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Numero do processo: 11065.721256/2011-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Feb 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009
UTILIZAÇÃO DE EMPRESAS INTERPOSTAS INSCRITAS NO SIMPLES. SIMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.
A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária.
MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. PRESENÇA DE INTERPOSTA PESSOA. PROCEDÊNCIA.
A multa de ofício qualificada de 150% é aplicável quando caracterizada a prática de sonegação com o objetivo de impedir o conhecimento da ocorrência do fato gerador pelo Fisco e de reduzir o montante das contribuições devidas, utilizando-se de interpostas pessoas jurídicas.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.313
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues que excluíam a multa qualificada mantendo a multa de ofício em 75%. Apresentará o voto vencedor o conselheiro Ronaldo de Lima Macedo.
Julio César Vieira Gomes - Presidente
Nereu Miguel Ribeiro Domingues Relator
Ronaldo de Lima Macedo Redator Designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana Espindola de Souza Reis, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES
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SIMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. PRESENÇA DE INTERPOSTA PESSOA. PROCEDÊNCIA. A multa de ofício qualificada de 150% é aplicável quando caracterizada a prática de sonegação com o objetivo de impedir o conhecimento da ocorrência do fato gerador pelo Fisco e de reduzir o montante das contribuições devidas, utilizandose de interpostas pessoas jurídicas. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 12 56 /2 01 1- 87 Fl. 372DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues que excluíam a multa qualificada mantendo a multa de ofício em 75%. Apresentará o voto vencedor o conselheiro Ronaldo de Lima Macedo. Julio César Vieira Gomes Presidente Nereu Miguel Ribeiro Domingues – Relator Ronaldo de Lima Macedo – Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana Espindola de Souza Reis, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 373DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 11065.721256/201187 Acórdão n.º 2402004.313 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de autos de infração constituídos em 28/03/2011 (fls. 2 e 11), decorrente do não recolhimento da cota patronal sobre pagamentos efetuados a segurados empregados e contribuintes individuais, bem como GILRAT e contribuições de terceiros (Sal. Educação, INCRA e SEBRAE), no período de 01/01/2008 a 31/12/2009. De acordo com o Relatório Fiscal (fls. 29 e seguintes), o lançamento se baseou no fato de a empresa Max Metalúrgica Ltda. (Recorrente) ter utilizado a empresa Universal Ferramentas Ltda., optante pelo SIMPLES, para o abrigo indevido de segurados empregados. Mencionouse ainda que a Recorrente mantém convênio com o SESI e SENAI, pagandoas diretamente, motivo pelo qual não se exigiu as contribuições destinadas a estas entidades. A Recorrente interpôs impugnação (fls. 125 e seguintes) requerendo a total improcedência do lançamento. A empresa Associação Educativa do Brasil SOEBRAS interpôs impugnação (fls. 634/780). A d. Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG, ao analisar o presente caso (fls. 345 e seguintes), julgou o lançamento procedente, entendendo que: (i) o procedimento de fiscalização tem caráter investigativo, prescindindo da participação do autuado, sendo o direito ao contraditório garantido na fase litigiosa do lançamento; (ii) correta a apuração da simulação realizada com o intuito de burlar o fisco; (iii) a multa de ofício qualificada de 150% é aplicável quando caracterizada a prática de sonegação com o objetivo de impedir o conhecimento da ocorrência do fato gerador pela autoridade fazendária; e (iv) é vedado aos órgãos de julgamento administrativo afastar a aplicação da lei sob fundamento de inconstitucionalidade. A Recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 362/369) argumentando que: (i) a fiscalização não comprovou terem ocorridos os requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica da Universal, como a confusão patrimonial e o desvio de finalidade; (ii) a Universal produz peças à Recorrente de forma não exclusiva; (iii) a multa de 150% foi aplicada de forma infundada e é confiscatória. É o relatório. Fl. 374DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 Voto Vencido Conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Relator Primeiramente, cabe mencionar que o presente recurso é tempestivo e preenche a todos os requisitos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. A fiscalização fundamentou o presente lançamento nos seguintes fatos: (i) a sede da Recorrente é a mesma da empresa Universal; (ii) há grau de parentesco entre os sócios da Recorrente (Luiz Fernando Oderich) e da Universal (Maria Isabel de Paiva Oderich); (iii) ambas as empresas são fabricantes de ferramentas manuais empregadas na construção civil; (iv) o registro ponto é feito eletronicamente em locais separados, mas no mesmo pavilhão; (v) a Universal é um departamento da empresa Max; (vi) existem processos na justiça do trabalho onde observase haver responsabilidade solidária entre as empresas Max e Universal; (vii) os reclamantes trabalhavam na produção das duas empresas, no mesmo estabelecimento fabril, com a mesma atividade fim e sob o comando dos mesmos dirigentes; (viii) que o Sr. Vilmar de Souza Câmara foi demitido da Max em 28/11/2007 e admitido na Universal em 03/12/2007; (ix) que a rescisão do contrato de trabalho de tal funcionário foi assinada pela Sra. Giovana Fernandes, funcionária registrada na Universal mas que na prática trabalha para as duas empresas; (x) que o ativo imobilizado da Universal é de R$ 299.990,75 e o da Max é de R$ 2.177.547,22, enquanto que a relação entre faturamento/custo com mãodeobra é de 80/90% naquela e apenas 2% nesta; (xi) consta na contabilidade da Max diversos empréstimos e endossos à Universal, o que demonstra a dependência desta; (x) o faturamento da Max é muito superior ao da Universal, embora seus custos com funcionários sejam muito inferiores. Destacouse ainda que a Universal emite notas fiscais para a Max ref. a operações de mercadorias recebidas para industrialização por encomenda, retornandoa para a Max com o devido custo da prestação do serviço efetuado pela Universal, tudo dentro do mesmo estabelecimento. Defende a Recorrente que a fiscalização não comprovou os requisitos previstos no art. 50 do Código Civil para a desconsideração da personalidade jurídica, quais sejam: a confusão patrimonial e o desvio de finalidade. Entretanto, vale destacar que o processo administrativo tributário é regido pelo princípio da primazia da realidade sobre a forma, ou princípio da verdade material. De acordo com o art. 118 do CTN, a definição legal do fato gerador deve ser interpretada abstraindose (i) “da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos” (ii) e “dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.” Assim, constatando a fiscalização que os fatos levantados refletem uma realidade distinta daquela que foi apresentada pelo contribuinte (ou seja, verificada a simulação), cabível se definir os fatos geradores sem considerar a validade jurídica dos atos praticados pelos contribuintes. Vale mencionar que o art. 50 do Código Civil, além de ser um instrumento de prerrogativa do Juiz de Direito, trata da desconsideração da personalidade jurídica para fins de Fl. 375DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 11065.721256/201187 Acórdão n.º 2402004.313 S2C4T2 Fl. 4 5 se estender as obrigações aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica, o que não é o caso. Em situação similar à presente, assim já decidiu este Conselho: “CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INTERPOSTA PESSOA OPTANTE DO SIMPLES. EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE. O pr ocedimento administrativo de caracterização da prestação de serviços por segura dos à outra empresa que não aquela para o qual foi contratado tem por fundamen to os princípios da primazia da realidade e da verdade material e encontra respaldo nos artigos 116, parágrafo único, e 149, VII, do CTN, sendo irrelevante qualquer procedimento de desconstituição, inaptidão ou exclusão da pessoa jurídica do SIMPLES.” (CARF, PAF nº 11065.724735/201155, Cons. Rel. André Luís Mársico Lombardi, Sessão de 16 de julho de 2014) Destarte, não assiste razão à Recorrente. Alegou a Recorrente ainda que a Universal produz peças a ela de forma não exclusiva. No entanto, não foi juntado aos autos qualquer documento que pudesse atestar tal alegação, razão pelo qual não há como prosperar este argumento. Sustenta ainda a Recorrente que não se justifica a aplicação da multa de 150%, haja vista que não foram levantadas provas materiais das práticas dolosas ou fraudulentas que teriam sido utilizadas. Analisando o Relatório Fiscal, constatase que a autoridade administrativa pautou a majoração da multa em sua conclusão de que a Max utilizou empresa do SIMPLES para omitir e/ou reduzir contribuições previdenciárias, nos seguintes termos: “A multa qualificada, de 150%, está sendo aplicada em virtude de ter sido constatado pela fiscalização que a empresa Max utilizouse de empresas, optantes pelo sistema SIMPLES Nacional com a finalidade de omitir e/ou reduzir a contribuição previdenciária.” Contudo, cabe ressaltar que, para aplicação da multa de 150% prevista no art. 44, inc. I e § 1º da Lei nº 9.430/96, os fatos devem ser analisados de acordo com o disposto nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64 (se sonegação, fraude ou conluio), de modo a tipificar a penalidade. Notase que no presente processo a autoridade administrativa não efetuou qualquer análise da legislação acima, deixando a fundamentação da multa agravada totalmente carente. Deste modo, revelase equivocada a majoração da multa ref. ao período de 12/2008 a 12/2009, devendo esta ser exigida no patamar padrão de 75%, nos termos do art. 35 A da Lei nº 8.212/91. Fl. 376DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 Diante do exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para, no mérito, DARLHE PARCIALPROVIMENTO, a fim de que a multa exigida no período de 12/2008 a 12/2009 seja retificada ao patamar de 75%, nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212/91.. É o voto. Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 377DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 11065.721256/201187 Acórdão n.º 2402004.313 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Vencedor Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, Redator Designado. Analisando o voto proferido pelo i. Conselheiro Relator, especificamente no que tange à multa qualificada de 150%, entendo que houve a demonstração dos fundamentos fáticos e jurídicos da multa agravada pelo Fisco. A multa qualificada no percentual de 150% foi aplicada sobre os valores lançados para as competências 12/2008 a 12/2009 Quando das infrações aqui em comento, tinha vigência a regra do art. 44 da Lei 9.430/1996 para as multas oriundas da legislação previdenciária (Lei 8.212/1991). Aplica se a multa qualificada nos casos de evidente intuito de sonegação, fraude ou conluio definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/1964. Esses fundamentos jurídicos foram esposados nos Fundamentos Legais do Débito (FLD), anexos do Relatório Fiscal, nos seguintes termos: “[...] 703 SONEGAÇÃO, FRAUDE OU CONLUIO 703.01 Competências : 12/2008 a 13/2009 Lei n. 8.212, de 24.07.91, 35A (combinado com o art. 44, parágrafo1. da Lei n. 9.430, de 27.12.96), ambos com redação da MP n. 449 de 04.12.2008, convertida na Lei n. 11.941, de 27.05.2009. Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996 50% (75% x 2) 75% falta de pagamento, de declaração e nos de declaração inexata Lei 9430/96, art. 44, inciso I: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Aplicar em dobro sonegação, fraude ou conluio Lei 9.430/96, art. 44, parágrafo 1º: § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. [...]” Fl. 378DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 Assim, entendese que a multa aplicada de 150% foi tipificada legalmente nos Fundamentos Legais do Débito (FLD), conforme os tipos abstratos do art. 44 da Lei 9.430/96 combinados com os arts. 71, 72, 73 da Lei 4.502/1964. Nesse caminhar, o Relatório Fiscal delineou que o negócio jurídico estabelecido entre a Recorrente e a Universal Ferramentas Ltda ocorreu com a finalidade de simular a realidade fática, concluindo que esta foi constituída com o fim de absorver a mão de obra empregada no processo produtivo da própria Recorrente, para obter os benefícios do “Simples” na redução dos encargos tributários. Esse raciocínio decorre dos elementos fáticos registrados no item III do Relatório Fiscal, que também foram devidamente registrados na decisão de primeira instância nos seguintes termos: “[...] Falta de capacidade financeira da Universal Ferramentas Ltda, ante o grande número de empréstimos que esta tomou da autuada; Após análise da representatividade dos custos de mãodeobra em relação ao faturamento das duas empresas, constatouse que na autuada não chega a 5%, e a Universal Ferramentas Ltda chega a ultrapassar 90%, o que aponta a situação de que a Universal Ferramentas Ltda, na verdade, foi constituída com o fim de absorver a mãodeobra alocada na produção da autuada, com o fim de reduzir encargos tributários utilizandose dos benefícios do Simples; A existência de processos judiciais em que a autuada e a Universal Ferramentas Ltda foram chamadas para compor a lide na condição de demandados pelos trabalhadores que alegaram terem sido contratados para trabalhar na linha de produção de ambas, que ficam estabelecidas no mesmo estabelecimento, possuindo as mesmas atividades e sob os mesmos dirigentes; A autuada e a Universal Ferramentas Ltda ocupam o mesmo estabelecimento, e seus sóciosadministradores são parentes que residem no mesmo endereço. Além disso, autuada trouxe aos autos o contrato de comodato de fls.208 a 214, por meio do qual ela transferiu à Universal Ferramentas Ltda os direitos de uso e gozo de bens de se ativo imobilizado, no valor de R$ 1.228.760,00, que na verdade se refere a máquinas e ferramentas utilizadas na industrialização de seus produtos. Isso demonstra que a Universal Ferramentas Ltda além de não dispor de capacidade financeira, não dispõe também de capacidade operacional para realizar o negócio para a qual foi constituída, pois seu ativo imobilizado é de apenas R$ 299.990,75 (fl.31), ou seja, representa cerca de 25% do ativo imobilizado obtido da autuada em comodato. [...]” (decisão de primeira instância; Acórdão 0428.644 da 4ª Turma da DRJ/CGE). Percebese, então, que a Recorrente utilizouse da empresa Universal Ferramentas Ltda para simular a realidade fática evidenciada pelo Fisco, visando esconder o fato gerador da contribuição previdenciária, já que ficou demonstrado que a Recorrente utilizouse de interposta pessoa jurídica para absorver a mão de obra empregada no seu processo produtivo. Logo, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada que houve a prática de interposta pessoa na contratação da mão de obra. O mesmo entendimento, apenas sendo distinta a espécie de tributos, foi manifestado no enunciado da Súmula CARF nº 34: “Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não Fl. 379DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 11065.721256/201187 Acórdão n.º 2402004.313 S2C4T2 Fl. 6 9 comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas”. Em relação ao pretenso aspecto confiscatório da multa lançada, melhor sorte não socorre a Recorrente, a teor do art. 150, inciso IV, da Constituição Federal de 1988 que positivou o princípio do nãoconfisco. Constituição Federal de 1988: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) IV utilizar tributo com efeito de confisco; Como estampado no art. 3° do Código Tributário Nacional (CTN), tributo é toda prestação pecuniária compulsória, que não constitua sanção de ato ilícito. A sanção de ato ilícito tem na multa pecuniária uma de suas espécies. Assim, tratandose de multa pecuniária, não há que falar em princípio nãoconfisco. Vêse, claramente, que o CTN extrema os conceitos de tributo e de multa, não havendo identidade entre estes. O princípio do não confisco (art. 150, IV) somente se aplica a tributos. Com isso, rejeitase a pretensão recursal. Quanto aos demais pontos abordados pelo ilustre Relator, no que não colidem com a demonstração (motivação) supramencionada, aliome às suas razões de decidir. Ante todo o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso e NEGARLHE PROVIMENTO, nos termos do voto. Ronaldo de Lima Macedo. Fl. 380DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 05/01/2 015 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por RONALDO DE LIMA MACE DO, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
score : 1.0
Numero do processo: 23034.001950/2001-59
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 30 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/1996 a 30/06/1997
FNDE. DEDUÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO. REQUISITOS. APLICAÇÃO AO PERÍODO DE OCORRÊNCIA DOS FATOS. LANÇAMENTO. IMPROCEDÊNCIA.
Os requisitos para a manutenção do direito à dedução das despesas com a educação dos empregados e seus dependentes se aplicam aos fatos ocorridos após a sua vigência, sendo improcedente a fundamentação de lançamentos da contribuição ao salário-educação com a nova legislação.
VICIO MATERIAL. NULIDADE.
Quando a descrição do fato não é suficiente para a razoável segurança de sua ocorrência, carente que é de algum elemento material necessário para gerar obrigação tributária, o lançamento se encontra viciado por ser o crédito dele decorrente incerto.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2402-004.452
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário por vício material no lançamento.
Julio Cesar Vieira Gomes Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Thiago Taborda Simões. Ausente o Conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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DEDUÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO. REQUISITOS. APLICAÇÃO AO PERÍODO DE OCORRÊNCIA DOS FATOS. LANÇAMENTO. IMPROCEDÊNCIA. Os requisitos para a manutenção do direito à dedução das despesas com a educação dos empregados e seus dependentes se aplicam aos fatos ocorridos após a sua vigência, sendo improcedente a fundamentação de lançamentos da contribuição ao salárioeducação com a nova legislação. VICIO MATERIAL. NULIDADE. Quando a descrição do fato não é suficiente para a razoável segurança de sua ocorrência, carente que é de algum elemento material necessário para gerar obrigação tributária, o lançamento se encontra viciado por ser o crédito dele decorrente incerto. Recurso Voluntário Provido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 23 03 4. 00 19 50 /2 00 1- 59 Fl. 142DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário por vício material no lançamento. Julio Cesar Vieira Gomes – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Thiago Taborda Simões. Ausente o Conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 23034.001950/200159 Acórdão n.º 2402004.452 S2C4T2 Fl. 143 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente em parte o lançamento fiscal realizado pelo FNDE em 15/05/2001 para glosa das deduções indevidas da contribuição ao salárioeducação. Foi excluída do lançamento a competência 06/97 pela comprovação de recolhimento integral da contribuição. Seguem transcrições de trechos da decisão recorrida: ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/12/1996 a 30/06/1997 FNDE NRD DEBCAD n.º 49.900.8774 SALÁRIO EDUCAÇÃO. GLOSA. PRINCÍPIO DA LEGITIMIDADE. ÔNUS DA PROVA. A simples alegação contrária a ato da administração, sem carrear aos autos provas documentais, não tem o condão de desconstituir o lançamento. COMPROVAÇÃO DE RECOLHIMENTO DE DEDUÇÕES INDEVIDAS Comprovado o recolhimento das deduções indevidas pela Impugnante, improcedente o lançamento fiscal na competência recolhida. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, onde alega as seguintes causas de nulidade: a) Em virtude das disposições contidas no artigo 1º do Decreto nº 3.142/99 aplicamse à contribuição social para o salário educação as regras procedimentais do Decreto nº 3.969, de 15/10/2001, que coincide com a necessidade de prévia emissão de mandado do procedimento fiscal; b) A fiscalização fundamentou a exigência fiscal de forma genérica; e c) Prescrição intercorrente; No mérito, alega que: a) realizou todos os recolhimentos e os comprovou nos autos; b) não poderia a decisão recorrida adotar como fundamento disposição legal ainda não vigente à época dos fatos geradores. Não se poderia exigir o Fl. 144DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 cumprimento de requisitos inexistentes a época, já que a Resolução nº 3, de 18/12/2000 não vigia no período de 12/96 a 06/97; É o Relatório. Fl. 145DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 23034.001950/200159 Acórdão n.º 2402004.452 S2C4T2 Fl. 144 5 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Das preliminares Quanto ao mandado de procedimento fiscal – MPF, alega que sua ausência torna nulo o lançamento. Acontece que a notificação do débito data de 15/05/2001. Conforme dispõem os artigos 20 e 21 do Decreto nº 3.969, de 15/10/2001, a emissão de MPF somente é exigida para procedimentos fiscais iniciados a partir de 01/01/2002, o que não é o caso do presente processo: Decreto nº 3.969, de 15/10/2001 Art.20.O disposto neste Decreto não se aplica aos procedimentos fiscais iniciados antes de 1o de janeiro de 2002. (Redação dada pelo Decreto nº 4.058, de 18.12.2001) §1o Os procedimento fiscais de que trata este artigo deverão ser concluídos até 31 de dezembro de 2001. §2o Na impossibilidade de cumprimento do disposto no § 1o, os procedimentos fiscais terão continuidade, observadas as normas contidas neste Decreto. Art.21.Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1o de janeiro de 2002 Quanto aos dispositivos legais, constato às fls. 68 que a fiscalização os indicou para que o contribuinte exercesse seu direito constitucional. No mais, a falta de indicação de artigos, parágrafos e incisos da legislação tributária apresentada pela fiscalização por si só não invalida o lançamento quando a descrição dos fatos é suficiente para a compreensão dos fundamentos que suportam a exigência. Quanto à prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal, este CARF já pacificou a jurisprudência através da Súmula nº 11: Súmula nº 11 do CARF: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. Assim, rejeito as preliminares argüidas. Superadas as questões preliminares para exame do cumprimento das exigências formais, passo à apreciação do mérito. Do mérito A criação da modalidade “indenização de dependentes” no Sistema de Manutenção de Ensino Fundamental (SME) decorreu da Emenda Constitucional 14, de Fl. 146DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 12/09/1996. Com ela, revogouse o direito de a empresa deduzir da contribuição devida a aplicação realizada no ensino fundamental de seus empregados e dependentes: Redação original: § 5º O ensino fundamental público terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salárioeducação, recolhida, na forma da lei, pelas empresas, que dela poderão deduzir a aplicação realizada no ensino fundamental de seus empregados e dependentes. (grifos nossos) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14/1996: § 5º O ensino fundamental público terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salárioeducação, recolhida pelas empresas, na forma da lei. No entanto, por força do artigo §3º do artigo 15 da Lei 9.424, de 24/12/1996, garantiu a continuidade do benefício para os empregados que continuasse seus estudos, vedandose novos ingressos: Art. 15 (...) § 3º Os alunos regularmente atendidos, na data da edição desta Lei, como beneficiários da aplicação realizada pelas empresas contribuintes, no ensino fundamental dos seus empregados e dependentes, à conta de deduções da contribuição social do SalárioEducação, na forma da legislação em vigor, terão, a partir de 1º de janeiro de 1997, o benefício assegurado, respeitadas as condições em que foi concedido, e vedados novos ingressos nos termos do art.212, § 5º, da Constituição Federal. Para esses beneficiários, as deduções das contribuições foram mantidas para o pagamento das despesas de educação na forma de indenização aos segurados. Para comprovar o direito, a empresa passou a se submeter ao cumprimento de novos requisitos, conforme Decreto 3.142, de 16/08/1999: Art. 10. O Sistema de Manutenção de Ensino Fundamental constituise no programa pelo qual a empresa, contribuinte da contribuição social do salárioeducação, propicia aos seus empregados e dependentes o direito social de obter o ensino fundamental, por intermédio das seguintes modalidades: I aquisição de vagas na rede de ensino particular destinadas a empregados e dependentes, indicados pela empresa, até o limite de vagas geradas por sua contribuição; II escola própria gratuita mantida pela empresa para os seus empregados, dependentes e alunos da comunidade; III indenização de dependentes, mediante comprovação semestral de freqüência e pagamento das mensalidades em estabelecimentos particulares. Antes dele, já vigoravam alguns requisitos para que a empresa se utilizasse de recursos do FNDE para custear despesas com a educação dos empregados: DECRETO Nº 88.374 DE 7 DE JUNHO DE 1983 Fl. 147DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 23034.001950/200159 Acórdão n.º 2402004.452 S2C4T2 Fl. 145 7 Art. 9º As empresas poderão deixar de recolher a contribuição do SalárioEducação ao Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social quando optarem pela manutenção do ensino de 1º grau, quer regular, quer supletivo, através de: a) escola própria gratuita para os seus empregados ou para os filhos destes, e, havendo vaga, para quaisquer crianças, adolescentes e adultos; b) programa de bolsas tendo em vista a aquisição de vagas na rede de ensino particular de 1º grau para seus empregados e os filhos destes, recolhendo, para esse efeito, no FNDE, a importância correspondente ao valor mensal devido a título de SalárioEducação. c) indenização das despesas realizadas pelo próprio empregado com sua educação de 1º grau, pela via supletiva, fixada nos limites estabelecidos no § 1º do art. 10 deste Decreto, e comprovada por meio de apresentação do respectivo certificado; d) indenização para os filhos de seus empregados, entre sete e quatorze anos, mediante comprovação de freqüência em estabelecimentos pagos, fixada nos mesmos limites da alínea anterior; e) esquema misto, usando combinações das alternativas anteriores. § 1º As operações concernentes à receita e à despesa com o recolhimento do SalárioEducação e com a manutenção direta ou indireta do ensino, previstas no artigo 3º e neste artigo, deverão ser lançadas sob o título “SalárioEducação”, na escrituração tanto da empresa quanto da escola, ficando sujeitas à fiscalização, nos termos do art. 3º deste Decreto e demais normas aplicáveis. Art. 10. São condições para a opção a que se refere o artigo anterior: I responsabilidade integral, pela empresa, das despesas com a manutenção do ensino, direta ou indiretamente; II equivalência dessas despesas ao total da contribuição correspondente ao SalárioEducação respectivo; III prefixação de vagas em número equivalente ao quociente da divisão da importância correspondente a 2,5% (dois e meio por cento) da folha mensal do salário de contribuição pelo preço da vaga de ensino de 1º grau a ser fixado anualmente pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Como se vê, os requisitos para justificar a manutenção do benefício após a EC nº 14, de 12/09/1996 não são os mesmos que existiam anteriormente quando vigorava o direito às deduções. À época não se exigia, por exemplo, a comprovação da freqüência escolar. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 Portanto, as razões que fundamentaram a exigência não se aplicam ao período de 12/96 a 06/97. Acrescentase que o equívoco na indicação dos dispositivos legais poderia ser suprido pela descrição dos fatos que possibilitasse a compreensão dos fundamentos que sustentaram o lançamento; contudo, verifico que o relatório da notificação traz motivação insuficiente para o exercício do direito de defesa, o que configura um vício material do lançamento: O erro deve estar, na sua maioria, na ausência da indicação de alunos indenizados, que deveria ser informada semestralmente através de arquivo resultante do programa RAI, fornecido por este FNDE. Caso os arquivos semestrais já tenham sido encaminhados mas não haja lançamento ou exista diferença de alunos, significa que houve rejeição dos arquivos ou de registros por alguma inconsistência, para evitar incorrer no mesmo erro estamos encaminhando, também em anexo, a "Relação de Alunos Não Admitidos". ... O débito em questão, apontado pela APURAÇÃO DE DEDUÇÕES de acordo com Relatórios e Demonstrativos apensados, decorre de irregularidades verificadas nos recolhimentos referentes ao SalárioEducação consoante disposto na legislação em vigor: DecretoLei nº 1.422/75, Decreto nº 87.043/82, Decreto nº 88.374/83, Lei nº 9.424/96, Lei nº 9.766/98 e demais instruções aplicáveis. Vício material Quanto à natureza do vício insanável, no Código Tributário Nacional há regra expressa de decadência quando da reconstituição de lançamento declarado nulo por vício formal. Daí a relevância e finalidade da qualificação dos vícios que sejam identificados nos processos administrativos fiscais: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: ... II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Ou seja, somente reinicia o prazo decadencial quando a anulação do lançamento anterior decorreu da existência de vício formal; do que me leva a crer que não há reinício do prazo quando a anulação se dá por outras causas, pois a regra geral é a ininterrupção, conforme artigo 207 do Código Civil. Portanto, para a finalidade deste trabalho, é mais razoável que se identifique o conceito de vício formal, e assim por exclusão se Fl. 149DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 23034.001950/200159 Acórdão n.º 2402004.452 S2C4T2 Fl. 146 9 reconhecer que a regra especial trazida pelo CTN não alcança os demais casos, do que procurar dissecálos, um por um, ou mesmo conceituar o que se entenda por vício material. Código Civil: Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Ainda que o Código Civil estabeleça efeitos para os vícios formais dos negócios jurídicos, artigo 166, quando se tratam de atos administrativos, como o lançamento tributário por exemplo, é no Direito Administrativo que encontramos as regras especiais de validade dos atos praticados pela Administração Pública: competência, motivo, conteúdo, forma e finalidade. É formal o vício que contamina o ato administrativo em seu elemento “forma”; por toda a doutrina, cito a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. 1 Segundo seu magistério, o elemento “forma” comporta duas concepções: uma restrita, que considera forma como a exteriorização do ato administrativo (por exemplo: autodeinfração) e outra ampla, que inclui todas as demais formalidades (por exemplo: precedido de MPF, ciência obrigatória do sujeito passivo, oportunidade de impugnação no prazo legal etc), isto é, esta última confundese com o conceito de procedimento, prática de atos consecutivos visando a consecução de determinado resultado final. Portanto, qualquer que seja a concepção, “forma” não se confunde com o “conteúdo” material ou objeto. É um requisito de validade através do qual o ato administrativo, praticado porque o motivo que o deflagra ocorreu, é exteriorizado para a realização da finalidade determinada pela lei. E quando se diz “exteriorização” devemos concebêla como a materialização de um ato de vontade através de determinado instrumento. Daí temos que conteúdo e forma não se confundem: um mesmo conteúdo pode ser veiculado através de vários instrumentos, mas somente será válido nas relações jurídicas entre a Administração Pública e os administrados aquele prescrito em lei. Sem se estender muito, nas relações de direito público a forma confere segurança ao administrado contra investidas arbitrárias da Administração. Os efeitos dos atos administrativos impositivos ou de império são quase sempre gravosos para os administrados, daí a exigência legal de formalidades ou ritos. No caso do ato administrativo de lançamento, o autodeinfração com todos os seus relatórios e elementos extrínsecos é o instrumento de constituição do crédito tributário. E a sua lavratura se dá em razão da ocorrência do fato descrito pela regramatriz como gerador de obrigação tributária. Esse fato gerador, pertencente ao mundo fenomênico, constitui, mais do que sua validade, o núcleo de existência do lançamento. Quando a descrição do fato não é suficiente para a certeza de sua ocorrência, carente que é de algum elemento material necessário para gerar obrigação tributária, o lançamento se encontra viciado por ser o crédito dele decorrente duvidoso. É o que a jurisprudência deste Conselho denomina de vício material: “[...]RECURSO EX OFFICIO – NULIDADE DO LANÇAMENTO – VÍCIO FORMAL. A verificação da ocorrência do fato gerador da obrigação, a determinação da matéria tributável, o cálculo do montante do tributo devido e a identificação do sujeito passivo, definidos no artigo 142 do 1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella: Direito Administrativo, São Paulo: Editora Atlas, 11ª edição, páginas 187 a 192. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 Código Tributário Nacional – CTN, são elementos fundamentais, intrínsecos, do lançamento, sem cuja delimitação precisa não se pode admitir a existência da obrigação tributária em concreto. O levantamento e observância desses elementos básicos antecedem e são preparatórios à sua formalização, a qual se dá no momento seguinte, mediante a lavratura do auto de infração, seguida da notificação ao sujeito passivo, quando, aí sim, deverão estar presentes os seus requisitos formais, extrínsecos, como, por exemplo, a assinatura do autuante, com a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula; a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado, com a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula.[...]” (7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes – Recurso nº 129.310, Sessão de 09/07/2002) Por sua vez, o vício material do lançamento ocorre quando a autoridade lançadora não demonstra/descreve de forma clara e precisa os fatos/motivos que a levaram a lavrar a notificação fiscal e/ou auto de infração. Diz respeito ao conteúdo do ato administrativo, pressupostos intrínsecos do lançamento. E ainda se procurou ao longo do tempo um critério objetivo para o que venha a ser vício material. Daí, conforme recente acórdão, restará configurado o vício quando há equívocos na construção do lançamento, artigo 142 do CTN: O vício material ocorre quando o auto de infração não preenche aos requisitos constantes do art. 142 do Código Tributário Nacional, havendo equívoco na construção do lançamento quanto à verificação das condições legais para a exigência do tributo ou contribuição do crédito tributário, enquanto que o vício formal ocorre quando o lançamento contiver omissão ou inobservância de formalidades essenciais, de normas que regem o procedimento da lavratura do auto, ou seja, da maneira de sua realização... (Acórdão n° 19200.015 IRPF, de 14/10/2008 da Segunda Turma Especial do Primeiro Conselho de Contribuintes) Abstraindose da denominação que se possa atribuir à falta de descrição clara e precisa dos fatos geradores, o que não parece razoável é agrupar sob uma mesma denominação, vício formal, situações completamente distintas: dúvida quanto à própria ocorrência do fato gerador (vício material) junto com equívocos e omissões na qualificação do autuado, do dispositivo legal, da data e horário da lavratura, apenas para citar alguns, que embora possam dificultar a defesa não prejudicam a certeza de que o fato gerador ocorreu (vício formal). Nesse sentido: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – NULIDADE VÍCIO FORMAL LANÇAMENTO FISCAL COM ALEGADO ERRO DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO – INEXISTÊNCIA – Os vícios formais são aqueles que não interferem no litígio propriamente dito, ou seja, correspondem a elementos cuja ausência não impede a compreensão dos fatos que baseiam as infrações imputadas. Circunscrevemse a exigências legais para garantia da integridade do lançamento como ato de ofício, mas não pertencem ao seu conteúdo material. O suposto erro na identificação do sujeito passivo caracteriza vício substancial, uma nulidade absoluta, não permitindo a contagem do prazo especial para decadência previsto no art. 173, II, do CTN. (Acórdão n° 10808.174 IRPJ, Fl. 151DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 23034.001950/200159 Acórdão n.º 2402004.452 S2C4T2 Fl. 147 11 de 23/02/2005 da Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes). Ambos, desde que comprovado o prejuízo à defesa, implicam nulidade do lançamento, mas é justamente essa diferença acima que justifica a possibilidade de lançamento substitutivo apenas quando o vício é formal. O rigor da forma como requisito de validade gera um cem número de lançamentos anulados. Em função desse prejuízo para o interesse público é que se inseriu no Códex Tributário a regra de interrupção da decadência para a realização de lançamento substitutivo do anterior, anulado por simples vício na formalização. De fato, forma não pode ter a mesma relevância da matéria que dela se utiliza como veículo. Ainda que anulado o ato por vício formal, podese assegurar que o fato gerador da obrigação existiu e continua existindo, diferentemente da nulidade por vício material. Caso não houvesse a interrupção da decadência, o Estado estaria impedido de refazer o ato através da forma válida. Não se duvida da forma como instrumento de proteção do particular, mas nem por isso ela se situa no mesmo plano de relevância do conteúdo. Temos aí um conflito: segurança jurídica x interesse público. O primeiro inspira o rigor formal do ato administrativo, um de seus requisitos de validade; o segundo, defende a atividade estatal de obtenção de recursos para financiamento das realizações públicas. No presente caso, o vício está na própria verificação e demonstração da ocorrência do fato gerador da obrigação, o que pertence ao núcleo material da autuação. Em razão do exposto, voto pelo provimento ao recurso voluntário para declarar a nulidade do lançamento por vício material. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 152DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 14485.003262/2007-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Feb 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/08/2006
DECADÊNCIA.
