, consoante determina o §6º do art. 42 da Lei n.º 9.430, de 1996. IRPF. DEPÓSITO BANCÁRIO DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Os depósitos de valores individuais inferiores a R$ 12.000,00, desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse R$ 80.000,00, não deverão ser considerados para efeito de determinação da receita omitida, nos termos do inciso II do §3º. do artigo 42 da Lei n. 9.430/96. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Comprovandose o dolo, a fraude ou a simulação, impõese ao infrator a aplicação da multa qualificada no percentual de 150% previsto na legislação de regência. Recurso parcialmente provido” (fl. 326). Não se conformando, o Recorrente opôs embargos de declaração, apontando, em síntese, (i) contradição em face da consideração de se tratar o Recorrente de um mero procurador autorizado a realizar atos em nome da empresa; (ii) omissão em razão de ausência de demonstração cabal da fraude, dolo ou simulação, o que teria o condão de afastar (ii.1) a aplicação do prazo decadencial do art. 173, inc. I, do CTN, com a consequente aplicação do prazo previsto no art. 150, §4º, do CTN, bem como (ii.2.) a aplicação da multa qualificada no presente caso; (iii) omissão em relação ao exame da preliminar de nulidade do lançamento formalizado contra a Embargante, por erro na quantificação da base de cálculo da obrigação tributária exigida; e, por fim, (iv) inexatidão material em face de ter sido a decisão fundamentada também com base em documento redigido em idioma estrangeiro (inglês) desacompanhado da tradução juramentada, imprescindível para sua validade como prova. É o relatório. Fl. 1131DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por MARIA MADALENA SILVA EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/06/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 23/06/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.001109/200777 Acórdão n.º 210101.738 S2C1T1 Fl. 4 4 Voto Conselheiro ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Relator Os embargos de declaração interpostos pelo Recorrente com fundamento no disposto pelo art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda n.º 256, de 2009, preenchem os requisitos de admissibilidade, razão pela qual deles conheço. De fato, o texto normativo do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), mais especificamente o seu art. 65, caput, admite a interposição do referido recurso, semelhantemente ao quanto estabelecido pelo art. 535 do Código de Processo Civil pátrio, apenas e tão somente quando demonstrada omissão, obscuridade ou contradição no acórdão recorrido. Tal como esclareceu o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Exmo. Sr. Marco Aurélio, no julgamento do Agravo de Instrumento n. 163.0475PRAgRgEdcl: “Os embargos declaratórios não consubstanciam crítica ao ofício judicante, mas servemlhe ao aprimoramento. Ao apreciálos, o órgão deve fazêlo com espírito de compreensão, atentando para o fato de consubstanciarem verdadeira contribuição da parte em prol do devido processo legal”. Com esse espírito, passo a analisar o recurso. No presente caso, entre outros pontos, apontase omissão no acórdão embargado em relação ao exame de preliminar de nulidade do lançamento por erro na quantificação da base de cálculo. Com efeito, muito embora tenha o acórdão se ocupado do exame da questão relativa à base de cálculo, foi omisso quanto à análise, nesse âmbito, da existência de um terceiro procurador, ou cotitular de fato da conta corrente junto ao Delta Bank, o qual também haveria de ser devidamente intimado antes da lavratura do auto para comprovação da origem dos depósitos. No caso em tela, o conjunto probatório dos autos aponta para a existência de ato simulado, com a consequente desconsideração da abertura de conta corrente feita em nome da sociedade “Hodge Hall Investments Inc.”, atribuindoa aos seus procuradores, em virtude do fenômeno da interposição fictícia de pessoas. Se, por um lado, constatouse que, sob o manto do instrumento de mandato que lhe fora outorgado, o Embargante praticava, por interposta pessoa, os atos de movimentação dos valores, por outro lado, verificouse haver outros corresponsáveis pela conta corrente junto ao Delta Bank, a saber, os Srs. Eugênio Bergamo e Sandro Tordin. O auto de infração lavrado em nome do ora Embargante, no entanto, como se extrai do Termo de Verificação Fiscal, considera como base de cálculo para o imposto lançado a metade dos valores depositados em conta corrente. Confirase: Fl. 1132DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por MARIA MADALENA SILVA EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/06/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 23/06/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.001109/200777 Acórdão n.º 210101.738 S2C1T1 Fl. 5 5 “Observese que os valores a seguir discorridos, a serem utilizados como base de cálculo, foram convertidos em moeda nacional com base na taxa de câmbio fixada, para compra, pelo Banco Central do Brasil, em vigor na data do depósito (art. 3º, § 30 da IN SRF no 246/02) e divididos igualmente entre os cotitulares da conta, em número de dois, cabendo ao contribuinte em epigrafe a responsabilidade pela metade dos valores depositados, com fundamento no art. 58 da MP 66/02, convalidada pela Lei n. 10.637/02, que acrescentou o § 6° ao art. 42 da Lei no 9.430/96 e art. 1., § 2. da IN SRF n. 246/02 (...).” Breve pesquisa no sítio desse Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de outro lado, aponta para a abertura do Processo Administrativo n.º 19515.001107/200788 em nome do Sr. Sandro Tordin, o que também se comprova pelo acórdão juntado nas fls. 276/325 desses autos, atribuindoselhe o imposto relativo à outra metade dos valores depositados na conta corrente n.º 0001504370001. Todavia, além dos Srs. Carlos Eduardo Schahin e Sandro Tordin, também há elementos nos autos que apontam para a cotitularidade da conta 0001504370001, mantida junto ao Delta National Bank and Trust Company, pelo Sr. Eugênio Bergamo. Tal como já consignado no acórdão embargado, o contrato de abertura e movimentação de conta corrente junto ao Delta Bank, em nome da Hodge Hall Investments Inc., tinha como responsáveis os Srs. Carlos Eduardo Schahin, ora Recorrente, Eugênio Bergamo e Sandro Tordin (fls. 130/134 dos autos). Também do documento intitulado General Power of Attorney (fls. 136/139), corroborado pelo documento intitulado Resolution Consent by the Sole Director Of Hodge Hall Investments Inc. (fl. 140), verificase que tanto o Embargante, quanto os Srs. Sandro Tordin e Eugênio Bergamo, foram designados como procuradores da empresa, com amplos poderes de representação da sociedade. E mais, também do cartão de assinaturas juntado nas fls. 134/135 (Signature Card) inferese que as três pessoas físicas em referência teriam poderes de representação da Hodge Hall. Assim, se é certo que a comprovação material é passível de ser produzida não apenas a partir de uma prova única, concludente por si só, mas também como resultado de um conjunto de indícios que, se isoladamente nada atestam, agrupados têm o condão de estabelecer a certeza manifesta de uma dada situação de fato, tal como a interposição fictícia de pessoas no caso em tela, não menos certo é que tais elementos também devem ser observados em relação ao dever de intimação de todos os cotitulares de fato da aludida conta para comprovação da origem dos depósitos nela efetuados. Essa é a interpretação que se extrai dos §§5º e 6º do art. 42 da Lei n.º 9.430/96: “Art. 42. (...) §5º. Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. §6º. Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada Fl. 1133DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por MARIA MADALENA SILVA EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/06/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 23/06/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19515.001109/200777 Acórdão n.º 210101.738 S2C1T1 Fl. 6 6 titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.” Deve ser aplicada ao presente caso, portanto, a Súmula CARF n.º 29, cujo teor abaixo se reproduz: Súmula CARF n.º 29: “Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.” Desse modo, considerandose que não houve, no caso em exame, a intimação específica do Sr. Eugênio Bergamo, cotitular de fato da mencionada conta bancária n.º 0001 504370001, para comprovar a origem dos depósitos nelas efetuados na fase que precedia a lavratura do auto de infração, verificase a insanável nulidade do presente auto de infração. Eis os motivos pelos quais voto no sentido de ACOLHER os embargos de declaração para sanear o vício apontado e retificar o Acórdão n.º 210100.416, de 21 de janeiro de 2010, alterando o resultado do julgamento para DAR provimento ao recurso (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Fl. 1134DF CARF MF Impresso em 12/01/2016 por MARIA MADALENA SILVA EX CL UÍ DO Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/06/2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 23/06/ 2012 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/07/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 10120.003548/2006-01
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 06 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Sep 09 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004
DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. APLICAÇÃO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. O Superior Tribunal de Justiça - STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC (Recurso Especial nº 973.733 - SC) definiu que o prazo decadencial para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito(artigo 173, I do CTN); e da data do fato gerador, quando a lei prevê o pagamento antecipado e este se dá (artigo 150, § 4º, do CTN).
Por força do art. 62-A do anexo II do RICARF, as decisões definitivas proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça, em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-002.768
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
EDITADO EM: 14/08/2013
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Gonçalo Bonet Allage, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado), Marcelo Oliveira, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Manoel Coelho Arruda Junior e Susy Gomes Hoffmann.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora EDITADO EM: 14/08/2013 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Gonçalo Bonet Allage, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado), Marcelo Oliveira, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Manoel Coelho Arruda Junior e Susy Gomes Hoffmann.
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DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. APLICAÇÃO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. O Superior Tribunal de Justiça STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC (Recurso Especial nº 973.733 SC) definiu que o prazo decadencial para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) “contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito”(artigo 173, I do CTN); e da data do fato gerador, quando a lei prevê o pagamento antecipado e este se dá (artigo 150, § 4º, do CTN). Por força do art. 62A do anexo II do RICARF, as decisões definitivas proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça, em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 35 48 /2 00 6- 01 Fl. 1DF CARF MF Impresso em 10/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 16/08/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora EDITADO EM: 14/08/2013 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Gonçalo Bonet Allage, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado), Marcelo Oliveira, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Manoel Coelho Arruda Junior e Susy Gomes Hoffmann. Relatório Trata o presente processo, de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, tendo em vista a omissão de rendimentos com base em depósitos bancários sem comprovação de origem. Em sessão plenária de 05/02/2009, foi julgado o Recurso Voluntário 157.624, prolatandose o Acórdão 10617.252 (fls. 428 a 452), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 AÇÃO FISCAL MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA INCOMPATÍVEL MOTIVAÇÃO – MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA QUE EXCEDE DEZ VEZES OS RENDIMENTOS DECLARADOS SITUAÇÃO QUE PERMITE A TRANSFERÊNCIA COMPULSÓRIA DO SIGILO BANCÁRIO PARA 0 FISCO HIGIDEZ INDÍCIO DE INTERPOSIÇÃO DE PESSOA TRANSFERÊNCIA DO SIGILO BANCÁRIO PARA 0 FISCO EM TODOS OS EXERCÍCIOS EM QUE EXISTAM INDÍCIOS DE INFRAÇÃO LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Caso a movimentação financeira exceda 10 (dez) vezes os rendimentos declarados, surge a motivação da ação fiscal para auditar a discrepância entre essa movimentação e os rendimentos, com a possibilidade da transferência compulsória dos dados bancários do contribuinte para o fisco, caso aquele não atenda a intimação para apresentar os extratos de suas contas bancárias. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 10/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 16/08/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10120.003548/200601 Acórdão n.º 9202002.768 CSRFT2 Fl. 516 3 Ocorrendo a discrepância relatada em um anocalendário, não fica o fisco adstrito a transferência compulsória do sigilo bancário apenas do exercício em que ocorreu o excesso, pois se trata de indicio de interposição de pessoa, situação merecedora de aprofundamento da investigação fiscal, e, como tal, devese fiscalizar os demais exercícios para os quais existam outros indícios de infração legislação tributária, podendo, igualmente, haver o assenhoreamento compulsório dos dados bancários dos demais exercícios. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N° 10.174/2001 LEGISLAÇÃO QUE AUMENTA OS PODERES DE INVESTIGAÇÃO DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA FISCAL PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA VERSUS PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO QUE AMPLIA 0 PODER PERSECUTÓRIO DO ESTADO Hígida a ação fiscal que tomou como elemento indiciário de infração tributária a informação da CPMF, mesmo para período anterior a 2001, já que à. luz do art. 144, § 1 0, do CTN, podese utilizar a legislação superveniente A. ocorrência do fato gerador, quando esta amplia os poderes de investigação da autoridade administrativa fiscal. Não se pode invocar o principio da segurança jurídica como um meio para se proteger da descoberta do cometimento de infrações tributárias. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA CONTA DE DEPÓSITO MANTIDA COM COTITULARES NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO DE TODOS OS CO TITULARES A AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO IMPLICA EM EXCLUSÃO DOS DEPÓSITOS DA CONTA CONJUNTA Nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430/96, devem todos os titulares da conta de depósito serem intimados para comprovar a origem dos depósitos 1á efetuados, sob pena de exclusão da parcela dos depósitos que integraram o rol de rendimentos fundado na presunção de omissão de rendimentos decorrente da existência de depósitos bancários de origem não comprovada. IRPF LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO – AUSÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO PRAZO DECADENCIAL REGIDO PELO ART. 150, § 4°, DO CTN RENDIMENTOS SUJEITOS AO AJUSTE ANUAL FATO GERADOR COMPLEXIVO ANUAL A regra de incidência prevista na lei é que define a modalidade do lançamento. O lançamento do imposto de renda da pessoa física é por homologação, com fato gerador complexivo, que se aperfeiçoa em 31/12 do anocalendário, no caso de rendimentos sujeitos ao ajuste anual. Para esse tipo de lançamento, o qüinqüênio do prazo decadencial tem seu inicio na data do fato gerador, na forma do art. 150, § 4 0, do CTN, exceto se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, quando tem aplicação o art. 173, I, do CTN. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA RENDIMENTOS OMITIDOS – FATO GERADOR COM Fl. 3DF CARF MF Impresso em 10/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 16/08/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 4 PERIODICIDADE MENSAL IMPOSSIBILIDADE APRECIAÇÃO EQUIVOCADA DO ART. 42, § 4°, DA LEI N° 9.430/96 FATO GERADOR COMPLEXIVO, COM PERIODICIDADE ANUAL – HIGIDEZ DO LANÇAMENTO Ê equivocado o entendimento de que o fato gerador do imposto de renda que incide sobre rendimentos omitidos oriundos de depósitos bancários de origem não comprovada tem periodicidade mensal. A uma, porque o art. 42, §40, da Lei n° 9.430/96 sequer dèfiniu o vencimento da exação dita mensal; a duas, porque os rendimentos sujeitos h. tabela progressiva quando, então, apurase o imposto devido, indicando que o fato gerador, no caso vertente, aperfeiçoouse em 31/12 do ano calendário; a três, porque a ausência de antecipação dentro do anocalendário somente poderia ser apenada com uma multa isolada de oficio, como ocorre na ausência do recolhimento mensal obrigatório (carnêledo); a quatro, porque a regra geral da periodicidade do fato gerador do imposto de renda da pessoa fisica é anual, na forma do art. 2° da Lei n° 7.713/88 c/c os arts. 2° e 9° da Lei n° 8.134/90. IMPOSTO DE RENDA TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVAMENTE COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS REGIME DA LEI N° 9.430/96 POSSIBILIDADE A partir da vigência do art. 42 da Lei n° 9.430/96, o fisco não mais ficou obrigado a comprovar o consumo da renda representado pelos depósitos bancários de origem não comprovada, a transparecer sinais exteriores de riqueza (acréscimo patrimonial ou dispêndio), incompatíveis com os rendimentos declarados, como ocorria sob égide do revogado parágrafo 5° do art. 6' da Lei n° 8.021/90. Agora, o contribuinte tem que comprovar a origem dos depósitos bancários, sob pena de se presumir que estes são rendimentos omitidos, sujeitos à aplicação da tabela progressiva. Recurso voluntário provido parcialmente.” A decisão foi assim resumida: “ACORDAM os Membros da Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento em decorrência da irretroatividade da Lei n° 10.174, de 2001, vencidos os Conselheiros Carlos Nogueira Nicácio (suplente convocado) e Gonçalo Bonet Allage. Por unanimidade de votos, REJEITAR as demais preliminares argüidas pelo recorrente e, no mérito, DAR provimento PARCIAL ao recurso para reconhecer a decadência do lançamento do anocalendário 2000 e excluir da base de cálculo do anocalendário 2004 o valor de R$ 115.379,00, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.” Cientificada do acórdão em 29/04/2009 (fls. 454), a Fazenda Nacional interpôs, em 30/04/2009, o Recurso Especial de Divergência de fls. 457 a 479, visando rediscutir a questão da decadência. Ao recurso foi dado seguimento, por meio do Despacho 20200.009, de 17/07/2009 (fls. 480 a 482). Em seu apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese, a inexistência de pagamento antecipado, razão pela qual deveria ser aplicado o art. 173, inciso I, do CTN. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 10/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 16/08/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10120.003548/200601 Acórdão n.º 9202002.768 CSRFT2 Fl. 517 5 Cientificada do acórdão, do Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, e do despacho que lhe deu seguimento em 29/10/2009 (fls. 493), a Contribuinte ofereceu as ContraRazões de fls. 494 a 500, reiterando os argumentos contidos nas peças de defesa e aduzindo que, “diferentemente do que alega o nobre Recorrente, a Recorrida apurou, declarou e procedeu ao recolhimento antecipado dos tributos por ela reputados devidos no ano calendário autuado, conforme se verifica dos próprios autos, notadamente da Declaração de Ajuste Anual”. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, Relatora O presente Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de autuação por omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem comprovação de origem. A questão a ser decidida diz respeito à decadência do direito de o Fisco efetuar o lançamento do Imposto de Renda Pessoa Física do exercício de 2001, anocalendário de 2000, cujo fato gerador ocorreu em 31/12/2000. A ciência do Auto de Infração ocorreu em 1º/06/2006 (fls. 331). A matéria já está pacificada no âmbito deste Colegiado que, por imposição do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, deve aderir à tese esposada pelo STJ no Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). Fl. 5DF CARF MF Impresso em 10/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 16/08/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 6 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos o lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Assim, nos casos em que há pagamento antecipado, ainda que parcial, o termo inicial é a data do fato gerador, na forma do § 4º do art. 150 do CTN, a saber: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] Fl. 6DF CARF MF Impresso em 10/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 16/08/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10120.003548/200601 Acórdão n.º 9202002.768 CSRFT2 Fl. 518 7 § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado este prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se co0mprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Por outro lado, na hipótese de não haver antecipação do pagamento, o dies a quo é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, conforme prevê o inciso I, do art. 173 do CTN: Art. 173 — O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: 1 — do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; No caso dos autos, houve o pagamento antecipado, conforme assevera a Contribuinte em sede de ContraRazões (fls. 494 a 500), oferecidas tempestivamente, eis que juntadas aos autos em 12/11/2009 (fls. 501), portanto dentro do prazo de quinze dias da ciência do recurso, o que ocorreu em 29/10/2009 (fls. 493). Com efeito, o pagamento antecipado pode ser constatado pelo exame da Declaração de Ajuste Anual do exercício de 2001, anocalendário de 2000, às fls.239, bem como no Auto de Infração às fls. 323, onde consta a informação de imposto pago no valor de R$ 9.381,54. Destarte, tratase de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física do exercício de 2001, anocalendário de 2000, cujo fato gerador ocorreu em 31/12/2000. Assim, aplicandose o art. 150, § 4º, do CTN, o Fisco teria até o dia 31/12/2005 para efetuar o lançamento. Como a ciência do Auto de Infração ocorreu em 1º/06/2006 (fls. 331), efetivamente consumouse a decadência. Diante do exposto, nego provimento ao Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, para manter a decadência, relativamente ao exercício de 2001, ano calendário de 2000. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 7DF CARF MF Impresso em 10/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2013 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/09/2 013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 16/08/2013 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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Numero do processo: 10120.016111/2008-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2202-000.160
Decisão: RESOLVEM os Membros da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por maioria de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. Vencidos os Conselheiros Rafael Pandolfo e Pedro Anan Junior, que votaram pela análise das demais questões sob o entendimento de que o Recorrente não discutia a quebra do sigilo bancário através de procedimento administrativo. Fez sustentação oral, seu representante legal, Alan Luiz Tavares e Silva, RG nº 1988391 – DGPC-GO
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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RESOLVEM os Membros da 2ª. Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por maioria de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. Vencidos os Conselheiros Rafael Pandolfo e Pedro Anan Junior, que votaram pela análise das demais questões sob o entendimento de que o Recorrente não discutia a quebra do sigilo bancário através de procedimento administrativo. Fez sustentação oral, seu representante legal, Alan Luiz Tavares e Silva, RG nº 1988391 – DGPCGO. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausente justificadamente o Conselheiros Helenilson Cunha Pontes. Fl. 1684DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 2 2 RELATÓRIO Em desfavor do contribuinte, PAULO CESAR FARIA, foi lavrado, por Auditor — Fiscal da DRF/ Goiânia GO, o Auto de Infração de fls.916/927, cuja ciência se deu em 26/11/2008 (fl.1376) O valor do crédito tributário apurado é de R$ 5.336.044,16 O lançamento, consubstanciado em Auto de Infração, originouse na constatação de omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta de deposito ou de investimento, mantidas nas Instituições financeiras listadas em anexo ao Auto de Infração, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme Demonstrativos integrantes do Auto de Infração. Inconformado, o contribuinte apresentou, em 26 de dezembro de 2008, impugnação ao lançamento, 'As fls.932/956, mediante as alegações relatadas a seguir: Esclarece que, ao longo do ano fiscalizado, foram realizadas operações financeiras de troca de favores entre ele e algumas pessoas de seu relacionamento na regido, que consistia no empréstimo de folhas de cheques do autuado, para que pudesse lastrear operação financeira, dando em garantia o referido cheque. Quando do vencimento da operação contratada, o cheque vai a compensação e o numerário para cobrir a operação é depositado pela pessoa beneficiária da folha do cheque ou por terceiros a sua ordem, via transferência bancária TED, ou depósito em conta corrente. Tais transações envolveram vários cheques, montam a R$4.364.830,97 e foram realizadas com as empresas do grupo COTRIL e seus sócios, ou pessoa de sua ligação, tudo na base da confiança, da amizade, declarados e reconhecidos pelos favorecidos, conforme declarações prestadas por eles. (doc. 26/35) A impugnação enumera todos os depósitos alegadamente decorrentes de transações envolvendo empréstimos de cheques para lastrear empréstimos a pessoas de seu relacionamento, relacionandoos As provas apresentadas, pretendendo justificar depósitos no montante de R$4.364.830,37, conforme documentação enumerada de 01 a 18. Lista, ainda depósitos cuja origem explica como decorrentes de transferências entre contas de mesma titularidade (doc.19), empréstimos oriundos de Conta Garantida (doc.20), devolução de empréstimo (doc.21), desconto de cheques de ter eiros (doc.22), receitas da atividade rural (doc.23 e 24) decorrentes de depósitos feitos, pelo frigorífico FRIBOI, e outros depósitos decorrentes da atividade rural. Explica ter efetuado intensa movimentação bovina, compra e venda, para empreender confinamento bovino e, levando em conta os diversos boatos no meio agro pecuário, notadamente no que diz respeito a epidemias de febre amarela e outros, a carne sofreu restrições em alguns paises, por conseqüência, houve uma queda nos preços internos, levando os empresários que trabalha com engorda de animal em confinamento ao prejuízo. Fl. 1685DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 3 3 Por ter tido prejuízo no ano, entendeu que não era necessária a inclusão na declaração de Imposto de Renda Pessoa Física ano base dois mil e quatro, dos dados do livro caixa, ou seja, a apresentação de receita e despesas, com isto não preencheu o anexo rural exigido, o que teria ensejado distorções, entre os valores efetivamente recebidos com os que foram declarados, aparentando omissão de receitas. Assim, entende ter apresentado provas para justificar depósitos nos seguintes montantes: 1. R$4.364.830,37 referentes a cheques emprestados, de favor, relacionados nos documentos de n° 01 ao 18; 2. receita da atividade rural R$1.151.611,76 e R$2.770.880,38 (documento n° 23); 3. transferência bancária da mesma titularidade R$80.000,00 (documento 19); 4. devolução de empréstimos R$13.052,68 (documento n° 21); 5. liberação de empréstimos bancários R$ 300.000,00 (documento 20); 6. desconto de cheques R$ 70.000,00 (documento 22) A soma desses valores totaliza R$8.750.375,19, e os respectivos depósitos estariam devidamente justificados e superariam o valor de R$8.745.681,97 autuado pelo fiscal. No ano base em questão, o contribuinte, realizou durante o ano, notadamente mais no segundo semestre, uma intensa movimentação bovina, compra e venda, para empreender o chamado confinamento bovino, que consiste no fechamento de uma determinada quantidade de animais com tratamento intensivo por um curto período, a fim de ganhar peso e vender o animal o mais rápido possível. Justamente neste ano, levando em conta os diversos boatos no meio agro pecuário, notadamente no que diz respeito a epidemias de febre amarela e outros, a carne, uma comoditie internacional, sofreram restrições em alguns paises, por conseqüência, houve uma queda nos preços internos, levando aos empresários que trabalha com engorda de animal em confinamento ao prejuízo. Alguns dos depósitos listados pelo autuante como falta de origem, seriam resultados da venda de bovinos a frigoríficos, com emissão de nota fiscal, com desconto de NPR, com créditos levados h. conta corrente bancária. Por ter 'realizado prejuízo no ano, entendeu o impugnante, que nã tJera necessária a inclusão na declaração de Imposto de Renda Pessoa Física ano base dois mil e quatro, dos dados do livro caixa, ou seja, a apresentação de receita e despesas, com isto não preencheu o anexo rural exigido. A falta da inclusão dos números, principalmente os da receita da atividade rural, na sua declaração ensejou distorções, entre os valores efetivamente recebidos e os que foram declarados, levando a crer uma omissão de receitas. Fl. 1686DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 4 4 A documentação que deram origem ao livro caixa rural, elide também, valores lançados pelo autuante como omissão de receitas. Cumpre ressaltar que, em 27 de maio de 2009, foi proferido o Acórdão n°. 03 31.148 — 3 a Turma da DRJ/BSA, julgando procedente em parte o lançamento. Posteriormente, em 18/06/2009, o contribuinte apresenta requerimento a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Goiania, para que os autos fossem devolvidos . Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasilia para que fosse analisada a alegação de que o relator do acórdão acima mencionado teria deixado de apreciar provas apresentadas com a impugnação, o que constituiria lapso manifesto, possibilitando a correção do acórdão, nos termos do artigo 32, do Decreto n° 70.235/72. A DRJ Brasília ao apreciar o lançamento neste segunda oportunidade, julgouo procedente em parte, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 REVISÃO DE ACÓRDÃO Materializadas inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e a erros de escrita ou de cálculo existentes no acórdão revisado, há que ser proferido novo acórdão. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/97 a Lei 9.430/96 no seu art. 42 autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A autoridade julgadora com base nos documentos apresentados, apresentou arrazoado onde conclui sua avaliação sobre os documentos apresentados: A) EMPRÉSTIMOS DE CHEQUES. DOCUMENTO n°01 No dia 10/11/2003, foi emitido o cheque do impugnante n° 206045 do HSBC, no valor de R$135.000,00 com vencimento para o dia 19/01/2004 (fl.972), que, juntamente com outro, serviu para lastrear a operação de descontos de cheques realizados junto ao Banco Rural (fls.976/979). No dia do vencimento, 19/01/2004, ao mesmo tempo em que o cheque era descontado, foram efetuados dois depósitos na conta do interessado, um de R$132.000,00 e outro de R$3.515,00, totalizando R$135.515,00. Notese que a CPMF calculada sobre o montante de R$135.000,00, equivale a R$513,00. Fl. 1687DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 5 5 Assim, considero como justificados os créditos ocorridos na conta corrente do interessado totalizando R$135.515,00. DOCUMENTO 02 No dia 10/11/2003, foi emitido cheque do HSBC, n° 203046 no valor de R$135.000,00, com vencimento para 18/02/2004 (fl.986), utilizado para lastrear operação de desconto de títulos de crédito com o Banco Rural (f1.990), em nome da Cotril Agropecuária Ltda., com vencimento em 19/02/2004. O cheque foi descontado em 18/02/2009, mesmo dia em que a Cotril e seu sócio, Henrique Pereira de Avila efetuaram duas TED's, uma de R$50.000,00 e outra de R$52.000,00, além de um depósito de R$32.558,00 (fls.995 a 999), totalizando R$134.558,00. Considero que esses créditos estão justificados e serão excluídos da base de cálculo do imposto de renda. DOCUMENTO 03 Cheque HSBC n° 260584, emitido em 13/01/2004, com vencimento para 31/05/2004, no valor de R$373.000,00 (fls.1005/1006), no mesmo dia, 13/01/2004, foi efetuada operação de desconto de títulos na cooperativa CREDIGOIAS CARNE, em nome de Henrique Pereira de Avila, sócio da empresa Cotril Agropecuária Ltda. (fls./1008/1011). No vencimento, em 31/05/2008, a empresa Cotril Agropecuária Ltda. emitiu um TED no valor de R$373.000,00, diretamente para conta 305697, do HSBC. (fl .1014). Considero que esse depósito está justificado, uma vez que toda a operação está documentada e há coincidência de datas e valores DOCUMENTO 04 Cheque do HSBC, no 307196, emitido em 27/02/2004, com vencimento para 30/06/2004, no valor de R$ 410.400,00 (fls.1018/1019), que lastreou operação de desconto de títulos realizada no Banco Rural, em nome, de Thiago Marques de Avila (fl.doc.0402), com o Sr. Henrique Pereira de Avila como avalista. No dia 30/06/2008 ocorreu transferência bancária, creditada diretamente na conta 305697 do contribuinte no HSBC, no valor de R$415.000,00, feita pela Cotril (fl.1026), montante que sera estornado da base de cálculo do imposto de renda. DOCUMENTO 05 Cheque HSBC no 348490, emitido em 02/03/2004 com vencimento para 10/07/2004, no valor de R$ 410.000,00, em favor de Cotril Agropecuária Ltda. (fl.1030), que lastreou operação de desconto realizado no CREDIGOIASCARNE, em nome de Cotril Agropecuária Ltda. (111033), com vencimento em 12/07/04, data em que o cheque foi descontado e efetuado o retorno via Transferência Bancária TED , no valor de R$410.000,00, na conta do HSBC n° 305697, a partir da conta 1679577, na agência 2486, do HSBC, cujo titular é a Cotril (fl.1040). Fl. 1688DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 6 6 Desse modo, esse crédito na conta do interessado, no montante de R$410.000,00, ocorrido em 12/07/04, deve ser estornado da base de cálculo do imposto de renda. DOCUMENTO 06 Cheque do HSBC, n° 307194, emitido em 27/02/2004 com vencimento para 13/07/2004, no valor de R$ 410.400,00, em favor de Marcos Pereira de Avila. (fl.1044), lastreou operação de desconto de títulos realizada com o Banco Rural (fls.1046/1048). No dia 13/07/2004, houve Transferência Bancária — TED, no valor de R$412.300,00 (fl.1051/1052), creditado na conta do contribuinte, n° 305697 no HSBC, sendo que a diferença de R$ 1.900,00 referese, alegadamente, a acerto de CPMF. Considero que o depósito no valor de R$412.300,00, ocorrido em 13/07/04, está justificado, uma vez que as datas coincidem com os documentos apresentados e o valor é muito próximo, principalmente, levandose em conta que a CPMF calculada sobre R$410.400,00 é de R$1.559,52. DOCUMENTO 07 Cheque do HSBC, n° 364576, emitido em 23/04/2004, com vencimento para 20/08/2004, no valor de R$80.000,00, em favor de Domingos Pereira de Avila Júnior, sócio da Cotril (fls.1058/1059), utilizado para lastrear operação de desconto de títulos, no Banco do Brasil (f1.1061). Este cheque teria sido pago por meio de dois créditos em conta corrente do interessado nos dias 21/05/2004; R$77.780,00 e 26/08/2004, no importe de R$2.500,00. Apesar do fato de a soma dos dois depósitos totalizar montante bem próximo do valor do cheque, não há explicações para justificar o pagamento de quase a totalidade do empréstimo três meses antes do vencimento, uma vez que o vencimento da operação ocorreria em 20/08/2004, e o depósito de R$77.780,00, na conta do contribuinte, ocorreu em 21/05/2004. Assim, esses depósitos não serão considerados justificados. DOCUMENTO 08 Cheque HSBC, n° 377068, emitido em 03/06/2004 com vencimento para 20/09/2004, no valor de R$500.000,00, em favor de Cotril Agropecuária Ltda. (fls.1071/1072), utilizado para lastrear operação de desconto de títulos realizada no Banco do Brasil, (fls.1075/1084). O pagamento do cheque teria sido efetuado via transferências entre contas nos dias 20/09, no valor de R$325.980,00 e 11/10 no valor de R$50.000,00, além de depósito diretamente na conta a importância de R$125.000,00, em 20/09/2004 (fls.1086/1090). Considero que os valores depositados, e as datas dos depósitos estão coerentes com a operação alegada pela defesa, de maneira que os depósitos listados no parágrafo anterior serão considerados como justificados. Fl. 1689DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 7 7 DOCUMENTO 09 Cheque do HSBC, no 3487809, emitido em 21/07/2004, com vencimento para 20/09/2004, no valor de R$ 328.000,00, em favor de Lourival Gabriel de Oliveira, (fl.1094), utilizado para lastrear operação de desconto de títulos realizada no Banco Rural (fls.1097/1100). No dia do vencimento da operação, 20/09/2004, foi efetuado depósito na conta do interessado, no montante de R$329.508,00, sendo que a diferença (R$1.508,00) seria devido aos encargos de CPMF. 0 valor calculado para a CPMF, à aliquota de 0,38% seria de R$1.246,40. Considero que o depósito acima mencionado está justificado pelos documentos presentes nos autos, uma vez que há coincidência de datas e os valores são muito próximos, devendo se excluído da base de cálculo o montante de R$329.508,00. DOCUMENTOS 10 E 12 Cheque HSBC n° 387803, emitido em 07/06/2004 com vencimento para 30/09/2004, no valor de R$164.000,00 em favor de Cotril Agropecuária Ltda. (fl.1108), utilizado para lastrear operação de desconto realizada no Banco flail (fl.1112). Cheque HSBC n° 387806, emitido em 29/06/2004 com vencimento para 20/09/2004, no valor de R$ 148.000,00, em favor de Cotril Agropecuária Ltda. (fl.1131), utilizado para lastrear operação modalidade conta garantida, com caução e custódia de cheque, realizada no Banco Bradesco. (fl.1134/1152). Esses dois cheques totalizam R$310.000,00 e teriam sido pagos pelo Grupo Cotril por meio dos depósitos na conta do contribuinte, nos valores de R$300.000,00 e R$11.000,00, ambos em 11/10/04. Devido a compatibilidade de datas e valores, bem como a identificação dos depositantes como sendo os beneficiários dos cheques emitidos pelo interessado, considero como justificados os depósitos acima listados. DOCUMENTO 11 Cheque do Banco Rural, n° 88105, emitido em 22/07/2004 com vencimento para 30/08/2004, no valor de R$150.627,00, em favor de Boi Vida Nutrição Ltda. (fl.1122), que teria sido pago por meio de transferências bancárias — TED nos valores de R$15.000,00 e R$132.000,00, diretamente na conta 305697 do HSBC, respectivamente em 20 e 23 de Setembro (fls.1126/1127). 0 crédito de R$132.000,00 foi feito pela Cotril Motors Ltda., e—não está identificado quem teria efetuado o depósito de R$15.000,00, não há como estabelecer vinculação entre os créditos efetuados na conta do sujeito passivo e o cheque emitido, nem a razão pela qual o cheque foi passado. De modo que será mantido inalterado o lançamento nesse particular. DOCUMENTO 12 Este item foi analisado conjuntamente com o item 10. Fl. 1690DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 8 8 DOCUMENTO 13 Cheque do HSBC, n° 387807, emitido em 24/06/2004 com vencimento para 01/11/2004, no valor de R$200.000,00, em favor de Cotril Agropecuária Ltda. (11.1158), utilizado para lastrear operação de descontos realizada no banco Rural, realizada em 24/06/200 (fl.1161). No dia 03/11/2004, a Cotril Agropecuária efetuou transferência de R$201.000,00 para a conta do interessado. Considero como justificado o depósito de R$201.000,00, em 03/11/04, uma vez que ha. compatibilidade de datas e valores com as provas apresentadas. DOCUMENTOS 14 E 15 Cheques do HSBC n° 387815 e n° 387816, emitidos em 30/09/2004 com vencimento para 30/11/2004 nos valores de R$47.000,00 e R$192.000,00 em favor de Cotril Ltda. (fls.1169 e 1187), teriam gerado os depósitos de R$200.000,00 em 29/11/2004 e R$39.000,00 em 30/11/2004. Estes cheques foram descontados em instituições financeiras em favor da Cotril, conforme documentos de fls.1172/1178 e 1191/1192, de maneira que, devido A. coincidência de datas e valores, os depósitos de R$200.000,00, em 29/11/04, e R$39.000,00, em 30/11/04, serão considerados justificados e excluídos da base de cálculo do imposto de renda. DOCUMENTO 16 A defesa pretende justificar depósitos nos seguintes valores: R$72.7 ,00, em 01/03/04, R$30.000,00, em 06/09/04 e R$44.766,97, em 16/12/04, sob o argumento de que decorreriam de uma operação de empréstimo de cheques para desconto no banco Bradesco, no valor de R$ 148.000,00, sendo que o cheque foi emitido em 02/09/2004, com vencimento para 13/09/2004. Apesar de os depósitos totalizarem (R$147.506,97) valor próximo ao do cheque emitido, R$148.000,00, não há explicações para o fato de a Cotril, empresa com dificuldades financeiras que a teriam levado a pedir cheques emprestados ao sujeito passivo, ter efetuado pagamentos antecipados ao interessado, fato que descaracteriza a necessidade de efetuar a operação alegada. Assim, os depósitos listados nesse tópico não serão considerados justificados, mantendose o lançamento inalterado nesse particular. DOCUMENTO 17 A defesa pretende justificar os créditos listados a seguir sob o argumento de que se refeririam a empréstimos feitos pelo grupo Cotril a ele, sendo que ao final, teria sido feito encontro de contas no qual o interessado teria emitido um cheque no valor de R$410.000,00, do Cheque HSBC, conta n° 387810, emitido em 02/08/2004 com vencimento para 10/12/2004, em favor de Cotril Agropecuária Ltda, utilizado para lastrear operação de descontos. (fls.1224/1256). Fl. 1691DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 9 9 Os depósitos a serem justificados teriam ocorrido nas seguintes datas e valores: 05/01R$13.600,00; 12/01 — R$50.000,00; 30/01 R$31.000,00; 30/01 — R$25.000,00; 30/01 — R$14.000,00; 03/03 R$50.000,00; 10/03 R$10.862,00; 17/03 R$50.000,00; 23/03 R$130.000,00; 03/09 R$20.000,00; 07/12 R$1.842,00; 10/12 R$17.755,00. Não há como acatar os argumentos do interessado, uma vez que não é possível estabelecer vinculação entre os depósitos listados e o cheque emprestado. DOCUMENTO 18 Cheque HSBC 0 455455, no valor de R$149.412,05, emitido em 02/09/2004, emprestado ao amigo, Domingos Pereira de Avila Júnior, sócio da Cotril, com recursos oriundos de titulo descontada operação rural. (fls.1258/1269). 0 empréstimo teria sido pago por meio dos seguintes depósitos nas contas do sujeito passivo: 20/08/2004R$7.424,00; 04/10/2004 R$58.000,00; 20/12/2004 R$48.700,00; 04/01/2005R$37.000,00. Não há como estabelecer conexão entre o alegado empréstimo feito ao amigo e os depósitos efetuados nas contas do contribuinte, mesmo porque um dos depósitos listados foi feito antes mesmo da data em que o interessado emitiu o cheque. B) TED DE MESMA TITULARIDADE DOCUMENTO 19 Deve ser excluído o crédito referente à transferência entre contas do próprio contribuinte, ocorrido em 27/05/04, no montante de R$80.000,00, uma vez que teve como origem a conta n° 880000510, da agência 0091, do Banco Rural, para a conta 4 70 0305697, no banco HSBC, ambas do contribuinte em conjunto com sua esposa (fls.1275/1276). Esse depósito será excluído da base de cálculo do imposto de renda. C) EMPRÉSTIMO CONTA GARANTIDA DOCUMENTO 20 Está perfeitamente demonstrado nos autos que o crédito de R$300.000,00, ocorrido em 12/07/04, decorre de empréstimo efetuado pelo Banco Rural pela modalidade Conta — Garantida, conforme declaração do banco As fls.1281, devendo ser excluído da base de cálculo do imposto de renda. • D) DEVOLUÇÃO DE EMPRÉSTIMO DOCUMENTO 21 A declaração apresentada pela defesa, emitida pelo Sr. José Fernando de Barros é insuficiente para comprovar a operação de mútuo alegada, cujo pagamento teria ocasionado o depósito de R$13.052,68, em 02/06/04, que será mantido como tributável. E) DESCONTO DE CHEQUE DE TERCEIROS. Fl. 1692DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 10 10 DOCUMENTO 22 A defesa afirma que o depósito de R$70.000,00, ocorrido em 30/04/04, decorre de empréstimo de cheque emitido por Henrique Pereira de Avila (fl.1299). Realmente, está comprovado que o interessado utilizou o mencionado cheque para lastrear operação de desconto de titulo com o Banco HSBC (fls.1291/1298), e o depósito do cheque na conta do interessado faz parte da operação, entretanto, não está clara a motivação pela qual o cheque chegou As mãos do contribuinte. • Não há provas de que se trata de mútuo ou de que o contribuinte tenha ressarcido o emitente do cheque. Assim, o lançamento referente ao depósito do cheque na conta do interessado deve ser mantido inalterado nesse particular, uma vez que não está justificado o motivo pelo qual o cheque foi repassado ao interessado. Fl) RECEITAS DA ATIVIDADE RURAL DOCUMENTO 23 0 interessado apresenta provas de que vários depósitos considerados como tributáveis em suas contas correntes, totalizando R$1.153.424,61, foram efetuados pelo frigorifico FRIBOI, conforme documentos de fls.1302/1320, além disso, apresenta documentos demonstrando ter efetuado vendas de gado a esta empresa, no importe de R$1.151.611,76, conforme notas fiscais apresentadas com a impugnação. Estes depósitos, listados a seguir, serão considerados como justificados e excluídos da base de cálculo do imposto de renda: 17/02R$200.000,00; 20/08 R$72.880,00; 30/09R$164.000,00; 09/12 R$207.356,51; 09/12R$70.608,49; 09/12R$70.608,49; 09/12 R$116.167,94; 16/12R$50.233,03 e 23/12R$8.601,64, na conta corrente ,19700305697, no HSBC. Também devem ser excluídos os depósitos feitos pelo FRIBOI, em 02/09/04, no SICOOB — Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil, nos montantes de R$172.030,00 e R$91.547,00. Todos esses depósitos, relacionados a venda de gado ao FRIBOI, montam a R$1.153.424,61, valor que será excluido da base de cálculo do imposto de renda. F2) DESCONTOS DE NPR. DOCUMENTO 24 O interessado comprova a realização de várias operações de crédito bancário realizadas com o Banco Rural, que justificam depósitos ocorridos na conta corrente mantida neste banco, levados a tributação como não justificados (fl.914). fl.1323, o interessado apresenta cópia de Cédula de Crédito Rural, no valor de R$409.514,57, assinada em 26/07/2004, tendo como suporte as notas fiscais de entrada do Friboi, no 6062 e 6063, nos valores de R$290.409,45 e R$119.105,12 (fls.1325 e 1326), totalizando R$409.514,57. Fl. 1693DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 11 11 Nesse mesmo dia (26/07/2004), houve depósito na conta do contribuinte no importe de R$401.935,66 (fl.161), sob a rubrica "LIQ. DESCONTO", tributado pela fiscalização como ocorrido em 26/08/2004. A diferença entre o valor da Cédula de Crédito Bancário e o montante depositado se deve a juros previstos no contrato. Desse modo, será excluído da base de cálculo o montante de R$401.935,66, tributado em 26/08/2004. As notas fiscais de entrada número 7104 e 7105, totalizando R$219.736,57 (fls.1327 e 1328), serviram de suporte a duas Cédulas de Crédito, nos montantes de R$19.736,57, emitida em 23/09/04 (f1.1330) e R$200.000,00, emitida em 20/09/04 (fl.1333). Estes documentos justificam os depósitos nos valores de R$195.263,48, em 20/09/04 e R$19.736,57, em 22/10/04. As notas fiscais de entrada do Friboi, de números 6789 e 6790 (fls.1340/1341), emitidas em 01/09/04, totalizando R$337.078,63, lastrearam Cédula de Crédito Bancário no mesmo valor, emitida em02/09/2004, com vencimento em 01/10/04, e o conjunto probatório justifica o depósito da importância de R$337.078,63, ocorrido em 01/10/04 levado a tributação pela fiscalização (fl.914). As notas fiscais de entrada de números 7306 e 7307, emitidas em 05/10/2004 (fls.1344/1345), totalizando R$74.889,67, serviram de garantia para Cédula de Crédito, emitida em 11/10/2004, no mesmo valor, que teria ocasionado de R$73.499,20, na mesma data. As notas fiscais de entrada de números 7840, 7841, 7854, 7855 e 871, totalizando R$374.559,55, emitidas nos dias três, quatro e cinco de novembro, lastrearam operação de crédito que justificam depósito ocorrido em 16/11/04, no valor de R$369.333,68. A nota fiscal de entrada n° 7960, emitida em 1 OR 1/2004 (fl.1354), lastreou Cédula de Crédito Bancário, no valor de R$300.000,00 (fl.1352), emitida em 10/11/2004, que justifica depósito no valor de R$293.338,75, no mesmo dia (fl.914). A defesa apresenta (fl.577), cópia de Cédula de Desconto Bancário, emitida em 08/11/2004, no valor de R$1.010.000,00 (fl.577), que justifica depósito ocorrido em 08/11/2004, no valor de R$987.573,79, sob a rubrica "LIQ COBRANÇA".Também está comprovado que o crédito de R$62.911,85, ocorrido na conta 950171328, da agência 0091, do Banco Rural, decorre de operação de crédito lastreada em direito do contribuinte a receber do Friboi (documento de fl.533), de maneira que este valor também sera excluído da base de cálculo do imposto de renda. De acordo com a documentação apresentada, a autoridade julgadora considerou como justificados créditos no montante de R$2.740.671,61, uma vez que os respectivos depósitos tiveram origem em descontos de NPR..Desse modo, considero como justificados depósitos que totalizam R$7.735.957,22, que serão excluídos da base de cálculo do imposto de renda. Fl. 1694DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 12 12 Tendo em vista o montante exonerado, a autoridade julgadora recorre de ofício ao CARF. Cientificado, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou em 14/10/2009, o Recurso Voluntário, de fls. 1507/1522, onde reitera os pontos apresentados na impugnação, trazendo novos documentos aos autos. É o relatório. Fl. 1695DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 13 13 VOTO Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator Ante de apreciar o recurso cabe discutir se o referido processo estaria sujeito a sobrestamento. Após análise pormenorizada dos autos entendo que cabe aqui sobrestamento de julgado feito de ofício pelo relator, nos termos do art. 62A e parágrafos do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543 B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. No caso concreto observase que os extratos bancários foram acostados aos autos mediante o atendimento da Solicitação de Emissão de Requisição de Movimentação Financeira (RMF) requerida pela autoridade fiscal lançadora, com base no art. 3º do Decreto nº 3.724, de 2001. Assim sendo, resta evidente nos autos de que se trata de imposto de renda incidente sobre depósitos bancários com origem não comprovada. Nesse contexto parte da discussão se desloca para a análise do fornecimento de informações sobre movimentação bancária do contribuinte obtidas pelo fisco por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial, assunto na esfera das matérias de repercussão geral no Supremo Tribunal Federal, conforme o recurso extraordinário 601314. Diante de todo o exposto, proponho o SOBRESTAMENTO do julgamento do presente Recurso, conforme previsto no art. 62, §1o e 2o, do RICARF. Observandose que após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 1696DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10120.016111/200891 Resolução n.º 220200.160 S2C2T2 Fl. 14 14 Fl. 1697DF CARF MF Impresso em 24/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 09/03/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002100/2007-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2003, 2004
DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA NACIONAL CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. GANHOS DE CAPITAL. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. CARACTERIZAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE
FRAUDE. TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO.
A tributação das pessoas físicas fica sujeita ao ajuste na declaração anual, em
31 de dezembro do ano-calendário, e independente de exame prévio da
autoridade administrativa o lançamento é por homologação, o mesmo se
aplica aos ganhos de capital e imposto de renda retido na fonte. Havendo
pagamento antecipado o direito de a Fazenda Nacional lançar decai após
cinco anos contados do fato gerador, que no caso do imposto de renda pessoa
física ocorre em 31 de dezembro de cada ano-calendário questionado e que,
nos casos de ganhos de capital e imposto de renda retido na fonte, ocorre no
mês da alienação do bem e/ou direito ou pagamento do rendimento.
Entretanto, na inexistência de pagamento antecipado ou nos casos em que for
caracterizado o evidente intuito de fraude, a contagem dos cinco anos deve
ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado, em conformidade com o art. 173, inciso I, do
Código Tributário Nacional. Somente ultrapassado esse lapso temporal sem a
expedição de lançamento de ofício opera-se a decadência, a atividade
exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário
extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do
Código Tributário Nacional.
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. CAPITULAÇÃO LEGAL. DESCRIÇÃO DOS FATOS. LOCAL DA LAVRATURA.
O auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, entre outros requisitos
formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total
dessas formalidades é que implicará na invalidade do lançamento, por
cerceamento do direito de defesa. Ademais, se o contribuinte revela conhecer
plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma,
de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa impugnação, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa.
NULIDADE DO PROCESSO FISCAL. MOMENTO DA INSTAURAÇÃO DO LITÍGIO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Somente a partir da lavratura do auto de infração é que se instaura o litígio
entre o fisco e o contribuinte, podendo-se, então, falar em ampla defesa ou
cerceamento dela, sendo improcedente a preliminar de cerceamento do direito de defesa quando concedida, na fase de impugnação, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos.
DETERMINAÇÃO DE DILIGÊNCIAS. COMPETÊNCIA. DILIGÊNCIA REQUERIDA PELO JULGADOR. ADMISSIBILIDADE AMPARADA NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E NO PRINCÍPIO DA
VERDADE MATERIAL.
A determinação de realização de diligências e/ou perícias compete à autoridade julgadora de Primeira Instância, podendo a mesma ser de ofício ou a requerimento do impugnante. Assim, para formar livremente sua convicção, o julgador pode requerer diligências de oficio, conforme prevê o art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972. Tal permissivo está em consonância com a busca pela verdade material que orienta o processo administrativo fiscal.
AUTO DE INFRAÇÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. MOVIMENTAÇÃO DE CONTA BANCÁRIA EM NOME DE TERCEIROS. LANÇAMENTO SOBRE O VERDADEIRO SUJEITO PASSIVO. CONTA CORRENTE
MANTIDA NO EXTERIOR. TITULARIDADE.
Não há que se falar em ilegitimidade passiva por falta de provas acerca da
titularidade da conta no exterior, quando consta dos autos conjunto probatório
fornecido pelo próprio agente bancário estrangeiro, analisado pelas
autoridades americanas e brasileiras e periciado por órgão técnico da Polícia
Federal brasileira, emitindo-se inclusive laudo atestando a autenticidade dos
registros. Assim, incabível a alegação de ilegitimidade passiva quando ficar
comprovado nos autos o uso de conta bancária em nome de terceiros para
movimentação de valores tributáveis. Situação que torna lícito o lançamento
sobre o verdadeiro sujeito passivo
PROVA EMPRESTADA. ADMISSIBILIDADE. ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ADMINISTRATIVOS E JUDICIAIS. CONVÊNIOS E ACORDOS INTERNACIONAIS. COLETA DE
INFORMAÇÕES Os órgãos da Secretaria da Receita Federal e os órgãos correspondentes dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, bem
como os órgãos administrativos e judiciais permutarão entre si, mediante
convênio ou pela forma que for estabelecida, as informações fiscais de
interesse recíproco. A prova emprestada deverá ser examinada em si mesma,
pois em certos casos, devem servir como indicador da irregularidade e não
como fato incontestável, sujeito à incidência do imposto na esfera federal. O
fato de a fiscalização valer-se de informações colhidas por outras autoridades fiscais, administrativas ou judiciais para efeito de lançamento, desde que
estas guardem pertinência com os fatos cuja prova se pretenda oferecer, por si
só, não implica em nulidade do lançamento, mormente se a autoridade lançadora se aprofundou nas investigações com vistas a caracterizar, adequadamente, a matéria tributável.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ARTIGO 42, DA LEI Nº 9.430, DE 1996. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. CARACTERIZAÇÃO.
Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em
conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira,
em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente
intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem
dos recursos utilizados nessas operações.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PERÍODO BASE DE INCIDÊNCIA. APURAÇÃO MENSAL. TRIBUTAÇÃO NO AJUSTE ANUAL.
Os valores dos depósitos bancários não justificados, a partir de 1º de janeiro
de 1997, serão apurados, mensalmente, à medida que forem creditados em
conta bancária e tributados como rendimentos sujeitos à tabela progressiva
anual (ajuste anual).
PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS. ÔNUS DA PROVA.
COMPROVAÇÃO.
As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão-somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas
presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos
concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei.
INFRAÇÃO FISCAL. MEIOS DE PROVA.
A prova de infração fiscal pode realizar-se por todos os meios admitidos em
Direito, inclusive a presuntiva com base em indícios veementes, sendo,
outrossim, livre a convicção do julgador.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFICIO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA.
A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da
intenção do agente ou responsável. O fato de não haver má-fé do contribuinte
não descaracteriza o poder dever da Administração de lançar com multa de
oficio rendimentos omitidos na declaração de ajuste.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CARÁTER DE CONFISCO.
INOCORRÊNCIA.
A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa ao lançamento
de ofício, para exigi-lo com acréscimos e penalidades legais. A multa de
lançamento de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo
Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista
em lei é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150
da Constituição Federal.
INCONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade
de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
ACRÉSCIMOS LEGAIS. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos
tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no
período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de
Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
Argüição de decadência não acolhida.
Preliminares rejeitadas.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-001.435
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a arguição de decadência e as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral, seu advogado, Dra. Vanessa Amadeu Ramos, OAB/SP nº. 199.760.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Nelson Mallmann
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Havendo pagamento antecipado o direito de a Fazenda Nacional lançar decai após cinco anos contados do fato gerador, que no caso do imposto de renda pessoa física ocorre em 31 de dezembro de cada ano-calendário questionado e que, nos casos de ganhos de capital e imposto de renda retido na fonte, ocorre no mês da alienação do bem e/ou direito ou pagamento do rendimento. Entretanto, na inexistência de pagamento antecipado ou nos casos em que for caracterizado o evidente intuito de fraude, a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, em conformidade com o art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Somente ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício opera-se a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. CAPITULAÇÃO LEGAL. DESCRIÇÃO DOS FATOS. LOCAL DA LAVRATURA. O auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, entre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicará na invalidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. Ademais, se o contribuinte revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa impugnação, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. NULIDADE DO PROCESSO FISCAL. MOMENTO DA INSTAURAÇÃO DO LITÍGIO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Somente a partir da lavratura do auto de infração é que se instaura o litígio entre o fisco e o contribuinte, podendo-se, então, falar em ampla defesa ou cerceamento dela, sendo improcedente a preliminar de cerceamento do direito de defesa quando concedida, na fase de impugnação, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos. DETERMINAÇÃO DE DILIGÊNCIAS. COMPETÊNCIA. DILIGÊNCIA REQUERIDA PELO JULGADOR. ADMISSIBILIDADE AMPARADA NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E NO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. A determinação de realização de diligências e/ou perícias compete à autoridade julgadora de Primeira Instância, podendo a mesma ser de ofício ou a requerimento do impugnante. Assim, para formar livremente sua convicção, o julgador pode requerer diligências de oficio, conforme prevê o art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972. Tal permissivo está em consonância com a busca pela verdade material que orienta o processo administrativo fiscal. AUTO DE INFRAÇÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. MOVIMENTAÇÃO DE CONTA BANCÁRIA EM NOME DE TERCEIROS. LANÇAMENTO SOBRE O VERDADEIRO SUJEITO PASSIVO. CONTA CORRENTE MANTIDA NO EXTERIOR. TITULARIDADE. Não há que se falar em ilegitimidade passiva por falta de provas acerca da titularidade da conta no exterior, quando consta dos autos conjunto probatório fornecido pelo próprio agente bancário estrangeiro, analisado pelas autoridades americanas e brasileiras e periciado por órgão técnico da Polícia Federal brasileira, emitindo-se inclusive laudo atestando a autenticidade dos registros. Assim, incabível a alegação de ilegitimidade passiva quando ficar comprovado nos autos o uso de conta bancária em nome de terceiros para movimentação de valores tributáveis. Situação que torna lícito o lançamento sobre o verdadeiro sujeito passivo PROVA EMPRESTADA. ADMISSIBILIDADE. ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ADMINISTRATIVOS E JUDICIAIS. CONVÊNIOS E ACORDOS INTERNACIONAIS. COLETA DE INFORMAÇÕES Os órgãos da Secretaria da Receita Federal e os órgãos correspondentes dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, bem como os órgãos administrativos e judiciais permutarão entre si, mediante convênio ou pela forma que for estabelecida, as informações fiscais de interesse recíproco. A prova emprestada deverá ser examinada em si mesma, pois em certos casos, devem servir como indicador da irregularidade e não como fato incontestável, sujeito à incidência do imposto na esfera federal. O fato de a fiscalização valer-se de informações colhidas por outras autoridades fiscais, administrativas ou judiciais para efeito de lançamento, desde que estas guardem pertinência com os fatos cuja prova se pretenda oferecer, por si só, não implica em nulidade do lançamento, mormente se a autoridade lançadora se aprofundou nas investigações com vistas a caracterizar, adequadamente, a matéria tributável. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ARTIGO 42, DA LEI Nº 9.430, DE 1996. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. CARACTERIZAÇÃO. Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PERÍODO BASE DE INCIDÊNCIA. APURAÇÃO MENSAL. TRIBUTAÇÃO NO AJUSTE ANUAL. Os valores dos depósitos bancários não justificados, a partir de 1º de janeiro de 1997, serão apurados, mensalmente, à medida que forem creditados em conta bancária e tributados como rendimentos sujeitos à tabela progressiva anual (ajuste anual). PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS. ÔNUS DA PROVA. COMPROVAÇÃO. As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão-somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. INFRAÇÃO FISCAL. MEIOS DE PROVA. A prova de infração fiscal pode realizar-se por todos os meios admitidos em Direito, inclusive a presuntiva com base em indícios veementes, sendo, outrossim, livre a convicção do julgador. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFICIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou responsável. O fato de não haver má-fé do contribuinte não descaracteriza o poder dever da Administração de lançar com multa de oficio rendimentos omitidos na declaração de ajuste. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CARÁTER DE CONFISCO. INOCORRÊNCIA. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa ao lançamento de ofício, para exigi-lo com acréscimos e penalidades legais. A multa de lançamento de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150 da Constituição Federal. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). ACRÉSCIMOS LEGAIS. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Argüição de decadência não acolhida. Preliminares rejeitadas. Recurso negado.
