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Numero do processo: 18471.000746/2007-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2201-000.231
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que se verifique a alegação de parcelamento do crédito tributário em litígio.
Assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente
Carlos César Quadros Pierre - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que se verifique a alegação de parcelamento do crédito tributário em litígio. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que se verifique a alegação de parcelamento do crédito tributário em litígio. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, 2ª Turma da DRJ/RJOI (Fls. 473), na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Relatório O presente processo tem origem no Auto de Infração de fls. 1561166, lavrado pela Delegacia da Receita Federal de Fiscalização no Rio de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 84 71 .0 00 74 6/ 20 07 -1 7 Fl. 525DF CARF MF Processo nº 18471.000746/200717 Resolução nº 2201000.231 S2C2T1 Fl. 525 2 Janeiro RJ, do qual o interessado acima identificado foi intimado em 1911012007, consubstanciando a exigência do Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF, referente ao ano calendário de 2005 no valor de R$ 1.201.535,73, acrescidos de juros de mora e multa de ofício de 75%. ENQUADRAMENTO LEGAL Arts. 620, 621, 624, 625, 626, 636, 637, 638, 641 a 646, do RIR/99 c/c art. 1° da Lei n° 9.987/99. Arts. 620, 628, 629, 630, 641 a 644 e 646 do RIR/99 c/c art. 1° da Lei no 9.987/99. DESCRIÇÃO DOS FATOS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. CONFRONTO DIRF X DARF. Conforme Termo de Verificação de Infração Fiscal de fls. 154, o interessado foi selecionado previamente em programa de revisão sistemática de declaração (verificação obrigatória), onde foram encontradas irregularidades que implicaram no procedimento administrativo em questão. Foi aberta a ação fiscal por meio da qual foi constatado, através do cotejamento dos valores de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) constantes da DIRF, das DCTF e no Livro Razão com o somatório dos pagamentos efetuados através de DARF, que o interessado, na condição de responsável tributário pela retenção na fonte, apesar de ter descontado o valor do imposto por ocasião do pagamento dos salários a seus empregados para o código de receita 0561, e os relativos a trabalhos sem vínculo empregatício, código de receita 0588, não efetuou totalmente os recolhimentos referentes aos valores do IRRF constantes em sua escrituração e informados na DIRF relativa ao exercício de 2006, ano de retenção 2005, restando configurado em tese, a ocorrência de crime contra a ordem tributária na forma prevista no artigo 2 0, inciso Il, da Lei n° 8.137/90 formalizandose a Representação Fiscal para Fins Penais em 2510112007 (fls. 153). Às fls. 171/174, foi juntada cópia da Representação Fiscal para Fins Penais, onde está registrado às fls. 172 "Descrição dos Fatos Caracterizadores do Ilícito', que como "não restou configurado o evidente intuito de fraude, conforme disposto nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, não coube a aplicação da multa prevista no inciso II do artigo 957 do RIR/99, de 150%". Às fls. 175, está registrado que foi apensado a este o processo no 18471.001172/200702, referente à Representação Fiscal para Fins Penais. DA IMPUGNAÇÃO. Regularmente cientificado em 19/10/2007, às fls. 156, da autuação referente ao IRRF, apresenta o interessado em 19/11/2007, impugnação (fls. 177/181), através de seu procurador habilitado às fls. 182, alegando que: Fl. 526DF CARF MF Processo nº 18471.000746/200717 Resolução nº 2201000.231 S2C2T1 Fl. 526 3 • nenhuma irregularidade foi cometida pelo interessado que pudesse motivar a autuação, como a seguir será provado; • os valores discriminados no auto de infração estão sendo pagos religiosamente, tendo em vista pedido de parcelamento efetuado em 15110/2007, com base na Lei n° 11.345, de 14 de setembro de 2006; • embora a Receita Federal não tenha se manifestado quanto ao pedido de parcelamento, certo é que, estando preenchido os requisitos para obtenção do mesmo, nada pode ser questionado; • o parcelamento é um direito subjetivo do interessado e não 4uma faculdade do Poder Público em conceder o benefício; • não se justifica a autuação, pois nenhuma irregularidade ou ilegalidade foi cometida; • é uma entidade educacional filantrópica sem fins lucrativos, e reconhecida como de utilidade pública; • o auto de infração não preenche os requisitos legais, eis que é por demais genérico, uma vez que o auditor menciona no seu trabalho que a instituição não recolheu os impostos que discrimina, destoando da base legal; • pelas razões já expostas pede seja julgado totalmente improcedente a autuação em questão; • requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas. As fls 214, foi efetuado pedido de diligência através da Resolução n° 00612008 de 10/01/2008, objetivando verificar se os débitos constantes da lide, têm relação com pedido de parcelamento constante do processo no 10070.001765/200771. Às fls. 222, o interessado foi intimado a apresentar planilha demonstrando os valores incluídos no parcelamento do processo no 10070.001765/200771, mês a mês, para o ano de 2005, código 0561, com as respectivas DCTF, tendo por finalidade justificar a possível inclusão dos débitos em questão, no citado parcelamento. A documentação solicitada foi juntada as fls. 218/354. Passo adiante, a 2ª Turma da DRJ/RJOI entendeu por bem julgar o lançamento procedente em parte, em decisão que restou assim ementada: NULIDADE Não está inquinado de nulidade o Auto de Infração lavrado por autoridade competente e em consonância com o que preceituam os artigos 142, do CTN, e 10 e 59 do Decreto n° 70.235/1972. PEDIDO DE PARCELAMENTO ANTERIOR À CIÊNCIA DA AUTUAÇÃO. ESPONTANEIDADE READQUIRIDA. Se entre a data de início da fiscalização e da ciência do lançamento transcorreu mais de sessenta dias sem nenhum ato escrito, que Fl. 527DF CARF MF Processo nº 18471.000746/200717 Resolução nº 2201000.231 S2C2T1 Fl. 527 4 indicasse o prosseguimento dos trabalhos, e o interessado, neste período, efetuou pedido de parcelamento dos débitos referentes a retenções na fonte sobre o trabalho assalariado, considerase espontâneo o seu procedimento. DIFERENÇA ENTRE VALORES INFORMADOS EM DIRF E AQUELES RECOLHIDOS EM DARF. Não comprovado o recolhimento integral dos valores retidos na fonte sobre rendimentos pagos, mantémse o lançamento de ofício da diferença apurada pela fiscalização. Cientificado em 07/08/2008 (Fls. 487), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 08/09/2008 (fls. 489 a 494), argumentando em síntese: (...) 4 Com efeito, os valores discriminados no auto estão sendo pagos religiosamente, tendo em vista um pedido de parcelamento efetuado em data de 15 de outubro de 2007, com base na Lei n° 11.345 de 14 de setembro de 2006. 5 E muito embora não tenha havido qualquer manifestação da Receita Federal quanto ao pedido de parcelamento, o certo é que estando preenchidos os requisitos para obtenção do Parcelamento, como de fato tais requisitos foram preenchidos, tratase de um direito subjetivo da instituição autuada e não uma faculdade do Poder Público em conceder o beneficio. Assim, não se justifica o auto de infração, pois nenhuma irregularidade ou ilegalidade foi cometida. (...) 11 Assim, pelas razões ora: expostas, tornase imperioso reconhecer que o Auto de Infração ora guerreado, deverá ser julgado totalmente improcedente, por estar ausente qualquer base legal para a autuação e a instituição alegante não transgrediu qualquer norma relativamente ao imposto de renda. 12 Salientase que conforme auto de infração, existe possibilidade de parcelamento, com desconto da multa. Diante do parcelamento realizado e recolhimento do tributo não podese falar agora de novo parcelamento com desconto apenas da multa. Havido o pedido de parcelamento e pagamento conseqüente deverá ser julgado. IMPROCEDENTE a notificação realizada ou deferido o parcelamento sem pagamento de multa. É o Relatório Voto. Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Fl. 528DF CARF MF Processo nº 18471.000746/200717 Resolução nº 2201000.231 S2C2T1 Fl. 528 5 Após consulta nos autos se verifica que a contribuinte indica adesão ao parcelamento especial disciplinado pela Lei 11.345/2006. Embora se verifique nos autos às fls 295 e 298 petição informando a adesão ao parcelamento, no presente caso, não é possível verificar se realmente ocorreu a adesão da contribuinte ao parcelamento. Não se sabendo exatamente se ainda há matéria em litígio, não há como proferir um julgamento. Ante o acima exposto, proponho o retorno dos autos à DRFB de origem para que a autoridade preparadora informe se a contribuinte confessou e parcelou ou não o débito do presente lançamento; bem como, se for o caso, informe se o débito já se encontra quitado. Ao final, com vistas a garantir o contraditório e o amplo direito de defesa, cientificar à contribuinte acerca desta diligência e dos resultados dela decorrentes, assegurandolhe prazo para sua manifestação. Tomadas as providências acima, os autos devem retornar a este Colegiado para apreciação. Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Fl. 529DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10768.028410/99-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 1992, 1993
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF. PEDIDO EFETUADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/05. PRAZO DE 10 ANOS, CONTADOS DO PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Segundo o entendimento do STF, no caso de pedido de restituição de tributo sujeito a lançamento por homologação efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118, de 2005, deve-se aplicar o prazo de 10 (dez) anos, contados a partir do pagamento indevido. Aplicação do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF.
PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO.
O deferimento de pedido de restituição e de compensação somente pode ser autorizado pela autoridade administrativa se fundado em elementos irrefutáveis, que confiram liquidez e certeza à repetição do indébito.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2201-003.298
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, reconhecendo a inexistência da decadência do pedido de restituição, e determinando, de outra feita, o retorno dos autos para a Delegacia de origem, para que esta aprecie o mérito do pedido de restituição/compensação dos anos 1992 e 1993.
Assinado digitalmente.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente.
Carlos César Quadros Pierre - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 1992, 1993 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF. PEDIDO EFETUADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/05. PRAZO DE 10 ANOS, CONTADOS DO PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Segundo o entendimento do STF, no caso de pedido de restituição de tributo sujeito a lançamento por homologação efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118, de 2005, deve-se aplicar o prazo de 10 (dez) anos, contados a partir do pagamento indevido. Aplicação do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF. PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O deferimento de pedido de restituição e de compensação somente pode ser autorizado pela autoridade administrativa se fundado em elementos irrefutáveis, que confiram liquidez e certeza à repetição do indébito. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, reconhecendo a inexistência da decadência do pedido de restituição, e determinando, de outra feita, o retorno dos autos para a Delegacia de origem, para que esta aprecie o mérito do pedido de restituição/compensação dos anos 1992 e 1993. Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. Assinado digitalmente. Carlos César Quadros Pierre - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 1992, 1993 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF. PEDIDO EFETUADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/05. PRAZO DE 10 ANOS, CONTADOS DO PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Segundo o entendimento do STF, no caso de pedido de restituição de tributo sujeito a lançamento por homologação efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118, de 2005, devese aplicar o prazo de 10 (dez) anos, contados a partir do pagamento indevido. Aplicação do artigo 62A do Regimento Interno do CARF. PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O deferimento de pedido de restituição e de compensação somente pode ser autorizado pela autoridade administrativa se fundado em elementos irrefutáveis, que confiram liquidez e certeza à repetição do indébito. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, reconhecendo a inexistência da decadência do pedido de restituição, e determinando, de outra feita, o retorno dos autos para a Delegacia de origem, para que esta aprecie o mérito do pedido de restituição/compensação dos anos 1992 e 1993. Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 02 84 10 /9 9- 65 Fl. 676DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 677 2 Assinado digitalmente. Carlos César Quadros Pierre Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, 1ª Turma da DRJ/RJOI (Fls. 582), na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Trata o presente processo do pedido de restituição de fl. 01 e dos pedidos de compensação, feitos nas fls. 400; 402; 404 e por meio dos processos n° 10768.001181/200324 e 10768.000030/2003 59, juntados ao presente, com débitos de PIS, COFINS, IRPJ E CSLL, para os quais o interessado, acima qualificado, alega possuir crédito contra a Fazenda Nacional no valor de R$ 180.618,40 (cento e oitenta mil, seiscentos e dezoito reais e quarenta centavos), anexando planilhas demonstrativas do IRRF referente aos períodos de 1992 a 1998 (fls. 03/09), com valores corrigidos até outubro de 1999. 2 O despacho decisório de fl. 428 reconheceu parcialmente o direito creditório do interessado, com base no Parecer Conclusivo Diort/Derat/RJO de fls. 426/427, no valor máximo de R$ 45.511,05 (quarenta e cinco mil, quinhentos e onze reais e cinco centavos), homologando as compensações pleiteadas até o limite deste valor, para os períodos de abril e dezembro de 2001 e outubro, novembro e dezembro de 2002. 3. O interessado, inconformado com o despacho decisório e com o Parecer Conclusivo n° 230/2004, de fls. 426/428, que reconheceu apenas parcialmente o seu direito creditório e por isso mesmo somente homologou parte das compensações pleiteadas, apresentou, em 13 de janeiro de 2005, a impugnação de fls. 439/488, acompanhada dos documentos de fls. 489/529, na qual alega em síntese o seguinte: A impugnação é tempestiva. O despacho decisório reconheceu parcialmente o crédito pretendido, deixando de reconhecer os pedidos relativos aos períodos de 1992 a 1993 e 1994 a 1995. Fl. 677DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 678 3 O imposto de renda tratase de tributo objeto de lançamento por homologação, cujo pagamento não tem o condão de extinguir o crédito tributário. Considerando que o pedido de restituição foi protocolizado em 21/12/1999, não há que se falar em decurso do prazo para ação de repetição do indébito, o qual somem poderia ocorrer após contados cinco anos da homologação tácita, ocorrida nos anos de 1997 e 1998, para os tributos pagos nos períodos de 1992 e 1993. O prazo para pedir restituição só viria a se extinguir, pela prescrição, em 2002 e 2003, para os valores recolhidos de IRRF nos anos de 1992 e 1993. De acordo com o princípio da moralidade, ao qual a Administração Pública está adstrita, esta tem o dever moral de restituir tributo indevidamente pago, ainda que prescrita a ação correspondente. Não assiste razão ao ilustríssimo auditor, chefe da Diort, em adotar o Parecer Diort/Derat/RJO n° 230, no sentido de deixar de reconhecer o direito ao crédito do IRRF, relativo aos anos calendário de 1994 a 1995, sob o argumento de que os mesmos não foram informados nas DIPJ. Deixou de lançar o IRRF nas DLPJ dos anos de 1994 e 1995, admite. Entretanto, é induvidoso que os valores foram corretamente contabilizados conforme se pode verificar nos livros Diários dos períodos em questão, cujas cópias seguem anexas. Não obstante os valores não terem sido registrados nas DIPJ, eles foram efetivamente retidos pelas empresas tomadoras do seu serviço, quando do respectivo pagamento. Apesar do esforço empregado, não foi possível levantar todos os documentos necessários à comprovação pretendida, pelo fato de que parcela da documentação em questão ser fornecida por terceiros. Confia que a mesma (documentação) possa ser facilmente obtida na Delegacia de Ramos à qual as empresas retentoras do tributo estavam, à época, jurisdicionadas, ou na própria matriz. Tratase um erro de fato no preenchimento das DIPJ de 1994 e 1995 que não pode ser utilizado para negar o direito à restituição do seu crédito, por mais uma vez violar o princípio da moralidade. Esclarece que procederá à retificação das DIPJ daqueles períodos, no momento e na forma que a Receita Federal determinar. Não se pode antepor dúvidas ao direito que lhe assiste, de reconhecimento à restituição do imposto retido na fonte nos períodos relativos aos anos de 1992; 1993; 1994 e 1995. Fl. 678DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 679 4 O pedido de restituição dos valores relativos ao IRRF dos períodos de 1992 a 1993 foi tempestivamente formulado e o lançamento dos valores relativos ao IRRF dos períodos de 1994 e 1995 decorreu de erro de fato no preenchimento das DIPJ, razão pela qual vem requerer seja a presente manifestação de inconformidade conhecida e provida, para o fím de reformar a decisão proferida no presente processo e conseqüentemente restituído o valor pleiteado. Passo adiante, a 1ª Turma da DRJ/RJOI entendeu por bem indeferir a solicitação, em decisão que restou assim ementada: Exercício: 1992, 1993 Ementa: DECADÊNCIA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. O prazo decadencial de cinco anos contados a partir do fato gerador operase tanto para o Fisco, impedindoo de constituir o crédito tributário, quanto para o contribuinte, cujo direito à restituição não seja exercido no mesmo prazo. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Exercício: 1992, 1993, 1994, 1995 Ementa: PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O deferimento de pedido de restituição e de compensação somente pode ser autorizado pela autoridade administrativa se fundado em elementos irrefutáveis, que confiram liquidez e certeza à repetição do indébito. Cientificada em 08/08/2005 (Fls. 595), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 05/09/2005 (fls. 596 a 615), reforçando os argumentos apresentados quando da impugnação. Em 25 de janeiro de 2007, aprouve a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, converter o julgamento em diligência (fls. 644 a 651) no sentido de: a) Que seja fornecido à contribuinte demonstrativo sobre a metodologia utilizada na apuração dos créditos e dos débitos, incluindo os índices de correção utilizados, de forma a evidenciar a apuração do saldo devedor dos débitos que foram objeto da carta de cobrança. Após, a empresa poderá se manifestar se entender necessário; b) Para que a contribuinte seja intimada a comprovar que os rendimentos que geraram as retenções do período de 12/94 a 12/95, constam de sua contabilidade e que foram oferecidos à tributação, e. que comprove a natureza dos rendimentos relativos ao informe de fls. 586. Após, a autoridade competente se for o caso, poderá realizar as diligências que forem necessárias, e deverá elaborar relatório circunstanciado sobre a comprovação. Do relatório produzido deve a contribuinte ter ciência, que poderá se manifestar se entender necessário. Fl. 679DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 680 5 Em 04/12/2011 a DRF/RJOI apresentou a resposta à diligência (fls.664 e 665): Lastreados no direito creditório reconhecido no Parecer Conclusivo e Despacho Decisório 230/2004 de fls. 435/437 , efetuamos a compensação dos débitos relacionados nas Dcomp às fls.400 , 402 , 404 do presente bem como nas Dcomp de fls.01 dos apensos 10768.001181/200324 e 10768.000030/200359 nos termos dos demonstrativos de compensação às fls. 607 a 615. Dêse ciência à interessada : a) dos demonstrativos de compensação de fls. 607 a 615 e do presente despacho; b) da comunicação referente à compensação de ofício a ser efetuada com os saldos credores remanescentes dos AC 96 , 97 e 98 , estando o primeiro cadastrado no presente e os outros dois cadastrados nos apensos (extratos fls.608/609) e c) do encaminhamento após a ciência ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para prosseguimento quanto aos créditos pleiteados nos AC 92 A 95. Intimado e reintimado (fls.667 e 670), para comprovar que os rendimentos que geraram as retenções do período de 12/94 a 12/95, constam de sua contabilidade e que foram oferecidos à tributação, e. que comprove a natureza dos rendimentos relativos ao informe de fls. 586, o contribuinte restou silente, não trazendo nenhum documento ou resposta aos autos. Desta forma o processo foi direcionado a este conselheiro. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Trata o recurso de pedido de restituição dos valores de IRRF dos períodos 1992, 1993, 1994 e 1995 tendo a contribuinte requerido a restituição em 21/12/1999. A restituição do IRRF dos anos de 1992 e 1993 foi indeferida, com fulcro no inciso I do art. 168 e art. 165, inciso I do CTN, estabelecendo o entendimento que o prazo decadencial de 5 anos é contado da data do recolhimento do imposto. Sobre a decadência dos pedidos de restituição, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, após reconhecer a existência de repercussão geral da questão constitucional do prazo decadencial de restituição de tributos pagos indevidamente ou a maior, julgou o RE 566.621/RS, Rel. Min. ELLEN GRACIE, nele proferindo decisão consubstanciada em acórdão assim ementado: Fl. 680DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 681 6 “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA 'VACATIO LEGIS' – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a 'vacatio legis', conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de 'vacatio legis' de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Fl. 681DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 682 7 Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da 'vacatio legis' de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” Portanto, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento de matéria sob a égide de repercussão geral, de aplicação obrigatória para os Conselheiros do CARF, entendeu que o prazo decadencial de restituição, aplicado para os pedidos formalizados antes de 09 de junho de 2005, é de 10 anos, contados do pagamento indevido ou a maior. No caso presente o pagamento indevido se deu nos anos de 1992 a 1993, tendo o pedido de restituição sido protocolado no ano de 21/12/1999; portanto não se encontrava esgotado o prazo decadencial. Deste modo, não há o que se falar em decadência do pedido de restituição do IRRF dos anos de 1992 e 1993. Já a restituição do IRRF dos anos de 1994 e 1995 foi indeferida em razão de ausência nas DIPJ'S das informações relativas a apuração do IRRF retido indevidamente. Ao contrário do alegado pela Recorrente, não foi um simples erro de preenchimento nas DIPJ'S que impossibilitou a restituição. Neste ponto, adoto os argumentos do Acórdão recorrido, nos seguintes termos: "Em relação aos recolhimentos do imposto de renda retido na fonte de 1994 e de 1995, verificase que de fato existiram (fls. 409/415), no entanto, somente lhe ser, cabível alguma restituição se, em 31 de dezembro dos mencionados anos se encerrarem os exercícios, o valor apurado pelo próprio interessado no ajuste anual apontasse excesso de retenções do imposto durante o ano, em montante superior ao valor realmente devido a título de imposto de renda, situação em que tal valor seria precedido de um sinal de menos. Há a necessidade da demonstração inequívoca e precisa do valor retido a mais, o qual se pede seja restituído. Este saldo negativo de imposto de renda deveria constar, no anocalendário de 1994, do Anexo 03, Quadro 04, linha 14 (fl. 411/412), entretanto, em todos os meses de 1994, não há registro de qualquer valor. Deste modo, não se pode autorizar a restituição/compensação requerida. No anocalendário de 1995, consta, na Ficha 08, linha 14 (fl. 415) como saldo negativo de imposto de renda o valor de R$3.120,56, proveniente da antecipação mensal obrigatória apurada com base na receita bruta. Ao se pesquisar na declaração de rendimentos do ano calendário de 1995, exercício Fl. 682DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 683 8 de 1996, a Ficha 09, em que se registra o IR e a CSLL devidos com base na receita bruta, verificase um único valor registrado em janeiro de 1995, que é de R$ 2.658,90 (fl. 534). Constatase, portanto, uma divergência de valores, para a qual não há elementos probatórios capazes de dirimir a dúvida e propiciar o caráter de liquidez e certeza, indispensáveis à restituição do crédito tributário pleiteado. Logo, para os anos de 1994 e 1995, não há elementos suficientes para se autorizar as restituições/compensações solicitadas." Cabe ressaltar que, como dito no relatório, a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, converteu o julgamento em diligência (fls. 644 a 651) no sentido de que a contribuinte fosse intimada a comprovar que os rendimentos que geraram as retenções do período de 12/94 a 12/95, constam de sua contabilidade e que foram oferecidos à tributação, e. que comprove a natureza dos rendimentos relativos ao informe de fls. 586. Também como já relatado, intimado e reintimado (fls.667 e 670), para comprovar o requerido na diligência, o contribuinte restou silente. Assim, como bem dito pela DRJ, para os anos de 1994 e 1995, não há elementos suficientes para se autorizar as restituições/compensações solicitadas Diante de todo o exposto e do que consta dos autos, voto por dar provimento parcial ao Recurso, reconhecendo a inexistência da decadência do pedido de restituição, e determinando, de outra feita, o retorno dos autos para a Delegacia de origem, para que esta aprecie o mérito do pedido de restituição/compensação dos anos 1992 e 1993. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Fl. 683DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 19515.001290/2009-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. IRRF. INOCORRÊNCIA DE SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS FÍSICAS. ERRO NA ALÍQUOTA NÃO CORRIGIDO PELO FISCO. VÍCIO MATERIAL.
A determinação da alíquota é requisito do lançamento tributário integrando o cálculo do tributo devido, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional.
Em razão da distinção entre as alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, tendo em vista o vício material do lançamento.
IRRF SOBRE TRABALHO ASSALARIADO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTO. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE DARF.
Extinção do crédito tributário pelo pagamento demonstrado por meio de DARF.
