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Numero do processo: 11634.001525/2010-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2010
DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DE CINCO ANOS.
De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN).
O prazo decadencial para o lançamento das contribuições previdenciárias, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, I, do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação nos quais haja pagamento antecipado, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO.
Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 26-A do Decreto nº 70.235/72, e art. 62 do Regimento Interno do CARF.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM.
As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35-A à Lei nº 8.212/91.
Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35-A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo do que aquele previsto no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela então revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido, observado o limite máximo de 75%, em atenção ao princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna prevista no art. 106, II, c, do CTN, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2401-004.082
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, para: i) reconhecer a decadência das obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos até a competência 10/2005, em razão da decadência, nos termos do art. 150, § 4°, do CTN. Vencidos os Conselheiros Arlindo da Costa e Silva e Cleberson Alex Friess, que não reconheciam a decadência nos termos do art. 150, § 4º, do CTN; ii) que a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício seja calculada conforme a memória de cálculo exposta no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, em atenção ao princípio tempus regit actum. Vencidos o Relator e os Conselheiros CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA e CLEBERSON ALEX FRIESS, que entenderam correto o critério de aplicação da multa estipulado na Portaria PGRF/RFB 14/2009. O Conselheiro ARLINDO DA COSTA E SILVA fará ainda o voto vencedor sobre a matéria em que o Relator restou vencido.
(assinado digitalmente)
André Luís Mársico Lombardi Presidente e Relator
(assinado digitalmente)
Arlindo da Costa e Silva Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (Vice-Presidente), Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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ementa_s : Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 01/01/2005 a 30/06/2010 DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DE CINCO ANOS. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). O prazo decadencial para o lançamento das contribuições previdenciárias, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, I, do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação nos quais haja pagamento antecipado, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO. Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 26-A do Decreto nº 70.235/72, e art. 62 do Regimento Interno do CARF. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35-A à Lei nº 8.212/91. Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35-A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo do que aquele previsto no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela então revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido, observado o limite máximo de 75%, em atenção ao princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna prevista no art. 106, II, c, do CTN, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio. Recurso Voluntário Provido em Parte
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CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DE CINCO ANOS. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). O prazo decadencial para o lançamento das contribuições previdenciárias, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, I, do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação nos quais haja pagamento antecipado, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO. Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 26A do Decreto nº 70.235/72, e art. 62 do Regimento Interno do CARF. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 00 15 25 /2 01 0- 11 Fl. 282DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 2 AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35A à Lei nº 8.212/91. Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo do que aquele previsto no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela então revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido, observado o limite máximo de 75%, em atenção ao princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, para: i) reconhecer a decadência das obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos até a competência 10/2005, em razão da decadência, nos termos do art. 150, § 4°, do CTN. Vencidos os Conselheiros Arlindo da Costa e Silva e Cleberson Alex Friess, que não reconheciam a decadência nos termos do art. 150, § 4º, do CTN; ii) que a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício seja calculada conforme a memória de cálculo exposta no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, em atenção ao princípio tempus regit actum. Vencidos o Relator e os Conselheiros CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA e CLEBERSON ALEX FRIESS, que entenderam correto o critério de aplicação da multa estipulado na Portaria PGRF/RFB 14/2009. O Conselheiro ARLINDO DA COSTA E SILVA fará ainda o voto vencedor sobre a matéria em que o Relator restou vencido. (assinado digitalmente) André Luís Mársico Lombardi – Presidente e Relator (assinado digitalmente) Arlindo da Costa e Silva –Redator designado Fl. 283DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 282 3 Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (VicePresidente), Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 284DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 4 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pela recorrente, mantendo o crédito tributário lançado (fls. 241 e seguintes). Adotamos trecho do relatório do acórdão do órgão a quo (fls. 242 e seguintes), que bem resume o quanto consta dos autos: Tratase de Auto de Infração – DEBCAD 37.272.9100 (fls. 04 a 53 –adotase a numeração do processo em meio digital), cadastrado no COMPROT sob nº 11634.001525/201011, lavrado contra a pessoa jurídica Salustiano e Silva Filho Ltda ME, CNPJ 06.158.819/000168, para constituir o crédito relativo a contribuições previdenciárias (contribuição da empresa, inclusive aquelas destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho), devidas e não recolhidas à Seguridade Social, incidentes sobre valores pagos a segurados empregados, no período de 01/2005 a 06/2010, totalizando R$ 4.792.520,25 (quatro milhões, setecentos e noventa e dois mil, quinhentos e vinte reais e vinte e cinco centavos). 2. Segundo o Relatório Fiscal (fls. 5477), o sujeito passivo foi excluído do SIMPLES – Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Lei nº 9.317/1996), com efeito a partir de 13/02/2004, pelo Ato Declaratório nº 069, de 05/11/2010 (fl. 124), e do Sistema Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidas pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte –SIMPLES NACIONAL (Lei Complementar nº 123/2006), com efeito a partir de 01/08/2007, pelo Ato Declaratório Executivo nº 70, de 05/11/2010 (fl. 125) e, em decorrência da exclusão, foram lançados os valores das contribuições previdenciárias devidas pela empresa, apuradas por meio das Folhas de Pagamento em confronto com os valores declarados nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIPs). 3. O procedimento fiscal e os lançamentos efetuados estão explicitados no Relatório Fiscal, antes citado, e nos demais anexos (DD – Discriminativo do Débito (fls. 723), RDA – Relatório de Documentos Apresentados (fls. 2425), RADA – Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados (fls. 27 37) e DAL – Diferença de Acréscimos Legais (fl. 3847). A fundamentação legal foi exposta no anexo FLD – Fundamentos Legais do Débito (fls. 48/50). 4. Em razão de o contribuinte ter elaborado e entregue as GFIPs, como se do SIMPLES FEDERAL e do SIMPLES NACIONAL fosse, e por deixar de recolher contribuições descontadas dos segurados empregados, com base no disposto Fl. 285DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 283 5 nos arts. 337A e 168A do Decreto Lei nº 2.848/1940 (Código Penal), restou formalizada a devida Representação Fiscal para Fins Penais (Relatório Fiscal fl. 74). 5. A contribuinte, por meio de seu representante legal (Procuração à fl. 187) apresentou impugnação (fls. 173/186) (...) (...) Como afirmado, a impugnação foi julgada improcedente, tendo a recorrente apresentado, tempestivamente, o recurso de fls. 262 e seguintes, no qual alega, em apertada síntese: decadência das competências de 01 a 11/2005; a exclusão do Simples Nacional somente ocorreu em 31/12/2012, razão pela qual não poderiam ser cobradas contribuições anteriores ao referido período; multa confiscatória; indevida aplicação da taxa Selic. É o relatório. Fl. 286DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 6 Voto Vencido Conselheiro André Luís Mársico Lombardi, Relator Decadência. A notificação foi cientificada ao sujeito passivo em 12/11/2010 (fls. 126), e compreende as competências de 01/2005 a 06/2010. O artigo 45 da Lei n° 8.212/91 determinava o prazo decadencial de 10 anos para as contribuições previdenciárias. Ocorre que este artigo foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da Súmula Vinculante n° 8, publicada no DOU em 20/06/2008”. Com efeito, nas sessões plenárias dos dias 11 e 12/06/2008, o Supremo Tribunal Federal STF, por unanimidade, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91 e editou a Súmula Vinculante n° 08. Vejamos a parte final do voto proferido pelo Rel. Min. Gilmar Mendes, seguida do texto do aludido enunciado: Resultam inconstitucionais, portanto, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91 e o parágrafo único do art.5º do Decretolei n° 1.569/77, que versando sobre normas gerais de Direito Tributário, invadiram conteúdo material sob a reserva constitucional de lei complementar. Sendo inconstitucionais os dispositivos, mantémse hígida a legislação anterior, com seus prazos qüinqüenais de prescrição e decadência e regras de fluência, que não acolhem a hipótese de suspensão da prescrição durante o arquivamento administrativo das execuções de pequeno valor, o que equivale a assentar que, como os demais tributos, as contribuições de Seguridade Social sujeitamse, entre outros, aos artigos 150, § 4º, 173 e 174 do CTN. Diante do exposto, conheço dos Recursos Extraordinários e lhes nego provimento, para confirmar a proclamada inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, por violação do art. 146, III, b, da Constituição, e do parágrafo único do art. 5º do Decretolei n° 1.569/77, frente ao § 1º do art. 18 da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional 01/69. É como voto. Súmula Vinculante n° 08: São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Como cediço, os efeitos da Súmula Vinculante estão previstos no artigo 103 A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n° 11.417, de 19/12/2006, in verbis: Constituição Federal: Fl. 287DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 284 7 Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Lei n° 11.417, de 19/12/2006: Regulamenta o art. 103A da Constituição Federal e altera a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal, e dá outras providências. (...) Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Como se constata, a partir da publicação na imprensa oficial, que se deu em 20/06/2008, todos os órgãos judiciais e administrativos ficam obrigados a acatar a Súmula Vinculante. Deveras, de acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). O prazo decadencial, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, I, do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação nos quais haja pagamento antecipado salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No presente caso, tratase de lançamento de contribuições patronais (artigo 195, I, a, da CF) incidentes sobre a remuneração de segurados empregados, em razão da Fl. 288DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 8 exclusão do Simples e do Simples Nacional. A recorrente recolhia a referida exação tributária (artigo 195, II, da CF), ainda que em outra sistemática e, portanto, tais recolhimentos podem servir de respaldo para a aplicação da regra decadencial contida no artigo 150, § 4°, do CTN. Sendo assim, devese reconhecer a decadência das obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos até a competência 10/2005, em razão da decadência, nos termos do art. 150, § 4°, do CTN. Efeitos da exclusão do Simples Nacional. Em sucinta argumentação, a recorrente aduz que a sua exclusão do Simples somente ocorreu em 31/12/2012, razão pela qual não poderiam ser cobradas contribuições anteriores ao referido período. Todavia, consta que as exclusões tiveram efeitos retroativos, conforme consta do Relatório Fiscal: a) SIMPLES FEDERAL, Ato Declaratório do Executivo n°. 069, de 05 de Novembro de 2010, tendo em vista a ocorrência da hipótese de exclusão prevista no Artigo 14, inciso I, da Lei 9.317, de 05 de dezembro de 1996, disciplinado pelo Artigo 23, Inciso I e § único da IN. SRF. n° 608, de 09/01/2006. b) SIMPLES NACIONAL, Os mesmos fatos foram constatados a partir de 01/08/2007, Ato Declaratório do Executivo n°. 070, de 05 de Novembro de 2010, amparado pelo Artigo 29, Incisos I e V da Lei Complementar n° 123, de 14/12/06 e Artigo 5o, Incisos I e V da Resolução CGSN n° 15 de 23/07/2007. Portanto, não assiste razão à recorrente. Inconstitucionalidade e ilegalidade dos acréscimos legais. Quanto às alegações relativas aos aspectos de inconstitucionalidade e ilegalidade dos acréscimos legais, cumpre ressaltar que o art. 26A do Decreto nº 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, estabelece óbice intransponível aos órgãos de julgamento deste Conselho Administrativo para afastar a aplicação ou deixar de observar normas tributárias inseridas no ordenamento jurídico mediante leis, decretos, tratado ou acordos internacionais sob fundamento de inconstitucionalidade. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) Fl. 289DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 285 9 I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) Não fosse o bastante, a Súmula CARF nº 2, de observância vinculante para as Turmas de Julgamento, exorta não ser o CARF órgão competente para se pronunciar a respeito da inconstitucionalidade de lei de natureza tributária (vide ainda artigo 62 do RICARF). Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Especificamente quanto à incidência de juros moratórios equivalentes à Taxa Selic. Especificamente, temse a Súmula CARF n° 4: Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Portanto, não há qualquer viabilidade jurídica para o acatamento, por esta instância recursal, do pleito da recorrente. Multas. Direito Intertemporal. As multas aplicadas não merecem reparo, visto que a autoridade fiscal adotou os critérios estabelecidos na Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 14/2009. Ademais, nos termos da referida Portaria, para o período até novembro de 2008, será no momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, que ocorrerá a análise da penalidade mais benéfica (alínea "c" do inciso II do art. 106 do CTN), devendo haver comparação da soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal (art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009) e de obrigações acessórias (§§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009) com a multa Fl. 290DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 10 de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, aplicando a mais benéfica em cada competência. Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, a fim de reconhecer a decadência das obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos até a competência 10/2005, em razão da decadência, nos termos do art. 150, § 4°, do CTN. (assinado digitalmente) André Luís Mársico Lombardi Relator Fl. 291DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 286 11 Voto Vencedor Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Redator designado I. DA PENALIDADE PECUNIÁRIA PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL FORMALIZADA MEDIANTE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Em que pesem as valiosas considerações expostas pelo Ilustre Relator, não comungo data venia a tese aviada no Parecer PGFN CAT nº 443/2009, que na aplicação do princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna, prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN, pugna pelo comparativo entre a multa de ofício prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, acrescentado pela MP nº 449/2008, e a soma da sanção decorrente de infração à obrigação principal (recolhimento do tributo) com a sanção decorrente de infração à obrigação acessória (declaração dos fatos geradores em GFIP), como se estas ambas tivessem sido substituídas por aquela multa de ofício, ora estipulada na novel legislação. E para fincar os alicerces sobre os quais será erigida a opinio iuris que ora se escultura, atinese que o nomem iuris de um instituto jurídico não possui o condão de lhe alterar ou modificar sua natureza jurídica. JULIET: ”Tis but thy name that is my enemy; Thou art thyself, though not a Montague. What's Montague? it is nor hand, nor foot, Nor arm, nor face, nor any other part Belonging to a man. O, be some other name! What's in a name? that which we call a rose By any other name would smell as sweet; So Romeo would, were he not Romeo call'd, Retain that dear perfection which he owes Without that title. Romeo, doff thy name, And for that name which is no part of thee Take all myself”. Fl. 292DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 12 William Shakespeare, Romeo and Juliet, 1600. Iluminese, inicialmente, que no Direito Tributário vigora o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. §1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Nessa perspectiva, dispõe o código tributário, ad litteram, que o fato de a norma tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato jurígeno imponível, não se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente. O princípio jurídico suso invocado, no entanto, não é absoluto, sendo excepcionado pela superveniência de lei nova, nas estritas hipóteses em que o ato jurídico tributário, ainda não definitivamente julgado, deixar de ser definido como infração ou deixar de ser considerado como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo, ou ainda, quando a novel legislação lhe cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. A questão ora em apreciação trata de aplicação de penalidade pecuniária em decorrência do descumprimento de obrigação tributária principal formalizada mediante lançamento de ofício. Com efeito, o regramento legislativo relativo à aplicação de aplicação de penalidade pecuniária em decorrência do descumprimento de obrigação tributária principal, vigente à data inicial do período de apuração em realce, encontravase sujeito ao regime jurídico inscrito no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). Fl. 293DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 287 13 I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). II Para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). d) cinquenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). §1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. Fl. 294DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 14 §2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. §3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o §1º deste artigo. §4º Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinquenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). No caso vertente, o lançamento tributário sobre o qual nos debruçamos promoveu a constituição formal do crédito tributário, mediante lançamento de ofício consubstanciado em Autos de Infração de Obrigação Principal referentes a fatos geradores ocorridos nas competências de janeiro/2005 a junho/2010. Nessa perspectiva, de acordo com o art. 144 do CTN, tratandose de lançamento de ofício formalizado mediante Auto de Infração de Obrigação Principal, para os fatos geradores ocorridos no período anterior à vigência da MP nº 449/2008, a parcela referente à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal há que ser dimensionalizada de acordo com o critério de cálculo insculpido no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, que prevê a incidência de penalidade pecuniária, aqui denominada “multa de mora”, variando de 24%, se paga até quinze dias do recebimento da notificação fiscal, até 50% se paga após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, hoje CARF, enquanto não inscrito em Dívida Ativa. Por outro viés, em se tratando de recolhimento a destempo de contribuições previdenciárias, porém não incluídas em lançamentos Fiscais de ofício, ou seja, quando o recolhimento não for resultante de lançamento de ofício, o montante relativo à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal há que ser dimensionalizado, no horizonte temporal em relevo, em conformidade com a memória de cálculo assentada no inciso I do mesmo dispositivo legal acima mencionado, que estatui multa, aqui também denominada “multa de mora”, variando de oito por cento, se paga dentro do mês de vencimento da obrigação, até vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da exação. Tal discrimen encontrase tão claramente consignado na legislação previdenciária que até o organismo cognitivo mais rudimentar em existência – o computador – consegue, sem margem de erro, com uma simples instrução IF – THEN – ELSE unchained, determinar qual o regime jurídico aplicável a cada hipótese de incidência: IF lançamento de ofício THEN art. 35, II da Lei nº 8.212/91 Fl. 295DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 288 15 ELSE art. 35, I da Lei nº 8.212/91. Traduzindose do “computês” para o “juridiquês”, tratandose de lançamento de ofício, incide o regime jurídico consignado no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91. Ao revés, nas demais situações, tal como na hipótese de recolhimento espontâneo de contribuições previdenciárias em atraso, aplicase o regramento assinalado no Inciso I do art. 35 desse mesmo diploma legal. Com efeito, as normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades pecuniárias decorrentes do não recolhimento tempestivo de contribuições previdenciárias foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009. Tais modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator no caso do recolhimento espontâneo a destempo pelo Obrigado, porém, mais severas para o sujeito passivo, no caso de lançamento de ofício, do que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Medida Provisória, ratificada pela Lei nº 11.941/2009, revogou o art. 34 e deu nova redação ao art. 35, ambos da Lei nº 8.212/91, estatuindo que os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, seriam acrescidos de multa de mora e juros de mora nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430/96. Mas não parou por aí. Na sequência da lapidação legislativa, a mencionada Medida Provisória, ratificada pela Lei nº 11.941/2009, fez inserir no texto da Lei de Custeio da Seguridade Social o art. 35A, que fixou, nos casos de lançamento de ofício, a aplicação de penalidade pecuniária, então batizada de “multa de ofício”, à razão de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição, verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Fl. 296DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 16 Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) III (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) IV (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) V (revogado pela Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998). (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) §2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o §1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488/2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) Fl. 297DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 289 17 §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964 Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Fl. 298DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 18 Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Como visto, o regramento da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal a ser aplicada nos casos de recolhimento espontâneo feito a destempo e nas hipóteses de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias encontravamse assim previstos na legislação tributária: a. Antes da vigência da MP nº 449/2008, respectivamente, nos incisos I e II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99; b. Após a vigência da MP nº 449/2008, respectivamente, nos art. 35 e 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009, os quais, nessa ordem, remetem aos artigos 61 e 44 da Lei nº 9.430/96. Nesse novo regime legislativo, a instrução de seletividade invocada anteriormente passa a ser informada de acordo com o seguinte comando: IF lançamento de ofício THEN art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. ELSE art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Diante de tal cenário, a contar da vigência da MP nº 449/2008, a parcela referente à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício há que ser dimensionalizada de acordo com o critério de cálculo insculpido no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008 e convertida na Lei nº 11.941/2009, que prevê a incidência de penalidade pecuniária, aqui referida pelos seus genitores com o nome de batismo de “multa de ofício”, calculada de acordo com o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Por outro viés, em se tratando de recolhimento a destempo de contribuições previdenciárias não resultante de lançamento de ofício, o montante relativo à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal há que ser dimensionalizado em conformidade com as disposições inscritas no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008 e convertida na Lei nº 11.941/2009, que estatui multa, aqui também denominada “multa de mora”, calculada de acordo com o disposto no art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 299DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 290 19 Não demanda áurea mestria perceber que o nomem iuris consignado na legislação previdenciária para a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, que nas ordens do Ministério da Previdência Social recebeu a denominação genérica de “multa de mora”, art. 35, II da Lei nº 8.212/91, no âmbito do Ministério da Fazenda houvese por batizada com a singela denominação de “multa de ofício”, art. 44 da Lei no 9.430/96 c.c. art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008. Mas não se iludam, caros leitores ! Malgrado a diversidade de rótulos, as suas naturezas jurídicas são idênticas: penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício. No que pertine à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal não incluída em lançamento de ofício, o título designativo adotado por ambas as legislações acima referidas é idêntico: “Multa de Mora”. Não carece de elevado conhecimento matemático a conclusão de que o regime jurídico instaurado pela MP nº 449/2008, e convertido na Lei nº 11.941/2009, instituiu uma apenação mais severa para o descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício (75%) do que o regramento anterior previsto no art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99 (de 24% a 50%), não havendo que se falar, portanto, de hipótese de incidência da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN, durante a fase do contencioso administrativo. Código Tributário Nacional Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Conforme acima demonstrado, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, antes do advento da MP nº 449/2008, encontravase disciplinada no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91. Contudo, após o advento da MP nº 449/2008, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício passou a ser regida pelo disposto no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela citada MP nº 449/2008. Não é cabível, portanto, efetuarse o cotejo de “multa de mora” (art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99) com “multa de mora” (art. 35 da Fl. 300DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 20 Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008), pois estarseia, assim, promovendo a comparação de nomem iuris com nomem iuris (multa de mora) e não de institutos de mesma natureza jurídica (penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício). Tal retroatividade não se coaduna com a hipótese prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN, a qual se circunscreve a penalidades aplicáveis a infrações tributárias de idêntica natureza jurídica, in casu, penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício. Lé com lé, cré com cré (Jurandir Czaczkes Chaves, 1967). Reiterese que não se presta o preceito inscrito no art. 106, II, ‘c’, do CTN para fazer incidir retroativamente penalidade menos severa cominada a uma infração mais branda para uma transgressão tributária mais grave, à qual lhe é cominado em lei, especificamente, castigo mais hostil, só pelo fato de possuir a mesma denominação jurídica (multa de mora), mas naturezas jurídicas distintas e diversas. Como visto, a norma tributária encartada no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008, c.c. art. 61 da Lei nº 9.430/96, só se presta para punir o descumprimento de obrigação principal não formalizada mediante lançamento de ofício. Nos casos de descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, tanto a legislação revogada (art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99), quanto a legislação superveniente (art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44 da Lei no 9.430/96) preveem uma penalidade pecuniária específica, a qual deve ser aplicada em detrimento da regra geral, em atenção ao princípio jurídico lex specialis derogat generali, aplicável na solução de conflito aparente de normas. Entendo também não proceder a tese que defende a comparação entre a multa de ofício prevista no art. 35A com a soma da multa de mora prevista no art. 35, II, e a multa pelo descumprimento de obrigação acessória prevista no art. 32, IV, todos da Lei nº 8.212/91, para fins de determinação da penalidade mais benéfica ao infrator, visando à aplicação do Princípio da Retroatividade Benigna inscrito no art. 106, II, ‘c’, do CTN. Não procede, ao meu sentir, a alegação de que a multa pelo descumprimento de Obrigação Principal formalizada mediante Lançamento de Ofício prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, estaria apenando, conjuntamente, tanto descumprimento da Obrigação Tributária Principal lançada quanto o Obrigação Tributária Acessória estampada no art. 32, IV, da Lei nº 8.212/91, a justificar o somatório de multas. Tratamse de duas condutas absolutamente distintas, autônomas e independentes, portando cada uma natureza jurídica diferenciada, regramento jurídico diverso, tipificação específica e distinta, e penalidade própria. Tanto que o Contribuinte pode proceder das seguintes maneiras: I. Recolher o tributo devido e declarar integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. II. Recolher o tributo devido e declarar parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. Fl. 301DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 291 21 III. Recolher o tributo devido e não entregar as GFIP correspondentes. IV. Recolher parcialmente o tributo devido e declarar integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. V. Recolher parcialmente o tributo devido e declarar parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. VI. Recolher parcialmente o tributo devido e não entregar as GFIP correspondentes. VII. Não recolher qualquer tributo devido e declarar integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. VIII. Não recolher qualquer tributo devido e declarar parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. IX. Não recolher qualquer tributo devido e não entregar as GFIP correspondentes. A declaração de todos os Fatos Geradores de Contribuição Previdenciária nas GFIP é uma obrigação acessória prevista no inciso IV da Lei nº 8.212/91. A declaração parcial dos fatos geradores na GFIP (hipóteses II, V e VIII) constituise violação à obrigação acessória acima citada, e implica a aplicação imediata da penalidade prevista no §5º do mesmo artigo 32 já mencionado, inexistindo qualquer regramento que exclua a aplicação de tal multa caso tenha ocorrido lançamento de ofício da Obrigação Tributária Principal correspondente. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528/97) (...) §4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: (Parágrafo e tabela acrescentados pela Lei nº 9.528/97) 0 a 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo Fl. 302DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 22 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo §5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97) De outro eito, a não declaração dos fatos geradores na GFIP (hipóteses III, VI e IX) também se configura como violação à mesma obrigação acessória assentada no inciso IV da Lei nº 8.212/91, e importa na aplicação imediata da penalidade prevista no §4º do mesmo artigo 32 já citado, inexistindo qualquer regramento que exclua a aplicação de tal multa caso tenha ocorrido lançamento de ofício da Obrigação Tributária Principal correspondente. De outro giro, o não recolhimento total ou parcial da Obrigação Tributária Principal (hipóteses IV a IX) configurase caso determinante para o lançamento de ofício, nos termos do art. 37 da Lei nº 8.212/91 c.c. art. 142 do CTN, inexistindo qualquer regramento que exclua a aplicação da multa pelo descumprimento da obrigação acessória prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212/91, nas hipóteses em que os fatos geradores correspondentes não tenham sido declarados, ou tenham sido declarados de maneira incompleta na GFIP correspondente. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. §1º Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.711/98). §2º Por ocasião da notificação de débito ou, quando for o caso, da inscrição na Dívida Ativa do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, a fiscalização poderá proceder ao arrolamento de bens e direitos do sujeito passivo, conforme dispuser aquela autarquia previdenciária, observado, no que couber, o disposto nos §§ 1º a 6º, 8º e 9º do art. 64 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. (Incluído pela Lei nº 9.711/98). Código Tributário Nacional Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do Fl. 303DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 292 23 fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Ora... A extinção do crédito tributário decorrente de infração a obrigação tributária constituise hipótese de anistia, a qual se encontra contida no campo da reserva legal, nos termos do art. 97, VI, do CTN, somente podendo ser concedida mediante lei específica federal (in casu) que regule exclusivamente a anistia, ou a correspondente contribuição, a teor do §6º do art. 150 da CF/88. Código Tributário Nacional Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...) VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Art. 175. Excluem o crédito tributário: I a isenção; II a anistia. Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente. Constituição Federal de 1988 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) §6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, §2º, XII, ‘g’. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3/93) Notese que de acordo com o disposto no inciso I do art. 111 do CTN, só há que se falar em exclusão de crédito tributário nas hipóteses expressamente previstas na lei específica, o que, convenhamos, não é o presente caso, uma vez que inexiste qualquer previsão no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, que exclua o Crédito Tributário Fl. 304DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 24 decorrente do descumprimento da Obrigação Tributária Acessória estampada no art. 32, IV, da Lei nº 8.212/91. Código Tributário Nacional Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; Merece ser citado que antes da vigência da MP nº 449/2008 pairava uma dúvida na Fiscalização a respeito do procedimento a ser adotado nos casos em que o Contribuinte declarava os fatos geradores nas GFIP, mas não procedia ao recolhimento do tributo devido. A legislação tributária afirmava que o Crédito Tributário encontravase lançado (art. 33, §7º, da Lei nº 8.212/91), contudo, o art. 37 da mesma lei determinava a lavratura do lançamento de ofício, uma vez que restava configurado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições em foco. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11, bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘d’ e ‘e’ do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001). §7º O crédito da seguridade social é constituído por meio de notificação de débito, autodeinfração, confissão ou documento declaratório de valores devidos e não recolhidos apresentado pelo contribuinte. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97). Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Parágrafo único. Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. A MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, veio a estabelecer um novo procedimento, na medida em que estatuiu que o lançamento de ofício não seria mais necessário nas hipóteses em que houvesse declaração dos fatos geradores nas GFIP, conforme se depreende da nova redação do citado art. 37 da Lei nº 8.212/91. Fl. 305DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 293 25 Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o nãorecolhimento total ou parcial das contribuições tratadas nesta Lei, não declaradas na forma do art. 32 desta Lei, a falta de pagamento de benefício reembolsado ou o descumprimento de obrigação acessória, será lavrado auto de infração ou notificação de lançamento. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). (grifos nossos) Portanto, a contar da vigência da MP nº 449/2008, as hipóteses de conduta do Contribuinte passaram a receber o seguinte tratamento por parte da Fiscalização: I. O Contribuinte recolheu o tributo devido e declarou integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP – Conduta regular. Nada a fazer. II. O Contribuinte recolheu o tributo devido e declarou parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP – Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. III. O Contribuinte recolheu o tributo devido e não entregou a GFIP Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso II do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. IV. O Contribuinte recolheu parcialmente o tributo devido e declarou integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP – Não cabe lançamento de ofício. Cobrança administrativa do débito declarado e não recolhido, com a multa de mora prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. V. O Contribuinte recolheu parcialmente o tributo devido e declarou parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP – Lançamento de ofício da parcela não recolhida, acrescida da multa prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, e Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, em relação aos fatos geradores não declarados. VI. O Contribuinte recolheu parcialmente o tributo devido e não entregou a GFIP Lançamento de ofício da parcela não recolhida, acrescida da multa prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, e Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso II do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. VII. O Contribuinte não recolheu qualquer tributo devido e declarou integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP Não cabe lançamento de ofício. Cobrança administrativa do débito declarado e não recolhido, com a multa de mora prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. VIII. O Contribuinte não recolheu qualquer tributo devido e declarou parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP Cobrança administrativa do débito correspondente aos fatos geradores declarados e não recolhido, acrescido da multa de mora prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009; Fl. 306DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 26 Lançamento de ofício da parcela não recolhida correspondente aos fatos geradores não declarados, acrescida da multa prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, e Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, em relação aos fatos geradores não declarados. IX. O Contribuinte não recolheu qualquer tributo devido e não entregou a GFIP Lançamento de ofício do tributo devido, acrescido da multa prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, e Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso II do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Assim, o Lançamento de Ofício somente deve ocorrer nas hipóteses em que não tenha havido o recolhimento do tributo e, cumulativamente, não tenha havido declaração ou tenha havido declaração incorreta dos fatos geradores nas GFIP correspondentes, como assim determina o art. 44 da Lei nº 9.430/96 c.c. art. 35A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, in verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) Ou seja, o disposto no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/96 apenas restringe a lavratura do lançamento de ofício às hipóteses em que não houve recolhimento total ou parcial do tributo devido e, cumulativamente, não se operou a entrega da GFIP ou entregouse a GFIP com informações inexatas ou omissas. Não se deslembre que a legislação previdenciária tomou “emprestada” uma norma tributária que havia sido redigida em conformidade com a Legislação Fazendária já preexistente, fato que explica o não casamento perfeito dos termos utilizados em ambos os ramos do Direito Tributário em questão. Fl. 307DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 294 27 Nessa perspectiva, nos casos de lançamento de ofício, o cotejamento de normas tributárias para fins específicos de incidência da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN somente pode ser efetivado, exclusivamente, entre a norma assentada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44 da Lei no 9.430/96 com a regra encartada no art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, uma vez que estas tratam, especificamente, de penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, ou seja, penalidades de idêntica natureza jurídica. Assim, em relação aos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a dezembro de 2008, exclusive, o cotejo entre as hipóteses acima elencadas revela que a multa de mora aplicada nos termos do art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, sempre se mostrará menos gravosa ao contribuinte do que a multa de ofício prevista no art. 35A do mesmo Diploma Legal, inserido pela MP nº 449/2008, contingência que justifica a não retroatividade da Lei nº 11.941/2009, uma vez que a penalidade por ela imposta se revela mais ofensiva ao infrator. Nesse contexto, vencidos tais prolegômenos, tratandose o vertente caso de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias, o atraso objetivo no recolhimento de tais exações pode ser apenado de duas formas distintas, a saber: a. Tratandose de fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008: De acordo com a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores, circunstância que implica a incidência de multa de mora nos termos do art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, na razão variável de 24% a 50%, enquanto não inscrito em dívida ativa, por ser mais benéfica ao infrator que a multa de ofício de 75% prevista na novel legislação; b. Tratandose de fatos geradores ocorridos após a vigência da MP nº 449/2008: De acordo com a MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, que promoveu a inserção do art. 35A na Lei de Custeio da Seguridade Social, situação que importa na incidência de multa de ofício de 75%, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio, em que tal percentual é duplicado. Dessarte, para os fatos geradores ocorridos até a competência novembro/2008, inclusive, o cálculo da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser efetuado com observância aos comandos inscritos no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela lei nº 9.876/99. Na mesma hipótese especifica, para os fatos geradores ocorridos a partir da competência dezembro/2008, inclusive, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada consoante a regra estampada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. O raciocínio acima delineado é válido enquanto não for ajuizada a correspondente ação de execução fiscal. Como se depreende do art. 35 da Lei n° 8.212/91, na redação da Lei nº 9.876/99, o valor da multa de mora decorrente de lançamento de ofício de Fl. 308DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 28 obrigação principal é variável em função da fase processual em que se encontre o Processo Administrativo Fiscal de constituição do crédito tributário. De fato, encerrado o Processo Administrativo Fiscal e restando definitivamente constituído, no âmbito administrativo, o crédito tributário, não sendo este satisfeito espontaneamente pelo Sujeito Passivo no prazo normativo, será inscrito em Dívida Ativa da União, para subsequente cobrança judicial. Ocorre que, após o ajuizamento da execução fiscal, a multa pelo atraso no recolhimento de obrigação principal é majorada para 80% ou 100%, circunstância que torna a multa de ofício (75%) menos ferina, operandose, a partir de então, a retroatividade da lei mais benéfica ao infrator, desde que não tenha havido sonegação, fraude ou conluio. Assim, em relação aos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a dezembro/2008, exclusive, considerando a necessidade de se observar o preceito insculpido no art. 106, II, "c", do CTN concernente à retroatividade benigna, o novo mecanismo de cálculo da penalidade pecuniária decorrente da mora do recolhimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício trazido pela MP n° 449/08 deverá operar como um limitador legal do quantum máximo a que a multa poderá alcançar, in casu, 75%, mesmo que o crédito tributário seja objeto de ação de execução fiscal. Nestas hipóteses, somente irá se operar o teto de 75% nos casos em que não tenha havido sonegação, fraude ou conluio. Da conjugação das normas tributárias acima revisitadas concluise que, nos casos de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias, a penalidade pecuniária pelo descumprimento da obrigação principal deve ser calculada de acordo com a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores inadimplidos, conforme se vos segue: a. Para os fatos geradores ocorridos até novembro/2008, inclusive: A penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada conforme a memória de cálculo exposta no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, observado o limite máximo de 75%, desde que não estejam presentes situações de sonegação, fraude ou conluio, em atenção à retroatividade da lei tributária mais benigna inscrita no art. 106, II, ‘c’, do CTN. b. Para os fatos geradores ocorridos a partir de dezembro/2008, inclusive: A penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada de acordo com o critério fixado no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. No caso dos autos, considerando ser de 01/01/2005 a 30/06/2010 o período de apuração do Crédito Tributário ora lançado, e considerando não haver sido verificada a presença dos elementos objetivos e subjetivos de conduta que, em tese, se qualifica como fraude e/ou sonegação, tipificadas nos artigos 71 e 72 da Lei nº 4.502/64, resulta que a penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação tributária principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser aplicada de acordo com o art. 35, II, da art. Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, para as competências até novembro/2008, inclusive, limitada a 75%, em honra ao princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna, previsto no art. 106, II, ‘c’, do CTN, e em conformidade com o art. 35A da Lei nº Fl. 309DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001525/201011 Acórdão n.º 2401004.082 S2C4T1 Fl. 295 29 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44, I, da Lei no 9.430/96, para as competências a partir de dezembro/2008, inclusive, em atenção ao princípio tempus regit actum. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo o regramento a ser dispensado à aplicação de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício obedecer à lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, nos termos expostos no caput do art. 144 do Código Tributário Nacional, observado o limite máximo de 75%, em atenção ao princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna ao Contribuinte, inscrita no art. 106, II, ‘c’, do CTN. (assinado digitalmente) Conselheiro Arlindo da Costa e Silva Redator designado Fl. 310DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI
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Numero do processo: 12448.736223/2012-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2011
SISTEMA DE APURAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES. IMPOSTO DE RENDA. OPÇÃO PELO LUCRO PRESUMIDO. INOCORRÊNCIA. INCUMULATIVIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO. CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO. SISTEMA CUMULATIVO. VÍCIO INSANÁVEL.