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IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. GANHOS DE CAPITAL. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. CARACTERIZAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO. A tributação das pessoas físicas fica sujeita ao ajuste na declaração anual, em 31 de dezembro do anocalendário, e independente de exame prévio da autoridade administrativa o lançamento é por homologação, o mesmo se aplica aos ganhos de capital e imposto de renda retido na fonte. Havendo pagamento antecipado o direito de a Fazenda Nacional lançar decai após cinco anos contados do fato gerador, que no caso do imposto de renda pessoa física ocorre em 31 de dezembro de cada anocalendário questionado e que, nos casos de ganhos de capital e imposto de renda retido na fonte, ocorre no mês da alienação do bem e/ou direito ou pagamento do rendimento. Entretanto, na inexistência de pagamento antecipado ou nos casos em que for caracterizado o evidente intuito de fraude, a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, em conformidade com o art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Somente ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício operase a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. CAPITULAÇÃO LEGAL. DESCRIÇÃO DOS FATOS. LOCAL DA LAVRATURA. Fl. 350DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 2 O auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, entre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicará na invalidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. Ademais, se o contribuinte revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa impugnação, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. NULIDADE DO PROCESSO FISCAL. MOMENTO DA INSTAURAÇÃO DO LITÍGIO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Somente a partir da lavratura do auto de infração é que se instaura o litígio entre o fisco e o contribuinte, podendose, então, falar em ampla defesa ou cerceamento dela, sendo improcedente a preliminar de cerceamento do direito de defesa quando concedida, na fase de impugnação, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos. DETERMINAÇÃO DE DILIGÊNCIAS. COMPETÊNCIA. DILIGÊNCIA REQUERIDA PELO JULGADOR. ADMISSIBILIDADE AMPARADA NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E NO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. A determinação de realização de diligências e/ou perícias compete à autoridade julgadora de Primeira Instância, podendo a mesma ser de ofício ou a requerimento do impugnante. Assim, para formar livremente sua convicção, o julgador pode requerer diligências de oficio, conforme prevê o art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972. Tal permissivo está em consonância com a busca pela verdade material que orienta o processo administrativo fiscal. AUTO DE INFRAÇÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. MOVIMENTAÇÃO DE CONTA BANCÁRIA EM NOME DE TERCEIROS. LANÇAMENTO SOBRE O VERDADEIRO SUJEITO PASSIVO. CONTA CORRENTE MANTIDA NO EXTERIOR. TITULARIDADE. Não há que se falar em ilegitimidade passiva por falta de provas acerca da titularidade da conta no exterior, quando consta dos autos conjunto probatório fornecido pelo próprio agente bancário estrangeiro, analisado pelas autoridades americanas e brasileiras e periciado por órgão técnico da Polícia Federal brasileira, emitindose inclusive laudo atestando a autenticidade dos registros. Assim, incabível a alegação de ilegitimidade passiva quando ficar comprovado nos autos o uso de conta bancária em nome de terceiros para movimentação de valores tributáveis. Situação que torna lícito o lançamento sobre o verdadeiro sujeito passivo PROVA EMPRESTADA. ADMISSIBILIDADE. ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ADMINISTRATIVOS E JUDICIAIS. CONVÊNIOS E ACORDOS INTERNACIONAIS. COLETA DE INFORMAÇÕES Os órgãos da Secretaria da Receita Federal e os órgãos correspondentes dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, bem como os órgãos administrativos e judiciais permutarão entre si, mediante convênio ou pela forma que for estabelecida, as informações fiscais de interesse recíproco. A prova emprestada deverá ser examinada em si mesma, pois em certos casos, devem servir como indicador da irregularidade e não como fato incontestável, sujeito à incidência do imposto na esfera federal. O fato de a fiscalização valerse de informações colhidas por outras autoridades Fl. 351DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 2 3 fiscais, administrativas ou judiciais para efeito de lançamento, desde que estas guardem pertinência com os fatos cuja prova se pretenda oferecer, por si só, não implica em nulidade do lançamento, mormente se a autoridade lançadora se aprofundou nas investigações com vistas a caracterizar, adequadamente, a matéria tributável. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ARTIGO 42, DA LEI Nº 9.430, DE 1996. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. CARACTERIZAÇÃO. Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PERÍODOBASE DE INCIDÊNCIA. APURAÇÃO MENSAL. TRIBUTAÇÃO NO AJUSTE ANUAL. Os valores dos depósitos bancários não justificados, a partir de 1º de janeiro de 1997, serão apurados, mensalmente, à medida que forem creditados em conta bancária e tributados como rendimentos sujeitos à tabela progressiva anual (ajuste anual). PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS. ÔNUS DA PROVA. COMPROVAÇÃO. As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. INFRAÇÃO FISCAL. MEIOS DE PROVA. A prova de infração fiscal pode realizarse por todos os meios admitidos em Direito, inclusive a presuntiva com base em indícios veementes, sendo, outrossim, livre a convicção do julgador. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFICIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou responsável. O fato de não haver máfé do contribuinte não descaracteriza o poderdever da Administração de lançar com multa de oficio rendimentos omitidos na declaração de ajuste. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CARÁTER DE CONFISCO. INOCORRÊNCIA. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa ao lançamento de ofício, para exigilo com acréscimos e penalidades legais. A multa de lançamento de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150 da Constituição Federal. INCONSTITUCIONALIDADE. Fl. 352DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 4 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). ACRÉSCIMOS LEGAIS. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Argüição de decadência não acolhida. Preliminares rejeitadas. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a arguição de decadência e as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral, seu advogado, Dra. Vanessa Amadeu Ramos, OAB/SP nº. 199.760. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Rafael Pandolfo e Nelson Mallmann. Ausentes justificadamente, os Conselheiros Pedro Anan Júnior e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 353DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 3 5 Relatório JACQUES ASSINE, contribuinte inscrito no CPF/MF sob o nº 059.371.328. 15, residente e domiciliado na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, à Rua Maranhão, nº 690 – Apto 71, Bairro Higienópolis, jurisdicionado a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo SP, inconformado com a decisão de Primeira Instância de fls. 430/448, prolatada pela 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo – SP II, recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 452/500. Contra o contribuinte acima mencionado foi lavrado, em 30/08/2007, o Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 246/252), com ciência através de AR, em 31/08/2007 (fls. 263), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 29.445.962,60 (padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescidos da multa de lançamento de ofício normal de 75% e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculado sobre o valor do imposto de renda relativo aos exercícios de 2003 e 2004, correspondente aos anoscalendário de 2002 e 2003, respectivamente. Da ação fiscal resultou a constatação de omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme Termo de Verificação desta data que passa a fazer parte integrante do presente como se aqui estivesse transcrito. Infração capitulada no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996; art. 4º da Lei nº 9.481, de 1997 e artigo 21 da Lei n° 9.532, de 1997. O AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição do crédito tributário lançado esclarece, ainda, através do Termo de Verificação Fiscal (fls. 240/245), entre outros, os seguintes aspectos: que em decorrência das investigações promovidas a partir da CPMI do Banestado, instituída com o fulcro de apurar responsabilidades sobre a evasão de divisas do país, obtevese dados oriundos de procedimento levado a cabo pela Promotoria Distrital de Nova Iorque a respeito de contas mantidas no exterior por cidadãos brasileiros; que, desta forma, no curso do inquérito instaurado para apurar eventual crime contra o Sistema Financeiro Nacional e contra a Ordem Tributária, o Ministério Público Federal solicitou ao Juízo da 2ª Vara Criminal Federal de CuritibaPR a quebra de sigilo bancário das contas mantidas no MTBCBCHUDSON BANK; que na mesma decisão (cópia às fls. 17) o Juízo da 2ª Vara Criminal Federal de Curitiba/PR autorizou o compartilhamento dos dados com a então Secretaria da Receita Federal; que, sendo assim, em obediência à decisão da 2ª Vara Criminal Federal de Curitiba/PR citada no parágrafo anterior, houve a transferência dos dados à Receita Federal e, a Fl. 354DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 6 fim de proceder ao exame dos fatos e documentos mencionados, foi constituída a Equipe Especial de Fiscalização, nos termos da Portaria SRF n° 463, de 30/04/2004, integrando representantes das áreas de Fiscalização, Aduana e Pesquisa e Investigação; que com base nestes elementos, evidenciouse que diversos contribuintes nacionais enviaram e/ou movimentaram divisas no exterior à revelia do Sistema Financeiro Nacional, ordenando, remetendo ou se beneficiando de recursos em divisas estrangeiras, utilizandose das contas mantidas no MTBCBCHUDSON BANK; que o fiscalizado e a Senhora Betty Assine (CPF 347.895.01809) foram objeto da Representação Fiscal n° 29/2005 (fls. 4) e são apontados de maneira inequívoca como responsáveis pela movimentação da conta n° 030173108 (denominada Crowley Systems Corp) mantida no MTBCBCHUDSON BANK (Laudo de fls. 173/187); que informações do fiscalizado, referentes aos anoscalendário sob exame e recuperadas dos sistemas informatizados desta Secretaria da Receita Federal do Brasil, revelam: (a) Declarações de Rendimentos: apresentação tempestiva, no modelo completo, das Declarações de Ajuste Anual, fls. 212 a 219. No rol dos bens e direitos informado no quadro "Declaração de Bens e Direitos" das citadas declarações de ajuste anual, não consta qualquer indicação acerca da participação na sociedade "Crowley Systems Corp."; ademais, os rendimentos inseridos limitaramse, exclusivamente, aos isentos e não tributáveis (rendimentos financeiros e lucros distribuídos pela pessoa jurídica sediada no Brasil, a "A&A Fashion Comercial LtdaME"); e (b) Movimentação financeira efetuada na conta de bancária n° 030173108, denominada CROWLEY SYSTEMS CORP., mantida no MTBCBCHUDSON BANK de Nova lorque/NY, explicitada, com referência aos créditos, no Demonstrativo de Apuração de Créditos Bancários de fls. 191 a 203; que para buscar a oitiva da outra responsável pela movimentação financeira, a Senhora Betty Assine (CPF 347.895.01809), mediante determinação objeto do MPFF n° 08.1.90.002007014030, foi, também, instaurado procedimento de fiscalização. Interpelada, por meio do Termo de Inicio de Ação Fiscal (lavrada em 13/06/07 e ciência registrada em 18/06/2007), acerca da origem dos mesmos recursos movimentados, a intimada limitouse a apresentar os mesmos argumentos (cópias às fls. 236 a 239); que, preliminarmente, reconhecemos os arrazoamentos apresentados para informar que, nesta fase investigatória do procedimento fiscal, onde se busca verificar o cumprimento das obrigações tributárias do fiscalizado, não há que se cogitar em vistas dos autos e, muito menos, na ocorrência de cerceamento ao direito de defesa, visto que, quando do encerramento desta fase, todos os elementos de prova utilizados na formalização de exigência do crédito tributário serão carreados ao processo; ocasião em que será facultado ao fiscalizado, após regulamente cientificado do seu resultado, "ter vistas" aos autos durante o prazo de impugnação da exigência. Quanto à solicitação de prazo adicional não podemos concedêlo em vista de não haver razão para tanto, uma vez que o prazo concedido é o previsto na legislação de regência; que as aludidas informações de movimentação financeira foram disponibilizadas por meio de processo regular e, em especial, são suportadas por Laudos Periciais e Representações Fiscais, sendo ainda documentada por cópias autenticadas pelo Consulado Geral do Brasil em Nova York, entre as quais se destacam as de fls. 31, 32, 38, 41, 43, 46, 47, 48; não poderá, portanto, o fisco ignorar tais informações e documentos obtidos pela Policia Federal. Não foram contrapostas, valem como verdadeiras; Fl. 355DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 4 7 que no resguardo dos interesses da Fazenda Nacional, diante do acima relatado, dos documentos disponibilizados a esta auditoria, das informações contidas nas Declarações de Ajuste Anual e das informações prestadas pelo fiscalizado no curso desta ação fiscal, que em nenhum momento negou a sua participação, na movimentação financeira, a consideramos o fiscalizado e a Senhora Betty Assine como responsáveis pela movimentação e efetivos titulares da conta n° 030173108, denominada CROWLEY SYSTEMS CORP., mantida no MTBCBCHUDSON BANK, tendo sempre em mente o preceito legal exarado pelo artigo 845 do RIR/99 visàvis a falta de esclarecimentos por parte do fiscalizado, não restando a esta fiscalização outra alternativa exceto o lançamento de oficio; que conforme o disposto no § 3º, do artigo 30 da Instrução Normativa SRF 246 de 20 de novembro de 2002, os valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas em instituição financeira no exterior foram convertidos em reais pela cotação de câmbio fixada, para compra, pelo Banco Central do Brasil, em vigor na data do depósito ou do investimento, gerando o Demonstrativo de Apuração de Créditos Bancários Convertido de fls. 220 a 229. Ressaltamos, também, em face da inclusão da Senhora Betty Assine (CPF 347.895.01809) como dependente nas declarações de ajuste anual dos exercícios sob exame apresentadas pelo fiscalizado, que não adotamos a regra fixada pelo parágrafo 6° do artigo 42 da Lei n2 9.430/96 parágrafo adicionado pelo artigo 58 da Lei n° 10.637/2002. Irresignado com o lançamento o autuado apresenta, tempestivamente, em 01/10/2007, a sua peça impugnatória de fls. 266/312, instruído pelos documentos de fls. 313/329, solicitando que seja acolhida a impugnação e determinado o cancelamento do crédito tributário amparado, em síntese, nos seguintes argumentos: que entender como válida a forma pela qual o lançamento foi realizado será o mesmo que admitir que a movimentação financeira da pessoa jurídica se confunde com a de seu sócio, posto que, se considerado escorreito o raciocínio adotado pela I. Fiscalização, todos aqueles que possuem participação em uma sociedade sempre poderão ser enquadrados como "interposta pessoa"; que de se observar que, apesar do Impugnante não ter informado a sua participação societária na empresa Crowley Systems Corp em sua Declaração de Rendimentos, tal fato não pode gerar efeitos na presente discussão tributária; que, neste sentido, frisamos que a titularidade da empresa estrangeira pelo Impugnante é comprovada pelos documentos juntados aos autos pela D. Fiscalização (fls. 27 a 130 — documentos societários da empresa bem como correspondências trocadas entre o Banco e o Impugnante, as quais, ressaltese, o I. Fiscal autuante sequer teve o trabalho de traduzir, limitandose a autenticálos, quando muito!), bem como a informação contida no Laudo de Exame EconômicoFinanceiro n.° 2.149/2005 INC (fls. 180) que embasou o Auto de Infração impugnado; que, assim sendo, na qualidade de sócio da referida pessoa jurídica, qualquer exigência a título de imposto de renda pessoa física face ao Impugnante somente poderia recair sobre os valores eventualmente distribuídos pela empresa em razão da sua participação societária, fato este condicionado, ainda, à prévia e efetiva apuração de lucro pela sociedade. Ou seja, somente se apurado lucro pela pessoa jurídica e deliberado que o resultado positivo será distribuído ao sócio, condições estas que, ressaltamos, não foram sequer abordadas pela fiscalização, estaríamos diante da existência de rendimento passível de Fl. 356DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 8 tributação pelo imposto de renda pessoa física, nos termos do disposto no artigo 43, § 2°, do Código Tributário Nacional e no artigo 55, inciso VII, do Regulamento do Imposto de Renda; que mesmo na absurda hipótese de se chancelar a desconsideração da personalidade jurídica da empresa e a transferência de sua responsabilidade tributária ao seu sócio levada a efeito no presente caso, o que exigiria a comprovação da presença das condições autorizadoras previstas no artigo 135 do Código Tributário Nacional, ainda assim a exigência importes considerados para sua apuração são totalmente insustentáveis, já que não houve apuração dos créditos tributários efetivamente devidos pela pessoa jurídica; que se limitou a imputar ao Impugnante a condição de interposta pessoa, exclusivamente em razão do mesmo ser sócio da pessoa jurídica, qualificandoo como beneficiário dos valores creditados na conta corrente de titularidade da referida pessoa jurídica e, utilizandose novamente da presunção, considerou tais valores supostamente depositados como rendimentos tributáveis pelo IRPF, lavrando a presente Autuação Fiscal para exigilos; que não bastassem as razões acima expostas que, por si só, demonstram a insubsistência da totalidade da autuação ora impugnada, vale destacar que este Auto de Infração também apresenta vício relativo à apuração do quantum supostamente devido, na medida em que para a constituição do crédito tributário foi tomado como base, independente de qualquer verificação adicional, os valores apontados, de forma global, no Laudo de Exame Econômico Financeiro n.° 2.149/2005, elaborado para fins de instrução do Inquérito Policial n.° 1026/2003/SR/DPF/PR, os quais foram presumidos pela I. Fiscalização como verdadeiros. Ou seja, a Fiscalização, no que se refere aos valores supostamente depositados em conta corrente da pessoa jurídica em referência, considerou para a apuração do suposto imposto devido apenas e tão somente os valores anuais mencionados em referido Laudo, em clara afronta ao artigo 142 do CTN; que vale informar, ainda, que, conforme se depreende do mencionado Laudo acostado às fls. 173/187, além de não constar sequer a assinatura dos responsáveis pela sua formulação, o que já torna questionável a sua utilização, a sua elaboração visou ao atendimento de solicitação formulada no Inquérito Policial n.° 1026/2003/SR/DPF/PR, instaurado com o objetivo de coletar informações que pudessem comprovar eventual ato ilícito que não guarda qualquer relação direta com o Impugnante; que os depósitos ocorridos na conta da empresa estrangeira em tela não aparecem individualizadamente nem na Autuação Fiscal e nem no corpo do mencionado Laudo que a embasou, e sim apenas em seus anexos, lamentavelmente não juntados aos autos, não tendo sido documentados e/ou comprovados em nenhuma oportunidade. Ou seja: os depósitos ocorridos na conta da empresa estrangeira em tela não aparecem individualizadamente nem na Autuação Fiscal e nem no corpo do mencionado Laudo que a embasou, e sim apenas em seus anexos, lamentavelmente não juntados aos autos, não tendo sido documentados e/ou comprovados em nenhuma oportunidade. que mesmo que não houvesse tais irregularidades — o que se admite apenas por amor à argumentação, ainda assim mereceria pronto cancelamento o presente Auto de Infração na parte relativa aos fatos geradores ocorridos entre janeiro e agosto de 2002, posto que atingidos pela decadência, nos termos do artigo 150, parágrafo 40 do Código Tributário Nacional, na medida em que o presente lançamento, constituído em 30/08/2007, somente poderá alcançar fatos geradores ocorridos a partir de setembro de 2002; que através de informações fornecidas pelo Departamento de Polícia Federal — Força Tarefa CC5 em Curitiba/PR, que, por sua vez, as recebeu da Comissão Mista Fl. 357DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 5 9 Parlamentar de Inquérito/CPMI do Banestado, a qual a essas teve acesso através da Promotoria Distrital de Nova York, a Secretaria da Receita Federal do Brasil constatou que o Impugnante supostamente realizava transferências financeiras através da conta corrente n.° 030173108, de titularidade da empresa Crowley Sistems Corp, mantida no MTBCBCHUDSON Bank de Nova York; que em razão exclusivamente de um nome que foi apontado como responsável por uma conta bancária, essa I. Fiscalização supôs que o Impugnante seria o titular da conta favorecida e, por conseqüência, que o mesmo teria omitido a receita correspondente aos valores transferidos; que conseqüentemente, os valores que ingressaram na conta corrente de titularidade da pessoa jurídica Crowley Sistems Corp foram considerados como rendimentos omitidos pelo ora Impugnante, com fundamento na atual redação do § 50 do artigo 42 da Lei n.° 9.430/96; que o fato de o Impugnante ser responsável (por ser sócio da pessoa jurídica em referência) pela movimentação financeira da respectiva conta não é indício suficiente para caracterizarlhe como interposta pessoa e, assim, presumirse que os valores que naquela conta transitaram tratavam de receitas por ele omitidas; que a documentação constante destes autos prestase, no máximo, a demonstrar a existência da conta corrente fiscalizada, o fato de que sua titular é a pessoa jurídica Crowley Sistems Corp e, ainda, relacionar o sócio de referida empresa; que se verifica que, ao aplicar, arbitrária e equivocadamente, o previsto no § 5° do artigo 42 da Lei n.° 9.430/96, a I. Fiscalização acabou fazendo tabula rasa do princípio que confere às pessoas jurídicas autonomia patrimonial em relação aos seus sócios, imputando ao sócio da Crowley Sistems Corp, ora Impugnante, a responsabilidade de recolher o suposto crédito tributário apurado com base em valores meramente creditados em conta corrente mantida pela empresa; que, de outra ponta, mesmo que considerada válida a imputação da qualidade de interposta pessoa ao Impugnante, o que se admite por amor à argumentação, não poderia a Administração Fazendária, simplesmente, sem a realização de qualquer medida visando validar o documento que embasou sua autuação, qual seja, o Laudo de Exame EconômicoFinanceiro n.° 2.149/2005, parte integrante do Inquérito Policial n.° 1026/2003/SR/DPF/PR, considerar os valores que transitaram na conta corrente da respectiva pessoa jurídica, apontados em referido Laudo, como base de cálculo para a constituição do crédito tributário, principalmente sem anexar aos autos os documentos que demonstram de onde tais valores foram extraídos para a composição do total exigido nestes autos; que importa destacar que, mesmo quando as informações utilizadas são fornecidas por outras Administrações Fazendárias (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), as quais, inquestionavelmente, resultam de uma análise realizada com base nos princípios que regem o direito tributário, o que não é o caso, ainda assim, antes da imposição de qualquer exigência, as mesmas devem passar pelo crivo do ente recebedor, com o intuito de verificálas e validálas por meio de procedimentos fiscalizatórios próprios; que tendo o presente Auto de Infração sido lavrado sem o amparo de documentação probatória suficiente a dar arrimo à exigência nele formalizada, e tampouco Fl. 358DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 10 sendo possível visualizar nos documentos que integram os presentes autos (cópias de documentos extraídos de outros autos) a necessária comprovação da relação entre os depósitos ocorridos na conta corrente de titularidade da pessoa jurídica e eventual receita tributável pelo IRPF pelo Impugnante, verificase que o presente lançamento é merecedor de pronto cancelamento, pois totalmente nulo. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pelo impugnante, os membros da Quinta Turma da Delegacia da Receita do Brasil de Julgamento em São Paulo – SP II, concluíram pela procedência da ação fiscal e pela manutenção do crédito tributário, com base, em síntese, nas seguintes considerações: que o impugnante protesta contra a solicitação de diligências de oficio por parte do julgador de primeira instância, alegando que isso seria usurpação de competência e uma distorção da função julgadora; que tal alegação do impugnante não encontra amparo na legislação tributária, uma vez que, de modo diverso, o art. 18 do Decreto 70.235/72 autoriza ao julgador de primeira instância solicitar diligências de oficio, conforme podemos constatar no texto legal a seguir transcrito; que, quanto à prova emprestada, cabe esclarecer que decorre o procedimento de uma operação mais abrangente desencadeada por autoridades públicas nacionais, no combate à transferência ilícita de recursos ao e do exterior, e aos crimes correlacionados, destacandose o crime de lavagem de dinheiro. Tratase da denominada CPMI do Banestado, que foi amplamente divulgada pela mídia nacional, e que envolveu trabalhos da Receita Federal, do BACEN e da COAF, com estreita colaboração de autoridades estrangeiras. A investigação conduzida pelo Departamento da Polícia Federal verificou que empresas sediadas em Nova York, Estados Unidos da América, representavam “doleiros” brasileiros e/ou empresas "off shore " com participação de brasileiros e atuavam como preposto bancário financeiro de pessoas físicas ou jurídicas, dentre as quais encontraramse diversos contribuintes brasileiros que enviaram e/ou movimentaram divisas no exterior à revelia do sistema financeiro nacional, ordenando, remetendo ou se beneficiando de recursos em divisas estrangeiras. No curso das investigações houve o afastamento do sigilo bancário da empresa ‘Beacon Hill Service Corporation’ que atuava como preposto bancáriofinanceiro de pessoas físicas ou jurídicas e utilizavase de contas/subcontas mantidas no ‘JP Morgan Chase Bank’. A Promotoria do Distrito de Nova Iorque apresentou as mídias eletrônicas e documentos contendo dados financeiros da empresa Beacon Hill. De posse dessa documentação, o Departamento de Polícia Federal emitiu Laudos Periciais (nºs 1258/04 e 1300/04 — Instituto Nacional de Criminalística), a fim de trazer elementos de provas necessários a subsidiar os esclarecimentos dos fatos relativos às movimentações financeiras. Os dados obtidos no afastamento de sigilo e na investigação criminal foram transferidos a Secretaria da Receita Federal conforme decisões judiciais. Durante o transcorrer de todo esse conjunto de fatos uma série de provas foram amealhadas e algumas delas foram utilizadas no presente processo e são combatidas pelo impugnante por se tratarem de provas emprestadas; que sobre o tema da prova emprestada, esclarecemos que não existe vedação na legislação reguladora do processo administrativo à utilização de provas colhidas em outro processo ou por outra autoridade administrativa, fiscal ou judicial, desde que sejam legais e moralmente legítimas, conforme preceitua o Código de Processo Civil no seu artigo 332; que, em adição, ressaltamos que o elemento de prova chamado de "prova emprestada" é representado pelo Laudo 2.149/2005, fls. 395/411, que tem em seu conteúdo informações suficientes para amparar o lançamento, como no caso dos autos, não exige Fl. 359DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 6 11 qualquer "crivo da Administração Fazendária". A informação existe por si só no documento e o impugnante, se discorda de seu conteúdo, pode esforçarse para demonstrar que não corresponde à realidade dos fatos. Esse sim é o crivo do contraditório que deve qualquer prova estar submetida num processo regido pelo princípio do contraditório e da ampla defesa. No caso presente, em obediência ao art. 5°, inciso LV da Constituição, houve oportunidade para o contraditório na impugnação e no aditamento desta, permitindo concluir que nenhuma irregularidade há em relação à admissão do referido Laudo como prova no presente processo; que quanto à alegação de invalidade do Laudo por falta de assinatura dos responsáveis por sua confecção, temos que a cópia assinada, fls. 395/411, obtida como resultado da diligência de oficio, sanou qualquer possível irregularidade quanto a esse aspecto, mormente quando, no caso presente, após a juntada da cópia assinada foi oferecida nova oportunidade para o interessado contraditar o conteúdo do documento, o que, ao tempo que prestigiou o princípio do contraditório e da ampla defesa, afastou qualquer possível ofensa à boafé, à moralidade administrativa ou à eficiência; que não há exigência legal para qualquer validação de provas antes de serem usadas no processo administrativo fiscal. O que é exigido é que as provas sejam submetidas ao crivo do contraditório, o que está sendo feito a partir da oportunidade de o impugnante manifestarse sobre elas. Assim, o impugnante poderia ter contraditado o conteúdo do Laudo, mas preferiu questionar genericamente sua validade como prova; que sobre a assinatura do Laudo e ajuntada de cópia assinada deste após a lavratura do lançamento, entendemos que isso não resulta em nulidade do lançamento, pois a situação não se enquadra em uma das hipóteses do art. 59 do Decreto 70.235/72. Podemos, outrossim, considerar que se tratava de uma omissão que poderia ser enquadrada nas hipóteses do art. 60 do mesmo diploma legal e que, portanto, não enseja nulidade, mas requer sejam sanadas, como de fato o foram no caso presente, sem que isso represente qualquer ofensa à moralidade e à boafé da administração pública; que o impugnante protestou pela decadência do direito do fisco efetuar o lançamento em relação aos fatos geradores entre janeiro e agosto/2002; que quis o legislador dispensar tratamento diferenciado para os contribuintes que antecipassem seus pagamentos, cumprindo suas obrigações tributárias corretamente junto a Fazenda Pública, fixando o termo inicial do prazo decadencial anterior ao do aplicado na regra geral, no dispositivo legal do §4o do art. 150 do CTN; que, no caso em apreço, a declaração de rendimentos do contribuinte não continha informações corretas quanto aos fatos apurados, havendo, portanto, insuficiência de recolhimento, ensejando o lançamento de oficio. Portanto, tomase o termo inicial da contagem do prazo decadencial o determinado pelo art. 173, inciso 1 do CTN. Sendo assim, o termo de início do prazo decadencial para os fatos geradores do anocalendário 2002 deuse em 01/01/2004, com termo final em 31/12/2008. Como o lançamento de oficio foi efetuado em 31/08/2007, não há que se falar em decadência; que, como relatado, o impugnante entende ser inaceitável a aplicação do § 5° do art. 42 da Lei 9.430/96 ao caso, pois, segundo argumentou, o único e exclusivo fundamento para adoção de tal medida foi o fato de o impugnante ser sócio da pessoa jurídica Crowley Sistems; e que quanto à desconsideração da personalidade jurídica da empresa e a Fl. 360DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 12 transferência de sua responsabilidade tributária ao sócio, entende que isso exigiria a comprovação da presença das condições autorizadoras previstas nos arts. 134 e 135 do CTN; que o raciocínio do impugnante está equivocado na medida em que não se cogitou de crédito tributário da empresa para o qual é atribuída responsabilidade ao sócio, como seria o caso da aplicação dos arts. 134 e 135. A questão fática em destaque era a titularidade de fato da conta corrente movimentada no exterior, pois o §5° do art. 42 da Lei 9.430/96 prevê que "quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento". Assim, não tratamos de obrigação tributária atribuída à empresa na qual a responsabilidade sobre o respectivo crédito tributário é transferida ao sócio. No caso presente, portanto, a obrigação tributária já nasce em nome do titular de fato da movimentação financeira, sem se cogitar de alguma hipótese de responsabilidade tributária. Nessa esteira, podemos afastar também os argumentos do impugnante que exigiam que fosse primeiro apurado o resultado da empresa para depois atribuir responsabilidade ao sócio. Como dissemos, não tratamos aqui de um caso que envolve responsabilidade tributária, pois a sujeição passiva que está em destaque é a do contribuinte, ou seja, daquele que mantinha relação pessoal e direta com o fato gerador: o efetivo titular da conta corrente; que ainda sobre a aplicação do §5° do art. 42 da Lei 9.430/96, o impugnante alegou que a imputação ao sócio de obrigação tributária relativa à pessoa jurídica somente poderia ocorrer por meio da desconsideração da personalidade jurídica da empresa por respeito ao princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica; que entendemos que não seria necessário desconsiderar a personalidade jurídica da empresa, pois afinal não se pode desconsiderar o que nunca foi considerado. Em outras palavras, a pessoa jurídica nunca participou dos negócios figurando exatamente como interposta pessoa, conforme demonstram os documentos de fls. 342, 347/348, 356, 360, 365, 370/371,375 e 383. Várias pessoas que constam como remetentes de recursos para a conta supostamente da empresa Crowley no exterior declararam que jamais realizaram qualquer negócio jurídico com a referida empresa. Se por um lado, entre os documentos de fls. 191/203 há provas de que os declarantes intimados remeteram recursos para uma conta no exterior, de outro lado, afirmaram que estes não realizaram negócios com a empresa Crowley. Desse modo, o que os documentos de fls. 191/203 juntamente com aqueles de fls. 342, 347/348 365, 370/371,375 e 383 comprovam é que as remessas jamais foram feitas para a empresa, sim para o impugnante que era o proprietário desta; que conforme já revelado, com as declarações obtidas de algumas pessoas que enviaram recursos para a conta do impugnante ficou evidenciado que este tentou utilizar a empresa Crowley como um manto protetor para suas operações, contando que a situação de empresa constituída e sediada no exterior representasse obstáculo intransponível para o Fisco brasileiro alcançar as omissões de rendimentos que perpetrava. Nesse sentido, parecenos que a intenção do impugnante já havia sido antevista por Washington de Barros Monteiro quando o respeitado autor tratava de um caso de simulação por interposição de pessoa e afirmou: "o intuito do declarante é o de inculcar a existência de um titular de direito, mencionado na declaração, ao qual, todavia, nenhum direito se outorga ou se transfere, servindo seu nome exclusivamente para encobrir o da pessoa a quem de fato se quer outorgar ou transferir o direito de que se trata"; que é a própria lei definindo que os depósitos bancários, de origem não comprovada, caracterizam omissão de receita ou de rendimentos. Portanto, não meros indícios de omissão; razão por que não há que estabelecer o nexo causal entre cada depósito e o fato Fl. 361DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 7 13 que represente omissão de receita.A presunção em favor do Fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. Trata se, afinal, de presunção relativa, passível de prova em contrário; que os argumentos aduzidos pelo interessado não tem o condão de alterar os fatos imputados como omissão de rendimentos, mormente porque, conforme anteriormente explanado, o ônus da comprovação da origem dos recursos depositados em conta corrente é de sua competência. A decisão de Primeira Instância está consubstanciada nas seguintes ementas: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002, 2003 DILIGÊNCIA REQUERIDA PELO JULGADOR. ADMISSIBILIDADE AMPARADA NO ART. 18 DO DECRETO 70.235/72 E NO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. Para formar livremente sua convicção, o julgador pode requerer diligências de oficio, conforme prevê o art. 18 do Decreto 70.235/72. Tal permissivo está em consonância com a busca pela verdade material que orienta o processo administrativo fiscal. PRELIMINAR. DECADÊNCIA. Tendo havido recolhimento a menor do tributo, ensejando lançamento de oficio, o início da contagem do prazo decadencial terá efeito no primeiro dia do exercício seguinte àquele previsto para a entrega da declaração de ajuste anual, conforme previsto no art. 173, I do CTN. PROVA EMPRESTADA. ADMISSIBILIDADE É lícito ao Fisco federal valerse de informações colhidas por outras autoridades fiscais, administrativas ou judiciais para efeito de lançamento, desde que estas guardem pertinência com os fatos cuja prova se pretenda oferecer. INTERPOSIÇÃO DE PESSOA. DOCUMENTOS QUE CARACTERIZAM O USO DE TERCEIRA PESSOA. Na presença de elementos de prova que demonstrem que o titular da conta movimentada serviu apenas como interposta pessoa, deve o lançamento ser feito em relação ao titular de fato dos recursos. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS A Lei n° 9.430/1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Fl. 362DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 14 Lançamento Procedente. Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 17/04/2009, conforme Termo constante às fls. 449/450, e, com ela não se conformando, o recorrente interpôs, em tempo hábil (19/05/2009), o recurso voluntário de fls. 452/500, instruído pelos documentos de fls. 501/528, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra ementada, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória. É o Relatório. Fl. 363DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 8 15 Voto Conselheiro Nelson Mallmann, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Da análise dos autos do processo se verifica que a ação fiscal em discussão teve início em razão da movimentação financeira na da conta corrente n.° 030173108, de titularidade da empresa Crowley Sistems Corp, mantida no MTBCBCHUDSON Bank de Nova York e que pela análise dos documentos bancários apurouse a omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta de depósito, mantida em instituição financeira, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, como titular de fato, não comprovou mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações já na vigência do artigo 42, da Lei 9.430, de 1996. Inconformado, em virtude de não ter logrando êxito total na instância inicial, o contribuinte apresenta a sua peça recursal a este E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais pleiteando a reforma da decisão prolatada na Primeira Instância onde, em sua defesa, apresenta a argüição de decadência do direito da Fazenda Nacional de constituir o crédito tributário relativo ao período de janeiro a agosto de 2002, suscita preliminares de nulidade do lançamento, bem como apresenta razões de mérito sobre lançamentos efetuados sobre depósitos bancários. Desta forma, a discussão neste colegiado se prende, tãosomente, a argüição de decadência, preliminares de nulidade do lançamento e, no mérito, a discussão se prende sobre o artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, que prevê a possibilidade de se efetuar lançamentos tributários por presunção de omissão de rendimentos, tendo por base os depósitos bancários de origem não comprovada. De início, cumpre apreciar a questão da preliminar de decadência, relativo ao período de 01/01/2002 a 31/08/2002, levantada pelo suplicante, sob o argumento de que o lançamento de imposto de renda das pessoas físicas é por homologação e que nos casos de omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários sem origem justificada o fato gerador é mensal. Não posso acompanhar o entendimento do suplicante quanto à data ocorrência do fato gerador, pois entendo que o mesmo é anual e a data do fato gerador será sempre o último dia do exercício questionado, qual seja, 31 de dezembro do anocalendário em questão. Assim sendo, entendo que imposto lançado (IRPF), considerando a contagem do prazo decadencial na forma mais favorável ao recorrente (sem a constatação da ocorrência do evidente intuito de fraude (multa qualificada) e considerando que houve pagamento antecipado de Imposto de Renda de Pessoa Física), não se encontrava alcançado pelo prazo Fl. 364DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 16 decadencial na data da ciência do auto de infração (31/08/2007), de acordo com as regras contidas nos artigos 150, § 4° e 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. A decadência em matéria tributária consiste na inércia das autoridades fiscais, pelo prazo de cinco anos, para efetivar a constituição do crédito tributário, tendo por início da contagem do tempo o instante em que o direito nasce. Durante o qüinqüênio, qualquer atividade por parte do fisco em relação ao tributo faz com que o prazo volte ao estado original, ou seja, no caso de um tributo cujo prazo para sua decadência esteja para ocorrer faltando um dia, e ocorrendo o lançamento por parte do fisco, não há mais que se falar em decadência. Inércia em matéria tributária é a falta de iniciativa das autoridades fiscais em tomar uma atitude para reparar a lesão sofrida. Tal inércia, dia a dia, corrói o direito de agir, até que ele se perca – é a fluência do prazo decadencial. É de se esclarecer, que os fatos geradores das obrigações tributárias são classificados como instantâneos ou complexivos. O fato gerador instantâneo, como o próprio nome revela, dá nascimento à obrigação tributária pela ocorrência de um acontecimento, sendo este suficiente por si só (imposto de renda na fonte). Em contraposição, os fatos geradores complexivos são aqueles que se completam após o transcurso de um determinado período de tempo e abrangem um conjunto de fatos e circunstâncias que, isoladamente considerados, são destituídos de capacidade para gerar a obrigação tributária exigível. Este conjunto de fatos se corporifica, depois de determinado lapso temporal, em um fato imponível. Exemplo clássico de tributo que se enquadra nesta classificação de fato gerador complexivo é o imposto de renda da pessoa física, apurado no ajuste anual. Aliás, a despeito da inovação introduzida pelo artigo 2° da Lei n° 7.713, de 1988, pelo qual se estipulou que “o imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida que os rendimentos e ganhos de capital forem recebidos”, há que se ressaltar a relevância dos arts. 24 e 29 deste mesmo diploma legal e dos arts. 12 e 13 da Lei n° 8.383, de 1991 mantiveram o regime de tributação anual (fato gerador complexivo) para as pessoas físicas. Não há dúvidas, que a base de cálculo da declaração de rendimentos abrange todos os rendimentos tributáveis recebidos durante o anocalendário diminuído das deduções pleiteadas. Não é sem razão que o § 2º do art. 2º do Decreto nº. 3.000, de 1999 – RIR/99, cuja base legal é o art. 2º da lei nº. 8.134, de 1990, dispõe que: “O imposto será devido mensalmente na medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 85”. O ajuste de que trata o artigo 85 do RIR/99 refere se à apuração anual do imposto de renda, da declaração de ajuste anual, relativamente aos rendimentos percebidos no anocalendário. Em relação ao cômputo mensal do prazo decadencial, como dito, anteriormente, é de se observar que a Lei nº. 7.713, de 1988, instituiu, com relação ao imposto de renda das pessoas físicas, a tributação mensal à medida que os rendimentos forem auferidos. Contudo, embora devido mensalmente, quando o sujeito passivo deve apurar e recolher o imposto de renda, o seu fato gerador continuou sendo anual. Durante o decorrer do ano calendário o contribuinte antecipa, mediante a retenção na fonte ou por meio de pagamentos espontâneos e obrigatórios, o imposto que será apurado em definitivo quando da apresentação da Declaração de Ajuste Anual, nos termos, especialmente, dos artigos 9º e 11 da Lei nº. 8.134, de 1990. É nessa oportunidade que o fato gerador do imposto de renda estará concluído. Por ser do tipo complexivo, segundo a classificação doutrinária, o fato gerador do imposto de renda Fl. 365DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 9 17 surge completo no último dia do exercício social. Só então o contribuinte pode realizar os devidos ajustes de sua situação de sujeito passivo, considerando os rendimentos auferidos, as despesas realizadas, as deduções legais por dependentes e outras, as antecipações feitas e, assim, realizar a Declaração de Imposto de Renda a ser submetida à homologação do Fisco. Ora, a base de cálculo da declaração de rendimentos abrange todos os rendimentos tributáveis recebidos durante o anocalendário. Desta forma, o fato gerador do imposto apurado relativamente aos rendimentos sujeitos ao ajuste anual se perfaz em 31 de dezembro de cada ano. No caso em discussão, vale a pena traçar alguns comentários acerca do denominado lançamento por homologação, previsto no art. 150, caput, do Código Tributário Nacional, no qual o contribuinte auxilia ostensivamente a Fazenda Pública na atividade do lançamento, cabendo ao fisco realizálo de modo privativo, homologandoo, conferindo a sua exatidão. Verificase, que o grau de participação do particular nesta espécie de lançamento atinge nível de suficiência capaz de compor a pretensão tributária limitandose a autoridade administrativa competente tãosomente a uma atividade de controle a posteriori do procedimento de apuração exercido. No lançamento por homologação, o direito subjetivo da Fazenda Nacional em constituir créditos tributários decai em cinco anos a contar da ocorrência do fato imponível, nos termos do art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional. A jurisprudência pacificouse no sentido de que o prazo decadencial para Fazenda Pública constituir crédito tributário no lançamento por homologação é de 5 (cinco) anos a contar da ocorrência do fato gerador, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do Código Tributário Nacional, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual, tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa. Inexistindo essa homologação expressa, ocorrerá ela no prazo de 05(cinco) anos, a contar do fato gerador do tributo. Com outras palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes posteriores. Ora, o próprio Código Tributário Nacional fixou períodos de tempo diferenciados para atividade da administração tributária. Se a regra era o lançamento por declaração, que pressupunha atividade prévia do sujeito ativo determinou o art. 173 do Código, que o prazo qüinqüenal teria início a partir “do dia primeiro do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado”, imaginando um tempo hábil para que as informações pudessem ser compulsadas e, com base nelas, a administração tributária preparasse o lançamento. Essa é a regra básica da decadência. De outra parte, sendo exceção o recolhimento antecipado, fixou o Código, também, regra excepcional de tempo para a prática dos atos da administração tributária, onde os mesmos cinco anos já não mais dependem de uma carência para o início da contagem, uma vez que não se exige a prática de atos administrativos prévios. Ocorrido o fato gerador, já nasce para o sujeito passivo à obrigação de apurar e liquidar o crédito tributário, sem qualquer participação do sujeito ativo que, de outra parte, já tem o direito de investigar a regularidade Fl. 366DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 18 dos procedimentos adotados pelo sujeito passivo a cada fato gerador, independente de qualquer informação serlhe prestada. É o que está expresso no § 4º, do artigo 150, do Código Tributário Nacional. Nesta ordem, sempre refutei nos meus votos o argumento daqueles que entendem que só pode haver homologação se houver pagamento e, por conseqüência, como o lançamento efetuado pelo fisco decorre da falta de recolhimento de imposto de renda, o procedimento fiscal não mais estaria no campo da homologação, deslocandose para a modalidade de lançamento de ofício, sempre sujeito à regra geral de decadência do art. 173 do Código Tributário Nacional. É fantasioso. Em primeiro lugar, porque não é isto que está escrito no caput do art. 150 do Código Tributário Nacional, cujo comando não pode ser sepultado na vala da conveniência interpretativa, porque, queiram ou não, o citado artigo define com todas as letras que “o lançamento por homologação (...) operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa”. O que é passível de ser ou não homologada é a atividade exercida pelo sujeito passivo, em todos os seus contornos legais, dos quais sobressaem os efeitos tributários. Limitar a atividade de homologação exclusivamente à quantia paga significa reduzir a atividade da administração tributária a um nada, ou a um procedimento de obviedade absoluta, visto que toda quantia ingressada deveria ser homologada e, a contrário sensu, não homologando o que não está pago. Em segundo lugar, mesmo que assim não fosse, é certo que a avaliação da suficiência de uma quantia recolhida implica, inexoravelmente, no exame de todos os fatos sujeitos à tributação, ou seja, o procedimento da autoridade administrativa tendente à homologação fica condicionado ao “conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, na linguagem do próprio Código Tributário Nacional”. Nos dias atuais esta discussão se tornou irrelevante já que em 21/12/2010, houve a edição da Portaria MF nº. 586, que alterou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009. Diante disso, a redação do art.62 do RICARF dispôs: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou Fl. 367DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 10 19 c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Diante disso, resta claro que os julgados proferidos pelas turmas integrantes do CARF devem se adaptar, nos casos de decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, a estes julgados. Assim sendo, a contagem do prazo decadencial é um destes temas. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça decidiu, por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº. 973.733 – SC (2007/01769940), que a contagem do prazo decadencial dos tributos ou contribuições, cujo lançamento é por homologação, deveria seguir o rito do julgamento do recurso especial representativo de controvérsia, cuja ementa é a seguinte: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Fl. 368DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 20 julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose Documento: 6162167 EMENTA / ACÓRDÃO Site certificado DJe: 18/09/2009 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Nos julgados posteriores, sobre o mesmo assunto (contagem do prazo decadencial), o Superior Tribunal de Justiça aplicou a mesma decisão acima transcrita, conforme se constata no julgado do AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº. 1.203.986 MG (2010/01395597), verbis: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO Fl. 369DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 11 21 ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. MATÉRIA DECIDIDA NO RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA N° 973.733/SC. ARTIGO 543C, DO CPC. PRESCRIÇÃO DO DIREITO DE COBRANÇA JUDICIAL PELO FISCO. PRAZO QÜINQÜENAL. TRIBUTO SUJEITO À LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. OCORRÊNCIA. 1. O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, assim estabelece em seu artigo 173: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados:I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." 2. A decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, quais sejam: (i) regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado; (ii) regra da decadência do direito de lançar nos casos em que notificado o contribuinte de medida preparatória do lançamento, em se tratando de tributos sujeitos a lançamento de ofício ou de tributos sujeitos a lançamento por homologação em que inocorre o pagamento antecipado; (iii) regra da decadência do direito de lançar nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em que há parcial pagamento da exação devida; (iv) regra da decadência do direito de lançar em que o pagamento antecipado se dá com fraude, dolo ou simulação, ocorrendo notificação do contribuinte acerca de medida preparatória; e (v) regra da decadência do direito de lançar perante anulação do lançamento anterior (In: Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3ª Ed., Max Limonad, págs. 163/210). Documento: 12878841 EMENTA / ACÓRDÃO Site certificado DJe: 24/11/2010 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça 3. A Primeira Seção, quando do julgamento do REsp 973.733/SC, sujeito ao regime dos recursos repetitivos, reafirmou o entendimento de que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício Fl. 370DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 22 seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em FALTA O JULGAMENTO AGUARDAR) 4. À luz da novel metodologia legal, publicado o acórdão do julgamento do recurso especial, submetido ao regime previsto no artigo 534C, do CPC, os demais recursos já distribuídos, fundados em idêntica controvérsia, deverão ser julgados pelo relator, nos termos do artigo 557, CPC (artigo 5º, I, da Res. STJ 8/2008). 5. In casu: (a) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (b) a obrigação ex lege de pagamento antecipado de contribuição social foi omitida pelo contribuinte concernente ao fato gerador compreendido a partir de 1995, consoante consignado pelo Tribunal a quo; (c) o prazo do fisco para lançar iniciou a partir de 01.01.1996 com término em 01.01.2001; (d) a constituição do crédito tributário pertinente ocorreu em 15.07.2004, data da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito que formalizou os créditos tributários em questão, sendo a execução ajuizada tão somente em 21.03.2005. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Agravo regimental desprovido. É de se esclarecer, que na solução dos Embargos de Declaração impetrado pela Fazenda Nacional no Recurso Especial nº. 674.497 PR (2004/01099782), houve o acolhimento em parte do embargo pelo STJ para modificar o entendimento sobre os fatos geradores ocorridos em dezembro cuja exação só poderia ser exigida a partir de janeiro do ano seguinte, verbis: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS. EXCEPCIONALIDADE. 1. Tratase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional objetivando afastar a decadência de créditos tributários referentes a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1993. 2. Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só Fl. 371DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 12 23 poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar parcial provimento ao recurso especial. O ministro Mauro Campbell Marques, relator do processo, em síntese, assim se manifestou em seu voto: Sobre o tema, a Primeira Seção desta Corte, utilizandose da sistemática prevista no art. 543C do CPC, introduzido no ordenamento jurídico pátrio por meio da Lei dos Recursos Repetitivos, ao julgar o REsp 973.733/SC, Rel Min. Luiz Fux (j. 12.8.2009), reiterou o entendimento no sentido de que, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação não declarado e inadimplido, como o caso dos autos, o Fisco dispõe de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado para a constituição do crédito tributário, nos termos do art. 173, I, do CTN. Somente nos casos em que o pagamento foi feito antecipadamente, o prazo será de cinco anos a contar do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN) (...) Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. Desta forma, para lançamentos em que não houve pagamento antecipado, é de se observar que os julgados do Superior Tribunal de Justiça firmaram posição no sentido de que o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado corresponde, de fato, ao primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Código Tributário Nacional. Por outro lado, para os lançamentos em que houve pagamento antecipado a contagem do prazo decadencial tem início na data do fato gerador da obrigação tributária discutida. O caso em questão trata de imposto de renda pessoa física, cujo lançamento é por presunção de omissão de rendimentos, por via de conseqüência o fato gerador do imposto é 31/12/2001 (ajuste anual). Fl. 372DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 24 Sob o meu ponto de vista o maior obstáculo neste tipo de interpretação dada pelo Superior Tribunal de justiça está em definir o que seria considerado “pagamento antecipado” nos futuros julgados por este tribunal Administrativo. Ora, nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o escoamento do prazo do art. 150, § 4º, sem manifestação do Fisco, significa a aquiescência implícita aos valores declarados pelo contribuinte, porque o silêncio, neste caso, é qualificado pela lei, trazendo efeitos. A única diferença de regime está consubstanciada na hipótese em que não há pagamento antecipado, que de acordo com Superior Tribunal de Justiça, se aplicaria, para efeitos de marco inicial do prazo decadencial, o art. 173, I, do Código Tributário Nacional (regra geral, que deverá ser seguido conforme a interpretação dada pelo STJ), por força do que dispõe o parágrafo único deste mesmo preceptivo. Exaurido o prazo, o Fisco não poderá manifestar qualquer intenção de cobrar os valores. Há, pois, falarse em decadência nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação. No presente caso se torna irrelevante continuar a discussão sobre qual seria o significado de “pagamento antecipado”, já que não houve recolhimento de imposto de renda pelo recorrente, como restou consignado em sua Declaração de Ajuste Anual do exercício de 2003 (fls. 240/245) e Auto de Infração (fls. 246/252). Assim sendo, no ponto de vista dos julgados do Superior Tribunal de Justiça, o termo inicial da contagem do prazo decadencial é 31/12/2002, já que o fato gerador ocorreu em 31/12/2002. Ou seja, de acordo com a linguagem do Superior Tribunal de Justiça “o termo inicial para contagem do prazo decadencial, nos casos em que não houve pagamento antecipado, é o primeiro dia do exercício seguinte a aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. O prazo fatal para a constituição do lançamento ocorreria em 31/12/2008, tendo ocorrido a ciência do lançamento em 31/08/2007, não está decadente o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário questionado. Somente para fins de argumentação, não aplicável ao presente caso, é de se dizer, que nos casos de argüição de decadência quanto restar caracterizado o evidente intuito de fraude, que não se aplica ao presente caso, já que a multa aplicada é a de ofício normal de 75%, merece transcrição à lição de SÍLVIO RODRIGUES (Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 226): Age em fraude à lei a pessoa que, para burlar princípio cogente, usa de procedimento aparentemente lícito. Ela altera deliberadamente a situação de fato em que se encontra, para fugir à incidência da norma. O sujeito se coloca simuladamente em uma situação em que a lei não o atinge, procurando livrarse de seus efeitos. A simulação consiste na "prática de ato ou negócio que esconde a real intenção" (SILVIO DE SALVO VENOSA. Direito Civil. São Paulo: Atlas, 2003, p. 467), sem necessidade de prejuízo a terceiros (2003, p. 470). A verificação do fato de determinada vontade tendente a ocultar a ocorrência do fato gerador ou encobrir suas reais dimensões, manifestada de forma efetiva na consecução distorcida das obrigações formais do contribuinte, serve como base material para a verificação da existência de dolo, fraude ou simulação. Assim, a configuração desse ilícito interessa ao direito tributário na medida em que colabora na determinação da regra da decadência aplicável ao caso concreto. Fl. 373DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 13 25 O fato jurídico da existência ou não de dolo, fraude ou simulação (parte final do art. 150, § 4º., do CTN) deve, para consecução dos objetivos estabelecidos nestes dispositivos, ser constituída na via administrativa, determinando, desse modo, a obrigatoriedade do lançamento de ofício (art. 149, VII, do CTN) ou a impossibilidade da extinção do crédito pela homologação tácita. Devese observar que a ocorrência de dolo, fraude ou simulação só é relevante nos casos de efetivo pagamento antecipado. Se não houver pagamento antecipado, seja porque o contribuinte não o efetuou, ou porque o tributo por sua natureza se sujeita ao lançamento de ofício, o dolo, a fraude e a simulação hão de ser apurados no procedimento administrativo de fiscalização realizado de ofício, não servindo como hipóteses determinantes no prazo diferenciado de decadência. Nestes casos o Código Tributário Nacional não fixa um prazo específico para operar a decadência, exigindo um esforço enorme do hermeneuta para a solução dessa questão sem deixar, no entanto, de atender, também, o princípio da segurança nas relações jurídicas, de modo que os prazos não fiquem ad eternum em aberto. Os prazos do Direito Civil são inaplicáveis por serem específicos às relações de natureza particular. A solução mais adequada e pacífica nos tribunais superiores é no sentido de se aplicar à regra do art. 173, I (exercício seguinte) para os casos do art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional (lançamento por homologação); e a regra do art. 173, parágrafo único do Código Tributário Nacional nos demais casos – lançamento não efetuado em época própria ou a partir da data da notificação de medida preparatória do lançamento pela Fazenda Pública . Embora o prejuízo a terceiro, que, no caso, é a Administração Pública, não seja requisito desses vícios, o fato é que, conforme já dito acima, não se concebe que alguém deles se utilize sem interesse econômico. Por isso, ainda que tenha havido pagamento, a existência de dolo, fraude ou simulação causa suspeita, razão pela qual o Código Tributário Nacional impede a extinção do crédito tributário no caso da ocorrência desses ilícitos. É nessa linha que autores como JOSÉ SOUTO MAIOR BORGES, mencionado por EURICO MARCOS DINIZ DI SANTI (Decadência e Prescrição no Direito Tributário. São Paulo: Max Lomonad, 2001, p. 165), assinala que ao direito tributário o que importa não é o dolo, a fraude ou a simulação, mas seu resultado. Quanto a isso, vale lembrar o que dispõe o art. 136 do Código Tributário Nacional, verbis: Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Isso, obviamente, não afasta a aplicação de eventuais sanções especificamente pelas condutas dolosas, fraudulentas ou simuladas, conforme se infere, por exemplo, da Lei Federal n.º 8.137, de 1990, e do art. 137 do próprio Código Tributário Nacional. Sem embargo da exposição feita nesse tópico, costumase apontar nessa parte final do § 4.º do art. 150 do Código Tributário Nacional uma lacuna, uma vez que não haveria Fl. 374DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 26 tratamento legal quanto ao prazo para lançar quando presente dolo, fraude ou simulação (LUCIANO AMARO. Direito Tributário Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 356; p. 394). Seguindo esse entendimento, alguns doutrinadores defendem que se deveria aplicar, por analogia, a regra do art. 173, I, do Código Tributário Nacional. Assim, por exemplo, PAULO DE BARROS CARVALHO (Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva,1996, p. 291): b) falta de recolhimento, integral ou parcial, de tributo, cometida com dolo, fraude ou simulação – o trato de tempo para a formalização da exigência e para a aplicação de penalidades é de cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado. Assim sendo e tendo em vista, que o Código Tributário Nacional, como norma complementar à Constituição, é o diploma legal que detém legitimidade para fixar o prazo decadencial para a constituição dos créditos tributários pelo Fisco e inexistindo regra específica, no tocante ao prazo decadencial aplicável aos casos de evidente intuito de fraude (fraude, dolo, simulação ou conluio) deverá ser adotada a regra geral contida no artigo 173 do Código Tributário Nacional, tendo em vista que nenhuma relação jurídicotributária poderá protelarse indefinidamente no tempo, sob pena de insegurança jurídica. Quanto às preliminares de nulidade do lançamento argüidas pelo suplicante, sob o entendimento de que tenha ocorrido ofensa aos princípios constitucionais do devido processo legal, entendendo que a autoridade lançadora feriu diversos princípios fundamentais, não devem ser acolhidas pelos motivos abaixo. Entendo, que o procedimento fiscal realizado pelos agentes do fisco foi efetuado dentro da estrita legalidade, com total observância ao Decreto n° 70.235, de 1972, que regula o Processo Administrativo Fiscal, não se vislumbrando, no caso sob análise, qualquer ato ou procedimento que tenha violado ou subvertido o princípio do devido processo legal. O princípio da verdade material tem por escopo, como a própria expressão indica, a busca da verdade real, verdadeira, e consagra, na realidade, a liberdade da prova, no sentido de que a Administração possa valerse de qualquer meio de prova que a autoridade processante ou julgadora tome conhecimento, levandoas aos autos, naturalmente, e desde que, obviamente dela dê conhecimento às partes; ao mesmo tempo em que deva reconhecer ao contribuinte o direito de juntar provas ao processo até a fase de interposição do recurso voluntário. O Decreto n.º 70.235, de 1972, em seu artigo 9º, define o auto de infração e a notificação de lançamento como instrumentos de formalização da exigência do crédito tributário, quando afirma: A exigência do crédito tributário será formalizado em auto de infração ou notificação de lançamento distinto para cada tributo. Com nova redação dada pelo art. 1º da Lei n.º 8.748, de 1993: A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar Fl. 375DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 14 27 instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. O auto de infração e a notificação de lançamento por constituírem peças básicas na sistemática processual tributária, a lei estabeleceu requisitos específicos para a sua lavratura e expedição, sendo que a sua lavratura tem por fim deixar consignado a ocorrência de uma ou mais infrações à legislação tributária, seja para o fim de apuração de um crédito fiscal, seja com o objetivo de neutralizar, no todo ou em parte, os efeitos da compensação de prejuízos a que o contribuinte tenha direito, e a falta do cumprimento de forma estabelecida em lei torna inexistente o ato, sejam os atos formais ou solenes. Se houver vício na forma, o ato pode invalidarse. Ademais, a jurisprudência é mansa e pacífica no sentido de que quando o contribuinte revela conhecer as acusações que lhe foram impostas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa impugnação, abrangendo não só as questões preliminares como também as razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. Da mesma forma, não procede à nulidade do lançamento argüida sob os argumentos de que o auto de infração não foi lavrado dentro dos parâmetros exigidos pelo art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, ou seja, erro de capitulação legal, descrição confusa dos fatos, falta de autenticidade, bem como não houve a devida descrição e capitulação da infração cometida pelo recorrente. Inicialmente, verificase que para o contribuinte foi concedido o prazo legal de 30(trinta) dias, a contar da ciência do auto de infração, para apresentar a impugnação, sendolhe assegurado vistas ao processo, bem como a extração de cópias das peças necessárias a sua defesa, caso quisesse, garantindose desta forma o contraditório e a ampla defesa. Quanto ao procedimento fiscal realizado pela agente do fisco, verificase que foi efetuado dentro da estrita legalidade, com total observância ao Decreto n° 70.235, de 1972, que regula o Processo Administrativo Fiscal, não se vislumbrando, no caso sob análise, qualquer ato ou procedimento que tenha violado ou subvertido o princípio do devido processo legal. Verificase, ainda, que o Auto de Infração às fls. 246/252, identifica por nome e CPF o autuado, esclarece que foi lavrado na Delegacia da Receita Federal do Brasil de Fiscalização em São Paulo SP, cuja ciência foi através de AR e descreve, as irregularidades praticadas e o seu enquadramento legal assinado pelo AuditorFiscal da Receita Federal, cumprindo o disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional CTN, ou seja, o ato é próprio do agente administrativo investido no cargo de AuditorFiscal. Não restam dúvidas de que o lançamento se deu em razão da constatação de depósitos bancários sem que o recorrente comprovasse a respectiva origem destes recursos. Constam dos autos diversos chamados ao sujeito passivo para que esse apresentasse as justificativas acerca das movimentações financeiras pesquisadas. O enquadramento legal e a narrativa dos fatos envolvidos permitem a perfeita compreensão do procedimento adotado, da base tributável apurada e do cálculo do imposto resultante, permitindo ao interessado o pleno exercício do seu direito de defesa. Fl. 376DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 28 Ora, o lançamento, como ato administrativo vinculado, celebrase com estrita observância dos pressupostos estabelecidos pelo art. 142 do Código Tributário Nacional CTN, cuja motivação deve estar apoiada estritamente na lei, sem a possibilidade de realização de um juízo de oportunidade e conveniência pela autoridade fiscal. O ato administrativo deve estar consubstanciado por instrumentos capazes de demonstrar, com segurança e certeza, os legítimos fundamentos reveladores da ocorrência do fato jurídico tributário. Isso tudo foi observado quando da determinação do tributo devido, através do Auto de Infração lavrado. Assim, não há como pretender premissas de nulidade do auto de infração, nas formas propostas pelo recorrente, neste processo, já que o mesmo preenche todos os requisitos legais necessários. Da análise dos autos, constatase que a autuação é plenamente válida. Fazse necessário esclarecer, que a Secretaria da Receita Federal é um órgão apolítico, destinada a prestar serviços ao Estado, na condição de Instituição e não a um Governo específico dando conta de seus trabalhos à população em geral na forma prescrita na legislação. Neste diapasão, deve agir com imparcialidade e justiça, mas, também, com absoluto rigor, buscando e exigindo o cumprimento das normas por parte daqueles que faltam com seu dever de participação. Ademais, o Processo Administrativo Fiscal Decreto n.