Numero da decisão: 2201-003.338
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte o Dr. Paulo Cesar França da Silva, OAB/SP 22.772/PE.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 17/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. IRRF. INOCORRÊNCIA DE SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS FÍSICAS. ERRO NA ALÍQUOTA NÃO CORRIGIDO PELO FISCO. VÍCIO MATERIAL. A determinação da alíquota é requisito do lançamento tributário integrando o cálculo do tributo devido, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional. Em razão da distinção entre as alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, tendo em vista o vício material do lançamento. IRRF SOBRE TRABALHO ASSALARIADO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTO. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE DARF. Extinção do crédito tributário pelo pagamento demonstrado por meio de DARF.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1575; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 2 1 1 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.001290/200983 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.338 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de setembro de 2016 Matéria IRRF Recorrente DPM DISTRIBUIDORA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. IRRF. INOCORRÊNCIA DE SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS FÍSICAS. ERRO NA ALÍQUOTA NÃO CORRIGIDO PELO FISCO. VÍCIO MATERIAL. A determinação da alíquota é requisito do lançamento tributário integrando o cálculo do tributo devido, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional. Em razão da distinção entre as alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, tendo em vista o vício material do lançamento. IRRF SOBRE TRABALHO ASSALARIADO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTO. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE DARF. Extinção do crédito tributário pelo pagamento demonstrado por meio de DARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte o Dr. Paulo Cesar França da Silva, OAB/SP 22.772/PE. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 12 90 /2 00 9- 83 Fl. 5312DF CARF MF 2 Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 17/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: O interessado foi autuado no IRRF, em 27/04/2009, em relação ao período de 01/2004 a 12/2007, em razão de diferenças entre os valores escriturados e os valores declarados e/ou pagos de IRRF, tendo sido exigido um crédito tributário total de R$ 2.337. 305, 81, incluindo imposto, multa de ofício de 150 % e juros de mora calculados até 31/03/2009 (fls. 292 a 332). 2. Em 27/04/2009, a DEFIC/SP lavrou Termo de Sujeição Passiva Solidária TSPS n° 1, relacionando como Sujeitos Passivos Solidários Roberto Santa Cruz Salgueiro (fls. 264 e 265), Alberto Brandão Teixeira da Silva (fls. 267 e 268), Walter da. Silva Vieira Filho (fls. 271 e 272), Ana Cristina Valença Teixeira da Silva (fls. 275 e 276) e Márcia D. Assunção Vieira (fls. 279 e 280). 2.1. Referidos termos informam que: "... constatamos , nos anos calendários de 2004, 2005, 2006 e 2007, que o Sujeito Passivo reteve o Imposto de Renda na Fonte sob os códigos 0561 Rendimento de Trabalho Assalariado e 0588 Rendimento Trabalho sem Vínculo Empregatício e não recolheu à Fazenda Nacional. Ante o exposto, restou caracterizada a sujeição passiva solidária nos termos do art. 124 da Lei n° 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional)..." 2.2. Na mesma data, a DEFIC/SP lavrou Termo de Verificação Fiscal TVF (fls. 282 a 291), que assim descreve, resumidamente. 2.2.1. Constatamos, ao procedermos a auditoria Verificações Preliminares, anoscalendário (AC) 2004, 2005, 2006 e 2007, a escrituração de retenção do Imposto de Renda na Fonte (IRRF) sob os códigos 0561 Rendimento de Trabalho Assalariado e 0588 Rendimento Trabalho sem Vínculo Empregatício, como demonstrado a seguir. Fl. 5313DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 3 3 I IMPOSTO RETIDO NA FONTE E NÃO RECOLHIDO A DOS FATOS 2.2.2. O Sujeito Passivo, nos AC de 2004 a 2007, reteve o IRRF nos códigos 0561 e 0588 informados nos demonstrativos de fls. 233/245, em resposta ao Temo Intimação Fiscal (TIF), lavrado em 18/11/2008 (ciência em 21/11/2008; fls. 203/231). 2.2.3. Após exames nos sistemas Sinal e DCTF, constatamos que muitos valores não foram recolhidos, apesar de registrados contabilmente. 2.2.4. Novamente elaboramos planilhas dos valores não localizados nos sistemas da RFB e intimamos o contribuinte, TIF lavrado em 02/12/2008 (ciência em 04/12/2008; fls. 246/252). 2.2.5. Como o Sujeito Passivo ficou silente dentro do prazo legal, novamente foi intimado por meio de TIF, lavrado em 20/01/2009 (ciência em 22/01/2009; fls. 255/256). 2.2.6. O contribuinte não se manifestou sobre as duas intimações, ficando sujeito às penalidades legais pela retenção e não recolhimento. Para melhor visualização da base tributável, estamos inserindo nas folhas seguintes os valores retidos e não recolhidos. 2.2.7. Do exposto, estamos constituindo o crédito tributário sobre as diferenças apuradas que ficará demonstrado à saciedade quando do direito. B DO DIREITO 2.2.8. A empresa em questão, ao pagar ou creditar os rendimentos das pessoas físicas sobre as rubricas dos códigos 0561 e 0588, descontou dos beneficiários dos rendimentos e não comprovou o recolhimento aos cofres públicos. 2.2.9. Conforme legislação, toda obrigação tributária tem sujeito passivo. E, às vezes, ele repassa a terceiros os tributos, mas figura na relação tributária. Ao reter o tributo, como responsável, fica obrigado a recolhêlos. O fato de deixar de fazêlo, no prazo legal, constitui a ação física do delito, conforme legislação penal transcrita. 2.2.10. No caso sob análise, ocorreu fraude ao fisco, caracterizada pela apropriação indevida (indébita) mediante retenção e não recolhimento, até o termo fatal. Do exposto, estamos exigindo os valores retidos e não recolhidos, com multa de 150%, conforme previsto na legislação de regência. II DO ENQUADRAMENTO LEGAL 2.2.11. O contribuinte infringiu aos artigos Io , 2o , 3 o e 7o , incisos I e II, § 1°, da Lei n° 7.713/88 e ao artigo 2 o da Lei n° 8.134/90, c/c os artigos 620, 624, 628, 631, 632, 646 e 841 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR), aprovado pelo Decreto Fl. 5314DF CARF MF 4 n° 3.000/99, art. 77, inciso II, do DecretoLei n° 5.844/43 e art. 149 da Lei n° 5.172/66. III DO ENCERRAMENTO 2.2.12. Do que, para constar e surtir os efeitos legais, lavramos o presente Termo em três vias, (...). 3. Foi formalizado processo relativo a "Representação Fiscal para Fins Penais", que levou o número 19515.001267/200999. 3.1. Foi também lavrado Termo de Arrolamento de Bens e Direitos, conforme fls. 333 e 334. 4. O contribuinte foi cientificado do teor do referido Auto de Infração em 27/04/2009 (fl. 332), dele discordando, em 27/05/2009, por meio de seu representante legal (fls. 349 a 365), impugnouo (fls. 343 a 349), acostando documentos (fls. 258 a 1.405), alegando, em síntese, que: DO AUTO DE INFRAÇÃO 4.1. Como se verá, a fiscalização incorreu em diversos erros no auto de infração, que resultaram na exigência de tributo absolutamente ilegal. Os equívocos aqui tratados podem ser resumidos nos seguintes itens, adiante expostos individualmente: (i) apontamento de serviços prestados por pessoas físicas, uma vez que a impugnante tomou serviços de pessoas jurídicas; (ii) desconsideração de recolhimentos realizados pela impugnante em suas épocas próprias, apesar de devidamente informados em DCTF. II SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS JURÍDICAS 4.2. Os serviços apontados na planilha do auto de infração (fls. 284 e ss.) foram executados por pessoas jurídicas (cód. Tributo 1708), conforme DARFs e planilhas em anexo, que demonstram inequivocamente a coincidência entre os valores indevidamente apontados pela fiscalização e os recolhimentos de IRRF realizados pela impugnante. 4.3. O livro razão demonstra que os valores utilizados pelo auto de infração não foram prestados por pessoas físicas (doe. 03). Houve erro da fiscalização em decorrência de resposta encaminhada pela impugnante, onde apontado que os referidos serviços haviam sido prestados por pessoas físicas, quando, em verdade, o foram por pessoas jurídicas. Tal equívoco fez com que a fiscalização não considerasse os recolhimentos realizados pela impugnante. III RECOLHIMENTOS REALIZADOS PELA IMPUGNANTE 4.4. A fiscalização deixou de observar recolhimentos realizados pela impugnante relativos ao IRRF de rendimentos de trabalho assalariado (cód. 0561). Os DARF em anexo comprovam o recolhimento, em época própria, dos tributos exigidos pelo auto de infração. (doc. 02), assim como esses pagamentos constaram nas DCTF por ela informadas (doe. 04). Fl. 5315DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 4 5 4.5. Além disso, percebese que a fiscalização lançou valores em duplicidade ao desconsiderar pagamentos realizados em atraso. Nesses casos, os valores permaneceram em aberto em sua contabilidade, mas foram liquidados posteriormente, o que deixou de ser observado pelo auto de infração. IV RESPONSABILIDADE PESSOAL DOS SÓCIOS 4.6. A conseqüência da ilegal tipificação de fraude realizada pelo auto de infração é a sujeição passiva solidária dos sócios da impugnante em relação aos tributos lançados, realizada pela ação fiscal com base no art. 135, III, do Código Tributário Nacional CTN. 4.7. Traz doutrina e jurisprudência do STJ a embasar seu entendimento de que a simples mora de obrigações tributárias não configura infração à lei (como exige o art. 135 do CTN). Afirma que a impugnante não praticou nenhum ato fraudulento, razão pela qual cai por terra a tentativa da ação fiscal de querer responsabilizar individualmente os sócios. V DOS PEDIDOS 4.8. Requer: (i) seja reformado o auto de infração em relação aos lançamentos por ele abrangidos; e (ii) seja afastada a responsabilidade tributária dos sócios da impugnante, uma vez que não se encontram presentes os requisitos do art. 135 do CTN. 4.8.1. Requer ainda que "as intimações sejam endereçadas ao signatário desta petição". 5. Em 27/05/2009, foram também protocolizadas impugnações pelo representante legal dos Srs. Roberto Santa Cruz Salgueiro (fls. 1.406 a 1.412), Alberto Brandão Teixeira da Silva (fls. 1.416 a 1.422), Walter da Silva Vieira Filho (fls. 1.426 a 1.432), Ana Cristina Valença Teixeira da Silva (fls. 1.436 a 1.442) e Márcia D'Assunção Vieira ( a 1.452), nos mesmos termos da apresentada pela empresa (fls. 343 a 349). 5.1. De se observar que tanto na impugnação apresentada pela empresa, quanto nas demais cinco acima referidas, a autoridade preparadora anotou nas páginas iniciais que a assinatura do representante legal não conferia com o documento apresentado, além de não ter sido anexado cópia do auto de infração (no primeiro caso). 5.1.1. Em 22/07/2009, a empresa peticionou, por meio de seu representante legal (fls. 1.456 a 1.469), anexando cópia do Auto de Infração. Acerca da legitimidade da assinatura atribuída ao procurador, acostou aos autos declaração deste, com firma reconhecida, atestando que a assinatura constante da documentação de defesa apresentada foi, de fato, por ele firmada, de próprio punho, se responsabilizando para todos os efeitos legais (fl. 1.458). Fl. 5316DF CARF MF 6 6. É o relatório. Passo ao voto. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I julgou procedente em parte a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 DIFERENÇA ENTRE VALORES ESCRITURADOS E VALORES DECLARADOS. Tendo sido apuradas diferenças entre os valores escriturados e aqueles declarados pelo contribuinte, diferenças estas por ele não esclarecidas, correta a tributação do valor do imposto não recolhido, devendose abater os valores informados em DCTF. MULTA QUALIFICADA. DOLO. A prática reiterada de informar em DCTF valores inferiores aos contabilizados, resultando em recolhimentos de imposto, ao longo dos anos analisados, em valores menores que os devidos, é procedimento doloso tendente à fraude e à sonegação, o que respalda a aplicação da multa qualificada. Sendo vinculada e obrigatória a atividade administrativa, ocorrido o fato gerador resta à autoridade fiscal o dever de constituir o crédito tributário, calculando a exigência de acordo com a lei vigente à época do fato, nos termos do artigo 142, do CTN. ASSUNTO: NORMAS GERAIS D E DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 RESPONSABILIDADE PELO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Não procedem as alegações da Impugnante no sentido de que: (i) a sujeição passiva solidária dos sócios decorreu do previsto no art. 135, III, sócios (acionistas) tinham interesse comum na situação que constituiu o fato gerador do tributo lançado, correta a autuante ao imputarlhes responsabilidade solidária. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foram interpostos recursos voluntários pela contribuinte e pelos responsáveis solidários, que sustentaram, em síntese: a) a ausência de responsabilidade tributária dos sócios da recorrente, uma vez que não se encontram presentes os requisitos do artigo 135 do Código Tributário Nacional; b) os serviços apontados na planilha do auto de infração (fl. 284 e seguintes) foram executados por pessoas jurídicas (cód. tributo 1708) e não por pessoas físicas, tendo a recorrente promovido o recolhimento do tributo sobre ele incidente (os DARFs anexos e Fl. 5317DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 5 7 as planilhas que acompanham a impugnação demonstram a coincidência entre os valores indevidamente apontados pela fiscalização e os recolhimentos realizados a título de IRRF pela recorrente); c) quanto aos recolhimentos realizados pela recorrente relativos ao IRRF de rendimentos de trabalho assalariado, os DARFs comprovam que a recorrente recolheu, em suas épocas próprias, os tributos exigidos pelo auto de infração, assim como esses pagamentos constaram nas DCTFs por ela informadas; d) a fiscalização lançou valores em duplicidade, ao desconsiderar pagamentos realizados em atraso pela recorrente. Nesses casos, os valores permaneceram em aberto em sua contabilidade, mas foram liquidados posteriormente, o que deixou de ser observado pela fiscalização. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. 1. Da recolhimento do imposto retido Conforme narrado, a autuação em análise ocorreu em razão da auditoria realizada, em relação aos anoscalendários 2004 a 2007, ter apurado que foram retidos e não recolhidos valores de IRRF referente aos códigos 0561 e 0588, após comparação entre os valores de retenção escriturados (conforme resposta do contribuinte à intimação recebida; fls. 232 a 245) e aqueles efetivamente recolhidos. A decisão de piso consignou que embora a impugnante tenha afirmado que os DARFS em anexo (código 1708) demonstravam inequivocadamente a coincidência entre os valores indevidamente apontados pela fiscalização (código 0588), não é isso que se verifica, tendo sido informado por ela o montante de RS 646.188,91 no código 0588 (fls. 240 a 245), enquanto que o informado em DCTF para o código 1708 somou R$ 45.436,99 (dos quais somente foi comprovado o recolhimento/compensação de R$ 34.052,54; fls. 1.536, 1538, 1.539, 1.543 a 1.545, 1.547 a 1.550, 1.621, 1.631, 1.632 e 1.636 a 1.640). Além disso, restou disposto na decisão mencionada que, na autuação, não foram considerados os valores informados em DCTF, devendo ser abatidos os respectivos valores, tendo em vista que foi demonstrado o efetivo recolhimento (consulta ao Sistema Sinal código 0561 e 0588). No que se refere à alegação da impugnante de que os valores por ela escriturados relativos ao código 0588 se referem, na verdade, ao código 1708, salientase que Fl. 5318DF CARF MF 8 não foram trazidas provas que demonstrassem tal afirmação, sendo insuficientes as cópias do Livro Razão anexadas. Em sede de recurso voluntário, foram apresentados documentos comprobatórios de que os valores autuados sobre o código 0588 (serviços prestados por pessoa física) referemse ao código 1708 (serviços prestados por pessoa jurídica), de modo que encontrase equivocada a autuação. Corroborando o exposto, cabe mencionar como exemplo a retenção do valor de R$ 122, 69, conforme consta da planilha anexa ao acórdão de impugnação, fl. 1956. Tal valor se refere à prestação de serviços da CSI Tecnologia do Varejo, consoante planilha disposta pela recorrente, fl. 2.141, acompanhada dos comprovantes de arrecadação, fls. 2.156 e 2.157; do Livro Razão Consolidado, fl. 1956; e do Livro Diário n. 17, fl. 2045. Diante da vasta documentação apresentada pelo contribuinte, inclusive com notas fiscais, não há como afastar o fato de que, com relação ao código 0588, na verdade, não se tratam de serviços prestados por pessoas físicas, mas sim por pessoas jurídicas, bem como que, em alguns casos, tratavase de IRRF sobre juros de mútuo (doc. 03 a doc. 07). Assim, em razão da distinção das alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, sob essa rubrica (0588), tendo em vista o vício material do lançamento. No que se refere ao adimplemento da obrigação referente ao código 0561 IRRF sobre o rendimento do trabalho assalariado, asseveram os recorrentes que, mesmo não tendo a pessoa jurídica declarado tais débitos, os pagamentos foram efetuados (doc. 08 e doc. 09). Compulsandose os autos, fls. 4.988 e seguintes, verificase que assiste razão ao contribuinte, pois, consoante planilha anexa, existiram períodos com recolhimento a menor e períodos com recolhimento a maior, como comprovam os DARFs respectivos, de modo que os valores exigidos na autuação já foram recolhidos. Como exemplo, temse a exigência do valor de R$ 4.927,70, de acordo com a planilha anexa à impugnação: Período autuado 31/01/2004 Vencimento 04/02/2004 (A) Planilha 4.927,70 (B) DCTF Ativa R$ 4.734,66 A B = R$ 193,04 Valor autuado 4.927,00 Foi recolhido o valor de R$ 4.734,66, conforme DARF de fls. 4.992 e 4.993, restando uma diferença de R$ 193,04, que foi compensada pelo recolhimento a maior do período seguinte (R$ 900,00) e assim sucessivamente. A determinação da base de cálculo e da alíquota aplicável, ou seja o cálculo do tributo devido, é requisito do lançamento tributário segundo o artigo 142 do CTN: Fl. 5319DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 6 9 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Por ser atividade vinculada e obrigatória, é dever da autoridade fiscal a determinação do critério material da regra matriz de incidência tributária, base de cálculo do tributo e alíquota aplicável. Assim, verificase o patente vício material do auto de infração, de modo que a contribuinte logrou êxito em afastar os fundamentos da decisão recorrida. Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 5320DF CARF MF
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Numero do processo: 10480.725837/2015-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2012
DEDUÇÃO DE DESPESAS COM SAÚDE. RECIBOS DE PAGAMENTO. PRESUNÇÃO RELATIVA. PAGAMENTO EM DINHEIRO. POSSIBILIDADE.
Os recibos de pagamentos firmados por profissionais de saúde têm presunção relativa de veracidade. Preenchidos os requisitos legais para a sua validade, só poderão ser afastados por motivo plenamente justificado pela autoridade lançadora.
O sujeito passivo tem a faculdade de pagar os profissionais de saúde em espécie e apresentar os recibos como comprovante de pagamento. A exigência de prova adicional revela-se de difícil produção, mormente considerando que os valores adimplidos estão compatíveis com o cobrado pelo mercado e a despesa com saúde representa percentual ínfimo em relação aos rendimentos declarados pelo sujeito passivo.
Numero da decisão: 2201-003.313
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira e Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado).
Assinado digitalmente.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente.
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2012 DEDUÇÃO DE DESPESAS COM SAÚDE. RECIBOS DE PAGAMENTO. PRESUNÇÃO RELATIVA. PAGAMENTO EM DINHEIRO. POSSIBILIDADE. Os recibos de pagamentos firmados por profissionais de saúde têm presunção relativa de veracidade. Preenchidos os requisitos legais para a sua validade, só poderão ser afastados por motivo plenamente justificado pela autoridade lançadora. O sujeito passivo tem a faculdade de pagar os profissionais de saúde em espécie e apresentar os recibos como comprovante de pagamento. A exigência de prova adicional revela-se de difícil produção, mormente considerando que os valores adimplidos estão compatíveis com o cobrado pelo mercado e a despesa com saúde representa percentual ínfimo em relação aos rendimentos declarados pelo sujeito passivo.
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RECIBOS DE PAGAMENTO. PRESUNÇÃO RELATIVA. PAGAMENTO EM DINHEIRO. POSSIBILIDADE. Os recibos de pagamentos firmados por profissionais de saúde têm presunção relativa de veracidade. Preenchidos os requisitos legais para a sua validade, só poderão ser afastados por motivo plenamente justificado pela autoridade lançadora. O sujeito passivo tem a faculdade de pagar os profissionais de saúde em espécie e apresentar os recibos como comprovante de pagamento. A exigência de prova adicional revelase de difícil produção, mormente considerando que os valores adimplidos estão compatíveis com o cobrado pelo mercado e a despesa com saúde representa percentual ínfimo em relação aos rendimentos declarados pelo sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira e Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado). Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 58 37 /2 01 5- 58 Fl. 165DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 166 2 Assinado digitalmente. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suple nte Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra a decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte ofertada em face da lavratura de Notificação de Lançamento de IRPF. Os aspectos principais do lançamento estão delineados no relatório da decisão de primeira instância, nos seguintes termos: “Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrada a notificação de lançamento de fls. 28 a 30, relativa ao imposto sobre a renda das pessoas físicas do anocalendário 2012, que constatou a seguinte infração: dedução indevida de despesas médicas, no valor de R$ 20.000,00, referente à Luciana Cristina Cardoso dos Anjos, psicóloga por falta de comprovação do efetivo pagamento das despesas. Consta ainda da descrição dos fatos que o contribuinte, apesar de intimado, alegou que os serviços foram realizados semanalmente e pagos em espécie. Cientificado do lançamento e 26/05/2015 (fl. 33), o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 02 a 05, em 05/06/2015, alegando que o valor contestado de R$ 20.000,00 referese a despesas médicas do cônjuge, Suzana Loureiro Filgueiras Emerenciano. Às fls. 16 a 17 consta a complementação da impugnação, onde afirma que além dos recibos de pagamento das sessões de psicoterapia, apresentou à fiscalização, declaração firmada pela profissional Dra. Luciana Cristina Cardoso dos Anjos, atestando a efetiva prestação dos serviços. Alega também que a prova dos pagamentos só poderia ser realizada nos termos do Decreto n.º 3.000/99 mediante indicação dos cheques nominais e/ou extratos bancários, se não fossem apresentados os recibos e que o auditor fiscal tem que demonstrar objetivamente que os recibos apresentados são inválidos”. A DRJ julgou improcedente a impugnação do contribuinte sob o argumento principal de que não houve a efetiva comprovação do pagamento à psicóloga Luciana Cristina Cardoso dos Anjos. Não obstante a existência de recibos de despesas médicas, a autoridade lançadora solicitou a prova do pagamento através da microfilmagem dos cheques emitidos, comprovantes de transferências bancárias ou, ainda, os extratos bancários que demonstrassem os saques dos valores pagos ao profissional de saúde. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 167 3 Cientificado do acórdão da DRJ em 12/11/2015, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário tempestivamente em 07/12/2015, alegando em síntese que: Os recibos emitidos pela psicóloga Luciana Cristina Cardoso dos Anjos, desde que preenchidos de acordo com o que exige a legislação, são provas do efetivo pagamento das despesas de saúde deduzidas. Não há nada que obrigue o contribuinte a efetuar pagamentos em cheques ou em cartão de crédito, sendo o pagamento em espécie uma prática regular. As despesas com tratamento psicológico da esposa do contribuinte, que é sua dependente, se deram após o diagnóstico de um câncer de mama, na tentativa de devolverlhe a auto estima. O valor questionado pela Receita Federal do Brasil de R$ 10.340,00 referese a pagamentos comprovados à psicóloga no ano de 2012. Os recibos apresentados estão de acordo com a legislação vigente. Alfim, requer o provimento do recurso com o arquivamento do presente processo. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade Como relatado, o Recurso Voluntário é tempestivo. Ademais, preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Da dedução de despesas com saúde A matéria de fundo se relaciona à presunção relativa dos recibos de pagamento firmados por profissionais de saúde para legitimar a dedução levada a cabo pelo sujeito passivo. A controvérsia reside no fato de que para o Fisco, não basta o mero recibo assinado pelo profissional competente, ainda que esse preencha os requisitos da legislação. A seu juízo, poderá exigir a comprovação do efetivo dispêndio, que poderá consistir em uma cópia de cheque emitido, comprovante de transferência bancária, dentre outros meios de prova legalmente admitidos. Por seu turno, o sujeito passivo alega que efetuava os pagamentos à psicóloga mensalmente em espécie, não tendo optado por cartão de crédito ou cheque, meio de pagamento, segundo ele, quase em desuso. A fundamentação legal para a exigência da autoridade lançadora é o artigo 73 e § 1º do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999, aprovado pelo Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999, que estabelece: Fl. 167DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 168 4 “Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem audiência do contribuinte (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º).” Por sua vez, o art. 8.º, II, “a”, da Lei n.º 9.250, de 26 de dezembro de 1995, estabelece que: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais,bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (Grifouse). (...).” Assim, é cediço que todos os pagamentos objeto de dedução devem ser justificados e comprovados a juízo da autoridade lançadora e, na falta de documentação poderá ser aceito com meio de prova a indicação de cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. No caso em concreto sob análise, temse que nem a autoridade lançadora nem o colegiado a quo negaram validade aos recibos apresentados pelo sujeito passivo, eis que os mesmos preenchem os requisitos do art. 8º, § 2º, III, da Lei nº 9.250/1995. O que houve foi a exigência de uma prova adicional, eis que foi relativizada a força probatória consistente apenas na apresentação dos recibos. É certo que o mero recibo de pagamento tem presunção relativa, ainda que firmado pelo profissional de saúde e preenchendo todos os requisitos legais para sua validade. Todavia, a autoridade lançadora, a meu ver, deverá apontar os motivos que a levaram a não dar valor probatório aos documentos apresentados. Exemplifico. Valores vultosos, incompatíveis com o cobrado pelo mercado, recibos firmados por profissionais reconhecidamente inidôneos, Fl. 168DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 169 5 dedução de valores exagerados, que representem significativo percentual em relação aos rendimentos declarados, tratamentos de saúde incompatíveis com a pessoa do contribuinte e seus dependentes, dentre outras inúmeras situações. No caso concreto, contudo, o valor deduzido para o custeio de tratamento psicológico da dependente do sujeito passivo era de pouco mais de um salário mínimo à época e representou pouco mais de 6% (seis por cento) dos rendimentos declarados do contribuinte para o anocalendário. De outro lado, restou comprovado nos autos que a dependente do contribuinte esteve acometida de câncer de mama, sendo certo que o tratamento psicológico é de fundamental importância para o êxito do tratamento da doença. O Fisco deve exigir a justificação e comprovação do pagamento a seu juízo. Entretanto, a liberdade que a autoridade fiscal detém de exigir provar deve possuir contornos e ser fundamentada, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade. O sujeito passivo apresentou recibos de pagamentos efetuados em espécie, firmado por profissional em que foi possível identificar nome completo, endereço, CPF, número de inscrição no CRP Conselho Regional de Psicologia, em valor compatível com o tratamento de uma pessoa que foi acometida por uma enfermidade grave. De outra sorte, a autoridade lançadora exigiu, mesmo com a apresentação dos recibos e sem apresentar nenhuma justificativa para tanto, que o sujeito passivo colacionasse prova excessivamente difícil de ser produzida. Assim, entendo que os recibos de pagamentos apresentados pelo contribuinte comprova a regularidade da dedução do valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Conclusão Diante de todo o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 169DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 13808.001783/2001-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFICIO E MULTA EXIGIDA ISOLADAMENTE. CONCOMITÂNCIA.