Permaneceram sujeitas às normas vigentes antes da entrada em vigor da Lei 10.833, dentre outras, as pessoas jurídicas tributadas pelo Imposto de Renda com base no lucro presumido ou arbitrado. Uma vez que essa opção não tenha sido feita pelo contribuinte, se lhes aplicam as regras da incumulatividade.
É nulo o Auto de Infração lavrado com base em legislação que não se aplica ao contribuinte submetido ao procedimento fiscal.
Recurso de Ofício Negado
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 3302-002.929
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator
EDITADO EM: 16/12/2015
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Hélcio Lafetá Reis, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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conteudo_txt : Metadados => date: 2015-12-16T19:51:09Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2015-12-16T19:51:09Z; Last-Modified: 2015-12-16T19:51:09Z; dcterms:modified: 2015-12-16T19:51:09Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:9b4fe5e0-31bf-4131-b543-281d3d899d1a; Last-Save-Date: 2015-12-16T19:51:09Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2015-12-16T19:51:09Z; meta:save-date: 2015-12-16T19:51:09Z; pdf:encrypted: true; modified: 2015-12-16T19:51:09Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2015-12-16T19:51:09Z; created: 2015-12-16T19:51:09Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; Creation-Date: 2015-12-16T19:51:09Z; pdf:charsPerPage: 1823; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2015-12-16T19:51:09Z | Conteúdo => S3C1T2 Fl. 2 1 1 S3C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12448.736223/201281 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3102002.929 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de dezembro de 2015 Matéria Auto de Infração Cofins Recorrente CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2011 SISTEMA DE APURAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES. IMPOSTO DE RENDA. OPÇÃO PELO LUCRO PRESUMIDO. INOCORRÊNCIA. INCUMULATIVIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO. CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO. SISTEMA CUMULATIVO. VÍCIO INSANÁVEL. Permaneceram sujeitas às normas vigentes antes da entrada em vigor da Lei 10.833, dentre outras, as pessoas jurídicas tributadas pelo Imposto de Renda com base no lucro presumido ou arbitrado. Uma vez que essa opção não tenha sido feita pelo contribuinte, se lhes aplicam as regras da incumulatividade. É nulo o Auto de Infração lavrado com base em legislação que não se aplica ao contribuinte submetido ao procedimento fiscal. Recurso de Ofício Negado Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa – Presidente e Relator EDITADO EM: 16/12/2015 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 73 62 23 /2 01 2- 81 Fl. 1493DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Hélcio Lafetá Reis, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo e Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Trata o presente processo de Auto de Infração contra a contribuinte em epígrafe, relativo à insuficiência de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS incidência cumulativa (fls. 961/1005), referente aos períodos de apuração de 01/2007 a 03/2011, no valor principal de R$ 13.175.594,54, acrescido de multa de ofício de 75% e juros de mora calculados até 27/02/2009, totalizando o crédito tributário de R$ 27.669.124,74. No Termo de Constatação Fiscal, integrante do Auto de Infração (fls. 961/974), a autoridade lançadora registra, em síntese, que A ação fiscal foi motivada por despacho contido nos autos do processo 15374.000174/200603, que trata de acompanhamento do Mandado de Segurança 2005.51.01.0243752, com pedido de liminar, no qual a impetrante pleiteava a declaração de inexistência de relação jurídicotributária que obriga o pagamento da Cofins, por se tratar de ‘sociedade civil sem fins lucrativos, que tem por objetivo promover, primordialmente, a prática de atividades desportivas, culturais, sociais, assistenciais, educacionais e filantrópicas’, bem como a compensação dos valores recolhidos nos últimos 10 anos; A sentença proferida pela 24a VF, publicada em 30/05/2011 declarou a inexigibilidade da Cofins, a partir de fevereiro de 1999, tão somente em relação às receitas próprias de suas atividades sem fins lucrativos, relativas à promoção da prática de esportes, atividades de caráter cultural, recreativo, assistencial, educacionais e filantrópico; A análise da composição das receitas mensais demonstrou a existência de um grande número de fontes de receita; O contribuinte não declarou quaisquer débitos a título de COFINS nas DCTF dos períodos de 7/2006 a 3/2011; O contribuinte não efetua pagamentos a título de COFINS desde 8/2006; O contribuinte não informou débitos de COFINS nos DACON apresentados, referentes aos períodos de 7/2006 a 2/2007 e 1/2011 a 3/2011; O contribuinte foi diversas vezes intimado a esclarecer a origem das receitas relacionadas no Termo de Diligência, mas não apresentou resposta; O contribuinte se inclui no rol das entidades beneficiadas com a isenção mencionada no artigo 13, inc VIII da MP 215835/2001, enquadrandose na hipótese de não incidência tributária, ou isenção da Cofins, prevista no art 14 da referida norma, que incidiria sobre as receitas das atividades próprias, isto é, aquelas previstas em seu Estatuto Social, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais; A regra de isenção não exige que a entidade preste serviços gratuitos, sendo condição para o gozo da isenção do IRPJ e da CSLL que a contrapartida financeira pelos serviços executados seja direcionada à consecução dos objetivos para os Fl. 1494DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12448.736223/201281 Acórdão n.º 3102002.929 S3C1T2 Fl. 3 3 quais a entidade foi criada, conforme estabelecido em seu Estatuto Social, e, principalmente, não tenha finalidade lucrativa; Para a incidência nãocumulativa da Cofins, estão em vigor as isenções previstas no art. 14 da MP 2.15835/2001, incluída a isenção da receita proveniente das atividades próprias das associações sem fins lucrativos; Foram relacionadas as rubricas/fontes de receita, por não apresentarem características de receitas derivadas de atividades próprias da fiscalizada, de acordo com o conceito da legislação vigente; A simples observação da relação nos permite concluir que tais receitas apresentam características contraprestacionais, são próprias de atividades de natureza econômicofinanceira ou empresarial e, portanto, sujeitas à incidência da Cofins; A título de complemento, cita os arts. 2º e 3º da Lei 9.615/98, com alterações da Lei 10.672/2003 dispondo que a exploração e a gestão do desporto profissional, caracterizada pela remuneração pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta e a entidade de prática esportiva, constituem exercício de atividade econômica; No que tange ao regime de tributação da COFINS a ser aplicado ás receitas que não seriam relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 15 da Lei 9.532/97, impende recordar que de acordo com o que dita o art. 2º da IN SRF nº 404/2004, são contribuintes da COFINS nãocumulativa as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro real. Destarte, as pessoas jurídicas que não adotam o regime do lucro real deverão seguir o regime cumulativo de apuração da COFINS; Restou demonstrada a falta de recolhimento da Cofins nos períodos de apuração de 01/2007 a 03/2011, sobre as receitas abrangidas pelas rubricas relacionadas no Termo, tendo como base de cálculo os montantes apurados na “Planilha de Apuração da Cofins”, anexa ao Termo; Considerando que no período de 01/2007 a 11/2007 o contribuinte não realizou qualquer pagamento a título de Cofins, para fins de cômputo da decadência, aplicase a regra do art. 173, I, do CTN, contandose o prazo de cinco anos do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou seja, 01/01/2008. O contribuinte foi cientificado em 18/12/2012 e, inconformado, apresentou, em 14/01/2013, a impugnação de fls. 1203/1231, alegando em síntese que: O Impugnante foi cientificado do auto de infração em 18/12/2011, quando já se encontravam extintas por decadência, por força do art. 156, V do CTN, as parcelas relativas ao período compreendido entre 01/01/2007 e 17/12/2007; O prazo previsto no art. 173, I do CTN não pode ser aplicado a casos em que não se discute a apuração ou a suficiência do recolhimento ou lançamento, mas o próprio nascimento da obrigação tributária; A sentença proferida no Mandado de Segurança 2005.51.01.0243752 reconhece a inexigibilidade da Cofins em relação às receitas próprias de sua atividade, aí incluída a promoção da prática de esportes, em que certamente está inserido o futebol profissional. Portanto, o Fisco não poderia ter lavrado auto de infração para cobrar imposto somado a vultosa multa de ofício de 75%; Fl. 1495DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 4 Conforme jurisprudência do CARF, a autoridade fiscal poderia no máximo lavrar o auto para prevenir a decadência, sem imposição da multa de ofício; A exigência da multa de ofício, no caso em que o crédito tributário é inexigível por força de sentença válida e eficaz, acarreta a nulidade do auto de infração, além de implicar evidente descumprimento de decisão judicial; É forçoso o reconhecimento da nulidade do lançamento ou, ao menos o cancelamento da multa de ofício imposta; O Flamengo é associação civil sem fins lucrativos cujo objeto exclusivo é o desenvolvimento e a prática de atividades desportivas, culturais, sociais, educacionais e filantrópicas, conforme arts 1º e 2º de seu Estatuto; O Flamengo não pratica atividades que possuam conteúdo econômico/lucrativo. Toda a receita auferida é reinvestida na manutenção e desenvolvimento de suas atividades típicas; No caso da Impugnante, conceitos como o de “faturamento” ou “lucro” são absolutamente inapropriados; As cifras movimentadas pelo futebol profissional não alteram a premissa básica de que todos esses valores mantêmse circunscritos às atividades próprias do Clube; É a destinação dos recursos e não a rubrica empregada para fins contábeis que se revela determinante para fins da aplicabilidade da isenção tributária; O Flamengo é associação civil sem fins lucrativos e está isento da Cofins quanto à totalidade de suas receitas; Segundo entendimento manifestado no auto de infração, o conceito de “receitas das atividades próprias” estaria cingido a mensalidades, anuidades, contribuições e doações por parte dos membros; A pedra de toque para entender o que significa “receita de atividade própria” não é a fonte dos recursos, mas o objeto social da associação e a destinação conferida a esses recursos; O Flamengo não distribui lucros ou sobras aos associados em hipótese alguma e direciona a contrapartida do desenvolvimento de todas suas atividades estatutárias, aí incluído o futebol, à manutenção e desenvolvimento de suas atividades típicas; Cita jurisprudência no âmbito administrativo e judicial; O auto de infração contraria a jurisprudência do STF ao lançar a Cofins com base na lei 9.718/98 sem excluir as receitas não decorrentes da venda de mercadorias e serviços (não alcançadas pelo conceito de faturamento); A Cofins foi exigida no percentual de 3% sobre o somatório das receitas que foram consideradas como não decorrentes das atividades próprias, como aluguéis, royalties, direitos federativos, licenciamento de marcas e cotas de televisionamento, entre outras; É fundamental que o lançamento da Cofins com base na Lei 9.718/98 limite se às receitas decorrentes da venda de mercadorias e serviços, sob pena de ignorar por completo a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da lei 9.718/98; Fl. 1496DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12448.736223/201281 Acórdão n.º 3102002.929 S3C1T2 Fl. 4 5 O auto de infração faz exatamente o contrário: lista uma série de rubricas e fontes de receita que considera não serem relativas à “atividade própria” do Impugnante, a fim de afastálas do âmbito isentivo do art. 14 da MP 2.15835/02, e efetua o lançamento da Cofins sobre elas; Mesmo que a autoridade julgadora não concorde com o Impugnante no sentido de que todas as receitas estão abrangidas pela isenção, é fundamental excluir todas as receitas que não se qualificam como resultantes da venda de mercadorias e serviços; Pede o cancelamento do auto de infração. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2011 ASSOCIAÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS. RECEITAS NÃO ALCANÇADAS PELA ISENÇÃO. As sociedades civis sem fins lucrativos que tenham o objetivo de promover a prática de desportos e atividades de caráter cultural, recreativo, assistencial, educacional e filantrópico, em relação às receitas não decorrentes de suas atividades próprias, são contribuintes da COFINS no regime de apuração não cumulativa, desde que não sejam tributadas pelo Imposto de Renda com base no lucro presumido ou arbitrado. LANÇAMENTO. INOBSERVÂNCIA DA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Cancelase o lançamento de ofício realizado em desacordo com a legislação aplicável. Por ter exonerado crédito tributário em valor superior ao limite de alçada, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento recorre de ofício a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Quando apreciados pela primeira vez, os fatos descritos no Processo revelaram necessidade de que determinadas questões fossem esclarecidas. O julgamento foi convertido em diligência por meio da Resolução nº 3102000.290, de 24 de outubro de 2013. É o Relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa Digase, desde logo, que a situação do Processo exigiria nova conversão do julgamento em diligência, uma vez que não tenha sido dada ciência à Recorrente das informações prestadas pela Unidade Preparadora, conforme determinado na Resolução nº Fl. 1497DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 6 3102000.290 e na própria legislação que regulamenta o Processo Administrativo Fiscal1, do que, salvo melhor juízo, decorre preterição ao direito de defesa e, corolário, nulidade da decisão. Inobstante, pareceme que seja caso de aplicação do disposto no parágrafo 3º do artigo 59 do Decreto 70.235/72, alteração introduzida pela Lei 8.748/932. É o que se verá. Passo ao mérito. Como já mencionei na decisão que converteu o julgamento em diligência, a narrativa dos fatos que trouxeram o Processo à situação atual dá conta de matéria de mérito versando sobre a classificação econômicocontábil das receitas auferidas pela entidade autuada, com o fito de definir quais ingressos haveriam de compor a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins. O assunto foi levado ao Poder Judiciário, onde a entidade obteve parcial provimento, declarando a Contribuição inexigível a partir de fevereiro de 1999, em relação “às receitas próprias de suas atividades sem fins lucrativos, relativas à promoção da prática de esportes, atividades de caráter cultural, recreativo, assistencial, educacional e filantrópicas”. Interpretando a sentença, a Fiscalização Federal constituiu em Auto de Infração o crédito tributário decorrente da incidência da alíquota da Cofins sobre a base de cálculo integrada por todas as receitas que, no seu entender, não provinham de suas atividades próprias. O problema foi que, ao fazêlo, o Fisco aplicou a legislação que regula o Sistema de Apuração Cumulativo das Contribuições, sem atentarse ao fato de que a autuada, a partir da entrada em vigor das Leis 10.637/02 e 10.833/03, teria passado, segundo entendimento da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, à sistemática não cumulativa de apuração das Contribuições. Reproduzo mais uma vez excertos da decisão de piso. O primeiro fato gerador constante do auto de infração ocorreu em janeiro de 2007, quando já se encontrava em vigor a Lei 10.833/2003, que instituiu o regime nãocumulativo da COFINS. Tal regime passou a ser, a partir de fevereiro de 2004, a regra geral aplicável às pessoas jurídicas sujeitas ao recolhimento da contribuição. As exceções ao regime geral encontramse relacionadas no artigo 10 da Lei 10.833/2003, abaixo transcrito: “Art. 1º. A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento 1 Art. 35. A realização de diligências e de perícias será determinada pela autoridade julgadora de primeira instância, de ofício ou a pedido do impugnante, quando entendêlas necessárias para a apreciação da matéria litigada (Decreto no 70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 9 de dezembro de 1993, art. 1o). Parágrafo único. O sujeito passivo deverá ser cientificado do resultado da realização de diligências e perícias, sempre que novos fatos ou documentos sejam trazidos ao processo, hipótese na qual deverá ser concedido prazo de trinta dias para manifestação (Lei no 9.784, de 1999, art. 28). 2 Art. 59. São nulos: (...) § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 1498DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12448.736223/201281 Acórdão n.º 3102002.929 S3C1T2 Fl. 5 7 mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (...) Art. 5o. O contribuinte da COFINS é a pessoa jurídica que auferir as receitas a que se refere o art. 1o. (...) Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: I as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6º, 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, e na Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983; II as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado; III as pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES; IV as pessoas jurídicas imunes a impostos; V os órgãos públicos, as autarquias e fundações públicas federais, estaduais e municipais, e as fundações cuja criação tenha sido autorizada por lei, referidas no art. 61 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição; VI sociedades cooperativas, exceto as de produção agropecuária, sem prejuízo das deduções de que trata o art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, e o art. 17 da Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2003, não lhes aplicando as disposições do § 7º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e as de consumo; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VII as receitas decorrentes das operações: a) referidas no inciso IV do § 3º do art. 1o; ( Revogada pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008 ) b) sujeitas à substituição tributária da COFINS; c) referidas no art. 5º da Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998; VIII as receitas decorrentes de prestação de serviços de telecomunicações; IX as receitas decorrentes de venda de jornais e periódicos e de prestação de serviços das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) X as receitas submetidas ao regime especial de tributação previsto no art. 47 da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002; XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: a) com prazo superior a 1 (um) ano, de administradoras de planos de consórcios de bens móveis e imóveis, regularmente autorizadas a funcionar pelo Banco Central; Fl. 1499DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 8 b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; c) de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data; XII as receitas decorrentes de prestação de serviços de transporte coletivo rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros; XIII as receitas decorrentes de serviços: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) prestados por hospital, prontosocorro, clínica médica, odontológica, de fisioterapia e de fonoaudiologia, e laboratório de anatomia patológica, citológica ou de análises clínicas; e ( Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004 ) b) de diálise, raios X, radiodiagnóstico e radioterapia, quimioterapia e de banco de sangue; ( Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004 ) XIV as receitas decorrentes de prestação de serviços de educação infantil, ensinos fundamental e médio e educação superior. XV as receitas decorrentes de vendas de mercadorias realizadas pelas pessoas jurídicas referidas no art. 15 do DecretoLei nº 1.455, de 7 de abril de 1976 ; ( Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004 ) XVI as receitas decorrentes de prestação de serviço de transporte coletivo de passageiros, efetuado por empresas regulares de linhas aéreas domésticas, e as decorrentes da prestação de serviço de transporte de pessoas por empresas de táxi aéreo; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) XVII as receitas auferidas por pessoas jurídicas, decorrentes da edição de periódicos e de informações neles contidas, que sejam relativas aos assinantes dos serviços públicos de telefonia; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) XVIII – as receitas decorrentes de prestação de serviços com aeronaves de uso agrícola inscritas no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB); (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) XIX – as receitas decorrentes de prestação de serviços das empresas de call center, telemarketing, telecobrança e de teleatendimento em geral; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) XX as receitas decorrentes da execução por administração, empreitada ou subempreitada de obras de construção civil, até 31 de dezembro de 2010; ( Redação dada pela Lei nº 11.945, de 4 de junho de 2009 ) XXI – as receitas auferidas por parques temáticos, e as decorrentes de serviços de hotelaria e de organização de feiras e eventos, conforme definido em ato conjunto dos Ministérios da Fazenda e do Turismo. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) XXII as receitas decorrentes da prestação de serviços postais e telegráficos prestados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; (Incluído pela Lei nº 10.925, de 2004) XXIII as receitas decorrentes de prestação de serviços públicos de concessionárias operadoras de rodovias; (Incluído pela Lei nº 10.925, de 2004) Fl. 1500DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12448.736223/201281 Acórdão n.º 3102002.929 S3C1T2 Fl. 6 9 XXIV as receitas decorrentes da prestação de serviços das agências de viagem e de viagens e turismo. (Incluído pela Lei nº 10.925, de 2004) XXV as receitas auferidas por empresas de serviços de informática, decorrentes das atividades de desenvolvimento de software e o seu licenciamento ou cessão de direito de uso, bem como de análise, programação, instalação, configuração, assessoria, consultoria, suporte técnico e manutenção ou atualização de software, compreendidas ainda como softwares as páginas eletrônicas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) XXVI as receitas relativas às atividades de revenda de imóveis, desmembramento ou loteamento de terrenos, incorporação imobiliária e construção de prédio destinado à venda, quando decorrentes de contratos de longo prazo firmados antes de 31 de outubro de 2003; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 21/11/2005) XXVII (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.196, de 21/11/2005) XXVIII (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.766, de 27 de dezembro de 2012) (Vide inc. II do art. 13 da da Lei nº 12.766/2012) XXIX as receitas decorrentes de operações de comercialização de pedra britada, de areia para construção civil e de areia de brita. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 27 de dezembro de 2012) (Vide inc. II do art. 13 da da Lei nº 12.766/2012) Os incisos I a VI do dispositivo acima relacionam as pessoas jurídicas que permanecem sujeitas a COFINS no regime de apuração cumulativo. Não se verifica, contudo, a possibilidade de enquadrar a autuada em uma das hipóteses aí previstas, como se verá. Os incisos I, III, V e VI dispensam maiores comentários, pois se referem, de forma simplificada, a instituições financeiras, empresas optantes pelo SIMPLES, órgãos públicos, autarquias e fundações e sociedades cooperativas, o que certamente não se aplica à pessoa jurídica autuada. Também não se pode inserir a autuada na hipótese do inciso IV, pois claro está que não se trata de pessoa jurídica imune a impostos. As hipóteses de imunidade são aquelas previstas no artigo 150 da Constituição Federal e nelas não se enquadram as sociedades civis sem fins lucrativos que tenham por objetivo promover a prática de atividades desportivas. A única possibilidade seria enquadrar o contribuinte na hipótese prevista no inciso II (pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado). No entanto, não é este o caso. Contra a decisão de primeira instância proferida no Mandado de Segurança interposto, a União Federal apresentou recurso de apelação e o Clube do Flamengo, em suas contrarrazões, afirma ser empresa optante pelo lucro presumido. Tal informação, contudo, não se confirma, pois se verifica através dos sistemas da RFB (fls. 1432/1433) que a empresa sempre apresentou declaração de isenta do imposto de renda pessoa jurídica (DIPJ dos exercícios 2004 a 2012). Não entraremos aqui no mérito da questão de ser a isenção do IRPJ aplicável ou não à totalidade das receitas auferidas pela empresa. É certo, contudo, que ao declarar que estariam isentas do IRPJ a totalidade de suas receitas, o contribuinte deixou de fazer a opção pelo lucro presumido, o que afasta por completo a hipótese do citado inciso II, para fins de aplicação do regime cumulativo da COFINS. Importante registrar que a questão não foi apreciada na decisão judicial proferida pelo TRF. Abaixo reproduzimos trecho da citada decisão: Fl. 1501DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 10 (...) Há ainda manifestação expressa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, também trazida a lume na decisão de primeiro grau. Corroborando o entendimento exposto no presente voto, no sentido de que as receitas não decorrentes das atividades próprias da empresa autuada e, portanto, não alcançadas pelos efeitos da decisão judicial, devem ser tributadas pela COFINS no regime nãocumulativo, cabe citar o manual de Perguntas e Respostas IRPJ/2012, divulgado no site da Receita Federal do Brasil, que esclarece em sua pergunta de nº 43 o seguinte: 043 Quais são os contribuintes da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, incidentes sobre a receita bruta, no regime de apuração nãocumulativa, nos termos da Lei nº 10.637, de 2002 e da Lei nº 10.833, de 2003? São as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, tributadas pelo referido imposto com base no lucro real, inclusive as empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas subsidiárias. São contribuintes da Cofins no regime de apuração nãocumulativa, desde que não sejam tributadas pelo Imposto de Renda com base no lucro presumido ou arbitrado (quando couber), em relação às receitas não decorrentes de suas atividades próprias, as seguintes pessoas jurídicas: a) instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; b) sindicatos (com exceção das entidades sindicais dos trabalhadores); c) federações e confederações; d) serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; e) conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; f) fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; g) condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e h) a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1º da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Ponderadas todas essas circunstâncias, sobressai cristalina a conclusão de que as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, ainda que isentas da Cofins em relação às receitas provenientes de suas atividades próprias, estarão sujeitas ao Regime NãoCumulativo de apuração da Contribuição sempre que não sejam tributadas pelo Imposto de Renda com base no lucro presumido ou arbitrado. Contudo, neste ponto, em que tudo remetia à conclusão de que a Fiscalização Federal não havia se atentado às particularidades acima descritas, observei informação contida no corpo do Termo de Constatação Fiscal, revelando conhecimento da questão e decisão a respeito, se não vejamos. No que tange ao regime de tributação da COFINS (cumulativo ou não cumulativo) a ser aplicado às receitas que não seriam relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o artigo 15 da Lei nº 9.532/97, caso da Fl. 1502DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12448.736223/201281 Acórdão n.º 3102002.929 S3C1T2 Fl. 7 11 fiscalizada, impende recordar que, de acordo com o que dita artigo 2º da Instrução Normativa SRF nº 404/2004, “são contribuintes da COFINS nãocumulativa as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda, tributadas pelo referido imposto com base no lucro real”. Destarte, as pessoas jurídicas que não adotam o regime do lucro real deverão seguir o regime cumulativo de apuração da COFINS sobre as receitas derivadas de atividades que, de acordo com a legislação vigente, não são consideradas próprias. (grifos no original) Ou seja, os AuditoresFiscais responsáveis pelo procedimento decidiram pela tributação pelo Regime Cumulativo, justamente porque, segundo observaram, o contribuinte não adotara o regime de apuração do Imposto de Renda pelo Lucro Real. À luz dessas circunstâncias, a Turma decidiu converter o julgamento em diligência, para obtenção de esclarecimentos acerca da opção feita pela autuada em relação ao sistema de apuração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ. A esse respeito, a Autoridade diligenciada informou às folhas 1486 (eProc), sucintamente, que Conforme documentos acostados aos autos como DIPJ, Termo de Verificação Fiscal e outros, esclareço que a entidade não foi tributada pelo Lucro Real, por tratarse de entidade isenta ao IRPJ que não teve suspensa tal isenção no período fiscalizado.Solicito o encaminhamento deste processo ao CARF SECAM/1ª CÂMARA/3ª SEJUL/CARF/MF. Revendo os apontamento que fiz na análise inicial do Processo, observo que, à luz das considerações aduzidas, de um lado, pela Fiscalização Federal e, de outro, pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, me ative à opção do contribuinte na apuração do lucro para o cálculo do IR devido: se presumido/arbitrado ou pelo Lucro Real. De fato, uma vez que cada instância tenha afirmado categoricamente que uma e outra opção não haviam sido feitas, entendi que tratavase de uma questão elementar para solução da lide, razão pela qual propus a conversão do julgamento para que fosse esclarecido qual a opção feita pela autuada. Contudo, quando tomei tal decisão, não me ative ao fato de que, ao declarar se isenta do Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, a entidade desobrigase do dever de optar por um por outro sistema de apuração. Em outras palavras, tanto a Fiscalização Federal quanto a Delegacia da Receita Federal de Julgamento estão corretas em afirmar, a primeira, que a entidade não fez opção pelo Lucro Real e, a segunda, que ela não fez opção pelo Lucro Presumido. Nestas condições, acho que seja correto afirmar que, embora a Instrução Normativa SRF 404/04 determine que são contribuintes da COFINS nãocumulativa as pessoas jurídicas de direito privado tributadas (...) com base no lucro real, na escolha do sistema de apuração das Contribuições deveria prevalecer a Lei, que exclui do Sistema de Tributação Não Cumulativo apenas os optantes pelo Lucro Presumido, em lugar de incluir as pessoas jurídicas optantes pelo Lucro Real. Daí que pareceme correta a decisão tomada em primeira instância. Mas além do aparente engano na escolha do sistema de apuração da Contribuição, há, ainda, outro elemento que orienta pelo desprovimento ao Recurso de Ofício. Fl. 1503DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 12 Necessário relembrar que, por força de provimento jurisdicional que lhe foi favorável, a entidade estava obrigada a tributar apenas as receitas que não decorressem de suas atividades típicas. Nestas circunstâncias, estivesse correta leitura empregada pela Fiscalização Federal, submetendolhe ao Sistema Cumulativo de apuração da Contribuição, e as receitas consideradas atípicas também restariam desoneradas, por força da decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do RE 585.2353 em Regime de Repercussão Geral, na qual foi declarado inconstitucional o alagamento da base de cálculo promovido pelo parágrafo primeiro do artigo terceiro da Lei 9.718/98, De fato, o exato efeito da decisão acima pode ser extraído do entendimento expresso ao longo do Voto proferido pelo Ministro Cezar Peluso, encontrado pelo menos nos Recursos Extraordinários nº. 346.084, 357.950, 358.273 e 390.840, como a seguir se lê, nos excertos deles extraídos. Sr. Presidente, gostaria de enfatizar meu ponto de vista, para que não fique nenhuma dúvida ao propósito. Quando me referi ao conceito construído sobretudo no RE 150.755, sob a expressão “receita bruta de venda de mercadorias e prestação de serviço”, quis significar que tal conceito está ligado à idéia de produto do exercício de atividades empresariais típicas, ou seja, que nessa expressão se inclui todo incremento patrimonial resultante do exercício de atividades empresariais típicas. Se determinadas instituições prestam tipo de serviço cuja remuneração entra na classe das receitas chamadas financeiras, isso não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de “receita bruta igual a faturamento”. (...) 6. (...) Faturamento nesse sentido, isto é, entendido como resultado econômico das operações empresariais típicas, constitui a base de cálculo da contribuição, enquanto representação quantitativa do fato econômico tributado. Noutras palavras, o fato gerador constitucional da COFINS são as operações econômicas que se exteriorizam no faturamento (sua base de cálculo), porque não poderia nunca corresponder ao ato de emitir faturas, coisa que, como alternativa semântica possível, seria de todo absurda, pois bastaria à empresa não emitir faturas para se furtar à tributação. – grifamos. É fato que a discussão acima está focada no conceito de faturamento empresarial, particularmente aquele auferido pelos bancos comerciais. Contudo algumas questão remetem ao entendimento de que essa premissa é também aplicável ao caso concreto. Primeiro, é preciso levar em consideração que a tributação de entidades sem fins lucrativos no Sistema Cumulativo é hipótese contemplada em Lei, cuja matriz legal de 3 Decisão: O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 10.09.2008. RE 585.235QO, Min. Cezar Peluso Fl. 1504DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12448.736223/201281 Acórdão n.º 3102002.929 S3C1T2 Fl. 8 13 incidência era, à época dos fatos, a Lei 9.718/98. Por conta disso, não há como evitar o entendimento de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 tenha trazido algum efeito à base de cálculo que deva ser considerada na tributação de entidades dessa natureza. Pois bem. Conforme excertos extraídos dos Recursos Extraordinários nº.s 346.084, 357.950, 358.273 e 390.840, acima transcritos, a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal não restringiu a incidência das Contribuições ao faturamento, stricto sensu, mas à receita bruta, conforme especificado no caput do artigo 3º4, entendida essa, como a receita decorrente das atividades típicas da pessoa jurídica. Ou seja, as receitas excluídas pela decisão foram aquelas definidas como a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas, conforme ampliava o § 1º do artigo 3º. Noutras palavras, seja qual for a atividade exercida pela pessoa jurídica, a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 afastou a tributação incidente sobre toda a receita bruta do contribuinte, restringindoa àquela decorrente de suas atividades típicas. Ocorre que, no caso das entidades contempladas no artigo 13 da MP 2.158 35/01, estas receitas foram contempladas pelo benefício da isenção. Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. A conclusão a que se chega é a de que, nestes casos, não sobrou receita sujeita a tributação. VOTO por negar provimento ao Recurso de Ofício. Sala de Sessões, 09 de dezembro de 2015. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Relator 4 Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. Fl. 1505DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA 14 Fl. 1506DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 p or RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000696/2004-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 02 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1999
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
PROVAS JUNTADAS NA FASE RECURSAL. ADMISSIBILIDADE. HIPÓTESE PREVISTA EM LEI. É possível a juntada de documentos depois da impugnação quando destinados a contrapor razões trazidas aos autos por ocasião da decisão de 1ª instância. PRINCÍPIO DO EFEITO DEVOLUTIVO. INOCORRÊNCIA. Nada no regramento processual impõe a devolução dos autos à 1ª instância de julgamento para apreciação de documentos juntados depois de proferida a decisão.
