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Numero do processo: 12466.722058/2013-42
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 10/06/2013
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO E CONVERSÃO EM MULTA.
Não apresentada documentação capaz de comprovar a origem e disponibilidade dos recursos utilizados nas transações, tem-se por reconhecida a interposição fraudulenta de terceiros a causar dano ao erário. Cabível, pois, a substituição por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria quando esta for consumida ou não localizada.
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. PESSOA QUE CONCORRA OU SE BENEFICIE DA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. INCLUSÃO NO POLO PASSIVO. POSSIBILIDADE.
A pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente, inclusive no que se refere a infrações.
ARGUIÇÃO DE NULIDADE. DESCRIÇÃO DOS FATOS. INCOMPLETUDE. INOCORRÊNCIA.
A minudente descrição dos fatos constante do Termo de Verificação Fiscal, anexo aos autos de infração, descaracteriza a arguição de nulidade das autuações por incompletude da motivação.
PROVA EMPRESTADA. EXISTÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. AUSÊNCIA DE NULIDADE.
Instaurado o contencioso administrativo, por meio da impugnação protocolizada, o contribuinte obteve a possibilidade de apresentar argumentos e provas de fato e de direito capazes de afastar a exigência fiscal, em atendimento ao contraditório e à ampla defesa, não havendo que se falar em nulidade.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3302-003.363
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento aos Recursos Voluntários. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá e Walker Araújo, Relator, e a Conselheira Lenisa Prado, que excluíam do polo passivo a empresa Savix. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
(assinado digitalmente)
RICARDO PAULO ROSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
WALKER ARAUJO - Relator.
(assinado digitalmente)
JOSÉ FERNANDES DO NASCIMENTO - Redator designado.
EDITADO EM: 13/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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E OUTRAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 10/06/2013 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO E CONVERSÃO EM MULTA. Não apresentada documentação capaz de comprovar a origem e disponibilidade dos recursos utilizados nas transações, temse por reconhecida a interposição fraudulenta de terceiros a causar dano ao erário. Cabível, pois, a substituição por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria quando esta for consumida ou não localizada. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. PESSOA QUE CONCORRA OU SE BENEFICIE DA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. INCLUSÃO NO POLO PASSIVO. POSSIBILIDADE. A pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente, inclusive no que se refere a infrações. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. DESCRIÇÃO DOS FATOS. INCOMPLETUDE. INOCORRÊNCIA. A minudente descrição dos fatos constante do Termo de Verificação Fiscal, anexo aos autos de infração, descaracteriza a arguição de nulidade das autuações por incompletude da motivação. PROVA EMPRESTADA. EXISTÊNCIA DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. Instaurado o contencioso administrativo, por meio da impugnação protocolizada, o contribuinte obteve a possibilidade de apresentar argumentos e provas de fato e de direito capazes de afastar a exigência fiscal, em atendimento ao contraditório e à ampla defesa, não havendo que se falar em nulidade. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 72 20 58 /2 01 3- 42 Fl. 5621DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 2 Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento aos Recursos Voluntários. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá e Walker Araújo, Relator, e a Conselheira Lenisa Prado, que excluíam do polo passivo a empresa Savix. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. (assinado digitalmente) RICARDO PAULO ROSA Presidente. (assinado digitalmente) WALKER ARAUJO Relator. (assinado digitalmente) JOSÉ FERNANDES DO NASCIMENTO Redator designado. EDITADO EM: 13/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Tratase de Auto de Infração para cobrança do débito no valor de R$ 137.315,74, relativo a conversão da pena de perdimento em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas por meio das DI´s abaixo especificada, nos termos do §3º, do artigo 23, do DecretoLei nº 1.455/76, com a redação dada pelo artigo 59, da Lei nº 10.637/2002, c/c o inciso III, do artigo 81, da Lei nº 10.833/2003. Nº DI REGISTRO DESEMBARAÇO VALOR ADUANEIRO 0912136604 10/09/09 11/09/09 137.315,74 TOTAL 110.033,28 Foram incluídas no polo passivo do processo a empresa Savixx Comércio Internacional Ltda., na qualidade de devedora principal; e as empresas Felix Serviços Administrativos Ltda. ME e Carrara Materiais de Construção Ltda., nos termos do artigo 1241, do Código Tributário Nacional, e dos artigos 1062 e 6743, do Decreto nº 6.759/2009. 1 Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Fl. 5622DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 3 3 A motivação e o fundamento para imputar responsabilidade as referidas empresas consta do relatório anexo ao Auto de Infração de fls. 13102. Em resumo, a fiscalização apurou que as operações que embasaram o lançamento foram realizadas da seguinte forma4: 1. Com base na investigação sobre Declarações de Importação (DI) onde a FELIX MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO (doravante FELIX), CNPJ nº 09.518.724/000104, figurou como encomendante, identificaramse as infrações de interposição fraudulenta de terceiros e uso de documento falso no despacho aduaneiro de importação, as quais ensejam a aplicação da pena de perdimento de mercadorias. As DI investigadas foram registradas por dois importadores distintos: SAVIXX COMÉRCIO INTERNACIONAL S/A (doravante SAVIXX), CNPJ nº 28.477.685/000180, e LOG TRADING & SUPPLY CHAIN LTDA (LOG TRADING), CNPJ nº 08.997.092/000138. Assim, houve necessidade de se lavrar vários Autos de Infração, segregados por importador e demais sujeitos passivos identificados. No presente Auto de Infração, lavrado ao respaldo do MPF Nº 0727600201300344 (MPF 0727600 2013 00344 SAVIXX), emitido em face da SAVIXX COMERCIO INTERNACIONAL S/A, foram autuadas operações de importação registradas pela SAVIXX onde a FELIX figurou como encomendante. 2. A fiscalização apurou que a empresa FELIX figurou como encomendante nas operações de importação investigadas, entretanto as mercadorias eram pré destinadas a outros interessados, verdadeiros encomendantes das mercadorias e sujeitos passivos das obrigações tributárias, mas que se mantiveram ocultos nas operações. 3. A Alfândega do Porto de Vitória (ALF/Porto Vitória) durante procedimento especial de controle aduaneiro aplicado à DI nº 10/04369249 constatou indícios de incompatibilidade entre os volumes transacionados no comércio exterior e a capacidade econômicofinanceira da empresa FELIX, decidindo pelo procedimento especial de fiscalização previsto na IN SRF 228/2002, conforme determina a IN RFB 1.169/2011, art.8º. 4. Na importação registrada através da referida DI foi constatada a ocultação do real comprador e responsável pela importação das mercadorias estrangeiras, a empresa PIASTRELLA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA (doravante PIASTRELLA), CNPJ nº 02.069.769/000191, mediante fraude ou simulação, pela interposição fraudulenta de terceiro, infração considerada dano ao Erário e punível com a pena de perdimento das mercadorias, conforme art. 23, inc. V e §§ 1º e 2º, do DecretoLei nº 1.455/1976. Por meio do Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guarda Fiscal nº 12466.721744/201134 foi proposta a aplicação da pena de perdimento das mercadorias (aparelhos de ar condicionado). A DI em questão foi 2 Art. 106. É responsável solidário: IV o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 32, parágrafo único, alínea “d”, com a redação dada pela Lei nº 11.281, de 2006, art. 12); 3 Art. 674. Respondem pela infração (DecretoLei no 37, de 1966, art. 95): I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie; ... VI conjunta ou isoladamente, o importador e o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 95, inciso VI, com a redação dada pela Lei nº 11.281, de 2006, art. 12). 4 Trecho extraído da decisão de piso. Fl. 5623DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 4 registrada pela importadora SAVIXX, para suposta revenda à encomendante pré determinada FELIX. Entretanto, a fiscalização constatou que a real compradora responsável pela importação foi a oculta PIASTRELLA, uma loja da rede varejista AMOEDO, do estado do Rio de Janeiro, uma das maiores do país no ramo de materiais de construção. 5. Constatouse que a PIASTRELLA e outras empresas/lojas da REDE AMOEDO bancaram a atuação da interposta FELIX com créditos em sua conta bancária no valor total de R$ 2.880.000,00, apenas no período de dez/2009 a abr/2010. Somente da PIASTRELLA, havia nove créditos que totalizam R$ 1.461.000,00. A FELIX, regularmente intimada, recusouse a explicar e a comprovar a motivação e a origem desses créditos, que eram efetuados sempre que ocorria um débito de valor semelhante em sua conta. Os procedimentos de investigação identificaram a origem dos créditos (empresas/lojas da rede AMOEDO) que bancaram toda a atuação da FELIX. A fiscalização anexou ao presente Auto de Infração cópias de documentos do processo nº 12466.721744/201134 (Doc B, Doc C, Doc E, Doc F, Doc G, Doc H, Doc K, Doc L, Doc M e Doc O), referentes ao Procedimento Especial de Controle Aduaneiro aplicado à DI nº 10/04369249 e que possuem estrito relacionamento com as infrações investigadas e constatadas no presente caso. Segundo apurou a fiscalização, a empresa FELIX ocultou outras empresas do referido grupo em outras importações onde atuou como encomendante pré determinada. Segundo dados dos sistemas de informação da RFB, de setembro de 2009 até o início de maio de 2011, a FELIX atuou como encomendante pré determinada em 68 DI’s, com valor total declarado de US$ 3.833.026,07 (CIF; custo da mercadoria incluindo seguro e frete). Verificouse, ainda, que os sócios da FELIX integraram o quadro societário da PIASTRELLA em 2003, e que consta na ficha de habilitação no SISCOMEX da FELIX capital social de R$ 50 mil, sendo que havia figurado como encomendante em operações de importação da ordem de US$ 4,1 milhões nos últimos três anos. A incompatibilidade do capital social com o montante transacionado no comércio exterior, bem como os demais indícios de interposição fraudulenta, serviram de fundamentos para a inclusão da empresa encomendante prédeterminada no procedimento especial de fiscalização previsto na IN SRF 228/2002. (...) 7. Com relação à SAVIXX, conforme descreve minuciosamente a fiscalização, sabiase de ante mão que figurou como importadora em parte das DI onde a FELIX atuou como encomendante prédeterminada, registradas entre 03/09/2009 e 06/10/2010. Foi intimada a apresentar esclarecimentos e documentos em relação a essas operações. Depois de sucessivos pedidos de prorrogação de prazo para resposta apresentou, em 11/04/2012, documentos referentes a 49 operações de importação e outros documentos solicitados, porém dois dos quesitos formulados no Termo de Intimação Fiscal nº 201200062003 (quesitos 2 e 7) não foram atendidos satisfatoriamente. Houve reintimação para atendimento daquela parte insatisfatória, inclusive requisição de correspondência comercial trocada com o encomendante pré determinado das mercadorias importadas. Na resposta de 17/05/2012 foram apresentados novos esclarecimentos e documentos que visavam comprovar a origem e efetiva transferência de recursos por meio do Banco BANESTES S/A, deixando, entretanto, de apresentar documentos relativos a transferência realizadas através do Banco do Brasil. Depois de nova prorrogação de prazo, em 25/06/2012, a SAVIXX apresentou informação complementar anexando comprovantes TED, alegando se tratar de todos os documentos faltantes, e acrescentando não ser possível identificar o remetente dos recursos no caso de depósito online. Fl. 5624DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 4 5 8. Foram constatadas inconsistências nos TED apresentados. Dois deles indicavam recebimentos no BANESTES, mas se tratavam de recursos recebidos no Banco do Brasil, conforme comprovantes antes apresentados. São os TED referentes aos lançamentos constantes no AI, no quadro anexo transcrito em seguida: (...) A SAVIXX foi intimada a esclarecer essas inconsistências. Em 07/07/2012 apresentou sua resposta, afirmando que os recursos foram recebidos através do BANESTES, mas que imediatamente transferiu os valores para a conta do Banco do Brasil. Acostou documentos emitidos pelas instituições financeiras. 9. Segundo a fiscalização, a FELIX figurou como encomendante em importações no período de 2009 até 2011 totalizando o valor de R$ 7.116.256,94, conforme a tabela abaixo: (...) 10. Para exemplificar as perdas de arrecadação, apresentouse a análise dos efeitos da quebra da cadeia de incidência do IPI, nos termos demonstrados pela fiscalização do SAPEA/ALF/Porto de Vitória no procedimento especial aplicado à DI nº 10/04369249, com base em documentos apresentados em resposta às intimações (Doc G e Doc H). O demonstrativo foi elaborado usando como exemplo as mercadorias da DI nº 09/18290583, importadas pelas empresas SAVIXX (importador) e FELIX (“encomendante”), e posteriormente “revendidas” para a empresa PIASTRELLA, identificada naquela fiscalização como real encomendante, que se manteve oculta na operação. Por meio da DI 09/18290583, a SAVIXX importou 170 aparelhos de arcondicionado de 9.000 BTU’s. A SAVIXX vendeu esses aparelhos para a FELIX pelo preço unitário de R$ 585,26, incluindo o IPI (NFe SAVIXX nº 2429, de 30/12/2009). Em seguida, a FELIX vendeu todos os 170 aparelhos para a PIASTRELLA por R$ 632,09 (apenas 8% a mais), incluindo o IPI (NFe FELIX nº 29, de 05/01/2010). Posteriormente, com grande “salto” de valor, parte desses aparelhos foi vendida por R$ 899,90 sem incidência de IPI (NF PIASTRELLA nº 412393, de 18/01/2010). Ora, se, no lugar da FELIX, a verdadeira encomendante PIASTRELLA tivesse sido indicada como encomendante, o IPI teria incidido na venda feita por R$ 899,90. Como tal obrigação não foi cumprida, a incidência de IPI ocorreu somente até a venda que a FELIX fez pelo reduzido valor de R$ 632,09. É a chamada “quebra da cadeia do IPI”. (...) 11. Além disso, a correta incidência do IPI sobre a mercadoria estrangeira equipara a carga tributária do produto importado ao produto nacional. Com a sonegação do IPI, a concorrência desleal do produto importado aumenta os obstáculos ao crescimento da indústria nacional. Também se deve considerar o interesse de se beneficiar dos incentivos concedidos às empresas fundapeanas. O FUNDAP (Fundo para o Desenvolvimento das Atividades Portuárias) é um benefício concedido às empresas de comércio exterior que se estabelecem no Espírito Santo e são autorizadas pelo BANDES (Banco de Desenvolvimento do ES) a operar no sistema. Na sistemática do FUNDAP, ocorre desoneração da importação: para as operações que promoverem no ES, é garantida a postergação do prazo de pagamento do ICMS incidente nas importações, e a empresa pode obter financiamentos de longo prazo junto ao BANDES, no valor de cerca de 70% do ICMS recolhido, com juros de 1% ao ano, 5 anos de carência, 20 anos para amortização da dívida, com opção de recompra da Fl. 5625DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 6 dívida em leilões realizados periodicamente pelo Banco, onde os contratos são liquidados por cerca de 10% do saldo devedor. Tratase de um incentivo financeiro sob o aspecto formal, mas, sob o aspecto material, configura um verdadeiro subsídio às importações. O FUNDAP tem papel relevante na guerra fiscal entre os estados da federação, que nesse caso é conhecida como “guerra dos portos”. Algumas empresas domiciliadas em outros estados têm interesse em usufruir desses benefícios, porém sem mudar seu domicílio, e acabam optando por usufruir o benefício de forma oblíqua. 12. Na jurisprudência do STF, quanto ao disposto na CF/88, art.155, §2º, IX já se firmou que o sujeito ativo do ICMS incidente na importação de mercadoria é o estado da Federação em que estiver localizado o destinatário final da operação. Quando se utiliza da fraude/simulação, pela interposição de terceiro que se apresenta como “encomendante de fachada” sediado no estado do Espírito Santo, este aparentemente faz as operações de importação através de uma empresa FUNDAPEANA e se beneficia da redução de custos e descontos financeiros concedidos para operações FUNDAP. Posteriormente, a mercadoria é remetida aos verdadeiros destinatários finais em outro estado da federação, o real encomendante, como uma mera venda interestadual. Assim, o fisco do estado de destino é ludibriado e o real destinatário final das mercadorias importadas se beneficia de um crédito de ICMS que sequer foi integralmente pago. 13. A ocultação do real beneficiário/interveniente na operação de comércio exterior caracteriza simulação, pela prática das condutas descritas nos incisos I e II do parágrafo 1º do art. 167 do Código Civil, Lei nº 10.406/02. Na simulação há presença de dois atos: o ato simulado, para o qual há documento (ainda que material e/ou ideologicamente falso), e o ato dissimulado, o que se pretende esconder. Assim, é necessário desvendar a real intenção dos agentes no momento da prática do ato simulado. Para apurar a verdadeira operação realizada, devese lançar mão de provas indiciárias e presuntiva, conforme abalizada doutrina de Heleno Torrres, in “Direito Tributário e Direito Privado: autonomia privada, simulação e elusão tributária”: "É o caso das provas da simulação. Porque a ação desta é geralmente encoberta e de pouca expressão material ou documental, sua prova exigirá sempre mais apelo às formas de provas indiciárias e presuntivas, visando alcançar um conhecimento que corresponda o mais próximo possível à realidade.” (...) 25. Da Rede de Lojas AMOEDO MATERIAS DE CONSTRUÇÃO. Em tabela indicada no AI foram relacionadas as quantidades e os valores totais das Notas Fiscais de Saída emitidas pela FELIX, por destinatários constantes das referidas Notas Fiscais. Todas as empresas destinatárias das mercadorias, que aparentemente seriam pessoas jurídicas independentes, “clientes” da FELIX, são na realidade a ela vinculadas através dos atuais e de exintegrantes dos quadros societários. Para facilitar a visualização dos relacionamentos entre as empresas foi elaborado o Diagrama da Figura 1 (ver no AI; Diagrama com as relações entre empresas, sócios atuais e exsócios) representando as empresas destinatárias das Notas Fiscais de Saída da FELIX e apontando as pessoas físicas integrantes e ex integrantes dos quadros societários. Para simplificar a visualização, as empresas foram representadas apenas pelo primeiro nome. A única empresa do diagrama que não foi destinatária de Notas Fiscais da FELIX foi a TRAVERTINO MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA, CNPJ nº 05.798.065/000148, adicionada ao diagrama para permitir a visualização de alguns dos relacionamentos com pessoas físicas. 26. Num primeiro momento, é possível visualizar que as pessoas físicas com maior quantidade de vínculos societários são os Srs. ALDO ALEX OGNIBENI, Fl. 5626DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 5 7 CPF nº 664.176.51720, e HÉLIO MOREIRA DIAS, CPF nº 245.701.76704, atuais sócios administradores da FELIX. Os Srs. ALDO e HÉLIO ainda são sócios em mais 8 (oito) empresas não indicadas no diagrama, a maioria atuantes na área de materiais de construção ou atividades correlatas. Remetese à leitura no AI dos destaques de alguns interrelacionamentos relevantes identificados. 27. Há outras empresas vinculadas à FELIX que figuraram nas operações “comerciais”. Durante o procedimento especial de controle aplicado pela SAPEA (Seção de Procedimentos Especiais Aduaneiros), à DI nº 10/04369249, foram apresentados pela FELIX alguns extratos bancários (Doc L), dentro do período de dezembro de 2009 a abril de 2010. Foram relacionados débitos e créditos desses extratos na tabela especificada no AI, trazendo as datas, os valores e o histórico dos lançamentos, excluindose resgates e aplicações automáticos e valores inferiores a R$ 30.000,00. Quanto à DI nº 10/04369249, a FELIX foi intimada a esclarecer a motivação do recebimento e pagamento dos recursos, entretanto, recusouse a prestar informações a respeito (Doc M). 28. As coincidências entre sócios e exsócios dessas empresas, a intricada rede de relacionamentos com a FELIX, o fato da FELIX só ter efetuado “vendas” para empresas vinculadas, bem como ter recebido recursos das mesmas em datas e valores coincidentes com os pagamentos a importadora SAVIXX não são obra do acaso, mas decorrem de um fato: as empresas são todas pertencentes a um grupo econômico, a REDE DE LOJAS AMOEDO MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO (ver o Doc. O – pesquisa na internet realizada pela SAPEA, cujo anúncio de venda de “Split” de 9.000 BTU’s da marca KOBE é idêntico aos aparelhos de ar condicionado acobertados pela DI n 10/04369249 em junho de 2011. O aparelho encontravase à venda no sítio da Rede de Lojas AMOEDO (ver fig 2 doc de fls.59, Anúncio de venda no sítio da AMOEDO) 29. Foram anexadas a este processo (Doc O), páginas do sítio da AMOEDO contendo o anúncio do aparelho de 9.000 BTU, as informações sobre a sua história e sua relação de lojas. O nome “AMOEDO” aparece em mensagens eletrônicas (e mails) apresentadas pela importadora SAVIXX antes da submissão da DI 10/04369249 ao procedimento especial (Doc C). Essas mensagens em sequência mostram procedimentos prévios à importação das mercadorias e demonstram que a Rede de Lojas AMOEDO foi a responsável e verdadeira interessada na importação. Ver informações detalhadas às fls.60/64 consideradas para a conclusão de que a Rede de Lojas AMOEDO negociou diretamente com os exportadores estrangeiros, através do Sr. Ricardo Torres, o qual não tinha vínculo empregatício com a FELIX, mas sim com outra empresa do mesmo grupo, a REALE TINTAS. As encomendas eram realizadas através do Sr. Ricardo Torres aos importadores com os fornecedores estrangeiros e os preços já definidos, ou seja, as negociações com o exterior eram realizadas para as outras empresas do grupo sem qualquer interferência da FELIX. Logo após a nacionalização e emissão das Notas Fiscais de Saída dos importadores, a FELIX emitia Notas Fiscais de Saída destinando as mercadorias diretamente do recinto alfandegado para as Lojas Amoedo. Portanto, as Lojas AMOEDO foram as verdadeiras encomendantes das mercadorias. A comparação entre a relação de Lojas AMOEDO, no sítio da rede na internet (Doc O), e as informações cadastrais das empresas destinatárias das Notas Fiscais da FELIX ou que forneceram créditos na conta da FELIX, revelou que a maioria das empresas são Lojas AMOEDO, conforme a Figura 3 constante no AI. 30. A fiscalização destaca que não se conseguiu identificar a existência formal da Rede AMOEDO. As empresas FELIX, PIASTRELLA, GAZ WORLD e outras empresas do grupo tiveram seus CNPJ identificados e apresentados neste relatório, Fl. 5627DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 8 mas a Rede AMOEDO não. Existindo ou não do ponto de vista formal, é inegável que a Rede AMOEDO existe de fato, e coordena a atuação da FELIX e de suas lojas CARRARA, BOTTINO, MONITORE, etc. A FELIX não é uma loja AMOEDO, mas é parte do grupo econômico. Restou constatado neste procedimento fiscal que a FELIX não dispunha de capacidade econômicofinanceira própria para constituir garantias às operações de importação focadas. As garantias oferecidas foram de fato suportadas por Lojas da Rede Amoedo, reais interessadas na importação das mercadorias, conforme descrito detalhadamente no AI. As lojas e demais empresas AMOEDO são todas do Rio de Janeiro, enquanto a FELIX é a única empresa do grupo no Espírito Santo, sendo interposta pessoa usada pelas Lojas AMOEDO. A função da FELIX é assumir o papel de encomendante prédeterminada de importações, de forma a ocultar as demais empresas do grupo, as responsáveis/interessadas de fato pelas operações e verdadeiras encomendantes das mercadorias. 