Incabível a aplicação da multa isolada (art. 44, § 1°, inciso III, da Lei n° 9.430/96), quando em concomitância com a multa de oficio (inciso II do mesmo dispositivo legal), ambas incidindo sobre a mesma base de cálculo.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2201-003.339
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
Assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente
Carlos César Quadros Pierre - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
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CONCOMITÂNCIA. Incabível a aplicação da multa isolada (art. 44, § 1°, inciso III, da Lei n° 9.430/96), quando em concomitância com a multa de oficio (inciso II do mesmo dispositivo legal), ambas incidindo sobre a mesma base de cálculo. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 8. 00 17 83 /2 00 1- 94 Fl. 265DF CARF MF Processo nº 13808.001783/200194 Acórdão n.º 2201003.339 S2C2T1 Fl. 266 2 Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, 7ª Turma da DRJ/SPOII(Fls. 206), na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Contra o contribuinte em epígrafe foi lavrado o Auto de Infração de fls. 95/98, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, ano calendário 1997, que lhe exige crédito tributário no montante de R$ 357.712,81 correspondente a imposto (R$ 121.110,29), multa de oficio (R$ 90.832,71), multa exigida isoladamente (R$ 73.551,75) e juros de mora calculados até 30/03/2001 (R$ 72.218,06). Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is) e Termo de Verificação Fiscal de fls. 91/94, o lançamento teve origem na constatação das seguintes irregularidades: OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS Omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas no valor de R$ 88.639,46 que foi informada pelo contribuinte na declaração de ajuste anual como rendimento isento. Após intimação, o contribuinte informou tratarse de transferência de saldo de valor levantado em ação executiva promovida por terceiros. Os documentos apresentados não justificam sua natureza de rendimento isento. Fato Gerador Valor Tributável (R$) Multa 31/12/1997 88.639,46 75% Enquadramento legal: arts. 1° a 3° e §§ e 8° da Lei n° 7.713/88; arts. 1° a 4° da Lei n° 8.134/90; arts. 3°e 11 da Lei n°9.250/95. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE FONTES NO EXTERIOR Omissão de rendimentos provenientes de fontes pagadoras situadas no exterior referentes a três remessas em dólares recebidas em 21/01/1997 (US$ 99.985,00), em 29/04/1997 (US$ 95.562,00) e em 30/06/1997 (US$ 95.085,00), conforme documentos de fls. 54/56. Tais valores foram declarados pelo contribuinte como rendimentos isentos transferências patrimoniais. Intimado a comprovar a origem e natureza desses recursos, o contribuinte não logrou comprovar por meio de documentação hábil e idônea sua natureza de rendimento isento. Fl. 266DF CARF MF Processo nº 13808.001783/200194 Acórdão n.º 2201003.339 S2C2T1 Fl. 267 3 Fato Gerador Valor Tributável (R$) Multa 31/01/1997 102.984,55 75% 30/04/1997 100.626,78 75% 30/06/1997 101.265,52 75% Enquadramento legal: arts. 1° a 3° e §§ e 8° da Lei n° 7.713/88; arts. 10 a 4° da Lei n° 8.134/90; arts. 3° e 11 da Lei n° 9.250/95. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO Omissão de rendimentos tendo em vista a ocorrência de variação patrimonial a descoberto, em que verificouse excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos declarados/comprovados, conforme planilhas de análise da evolução patrimonial mensal de fls. 89/90 e esclarecimentos constantes do Termo de Verificação Fiscal de fls. 91/94, merecendo destaque os seguintes pontos: foram considerados como recursos os rendimentos omitidos apurados nos itens anteriores (omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas e de fontes situadas no exterior); foi considerada como aplicação em abril de 1997 a quantia de R$ 100.393,64 transferida para crédito em conta de terceiro (Paulo Célio da Silva) no Banco do Estado do Paraná, Agência Ponte da Amizade, conforme documentos de fls. 67/82. O contribuinte informou tratarse de "pagamento de empréstimo pessoal, obtido no Mercado Informal" sem, contudo, apresentar documentação comprobatória; foi considerada como aplicação a aquisição do veiculo FIAT PALIO, placa CJB 8660, em junho de 1997 (fl. 59), não declarado pelo contribuinte; não foram considerados como recursos os valores referentes A. alegada alienação dos veículos Royale, placa BMI 3618 e Monza, placa TX 1851, por falta de documentação comprobatória; tendo em vista que o contribuinte não preencheu o "Demonstrativo de Gastos Pessoais Realizados" conforme solicitado pela fiscalização, procedeuse ao arbitramento dos gastos com base na Lei no 8.846, de 21/01/1994, conforme demonstrativo de fl. 88, resultando na quantia de R$ 59.681,57 considerada como aplicação no mês de dezembro; Fato Gerador Valor Tributável (R$) Multa 31/12/1997 89.224,83 75% Enquadramento legal: arts. 1° a 3 0 e §§ da Lei n° 7.713/88; arts. 1° e 2° da Lei n° 8.134/90; arts. 3° e 11 da Lei n° 9.250/95. DESPESAS COM INSTRUÇÃO DEDUZIDA INDEVIDAMENTE Fl. 267DF CARF MF Processo nº 13808.001783/200194 Acórdão n.º 2201003.339 S2C2T1 Fl. 268 4 Glosa da dedução a titulo de despesas com instrução, pleiteada indevidamente, por falta de comprovação. Fato Gerador Valor Tributável (R$) Multa 31/12/1997 1.700,00 75% Enquadramento Legal: art. 11, § 3° do DecretoLei n° 8.844/43; art. 8°, inciso II, alínea "b" da Lei n° 9.250/95. DEMAIS INFRAÇÕES SUJEITAS A MULTAS ISOLADAS Multa exigida isoladamente por falta de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Física devido 6. titulo de carneledo, referente aos valores declarados e aos rendimentos omitidos recebidos de pessoas físicas e de fontes situadas no exterior, apurados nos itens anteriores. Fato Gerador Valor Multa Isolada (R$) Multa 31/01/1997 19.242,09 75% 30/04/1997 18.800,01 75% 30/06/1997 18.919,78 75% 31/07/1997 5,62 75% 31/08/1997 5,62 75% 30/09/1997 5,62 75% 31/10/1997 5,62 75% 30/11/1997 5,62 75% 31/12/1997 16.561,77 75% Enquadramento legal: art. 8° da Lei no 7.713/88; art. 44, § 10, inciso III da Lei n° 9.430/96. Cientificado do lançamento em 18/04/2001 (fl. 95), o contribuinte apresentou em 18/05/2001, por meio de procurador qualificado à fl. 117, a impugnação de fls. 105/116 alegando, em síntese, o que segue: com relação a omissão de rendimentos recebidos de pessoa física no valor de R$ 88.639,46 reitera tratarse de transferência de saldo de valor levantado em ação executiva promovida por terceiros. Junta diversos documentos às fls. 118/148 referentes a processo judicial de despejo e execução por falta de pagamento de alugueis e cópia de fax autorizando a transferência dos valores dos aluguéis recebidos no processo de execução ao contribuinte. Diz que "a farta documentação apresentada„ constituem prova robusta do recebimento da referida importância pelo autuado, dando autenticidade e legalidade ao valor consignado em sua DIRPF'; Fl. 268DF CARF MF Processo nº 13808.001783/200194 Acórdão n.º 2201003.339 S2C2T1 Fl. 269 5 quanto à omissão de rendimentos recebidos do exterior na quantia de R$ 304.876,85 sustenta que são rendimentos isentos, conforme declarados no item transferências patrimoniais — doações, heranças e meações. Relata que no curso da ação fiscal foi intimado a apresentar documentação hábil e idônea que comprovasse de forma inequívoca sua origem e natureza, mas que como as referidas remessas são provenientes de Taiwan, pais que não mantém relação diplomática com o Brasil, não conseguiu obtêlos a tempo de evitar o lançamento. No entanto, o faz agora na impugnação, por meio de declaração firmada pelo remetente do numerário, documento traduzido por tradutor juramentado e autenticado pela Embaixada da República da China no Paraguai; no tocante ao acréscimo patrimonial a descoberto, diz que intimado a esclarecer a transferência da importância de R$ 100.393,64 a crédito de Paulo Célio da Silva, informou tratarse de empréstimo pessoal obtido no mercado informal. Como nada mais lhe foi perguntado, entendeu esclarecida a questão. Tivesse a fiscalização se aprofundado no questionamento apresentaria provas do recebimento do empréstimo, o que ocorreu nos meses anteriores a seu pagamento; embora não citado no processo, o arbitramento de gastos sobre bens encontra amparo na Lei no 8.846, de 1994, que fixa como parâmetro o máximo de 10% do valor de mercado do respectivo bem. A esse respeito faz os seguintes questionamentos: a) qual o critério utilizado para impor o percentual máximo de 10%? b) como bens baixados em sua declaração (veiculo monza e auto royale) continuam a ser utilizados como base para gastos? c) qual o critério para não se agregar gastos proporcionais em relação a veículos adquiridos no curso do anocalendário? d) o fato de possuir uma residência, um imóvel locado, dois terrenos e dois veículos (dois itens dentre cinco elencados na Lei) é determinante para o arbitramento por sinais exteriores de riqueza? Tais indagações, a seu ver, evidenciam a superficialidade do arbitramento executado, pelo que deve ser repelido; reclama que na Análise da Evolução Patrimonial foi desconsiderada a alienação de dois veículos no ano fiscalizado por falta de comprovação, pois realizada no mercado informal. Diz que, embora a fiscalização utilize "dados sistêmicos" para comprovar aquisições, não faz o mesmo para comprovar alienações. Junta documentação obtida no DETRAN para comprovar que tais veículos não mais lhe pertenciam e que se encontram em nome de Elias Pereira Palmeiro e Edson Vieira Macedo; quanto A. dedução indevida de despesas com instrução, anexa declaração da Fundação Liceu Pasteur comprovando a efetividade da dedução; no tocante A multa isolada, alega inicialmente que incidiu sobre uma base de cálculo contestada e inexistente. Além disso, Fl. 269DF CARF MF Processo nº 13808.001783/200194 Acórdão n.º 2201003.339 S2C2T1 Fl. 270 6 já foi punido com a multa de oficio de 75% sobre a mesma base de cálculo. Somandose a multa isolada também de 75%, chega se a uma multa de 150%, sanção sem precedentes na área tributária. Passo adiante, a 7ª Turma da DRJ/SPOII entendeu por bem julgar o lançamento procedente em parte, em decisão que restou assim ementada: OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. São tributáveis os rendimentos recebidos a titulo de aluguel, ainda que seu recebimento seja decorrente de ação judicial. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE FONTES NO EXTERIOR. São tributáveis os rendimentos recebidos de fontes situadas no exterior cuja natureza isenta não restou comprovada por meio de documentação hábil e idônea. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. O acréscimo patrimonial não justificado pelos rendimentos tributáveis, isentos ou não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte e sujeitos á tributação definitiva, está sujeito a lançamento de oficio por caracterizar omissão de rendimentos. Somente a apresentação de provas inequívocas é capaz de ilidir a presunção legal de omissão de rendimentos. No arbitramento de gastos com a manutenção do patrimônio serão computados gastos proporcionais aos meses de utilização quanto aos bens adquiridos no curso do anocalendário. DEDUÇÃO. DESPESAS COM INSTRUÇÃO. Poderão ser deduzidas da base de cálculo as despesas com instrução do contribuinte ou de seus dependentes, devidamente comprovadas, e respeitados os limites legais. MULTA ISOLADA SOBRE CARNELEÃO. MULTA DE OFÍCIO. SIMULTANEIDADE. É cabível o lançamento da multa isolada sobre carnes leão não recolhido concomitante A. multa de oficio sobre o imposto apurado de oficio na declaração inexata. A multa de oficio, de 75%, prescrita no art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996, consiste em penalidade pecuniária aplicada em decorrência da infração cometida, no caso, omissão de rendimentos, e é aplicável, sempre, nos lançamentos de oficio. A multa isolada incide no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão), que deixar de fazê lo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste. Fl. 270DF CARF MF Processo nº 13808.001783/200194 Acórdão n.º 2201003.339 S2C2T1 Fl. 271 7 RETROATIVIDADE DE LEI MAIS BENÉFICA. MULTA ISOLADA. LEI 11.488/2007. Aplicase a lei retroativamente ao ato ou fato pretérito, não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática. Regularmente cientificado, o Recorrente interpôs tempestivamente Recurso Voluntário em 06/11/2009 (fls. 230 a 240), argumentando em síntese: (...) Quer o recorrente a reforma da r. decisão quanto a multa isolada no valor de R$ 49.034,51, referente ao anocalendário de 1997, e quanto a Omissão de rendimentos, acréscimo patrimonial a descoberto o valor correspondente será objeto de pagamento. Ratifica as alegações apresentadas na impugnação, quanto a multa isolada, as quais o Julgador Primário superficialmente preferiu desconhecêlas. Apresentamos abaixo considerações que determinam sua utilização, bem como a apresentação de jurisprudências colacionadas junto ao CARF e CSRF, que após uma análise certamente levará, data máxima vênia, ao acolhimento da pretensão recursal, reformando a r. decisão recorrida que julgou procedente a aplicação da Multa Isolada. MULTA ISOLADA SOBRE CARNÊLEÃO E MULTA DE OFICIO SIMULTANEIDADE Em segunda instancia de julgamento de processos administrativos fiscais o entendimento segundo o qual, relativamente ao imposto de renda da pessoa física (IRPF), o Fisco não poderia, num mesmo exercício, exigir a multa por falta de recolhimento do "carneleão" (antecipação) concomitantemente com a multa de oficio por redução indevida, total ou parcial, do imposto (definitivo) a pagar na declaração, ainda que essas infrações e penalidades estejam expressamente tipificadas e cominadas na legislação tributária, mais especificamente no § 1°, do art. 44, da n° 9.430, de 27/12/1996, ou seja, a segunda infração anistiaria a primeira ou dispensaria a aplicação da respectiva penalidade: (...) A cobrança cumulada das multas de oficio e isolada é ilegal e foi derrubada em diversas oportunidades pelo Conselho de Contribuintes. Essa mudança é positiva na medida em que, no passado, com base na antiga redação do artigo 44 da Lei 9.430/96, quando havia falta de pagamento pelo regime de estimativa, as autoridades fiscais chegavam a exigir cumulativamente a multa isolada e a multa de oficio em conjunto com o tributo devido, portanto, a multa isolada aplicada a contribuinte ora recorrente, deve ser excluída pela reforma da r. sentença atacada. Fl. 271DF CARF MF Processo nº 13808.001783/200194 Acórdão n.º 2201003.339 S2C2T1 Fl. 272 8 Em 30/03/2010, às Fl. 244, o recorrente informa que utilizou o beneficio da Lei 11.941/2009, para pagamento a vista do débito confessado, requerendo a quitação; junta em anexo cópia do DARF do pagamento (fls. 245). Às Fl. 255 dos autos se verifica que o recorrente pagou em 28/05/2010 o saldo devedor remanescente. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Verifico que o recurso trata somente da multa isolada por falta de recolhimento do "carneleão". Alega o recorrente que o Fisco não poderia, em um mesmo exercício, exigir a multa por falta de recolhimento do "carneleão" (antecipação) concomitantemente com a multa de oficio por redução indevida, total ou parcial, do imposto (definitivo) a pagar na declaração, ainda que essas infrações e penalidades estejam expressamente tipificadas e cominadas na legislação tributária, mais especificamente no § 1°, do art. 44, da n° 9.430, de 27/12/1996, ou seja, a segunda infração anistiaria a primeira ou dispensaria a aplicação da respectiva penalidade: Como bem ensina o Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida. Quando várias normas punitivas concorrem entre si na disciplina jurídica de determinadas condutas, tornase importante investigar se a penalidade prevista para punir uma delas pode absorver a outra. No caso em exame, o não recolhimento mensal devido a título de carnêleão pode ser visto como etapa preparatória do ato de reduzir o imposto ao final do anocalendário. A primeira conduta é, portanto, meio de execução da segunda. Com efeito, o bem jurídico mais importante é, sem dúvida, a efetividade da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do anocalendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do imposto devido a título de carnê leão. Em se tratando de aplicação de penalidades, aplicase, aqui, a lógica do princípio penal da consunção. Pelo critério da consunção, ao se violar uma pluralidade de normas, passandose de uma violação menos grave para outra mais grave, como sucede no caso em análise, prevalece a norma relativa à penalidade mais grave. Fl. 272DF CARF MF Processo nº 13808.001783/200194 Acórdão n.º 2201003.339 S2C2T1 Fl. 273 9 Nessa linha de raciocínio, descabe a aplicação da multa isolada por falta de recolhimento mensal do imposto de renda devido a título de carnêleão concomitantemente com a multa de ofício decorrente da apuração de omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas. Cobrase apenas esta última, no percentual de 75% sobre o imposto devido. Acrescento que a cobrança da multa isolada referente aos rendimentos sujeitos ao carnêleão, concomitantemente com a multa de ofício de 75%, penaliza o contribuinte duplamente, em face da identidade das bases de cálculo de ambas. A jurisprudência deste Conselho é pacífica em relação a não imputação de dupla penalidade pecuniária ao contribuinte em decorrência da omissão de rendimentos recebidos de pessoa física. Nesse sentido, oportuna é a transcrição de excerto do voto condutor vencedor do Acórdão nº 9202002.073, proferido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, na sessão de 22 de março de 2012, por intermédio do qual se negou provimento a recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional: “O entendimento que tem prevalecido é o de que havendo lançamento de diferença de imposto deve ser cobrada a multa de lançamento de ofício juntamente com o tributo (multa de ofício normal), não havendo que se falar na aplicação de multa isolada. Por outro lado, quando o imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual houver sido pago, mas havendo omissão quanto ao recolhimento do carnêleão, dever ser lançada a multa isolada, e somente ela”. Na mesma linha: Acórdão nº 9202001.976 da CSRF. Em resumo: a denominada "multa isolada" do art. 44, II, “a” da Lei nº 9.430/1996 apenas deve ser aplicada aos casos em que não possa ser a multa exigida em conjunto com o tributo devido (Lei nº 9.430/1996, I), não havendo que se cogitar do cabimento concomitante das multas de ofício e isolada. Ante tudo acima exposto, voto por dar provimento ao recurso para excluir da exigência tributária a multa isolada do carnêleão. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Fl. 273DF CARF MF Processo nº 13808.001783/200194 Acórdão n.º 2201003.339 S2C2T1 Fl. 274 10 Fl. 274DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11444.000797/2007-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2003 a 31/05/2006
Ementa:
RECURSO VOLUNTÁRIO. CANCELAMENTO DE ISENÇÃO OU IMUNIDADE. COMPETÊNCIA DA 2ª SEÇÃO. NECESSIDADE APRECIAÇÃO.
Insere-se no dever de ofício desta Tuma Ordinária o conhecimento de recursos voluntário ou de ofício que versem sobre o cancelamento ou suspensão de isenção ou imunidade, inclusive daqueles em não tenha existido lançamento de crédito tributário.
NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. ARGUMENTOS NA DEFESA. ANÁLISE. PRAZO.
Não há nulidade na emissão da decisão de primeira instância, pois todos os argumentos constantes da impugnação foram devidamente analisados e decididos. O fato de a autoridade fazendária ser Auditora Fiscal, não ofende o princípio da legalidade, mormente porque a decisão proferida foi fundamentada e imparcial.
ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. CANCELAMENTO DE ISENÇÃO.
Para a entidade beneficente de assistência social permanecer usufruindo da isenção das contribuições sociais previdenciárias, faz-se necessário o atendimento, cumulativo, das condições impostas no artigo 55 da Lei n° 8.212/1991. A remuneração paga, a qualquer título, à diretoria enseja o Cancelamento da Isenção das Contribuições Previdenciárias, face ao descumprimento ao disposto no inciso IV do artigo 55 da Lei n° 8.212/1991, combinado com o inciso VI, do artigo 206, do Decreto n° 3.048, de 06/05/1999.
Numero da decisão: 2201-003.221
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, conhecer do recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto Mess Stringari, Márcio de Lacerda Martins (Suplente convocado) e Eduardo Tadeu Farah (Presidente e Relator). Designado para elaboração do voto vencedor, quanto ao conhecimento do recurso, o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira. Por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Carlos César Quadros Pierre. Acompanhou o julgamento a Dra. Tatiane Thome OAB/SP 223.575.
Assinado Digitalmente
Eduardo Tadeu Farah - Presidente e Relator.
Assinado Digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Redator Designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente), Carlos Henrique de Oliveira, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Carlos Alberto Mees Stringari, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecilia Lustosa da Cruz.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/08/2003 a 31/05/2006 Ementa: RECURSO VOLUNTÁRIO. CANCELAMENTO DE ISENÇÃO OU IMUNIDADE. COMPETÊNCIA DA 2ª SEÇÃO. NECESSIDADE APRECIAÇÃO. Insere-se no dever de ofício desta Tuma Ordinária o conhecimento de recursos voluntário ou de ofício que versem sobre o cancelamento ou suspensão de isenção ou imunidade, inclusive daqueles em não tenha existido lançamento de crédito tributário. NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. ARGUMENTOS NA DEFESA. ANÁLISE. PRAZO. Não há nulidade na emissão da decisão de primeira instância, pois todos os argumentos constantes da impugnação foram devidamente analisados e decididos. O fato de a autoridade fazendária ser Auditora Fiscal, não ofende o princípio da legalidade, mormente porque a decisão proferida foi fundamentada e imparcial. ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. CANCELAMENTO DE ISENÇÃO. Para a entidade beneficente de assistência social permanecer usufruindo da isenção das contribuições sociais previdenciárias, faz-se necessário o atendimento, cumulativo, das condições impostas no artigo 55 da Lei n° 8.212/1991. A remuneração paga, a qualquer título, à diretoria enseja o Cancelamento da Isenção das Contribuições Previdenciárias, face ao descumprimento ao disposto no inciso IV do artigo 55 da Lei n° 8.212/1991, combinado com o inciso VI, do artigo 206, do Decreto n° 3.048, de 06/05/1999.