Numero da decisão: 1302-001.740
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER e ACOLHER os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Paulo Mateus Ciccone, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Eduardo Andrade e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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OMISSÃO. PROVAS JUNTADAS NA FASE RECURSAL. ADMISSIBILIDADE. HIPÓTESE PREVISTA EM LEI. É possível a juntada de documentos depois da impugnação quando destinados a contrapor razões trazidas aos autos por ocasião da decisão de 1ª instância. PRINCÍPIO DO EFEITO DEVOLUTIVO. INOCORRÊNCIA. Nada no regramento processual impõe a devolução dos autos à 1ª instância de julgamento para apreciação de documentos juntados depois de proferida a decisão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER e ACOLHER os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Paulo Mateus Ciccone, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Eduardo Andrade e Ana de Barros Fernandes Wipprich. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 06 96 /2 00 4- 34 Fl. 1418DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000696/200434 Acórdão n.º 1302001.740 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Na sessão plenária de 05 de dezembro de 2012 a extinta 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento julgou recurso voluntário interposto nestes autos. A decisão, conduzida em parte por voto de lavra desta Conselheira, está formalizada no Acórdão nº 1101000.838, assim ementado na parte que aqui interessa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2000 [...] FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ. COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO NA FASE RECURSAL. Incabível a manutenção do lançamento sobre a falta de recolhimento de Imposto de Renda Pessoa Jurídica, quando restar comprovado, na fase recursal, as alegadas compensações dos valores de Imposto de Renda Pessoa Jurídica apurados na declaração de rendimentos com Imposto de Renda Pessoa Jurídica paga a maior em declarações de rendimentos anteriores. Cientificada da decisão, a Procuradoria da Fazenda Nacional opôs embargos admitidos nos seguintes termos do despacho de fls. 1416/1417: Os autos foram remetidos à Procuradoria da Fazenda Nacional em 21/08/2014, e de acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF nº 527/2010, os Procuradores da Fazenda Nacional são considerados intimados com o término do prazo de 30 (trinta) dias contados da data em que os autos lhes foram entregues. Em 22/09/2014 a Fazenda Nacional restituiu os autos com a oposição de embargos às fls. 1411/1412, asseverando que a decisão foi omissa quanto à justificativa para afastamento do art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72. Aduz que nenhum dos motivos excepcionais ali previstos foi invocado para a juntada de documento depois da fase impugnatória, e acrescenta que referida juntada contrariaria o princípio do efeito devolutivo dos recursos. Pede, subsidiariamente, que caso seja acatada a juntada posterior de documentos, o processo deve ser remetido à instância inferior para apreciação, mediante anulação do acórdão embargado nesta parte. De fato, observase no voto condutor do acórdão embargado que a exigência decorrente de falta de recolhimento de IRPJ foi mantida em 1ª instância porque a contribuinte não apresentara os registros contábeis das compensações, os quais somente foram trazidos em recurso voluntário, e acolhidos para afastar a exigência correspondente. Neste proceder, nenhuma justificativa foi apresentada para a admissibilidade da prova documental trazida, apenas, em recurso voluntário, restando demonstrada, objetivamente, omissão acerca de ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Por tais razões, neste juízo de cognição sumária, com fundamento no art. 65, §2o, e no art. 49, §6º, ambos do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, são admitidos os embargos opostos pela Fazenda Nacional, com sua consequente distribuição para relatoria por esta Conselheira. A matéria em referência está assim relatada no acórdão embargado: MERRILL LYNCH PARTICIPAÇÕES, FINANÇAS E SERVIÇOS LTDA., pessoa jurídica já qualificada nos autos, recorre a este Conselho em razão do acórdão de Fl. 1419DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000696/200434 Acórdão n.º 1302001.740 S1C3T2 Fl. 4 3 lavra da DRJ I em São Paulo SP n° 5.956, de 23 de setembro de 2004, que julgou parcialmente procedentes os lançamentos consubstanciados nos autos de infração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ (fls. 269/279), da Contribuição para o Programa de Integração Social PIS (fls. 280/283), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido — CSLL (fls. 288/294) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS (fls. 283/287), relativos ao anocalendário de 1999. Às fls. 258/264 encontrase o Termo de Verificação Fiscal, parte integrante daqueles autos de infração. A autuação dá conta do cometimento de quatro infrações, a saber: [...] 2. insuficiência de recolhimento e /ou declaração do imposto de renda devido, que teriam sido compensados em meses posteriores [com meses anteriores] das quais não houve comprovação; [...] Tendo tomado ciência dos lançamentos em 29 de março de 2004, a autuada insurgiuse contra tais exigências, tendo apresentado impugnação (fls. 306/345) em 28 de abril de 2004, em que apresentou as seguintes razões de defesa, em síntese elaborada pela autoridade julgadora de primeira instância: [...] Suposta falta de recolhimento do IRPJ: que apresentou esclarecimentos, planilhas e documentos contábeis e fiscais, informando que os valores de IRPJ questionados foram objeto de compensação com créditos de IR de meses e períodos anteriores, restando claro que tais planilhas não foram contestadas pela fiscalização; que a fiscalização está exigindo valores de IRPJ pelo fato de a contribuinte não ter preenchido corretamente as suas DCTF, embora, nos termos do art. 3° do CTN, não se possa exigir tributo por "sanção por ato ilícito", e muito menos pelo descumprimento de mera obrigação acessória; que se o fisco entendesse que a infração cometida pela impugnante foi a falta de declaração em DCTF, o único procedimento aceitável seria a exigência de multa isolada pelo não cumprimento de obrigação acessória, uma vez que a penalidade aplicável em face da apresentação de DCTF com incorreções ou com informações omitidas seria a aplicação de multa de R$ 20,00 para cada grupo de dez informações supostamente omitidas, bem como a intimação do contribuinte para apresentar nova DCTF, conforme disposto no art. 7° da Lei n° 10.426/2002. [...] A autoridade julgadora de primeira instância decidiu a questão por meio do acórdão n° 5.956/2004 julgando parcialmente procedentes os lançamentos, tendo sido lavrada a seguinte ementa: [...] FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ. COMPENSAÇÃO. A alegada compensação dos valores de IRPJ apurados na DIPJ com IRPJ pago a maior em declarações de rendimentos anteriores não foi comprovada. [...] O referido acórdão concluiu por manter parcialmente os lançamentos excluindo a qualificação da multa de oficio, reduzindo seu percentual para 75%, pelas seguintes razões de decidir: Fl. 1420DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000696/200434 Acórdão n.º 1302001.740 S1C3T2 Fl. 5 4 [...] 5. Da falta do recolhimento do IRPJ: que o contribuinte deveria ter indicado, nas DCTF apresentadas trimestralmente no anocalendário de 1999, as alegadas compensações do IRPJ, apurado no ano calendário de 1999, com os créditos do mesmo imposto referentes ao ano calendário de 1998; que a autuação não teve por base a sanção por falta de declaração em DCTF, com descumprimento de obrigação acessória, como pretende a impugnante, mas sim de falta de comprovação das compensações que a impugnante alega ter efetuado; que o parágrafo 1° do artigo 7° da IN SRF n° 126/1998, que instituiu a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais, prevê que os saldos a pagar, relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, são enviados para inscrição em Divida Ativa da União, imediatamente após a entrega desta Declaração. Tais valores são considerados confessados, portanto; que a impugnante não apresentou os registros contábeis das propaladas compensações, os quais, se devidamente efetuados, permitiriam a fiscalização, por parte da SRF, quanto à utilização do crédito. Os quadros demonstrativos apresentados durante a ação fiscal não são suficientes para comprovar a efetiva realização das compensações. [...] Cientificado da decisão de primeira instância em 19 de abril de 2005, irresignado pela manutenção parcial do lançamento, o sujeito passivo apresentou em 18 de maio de 2005 o recurso voluntário de fls. 473/511, em que reapresenta suas seguintes razões de defesa, inovando no que se segue: [...] que quanto às compensações não comprovadas: (a) bastaria a prova de sua existência para que a autoridade julgadora reconhecesse a inexistência da falta de recolhimento do IRPJ, em face do quê, indica os meios de prova que entende serem suficientes para tanto, inclusive com laudo contábil de auditoria independente; (b) que a fiscalização reconheceu expressamente a existência dos créditos indicados na compensação, nos autos do PAF n° 13807.007542/200240; (c) que o lançamento se deu pela falta de informação na DCTF de tais compensações, o que é penalidade contrária às normas vigentes no ordenamento jurídico pátrio; [...] A decisão acerca do tema foi orientada pelo voto do Conselheiro Relator José Ricardo da Silva, nos seguintes termos: 3 – DA FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ No que diz respeito a falta de recolhimento do IRPJ, é de se dizer, que a contribuinte intimada pela autoridade fiscal a esclarecer a falta de recolhimento de IRPJ devido, apurado na confrontação das informações contidas nos livros e documentos fiscais apresentados na fase fiscalizatória e as constantes da DIPJ, bem como do SIEF/IRF e DCTF, informou que os valores de IRPJ questionados foram objeto de compensação com créditos de imposto de renda de meses e períodos anteriores. A autoridade fiscal lançadora entendeu, ao examinar as DCTF, a inexistência de qualquer informação relativa ao IRPJ devido, pagamento e/ou compensação, razão pela qual entendeu que havia falta de recolhimento do IRPJ devido, como segue: Fl. 1421DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000696/200434 Acórdão n.º 1302001.740 S1C3T2 Fl. 6 5 março/1999, valor equivalente a R$ 1.032.989,66; junho/1999, valor equivalente a R$ 1.187.221,88 e dezembro/1999, valor equivalente a R$ 1.847.430,74. A autoridade julgadora de primeira instância manteve o lançamento, nesta parte, sob o argumento básico de que a contribuinte não havia apresentado os registros contábeis das compensações em questão e que os quadros demonstrativos apresentados (fls. 82, 85, 86) não são suficientes para comprovar a efetiva realização das compensações. Agora na fase recursal a contribuinte apresenta os documentos de fls. 545/556, onde resta claro a demonstração das referidas compensações. Ora, incabível a manutenção do lançamento sobre a falta de recolhimento de Imposto de Renda Pessoa Jurídica, quando restar comprovado, na fase recursal, as alegadas compensações dos valores de Imposto de Renda Pessoa Jurídica apurados na declaração de rendimentos com Imposto de Renda Pessoa Jurídica pago a maior em declarações de rendimentos anteriores. Assim sendo, é de se excluir da tributação o item que versa sobre falta de recolhimento do IRPJ. É o relatório. Fl. 1422DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000696/200434 Acórdão n.º 1302001.740 S1C3T2 Fl. 7 6 Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA A embargante aponta omissão quanto à justificativa para afastamento do art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72, na medida em que a exigência foi cancelada em razão de provas trazidas, apenas, na fase recursal. De fato, as provas que convenceram os julgadores acerca da improcedência da exigência fiscal somente foram juntadas por ocasião do recurso voluntário. Todavia, não houve ofensa ao dispositivo legal em referência, que assim expressa: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) [...] Isto porque, restou caracterizado, no presente caso, a hipótese contida na alínea "c" de seu §4º, vez que a acusação fiscal foi formulada nos seguintes termos: [C] FALTA DE RECOLHIMENTO DE IRPJ. O exame dos livros e documentos fiscais apresentados pelo contribuinte e a confrontação das informações colhidas, relativamente às receitas da atividade, no ano calendário de 1.999 e aquelas constantes da DIPJ respectiva, no Sistema Eletrônico de Informações da Secretaria da Receita Federal SIEF/IRF e DCTF, revelaram a existência de falta de recolhimento de IRPJ devido. Intimado, através de Termo de Constatação e Intimação Fiscal, de 09/02/04, de 01/03/04 e de 02/03/04 a apresentar os esclarecimentos necessários à satisfação da demanda desta fiscalização, além de outros documentos fiscais, este enviou correspondência em 11/02/04, 12/02/04 e 05/03/04, apresentando esclarecimentos, Fl. 1423DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000696/200434 Acórdão n.º 1302001.740 S1C3T2 Fl. 8 7 planilhas e documentos fiscais, informando haverem os valores de IRPJ questionado, sido objeto de compensação com créditos de IR de meses e períodos anteriores. Examinadas as informações constantes de DCTF, constatamos a inexistência de qualquer informação relativa ao IRPJ devido, pagamento e/ou compensação de qualquer espécie, naquele documento de preenchimento obrigatório. Diante do fato, resta, do questionamento efetuado por esta flscalização, constatada a falta de recolhimento do IRPJ devido. Assim, os valores apurados por esta fiscalização, referentes ao IRPJ devido, apresentados sinteticamente no quadro abaixo, serão objeto de exigência do crédito tributário decorrente, através de Auto de Infração. (negrejouse) Frente à conclusão fiscal de que a alegação de compensação somente seria admissível se indicada em DCTF, a contribuinte buscou, em sua impugnação, convencer os julgadores de que a falta de declaração da compensação em DCTF ensejaria, apenas, multa por descumprimento de obrigação acessória, mas nunca a exigência do próprio tributo. Asseverou que o sr. agente fiscal cometeu um silogismo equivocado e afirmou ter efetuado a compensação contábil dos valores questionados, preliminarmente observando que o próprio auditor fiscal admite que a Impugnante agiu "apresentando esclarecimentos, planilhas e documentos fiscais, informando haverem (sic) os valores de IRPJ questionado, sido objeto de compensação com créditos de IR de meses e períodos anteriores, e destacando que tais planilhas não foram objeto de contestação pela fiscalização. A decisão recorrida, porém, observou que sem as informações prestadas em DCTF, a Receita Federal não disporia de dados sobre tais compensações, e assim concluiu que o caso se tratava de falta de comprovação das compensações que a contribuinte alegava ter efetuado, ao final mantendo a autuação porque a impugnante não apresentou os registros contábeis das propaladas compensações, complementando que os quadros demonstrativos apresentados durante a ação fiscal (fls. 82, 85, 86) não são suficientes para comprovar a efetiva realização das compensações. Nestes termos, a insuficiência probatória das planilhas originalmente apresentadas à Fiscalização somente foi expressa na decisão de 1ª instância, constituindo, assim, razões posteriormente trazidas aos autos, passíveis de serem contrapostas por provas documentais juntadas por ocasião do recurso voluntário. A embargante aduz, ainda, que referida juntada contrariaria o princípio do efeito devolutivo dos recursos e pede, subsidiariamente, que caso seja acatada a juntada posterior de documentos, o processo deve ser remetido à instância inferior para apreciação, mediante anulação do acórdão embargado nesta parte. Não se vislumbra, porém, qual conteúdo a embargante pretende atribuir ao mencionado princípio, nem se identifica, no regramento processual vigente, qualquer dispositivo que seja por ele orientado. Ao contrário, no próprio art. 16, reportandose à juntada de documentos depois da impugnação, tratada nos mencionados §§ 4º e 5º daquele dispositivo, o legislador fez constar no §6º que, caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. Logo, se nem mesmo na hipótese de provas eventualmente contrapostas à acusação fiscal se cogita da devolução dos autos à autoridade julgadora de 1ª instância, menor razão assiste à embargante frente a provas cuja juntada posterior é motivada por razões trazidas por aquela autoridade julgadora de 1ª instância. Fl. 1424DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.000696/200434 Acórdão n.º 1302001.740 S1C3T2 Fl. 9 8 Frente ao exposto, o presente voto é no sentido de CONHECER e ACOLHER os embargos de declaração, mas sem efeitos infringentes, apenas suprindo a omissão apontada. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora Fl. 1425DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 02/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA
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Numero do processo: 13502.900768/2013-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 04 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3402-000.734
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
RESOLVEM os membros da 2ª Turma Ordinária, 4ª Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em Diligência, para que os autos retornem à DRF de Sorocaba SP (Unidade do domicílio tributário da Recorrente), para que, com base nos documentos apensados aos autos (fls. 249/1.437 e 1.442/2.138) e considerando as disposições contidas no artigo 3º da Lei nº 10.833/03, analise se os dispêndios com os itens indicados são passíveis de apropriação de créditos da COFINS, conforme alegado em seu recurso e de acordo com o contido no voto.
Após, elaborar parecer e demonstrativo, concluindo se as informações lançadas pela Recorrente em seu recurso refletem a realidade dos fatos apontados.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Relatório
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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DE CERV. E REFRIG. DO NORDESTE S/A, CNPJ nº 01.278.018/000112). Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, RESOLVEM os membros da 2ª Turma Ordinária, 4ª Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em Diligência, para que os autos retornem à DRF de Sorocaba – SP (Unidade do domicílio tributário da Recorrente), para que, com base nos documentos apensados aos autos (fls. 249/1.437 e 1.442/2.138) e considerando as disposições contidas no artigo 3º da Lei nº 10.833/03, analise se os dispêndios com os itens indicados são passíveis de apropriação de créditos da COFINS, conforme alegado em seu recurso e de acordo com o contido no voto. Após, elaborar parecer e demonstrativo, concluindo se as informações lançadas pela Recorrente em seu recurso refletem a realidade dos fatos apontados. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 35 02 .9 00 76 8/ 20 13 -0 7 Fl. 2139DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 13502.900768/201307 Resolução nº 3402000.734 S3C4T2 Fl. 2.140 2 Relatório Trata o presente processo de Recurso Voluntário contra a decisão do Acórdão nº 0646.386, da 3ª Turma da DRJ em Curitiba PR (fls. 194/199), que não homologou a compensação constante do PER/DCOMP nº 22431.49019.250510.1.3.045388, nos termos do despacho decisório emitido em 03/07/2013 pela DRF de Sorocaba (rastreamento nº 56416070). Na aludida DComp, transmitida eletronicamente em 25/05/2010, a Recorrente indicou um crédito de R$ 379.337,53, que corresponde a uma parte do pagamento efetuado em 20/12/2007, sob o código 5856, no valor de R$ 653.186,36 e débitos de sua responsabilidade no valor total de R$ 474.171,91. Por unanimidade de votos, a DRJ/CTA julgou improcedente a manifestação de inconformidade formalizada pela Recorrente, nos termos do Acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/11/2007 a 30/11/2007 DCTF. DACON. RETIFICAÇÃO. INTIMAÇÃO PRÉVIA AO DESPACHO. AUSÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO CONTÁBIL. Se a contribuinte, intimada, não apresenta documentos contábeis capazes de comprovar a ocorrência de erro de fato em sua DCTF e em seu Dacon (retificadores), apresentados, ainda que previamente à emissão do despacho decisório, não há como reconhecer direito creditório, devendose manter a não homologação da compensação pleiteada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Por bem descrever os fatos contidos nos autos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Trata o processo de manifestação de inconformidade apresentada em 14/08/2013, em face da não homologação da compensação declarada por meio do Per/Dcomp nº 22431.49019.250510.1.3.045388, nos termos do despacho decisório emitido em 03/07/2013 pela DRF Sorocaba (rastreamento nº 56416070). Na aludida Dcomp, transmitida eletronicamente em 25/05/2010, a contribuinte indicou um crédito de R$ 379.337,53 (que corresponde a uma parte do pagamento efetuado em 20/12/2007, sob o código 5856, no valor de R$ 653.186,36) e débitos de sua responsabilidade no valor total de R$ 474.171,91. Segundo o despacho decisório, cientificado em 15/07/2013, a compensação não foi homologada porque, apesar de o pagamento ter sido localizado, não foi apurado saldo para fins de compensação. Na manifestação apresentada, a interessada discorre sobre os fatos havidos, diz que antes da emissão do despacho decisório foi intimada a Fl. 2140DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 13502.900768/201307 Resolução nº 3402000.734 S3C4T2 Fl. 2.141 3 apresentar documentos que comprovassem a origem do pagamento indevido, consoante processo administrativo nº 10855.722095/201261, e que tais documentos foram apresentados. Aduz, ainda, que a origem dos créditos foi considerada não comprovada pela fiscalização e que a compensação não foi homologada. Discorda da decisão e afirma que tanto a DCTF quanto o Dacon foram retificados antes da ciência do despacho decisório. Salienta que a declaração retificadora substitui integralmente a que foi retificada e, por considerar espontânea a transmissão da declaração, pede que a mesma seja acolhida. Transcreve jurisprudência do CARF e, ao final, pede a homologação da compensação. Às fls. 159 a 193, juntaramse extratos de consulta aos sistemas de controle de DCTF e Dacon. É o relatório. Em 05/05/2014, a Recorrente foi cientificada da decisão da primeira instância, conforme consta às fls. 204 (ciência eletrônica – abertura do Portal eCAC). Inconformada com a decisão da DRJ/CTA, em 04/06/2014 (recibo do SVA, fl. 206), apresentou recurso voluntário a este CARF (fls. 207/227), argumentando em suas razões que: 1) Dos fatos e decisão recorrida Em síntese, defende a recorrente que, com base no art. 3° da lei nº 10.833/2003, apropriouse de créditos de COFINS que não haviam sido, por equívoco, reconhecidos, o que acarretou a revisão da apuração de COFINS relativa ao período de novembro/2007. E, consequentemente, a constatação de que o montante devido para referido período de COFINS era de R$ 3.258.109,14, (para o código de receita 5856) e não de R$ 3.624.402,35 (pagos, integralmente, através de três DARFs, conforme informado em manifestação de inconformidade), conforme anteriormente ela havia informado no DACON e na DCTF, ensejou uma diferença passível de restituição/compensação na quantia de R$ 379.337,53 (R$ 3.624.402,35 R$ 3.258.109,14 = R$ 379.337,53). Uma vez retificadas as DCTF e DACON de forma espontânea, ou seja, antes da ciência do despacho decisório, as declarações retificadas (DACON e DCTF) têm a mesma natureza das declarações originais, substituindoas integralmente. Da análise do acórdão recorrido revela que o reconhecimento do direito ao crédito está condicionado à comprovação, por meio da apresentação de provas materiais (documentos contábeis), das alterações feitas na DCTF e no DACON. 2) Das Razões da Reforma da Decisão Recorrida 2.1 Da revisão da apuração da COFINS e do PIS realizada pela recorrente Tal revisão se fez necessária ante o objetivo almejado pela recorrente de adequar o processo de apuração do PIS e da COFINS, centralizandoo em seu estabelecimento matriz, haja vista que, as referidas apurações eram realizadas em cada um de seus estabelecimentos filiais, com a utilização de critérios que divergiam com o praticado pela matriz. Fl. 2141DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 13502.900768/201307 Resolução nº 3402000.734 S3C4T2 Fl. 2.142 4 A realização da revisão tinha como escopo criar critérios únicos para apuração do PIS e da COFINS, ajustando eventuais equívocos. Demonstra em uma tabela, que corresponde às fichas l6A e 16B da DACON, a base de cálculo do crédito apurado, no valor total de R$ 30.444.530,64, foi composta por valores referentes aos bens para revenda, bens utilizados como insumos, serviços utilizados como insumos, despesas de energia elétrica, despesas de aluguéis, fretes, encargos de depreciação e valor de aquisição sobre bens do ativo, devolução de vendas, créditos por unidade de medida de produto, outros créditos e bens utilizados como insumos – importação (quadro demonstrativo elaborado no recurso): Alega que tal composição encontra respaldo nos documentos fiscais/contábeis da recorrente, anexados ao presente recurso. A fim de comprovar referida afirmação, a recorrente junta aos autos as planilhas anexas elaboradas de acordo com os valores contidos nos resumos dos livros de registro de apuração do IPI e do ICMS entradas de cada estabelecimento (doc. n° 1), os CFOPS de cada operação (doc. n° 2), os rótulos de linha (doc. nº 3) as notas fiscais de entrada daquele estabelecimentos (doc. n° 4). Ressaltase que tais demonstrativos foram feitos com espeque nos registros efetuados nos livros de apuração do IPI e do ICMS entradas e saídas e nas notas fiscais de entrada de cada estabelecimento, motivo pelo qual, nesta oportunidade, juntamse aos autos as cópias daqueles registros (doc. n° 5). Por conseguinte, algumas destas operações de entrada ensejaram à recorrente, com base no art. 3° da Lei nº 10.833/2003, a tomada de créditos de COFINS, a qual por ela foi devidamente efetuada, nos termos da tabela supramencionada. A fim de elucidar que tais créditos foram corretamente encontram respaldo nos documentos fiscais/contábeis, juntamse os demonstrativos anexos (doc. nº 1 ao 16 – fls. 249/1.437). 2.2 Do direito ao crédito da COFINS e do PIS sobre materiais e serviços adquiridos Na época da revisão realizada, a recorrente contratou a empresa PricewaterhouseCoopers Contadores Públicos para a realização de um estudo, cuja cópia se encontra acostadas aos autos (fls. 468/490). Amparada pelo estudo desenvolvido pela PwC, a recorrente apropriouse de créditos de COFINS que não haviam sido, por equívoco, reconhecidos anteriormente, com relação a materiais e serviços adquiridos para a manutenção de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo e despesas de frete relacionadas à aquisição dos materiais adquiridos para a manutenção de máquinas e equipamentos. Cita e transcreve várias Soluções de Consulta elaborada pela Receita Federal do Brasil. 3) Do Pedido Ante todo o exposto, requer o provimento do recurso voluntário de forma a homologar integralmente a declaração de compensação em discussão. Fl. 2142DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 13502.900768/201307 Resolução nº 3402000.734 S3C4T2 Fl. 2.143 5 Caso entendam que os documentos ora apresentados não são suficientes à confirmação da integralidade do crédito, pedese a conversão deste julgamento em diligência, a fim de que a verdade material seja enfim demonstrada. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Relator Da admissibilidade do recurso Como visto, em 05/05/2014, a Recorrente foi cientificada da decisão da primeira instância (fl. 204 – data da abertura dos arquivos no link Portal eCAC). Em 04/06/2014 (fl. 206 – recibo entrega pelo SVA), apresentou recurso voluntário a este CARF (fls. 207/227). Portanto, o recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade e deve ser conhecido. Da análise do processo No caso, temos que a controvérsia tratase de que a Recorrente, após intimada em processo específico, não apresentou documentos contábeis capazes de comprovar a ocorrência de erro de fato em sua DCTF e em seu Dacon (retificadores), apresentados, ainda que previamente à emissão do despacho decisório. Além dos Dacon retificadores e da Solução de Consulta, nenhuma outra prova foi apresentada, concluindo a decisão recorrida que “resta inegável que o direito não pode ser reconhecido”. Segundo o despacho decisório, cientificado em 15/07/2013 (fls. 10 e 11), a compensação não foi homologada porque, apesar de o pagamento ter sido localizado, não foi apurado saldo para fins de compensação. Consta dos autos que, em relação ao mês de novembro de 2007, a Recorrente transmitiu 04 declarações DCTF (em 31/12/2007, 08/01/2008, 30/07/2008 e 24/03/2010). Nelas, a contribuinte alterou o débito sob análise de R$ 3.637.446,67 para R$ 3.258.109,14. Por sua vez, quanto aos Dacon, vêse que apresentou dois demonstrativos (em 08/01/2008 e 22/02/2010) com alterações nos débitos apurados. Ressaltese que o despacho decisório em questão foi cientificado no dia 15/07/2013 (fls.10 e 11) e, portanto, antes de sua emissão (e da ciência), nos dias 22/02/2010 e 24/03/2010, respectivamente, o DACON e a DCTF (fls. 159/193 extratos de consultas sistemas DCTF e Dacon), foram retificados pela Recorrente, afim de alterar o valor da COFINS devida no período de apuração de novembro de 2007. Quanto a esses ocorridos, a decisão a quo, analisando os autos a luz dos fatos constantes na manifestação de inconformidade, concluiuse da seguinte maneira: (...) Tais alterações, é válido ressaltar, decorreram da mudança nos valores de diversos outros itens do Dacon, tais como: bens para revenda, bens utilizados como insumos, despesas de energia elétrica, Fl. 2143DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 13502.900768/201307 Resolução nº 3402000.734 S3C4T2 Fl. 2.144 6 despesas de aluguéis de prédios locados de pessoas jurídicas, despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoas jurídicas, despesas de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado, devolução de vendas, ajustes positivos e negativos de créditos, receitas financeiras, outras receitas, receitas isentas, etc. Aludidos ajustes, como pode ser verificado, ocorreram previamente à ciência do despacho decisório que concluiu pela inexistência do direito ao crédito. Apesar de haver decisões administrativas, como a citada na manifestação de inconformidade, acolhendo tais retificações quando ocorridas antes de a contribuinte ser cientificada de algum despacho/decisão envolvendo os créditos tributários tratados nessas retificações, não há como perder de vista que a contribuinte foi intimada em processo específico (nº 10855.722095/201261), acerca da necessidade de comprovar o motivo das alterações por ela inseridas em suas DCTF e em seus Dacon (Intimação DRF/SOR/SEORT nº 1912/2011 – ESK, recebida em 15/12/2011): (...). (...) Pois bem, na medida em que houve uma intimação prévia acerca dos créditos pleiteados, a discussão acerca da existência do crédito passa, necessariamente, para a comprovação dessas alterações, ou seja, antes de se avaliar a questão da espontaneidade das retificações, devese constatar se, nos termos da legislação – e nesse ponto o § 1º do art. 147 do CTN é esclarecedor – houve efetivamente algum erro de fato que, tendo sido comprovado, mereça ser corrigido. Noutras palavras, o fato de a contribuinte ter retificado espontaneamente sua DCTF e seu Dacon, não tem o condão, por si só, de gerar o direito creditório pretendido, afinal, uma vez que ela foi intimada a justificar (apresentando provas materiais) as alterações efetuadas na DCTF e no Dacon, a discussão acaba se deslocando justamente para a comprovação dessas alterações (grifo nosso). Por outro giro, a Recorrente aduz em seu recurso que, com base no art. 3° da Lei nº 10.833/2003, apropriouse de créditos de COFINS que não haviam sido, por equívoco, reconhecidos, o que acarretou a revisão da apuração de COFINS relativa ao período de novembro de 2007; que uma vez retificadas as DCTF e DACON de forma espontânea, ou seja, antes da ciência do despacho decisório, as declarações retificadas (DACON e DCTF) têm a mesma natureza das declarações originais, substituindoas integralmente. Destaca que a origem do crédito pretendido está amparada pelo estudo desenvolvido pela empresa PwC (fls. 468/490), concluindo que a recorrente apropriouse de créditos de COFINS que não haviam sido, por equívoco, reconhecidos anteriormente, com relação a materiais e serviços adquiridos para a manutenção de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo e despesas de frete relacionadas à aquisição dos materiais adquiridos para a manutenção de máquinas e equipamentos. Ressalta que tal revisão se fez necessária ante o objetivo almejado de adequar o processo de apuração do PIS e da COFINS, centralizandoo em seu estabelecimento matriz, haja vista que referidas apurações eram realizadas em cada um de seus estabelecimentos filiais, com a utilização de critérios que divergiam com o praticado pela matriz. Fl. 2144DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 13502.900768/201307 Resolução nº 3402000.734 S3C4T2 Fl. 2.145 7 Enfatiza ainda, que a recomposição demonstrada no recurso encontrase respaldada pelo demonstrativo e documentos fiscais e contábeis que estão anexados aos presentes autos. Pois bem. Neste passo, considerando os dados e informações registrados nos documentos anexo aos autos (fls. 249/1.437 e 1.442/2.138), visto que os mesmos foram trazidos extemporaneamente pelo contribuinte e, portanto, não foram analisados pelo agente fazendário da origem do processo, não resta dúvida de que a adoção do princípio da verdade material no processo administrativo fiscal consiste em uma providência que resulta na melhor aplicação do Direito e da Justiça e por isso deve sempre ser perseguida. Com base nessas considerações, devido às particularidades do caso concreto e antes do julgamento do mérito, com fundamento no art. 29 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 (PAF), voto pela conversão do julgamento em diligência, devendo os autos retornarem à DRF de Sorocaba – SP (domicílio tributário da Recorrente), para que: (i) com base nos documentos apensados aos autos às fls. 249/1.437 e 1.442/2.138 (planilha de cálculo, informações e cópia de documentos, demonstrativos e extrato de livros contábeis e fiscais), levandose em conta a DCTF e DACON, retificados, e considerando as disposições contidas no artigo 3º da Lei nº 10.833/03, analisar se os dispêndios alegados pela recorrente são passíveis de apropriação de créditos da COFINS, conforme demonstrativo de apuração elaborado às fl. 215 do recurso voluntário; após, (ii) elaborar parecer e demonstrativo, concluindo se as informações lançadas pela Recorrente refletem a realidade dos fatos apontados. Após a conclusão da diligência, deve ser intimado a Recorrente, para, querendo, dentro do prazo fixado, manifestarse sobre as conclusões exaradas no citado parecer. Em seguida, retornemse os autos a esta 2ª Turma Ordinária/4ª Câmara da 3ª Seção, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 2145DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 16/12/20 15 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Numero do processo: 10803.720085/2012-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 03 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/05/2008
FOLHA DE PAGAMENTO. PARCELAS INTEGRANTES E NÃO INTEGRANTES DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO.