31. Ao final do procedimento especial de investigação restou constatado que: “• A rede de lojas AMOEDO negociou diretamente as mercadorias no exterior, através do Sr. Ricardo Torres de Oliveira, funcionário de uma das empresas da Rede de Lojas Amoedo e responsável pelos trâmites de todas as operações de comércio exterior do grupo; • Há um intricado interrelacionamento da FELIX com outras empresas do grupo, por meio de sócios e/ou administradores integrantes ou excluídos dos quadros societários. Tais empresas foram responsáveis pelos créditos não contabilizados na conta bancária da FELIX e foram as destinatárias das mercadorias de procedência estrangeira; • Na conta bancária da FELIX, há inegáveis coincidências de datas e valores dos créditos efetuados pelas Lojas da Rede Amoedo e dos débitos para pagamento aos importadores, sem a devida escrituração contábil, demonstrando que as importações foram na verdade pagas pelas outras empresas do grupo; • Empresas da Rede de Lojas Amoedo foram as verdadeiras responsáveis pela prestação de garantias a importadora SAVIXX para realização das operações de comércio exterior, na forma de carta de fiança; • Há confusão de gerentes e administradores entre as empresas da Rede de Lojas AMOEDO; • A FELIX não dispõe e nunca dispôs da capacidade operacional e logística necessária para estocar e movimentar mercadorias para atuar no comércio exterior nos montantes transacionados; • A FELIX não dispõe e nunca dispôs dos funcionários necessários para atuar no comércio exterior nos montantes transacionados, e nem para comercializar as mercadorias importadas no mercado interno. 32. As evidências reunidas demonstram inequivocamente que a FELIX tem atuado reiteradamente como interposta pessoa nas importações sustentadas pelo grupo de lojas AMOEDO, reais encomendantes das mercadorias, ocultadas nessas operações. 33. Sobre o fluxo de pagamentos, a ocultação dos reais encomendantes, a cessão de nome para acobertamento dos reais beneficiários das operações de importação, ver a análise posta no AI, de onde a fiscalização concluiu que: Fl. 5628DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 6 9 33.1. Após o desembaraço e antes da emissão de qualquer Nota Fiscal, os valores para pagamento das importações eram transferidos das Lojas AMOEDO para a FELIX [QUADRO (B)]; 33.2. Após o recebimento desses valores, no mesmo dia ou no dia seguinte, a FELIX efetuava a transferência para a SAVIXX [QUADRO (C)]; 33.3. Após o recebimento dos valores, a SAVIXX emitia as Notas Fiscais de Saída para a FELIX [QUADRO (D)]. Tais Notas Fiscais representam saídas fictícias, pois as mercadorias não eram destinadas a estabelecimento da FELIX, mas diretamente para as Lojas AMOEDO; 33.4. No mesmo dia ou em data bem próxima, a FELIX emitia as Notas Fiscais de Saída para a Loja AMOEDO destinatária final das mercadorias (QUADRO E), que recebia as mercadorias importadas diretamente do recinto alfandegado; 33.5. Os valores transferidos das Lojas AMOEDO para a FELIX (QUADRO B) são valores redondos, na ordem de milhares, que não coincidem com as datas e valores das Notas Fiscais, até porque elas sequer estavam emitidas. As datas das transferências são anteriores a emissão das Notas Fiscais. Resta claro que tais transferências não são de fato pagamentos de compras, mas “suprimentos de caixa” fornecidos à FELIX pela verdadeira encomendante das mercadorias, para possibilitar o pagamento adiantado da importadora SAVIXX, antes da emissão das Notas Fiscais de Saída, e garantir a entrega das mercadorias importadas; 33.6. Para algumas operações, uma das Lojas “AMOEDO” transferiu totalidade ou parte dos valores para a FELIX (QUADRO B), enquanto outra loja foi a destinatária final das mercadorias (QUADRO E) Vide fls.79/82. Tal situação demonstra a confusão patrimonial na chamada Rede de Lojas AMOEDO, pois a loja que de fato pagava as importações nem sempre era a mesma destinatária final das mercadorias importadas; 33.7. Para uma das operações, os valores nem sequer transitaram pela FELIX, foram transferidos diretamente de uma das Lojas AMOEDO (RHODES 116) para a SAVIXX (vide linha REF 9 – na DI). Para maior clareza estão descritas, no AI, algumas linhas do Fluxo de Pagamentos identificado, a partir do qual se compreende como ocorreram as operações de importação, restando indubitável que a “Rede AMOEDO” foi a verdadeira encomendante das importações, quem de fato custeou as referidas importações (ver na TAB 1 a vinculação entre os verdadeiros encomendantes identificados e as respectivas DI registradas). 34. Constatouse que a importadora SAVIXX declarou nas DI que a encomendante era a FELIX, porém, conforme foi constatado, os verdadeiros encomendantes foram outras empresas, concluindose assim que as DI registradas estavam eivadas de falsidade. 35. São documentos obrigatórios na instrução das DI as faturas comerciais e os romaneios de carga (packing list). Aquelas são documentos emitidos pelos vendedores das mercadorias, devendo conter todas as características da transação comercial. O romaneio de carga é utilizado para listar a carga transportada. Destaca se que a correta identificação doencomendante na DI é obviamente requisito essencial para a fatura comercial idônea, informação que em geral também deve constar no romaneio de carga, nos termos do Regulamento Aduaneiro (RA). Fl. 5629DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 10 No caso, as faturas comerciais e os romaneios de carga que instruíram as DI consideradas apresentadas pela SAVIXX à autoridade aduaneira apontavam a FELIX como se fosse a encomendante (ver os campos “BUYER, ORDERER, NOTIFY”). No entanto, conforme demonstrado no procedimento investigatório fiscal, os reais encomendantes foram outras empresas, portanto as faturas comerciais e os romaneios de carga apresentados à administração aduaneira são ideologicamente falsos. Nos termos do Código Civil, art.167, são simuladas as compras no mercado externo e as vendas no mercado interno dessas mercadorias importadas mediante ocultação do verdadeiro adquirente. 36. Consideradas as condutas desvendadas, as quais representam irregularidades praticadas pela SAVIXX e pela FELIX, procedeuse à aplicação da penalidade prevista no Dl 1.455/76, art.23. Constitui dano ao erário, por força de lei, a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou do responsável pela operação de comércio exterior, mediante fraude, simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, infrações passíveis da aplicação da pena de perdimento das mercadorias, que por sua vez foi convertida em aplicação de multa equivalente ao valor aduaneiro em face da não localização das referidas mercadorias. 37. O Auto de Infração objeto deste processo foi lavrado contra Aquela que se apresentou formalmente, nas DI, como a importadora das mercadorias, a SAVIXX COMÉRCIO INTERNACIONAL S/A. A FELIX SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS LTDA – ME foi apontada como responsável solidária, por haver concorrido para a prática infracional ou dela ter se beneficiado. A CARRARA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA., CNPJ Nº 05.785.562/000101, foi identificada como verdadeira encomendante/adquirente das mercadorias, havendo concorrido para a prática e tendo se beneficiado da infração, sendo assim também apontada como responsável solidária. Ver enquadramento legal destacado no AI. Intimadas da lavratura do Auto de Infração, a empresa Savixx Comércio Internacional Ltda. apresentou tempestiva impugnação de fls.5.1125.143; a empresa Felix Serviços Administrativos Ltda. ME apresentou tempestiva impugnação de fls. 5.1785.194; e a empresa Carrara Materiais de Construção Ltda. apresentou tempestiva impugnação de fls. 5.2035.213, requerendo, em síntese, o cancelamento do lançamento fiscal pelos motivos e fundamentos apresentados nas peças defensivas. Em sessão realizada no dia 10 de junho de 2014, houve por bem a 6ª Turma da DRJ/REC julgar improcedentes as impugnações apresentadas pelos sujeitos passivos para manter a exigência do crédito tributário nos termos da ementa abaixo reproduzida: Assunto: Normas de Administração Tributária Data do fato gerador: 10/06/2013 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. INFRAÇÃO SUJEITA A PENA DE PERDIMENTO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DAS MERCADORIAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Ainda que houvesse interesse legítimo de faturamento, a empresa importadora fundapeana se prestou a participar de esquema de fraude contra o controle aduaneiro, atuando como importador por suposta encomenda de empresa que, com seu conhecimento, apenas cedeu o nome para ocultar os reais adquirentes das mercadorias importadas irregularmente mediante interposição fraudulenta de terceiros. Tratase de infração passível de pena de perdimento das mercadorias. Na impossibilidade de sua apreensão porque não localizadas, a pena de perdimento foi legalmente convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, nos termos da legislação regente. A importadora é sujeito passivo legítimo, responsável solidariamente pela infração juntamente com o real adquirente Fl. 5630DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 7 11 ocultado e com o suposto encomendante, todos devidamente arrolados no pólo passivo da relação jurídica sancionatória. A empresa Savixx foi intimada da decisão de piso em 11.07.2014 (fls.5.309) e interpôs recurso voluntário em 12.08.2014 (fls.5.3375.363); a empresa Felix foi intimada da decisão de piso por edital afixado em 07/07/2014 (fls.5.307) e interpôs recurso voluntário em 20.08.2014 (fls.5.5935.609); e a empresa Carrara Materiais de Construção Ltda. foi intimada da decisão de piso em 08.07.2014 (fls.5.308) e interpôs recurso voluntário em 07.08.2014 (fls.5.3105.319). Resumidamente, as razões de inconformismo apresentadas pelas referidas empresas, ora Recorrentes, foram as seguintes: A) Empresa Savixx Comércio Internacional Ltda. Questões de Mérito: (i) não há no relatório fiscal nenhuma comprovação da prática de qualquer conduta, comissiva ou omissiva, que pudesse ensejar a sua inclusão na autuação, sequer como sujeito passivo, na medida em que não houve no caso concreto, de sua parte (i.1) negócio jurídico simulado; (i.2) supressão no pagamento de qualquer tributo; e (i.3) qualquer ganho ou vantagem ilícita com as operações investigadas e autuadas, incluindo, por óbvio; (ii) erro na imputação da multa tipificada no artigo 23, inciso V, do Decreto nº 1.455/76 em face da Recorrente, considerando que referida norma visa punir o sujeito oculto da importação, que no presente caso seria a empresa Carrara, sendo que na eventual manutenção do lançamento fiscal, a multa aplicada no presente caso deveria ter sido aquela prevista no artigo 33, da Lei nº 11.488/2007. B) Empresa Felix Serviços Administrativos Ltda. Preliminar: (i) Nulidade do Auto de Infração: ausência de justificação que motivem e dê ensejo na cobrança, constando apenas meras explicações e presunções para induzir na penalidade aplicada. Questões de Mérito (i) Abusividade da Multa Aplicada: a multa aplicada pelo fisco não deve prevalecer, já que não é razoável, nem proporcional, revelandose flagrantemente confiscatória. C) Empresa Carrara Materiais de Construção Ltda. Preliminar: (i) Ilegalidade da Prova Empresada: as provas colhidas das empresas Savixx e Felix sem a participação da Recorrente, pode ser considerada prova emprestada, acarretando nulidade no lançamento fiscal; (ii) Cerceamento de Defesa: (ii.1) ausência de intimação da Recorrente para prestar esclarecimentos na fase fiscalizatória; e (ii.2) não disponibilização dos documentos que instruíram o Auto de Infração. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Walker Araujo Relator Fl. 5631DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 12 I Tempestividade Os recursos voluntários interpostos pelos sujeitos passivos atendem aos demais requisitos de admissibilidade, deles tomo conhecimento. II Revelia As Recorrentes Felix e Carrara não impugnaram as questões relativas as operações de importação deflagradas pela fiscalização que culminaram na ocorrência de interposição fraudulenta, reservando seu direito de defesa apenas para arguir questões preliminares de nulidade do lançamento fiscal, as quais serão devidamente enfrentadas. Em relação as matérias não impugnadas, aplicase as determinações contidas no artigo 54, do Decreto 7574, de 29 de setembro de 2011, que assim dispõe: Art. 54. Não sendo cumprida nem impugnada a exigência, a autoridade preparadora declarará a revelia, permanecendo o processo no órgão preparador, pelo prazo de trinta dias, para cobrança amigável (Decreto no 70.235, de 1972, art. 21, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). § 1o No caso de identificação de impugnação parcial, não cumprida a exigência relativa à parte não litigiosa do crédito, o órgão preparador, antes da remessa dos autos a julgamento, providenciará a formação de autos apartados para a imediata cobrança da parte não contestada, consignando essa circunstância no processo original. § 2o Esgotado o prazo de cobrança amigável sem que tenha sido pago ou parcelado o crédito tributário, o órgão preparador encaminhará o processo à autoridade competente para promover a cobrança executiva. III Recurso Voluntário III.1 Preliminares III.1.a Nulidade do Auto de Infração arguida pela Recorrente Felix A Recorrente Felix requer a decretação de nulidade do Auto de Infração com base nos seguintes fundamentos: "...embora a fiscalização tenha realizado extensa e pormenorizada descrição dos fatos, não logrou êxito em justificar razões que efetivamente corroborem para inclusão da Recorrente como sujeito passivo solidário. O que se verifica durante o discorrer do Mandado de Procedimento Fiscal, foi que a fiscalização apresentou meras presunções e, em inúmeras ocasiões, fatos que não correspondiam à época do fato gerador, para fundamentar a cobrança". E conclui: " De acordo com o artigo 2º e artigo 50, II, §1º da Lei 9.874/99 um dos princípios do processo administrativo âmbito da Administração Pública Federal é o da motivação, que assegura a utilização de critérios e a indicação de pressupostos fáticos que ensejam na decisão da fiscalização. Sem razão à recorrente. O presente procedimento fiscal não foi realizado com base em meras presunções, mas embasado em robusto acervo probatório, que se encontra colacionado aos autos. Diferentemente do alegado pela recorrente, há nos autos diversas provas documentais carreadas pela empresa Savixx e colhidas pela fiscalização que demonstram efetivamente o modus operandi de todas as empresas que atuaram no esquema de importação Fl. 5632DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 8 13 fraudulenta em referência, todos descritos pormenorizadamente no relatório de fiscalização anexo ao Auto de Infração. Com efeito, a fiscalização apontou os elementos que caracterizavam a falta de capacidade econômica e financeira, apresentando quadro com o capital social e do Patrimônio Líquido em comparação com o volume de importações, bem como sobre a existência de empréstimos bancários avalizados pelos reais adquirentes da mercadoria (empresas grupo AMOEDO), demonstrando que a Recorrente de fato não possuía capacidade financeira para realizar importações de vultuosos valores. Descreve, ainda, como seriam os adiantamentos feitos para cada DI, tendo em vista a falta de capacidade financeira para quitar as obrigações relativas às importações. Neste ponto, destacase os motivos que levaram a fiscalização concluir que houve de fato ocultação do real adquirente das mercadorias, cujos trechos foram reproduzidos na decisão de piso: No curso daquele procedimento especial focado na importação patrocinada pela PIASTRELLA, a FELIX foi regularmente intimada sobre o motivo de haver recebido daquela empresa cerca de R$ 1.461.000,00, transferidos em nove operações de creditamento, mas nada explicou, nem muito menos explicitou ou buscou demonstrar a origem dos recursos recebidos. A fiscalização apurou, e demonstrou em anexo ao auto de infração, que esses créditos eram efetuados sempre que ocorria débito em valor semelhante em sua conta corrente. A investigação produzida identificou que na origem do suprimento de tais créditos estava empresa/loja da chamada rede AMOEDO, sendo estas as verdadeiras adquirentes, posto que delas é que partiram os recursos necessários ao custeio das importações. O mesmo esquema ocorreu nas operações focadas em oito processos que figuram nesta mesma pauta de julgamento: 12466.722057/201306, 12466.722058/201342, 12466.722059/201397, 12466.722060/201311, 12466.722061/201366, 12466.722062/201319, 12466.722063/2013 55 e 12466.722064/201308. Segundo dados obtidos nos sistemas de informação da RFB, de setembro de 2009 até o início de maio de 2011, a FELIX atuou como suposta encomendante pré determinada em 68 DI’s, com valor total declarado de US$ 3.833.026,07 (CIF; custo da mercadoria incluindo seguro e frete). Não bastasse isso, restou comprovado que os sócios da Recorrente mantinham interesse comum com as empresas do grupo AMOEDO, reais importadoras das mercadorias importadas, considerando que eles integraram o quadro societário da PIASTRELLA no ano de 2003. A fiscalização também formou sua convicção com base na análise do Plano de Contas e escrita contábil carreada aos autos, onde constatou ausência de registro da movimentação bancária nos períodos de 2008, 2009 e 2010. Além disso, a fiscalização realizou apuração das movimentações bancárias através dos documentos fornecidos pelos Bancos Itaú e Unibanco (vide fls.4.0664071 e 40724.093). Toda essa documentação, inequivocamente, infirma a alegação da recorrente de que a fiscalização havia se utilizado somente dos documentos relativos ao ano 2012 para comprovar os fatos motivadores da presente autuação. Por outro lado, no que tange especificamente ao controle aduaneiro, nos termos determinados no Decreto nº 1.455/76, artigo 23, §2º, com a redação dada pela Lei Fl. 5633DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 14 10.637/2002, é suficiente para caracterizar a presunção legal de interposição fraudulenta de terceiros, a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência de recursos empregados na operação de comércio exterior. Assim, resta demonstrado que o procedimento fiscal encontrase respaldado em fartos elementos probatórios e que as operações de importação foram consideradas por conta e ordem por presunção legal relativa (juris tantum), em razão da robusta comprovação de que a Recorrente utilizou recursos financeiros da real importadora, no presente caso a empresa Carrara Materiais de Construção Ltda., para custear a totalidade das importações realizadas no período da autuação. Assim, cabia a recorrente infirmar as robustas provas colacionadas aos autos pela fiscalização, com base em elementos probatórios hábeis e idôneos. No entanto, em vez de tentar infirmar tais provas, sem qualquer respaldo, a recorrente preferiu o caminho fácil de simplesmente alegar nulidade do Auto de Infração por ausência de motivação. Desta forma, rejeita a preliminar de nulidade arguida pela Recorrente Felix. III.1.b Ilegalidade da prova emprestada e Cerceamento de Defesa arguida pela Recorrente CARRARA Extraise da decisão de piso que a Recorrente alegou que: "Considerandose a natureza das provas consignadas pela fiscalização, deveria a ora Recorrente ter tido o direito de acompanhar a sua produção e assim poderia fiscalizar a sua adequada mensuração. A acusação fiscal partiu do que a doutrina convencionou chamar de prova emprestada. No entanto, para que esse tipo de prova seja admissível é imprescindível que o processo tenha envolva as mesmas partes e que a respectiva produção tenha sido submetida ao contraditório. Nenhum desses requisitos foi observado in casu. Portanto, todas as provas imputadas contra a ora impugnante são ilegítimas por vício de produção. Em conclusão, não se trata aqui materialmente de um mero MPF, mas de um verdadeiro instrumento de acusação, demonstrandose assim afronta ao direito da ora impugnante de ter apresentado, à época da apuração dos fatos, a sua defesa plena, o que implica na absoluta nulidade do auto de infração, violando diretamente os princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e devido processo legal. Em resumo a Recorrente responsável solidário alegou nulidade do procedimento fiscal por ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa, sob o argumento de não foi submetida a prévio procedimento fiscal, visando o levantamento das informações e documentos relacionados ao fato jurídico infracional. Sem razão a recorrente. Isto porque, no âmbito do processo administrativo fiscal de exigência de crédito tributário, a fase do contraditório tem início com a ciência do auto de infração pelo autuado e responsáveis solidários, o que foi feito, de forma regular no caso em tela. Além disso, com a regular ciência de todos os responsáveis solidários foi facultada a possibilidade deles impugnarem a exigência fiscal, o que foi regulamente exercido por todos. E tanto as peças impugnatórias quanto os recursos voluntários apresentados pelos recorrentes, constitui prova inconteste de que o contraditório e o direito de defesa foram assegurados aos sujeitos passivos solidários em toda sua plenitude, inclusive a faculdade de apresentar a provas que entendessem adequadas à comprovação das aduzidas razões de defesas. Fl. 5634DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 9 15 Tanto é verdade, que a devedora principal contestou integralmente sua participação na operação que envolve as importações sob análise, tudo com base nos documentos e fatos disponibilizados às partes. Portanto, revelase de todo descabida a alegação de mácula do procedimento fiscal, em razão da ausência de intimação do devedor solidário para participar da fase fiscalizatória. Cabe salientar que a Recorrente nunca teve seu direito de defesa preterido, na medida em que que teve conhecimento de todas as provas juntadas ao processo, dos argumentos invocados pela autoridade fiscal, das medidas adotadas pela fiscalização. Também em nenhum momento de sua defesa, em apego a um formalismo excessivamente exacerbado demonstra o efeito prejuízo que teve no seu direito de defesa de todas essas alegações de nulidade. No caso, o questionado auto de infração atende todos os requisitos do art. 10 do Decreto 70.235/1972. E o relatório fiscal que o integra contém todos os dados e informações necessárias e suficientes para a perfeita avaliação das irregularidades aduaneiras imputadas ao sujeitos passivos principal e solidários. E na fase de instrução ou inquisitorial do procedimento fiscal, sabidamente, não há qualquer determinação legal no sentido de obrigar a fiscalização instaurar procedimento contra cada um responsáveis solidários, ou até mesmo cientificar todos eles da instauração e do curso do procedimento contra o contribuinte sob fiscalização. Tais medidas somente serão adotadas, se curso do procedimento elas se revelarem indispensáveis, para fins de instrução processual, o que não ocorreu na autuação em apreço. Por essas razões, diferentemente do alegado, não há que falar em prejuízo ao direito defesa e tampouco em vulneração do contraditório, no curso da fase de procedimental ou de instrução. Em decorrência, revelase de todo inapropriado alegar cerceamento do direito de defesa antes de iniciado o prazo para a impugnação do lançamento, que, se apresentada tempestivamente pelo autuado, instaura a fase litigiosa do processo, nos termos do art. 14 do Decreto 70.235/1972. Enfim, depreendese que as conclusões foram produzidas no próprio procedimento e expostas no próprio relatório fiscal, possibilitando à recorrente o exercício do contraditório e da ampla defesa, não havendo que se falar em ilegalidade de prova emprestada, nem em cerceamento de defesa, razões pelas quais, rejeito preliminar arguida. Ultrapassadas as preliminares, passase à análise do mérito relativo à interposição fraudulenta. III.2 Questões de mérito No mérito, cabe analisar se as importações realizadas pela Recorrente Savixx a pedido da Recorrente Felix (encomendante da mercadorias) caracterizam interposição fraudulenta, mediante fraude, simulação ou falsidade documental, bem como questões envolvendo a aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas objeto da DI 0912136604 R$ 137.315,74. Fl. 5635DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 16 Novamente, ressaltase que, as devedoras solidárias não impugnaram a acusação de interposição fraudulenta feita pela fiscalização, presumindo verdadeiro os fatos à elas imputados. Desta forma, adianto meu entendimento no sentido de que as Recorrentes Felix e Carrara Materiais de Construção Ltda. devem responder pelo pagamento da multa exigida nestes autos, a primeira por sua participação no sentido de ocultar os reais adquirentes de mercadorias importadas, fazendo as vezes de encomendante predeterminada para ocultar aquele que de fato forneceu os recursos financeiros para custear as operações de comércio exterior especificadas, no caso a segunda. III.2.a Alegações da Recorrente Savixx A Recorrente Savixx alega que (i) não há no relatório fiscal nenhuma comprovação da prática de qualquer conduta, comissiva ou omissiva, que pudesse ensejar a sua inclusão na autuação, sequer como sujeito passivo, na medida em que não houve no caso concreto, de sua parte (i.1) negócio jurídico simulado; (i.2) supressão no pagamento de qualquer tributo; e (i.3) qualquer ganho ou vantagem ilícita com as operações investigadas e autuadas, incluindo, por óbvio. De fato, entendo que não há no relatório fiscal nenhum indício de irregularidade praticada pela Recorrente Savixx capaz de lhe imputar qualquer responsabilidade pela infração apurada neste processo administrativo. Isto porque, todos os fatos apurados pela fiscalização retratam que o ato negocial tido por fraudulento foi realizado única e exclusivamente pelas demais empresas envolvidas na importação, a Recorrente Felix por sua participação no sentido de ocultar os reais adquirentes de mercadorias importadas, fazendo as vezes de encomendante predeterminada para ocultar aquele que de fato forneceu os recursos financeiros para custear as operações de comércio exterior especificadas, no caso a Recorrente Carrara Materiais de Construção Ltda. O relatório fiscal, reproduzido na decisão de piso, não deixa dúvida que a Recorrente Savixx, na qualidade de mera importadora, não cometeu nenhuma irregularidade passível de punição. Vejamos os indícios reunidos pela fiscalização: As Declarações de Importação investigadas na ação fiscal foram registradas por dois importadores distintos: SAVIXX COMERCIO INTERNACIONAL S/A, CNPJ nº 28.477.685/000180, e LOG TRADING & SUPPLY CHAIN LTDA, CNPJ nº 08.997.092/000138. No presente Auto de Infração, lavrado ao respaldo do MPF Nº 0727600. 