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CANCELAMENTO DE ISENÇÃO OU IMUNIDADE. COMPETÊNCIA DA 2ª SEÇÃO. NECESSIDADE APRECIAÇÃO. Inserese no dever de ofício desta Tuma Ordinária o conhecimento de recursos voluntário ou de ofício que versem sobre o cancelamento ou suspensão de isenção ou imunidade, inclusive daqueles em não tenha existido lançamento de crédito tributário. NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. ARGUMENTOS NA DEFESA. ANÁLISE. PRAZO. Não há nulidade na emissão da decisão de primeira instância, pois todos os argumentos constantes da impugnação foram devidamente analisados e decididos. O fato de a autoridade fazendária ser Auditora Fiscal, não ofende o princípio da legalidade, mormente porque a decisão proferida foi fundamentada e imparcial. ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. CANCELAMENTO DE ISENÇÃO. Para a entidade beneficente de assistência social permanecer usufruindo da isenção das contribuições sociais previdenciárias, fazse necessário o atendimento, cumulativo, das condições impostas no artigo 55 da Lei n° 8.212/1991. A remuneração paga, a qualquer título, à diretoria enseja o Cancelamento da Isenção das Contribuições Previdenciárias, face ao descumprimento ao disposto no inciso IV do artigo 55 da Lei n° 8.212/1991, combinado com o inciso VI, do artigo 206, do Decreto n° 3.048, de 06/05/1999. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 44 4. 00 07 97 /2 00 7- 27 Fl. 534DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, conhecer do recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto Mess Stringari, Márcio de Lacerda Martins (Suplente convocado) e Eduardo Tadeu Farah (Presidente e Relator). Designado para elaboração do voto vencedor, quanto ao conhecimento do recurso, o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira. Por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Carlos César Quadros Pierre. Acompanhou o julgamento a Dra. Tatiane Thome OAB/SP 223.575. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Presidente e Relator. Assinado Digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Redator Designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente), Carlos Henrique de Oliveira, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Carlos Alberto Mees Stringari, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecilia Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de recurso interposto em face da decisão, proferida por meio do Ato Declaratório Executivo DRF/MRA nº 51, de 28 de dezembro de 2007 (fl. 281), que cancelou a imunidade de contribuições sociais, na forma do art. 195, § 7°, da Constituição Federal, tendo como fundamento o descumprimento do disposto no inciso IV do art. 55 da Lei 8.212/1991, combinado com o inciso VI, do artigo 206, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Marília/SP informa que o recurso interposto é tempestivo e encaminha os autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para análise (fl. 328). Em seu apelo alega essencialmente a recorrente: Nulidade do lançamento, por ofensa ao principio da imparcialidade; A entidade não remunerou o Sr. Luiz Carlos de Macedo Soares pelo desempenho de suas funções de presidente da Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha, mas pelo contrato de trabalho que regula a sua prestação de serviços como reitor do UNIVEM; A auditoria fiscal é incompetente para descaracterizar o referido contrato de trabalho e vincular o recebimento da remuneração ao exercício de função estranha à prevista no contrato de trabalho, pois, além da inexistência de fundamentos fáticos para tanto, não houve descumprimento dos requisitos da legislação vigente para a fruição da imunidade/isenção. Fl. 535DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11444.000797/200727 Acórdão n.º 2201003.221 S2C2T1 Fl. 3 3 Parecer CJ n° 639, de 01/11/1996 O Consultor Jurídico ao emitir seu Parecer à consulta efetuada pelo Sr. Presidente do Conselho de Recursos da Previdência Social trouxe a lume a liberdade de profissão, manifestandose em consonância com o entendimento do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que vem decidindo no sentido de que o disposto no inciso IV, do artigo 55, da Lei n° 8.212/1991, restringe apenas a remuneração percebidas nas funções de dirigentes da entidade beneficente de assistência social. Transcreve ementas de vários acórdãos proferidos pelas Turmas do Tribunal Regional Federal. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Eduardo Tadeu Farah, Relator O recurso é tempestivo e deve ser apreciado. Como visto do relatório, tratase de recurso interposto em face da decisão, proferida por meio do Ato Declaratório Executivo DRF/MRA nº 51, de 28 de dezembro de 2007 (fl. 281), que cancelou a imunidade de contribuições sociais da contribuinte. Relativamente à análise do recurso, devese observar as disposições constantes do art. 50 do Decreto nº 8.242/2014, a saber: Art. 50. Os processos para cancelamento de isenção não definitivamente julgados em curso no âmbito do Ministério da Fazenda serão encaminhados a sua unidade competente para verificação do cumprimento dos requisitos da isenção, na forma do rito estabelecido no art. 32 da Lei nº 12.101, de 2009, aplicada a legislação vigente à época do fato gerador. Pelo que se vê, em razão de uma legislação superveniente, o CARF fica impedido de analisar a peça recursal contra o ato declaratório de cancelamento, não definitivamente julgado, já que por determinação do art. 50 do Decreto nº 8.242/2014, os autos devem retornar à origem. Contudo, não haverá cerceamento do direito de defesa da recorrente, pois os fundamentos fáticos do ato declaratório de cancelamento de isenção/imunidade serão analisados no bojo dos AI's oriundos dos lançamentos das obrigações tributárias (principal e acessória conexa com o principal). Portanto, entendo que não deve ser conhecido o recurso. Entretanto, como a maioria do Colegiado entendeu pelo conhecimento das razões recursais, conforme se infere da leitura do voto vencedor elaborado pelo Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira, passo a análise das questões aduzidas pela contribuinte neste processo. Pois bem, antes de se entrar no mérito, cumpre enfrentar, de antemão, as preliminares suscitadas pela recorrente. Fl. 536DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 4 Quanto à alegação de nulidade, por ofensa ao princípio da imparcialidade, em razão da decisão emanada pelo Despacho Decisório DRF/MRA n.° 862/2007, de 27/12/2007, verifico, pois, que a tese não merece acolhimento. Na verdade, o citado julgamento analisou a integralidade dos elementos processuais e apreciou todos os argumentos impugnatórios. Com efeito, não se pode aqui acatar a alegação de imparcialidade destituída de qualquer efeito prático. Sobre o princípio do prejuízo, a professora Ada Pellegrini Grinover, em sua obra “As Nulidades do Processo Penal, 6° ed., RT, São Paulo, 1997, pp.26/27” leciona que a parte que se sinta lesada demonstre, efetivamente, o prejuízo causado. (...) princípio do prejuízo constitui, seguramente, a viga mestra do sistema de nulidades e decorre da idéia geral de que as formas processuais representam tão somente um instrumento para correta aplicação do direito. O fato de o Delegado ser também Auditor Fiscal, não ofende o princípio da legalidade, mormente porque a decisão proferida foi fundamentada e imparcial. As causas de nulidade estão previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, que restringemse, no tocante ao auto de infração, à lavratura por servidor incompetente e, quanto às decisões, às proferidas com preterição do direito de defesa. Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Na verdade, do exame dos argumentos da defesa, fica evidente que seu descontentamento tem a ver com o resultado do Despacho exarado pela autoridade singular. Se os fatos estão provados ou não, ou se efetivamente se ajustam ao modelo hipotético instituído pelo legislador, aí se verifica uma questão de mérito, o que ultrapassaria a preliminar suscitada. Assim, ante a ausência da demonstração do prejuízo, não há que se cogitar em nulidade da decisão emanada pelo Despacho Decisório DRF/MRA n.° 862/2007, de 27/12/2007. Relativamente ao ato cancelatório, alega a recorrente que o Sr. Luiz Carlos de Macedo Soares, Reitor do UNIVEM (mantida), devidamente nomeado pela Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha (mantenedora), percebe remuneração em virtude do exercício das atribuições do cargo de Reitor, conforme cópia da Ficha de Registro de Empregado, portanto, não há qualquer violação ao inciso IV do artigo 55 da Lei n° 8.212/1991. Entretanto, afirma a autoridade fiscal que restou inconteste que o Sr. Luiz Carlos de Macedo Soares, Presidente da Diretoria Executiva da Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha (mantenedora) fora remunerado para exercer o cargo de Reitor do Centro Universitário UNIVEM (mantida), portanto ofendeu o requisito legal exigido para permanecer usufruindo da isenção das contribuições sociais previdenciárias, previsto no inciso IV do artigo 55 da Lei n° 8.212/1991, combinado com o inciso VI do artigo 206 do Decreto n° 3.048/1999, sendo necessário o cancelamento da isenção, obrigação legal imposta quando a entidade beneficente de assistência social deixa de preencher os requisitos legais para a sua manutenção. Delineada a controvérsia, cumpre reproduzir trecho do Despacho Decisório DRF/MRA n.° 862/2007, de 27/12/2007 (fls. 276/277): Fl. 537DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11444.000797/200727 Acórdão n.º 2201003.221 S2C2T1 Fl. 4 5 Pois bem. De acordo com os documentos juntados à peça defensiva, em especial a Ficha de Registro de Empregado com data de admissão em 01/08/2003, o Sr. Luiz Carlos de Macedo Soares, presidente da Diretoria Executiva da Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha (entidade mantenedora) desde 1996, é registrado como empregado, não para exercer algum cargo técnico, de qualificação profissional, como por exemplo, o de professor, mas sim para o cargo de Reitor, através do qual é remunerado pelo exercício da atividade de administrador da entidade. Vejamos, pois as atribuições do Sr. Luiz Carlos de Macedo Soares no cargo de Presidente da Diretoria Executiva da Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha (entidade mantenedora), e no cargo de Reitor do Centro Universitário UNIVEM (entidade mantida), cujas informações, aliás, extraímos da própria peça defensiva: Do Estatuto da Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha (mantenedora): ... Art. 17. A diretoria executiva da fundação é composta de 8 (oito) membros, a saber: I — diretor presidente, competindolhe representar a fundação, ativa e passiva, judicial e extrajudicialmente, dirigir seus trabalhos, convocar e presidir as reuniões da diretoria executiva e conjuntas com a assembléia geral, da qual é seu presidente nato, inclusive as destinadas à eleição da diretoria executiva, bem como realizar todas as demais atividades pertinentes ao cargo, cumprindo e fazendo cumprir este estatuto, inclusive a admissão e demissão de docentes e demais funcionários; (grifos nossos) Do Estatuto do Centro Universitário UNIVEM (mantida): ... Art. 16. São atribuições do Reitor: II. criar e extinguir PróReitorias, bem como nomear e exonerar Reitores, na forma do §3º, do art. 14, deste Estatuto; AFFIF; III.criar e extinguir assessorias e órgãos suplementares, bem como nomear e exonerar os respectivos assessores e chefes; IV. disciplinar o Serviço de Registro de Diplomas e• Certificados expedido pelo UNI VEM; V. coordenar a definição das políticas e o planejamento da atuação universitária; VI. convocar e presidir o Conselho Universitário, tendo, além do seu voto próprio, o voto de qualidade; VII. convocar e presidir o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, tendo, além do seu voto próprio, o voto de qualidade; Fl. 538DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 6 VIII. presidir todos os atos universitários a que estiver presente; IX. promover a elaboração do plano anual da atuação universitária e da proposta orçamentária e encaminhálos ao Conselho Universitário, ouvidas as PróReitorias; X. aprovar propostas para admissão de docentes, de pesquisadores e de pessoal administrativo, encaminhandoas para deliberação da Mantenedora; XL. proceder à lotação, nos órgãos do UNI VEM do pessoal docente e técnicoadministrativo; XIL. encaminhar ao Conselho Universitário, no primeiro trimestre de cada ano, relatório de contas e da atividades do exercício anterior; XIII.designar os Coordenadores de Cursos; XIV.exercer o poder disciplinar, no âmbito de sua competência; XV.conferir graus universitários; XVI.delegar competências; XVII. em caso de relevância e urgência, praticar atos for de suas competências, sempre ad referendum do CONSU, que serão analisados na primeira reunião daquele colegiado após a prática dos citados atos; XVIII.exercer quaisquer outras atribuições conferidas por lei, por este Estatuto, pelo Regimento Geral ou por delegação superior..” (grifos nossos) 29.1 — Ainda que a Defendente alegue tratarse de pessoas jurídicas distintas, tendo cada qual sua própria estrutura organizacional independente uma da outra, observem pelo destaque acima, e a toda evidência, que as atribuições no cargo de Reitor do UNIVEM se imiscuem com as atribuições no cargo de Presidente da Diretoria Executiva da Fundação de Ensino, na medida em que ambas as atribuições se interagem intimamente nas decisões de administração da entidade mantenedora. Não resta dúvida, portanto, que os salários pagos, acrescidos de outras gratificações, ao Sr. Luiz Carlos de Macedo Soares como empregado registrado no cargo de Reitor do UNIVEM, revelam se uma remuneração indireta pelo exercício dos poderes diretivos de gestão e de mando junto à entidade, ou seja, mostramse como indícios de que o trabalho remunerado se apresenta como verdadeiro subterfúgio para remunerar sua diretoria. 30. Assim, somente o dirigente de entidade beneficente de assistência social que, concomitantemente, exerce outra atividade técnica dentro da entidade, como, por exemplo, a de um professor, médico, entre outras, poderá receber remuneração por essas funções específicas. Pelo que se vê, o Despacho Decisório foi contundente ao afirmar que o Reitor do Centro Universitário UNIVEM, em razão de todos os poderes diretivos de gestão previstos Fl. 539DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11444.000797/200727 Acórdão n.º 2201003.221 S2C2T1 Fl. 5 7 em estatuto, foi remunerado para exercer tais poderes, ainda que na condição de empregado registrado, implicando, pois, em descumprimento à interpretação ao inciso IV do artigo 55 da Lei n° 8.212/1991. De fato, analisando detidamente o Estatuto da Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha (mantenedora) e o Estatuto do Centro Universitário UNIVEM (mantida), verificase que, embora tenha o Sr. Luiz Carlos, presidente da mantenedora, ter sido contratado como empregado, Reitor do Centro Universitário UNIVEM (mantida), recebe, na prática, remuneração em razão do exercício de suas atividades institucionais, ou seja, devido ao exercício dos poderes diretivos de gestão e finanças previstos em estatuto supracitado, sobretudo porque não exerce outra atividade técnica na entidade, como por exemplo, a de professor. Ainda que se entendesse que o Sr. Luiz Carlos poderia ter sido contratado como Reitor e receber remuneração para exercer tal função, no caso dos autos, verificase que, além do salário informado na ficha de admissão, ou seja, R$ 4.408,20, o reitor recebeu vários tipos de gratificações, como bem pontuou a autoridade fiscal à fl. 152: Ressaltese que a função de reitor foi criada com a instalação do Centro Universitário em 08/2003 e, coincidentemente, somente a partir dessa data, foram inseridas na folha de pagamento da entidade as rubricas "gratificação de produtividade" e "gratificação gabinete reitoria". No período em que recebeu as remunerações citadas como Reitor do Centro Universitário, o senhor Luiz Carlos de Macedo Soares ocupava o cargo estatutário de presidente da diretoria executiva da mantenedora, Fundação de Ensino Eurípedes Soares da Rocha, cargo que ocupa até a presente data, ou seja, desempenha funções que lhe são estatutariamente atribuídas, tem todos os poderes diretivos de gestão e finanças previstos em estatuto e é remunerado devido o exercício desses poderes. Verificase, assim, que a direção da Mantenedora como também do Centro Universitário concentrase nas mãos da mesma pessoa, que detém poderes de mando absolutos em ambas instituições Na verdade, o Sr. Luiz Carlos foi admitido em 01/08/2003 para ocupar o cargo de Reitor, fazendo jus a uma remuneração mensal de R$ 4.408,20, conforme ficha de Registro de empregado de fls. 251/252; entretanto o que foi pago ao Sr. Luiz Carlos ultrapassou em muito o valor constante do “salário” informado na ficha de registros Centro Universitário UNIVEM. Portanto, não se trata de negar liberdade de profissão constitucionalmente prevista no inciso XIII do artigo 5° da Constituição Federal, tampouco utilização intencional de atecnias no intuito de confundir a análise, como faz crer a recorrente, mas que efetivamente houve remuneração, acrescidas de relevantes gratificações (inacessíveis aos empregados das entidades, digase), demonstrando a contraprestação pecuniária de atividades eminentemente estatutárias exercidas na Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha e Centro Universitário UNIVEM. Repisese que o Sr. Luiz Carlos no período de 01/08/2003 a 31/05/2006 não exercia outra atividade técnica na entidade, como por exemplo, a de professor. Fl. 540DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 8 Ademais, entendo que os valores recebidos pelo Sr. Luiz Carlos (“salários” e “gratificações”), não se subsume ao Parecer/CJ n° 639/1996, já que os valores não foram recebidos pelo exercício de um emprego, em igualdade de condições com todos os empregados, com atribuições distintas e compatíveis com a sua habilitação profissional (professor, por exemplo), conforme dispõe o inciso XIII do artigo 5° da CF, mas, fundamentalmente, em razão da contraprestação das atividades descritas nos estatutos da Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha e Centro Universitário UNIVEM. Assim, diferentemente do que faz crer a recorrente, não houve usurpação da competência da justiça do trabalho e/ou descaracterização do vínculo, mas, repisese, remuneração por funções exercidas conforme consta nos estatuto das entidades. Ademais, não se pode, a pretexto de remunerar o Reitor da UNIVEM (mantida), instituir “salários” e outras “gratificações”, ou seja, de forma transversa recompensar pecuniariamente o Sr. Luiz Carlos de funções inerentes às atividades estatutárias. E, por último, cumpre destacar que é improfícua a jurisprudência acerca de diversos assuntos trazidos pela recorrente, porque essas decisões, mesmo que proferidas pelos órgãos colegiados, sem uma lei que lhes atribua eficácia, não constituem normas complementares do Direito Tributário. No que tange à Informação Fiscal de 21/12/2012, fls. 382/398, elaborada em razão do disposto no artigo 234 da Instrução NormativaIN RFB n° 971/2009, concluiu a autoridade fiscal que: 27. Ante todo o exposto, dando cumprimento à solicitação contida no despacho do CARF/MF, a fim de verificar o cumprimento dos requisitos para isenção da contribuição previdenciária patronal, nos termos do artigo 234 da Instrução NormativaIN RFB n° 971/2009, bem como artigo 32 da Lei 12.101/2009 e artigo 45 do Decreto 7.237/2010, não obstante a existência de processos judiciais pendentes de julgamento, informamos: 27.1 Para fatos geradores ocorridos até 29 de novembro de 2009 os requisitos previstos no art. 55 da Lei n° 8.212, de 1991, cumulativamente: • O sujeito passivo não possui Certificado CEAS válido para o período 01/01/2001 a 31/12/2003 e 01/01/2004 a 31/12/2006 e 01/01/2007 a 31/12/2009, contrariando o disposto no inciso II do artigo 55 da Lei n° 8.212/91; • O sujeito passivo remunerou dirigente no período de 08/2003 a 05/2006, contrariando o disposto no inciso IV do artigo 55 da Lei n° 8.212/91; • O sujeito passivo possui CANCELADA sua ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS PATRONAIS, conforme Ato Declaratório Executivo n° 51, de 28/12/2007, com efeitos a partir de 08/2003, constante neste processo n° 11444.000797/200727. • O sujeito passivo NÃO OBTEVE NOVA CONCESSÃO DE ISENÇÃO, na vigência do artigo 55 da Lei 8.212/91. Fl. 541DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11444.000797/200727 Acórdão n.º 2201003.221 S2C2T1 Fl. 6 9 27.2 Para fatos geradores ocorridos a partir de 30 de novembro de 2009, os requisitos previstos no art. 227 da Instrução Normativa: (...) • Em relação à competência 12/2009 (última competência verificada em procedimento fiscal anterior), ressaltamos que a auditoria efetuada foi sumária, e que não foram verificados os requisitos previstos no artigo 227 da Instrução Normativa IN 971/2009, • O sujeito passivo não possui certificação válida na forma do Artigo 24, § 1° da Lei 12.101/2009 e artigo 5° do Decreto 7.237/2010 (processo está sob análise do MEC), e de acordo com artigo 41 do decreto 7.237/2010, o direito à isenção das contribuições sociais somente poderá ser exercido pela entidade a contar da data da publicação da concessão de sua certificação no Diário Oficial da União, se atendidos cumulativamente os requisitos previstos na Lei 12.101/2009 e no Decreto. Por sua vez, apresenta a contribuinte recurso contra a Informação Fiscal de fls. 382/398, alegando que a temática a ser apreciada por este Conselho, se restringe àquela “... que deu ensejo ao início do processo administrativo e já foi amplamente debatida nos autos, não havendo que se inovar, agora, a esta altura do processo administrativo, já pronto e maduro para julgamento da causa que lhe deu origem, qual seja: suposta remuneração de diretor”. De fato, em que pese tenha a autoridade fiscal lançado dúvidas acerca Certificado – CEAS, conforme consta na Informação Fiscal de 21/12/2012, fls. 382/398, verificase que a acusação fiscal, que deu origem ao ato cancelatório, Despacho Decisório DRF/MRA n.° 862/2007, de 27/12/2007, foi a violação ao inciso IV do artigo 55 da Lei n° 8.212/1991, de que trata da remuneração ao cargo de diretor da entidade. Assim, não pode haver inovação à acusação fiscal que culminou na expedição do ato cancelatório constante do Despacho Decisório supracitado. Dessarte, devese rejeitar a alegação de ilegalidade do Despacho Decisório DRF/MRA n.° 862/2007, de 27/12/2007, já que os valores pagos ao Sr. Luiz Carlos de Macedo Soares (“salários” acrescidos de diversas “gratificações”), registrado no cargo de Reitor do UNIVEM, demonstram o pagamento de remuneração indireta pelo exercício dos poderes diretivos e de gestão junto às entidades. Ante ao exposto, voto por rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Eduardo Tadeu Farah Voto Vencedor Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira, Redator Designado Fl. 542DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 10 Com o devido respeito, ouso discordar do ilustre Relator quanto ao conhecimento do recurso voluntário interposto. Explico. Respalda o entendimento adotado pelo Conselheiro Relator a disposição constante do Decreto nº 8.242, de 23 de maio de 2014, que determina o retorno dos processos que versem sobre cancelamento de isenção, ainda não julgados, à DRF de origem para verificação dos requisitos necessários a fruição da imunidade condicionada pela lei, por muitos denominada como isenção. Como bem relatado, tratase de legislação superveniente de cunho processualístico, o que, como cediço, alcança os processos em trâmite. Nesse sentido, mister cumprir a determinação da novel legislação. Perquirindo o processo, observo que tal determinação foi cumprida, consoante se verifica às folhas 410 do processo digitalizado. Necessário mencionar que o contribuinte foi cientificado da manifestação da Fiscalização sobre os requisitos necessários ao gozo da isenção, tendo se manifestado sobre o que foi observado (fls. 430). Com isso posto, mister recordar que o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº , tratando das competências das suas Seções, expressamente determina: Art. 3º À 2ª (segunda) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: I Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF); II IRRF; III Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR); IV Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a terceiros, definidas no art. 3º da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007; e V penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias pelas pessoas físicas e jurídicas, relativamente aos tributos de que trata este artigo. (...) Art. 7º Incluemse na competência das Seções os recursos interpostos em processos administrativos de compensação, ressarcimento, restituição e reembolso, bem como de reconhecimento de isenção ou de imunidade tributária. § 1º A competência para o julgamento de recurso em processo administrativo de compensação é definida pelo crédito alegado, inclusive quando houver lançamento de crédito tributário de matéria que se inclua na especialização de outra Câmara ou Seção. § 2º Os recursos interpostos em processos administrativos de cancelamento ou de suspensão de isenção ou de imunidade tributária, dos quais não tenha decorrido a lavratura de auto de infração, incluemse na competência da 2ª (segunda) Seção." (destacamos) Fl. 543DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11444.000797/200727 Acórdão n.º 2201003.221 S2C2T1 Fl. 7 11 Tal atribuição de competência é clara no sentido do poder/dever de cada Turma quanto às matérias que podem/devem ser analisadas. Inserese no dever de ofício desta Tuma Ordinária o conhecimento de recursos voluntário ou de ofício que versem sobre o cancelamento ou suspensão de isenção ou imunidade, inclusive daqueles em não tenha existido lançamento de crédito tributário. Ora, por todo o exposto, não observo nenhum motivo que enseje o não conhecimento do recurso, uma vez que o mesmo, além de atender os requisitos para sua admissibilidade, versa sobre matéria de competência desta Turma, e seu trâmite atende a legislação aplicável à espécie. Não obstante todo o exposto, entendo que tal conhecimento atende não só aos requisitos legais como também privilegia, além do devido contraditório, a ampla defesa, garantindo ainda tanto à Fazenda Nacional quanto ao Recorrente, a necessária uniformidade de apreciação das provas, de formação de convencimento do colegiado, e das decisões proferidas no presente processo e em seus correlatos. Por todo o exposto, voto pelo conhecimento do presente Recurso Voluntário. Assinado Digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Redator Designado. Fl. 544DF CARF MF Impresso em 16/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 10/08/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 11516.003274/2009-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
Ementa:DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. GLOSA.
Cabe ao sujeito passivo a comprovação, com documentação idônea, da efetividade da despesa médica utilizada como dedução na declaração de ajuste anual. A falta da comprovação e a ausência de previsão legal permitem o lançamento de ofício do imposto que deixou de ser pago.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SOCIEDADE DE ADVOGADOS. TRIBUTAÇÃO NA PESSOA JURÍDICA.
As sociedades de advogados, a exemplo das demais sociedades de pessoas, caracterizam-se pela prestação de serviços em caráter personalíssimo, o que torna natural que serviços prestados por um ou mais sócios, isolados ou em conjunto, resultem em receitas oferecidas à tributação pela pessoa jurídica.
RECLASSIFICAÇÃO DE RECEITA TRIBUTADA NA PESSOA JURÍDICA PARA RENDIMENTOS DE PESSOA FÍSICA. COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS PAGOS NA PESSOA JURÍDICA.