A materialidade da infração é caracterizada quando se demonstra que parcela da remuneração paga, devida ou creditada, pela empresa, aos segurados, deixou de ser incluída em folha de pagamento, ainda que a parcela não integre o salário de contribuição, nos termos do inciso IV do § 9º do art. 225 do RPS/99.
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL INDIVIDUALIZADA DAS PARCELAS INTEGRANTES E NÃO INTEGRANTES DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO.
A materialidade da infração é caracterizada quando se demonstra que parcela da remuneração paga, devida ou creditada, pela empresa, aos segurados, foi registrada na contabilidade como se fosse pagamento de outra natureza, ainda que a parcela não integre o salário de contribuição, nos termos do inciso II, do § 13, do art. 225 do RPS/99.
REMUNERAÇÃO. CARTÕES DE PREMIAÇÃO. PARCELA DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
Integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias os valores pagos a título de prêmios de incentivo. Por depender do desempenho individual do trabalhador, o prêmio tem caráter de contraprestação de serviço prestado.
MULTA CONFISCATÓRIA. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. TAXA SELIC.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Aplicação da Súmula CARF nº 02.
A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic para títulos federais. Aplicação da Súmula CARF nº 4.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2301-004.465
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Alice Grecchi, Ivacir Julio de Souza e Marcelo Malagoli da Silva.
João Bellini Júnior- Presidente.
Luciana de Souza Espíndola Reis - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior, Julio Cesar Vieira Gomes, Alice Grecchi, Ivacir Julio de Souza, Luciana de Souza Espíndola Reis, Amilcar Barca Teixeira Junior e Marcelo Malagoli da Silva. Ausente justificadamente a Conselheira Nathália Correia Pompeu.
Nome do relator: LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/05/2008 FOLHA DE PAGAMENTO. PARCELAS INTEGRANTES E NÃO INTEGRANTES DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO. A materialidade da infração é caracterizada quando se demonstra que parcela da remuneração paga, devida ou creditada, pela empresa, aos segurados, deixou de ser incluída em folha de pagamento, ainda que a parcela não integre o salário de contribuição, nos termos do inciso IV do § 9º do art. 225 do RPS/99. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL INDIVIDUALIZADA DAS PARCELAS INTEGRANTES E NÃO INTEGRANTES DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO. A materialidade da infração é caracterizada quando se demonstra que parcela da remuneração paga, devida ou creditada, pela empresa, aos segurados, foi registrada na contabilidade como se fosse pagamento de outra natureza, ainda que a parcela não integre o salário de contribuição, nos termos do inciso II, do § 13, do art. 225 do RPS/99. REMUNERAÇÃO. CARTÕES DE PREMIAÇÃO. PARCELA DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias os valores pagos a título de prêmios de incentivo. Por depender do desempenho individual do trabalhador, o prêmio tem caráter de contraprestação de serviço prestado. MULTA CONFISCATÓRIA. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. TAXA SELIC. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Aplicação da Súmula CARF nº 02. A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic para títulos federais. Aplicação da Súmula CARF nº 4. Recurso Voluntário Negado
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2249; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 809 1 808 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10803.720085/201204 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301004.465 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 29 de janeiro de 2016 Matéria DEIXAR DE PREPARAR FOLHA DE PAGAMENTO (CFL 30). DEIXAR DE LANÇAR EM TÍTULOS PRÓPRIOS DA CONTABILIDADE (CLF 34) Recorrente SUPERMERCADOS IRMÃOS LOPES S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/05/2008 FOLHA DE PAGAMENTO. PARCELAS INTEGRANTES E NÃO INTEGRANTES DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO. A materialidade da infração é caracterizada quando se demonstra que parcela da remuneração paga, devida ou creditada, pela empresa, aos segurados, deixou de ser incluída em folha de pagamento, ainda que a parcela não integre o salário de contribuição, nos termos do inciso IV do § 9º do art. 225 do RPS/99. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL INDIVIDUALIZADA DAS PARCELAS INTEGRANTES E NÃO INTEGRANTES DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO. A materialidade da infração é caracterizada quando se demonstra que parcela da remuneração paga, devida ou creditada, pela empresa, aos segurados, foi registrada na contabilidade como se fosse pagamento de outra natureza, ainda que a parcela não integre o salário de contribuição, nos termos do inciso II, do § 13, do art. 225 do RPS/99. REMUNERAÇÃO. CARTÕES DE PREMIAÇÃO. PARCELA DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias os valores pagos a título de prêmios de incentivo. Por depender do desempenho individual do trabalhador, o prêmio tem caráter de contraprestação de serviço prestado. MULTA CONFISCATÓRIA. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. TAXA SELIC. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 3. 72 00 85 /2 01 2- 04 Fl. 810DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR 2 O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Aplicação da Súmula CARF nº 02. A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. Aplicação da Súmula CARF nº 4. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Alice Grecchi, Ivacir Julio de Souza e Marcelo Malagoli da Silva. João Bellini Júnior Presidente. Luciana de Souza Espíndola Reis Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior, Julio Cesar Vieira Gomes, Alice Grecchi, Ivacir Julio de Souza, Luciana de Souza Espíndola Reis, Amilcar Barca Teixeira Junior e Marcelo Malagoli da Silva. Ausente justificadamente a Conselheira Nathália Correia Pompeu. Fl. 811DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR Processo nº 10803.720085/201204 Acórdão n.º 2301004.465 S2C3T1 Fl. 810 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por SUPERMERCADO IRMÃOS LOPES S/A, em face do Acórdão n.º 1648.109, da 14ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) São Paulo I, fl. 729763, que julgou procedente em parte a impugnação apresentada contra os Autos de Infração de Obrigação Acessória (AIOA) abaixo identificados: 1) Debcad n° 51.026.6290 (CFL 78): trata de aplicação de penalidade por infração ao art. 32, inciso IV, § 5o da Lei n.° 8.212/91, acrescentado pela Lei nº 9.528/97 c/c art. 225, IV, § 4o do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, decorrente do fato de a empresa ter apresentado Guia de Recolhimentos do FGTS e Informações a Previdência Social (GFIP), nas competências 01/2006 a 09/2007, 12/2007, 01/2008, 04/2008 e 05/2008, com omissão de valores pagos aos segurados empregados a título de premiação, através de créditos em cartão eletrônico fornecido pela empresa Expertise Comunicação Total S/C Ltda. Foi aplicada a multa mais benéfica prevista no art. 32A, § 3º, inciso II, da Lei 8.212/91, incluído pela MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. 2) Debcad n° 51.026.6304 (CFL 30): trata de aplicação de penalidade por infração ao art. 32, inciso I, da Lei n.° 8.212/91, decorrente do fato de a empresa ter deixado de incluir em folha de pagamento, os valores pagos aos segurados empregados a título de premiação, através de créditos em cartão eletrônico fornecido pela empresa Expertise Comunicação Total S/C Ltda, no período de 01/2006 a 05/2008. 3) Debcad n° 51.026.6312 (CFL 34): trata de aplicação de penalidade por infração ao art. 32, inciso II, da Lei n.° 8.212/91, decorrente do fato de a empresa ter deixado de lançar em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os valores pagos aos segurados empregados a título de premiação, através de créditos em cartão eletrônico fornecido pela empresa Expertise Comunicação Total S/C Ltda, no período de 01/2006 a 05/2008. Ficou consignado, no termo de verificação fiscal de fls. 1018, que a autuada, na condição de contratante, firmou contrato com a empresa Expertise Comunicação Total S/C Ltda, tendo por objeto "prestação de serviços de marketing de relacionamento, incentivo e fidelização e gerenciamento de premiação, mediante a utilização do cartão eletrônico denominado Exclusive Card", o que incluía o fornecimento de cartões eletrônicos com créditos, que eram entregues aos beneficiários indicados pela autuada. O pagamento das notas fiscais de serviços emitidas por Expertise Comunicação Total S/C foram contabilizados em contas de despesas, como "anúncios e publicações matriz", sem identificação, na contabilidade, dos beneficiários dos pagamentos. Ainda de acordo com a fiscalização, a autuada, apesar de intimada, deixou de apresentar à fiscalização a relação dos beneficiários das premiações, motivo pelo qual o lançamento foi feito com base na técnica do arbitramento, considerandose como base de cálculo o valor total das notas fiscais deduzida a comissão da empresa contratada. Fl. 812DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR 4 A autuada apresentou impugnação, contendo os seguintes pontos relevantes: a) estão extintas, pela decadência, as contribuições do ano de 2006, com base no art. 173, I, do CTN; b) explica que o valor da nota fiscal não é composto exclusivamente de pagamento de premiação, de modo que deve ser excluído, da base de cálculo do tributo, o valor correspondente às despesas efetuadas com campanha de marketing de relacionamento, o que deve ser comprovado em sede de diligência fiscal; c) alega que não incide contribuições previdenciárias sobre os prêmios pagos no âmbito de campanha de marketing de relacionamento porque tais verbas não possuem caráter remuneratório, constituindose em promessa de recompensa, conforme previsto no art. 854 do CC, além de se tratar de ganho eventual; d) suscita a ilegalidade da taxa Selic e o caráter confiscatório da multa. Pediu a realização de diligência e o cancelamento do crédito tributário. A DRJ julgou a impugnação procedente em parte, excluindo o AIOA Debcad 51.026.6290 (CFL 78), por considerálo indevido, uma vez que foi aplicada a multa de 75% no auto de infração de obrigação principal correspondente; as demais autuações foram mantidas com base nos seguintes fundamentos: a) estão atingidos pela decadência as competências 01/2006 a 11/2006, com base no art. 173, I, do CTN, o que, todavia, não influencia no cálculo da multa aplicada, considerando que os autos de infração mantidos têm multa fixa; b) o pedido de diligência não foi fundamentado; c) os prêmios visam à contraprestação pelo serviço prestado, constituindose em parcela tributável da remuneração; c) a autoridade administrativa não tem competência para negar vigência à lei. O sujeito passivo foi intimado dos autos de infração em 30/11/2012, fls. 613, e teve ciência do acórdão da DRJ em 12/07/2013 (sextafeira), fls. 768. O prazo de trinta dias para interposição de recurso iniciouse em 15/07/2013 (segundafeira), primeiro dia útil posterior à data da ciência, encerrando em 13/08/2013. Em 13/08/2013, a interessada, representada por advogado qualificado nos autos, interpôs recurso, f. 771799, reiterando os pedidos e os fundamentos apresentados na impugnação. É o relatório. Fl. 813DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR Processo nº 10803.720085/201204 Acórdão n.º 2301004.465 S2C3T1 Fl. 811 5 Voto Conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis, Relatora Conheço do recurso por estarem presentes os requisitos de admissibilidade. Materialização das Infrações A Recorrente admite que efetuou pagamentos de prêmios aos seus colaboradores, por meio de cartões de incentivo, mas entende que esses pagamentos têm natureza de promessa de recompensa futura, o que não se confunde com remuneração, e, portanto, não sofrem incidência de contribuições previdenciárias. Ocorre que a materialização das infrações aqui discutidas independe da natureza tributária da parcela paga, devida ou creditada aos segurados empregados, conforme passase a expor. Prêmios de Incentivo. Inclusão em Folha de Pagamento A fiscalização, com base em contrato firmado entre a recorrente e a empresa Expertise Comunicação Total SC Ltda, identificou que a primeira, por intermédio da empresa contratada, efetuou pagamentos, aos segurados empregados, a título de prêmios a título de incentivo profissional, sendo que essa parcela não foi incluída na folha de pagamento. A materialidade da infração é caracterizada pela omissão, em folha de pagamento, de parcela da remuneração paga, devida ou creditada aos segurados, ainda que a parcela não integre o salário de contribuição, nos termos do inciso IV do § 9º do art. 225 do RPS/99. Em suma, a infração está materializada, e, por conseguinte, incide a multa, nos termos do auto de infração. Prêmios de Incentivo. Registro em Títulos Próprios da Contabilidade A escrituração contábil deve ser feita de forma a possibilitar à fiscalização a identificação dos fatos geradores de contribuições previdenciárias e dos montantes descontados, devidos e recolhidos a título de contribuições previdenciárias, apenas com base nos títulos das contas, nos termos do inciso II do artigo 32 da Lei 8.212/91 e no inciso II do § 13 do artigo 225 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99. A fiscalização, com base em contrato firmado entre a recorrente e a empresa Expertise Comunicação Total SC Ltda, identificou que a primeira, por intermédio da empresa contratada, efetuou pagamentos, a segurados empregados, a título de prêmios de incentivo profissional. Entretanto, na contabilidade da recorrente, os valores pagos a este título foram contabilizados em contas de despesas, como "anúncios e publicações matriz". Fl. 814DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR 6 A materialidade da infração é caracterizada pela existência de parcela da remuneração paga, devida ou creditada aos segurados, impropriamente contabilizada com outra natureza (no caso, despesa de prestação de serviço por pessoa jurídica), ainda que a parcela não integre o salário de contribuição, nos termos do inciso II, do § 13, do art. 225 do RPS/993. Em suma, a infração está materializada, e, por conseguinte, incide a multa, nos termos do auto de infração. Prêmios. Natureza De qualquer modo, convém esclarecer que há incidência de contribuição previdenciária sobre essa parcela. Em regra, integra o salário de contribuição, a remuneração paga, devida, ou creditada, a qualquer título, como contraprestação de serviços prestados. Constituição Federal: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) I) do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) ... Lei 8.212/91 Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999).(g.n.) Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a Fl. 815DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR Processo nº 10803.720085/201204 Acórdão n.º 2301004.465 S2C3T1 Fl. 812 7 totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (g.n.) Como visto, a Recorrente realizou pagamentos de prêmios a título de incentivo profissional, por meio de empresa interposta, os quais possuem caráter contraprestativo, conforme leciona Maurício Godinho Delgado1: Os prêmios consistem em parcelas contraprestativas pagas pelo empregador ao empregado em decorrência de um evento ou circunstancia tida como relevante pelo empregador e vinculada à conduta individual do obreiro ou coletiva dos trabalhadores da empresa. A natureza salarial dos prêmios é reconhecida pelo STF, conforme enunciado da súmula n° 209: Súmula 209 – SalárioPrêmio, salárioprodução. O salário produção, como outras modalidades de salário prêmio, é devido, desde que verificada a condição a que estiver subordinado, e não pode ser suprimido, unilateralmente, pelo empregador, quando pago com habitualidade. No mais, ao contrário do alegado, esse benefício não diz respeito a um ganho eventual, nem habitual, antes se refere a uma parcela repassada aos empregados como forma de aumentar a produtividade destes e aumentar a satisfação da clientela, o que foi feito de modo continuo, durante todo o período analisado. Eventual é o que depende de evento incerto e futuro. O pagamento do prêmio não foi feito em decorrência de um infortúnio, mas decorreu do contrato de trabalho, em razão do incremento da produtividade dos empregados pelo alcance de metas previamente estabelecidas. Esse tema foi analisado no Acórdão nº 2401000.921, cujos fundamentos adoto aqui: O pagamento dessa verba, ao contrário, surge da existência do vínculo de emprego. O dito benefício não foi pago por um infortúnio (uma eventualidade), por exemplo, uma doação no caso de força maior, mas é na verdade uma concessão negociada, uma retribuição, um agrado, ou qualquer outro nome que se queira dar, que nasce de um pacto laboral, representando um ganho pelo trabalho efetuado com maior produtividade. Não há dúvida de que, no caso concreto sob cuidado, as premiações efetuadas mediante créditos em cartões eram 1 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTR, 2012, p. 771. Fl. 816DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR 8 disponibilizadas em razão do vínculo contratual estabelecido entre empresa e os trabalhadores. Na verdade, esses pagamentos, malgrado sejam concedidos em razão do alcance de determinadas metas fixadas pelo empregador, como demonstrado pela documentação colacionada, não podem ser considerados eventuais, uma vez que o segurado, sabe a priori que, uma vez obtido o resultado fixado no regulamento, fará jus ao bônus. Independe, para fins de tributação, que a verba seja paga diretamente pelo empregador, ou se esse repassa a verba ao empregado mediante o crédito em cartões feitos por uma terceira empresa. Os autos revelam que os valores passaram ao patrimônio dos segurados em razão do contrato de trabalho que têm com a recorrente, a qual incontestavelmente fez o repasse dos valores correspondentes, ainda que os mesmos tenham se dado via empresa prestadora de serviços de marketing promocional. Em suma, os prêmios pagos como incentivo profissional possuem natureza remuneratória, de modo que integram o salário de contribuição, e não foram excluídos do campo de incidência pelo § 9º do art. 28 da Lei 8.212/91. Nesse sentido, registramos que há vários precedentes desta Corte Administrativa. Destaco o teor das ementas nos julgados abaixo: REMUNERAÇÃO. CARTÃO PREMIAÇÃO. INCENTIVO. PARCELA SUJEITA À INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. A verba paga pela empresa aos segurados por intermédio de cartão premiação em programa de incentivo integra o salário decontribuição, por não haver previsão legal de não incidência. (Ac. 2401003.919, 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, sessão 10/03/2015, rel. Cons. Kleber Ferreira de Araújo). INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. A verba paga pela empresa aos segurados por intermédio de programa de incentivo, cartão premiação, é fato gerador de contribuição previdenciária. Uma vez estando no campo de incidência das contribuições previdenciárias, para não haver incidência é mister previsão legal nesse sentido, sob pena de afronta aos princípios da legalidade e da isonomia. (Ac. 2302003.467, 3ª Câmara/2ª Turma Ordinária, sessão de 05/11/2014, rel. Cons. Liege Lacroix Thomasi) REMUNERAÇÃO. CARTÕES DE PREMIAÇÃO. PARCELA DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES. Integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias os valores pagos a título de prêmios de incentivo. Por depender do desempenho individual do trabalhador, o prêmio tem caráter de retribuição pelo serviço, ou seja, contraprestação de serviço prestado Fl. 817DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR Processo nº 10803.720085/201204 Acórdão n.º 2301004.465 S2C3T1 Fl. 813 9 (Ac. 2402004.203, 4ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, sessão de 18/07/2014, Rel. Cons. Ronaldo de Lima Macedo). Juros Selic e Multa Confiscatória O uso da Taxa Selic como taxa de juros não pode ser afastado, pois trata de matéria pacificada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) por meio do enunciado da Súmula nº 4 (Portaria MF no 383, publicada no DOU de 14/07/2010), abaixo transcrito, de observância obrigatória, por força do art. 45, VI, do Regimento Interno do CARF2, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015. Súmula CARF nº 4: A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. Ademais, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu com base na sistemática dos recursos repetitivos, que é legítima a aplicação da taxa SELIC aos débitos tributários, conforme ementa abaixo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO À SISTEMÁTICA PREVISTA NO ART. 543C DO CPC. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA.REPETIÇÃO DE INDÉBITO. JUROS DE MORA PELA TAXA SELIC. ART. 39, § 4º, DA LEI 9.250/95. PRECEDENTES DESTA CORTE. 1. Não viola o art. 535 do CPC, tampouco nega a prestação jurisdicional, o acórdão que adota fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia. 2. Aplicase a taxa SELIC, a partir de 1º.1.1996, na atualização monetária do indébito tributário, não podendo ser cumulada, porém, com qualquer outro índice, seja de juros ou atualização monetária. 3. Se os pagamentos foram efetuados após 1º.1.1996, o termo inicial para a incidência do acréscimo será o do pagamento indevido; no entanto, havendo pagamentos indevidos anteriores à data de vigência da Lei 9.250/95, a incidência da taxa SELIC terá como termo a quo a data de vigência do diploma legal em tela, ou seja, janeiro de 1996. Esse entendimento prevaleceu na Primeira Seção desta Corte por ocasião do julgamento dos EREsps 291.257/SC, 399.497/SC e 425.709/SC. 2 RICARF: Art. 45. Perderá o mandato o conselheiro que: ... VI deixar de observar enunciado de súmula ou de resolução do Pleno da CSRF, bem como o disposto no art. 62; Fl. 818DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR 10 4. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão sujeito à sistemática prevista no art. 543C do CPC, c/c a Resolução 8/2008 Presidência/ STJ. (REsp 1111175 / SP, Relatora Ministra Denise Arruda, DJe. 01/07/2009) A multa aplicada, por sua vez, está prevista em lei, sendo que a discussão acerca da sua razoabilidade implicaria em apreciar a constitucionalidade da lei, o que é vedado na esfera administrativa, nos termos do Enunciado nº 2 de Súmula do CARF: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Pedido de Diligência A Recorrente pede a realização de diligência com a finalidade de se esclarecer a composição das bases de cálculo apuradas no processo nº 10803.720084/201251, relativas às contribuições previdenciárias incidentes sobre a premiação, calculadas com base nas notas fiscais de serviços emitidas pela pessoa jurídica Expertise Comunicação Total S/C Ltda. Na espécie, indeferese o pedido de diligência por lhe faltar utilidade, uma vez que as multas aplicadas neste processo não são calculadas com base no valor das notas fiscais de serviços, mas são calculadas pelo valor base previsto na legislação previdenciária, conforme discriminado no termo de verificação e conclusão fiscal, fls. 1018. Conclusão Com base no exposto, voto por CONHECER DO RECURSO e NEGAR LHE PROVIMENTO. Luciana de Souza Espíndola Reis Fl. 819DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 24/02/2016 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por JOAO BELLIN I JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 11060.724242/2011-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
Ementa:
NULIDADE DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA.
Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, fundamentalmente porque atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN, bem como os requisitos do art. 10 do Decreto n° 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento.
GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO.
A isenção prevista no art. 4º do Decreto-Lei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei nº 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico.
Numero da decisão: 2201-002.861
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Carlos César Quadros Pierre, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro e Ana Cecília Lustosa da Cruz que davam provimento parcial para reconhecer o direito adquirido a isenção sobre as bonificações originárias das ações adquiridas anteriormente a 1983.
Assinado Digitalmente
Eduardo Tadeu Farah Presidente-Substituto e Relator.
EDITADO EM: 14/03/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecilia Lustosa da Cruz. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior (Presidente).