2013.00471 SAVIXX, emitido em face SAVIXX COMERCIO INTERNACIONAL S/A, foram autuadas operações de importação registradas pela SAVIXX onde a FELIX figurou como encomendante. A regular importação “para revenda a encomendante prédeterminado” é uma forma de terceirização das operações de comércio exterior, onde uma empresa (a importadora) é contratada para promover, em seu nome, e em razão de contrato previamente firmado, a importação de mercadorias para revenda à empresa que encomendou as mercadorias (a encomendante). Em que pese a obrigação do importador de revender as mercadorias importadas ao encomendante prédeterminado, é o importador quem formaliza a compra internacional, logo deve dispor de capacidade econômica e financeira para o pagamento da importação, bem como das demais despesas da nacionalização. Da mesma forma, o encomendante também deve ter capacidade econômica e financeira Fl. 5636DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 10 17 para adquirir as mercadorias revendidas pelo importador contratado, conforme se depreende do art. 5º da IN SRF nº 634/06. Portanto, na importação para revenda a encomendante prédeterminado está presente a característica essencial do interesse do encomendante em adquirir mercadorias estrangeiras, razão que o motiva a contratar um importador para adquirir a mercadoria no exterior, providenciar a nacionalização e depois revendêla ao encomendante. Mas, relembrase, que nessa modalidade, para ser considerada uma operação de importação por encomenda perfeitamente regular, é necessário que tanto a empresa encomendante quanto a empresa importadora sejam habilitadas para operar no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), e, além da importadora contratada, a encomendante também deve ter capacidade econômica para adquirir no mercado interno as mercadorias que lhe sejam revendidas pela importadora. Por outro lado, numa regular importação por conta e ordem, a atuação da empresa importadora também pode abranger desde a simples execução do despacho de importação até a intermediação da negociação no exterior, contratação do transporte, seguro, entre outros, mas o promotor da operação é o real adquirente. Este é o mandante da importação, quem efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, em razão da compra internacional, embora possa fazêlo por via de um mero mandatário (o intermediário importador). Além disso, é o real adquirente quem pactua a compra internacional e dispõe (ou deveria dispor) de capacidade econômica para o pagamento da importação, pois é deste que se originam (ou deveriam se originar) os recursos financeiros. Tanto na importação por conta e ordem de terceiros como na importação para revenda a encomendante prédeterminado, a legislação estendeu a condição de sujeição passiva solidária ao adquirente ou ao encomendante, para permitir o adequado controle e fiscalização do comércio exterior exercido pela Administração Aduaneira. Neste caso restou demonstrado que a empresa FELIX foi apresentada na DI, pela importadora SAVIXX, como suposta encomendante nas operações de importação investigadas, entretanto as mercadorias eram predestinadas a outros interessados, verdadeiros adquirentes das mercadorias, supridores dos recursos que custearam as respectivas operações, mas se mantiveram ocultos da autoridade aduaneira. O fio da meada surgiu no curso do procedimento especial aplicado à DI nº 10/04369249, para a qual foi constatada a ocultação do real comprador e responsável pela importação das mercadorias estrangeiras, a empresa PIASTRELLA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA (PIASTRELLA), CNPJ nº 02.069.769/000191, tendose caracterizado a interposição fraudulenta de terceiro, infração considerada dano ao Erário e punível com a pena de perdimento das mercadorias, conforme art.23, inc. V e §§ 1º e 2º, do DecretoLei nº 1.455/1976. (Vide o processo nº 12466.722061/201366 constante desta mesma pauta de julgamento, que trata da autuação específica da PIASTRELLA) Nessa investigação acima referida para a DI especificada, registrada pela importadora SAVIXX, foi declarada como suposta encomendante prédeterminada, a FELIX para qual deveriam ser revendidas s mercadorias. Entretanto, a fiscalização constatou que naquele caso a real compradora (supridora dos recursos necessários), responsável pela importação, foi a oculta PIASTRELLA, uma loja da rede varejista AMOEDO, do estado do Rio de Janeiro, uma das maiores do país no ramo de materiais de construção. No curso daquele procedimento especial aflorou que outras empresas/lojas da rede AMOEDO em operações com Fl. 5637DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 18 arquitetura similar, também bancaram, em diversas operações distintas, a atuação da mesma interposta FELIX com créditos em sua conta bancária no valor total de R$ 2.880.000,00, apenas no período de dez/2009 a abril/2010. Nesta pauta de julgamento estão oito processos, incluído este, que abrangem oito distintas empresas da chamada rede AMOEDO desvendadas como as reais provedoras dos recursos necessários às respectivas importações, executadas pela intermediária SAVIXX, a qual declarou em todos esse oito casos, como suposta encomendante mesma FELIX, dentro do mesmo esquema fraudulento descortinado, mesmo sabendo ser a origem dos recursos daquelas distintas lojas participantes da chamada rede AMOEDO (considerados os oito processos desta pauta, inclusive este, os reais adquirentes identificados nesse mesmo esquema simulado são PIASTRELLA, ABITARE, CARRARA, GAZ WORLD, MODERATTO, RHODES, ROSSIO e VENATTO – vide quadro de fls.11/12 do relatório precedente a este voto) Por outro lado, identificouse também que os sócios da FELIX integraram o quadro societário da PIASTRELLA em 2003, e na ficha de habilitação da FELIX no SISCOMEX consta um capital social registrado de apenas R$ 50 mil, no entanto conforme descrito foi flagrada como suposta encomendante em operações de importação da ordem de US$ 4,1 milhões nos últimos três anos. Destacase neste momento a incompatibilidade do capital social registrado pela FELIX com o montante transacionado no comércio exterior, suficiente para justificar que também essa empresa, suposta encomendante prédeterminada, fosse submetida ao procedimento especial de fiscalização previsto na IN SRF 228/2002. Apurouse que FELIX foi constituída em 23/04/2008, quando seu contrato social foi registrado na Junta Comercial do Estado do Espírito Santo (JUCEES). O capital registrado era de R$ 20.000,00, e estaria totalmente integralizado em moeda corrente conforme Cláusula 4ª do Contrato Social. Posteriormente foi registrada, em 03/07/2008, Alteração do Contrato Social na qual se indica aumento do capital social de R$ 30.000,00, integralizado em moeda corrente, perfazendo o total de R$ 50.000,00, constituído da seguinte forma: É de se ver, que os indícios apurados pela fiscalização demonstram claramente que o ilícito envolveu apenas a Recorrente Felix e as demais empresas do grupo AMOEDO (real adquirentes das mercardorias), dentre elas a Recorrente Carrara, sendo que não há nenhum fato capaz imputar responsabilidade a Recorrente Savixx. Com todo respeito ao trabalho realizado pela fiscalização, o simples fato da Recorrente Savixx ter realizado as importações das mercadorias encomendadas pela Recorrente Felix, no pleno exercício de suas atividades, não pode servir de respaldo jurídico sofrer qualquer tipo penalidade por atos ilícitos praticados em etapas posteriores a importação. Com efeito, as irregularidades apontadas pela fiscalização de fraude, simulação ou falsidade documental, dizem respeito apenas as operações posteriores a importação da mercadoria, onde restou comprovado que a Recorrente Felix ocultou os reais adquirentes de mercadorias importadas, fazendo as vezes de encomendante predeterminada para ocultar aquele que de fato forneceu os recursos financeiros para custear as operações de comércio exterior especificadas, no caso a Recorrente Carrara Materiais de Construção Ltda. Além disso, restou comprovado que a única empresa que não detinha capacidade econômica e financeira para suportar as operações de importação era a Recorrente Felix; que os reais adquirentes das mercadorias eram as empresas do grupo AMOEDO; e que existiam interesse comum entre elas. Por outro lado, restou comprovado (i) que as importações eram custeadas pela Recorrente Savixx, por meio de subsídios próprios; (ii) que os valores primeiramente eram Fl. 5638DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 11 19 transferidos da lojas AMOEDO para a Felix e posteriormente transferidos desta última para a Recorrente Savixx; e (iii) que somente após o recebimento dos valores a Recorrente Savixx emitia as notas de saída a Recorrente Felix. Ademais disso, há contrato de prestação de serviços de importação firmado entre as partes, demonstrando a lisura dos negócios realizados. Ou seja, não há nenhum ato praticado pela Recorrente Savixx que seja passível de irregularidade. Sobre atos simulados, trazemos à baila os ensinamentos do professor Silvio Rodrigues5: "A simulação é, na definição de Beviláqua, uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. Negócio simulado, portanto, é aquele que oferece uma aparência diversa do efetivo querer das partes. Estas fingem um negócio que na realidade não desejam. Encontramse aí os elementos básicos caracterizadores da simulação, pois nela é elementar a existência de uma aparência contrária à realidade. Tal disparidade é produto da deliberação dos contraentes. De fato, a simulação caracterizase quando duas ou mais pessoas, no intuito de enganar terceiros, recorrem a um ato aparente, quer para esconder um outro negócio que se pretende dissimular (simulação relativa), quer para fingir uma realidade jurídica que nada encobre (simulação absoluta). Tratase, portanto, de uma burla, intencionalmente construída em conluio pelas partes que almeja disfarçar a realidade enganando terceiros." (destaques incluídos). Segundo Silvio de Salvo Venosa6 caracteriza a simulação, fundamentalmente, a divergência consciente entre a vontade e a declaração realizada, confira se: "Há, na verdade, oposição entre o pretendido e o declarado. As partes desejam mera aparência do negócio e criam ilusão de existência. Os contraentes pretendem criar aparência de um ato, para assim surgir aos olhos de terceiros. A disparidade entre o querido e o manifestado é produto da deliberação dos contraentes. Na simulação, há conluio. Existe uma conduta, um processo simulatório; acerto, concerto entre os contraentes para proporcionar aparência exterior do negócio". Interessante, também, verificar o magistério de Paulo Ayres Barreto7: "A simulação em sentido lato é definida como a declaração de vontade irreal, emitida conscientemente, que visa a aparentar um negócio jurídico inexistente, ou que, se existe, é diferente daquele que se realizou, com o propósito de iludir terceiros. E requisito indispensável, portanto, que haja uma divergência entre a vontade interna e a declarada, como bem lembra César García Novoa. No âmbito fiscal, o prejuízo ocasionado pelo ato simulado é o não recolhimento ou a diminuição do valor que efetivamente deveria ser recolhido a 5 Rodrigues, Silvio Direito Civil Parte Geral. vol. 1 São Paulo Saraiva, 2000 0 30ª Edição. pag. 222228 6 VENOSA, SILVIO SALVO. Direito Civil, Parte Geral, Editora Atlas Jurídico, 6a edição, pág. 523. 7 BARRETO, Paulo Ayres. Ato Simulado e Sonegação Fiscal. São Paulo: Editora Noeses, 2014. Pág. 7. Fl. 5639DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 20 título de tributo. Sobre esse assunto, o Direito Tributário, por força do art. 109 do Código Tributário Nacional, segue o conceito dado pelo Direito Privado, o qual distingue duas espécies de simulação:a absoluta e a relativa. A simulação será absoluta quando não houver relação negocial efetiva entre as partes, isto é, elas praticam um ato de forma ostensiva, mas este, verdadeiramente não ocorre. Por conseguinte, não esperam nenhum efeito do ato simulado. É, por exemplo, o caso de venda simulada para executar uma fraude contra credores. Por outro lado, caracterizase a espécie relativa (dissimulação) quando há dois negócios jurídicos sobrepostos: o simulado aparece para terceiros, mas sua função na verdade é ocultar outro negócio, dissimulado, aqueles que as partes realmente desejam." Os requisitos para configurar simulação estão previstos no Código Civil, em seu artigo 167, §1º, que assim dispõe: "Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. §1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pósdatados. Sobre o tema, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais têm adotado o seguinte posicionamento: “SIMULAÇÃO/DISSIMULAÇÃO – Configurase como simulação, o comportamento do contribuinte em que se detecta uma inadequação ou inequivalência entre a forma jurídica sob a qual o negócio se apresenta e a substância ou natureza do fato gerador efetivamente realizado, ou seja, dáse pela discrepância entre a vontade querida pelo agente e o ato por ele praticado para exteriorização dessa vontade, ao passo que a dissimulação contém em seu bojo um disfarce, no qual se encontra escondida uma operação em que o fato revelado não guarda correspondência com a efetiva realidade, ou melhor, dissimular é encobrir o que é”. (acórdão 10194.771) Depreendese dos citados ensinamentos que simular é o ato de fingir, mascarar, esconder a realidade, camuflar o objetivo de um negócio jurídico valendose de outro, eis que o objetivo intentado seria alcançado por negócio diverso, daí o motivo de o artigo 167 do Código Civil dispor que o negócio jurídico simulado será nulo, porém, subsistirá o que se dissimulou, se for válido na substância e na forma. Por isso, incumbe ao Fisco desconstituir a presunção de legitimidade de que gozam os atos e negócios jurídicos atacados, provando que não passam de mera aparência ou ocultam uma outra relação jurídica de natureza diversa, escamoteando a ocorrência do fato gerador, há de se valer da prova indireta, de indícios, que hão de ser graves, precisos, concordantes entre si, resultantes de uma forte probabilidade e indutores de ligação direta do fato desconhecido com o fato conhecido. Fl. 5640DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 12 21 Em resumo, não vejo nos autos nenhum indício de ato simulado praticado pela Recorrente Savixx, posto que as irregularidades apontadas pela fiscalização, que poderiam configurar a famigerada "simulação", não restaram comprovadas. O mesmo não se diga aos atos praticados pelas Recorrentes Felix e Cararra, estes sim eivados de irregularidades passíveis de penalidades, conforme devidamente comprovado nos autos. III.2.b Abusividade da Multa Aplicada arguida pela Recorrente Felix Sustenta a Recorrente que a multa aplicada pelo fisco não deve prevalecer, já que não é razoável, nem proporcional, revelandose flagrantemente confiscatória, conforme previsto no artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal. Ao contrário do que explicitou a Recorrente, a multa aplicada não é confiscatória, pois o valor aplicado foi o valor estabelecido pelo legislador no seu trabalho de competência constitucional. Além disso, a relação entre a infração e a punição, bem como a observação aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade por certo foram levados em consideração pelo legislador quando do processo legislativo de discussão do projeto de lei, só cabendo ao fisco aplicar a legislação existente, vigente e válida. No mais, por estar devidamente fundamentada as exigências, não cabe a este órgão administrativo perquirir de sua constitucionalidade, dado este controle não ser da alçada dos órgãos administrativos, mas sim, exclusivamente, do Poder Judiciário, a teor da previsão contida no artigo 102, incisos I e II, "b" e §1º, da Constituição Federal. Corroborando esse posicionamento, a Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, fez constar o artigo 62, o qual dispõe "Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade" . Por fim, a matéria já está sumulada no âmbito deste Tribunal Administrativo: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. VI. Conclusão Diante do exposto, voto por afastar as preliminares de nulidade e, no mérito, dou provimento ao Recurso Voluntário interposto pela Recorrente Savixx e nego provimento aos Recursos Voluntários interpostos pelas Recorrentes Felix e Carrara Materiais de Construção Ltda. É como voto. Walker Araujo Relator Fl. 5641DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 22 Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Em relação ao bem fundamento voto proferido pelo i. Relator, com a devida vênia, ousase discordar apenas em relação ao ponto da lide, apreciado no seu brilhante e bem fundamento voto, relativo à legitimidade passiva da solidária SAVIXX. Em apertada síntese, a premissa apresentada pelo nobre Relator para afastar a citada pessoa jurídica do polo passivo da presente autuação fora baseada na alegação de não havia, no relatório fiscal, nenhum indício de irregularidade praticado pela recorrente SAVIXX capaz de lhe imputar qualquer responsabilidade pela infração por interposição fraudulenta apurada neste processo, haja vista que todos os fatos apurados pela fiscalização retratavam que o ato negocial tido por fraudulento fora realizado única e exclusivamente pelas demais empresas envolvidas na importação. Por sua vez, a recorrente SAVIXX alegou que era parte passiva ilegítima, porque não havia prova de que praticara qualquer conduta, comissiva ou omissiva, que pudesse ensejar a sua inclusão no polo passivo da autuação, sequer como sujeito passivo solidário, na medida em que não houve, no caso concreto, de sua parte, “(i) nenhum negócio jurídico simulado; (ii) supressão no pagamento de qualquer tributo; e (iii) qualquer ganho ou vantagem ilícita com as operações investigadas e autuadas”. Diferentemente do i. Relator, para este Conselheiro os argumentos apresentados pela recorrente não foram suficientes para infirmar os fatos, comprovados nos autos, de que ela tinha conhecimento e, na condição de importadora ostensiva, colaborara para a consumação da prática da infração por interposição fraudulenta objeto da autuação em questão. Para se chegar a essa conclusão, é pertinente esclarecer que, no plano abstrato, sob o aspecto subjetivo, a tipificação da interposição fraudulenta na operação de importação inclui a prática de várias condutas e a necessária participação, comprovada ou presumida, de mais de uma pessoa, que de forma, omissiva ou comissiva, concorrem para a a configuração da referida infração. Portanto, tratase de infração de natureza complexa. Especificamente no âmbito da operação de importação por encomenda, o cometimento da referida infração exige, no mínimo, a participação da importadora contratada, da encomendante aparente e da real encomendante/adquirente das mercadorias. Essa tríade de pessoas, mediante simulação e cada uma a seu modo, de forma comissiva ou omissiva, concorrem para a prática da interposição fraudulenta ocorrida no âmbito da referida modalidade de importação indireta. Dada essa característica, no plano pragmático, a participação de cada uma das citadas pessoas revelase imprescindível para a materialização da conduta infratora em comento, a saber: a importadora aparente por realizar a operação de importação por encomenda simulada, a encomendante aparente por cumprir a função de interposta pessoa e a real encomendante/adquirente por fornecer os recursos financeiros necessários a compra da mercadoria importada. Nesse contexto, a real encomendante/adquirente, com a aquiescência da importadora, transfere e concentra todo o passivo tributário, decorrente da operação subsequente ocorrida no mercado interno, na encomendante aparente interposta, por se tratar de pessoa jurídica, geralmente, inexistente de fato e sem capacidade econômicofinanceira, com Fl. 5642DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 13 23 quadro societário inidôneo, formado por “testas de ferro” ou “laranjas”. Por meio desse procedimento fraudulento, os ganhos financeiros provenientes do não pagamento dos tributos devidos na operação regular de importação, induvidosamente, acabam sendo apropriados pela importadora e pela real encomendante/adquirente das mercadorias, as reais beneficiárias da fraude cometida. Assim, uma vez demonstrada a simulação, com o evidente intuito de ocultar a real encomendante, a operação de venda e compra simulada entre a importadora e encomendante interposta deve ser desconsiderada e mantida a real operação de venda e compra entre a importadora e a real encomendante, conforme preceitua o art. 167 do Código Civil, a seguir transcrito: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. § 2º Ressalvamse os direitos de terceiros de boafé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. (grifos não originais) Nesse contexto, em que a importadora e a real encomendante concorrem para a prática da infração e dela se beneficiam, independentemente, da intenção e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato infracional, conjunta ou isoladamente, as duas devem responder pela prática da infração, por força do que determina o art. 95, I, combinado com o disposto no art. 94, § 2º, ambos do Decretolei 37/1966, a seguir transcritos: Art. 94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. [...] § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...]