O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional - CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplica-se o artigo 150, §4°; caso contrário, aplica-se o disposto no artigo 173, I. Entende-se como pagamento parcial o recolhimento da contribuição previdenciária sobre outras parcelas remuneratórias que compõem a folha de pagamento da empresa (Súmula CARF nº 99).
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS.
Uma vez que os segurados tinham prévio conhecimento das metas e demais requisitos durante parte do período de apuração para o benefício, a data de assinatura do acordo não é motivo para se afastar a imunidade de contribuição previdenciária sobre a participação nos lucros ou resultados da empresa.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.478
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
Julio Cesar Vieira Gomes Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplicase o artigo 150, §4°; caso contrário, aplicase o disposto no artigo 173, I. Entendese como pagamento parcial o recolhimento da contribuição previdenciária sobre outras parcelas remuneratórias que compõem a folha de pagamento da empresa (Súmula CARF nº 99). PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. Uma vez que os segurados tinham prévio conhecimento das metas e demais requisitos durante parte do período de apuração para o benefício, a data de assinatura do acordo não é motivo para se afastar a imunidade de contribuição previdenciária sobre a participação nos lucros ou resultados da empresa. Recurso Voluntário Provido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 48 5. 00 32 62 /2 00 7- 10 Fl. 729DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Julio Cesar Vieira Gomes – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 730DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14485.003262/200710 Acórdão n.º 2402004.478 S2C4T2 Fl. 730 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente em parte o lançamento fiscal com ciência em 27/12/2007 para que fossem excluídos os valores alcançados pela decadência, aplicação do artigo 173, I do CTN. A verba sob exame é a participação nos lucros ou resultados da recorrente. O processo foi submetido a julgamento na primeira turma ordinária desta quarta câmara, quando então foi anulada a decisão de primeira instância para que se examinassem questões suscitadas na impugnação e não apreciadas à época. O acórdão anterior trouxe aos autos relatório detalhado e, portanto, passo a adotálo como parte desse decisório. Conforme descrito no relatório fiscal, fl. 43 a 50, o fato gerador das contribuições lançadas foi o pagamento aos empregados de "Participação nos Lucros ou Resultados da Empresa PLRE" sem atender a todos os requisitos exigidos pela legislação, o que impossibilitou afastar tais pagamentos da base de incidência das contribuições previdenciárias, em virtude do disposto no §9°, "j", do artigo 28 da Lei 8.212/91. Ainda conforme o relatório, a empresa paga PLRE aos empregados, da seguinte forma: a) alguns empregados recebem de acordo com a convenção coletiva de trabalho; b) outros, de acordo com programa próprio. Das convenções coletivas 5. Em relação às convenções coletivas, concluímos que deixaram de cumprir os requisitos mínimos exigidos pela legislação que rege a matéria, determinando um valor fixo a ser pago a todos os empregados, independentemente do alcance de índices de produtividade, qualidade ou lucratividade, da execução de programa de metas ou de quaisquer resultados, ou seja, não foram estabelecidos critérios e condições. Tampouco foram definidas quaisquer regras. Foram estipulados somente o valor e o prazo de pagamento. Como exemplo, transcrevemos abaixo as determinações da convenção de 2004: Cláusula Segunda. Independentemente da apuração do balanço do exercício encerrado em 31/12/2004, todos os empregadores pagarão aos empregados, em efetivo exercício em 31/12/2004, de uma única vez, até a data do pagamento da remuneração de janeiro de 2005, a importância de R$ 750,00 (setecentos e cinqüenta reais). Cláusula Terceira. As Empresas que em seus balanços de 31/12/2004 apresentem lucros líquidos ou resultados, e que tenham disponibilidade financeira, efetuarão até 31/07/2005, o pagamento, de uma única vez, de uma segunda parcela equivalente a 40% (quarenta por cento) do saláriobase resultante da Convenção Coletiva de Trabalho de 2005, acrescido do valor fixo de R$ 304,00 (trezentos e quatro reais) aos empregados admitidos até 31/12/03 e em efetivo exercício Fl. 731DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 em 31/12/04, valor total esse limitado ao máximo de R$ 3.689,00 (três mil, seiscentos e oitenta e nove reais). 6. Como se vê, o pagamento independe da obtenção de quaisquer resultados, afastandose do objetivo da lei, qual seja: o de integrar capital e trabalho e incentivar a produtividade, mediante um ajuste prévio entre empresa e empregados, para definir os resultados a serem alcançados, a forma de participação, os direitos substantivos e demais regras adjetivas, de forma a assegurar a percepção por parte de empregados e empregadores de que ambos contribuíram diretamente para os resultados alcançados pela empresa. 7. Outro ponto a se considerar é o fato de que as convenções são assinadas sempre em janeiro do ano seguinte a que se referem.Sendo posteriores, não podem servir de instrumento de incentivo à obtenção de resultados ou para recompensar o trabalhador por sua contribuição dentro da empresa, como pretende o artigo 1 °. da Lei 10.101/00: a natureza do pagamento, não se assemelha a PLR, mas mero prêmio. Dos planos próprios 10. Em relação aos programas próprios, embora definam metas a serem cumpridas, estas metas também não foram pactuadas previamente entre empresa e empregados. Tratase apenas de formalização de decisões tomadas pela empresa relativas ao pagamento de gratificações aos empregados, como se conclui a partir dos seguintes fatos: a) Os acordos não são pactuados previamente, pois a assinatura e o conhecimento das regras por parte dos empregados ocorrem no decorrer do ano, muitas vezes meses após o início de vigência dos mesmos. Por exemplo: o programa de 1998 só foi conhecido dos empregados em julho/ 1998, conforme folhas de assinaturas; o programa de 1999 foi assinado em 13/09/1999; para 2003, a empresa apresentou cinco programas, assinados em 10/04/03, 29/08/03, 31/10/03 e dois em 06/11/03. Desta forma, como seria possível o comprometimento dos funcionários com metas que só vão conhecer praticamente no final do ano? b) Em razão de serem retroativos, os programas criam um paradoxo: estabelecem metas referentes a períodos cujos resultados já aconteceram, e não podem ser modificados, por mais que se esforcem os empregados. Exemplificando: em email de 25/06/04, o Gerente de Emissão e Aceitação informa os indicadores e os resultados até maio 2004, para a elaboração das metas relativas ao período de janeiro a dezembro/2004, formalizadas nos programas assinados em julho e agosto daquele ano. c) A empresa não apresentou atas de reuniões de negociação e acompanhamento, nem tampouco comprovou a eleição dos membros da comissão de empregados que assinaram o acordo. No entanto, encontramos evidências de que não é feita nenhuma negociação entre empresa e empregados, mas a simples apresentação e formalização do programa previamente preparado pela empresa, como segue: Fl. 732DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14485.003262/200710 Acórdão n.º 2402004.478 S2C4T2 Fl. 731 5 d) A empresa também não comprovou o arquivamento dos programas no sindicato na época própria. Embora contenham assinatura do diretor sindical, há evidências de que o programa sofre alterações sem a participação dos empregados e sem o conhecimento do sindicato, como verificamos neste email de 04/08/04, da Gerência de CaR Center: "Conforme nossos entendimentos, sequem abaixo os indicadores com METAS ANUAIS das Áreas Atendimento a Clientes e Televendas, a serem confirmadas junto ao Sindicato. Internamente, estaremos alinhando nosso discurso para reunião com os representantes das áreas." Esta comunicação resulta de outra anterior, de 07/07/04, em que a Gerente solicita alteração das metas, mesmo sem anuência do sindicato , que "não autoriza o estabelecimento de meta semestral” porque os resultados do primeiro semestre não tinham sido satisfatórios. A Gerente solicita uma avaliação do jurídico e informa que "temos o precedente de em 2003 termos assumido avaliação de resultados semestral. ... A participação nos lucros ou resultados não deve substituir ou complementar a remuneração, conforme artigo 3º da Lei 10.101/00. No entanto, junto com os programas de PLRE, a empresa entregou um documento intitulado "Nova Política de Compensação Corpo Gerencial Itauseg, datado de setembro/2000, data em que começou a ser paga uma participação diferenciada para os Gerentes e demais Executivos. Neste documento, é apresentada uma proposta de incremento da participação nos resultados para todo o corpo gerencial, com redução das faixas de salários fixos, em parte devido às vantagens de não incidência de encargos sociais. Em razão disso, as novas contratações deveriam ser negociadas com base no ganho anual, já incluída a PLRE, visto que o salário fixo foi diminuído, ao passo que as movimentações salariais deveriam preservar o salário fixo e incrementar a participação nos resultados. ... Tendo em vista os fatos narrados de forma sucinta, entendeu o auditor que a participação nos resultados paga pela empresa de acordo com os programas próprios, assim como a participação resultante de convenção coletiva de trabalho, não atendem aos requisitos legais para se afastar da base de incidência das contribuições previdenciárias. Importante, destacar que a lavratura do AI deuse em 26/12/2007, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 27/12/2007. Não conformada com a autuação a recorrente apresentou defesa, fls. 140 a 155. Foi exarada a Decisão de 1 instância que confirmou a procedência do lançamento, fls. 177 a 195. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/08/2006 Documento: NFLD n.° 37.120.9986, de 26/12/2007 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E DE TERCEIROS. OBRIGAÇÃO DO RECOLHIMENTO. Fl. 733DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 A empresa é obrigada a recolher, nos prazos definidos em lei, as contribuições a seu cargo, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados a seu serviço. DECADÊNCIA. PRAZO DECENAL. O prazo decadencial para a constituição do crédito previdenciário é de 10 (dez) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. O prazo decadencial das contribuições devidas às outras entidades ou fundos é de 10 (dez) anos, a partir de 19.06.1995. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARCELAS INTEGRANTES. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. Integra o salário de contribuição a parcela recebida pelo segurado empregado a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo com lei específica. CONCESSÃO DE ABONO. OCORRÊNCIA DE FATO GERADOR A importância paga devida ou creditada aos segurados empregados a título de abonos não expressamente desvinculados do salário, por força de lei, integra a base de cálculo das contribuições para todos os fins e efeitos. AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. MATÉRIA DIFERENCIADA. JULGAMENTO. A propositura de ação judicial antes do lançamento implica renúncia ao contencioso administrativo no • tocante à matéria em que os pedidos administrativo e judicial são idênticos, devendo o julgamento aterse à matéria diferenciada. LEGALIDADE. CONSTITUCIONALIDADE. A declaração de inconstitucionalidade de lei ou atos normativos federais, bem como de ilegalidade destes últimos, é prerrogativa outorgada pela Constituição Federal ao Poder Judiciário. INCRA TERCEIROS. INCRA. A contribuição destinada ao INCRA é devida tanto pela empresa urbana como pela empresa rural. PEDIDO DE JUNTADA POSTERIOR DE PROVAS. INDEFERIMENTO. O pedido de juntada de documentos e outras provas admitidas em direito após a impugnação deve ser indeferido quando não tenha sido demonstrada a impossibilidade de apresentação oportuna da prova documental por motivo de força maior, não se refira esta a fato ou direito superveniente, e nem se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos, e quando os elementos do processo forem suficientes para o convencimento do julgador. Fl. 734DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14485.003262/200710 Acórdão n.º 2402004.478 S2C4T2 Fl. 732 7 Lançamento Procedente Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela notificada, conforme fls. 202 a 218 , contendo em síntese os mesmo argumentos da impugnação, os quais podemos descrever de forma sucinta: 1. Preliminarmente, a decadência do crédito consubstanciado no art. 150, § 4º do CTN. 2. A remuneração tratada no art. 457 da CLT como base de Cálculo da Contribuição Previdenciária não se referese a PLR, posto que segundo a recorrente a referida verba não decorre diretamente do serviço prestado. 3. O direito a PLR desvinculado da remuneração é garantia constitucional, assim, se não está, a verba PLR, dentro do conceito de remuneração, não poderia servir como base de cálculo de contribuições previdenciárias. 4. Não cumpre também a verba o requisito da habitualidade. 5. Sustenta que houve sim negociação entre a recorrente e seus empregados, sendo que os empregados que compunham a comissão que discutia o pagamento da PLR assinaram o regulamento, bem como o representante do Sindicato, atendendo, portanto, aos termos do art. 2° da Lei 10.101/00. 6. Inova trazendo argumentos de que a fiscalização está ignorando a lei 6.404, que em seu art. 190 delineia a participação nos resultados, aplicando para fins de caracterização a lei 10.101/00. 7. Afirma de que fato alguns empregados recebem conforme programa previsto na Convenção Coletiva de Trabalho e outros conforme determinam programas próprios. Isso ocorre em decorrência a especificidade do trabalho desenvolvido por cada um. 8. Foram atendidas as determinações contidas na lei 10.101, seja a negociação com os empregados, seja assinatura do representante do sindicato. 9. Cabe salientar que os programas próprios discriminam os critérios e condições de recebimento de PLR, bem como os cargos que são elegíveis ao seu recebimento. 10. No que tange ao pagamento do valor fixo, ora suscitado pelo autuante como possível prova de ausência de critérios para pagamento de PLR, o recorrente argumenta que não de se trata de participação em resultados, mas de abono convencional, não devendo integrar o salário de contribuição em resultados, não devendo integrar o salário de contribuição tendo em vista o disposto no art. 28, §9°, "e", 7, da Lei n. 8212/91. 11. Também é descabida a alegação contida na autuação de que as Convenções coletivas não determinavam critérios e condições para pagamento de PLR. A Lei n. 10.101 /00, determina em seu art. 2º II, que a participação nos lucros poderá ser objeto de convenção coletiva. Em seu §1°, dispõe expressamente no inciso I, que os critérios e condições podem ser consideradas por índices de produtividade, quantidade ou lucratividade da empresa. 12. Salienta que as Convenções Coletivas são firmadas envolvendo toda a categoria profissional. Como as PLR's são baseadas em lucratividade, todos os setores da Fl. 735DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 empresa estipulam suas metas para garantir o lucro da empresa e sua participação nos resultados. 13. Diz que não há dispositivo legal que imponha limite temporal para negociação e divulgação dos programas próprios, e nem tampouco para a que se apresente as atas de reuniões de negociação e acompanhamento e documentos de comprovação da eleição dos membros da comissão de empregados. A ausência de apresentação desses documentos não torna legítima a descaracterização do programa de resultados da empresa. 14. Assim, os regulamentos são tempestivos e legítimos, rubricados e assinados por comissão de empregados, empregador e representante do Sindicato. 15. A alegação de que a empresa não comprovou o arquivamento dos programas no sindicato em época própria também não tem o condão de desvirtuar o programa, já que a elaboração dos mesmos tem a participação de um membro do sindicato. 16. Informa que a exigência do adicional de 2,5% imputado às seguradoras está sendo discutida pelo recorrente nos autos da ação ordinária n. 1999.61.00.0603013. 17. O lançamento fere princípios constitucionais da igualdade e da isonomia, pois trata de forma desigual contribuintes que estão numa mesma situação, já que não existe diferença ente a folha de salários uma seguradora e de outra uma empresa. Cita posicionamento da 4' Turma do Tribunal Regional Federal, neste sentido. 18. Alega que, ainda que se considere a referibilidade indireta da materialidade das contribuições previdenciárias, segundo atuação estatal ou destinação específica de provimento da Seguridade Social, a discriminação não se justifica. 19. A cobrança dessa contribuição como parcela previdenciária há muito afastada pelos nossos tribunais, haja vista que incidindo a referida parcela sobre a "folha de salário" por força do disposto no Decreto Lei n. 2.613/55 e alterações posteriores que se limitaram a alterar a alíquota e a destinação do produto de sua arrecadação, referida exação tornouse frontalmente colocado à margem do Sistema Tributário vigente, sendo certo que não se acha fundada nas hipóteses do artigo 195 I e II e menos ainda nas exceções previstas no artigo 240, ambos da Constituição Federal de 1998. 20. Requer perícia, tendo em vista o equívoco na apuração do crédito tributário. 21. Diante do exposto, requer a impugnante pela juntada dos documentos anexos e produção de todas as provas admitidas em direito. 22. Nulidade da DN considerando que a autoridade julgadora não enfrentou os argumentos trazidos no recurso quanto a duplicidade de lançamento, tendo inclusive o recorrente apresentado planilha contendo as incongruências, ainda na impugnação. Em aditamento ao seu recurso voluntário na oportunidade em que se manifestara após o saneamento da decisão de primeira instância, o recorrente reiterou a duplicidade da cobrança em virtude da falta de dedução das supostas bases de cálculo correspondentes ao pagamento da antecipação de PLR. A alegação se faz acompanhada de parecer técnico de empresa de auditoria independente. É o Relatório. Fl. 736DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14485.003262/200710 Acórdão n.º 2402004.478 S2C4T2 Fl. 733 9 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Procedimentos formais Quanto ao procedimento da fiscalização e formalização do lançamento também não se observou qualquer vício. Foram cumpridos todos os requisitos dos artigos 10 e 11 do Decreto n° 70.235, de 06/03/72, verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O recorrente foi devidamente intimado de todos os atos processuais que trazem fatos novos, assegurandolhe a oportunidade de exercício da ampla defesa e do contraditório, nos termos do artigo 23 do mesmo Decreto. Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) Fl. 737DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) III por edital, quando resultarem improfícuos os meios referidos nos incisos I e II. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) A decisão recorrida também atendeu às prescrições que regem o processo administrativo fiscal: enfrentou as alegações pertinentes do recorrente, com indicação precisa dos fundamentos e se revestiu de todas as formalidades necessárias. Não contém, portanto, qualquer vício que suscite sua nulidade, passando, inclusive, pelo crivo do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 9.12.1993). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA 188/STJ. 1. Não há nulidade do acórdão quando o Tribunal de origem resolve a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados “. (RESP 946.447RS – Min. Castro Meira – 2ª Turma – DJ 10/09/2007 p.216). Portanto, em razão do exposto e nos termos das regras disciplinadoras do processo administrativo fiscal, não se identificam vícios capazes de tornar nulo quaisquer dos atos praticados: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. §1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. §2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. Quanto a preliminar de nulidade do lançamento em razão da omissão no primeiro acórdão da primeira instância no exame da duplicidade de valores cobrados, entendo que a questão foi superada com o segundo acórdão que veio a enfrentar a matéria, sendo agora Fl. 738DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14485.003262/200710 Acórdão n.º 2402004.478 S2C4T2 Fl. 734 11 questão de mérito a apreciação das bases de cálculo e tributo apurado. O acórdão esclareceu que os valores suscitados na impugnação não foram lançados. Ressaltase, também, que vícios de nulidade na decisão, em regra, não contaminam os atos processuais anteriores, como dispõe o artigo 59, §1º do Decreto nº 70.235/72, acima transcrito. Decadência Nas sessões plenárias dos dias 11 e 12/06/2008, respectivamente, o Supremo Tribunal Federal STF, por unanimidade, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91 e editou a Súmula Vinculante n° 08. Seguem transcrições: Parte final do voto proferido pelo Exmo Senhor Ministro Gilmar Mendes, Relator: Resultam inconstitucionais, portanto, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91 e o parágrafo único do art.5º do Decretolei n° 1.569/77, que versando sobre normas gerais de Direito Tributário, invadiram conteúdo material sob a reserva constitucional de lei complementar. Sendo inconstitucionais os dispositivos, mantémse hígida a legislação anterior, com seus prazos qüinqüenais de prescrição e decadência e regras de fluência, que não acolhem a hipótese de suspensão da prescrição durante o arquivamento administrativo das execuções de pequeno valor, o que equivale a assentar que, como os demais tributos, as contribuições de Seguridade Social sujeitamse, entre outros, aos artigos 150, § 4º, 173 e 174 do CTN. Diante do exposto, conheço dos Recursos Extraordinários e lhes nego provimento, para confirmar a proclamada inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, por violação do art. 146, III, b, da Constituição, e do parágrafo único do art. 5º do Decretolei n° 1.569/77, frente ao § 1º do art. 18 da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional 01/69. É como voto. Súmula Vinculante n° 08: “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Os efeitos da Súmula Vinculante são previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n° 11.417, de 19/12/2006, in verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Fl. 739DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 12 Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Lei n° 11.417, de 19/12/2006: Regulamenta o art. 103A da Constituição Federal e altera a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal, e dá outras providências. ... Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Afastado por inconstitucionalidade o artigo 45 da Lei n° 8.212/91, resta verificar qual regra de decadência prevista no Código Tributário Nacional CTN se aplicar ao caso concreto. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da imprescindibilidade de pagamento parcial do tributo para que seja aplicada a regra decadencial do artigo 150, §4° do CTN; caso contrário, aplicase o artigo 173, I do CTN que transfere o termo a quo de contagem para o exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. Também atribuiu status de repetitivos a todos os processos que se encontram tramitando sobre a matéria. E, por força do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009, a decisão deve ser reproduzida nas turmas deste Conselho. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Este CARF sumulou o entendimento acerca do que se entende por pagamento parcial. De acordo com a Súmula nº 99, considerase que houve pagamento parcial quando os recolhimentos efetuados não se refiram à parcela remuneratória objeto do lançamento: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento Fl. 740DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14485.003262/200710 Acórdão n.º 2402004.478 S2C4T2 Fl. 735 13 antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Assim, considerando o presente caso, deve ser aplicada a regra no artigo 150, §4º do CTN. Assim, reconheço a decadência parcial correspondente ao período de 01/01/1999 a 30/11/2002. No mérito Participação nos lucros e resultados A participação do trabalhador nos lucros e resultados da empresa é um marco histórico dos direitos trabalhistas. Com todas as conquistas: saláriomínimo, limitação da jornada de trabalho, proteção contra a demissão sem justa causa, férias, descanso semanal remunerado, apenas para mencionar algumas, ainda assim capital e trabalho se opunham, um ao outro, como realidades inconciliáveis. Foi com a Constituição Federal que se abriu a possibilidade de o trabalhador auferir parte do resultado de sua força laboral entregue à empresa. No artigo 7º, Inciso XI, junto com outros direitos sociais do trabalhador está a participação nos lucros ou resultados, desvinculada da remuneração; portanto, tratase imunidade tributária: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Entretanto, apenas com a Medida Provisória nº 794, de 22/12/94, convertida na Lei nº 10.101, de 19/12/2000, a matéria foi regulamentada: Art.1oEsta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. a) Finalidades: integração entre capital e trabalho; e ganho de produtividade. Art.2oA participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; Fl. 741DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 14 II convenção ou acordo coletivo. §1oDos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. b) Negociação entre empresa e empregados, através de acordo coletivo ou comissão de trabalhadores. No instrumento de negociação devem constar, com clareza e objetividade, as condições a serem satisfeitas (regras adjetivas) para a participação nos lucros ou resultados (direitos substantivos). Entre outros, podem ser considerados como critérios ou condições: produtividade, qualidade, lucratividade, programas de metas e resultados mantidos pela empresa. Vêse que no instrumento de negociação deve constar o que dispõe o artigo 2°, §1° e, no caso dos critérios para se fazer jus ao benefício, o legislador cuidou apenas de exemplificá los. Como se constata pelas disposições acima, a regulamentação é no sentido de proteger o trabalhador para que sua participação nos lucros se efetive. Não há regras detalhadas na lei sobre os critérios e as características dos acordos a serem celebrados. Os sindicatos envolvidos ou as comissões, nos termos do artigo 2º, têm liberdade para fixarem os critérios e condições para a participação do trabalhador nos lucros e resultados. A intenção do legislador foi impedir que critérios ou condições subjetivos obstassem a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados. As regras devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições possam ser aferidos. Com isto, são alcançadas as duas finalidades da lei: a empresa ganha em aumento da produtividade e o trabalhador é recompensado com sua participação nos lucros. Nesse sentido, o artigo 2º, §1º, I da lei possibilita inclusive que a condição para a participação nos lucros ou resultados seja apenas o aumento da lucratividade da empresa. Comprovandose no Demonstrativo de Resultados do Exercício Financeiro que foi alcançada esta meta, que existe acordo coletivo ou comissão de trabalhadores e que a distribuição não é inferior a um semestre civil a participação nos lucros é regular. Não há nenhuma restrição na lei para que assim proceda a empresa. E nem poderia a autoridade fiscal criálas no caso concreto, sob pena de violação do Princípio da Legalidade, artigo 37, “caput” da Constituição Federal. Quanto aos mecanismos de aferição das informações para fins de comprovação do cumprimento dos critérios para a participação, não há qualquer previsão na lei no sentido de se exigir metas individualizadas para os trabalhadores. E nem poderia. Caso adote o aumento da lucratividade da empresa ou o alcance de outras metas organizacionais, critérios esses exemplificados na lei, não vejo como se exigir a aferição da contribuição de cada trabalhador para o cumprimento dessas metas. Como se poderia aferir a parcela do lucro de uma empresa de grande porte atribuída individualmente a um trabalhador da linha de Fl. 742DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14485.003262/200710 Acórdão n.º 2402004.478 S2C4T2 Fl. 736 15 produção? E mais. A exigência por parte da fiscalização de metas individualizadas vai de encontro ao que se procurou evitar na regulamentação da participação nos resultados e lucros – PLR, que é afastálo do conceito de salário. Em razão de tudo aqui exposto, vêse que prevalece a livre negociação para a participação nos lucros ou resultados. Porém, é possível que esse importante direito trabalhista seja malversado em prejuízo dos próprios trabalhadores e do fisco. Comprovando a autoridade fiscal dissimulação do pagamento de salários com participação nos lucros, deverá aplicar o Princípio da Verdade Material para considerar os valores pagos integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Nesse sentido, preocupouse o legislador com essa possibilidade de se desvirtuar a finalidade da lei e se utilizar a participação nos lucros e resultados da empresa para a sonegação de contribuições sociais: Art.3oA participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. ... §2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. No caso, a recorrente oferece a seus segurados empregados uma participação nos lucros. O instrumento que disciplina o pagamento do benefício a todos é a convenção coletiva de trabalho para as empresas de seguros privados e capitalização. Existe também uma complementação de valores para ocupantes de cargos de gerência. Ressaltase que ela não trata de outro benéfico ou direito trabalhista que não seja a PLR. Essa constatação é relevante porque a recorrente alega que as antecipações do benefício, pagas sempre em janeiro dos exercícios seguintes ao da apuração, seria um abono desvinculado do salário. Transcrevo aqui alguns trechos da convenção coletiva, inclusive os que não foram mencionado no relatório fiscal e nem da decisão recorrida, mas que são importantes para essa análise quanto a descaracterização ou não do PLR: CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO ESPECÍFICA SOBRE PARTICIPAÇÃO DOS EMPREGADOS NOS LUCROS OU RESULTADOS DAS EMPRESAS DE SEGUROS PRIVADOS E DE CAPITALIZAÇÃO EM 2004. ... Independentemente da apuração do balanço do exercício encerrado em 31 122004, todos os empregadores pagarão aos empregados, em efetivo, exercício em 31122004, de uma única vez, até a data do pagamento da remuneração de janeiro de 2005, a importância de R$ 750,00 (setecentos e cinqüenta reais). ... Fl. 743DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 16 Cláusula terceira As Empresas que em seus balanços de 31122004 apresentem lucros líquidos ou resultados, e que tenham disponibilidade financeira, efetuarão até 3107 2005, o pagamento, de uma única vez, de uma segunda parcela equivalente a 40% _ (quarenta por cento) do saláriobase resultante da Convenção Coletiva de Trabalho de 2005, acrescido do valor fixo de R$ 304,00 (trezentos e quatro reais) aos empregados admitidos até 311203 e em efetivo exercício em 31122004, valor total esse limitado ao máximo de R$ 3.689,00 (três mil, seiscentos e oitenta e nove reais). Parágrafo 1° O total do pagamento previsto no "caput" fica limitado a 10% (dez por cento) do lucro líquido do exercício de 2004. Desse total serão deduzidos os R$ 750,00 (setecentos e cinqüenta reais) concedidos a titulo de antecipação em janeiro de 2005. Parágrafo 2° As Empresas que apresentarem prejuízo demonstrado no seu balanço anual encerrado em 31122004 estão isentas do pagamento da PLR prevista neste "caput". Primeiramente, entendo que a alegação do recorrente não merece prosperar. A convenção coletiva é específica para o PLR e identifica claramente o pagamento em janeiro de valor a título de antecipação do benefício, o que torna improcedente ora modificar sua natureza jurídica, seja para abono, gratificação ou outra espécie de verba. Inclusive tal alegação não se faz acompanhada de prova nesse sentido. Passo então a análise quanto a correspondência do programa de PLR à Lei nº 10.101/2000. Prevê a convenção coletiva que os segurados empregados terão direito a participação nos lucros ou resultados da empresa e o rateio será proporcional a remuneração de cada um, mas também com uma parcela fixa. Assim, o valor per capita corresponde 40% do saláriobase acrescido de R$ 304,00. Entendo que as parcelas fixas, que normalmente acompanham os programas de PLR em geral, têm por finalidade conciliar dois aspectos: o reconhecimento de que os cargos mais elevados na empresa mais contribuem para o cumprimento das metas e, por outro lado, minimizar esse efeito para os segurados empregados de menor renda. É que se fosse observado apenas o critério da proporcionalidade, os beneficiários na base da pirâmide salarial perceberiam valores irrisórios, o que prejudica o propósito da Lei nº 10.101/2000 no sentido de incentivar a produtividade dos trabalhadores. Então, o valor correspondente ao PLR é o discriminado acima. Acontece que a lei faculta a antecipação de parte do benefício, cuja única restrição é que os pagamentos não excedam a duas parcelas, seja no semestre ou no ano civil: Art.3o(...) ... §2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Observando o parágrafo primeiro da cláusula terceira da convenção coletiva, constatase que, de fato, o valor pago em janeiro é uma mera antecipação, já que ele é deduzido do valor do benefício, pago normalmente em julho do exercício seguinte à apuração. Como até Fl. 744DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14485.003262/200710 Acórdão n.