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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INOCORRÊNCIA. Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, fundamentalmente porque atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN, bem como os requisitos do art. 10 do Decreto n° 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. A isenção prevista no art. 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei nº 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Carlos César Quadros Pierre, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro e Ana Cecília Lustosa da Cruz que davam provimento parcial para reconhecer o direito adquirido a isenção sobre as bonificações originárias das ações adquiridas anteriormente a 1983. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 72 42 42 /2 01 1- 65 Fl. 504DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah – PresidenteSubstituto e Relator. EDITADO EM: 14/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecilia Lustosa da Cruz. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior (Presidente). Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2007, consubstanciado no Auto de Infração, fls. 180/183, pelo qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 1.176.962,29, calculado até 30/11/2011. A fiscalização apurou omissão de ganhos de Capital na Alienação de Ações/Quotas não negociadas em Bolsa. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresenta Impugnação alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: O contribuinte apresentou impugnação, fls. 232 a 280, alegando que a fiscalização produziu o cálculo do imposto de renda sem considerar o direito adquirido à isenção de tributo sobre as ações adquiridas até 31 de dezembro de 1983, que foi reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do Mandado de Segurança n° 2007.71.02.0014672, impetrado pelo impugnante, com o objetivo de garantir o direito à isenção do imposto de renda, lembra também o DecretoLei n° 1.510/1976. Salienta que a fiscalização reconhece que ele impetrou Mandado de Segurança para o fim de garantir o direito à isenção do imposto de renda. Afirma que a fiscalização realizou o lançamento de oficio considerando como tributável o lucro obtido com a venda das ações adquiridas até 31 de dezembro de 1983. Invoca a nulidade do lançamento, devido à incorreta apuração do custo médio ponderado, no qual foram consideradas, também, as ações alcançadas pela isenção e também pela exigência de imposto sobre matéria cuja exigibilidade esteja suspensa, conforme a legislação. E mesmo havendo exclusão da parcela devida relativo ao ganho de capital sobre ações adquiridas até 31121983, há a alteração do valor encontrado, invalidando integralmente o lançamento. Alega, também, que a fiscalização somente poderia efetuar o lançamento para fins de prevenção de decadência, determinando a suspensão da cobrança do crédito tributário até o deslinde da Fl. 505DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11060.724242/201165 Acórdão n.º 2201002.861 S2C2T1 Fl. 3 3 ação judicial. Porém promoveu a imediata cobrança, inclusive com os acréscimos de multa e juros de mora. Discorre com relação ao princípio da unicidade da jurisdição, afirmando que a fiscalização violou tal princípio ao sustentar a inexistência do direito adquirido à isenção, lançando o tributo sobre a parcela cuja discussão encontrase sob o crivo do Poder Judiciário. Conclui que, se o órgão de julgamento administrativo não pode examinar a mesma questão levada ao Poder Judiciário, tão pouco poderia ser levantada qualquer questão pela fiscalização, por completa incompetência e submissão à decisão judicial. Embora não tenha havido o trânsito em julgado da referida ação, aguardase apenas o julgamento de um último recurso (Embargos de Declaração), interposto pela Fazenda nacional junto ao Superior Tribunal de Justiça. Entretanto, não há como coexistir duas normas sobre o mesmo fato. A fiscalização entende como inaplicável o artigo 169 da lei n° 6.404/1976 como critério de rateio das bonificações recebidas pelo impugnante, além de que não tem o condão de produzir efeitos tributários de isenção. Tendo como argumentos, que a proporcionalidade prevista em lei trata apenas da obrigatoriedade que as bonificações sejam distribuídas de acordo com o percentual de cada acionista, que as ações distribuídas em bonificação não seriam acessórias em relação às ações que lhes deram origem. Tais argumentos não merecem prosperar, pois são dissociados de premissas básicas do direito societário e tributário. Afirma que para a ação recebida em bonificação, seja de natureza de ação nova subscrita, é necessário verificar se há ingresso de recursos do acionista para o recebimento das bonificações. Assim, não havendo qualquer subscrição de novas ações pelo impugnante, pelo fato de que sequer era necessário o recebimento de ações em bonificação, permitindose a simples alteração do valor nominal das ações já existentes, não se tratando, portanto, de transferência de patrimônio da companhia para o acionista ou aumento patrimonial. Com relação ao rateio das bonificações, acredita ser incorreto o auto de infração ao sustentar que para fins tributários, as ações recebidas em bonificação, sejam consideradas como ações novas e que a forma de rateio utilizada pelo impugnante tenha se baseado em normas revogadas. O contribuinte afirma, que realizou depósito judicial do imposto de renda diante os autos do Mandado de Segurança, que foi reconhecido no auto de infração. Requer, ao final,o acolhimento da preliminar de nulidade do Auto de Infração, não sendo esse o entendimento, que seja cancelado o Auto de Infração em razão de incorreta interpretação acerca da natureza jurídica das ações recebidas Fl. 506DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 4 em bonificação, ou então, que seja afastada a aplicação de multa e juros de mora sobre os valores depositados judicialmente. A 4ª Turma da DRJ em Porto Alegre/RS não conheceu da impugnação por concomitância, consoante se observa da ementas transcritas: NORMAS GERAIS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO CONCOMITÂNCIA DE AÇÃO JUDICIAL A propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial por qualquer modalidade processual , antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, e/ou dele dependente, importa a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. SÚMULA nº 1º Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial”. Impugnação Não conhecida Cientificado em 06 de agosto de 2012 (fl. 339), o contribuinte interpôs o recurso voluntário no dia 08 de setembro de 2012 (fls. 341/403), portanto, tempestivamente, no qual rebate a decisão de primeira instância pelo não conhecimento da impugnação em decorrência da prévia interposição de ação judicial para discutir a isenção do imposto de renda sobre o ganho de capital na alienação da participação societária, uma vez que, conforme relatório elaborado pela própria fiscalização, a discussão judicial abrangeria apenas uma pequena parcela das ações da empresa. Em seguida, repete os argumentos apresentados na fase de impugnação quanto à/ao: (i) nulidade do lançamento pela inclusão das ações albergadas pela isenção, (ii) controvérsia da isenção prevista no DecretoLei nº 1.510, de 1976, (iii) tratamento conferido às bonificações, natureza jurídica e forma de rateio, e (iv) impossibilidade da aplicação da multa e juros de mora sobre o valor do depósito judicial O processo em apreço foi julgado em 12 de agosto de 2014 e os membros da Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), por meio do Acórdão nº 2201002.472, decidiram por, unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para declarar a nulidade da decisão de Primeira Instância, já que a DRJ não examinou as matérias que não possuem concomitância com a ação judicial. Citase ementa do julgado: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NÃO CONHECIMENTO NA INSTÂNCIA A QUO. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. NULIDADE. RETORNO DOS AUTOS À DRJ PARA EXAME DA MATÉRIA. Havendo pontos na impugnação não apreciados pela instância a quo, esta deve ser anulada, retornandose os autos para exame da matéria, sob pena de supressão de instância Relativamente ao voto condutor do aresto, transcrevese o seguinte trecho: Fl. 507DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11060.724242/201165 Acórdão n.º 2201002.861 S2C2T1 Fl. 4 5 Compulsando os autos, verificase que o lançamento, apesar de apontar um cálculo único para apurar o ganho de capital, de fato se divide em duas partes: uma diretamente relacionada ao não reconhecimento da isenção prevista no DecretoLei nº 1.510, de 1976, como direito adquirido; e outra tratando das bonificações na forma de novas ações, inclusive as distribuídas no período de 1984 a 2005, consideradas indevidamente classificadas como distribuição/rateio proporcional às ações possuídas antes de 1983 e depois de 1984, bem como por essas bonificações não terem natureza acessória em relação às referidas ações. (...) Nessa situação, considerando o relato da fiscalização de que o objeto da ação judicial proposta é mais restrito e o crédito lançado mais abrangente, no qual afirma que as bonificações não estariam abrangidas pela isenção prevista no DecretoLei nº 1.510, de 1976, e, por isso, não se encontrariam inseridas na ação judicial, e ainda que esse ponto foi manifestamente questionado na impugnação sem que o resultado da análise fosse registrado na decisão, o acórdão de primeira instância deve ser anulado, retornandose os autos para o enfrentamento da questão pela autoridade julgadora a quo, sob pena de supressão de instância. Isto posto, voto em dar provimento ao recurso para declarar a nulidade da decisão de Primeira Instância. Em sessão realizada em 10 de dezembro de 2014, a 4ª Turma da DRJ em Porto Alegre/RS julgou procedente em parte a impugnação apresentada, consoante se observa das ementas abaixo transcritas: NULIDADE. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n.º 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. As bonificações recebidas pelos acionistas da empresa através da emissão de novas ações decorrente da integralização de lucros e/ou reservas e posterior subscrição corresponde a aumento do capital da sociedade e conseqüente aumento do patrimônio individual. AÇÕES DISTRIBUÍDAS POR BONIFICAÇÕES. A aquisição de ações decorrentes da incorporação de reservas e ou lucros ao capital social sem alteração do valor nominal das ações, só é possível pelo aumentando do número de ações na mesma proporção. MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. Uma vez instaurado o procedimento de ofício, o crédito tributário apurado pela autoridade fiscal somente pode ser satisfeito com os encargos do Fl. 508DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 6 lançamento de ofício. A parte do crédito não objeto de ação judicial é dado encaminhamento normal na via administrativa. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A conclusão do julgado foi no seguinte sentido: Exposto o anterior, voto por rejeitar as preliminares por incabíveis e no mérito, julgar procedente em parte a impugnação, cancelando o Imposto de Renda Pessoa Física sobre o ganho de capital no valor de R$25.241,55 correspondente as ações e bonificações adquiridas até 31/12/1983 devido ao transito em julgado que reconheceu a isenção do imposto sobre tais participações e mantendo o imposto de R$497.573,97 acrescido de multa de ofício e juros de mora referente ao ganho de capital na alienação da sua participação societária adquiridas sob qualquer forma a partir de 01/01/1984. Cientificado novamente da decisão de primeira instância em 18/12/2014 (fl. 452), o autuado apresenta recurso em 05/01/2015 (fl. 454/498), sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos postos em sua impugnação e requerendo, verbis: V Dos Requerimentos Pelo exposto, o Recorrente requer a V.Sa. que receba e conheça o presente Recurso Voluntário e os documentos que o instruem, para reformar o r. Acórdão proferido pela 4a. Turma da DRJ/POA, a fim de: 1 Acolher a preliminar de nulidade do Auto de Infração, em razão da inclusão das ações albergadas pela isenção no cálculo de apuração do imposto de renda devido; 2 Caso esse não seja o entendimento, requer seja, determinado o cancelamento do Auto de Infração contra si lavrado e extinto o crédito tributário decorrente, em razão da incorreta interpretação acerca da natureza jurídica das ações recebidas em bonificação; 3 Por fim, na hipótese de não acolhimento do pedido anterior, requer seja afastada a aplicação de multa e juros de mora sobre os valores depositados judicialmente. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Tadeu Farah, Relator O recurso reúne os requisitos de admissibilidade. Fl. 509DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11060.724242/201165 Acórdão n.º 2201002.861 S2C2T1 Fl. 5 7 Cuida o presente lançamento de omissão de ganhos de Capital na Alienação de Ações/Quotas não negociadas em Bolsa, relativamente a fatos ocorridos no anocalendário 2007. Antes de se entrar no mérito, cumpre enfrentar, de antemão, a preliminar de nulidade suscitada pelo recorrente. No que tange à alegação de nulidade pela inclusão das ações albergadas pela isenção na exigência fiscal, além da utilização da média ponderada como critério de apuração do custo de aquisição, penso que o argumento é estéril e não merece acolhimento. A bem da verdade, o que foi relatado pelo contribuinte nada mais é do que o entendimento da fiscalização sobre determinada situação e seus reflexos sobre os cálculos. Se os fatos efetivamente se ajustam ao modelo hipotético instituído pelo legislador, aí se verifica uma questão de mérito, o que ultrapassaria a preliminar suscitada. No caso dos autos, verificase que o lançamento se pautou nos elementos trazidos pela fiscalização, bem como naqueles acostados pelo contribuinte por ocasião da apresentação de seus argumentos. Dessarte, comprovada a regularidade do procedimento fiscal, fundamentalmente porque atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN, bem como os requisitos do art. 10 do Decreto n° 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. Rejeitase, pois, a suscitada preliminar. No mérito, cumpre ressalvar que de acordo com a decisão judicial transitada em julgado (Certidão fl. 402), o contribuinte obteve sentença favorável no Mandado de Segurança nº 2007.71.02.0014672 sendo reconhecida a isenção do Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF sobre o ganho de capital na alienação da participação societária e bonificações adquiridas sob qualquer forma até 31/12/1983, conforme previsto no art. 4º do DecretoLei nº 1.510, de 27/12/1976, revogado pela Lei nº 7.713/1988. Assim, como a autoridade lançadora separou os cálculos da apuração do ganho de capital na alienação das participações societárias adquiridas até 31/12/1983 e a partir de 01/01/1984, a 4ª Turma da DRJ em Porto Alegre/RS, excluiu da exigência o Imposto de Renda Pessoa Física sobre o ganho de capital no valor de R$ 25.241,55 correspondente as ações e bonificações adquiridas até 31/12/1983. Em seu apelo, alega o contribuinte que a autoridade fiscal, contrariando o DecretoLei n° 1.510, de 27 de dezembro de 1976, tributou o ganho de capital decorrente de ações detidas até 31 de dezembro de 1983. Assevera que a Portaria MF nº 454 de 25/08/1977 e o Parecer Normativo CST nº 68 de 23/09/1977, não foram revogados, portanto as normas aplicamse ao ganho de capital na alienação das ações e respectivas bonificações. Por fim, alega que houve um equívoco por parte da fiscalização quando considerou as bonificações como ações novas, já que por terem origem nas ações adquiridas até 31/12/1983, deveriam receber o mesmo tratamento, qual seja, isentas do imposto de renda. Pois bem, como a controvérsia dos autos restringese à apuração do custo de aquisição de sua participação societária, cumpre reproduzir trecho do "Relatório de Fiscalização, fls.186/224, para que se entenda o procedimento adotado pela autoridade fiscal: Fl. 510DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 8 Conforme planilha apresentada pelo sujeito passivo e conforme informações constantes nos sistemas da RFB (extratos de recolhimento via DARF, em anexo), o sujeito passivo recolheu, em 27/02/2007, o imposto de renda sobre o ganho de capital que considerou tributável (DARF código 4600) no valor de R$ 205.402,25 e posteriormente, em 28/06/2007, recolheu mais o valor de RS 27.17126 (DARF código 4600) devido a uma diferença resultante do encerramento do balanço do exercício anterior, que também considerou tributável na venda das ações da Expresso Mercúrio S/A. Recolheu, ainda, em 28/02/2007, depósito judicial (DARF código 7416) do imposto de renda sobre a parcela do ganho de capital que considerou isenta, no valor de R$ 513.851,08. (...) Como já referido, o sujeito passivo pretende afastar a incidência de grande parcela do imposto de renda sobre ganho de capital obtido na alienação de ações da sua participação no capital social da empresa Expresso Mercúrio S.A sob o argumento de que haveria direito adquirido à isenção tributária prevista no Decretolei 1.510/76, afastando, assim, a vigência dos artigos 105, 106, 111 e 178 do CTN, art. 3o, § 5o da Lei n° 7.713/88 e art. 4o, alínea 'd'do DecretoLei n° 1.510/76. (...) No caso, o sujeito passivo adquiriu ações tanto em períodos anteriores a 31/12/1983 como também em períodos posteriores a esta data, mediante bonificações em ações distribuídas pela empresa (na sua maior parcela), quando já revogada a norma isentiva. (...) Enfim, para que se instaure a situação de dívida inexigível, a lei de nãoincidência ou de isenção deve estar em vigor no momento em que ocorre o fato. Daí dizer que a lei isentiva, por princípio, não gera direito adquirido em prol do contribuinte. A isenção é usufruída enquanto vigente a lei concessiva. Isso se dá exatamente pelo fato de se tratar de faculdades (de não pagamento) que são geradas à medida que ocorrem os fatos isentos, regidas pela lei da época desses fatos, e que são prontamente exercidas, não havendo que se falar em direito adquirido para exercício futuro. Revogada a lei isentiva, o tributo volta a ser exigível em relação aos fatos que vierem a ocorrer posteriormente à revogação. O princípio geral é, pois, o da revogabilidade. 3 DAS BONIFICAÇÕES Conforme se verifica no Livro de Registro de Ações Nominativas da empresa Expresso Mercúrio S/A (em anexo) e Planilha de Movimentação das Ações ON de Expresso Mercúrio (Movim. e Trib. das Ações Vendidas, Quadro n° 02, em anexo), elaborada pelo sujeito passivo para a apuração do ganho de capital conforme seu entendimento, a empresa distribuiu bonificações em ações, tanto na forma de novas ações (são a grande maioria das aquisições de ações), como pela capitalização de lucros e de Fl. 511DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11060.724242/201165 Acórdão n.º 2201002.861 S2C2T1 Fl. 6 9 reservas sem emissão de novas ações ou modificação do valor nominal destas, conforme faculta o artigo 169, §1° da Lei n° 6.404, de 1976. (...) Convém salientar que o mercado e mais especificamente a Bovespa define que "as bonificações em ações advém do aumento de capital de uma sociedade, mediante a incorporação de reserva de lucros, quando são distribuídas gratuitamente novas ações a seus acionistas, em número proporcional às já distribuídas" (http://www.bmfbovespa.com. br/pt br/educacional/cursos/cursobasico/cur_acoes3.htm, acesso em 25/08/2011). (...) Verificando a planilha de Movimentação das Ações ON para apuração do ganho de capital, elaborada pelo sujeito passivo (Movim. Ações ON, Quadro n° 02, em anexo), constatouse que as bonificações adquiridas, pela incorporação de reservas diversas e/ou reservas de lucros (estas, somente partir de 1997) foram rateadas proporcionalmente às aquisições/subscrições (incluindo as bonificações já rateadas anteriormente) pertencentes ao sujeito passivo até 31/12/1983 e após o referido período, ou seja, a partir de 01/01/1984. Analisando mais detalhadamente os dados da citada planilha verificase que as bonificações distribuídas anteriormente à aquisição de 135 ações em 25/03/1986 (1a aquisição/compra de ações após 31/12/1983) foram totalmente alocadas no saldo de ações adquiridas até 31/12/1983. Já as bonificações distribuídas a partir de 25/03/1986 foram rateadas proporcionalmente à participação existente até 31/12/1983 (considerando inclusive bonificações distribuídas após este período) e a partir de 01/01/1984, somandose aos respectivos saldos de ações, existentes em 31/12/1983 e após 01/01/1984, para compor a nova base de cálculo do rateio referente à próxima distribuição de bonificação e assim sucessivamente, ou seja, as bonificações foram rateadas considerando as datas e quantidades de ações originariamente adquiridas/subscritas acrescidas, ainda, dos rateios das bonificações anteriores. Para melhor entendimento da conclusão exposta acima, reproduzse abaixo uma tabela, cujos dados foram lançados pelo sujeito passivo com o rateio das bonificações distribuídas a partir de 1984, em que o mesmo faz o rateio destas bonificações em dois períodos, até 1983 e a partir de 1984: (...) Em função da forma de apuração das bonificações em ações (rateio proporcional à data de aquisição das ações) adotada pelo sujeito passivo na planilha de apuração do ganho de capital (Movim. e Trib. das Ações Vendidas, Quadros n° 01 e 02, em anexo) e demonstrado na tabela supra, este foi inquirido Fl. 512DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 10 conforme Termo de Intimação Fiscal (em anexo), a justificar, indicando a base legal utilizada, por que considerou as bonificações em ações distribuídas a partir de 1984 como tendo sido adquiridas em data anterior a 31/12/1983, para efeito de apuração do ganho de capital auferido na venda das ações em 2007. Em resposta (em anexo), o sujeito passivo afirmou que "foi utilizado o critério de proporção para atribuição das bonificações recebidas, de acordo com a participação existente até 31/12/1983 e após o referido período. Isso porque, a distribuição necessariamente deve ocorrer de modo proporcional à quantidade de ações possuídas pelo acionista, de acordo com o art. 169 da Lei n° 6.404/76." Ora, s.m.j., a proporção a que se refere o caput do artigo 169 da citada Lei é apenas para o critério de distribuição das novas ações através de bonificações, para que não haja alteração no percentual de participação no capital social da empresa por parte de cada acionista. Assim, o comando legal do artigo 169 da Lei 6.404/1976 apenas impõe que seja preservada a mesma quantidade relativa de participação no capital social que cada acionista detinha antes da distribuição da bonificação, não alterando a posição relativa de qualquer destes acionistas no capital social da Cia. Daí, utilizar a proporção presente neste artigo para justificar a distribuição/rateio das bonificações distribuídas ao longo de todo o período de 1984 a 2005 e classificálas em possuídas antes de 1983 e após 1984, é extrapolar em demasia a literalidade do caput do artigo 169 e forçar um entendimento completamente estranho e equivocado ao disposto no referido artigo. (...) Ora, da leitura do Livro de Registro de Ações Nominativas da empresa Expresso Mercúrio constatouse que não havia esta diluição do valor patrimonial possuído a cada bonificação distribuída. Ao contrário, a cada nova distribuição de ações através de bonificações o valor nominal de cada ação permanecia inalterado, ou seja, o patrimônio pessoal de cada acionista aumentava em valores absolutos, na mesma proporção do número de ações adquiridas/distribuídas, permanecendo inalterado, apenas, a participação relativa de cada um destes no capital social da empresa, obviamente. (...) Portanto, a afirmação segundo a qual não há aumento do patrimônio líquido quando da distribuição de ações bonificadas não é verdade. Só seria verdade se considerássemos apenas o ano em que é feita a distribuição das ações bonificadas, quando a Reserva de Lucros já estaria incorporada ao Patrimônio Líquido, mas não é verdade se considerarmos todo o processo de geração das reservas acumuladas nos anos anteriores, mediante apuração de resultados, constituição de reservas, e, finalmente, a capitalização de tais reservas. Além disto, o que deve ser analisado no presente caso é a evolução do Capital Social, visto que é sobre o ganho de capital Fl. 513DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11060.724242/201165 Acórdão n.º 2201002.861 S2C2T1 Fl. 7 11 que incide o imposto de renda, não sobre o Patrimônio Líquido. Há claramente um aumento do Capital Social, advindo da capitalização das reservas. Em um primeiro momento o Patrimônio Líquido é aumentado, via constituição de reservas. Em um segundo momento o Capital Social é aumentado, pela integralização das reservas constituídas ao Capital. (...) Ora, se uma mesma reserva pode ser distribuída em ações ou em dinheiro, tornase ainda mais claro que é uma parte do Patrimônio Líquido da empresa (e dos sócios) que é utilizada para aumentar o Capital Social da mesma, mediante de aquisição das ações bonificadas. (...) Ou seja, não se pode dizer que no presente caso a distribuição é gratuita, mas sim que é onerosa, porque claramente envolve parte do Patrimônio Líquido da empresa, pertencente aos sócios, e que foi gerada mediante a apuração de resultados positivos da empresa. Assim, não se pode aceitar a alegação do sujeito passivo de que as ações bonificadas provenientes da capitalização de lucros ou de outras reservas, distribuídas pela Expresso Mercúrio após 31/12/1983, foram adquiridas gratuitamente e são meros "filhotes" ou são ações acessórias das ações já existentes. Portanto, no presente caso, conforme exposto, tais ações bonificadas, adquiridas via distribuição de reservas que foram anteriormente incorporadas ao Patrimônio Líquido, devem ser consideradas ações novas adquiridas pelos sócios, e não simples filhotes ou acessões das ações anteriormente pertencentes aos sócios da empresa. A par disto, constatase, a partir das planilhas de apuração do ganho de capital apresentadas pelo sujeito passivo (Movim. e Trib. das Ações Vendidas, Quadros n° 01 e 02, em anexo), e justificativa em resposta a intimações já expostas acima, que o sujeito passivo utilizou como regra de rateio/distribuição de bonificações consideradas como tendo sido adquiridas antes de 1983 (ganho de capital considerado isento) e após 1984 (ganho de capital considerado tributável), o artigo 5o do Decretolei n° 1.510/1976 e o artigo 5o da Portaria Ministerial MF n° 454 de 25/08/1977, bem como o Parecer Normativo Coordenador do Sistema de Tributação CST n°68 de 23/09/1977 (DOU de 30/09/1977), conforme segue: (...) Portanto, não há na legislação de regência da matéria, Lei n° 7.713/1988 e também na Lei n° 9.249/1995, qualquer comando no sentido de distribuir ou ratear as bonificações adquiridas de acordo com as datas das aquisições ou subscrições a que se referem, diferentemente do tratamento tributário dispensado às bonificações pelo Decretolei n° 1.510/1976. No atual regime Fl. 514DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 12 tributário as bonificações constituem novas ações distribuídas pela empresa mediante a incorporação de lucros ou reservas, cujo custo de aquisição será considerado em função da origem da reserva que resultou na distribuição destas ações ou nos lucros acumulados. Consultandose a planilha de apuração do ganho de capital elaborada pelo sujeito passivo (Movim. e Trib. das Ações Vendidas, Quadro n° 02, em anexo), verificase que a regra utilizada para considerar a distribuição/rateio das bonificações no saldo de ações adquiridas até 1983 e a partir de 1984 é idêntica ao preconizado pelo artigo 5o do Decretolei n° 1.510/1976, bem como pelo artigo 5o da Portaria Ministerial MF n° 454 de 25/08/1977 e pelo Parecer Normativo CST n° 68 de 23/09/1977, bastando para isso, comparar com o exemplo numérico constante no citado Parecer CST n° 68. A Portaria Ministerial (MF) n° 454 de 25/08/1977, em seu artigo 5o, bem como o Parecer Normativo CST n° 68 de 23/09/1977 foram publicados para esclarecer o referido artigo 5o do Decretolei n° 1.510/1976 e detalham como devem ser distribuí das/rateadas as bonificações recebidas e o seu custo de aquisição (zero), ou seja, o comando normativo do artigo 5o estabelece a forma de apuração do eventual ganho de capital auferido na alienação de ações/participações societárias adquiridas e bonificações recebidas sob a égide do DL n° 1.510/1976, sendo, portanto, uma norma de incidência do IR já revogada e que sofreu alterações ao longo do tempo através das Leis n° 7.713/1988 e 9.249/1995. Dessa forma o sujeito passivo, indevidamente utilizando os artigos 1o a 5o do Decretolei n° 1.510/1976 bem como o artigo 5o da Portaria Ministerial MF n° 454 de 25/08/1977 e o Parecer Nonnativo CST n° 68 de 23/09/1977 todos já revogados pela Lei n° 7.713/1988 como regras de apuração do imposto de renda sobre ganho de capital auferido em 2007 com a alienação das ações da Expresso Mercúrio, apurou incorretamente um custo total de aquisição das ações no valor de R$ 663.528,91, conforme planilha apresentada pelo mesmo (Movim. e Trib. das Ações Vendidas, Quadros n° 01 e 02, em anexo), sendo R$ 456.741,00 referente a ações possuídas até U/) /1983, incluindo o saldo de bonificações rateadas de forma incorreta, cuja venda foi considerada isenta de IR pelo sujeito passivo, pois seriam possuídas até 31/12/1983 segundo seus critérios. Apurou, ainda, RS 163.444,77 de custo das ações adquiridas a partir de 01/01/1984, cuja venda foi considerada tributável, e apurou, também, um custo de RS 43.343,14, relativo ao custo das ações cujo recebimento pela venda foi diferido, devido à parcela retida para contrato de fiança conforme Contrato de Compra e Venda de Ações. (...) 2 CÁLCULO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO A forma de apuração do custo de aquisição das participações societárias (inclusive distribuídas por bonificação), para efeito de quantificação do ganho de capital decorrente da alienação Fl. 515DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11060.724242/201165 Acórdão n.º 2201002.861 S2C2T1 Fl. 8 13 destes direitos, encontrase disposto no art. 130, caput, do RIR/99 (Decreto n° 3.000/99), a qual estabelece que deve ser considerada a média ponderada dos custos unitários destes bens. Este artigo é regulamentado pelo art. 16 da IN SRF n° 84/2001. (...) Portanto, o custo de aquisição das participações societárias resultantes do aumento de capital por incorporação de lucros e ou reservas de lucros deve ser considerado de acordo com o período de formação do lucro ou da reserva de lucros como determinado pelos artigos 130 e 135 do RIR/99 e didaticamente explicitado conforme abaixo: a) Bonificações por distribuição de lucros ou reservas de lucros formados até 31/12/1988 e nos anos de 1994 e 1995: O custo de aquisição das bonificações distribuídas neste período deve ser considerado ZERO em função do § 2o do art. 130 do RIR. O sujeito passivo, diferentemente do previsto na legislação, considerou indevidamente como custo todas as bonificações distribuídas neste período conforme constatação em sua planilha de apuração do custo de aquisição. b) Bonificações por distribuição de lucros ou reservas de lucros formados no período compreendido entre 01/01/1989 e 31/12/1992 e em 1993: O custo de aquisição das bonificações distribuídas neste período deve ser o valor do lucro ou reserva de lucro capitalizado e atualizado (conforme artigo 7o da IN SRF n° 84/2001) em função do § 1o do art. 130 do RIR. Como a legislação permite que sejam considerados como custo apenas as bonificações distribuídas a partir de reservas de lucros ou lucros, e a planilha elaborada pelo sujeito passivo contém apenas a informação de bonificações distribuídas de "reservas diversas", foi encaminhado à Junta Comercial do Estado do RS (Jucergs), em 07/11/2011, o Ofício n° 428/2011/Safis/DRFSTM solicitando cópia das Atas das assembléias ordinárias e extraordinárias de acionistas realizadas no período compreendido entre 1990 e 1994 relacionadas abaixo, já que a Ata relativa à Assembléia de 01/05/1993 que estava em poder desta fiscalização: (...) A Jucergs respondeu através do Ofício Jucergs n° 909/2011, remetendo a cópia das atas solicitadas. Da análise das referidas atas foi constatado que a maior parte da origem das novas ações distribuídas pela Cia provinha das reservas de capital, especialmente da reserva de correção monetária do capital social, sendo que apenas uma pequena parcela das bonificações distribuídas tinha origem em lucros ou reservas de lucros. Foi Fl. 516DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 14 então elaborada a planilha abaixo com a participação relativa das reservas de lucros e ou lucros no aumento de capital social e a sua posterior distribuição em novas ações aos acionistas: (...) Aos valores distribuídos em novas ações nestas datas foram aplicados os índices de participação relativa das reservas de lucros e lucros no aumento do capital social, resultando nos valores expressos na planilha de apuração do custo de aquisição referente à participação societária possuída pelo sujeito passivo. O sujeito passivo, diferentemente do previsto na legislação e independentemente da origem de formação da reserva contábil, considerou como custo todas as bonificações distribuídas neste período conforme constatação em sua planilha de apuração do custo de aquisição. c) Bonificações por distribuição de lucros ou reservas de lucros formados a partir de 01/01/1996: O custo de aquisição das bonificações distribuídas neste período deve ser considerado como sendo o valor do respectivo lucro ou reserva de lucros capitalizado em função do artigo 135 do RIR/99, já exposto. Conforme constatação na planilha de apuração elaborada pelo sujeito passivo, somente a partir de 1997 é que houve a especificação e separação da origem da reserva distribuída (em "reservas diversas" e "reservas de lucros") quando da distribuição de novas ações aos acionistas. A fiscalização considerou como custo de aquisição, então, somente as ações distribuídas por bonificação proveniente das reservas de lucros, excluindo as ações novas provenientes de reservas diversas. Portanto, com base na legislação supra, foi elaborada pela Fiscalização a Planilha de Apuração do Custo de Aquisição das Ações ON Vendidas (em anexo), relativa à participação societária alienada pelo sujeito passivo e que resultou no ganho de capital auferido em janeiro de 2007. O custo de aquisição total das ações, apurado por esta Fiscalização, importou em RS 602.488,86, valor relativo à participação no capital social com 684.883 ações ordinárias nominativas, resultando em um custo médio ponderado por ação de R$ 0,87. (...) 