Devem ser compensados na apuração de crédito tributário os valores arrecadados sob o código de tributos exigidos da pessoa jurídica, cuja receita foi desclassificada e convertida em rendimentos de pessoa física, base de cálculo do lançamento de oficio.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFICIO E MULTA EXIGIDA ISOLADAMENTE. CONCOMITÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
Incabível a aplicação da multa isolada (art. 44, § 1°, inciso III, da Lei n° 9.430/96), quando em concomitância com a multa de oficio (inciso II do mesmo dispositivo legal), ambas incidindo sobre a mesma base de cálculo.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
Numero da decisão: 2201-003.302
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para: i) restabelecer a dedução da despesa médica no valor de R$ 3.660,00 (três mil seiscentos e sessenta reais); ii) excluir do lançamento a omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica; e iii) excluir a aplicação da multa isolada. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte, a Drª. Patrícia Fogaça, OAB/SC nº 14.857.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 06/09/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE E ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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DEDUÇÃO. GLOSA. Cabe ao sujeito passivo a comprovação, com documentação idônea, da efetividade da despesa médica utilizada como dedução na declaração de ajuste anual. A falta da comprovação e a ausência de previsão legal permitem o lançamento de ofício do imposto que deixou de ser pago. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SOCIEDADE DE ADVOGADOS. TRIBUTAÇÃO NA PESSOA JURÍDICA. As sociedades de advogados, a exemplo das demais sociedades de pessoas, caracterizamse pela prestação de serviços em caráter personalíssimo, o que torna natural que serviços prestados por um ou mais sócios, isolados ou em conjunto, resultem em receitas oferecidas à tributação pela pessoa jurídica. RECLASSIFICAÇÃO DE RECEITA TRIBUTADA NA PESSOA JURÍDICA PARA RENDIMENTOS DE PESSOA FÍSICA. COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS PAGOS NA PESSOA JURÍDICA. Devem ser compensados na apuração de crédito tributário os valores arrecadados sob o código de tributos exigidos da pessoa jurídica, cuja receita foi desclassificada e convertida em rendimentos de pessoa física, base de cálculo do lançamento de oficio. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFICIO E MULTA EXIGIDA ISOLADAMENTE. CONCOMITÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Incabível a aplicação da multa isolada (art. 44, § 1°, inciso III, da Lei n° 9.430/96), quando em concomitância com a multa de oficio (inciso II do mesmo dispositivo legal), ambas incidindo sobre a mesma base de cálculo. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 32 74 /2 00 9- 11 Fl. 1912DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 2 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para: i) restabelecer a dedução da despesa médica no valor de R$ 3.660,00 (três mil seiscentos e sessenta reais); ii) excluir do lançamento a omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica; e iii) excluir a aplicação da multa isolada. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte, a Drª. Patrícia Fogaça, OAB/SC nº 14.857. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 06/09/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE E ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objetos dos presentes autos, nos termos seguintes: Mediante auto de infração de folhas 1671 a 1679, integrado pelos demonstrativos de fls. 1658 a 1670 e pelo Termo de Verificação Fiscal de fls. 1644 a 1657, exigese do interessado o Imposto de Renda Pessoa Física IRPF de R$1.687.007,33 mais o Imposto sobre ganho liquido em operações de renda variável de R$4.295,61 (R$2.295,69, de 2004, fl. 1.658, R$1.192,80 de 2005, v. fl. 1660, e R$807,12 de 2006, v. tl. 1665), acrescidos da multa de ofício de 75% e juros de mora, bem como a Multa Exigida Isoladamente no montante de R$102.889,04, correspondente aos exercícios 2005 a 2007, anoscalendário 2004 a 2006. Fl. 1913DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11516.003274/200911 Acórdão n.º 2201003.302 S2C2T1 Fl. 3 3 Da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is), às folhas 1673 a 1678, verificase que a autuação é decorrente das seguintes infrações apuradas pela autoridade fiscal: 1) omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoa física no anocalendário 2006, no valor de R$748.666,00; 2) omissão de ganhos líquidos no mercado de renda variável, obtidos em operações na Bolsa de Valores de São Paulo, nos meses de setembro a dezembro de 2004, setembro, novembro e dezembro de 2005 e janeiro e fevereiro de 2006; 3) dedução indevida de despesas médicas, nos anoscalendário 2004 a 2006, nos valores de R$7.472,50, R$3.156,88 e R$6.149,65, respectivamente; 4) dedução indevida de despesas escrituradas em Livro Caixa, no anocalendário 2006, no valor de R$2.880,00; 5) omissão de rendimentos (honorários advocatícios) recebidos da Brasil Telecom S.A., relativos ao processo n° 824/1984, no anocalendário 2004, no montante de R$5.366.247,00 (R$2.046.340,00 em fevereiro/2004, R$2.984.157,00 em abril/2004 e R$335.750,00 em dezembro/2004). Do TVF à fl. 1655 consta: _ 2.6 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA Omissão de rendimentos (honorários advocatícios) recebidos de Brasil Telecom S/A, CNPJ 76.535. 764/032266, decorrentes de honorários advocatícios devidos ao Sr. Norberto Silveira de Souza pelos autores do processo em que a citada empresa foi demandado (n° 824/1984). O pagamento foi efetuado pela Brasil Telecom S/A em virtude de acordos celebrados 013. 1092 a 15 74), apesar de se referirem a serviços prestados aos autores do processo n° 824/2004, em que a empresa foi demandada. Observese que as procurações apresentadas relativas ao citado processo (fls. 1112 a 1393) demonstram claramente que os contratados pelos autores do processo foram as pessoas físicas dos Srs. Orlando A. Capella Fernandes e Norberto Silveira de Souza. Destaquese ainda que o processo citado é de 1984 e, conforme o próprio contribuinte escreveu em recibo por ele assinado Úls. 19), este ano é anterior à constituição de empresa pelo Sr. Norberto Siveira de Souza, sendo então rendimentos da pessoa física. 6) falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnêleão, nos anoscalendário 2005 e 2006. A fundamentação legal consta do referido auto de infração. O Serviço de FscalizaçãoSEFIS da DRF em Florianópolis juntou os documentos de fls. 1.682 a 1.739, apresentados pelo Fl. 1914DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 4 contribuinte em 02/07/2009, em atendimento à intimação durante à ação fiscal, conforme informação à fl. 1.681. lnconformado, em parte, com o lançamento, o contribuinte apresenta, mediante procurador habilitado (v. procuração e substabelecimento às folhas 30 e 1.745), a impugnação de folhas 1747 a 1774, na qual expões suas razões de contestação. Explica, inicialmente, que não está sendo impugnada, em razão do pagamento, a parte do crédito tributário relativa: 1) à omissão de rendimentos recebidos de pessoa fisica, 2) ao ganho líquido no mercado de renda variável, 3) parte da glosa das despesas médicas e 4) à glosa das despesas de livro caixa. Junta, à fl. 1776, planilha demonstrativa do crédito não impugnado. Às fls. 1749 a 1751 o contribuinte argúi o descabimento da multa isolada cumulada com a multa de oficio. Argumenta que a autoridade fiscal apurou imposto sobre rendimentos recebidos de pessoas físicas no anocalendário 2006, bem 'como sobre ganho líquido em operações de renda variável no ano de 2005, tendo exigido ambos com multa de oficio de 75% e juros SELIC e que, além disso, constituiu a multa isolada sobre os mesmos fatos, o que teria culminado em dupla penalização, desrespeitando, assim, o artigo 44 da Lei n° 9.430/1996. Cita em seu beneficio acórdãos da CSRF. Diz que não há previsão legal para a exigência da multa de oficio juntamente com a multa isolada. Ressalta que o IRPF e a correspondente multa de oficio, oriundos dos mesmos fatos geradores das multas isoladas serão quitados, visto que se trata de matéria não impugnada. Requer, assim, o cancelamento da multa isolada. Às fls. 1751 a 1757 0 impugnante contesta os argumentos da autoridade fiscal em relação às glosas de despesas médicas, pleiteando que sejam restabelecidas as seguintes deduções: (...). Argúi, em relação aos R$4.410,00 pagos à fisioterapeuta Luciana Trompowisk Ávila, no anocalendário 2006, que todos os recibos foram apresentados e encontramse às fls. 263 a 267 dos autos. invocando o artigo 80 do RIR/1999, argúi que a norma determina que poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados no anocalendário a fisioterapeutas sem impor restrição de natureza procedimental. Destaca que todo o tratamento foi realizado sob recomendação médica, por profissional registrada no respectivo Conselho sob n° 30778F. Anexa esclarecimentos da profissional sobre as sessões de fisioterapia (doc. 03) e transcreve questão 340 do “Perguntas e Respostas”. Conclui que a glosa não se sustenta, tendo em vista os comprovantes de pagamentos às fls. 263 a 267, a indicação médica para o tratamento (doc 02), a declaração da fisioterapeuta, devidamente registrada no Órgão de classe, confirmando os serviços prestados e esclarecendo a finalidade dos mesmos (doc. O3). Em relação à despesa com vacinas, no anocalendário 2004, no valor de R$190,00, argúi o contribuinte que, conforme o artigo 80 do RIR/1999, são dedutíveis os gastos com médicos e hospitais, aí incluídas as clínicas médicas, e que não há distinção quanto à especialidade nem finalidade do gasto desde que ligado à saúde. Transcreve questão 356 do “Perguntas e Fl. 1915DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11516.003274/200911 Acórdão n.º 2201003.302 S2C2T1 Fl. 4 5 Respostas” argüindo que permite a dedução com medicamentos dede que o produto esteja vinculado ao serviço hospitalar. Argumenta que não é permitido aos cidadãos comprar as vacinas por conta própria, que o serviço de aplicação e triagem faz parte do preço pago e deve ser realizada por pessoa habilitada, exclusivamente se o destinatário estiver dentro do público alvo do medicamento. Conclui que resta claro que o que se contrata é o serviço médico de vacinação e não exclusivamente a venda do medicamento, devendo ser permitida a dedução do gasto. No que pertine às glosas efetuadas pela autoridade revisora sob o argumento de que para os beneficiários listados na declaração de ajuste anual de 2005 para os quais somente foram apresentados comprovantes de que houve ressarcimento parcial da despesa, mas não foram apresentados comprovantes das despesas propriamente ditas (recibo ou Nota Fiscal) (***), o contribuinte argúi que o fiscal rejeitou os comprovantes de ressarcimento, ou seja a relação detalhada do plano de saúde (fls. 240, 260 e 262) e do TST (fls. 229, 241 e 261) contendo a descrição dos reembolsos, os gastos líquidos, fixandose exclusivamente nos recibos/notas fiscais, e que para que ocorresse o reembolso de parte dos gastos foi necessária a remessa dos documentos para a seguradora e lá ficaram retidos, conforme declaração firmada pela Golden Cross e informação do TST que intermediava a contratação do plano de saúde. Aduz que os demonstrativos elaborados pela Golden Cross contém o nome do beneficiário (médico/hospital/clínica), o valor total do recibo, o montante reembolsado e a parcela dedutível para o IRPF, sendo esses dados suficientes para comprovar a dedução pleiteada. Quanto à omissão de rendimentos de pessoa jurídica, fls. 1757/1766, o contribuinte alega que os valores foram recebidos pela sociedade de advogados Silveira de Souza & Jorge Associados da qual faz parte. Aduz que as afirmações que levaram a autoridade fiscal a considerar os valores recebidos pela pessoa jurídica como omitidos pela pessoa física, ou seja, de que a prestação do serviço de advocacia foi realizada pessoalmente por ele e de que os honorários decorrem de serviços prestados em momento anterior à constituição da sociedade de advogados da qual faz parte, não se sustentam, pois é advogado e integra 0 quadro societário da Silveira de Souza & Jorge Associados, sociedade civil de advogados, constituída nos termos da Lei n° 8.906/ 1994 A Estatuto da OAB. Argúi, ainda, que os advogados podem organizarse sob a forma de pessoas jurídicas, mas a prestação do serviço é sempre de caráter pessoal, mediante prova do mandato concedido individualmente ao advogado, nunca à sociedade da qual faz parte. Prossegue argumentando que a prestação dos serviços pela pessoa física que integra o quadro societário de sociedade de Fl. 1916DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 6 advogados é circunstância legalmente imposta e, nesse contexto, foi a ele outorgada procuração por empregados da Telecomunicações de Santa Catarina S.A., posteriormente incorporada pela Brasil Telecom S.A., para defender, em juizo, seus interesses. Assim, em razão das procurações, atuou como um dos patronos na Reclamatória Trabalhista n° 824/1984, que tramitou na Justiça do Trabalho de Florianópolis. Pelos serviços prestados fez jus a 50% por cento dos honorários sucumbenciais, conforme contrato celebrado entre os advogados da causa (fls. 1096/1097), parcela esta que foi recebida e tributada pela sociedade de advogados da qual faz parte no momento em que recebida, mediante a emissão de notas fiscais contra a Brasil Telecom. Aduz que a Lei n° 9.430/1996, em seu artigo 55, determina que as sociedades civis de profissão regulamentada, como é o caso da Silveira de Souza & Jorge Associados, sejam tributadas da mesma fomia que as demais pessoas jurídicas e, desta forma, os honorários recebidos em decorrência da prestação de serviços de profissão regulamentada integram a receita dessas sociedades e serão tributados na pessoa juridica. Cita, em sua defesa, acórdãos do Primeiro Conselho de Contribuintes e decisão do STJ, concluindo que a tributação dos valores na pessoa jurídica encontra amparo legal na Lei n° 8.906/94 (estatuto da OAB), no artigo 10 da Lei n° 9.249/95, artigo 55 da Lei n° 9.430/1996, além do artigo 146, § do RIR/1999 e artigo 45 do CTN. Argúi, ainda, que não tem razão a fiscalização em seu argumento de que os serviços foram prestados em momento anterior à constituição da sociedade Silveira de Souza e Jorge Associados, posto que não houve fato gerador do imposto até o momento da disponibilização dos valores para o escritório de advocacia, o que ocorreu em 2004 e 2006. A sociedade Silveira de Souza e Jorge Associados iniciou suas atividades em 01/12/2003, data anterior à celebração dos acordos entre os demandantes da ação judicial (clientes do impugnante) e a Brasil Telecom e, portanto, à disponibilidade dos numerários em questão. Aduz que os créditos de honorários decorrentes de atuações anteriores à constituição da sociedade Silveira de Souza & Jorge Associados foram a esta cedidos no momento de sua constituição, conforme o parágrafo único da cláusula V do documento firmado em 14/11/2003 e registrado na OAB/SC em 01/12/2003 (doc. 06 e 07). Assim, a cessão de direitos em data anterior à homologação das sentenças e percepção dos honorários, poria fim à discussão acerca da possibilidade de recebimento dos honorários pela Silveira de Souza & Jorge Associados. Cita decisão do Regional Federal da 4” Região. V Requer, assim, que seja reconhecida a nulidade do lançamento, uma vez que os valores tidos como omitidos foram recebidos e tributados por Silveira de Souza & Jorge Associados , sociedade civil de profissão regulamentada a qual integra como sócio. No item “c.l) Da compensação dos tributos Fl. 1917DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11516.003274/200911 Acórdão n.º 2201003.302 S2C2T1 Fl. 5 7 recolhidos na pessoa jurídica” o contribuinte requer, caso seja mantida a tributação em nome da pessoa física, que sejam considerados os recolhimentos realizados em nome da pessoa jurídica e ajustada a cobrança apenas sobre a diferença, tendo em vista que os valores das notas fiscais às fls. 1585 a 1587, de 06/02/2004, 07/04/2004 e 09/12/2004, foram tomados como rendimentos do contribuinte, sem que fossem levados em consideração os valores recolhidos pela sociedade de advogados da qual faz parte. Destaca a impossibilidade de enriquecimento ilícito do Estado, argüindo que no caso em pauta pretendese exigir a totalidade de créditos mesmo com parcela já recolhida. Cita, em sua defesa, acórdãos do Primeiro Conselho de Contribuintes, invoca o principio constitucional da razoabilidade e diz: “não se levante a argumentação absurda de que a pessoa fisica deveria recolher a totalidade dos tributos enquanto a pessoa jurídica procederia a instauração de novo processo administrativo para ser ressarcida”. Repisa que se deve exigir apenas a diferença não recebida pelo Fisco, realizandose a compensação de oficio dos valores recolhidos em nome da pessoa juridica sobre os fatos geradores exigidos da pessoa física. Ressalta, ao final, que é equivocada a informação contida no relatório de fl. 1.642, tendo sido recolhido todo o tributo declarado em DCTF referente ao anocalendário 2006, conforme comprovaria a CND em anexo (doc. 08). Assim, requerse 'ajuntada aos autos de extrato de pagamentos do sistema da RFB, nos termos do art. 37 da Lei n° 9.784/99. Às fls. 1770 a 1773, contesta a impugnante a utilização da taxa SELIC como juros de mora, tecendo alegações de variada ordem tendentes, todas, à demonstração da ilegalidade/ inconstitucionalidade desta exigência. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis julgou procedente em parte a impugnação, restando mantida parcialmente a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: Assumo: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Para que a tributação do imposto de renda sobre os honorários advocatícios, recebidos em razão de decisão judicial, seja efetuada sobre a pessoa jurídica da sociedade de advogados, devem ser observados os requisitos constantes do § 3° do art. 15 da Lei n° 8.906/1994, bem como haver contrato firmado entre o autor da ação e a sociedade de advogados, ou, que conste dos autos do processo judicial o substabelecimento da causa para a pessoa jurídica (sociedade de advogados) pelo advogado da Fl. 1918DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 8 causa (não se confundindo com a cessão de créditos, pois, neste caso não se altera a natureza jurídica do valor cedido). DESPESAS MÉDICAS. DEDUTIBILIDADE. COMPROVAÇÃO. As despesas médicas pagas pelo contribuinte, relativas ao seu próprio tratamento e/ou de seus dependentes para efeitos tributários são dedutíveis quando devidamente comprovadas. Restabelecese parte da glosa, à vista dos documentos apresentados. Assuntoo: NQRMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005, 2006 MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DO CARNÊ LEÃO. APLICABILIDADE. A constatação do não recolhimento do carnê leão impõe a aplicação da multa isolada, concomitante com a multa de oflcio sobre o imposto suplementar apurado no ajuste anual, por serem penalidade que têm por origem fatos distintos. JUROS DE MORA UTILIZAÇÃO DA TAXA SELIC. Compete à autoridade administrativa aplicar e exigir o cumprimento das disposições contidas em lei, sob pena de responsabilidade funcional. A cobrança de juros de mora em percentual equivalente à taxa Selic está prevista em lei. MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS. Consideramse não impugnadas as matérias que não tenham sido expressamente contestadas, sendo definitiva a exigência no que se refere a esta parte do lançamento na esfera administrativa. Assunto: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005, 2006 ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTANCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas por Conselhos de Contribuintes não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. Fl. 1919DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11516.003274/200911 Acórdão n.º 2201003.302 S2C2T1 Fl. 6 9 É vedada a extensão administrativa dos efeitos de decisões judiciais contrárias à disposição literal de lei, quando não comprovado que o contribuinte figurou como parte na referida ação judicial. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustenta, em síntese: a) o descabimento da multa isolada cumulada com a multa de ofício; b) o restabelecimento da dedução das despesas médicas efetuadas com a Dra. Luciana Trompowisk Ávila (fisioterapeuta), no ano calendário de 2006; c) o restabelecimento da dedução das despesas com a aplicação de vacina (Clínica de Vacinas e Pediatria Pequeno Príncipe Ltda.), no anocalendário de 2004; d) o restabelecimento da dedução das despesas médicas reembolsada pelo plano; e) o restabelecimento das despesas médicas glosadas em virtude da não apresentação dos recibos/NF, apesar de constar na declaração do plano de saúde informando todos os dados necessários f) acerca dos honorários advocatícios, que o recorrente fazia jus a 50% dos honorários sucumbenciais, conforme contrato celebrado entre os advogados da causa, sendo que a parcela do contribuinte foi recebida e tributada pela sociedade de advogados da qual fazia parte, no momento em que foi recebida, mediante emissão das notas fiscais anexas aos autos; g) caso superados os argumentos sustentados, o contribuinte requer que sejam considerados os recolhimentos realizados em nome da pessoa jurídica e ajustada a cobrança apenas sobre a diferença; h) a ilegalidade de inserção dos juros previstos na Lei n.º 8.981/95 e da Taxa Selic. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Fl. 1920DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 10 Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. 1. Das glosas das despesas médicas 1.1. Despesas médicas efetuadas com a Dra. Luciana Trompowisk Ávila (fisioterapeuta) Acerca das referidas despesas, consta do Termo de Verificação Fiscal a justificativa para a glosa no sentido de que as sessões de Pilates (ginástica e/ou alongamento), não têm previsão legal para a dedução. Apesar do entendimento mencionado, cumpre esclarecer que o Regulamento do Imposto de Renda (art. 80 do Decreto 3.000/99) não restringe as despesas realizadas com profissionais da área de fisioterapia, conforme se extrai do dispositivo abaixo transcrito: Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias Assim, observas que consideramse despesas médicas ou de hospitalização os pagamentos efetuados a médicos de qualquer especialidade, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, hospitais, e as despesas provenientes de exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. A decisão de primeira instância considerou os argumentos sobre a ausência de restrição quanto às despesas com fisioterapeuta, mas, conforme alega o contribuinte, inovou na fundamentação do auto, ao manter a glosa por outro fundamento: Quanto aos pagamentos à fisioterapeuta Luciana T. Ávila, de fato, no anocalendário 2006, o contribuinte apresenta, às fls. 263 a 267, recibos no montante de R$3.660,00, e não R$4.410,00 como argüido (três recibos são iguais, de 4/11/2006); às fls. 1778 a 1781 (doc.02) indicações médicas de fisioterapia e às fls. 1783 a 1787 (doc. 03) declaração da profissional confirmando a realização bem como o objetivo das sessões de fisioterapia, ficha de avaliação e prospecto da clínica de fisioterapia. Tem razão o contribuinte em seu argumento de que a legislação para a dedução de valores pagos a fisioterapeutas não limita a especialidade do atendimento. Entretanto, compulsando os autos, à fl. 264, consta pedido do contribuinte à Dra. Conceição, para encaminhamento de indicação médica a Golden Cross para fins de reembolso. E não há nos autos prova do valor reembolsado e, por conseguinte, daquele que foi efetivamente ônus do contribuinte para que possa ser dedutível. Mantémse, portanto, a glosa desses valores. Sobre a controvérsia, o recorrente manifestase no sentido de que os recibos foram juntados aos autos e não há nas declarações da Golden Cross referência ao reembolso dos valores, não podendo ser exigida prova negativa do contribuinte, mediante inovação da fundamentação do lançamento. Fl. 1921DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11516.003274/200911 Acórdão n.º 2201003.302 S2C2T1 Fl. 7 11 Compulsandose os autos, verificase que o lançamento teve como fundamento exclusivamente o entendimento do fiscal de que a despesa não era dedutível pela sua natureza (fisioterapia com a técnica de pilates). Tal fundamento foi afastado pela decisão de piso, mas foi mantida a glosa por fundamento diverso (existência de suposto reembolso). Não obstante a impossibilidade de inovação do lançamento, verificase que o documento referido, fl. 264, não é apto para a comprovação do efetivo reembolso, pois se trata de um documento escrito à mão, pelo contribuinte, no qual solicita à indicação médica para posterior pedido de reembolso para a Golden Cross, de modo não há documento que demonstre a ocorrência do pedido. Desse modo, diante do exposto, restabeleço a dedução do valor de R$ 3.660,00 (três mil seiscentos e sessenta reais), que foi o valor efetivamente comprovado por meio dos recibos de fls. 263 a 267, inclusive salientando que o recorrente não se insurgiu a respeito da discrepância do valor deduzido e do valor comprovado identificada pela decisão a quo. 1.2. Das despesas com vacinas A decisão recorrida afastou a possibilidade de dedução das despesas com vacinas sob os seguintes fundamentos: “Em relação à despesa com vacinas, ainda no anocalendário 2004, no valor e R$190,00, conforme Nota Fiscal à fl. 232, não podem aqui ser acatados os argumentos do impugnante. Fato é que somente são dedutíveis da base de cálculo do IR de pessoa física as despesas expressamente previstas na legislação. Despesas relativas à aquisição de medicamentos ou vacinas não são dedutíveis. Algumas despesas, como as com medicamentos, enfermeiros etc. só podem ser deduzidas a título de despesas médicas se integrarem a conta (a fatura) emitida pelo estabelecimento hospitalar." Apesar dos argumentos dispostos pela recorrente no sentido de que há direito a dedução das despesas com vacinas; tendo em vista que são dedutíveis os gastos médicos em hospitais, incluídas nestes conceitos as clínicas médicas; não lhe assiste razão, diante da ausência de previsão legal, nos termos do acórdão recorrido. Portanto, mantenho a glosa em análise. 1.3. Das despesas médicas reembolsadas pelo plano Alega o recorrente que, mesmo diante do fornecimento de relação detalhada do plano de saúde (fls. 240, 260 e 262) e do TST (fls. 229, 241 e 261) contendo a descrição dos reembolsos, os gastos líquidos (valor total menos o reembolso) da parte dos beneficiários não foram considerados pela fiscalização. Ademais, aduziu o contribuinte que o fiscal rejeitou os comprovantes de ressarcimentos e considerou imprescindíveis os recibos e notas fiscais, mesmo diante da declaração firmada pela Seguradora de Saúde (fls. 240,0260 e 262), no seguinte sentido; Fl. 1922DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 12 “Declaramos para os devidos fins, que o(a) Sr.(a) NORBERTO SILVEIRA DE SOUZA nos entregou recibos g comprovantes de pagamentos de Honorários Médicos/Despesas Hospitalares abaixo discriminados totalizando o valor de R$ 1.470,00 sendo lhe restituído valor de RS 624,00, cujos cálculos foram efetivados com base na tabela mencionada em seu contrato.” Corroborando o exposto, o Tribunal Superior do Trabalho, que intermediava a contratação da Golden Cross, assim informou: “Atendendo a solicitação de V. Exa., comunico que os recibos originais de atendimentos médicos ou hospitalares, utilizados para efeitos de reembolso, relativos aos exercícios de 2004, 2005 e 2006, quando este Tribunal mantinha contrato com o plano de saúde Golden Cross, foram remetidos àquela empresa e lá se encontram. lnformo que enfrentamos dificuldades para obter os originais, visto que dependemos da citada empresa, que não mais mantém contrato com o TST.” (grifouse) Dessa forma, para que o contribuinte fizesse jus ao reembolso pelo plano, foi necessário o envio das notas e recibos para a Seguradora, de modo que tais documentos não estavam seu poder. A decisão recorrida fundamentou a manutenção da glosa da seguinte forma: Quanto aos demais beneficiários informados (Enilton Sérgio T. do Egito e Luiz Gonzaga Novaes Guimarães), mantémse a glosa conforme efetuada pela autoridade fiscal, uma vez que o contribuinte não logrou trazer aos autos os comprovantes e, conforme explicitado pela autoridade fiscal, a declaração de despesas médicohospital emitida pela Golden Cross, anexada à fl. 240, de que o Sr. Norberto Silveira de Souza entregou os recibos e comprovantes de despesas médicohospitalares, discrimina os valores e o prestador de serviço, não faz, entretanto, menção a quem foram prestados os serviços, se ao Sr. Norberto ou a outrem, para que se pudesse apurar a dedutibilidade das despesas para efeitos tributários." O contribuinte destacou que devem ser aceitas as informações prestadas pela Golden Cross e TST que fazem menção expressa ao seu contrato, sendo que a veracidade das informações prestadas pela Golden Cross ficou demonstrada pelos inúmeros recibos juntados aos autos e não há razão para dar tratamento diferenciado aos beneficiários. A legislação do imposto de renda da pessoa física permite a dedução de despesas médicas do referido imposto, nos termos do art. 8º, II, alínea “a” e § 2º, da Lei nº. 9.250/95, assim disposta: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: (...) II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas Fl. 1923DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11516.003274/200911 Acórdão n.º 2201003.302 S2C2T1 Fl. 8 13 ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; O artigo 73 § 1° do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, assim estabelece: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11 § 3°) § 1° Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a anuência do contribuinte. (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11 § 4°) Conforme depreendese dos dispositivos supracitados, o direito à dedução das despesas médicas na declaração está sempre vinculado à comprovação prevista em lei e restringese, por sua vez, aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Portanto, apesar das alegações descritas, não assiste razão ao contribuinte, tendo em vista que não há como identificar o beneficiário dos serviços prestados, mediante a análise da documentação acostada, sendo relevante para fins tributários a mencionada identificação. 2. Da Omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica O lançamento se referese aos valores recebidos pela sociedade de advogados "Silveira de Souza & Jorge Associados" da empresa Brasil Telecom, em razão da ação trabalhista n.º 842/1984. A fiscalização desconsiderou o recebimento desses valores pela pessoa jurídica, tributandoas na pessoa física, com os seguintes argumentos: Fl. 1924DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 14 Omissão de rendimentos (honorários advocatícios) recebidos de Brasil Telecom S/A, CNPJ 76.535.764/032266, decorrentes de honorários advocatícios devidos ao Sr. Norberto Silveira de Souza pelos autores do processo em que a citada empresa foi demandada (n° 824/1984). O pagamento foi efetuado pela Brasil Telecom S/A em virtude de acordos celebrados (fls. 1092 a 1574), apesar de se referirem a serviços prestados aos autores do processo n° 824/1984, em que a empresa foi demandada. Observese que as procurações apresentadas relativas ao citado processo (fls. 1112 a 1393) demonstram claramente que os contratados pelos autores do processo foram as pessoas físicas dos Srs. Orlando A. Capella Fernandes e Norberto.Silveira de Souza. Destaquese ainda que o processo citado é de 1984 e, conforme o próprio contribuinte escreveu em recibo por ele assinado (fls. 19), este ano é anterior à constituição de empresa pelo Sr. Norberto Silveira de Souza. sendo então rendimentos da pessoa física. Ao analisar a impugnação apresentada pelo sujeito passivo, a Delegacia Regional manteve o lançamento, nos termos seguintes: “Entretanto, para que a sujeição passiva tributária recaia sobre a pessoa juridica da sociedade de advocaticia, haveria de serem cumpridos os seguintes requisitos formais: 1) Existência de contrato entre o autor da ação judicial e a sociedade de advogados; 2) Procuração “ad judicia”, inserta nos autos do processo, feita individualmente ao advogado, e nela constar a sociedade a que pertence o advogado, conforme o §3° do artigo 15 do EOAB (...); 3) Caso o contrato de prestação de serviço advocatício tenha sido feito com pessoa física (advogado), é necessário que haja nos autos o substabelecimento desta para a sociedade de advogados. Ressaltase que não é o caso de cessão de crédito, pois, por tal instituto não é alterada a natureza jurídica do crédito a ser recebido. Observase que os créditos de honorários do recorrente, decorrentes de atuações anteriores à constituição da sociedade, foram a esta cedidos, no momento de sua constituição, conforme parágrafo único da cláusula V do documento firmado em 14/11/2003 e registrado na OAB/SC em 01/12/2003 (doc. 06 e 07 da impugnação): “Cláusula V (...) Parágrafo único i Processos anteriores, defendidos pelos sócios passam a integrar a sociedade ora constituída. (...)” Salientase que a cessão de direitos disposta nos atos constitutivos da sociedade foram assinados e registrados em data anterior à homologação das sentenças e percepção dos honorários. Além disso, os pagamentos foram efetuados diretamente pela Brasil Telecom à Sociedade, mediante a emissão de notas fiscais (fls. 1585, 1586 e 1587). Fl. 1925DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11516.003274/200911 Acórdão n.º 2201003.302 S2C2T1 Fl. 9 15 É matéria incontroversa que os serviços que originaram os honorários se iniciaram antes da constituição da pessoa jurídica. Entretanto, é do mesmo modo incontroverso que as receitas somente se realizaram quando já constituída a pessoa jurídica. Vale dizer, em momento no qual a atividade profissional já se desenvolvia mediante sociedade de advogados. Destacase que as sociedades de advogados a exemplo das demais sociedades de pessoas, caracterizamse pela prestação de serviços em caráter personalíssimo, o que torna natural que serviços prestados por um ou mais sócios, isolados ou em conjunto, resultem em receitas oferecidas à tributação pela pessoa jurídica. Irrelevante, ao meu ver, a existência de contrato entre o autor da ação e da sociedade e de procuração ou substabelecimento à sociedade. O que importa é que a receita foi auferida após a constituição da Sociedade, obedecendo aos termos do contrato social e lastreada em nota de serviços cujo resultado foi devidamente oferecido à tributação. No caso em julgamento, o fato gerador do imposto de renda se deu após a constituição da pessoa jurídica, portanto, nada mais lógico que a receita decorrente desses honorários tivesse sido oferecido à tributação como resultado operacional da sociedade de advogados da qual o recorrente é um dos sócios, de modo que a situação em análise não se subsume ao disposto no artigo 123 do Código Tributário Nacional. Assim, quanto à omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, dou provimento ao recurso. 3. Do reajuste do lançamento pela compensação dos tributos recolhidos na pessoa jurídica Mesmo diante do acolhimento dos argumentos do contribuinte sobre a "omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica", apenas pela eventualidade, apreciarei a o pedido do recorrente no que se refere à consideração dos recolhimentos realizados em nome da pessoa jurídica. Entendo que assiste razão ao Recorrente, uma vez que não seria razoável reclassificar as receitas da sociedade para rendimentos da pessoa física, e obrigar que a pessoa solicite uma restituição ou uma compensação posterior, sofrendo o ônus de eventual decadência do direito creditório e principalmente da exigência da multa de ofício lançada no presente processo, quando já se sabe que houve pagamento parcial dos tributos sobre tais rendimentos, ora reclassificados. Desse modo, caso fosse considerado devido o imposto referente ao recebimento de pessoa jurídica, a exigência deveria ser apenas da diferença não recebida pelo fisco, realizandose a compensação de ofício dos valores recolhidos em nome da pessoa jurídica sobre os fatos geradores que deram ensejo à exigência da pessoa física. 4. Da multa isolada cumulada com a multa de ofício Em se tratando de aplicação de penalidades, aplicase, aqui, a lógica do princípio penal da consunção. Pelo critério da consunção, ao se violar uma pluralidade de normas, passandose de uma violação menos grave para outra mais grave, como sucede no caso em análise, prevalece a norma relativa à penalidade mais grave, que absorve as demais. Fl. 1926DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 16 Nessa linha de raciocínio, descabe a aplicação da multa isolada por falta de recolhimento mensal do imposto de renda devido a título de carnêleão concomitantemente com a multa de ofício decorrente da apuração de omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas. Cobrase apenas esta última, no percentual de 75% sobre o imposto devido. Acrescento que a cobrança da multa isolada referente aos rendimentos sujeitos ao carnêleão, concomitantemente com a multa de ofício de 75%, penaliza o contribuinte duplamente, em face da identidade das bases de cálculo de ambas. A jurisprudência deste Conselho é pacífica em relação a não imputação de dupla penalidade pecuniária ao contribuinte em decorrência da omissão de rendimentos recebidos de pessoa física. Nesse sentido, a Câmara Superior de Recursos Fiscais já se manifestou, nos seguintes termos: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2001 MULTA ISOLADA E DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. BASE DE CÁLCULO IDÊNTICA. Em se tratando de lançamento de oficio, somente deve ser aplicada a multa de oficio vinculada ao imposto devido, descabendo o lançamento cumulativo da multa isolada pela falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnêleão, pois as bases de cálculo das penalidades são as mesmas. Recurso especial negado. (Câmara Superior de Recursos Fiscais, Segunda Turma, Acórdão 9202003.552, sessão de 28/01/2015) Em resumo: a denominada "multa isolada" do art. 44, II, “a” da Lei nº 9.430/1996 apenas deve ser aplicada aos casos em que não possa ser a multa exigida em conjunto com o tributo devido (Lei nº 9.430/1996, I), não havendo que se cogitar do cabimento concomitante das multas de ofício e isolada. 5. Da aplicação da taxa SELIC No que diz respeito ao argumento da indevida aplicação da SELIC como juros de mora, entendo que o mesmo não procede, uma vez que o artigo 13, da Lei n° 9.065, de 20 de junho de 1995 prevê a sua aplicação sobre os tributos em atraso: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Desta forma, como a cobrança em auto de infração dos juros de mora (calculados pela Taxa SELIC) decorre da aplicação de dispositivos legais vigentes e eficazes na época de sua lavratura. Em decorrência dos princípios da legalidade, os referidos Fl. 1927DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 11516.003274/200911 Acórdão n.º 2201003.302 S2C2T1 Fl. 10 17 dispositivos são de aplicação compulsória pelos agentes públicos, até a sua retirada do mundo jurídico. Além disso, tendo em vista o Enunciado de Súmula n° 04 do CARF, a aplicação da SELIC é devida aos débitos administrados pela Receita Federal do Brasil: Súmula 1º CC nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais Desta forma, não procede o argumento apresentado pelo contribuinte no que diz respeito a essa matéria. 6. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para: i) restabelecer a dedução da despesa médica no valor de R$ 3.660,00 (três mil seiscentos e sessenta reais); ii) excluir do lançamento a omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica; e iii) excluir a aplicação da multa isolada. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 1928DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 06/ 09/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 10680.008632/2003-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 30 00:00:00 UTC 2009
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica — IRPJ e Outro
Ano-calendário. 1999 a 2000
IRRE COMPETÊNCIA RATIONE MATERLAE. A Primeira Seção do
CARF é competente para apreciar recursos relativos ao IRRF quando este se tratar de antecipação de IRPJ (CARF, Regimento Interno, Anexo II, att. 2°, III).