º 2402004.478 S2C4T2 Fl. 737 17 o final de janeiro ainda não se tem o demonstrativo do resultado do exercício completo, o adiantamento não é apurado de acordo com a meta lucratividade. É certo, no entanto, que não ocorrendo o pagamento de PLR em julho, os valores adiantados desvinculados da lucratividade não atendem a Lei nº 10.101/2000 e devem ser descaracterizados como PLR. A própria convenção coletiva prevê que não haverá pagamento a título de PLR quando a empresa não apurar lucros ou não dispuser de recursos financeiros suficientes para o pagamento. A formalização propriamente dita do acordo como condição sine qua non para a demonstração de conhecimento prévio das metas se afasta do princípio da verdade material. As negociações não começam e terminam no mesmo dia, tratase de um acordo com reuniões sucessivas, quando propostas são rejeitadas e outras tantas aceitas. Essa é a natureza e características dos acordos trabalhistas de modo geral, amplamente discutidos e negociados entre as partes. Entendo forçosa a conclusão de que as metas não seriam do conhecimento dos empregados quando acordos anteriores já as previam. A fiscalização, embora tenha examinado todo o período desde 01/99 somente trouxe aos autos a convenção coletiva de PLR do exercício de 2004. Independente da data de assinatura do acordo, presumese que, salvo substancial revisão dos acordos anteriores, os termos acordados anteriormente sejam mantidos. Ressaltase também que consta dos autos declaração de funcionário da recorrente atestando a participação nas negociações para a fixação de metas e apuração de valores, fls. 491. Quanto aos pagamentos realizados a título de PLR, porém restrito aos segurados empregados de cargos mais elevados, diretoria e nível gerencial, a fiscalização entendeu pela incidência da contribuição previdenciária porque: a assinatura do instrumento de negociação ocorreu no mesmo ano de apuração; a recorrente não apresentou atas de reuniões de negociação e nem a eleição dos membros da comissão; não houve arquivamento do instrumento de negociação no sindicato; e a substituição de salários por PLR. Inicialmente, constatase que a própria convenção coletiva prevê a existência de programas próprios de PLR desde que assegurem ao menos os direitos nela reconhecidos. É que existe um número elevado de empresas de seguro e capitalização e com portes diferentes. Inclusive a mesma convenção coletiva prevê a possibilidade de que algumas empresas não disponham de recursos financeiros para pagamento do benefício pelos valores convencionados. No caso da recorrente, o benefício é mais amplo. Empregadores e comissão de empregados criaram um complemento para os diretores e gerentes. Portanto, a recorrente exerceu a faculdade prevista na convenção coletiva. Passo então ao exame dos requisitos supostamente não cumpridos. Quanto a assinatura do instrumento de negociação no mesmo exercício de apuração, já nos pronunciamos sobre essa questão quando do exame dos pagamentos com base na convenção coletiva. Quanto a comprovação da formação e participação da comissão de empregados, a própria fiscalização junta aos autos os regulamentos e atas de participação onde se constata a presença de todos os seus membros, fls. 57 e seguintes. Fl. 745DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 18 Quanto ao arquivamento no sindicato, em todos os regulamentos consta a assinatura do representante do sindicado, a quem é destinada uma das cópias do documento. Ressaltase também que o STJ tem mantido a imunidade sobre os valores a título de PLR ainda que o instrumento de negociação não seja arquivado no sindicato: REsp 865489 / RS RECURSO ESPECIAL 2006/00747495 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. CARACTERIZAÇÃO. MATÉRIA FÁTICO PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 07/STJ.PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. SÚMULA 07/STJ. 1. A isenção fiscal sobre os valores creditados a título de participação nos lucros ou resultados pressupõe a observância da legislação específica a que refere a Lei n.º 8.212/91. ... 5. O registro do acordo no sindicato é modo de comprovação dos termos da participação, possibilitando a exigência do cumprimento na participação dos lucros na forma acordada. 6. A ausência de homologação de acordo no sindicato, por si só, não descaracteriza a participação nos lucros da empresa a ensejar a incidência da contribuição previdenciária. 7. O Recurso Especial não é servil ao exame de questões que demandam o revolvimento do contexto fáticoprobatório dos autos, em face do óbice erigido pela Súmula 07/STJ. 8. In casu, o Tribunal local afastou a incidência da contribuição previdenciária sobre verba percebida a título de participação nos lucros da empresa, em virtude da existência de provas acerca da existência e manutenção de programa espontâneo de efetiva participação nos lucros da empresa por parte dos empregados no período pleiteado, vale dizer, à luz do contexto fáticoprobatório engendrado nos autos, consoante se infere do voto condutor do acórdão hostilizado, verbis: Quanto à suposta substituição do salário, iniciativa vedada pela Lei nº 10.101/2000, a fiscalização faz menção a existência de um expediente interno onde se evidenciaria uma política de incremento da participação nos resultados com redução das faixas de salários fixos para as novas contratações: No entanto, junto com os programas de PLRE, a empresa entregou um documento intitulado "Nova Política de Compensação Corpo Gerencial Itauseg, datado de setembro/2000, data em que começou a ser paga uma participação diferenciada para os Gerentes e demais Executivos. Neste documento, é apresentada uma proposta de incremento da participação nos resultados para todo o corpo gerencial, com redução das faixas de salários fixos, em parte devido às vantagens de não incidência de encargos sociais. Em razão disso, as novas contratações deveriam ser negociadas com base no ganho anual, já incluída a PLRE, visto que o salário fixo foi Fl. 746DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 14485.003262/200710 Acórdão n.º 2402004.478 S2C4T2 Fl. 738 19 diminuído, ao passo que as movimentações salariais deveriam preservar o salário fixo e incrementar a participação nos resultados. Ora, a lei proíbe a substituição do salário do segurado empregado já contratado por participação nos lucros ou resultados. Isso não inibe a liberdade da empresa de ajustar sua política de remuneração para as contratações futuras de acordo com a legislação em vigor: Art.3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. Em razão dos fundamentos que adoto voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 747DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 29/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 10380.019964/2008-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006
CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Se o Relatório Fiscal e as demais peças dos autos demonstram de forma clara e precisa a origem do lançamento, não há que se falar em nulidade pela falta de fundamentação dos fatos geradores incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados empregados.
ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP). LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EQUIPARADA À EMPRESA.
Nos termos da legislação previdenciária equipara-se à empresa, a cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade.
A qualificação como OSCIP, decorrente da Lei 9.790/1999, não substitui os procedimentos específicos necessários para considerar-se imune das contribuições patronais destinadas à Seguridade Social.
AFERIÇÃO INDIRETA (ARBITRAMENTO). PREVISÃO LEGAL.
Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Fisco pode, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputar devida, cabendo ao contribuinte o ônus da prova em contrário.
INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO.
Não cabe aos Órgãos Julgadores do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) afastar a aplicação da legislação tributária em vigor, nos termos do art. 62 do seu Regimento Interno.
É prerrogativa do Poder Judiciário, em regra, a argüição a respeito da constitucionalidade e não cabe ao julgador, no âmbito do contencioso administrativo, afastar aplicação de dispositivos legais vigentes no ordenamento jurídico pátrio sob o argumento de que seriam inconstitucionais.
JUROS(SELIC. MULTA. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE.
O sujeito passivo inadimplente tem que arcar com o ônus de sua mora, ou seja, os juros e a multa legalmente previstos.
Nos termos do enunciado no 4 de Súmula do CARF, é cabível a cobrança de juros de mora com base na taxa SELIC para débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal.
PRODUÇÃO DE PROVAS. DILIGÊNCIA FISCAL. DESNECESSÁRIA. OCORRÊNCIA PRECLUSÃO.
Quando considerá-lo prescindível e meramente protelatório, a autoridade julgadora deve indeferir o pedido de produção de prova por outros meios admitidos em direito.
A apresentação de elementos probatórios, inclusive provas documentais, no contencioso administrativo tributário, deve ser feita juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento, salvo se fundamentado nas hipóteses expressamente previstas.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.519
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Julio Cesar Vieira Gomes - Presidente
Ronaldo de Lima Macedo - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Ausente, temporariamente, o conselheiro Thiago Taborda Simões.
Nome do relator: RONALDO DE LIMA MACEDO
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AFERIÇÃO INDIRETA. SEGURADOS Recorrente ITS INSTITUTO TERRA SOCIAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006 CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Se o Relatório Fiscal e as demais peças dos autos demonstram de forma clara e precisa a origem do lançamento, não há que se falar em nulidade pela falta de fundamentação dos fatos geradores incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados empregados. ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP). LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EQUIPARADA À EMPRESA. Nos termos da legislação previdenciária equiparase à empresa, a cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade. A qualificação como OSCIP, decorrente da Lei 9.790/1999, não substitui os procedimentos específicos necessários para considerarse imune das contribuições patronais destinadas à Seguridade Social. AFERIÇÃO INDIRETA (ARBITRAMENTO). PREVISÃO LEGAL. Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Fisco pode, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputar devida, cabendo ao contribuinte o ônus da prova em contrário. INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. Não cabe aos Órgãos Julgadores do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) afastar a aplicação da legislação tributária em vigor, nos termos do art. 62 do seu Regimento Interno. É prerrogativa do Poder Judiciário, em regra, a argüição a respeito da constitucionalidade e não cabe ao julgador, no âmbito do contencioso AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 01 99 64 /2 00 8- 13 Fl. 191DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 administrativo, afastar aplicação de dispositivos legais vigentes no ordenamento jurídico pátrio sob o argumento de que seriam inconstitucionais. JUROS/SELIC. MULTA. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE. O sujeito passivo inadimplente tem que arcar com o ônus de sua mora, ou seja, os juros e a multa legalmente previstos. Nos termos do enunciado no 4 de Súmula do CARF, é cabível a cobrança de juros de mora com base na taxa SELIC para débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. PRODUÇÃO DE PROVAS. DILIGÊNCIA FISCAL. DESNECESSÁRIA. OCORRÊNCIA PRECLUSÃO. Quando considerálo prescindível e meramente protelatório, a autoridade julgadora deve indeferir o pedido de produção de prova por outros meios admitidos em direito. A apresentação de elementos probatórios, inclusive provas documentais, no contencioso administrativo tributário, deve ser feita juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento, salvo se fundamentado nas hipóteses expressamente previstas. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Julio Cesar Vieira Gomes Presidente Ronaldo de Lima Macedo Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Ausente, temporariamente, o conselheiro Thiago Taborda Simões. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de lançamento fiscal decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais, relativa à parcela desses segurados não descontada e não recolhida aos cofres públicos. O período de lançamento dos créditos previdenciários é de 01/2004 a 12/2006. O Relatório Fiscal (fls. 45/53) informa que os valores das contribuições foram apurados através de aferição indireta a partir das informações dos Registros de Empregados, informações das Declarações de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) das empresas tomadoras dos serviços prestados pelo contribuinte e dos valores pagos ao mesmo por Prefeituras Municipais a título de prestação de serviço declarados ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Esse Relatório informa que foi entregue a fiscalização, com exceção do Livro de Inspeção do Trabalho, apenas cópias dos documentos e uma declaração, onde estão citados documentos que não seriam entregues por não serem pertinentes às atividades da empresa. Com isso, apresentou os seguintes documentos: RAIS 2004 negativa; Livro de Inspeção do Trabalho (original); GFIP incompleta para o período fiscalizado em meio papel; Guias de Previdência Social (GPS); Registros de Empregados (01, 02, 03, 31 e 34); Folhas de Pagamento em meio papel das competências 01 a 12/2005, 1a parcela do 13° Sal/2005 e 01 a 12/2006, 1a e 2a parcelas, 13o sal/2006 (referente apenas à administração e às instituições tomadoras de serviço SECON Secretaria da Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado do Ceará e DNOCS). Ao questionar sobre os Livros contábeis de 2004 a 2006, folhas de pagamento de 2004 e os demais documentos solicitados, a auditoria fiscal foi informada que não existia mais nada relacionado à empresa. Por não ter a empresa apresentado todos os documentos solicitados, a fiscalização, no intuito de verificar a correção dos dados declarados em GFIP, utilizou além das cópias de documentos acima relacionados, as informações sobre a empresa nas seguintes fontes: DIRF existente no sistema da RFB (anocalendário 2005 e 2006); Estatuto Social e alterações (6o Ofício de Notas Cartório Melo Júnior); Relatórios do Sistema de Informações Municipais (SIM), enviados pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) por solicitação desta fiscalização; GFIP e GPS existentes no sistema da RFB e Relatórios gerados pelo sistema DATAPREV. Concluiu a auditoria fiscal que da análise desses documentos constatouse fatos que ensejaram a adoção dos termos previstos no art. 33, § 3o da Lei 8.212/1991. A auditoria fiscal destaca fatos geradores aferidos indiretamente não declarados em GFIP: (i) valores pagos a segurada empregada (Registro de Empregados), conforme planilha; (ii) valores pagos a contribuintes individuais (DIRF); (iii) valores pagos a segurados empregados (aferição por receita). Para melhor entendimento foram elaborados anexos: Anexo I Diferenças das remunerações pagas a segurados não declaradas em GFIP, constam os nomes dos segurados, competência e valor da remuneração, juntamente com os descontos realizados; Anexo II Total das diferenças das remunerações pagas a segurados não declaradas em GFIP, constam a totalização desses valores por competência; Anexo III Fl. 193DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 Valores pagos ao ITS por serviços prestados; Anexo IV Remuneração não declarada em GFIP calculada por aferição indireta com base nos valores pagos por serviços prestados. Esclarece que para o correto cálculo do débito, foi realizada apropriação dos valores recolhidos pela empresa em GPS frente aos valores declarados em GFIP. Por não haver informações da empresa, os demais levantamentos aqui relacionados não se sujeitaram à apropriação de GPS. A ciência do lançamento fiscal ao sujeito passivo deuse em 05/01/2009 (fls. 02 e 148). A autuada apresentou impugnação tempestiva (fls. 123/145), alegando, em síntese, que: 1. torne insubsistente os lançamentos por absoluta falta de fundamentação, de vez que inexistiu o detalhamento devido e necessário no relatório fiscal, com prejuízo ao oferecimento da defesa, para que outro seja produzido ao amparo da lei e que possa oferecer condições de defesa; 2. caso não se acolha a pretensão anterior, reconheçase a absoluta impossibilidade de incidência de contribuição previdenciária sobre os contratos de parcerias com as empresas e órgãos públicos, excluindo os do lançamento os valores lançados no auto de infração; 3. excluir a taxa SELIC da composição da dívida, fazendose substituir pelo INPC mais juros de 1%; 4. sejam compensados os valores recolhidos, incidentes sobre as remunerações relativas aos primeiros quinze dias de auxílio doença, permitindose que sejam excluídas as deduções legais das bases de cálculo aferidas; 5. requer, por fim, a produção no decorrer processual de todas as demais provas possíveis e permitidas em direito, inclusive juntadas de documentos novos e, principalmente, perícia, no sentido de aferir se os cálculos estão corretos. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Juiz de Fora/MG – por meio do Acórdão n° 0934.884 da 5a Turma da DRJ/JFA (fls. 153/161) – considerou o lançamento fiscal procedente em sua totalidade, eis que ele encontrase revestido das formalidades legais, tendo sido lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto. A Notificada apresentou recurso voluntário manifestando seu inconformismo pela obrigatoriedade do recolhimento dos valores lançados e no mais efetua repetição das alegações da peça de impugnação. A Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF) em Fortaleza/CE encaminha os autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para processo e julgamento. É o relatório. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, Relator Recurso tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto. A Recorrente alega que não consta no lançamento fiscal a necessária e adequada descrição dos fatos e motivação da autuação, existindo dúvidas quanto ao lançamento, o qual, diante de tais irregularidades, deve ser declarado nulo. Tal alegação não será acatada, pois os elementos probatórios que compõem os autos são suficientes para a perfeita compreensão do fato gerador das contribuições sociais lançadas, que foram as relativas à contribuição previdenciária não descontada dos segurados empregados e contribuintes individuais. Os valores das contribuições sociais previdenciárias decorrem das remunerações pagas ou creditadas aos segurados empregados e contribuintes individuais, e foram devidamente delineados nos seguintes anexos: 1. Anexo I Diferenças das remunerações pagas a segurados não declaradas em GFIP, constam os nomes dos segurados, competência e valor da remuneração, juntamente com os descontos realizados; 2. Anexo II Total das diferenças das remunerações pagas a segurados não declaradas em GFIP, constam a totalização desses valores por competência; 3. Anexo III Valores pagos ao ITS por serviços prestados; 4. Anexo IV Remuneração não declarada em GFIP calculada por aferição indireta com base nos valores pagos por serviços prestados. Verificase ainda que o lançamento fiscal ora analisado atende aos pressupostos essenciais para sua lavratura, contendo de forma clara os elementos necessários para a sua configuração e caracterização. Com isso, não há que se falar em vícios no lançamento fiscal, eis que estão estabelecidos de forma transparente nos autos (fls. 01/145) todos os seus requisitos legais, conforme preconizam o art. 142 do CTN e o art. 10 do Decreto 70.235/1972, tais como: local e data da lavratura; caracterização da ocorrência da situação fática da obrigação tributária (fato gerador); determinação da matéria tributável; montante da contribuição previdenciária devida; identificação do sujeito passivo; determinação da exigência tributária e intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 dias; disposição legal infringida e aplicação das penalidades cabíveis; dentre outros. Lei 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido Fl. 195DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Nesse mesmo sentido dispõe o art. 10 do Decreto 70.235/1972: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O Relatório Fiscal (fls. 45/53) e seus anexos (fls. 01/44 e 54/120) são suficientemente claros e relacionam os dispositivos legais aplicados ao lançamento fiscal ora analisado, bem como descriminam o fato gerador da contribuição devida. A fundamentação legal aplicada encontrase no Relatório de Fundamentos Legais do Débito FLD, que contém todos os dispositivos legais por assunto e competência. Há o Discriminativo Analítico de Débito (DAD), que contém todas as contribuições sociais devidas, de forma clara e precisa (fls. 02/20). Ademais, constam outros relatórios que complementam essas informações, tais como: Relatório de Lançamentos (RL); Relatório de Documentos Apresentados (RDA); Anexos I a IV; dentre outros. Esses documentos, somados entre si, permitem a completa verificação dos valores e cálculos utilizados na constituição do crédito tributário. Além disso – nos Termos de Intimação Fiscal (TIF) e no Termo de Encerramento do Procedimento Fiscal (TEPF) –, todos assinados por representantes da empresa, constam a documentação utilizada para caracterizar e concretizar a hipótese fática do fato gerador das contribuições lançadas e a informação de que o sujeito passivo recebeu toda a documentação utilizada para caracterizar os valores lançados no presente lançamento fiscal. Posteriormente, isso foi confirmado pelo Relatório Fiscal de fls. 45/53. Com isso, ao contrário do que afirma a Recorrente, o lançamento fiscal foi lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria, tendo o agente fiscal demonstrado, de forma clara e precisa, a ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados, fazendo constar nos relatórios que o compõem (fls. 01/120) os fundamentos legais que amparam o procedimento adotado e as rubricas lançadas. Logo, essas alegações da Recorrente de nulidade do lançamento fiscal são genéricas, ineficientes e inócuas, não se permitindo configurar qualquer nulidade e não serão acatadas. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 5 7 Com relação à alegação de que a Recorrente é uma associação de pessoas físicas sem fins lucrativos e, por conseqüência, não estaria sujeita ao recolhimento de contribuição previdenciária prevista na Lei 8.212/91, porquanto este dispositivo se direcionaria exclusivamente a empresas, cumpre esclarecer que esse fato não a dispensa do cumprimento da obrigação tributária principal. Isso está em consonância com o art. 15, parágrafo único, da Lei 8.212/91, que dispõe: Art. 15. Considerase: I empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; II empregador doméstico a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. Parágrafo único. Equiparase a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação dada pela Lei 9.876, de 26/11/99) (g.n.) De mais a mais, a alegação da Recorrente de que, em decorrência de ser uma associação, qualificada pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), figura jurídica introduzida pela Lei 9.790/1999, seria inexigível a contribuição previdenciária lançada, também não será acatada, eis que, no âmbito da legislação previdenciária, tal entidade não goza de qualquer benefício ou renúncia fiscal. É oportuno esclarecer que a qualificação da Recorrente como OSCIP, conforme Lei 9.790/1999, automaticamente não lhe enquadra como uma entidade beneficente de assistência social e, por consectário lógico, ela não se enquadra no gozo da imunidade condicionada prevista no art. 195, § 7°, da Constituição Federal, já que não constam dos autos elementos ou documentos que comprovem ser a Recorrente uma entidade beneficente de assistencial social. Portanto, a Recorrente, na qualidade de equiparada à empresa, deixou de cumprir obrigação principal estabelecida na Lei 8.212/91, e, como contratante de segurados obrigatórios do RGPS, ficou diretamente sujeita à contribuição previdenciária devida à Seguridade Social. A Recorrente alega revisão ou cancelamento do lançamento fiscal, pois apresentou todas informações possíveis, não incorrendo em negativa de cumprir qualquer determinação feita pelo Fisco, não sendo cabível o arbitramento efetuado. Tal alegação é infundada, eis que o Fisco cumpriu a legislação de regência, ensejando o lançamento de ofício, com a utilização da base de cálculo decorrente de aferição indireta. Esta decorre de um ato necessário e devidamente motivado, conforme registro no Relatório Fiscal – itens “10” a “23” (fls. 49/54, processo 10380.019965/200868) –, visto que a Fl. 197DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 auditoria fiscal demonstrou que ocorreu recusa ou sonegação de documentos ou informações, ou sua apresentação foi deficiente. Essa demonstração da recusa de apresentação de documentos ou informações, ou a sua apresentação deficiente, ficou assentada no Relatório Fiscal nos seguintes termos (fls. 48/56, processo 10380.019965/200868): “[...] DOS FATOS E DA ORIGEM DO DÉBITO 10. Sobre o desenvolvimento da ação fiscal e os fatos que deram origem ao levantamento do débito, cumpre informar que: 10.1 Após o prazo fixado em TIAF para a entrega dos documentos sem que a empresa o houvesse atendido ou se manifestado, a fiscalização compareceu no endereço tributário do contribuinte cadastrado na RFB, sendo atendida pelas funcionárias Sras. Maria Lucineide Pereira, CPF: 273.267.498 25, recepcionista, e Raquel Barroso da Silveira, CPF: 656.645.90300, auxiliar administrativa. As mesmas informaram que o Sr. Felipe Cavalcanti de Menezes Mota, CPF: 985.458.68391, Presidente Executivo do ITS, já estava ciente da ação fiscal e que havia solicitado a Sra. Maria Gorete Coelho de Souza, CPF: 209.292.85115, auxiliar contábil do escritório PLENA CONTABILIDADE, Telefone:(85) 3252 4543, que presta serviço ao ITS, para providenciar os documentos. 10.2 Posteriormente, fomos procurados pela Sra. Gorete, que nos entregou, exceto pelo Livro de Inspeção do Trabalho, apenas cópias dos documentos abaixo relacionados e uma declaração assinada pela Sra. Raquel, onde constam alguns documentos que não seriam entregues por não serem pertinentes às atividades da empresa. Foi questionado sobre os Livros contábeis de 2004 a 2006, folhas de pagamento de 2004 e os demais documentos solicitados, a mesma informou que não existe mais nada relacionado à empresa. • RA1S2004 – negativa; • LIVRO DE INSPEÇÃO DO TRABALHO (ORIGINAL); • GIPF's INCOMPLETAS PARA O PERÍODO FISCALIZADO EM MEIO PAPEL; • GPS; • REGISTROS DE EMPREGADOS DE No. 01, 02, 03, 31 e 34; • FOLHAS DE PAGAMENTO EM MEIO PAPEL DAS COMPETÊNCIAS 01 a 12/2005, 1a a PARCELA DO 13° Sal/2005 E 01 a 12/2006, 1a e 2a PARCELAS 13° SAL/2006 (em anexo por amostragem); (...) 12. Por não ter a empresa apresentado todos os documentos solicitados, a fiscalização, no intuito de verificar a correção dos dados declarados em GFIP, utilizou, além das cópias dos documentos entregues, as informações sobre a empresa nas seguintes fontes: Fl. 198DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 6 9 • DIRF existente no sistema da RFB(anocalendário 2005 e 2006); • Estatuto Social e alterações posteriores, obtidos por esta fiscalização através de solicitação ao 6o Ofício de Notas Cartório Melo Júnior (em anexo); • Relatórios do Sistema de Informações Municipais SIM, enviados pelo Tribunal de Contas dos Municípios – TCM por solicitação desta fiscalização (cópias por amostragem em anexo); • Guias do Fundo de Garantia e Informações a Previdência Social GFIP existentes no sistema da RFB; • GPS existentes no sistema da RFB; e • Relatórios gerados pelo sistema DATAPREV. (...) 14. Assim, a fiscalização entende que tais fatos ensejam a adoção dos termos previstos no art. 33, § 3° da Lei 8.212/91 e nos artigos relacionados à aferição indireta previstos na IN MPS/SRP N° 3, de 04 de julho de 2005, in verbis. [...]” Nesses itens “10” a “14”, constatase que é incontroverso que os documentos em questão não foram apresentados à Fiscalização ou sua apresentação foi deficiente, a teor do contido nos §§ 1°, 3° e 6° do art. 33 da Lei 8.212/1991. Isso ensejou a lavratura do presente Auto de Infração pelas seguintes razões apontadas no Relatório Fiscal: 1. as folhas de pagamento entregues não abrangem todo o período fiscalizado, nem todas as competências em que auferiu receita por serviços prestados e existência de segurados empregados que não constam em GFIP; 2. de acordo com os dados declarados na DIRF, existem valores pagos a segurados contribuintes individuais que não foram declarados em GFIP; 3. conforme os relatórios do Sistema de Informações Municipais (SIM), constam prefeituras municipais, relacionadas em planilha, que tomaram serviços do ITS durante os anos de 2004, 2005 e 2006. Além disso, os empenhos realizados para o pagamento desses serviços descrevem em seus históricos diversos tipos de serviços prestados nas áreas de saúde, ensino e desporto, dentre outras; 4. conforme relatórios da DIRF, constam instituições, relacionadas em planilha, que houve pagamento por serviços prestados ao ITS durante os anos de 2004, 2005 e 2006; 5. declarou GFIP sem movimento nas competências 03/2004, 06/2004 e 12/2004, apesar de auferir receitas (realizados pagamentos pelas Fl. 199DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 Prefeituras de Camocim, Cascavel, Fortaleza e SEBRAE), conforme dados do sistema DATAPREV – relatório CCORGFIP; 6. os relatórios do SIM e DIRF demonstram prestação de serviços a 46 instituições diferentes; a média de segurados para fazer frente aos serviços prestados, no entender da fiscalização, não condiz com a possibilidade de suas execuções; elabora quadro demonstrando por competência, as receitas por serviços prestados, números e categorias de segurados declarados em GFIP e a média, no período de 2004 a 2006; 7. não houve declaração de GFIP na competência 13/2006, apesar de remunerações terem sido pagas a segurados empregados e declaradas em folha de pagamento. A existência de GFIP (01/2004, 07/2004 a 11/2004 e 11/2005) sem que tenha sido declarado qualquer segurado empregado, constando apenas contribuintes individuais. Valores pagos a segurados empregados (GFIP 2004 a 2006), correspondente à mão de obra, representam apenas 2,20% do total dos valores pagos conhecidos por serviços prestados pelo ITS; mesmo somando os valores pagos aos contribuintes individuais, o percentual corresponde à mão de obra de 3,40% sobre a receita auferida; 8. a omissão da empresa fiscalizada, que não demonstrou, através de lançamentos contábeis e folhas de pagamento, a possibilidade de serem executados com um custo de mão de obra tão reduzido, se considerar que a média deste custo nas empresas prestadoras de serviços é de 40% da receita bruta auferida. Logo, a contribuição social previdenciária apurada pela técnica de aferição indireta é adequada, razoável e proporcional, não merecendo ser reformada. Além disso, a Recorrente não apresentou qualquer elemento probatório de que suas alegações sejam verdadeiras. Assim, o lançamento fiscal ora analisado está amparado no art. 33, §§ 3° e 6°, da Lei 8.212/1991 e no art. 148 do CTN, encontrandose lavrado dentro da legalidade. Lei 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. ......................................................................................................... Lei 8.212/1991: Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao Fl. 200DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 7 11 recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o. É prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio dos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, o exame da contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o. A empresa, o segurado da Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contribuições previstas nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o. Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (...) § 6° Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. (g.n.) Com efeito, vêse que a eficácia probatória das cópias dos documentos contábeis apresentados, bem como as informações constantes dos sistemas informatizados do Fisco, analisados pela auditoria fiscal, operase contra a Recorrente, eis que esses documentos cotejados entre a folha de pagamento e as declarações prestadas pela própria empresa nos relatórios do Sistema de Informações Municipais (SIM) – os quais constam prefeituras municipais que tomaram serviços da Recorrente durante os anos de 2004, 2005 e 2006 –, conforme demonstrativo elaborado pela autoridade lançadora nos Anexos I a IV, ensejaram a constatação que a sua contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço e, por consectário lógico, a utilização do procedimento de aferição indireta. Nada impediria, todavia, que a Recorrente demonstrasse, por outros meios probatórios, que os seus lançamentos constantes da sua escrituração, que lhe é desfavorável, são equivocados, o que não foi demonstrado em nenhum momento, seja na peça de impugnação (fls. 123/145), seja na peça recursal. Nesse caminhar, a alegação da Recorrente para que sejam compensados os valores recolhidos sobre as remunerações relativas aos primeiros quinze dias de auxílio doença também não será acatada, eis que os valores apurados no presente processo foram oriundos da Fl. 201DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 12 técnica de aferição indireta, sendo que a base de cálculo decorre de uma aproximação da remuneração pagas aos segurados, e a legislação não permite tal compensação, nos termos do art. 89 c/c no art. 33, §§ 3° e 6°, ambos da Lei 8.212/1991. Além disso, todos os valores recolhidos pela Recorrente por meio de GPS foram devidamente apropriados no presente lançamento fiscal. Portanto, o procedimento de aferição indireta utilizado pela auditoria fiscal, para a apuração da contribuição previdenciária, foi corretamente aplicado, pois a auditoria fiscal demonstrou que ocorreu recusa ou sonegação de documentos ou informações, ou sua apresentação foi deficiente, podendo o Fisco inscrever de ofício importância que reputar devida, cabendo ao contribuinte o ônus da prova em contrário. No que tange à arguição de inconstitucionalidade, ou ilegalidade, de legislação previdenciária que dispõe sobre a utilização taxa de juros (taxa SELIC), frise se que incabível seria sua análise na esfera administrativa. Não pode a autoridade administrativa recusarse a cumprir norma cuja constitucionalidade vem sendo questionada, razão pela qual são aplicáveis as normas reguladas na Lei 8.212/1991. Isso está em consonância com o Enunciado nº 2 de Súmula do CARF: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Esclarecemos que foi correta a aplicação do índice pelo Fisco, pois o art. 144 do CTN dispõe que o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária e regese pela lei então vigente, ainda que modificada ou revogada, e a cobrança de juros (taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC) estava prevista em lei específica da previdência social, art. 341 da Lei 8.212/1991. Nesse sentido já se posicionou o STJ no Recurso Especial n° 475904, publicado no DJ em 12/05/2003, cujo relator foi o Min. José Delgado: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CDA. VALIDADE. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 07/STJ. COBRANÇA DE JUROS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. A averiguação do cumprimento dos requisitos essenciais de validade da CDA importa o revolvimento de matéria probatória, situação inadmissível em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 07/STJ. No caso de execução de dívida fiscal, os juros possuem a função de compensar o Estado pelo tributo não recebido tempestivamente. Os juros incidentes pela Taxa SELIC estão previstos em lei. São aplicáveis legalmente, portanto. Não há confronto com o art. 161, § 1º, do CTN. A aplicação de tal Taxa já está consagrada por esta Corte, e é devida a partir da sua instituição, isto é, 1º/01/1996 (REsp 439256/MG). Recurso especial parcialmente conhecido, e na parte conhecida, desprovido. A propósito, convém mencionar que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) uniformizou a jurisprudência administrativa sobre a matéria por meio do 1 Art. 34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de CustódiaSELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. (Artigo restabelecido, com nova redação dada e parágrafo único acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Parágrafo único. O percentual dos juros moratórios relativos aos meses de vencimentos ou pagamentos das contribuições corresponderá a um por cento. Fl. 202DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 8 13 enunciado da Súmula nº 4 (Portaria MF no 383, publicada no DOU de 14/07/2010), nos seguintes termos: Súmula CARF nº 4: A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. Não tendo o contribuinte recolhido à contribuição previdenciária em época própria, tem por obrigação arcar com o ônus de seu inadimplemento. Caso não se fizesse tal exigência, poderseia questionar a violação ao principio da isonomia, por haver tratamento similar entre o contribuinte que cumprira em dia com suas obrigações fiscais, com aqueles que não recolheram no prazo fixado pela legislação. Dessa forma, não há que se falar em ilegalidade de cobrança de juros, estando os valores descritos no lançamento fiscal, em consonância com o prescrito pela legislação previdenciária, eis que o art. 34 da Lei 8.212/1991 dispunha que as contribuições sociais não recolhidas à época própria ficavam sujeitas aos juros SELIC e multa de mora, todos de caráter irrelevável. Isso está em consonância com o próprio art. 161, § 1°, do CTN2, pois havendo legislação especifica dispondo de modo diverso, abrese a possibilidade de que seja aplicada outra taxa e, no caso das contribuições previdenciárias pagas com atraso, a taxa utilizada é a SELIC. O disposto no art. 161 do CTN não estabelece norma geral em matéria de legislação tributária. Portanto, sendo materialmente lei ordinária pode ser alterado por outra lei de igual status, não havendo necessidade de lei complementar. Ainda, conforme estabelecia os arts. 34 e 353 da Lei 8.212/1991, sem as alterações da Lei 11.941/2009, a multa de mora é bem aplicável pelo não recolhimento em 2 Lei 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º. Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. 3 Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99) (...) II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). (...) § 4º Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.876/99) Fl. 203DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 14 época própria das contribuições previdenciárias. Além disso, o art. 136 do CTN descreve que a responsabilidade pela infração independe da intenção do agente ou do responsável, e da natureza e extensão dos efeitos do ato. Dessa forma, não há que se falar em ilegalidade de cobrança da multa, estando os valores descritos no lançamento fiscal, bem como os seus fundamentos legais, em consonância com o prescrito pela legislação previdenciária. A Recorrente também insiste na realização de produção de prova por todos os meios admitidos em direito, inclusive solicita realização de diligência fiscal, afirmando que isso prejudicaria o seu direito da ampla defesa e do devido processo legal. Essa tese também não prospera, eis que o deferimento de produção de prova requerida pela Recorrente depende de demonstração das circunstâncias que a motiva. Assim, a diligência fiscal e outros meios de prova admitidos em direito só deverão ser concedidos com fundamento nas causas que justifiquem a sua imprescindibilidade, pois essas provas só têm sentido na busca da verdade material. Logo, somente é justificável o deferimento de outros meios de prova admitidos em direito – tais como a prova testemunhal ou diligência fiscal – quando não se referir a matéria fática documental não posta nos autos, ou assunto de natureza técnica, que tenha utilidade probatória, relacionada ao objeto que cuida o processo, ou cuja comprovação não possa ser feita no corpo dos autos. Por conseguinte, revelase prescindível a diligência solicitada pela Recorrente que não tenha nenhuma utilidade, eis que não se relaciona com o processo ou sobre aspecto que pode ser facilmente esclarecido nos autos, como as matérias constantes das alegações apresentadas pela Recorrente. Ademais, verificase que – para apreciar e prolatar a decisão de provimento, ou não, do recurso voluntário ora analisado – não existem dúvidas a serem sanadas, já que o lançamento fiscal com seus anexos (fls. 01/230) contém de forma clara os elementos necessários para a sua configuração. Logo, não há que se falar em produção de prova por outros meios admitidos em direito, nem na produção de prova pericial, testemunhal ou diligência. Dessa forma, a realização de diligência não é necessária para a deslinde do caso analisado no momento. Nesse sentido, os arts. 18 e 29, ambos do Decreto 70.235/1972, estabelecem: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine. (...) Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Por fim, registramos que, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/1972 – na redação dada pela Lei 9.532/1997 –, considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada na sua peça de impugnação ou na sua peça recursal, in verbis: Fl. 204DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 9 15 Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pelo art. 67 da Lei n.° 9.532/1997). Assim, indeferese o pedido de produção de prova por outros meios admitidos em direito, inclusive a solicitação de diligencia, por considerálo prescindível e meramente protelatório. Por fim, pela apreciação do processo e das alegações da Recorrente, não encontramos motivos para decretar a nulidade nem a modificação do lançamento ou da decisão de primeira instância, eis que o lançamento fiscal e a decisão encontramse revestidos das formalidades legais, tendo sido lavrados de acordo com o arcabouço jurídicotributário vigente à época da sua lavratura. CONCLUSÃO: Voto no sentido de CONHECER do recurso e NEGARLHE PROVIMENTO, nos termos do voto. Ronaldo de Lima Macedo. Fl. 205DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 16327.721151/2013-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/01/2008
DECADÊNCIA.
O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional - CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplica-se o artigo 150, §4°; caso contrário, aplica-se o disposto no artigo 173, I. Entende-se como pagamento parcial o recolhimento da contribuição previdenciária sobre outras parcelas remuneratórias que compõem a folha de pagamento da empresa (Súmula CARF nº 99).
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS.
Uma vez que os segurados tinham prévio conhecimento das metas e demais requisitos durante parte do período de apuração para o benefício, a data de assinatura do acordo não é motivo para se afastar a imunidade de contribuição previdenciária sobre a participação nos lucros ou resultados da empresa.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.451
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
Julio Cesar Vieira Gomes Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Daniele Souto Rodrigues Amadio. Ausente o Conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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CORRETORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/01/2008 DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplicase o artigo 150, §4°; caso contrário, aplicase o disposto no artigo 173, I. Entendese como pagamento parcial o recolhimento da contribuição previdenciária sobre outras parcelas remuneratórias que compõem a folha de pagamento da empresa (Súmula CARF nº 99). PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. Uma vez que os segurados tinham prévio conhecimento das metas e demais requisitos durante parte do período de apuração para o benefício, a data de assinatura do acordo não é motivo para se afastar a imunidade de contribuição previdenciária sobre a participação nos lucros ou resultados da empresa. Recurso Voluntário Provido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 11 51 /2 01 3- 85 Fl. 328DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Julio Cesar Vieira Gomes – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Daniele Souto Rodrigues Amadio. Ausente o Conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 329DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 16327.721151/201385 Acórdão n.º 2402004.451 S2C4T2 Fl. 329 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente o lançamento fiscal de 14/102013 de contribuições previdenciárias sobre participação nos lucros e resultados da empresa. Seguem transcrições de trechos da decisão recorrida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/01/2008 CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. REMUNERAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. São devidas as contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados que prestam serviços à empresa. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. DESCARACTERIZAÇÃO. Acordo para pagamento de PLR firmado em período posterior ao período em que será feita a avaliação do desempenho retira a característica de estímulo e, por conseguinte, de incentivo a produtividade, objetivo da Lei n.º 10.101/2000, explicita no art. 1º. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/01/2008 a 31/01/2008 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DESTINADAS À OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS (TERCEIROS). INCIDÊNCIA. Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil a arrecadação e fiscalização das contribuições devidas a Terceiros (Entidades e Fundos), conforme preconiza o art. 3º, da Lei n.º 11.457, de 2007. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/01/2008 DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE N.º 8 DO STF. CONTAGEM DO PRAZO. NOTA TÉCNICA PGFN/CAT N.º 856/2008. INOCORRÊNCIA. É inconstitucional o art. 45 da Lei n.º 8.212, de 1991, consoante entendimento esposado pela Súmula Vinculante n.º 8 do Supremo Tribunal Federal, publicada no DOU de 20/06/2008. Para as contribuições previdenciárias o prazo de decadência qüinqüenal para o lançamento de ofício da diferença não paga é Fl. 330DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 contado, no caso de inexistência de recolhimento, com base no art. 173, inciso I, do CTN. Nos termos da Nota Técnica PGFN/CAT n.º 856, de 01 de setembro de 2008, para a contagem do prazo decadencial em relação a descumprimento de obrigações acessórias deve ser utilizado o art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/01/2008 GFIP. DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Constitui infração à Lei n.º 8.212, de 24 de julho de 1991, artigo 32, inciso IV, acrescentado pela Lei n.º 9.528, de 10 de dezembro de 1997, a empresa apresentar Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. MULTA. Na lavratura de Auto de Infração após a edição da MP n.º 449/2008, referente a infrações ocorridas até 3/12/2008, em respeito ao art. 106, inciso II, “c”, do CTN, deve ser confrontado o valor da multa, calculado na sistemática antiga (art. 32, §5º, da Lei n.º 8.212/91), em vigor à época da infração, com o valor da penalidade calculado na forma estabelecida pela MP n.º 449/2008 (art. 32A, inciso I, §§2º e 3º, da Lei n.º 8.212/91), Aplicandose a multa menos gravosa. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido ... A empresa distribuiu lucros através do Acordo de Participação em Lucros ou Resultados 2007/ 2008. A participação nos lucros dos empregados foi distribuída nos anos de 2008 e 2009. O acordo de Participação em Lucros e Resultados (PLR) 2007/2008 e seu Anexo I foram assinados entre a autuada de um lado e o Sindicato dos Empregados em Empresas de Seguros Privados e Capitalização e de Crédito e em Empresas de Previdência Privada do Estado de São Paulo do outro, com vigência de 1/1/2007 a 31/12/2008, conforme cláusula nona. A data de assinatura é 27/12/2007. ... Portanto o lucro distribuído segundo o Acordo de Participação em Lucros ou Resultados referente ao ano de 2007 e pago ou creditado em 2008 não está em acordo com a legislação e integra o salário de contribuição previdenciária. Fl. 331DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 16327.721151/201385 Acórdão n.º 2402004.451 S2C4T2 Fl. 330 5 ... PP – Participação nos Lucros ou Resultados PR que contém o lançamento, do valor pago e/ou creditado a título de PLR aos empregados na competência de 1/2008. O motivo para a incidência da contribuição é que o acordo com vigência de 01/01/2007 a 31/12/2008, com pagamento do PLR em 01/2008, foi assinado em 27/12/2007; portanto, . Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, onde reitera as alegações trazidas na impugnação: Da prejudicial de decadência. Em 15/10/2013 a fiscalização decaiu do direito de lançar os créditos tributários referentes ao período de 1/2008, pois decorridos mais de 5 anos entre o suposto fato gerador da obrigação tributária e a data da lavratura dos autos de infração, nos termos do art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional (CTN). ... Conseqüentemente, considerando que estão decaídas as contribuições relativas ao período de janeiro de 2008, temse que a Fiscalização igualmente decaiu do direito de exigir qualquer penalidade por falta de declaração em GFIP do suposto fato gerador daquelas contribuições. Portanto, a Fiscalização também decaiu do direito de exigir multa decorrente de suposta omissão em GFIP de fato gerador relativo ao período de janeiro de 2008, razão por que o AI n.° 37.355.9658 deve ser cancelado. ... Ainda que superado o argumento acima, o pagamento de PLR efetuado aos empregados da impugnante em 1/2008 está de acordo com a Lei n.° 10.101/00 e, conseqüentemente, não se sujeita à incidência das contribuições nem deve ser informado em GFIP. Caso todos os argumentos acima sejam ultrapassados, o que a impugnante também admite para fins de argumentação, e considerando o disposto no art. 106, II, alínea c, do CTN, que impõe a aplicação retroativa de lei que comina penalidade menos gravosa ao contribuinte: a multa de mora exigida pelos Autos de Infração n.°s 37.355.9666 e 37.355.9674 deve ser reduzida e ficar limitada ao percentual de 20%, nos termos do art. 35 da Lei n.° 8.212/91, com a redação dada pela Lei n.° 11.941, de 27/5/2009; e a multa isolada exigida pelo Auto de Infração n.° 37.355.9658 deve ser reduzida a R$ 20,00 para cada grupo de dez informações supostamente omitidas, observado o valor mínimo Fl. 332DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 de R$500,00 (quinhentos reais) por mês, nos termos do art. 32A, II; §3º, inciso II, da Lei n.° 8.212/91, com a redação dada pela Lei n.° 11.941/09. E ainda que: a) a apuração do cumprimento de metas para o PLR não se limita ao período de 2007, mas ao biênio 2007/2008; logo, a assinatura em 27/12/2007 ocorreu durante o período de apuração das metas. A fiscalização não exigiu contribuição previdenciária sobre o pagamento realizado em 2009; b) a nota COSIT nº 426, de 02/12/2011 admite a comprovação de fixação de metas antes da execução do acordo por outros documentos, a despeito da assinatura em data posterior. Assim, junta correspondência de 30/03/2007 demonstrando o conhecimento pelos empregados das metas fixadas previamente à assinatura do acordo; e c) a jurisprudência das turmas do CARF e da CSRF acolheu a tese do recorrente; É o Relatório. Fl. 333DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 16327.721151/201385 Acórdão n.º 2402004.451 S2C4T2 Fl. 331 7 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Redator designado Decadência Nas sessões plenárias dos dias 11 e 12/06/2008, respectivamente, o Supremo Tribunal Federal STF, por unanimidade, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91 e editou a Súmula Vinculante n° 08. Seguem transcrições: Parte final do voto proferido pelo Exmo Senhor Ministro Gilmar Mendes, Relator: Resultam inconstitucionais, portanto, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91 e o parágrafo único do art.5º do Decretolei n° 1.569/77, que versando sobre normas gerais de Direito Tributário, invadiram conteúdo material sob a reserva constitucional de lei complementar. Sendo inconstitucionais os dispositivos, mantémse hígida a legislação anterior, com seus prazos qüinqüenais de prescrição e decadência e regras de fluência, que não acolhem a hipótese de suspensão da prescrição durante o arquivamento administrativo das execuções de pequeno valor, o que equivale a assentar que, como os demais tributos, as contribuições de Seguridade Social sujeitamse, entre outros, aos artigos 150, § 4º, 173 e 174 do CTN. Diante do exposto, conheço dos Recursos Extraordinários e lhes nego provimento, para confirmar a proclamada inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, por violação do art. 146, III, b, da Constituição, e do parágrafo único do art. 5º do Decretolei n° 1.569/77, frente ao § 1º do art. 18 da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional 01/69. É como voto. Súmula Vinculante n° 08: “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Os efeitos da Súmula Vinculante são previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n° 11.417, de 19/12/2006, in verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa Fl. 334DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Lei n° 11.417, de 19/12/2006: Regulamenta o art. 103A da Constituição Federal e altera a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal, e dá outras providências. ... Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Afastado por inconstitucionalidade o artigo 45 da Lei n° 8.212/91, resta verificar qual regra de decadência prevista no Código Tributário Nacional CTN se aplicar ao caso concreto. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da imprescindibilidade de pagamento parcial do tributo para que seja aplicada a regra decadencial do artigo 150, §4° do CTN; caso contrário, aplicase o artigo 173, I do CTN que transfere o termo a quo de contagem para o exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. Também atribuiu status de repetitivos a todos os processos que se encontram tramitando sobre a matéria. E, por força do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009, a decisão deve ser reproduzida nas turmas deste Conselho. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Este CARF sumulou o entendimento acerca do que se entende por pagamento parcial. De acordo com a Súmula nº 99, considerase que houve pagamento parcial quando os recolhimentos efetuados não se refiram à parcela remuneratória objeto do lançamento: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as Fl. 335DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 16327.721151/201385 Acórdão n.º 2402004.451 S2C4T2 Fl. 332 9 contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Assim, considerando o presente caso, deve ser aplicada a regra no artigo 150, §4º do CTN para os lançamentos de obrigações principais. No caso das autuações por descumprimento de obrigações acessórias, por não se tratar de lançamento por homologação mas de ofício, aplicase a regra do artigo 173, I do CTN. Assim, reconheço a decadência total para os AIOP 37.355.9666 e AIOP 37.355.9674. Quanto ao AIOA 37.355.9658 passo ao exame de mérito. No mérito Participação nos lucros e resultados A participação do trabalhador nos lucros e resultados da empresa é um marco histórico dos direitos trabalhistas. Com todas as conquistas: saláriomínimo, limitação da jornada de trabalho, proteção contra a demissão sem justa causa, férias, descanso semanal remunerado, apenas para mencionar algumas, ainda assim capital e trabalho se opunham, um ao outro, como realidades inconciliáveis. Foi com a Constituição Federal que se abriu a possibilidade de o trabalhador auferir parte do resultado de sua força laboral entregue à empresa. No artigo 7º, Inciso XI, junto com outros direitos sociais do trabalhador está a participação nos lucros ou resultados, desvinculada da remuneração; portanto, tratase imunidade tributária: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Entretanto, apenas com a Medida Provisória nº 794, de 22/12/94, convertida na Lei nº 10.101, de 19/12/2000, a matéria foi regulamentada: Art.1oEsta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. a) Finalidades: integração entre capital e trabalho; e ganho de produtividade. Fl. 336DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 Art.2oA participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. §1oDos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. b) Negociação entre empresa e empregados, através de acordo coletivo ou comissão de trabalhadores. No instrumento de negociação devem constar, com clareza e objetividade, as condições a serem satisfeitas (regras adjetivas) para a participação nos lucros ou resultados (direitos substantivos). Entre outros, podem ser considerados como critérios ou condições: produtividade, qualidade, lucratividade, programas de metas e resultados mantidos pela empresa. Vêse que no instrumento de negociação deve constar o que dispõe o artigo 2°, §1° e, no caso dos critérios para se fazer jus ao benefício, o legislador cuidou apenas de exemplificá los. Como se constata pelas disposições acima, a regulamentação é no sentido de proteger o trabalhador para que sua participação nos lucros se efetive. Não há regras detalhadas na lei sobre os critérios e as características dos acordos a serem celebrados. Os sindicatos envolvidos ou as comissões, nos termos do artigo 2º, têm liberdade para fixarem os critérios e condições para a participação do trabalhador nos lucros e resultados. A intenção do legislador foi impedir que critérios ou condições subjetivos obstassem a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados. As regras devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições possam ser aferidos. Com isto, são alcançadas as duas finalidades da lei: a empresa ganha em aumento da produtividade e o trabalhador é recompensado com sua participação nos lucros. Nesse sentido, o artigo 2º, §1º, I da lei possibilita inclusive que a condição para a participação nos lucros ou resultados seja apenas o aumento da lucratividade da empresa. Comprovandose no Demonstrativo de Resultados do Exercício Financeiro que foi alcançada esta meta, que existe acordo coletivo ou comissão de trabalhadores e que a distribuição não é inferior a um semestre civil a participação nos lucros é regular. Não há nenhuma restrição na lei para que assim proceda a empresa. E nem poderia a autoridade fiscal criálas no caso concreto, sob pena de violação do Princípio da Legalidade, artigo 37, “caput” da Constituição Federal. Fl. 337DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 16327.721151/201385 Acórdão n.º 2402004.451 S2C4T2 Fl. 333 11 Quanto aos mecanismos de aferição das informações para fins de comprovação do cumprimento dos critérios para a participação, não há qualquer previsão na lei no sentido de se exigir metas individualizadas para os trabalhadores. E nem poderia. Caso adote o aumento da lucratividade da empresa ou o alcance de outras metas organizacionais, critérios esses exemplificados na lei, não vejo como se exigir a aferição da contribuição de cada trabalhador para o cumprimento dessas metas. Como se poderia aferir a parcela do lucro de uma empresa de grande porte atribuída individualmente a um trabalhador da linha de produção? E mais. A exigência por parte da fiscalização de metas individualizadas vai de encontro ao que se procurou evitar na regulamentação da participação nos resultados e lucros – PLR, que é afastálo do conceito de salário. Em razão de tudo aqui exposto, vêse que prevalece a livre negociação para a participação nos lucros ou resultados. Porém, é possível que esse importante direito trabalhista seja malversado em prejuízo dos próprios trabalhadores e do fisco. Comprovando a autoridade fiscal dissimulação do pagamento de salários com participação nos lucros, deverá aplicar o Princípio da Verdade Material para considerar os valores pagos integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Nesse sentido, preocupouse o legislador com essa possibilidade de se desvirtuar a finalidade da lei e se utilizar a participação nos lucros e resultados da empresa para a sonegação de contribuições sociais: Art.3oA participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. ... §2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. No caso, devese considerar que a vigência do acordo é para o biênio 2007/2008. O pagamento em 01/2008, de fato, teve o exercício de 2007 como anobase de apuração. Embora a assinatura tenha ocorrido em 27/12/2007 as metas eram de conhecimento do trabalhador desde 2006. É que o acordo de 2006, fls. 215, guarda grande similitude com o acordo ora em exame, fls. 71. A expectativa dos empregados é que as metas não seriam tão diferentes a ponto de serem inalcançáveis para o período em exame. Nesse, as metas foram singelamente revistas e, de fato, não houve alterações que pudessem interferir na produtividade dos empregados. Entendo assim que o acordo cumpriu o disposto na Lei nº 10.101/2000: Lei nº 10.101/2000: §1oDos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo Fl. 338DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 12 ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. A formalização propriamente dita do acordo como condição sine qua non para a demonstração de conhecimento prévio das metas se afasta do princípio da verdade material. As negociação não começam e terminam no mesmo dia, tratase de um acordo bienal com reuniões sucessivas, quando propostas são rejeitadas e outras tantas aceitas. Essa é a natureza e características dos acordos trabalhistas de modo geral, amplamente discutidos e negociados entre as partes. Por tudo, entendo forçosa a conclusão de que as metas não seriam do conhecimento dos empregados quando acordos anteriores já as previam. Independente da data de assinatura do acordo, presumese que, salvo substancial revisão dos acordos anteriores, os termos acordados anteriormente sejam mantidos, como foi o presente caso. Em razão dos fundamentos que adoto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 339DF CARF MF Impresso em 28/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 26/01/ 2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 23034.030734/2004-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2000 a 30/06/2002
CONTRIBUIÇÕES PARA TERCEIROS. FNDE. SALÁRIO-EDUCAÇÃO. FALTA DE RECOLHIMENTO. OBRIGATORIEDADE. LANÇAMENTO. NOTIFICAÇÃO DE RECOLHIMENTO DE DÉBITO. PROCEDÊNCIA.
É procedente o lançamento consignado em Notificação de Recolhimento de Débito por falta de recolhimento de Salário-Educação, quando o contribuinte, devidamente cientificado, não apresenta conjunto probatório suficiente a elidir a exação.
Numero da decisão: 2402-006.840
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2000 a 30/06/2002 CONTRIBUIÇÕES PARA TERCEIROS. FNDE. SALÁRIO-EDUCAÇÃO. FALTA DE RECOLHIMENTO. OBRIGATORIEDADE. LANÇAMENTO. NOTIFICAÇÃO DE RECOLHIMENTO DE DÉBITO. PROCEDÊNCIA. É procedente o lançamento consignado em Notificação de Recolhimento de Débito por falta de recolhimento de Salário-Educação, quando o contribuinte, devidamente cientificado, não apresenta conjunto probatório suficiente a elidir a exação.