4.3 GANHO DE CAPITAL Conforme já exposto no subitem anterior o sujeito passivo apurou incorretamente o custo de aquisição de sua participação societária no valor total de R$ 663.528,91, tendo atribuído Rj> 456.741,00 relativos à participação societária possuída até 31/12/1983 (conforme rateio das bonificações realizado segundo o entendimento do sujeito passivo e explicado no item 3 deste relatório), cuja venda considerou isenta; R$ 163.444,77 de custo Fl. 517DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11060.724242/201165 Acórdão n.º 2201002.861 S2C2T1 Fl. 9 15 referente à participação societária possuída a partir de 01/01/1984, que considerou tributável, e R$ 43.343,14 de custo relativo a ações cujo valor da venda foi retido para contrato de fiança e ainda não foi recebido, e que constitui o ganho de capital diferido. Na sistemática de apuração do ganho de capital adotada pelo sujeito passivo, 66,41% do ganho de capital havido na venda foi considerado isento devido ao fato de ter utilizado legislação já revogada (conforme já exposto) na qual faz o rateio das ações novas, distribuídas por incorporação de lucros e reservas, em possuídas até 1983 e a partir de 1984, sendo inexistente a base legal que autorizaria tal procedimento. (...) Conforme constatado na Planilha de Apuração do Custo de Aquisição das Ações ON Vendidas (em anexo), esta Fiscalização apurou o custo de aquisição atualizado no valor de RS 19.425,43 para a participação societária existente até 31/12/1983, e o valor de RS 583.063,43 para o custo atualizado da participação societária adquirida a partir de 01/01/1984 (já incluída a parcela de RS 42.066,01 relativa ao custo de aquisição das ações cujo valor foi retido na alienação e que resultou no ganho de capital diferido), totalizando o valor de R$ 602.488,86 para o custo de aquisição total atualizado das ações vendidas. (...) Como exercício de raciocínio, se analisarmos tanto a planilha apresentada pelo sujeito passivo, com os custos de aquisição calculados pelo mesmo (Movim. e Trib. das Ações Vendidas, Quadro n° 02, em anexo), quanto planilha a elaborada pela fiscalização para determinação do custo de aquisição mesmo (Planilha de Apuração do Custo de Aquisição das Ações ON Vendidas, em anexo), verificase que o valor da participação societária possuída pelo sujeito passivo até 30/06/1994 (início da vigência do Real como unidade monetária), e após todas as conversões de moeda nacional que foram aplicadas tanto sobre o valor do capital, como também sobre o número de ações da empresa, os quais foram divididos por 1.000 unidades por várias vezes antes do Plano Real, era de R$ 13.267,00 (planilha do sujeito passivo) e de RS 35.317,81 (planilha da fiscalização), correspondentes a 35.592 ações, valores muito inferiores ao custo total apurado na data da alienação e que importou em RS 602.488,86. Verificase também que o número de ações cresceu sobremaneira no período pósPlano Real, de 35.592 para 684.883 ações, conforme demonstrativos. (...) Considerando que o imposto de renda devido, apurado pela fiscalização, importou em R$ 522.815,52 (além do imposto já recolhido no valor de R$ 205.402,25, DARF código 4600), que o Fl. 518DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 16 valor depositado judicialmente corresponde a R$ 513.851,08, valor inferior ao devido, que o artigo 151, inciso II, da Lei n° 5.172/1966 (CTN), exige o depósito do montante integral do tributo para suspender a exigibilidade, e que não houve o depósito integral do tributo para suspender a exigibilidade, o crédito tributário calculado é plenamente exigível e deve ser lançado. Segue abaixo a legislação citada: Pelo que se vê, o contribuinte, para efeito de apuração do ganho de capital auferido na venda das ações em 2007, considerou que grande parte das bonificações distribuídas ao longo de todo o período de 1984 a 2005, são oriundas de ações possuídas antes de 1983, portanto acobertadas pela isenção prevista no art. 4º do DecretoLei 1.510/1976. Para fins das bonificações, o recorrente se valeu do critério de proporção, conforme art. 169 da Lei n° 6.404/1976: Art. 169. O aumento mediante capitalização de lucros ou de reservas importará alteração do valor nominal das ações ou distribuições das ações novas, correspondentes ao aumento, entre acionistas, na proporção do número de ações que possuírem. (grifei) § 2º Às ações distribuídas de acordo com este artigo se estenderão, salvo cláusula em contrário dos instrumentos que os tenham constituído, o usufruto, o fideicomisso, a inalienabilidade e a incomunicabilidade que porventura gravarem as ações de que elas forem derivadas. Contudo, verificase que o recorrente, independentemente da origem de formação da reserva, considerou como custo todas as bonificações distribuídas neste período. Com efeito, as bonificações representam, essencialmente, novas ações emitidas e distribuídas gratuitamente aos acionistas, na proporção da quantidade de ações que já possuem, em decorrência de aumento de capital realizado por incorporação de reservas ou lucros acumulados ou da reavaliação do ativo. Assim, não me parece razoável ratear a bonificação distribuídas ao longo de todo o período de 1984 a 2005, levando em conta a participação detida até 31/12/1983, já que o art. 169 da Lei n° 6.404/1976 simplesmente se refere à forma de distribuição das novas ações por meio de bonificações, mormente para que não ocorra descompasso entre o percentual de participação no capital social da empresa detido por cada acionista. O rateio efetuado pelo recorrente, para fins de apuração do custo de capital, estaria rigorosamente correto se no capital da Cia não houvesse qualquer incorporação de lucros e/ou reservas, pois conforme bem pontuou a autoridade fiscal “... Em um primeiro momento o Patrimônio Líquido é aumentado, via constituição de reservas. Em um segundo momento o Capital Social é aumentado, pela integralização das reservas constituídas ao Capital”. Portanto, as ações bonificadas recebidas por meio de distribuição de reservas que foram anteriormente incorporadas ao Patrimônio Líquido, devem ser consideradas ações novas adquiridas pelos sócios. No que tange à alegação de erro na base de cálculo, verificase que a autoridade fiscal elaborou um detalhado quadro à fl. 220 demonstrando as ações detidas até 31/12/1983 e as ações a partir de 01/01/1984. Do montante apurado, constatase que a parcela isenta por decisão judicial e já reconhecida pela DRJ representou o valor de R$ 25.241,55. Após os cálculos, a autuante apurou o imposto de renda devido no valor de R$ 522.815,52. Portanto, como a fiscalização corretamente separou as ações isentas das Fl. 519DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11060.724242/201165 Acórdão n.º 2201002.861 S2C2T1 Fl. 10 17 adquiridas a partir de 1984, não se vislumbra qualquer patologia nos cálculos efetuados pela autoridade fiscal. Embora alegue o recorrente de as bonificações possuem natureza acessória/derivada, em relação às ações que lhe deram origem, na forma do § 2º do art. 169 da Lei 6.404/1976 e, portanto, estariam albergadas pela isenção do DecretoLei 1.510/1976, verificase que o citado parágrafo se refere apenas aos efeitos/extensão sobre as ações recebidas por bonificações ao usufruto, o fideicomisso, a inalienabilidade e a incomunicabilidade, salvo cláusula em contrário. Ainda que assim não fosse, melhor sorte não teria o recorrente, mormente porque o entendimento do contribuinte não encontra respaldo na legislação vigente. Conforme bem pontuado pela autoridade recorrida, a Lei nº 7.713/1988 revogou os arts. 1º a 9º do DecretoLei nº 1.510 e, em especial, o art. 5º do citado Decreto, que tratava das normas de apuração do ganho de capital na alienação das ações e respectivas bonificações. Vejase: Art. 58. Revogamse o art. 50 da Lei nº 4.862, de 29 de novembro de 1965, os arts. 1º a 9º do DecretoLei nº 1.510, de 27 de dezembro de 1976, os arts. 65 e 66 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, os arts. 1º a 4º do Decreto Lei nº 1.641, de 7 de dezembro de 1978, os arts. 12 e 13 do DecretoLei nº 1.950, de 14 de julho de 1982, os arts. 15 e 100 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, o art. 18 do DecretoLei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, o item IV e o parágrafo único do art. 12 do DecretoLei nº 2.292, de 21 de novembro de 1986, o item III do art. 2º do DecretoLei nº 2.301, de 21 de novembro de 1986, o item III do art. 7º do DecretoLei nº 2.394, de 21 de dezembro de 1987, e demais disposições em contrário. A partir de então, o regramento passou a ser de acordo com os §§ 3º e 4º do art. 16 da Lei nº 7.713/1988: Art. 16. O custo de aquisição dos bens e direitos será o preço ou valor pago, e, na ausência deste, conforme o caso: (...) § 3º No caso de participação societária resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, que tenham sido tributados na forma do art. 36 desta Lei, o custo de aquisição é igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista beneficiário. § 4º O custo é considerado igual a zero no caso das participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, no caso de partes beneficiárias adquiridas gratuitamente, assim como de qualquer bem cujo valor não possa ser determinado nos termos previsto neste artigo. Citase, outrossim, o art. 10 da Lei nº 9.249/1995: Fl. 520DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 18 Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. Parágrafo único. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. Do exposto, verificase que no caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. Portanto, o procedimento efetuado pelo contribuinte de ratear as bonificações adquiridas posteriormente a 31/12/1983, na forma estabelecida pelo Decretolei nº 1.510/1976, não foi recepcionado pela nova matriz legal. Especificamente sobre a matéria, o Superior Tribunal de Justiça entende que com o advento da Lei 7.713/1988 operouse a revogação da isenção. Transcrevese a ementa do julgado: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ALIENAÇÃO DE AÇÕES SOCIETÁRIAS. DECRETOLEI 1.510/76. ISENÇÃO. REQUISITOS PARA IRREVOGABILIDADE. ART. 178 DO CTN. NÃOOCORRÊNCIA. LEI 7.713/1988. REVOGAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. A irrevogabilidade da isenção concedida, nos termos do art. 178 do CTN, só ocorrerá se atendidos os requisitos de prazo certo e condições determinadas. Situação não configurada nos autos. 2. O art. 4º, "d", do DecretoLei 1.510/76 fixa o termo inicial do benefício fiscal (após cinco anos da data da subscrição ou aquisição da participação), não determinando o termo final, ou seja, é isenção por prazo indeterminado, revogável, portanto, por lei posterior. 3. Com o advento da Lei 7.713/88 operouse a revogação da isenção. Precedentes do STJ. 4. Agravo Regimental não provido. (Agravo Regimental no Recurso Especial n° 1.164.494/RS 09 de fevereiro de 2010) Não se pode perder de vista que “A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104” (art. 178 do CTN). Com efeito, inexiste norma absoluta que, no momento do fato gerador, imunizasse, da incidência tributária, as bonificações referentes às ações adquiridas antes de 1983. Fl. 521DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 11060.724242/201165 Acórdão n.º 2201002.861 S2C2T1 Fl. 11 19 Nesse passo, não há qualquer reparo a fazer no entendimento da autoridade recorrida, já que efetuou o cálculo do custo de aquisição das participações societárias (inclusive distribuídas por bonificação), conforme dispõe o art. 130, caput, do RIR/1999 (Decreto n° 3.000/1999), bem como com o art. 16 da IN SRF n° 84/2001. Ademais, não há como aplicar à espécie à regra utilizada para considerar a distribuição/rateio das bonificações constantes do Decretolei n° 1.510/1976, da Portaria Ministerial MF n° 454/1977 e do Parecer Normativo CST n° 68/1977, já que em razão da entrada em vigor da Lei nº 7.713/1988, as citadas normas perderam eficácia. Isso posto, correto o procedimento efetuado pela autoridade fiscal para cálculo do custo de aquisição, já que utilizou como critério de mensuração a IN SRF n° 84/2001, além dos §§ 1º e 2º dos arts. 130 e 135 do RIR/1999. Por fim, consoante dispõe o inciso II do art. 151 do CTN, somente o depósito do montante integral do tributo é capaz de suspender a exigibilidade do crédito tributário. Portanto, como o valor depositado judicialmente foi inferior ao devido, não há como excluir da exigência da incidência da multa e dos juros de mora. Ademais, por falta de previsão legal, não há como aplicar a multa e os juros somente sobre a diferença encontrada entre o valor lançado e o valor depositado judicialmente. Ante a todo o exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 522DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
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Numero do processo: 18471.001082/2007-11
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
DECADÊNCIA - TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO - TERMO INICIAL.
Em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício), conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado (art. 173, I, do CTN), nos casos em que constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, ou ainda, mesmo nas ausências desses vícios, nos casos em que não ocorreu o pagamento antecipado da exação e inexista declaração com efeito de confissão de dívida prévia do débito, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543-C do CPC, e da Resolução STJ nº 08/2008. Essa interpretação deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, nos termos do que determina o §2º do art. 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015.
Não havendo pagamento e nem confissão dos débitos de IRPJ e CSLL com fato gerador em 31/12/2002, resta afastada a decadência.
MULTA AGRAVADA. LUCRO ARBITRADO.
Súmula CARF nº 96: A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros.
Numero da decisão: 9101-002.233
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Decisão dos membros do colegiado Quanto à primeira matéria (Decadência): Recurso Especial da Fazenda Nacional conhecido e dado provimento por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada) e Maria Teresa Martinez Lopez. Quanto à segunda matéria (Agravamento da Multa): Recurso conhecido e, no mérito, negado provimento por unanimidade de votos.
(documento assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Rafael Vidal De Araujo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRE MENDES DE MOURA, LIVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado INEPAR S.A. INDUSTRIA E CONSTRUÇÕES ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 DECADÊNCIA TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO TERMO INICIAL. Em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício), contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado (art. 173, I, do CTN), nos casos em que constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, ou ainda, mesmo nas ausências desses vícios, nos casos em que não ocorreu o pagamento antecipado da exação e inexista declaração com efeito de confissão de dívida prévia do débito, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543C do CPC, e da Resolução STJ nº 08/2008. Essa interpretação deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, nos termos do que determina o §2º do art. 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Não havendo pagamento e nem confissão dos débitos de IRPJ e CSLL com fato gerador em 31/12/2002, resta afastada a decadência. MULTA AGRAVADA. LUCRO ARBITRADO. Súmula CARF nº 96: A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 10 82 /2 00 7- 11 Fl. 534DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O 2 Decisão dos membros do colegiado – Quanto à primeira matéria (Decadência): Recurso Especial da Fazenda Nacional conhecido e dado provimento por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada) e Maria Teresa Martinez Lopez. Quanto à segunda matéria (Agravamento da Multa): Recurso conhecido e, no mérito, negado provimento por unanimidade de votos. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal De Araujo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRE MENDES DE MOURA, LIVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (VicePresidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência (fls.296/311), interposto pela Fazenda Nacional, em 11/03/2009, contra o Acórdão nº 10196.961, de 15/10/2008, (fls.284/292) proferido pela 1ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, que deu provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o IRPJ e a CSLL, relativos ao 1º e 2º trimestres do ano calendário de 2002, e reduzir a multa de ofício de 112% (agravada) para 75%, cientificado à Recorrente em 10/03/2009. O Acórdão Recorrido está assim ementado (fl.284), no que interessa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 Ementa: DECADÊNCIA LUCRO ARBITRADO Se a fiscalização descaracteriza a apuração do lucro real anula feita pela pessoa jurídica e procede ao arbitramento, o termo inicial para a contagem da decadência é a data de ocorrência do fato gerador do períodobase do arbitramento, ou seja, o ultimo dia de cada trimestre. APURAÇÃO DO TRIBUTO ARBITRAMENTO A falta de apresentação da maior parte da documentação em que se lastreia a escrituração justifica a descaracterização da contabilidade e arbitramento do lucro. PENALIDADE AGRAVAMENTOA falta de apresentação da documentação solicitada dá causa ao arbitramento do lucro e não justifica, por si só, o agravamento da penalidade. ...” No Recurso Especial, a Recorrente insurgese contra o mencionado Acórdão, no que tange a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, para fins de contagem do prazo Fl. 535DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O Processo nº 18471.001082/200711 Acórdão n.º 9101002.233 CSRFT1 Fl. 535 3 decadencial, sem levar em consideração a ausência de pagamento, e ainda, contra a redução da multa de ofício originalmente agravada (de 112% para 75%). No que concerne ao prazo decadencial, a Recorrente alega que a decisão recorrida diverge das decisões proferidas nos Acórdãos nº 10323.091, de 04/07/2007, e nº 10320.952, de 19/06/2002, e, no tocante ao desagravamento da multa, o acórdão recorrido diverge da decisão proferida no Acórdão nº 10809.635, de 25/06/2008. Sobre a admissibilidade do Recurso Especial, vale transcrever o seguinte resumo do segundo exame de admissibilidade (fl.505): “Consta à fl. 431/432 despacho da Presidência desta Câmara, proferido em 18/12/2009, admitindo recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional em razão de divergência verificada entre o que decidido no Acórdão nº 10196.961 (fls. 284/292) e os paradigmas de nº 10323.091 e 10320.952, no que tange à aplicação do art. 150, §4º, do CTN para fins de contagem do prazo decadencial, mesmo na ausência de pagamento. Os autos seguiram à unidade de origem para ciência à contribuinte, com vistas a facultarlhe apresentação de contrarrazões, porém lá se constatou que a Procuradoria da Fazenda Nacional também se insurgira contra a redução da multa de ofício originalmente agravada, motivo pelo qual os autos foram devolvidos a este Conselho para esclarecimentos (fl.438). De fato, o recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional também veicula divergência jurisprudencial no tocante ao agravamento da multa de ofício, apontando como paradigma o Acórdão nº 10809.635, no qual verificouse a mesma situação do presente feito, pois o contribuinte foi também intimado e informou a inviabilidade de obtenção de seus documentos contábeis, e ainda assim o agravamento da penalidade foi mantido. ...” Eis a razão de dois exames de admissibilidade (um para cada matéria), fls.431/432 e fls.505/506, que deram seguimento ao Recurso Especial da PFN. Em relação à decadência, a Recorrente alega que: conforme DIPJ de fls. 4 a 77, no anocalendário de 2002, a interessada optou pelo regime de tributação do lucro real anual; no caso da pessoa jurídica tributada com base no lucro real anual, a apuração do resultado tributável é efetuada em 31 de dezembro de cada ano ou na data de encerramento de suas atividades, data em que se consuma o fato gerador. Dessa forma, ocorrido o fato gerador em 31/12/2002, o prazo final para a decadência seria o dia 31/12/2007, ainda que aplicada a regra do artigo 150, §4º, do CTN; e, como a ciência do lançamento ocorreu em 21/09/2007, não há que se falar em decadência. O acórdão trazido como paradigma de divergência está assim ementado, na parte que diz respeito ao prazo decadencial: Acórdão nº 10323.091, de 04/07/2007 Fl. 536DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O 4 IRPJ. DECADÊNCIA. FATO GERADOR COMPLEXIVO. Visto ser complexivo o fato gerador do IRPJ calculado com base em apuração anual este somente se aperfeiçoa em 31 de dezembro de cada ano calendário, iniciandose a contagem do prazo decadencial a partir do anocalendário subseqüente. Argúi a Recorrente que, mesmo restando não caracterizada a divergência jurisprudencial com o citado paradigma, em outro paradigma da Colenda 3ª Câmara do Egrégio do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, restou fixado que a regra decadencial a ser seguida não é a do artigo 150, § 4º, do CTN, mas sim a do artigo 173, inciso I, do CTN, no caso de ausência de pagamento do tributo. Traz à colação o acórdão nº 10320.952 de 19/06/2002, assim ementado, na parte que diz respeito ao prazo decadencial: IRPJ LUCRO PRESUMIDO AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO DECADÊNCIA Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4°, do CNT), todavia, quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN. Finalmente, a Recorrente conclui que, diferentemente do entendimento do acórdão ora recorrido, de acordo com o acórdão paradigma, não havendo pagamento do tributo (como no caso em tela), a regra a ser invocada no tocante à questão da decadência é a do artigo 173, inciso I, do CTN e não a do artigo 150, § 4º, do CTN. Em relação ao desagravamento da multa de ofício (de 112% para 75%), a Recorrente discorda do entendimento consignado no acórdão recorrido de que o fato de a autuada não ter apresentado os documentos, sob alegação de não ter conseguido obtêlos, é motivo de desclassificação da escrita, mas não para agravar a multa. Argúi que tal entendimento diverge da decisão proferida no Acórdão nº 108 09.635, de 25/06/2008, da Colenda 8ª Câmara do Egrégio 1º Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, assim ementado, na parte que diz respeito ao agravamento da multa: CONDUTA DOLOSA INTUITO DE FRAUDE MULTA QUALIFICADA Inequívoca a intenção dolosa da Recorrente, com vistas a fraudar o Fisco, o qual apura a ocorrência diversas operações realizadas e, em contrapartida, a ausência de registro das receitas auferidas, especialmente diante da afirma do contribuinte de que entregou suas declarações com a informação "sem movimento" porque ficou impossibilitada de apresentar as DCTF e DIPJ obrigatórias em razão do extravio de seus documentos contábeis. Manutenção da multa qualificada conforme determina o art. 44, inciso II, da Lei n° 9430/96. NÃO ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES AGRAVAMENTO DA MULTA PROCEDÊNCIA. O não atendimento às várias intimações encaminhadas pela fiscalização justifica o agravamento da multa para 225%, nos termos do art. o art. 44, §2º, da Lei nº 9430/96. Não prospera a reles alegação, desacompanhada de provas, de que seus documentos contábeis foram extraviados. Cientificada do seguimento do Recurso Especial, eletronicamente, por decurso de prazo em 12/06/2014, a empresa interessada apresentou contrarrazões em 11/06/2014, em que defende os mesmos fundamentos do acórdão recorrido, tanto em relação à decadência relativa aos dois primeiros trimestres do ano calendário de 2002, quanto ao Fl. 537DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O Processo nº 18471.001082/200711 Acórdão n.º 9101002.233 CSRFT1 Fl. 536 5 desagravamento da multa lançada de ofício, ressaltando o entendimento do CARF constante da Súmula nº 96, verbis: A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros. Finalmente a empresa recorrida requer que não se conheça do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. É o relatório. Fl. 538DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O 6 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. O Recurso Especial, interposto pelo procurador da Fazenda Nacional, é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Conforme relatado, a Recorrente alega que a decisão recorrida diverge da decisão proferida no Acórdão nº 10320.952, 19/06/2002, pois, enquanto no acórdão recorrido entendeuse que o termo inicial para a contagem da decadência é a data de ocorrência do fato gerador do períodobase do arbitramento, ou seja, o ultimo dia de cada trimestre, sem a ressalva da inexistência de pagamento do tributo, no acórdão paradigma, restou fixado que a regra decadencial a ser seguida não é a do artigo 150, § 4º, do CTN, mas, sim, a do artigo 173, inciso I, do CTN, no caso de ausência de pagamento do tributo. De fato, acertada a tese de que, em não havendo pagamento antecipado, descabe a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, vez que não há pagamento a ser homologado, pois não há o que a administração tributária homologar. Não consta dos autos que houve pagamento do IRPJ ou da CSLL relativo ao ano calendário de 2002. A DIPJ/2003 (fls.10/19) também demonstra que não houve apuração de IRPJ e CSLL, haja vista a inexistência de lucro real e base de cálculo negativa mensal e anual relativos ao mencionado ano calendário. Desse modo, a regra da contagem do prazo decadencial aplicável deve ser a regra geral do art. 173, inciso I, do CTN; iniciandose, por conseguinte, a contagem do prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do que já vem decidindo o Superior Tribunal de Justiça – STJ, conforme ementa que ora colaciono: TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. 1. No lançamento por homologação, o contribuinte, ou o responsável tributário, deve realizar o pagamento antecipado do tributo antes de qualquer procedimento administrativo, ficando a extinção do crédito condicionada à futura homologação expressa ou tácita pela autoridade fiscal competente. Havendo pagamento antecipado, o Fisco dispõe do prazo decadencial de cinco anos, a contar do fato gerador, para homologar o que foi pago ou lançar a diferença acaso existente (art.150, § 4º, do CTN). 2. Se não houve pagamento antecipado pelo contribuinte, não há o que homologar, nem se pode falar em lançamento por homologação. Surge a figura do lançamento direto substitutivo, previsto no art. 149, V, do CTN, cujo prazo decadencial se rege pela regra geral do art. 173, I, do CTN: cinco anos a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o pagamento antecipado deveria ter sido realizado. 3. A tese segundo a qual a regra do art. 150, § 4º, do CTN deve ser aplicada cumulativamente com a do art. 173, I, do CTN, resultando em prazo decadencial de dez anos, já não encontra guarida nesta Corte. Fl. 539DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O Processo nº 18471.001082/200711 Acórdão n.º 9101002.233 CSRFT1 Fl. 537 7 Precedentes. 4. Recurso especial do autor provido, prejudicado o da municipalidade. (REsp 1024092/SC, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 07.08.2008, DJe 04.09.2008) (Grifei) A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº 973.733/SC, submetido ao regime do artigo 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008, ou seja, com efeito repetitivo, firmou o seguinte entendimento em relação à questão da decadência, que põe fim à tese de que o que importa é o regime de lançamento do tributo: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008). Essa interpretação deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, conforme determina o § 2º do art. 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015: As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. De acordo com o STJ, devese aplicar o artigo 173, I, do CTN, quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste declaração prévia do débito capaz de constituir o crédito tributário. No caso em comento, os lançamentos do IRPJ e da CSLL (fls.138/154) dizem respeito a fatos geradores ocorridos nos trimestres findos em 31/03/2002, 30/06/2002, 30/09/2002 e 31/12/2002, e a ciência dos autos de infração ocorreu em 21/09/2007. Na DIRPJ/2003 do anocalendário de 2002, fls. 10/19, consta que não foi apurado imposto ou contribuição a pagar. Fl. 540DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O 8 Logo, tal como alega a Fazenda Nacional, entendo que a contagem do prazo decadencial para o Fisco promover o lançamento se iniciou em 1º de janeiro de 2003, porque o lançamento em relação aos 03 (três) primeiros trimestres de 2002 poderia ter ocorrido ainda em 2002, já que a apuração pelo arbitramento é trimestral. Portanto, iniciado o prazo em 1º de janeiro de 2003, temse que o Fisco poderia efetuar o lançamento relativo aos fatos geradores ocorridos em 31/03/2002 e 30/06/2002 até 31/12/2008. Tendo ocorrido a ciência dos autos de infração em 21/09/2007, descabe falar em decadência do direito do Fisco para efetuar o lançamento em relação aos mencionados trimestres. Nesse passo, tem razão a Fazenda Nacional, no sentido de restabelecer as exigências que foram exoneradas pela decisão recorrida, ou seja, fatos geradores ocorridos em 31/03/2002 e 30/06/2002. Em relação ao desagravamento da multa de ofício (de 112,5% para 75%), a Recorrente discorda do entendimento expendido no acórdão recorrido de que o fato de a autuada não ter apresentado os documentos, sob alegação de não ter conseguido obtêlos, é motivo de desclassificação da escrita, mas não para agravar a multa de ofício. No entendimento da Recorrente e no acórdão trazido como paradigma de divergência, o não atendimento às várias intimações encaminhadas pela fiscalização justifica o agravamento da multa para 112,5%. O voto condutor do acórdão recorrido adotou os seguintes fundamentos para o desagravamento da multa (fl.291): No que respeita ao agravamento da multa, razão cabe ao contribuinte. De fato, o dispositivo legal indicado no auto de infração como fundamento para o agravamento da multa tem a seguinte dicção: Se o contribuinte não atender, no prazo marcado, à intimação para prestar esclarecimentos, as multas a que se referem os incisos I e II do caput passarão a ser de cento e doze inteiros e cinco décimos por cento e de duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente. Como se viu do relatório, o contribuinte não deixou de atender às intimações para prestar esclarecimentos, O fato de não ter apresentado os documentos, sob alegação de não ter conseguido obtêlos, é motivo de desclassificação da escrita, o que, de fato, foi feito. Para melhor clarificar a matéria transcrevese, a seguir, a legislação que rege a aplicação da multa de ofício, verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) a) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar Fl. 541DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O Processo nº 18471.001082/200711 Acórdão n.º 9101002.233 CSRFT1 Fl. 538 9 na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) (...) § 2º Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput o § 1º deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea “a” pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea “b” com nova redação pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea “c” com nova redação pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) (GRIFEI) Da redação do artigo transcrito, notase que a lei pretendeu restringir os casos para agravamento da penalidade elegendo as três hipóteses dispostas nos incisos "I", "II" e "III" do artigo 44, §2°, da Lei nº 9430/96. Os autos não tratam das situações descritas nos incisos "II" e "III", compreendidos como rol taxativo de documentos que, se não entregues no prazo estipulado na intimação, autorizam o agravamento. Quanto à prestação de esclarecimento prevista no inciso "I" do artigo transcrito, temse que o conhecimento do fato é pressuposto para que sobre ele sejam prestados esclarecimentos, o que não se confunde com a entrega de livros e documentos fiscais e contábeis necessários ao procedimento fiscal e sua falta suficiente ao arbitramento dos lucros. O entendimento no acórdão recorrido é que não justifica o agravamento da multa de ofício, porque o contribuinte não deixou de atender às intimações para prestar esclarecimentos, e sim deixou de apresentar os livros e documentos da sua escrituração, sob alegação de não ter conseguido obtêlos, motivo que levou à desclassificação da escrita e consequente arbitramento dos lucros. Conforme explicitado acima, inferese do inciso I do § 2º do art.44 da Lei nº 9.430/96 que o agravamento da multa de ofício tem cabimento quando o sujeito passivo não Fl. 542DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O 10 atende, no prazo marcado, à intimação para prestar esclarecimentos; que, à obviedade, devem guardar relação com a matéria apurada pela fiscalização, em contraste com o pagamento a menor ou com a declaração, inexata ou inexistente, com ela incompatível. No caso dos autos, a fiscalizada deixou de apresentar às autoridades fiscais os livros e documentos da sua escrituração, razão pela qual se deu o arbitramento dos lucros. Dos dispositivos do art. 44 da Lei nº 9.430/1996 depreendese que não se impõe penalidade para o fato de o contribuinte deixar de apresentar os livros fiscais e contábeis e documentos da sua escrituração, pois o §2° do citado art.44 é exaustivo e não permite a interpretação extensiva pelo aplicador da lei, já que estabelece uma penalidade. Partilho do entendimento dos que laboram na tese de que, nos casos em que se adota o regime de tributação com base no lucro arbitrado, tornase incabível o agravamento da multa de ofício de 75% para 112,5% (que é o caso), ou de 150% para 225% quando o contribuinte não exibe, à fiscalização, os livros comerciais e fiscais e que foi motivo para o arbitramento do lucro pela autoridade lançadora. (Precedente nos Acórdãos nº 10194.147, em 19/03/2003 (DOU 03/06/2003), e nº 10194.444, em 03/12/2003 (DOU 18/03/2004). Sendo o caso dos presentes autos, resta afastado o agravamento da multa de ofício aplicada; reduzindoa, portanto, de 112,5% para 75%, inclusive com supedâneo na Súmula CARF nº 96, verbis: Súmula CARF nº 96: A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros. Por todo o exposto, voto no sentido de DAR provimento PARCIAL ao Recurso Especial do procurador da Fazenda Nacional da seguinte forma: DANDO provimento quanto à decadência, mas NEGANDO provimento quanto ao agravamento da multa de ofício. É como voto. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator Fl. 543DF CARF MF Impresso em 14/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRET O
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Numero do processo: 10315.900416/2011-09
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Sep 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PREMISSA FÁTICA EQUIVOCADA. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA.
