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6547439 #
Numero do processo: 12466.722058/2013-42
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 10/06/2013 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO E CONVERSÃO EM MULTA. Não apresentada documentação capaz de comprovar a origem e disponibilidade dos recursos utilizados nas transações, tem-se por reconhecida a interposição fraudulenta de terceiros a causar dano ao erário. Cabível, pois, a substituição por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria quando esta for consumida ou não localizada. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. PESSOA QUE CONCORRA OU SE BENEFICIE DA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. INCLUSÃO NO POLO PASSIVO. POSSIBILIDADE. A pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente, inclusive no que se refere a infrações. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. DESCRIÇÃO DOS FATOS. INCOMPLETUDE. INOCORRÊNCIA. A minudente descrição dos fatos constante do Termo de Verificação Fiscal, anexo aos autos de infração, descaracteriza a arguição de nulidade das autuações por incompletude da motivação. PROVA EMPRESTADA. EXISTÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. Instaurado o contencioso administrativo, por meio da impugnação protocolizada, o contribuinte obteve a possibilidade de apresentar argumentos e provas de fato e de direito capazes de afastar a exigência fiscal, em atendimento ao contraditório e à ampla defesa, não havendo que se falar em nulidade. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3302-003.363
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento aos Recursos Voluntários. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá e Walker Araújo, Relator, e a Conselheira Lenisa Prado, que excluíam do polo passivo a empresa Savix. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. (assinado digitalmente) RICARDO PAULO ROSA - Presidente. (assinado digitalmente) WALKER ARAUJO - Relator. (assinado digitalmente) JOSÉ FERNANDES DO NASCIMENTO - Redator designado. EDITADO EM: 13/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     2 Crédito Tributário Mantido.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  maioria  de  votos,  em  negar  provimento  aos Recursos Voluntários. Vencidos  os Conselheiros Domingos  de  Sá  e Walker  Araújo, Relator, e a Conselheira Lenisa Prado, que excluíam do polo passivo a empresa Savix.  Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.  (assinado digitalmente)  RICARDO PAULO ROSA ­ Presidente.   (assinado digitalmente)  WALKER ARAUJO ­ Relator.  (assinado digitalmente)  JOSÉ FERNANDES DO NASCIMENTO ­ Redator designado.  EDITADO EM: 13/10/2016  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros: Ricardo  Paulo Rosa  (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do  Socorro  Ferreira  Aguiar,  Domingos  de  Sá  Filho,  Lenisa  Rodrigues  Prado,  Sarah  Maria  Linhares de Araújo e Walker Araujo.    Relatório  Trata­se  de  Auto  de  Infração  para  cobrança  do  débito  no  valor  de  R$  137.315,74,  relativo  a  conversão  da  pena  de  perdimento  em  multa  equivalente  ao  valor  aduaneiro das mercadorias  importadas por meio das DI´s abaixo especificada, nos  termos do  §3º, do artigo 23, do Decreto­Lei nº 1.455/76, com a redação dada pelo artigo 59, da Lei nº  10.637/2002, c/c o inciso III, do artigo 81, da Lei nº 10.833/2003.  Nº DI  REGISTRO  DESEMBARAÇO  VALOR ADUANEIRO  0912136604  10/09/09  11/09/09  137.315,74  TOTAL  110.033,28  Foram  incluídas  no  polo  passivo  do  processo  a  empresa  Savixx  Comércio  Internacional  Ltda.,  na  qualidade  de  devedora  principal;  e  as  empresas  Felix  Serviços  Administrativos  Ltda.  ­ ME  e  Carrara Materiais  de  Construção  Ltda.,  nos  termos  do  artigo  1241, do Código Tributário Nacional, e dos artigos 1062 e 6743, do Decreto nº 6.759/2009.                                                              1 Art. 124. São solidariamente obrigadas:  I ­ as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;  II ­ as pessoas expressamente designadas por lei.  Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.  Fl. 5622DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 3          3 A  motivação  e  o  fundamento  para  imputar  responsabilidade  as  referidas  empresas  consta  do  relatório  anexo  ao  Auto  de  Infração  de  fls.  13­102.  Em  resumo,  a  fiscalização  apurou  que  as  operações  que  embasaram  o  lançamento  foram  realizadas  da  seguinte forma4:  1. Com base  na  investigação  sobre Declarações  de  Importação  (DI)  onde  a  FELIX  MATERIAIS  DE  CONSTRUÇÃO  (doravante  FELIX),  CNPJ  nº  09.518.724/0001­04,  figurou como encomendante,  identificaram­se as  infrações de  interposição  fraudulenta  de  terceiros  e  uso  de  documento  falso  no  despacho  aduaneiro  de  importação,  as  quais  ensejam  a  aplicação  da  pena  de  perdimento  de  mercadorias. As DI  investigadas foram registradas por dois  importadores distintos:  SAVIXX  COMÉRCIO  INTERNACIONAL  S/A  (doravante  SAVIXX),  CNPJ  nº  28.477.685/0001­80,  e  LOG  TRADING  &  SUPPLY  CHAIN  LTDA  (LOG  TRADING), CNPJ nº 08.997.092/0001­38. Assim, houve necessidade de  se  lavrar  vários  Autos  de  Infração,  segregados  por  importador  e  demais  sujeitos  passivos  identificados.  No  presente  Auto  de  Infração,  lavrado  ao  respaldo  do  MPF  Nº  0727600­2013­00344  (MPF  0727600  2013  00344  SAVIXX),  emitido  em  face  da  SAVIXX  COMERCIO  INTERNACIONAL  S/A,  foram  autuadas  operações  de  importação registradas pela SAVIXX onde a FELIX figurou como encomendante.  2. A fiscalização apurou que a empresa FELIX figurou como encomendante  nas  operações  de  importação  investigadas,  entretanto  as  mercadorias  eram  pré­ destinadas  a  outros  interessados,  verdadeiros  encomendantes  das  mercadorias  e  sujeitos  passivos  das  obrigações  tributárias,  mas  que  se  mantiveram  ocultos  nas  operações.  3. A Alfândega do Porto de Vitória (ALF/Porto Vitória) durante procedimento  especial de controle aduaneiro aplicado à DI nº 10/0436924­9 constatou indícios de  incompatibilidade  entre  os  volumes  transacionados  no  comércio  exterior  e  a  capacidade econômico­financeira da empresa FELIX, decidindo pelo procedimento  especial  de  fiscalização  previsto  na  IN  SRF  228/2002,  conforme  determina  a  IN  RFB 1.169/2011, art.8º.  4. Na importação registrada através da referida DI foi constatada a ocultação  do  real  comprador  e  responsável  pela  importação  das mercadorias  estrangeiras,  a  empresa  PIASTRELLA  MATERIAIS  DE  CONSTRUÇÃO  LTDA  (doravante  PIASTRELLA), CNPJ nº 02.069.769/0001­91, mediante fraude ou simulação, pela  interposição fraudulenta de terceiro,  infração considerada dano ao Erário e punível  com a pena de perdimento das mercadorias, conforme art. 23, inc. V e §§ 1º e 2º, do  Decreto­Lei nº 1.455/1976. Por meio do Auto de Infração e Termo de Apreensão e  Guarda  Fiscal  nº  12466.721744/2011­34  foi  proposta  a  aplicação  da  pena  de  perdimento  das mercadorias  (aparelhos  de  ar  condicionado). A DI  em questão  foi                                                                                                                                                                                             2 Art. 106. É responsável solidário:  IV  ­  o  encomendante  predeterminado  que  adquire  mercadoria  de  procedência  estrangeira  de  pessoa  jurídica  importadora  (Decreto­Lei  nº  37, de 1966,  art.  32,  parágrafo  único,  alínea  “d”,  com a  redação dada pela Lei  nº  11.281, de 2006, art. 12);    3 Art. 674. Respondem pela infração (Decreto­Lei no 37, de 1966, art. 95):  I ­ conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie; ...  VI  ­  conjunta  ou  isoladamente,  o  importador  e  o  encomendante  predeterminado  que  adquire  mercadoria  de  procedência  estrangeira  de  pessoa  jurídica  importadora  (Decreto­Lei  nº  37,  de  1966,  art.  95,  inciso VI,  com  a  redação dada pela Lei nº 11.281, de 2006, art. 12).    4 Trecho extraído da decisão de piso.  Fl. 5623DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     4 registrada  pela  importadora  SAVIXX,  para  suposta  revenda  à  encomendante  pré­ determinada  FELIX.  Entretanto,  a  fiscalização  constatou  que  a  real  compradora  responsável pela importação foi a oculta PIASTRELLA, uma loja da rede varejista  AMOEDO,  do  estado  do  Rio  de  Janeiro,  uma  das  maiores  do  país  no  ramo  de  materiais de construção.  5.  Constatou­se  que  a  PIASTRELLA  e  outras  empresas/lojas  da  REDE  AMOEDO  bancaram  a  atuação  da  interposta  FELIX  com  créditos  em  sua  conta  bancária  no  valor  total  de  R$  2.880.000,00,  apenas  no  período  de  dez/2009  a  abr/2010.  Somente  da  PIASTRELLA,  havia  nove  créditos  que  totalizam  R$  1.461.000,00. A FELIX, regularmente intimada, recusou­se a explicar e a comprovar  a motivação e a origem desses créditos, que eram efetuados sempre que ocorria um  débito  de  valor  semelhante  em  sua  conta.  Os  procedimentos  de  investigação  identificaram  a  origem  dos  créditos  (empresas/lojas  da  rede  AMOEDO)  que  bancaram toda a atuação da FELIX.  A fiscalização anexou ao presente Auto de Infração cópias de documentos do  processo nº 12466.721744/2011­34 (Doc B, Doc C, Doc E, Doc F, Doc G, Doc H,  Doc K, Doc L, Doc M e Doc O), referentes ao Procedimento Especial de Controle  Aduaneiro  aplicado  à  DI  nº  10/0436924­9  e  que  possuem  estrito  relacionamento  com as infrações investigadas e constatadas no presente caso.  Segundo apurou a fiscalização, a empresa FELIX ocultou outras empresas do  referido  grupo  em  outras  importações  onde  atuou  como  encomendante  pré­ determinada. Segundo dados dos  sistemas de  informação da RFB, de  setembro de  2009  até  o  início  de  maio  de  2011,  a  FELIX  atuou  como  encomendante  pré­ determinada em 68 DI’s, com valor total declarado de US$ 3.833.026,07 (CIF; custo  da mercadoria incluindo seguro e frete).  Verificou­se,  ainda,  que os  sócios da FELIX  integraram o quadro societário  da PIASTRELLA em 2003, e que consta na ficha de habilitação no SISCOMEX da  FELIX capital social de R$ 50 mil, sendo que havia figurado como encomendante  em operações de importação da ordem de US$ 4,1 milhões nos últimos três anos. A  incompatibilidade  do  capital  social  com  o  montante  transacionado  no  comércio  exterior,  bem  como  os  demais  indícios  de  interposição  fraudulenta,  serviram  de  fundamentos  para  a  inclusão  da  empresa  encomendante  pré­determinada  no  procedimento especial de fiscalização previsto na IN SRF 228/2002.   (...)  7.  Com  relação  à  SAVIXX,  conforme  descreve  minuciosamente  a  fiscalização,  sabia­se de  ante mão que  figurou como  importadora  em parte das DI  onde  a  FELIX  atuou  como  encomendante  pré­determinada,  registradas  entre  03/09/2009 e 06/10/2010. Foi  intimada a apresentar esclarecimentos e documentos  em relação a essas operações. Depois de sucessivos pedidos de prorrogação de prazo  para resposta apresentou, em 11/04/2012, documentos referentes a 49 operações de  importação e outros documentos solicitados, porém dois dos quesitos formulados no  Termo de Intimação Fiscal nº 2012­00062­003 (quesitos 2 e 7) não foram atendidos  satisfatoriamente. Houve reintimação para atendimento daquela parte insatisfatória,  inclusive requisição de correspondência comercial trocada com o encomendante pré­ determinado  das  mercadorias  importadas.  Na  resposta  de  17/05/2012  foram  apresentados novos esclarecimentos e documentos que visavam comprovar a origem  e efetiva transferência de recursos por meio do Banco BANESTES S/A, deixando,  entretanto, de apresentar documentos relativos a transferência realizadas através do  Banco do Brasil. Depois de nova prorrogação de prazo, em 25/06/2012, a SAVIXX  apresentou  informação  complementar  anexando  comprovantes  TED,  alegando  se  tratar de todos os documentos faltantes, e acrescentando não ser possível identificar  o remetente dos recursos no caso de depósito on­line.  Fl. 5624DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 4          5 8.  Foram  constatadas  inconsistências  nos  TED  apresentados.  Dois  deles  indicavam recebimentos no BANESTES, mas se tratavam de recursos recebidos no  Banco do Brasil, conforme comprovantes antes apresentados. São os TED referentes  aos lançamentos constantes no AI, no quadro anexo transcrito em seguida: (...)  A  SAVIXX  foi  intimada  a  esclarecer  essas  inconsistências.  Em  07/07/2012  apresentou  sua  resposta,  afirmando  que  os  recursos  foram  recebidos  através  do  BANESTES, mas que imediatamente transferiu os valores para a conta do Banco do  Brasil. Acostou documentos emitidos pelas instituições financeiras.  9.  Segundo  a  fiscalização,  a  FELIX  figurou  como  encomendante  em  importações no período de 2009 até 2011  totalizando o valor de R$ 7.116.256,94,  conforme a tabela abaixo: (...)  10.  Para  exemplificar  as  perdas  de  arrecadação,  apresentou­se  a  análise  dos  efeitos  da  quebra  da  cadeia  de  incidência  do  IPI,  nos  termos  demonstrados  pela  fiscalização do SAPEA/ALF/Porto de Vitória no procedimento especial aplicado à  DI  nº  10/0436924­9,  com  base  em  documentos  apresentados  em  resposta  às  intimações (Doc G e Doc H).  O demonstrativo foi elaborado usando como exemplo as mercadorias da DI nº  09/1829058­3,  importadas  pelas  empresas  SAVIXX  (importador)  e  FELIX  (“encomendante”),  e  posteriormente  “revendidas”  para  a  empresa  PIASTRELLA,  identificada naquela fiscalização como real encomendante, que se manteve oculta na  operação.  Por  meio  da  DI  09/1829058­3,  a  SAVIXX  importou  170  aparelhos  de  arcondicionado de 9.000 BTU’s. A SAVIXX vendeu esses aparelhos para a FELIX  pelo  preço  unitário  de  R$  585,26,  incluindo  o  IPI  (NFe  SAVIXX  nº  2429,  de  30/12/2009).  Em  seguida,  a  FELIX  vendeu  todos  os  170  aparelhos  para  a  PIASTRELLA por R$ 632,09 (apenas 8% a mais), incluindo o IPI (NFe FELIX nº  29,  de  05/01/2010).  Posteriormente,  com  grande  “salto”  de  valor,  parte  desses  aparelhos  foi vendida por R$ 899,90 sem  incidência de  IPI  (NF PIASTRELLA nº  412393,  de  18/01/2010). Ora,  se,  no  lugar  da  FELIX,  a  verdadeira  encomendante  PIASTRELLA  tivesse  sido  indicada  como  encomendante,  o  IPI  teria  incidido  na  venda feita por R$ 899,90. Como tal obrigação não foi cumprida, a incidência de IPI  ocorreu somente até a venda que a FELIX fez pelo reduzido valor de R$ 632,09. É a  chamada “quebra da cadeia do IPI”.  (...)  11.  Além  disso,  a  correta  incidência  do  IPI  sobre  a mercadoria  estrangeira  equipara  a  carga  tributária  do  produto  importado  ao  produto  nacional.  Com  a  sonegação  do  IPI,  a  concorrência  desleal  do  produto  importado  aumenta  os  obstáculos ao crescimento da indústria nacional.  Também  se  deve  considerar  o  interesse  de  se  beneficiar  dos  incentivos  concedidos às empresas fundapeanas. O FUNDAP (Fundo para o Desenvolvimento  das  Atividades  Portuárias)  é  um  benefício  concedido  às  empresas  de  comércio  exterior  que  se  estabelecem  no  Espírito  Santo  e  são  autorizadas  pelo  BANDES  (Banco  de  Desenvolvimento  do  ES)  a  operar  no  sistema.  Na  sistemática  do  FUNDAP,  ocorre  desoneração  da  importação:  para  as  operações  que  promoverem  no  ES,  é  garantida  a  postergação  do  prazo  de  pagamento  do  ICMS  incidente  nas  importações,  e  a  empresa  pode  obter  financiamentos  de  longo  prazo  junto  ao  BANDES, no valor de cerca de 70% do ICMS recolhido, com juros de 1% ao ano, 5  anos de carência,  20 anos para  amortização da dívida,  com opção de  recompra da  Fl. 5625DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     6 dívida  em  leilões  realizados  periodicamente  pelo  Banco,  onde  os  contratos  são  liquidados por cerca de 10% do saldo devedor. Trata­se de um incentivo financeiro  sob o aspecto formal, mas, sob o aspecto material, configura um verdadeiro subsídio  às importações. O FUNDAP tem papel relevante na guerra fiscal entre os estados da  federação, que nesse caso é conhecida como “guerra dos portos”. Algumas empresas  domiciliadas em outros estados têm interesse em usufruir desses benefícios, porém  sem  mudar  seu  domicílio,  e  acabam  optando  por  usufruir  o  benefício  de  forma  oblíqua.  12. Na jurisprudência do STF, quanto ao disposto na CF/88, art.155, §2º, IX já  se  firmou que o sujeito ativo do  ICMS incidente na  importação de mercadoria é o  estado  da  Federação  em  que  estiver  localizado  o  destinatário  final  da  operação.  Quando se utiliza da fraude/simulação, pela interposição de terceiro que se apresenta  como  “encomendante  de  fachada”  sediado  no  estado  do  Espírito  Santo,  este  aparentemente  faz  as  operações  de  importação  através  de  uma  empresa  FUNDAPEANA  e  se  beneficia  da  redução  de  custos  e  descontos  financeiros  concedidos para operações FUNDAP. Posteriormente, a mercadoria é remetida aos  verdadeiros destinatários finais em outro estado da federação, o real encomendante,  como  uma  mera  venda  interestadual.  Assim,  o  fisco  do  estado  de  destino  é  ludibriado e o real destinatário final das mercadorias importadas se beneficia de um  crédito de ICMS que sequer foi integralmente pago.  13. A  ocultação  do  real  beneficiário/interveniente  na  operação  de  comércio  exterior caracteriza simulação, pela prática das condutas descritas nos incisos I e II  do  parágrafo  1º  do  art.  167  do  Código  Civil,  Lei  nº  10.406/02.  Na  simulação  há  presença de dois atos: o ato simulado, para o qual há documento (ainda que material  e/ou ideologicamente falso), e o ato dissimulado, o que se pretende esconder. Assim,  é  necessário  desvendar  a  real  intenção  dos  agentes  no momento  da  prática  do  ato  simulado. Para apurar a verdadeira operação realizada, deve­se lançar mão de provas  indiciárias e presuntiva, conforme abalizada doutrina de Heleno Torrres, in “Direito  Tributário e Direito Privado: autonomia privada, simulação e elusão tributária”:  "É  o  caso  das  provas  da  simulação.  Porque  a  ação  desta  é  geralmente  encoberta e de pouca expressão material ou documental, sua prova exigirá sempre  mais  apelo  às  formas  de  provas  indiciárias  e  presuntivas,  visando  alcançar  um  conhecimento que corresponda o mais próximo possível à realidade.”  (...)  25. Da Rede de Lojas AMOEDO MATERIAS DE CONSTRUÇÃO.  Em  tabela  indicada  no  AI  foram  relacionadas  as  quantidades  e  os  valores  totais das Notas Fiscais de Saída emitidas pela FELIX, por destinatários constantes  das  referidas Notas  Fiscais.  Todas  as  empresas  destinatárias  das mercadorias,  que  aparentemente seriam pessoas jurídicas independentes, “clientes” da FELIX, são na  realidade  a  ela  vinculadas  através  dos  atuais  e  de  ex­integrantes  dos  quadros  societários. Para  facilitar a visualização dos relacionamentos entre as empresas  foi  elaborado  o  Diagrama  da  Figura  1  (ver  no  AI;  Diagrama  com  as  relações  entre  empresas,  sócios  atuais  e  ex­sócios)  representando  as  empresas  destinatárias  das  Notas Fiscais de Saída da FELIX e  apontando as pessoas  físicas  integrantes  e ex­ integrantes  dos  quadros  societários.  Para  simplificar  a  visualização,  as  empresas  foram representadas apenas pelo primeiro nome. A única empresa do diagrama que  não foi destinatária de Notas Fiscais da FELIX foi a TRAVERTINO MATERIAIS  DE CONSTRUCAO LTDA, CNPJ nº 05.798.065/0001­48, adicionada ao diagrama  para permitir a visualização de alguns dos relacionamentos com pessoas físicas.  26. Num primeiro momento, é possível visualizar que as pessoas físicas com  maior  quantidade  de  vínculos  societários  são  os  Srs.  ALDO  ALEX  OGNIBENI,  Fl. 5626DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 5          7 CPF nº 664.176.517­20, e HÉLIO MOREIRA DIAS, CPF nº 245.701.767­04, atuais  sócios  administradores  da  FELIX.  Os  Srs.  ALDO  e  HÉLIO  ainda  são  sócios  em  mais  8  (oito)  empresas  não  indicadas  no  diagrama,  a maioria  atuantes  na  área  de  materiais  de  construção  ou  atividades  correlatas.  Remete­se  à  leitura  no  AI  dos  destaques de alguns inter­relacionamentos relevantes identificados.  27.  Há  outras  empresas  vinculadas  à  FELIX  que  figuraram  nas  operações  “comerciais”. Durante  o  procedimento  especial  de  controle  aplicado  pela  SAPEA  (Seção  de  Procedimentos  Especiais  Aduaneiros),  à  DI  nº  10/0436924­9,  foram  apresentados pela FELIX alguns extratos bancários  (Doc L), dentro do período de  dezembro  de  2009  a  abril  de  2010.  Foram  relacionados  débitos  e  créditos  desses  extratos na tabela especificada no AI, trazendo as datas, os valores e o histórico dos  lançamentos,  excluindo­se  resgates  e  aplicações  automáticos  e  valores  inferiores  a  R$ 30.000,00. Quanto à DI nº 10/0436924­9, a FELIX foi  intimada a esclarecer a  motivação  do  recebimento  e  pagamento  dos  recursos,  entretanto,  recusou­se  a  prestar informações a respeito (Doc M).  28.  As  coincidências  entre  sócios  e  ex­sócios  dessas  empresas,  a  intricada  rede de  relacionamentos com a FELIX, o  fato da FELIX só  ter efetuado “vendas”  para empresas vinculadas, bem como ter recebido recursos das mesmas em datas e  valores coincidentes  com os pagamentos  a  importadora SAVIXX não  são obra do  acaso, mas  decorrem  de  um  fato:  as  empresas  são  todas  pertencentes  a  um  grupo  econômico, a REDE DE LOJAS AMOEDO MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO (ver  o Doc. O – pesquisa na  internet  realizada pela SAPEA, cujo anúncio de venda de  “Split”  de  9.000  BTU’s  da  marca  KOBE  é  idêntico  aos  aparelhos  de  ar­ condicionado acobertados pela DI  n  10/0436924­9  em  junho de  2011. O aparelho  encontrava­se  à  venda  no  sítio  da  Rede  de  Lojas  AMOEDO  (ver  fig  2  ­  doc  de  fls.59, Anúncio de venda no sítio da AMOEDO)  29. Foram anexadas a este processo (Doc O), páginas do sítio da AMOEDO  contendo o anúncio do aparelho de 9.000 BTU, as informações sobre a sua história e  sua  relação  de  lojas. O  nome  “AMOEDO”  aparece  em mensagens  eletrônicas  (e­ mails)  apresentadas  pela  importadora  SAVIXX  antes  da  submissão  da  DI  10/0436924­9  ao  procedimento  especial  (Doc  C).  Essas  mensagens  em  sequência  mostram procedimentos prévios à importação das mercadorias e demonstram que a  Rede de Lojas AMOEDO foi a responsável e verdadeira interessada na importação.  Ver  informações  detalhadas  às  fls.60/64  consideradas  para  a  conclusão  de  que  a  Rede de Lojas AMOEDO negociou diretamente com os exportadores estrangeiros,  através do Sr. Ricardo Torres, o qual não tinha vínculo empregatício com a FELIX,  mas sim com outra empresa do mesmo grupo, a REALE TINTAS. As encomendas  eram realizadas através do Sr. Ricardo Torres aos importadores com os fornecedores  estrangeiros e os preços  já definidos, ou seja,  as negociações com o exterior eram  realizadas para as outras empresas do grupo sem qualquer  interferência da FELIX.  Logo após a nacionalização e emissão das Notas Fiscais de Saída dos importadores,  a  FELIX  emitia Notas Fiscais de Saída  destinando  as mercadorias diretamente do  recinto alfandegado para as Lojas Amoedo. Portanto, as Lojas AMOEDO foram as  verdadeiras encomendantes das mercadorias. A comparação entre a relação de Lojas  AMOEDO,  no  sítio  da  rede  na  internet  (Doc O),  e  as  informações  cadastrais  das  empresas destinatárias das Notas Fiscais da FELIX ou que  forneceram créditos na  conta  da  FELIX,  revelou  que  a  maioria  das  empresas  são  Lojas  AMOEDO,  conforme a Figura 3 constante no AI.  30. A fiscalização destaca que não se conseguiu identificar a existência formal  da Rede AMOEDO. As empresas FELIX, PIASTRELLA, GAZ WORLD e outras  empresas do grupo tiveram seus CNPJ identificados e apresentados neste relatório,  Fl. 5627DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     8 mas a Rede AMOEDO não. Existindo ou não do ponto de vista formal, é inegável  que a Rede AMOEDO existe de fato, e coordena a atuação da FELIX e de suas lojas  CARRARA, BOTTINO, MONITORE, etc.  A FELIX não é uma loja AMOEDO, mas é parte do grupo econômico. Restou  constatado  neste  procedimento  fiscal  que  a  FELIX  não  dispunha  de  capacidade  econômico­financeira  própria para  constituir  garantias  às operações  de  importação  focadas.  As  garantias  oferecidas  foram  de  fato  suportadas  por  Lojas  da  Rede  Amoedo,  reais  interessadas  na  importação  das  mercadorias,  conforme  descrito  detalhadamente no AI.  As lojas e demais empresas AMOEDO são todas do Rio de Janeiro, enquanto  a  FELIX  é  a  única  empresa  do  grupo  no  Espírito  Santo,  sendo  interposta  pessoa  usada  pelas  Lojas  AMOEDO.  A  função  da  FELIX  é  assumir  o  papel  de  encomendante  pré­determinada  de  importações,  de  forma  a  ocultar  as  demais  empresas  do  grupo,  as  responsáveis/interessadas  de  fato  pelas  operações  e  verdadeiras encomendantes das mercadorias.  31. Ao final do procedimento especial de investigação restou constatado que:  “•  A  rede  de  lojas  AMOEDO  negociou  diretamente  as  mercadorias  no  exterior,  através  do  Sr.  Ricardo  Torres  de  Oliveira,  funcionário  de  uma  das  empresas  da  Rede  de  Lojas  Amoedo  e  responsável  pelos  trâmites  de  todas  as  operações de comércio exterior do grupo;  • Há um  intricado  inter­relacionamento da FELIX com outras  empresas  do  grupo,  por  meio  de  sócios  e/ou  administradores  integrantes  ou  excluídos  dos  quadros  societários.  Tais  empresas  foram  responsáveis  pelos  créditos  não  contabilizados  na  conta  bancária  da  FELIX  e  foram  as  destinatárias  das  mercadorias de procedência estrangeira;  • Na conta bancária da FELIX, há inegáveis coincidências de datas e valores  dos créditos efetuados pelas Lojas da Rede Amoedo e dos débitos para pagamento  aos  importadores,  sem  a  devida  escrituração  contábil,  demonstrando  que  as  importações foram na verdade pagas pelas outras empresas do grupo;  • Empresas da Rede de Lojas Amoedo foram as verdadeiras responsáveis pela  prestação  de  garantias  a  importadora  SAVIXX  para  realização  das  operações  de  comércio exterior, na forma de carta de fiança;  • Há confusão de gerentes e administradores entre as empresas da Rede de  Lojas AMOEDO;  • A FELIX não dispõe e nunca dispôs da capacidade operacional e logística  necessária para estocar e movimentar mercadorias para atuar no comércio exterior  nos montantes transacionados;  • A FELIX não dispõe e nunca dispôs dos funcionários necessários para atuar  no  comércio  exterior  nos montantes  transacionados,  e  nem para  comercializar  as  mercadorias importadas no mercado interno.  32. As  evidências  reunidas  demonstram  inequivocamente  que  a FELIX  tem  atuado  reiteradamente  como  interposta  pessoa  nas  importações  sustentadas  pelo  grupo de  lojas AMOEDO,  reais  encomendantes das mercadorias,  ocultadas nessas  operações.  33.  Sobre  o  fluxo  de  pagamentos,  a  ocultação  dos  reais  encomendantes,  a  cessão  de  nome  para  acobertamento  dos  reais  beneficiários  das  operações  de  importação, ver a análise posta no AI, de onde a fiscalização concluiu que:  Fl. 5628DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 6          9 33.1.  Após  o  desembaraço  e  antes  da  emissão  de  qualquer  Nota  Fiscal,  os  valores  para  pagamento  das  importações  eram  transferidos  das  Lojas  AMOEDO  para a FELIX [QUADRO (B)];  33.2. Após o recebimento desses valores, no mesmo dia ou no dia seguinte, a  FELIX efetuava a transferência para a SAVIXX [QUADRO (C)];  33.3. Após o recebimento dos valores, a SAVIXX emitia as Notas Fiscais de  Saída  para  a  FELIX  [QUADRO  (D)].  Tais  Notas  Fiscais  representam  saídas  fictícias, pois as mercadorias não eram destinadas a estabelecimento da FELIX, mas  diretamente para as Lojas AMOEDO;  33.4.  No  mesmo  dia  ou  em  data  bem  próxima,  a  FELIX  emitia  as  Notas  Fiscais  de  Saída  para  a  Loja  AMOEDO  destinatária  final  das  mercadorias  (QUADRO  E),  que  recebia  as  mercadorias  importadas  diretamente  do  recinto  alfandegado;  33.5. Os valores transferidos das Lojas AMOEDO para a FELIX (QUADRO  B) são valores redondos, na ordem de milhares, que não coincidem com as datas e  valores  das  Notas  Fiscais,  até  porque  elas  sequer  estavam  emitidas.  As  datas  das  transferências  são  anteriores  a  emissão  das  Notas  Fiscais.  Resta  claro  que  tais  transferências não são de fato pagamentos de compras, mas “suprimentos de caixa”  fornecidos  à  FELIX  pela  verdadeira  encomendante  das  mercadorias,  para  possibilitar o pagamento adiantado da importadora SAVIXX, antes da emissão das  Notas Fiscais de Saída, e garantir a entrega das mercadorias importadas;  33.6.  Para  algumas  operações,  uma  das  Lojas  “AMOEDO”  transferiu  totalidade ou parte dos valores para a FELIX (QUADRO B), enquanto outra loja foi  a  destinatária  final  das  mercadorias  (QUADRO  E)  ­  Vide  fls.79/82.  Tal  situação  demonstra a confusão patrimonial na chamada Rede de Lojas AMOEDO, pois a loja  que de fato pagava as  importações nem sempre era a mesma destinatária  final das  mercadorias importadas;  33.7. Para uma das operações, os valores nem sequer transitaram pela FELIX,  foram transferidos diretamente de uma das Lojas AMOEDO (RHODES 116) para a  SAVIXX (vide linha REF 9 – na DI).   Para  maior  clareza  estão  descritas,  no  AI,  algumas  linhas  do  Fluxo  de  Pagamentos  identificado,  a  partir  do  qual  se  compreende  como  ocorreram  as  operações  de  importação,  restando  indubitável  que  a  “Rede  AMOEDO”  foi  a  verdadeira  encomendante  das  importações,  quem  de  fato  custeou  as  referidas  importações  (ver  na  TAB  1  a  vinculação  entre  os  verdadeiros  encomendantes  identificados e as respectivas DI registradas).  34.  Constatou­se  que  a  importadora  SAVIXX  declarou  nas  DI  que  a  encomendante  era  a  FELIX,  porém,  conforme  foi  constatado,  os  verdadeiros  encomendantes  foram  outras  empresas,  concluindo­se  assim  que  as DI  registradas  estavam eivadas de falsidade.  35. São documentos obrigatórios na instrução das DI as faturas comerciais e  os  romaneios  de  carga  (packing  list).  Aquelas  são  documentos  emitidos  pelos  vendedores  das  mercadorias,  devendo  conter  todas  as  características  da  transação  comercial. O romaneio de carga é utilizado para listar a carga transportada. Destaca­ se  que  a  correta  identificação  doencomendante  na  DI  é  obviamente  requisito  essencial  para  a  fatura  comercial  idônea,  informação  que  em  geral  também  deve  constar no romaneio de carga, nos termos do Regulamento Aduaneiro (RA).  Fl. 5629DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     10 No caso, as faturas comerciais e os romaneios de carga que instruíram as DI  consideradas  apresentadas  pela  SAVIXX  à  autoridade  aduaneira  apontavam  a  FELIX  como  se  fosse  a  encomendante  (ver  os  campos  “BUYER,  ORDERER,  NOTIFY”).  No  entanto,  conforme  demonstrado  no  procedimento  investigatório  fiscal, os reais encomendantes foram outras empresas, portanto as faturas comerciais  e  os  romaneios  de  carga  apresentados  à  administração  aduaneira  são  ideologicamente  falsos.  Nos  termos  do  Código  Civil,  art.167,  são  simuladas  as  compras  no mercado  externo  e  as  vendas  no mercado  interno  dessas mercadorias  importadas mediante ocultação do verdadeiro adquirente.  36.  Consideradas  as  condutas  desvendadas,  as  quais  representam  irregularidades praticadas pela SAVIXX e pela FELIX, procedeu­se à aplicação da  penalidade prevista no Dl 1.455/76, art.23. Constitui dano ao erário, por força de lei,  a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou do responsável pela  operação de comércio exterior, mediante fraude, simulação, inclusive a interposição  fraudulenta de terceiros, infrações passíveis da aplicação da pena de perdimento das  mercadorias, que por sua vez  foi convertida em aplicação de multa equivalente ao  valor aduaneiro em face da não localização das referidas mercadorias.  37. O Auto de Infração objeto deste processo foi lavrado contra Aquela que se  apresentou formalmente, nas DI, como a  importadora das mercadorias, a SAVIXX  COMÉRCIO  INTERNACIONAL  S/A.  A  FELIX  SERVIÇOS  ADMINISTRATIVOS LTDA – ME  foi  apontada  como  responsável  solidária,  por  haver concorrido para a prática infracional ou dela ter se beneficiado. A CARRARA  MATERIAIS  DE  CONSTRUÇÃO  LTDA.,  CNPJ  Nº  05.785.562/0001­01,  foi  identificada  como  verdadeira  encomendante/adquirente  das  mercadorias,  havendo  concorrido para a prática e  tendo se beneficiado da infração, sendo assim  também  apontada como responsável solidária. Ver enquadramento legal destacado no AI.  Intimadas  da  lavratura  do  Auto  de  Infração,  a  empresa  Savixx  Comércio  Internacional  Ltda.  apresentou  tempestiva  impugnação  de  fls.5.112­5.143;  a  empresa  Felix  Serviços Administrativos Ltda. ­ ME apresentou tempestiva impugnação de fls. 5.178­5.194; e  a  empresa Carrara Materiais  de Construção  Ltda.  apresentou  tempestiva  impugnação  de  fls.  5.203­5.213,  requerendo,  em  síntese,  o  cancelamento  do  lançamento  fiscal  pelos  motivos  e  fundamentos apresentados nas peças defensivas.  Em sessão realizada no dia 10 de junho de 2014, houve por bem a 6ª Turma  da DRJ/REC  julgar  improcedentes  as  impugnações  apresentadas pelos  sujeitos passivos  para  manter a exigência do crédito tributário nos termos da ementa abaixo reproduzida:  Assunto: Normas de Administração Tributária  Data do fato gerador: 10/06/2013  INTERPOSIÇÃO  FRAUDULENTA  NA  IMPORTAÇÃO.  INFRAÇÃO  SUJEITA A PENA DE PERDIMENTO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR  ADUANEIRO DAS MERCADORIAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.  Ainda  que  houvesse  interesse  legítimo  de  faturamento,  a  empresa  importadora  fundapeana  se  prestou  a  participar  de  esquema  de  fraude  contra  o  controle aduaneiro, atuando como importador por suposta encomenda de empresa  que, com seu conhecimento, apenas cedeu o nome para ocultar os reais adquirentes  das mercadorias  importadas  irregularmente mediante  interposição  fraudulenta  de  terceiros. Trata­se de infração passível de pena de perdimento das mercadorias. Na  impossibilidade de sua apreensão porque não localizadas, a pena de perdimento foi  legalmente  convertida  em multa  equivalente  ao valor  aduaneiro  das mercadorias,  nos  termos  da  legislação  regente.  A  importadora  é  sujeito  passivo  legítimo,  responsável  solidariamente  pela  infração  juntamente  com  o  real  adquirente  Fl. 5630DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 7          11 ocultado  e  com  o  suposto  encomendante,  todos  devidamente  arrolados  no  pólo  passivo da relação jurídica sancionatória.  A empresa Savixx foi intimada da decisão de piso em 11.07.2014 (fls.5.309)  e interpôs recurso voluntário em 12.08.2014 (fls.5.337­5.363); a empresa Felix foi intimada da  decisão de piso por edital afixado em 07/07/2014 (fls.5.307) e interpôs recurso voluntário em  20.08.2014 (fls.5.593­5.609); e a empresa Carrara Materiais de Construção Ltda. foi intimada  da  decisão  de  piso  em  08.07.2014  (fls.5.308)  e  interpôs  recurso  voluntário  em  07.08.2014  (fls.5.310­5.319).  Resumidamente,  as  razões  de  inconformismo  apresentadas  pelas  referidas  empresas, ora Recorrentes, foram as seguintes:  A) Empresa Savixx Comércio Internacional Ltda.  Questões de Mérito: (i) não há no relatório fiscal nenhuma comprovação da  prática  de  qualquer  conduta,  comissiva  ou  omissiva,  que  pudesse  ensejar  a  sua  inclusão  na  autuação, sequer como sujeito passivo, na medida em que não houve no caso concreto, de sua  parte (i.1) negócio jurídico simulado; (i.2) supressão no pagamento de qualquer tributo; e (i.3)  qualquer ganho ou vantagem ilícita com as operações investigadas e autuadas,  incluindo, por  óbvio; (ii) erro na imputação da multa tipificada no artigo 23, inciso V, do Decreto nº 1.455/76  em  face  da  Recorrente,  considerando  que  referida  norma  visa  punir  o  sujeito  oculto  da  importação, que no presente caso seria a empresa Carrara, sendo que na eventual manutenção  do  lançamento  fiscal,  a multa  aplicada  no  presente  caso  deveria  ter  sido  aquela  prevista  no  artigo 33, da Lei nº 11.488/2007.  B) Empresa Felix Serviços Administrativos Ltda.  Preliminar:  (i) Nulidade  do  Auto  de  Infração:  ausência  de  justificação  que  motivem  e  dê  ensejo  na  cobrança,  constando  apenas  meras  explicações  e  presunções  para  induzir na penalidade aplicada.  Questões de Mérito (i) Abusividade da Multa Aplicada: a multa aplicada pelo  fisco  não  deve  prevalecer,  já  que  não  é  razoável,  nem  proporcional,  revelando­se  flagrantemente confiscatória.  C) Empresa Carrara Materiais de Construção Ltda.  Preliminar:  (i)  Ilegalidade  da  Prova  Empresada:  as  provas  colhidas  das  empresas  Savixx  e  Felix  sem  a  participação  da  Recorrente,  pode  ser  considerada  prova  emprestada,  acarretando  nulidade  no  lançamento  fiscal;  (ii)  Cerceamento  de  Defesa:  (ii.1)  ausência de intimação da Recorrente para prestar esclarecimentos na fase fiscalizatória; e (ii.2)  não disponibilização dos documentos que instruíram o Auto de Infração.  É o relatório.  Voto Vencido  Conselheiro Walker Araujo ­ Relator  Fl. 5631DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     12 I ­ Tempestividade  Os  recursos  voluntários  interpostos  pelos  sujeitos  passivos  atendem  aos  demais requisitos de admissibilidade, deles tomo conhecimento.  II ­ Revelia  As  Recorrentes  Felix  e  Carrara  não  impugnaram  as  questões  relativas  as  operações  de  importação  deflagradas  pela  fiscalização  que  culminaram  na  ocorrência  de  interposição  fraudulenta,  reservando  seu  direito  de  defesa  apenas  para  arguir  questões  preliminares de nulidade do lançamento fiscal, as quais serão devidamente enfrentadas.  Em relação as matérias não impugnadas, aplica­se as determinações contidas  no artigo 54, do Decreto 7574, de 29 de setembro de 2011, que assim dispõe:  Art.  54.  Não  sendo  cumprida  nem  impugnada  a  exigência,  a  autoridade  preparadora declarará a  revelia, permanecendo o processo no órgão preparador,  pelo prazo de trinta dias, para cobrança amigável (Decreto no 70.235, de 1972, art.  21, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o).   §  1o  No  caso  de  identificação  de  impugnação  parcial,  não  cumprida  a  exigência  relativa  à  parte  não  litigiosa  do  crédito,  o  órgão  preparador,  antes  da  remessa dos autos a julgamento, providenciará a formação de autos apartados para  a  imediata  cobrança  da  parte  não  contestada,  consignando essa  circunstância  no  processo original.   §  2o  Esgotado  o  prazo  de  cobrança  amigável  sem  que  tenha  sido  pago  ou  parcelado  o  crédito  tributário,  o  órgão  preparador  encaminhará  o  processo  à  autoridade competente para promover a cobrança executiva.   III ­ Recurso Voluntário  III.1 ­ Preliminares  III.1.a ­ Nulidade do Auto de Infração arguida pela Recorrente Felix  A Recorrente Felix requer a decretação de nulidade do Auto de Infração com  base  nos  seguintes  fundamentos:  "...embora  a  fiscalização  tenha  realizado  extensa  e  pormenorizada  descrição  dos  fatos,  não  logrou  êxito  em  justificar  razões  que  efetivamente  corroborem  para  inclusão  da  Recorrente  como  sujeito  passivo  solidário.  O  que  se  verifica  durante  o  discorrer  do Mandado de Procedimento Fiscal,  foi  que a  fiscalização apresentou  meras  presunções  e,  em  inúmeras  ocasiões,  fatos  que  não  correspondiam  à  época  do  fato  gerador, para fundamentar a cobrança".  E conclui: " De acordo com o artigo 2º e artigo 50, II, §1º da Lei 9.874/99  um dos princípios do processo administrativo âmbito da Administração Pública Federal é o da  motivação,  que  assegura  a  utilização  de  critérios  e a  indicação de  pressupostos  fáticos  que  ensejam na decisão da fiscalização.  Sem razão à recorrente. O presente procedimento fiscal não foi realizado com  base  em  meras  presunções,  mas  embasado  em  robusto  acervo  probatório,  que  se  encontra  colacionado aos autos.  Diferentemente  do  alegado  pela  recorrente,  há  nos  autos  diversas  provas  documentais  carreadas  pela  empresa  Savixx  e  colhidas  pela  fiscalização  que  demonstram  efetivamente o modus operandi de todas as empresas que atuaram no esquema de importação  Fl. 5632DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 8          13 fraudulenta  em  referência,  todos  descritos  pormenorizadamente  no  relatório  de  fiscalização  anexo ao Auto de Infração.  Com efeito,  a  fiscalização apontou os  elementos que caracterizavam a  falta  de  capacidade  econômica  e  financeira,  apresentando  quadro  com  o  capital  social  e  do  Patrimônio  Líquido  em  comparação  com  o  volume  de  importações,  bem  como  sobre  a  existência  de  empréstimos  bancários  avalizados  pelos  reais  adquirentes  da  mercadoria  (empresas grupo AMOEDO), demonstrando que a Recorrente de fato não possuía capacidade  financeira para realizar importações de vultuosos valores.  Descreve,  ainda,  como  seriam  os  adiantamentos  feitos  para  cada DI,  tendo  em vista  a  falta  de  capacidade  financeira  para  quitar  as  obrigações  relativas  às  importações.  Neste  ponto,  destaca­se  os  motivos  que  levaram  a  fiscalização  concluir  que  houve  de  fato  ocultação do real adquirente das mercadorias, cujos trechos foram reproduzidos na decisão de  piso:  No  curso  daquele  procedimento  especial  focado  na  importação  patrocinada  pela PIASTRELLA,  a  FELIX  foi  regularmente  intimada  sobre  o motivo  de  haver  recebido daquela empresa cerca de R$ 1.461.000,00, transferidos em nove operações  de  creditamento,  mas  nada  explicou,  nem  muito  menos  explicitou  ou  buscou  demonstrar a origem dos recursos recebidos.  A fiscalização apurou, e demonstrou em anexo ao auto de infração, que esses  créditos  eram  efetuados  sempre  que  ocorria  débito  em  valor  semelhante  em  sua  conta corrente. A investigação produzida  identificou que na origem do suprimento  de  tais  créditos  estava  empresa/loja  da  chamada  rede  AMOEDO,  sendo  estas  as  verdadeiras adquirentes, posto que delas é que partiram os recursos necessários ao  custeio das importações. O mesmo esquema ocorreu nas operações focadas em oito  processos  que  figuram  nesta mesma  pauta  de  julgamento:  12466.722057/2013­06,  12466.722058/2013­42,  12466.722059/2013­97,  12466.722060/2013­11,  12466.722061/2013­66,  12466.722062/2013­19,  12466.722063/2013­  55  e  12466.722064/2013­08.  Segundo dados obtidos nos sistemas de informação da RFB, de setembro de  2009 até o início de maio de 2011, a FELIX atuou como suposta encomendante pré­ determinada  em  68  DI’s,  com  valor  total  declarado  de US$  3.833.026,07  (CIF;  custo da mercadoria incluindo seguro e frete).  Não  bastasse  isso,  restou  comprovado  que  os  sócios  da  Recorrente  mantinham  interesse  comum  com  as  empresas  do  grupo AMOEDO,  reais  importadoras  das  mercadorias  importadas,  considerando  que  eles  integraram  o  quadro  societário  da  PIASTRELLA no ano de 2003.  A fiscalização também formou sua convicção com base na análise do Plano  de  Contas  e  escrita  contábil  carreada  aos  autos,  onde  constatou  ausência  de  registro  da  movimentação bancária nos períodos de 2008, 2009 e 2010. Além disso, a fiscalização realizou  apuração das movimentações bancárias através dos documentos fornecidos pelos Bancos Itaú e  Unibanco  (vide  fls.4.066­4071  e  4072­4.093).  Toda  essa  documentação,  inequivocamente,  infirma  a  alegação  da  recorrente  de  que  a  fiscalização  havia  se  utilizado  somente  dos  documentos relativos ao ano 2012 para comprovar os fatos motivadores da presente autuação.  Por  outro  lado,  no  que  tange  especificamente  ao  controle  aduaneiro,  nos  termos  determinados  no  Decreto  nº  1.455/76,  artigo  23,  §2º,  com  a  redação  dada  pela  Lei  Fl. 5633DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     14 10.637/2002,  é  suficiente  para  caracterizar  a  presunção  legal  de  interposição  fraudulenta  de  terceiros,  a  não  comprovação  da  origem,  disponibilidade  e  transferência  de  recursos  empregados na operação de comércio exterior.  