Numero da decisão: 1302-000.030
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declinar competência em favor de uma das turmas da 2ª Seção do CARF , nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: IRF- ação fiscal - outros
Nome do relator: Irineu Biachi
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score : 1.0
Numero do processo: 10660.001433/2009-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ITR. SUJEITO PASSIVO.
A Fazenda Pública está autorizada a exigir o tributo do proprietário do imóvel, no caso, o interessado, em nome de quem foi apresentada a DITR que serviu de base para o presente lançamento, enquanto não for comprovada a efetiva transferência do imóvel e/ou imissão prévia na posse.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 2.
Nos exatos termos da Súmula CARF nº 2, falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE.
A partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, a apresentação do ADA passou a ser obrigatória, por força da Lei nº 10.165/2000.
ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE.
A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente.
Numero da decisão: 2201-002.664
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH Relator
Assinado Digitalmente
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ, GUSTAVO LIAN HADDAD, FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, NATHALIA MESQUITA CEIA e EDUARDO TADEU FARAH.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005 ITR. SUJEITO PASSIVO. A Fazenda Pública está autorizada a exigir o tributo do proprietário do imóvel, no caso, o interessado, em nome de quem foi apresentada a DITR que serviu de base para o presente lançamento, enquanto não for comprovada a efetiva transferência do imóvel e/ou imissão prévia na posse. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 2. Nos exatos termos da Súmula CARF nº 2, falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE. A partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, a apresentação do ADA passou a ser obrigatória, por força da Lei nº 10.165/2000. ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE. A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente.
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SUJEITO PASSIVO. A Fazenda Pública está autorizada a exigir o tributo do proprietário do imóvel, no caso, o interessado, em nome de quem foi apresentada a DITR que serviu de base para o presente lançamento, enquanto não for comprovada a efetiva transferência do imóvel e/ou imissão prévia na posse. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 2. Nos exatos termos da Súmula CARF nº 2, falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE. A partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, a apresentação do ADA passou a ser obrigatória, por força da Lei nº 10.165/2000. ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE. A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 00 14 33 /2 00 9- 17 Fl. 593DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH – Relator Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), GERMAN ALEJANDRO SAN MARTÍN FERNÁNDEZ, GUSTAVO LIAN HADDAD, FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, NATHALIA MESQUITA CEIA e EDUARDO TADEU FARAH. Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, exercício 2005, consubstanciado no Auto de Infração (fls. 02/12), pela qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 4.373.727,38, relativo ao imóvel rural denominado “Fazenda Bonanza”, cadastrado na RFB sob o nº 4.049.4993, com área declarada de 5.585,0 ha, localizado no Município de Guapé/MG. A fiscalização glosou a área declarada de preservação permanente de 917,8 ha, de reserva legal de 996,0 ha e de pastagens de 3.193,3 ha. A autoridade fiscal também alterou o Valor da Terra Nua (VTN) declarado de R$ 10.000,00 (R$ 1,79/ha), para R$ 9.768.165,00 (R$ 1.749,00/ha), com base em Laudo de Avaliação apresentado pelo próprio contribuinte. Cientificado do lançamento, o interessado apresentou tempestivamente Impugnação, alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: esclarece que, conforme documentação anexa, são os proprietários do imóvel, cujo domínio está representado nas matrículas de n° 4912, 4913, 5005, 5006 e 5341A, lavradas no Registro de Imóveis da Comarca de Guapé/MG, informando que ele foi adquirido por meio de arrematação e desde 1994 são os únicos reais e legítimos proprietários do mesmo; informa que, no mês de outubro/2002, ocorreu a invasão da propriedade por integrantes do MST, e que o INCRA foi informado, instaurando processo administrativo de vistoria do imóvel, para verificar se ele era passível de desapropriação; informa, também, que não foi possível tomarem posse e cumprirem o fim social da propriedade, eis que quando o imóvel estava juridicamente desimpedido com o trânsito em julgado do processo de Embargos à Arrematação, ato contínuo, foi ocupado por membros do MST, que impediram o exercício de ampla atividade de produção na fazenda; considera que a invasão é ilegítima e abusiva e, obviamente, está sendo discutida perante o Poder Judiciário, por meio de 03 ações, a saber: 1ª reintegração de posse; 2ª de desapropriação para fins de reforma agrária e 3ª mandado de Fl. 594DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 3 3 segurança, requerendo concessão de liminar, para suspensão da eficácia do Decreto de 24.02.2005, que declarou de interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel; entende que o Auto de Infração é insubsistente em face da perda da posse pelos legítimos proprietários do imóvel e discorre amplamente sobre o conceito de propriedade e os poderes do proprietário de usar, gozar e dispor do bem; salienta que é perceptível que o seu título de “proprietário" é apenas fictício, uma mera formalidade, eis que detêm, tão somente um dos três elementos fundamentais da propriedade, o domínio concedido pela legitimidade de uma titulação jurídica, faltando, a reunião dos dois elementos imprescindíveis da propriedade plena, a posse, e o domínio;conseqüentemente, não possuem o direito de usar, de gozar e dispor da coisa; ressalta que o art. 5º, inciso XXII, da Constituição da República, garante o direito à propriedade, que se desdobra na necessidade da prestação de uma obrigação negativa e de uma obrigação positiva por parte do Estado, e, no presente caso, é notório que houve a violação do dever constitucional do Estado, em garantir a sua propriedade; ressalta, ainda, que foge a todos os princípios de Direito, mormente os da proporcionalidade e razoabilidade, a possibilidade de o Estado tributar (propriedade) imóvel que, devido à sua própria omissão, em prover a segurança, ocasionou a perda das faculdades, inerentes ao direito de propriedade; discorre que a propriedade, nos moldes em que hoje se encontra, não passa de uma ficção jurídica e seria totalmente contrário ao princípio da razoabilidade, e da boafé objetiva, o Estado utilizarse da mera aparência desse direito, para cobrar tributos que pressupõem a incolumidade e a existência nos planos jurídicos (formal) e fáticos (material) dos direitos inerentes à propriedade; para corroborar sua tese diz que nos autos do processo administrativo nº 10660.001074/9811, anexo, o Delegado Substituto deferiu o pleito dos autuados, para cancelar a DITR/98, por não se enquadrarem como contribuintes do ITR, por não estarem na posse dos imóveis, citando, ainda, jurisprudência do CARF para referendar seus argumentos; afirma que o presente caso é semelhante ao que ocorreu em 1998, já que os proprietários não tinham a posse, devido a Ação de Embargos à Arrematação (anexo) e aqui, não têm a posse porque sofreram esbulho pela invasão do MST, rogando que sejam aplicado o mesmo bom senso e princípios de Direito, que foram utilizados em 1998, citando o art. 146 do CTN, haja vista que a aplicação do mesmo critério jurídico, diante da mesma situação fática se impõe, inclusive em respeito ao princípio da segurança jurídica; Fl. 595DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 4 entende que não ocorreu o fato gerador do ITR, eis que, apesar de proprietários do imóvel, nunca detiveram a posse plena do imóvel, sendo ora impedidos por ação judicial Ação de Embargos à Arrematação como foi reconhecido pelo Sr. Delegado da DRF, em Varginha, ora pelo MST, que invadiu a Fazenda, em outubro/2002; em respeito ao Princípio da Eventualidade, afirma que, de acordo com o Registro do Imóvel, averbado no Cartório de Registro de Imóveis de Guapé matrícula n° 7.085, a fazenda possui área de 4.093,27 ha, assim, a área apurada pelo Auditor Fiscal não confere com a área registrada, tampouco com a medida apurada no Laudo Técnico de Vistoria e discorre sobre os princípios que norteiam o Registro Público; menciona que no dia 09.11.2004, o M.M. Juiz de Direito da Vara de Conflitos Agrários, visitou o imóvel e constatou que ele possui área de 4.093,27 ha e desse modo ficou registrada essa informação no Auto de Visita e Constatação, anexo, considerando que a área total do imóvel influi no estabelecimento da alíquota a ser aplicada; entende que, como afirmado no Laudo Técnico de Vistoria e no Auto de Visita e Constatação, deverá ser considerada a área legal da gleba registrada de 4.093.2 ha, aplicandose o VTN, avaliado em 2007, por perito oficial, e informada no Laudo Técnico, em R$1.553,00/ha, à área total de 4.093,2 ha, obtendo se o total de R$6.356.429,00, considerando insubsistente a afirmação de que o valor total do imóvel alcançaria R$10.153.423,00; considera que as áreas de Preservação Permanente, o são por disposição legal, independente de qualquer ato do Poder Executivo ou do proprietário para sua caracterização, assim, há óbice legal à incidência do tributo sobre essas áreas, sendo inexigível a sua prévia comprovação da averbação na matrícula do imóvel ou a existência de ADA; ressalta o disposto no §7°, art. 10, da Lei nº 9.393/96 e o contido no Laudo Técnico de que 419,14 ha são áreas de Preservação Permanente e cita jurisprudência do CARF e do STJ, para referendar sua tese; considera que a reserva legal é uma das modalidades de limitação administrativa, uma vez que foi instituída por lei Código Florestal, imposta pelo Poder Público de forma unilateral, geral e gratuita sobre a propriedade ou posse rural; discorre que a reserva legal, como limitação administrativa à propriedade, independe de averbação no Registro de Imóveis, uma vez que a sua publicidade é conferida pela Lei que incide de forma geral, gratuita, unilateral condicionando e limitando o uso de parte certa e localizada de toda propriedade rural; entende que averbação da Reserva Legal não é prérequisito para o reconhecimento da existência de tal área, mas sim para a exploração da mata ou outra forma de vegetação nativa existentes no imóvel rural, devendo, para isso, o seu titular Fl. 596DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 4 5 averbála, com antecedência, junto à matrícula do imóvel no Registro de Imóveis, antes da supressão da mata; esclarece que, de acordo com planta topográfica anexa, a área de reserva legal já foi locada em planta topográfica geo referenciada, elaborada por profissional com qualificação técnica, porém, somente não foi averbada devido a grande possibilidade de ocorrer desapropriação parcial do imóvel e dessa forma, essa a área de 818,64 ha deve ser considerada para fins de determinação da área tributável, conforme Laudo Técnico de Vistoria anexo; entende que a fiscalização equivocouse ao deixar de considerar a área ocupada com benfeitorias e pastagens formadas de 426,92 ha, conforme Laudo Técnico de Vistoria, eis que essa área deve ser subtraída por não poder integrar a área aproveitável; apresenta cálculos da área tributável, da área aproveitável e do VTNt, com base nas informações apresentadas na impugnação, entendendo serem equivocadas os dados apurados pela fiscalização; expõe que a fiscalização não considerou os valores relativos a: 1) área de Preservação Permanente de 419,14 ha; 2) área de Reserva Legal de 818,64 ha; e 3) área ocupada com benfeitorias de 426,92 ha, e com base nesses dados apresenta cálculo do VTNt, sob pena de violação dos princípios da estrita legalidade, da capacidade contributiva e da verdade material que deve reger o procedimento e o processo administrativo tributário; entende que, da mesma forma como os outros dados do Auto, o GU foi calculado erroneamente, e apresenta os cálculos do novo GU (31,9%), o que influi na alíquota a ser aplicada, visto que ele será de 6,0% e não de 20% (art. 34 do Decreto n° 4.382/2002; discorre sobre o efeito confiscatório do imposto cobrado, posto que qualquer proposta de tributação, que alcance toda a renda ou todo o patrimônio do contribuinte, será considerada confisco e, portanto, inconstitucional; salienta que o valor do tributo alcança o patamar de 43% do valor do imóvel, considerado pela fiscalização, porém, toda carga tributária, que ultrapasse o princípio da razoabilidade, em comparação com o patrimônio financeiro e econômico do contribuinte, e que o impeça de desenvolver as condições de sua cidadania, em qualquer dos níveis permitidos, pessoal ou profissional, tem características de confisco; aduz que, uma vez inexistente o Auto de Infração, o principal não pode ser cobrado, por esse motivo não subsistem o acessório, ou seja, os juros de mora e multa; considera que, não obstante o arrolamento não impedir a alienação dos bens, claro é que ninguém irá se interessar por Fl. 597DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 6 adquirir bens arrolados ou, se os quiser, diminuirá o preço da oferta, assim, é inegável que o direito de propriedade sofre sérias restrições, sem que sequer tenha havido decisão afirmando a procedência da pretensão fiscal; entende que o arrolamento padece de inconstitucionalidades, formal e substancial, e discorre sobre o tema; invoca o princípio da razoabilidade, ponderando que a fazenda, se devido fosse o tributo, já seria mais do que suficiente para garantir qualquer credito tributário porventura existente, não se vislumbrando a necessidade de serem constritos a integralidade dos bens quando por si só o imóvel já é capaz de suprir o valor do Auto de Infração; requer prioridade no julgamento, posto que são maiores de 60 anos, de acordo com o art. 69A da Lei n° 9.784/99, que regula o processo administrativo, no âmbito da Administração Pública Federal; pelo exposto, requer: a) O acolhimento das razões expostas, para que, ao final, o Auto de Infração seja julgado totalmente improcedente e arquivado, eis que o imóvel, à época do fato gerador do ITR (01.01.2005) não estava na sua posse; b) sejam os Termos de Arrolamento de Bens e Direitos cancelados em decorrência da extinção do processo; c) seja concedida prioridade na tramitação do processo, de acordo com o art. 69A da Lei n° 9.784/99, que garante esse benefício às partes maiores de 60 anos; requer, caso esse não seja o entendimento, subsidiariamente: d) Seja reconhecida como legal a área total de 4.093,27 ha, eis que essa é a área registrada no Cartório de Registro de Imóveis de Guapé/MG, informada no Auto de Visita e Constatação assinado pelo MM. Juiz de Direito da Vara de Conflitos Agrários e constatada no Laudo Técnico de Vistoria, assim, conforme o art. 34 do Decreto nº 4.382/02, a alíquota aplicável será de 6,00%; e) seja aplicado o VTN, avaliado, em 2007, por perito oficial, em R$1.553,00/ha, à área total de 4.093,2 ha, obtendose o total de R$6.356.429,00, como valor total do imóvel; f) seja considerada a área de 419,14 ha como área de Preservação Permanente, eis que diante da jurisprudência consolidada do CARF e do STJ, não é necessário a apresentação do ADA do IBAMA; g) seja considerada a área de 818,64 ha como área de Reserva Legal, visto que essa área e já foi locada em planta topográfica georeferenciada, elaborada por profissional com qualificação técnica para tal; Fl. 598DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 5 7 h) seja considerada a área de 426,92 ha como área com benfeitorias (pastagens formadas), conforme Laudo Técnico de Vistoria; i) considerando os valores informados, seja calculada a área tributável como 2.855,49 ha; j) seja considerada como área aproveitável a área de 2.428,57 ha, eis que como demonstrado, a área total do imóvel é de 4.093,27 ha e porque é impossível que a totalidade da área de uma fazenda seja classificada como aproveitável; k) o VTN tributável seja R$4.165.525,13, eis que deve ser considerada a área de Preservação Permanente de 419,14 ha; a área de Reserva Legal de 818,64 ha e a área ocupada com benfeitorias (pastagens formadas) de 426,92 ha; l) seja calculado o GU como o demonstrado, chegandose a 31,97%, o que influi na alíquota aplicável ao cálculo do tributo, sendo que a alíquota passa a ser a de 6,00%; m) sejam reduzidos os juros e multa, eis que confiscatórios, e a interpretação da aplicação da norma de incidência, ainda de acréscimos moratórios, no presente caso, revelase uma alteração do critério jurídico adotado anteriormente, o que, no mínimo, não admite a cobrança de multa em relação a fatos já ocorridos; n) seja cancelado o Auto de Arrolamento de Bens e Direitos por estar eivado de vícios de inconstitucionalidade, como explicitado. A 1ª Turma da DRJ em Brasília/DF julgou integralmente procedente o lançamento, consubstanciado nas ementas abaixo transcritas: DO FATO GERADOR DO ITR E DO SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA O ITR tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano. São contribuintes do ITR o proprietário, o possuidor ou o detentor a qualquer título de imóvel rural assim definido em lei, sendo facultado ao Fisco exigir o tributo, sem benefício de ordem, de qualquer deles. Continua responsável pelo pagamento do ITR sobre as áreas invadidas, o proprietário do imóvel rural que não for previamente desapossado, pelo INCRA, para efeito de reforma agrária, até a data do respectivo fato gerador, nos termos da legislação de regência. DA RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO PERDA DA ESPONTANEIDADE O início do procedimento administrativo ou medida de fiscalização exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores, portanto cabe ser mantida as Fl. 599DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 8 informações declaradas na DITR quanto à distribuição das áreas do imóvel, que não são objeto da lide. DA ÁREA TOTAL DO IMÓVEL. CAFIR A área total do imóvel originariamente declarada corresponde àquela constante do CAFIR, que se encontra ativo para todos os fins, e que corresponde à dimensão real do imóvel obtida por georefenciamento. As alterações de dados cadastrais de imóvel rural inscrito no CAFIR devem ser apreciadas na unidade administrativa da RFB do domicílio tributário do contribuinte ou responsável para efeito da legislação do ITR ou realizadas por meio do Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR (Diac). DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL Essas áreas ambientais, para fins de exclusão do ITR, devem ser reconhecidas como de interesse ambiental pelo IBAMA ou, pelo menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, o respectivo ADA, além da averbação tempestiva das áreas de reserva legal à margem da matrícula do imóvel. DA ÁREA DE PASTAGEM A área de pastagem a ser aceita será a menor entre a área de pastagem declarada e a área de pastagem calculada, observado o respectivo índice de lotação mínima por zona de pecuária, fixado para a região onde se situa o imóvel. O rebanho necessário para justificar a área de pastagem aceita cabe ser comprovado com prova documental hábil. DO VALOR DA TERRA NUA (VTN) SUBAVALIAÇÃO Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base em Laudo de Avaliação apresentado pelo contribuinte, exigese a apresentação de novo Laudo, emitido por profissional habilitado, referente ao fato gerador do ITR, que atenda aos requisitos essenciais das Normas da ABNT (NBR 14.6533), demonstrando, de forma convincente, a ocorrência de erro material no primeiro laudo apresentado. DA MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. DOS JUROS DE MORA (TAXA SELIC) A vedação ao confisco pela Constituição da República é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicála, nos moldes da legislação que a instituiu. Apurado imposto suplementar em procedimento de fiscalização, no caso de informação incorreta na declaração do ITR ou subavaliação do VTN, cabe exigilo juntamente com a multa e os juros aplicados aos demais tributos. Por expressa previsão legal, os juros de mora equivalem à Taxa SELIC. DO ARROLAMENTO DE BENS E DIREITOS. COMPETÊNCIA A questão relativa ao arrolamento de bens e direitos para acompanhamento do patrimônio suscetível de ser indicado como garantia de crédito tributário não é matéria passível de ser Fl. 600DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 6 9 discutida pelo rito estatuído pelo Decreto nº 70.235/1972, face à competência das DRJ definida pelo art. 229 da Portaria MF nº 587/2010, Regimento Interno da RFB. A competência para decidir sobre arrolamento de bens é do titular da unidade da RFB de domicílio tributário do sujeito passivo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimado da decisão de primeira instância em 15/05/2013 (fl. 428), o autuado apresenta Recurso Voluntário em 13/06/2013 (fls. 430 e seguintes), sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos defendidos em sua Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade. Como visto do relatório, a fiscalização efetuou a glosa da área declarada de preservação permanente de 917,8 ha, de reserva legal de 996,0 ha e de pastagens de 3.193,3 ha. A autoridade fiscal também alterou o Valor da Terra Nua (VTN) declarado de R$ 10.000,00 (R$ 1,79/ha), para R$ 9.768.165,00 (R$ 1.749,00/ha), com base em Laudo de Avaliação apresentado pelo próprio contribuinte. Antes de se entrar no mérito da questão, cumpre enfrentar, de antemão, as preliminares suscitadas pelo recorrente. Sujeito Passivo da Obrigação Tributária Alega o contribuinte erro na eleição do sujeito passivo, pois o imóvel objeto do lançamento encontrase subjudice, já que foi invadido por integrantes do MST, desde outubro de 2002. Assevera ainda que propôs 03 ações, a saber: 1ª reintegração de posse; 2ª de desapropriação para fins de reforma agrária, movida pelo INCRA e 3ª mandado de segurança, requerendo concessão de liminar, para suspensão da eficácia do Decreto de 24/02/2005, que declarou de interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel. Pois bem, quanto à alegação que não possui a posse do imóvel, já que a propriedade rural foi invadida por integrantes do MST, cumpre reproduzir o art. 1º da Lei n° 9393/1996: Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, de apuração anual, tendo como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano. § 1º O ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma agrária, enquanto não Fl. 601DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 10 transferia a propriedade, exceto se houver imissão prévia na posse. (grifei) Pelo que se vê, para que o contribuinte seja excluído do polo passivo da obrigação tributária, devese comprovar transferência da propriedade e/ ou imissão prévia na posse. Assim sendo, verificase que a imissão prévia na posse pelo INCRA, de parte da área do imóvel (1.788,3 ha), fl. 48, ocorreu em 12/07/2005, em face da Ação de Desapropriação, conforme averbado no Registro da Matrícula do imóvel (fls. 140verso). Portanto, tal fato ocorreu após a ocorrência da data do fato gerador do imposto (1º/01/2005). Relativamente à questão, reproduzo trecho da decisão recorrida: No que diz respeito à existência de posseiros no imóvel, é preciso dizer que esse fato não muda em nada a situação do contribuinte, que continua sendo sujeito passivo da obrigação tributária, na condição de “PROPRIETÁRIO” do referido imóvel rural à época do respectivo Fato Gerador, nos termos dos artigos 29 e 31, da Lei nº 5.172/66, Código Tributário Nacional (CTN). O artigo 29 do CTN assim dispõe sobre o fato gerador do ITR: “Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse do imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município.” Já os contribuintes do ITR estão elencados no artigo 31, verbis: “Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título”. (grifouse) Desses artigos concluise que o imposto é devido por qualquer das pessoas que se prenda ao imóvel rural, em uma das modalidades elencadas. Por conseguinte, a Fazenda Pública está autorizada a exigir o tributo de qualquer uma delas, quer se ache vinculada ao imóvel rural como proprietário, como posseiro ou como simples detentor. Verificase, assim, que a Lei seguiu a diretriz contida nos artigos 29 e 31 do CTN, fixando as mesmas hipóteses para o fato gerador e elegendo os mesmos contribuintes, sem fazer distinção entre o proprietário e o possuidor da terra, bem como não estabeleceu ordem de preferência quanto à responsabilidade pelo pagamento do imposto. Portanto, ao contrário da posição defendida pelo requerente nas referidas ações judiciais, cabia ao mesmo comprovar nos autos, com documentação hábil e idônea, que à época do fato gerador do imposto (1º.01.2005), não se enquadrava na condição de Contribuinte, por não ser o legítimo proprietário da “Fazenda Bonanza” (NIRF nº 4.049.4993), titular do seu domínio útil, nem mesmo seu possuidor a qualquer título. No presente caso, quanto à existência de pedido de desapropriação para fins de reforma agrária em relação a parte ou do total da área do referido imóvel rural, só resta ao Fl. 602DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 7 11 impugnante comprovar nos autos que houve, por parte do INCRA, imissão prévia na posse, ocorrida até 1º de janeiro de 2005 (data do fato gerador do ITR/2005), nos termos do art. 1º (caput) e seu § 1º da Lei nº 9.393/1996, que assim dispõem: “Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, de apuração anual, tendo como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano. § 1º O ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma agrária, enquanto não transferia a propriedade, exceto se houver imissão prévia na posse.” (grifou se) Pois bem, consta dos autos que houve a imissão prévia na posse pelo INCRA, de parte da área do imóvel (1.788,3 ha), às fls. 48, em face da Ação de Desapropriação, conforme averbado no Registro da Matrícula do imóvel, às fls. 140verso. Contudo a Imissão de Posse é datada de 12.07.2005, ou seja, após a ocorrência da data do fato gerador do imposto (1º.01.2005), fato esse impeditivo do acatamento da pretensão do contribuinte. Ao tratar da incidência do ITR, o Decreto nº 4.382/2002 (RITR) adotando, no art. 2º, as mesmas premissas e as mesmas hipóteses para o fato gerador do imposto, fixadas no art. 1º da citada Lei, estabeleceu as datas limites em que se dá a incidência do ITR, na situação aventada pelo requerente (imissão prévia na posse e/ou desapropriação pelo Poder Público), a saber: “Art. 2º (...) § 1º O ITR incide sobre a propriedade rural declarada de utilidade ou necessidade pública, ou interesse social, inclusive para fins de reforma agrária: I – até a data da perda da posse pela imissão prévia do Poder Público na posse; II – até a