Nula a decisão que adota como premissa fática produto final diferente daquele objeto do direito creditório pleiteado.
Ao considerar que o contribuinte é produtor de livros, ao invés de água mineral, a decisão recorrida contém vício material insanável, devendo haver novo julgamento que considere os fatos efetivamente ocorridos, sob pena de se configurar cerceamento de defesa.
Decisão de primeira instância anulada.
Numero da decisão: 3802-004.072
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância, para que nova seja proferida saneando o vício cometido.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015).
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Mercia Helena Trajano Damorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco José Barros Rios e Solon Sehn.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PREMISSA FÁTICA EQUIVOCADA. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. Nula a decisão que adota como premissa fática produto final diferente daquele objeto do direito creditório pleiteado. Ao considerar que o contribuinte é produtor de livros, ao invés de água mineral, a decisão recorrida contém vício material insanável, devendo haver novo julgamento que considere os fatos efetivamente ocorridos, sob pena de se configurar cerceamento de defesa. Decisão de primeira instância anulada.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância, para que nova seja proferida saneando o vício cometido. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Mercia Helena Trajano Damorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco José Barros Rios e Solon Sehn.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1797; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 341 1 340 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10315.900416/201109 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3802004.072 – 2ª Turma Especial Sessão de 24 de fevereiro de 2015 Matéria IPI RESSARCIMENTO Recorrente SAO GERALDO AGUAS MINERAIS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PREMISSA FÁTICA EQUIVOCADA. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. Nula a decisão que adota como premissa fática produto final diferente daquele objeto do direito creditório pleiteado. Ao considerar que o contribuinte é produtor de livros, ao invés de água mineral, a decisão recorrida contém vício material insanável, devendo haver novo julgamento que considere os fatos efetivamente ocorridos, sob pena de se configurar cerceamento de defesa. Decisão de primeira instância anulada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância, para que nova seja proferida saneando o vício cometido. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 5. 90 04 16 /2 01 1- 09 Fl. 341DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Mercia Helena Trajano Damorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco José Barros Rios e Solon Sehn. Relatório Preliminarmente, ressaltase que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc (fl. 340), para formalização do respectivo Acórdão, considerando o resultado do julgado, conforme o constante da ATA da respectiva sessão de julgamento. O contribuinte SÃO GERALDO ÁGUAS MINERAIS LTDA. interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 1442.407, proferido em primeira instância pela 2ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto/SP, que não acolheu sua Manifestação de Inconformidade, na qual afirma ter direito a ressarcimento de IPI nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999. Por bem explicitar as questões de fato pertinentes ao caso, adotase o quanto consta da Informação Fiscal apresentada pela SARAC de Fortaleza/CE (fls. 4/16): (...) 2 – DO OBJETO SOCIAL No ato constitutivo original da São Geraldo Águas Minerais Ltda, datado de 13/01/1995, consta como objetivo social a extração, beneficiamento e comercialização de bens minerais. Através do 6.° Aditivo contratual datado de 01/06/2009, o objeto social foi alterado para: Extração, Engarrafamento e Gaseificação de Águas Minerais. 3 – DOS PRODUTOS FABRICADOS No item 2 da Descrição do Processo Produtivo apresentado a fiscalização, a São Geraldo Águas Minerais Ltda indica a fabricação dos seguintes produtos:ProdutoRegistro MS Código de Barra Garrafão 20L6.0980.000200137898193940202 Garrafão 10L6.0980.000200137898193940103 Garrafas 500 ML6.0980.000200137898193940226 Garrafas 1.500 ML 6.0980.000200137898193940219 No subitem 2.1, a fiscalizada enquadra os produtos por ela fabricados no Código NCM 2201.10.00 EX 01 e EX 02, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – TIPI. Os rótulos dos produtos fabricados pela São Geraldo Águas Minerais Ltda, as cópias das Notas Fiscais de Vendas mais relevantes dos meses de outubro, novembro e dezembro do ano de 2006, bem como as informações colhidas nos livros fiscais e nos arquivos digitais de notas fiscais (Convênio 57/95 – SINTEGRA) apresentados mediante autenticação através do Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais, referentes aos anos de 2007, 2008, 2009, demonstram que a citada empresa atua na fabricação e comercialização de ÁGUA Fl. 342DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10315.900416/201109 Acórdão n.º 3802004.072 S3TE02 Fl. 342 3 MINERAL NATURAL (SEM GÁS), conforme definido no item 2.1 do Anexo do Regulamento Técnico para Águas Envasadas e Gelo, aprovado pela Resolução RDC N.° 274, de 22 de setembro de 2005, da ANVISA. (...)Temos, portanto, que a São Geraldo Águas Minerais Ltda não pode se creditar do IPI referente a aquisição de matéria prima, produto intermediário e material de embalagem empregados na industrialização de ÁGUA MINERAL NATURAL (SEM GÁS), tendo em vista que tal produto além de ser classificado como nãotributável (NT) impede o enquadramento da fiscalizada como “estabelecimento industrial” para estas operações, ficando impossibilitada de utilizar eventual saldo credor do IPI nas formas previstas no Art.73 e Art.74 da Lei N.° 9.430/96. (...) (grifo nosso). Referida Informação Fiscal embasou o Despacho Decisório, nos termos abaixo (fls. 247/248): "(...) 1. Em ação fiscal realizada em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal n.° 03.1.02.002011003620, deuse reclassi ficação e glosa de diversos créditos apresentados para ressarcimento, tendo como fundamento a utilização de matéria prima. Produto intermediário e material de embalagem, que geraram os supostos créditos de IPI, na fabricação de produtos não tributáveis. 2. Como os produtos classificados como nãotributáveis (NT) não podem gerar créditos do IPI, por força do Art.164, inciso I e Art.190, § 1.° do Decreto n.° 4.544, de 26 de dezembro de 2002 e do Art.226, inciso I e Art.251, § 1.° do Decreto n.° 7.212, de 15 de junho de 2010, a fabricação de ÁGUA MINERAL NATURAL (SEM GÁS) impede a utilização de eventual saldo credor do IPI nas formas previstas no Art.73 e Art.74 da Lei N.° 9.430/96, conforme Art.2.°, inciso I do Ato Dec laratório Interpretativo SRF N.° 5, de 17 de abril de 2006. 3. Verificouse também que os insumos adquiridos e os produtos fabricados são os mesmos durante os anos de 2006, 2007, 2008 e 2009, conforme Livro de Registro de Inventário, cópias das Notas Fiscais e planilhas, ANEXO I E ANEXO II, confeccionadas com base nos Arquivos Digitais de Notas Fiscais(Convênio 57/95 – SINTEGRA). 4. Assim, lavrouse representação propondo o não reconhecimento da legitimidade dos créditos básicos de IPI e a nãohomologação das compensações realizadas com respaldo nestes créditos. 5. Em face do exposto, proponho seja indeferido o pedido de ressarcimento 25442.53779.160208.1.5.016020 e considerando nãohomologada a compensação declarada no documento 37275.32671.160208.1.3.019784. Fl. 343DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 Indeferida a manifestação de inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a procedência do crédito tributário na forma da ementa que segue: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 RESSARCIMENTO. FABRICAÇÃO DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999, do saldo credor de IPI decorrente da aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados na industrialização de produtos, isentos ou tributados à alíquota zero, não alcança os insumos empregados em mercadorias nãotributadas (N/T) pelo imposto. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada acerca da decisão exarada pela 2ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto – DRJ/RPO, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual requer (i) o processamento do recurso sem efetivação de depósito recursal ou arrolamento de bens; (ii) da adequada interpretação ao art. 11, da Lei nº 9.779/99, diante do princípio da não cumulatividade do IPI; (iii) da contrariedade da dita norma regulamentar aos princípios da isonomia e da seletividade; ilegalidade e inconstitucionalidade do art. 254 do RIPI/2.010, da IN SRF 33/99 e do ADI 05/2006; e, por fim, (iv) o consequente reconhecimento do direito creditório pleiteado. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, redator ad hoc designado para formalizar a decisão (fl. 340), uma vez que o Conselheiro Relator Bruno Maurício Macedo Curi, não mais compõe este colegiado e que a respectiva Turma Especial foi extinta, retratando hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. Ressalvado o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros processos nessa mesma situação tratamento diverso. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso Voluntário e passo à análise de apenas parte das razões recursais. De início friso que o relatório da DRJ contém erro quanto às premissas fáticas, pois aduz serem os produtos finais do Recorrente tratarse de livros. Segue transcrito abaixo o sucinto relatório: Fl. 344DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10315.900416/201109 Acórdão n.º 3802004.072 S3TE02 Fl. 343 5 "(...) O interessado em epígrafe pediu o ressarcimento do saldo credor do IPI, apurado no período em destaque, para ser utilizado na compensação dos débitos que declarou. A autoridade competente indeferiu o pedido em razão dos produtos, que a empresa produz e comercializa, serem livros classificados como NT (não tributado) na TIPI. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, encaminhada pelo órgão de origem como tempestiva, na qual alegou, em suma, que tem direito ao ressarcimento por força do princípio da nãocumulatividade previsto no artigo 153,§3º, II, da Constituição Federal e que o direito pleiteado encontra amparo na Lei nº 9.779, de 1999, art. 11, conforme doutrina e julgados que cita. (grifei) O Recurso Voluntário não suscita esse vício, e a rigor a questão de mérito poderia ser facilmente resolvível ante a Súmula CARF nº 20. Veja se: Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Contudo, como se trata de questão de fato, a premissa inicial da DRJ pode ser considerada como tendente a promover cerceamento de defesa – causa de nulidade, nos termos do art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. Esse vício pode levar, portanto, a uma anulação de todo o processo administrativo, desde o julgamento pela DRJ, estendendose todos os demais atos posteriores. E tal pode ser suscitado inclusive judicialmente, nada obstante a conclusão me parecer ser a mesma – pois tanto o livro quanto a água mineral são considerados produtos NT pela legislação. Conclusão Dessa forma, para assegurar a higidez processual e, em última análise, o próprio crédito tributário em si, conheço do Recurso Voluntário e, de ofício, voto pela anulação da decisão recorrida, a fim de que profira novo julgamento considerando o efetivo produto final do Recorrente – água mineral natural (sem gás). Formalizado o voto em razão do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015, subscrevo o presente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator ad hoc. Fl. 345DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 Fl. 346DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/09/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 11/09/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Numero do processo: 18336.000077/2005-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: null
null
Numero da decisão: 3201-002.055
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o advogado Igor Saldanha, OAB/DF nº 20191.
(assinado digitalmente)
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA- Presidente
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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PREFERÊNCIA TARIFÁRIA. CERTIFICADO DE ORIGEM E FATURAS COMERCIAIS. INTERMEDIAÇÃO. PAÍS NÃO SIGNATÁRIO. Apresentadas as razões de fato e de direito que justifiquem eventual erro formal na divergência entre o certificado de origem e a fatura comercial, e demonstrado que o erro não prejudicou a verificação da certificação de origem, deve ser mantida o regime de preferência e redução tarifária previsto no âmbito do Acordo da ALADI. Constam dos autos todas as faturas (originária e do interveniente) o BL e o Certificado de Origem, todos ligados entre si. Recurso a que se dá provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o advogado Igor Saldanha, OAB/DF nº 20191. (assinado digitalmente) CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 33 6. 00 00 77 /2 00 5- 76 Fl. 197DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 18336.000077/200576 Acórdão n.º 3201002.055 S3C2T1 Fl. 198 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza/CE. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Trata o presente processo de exigência do Imposto de Importação e respectivos acréscimos legais, bem como da multa de ofício por falta de recolhimento da multa de mora, perfazendo, na data da autuação, um crédito tributário no valor total de R$ 666.979,06 objeto do Auto de Infração fls. 01/10. Segundo a descrição dos fatos constante do Auto de Infração, a empresa em epígrafe através da Declaração de Importação de nº 00/02631584, registrada em 27/03/2000, pleiteou a redução tarifária da alíquota “ad valorem” de 6% para os produtos classificados no código NCM 2710.00.41, que à época era a alíquota normal vigente para o imposto de importação, para a alíquota reduzida de 1,20 %, prevista no Acordo de Complementação Econômica nº 39 (ACE 39), conforme Decreto de execução nº 3.138, de 16/08/1999, firmado entre Brasil e os seguintes países: Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, (PaísesMembros da Comunidade Andina). Esclarece a Fiscalização, quanto à operação, o seguinte: a) o certificado de origem apresentado para instrução do despacho foi emitido em Caracas, na Venezuela, indica como país de origem da mercadoria, a Venezuela e declara como empresa exportadora a PDVSA PETROLEO Y GAS, S.A; b) a fatura comercial que instruiu o despacho de importação foi a PIFSB 379/2000, pela Petrobras International Finance Company (Pifco) empresa com sede nas Ilhas Cayman, país não membro da ALADI); c) uma terceira empresa, a Petrobras International Finance Company (Pifco) empresa com sede nas Ilhas Cayman, país não membro da ALADI, consta como exportadora conforme a fatura comercial apresentada na instrução do despacho; d) conforme consta no conhecimento de embarque a mercadoria foi embarcada diretamente da Venezuela para o Brasil e recepcionada no Brasil pela Petróleo Brasileiro S.A – PETROBRAS, na qualidade de importador, por conta do endosso que lhe foi conferido pela Pifco, e essa mesma empresa figura como exportadora, de acordo com o declarado pela PETROBRAS; Fl. 198DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 18336.000077/200576 Acórdão n.º 3201002.055 S3C2T1 Fl. 199 3 e) a fatura da Pfico que instruiu a DI somente foi emitida bem após a chegada da mercadoria ao Brasil e bem após o registro da DI, conforme datas discriminadas fl.04; f) diante dos fatos e documentos apresentados, a operação comercial foi analisada à luz da Resolução nº 252, do Comitê de Representantes da ALADI, recepcionada na legislação brasileira através do Decreto nº 3.325/99. Oferece ainda a Fiscalização os seguintes esclarecimentos, fls. 03/05: a) o número da fatura comercial (919341) indicado no campo reservado à declaração de origem diverge da fatura que instruiu a DI. “Para atender as exigências do artigo 9º, esse campo do certificado de origem deveria indicar o número da fatura emitida pela Pfico, ou então, ter sido deixado em branco, caso o número dessa fatura não fosse conhecido quando da emissão do certificado. Nessa situação, o importador deveria ter apresentado a declaração juramentada prevista no citado artigo, o que se tivesse sido o caso concreto, também deixou de ser observado”; b) na verdade, a operação realizada na importação da mercadoria difere da operação prevista no art. 9º do citado acordo, pois de fato a operação original consistiu na venda das mercadorias pela PDVSA PETROLEO Y GAS, S.A à Pfico situada nas Ilhas Cayman, como se observa pela indicação da fatura da PDVSA no Certificado de Origem; Diante dos fatos, a Fiscalização decidiu pela desclassificação do regime aduaneiro de tributação na modalidade redução, retificandoo para regime de tributação integral. Constatou ainda a fiscalização que a autuada não incorporou ao valor tributável da mercadoria, o valor do frete, na data do registro da DI (27/03/2000), fato gerador do Imposto de Importação, realizando posteriormente em 12/05/2000 retificação da referida DI, para incluir o valor do frete, apresentando também DARF pago, fl. 36 no valor total de R$ 2.105,94, sendo R$ 2.058,59 de Imposto de Importação e R$ 47,35 de juros. Ocorre que na data do pagamento do II, em 12/05/00, a DI ainda estava em conferência aduaneira, sendo desembaraçada somente em 17/05/00, estando portanto a autuada sob fiscalização na data do pagamento do II relativo ao frete, fato que ensejou o lançamento da multa de ofício. Em função do constatado, foi lavrado Auto de Infração para cobrança da diferença do Imposto de Importação e acréscimos legais, bem como da multa de ofício por falta de inclusão do frete ao valor aduaneiro. Cientificado do lançamento em 24/01/2005, conforme fl. 01, o contribuinte insurgiuse contra a exigência, apresentando em 17/02/2005 a impugnação de fls. 41/67, nos seguintes termos: Fl. 199DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 18336.000077/200576 Acórdão n.º 3201002.055 S3C2T1 Fl. 200 4 invoca Acórdãos do Egrégio Terceiro Conselho de Contribuintes, cujo resultado em matéria semelhante lhe foi favorável, destacando que os Conselhos de Contribuintes foram concebidos para um escopo especial: orientar a aplicação das leis tributárias no âmbito da SRF e unificarlhes a interpretação para todo o Brasil, assim é “data máxima vênia”, necessário que suas decisões/jurisprudências sejam observadas, para que se mantenham firmes e coerentes em todas as unidades da Secretaria da Receita Federal; argúi que a crise mundial, restrições administrativas impostas na área cambial, a exigência dos prazos para entrega da documentação de importação, as dificuldades na captação de recursos por que passa o país, além de significativas especificidades geopolíticas dessas mercadorias, acarretam limitações aos negócios, inviabilizando alternativas comerciais que superam esses óbices; alega que por interesses vitais da economia do País e para equacionar o significativo rol de contingenciamentos, e como uma das alternativas comerciais, passou a PETROBRAS a comprar o produto, com o prazo necessário, mas uma das subsidiárias paga diretamente ao produtor exportador o preço dessa compra, por ordem da controladora. Concomitantemente a PETROBRAS revende a mercadoria à subsidiária, com tal prazo; e a recompra para pagamento até 180 dias; destaca que a Resolução nº 78 e o Acordo nº 91, não vedaram a compra direta com interveniência posterior de terceiros com finalidade de mera alavancagem financeira, e sem trânsito por outro país; descabe a perda da redução em face da não informação da quantidade, bem como pela emissão de fatura comercial depois do certificado de origem; ressalta que a fatura final, compreende o preço puro e idêntico, constante em ambas as faturas anteriores, acrescido apenas do repasse dos encargos financeiros das linhas de crédito tomadas; a mercadoria, em face da aquisição original, é enviada diretamente do país produtor para o Brasil e, só muito raramente, haverá trânsito por outro país; ressalta a necessidade de realização dessas operações intermediárias pela empresa como forma de alavancagem financeira; reitera que essas operações de intermediação de um terceiro país não colidem com a intenção que presidiu a celebração dos Acordos de redução tarifária, tampouco prejudicam seu enquadramento no regime de origem; o art. 10 da Resolução 78 determina que os países signatários procederão a consultas entre os Governos, sempre e previamente à adoção de medidas que impliquem rejeição do Certificado de Origem, observandose ainda o devido processo legal; Fl. 200DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 18336.000077/200576 Acórdão n.º 3201002.055 S3C2T1 Fl. 201 5 alega que é improsperável a pretensa divergência entre os números constantes do Certificado de Origem e da fatura correspondente; basta observar que o número da fatura comercial que consta no campo referente à declaração de origem, do respectivo certificado, efetivamente NÃO DIVERGE da fatura que instruiu o processo Pfico; em nenhum momento o enquadramento legal citado no auto, faz disposição quanto à perda do direito de redução nestes casos, logo o enquadramento legal não se coaduna com a penalidade imputada à impugnante; afirma que o Auto de infração está eivado de nulidade, por contrariar e negar vigência ao art. 10, inciso IV do Decreto nº 70.235/72, ao não especificar de modo claro o que está sendo cobrado; indaga em atendimento ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, (art. 5º LV da CF/88), qual a disposição legal infringida e a penalidade aplicável, vez que há na mesma autuação Fiscal, enquadramentos legais distintos e divergentes; traz a lume o art. 112 do CTN e conclui que o cerne do auto de Infração reside na impossibilidade material de correlacionar a fatura comercial da Pfico com a da PDVSA, o que não pode prosperar; em observância ao princípio da verdade material, requer a realização de perícia para comprovar se os documentos objeto da presente lide têm a devida adequação ou correlação às importações em questão, apresentando a quesitação às fl.56: Seria correto afirmar que o número da fatura comercial que consta no campo referente à declaração de origem do respectivo certificado, diverge da fatura que instrui o processo Pfico ? Seria correto afirmar que ao observarmos o campo “INVOICE” se vê com clareza a identificação da Fatura Comercial (venezuelana) a que dispõe o d. Fiscal? Seria correto afirmar que a informação que consta no campo “INVOICE”, (fatura 919341) é suficiente para se esclarecer o país de origem e demais dados da origem do produto? Por fim, seria correto afirmar que do certificado de origem se extrai referências suficientes/claras – OBSERVAÇÕES – sobre a participação de um operador de um terceiro país na transação? Com algumas diligências e análise de todos os documentos que compuseram a importação, seria possível afirmar que os produtos importados tem origem efetivamente na Venezuela, e se a mercadoria relacionada nos documentos mencionados no AI são as mesmas? Fl. 201DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 18336.000077/200576 Acórdão n.º 3201002.055 S3C2T1 Fl. 202 6 Ressalta que quanto ao art.16, inciso IV do Decreto nº 70.235/72, podese afirmar que o perito oficial da SRF seria suficiente, e por isso não havia necessidade de nomeação de perito da parte, assim sendo não há como se refutar a apreciação da prova material ora apresentada pela impugnante, em respeito ao princípio do formalismo moderado. Ressalta que, tratandose de importações no interesse do País e sob rigoroso controle do Governo Federal, verificase desarrazoada a autuação, em que pese a erudição de seu signatário; traz à colação respeitável doutrina e jurisprudência administrativa e sintetiza a posição adotada pelo então Conselho de Contribuintes acerca de julgados sobre a matéria em questão ; reitera que há copiosa jurisprudência do então Terceiro Conselho de Contribuintes acatando a tese da defesa e elenca resumidamente os fundamentos utilizados pelo Conselho de Contribuintes em matéria semelhante; requer ainda que seja declarado nulo por ilegalidade, e se caso não seja esse o entendimento, seja cancelado o Auto de Infração por sua manifesta improcedência/insubsistência. O pleito foi deferido em parte, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/FOR no 0816.810 de 15/12/2009, proferida pelos membros da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza/CE, cuja ementa dispõe, verbis: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 27/03/2000 PEDIDO DE PERÍCIA NÃO FORMULADO. Considerase não formulado o pedido de perícia que deixe de atender aos requisitos previstos na legislação de regência. NULIDADE DO LANÇAMENTO. Improcedente a argüição de nulidade do lançamento apontada pela defesa, tendo em vista que a exigência foi formalizada com observância das normas processuais e materiais aplicáveis ao fato em exame. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 12/05/2000 MULTA DE OFÍCIO. INCORPORAÇÃO DO FRETE AO VALOR TRIBUTÁVEL DA MERCADORIA. PAGAMENTO DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO SOB PROCEDIMENTO DE CONFERÊNCIA. Considerase como não impugnada quanto ao mérito, a matéria não expressamente contestada, porém, tendo o impugnante suscitado uma preliminar de nulidade por cerceamento de defesa, a qual abrange todo o feito fiscal, considerase a presente matéria impugnada quanto à preliminar de nulidade, não sendo portanto definitiva a cobrança administrativa do crédito tributário correspondente à matéria não impugnada. Fl. 202DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 18336.000077/200576 Acórdão n.º 3201002.055 S3C2T1 Fl. 203 7 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 12/05/2000 PREFERÊNCIA TARIFÁRIA PREVISTA EM ACORDO INTERNACIONAL. CERTIFICADO DE ORIGEM. É incabível a aplicação de preferência tarifária percentual em caso de divergência entre Certificado de Origem e fatura comercial bem como quando o produto importado é comercializado por terceiro país, sem que tenham sido atendidos os requisitos previstos na legislação de regência. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. O julgamento foi procedente em parte, no sentido de exonerar: o crédito tributário referente ao lançamento da multa de 75%, prevista artigo 44, I, da Lei nº 9.430/96, no valor de R$ 194.291,41. Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, protocolizou o Recurso Voluntário, no qual, basicamente, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. Através da Resolução 320100.176, de 01/10/2010, foi convertido o julgamento em diligência, para que fosse confirmado se a pessoa que tomou ciência da decisão DRJ, era empregado/funcionário da empresa, para fins de comprovação da tempestividade do rv, o que foi atestado. O processo foi redistribuído a esta Conselheira, de forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM, Relator O presente recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razão por que dele tomo conhecimento. Trata de importação através da Declaração de ImportaçãoDl de n° 00/02631584, registrada em 27/03/2000, onde se pleiteou a redução tarifária da alíquota “ad valorem” para os produtos classificados no código NCM 2710.00.41, que à época era a alíquota normal vigente para o imposto de importação, para a alíquota reduzida de 1,20%, prevista no Acordo de Complementação Econômica nº 39 (ACE 39), conforme Decreto de execução nº 3.138, de 16/08/1999, firmado entre Brasil e os seguintes países: Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, (PaísesMembros da Comunidade Andina). O julgamento da decisão a quo foi no sentido de julgar procedente em parte o lançamento para exonerar a quantia já relatada. Fl. 203DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 18336.000077/200576 Acórdão n.º 3201002.055 S3C2T1 Fl. 204 8 Registrese que o Certificado de Origem (efl.27) indica como País exportador a Venezuela, fazendo referência expressa à mercadoria acobertada (gasolina) pela fatura comercial de nº 919341, que teria sido emitida naquele país. A fatura apresentada pelo importador, como documento de instrução da DI, foi a Pifco – fatura nº PIFSB379/2000, anexada à efl. 26 emitida pela empresa PETROBRAS INTERNATIONAL FINANCE COMPANY PIFCO, localizada nas Ilhas Cayman, país não signatário do ACE 39, estando referida empresa qualificada na respectiva DI como exportadora. Constam dos autos todas as faturas (originária e do interveniente) o BL e o Certificado de Origem, todos ligados entre si. No caso concreto, verificase que a Recorrente justificou, em sua defesa, a operação de triangulação comercial, na qual interpõe entre si e a PDVSA Petroleo y Gás, S.A. (PDVSA), a Petrobrás International Finance Company (Pifco), sendo essa a razão pela qual as invoices mencionadas no certificado de origem eram emitida pela PDVSA contra a Pifco, e não contra a Recorrente. A Pifco figurava como agente pagador da Recorrente, mas o destino das mercadorias sempre foi o Brasil, uma vez que a recorrente era a destinatária da gasolina adquirida na Venezuela. Argumenta a recorrente que essa triangulação comercial é uma operação realizada rotineiramente por vários atores do comércio internacional, não havendo qualquer ilegalidade na referida prática. A questão que se põe, é se deve se sobrepor a verdade material quanto à origem da mercadoria importada, uma vez que esta não foi questionada, tendo sido negado o benefício da preferência tarifária, tendo em vista que o número da fatura comercial (919341) indicado no campo reservado à declaração de origem diverge da fatura comercial que instruiu a DI, logo, às alegações fáticas da recorrente, e sendo o único fundamento para o lançamento a constatação de erros formais em certificado de origem decorrente da triangulação comercial por ela realizada, ou seja, divergência entre o certificado de origem e a fatura comercial, e demonstrado que o erro não prejudicou a verificação da certificação de origem, deve ser mantida o regime de preferência e redução tarifária previsto no Acordo no âmbito da ALADI; dessa maneira, não há como prosperar o lançamento ora combatido. Na mesma linha de entendimento, cabe destacar a matéria apreciada na Câmara Superior de Recursos Fiscais, decidindo pela manutenção do benefício apesar da existência de erros formais, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 16/07/2001 CERTIFICADO DE ORIGEM. REDUÇÃO Apresentadas as razões de fato e de direito que justifiquem eventual erro formal na divergência entre o certificado de origem e a fatura comercial, e demonstrado que o erro não prejudicou a verificação da certificação de origem, deve ser mantida o regime de preferência e redução tarifária previsto no Acordo do Mercosul. (Acórdão nº 9303001.812, Rel. Cons. Rodrigo Cardozo Miranda, Sessão de 31/01/2012) Há várias outras decisões no mesmo sentido, como: Fl. 204DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA Processo nº 18336.000077/200576 Acórdão n.º 3201002.055 S3C2T1 Fl. 205 9 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 21/11/2000 CERTIFICADO DE ORIGEM. REDUÇÃO. Apresentadas as razões de fato e de direito que justifiquem eventual erro formal na divergência entre o certificado de origem e a fatura comercial, e demonstrado que o erro não prejudicou a verificação da certificação de origem, deve ser mantida o regime de preferência e redução tarifária previsto no Acordo do Mercosul. (Acórdão de n° 3201001.923, de 19/03/2015, de relatoria de Daniel Mariz Gudiño) Dessa forma, voto por dar provimento ao presente recurso voluntário, para cancelar a exigência fiscal. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM Fl. 205DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 4/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por CHARLES MAYER D E CASTRO SOUZA
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Numero do processo: 16643.000338/2010-16
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 02 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PRL-60. ADOÇÃO OBRIGATÓRIA. IMPORTAÇÃO DE COMPRIMIDOS A GRANEL. BLISTERIZAÇÃO. PROCESSO DE PRODUÇÃO. O processo de blisterização e a embalagem em caixas de papelão dos medicamentos importados a granel para venda no mercado interno constitui-se em uma última etapa do processo de produção, agregando valor ao produto e vinculando a apuração do ajuste de preço de transferência ao método PRL-60, em detrimento do método PRL-20, utilizável apenas e tão somente nos casos de simples revenda da mercadoria importada.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9101-002.198
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, pelo voto de qualidade, dar provimento ao Recurso, com retorno dos autos à Câmara a quo, para análise das demais questões não apreciadas pelo acórdão recorrido, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Daniele Souto Rodrigues Amadio (Suplente Convocada) que negavam provimento ao recurso. O Conselheiro Luís Flávio Neto apresentará declaração de voto.
(Assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente
(Assinado digitalmente)
ADRIANA GOMES RÊGO - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rêgo, Luis Flávio Neto, André Mendes de Moura, Lívia de Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal de Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Daniele Souto Rodrigues Amadio (Suplente Convocada) e Carlos Alberto Freitas Barreto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Maria Teresa Martinez Lopez.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PRL-60. ADOÇÃO OBRIGATÓRIA. IMPORTAÇÃO DE COMPRIMIDOS A GRANEL. BLISTERIZAÇÃO. PROCESSO DE PRODUÇÃO. O processo de blisterização e a embalagem em caixas de papelão dos medicamentos importados a granel para venda no mercado interno constitui-se em uma última etapa do processo de produção, agregando valor ao produto e vinculando a apuração do ajuste de preço de transferência ao método PRL-60, em detrimento do método PRL-20, utilizável apenas e tão somente nos casos de simples revenda da mercadoria importada. Recurso Especial do Procurador Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, pelo voto de qualidade, dar provimento ao Recurso, com retorno dos autos à Câmara a quo, para análise das demais questões não apreciadas pelo acórdão recorrido, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Daniele Souto Rodrigues Amadio (Suplente Convocada) que negavam provimento ao recurso. O Conselheiro Luís Flávio Neto apresentará declaração de voto. (Assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente (Assinado digitalmente) ADRIANA GOMES RÊGO - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rêgo, Luis Flávio Neto, André Mendes de Moura, Lívia de Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal de Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Daniele Souto Rodrigues Amadio (Suplente Convocada) e Carlos Alberto Freitas Barreto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Maria Teresa Martinez Lopez.