. (grifos não originais). Fl. 5643DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 24 Assim, ainda que a recorrente SAVIXX não tenha realizado, direta e exclusivamente, o negócio jurídico simulado, suprimido o pagamento de qualquer tributo e obtido qualquer ganho ou vantagem ilícita, na condição de importadora, certamente, ela concorreu para a prática da infração por interposição fraudulenta em apreço e dela se beneficiou, haja vista que não só auferira os ganhos financeiros normais decorrentes da atividade de importação por encomenda, como também obtivera expressivos ganhos financeiros provenientes do incentivo fiscal gerido pelo Fundo para o Desenvolvimento das Atividades Portuárias (FUNDAP). E esse fato incontroverso contraria a alegação da recorrente de que não obtivera nenhuma vantagem e nenhum tipo de ganho com as citadas operações de importação. Também não procede a alegação da recorrente SAVIXX de que não tinha conhecimento do esquema de interposição fraudulenta em referência, pois, ao contrário do alegado, as mensagens eletrônicas (emails) sobre faturas próforma, ordem de compra e demais procedimentos prévios de importação das mercadorias, efetivamente, trocadas entre o Sr. Ricardo Torres de Oliveira, funcionário da “Rede de Lojas AMOEDO”, que atuava na área de importação do grupo, e os prepostos da recorrente SAVIXX, reproduzidas na descrição dos fatos integrante do auto de infração, revelam que os representantes da SAVIXX, induvidosamente, sabiam que as reais encomendantes e adquirentes das mercadorias por elas importadas eram as pessoas jurídicas integrantes do grupo de “Rede de Lojas AMOEDO”, as quais, por meio da interposta e recorrente FELIX, forneciam os recursos financeiros necessários e suficientes para o pagamento dos custos e despesas devidas nas correspondentes operações de importação. No mesmo sentido, em outras mensagens, parcialmente reproduzidas no corpo do auto de infração, o preposto da recorrente SAVIXX justifica a necessidade de pagar taxas de sobreestadia de contêineres e solicita autorização ao Sr. Ricardo Torres de Oliveira para realizar o pagamento. O teor das referidas mensagens revela, de forma convergente, que era o citado funcionário do grupo de “Rede de Lojas AMOEDO”, responsável pela área de importação, quem negociava diretamente com os exportadores estrangeiros, incluindo as encomendas perante os exportadores/fornecedores estrangeiros, os preços das mercadorias etc., sem qualquer interferência da recorrente FELIX, até porque esta era apenas uma empresa fachada, utilizada para acobertar a respectiva pessoa jurídica integrante do grupo de “Rede de Lojas AMOEDO”, conforme fartamente demonstrados nos autos. Com o objetivo de comprovar que desconhecia a referenciada interposição fraudulenta, na resposta à intimação da autoridade fiscal, com data de 17/5/2012, a recorrente confirmou que as negociações internacionais das mercadorias importadas foram acompanhadas pelo Sr. Ricardo Torres Oliveira, que entendia ser funcionário da recorrente FELIX, sem contudo apresentar elemento de prova adequada que corroborasse essa última informação. Ainda na tentativa de demonstrar que desconhecia que a recorrente FELIX não era a real encomendante, a recorrente SAVIXX apresentou à fiscalização contratos de garantia para as operações de importação, sob a forma de fiança bancária, emitida pelo Unibanco e Banco Itaú, em favor da SAVIXX, no valor de R$ 2.000.000,00, que alegara terem sido prestadas pela recorrente FELIX. No entanto, após a realização de diligência, a fiscalização obteve documentos, devidamente registrados em cartórios, que demonstravam que as citadas garantias, de fato, não forma prestadas pela recorrente FELIX, mas prestadas e suportadas pelas empresas do grupo de “Lojas da Rede AMOEDO”, conforme se infere das certidões extraídas da descrição dos fatos, que seguem transcritas: Fl. 5644DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 14 25 Certidão emitida pelo 3º Ofício de Registro de Títulos e Documentos (OFÍCIO CARTÓRIO 3 RTD 204 2012) apresentou o seguinte documento: I) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE GARANTIA FIDEJUSSÓRIA nº 0101059740001, entre o UNIBANCO e a FELIX, assinado em 15/05/2009. Conforme o número do contrato e do campo “CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO”, se trata da fiança no valor de R$ 2.000.000,00 prestada para a SAVIXX. A título de garantia, foram anexados ao contrato três TERMOS DE CESSÃO FIDUCIÁRIA DE DEBÊNTURES em favor do UNIBANCO, pelas seguintes CEDENTES/PRESTADORAS DAS GARANTIAS e respectivos valores: a) PIASTRELLA MAT DE CONSTR LTDA, CNPJ nº 02.069.769/000191, 35% da operação, R$ 700.001,55; b) ROSSIO 14 MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA, CNPJ nº 09.218.915/000142, 35% da operação, R$ 700.001,55; c) POSTO NOVE MAT DE CONSTR LTDA, CNPJ nº 02.117.717/000143, 12% e 20% da operação, respectivamente R$ 249.443,94 e R$ 400.016,22. Certidões emitidas pelo 6º Registro de Títulos e Documentos (CERTIDÕES 6º OFÍCIO) apresentaram os seguintes documentos: II) TERMO DE CONSTITUIÇÃO DE GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, entre o BANCO ITAÚ e a FELIX, registrado em 14/06/2010, tendo como garantidora a empresa POSTO NOVE MAT DE CONSTR LTDA, CNPJ nº 02.117.717/000143. Conforme os dados da operação garantida, se trata da fiança no valor de R$ 2.000.000,00. Os ativos dados em garantia (item 2.3.1) foram “direitos sobre operações compromissadas com o Itaubanco”, no valor de R$ 487.145,50, vinculadas a conta nº 015795, agência 8851, que não é conta da Felix, logo, a garantia foi cedida pela POSTO NOVE, conforme se depreende do item 3 do termo; III) TERMO DE CONSTITUIÇÃO DE GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, entre o BANCO ITAÚ e a FELIX, registrado em 14/06/2010, tendo como garantidora a empresa PIASTRELLA MAT DE CONSTR LTDA, CNPJ nº 02.069.769/000191. Conforme os dados da operação garantida, tratase da fiança no valor de R$ 2.000.000,00. Os ativos dados em garantia (item 2.3.1) foram “direitos sobre operações compromissadas com o Itaubanco”, no valor de R$ 852.471,95, vinculadas a conta nº 015654, agência 8851, que não é conta da Felix, logo, a garantia foi cedida pela PIASTRELLA, conforme se depreende do item 3 do termo. Fl. 5645DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 26 Certidão emitida pelo 4º Registro de Títulos e Documentos (OFÍCIO CARTÓRIO 177 2012 4º RTD) apresentou o seguinte documento: IV) TERMO DE CONSTITUIÇÃO DE GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, entre o BANCO ITAÚ e a FELIX, registrado em 14/06/2010, tendo como garantidor a empresa BOTTINO MT DE CONSTRUÇÃO LTDA, CNPJ nº 05.879.152/000120. Conforme os dados da operação garantida, tratase da fiança no valor de R$ 2.000.000,00. Os ativos dados em garantia (item 2.3.1) foram “direitos sobre operações compromissadas com o Itaubanco”, no valor de R$ 826.128,79, vinculadas a conta nº 015704, agência 8851, que não é conta da Felix, logo, a garantia foi cedida pela BOTTINO, conforme se depreende do item 3 do termo. (grifos em negrito e sublinhados não originais). O teor dos textos transcritos revela que a garantia das referidas fianças foram, efetivamente, prestadas pelas pessoas jurídicas integrantes do grupo de “Lojas da Rede AMOEDO”. Assim, por não ser a real garantidora das referidas fianças, a presença da recorrente FELIX nos referidos contratos de garantia revestese de caráter meramente figurativo, com o único propósito de encobrir a participação das pessoas jurídicas reais encomendantes e adquirentes das mercadorias importadas. Além disso, os referidos contratos revelam mais uma operação simulada engendrada pela recorrente SAVIXX e pelas reais encomendantes, com vistas a dissimular e a ocultar a efetiva participação destas últimas nas correspondentes operações. No caso, como a recorrente FELIX era, comprovadamente, uma empresa inexistente de fato, sem patrimônio e com quadro societário constituído por sócios “laranjas”, fica evidenciado que a finalidade das referidas garantias fora uma forma da importadora SAVIXX de se garantir de um eventual inadimplemento da encomendante interposta. Portanto, diferentemente do alegado, tais contratos representam um indício, convergente com os demais anteriormente mencionados, no sentido de que a recorrente SAVIXX sabia sim que a recorrente FELIX não existia de fato e estava sendo utilizada como pessoa interposta, com o evidente propósito de ocultar as reais encomendantes e adquirentes das mercadorias importadas e, com esse procedimento, fraudar o pagamento dos tributos devidos nas operações de compra e venda no mercado interno realizadas entre importador e real encomendante. O teor das referidas mensagens e dos referidos contratos de garantia, conjugado ao fato de que, após o desembaraço aduaneiro, as mercadorias importadas eram remetidas diretamente do recinto alfandegado para o estabelecimentos das reais encomendantes, de forma congruente, revelam que a recorrente SAVIX não só tinha pleno conhecimento do esquema fraudulento, como dele participara direta e efetivamente, na condição de importadora, e que fora uma das pessoas beneficiárias com os resultados financeiros advindos das correspondentes operações de importação fraudulentas. Essas constatações também demonstram a improcedência da alegação da recorrente de que não lhe era possível saber se os recursos utilizados pela recorrente FELIX eram provenientes das empresas do grupo de “Lojas da Rede AMOEDO”, o que somente fora possível após análise dos documentos protegidos por sigilo bancário, os quais a recorrente não poderia exigir que lhe fossem apresentados. Também não tem qualquer relevância para o deslinde da controvérsia, a alegação da recorrente de que não se beneficiara com a quebra da cadeia do IPI, porque, a Fl. 5646DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO Processo nº 12466.722058/201342 Acórdão n.º 3302003.363 S3C3T2 Fl. 15 27 presente autuação não trata da cobrança do referido imposto, mas, exclusivamente, da aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas. A recorrente SAVIXX alegou ainda que, ao enquadrar as condutas supostamente praticadas pela empresas autuadas no art. 23, V, §§ 1º e 3º, do Decretolei 1.455/1976, a fiscalização cometera grave erro na capitulação legal, sob argumento de que a referida penalidade deveria ser aplicada somente na pessoa jurídica encomendante oculta integrante do grupo de “Lojas da Rede AMOEDO”, no caso, a recorrente CARARRA, e não na importadora. Assim, caso este Colegiado entendesse que ela havia participado do suposto esquema fraudulento, o que admitia apenas por amor à argumentação, a penalidade que lhe deveria ser imposta seria a multa de 10% (dez) por cento sobre o valor da operação acobertada, prevista no art. 33 da Lei 11.488/2007, a seguir transcrito: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Sem razão a recorrente. Da simples leitura do texto transcrito, inferese que a referida multa de 10% (dez por cento) destinase a sancionar a conduta da pessoa jurídica que apenas cede o nome, com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários das operações de comércio exterior. Portanto, dada essa característica, a referida multa somente se aplica se configurada a interposição fraudulenta comprovada na importação por conta e ordem, que se materializa mediante a comprovação da interposição do adquirente (ou mandante aparente) e a identificação do real adquirente da mercadoria, intencionalmente ocultado do conhecimento das autoridades aduaneiras e tributárias. Nessa modalidade de interposição fraudulenta comprovada, como a operação de importação é realizada por conta do mandante interposto (ou adquirente aparente), o importador assume a condição de mero cedente do nome. E dada a condição de não ser o proprietário da mercadoria em nenhuma fase da operação de importação, nem de fato ou de direito, o importador responde apenas pela multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, nos termos do caput art. 33 da Lei 11.488/2007, enquanto que o adquirente interposto (ou mandante aparente) e o adquirente oculto (ou real adquirente), por força do disposto no art. 95, I e V, do Decretolei 37/1966, em regime de coautoria, respondem pela pena de perdimento da mercadoria ou pela multa substitutiva equivalente ao valor da mercadoria, prevista no art. 23, V e §§ 1º e 3º, do Decretolei 1.455/1976. Na presente autuação, induvidosamente, não foi o que ocorreu com a recorrente SAVIXX. A descrição dos fatos que integra o questionado auto de infração revela que foi a recorrente quem realizou as correspondentes operações de importação com recursos próprios, o que, obviamente, infirma a conduta infracional consistente na mera cessão do nome. Neste caso, ela foi a proprietária da mercadoria até se consumada a tradição da mercadoria a operação de compra e venda realizada no mercado interno. Fl. 5647DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO 28 Nos autos ficou demonstrado, que a interposição fraudulenta ocorreu no âmbito da operação de aquisição no mercado interno, de sorte que a interposta pessoa, a recorrente FELIX, ocupou fraudulentamente o lugar da real encomendante e adquirente das mercadorias integrante do citado grupo econômico. Portanto, tratase de interposição fraudulenta comprovada no âmbito da operação de importação por encomenda, em que o importador atuou como o real importador/proprietário da mercadoria importada e não como mero cedente do nome. No caso, tratase de interposição fraudulenta comprovada na importação por encomenda, em que quem cedera o nome não foi a pessoa jurídica importadora, mas a encomendante interposta, com vistas ao acobertamento da pessoa jurídica real encomendante das mercadorias importadas, o que se materializa mediante a simulação de uma operação de compra e venda no mercado interno celebrada entre a encomendante aparente (ou formal) e a encomendante oculta (ou real) apenas para ocultar a participação da real responsável pela operação de importação. Ressaltase, novamente, que a conduta motivadora da autuação da recorrente SAVIXX foi o fato de ela ter concorrido e se beneficiado da infração, conforme anteriormente demonstrado. Por todo o exposto, votase pela manutenção da recorrente SAVIXX no polo passivo da autuação, conforme determinado no questionado auto de infração. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 5648DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/10/2016 por JO SE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado dig italmente em 13/10/2016 por WALKER ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 13819.721012/2013-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
GLOSA DE DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
Exigido pela autoridade fiscal documentos que comprovem a efetividade da realização de despesas médicas indicadas pelo contribuinte em sua declaração e ajuste anual, ante a ausência de apresentação de quaisquer documentos, devem ser mantidas a glosas realizadas.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.246
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negar-lhe provimento. Os conselheiros Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira acompanharam o relator pelas conclusões.
André Luís Marsico Lombardi - Presidente
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: André Luís Marsico Lombardi, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Exigido pela autoridade fiscal documentos que comprovem a efetividade da realização de despesas médicas indicadas pelo contribuinte em sua declaração e ajuste anual, ante a ausência de apresentação de quaisquer documentos, devem ser mantidas a glosas realizadas. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 72 10 12 /2 01 3- 21 Fl. 114DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. Os conselheiros Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira acompanharam o relator pelas conclusões. André Luís Marsico Lombardi Presidente Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: André Luís Marsico Lombardi, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e Rayd Santana Ferreira. Fl. 115DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 13819.721012/201321 Acórdão n.º 2401004.246 S2C4T1 Fl. 115 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº. 1533.496 (fls. 78/83), proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (DRJ/SDR), que julgou parcialmente procedente a impugnação (fls. 02/06) do contribuinte, conforme ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Exercício: 2011 DEDUÇÃO NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE. Todas as deduções pleiteadas na declaração de ajuste estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. O restabelecimento só será possível quando comprovada documentalmente a dedução glosada. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A Notificação de Lançamento nº. 2011/718012007548388 de fls. 09/16 exigiu do contribuinte o recolhimento do crédito tributário no valor de R$ 5.712,16, a título de imposto suplementar, acrescido de multa de mora e juros, decorrente da glosa de despesas com pensão alimentícia e médicas declaradas pelo contribuinte em sua Declaração de Ajuste Anual. Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 11) a fiscalização informa a glosa de R$ 940,65, correspondente à Dedução Indevida de Previdêcia Privada e Fapi, nos seguintes termos: Glosa do valor de R$ 940,65, indevidamente deduzido a título de contribuição à Previdência Privada e Fabi, por falta de comprovação, ou cujo ônus não tenha sido do contribuinte, ou cujo benefício não tenha sido deste ou de seus dependentes, ou ainda em virtude de adequação do valor da dedução declarada ao limite percentual de 12% dos rendimentos considerados, após alterações, na determinação da base de cálculo do imposto devido na declaração de rendimentos. Glosa parcial de despesa com Previdência Privada em razão do contribuinte ter comprovado o valor de R$ 3.780,00. Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 12) a fiscalização informa a glosa de R$ 2.830,84, correspondente à Dedução Indevida com Despesa de Instrução, nos seguintes termos: Glosa do valor de R$ 2.830,84, indevidamente deduzido a título de Despesas com Instrução, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução. Fl. 116DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 4 Glosa de despesa com instrução em razão do contribuinte não ter comprovado o valor declarado em sua DIRPF. Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 13) a fiscalização informa a glosa de R$ 17.000,00, correspondente à Dedução Indevida de Despesas Médicas, nos seguintes termos: Glosa no valor de R$ 17.000,00, indevidamente deduzido a título de Despesas Médicas, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução, conforme abaixo discriminado. Glosa parcial de despesas médicas em razão do contribuinte, apesar de intimado, não comprovar os efetivos pagamentos dos valores de R$ 12.000,00 e R$ 5.000,00, respectivamente, com WILSON LUIS DE SOUZA ROSA CPF: 140.540.32842 e SUELI CARVALHO NACONECY DE SOUZA CPF: 005.013.37806. Em sede de impugnação (fls. 02/07), o contribuinte trouxe ao presente processo administrativo os seguintes argumentos: a) Que o valor relativo à previdência privada e Fabi referese a pagamento próprio, referente a Brasilprev, CNPJ nº. 27.665.207/000131; b) Quanto ao valor de R$ 2.830,84, deduzido a título de despesas com instrução, o contribuinte afirma que houve erro no lançamento da mencionada despesa com o dependente Rodrigo Gariboti Petit, sendo o valor correto R$ 623,00; c) As despesas com o Dr. Wilson Luiz de Souza Rosa e Dra. Sueli Carvalho N. de Souza referemse a tratamento próprio e de dependente, pagos em espécie, acostando aos autos os recibos desses profissionais referentes aos pagamentos realizados, cópia do seu extrato bancário que atestaria os saques realizados para efetivação dos pagamentos e declarações dos profissionais atestando a prestação dos serviços. Para a DRJ/SDR, a impugnação foi considerada parcialmente procedente, afastando a glosa relativa à dedução de previdência privada, no valor de R$ 940,65. Quanto às glosas relativas às deduções com instrução de dependente, ante o próprio reconhecimento do contribuinte de declaração equivocada do valor, a instância julgadora a quo afastou a glosa o valor efetivamente comprovado pelo contribuinte, no montante de R$ 623,00. Quanto às glosas relativas às deduções de despesas médicas, estas foram mantidas integralmente, sob o fundamento de ausência de cumprimento dos requisitos mínimos de informações constantes nos recibos e, ainda, que o contribuinte não comprovou o efetivo pagamento das despesas. Devidamente intimado do acórdão proferido pela DRJ/SDR em 10/10/2013 (A.R. fl. 86) o contribuinte apresentou o seu recurso voluntário de fls. 88/99 em 11/11/2013, alegando, em síntese: a) Quanto às despesas médicas, as declarações dos profissionais de saúde acerca da efetiva prestação do serviço e o seu recebimento em espécie, bem Fl. 117DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 13819.721012/201321 Acórdão n.º 2401004.246 S2C4T1 Fl. 116 5 como a movimentação bancária do recorrente, fazem prova da prestação dos serviços e a sua disponibilidade de recursos para efetuar os pagamentos àqueles profissionais. Ainda, informa os endereços dos profissionais posto que não constaram nos recibos acostados ao presente processo administrativo fiscal. É o relatório. Fl. 118DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 6 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito A legislação do imposto de renda da pessoa física permite a dedução de despesas médicas do referido imposto, nos termos do art. 8º, II, alínea “a” e § 2º, da Lei nº. 9.250/95, assim disposta: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: (...) II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Como se vê, para que seja conferida validade ao recibo emitido por profissional de saúde, exigese que constem no mesmo, cumulativamente: a) Nome do profissional; b) Endereço; Fl. 119DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 13819.721012/201321 Acórdão n.º 2401004.246 S2C4T1 Fl. 117 7 c) CPF. Assim, analisando os recibos apresentados pelo contribuinte referentes ao pagamento de R$ 12.000,00 ao cirurgiãodentista Wilson Luis de Souza Rosa (fl. 20) e de R$ 5.000 à psicóloga Sueli Carvalho N. de Souza (fl. 22), verifico que: a) No recibo emitido pelo cirurgiãodentista Wilson Luis de Souza Rosa (fl. 20) não consta o seu endereço profissional; b) No recibo emitido pela psicóloga (fl. 22) Sueli Carvalho N. de Souza não consta o seu endereço profissional e consta como pagador o nome de Rodrigo Gariboti Petit. Ainda, o recorrente trouxe ao presente processo administrativo declarações emitidas pelos referidos profissionais prestadores de serviço, onde se verifica: a) A declaração de Wilson Luis S. Rosa (fl. 21) menciona ter recebido de Augusto Fernando Prieto Petit a quantia de R$ 12.000,00 em espécie, sem, novamente, mencionar o seu endereço profissional; b) A declaração de Sueli Carvalho N. de Souza (fl. 23) menciona ter recebido de Rodrigo Gariboti Petit a quantia de R$ 5.000,00 em espécie, sem, novamente, mencionar o seu endereço profissional. E também trouxe aos autos o Extrato Mensal de conta do Banco Bradesco (Conta Corrente 07000510) e Banco Santander (Conta Corrente: 10514670), às fls. 25/69 referente ao ano de 2010, sob o fundamento de que sua movimentação bancária atesta a sua capacidade de arcar com o pagamento das despesas médicas indicadas nos recibos em comento. Importante destacar, mais uma vez, que o fundamento das glosas relativas às despesas médicas (fl. 13/14) se deu ante o fato do contribuinte “apesar de intimado, não comprovar os efetivos pagamentos dos valores de R$ 12.000,00 e R$ 5.000,00”. Trazidas as provas em comento pelo contribuinte, cabe cotejálas com as razões apontadas pelo AFRFB como suficientes para desqualificar os recibos de despesas médicas e glosar as despesas declaradas pelo contribuinte. Nesse contexto, entendo que não restou comprovado o efetivo pagamento das despesas médicas por parte do ora recorrente. Destaco que os extratos bancários trazidos ao presente processo não oferecem qualquer plausibilidade na demonstração de saques em espécie em datas próximas àquelas apontadas nos recibos quando teriam sido realizados os pagamentos. Melhor exemplificando: a) O recibo da psicóloga Sueli Carvalho N. de Souza (fl. 22) menciona o valor de R$ 5.000,00 e é datado de 18/12/2010. Na declaração desta profissional (fl. 23) é mencionado que o pagamento se deu em espécie. Se considerado o pagamento à vista, teríamos que ter um saque no valor minimamente razoável no referido mês ou, talvez, no mês anterior. Ainda Fl. 120DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 8 que esse valor se refira ao montante global do ano de 2010, deveria, então, a profissional de saúde ter emitido recibos para cada um dos pagamentos realizados durante o ano ou ter especificado em sua declaração como se deram os pagamentos, o que não foi feito. Assim, não se verifica ou vislumbra qualquer plausibilidade entre a movimentação financeira do recorrente e os pagamentos (seja à vista, sejam eles mensais no decorrer do ano) supostamente realizados à psicóloga emissora do recibo. b) O recibo do cirurgiãodentista Wilson Luis S. Rosa (fl. 20) é datado de 20/12/2010 e sua declaração (fl. 21) menciona que o valor foi recebido em espécie e os pagamentos se deram entre 20/07 e 20/12. Todavia, do mesmo modo, não há qualquer plausibilidade desses valores terem sido sacados ou movimentados nas contas bancárias do recorrente, sendo inclusive inconsistentes com os saldos de suas contas bancárias nesse período. Assim, ante a ausência de comprovação por parte do recorrente de que efetivamente incorrera nas despesas médicas glosadas pela fiscalização, ainda que intimado para tal, entendo que devem ser mantidas as glosas realizadas em face das despesas médicas declaradas pelo contribuinte e apontadas pela autoridade fiscal como indevidas. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. Carlos Alexandre Tortato. Fl. 121DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI
score : 1.0
Numero do processo: 10480.721571/2013-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3401-000.939
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
Robson José Bayerl Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1849; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.721571/201311 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3401000.939 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 23 de agosto de 2016 Assunto IPI Recorrente COMPANHIA DE BEBIDAS DAS AMÉRICAS AMBEV Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Robson José Bayerl – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Tratase de auto de infração de Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, período de apuração 01/07/2009 a 30/06/2010, decorrente da glosa de créditos indevidos. Relata a fiscalização que as infrações detectadas foram as seguintes: i) revenda de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem adquiridos de terceiros, sem destaque de imposto; ii) aproveitamento de créditos na aquisição de bebidas, sujeitas à tributação na forma da Lei nº 7.798/89, de outro estabelecimento da mesma pessoa jurídica; iii) creditamento pela aquisição de materiais de uso e consumo; iv) apropriação de créditos na transferência de bebidas entre estabelecimentos pertencentes à mesma pessoa jurídica; v) RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .7 21 57 1/ 20 13 -1 1Fl. 7006DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10480.721571/201311 Resolução nº 3401000.939 S3C4T1 Fl. 3 2 tomada de créditos por aquisição isenta de concentrados e material de embalagem oriundos da ZFM; e, vi) utilização indevida de saldos credores de períodos anteriores revertidos em função de lançamento (PA 10480.721144/201081). Em impugnação o contribuinte asseverou que todos os créditos glosados referemse a produtos utilizados no seu processo industrial; que o creditamento pela aquisição de mercadorias sujeitas ao regime monofásico foi objeto de destaque na operação subseqüente, não acarretando qualquer prejuízo ao erário; que parte dos produtos oriundos da ZFM atendem às exigências do arts. 82, III e 175 do RIPI/02 (Decreto nº 4.544/02), mormente o concentrado de bebidas não alcoólicas produzido pela PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda.; que o direito ao crédito pela aquisição de produtos isentos estaria amparado pelo princípio da não cumulatividade, segundo jurisprudência do STF; que a glosa do saldo credor, relativo a período de apuração lançado no PA 10480.721144/201081, não observou a contestação do lançamento em referido processo; e, que revela dupla penalização a imposição de multa isolada sobre o crédito cujo estorno foi determinado pela autoridade administrativa. A DRJ Belém/PA deu parcial para afastar a multa isolada, mediante decisão assim ementada: “AMAZÔNIA OCIDENTAL. CRÉDITO. Por expressa disposição legal, estão isentos do IPI os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos localizados na Amazônia Ocidental com projeto aprovado pela Suframa. CRÉDITO. INSUMOS. Somente geram direito ao crédito do imposto os materiais que se enquadrem no conceito jurídico de insumo, ou seja, aqueles que se desgastem ou sejam consumidos mediante contato físico direto com o produto em fabricação. CRÉDITO. MONOFÁSICO. A aquisição de produtos acabados sujeitos ao regime monofásico está fora das hipóteses geradoras de crédito do IPI. CRÉDITO. GLOSA. ATO ADMINISTRATIVO DEFINITIVO. Os atos administrativos são sempre definitivos podendo, em momento posterior, serem revistos parcialmente, anulados ou declarados nulos por outro ato competente para tal. Assim, caberá o estorno de crédito glosado, ainda que pendente de recurso administrativo.” O recurso voluntário, com alguma variação, reprisou os fundamentos da defesa inaugural. Em 24/02/2015, por intermédio da Resolução nº 3402000.322, a 2ª Turma Ordinária/2ª Câmara/3ª SEJUL/CARF, diante da vinculação destes autos com o PA 10480.721144/201081, converteu o julgamento em diligência para se aguardar o julgamento definitivo de referido feito. Fl. 7007DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10480.721571/201311 Resolução nº 3401000.939 S3C4T1 Fl. 4 3 A unidade preparadora devolveu o processo, em 10/04/2015, sob alegação que o mesmo encontravase no CARF, aguardando julgamento. Na sessão de 09/12/2015, tendo em vista o desligamento, do CARF, da relatora original, o processo foi a mim redistribuído, por sorteio. É o relatório. Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O recurso é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade. Sem adentrar em debate acerca do equívoco da manifestação de devolução lançada pelo despacho de fl. 6.996, verifico que o colegiado primevo, data maxima venia, vislumbrou tão somente a imbricação deste processo ao PA 10480.721144/201081, sem debruçarse sobre as demais questões postas no recurso voluntário e que poderiam exigir providências específicas e independentes daqueloutro processo, razão pela qual aproveito o ensejo para estender o objeto da diligência. Em que pese concordar com o vínculo entres os processos, decorrente do aproveitamento, nestes autos, de saldos credores remanescentes de períodos lançados naquele e revertidos em função dos resultados da fiscalização, sendo inegável a influência dos efeitos financeiros entre ambos, tenho que a averiguação do cabimento do crédito pela aquisição do concentrado isento produzido pela PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda. não prescinde da realização de diligência, na linha do que proposto naqueles cadernos, hodiernamente sob minha relatoria. É que, segundo o recorrente, indigitado crédito estaria albergado pelos arts. 82, III e 175 do RIPI/02 (Decreto nº 4.544/02), a seguir reproduzidos: “Art. 82. São isentos do imposto: (...) III os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental, cujos projetos tenham sido aprovados pelo Conselho de Administração da SUFRAMA, excetuados o fumo do Capítulo 24 e as bebidas alcoólicas, das posições 22.03 a 22.06 e dos códigos 2208.20.00 a 2208.70.00 e 2208.90.00 (exceto o Ex 01) da TIPI (Decretolei nº 1.435, de 1975, art. 6º, e Decretolei nº 1.593, de 1977, art. 34). (...) Art. 175. Os estabelecimentos industriais poderão creditarse do valor do imposto calculado, como se devido fosse, sobre os produtos adquiridos com a isenção do inciso III do art. 82, desde que para emprego como MP, PI e ME, na industrialização de produtos sujeitos ao imposto (Decretolei nº 1.435, de 1975, art. 6º, § 1º).” Fl. 7008DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10480.721571/201311 Resolução nº 3401000.939 S3C4T1 Fl. 5 4 Como aduzido pelo contribuinte, ora recorrente, o concentrado de bebidas não alcoólicas produzido pela PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda., glosado pela fiscalização, enquadrarseia nas condições acima, como atestaria consulta formulada por esta empresa à SUFRAMA, respeitante ao atendimento dos requisitos previstos no art. 6º do DL 1.435/75 para fruição da isenção ali prevista, juntada por ocasião da impugnação. Por outro lado, como relatado pela autoridade fiscal, durante o procedimento fiscal realizado no âmbito do PA 10480.721144/201081, aludida pessoa jurídica foi intimada a indicar, dentre outros, a base legal da isenção aplicada nas vendas à recorrente (fls. 325/326), tendo informado que seria o art. 69, II do RIPI/02, nada obstante responder que utilizava matériaprima de origem extrativa vegetal (extrato de caramelo), como se verifica da seguinte passagem do relatório de autuação: “Conforme mostra a documentação anexada ao eprocesso, a PEPSICOLA informou que os concentrados Pepsi Cola, Pepsi Cola Light, Pepsi Cola Twist, Pepsi Cola Twist Light. saem da ZFM com a isenção prevista no artigo 69, II. Nenhuma matéria prima agrícola e extrativa vegetal de produção da Amazônia Ocidental é utilizada na sua elaboração. Informou ainda que o corante caramelo utilizado como matériaprima é produzido e fornecido pela empresa D D WILLIAMSON DO BRASIL LTDA, de ManausAM. Esta empresa foi intimada a informar a origem da matériaprima utilizada na elaboração do corante caramelo para bebidas não alcoólicas, manifestandose, em sua resposta, que inexiste matériaprima agrícola ou extrativa vegetal de produção regional na elaboração do referido produto.” (fls. 53/54 – destaques no original) Neste passo, considerando que a consulta formalizouse em abril/2012, denota se uma ambigüidade no posicionamento do fornecedor PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda., pois, à fiscalização, em 2010, respondeu que a isenção estaria respaldada no art. 69, II do RIPI/02, enquanto ao recorrente, que a isenção assentavase no art. 82, III do mesmo regulamento. Do cotejo entre os documentos apensados pela fiscalização, no curso do procedimento fiscal, e dos elementos anexados pelo recorrente, percebese que a situação merece esclarecimentos adicionais, não permitindo, no estado que se encontra o processo e sem prejuízo à ampla defesa, proferir julgamento. Registro, por oportuno, que a adoção das providências a seguir propostas não colidem com a sugestão original de aguardar a decisão administrativa irreformável a ser exarada no PA 10480.721144/201081, servindo a melhor instruílo para julgamento, tendo em conta a existência de matérias independentes, como dito alhures, remetendo ao retorno da diligência o exame da melhor alternativa para sua execução conjugada, em razão da reconhecida comunicação entre os feitos. Com estas considerações, renovo a proposição de conversão do julgamento em diligência para que sejam adotadas as seguintes providências: Fl. 7009DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10480.721571/201311 Resolução nº 3401000.939 S3C4T1 Fl. 6 5 1. Intimar a pessoa jurídica PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda, a partir dos documentos constantes destes autos, a indicar qual a base legal da isenção que acobertou as vendas realizadas ao recorrente, no período lançado; 2. Intimar a Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA a encaminhar cópia do Ofício nº 5637/SPR/CGAPI/COPIN, de 05/07/2012, informando se o entendimento lá firmado, em resposta à consulta formulada pela PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda., foi revisto por outro ato administrativo (neste caso, encaminhar o respectivo documento); 3. Verificar qual resolução, aprovada pelo Conselho de Administração da SUFRAMA, de titularidade da PepsiCola Industrial da Amazônia Ltda., era aplicável por ocasião das saídas à recorrente, glosadas neste processo; 4. Elaborar relatório circunstanciado das verificações realizadas, esclarecimentos, observações e conclusões reputadas necessárias; 5. Cientificar o contribuinte deste relatório e franquearlhe prazo de 30 (trinta) dias para manifestação; Finda da diligência, com ou sem a referida manifestação, devolvamse os autos a este Conselho Administrativo para prosseguimento do julgamento. Robson José Bayerl Fl. 7010DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 06/09/2016 p or ROBSON JOSE BAYERL
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Numero do processo: 19311.000697/2010-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/03/2007 a 31/12/2007
IMPOSTO NÃO RECOLHIDO NEM DECLARADO EM DCTF.
O IPI que deixou de ser recolhido e nem foi declarado em DCTF será lançado de ofício com os acréscimos determinados pela legislação
TAXA SELIC - INCONSTITUCIONALIDADE - INCOMPETÊNCIA DO CARF - SÚMULA Nº 2.
Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.067
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri (Relator), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Marcelo Giovani Vieira (Suplente).
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/03/2007 a 31/12/2007 IMPOSTO NÃO RECOLHIDO NEM DECLARADO EM DCTF. O IPI que deixou de ser recolhido e nem foi declarado em DCTF será lançado de ofício com os acréscimos determinados pela legislação TAXA SELIC - INCONSTITUCIONALIDADE - INCOMPETÊNCIA DO CARF - SÚMULA Nº 2. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri (Relator), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Marcelo Giovani Vieira (Suplente).
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Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/03/2007 a 31/12/2007 IMPOSTO NÃO RECOLHIDO NEM DECLARADO EM DCTF. O IPI que deixou de ser recolhido e nem foi declarado em DCTF será lançado de ofício com os acréscimos determinados pela legislação TAXA SELIC INCONSTITUCIONALIDADE INCOMPETÊNCIA DO CARF SÚMULA Nº 2. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri (Relator), Marcelo Costa Marques AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 00 06 97 /2 01 0- 13 Fl. 204DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 19311.000697/201013 Acórdão n.º 3301003.067 S3C3T1 Fl. 8 2 d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Marcelo Giovani Vieira (Suplente). Relatório Cuidase de Recurso voluntário contra Acórdão 1435.917, 2ª Turma da DRJ/RPO, de 25 de novembro de 2011 que, por unanimidade de votos, julgou procedentes os lançamentos tributários por falta de recolhimento do IPI não declarado em DCTF, conforme os saldos devedores informados na DIPJ, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/03/2007 a 31/12/2007 IMPOSTO NÃO RECOLHIDO NEM DECLARADO EM DCTF. O IPI que deixou de ser recolhido e nem foi declarado em DCTF será lançado de ofício com os acréscimos determinados pela legislação. CRÉDITOS DO IPI. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao interessado o ônus da prova dos fatos constitutivo do direito que pleiteia. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. SELIC. É competência atribuída, em caráter privativo, ao Poder Judiciário pela Constituição Federal, manifestarse sobre a constitucionalidade das leis, cabendo à esfera administrativa zelar pelo seu cumprimento. MULTAS. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicálas nos moldes da legislação que a instituiu. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignado o contribuinte apresentou, em 10/1/2012, Recurso Voluntário, fls. 128 ss, com os seguintes argumentos, em síntese: · Que a decisão ora recorrida não acolheu as razões de defesa apresentada sob fundamento de que somente o poder Judiciário é competente para reconhecer a inconstitucionalidade de norma legal ou ato administrativo. · Não foi exaurida a busca pela verdade material · Não houve fundamentação legal na decisão ora recorrida. · Alega inconstitucionalidade da Taxa Selic. · Alega abusividade da multa aplicada. Por meio da Resolução 3101000.254, de 23 de outubro de 2012, fls. 147 ss, esse colegiado deliberou por converter o julgamento em diligência nos seguintes termos: Fl. 205DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 19311.000697/201013 Acórdão n.º 3301003.067 S3C3T1 Fl. 9 3 Diante disso, converto o julgamento em diligência à repartição de origem a fim de que intime o contribuinte a trazer aos autos cópia do livro de apuração de IPI, a fim de que sejam verificadas as compensações no âmbito da apuração do tributo e da determinação do termo inicial da decadência. Adicionalmente, informe a autoridade lançadora e junte aos autos as DCTF (originais ou retificadoras) referentes aos períodos de apuração objeto do lançamento que se encontram válidas no sistema da Receita Federal. Em atendimento à diligência requerida, foi lavrado o Relatório Fiscal de fls. 199/201, consignando, em síntese: · O saldo devedor do IPI apurado mensalmente na escrita fiscal, em 2007, e informado em DCTF, indevidamente retificada no curso do procedimento fiscal, foi o seguinte: Mês/2007 Saldo devedor Março 15.651,15 Abril 36.284,96 Maio 59.754,24 Junho 37.520,34 Julho 102.282,70 Agosto 113.982,32 Setembro 7.758,14 Outubro 108.389,05 Novembro 81.794,18 Dezembro 92.365,32 Total 655.782,4 · Os valores apresentados como saldo devedor nos meses de março a dezembro de 2007, são os mesmos já verificados e lançados no Auto de Infração objeto do presente processo. · Não houve, por parte do contribuinte, apresentação de demonstrativo dos pretensos créditos sobre exportação conforme alegado na impugnação. · Com base na escrita fiscal apresentada, não houve operações de exportação no período. Fl. 206DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 19311.000697/201013 Acórdão n.º 3301003.067 S3C3T1 Fl. 10 4 O contribuinte foi intimado do resultado da diligência para, se desejar, manifestarse. Não ocorrendo manifestação no prazo regulamentar, retornaram os autos para o colegiado. Em face da renúncia ao mandato do Conselheiro Luiz Roberto Domingo, originariamente designado relator, foime distribuído o presente feito para relatar e pautar. É o relatório, em sua essência. Voto Conselheiro José Henrique Mauri O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. Tratase de lançamento em Auto de Infração por falta de recolhimento do IPI não declarado em DCTF, conforme os saldos devedores informados na DIPJ. Conforme relatado, a recorrente centra sua argumentações em alegações e divagações quanto: · necessidade de ser exaurida a busca pela verdade material. · necessidade de fundamentação legal em todos os atos administrativos. · Inconstitucionalidade da utilização da Taxa Selic. · Abusividade da multa aplicada. De pronto, vislumbrase que o Acórdão recorrido não merece reparo. Embora é pacífico na jurisprudência que o julgador não necessita de manifestarse sobre a totalidade dos argumentos apresentados no recurso, o Acórdão recorrido foi exaustivamente fundamentado, alcançando todos os questionamentos apresentados pelo recorrente, em sua impugnação. Vejamos excertos do Acórdão recorrido que, por si, esclarecem os fatos e demonstram, em parte, os fundamentos do Julgador a quo. Quanto aos elementos probantes: "De plano afasto o pedido de perícia contábil para apurar o suposto crédito presumido que o contribuinte quiçá teria direito, pois a defesa quer inverter o ônus da prova, na medida que nada juntou que provasse, ou pelo menos indicasse, que o estabelecimento possuiria tais créditos, os quais nem mesmo foram Fl. 207DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 19311.000697/201013 Acórdão n.º 3301003.067 S3C3T1 Fl. 11 5 escriturados ou declarados anteriormente, além do pedido estar em total desacordo com o disposto no art. o disposto no inciso IV do art. 16., do retrocitado Decreto." [...] "Ora, na esfera cível, no que tange ao autor da ação, as provas devem ser indicadas na exordial e apresentadas na audiência de instrução, sendo que o réu também deve indicar as suas provas na contestação para produção na audiência; na seara tributária, conquanto, todas as contraprovas devem ser carreadas aos autos no bojo da peça impugnatória." [...] Destarte, o momento processual propício para a defesa cabal da contribuinte é o da apresentação da peça impugnatória, sendo que meras alegações não se contrapõem ao provado pela fiscalização na própria escrituração do contribuinte, nem pedidos de diligência que se configuram como óbvia inversão do ônus da prova podem ser admitidos. Quanto à constitucionalidade: Outrossim, é preciso delimitar a competência do julgador administrativo, ressaltando o caráter vinculado da atividade fiscal. Não lhe cabe questionar a legalidade ou constitucionalidade do comando legal. A análise de teses contra a constitucionalidade de leis é privativa do Poder Judiciário. Nesse sentido é vasta a jurisprudência dos colegiados administrativos, consoante se pode observar das ementas infratranscritas: [...] Nesse contexto, a autoridade administrativa, por força de sua vinculação ao texto da norma legal, e ao entendimento que a ele dá o Poder Executivo, deve limitarse a aplicála, sem emitir qualquer juízo de valor acerca da sua constitucionalidade ou outros aspectos de sua validade. Essa vinculação somente deixa de prevalecer quando a norma em discussão já tiver sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de controle concentrado, ou no difuso, neste caso a partir do momento e na hipótese de produzir efeitos “erga omnes” (na ocorrência de qualquer das situações previstas no ordenamento. Quanto aos juros de mora: "O raciocínio trazido aos autos pelo impugnante apenas corrobora a validade das normas que instituíram o encargo, tendo em vista que a condição sine qua non para a exigência dos juros é a mora do contribuinte. Se o imposto ora exigido tivesse sido pago no vencimento legal, inexistiria a mora e, conseqüentemente, inexistiriam os juros de mora." Quanto à ilegalidade da Taxa Selic Fl. 208DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 19311.000697/201013 Acórdão n.º 3301003.067 S3C3T1 Fl. 12 6 "Portanto a Lei nº 9.065, de 1995, não violou o CTN, art. 110, pois em momento algum alterou a natureza jurídica de um instituto de direito privado, uma vez que não é forma de cálculo que vai definir a natureza da taxa de juros. Quanto ao disposto na Lei n° 5.172, de 1966, art. 161, § 1º, verificase que a redação do dispositivo permite que a lei ordinária disponha de modo diverso em relação ao percentual de 1% ao mês, sem exigir que o novo percentual seja fixado na lei em sentido estrito. Nesse sentido, veio a lume o art. 61, § 3º da Lei nº 9.430/96 que elegeu a taxa Selic para ser aplicada no cálculo dos juros de mora em relação a dívidas tributárias não pagas no vencimento." Quanto a abusividade da multa de ofício: "Relativamente à argüição de inconstitucionalidade da multa de ofício, como já dito, não cabe à autoridade administrativa conhecer essas alegações por absoluta falta de competência, a teor do art. 97 e 102 da CF/88. Os juízos quanto ao princípio do não confisco tributário, que se aplica aos tributos e não às sanções, e da proporcionalidade da reprimenda em relação à falta têm como destinatário imediato o legislador ordinário e não autoridade administrativa. Estando o percentual da multa fixado em lei, cabe à Administração apenas velar pelo seu fiel cumprimento." Conforme visto, fartase de fundamentos, o Acórdão recorrido, não merecendo guaridas as argumentações evasivas trazidas pelo recorrente. Ressaltese que, da Diligência realizada em cumprimento à Resolução 3101000.254, de 23 de outubro de 2012, fls. 147 ss, restou concluso que os valores apresentados como saldo devedor nos meses de março a dezembro de 2007, são os mesmos já verificados e lançados no Auto de Infração objeto do presente processo, não havendo manifestação por parte do recorrente. O silêncio do autuado aponta na concordância com o resultado da diligência. Desnecessárias mais delongas em sua análise. Fundamento, derradeiramente, meu voto aplicando a Súmula Carf nº 2, pela qual não há competência ao Carf para manifestarme quanto a inconstitucionalidade da taxa Selic bem assim da alegada abusividade da multa aplicada. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ademais o Regimento Interno do Carf, art. 62, veda ao conselheiro afastar a aplicação de Lei ou Decreto, conforme tenta impingir o recorrente. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Fl. 209DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 19311.000697/201013 Acórdão n.º 3301003.067 S3C3T1 Fl. 13 7 Dispositivo Ante o todo exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo íntegro o Acórdão recorrido. É como voto. José Henrique Mauri Relator Fl. 210DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Numero do processo: 17437.720179/2011-59
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS RURAIS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. SUB-ROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. LIMITES.
A inconstitucionalidade do artigo 1º, da Lei nº 8.540, de 1992, declarada pelo STF no RE nº 363.852/MG, não se estende à Lei nº 10.256, de 2001.
INCONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Numero da decisão: 9202-005.097
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS RURAIS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. SUBROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. LIMITES. A inconstitucionalidade do artigo 1º, da Lei nº 8.540, de 1992, declarada pelo STF no RE nº 363.852/MG, não se estende à Lei nº 10.256, de 2001. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 43 7. 72 01 79 /2 01 1- 59 Fl. 446DF CARF MF 2 Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Tratase de lançamento de Contribuições Previdenciárias de produtor rural pessoa física, incidentes sobre a aquisição de sua produção rural, incluída a contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho RAT e a contribuições para o Serviço Nacional de aprendizagem Rural – SENAR, incidentes sobre a aquisição de produção rural de produtor rural pessoa física. Em sessão plenária de 12/02/2015, foi dado provimento ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2403002.984 (fls. 403 a 413), assim ementado: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL CONTRIBUIÇÃO DO PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA INCONSTITUCIONALIDADE Considerando que a fundamentação legal para a exação em questão está prevista no art.25, incisos I e II da Lei n 8.212/91 e que esses dispositivos foram reconhecidos como inconstitucional pelo STF no RE 596.177/RS, a responsabilidade da empresa adquirente de produção rural adquirida de pessoa física também desaparece, razão pela qual o Auto de Infração de Obrigação Principal AIOP não poderá prosperar. A contribuição para o SENAR veiculada no AIOP nº 37.361.7631 (parte Terceiros SENAR), embora não tenha sido objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no RE 596.177/RS, não pode ser exigida do subrogado, o caso a Recorrente, como conseqüência lógica da declaração de inconstitucionalidade do art. 25, Lei 8.212/1991, posto ser o fundamento para a constituição da base de cálculo da contribuição ao SENAR, na hipótese dos autos (art. 30, IV, lei 8212/1991 c/c art. 25, Lei 8212/1991). Recurso Voluntário Provido." O processo foi encaminhado à PGFN em 09/04/2015 (Despacho de Encaminhamento de fls. 414) e, em 13/05/2015, foi interposto o Recurso Especial de fls. 415 a 427 (Despacho de Encaminhamento de fls. 428), visando rediscutir a questão da aplicabilidade do artigo 25 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação da Lei nº 10.256, de 2001. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº 2400 128/2015, de 24/06/2015 (fls. 430 a 438). Em seu apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese: Fl. 447DF CARF MF Processo nº 17437.720179/201159 Acórdão n.º 9202005.097 CSRFT2 Fl. 447 3 em primeiro lugar, cabe apontar que o lançamento foi efetuado com lastro na Lei nº 10.256, de 09/07/2001 (DOU de 10/07/2001), conforme aponta as fls. 26 Fundamentos Legais do Débito; feitas essas considerações iniciais, cumpre transcrever o acórdão da Suprema Corte que balizou o entendimento da decisão hostilizada: "RECURSO EXTRAORDINÁRIO PRESSUPOSTO ESPECÍFICO VIOLÊNCIA À CONSTITUIÇÃO ANÁLISE CONCLUSÃO.Porque o Supremo, na análise da violência à Constituição, adota entendimento quanto à matéria de fundo do extraordinário, a conclusão a que chega deságua, conforme sempre sustentou a melhor doutrina José Carlos Barbosa Moreira , em provimento ou desprovimento do recurso, sendo impróprias as nomenclaturas conhecimento e não conhecimento. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS SUBROGAÇÃO LEI Nº 8.212/91 ARTIGO 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 UNICIDADE DE INCIDÊNCIA EXCEÇÕES COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PRECEDENTE INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR. Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária subrogada do adquirente, presente a venda de bovinos por produtores rurais, pessoas naturais, prevista nos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e nº 9.528/97. Aplicação de leis no tempo considerações." (RE 363852, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 03/02/2010, DJe071 DIVULG 22042010 PUBLIC 23042010 EMENT VOL0239804 PP00701 RET v. 13, n. 74, 2010, p. 4169) da análise da ementa do julgado é possível depreender como determinante à conclusão da Corte Constitucional, no que interessa à presente lide, a necessidade de lei complementar para instituição da contribuição, à luz do art. 195, § 4º, da Constituição; nesse contexto, o posicionamento da Corte referiuse ao entendimento de que a exigência de lei complementar decorreria do art. 195, § 4º, da Constituição (na sua redação original, antes do advento da EC nº 20/1998), uma vez que a base econômica sobre a qual incide a contribuição não estaria prevista na Constituição na data de sua instituição pela Lei nº 8.540/92; sendo assim, por se tratar de exercício da competência tributária residual da União, imprescindível a utilização de lei complementar para instituição da contribuição previdenciária; aduziuse que o texto constitucional, até a edição da Emenda Constitucional nº 20 de 1998, não previa a receita como base tributável, existindo tão somente a alusão ao faturamento, lucro e folha de salários no inciso I do art. 195; Fl. 448DF CARF MF 4 portanto, como a Lei nº 8.540/92, alterando o disposto no art. 25 da Lei 8.212/91, fixou a base de cálculo da contribuição como sendo a "receita bruta proveniente da comercialização" da produção rural, teria havido afronta ao texto constitucional, "até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição"; o fundamento jurídico adotado pelo acórdão citado como basilar da decisão ora hostilizada demonstra, às escâncaras, que apenas foi abordada no julgamento a constitucionalidade da redação do art. 25 da Lei nº 8.212/91 conferida pela Lei nº 8.540/92; noutros termos, a Lei nº 8.540, editada em 1992, alterou o artigo 25 da Lei nº 8.212/91; o dispositivo modificou a contribuição devida pelo empregador rural pessoa física, substituindo as contribuições incidentes sobre a folha de pagamento por aquela incidente sobre a comercialização da produção rural; apenas essa lei Lei nº 8.540, de 1992 foi objeto da decisão proferida no RE nº 363.852/MG, fundamento da decisão ora recorrida, tendo decidido o Supremo Tribunal Federal pela sua inconstitucionalidade; ocorre que a Suprema Corte não se pronunciou sobre a atual redação do art. 25 da Lei nº 8.212/91 a qual, hodiernamente, dá suporte para a cobrança da contribuição; portanto, atualmente, a contribuição previdenciária do empregador rural pessoa física é recolhida com base na redação do art. 25 da Lei nº 8.212 conferida pela Lei nº 10.256, de 2001 cuja constitucionalidade não foi apreciada pelo STF; isso porque, nos termos do RE nº 363.852/MG, a superveniência de lei ordinária, posterior à EC nº 20 de 1998, seria suficiente para afastar a pecha de inconstitucionalidade da contribuição previdenciária do empregador rural pessoa física; com a edição da Lei nº 10.256, no ano de 2001, sanouse o referido vício; nesse sentido, acerca do tema há o recente posicionamento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região na Apelação Cível nº 2007.70.03.0049589/PR, que declarou a constitucionalidade dessa norma e, consequentemente, a constitucionalidade da cobrança da contribuição rural após 2001: "TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA EMPREGADOR. LEGITIMIDADE ATIVA. COMPENSAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUMULAS 512 DO STF E 105 DO STJ. 1 A jurisprudência é uníssona no sentido de reconhecer a legitimidade ativa ad causam da empresa adquirente/consumidora/consignatária e da cooperativa para discutir a legalidade da contribuição para o Funrural. 2 O substituto tributário carece de legitimidade para compensar ou repetir o indébito, porquanto o ônus financeiro não é por ele suportado. 3 O STF, ao julgar o RE nº 363.852, declarou inconstitucional as alterações trazidas pelo art. 1º da Lei nº 8.540/92, eis que Fl. 449DF CARF MF Processo nº 17437.720179/201159 Acórdão n.º 9202005.097 CSRFT2 Fl. 448 5 instituíram nova fonte de custeio por meio de lei ordinária, sem observância da obrigatoriedade de lei complementar para tanto. 4 Com o advento da EC nº 20/98, o art. 195, I, da CF/88 passou a ter nova redação, com o acréscimo do vocábulo "receita". 5 Em face do novo permissivo constitucional, o art. 25 da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 10.256/01, ao prever a contribuição do empregador rural pessoa física como incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, não se encontra eivado de inconstitucionalidade." logo, nesse ponto, da subrogação, com a edição de lei posterior à EC nº 20/98 (Lei nº 10.256/2001), que já foi inclusive considerada constitucional perante o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a contribuição sobre a produção dos empregadores rurais pessoas físicas foi retomada; dessa forma, não foi declarada a inconstitucionalidade da subrogação após a edição da lei nova (Lei nº 10.256/2001) a que se referiu o Relator em seu pronunciamento constante do acórdão a que faz referência a decisão hostilizada (RE nº 363.852/MG); como é possível perceber da leitura do citado acórdão proferido pela Suprema Corte, a subrogação em si mesma considerada não foi declarada inconstitucional; o referido dispositivo continua tendo utilidade prática em relação aos tributos recolhidos pelos segurados especiais e dos empregadores rurais depois da edição da Lei nº 10.256/2001, que adequou a técnica de tributação à nova redação constitucional; vejase que, no RE nº 363.852/MG, o Supremo Tribunal não estava processualmente autorizado a analisar a manutenção ou não da vigência das Leis nº 8.540/92 e 9.528/97 sob a égide (após) da Emenda Constitucional nº 20/98, porque o objeto processual analisado no recurso extraordinário era apenas a invalidação das relações jurídicas tributárias inter partes e a declaração apenas incidental de invalidade das normas jurídicas tributárias impugnadas perante o texto originário; a Corte, no referido RE 363.852/MG, também não examinou o art. 25 com a redação dada pelas leis ordinárias posteriores à Emenda Constitucional nº 20/98 porque estas também não integravam o objeto processual delimitado na petição inicial, dentre as quais se insere a Lei nº 10.256/2001, que fundamentou o lançamento; logo, invocado o art. 62, inciso I, do RICARF, era e é nesses precisos limites nos quais deveria gizarse o julgado ora hostilizado; nesse teor, vejase que a Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, já sob a égide do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, já decidiu sobre os estreitos limites do controle de constitucionalidade efetivado na via incidental: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Fl. 450DF CARF MF 6 Período de apuração: 31/12/1999 a 31/01/2000, 31/03/2000 a 31/12/2000,28/02/2001 a 31/03/2001, 31/08/2001 a 30/09/2001, 01/11/2001 a 30/11/2001, 01/10/2002 a 31/10/2002, 31/12/2002 a 30/06/2003, 31/08/2003 a 30/09/2003. REGIME DA CUMULATIVIDADE. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. DECISÃO DO STF. REVOGAÇÃO EXPRESSA DO ART. 3º, § 1º, LEI Nº 9.718/98 PELA LEI Nº 11.941, de 28/05/2009. Não promulgada ainda resolução do Senado Federal estendendo a todos os contribuintes os efeitos de decisão do STF que considerou inconstitucional o alargamento da base de cálculo das contribuições, é de se aplicar a lei ainda em vigor à época da ocorrência dos períodos de apuração, qual seja, de que a base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins é a receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS. SÚMULA Nº 2. O Segundo Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. No caso, alegada a inconstitucionalidade do art. 56 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que revogou a isenção da Cofins das sociedades civis de profissão regulamentada. (...) Recurso Voluntário Provido em Parte." (acórdão nº 340100387, processo administrativo nº 10580.011972/200351). delineado esse contexto, no qual ainda não superada a divergência jurídica na seara judicial, uma vez que a União vem defendendo a possibilidade e a constitucionalidade do instituto da subrogação diante do advento da Lei nº 10.256/2001, mesmo após o RE nº 363.852/MG, o que inclusive já foi acatado por diversos órgãos julgadores do Poder Judiciário, como é o caso do TRF da 4ª Região, não poderia o Colegiado valerse do disposto no art. 62, inciso I, do RICARF; registrese que não se olvida a existência de repercussão geral sobre o tema, Recurso Extraordinário nº 596.177; diante do julgamento realizado em 1º/08/2011, foi noticiada no sítio eletrônico do Supremo Tribunal Federal a seguinte informação: "Segundafeira, 01 de agosto de 2011 Empregador rural pessoa física não precisa recolher contribuição sobre receita bruta Por votação unânime, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve jurisprudência firmada anteriormente e deu provimento, nesta segundafeira (1º), ao Recurso Extraordinário (RE) 596177 para declarar a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei 8.540/92, que determina o recolhimento, para a Previdência Social, da contribuição incidente sobre a Fl. 451DF CARF MF Processo nº 17437.720179/201159 Acórdão n.º 9202005.097 CSRFT2 Fl. 449 7 comercialização da produção rural (antigo Funrural) por empregador rural pessoa física, com alíquota de 2% sobre a receita bruta de sua produção. Na decisão, que seguiu o voto do relator, ministro Ricardo Lewandowski, a Suprema Corte declarou a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei 8.540/92, que deu nova redação a dispositivos da Lei 8.212/91. O Plenário determinou, também, a aplicação desse mesmo entendimento aos demais casos que tratem do mesmo assunto. Com isso, rejeitou pedido da União para que, caso desse provimento ao recurso, modulasse a decisão para que não se aplicasse a todos os casos. O caso O recurso foi interposto pelo produtor rural Adolfo Angelo Marzari Junior contra acórdão (decisão colegiada) do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que, ao negar provimento a apelação em mandado de segurança, entendeu ser constitucional essa contribuição sobre a receita bruta, nos termos do artigo 25 da Lei nº 8.212/91, após alteração promovida pela Lei nº 8.540/92. Ele alegou ofensa aos artigos 195, parágrafo 4º, e 154, inciso I, da Constituição Federal. Em síntese, argumentou que tal recolhimento significaria desrespeito ao princípio constitucional da igualdade, pois, além de contribuir para a Previdência sobre a folha de seus empregados como as pessoas jurídicas , ainda teria que recolher a contribuição sobre a receita bruta de sua produção, exigência essa que não é feita a nenhum outro segmento. Além disso, como se trata de uma nova base de contribuição, o recorrente sustentou que essa somente poderia ser instituída por lei complementar, e não por lei ordinária, como é o caso da norma contestada e por diversas outras que a validaram posteriormente, até a Lei 10.256/2001. Repercussão geral O RE foi protocolado no STF em dezembro de 2008 e, em setembro de 2009, o Plenário Virtual da Suprema Corte reconheceu a existência de repercussão geral* na questão constitucional nele suscitada. Em junho de 2010, o relator, ministro Ricardo Lewandowski, concedeu liminar, dando efeito suspensivo ao recurso, até julgamento de seu mérito. Com isso, nesse período, o autor do RE já ficou dispensado do recolhimento do tributo. Na decisão de hoje, o Plenário se apoiou em sua decisão de 3 de fevereiro do ano passado, quando, no julgamento do Recurso Extraordinário 363852, relatado pelo ministro Marco Aurélio, declarou a inconstitucionalidade do mesmo dispositivo. Fl. 452DF CARF MF 8 A ProcuradoriaGeral da República manifestouse pelo provimento do recurso." como se vê, nada a agasalhar o entendimento ventilado na decisão recorrida que estribou seu posicionamento no art. 62, inciso I, do RICARF e não utilizou o entendimento ventilado no acórdão proferido pelo STF no RE nº 363.852/MG como mero subsídio; assim, ainda que se valendo do disposto no art. 62A do RICARF, o CARF deve aterse aos estritos limites objetivos da demanda, não sendo lícito fazer ilações para, mediante interpretação extensiva, alcançar situações não previstas, não alijadas pela pecha de inconstitucionalidade e assim declaradas pelo Poder incumbido pela Constituição Federal de tal mister; tal situação se revela ainda de maior gravidade quando se constata que a decisão utilizada como parâmetro de referência foi tomada em controle incidental de constitucionalidade, com efeitos inter partes, portanto, antes da edição de Resolução pelo Senado Federal; logo, por todas as razões acima expostas, impõese a reforma do aresto, de forma a restabelecer a decisão de primeira instância, mantendose o lançamento em sua integralidade. Ao final, a Fazenda Nacional pede o conhecimento e o provimento de sue recurso. Cientificada do acórdão, do Recurso Especial e do despacho que lhe deu seguimento, a Contribuinte quedouse silente (fls. 440 a 445). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Não foram oferecidas Contrarrazões. Tratase de lançamento de Contribuições Previdenciárias de produtor rural pessoa física, incidentes sobre a aquisição de sua produção rural, incluída a contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho RAT e a contribuições para o Serviço Nacional de aprendizagem Rural – SENAR, incidentes sobre a aquisição de produção rural de produtor rural pessoa física. Os valores são referentes ao período de 01/2007 a 12/2008, portanto exigidos já sob a égide da Lei nº 10.256, de 2001, sobre a qual até o momento não paira qualquer restrição acerca de sua constitucionalidade. A Fazenda Nacional visa rediscutir a questão da aplicabilidade do artigo 25 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação da Lei nº 10.256, de 2001. Fl. 453DF CARF MF Processo nº 17437.720179/201159 Acórdão n.º 9202005.097 CSRFT2 Fl. 450 9 Destarte, tendo em vista que esta foi a única matéria do acórdão recorrido e do Recurso Especial, não há como sequer discutirse a suposta inconstitucionalidade da Lei nº 10.256, de 2001, em face de determinação expressa da Súmula CARF nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ainda que se pudesse discutir a constitucionalidade de dispositivo legal vigente e não declarado inconstitucional pelo STF o que se admite apenas para argumentar a decisão no RE nº 363.852/MG não deixa dúvidas acerca da impossibilidade de estenderse à Lei nº 10.256, de 2001, editada após a Emenda Constitucional nº 20/98, a inconstitucionalidade declarada em relação ao art. 1º da Lei nº 8.540, de 1992, como se naquela assentada o Excelso Pretório tivesse condenado o instituto da substituição tributária da contribuição previdenciária do produtor agrícola de forma ampla, estendendo seus efeitos a legislação superveniente, editada após a Emenda Constitucional nº 20/98. Esclareçase que no Recurso Extraordinário nº 363.852/MG, discutiuse a constitucionalidade da contribuição exigida com base no art. 25 da Lei n° 8.212, de 1991, com a redação dada pelas Leis nºs 8.540, de 1992, e 9.528, de 1997, incidente sobre o valor da comercialização da produção rural, apenas quanto à sua extensão ao empregador rural pessoa física. Nesse passo, decidiuse que tal inovação não encontrava respaldo na Carta Magna, até a Emenda Constitucional 20/98. Referido precedente foi adotado em regime de repercussão geral, por meio do julgamento do Recurso Extraordinário nº 596.177/RS (art. 543B do Código de Processo Civil), cuja ementa a seguir se transcreve: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. ART. 25 DA LEI 8.212/1991, NA REDAÇÃO DADA PELO ART. 1º DA LEI 8.540/1992. INCONSTITUCIONALIDADE. I Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador. II Necessidade de lei complementar para a instituição de nova fonte de custeio para a seguridade social. III RE conhecido e provido para reconhecer a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 8.540/1992, aplicandose aos casos semelhantes o disposto no art. 543B do CPC. (RE 596177, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2011, REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO, DJe165 de 29082011) Com a entrada em vigor da Lei nº 10.256, de 2001, editada já sob a égide da Emenda Constitucional nº 20/98, passaram a ser devidas as contribuições sociais a cargo do empregador rural pessoa física, às alíquotas de 2% e 0,1%, incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção, nos termos assinalados no art. 25, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela lei superveniente. No presente caso, repitase que o período objeto da autuação encontrase integralmente coberto pela regência da Lei nº 10.256, de 2001, não havendo que se falar em Fl. 454DF CARF MF 10 inconstitucionalidade da exação, já que ela decorre diretamente da nova norma inserida no ordenamento jurídico, e não dos enunciados das Leis nºs 8.540, de 1992 e 9.528, de 1997, declarados inconstitucionais pelo STF. Destarte, a exigência pela sistemática de subrogação, descrita no art. 30, IV, da Lei nº 8212, de 1991, também encontrase devidamente amparada pela legislação, já que o Supremo Tribunal Federal não se pronunciou acerca de eventual vício de inconstitucionalidade a maculála. Confirase o voto do Min. Marco Aurélio: "Ante esses aspectos, conheço e provejo o recurso interposto para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência.” Com efeito, a referência ao termo “subrrogação”, e ao “inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91”, somente teve lugar na conclusão do acórdão, quando o Sr. Min. Relator desobriga os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate. Por fim, ressaltese que a exigência das contribuições do adquirente, consumidor, consignatário ou cooperativa, foi determinada pelo inciso III, do art. 30, da Lei nº 8.212, de 1991, que não foi questionado ou mesmo mencionado na declaração de inconstitucionalidade proferida no RE nº 363.852/MG, permanecendo vigente e eficaz, inclusive em relação ao empregador rural pessoa física, após a publicação da Lei nº 10.256, de 2001, portanto produzindo todos os efeitos jurídicos. Corroborando o entendimento de que a inconstitucionalidade de que se trata não se estendeu à Lei nº 10.256, de 2001, como aventou o acórdão recorrido, colacionase a ementa dos Embargos de Declaração no RE n° 596.177/RS: "Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. FUNDAMENTO NÃO ADMITIDO NO DESLINDE DA CAUSA DEVE SER EXCLUÍDO DA EMENTA DO ACÓRDÃO. IMPOSSIBILIDADE DA ANÁLISE DE MATÉRIA QUE NÃO FOI ADEQUADAMENTE ALEGADA NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO NEM TEVE SUA REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. INEXISTÊNCIA DE OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU OMISSÃO EM DECISÃO QUE CITA EXPRESSAMENTE O DISPOSITIVO LEGAL CONSIDERADO INCONSTITUCIONAL. I Por não ter servido de fundamento para a conclusão do acórdão embargado, excluise da ementa a seguinte assertiva: 'Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador' (fl. 260). II A constitucionalidade da tributação com base na Lei 10.256/2001 não foi analisada nem teve repercussão geral reconhecida. III Inexiste obscuridade, contradição ou omissão em decisão que Fl. 455DF CARF MF Processo nº 17437.720179/201159 Acórdão n.º 9202005.097 CSRFT2 Fl. 451 11 indica expressamente os dispositivos considerados inconstitucionais. IV Embargos parcialmente acolhidos, sem alteração do resultado.' (RE 596.177 ED, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/10/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe‑ 226 DIVULG 14‑ 11‑ 2013 PUBLIC 18‑ 11‑ 2013)" Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, para reformar o acórdão recorrido, restabelecendose a exigência contida na autuação. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 456DF CARF MF
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Numero do processo: 11829.720049/2013-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3401-000.937
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para aguardar o trânsito em julgado da decisão a ser proferida no MS 00011242620144036105, 4ª Vara Federal em Campinas, TRF 3ª Região, vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl e Fenelon Moscoso de Almeida, que negavam provimento, e o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, que defendia a nulidade do segundo acórdão de primeira instância e conhecia de ofício, desde logo, as matérias de ordem pública, registrando que fará declaração de voto. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Dada a alteração de composição do colegiado, fez nova sustentação oral o Dr. Daniel Peixoto, OAB/SP 238.434.