º 70.235, de 1972 manifestase da seguinte forma: Art. 59 São nulos: I Os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II Os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Como se verifica do dispositivo legal, não ocorreu, no caso do presente processo, a nulidade. O auto de infração foi lavrado e a decisão foi proferida por funcionários ocupantes de cargo no Ministério da Fazenda, que são as pessoas, legalmente, instituídas para lavrar e para decidir sobre o lançamento. Igualmente, todos os atos e termos foram lavrados por funcionários com competência para tal. Ora, a autoridade lançadora cumpriu todos os preceitos estabelecidos na legislação em vigor e o lançamento foi efetuado com base em dados reais sobre a suplicante, conforme se constata nos autos, com perfeito embasamento legal e tipificação da infração cometida. Como se vê, não procede à situação conflitante alegada pelo recorrente, ou seja, não se verificam, por isso, os pressupostos exigidos que permitam a declaração de nulidade do Auto de Infração. Haveria possibilidade de se admitir a nulidade por falta de conteúdo ou objeto, quando o lançamento que, embora tenha sido efetuado com atenção aos requisitos de forma e às formalidades requeridas para a sua feitura, ainda assim, quer pela insuficiência na descrição dos fatos, quer pela contradição entre seus elementos, efetivamente não permitir ao sujeito passivo conhecer com nitidez a acusação que lhe é imputada, ou seja, não restou provada a materialização da hipótese de incidência e/ou o ilícito cometido. Entretanto, não é o caso em questão, pois a discussão se prende a interpretação de normas legais de regência sobre o assunto. É de se esclarecer, que os vícios formais são aqueles que não interferem no litígio propriamente dito, ou seja, correspondem a elementos cuja ausência não impede a Fl. 377DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 15 29 compreensão dos fatos que baseiam as infrações imputadas. Circunscrevemse a exigências legais para garantia da integridade do lançamento como ato de ofício, mas não pertencem ao seu conteúdo material. Por outro lado, quando a descrição defeituosa dos fatos impede a compreensão dos mesmos, e, por conseqüência, das infrações correspondentes, temse o vício material. No presente caso, houve o perfeito conhecimento dos fatos descritos e das infrações imputadas. Além disso, o Art. 60 do Decreto n.º 70.235, de 1972, prevê que as irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no art. 59 do mesmo Decreto não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. No que diz respeito ao pedido de diligência solicitada pelo relator da matéria em Primeira Instância, protestada pelo recorrente sob o argumento de que isso seria usurpação de competência e uma distorção da função julgadora, é de se dizer que, da análise da matéria, constatase que a autoridade julgadora analisando o pedido formulado reputou imprescindível a realização da diligência solicitada, tendo em vista, que entendeu que os elementos presentes nos autos eram insuficientes para a formação de convicção dos julgadores. Como visto, o autor do pedido fundamentou com rigor a solicitação da diligência, com argumentos convincentes. É de se alertar, para fato de que para um pedido de diligência seja acolhido se faz necessário que existam dúvidas em relação as peças processuais e que estas exijam a manifestação de terceiros a esclarecêlas. Ora, o Decreto n.º 72.235, de 1972, com redação dada pela Lei nº. 8.748, de 1993 Processo Administrativo Fiscal diz: Art. 16 – A impugnação mencionará: (...). IV – as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. § 1º. Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (...). Art. 18 A autoridade julgadora de Primeira Instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. § 1º. Deferido o pedido de perícia, ou determinada de ofício, sua realização, a autoridade designará servidor para, como perito da União, a ela proceder e intimará o perito do sujeito passivo a Fl. 378DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 30 realizar o exame requerido, cabendo a ambos apresentar os respectivos laudos em prazo que será fixado segundo o grau de complexidade dos trabalhos a serem executados. Como se verifica do dispositivo legal, a autoridade julgadora, que proferiu a decisão tem a competência para decidir sobre o pedido de diligência. É cristalino, que é a própria lei que atribui à autoridade julgadora de primeira instância o poder discricionário para deferir ou indeferir os pedidos de diligência ou perícia, quando prescindíveis ou impossíveis, devendo o indeferimento constar da própria decisão proferida. É de se ressaltar, que o poder discricionário para indeferir pedidos de diligência e perícia não foi concedido ao agente público para que ele disponha segundo sua conveniência pessoal, mas sim para atingir a finalidade traçada pelo ordenamento do sistema, que, em última análise, consiste em fazer aflorar a verdade material com o propósito de certificar a legitimidade do lançamento. Fica patente, portanto, que a autoridade julgadora pode determinar diligências de oficio quando entender necessárias para formar seu convencimento em direção à verdade material, conforme foi o caso na situação presente. Quanto a preliminar de ilegitimidade passiva, argüida pelo recorrente sob os argumentos de que não é crível, se pretender imputar ao recorrente a titularidade da conta mantida no exterior, apoiado, tãosomente, na frágil consideração de que foi o recorrente quem se utilizou da referida conta bancária, aplicando, desta forma, de maneira equivocada o conceito contido no § 5º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, é de se rejeitar pelos motivos abaixo. Inicialmente é de se observar, que o recorrente, por diversas vezes, foi intimado para se manifestar acerca da documentação comprobatória da titularidade da conta mantida no exterior, bem como para comprovar a origem dos recursos relativos aos depósitos bancários, em nenhum momento trazendo aos autos elementos concretos que pudessem se contrapor aos fatos apurados pela auditoria fiscal e elidir a presunção normativa. Resta claro nos autos de que a Beacon Hill Service Corporation, era empresa sediada em Nova Iorque, EUA, que atuava como preposto bancáriofinanceiro de pessoas físicas ou jurídicas, principalmente representadas por brasileiros, em agência do JP Morgan Chase Bank, administrando contas ou subcontas específicas. Foi promovido pelas autoridades norteamericanas do DHS (Department of Homeland Security) por meio de pertinente decisão judicial, o bloqueio de diversas contas correntes mantidas por brasileiros no MERCHANTS BANK de Nova Iorque, que estavam sendo investigadas sob suspeita de movimentação ilegal de recursos. Desta forma, autoridades brasileiras, após tomarem conhecimento da referida investigação, solicitaram o afastamento do sigilo bancário de 40 (quarenta) contas, entre as quais a conta n° 030173108 (denominada Crowley Systems Corp) mantida no MTBCBC HUDSON BANK, que possuía conexão com pessoas físicas e jurídicas em outros casos correlatos, e cujas autorizações judiciais foram determinadas pela corte norteamericana e pelo juízo da 2ª Vara Federal de Curitiba. Os documentos foram enviados, em mídia computacional e meio físico (papéis), por intermédio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça. A quebra do sigilo bancário de contas correntes mantidas em diversos bancos nos Estados Unidos da América, foi obtida com base no Acordo de Assistência Judiciária em Fl. 379DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 16 31 Matéria Penal entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América, Tratado de Mútua Assistência em Matéria Penal – MLTA. No presente caso, o recorrente limitase a aduzir não ser de sua titularidade a conta corrente mantida no exterior, apresentando alegações genéricas, sem se preocupar em desconstituir ou desqualificar os inúmeros documentos que embasaram a autuação, os quais atestam ser o recorrente responsável formal pela referidas contas. Deixa, ainda, de especificar e contestar os depósitos incluídos no lançamento, de maneira individualizada, mediante a apresentação de provas cabais. Compulsandose os autos, verificase que, muito embora o recorrente tenha contestado a titularidade da conta em questão, não obteve êxito em desconstituir a documentação trazida pela auditoria fiscal. De fato, há comprovação inequívoca da titularidade da conta bancária mantida no exterior, tendo sido os documentos, mediante autorização concedida pela Corte norteamericana e pelo juízo da 2ª Vara Federal de Curitiba, periciados por órgão técnico da policia federal brasileira, que expediu laudo acerca da autenticidade dos registros. O Termo de Verificação Fiscal (fls. 240/245) traz à tona exame conclusivo acerca da titularidade da conta corrente questionada, pela riqueza dos detalhes fazse necessária a sua transcrição para um melhor entendimento da situação em discussão: O fiscalizado e a Senhora Betty Assine (CPF 347.895.01809) foram objeto da Representação Fiscal n° 29/2005 (fls. 4) e são apontados de maneira inequívoca como responsáveis pela movimentação da conta n° 030173108 (denominada Crowley Systems Corp) mantida no MTBCBCHUDSON BANK (Laudo de fls. 175). Informações do fiscalizado, referentes aos anoscalendário sob exame e recuperadas dos sistemas informatizados desta Secretaria da Receita Federal do Brasil, revelam: a) Declarações de Rendimentos: apresentação tempestiva, no modelo completo, das Declarações de Ajuste Anual, fls. 212 a 219. No rol dos bens e direitos informado no quadro "Declaração de Bens e Direitos" das citadas declarações de ajuste anual, não consta qualquer indicação acerca da participação na sociedade "Crowley Systems Corp."; ademais, os rendimentos inseridos limitaramse, exclusivamente, aos isentos e não tributáveis (rendimentos financeiros e lucros distribuídos pela pessoa jurídica sediada no Brasil, a "A&A Fashion Comercial LtdaME"); b) Movimentação financeira efetuada na conta de bancária n° 030173108, denominada CROWLEY SYSTEMS CORP., mantida no MTBCBCHUDSON BANK de Nova lorque/NY, explicitada, com referência aos crédito, no Demonstrativo de Apuração de Créditos Bancários de fls. 191 a 203; (...). Fl. 380DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 32 Para buscar a oitiva da outra responsável pela movimentação financeira, a Senhora Betty Assine (CPF 347.895.01809), mediante determinação objeto do MPFF n° 08.1.90.002007 014030, foi, também, instaurado procedimento de fiscalização. Interpelada, por meio do Termo de Inicio de Ação Fiscal (lavrada em 13/06/07 e ciência registrada em 18/06/2007), acerca da origem dos mesmos recursos movimentados, a intimada limitouse a apresentar os mesmos argumentos (cópias às fls. 236 a 239). Preliminarmente, reconhecemos os arrazoamentos apresentados para informar que, nesta fase investigatória do procedimento fiscal, onde se busca verificar o cumprimento das obrigações tributárias do fiscalizado, não há que se cogitar em vistas dos autos e, muito menos, na ocorrência de cerceamento ao direito de defesa, visto que, quando do encerramento desta fase, todos os elementos de prova utilizados na formalização de exigência do crédito tributário serão carreados ao processo; ocasião em que será facultado ao fiscalizado, após regulamente cientificado do seu resultado, "ter vistas" aos autos durante o prazo de impugnação da exigência. Quanto à solicitação de prazo adicional não podemos concedêlo em vista de não haver razão para tanto, uma vez que o prazo concedido é o previsto na legislação de regência. As aludidas informações de movimentação financeira foram disponibilizadas por meio de processo regular e, em especial, são suportadas por Laudos Periciais e Representações Fiscais, sendo ainda documentada por cópias autenticadas pelo Consulado Geral do Brasil em Nova York, entre as quais destacamse as de fls. 31, 32, 38, 41, 43, 46, 47, 48; não poderá, portanto, o fisco ignorar tais informações e documentos obtidos pela Policia Federal. Não foram contrapostas, valem como verdadeiras. No resguardo dos interesses da Fazenda Nacional, diante do acima relatado, dos documentos disponibilizados a esta auditoria, das informações contidas nas Declarações de Ajuste Anual e das informações prestadas pelo fiscalizado no curso desta ação fiscal, que em nenhum momento negou a sua participação, na movimentação financeira, a consideramos o fiscalizado e a Senhora Betty Assine como responsáveis pela movimentação e efetivos titulares da conta n° 030173108, denominada CROWLEY SYSTEMS CORP., mantida no MTB CBCHUDSON BANK, tendo sempre em mente o preceito legal exarado pelo artigo 845 do RIR/99 visàvis a falta de esclarecimentos por parte do fiscalizado, não restando à esta fiscalização outra alternativa exceto o lançamento de oficio. Da mesma forma, com a devida vênia do Relator da matéria em Primeira Instância, AuditorFiscal Mauro José Silva, permitome adotar os seus argumentos de voto, as quais transcrevo do voto condutor do aresto questionado, nesta segunda instância administrativa, para melhor fundamentar as razões deste meu voto: Como relatado, o impugnante entende ser inaceitável a aplicação do § 5° do art. 42 da Lei 9.430/96 ao caso, pois, segundo argumentou, o único e exclusivo fundamento para adoção de tal medida foi o fato de o impugnante ser sócio da Fl. 381DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 17 33 pessoa jurídica Crowley Sistems; e que quanto à desconsideração da personalidade jurídica da empresa e a transferência de sua responsabilidade tributária ao sócio, entende que isso exigiria a comprovação da presença das condições autorizadoras previstas nos arts. 134 e 135 do CTN. O raciocínio do impugnante está equivocado na medida em que não se cogitou de crédito tributário da empresa para o qual é atribuída responsabilidade ao sócio, como seria o caso da aplicação dos arts. 134 e 135. A questão fática em destaque era a titularidade de fato da conta corrente movimentada no exterior, pois o §5° do art. 42 da Lei 9.430/96 prevê que "quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento". Assim, não tratamos de obrigação tributária atribuída à empresa na qual a responsabilidade sobre o respectivo crédito tributário é transferida ao sócio. No caso presente, portanto, a obrigação tributária já nasce em nome do titular de fato da movimentação financeira, sem se cogitar de alguma hipótese de responsabilidade tributária. Nessa esteira, podemos afastar também os argumentos do impugnante que exigiam que fosse primeiro apurado o resultado da empresa para depois atribuir responsabilidade ao sócio. Como dissemos, não tratamos aqui de um caso que envolve responsabilidade tributária, pois a sujeição passiva que está em destaque é a do contribuinte, ou seja, daquele que mantinha relação pessoal e direta com o fato gerador: o efetivo titular da conta corrente. Ainda sobre a aplicação do §5° do art. 42 da Lei 9.430/96, o impugnante alegou que a imputação ao sócio de obrigação tributária relativa à pessoa jurídica somente poderia ocorrer por meio da desconsideração da personalidade jurídica da empresa por respeito ao princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica. Entendemos que não seria necessário desconsiderar a personalidade jurídica da empresa, pois afinal não se pode desconsiderar o que nunca foi considerado. Em outras palavras, a pessoa jurídica nunca participou dos negócios figurando exatamente como interposta pessoa, conforme demonstram os documentos de fls. 342, 347/348, 356, 360, 365, 370/371,375 e 383. Várias pessoas que constam como remetentes de recursos para a conta supostamente da empresa Crowley no exterior declararam que jamais realizaram qualquer negócio jurídico com a referida empresa. Se por um lado, entre os documentos de fls. 191/203 há provas de que os declarantes intimados remeteram recursos para uma conta no exterior, de outro lado, afirmaram que estes não realizaram negócios com a empresa Crowley. Desse modo, o que os documentos de fls. 191/203 juntamente com aqueles de fls. 342, 347/348 365, 370/371,375 e 383 comprovam é que as remessas jamais foram feitas para a empresa, sim para o impugnante que era o proprietário desta. Fl. 382DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 34 (...). Conforme já revelado, com as declarações obtidas de algumas pessoas que enviaram recursos para a conta do impugnante ficou evidenciado que este tentou utilizar a empresa Crowley como um manto protetor para suas operações, contando que a situação de empresa constituída e sediada no exterior representasse obstáculo intransponível para o Fisco brasileiro alcançar as omissões de rendimentos que perpetrava. Nesse sentido, parecenos que a intenção do impugnante já havia sido antevista por Washington de Barros Monteiro quando o respeitado autor tratava de um caso de simulação por interposição de pessoa e afirmou: "o intuito do declarante é o de inculcar a existência de um titular de direito, mencionado na declaração, ao qual, todavia, nenhum direito se outorga ou se transfere, servindo seu nome exclusivamente para encobrir o da pessoa a quem de fato se quer outorgar ou transferir o direito de que se trata". Como visto, a fiscalização reuniu vários fatos documentados neste processo que levam à conclusão de que os recursos movimentados na conta bancária questionada pertencem, na verdade, ao seu titular de fato e de direito. Observase, que o contribuinte nem na fase de impugnação e nem na fase recursal, anexou algum documento comprobatório que pudesse desfazer o observado pela autoridade lançadora. Ora, não há que se falar em ilegitimidade passiva por falta de provas acerca da titularidade da conta no exterior, quando consta dos autos conjunto probatório fornecido pelo próprio agente bancário estrangeiro, analisado pelas autoridades americanas e brasileiras e periciado por órgão técnico da Polícia Federal brasileira, emitindose inclusive laudo atestando a autenticidade dos registros. Assim, incabível a alegação de ilegitimidade passiva quando ficar comprovado nos autos o uso de conta bancária em nome de terceiros para movimentação de valores tributáveis. Situação que torna lícito o lançamento sobre o verdadeiro sujeito passivo. Resta claro na legislação de regência (§ 5º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996), que quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem à terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. Assim sendo, entendo que está correta eleição do sujeito passivo, tendo em vista que Jacques Assine e Betty Assine foram os responsáveis pela administração da conta corrente em questão, praticando as transações levantadas e não houve, por parte do interessado, a apresentação de documentação hábil e idônea que comprovasse o fato, só restam meras alegações, que por si só, não tem o condão de modificar o sujeito passivo da obrigação tributária. Da mesma forma, não pode prosperar a preliminar de nulidade do lançamento pelo fato da autoridade lançadora terse utilizado das informações bancárias transferidas para o fisco, já que de acordo com a legislação de regência todos os órgãos da Administração Pública Federal, Estadual e Municipal, bem como entidades autárquicas, paraestatais e de economia mista são obrigados a auxiliar a fiscalização, prestando informações e esclarecimentos que lhe forem solicitados, cumprindo ou fazendo cumprir as disposições de regência, conforme o previsto no artigo 125 do Decretolei nº 5.844, de 1943 e artigo 2º do Decretolei nº 1.718, de Fl. 383DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 18 35 1979. No mesmo sentido está as transferências de dados realizados pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário. Ora, resta claro nos autos que o presente lançamento decorre do procedimento de uma operação mais abrangente desencadeada por autoridades públicas nacionais, no combate à transferência ilícita de recursos ao e do exterior, e aos crimes correlacionados, destacandose o crime de lavagem de dinheiro. Tratase da denominada CPMI do Banestado, que foi amplamente divulgada pela mídia nacional, e que envolveu trabalhos da Receita Federal, do BACEN e da COAF, com estreita colaboração de autoridades estrangeiras. A investigação conduzida pelo Departamento da Polícia Federal verificou que empresas sediadas em Nova York, Estados Unidos da América, representavam “doleiros” brasileiros e/ou empresas "off shore " com participação de brasileiros e atuavam como preposto bancáriofinanceiro de pessoas físicas ou jurídicas, dentre as quais encontraramse diversos contribuintes brasileiros que enviaram e/ou movimentaram divisas no exterior à revelia do sistema financeiro nacional, ordenando, remetendo ou se beneficiando de recursos em divisas estrangeiras. Como já foi dito, no curso das investigações houve o afastamento do sigilo bancário da empresa ‘Beacon Hill Service Corporation’ que atuava como preposto bancário financeiro de pessoas físicas ou jurídicas e utilizavase de contas/subcontas mantidas no ‘JP Morgan Chase Bank’. A Promotoria do Distrito de Nova Iorque apresentou as mídias eletrônicas e documentos contendo dados financeiros da empresa Beacon Hill. De posse dessa documentação, o Departamento de Polícia Federal emitiu Laudos Periciais (nºs 1258/04 e 1300/04 — Instituto Nacional de Criminalística), a fim de trazer elementos de provas necessários a subsidiar os esclarecimentos dos fatos relativos às movimentações financeiras. Os dados obtidos no afastamento de sigilo e na investigação criminal foram transferidos a Secretaria da Receita Federal conforme decisões judiciais. Durante o transcorrer de todo esse conjunto de fatos uma série de provas foram amealhadas e algumas delas foram utilizadas no presente processo e são combatidas pelo impugnante por se tratarem de provas emprestadas. Ora, não existe vedação na legislação reguladora do processo administrativo à utilização de provas colhidas em outro processo ou por outra autoridade administrativa, fiscal ou judicial, desde que sejam legais e moralmente legítimas. O que o recorrente intitula como sendo de "prova emprestada" é representado pelo Laudo 2.149/2005, fls. 395/411, que tem em seu conteúdo informações suficientes para amparar o lançamento, como no caso dos autos, não exige qualquer manifestação da Administração Fazendária. A informação existe por si só no documento e se, por ventura, o recorrente discorda de seu conteúdo, pode esforçarse para demonstrar que não corresponde à realidade dos fatos. Quanto à alegação de invalidade do Laudo por falta de assinatura dos responsáveis por sua confecção, como já se manifestou a autoridade julgadora de Primeira Instância “ temos que a cópia assinada, fls. 395/411, obtida como resultado da diligência de oficio, sanou qualquer possível irregularidade quanto a esse aspecto, mormente quando, no caso presente, após a juntada da cópia assinada foi oferecida nova oportunidade para o interessado contraditar o conteúdo do documento, o que, ao tempo que prestigiou o princípio Fl. 384DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 36 do contraditório e da ampla defesa, afastou qualquer possível ofensa à boafé, à moralidade administrativa ou à eficiência”. Com todas as vênias necessárias, não há exigência legal para qualquer validação de provas antes de serem usadas no processo administrativo fiscal. O que é exigido é que as provas sejam submetidas ao crivo do contraditório. Entendo, que o direito à privacidade não é ilimitado, tendo em vista o princípio da convivência de liberdades. Assim, não se pode, sob o manto da privacidade, pretender acobertar indistintamente qualquer irregularidade que seja objeto de apuração pelo fisco. Fazse necessário esclarecer, que o processo administrativo fiscal busca, entre outros, a verdade material dos fatos. Assim sendo, é dever da autoridade lançadora utilizarse de todas as provas e circunstâncias de que tenha conhecimento, na busca dessa verdade. O interesse substancial do Estado é o interesse de justiça, e não o interesse formal ou financeiro. Tendo por fim a justiça, no procedimento há que se desenrolar uma atividade de colaboração na descoberta da verdade. Assim sendo, os órgãos da Secretaria da Receita Federal e os órgãos correspondentes dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, bem como os órgãos administrativos e judiciais permutarão entre si, mediante convênio ou pela forma que for estabelecida, as informações fiscais de interesse recíproco. A prova emprestada deverá ser examinada em si mesma, pois em certos casos, devem servir como indicador da irregularidade e não como fato incontestável, sujeito à incidência do imposto na esfera federal. O fato de a fiscalização valerse de informações colhidas por outras autoridades fiscais, administrativas ou judiciais para efeito de lançamento, desde que estas guardem pertinência com os fatos cuja prova se pretenda oferecer, por si só, não implica em nulidade do lançamento, mormente se a autoridade lançadora se aprofundou nas investigações com vistas a caracterizar, adequadamente, a matéria tributável. No mérito, através de sua peça recursal, o suplicante solicita o provimento ao seu recurso, alegando, em síntese, que os depósitos foram realizados em nome da pessoa jurídica da qual é sócio. Entende, ainda, que o lançamento não tem sustentação legal por ter sido realizado exclusivamente sobre depósitos bancários e não restou comprovado os sinais exteriores de riqueza. Ao contrário do pretendido pela defesa, o legislador federal pela redação do inciso XXI, do artigo 88, da Lei nº 9.430, de 1996, excluiu expressamente da ordem jurídica o § 5º do artigo 6º, da Lei nº 8.021, de 1990, até porque o artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, não deu nova redação ao referido parágrafo, bem como soterrou de vez o malfadado artigo 9° do Decretolei n° 2.471, de 1988. Desta forma, a partir dos fatos geradores de 01/01/97, quando se tratar de lançamentos tendo por base valores constantes em extratos bancários, não há como se falar em Lei nº 8.021, de 1990, ou Decretolei n° 2.471, de 1988, já que os mesmos não produzem mais seus efeitos legais. É notório, que no passado os lançamentos de crédito tributário baseado exclusivamente em cheques emitidos, depósitos bancários e/ou de extratos bancários, sempre tiveram sérias restrições, seja na esfera administrativa, seja no judiciário. Para por um fim nestas discussões o legislador introduziu o artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, caracterizando como omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantido junto à instituição financeira, em relação as quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos Fl. 385DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 19 37 recursos utilizados nessas operações, estipulando limites de valores para a sua aplicação, ou seja, estipulou que não devem ser considerados créditos de valor individual igual ou inferior a doze mil reais, desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de oitenta mil reais. Apesar das restrições, no passado, com relação aos lançamentos de crédito tributário baseado exclusivamente em depósitos bancários (extratos bancários), como já exposto no item inicial deste voto, não posso deixar de concordar com a decisão singular, que a partir do ano de 1997, com o advento da Lei n. 9.430, de 1996, existe o permissivo legal para tributação de depósitos bancários não justificados como se “omissão de rendimentos” fossem. Como se vê, a lei instituiu uma presunção legal de omissão de rendimentos. É conclusivo que no nosso sistema tributário tem o princípio da legalidade como elemento fundamental para que flore o fato gerador de uma obrigação tributária. Ou seja, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Seria por demais mencionar, que a Lei Complementar não pode ser conflitada ou contraditada por legislação ordinária. E que, ante o princípio da reserva legal (CTN, art. 97), e o pressuposto da estrita legalidade, ínsito em qualquer processo de determinação e exigência de crédito tributário em favor da Fazenda Nacional, insustentável o procedimento administrativo que, ao arrepio do objetivo, finalidade e alcance de dispositivo legal, imponha ou venha impor exação. Assim, o fornecimento e manutenção da segurança jurídica pelo Estado de Direito no campo dos tributos assume posição fundamental, razão pela qual o princípio da Legalidade se configura como uma reserva absoluta de lei, de modo que para efeitos de criação ou majoração de tributo é indispensável que a lei tributária exista e encerre todos os elementos da obrigação tributária. À Administração Tributária está reservado pela lei o direito de questionar a matéria, mediante processo regular, mas sem sobra de dúvida deve se atrelar à lei existente. Com efeito, a convergência do fato imponível à hipótese de incidência descrita em lei deve ser analisada à luz dos princípios da legalidade e da tipicidade cerrada, que demandam interpretação estrita. Da combinação de ambos os princípios, resulta que os fatos erigidos, em tese, como suporte de obrigações tributárias, somente, se irradiam sobre as situações concretas ocorridas no universo dos fenômenos, quando vierem descritos em lei e corresponderem estritamente a esta descrição. Como a obrigação tributária é uma obrigação ex lege, e como não há lugar para atividade discricionária ou arbitrária da administração que está vinculada à lei, devese sempre procurar a verdade real à cerca da imputação, desde que a obrigação tributária esteja prevista em lei. Não basta a probabilidade da existência de um fato para dizerse haver ou não haver obrigação tributária. Neste aspecto, apesar das intermináveis discussões, não pode prosperar, na íntegra, os argumentos do recorrente, já que, a princípio, o ônus da prova em contrário é da defesa, sendo a legislação de regência cristalina, conforme o transcrito abaixo: Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Fl. 386DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 38 Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I – os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II – no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. Lei n.º 9.481, de 13 de agosto de 1997: Art. 4° Os valores a que se refere o inciso II do § 3° do art. 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passam a ser R$ 12.000,00 (doze mil reais) e R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), respectivamente. Lei n.º 10.637, de 30 de dezembro de 2002: Art. 58. O art. 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 5° e 6°: Art. 42. (...) § 5° Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem à terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 6° Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de Fl. 387DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 20 39 informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titular. Instrução Normativa SRF nº 246, 20 de novembro de 2002: Dispõe sobre a tributação dos valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira em relação aos quais o contribuinte pessoa física, regularmente intimado, não comprove a origem dos recursos. Art. 1º Considerase omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, cuja origem dos recursos o contribuinte, regularmente intimado, não comprove mediante documentação hábil e idônea. § 1º Quando comprovado que os valores creditados em conta de depósito ou de investimento pertencem à terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos é efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 2º Caracterizada a omissão de rendimentos decorrente de créditos em conta de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos dos titulares tenha sido apresentada em separado, o valor dos rendimentos é imputado a cada titular mediante divisão do total dos rendimentos pela quantidade de titulares. Art. 2º Os rendimentos omitidos serão considerados recebidos no mês em que for efetuado o crédito pela instituição financeira. Art. 3º Para efeito de determinação dos rendimentos omitidos, os créditos serão analisados individualizadamente. § 1º Para efeito de determinação do valor dos rendimentos omitidos, não será considerado o crédito de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o somatório desses créditos não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), dentro do anocalendário. § 2º Os créditos decorrentes de transferência entre contas de mesmo titular não serão considerados para efeito de determinação dos rendimentos omitidos. Da interpretação dos dispositivos legais acima transcritos podemos afirmar, que para a determinação da omissão de rendimentos na pessoa física, a fiscalização deverá proceder a uma análise preliminar dos valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, onde devem ser observados os seguintes critérios/formalidades: Fl. 388DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 40 I – não serão considerados os créditos em conta de depósito ou investimento decorrentes de transferências de outras contas de titularidade da própria pessoa física sob fiscalização; II – os créditos serão analisados individualizadamente, ou seja, a análise dos créditos deverá ser procedida de forma individual (um por um); III – nesta análise não serão considerados os créditos de valor igual ou inferior a doze mil reais, desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de oitenta mil reais (com a exclusão das transferências entre contas do mesmo titular); IV – todos os créditos de valor superior a doze mil reais integrarão a análise individual, exceto os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física fiscalizada; V – no caso de contas em conjunto cuja declaração de rendimentos tenham sido apresentadas em separado, os lançamentos de constituição de créditos tributários efetuados a partir da entrada em vigor da Lei n° 10.637, de 2002, ou seja, a partir 31/12/02, deverão obedecer ao critério de divisão do total da omissão de rendimentos apurada pela quantidade de titulares, sendo que todos os titulares deverão ser intimados para prestarem esclarecimentos; VI – quando comprovado que os valores creditados em conta de depósito ou de investimento pertencem à terceiro evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos é efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento; VII – os rendimentos omitidos, de origem não comprovada, serão apurados no mês em que forem recebidos e estarão sujeitos, com multa de ofício, na declaração de ajuste anual, conforme tabela progressiva vigente à época. Podese concluir, ainda, que: I na pessoa jurídica os créditos serão analisados de forma individual, com exclusão apenas dos valores relativos a transferências entre as suas próprias contas bancárias, não sendo aplicável o limite individual de crédito igual ou inferior a doze mil reais e oitenta mil reais no anocalendário; II – caracteriza omissão de receita ou rendimento, desde que obedecidos os critérios acima relacionados, todos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, em relação aos quais a pessoa física ou jurídica, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações, desde que regularmente intimada a prestar esclarecimentos e comprovações; III – na pessoa física a única hipótese de anistia de valores é a existência de créditos não comprovados que individualmente não sejam superiores a doze mil reais, limitado ao somatório, dentro do anocalendário, a oitenta mil reais; IV – na hipótese de créditos que individualmente superem o limite de doze mil reais, sem a devida comprovação da origem, ou seja, sem a comprovação, mediante apresentação de documentação hábil e idônea que estes créditos (recursos) tem origem em rendimentos já tributados, não tributáveis ou que estão sujeitos a normas específicas de tributação, cabe a constituição de crédito tributário como se omissão de rendimentos fossem, desde que regularmente intimado a prestar esclarecimentos e comprovações; Fl. 389DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 21 41 V – na hipótese de créditos não comprovados que individualmente não superem o limite de doze mil reais, entretanto, estes créditos superam, dentro do ano calendário, o limite de oitenta mil reais, todos os créditos sem a devida comprovação da origem, ou seja, sem a comprovação, mediante apresentação de documentação hábil e idônea que estes créditos (recursos) tem origem em rendimentos já tributados, não tributáveis ou que estão sujeitos a normas específicas de tributação, cabe a constituição de crédito tributário como se omissão de rendimentos fossem, desde que regularmente intimado a prestar esclarecimentos e comprovações; VI os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específica previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos; VII para efeito de determinação do valor dos rendimentos omitidos, não será considerado o crédito de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00, desde