Assim,  resta demonstrado que o procedimento fiscal encontra­se  respaldado  em  fartos  elementos  probatórios  e  que  as  operações  de  importação  foram  consideradas  por  conta e ordem por presunção legal relativa (juris tantum), em razão da robusta comprovação de  que a Recorrente utilizou recursos financeiros da real importadora, no presente caso a empresa  Carrara Materiais de Construção Ltda., para custear a totalidade das importações realizadas no  período da autuação.  Assim, cabia a recorrente infirmar as robustas provas colacionadas aos autos  pela fiscalização, com base em elementos probatórios hábeis e idôneos. No entanto, em vez de  tentar  infirmar  tais  provas,  sem  qualquer  respaldo,  a  recorrente  preferiu  o  caminho  fácil  de  simplesmente alegar nulidade do Auto de Infração por ausência de motivação.  Desta forma, rejeita a preliminar de nulidade arguida pela Recorrente Felix.  III.1.b ­ Ilegalidade da prova emprestada e Cerceamento de Defesa arguida  pela Recorrente CARRARA  Extrai­se da decisão de piso que a Recorrente alegou que: "Considerando­se  a  natureza  das  provas  consignadas  pela  fiscalização,  deveria  a  ora  Recorrente  ter  tido  o  direito de acompanhar a sua produção e assim poderia fiscalizar a sua adequada mensuração.  A  acusação  fiscal  partiu  do  que a  doutrina  convencionou  chamar  de prova  emprestada. No  entanto,  para  que  esse  tipo  de  prova  seja  admissível  é  imprescindível  que  o  processo  tenha  envolva as mesmas partes e que a respectiva produção tenha sido submetida ao contraditório.  Nenhum desses requisitos foi observado in casu. Portanto, todas as provas imputadas contra a  ora  impugnante  são  ilegítimas  por  vício  de  produção.  Em  conclusão,  não  se  trata  aqui  materialmente  de  um  mero  MPF,  mas  de  um  verdadeiro  instrumento  de  acusação,  demonstrando­se assim afronta ao direito da ora impugnante de ter apresentado, à época da  apuração  dos  fatos,  a  sua  defesa  plena,  o  que  implica  na  absoluta  nulidade  do  auto  de  infração, violando diretamente os princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e  devido processo legal.  Em  resumo  a  Recorrente  responsável  solidário  alegou  nulidade  do  procedimento  fiscal  por  ofensa  aos  princípios  do  contraditório  e  da  ampla  defesa,  sob  o  argumento  de  não  foi  submetida  a  prévio  procedimento  fiscal,  visando  o  levantamento  das  informações e documentos relacionados ao fato jurídico infracional.  Sem razão a recorrente.   Isto  porque,  no  âmbito  do  processo  administrativo  fiscal  de  exigência  de  crédito  tributário,  a  fase  do  contraditório  tem  início  com  a  ciência  do  auto  de  infração  pelo  autuado  e  responsáveis  solidários,  o  que  foi  feito,  de  forma  regular  no  caso  em  tela.  Além  disso, com a  regular ciência de  todos os  responsáveis  solidários  foi  facultada a possibilidade  deles  impugnarem  a  exigência  fiscal,  o  que  foi  regulamente  exercido  por  todos.  E  tanto  as  peças  impugnatórias  quanto  os  recursos  voluntários  apresentados  pelos  recorrentes,  constitui  prova  inconteste de que o  contraditório  e o direito de defesa  foram assegurados  aos  sujeitos  passivos  solidários  em  toda  sua  plenitude,  inclusive  a  faculdade  de  apresentar  a  provas  que  entendessem adequadas à comprovação das aduzidas razões de defesas.  Fl. 5634DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 9          15 Tanto  é  verdade,  que  a  devedora  principal  contestou  integralmente  sua  participação  na  operação  que  envolve  as  importações  sob  análise,  tudo  com  base  nos  documentos e fatos disponibilizados às partes.   Portanto, revela­se de todo descabida a alegação de mácula do procedimento  fiscal,  em  razão  da  ausência  de  intimação  do  devedor  solidário  para  participar  da  fase  fiscalizatória.   Cabe salientar que a Recorrente nunca teve seu direito de defesa preterido, na  medida  em  que  que  teve  conhecimento  de  todas  as  provas  juntadas  ao  processo,  dos  argumentos invocados pela autoridade fiscal, das medidas adotadas pela fiscalização. Também  em nenhum momento de sua defesa, em apego a um formalismo excessivamente exacerbado  demonstra  o  efeito  prejuízo  que  teve  no  seu  direito  de  defesa  de  todas  essas  alegações  de  nulidade.   No caso, o questionado auto de infração atende todos os requisitos do art. 10  do  Decreto  70.235/1972.  E  o  relatório  fiscal  que  o  integra  contém  todos  os  dados  e  informações necessárias e suficientes para a perfeita avaliação das  irregularidades aduaneiras  imputadas ao sujeitos passivos principal e solidários.  E na fase de instrução ou inquisitorial do procedimento fiscal, sabidamente,  não há qualquer determinação legal no sentido de obrigar a fiscalização instaurar procedimento  contra cada um responsáveis solidários, ou até mesmo cientificar todos eles da instauração e do  curso  do  procedimento  contra  o  contribuinte  sob  fiscalização.  Tais  medidas  somente  serão  adotadas,  se  curso  do  procedimento  elas  se  revelarem  indispensáveis,  para  fins  de  instrução  processual, o que não ocorreu na autuação em apreço.  Por essas razões, diferentemente do alegado, não há que falar em prejuízo ao  direito defesa e tampouco em vulneração do contraditório, no curso da fase de procedimental  ou de instrução. Em decorrência, revela­se de todo inapropriado alegar cerceamento do direito  de  defesa  antes  de  iniciado  o  prazo  para  a  impugnação  do  lançamento,  que,  se  apresentada  tempestivamente pelo autuado,  instaura a fase litigiosa do processo, nos termos do art. 14 do  Decreto 70.235/1972.  Enfim,  depreende­se  que  as  conclusões  foram  produzidas  no  próprio  procedimento e expostas no próprio relatório fiscal, possibilitando à recorrente o exercício do  contraditório e da ampla defesa, não havendo que se falar em ilegalidade de prova emprestada,  nem em cerceamento de defesa, razões pelas quais, rejeito preliminar arguida.  Ultrapassadas  as  preliminares,  passa­se  à  análise  do  mérito  relativo  à  interposição fraudulenta.  III.2 ­ Questões de mérito  No mérito, cabe analisar se as importações realizadas pela Recorrente Savixx  a  pedido  da  Recorrente  Felix  (encomendante  da  mercadorias)  caracterizam  interposição  fraudulenta,  mediante  fraude,  simulação  ou  falsidade  documental,  bem  como  questões  envolvendo a aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias  importadas  objeto da DI 0912136604 R$ 137.315,74.  Fl. 5635DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     16 Novamente,  ressalta­se  que,  as  devedoras  solidárias  não  impugnaram  a  acusação de interposição fraudulenta feita pela fiscalização, presumindo verdadeiro os fatos à  elas imputados.   Desta  forma,  adianto  meu  entendimento  no  sentido  de  que  as  Recorrentes  Felix  e  Carrara  Materiais  de  Construção  Ltda.  devem  responder  pelo  pagamento  da  multa  exigida nestes autos, a primeira por sua participação no sentido de ocultar os reais adquirentes  de mercadorias  importadas,  fazendo  as  vezes  de  encomendante  predeterminada  para  ocultar  aquele  que  de  fato  forneceu  os  recursos  financeiros  para  custear  as  operações  de  comércio  exterior especificadas, no caso a segunda.  III.2.a ­ Alegações da Recorrente Savixx  A  Recorrente  Savixx  alega  que  (i)  não  há  no  relatório  fiscal  nenhuma  comprovação da prática de qualquer conduta, comissiva ou omissiva, que pudesse ensejar a sua  inclusão  na  autuação,  sequer  como  sujeito  passivo,  na  medida  em  que  não  houve  no  caso  concreto,  de  sua  parte  (i.1)  negócio  jurídico  simulado;  (i.2)  supressão  no  pagamento  de  qualquer  tributo; e  (i.3) qualquer ganho ou vantagem  ilícita com as operações  investigadas e  autuadas, incluindo, por óbvio.  De  fato,  entendo  que  não  há  no  relatório  fiscal  nenhum  indício  de  irregularidade  praticada  pela  Recorrente  Savixx  capaz  de  lhe  imputar  qualquer  responsabilidade pela infração apurada neste processo administrativo.  Isto  porque,  todos  os  fatos  apurados  pela  fiscalização  retratam  que  o  ato  negocial  tido  por  fraudulento  foi  realizado  única  e  exclusivamente  pelas  demais  empresas  envolvidas  na  importação,  a  Recorrente  Felix  por  sua  participação  no  sentido  de  ocultar  os  reais  adquirentes  de  mercadorias  importadas,  fazendo  as  vezes  de  encomendante  predeterminada para ocultar aquele que de fato forneceu os recursos financeiros para custear as  operações  de  comércio  exterior  especificadas,  no  caso  a  Recorrente  Carrara  Materiais  de  Construção Ltda.  O  relatório  fiscal,  reproduzido  na  decisão  de  piso,  não  deixa  dúvida  que  a  Recorrente Savixx,  na  qualidade  de mera  importadora,  não  cometeu  nenhuma  irregularidade  passível de punição. Vejamos os indícios reunidos pela fiscalização:  As Declarações de Importação investigadas na ação fiscal foram registradas  por  dois  importadores  distintos:  SAVIXX  COMERCIO  INTERNACIONAL  S/A,  CNPJ nº 28.477.685/0001­80, e LOG TRADING & SUPPLY CHAIN LTDA, CNPJ  nº 08.997.092/0001­38. No presente Auto de Infração, lavrado ao respaldo do MPF  Nº  0727600.  2013.00471  ­  SAVIXX,  emitido  em  face  SAVIXX  COMERCIO  INTERNACIONAL S/A,  foram autuadas operações de  importação registradas pela  SAVIXX onde a FELIX figurou como encomendante.   A  regular  importação  “para  revenda  a  encomendante  pré­determinado”  é  uma forma de terceirização das operações de comércio exterior, onde uma empresa  (a importadora) é contratada para promover, em seu nome, e em razão de contrato  previamente  firmado,  a  importação  de  mercadorias  para  revenda  à  empresa  que  encomendou as mercadorias (a encomendante).  Em  que  pese  a  obrigação  do  importador  de  revender  as  mercadorias  importadas  ao  encomendante  pré­determinado,  é  o  importador  quem  formaliza  a  compra internacional, logo deve dispor de capacidade econômica e financeira para  o pagamento da importação, bem como das demais despesas da nacionalização. Da  mesma forma, o encomendante também deve ter capacidade econômica e financeira  Fl. 5636DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 10          17 para adquirir as mercadorias revendidas pelo importador contratado, conforme se  depreende do art. 5º da IN SRF nº 634/06. Portanto, na importação para revenda a  encomendante pré­determinado está presente a característica essencial do interesse  do  encomendante  em  adquirir  mercadorias  estrangeiras,  razão  que  o  motiva  a  contratar  um  importador  para  adquirir  a mercadoria  no  exterior,  providenciar  a  nacionalização e depois revendê­la ao encomendante. Mas, relembra­se, que nessa  modalidade, para  ser  considerada  uma  operação  de  importação  por  encomenda  perfeitamente regular, é necessário que  tanto a empresa encomendante quanto a  empresa  importadora  sejam  habilitadas  para  operar  no  Sistema  Integrado  de  Comércio  Exterior  (SISCOMEX),  e,  além  da  importadora  contratada,  a  encomendante também deve ter capacidade econômica para adquirir no mercado  interno as mercadorias que lhe sejam revendidas pela importadora.  Por outro  lado, numa regular  importação por conta e ordem, a atuação da  empresa  importadora  também  pode  abranger  desde  a  simples  execução  do  despacho  de  importação  até  a  intermediação  da  negociação  no  exterior,  contratação do  transporte, seguro, entre outros, mas o promotor da operação é o  real  adquirente. Este  é  o mandante  da  importação,  quem  efetivamente  faz  vir  a  mercadoria de outro país, em razão da compra internacional, embora possa fazê­lo  por via de um mero mandatário (o intermediário importador). Além disso, é o real  adquirente quem pactua a  compra  internacional  e dispõe  (ou deveria dispor) de  capacidade  econômica  para  o  pagamento  da  importação,  pois  é  deste  que  se  originam (ou deveriam se originar) os recursos financeiros.  Tanto  na  importação  por  conta  e  ordem  de  terceiros  como  na  importação  para revenda a encomendante pré­determinado, a  legislação estendeu a condição  de sujeição passiva solidária ao adquirente ou ao encomendante, para permitir o  adequado controle e fiscalização do comércio exterior exercido pela Administração  Aduaneira.  Neste caso restou demonstrado que a empresa FELIX foi apresentada na DI,  pela  importadora  SAVIXX,  como  suposta  encomendante  nas  operações  de  importação  investigadas,  entretanto  as mercadorias  eram predestinadas  a  outros  interessados,  verdadeiros  adquirentes  das  mercadorias,  supridores  dos  recursos  que custearam as respectivas operações, mas se mantiveram ocultos da autoridade  aduaneira.  O fio da meada surgiu no curso do procedimento especial aplicado à DI nº  10/0436924­9,  para  a  qual  foi  constatada  a  ocultação  do  real  comprador  e  responsável  pela  importação  das  mercadorias  estrangeiras,  a  empresa  PIASTRELLA  MATERIAIS  DE  CONSTRUÇÃO  LTDA  (PIASTRELLA),  CNPJ  nº  02.069.769/0001­91, tendo­se caracterizado a interposição fraudulenta de terceiro,  infração  considerada  dano  ao  Erário  e  punível  com  a  pena  de  perdimento  das  mercadorias,  conforme art.23,  inc. V  e  §§  1º  e  2º,  do Decreto­Lei  nº  1.455/1976.  (Vide  o  processo  nº  12466.722061/2013­66  constante  desta  mesma  pauta  de  julgamento, que trata da autuação específica da PIASTRELLA)  Nessa  investigação  acima  referida  para  a  DI  especificada,  registrada  pela  importadora SAVIXX, foi declarada como suposta encomendante pré­determinada,  a  FELIX  para  qual  deveriam  ser  revendidas  s  mercadorias.  Entretanto,  a  fiscalização constatou que naquele caso a real compradora (supridora dos recursos  necessários),  responsável pela  importação,  foi  a oculta PIASTRELLA, uma  loja  da rede varejista AMOEDO, do estado do Rio de Janeiro, uma das maiores do país  no  ramo  de  materiais  de  construção.  No  curso  daquele  procedimento  especial  aflorou  que  outras  empresas/lojas  da  rede  AMOEDO  em  operações  com  Fl. 5637DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     18 arquitetura similar, também bancaram, em diversas operações distintas, a atuação  da mesma interposta FELIX com créditos em sua conta bancária no valor total de  R$  2.880.000,00,  apenas  no  período  de  dez/2009  a  abril/2010.  Nesta  pauta  de  julgamento  estão  oito  processos,  incluído  este,  que  abrangem  oito  distintas  empresas da chamada rede AMOEDO desvendadas como as reais provedoras dos  recursos  necessários  às  respectivas  importações,  executadas  pela  intermediária  SAVIXX,  a  qual  declarou  em  todos  esse  oito  casos,  como  suposta  encomendante  mesma  FELIX,  dentro  do  mesmo  esquema  fraudulento  descortinado,  mesmo  sabendo  ser  a  origem  dos  recursos  daquelas  distintas  lojas  participantes  da  chamada  rede  AMOEDO  (considerados  os  oito  processos  desta  pauta,  inclusive  este,  os  reais  adquirentes  identificados  nesse  mesmo  esquema  simulado  são  PIASTRELLA,  ABITARE,  CARRARA,  GAZ  WORLD,  MODERATTO,  RHODES,  ROSSIO e VENATTO – vide quadro de fls.11/12 do relatório precedente a este voto)  Por outro lado, identificou­se também que os sócios da FELIX integraram o  quadro societário da PIASTRELLA em 2003, e na ficha de habilitação da FELIX no  SISCOMEX consta um capital  social  registrado de apenas R$ 50 mil,  no  entanto  conforme  descrito  foi  flagrada  como  suposta  encomendante  em  operações  de  importação da ordem de US$ 4,1 milhões nos últimos três anos. Destaca­se neste  momento  a  incompatibilidade  do  capital  social  registrado  pela  FELIX  com  o  montante  transacionado  no  comércio  exterior,  suficiente  para  justificar  que  também essa empresa, suposta encomendante pré­determinada, fosse submetida ao  procedimento especial de fiscalização previsto na IN SRF 228/2002.  Apurou­se  que  FELIX  foi  constituída  em  23/04/2008,  quando  seu  contrato  social foi registrado na Junta Comercial do Estado do Espírito Santo (JUCEES). O  capital registrado era de R$ 20.000,00, e estaria totalmente integralizado em moeda  corrente  conforme Cláusula  4ª  do Contrato  Social. Posteriormente  foi  registrada,  em 03/07/2008, Alteração do Contrato Social na qual se indica aumento do capital  social de R$ 30.000,00, integralizado em moeda corrente, perfazendo o total de R$  50.000,00, constituído da seguinte forma:  É  de  se  ver,  que  os  indícios  apurados  pela  fiscalização  demonstram  claramente que o  ilícito  envolveu apenas  a Recorrente Felix  e  as demais  empresas do  grupo  AMOEDO  (real  adquirentes  das mercardorias),  dentre  elas  a  Recorrente  Carrara,  sendo  que  não há nenhum fato capaz imputar responsabilidade a Recorrente Savixx.  Com todo respeito ao trabalho realizado pela fiscalização, o simples fato da  Recorrente Savixx ter realizado as importações das mercadorias encomendadas pela Recorrente  Felix,  no  pleno  exercício  de  suas  atividades,  não  pode  servir  de  respaldo  jurídico  sofrer  qualquer tipo penalidade por atos ilícitos praticados em etapas posteriores a importação.  Com  efeito,  as  irregularidades  apontadas  pela  fiscalização  de  fraude,  simulação  ou  falsidade  documental,  dizem  respeito  apenas  as  operações  posteriores  a  importação  da mercadoria,  onde  restou  comprovado que  a Recorrente  Felix  ocultou  os  reais  adquirentes  de  mercadorias  importadas,  fazendo  as  vezes  de  encomendante  predeterminada  para ocultar aquele que de fato forneceu os recursos financeiros para custear as operações de  comércio exterior especificadas, no caso a Recorrente Carrara Materiais de Construção Ltda.  Além  disso,  restou  comprovado  que  a  única  empresa  que  não  detinha  capacidade econômica e financeira para suportar as operações de importação era a Recorrente  Felix; que os reais adquirentes das mercadorias eram as empresas do grupo AMOEDO; e que  existiam interesse comum entre elas.   Por  outro  lado,  restou  comprovado  (i)  que  as  importações  eram  custeadas  pela Recorrente Savixx, por meio de subsídios próprios; (ii) que os valores primeiramente eram  Fl. 5638DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 11          19 transferidos da lojas AMOEDO para a Felix e posteriormente transferidos desta última para a  Recorrente Savixx;  e  (iii)  que  somente  após  o  recebimento  dos  valores  a Recorrente Savixx  emitia  as  notas  de  saída  a  Recorrente  Felix.  Ademais  disso,  há  contrato  de  prestação  de  serviços de importação firmado entre as partes, demonstrando a lisura dos negócios realizados.  Ou  seja,  não  há  nenhum  ato  praticado  pela  Recorrente  Savixx  que  seja  passível de irregularidade.   Sobre atos simulados,  trazemos à baila os ensinamentos do professor Silvio  Rodrigues5:  "A  simulação  é,  na  definição  de  Beviláqua,  uma  declaração  enganosa  da  vontade,  visando  produzir  efeito  diverso  do  ostensivamente  indicado.  Negócio  simulado, portanto, é aquele que oferece uma aparência diversa do efetivo querer  das partes. Estas fingem um negócio que na realidade não desejam.  Encontram­se  aí  os  elementos  básicos  caracterizadores  da  simulação,  pois  nela  é  elementar  a  existência  de  uma  aparência  contrária  à  realidade.  Tal  disparidade  é  produto  da  deliberação  dos  contraentes.  De  fato,  a  simulação  caracteriza­se  quando  duas  ou  mais  pessoas,  no  intuito  de  enganar  terceiros,  recorrem a um ato aparente, quer para esconder um outro negócio que se pretende  dissimular  (simulação relativa), quer para  fingir uma realidade  jurídica que nada  encobre  (simulação absoluta).  Trata­se,  portanto,  de uma  burla,  intencionalmente  construída  em  conluio  pelas  partes  que  almeja  disfarçar  a  realidade  enganando  terceiros." (destaques incluídos).  Segundo  Silvio  de  Salvo  Venosa6  caracteriza  a  simulação,  fundamentalmente, a divergência consciente entre a vontade e a declaração realizada, confira­ se:  "Há,  na  verdade,  oposição  entre  o  pretendido  e  o  declarado.  As  partes  desejam mera  aparência  do  negócio  e  criam  ilusão  de  existência. Os  contraentes  pretendem criar aparência de um ato, para assim surgir aos olhos de terceiros.  A disparidade entre o querido e o manifestado é produto da deliberação dos  contraentes.  Na  simulação,  há  conluio.  Existe  uma  conduta,  um  processo  simulatório;  acerto,  concerto  entre  os  contraentes  para  proporcionar  aparência  exterior  do  negócio".  Interessante, também, verificar o magistério de Paulo Ayres Barreto7:  "A simulação em sentido lato é definida como a declaração de vontade irreal,  emitida  conscientemente,  que  visa a aparentar um negócio  jurídico  inexistente, ou  que,  se  existe,  é  diferente  daquele  que  se  realizou,  com  o  propósito  de  iludir  terceiros.  E  requisito  indispensável,  portanto,  que  haja  uma  divergência  entre  a  vontade interna e a declarada, como bem lembra César García Novoa.  No  âmbito  fiscal,  o  prejuízo  ocasionado  pelo  ato  simulado  é  o  não  recolhimento  ou  a  diminuição  do  valor  que  efetivamente  deveria  ser  recolhido  a                                                              5 Rodrigues, Silvio ­ Direito Civil ­ Parte Geral. vol. 1 ­ São Paulo ­ Saraiva, 2000 0 30ª Edição. ­ pag. 222­228  6 VENOSA, SILVIO SALVO. Direito Civil, Parte Geral, Editora Atlas Jurídico, 6a edição, pág. 523.   7 BARRETO, Paulo Ayres. Ato Simulado e Sonegação Fiscal. São Paulo: Editora Noeses, 2014. Pág. 7.  Fl. 5639DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     20 título de tributo. Sobre esse assunto, o Direito Tributário, por força do art. 109 do  Código  Tributário Nacional,  segue  o  conceito  dado  pelo  Direito  Privado,  o  qual  distingue duas espécies de simulação:a absoluta e a relativa.  A simulação será absoluta quando não houver relação negocial efetiva entre  as  partes,  isto  é,  elas  praticam  um  ato  de  forma  ostensiva,  mas  este,  verdadeiramente não ocorre. Por  conseguinte,  não esperam nenhum efeito do ato  simulado.  É,  por  exemplo,  o  caso  de  venda  simulada  para  executar  uma  fraude  contra credores.  Por  outro  lado,  caracteriza­se  a  espécie  relativa  (dissimulação)  quando  há  dois  negócios  jurídicos  sobrepostos:  o  simulado  aparece  para  terceiros, mas  sua  função  na  verdade  é  ocultar  outro  negócio,  dissimulado,  aqueles  que  as  partes  realmente desejam."  Os requisitos para configurar simulação estão previstos no Código Civil, em  seu artigo 167, §1º, que assim dispõe:  "Art.  167.  É  nulo  o  negócio  jurídico  simulado,  mas  subsistirá  o  que  se  dissimulou, se válido for na substância e na forma.  §1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:  I ­ aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às  quais realmente se conferem, ou transmitem;  II ­ contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;  III ­ os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós­datados.  Sobre o tema, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais têm adotado  o seguinte posicionamento:  “SIMULAÇÃO/DISSIMULAÇÃO  –  Configura­se  como  simulação,  o  comportamento  do  contribuinte  em  que  se  detecta  uma  inadequação  ou  inequivalência  entre  a  forma  jurídica  sob  a  qual  o  negócio  se  apresenta  e  a  substância ou natureza do fato gerador efetivamente realizado, ou seja, dá­se pela  discrepância  entre  a  vontade  querida  pelo  agente  e  o  ato  por  ele  praticado  para  exteriorização dessa vontade, ao passo que a dissimulação contém em seu bojo um  disfarce, no qual se encontra escondida uma operação em que o fato revelado não  guarda correspondência com a efetiva realidade, ou melhor, dissimular é encobrir o  que é”. (acórdão 10194.771)  Depreende­se  dos  citados  ensinamentos  que  simular  é  o  ato  de  fingir,  mascarar,  esconder  a  realidade,  camuflar  o  objetivo  de  um  negócio  jurídico  valendo­se  de  outro,  eis  que  o  objetivo  intentado  seria  alcançado  por  negócio  diverso,  daí  o  motivo  de  o  artigo 167 do Código Civil dispor que o negócio jurídico simulado será nulo, porém, subsistirá  o que se dissimulou, se for válido na substância e na forma.  Por isso, incumbe ao Fisco desconstituir a presunção de legitimidade de que  gozam os atos e negócios jurídicos atacados, provando que não passam de mera aparência ou  ocultam  uma  outra  relação  jurídica  de  natureza  diversa,  escamoteando  a  ocorrência  do  fato  gerador,  há  de  se  valer  da  prova  indireta,  de  indícios,  que  hão  de  ser  graves,  precisos,  concordantes entre si,  resultantes de uma forte probabilidade e indutores de ligação direta do  fato desconhecido com o fato conhecido.  Fl. 5640DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 12          21 Em  resumo,  não  vejo  nos  autos  nenhum  indício  de  ato  simulado  praticado  pela Recorrente Savixx, posto que as irregularidades apontadas pela fiscalização, que poderiam  configurar a famigerada "simulação", não restaram comprovadas.  O mesmo não se diga aos atos praticados pelas Recorrentes Felix e Cararra,  estes  sim  eivados  de  irregularidades  passíveis  de  penalidades,  conforme  devidamente  comprovado nos autos.  III.2.b ­ Abusividade da Multa Aplicada arguida pela Recorrente Felix  Sustenta a Recorrente que a multa aplicada pelo fisco não deve prevalecer, já  que  não  é  razoável,  nem  proporcional,  revelando­se  flagrantemente  confiscatória,  conforme  previsto no artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal.  Ao  contrário  do  que  explicitou  a  Recorrente,  a  multa  aplicada  não  é  confiscatória, pois o valor aplicado foi o valor estabelecido pelo legislador no seu trabalho de  competência constitucional.  Além disso, a relação entre a infração e a punição, bem como a observação  aos  princípios  da  proporcionalidade  e  da  razoabilidade  por  certo  foram  levados  em  consideração pelo legislador quando do processo legislativo de discussão do projeto de lei, só  cabendo ao fisco aplicar a legislação existente, vigente e válida.  No mais, por estar devidamente fundamentada as exigências, não cabe a este  órgão administrativo perquirir de sua constitucionalidade, dado este controle não ser da alçada  dos órgãos administrativos, mas sim, exclusivamente, do Poder Judiciário, a  teor da previsão  contida no artigo 102, incisos I e II, "b" e §1º, da Constituição Federal.  Corroborando  esse  posicionamento,  a  Portaria MF  343,  de  09  de  junho  de  2015, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, fez  constar o  artigo  62,  o  qual  dispõe  "Fica  vedado aos membros  das  turmas  de  julgamento  do  CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto,  sob fundamento de inconstitucionalidade" .  Por fim, a matéria já está sumulada no âmbito deste Tribunal Administrativo:  Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar  sobre a  inconstitucionalidade de lei tributária.  VI. Conclusão  Diante do exposto, voto por afastar as preliminares de nulidade e, no mérito,  dou provimento ao Recurso Voluntário interposto pela Recorrente Savixx e nego provimento  aos  Recursos  Voluntários  interpostos  pelas  Recorrentes  Felix  e  Carrara  Materiais  de  Construção Ltda.  É como voto.  Walker Araujo ­ Relator    Fl. 5641DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     22 Voto Vencedor  Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado.  Em relação ao bem fundamento voto proferido pelo i. Relator, com a devida  vênia, ousa­se discordar apenas em relação ao ponto da lide, apreciado no seu brilhante e bem  fundamento voto, relativo à legitimidade passiva da solidária SAVIXX.  Em apertada síntese, a premissa apresentada pelo nobre Relator para afastar a  citada pessoa  jurídica do polo passivo da presente autuação fora baseada na alegação de não  havia, no relatório fiscal, nenhum indício de irregularidade praticado pela recorrente SAVIXX  capaz  de  lhe  imputar  qualquer  responsabilidade  pela  infração  por  interposição  fraudulenta  apurada neste processo, haja vista que todos os fatos apurados pela fiscalização retratavam que  o  ato  negocial  tido  por  fraudulento  fora  realizado  única  e  exclusivamente  pelas  demais  empresas envolvidas na importação.  Por  sua  vez,  a  recorrente  SAVIXX  alegou  que  era  parte  passiva  ilegítima,  porque não havia prova de que praticara qualquer conduta, comissiva ou omissiva, que pudesse  ensejar a sua inclusão no polo passivo da autuação, sequer como sujeito passivo solidário, na  medida  em  que  não  houve,  no  caso  concreto,  de  sua  parte,  “(i)  nenhum  negócio  jurídico  simulado; (ii) supressão no pagamento de qualquer tributo; e (iii) qualquer ganho ou vantagem  ilícita com as operações investigadas e autuadas”.  Diferentemente  do  i.  Relator,  para  este  Conselheiro  os  argumentos  apresentados  pela  recorrente  não  foram  suficientes  para  infirmar  os  fatos,  comprovados  nos  autos, de que ela tinha conhecimento e, na condição de importadora ostensiva, colaborara para  a  consumação  da  prática  da  infração  por  interposição  fraudulenta  objeto  da  autuação  em  questão.  Para  se  chegar  a  essa  conclusão,  é  pertinente  esclarecer  que,  no  plano  abstrato,  sob  o  aspecto  subjetivo,  a  tipificação  da  interposição  fraudulenta  na  operação  de  importação  inclui  a  prática  de  várias  condutas  e  a  necessária  participação,  comprovada  ou  presumida, de mais de uma pessoa, que de forma, omissiva ou comissiva, concorrem para a a  configuração  da  referida  infração.  Portanto,  trata­se  de  infração  de  natureza  complexa.  Especificamente  no  âmbito  da  operação  de  importação  por  encomenda,  o  cometimento  da  referida infração exige, no mínimo, a participação da importadora contratada, da encomendante  aparente e da real encomendante/adquirente das mercadorias. Essa tríade de pessoas, mediante  simulação e cada uma a seu modo, de forma comissiva ou omissiva, concorrem para a prática  da interposição fraudulenta ocorrida no âmbito da referida modalidade de importação indireta.  Dada essa característica, no plano pragmático, a participação de cada uma das  citadas  pessoas  revela­se  imprescindível  para  a  materialização  da  conduta  infratora  em  comento, a saber: a importadora aparente por realizar a operação de importação por encomenda  simulada,  a  encomendante  aparente  por  cumprir  a  função  de  interposta  pessoa  e  a  real  encomendante/adquirente  por  fornecer  os  recursos  financeiros  necessários  a  compra  da  mercadoria importada.  Nesse  contexto,  a  real  encomendante/adquirente,  com  a  aquiescência  da  importadora,  transfere  e  concentra  todo  o  passivo  tributário,  decorrente  da  operação  subsequente ocorrida no mercado interno, na encomendante aparente interposta, por se tratar de  pessoa  jurídica,  geralmente,  inexistente de fato e  sem capacidade econômico­financeira,  com  Fl. 5642DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 13          23 quadro  societário  inidôneo,  formado  por  “testas  de  ferro”  ou  “laranjas”.  Por  meio  desse  procedimento fraudulento, os ganhos financeiros provenientes do não pagamento dos tributos  devidos na operação regular de importação, induvidosamente, acabam sendo apropriados pela  importadora  e  pela  real  encomendante/adquirente  das  mercadorias,  as  reais  beneficiárias  da  fraude cometida.  Assim, uma vez demonstrada a simulação, com o evidente intuito de ocultar a  real  encomendante,  a  operação  de  venda  e  compra  simulada  entre  a  importadora  e  encomendante interposta deve ser desconsiderada e mantida a real operação de venda e compra  entre a  importadora e a  real encomendante, conforme preceitua o art. 167 do Código Civil, a  seguir transcrito:  Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o  que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.  § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:  I  ­  aparentarem  conferir  ou  transmitir  direitos  a  pessoas  diversas  daquelas  às  quais  realmente  se  conferem,  ou  transmitem;  II ­ contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não  verdadeira;  III  ­  os  instrumentos  particulares  forem  antedatados,  ou  pós­ datados.  § 2º Ressalvam­se os direitos de terceiros de boa­fé em face dos  contraentes do negócio jurídico simulado. (grifos não originais)  Nesse contexto, em que a importadora e a real encomendante concorrem para  a prática da  infração e dela  se beneficiam,  independentemente,  da  intenção e da  efetividade,  natureza e  extensão dos  efeitos do  ato  infracional,  conjunta ou  isoladamente,  as duas devem  responder pela prática da infração, por força do que determina o art. 95, I, combinado com o  disposto no art. 94, § 2º, ambos do Decreto­lei 37/1966, a seguir transcritos:  Art. 94 ­ Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou  involuntária,  que  importe  inobservância,  por  parte  da  pessoa  natural ou jurídica, de norma estabelecida neste Decreto­Lei, no  seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo  destinado a completá­los.  [...]  §  2º  ­  Salvo  disposição  expressa  em  contrário,  a  responsabilidade por infração independe da intenção do agente  ou  do  responsável  e  da  efetividade,  natureza  e  extensão  dos  efeitos do ato.  Art. 95 ­ Respondem pela infração:  I  ­  conjunta  ou  isoladamente,  quem  quer  que,  de  qualquer  forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie;  [...]. (grifos não originais).  Fl. 5643DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     24 Assim,  ainda  que  a  recorrente  SAVIXX  não  tenha  realizado,  direta  e  exclusivamente,  o  negócio  jurídico  simulado,  suprimido  o  pagamento  de  qualquer  tributo  e  obtido  qualquer  ganho  ou  vantagem  ilícita,  na  condição  de  importadora,  certamente,  ela  concorreu  para  a  prática  da  infração  por  interposição  fraudulenta  em  apreço  e  dela  se  beneficiou,  haja  vista  que  não  só  auferira  os  ganhos  financeiros  normais  decorrentes  da  atividade  de  importação  por  encomenda,  como  também  obtivera  expressivos  ganhos  financeiros  provenientes  do  incentivo  fiscal  gerido  pelo  Fundo  para  o Desenvolvimento  das  Atividades Portuárias (FUNDAP). E esse fato incontroverso contraria a alegação da recorrente  de que não obtivera nenhuma vantagem e nenhum tipo de ganho com as citadas operações de  importação.  Também  não  procede  a  alegação  da  recorrente  SAVIXX  de  que  não  tinha  conhecimento  do  esquema  de  interposição  fraudulenta  em  referência,  pois,  ao  contrário  do  alegado,  as  mensagens  eletrônicas  (e­mails)  sobre  faturas  pró­forma,  ordem  de  compra  e  demais procedimentos prévios de importação das mercadorias, efetivamente,  trocadas entre o  Sr. Ricardo Torres de Oliveira, funcionário da “Rede de Lojas AMOEDO”, que atuava na área  de importação do grupo, e os prepostos da recorrente SAVIXX, reproduzidas na descrição dos  fatos  integrante  do  auto  de  infração,  revelam  que  os  representantes  da  SAVIXX,  induvidosamente, sabiam que as  reais encomendantes e adquirentes das mercadorias por elas  importadas eram as pessoas jurídicas integrantes do grupo de “Rede de Lojas AMOEDO”, as  quais,  por  meio  da  interposta  e  recorrente  FELIX,  forneciam  os  recursos  financeiros  necessários e suficientes para o pagamento dos custos e despesas devidas nas correspondentes  operações de importação.  No  mesmo  sentido,  em  outras  mensagens,  parcialmente  reproduzidas  no  corpo do auto de infração, o preposto da recorrente SAVIXX justifica a necessidade de pagar  taxas de sobre­estadia de contêineres e solicita autorização ao Sr. Ricardo Torres de Oliveira  para realizar o pagamento. O teor das referidas mensagens revela, de forma convergente, que  era  o  citado  funcionário  do  grupo  de  “Rede  de  Lojas AMOEDO”,  responsável  pela  área  de  importação,  quem  negociava  diretamente  com  os  exportadores  estrangeiros,  incluindo  as  encomendas perante os exportadores/fornecedores estrangeiros, os preços das mercadorias etc.,  sem  qualquer  interferência  da  recorrente  FELIX,  até  porque  esta  era  apenas  uma  empresa  fachada, utilizada para acobertar a respectiva pessoa jurídica integrante do grupo de “Rede de  Lojas AMOEDO”, conforme fartamente demonstrados nos autos.  Com  o  objetivo  de  comprovar  que  desconhecia  a  referenciada  interposição  fraudulenta, na resposta à intimação da autoridade fiscal, com data de 17/5/2012, a recorrente  confirmou que as negociações internacionais das mercadorias importadas foram acompanhadas  pelo  Sr.  Ricardo  Torres  Oliveira,  que  entendia  ser  funcionário  da  recorrente  FELIX,  sem  contudo apresentar elemento de prova adequada que corroborasse essa última informação.  Ainda  na  tentativa  de  demonstrar que  desconhecia  que  a  recorrente FELIX  não  era  a  real  encomendante,  a  recorrente  SAVIXX  apresentou  à  fiscalização  contratos  de  garantia  para  as  operações  de  importação,  sob  a  forma  de  fiança  bancária,  emitida  pelo  Unibanco e Banco Itaú, em favor da SAVIXX, no valor de R$ 2.000.000,00, que alegara terem  sido prestadas pela recorrente FELIX.  No  entanto,  após  a  realização  de  diligência,  a  fiscalização  obteve  documentos,  devidamente  registrados  em  cartórios,  que  demonstravam  que  as  citadas  garantias,  de  fato,  não  forma  prestadas  pela  recorrente  FELIX,  mas  prestadas  e  suportadas  pelas  empresas  do  grupo  de  “Lojas  da  Rede  AMOEDO”,  conforme  se  infere  das  certidões  extraídas da descrição dos fatos, que seguem transcritas:  Fl. 5644DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 14          25 Certidão  emitida  pelo  3º  Ofício  de  Registro  de  Títulos  e  Documentos  (OFÍCIO  CARTÓRIO  3  RTD  204  2012)  apresentou o seguinte documento:  I)  CONTRATO  DE  PRESTAÇÃO  DE  GARANTIA  FIDEJUSSÓRIA  nº  0101059740001,  entre  o  UNIBANCO  e  a  FELIX,  assinado  em  15/05/2009.  Conforme  o  número  do  contrato  e  do  campo  “CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO”,  se trata da fiança no valor de R$ 2.000.000,00 prestada para a  SAVIXX. A  título de garantia,  foram anexados ao  contrato  três  TERMOS DE CESSÃO FIDUCIÁRIA DE DEBÊNTURES em  favor  do  UNIBANCO,  pelas  seguintes  CEDENTES/PRESTADORAS DAS GARANTIAS e respectivos  valores:  a)  PIASTRELLA  MAT  DE  CONSTR  LTDA,  CNPJ  nº  02.069.769/0001­91, 35% da operação, R$ 700.001,55;  b) ROSSIO 14 MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA, CNPJ  nº 09.218.915/0001­42, 35% da operação, R$ 700.001,55;  c)  POSTO  NOVE  MAT  DE  CONSTR  LTDA,  CNPJ  nº  02.117.717/0001­43,  12%  e  20% da operação,  respectivamente  R$ 249.443,94 e R$ 400.016,22.  Certidões  emitidas  pelo  6º  Registro  de  Títulos  e  Documentos  (CERTIDÕES  6º  OFÍCIO)  apresentaram  os  seguintes  documentos:  II)  TERMO  DE  CONSTITUIÇÃO  DE  GARANTIA  DE  ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, entre o BANCO ITAÚ e a FELIX,  registrado  em  14/06/2010,  tendo  como  garantidora  a  empresa  POSTO  NOVE  MAT  DE  CONSTR  LTDA,  CNPJ  nº  02.117.717/0001­43. Conforme os dados da operação garantida,  se trata da fiança no valor de R$ 2.000.000,00. Os ativos dados  em  garantia  (item  2.3.1)  foram  “direitos  sobre  operações  compromissadas com o Itaubanco”, no valor de R$ 487.145,50,  vinculadas a conta nº 01579­5, agência 8851, que não é conta da  Felix, logo, a garantia foi cedida pela POSTO NOVE, conforme  se depreende do item 3 do termo;  III)  TERMO  DE  CONSTITUIÇÃO  DE  GARANTIA  DE  ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, entre o BANCO ITAÚ e a FELIX,  registrado  em  14/06/2010,  tendo  como  garantidora  a  empresa  PIASTRELLA  MAT  DE  CONSTR  LTDA,  CNPJ  nº  02.069.769/0001­91.  Conforme os dados da operação garantida, trata­se da fiança no  valor  de  R$  2.000.000,00.  Os  ativos  dados  em  garantia  (item  2.3.1)  foram “direitos  sobre  operações  compromissadas  com o  Itaubanco”,  no  valor  de  R$  852.471,95,  vinculadas  a  conta  nº  01565­4,  agência  8851,  que  não  é  conta  da  Felix,  logo,  a  garantia foi cedida pela PIASTRELLA, conforme se depreende  do item 3 do termo.  Fl. 5645DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     26 Certidão  emitida  pelo  4º  Registro  de  Títulos  e  Documentos  (OFÍCIO CARTÓRIO 177 2012 4º RTD) apresentou o  seguinte  documento:  IV)  TERMO  DE  CONSTITUIÇÃO  DE  GARANTIA  DE  ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, entre o BANCO ITAÚ e a FELIX,  registrado  em  14/06/2010,  tendo  como  garantidor  a  empresa  BOTTINO  MT  DE  CONSTRUÇÃO  LTDA,  CNPJ  nº  05.879.152/0001­20. Conforme os dados da operação garantida,  trata­se da fiança no valor de R$ 2.000.000,00. Os ativos dados  em  garantia  (item  2.3.1)  foram  “direitos  sobre  operações  compromissadas com o Itaubanco”, no valor de R$ 826.128,79,  vinculadas a conta nº 01570­4, agência 8851, que não é conta da  Felix,  logo, a garantia foi cedida pela BOTTINO, conforme se  depreende do item 3 do termo.  (grifos em negrito e sublinhados  não originais).  O teor dos textos transcritos revela que a garantia das referidas fianças foram,  efetivamente,  prestadas  pelas  pessoas  jurídicas  integrantes  do  grupo  de  “Lojas  da  Rede  AMOEDO”.  Assim,  por  não  ser  a  real  garantidora  das  referidas  fianças,  a  presença  da  recorrente  FELIX  nos  referidos  contratos  de  garantia  reveste­se  de  caráter  meramente  figurativo,  com  o  único  propósito  de  encobrir  a  participação  das  pessoas  jurídicas  reais  encomendantes e adquirentes das mercadorias importadas.  Além  disso,  os  referidos  contratos  revelam  mais  uma  operação  simulada  engendrada pela recorrente SAVIXX e pelas reais encomendantes, com vistas a dissimular e a  ocultar a efetiva participação destas últimas nas correspondentes operações.  No  caso,  como  a  recorrente  FELIX  era,  comprovadamente,  uma  empresa  inexistente de fato, sem patrimônio e com quadro societário constituído por sócios “laranjas”,  fica  evidenciado  que  a  finalidade  das  referidas  garantias  fora  uma  forma  da  importadora  SAVIXX de se garantir de um eventual inadimplemento da encomendante interposta. Portanto,  diferentemente do alegado, tais contratos representam um indício, convergente com os demais  anteriormente  mencionados,  no  sentido  de  que  a  recorrente  SAVIXX  sabia  sim  que  a  recorrente FELIX não existia de fato e estava sendo utilizada como pessoa interposta, com o  evidente propósito de ocultar as reais encomendantes e adquirentes das mercadorias importadas  e, com esse procedimento, fraudar o pagamento dos tributos devidos nas operações de compra  e venda no mercado interno realizadas entre importador e real encomendante.  O  teor  das  referidas  mensagens  e  dos  referidos  contratos  de  garantia,  conjugado  ao  fato  de  que,  após  o  desembaraço  aduaneiro,  as  mercadorias  importadas  eram  remetidas  diretamente  do  recinto  alfandegado  para  o  estabelecimentos  das  reais  encomendantes,  de  forma  congruente,  revelam  que  a  recorrente  SAVIX  não  só  tinha  pleno  conhecimento  do  esquema  fraudulento,  como  dele  participara  direta  e  efetivamente,  na  condição  de  importadora,  e  que  fora  uma  das  pessoas  beneficiárias  com  os  resultados  financeiros advindos das correspondentes operações de importação fraudulentas.  Essas  constatações  também  demonstram  a  improcedência  da  alegação  da  recorrente de que não  lhe era possível  saber se os  recursos utilizados pela  recorrente FELIX  eram provenientes das empresas do grupo de “Lojas da Rede AMOEDO”, o que somente fora  possível após análise dos documentos protegidos por sigilo bancário, os quais a recorrente não  poderia exigir que lhe fossem apresentados.  Também  não  tem  qualquer  relevância  para  o  deslinde  da  controvérsia,  a  alegação  da  recorrente  de  que  não  se  beneficiara  com  a  quebra  da  cadeia  do  IPI,  porque,  a  Fl. 5646DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/2013­42  Acórdão n.º 3302­003.363  S3­C3T2  Fl. 15          27 presente  autuação  não  trata  da  cobrança  do  referido  imposto,  mas,  exclusivamente,  da  aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas.  A  recorrente  SAVIXX  alegou  ainda  que,  ao  enquadrar  as  condutas  supostamente  praticadas  pela  empresas  autuadas  no  art.  23,  V,  §§  1º  e  3º,  do  Decreto­lei  1.455/1976, a  fiscalização cometera grave erro na capitulação  legal,  sob argumento de que a  referida  penalidade  deveria  ser  aplicada  somente  na  pessoa  jurídica  encomendante  oculta  integrante do grupo de “Lojas da Rede AMOEDO”, no caso, a recorrente CARARRA, e não na  importadora.  Assim,  caso  este  Colegiado  entendesse  que  ela  havia  participado  do  suposto  esquema  fraudulento,  o  que  admitia  apenas  por  amor  à  argumentação,  a  penalidade  que  lhe  deveria ser imposta seria a multa de 10% (dez) por cento sobre o valor da operação acobertada,  prevista no art. 33 da Lei 11.488/2007, a seguir transcrito:  Art.  33.  A  pessoa  jurídica  que  ceder  seu  nome,  inclusive  mediante  a  disponibilização  de  documentos  próprios,  para  a  realização de  operações  de  comércio  exterior  de  terceiros  com  vistas  no  acobertamento  de  seus  reais  intervenientes  ou  beneficiários  fica  sujeita  a  multa  de  10%  (dez  por  cento)  do  valor  da  operação  acobertada,  não  podendo  ser  inferior  a  R$  5.000,00 (cinco mil reais).  Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não  se  aplica  o  disposto  no  art.  81  da  Lei  n°  9.430,  de  27  de  dezembro de 1996.  Sem razão a recorrente. Da simples leitura do texto transcrito, infere­se que a  referida multa de 10% (dez por cento) destina­se a sancionar a conduta da pessoa jurídica que  apenas cede o nome, com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários das  operações de comércio exterior.  Portanto,  dada  essa  característica,  a  referida  multa  somente  se  aplica  se  configurada a  interposição fraudulenta comprovada na importação por conta e ordem, que se  materializa mediante a comprovação da interposição do adquirente (ou mandante aparente) e a  identificação  do  real  adquirente  da mercadoria,  intencionalmente  ocultado  do  conhecimento  das  autoridades  aduaneiras  e  tributárias.  Nessa  modalidade  de  interposição  fraudulenta  comprovada, como a operação de importação é realizada por conta do mandante interposto (ou  adquirente  aparente),  o  importador  assume  a  condição  de mero  cedente  do  nome.  E  dada  a  condição de não ser o proprietário da mercadoria em nenhuma fase da operação de importação,  nem de fato ou de direito, o importador responde apenas pela multa de 10% (dez por cento) do  valor da operação acobertada, nos termos do caput art. 33 da Lei 11.488/2007, enquanto que o  adquirente  interposto  (ou mandante  aparente)  e  o  adquirente oculto  (ou  real  adquirente),  por  força do disposto no art. 95, I e V, do Decreto­lei 37/1966, em regime de coautoria, respondem  pela  pena  de  perdimento  da  mercadoria  ou  pela  multa  substitutiva  equivalente  ao  valor  da  mercadoria, prevista no art. 23, V e §§ 1º e 3º, do Decreto­lei 1.455/1976.  Na  presente  autuação,  induvidosamente,  não  foi  o  que  ocorreu  com  a  recorrente SAVIXX. A descrição dos fatos que integra o questionado auto de infração revela  que foi a recorrente quem realizou as correspondentes operações de importação com recursos  próprios,  o  que,  obviamente,  infirma  a  conduta  infracional  consistente  na  mera  cessão  do  nome.  Neste  caso,  ela  foi  a  proprietária  da  mercadoria  até  se  consumada  a  tradição  da  mercadoria a operação de compra e venda realizada no mercado interno.  Fl. 5647DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO     28 Nos  autos  ficou  demonstrado,  que  a  interposição  fraudulenta  ocorreu  no  âmbito  da  operação  de  aquisição  no  mercado  interno,  de  sorte  que  a  interposta  pessoa,  a  recorrente  FELIX,  ocupou  fraudulentamente  o  lugar  da  real  encomendante  e  adquirente  das  mercadorias  integrante  do  citado  grupo  econômico.  Portanto,  trata­se  de  interposição  fraudulenta  comprovada  no  âmbito  da  operação  de  importação  por  encomenda,  em  que  o  importador  atuou  como  o  real  importador/proprietário  da mercadoria  importada  e  não  como  mero cedente do nome.  No caso, trata­se de interposição fraudulenta comprovada na importação  por  encomenda,  em que quem cedera o nome não  foi  a pessoa  jurídica  importadora, mas  a  encomendante interposta, com vistas ao acobertamento da pessoa  jurídica real encomendante  das mercadorias  importadas,  o que se materializa mediante a  simulação de uma operação de  compra e venda no mercado interno celebrada entre a encomendante aparente (ou formal) e a  encomendante  oculta  (ou  real)  apenas  para  ocultar  a  participação  da  real  responsável  pela  operação de importação.  Ressalta­se, novamente, que a conduta motivadora da autuação da recorrente  SAVIXX foi o fato de ela ter concorrido e se beneficiado da infração, conforme anteriormente  demonstrado.  Por todo o exposto, vota­se pela manutenção da recorrente SAVIXX no polo  passivo da autuação, conforme determinado no questionado auto de infração.  (assinado digitalmente)  José Fernandes do Nascimento                   Fl. 5648DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO

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6463084 #
Numero do processo: 13819.721012/2013-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2011 GLOSA DE DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Exigido pela autoridade fiscal documentos que comprovem a efetividade da realização de despesas médicas indicadas pelo contribuinte em sua declaração e ajuste anual, ante a ausência de apresentação de quaisquer documentos, devem ser mantidas a glosas realizadas. Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.246
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negar-lhe provimento. Os conselheiros Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira acompanharam o relator pelas conclusões. André Luís Marsico Lombardi - Presidente Carlos Alexandre Tortato - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: André Luís Marsico Lombardi, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1297; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C4T1  Fl. 114          1 113  S2­C4T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  13819.721012/2013­21  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2401­004.246  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  12 de abril de 2016  Matéria  IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Recorrente  AUGUSTO FERNANDO PETIT PRIETO  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Exercício: 2011  GLOSA  DE  DEDUÇÃO  DE  DESPESAS  MÉDICAS.  AUSÊNCIA  DE  COMPROVAÇÃO.  Exigido pela autoridade fiscal documentos que comprovem a efetividade da  realização de despesas médicas indicadas pelo contribuinte em sua declaração  e  ajuste  anual,  ante  a  ausência  de  apresentação  de  quaisquer  documentos,  devem ser mantidas a glosas realizadas.  Recurso Voluntário Negado.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 72 10 12 /2 01 3- 21 Fl. 114DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI     2   Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do  recurso voluntário e, no mérito, negar­lhe provimento. Os conselheiros Luciana Matos Pereira  Barbosa e Rayd Santana Ferreira acompanharam o relator pelas conclusões.      André Luís Marsico Lombardi ­ Presidente      Carlos Alexandre Tortato ­ Relator    Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros:  André  Luís Marsico  Lombardi, Miriam Denise  Xavier  Lazarini,  Theodoro  Vicente  Agostinho,  Carlos  Alexandre  Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e  Rayd Santana Ferreira.  Fl. 115DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 13819.721012/2013­21  Acórdão n.º 2401­004.246  S2­C4T1  Fl. 115          3   Relatório  Trata­se de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº. 15­33.496  (fls. 78/83), proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador  (DRJ/SDR),  que  julgou  parcialmente  procedente  a  impugnação  (fls.  02/06)  do  contribuinte,  conforme ementa:  ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA –  IRPF  Exercício: 2011  DEDUÇÃO NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE.   Todas  as  deduções  pleiteadas  na  declaração  de  ajuste  estão  sujeitas  a  comprovação  ou  justificação,  a  juízo  da  autoridade  lançadora.  O  restabelecimento  só  será  possível  quando  comprovada documentalmente a dedução glosada.  Impugnação Procedente em Parte  Crédito Tributário Mantido em Parte  A  Notificação  de  Lançamento  nº.  2011/718012007548388  de  fls.  09/16  exigiu do contribuinte o recolhimento do crédito tributário no valor de R$ 5.712,16, a título de  imposto suplementar, acrescido de multa de mora e juros, decorrente da glosa de despesas com  pensão alimentícia e médicas declaradas pelo contribuinte em sua Declaração de Ajuste Anual.   Na  Descrição  dos  Fatos  e  Enquadramento  Legal  (fl.  11)  a  fiscalização  informa a glosa de R$ 940,65, correspondente à Dedução Indevida de Previdêcia Privada e  Fapi, nos seguintes termos:  Glosa do valor de R$ 940,65, indevidamente deduzido a título de  contribuição  à  Previdência  Privada  e  Fabi,  por  falta  de  comprovação,  ou  cujo  ônus  não  tenha  sido  do  contribuinte,  ou  cujo benefício não  tenha sido deste ou de seus dependentes, ou  ainda em virtude de adequação do valor da dedução declarada  ao limite percentual de 12% dos rendimentos considerados, após  alterações,  na  determinação  da  base  de  cálculo  do  imposto  devido na declaração de rendimentos.  Glosa parcial de despesa com Previdência Privada em razão do  contribuinte ter comprovado o valor de R$ 3.780,00.  Na  Descrição  dos  Fatos  e  Enquadramento  Legal  (fl.  12)  a  fiscalização  informa  a  glosa  de  R$  2.830,84,  correspondente  à  Dedução  Indevida  com  Despesa  de  Instrução, nos seguintes termos:  Glosa do valor de R$ 2.830,84, indevidamente deduzido a título  de Despesas  com  Instrução,  por  falta  de  comprovação,  ou  por  falta de previsão legal para sua dedução.  Fl. 116DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI     4 Glosa  de  despesa  com  instrução  em  razão  do  contribuinte  não  ter comprovado o valor declarado em sua DIRPF.  Na  Descrição  dos  Fatos  e  Enquadramento  Legal  (fl.  13)  a  fiscalização  informa a glosa de R$ 17.000,00, correspondente à Dedução Indevida de Despesas Médicas,  nos seguintes termos:  Glosa no valor de R$ 17.000,00, indevidamente deduzido a título  de Despesas Médicas, por falta de comprovação, ou por falta de  previsão legal para sua dedução, conforme abaixo discriminado.  Glosa  parcial  de  despesas  médicas  em  razão  do  contribuinte,  apesar de  intimado, não comprovar os efetivos pagamentos dos  valores  de  R$  12.000,00  e  R$  5.000,00,  respectivamente,  com  WILSON  LUIS  DE  SOUZA  ROSA  CPF:  140.540.328­42  e  SUELI  CARVALHO  NACONECY  DE  SOUZA  CPF:  005.013.378­06.  Em  sede  de  impugnação  (fls.  02/07),  o  contribuinte  trouxe  ao  presente  processo administrativo os seguintes argumentos:  a)  Que o valor relativo à previdência privada e Fabi refere­se a pagamento  próprio, referente a Brasilprev, CNPJ nº. 27.665.207/0001­31;  b)  Quanto  ao  valor  de  R$  2.830,84,  deduzido  a  título  de  despesas  com  instrução,  o  contribuinte  afirma  que  houve  erro  no  lançamento  da  mencionada despesa com o dependente Rodrigo Gariboti Petit, sendo o valor  correto R$ 623,00;  c)  As despesas com o Dr. Wilson Luiz de Souza Rosa e Dra. Sueli Carvalho  N.  de  Souza  referem­se  a  tratamento  próprio  e  de  dependente,  pagos  em  espécie,  acostando  aos  autos  os  recibos  desses  profissionais  referentes  aos  pagamentos realizados, cópia do seu extrato bancário que atestaria os saques  realizados  para  efetivação  dos  pagamentos  e  declarações  dos  profissionais  atestando a prestação dos serviços.  Para  a  DRJ/SDR,  a  impugnação  foi  considerada  parcialmente  procedente,  afastando a glosa relativa à dedução de previdência privada, no valor de R$ 940,65.  Quanto às glosas relativas às deduções com instrução de dependente, ante o  próprio  reconhecimento  do  contribuinte  de  declaração  equivocada  do  valor,  a  instância  julgadora  a  quo  afastou  a  glosa  o  valor  efetivamente  comprovado  pelo  contribuinte,  no  montante de R$ 623,00.  Quanto  às  glosas  relativas  às  deduções  de  despesas  médicas,  estas  foram  mantidas integralmente, sob o fundamento de ausência de cumprimento dos requisitos mínimos  de  informações  constantes nos  recibos  e,  ainda,  que o  contribuinte não  comprovou o  efetivo  pagamento das despesas.  Devidamente  intimado do acórdão proferido pela DRJ/SDR em 10/10/2013  (A.R. fl. 86) o contribuinte apresentou o seu recurso voluntário de fls. 88/99 em 11/11/2013,  alegando, em síntese:  a)  Quanto  às  despesas médicas,  as  declarações  dos  profissionais  de  saúde  acerca da efetiva prestação do serviço e o seu recebimento em espécie, bem  Fl. 117DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 13819.721012/2013­21  Acórdão n.º 2401­004.246  S2­C4T1  Fl. 116          5 como a movimentação bancária do recorrente, fazem prova da prestação dos  serviços  e  a  sua  disponibilidade  de  recursos  para  efetuar  os  pagamentos  àqueles  profissionais.  Ainda,  informa  os  endereços  dos  profissionais  posto  que não constaram nos recibos acostados ao presente processo administrativo  fiscal.  É o relatório.  Fl. 118DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI     6   Voto             Conselheiro Carlos Alexandre Tortato ­ Relator  Admissibilidade  O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele  tomo conhecimento.  Mérito  A  legislação  do  imposto  de  renda  da  pessoa  física  permite  a  dedução  de  despesas médicas do  referido  imposto, nos  termos do art. 8º,  II,  alínea “a” e § 2º, da Lei nº.  9.250/95, assim disposta:  Art. 8º A base de cálculo do  imposto devido no ano­calendário  será a diferença entre as somas:  (...)  II ­ das deduções relativas:  a)  aos  pagamentos  efetuados,  no  ano­calendário,  a  médicos,  dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas  ocupacionais  e  hospitais,  bem  como  as  despesas  com  exames  laboratoriais,  serviços  radiológicos,  aparelhos  ortopédicos  e  próteses ortopédicas e dentárias;  (...)  § 2º O disposto na alínea a do inciso II:  I  ­  aplica­se,  também,  aos  pagamentos  efetuados  a  empresas  domiciliadas  no  País,  destinados  à  cobertura  de  despesas  com  hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades  que  assegurem  direito  de  atendimento  ou  ressarcimento  de  despesas da mesma natureza;  II  ­  restringe­se  aos  pagamentos  efetuados  pelo  contribuinte,  relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes;  III  ­  limita­se a pagamentos  especificados  e  comprovados,  com  indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro  de Pessoas Físicas ­ CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes  ­ CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação,  ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o  pagamento;  Como  se  vê,  para  que  seja  conferida  validade  ao  recibo  emitido  por  profissional de saúde, exige­se que constem no mesmo, cumulativamente:  a)  Nome do profissional;  b)  Endereço;  Fl. 119DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 13819.721012/2013­21  Acórdão n.º 2401­004.246  S2­C4T1  Fl. 117          7 c)  CPF.  Assim,  analisando  os  recibos  apresentados  pelo  contribuinte  referentes  ao  pagamento de R$ 12.000,00 ao cirurgião­dentista Wilson Luis de Souza Rosa (fl. 20) e de R$  5.000 à psicóloga Sueli Carvalho N. de Souza (fl. 22), verifico que:  a)  No recibo emitido pelo cirurgião­dentista Wilson Luis de Souza Rosa (fl.  20) não consta o seu endereço profissional;  b)  No recibo emitido pela psicóloga (fl. 22) Sueli Carvalho N. de Souza não  consta o seu endereço profissional e consta como pagador o nome de Rodrigo  Gariboti Petit.  Ainda,  o  recorrente  trouxe  ao  presente  processo  administrativo  declarações  emitidas pelos referidos profissionais prestadores de serviço, onde se verifica:  a)  A declaração de Wilson Luis S. Rosa (fl. 21) menciona ter recebido de  Augusto Fernando Prieto Petit  a quantia de R$ 12.000,00 em espécie,  sem,  novamente, mencionar o seu endereço profissional;  b)  A  declaração  de  Sueli  Carvalho  N.  de  Souza  (fl.  23)  menciona  ter  recebido de Rodrigo Gariboti Petit a quantia de R$ 5.000,00 em espécie, sem,  novamente, mencionar o seu endereço profissional.  E  também  trouxe  aos  autos  o Extrato Mensal  de  conta do Banco Bradesco  (Conta  Corrente  0700051­0)  e  Banco  Santander  (Conta  Corrente:  10514670),  às  fls.  25/69  referente ao ano de 2010,  sob o  fundamento de que sua movimentação bancária atesta a  sua  capacidade  de  arcar  com  o  pagamento  das  despesas  médicas  indicadas  nos  recibos  em  comento.  Importante destacar, mais uma vez, que o fundamento das glosas relativas às  despesas  médicas  (fl.  13/14)  se  deu  ante  o  fato  do  contribuinte  “apesar  de  intimado,  não  comprovar os efetivos pagamentos dos valores de R$ 12.000,00 e R$ 5.000,00”.  Trazidas  as  provas  em  comento  pelo  contribuinte,  cabe  cotejá­las  com  as  razões  apontadas  pelo  AFRFB  como  suficientes  para  desqualificar  os  recibos  de  despesas  médicas e glosar as despesas declaradas pelo contribuinte.  Nesse contexto, entendo que não restou comprovado o efetivo pagamento das  despesas médicas  por parte  do  ora  recorrente. Destaco  que  os  extratos  bancários  trazidos  ao  presente processo não oferecem qualquer plausibilidade na demonstração de saques em espécie  em  datas  próximas  àquelas  apontadas  nos  recibos  quando  teriam  sido  realizados  os  pagamentos.  Melhor exemplificando:  a)  O  recibo da psicóloga Sueli Carvalho N. de Souza  (fl.  22) menciona o  valor  de  R$  5.000,00  e  é  datado  de  18/12/2010.  Na  declaração  desta  profissional  (fl.  23)  é mencionado que  o  pagamento  se  deu  em  espécie.  Se  considerado  o  pagamento  à  vista,  teríamos  que  ter  um  saque  no  valor  minimamente  razoável  no  referido  mês  ou,  talvez,  no mês  anterior.  Ainda  Fl. 120DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI     8 que esse valor se refira ao montante global do ano de 2010, deveria, então, a  profissional  de  saúde  ter  emitido  recibos  para  cada  um  dos  pagamentos  realizados  durante  o  ano  ou  ter  especificado  em  sua  declaração  como  se  deram  os  pagamentos,  o  que  não  foi  feito.  Assim,  não  se  verifica  ou  vislumbra qualquer plausibilidade entre a movimentação  financeira do  recorrente e os pagamentos (seja à vista, sejam eles mensais no decorrer  do ano) supostamente realizados à psicóloga emissora do recibo.  b)  O recibo do cirurgião­dentista Wilson Luis S. Rosa (fl. 20) é datado de  20/12/2010 e  sua declaração  (fl. 21) menciona que o valor  foi  recebido em  espécie e os pagamentos se deram entre 20/07 e 20/12. Todavia, do mesmo  modo, não há qualquer plausibilidade desses valores terem sido sacados  ou  movimentados  nas  contas  bancárias  do  recorrente,  sendo  inclusive  inconsistentes com os saldos de suas contas bancárias nesse período.   Assim,  ante  a  ausência  de  comprovação  por  parte  do  recorrente  de  que  efetivamente  incorrera  nas  despesas  médicas  glosadas  pela  fiscalização,  ainda  que  intimado  para  tal,  entendo que devem ser mantidas as glosas  realizadas em face das despesas médicas  declaradas pelo contribuinte e apontadas pela autoridade fiscal como indevidas.  CONCLUSÃO  Ante o exposto, voto por CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso  voluntário.  É como voto.    Carlos Alexandre Tortato.                              Fl. 121DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI

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6491063 #
Numero do processo: 10480.721571/2013-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3401-000.939
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Robson José Bayerl – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10480.721571/2013­11  Resolução nº  3401­000.939  S3­C4T1  Fl. 3            2 tomada de créditos por aquisição isenta de concentrados e material de embalagem oriundos da  ZFM; e, vi) utilização indevida de saldos credores de períodos anteriores revertidos em função  de lançamento (PA 10480.721144/2010­81).  Em  impugnação  o  contribuinte  asseverou  que  todos  os  créditos  glosados  referem­se a produtos utilizados no seu processo industrial; que o creditamento pela aquisição  de mercadorias sujeitas ao regime monofásico foi objeto de destaque na operação subseqüente,  não acarretando qualquer prejuízo ao erário; que parte dos produtos oriundos da ZFM atendem  às exigências do arts. 82, III e 175 do RIPI/02 (Decreto nº 4.544/02), mormente o concentrado  de  bebidas  não  alcoólicas  produzido  pela  Pepsi­Cola  Industrial  da  Amazônia  Ltda.;  que  o  direito  ao  crédito  pela  aquisição  de produtos  isentos  estaria  amparado pelo princípio da não  cumulatividade, segundo jurisprudência do STF; que a glosa do saldo credor, relativo a período  de apuração lançado no PA 10480.721144/2010­81, não observou a contestação do lançamento  em  referido  processo;  e, que  revela dupla penalização a  imposição de multa  isolada sobre o  crédito cujo estorno foi determinado pela autoridade administrativa.  A  DRJ Belém/PA  deu  parcial  para  afastar  a multa  isolada,  mediante  decisão  assim ementada:  “AMAZÔNIA OCIDENTAL. CRÉDITO.  Por  expressa disposição  legal,  estão  isentos do  IPI os produtos  elaborados  com matérias­primas agrícolas e extrativas vegetais  de  produção  regional,  exclusive  as  de  origem  pecuária,  por  estabelecimentos localizados na Amazônia Ocidental com projeto  aprovado pela Suframa.  CRÉDITO. INSUMOS.  Somente geram direito ao crédito do imposto os materiais que se  enquadrem no conceito jurídico de insumo, ou seja, aqueles que  se desgastem ou sejam consumidos mediante contato físico direto  com o produto em fabricação.  CRÉDITO. MONOFÁSICO.  A aquisição de produtos acabados sujeitos ao regime monofásico  está fora das hipóteses geradoras de crédito do IPI.  CRÉDITO. GLOSA. ATO ADMINISTRATIVO DEFINITIVO.  Os  atos  administrativos  são  sempre  definitivos  podendo,  em  momento  posterior,  serem  revistos  parcialmente,  anulados  ou  declarados  nulos  por  outro  ato  competente  para  tal.  Assim,  caberá  o  estorno  de  crédito  glosado,  ainda  que  pendente  de  recurso administrativo.”  O recurso voluntário, com alguma variação, reprisou os fundamentos da defesa  inaugural.  Em  24/02/2015,  por  intermédio  da  Resolução  nº  3402­000.322,  a  2ª  Turma  Ordinária/2ª  Câmara/3ª  SEJUL/CARF,  diante  da  vinculação  destes  autos  com  o  PA  10480.721144/2010­81, converteu o julgamento em diligência para se aguardar o julgamento  definitivo de referido feito.  Fl. 7007DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10480.721571/2013­11  Resolução nº  3401­000.939  S3­C4T1  Fl. 4            3 A unidade preparadora devolveu o processo, em 10/04/2015, sob alegação que o  mesmo encontrava­se no CARF, aguardando julgamento.  Na sessão de 09/12/2015, tendo em vista o desligamento, do CARF, da relatora  original, o processo foi a mim redistribuído, por sorteio.  É o relatório.  Voto  Conselheiro Robson José Bayerl, Relator   O recurso é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade.  Sem  adentrar  em  debate  acerca  do  equívoco  da  manifestação  de  devolução  lançada  pelo  despacho  de  fl.  6.996,  verifico  que  o  colegiado  primevo,  data maxima  venia,  vislumbrou  tão  somente  a  imbricação  deste  processo  ao  PA  10480.721144/2010­81,  sem  debruçar­se  sobre  as  demais  questões  postas  no  recurso  voluntário  e  que  poderiam  exigir  providências  específicas  e  independentes  daqueloutro  processo,  razão  pela  qual  aproveito  o  ensejo para estender o objeto da diligência.  Em  que  pese  concordar  com  o  vínculo  entres  os  processos,  decorrente  do  aproveitamento, nestes autos, de saldos credores remanescentes de períodos lançados naquele e  revertidos  em  função  dos  resultados  da  fiscalização,  sendo  inegável  a  influência  dos  efeitos  financeiros entre ambos,  tenho que a averiguação do cabimento do crédito pela aquisição do  concentrado isento produzido pela Pepsi­Cola Industrial da Amazônia Ltda. não prescinde da  realização de diligência, na linha do que proposto naqueles cadernos, hodiernamente sob minha  relatoria.  É que, segundo o recorrente, indigitado crédito estaria albergado pelos arts. 82,  III e 175 do RIPI/02 (Decreto nº 4.544/02), a seguir reproduzidos:  “Art. 82. São isentos do imposto:  (...)  III  ­ os produtos elaborados  com matérias­primas agrícolas  e extrativas  vegetais  de  produção  regional,  exclusive  as  de  origem  pecuária,  por  estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental, cujos projetos  tenham  sido  aprovados  pelo  Conselho  de  Administração  da  SUFRAMA,  excetuados o fumo do Capítulo 24 e as bebidas alcoólicas, das posições 22.03 a  22.06 e dos códigos 2208.20.00 a 2208.70.00 e 2208.90.00 (exceto o Ex 01) da  TIPI (Decreto­lei nº 1.435, de 1975, art. 6º, e Decreto­lei nº 1.593, de 1977, art.  34).  (...)  Art. 175. Os estabelecimentos industriais poderão creditar­se do valor do  imposto calculado, como se devido  fosse, sobre os produtos adquiridos com a  isenção do inciso III do art. 82, desde que para emprego como MP, PI e ME, na  industrialização de produtos sujeitos ao imposto (Decreto­lei nº 1.435, de 1975,  art. 6º, § 1º).”  Fl. 7008DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10480.721571/2013­11  Resolução nº  3401­000.939  S3­C4T1  Fl. 5            4 Como aduzido pelo contribuinte, ora recorrente, o concentrado de bebidas não  alcoólicas produzido pela Pepsi­Cola Industrial da Amazônia Ltda., glosado pela fiscalização,  enquadrar­se­ia  nas  condições  acima,  como  atestaria  consulta  formulada  por  esta  empresa  à  SUFRAMA, respeitante ao atendimento dos requisitos previstos no art. 6º do DL 1.435/75 para  fruição da isenção ali prevista, juntada por ocasião da impugnação.  Por  outro  lado,  como  relatado  pela  autoridade  fiscal,  durante  o  procedimento  fiscal realizado no âmbito do PA 10480.721144/2010­81, aludida pessoa jurídica foi intimada a  indicar, dentre outros, a base legal da isenção aplicada nas vendas à recorrente (fls. 325/326),  tendo  informado  que  seria  o  art.  69,  II  do  RIPI/02,  nada  obstante  responder  que  utilizava  matéria­prima de origem extrativa vegetal (extrato de caramelo), como se verifica da seguinte  passagem do relatório de autuação:  “Conforme  mostra  a  documentação  anexada  ao  e­processo,  a  PEPSI­COLA  informou  que  os  concentrados Pepsi  Cola,  Pepsi  Cola Light, Pepsi Cola Twist, Pepsi Cola Twist Light.  saem da  ZFM com a isenção prevista no artigo 69, II. Nenhuma matéria­ prima  agrícola  e  extrativa  vegetal  de  produção  da  Amazônia  Ocidental  é  utilizada  na  sua elaboração.  Informou ainda que o  corante  caramelo  utilizado  como  matéria­prima  é  produzido  e  fornecido pela empresa D D WILLIAMSON DO BRASIL LTDA,  de Manaus­AM. Esta empresa foi intimada a informar a origem  da matéria­prima utilizada na elaboração do corante caramelo  para bebidas não alcoólicas, manifestando­se, em sua resposta,  que  inexiste  matéria­prima  agrícola  ou  extrativa  vegetal  de  produção  regional  na  elaboração  do  referido  produto.”  (fls.  53/54 – destaques no original)  Neste passo, considerando que a consulta formalizou­se em abril/2012, denota­ se  uma  ambigüidade  no  posicionamento  do  fornecedor  Pepsi­Cola  Industrial  da  Amazônia  Ltda., pois, à fiscalização, em 2010, respondeu que a isenção estaria respaldada no art. 69, II do  RIPI/02,  enquanto  ao  recorrente,  que  a  isenção  assentava­se  no  art.  82,  III  do  mesmo  regulamento.  Do  cotejo  entre  os  documentos  apensados  pela  fiscalização,  no  curso  do  procedimento  fiscal,  e  dos  elementos  anexados  pelo  recorrente,  percebe­se  que  a  situação  merece esclarecimentos adicionais, não permitindo, no estado que se encontra o processo e sem  prejuízo à ampla defesa, proferir julgamento.  Registro,  por  oportuno, que  a  adoção  das providências  a  seguir propostas não  colidem  com  a  sugestão  original  de  aguardar  a  decisão  administrativa  irreformável  a  ser  exarada no PA 10480.721144/2010­81, servindo a melhor instruí­lo para julgamento, tendo em  conta  a  existência  de  matérias  independentes,  como  dito  alhures,  remetendo  ao  retorno  da  diligência  o  exame  da  melhor  alternativa  para  sua  execução  conjugada,  em  razão  da  reconhecida comunicação entre os feitos.   Com estas considerações, renovo a proposição de conversão do julgamento em  diligência para que sejam adotadas as seguintes providências:  Fl. 7009DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10480.721571/2013­11  Resolução nº  3401­000.939  S3­C4T1  Fl. 6            5 1.  Intimar a pessoa jurídica Pepsi­Cola Industrial da Amazônia Ltda, a partir  dos documentos constantes destes autos, a indicar qual a base legal da isenção  que acobertou as vendas realizadas ao recorrente, no período lançado;  2.  Intimar  a  Superintendência  da  Zona  Franca  de  Manaus  –  SUFRAMA  a  encaminhar  cópia  do  Ofício  nº  5637/SPR/CGAPI/COPIN,  de  05/07/2012,  informando  se  o  entendimento  lá  firmado,  em  resposta  à  consulta  formulada  pela  Pepsi­Cola  Industrial  da  Amazônia  Ltda.,  foi  revisto  por  outro  ato  administrativo (neste caso, encaminhar o respectivo documento);  3.  Verificar  qual  resolução,  aprovada  pelo  Conselho  de  Administração  da  SUFRAMA,  de  titularidade  da  Pepsi­Cola  Industrial  da Amazônia  Ltda.,  era  aplicável por ocasião das saídas à recorrente, glosadas neste processo;  4.  Elaborar  relatório  circunstanciado  das  verificações  realizadas,  esclarecimentos, observações e conclusões reputadas necessárias;  5.  Cientificar o contribuinte deste relatório e franquear­lhe prazo de 30 (trinta)  dias para manifestação;  Finda da diligência, com ou sem a referida manifestação, devolvam­se os autos  a este Conselho Administrativo para prosseguimento do julgamento.    Robson José Bayerl  Fl. 7010DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL

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6494503 #
Numero do processo: 19311.000697/2010-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/03/2007 a 31/12/2007 IMPOSTO NÃO RECOLHIDO NEM DECLARADO EM DCTF. O IPI que deixou de ser recolhido e nem foi declarado em DCTF será lançado de ofício com os acréscimos determinados pela legislação TAXA SELIC - INCONSTITUCIONALIDADE - INCOMPETÊNCIA DO CARF - SÚMULA Nº 2. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.067
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri (Relator), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Marcelo Giovani Vieira (Suplente).
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1796; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C3T1  Fl. 7          1 6  S3­C3T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  19311.000697/2010­13  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3301­003.067  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  25 de agosto de 2016  Matéria  IPI não recolhido  Recorrente  Plastteva Indústria de Comércio de Embalagens Ltda.  Recorrida  Fazenda Nacional    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS ­ IPI  Período de apuração: 01/03/2007 a 31/12/2007  IMPOSTO NÃO RECOLHIDO NEM DECLARADO EM DCTF.  O IPI que deixou de ser recolhido e nem foi declarado em DCTF será lançado  de ofício com os acréscimos determinados pela legislação  TAXA  SELIC  ­  INCONSTITUCIONALIDADE  ­  INCOMPETÊNCIA DO  CARF ­ SÚMULA Nº 2.  Súmula  CARF  nº  2:  O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar  sobre  a  inconstitucionalidade de lei tributária  Recurso Voluntário Negado.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  ACORDAM  os  membros  da  3ª  Câmara  /  1ª  Turma  Ordinária  da  TERCEIRA   SSEEÇÇÃÃOO   DDEE   JJUULLGGAAMMEENNTTOO,  por  unanimidade  de  votos,  NEGAR  PROVIMENTO ao Recurso Voluntário.    (assinado digitalmente)  Luiz Augusto do Couto Chagas ­ Presidente    (assinado digitalmente)  José Henrique Mauri ­ Relator.    Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto  do  Couto  Chagas  (Presidente),  José  Henrique  Mauri  (Relator),  Marcelo  Costa  Marques     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 00 06 97 /2 01 0- 13 Fl. 204DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 19311.000697/2010­13  Acórdão n.º 3301­003.067  S3­C3T1  Fl. 8          2 d'Oliveira,  Liziane  Angelotti Meira, Maria  Eduarda Alencar  Câmara  Simões,  Semíramis  de  Oliveira Duro, Valcir Gassen e Marcelo Giovani Vieira (Suplente).  Relatório  Cuida­se  de Recurso  voluntário  contra Acórdão  14­35.917,  2ª Turma da  DRJ/RPO, de 25 de novembro de 2011 que, por unanimidade de votos, julgou procedentes  os  lançamentos  tributários  por  falta  de  recolhimento  do  IPI  não  declarado  em  DCTF,  conforme os saldos devedores informados na DIPJ, assim ementado:  ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS ­ IPI  Período de apuração: 01/03/2007 a 31/12/2007  IMPOSTO NÃO RECOLHIDO NEM DECLARADO EM DCTF.  O IPI que deixou de ser recolhido e nem foi declarado em DCTF será lançado de  ofício com os acréscimos determinados pela legislação.  CRÉDITOS DO IPI. ÔNUS DA PROVA.  Cabe ao interessado o ônus da prova dos fatos constitutivo do direito que pleiteia.  INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. SELIC.  É  competência  atribuída,  em  caráter  privativo,  ao  Poder  Judiciário  pela  Constituição Federal, manifestar­se sobre a constitucionalidade das leis, cabendo  à esfera administrativa zelar pelo seu cumprimento.  MULTAS. CARÁTER CONFISCATÓRIO.  A  vedação  ao  confisco  pela  Constituição  Federal  é  dirigida  ao  legislador,  cabendo à autoridade administrativa apenas aplicá­las nos moldes da  legislação  que a instituiu.  Impugnação Improcedente  Crédito Tributário Mantido  Irresignado o contribuinte apresentou, em 10/1/2012, Recurso Voluntário,  fls. 128 ss, com os seguintes argumentos, em síntese:  · Que a  decisão  ora  recorrida  não  acolheu  as  razões  de  defesa  apresentada  sob  fundamento  de  que  somente  o  poder  Judiciário  é  competente  para  reconhecer a inconstitucionalidade de norma legal ou ato administrativo.  · Não foi exaurida a busca pela verdade material  · Não houve fundamentação legal na decisão ora recorrida.  · Alega inconstitucionalidade da Taxa Selic.  · Alega abusividade da multa aplicada.   Por meio da Resolução 3101­000.254, de 23 de outubro de 2012, fls. 147  ss, esse colegiado deliberou por converter o julgamento em diligência nos seguintes termos:  Fl. 205DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 19311.000697/2010­13  Acórdão n.º 3301­003.067  S3­C3T1  Fl. 9          3 Diante disso, converto o julgamento em diligência à repartição de origem a  fim de que intime o contribuinte a trazer aos autos cópia do livro de apuração de  IPI, a fim de que sejam verificadas as compensações no âmbito da apuração do  tributo e da determinação do termo inicial da decadência.  Adicionalmente,  informe  a  autoridade  lançadora  e  junte  aos  autos  as  DCTF (originais ou retificadoras) referentes aos períodos de apuração objeto do  lançamento que se encontram válidas no sistema da Receita Federal.  Em atendimento à diligência  requerida,  foi  lavrado o Relatório Fiscal de  fls. 199/201, consignando, em síntese:  · O  saldo  devedor  do  IPI  apurado mensalmente  na  escrita  fiscal,  em  2007,  e  informado  em DCTF,  indevidamente  retificada  no  curso  do  procedimento fiscal, foi o seguinte:  Mês/2007  Saldo devedor  Março  15.651,15  Abril  36.284,96  Maio  59.754,24  Junho  37.520,34  Julho  102.282,70  Agosto  113.982,32  Setembro  7.758,14  Outubro  108.389,05  Novembro  81.794,18  Dezembro  92.365,32  Total  655.782,4    · Os valores  apresentados  como  saldo  devedor  nos meses  de março  a  dezembro de 2007, são os mesmos já verificados e lançados no Auto  de Infração objeto do presente processo.  · Não houve, por parte do contribuinte, apresentação de demonstrativo  dos  pretensos  créditos  sobre  exportação  conforme  alegado  na  impugnação.  · Com  base  na  escrita  fiscal  apresentada,  não  houve  operações  de  exportação no período.  Fl. 206DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 19311.000697/2010­13  Acórdão n.º 3301­003.067  S3­C3T1  Fl. 10          4 O  contribuinte  foi  intimado  do  resultado  da  diligência  para,  se  desejar,  manifestar­se.  Não ocorrendo manifestação no prazo regulamentar,  retornaram os autos  para o colegiado.  Em face da renúncia ao mandato do Conselheiro Luiz Roberto Domingo,  originariamente designado relator, foi­me distribuído o presente feito para relatar e pautar.  É o relatório, em sua essência.  Voto               Conselheiro José Henrique Mauri        O Recurso Voluntário  é  tempestivo  e  preenche  os  demais  pressupostos  para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento.  Trata­se de lançamento em Auto de Infração por falta de recolhimento do  IPI não declarado em DCTF, conforme os saldos devedores informados na DIPJ.  Conforme relatado, a recorrente centra sua argumentações em alegações e  divagações quanto:  · necessidade de ser exaurida a busca pela verdade material.  · necessidade  de  fundamentação  legal  em  todos  os  atos  administrativos.  · Inconstitucionalidade da utilização da Taxa Selic.  · Abusividade da multa aplicada.  De pronto, vislumbra­se que o Acórdão recorrido não merece reparo.   Embora  é  pacífico  na  jurisprudência  que  o  julgador  não  necessita  de  manifestar­se  sobre  a  totalidade  dos  argumentos  apresentados  no  recurso,  o  Acórdão  recorrido  foi  exaustivamente  fundamentado,  alcançando  todos  os  questionamentos  apresentados pelo recorrente, em sua impugnação.   Vejamos excertos do Acórdão recorrido que, por si, esclarecem os fatos e  demonstram, em parte, os fundamentos do Julgador a quo.  Quanto aos elementos probantes:  "De  plano  afasto  o  pedido  de  perícia  contábil  para  apurar  o  suposto  crédito  presumido  que  o  contribuinte  quiçá  teria  direito,  pois a defesa quer inverter o ônus da prova, na medida que nada  juntou  que  provasse,  ou  pelo  menos  indicasse,  que  o  estabelecimento possuiria tais créditos, os quais nem mesmo foram  Fl. 207DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 19311.000697/2010­13  Acórdão n.º 3301­003.067  S3­C3T1  Fl. 11          5 escriturados ou declarados anteriormente, além do pedido estar em  total desacordo com o disposto no art. o disposto no  inciso IV do  art. 16., do retrocitado Decreto."  [...]  "Ora,  na  esfera  cível,  no  que  tange  ao  autor  da  ação,  as  provas  devem  ser  indicadas  na  exordial  e  apresentadas  na  audiência  de  instrução, sendo que o réu também deve indicar as suas provas na  contestação  para  produção  na  audiência;  na  seara  tributária,  conquanto,  todas as  contraprovas  devem  ser  carreadas  aos autos  no bojo da peça impugnatória."  [...]  Destarte,  o momento  processual  propício  para  a  defesa  cabal  da  contribuinte é o da apresentação da peça impugnatória, sendo que  meras alegações não se contrapõem ao provado pela  fiscalização  na própria escrituração do contribuinte, nem pedidos de diligência  que  se  configuram como óbvia  inversão do ônus da prova podem  ser admitidos.  Quanto à constitucionalidade:  Outrossim,  é  preciso  delimitar  a  competência  do  julgador  administrativo, ressaltando o caráter vinculado da atividade fiscal.  Não  lhe  cabe  questionar  a  legalidade  ou  constitucionalidade  do  comando legal. A análise de teses contra a constitucionalidade de  leis  é  privativa  do  Poder  Judiciário.  Nesse  sentido  é  vasta  a  jurisprudência  dos  colegiados  administrativos,  consoante  se  pode  observar das ementas infratranscritas:  [...]  Nesse  contexto,  a  autoridade  administrativa,  por  força  de  sua  vinculação ao texto da norma legal, e ao entendimento que a ele dá  o Poder Executivo, deve limitar­se a aplicá­la, sem emitir qualquer  juízo de valor acerca da sua constitucionalidade ou outros aspectos  de  sua  validade.  Essa  vinculação  somente  deixa  de  prevalecer  quando  a  norma  em  discussão  já  tiver  sido  declarada  inconstitucional  pelo  Supremo  Tribunal  Federal,  em  sede  de  controle concentrado, ou no difuso, neste caso a partir do momento  e na hipótese de produzir efeitos “erga omnes” (na ocorrência de  qualquer das situações previstas no ordenamento.  Quanto aos juros de mora:  "O raciocínio trazido aos autos pelo impugnante apenas corrobora  a  validade  das  normas  que  instituíram o  encargo,  tendo  em  vista  que a condição sine qua non para a exigência dos juros é a mora  do  contribuinte.  Se  o  imposto  ora  exigido  tivesse  sido  pago  no  vencimento  legal,  inexistiria  a  mora  e,  conseqüentemente,  inexistiriam os juros de mora."  Quanto à ilegalidade da Taxa Selic  Fl. 208DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 19311.000697/2010­13  Acórdão n.º 3301­003.067  S3­C3T1  Fl. 12          6 "Portanto a Lei nº 9.065, de 1995, não violou o CTN, art. 110, pois  em momento algum alterou a natureza  jurídica de um instituto de  direito privado, uma vez que não é forma de cálculo que vai definir  a natureza da taxa de juros.  Quanto  ao  disposto  na  Lei  n°  5.172,  de  1966,  art.  161,  §  1º,  verifica­se que a redação do dispositivo permite que a lei ordinária  disponha de modo diverso em relação ao percentual de 1% ao mês,  sem  exigir  que  o  novo  percentual  seja  fixado  na  lei  em  sentido  estrito.  Nesse  sentido,  veio a  lume o art. 61,  § 3º da Lei nº 9.430/96 que  elegeu a taxa Selic para ser aplicada no cálculo dos juros de mora  em relação a dívidas tributárias não pagas no vencimento."  Quanto a abusividade da multa de ofício:  "Relativamente  à  argüição  de  inconstitucionalidade  da  multa  de  ofício,  como  já  dito,  não  cabe  à  autoridade  administrativa  conhecer essas alegações por absoluta falta de competência, a teor  do art. 97 e 102 da CF/88. Os juízos quanto ao princípio do não­ confisco tributário, que se aplica aos tributos e não às sanções, e  da proporcionalidade da reprimenda em relação à falta têm como  destinatário  imediato  o  legislador  ordinário  e  não  autoridade  administrativa. Estando o percentual da multa fixado em lei, cabe à  Administração apenas velar pelo seu fiel cumprimento."  Conforme  visto,  farta­se  de  fundamentos,  o  Acórdão  recorrido,  não  merecendo guaridas as argumentações evasivas trazidas pelo recorrente.  Ressalte­se  que,  da  Diligência  realizada  em  cumprimento  à  Resolução  3101­000.254,  de  23  de  outubro  de  2012,  fls.  147  ss,  restou  concluso  que  os  valores  apresentados como saldo devedor nos meses de março a dezembro de 2007, são os mesmos  já  verificados  e  lançados  no Auto  de  Infração  objeto  do  presente  processo,  não  havendo  manifestação por parte do recorrente.  O  silêncio  do  autuado  aponta  na  concordância  com  o  resultado  da  diligência. Desnecessárias mais delongas em sua análise.  Fundamento,  derradeiramente, meu voto  aplicando  a Súmula Carf  nº  2,  pela qual não há competência ao Carf para manifestar­me quanto a inconstitucionalidade da  taxa Selic bem assim da alegada abusividade da multa aplicada.  Súmula  CARF  nº  2:  O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.  Ademais  o  Regimento  Interno  do  Carf,  art.  62,  veda  ao  conselheiro  afastar a aplicação de Lei ou Decreto, conforme tenta impingir o recorrente.  Art. 62. Fica vedado aos membros das  turmas de julgamento do  CARF afastar  a  aplicação ou deixar de observar  tratado,  acordo  internacional,  lei  ou  decreto,  sob  fundamento  de  inconstitucionalidade.  Fl. 209DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 19311.000697/2010­13  Acórdão n.º 3301­003.067  S3­C3T1  Fl. 13          7   Dispositivo  Ante  o  todo  exposto,  voto  no  sentido  de  NEGAR  PROVIMENTO  ao  Recurso Voluntário, mantendo íntegro o Acórdão recorrido.  É como voto.    José Henrique Mauri ­ Relator                            Fl. 210DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS

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Numero do processo: 17437.720179/2011-59
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS RURAIS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. SUB-ROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. LIMITES. A inconstitucionalidade do artigo 1º, da Lei nº 8.540, de 1992, declarada pelo STF no RE nº 363.852/MG, não se estende à Lei nº 10.256, de 2001. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Numero da decisão: 9202-005.097
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).