Robson José Bayerl Presidente e Relator
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Redator Designado
Eloy Eros da Silva Nogueira Declaração de voto
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Ausente justificadamente o Conselheiro Augusto Fiel Jorge DOliveira.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 33; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2119; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11829.720049/201398 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3401000.937 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 19 de julho de 2016 Assunto ADUANA CLASSIFICAÇÃO FISCAL Recorrente FIH DO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ELETRÔNICOS Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para aguardar o trânsito em julgado da decisão a ser proferida no MS 00011242620144036105, 4ª Vara Federal em Campinas, TRF 3ª Região, vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl e Fenelon Moscoso de Almeida, que negavam provimento, e o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, que defendia a nulidade do segundo acórdão de primeira instância e conhecia de ofício, desde logo, as matérias de ordem pública, registrando que fará declaração de voto. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Dada a alteração de composição do colegiado, fez nova sustentação oral o Dr. Daniel Peixoto, OAB/SP 238.434. Robson José Bayerl – Presidente e Relator Leonardo Ogassawara de Araújo Branco – Redator Designado Eloy Eros da Silva Nogueira – Declaração de voto Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Ausente justificadamente o Conselheiro Augusto Fiel Jorge D’Oliveira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 18 29 .7 20 04 9/ 20 13 -9 8Fl. 1935DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de lançamento para exigência de Imposto de Importação – II, Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, PIS – Importação, COFINS – Importação e multa administrativa, decorrente de erro de classificação fiscal de telas de LCD do tipo TFT, com reajuste da classificação tarifária 9013.80.10, utilizada pelo contribuinte, para 8517.70.99, indicada pela fiscalização. O auto de infração foi cientificado pessoalmente ao contribuinte, mediante entrega dos arquivos digitais a representante da pessoa jurídica perante a RFB, em 27/12/2013, conforme documento de fls. 1.044 e ss. Em 29/01/2014 o contribuinte, por intermédio de seu representante (despachante aduaneiro), requereu dilação do prazo para interposição da competente impugnação. Às fls. 1.052 e ss. consta instrumento de mandato outorgando amplos poderes ao mandatário em questão, Sr. Zeferino Augusto de Souza, podendo praticar todos os atos que fossem de interesse da outorgante, inclusive ciência de auto de infração (fl. 1.058). À fl. 1.064 foi lançado despacho indeferindo o pleito de prorrogação do prazo recursal, por ausência de previsão legal. Transcorrido in albis o trintídio legal, foi lavrado o competente Termo de Revelia (fl. 1.065) e encaminhado o processo para inscrição em Dívida Ativa (fl. 1.106 e ss.). Às fls. 1.153 e ss. foi acostada cópia de decisão proferida no Agravo de Instrumento 000569097.2014.4.03.0000/SP (2014.03.00.0056907/SP), datada de 03/04/2014, atrelado ao Mandado de Segurança nº 00011242620144036105, 4ª Vara Federal em Campinas, TRF 3ª Região, onde foi deferida em parte a liminar requerida para que o procedimento de cobrança fosse reiniciado desde a origem, com renovação da notificação, por via postal, ao domicílio tributário do sujeito passivo. O mandado de segurança em tela objetivava a sustação do procedimento de cobrança realizado nos PAs 11819.720040/201387 e 11829.720049/201398, suspensão da exigibilidade do crédito tributário até o julgamento definitivo da ação judicial, a obrigatoriedade de intimação via Domicílio Tributário Eletrônico – DTE e reabertura do prazo para apresentação da impugnação (fl. 1.349) Diante da ordem judicial, foi providenciado o cancelamento do procedimento de cobrança e novamente cientificado o contribuinte, desta feita por via postal com aviso de recebimento (fl. 1.225). Calçado na novel intimação, o contribuinte opôs impugnação onde sustentou, preliminarmente, a nulidade da autuação, ante a ausência de laudo técnico a respaldálo; falta de motivação e erro na indicação da reclassificação fiscal, em relação ao TVF; e, decadência parcial do lançamento. No mérito, discorreu sobre as características do produto importado e a correção da classificação fiscal adotada, citando decisões administrativas que amparariam sua pretensão; aduziu que houve erro no cálculo da multa aplicada por erro de classificação fiscal Fl. 1936DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 4 3 (1%) e duplicidade em sua apuração; apontou equívoco na quantificação do PIS/COFINS – Importação, diante da decisão proferida no RE 559.837, em sede de repercussão geral; questionou a cumulação de penalidades; e, por fim, pugnou pela exoneração de todas as penalidades aplicadas, com suporte no art. 100 do CTN. A DRJ Florianópolis/SC, por força da medida judicial então vigente, julgou a impugnação procedente em parte, exarando o Acórdão nº 0735.386, de 19/08/2014, assim ementado: “DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. A constituição de crédito tributário, no caso de exigência de diferença de tributo sujeito a lançamento por homologação, deve observar o prazo de cinco anos, contado a partir do fato gerador. Somente nos casos de ausência de declaração/pagamento ou na ocorrência de fraude, dolo ou simulação, a contagem darse do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. TELAS PARA APARELHOS TELEFÔNICOS COM DISPOSITIVOS DE CRISTAL LÍQUIDO. As telas para aparelhos telefônicos com dispositivos de cristais líquidos (LCD) e outros componentes classificamse no código 8517.70.99 da NCM/TEC. RECLASSIFICAÇÃO FISCAL. Havendo a devida reclassificação fiscal com alteração para maior das alíquotas, tornamse exigíveis as diferenças de tributos com os acréscimos legais previstos na legislação.” Em 22/08/2014 foi juntada aos autos cópia da sentença proferida no Mandado de Segurança nº 000112426.2014.403.6105, denegando a segurança pleiteada. Às fls. 1.676/1.677 foi lançado despacho propondo a devolução dos autos à DRJ Florianópolis/SC para se manifestar acerca da decisão judicial. Em 08/10/2014, diante do quadro judicial descortinado, a DRJ Florianópolis/SC revisou o Acórdão nº 0735.386, exarando o Acórdão nº 0735.758 (fls. 1.678 e ss.), onde considerou intempestivo o recurso inaugural, cuja ementa está vazada nos seguintes termos: “IMPUGNAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. É considerada intempestiva a petição protocolada fora do prazo legal, situação na qual não se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo fiscal, obstando o exame das razões de defesa aduzidas pelo sujeito passivo, exceto quanto à preliminar de tempestividade.” Cientificado sucessivamente de ambas as decisões administrativas, protocolou o contribuinte dois recursos voluntários: o primeiro em 18/09/2014 e o segundo em 17/11/2014, sendo que este último, acostado às fls. 1.788 e ss., consolida todas as razões de defesa, principalmente, o debate acerca da tempestividade da impugnação. Fl. 1937DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 5 4 Aludida peça destaca, preliminarmente, a tempestividade da impugnação, asseverando a invalidade da ciência da autuação a despachante aduaneiro, que não possuía poderes para tanto; que, independentemente do desfecho da ação judicial, a decisão proferida gerara efeito satisfativo, garantindo a inauguração do procedimento contencioso; que não se poderia afastar a competência do CARF para examinar a tempestividade da peça, sob pena de supressão de instância; que mesmo a peça intempestiva instauraria o litígio administrativo; que, ao CARF, caberia apenas a manifestação sobre a tempestividade debatida; que, uma vez reconhecida a higidez temporal do recurso, deveria o processo ser devolvido à primeira instância para análise dos demais fundamentos de defesa; por fim, pugnou pela nulidade da decisão recorrida. No mérito, dissertou sobre a impossibilidade de revisão do acórdão pela própria DRJ, na parte em que reconheceu a nulidade parcial da autuação, por faltar razoabilidade à medida; que deveria prevalecer, neste caso, o princípio da verdade material, isto é, a matéria em detrimento à forma, citando doutrina. Na seqüência, em vista ao princípio da eventualidade, deduziu as razões para o cancelamento integral da autuação, resumidamente, nessa ordem: i) falta de respaldo técnico e de fundamentação do lançamento; ii) ausência de fundamentação para a reclassificação de parte das mercadorias no código 8512.90.00; iii) decadência parcial do lançamento; iv) erro de cálculo na multa de ofício; v) duplicidade no cálculo da multa de 1% (um por cento); e, vi) ausência de débitos relativos ao PIS/COFINS – Importação. Quanto à questão de fundo, esgrimiu argumentação concernente à correção da classificação fiscal adotada, a partir das características técnicas do produto importado, rebatendo a fundamentação do lançamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Robson José Bayerl, Relator Abstraídas questões atinentes à tempestividade da impugnação e instauração do contencioso administrativo, que será examinada adiante, o recurso voluntário preenche os requisitos de admissibilidade. Tendo em conta a situação estampada, entendo necessária a prévia delimitação do objeto do julgamento na presente assentada. Nesse sentido, debaterseá nesta oportunidade apenas a tempestividade da impugnação e conseqüente instauração do contencioso administrativo, bem assim, a validade do Acórdão nº 0735.758 (Revisor), não se avançando sobre as demais matérias deduzidas em recurso, dado o acatamento da preliminar de perempção pelo último ato decisório proferido pelas autoridades julgadoras de primeiro grau. Fl. 1938DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 6 5 Acaso estas questões preambulares sejam ultrapassadas, caberá, então, a devolução do feito à instância a quo para que se pronuncie sobre os demais temas, evitando com a isso a sua indesejada supressão. Pois bem, fixadas as balizas, principio pela tempestividade da impugnação, asseverando, desde logo, que verifico a renúncia à discussão administrativa a seu respeito, tendo em vista a opção pela via judicial, consubstanciada na proposição de mandado de segurança objetivando a declaração de invalidade da ciência da autuação pelo despachante aduaneiro, representante do contribuinte perante a RFB. Com efeito, no referenciado MS 00011242620144036105, aviado perante a 4ª Vara Federal em Campinas, TRF 3ª Região, o contribuinte aborda a sua adesão ao Domicílio Tributário Eletrônico – DTE, a ausência de intimação via eCAC, descumprimento do art. 23, III do Decreto nº 70.235/72, e a nulidade da entrega do auto de infração ao despachante aduaneiro. Ora, a validade da entrega do instrumento de lançamento a despachante aduaneiro, com o transcurso do prazo recursal sem interposição da impugnação, está imbricada com o tema tempestividade. Tanto assim, que o conhecimento deste recurso, extemporaneamente apresentado, respaldouse unicamente em medida judicial proferida no Agravo de Instrumento 000569097.2014.4.03.0000/SP, atrelado ao MS 00011242620144036105, que reproduzo: “DECISÃO Extrato: Processo administrativo fiscal no bojo do qual, a este Juízo liminar, controvertida/conturbada sua tramitação já de origem, em sede de notificação de autuação infracional ao pólo contribuinte Superiores os valores constitucionais infralançados, a fim de que excepcionalmente refeito dito procedimento desde a fase notificatória/cientificadora ao pólo investigado Provimento liminar parcialmente deferido. Entre o que reversível e o que irreversível, evidentemente o presente feito conclama aos autos providência de extrema urgência, superiores a ampla defesa e o amplo acesso ao Judiciário, incisos LV e XXXV do art. 5°, Lei Maior, em grau de objetiva plausibilidade jurídica aos invocados fundamentos, tanto quanto risco de incontável dano a se deparar na espécie. Com efeito, controvertido o cenário fático de genuíno exercício ou não ao elementar mister da defesa contribuinte, diante das imposições infracionais que lhe firmadas, independentemente da adesão ao eletrônico sistema de comunicações, em questão,haverá o gesto estatal notificador em tela, aqui assim excepcionalmente e por explícita determinação ancorada nos superiores valores constitucionais em foco, de ser totalmente refeito, ou seja, a Receita Federal haverá de notificar a parte agravante, por meio postal e devidamente documentado, junto ao domicílio tributário da espécie, assim sem efeito tudo quanto desde a aqui conturbada "notificação" dos AI se tenha verificado. Ante o exposto, presentes os supostos capitais, DEFIRO EM PARTE A LIMINAR POSTULADA, para que o procedimento fiscal de cobrança seja reiniciado da origem, em sua fase notificadora, para ambas as autuações em Fl. 1939DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 7 6 mira, na forma supraestabelecida, ao momento prejudicados demais temas suscitados. Comuniquese ao E. Juízo da origem, com urgência. Intimemse, oportunamente rumando os autos ao MPF. São Paulo, 03 de abril de 2014. SILVA NETO Juiz Federal Convocado” Hodiernamente, aludido Agravo encontrase definitivamente julgado, desfavoravelmente ao contribuinte, cuja derradeira decisão proferida, transitada em julgado em 10/09/20141, assim dispôs: “DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO INOMINADO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ARTIGO 557, CPC. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL. PRECARIEDADE. CASSAÇÃO. DECISÃO NÃO SATISFATIVA. REVERSIBILIDADE DA DECISÃO E DOS SEUS EFEITOS. PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUTOS DE INFRAÇÃO. INTIMAÇÃO PESSOAL. PROCURADOR. DESPACHANTE ADUANEIRO. OPÇÃO PELO"DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO ELETRÔNICO". INTIMAÇÃO PESSOAL. AUSÊNCIA DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE ORDEM DE PREFERÊNCIA ENTRE MEIOS DE INTIMAÇÃO. FINALIDADE. AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. 1.Manifestamente infundada a alegação de que a antecipação de tutela recursal, inicialmente deferida, teria caráter satisfativo para impedir a cassação, permitindo apenas o reconhecimento da perda de objeto do agravo de instrumento. A tutela precariamente dada determinou a renovação de atos do processo administrativo e o fato de ser cassada permite a reversibilidade jurídica e material de seus efeitos, restabelecendo sem dificuldade a situação procedimental originariamente impugnada, reconhecida como legítima em face da validade da intimação oportunamente feita, ao contrário do que foi alegado no agravo de instrumento, não cabendo invocar a perda de objeto do recurso como única solução legal e cabível. 2.O artigo 557 do Código de Processo Civil é aplicável quando existente jurisprudência dominante acerca da matéria discutida e, assim igualmente, quando se revele manifestamente procedente ou improcedente, prejudicado ou inadmissível o recurso, tendo havido, na espécie, o específico enquadramento do caso no permissivo legal, como expressamente constou da respectiva fundamentação. 3.O teor da decisão monocrática demonstra que a pretensão do contribuinte de reconhecimento da nulidade do ato notificatório no processo administrativo, e devolução do prazo de impugnação ao auto de infração, não apenas confronta a jurisprudência, mas, outrossim, afronta, de forma manifesta, o ordenamento jurídico, notadamente a legislação que rege o instituto do Domicílio Tributário Eletrônico e as intimações no âmbito do processo administrativo, demonstrando a ocorrência da hipótese autorizativa de aplicação do artigo 557, CPC. 1 Fonte: www.trf3.jus.br, consulta realizada em 13/01/2016. Fl. 1940DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 8 7 4.Os precedentes citados na decisão monocrática, embora não tenham constituído, por si só, fundamento para negativa de seguimento, mas reforço à constatação de hipótese de manifesta contrariedade da pretensão recursal à legislação, é certo que seus conteúdos exteriorizam entendimento jurisprudencial que apenas reitera o teor do artigo 23, §3°, do Decreto 70.235/72, de que"os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo [23] não estão sujeitos a ordem de preferência"). Vale dizer, a intimação do contribuinte, ante a literalidade do dispositivo, pode ser feita de forma pessoal (I), por via postal (II) ou por meio eletrônico (III), sem que haja preferência ou exclusividade de algum dos meios. 5.Inocorre contrariedade da decisão monocrática com precedente desta Turma (AC 000631504.2013.4.03.6100), pois a sua simples leitura revela que, naquele caso, a RFB efetuou intimação do contribuinte por meio eletrônico, e, ante a perda de prazo de impugnação, o contribuinte pretendeu a anulação do ato notificatório sob alegação de que não optou pelo"Domicílio Tributário Eletrônico", condição de validade da intimação eletrônica. E, para demonstrar sua pretensão na ação anulatória, requereu na ação cautelar que a RFB apresentasse o"Termo de Opção pelo Domicílio Tributário Eletrônico"assinado pelo contribuinte, a fim de demonstrar que a utilização de tal meio foi válida. 6.Tratase de hipótese diversa da tratada neste recurso, em que o contribuinte foi intimado na pessoa de seu representante, mas pretende a nulidade de tal ato em razão da opção pelo"Domicílio Tributário Eletrônico", e que, em razão disso, todas as intimações deveriam ser feitas por tal meio mensagem eletrônica na"Caixa Postal Eletrônica". 7.Nítido que as hipóteses diferem, não apresentando o precedente desta Turma qualquer contrariedade com a decisão monocrática ora recorrida: enquanto seja aqui certo que o contribuinte optou pelo"Domicílio Tributário Eletrônico", pretendendo a nulidade da intimação pessoal, por ser o meio eletrônico, em tal hipótese, exclusivo para ciência do contribuinte; o julgado da Turma, por sua vez, trata de hipótese em que o contribuinte foi intimado por meio eletrônico, mas alega não ter feito a opção pelo"Domicílio Tributário Eletrônico". 8.Conforme se verifica, o precedente citado pela agravante não trata de exclusividade do meio eletrônico para intimação no caso de tal opção, revelandose manifestamente impertinente, inoportuno para o caso concreto. 9.A análise dos documentos eletrônicos, trazidos aos autos pelo agravante através de mídia eletrônica ("compact disc") demonstra que, em verdade, a alegação de nulidade do ato notificatório possui relevante caráter contraditório com todos os demais atos praticados pelo contribuinte no processo administrativo, a reforçar a manifesta improcedência do recurso. 10.Os arquivos eletrônicos contidos no CD juntado aos autos são reproduções das páginas físicas do PA 11829.720049/201398 (e PA 11829.720040/2013 87), demonstram que tal procedimento decorre de fiscalização efetuada no âmbito da agravante, iniciado através do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) 08.1.77.0020130015613, em 10/04/2013, em relação a tributos devidos pelo contribuinte, em importações realizadas no período de 01/2008 a 12/2012. Fl. 1941DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 9 8 11.Consta que: (a) o contribuinte foi notificado a apresentar diversos documentos à RFB, no prazo de vinte dias, conforme consta do Termo 01/2013 001563, lavrado em 11/04/2013; (b) tal comunicação foi enviada ao contribuinte pela via postal, conforme demonstra o aviso de recebimento, que comprova recepção em 15/04/2013 pelo contribuinte; (c) através de despachante aduaneiro com procuração outorgada (Elenice Aparecida Furian), apresentou documentos à RFB em 02/05/2013; (d) em 13/06/2013 a RFB solicitou novos documentos ao contribuinte, através do Termo de Intimação 02/2013001563; (e) o contribuinte, através de seu despachante aduaneiro, solicitou prorrogação de prazo, em 01/07/2013, deferido pela RFB através do "Termo de Prorrogação de Prazo", ao qual a agravante teve ciência, através de seu despachante aduaneiro Zeferino Augusto de Souza, em 07/07/2013; (f) a agravante, assim, apresentou a documentação exigida em 19/07/2013, por meio de seu preposto (despachante aduaneiro) Zeferino Augusto de Souza; (g) em 20/09/2013 a RFB lavrou o "Termo 04 Ciência", da qual foi o contribuinte notificado do prosseguimento da ação fiscal, através de seu preposto (despachante aduaneiro) Zeferino Augusto de Souza; e (h) em 27/12/2013 consta que o preposto Zeferino Augusto de Souza, representando a agravante, tomou ciência da lavratura do auto de infração. 12.Agora a agravante pretende que a intimação da lavratura do auto de infração (e só ela) na pessoa de seu procurador/despachante aduaneiro, Zeferino Augusto de Souza, seja declarada nula, pois a intimação ao contribuinte de todos os atos proferidos pela RFB deveria ser efetuada por meio eletrônico, ante opção pelo"Domicílio Tributário Eletrônico". 13.A contrariedade da pretensão deduzida com todos os atos praticados pelo contribuinte no processo administrativo revela que, em verdade, o objetivo da demanda judicial é obter a devolução do prazo de impugnação e estender a suspensão da exigibilidade do crédito constituído que o contribuinte deixou transcorrer por absoluta negligência. 14.Nem se alegue que a intimação deveria, necessariamente, ter sido efetuada pela via postal, por constar do auto de infração que tal documento seria encaminhado"à empresa importadora para ciência nos termos do art. 23, inc. II do Decreto n° 70.235/72[via postal]". 15.A procuração outorgada pela agravante aos seus representantes despachantes aduaneiros deixa evidente a concessão de poderes para"praticar todos os atos que foram de interesse da outorgante, inclusive ciência em auto de infração e tudo o mais que se fizer necessário par aa prática e fiel cumprimento deste mandato". 16.Os despachantes aduaneiros praticaram todos os atos no processo administrativo em nome da agravante, em consonância com os poderes concedidos pelo instrumento de mandato, e a ciência ao mandatário do teor dos autos de infração constitui, evidentemente, ciência pelo mandante do ato. 17.Evidentemente a intimação do contribuinte feita pessoalmente exclui a necessidade de intimação do contribuinte pela via postal, pois a finalidade foi atingida, qual seja, ciência do contribuinte do ato administrativo, e concessão do direito ao contraditório e ampla defesa, ratificando, ademais, o que decidido na decisão monocrática, quanto a inexistência de ordem de preferência entre os Fl. 1942DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 10 9 meios de intimação previstos no artigo 23 do Decreto 70.235/72, seja pela literalidade do §3° do mesmo dispositivo legal, seja pelo entendimento jurisprudencial. 18.Agravo inominado desprovido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento ao agravo inominado, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. São Paulo, 07 de agosto de 2014. CARLOS MUTA Desembargador Federal” Cumpre registrar que a ação principal, o MS 00011242620144036105, segue seu trâmite normal, com decisão monocrática prolatada pelo não provimento da apelação, decisão esta confirmada em sede plenária através do julgamento de Agravo Legal em Apelação, assim ementado: “DIREITO PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO INOMINADO. ARTIGO 557, CPC. MANDADO DE SEGURANÇA. AUTO DE INFRAÇÃO. INTIMAÇÃO DESPACHANTE ADUANEIRO. OPÇÃO PELO 'DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ELETRÔNICO'. INEXISTÊNCIA DE ORDEM DE PREFERÊNCIA ENTRE MEIOS DE INTIMAÇÃO. FINALIDADE. AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO. RECURSO DESPROVIDO. 1.O artigo 557 do Código de Processo Civil é aplicável quando existente jurisprudência dominante acerca da matéria discutida e, assim igualmente, quando se revele manifestamente procedente ou improcedente, prejudicado ou inadmissível o recurso, tendo havido, nos autos, o específico enquadramento do caso no permissivo legal, conforme expressamente constou da respectiva fundamentação. 2.Consignese não haver nulidade na intimação pelo domicílio físico de contribuinte optante pelo DTE, dado que não existe relação de prejudicialidade entre tais meios de notificação administrativa, como prescreve a legislação de regência, na forma do artigo 23 do Decreto 70.235/1972 e artigo 10 do Decreto 7.574/2011. 3.Observese, que, diferentemente do que restou alegado pela apelante, as instruções fornecidas pela RFB são expressas em afirmar que"a adesão ao DTE não impede que a Administração Tributária se utilize das formas de notificação postal e pessoal prevista do[sic]processo administrativo fiscal, uma vez que estas três formas não estão sujeitas a ordem de preferência". 4.Quanto aos poderes de despachante aduaneiro para receber a intimação, em nome da representante, tratase de questão já resolvida, anteriormente, no AI 000569097.2014.4.03.0000, quando restou assentado que: "De fato, a procuração outorgada pela agravante aos seus representantes despachantes aduaneiros deixa evidente a concessão de poderes para "praticar todos os atos que foram de interesse da outorgante, inclusive ciência em auto de infração e tudo o mais que se fizer necessário par aa prática e fiel cumprimento deste mandato" (f. 160/3). Ora, os despachantes aduaneiros praticaram todos os atos Fl. 1943DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 11 10 no processo administrativo em nome da agravante, em consonância com os poderes concedidos pelo instrumento de mandato, e a ciência ao mandatário do teor dos autos de infração constitui, evidentemente, ciência pelo mandante do ato". 5.Não cabe cogitar de nulidades processuais, nem a título de prequestionamento, porquanto lançada fundamentação bastante e exauriente, não havendo, no caso, violação ou negativa de vigência de qualquer preceito legal ou constitucional. 