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SALÁRIO EDUCAÇÃO. FNDE Recorrente BRASIL TELECOM S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2000 a 30/06/2002 CONTRIBUIÇÕES PARA TERCEIROS. FNDE. SALÁRIOEDUCAÇÃO. FALTA DE RECOLHIMENTO. OBRIGATORIEDADE. LANÇAMENTO. NOTIFICAÇÃO DE RECOLHIMENTO DE DÉBITO. PROCEDÊNCIA. É procedente o lançamento consignado em Notificação de Recolhimento de Débito por falta de recolhimento de SalárioEducação, quando o contribuinte, devidamente cientificado, não apresenta conjunto probatório suficiente a elidir a exação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 23 03 4. 03 07 34 /2 00 4- 63 Fl. 104DF CARF MF Processo nº 23034.030734/200463 Acórdão n.º 2402006.840 S2C4T2 Fl. 105 2 Cuida o presente de Recurso Voluntário em face da Decisão proferida pelo Presidente do FNDE (fls.46), ancorada na Informação nº 3015/2004 DIADE/CGEOF/DIFIN/FNDE/MEC de fls. 45. Referida Decisão de Deferimento Parcial referiuse à Defesa do sujeito passivo, que por sua vez, insurgiuse contra a Notificação para Recolhimento de Débito NRD, cuja ciência foi dada ao recorrente em 05.08.2004 (fls. 24). Naquela NRD, consoante se extraí da Informação citada acima, cobrouse débitos das competências de 07/2000, 08/2000, 04/2001, 06/2001 e 06/2002, no importe principal de R$ 2.646,00, relacionados ao CNPJ 76.535.764/003076, em função de deduções tidas por indevidas quando dos recolhimentos do Salário Educação pela empresa. Tais deduções indevidas foram apuradas após avaliações realizadas nas informações constantes no "Sistema de Manutenção do Ensino fundamental SME", decorrentes da divergência entre o valor das deduções e aquele correspondente ao número de alunos indenizados informado pela própria empresa àquele órgão por meio do programa "Relação de Alunos Indenizados RAI". Em sua Defesa de fls. 22, a recorrente alegou que as deduções nos meses de 07 e 08 de 2000 e 04/2001 seriam, em verdade, compensações referentes ao 2º semestre de 1999 e 1º e 2º semestres de 2000. No julgamento da Defesa, a autoridade competente admitiu, após a transmissão, pela empresa, dos arquivos digitais, a correção das deduções no tocante à parte das competências que constaram naquela NRD, mantendo, entretanto, os débitos das competências de 04 e 06 de 2001. Já em seu Recurso Voluntário de fls. 50, a recorrente insiste na alegação de que os valores em aberto naquelas duas competências remanescentes seriam compensações dos meses de 06, 07 e 08 de 2000. É o relatório. Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator A recorrente tomou ciência da decisão recorrida em 31.01.2005, consoante se nota de fls. 48. Vejase: Fl. 105DF CARF MF Processo nº 23034.030734/200463 Acórdão n.º 2402006.840 S2C4T2 Fl. 106 3 O recurso apresentado às fls. 50, sob o protocolo 37923/056, em que pese não trazer a data de seu protocolo, teria sido datado em 01.03.2005. Assim sendo, em homenagem aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, essa será a data aqui utilizada, no mesmo sentido em que caminhou a informação de fls.102. Com efeito, observados os demais requisitos de admissibilidade, dele passo a conhecer. Quanto ao mérito, insiste a recorrente na compensação daquelas duas competências remanescentes. Por outro lado, a decisão de piso foi incisiva ao assentar que a manutenção das glosas deveuse à ausência parcial de informações perante o Programa RAI, confirase: Fl. 106DF CARF MF Processo nº 23034.030734/200463 Acórdão n.º 2402006.840 S2C4T2 Fl. 107 4 A rigor, as compensações decorrem do excesso de deduções eventualmente não utilizadas nos recolhimentos de períodos anteriores. Em outras palavras, o valor a ser recolhido não teria sido reduzido em função das deduções a que supostamente teria direito. Nesse sentido, os valores relativos a deduções, ainda que de períodos anteriores, devem ser auditados a partir das informações que oportunamente povoaram o Sistema de Manutenção do ensino Fundamental SME, o que, consoante se extrai da decisão recorrida, não foi feito. Notese que são informações imprescindíveis para a conferência, sistêmica, dos valores deduzidos nos respectivos recolhimentos. Doutro giro, a documentação apresentada não é capaz de demonstrar a certeza do crédito alegadamente utilizado. Não foram acostadas aos autos as declarações prestadas pelo(a) empregado(a), cópia da certidão de nascimento, com vistas a identificar a relação de dependência e se há, na mesma ou em outra empresa, o pagamento cumulativo do benefício; cópia do comprovante de pagamento que contenha o CNPJ da Escola; comprovação do vínculo empregatício entre o declarante e a empresa, assim com da freqüência escolar do aluno, dentre outros. Face ao exposto, VOTO no sentido de CONHECER do recurso para NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 107DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.720466/2017-42
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Exercício: 2013, 2014
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO
Não será objeto de análise a matéria que não tenha sido expressamente contestada através da Manifestação de Inconformidade.
ALÍQUOTA. GILRAT/SAT. VIGÊNCIA.
A retificação da GFIP, com vistas à alteração do CNAE e conseqüente redução da alíquota GILRAT, deve vir acompanhada de elementos que comprovem que a atividade desenvolvida naquele estabelecimento é de fato aquela que informou em suas retificadoras.
COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO.
Deve ser mantido o Despacho Decisório que não homologou as compensações de contribuições previdenciárias em relação aos créditos não comprovados pelo sujeito passivo.
Numero da decisão: 2402-006.640
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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PRECLUSÃO Não será objeto de análise a matéria que não tenha sido expressamente contestada através da Manifestação de Inconformidade. ALÍQUOTA. GILRAT/SAT. VIGÊNCIA. A retificação da GFIP, com vistas à alteração do CNAE e conseqüente redução da alíquota GILRAT, deve vir acompanhada de elementos que comprovem que a atividade desenvolvida naquele estabelecimento é de fato aquela que informou em suas retificadoras. COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Deve ser mantido o Despacho Decisório que não homologou as compensações de contribuições previdenciárias em relação aos créditos não comprovados pelo sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 04 66 /2 01 7- 42 Fl. 4863DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. Relatório Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, que considerou procedente em parte a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo sujeito passivo. Contra a contribuinte foi lavrado Despacho Decisório em 20.01.2017, para cobrança de débitos indevidamente compensados no período de 04/2013 a 13/2014 (13º salário), no valor original principal de R$ 17.126.925,72. Durante o procedimento fiscal, o contribuinte informou que estaria compensando créditos decorrentes do aproveitamento de retenções de 11%, sofridas no período de 2009 a 2014 (CPRET) por vários de seus estabelecimentos, créditos de SalárioFamília e Salário Maternidade Não Deduzidos à Época Própria CSFM por sua matriz em julho e agosto de 2014 e de Contribuição Previdenciária Decorrente de Pagamento Indevido ou a Maior CPIM efetuado também por sua matriz ao longo de 2008, 2010 e 2011. Após prosseguir com a auditoria, assim concluiu o Fisco: CPRET As retenções não haviam sido declaradas nas GFIP de origem; CSFN Que os valores teriam sido utilizados, na própria GFIP de origem, para deduzir o valor devido lá apurado; e CPIM Que a maioria dos valores recolhidos não ultrapassavam os respectivos débitos confessados. Assim, à exceção das competências de 01, 03, 04 e 05/2010 e 01/2011, não teria havido apuração de pagamento a maior que o devido. Regularmente intimado, apresentou Manifestação de Inconformidade, que foi julgada parcialmente procedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil DRJ às fls. 939/989. Na oportunidade, a decisão de piso reconheceu os créditos relativos aos recolhimentos efetuados a alíquota acima de 2% nas competências de 2008. Em seu Recurso Voluntário às fls. 953/989 aduz em síntese: Que os créditos de CPIM eram oriundos da adequação da alíquota aplicada à sede, tendo em vista ser a atividade preponderante ter natureza administrativa, bem como da redução de alíquotas, relativamente aos demais estabelecimentos, de 3 para 2%, no período de 05 a 11/2008. Que houve distinção entre a sede e demais estabelecimentos, adotandose alíquota DISTINTA para SEDE (que pratica somente atividade administrativa — não há geração de energia e, portanto, não há aplicação de 3% mais alta praticada pelo risco) e DEMAIS ESTABELECIMENTOS, a partir de junho/2008. Que em função do princípio da verdade real, vislumbrase que o tomador do serviço procedeu com a retenção do INSS (Alíquota de 11%) na fonte/pagamento mediante o respectivo recolhimento dessa contribuição, conforme poderá ser comprovado pelas guias de recolhimento em anexo (DOC 1, DOC 2 e DOC 3). Fl. 4864DF CARF MF Processo nº 10166.720466/201742 Acórdão n.º 2402006.640 S2C4T2 Fl. 3 3 Que os valores de Salário Maternidade das competências 08/14 e 09/14 eram superiores ao que deveria ser recolhido no CNPJ 008524 (São Paulo), pois a empregada recebia valor superior ao recolhimento total de INSS devido ao respectivo CNPJ. Não há a possibilidade de recolhimento negativo. Desta forma, as diferenças entre o valor pago à empregada e o compensado foram lançados no CNPJ da Sede (000116) como compensação. É o relatório. Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator A contribuinte tomou ciência do acórdão recorrido em 27.06.2017 e apresentou tempestivamente seu Recurso Voluntário em 26.07.2017. Cumpre destacar, inicialmente, que a decisão de piso assentou que não houvera questionamento da glosa relativa aos Créditos de SalárioFamília e Salário Maternidade Não Deduzidos à Época Própria (CSFM) e que, conseqüentemente, referida matéria não seria analisada no decorrer daquele acórdão. De fato, após rápida leitura da Manifestação de Inconformidade de fls. 399/410, podese notar que, efetivamente, tal assunto não foi lá abordado, fazendo com que, quanto à essa matéria, o presente recurso não deva ser conhecido, sob pena de dar azo à supressão de instância. Prosseguindo quanto aos demais assuntos, em especial quanto ao crédito resultante do reenquadramento da alíquota RAT, cumpre destacar, como informado no recurso, que "De acordo com a decisão, não foi reconhecida a preponderância da atividade administrativa, tendo em vista informação de CNAE de geração de energia na GFIP" . É dizer: segundo o assentado, a atividade inicialmente declarada como preponderante pelo recorrente sob o "CNAE 35115/00 Geração de Energia Elétrica" foi a que conduziu o RAT devido pelo CNPJ da SEDE, na medida em que, quando da auditoria dos créditos, não se verificou recolhimento a maior em seu conta corrente. Sustenta, contudo, a recorrente que estaria sob a incidência de duas atividades distintas: sede (CNAE 82113/00 – Serviços combinados de escritório e apoio administrativo) e filiais (CNAE 35115/00 – Geração de Energia Elétrica) Resumindo a controvérsia, pretende o contribuinte ver retificado o CNAE informado para o CNPJ de sua sede, ou seja, de 35115/00 Geração de Energia Elétrica, para 82113/00 serviços combinados de escritório e apoio administrativo, de forma que a alíquota em questão se veja reduzida de 2% para 1%, em 2008, e de 3% para 2% em 2010 e 2011. Pois bem, considerando que o contribuinte não trouxe elementos em seu recurso, em especial a comprovação de que a atividade desenvolvida no CNPJ 00.357.038/000116 é de fato aquela que informou em suas retificadoras, com vistas a rechaçar a conclusão no acórdão recorrido, não vejo qualquer reforma a ser promovida no julgado no que toca à retificação do CNAE informado originalmente na GFIP de sua sede. Fl. 4865DF CARF MF 4 Vejamos as considerações naquele acórdão: Além disso, o relatório informa que, em relação à matriz, a interessada deveria utilizar outra atividade para apurar o grau de risco do estabelecimento, mais especificamente o código CNAE 82113/00 (serviços combinados de escritório e apoio administrativo). Entretanto, tendo em vista que antes de elaborar a GFIP retificadora que gerou o crédito a compensar, o entendimento da própria manifestante era de que a matriz possuía outra atividade preponderante, o relatório da Bio Rio deveria demonstrar que o Cnae originalmente utilizado estava incorreto e, ainda que não o fizesse, caberia à manifestante comprovar os motivos que levaram a esse novo enquadramento. De acordo com o exposto, a alteração da atividade preponderante da matriz não será considerada em face de sua não comprovação. Nesse rumo, não há reparos quanto a esse aspecto. Já no que toca aos créditos de retenção (11%), entendeu a DRJ que a falta de declaração dessas retenções nas GFIP de origem seria motivo para o seu não reconhecimento. Por sua vez, em seu recurso, o contribuinte sustenta que em virtude do princípio da verdade real, devese reconhecer seu crédito, posto que os tomadores haviam efetivamente efetuados as retenções, as quais estariam sendo comprovadas por meio das guias de recolhimento em anexo. O aproveitamento dos créditos de retenção tem assento legal no artigo 31 da Lei 8.212/91, com a redação dada pela Lei 9.711/98. 1 Podese dizer, à luz da sistemática legal, que o procedimento, em resumo, seguirá os seguintes passos: O prestador de serviço deve emitir a nota fiscal ou fatura com o destaque da retenção de 11% sobre valor dos serviços executados, cabendo ao tomador (contratante) efetuar sua efetiva retenção e recolhêla aos cofres públicos em nome do prestador. É dizer, o recolhimento darseá no nome e CNPJ do prestador, razão pela qual a apresentação das guias de recolhimento desacompanhadas das GFIPS dos respectivos tomadores não assegura, a princípio, a existência do crédito e a identificação de qual tomador teria efetuado o recolhimento. 1 Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subseqüente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei. § 1o O valor retido de que trata o caput deste artigo, que deverá ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, poderá ser compensado por qualquer estabelecimento da empresa cedente da mão de obra, por ocasião do recolhimento das contribuições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a folha de pagamento dos seus segurados. § 2o Na impossibilidade de haver compensação integral na forma do parágrafo anterior, o saldo remanescente será objeto de restituição. Fl. 4866DF CARF MF Processo nº 10166.720466/201742 Acórdão n.º 2402006.640 S2C4T2 Fl. 4 5 Uma vez emitida a nota/fatura com o destaque da retenção, o prestador, na GFIP de competência de sua emissão, informará o total das retenções sofridas naquele mês e, deste valor, quanto teria sido utilizado como dedução do valor devido no próprio mês por conta de sua folha de pagamento. Assim procedendo, eventual excedente poderá ser utilizado para compensar, no próprio mês, débitos de outros estabelecimentos ou, nos meses seguintes, débitos do mesmo estabelecimento prestador do serviços ou de qualquer outro da mesma empresa. Perceba que, com isso, a exigência de que tais retenções tenham sido declaradas/informadas nas GFIP de origem, ganha especial relevo para a comprovação do crédito. Não se trata, pois, de mera formalidade legal, mas sim de condição essencial para que o AuditorFiscal dê seguimento à apuração do crédito do requerente. Veja, tratase de apuração de créditos em dezenas e dezenas de estabelecimentos, no período de 6 anos (2009 a 2014). Assim, tenho que a não demonstração das retenções em GFIP praticamente inviabilizaria, no procedimento fiscal, a utilização de qualquer aplicativo voltado à apuração do crédito e ao controle automatizado dos respectivos saldos. Melhor explicando: Diferentemente das compensações fazendárias, onde se há um competente controle do crédito apurado pelo contribuinte por meio dos sistemas da RFB; no âmbito previdenciário esse controle sistêmico ainda é embrionário, fazendo com que a autoridade administrativa a cargo do procedimento empreenda uma maior atenção tanto na apuração do crédito, quanto no controle de sua utilização nos períodos posteriores ao de sua apuração. Nesse sentido, abstraindose a questão atinente à correção, ou não, do valor da contribuição devida apurada no mês de origem do crédito, penso ser imprescindível, para cada competência de origem, a apresentação de todas as notas fiscais/faturas com destaque da retenção, devidamente informadas em sua GFIP, de forma que a autoridade administrativa tenha razoável certeza de que houvera um excedente entre as retenções sofridas e o valor devido apurado e que este excedente não fora utilizado em compensações anteriores ao mês do encontro de contas em análise ou mesmo que não tenha sido objeto de pedido de restituição. Destarte, na forma do acima fundamentado e não vislumbrando elementos que assegurem a existência dos pretensos créditos e sua quantificação, forçosa a manutenção do acórdão recorrido. Ante o exposto, CONHEÇO parcialmente do recurso apresentado para, na parte conhecida, NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 4867DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.731013/2014-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2012
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. RFB. ACESSO. INTERNET.
A ciência do Mandado de Procedimento Fiscal, pelo sujeito passivo, dar-se-á no sítio da RFB, na internet, com a utilização de código de acesso consignado no termo que formalizar o início do procedimento fiscal.
AUTO DE INFRAÇÃO. DOCUMENTO DE FORMALIZAÇÃO DO LANÇAMENTO. INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA.
O auto de infração é o documento próprio para formalização do crédito tributário sempre que a exigência decorrer de procedimento de fiscalização de apuração de infração à legislação tributária.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. INFORMAÇÕES EM GFIP.
Caracteriza-se como compensação indevida a empresa informar em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), no campo retenção sobre nota fiscal/fatura, valores de retenções não ocorridas na competência de emissão dos documentos fiscais.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA APLICÁVEL.
A partir do advento da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, as contribuições previdenciárias compensadas indevidamente passaram a ser exigidas com acréscimo de multa de mora, sem prejuízo da aplicação da multa isolada correspondente a 150% do débito indevidamente compensado se for comprovada a falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.
Numero da decisão: 2402-006.691
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Júnior.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Júnior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucciu, Luís Henrique Dias Lima, Mário Pereira de Pinho Filho, Maurício Nogueira Righetti e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2012 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. RFB. ACESSO. INTERNET. A ciência do Mandado de Procedimento Fiscal, pelo sujeito passivo, dar-se-á no sítio da RFB, na internet, com a utilização de código de acesso consignado no termo que formalizar o início do procedimento fiscal. AUTO DE INFRAÇÃO. DOCUMENTO DE FORMALIZAÇÃO DO LANÇAMENTO. INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. O auto de infração é o documento próprio para formalização do crédito tributário sempre que a exigência decorrer de procedimento de fiscalização de apuração de infração à legislação tributária. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. INFORMAÇÕES EM GFIP. Caracteriza-se como compensação indevida a empresa informar em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), no campo retenção sobre nota fiscal/fatura, valores de retenções não ocorridas na competência de emissão dos documentos fiscais. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA APLICÁVEL. A partir do advento da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, as contribuições previdenciárias compensadas indevidamente passaram a ser exigidas com acréscimo de multa de mora, sem prejuízo da aplicação da multa isolada correspondente a 150% do débito indevidamente compensado se for comprovada a falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Júnior. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Júnior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucciu, Luís Henrique Dias Lima, Mário Pereira de Pinho Filho, Maurício Nogueira Righetti e Renata Toratti Cassini.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2012 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. RFB. ACESSO. INTERNET. A ciência do Mandado de Procedimento Fiscal, pelo sujeito passivo, darseá no sítio da RFB, na internet, com a utilização de código de acesso consignado no termo que formalizar o início do procedimento fiscal. AUTO DE INFRAÇÃO. DOCUMENTO DE FORMALIZAÇÃO DO LANÇAMENTO. INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. O auto de infração é o documento próprio para formalização do crédito tributário sempre que a exigência decorrer de procedimento de fiscalização de apuração de infração à legislação tributária. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. INFORMAÇÕES EM GFIP. Caracterizase como compensação indevida a empresa informar em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), no campo retenção sobre nota fiscal/fatura, valores de retenções não ocorridas na competência de emissão dos documentos fiscais. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA APLICÁVEL. A partir do advento da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, as contribuições previdenciárias compensadas indevidamente passaram a ser exigidas com acréscimo de multa de mora, sem prejuízo da aplicação da multa isolada correspondente a 150% do débito indevidamente compensado se for comprovada a falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 73 10 13 /2 01 4- 07 Fl. 2728DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.729 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Júnior. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Júnior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucciu, Luís Henrique Dias Lima, Mário Pereira de Pinho Filho, Maurício Nogueira Righetti e Renata Toratti Cassini. Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância, reproduzo o relatório constante do Acórdão nº 0654.626, da Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ) em Curitiba/PR, fls. 2.667 a 2.678: Trata o presente processo do Auto de Infração cadastrado no COMPROT sob nº 10166.731013/201407, no período de 01/2011 a 12/2012, a seguir discriminado: DEBCAD nº 51.069.6058 – Glosa de Compensação, com valor consolidado de R$ 3.811.184,77. Consta do Relatório Fiscal a existência de um grupo econômico de fato, atuando na área de prestação de serviços gerais e vigilância, composto por 3 (três) empresas: CITY SERVICE SEGURANÇA LTDA. CIDADE SERVIÇOS E MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA LTDA. TESE – TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS LTDA – ME. Relata a AuditoraFiscal que foram emitidos os Termos de Sujeição Passiva Solidária para os responsáveis acima especificados. Informa, ainda, que o Levantamento “CP” – referese as Glosas de Compensação em GFIP e o Levantamento “RT” – referese a Glosa de Compensação de Retenção de NF. Fl. 2729DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.730 3 Descreve a Auditora que em relação as glosas de compensação em GFIP a empresa não forneceu nenhuma documentação comprobatória das compensações efetuadas. Quanto à glosa de compensação de retenção de Notas Fiscais, a Fiscalização relata que os valores declarados em GFIP a título de retenção estão maiores do que os constantes das notas fiscais entregues em meio papel. Informa que intimado da divergência, a empresa não prestou qualquer esclarecimento à fiscalização. Tais motivos levaram a Fiscalização a glosar os respectivos valores. Das empresas integrantes do grupo econômico somente a empresa CITY SERVICE SEGURANÇA LTDA apresentou impugnação, com as seguintes argumentações: PRELIMINAR AUSÊNCIA DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL. Afirma que não consta no processo administrativo a cópia integral do MPF, restando assim impossível verificar a legalidade e legitimidade do procedimento fiscal. Salienta que foi afrontado o princípio da legalidade, pelo fato da recorrente não ter condições de verificar o inteiro teor do MPF, restando impedida de analisar todos os elementos que lhe são imprescindíveis, o que caracteriza o cerceamento do direito de defesa, contrariando o disposto no art. 5º da CF/88. Aduz que o art. 2º do Decreto nº 6.104/07 dispõe que tão somente por força do MPF é que poderá ser dado início a procedimento fiscal na SRF. Ressalta que o mero número de procedimento fiscal não quer dizer nada, pois como pode a recorrente analisar se o documento restou devidamente expedido pela autoridade fazendária se não consta no processo administrativo cópia do mesmo a fim de verificar, de início, a legalidade do procedimento em consulta ao site da Receita Federal. Aponta a importância do MPF, nos termos do art. 4º do Decreto nº 6.104/07, que dispõe sobre os modelos e as informações constantes do MPF, os prazos, as autoridades competentes, bem como as demais hipóteses de dispensa ou situações em que seja necessário o início do procedimento antes da expedição do MPF. Ressalta que o MPF define exatamente a competência para a autoridade fiscal realizar a fiscalização e sem este documento como saberia se a autoridade fiscal não se desviou de sua competência que lhe fora atribuído. Apresenta a Portaria RFB nº 3.014/11 que rege o MPF e aponta diversos elementos que evidenciam a sua imprescindibilidade. Colaciona jurisprudência a respeito da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa. Aduz que a ausência do Fl. 2730DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.731 4 MPF resultou na dificuldade da defesa da recorrente e também não socorre a Autoridade Fazendária quanto aos seus atos, porque inexiste para análise, o que resulta um auto de infração nulo. Informa que a Fiscalização desrespeitou o art. 9º do Decreto nº 70.235/72, uma vez que a exigência do crédito tributário será formalizada com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Novamente, traz jurisprudência sobre a necessidade da observância do contraditório e da ampla defesa. AUSÊNCIA DE ASSINATURA DO CHEFE DO ÓRGÃO EXPEDITOR OU DE OUTRO SERVIDOR AUTORIZADO E A INDICAÇÃO DE SEU CARGO OU FUNÇÃO E O NÚMERO DE MATRÍCULA. Alega que a autuação não restou cumprida, pelo fato de não observar o disposto no inciso IV do art. 11 do Decreto nº 70.235/72. Aduz que na notificação de lançamento deveria constar obrigatoriamente a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula, porém não é isto que se vê, há somente a identificação do auditor fiscal responsável pelo auto de infração e sem a sua assinatura, o que vilipendia a norma matriz fiscal. DA NULIDADE DO COMUNICADO POR PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. Informa que à luz da CF/88, o Decreto nº 70.235/72 em seu art. 59 estabelece que são nulos os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Ressalta que a ausência de cópia integral do MPF, a não concessão do prazo de 5 dias para retirada de cópias de notas fiscais para demonstrar as retenções não garante os direitos do recorrente. RECONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO – EXTENSÃO DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA – IMPOSSIBILIDADE DA EXTENSÃO DA MULTA. Afirma que a autoridade fiscal constatou que a impugnante faz parte de grupo econômico de fato, cuja caracterização tentou demonstrar, não obstante, de acordo com o art. 124, Inc. I do CTN, o instituto da solidariedade entre as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador não se aplica a multa. Esclarece que o art. 132 do CTN conceitua que a pena não deve passar da pessoa do seu infrator, devendose afastar a responsabilidade do sucessor de modo a excluilo das Fl. 2731DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.732 5 responsabilidades por eventuais infrações cometidas pelas sociedades ligadas. MÉRITO DA ORIGEM DOS CRÉDITOS PREVIDENCIÁRIOS Alega que os créditos utilizados no procedimento de fiscalização são oriundos de retenções de contribuições previdenciárias realizadas nos anos de 2006 e 2007, conforme fazem prova as notas fiscais anexadas a presente impugnação. Salienta que sem razoabilidade a Fiscalização glosou tais compensações, uma vez que não concedeu a dilação de prazo ao contribuinte para apresentar as notas fiscais. Ressalta que as notas fiscais em anexo demonstram que existem retenções nas mesmas passíveis de compensação, o que caracteriza a improcedência da glosa e das multas aplicadas. AFASTAMENTO DA APLICAÇÃO DA MULTA ISOLADA DE 150% Aduz que não assiste razão a autoridade administrativa, uma vez que as compensações realizadas estão lastreadas em retenções realizadas nos anos de 2006 e 2007, não consistindo assim em informação falsa ou fraudulenta feita em GFIP. Salienta que se autoridade fiscal tivesse lhe concedido o prazo solicitado, toda esta questão estaria resolvida. Entende que para a existência de fraude/simulação é necessário que se demonstre documentos que comprovem o vício, o que não foi feito. Salienta que a informação prestada em GFIP encontra se plenamente revestida de verdade, não se podendo partir da versão criada pelo fisco de que houve fraude. DUPLICIDADE NA APLICAÇÃO DA MULTA ISOLADA COM A MULTA DE OFÍCIO. Discorda da autoridade fiscal quanto à duplicidade na aplicação das multas, uma denominada de multa isolada com fundamento no art. 89, §10º da Lei nº 8.212/91 e a outra multa de ofício do art. 35, inc. I, II e III da Lei nº 8.212/91. Alega que é inconcebível a aplicação concomitante da multa de ofício com a multa isolada, uma vez que incidem sobre o mesmo fato gerador, o que representa ilegalidade. Salienta que o CARF, por meio do Plenário da Câmara Superior de Recursos Fiscais, pacificou o entendimento de que não é cabível a cobrança de multa isolada, quando já lançada multa de ofício. CARÁTER CONFISCATÓRIO DA MULTA ISOLADA Afirma que a multa no patamar de 150% é confiscatória, vedação instituída pelo art. 150, IV da CF/88. Apresente jurisprudência do STF com efeito de repercussão geral de que há Fl. 2732DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.733 6 “caráter confiscatório da “multa isolada” por descumprimento de obrigação acessória decorrente de dever instrumental”. Entende que seja reconhecida a ilegalidade da cobrança da multa por ofender o princípio da vedação ao confisco, e por mera eventualidade, requerse a sua redução para patamares mínimos, sob pena de enriquecimento sem causa. DO PEDIDO Requer a Recorrente seja o presente recurso recebido em seu efeito suspensivo nos moldes do art. 151, III do CTN e, demonstrada a insubsistência do lançamento/auto de infração pela nulidade dos seus atos com vista nos fundamentos acima declinados, seja recebida, processada, acolhida e provida a presente impugnação, pugnado pela total e plena nulidade do auto de infração em comento, bem como das multas e juros, seja com lastro nas preliminares aventadas, seja com fundamento no mérito das compensações as quais restaram lastreadas em retenções realizadas nas notas fiscais da impugnante afetas aos anos de 2006/2007, conforme visto, por ser medida de direito e justiça a ser imposta no caso concreto, reconhecendo a insubsistência do lançamento tributário contido no auto de infração. Por fim, em medida alternativa, o que se cogita por amor ao debate, requerse a minimização da multa em patamares mínimos sob pena de confisco, conforme visto. Requerse, ademais, a produção de todas as provas admitidas em Direito, sem exceção de nenhuma, requerendo nesta oportunidade a juntada oportuna de documentos, oitiva de testemunhas, depoimento pessoal e de perícia. (Grifos no original) Ao julgar a impugnação, a 7ª Turma de Julgamento da DRJ de Curitiba/PR, por unanimidade de votos, concluiu pela sua improcedência, conforme dispositivo do Acórdão nº 0654.626, a seguir transcrito: Acordam os membros da 7ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgamento. Para maior clareza quanto à decisão a quo, transcrevemos, também, a ementa consignada no referido acordão: MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. A ciência do MPF pelo sujeito passivo darseá no sítio da RFB na internet, no endereço, com a utilização de código de acesso consignado no termo que formalizar o início do procedimento fiscal. Fl. 2733DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.734 7 AUTO DE INFRAÇÃO. DOCUMENTO DE FORMALIZAÇÃO DO LANÇAMENTO. INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. O auto de infração é o documento próprio para formalização do crédito tributário sempre que a exigência decorrer de procedimento de fiscalização de apuração de infração à legislação tributária. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. INFORMAÇÕES EM GFIP. Caracterizase como compensação indevida a empresa informar em GFIP Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social, no campo retenção sobre nota fiscal/fatura, valores de retenções não ocorridas na competência de emissão dos documentos fiscais. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA APLICÁVEL. A partir do advento da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, as contribuições previdenciárias compensadas indevidamente passaram a ser exigidas com acréscimo de multa de mora, sem prejuízo da aplicação da multa isolada correspondente a 150% do débito indevidamente compensado se for comprovada a falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Cientificada da decisão, em 6/6/16, segundo o Aviso de Recebimento (AR) de fl. 2.688, a contribuinte, por meio de seu advogado (procuração de fl. 1.928) apresentou o recurso voluntário de fls. 2.691 a 2.721, em 23/6/16, no qual traz as seguintes alegações, em síntese: PRELIMINAR 01 – AUSÊNCIA DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL – DA TOTAL NULIDADE DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL EM TELA [...] não consta no processo em epígrafe, cópia integral do Mandado de Procedimento Fiscal, sem o qual resta impossível verificar a legalidade e legitimidade do procedimento fiscal em comento. [...] Por todos os argumentos declinados, evidente o cerceamento de defesa da recorrente tendo m vista que o próprio Mandado de Procedimento Fiscal é elemento “sine qua non” para quaisquer medidas da autoridade fiscal e ressalta como imanente a elaboração da peça recursal, até para verificar se os atos subsequentes realizados pelo auditor ou por aquele que expediu ou poderia ter expedido o Mandado de Procedimento Fiscal estão de acordo com as disposições legais ou, inclusive, com a sua competência territorial. [...] Fl. 2734DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.735 8 PRELIMINAR 02 – AUSÊNCIA DE ASSINATURA DO CHEFE DO ÓRGÃO EXPEDITOR OU DE OUTRO SERVIDOR AUTORIZADO E A INDICAÇÃO DE SEU CARGO OU FUNÇÃO E O NÚMERO DE MATRÍCULA. [...] na notificação de lançamento deveria constar a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro funcionário servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Como se vê, não há identificação de nenhum outo servidor, chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado pela autoridade fazendária, senão o auditor fiscal responsável pelo auto de infração. Por resultado, um vilipêndio a norma matriz fiscal, conforme se evidencia. Observese, por oportuno, que não consta sequer a assinatura da autoridade fiscal responsável pelo auto de infração. PRELIMINAR 03 – DA NUIDADE DO COMUNICADO POR PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. Como se não bastasse a ausência do Mandado de Procedimento Fiscal, a Sr(a) Auditora Fiscal concedeu no dia 28/11/2014 prazo irrisório de tão somente 5 (cinco) dias para a recorrente retirar cópia de todas as notas fiscais pertinentes as anos de 2006 e 2007 as quais demonstram as retenções que lastrearam as compensações realizadas e glosadas pela autoridade fazendária. O prazo requerido pela recorrente foi de 20 (vinte) dias para retirar a cópia das referidas notas fiscais e demonstrar a origem do crédito (retenção de contribuição previdenciária nos anos de 2006 e 2007). Contudo, a arbitrariedade implementada pela autoridade fiscal acabou por minimizar o princípio da razoabilidade, da ampla defesa e do contraditório, prejudicando contundentemente a recorrente na medida que além de glosar as compensações lavrou multa isolada sem existir qualquer falsidade ou ilegalidade nas compensações promovidas. RECONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO – EXTENSÃO DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA – IMPOSSIBILIDADE DA EXTENSÃO DA MULTA Durante a ação fiscal, a auditora constou que a recorrente faz parte de grupo econômico de fato, cuja caracterização tentou demonstrar mediante prova do controle centralizado das empresas pela recorrente. Não obstante, de acordo com a art. 124, inc. I, do CTN, o instituto da solidariedade entre as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária não se aplica à multa. O art. 132 do CTN, configurado no conceito de que a pena não deve passar da pessoa de seu infrator, não pode ser feita isoladamente, de modo que a responsabilidade do sucessor deve ser afastada, de modo a excluir a responsabilidade do sucessor Fl. 2735DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.736 9 pelas eventuais infrações cometidas pelas sociedades ligadas à recorrente. MÉRITO DA ORIGEM DOS CRÉDITOS PREVIDENCIÁRIOS Referidos créditos tributários utilizados no procedimento de compensação proveem de retenções de contribuições previdenciárias realizadas nos anos de 2006 e 2007, conforme notas fiscais em anexo e presente impugnação, as quais demonstram que existiram retenções nestes períodos passíveis de utilização, como o foram, pela recorrente, indevidamente glosadas pela autoridade fazendária na medida que sem razoabilidade não dilatou o prazo para a entrega das notas fiscais em apreço. Desse modo, sem razão o fundamento utilizado pela autoridade fazendária em glosar as compensações realizadas, na medida que as notas fiscais, em anexo, bem demonstram que existiram retenções nas mesmas de contribuições previdenciárias passíveis de compensação. Como se vê, o crédito da recorrente é próprio e lastreado em retenções nos anos de 2006 e 2007, conforme notas fiscais em anexo, merecendo a improcedência da glosa realizada bem como da multas aplicadas. (sic) AFASTAMENTO DA APLICAÇÃO DA MULTA ISOLADA DE 150% O Auto de Infração pretende aplicar multa de 150% [...]