que o somatório desses créditos não comprovados não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00, dentro do anocalendário. Como se vê, nos dispositivos legais retromencionados, o legislador estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos. Não logrando o titular comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, temse a autorização legal para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, para presumir que os recursos depositados traduzem rendimentos do contribuinte. É evidente que nestes casos existe a inversão do ônus da prova, característica das presunções legais o contribuinte é quem deve demonstrar que o numerário creditado não é renda tributável. É incontroverso, que é função do fisco, entre outras, comprovar o crédito dos valores em contas de depósito ou de investimento, examinar a correspondente declaração de rendimentos e intimar o titular da conta bancária a apresentar os documentos/informações/esclarecimentos, com vistas à verificação da ocorrência de omissão de rendimentos de que trata o artigo 42 da lei nº 9.430, de 1996. Contudo, a comprovação da origem dos recursos utilizados nessas operações é obrigação do contribuinte. Não comprovada a origem dos recursos, tem a autoridade fiscal o poder/dever de considerar os valores depositados como rendimentos tributáveis e omitidos na declaração de ajuste anual, efetuando o lançamento do imposto correspondente. Nem poderia ser de outro modo, ante a vinculação legal decorrente do Princípio da Legalidade que rege a Administração Pública, cabendo ao agente, tãosomente, a inquestionável observância da legislação. Por outro lado, também é verdadeiro, como visto anteriormente, que dos valores constantes dos extratos bancários do contribuinte, devem ser excluídos os valores dos depósitos decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física, os referentes a proventos, resgates de aplicações financeiras, estornos, cheques devolvidos, empréstimos bancários etc., e ainda os depósitos de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00, desde que o somatório dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00. Por fim, após efetuar a conciliação bancária e constatada a possibilidade de tributação com base nos depósitos/créditos, em virtude de se verificar que o somatório anual dos depósitos realizados em todas as contas bancárias mantidas pelo contribuinte é superior a Fl. 390DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 42 R$ 80.000,00, ou que o contribuinte teve depósitos em valor superior a R$ 12.000,00, deve o contribuinte ser intimado para comprovar a origem dos recursos utilizados nas operações. Esta comprovação deverá ser feita com documentação hábil e idônea, devendo ser indicada à origem de cada depósito individualmente, não servindo, a princípio, como comprovação de origem de depósito os rendimentos anteriormente auferidos ou já tributados, se não for comprovada a vinculação da percepção dos rendimentos com os depósitos realizados. Assim, os valores cuja origem não houver sido comprovada serão oferecidos à tributação, submetendose aos limites individual e anual para os depósitos, como omissão de rendimentos, utilizandose a tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela Instituição Financeira. Não há dúvidas, que na presunção de omissão de rendimentos de que trata o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, o sujeito passivo é o titular da conta bancária que, regularmente intimado, não comprove a origem dos depósitos bancários. Assim sendo, resta claro de que o legislador atribuiu ao titular da disponibilidade financeira, e não à Administração Tributária, o ônus de identificar os negócios jurídicos que proporcionaram os depósitos. Não poderia ser mais ponderado. Afinal, é ele, contribuinte, que participa diretamente do negócio, o qual, na quase totalidade dos casos, se exterioriza pela produção de um instrumento formal que se constitui em prova documental da sua realização (recibo, contrato, escritura, nota fiscal, etc.). Em suma, a norma estabeleceu a obrigatoriedade de o contribuinte manter documentação probatória da origem dos valores que deposita em sua conta bancária. Fazse necessário reforçar, que a presunção criada pelo art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, é uma presunção relativa passível de prova em contrário. Ou seja, está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do contribuinte, em instituições bancárias. A simples prova em contrário, ônus que cabe ao contribuinte, faz desaparecer a presunção de omissão de rendimentos. Por outro lado, a falta de justificação faz nascer à obrigação do contribuinte para com a Fazenda Nacional de pagar o tributo com os devidos acréscimos previstos na legislação de regência, já que a principal obrigação em matéria tributária é o recolhimento do valor correspondente ao tributo na data aprazada. A falta de recolhimento no vencimento acarreta em novas obrigações de juros e multa que se convertem também em obrigação principal. Assim, desde que o procedimento fiscal esteja lastreado nas condições imposta pelo permissivo legal, entendo que seja do recorrente o ônus de provar a origem dos recursos depositados em sua conta corrente. Ou seja, de provar que há depósitos, devidamente especificados, que representam ou não aquisição de disponibilidade financeira tributável ou não tributável, ou que já foi tributado. Desta forma, para que se proceda à exclusão da base de cálculo de algum valor considerado, indevidamente, pela fiscalização, se faz necessário que o contribuinte apresente elemento probatório que seja hábil e idôneo para comprovar a origem do valor depositado (créditos), independentemente, se tratar rendimentos tributáveis ou não. Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributações específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. É evidente, que depósitos bancários de origem não comprovada se traduzem em renda presumida, por presunção legal “júris tantum”. Isto é, ante o fato material constatado, qual seja depósitos/créditos em conta bancária, sobre os quais o contribuinte, devidamente Fl. 391DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 22 43 intimado, não apresentou comprovação de origem, a legislação ordinária autoriza a presunção de renda relativamente a tais valores (Lei n° 9.430, de 1996, art. 42). Indiscutivelmente, esta presunção em favor do fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação da origem dos recursos questionados. Pelo exame dos autos verificase que o recorrente, embora intimado a comprovar, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em suas contas bancárias, não conseguiu equacionar, de forma razoável, todos depósitos questionados com os pretensos valores recebidos e é isso que importa, justificar a origem dos depósitos de forma individualizada, coincidentes em datas e valores. Não há dúvidas, que a Lei nº 9.430, de 1996, definiu, portanto, que os depósitos bancários, de origem não comprovada, efetuados a partir do anocalendário de 1997, caracteriza omissão de rendimentos e não meros indícios de omissão, estando, por conseguinte, sujeito à tributação pelo Imposto de Renda nos termos do art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.713, de 1988. Ora, no presente processo, a constituição do crédito tributário decorreu em face do contribuinte não ter provado com documentação hábil ou idônea a origem dos recursos que dariam respaldo aos referidos depósitos/créditos, dando ensejo à omissão de receita ou rendimento (Lei nº 9.430/1996, art. 42) e, refletindo, conseqüentemente, na lavratura do instrumento de autuação em causa. Ademais, à luz da Lei nº 9.430, de 1996, cabe ao suplicante, demonstrar o nexo causal entre os depósitos existentes e o benefício que tais créditos tenham lhe trazido, pois somente ele pode discriminar que recursos já foram tributados e quais se derivam de meras transferências entre contas. Em outras palavras, como destacado nas citadas leis, cabe a ele comprovar a origem de tais depósitos bancários de forma tão substancial quanto o é a presunção legal autorizadora do lançamento. Além do mais, é cristalino na legislação de regência (§ 3º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996), a necessidade de identificação individualizada dos depósitos, sendo necessário coincidir valor, data e até mesmo depositante, com os respectivos documentos probantes, não podendo ser tratadas de forma genérica e nem por médias. A legislação é bastante clara, quando determina que a pessoa física está obrigada a guardar os documentos das operações ocorridas ao logo do anocalendário, até que se expire o direito de a Fazenda Nacional realizar ações fiscais relativas ao período, ou seja, até que ocorra a decadência do direito de lançar, significando com isto dizer que o contribuinte tem que ter um mínimo de controle de suas transações, para possíveis futuras solicitações de comprovação, ainda mais em se tratando de depósitos de quantias vultosas. Nos autos ficou evidenciado, através de indícios e provas, que o suplicante recebeu os valores questionados neste auto de infração. Sendo, que, neste caso, está clara a existência de indícios de omissão de rendimentos, situação que se inverte o ônus da prova do fisco para o sujeito passivo. Isto é, ao invés de a Fazenda Pública ter de provar que a recorrente possuía fontes de recursos para receber estes valores ou que os valores são outros, já que a base arbitrada não corresponderia ao valor real recebido, competirá a suplicante produzir a prova da improcedência da presunção, ou seja, que os valores recebidos estão lastreados em documentos hábeis e idôneos, coincidentes em datas e valores. Fl. 392DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 44 A presunção legal júris tantum inverte o ônus da prova. Neste caso, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimento (fato jurídico tributário), nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil. Cabe ao contribuinte provar que o fato presumido não existiu na situação concreta. Não tenho dúvidas, que o efeito da presunção “júris tantum” é de inversão do ônus da prova. Portanto, cabia ao sujeito passivo, se o quisesse, apresentar provas de origem de tais rendimentos presumidos. Oportunidade que lhe foi proporcionado tanto durante o procedimento administrativo, através de intimação, como na impugnação, quer na fase ora recursal. Nada foi acostado que afastasse a totalidade da presunção legal autorizada. É transparente que o artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, definiu que os depósitos bancários, de origem não comprovada, caracterizam omissão de rendimentos e não meros indícios de omissão, razão pela qual não há que se estabelecer o nexo causal entre cada depósito e o fato que represente omissão de receita, ou mesmo restringir a hipótese fática à ocorrência de variação patrimonial ou a indícios de sinais exteriores de riqueza, como previa a Lei nº 8.021, de 1990. Tendo em vista a mais renomada doutrina, assim como dominante jurisprudência administrativa e judicial a respeito da questão vêse que o processo fiscal tem por finalidade garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fato gerador e a constituição do crédito tributário, devendo o julgador pesquisar exaustivamente se, de fato, ocorreu à hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso de recurso do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independentemente até mesmo do que foi alegado. Por outro lado, a legislação determina, ainda, que os valores cuja origem houver sido identificada e/ou comprovada e que não foi adicionada na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, deverão se submeter às normas de tributação especifica. Ou seja, é incabível o lançamento tributário tendo por base de cálculo depósitos bancários, na pessoa física do titular de conta bancária, quando restar identificado, através de documentação anexada aos autos, as pessoas físicas e jurídicas depositantes dos valores questionados. Os valores assim apurados, quando for o caso, submeterseão às normas de tributação específica prevista na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. Registrese, que o contribuinte não trouxe elementos para justificar os créditos na forma estabelecida no § 3° do art. 42, antes colacionado, assim, não prospera a sua pretensão de justificar de forma global os valores que pela autoridade lançadora foram considerados como omitidos, tomando como base alegações de forma global sem um sinal de que os fatos assim ocorreram. O que não se pode, a meu ver e com a devida vênia, é se eleger como sujeito passivo, principalmente para fins de gozar de tributação minorada pelo imposto de renda, tudo o que, “lato sensu”, todo o contribuinte entenda ser conveniente para si e quando estiver com vontade de fazêlo. As ações praticadas pelos contribuintes para ocultar sua real capacidade econômica, e assim se beneficiar indevidamente de algum tratamento diferenciado, deve merecer sempre a ação saneadora contrária, por parte da autoridade fiscal, em defesa até dos legítimos beneficiários daquele tratamento. Na perquirição do fato de relevância econômica capaz de caracterizar a ocorrência do fato gerador do tributo, a ação fiscal jamais se deterá na superficialidade dos Fl. 393DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 23 45 aspectos formais dos atos, fatos e negócios jurídicos dos contribuintes, aceitandoos como eles se apresentam e sem poder investigar o que realmente aconteceu. Muito pelo contrário, a função precípua do Fisco é a de examinar a essência e a natureza dos fatos e dos negócios jurídicos, nada se importando com a nomenclatura que os contribuintes lhes tenham emprestado. Assim, não pode o contribuinte usar em sua defesa o fato de ter criado em sua vida tributária uma situação indefinida para beneficiarse do princípio do in dublio pro reo, situação esta derivada da prática de ato contrário ao ordenamento jurídico. Eis que a confusão patrimonial, consistente na “mistura” dos recursos de pessoas jurídicas e da pessoa física, é situação condenada pelo direito pátrio, consoante artigo 50 do Código Civil, e constitui abuso da personalidade jurídica. Os fatos devem ser devidamente comprovados de forma coerente e com meios de prova idôneos, que não deixe margem à dúvida quanto à consistência das operações. Isto foi feito somente de forma parcial no presente processo, cujos valores já foram excluídos da base de cálculo imponível, além disso nada mais foi apresentado pelo suplicante que pudesse orientar o julgador. É de se dizer, ainda, que simples alegações desacompanhadas de documentação que as comprovem não são suficientes para afastar a presunção legal de omissão de rendimentos prevista no art. 42 da Lei n.° 9.430, de 1996. Eis que, por força do caput e § 3.° do referido artigo, os depósitos bancários devem ser comprovados mediante documentação hábil e idônea. Como a responsabilidade pela apresentação das provas do alegado compete ao contribuinte que praticou a irregularidade fiscal e como, no presente caso, o contribuinte nada mais apresentou é de se manter o lançamento de forma em que foi constituído pela autoridade lançadora. Por fim, se faz necessários tecer algumas considerações sobre as penalidades aplicadas. Há que se destacar que à autoridade fiscal cabe verificar o fiel cumprimento da legislação em vigor, independentemente de questões de discordância, pelos contribuintes, acerca de alegadas ilegalidades/inconstitucionalidades, sendo a atividade de lançamento vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, como previsto no art. 142, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Não há dúvidas de que se entende como procedimento fiscal à ação fiscal para apuração de infrações e que se concretize com a lavratura do ato cabível, assim considerado o termo de início de fiscalização, termo de apreensão, auto de infração, notificação, representação fiscal ou qualquer ato escrito dos agentes do fisco, no exercício de suas funções inerentes ao cargo. Tais atos excluirão a espontaneidade se o contribuinte deles tomar conhecimento pela intimação. Os atos que formalizam o início do procedimento fiscal encontramse elencados no artigo 7º do Decreto n.º 70.235, de 1972. Em sintonia com o disposto no artigo 138, parágrafo único do Código Tributário Nacional, esses atos têm o condão de excluir a espontaneidade do sujeito passivo e de todos os demais envolvidos nas infrações que vierem a ser verificadas. Em outras palavras, deflagrada a ação fiscal, qualquer providência do sujeito passivo, ou de terceiros relacionados com o ato, no sentido de repararem a falta cometida não Fl. 394DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 46 exclui suas responsabilidades, sujeitandoos às penalidades próprias dos procedimentos de ofício. Além disso, o ato inaugural obsta qualquer retificação, por iniciativa do contribuinte e torna ineficaz consulta formulada sobre a matéria alcançada pela fiscalização. Ressaltese, com efeito, que o emprego da alternativa “ou” na redação dada pelo legislador ao artigo 138, do Código Tributário Nacional, denota que não apenas a medida de fiscalização tem o condão de constituirse em marco inicial da ação fiscal, mas, também, consoante reza o mencionado dispositivo legal, “qualquer procedimento administrativo” relacionado com a infração é fato deflagrador do processo administrativo tributário e da conseqüente exclusão de espontaneidade do sujeito passivo pelo prazo de 60 dias, prorrogável sucessivamente com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos, na forma do parágrafo 2°, do art. 7°, do Dec. n° 70.235, de 1972. O entendimento, aqui esposado, é doutrina consagrada, conforme ensina o mestre FABIO FANUCCHI em “Prática de Direito Tributário”, pág. 220: O processo contencioso administrativo terá início por uma das seguintes formas: 1. pedido de esclarecimentos sobre situação jurídicotributária do sujeito passivo, através de intimação a esse; 2. representação ou denúncia de agente fiscal ou terceiro, a respeito de circunstâncias capazes de conduzir o sujeito passivo à assunção de responsabilidades tributárias; 3 autodenúncia do sujeito passivo sobre sua situação irregular perante a legislação tributária; 4. inconformismo expressamente manifestado pelo sujeito passivo, insurgindose ele contra lançamento efetuado. (...). A representação e a denúncia produzirão os mesmos efeitos da intimação para esclarecimentos, sendo peças iniciais do processo que irá se estender até a solução final, através de uma decisão que as julguem procedentes ou improcedentes, com os efeitos naturais que possam produzir tais conclusões. No mesmo sentido, transcrevo comentário de A.A. CONTREIRAS DE CARVALHO em “Processo Administrativo Tributário”, 2ª Edição, págs. 88/89 e 90, tratando de Atos e Termos Processuais: Mas é dos atos processuais que cogitamos, nestes comentários. São atos processuais os que se realizam conforme as regras do processo, visando dar existência à relação jurídicoprocessual. Também participa dessa natureza o que se pratica à parte, mas em razão de outro processo, do qual depende. No processo administrativo tributário, integram essa categoria, entre outros: a) o auto de infração; b) a representação; c) a intimação e d) a notificação (...). Mas, retornando a nossa referência aos atos processuais, é de assinalar que, se o auto de infração é peça que deve ser lavrada, privativamente, por agentes fiscais, em fiscalização externa, já Fl. 395DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 24 47 no que concerne às faltas apuradas em serviço interno da Repartição fiscal, a peça que as documenta é a representação. Notese que esta, como aquele, é peça básica do processo fiscal (...). Portanto, o Auto de Infração deverá conter, entre outros requisitos formais, a penalidade aplicável, a sua ausência implicará na invalidade do lançamento. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa a lançamento de ofício, para exigilo com acréscimos e penalidades legais. É de se esclarecer, que a infração fiscal independe da boa fé do contribuinte, entretanto, a penalidade deve ser aplicada, sempre, levandose em conta a ausência de máfé, de dolo, e antecedentes do contribuinte. A multa que excede o montante do próprio crédito tributário, somente pode ser admitida se, em processo regular, nos casos de minuciosa comprovação, em contraditório pleno e amplo, nos termos do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, restar provado um prejuízo para fazenda Pública, decorrente de ato praticado pelo contribuinte. Por outro lado, a vedação de confisco estabelecida na Constituição Federal de 1988, é dirigida ao legislador. Tal princípio orienta a feitura da lei, que deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco. Não observado esse princípio, a lei deixa de integrar o mundo jurídico por inconstitucional. Além disso, é de se ressaltar, mais uma vez, que a multa de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150 da Constituição Federal, não cabendo às autoridades administrativas estendêlo. Assim, as multas são devidas, no lançamento de ofício, em face da infração às regras instituídas pela legislação fiscal não declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, cuja matéria não constitui tributo, e sim de penalidade pecuniária prevista em lei, sendo inaplicável o conceito de confisco previsto no art. 150, IV da CF., não conflitando com o estatuído no art. 5°, XXII da CF., que se refere à garantia do direito de propriedade. Desta forma, o percentual de multa aplicado está de acordo com a legislação de regência. Ora, os mecanismos de controle de legalidade / constitucionalidade regulados pela própria Constituição Federal passam, necessariamente, pelo Poder Judiciário que detém, com exclusividade, tal prerrogativa. É inócuo, portanto, suscitar tais alegações na esfera administrativa. De qualquer forma, há que se esclarecer que o Imposto Renda da Pessoa Física é um tributo calculado sobre a renda tributável auferida. Ou seja, é calculado levandose em consideração aos rendimentos tributáveis auferidos e em razão do valor é enquadrada dentro de uma alíquota, não estando o seu valor limitado à capacidade contributiva do sujeito passivo da obrigação tributária. Ademais, os princípios constitucionais têm como destinatário o legislador na elaboração da norma, como é o caso, por exemplo, do principio da Vedação ao Confisco, que orienta a feitura da lei, a qual deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco, cabendo à autoridade fiscal apenas executar as leis. Fl. 396DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN 48 Da mesma forma, não vejo como se poderia acolher o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade formal da multa de ofício e da taxa SELIC aplicada como juros de mora sobre o débito exigido no presente processo com base na Lei n.º 9.065, de 20/06/95, que instituiu no seu bojo a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia de Títulos Federais (SELIC). É meu entendimento, acompanhado pelos pares desta Turma de Julgamento, que quanto à discussão sobre a inconstitucionalidade de normas legais, os órgãos administrativos judicantes estão impedidos de declarar a inconstitucionalidade de lei ou regulamento, face à inexistência de previsão constitucional. No sistema jurídico brasileiro, somente o Poder Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, através do chamado controle incidental e do controle pela Ação Direta de Inconstitucionalidade. No caso de lei sancionada pelo Presidente da República é que dito controle seria mesmo incabível, por ilógico, pois se o Chefe Supremo da Administração Federal já fizera o controle preventivo da constitucionalidade e da conveniência, para poder promulgar a lei, não seria razoável que subordinados, na escala hierárquica administrativa, considerasse inconstitucional lei ou dispositivo legal que aquele houvesse considerado constitucional. Exercendo a jurisdição no limite de sua competência, o julgador administrativo não pode nunca ferir o princípio de ampla defesa, já que esta só pode ser apreciada no foro próprio. Se verdade fosse, que o Poder Executivo deva deixar aplicar lei que entenda inconstitucional, maior insegurança teriam os cidadãos, por ficarem à mercê do alvedrio do Executivo. O poder Executivo haverá de cumprir o que emana da lei, ainda que materialmente possa ela ser inconstitucional. A sanção da lei pelo Chefe do Poder Executivo afasta sob o ponto de vista formal a possibilidade da argüição de inconstitucionalidade, no seu âmbito interno. Se assim entendesse, o chefe de Governo vetálaia, nos termos do artigo 66, § 1º da Constituição. Rejeitado o veto, ao teor do § 4º do mesmo artigo constitucional, promulguea ou não o Presidente da República, a lei haverá de ser executada na sua inteireza, não podendo ficar exposta ao capricho ou à conveniência do Poder Executivo. Facultaselhe, tãosomente, a propositura da ação própria perante o órgão jurisdicional e, enquanto pendente a decisão, continuará o Poder Executivo a lhe dar execução. Imaginese se assim não fosse, facultandose ao Poder Executivo, através de seus diversos departamentos, desconhecer a norma legislativa ou simplesmente negarlhe executoriedade por entendêla, unilateralmente, inconstitucional. A evolução do direito, como quer o suplicante, não deve pôr em risco toda uma construção sistêmica baseada na independência e na harmonia dos Poderes, e em cujos princípios repousa o estado democrático. Não se deve a pretexto de negar validade a uma lei pretensamente inconstitucional, praticarse inconstitucionalidade ainda maior consubstanciada no exercício de competência de que este Colegiado não dispõe, pois que deferida a outro Poder. Ademais, matéria já pacificada no âmbito administrativo, razão pela qual o Presidente do Primeiro Conselho de Contribuintes, objetivando a condensação da jurisprudência predominante neste Conselho, conforme o que prescreve o art. 30 do Regimento Fl. 397DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.002100/200783 Acórdão n.º 220201.435 S2C2T2 Fl. 25 49 Interno dos Conselhos de Contribuintes (RICC), aprovado pela Portaria MF nº 55, de 16 de março de 1998, providenciou a edição e aprovação de diversas súmulas, que foram publicadas no DOU, Seção I, dos dias 26, 27 e 28 de junho de 2006, vigorando para as decisões proferidas a partir de 28 de julho de 2006. Atualmente estas súmulas foram convertidas para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, pela Portaria CARF nº 106, de 2009 (publicadas no DOU de 22/12/2009), assim redigidas: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2)” e “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).” Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria e por ser de justiça, voto no sentido de rejeitar a argüição de decadência e as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Fl. 398DF CARF MF Emitido em 04/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 02/11/2011 por NELSON MALLMANN
score : 1.0
Numero do processo: 10830.002296/2003-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 30 00:00:00 UTC 2009
Data da publicação: Thu Jul 30 00:00:00 UTC 2009
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 1998
DEPÓSITOS BANCÁRIOS - OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITO IGUAL OU INFERIOR. A R$ 12.000,00 - LIMITE DE R$ 80.000,00. Para efeito de determinação do valor dos rendimentos omitidos, no será considerado o credito de origem no comprovada de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00, se o seu somatório não ultrapassar o valor
de R$ 80.000,00.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2201-000.366
Decisão: ACORDAM os Membros da Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara
da Segunda Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Eduardo Tadeu Farah
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A R$ 12.000,00 - LIMITE DE R$ 80.000,00. Para efeito de determinação do valor dos rendimentos omitidos, no será considerado o credito de origem no comprovada de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00, se o seu somatório não ultrapassar o valor de R$ 80.000,00. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. - ..... • S MOISES G r • • • o' 1 • .. DA SILV ' Presidente ..-- .. EDUARDO T' 5 EU FARAH — R -lator FORMALIZADO EM: 78 SET 2009 1 Processo n° 10830.002296/2003-35 S2-C2T1 Acórdão n.° 2201-00.366 Fl. 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Pedro Paulo Pereira Barbosa, Manoel Coelho Arruda Júnior (Suplente convocado), Eduardo Tadeu Farah, Renato Coelho Borelli (Suplente convocado), Núbia Moreira Barros Mazza (Suplente convocada) e Moisés Giacomelli Nunes da Silva. 40n 4 fetn /,‘ 2 Processo n° 10830.002296/2003-35 S2-C2T1 Acórdão n.° 2201-00.366 Fl. 3 Relatório Trata o presente processo de Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física, que se exige R$ 85.008,25 de imposto de renda, R$ 63.756,18 de multa de oficio, além dos acréscimos legais. A autoridade lançadora apurou omissão de rendimentos caracterizada por depósito bancários de origem não comprovada. A recorrente interpôs impugnação (fls.202 a 224), sustentando, em síntese: a) nulidade do lançamento, uma vez que o crédito tributário exigido está embasado em prova nula de pleno direito, já que houve aplicação retroativa da Lei Complementar n° 105/2001 e inobservância da regras contidas no Decreto n° 3.724/2001; b) incorreta inclusão de depósitos bancários de valores inferiores a R$ 12.000,00; c) erro na determinação do momento da ocorrência do fato gerador; d) decadência dos depósitos anteriores a 22 de abril de 1998, de acordo com art. 150, § 40 do C.T.N; e) que o depósito bancário não importa necessariamente em renda auferida; O que os valores relativos às transferências de conta de mesma titularidade e/ou conta conjunta tiveram sua origem comprovada, entretanto, foram levados à tributação pela fiscalização; g) o depósito bancário de R$ 500.000,00 é procedente de recursos possuídos em nome do cônjuge da impugnante em ano-calendário anterior e redepositado no ano- calendário de 1998; h) apenas 2% dos depósitos não foram comprovados. A DRJ julgou parcialmente procedente o lançamento, consubstanciado no Acórdão n° 01-8.013, com base nos seguintes argumentos: Com o advento da Lei n° 10.174/2001 é legitima a utilização das informações sobre as movimentações financeiras relativas a CPMF para instaurar procedimento administrativo que resulte em lançamento de tributos, ainda que os fatos geradores tenham ocorrido antes da vigência da referida lei; É perfeitamente cabível a tributação com base na presunção legal cujos valores depositados em conta bancária não foram devidamente comprovados. A Processo n° 10830.002296/2003-35 • S2-C2T1 Acórdão n.° 2201-00.366 Fl. 4 A Súmula n° 182 do extinto TRF não é parâmetro para decisões cujos lançamentos têm como base legislação superveniente. A Lei Complementar n° 105/2001 aplica-se aos atos de lançamentos realizados após sua publicação, ainda que se reporte a fato gerador pretérito. Em relação ao valor de R$ 500.000,00 a resposta da gerente de conta do Banco do Brasil confirma a movimentação ocorrida na conta corrente da autuada e de seu esposo ao final de 1997 e o redepósito no inicio do ano-calendário de 1998. Nesta situação deve-se acatar a argüição da impugnante, conclui o relator. Cientificada da decisão de primeira instância, Aparecida Pires Rezende Gomes interpôs Recurso Voluntário, alegando, basicamente, os mesmos argumentos postos em sua impugnação. É o relatório. 4 Processo n° 10830.002296/2003-35 S2-C2T1 Acórdão n.° 2201-00.366 Fl. 5 Voto Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, • portanto, dele conheço. Preliminar Nulidades Suscitadas Relativamente à argüição de nulidade posta em sua peça recursal, entendo, pois, que em homenagem aos princípios da finalidade, da ausência de prejuízo, da economia processual e da celeridade, quando for possível decidir-se do mérito em favor da parte suscitante, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta, tal qual previsto no art. 249 do Código Processo Civil: Art. 249 - O juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos, ordenando as providências necessárias, a fim de que sejam repetidos, ou retificados. §1 0 - O ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte. §2° - Quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a declaração da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta. (grifei) Destarte, somente a última hipótese interessa à lide. Assim, diante da possibilidade de decisão favorável à parte suscitante, deixo de apreciar as preliminares argüidas, com amparo na regra processual inserida no § 2°, do artigo 249, do CPC. Mérito Compulsando-se os autos verifica-se que a autoridade fiscal considerou como depósito bancário, sem comprovação de origem, o montante de R$ 309.120,91, assim distribuídos: MÊS DEPÓSITOS/CRÉDITOS R$ /41\ 5 Processo n° 10830.002296/2003-35 S2-C2T1 Acórdão n.° 2201 -00.366 Fl. 6 JAN 253.417,82 FEV 6.663,40 MAR 2.700,33 ABR 3.078,06 MAI 4.649,36 JUN 7.359,46 JUL 4.724,63 AGO 3.787,63 SET 4.045,51 OUT 8.053,03 NOV 6.814,79 DEZ 3.376,89 Por sua vez, a 2' Turma de Julgamento da DRJ de Belém/PA, através do Acórdão 01-8.013, julgou parcialmente procedente o lançamento e exclui da base de cálculo o valor de R$ 250.000,00, relativo à transferência bancária efetuada em janeiro de 1998 pelo cônjuge da recorrente. Assim, após a exclusão do referido valor os depósitos passiveis de comprovação representaram R$ 59.120,91. Portanto, a luz do principio da legalidade, que se configura como uma reserva incondicional de lei, para que se proceda ao lançamento corresponde é necessário a convergência do fato imponivel à hipótese de incidência descrita em lei. Por seu turno, a norma que fundamenta a exigência está prevista no art. 42 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996, (com as alterações posteriores introduzidas pelo art. 40 da Lei n° 9.481, de 13/08/1997, e pelo art. 58 da Lei n° 10.637, de 30/12/2002), verbis: Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (.) II "4#1 — no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso 14\ anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 6 Processo n° 10830.002296/2003-35 S2-C2T1 Acórdão n.° 2201-00.366 Fl. 7 (doze mil Reais), desde que o seu somatório, dentro do ano- calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil Reais). (grifei) (..-) Pelo que se infere da leitura do artigo, não admite o lançamento com base em depósitos bancários não comprovados, que não alcancem os valores individuais de R$ 12.000,00, com somatório anual de R$ 80.000,00. Por essa razão, não se pode presumir como renda efetiva, na forma do art. 43 do CTN, depósitos bancários não comprovados inferiores aos limites estabelecidos na lei. Destarte, como os depósitos remanescentes não atingiram a diretriz legal, não há como prosperar o lançamento. Ante o exposto voto no sentido de DAR provimento ao Recurso Voluntário. Sala d. ..'Sessões, em 30_d- julho de 2019 EDUAR TADEU FARAH 7 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS Processo n°: 10830.002296/2003-35 Recurso n°: 161.950 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3° do art. 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministerial n° 256, de 22 de junho de 2009, intime-se o (a) Senhor (a) Procurador (a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Segunda Seção, a tomar ciência do Acórdão n°2201-00.366. Brasília, 2 8 SET 2009 MOISÉS GIACOMELLI NUNES DA SILVA Presidente em Exercício Ciente, com a observação abaixo: ( ) Apenas com Ciência ( ) Com Recurso Especial ( ) Com Embargos de Declaração Data da ciência: Procurador(a) da Fazenda Nacional
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Numero do processo: 19515.003610/2007-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 14 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Jun 18 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CONTA CONJUNTA. INTIMAÇÃO PRÉVIA DOS TITULARES.