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Acórdão nº  9202­005.097  –  2ª Turma   Sessão de  13 de dezembro de 2016  Matéria  SUB­ROGAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL  Recorrente  FAZENDA NACIONAL  Interessado  ARROZEIRA BOM JESUS LTDA.    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008  COMERCIALIZAÇÃO  DE  PRODUTOS  RURAIS  ADQUIRIDOS  DE  PESSOAS  FÍSICAS.  SUB­ROGAÇÃO  DA  EMPRESA  ADQUIRENTE.  DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. LIMITES.  A inconstitucionalidade do artigo 1º, da Lei nº 8.540, de 1992, declarada pelo  STF no RE nº 363.852/MG, não se estende à Lei nº 10.256, de 2001.   INCONSTITUCIONALIDADE.  O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade  de lei tributária (Súmula CARF nº 2).      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer  do  Recurso  Especial  da  Fazenda  Nacional  e,  no  mérito,  por  maioria  de  votos,  em  dar­lhe  provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento. Votaram pelas  conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.   (assinado digitalmente)  Luiz Eduardo de Oliveira Santos ­ Presidente em exercício   (assinado digitalmente)  Maria Helena Cotta Cardozo ­ Relatora  Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros  Maria  Helena  Cotta  Cardozo,  Patricia  da  Silva,  Elaine  Cristina  Monteiro  e  Silva  Vieira,  Ana  Paula  Fernandes,     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 43 7. 72 01 79 /2 01 1- 59 Fl. 446DF CARF MF     2 Heitor de Souza Lima  Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis  da Costa Bacchieri  e  Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).  Relatório  Trata­se  de  lançamento  de  Contribuições  Previdenciárias  de  produtor  rural  pessoa física, incidentes sobre a aquisição de sua produção rural, incluída a contribuição para o  financiamento  dos  benefícios  concedidos  em  razão  do  grau  de  incidência  de  incapacidade  laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho ­ RAT e a contribuições para o Serviço  Nacional de aprendizagem Rural – SENAR, incidentes sobre a aquisição de produção rural de  produtor rural pessoa física.  Em  sessão  plenária  de  12/02/2015,  foi  dado  provimento  ao  Recurso  Voluntário, prolatando­se o Acórdão nº 2403­002.984 (fls. 403 a 413), assim ementado:  “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008  PREVIDENCIÁRIO  ­  CUSTEIO  ­  AUTO  DE  INFRAÇÃO  OBRIGAÇÃO PRINCIPAL ­ CONTRIBUIÇÃO DO PRODUTOR  RURAL PESSOA FÍSICA ­ INCONSTITUCIONALIDADE  Considerando  que  a  fundamentação  legal  para  a  exação  em  questão está prevista no art.25, incisos I e II da Lei n 8.212/91 e  que esses dispositivos foram reconhecidos como inconstitucional  pelo  STF  no  RE  596.177/RS,  a  responsabilidade  da  empresa  adquirente de produção rural adquirida de pessoa física também  desaparece,  razão  pela  qual  o  Auto  de  Infração  de Obrigação  Principal AIOP não poderá prosperar.  A  contribuição  para  o  SENAR  veiculada  no  AIOP  nº  37.361.7631 (parte Terceiros ­ SENAR), embora não tenha sido  objeto  de  reconhecimento  de  inconstitucionalidade  no  RE  596.177/RS,  não  pode  ser  exigida  do  sub­rogado,  o  caso  a  Recorrente,  como  conseqüência  lógica  da  declaração  de  inconstitucionalidade  do  art.  25,  Lei  8.212/1991,  posto  ser  o  fundamento  para  a  constituição  da  base  de  cálculo  da  contribuição  ao  SENAR,  na  hipótese  dos  autos  (art.  30,  IV,  lei  8212/1991 c/c art. 25, Lei 8212/1991).  Recurso Voluntário Provido."  O  processo  foi  encaminhado  à  PGFN  em  09/04/2015  (Despacho  de  Encaminhamento de fls. 414) e, em 13/05/2015, foi interposto o Recurso Especial de fls. 415 a  427 (Despacho de Encaminhamento de fls. 428), visando rediscutir a questão da aplicabilidade  do artigo 25 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação da Lei nº 10.256, de 2001.   Ao  Recurso  Especial  foi  dado  seguimento,  conforme  Despacho  nº  2400­ 128/2015, de 24/06/2015 (fls. 430 a 438).   Em seu apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese:  Fl. 447DF CARF MF Processo nº 17437.720179/2011­59  Acórdão n.º 9202­005.097  CSRF­T2  Fl. 447          3 ­ em primeiro lugar, cabe apontar que o lançamento foi efetuado com lastro  na  Lei  nº  10.256,  de  09/07/2001  (DOU  de  10/07/2001),  conforme  aponta  as  fls.  26  ­  Fundamentos Legais do Débito;  ­  feitas  essas  considerações  iniciais,  cumpre  transcrever  o  acórdão  da  Suprema Corte que balizou o entendimento da decisão hostilizada:  "RECURSO  EXTRAORDINÁRIO  ­  PRESSUPOSTO  ESPECÍFICO  ­  VIOLÊNCIA  À  CONSTITUIÇÃO  ­  ANÁLISE  ­  CONCLUSÃO.Porque  o  Supremo,  na  análise  da  violência  à  Constituição, adota entendimento quanto à matéria de fundo do  extraordinário,  a  conclusão  a  que  chega  deságua,  conforme  sempre  sustentou  a  melhor  doutrina  ­  José  Carlos  Barbosa  Moreira  ­,  em provimento  ou  desprovimento  do  recurso,  sendo  impróprias as nomenclaturas conhecimento e não conhecimento.  CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL  ­  COMERCIALIZAÇÃO  DE  BOVINOS  ­  PRODUTORES  RURAIS  PESSOAS  NATURAIS  ­  SUBROGAÇÃO LEI Nº 8.212/91 ­ ARTIGO 195, INCISO I, DA  CARTA  FEDERAL  ­  PERÍODO  ANTERIOR  À  EMENDA  CONSTITUCIONAL Nº 20/98 ­ UNICIDADE DE INCIDÊNCIA ­  EXCEÇÕES  ­  COFINS  E  CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL  ­  PRECEDENTE  ­  INEXISTÊNCIA  DE  LEI  COMPLEMENTAR.  Ante o  texto constitucional,  não subsiste a obrigação  tributária  sub­rogada  do  adquirente,  presente  a  venda  de  bovinos  por  produtores  rurais,  pessoas  naturais,  prevista  nos  artigos  12,  incisos  V  e  VII,  25,  incisos  I  e  II,  e  30,  inciso  IV,  da  Lei  nº  8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e nº  9.528/97.  Aplicação  de  leis  no  tempo  considerações."  (RE  363852,  Relator(a):  Min.  MARCO  AURÉLIO,  Tribunal  Pleno,  julgado  em  03/02/2010,  DJe071  DIVULG  22042010  PUBLIC  23042010  EMENT  VOL0239804  PP00701  RET  v.  13,  n.  74,  2010, p. 41­69)  ­ da análise da ementa do julgado é possível depreender como determinante à  conclusão  da  Corte  Constitucional,  no  que  interessa  à  presente  lide,  a  necessidade  de  lei  complementar para instituição da contribuição, à luz do art. 195, § 4º, da Constituição;  ­  nesse  contexto,  o  posicionamento  da Corte  referiu­se  ao  entendimento  de  que  a  exigência  de  lei  complementar  decorreria  do  art.  195,  §  4º,  da  Constituição  (na  sua  redação original, antes do advento da EC nº 20/1998), uma vez que a base econômica sobre a  qual  incide a contribuição não estaria prevista na Constituição na data de sua instituição pela  Lei nº 8.540/92;  ­ sendo assim, por se tratar de exercício da competência tributária residual da  União,  imprescindível  a  utilização  de  lei  complementar  para  instituição  da  contribuição  previdenciária;  ­ aduziu­se que o texto constitucional, até a edição da Emenda Constitucional  nº 20 de 1998, não previa a  receita  como base  tributável,  existindo  tão  somente  a  alusão  ao  faturamento, lucro e folha de salários no inciso I do art. 195;  Fl. 448DF CARF MF     4 ­  portanto,  como  a  Lei  nº  8.540/92,  alterando  o  disposto  no  art.  25  da Lei  8.212/91, fixou a base de cálculo da contribuição como sendo a "receita bruta proveniente da  comercialização"  da  produção  rural,  teria  havido  afronta  ao  texto  constitucional,  "até  que  legislação  nova,  arrimada  na  Emenda  Constitucional  nº  20/98,  venha  a  instituir  a  contribuição";  ­ o fundamento jurídico adotado pelo acórdão citado como basilar da decisão  ora  hostilizada  demonstra,  às  escâncaras,  que  apenas  foi  abordada  no  julgamento  a  constitucionalidade da redação do art. 25 da Lei nº 8.212/91 conferida pela Lei nº 8.540/92;   ­ noutros termos, a Lei nº 8.540, editada em 1992, alterou o artigo 25 da Lei  nº 8.212/91;  ­ o dispositivo modificou a contribuição devida pelo empregador rural pessoa  física, substituindo as contribuições incidentes sobre a folha de pagamento por aquela incidente  sobre a comercialização da produção rural;  ­ apenas essa lei ­ Lei nº 8.540, de 1992 ­ foi objeto da decisão proferida no  RE nº 363.852/MG, fundamento da decisão ora recorrida, tendo decidido o Supremo Tribunal  Federal pela sua inconstitucionalidade;  ­ ocorre que a Suprema Corte não se pronunciou sobre a atual redação do art.  25 da Lei nº 8.212/91 a qual, hodiernamente, dá suporte para a cobrança da contribuição;  ­  portanto,  atualmente,  a  contribuição  previdenciária  do  empregador  rural  pessoa física é recolhida com base na redação do art. 25 da Lei nº 8.212 conferida pela Lei nº  10.256, de 2001 ­ cuja constitucionalidade não foi apreciada pelo STF;  ­  isso  porque,  nos  termos  do  RE  nº  363.852/MG,  a  superveniência  de  lei  ordinária,  posterior  à  EC  nº  20  de  1998,  seria  suficiente  para  afastar  a  pecha  de  inconstitucionalidade da contribuição previdenciária do empregador rural pessoa física;  ­ com a edição da Lei nº 10.256, no ano de 2001, sanou­se o referido vício;  ­  nesse  sentido,  acerca  do  tema  há  o  recente  posicionamento  do  Tribunal  Regional Federal da 4ª Região na Apelação Cível nº 2007.70.03.0049589/PR, que declarou a  constitucionalidade  dessa  norma  e,  consequentemente,  a  constitucionalidade  da  cobrança  da  contribuição rural após 2001:  "TRIBUTÁRIO.  CONTRIBUIÇÃO  INCIDENTE  SOBRE  A  COMERCIALIZAÇÃO  DA  PRODUÇÃO  RURAL.  PRODUTOR  RURAL  PESSOA  FÍSICA  EMPREGADOR.  LEGITIMIDADE  ATIVA.  COMPENSAÇÃO.  HONORÁRIOS  ADVOCATÍCIOS.  SUMULAS 512 DO STF E 105 DO STJ.  1­  A  jurisprudência  é  uníssona  no  sentido  de  reconhecer  a  legitimidade  ativa  ad  causam  da  empresa  adquirente/consumidora/consignatária  e  da  cooperativa  para  discutir a legalidade da contribuição para o Funrural.  2­ O substituto tributário carece de legitimidade para compensar  ou repetir o indébito, porquanto o ônus financeiro não é por ele  suportado.  3 ­ O STF, ao julgar o RE nº 363.852, declarou inconstitucional  as  alterações  trazidas  pelo  art.  1º  da  Lei  nº  8.540/92,  eis  que  Fl. 449DF CARF MF Processo nº 17437.720179/2011­59  Acórdão n.º 9202­005.097  CSRF­T2  Fl. 448          5 instituíram nova fonte de custeio por meio de lei ordinária, sem  observância da obrigatoriedade de lei complementar para tanto.  4  ­  Com  o  advento  da  EC  nº  20/98,  o  art.  195,  I,  da  CF/88  passou  a  ter  nova  redação,  com  o  acréscimo  do  vocábulo  "receita".  5 ­ Em face do novo permissivo constitucional, o art. 25 da Lei  8.212/91,  na  redação  dada  pela  Lei  10.256/01,  ao  prever  a  contribuição do empregador rural pessoa física como incidente  sobre  a  receita  bruta  proveniente  da  comercialização  da  sua  produção, não se encontra eivado de inconstitucionalidade."  ­  logo, nesse ponto,  da  sub­rogação,  com a  edição de  lei  posterior  à EC nº  20/98 (Lei nº 10.256/2001), que já foi inclusive considerada constitucional perante o Tribunal  Regional  Federal  da  4ª  Região,  a  contribuição  sobre  a  produção  dos  empregadores  rurais  pessoas físicas foi retomada;  ­ dessa forma, não foi declarada a inconstitucionalidade da sub­rogação após  a edição da  lei nova (Lei nº 10.256/2001) a que se referiu o Relator em seu pronunciamento  constante do acórdão a que faz referência a decisão hostilizada (RE nº 363.852/MG);  ­  como  é  possível  perceber  da  leitura  do  citado  acórdão  proferido  pela  Suprema Corte, a sub­rogação em si mesma considerada não foi declarada inconstitucional;  ­  o  referido  dispositivo  continua  tendo  utilidade  prática  em  relação  aos  tributos  recolhidos  pelos  segurados  especiais  e  dos  empregadores  rurais  depois  da  edição  da  Lei nº 10.256/2001, que adequou a técnica de tributação à nova redação constitucional;  ­  veja­se  que,  no  RE  nº  363.852/MG,  o  Supremo  Tribunal  não  estava  processualmente autorizado a analisar a manutenção ou não da vigência das Leis nº 8.540/92 e  9.528/97  sob a  égide  (após) da Emenda Constitucional nº 20/98, porque o objeto processual  analisado no recurso extraordinário era apenas a  invalidação das relações  jurídicas tributárias  inter  partes  e  a  declaração  apenas  incidental  de  invalidade  das  normas  jurídicas  tributárias  impugnadas perante o texto originário;  ­ a Corte, no referido RE 363.852/MG, também não examinou o art. 25 com a  redação dada pelas  leis ordinárias posteriores à Emenda Constitucional nº 20/98 porque estas  também não  integravam o objeto processual delimitado na petição  inicial,  dentre  as quais  se  insere a Lei nº 10.256/2001, que fundamentou o lançamento;  ­  logo,  invocado  o  art.  62,  inciso  I,  do  RICARF,  era  e  é  nesses  precisos  limites nos quais deveria gizar­se o julgado ora hostilizado;  ­  nesse  teor,  veja­se  que  a Primeira Turma Ordinária  da Quarta Câmara  da  Terceira Seção de  Julgamento do CARF,  já  sob a égide do RICARF, aprovado pela Portaria  MF  nº  256,  de  22/06/2009,  já  decidiu  sobre  os  estreitos  limites  do  controle  de  constitucionalidade efetivado na via incidental:  "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA  SEGURIDADE ­ SOCIAL COFINS  Fl. 450DF CARF MF     6 Período  de  apuração:  31/12/1999  a  31/01/2000,  31/03/2000  a  31/12/2000,28/02/2001 a 31/03/2001, 31/08/2001 a 30/09/2001,  01/11/2001 a 30/11/2001, 01/10/2002 a 31/10/2002, 31/12/2002  a 30/06/2003, 31/08/2003 a 30/09/2003.  REGIME DA CUMULATIVIDADE. ALARGAMENTO DA BASE  DE  CÁLCULO.  FATURAMENTO.  DECISÃO  DO  STF.  REVOGAÇÃO EXPRESSA DO ART.  3º,  §  1º,  LEI Nº  9.718/98  PELA LEI Nº 11.941, de 28/05/2009.  Não  promulgada  ainda  resolução  do  Senado  Federal  estendendo  a  todos  os  contribuintes  os  efeitos  de  decisão  do  STF que considerou inconstitucional o alargamento da base de  cálculo das contribuições, é de se aplicar a lei ainda em vigor à  época  da  ocorrência  dos  períodos  de  apuração,  qual  seja,  de  que  a  base  de  cálculo  do  PIS/Pasep  e  da  Cofins  é  a  receita  bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas pela  pessoa  jurídica,  sendo  irrelevante  o  tipo  de  atividade  por  ela  exercida e a classificação contábil adotada para as receitas.  INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS. SÚMULA Nº 2.  O Segundo Conselho de Contribuintes não é competente para se  pronunciar  sobre  a  inconstitucionalidade  de  legislação  tributária. No  caso,  alegada a  inconstitucionalidade  do  art.  56  da  Lei  nº  9.430,  de  27  de  dezembro  de  1996,  que  revogou  a  isenção  da  Cofins  das  sociedades  civis  de  profissão  regulamentada.  (...)  Recurso Voluntário Provido em Parte." (acórdão nº 3401­00387,  processo administrativo nº 10580.011972/200351).  ­ delineado esse contexto, no qual ainda não superada a divergência jurídica  na seara judicial, uma vez que a União vem defendendo a possibilidade e a constitucionalidade  do  instituto  da  sub­rogação  diante  do  advento  da  Lei  nº  10.256/2001, mesmo  após  o RE  nº  363.852/MG, o que inclusive já foi acatado por diversos órgãos julgadores do Poder Judiciário,  como é o caso do TRF da 4ª Região, não poderia o Colegiado valer­se do disposto no art. 62,  inciso I, do RICARF;  ­ registre­se que não se olvida a existência de repercussão geral sobre o tema,  Recurso Extraordinário nº 596.177;  ­  diante  do  julgamento  realizado  em  1º/08/2011,  foi  noticiada  no  sítio  eletrônico do Supremo Tribunal Federal a seguinte informação:  "Segunda­feira, 01 de agosto de 2011  Empregador  rural  pessoa  física  não  precisa  recolher  contribuição sobre receita bruta   Por votação unânime, o Plenário do Supremo Tribunal Federal  (STF)  manteve  jurisprudência  firmada  anteriormente  e  deu  provimento, nesta segunda­feira (1º), ao Recurso Extraordinário  (RE) 596177 para declarar a inconstitucionalidade do artigo 1º  da  Lei  8.540/92,  que  determina  o  recolhimento,  para  a  Previdência  Social,  da  contribuição  incidente  sobre  a  Fl. 451DF CARF MF Processo nº 17437.720179/2011­59  Acórdão n.º 9202­005.097  CSRF­T2  Fl. 449          7 comercialização  da  produção  rural  (antigo  Funrural)  por  empregador  rural  pessoa  física,  com  alíquota  de  2%  sobre  a  receita bruta de sua produção.  Na  decisão,  que  seguiu  o  voto  do  relator,  ministro  Ricardo  Lewandowski, a Suprema Corte declarou a inconstitucionalidade  do  artigo  1º  da  Lei  8.540/92,  que  deu  nova  redação  a  dispositivos da Lei 8.212/91.  O  Plenário  determinou,  também,  a  aplicação  desse  mesmo  entendimento  aos  demais  casos  que  tratem  do mesmo  assunto.  Com  isso,  rejeitou  pedido  da  União  para  que,  caso  desse  provimento  ao  recurso,  modulasse  a  decisão  para  que  não  se  aplicasse a todos os casos.  O caso  O  recurso  foi  interposto  pelo  produtor  rural  Adolfo  Angelo  Marzari Junior contra acórdão (decisão colegiada) do Tribunal  Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que, ao negar provimento  a  apelação  em  mandado  de  segurança,  entendeu  ser  constitucional  essa  contribuição  sobre  a  receita  bruta,  nos  termos  do  artigo  25  da  Lei  nº  8.212/91,  após  alteração  promovida pela Lei nº 8.540/92.  Ele alegou ofensa aos artigos 195, parágrafo 4º, e 154, inciso I,  da  Constituição  Federal.  Em  síntese,  argumentou  que  tal  recolhimento significaria desrespeito ao princípio constitucional  da igualdade, pois, além de contribuir para a Previdência sobre  a folha de seus empregados ­ como as pessoas jurídicas ­, ainda  teria  que  recolher  a  contribuição  sobre  a  receita  bruta  de  sua  produção,  exigência  essa  que  não  é  feita  a  nenhum  outro  segmento.  Além disso, como se trata de uma nova base de contribuição, o  recorrente sustentou que essa somente poderia ser instituída por  lei  complementar,  e  não  por  lei  ordinária,  como  é  o  caso  da  norma  contestada  e  por  diversas  outras  que  a  validaram  posteriormente, até a Lei 10.256/2001.  Repercussão geral  O  RE  foi  protocolado  no  STF  em  dezembro  de  2008  e,  em  setembro  de  2009,  o  Plenário  Virtual  da  Suprema  Corte  reconheceu  a  existência  de  repercussão  geral*  na  questão  constitucional  nele  suscitada.  Em  junho  de  2010,  o  relator,  ministro Ricardo  Lewandowski,  concedeu  liminar,  dando  efeito  suspensivo ao recurso, até  julgamento de seu mérito. Com isso,  nesse  período,  o  autor  do  RE  já  ficou  dispensado  do  recolhimento do tributo.  Na decisão de hoje, o Plenário se apoiou em sua decisão de 3 de  fevereiro  do  ano  passado,  quando,  no  julgamento  do  Recurso  Extraordinário  363852,  relatado  pelo  ministro Marco  Aurélio,  declarou a inconstitucionalidade do mesmo dispositivo.  Fl. 452DF CARF MF     8 A  Procuradoria­Geral  da  República  manifestou­se  pelo  provimento do recurso." ­ como se vê, nada a agasalhar o entendimento ventilado na decisão recorrida  que estribou seu posicionamento no art. 62, inciso I, do RICARF e não utilizou o entendimento  ventilado no acórdão proferido pelo STF no RE nº 363.852/MG como mero subsídio;  ­ assim, ainda que se valendo do disposto no art. 62­A do RICARF, o CARF  deve  ater­se  aos  estritos  limites  objetivos  da  demanda,  não  sendo  lícito  fazer  ilações  para,  mediante interpretação extensiva, alcançar situações não previstas, não alijadas pela pecha de  inconstitucionalidade e assim declaradas pelo Poder incumbido pela Constituição Federal de tal  mister;  ­  tal  situação  se  revela  ainda  de maior  gravidade  quando  se  constata  que  a  decisão  utilizada  como  parâmetro  de  referência  foi  tomada  em  controle  incidental  de  constitucionalidade,  com  efeitos  inter  partes,  portanto,  antes  da  edição  de  Resolução  pelo  Senado Federal;   ­ logo, por todas as razões acima expostas, impõe­se a reforma do aresto, de  forma  a  restabelecer  a  decisão  de  primeira  instância,  mantendo­se  o  lançamento  em  sua  integralidade.  Ao  final,  a  Fazenda Nacional  pede  o  conhecimento  e  o  provimento  de  sue  recurso.  Cientificada  do  acórdão,  do  Recurso  Especial  e  do  despacho  que  lhe  deu  seguimento, a Contribuinte quedou­se silente (fls. 440 a 445).    Voto             Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo ­ Relatora  O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende  aos  demais  pressupostos  de  admissibilidade,  portanto  deve  ser  conhecido.  Não  foram  oferecidas Contrarrazões.  Trata­se  de  lançamento  de  Contribuições  Previdenciárias  de  produtor  rural  pessoa física, incidentes sobre a aquisição de sua produção rural, incluída a contribuição para o  financiamento  dos  benefícios  concedidos  em  razão  do  grau  de  incidência  de  incapacidade  laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho ­ RAT e a contribuições para o Serviço  Nacional de aprendizagem Rural – SENAR, incidentes sobre a aquisição de produção rural de  produtor rural pessoa física.   Os valores são referentes ao período de 01/2007 a 12/2008, portanto exigidos  já  sob  a  égide  da  Lei  nº  10.256,  de  2001,  sobre  a  qual  até  o  momento  não  paira  qualquer  restrição acerca de sua constitucionalidade.  A Fazenda Nacional visa rediscutir a questão da aplicabilidade do artigo 25  da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação da Lei nº 10.256, de 2001.  Fl. 453DF CARF MF Processo nº 17437.720179/2011­59  Acórdão n.º 9202­005.097  CSRF­T2  Fl. 450          9 Destarte, tendo em vista que esta foi a única matéria do acórdão recorrido e  do Recurso Especial, não há como sequer discutir­se a suposta inconstitucionalidade da Lei nº  10.256, de 2001, em face de determinação expressa da Súmula CARF nº 2:  Súmula  CARF  nº  2:  O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.  Ainda  que  se  pudesse  discutir  a  constitucionalidade  de  dispositivo  legal  vigente e não declarado inconstitucional pelo STF ­ o que se admite apenas para argumentar ­ a  decisão no RE nº 363.852/MG não deixa dúvidas acerca da  impossibilidade de estender­se à  Lei nº 10.256, de 2001, editada após a Emenda Constitucional nº 20/98, a inconstitucionalidade  declarada em relação ao art. 1º da Lei nº 8.540, de 1992, como se naquela assentada o Excelso  Pretório tivesse condenado o instituto da substituição tributária da contribuição previdenciária  do  produtor  agrícola  de  forma  ampla,  estendendo  seus  efeitos  a  legislação  superveniente,  editada após a Emenda Constitucional nº 20/98.   Esclareça­se  que  no  Recurso  Extraordinário  nº  363.852/MG,  discutiu­se  a  constitucionalidade da contribuição exigida com base no art. 25 da Lei n° 8.212, de 1991, com  a  redação  dada  pelas  Leis  nºs  8.540,  de  1992,  e  9.528,  de  1997,  incidente  sobre  o  valor  da  comercialização da produção rural, apenas quanto à sua extensão ao empregador rural pessoa  física. Nesse passo, decidiu­se que tal inovação não encontrava respaldo na Carta Magna, até a  Emenda  Constitucional  20/98.  Referido  precedente  foi  adotado  em  regime  de  repercussão  geral, por meio do julgamento do Recurso Extraordinário nº 596.177/RS (art. 543­B do Código  de Processo Civil), cuja ementa a seguir se transcreve:  CONSTITUCIONAL.  TRIBUTÁRIO.  CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL  PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA.  INCIDÊNCIA  SOBRE  A  COMERCIALIZAÇÃO  DA  PRODUÇÃO.  ART.  25  DA  LEI  8.212/1991,  NA  REDAÇÃO  DADA  PELO  ART.  1º  DA  LEI  8.540/1992.  INCONSTITUCIONALIDADE.  I  ­  Ofensa  ao  art.  150,  II,  da  CF  em  virtude  da  exigência  de  dupla contribuição caso o produtor rural  seja empregador. II  ­  Necessidade  de  lei  complementar  para  a  instituição  de  nova  fonte de custeio para a seguridade social.   III  ­  RE  conhecido  e  provido  para  reconhecer  a  inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 8.540/1992, aplicando­se  aos casos semelhantes o disposto no art. 543­B do CPC.   (RE 596177, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal  Pleno,  julgado  em  01/08/2011,  REPERCUSSÃO  GERAL  – MÉRITO, DJe­165 de 29­08­2011)  Com a entrada em vigor da Lei nº 10.256, de 2001, editada já sob a égide da  Emenda Constitucional nº 20/98, passaram a  ser devidas  as  contribuições  sociais  a  cargo do  empregador  rural  pessoa  física,  às  alíquotas  de  2%  e  0,1%,  incidentes  sobre  a  receita  bruta  proveniente da comercialização de sua produção, nos termos assinalados no art. 25, da Lei nº  8.212, de 1991, com a redação dada pela lei superveniente.  No  presente  caso,  repita­se  que  o  período  objeto  da  autuação  encontra­se  integralmente coberto pela  regência da Lei nº 10.256, de 2001, não havendo que se  falar em  Fl. 454DF CARF MF     10 inconstitucionalidade  da  exação,  já  que  ela  decorre  diretamente  da  nova  norma  inserida  no  ordenamento  jurídico,  e  não  dos  enunciados  das  Leis  nºs  8.540,  de  1992  e  9.528,  de  1997,  declarados inconstitucionais pelo STF.   Destarte, a exigência pela sistemática de sub­rogação, descrita no art. 30, IV,  da Lei nº 8212, de 1991, também encontra­se devidamente amparada pela legislação, já que o  Supremo Tribunal Federal não se pronunciou acerca de eventual vício de inconstitucionalidade  a maculá­la. Confira­se o voto do Min. Marco Aurélio:  "Ante  esses  aspectos,  conheço  e  provejo  o  recurso  interposto  para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da  contribuição  social  ou  do  seu  recolhimento  por  sub­rogação  sobre  a  “receita  bruta  proveniente  da  comercialização  da  produção  rural”  de  empregadores,  pessoas  naturais,  fornecedores  de  bovinos  para  abate,  declarando  a  inconstitucionalidade  do  artigo  1º  da  Lei  nº  8.540/92,  que  deu  nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e  30,  inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a  Lei  nº  9.528/97, até  que  legislação  nova,  arrimada na Emenda  Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na  forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência.”  Com efeito, a referência ao termo “subrrogação”, e ao “inciso IV do art. 30  da Lei nº 8.212/91”, somente teve lugar na conclusão do acórdão, quando o Sr. Min. Relator  desobriga  os  recorrentes  da  retenção  e  do  recolhimento  da  contribuição  social  ou  do  seu  recolhimento  por  subrrogação  sobre  a  “receita  bruta  proveniente  da  comercialização  da  produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate.  Por  fim,  ressalte­se  que  a  exigência  das  contribuições  do  adquirente,  consumidor, consignatário ou cooperativa, foi determinada pelo inciso III, do art. 30, da Lei nº  8.212,  de  1991,  que  não  foi  questionado  ou  mesmo  mencionado  na  declaração  de  inconstitucionalidade  proferida  no  RE  nº  363.852/MG,  permanecendo  vigente  e  eficaz,  inclusive em relação ao empregador rural pessoa física, após a publicação da Lei nº 10.256, de  2001, portanto produzindo todos os efeitos jurídicos.  Corroborando o entendimento de que a inconstitucionalidade de que se trata  não se estendeu à Lei nº 10.256, de 2001, como aventou o acórdão  recorrido, colaciona­se a  ementa dos Embargos de Declaração no RE n° 596.177/RS:   "Ementa:  EMBARGOS  DE  DECLARAÇÃO  NO  RECURSO  EXTRAORDINÁRIO.  FUNDAMENTO  NÃO  ADMITIDO  NO  DESLINDE DA CAUSA DEVE SER EXCLUÍDO DA EMENTA  DO  ACÓRDÃO.  IMPOSSIBILIDADE  DA  ANÁLISE  DE  MATÉRIA QUE NÃO FOI ADEQUADAMENTE ALEGADA NO  RECURSO  EXTRAORDINÁRIO  NEM  TEVE  SUA  REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. INEXISTÊNCIA DE  OBSCURIDADE,  CONTRADIÇÃO  OU  OMISSÃO  EM  DECISÃO  QUE  CITA  EXPRESSAMENTE  O  DISPOSITIVO  LEGAL CONSIDERADO INCONSTITUCIONAL. I ­ Por não ter  servido de fundamento para a conclusão do acórdão embargado,  exclui­se da ementa a seguinte assertiva: 'Ofensa ao art. 150, II,  da  CF  em  virtude  da  exigência  de  dupla  contribuição  caso  o  produtor  rural  seja  empregador'  (fl.  260).  II  ­  A  constitucionalidade da tributação com base na Lei 10.256/2001  não foi analisada nem teve repercussão geral reconhecida. III ­  Inexiste  obscuridade,  contradição  ou  omissão  em  decisão  que  Fl. 455DF CARF MF Processo nº 17437.720179/2011­59  Acórdão n.º 9202­005.097  CSRF­T2  Fl. 451          11 indica  expressamente  os  dispositivos  considerados  inconstitucionais.  IV  ­  Embargos  parcialmente  acolhidos,  sem  alteração do resultado.'  (RE 596.177 ED, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,  Tribunal  Pleno,  julgado  em  17/10/2013,  ACÓRDÃO  ELETRÔNICO  DJe‑ 226  DIVULG  14‑ 11‑ 2013  PUBLIC  18‑ 11‑ 2013)"  Diante  do  exposto,  dou  provimento  ao  Recurso  Especial,  interposto  pela  Fazenda Nacional, para reformar o acórdão recorrido, restabelecendo­se a exigência contida na  autuação.   (assinado digitalmente)  Maria Helena Cotta Cardozo                              Fl. 456DF CARF MF

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6491102 #
Numero do processo: 11829.720049/2013-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3401-000.937
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para aguardar o trânsito em julgado da decisão a ser proferida no MS 00011242620144036105, 4ª Vara Federal em Campinas, TRF 3ª Região, vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl e Fenelon Moscoso de Almeida, que negavam provimento, e o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, que defendia a nulidade do segundo acórdão de primeira instância e conhecia de ofício, desde logo, as matérias de ordem pública, registrando que fará declaração de voto. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Dada a alteração de composição do colegiado, fez nova sustentação oral o Dr. Daniel Peixoto, OAB/SP 238.434. Robson José Bayerl – Presidente e Relator Leonardo Ogassawara de Araújo Branco – Redator Designado Eloy Eros da Silva Nogueira – Declaração de voto Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Ausente justificadamente o Conselheiro Augusto Fiel Jorge D’Oliveira.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 33; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2119; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C4T1  Fl. 2          1 1  S3­C4T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  11829.720049/2013­98  Recurso nº            Voluntário  Resolução nº  3401­000.937  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária  Data  19 de julho de 2016  Assunto  ADUANA ­ CLASSIFICAÇÃO FISCAL  Recorrente  FIH DO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ELETRÔNICOS  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Resolvem  os  membros  do  Colegiado,  por  maioria  de  votos,  converter  o  julgamento em diligência para aguardar o trânsito em julgado da decisão a ser proferida no MS  00011242620144036105,  4ª  Vara  Federal  em  Campinas,  TRF  3ª  Região,  vencidos  os  Conselheiros Robson José Bayerl e Fenelon Moscoso de Almeida, que negavam provimento, e  o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, que defendia a nulidade do segundo acórdão de  primeira instância e conhecia de ofício, desde logo, as matérias de ordem pública, registrando  que fará declaração de voto. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Leonardo  Ogassawara  de  Araújo  Branco.  Dada  a  alteração  de  composição  do  colegiado,  fez  nova  sustentação oral o Dr. Daniel Peixoto, OAB/SP 238.434.    Robson José Bayerl – Presidente e Relator    Leonardo Ogassawara de Araújo Branco – Redator Designado    Eloy Eros da Silva Nogueira – Declaração de voto    Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros  Robson  José  Bayerl,  Rosaldo  Trevisan,  Eloy  Eros  da  Silva  Nogueira,  Waltamir  Barreiros,  Fenelon  Moscoso  de  Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Ausente justificadamente  o Conselheiro Augusto Fiel Jorge D’Oliveira.     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 18 29 .7 20 04 9/ 20 13 -9 8Fl. 1935DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 3            2   Relatório  Trata  o  presente  processo  de  lançamento  para  exigência  de  Imposto  de  Importação – II, Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, PIS – Importação, COFINS –  Importação e multa administrativa, decorrente de erro de classificação fiscal de telas de LCD  do  tipo  TFT,  com  reajuste  da  classificação  tarifária  9013.80.10,  utilizada  pelo  contribuinte,  para 8517.70.99, indicada pela fiscalização.  O  auto  de  infração  foi  cientificado  pessoalmente  ao  contribuinte,  mediante  entrega dos arquivos digitais a representante da pessoa jurídica perante a RFB, em 27/12/2013,  conforme documento de fls. 1.044 e ss.  Em 29/01/2014 o contribuinte, por intermédio de seu representante (despachante  aduaneiro), requereu dilação do prazo para interposição da competente impugnação.  Às fls. 1.052 e ss. consta instrumento de mandato outorgando amplos poderes ao  mandatário  em questão,  Sr.  Zeferino Augusto  de Souza,  podendo praticar  todos os  atos que  fossem de interesse da outorgante, inclusive ciência de auto de infração (fl. 1.058).  À fl. 1.064 foi  lançado despacho indeferindo o pleito de prorrogação do prazo  recursal, por ausência de previsão legal.  Transcorrido  in  albis  o  trintídio  legal,  foi  lavrado  o  competente  Termo  de  Revelia (fl. 1.065) e encaminhado o processo para inscrição em Dívida Ativa (fl. 1.106 e ss.).  Às  fls.  1.153  e  ss.  foi  acostada  cópia  de  decisão  proferida  no  Agravo  de  Instrumento 0005690­97.2014.4.03.0000/SP (2014.03.00.005690­7/SP), datada de 03/04/2014,  atrelado ao Mandado de Segurança nº 00011242620144036105, 4ª Vara Federal em Campinas,  TRF 3ª Região,  onde  foi  deferida  em  parte  a  liminar  requerida  para  que o procedimento de  cobrança  fosse  reiniciado  desde  a  origem,  com  renovação  da  notificação,  por  via  postal,  ao  domicílio tributário do sujeito passivo.  O  mandado  de  segurança  em  tela  objetivava  a  sustação  do  procedimento  de  cobrança  realizado  nos  PAs  11819.720040/2013­87  e  11829.720049/2013­98,  suspensão  da  exigibilidade  do  crédito  tributário  até  o  julgamento  definitivo  da  ação  judicial,  a  obrigatoriedade de intimação via Domicílio Tributário Eletrônico – DTE e reabertura do prazo  para apresentação da impugnação (fl. 1.349)  Diante da ordem judicial, foi providenciado o cancelamento do procedimento de  cobrança  e  novamente  cientificado  o  contribuinte,  desta  feita  por  via  postal  com  aviso  de  recebimento (fl. 1.225).  Calçado  na  novel  intimação,  o  contribuinte  opôs  impugnação  onde  sustentou,  preliminarmente, a nulidade da autuação, ante a ausência de laudo técnico a respaldá­lo; falta  de motivação e erro na indicação da reclassificação fiscal, em relação ao TVF; e, decadência  parcial do lançamento. No mérito, discorreu sobre as características do produto importado e a  correção da classificação fiscal adotada, citando decisões administrativas que amparariam sua  pretensão; aduziu que houve erro no cálculo da multa aplicada por erro de classificação fiscal  Fl. 1936DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 4            3 (1%)  e  duplicidade  em  sua  apuração;  apontou  equívoco  na  quantificação  do  PIS/COFINS  –  Importação,  diante  da  decisão  proferida  no  RE  559.837,  em  sede  de  repercussão  geral;  questionou  a  cumulação  de  penalidades;  e,  por  fim,  pugnou  pela  exoneração  de  todas  as  penalidades aplicadas, com suporte no art. 100 do CTN.  A DRJ Florianópolis/SC, por  força da medida  judicial  então vigente,  julgou a  impugnação  procedente  em  parte,  exarando  o  Acórdão  nº  07­35.386,  de  19/08/2014,  assim  ementado:  “DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO.  A  constituição  de  crédito  tributário,  no  caso  de  exigência  de  diferença de tributo sujeito a lançamento por homologação, deve  observar o prazo de cinco anos, contado a partir do fato gerador.  Somente nos casos de ausência de declaração/pagamento ou na  ocorrência de fraude, dolo ou simulação, a contagem dar­se do  primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o  lançamento  poderia ter sido efetuado.  TELAS  PARA  APARELHOS  TELEFÔNICOS  COM  DISPOSITIVOS DE CRISTAL LÍQUIDO.  As  telas  para  aparelhos  telefônicos  com dispositivos de  cristais  líquidos  (LCD)  e  outros  componentes  classificam­se  no  código  8517.70.99 da NCM/TEC.  RECLASSIFICAÇÃO FISCAL.  Havendo  a  devida  reclassificação  fiscal  com  alteração  para  maior das alíquotas, tornam­se exigíveis as diferenças de tributos  com os acréscimos legais previstos na legislação.”  Em 22/08/2014 foi  juntada aos autos cópia da sentença proferida no Mandado  de Segurança nº 0001124­26.2014.403.6105, denegando a segurança pleiteada.  Às fls. 1.676/1.677 foi lançado despacho propondo a devolução dos autos à DRJ  Florianópolis/SC para se manifestar acerca da decisão judicial.  Em 08/10/2014, diante do quadro judicial descortinado, a DRJ Florianópolis/SC  revisou  o  Acórdão  nº  07­35.386,  exarando  o  Acórdão  nº  07­35.758  (fls.  1.678  e  ss.),  onde  considerou intempestivo o recurso inaugural, cuja ementa está vazada nos seguintes termos:  “IMPUGNAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE.  É considerada intempestiva a petição protocolada fora do prazo  legal,  situação  na  qual  não  se  instaura  a  fase  litigiosa  do  procedimento administrativo fiscal, obstando o exame das razões  de  defesa  aduzidas  pelo  sujeito  passivo,  exceto  quanto  à  preliminar de tempestividade.”  Cientificado sucessivamente de ambas as decisões administrativas, protocolou o  contribuinte dois recursos voluntários: o primeiro em 18/09/2014 e o segundo em 17/11/2014,  sendo  que  este  último,  acostado  às  fls.  1.788  e  ss.,  consolida  todas  as  razões  de  defesa,  principalmente, o debate acerca da tempestividade da impugnação.  Fl. 1937DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 5            4 Aludida  peça  destaca,  preliminarmente,  a  tempestividade  da  impugnação,  asseverando  a  invalidade  da  ciência  da  autuação  a  despachante  aduaneiro,  que  não  possuía  poderes para tanto; que, independentemente do desfecho da ação judicial, a decisão proferida  gerara  efeito  satisfativo,  garantindo  a  inauguração do procedimento  contencioso; que não  se  poderia afastar a competência do CARF para examinar a tempestividade da peça, sob pena de  supressão de instância; que mesmo a peça intempestiva instauraria o litígio administrativo; que,  ao  CARF,  caberia  apenas  a  manifestação  sobre  a  tempestividade  debatida;  que,  uma  vez  reconhecida  a  higidez  temporal  do  recurso,  deveria  o  processo  ser  devolvido  à  primeira  instância  para  análise  dos  demais  fundamentos de defesa; por  fim, pugnou pela nulidade da  decisão recorrida.  No mérito, dissertou sobre a impossibilidade de revisão do acórdão pela própria  DRJ,  na  parte  em que  reconheceu a nulidade parcial  da  autuação,  por  faltar  razoabilidade  à  medida; que deveria prevalecer, neste caso, o princípio da verdade material, isto é, a matéria  em detrimento à forma, citando doutrina. Na seqüência, em vista ao princípio da eventualidade,  deduziu as razões para o cancelamento integral da autuação, resumidamente, nessa ordem: i)  falta de  respaldo  técnico  e de  fundamentação do  lançamento;  ii) ausência de fundamentação  para a reclassificação de parte das mercadorias no código 8512.90.00; iii) decadência parcial  do lançamento;  iv) erro de cálculo na multa de ofício; v) duplicidade no cálculo da multa de  1% (um por cento); e, vi) ausência de débitos relativos ao PIS/COFINS – Importação.  Quanto à questão de fundo, esgrimiu argumentação concernente à correção da  classificação  fiscal  adotada,  a  partir  das  características  técnicas  do  produto  importado,  rebatendo a fundamentação do lançamento.  É o relatório.    Voto Vencido    Conselheiro Robson José Bayerl, Relator    Abstraídas questões atinentes à tempestividade da impugnação e instauração do  contencioso  administrativo,  que  será  examinada  adiante,  o  recurso  voluntário  preenche  os  requisitos de admissibilidade.  Tendo em conta a situação estampada, entendo necessária a prévia delimitação  do objeto do julgamento na presente assentada.  Nesse  sentido,  debater­se­á  nesta  oportunidade  apenas  a  tempestividade  da  impugnação e conseqüente instauração do contencioso administrativo, bem assim, a validade  do Acórdão nº 07­35.758 (Revisor), não se avançando sobre as demais matérias deduzidas em  recurso,  dado  o  acatamento  da  preliminar  de  perempção pelo último ato  decisório proferido  pelas autoridades julgadoras de primeiro grau.  Fl. 1938DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 6            5 Acaso  estas  questões  preambulares  sejam  ultrapassadas,  caberá,  então,  a  devolução do  feito à  instância a quo para que se pronuncie sobre os demais  temas, evitando  com a isso a sua indesejada supressão.  Pois  bem,  fixadas  as  balizas,  principio  pela  tempestividade  da  impugnação,  asseverando,  desde  logo,  que  verifico  a  renúncia  à  discussão  administrativa  a  seu  respeito,  tendo  em  vista  a  opção  pela  via  judicial,  consubstanciada  na  proposição  de  mandado  de  segurança  objetivando  a  declaração  de  invalidade  da  ciência  da  autuação  pelo  despachante  aduaneiro, representante do contribuinte perante a RFB.  Com efeito,  no  referenciado MS 00011242620144036105, aviado perante a 4ª  Vara Federal em Campinas, TRF 3ª Região, o contribuinte aborda a sua adesão ao Domicílio  Tributário Eletrônico – DTE, a ausência de intimação via e­CAC, descumprimento do art. 23,  III  do  Decreto  nº  70.235/72,  e  a  nulidade  da  entrega  do  auto  de  infração  ao  despachante  aduaneiro.  Ora,  a  validade  da  entrega  do  instrumento  de  lançamento  a  despachante  aduaneiro, com o transcurso do prazo recursal sem interposição da impugnação, está imbricada  com  o  tema  tempestividade.  Tanto  assim,  que  o  conhecimento  deste  recurso,  extemporaneamente  apresentado,  respaldou­se  unicamente  em  medida  judicial  proferida  no  Agravo  de  Instrumento  0005690­97.2014.4.03.0000/SP,  atrelado  ao  MS  00011242620144036105, que reproduzo:  “DECISÃO  Extrato:  Processo  administrativo  fiscal  no  bojo  do  qual,  a  este  Juízo  liminar,  controvertida/conturbada  sua  tramitação  já  de  origem,  em  sede  de  notificação de autuação infracional ao pólo contribuinte ­ Superiores os valores  constitucionais  infralançados,  a  fim  de  que  excepcionalmente  refeito  dito  procedimento  desde  a  fase  notificatória/cientificadora  ao  pólo  investigado  ­  Provimento liminar parcialmente deferido.  Entre o que reversível e o que irreversível, evidentemente o presente feito  conclama  aos  autos  providência  de  extrema  urgência,  superiores  a  ampla  defesa e o amplo acesso ao Judiciário, incisos LV e XXXV do art. 5°, Lei Maior,  em grau de objetiva plausibilidade  jurídica aos  invocados  fundamentos,  tanto  quanto risco de incontável dano a se deparar na espécie.  Com efeito, controvertido o cenário fático de genuíno exercício ou não ao  elementar mister da defesa contribuinte, diante das imposições infracionais que  lhe  firmadas,  independentemente  da  adesão  ao  eletrônico  sistema  de  comunicações,  em  questão,haverá  o  gesto  estatal  notificador  em  tela,  aqui  assim excepcionalmente e por explícita determinação ancorada nos superiores  valores  constitucionais  em  foco, de ser  totalmente refeito, ou seja, a Receita  Federal haverá de notificar a parte agravante, por meio postal e devidamente  documentado, junto ao domicílio tributário da espécie, assim sem efeito tudo  quanto desde a aqui conturbada "notificação" dos AI se tenha verificado.  Ante  o  exposto,  presentes  os  supostos  capitais,  DEFIRO EM PARTE  A  LIMINAR  POSTULADA,  para  que  o  procedimento  fiscal  de  cobrança  seja  reiniciado  da  origem,  em  sua  fase notificadora, para ambas  as autuações  em  Fl. 1939DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 7            6 mira,  na  forma  supraestabelecida,  ao  momento  prejudicados  demais  temas  suscitados.  Comunique­se ao E. Juízo da origem, com urgência.  Intimem­se, oportunamente rumando os autos ao MPF.  São Paulo, 03 de abril de 2014.  SILVA NETO Juiz Federal Convocado”  Hodiernamente,  aludido  Agravo  encontra­se  definitivamente  julgado,  desfavoravelmente ao contribuinte, cuja derradeira decisão proferida, transitada em julgado em  10/09/20141, assim dispôs:    “DIREITO  PROCESSUAL  CIVIL.  ADMINISTRATIVO.  AGRAVO  INOMINADO.  AGRAVO  DE  INSTRUMENTO.  ARTIGO  557,  CPC.  ANTECIPAÇÃO  DE  TUTELA  RECURSAL.  PRECARIEDADE.  CASSAÇÃO.  DECISÃO  NÃO  SATISFATIVA.  REVERSIBILIDADE  DA  DECISÃO  E  DOS  SEUS  EFEITOS.  PROCESSO  ADMINISTRATIVO.  AUTOS  DE  INFRAÇÃO.  INTIMAÇÃO  PESSOAL.  PROCURADOR.  DESPACHANTE  ADUANEIRO.  OPÇÃO  PELO"DOMICÍLIO  TRIBUTÁRIO  ELETRÔNICO".  INTIMAÇÃO  PESSOAL.  AUSÊNCIA  DE  NULIDADE.  INEXISTÊNCIA  DE  ORDEM  DE  PREFERÊNCIA  ENTRE  MEIOS  DE  INTIMAÇÃO.  FINALIDADE.  AMPLA  DEFESA E CONTRADITÓRIO. DESPROVIMENTO DO RECURSO.  1.Manifestamente  infundada  a  alegação  de  que  a  antecipação  de  tutela  recursal,  inicialmente  deferida,  teria  caráter  satisfativo  para  impedir  a  cassação, permitindo apenas o reconhecimento da perda de objeto do agravo de  instrumento. A  tutela precariamente dada determinou a  renovação de atos do  processo  administrativo  e  o  fato  de  ser  cassada  permite  a  reversibilidade  jurídica  e material  de  seus  efeitos,  restabelecendo  sem dificuldade a  situação  procedimental originariamente impugnada, reconhecida como legítima em face  da validade da intimação oportunamente feita, ao contrário do que foi alegado  no agravo de  instrumento,  não cabendo  invocar a perda de objeto do recurso  como única solução legal e cabível.  2.O  artigo  557  do  Código  de  Processo  Civil  é  aplicável  quando  existente  jurisprudência  dominante  acerca  da  matéria  discutida  e,  assim  igualmente,  quando se revele manifestamente procedente ou improcedente, prejudicado ou  inadmissível  o  recurso,  tendo havido, na  espécie,  o específico enquadramento  do  caso  no  permissivo  legal,  como  expressamente  constou  da  respectiva  fundamentação.  3.O teor da decisão monocrática demonstra que a pretensão do contribuinte de  reconhecimento da nulidade do ato notificatório no processo administrativo, e  devolução do prazo de impugnação ao auto de infração, não apenas confronta a  jurisprudência,  mas,  outrossim,  afronta,  de  forma  manifesta,  o  ordenamento  jurídico, notadamente a legislação que rege o instituto do Domicílio Tributário  Eletrônico e as intimações no âmbito do processo administrativo, demonstrando  a ocorrência da hipótese autorizativa de aplicação do artigo 557, CPC.                                                              1 Fonte: www.trf3.jus.br, consulta realizada em 13/01/2016.  Fl. 1940DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 8            7 4.Os  precedentes  citados  na  decisão  monocrática,  embora  não  tenham  constituído, por si só, fundamento para negativa de seguimento, mas reforço à  constatação  de  hipótese  de  manifesta  contrariedade  da  pretensão  recursal  à  legislação,  é  certo  que  seus  conteúdos  exteriorizam  entendimento  jurisprudencial  que  apenas  reitera  o  teor  do  artigo  23,  §3°,  do  Decreto  70.235/72, de que"os meios de  intimação previstos nos  incisos do caput deste  artigo [23] não estão sujeitos a ordem de preferência"). Vale dizer, a intimação  do  contribuinte,  ante  a  literalidade  do  dispositivo,  pode  ser  feita  de  forma  pessoal  (I),  por  via  postal  (II)  ou  por  meio  eletrônico  (III),  sem  que  haja  preferência ou exclusividade de algum dos meios.  5.Inocorre contrariedade da decisão monocrática com precedente desta Turma  (AC 0006315­04.2013.4.03.6100), pois a sua simples leitura revela que, naquele  caso,  a RFB  efetuou  intimação do  contribuinte por meio eletrônico,  e,  ante a  perda  de  prazo  de  impugnação,  o  contribuinte  pretendeu  a  anulação  do  ato  notificatório  sob  alegação  de  que  não  optou  pelo"Domicílio  Tributário  Eletrônico", condição de validade da intimação eletrônica. E, para demonstrar  sua  pretensão  na  ação  anulatória,  requereu  na  ação  cautelar  que  a  RFB  apresentasse o"Termo de Opção pelo Domicílio Tributário Eletrônico"assinado  pelo contribuinte, a fim de demonstrar que a utilização de tal meio foi válida.  