. A Sr(a) Auditora Fiscal afirma que a recorrente teria prestado informações em sua GFIP que não era verdadeira e, por consequência, falsa. Não assiste razão a autoridade administrativa. As compensações realizadas restaram lastreadas em retenções realizadas nos anos de 2006 e 2007, como faz prova a recorrente, não constituindo em nenhuma informação falsa ou fraudulenta. DUPLICIDADE DA MULTA ISOLADA COM MULTA DE OFÍCIO [...] Relativamente à concomitância da multa isolada e da multa de ofício sobre os mesmos fatos geradores, observese que na hipótese aventada ela ocorre, o que representa ilegalidade no entendimento da Auditora Fiscal. [...] CRÁTER CONFISCATÓRIO DA MULTA ISOLADA Como se não bastassem todos os elementos acima ilustrados, ao entender a autoridade fazendária no respectivo lançamento/auto Fl. 2736DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.737 10 de infração em impor multa de 150% (Cento e Cinquenta por cento) em desfavor da Recorrente, acaba por implementar verdade confisco. (sic) DO PEDIDO Ante o exposto requer que seja o presente recurso recebido em seu efeito suspensivo nos moldes do art. 151, III do CTN e, demonstrada a insubsistência do lançamento/auto de infração pela nulidade dos seus atos com vista nos fundamentos acima declinados, seja recebido, processado e acolhido o presente recurso [...]. (Grifos no original) É o relatório. Voto Conselheiro Denny Medeiros da Silveira – Relator. Da admissibilidade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6/3/72. Assim, dele tomo conhecimento. Das razões recursais Cotejando as razões recursais com as razões consignadas na primeira peça defensiva, constatase que o presente recurso voluntário corresponde a uma cópia ipsis litteris da impugnação de fls. 1.891 a 1.921. Dessa forma, nos termos do art. 57, § 3º, Anexo II, do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9/6/15, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 4/6/17, transcreveremos, no presente voto, as razões de decidir da decisão de primeira instância, com as quais concordamos e adotamos: Preliminar Do Mandado de Procedimento Fiscal. Invoca o Impugnante a nulidade do procedimento fiscal devido a ausência de cópia do MPF no processo administrativo, o que lhe causou cerceamento de defesa e impossibilitou a ampla defesa e o contraditório. Tal fato não merece apreço, conforme veremos. Determina o artigo 4º, da Portaria RFB nº 3.014, de 29 de junho de 2011, que o MPF será emitido exclusivamente em forma eletrônica e assinado pela autoridade emitente, mediante a utilização de certificado digital válido, conforme modelos constantes dos Anexos de I a III desta portaria. O seu parágrafo único estipula que a ciência do MPF pelo sujeito passivo darse á no sítio da RFB na Internet, no endereço http://www.receita.fazenda.gov.br, com a utilização de código de acesso consignado no termo que formalizar o início do procedimento fiscal. Fl. 2737DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.738 11 O Mandado de Procedimento Fiscal MPF é ordem específica dirigida ao auditorfiscal para que, no uso de suas atribuições privativas, instaure os procedimentos fiscais de Fiscalização e de Diligência relativos às contribuições administradas pela Receita Federal do Brasil RFB. Cabe ressaltar que o MPF visa ao planejamento e controle administrativo da atividade fiscal, além de permitir ao contribuinte a verificação da regularidade do procedimento. Não se cogita, assim, a nulidade dos lançamentos, ainda que tivessem ocorrido eventuais falhas formais na execução desses procedimentos, quando inequivocamente foram atendidos os pressupostos legais para a constituição do crédito tributário, especialmente as determinações do Código Tributário Nacional CTN e do Decreto nº 70.235/1972. Esse é o entendimento já pacificado no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, para o qual o MPF tem apenas caráter de controle administrativo, não sendo motivo de nulidade, mesmo com a extrapolação de seu prazo e abrangência, conforme jurisprudência que se colaciona: NORMAS PROCESSUAIS – MPF – É de ser rejeitada a nulidade do lançamento, por constituir o Mandado de Procedimento Fiscal elemento de controle da administração tributária, não influindo na legitimidade do lançamento tributário. (Acórdão CSRF/0202187 – Sessão de 23/01/2006 – Por maioria de votos – Rel. Cons. Henrique Pinheiro Torres). MPF – O Mandado de Procedimento Fiscal é mero instrumento interno de planejamento e controle das atividades e procedimentos fiscais, não implicando nulidade dos procedimentos fiscais as eventuais falhas na emissão e trâmite desse instrumento. (Acórdão nº 107 08028 – Sessão de 13/04/2005 – Por unanimidade de votos – Rel. Cons. Nilton Pêss – D.O.U. de 20/03/2006, Seção 1, p. 37). MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. INSTRUMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO DOS ATOS PRATICADOS PELOS AGENTES FISCAIS. VÍCIOS RELACIONADOS À NOTIFICAÇÃO OU PRORROGAÇÃO. QUESTÕES QUE NÃO CAUSAM NULIDADE DO LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF, é instrumento de controle criado pela Administração com o objetivo de assegurar ao sujeito passivo que o fiscal identificado está autorizado a fiscalizálo. Se ocorrerem problemas com a emissão, ciência ou prorrogação do MPF, não são invalidados os trabalhos de fiscalização desenvolvidos. Isto se deve ao fato de que a atividade de lançamento é obrigatória e vinculada, e, detectada a ocorrência da situação descrita na lei como necessária e suficiente para ensejar o fato gerador da obrigação tributária, não pode o agente fiscal deixar de efetuar o lançamento, sob pena de Fl. 2738DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.739 12 responsabilidade funcional. (Acórdão nº 1301001.316 – Sessão de 05/11/2013 – Por unanimidade de votos – Rel. Carlos Augusto de Andrade Jenier – D.O.U de 27/03/2014) Ou seja, o regramento acerca do Mandado de Procedimento Fiscal – MPF não se sobrepõe à atividade vinculada e obrigatória a que estão submetidos os agentes tributários. A obrigatoriedade do lançamento tributário, sob pena de responsabilidade funcional, constatada irregularidade cometida pelo sujeito passivo da obrigação tributária, deflui do CTN, artigos 3º e 142, parágrafo único. Assim, tendo por base os documentos fiscais anexados aos autos, podese afirmar que foram observados todos os quesitos atinentes à instauração do procedimento fiscal e à formalização da exigência, não tendo sido evidenciada nenhuma irregularidade no que diz respeito à aplicação das disposições dos artigos 7o e 10 do Decreto nº 70.235/1972. Portanto, ficam afastadas as hipóteses de nulidade suscitadas pelo impugnante no tocante às questões relacionadas ao MPF, pois o mesmo foi emitido e cientificado ao contribuinte, de acordo com o que determina a legislação pertinente, bem como os termos necessários a condução dos trabalhos fiscais foram lavrados e apresentados ao contribuinte. Da Diferença entre Auto de Infração e Notificação de Lançamento. Alega que a autuação não restou cumprida, pelo fato de não observar o disposto no inciso IV do art. 11 do Decreto nº 70.235/72, não constou na notificação de lançamento a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Os artigos 9º, 10 e 11 do PAF, por sua vez, dispõem que: Art. 9º A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; Fl. 2739DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.740 13 V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. Marcos Vinicius Neder e Maria Teresa Martínez López, ao explicarem a distinção entre os dois documentos, aduzem o seguinte: O artigo 9º do PAF referese a dois modos de formalizar a exigência: por auto de infração ou por notificação de lançamento. O primeiro é de iniciativa do agente fiscal no procedimento de fiscalização. A expressão “auto de infração” pode ser utilizada como sendo o termo lavrado pela autoridade fiscal após constatação de suposta infração da legislação fiscal; o segundo é competência do chefe da repartição fiscal (Delegado ou Inspetor) que, em processo de levantamento interno de informações, apura irregularidades no pagamento do tributo. (Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado, 3ª edição, Dialética, São Paulo, pg. 184) No caso tratase de hipótese de auto de infração, em virtude de se tratar de formalização de crédito tributário decorrente de procedimento de fiscalização de infração à legislação tributária. Nesse sentido, desnecessária exigência da assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula, exigência esta a ser preenchida caso fosse Notificação de Lançamento. Outrossim, diferentemente do alega a Impugnante consta na capa do auto a assinatura da Auditora Fiscal. Da Inexistência da Preterição do Direito de Defesa. O Impugnante solicita a nulidade do procedimento fiscal, fundamentado no cerceamento de defesa, devido a ausência de cópia integral do MPF e da não concessão do prazo de 20 dias para a apresentação das cópias de notas fiscais para demonstrar as retenções informadas em GFIP. No item “Mandado de Procedimento Fiscal” já abordado no presente voto, ficou claro a desnecessidade da exigência da Fl. 2740DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.741 14 cópia do MPF no processo, visto que bastaria ao Impugnante, conforme orientações contidas no Termo de Início de Procedimento Fiscal, por meio do código de acesso fornecido pela Fiscalização, consultar na internet o MPF e verificar todos os elementos que alega que lhe foram subtraídos. Já quanto aos prazos que lhe foram concedidos, também não vislumbro nenhuma nulidade, a Fiscalização nos Termo de Intimação Fiscal, concedialhe o prazo de 5 dias úteis para apresentar/justificar as compensações/retenções que a empresa havia realizado em GFIP. Salientase que a solicitação da empresa para a extensão destes prazos para 20 dias não tem o condão de tornar nulo o procedimento fiscal, pois entendo razoável a concessão do prazo de 5 dias úteis para proceder com tal providência. Além do que, nenhum prejuízo lhe fora causado, pois tais documentos foram anexados a sua defesa e serão analisados por este julgador. Da Inexistência da Extensão das Multas Aplicadas aos Solidários. O contribuinte alega que não se aplica à multa aos solidários, fundamentando o seu entendimento art. 132 do CTN. Acontece que o referido artigo dispõe sobre responsabilidade por sucessão, o que não é o caso dos autos. O presente caso trata de responsabilidade solidária decorrente de grupo econômico de fato, nos termos do art. 124 do CTN e do inc. IX do art. 30 da Lei nº 8.212/91, hipótese em que é cabível a aplicação da multa de mora, por se tratar de acréscimo legal por descumprimento de obrigação principal. Mérito Da Falta de Comprovação da Origem dos Créditos Tributários. De acordo com o impugnante, a justificativa para a divergência entre os valores informados no campo retenção da GFIP e os valores das retenções contidas nas notas fiscais emitidas na competência da compensação, ocorreu devido a não consideração pela Fiscalização das notas fiscais com destaque de retenção emitidas em anos anteriores (2006 e 2007). Primeiramente é importante lembrar que o Manual GFIP dispõe que no campo das retenções, são informadas as retenções ocorridas na própria competência de emissão das notas fiscais. 3.1 – VALOR DE RETENÇÃO (Lei n° 9.711/98) A empresa cedente de mãodeobra ou prestadora de serviços (contratada) deve informar o valor correspondente ao montante das retenções (Lei n° 9.711/98) sofridas durante o mês, em relação a cada tomador/obra (contratante), incluindo o acréscimo de 4, 3 ou 2% correspondente aos serviços prestados em condições que permitam a concessão de aposentadoria especial (art. 6° da Lei n° 10.666, de 08/05/2003). No caso, a justificativa da empresa não pode ser acatada, pois não é possível considerar valores retidos em notas fiscais emitidos em anos anteriores 2006 e 2007, no campo de retenção Fl. 2741DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.742 15 da GFIP das competências de 2011 e 2012. Cabe informar que os valores das retenções das Notas Fiscais apresentados pelo Impugnante deveriam ter sido informados no campo retenção das GFIP nos anos de 2006 e 2007, não podendo ser informados em GFIP´s de competências diversas ao da emissão da nota fiscal. Sendo assim, correto o entendimento da Fiscalização ao glosar os valores contidos neste campo que não tenham respaldo em notas fiscais emitidas na própria competência da GFIP. Deve se observar, ainda, que é da inteira responsabilidade da empresa as informações prestadas em GFIP, segundo o 4º do artigo 225 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048, de 06/05/1999. Quanto à glosa dos valores contidos no campo compensação da GFIP, a empresa não apresentou nenhuma justificativa para comprovar o seu direito, motivo pelo qual também devese manter a glosa realizada pela Fiscalização. Caso, se cogite que os valores contidos no campo compensação da GFIP são originários de valores de retenções sobre as notas fiscais não totalmente deduzidos na competência da emissão das notas, tal situação deveria vir demonstrada por meio de planilha de cálculo no qual ficasse demonstrada a ocorrência de tal situação. Ou seja, que o valor que se está compensando é originário de um valor retido em nota fiscal, que não foi deduzido total ou parcialmente na competência em que ocorreu a retenção. Da Multa Isolada de 150% e da não Caracterização do Caráter Confiscatório. Em relação a este aspecto da impugnação, cabe frisar que a multa qualificada no percentual de 150% e por descumprimento de obrigação acessória não estão contempladas no presente processo, motivo pelo deixo de apreciar seus argumentos; contudo, resta esclarecer que as referidas multas compõem o processo fiscal nº 10166.731014/201443, as quais terão seus argumentos apreciados quando do seu julgamento. Da Legalidade na Aplicação da Multa Isolada com a Multa de Ofício. No AI DEBCAD 51.069.6058, ora em discussão, a multa de ofício, mas pelo não recolhimento das contribuições sociais previdenciárias no prazo legal, tendo em vista que está capitulada no artigo 35 da Lei nº 8.212, de 1991, através da indicação do § 9º do artigo 89 dessa lei, e que está a tratar da multa moratória do artigo 61 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, (0,33% por dia de atraso, limitada a 20%). Já a multa do AI DEBCAD nº 51.069.6066, discutida no processo nº 10166.73104/201443, é em razão de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, segundo o § 10 do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991. São, pois, situações distintas, uma pelo não recolhimento de contribuições, com multa de mora, e outra por declarações Fl. 2742DF CARF MF Processo nº 10166.731013/201407 Acórdão n.º 2402006.691 S2C4T2 Fl. 2.743 16 falsas. Sendo assim, não há duplicidade de multa em uma mesma obrigação. Cumpre esclarecer que a multa por descumprimento de obrigação acessória do AI DEBCAD nº 51.069.6074 – deixar de exibir documentos –, discutida também no processo nº 10166.73104/201443, também não se confunde com as multas anteriores, pois tendo fundamentação legal art. 33, §§ 2 e 3 da Lei nº 8.212/91 c/c art. 233, parágrafo único do Decreto nº 3.048/99. Outro ponto que deve ser salientado é que a exigência da multa de mora de multa isolada e da multa por descumprimento de obrigação acessória têm lastro no ordenamento pátrio vigente, compelindo tanto o infrator, quanto à Administração Pública à sua observância. [...] Com relação ao crédito tributário objeto deste Auto de Infração, é de se esclarecer que independentemente do pedido a impugnação apresentada suspende a exigibilidade do referido crédito, enquanto durar a discussão deste processo na fase administrativa, a teor do art. 151, III do CTN. (Grifos no original) Conclusão Isso posto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Fl. 2743DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10073.721893/2015-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Oct 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2011 a 30/11/2014
GLOSA DE COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO. NECESSIDADE.
Em regra, é vedada a compensação com fundamento na invalidade da legislação tributária sem a existência prévia de ação judicial e do trânsito em julgado da respectiva decisão.
COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES COM CRÉDITOS INEXISTENTES. INSERÇÃO DE DECLARAÇÃO FALSA NA GFIP. APLICAÇÃO DE MULTA ISOLADA. PROCEDÊNCIA.
Na hipótese de compensação indevida, quando reste comprovada a falsidade da declaração na GFIP apresentada pelo sujeito passivo, aplica-se a multa isolada nos termos do art. 89, § 10, da Lei n. 8.212/1991.
Para a aplicação da multa isolada de 150%, prevista no art. 89, § 10º da Lei n. 8212/91, não há necessidade de imputação de dolo, fraude ou mesmo simulação à conduta do sujeito passivo para a caracterização da falsidade da compensação indevida, mostrando-se suficiente apenas a demonstração da utilização créditos que sabia não serem líquidos e certos.
Numero da decisão: 2402-006.704
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior que deram provimento parcial. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Luís Henrique Dias Lima.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Dias Lima - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luís Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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GLOSA DE COMPENSAÇÃO. MULTA ISOLADA Recorrente BR METALS FUNDIÇÕES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 30/11/2014 GLOSA DE COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO. NECESSIDADE. Em regra, é vedada a compensação com fundamento na invalidade da legislação tributária sem a existência prévia de ação judicial e do trânsito em julgado da respectiva decisão. COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES COM CRÉDITOS INEXISTENTES. INSERÇÃO DE DECLARAÇÃO FALSA NA GFIP. APLICAÇÃO DE MULTA ISOLADA. PROCEDÊNCIA. Na hipótese de compensação indevida, quando reste comprovada a falsidade da declaração na GFIP apresentada pelo sujeito passivo, aplicase a multa isolada nos termos do art. 89, § 10, da Lei n. 8.212/1991. Para a aplicação da multa isolada de 150%, prevista no art. 89, § 10º da Lei n. 8212/91, não há necessidade de imputação de dolo, fraude ou mesmo simulação à conduta do sujeito passivo para a caracterização da falsidade da compensação indevida, mostrandose suficiente apenas a demonstração da utilização créditos que sabia não serem líquidos e certos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior que deram AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 72 18 93 /2 01 5- 15 Fl. 7415DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 3 2 provimento parcial. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Luís Henrique Dias Lima. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator (assinado digitalmente) Luis Henrique Dias Lima Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luís Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Relatório A DRJ fez um relato preciso do lançamento e da impugnação, que passa a integrar, em parte, o presente relatório: Tratase do processo nº 10073.721893/201515, relativo aos Autos de Infração de obrigação principal lavrados e consolidados em 04/11/2015, a seguir discriminados: [...] Da apuração dos fatos Compensação indevida O contribuinte em tela realizou compensação de contribuições previdenciárias e de terceiros entre as competências 01/2011 e 13/2014, nos estabelecimentos 19.811.058/000143 e 19.811.058/000224. Outrossim, não foram evidenciadas "sobras" de recolhimento nos sistemas da Receita Federal do Brasil, mas sim falta de recolhimento em diversas competências, conforme extrato do Fl. 7416DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 4 3 Sistema de Arrecadação CONSULTA CONTACORRENTE DE ESTABELECIMENTO "CCOR" e CCORGFIP (Anexo I). Ademais, conforme declinado em resposta às intimações, o contribuinte afirma não possuir decisão judicial transitada em julgado, da qual seja litigante, cuja sentença legitime a compensação ora glosada. Não obstante, quando devidamente intimada, a empresa não logrou êxito em comprovar a legitimidade das compensações ora glosadas, uma vez que, conforme declinado nas respostas às intimações, tal procedimento foi realizado com fulcro apenas em interpretação da legislação e precedentes jurisprudenciais/administrativos não unânimes. [...] O interessado se manifesta esclarecendo, em síntese, que as importâncias compensadas são relativas aos valores pagos indevidamente a título de: contribuição das empresas ao INCRA; contribuição das empresas ao SEBRAE; contribuição das empresas ao Seguro de Acidentes do Trabalho; contribuição previdenciária incidente sobre 1/3 de férias; contribuição previdenciária sobre Aviso Prévio; contribuição previdenciária sobre Auxílio Doença; contribuição previdenciária sobre horas extras e reflexos; contribuição previdenciária sobre indenização estabilidade Acordo Coletivo; contribuição previdenciária sobre 13° salário; contribuição previdenciária sobre adicional noturno e reflexos; contribuição previdenciária sobre saláriomaternidade; contribuição previdenciária sobre gratificação; contribuição previdenciária sobre insalubridade; contribuição previdenciária sobre periculosidade; e contribuição previdenciária sobre prêmio. [...] Portanto, uma vez que o sujeito passivo não possuía direito à compensação, pelos motivos declinados ao longo deste relatório, bem como não logrou êxito em comprovar as informações declinadas em GFIP das competências em lide, que dariam Fl. 7417DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 5 4 sustentação ao direito de compensar o montante recolhido, supostamente, a maior ou indevidamente, resta comprovada a falsidade da declaração por parte do contribuinte. [...] Portanto, os valores compensados em GFIP, e não devidamente justificados pelo contribuinte, foram glosados (Anexo V), bem como serviram de base de cálculo para o lançamento de multa isolada no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), em virtude da falsidade de declaração, pois em apertada síntese: não há sobras de recolhimento em GPS (recolhimento a maior); há períodos sem o devido recolhimento dos créditos compensados; não há amparo em decisão judicial transitada em julgado, da qual a BR Metals seja litigante; utilização de supostos créditos de outras entidades (terceiros) para compensar contribuições previdenciárias; utilização de créditos decadentes; utilização de créditos inexistentes, uma vez que não há recolhimento; não possui CND ou Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa. [...] Da apuração dos débitos Em consequência de todo o exposto, apuramos débitos neste procedimento fiscal, objeto do presente Auto de Infração, correspondentes às seguintes contribuições arrecadadas pela Receita Federal do Brasil, e não recolhidas na sua totalidade, pelo contribuinte: Glosa de parte do montante compensado, cuja regularidade não foi comprovada pelo contribuinte, DEBCAD n° 51.077.834 8. Multa de 150% (cento e cinquenta por cento), incidente sobre os montantes indevidamente compensados pelo contribuinte em GFIP, DEBCAD n° 51.077.835 6. DA IMPUGNAÇÃO O contribuinte foi cientificado das autuações por via postal em 06/11/2015, e apresentou impugnação tempestiva em 07/12/2015, alegando, em síntese, que: [...] Fl. 7418DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 6 5 Do direito 1. Da extinção da obrigação tributária pela compensação. Da legitimidade dos créditos apurados pela Impugnante [...] Com efeito, em procedimento de revisão dos recolhimentos de tributos pela empresa em referência, apurouse a existência de crédito a favor da Impugnante, tendo em vista o indevido pagamento das seguintes exações: Contribuição das empresas ao INCRA; Contribuição das empresas ao SEBRAE; Contribuição das empresas ao Seguro de Acidentes de Trabalho; Contribuição previdenciária incidente sobre 1/3 de férias; Contribuição previdenciária sobre aviso prévio; Contribuição previdenciária sobre auxílio doença; Contribuição previdenciária sobre horas extras e reflexos; Contribuição previdenciária sobre indenização estabilidade acordo coletivo; Contribuição previdenciária sobre 13° salário; Contribuição previdenciária sobre adicional noturno e reflexos; Contribuição previdenciária sobre salário maternidade; Contribuição previdenciária sobre gratificação; Contribuição previdenciária sobre insalubridade; Contribuição previdenciária sobre periculosidade; e Contribuição previdenciária sobre prêmio. [...] 2. Da possibilidade de compensação de contribuições previdenciárias com créditos de terceiros Entendeu o Fiscal, pela impossibilidade de compensação de contribuição previdenciária com créditos referentes a contribuições devidas a outras entidades ou fundos, o que ensejaria a glosa de parte das compensações formalizadas e aplicação da multa qualificada. Todavia, tal entendimento não merece prosperar. [...] Fl. 7419DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 7 6 3. Da inocorrência da decadência – prazo de 10 (dez) anos para repetição do indébito [...] 4. Do direito à compensação – inexigência legal de decisão judicial/administrativa ou jurisprudência pacífica sobre os créditos [...] 5. Do direito ao crédito decorrente de compensação indevida – desnecessidade de efetivos recolhimentos [...] 6. Da ilegalidade da limitação ao direito de compensação aos casos de regularidade fiscal do contribuinte [...] 7. Da não contabilização dos créditos – CPC nº 25 [...] 8. Da ausência de subsunção à hipótese de incidência da multa aplicada [...] 8.1 Do conceito de fraude – inaplicabilidade à conduta da Impugnante [...] 8.2 Do conceito de sonegação – inaplicabilidade à conduta da Impugnante [...] 8.3 Da ausência de subsunção à norma veiculada pelo artigo 89, § 10 da Lei nº 8.212/91 – inexistência de falsidade [...] 8.4 Do entendimento do CARF envolvendo situação idêntica em processo da própria Impugnante [...] Do requerimento Em face de todo o exposto, requer seja dado total provimento à presente impugnação administrativa, desconstituindose por completo os autos de infração de n° 51.077.8348 e 51.077.835 6, ante a legitimidade dos créditos e das compensações efetuadas, e da ausência de subsunção às hipóteses de incidência da multa qualificada. Fl. 7420DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 8 7 DA DILIGÊNCIA FISCAL [...] [...] o processo foi encaminhado em diligência fiscal, sugerindo a revisão do lançamento da glosa da compensação efetuada pela empresa em relação aos créditos de eventuais contribuições previdenciárias recolhidas sobre valores de aviso prévio indenizado, observandose a ressalva contida na NOTA PGFN/CRJ/Nº 485/2016 de que o entendimento firmado pelo STJ no julgamento do REsp 1.230.957/RS não abrange o reflexo do aviso prévio indenizado no 13º salário (gratificação natalina), por possuir natureza remuneratória, consoante diversos precedentes da Corte Superior. O despacho de encaminhamento para diligência fiscal destaca que: a) de acordo com a memória de cálculo das compensações efetuadas, fls. 123/125, fls. 174/186 e fls. 193/203, o contribuinte indica como créditos utilizados na compensação valores a título de “Aviso Prévio Indenizado”; b) de acordo com o demonstrativo de apropriação dos créditos, fls. 141/153, fls. 187/192, e fls. 204/209, no qual encontramse discriminadas por competência as rubricas consideradas na apuração dos créditos compensados, verificase que o contribuinte inclui, na mesma coluna relativa aos valores de aviso prévio indenizado, os valores relativos ao 13º salário sobre o aviso prévio e férias sobre aviso prévio; c) em relação aos valores pagos a título de férias indenizadas (no presente caso, identificados como férias sobre aviso prévio), o art. 28, § 9º, alínea “d” da Lei nº 8.212/91, exclui do salário decontribuição previdenciário, portanto, na hipótese de ter efetuado recolhimento de contribuições previdenciárias incidentes sobre tal rubrica, o contribuinte teria o direito de efetuar compensação desses valores, desde que obedecidos os requisitos e condições para esta compensação; d) em relação aos valores pagos a título de 13º salário sobre aviso prévio indenizado, a Nota PGFN/CRJ nº 485/2016, trechos acima transcritos, estabelece que seja dispensado de contestação e recurso o tema “incidência de contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado”, promovendose a devida a alteração da lista dispensa, nos termos do art. 2º, §4º, da Portaria PGFN/CRJ nº 502/2016, mantendose, contudo, a ressalva de que o entendimento firmado pelo STJ no julgamento do REsp 1.230.957/RS não abrange o reflexo do aviso prévio indenizado no 13º salário (gratificação natalina), por possuir natureza remuneratória, consoante diversos precedentes da Corte Superior; e) de acordo com o Relatório Fiscal, dentre os motivos que justificaram a glosa de compensação efetuado pela fiscalização, consta que o contribuinte se compensou de valores sequer Fl. 7421DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 9 8 recolhidos (créditos inexistentes) ou prescritos, e ainda que, para efetuar a compensação, o sujeito passivo deve estar em situação regular em relação aos créditos lançados de ofício, bem como aos valores por ele declarados, inclusive se parcelados, excetuados os valores cuja exigibilidade esteja suspensa, conforme art. 44, § 1º da IN RFB 900/2008, e, posteriormente,o art. 56, §1° da IN RFB 1.300/2012, sendo que o contribuinte não possui certidão que comprove a regularidade dos débitos (CND ou CPDEN) para as competências entre 05/2011 e 11/2011 e entre 06/2012 e 13/2014; f) de acordo com o Relatório Fiscal, não houve recolhimento de contribuições previdenciárias no período de 11/2008 a 13/2010, 04/2012 a 13/2014 (CNPJ 0001) e período de 11/2008 a 13/2010, 02/2012 a 04/2012 e 08/2012 a 13/2014 (CNPJ 0002), exceto recolhimentos referentes a ações trabalhistas, não obstante, nos documentos referentes a memória de cálculo, a empresa faz referência a supostos valores recolhidos; g) não é possível concluir através das informações e documentos constantes dos autos se a empresa de fato efetuou recolhimento de contribuições previdenciárias sobre aviso prévio indenizado, ou ainda sobre férias indenizadas, que foram objeto da compensação realizada; h) ainda que fosse possível concluir pelo efetivo recolhimento de tais contribuições, as planilhas referentes à memória de cálculo das compensações efetuadas e demonstrativo de apropriação de créditos não possibilita identificar os valores das contribuições previdenciárias incidentes sobre aviso prévio indenizado e férias indenizadas eventualmente recolhidas pela empresa; i) as planilhas referentes à memória de cálculo das compensações efetuadas e demonstrativo de apropriação de créditos não possibilita identificar os valores eventualmente recolhidos a título de aviso prévio indenizado e férias indenizadas que deveriam ser mantidos na glosa lançada pela fiscalização, por encontraremse prescritos à época da compensação; Assim, foi solicitado ao Auditor Fiscal Autuante, para que este se manifestasse quanto às seguintes questões: Nas competências em que o contribuinte efetuou compensação de contribuições previdenciárias, estando em situação regular em relação aos créditos lançados de ofício, bem como aos valores por ele declarados, inclusive se parcelados, excetuados os valores cuja exigibilidade esteja suspensa, nos termos do art. 44, § 1º da IN RFB 900/2008, e, posteriormente,o art. 56, §1° da IN RFB 1.300/2012, há alguma alteração a ser efetuada nos valores de glosa de compensação lançados no Auto de Infração Debcad nº 51.077.8348 em virtude de contribuições previdenciárias efetivamente recolhidas sobre valores de aviso prévio indenizado e férias indenizadas, não prescritas à época da compensação? Fl. 7422DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 10 9 caso positivo, identificar separadamente os valores das contribuições previdenciárias recolhidas sobre o aviso prévio indenizado e sobre as férias indenizadas, e elaborar demonstrativo dos valores de glosa lançados, valores de glosa a serem excluídos e valores de glosa a serem mantidos no AI Debcad nº 51.077.8348; caso positivo, elaborar ainda demonstrativo dos valores de base de cálculo da multa lançada, base de cálculo da multa a ser excluída e base de cálculo da multa a ser mantida no AI Debcad nº 51.077.8356. Como resultado da diligência fiscal, foram anexados aos autos cópias do Mandado de Procedimento Fiscal – Diligência, Termo de Início de Procedimento Fiscal, Resposta à Intimação, Demonstrativo de Apuração dos Créditos, folhas de pagamento e demonstrativos de rescisões, e emitido o Relatório de Encerramento de Diligência Fiscal, do qual se transcreve os seguintes trechos: [...] Conclusão Diante do exposto, não há como afirmar, de forma inequívoca, que houve o "efetivo recolhimento", ou a efetiva extinção das contribuições previdenciárias, sobre valores de aviso prévio indenizado e férias indenizadas, não prescritas à época da compensação. Assim, com base nos fatos elencados, e respectivos documentos, encerro o presente relatório, facultandose 30 dias, a contar da ciência deste documento, para manifestação do interessado. DA MANIFESTAÇÃO DO CONTRIBUINTE O sujeito passivo foi cientificado do resultado da diligência fiscal em 06/04/2017, e apresentou manifestação tempestiva em 08/05/2017, acompanhada de cópia do Acordo Coletivo 2011/2012, alegando, em síntese, que: [...] Destarte, deve ser refeito o relatório de encerramento da diligência fiscal, para que todas as rubricas relativas ao aviso prévio indenizado e seus reflexos nas férias sejam consideradas. Por fim, quanto a alegação da autoridade fiscal que seria no mínimo inusitado o fato da Requerente considerar indevida a incidência de contribuições previdenciárias sobre determinadas verbas mas continuar recolhendo tributos sobre essas verbas, há uma explicação muito simples para isso. A Requerente continuou a calcular e a recolher as contribuições previdenciárias sobre toda a folha de pagamento unicamente por conservadorismo, uma vez que simplesmente declarar em GFIP as contribuições previdenciárias desconsiderando determinas Fl. 7423DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 11 10 rubricas, poderia ser interpretado pelas autoridades administrativas como sonegação fiscal. Desta forma, a Requerente sempre preferiu num primeiro momento recolher as contribuições previdenciárias, mesmo que as considerasse indevidas, para num segundo momento pleitear a compensação do indébito. Em face do exposto, requer seja determinada a elaboração de um novo relatório de encerramento de diligência fiscal em que conste todas as rubricas relativas ao aviso prévio indenizado e seus reflexos nas férias para cálculo dos créditos utilizados para compensação. A DRJ julgou a impugnação improcedente, conforme decisão assim ementada: COMPENSAÇÃO INDEVIDA INFORMADA EM GFIP. NÃO COMPROVAÇÃO DE CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. GLOSA. LANÇAMENTO FISCAL. Compensação é o procedimento facultativo através do qual o sujeito passivo se ressarce de valores pagos indevidamente, deduzindoos das contribuições devidas à Previdência Social. A compensação pressupõe a preexistência do direito líquido e certo ao crédito apto a extinguir a obrigação tributária. Constatada compensação indevida de contribuição previdenciária informada em GFIP, não tendo havido a comprovação, pelo sujeito passivo, durante o procedimento fiscal, da certeza e liquidez dos créditos por ele ali declarados, não atendidas as condições estabelecidas na legislação previdenciária e no Código Tributário Nacional CTN, deverá a fiscalização efetuar a glosa dos valores indevidamente compensados, com o consequente lançamento de ofício das importâncias que deixaram de ser recolhidas. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. PARCELAS NÃO INTEGRANTES. Somente ficam excluídas do saláriodecontribuição para fins previdenciários as parcelas relacionadas no §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. COMPENSAÇÃO. DIREITO. PRAZO. É de cinco anos o prazo previsto na Lei Complementar nº118/2005 para a compensação do indébito. Conforme entendimento mantido pelo Supremo Tribunal Federal é descabida a aplicação da regra do prazo decenal para os pedidos de restituição formulados após o início da vigência da LC nº 118/2005, tanto para o contribuinte que pleiteou administrativamente a restituição, como para aquele que optou diretamente pela via judicial. Fl. 7424DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 12 11 COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. GLOSA. CRÉDITOS DE CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS. VEDAÇÃO. É vedada a compensação de contribuições previdenciárias com créditos tributários de contribuições destinadas a outras entidades e fundos. SAT/GILRAT. LEGALIDADE. A contribuição da empresa para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (SAT/GILRAT), revestese de legalidade, os elementos necessários à sua exigência foram definidos em lei, sendo que os decretos regulamentadores em nada a excederam. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. FALSIDADE NA DECLARAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. MULTA ISOLADA. PERCENTUAL EM DOBRO. APLICAÇÃO. POSSIBILIDADE. Na hipótese de compensação indevida, e uma vez presente a falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, impõe se a aplicação da multa isolada no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), calculada com base no valor total do débito indevidamente compensado, nos termos do art. 89 § 10 da Lei nº 8.212/91. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação, ou deixar de observar lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, cujo reconhecimento encontrase na esfera de competência do Poder Judiciário. O sujeito passivo foi intimado da decisão da DRJ em 06/09/2017, pela abertura dos arquivos digitais correspondentes no link Processo Digital, e interpôs recurso voluntário em 09/10/2017, através qual basicamente reiterou os termos de sua impugnação. Sem contrarrazões ou manifestação pela PGFN. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Fl. 7425DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 13 12 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo, visto que interposto dentro do prazo legal de trinta dias, e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da glosa de compensação Conforme relatado, as autuações decorrem das glosas das compensações efetuadas pelo sujeito passivo. No entender da fiscalização, a contribuinte não teria decisão transitada em julgado que legitimasse o encontro de contas para efeito de extinção das obrigações tributárias, e também não teria sobras de recolhimentos. A compensação é amplamente reconhecida no direito público e no direito privado. Ela ocorre quando duas pessoas são ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra. Vejase, inicialmente, o que dispõem os arts. 368 e 369 do Código Civil: Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguemse, até onde se compensarem. Art. 369. A compensação efetuase entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis. Como se vê acima, no direito privado a compensação independe da vontade das partes e basta que estejam presentes os pressupostos dos arts. 368 e 369 retro mencionados. Se duas pessoas forem credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguemse até o limite no qual se compensarem. Já no regime tributário, a compensação depende de lei autorizadora (vide abaixo), a qual deve regular as suas condições e as suas garantias. O art. 170 do CTN atribui à lei a possibilidade de compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Aliás, aí reside outra diferença em relação ao direito privado, pois neste a compensação ocorre somente "entre dívidas líquidas e vencidas" (art. 369 do CC), ao passo que naquele a compensação também ocorre em relação a créditos vincendos. Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, Fl. 7426DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 14 13 antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Tanto inexiste a compensação legal a que alude o Código Civil, e tanto há necessidade de lei autorizadora por parte de cada ente federado, que a doutrina identifica "diversos Municípios" que "não preveem a compensação"1, e que "se não foi prevista a compensação, não há como exigila"2. Da leitura do art. 170 do CTN, depreendese que ele realmente não é auto aplicável, porque é expresso ao determinar que a lei poderá autorizar a compensação tributária. Ademais, a Constituição não tem nenhuma cláusula geral ou específica que trate realmente da compensação como forma de extinção do crédito tributário. No âmbito federal, é relativamente ampla a regulação da compensação como meio de extinção da obrigação tributária. Dos dispositivos legais a serem transcritos logo abaixo, vêse que a União editou diversos diplomas legais a respeito da matéria e há inclusive a hipótese de compensação de ofício3, que ocorre quando a própria SRFB compensa o valor da restituição ou do ressarcimento devido ao sujeito passivo com os débitos em seu nome. Depois da edição da Lei 13670/18, de maio do referido ano, a União parece ter unificado os regimes tributário e previdenciário, tendo promovido ampla alteração no art. 74 da Lei 9430/96, sobretudo para admitir a compensação de contribuições previdenciárias com outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Para traçar um panorama legal dessa questão, vale transcrever os seguintes dispositivos legais: Lei 8383/91 Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a período subseqüente.(Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995)(Vide Lei nº 9.250, de 1995) § 1º A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie.(Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995) § 2º É facultado ao contribuinte optar pelo pedido de restituição.(Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995) § 3º A compensação ou restituição será efetuada pelo valor do tributo ou contribuição ou receita corrigido monetariamente com base na variação da UFIR.(Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995) 1 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 682. 2 Obra citada, p. 682. 3 Arts. 73 e 74 da Lei 9430/96, art. 7º do DecretoLei 2287/86 e Decreto 2138/97. Fl. 7427DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 15 14 ... Lei 9250/95 Art. 39. A compensação de que trata o art. 66 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 58 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, somente poderá ser efetuada com o recolhimento de importância correspondente a imposto, taxa, contribuição federal ou receitas patrimoniais de mesma espécie e destinação constitucional, apurado em períodos subseqüentes. § 1º(VETADO) § 2°(VETADO) § 3°(VETADO) § 4º A partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada.(Vide Lei nº 9.532, de 1997) ... Lei 8212/91 Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 4o O valor a ser restituído ou compensado será acrescido de juros obtidos pela aplicação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, a partir do mês subsequente ao do pagamento indevido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 6o (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 7428DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 16 15 § 7o (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). §8oVerificada a existência de débito em nome do sujeito passivo, ainda que parcelado sob qualquer modalidade, inscritos ou não em dívida ativa do INSS, de natureza tributária ou não, o valor da restituição será utilizado para extinguilo, total ou parcialmente, mediante compensação em procedimento de ofício.(Incluído pela Medida Provisória nº 252, de 2005).Sem eficácia § 8oVerificada a existência de débito em nome do sujeito passivo, o valor da restituição será utilizado para extinguilo, total ou parcialmente, mediante compensação.(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005). §9oOs valores compensados indevidamente serão exigidos com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35 desta Lei.(Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) §10.Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I docaputdoart. 44 da Lei no9.430, de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) §11.Aplicase aos processos de restituição das contribuições de que trata este artigo e de reembolso de saláriofamília e salário maternidade o rito doDecreto nº 70.235, de 6 de março de 1972.(Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) § 9o Os valores compensados indevidamente serão exigidos com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35 desta Lei.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 11. Aplicase aos processos de restituição das contribuições de que trata este artigo e de reembolso de saláriofamília e salário maternidade o rito previsto no Decreto no70.235, de 6 de março de 1972.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 12. O disposto no § 10 deste artigo não se aplica à compensação efetuada nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996.(Incluído pelo Lei nº 13.670, de 2018) ... Lei 9430/96 Fl. 7429DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 17 16 Art.74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. Art.74.O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 2002) Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002)(Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) §1ºA compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Medida Provisória nº 66, de 2002) § 1oA compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) §2ºA compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.(Incluído pela Medida Provisória nº 66, de 2002) § 2oA compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) §3ºAlém das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação: (Incluído pela Medida Provisória nº 66, de 2002) a)o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física;(Incluída pela Medida Provisória nº 66, de 2002) b)os débitos relativos a tributos e contribuições devidos no registro da Declaração de Importação.(Incluída pela Medida Provisória nº 66, de 2002) Fl. 7430DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 18 17 § 3oAlém das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação:(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) §3oAlém das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1º:(Redação dada pela Medida Provisória nº 135, de 2003) § 3oAlém das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) I o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física; (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) II os débitos relativos a tributos e contribuições devidos no registro da Declaração de Importação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) IIIos débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal que já tenham sido encaminhados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União;(Incluído pela Medida Provisória nº 135, de 2003) III os débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal que já tenham sido encaminhados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União;(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) IVos créditos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal com o débito consolidado no âmbito do Programa de Recuperação FiscalRefis, ou do parcelamento a ele alternativo; e(Incluído pela Medida Provisória nº 135, de 2003) IV os créditos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal com o débito consolidado no âmbito do Programa de Recuperação Fiscal Refis, ou do parcelamento a ele alternativo; e(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) IVos créditos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal com débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido por essa Secretaria;(Redação dada pela Medida Provisória nº 219, de 2004) IV o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela Secretaria da Receita Federal SRF;(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 7431DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 19 18 Vos débitos que já tenham sido objeto de compensação não homologada pela Secretaria da Receita Federal.(Incluído pela Medida Provisória nº 135, de 2003) V os débitos que já tenham sido objeto de compensação não homologada pela Secretaria da Receita Federal. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) V o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) V o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa;(Redação dada pelo Lei nº 13.670, de 2018) VI o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa.(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) VI o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa;(Redação dada pelo Lei nº 13.670, de 2018) VIIos débitos relativos a tributos e contribuições de valores originais inferiores a R$ 500,00 (quinhentos reais); (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) VII o crédito objeto de pedido de restituição ou ressarcimento e o crédito informado em declaração de compensação cuja confirmação de liquidez e certeza esteja sob procedimento fiscal;(Redação dada pelo Lei nº 13.670, de 2018) VIIIos débitos relativos ao recolhimento mensal obrigatório da pessoa física apurados na forma do art. 8oda Lei no7.713, de 1988; e(Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) VIII os valores de quotas de saláriofamília e salário maternidade; e(Redação dada pelo Lei nº 13.670, de 2018) IXos débitos relativos ao pagamento mensal por estimativa do Imposto sobre a Renda da Pessoa JurídicaIRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro LíquidoCSLL apurados na forma do art. 2o. (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) IX os débitos relativos ao recolhimento mensal por estimativa do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) apurados na forma do art. 2º desta Lei.(Redação dada pelo Lei nº 13.670, de 2018) Fl. 7432DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 20 19 §4ºOs pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo.(Incluído pela Medida Provisória nº 66, de 2002) § 4oOs pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) §5º A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo.(Incluído pela Medida Provisória nº 66, de 2002) § 5oA Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) §5oO prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de cinco anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Medida Provisória nº 135, de 2003) § 5oO prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) §6º Para os fins do disposto neste artigo, é vedada a exigência do atendimento das condições a que se referem oart. 195, §3º, da Constituição Federal,art. 27, alínea "a", da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990,art. 60 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, e quaisquer outras que sejam aplicáveis tãosomente às hipóteses de reconhecimento de isenções e de concessão de incentivo ou benefício fiscal.(Vide Medida Provisória nº 66, de 2002) §6oA declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados.(Incluído pela Medida Provisória nº 135, de 2003) § 6oA declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) §7oNão homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de trinta dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Incluído pela Medida Provisória nº 135, de 2003) § 7oNão homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Fl. 7433DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 21 20 §8oNão efetuado o pagamento no prazo previsto no § 7o, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no § 9o.(Incluído pela Medida Provisória nº 135, de 2003) § 8oNão efetuado o pagamento no prazo previsto no § 7o, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no § 9o. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) §9oÉ facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação.(Incluído pela Medida Provisória nº 135, de 2003) § 9oÉ facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) §10.Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes.(Incluído pela Medida Provisória nº 135, de 2003) § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) §11.A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9oe 10 obedecerão ao rito processual doDecreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto noinciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966Código Tributário Nacional,relativamente ao débito objeto da compensação.(Incluído pela Medida Provisória nº 135, de 2003) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9oe 10 obedecerão ao rito processual do Decreto no70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) §12.A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo, podendo, para fins de apreciação das declarações de compensação e dos pedidos de restituição e de ressarcimento, fixar critérios de prioridade em função do valor compensado ou a ser restituído ou ressarcido e dos prazos de prescrição.(Incluído pela Medida Provisória nº 135, de 2003) § 12. A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo, podendo, para fins de apreciação das declarações de compensação e dos pedidos de restituição e de ressarcimento, fixar critérios de prioridade em função do valor compensado ou a ser restituído ou ressarcido e dos prazos de prescrição.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Fl. 7434DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 22 21 § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses:(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I previstas no § 3odeste artigo;(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II em que o crédito: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) a) seja de terceiros; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) b) refirase a "créditoprêmio" instituído pelo art. 1odo Decreto Lei no491, de 5 de março de 1969;(Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) c) refirase a título público; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou(Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) f)tiver como fundamento a alegação de inconstitucionalidade de lei que não tenha sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de inconstitucionalidade ou em ação declaratória de constitucionalidade, nem tenha tido sua execução suspensa pelo Senado Federal. (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) f) tiver como fundamento a alegação de inconstitucionalidade de lei, exceto nos casos em que a lei: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) 1 – tenha sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de inconstitucionalidade ou em ação declaratória de constitucionalidade; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) 2 – tenha tido sua execução suspensa pelo Senado Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) 3 – tenha sido julgada inconstitucional em sentença judicial transitada em julgado a favor do contribuinte; ou(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) 4 – seja objeto de súmula vinculante aprovada pelo Supremo Tribunal Federal nos termos do art. 103A da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) § 13. O disposto nos §§ 2oe 5oa 11 deste artigo não se aplica às hipóteses previstas no § 12 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 14. A Secretaria da Receita Federal SRF disciplinará o disposto neste artigo, inclusive quanto à fixação de critérios de Fl. 7435DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 23 22 prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação.(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) §15.Aplicase o disposto no §6onos casos em que a compensação seja considerada não declarada. (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) § 15. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) (Revogado pela Medida Provisória nº 656, de 2014)(Vide Lei nº 13.097, de 2015) (Revogado pela Medida Provisória nº 668, de 2015) (Revogado pela Lei nº 13.137, de 2015)(Vigência) §16.Nos casos previstos no §12, o pedido será analisado em caráter definitivo pela autoridade administrativa. (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) § 16. O percentual da multa de que trata o § 15 será de 100% (cem por cento) na hipótese de ressarcimento obtido com falsidade no pedido apresentado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010)(Revogado pela Medida Provisória nº 656, de 2014) (Vide Lei nº 13.097, de 2015) (Revogado pela Medida Provisória nº 668, de 2015) (Revogado pela Lei nº 13.137, de 2015)(Vigência) §17.O valor de que trata o inciso VII do §3opoderá ser reduzido ou restabelecido por ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) § 17. Aplicase a multa prevista no § 15, também, sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.(Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) § 17. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do débito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.(Redação dada pela Medida Provisória nº 656, de 2014) § 17. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do débito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.(Redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015) § 18. No caso de apresentação de manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação, fica suspensa a exigibilidade da multa de ofício de que trata o § 17, ainda que não impugnada essa exigência, enquadrandose no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional. (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) Fl. 7436DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 24 23 ... Ocorre que o art. 170A do CTN é claro ao vedar a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão. A vedação faz todo sentido, porque as leis têm presunção de constitucionalidade (princípio da presunção da constitucionalidade das normas infraconstitucionais) e a doutrina já identificava, antes mesmo da nova redação dos itens 1 a 4 da alínea "f" do § 12 do art. 74 da Lei 9430/1996, que seria dispensável o trânsito em julgado apenas nas hipóteses de compensação efetuada com fundamento na invalidade de dispositivo da legislação tributária já declarado inconstitucional pelo STF em sede de controle concentrado de constitucionalidade ou de Resolução do Senado Federal suspendendo a eficácia da norma inconstitucional. Para o professor e magistrado Leandro Paulsen, "sempre que a compensação é efetuada com fundamento na invalidade de dispositivo da legislação tributária que estabelece determinada exação já paga mas entendida como indevida, como, e.g., na inconstitucionalidade da lei instituidora, fazse necessário que o contribuinte obtenha o reconhecimento judicial de que a exigência era feita sem suporte válido, de forma que se crie a certeza de que realmente pagou tributo indevido e que, portanto, possui crédito oponível ao Fisco, certeza esta indispensável à realização da compensação, nos termos do art. 170 do CTN"4. Como exceção a essa regra, Leo Krakowiak mencionava os "casos em que o crédito do contribuinte decorra de pagamento de tributos declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle concentrado de constitucionalidade, ou mesmo da edição de resolução do Senado Federal"5. Diante da necessidade de ação judicial e de trânsito em julgado, a Súmula STJ 212 preleciona que "a compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória". Vigente à época dos fatos geradores e do lançamento, o art. 81 da IN RFB 1300/2012, de conformidade com o art. 170A do CTN, previa ser "vedada a compensação do crédito do sujeito passivo para com a Fazenda Nacional, objeto de discussão judicial, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial". Quer dizer, na hipótese dos autos, a caracterização dos recolhimentos indevidos a que alude o art. 89 da Lei 8212/91 dependia de prévia ação judicial com trânsito em julgado, vez que os créditos apurados pela contribuinte, oriundos dos citados recolhimentos indevidos, estariam fundados sobretudo nas ilegalidades das contribuições ou de determinadas rubricas. A despeito disso, o sujeito passivo, em sede de fiscalização, admitiu que não ajuizou ação para discutir tais legalidades. Em sendo assim, os créditos utilizados pela contribuinte no encontro de contas não são líquidos e certos, de tal forma que a fiscalização agiu corretamente ao glosar as compensações. Nem mesmo há necessidade de enfrentar os argumentos relativos à 4 PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado; ESMAFE, 2008, p. 1148. 5 Citado por Leandro Paulsen, obra citada, p. 1149. Fl. 7437DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 25 24 inexigibilidade das contribuições ao INCRA, ao SEBRAE, ao seguro de acidentes do trabalho, etc, pois o sujeito passivo deveria estar amparado em decisão judicial transitada em julgado. Sobre a necessidade de decisão judicial transitada em julgado, eis o entendimento deste Conselho: [...] Ementa(s) Não se homologa a compensação de tributo realizada antes do trânsito em julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170A do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966. (Número do Processo 10882.901034/200854, Data da Sessão 19/04/2018, Relator(a) JOSE HENRIQUE MAURI, Acórdão 3301004.614) [...] ......................................................................................................... Ementa(s) [...] COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL NÃO TRANSITADA EM JULGADO. A compensação de crédito decorrente de decisão judicial somente pode ser efetivada após o trânsito em julgado de decisão que beneficiar o contribuinte, exceto se existente determinação judicial em contrário. [...] (Número do Processo 11080.006198/200611, Data da Sessão 22/05/2018, Relator(a) CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Acórdão 3402005.235) ......................................................................................................... Ementa(s) [...] DECISÃO JUDICIAL SEM TRÂNSITO EM JULGADO. COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial (CTN, art. 170A). [...] ......................................................................................................... Fl. 7438DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 26 25 Ementa(s) [...] CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. COMPENSAÇÃO REALIZADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA RESPECTIVA DECISÃO JUDICIAL. 170A DO CTN. Nos termos do art. 170A do Código Tributário Nacional, é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. [...] (Número do Processo 10166.731302/201406, Data da Sessão 03/10/2017, Relator(a) DILSON JATAHY FONSECA NETO, Acórdão 2202004.309) Por fim, a fiscalização demonstrou, com base nos sistemas da Receita, que a contribuinte não teria sobras de recolhimentos a serem compensadas. A contribuinte, por outro lado, não se dignou de demonstrar o contrário, sendo incensurável o trabalho do agente autuante. 3 Da multa aplicada com base na falsidade da declaração A fiscalização entendeu que a contribuinte teria prestado declaração falsa e que portanto seria aplicável o disposto no § 10 do art. 89 da Lei 8212/91 (transcrição abaixo). A declaração falsa teria sido prestada em GFIP, documento no qual a compensação deveria ser informada, de conformidade com o § 7º do art. 56 da IN RFB 1300/12 (transcrição abaixo): Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). ......................................................................................................... Art. 56. O sujeito passivo que apurar crédito relativo às contribuições previdenciárias previstas nas alíneas “a” a “d” do inciso I do parágrafo único do art. 1º, passível de restituição ou de reembolso, inclusive o crédito relativo à Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), poderá utilizálo Fl. 7439DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 27 26 na compensação de contribuições previdenciárias correspondentes a períodos subsequentes. [...] § 7º A compensação deve ser informada em GFIP na competência de sua efetivação, observado o disposto no § 8º. A interpretação literal dos dispositivos retro mencionados realmente parece chancelar a conclusão da autoridade fiscal. Todavia, não pode passar despercebido que a conduta da contribuinte estava pautada na sua interpretação a respeito da matéria e que parte considerável da doutrina entendia e ainda entende ser desnecessária a existência prévia de definição administrativa ou judicial sobre a certeza e liquidez do crédito e do débito6, e que o art. 170A somente se aplicaria à hipótese em que o contribuinte decide ajuizar ação judicial, mas não à hipótese em que ele, por sua conta e risco, faria valer um alegado direito subjetivo à autocompensação. Vejase a interpretação de Angelina Mariz de Oliveira: Logo, no presente cenário jurídico nacional, a compensação do indébito tributário passa a conviver simultaneamente com duas sistemáticas autônomas e inconfundíveis, cujo disparo deflagrador de uma ou outra regra ficará jungido à deliberada opção do sujeito passivo que: a) por sua conta e risco, independentemente de qualquer ação judicial, faz valer o seu direito subjetivo à autocompensação, nos moldes da Lei nº 8.383/91, sujeito à ulterior verificação do Fisco sobre a regularidade do procedimento compensatório efetuado (regularidades de valores, etc), ou; b) renuncia a sua facultas agendi e, por conseguinte, ingressa com a competente ação judicial, visando obter a certeza acerca da inexistência da relação jurídica obrigacional, de modo que tãosomente após o seu trânsito em julgado é que estará habilitado a efetuar a compensação, conforme reza o novo art. 170A do CTN. 7 Como exposto no tópico anterior, esta relatoria não concorda com essa interpretação. O art. 170A do CTN preleciona que é necessária a existência prévia de ação judicial e o trânsito em julgado da decisão. Ademais, a intelecção exposta no excerto acima é a menos razoável, pois não se poderia admitir que o legislador tivesse a intenção de exigir um procedimento mais moroso e gravoso em desfavor do contribuinte que tivesse optado por discutir a existência do seu crédito em juízo, ao passo que aquele outro poderia fazer a compensação sem qualquer ação e sem trânsito em julgado. De toda forma, o que se demonstra é que há esse entendimento por parte de alguns doutrinadores e que a contribuinte estava alinhada com essa interpretação. 6 HORVATH, Estevão, compensação e autolançamento, em RDT 67, Ed. Malheiros, p. 344/345. 7 MARIZ DE OLIVEIRA, Angelina. A superveniência do novo art. 170A do CTN e a duvidosa questão acerca da revogabilidade do direito subjetivo à autocompensação do indébito tributário, Ed. RDDT 68, maio/01, p. 07/14. Fl. 7440DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 28 27 Nesse contexto, a fiscalização não demonstrou que a contribuinte tenha, dolosamente, prestado declaração falsa em GFIP. A contrario sensu, o sujeito passivo entendeu ter exercido um direito que lhe seria assegurado pela legislação. Expressandose de outra forma, a divergência de entendimento a respeito da aplicação da legislação tributária afasta a exigibilidade da multa lançada com base na falsidade da declaração prestada pelo sujeito passivo, devendo ser cancelada a exigência da multa isolada, de forma a subsistir apenas o Auto de Infração decorrente da glosa da compensação e da constituição das contribuições indevidamente compensadas. A falsidade difere do simples erro, pois ela pressupõe a existência de máfé. E a máfé, como sabido, não se presume, vez que "inexiste no Direito qualquer princípio que erija a máfé em regra ou critério de interpretação. Pelo contrário, notadamente em matéria de penalizações, tenham o caráter que tiverem, é vedada presunção de tão desabusado teor"8. A fiscalização, portanto, tem o dever de provar a existência do elemento subjetivo dolo, mais propriamente a intenção de alterar, suprimir, esconder, ludibriar, etc. Noutro giro verbal, a autoridade administrativa deve comprovar a existência de máfé, a qual não se presume no Direito brasileiro. Este colegiado já manifestou entendimento semelhante no julgamento do PAF 10580.721524/201411, cujo voto vencedor foi de minha autoria: [...] COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA FALSIDADE. NÃO CABIMENTO. 1. A multa isolada de 150% prevista no art. 89, § 10, da Lei 8.212/1991, é inaplicável quando a autoridade fiscal não comprova a existência de falsidade. 2. A falsidade difere do simples erro, pois ela pressupõe a existência de máfé por parte do sujeito passivo. 3. A autoridade administrativa tem o dever de comprovar a existência de máfé, a qual não se presume no Direito brasileiro. (Número do Processo 10580.721524/201411, Data da Sessão 15/06/2016, Acórdão 2402005.347) A 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara desta 2ª Seção de Julgamento tem entendimento idêntico. Vejase: [...] COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO. INAPLICABILIDADE. Inaplicável a imposição de multa isolada de 150% prevista no § 10 do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991 quando a autoridade 8 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Procedimento Tributário. Revista de Direito Tributário. 718. RT. P. 66. Fl. 7441DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 29 28 fiscal não demonstra, por meio da linguagem de provas, a conduta dolosa do sujeito passivo necessária para caracterizar a falsidade da compensação efetuada por meio da apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP). (PAF 11030.721697/201267, Acórdão 2401004.741, Data da Sessão 05/04/2017, Relator CLEBERSON ALEX FRIESS) 4 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de conhecer e dar parcial provimento ao recurso voluntário, para cancelar a multa de 150% lançada no Auto de Infração DEBCAD 51.077.8356. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Voto Vencedor Luis Henrique Dias Lima Redator Designado. Não obstante o bem fundamentado voto do i. Relator, dele divirjo, vez que o cancelamento da multa de 150% lançada no Auto de Infração DEBCAD 51.077.8356 não encontra amparo na legislação tributária em vigor. De plano, é de se observar que a aplicação da sanção em apreço decorre do art. 89, § 10, da Lei n. 8.212/1991, portanto, ex vi legis. Outrossim, o art. 170A do CTN veda expressamente a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão. Na espécie, conforme bem destacado pelo i. Relator, a autoridade lançadora demonstrou, com base nas informações residentes nos sistemas da RFB, que a Recorrente não teria sobras de recolhimentos a serem compensadas, ou seja, inexistia direito "líquido e certo" à compensação. Por sua vez, a Recorrente, não só não logrou êxito em provar o contrário, bem como afirmou que sequer possui decisão judicial transitada em julgado, da qual seja litigante, com sentença que legitime a compensação ora glosada. Nessa perspectiva, resta, no meu entendimento, perfeitamente caracterizada a tipificação da aplicação da multa isolada de 150% prevista no art. 89, § 10, da Lei n. 8.212/1991, tendo em vista que a Recorrente tinha plena consciência da falsidade das informações prestadas em GFIP. De se observar ainda que a previsão de multa isolada pela falsidade de declaração, visa justamente coibir a prática de compensação de valores, sem que a Recorrente, ao ser instada para o mister, comprove que os valores informados em GFIP tratamse, de fato, de direito "líquido e certo". Fl. 7442DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 30 29 A contrario sensu, restaria estabelecida a permissão à Recorrente de compensar tudo aquilo que até então recolhia de contribuição previdenciária sobre sua folha de pagamento, por simplesmente entender indevida a incidência de contribuições previdenciárias sobre determinadas verbas, ou até mesmo sobre todas as verbas. É dizer, só recolheria o que, ao seu alvedrio, parecesse devido. Concluise, assim, que na aplicação da multa isolada, relativa à compensação indevida de contribuições previdenciárias, a única demonstração que se exige da autoridade lançadora é, unicamente, a ocorrência de falsidade na GFIP, consubstanciada na inexistência de "direito líquido e certo" à compensação, exatamente como se configura no caso concreto, sem que haja a necessidade de imputação de dolo, fraude ou mesmo simulação à conduta da Recorrente. É oportuno ressaltar que o entendimento ora esposado encontrase alinhado a recentíssimas decisões sobre a matéria, da lavra não apenas deste colegiado, bem assim da 2ª. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), conforme segue: Acórdão n. 2402006.511 (sessão de julgamento de 09/08/2018 Relator Maurício Nogueira Righetti): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Anocalendário: 2014, 2015, 2016 GFIP. MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. DECLARAÇÃO COM FALSIDADE. APLICABILIDADE. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada de 150% e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. Acórdão n. 2402006.512 (sessão de julgamento de 09/08/2018 Relator Maurício Nogueira Righetti): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Anocalendário: 2014 GFIP. MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. DECLARAÇÃO COM FALSIDADE. APLICABILIDADE. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada de 150% e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. Acórdão CSRF 2ª. Turma n. 9202007.130 (sessão de julgamento de 28/08/2018 Relatora Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2010 a 30/11/2011 COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES COM CRÉDITOS INEXISTENTES. INSERÇÃO DE DECLARAÇÃO FALSA NA GFIP. APLICAÇÃO DE MULTA ISOLADA. PROCEDÊNCIA. Fl. 7443DF CARF MF Processo nº 10073.721893/201515 Acórdão n.º 2402006.704 S2C4T2 Fl. 31 30 Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à aplicação de multa isolada nos termos do art. 89, § 10, da Lei nº 8.212/1991. Para a aplicação de multa de 150% prevista no art. 89, § 10º da lei 8212/91, o dolo mostrase prescindível para a caracterização da falsidade imputada à compensação indevida, mostrandose apenas necessária a demonstração de que o contribuinte utilizouse de créditos que sabia não serem líquidos e certos. Acórdão CSRF 2ª. Turma n. 9202006.954 (sessão de julgamento de 19/06/2018 Relator Pedro Paulo Pereira Barbosa): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2010 a 31/08/2012 COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES COM CRÉDITOS INEXISTENTES. INSERÇÃO DE DECLARAÇÃO FALSA NA GFIP. APLICAÇÃO DE MULTA ISOLADA. PROCEDÊNCIA. O sujeito passivo deve sofrer imposição de multa isolada de 150%, incidente sobre as quantias indevidamente compensadas, quando insere informação falsa na GFIP, declarando créditos decorrentes de recolhimentos de contribuições sem efetivamente desincumbirse de demonstrar o efetivo recolhimento. Para a aplicação de multa de 150% prevista no art. 89, §10º da lei 8212/91, necessário que a autoridade fiscal demonstre a efetiva falsidade de declaração, ou seja, a inexistência de direito "líquido e certo" à compensação, sem a necessidade de imputação de dolo, fraude ou mesmo simulação na conduta do contribuinte. Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luis Henrique Dias Lima Fl. 7444DF CARF MF
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Numero do processo: 23034.008002/2003-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 01/07/1995 a 30/04/2002
LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. PRAZO.