No caso de conta bancária conjunta, é indispensável a regular e prévia intimação de todos os titulares para comprovar a origem dos depósitos bancários, salvo se estes apresentarem declaração em conjunto, sob pena de nulidade do feito fiscal em relação aos depósitos efetuados na referida conta. (Súmula CARF no 29, em vigor desde 22/12/2009)
Numero da decisão: 2202-002.300
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos interpostos pelo contribuinte para, rerratificando o acórdão no 2202-01489, de 29/11/2009, sanar a omissão, mantendo todavia a decisão do acórdão embargado.
(Assinado digitalmente)
Pedro Paulo Pereira Barbosa Presidente
(Assinado digitalmente)
Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga Relatora
Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Fábio Brun Goldschmidt, Antonio Lopo Martinez, Jimir Doniak Junior (suplente convocado), Pedro Anan Junior e Pedro Paulo Pereira Barbosa. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Rafael Pandolfo.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA
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OMISSÃO. Acolhemse os embargos declaratórios quando demonstrado que no acórdão vergastado houve omissão de ponto sobre o qual devia pronunciarse o Colegiado, procedendose o devido saneamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CONTA CONJUNTA. INTIMAÇÃO PRÉVIA DOS TITULARES. No caso de conta bancária conjunta, é indispensável a regular e prévia intimação de todos os titulares para comprovar a origem dos depósitos bancários, salvo se estes apresentarem declaração em conjunto, sob pena de nulidade do feito fiscal em relação aos depósitos efetuados na referida conta. (Súmula CARF no 29, em vigor desde 22/12/2009) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos interpostos pelo contribuinte para, rerratificando o acórdão no 220201489, de 29/11/2009, sanar a omissão, mantendo todavia a decisão do acórdão embargado. (Assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa – Presidente (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 36 10 /2 00 7- 78 Fl. 649DF CARF MF Impresso em 20/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 11/06/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/06/2013 por MA RIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.003610/200778 Acórdão n.º 2202002.300 S2C2T2 Fl. 650 2 Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga – Relatora Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Fábio Brun Goldschmidt, Antonio Lopo Martinez, Jimir Doniak Junior (suplente convocado), Pedro Anan Junior e Pedro Paulo Pereira Barbosa. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Rafael Pandolfo. Fl. 650DF CARF MF Impresso em 20/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 11/06/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/06/2013 por MA RIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.003610/200778 Acórdão n.º 2202002.300 S2C2T2 Fl. 651 3 Relatório Em sessão plenária de 29/11/2011, o processo em epígrafe foi julgado por esta Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, proferindose a decisão consubstanciada no Acórdão no 220201.489 (fls. 564 a 582), assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO ANTECIPADO. CONDIÇÃO PARA DEFINIÇÃO DO TERMO INICIAL DO PRAZO DECADENCIAL. A teor do acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial no 973.733 SC, sujeito ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado do tributo ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo não ocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, o prazo decadencial é regido pelo art. 173, inciso I, do CTN. Somente nos casos em que o pagamento foi feito antecipadamente, o prazo será de cinco anos a contar do fato gerador (art. 150, § 4o, do CTN). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005 DECADÊNCIA. RENDIMENTOS SUJEITOS AO AJUSTE ANUAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. O Imposto de Renda Pessoa Física é tributo sujeito ao lançamento por homologação e, portanto, nos casos de rendimentos submetidos a tributação no ajuste anual, o direito da Fazenda constituir o crédito tributário decai após cinco anos contados da data de ocorrência do fato gerador, que se perfaz em 31 de dezembro de cada ano, desde que tenha havido pagamento antecipado do tributo e não seja constatada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, sendo dispensável comprovar o consumo da renda representado pelos depósitos bancários (Súmula CARF no 26, em vigor desde 22/12/2009). Fl. 651DF CARF MF Impresso em 20/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 11/06/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/06/2013 por MA RIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.003610/200778 Acórdão n.º 2202002.300 S2C2T2 Fl. 652 4 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATO GERADOR. A omissão de rendimentos decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada compõe a base de cálculo do imposto de renda apurado no ajuste anual, cujo fato gerador se perfaz em dia 31 de dezembro do anocalendário. Entendimento pacificado pela Súmula CARF no 38 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em vigor desde 22/12/2009. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005 CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. REPRESENTAÇÃO PARA FINS PENAIS O contencioso administrativo destinase, tão somente, a apreciar o litígio conformado pela discordância do contribuinte quanto a lançamento contra ele formalizado, não tendo competência para se manifestar sobre questões externas ao crédito constituído, tal como questões que versem sobre a representação fiscal para fins penais. Questão consolidada no âmbito deste Tribunal Administrativo por meio da Súmula CARF no 28, em vigor desde 22/12/2009. A decisão foi assim resumida: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar suscitada pelo Recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso. DOS EMBARGOS Intimado do referido Acórdão, em 30/07/2012 (vide AR de fl. 587), o contribuinte, com fundamento no art. 65, §1o, inciso II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações introduzidas pela Portaria MF no 586, de 21 de dezembro de 2010), opôs, em 02/08/2012, os Embargos de Declaração de fls. 588 a 600. Em síntese, o embargante alega que o acórdão guerreado foi omisso no que tange à necessidade de intimação de todos os cotitulares da conta bancária para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, nos exatos termos da Súmula CARF no 29. Requer, assim, que seja suprida a deficiência apontada com novo julgamento e prolatação de novo acórdão. DA DISTRIBUIÇÃO Consoante disposto no §7o do art. 49 do RICARF, os presentes autos foram distribuídos para esta Conselheira para manifestação, vindo digitalizados até à fl. 6441. 1 Processo digital. Numeração do eprocesso. O processo físico foi numerado até a fl. 644 (fl. 644 da digitalização). Fl. 652DF CARF MF Impresso em 20/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 11/06/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/06/2013 por MA RIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.003610/200778 Acórdão n.º 2202002.300 S2C2T2 Fl. 653 5 Por meio da Informação em Embargos, anexada às fls. 645 a 647, foi proposto o acolhimento dos embargos para que o processo fosse novamente submetido à apreciação dos membros desta Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do CARF, o que foi acatado por seu presidente, que determinou sua inclusão em pauta para julgamento (fl. 648). Fl. 653DF CARF MF Impresso em 20/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 11/06/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/06/2013 por MA RIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.003610/200778 Acórdão n.º 2202002.300 S2C2T2 Fl. 654 6 Voto Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Relatora. Primeiramente, constatase a tempestividade do apelo, eis que apresentado dentro do prazo regimental de cinco dias, uma vez que o contribuinte foi intimado da decisão de segunda instância, em 30/07/2012 (vide AR de fl. 587), apresentando os embargos em 02/08/2012. 1 Apreciação dos embargos De acordo com os embargos opostos, teria havido omissão, pois o conselheiro relator não teria se pronunciado quanto à necessidade de intimação de todos os co titulares da conta bancária a comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, nos exatos termos da Súmula CARF no 29. Compulsandose os elementos que compõem os autos, verificase que no Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte (fls. 365 a 417) não há qualquer referência a existência de contas conjuntas, razão pela qual na decisão embargada (fls. 564 a 582) não foi mencionado no relatório e, muito menos, apreciado no voto condutor a questão relacionada à necessidade de intimação de todos os cotitulares das contas objeto da autuação fiscal. Observase, contudo, que tal questionamento somente foi levantado pelo recorrente na petição de fls. 496 a 521, acompanhada do documento de fl. 522, que, embora tenha sido entregue no Protocolo Geral do CARF em 02/06/2011, antes do julgamento de segunda instância (29/11/2011), só foi incluída no eprocesso em 03/09/2012 (vide data da autenticação dos documentos), ou seja, depois de prolatada a decisão ora embargada. Importa salientar que consta expressamente consignado no relatório do acórdão vergastado que o processo distribuído a relatora veio numerado até a fl. 495 (fl. 570) e que “Não foi encaminhado o processo físico a esta Conselheira. Recebido apenas o arquivo digital.” (vide nota de rodapé à fl. 570). Evidenciada assim a omissão em relação à necessidade de intimação de todos os cotitulares das contas objeto da autuação fiscal (vide fls. 496 a 521) e ao documento anexado à fl. 522, acolhemse os presentes embargos, para sanar o vício apontado pelo embargante, com fulcro no art. 65 do RICARF. 2 Contas conjuntas Tratase de lançamento de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, em que o contribuinte argúi a nulidade do lançamento, alegando que sua esposa, cotitular das contas fiscalizadas, não foi intimada a se manifestar em relação à movimentação financeira das mesmas, assim se manifestando à fl. 499: Fl. 654DF CARF MF Impresso em 20/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 11/06/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/06/2013 por MA RIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.003610/200778 Acórdão n.º 2202002.300 S2C2T2 Fl. 655 7 Tratase de Auto de Infração lavrado contra o recorrente, datado de 26/11/2007 para exigir crédito tributário de IRPF, no valor de R$ 2.672.574,54, tendo como suporte legal, dentre outras imputações, a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, apurados de conformidade com os créditos lançados em contas correntes bancárias junto ao Banco Itaú S/A, HSBC Bank Brasil S/A e Banco Citibank S/A, dos anoscalendário de 2002, 2003, 2004 e 2005. Em que pese o recorrente ter fornecido inúmeras cópias de cheques e extratos bancários para atender aos termos das intimações, que continham indicação expressa quanto a titularidade conjunta da conta corrente 456704 , do Banco hail S/A, que foi objeto de investigação fiscal, a agente fiscal, quando da autuação, imputou exclusivamente ao recorrente, a totalidade dos valores dos rendimentos e das receitas, deixando de observar que a referida conta corrente de n° 456704 , do Banco Itaú S/A, era de titularidade conjunta entre o recorrente e sua esposa (há época dos fatos) Patrícia de Toledo Ribeiro, inscrita no CPF/MF n° 287.691.29886 (doc. 01), cujas declarações de rendimentos ou de informação dos titulares eram apresentadas em separado, nos exatos termos do artigo 42, § 6°, da Lei 9430/96, conforme comprovado através das declarações de ajuste anual dos anoscalendários de 2002, 2003, 2004 e 2005 do recorrente e de sua esposa Patrícia de Toledo Ribeiro, que são de fácil verificação, junto ao sistema da Receita Federal do Brasil. De se analisar a questão. No caso, importa observar o disposto no caput do art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, combinado com o §6o do mesmo artigo, que assim dispõem: Art. 42 Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. [...] § 6º Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. (grifos nosso) De acordo com o dispositivo acima transcrito, para que a presunção de omissão de rendimentos se aperfeiçoe é necessário que o titular seja previamente intimado a Fl. 655DF CARF MF Impresso em 20/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 11/06/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/06/2013 por MA RIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.003610/200778 Acórdão n.º 2202002.300 S2C2T2 Fl. 656 8 comprovar a origem dos depósitos. Ou seja, cabe ao fisco identificar os depósitos bancários de origem não comprovada e intimar o contribuinte a sobre eles se manifestar com o fim de cumprir o encargo que a presunção do art. 42 da Lei no 9.430, de 1996 lhe transfere. Assim, diferentemente de outras infrações, a presunção de omissão de rendimentos baseada em depósitos bancários de origem não comprovada tem como requisito fundamental a intimação prévia do titular da conta, sem a qual ela não se conforma. No caso de contas conjuntas, em que os titulares apresentem declaração em separado, não basta intimar apenas um deles; todos os cotitulares devem ser intimados a comprovar a origem dos créditos que ingressaram na conta bancária, sob pena de nulidade do lançamento, visto que a omissão apurada será partilhada entre eles. Ao se intimar apenas um dos titulares e efetuar o lançamento sobre todos os cotitulares está se presumindo que os demais não comprovariam nenhum depósito, para o que não se tem amparo legal. Cabe lembrar que a eventual comprovação por um dos titulares reflete diretamente no valor a ser imputado aos outros e, portanto, sem a prévia e regular intimação a todos os titulares da conta bancária, não se pode quantificar, com certeza, a parcela devida a cada um. Esse entendimento já se encontra pacificado no âmbito deste Tribunal pela Súmula CAR no 29, de aplicação obrigatória desde 22/12/2009: Súmula CARF no 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Não obstante a redação da súmula acima transcrita tenha sido omissa quanto ao contexto de sua aplicação, pelas ementas dos acórdãos2 paradigmas que lhe deram origem, a seguir reproduzidas (grifos nossos), inferese claramente que a intimação dos cotitulares é necessária apenas no caso de apresentação de declaração em separado. Acórdão nº 10617009, de 06/08/2008: IRPF OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS CONTA CONJUNTA. Nos termos do artigo 42, caput e seu § 6°, da Lei n° 9.430/96, é necessária a intimação do titular (se a conta for individual) ou dos titulares das contas de depósito ou de investimento (se a conta for conjunta) para que comprovem a origem dos depósitos bancários identificados. Feito isso e na hipótese de as declarações de rendimentos terem sido apresentadas em separado, é que o valor dos rendimentos omitidos será dividido pelo número de cotitulares da conta bancária. A ausência de intimação de um dos cotitulares da conta conjunta toma insubsistente o lançamento com relação aos depósitos bancários sem origem comprovada identificados junto a ela. 2 Informação extraída no sitio do CARF em 30/04/2013. (http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/Sumulas/listarSumulas.jsf) Fl. 656DF CARF MF Impresso em 20/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 11/06/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/06/2013 por MA RIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.003610/200778 Acórdão n.º 2202002.300 S2C2T2 Fl. 657 9 Acórdão nº 10248460, de 26/04/2007: OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS CONTA CONJUNTA Em caso de conta conjunta em que os titulares não sejam dependentes entre si e apresentam em separado a declaração do imposto de renda, é obrigatória a intimação de todos os correntistas para informarem a origem e a titularidade dos depósitos bancários. Impossibilidade de atribuir, de oficio, os valores como sendo rendimentos exclusivos de um dos correntistas. Ao atribuir a integralidade dos depósitos a um único correntista, sem que o outro tenha sido intimado, o auto de infração adotou base de cálculo diferente daquela estabelecida pela regramatriz do § 6°, do artigo 42, da Lei n°. 9.430, de 1996, razão pela qual, neste ponto, deve ser cancelado. Acórdão nº 10248163, de 26/01/2007: CONTA CONJUNTA Em se tratando de conta conjunta, é necessário intimar todos os cotitulares da conta para que informem sobre a origem dos recursos. A divisão do total de rendimentos ou receitas pela quantidade de cotitulares somente é cabível, quando, intimados os titulares da conta não se obtenha êxito quanto à prova da titularidade dos recursos. Não pode a fiscalização, sem a intimação do cotitular da conta, cuja declaração de rendimentos tenha sido apresentada em separado, presumir que a metade das receitas pertence a um dos correntistas e o saldo remanescente ao outro contribuinte. (inteligência art. 42, § 6°, da Lei n°9.430, de 1996). Acórdão nº 10422117, de 07/12/2006: IRPF OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS CONTA CONJUNTA Em caso de conta conjunta é obrigatória a intimação de todos os correntistas para informarem a origem e a titularidade dos depósitos bancários. Impossibilidade de atribuir, de oficio, os valores como sendo renda exclusiva de um dos correntistas. Acórdão nº 10422049, de 09/11/2006 DEPÓSITOS BANCÁRIOS CONTA CONJUNTA A partir da vigência da Medida Provisória n°. 66, de 2002, nos casos de conta corrente bancária com mais de um titular, os depósitos bancários de origem não comprovada deverão, necessariamente, ser imputados em proporções iguais entre os titulares, salvo quando estes apresentarem declaração em conjunto. É indispensável, para tanto, a regular e prévia intimação de todos os titulares para comprovar a origem dos depósitos bancários (jurisprudência do Primeiro Conselho de Contribuintes). Fl. 657DF CARF MF Impresso em 20/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 11/06/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/06/2013 por MA RIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA Processo nº 19515.003610/200778 Acórdão n.º 2202002.300 S2C2T2 Fl. 658 10 Voltando ao caso em concreto, verificase que foram tributadas, nos anos calendário 2002 a 2005, três contas em nome do contribuinte: conta no 456704 do Banco Itaú S/A, conta no 0443707 do HSBC Bank Brasil S/A e conta no 32080280 do Citibank S/A (vide planilhas de fls. 216 a 243). Em sede de recurso, o contribuinte juntou declaração fornecida pelo Banco Itaú, segundo a qual a conta no 456704, junto a agência Vila Maria/São Paulo é conjunta com a Sra. Patrícia de Toledo Ribeiro, desde 1989 (fl. 522). Examinandose os extratos por ele fornecidos (fls. 30 a 60), não havia nada que indicasse que a conta era conjunta. Contudo, não obstante o recorrente alegue que ele e sua esposa, Sra. Patrícia de Toledo Ribeiro, teriam apresentado declaração em separado, verdade é que pelas cópias das declarações anexadas pela fiscalização às fls. 6 a 22, a referida senhora consta como sua dependente nos anoscalendário 2002, 2003, 2004 e 2005 (vide relação de dependentes às fls. 8, 12, 15 e 20). Assim, apesar de ter sido tributada uma conta conjunta, uma vez que os co titulares apresentaram declaração em conjunto, não se aplica a Súmula no 29 do CARF. Destarte, não há reparos a fazer no lançamento efetuado. 3 Conclusão Diante do exposto, voto por ACOLHER os embargos opostos pelo contribuinte para reratificar o Acórdão no 220201.489, de 29/11/2009, sanando a omissão apontada, manter a decisão original proferida. (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga Fl. 658DF CARF MF Impresso em 20/06/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2013 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA, Assinado di gitalmente em 11/06/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/06/2013 por MA RIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA
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Numero do processo: 19515.003511/2004-43
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002 TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62-A do anexo II).
O STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC definiu que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação” (Recurso Especial nº 973.733).
O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º). DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PERIODICIDADE MENSAL. INAPLICABILIDADE. SÚMULA 38 DO CARF.
O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimento s apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário.
Recurso especial da Fazenda Nacional e do Contribuinte negados.
Numero da decisão: 9202-002.141
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos da Fazenda Nacional e do Contribuinte.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: GUSTAVO LIAN HADDAD
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PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62A do anexo II). O STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC definiu que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação” (Recurso Especial nº 973.733). O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º). DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PERIODICIDADE MENSAL. INAPLICABILIDADE. SÚMULA 38 DO CARF. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimento s apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Fl. 0DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD 2 Recurso especial da Fazenda Nacional e do Contribuinte negados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos da Fazenda Nacional e do Contribuinte. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad – Relator FORMALIZADO EM: 18/05/2012 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Pedro Paulo Pereira Barbosa (suplente convocado), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Em face de Antonio Maurício Pereira de Almeida foi lavrado o auto de infração de fls. 06/15, objetivando a exigência de imposto de renda pessoa física dos anos calendário de 1998 a 2001, tendo sido apurada omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada. A Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, ao apreciar o recurso voluntário interposto pela contribuinte, exarou o acórdão n° 10248.251, que se encontra às fls. 1.098/1.142 e cuja ementa é a seguinte: “IRPF DECADÊNCIA AJUSTE ANUAL LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO A tributação das pessoas físicas sujeitase a ajuste na declaração anual e independente de exame prévio da autoridade administrativa, lançamento é por homologação, regra que também se aplica aos rendimentos arbitrados com base na presunção legal do art. 42 da lei 9.430/1996 (depósitos bancários de origem.não comprovada). Sendo assim, o direito de a Fazenda nacional lançar decai após cinco anos contados de 31 de dezembro de cada ano calendário questionado. Salvo se comprovado dolo, fraude ou simulação, hipótese que desloca o início da contagem do prazo para o primeiro dia do ano seguinte, ou seja, nessa hipótese, a contagem do prazo é aumentada em um ano. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 19515.003511/200443 Acórdão n.º 920202.141 CSRFT2 Fl. 2 3 DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NULIDADE — Somente é passível de ser anulada, por cerceamento do direito de defesa, a decisão de primeira instância que deixa de apreciar matérias questionadas na peça impugnatória. NORMAS PROCESSUAIS — AUTUAÇÃO COM BASE EM DEPOSITOS BANCÁRIOS APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N° 10.174, DE 2001 – A lei que dispõe sobre o Direito Processual Tributário tem aplicação imediata aos fatos pendentes. É legítimo o lançamento em que se aplica retroativamente a Lei n°. 10.174, de 2001, já que se trata do estabelecimento de novos critérios de apuração e processos de fiscalização que ampliam os poderes de investigação das autoridades administrativas. APRECIAÇÃO DA CONSTITUICIONALIDADE DE DISPOSITIVOS LEGAIS EM VIGOR — As DRJ, assim como o Conselho de Contribuintes, não são competentes para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula nº 2 do Primeiro Conselho de Contribuintes). PRELIMINAR DE NULIDADE DA AÇÃO FISCAL POR OFENSA AO PRINCIPIO CONSTITUCIONAL DA IMPESSOALIDADE — O Código Tributário Nacional (CTN), o Decreto 70.235/1972 (PAF) e o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99) não versam os sobre critérios de seleção de contribuintes para auditoria fiscal, não competindo ao Conselho de Contribuinte apreciar alegações de irregularidade nesse procedimento. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL PORTARIA SRF N° 1.265/99. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. INSTRUMENTO DE CONTROLE O MPF constituise em elemento de controle da administração tributária, disciplinado por ato administrativo. A eventual 'inobservância da norma infralegal não pode gerar nulidades, tampouco deslocar a data do inicio do procedimento fiscal no âmbito do processo administrativo. REVOGAÇÃO DE ISENÇÃO INOCORRÊNCIA A determinação contida no artigo 11, §3º, da Lei 9.311/1996; na redação original, não se refere a concessão de isenção; sendo incabível o entendimento de revogação retroativa de isenção pela Lei 10.174/2001. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS ARTIGO 42 DA LEI 9.430/1996 Caracterizam omissão de rendimentos valores remanescentes creditados em conta bancária mantida junto a instituição financeira, quando o contribuinte ou seu representante, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. RENDIMENTOS APURADOS COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS OMITIDOS NA DECLARAÇÃO DE IRPF Fl. 2DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD 4 EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE O fato de a fiscalização apurar sistemática omissão de rendimentos em face de depósitos bancários sem origem, não configura, por si só, a prática de dolo, fraude ou simulação, nos termos dos art. 71 a 73 da Lei 4.502 de 1964.” A anotação do resultado do julgamento indica que a Câmara, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares de cerceamento de defesa e nulidade da ação fiscal e, por maioria, rejeitou a preliminar de irretroatividade da Lei nº 10.174/2001, desqualificou a multa de ofício e acolheu a decadência do lançamento em relação ao ano calendário de 1999. No mérito, por maioria de votos, negou provimento ao recurso. Intimada pessoalmente do acórdão em 22/08/2007 (fls. 1.143) a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial às fls. 1.146/1.161, em que sustenta, em síntese, que a desqualificação da multa contraria a lei e a evidência das provas, bem como que a contagem do prazo decadencial deveria observar o disposto no artigo 173, I, do CTN. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº 268, de 26/03/2008 (fls. 1.162/1.163). Intimada sobre o teor do v. acórdão recorrido bem como sobre a admissão do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional o contribuinte apresentou os Embargos de Declaração de fls. 1.171/1.183, que foram rejeitados conforme despacho nº 500, de 08/07/2008 (fls. 1.189/1.196). Devidamente intimado em 07/08/2008 do despacho que rejeitou os embargos (fls. 1.199) o contribuinte interpôs seu recurso especial de fls. 1.200/1.358 suscitando, em apertada síntese, divergência jurisprudencial entre o v. acórdão recorrido e outras decisões do Colegiado em relação (i) à nulidade da decisão por não apreciar todos os argumentos do recurso voluntário, (ii) à ilegalidade na tributação anual quando o fato gerador do tributo é mensal, (iii) à impossibilidade de prosperar a autuação de valores cuja origem foi devidamente comprovada na pessoa jurídica da qual é sócio, e (iv) à impossibilidade de aplicação retroativa da Lei 10174/2001. O contribuinte apresentou, também, suas contrarazões ao recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional (fls. 1.359/1.365). Ao Recurso Especial do contribuinte foi dado parcial seguimento, admitindo se somente a discussão em relação à ocorrência mensal do fato gerador, conforme Despacho nº 114, de 12/02/2009 (fls. 1.369/1.387). Intimada sobre o Recurso Especial do contribuinte a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou suas contrarazões de fls. 1.392/1.396. É o Relatório. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 19515.003511/200443 Acórdão n.º 920202.141 CSRFT2 Fl. 3 5 Voto Conselheiro Gustavo Lian Haddad, Relator Inicialmente analiso a admissibilidade dos recursos especiais interpostos, nas matérias para as quais foi admitido seguimento. Como relatado anteriormente, a decisão proferida pelo v. acórdão recorrido se deu por maioria de votos. Dessa forma, nos termos do artigo 7º, inciso I, do antigo Regimento Interno deste Conselho, o recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, que buscou demonstrar a linha de argumentação para justificar a contrariedade à lei e às provas, preenche os requisitos de admissibilidade. Dele conheço. O Contribuinte, por sua vez, somente teve seu recurso especial admitido em relação à alegação de apuração mensal do fato gerador, sendo reconhecida pelo despacho de admissibilidade a divergência entre o v. acórdão recorrido e o acórdão nº 10616.035. O acórdão paradigma encontrase assim ementado: “(...) DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MOMENTO DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. Excetuadas as hipóteses expressamente definidas em lei como de fato gerador anual, a regra de tributação dos rendimentos percebidos pelas pessoas físicas é no momento da percepção do rendimento. De acordo com o § 4º do art 42 da Lei n° 9.430, na hipótese de presunção de omissão de rendimentos, caracterizada pela existência de depósitos em instituições financeiras sem comprovação da origem, o imposto incide no mês e tem por base a tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. (...)” Verifico, assim, que o paradigma trazido aos autos pelo contribuinte considera que a decadência deve ser apurada mensalmente, diferentemente do entendimento consolidado no v. acórdão recorrido. Entendo, portanto, caracterizada a divergência de interpretação, razão pela qual conheço do recurso especial interposto pelo Contribuinte. Passo a seguir ao exame do mérito. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD 6 No recurso interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional a discussão cinge (i) ao dispositivo legal aplicável para contagem do prazo de decadência (art. 150, §4º ou 173, I, ambos do CTN) e (ii) ao restabelecimento da multa qualificada aplicada à contribuinte. No presente caso, entendeu a autoridade fiscal autuante caracterizado o evidente intuito de fraude, ante a conduta reiterada do contribuinte em omitir rendimentos, conforme se verifica no termo de fls. 866, razão pela qual aplicou a multa qualificada de 150%, in verbis: “10) DA QUALIFICAÇÃO Com relação às multa de oficio que esta sendo aplicada ( 150% , conf. art. 957, inc. II), sobre os impostos devidos , a qualificação se fez presente devido ao fato de que o contribuinte não declarou os valores dos recolhimentos obtidos nos referidos anos base de 1998, 1999, 2000 e 2001.” O v. acórdão recorrido afastou a multa qualificada imposta pela autoridade fiscal autuante, e, no tocante à decadência, determinou a aplicação da regra do § 4º do artigo 150 do CTN. Em seu recurso especial a Procuradoria da Fazenda Nacional requer a aplicação da sistemática de contagem do prazo decadencial do artigo 173, I do CTN, bem como o restabelecimento da multa qualificada. Considerando que a qualificação da multa implica o afastamento da aplicação da sistemática do artigo 150, §4º do CTN optei por primeiramente enfrentar esta questão. Qualificação da multa A penalidade em questão foi aplicada com base no art. 44, inciso II da Lei n. 9.430, de 1996, incorporado ao art. 957, II, do RIR/99, assim redigido (conforme redação em vigor à época dos fatos geradores): “Art. 957 – Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de imposto (Lei n.º 9.430, de 1996, art. 44) (...) II de cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” Os dispositivos referidos, vale dizer, os artigos 71, 72 e 73 da Lei n. 4.502, de 1964, cuidam das figuras do dolo, fraude e sonegação, nos seguintes termos: “Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; Fl. 5DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 19515.003511/200443 Acórdão n.º 920202.141 CSRFT2 Fl. 4 7 II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” Já me manifestei em outras oportunidades no sentido de que, a teor da previsão legal acima, para que a multa de lançamento de ofício de 75% seja qualificada e elevada para 150% é imprescindível que se configure o evidente intuito de fraude, demonstrado inequivocadamente nos autos a partir de elementos probatórios colacionados pela fiscalização. Essa posição é amplamente reconhecida pela jurisprudência deste E. Colegiado, restando incontroverso que a fraude não se presume, sendo necessário que sejam produzidas provas do evidente intuito a que se refere a norma legal, não bastando suspeitas. A experiência indica que o evidente intuito de fraude se configura nas situações em que demonstrado o emprego de meios ardis, como notas fiscais calçadas, recibos falsificados, etc. Ao contrário da responsabilidade pela obrigação tributária principal, que a teor do art. 136 do CTN não requer dolo ou culpa para sua configuração, bastando a prática da infração por qualquer meio, a aplicação da multa dita qualificada pressupõe dolo específico, no sentido de subtrair o imposto que se sabe devido pela utilização de meios fraudulentos. No caso presente, o recurso especial apresentado pela Procuradoria da Fazenda Nacional pleiteia o restabelecimento da multa qualificada de 150% tendo em vista a conduta reiterada e sistemática do contribuinte que omitiu rendimentos nos anoscalendário de 1998 a 2001 (fls. 866). Entendo, no entanto, que a simples omissão de rendimentos, ainda que reiterada em vários exercícios, desacompanhada de outros elementos probatórios do evidente intuito de fraude, não dá causa para a qualificação da multa. Dentre outras razões, tal conclusão decorre do fato de que, se assim não fosse, não haveria hipótese para a aplicação da multa de ofício “não qualificada” de 75%. Com efeito, considero que para a correta aplicação da multa qualificada a inobservância da legislação tributária tem que estar acompanhada de prova que o contribuinte, por ato fraudulento, levou a autoridade administrativa a erro, por meio por exemplo da utilização de documentos falsos, notas frias, interposição de pessoas, etc. Em se tratando de omissão de rendimentos decorrente de depósitos de origem não comprovada, cuja caracterizada é objeto de presunção legal relativa, não bastam as alegações de relevância econômica dos valores envolvidos e reiteração de conduta para a demonstração do evidente intuito de fruade. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD 8 Como bem apontou com o usual brilhantismo o ilustre Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos em acórdão sobre o tema, se o entendimento sumular antes transcrito não permite a qualificação da multa de ofício quando presente uma simples omissão de rendimentos, como justificar a qualificação desse multa em uma presunção de omissão de rendimentos, em que não ficou demonstrada nenhuma fraude, e que a própria omissão de rendimentos é presumida? O evidente intuito de fraude não pode ser presumido, como ocorre com a presunção legal de omissão de rendimentos, mas minudentemente demonstrado. Entender diferente seria presumir a fraude em situação em que a própria hipótese de incidência – omissão de rendimentos por depósitos de origem não comprovada é presumida pela lei, situação que merece repúdio. Em resumo, entendo não ter a fiscalização logrado êxito em demonstrar evidente intuito de fraude na conduta do Recorrente a justificar a qualificação da penalidade, razão pela qual voto no sentido de negar provimento ao recurso especial nesse quesito. Decadência Por outro lado, no tocante à decadência, já manifestei meu entendimento em diversas oportunidades segundo o qual o IRPF é tributo sujeito ao lançamento por homologação, sendo que o prazo decadencial para efetuar o lançamento de tal tributo seria, em regra, o do art.150, §4º do CTN. Dessa forma, o prazo decadencial para o lançamento seria de cinco anos a contar do fato gerador. Ocorre que o Regimento Interno deste E. Conselho, conforme alteração promovida pela Portaria MF n.º 586/2010 no artigo 62A do anexo II, introduziu dispositivo que determina, in verbis, que: “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” Assim, no que diz respeito à decadência dos tributos lançados por homologação, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o RESP nº 973.733, nos termos do artigo 543C, do CPC, consolidou entendimento diverso, conforme se verifica da ementa a seguir transcrita: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento Fl. 7DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 19515.003511/200443 Acórdão n.º 920202.141 CSRFT2 Fl. 5 9 antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Fl. 8DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD 10 Com o advento da decisão acima referida, temse que nos casos em que não houve antecipação de pagamento devese aplicar a regra do art. 173, I, do CTN, ou seja, contar se o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Nos casos em que há recolhimento, ainda que parcial, aplicase a regra do art. 150, § 4º do CTN, ou seja, o prazo se inicia na data do fato gerador. Importante destacar que a decadência relativamente ao exercício de 1999 (anocalendário de 1998) foi reconhecida pela DRJ, não tendo sido objeto de recurso pelas partes, razão pela qual o presente recurso somente analisará a decadência em relação ao exercício de 2000 (anocalendário de 1999). Como se verifica da declaração de ajuste anual apresentada pela contribuinte constante às fls. 802, durante o anocalendário de 1999 ocorreu a antecipação do imposto de renda por meio das retenções sofridas durante o anocalendário. Logo, aplicase ao presente caso o disposto no artigo 150, §4º, do CTN, sendo que o início do prazo de decadência dáse com a ocorrência do fato gerador, em consonância com o que foi decidido no v. acórdão recorrido. Na data em que a contribuinte tomou ciência do lançamento, 30/04/2005, os fatos geradores referentes ao ano calendário de 1999 encontravamse fulminados pela decadência, constatado que se passaram mais de cinco anos contados da data do fato gerador que se deu em 31/12/1999. Deve, assim, ser mantida a decisão recorrida, negandose provimento ao recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional. No recurso interposto pelo contribuinte, por outro lado, a discussão posta é, no caso de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários, a ocorrência da decadência mensal. A matéria é objeto da Súmula CARF nº 38, não cabendo acolher a pretensão do contribuinte: Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Destarte, conheço dos recursos especiais interpostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional e pelo contribuinte para, no mérito, NEGARLHES PROVIMENTO. (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad Fl. 9DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 19515.003511/200443 Acórdão n.º 920202.141 CSRFT2 Fl. 6 11 Fl. 10DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 28/06/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por GUSTAVO LIAN HADDAD
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Numero do processo: 19515.003065/2004-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 19 00:00:00 UTC 2010
Data da publicação: Tue Oct 19 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2000, 2001, 2002, 2003
RECURSO VOLUNTÁRIO - INTEMPESTIVIDADE - Não se conhece de
recurso contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância quando apresentado depois de decorrido o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão.