6.Trata­se de hipótese diversa da tratada neste recurso, em que o contribuinte  foi intimado na pessoa de seu representante, mas pretende a nulidade de tal ato  em  razão  da  opção  pelo"Domicílio  Tributário  Eletrônico",  e  que,  em  razão  disso,  todas  as  intimações  deveriam  ser  feitas  por  tal  meio  ­  mensagem  eletrônica na"Caixa Postal Eletrônica".  7.Nítido que as hipóteses diferem, não apresentando o precedente desta Turma  qualquer  contrariedade  com  a  decisão  monocrática  ora  recorrida:  enquanto  seja aqui certo que o contribuinte optou pelo"Domicílio Tributário Eletrônico",  pretendendo a nulidade da intimação pessoal, por ser o meio eletrônico, em tal  hipótese, exclusivo para ciência do contribuinte; o julgado da Turma, por sua  vez,  trata de hipótese em que o contribuinte  foi  intimado por meio eletrônico,  mas alega não ter feito a opção pelo"Domicílio Tributário Eletrônico".  8.Conforme  se  verifica,  o  precedente  citado  pela  agravante  não  trata  de  exclusividade  do  meio  eletrônico  para  intimação  no  caso  de  tal  opção,  revelando­se manifestamente impertinente, inoportuno para o caso concreto.  9.A  análise  dos  documentos  eletrônicos,  trazidos  aos  autos  pelo  agravante  através  de  mídia  eletrônica  ("compact  disc")  demonstra  que,  em  verdade,  a  alegação de nulidade do ato notificatório possui relevante caráter contraditório  com  todos  os  demais  atos  praticados  pelo  contribuinte  no  processo  administrativo, a reforçar a manifesta improcedência do recurso.  10.Os arquivos eletrônicos contidos no CD juntado aos autos são reproduções  das  páginas  físicas  do  PA  11829.720049/2013­98  (e  PA  11829.720040/2013­ 87),  demonstram  que  tal  procedimento  decorre  de  fiscalização  efetuada  no  âmbito  da  agravante,  iniciado  através  do  Mandado  de  Procedimento  Fiscal  (MPF)  08.1.77.00­2013­00156­13,  em  10/04/2013,  em  relação  a  tributos  devidos pelo contribuinte, em importações realizadas no período de 01/2008 a  12/2012.  Fl. 1941DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 9            8 11.Consta  que:  (a)  o  contribuinte  foi  notificado  a  apresentar  diversos  documentos à RFB, no prazo de vinte dias, conforme consta do Termo 01/2013­ 00156­3,  lavrado  em  11/04/2013;  (b)  tal  comunicação  foi  enviada  ao  contribuinte pela via postal, conforme demonstra o aviso de recebimento, que  comprova  recepção  em  15/04/2013  pelo  contribuinte;  (c)  através  de  despachante aduaneiro com procuração outorgada (Elenice Aparecida Furian),  apresentou  documentos  à  RFB  em  02/05/2013;  (d)  em  13/06/2013  a  RFB  solicitou  novos  documentos  ao  contribuinte,  através  do  Termo  de  Intimação  02/2013­00156­3;  (e)  o  contribuinte,  através  de  seu  despachante  aduaneiro,  solicitou prorrogação de prazo, em 01/07/2013, deferido pela RFB através do  "Termo de Prorrogação de Prazo", ao qual a agravante teve ciência, através de  seu despachante aduaneiro ­ Zeferino Augusto de Souza, em 07/07/2013;  (f) a  agravante, assim, apresentou a documentação exigida em 19/07/2013, por meio  de  seu  preposto  (despachante  aduaneiro)  Zeferino  Augusto  de  Souza;  (g)  em  20/09/2013  a  RFB  lavrou  o  "Termo 04  ­ Ciência",  da  qual  foi  o  contribuinte  notificado  do  prosseguimento  da  ação  fiscal,  através  de  seu  preposto  (despachante  aduaneiro)  Zeferino  Augusto  de  Souza;  e  (h)  em  27/12/2013  consta que o preposto Zeferino Augusto de Souza, representando a agravante,  tomou ciência da lavratura do auto de infração.  12.Agora  a  agravante  pretende  que  a  intimação  da  lavratura  do  auto  de  infração  (e  só  ela)  na  pessoa  de  seu  procurador/despachante  aduaneiro,  Zeferino  Augusto  de  Souza,  seja  declarada  nula,  pois  a  intimação  ao  contribuinte de todos os atos proferidos pela RFB deveria ser efetuada por meio  eletrônico, ante opção pelo"Domicílio Tributário Eletrônico".  13.A  contrariedade  da  pretensão  deduzida  com  todos  os  atos praticados  pelo  contribuinte no processo administrativo revela que, em verdade, o objetivo da  demanda  judicial é obter a devolução do prazo de  impugnação ­ e estender a  suspensão  da  exigibilidade  do  crédito  constituído  ­  que  o  contribuinte  deixou  transcorrer por absoluta negligência.  14.Nem se alegue que a intimação deveria, necessariamente, ter sido efetuada  pela  via  postal,  por  constar  do  auto  de  infração  que  tal  documento  seria  encaminhado"à empresa importadora para ciência nos termos do art. 23, inc. II  do Decreto n° 70.235/72[via postal]".  15.A  procuração  outorgada  pela  agravante  aos  seus  representantes  ­  despachantes aduaneiros ­ deixa evidente a concessão de poderes para"praticar  todos os atos que foram de interesse da outorgante, inclusive ciência em auto de  infração e tudo o mais que se fizer necessário par aa prática e fiel cumprimento  deste mandato".  16.Os  despachantes  aduaneiros  praticaram  todos  os  atos  no  processo  administrativo  em  nome  da  agravante,  em  consonância  com  os  poderes  concedidos pelo instrumento de mandato, e a ciência ao mandatário do teor dos  autos de infração constitui, evidentemente, ciência pelo mandante do ato.  17.Evidentemente  a  intimação  do  contribuinte  feita  pessoalmente  exclui  a  necessidade de intimação do contribuinte pela via postal, pois a finalidade foi  atingida, qual seja, ciência do contribuinte do ato administrativo, e concessão  do direito ao contraditório e ampla defesa, ratificando, ademais, o que decidido  na decisão monocrática, quanto a inexistência de ordem de preferência entre os  Fl. 1942DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 10            9 meios  de  intimação  previstos  no  artigo  23  do  Decreto  70.235/72,  seja  pela  literalidade  do  §3°  do  mesmo  dispositivo  legal,  seja  pelo  entendimento  jurisprudencial.  18.Agravo inominado desprovido.  ACÓRDÃO  Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a  Egrégia  Terceira  Turma  do  Tribunal  Regional  Federal  da  3ª  Região,  por  unanimidade, negar provimento ao agravo inominado, nos termos do relatório e  voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.  São Paulo, 07 de agosto de 2014.  CARLOS MUTA Desembargador Federal”  Cumpre  registrar  que  a  ação  principal,  o MS  00011242620144036105,  segue  seu  trâmite  normal,  com  decisão  monocrática  prolatada  pelo  não  provimento  da  apelação,  decisão  esta  confirmada  em  sede  plenária  através  do  julgamento  de  Agravo  Legal  em  Apelação, assim ementado:  “DIREITO  PROCESSUAL  CIVIL.  TRIBUTÁRIO.  AGRAVO  INOMINADO.  ARTIGO  557,  CPC.  MANDADO  DE  SEGURANÇA.  AUTO  DE  INFRAÇÃO.  INTIMAÇÃO  DESPACHANTE  ADUANEIRO.  OPÇÃO  PELO  'DOMICÍLIO  TRIBUTÁRIO.  ELETRÔNICO'.  INEXISTÊNCIA  DE  ORDEM  DE  PREFERÊNCIA  ENTRE  MEIOS  DE  INTIMAÇÃO.  FINALIDADE.  AMPLA  DEFESA E CONTRADITÓRIO. RECURSO DESPROVIDO.  1.O  artigo  557  do  Código  de  Processo  Civil  é  aplicável  quando  existente  jurisprudência  dominante  acerca  da  matéria  discutida  e,  assim  igualmente,  quando se revele manifestamente procedente ou improcedente, prejudicado ou  inadmissível o recurso, tendo havido, nos autos, o específico enquadramento do  caso  no  permissivo  legal,  conforme  expressamente  constou  da  respectiva  fundamentação.  2.Consigne­se  não  haver  nulidade  na  intimação  pelo  domicílio  físico  de  contribuinte optante pelo DTE, dado que não existe relação de prejudicialidade  entre tais meios de notificação administrativa, como prescreve a legislação de  regência, na forma do artigo 23 do Decreto 70.235/1972 e artigo 10 do Decreto  7.574/2011.  3.Observe­se,  que,  diferentemente  do  que  restou  alegado  pela  apelante,  as  instruções fornecidas pela RFB são expressas em afirmar que"a adesão ao DTE  não impede que a Administração Tributária se utilize das formas de notificação  postal  e  pessoal  prevista  do[sic]processo  administrativo  fiscal,  uma  vez  que  estas três formas não estão sujeitas a ordem de preferência".  4.Quanto aos poderes de despachante aduaneiro para receber a intimação, em  nome da representante,  trata­se de questão  já  resolvida, anteriormente, no AI  0005690­97.2014.4.03.0000,  quando  restou  assentado  que:  "De  fato,  a  procuração outorgada pela agravante  aos  seus  representantes  ­ despachantes  aduaneiros ­ deixa evidente a concessão de poderes para "praticar todos os atos  que  foram de  interesse da outorgante,  inclusive ciência em auto de infração e  tudo  o  mais  que  se  fizer  necessário  par  aa  prática  e  fiel  cumprimento  deste  mandato" (f. 160/3). Ora, os despachantes aduaneiros praticaram todos os atos  Fl. 1943DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 11            10 no  processo  administrativo  em  nome  da  agravante,  em  consonância  com  os  poderes concedidos pelo instrumento de mandato, e a ciência ao mandatário do  teor dos autos de  infração constitui,  evidentemente, ciência pelo mandante do  ato".  5.Não  cabe  cogitar  de  nulidades  processuais,  nem  a  título  de  prequestionamento,  porquanto  lançada  fundamentação  bastante  e  exauriente,  não havendo,  no  caso,  violação ou  negativa de vigência de qualquer preceito  legal ou constitucional.  6.Agravo inominado desprovido.  ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,  decide a Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região,  por  unanimidade,  negar  provimento  ao  agravo  inominado,  nos  termos  do  relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.  São Paulo, 19 de novembro de 2015.  ELIANA MARCELO Juíza Federal Convocada”  Em 21/01/2016, os embargos de declaração opostos em face da decisão em tela  foram rejeitados, por unanimidade de votos.  Atualmente  encontram­se  pendentes  de  juízo  de  admissibilidade  os  recursos  especial e extraordinário aviados pelo contribuinte, ora recorrente, conforme pesquisa realizada  no sítio virtual do TRF – 3ª Região2, em 02/05/2016, de modo que inexiste, neste momento,  qualquer provimento judicial vigente que refute a validade da ciência do auto de infração feita  ao despachante aduaneiro e que garanta o prosseguimento do contencioso administrativo.  Como dito linhas atrás, entendo que não seja permitido a este colegiado decidir  sobre  a  validade  ou  invalidade  de  referida  ciência,  bem  assim,  a  própria  tempestividade  do  recurso administrativo vestibular, haja vista sua submissão ao Poder Judiciário, ex vi do art. 78,  § 2º do RICARF/15 (Portaria MF 343/15), verbis:  “Art.  78.  Em  qualquer  fase  processual  o  recorrente  poderá  desistir  do  recurso em tramitação.  (...)  §  2º  O  pedido  de  parcelamento,  a  confissão  irretratável  de  dívida,  a  extinção  sem  ressalva  do  débito,  por  qualquer  de  suas  modalidades,  ou  a  propositura  pelo  contribuinte,  contra  a  Fazenda  Nacional,  de  ação  judicial  com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso.” (destacado)  Na mesma linha, a dicção da Súmula CARF nº 1:   “Importa  renúncia  às  instâncias  administrativas  a  propositura  pelo  sujeito  passivo  de  ação  judicial  por  qualquer  modalidade  processual,  antes  ou  depois  do  lançamento  de  ofício,  com  o  mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas  a  apreciação,  pelo  órgão  de  julgamento  administrativo,  de  matéria distinta da constante do processo judicial.”                                                              2 www.trf3.jus.br, consulta realizada em 02/05/2016.  Fl. 1944DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 12            11 Portanto,  correta  a  interpretação  da  decisão  reclamada  quando,  verificada  a  perda da eficácia da decisão judicial que amparara o conhecimento da impugnação, declarou a  sua intempestividade mediante novo julgado, que, sem adentrar o debate sobre a validade ou  não da ciência da autuação, não conheceu do recurso.  Ainda no tocante à tempestividade, entendo que não assiste razão ao recorrente  quando afirma que, independentemente do desfecho da referida ação mandamental, verificar­ se­ia a validade da impugnação apresentada, frente ao caráter satisfativo da tutela jurisdicional  conferida,  inicialmente, em seu favor, porquanto o conhecimento de indigitada peça recursal  escorou­se,  como  dito  alhures,  única  e  exclusivamente  no  provimento  judicial,  sendo  plenamente reversível seus efeitos, diante de sua cassação.  Esta,  aliás,  a  posição  prevalente  no  julgamento  do  AI  0005690­ 97.2014.4.03.0000/SP, já reproduzido, mas que não custa rememorar o excerto específico:  “1.Manifestamente  infundada  a  alegação de  que  a  antecipação  de tutela recursal, inicialmente deferida, teria caráter satisfativo  para  impedir  a  cassação,  permitindo  apenas  o  reconhecimento  da  perda  de  objeto  do  agravo  de  instrumento.  A  tutela  precariamente dada determinou a renovação de atos do processo  administrativo e o fato de ser cassada permite a reversibilidade  jurídica  e  material  de  seus  efeitos,  restabelecendo  sem  dificuldade  a  situação  procedimental  originariamente  impugnada, reconhecida como legítima em face da validade da  intimação oportunamente feita, ao contrário do que foi alegado  no  agravo  de  instrumento,  não  cabendo  invocar  a  perda  de  objeto  do  recurso  como  única  solução  legal  e  cabível.”  (destacado)  Na  mesma  senda,  improcedente  o  argumento  consoante  o  qual  o  recurso  intempestivo instauraria a fase administrativa litigiosa de forma ampla, como parece sustentar  o  recorrente,  desde  que,  para  tanto,  fosse  suscitada  a  própria  tempestividade,  como matéria  antecedente.  É que, nestas hipóteses, a fase contenciosa limitar­se­á ao debate a respeito do  tema “tempestividade” e se, e apenas se, ultrapassada, é que as demais questões deveriam ser  examinadas e enfrentadas.  Essa,  a meu  sentir,  a  linha  interpretativa  do ADN COSIT  15/96,  citado  tanto  pelo recurso voluntário, quanto pela decisão sob vergasta.  No caso que ora se apresenta, como já exposto, a tempestividade escorou­se em  decisão judicial que posteriormente foi revertida, não mais havendo qualquer respaldo para a  sua admissão e tampouco a possibilidade de discuti­la na seara administrativa, tendo em conta  a verificação da concomitância.  É  inconteste  que  referida  discussão  judicial  é  prejudicial  ao  próprio  conhecimento do recurso voluntário manobrado, todavia, não vislumbro possibilidade jurídica  de  determinar  o  sobrestamento  do  processo  administrativo  pela  simples  existência  da  ação  judicial em comento, haja vista a ausência de qualquer provimento lá exarado que determinasse  tal medida ou mesmo respaldo legal para seu deferimento.  Fl. 1945DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 13            12 Neste diapasão, entendo inaplicável, em âmbito administrativo, no caso vertente,  as disposições do art. 313, V, “a” do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), verbis:  “Art. 313. Suspende­se o processo:  I ­ pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes,  de seu representante legal ou de seu procurador;  II ­ pela convenção das partes;  III ­ pela arguição de impedimento ou de suspeição;  IV­ pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;  V ­ quando a sentença de mérito:  a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de  inexistência  de  relação  jurídica  que  constitua  o  objeto  principal  de  outro  processo  pendente;  b)  tiver  de  ser  proferida  somente  após  a  verificação de  determinado  fato  ou  a  produção de certa prova, requisitada a outro juízo;  VI ­ por motivo de força maior;  VII  ­  quando  se  discutir  em  juízo  questão  decorrente  de  acidentes  e  fatos  da  navegação de competência do Tribunal Marítimo;  VIII ­ nos demais casos que este Código regula.  § 1oNa hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos termos doart. 689.  § 2oNão ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte, o  juiz  determinará a suspensão do processo e observará o seguinte:  I ­ falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a citação do  respectivo espólio, de quem  for o sucessor ou,  se  for o caso, dos herdeiros, no prazo  que designar, de no mínimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) meses;  II  ­  falecido  o  autor  e  sendo  transmissível  o  direito  em  litígio,  determinará  a  intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, pelos  meios  de  divulgação  que  reputar mais  adequados,  para  que manifestem  interesse na  sucessão  processual  e  promovam  a  respectiva  habilitação  no  prazo  designado,  sob  pena de extinção do processo sem resolução de mérito.  § 3oNo caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada  a audiência de instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte constitua novo  mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual extinguirá o processo sem  resolução  de  mérito,  se  o  autor  não  nomear  novo  mandatário,  ou  ordenará  o  prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido o procurador deste.  § 4oO prazo de  suspensão do processo nunca poderá exceder 1  (um) ano nas  hipóteses do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista no inciso II.  § 5oO juiz determinará o prosseguimento do processo assim que esgotados os  prazos previstos no § 4o.” (destacado)  Fl. 1946DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 14            13 A inaplicabilidade decorre do conflito interno, por assim dizer, entre o inciso I,  “a”,  e  os  §§  4º  e  5º,  relativamente  ao  contencioso  administrativo,  ao  passo  que,  mesmo  transcorrido o prazo de um ano, sem que a questão prejudicial tenha sido solucionada em sede  judicial,  não  será  possível  aos  julgadores  administrativos  prosseguir  o  julgamento,  devido,  justamente,  à  desistência  recursal  por  opção  à  via  judicial,  em  relação  à  tempestividade  do  recurso administrativo  inaugural, ex vi do art. 78, § 2º,  in  fine, do RICARF/15 (Portaria MF  343/2015).  Na  seqüência,  tocante  à  suposta  nulidade do Acórdão nº 07­35.758  (Revisor),  também não merece acolhida a reclamação.  Como já reiterado ao longo deste voto, o conhecimento da impugnação, em face  de  sua  patente  intempestividade,  concretizou­se  por  força  de  determinação  judicial,  não  cabendo outra postura às autoridades administrativas senão o seu cumprimento.  Logicamente,  uma vez  revogada  a medida  judicial,  verdadeiro pressuposto  de  validade do acórdão então proferido, necessária a adoção das providências para o  retorno ao  status quo ante,  o que  se verificou  pela  regular  reforma do ato decisório prolatado naquelas  circunstâncias, quando ainda vigente a ordem judicial.  Caso contrário, a manutenção do acórdão original, por via oblíqua, conduziria à  satisfatividade pretendida pela recorrente e já rechaçada neste voto, inclusive com respaldo na  própria decisão do mandado de segurança.  Assim,  considerando  que  a  novel  decisão  foi  validamente  cientificada  ao  contribuinte, com deferimento de novo prazo recursal, não vislumbro qualquer irregularidade  ou mesmo prejuízo à sua defesa.  Também não merece guarida a alegação de observância ao princípio da verdade  material,  mormente  pelo  fato  do  acórdão  revisado  concluir  pela  procedência  parcial  da  impugnação, pelas mesmas razões anteriormente expostas, uma vez que, à luz da legislação de  regência,  Decreto  nº  70.235/72,  o  recurso  inaugural  foi  interposto  intempestivamente,  julgando­a  a  instância  de  piso  tão­somente  em  razão  de  ordem  judicial,  que,  de  efêmera  duração, veio a ser definitivamente cassada, não havendo razão alguma de ordem jurídica para  manutenção de julgado realizado sob estas condições.  Em  síntese,  a  decisão  recorrida  deve  ser  integralmente  mantida  pelos  seus  próprios fundamentos, não merecendo qualquer reparo.  Por derradeiro, dado o caráter preliminar das questões anteriormente aventadas e  a incompatibilidade de seu desprovimento com o prosseguimento do julgamento, não conheço  do mérito do recurso voluntário, na forma preconizada pelo art. 59, caput do RICARF/15.  Em face de todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário.     Robson José Bayerl    Fl. 1947DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 15            14   Voto vencedor    Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Redator designado    Registro  voto  divergente  do  conselheiro  relator no  concernente  aos  efeitos  do  Mandado de Segurança nº 001124­26.2014.4.03.6105 (Processo nº 2014.61.05.001124­8), em  trâmite no Tribunal Regional Federal da 3ª Região sob a relatoria do Desembargador Federal  Carlos Muta, cujo desfecho apresenta potencial prejudicialidade externa ao presente feito.  Isto porque, da análise dos presentes autos, denota­se que a intimação do auto de  infração lavrado em 16/12/2013 (ato posterior, portanto, ao desembaraço das mercadorias em  apreço, com período de apuração compreendido entre os anos de 2008 e 2012), foi realizada na  pessoa do despachante aduaneiro, que se encontrava investido apenas nos poderes relativos ao  procedimento de desembaraço.  Da intimação, ocorrida em 27/12/2013, registrou­se o transcurso do prazo para  apresentação de impugnação, o que motivou a lavratura do termo de revelia de fls. 1.065.  Observe­se,  ademais,  que  a  recorrente  alega:  (i)  ser  optante  do  Domicílio  Tributário  Eletrônico  (DTE)  desde  02/01/2013  e  que,  por  este  motivo,  o  auto  de  infração,  lavrado no formato eletrônico e não físico, deveria ter ocorrido por meio de sua caixa postal; e  (ii)  que  o  próprio  termo  de  verificação  fiscal,  às  fls.  976,  determinou  que  uma  cópia  da  intimação  fosse  enviada  à  empresa  nos  termos  do  inciso  II  do  art.  23  do  Decreto  nº  70.235/1972.  Não  obstante,  ao  compulsarmos  os  documentos  que  instruem  o  presente  processo, verificamos, à fl. 983, que o termo de início de procedimento fiscal foi endereçado ao  domicílio  de  eleição  da  contribuinte,  e  que  igual  destino  tiveram  as  suas  sucessivas  prorrogações.  Temos nos pronunciado, e.g. no voto proferido no Processo nº 11128.00702996­ 17,  proferido  em  sessão  de  22/06/2016,  no  sentido  de  que  o Decreto nº  70.235/1972  fixa  o  domicílio tributário como aquele eleito pela contribuinte como tal, não podendo a autoridade  administrativa desconsiderá­lo a seu talante senão nos termos definidos pela regra antielisiva  específica  do  §  2º  do  art.  127  do  Código  Tributário  Nacional,3  havendo,  a  este  respeito,                                                              3  Lei  nº  5.172/1966  (Código  Tributário  Nacional)  ­  Art.  127.  Na  falta  de  eleição,  pelo  contribuinte  ou  responsável,  de  domicílio  tributário,  na  forma  da  legislação  aplicável,  considera­se  como  tal:  I  ­  quanto  às  pessoas  naturais,  a  sua  residência  habitual,  ou,  sendo  esta  incerta  ou  desconhecida,  o  centro  habitual  de  sua  atividade; II ­ quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em  relação  aos  atos  ou  fatos  que  derem  origem  à  obrigação,  o  de  cada  estabelecimento;  III  ­  quanto  às  pessoas  jurídicas  de  direito  público,  qualquer  de  suas  repartições  no  território  da  entidade  tributante.  §  1º  Quando  não  couber  a  aplicação  das  regras  fixadas  em  qualquer  dos  incisos  deste  artigo,  considerar­se­á  como  domicílio  tributário  do  contribuinte  ou  responsável  o  lugar  da  situação  dos  bens  ou  da  ocorrência  dos  atos  ou  fatos  que  deram  origem  à  obrigação.  §  2º  A  autoridade  administrativa  pode  recusar  o  domicílio  eleito,  quando  impossibilite  ou  dificulte  a  arrecadação  ou  a  fiscalização  do  tributo,  aplicando­se  então  a  regra  do  parágrafo anterior.  Fl. 1948DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 16            15 precedentes  deste  Conselho,4  não  se  vislumbrando,  in  casu,  nenhum  indício  de  ter  a  contribuinte impossibilitado ou dificultado a arrecadação ou a fiscalização dos tributos.  Diferentemente do que ocorre no processo  judicial,  no curso do procedimento  ou do processo administrativo, nula será a intimação enviada ao representante da contribuinte  nos  termos  do  inciso  II  do  art.  23  do Decreto  n°  70.235/1972,  ainda  que,  no  caso  de  aviso  postal,  retorne  positivo  o  aviso  de  recebimento  correspondente,  ou  que  o  seu  representante  detenha  poderes  para  receber  intimação  em  seu  nome,  ou  que  haja  pedido  específico  da  contribuinte neste sentido.  Contudo,  ainda  que  sejam  estas  as  nossas  convicções  pessoais,  a  discussão  acerca  da  validade  da  intimação  em  referência  foi  conduzida  ao  Poder  Judiciário  pela  contribuinte, encontrando­se todos os argumentos constantes do recurso voluntário interposto  jungidos  às  razões  do  Mandado  de  Segurança  nº  001124­26.2014.4.03.6105  (Processo  nº  2014.61.05.001124­8).  Em  que  pese  a  ora  recorrente  ter  obtido  decisão  precária  não  satisfativa  favorável  em  sede  do  Agravo  de  Instrumento  nº  000569097.2014.4.03.0000/SP,  sobreveio  sentença prolatada pelo Juiz Federal da 4ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Campinas  denegando a segurança pleiteada.  A  identidade  das  razões  respeitantes  à  validade  ou  não  da  intimação,  questão  que deve ser decidida previamente à análise do mérito, evidencia­se por meio do cotejo entre o  recurso  voluntário  e  o  seguinte  trecho  do  relatório  do Desembargador  Federal Carlos Muta,  publicado  no  Diário  Oficial  da  União  em  14/08/2014,  que  integra  o  acórdão  do  recurso  de  agravo de instrumento:  "Trata­se de agravo de instrumento à negativa de liminar, em mandado de  segurança,  impetrado para 'determinar que a Autoridade Coatora se abstenha  de incluir os processos n° 11829.720.040/2013­87 e n° 11829.720.049/2013­98  nas  informações  fiscais da  Impetrante ou, caso a  inclusão  já  tenha sido  feita,  que  a  mesma  seja  suspensa,  conforme  previsão  do  art.  151,  IV,  do  Código  Tributário  Nacional,  ante  a  ausência  de  intimação  no  Domicílio  Tributário  Eletrônico ­ DTE'.  Alegou que:  (1) em 29/01/2014 teve ciência da lavratura de dois autos de infração pela  fiscalização  da  Alfândega  do  Aeroporto  Internacional  de  Viracopos  (AIIM  11829.720.049/2013­98  e  AIIM  11829.720.040/2013­87),  relacionado  à  cobrança de II, IPI, PIS e COFINS incidentes sobre importação de dispositivos  de  cristal  líquido  importados  pela  impetrante  no  período  de  janeiro/2008  a  dezembro/2012, e de câmeras destinadas a aparelhos celulares no período de  janeiro/2009  a  julho/2011,  em  razão  de  suposto  equívoco  na  classificação  tarifária;  (2) a ciência de tais lançamentos foi dada ao despachante aduaneiro em  20/12/2013 e 27/12/2013, respectivamente, e, sendo a impetrante informada da                                                              4 Por  todos, o Acórdão CARF nº 3403003.465, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan,  julgado em sessão  de 11/12/2014.  Fl. 1949DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 17            16 lavratura  após  o  prazo  para  interposição  de  defesa,  houve  constituição  definitiva do crédito;  (3)  a  ciência  do  lançamento,  efetuada  na  pessoa  do  despachante  aduaneiro,  é  manifestamente  nula,  não  havendo  sequer  início  do  prazo  de  defesa,  pois  a  autoridade  tributária  desconsiderou  que  a  impetrante,  desde  02/01/2013,  é  optante  do Domicílio  Tributário Eletrônico  ­ DTE,  e mesmo  se  tratando de processo administrativo virtual, não recebeu qualquer notificação  em sua caixa postal eletrônica através do e­CAC, meio exclusivo de interação  entre contribuinte e Fisco, tal como previsto pela legislação;  (4) no 'termo de verificação fiscal' que deu origem ao lançamento consta  determinação para que a notificação ocorresse pela via postal, demonstrando o  equívoco da autoridade;  (5)  a  medida  liminar  foi  indeferida  pelo  Juízo  a  quo  por  ausência  de  prova  de  que  a  notificação  não  teria  sido  repassada  pelo  despachante  aduaneiro, e da invalidade da procuração outorgada;  (6)  'todavia,  em  momento  algum  foi  questionada  a  validade  da  procuração  outorgada  ao  despachante  aduaneiro.  De  fato,  a  procuração  é  válida, no entanto, foi outorgada para realização de desembaraço aduaneiro e  acompanhamento  de  autos  de  infração  lavrado  quando  do  desembaraço.  O  presente  acaso  é  de  revisão  aduaneira,  realizada  anos  após  o  desembaraço  aduaneiro das mercadorias';  (7) 'não bastasse a ausência de poderes para tomar ciência dos referidos  autos, a Agravante é optante pelo domicílio tributário eletrônico e não deveria  ser intimada de outra forma que a eletrônica, meio em que recebe diariamente  suas intimações';  (8)  do  documento  entregue  ao  despachante  aduaneiro  consta  expressamente que sua cópia seria entregue à impetrante, fato que, no entanto,  nunca  ocorreu,  demonstrando  suficientemente  que  não  houve  repasse  da  informação da lavratura à impetrante;  (9) comprovado, assim, que a decisão administrativa, ao não promover a  notificação do  impetrante  sobre o  lançamento,  ofendeu  seu  direito de defesa;  (10)  a  ciência  dos  autos  de  infração  de  revisão  aduaneira  não  se  encontra  dentre as atribuições do despachante aduaneiro, nos termos do artigo 2° da IN  RFB 1.209/2011 e artigo 808 do Decreto 6.759/2009;  (11) 'tendo em vista tratar­se de auto de infração de revisão aduaneira e  não de auto de infração lavrado no curso do desembaraço, não obstante o fato  da  Agravante  ser  optante  pelo  DTE,  o  despachante  aduaneiro  não  possuía  competência para tomar ciência dos referidos autos';  (12)  'a conduta  do Agravado  fere o princípio da segurança  jurídica, eis  que a Agravante foi surpreendida com a intimação via despachante aduaneiro,  mesmo após  ter aderido ao Domicílio Eletrônico. A Agravante, confiando nas  vantagens em aderir ao DTE, foi prejudicada, pois o Agravado ignorou a opção  da empresa e, de forma irresponsável, cientificou o despachante aduaneiro da  Fl. 1950DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 18            17 empresa,  da  lavratura  de  autos  de  infração  que  somam  mais  de  R$  23.000000,00  (vinte  e  três  milhões  de  reais)';  e  (13)  assim,  é  manifesta  a  ilegalidade  do  procedimento  de  notificação,  pois  'a)  a  intimação  deveria  ter  sido feita por meio do Domicílio Tributário Eletrônico da Agravante, eis que a  mesma é optante do DTE; b) O Termo de Verificação Fiscal determinou que a  intimação da Agravante fosse feita por via postal, na forma do art. 23, inc. II do  Decreto  70.235/72;  c)  As  intimações  dos  autos  de  infração  foram  feitas  via  despachante aduaneiro'.  Em  consulta  ao  site  do  Tribunal  Regional  Federal  da  3ª  Região,  e  em  consonância com o minucioso relatório elaborado pelo Conselheiro Relator Robson Bayerl que  antecede o presente voto, o processo em referência se encontra, até a presente data, pendente de  julgamento definitivo:     Assim,  resta  evidenciado  que  a  contribuinte  submeteu  ao  crivo  do  Poder  Judiciário a questão concernente à tempestividade de sua impugnação administrativa, sendo de  rigor  se  aplicar,  exclusivamente  naquilo  que  importa  à  questão  referente  à  validade  da  intimação do despachante aduaneiro, o disposto no § 2º do art. 78 do RICARF aprovado pela  Portaria  MF  nº  343/2015,  em  conformidade  com  a  Súmula  CARF  nº  1,  expungindo­se  a  jurisdição deste colegiado somente neste particular.  A  partir  desta  constatação,  cabe  se  cogitar  da  existência  ou  não  de  matéria  prejudicial  ao  presente  feito  a  depender  do  resultado  da  decisão  judicial  irrecorrível  superveniente.  A  se  considerar  que  a  prejudicialidade  é  verificada  diante  da  existência  de  questão que demanda decisão prévia  cujos  efeitos podem eventualmente  transbordar  sobre a  quæstio  principal,  entendemos  que  o  julgamento  da  matéria  devolvida  à  cognição  deste  Fl. 1951DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 19            18 colegiado não pode prosseguir na análise do mérito sem, antes, decidir a respeito da validade  ou não da intimação que inaugurou o prazo para a apresentação de impugnação.  No entanto, como previamente se desenvolveu, esta decisão é defesa ao julgador  administrativo, cabendo­lhe unicamente aguardar: caso a decisão judicial irreformável reputar  válido  o  ato  praticado,  serão  os  demais  argumentos  passíveis  de  conhecimento;  se  entender  nulo, por outro lado, todo o remanescente restará prejudicado.  A  conclusão  a  que  se  chega,  portanto,  é  que,  enquanto  perdurar  a  discussão  judicial em torno deste argumento, deve este processo administrativo permanecer sobrestado.  Decisão diversa, pelo prosseguimento do feito, ainda que fundada nos §§ 4º e 5º  da alínea 'a' do inciso V do art. 313 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), atuaria  em  desprestígio  não  apenas  aos  primados  da  economia  processual,  da  razoabilidade  e  da  eficiência  predicados  pela  Lei  nº  9.784/1999,  mas  sobretudo  em  menoscabo  da  jurisdição  afetada  ao  Poder  Judiciário,  a  quem cabe  se  pronunciar no  atinente  à  perempção ou  não  da  impugnação apresentada contra o auto de infração lavrado.  Em outras  palavras,  prosseguir na  análise das  razões do  recurso voluntário da  contribuinte,  sejam  elas  preliminares  ou  de  mérito,  implicaria  passar  ao  largo  do  desígnio  judicial a ser firmado e sedimentado por meio do trânsito em julgado.  Neste  sentido,  em  face  da mesma  contribuinte  e  com  fundamento  no mesmo  mandado  de  segurança,  foi  editada  a  Resolução  CARF  nº  3302000.505,  proferida  em  18/03/2015,  pela  2ª  Turma  Ordinária  da  3ª  Câmara  desta  3ª  Seção  de  Julgamentos,  sob  a  relatoria  do  Conselheiro  Paulo  Guilherme  Déroulède,  por  votação  unânime,  nos  seguintes  termos:  "(...) constata­se que a discussão sobre a validade da intimação  efetivada  no  despachante  aduaneiro  foi  levada  ao  Judiciário,  mediante  o  Mandado  de  Segurança  nº  000112426.2014.403.6105.  Conforme  consta  na  inicial  do  Mandado  de  Segurança,  a  recorrente,  com  fundamentando  na  necessidade  de  intimação  eletrônica,  em  decorrência  da  adesão  ao  domicílio  tributário  eletrônico DTE, na ciência de prestador de serviço, sem vínculo  com  a  recorrente,  exceto  os  serviços  relacionados  ao  desembaraço aduaneiro, pede a obrigatoriedade da intimação no  DTE  relativo  à  ciência  do  Auto  de  Infração  e  a  consequente  reabertura do prazo para impugnação (item "d" dos pedidos).  Embora  a  recorrente  tivesse  obtido  provimento  liminar  parcial  no  Agravo  de  Instrumento  nº  000569097.2014.4.03.0000/SP,  a  sentença prolatada no Mandado denegou a segurança (...).  (...).  Verifica­se,  assim,  que  a  matéria  atinente  à  validade  da  primeira  intimação  efetivada  pessoalmente  no  despachante  aduaneiro  e  a  conseqüente  validação do Termo de Revelia  (...)  foi submetida ao crivo do Poder Judiciário, abrangendo todos os  argumentos  e  razões  deduzidas  pela  recorrente  em  seu  recurso  Fl. 1952DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 20            19 voluntário quanto à tempestividade de sua impugnação, ficando,  pois,  afastada  qualquer  decisão  administrativa  a  respeito  da  preliminar de argüição de tempestividade da impugnação.  Frise­se  que,  embora  a  recorrente  não  possua  medida  judicial  vigente  favorável  a  sua demanda no Mandado de Segurança nº  000112426.2014.403.6105,  tal  processo  encontra­se  ainda  em  julgamento, de cuja  decisão definitiva dependerá a validade da  intimação  efetuada  em  20/12/2013,  efls.  1169,  e,  consequentemente, o conhecimento da impugnação apresentada.  Portanto,  não  há  propriamente  concomitância  no  sentido  da  Súmula  CARF  nº  1  (uma  vez  que  decisão  final  favorável  ao  contribuinte  não  importará  em  renúncia  ao  processo  administrativo,  mas  ao  contrário,  sua  instauração),  mas  prejudicialidade de julgamento na esfera administrativa em vista  da pendência  judicial, devendo ser aplicado subsidiariamente o  artigo 265, IV, “a” do Código de Processo Civil.  Diante  do  exposto,  voto  no  sentido  de  converter  o  presente  julgamento em diligência para que a unidade de origem junte a  decisão  definitiva  do  Mandado  de  Segurança  nº  000112426.2014.403.6105,  assim  que  ocorrer  seu  trânsito  em  julgado,  reabrindo  prazo  de  trinta  dias  para  manifestação  da  recorrente  nos  termos  do  parágrafo  único  do  artigo  353  do  Decreto  nº  7.574/2011,  com  posterior  retorno  dos  autos  a  esta  Câmara" ­ (seleção e grifos nossos).  Assim,  com  base  nos  fundamentos  acima  expostos,  voto  por  converter  o  julgamento  em  diligência  para  que  a  unidade  de  origem,  onde  os  presentes  autos  devem  permanecer, junte a certidão de trânsito em julgado e a correspondente decisão definitiva a ser  proferida  no  Mandado  de  Segurança  nº  001124­26.2014.4.03.6105  (Processo  nº  2014.61.05.001124­8), distribuído à 4ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Campinas, em  trâmite no Tribunal Regional Federal da 3ª Região sob a relatoria do Desembargador Federal  Carlos Muta,  reabrindo­se,  em  seguida, o prazo não  inferior  a 30 dias para manifestação da  contribuinte  ora  recorrente,  com  subseqüente  remessa  destes  autos  eletrônicos  para  este  Conselho para reinclusão em pauta e prosseguimento do julgamento.     Leonardo Ogassawara de Araújo Branco            Fl. 1953DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 21            20 Declaração de voto    Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira    Da ilegitimidade de despachante para intimação de revisão aduaneira    Peço permissão  para  expor meu  entendimento  a  respeito  da matéria  suscitada  pelo processo administrativo e justificar meu voto e minha convicção de que deve se decidir  uma  reforma  do  objeto  deste  processo.  Peço  vênia  ainda  por  discordar  do  ilustre  relator  Conselheiro Robson José Bayerl, em seu alentado voto.  Fá­lo­ei de forma objetiva e sucinta, não só por amor à síntese, mas também por  respeito ao estreitamento do tempo das sessões, realidade inescapável e impressora.  Primeiro,  entendo  que  não  se  deu,  no  caso,  a  intimação  válida  para  que  se  constituísse a exigência  tributária  e gerasse o  contraditório do processo administrativo  fiscal  (Decreto n. 70.235, de 1972). O que temos em mãos, e isso espero que fique claro, como tentei  expor  brevemente  na  sessão,  é  o  processo  administrativo  ordinário, mas  não  o  contraditório  fiscal. O processo administrativo não se restringe ao âmbito do contraditório fiscal.  De plano, vejam senhores conselheiros que não foram observadas as regras que  disciplinam as formas de intimar, tendo em vistas a superposição das peculiaridades do campo  normativo tributário fiscal em geral com as peculiaridades do âmbito aduaneiro em particular.  Para  tanto,  peço  que  tenham  em mente  que  a  lei  prevê  um  profissional  para  prestar assistência ao importador (ou exportador) no contexto do despacho aduaneiro, no caso o  despachante aduaneiro.  Trata­se de profissional que detém conhecimentos especializados e que prestam  importante auxílio e serviços aos importadores e exportadores, e ao comércio exterior.  Há  um  contorno  definido  em  lei  para  essa  atuação.  Reproduzo  aqui  a  síntese  trazida pelo Regulamento Aduaneiro:  “CAPÍTULO III  DAS ATIVIDADES RELACIONADAS AOS SERVIÇOS ADUANEIROS   Seção I   Das Atividades Relacionadas ao Despacho Aduaneiro  Subseção I  Das Disposições Gerais  Fl. 1954DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 22            21 Art.  808.  São  atividades  relacionadas  ao  despacho  aduaneiro  de  mercadorias, inclusive bagagem de viajante, na importação, na exportação ou  na internação, transportadas por qualquer via, as referentes a:  I ­ preparação, entrada e acompanhamento da tramitação e apresentação  de documentos relativos ao despacho aduaneiro;  II ­ subscrição de documentos relativos ao despacho aduaneiro, inclusive  termos de responsabilidade;  III  ­  ciência  e  recebimento  de  intimações,  de  notificações,  de  autos  de  infração,  de  despachos,  de  decisões  e  de  outros  atos  e  termos  processuais  relacionados com o procedimento de despacho aduaneiro;  IV  ­  acompanhamento  da  verificação  da  mercadoria  na  conferência  aduaneira, inclusive da retirada de amostras para assistência técnica e perícia;  V ­ recebimento de mercadorias desembaraçadas;  § 1º Somente mediante cláusula expressa específica do mandato poderá o  mandatário subscrever termo de responsabilidade em garantia do cumprimento  de  obrigação  tributária,  ou  pedidos  de  restituição  de  indébito  ou  de  compensação. (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013)  § 2o A Secretaria da Receita Federal do Brasil poderá dispor sobre outras  atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias.   Art.  809.  Poderá  representar  o  importador,  o  exportador  ou  outro  interessado,  no  exercício  das  atividades  referidas  no  art.  808,  bem  assim  em  outras operações de comércio exterior (Decreto­Lei nº 2.472, de 1988, art. 5º,  caput e § 1º):  I  ­ o dirigente ou empregado com vínculo empregatício exclusivo com o  interessado, munido de mandato que lhe outorgue plenos poderes para o mister,  sem cláusulas excludentes da responsabilidade do outorgante mediante ato ou  omissão do outorgado, no caso de operações efetuadas por pessoas jurídicas de  direito privado;  II  ­  o  funcionário  ou  servidor,  especialmente  designado,  no  caso  de  operações efetuadas por órgão da administração pública direta ou autárquica,  federal,  estadual ou municipal, missão diplomática ou  repartição  consular de  país estrangeiro ou representação de órgãos internacionais;  II­A  ­  o  empresário,  o  sócio  da  sociedade  empresária  ou  pessoa  física  nomeada  pelo  habilitado,  nos  casos de  importações  ao  amparo  do  regime de  que  trata  o  art.  102­A  (Lei  no  11.898,  de  2009,  art.  7o,  §  2o);  (Incluído  pelo  Decreto nº 7.213, de 2010).  III  ­ o próprio  interessado, no caso de operações efetuadas por pessoas  físicas; (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013)  Fl. 1955DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 23            22 III­A  ­  o  mandatário  de  pessoa  física  residente  no  País,  nos  casos  de  remessa postal  internacional, ou bens de viajante; e (Incluído pelo Decreto nº  8.010, de 2013)  IV ­ o despachante aduaneiro, em qualquer caso.   §  1o  Nos  despachos  relativos  ao  regime  de  trânsito  aduaneiro,  o  transportador  ou  o  operador  de  transporte,  quando  forem  beneficiários,  equiparam­se a interessado. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010).  §  2o  As  operações  de  importação  e  exportação  dependem  de  prévia  habilitação do responsável  legal da pessoa jurídica interessada, bem como do  credenciamento  das  pessoas  físicas  que  atuarão  em  seu  nome  no  exercício  dessas  atividades,  de  conformidade  com  o  estabelecido  pela  Secretaria  da  Receita Federal do Brasil. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010).  Subseção II  Do Despachante Aduaneiro  Art.  810.  O  exercício  da  profissão  de  despachante  aduaneiro  somente  será  permitido  à  pessoa  física  inscrita  no  Registro  de  Despachantes  Aduaneiros, mantido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil  (Decreto­ Lei nº 2.472, de 1988, art. 5º, § 3º). § 1o A inscrição no registro a que se refere  o caput será feita, a pedido do interessado, atendidos os seguintes requisitos:  I  ­  comprovação  de  inscrição  há  pelo  menos  dois  anos  no  Registro  de  Ajudantes  de  Despachantes  Aduaneiros,  mantido  pela  Secretaria  da  Receita  Federal do Brasil;  II  ­ ausência de condenação, por decisão  transitada em julgado, à pena  privativa de liberdade;  III  ­  inexistência de pendências em relação a obrigações eleitorais e, se  for o caso, militares;  IV ­ maioridade civil;  IV­A  ­  nacionalidade  brasileira;  (Incluído  pelo  Decreto  nº  7.213,  de  2010).  V ­ formação de nível médio; e VI ­ aprovação em exame de qualificação  técnica.   §  2o  Na  execução  das  atividades  referidas  no  art.  809,  o  despachante  aduaneiro  poderá  contratar  livremente  seus  honorários  profissionais  (Decreto­Lei nº 2.472, de 1988, art. 5º, § 2º).  §  3o  A  competência  para  a  inscrição  nos  registros  a  que  se  referem  o  caput  e o  inciso  I do § 1o  será do chefe da unidade da Secretaria da Receita  Federal  do Brasil  com  jurisdição aduaneira  sobre o  domicílio do  requerente.  (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010).  Fl. 1956DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 24            23 § 4o Para inscrição no Registro de Ajudante de Despachantes Aduaneiros,  o interessado deverá atender somente os requisitos estabelecidos nos incisos II  a V do § 1o.   §  5o  Os  ajudantes  de  despachantes  aduaneiros  poderão  estar  tecnicamente subordinados a um despachante aduaneiro e exercer as atividades  relacionadas nos incisos I, IV, V e VI do art. 808.   § 6o Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil: (Redação dada  pelo Decreto nº 7.213, de 2010).  I  ­  editar  as  normas  necessárias  à  implementação  do  disposto  neste  artigo; e (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010).  II ­ dar publicidade, em relação aos despachantes aduaneiros e ajudantes  inscritos, das seguintes informações: (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010).  a) nome; (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010).  b)  número  de  inscrição  no Cadastro  de  Pessoas Físicas;  (Incluído  pelo  Decreto nº 7.213, de 2010).  c) número de registro; (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010).  d)  número  e  data  de  publicação  do  ato  declaratório  de  inscrição  no  registro  em  Diário  Oficial  da  União;  e  (Incluído  pelo  Decreto  nº  7.213,  de  2010).  e) situação do registro. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010).  § 7o Enquanto não for disciplinada pela Secretaria da Receita Federal do  Brasil a  forma de realização do exame a que se  refere o  inciso VI do § 1o, o  ingresso  no  Registro  de  Despachantes  Aduaneiros  será  efetuado  mediante  o  atendimento dos demais requisitos referidos no § 1o.   §  8o  Aos  despachantes  aduaneiros  e  ajudantes  de  despachantes  aduaneiros  inscritos  nos  respectivos  registros  até  a  data  da  publicação deste  Decreto ficam asseguradas as regras vigentes no momento de sua inscrição.   § 9o A aplicação do disposto neste artigo não caracterizará, em nenhuma  hipótese,  qualquer  vinculação  funcional  entre  os  despachantes  aduaneiros,  ajudantes de despachante aduaneiro e a administração pública. (Incluído pelo  Decreto nº 7.213, de 2010).  §  10.  É  vedado,  a  quem  exerce  cargo,  emprego  ou  função  pública,  o  exercício da atividade de despachante ou ajudante de despachante aduaneiro.  (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010).” (destacado)  Esse  contorno definido  em  lei  constitui  o  campo  jurídico  dentro qual  se pode  significar as relações mantidas entre o despachante e seus representados, e também a extensão  da representação desempenhada pelos despachantes junto à Receita Federal.  Lembremos que o mesmo importador pode ter mais de um representante, e mais  de um despachante. A Aduana dialogará com o despachante que demonstre estar representando  Fl. 1957DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 25            24 o  importador  ou  exportador  para  determinada  operação  de  importação  ou  de  exportação,  mesmo  que  ele  tenha  um  mandato  amplo.  