data da perda do direito de propriedade pela transferência ou pela incorporação do imóvel ao patrimônio do Poder Público.” Portanto, ocorrida a imissão da posse, inclusive só de parte da área total do imóvel, em data posterior ao fato gerador do ITR, não há como acatar o pedido do impugnante de retirálo do pólo passivo sob essa alegação. Para melhor entendimento da matéria, sem a necessidade de maiores esclarecimentos e justificativas, transcrevese a questão 035, extraída do Manual de Perguntas e Respostas, utilizado para orientar os contribuintes do ITR, sobre o correto preenchimento da DITR/2005, que assim esclareceu: 035 Quem é contribuinte na hipótese de desapropriação do imóvel rural por pessoa jurídica de direito público? Fl. 603DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 12 Na hipótese de desapropriação do imóvel rural por pessoa jurídica de direito público é contribuinte o expropriado, em relação aos fatos geradores ocorridos até a data da perda da posse ou da propriedade. Como o patrimônio da pessoa jurídica de direito público é imune, não há incidência do ITR a partir do momento em que esta se investe na posse ou se torna proprietária do imóvel. A pessoa imune não reveste a condição de contribuinte do imposto, estando, entretanto, obrigada ao cumprimento de obrigações acessórias. O expropriado perde a posse ou a propriedade quando o juiz determina a imissão prévia na posse ou quando ocorre a transferência ou incorporação do imóvel rural ao patrimônio do expropriante. Devese observar que o expropriado é contribuinte do ITR em relação aos fatos geradores ocorridos até a data da perda da posse ou da propriedade, estando obrigado, em relação a estes, a apresentar declaração e a apurar e pagar o imposto devido. (CTN, art. 121, parágrafo único, I; IN SRF nº 256, de 2002, art. 5º, II) Assim, não comprovado que o contribuinte perdeu a propriedade da Fazenda Bonanza/NIRF nº 4.049.4993, não há como afastar, pelos documentos constantes dos autos, a responsabilidade da contribuinte pelo ITR, relativo ao exercício de 2005, já que o mesmo é o proprietário do imóvel à época do fato gerador do ITR/2005 (1º.01.2005), período objeto do presente processo, razão pela qual, inclusive, foi apresentada, em seu nome, a DITR correspondente. Ademais o impugnante veio apresentando suas DITR (até o exercício de 2009). Além disso, o cadastro do imóvel continua ATIVO no CAFIR, às fls. 391/392, e, consequentemente, produzindo todos seus efeitos, além de não constar, até a presente data, qualquer pedido de alteração ou de cancelamento do mesmo, nos termos da IN/RFB nº 830/2008, que dispõe sobre esse Cadastro. Sendo assim, nenhuma circunstância há que justifique a exclusão do impugnante do pólo passivo da obrigação tributária, como pleiteado. Além de o ônus da prova ser do contribuinte, o lançamento limitouse a formalizar a exigência apurada a partir do conteúdo estrito dos dados apresentados na sua DITR/2005, como dito anteriormente. Enfim, embora a titularidade do imóvel esteja sendo discutida judicialmente, bem como parte das suas terras possam estar ocupadas por terceiros (MST), o requerente, ao entregar em seu nome as declarações anuais do ITR, se colocou na condição de Contribuinte desse imposto, por considerar o legitimo proprietário da “Fazenda Bonanza”, conforme defendido por ele nas citadas ações judiciais. Desta forma, tendo em vista os documentos constantes dos autos, não há dúvidas que o impugnante é o sujeito passivo do ITR, por Fl. 604DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 8 13 ser ele o proprietário do imóvel, fato esse fartamente reconhecido pelo contribuinte em sua impugnação, havendo, portanto, obrigação tributária correspondente. Portanto, não comprovado nos autos que o contribuinte foi previamente desapossado da referida área, pelo INCRA, na época do fato gerador do ITR (1º.01.2005), para fins de reforma agrária, cabe mantêlo na condição de sujeito passivo da obrigação tributária exigida neste processo. Portanto, como à época do fato gerador do ITR/2005 (1º/01/2005), o autuado não havia perdido a propriedade da Fazenda Bonanza/NIRF nº 4.049.4993, não há como excluir a responsabilidade do contribuinte pelo pagamento do ITR. Cerceamento do Direito de Defesa No que tange à alegação de cerceamento do direito de defesa, em razão da suposta desconsideração dos documentos apresentados por ocasião da impugnação, mormente o Laudo Técnico de Vistoria, fls. 323/330, verifico, pois, que a alegação é estéril e não tem passagem. Compulsandose o julgamento de primeira instância, verificase que a DRJ analisou a integralidade dos elementos processuais e apreciou todos os argumentos impugnatórios, conforme se extrai das fls. 393/422. A bem da verdade, a autoridade recorrida entendeu que o contribuinte perdera a espontaneidade para fazer a retificação das áreas, conforme dispõe o art. 7º do Decreto nº 70.235/1972. Pelo que se vê, o inconformismo do recorrente tem a ver com o entendimento do julgador na análise das provas constantes dos autos. A esse respeito, importa destacar que na apreciação das provas o julgador pode interpretála da forma que melhor entender, refutálas ou desconsiderálas, de acordo com sua convicção, conquanto que de forma fundamentada. O que de fato ocorreu. Pelos fundamentos expostos, entendo que a preliminar suscitada não merece acolhimento. Passase a análise meritória. Laudo Técnico de Vistoria Em seu apelo requer o autuado que seja alterada a área total da propriedade, bem como considerada, para fins de exclusão do ITR, a área de preservação permanente, de reserva legal e as áreas ocupadas por benfeitorias, conforme consta no Laudo Técnico de Vistoria às fls. 323/330. No que tange à solicitação de alteração da área total do imóvel de 5.585,0 ha para 4.093,2 ha, verifico, pois, que a Certidão de Registro da Matrícula nº 7.085, fls. 140, na qual consta uma área de 4.093,2 ha foi alterado em 25/05/2005, portanto, posteriormente ao fato gerador do imposto (1º/01/2005). Ademais, como bem pontuou a autoridade recorrida “... verificase que no Laudo Expedito de Constatação, de fls. 51/60, elaborado pelo Engenheiro Agrônomo Paulo Roberto F. M. Rezeck, com ART anotada no CREA de fls. 124/125, apresentado pelo contribuinte em resposta à intimação inicial, consta expressamente que a área real do imóvel é de 5.585,1 ha, especificamente às fls. 53, e que todos os cálculos por ele realizados são feitos tendo por base essa dimensão da área total do imóvel”. Fl. 605DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 14 Isso posto, penso que o Laudo Técnico de Vistoria não é documento hábil para se efetuar a alteração a área total da propriedade, já que de acordo com o Memorial Descritivo do imóvel, fls. 72/86, elaborado pelo Engenheiro Civil e Agrimensor Jairo Herculano Soares dos Santos, com ART anotada no CREA, fls. 69/70, e do Levantamento Topográfico, fls. 87, a área real do imóvel é de 5.585,1 ha. Quanto à área de preservação permanente, cabe deixar assentado que a partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, a apresentação do ADA passou a ser obrigatória (ou a comprovação do protocolo de requerimento daquele Ato, junto ao Ibama, em tempo hábil), por força da Lei nº 10.165, de 28/12/2000. Embora alegue o recorrente que o Laudo Técnico de Vistoria, fls. 323/330, comprova a existência da área de 419,12 ha, compulsandose o documento elaborado pelo engenheiro agrônomo, Rodrigo Octávio Monteiro de Sousa Lima, constatase que o citado profissional apenas apontou, genericamente, a área de preservação permanente da propriedade. Com efeito, o Laudo Técnico de Vistoria não delimitou e discriminou a citada área no imóvel rural, de modo a tornar possível a subsunção às alíneas dos arts. 2º e 3º da Lei nº 4.771/1965 Código Florestal, a saber: Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; (Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; Fl. 606DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 9 15 f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervarseá o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo.(Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) Art. 3º Consideramse, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bemestar público. § 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. § 2º As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei. De fato, o Laudo Técnico de Vistoria, fls. 323/330, não indicou a extensão e larguras dos tais cursos d’água, limitandose a referirse, genericamente, a represas, grotas e Fl. 607DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH 16 nascentes; não demonstra que áreas estariam nas encostas e quais nos topos de morros, enfim, o laudo não demonstra tecnicamente, com o mínimo de rigor, como chegou à área apontada como APP. E essas características precisariam estar claramente explicitadas no laudo, e não estão. Enfim, o laudo não especifica os elementos a partir dos quais concluiu que a área de preservação permanente da propriedade é de 419,12 ha Portanto, como o laudo técnico não discrimina as áreas de preservação permanente na forma dos arts. 2º e 3º do Código Florestal, o contribuinte não poderá se beneficiar da isenção do imposto. No que toca à área de reserva legal, verificase que o recorrente não comprovou a averbação de qualquer área gravada à margem da matrícula do imóvel, conforme determina art. 16 da Lei nº 4.771/1965, alterado pelo art. 1º da MP nº 2.16667, de 24/08/2001: Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (...) § 8.º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (grifei) Assim, a área de reserva legal somente será excluída de tributação após sua averbação à margem da matrícula do imóvel, até a data de ocorrência do fato gerador. Relativamente ao arrolamento de bens e direitos, impende esclarecer que a competência para dispor sobre a garantia de crédito tributário é do titular da unidade da RFB de domicílio tributário do sujeito passivo, não cabendo pronunciamento do CARF quanto a essa matéria. Em relação à alegação de confisco do imposto, da multa e da taxa de juros, esclareço, pois, que o CARF não é competente para se manifestar sobre a inconstitucionalidade de lei, conforme ficou assentando na Súmula CARF nº 02, cujo entendimento é de adoção obrigatória por este Órgão nos termos regimentais: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Por fim, consoante determina a Súmula n° 4 do CARF, sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos os juros com base na taxa Selic: Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórias incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais. Fl. 608DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10660.001433/200917 Acórdão n.º 2201002.664 S2C2T1 Fl. 10 17 Ante o exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 609DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por EDUARDO TADEU FARAH
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Numero do processo: 19515.003777/2003-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 16 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2202-000.300
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal, nos termos do voto do Relator.
(Assinado digitalmente)
Nelson Mallmann Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausente justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes.
Nome do relator: Não se aplica
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausente justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 03 77 7/ 20 03 -1 3 Fl. 440DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 3 2 Relatório JUVENAL RODRIGO BAPTISTA, contribuinte inscrito no CPF/MF sob o nº 536.227.23815, com domicílio fiscal na cidade de São Pulo, Estado de São Paulo, à Rua Xavier da Veiga, n.º 81 – apto 44 Bairro Santana, jurisdicionado a Delegacia da Receita Federal do Brasil em São Paulo SP, inconformado com a decisão de Primeira Instância de fls. 363/377, prolatada pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Santa Maria – RS, recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 386/414. Contra o contribuinte acima mencionado foi lavrado, em 16/10/2003, o Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 157/159), com ciência por AR, em 24/10/2003 (fls. 161), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 1.546.646,48 (padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescidos da multa de lançamento de ofício qualificada de 75% e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculado sobre o valor do imposto de renda relativo ao exercício de 1999, correspondentes aos anoscalendário de 1998 e 1999, respectivamente. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização de revisão de Declaração de Ajuste Anual referente ao exercício de 1999, onde a autoridade fiscal lançadora constatou as seguintes irregularidades: O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição do crédito tributário lançado esclarece, ainda, através do Termo de Verificação Fiscal, datado de 16/10/2003 (fls. 138/144), entre outros, os seguintes aspectos: que através do oficio de 17/09/2001, o Banco Bradesco S/A. encaminhounos extrato da conta corrente 2546345, mantida na agência 990, em meio magnético (disquete), referente ao ano de 1998, tendo em vista o caráter sigiloso das informações nele contidas, optamos pela destruição do disquete em tela, conforme previsão legal, o referido procedimento de destruição está amparado pelo competente Termo de Destruição de Arquivo Magnético. A seguir relacionamos os documentos cujas cópias, juntamente com o presente Auto de Infração, estão sendo encaminhados ao contribuinte: (1). Ofícios das instituições financeiras em que nos foram encaminhados os extratos e documentos cadastrais; (2.) Consulta — Validade de prorrogação do MPF (INTERNET); (3). Demonstrativos dos Créditos/Depósitos Não Comprovados; (4). Termo de Destruição de Meio Magnético; (5). Solicitações de Emissão de Requisições de Informações Sobre Movimentação Financeira (RMF); (6). RMFs: 0813400 2001 00290 2, 0813400 2001 00291 0; 0813400 2001 00292 9, 0819000 2002 00804 0 e 0819000 2002 00805 9. Irresignado com o lançamento o autuado apresenta, tempestivamente, em 25/04/2003, a sua peça impugnatória de fls. 165/194, instruído pelos documentos de fls. 195/250, solicitando que seja acolhida a impugnação e determinado o cancelamento do crédito tributário amparado, em síntese, nos seguintes argumentos: que a ilegalidade e arbitrariedade cometida pelo Sr. auditor fiscal se mostra evidente, pois o fisco federal sabe do verdadeiro endereço do impugnante, o qual chegou a Fl. 441DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 4 3 outorgar procuração aos patronos abaixo signatários para acompanhamento do expediente instaurado, mas, antes mesmo da análise da manifestação de fls. 130, onde era requerido prazo suplementar para que as Instituições Financeiras providenciassem as microfilmagens das contas averiguadas, resolveu por bem em atuar o, impugnante mesmo antes de intimálo quanto aos inúmeros documentos acrescidos ao feito, notadamente os extratos bancários de fls. 78/112 e 114/129, não lhe foi concedida vista “dos mesmos ou oportunidade para prestar quaisquer esclarecimentos. Possibilitandolhe o exercício pleno de seu direito de defesa e atendimento tempestivo das eventuais exigências fiscais, inclusive, com quebra de seu sigilo bancário, sem seu conhecimento ou autorização judicial; que sobre a nulidade do lançamento tributário e do auto de infração por arbitramento e presunção exclusivamente sobre extratos bancários a conduta do impugnante, consoante o Fisco Federal (Auto de Infração fls. 157/159), estaria enquadrada nos artigos 42, da Lein° 9.430/96, 4° da Lei n° 9.481/97 e 21 da Lei n° 9.532/97; que assim, o Sr. Auditor Fiscal apurou como valor de Rendimentos Tributáveis caracterizados como omissão de rendimentos o total de R$ 2.213.861,42 (dois milhões, duzentos e treze mil, oitocentos e sessenta e um reais e quarenta e dois centavos), decorrentes da ausência de documentação hábil e idônea quanto à origem dos recursos creditados nas contas correntes do impugnante; que, portanto sendo analisando o teor da acusação formalizada pelo Fisco Federal, em face do impugnante e comparandose aos teores dos dispositivos legais sobreditos, denotase, que não há o menor nexo causal entre eles, porque a suposta omissão de receita, cujos valores foram apurados no Auto de Infração, foi obtida por mera presunção ou arbitramento, exclusivamente sobre depósitos bancários em conta corrente; que o procedimento tributário é fundamentalmente de elaboração e discussão de lançamento, uma vez que, é por meio dele que se vai fazer o "acerto" e o controle de legalidade da obrigação tributária, seja principal, seja acessória, ou ambas, ou seja, é a forma administrativa de exame e apuração das possíveis obrigações e, como elas, igualmente regulado por lei e, por isso mesmo, a própria forma de proceder constitui um direito assegurado às partes. Em suma, é o "devido processo legal" (art. 5º, LIV, da CF/88); que na mesma seara de estudos, a constituição do crédito tributário pelo lançamento (Auto de Infração), efetivada exclusivamente por presunção ou arbitramento, sobre os valores constantes de depósitos bancários em conta corrente do impugnante é absolutamente ilegal, inválida e ineficaz; que o Fisco Federal está atuando com fulcro na Lei n° 10.174, de 9.1.2001, na Lei Complementar n° 105, de 10.1.2001 e no Decreto n° 3.724, de 10.1.2001, investigando possíveis fatos geradores ocorridos no ano de 1.998 e, para isso, está requisitando extratos bancários; que ora, essa devassa bancária, com quebra de seu sigilo, que tem aparência de legalidade, em verdade, é ilegal, porque se exige obrigação impossível de ser cumprida; que a ilegalidade reside na surpresa, que gera insegurança jurídica e social, pois, os contribuintes são tomados por ela, uma vez que, na imensa maioria das vezes, não possuem os extratos bancários, nem os canhotos das cártulas de cheques, enfim, não mantêm uma contabilidade pessoal, para esperarem uma ação do Fisco; Fl. 442DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 5 4 que, portanto a Portanto, a Lei n° 10.174/2.001, a Lei Complementar n° 105/2.001 e o Decreto n° 3.724/2001, que não revogaram o dispositivo legal sobredito, são absolutamente inconstitucionais, porque afrontam os artigos 5º, incisos X, XII, XXII e LIV e 145, § 1°, da Constituição Federal vigente; que sendo assim a Lei Complementar n° 105/2001 e o Decreto ri° 3.724/2001, também, afrontam o disposto no art. 146 e no art. 150, III, alínea "a", ambos da Constituição Federal, primeiro, porque não versam, especificamente sobre matéria tributária; segundo, porque violam os direitos individuais dos contribuintes, também garantidos pela Magna Carta vigente; que ora, Emérito Julgador, o Fisco Federal, por intermédio do Termo de Início de Fiscalização sobredito, amparado por Diplomas legais publicados em 2.001 e 2.002, exige do impugnante para não autuála e não iniciar processo administrativo contra ela, que exiba extratos bancários de 1.998 e comprove por documentos idôneos a origem dos recursos aplicados; que não se pode olvidar que, na hipótese concreta, tratada nos autos, denotase que não é a aplicação daqueles Diplomas legais que geram a violação de direitos líquidos e certos do impugnante, mas sim o fato de que o Fisco Federal, após exigir, por ato jurídico, o atendimento de obrigações física e juridicamente impossíveis, quebroulhe o sigilo bancário, sem a prévia cientificação dele. Quanto à fundamentação pertinente sobre a indispensabilidade da apresentação dos extratos bancários e dos documentos de origem, com a discriminação dos motivos das exigências, como mandam os artigos 2° e 3°, do Decreto n° 3.724/2.001, consumando a violação da lei e dos direitos individuais do impugnante, a qual ficou sem qualquer segurança jurídica; que desta forma, tendo em vista a realidade econômica atual do país, urna multa em percentual de 75% (setenta e cinco por cento), cobrada pelo Fisco Federal, tem efeito de confisco e é injustificável, ainda que instituída por lei, a qual, aliás, não se pode olvidar, para saciar o teratológico apetite arrecadador do Governo Federal. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pelo impugnante, os membros da Segunda Turma da Delegacia da Receita do Brasil de Julgamento em Santa Maria – RS, concluíram pela procedência da ação fiscal e pela manutenção do crédito tributário, com base, em síntese, nas seguintes considerações: que, portanto, contribuinte alega que a lavratura do auto de infração sem ter lhe dado ciência dos documentos juntados aos autos e sem ter lhe dado oportunidade para prestar esclarecimentos, caracteriza cerceamento de defesa. As hipóteses de nulidade absoluta são as previstas no art. 59, Decreto n.° 70.235, de 06 de março de 1972, que trata do Processo Administrativo Fiscal (PAF); que sendo assim, no processo administrativo fiscal, o cerceamento do direito de defesa resulta de despachos e decisões. Assim, não pode ocorrer previamente à lavratura de atos ou termos, entre os quais se inclui o auto de infração. Após a lavratura do auto de infração e de sua ciência é aberto o prazo para o contribuinte impugnar a exigência fiscal, sendolhe proporcionado devidamente o contraditório e a ampla defesa, pois, é só com a impugnação do auto de infração, que se instaura o litígio entre o fisco e o contribuinte, podendose, então, falar em ampla defesa ou cerceamento dela; Fl. 443DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 6 5 que o procedimento fiscal é uma fase oficiosa em que a fiscalização atua com poderes amplos de investigação, tendo liberdade para interpretar os elementos de que dispõe para efetuar o lançamento; que antes da impugnação, não há litígio, não há contraditório e o procedimento é levado a efeito, de ofício, pelo Fisco. O ato do lançamento é privativo da autoridade, e não urna atividade compartilhada com o sujeito passivo (CTN, art. 142); que sendo, assim, o contribuinte alega também que não foi cientificado da fundamentação sobre a indispensabilidade da apresentação dos extratos bancários, com a discriminação dos motivos da exigência, como mandam os artigos 2° e 3 0 do Decreto n° 3.712/2001. A esse respeito esclarecese que o contribuinte foi intimado a apresentar os seus extratos bancários conforme dispositivo legal que rege a matéria e não o fez, fato que levou o auditor requisitálos diretamente ao Banco Itaú, Caixa Econômica Federal e Bradesco através da Requisição de Movimentação Financeira — RMF, sob a justificativa de que a referida requisição era indispensável ao andamento do procedimento de fiscalização em curso, nos termos do art. 4°, § 6° do Decreto n° 3.724, de 2001, fls. 48 a 65; que as autoridades administrativas não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico nacional. As autoridades administrativas, enquanto responsáveis pela execução das determinações legais, devem sempre partir do pressuposto de que o legislador tenha editado leis compatíveis com a Constituição Federal e Código Tributário Nacional; que, portanto, não há que se cogitar de desobediência aos dispositivos legais elencados, no âmbito da Administração Tributária, quando esta, no exercício da sua atividade de fiscalização, logre efetuar o lançamento de crédito tributário, lastreado em fatos e atos atribuídos ao sujeito passivo, que ensejam a exigência de tributos e dos acréscimos legais pertinentes, desde que referido lançamento seja devidamente fundamentado em regular procedimento de ofício e de acordo com os dispositivos legais que regem a espécie; que tais alegações na esfera administrativa, pois não se pode, sob pena de responsabilidade funcional, desrespeitar as normas motivadoras do lançamento, cuja validade está sendo questionada, em observância ao art. 142, parágrafo único, do Código Tributário Nacional (CTN); que o acesso às informações bancárias independe de autorização e não constitui quebra de sigilo. As informações obtidas permanecem protegidas. A Lei 5.172, de 1966 (CTN), em seu artigo 198, veda sua divulgação para qualquer fim, por parte da Fazenda Pública Nacional ou de seus funcionários, sem prejuízo do disposto na legislação criminal; que a Constituição Federal prevê a proteção à inviolabilidade da privacidade e de dados. Conferiu, contudo, igualmente, em seu art. 145, § 1°, à administração pública o direito de identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas dos contribuintes, o que não lhe tira o direito à privacidade, visto que a Fazenda Pública tem obrigação de sigilo; que admitese, então, que a autoridade fiscal pode, em procedimento de fiscalização, solicitar diretamente às instituições financeiras os extratos das contas bancárias do interessado, por meio da emissão de Requisição e Movimentação Financeira — RMF, sem que isso se caracterize quebra de sigilo bancário. O § 3° do art. 1° da LC n° 105, de 2001 é claro Fl. 444DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 7 6 neste sentido, ao dispor que não constitui violação do dever de sigilo a prestação de informações às autoridades fiscais tributárias da União Federal, posto que o sigilo é transferido à Secretaria da Receita Federal — SRF; que a lei de regência do fato gerador é que deve reportarse à data de sua ocorrência e não a lei que regula a forma de obtenção das informações que possam servir de base para a averiguação do cumprimento das obrigações tributárias. O lançamento em questão decorre da omissão de rendimentos provenientes de depósitos bancários não justificados, relativo ao anocalendário de 1998. Tal infração está definida no art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, vigente à época da ocorrência do fato gerador; que, percebese a partir de janeiro de 2001, a Secretaria da Receita Federal deveria continuar guardando sigilo das informações referentes à CPMF, porém, tais informações poderiam ser utilizadas para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a outros tributos e contribuições, observando o disposto no art. 42 da Lei n° 9.430/1996; que edição da Lei n° 10.174/2001 foram ampliados os poderes de investigação do Fisco, ficando autorizada à instauração de procedimento de fiscalização referente ao imposto de renda pessoa física, ou qualquer outro imposto ou contribuição, com base nas informações decorrentes da CPMF, observandose o disposto no art. 42 da Lei n° 9.430/96, e alterações posteriores. Sendo assim, autorizada à instauração do procedimento de fiscalização, a partir de informações sobre a movimentação bancária relativas a CPMF, caso seja detectada qualquer infração cujo fato gerador seja anterior à vigência da Lei n° 10.174/2001, esta infração pode ser objeto de lançamento; que a Lei n° 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), recepcionada pela nova Constituição, consoante artigo 34, § 5°, do Ato das Disposições Transitórias, define, em seus artigos 43, 44 e 45. Que o fato gerador, a base de cálculo e os contribuintes do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. De acordo com o artigo 44, a tributação do imposto de renda não se dá só sobre rendimentos reais mas, também, sobre rendimentos arbitrados ou presumidos por sinais indicativos de sua existência e montante; que a própria lei definindo que os depósitos bancários, de origem não comprovada, caracterizam omissão de receita ou de rendimentos. Portanto, não são meros indícios de omissão, razão por que não há que estabelecer o nexo causal entre cada depósito e o fato que represente omissão de receita; que conforme já tratado anteriormente, não cabe aos órgãos judicantes administrativos examinarem a constitucionalidade e/ou legalidade de atos legais, pois é privativo do Poder Judiciário manifestarse sobre as argüições de inconstitucionalidade de dispositivos legais; que assim, a aplicação da taxa SELIC tem plena previsão legal, fato que confirma a sua correta utilização pela autoridade fiscal no cálculo dos juros moratórios. Da mesma forma, a multa de ofício encontra amparo no art. 44, da Lei n° 9.430/96, que preconiza em seu inciso I, como regra geral para os lançamentos de ofício, a aplicação do percentual de 75%. A decisão de Primeira Instância está consubstanciada nas seguintes ementas: Fl. 445DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 8 7 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1998 Ementa:NULIDADE. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n.° 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. CONSTITUCIONALIDADE A autoridade administrativa não tem competência para decidir sobre a constitucionalidade ou legalidade de leis. SIGILO BANCÁRIO. UTILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES RELATIVAS A CPMF Com o advento da Lei n° 10.174/2001, resguardado o sigilo na forma da legislação aplicável, é legítima a utilização das informações sobre as movimentações financeiras relativas a CPMF para instaurar procedimento administrativo que resulte em lançamento de outros tributos, ainda que os fatos geradores tenham ocorrido antes da vigência da referida Lei. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS A partir de 01/01/1997, os valores depositados em instituições financeiras, de origem não comprovada pelo contribuinte, passaram a ser considerados receita ou rendimentos omitidos. Lançamento Procedente Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 31/08/2007, conforme Termo constante às fls. 363/377, e, com ela não se conformando, o recorrente interpôs, em tempo hábil (09/04/2008), o recurso voluntário de fls. 386/414, com instrução dos documentos de fls. 415/418, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra ementada, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória. É o relatório. Fl. 446DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 9 8 Voto Conselheiro Nelson Mallmann, Relator Do exame inicial dos autos verificase que existe uma questão prejudicial à análise do mérito da presente autuação, relacionada com sobrestamento de julgados. Observase às fls. 138/144 do Termo de Verificação Fiscal o seguinte excerto: Através do oficio de 17/09/2001, o Banco Bradesco S/A. encaminhou nos extrato da conta corrente 2546345, mantida na agência 990, em meio magnético (disquete), referente ao ano de 1998, tendo em vista o caráter sigiloso das informações nele contidas, optamos pela destruição do disquete em tela, conforme previsão legal o referido procedimento de destruição está amparado pelo competente Termo de Destruição de Arquivo Magnético. A seguir relacionamos os documentos cujas cópias, juntamente com o presente Auto de Infração, estão sendo encaminhados ao contribuinte: (1). Ofícios das instituições financeiras em que nos foram encaminhados os extratos e documentos cadastrais; (2.) Consulta — Validade de prorrogação do MPF (INTERNET); (3). Demonstrativos dos Créditos/Depósitos Não Comprovados; (4). Termo de Destruição de Meio Magnético; (5). Solicitações de Emissão de Requisições de Informações Sobre Movimentação Financeira (RMF); (6). RMFs: 0813400 2001 00290 2, 0813400 2001 00291 0; 0813400 2001 00292 9, 0819000 2002 00804 0 e 0819000 2002 00805 9. Com visto, resta claro da análise dos autos, que a autoridade administrativa, através da Requisição de Movimentação Financeira – RMF solicitou diretamente às instituições financeiras os extratos bancários. Assim sendo, a discussão sobre os depósitos bancários lançados, por enquanto, não faz sentido haja vista que se trata de mais um caso de sobrestamento de julgado feito, por unanimidade de votos, por esta turma de julgamento, nos termos do art. 62A e parágrafos do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543 B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Fl. 447DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 10 9 É de se ressaltar, que a primeira orientação dada era de que se os extratos bancários fossem acostados aos autos mediante o atendimento da Solicitação de Emissão de Requisição de Movimentação Financeira (RMF) solicitada pela autoridade fiscal lançadora, com base no art. 3º do Decreto nº 3.724, de 2001, o processo deveria ser sobrestado até que a repercussão geral fosse julgada. Entretanto, na evolução da discussão sobre o assunto, surgiu a corrente que defende a tese de que somente é possível sobrestar as matérias que o próprio Supremo Tribunal Federal tenha determinado o sobrestamento de Recursos Extraordinário – RE. Para pacificar o assunto o Presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) editou a Portaria CARF nº 001, de 03 janeiro de 2012, determinando os procedimentos a serem adotados para o sobrestamento de processos, da qual extraio os seguintes excertos: Art. 1º. Determinar a observação dos procedimentos dispostos nesta portaria para realização do sobrestamento do julgamento de recursos em tramitação no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, em processos referentes a matérias de sua competência em que o Supremo Tribunal Federal – STF tenha determinado o sobrestamento de Recursos Extraordinários – RE, até que tenha transitado em julgado a respectiva decisão nos termos do art. 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil. Parágrafo único. O procedimento de sobrestamento de que trata o caput somente será aplicado a casos em que tiver comprovadamente sido determinado pelo Supremo Tribunal Federal – STF o sobrestamento de processos relativos à matéria recorrida, independentemente da existência de repercussão geral reconhecida para o caso. Resta evidente, nos autos, de que se trata de imposto de renda incidente sobre depósitos bancários com origem não comprovada, onde o fornecimento das informações sobre a movimentação bancária do contribuinte, pelas instituições financeiras, foi realizada diretamente ao Fisco por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial (art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001). Ou seja, o fornecimento das informações sobre movimentação bancária do contribuinte foram obtidas pelo fisco por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial, assunto na esfera das matérias de repercussão geral no Supremo Tribunal Federal, conforme o recurso extraordinário 601314. O Recurso Extraordinário (RE) 601314 chegou ao Supremo contra uma decisão que considerou legal o artigo 6° da Lei Complementar nº 105, de 2001, que permite a entrega das informações, por parte dos bancos, a pedido do Fisco. Para o autor do recurso, contudo, este dispositivo seria inconstitucional, uma vez que permite a entrega de informações de contribuintes, sem autorização judicial, configuraria quebra de sigilo bancário, violando o artigo 5°, X e XII da Constituição Federal. De acordo com o relator, a matéria discutida no RE 601314, a eventual inconstitucionalidade de quebra de sigilo bancário pelo Poder Executivo (Receita Federal) atinge todos os contribuintes, conforme a ementa, de 20/11/2009, abaixo transcrita: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE Fl. 448DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 11 10 CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. (RE 601314 RG, Relator (a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 22/10/2009, DJe218 DIVULG 19112009 PUBLIC 20112009 EMENT VOL0238307 PP01422) Em data posterior (15/12/2010) a decretação da repercussão geral o Pleno do Supremo Tribunal Federal decidiu, por cinco votos a quatro, que a Receita Federal não tem poder de decretar, por autoridade própria, a quebra do sigilo bancário do contribuinte, durante julgamento do Recurso Extraordinário interposto pela GVA Indústria e Comércio contra medida do Fisco (RE 389.808), cuja ementa é a seguinte: SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão equidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídicotributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte. Observase que a discussão girou em torno do respaldo constitucional dos dispositivos da Lei nº 10.174, de 2001, da Lei Complementar nº 105, de 2001 e do Decreto nº 3.724, de 2001, usados pela Receita para acessar dados da movimentação financeira. O relator do caso, ministro Marco Aurélio, destacou em seu voto que o inciso 12 do artigo 5º da Constituição diz que é inviolável o sigilo das pessoas salvo duas exceções: quando a quebra é determinada pelo Poder Judiciário, com ato fundamentado e finalidade única de investigação criminal ou instrução processual penal, e pelas Comissões Parlamentares de Inquérito. “A inviabilidade de se estender essa exceção resguarda o cidadão de atos extravagantes do Poder Público, atos que possam violar a dignidade do cidadão”. Por maioria de votos, o STF entendeu ser indispensável à prévia manifestação do Poder Judiciário para que seja legítimo o acesso da Receita Federal às informações que se encontram protegidas pelo sigilo bancário. E assim o fez em virtude de regra clara e inequívoca, constante do artigo 5º, inciso XII, da Constituição Federal, que prescreve que o sigilo de dados somente pode ser afastado mediante prévia autorização judicial. Em seu voto o ministro Celso de Mello, a equação direito ao sigilo — dever de sigilo exige — para que se preserve a necessária relação de harmonia entre uma expressão essencial dos direitos fundamentais reconhecidos em favor da generalidade das pessoas (verdadeira liberdade negativa, que impõe, ao Estado, um claro dever de abstenção), de um lado, e a prerrogativa que inquestionavelmente assiste ao Poder Público de investigar comportamentos de transgressão à ordem jurídica, de outro — que a determinação de quebra de sigilo bancário provenha de ato emanado de órgão do Poder Judiciário, cuja intervenção Fl. 449DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 12 11 moderadora na resolução dos litígios, insistase, revelase garantia de respeito tanto ao regime das liberdades públicas quanto à supremacia do interesse público. Os efeitos dessa decisão por ora estão limitados ao caso concreto e não vinculam as instâncias inferiores. Porém, ela reafirma entendimento pacificado do Supremo Tribunal Federal. Não se pode esquecer, pois, que se trata de decisão do Pleno da mais alta corte do país e como tal deve ser entendida e respeitada. Isso quer dizer, na prática, que mesmo que o Supremo ainda não tenha julgado definitivamente a matéria (várias ações diretas de inconstitucionalidade contra a lei complementar ainda aguardam para ser julgadas na corte, além do Recurso Extraordinário 601.314), sua decisão em relação à Lei Complementar nº 105, de 2001, poderá ser o argumento para os próximos julgados. Em decisão monocrática publicada em março de 2011, a ministra Cármen Lúcia afirma categoricamente que não cabe mais discussão sobre o assunto. "No julgamento do Recurso Extraordinário 389.808 (…), com repercussão geral reconhecida, o Supremo Tribunal Federal afastou a possibilidade de ter acesso a Receita Federal a dados bancários dos contribuintes", disse ela ao julgar o Recurso Extraordinário 387.604, verbis: RE 387.604 RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO PELA RECEITA FEDERAL: IMPOSSIBILIDADE. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Recurso extraordinário interposto com base no art. 102, inc. III, alínea a, da Constituição da República contra o seguinte julgado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região: “EMBARGOS INFRINGENTES. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO PELA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS. INTIMIDADE E SIGILO DE DADOS VERSUS ORDEM TRIBUTÁRIA HÍGIDA. ART. 5º, X E XII. PROPORCIONALIDADE. 1. O sigilo bancário, como dimensão dos direitos à privacidade (art. 5º, X, CF) e ao sigilo de dados (art. 5º, XII, CF), é direito fundamental sob reserva legal, podendo ser quebrado no caso previsto no art. 5º, XII, 'in fine', ou quando colidir com outro direito albergado na Carta Maior. Neste último caso, a solução do impasse, mediante a formulação de um juízo de concordância prática, há de ser estabelecida através da devida ponderação dos bens e valores, in concreto, de modo a que se identifique uma 'relação específica de prevalência' entre eles. 2. No caso em tela, é possível verificarse a colisão entre os direitos à intimidade e ao sigilo de dados, de um lado, e o interesse público à arrecadação tributária eficiente (ordem tributária hígida), de outro, a ser resolvido, como prega a doutrina e a jurisprudência, pelo princípio da proporcionalidade. 3. Com base em posicionamentos do STF, o ponto mais relevante que se pode extrair desse debate, é a imprescindibilidade de que o órgão que realize o juízo de concordância entre os princípios Fl. 450DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 13 12 fundamentais a fim de aplicálos na devida proporção, consoante as peculiaridades do caso concreto, dandolhes eficácia máxima sem suprimir o núcleo essencial de cada um revistase de imparcialidade, examinando o conflito como mediador neutro, estando alheio aos interesses em jogo. Por outro lado, ainda que se aceite a possibilidade de requisição extrajudicial de informações e documentos sigilosos, o direito à privacidade, deve prevalecer enquanto não houver, em jogo, um outro interesse público, de índole constitucional, que não a mera arrecadação tributária, o que, segundo se dessume dos autos, não há. 4. À vista de todo o exposto, o Princípio da Reserva de Jurisdição tem plena aplicabilidade no caso sob exame, razão pela qual deve ser negado provimento aos embargos infringentes” (fl. 275). 2. A Recorrente alega que o Tribunal a quo teria contrariado o art. 5º, inc. X e XII, da Constituição da República. Argumenta que “investigar a movimentação bancária de alguém, mediante procedimento fiscal legitimamente instaurado, não atenta contra as garantias constitucionais, mas configura o estrito cumprimento da legislação tributária. Assim, (...) mesmo se considerarmos o sigilo bancário como um consectário do direito à intimidade, não podemos esquecer que a garantia é relativa, podendo, perfeitamente, ceder, se houver o interesse público envolvido, tal como o da administração tributária” (fl. 284). Analisados os elementos havidos nos autos, DECIDO. 3. Razão jurídica não assiste à Recorrente. 4. No julgamento do Recurso Extraordinário n. 389.808, Relator o Ministro Marco Aurélio, com repercussão geral reconhecida, o Supremo Tribunal Federal afastou a possibilidade de ter acesso a Receita Federal a dados bancários de contribuintes: “O Plenário, por maioria, proveu recurso extraordinário para afastar a possibilidade de a Receita Federal ter acesso direto a dados bancários da empresa recorrente. Na espécie, questionavamse disposições legais que autorizariam a requisição e a utilização de informações bancárias pela referida entidade, diretamente às instituições financeiras, para instauração e instrução de processo administrativo fiscal (LC 105/2001, regulamentada pelo Decreto 3.724/2001). Inicialmente, salientou se que a República Federativa do Brasil teria como fundamento a dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III) e que a vida gregária pressuporia a segurança e a estabilidade, mas não a surpresa. Enfatizouse, também, figurar no rol das garantias constitucionais a inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas (art. 5º, XII), bem como o acesso ao Poder Judiciário visando a afastar lesão ou ameaça de lesão a direito (art. 5º, Fl. 451DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 14 13 XXXV). Aduziuse, em seguida, que a regra seria assegurar a privacidade das correspondências, das comunicações telegráficas, de dados e telefônicas, sendo possível a mitigação por ordem judicial, para fins de investigação criminal ou de instrução processual penal. Observouse que o motivo seria o de resguardar o cidadão de atos extravagantes que pudessem, de alguma forma, alcançálo na dignidade, de modo que o afastamento do sigilo apenas seria permitido mediante ato de órgão eqüidistante (Estadojuiz). Assinalouse que idêntica premissa poderia ser assentada relativamente às comissões parlamentares de inquérito, consoante já afirmado pela jurisprudência do STF”. O acórdão recorrido não divergiu dessa orientação. 5. Nada há, pois, a prover quanto às alegações da Recorrente. 6. Pelo exposto, nego seguimento ao recurso extraordinário (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). Publiquese. Brasília, 23 de fevereiro de 2011. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora. Nesta linha de raciocínio, é de se notar, ainda, que nas demais decisões o Supremo Tribunal Federal tem determinado o sobrestamento de tal matéria, conforme é possível se verificar nos julgados abaixo: Decisão: Vistos. Verifico que a discussão acerca da violação, ou não, aos princípios constitucionais que asseguram ser invioláveis a intimidade e o sigilo de dados, previstos no art. 5º, X e XII, da Constituição, quando o Fisco, nos termos da Lei Complementar 105/2001, recebe diretamente das instituições financeiras informações sobre a movimentação das contas bancárias dos contribuintes, sem prévia autorização judicial teve sua repercussão geral reconhecida no RE nº 601.314/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski. Dessa forma, dados os reflexos da decisão a ser proferida no referido recurso, no deslinde do caso concreto, determino o sobrestamento do presente feito, até o julgamento do citado RE nº 601.314/SP. Publique se. Brasília, 13 de junho de 2012. Ministro Dias Toffoli Relator Documento assinado digitalmente (RE 410054 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 13/06/2012, publicado em DJe120 DIVULG 19/06/2012 PUBLIC 20/06/2012). DECISÃO REPERCUSSÃO GERAL ADMITIDA – PROCESSOS VERSANDO A MATÉRIA – SIGILO DADOS BANCÁRIOS – FISCO – AFASTAMENTO – ARTIGO 6º DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001 – BAIXA À ORIGEM. 1. Reconsidero o ato de folhas 343 a 344. 2. O Tribunal, no Recurso Extraordinário nº 601.314/SP, relator Ministro Ricardo Lewandowski, concluiu pela repercussão geral do tema relativo à constitucionalidade de o Fisco exigir informações bancárias de contribuintes mediante o procedimento administrativo previsto no artigo 6º da Lei Complementar nº 105/2001. 3. Ante o Fl. 452DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 15 14 quadro, considerado o fato de o recurso veicular a mesma matéria, havendo a intimação do acórdão de origem ocorrido posteriormente à data em que iniciada a vigência do sistema da repercussão geral, bem como presente o objetivo maior do instituto – evitar que o Supremo, em prejuízo dos trabalhos, tenha o tempo tomado com questões repetidas – , determino a devolução dos autos ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Façoo com fundamento no artigo 328, parágrafo único, do Regimento Interno deste Tribunal, para os efeitos do artigo 543B do Código de Processo Civil. 4. Publiquem. Brasília, 3 de novembro de 2011. Ministro MARCO AURÉLIO Relator(AI 714857 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 03/11/2011, publicado em DJe 217 DIVULG 14/11/2011 PUBLIC 16/11/2011). Ora, o presente tema tem sido muito discutido após a Lei nº 10.174, de 2001 (que alterou a Lei nº 9.311, de 1996, e passou a admitir a utilização de dados da extinta CPMF para fins de apuração de outros tributos) e, sobretudo, a Lei Complementar nº 105, de 2001 (cujos artigos 5º e 6º admitem o acesso, pelas autoridades fiscais da União, Estados e municípios, das contas de depósito e aplicações financeiras em geral), tem reflexo direto em inúmeros lançamentos que são fundamentados na existência de movimentação bancária incompatível com os rendimentos e receitas declarados pelo contribuinte. Como visto, anteriormente, o primeiro julgamento de relevância adveio na ação cautelar nº 33 – ajuizada para o fim de atribuir efeito suspensivo a recurso extraordinário – em que, por seis votos a quatro, admitiuse a quebra independentemente de autorização judicial. Votaram a favor do Fisco os ministros Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Carmen Lúcia, Ayres Britto e Ellen Gracie, enquanto, contrariamente à quebra sem ordem judicial, posicionaramse os ministros Marco Aurélio, Cezar Peluso, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. Todavia, poucas semanas após o próprio recurso extraordinário (nº 389.808) veio a ser apreciado, desta vez com resultado diverso. O ministro Gilmar Mendes mudou de posição e, como o ministro Joaquim Barbosa não participou do julgamento, o placar foi favorável aos contribuintes, por cinco a quatro. Apesar da decisão monocrática da ministra Cármen Lúcia afirmado categoricamente que não cabe mais discussão sobre o assunto, entendo, que a questão não está resolvida. Tivesse o ministro Joaquim Barbosa participado do julgamento (no pleno do STF) e mantido sua posição adotada na cautelar, o resultado teria ficado empatado (cinco a cinco). Além disso, existem várias Adins que aguardam julgamento (nºs 2.386, 2.390, 2.397 e 4.010) e o tema já teve sua repercussão geral reconhecida (RE nº 601.314), porém, ainda pendente de julgamento. Por outro lado, existe noticias na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que o mesmo tem determinado o sobrestamento de processos onde a discussão abrange o fornecimento das informações sobre a movimentação bancária do contribuinte, pelas instituições financeiras, diretamente ao Fisco por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial (art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001). Assim, resta evidente, que o assunto se encontra na esfera das matérias de repercussão geral no Supremo Tribunal Federal, conforme o recurso extraordinário 601314 e que os processos estão sobrestados. É de se ressaltar, que caso a posição definitiva do Supremo Tribunal Federal STF seja no sentido da possibilidade da quebra sem autorização judicial, os autos de infração em curso deverão ser mantidos pelos órgãos administrativos de julgamento, o mesmo Fl. 453DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 16 15 sucedendo com os processos judiciais, ressalvadas as questões peculiares envolvidas em cada caso. Contudo, se declarada a inconstitucionalidade dos diplomas que permitem a quebra pelas autoridades administrativas, será preciso verificar com maior critério as consequências nos procedimentos em curso. Isso porque nem sempre o lançamento é motivado apenas na existência de movimentação financeira incompatível com os rendimentos declarados. Nos casos, por exemplo, de omissão de receitas (artigo 42, da Lei nº 9.430, de 1996) fundamentados exclusivamente na existência de valores em instituições financeiras, não há dúvida de que, declarada a inconstitucionalidade da quebra sem autorização judicial, os lançamentos restarão viciados e deverão assim ser declarados pelo órgão administrativo ou judicial competente. No entanto, há casos em que a existência de recursos financeiros eventualmente não comprovados é apenas um dos indícios que fundamentam a ação fiscal. No caso em questão, resta claro, nos autos, de que se trata de imposto de renda incidente sobre depósitos bancários com origem não comprovada, onde o fornecimento das informações sobre a movimentação bancária do contribuinte, pelas instituições financeiras, foi realizada diretamente ao Fisco por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial (art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001). Ou seja, os extratos bancários foram acostados aos autos mediante o atendimento da Solicitação de Emissão de Requisição de Movimentação Financeira (RMF) solicitada pela autoridade fiscal lançadora, com base no art. 3º do Decreto nº 3.724, de 2001. É conclusivo, que no julgamento do Recurso Extraordinário n. 389.808, não aplicável a repercussão geral, o Pleno do Supremo Tribunal Federal afastou a possibilidade de ter acesso a Receita Federal a dados bancários de contribuintes: SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão equidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídicotributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte. Decisão O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Senhor Ministro Marco Aurélio (Relator), deu provimento ao recurso extraordinário, contra os votos dos Senhores Ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ayres Britto e Ellen Gracie. Votou o Presidente, Ministro Cezar Peluso. Falou, pelo recorrente, o Dr. José Carlos Cal Garcia Filho e, pela recorrida, o Dr. Fabrício Sarmanho de Albuquerque, Procurador da Fazenda Nacional. Plenário, 15.12.2010. Naquele julgado, o Plenário, por maioria, proveu recurso extraordinário para afastar a possibilidade de a Receita Federal ter acesso direto a dados bancários da empresa recorrente. Na espécie, questionavamse disposições legais que autorizariam a requisição e a utilização de informações bancárias pela referida entidade, diretamente às instituições Fl. 454DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 17 16 financeiras, para instauração e instrução de processo administrativo fiscal (Lei Complementar nº 105, de 2001, regulamentada pelo Decreto nº 3.724, de 2001). Não há duvidas de que o Supremo Tribunal Federal, em sua composição plenária, naquela ocasião, declarou, por maioria de votos, a impossibilidade de acesso aos dados bancários dos contribuintes através de procedimento administrativo efetuado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil diretamente as instituições financeiras, entretanto a decisão, ainda, não transitou em julgado e não se aplica na solução da repercussão geral em discussão, razão pela qual entendo que se faz necessário sobrestar o presente julgado até a solução final da repercussão geral em questão. Assim sendo, resta evidente nos autos de que se trata de imposto de renda incidente sobre depósitos bancários com origem não comprovada e parte da discussão se concentra sobre o fornecimento de informações sobre movimentação bancária do contribuinte obtida pelo fisco por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial, assunto na esfera das matérias de repercussão geral no Supremo Tribunal Federal, conforme o recurso extraordinário 601314. A vista disso seja o presente processo encaminhado à Secretaria da 2ª Câmara da 2ª Seção para as devidas providencias no sentido de atender o sobrestamento do julgamento. Observando que, após solucionada a questão, o presente processo será novamente incluído em pauta publicada. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Fl. 455DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN
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