Recurso não conhecido.
Numero da decisão: 2202-000.814
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestivo.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestivo. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann — Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez — Relator 03 DLL Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Jac. Carlos Cassuli Júnior (Suplente convocado), Antonio Lopo Martinez, Ewan Teles Aguiar (Suplente convocado), Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Helenilson Cunha Pontes e Gustavo Lian Haddad. Assinado clioitaIntente orn 28110/201 [1)01 NELSON NIN_LNIANN. 28110/2010 por ANTONIO LOP° MARTINF7: &it ,::ntiondo digilllimente 001 28/ 10/a01 C.) por ANTONIO Lop() MARTINEZ 8:011 0.:10 c.n! :1 1:1'1 1/21)10 polo Ministe:rio do Fa:...enda Dr CARP MI' 1 - 1. 696 Relatório Em ação fiscal efetuada no contribuinte acima qualificado, foi apurado crédito tributário no montante de R$ 1.011.700,69 ( um milhão, onze mil e setecentos reais e sessenta e nove centavos), relativo ao Imposto de Renda da Pessoa Física dos anos-calendários de 1999, 2000, 2001 e 2002, sendo R$ 431,925,29 referentes ao imposto, R$ 323,943,96 referentes h. multa proporcional e R$ 255 831,44 referentes aos juros de mora, consubstanciado no Auto de inflação As fls. 489 a 497. A autuação foi fundamentada na seguinte legislação : art 42 da Lei n° 9.430/96, art. 4° da Lei n° 9.481/97 e art. 21 da Lei n° 9.532/97; art. 849 do R1R199; art. l'inda MP n°22/2002, convertida na Lei n° 10.451/2002. 0 procedimento fiscal, que resultou na constituição do crédito tributário acima referido, encontra-se relatado no Relatório de Ação Fiscal (fls. 482/488), o qual nos da conta dos seguintes pontos principais: Em 11/06/2004, o contribuinte tomou ciência do Termo de Inicio de Fiscalização lavrado em 03/06/2004, por meio do qual foi intimado a apresentar os extratos da contas bancárias nos bancos: Banco do Brasil S/A, Banco Boa Vista S/A, Banco Safra S/A, Banco hail S/A, Banco Bradesco S/A, Unibanco S/A e Caixa Econômica Federal S/A, referentes aos anos-calendários de 1999 a 2002, conforme relação As fls. 482/483, bem como a comprovar a origem dos recursos depositados naquelas contas; Em vista do não atendimento A intimação fiscal, foi lavrado Termo d e Embaraço à Ação Fiscal, anexado A. fl. 16, do qual o contribuinte foi cientificado em 30/07/2004; A Fiscalização emitiu, então, Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira RMF, nos termos do art. 6° da LC n° 105/2001, regulamentado pelo Decreto n° 3 724/2001, por meio das quais solicitou aos bancos supramencionados os extratos da movimentação financeira do contribuinte durante os anos fiscalizados; De posse dos extratos bancários enviados pelos bancos, a Fiscalização lavrou novo Termo de Intimação Fiscal, às fls. 454/480, datado de 28/10/2004, e recebido pelo contribuinte ern 08/11/2004, intimando-o a comprovar, mediante documentação coincidente em datas e valores, as fontes dos recursos que deram origem aos créditos/depósitos bancários em seu nome naquelas instituições financeiras; Registrou, então, o Auditor Fiscal Autuante que o fiscalizado não atendeu A intimação e, diante da não-comprovação da origem dos recursos, elaborou planilhas de valores referentes aos cheques devolvidos, os quais foram subtraidos dos valores dos depósitos efetuados nas instituições financeiras, conforme planilhas As fls. 485/488, determinando-se, ao final, os valores a serem tributados, nos termos da legislação referenciada; 0 Auto de Infração foi lavrado ern 03/12/2004, vindo 'o contribuinte dele tomar ciência por via postal ern 07/12/2004, conforme aviso de recebimento anexado à fl 499. Inconformado, o contribuinte ingressou com a impugnação (Os, 507/548) em 05/01/2005, também por via postal. Posteriormente, ern 06/01/2005, protocolizou, na Repartição Fiscal, a mesma impugnação (fls. 549/589), enviada antes pelos Correios. Na impugnação, o contribuinte procura demonstrar a improcedência da autuação, alegando, em resumo, o que se segue: Assinado digitalmente ern 29/10/20 10 por NELSON MALLMANN. 28/10)2010 por ANTONIO I. OPO mARTINEZ Autenticado diyilaimente em 26/10/2010 por ANTONIO L000 MARTINEZ 2 Emitido cm 30/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Dv cAlz mi; FL 697 Processo n 19515 003065/2004-77 S2-C21 2 Acerno n" 2202-00,814 Fl 2 3.1 Inicialmente, afirma o impugnante que jamais existiu qualquer omissão de rendimentos que pudesse constituir fato gerador de tributação; 3.2 Esclarece que, desde anteriormente aos exercícios em que ocorreu a movimentação financeira que se quer tributar, é sócio- gerente das seguintes empresas.' a) Metia Serviços Lida, CNPJ 52 170.024/0001-92; b) Comercial Import. e Export. Shinji' Ltda., CNN 64.545.759/0001-32; c) Regis!' Com. e Distrib. Lida, CNR103.497 595/0001-20, 3 3 Tais empresas, desde 1998, enfrentam dificuldades financeiras e ostentam, ainda hoje, restrições cadastrais que impedem que tenham acesso a taloncirios de cheques, dificultando ou impossibilitando seu normal funcionamemo; 3.4 Prossegue, argumentando que, como decorrência da circunstância acima exposta, não encontrou outra solução que não a de transferir para suas contas pessoais todos os ativos financeiros das empresas, movimentando-os através de sua pessoa fisica; 3,5 Assim, creditados nas contas das empresas os valores resultantes de suas operações, tais importâncias eram transfei idas para as contas pessoais do impugnante que, por meio delas, procedia ao pagamento de funcionários, fornecedores, impostos, etc, 3.6 Inexistitt, portanto, qualquer omissão quanto à origem das importâncias movimentadas, uma vez que se encontram retratadas nos balanços das empresas, assim como nas suas declarações ao Fisco, pelo que indevida qualquer nova tributação sobre etas; 3 7 A análise comparativa dos extratos de movimentação das contas correntes das empresas em questão, em face da movimentação de suas contas, demonstram -á, pela coincidência de datas e valores de débitos nas primeiras e créditos nas segunda.s, a veracidade do alegado; 3.8 Prossegue o impugnante afirmando que não dispõe de tais extratos, quer em razão do tempo decorrido, quer em razão da exigüidade de tempo para a interposição da presente impugnação, quer em razão de tuna das empresas mencionadas encontrar-se desativada; 3.9 Assim, face ao que dispõe os arts. 16, IV, e 18, do Decreto n° 70.235/72, requer o impugnante que a Autoridade Fiscal determine que sejam requisitados aos estabelecimentos bancários as extratos de movimentação das contas correntes das mencionadas empresas no período fiscalizado, para fins de comparação e final constatação da inexistência de qualquer omissão de rendimentos do impugnante; 3.10 Conclui, protestando provar o alegado por todas os meios legais, e requerendo que seja julgada procedente a presente Ainado digitairnente em 29/10/2010 ror NELSON MALLMANN. 28/10/2010 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Atitt:car.la digitr.lirti.cite mc 2:1!•1012010 par ANTONIO 0 000 MARTINEZ. 3 Emitido em 30/1112010 pelo Ministório da Fazurida DE: CA 1U-' LVI I IL.698 impugnação, para declarar a inexigibilidade do tributo e anular o Auto de Infração lavrado A DRJ-SPO II ao apreciar as razões do interessado, julgou o lançamentó Insatisfeito o contribuinte interpõe recurso voluntário, reiterando as razões da E o relatório. Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator Do exame dos autos verifica-se que existe uma questão prejudicial à analise do mérito da presente autuação, relacionada com a preclusão do prazo para interposição de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais A decisão de Primeira Instância foi cientificada ao contribuinte através do correio em 04/04/2008 (fis, 605). Entretanto a peça recursal, somente, foi protocolada 16/05/2008, fls. 608, portanto, fora do prazo fatal de 30 dias. Caberia ao suplicante adotar medidas necessárias ao fiel cumprimento das normas legais, observando o prazo fatal para interpor a peça recursal. A própria autoridade preparadora já havia indicado a intempestividade do recurso na fL 655, Nestes termos, posiciono-me no sentido de não conhecer do recurso voluntário, por intempestivo. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Assinado digitalmente em 29 1 1012010 por NELSON MALLMANN, 28110/2010 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Autenticado dieitalmente em 2811012010 per ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 Emitido cm 3011112010 pelo Ministério da FE17.enda procedente impugnação. Voto
score : 1.0
Numero do processo: 10980.012879/2006-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 23 00:00:00 UTC 2010
Data da publicação: Thu Sep 23 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CONTA INDIVIDUAL DE FATO - No caso de omissão de receitas identificada com base em depósitos em conta bancária
comprovadamente individual de fato, embora registrada como conjunta, a integralidade do valor das receitas será imputado ao titular de fato, ou seja, aquele que efetivamente possuía o controle da movimentação bancária.
Numero da decisão: 2201-000.849
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria dar provimento ao recurso para cancelar a exigência. Vencidos os conselheiros Pedro Paulo Pereira Barbosa e Francisco Assis de Oliveira Júnior.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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CONTA INDIVIDUAL DE FATO - No caso de omissão de receitas identificada com base em depósitos em conta bancária comprovadamente individual de fato, embora registrada como conjunta, a integralidade do valor das receitas será imputado ao titular de fato, ou seja, aquele que efetivamente possuía o controle da movimentação bancária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria dar provimento ao recurso para cancelar a exigência. Vencidos os conselheiros Pedro Paulo Pereira Barbosa e Francisco Assis de Oliveira Júnior. (Assinado digitalmente) Francisco Assis de Oliveira Júnior - Presidente. (Assinado digitalmente) Eduardo Tadeu Farah - Relator. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 07/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH, 03/11/2010 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVE IRA JU 2 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Pedro Paulo Pereira Barbosa, Eduardo Tadeu Farah, Janaína Mesquita Lourenço de Souza, Guilherme Barranco de Souza e Francisco Assis de Oliveira Júnior (Presidente). Relatório Paulo César Calluf recorre a este conselho contra a decisão de primeira instância proferida pela 4 a . Turma da DRJ em Curitiba/PR, pleiteando sua reforma, nos termos do Recurso Voluntário apresentado de fls. 179/186. Trata-se de exigência de IRPF com valor total de R$ 602.338,71, relativo ao imposto, incluindo multa de ofício de 75% e juros de mora, calculados até 31/10/2006. A infração apurada pela fiscalização foi omissão de rendimentos em face de depósitos bancários de origem não comprovada. Inconformado, interpôs o autuado impugnação de fls. 157/165, instruída com os documentos de fls. 166/169, sustentando, em síntese, que: a) embora constasse como co-titular da conta bancária, a movimentação da mesma era de responsabilidade de seu pai. Informa que figurava como co-titular para o caso de eventuais emergências; b) o lançamento é incompatível com a realidade dos fatos e as provas que estão sendo levantadas serão apresentadas no curso do processo. Que já solicitou as cópias de todos os cheques emitidos e que não teriam sido apresentados em face da morosidade da instituição financeira; c) é ilegítimo o lançamento do Imposto de Renda arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários, conforme Súmula 182 do TFR; d) a simples verificação de um depósito bancário não constitui fato gerador do imposto de renda, pois, não caracteriza acréscimo patrimonial, ou seja, disponibilidade econômica de renda e proventos, nos termos do art. 153, III da CF/1988, e art. 43 do CTN; e) por fim, requer a ampliação de prazo para juntada de novas provas dos fatos alegados, bem assim, que seja afastada sua responsabilidade em relação às contas bancárias investigadas e, por conseguinte, o cancelamento da exigência. A 4 a Turma da DRJ em Curitiba/PR julgou integralmente procedente o lançamento, consubstanciado nas ementas abaixo transcritas: OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTOS COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1997 a Lei nº 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 07/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH, 03/11/2010 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVE IRA JU Processo nº 10980.012879/2006-01 Acórdão n.º 2201-00.849 S2-C2T1 Fl. 2 3 PRODUÇÃO DE PROVAS APÓS A IMPUGNAÇÃO. Nos termos da legislação de regência do processo administrativo fiscal, com a impugnação devem ser trazidos todos os documentos em que se funda, admitindo-se sua juntada a destempo somente nos casos expressamente previstos. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões administrativas e judiciais, não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. Lançamento Procedente Cientificado da decisão de primeira instância, Paulo César Calluf apresenta tempestivamente Recurso Voluntário, alegando, essencialmente, que: a) quando da impugnação, não foi possível a apresentação dos documentos solicitados à instituição financeira, visto que a mesma despenderia mais tempo para fazê-lo. Portanto, requer a apreciação dos documentos anexados, por fazerem prova de que não era responsável pelas movimentações financeiras que lhe são imputadas; b) embora constasse como co-titular da conta bancária, a movimentação da mesma era de responsabilidade de seu pai. Informa que figurava como co-titular para o caso de eventuais emergências; c) emitiu apenas 03 (três) cheques dos 792 (setecentos e noventa e dois) emitidos, que totalizam R$ 7.006,70 (sete mil e seis reais e setenta centavos) correspondendo a 0,5% (meio por cento) de todo movimento; d) a presunção de omissão de rendimentos deve ser integralmente afastada a partir dos documentos acostados; e) é ilegítimo o lançamento do Imposto de Renda arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários, conforme Súmula 182 do TFR; f) seja anulado o lançamento fiscal, excluindo-se a responsabilidade do recorrente. Não sendo este o entendimento requer a baixa dos autos em diligência para que a autoridade fiscal possa ajustar a exigência ao percentual de 0,5%. É o relatório. Voto Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 07/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH, 03/11/2010 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVE IRA JU 4 Propugna o recorrente pela juntada de provas, nesse sentido, cabe verificar o disposto no art. 16 do Decreto 70.235, de 1972, com a nova redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, e do art. 67 da Lei 9.532, de 1997, in verbis: Art. 16. A impugnação mencionará: (....) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e provas que possuir; IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. § 1º Considerar-se-á não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (....) §4º - A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refira-se a fato ou a direito superveniente; c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (grifei) Pelo que se depreende do acima exposto não há impedimento para que sejam aceitos os documentos apresentados juntamente com o Recurso Voluntário, em função da impossibilidade de apresentação por ocasião da impugnação, portanto, serão apreciados por este julgador. Quanto a Súmula nº 182 do antigo Tribunal Federal de Recursos, deve ser esclarecido que sua edição ocorreu em outro momento histórico, no qual não era possível formular uma presunção legal com base em depósitos bancários; por conseguinte, não abrange o presente caso, que tem por base legal o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, cuja legalidade e constitucionalidade não consta tenham sido objeto de decisão judicial erga omnes, nem que tivessem sido judicialmente questionadas pelo recorrente. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 07/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH, 03/11/2010 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVE IRA JU Processo nº 10980.012879/2006-01 Acórdão n.º 2201-00.849 S2-C2T1 Fl. 3 5 Em relação ao mérito, impende registrar que a presente tributação da omissão de rendimentos provenientes de depósitos bancários pautou-se no art. 42 e parágrafos, da Lei nº 9.430, de 1996, que estabeleceu, a partir de 01/01/1997, uma presunção legal de omissão de rendimentos, autorizando o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprovasse, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Transcreve-se, a seguir, o § 6 o e o caput do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que embasou o lançamento, com as alterações posteriores introduzidas pelo art. 4º da Lei nº 9.481, de 13 de agosto de 1997, e pelo art. 58 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002: Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. Como se depreende da leitura do dispositivo legal acima, na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos deve-se imputar a cada titular o correspondente a 50% da movimentação bancária. Contudo, em seu Recurso Voluntário alega o autuado que toda a movimentação da conta n° 2903.90, no Bank Boston – agência Centro Cívico em Curitiba/PR, era de única e exclusiva responsabilidade de seu pai, Nure Calluf. Para comprovar sua afirmação junta ao Recurso Voluntário uma grande quantidade de cheques microfilmados emitidos pelo responsável pela conta. Aduz, também, que figurava como co-titular para o caso de eventuais emergências. Prossegue, ainda, seu desiderato informando que emitiu apenas 03 cheques dos 792 emitidos, totalizando R$ 7.006,70, o que corresponde a 0,5% de todo movimento. Por fim, informa que em reposta ao Termo de Intimação n° 2, do processo n° 10980.012063/2006-70 consta uma declaração de seu pai, Nure Calluf, reconhecendo a responsabilidade por toda a movimentação bancária da referida conta. Ressalte-se que o julgamento de primeira instância considerou integralmente procedente o lançamento, pois, segundo o relator “a quo”, não foram apresentadas provas da referida alegação. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 07/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH, 03/11/2010 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVE IRA JU 6 Pois bem, o processo em questão foi colocado em pauta em 05/03/2009 e, diante da grande quantidade de documentos carreados aos autos, o Colegiado da antiga Segunda Câmara decidiu, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para: “i) comprovar a autenticidade dos documentos apresentados em sede de recurso, já que não passaram pelo exame da fiscalização. ii) Anexar reposta ao Termo de Intimação n° 2, do processo n° 10980.012063/2006-70, em nome de Nure Calluf, reconhecendo a responsabilidade por toda a movimentação bancária da referida conta. Concluída a diligência, deverá ser dada ciência ao interessado para se manifestar, se assim desejar.” Concluída a diligência a autoridade atestou que todas as cópias de cheques carreadas ao processo às fls. 202/984, foram assinadas pelo pai do recorrente, o Sr. Nure Calluf, a exceção foram 03 cheques dos 792 emitidos que totalizaram R$ 7.006,70, correspondente a 0,5% de todo movimento bancário objeto da exação. Além do mais, junta aos autos o suplicante declaração de seu pai, Nure Calluf, reconhecendo a responsabilidade por toda a movimentação bancária da referida conta, nos mesmos moldes da resposta concedida ao Termo de Intimação n° 2, do processo n° 10980.012063/2006-70. Pois bem, compulsando os inúmeros documentos carreados aos autos pelo recorrente (fls. 202/984), verifico, pois, que não há como imputar ao recorrente, de fato, a responsabilidade pela movimentação da conta n° 2903.90, no Bank Boston - agência Centro Cívico, posto que de acordo com os cheques e saques efetuados é plausível concluir que o recorrente não possuía condições materiais para justificar a origens dos créditos, fundamentalmente porque a referida conta era de exclusividade de seu pai, Nure Calluf. Tanto é verdade que o pai do recorrente, desde o início da ação fiscal, assumiu toda a responsabilidade pela movimentação da conta n° 2903.90, no Bank Boston - agência Centro Cívico, no entanto, a fiscalização quedou-se inerte e constituiu o crédito tributário sem efetuar qualquer verificação complementar, mesmo havendo indícios da plausibilidade dos fatos alegados. Portanto, o que se vê, em verdade, é omissão de receitas identificada com base em depósitos em conta bancária comprovadamente individual de fato, embora registrada como conjunta, e, neste caso, a integralidade do valor das receitas deverá ser imputado ao titular de fato, ou seja, aquele que efetivamente possuía o controle da movimentação bancária. O simples exame dos inúmeros cheques emitidos pelo pai do recorrente (fls. 202/984) já contém evidências suficientes que demonstram que a presunção adotada não tem sólidos embasamentos, ou seja, não leva a um juízo de valor sustentável, fazendo nascer uma obrigação com vício, ferindo de morte o princípio da segurança jurídica e da capacidade contributiva, o que não se admite no Direito Tributário. Portanto, para que o lançamento se aperfeiçoe de fato e de direito deve-se evitar afronta aos referidos princípios, sob pena do enriquecimento ilícito da União. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 07/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH, 03/11/2010 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVE IRA JU Processo nº 10980.012879/2006-01 Acórdão n.º 2201-00.849 S2-C2T1 Fl. 4 7 Neste contexto, as autoridades fiscais devem colher as provas que entender indispensáveis para verificar a ocorrência do fato gerador efetivo, já que no processo administrativo tributário deve sempre prevalecer à verdade material. Assim, como bem preleciona Vitor Hugo Mota de Menezes 1 , o princípio da verdade material deve ser buscado no processo, desprezando-se as presunções tributárias, ficções legais, arbitramentos ou outros procedimentos que procurem atender apenas à verdade formal, muitas vezes atentando contra a verdade objetiva, devendo a autoridade administrativa promover de ofício as investigações necessárias à elucidação da verdade material. Nesta mesma linha, deve ser invocado o voto proferido no Acórdão nº 102- 47.457, acolhido à unanimidade por este Colegiado, o i. Conselheiro Naury Fragoso Tanaka: (...) a verdade material deve sempre constituir objeto de busca pelo procedimento fiscal, mesmo nas situações em que a lei permite ao fisco obter o fato gerador por intermédio da ocorrência de outros que a ele estão ligados logicamente. (...) a busca da verdade material que se externa obrigatória pela ordem contida no artigo 142, do CTN, e para que, por utilização inadequada da base presuntiva, evite-se formalização de créditos exorbitantes e em descompasso com aquele que realmente seria devido. Não se pode perder de vista que o livre convencimento é prerrogativa do julgador na apreciação dos fatos e de sua prova, conforme preceitua o art. 131 do Código de Processo Civil e do art. 29, do Decreto 70.235, de 1972, in verbis: Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) (...) Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Portanto, de acordo com as provas acostadas aos autos, entendo, pois, que restou demonstrado que o recorrente não movimentava, de fato, a conta n° 2903.90, do Bank Boston – agência Centro Cívico em Curitiba/PR. Isto posto, não há como atribuir ao recorrente responsabilidade por 50% de toda movimentação financeira da conta n° 2903.90 do Bank Boston – agência Centro Cívico em Curitiba/PR. 1 MENEZES, Vitor Hugo Mota de. Teoria geral do processo administrativo tributário. In: ANDRADE, Roberta Ferreira de (coord.). Direito processual tributário. Manaus: Fiscal Amazonas, 2002. p. 22. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 07/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH, 03/11/2010 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVE IRA JU 8 Frise-se que a fiscalização baseou toda a exigência na referida conta. Ante ao exposto voto no sentido de rejeitar as preliminares e, no mérito, DAR provimento ao recurso para cancelar a exigência. (Assinado digitalmente) Eduardo Tadeu Farah Fl. 8DF CARF MF Emitido em 07/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH Assinado digitalmente em 22/10/2010 por EDUARDO TADEU FARAH, 03/11/2010 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVE IRA JU
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