A  legislação  reconhece  que  a  relação  do  representado  e  o  despachante  implica  em  honorários  (§  2º  do  art.  810  do  RA),  ou  seja,  a  procuração  do  representado  e  o  despachante  está  vinculada  a  um  contrato  de  prestação  de  serviços,  e  esse  contrato  provavelmente  designará  a  que  operações  o  despachante  estará  responsável em nome do representado. A Aduana não dialogará com o outro despachante que  detém  mandato  do  mesmo  importador/exportador,  mas  que  não  esteja  se  responsabilizando  pela importação/exportação sob análise da autoridade fiscal.  Não basta o despachante ter mandato/procuração. A significação deste mandato  se  insere no  campo  jurídico que permite às pessoas chegarem à compreensão de que não se  intimará o contribuinte, em tempo de despacho, através do despachante "errado".  Ademais, o importador / exportador confere a procuração ao despachante tendo  em  mente  que  ele  exercerá  esses  poderes  e  mandato  dentro  das  atividades  do  despacho  aduaneiro para determinada(s) importações/exportações (e não para todas ou qualquer uma) E  esse mandato  será  válido  em  tempo  de  despacho,  ou  seja,  enquanto  a  autoridade  aduaneira  exercer sua competência durante o despacho (de importação e exportação).  A  revisão  aduaneira,  apesar  de  ser  a  conclusão  do  despacho,  não  se  realiza  dentro  do  tempo  do  despacho  estrito  senso,  mas  em  momento  posterior,  pela  iniciativa  da  administração aduaneira.   O despacho aduaneiro, enquanto procedimento é inescapável às atividades que  tratam da recepção, controle e direcionamento da movimentação física do bem procedente ou  destinado  ao  exterior,  sob  o  controle  aduaneiro  na  zona  primária,  e  as  correspondentes  providencias  para  atendimento  documental­normativo  no  que  se  refere  ao  conhecimento,  petição  (de  liberação  e  tratamento  tributário  fiscal  aduaneiro)  e  deferimento,  tudo  isso  em  tempo de despacho.  Mas  a  revisão  aduaneira  não  é  inescapável,  pois  pode  não  ser  realizada  pela  administração.  E  ela  é  feita  em  temporalidade  distinta  da  que  se  dá  dentro  do  despacho  aduaneiro estrito senso. Talvez ela se dê em um ano após o desembaraço dos bens, ou talvez  dois,  a  administração  decidirá  a  oportunidade  conforme  seus  critérios  de  gestão.  Essa  possibilidade é diversa no despacho aduaneiro estrito senso, pois, nessa ocasião, a autoridade  aduaneira está cingida ao fato da materialidade da operação logística, e ela é instada a atuar e  decidir.  Não  estão  nas  expectativas  do  importador  ou  do  exportador  conferir  ao  despachante  poderes  para  representá­lo  diante  de  revisões  aduaneiras.  Pensemos,  senhores  conselheiros, por hipótese, uma revisão de dois anos, que abrange várias declarações prestadas  pelo  contribuinte,  e  para  esse  conjunto,  qual  dos  despachantes  que  as  representaram  que  a  autoridade  fiscal  vai  dar  ciência?  O  critério  de  escolher  aleatoriamente  um  deles  traz  uma  incerteza que não pode ser aceita para esse tipo de ato administrativo.  Além do mais, como pode a administração dar oportunidade de um determinado  despachante  conhecer  o  conteúdo  de  declarações  de  importação  à  que  ele  não  havia  sido  contratado para atuar? Como permitir uma pessoa física tomar conhecimento de documentos  comerciais e fiscais que o importador não teria autorizado acesso e conhecimento?  Fl. 1958DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 26            25 Espero estar deixando claro o que entendo pelo campo jurídico e as bases postas  em  lei  para  a  atuação  do  despachante,  e  por  que  entendo  que  ele  não  detém  geral  e  ordinariamente  (no  modelo  de  procuração  como  o  discutido  neste  caso)  legitimidade  para  representar a contribuinte em situação de ato resultante de revisão aduaneira.  Quando consultamos a aludida Procuração (fls.1058/1060) podemos ver que ela  se  restringe  às  atividades  de  despachante,  nos  limites  do  despacho  aduaneiro.  (ela  cita  precisamente os artigos próprios do Regulamento Aduaneiro).  Por  outro  lado,  o  contribuinte  possui  domicílio  certo  e  conhecido.  O  correto  seria a autoridade fiscal, em função de procedimento administrativo, fiscal, como é a revisão  aduaneira, seguir as regras de intimação corretas e adequadas, e não as regras que pertencem ao  campo do despacho aduaneiro estrito senso.  “SEÇÃO IV  Da Intimação  Art. 23. Far­se­á a intimação:  I  ­  pessoal,  pelo  autor  do  procedimento  ou  por  agente  do  órgão  preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito  passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração  escrita  de  quem  o  intimar;  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.532,  de  1997)  (Produção de efeito)  II  ­ por via postal,  telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com  prova  de  recebimento  no  domicílio  tributário  eleito  pelo  sujeito  passivo;  (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)  III ­ por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação  dada pela Lei nº 11.196, de 2005)  a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei  nº 11.196, de 2005)  b)  registro  em  meio  magnético  ou  equivalente  utilizado  pelo  sujeito  passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005)  § 1o Quando  resultar  improfícuo um dos meios previstos no  caput deste  artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante  o cadastro fiscal, a  intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação  dada pela Lei nº 11.941, de 2009)  I ­ no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei  nº 11.196, de 2005)  II  ­  em  dependência,  franqueada  ao  público,  do  órgão  encarregado  da  intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)  III ­ uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. (Incluído pela Lei  nº 11.196, de 2005)  § 2° Considera­se feita a intimação:  Fl. 1959DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 27            26 I  ­  na  data  da  ciência  do  intimado  ou  da  declaração  de  quem  fizer  a  intimação, se pessoal;  II ­ no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou,  se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada  pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)  III ­ se por meio eletrônico: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013)  a)  15  (quinze)  dias  contados  da  data  registrada  no  comprovante  de  entrega no domicílio  tributário do sujeito passivo;  (Redação dada pela Lei nº  12.844, de 2013)  b)  na  data  em  que  o  sujeito  passivo  efetuar  consulta  no  endereço  eletrônico a  ele  atribuído pela administração  tributária,  se ocorrida antes do  prazo previsto na alínea a; ou (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013)  c)  na  data  registrada  no  meio  magnético  ou  equivalente  utilizado  pelo  sujeito passivo; (Incluída pela Lei nº 12.844, de 2013)  IV  ­  15  (quinze)  dias  após  a  publicação  do  edital,  se  este  for  o  meio  utilizado. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)  § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não  estão  sujeitos  a  ordem de  preferência.  (Redação dada  pela Lei  nº  11.196,  de  2005)  § 4o Para fins de intimação, considera­se domicílio tributário do sujeito  passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)  I  ­  o  endereço  postal  por  ele  fornecido,  para  fins  cadastrais,  à  administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)  II  ­  o endereço eletrônico a  ele atribuído pela administração  tributária,  desde  que  autorizado  pelo  sujeito  passivo.  (Incluído  pela  Lei  nº  11.196,  de  2005)  §  5o  O  endereço  eletrônico  de  que  trata  este  artigo  somente  será  implementado  com  expresso  consentimento  do  sujeito  passivo,  e  a  administração  tributária  informar­lhe­á  as  normas  e  condições  de  sua  utilização e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)  § 6o As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da  administração tributária. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)  A  meu  ver,  o  despachante  não  possuía  legitimidade  para  representar  a  contribuinte  em  atos  de  revisão  aduaneira,  nem  para  peticionar  em  seu  nome  perante  a  administração Tributário­aduaneira quanto a atos decorrentes da revisão aduaneira. Manifesto  esse meu entendimento, tanto por considerar que a administração deve se pronunciar a respeito,  quanto para que não se passe a crer que a administração estaria admitindo incontroversamente  que  o  despachante  teria  ampla  e  completa  legitimidade  para  representar  o  importador  ou  o  exportador em situações fora do tempo do despacho aduaneiro estrito senso.  Fl. 1960DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 28            27 Do reconhecimento de ofício de matérias de ordem pública e a verificação da validade e  correção  do  ato  administrativo  Auto  de  Infração,  independente  da  constituição  do  contraditório.    Preciso prosseguir mais um pouco, em breves linhas. Desculpo­me.  Preciso  explicar  por  que  defendo  que  o  CARF  tem  o  dever,  como  órgão  da  administração, de se pronunciar no caso.  Não  podemos  olvidar  do  Princípio  da  Autotutela.  O  processo  administrativo  chega a este Colegiado sob o manto de se tratar de um processo administrativo, no mínimo sob  a égide da Lei n. 9.784/1998, secundado pelo Decreto n. 70.235, de 1972. Não se reconhecendo  a validade da intimação, mesmo assim, há um processo administrativo ordinário. Tenho certeza  que  este  Alto  Tribunal  Administrativo  reconhece  a  presença  da  Lei  n.  9.784,  de  1999,  no  âmbito do cumprimento de sua missão.   “Lei n. 9.784, de 1999  Art.  26.  O  órgão  competente  perante  o  qual  tramita  o  processo  administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão  ou a efetivação de diligências.  § 1o A intimação deverá conter:  I ­ identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa;  II ­ finalidade da intimação;  III ­ data, hora e local em que deve comparecer;  IV  ­  se  o  intimado  deve  comparecer  pessoalmente,  ou  fazer­se  representar;  V  ­  informação  da  continuidade  do  processo  independentemente  do  seu  comparecimento;  VI ­ indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.  §  2o  A  intimação  observará  a  antecedência  mínima  de  três  dias  úteis  quanto à data de comparecimento.  § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal  com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza  da ciência do interessado.  §  4o  No  caso  de  interessados  indeterminados,  desconhecidos  ou  com  domicílio  indefinido,  a  intimação  deve  ser  efetuada  por  meio  de  publicação  oficial.  §  5o  As  intimações  serão  nulas  quando  feitas  sem  observância  das  prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou  irregularidade.”  Fl. 1961DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 29            28 Ele deve se manifestar sobre matérias de ordem pública, independente de não ter  se estabelecido o contraditório, tais como decadência, ilegitimidade, falta de requisitos para a  validade do ato administrativo, entre outros.   Sublinho  que  não  se  trata  de  discutir  ou  confrontar  a Súmula CARF  n.  01  (a  propositura de ação  judicial  com o mesmo objeto que o  tratado no processo administrativo),  pois essas matérias não estão sendo discutidas na esfera judicial. Além do mais, sob qualquer  hipótese,  mesmo  que  a  administração  se manifeste  a  respeito  de matéria  que  poderia  estar,  direta  ou  indiretamente,  em  superposição  com  o  eventualmente  definido  pela  autoridade  judicial, sempre, sem dúvida, esta prevalecerá sobre aquela. Não há conflito ou perda.  Vejamos duas matérias de deveriam ser acolhidas por este órgão administrativo,  para  decidir  e  sanear  o  processo,  apesar  de  ele  estar  aguardando  o  desenlace da questão  da  validade da intimação, e da composição do contraditório.    Da exigência do PIS Importação e da COFINS Importação ­ Com relação à inclusão do  ICMS  e  das  próprias  contribuições  sociais  na  determinação das  bases  de  cálculos  e da  apuração dos valores devidos.    O  entendimento  do  Supremo  Tribunal  Federal,  em  sede  do  Recurso  Extraordinário  n°  559.937/RS,  afetado  com  repercussão  geral,  julgado  em  20  de  março  de  2013,  declarou  a  inconstitucionalidade  do  inciso  I  do  artigo  7°  da  Lei  n°  10.865/2004.  O  dispositivo  julgado  inconstitucional  determinava  a  inclusão  do  ICMS  e  das  próprias  contribuições  para  o  PIS  e  COFINS,  na  base  de  cálculo  dessas  contribuições  incidentes  na  importação de bens.  O acórdão tem a seguinte ementa:  "EMENTA.  Tributário.  Recurso  extraordinário.  Repercussão  geral.  PIS/COFINS  ­  importação.  Lei  n°  10.865/04.  Vedação  de  bis  in  idem.  Não  ocorrência. Suporte direto da contribuição do importador (arts. 149, II, e 195,  IV,  da  CF  e  art.  149,  §  2°,  III,  da  CF,  acrescido  pela  EC  33/01).  Alíquota  específica ou ad  valorem. Valor aduaneiro acrescido do valor do  ICMS e das  próprias contribuições. Inconstitucionalidade. Isonomia. Ausência de afronta.  1. Afastada a alegação de violação da vedação ao bis in idem, com invocação  do art.  195, § 4°,  da CF. Não há que se  falar  sobre  invalidade da  instituição  originária e simultânea de contribuições idênticas com fundamento no inciso IV  do art. 195, com alíquotas apartadas para fins exclusivos de destinação.  2. Contribuições cuja instituição foi previamente prevista e autorizada, de modo  expresso, em um dos incisos do art. 195 da Constituição validamente instituídas  por lei ordinária. Precedentes.  3. Inaplicável ao caso o art. 195, § 4°, da Constituição. Não há que se dizer que  devessem as contribuições em questão ser necessariamente não­cumulativas. O  fato de não se admitir o crédito senão para as empresas sujeitas à apuração do  PIS  e da COFINS pelo  regime não­cumulativo não chega a  implicar ofensa à  isonomia,  de modo  a  fulminar  todo  o  tributo.  A  sujeição  ao  regime  do  lucro  Fl. 1962DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 30            29 presumido, que implica submissão ao regime cumulativo, é opcional, de modo  que não se vislumbra, igualmente, violação do art. 150, II, da CF.  4  Ao  dizer  que  a  contribuição  ao  PIS/PASEP­  Importação  e  a  COFINS­ Importação  poderão  ter  alíquotas  ad  valorem  e  base  de  cálculo  o  valor  aduaneiro,  o  constituinte  derivado  circunscreveu  a  tal  base  a  respectiva  competência.  5. A  referência  ao  valor  aduaneiro no  art.  149,  §  2°,  III,  a  ,  da CF  implicou  utilização  de  expressão  com  sentido  técnico  inequívoco,  porquanto  já  era  utilizada pela  legislação  tributária para  indicar a base de cálculo do Imposto  sobre a Importação.  6.  A  Lei  10.865/04,  ao  instituir  o  PIS/PASEP  ­Importação  e  a  COFINS  ­ Importação, não alargou propriamente o conceito de valor aduaneiro, de modo  que  passasse a  abranger,  para  fins  de  apuração de  tais  contribuições, outras  grandezas  nele  não  contidas.  O  que  fez  foi  desconsiderar  a  imposição  constitucional de que as contribuições sociais sobre a importação que tenham  alíquota  ad  valorem  sejam  calculadas  com  base  no  valor  aduaneiro,  extrapolando a norma do art. 149, § 2°, III, a, da Constituição Federal.  7. Não há como equiparar, de modo absoluto, a tributação da importação com a  tributação  das  operações  internas. O  PIS/PASEP  ­Importação  e  a  COFINS  ­ Importação  incidem  sobre  operação  na  qual  o  contribuinte  efetuou  despesas  com a aquisição  do produto  importado, enquanto a PIS e a COFINS  internas  incidem  sobre  o  faturamento  ou  a  receita,  conforme  o  regime.  São  tributos  distintos.  (...)  9. Inconstitucionalidade da seguinte parte do art. 7°, inciso I, da Lei 10.865/04:  "acrescido  do  valor  do  Imposto  sobre  Operações  Relativas  à  Circulação  de  Mercadorias  e  sobre  Prestação  de  Serviços  de  Transporte  Interestadual  e  Intermunicipal e de Comunicação ­ ICMS incidente no desembaraço aduaneiro  e do valor das próprias contribuições , por violação do art. 149, § 2°, III, a, da  CF, acrescido pela EC 33/01.  10. Recurso extraordinário a que se nega provimento. " (RE 559937, Relator(a):  Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal  Pleno,  julgado em 20/03/2013, DJe­206 DIVULG 16­10­2013 PUBLIC 17­10­ 2013 EMENT VOL­02706­01 PP­00011)  S.m.j., o caput do art. 62­A do RICARF determina que "as decisões definitivas  de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em  matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543­B e 543­C" do Código de  Processo  Civil  (CPC),  "deverão  ser  reproduzidas  pelos  conselheiros  no  julgamento  dos  recursos no âmbito do CARF".   Sendo  assim,  por  força  desse  dispositivo  deve  prevalecer  o  afastamento  do  entendimento fiscal quanto a inclusão do ICMS e das próprias contribuições na base de cálculo  dos PIS e da COFINS aqui em discussão.      Fl. 1963DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 31            30 Da aplicação das multa e juros por erro de classificação fiscal    Ora,  estamos  a  analisar  uma  autuação  resultante  da  revisão  aduaneira  de  declarações de importação para um período de quase quatro anos. Durante esse longo tempo, a  maior parte das importações desse produto foi classificada na NCM escolhida pelo contribuinte  e  desembaraçada  provavelmente  pelo  canal  verde.  Uma  parte  bem  menor,  mas  não  menos  significativa,  teria  sido  desembaraçada  após  ter  sido  submetida  ao  canal  amarelo  ou  ao  vermelho.  Creio  justo  se  crer  que  cada  uma  das  autoridades  desses  despachos  aduaneiros  considerou correta essa NCM. Como já expliquei neste Colegiado antes, esse desembaraço não  forma critério jurídico para os termos do artigo 146 do CTN, exceto se tiver ocorrido exigência  fiscal para alterar a NCM. Mas, essa  repetição constitui, em meu entendimento, uma prática  reiterada por parte das autoridades aduaneiras no exercício de sua exclusiva competência (que  não  se  confunde  com  uma  prática  ou  entendimento  da  própria  administração  tributária  e  aduaneira),  consoante  o  que  lhe  atribui  a  lei  da  carreira  c/c  a  Lei  n.  5.172/1966  e  o DL  n.  37/1966.  Além disso, como sabemos pela experiência em vários processos tratando desse  mesmo tipo de produto e a que apreciamos em sessão, a classificação NCM deste tipo de bem  foi  objeto  de  dúvidas  e  divergências  durante  anos,  sendo  inequívoco  que  não  havia  uma  posição  oficial  da  Receita  Federal  definitiva  e  pacificadora  naqueles  anos  de  2008  a  2012.  Desse  quadro  histórico,  penso  que  se  pode  inferir  plausível  que  houvesse  interpretações  individuais diferentes por parte das autoridades dos despachos em todo o Brasil e também por  parte dos importadores, para se determinar a NCM desse tipo de produto.  Esse quadro me leva à conclusão de que estamos diante, sim, de uma situação  que se enquadra na hipótese prevista do inciso III e do parágrafo único do artigo 100 do CTN:  “Decreto­lei n. 37 de 1966  Art.97 ­ Compete à autoridade julgadora:   I ­ determinar a pena ou as penas aplicáveis ao infrator ou a quem deva  responder pela infração, nos termos da lei;   II ­ fixar a quantidade da pena, respeitados os limites legais.  (...)  Art.101  ­  Não  será  aplicada  penalidade  ­  enquanto  prevalecer  o  entendimento ­ a quem proceder ou pagar o imposto:   I ­ de acordo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível  de  última  instância  administrativa,  proferida  em  processo  fiscal  inclusive  de  consulta, seja o interessado parte ou não;   II ­ de acordo com interpretação fiscal constante de decisão de primeira  instância  proferida  em  processo  fiscal,  inclusive  de  consulta,  em  que  o  interessado for parte;  Fl. 1964DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 32            31  III ­ de acordo com interpretação fiscal constante de circular, instrução,  portaria,  ordem  de  serviço  e  outros  atos  interpretativos  baixados  pela  autoridade fazendária competente.”    “Lei n. 5.172, de 1966:  Art.  100.  São  normas  complementares  das  leis,  dos  tratados  e  das  convenções internacionais e dos decretos:  I ­ os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;  II  ­  as  decisões  dos  órgãos  singulares  ou  coletivos  de  jurisdição  administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;  III  ­  as  práticas  reiteradamente  observadas  pelas  autoridades  administrativas;  IV  ­  os convênios que  entre  si  celebrem a União, os Estados, o Distrito  Federal e os Municípios.  Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui  a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do  valor monetário da base de cálculo do tributo.”  Como já expus neste voto, acho legítimo que a Administração, em ato de revisão  aduaneira,  resolva  definir  um NCM  que  considera  correta  para  determinado  produto.  Acho  legítimo  que  ela  imponha  essa  nova  classificação  para  as  importações  anteriores,  chegando  mesmo obrigar a retificação dessas Declarações de Importação e chegando, também a rever de  ofício  a  aprovação  da  autoridade  do  despacho  nas  desembaraçadas  pelo  canal  amarelo  e  vermelho.  Entretanto,  apesar  de  não  se  tratar  de  uma  mudança  de  critério  jurídico,  a  posição  firmada  a  partir  da  revisão  aduaneira  nega  a  prática  reiterada  das  autoridades  do  despacho, exercidas individualmente. Sendo assim, em meu entendimento, essa situação deve  invocar a aplicação da lei posta no parágrafo único do artigo 100 do CTN, exercida nos termos  da  competência  estatuída  pela  lei  do  processo  administrativo  fiscal  (Decreto  n.  70.235,  de  1972) e estatuída na lei aduaneira (artigo 97 DL 37/1966).  Por  isso,  entendo  inarredável  a  aplicação,  por  reconhecimento  de  ofício deste  Colegiado, que nessa  situação de revisão aduaneira em que se determinou uma classificação  fiscal  para  as  importações  passadas,  com  segura  constatação  de  terem  sido  recorrentemente  desembaraçadas  por  NCM  diferente,  seja  reconhecida  a  possibilidade  de  exigir  apenas  os  tributos à luz do que dispõe o parágrafo único do artigo 100 do CTN.  Por óbvio, e pelos mesmo fundamentos acima expostos, que defendo que essas  penalidades  não  podem  ser  exigidas  das  importações  em  que  o  contribuinte  atendeu  a  intimação fiscal para alterar sua classificação exatamente para a que hoje a revisão aduaneira  está considerando como incorreta.    Fl. 1965DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 33            32 Da necessidade de declarar a nulidade de decisão proferida por órgão incompetente.    Há a informação de que há ação judicial discutindo a validade da intimação feita  ao despachante, mas em minha visão, esse fato não subtrai do CARF o poder e o dever de se  manifestar sobre as matérias de ordem pública. E sublinho que a autoridade judicial não emitiu  ordem proibindo o CARF e a Administração de se manifestar no processo.  Faço  ressaltar  que  não  se  trata  de  concomitância, mas  de  prejudicialidade. A  matéria validade da intimação não tem coincidência com a matéria verificação da validade do  ato  fiscal,  da  existência  de  decadência,  da  constatação  de  erro  na  elaboração  do  auto  de  infração. Estas matérias não estão sendo submetidas ao judiciário, mas apenas a prejudicial da  intimação.  O  auto  de  infração,  como  ato  administrativo,  é  anterior  à  inicialização  do  contraditório,  e  ele  deve  ser  analisado  pelo  órgão  da  administração  pública  instado  a  essa  apreciação, no caso, este CARF.  Por  outra  monta,  não  posso  acolher  a  decisão  dos  Julgadores  de  1ª  piso  que,  após terem constatado que o ato fiscal mereceria reparos por erros e vícios de sua formação,  voltaram atrás nessa decisão por subordinarem essa constatação à dúvida sobre a legitimidade  da intimação e à existência do contraditório..  Além  do  mais,  faltava  competência  ao  órgão  de  1ª  instância  para  rever  seu  acórdão depois de recorrido pela contribuinte.  “Decreto 70.235,de 1972  Art.25.O  julgamento  do  processo  de  exigência  de  tributos  ou  contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal compete:(Vide  Decreto nº 2.562, de 1998)(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.158­35,  de 2001)(Vide Medida Provisória nº 449, de 2008)  I­em primeira instância, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento,  órgãos  de  deliberação  interna  e  natureza  colegiada  da  Secretaria da Receita  Federal;(Redação  dada  pela  Medida  Provisória  nº  2.158­35,  de  2001)(Vide  Medida Provisória nº 232, de 2004)  a)  aos  Delegados  da  Receita  Federal,  titulares  de  Delegacias  especializadas nas atividades concernentes a julgamento de processos, quanto  aos  tributos  e  contribuições  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal.(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)(Vide Medida Provisória nº  232, de 2004)(Vide Lei nº 11.119, de 2005)  b)  às  autoridades  mencionadas  na  legislação  de  cada  um  dos  demais  tributos ou, na falta dessa indicação aos chefes da projeção regional ou local  da entidade que administra o  tributo, conforme  for por ela estabelecido.(Vide  Medida Provisória nº 232, de 2004)  II  –  em  segunda  instância,  ao  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais,  órgão  colegiado,  paritário,  integrante  da  estrutura  do Ministério  da  Fazenda, com atribuição de julgar recursos de ofício e voluntários de decisão  Fl. 1966DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/2013­98  Resolução nº  3401­000.937  S3­C4T1  Fl. 34            33 de primeira instância, bem como recursos de natureza especial.(Redação dada  pela Lei nº 11.941, de 2009)”  Neste processo, os  julgadores de 1º piso decidiram (1º Acórdão proferido) em  19/08/2014, e revisaram essa decisão em 08/10/2014 (2º Acórdão proferido em substituição ao  primeiro).  Eles  justificaram  que  a  autoridade  judicial  havia  revertido  a  ordem  liminar  em  18/08/2014,  um dia  antes  da  sessão. Ocorre que  a  contribuinte  já  havia  apresentado seu  recurso voluntário em 18/09/2014. Apesar do protocolo deste recurso voluntário, a unidade  de administração local somente o juntou após a revisão da decisão pelos Julgadores a quo, mas,  sem dúvida, que a data de referência não reside na juntada, mas no protocolo, a que legalmente  instalou  a  remessa  dos  autos  à  2ª  instância,  a  mesma  data  que  serve  para  aferirmos  a  tempestividade do recurso. O recurso voluntário apresentado redefine a competência de análise  do conteúdo e objeto do processo, transferindo­a para a 2 instância.  Esse  fato  constitui  inobservância  da  lei  processual  administrativa  e  merece  reparos; por isso creio que o segundo acórdão deveria ser declarado nulo, retomando ao status  anterior.  Conclusão:  Foi por essas considerações é que propus:  declarar a nulidade do ato recorrido e a manutenção da 1ª decisão da instância a  quo (Acórdão 07­37.386, de 19/08/2014),  conhecer matérias de ordem pública: decadência, aplicação do artigo 159 do DL  37/66,  exclusão do  ICMS da determinação do PIS e da COFINS devidos, conforme decisão  transitada em julgado pelo STF.  conhecer matéria de ordem tributário processual, qual seja: a de que se aplica ao  caso o disposto no artigo 100 inciso III e parágrafo único do CTN, pois se trata de exigência  resultante  revisão aduaneira  referente a  importações submetidas a despachos aduaneiros, que  em seu conjunto denota prática da autoridade fiscal e do sistema SISCOMEX face à mesma  NCM considerada por ela admissível.    Eloy Eros da Silva Nogueira.  Fl. 1967DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL

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Numero do processo: 10580.720336/2007-47
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Nov 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2003 TEMPESTIVIDADE. O prazo recursal se inicia da ciência da decisão de primeira instância com todos os documentos que a compõem. A juntada de eventuais anexos mencionados do acórdão também devem ser levados ao conhecimento do contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2301-004.820
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para intimar o contribuinte do acórdão de impugnação, bem como do Anexo I da fl. 155, reabrindo-se prazo para a apresentação do recurso voluntário. João Bellini Junior - Presidente Julio Cesar Vieira Gomes - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 799; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C3T1  Fl. 196          1 195  S2­C3T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10580.720336/2007­47  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2301­004.820  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  20 de setembro de 2016  Matéria  GLOSA DE DEDUÇÃO  Recorrente  JORGE DA ROCHA KELSCH  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Ano­calendário: 2003  TEMPESTIVIDADE.  O  prazo  recursal  se  inicia  da  ciência  da  decisão  de  primeira  instância  com  todos  os  documentos  que  a  compõem.  A  juntada  de  eventuais  anexos  mencionados  do  acórdão  também  devem  ser  levados  ao  conhecimento  do  contribuinte.  Recurso Voluntário Provido em Parte.         AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 03 36 /2 00 7- 47 Fl. 201DF CARF MF   2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  dar  provimento  parcial  ao  recurso  voluntário,  para  intimar  o  contribuinte  do  acórdão  de  impugnação,  bem  como  do  Anexo  I  da  fl.  155,  reabrindo­se  prazo  para  a  apresentação  do  recurso voluntário.    João Bellini Junior ­ Presidente     Julio Cesar Vieira Gomes ­ Relator    Participaram  do  presente  julgamento  os  conselheiros:  JOAO  BELLINI  JUNIOR,  JULIO  CESAR  VIEIRA  GOMES,  ALICE  GRECCHI,  ANDREA  BROSE  ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES.  Fl. 202DF CARF MF Processo nº 10580.720336/2007­47  Acórdão n.º 2301­004.820  S2­C3T1  Fl. 197          3 Relatório  Trata­se de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância  que  julgou  procedente  em  parte  o  lançamento  fiscal  efetuado  para  apuração  de  imposto  de  renda  da  pessoa  física  decorrente  de  glosa  do  valor  declarado  como  restituição  de  retenção.  Entendeu  a  fiscalização  e  a  decisão  recorrida  que  o  recorrente  declarou  em  2004  retenções  sofridas em 2003.  Contra  a  decisão,  ciência  em 12/05/2008  fls.  159,  o  recorrente  interpôs  em  31/01/2011,  fls.  176,  peça  recursal  alegando  erro material  no  enquadramento  da  infração  e,  preliminarmente, que não teria ocorrido a preclusão, pois não teria tomado ciência do Anexo I  citado na decisão recorrida, com os valores pertinentes ao seu direito de restituição.  É o Relatório.    Fl. 203DF CARF MF   4 Voto             Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator   Antes da análise da questão suscitada quanto ao erro de enquadramento legal,  faz­se necessário o exame do cumprimento do pressuposto da tempestividade.   De fato, faz parte do conteúdo da decisão recorrida o Anexo I, fls. 154, com  memoriais de cálculo de  rendimentos  considerados  como  isentos,  valores  rateados para cada  ano­calendário  e  todo  o  cálculo  de  restituição  considerada  devida,  fls.  155.  Verifico  que  o  despacho às  fls. 195 menciona a alegação, mas não se pronuncia sobre a sua procedência ou  não.  Quando eventualmente são juntados ao acórdão anexos com informações que  complementam a decisão recorrida, entendo que prazo recursal somente se inicia da ciência da  decisão de primeira instância com todos os documentos juntados.  Diante  do  exposto,  voto  pelo  ao  recurso  voluntário,  para  intimar  o  contribuinte do acórdão de impugnação, bem como do Anexo I da fl. 155, reabrindo­se prazo  para a apresentação do recurso voluntário.  É como voto.    Julio Cesar Vieira Gomes                              Fl. 204DF CARF MF

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Numero do processo: 11065.000043/2005-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 31 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-000.756
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM- Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Ausência justificada de Charles Mayer de Castro Souza. RELATÓRIO O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: DA AUTUAÇÃO Em 06/01/2005 foi emitido auto de infração, referente à multa isolada de ofício, totalizando R$560.264,22 (fls. 03-11). O fundamento para a autuação está detalhado no “Relatório do Trabalho Fiscal”, que transcrevo (fls. 05-11): “RELATÓRIO DO TRABALHO FISCAL Trata-se de ação fiscal realizada na empresa PLÁSTICOS SUZUKI LTDA., com sede na Rua Almirante Tamandaré n° 584, município de Estância Velha, RS, inscrita no CNPJ sob o n° 89.188.973/0001-00, doravante denominada simplesmente de Fiscalizada, no curso da qual foram examinadas as compensações dos débitos de Imposto de Renda da Pessoa jurídica-IRPJ, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido – CSLL, Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS e da Contribuição para o PIS, sendo os débitos extintos em DCTF, por compensação sem DARF com créditos de natureza não tributária. OS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS A Fiscalizada entregou, em 04/10/2002, junto à Delegacia de Receita Federal de Novo Hamburgo, Declaração de Compensação de crédito seu de natureza não tributaria, originado de empréstimo compulsório sobre energia elétrica à Eletrobrás, com débitos de Imposto de Renda da Pessoa jurídica-IRPJ, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido – CSLL, Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, e da Contribuição para o PIS por ela devidos, anexados ao processo administrativo nº 11065.003707/2002-18. Esse pedido administrativo foi apreciado pela Saort dessa Delegacia da Receita Federal em Novo Hamburgo, sendo emitido o parecer DRF/NHO/ Saort n°242/2002, o qual indeferiu totalmente o pedido, por não constituir o empréstimo compulsório um tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal. Em Despacho Decisório de 13/09/2002, a Delegada dessa DRF/NHO denegou o pedido de compensação. ENQUADRAMENTO LEGAL A Lei n°5.172, de 25/10/1966, Código Tributário Nacional, em seu artigo 156, elenca quais as formas de extinção do crédito tributário: “Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento; II - a compensação; III - a transação; IV - remissão; V - a prescrição e a decadência; VI - a conversão de depósito em renda; VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado. XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei”. O Código Tributário Nacional, em se artigo 170, dispõe que a compensação poderá ser autorizada por lei, nas condições em que ela estipular: “Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial”. Na Lei No 4.502, de 30/11/1964 encontra-se a definição de fraude. Diz assim seu art.72:. “Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento”. A Lei nº 8.137, de 27/12/1990 veio a definir os crimes contra a ordem tributária. Em seus artigos 1° e 2° estão descritas as condutas que constituem crime dessa natureza. Assim diz em seu art. 2°: “Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;” Posteriormente, a Lei 9.430, de 27/12/1996, em seu artigo 44, determinou o percentual das multas a serem aplicadas nos casos de lançamento ofício, fixando o percentual de cento e cinqüenta por cento para os casos de evidente intuito de fraude: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I - de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte;II - cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: V - isoladamente, no caso de tributo ou contribuição social lançado, que não houver sido pago ou recolhido”. A Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, em seu artigo 90, dispõe sobre as diferenças apuradas em declaração do sujeito passivo: “Art.90.Serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal”. O Ato declarativo Interpretativo SRF n°17, de 02/10/2002, dispondo sobre hipóteses de evidente intuito de fraude praticada em pedidos ou declarações de compensação, veio a esclarecer da seguinte forma: “Artigo único. Os lançamentos de ofício relativos a pedidos ou declarações de compensação indevidos sujeitar-se-ão à multa de que trata o inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, por caracterizarem evidente intuito de fraude, nas hipóteses em que o crédito oferecido à compensação seja: I – de natureza não-tributária; II – inexistente de fato; III – não passível de compensação por expressa disposição de lei; IV – baseado em documentação falsa.” Também a Instrução Normativa SRF n°226, de 18/10/2002, dispõe sobre pedidos de restituição ou ressarcimento e pedidos ou declarações de compensação: “Art. 1º Será liminarmente indeferido: I - o pedido de restituição ou ressarcimento cujo direito creditório alegado tenha por base o "crédito-prêmio" instituído pelo art. 1º do Decreto-lei nº 491, de 5 de março de 1969; II - o pedido ou a declaração de compensação cujo direito creditório alegado tenha por base: a)o "crédito-prêmio", referido no inciso I; b)título público; c)crédito de terceiros, cujo pedido ou declaração tenha sido protocolizado a partir de 10 de abril de 2000”. Por fim, o § 12. do Art. 4°, da Lei No 11.051, de 29 de dezembro de 2004, se referindo à Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 assim diz: Art. 4o O art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 74. ............................................................................ § 3o ............................................................................ IV - o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela Secretaria da Receita Federal - SRF; V - o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e VI - o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal - SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa. § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: I - previstas no § 3o deste artigo; II - em que o crédito: a) seja de terceiros; b) refira-se a "crédito-prêmio" instituído pelo art. 1o do Decreto-Lei no 491, de 5 de março de 1969; c) refira-se a título público; d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal - SRF. AÇÃO FISCAL Em procedimento de fiscalização interna, visando as indevidas compensações objeto do processo administrativo nº 1065.003707/2002-18, assim como as efetuadas diretamente nas DCTFs, foram levantadas as informações constantes nas declarações recepcionadas e processadas pelos sistemas da Secretaria da Receita Federal, constantes nos sistemas dessa DRF/NHO, onde apuraram-se os seguintes valores: PIS PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITOS DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO AGO/02 R$ 11.500,00 150% R$ 17.250,00 FEV/03 R$ 10.000,00 150% R$ 15.000,00 JUL/03 R$ 12.000,00 150% R$ 18.000,00 SET/03 R$ 11.000,00 150% R$ 16.500,00 ABR/04 R$ 16.001,58 150% R$ 24.002,37 SET/04 R$ 19.425,47 150% R$ 29.138,20 TOTAIS R$ 79.927,05 150% R$ 119.890,57 COFINS PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITOS DE COFINS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO AGO/02 R$ 54.000,00 150% R$ 81.000,00 FEV/03 R$ 47.000,00 150% R$ 70.500,00 JUL/03 R$ 56.000,00 150% R$ 84.000,00 SET/03 R$ 53.000,00 150% R$ 79.500,00 ABR/04 R$ 73.853,44 150% R$ 110.780,16 SET/04 R$ 89.656,04 150% R$ 134.484,06 TOTAIS R$ 373.509,48 150% R$ 560.264,22 IPI PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITOS DE IPÍ INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO 1° DEC/MAR/03 R$ 41.000,00 150% R$ 61.500,00 2º DEC/MAR/03 R$ 71.000,00 150% R$ 106.500,00 1º DEC/AGO/03 R$ 55.000,00 150% R$ 82.500,00 2º DEC/AGO/03 R$ 75.000,00 150% R$ 112.500,00 1º DEC/OUT/03 R$ 100.000,00 150% R$ 150.000,00 2º DEC/OUT/03 R$ 51.000,00 150% R$ 76.500,00 TOTAIS R$ 393.000,00 150% R$ 589.500,00 IRPJ PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITO DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO 3° QUOTA/4°TRIM/02 R$ 38.944,81 150% R$ 58.417,21 2° QUOTA/2°TRIM/03 R$ 36.000,00 150% R$ 54.000,00 2° QUOTA/3°TRIM/03 R$ 41.000,00 150% R$ 61.500,00 TOTAIS R$ 115.944,81 150% R$ 173.917,21 CSLL PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITO DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO 3° QUOTA/4°TRIM/02 R$ 20.940,33 150% R$ 31.410,49 2° QUOTA/2°TRIM/03 R$ 20.000,00 150% R$ 30.000,00 1° QUOTA/3°TRIM/03 R$ 21.500,00 150% R$ 32.250,00 TOTAIS R$ 62.440,33 150% R$ 93.660,49 Multa Agravada Total:..................................................................... R$ 1.537.232,49 A compensação que a contribuinte realizou para zerar seus débitos dos referidos períodos é uma compensação indevida com créditos de natureza não tributária, aplicando-se o percentual de cento e cinqüenta porcento, por caracterizar evidente intuito de fraude. Com base nas irregularidade aqui relatadas, lavraram-se os Autos de Infração, constituindo-se um montante total de R$ 1.537.232,49 (um milhão quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e nove centavos).” A ciência do auto de infração deu-se em 21/01/2005 (fl. 22). DA IMPUGNAÇÃO A contribuinte apresentou, em 17/02/2005, impugnação ao auto de infração (fls. 23-45). Alegou, em síntese: ter incluído no PAES os valores compensados referentes à competência de agosto de 2002; ser nulo o auto de infração em face de omissão na descrição da matéria tributável; inexistir fato típico a ensejar a aplicação de norma penalizadora, pois as compensações efetuadas ainda estão pendentes de julgamento nos autos do processo administrativo no 11065.003707/2002-18; não terem as Obrigações Eletrobrás natureza jurídica de títulos públicos, como afirmado no auto de infração; não poder a Lei no 11.051, de 29/12/2004, ser aplicada retroativamente, a fatos ocorridos de 31/08/2002 a 30/09/2004; ser confiscatória a multa aplicada; ser inaplicável a multa por ofensa ao princípio constitucional da dosimetria da pena conjugada com o da tipicidade cerrada; Cita jurisprudência e doutrina defendendo sua tese. Requer que seja declarada a improcedência do auto de infração. O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/POA no 5.700, de 12/05/2005, proferida pelos membros da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS, cuja ementa dispõe, verbis: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/08/2002, 28/02/2003, 31/07/2003, 30/09/2003, 30/04/2004, 30/09/2004 Ementa: PRELIMINAR DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Não se configurando nenhuma das hipóteses arroladas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72 que rege o processo administrativo fiscal, não se pode admitir pedido de nulidade. INCLUSÃO NO PAES DE PARTE DO TRIBUTO QUE SERVE DE BASE DE CÁLCULO PARA A APLICAÇÃO DE MULTA ISOLADA. FALTA DE PROVA DA DESISTÊNCIA EXPRESSA DE MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE SOB APRECIAÇÃO PERANTE O CONSELHO DE CONTRIBUINTES. Ao teor do disposto no art. 4º da Lei no 10.684/2003, o parcelamento especial – PAES – somente alcançará débitos que se encontrarem com exigibilidade suspensa por força dos incisos III a V do art. 151 do CTN no caso de o sujeito passivo desistir expressamente e de forma irrevogável da impugnação ou do recurso interposto, e renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam os referidos processos administrativos relativamente à matéria cujo respectivo débito queira parcelar. COMPENSAÇÃO DE TÍTULOS PÚBLICOS COM CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. IMPOSIÇÃO DE MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. PROCEDÊNCIA. É procedente a imposição de multa de ofício qualificada nos casos em que a compensação efetivada pela contribuinte caracteriza evidente intuito de fraude. Lançamento Procedente O julgamento foi no sentido de afastar as preliminares e não acolher as alegações e considerar procedente o lançamento. Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, protocolizou o Recurso Voluntário, no qual, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. Ressalta ainda: -a decisão recorrida não se manifestou sobre o mérito da questão no que se refere à inconstitucionalidade da aplicação da multa com caráter confiscatório, -assim como, ao fato de ser inaplicável a multa por ofensa ao princípio constitucional da dosimetria da pena, alegando que estas teses envolviam aspectos constitucionais, devendo ser apreciadas pelo Poder Judiciário e não por órgão administrativo; - a autoridade administrativa não pode ficar adstrita a apenas aplicar a lei, deverá emitir sempre juízo valorativo, mesmo no tocante a legalidade, ou ainda, da constitucionalidade das normas. -Reitera o pedido de que seja observada a determinação disposta na sentença proferida em Mandado de Segurança n° 2003.71.08.010487-8, determinando à DRF/Novo Hamburgo que se abstivesse de proceder à cobrança dos débitos compensados até que seja proferida decisão definitiva acerca do pedido administrativo de ressarcimento/compensação. Seja julgada procedente a Impugnação para o efeito de tornar exigível e indevida a imposição tributária apurada pela fiscalização. Foi proferido o acórdão de n° 303-35.316, de 19/05/2008, do recurso voluntário, conforme ementa reproduzida abaixo, onde a turma do CARF julgou procedente em parte, tendo em vista aplicação da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inc. II , c do CTN: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/08/2002, 28/02/2003, 31/07/2003, 30/09/2003, 30/04/2004, 30/09/2004 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS ADMINISTRADOS PELA SRF COM CRÉDITOS DE TÍTULOS DA ELETROBRÁS. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO RETROATIVA DE LEI MAIS FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito, quando ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Aplicação do art. 106, II, "c" do CTN. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE Insatisfeito, a empresa entra com embargos de declaração, em 25/09/2008, às e-fls. 248 e ss, para esclarecer contradição, nos seguintes termos: Pelo exposto, requer dignem-se Vossas Senhorias, em recebendo os presentes embargos declaratórios e acolhendo-os no sentido de esclarecer a contradição apontada quanto ao não encerramento do processo administrativo n. 11065.003707/2002-18, reconhecer que deve ser suspenso todo e qualquer procedimento enquanto não definitiva a decisão no âmbito administrativo, declarando nula a cobrança da multa isolada enquanto pendente a decisão definitiva acerca do pedido administrativo de ressarcimento/compensação, nos termos do quanto sustentado e fundamentado tanto na manifestação de inconformidade como no próprio recurso voluntário, por ser medida de justiça. Foi convertido o julgamento em diligência, através da Resolução de n° 3201-00027, de 20/05/2009, para verificar se o processo de n° 11065.003707/2002-18 ainda se encontrava pendente de julgamento, conforme e-fls. 293 e ss. Registre-se que foi designado o Conselheiro José Luiz Feistauer de Oliveira como relator ad hoc para formalizar a Resolução acima, tendo em vista que o Conselheiro relator não mais integrar ao CARF. Ressalte-se que considero a demanda da Resolução acima, com fins de subsidiar a informação ao recurso interposto (embargos). No entanto, o mesmo foi formalizado, posteriormente a 15/09/2015, tendo em vista o despacho de encaminhamento ao conselheiro ad hoc. Observa-se a existência de outro recurso formulado pela empresa, como aditamento aos embargos, em 10/05/2011. Por sua vez, consta a informação do despacho de encaminhamento, à e-fl. 338, em 27/11/2015, nos seguintes termos, como resultado da Resolução: Atendendo a Diligência determinada pela Resolução nº 3201-00027 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária juntei ao presente processo documentos de fls. 312/335. Em suma: os débitos constantes do processo 11065.003707/2002-18, inclusive os que deram causa ao lançamento em discussão, foram transferidos para o 11065.001430/2006-12, o qual foi consolidado no parcelamento instituído pela Lei nº 11.941/09. Proponho o retorno do mesmo ao CARF. Em sendo assim, observa-se que os dois embargos interpostos pela empresa não foram devidamente apreciados. O processo digitalizado foi redistribuído e encaminhado a esta Conselheira, de forma regimental.