No caso de lançamento por homologação, havendo antecipação de pagamento, o prazo de cinco anos para Fazenda Pública efetuar o lançamento de ofício tem seu termo inicial na data de ocorrência dos fatos geradores ou no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, no caso de não haver antecipação de pagamento.
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE LEGALIDADE E VERACIDADE. PROVA EM CONTRÁRIO. ÔNUS DO RECORRENTE.
O lançamento, devidamente motivado, é ato administrativo que goza do atributo de presunção relativa de legalidade e veracidade e, portanto, cumpre ao Recorrente o ônus de afastar, mediante prova robusta e inequívoca em contrário, essa presunção.
Numero da decisão: 2402-006.671
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, dar-lhe provimento parcial de modo a excluir do lançamento as competências até 03/1999, inclusive, em virtude de decadência. Vencido o Conselheiro Luís Henrique Dias Lima, que não conheceu do recurso.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Júnior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Mário Pereira de Pinho Filho, Maurício Nogueira Righetti e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA
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I. MONTREAL INFORMÁTICA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/07/1995 a 30/04/2002 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. PRAZO. No caso de lançamento por homologação, havendo antecipação de pagamento, o prazo de cinco anos para Fazenda Pública efetuar o lançamento de ofício tem seu termo inicial na data de ocorrência dos fatos geradores ou no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, no caso de não haver antecipação de pagamento. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE LEGALIDADE E VERACIDADE. PROVA EM CONTRÁRIO. ÔNUS DO RECORRENTE. O lançamento, devidamente motivado, é ato administrativo que goza do atributo de presunção relativa de legalidade e veracidade e, portanto, cumpre ao Recorrente o ônus de afastar, mediante prova robusta e inequívoca em contrário, essa presunção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, darlhe provimento parcial de modo a excluir do lançamento as competências até 03/1999, inclusive, em virtude de decadência. Vencido o Conselheiro Luís Henrique Dias Lima, que não conheceu do recurso. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 23 03 4. 00 80 02 /2 00 3- 14 Fl. 641DF CARF MF Processo nº 23034.008002/200314 Acórdão n.º 2402006.671 S2C4T2 Fl. 638 2 (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Júnior, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Mário Pereira de Pinho Filho, Maurício Nogueira Righetti e Renata Toratti Cassini. Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância, reproduzo, no presente relatório, o conteúdo da Informação nº 2.927/2004, da Divisão de Análise de Defesa do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), fls. 334 a 336: Informação nº 2.927/2004 – DIADE/CGACI/DIFIN/FNDE/MEC [...] Em inspeção do Programa Integrado de Inspeção em Empresas e Escolas PROINSPE, realizada à empresa em epígrafe, para verificação da regularidade da situação dos recolhimentos da contribuição social do SalárioEducação, quanto ao período de 01/1995 a 11/2002, os técnicos constataram débito referente às competências 07/1995 a 03/2001, 02 a 04/2002, proveniente de falha de recolhimento, compensações indevidas, respectivamente, conforme se verifica através dos quadros de fls. 55/56 e Informação n.º 450/2004 de fls. 57/58. Para a cobrança do debito, esta Coordenação emitiu a Notificação para Recolhimento de Débito NRD n.° 439/2004 de fl. 61, no valor de R$ 387.996,43 (trezentos e oitenta e sete mil, novecentos e noventa e seis reais e quarenta e três centavos), conforme Quadro de Atualização de Débito, fls. 62/64. A cobrança foi devidamente recepcionada pela empresa, conforme AR de fl. 83. Diante da cobrança, a empresa apresentou defesa tempestiva, acostada às fls. 85/306, com as seguintes alegações:' a) que o credito tributário do período de 07/95 a 11/97, foi abrangido pela decadência; b) que parte dos débitos já estão incluídos em parcelamento constituídos nas NFLD's n.ºs 35.371.5034/35.371.5131, compreendendo as competências de 04/97 a 12/97; c) a superposição de cobrança, sob o argumento de que parte dos débitos exigidos na NRD, também teriam sido objeto de lançamentos por parte do INSS em ações fiscais; Fl. 642DF CARF MF Processo nº 23034.008002/200314 Acórdão n.º 2402006.671 S2C4T2 Fl. 639 3 Com relação à alegação da decadência do prazo para cobrança do débito do período de 11/95 a 07/99, informamos que de acordo com a Instrução Normativa do INSS nº 100, de 18/12/2003, aprovada pela IN INSS/DC nº 107, de 22/04/2004 em seu artigo 583 § 2°, aduz que: “O prazo decadencial das contribuições devidas a outras entidades e fundos é de 10 anos, exceto para fatos geradores ocorridos até 18 de junho de 1995, cujo prazo decadencial é de cinco anos." Acrescentamos, ainda, o disposto na Lei n“ 9.766, de 18/12/1998, art. 1°, “in verbis”; “A contribuição social do SalárioEducação, a que se refere o art. 15 da Lei n" 9. 424. de 24 de dezembro de 1996, obedecerá aos mesmos prazos e condições, e sujeitarseá às mesmas sanções administrativas ou penais e outras normas relativas as contribuições sociais e demais importâncias devidas à Seguridade Social, ressalvada a competência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE, sobre a matéria”. Portanto, a alegação da empresa não procede, tendo em vista que os fatos geradores desta cobrança ocorreram entre julho/1995 a abril/2002. O atr. 45 da Lei n.º 8.212/91 enumera que: “O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderá ter sido constituído: II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vicio formal. a constituição de crédito anteriormente efetuada. E, ainda, em seu art. 46 diz que:" O direito de cobrar os créditos da Seguridade Social constituídos na forma do artigo anterior, prescreve em 10 (dez) anos. " Diante do exposto, não cabe a alegação da empresa sobre o decurso do prazo para cobrança das competências 07/95 a 11/97. Com relação ao questionamento de que pane dos débitos já estariam incluídos em parcelamento, constituídos pela NFLD n.“ 35.371.5131, ou seja, o período de 01/99 a 04/01 , após análise da documentação, constatamos que as diferenças apuradas nesta NFLD, referemse a fatos geradores não informados em Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações a Previdência Social (GFIP), sendo que estas diferenças não foram levantadas na inspeção realizada pelo PRO1NSPE, bem como as apuradas por meio da NFLD n.° 35.371.5115, concernente ao período de 01/96 a 03/97, portanto, não há fundamento no questionamento da empresa. Consta, ainda, levantamento de débito para o SalárioEducação referente ao período de 01/99 a 04/01, por meio de outras NFLD's, inclusive a NFLD n.º 35.371.5140, abrangendo os valores do SalárioEducação apurados pelo PROINSPE, no Fl. 643DF CARF MF Processo nº 23034.008002/200314 Acórdão n.º 2402006.671 S2C4T2 Fl. 640 4 entanto, o fiscal do INSS relata no relatório de fl. 196 da fiscalização que os débitos apurados nestes levantamentos, resultam do total das contribuições sociais do SalárioEducação, incidentes sobre a remuneração dos empregados constante das folhas de pagamento, deduzidas as contribuições recolhidas pelo convênio do SalárioEducação e as contribuições compensadas devido ao processo judicial ajuizado a respeito da constitucionalidade do SalárioEducação. Por fim, quanto a alegada superposição de cobrança, sob o argumento de que parte dos débitos exigidos na NRD, também teria sido objeto de lançamentos por parte do INSS em ações fiscais, temos a esclarecer que, o fiscal informa em seu relatório que o levantamento tem o intuito de evitar a decadência até a decisão final a respeito do processo judicial sob o n.° 9700753271, ajuizado pela empresa contra a constitucionalidade da contribuição social do SalárioEducação. Cabe, ainda, salientar que na documentação apresentada pela empresa, não consta qualquer documento de parcelamento ou quitação do débito cobrado por meio da NRD em epígrafe. Isto posto, sugerimos o INDEFERIMENTO DA DEFESA, informando que o montante do crédito tributário é de R$ 401.441,86 (quatrocentos e um mil, quatrocentos e quarenta e um reais e oitenta e seis centavos), conforme Quadro de Atualização de Débito, acostado às fls. 306/308. (Grifos no original) O indeferimento da defesa, proposto nessa informação, foi, então, confirmado pela presidência do FNDE, nos seguintes termos, fl. 337: Decido pelo INDEFERIMENTO DA DEFESA, pelas razões expostas pela CGACI. Retomem os autos à DIADE/CGACI, para que seja providenciada a expedição de oficio à empresa em questão, dandolhe ciência do que foi decidido e informando quanto às alternativas de recolhimento do débito, da formalização de acordo para parcelamento da dívida, bem como do seu direito de interpor recurso ao Conselho Deliberativo do FNDE, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da ciência desta decisão, com as razões e, se for o caso, documentos que o fundamentem, esclarecendo que a interposição de recurso deverá obedecer às disposições do § 2º, do artigo 15, do Decreto n.º 3.142, de 16/08/1999. (Grifos no original) Cientificada da decisão, em 21/3/05, segundo o Aviso de Recebimento (AR) de fl. 384, a contribuinte, por meio de seu advogado (procuração de fl. 632), apresentou o recurso voluntário de fls. 388 a 400, em 15/3/05, no qual traz, em síntese, as seguintes alegações: Fl. 644DF CARF MF Processo nº 23034.008002/200314 Acórdão n.º 2402006.671 S2C4T2 Fl. 641 5 DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA [...] fazse imperioso repisarmos que, na verdade, foram ilegalmente constituídos na NRD em tela todos os valores lançados pelo FNDE relativos às competências anteriores a novembro de 1997, inclusive. E assim se afirma porque, consoante já exposto, incide sobre o presente lançamento a figura jurídica da decadência. [...] DA NULIDADE FORMAL DO ATO POR INOBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Insta registrar que a autoridade administrativa, ao lavrar a NRD em tela, atevese a dispor valores de forma imprecisa, deixando de explicitar adequadamente os motivos que ensejaram a cobrança das importâncias impostas, gerando muitas dúvidas na identificação dos valores lançados pela NRD em cada competência, e não permitindo a necessária conferência destes. [...] De inferirse, portanto, que o lançamento fiscal não pode surtir qualquer efeito, ante a irrefutável nulidade formal que o contamina, por ausência de devida e precisa motivação, necessária tanto para o exercício da ampla defesa por parte do contribuinte (CF 88, art. 5°, LV), quanto para o adequado controle jurisdicional. DA DUPLA COBRANÇA Cumpre notar que os débitos ora discutidos são objeto de dupla cobrança pelo próprio FNDE em determinadas competências, uma vez que foram os mesmos objeto de compensação pela empresa como um todo, de uma só vez. (sic) Destarte, notase que nas competências de abril a dezembro e a gratificação natalina de 1997 e janeiro a março de 1998, cobra o fiscal os valores devidos a título de SalárioEducação para esta filial em específico (000800), além de lançar os valores compensados pela empresa como um todo na matriz (000126). Assim, exige duas vezes a mesma exação, pois aqueles valores já se encontravam incluídos nestes últimos, consoante atesta, inclusive o documento em anexo. Destarte, comprovado que os valores lançados como devidos, por esta filial, a título da exação em comento nas competências acima descriminadas encontramse abarcados pelas compensações realizadas, necessária a exclusão das respectivas bases de cálculo e fatos geradores da presente NRD. Fl. 645DF CARF MF Processo nº 23034.008002/200314 Acórdão n.º 2402006.671 S2C4T2 Fl. 642 6 DA SUPERPOSIÇÃO DE COBRANÇAS Conforme já pisado e repisado na peça de bloqueio, os débitos ora discutidos são objeto de dupla cobrança, uma vez que já foram lançados pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, em agosto de 2001, mediante a lavratura das seguintes NFLDS: As notificações elencadas, da lavra do INSS, possuem o mesmo objeto (salárioeducação), utilizaram a mesma base de cálculo, correspondem ao mesmo período, bem como aplicaram a mesma alíquota aplicada aos débitos lançados na presente NRD, configurando, portanto, indubitavelmente uma dupla cobrança de um débito que, a rigor, é o mesmo. [...] Patente que a Recorrente está sendo objeto de dupla cobrança dos valores destinados ao FNDE e, por que não dizer, tripla cobrança, se considerarmos o período compreendido entre as competências de abril a dezembro e a gratificação natalina de 1997 e janeiro a março de 1998, pelas razões já expostas anteriormente. (Grifos no original) É o relatório. Voto Conselheiro Denny Medeiros da Silveira – Relator. Do conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e foi apresentado por procurador devidamente constituído, porém, não será conhecido em relação à alegação de nulidade, uma vez que tal alegação não chegou a ser prequestionada, em sede de impugnação, e seu exame, no presente julgamento, importaria na supressão de instância e consequente afronta ao princípio do duplo grau de jurisdição a que está submetido o Processo Administrativo Tributário. Da preliminar de decadência Alega a Recorrente que os valores lançados pelo FNDE e relativos às competências anteriores a novembro de 1997, inclusive, teriam sido “ilegalmente constituídos na NRD em tela”, pois, em seu entendimento, teria incidido, no presente lançamento, “a figura jurídica da decadência”. Fl. 646DF CARF MF Processo nº 23034.008002/200314 Acórdão n.º 2402006.671 S2C4T2 Fl. 643 7 Pois bem, compulsando o Quadro de Atualização de Débito de fls. 89 a 91, que segue em anexo à Notificação para Recolhimento de Débito (NRD) nº 0000439/2004, fl. 87, constatase que o lançamento sob foco diz respeito às competências de 07/1995 a 04/2002. Por sua vez, segundo o AR de fl. 93, a ciência da NRD ocorreu em 20/7/04. Acontece que, nos termos do art. 45, da Lei 8.212, de 24/7/91, o direito da Seguridade Social de apurar e lançar seus créditos extinguiase em 10 (dez) anos1, regra esta empregada pela decisão de primeira instância, em 7/12/04, porém, em decorrência do julgamento dos Recursos Extraordinários 556.664, 559.882, 559.943 e 560.626, o Supremo Tribunal Federal (STF) editou, em 12/6/08, a Súmula Vinculante nº 8 (DOU 20/6/2008), nos seguintes termos: São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5º do Decreto Lei nº 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Nesta feita, ao analisar os efeitos da edição da Súmula Vinculante nº 8 do STF, assim concluiu o Parecer PGFN/CAT nº 1617/2008: a) no caso do pagamento parcial da obrigação, independentemente de encaminhamento de documentação de confissão (DCTF, GFIP ou pedido de parcelamento), o prazo de decadência para o lançamento de ofício da diferença não paga é contado com base no § 4º, do art. 150, do Código Tributário Nacional; b) no caso de não pagamento, nas hipóteses acima elencadas (com ou sem o encaminhamento de documentação de confissão), o prazo é contado com base no inciso I, do art. 173, do CTN; A esse respeito, vejamos o que dispõe o Código Tributário Nacional (CTN), Lei 5.172, de 25/10/66: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. 1 Contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, a constituição de crédito anteriormente efetuada. Fl. 647DF CARF MF Processo nº 23034.008002/200314 Acórdão n.º 2402006.671 S2C4T2 Fl. 644 8 [...] Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Conforme se observa, o prazo para a Seguridade Social apurar e lançar seus créditos passou a ser de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador, nas hipóteses em que o tributo obedeça ao regime de lançamento por homologação e desde que haja início de pagamento (antecipação), ainda que parcial (art. 150, § 4º, do CTN), ou a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, na hipótese de inexistência de início de pagamento (art. 173, I, do CTN). Portanto, tendo em vista que as contribuições lançadas dizem respeito às competências de 07/1995 a 04/2002, e que a ciência do lançamento ocorreu em 20/7/042, pela nova regra decadencial, restariam assim atingidas pela decadência: As contribuições até a competência 06/1999, inclusive, pela regra do art. 150, § 4º, do CTN – havendo antecipação de pagamento; e As contribuições até a competência 11/1998, inclusive, pela regra do art. 173, inciso I, do CTN – não havendo antecipação de pagamento. Para análise da existência ou não de recolhimento, trazemos à baila o seguinte histórico constante do Termo de Encerramento da Inspeção de fl. 7, elaborado pelos técnicos do Programa Integrado de Inspeção em Empresas e Escolas (PROINSPE3): Histórico: Após análise da documentação, constatamos que a empresa acima, utilizou uma guia única, com o CNPJ final 000126, para fazer o recolhimento Social do Salário Educação incluindo todas as empresas do grupo, apenas na competência 06/95, e nas demais competências, até a competência 03/97, não houve recolhimentos. A partir da competência 04/1997 a 03/1998, usou a compensação, em função da Liminar concedida através da impetração da Ação Ordinária, Processo n° 97.00753271 RJ, questionando a constitucionalidade da contribuição, porém, a compensação foi feita também junto, numa guia única do CNPJ citado acima, conforme cópia em anexo, e Demonstrativo de 2 Deve ser considerada a data da ciência do lançamento e não a data de início da fiscalização, constante do Termo de Visita – Empresa de fl. 3, ou seja, 3/12/02. 3 Criado pela Resolução n° 15, de 19/10/93, do Conselho Deliberativo do FNDE. Fl. 648DF CARF MF Processo nº 23034.008002/200314 Acórdão n.º 2402006.671 S2C4T2 Fl. 645 9 Recolhimentos. De 04 de 1998 a 03 de 1999, 02, 03 e 04 de 2002, também compensou, já em guia própria conforme Demonstrativo. De 04 de 1999 a 03 de 2001 não houve recolhimento nem compensação. A partir de 05/2002 até a presente data, a empresa vem fazendo o recolhimento em sua própria guia. Quanto ao demonstrativo das indenizações, a empresa foi orientada a entrar em contato com o setor de cadastro para regularização e povoamento da RAI, no prazo de 15 dias. O Quadro de Lançamento de Débitos de fls. 64 e 65, por sua vez, informa o recolhimento dos seguintes valores em relação às competências de 04/1998 a 03/1999: COMPETÊNCIA RECOLHIMENTO 04/1998 1,81 05/1998 1,82 06/1998 1,47 07/1998 1,67 08/1998 1,73 09/1998 1,74 10/1998 1,44 11/1998 1,23 12/1998 1,39 13/1998 1,13 01/1999 1,98 02/1999 1,83 03/1999 1,94 Portanto, encontramse atingidas pela decadência as contribuições referentes às competências até 03/1999, inclusive. Da alegada dupla cobrança Segundo a Recorrente, estaria ocorrendo dupla cobrança pelo FNDE em determinadas competências, uma vez que "nas competências de abril a dezembro e a gratificação natalina de 1997 e janeiro a março de 1998, cobra o fiscal os valores devidos a título de SalárioEducação para esta filial em específico (000800), além de lançar os valores compensados pela empresa como um todo na matriz (000126). Acontece, porém, que as competências abrangidas por essa alegada dupla cobrança se encontram atingidas pela decadência e serão excluídas do lançamento, como visto no tópico anterior deste voto. Logo, temse por prejudicada a análise desse item do recurso, o qual, portanto, não será objeto de julgamento. Da alegada superposição de cobranças Conforme se observa nesse item da defesa, trazendo quase as mesmas alegações da impugnação, a Recorrente alega que os “débitos ora discutidos” já teriam sido Fl. 649DF CARF MF Processo nº 23034.008002/200314 Acórdão n.º 2402006.671 S2C4T2 Fl. 646 10 “lançados pelo Instituto Nacional do Seguro social – INSS” nas Notificações Fiscais de Lançamento de Débito (NFLDs) que relaciona. Aduz, ainda, que tais NFLDs possuiriam o mesmo objeto (salárioeducação), utilizariam mesma base de cálculo, corresponderiam ao mesmo período, bem como estariam aplicando a mesma alíquota dos débitos lançados na presente NRD, configurando, portanto, em seu entendimento, dupla cobrança e, talvez, tripla cobrança, se forem considerados os valores referentes ao período de abril a dezembro de 1997, inclusive o 13º, e de janeiro a março de 1998. Todavia, segundo se extrai da decisão recorrida, não merecem guarida tais argumentos. Senão, vejamos: Com relação ao questionamento de que parte dos débitos já estariam incluídos em parcelamento, constituídos pela NFLD n.º 35.371.5131, ou seja, o período de 01/99 a 04/01, após análise da documentação, constatamos que as diferenças apuradas nesta NFLD, referemse a fatos geradores não informados em Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações a Previdência Social (GFIP), sendo que estas diferenças não foram levantadas na inspeção realizada pelo PRO1NSPE, bem como as apuradas por meio da NFLD n.° 35.371.5115, concernente ao período de 0l/96 a 03/97, portanto, não há fundamento no questionamento da empresa. Consta, ainda, levantamento de débito para o SalárioEducação referente ao período de 01/99 a 04/01, por meio de outras NFLD's, inclusive a NFLD n.º 35.371.5140, abrangendo os valores do SalárioEducação apurados pelo PROINSPE, no entanto, o fiscal do INSS relata no relatório de fl. 196 da fiscalização que os débitos apurados nestes levantamentos, resultam do total das contribuições sociais do SalárioEducação, incidentes sobre a remuneração dos empregados constante das folhas de pagamento, deduzidas as contribuições recolhidas pelo convênio do SalárioEducação e as contribuições compensadas devido ao processo judicial ajuizado a respeito da constitucionalidade do SalárioEducação. Primeiramente, insta destacar que tais débitos parcelados citados na transcrição acima não chegaram a ser mencionados no recurso voluntário, constando na impugnação apenas uma referência a respeito, no último item dos pedidos, nos seguintes termos: “ Por todo o exposto, a Defendente requer: [...] c) A suspensão dos débitos já submetidos a parcelamentos, em razão do disposto no CTN, artigo 151, inciso VI”. Também cabe destacar que os valores referentes ao período de 04/1998 a 03/1999 foram atingidos pela decadência e serão excluídos do lançamento. Quanto às demais alegações constantes desse item do recurso, percebese, claramente, que a decisão de primeira instância fez os devidos esclarecimentos, mostrando que não houve coincidência de valores entre aqueles apurados na inspeção realizada pelo Programa Integrado de Inspeção em Empresas e Escolas (PROINSPE) e aqueles lançados nas citadas NFLDs. Fl. 650DF CARF MF Processo nº 23034.008002/200314 Acórdão n.º 2402006.671 S2C4T2 Fl. 647 11 Ponderese que o lançamento, devidamente motivado, é ato administrativo que goza do atributo de presunção relativa de legalidade e veracidade e, portanto, cumpria à Recorrente o ônus de afastar, mediante prova robusta e inequívoca em contrário, essa presunção (vide art. 16, inciso III, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972), fazendo a devida demonstração (comprovação) da alegada superposição de cobrança, porém, não o fez. Conclusão Isso posto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, excluindo do lançamento as contribuições até a competência de 03/1999, inclusive, uma vez que atingidas pela decadência. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Fl. 651DF CARF MF
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