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PRL60. ADOÇÃO OBRIGATÓRIA. IMPORTAÇÃO DE COMPRIMIDOS A GRANEL. BLISTERIZAÇÃO. PROCESSO DE PRODUÇÃO. O processo de blisterização e a embalagem em caixas de papelão dos medicamentos importados a granel para venda no mercado interno constituise em uma última etapa do processo de produção, agregando valor ao produto e vinculando a apuração do ajuste de preço de transferência ao método PRL60, em detrimento do método PRL20, utilizável apenas e tão somente nos casos de simples revenda da mercadoria importada. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, pelo voto de qualidade, dar provimento ao Recurso, com retorno dos autos à Câmara a quo, para análise das demais questões não apreciadas pelo acórdão recorrido, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Daniele Souto Rodrigues Amadio (Suplente Convocada) que negavam provimento ao recurso. O Conselheiro Luís Flávio Neto apresentará declaração de voto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 64 3. 00 03 38 /2 01 0- 16 Fl. 2155DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.156 2 (Assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente (Assinado digitalmente) ADRIANA GOMES RÊGO Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rêgo, Luis Flávio Neto, André Mendes de Moura, Lívia de Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal de Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Daniele Souto Rodrigues Amadio (Suplente Convocada) e Carlos Alberto Freitas Barreto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Maria Teresa Martinez Lopez. Relatório A FAZENDA NACIONAL recorre a este Colegiado, por meio do Recurso Especial de efls. 2076/2108, contra o Acórdão nº 1301000.995, de 07 de agosto de 2012, e fls. 2026/2038, que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário, nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PRL20. IMPORTAÇÃO DE COMPRIMIDOS A GRANEL. BLISTERIZAÇÃO. EXIGÊNCIAS PARA A COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS. Conforme se verifica da análise dos elementos contidos nos autos, o simples processo de “blisterização” não se caracteriza como específico processo de “produção” a descaracterizar a possibilidade de aplicação do critério do PRL20 de que tratavam as disposições originárias do Art. 18, inciso II, alínea d, item 2 da Lei 9.430/96. Tal procedimento, conforme se verifica, é exigência para a comercialização do produto importado no mercado interno, não compreendendo, dessa forma, qualquer ato de aplicação do produto importado na produção. O recurso tem seu fundamento art. 7º, inciso II, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, tendo a recorrente apresentando como acórdão paradigma o de nº 130200.915, proferido em 10/04/2012, pela 2ª Turma da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2002 DECADÊNCIA IRPJ E CSLL – ANO CALENDÁRIO DE 2002 – O fato gerador de IRPJ e CSLL é o lucro real anual e conclui Fl. 2156DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.157 3 se em 31122002, operandose a decadência apenas a partir de 31122007. DIVERGÊNCIA NA ADIÇÃO DE PREÇO DE TRANSFERÊNCIA – ÔNUS DA PROVA – A autoridade fiscal analisou os suportes analíticos apresentados pela contribuinte e notou insuficiência na adição voluntária de preço de transferência por ela efetuada. A contribuinte nega esse erro, mas não traz quaisquer outros documentos ou suportes que possam infirmar os controles verificados em sede de fiscalização. O ônus da prova cabe à contribuinte que dele não se desincumbiu. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA MÉTODO DE PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO – PRL – PRODUTOS IMPORTADOS A GRANEL ACONDICIONAMENTO E EMBALAGEM – O acondicionamento dos medicamentos importados a granel em embalagens para venda no mercado interno altera a apresentação do produto e caracteriza processo de industrialização que agrega valor ao produto final, impondo se o ajuste no preço de transferência utilizandose a margem de lucro de 60%, quando for adotado o método de Preço de Revenda Menos Lucro (PRL60%). PREÇO DE TRANSFERÊNCIA – PRL 60% IN SRF 243/02 – ILEGALIDADE –A IN 243/02 buscou interpretar a Lei, porém excedeu seus limites ao presumir, sem autorização legal ou suporte fático, o valor agregado no Brasil por uma regra de proporcionalidade. Para não resultar em ajuste, tal valor teria que ser no mínimo custo incorrido no Brasil agregado à margem de 150% (60% do preço). As margens fixas determinadas pela Lei 9.430/96 aplicamse apenas aos custos importados de determinadas partes ou aos respectivos preços de revenda, não aos custos ou preços de itens nacionais e nem à margem ou ao valor agregado no Brasil. A IN 243/02 não está de acordo nem com o texto ou com o contexto da Lei. A Fazenda Nacional suscita divergência de interpretação da legislação tributária haja vista que o acórdão recorrido entendeu ser o método PRL20 aplicável para o ajuste de preços de transferência no caso de acondicionamento e embalagem de produtos adquiridos a granel. Já o acórdão colacionado como paradigma traz o entendimento de que em casos tais, ocorre efetivamente uma industrialização sobre o produto e, nesse caso, o método PRL60 deve ser aplicado para a determinação do ajuste a ser feito. Discorre, também, a Procuradoria, a respeito da estrita legalidade e aplicabilidade ao presente caso da Instrução Normativa SRF nº 243/2002, no que diz respeito à metodologia de cálculo do preço parâmetro pelo método PRL60. Também discorre a respeito da inclusão dos custos com frete, seguros e impostos incidentes na importação no valor efetivamente pago pela mercadoria importada para efeito de determinar o custo da operação controlada (ou o “preço praticado”). Defende que tais custos sejam considerados para efeito de aferição da dedutibilidade. Por fim, defende também a aplicação de juros sobre a multa de ofício e requer, seja dado provimento integral ao recurso, “para reformar o acórdão recorrido no ponto em que considerou adequado o cancelamento do auto de infração no tocante à utilização do método PRL pela contribuinte”. Fl. 2157DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.158 4 O recurso foi admitido por meio do Despacho do Presidente da 3ª Câmara, 1ª Seção de Julgamento, de 22 de julho de 2014, efls. 2.110/2.113, havendo a Interessada apresentado as Contrarrazões de efls. 2.119/2.151, por meio das quais, em síntese, aduz: · Preliminarmente, propugna pelo não conhecimento do recurso especial, ou o seu conhecimento apenas de forma parcial, pelo fato deste não ter demonstrado o dissídio jurisprudencial em relação a alguns tópicos destacados, mormente os que versam sobre a aplicabilidade da IN SRF 243/2002, o cômputo dos custos relativos ao frete, seguro e impostos incidentes na importação para efeito de dedutibilidade, conforme o disposto no art. 18, § 6º, da Lei 9.430/96 e a legalidade da incidência de juros sobre a multa de ofício; · No mérito, em primeiro lugar, pelo cabimento da adoção do método PRL 20 defende que o simples procedimento de acondicionamento do produto no Brasil, sem qualquer processo de transformação ou alteração em suas características originais, não configura produção, razão pela qual se aplica o método PRL20; o conceito de produção previsto na Lei 9.430/96 não guarda qualquer vínculo com o conceito de industrialização previsto no Regulamento do IPI, sendo, portanto, conceitos distintos; os bens importados em questão não são aplicados em processo produtivo, na medida que a etapa que precede a sua revenda consiste em simples acondicionamento, não havendo qualquer alteração em relação à identidade original dos referidos produtos; · Ainda no mérito, propugna a interessada que é incabível a adoção da metodologia prevista na IN SRF 243/02 para o cálculo do PRL60, haja vista que tal procedimento vai de encontro ao estabelecido pela Lei nº 9.430/96, sendo, portanto, ilegal; · Por último, em se entendendo aplicável o método PRL60, conforme a metodologia constante da IN SRF 243/02, os custos incorridos com frete, seguro e impostos incidentes na importação devem ser neutros para efeitos de preço de transferência, devendo ser excluídos do preço parâmetro. Pelos motivos acima elencados, requer a Interessada seja negado provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rego, Relatora O recurso é tempestivo mas como teve a sua admissibilidade questionada pela recorrida, faço algumas considerações. Trouxe a recorrente, Fazenda Nacional, apenas um dissídio jurisprudencial para justificar a propositura do presente recurso. O referido Acórdão, proferido pela 2ª Turma Fl. 2158DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.159 5 da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, em 10/04/2012, recebendo o nº 1302 00.915, decidiu de forma diametralmente oposta ao acórdão recorrido, pelo menos no que tange à aplicabilidade do método PRL60 para o ajuste de preços de transferência no caso de acondicionamento e embalagem de produtos adquiridos a granel. Coincidentemente, a contribuinte objeto da decisão paradigma também é uma multinacional do ramo farmacêutico, realizando, portanto, a mesma atividade empreendida pela ora recorrida. Assim, correto o despacho de admissibilidade ao receber o recurso especial. Em relação às demais matérias tratadas pela Fazenda Nacional, a Procuradoria não poderia apontar a divergência, porque o acórdão recorrido, ao afastar o método utilizado pela Fiscalização, cancelou o lançamento em sua totalidade, ficando prejudicada as demais matérias. Assim, se o julgamento desta CSRF entender cabível o PRL 60, será necessário devolver à apreciação da Câmara a quo os demais assuntos. Portanto, a discussão objeto deste julgamento cingirseá à aplicabilidade do método PRL20 ou do método PRL60 ao caso tratado. Para contextualizar, destaco que a contribuinte importa medicamentos em forma de comprimidos, que chegam ao país à granel e, por força da legislação brasileira, se obriga a acondicionar o produto, antes de revendêlo localmente, em blísteres e caixas de papelão. Às caixas de remédio ainda são adicionadas as respectivas bulas. A contribuinte, para efeito de apurar eventual ajuste de preços de transferência, aplica aos produtos que importa o método PRL20, enquanto que a fiscalização entende ser obrigatória a adoção do método PRL60. O art. 18 da Lei nº 9.430/96 define o método PRL como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos de alguns valores, dentre eles, a margem de lucro, presumida em 60% na hipótese de bens aplicados à produção. No caso de simples revenda das mercadorias, estabelece a lei que essa presunção é de 20%. O cerne da questão, assim, é determinar se a blisterização dos comprimidos, sua colocação em caixas de papelão e ulterior adição da bula consiste em mais uma etapa do processo produtivo, como defende a Fazenda Nacional, ou se se trata de mero acondicionamento uniforme em quantidades usadas para fins terapêuticos, sem que haja qualquer processo de transformação ou alteração de suas características originais, não configurando produção, como entende a empresa NOVARTIS. Mas qual o conceito de processo produtivo? Processo produtivo, em sentido lato, nada mais é do que a combinação de fatores de produção que proporciona a obtenção de um dado produto final. Num processo produtivo são incorporados fatores que, após sua transformação, levam a um produto final (ou acabado). Saliento que esses conceitos estão à disposição em qualquer manual de engenharia de produção ou de administração de produção, com pequenas alterações nos seus termos. Aprofundando um pouco a temática e me socorrendo na melhor doutrina, posso dizer que “Processo é qualquer atividade que recebe uma entrada (input), agregalhe valor e gera uma saída (output) para um cliente interno ou externo, fazendo uso dos recursos da organização para gerar resultados concretos” (HARRINGTON, H. J. Aperfeiçoando processos empresariais. São Paulo: Makron Books, 1993, p.10). Fl. 2159DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.160 6 Por sua vez, Hammer e Champy (HAMMER, Michael; CHAMPY, James. Reengineering the Corporation. New York; HarperBusiness, 1994, p. 2), afirmam que “um processo é um grupo de atividades realizadas numa sequência lógica com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor para um grupo específico de clientes”. Com efeito, o conceito de produção equivale ao de fabricação ou industrialização. Já o conceito de industrialização, de longa data, está consignado no Regulamento do IPI, encontrando seu fundamento nas Leis nº 5.172/1966 (CTN) e nº 4.502/1964. Segundo esse conceito, utilizado aqui de forma subsidiária, industrialização é qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, entre elas a que importe em alterar a apresentação do produto pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento). É o que dispõe o art. 4º do Regulamento do IPI (Decreto nº 7.212/2010 que revogou o Decreto nº 4.502/2002), verbis: Art. 4o Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei nº 5.172, de 1966, art. 46, parágrafo único, e Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único): (...) IV a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou (...) Dos conceitos apontados, extraise que no processo produtivo, ou “produção”, alguns elementos são essenciais: combinação de fatores de produção (capital, trabalho, instrumentos de produção etc.), entradas e saídas (produto final), numa sequência lógica, e agregação de valor. No caso em apreço, a NOVARTIS importa o produto à granel e, localmente, o embala em blísteres e caixas de papelão, sem o que não poderia comercializálo, por força da legislação sanitária brasileira. Ora, se o seu produto só pode ser vendido se for devidamente embalado, resta óbvio que não estamos falando de simples revenda e, por conseguinte, que o procedimento de blisterização e a colocação em caixas de papelão dos comprimidos fazem parte do processo produtivo, constituindo uma última etapa da produção, antes de ser entregue ao respectivo departamento comercial. Blíster é o nome da embalagem em formato de cartela, composta por um cartão ou filme plástico que serve de base para a fixação do produto dentro de uma bolha plástica (o blister) normalmente com o formato dos contornos do produto. Essa bolha é moldada pelos processos de “Vacuum Forming” ou Termoformagem, utilizandose de filmes plásticos de PVC ou PET. Ou seja, não é uma operação qualquer de “mero acondicionamento”, como quer fazer supor a empresa NOVARTIS; faz parte efetivamente de um processo, atualmente, quase que totalmente automatizado, com a utilização de mão de obra especializada para a operação e manuseio das máquinas. Fl. 2160DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.161 7 Feita a blisterização, o produto ainda passa por um processo de colocação das cartelas com os comprimidos em caixas de papelão, adição da respectiva bula e aposição de selo de segurança, o que dá maior confiabilidade à mercadoria e, consequentemente, maior valor agregado. Só então, podese considerar que o produto está totalmente acabado e pronto para comercialização. No caso dos autos, não resta dúvida que a blisterização e o acondicionamento dos medicamentos importados à granel em embalagens de papelão, alterando a apresentação do produto para venda no mercado interno, caracteriza etapa do processo de produção que agrega valor ao produto final. Evidente que após esta última etapa de produção foi agregado valor ao produto inicialmente importado. A embalagem foi totalmente realizada em suas unidades no Brasil, utilizando mão de obra local, maquinário específico, imobilizado em suas indústrias, com aposição de sua marca ao produto. Tudo isso tem valor e pode ser estimado; se representa 10%, 15% ou qualquer outro percentual do produto final, não importa para efeitos legais, porque ao tempo dos fatos, a legislação só apresentava dois percentuais: ou se tratava de revenda, ou de produção. Não há meiotermo. E, como dito, de revenda não se trata. A embalagem do produto poderia ter sido feita ainda no exterior, mas não o foi até por questões óbvias: sai muito mais barato para a empresa transportar os comprimidos a granel para localmente embalálos do que importálos definitivamente prontos. Isso é fato, eis que em termos de volume, a mesma quantidade de comprimidos a granel representa muito menos do que se já estivesse acondicionado em caixas, gerando um custo de transporte muito maior. A própria mão de obra utilizada no Brasil sabese ser muito mais barata do que nos países de primeiro mundo de onde se origina o produto importado. Convém registrar, ainda, que não se trata de mera embalagem para transporte, mas de apresentação comercial do produto, da qual resulta agregação de valor em relação ao produto importado à granel. A aposição da marca SANDOZ na embalagem (caso dos comprimidos importados pela interessada), com sua exposição à venda, por si só também agrega valor ao mesmo, eis que se traduz em marca conhecida globalmente pela gama e qualidade dos produtos ofertados. Por conseguinte, não se trata de mera revenda dos produtos na forma como foram importados, sendo inaplicável o método PRL20, haja vista o disposto no art. 18, inc. II, alínea "d", itens 1 e 2, da Lei nº 9.430/96, abaixo reproduzido verbis: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (...) II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: (...) d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor Fl. 2161DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.162 8 agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. (Negritei) É bem verdade que, de acordo com a Lei nº 9.430/96, dependendo do produto aplicado à produção, a utilização do método PRL60 poderia, sim, trazer algum tipo de distorção. Porém, não nos cabe fazer este tipo de avaliação. Devemos, sim, aplicar a legislação a partir do caso concreto, amoldando os fatos à norma. Por oportuno, destaco que essa mesma lei tem sofrido alterações desde a sua edição, no sentido de acomodar os diversos interesses envolvidos e, efetivamente, mitigar eventuais distorções. Com efeito, a Lei nº 12.715, de 17 de setembro de 2012, modificou o art. 18 da Lei nº 9.430/96, introduzindo o § 12, abaixo reproduzido: § 12. As margens a que se refere a alínea d do inciso II do caput serão aplicadas de acordo com o setor da atividade econômica da pessoa jurídica brasileira sujeita aos controles de preços de transferência e incidirão, independentemente de submissão a processo produtivo ou não no Brasil, nos seguintes percentuais: I 40% (quarenta por cento), para os setores de: a) produtos farmoquímicos e farmacêuticos; b) produtos do fumo; c) equipamentos e instrumentos ópticos, fotográficos e cinematográficos; d) máquinas, aparelhos e equipamentos para uso odontomédico hospitalar; e) extração de petróleo e gás natural; e f) produtos derivados do petróleo; II 30% (trinta por cento) para os setores de: a) produtos químicos; b) vidros e de produtos do vidro; c) celulose, papel e produtos de papel; e d) metalurgia; e III 20% (vinte por cento) para os demais setores (Negritei) Portanto, conforme se verifica na legislação hoje vigente, os produtos farmacêuticos estão sujeitos a um percentual de 40% (nem 20%, nem 60%) de margem de lucro para ser deduzido no cálculo do preço de referência. Mas, à época, o único percentual possível era o de 60%. Assim, entendo correto o método utilizado pela Fiscalização, mas como dito por ocasião da admissibilidade, fazse necessário que a Câmara a quo analise as matérias trazidas pela recorrente que não foram apreciadas porque o lançamento havia sido cancelado. Ante todo o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, reconhecendo ser devida a adoção do método PRL60 ao presente caso, mas determinando que a Câmara a quo se manifeste sobre:. 1 legalidade e aplicabilidade ao presente caso da Instrução Normativa SRF nº 243/2002, no que diz respeito à metodologia de cálculo do preço parâmetro pelo método PRL60; Fl. 2162DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.163 9 2 inclusão ou não dos custos com frete, seguros e impostos incidentes na importação no valor efetivamente pago pela mercadoria importada para efeito de determinar o custo da operação controlada (ou o “preço praticado”); e 3 aplicação de juros sobre a multa de ofício. É como voto. (Assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Declaração de Voto Conselheiro Luís Flávio Neto Na reunião de fevereiro de 2016, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (doravante “CSRF”) analisou o recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN” ou “recorrente”), em que é recorrida a NOVARTIS BIOCIÊNCIAS S.A. (doravante “NOVARTIS”, “recorrida” ou “contribuinte”), no processo n. 16643.000338/201016. Em tal recurso, a PFN requer a reforma do acórdão n. 1301000.995 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”), proferido pela r. 1a Turma Ordinária da 3a Câmara desta 1a Seção (doravante “Turma a quo”). O acórdão recorrido, proferido por unanimidade pela Turma a quo, restou assim ementado: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2006 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PRL20. IMPORTAÇÃO DE COMPRIMIDOS A GRANEL. BLISTERIZAÇÃO. EXIGÊNCIAS PARA A COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS. Conforme se verifica da análise dos elementos contidos nos autos, o simples processo de “blisterização” não se caracteriza como específico processo de “produção” a descaracterizar a possibilidade de aplicação do critério do PRL20 de que tratavam as disposições originárias do Art. 18, inciso II, alínea d, item 2 da Lei 9.430/96. Tal procedimento, conforme se verifica, é exigência para a comercialização do produto importado no mercado interno, não compreendendo, dessa forma, qualquer ato de aplicação do produto importado na produção. Fl. 2163DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.164 10 No julgamento do recurso especial interposto pela PFN, a CSRF, por voto de qualidade, decidiu reformar o acórdão da Turma a quo, de forma a manter a cobrança do tributo, multa e juros lançados no AIIM. Nesta declaração de voto, permissa vênia, apresento os fundamentos que me fizeram votar pelo não provimento do recurso especial interposto pela Fazenda PFN, por compreender que a cobrança tributária em questão ofende as normas que tutelam a matéria, em especial aquelas que decorrem do art. 18, II, “d”, “1” e “2”, da Lei n. 9.430/96, na redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/00. À época dos fatos atinentes ao presente caso (2006), a Lei 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/00, apresentava os seguintes enunciados prescritivos: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (...) d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. O legislador prescreveu, então, duas margens para o cálculo do PRL: uma mais elevada, de 60%, exclusivamente para “hipótese de bens importados aplicados à produção” (doravante “PRL60”), e outra mais branda, de 20%, aplicável a todas as demais hipóteses (doravante “PRL20”). No caso dos autos, a NOVARTIS importou comprimentos de medicamento (“Prexige 400 mg”) fornecidos por empresa que lhe era relacionada, submetendose, portanto, à legislação de preços de transferência. O medicamento foi adquirido pronto e acabado para o consumo, “a granel”. No Brasil, cumprindo com as exigências das agências reguladoras nacionais, que vedam a venda de medicamento ao consumidor a modalidade “a granel”, a NOVARTIS realizou a “blisterização” e embalagem dos comprimentos, que consistiu no acondicionamento dos comprimentos em “blisters” e caixas de papelão, sem a oposição de marca. O núcleo do presente recurso especial consiste, portanto, em saber se a reunião em pequenas quantidades e acondicionamento de comprimidos que foram importados prontos e acabados de uma parte relacionada, nos termos do art. 18 da Lei n. 9.430/96, faz com que tais medicamentos sejam considerados “bens importados aplicados à produção”. Em outras palavras, é necessário compreender se tal conduta configura a Fl. 2164DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.165 11 produção, à qual deve ser aplicado a margem de 60% para o cálculo do PRL, por ser situação particular a todas as “demais hipóteses” às quais se aplicariam a margem de 20%. A investigação quanto ao sentido da “produção” e “aplicação” de bens importados, para o controle dos preços de transferência estabelecido pelo art. 18, II, “d”, “1” e “2”, da Lei n. 9.430/96, pode ser conduzida ao menos por duas vertentes: i) pela tomada em empréstimo dos significados tradicionais das expressões na legislação aplicável ao IPI; ii) pela construção de sentido a partir da Lei n. 9.430/96 e dos propósitos da legislação de preços de transferência. De início, é controvertida a tomada em empréstimo da legislação aplicável ao IPI para a interpretação da expressão “bens importados aplicados à produção”, contida no art. 18 da Lei n. 9.430/96. Não se trata apenas de tributos diversos, como também é muito distinto o contexto e a finalidade com que leva à escolha dos termos utilizados em seus enunciados prescritivos. Não obstante, esse foi o caminho trilhado pela i. Conselheira Relatora, que equiparou o termo “produção”, inserto no art. 18 da Lei n. 9430/96, ao termo “industrialização” para fins da legislação do IPI. Por esse expediente interpretativo, considerouse abarcadas por “produção” as condutas elencadas nos incisos do art. 4o do Decreto nº 7.212/2010 (Regulamento do IPI), em especial o “acondicionamento ou reacondicionamento”: Art. 4o Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como: I a que, exercida sobre matériasprimas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova (transformação); II a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); III a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem); IV a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou V a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento). Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados. Fl. 2165DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.166 12 No entanto, ainda que se tome de empréstimo a legislação do IPI para o deslinde da demanda, permissa venia, não se pode concordar com a equiparação dos termos “produção” e “industrialização”. Essa assertiva pode ser confirmada pela investigação da própria legislação do IPI. Ocorre que, no âmbito do IPI, “industrialização” é gênero do qual “produção” e “acondicionamento” ou “reacondicionamento” são espécies. Ou seja, “industrializar” é mais amplo que “produzir”, não podendo ser equiparados tais termos. Por sua vez, “produzir” e “acondicionar” são espécies distintas do gênero “industrializar” precisamente devido às características que as distinguem e, portanto, não se confundem. De fato, a produção, para os propósitos do Regulamento do IPI, é melhor descrita no inciso II do art. 4o, como a conduta que, “exercida sobre matériasprimas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova”, de forma a ocorrer “transformação”. Por sua vez, “acondicionamento” ou “reacondicionamento” também são espécies do gênero industrialização, reguladas no inciso II do referido art. 4o, mas que não de confundem com produção ou transformação. Tratase de conduta “que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria”. A questão é conhecida pela doutrina. LUÍS EDUARDO SCHOUERI1 identifica a referida “produção” como “aquela etapa depois da qual o produto sofre tamanha mudança, que já não mais é possível dizer que de trata daquele mesmo produto”, que mais se aproxima da “transformação” referida na legislação do IPI. E conclui o referido professor: “7.2.4.5.3. Tal não é o caso de processos de beneficiamento, acondicionamento e reacondicionamento. Na montagem, pode ser possível fazer referencia a um todo, sem que se mencionem as partes. Estas, entretanto, são plenamente localizáveis e individualizáveis, caracterizando, à toda prova, uma revenda.” Dessa forma, caso se recorra ao Regulamento do IPI como fonte de sentido para a expressão bens importados aplicados à produção”, contida no art. 18 da Lei n. 9.430/96, apenas uma conclusão seria possível: a blisterização realizada pela NOVARTIS dos comprimidos importados a granel seria considerada industrialização por acondicionamento, mas não produção ou transformação. Por consequência, então, deverseia aplicar o art. 18, “d”, “2” da Lei 9.430/96, que estabelece a margem de 20%. Embora o caso concreto possa ser solucionado desse modo, não se pode deixar de registrar que esse expediente interpretativo não é hábil para a solução de todas as situações. Ocorre que significado da expressão “bens importados aplicados à produção” deve ser construído a partir da Lei n. 9.430/96 e dos propósitos da legislação de preços de transferência. 1 SCHOUERI, Luís Eduardo. Preços de transferência no Direito tributário brasileiro. São Paulo : Dialética, 2006, p. 140. Fl. 2166DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.167 13 Nesse sentido, LUÍS EDUARDO SCHOUERI2 bem ilustra os riscos desse recurso à legislação do IPI sem a devida ponderação, in verbis: “7.2.4.5.4. Nesse sentido, o termo ‘produção’ deve se restringir aos casos de ‘transformação’ e, ainda assim, nem sempre. Com efeito, nos termos da legislação do IPI, basta que um produto obtenha nova classificação fiscal para que se tenha uma transformação. Ocorre que, muitas vezes, se dão classificações fiscais diversas a produtos idênticos, conforme o estado em que se apresentem. Isso é muito comum para os produtos químicos. Ora, tal ‘transformação’ não implica se perca o produto, que continua plenamente localizável e, portanto, sujeito a ser revendido, tal como entende a fiscalização.” Dessa forma, ainda que uma operação seja classificada para fins de IPI como “transformação”, não necessariamente deverá ser considerada “produção” para fins de preços de transferência. Não há comunicação obrigatória e necessária de tal jaez. Ocorre que a legislação de preços de transferência, vigente à época dos fatos relacionados ao presente caso, adotou a margem de 60% considerando que o bem importado seria de tal forma alterado, representando apenas um dos insumos do produto final produzido, que o processo realizado pelo adquirente nacional lhe agregaria considerável valor. Daí a distinção da margem de 20% adotada pelo legislador quando se tratasse de bens importados revendidos e de 60% para a “hipótese de bens importados aplicados à produção”. O caso dos autos evidencia tal questão. Ainda que a legislação do IPI classificasse a conduta do contribuinte como “transformação” (o que, como se viu, não é o caso, pois se trata de mero “acondicionamento”), o comprimido importado corresponde a 95% do produto final, de forma a ser razoável classificar a operação como mera revenda. Não seria razoável que, agregandose tão pouco ao bem importado, terseia a migração de uma margem de 20% para uma margem de 60%. Nesse cenário, foi acertada a decisão exarada por unanimidade pela Turma a quo, com destaque ao seguinte trecho: “A respeito das operacõ̧es praticadas pela contribuinte e consideradas pela fiscalização, relevante se faz o destaque de que, tanto os argumentos apresentados pelas próprias autoridades fiscalizatórias quanto a contribuinte/fiscalizada apontam que, na importacã̧o de produtos advindos de empresas a ela ligadas, na forma de comprimidos a granel, à contribuinte impõese a necessidade de alteracã̧o da forma de apresentacã̧o do produto, referente à colocação em blísteres e caixas (embalagens primária e secundária). A questão então que se impõem é a de verificar se as operacõ̧es, da forma como realizadas, caracterizam, ou não, efetiva “produção” – como continuidade/finalização, do processo de industrializacã̧o iniciado no exterior , ou se de mero acondicionamento para a comercialização no país. 2 SCHOUERI, Luís Eduardo. Preços de transferência no Direito tributário brasileiro. São Paulo : Dialética, 2006, p. 140. Fl. 2167DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000338/201016 Acórdão n.º 9101002.198 CSRFT1 Fl. 2.168 14 Analisando todas as consideracõ̧es apresentadas, e, de acordo com as normas regentes da matéria, entendo, com a devida vênia, assistir razão à contribuinte, tendo em vista que, conforme restou amplamente demonstrado nos autos, não se trata, de forma alguma, em qualquer processo de alteracã̧o do produto final comercializado, mas sim, apenas e tão somente de procedimento voltado ao atendimento de normas internas aplicadas à comercializacã̧o específica do produto importado, que, em absolutamente nada, representa alteracã̧o em sua substância. Nessa linha, a par dos valorosos argumentos trazidos pela fiscalização, e, ainda, apresentados pela r. decisão de primeira instância ou mesmo nas razões aduzidas pela douta procuradoria, entendo que, na linha destacada pelas resposta de consultas trazidas pela contribuinte, e, ainda, de acordo com os argumentos por ela mesma apresentados, a introdução dos referidos comprimidos (importados à granel) em embalagens exigidas pela vigilância sanitária brasileira não pode, de forma alguma, ser considerada como procedimento de produção, agregando valor ao produto, a ponto de exigir a aplicacã̧o da sistemática do indicado PRL60, da forma como pretende a douta fiscalização.” De fato, a conduta do contribuinte corresponde à revenda, em quantidades menores e com o acondicionamento exigido pelas normas sanitárias brasileiras, o mesmo bem importado a granel. Portanto, a recorrente agiu corretamente ao adotar, na apuração de ajustes para fins de preços de transferência, a margem de 20% prescrita pelo art. 18, “d”, “2” da Lei 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/00. Pelo exposto, voto para negar provimento ao recurso especial interposto pela PFN, de forma a manter a correta decisão da Turma a quo, que afastou a indevida cobrança tributária em tela. (Assinado digitalmente) Luís Flávio Neto Fl. 2168DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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