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM- Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Ausência justificada de Charles Mayer de Castro Souza. RELATÓRIO O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: DA AUTUAÇÃO Em 06/01/2005 foi emitido auto de infração, referente à multa isolada de ofício, totalizando R$560.264,22 (fls. 03-11). O fundamento para a autuação está detalhado no “Relatório do Trabalho Fiscal”, que transcrevo (fls. 05-11): “RELATÓRIO DO TRABALHO FISCAL Trata-se de ação fiscal realizada na empresa PLÁSTICOS SUZUKI LTDA., com sede na Rua Almirante Tamandaré n° 584, município de Estância Velha, RS, inscrita no CNPJ sob o n° 89.188.973/0001-00, doravante denominada simplesmente de Fiscalizada, no curso da qual foram examinadas as compensações dos débitos de Imposto de Renda da Pessoa jurídica-IRPJ, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido – CSLL, Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS e da Contribuição para o PIS, sendo os débitos extintos em DCTF, por compensação sem DARF com créditos de natureza não tributária. OS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS A Fiscalizada entregou, em 04/10/2002, junto à Delegacia de Receita Federal de Novo Hamburgo, Declaração de Compensação de crédito seu de natureza não tributaria, originado de empréstimo compulsório sobre energia elétrica à Eletrobrás, com débitos de Imposto de Renda da Pessoa jurídica-IRPJ, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido – CSLL, Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, e da Contribuição para o PIS por ela devidos, anexados ao processo administrativo nº 11065.003707/2002-18. Esse pedido administrativo foi apreciado pela Saort dessa Delegacia da Receita Federal em Novo Hamburgo, sendo emitido o parecer DRF/NHO/ Saort n°242/2002, o qual indeferiu totalmente o pedido, por não constituir o empréstimo compulsório um tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal. Em Despacho Decisório de 13/09/2002, a Delegada dessa DRF/NHO denegou o pedido de compensação. ENQUADRAMENTO LEGAL A Lei n°5.172, de 25/10/1966, Código Tributário Nacional, em seu artigo 156, elenca quais as formas de extinção do crédito tributário: “Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento; II - a compensação; III - a transação; IV - remissão; V - a prescrição e a decadência; VI - a conversão de depósito em renda; VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado. XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei”. O Código Tributário Nacional, em se artigo 170, dispõe que a compensação poderá ser autorizada por lei, nas condições em que ela estipular: “Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial”. Na Lei No 4.502, de 30/11/1964 encontra-se a definição de fraude. Diz assim seu art.72:. “Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento”. A Lei nº 8.137, de 27/12/1990 veio a definir os crimes contra a ordem tributária. Em seus artigos 1° e 2° estão descritas as condutas que constituem crime dessa natureza. Assim diz em seu art. 2°: “Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;” Posteriormente, a Lei 9.430, de 27/12/1996, em seu artigo 44, determinou o percentual das multas a serem aplicadas nos casos de lançamento ofício, fixando o percentual de cento e cinqüenta por cento para os casos de evidente intuito de fraude: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I - de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte;II - cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: V - isoladamente, no caso de tributo ou contribuição social lançado, que não houver sido pago ou recolhido”. A Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, em seu artigo 90, dispõe sobre as diferenças apuradas em declaração do sujeito passivo: “Art.90.Serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal”. O Ato declarativo Interpretativo SRF n°17, de 02/10/2002, dispondo sobre hipóteses de evidente intuito de fraude praticada em pedidos ou declarações de compensação, veio a esclarecer da seguinte forma: “Artigo único. Os lançamentos de ofício relativos a pedidos ou declarações de compensação indevidos sujeitar-se-ão à multa de que trata o inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, por caracterizarem evidente intuito de fraude, nas hipóteses em que o crédito oferecido à compensação seja: I – de natureza não-tributária; II – inexistente de fato; III – não passível de compensação por expressa disposição de lei; IV – baseado em documentação falsa.” Também a Instrução Normativa SRF n°226, de 18/10/2002, dispõe sobre pedidos de restituição ou ressarcimento e pedidos ou declarações de compensação: “Art. 1º Será liminarmente indeferido: I - o pedido de restituição ou ressarcimento cujo direito creditório alegado tenha por base o "crédito-prêmio" instituído pelo art. 1º do Decreto-lei nº 491, de 5 de março de 1969; II - o pedido ou a declaração de compensação cujo direito creditório alegado tenha por base: a)o "crédito-prêmio", referido no inciso I; b)título público; c)crédito de terceiros, cujo pedido ou declaração tenha sido protocolizado a partir de 10 de abril de 2000”. Por fim, o § 12. do Art. 4°, da Lei No 11.051, de 29 de dezembro de 2004, se referindo à Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 assim diz: Art. 4o O art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 74. ............................................................................ § 3o ............................................................................ IV - o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela Secretaria da Receita Federal - SRF; V - o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e VI - o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal - SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa. § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: I - previstas no § 3o deste artigo; II - em que o crédito: a) seja de terceiros; b) refira-se a "crédito-prêmio" instituído pelo art. 1o do Decreto-Lei no 491, de 5 de março de 1969; c) refira-se a título público; d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal - SRF. AÇÃO FISCAL Em procedimento de fiscalização interna, visando as indevidas compensações objeto do processo administrativo nº 1065.003707/2002-18, assim como as efetuadas diretamente nas DCTFs, foram levantadas as informações constantes nas declarações recepcionadas e processadas pelos sistemas da Secretaria da Receita Federal, constantes nos sistemas dessa DRF/NHO, onde apuraram-se os seguintes valores: PIS PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITOS DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO AGO/02 R$ 11.500,00 150% R$ 17.250,00 FEV/03 R$ 10.000,00 150% R$ 15.000,00 JUL/03 R$ 12.000,00 150% R$ 18.000,00 SET/03 R$ 11.000,00 150% R$ 16.500,00 ABR/04 R$ 16.001,58 150% R$ 24.002,37 SET/04 R$ 19.425,47 150% R$ 29.138,20 TOTAIS R$ 79.927,05 150% R$ 119.890,57 COFINS PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITOS DE COFINS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO AGO/02 R$ 54.000,00 150% R$ 81.000,00 FEV/03 R$ 47.000,00 150% R$ 70.500,00 JUL/03 R$ 56.000,00 150% R$ 84.000,00 SET/03 R$ 53.000,00 150% R$ 79.500,00 ABR/04 R$ 73.853,44 150% R$ 110.780,16 SET/04 R$ 89.656,04 150% R$ 134.484,06 TOTAIS R$ 373.509,48 150% R$ 560.264,22 IPI PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITOS DE IPÍ INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO 1° DEC/MAR/03 R$ 41.000,00 150% R$ 61.500,00 2º DEC/MAR/03 R$ 71.000,00 150% R$ 106.500,00 1º DEC/AGO/03 R$ 55.000,00 150% R$ 82.500,00 2º DEC/AGO/03 R$ 75.000,00 150% R$ 112.500,00 1º DEC/OUT/03 R$ 100.000,00 150% R$ 150.000,00 2º DEC/OUT/03 R$ 51.000,00 150% R$ 76.500,00 TOTAIS R$ 393.000,00 150% R$ 589.500,00 IRPJ PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITO DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO 3° QUOTA/4°TRIM/02 R$ 38.944,81 150% R$ 58.417,21 2° QUOTA/2°TRIM/03 R$ 36.000,00 150% R$ 54.000,00 2° QUOTA/3°TRIM/03 R$ 41.000,00 150% R$ 61.500,00 TOTAIS R$ 115.944,81 150% R$ 173.917,21 CSLL PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITO DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO 3° QUOTA/4°TRIM/02 R$ 20.940,33 150% R$ 31.410,49 2° QUOTA/2°TRIM/03 R$ 20.000,00 150% R$ 30.000,00 1° QUOTA/3°TRIM/03 R$ 21.500,00 150% R$ 32.250,00 TOTAIS R$ 62.440,33 150% R$ 93.660,49 Multa Agravada Total:..................................................................... R$ 1.537.232,49 A compensação que a contribuinte realizou para zerar seus débitos dos referidos períodos é uma compensação indevida com créditos de natureza não tributária, aplicando-se o percentual de cento e cinqüenta porcento, por caracterizar evidente intuito de fraude. Com base nas irregularidade aqui relatadas, lavraram-se os Autos de Infração, constituindo-se um montante total de R$ 1.537.232,49 (um milhão quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e nove centavos).” A ciência do auto de infração deu-se em 21/01/2005 (fl. 22). DA IMPUGNAÇÃO A contribuinte apresentou, em 17/02/2005, impugnação ao auto de infração (fls. 23-45). Alegou, em síntese: ter incluído no PAES os valores compensados referentes à competência de agosto de 2002; ser nulo o auto de infração em face de omissão na descrição da matéria tributável; inexistir fato típico a ensejar a aplicação de norma penalizadora, pois as compensações efetuadas ainda estão pendentes de julgamento nos autos do processo administrativo no 11065.003707/2002-18; não terem as Obrigações Eletrobrás natureza jurídica de títulos públicos, como afirmado no auto de infração; não poder a Lei no 11.051, de 29/12/2004, ser aplicada retroativamente, a fatos ocorridos de 31/08/2002 a 30/09/2004; ser confiscatória a multa aplicada; ser inaplicável a multa por ofensa ao princípio constitucional da dosimetria da pena conjugada com o da tipicidade cerrada; Cita jurisprudência e doutrina defendendo sua tese. Requer que seja declarada a improcedência do auto de infração. O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/POA no 5.700, de 12/05/2005, proferida pelos membros da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS, cuja ementa dispõe, verbis: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/08/2002, 28/02/2003, 31/07/2003, 30/09/2003, 30/04/2004, 30/09/2004 Ementa: PRELIMINAR DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Não se configurando nenhuma das hipóteses arroladas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72 que rege o processo administrativo fiscal, não se pode admitir pedido de nulidade. INCLUSÃO NO PAES DE PARTE DO TRIBUTO QUE SERVE DE BASE DE CÁLCULO PARA A APLICAÇÃO DE MULTA ISOLADA. FALTA DE PROVA DA DESISTÊNCIA EXPRESSA DE MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE SOB APRECIAÇÃO PERANTE O CONSELHO DE CONTRIBUINTES. Ao teor do disposto no art. 4º da Lei no 10.684/2003, o parcelamento especial – PAES – somente alcançará débitos que se encontrarem com exigibilidade suspensa por força dos incisos III a V do art. 151 do CTN no caso de o sujeito passivo desistir expressamente e de forma irrevogável da impugnação ou do recurso interposto, e renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam os referidos processos administrativos relativamente à matéria cujo respectivo débito queira parcelar. COMPENSAÇÃO DE TÍTULOS PÚBLICOS COM CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. IMPOSIÇÃO DE MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. PROCEDÊNCIA. É procedente a imposição de multa de ofício qualificada nos casos em que a compensação efetivada pela contribuinte caracteriza evidente intuito de fraude. Lançamento Procedente O julgamento foi no sentido de afastar as preliminares e não acolher as alegações e considerar procedente o lançamento. Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, protocolizou o Recurso Voluntário, no qual, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. Ressalta ainda: -a decisão recorrida não se manifestou sobre o mérito da questão no que se refere à inconstitucionalidade da aplicação da multa com caráter confiscatório, -assim como, ao fato de ser inaplicável a multa por ofensa ao princípio constitucional da dosimetria da pena, alegando que estas teses envolviam aspectos constitucionais, devendo ser apreciadas pelo Poder Judiciário e não por órgão administrativo; - a autoridade administrativa não pode ficar adstrita a apenas aplicar a lei, deverá emitir sempre juízo valorativo, mesmo no tocante a legalidade, ou ainda, da constitucionalidade das normas. -Reitera o pedido de que seja observada a determinação disposta na sentença proferida em Mandado de Segurança n° 2003.71.08.010487-8, determinando à DRF/Novo Hamburgo que se abstivesse de proceder à cobrança dos débitos compensados até que seja proferida decisão definitiva acerca do pedido administrativo de ressarcimento/compensação. Seja julgada procedente a Impugnação para o efeito de tornar exigível e indevida a imposição tributária apurada pela fiscalização. Foi proferido o acórdão de n° 303-35.316, de 19/05/2008, do recurso voluntário, conforme ementa reproduzida abaixo, onde a turma do CARF julgou procedente em parte, tendo em vista aplicação da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inc. II , c do CTN: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/08/2002, 28/02/2003, 31/07/2003, 30/09/2003, 30/04/2004, 30/09/2004 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS ADMINISTRADOS PELA SRF COM CRÉDITOS DE TÍTULOS DA ELETROBRÁS. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO RETROATIVA DE LEI MAIS FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito, quando ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Aplicação do art. 106, II, "c" do CTN. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE Insatisfeito, a empresa entra com embargos de declaração, em 25/09/2008, às e-fls. 248 e ss, para esclarecer contradição, nos seguintes termos: Pelo exposto, requer dignem-se Vossas Senhorias, em recebendo os presentes embargos declaratórios e acolhendo-os no sentido de esclarecer a contradição apontada quanto ao não encerramento do processo administrativo n. 11065.003707/2002-18, reconhecer que deve ser suspenso todo e qualquer procedimento enquanto não definitiva a decisão no âmbito administrativo, declarando nula a cobrança da multa isolada enquanto pendente a decisão definitiva acerca do pedido administrativo de ressarcimento/compensação, nos termos do quanto sustentado e fundamentado tanto na manifestação de inconformidade como no próprio recurso voluntário, por ser medida de justiça. Foi convertido o julgamento em diligência, através da Resolução de n° 3201-00027, de 20/05/2009, para verificar se o processo de n° 11065.003707/2002-18 ainda se encontrava pendente de julgamento, conforme e-fls. 293 e ss. Registre-se que foi designado o Conselheiro José Luiz Feistauer de Oliveira como relator ad hoc para formalizar a Resolução acima, tendo em vista que o Conselheiro relator não mais integrar ao CARF. Ressalte-se que considero a demanda da Resolução acima, com fins de subsidiar a informação ao recurso interposto (embargos). No entanto, o mesmo foi formalizado, posteriormente a 15/09/2015, tendo em vista o despacho de encaminhamento ao conselheiro ad hoc. Observa-se a existência de outro recurso formulado pela empresa, como aditamento aos embargos, em 10/05/2011. Por sua vez, consta a informação do despacho de encaminhamento, à e-fl. 338, em 27/11/2015, nos seguintes termos, como resultado da Resolução: Atendendo a Diligência determinada pela Resolução nº 3201-00027 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária juntei ao presente processo documentos de fls. 312/335. Em suma: os débitos constantes do processo 11065.003707/2002-18, inclusive os que deram causa ao lançamento em discussão, foram transferidos para o 11065.001430/2006-12, o qual foi consolidado no parcelamento instituído pela Lei nº 11.941/09. Proponho o retorno do mesmo ao CARF. Em sendo assim, observa-se que os dois embargos interpostos pela empresa não foram devidamente apreciados. O processo digitalizado foi redistribuído e encaminhado a esta Conselheira, de forma regimental.

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3201­000.756  –  2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária  Data  29 de setembro de 2016  Assunto  SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA  Embargante  PLÁSTICOS SUZUKI LTDA  Interessado  FAZENDA NACIONAL    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  ACORDAM  os  membros  da  2ª  Câmara  /  1ª  Turma  Ordinária  da  Terceira  Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos  termos do voto da Relatora.   (assinado digitalmente)  WINDERLEY MORAIS PEREIRA ­ Presidente Substituto   (assinado digitalmente)  MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM­ Relatora   Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Winderley  Morais  Pereira, Mércia Helena  Trajano DAmorim,  Ana  Clarissa Masuko  dos  Santos  Araújo,  Pedro  Rinaldi  de  Oliveira  Lima,  José  Luiz  Feistauer  de  Oliveira,  Paulo  Roberto  Duarte  Moreira,  Tatiana  Josefovicz  Belisário  e  Cássio  Schappo.  Ausência  justificada  de  Charles  Mayer  de  Castro Souza.      RELATÓRIO    O  interessado  acima  identificado  recorre  a  este  Conselho,  de  decisão  proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS.     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 65 .0 00 04 3/ 20 05 -7 0 Fl. 345DF CARF MF Processo nº 11065.000043/2005­70  Resolução nº  3201­000.756  S3­C2T1  Fl. 342          2 Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão  recorrida, que transcrevo, a seguir:  DA  AUTUAÇÃO  Em  06/01/2005  foi  emitido  auto  de  infração,  referente  à  multa isolada de ofício, totalizando R$560.264,22 (fls. 03­11).  O  fundamento  para  a  autuação  está  detalhado  no  “Relatório  do  Trabalho  Fiscal”, que transcrevo (fls. 05­11):  “RELATÓRIO DO TRABALHO FISCAL Trata­se de ação fiscal realizada na  empresa  PLÁSTICOS  SUZUKI  LTDA.,  com  sede  na  Rua  Almirante  Tamandaré n° 584, município de Estância Velha, RS, inscrita no CNPJ sob o  n° 89.188.973/0001­00, doravante denominada simplesmente de Fiscalizada,  no curso da qual foram examinadas as compensações dos débitos de Imposto  de  Renda  da  Pessoa  jurídica­IRPJ,  Contribuição  Social  Sobre  o  Lucro  Líquido  –  CSLL,  Imposto  Sobre  Produtos  Industrializados  –  IPI,  Contribuição  para  o Financiamento  da  Seguridade  Social  – COFINS  e  da  Contribuição  para  o  PIS,  sendo  os  débitos  extintos  em  DCTF,  por  compensação sem DARF com créditos de natureza não tributária.  OS  PROCESSOS  ADMINISTRATIVOS  A  Fiscalizada  entregou,  em  04/10/2002,  junto  à  Delegacia  de  Receita  Federal  de  Novo  Hamburgo,  Declaração  de  Compensação  de  crédito  seu  de  natureza  não  tributaria,  originado  de  empréstimo  compulsório  sobre  energia  elétrica  à  Eletrobrás,  com  débitos  de  Imposto  de  Renda  da  Pessoa  jurídica­IRPJ,  Contribuição  Social  Sobre  o  Lucro  Líquido  –  CSLL,  Imposto  Sobre  Produtos  Industrializados  –  IPI,  Contribuição  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social – COFINS, e da Contribuição para o PIS por ela devidos, anexados  ao processo administrativo nº 11065.003707/2002­18.   Esse  pedido  administrativo  foi  apreciado  pela  Saort  dessa  Delegacia  da  Receita Federal  em Novo Hamburgo,  sendo  emitido  o  parecer DRF/NHO/  Saort n°242/2002, o qual indeferiu totalmente o pedido, por não constituir o  empréstimo  compulsório  um  tributo  ou  contribuição  administrado  pela  Secretaria  da  Receita  Federal.  Em  Despacho  Decisório  de  13/09/2002,  a  Delegada dessa DRF/NHO denegou o pedido de compensação.  ENQUADRAMENTO  LEGAL  A  Lei  n°5.172,  de  25/10/1966,  Código  Tributário Nacional, em seu artigo 156, elenca quais as formas de extinção  do crédito tributário:  “Art. 156. Extinguem o crédito tributário:  I ­ o pagamento;  II ­ a compensação;  III ­ a transação;  IV ­ remissão;  Fl. 346DF CARF MF Processo nº 11065.000043/2005­70  Resolução nº  3201­000.756  S3­C2T1  Fl. 343          3 V ­ a prescrição e a decadência;  VI ­ a conversão de depósito em renda;  VII  ­ o pagamento antecipado e a homologação do  lançamento nos  termos  do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;  VIII ­ a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo  164;  IX  ­ a decisão administrativa  irreformável,  assim entendida a definitiva na  órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;  X ­ a decisão judicial passada em julgado.  XI  –  a  dação  em  pagamento  em  bens  imóveis,  na  forma  e  condições  estabelecidas em lei”.  O Código Tributário Nacional, em se artigo 170, dispõe que a compensação  poderá ser autorizada por lei, nas condições em que ela estipular:  “Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja  estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a  compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos  ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.  Parágrafo  único.  Sendo  vincendo  o  crédito  do  sujeito  passivo,  a  lei  determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não  podendo,  porém,  cominar  redução maior  que  a  correspondente  ao  juro  de  1%  (um  por  cento)  ao  mês  pelo  tempo  a  decorrer  entre  a  data  da  compensação e a do vencimento.  Art. 170­A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo,  objeto  de  contestação  judicial  pelo  sujeito  passivo,  antes  do  trânsito  em  julgado da respectiva decisão judicial”.  Na Lei No 4.502, de 30/11/1964 encontra­se a definição de fraude. Diz assim  seu art.72:.  “Art  .  72.  Fraude  é  toda  ação  ou  omissão  dolosa  tendente  a  impedir  ou  retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação  tributária  principal,  ou  a  excluir  ou  modificar  as  suas  características  essenciais,  de  modo  a  reduzir  o  montante  do  imposto  devido  a  evitar  ou  diferir o seu pagamento”.   A  Lei  nº  8.137,  de  27/12/1990  veio  a  definir  os  crimes  contra  a  ordem  tributária.  Em  seus  artigos  1°  e  2°  estão  descritas  as  condutas  que  constituem crime dessa natureza. Assim diz em seu art. 2°: “Art. 2° Constitui  crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)  Fl. 347DF CARF MF Processo nº 11065.000043/2005­70  Resolução nº  3201­000.756  S3­C2T1  Fl. 344          4  I ­ fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos,  ou  empregar  outra  fraude,  para  eximir­se,  total  ou  parcialmente,  de  pagamento de tributo;”  Posteriormente, a Lei 9.430, de 27/12/1996, em seu artigo 44, determinou o  percentual  das  multas  a  serem  aplicadas  nos  casos  de  lançamento  ofício,  fixando  o  percentual  de  cento  e  cinqüenta  por  cento  para  os  casos  de  evidente intuito de fraude:  “Art.  44. Nos  casos  de  lançamento  de  ofício,  serão  aplicadas  as  seguintes  multas,  calculadas  sobre  a  totalidade  ou  diferença  de  tributo  ou  contribuição:   I  ­  de  setenta  e  cinco  por  cento,  nos  casos  de  falta  de  pagamento  ou  recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem  o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração  inexata,  excetuada a hipótese do  inciso  seguinte;II  ­  cento  e  cinqüenta por  cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73  da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964,  independentemente de outras  penalidades administrativas ou criminais cabíveis.   § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas:   V ­ isoladamente, no caso de tributo ou contribuição social lançado, que não  houver sido pago ou recolhido”.   A Medida Provisória nº 2.158­35, de 24 de agosto de 2001, em seu artigo  90, dispõe sobre as diferenças apuradas em declaração do sujeito passivo:  “Art.90.Serão  objeto  de  lançamento  de  ofício  as  diferenças  apuradas,  em  declaração  prestada  pelo  sujeito  passivo,  decorrentes  de  pagamento,  parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não  comprovados,  relativamente  aos  tributos  e  às  contribuições  administrados  pela Secretaria da Receita Federal”.   O Ato declarativo Interpretativo SRF n°17, de 02/10/2002, dispondo sobre  hipóteses de evidente intuito de fraude praticada em pedidos ou declarações  de compensação, veio a esclarecer da seguinte forma:  “Artigo único. Os lançamentos de ofício relativos a pedidos ou declarações  de compensação indevidos sujeitar­se­ão à multa de que trata o inciso II do  art.  44  da  Lei  nº  9.430,  de  27  de  dezembro  de  1996,  por  caracterizarem  evidente  intuito  de  fraude,  nas  hipóteses  em  que  o  crédito  oferecido  à  compensação seja:  I – de natureza não­tributária;  II – inexistente de fato;  III – não passível de compensação por expressa disposição de lei;  Fl. 348DF CARF MF Processo nº 11065.000043/2005­70  Resolução nº  3201­000.756  S3­C2T1  Fl. 345          5 IV – baseado em documentação falsa.”   Também  a  Instrução  Normativa  SRF  n°226,  de  18/10/2002,  dispõe  sobre  pedidos  de  restituição  ou  ressarcimento  e  pedidos  ou  declarações  de  compensação:  “Art. 1º Será liminarmente indeferido:   I ­ o pedido de restituição ou ressarcimento cujo direito creditório alegado  tenha  por  base  o  "crédito­prêmio"  instituído  pelo  art.  1º  do Decreto­lei  nº  491, de 5 de março de 1969;   II  ­  o  pedido  ou  a  declaração  de  compensação  cujo  direito  creditório  alegado tenha por base:   a)o "crédito­prêmio", referido no inciso I;   b)título público;   c)crédito de terceiros, cujo pedido ou declaração tenha sido protocolizado a  partir de 10 de abril de 2000”. Por fim, o § 12. do Art. 4°, da Lei No 11.051,  de 29 de dezembro de 2004, se referindo à Lei no 9.430, de 27 de dezembro  de 1996 assim diz:   Art.  4o  O  art.  74  da  Lei  no  9.430,  de  27  de  dezembro  de  1996,  passa  a  vigorar com a seguinte redação:  "Art. 74. ............................................................................  § 3o ............................................................................  IV  ­  o  débito  consolidado  em  qualquer  modalidade  de  parcelamento  concedido pela Secretaria da Receita Federal ­ SRF;  V  ­  o  débito  que  já  tenha  sido  objeto  de  compensação  não  homologada,  ainda  que  a  compensação  se  encontre  pendente  de  decisão  definitiva  na  esfera  administrativa;  e VI  ­  o  valor  objeto  de  pedido  de  restituição  ou  de  ressarcimento  já  indeferido  pela  autoridade  competente  da  Secretaria  da  Receita Federal ­ SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão  definitiva na esfera administrativa.   § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses:  I ­ previstas no § 3o deste artigo;  II ­ em que o crédito:  a) seja de terceiros;  b) refira­se a "crédito­prêmio" instituído pelo art. 1o do Decreto­Lei no 491,  de 5 de março de 1969;  Fl. 349DF CARF MF Processo nº 11065.000043/2005­70  Resolução nº  3201­000.756  S3­C2T1  Fl. 346          6 c) refira­se a título público;  d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou e) não  se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita  Federal ­ SRF.  AÇÃO  FISCAL  Em  procedimento  de  fiscalização  interna,  visando  as  indevidas  compensações  objeto  do  processo  administrativo  nº  1065.003707/2002­18,  assim  como  as  efetuadas  diretamente  nas  DCTFs,  foram levantadas as informações constantes nas declarações recepcionadas  e  processadas  pelos  sistemas  da  Secretaria  da Receita Federal,  constantes  nos sistemas dessa DRF/NHO, onde apuraram­se os seguintes valores:  PIS  PERÍODO  DE  APURAÇÃO   DÉBITOS  DE  PIS  INDEVIDAMENTE  COMPENSADO  MULTA AGRAVADA    TOTAL APURADO    AGO/02   R$  11.500,00   150%   R$  17.250,00   FEV/03   R$  10.000,00   150%   R$  15.000,00   JUL/03   R$  12.000,00   150%   R$  18.000,00   SET/03   R$  11.000,00   150%   R$  16.500,00   ABR/04   R$  16.001,58   150%   R$  24.002,37   SET/04   R$  19.425,47   150%   R$  29.138,20   TOTAIS  1.1  R$  79.927,05  150%  R$  119.890,57  COFINS  PERÍODO  DE  APURAÇÃO  DÉBITOS  DE  COFINS  INDEVIDAMENTE  COMPENSADO  MULTA AGRAVADA    TOTAL APURADO    AGO/02   R$  54.000,00   150%   R$   81.000,00   FEV/03   R$  47.000,00   150%   R$   70.500,00   JUL/03   R$  56.000,00   150%   R$   84.000,00   SET/03   R$  53.000,00   150%   R$   79.500,00   ABR/04   R$  73.853,44   150%   R$  110.780,16   SET/04   R$  89.656,04   150%   R$  134.484,06   TOTAIS  1.2  R$ 373.509,48  150%  R$  560.264,22  IPI  PERÍODO  DE  APURAÇÃO  DÉBITOS  DE  IPÍ  INDEVIDAMENTE  COMPENSADO  MULTA AGRAVADA    TOTAL APURADO    1° DEC/MAR/03   R$  41.000,00   150%   R$  61.500,00   2º DEC/MAR/03   R$  71.000,00   150%   R$   106.500,00   1º DEC/AGO/03   R$  55.000,00   150%   R$   82.500,00   2º DEC/AGO/03   R$  75.000,00   150%   R$   112.500,00   1º DEC/OUT/03   R$  100.000,00   150%   R$  150.000,00   2º DEC/OUT/03   R$  51.000,00   150%   R$  76.500,00   TOTAIS  1.3  R$  393.000,00  150%  1.4  R$  589.500,00  IRPJ  Fl. 350DF CARF MF Processo nº 11065.000043/2005­70  Resolução nº  3201­000.756  S3­C2T1  Fl. 347          7 PERÍODO  DE  APURAÇÃO  DÉBITO  DE  PIS  INDEVIDAMENTE  COMPENSADO  MULTA AGRAVADA    TOTAL APURADO    3° QUOTA/4°TRIM/02  R$  38.944,81  150%  R$   58.417,21  2° QUOTA/2°TRIM/03  R$  36.000,00  150%  R$   54.000,00  2° QUOTA/3°TRIM/03   R$  41.000,00   150%   R$   61.500,00   TOTAIS  1.5  R$  115.944,81  150%  1.6  R$  173.917,21  CSLL  PERÍODO  DE  APURAÇÃO  DÉBITO  DE  PIS  INDEVIDAMENTE  COMPENSADO  MULTA AGRAVADA    TOTAL APURADO    3° QUOTA/4°TRIM/02  R$  20.940,33  150%  R$   31.410,49  2° QUOTA/2°TRIM/03  R$  20.000,00  150%  R$   30.000,00  1° QUOTA/3°TRIM/03   R$  21.500,00   150%   R$   32.250,00   TOTAIS  1.7  R$  62.440,33  150%  1.8  R$  93.660,49  Multa  Agravada  Total:.....................................................................  R$  1.537.232,49   A  compensação  que  a  contribuinte  realizou  para  zerar  seus  débitos  dos  referidos  períodos  é  uma  compensação  indevida  com  créditos  de  natureza  não tributária, aplicando­se o percentual de cento e cinqüenta porcento, por  caracterizar evidente intuito de fraude.   Com  base  nas  irregularidade  aqui  relatadas,  lavraram­se  os  Autos  de  Infração, constituindo­se um montante total de R$ 1.537.232,49 (um milhão  quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e nove centavos).”  A ciência do auto de infração deu­se em 21/01/2005 (fl. 22).  DA IMPUGNAÇÃO  A contribuinte apresentou, em 17/02/2005, impugnação ao auto de infração  (fls. 23­45). Alegou, em síntese:   ter  incluído no PAES os  valores  compensados  referentes à  competência de  agosto de 2002;   ser  nulo  o  auto  de  infração  em  face  de  omissão  na  descrição  da  matéria  tributável;  inexistir  fato  típico  a  ensejar  a  aplicação  de  norma  penalizadora,  pois  as  compensações efetuadas ainda estão pendentes de julgamento nos autos do  processo administrativo no 11065.003707/2002­18;  não  terem  as  Obrigações  Eletrobrás  natureza  jurídica  de  títulos  públicos,  como afirmado no auto de infração;  Fl. 351DF CARF MF Processo nº 11065.000043/2005­70  Resolução nº  3201­000.756  S3­C2T1  Fl. 348          8 não poder a Lei no  11.051, de 29/12/2004,  ser aplicada  retroativamente,  a  fatos ocorridos de 31/08/2002 a 30/09/2004;  ser confiscatória a multa aplicada;  ser inaplicável a multa por ofensa ao princípio constitucional da dosimetria  da pena conjugada com o da tipicidade cerrada;  Cita jurisprudência e doutrina defendendo sua tese.  Requer que seja declarada a improcedência do auto de infração.  O pleito  foi  indeferido, no  julgamento de primeira  instância, nos  termos do  acórdão  DRJ/POA  no  5.700,  de  12/05/2005,  proferida  pelos  membros  da  1ª  Turma  da  Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS, cuja ementa dispõe, verbis:  Assunto: Processo Administrativo Fiscal   Data  do  fato  gerador:  31/08/2002,  28/02/2003,  31/07/2003,  30/09/2003,  30/04/2004,  30/09/2004  Ementa:  PRELIMINAR  DE  NULIDADE.  IMPROCEDÊNCIA.  Não  se  configurando  nenhuma  das  hipóteses  arroladas  no  art.  59  do Decreto  nº  70.235/72 que rege o processo administrativo fiscal, não se pode admitir pedido de  nulidade.  INCLUSÃO  NO  PAES  DE  PARTE  DO  TRIBUTO  QUE  SERVE  DE  BASE  DE  CÁLCULO PARA A APLICAÇÃO DE MULTA ISOLADA. FALTA DE PROVA DA  DESISTÊNCIA  EXPRESSA DE MANIFESTAÇÃO DE  INCONFORMIDADE  SOB  APRECIAÇÃO PERANTE O CONSELHO DE CONTRIBUINTES.  Ao  teor  do  disposto  no  art.  4º  da  Lei  no  10.684/2003,  o  parcelamento  especial  –  PAES – somente alcançará débitos que se encontrarem com exigibilidade suspensa  por  força  dos  incisos  III  a  V  do  art.  151  do  CTN  no  caso  de  o  sujeito  passivo  desistir  expressamente  e  de  forma  irrevogável  da  impugnação  ou  do  recurso  interposto, e renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam  os  referidos  processos  administrativos  relativamente  à  matéria  cujo  respectivo  débito queira parcelar.  COMPENSAÇÃO  DE  TÍTULOS  PÚBLICOS  COM  CRÉDITOS  TRIBUTÁRIOS.  EVIDENTE  INTUITO  DE  FRAUDE.  IMPOSIÇÃO  DE  MULTA  DE  OFÍCIO  QUALIFICADA. PROCEDÊNCIA.   É  procedente  a  imposição  de  multa  de  ofício  qualificada  nos  casos  em  que  a  compensação efetivada pela contribuinte caracteriza evidente intuito de fraude.  Lançamento Procedente   O  julgamento  foi  no  sentido  de  afastar  as  preliminares  e  não  acolher  as  alegações e considerar procedente o lançamento.  Regularmente  cientificado  do  Acórdão  proferido,  o  Contribuinte,  tempestivamente,  protocolizou  o Recurso Voluntário,  no  qual,  reproduz  as  razões  de  defesa  constantes em sua peça impugnatória.  Ressalta ainda:  Fl. 352DF CARF MF Processo nº 11065.000043/2005­70  Resolução nº  3201­000.756  S3­C2T1  Fl. 349          9 ­a decisão recorrida não se manifestou sobre o mérito da questão no que se  refere à inconstitucionalidade da aplicação da multa com caráter confiscatório,  ­assim  como,  ao  fato  de  ser  inaplicável  a  multa  por  ofensa  ao  princípio  constitucional  da  dosimetria  da  pena,  alegando  que  estas  teses  envolviam  aspectos  constitucionais, devendo ser apreciadas pelo Poder Judiciário e não por órgão administrativo;  ­  a  autoridade  administrativa  não  pode  ficar  adstrita  a  apenas  aplicar  a  lei,  deverá  emitir  sempre  juízo  valorativo,  mesmo  no  tocante  a  legalidade,  ou  ainda,  da  constitucionalidade das normas.  ­Reitera o pedido de que seja observada a determinação disposta na sentença  proferida  em  Mandado  de  Segurança  n°  2003.71.08.010487­8,  determinando  à  DRF/Novo  Hamburgo  que  se  abstivesse  de  proceder  à  cobrança  dos  débitos  compensados  até  que  seja  proferida  decisão  definitiva  acerca  do  pedido  administrativo  de  ressarcimento/compensação.  Seja julgada procedente a Impugnação para o efeito de tornar exigível e indevida a imposição  tributária apurada pela fiscalização.  Foi  proferido  o  acórdão  de  n°  303­35.316,  de  19/05/2008,  do  recurso  voluntário, conforme ementa reproduzida abaixo, onde a turma do CARF julgou procedente em  parte, tendo em vista aplicação da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inc. II , c do  CTN:  ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL   Data  do  fato  gerador:  31/08/2002,  28/02/2003,  31/07/2003,  30/09/2003,  30/04/2004, 30/09/2004   PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS ADMINISTRADOS PELA SRF COM  CRÉDITOS  DE  TÍTULOS  DA  ELETROBRÁS.  MULTA  ISOLADA.  APLICAÇÃO  RETROATIVA DE LEI MAIS FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE.  A  lei  aplica­se  a  ato  ou  fato  pretérito,  quando  ato  não  definitivamente  julgado,  quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo  da sua prática. Aplicação do art. 106, II, "c" do CTN.  RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE  Insatisfeito, a empresa entra com embargos de declaração, em 25/09/2008, às e­fls.  248 e ss, para esclarecer contradição, nos seguintes termos:  Pelo exposto, requer dignem­se Vossas Senhorias, em recebendo os  presentes  embargos  declaratórios  e  acolhendo­os  no  sentido  de  esclarecer a contradição apontada quanto ao não encerramento do  processo administrativo n. 11065.003707/2002­18, reconhecer que  deve  ser  suspenso  todo  e  qualquer  procedimento  enquanto  não  definitiva  a  decisão  no  âmbito  administrativo,  declarando  nula  a  cobrança da multa isolada enquanto pendente a decisão definitiva  acerca  do  pedido  administrativo  de  ressarcimento/compensação,  nos  termos  do  quanto  sustentado  e  fundamentado  tanto  na  manifestação  de  inconformidade  como  no  próprio  recurso  voluntário, por ser medida de justiça.  Foi convertido o julgamento em diligência, através da Resolução de n° 3201­ 00027,  de  20/05/2009,  para  verificar  se  o  processo  de  n°  11065.003707/2002­18  ainda  se  encontrava pendente de julgamento, conforme e­fls. 293 e ss.  Fl. 353DF CARF MF Processo nº 11065.000043/2005­70  Resolução nº  3201­000.756  S3­C2T1  Fl. 350          10 Registre­se que foi designado o Conselheiro José Luiz Feistauer de Oliveira  como  relator  ad  hoc  para  formalizar  a  Resolução  acima,  tendo  em  vista  que  o  Conselheiro  relator não mais integrar ao CARF.  Ressalte­se  que  considero  a  demanda  da  Resolução  acima,  com  fins  de  subsidiar  a  informação  ao  recurso  interposto  (embargos).  No  entanto,  o  mesmo  foi  formalizado, posteriormente a 15/09/2015, tendo em vista o despacho de encaminhamento ao  conselheiro ad hoc.  Observa­se  a  existência  de  outro  recurso  formulado  pela  empresa,  como  aditamento aos embargos, em 10/05/2011.  Por  sua  vez,  consta  a  informação  do  despacho  de  encaminhamento,  à  e­fl.  338, em 27/11/2015, nos seguintes termos, como resultado da Resolução:  Atendendo a Diligência determinada pela Resolução nº 3201­00027  2ª  Câmara  /  1ª  Turma  Ordinária  juntei  ao  presente  processo  documentos  de  fls.  312/335.  Em  suma:  os  débitos  constantes  do  processo 11065.003707/2002­18,  inclusive os que deram causa ao  lançamento  em  discussão,  foram  transferidos  para  o  11065.001430/2006­12,  o  qual  foi  consolidado  no  parcelamento  instituído pela Lei nº 11.941/09. Proponho o retorno do mesmo ao  CARF.  Em sendo assim, observa­se que os dois embargos interpostos pela empresa  não foram devidamente apreciados.  O processo digitalizado  foi  redistribuído e encaminhado a esta Conselheira,  de forma regimental.  VOTO   Conselheiro MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM   Consta  recurso  primeiro,  segundo  a  embargante,  que  o  acórdão  foi  omisso  em apreciar a argumentação na qual sustenta a inexistência de fato típico a ensejar a aplicação  da  multa,  ante  a  pendência  de  julgamento  do  pedido  de  restituição  objeto  do  processo  nº  11065.003707/200218, bem como um aditamento a este.  A empresa interpôs recurso especial ao STJ em face do referido acórdão, do  qual  desistiu  para  incluir  os  débitos  compensados  com  base  no  processo  administrativo  nº  11065.003707/2002­18  no  parcelamento  instituído  pela  Lei  nº  11.941/09.  O  trânsito  em  julgado ocorreu em 15/03/2011.  Por  todo  o  exposto  no  relatório  acima,  antes  de  analisar  os  dois  embargos,  necessário se faz ter a confirmação pela DRF/RS, se efetivamente o débito deste processo está  também inserido no parcelamento instituído pela Lei nº 11.941/09, tendo em vista a informação  recente, por se tratar de um processo antigo no CARF e com muitas fases e considerando que o  acórdão  do  recurso  voluntário  deu  provimento  parcial  para  ponderar  a  multa  isolada  nos  percentuais de 75% e não de 150%, por conta da aplicação da retroatividade benigna.  Fl. 354DF CARF MF Processo nº 11065.000043/2005­70  Resolução nº  3201­000.756  S3­C2T1  Fl. 351          11 A informação prestada registra:  Atendendo a Diligência determinada pela Resolução nº 3201­00027  2ª  Câmara  /  1ª  Turma  Ordinária  juntei  ao  presente  processo  documentos  de  fls.  312/335.  Em  suma:  os  débitos  constantes  do  processo 11065.003707/2002­18,  inclusive os que deram causa ao  lançamento  em  discussão,  foram  transferidos  para  o  11065.001430/2006­12,  o  qual  foi  consolidado  no  parcelamento  instituído pela Lei nº 11.941/09. Proponho o retorno do mesmo ao  CARF.  Nesse contexto, entendemos que o presente  julgamento deva ser convertido  em  diligência,  a  fim  de  que  a  unidade  preparadora  esclareça  se  o  crédito  tributário  do  lançamento  em  discussão  (multa)  foi  objeto  de  parcelamento,  pois  sendo,  os  embargos  não  devem ser conhecidos, pela desistência desses mesmos recursos.  Dessa  forma,  voto  por  que  se  CONVERTA  O  JULGAMENTO  EM  DILIGÊNCIA para atender ao solicitado acima.  Por  fim,  devem  os  autos  retornar  a  esta  Turma  para  prosseguimento  no  julgamento.  É como voto.  (assinado digitalmente)  MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM ­ Relator  Fl. 355DF CARF MF

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6642368 #
Numero do processo: 18050.006012/2008-83
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1999 a 30/09/2005 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.751
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS

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9202­004.751  –  2ª Turma   Sessão de  12 de dezembro de 2016  Matéria  RETROATIVIDADE BENIGNA, NATUREZA DA MULTA NOS  LANÇAMENTOS PREVIDENCIÁRIOS ANTERIORES À MP 449/2008,  CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941, DE 2013  Recorrente  FAZENDA NACIONAL  Interessado  HOSPITAL EVANGELICO DA BAHIA    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/1999 a 30/09/2005  APLICAÇÃO  DE  PENALIDADE.  PRINCÍPIO  DA  RETROATIVIDADE  BENIGNA.  LEI  Nº  8.212/1991,  COM  A  REDAÇÃO  DADA  PELA  MP  449/2008,  CONVERTIDA  NA  LEI  Nº  11.941/2009.  PORTARIA  PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.   Na aferição  acerca  da  aplicabilidade  da  retroatividade  benigna,  não  basta  a  verificação  da  denominação  atribuída  à  penalidade,  tampouco  a  simples  comparação  entre dispositivos,  percentuais  e  limites. É necessário,  antes  de  tudo,  que  as  penalidades  sopesadas  tenham  a  mesma  natureza  material,  portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.  O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria  PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito  passivo.  Recurso Especial do Procurador Provido.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer  do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar­lhe provimento. Votou pelas  conclusões a conselheira Patrícia da Silva.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 05 0. 00 60 12 /2 00 8- 83 Fl. 947DF CARF MF Processo nº 18050.006012/2008­83  Acórdão n.º 9202­004.751  CSRF­T2  Fl. 3          2   (assinado digitalmente)  Luiz Eduardo de Oliveira Santos ­ Presidente em exercício e Relator  Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros:  Luiz  Eduardo  de  Oliveira  Santos  (Presidente  em  exercício),  Maria  Helena  Cotta  Cardozo,  Patricia  da  Silva,  Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior,  Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.  Relatório  O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º  e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o  relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/2011­73.  A divergência em exame reporta­se à aplicação do princípio da  retroatividade  benigna  previsto  no  artigo  106,  inciso  II,  alínea  “c”,  do  CTN,  em  face  das  penalidades  aplicadas  às  contribuições  previdenciárias,  previstas  na  Lei  nº  8.212/1991,  com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na  Lei nº 11.941/2009.  A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a  retroatividade  benigna  fosse  aplicada,  essencialmente,  pelos  critérios  constantes  na  Portaria  PGFN/RFB  nº  14,  de  04  de  dezembro de 2009.   Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando  pela  negativa  de  provimento  ao  recurso  especial  da  Fazenda  Nacional.  É o relatório.  Voto             Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos ­ Relator  Este  processo  foi  julgado  na  sistemática  dos  recursos  repetitivos,  regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de  junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica­se o decidido no Acórdão 9202­004.650, de  12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/2011­73, paradigma ao qual o  presente processo foi vinculado.  Transcreve­se,  como  solução  deste  litígio  nos  termos  regimentais,  o  inteiro  teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202­004.650):  O  Recurso  Especial  interposto  pela  Fazenda  Nacional  é  tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade,  portanto deve ser conhecido.  Fl. 948DF CARF MF Processo nº 18050.006012/2008­83  Acórdão n.º 9202­004.751  CSRF­T2  Fl. 4          3 Cinge­se  a  controvérsia  às  penalidades  aplicadas  às  contribuições  previdenciárias,  previstas  na  Lei  nº  8.212,  de  1991,  com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008,  convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao  sujeito passivo.  A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II,  alínea “a” do CTN, a seguir transcrito:   Art. 106. A lei aplica­se a ato ou fato pretérito:  I  ­  em  qualquer  caso,  quando  seja  expressamente  interpretativa,  excluída  a  aplicação  de  penalidade  à  infração dos dispositivos interpretados;   II ­ tratando­se de ato não definitivamente julgado:  a) quando deixe de defini­lo como infração;  b)  quando  deixe  de  tratá­lo  como  contrário  a  qualquer  exigência de ação ou omissão, desde que não  tenha  sido  fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento  de tributo;  c)  quando  lhe  comine  penalidade  menos  severa  que  a  prevista  na  lei  vigente  ao  tempo  da  sua  prática.  (grifos  acrescidos)  De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos  Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de  que,  na  aferição  acerca  da  aplicabilidade  da  retroatividade  benigna,  não  basta  a  verificação  da  denominação  atribuída  à  penalidade,  tampouco a  simples comparação entre dispositivos,  percentuais  e  limites.  É  necessário,  basicamente,  que  as  penalidades  sopesadas  tenham  a  mesma  natureza  material,  portanto  sejam  aplicáveis  ao mesmo  tipo  de  conduta.  Assim,  a  multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não  é aplicável quando  realizado o  lançamento de ofício,  conforme  consta do Acórdãonº9202­004.262, de 23/06/2016,  cuja  ementa  a seguir se transcreve:  AUTO  DE  INFRAÇÃO  ­  OBRIGAÇÃO  ACESSÓRIA  ­  MULTA  ­  APLICAÇÃO NOS LIMITES DA  LEI  8.212/91  C/C  LEI  11.941/08  ­  APLICAÇÃO  DA  MULTA  MAIS  FAVORÁVEL  ­  RETROATIVIDADE  BENIGNA  NATUREZA DA MULTA APLICADA.  A  multa  nos  casos  em  que  há  lançamento  de  obrigação  principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei  11.941/2009,  mesmo  que  referente  a  fatos  geradores  anteriores a publicação da referida lei, é de ofício.   AUTO DE  INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E  ACESSÓRIA  ­  COMPARATIVO  DE  MULTAS  ­  APLICAÇÃO  DE  PENALIDADE.  RETROATIVIDADE  BENIGNA.  Fl. 949DF CARF MF Processo nº 18050.006012/2008­83  Acórdão n.º 9202­004.751  CSRF­T2  Fl. 5          4 Na  aferição  acerca  da  aplicabilidade  da  retroatividade  benigna,  não  basta  a  verificação  da  denominação  atribuída  à  penalidade,  tampouco  a  simples  comparação  entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que  as  penalidades  sopesadas  tenham  a  mesma  natureza  material,  portanto  sejam  aplicáveis  ao  mesmo  tipo  de  conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações  acessória e principal foram exigidas em procedimentos de  ofício,  ainda  que  em  separado,  incabível  a  aplicação  retroativa  do art.  32­A,  da Lei  nº  8.212,  de 1991,  com a  redação  dada  pela  Lei  nº  11.941,  de  2009,  eis  que  esta  última  estabeleceu,  em  seu  art.  35­A,  penalidade  única  combinando as duas condutas.  A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449,  de  2008,  determinava,  para  a  situação  em  que  ocorresse  (a)  recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da  verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de  ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o,  ambos  da  Lei  n°  8.212,  de  1991,  respectivamente.  Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta  de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35­A,  da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n°  9.430, de 1996.  Portanto,  para  aplicação  da  retroatividade  benigna,  é  necessário  comparar  (a)  o  somatório  das  multas  previstas  nos  arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a  multa prevista no art. 35­A, da Lei n° 8.212, de 1991.   A comparação de que  trata o parágrafo anterior  tem por  fim a  aplicação  da  retroatividade  benigna  prevista  no  art.  106,  do  CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de  cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa  aplicada  no  AIOA,  somado  com  a  multa  aplicada  na  NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%.  Prosseguindo  na  análise  do  tema,  também  é  entendimento  pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas  de  obrigação principal,  a  retroatividade  benigna  será  aplicada  se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência  da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35­A, da Lei n°  8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da  Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º  doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à  dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009),  tenham  sido  aplicadas  isoladamente  ­  descumprimento  de  obrigação  acessória  sem  a  imposição  de  penalidade  pecuniária  pelo  descumprimento  de  obrigação  principal  ­  deverão  ser  comparadas com as penalidades previstas noart. 32­A da Lei nº  8.212,  de  1991,  bem  assim  no  caso  de  competências  em  que  o  lançamento  da  obrigação  principal  tenha  sido  atingido  pela  decadência.  Neste  sentido,  transcreve­se  excerto  do  voto  unânime, proferido no Acórdãonº9202­004.499, de 29/09/2016:  Fl. 950DF CARF MF Processo nº 18050.006012/2008­83  Acórdão n.º 9202­004.751  CSRF­T2  Fl. 6          5 Até  a  edição  da  MP  449/2008,  quando  realizado  um  procedimento fiscal, em que se constatava a existência de  débitos  previdenciários,  lavrava­se  em  relação  ao  montante  da  contribuição  devida,  notificação  fiscal  de  lançamento de débito ­ NFLD. Caso constatado que, além  do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação  acessória,  ou  seja,  obrigação  de  fazer,  como  no  caso  de  omissão em GFIP  (que  tem correlação direta com o  fato  gerador),  a  empresa  era  autuada  também  por  descumprimento de obrigação acessória.  Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa ­  art.  35  para  a  NFLD  (24%,  que  sofria  acréscimos  dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100%  da  contribuição  devida  em  caso  de  omissões  de  fatos  geradores  em  GFIP)  para  o  Auto  de  infração  de  obrigação acessória.  Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009,  inseriu o art. 32­A, o qual dispõe o seguinte:  “Art.  32­A.  O  contribuinte  que  deixar  de  apresentar  a  declaração  de  que  trata  o  inciso  IV  do  caput  do  art.  32  desta  Lei  no  prazo  fixado  ou  que  a  apresentar  com  incorreções ou omissões será intimado a apresentá­la ou a  prestar  esclarecimentos  e  sujeitar­se­á  às  seguintes  multas:   I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez)  informações incorretas ou omitidas; e   II – de 2% (dois por cento) ao mês­calendário ou fração,  incidentes sobre o montante das contribuições informadas,  ainda  que  integralmente  pagas,  no  caso  de  falta  de  entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a  20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste  artigo.   § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso  II  do  caput  deste  artigo,  será  considerado  como  termo  inicial  o  dia  seguinte  ao  término  do  prazo  fixado  para  entrega  da  declaração  e  como  termo  final  a  data  da  efetiva  entrega  ou,  no  caso  de  não­apresentação,  a  data  da  lavratura  do  auto  de  infração  ou  da  notificação  de  lançamento.   § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas  serão reduzidas:   I – à metade, quando a declaração for apresentada após o  prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou   II  –  a  75%  (setenta  e  cinco  por  cento),  se  houver  apresentação  da  declaração  no  prazo  fixado  em  intimação.   Fl. 951DF CARF MF Processo nº 18050.006012/2008­83  Acórdão n.º 9202­004.751  CSRF­T2  Fl. 7          6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de:   I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratando­se de omissão de  declaração  sem  ocorrência  de  fatos  geradores  de  contribuição previdenciária; e   II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.”   Entretanto,  a  MP  449,  Lei  11.941/2009,  também  acrescentou o art. 35­A que dispõe o seguinte,   “Art. 35­A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às  contribuições  referidas  no  art.  35  desta  Lei,  aplica­se  o  disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de  1996.”   O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o  seguinte:  “Art.  44.  Nos  casos  de  lançamento  de  ofício,  serão  aplicadas as seguintes multas:  I ­ de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a  totalidade  ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta  de  pagamento  ou  recolhimento,  de  falta  de  declaração  e  nos de declaração inexata “  Com  a  alteração  acima,  em  caso  de  atraso,  cujo  recolhimento  não  ocorrer  de  forma  espontânea  pelo  contribuinte,  levando ao  lançamento de ofício,  a multa a  ser  aplicada  passa  a  ser  a  estabelecida  no  dispositivo  acima  citado,  ou  seja,  em  havendo  lançamento  da  obrigação principal  (a antiga NFLD), aplica­se multa de  ofício  no  patamar  de  75%.  Essa  conclusão  leva­nos  ao  raciocínio  que  a  natureza  da  multa,  sempre  que  existe  lançamento,  refere­se a multa de ofício e não a multa de  mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91.  Contudo,  mesmo  que  consideremos  que  a  natureza  da  multa  é  de  "multa  de  ofício"  não  podemos  isoladamente  aplicar  75%  para  as  Notificações  Fiscais  ­  NFLD  ou  Autos  de  Infração  de  Obrigação  Principal  ­  AIOP,  pois  estaríamos  na  verdade  retroagindo  para  agravar  a  penalidade aplicada.  Por outro lado, com base nas alterações  legislativas não  mais  caberia,  nos  patamares  anteriormente  existentes,  aplicação  de  NFLD  +  AIOA  (Auto  de  Infração  de  Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo  lançamento de ofício a multa passa a  ser  exclusivamente  de 75%.  Tendo  identificado  que  a  natureza  da multa,  sempre  que  há  lançamento,  é  de  multa  de  ofício,  considerando  o  princípio  da  retroatividade  benigna  previsto  no  art.  106.  inciso  II,  alínea “c”,  do Código Tributário Nacional,  há  Fl. 952DF CARF MF Processo nº 18050.006012/2008­83  Acórdão n.º 9202­004.751  CSRF­T2  Fl. 8          7 que  se  verificar  a  situação  mais  favorável  ao  sujeito  passivo, face às alterações trazidas.  No  presente  caso,  foi  lavrado  AIOA  julgada,  e  alvo  do  presente  recurso  especial,  prevaleceu  o  valor  de  multa  aplicado nos moldes do art. 32­A.  No  caso  da  ausência  de  informação  em GFIP,  conforme  descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos  do art.  32,  inciso  IV, § 5º,  da Lei nº 8.212/1991  também  revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem  por  cento)  da  contribuição  não  declarada,  limitada  aos  limites previstos no § 4º do mesmo artigo.  Face  essas  considerações  para  efeitos  da  apuração  da  situação mais  favorável,  entendo que há que  se observar  qual  das  seguintes  situações  resulta  mais  favorável  ao  contribuinte:  ·  Norma  anterior,  pela  soma  da  multa  aplicada  nos  moldes do art.  35,  inciso  II  com a multa prevista no art.  32,  inciso IV, § 5º, observada a  limitação imposta pelo §  4º do mesmo artigo, ou   · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco  por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer  limitação,  excluído  o  valor  de  multa  mantido  na  notificação.  Levando  em  consideração  a  legislação mais  benéfica  ao  contribuinte,  conforme  dispõe  o  art.  106  do  Código  Tributário  Nacional  (CTN),  o  órgão  responsável  pela  execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado  administrativo,  efetuar  o  cálculo  da  multa,  em  cada  competência, somando o valor da multa aplicada no AI de  obrigação  acessória  com  a  multa  aplicada  na  NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%,  previsto  no  art.  44,  I  da  Lei  n°  9.430/1996.  Da  mesma  forma,  no  lançamento  apenas  de  obrigação  principal  o  valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de  obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode  exceder  as  penalidades  previstas  no  art.  32A  da  Lei  nº  8.212, de 1991.  Observe­se  que,  no  caso  de  competências  em  que  a  obrigação  principal  tenha  sido  atingida  pela  decadência  (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, §  4º,  do  CTN),  subsiste  a  obrigação  acessória,  isoladamente,  relativa  às  mesmas  competências,  não  atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173,  I,  do  CTN,  e  que,  portanto,  deve  ter  sua  penalidade  limitada ao valor previsto no artigo 32­A da Lei nº 8.212,  de 1991.  Fl. 953DF CARF MF Processo nº 18050.006012/2008­83  Acórdão n.º 9202­004.751  CSRF­T2  Fl. 9          8 Cumpre  ressaltar  que  o  entendimento  acima  está  em  consonância  com  o  que  dispõe  a  Instrução  Normativa  RFB  nº  971,  de  13  de  novembro  de  2009,  alterada  pela  Instrução  Normativa  RFB  nº  1.027  em  22/04/2010,  e  no  mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB  nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os  lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação  acessória, em conjunto ou isoladamente.  Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008,  a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do  trânsito  em  julgado administrativo,  deverá  observar a Portaria  PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 ­ que se reporta à  aplicação  do  princípio  da  retroatividade  benigna  previsto  no  artigo  106,  inciso  II,  alínea  “c”,  do  CTN,  em  face  das  penalidades  aplicadas  às  contribuições  previdenciárias  nos  lançamentos  de  obrigação  principal  e  de  obrigação  acessória,  em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991,  com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida  na  Lei  nº  11.941,  de  2009. De  fato,  as  disposições  da  referida  Portaria,  a  seguir  transcritas,  estão  em  consonância  com  a  jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema:  Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009  Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35­A da Lei  nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela  Lei  nº  11.941,  de  27  de maio  de  2009,  às  prestações  de  parcelamento  e  aos  demais  débitos  não  pagos  até  3  de  dezembro  de  2008,  inscritos  ou  não  em  Dívida  Ativa,  cobrados por meio de processo ainda não definitivamente  julgado, observará o disposto nesta Portaria.  Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do  débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será  analisado  e  os  lançamentos,  se  necessário,  serão  retificados,  para  fins  de  aplicação  da  penalidade  mais  benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106  da  Lei  nº  5.172,  de  25  de  outubro  de  1966  ­  Código  Tributário Nacional (CTN).  § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito,  a  análise  do  valor  das  multas  referidas  no  caput  será  realizada no momento do ajuizamento da execução  fiscal  pela Procuradoria­Geral da Fazenda Nacional (PGFN).  §  2º  A  análise  a  que  se  refere  o  caput  dar­se­á  por  competência.  §  3º  A  aplicação  da  penalidade mais  benéfica  na  forma  deste artigo dar­se­á:  I  ­  mediante  requerimento  do  sujeito  passivo,  dirigido  à  autoridade  administrativa  competente,  informando  e  comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou  Fl. 954DF CARF MF Processo nº 18050.006012/2008­83  Acórdão n.º 9202­004.751  CSRF­T2  Fl. 10          9 II  ­  de  ofício,  quando  verificada  pela  autoridade  administrativa a possibilidade de aplicação.  § 4º Se o processo encontrar­se em trâmite no contencioso  administrativo  de  primeira  instância,  a  autoridade  julgadora  fará  constar  de  sua  decisão  que  a  análise  do  valor das multas para verificação e aplicação daquela que  for mais benéfica, se cabível,  será realizada no momento  do pagamento ou do parcelamento.  Art.  3º  A  análise  da  penalidade mais  benéfica,  a  que  se  refere  esta  Portaria,  será  realizada  pela  comparação  entre  a  soma  dos  valores  das  multas  aplicadas  nos  lançamentos por descumprimento de obrigação principal,  conforme  o art.  35  da  Lei  nº  8.212,  de  1991,  em  sua  redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de  obrigações acessórias,  conforme §§ 4º  e 5º do art.  32 da  Lei  nº  8.212,  de  1991,  em  sua  redação  anterior  à  dada  pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada  na forma do art. 35­A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido  pela Lei nº 11.941, de 2009.  § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da  Lei  nº  8.212,  de  1991,  em  sua  redação  anterior  à  dada  pela Lei  nº  11.941,  de  2009,  tenham  sido  aplicadas  isoladamente,  sem a  imposição de penalidade pecuniária  pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser  comparadas com as penalidades previstas no art. 32­A da  Lei  nº  8.212,  de  1991,  com  a  redação  dada  pela Lei  nº  11.941, de 2009.  § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada  em  relação  aos  processos  conexos,  devendo  ser  considerados,  inclusive,  os  débitos  pagos,  os  parcelados,  os não­impugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União  e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº  449, de 3 de dezembro de 2008.  Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35  da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada  pela Lei  nº  11.941,  de  2009,  sobre  as  contribuições  devidas  a  terceiros,  assim  entendidas  outras  entidades  e  fundos,  deverá  ser  comparado  com o  valor das multa  de  ofício  previsto  no art.  35­A daquela  Lei,  acrescido  pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico  ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar.  Art.  5º  Na  hipótese  de  ter  havido  lançamento  de  ofício  relativo  a  contribuições  declaradas  na  Guia  de  Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço  e  Informações  à  Previdência  Social  (GFIP),  a  multa  aplicada limitar­se­á àquela prevista no art. 35 da Lei nº  8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de  2009.  Fl. 955DF CARF MF Processo nº 18050.006012/2008­83  Acórdão n.º 9202­004.751  CSRF­T2  Fl. 11          10 Em  face  ao  exposto,  conheço  do  Recurso  Especial  interposto  pela Fazenda Nacional  e,  no mérito,  dou­lhe  provimento,  para  que  a  retroatividade  benigna  seja  aplicada  em  conformidade  com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.  Em  face  do  acima  exposto,  voto  por  conhecer  do  Recurso  Especial  da  Fazenda  Nacional  e,  no  mérito,  dar­lhe  provimento,  para  que  a  retroatividade  benigna  seja  aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.    (assinado digitalmente)  Luiz Eduardo de Oliveira Santos                               Fl. 956DF CARF MF

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Numero do processo: 13819.903349/2008-98
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2003 a 30/04/2003 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.060
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/2008­98  Acórdão n.º 9303­004.060  CSRF­T3  Fl. 3          2 Relatório  Trata­se  de  recurso  especial  de  divergência  interposto  pela  contribuinte  com fulcro nos artigos 64,  inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais  ­  RICARF,  aprovado  pela  Portaria  MF  nº  256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3402­001.419, que negou provimento  ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as  receitas  oriundas  de  vendas  a  empresas  sediadas  na  Zona  Franca  de Manaus,  no  período  tratado neste processo.  Cientificado do mencionado acórdão o  sujeito passivo apresentou  recurso  especial suscitando divergência  jurisprudencial quanto à  isenção das contribuições sobre as  receitas  decorrentes  de  vendas  de mercadorias  e  serviços  para  empresas  com domicílio  na  Zona Franca de Manaus.   O  recurso  foi  admitido  por  intermédio  de  despacho  do  Presidente  da  Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões.  É o relatório, em síntese.    Voto             Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator  Este  processo  foi  julgado  na  sistemática  dos  recursos  repetitivos,  regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de  junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica­se o decidido no Acórdão 9303­003.934, de  07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/2011­41, paradigma ao qual o  presente processo foi vinculado.  Transcreve­se,  como  solução  deste  litígio  nos  termos  regimentais,  o  entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303­003.934):  "A matéria,  única,  posta  ao  exame do colegiado não é nova. Com efeito,  já  tivemos  oportunidade  de  nos  pronunciar  sobre  ela  em  diversas  ocasiões,  tendo  eu  firmado  convicção  pela  inaplicabilidade  de  qualquer  medida  desonerativa  (seja  isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004.  No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso:  "que:  (a)  o  Decreto­Lei  nº  288/67  equipara  os  efeitos  das  operações  de  venda  para  a  Zona  Franca  de  Manaus  às  exportações  para  o  estrangeiro,  sendo­lhes  aplicáveis  as  vantagens  fiscais  estabelecidas  pela  legislação  para  as  exportações, nos  termos do seu art. 4º;  (b) o Superior Tribunal  de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência  de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas  sediadas  na  Zona  Franca  de Manaus;  (c)  o  Supremo  Tribunal  Fl. 154DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/2008­98  Acórdão n.º 9303­004.060  CSRF­T3  Fl. 4          3 Federal,  ao  proferir  liminar  na  Ação  Direta  de  Inconstitucionalidade  nº  2.348­9,  suspendeu  a  eficácia  da  expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do  §2º  do  art.  14  da MP  nº  2.037­24/00,  expressão  suprimida  do  diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a  MP nº 2.037­25/2000;  e, por  fim,  (d) não  incide o PIS para os  fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a  revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso  I,  §2º do art.  14 da MP nº 2.037­25/2000 e a equiparação dos  efeitos  fiscais  das  vendas  para  a  Zona  Franca  de  Manaus  às  exportações para o exterior".  Considero­os  todos  abarcados  no  voto  que  segue,  proferido  em  sessão  de  2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido  oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno  desta Casa, peço vênia para continuar teimando.   Disse­o eu naquela ocasião:  Vale  iniciá­lo  reenunciando  o  criativo  entendimento  da  recorrente:  a)  não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da  isenção  porque  o  decreto­lei  288  e  o  Ato  Complementar  35/67 bastam;  b)  deferida  isenção  para  exportações  em  geral,  a  vendas  à  ZFM está imediata e automaticamente estendida;  c)  tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza  de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,.  nenhuma lei ordinária o poderia revogar;  d)  a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___,  sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos  anterior e posterior.  Ainda  que  criativo,  o  raciocínio  desenvolvido  na  defesa  não  merece  prosperar  cabendo  a manutenção da  decisão  recorrida  pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a  premissa  de  que  o  decreto­lei  288  teria  assegurado que  todo e  qualquer  incentivo  direcionado  a  promover  as  exportações  deveria,  imediata  e  automaticamente,  ser  estendido  à  Zona  Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos  interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade.  É  que  tal  extensão  somente  caberia  se  o  citado  decreto  tivesse  afirmado que  as  remessas  de  produtos  para  a Zona Franca  de  Manaus  são  exportação.  Nesse  caso,  a  equiparação  valeria  mesmo  para  outros  efeitos,  não  fiscais.  Poderia,  para  o  que  interessa,  restringi­la  a  “todos  os  efeitos  fiscais”.  Se  o  tivesse  feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na  legislação  que  viesse  a  afetar  as  exportações,  no  que  tange  a  tributos,  afetaria  do  mesmo  modo  e  na  mesma  medida  aquela  zona.  Fl. 155DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/2008­98  Acórdão n.º 9303­004.060  CSRF­T3  Fl. 5          4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato  legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva  “constantes  da  legislação  em  vigor”.  Não  vejo  como  essa  restrição possa ser entendida de modo diverso do que  tem sido  interpretado  pela  Administração:  apenas  os  incentivos  às  exportações  que  já  vigiam  em  1  de  fevereiro  de  1967  estavam  “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando.  E  ponho  a  palavra  entre  aspas  porque  nem  mesmo  o  Poder  Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período  de  exceção,  em  que  o  Poder  executivo  quase  tudo  podia  –  pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar,  na  mesma  data,  o  Ato  Complementar  35,  cujo  artigo  7º  assegurou aquela extensão ao ICM.   Aliás,  da  interpretação  dada  pela  recorrente  a  este  último  ato  também divergimos. Deveras, pretende ela que ele  teria alçado  ao  patamar  de  lei  complementar  a  equiparação  já  prevista  no  decreto­lei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior  precisão  o  que  se  entende  por  produtos  industrializados  para  efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na  Constituição  de  67.  Define­os  no  parágrafo  1º,  recorrendo  à  tabela do  então criado  imposto  sobre produtos  industrializados  (tabela  anexa  à  Lei  4.502).  No  parágrafo  segundo,  estende,  também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas  francas.  Essa  interpretação  me  parece  forçosa  quando  se  sabe  que,  segundo  a  boa  técnica  legislativa,  os  parágrafos  de  um  dado  artigo  não  acrescentam  matéria  ao  disposto  no  caput,  apenas  esclarecem  sobre  o  alcance  daquela  matéria.  E  ao  esclarecer  podem  impor  uma  definição  restritiva,  como  no  parágrafo  primeiro,  ou  extensiva,  como  no  segundo. O  que  não  pode  um  simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no  caput  e nos  seus  incisos. E não parece haver dúvida de que aí  apenas se cuida da imunidade do ICM.   Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu  ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa.   Ora,  se  a  previsão  do  decreto­lei  deveria  alcançar  “todos  os  efeitos  fiscais” e já havia previsão de  imunidade de ICM sobre  produtos  industrializados,  para  que  tal  parágrafo  no  ato  complementar?  Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade.  É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre  de  restrições  aduaneiras,  característica  das  chamadas  zonas  francas  comerciais.  O  que  se  buscou  com  a  sua  criação  foi  induzir  a  instalação  naquele  distante  rincão  nacional  de  empresas de  caráter  industrial,  que gerassem emprego e  renda  para  a  região  Norte.  Para  tanto,  definiu­se  um  conjunto  de  incentivos  fiscais que,  à  época de  sua criação,  seria  suficiente,  no entender dos seus  formuladores, para gerar aquela atração.  Tais  incentivos,  e  apenas  eles,  configuram  diferenciação  em  favor dos produtos  importados e  industrializados naquela área.  Fl. 156DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/2008­98  Acórdão n.º 9303­004.060  CSRF­T3  Fl. 6          5 Foi  essa  diferença  tributária  que  induziu  a  criação  do  parque  industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada  de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de  contrato”.   A  contrário  senso,  novos  incentivos  fiscais  que  se  venham  a  instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil  o legislador por ocasião de sua instituição.   Isso  não  se  dá  automaticamente  com os  incentivos  genéricos à  exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas  imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais  durante  tanto  tempo  somente  alcançáveis  por  meio  das  exportações.  Por  óbvio,  a  ninguém  escapa  que  vendas  à  ZFM  não  geram  divisas.  Diferentes,  pois,  os  objetivos,  nenhum  automatismo se justifica.  Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da  ZFM,  inventaram  os  “legisladores  executivos”  de  então  novo  incentivo  à  exportação,  o  malsinado  “crédito  prêmio”  posteriormente  tão  combatido  nos  acordos  de  livre  comércio  a  que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona  Franca. Fê­lo,  no  entanto,  apenas  para  os  casos  em que,  após  serem  “exportados”  para  lá,  fossem  dali  efetivamente  exportados  para  o  exterior  (“reexportados”,  na  linguagem  do  dec­lei).  Em  outras  palavras,  já  em  1969  dava  o  executivo  provas  de  que  aquela  extensão  nem  era  automática,  nem  tinha  que se dar sem qualquer restrição.  Logo,  ainda  que  se  avance  na  interpretação  da  norma,  ultrapassando o método  literal  e  adentrando­se  o  histórico  e  o  teleológico,  se  chega  à  mesma  conclusão:  o  decreto­lei  288  apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação  já  existentes  e  acresceu  incentivos  específicos  voltados  a  promover  o  desenvolvimento  da  região  menos  densamente  povoada de nosso território.  Nessa  linha  de  raciocínio,  portanto,  há  de  se  buscar  na  legislação  específica  do  PIS  e  da  COFINS,  tributos  somente  instituídos  após  a  criação  da  ZFM,  dispositivo  que  preveja  alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a  não  incidência,  alíquota  zero  ou  isenção.  E  não  se  precisa  ir  longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a  edição da Medida Provisória 202.  De  fato,  a  “exclusão  das  receitas  de  exportação”  da  base  de  cálculo  do  PIS  tratada  na  Lei  7.714  e  a  isenção  da  COFINS  sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e  objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as  vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras  operações  equiparadas  a  exportação.  Um  exame  cuidadoso  dessas  extensões  vai  revelar  o  que  se  disse  acima:  todas  elas  geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais.   A  conclusão  que  se  impõe,  assim,  é  que  não  havia,  até  o  surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal  Fl. 157DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/2008­98  Acórdão n.º 9303­004.060  CSRF­T3  Fl. 7          6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a  venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que  esse  entendimento  não  era  uníssono,  muita  peleja  tendo  se  travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem  tais  vendas  amparadas  pelos  atos  legais mencionados.  E  essas  divergências  somente  se agravaram com a  edição da MP,  cuja  redação padece de diversas inconsistências.  Com  efeito,  tal  MP,  que  revogou  a  Lei  7.714  e  a  Lei  Complementar  85,  disciplinando  por  completo  a  isenção  das  duas  contribuições  nas  operações  de  exportação  trouxe  dispositivo  expresso  “excluindo”  as  vendas  à  ZFM.  Isso,  por  óbvio,  aguçou  a  interpretação  de  que  já  havia  dispositivo  isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado.  Defendo  que  não,  embora  seja  forçoso  reconhecer  que  o  dispositivo  apenas  criou  desnecessário  imbróglio.  Com  efeito,  ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no  sentido  de  que  tal  ressalva  se  destinava  apenas  aos  comandos  insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí  ventilam­se hipóteses  intrinsecamente ligadas ao objetivo que o  ato  pretende  incentivar:  vendas  para  o  exterior  que  trazem  divisas para o país. Refiro­me aos incisos VIII (vendas com o fim  de  exportação  a  trading  companies  e  demais  empresas  exportadoras)  bem  como  o  fornecimento  de  bordo  a  embarcações  em  tráfego  internacional  (ship’s  Chandler).  Além  disso,  a  interpretação  não  apenas  retira  um  incentivo,  ela  pressupõe  um  desincentivo:  qualquer  trading  do  decreto­lei  1.248/72,  exportadora  inscrita  na  SECEX  ou  ship’s  Chandler  instalada  em  outro  ponto  do  território  nacional  terá  vantagem  em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação  contra a ZFM.   A  interpretação  dada  pela  douta  PGFN  parece  buscar  um  sentido  para  o  comando do  parágrafo  de modo  a  não  torná­lo  redundante.  Fê­lo,  todavia,  da  pior  forma,  a  meu  sentir,  pois  fixou­se no método literal esquecendo­se de considerar o motivo  da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite  ler  o  artigo,  com  o  respectivo  parágrafo  segundo,  da  seguinte  forma:  há  isenção  quando  se  vende  com  o  fim  específico  de  exportação,  desde  que  a  empresa  compradora  (trading  ou  simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na  ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende  com  o  fim  específico  de  exportação,  mesmo  que  a  empresa  compradora  (trading  ou  simples  exportadora  inscrita  na  SECEX) esteja situada na ZFM.  Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a  ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a  atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que  se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à  ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado.  Foi  isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o  que o Parecer da PGFN consegue nele ler.   Fl. 158DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/2008­98  Acórdão n.º 9303­004.060  CSRF­T3  Fl. 8          7 Em conseqüência  desse  parecer,  surgem  decisões  como  as  que  ora  se  examinam:  o  pedido  tinha  a  ver  com  venda  a  ZFM.  A  decisão  abre  a  possibilidade  de  que  tenha  mesmo  havido  recolhimento  indevido, mas  por motivo  completamente  diverso.  E  mais,  atribui  ao  contribuinte  a  prova  dessa  outra  circunstância,  que  não  motivara  o  seu  pedido.  Nonsense  completo.  Esse  meu  reconhecimento  implica  aceitar  que  o  malsinado  parágrafo  estava  sim  se  referindo,  genericamente,  às  vendas  à  ZFM, ou, mais  claramente,  está  ele a dizer que, para  efeito do  incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na  ZFM não se equipara à exportação de que cuida o  inciso II do  ato  legal  em  discussão.  Mas,  ao  fazê­lo,  não  está  revogando  dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu  papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter  tentado esclarecer...  Aliás,  idêntico  dispositivo  esclarecedor  poderia  ter  estado  presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decreto­lei  491.  Com  isso,  muita  discussão  travada  administrativamente  teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência  de  tal  dispositivo  e  sua  presença  na  nova  lei  que  cria  o  imbróglio.  Ele  não  leva,  contudo,  em  minha  opinião,  à  interpretação  simplória  de  que  tal  ausência  implicasse  haver  isenção.  Para  isso,  primeiro,  se  tem  de  admitir  que  basta  o  Decreto­lei 288.   Essa interpretação, parece­me, está em maior consonância com  o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma  norma  que  procura  incentivar  as  exportações  tenha  instituído  uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre  se  procurou  incentivar)  em  operações  que  produzem  o  mesmo  resultado: a geração de divisas internacionais.  A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro  de  1999  e  31  de  dezembro  de  2000  há,  sim,  isenção  das  contribuições  naquelas  hipóteses,  ainda  que  a  empresa  esteja  situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa  não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que  cumprido o que está previsto naqueles incisos.   Mas  tampouco  há  isenção  APENAS  PORQUE  A  COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse  foi o fundamento do pedido e a ele deveria  ter­se  restringido a  DRJ.  Nesses  termos,  só  causa  mais  imbróglio  a  afirmação  constante  no  acórdão  recorrido  de  que  “haveria  direito”  no  período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava  ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito  na forma requerida.  E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a  Administração  adapte  o  seu  pedido  fazendo  as  pesquisas  internas  que  permitam apurar  se  alguma das  empresas  por  ele  listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições.   Fl. 159DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/2008­98  Acórdão n.º 9303­004.060  CSRF­T3  Fl. 9          8 O máximo que se poderia admitir,  dado o  teor da decisão,  era  que, em grau de recurso,  trouxesse a empresa tal prova. Não o  fez, porém, limitando­se a postular a nulidade da decisão porque  não determinou aquelas diligências.  Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe  (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade  da decisão proferida por quem legalmente competente para tal.  Cabe  sim  manter  aquela  decisão  dado  que  o  contribuinte  não  comprovou o  seu  direito  como  lhe  exigem o Decreto  70.235,  a  Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333).  Com  tais  considerações,  nego  provimento  ao  recurso  do  contribuinte.  Com essas mesmas considerações, votei,  também aqui, pelo não provimento  do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir."  Aplicando­se  as  razões  de  decidir,  o  voto  e  o  resultado  acima  do  processo  paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do  RICARF, nega­se provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das  contribuições  sobre  as  receitas  oriundas  de  vendas  efetuadas  a  empresas  sediadas  na  Zona  Franca de Manaus, no período tratado neste processo.     Carlos Alberto Freitas Barreto                              Fl. 160DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO

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