6.Agravo inominado desprovido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento ao agravo inominado, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. São Paulo, 19 de novembro de 2015. ELIANA MARCELO Juíza Federal Convocada” Em 21/01/2016, os embargos de declaração opostos em face da decisão em tela foram rejeitados, por unanimidade de votos. Atualmente encontramse pendentes de juízo de admissibilidade os recursos especial e extraordinário aviados pelo contribuinte, ora recorrente, conforme pesquisa realizada no sítio virtual do TRF – 3ª Região2, em 02/05/2016, de modo que inexiste, neste momento, qualquer provimento judicial vigente que refute a validade da ciência do auto de infração feita ao despachante aduaneiro e que garanta o prosseguimento do contencioso administrativo. Como dito linhas atrás, entendo que não seja permitido a este colegiado decidir sobre a validade ou invalidade de referida ciência, bem assim, a própria tempestividade do recurso administrativo vestibular, haja vista sua submissão ao Poder Judiciário, ex vi do art. 78, § 2º do RICARF/15 (Portaria MF 343/15), verbis: “Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. (...) § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso.” (destacado) Na mesma linha, a dicção da Súmula CARF nº 1: “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” 2 www.trf3.jus.br, consulta realizada em 02/05/2016. Fl. 1944DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 12 11 Portanto, correta a interpretação da decisão reclamada quando, verificada a perda da eficácia da decisão judicial que amparara o conhecimento da impugnação, declarou a sua intempestividade mediante novo julgado, que, sem adentrar o debate sobre a validade ou não da ciência da autuação, não conheceu do recurso. Ainda no tocante à tempestividade, entendo que não assiste razão ao recorrente quando afirma que, independentemente do desfecho da referida ação mandamental, verificar seia a validade da impugnação apresentada, frente ao caráter satisfativo da tutela jurisdicional conferida, inicialmente, em seu favor, porquanto o conhecimento de indigitada peça recursal escorouse, como dito alhures, única e exclusivamente no provimento judicial, sendo plenamente reversível seus efeitos, diante de sua cassação. Esta, aliás, a posição prevalente no julgamento do AI 0005690 97.2014.4.03.0000/SP, já reproduzido, mas que não custa rememorar o excerto específico: “1.Manifestamente infundada a alegação de que a antecipação de tutela recursal, inicialmente deferida, teria caráter satisfativo para impedir a cassação, permitindo apenas o reconhecimento da perda de objeto do agravo de instrumento. A tutela precariamente dada determinou a renovação de atos do processo administrativo e o fato de ser cassada permite a reversibilidade jurídica e material de seus efeitos, restabelecendo sem dificuldade a situação procedimental originariamente impugnada, reconhecida como legítima em face da validade da intimação oportunamente feita, ao contrário do que foi alegado no agravo de instrumento, não cabendo invocar a perda de objeto do recurso como única solução legal e cabível.” (destacado) Na mesma senda, improcedente o argumento consoante o qual o recurso intempestivo instauraria a fase administrativa litigiosa de forma ampla, como parece sustentar o recorrente, desde que, para tanto, fosse suscitada a própria tempestividade, como matéria antecedente. É que, nestas hipóteses, a fase contenciosa limitarseá ao debate a respeito do tema “tempestividade” e se, e apenas se, ultrapassada, é que as demais questões deveriam ser examinadas e enfrentadas. Essa, a meu sentir, a linha interpretativa do ADN COSIT 15/96, citado tanto pelo recurso voluntário, quanto pela decisão sob vergasta. No caso que ora se apresenta, como já exposto, a tempestividade escorouse em decisão judicial que posteriormente foi revertida, não mais havendo qualquer respaldo para a sua admissão e tampouco a possibilidade de discutila na seara administrativa, tendo em conta a verificação da concomitância. É inconteste que referida discussão judicial é prejudicial ao próprio conhecimento do recurso voluntário manobrado, todavia, não vislumbro possibilidade jurídica de determinar o sobrestamento do processo administrativo pela simples existência da ação judicial em comento, haja vista a ausência de qualquer provimento lá exarado que determinasse tal medida ou mesmo respaldo legal para seu deferimento. Fl. 1945DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 13 12 Neste diapasão, entendo inaplicável, em âmbito administrativo, no caso vertente, as disposições do art. 313, V, “a” do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), verbis: “Art. 313. Suspendese o processo: I pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador; II pela convenção das partes; III pela arguição de impedimento ou de suspeição; IV pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas; V quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente; b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo; VI por motivo de força maior; VII quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo; VIII nos demais casos que este Código regula. § 1oNa hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos termos doart. 689. § 2oNão ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte, o juiz determinará a suspensão do processo e observará o seguinte: I falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a citação do respectivo espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) meses; II falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, determinará a intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar mais adequados, para que manifestem interesse na sucessão processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito. § 3oNo caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido o procurador deste. § 4oO prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder 1 (um) ano nas hipóteses do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista no inciso II. § 5oO juiz determinará o prosseguimento do processo assim que esgotados os prazos previstos no § 4o.” (destacado) Fl. 1946DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 14 13 A inaplicabilidade decorre do conflito interno, por assim dizer, entre o inciso I, “a”, e os §§ 4º e 5º, relativamente ao contencioso administrativo, ao passo que, mesmo transcorrido o prazo de um ano, sem que a questão prejudicial tenha sido solucionada em sede judicial, não será possível aos julgadores administrativos prosseguir o julgamento, devido, justamente, à desistência recursal por opção à via judicial, em relação à tempestividade do recurso administrativo inaugural, ex vi do art. 78, § 2º, in fine, do RICARF/15 (Portaria MF 343/2015). Na seqüência, tocante à suposta nulidade do Acórdão nº 0735.758 (Revisor), também não merece acolhida a reclamação. Como já reiterado ao longo deste voto, o conhecimento da impugnação, em face de sua patente intempestividade, concretizouse por força de determinação judicial, não cabendo outra postura às autoridades administrativas senão o seu cumprimento. Logicamente, uma vez revogada a medida judicial, verdadeiro pressuposto de validade do acórdão então proferido, necessária a adoção das providências para o retorno ao status quo ante, o que se verificou pela regular reforma do ato decisório prolatado naquelas circunstâncias, quando ainda vigente a ordem judicial. Caso contrário, a manutenção do acórdão original, por via oblíqua, conduziria à satisfatividade pretendida pela recorrente e já rechaçada neste voto, inclusive com respaldo na própria decisão do mandado de segurança. Assim, considerando que a novel decisão foi validamente cientificada ao contribuinte, com deferimento de novo prazo recursal, não vislumbro qualquer irregularidade ou mesmo prejuízo à sua defesa. Também não merece guarida a alegação de observância ao princípio da verdade material, mormente pelo fato do acórdão revisado concluir pela procedência parcial da impugnação, pelas mesmas razões anteriormente expostas, uma vez que, à luz da legislação de regência, Decreto nº 70.235/72, o recurso inaugural foi interposto intempestivamente, julgandoa a instância de piso tãosomente em razão de ordem judicial, que, de efêmera duração, veio a ser definitivamente cassada, não havendo razão alguma de ordem jurídica para manutenção de julgado realizado sob estas condições. Em síntese, a decisão recorrida deve ser integralmente mantida pelos seus próprios fundamentos, não merecendo qualquer reparo. Por derradeiro, dado o caráter preliminar das questões anteriormente aventadas e a incompatibilidade de seu desprovimento com o prosseguimento do julgamento, não conheço do mérito do recurso voluntário, na forma preconizada pelo art. 59, caput do RICARF/15. Em face de todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Robson José Bayerl Fl. 1947DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 15 14 Voto vencedor Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Redator designado Registro voto divergente do conselheiro relator no concernente aos efeitos do Mandado de Segurança nº 00112426.2014.4.03.6105 (Processo nº 2014.61.05.0011248), em trâmite no Tribunal Regional Federal da 3ª Região sob a relatoria do Desembargador Federal Carlos Muta, cujo desfecho apresenta potencial prejudicialidade externa ao presente feito. Isto porque, da análise dos presentes autos, denotase que a intimação do auto de infração lavrado em 16/12/2013 (ato posterior, portanto, ao desembaraço das mercadorias em apreço, com período de apuração compreendido entre os anos de 2008 e 2012), foi realizada na pessoa do despachante aduaneiro, que se encontrava investido apenas nos poderes relativos ao procedimento de desembaraço. Da intimação, ocorrida em 27/12/2013, registrouse o transcurso do prazo para apresentação de impugnação, o que motivou a lavratura do termo de revelia de fls. 1.065. Observese, ademais, que a recorrente alega: (i) ser optante do Domicílio Tributário Eletrônico (DTE) desde 02/01/2013 e que, por este motivo, o auto de infração, lavrado no formato eletrônico e não físico, deveria ter ocorrido por meio de sua caixa postal; e (ii) que o próprio termo de verificação fiscal, às fls. 976, determinou que uma cópia da intimação fosse enviada à empresa nos termos do inciso II do art. 23 do Decreto nº 70.235/1972. Não obstante, ao compulsarmos os documentos que instruem o presente processo, verificamos, à fl. 983, que o termo de início de procedimento fiscal foi endereçado ao domicílio de eleição da contribuinte, e que igual destino tiveram as suas sucessivas prorrogações. Temos nos pronunciado, e.g. no voto proferido no Processo nº 11128.00702996 17, proferido em sessão de 22/06/2016, no sentido de que o Decreto nº 70.235/1972 fixa o domicílio tributário como aquele eleito pela contribuinte como tal, não podendo a autoridade administrativa desconsiderálo a seu talante senão nos termos definidos pela regra antielisiva específica do § 2º do art. 127 do Código Tributário Nacional,3 havendo, a este respeito, 3 Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional) Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considerase como tal: I quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; III quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante. § 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerarseá como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação. § 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicandose então a regra do parágrafo anterior. Fl. 1948DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 16 15 precedentes deste Conselho,4 não se vislumbrando, in casu, nenhum indício de ter a contribuinte impossibilitado ou dificultado a arrecadação ou a fiscalização dos tributos. Diferentemente do que ocorre no processo judicial, no curso do procedimento ou do processo administrativo, nula será a intimação enviada ao representante da contribuinte nos termos do inciso II do art. 23 do Decreto n° 70.235/1972, ainda que, no caso de aviso postal, retorne positivo o aviso de recebimento correspondente, ou que o seu representante detenha poderes para receber intimação em seu nome, ou que haja pedido específico da contribuinte neste sentido. Contudo, ainda que sejam estas as nossas convicções pessoais, a discussão acerca da validade da intimação em referência foi conduzida ao Poder Judiciário pela contribuinte, encontrandose todos os argumentos constantes do recurso voluntário interposto jungidos às razões do Mandado de Segurança nº 00112426.2014.4.03.6105 (Processo nº 2014.61.05.0011248). Em que pese a ora recorrente ter obtido decisão precária não satisfativa favorável em sede do Agravo de Instrumento nº 000569097.2014.4.03.0000/SP, sobreveio sentença prolatada pelo Juiz Federal da 4ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Campinas denegando a segurança pleiteada. A identidade das razões respeitantes à validade ou não da intimação, questão que deve ser decidida previamente à análise do mérito, evidenciase por meio do cotejo entre o recurso voluntário e o seguinte trecho do relatório do Desembargador Federal Carlos Muta, publicado no Diário Oficial da União em 14/08/2014, que integra o acórdão do recurso de agravo de instrumento: "Tratase de agravo de instrumento à negativa de liminar, em mandado de segurança, impetrado para 'determinar que a Autoridade Coatora se abstenha de incluir os processos n° 11829.720.040/201387 e n° 11829.720.049/201398 nas informações fiscais da Impetrante ou, caso a inclusão já tenha sido feita, que a mesma seja suspensa, conforme previsão do art. 151, IV, do Código Tributário Nacional, ante a ausência de intimação no Domicílio Tributário Eletrônico DTE'. Alegou que: (1) em 29/01/2014 teve ciência da lavratura de dois autos de infração pela fiscalização da Alfândega do Aeroporto Internacional de Viracopos (AIIM 11829.720.049/201398 e AIIM 11829.720.040/201387), relacionado à cobrança de II, IPI, PIS e COFINS incidentes sobre importação de dispositivos de cristal líquido importados pela impetrante no período de janeiro/2008 a dezembro/2012, e de câmeras destinadas a aparelhos celulares no período de janeiro/2009 a julho/2011, em razão de suposto equívoco na classificação tarifária; (2) a ciência de tais lançamentos foi dada ao despachante aduaneiro em 20/12/2013 e 27/12/2013, respectivamente, e, sendo a impetrante informada da 4 Por todos, o Acórdão CARF nº 3403003.465, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan, julgado em sessão de 11/12/2014. Fl. 1949DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 17 16 lavratura após o prazo para interposição de defesa, houve constituição definitiva do crédito; (3) a ciência do lançamento, efetuada na pessoa do despachante aduaneiro, é manifestamente nula, não havendo sequer início do prazo de defesa, pois a autoridade tributária desconsiderou que a impetrante, desde 02/01/2013, é optante do Domicílio Tributário Eletrônico DTE, e mesmo se tratando de processo administrativo virtual, não recebeu qualquer notificação em sua caixa postal eletrônica através do eCAC, meio exclusivo de interação entre contribuinte e Fisco, tal como previsto pela legislação; (4) no 'termo de verificação fiscal' que deu origem ao lançamento consta determinação para que a notificação ocorresse pela via postal, demonstrando o equívoco da autoridade; (5) a medida liminar foi indeferida pelo Juízo a quo por ausência de prova de que a notificação não teria sido repassada pelo despachante aduaneiro, e da invalidade da procuração outorgada; (6) 'todavia, em momento algum foi questionada a validade da procuração outorgada ao despachante aduaneiro. De fato, a procuração é válida, no entanto, foi outorgada para realização de desembaraço aduaneiro e acompanhamento de autos de infração lavrado quando do desembaraço. O presente acaso é de revisão aduaneira, realizada anos após o desembaraço aduaneiro das mercadorias'; (7) 'não bastasse a ausência de poderes para tomar ciência dos referidos autos, a Agravante é optante pelo domicílio tributário eletrônico e não deveria ser intimada de outra forma que a eletrônica, meio em que recebe diariamente suas intimações'; (8) do documento entregue ao despachante aduaneiro consta expressamente que sua cópia seria entregue à impetrante, fato que, no entanto, nunca ocorreu, demonstrando suficientemente que não houve repasse da informação da lavratura à impetrante; (9) comprovado, assim, que a decisão administrativa, ao não promover a notificação do impetrante sobre o lançamento, ofendeu seu direito de defesa; (10) a ciência dos autos de infração de revisão aduaneira não se encontra dentre as atribuições do despachante aduaneiro, nos termos do artigo 2° da IN RFB 1.209/2011 e artigo 808 do Decreto 6.759/2009; (11) 'tendo em vista tratarse de auto de infração de revisão aduaneira e não de auto de infração lavrado no curso do desembaraço, não obstante o fato da Agravante ser optante pelo DTE, o despachante aduaneiro não possuía competência para tomar ciência dos referidos autos'; (12) 'a conduta do Agravado fere o princípio da segurança jurídica, eis que a Agravante foi surpreendida com a intimação via despachante aduaneiro, mesmo após ter aderido ao Domicílio Eletrônico. A Agravante, confiando nas vantagens em aderir ao DTE, foi prejudicada, pois o Agravado ignorou a opção da empresa e, de forma irresponsável, cientificou o despachante aduaneiro da Fl. 1950DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 18 17 empresa, da lavratura de autos de infração que somam mais de R$ 23.000000,00 (vinte e três milhões de reais)'; e (13) assim, é manifesta a ilegalidade do procedimento de notificação, pois 'a) a intimação deveria ter sido feita por meio do Domicílio Tributário Eletrônico da Agravante, eis que a mesma é optante do DTE; b) O Termo de Verificação Fiscal determinou que a intimação da Agravante fosse feita por via postal, na forma do art. 23, inc. II do Decreto 70.235/72; c) As intimações dos autos de infração foram feitas via despachante aduaneiro'. Em consulta ao site do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, e em consonância com o minucioso relatório elaborado pelo Conselheiro Relator Robson Bayerl que antecede o presente voto, o processo em referência se encontra, até a presente data, pendente de julgamento definitivo: Assim, resta evidenciado que a contribuinte submeteu ao crivo do Poder Judiciário a questão concernente à tempestividade de sua impugnação administrativa, sendo de rigor se aplicar, exclusivamente naquilo que importa à questão referente à validade da intimação do despachante aduaneiro, o disposto no § 2º do art. 78 do RICARF aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, em conformidade com a Súmula CARF nº 1, expungindose a jurisdição deste colegiado somente neste particular. A partir desta constatação, cabe se cogitar da existência ou não de matéria prejudicial ao presente feito a depender do resultado da decisão judicial irrecorrível superveniente. A se considerar que a prejudicialidade é verificada diante da existência de questão que demanda decisão prévia cujos efeitos podem eventualmente transbordar sobre a quæstio principal, entendemos que o julgamento da matéria devolvida à cognição deste Fl. 1951DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 19 18 colegiado não pode prosseguir na análise do mérito sem, antes, decidir a respeito da validade ou não da intimação que inaugurou o prazo para a apresentação de impugnação. No entanto, como previamente se desenvolveu, esta decisão é defesa ao julgador administrativo, cabendolhe unicamente aguardar: caso a decisão judicial irreformável reputar válido o ato praticado, serão os demais argumentos passíveis de conhecimento; se entender nulo, por outro lado, todo o remanescente restará prejudicado. A conclusão a que se chega, portanto, é que, enquanto perdurar a discussão judicial em torno deste argumento, deve este processo administrativo permanecer sobrestado. Decisão diversa, pelo prosseguimento do feito, ainda que fundada nos §§ 4º e 5º da alínea 'a' do inciso V do art. 313 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), atuaria em desprestígio não apenas aos primados da economia processual, da razoabilidade e da eficiência predicados pela Lei nº 9.784/1999, mas sobretudo em menoscabo da jurisdição afetada ao Poder Judiciário, a quem cabe se pronunciar no atinente à perempção ou não da impugnação apresentada contra o auto de infração lavrado. Em outras palavras, prosseguir na análise das razões do recurso voluntário da contribuinte, sejam elas preliminares ou de mérito, implicaria passar ao largo do desígnio judicial a ser firmado e sedimentado por meio do trânsito em julgado. Neste sentido, em face da mesma contribuinte e com fundamento no mesmo mandado de segurança, foi editada a Resolução CARF nº 3302000.505, proferida em 18/03/2015, pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara desta 3ª Seção de Julgamentos, sob a relatoria do Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, por votação unânime, nos seguintes termos: "(...) constatase que a discussão sobre a validade da intimação efetivada no despachante aduaneiro foi levada ao Judiciário, mediante o Mandado de Segurança nº 000112426.2014.403.6105. Conforme consta na inicial do Mandado de Segurança, a recorrente, com fundamentando na necessidade de intimação eletrônica, em decorrência da adesão ao domicílio tributário eletrônico DTE, na ciência de prestador de serviço, sem vínculo com a recorrente, exceto os serviços relacionados ao desembaraço aduaneiro, pede a obrigatoriedade da intimação no DTE relativo à ciência do Auto de Infração e a consequente reabertura do prazo para impugnação (item "d" dos pedidos). Embora a recorrente tivesse obtido provimento liminar parcial no Agravo de Instrumento nº 000569097.2014.4.03.0000/SP, a sentença prolatada no Mandado denegou a segurança (...). (...). Verificase, assim, que a matéria atinente à validade da primeira intimação efetivada pessoalmente no despachante aduaneiro e a conseqüente validação do Termo de Revelia (...) foi submetida ao crivo do Poder Judiciário, abrangendo todos os argumentos e razões deduzidas pela recorrente em seu recurso Fl. 1952DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 20 19 voluntário quanto à tempestividade de sua impugnação, ficando, pois, afastada qualquer decisão administrativa a respeito da preliminar de argüição de tempestividade da impugnação. Frisese que, embora a recorrente não possua medida judicial vigente favorável a sua demanda no Mandado de Segurança nº 000112426.2014.403.6105, tal processo encontrase ainda em julgamento, de cuja decisão definitiva dependerá a validade da intimação efetuada em 20/12/2013, efls. 1169, e, consequentemente, o conhecimento da impugnação apresentada. Portanto, não há propriamente concomitância no sentido da Súmula CARF nº 1 (uma vez que decisão final favorável ao contribuinte não importará em renúncia ao processo administrativo, mas ao contrário, sua instauração), mas prejudicialidade de julgamento na esfera administrativa em vista da pendência judicial, devendo ser aplicado subsidiariamente o artigo 265, IV, “a” do Código de Processo Civil. Diante do exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a unidade de origem junte a decisão definitiva do Mandado de Segurança nº 000112426.2014.403.6105, assim que ocorrer seu trânsito em julgado, reabrindo prazo de trinta dias para manifestação da recorrente nos termos do parágrafo único do artigo 353 do Decreto nº 7.574/2011, com posterior retorno dos autos a esta Câmara" (seleção e grifos nossos). Assim, com base nos fundamentos acima expostos, voto por converter o julgamento em diligência para que a unidade de origem, onde os presentes autos devem permanecer, junte a certidão de trânsito em julgado e a correspondente decisão definitiva a ser proferida no Mandado de Segurança nº 00112426.2014.4.03.6105 (Processo nº 2014.61.05.0011248), distribuído à 4ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Campinas, em trâmite no Tribunal Regional Federal da 3ª Região sob a relatoria do Desembargador Federal Carlos Muta, reabrindose, em seguida, o prazo não inferior a 30 dias para manifestação da contribuinte ora recorrente, com subseqüente remessa destes autos eletrônicos para este Conselho para reinclusão em pauta e prosseguimento do julgamento. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Fl. 1953DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 21 20 Declaração de voto Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Da ilegitimidade de despachante para intimação de revisão aduaneira Peço permissão para expor meu entendimento a respeito da matéria suscitada pelo processo administrativo e justificar meu voto e minha convicção de que deve se decidir uma reforma do objeto deste processo. Peço vênia ainda por discordar do ilustre relator Conselheiro Robson José Bayerl, em seu alentado voto. Fáloei de forma objetiva e sucinta, não só por amor à síntese, mas também por respeito ao estreitamento do tempo das sessões, realidade inescapável e impressora. Primeiro, entendo que não se deu, no caso, a intimação válida para que se constituísse a exigência tributária e gerasse o contraditório do processo administrativo fiscal (Decreto n. 70.235, de 1972). O que temos em mãos, e isso espero que fique claro, como tentei expor brevemente na sessão, é o processo administrativo ordinário, mas não o contraditório fiscal. O processo administrativo não se restringe ao âmbito do contraditório fiscal. De plano, vejam senhores conselheiros que não foram observadas as regras que disciplinam as formas de intimar, tendo em vistas a superposição das peculiaridades do campo normativo tributário fiscal em geral com as peculiaridades do âmbito aduaneiro em particular. Para tanto, peço que tenham em mente que a lei prevê um profissional para prestar assistência ao importador (ou exportador) no contexto do despacho aduaneiro, no caso o despachante aduaneiro. Tratase de profissional que detém conhecimentos especializados e que prestam importante auxílio e serviços aos importadores e exportadores, e ao comércio exterior. Há um contorno definido em lei para essa atuação. Reproduzo aqui a síntese trazida pelo Regulamento Aduaneiro: “CAPÍTULO III DAS ATIVIDADES RELACIONADAS AOS SERVIÇOS ADUANEIROS Seção I Das Atividades Relacionadas ao Despacho Aduaneiro Subseção I Das Disposições Gerais Fl. 1954DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 22 21 Art. 808. São atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias, inclusive bagagem de viajante, na importação, na exportação ou na internação, transportadas por qualquer via, as referentes a: I preparação, entrada e acompanhamento da tramitação e apresentação de documentos relativos ao despacho aduaneiro; II subscrição de documentos relativos ao despacho aduaneiro, inclusive termos de responsabilidade; III ciência e recebimento de intimações, de notificações, de autos de infração, de despachos, de decisões e de outros atos e termos processuais relacionados com o procedimento de despacho aduaneiro; IV acompanhamento da verificação da mercadoria na conferência aduaneira, inclusive da retirada de amostras para assistência técnica e perícia; V recebimento de mercadorias desembaraçadas; § 1º Somente mediante cláusula expressa específica do mandato poderá o mandatário subscrever termo de responsabilidade em garantia do cumprimento de obrigação tributária, ou pedidos de restituição de indébito ou de compensação. (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) § 2o A Secretaria da Receita Federal do Brasil poderá dispor sobre outras atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias. Art. 809. Poderá representar o importador, o exportador ou outro interessado, no exercício das atividades referidas no art. 808, bem assim em outras operações de comércio exterior (DecretoLei nº 2.472, de 1988, art. 5º, caput e § 1º): I o dirigente ou empregado com vínculo empregatício exclusivo com o interessado, munido de mandato que lhe outorgue plenos poderes para o mister, sem cláusulas excludentes da responsabilidade do outorgante mediante ato ou omissão do outorgado, no caso de operações efetuadas por pessoas jurídicas de direito privado; II o funcionário ou servidor, especialmente designado, no caso de operações efetuadas por órgão da administração pública direta ou autárquica, federal, estadual ou municipal, missão diplomática ou repartição consular de país estrangeiro ou representação de órgãos internacionais; IIA o empresário, o sócio da sociedade empresária ou pessoa física nomeada pelo habilitado, nos casos de importações ao amparo do regime de que trata o art. 102A (Lei no 11.898, de 2009, art. 7o, § 2o); (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). III o próprio interessado, no caso de operações efetuadas por pessoas físicas; (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) Fl. 1955DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 23 22 IIIA o mandatário de pessoa física residente no País, nos casos de remessa postal internacional, ou bens de viajante; e (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013) IV o despachante aduaneiro, em qualquer caso. § 1o Nos despachos relativos ao regime de trânsito aduaneiro, o transportador ou o operador de transporte, quando forem beneficiários, equiparamse a interessado. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). § 2o As operações de importação e exportação dependem de prévia habilitação do responsável legal da pessoa jurídica interessada, bem como do credenciamento das pessoas físicas que atuarão em seu nome no exercício dessas atividades, de conformidade com o estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). Subseção II Do Despachante Aduaneiro Art. 810. O exercício da profissão de despachante aduaneiro somente será permitido à pessoa física inscrita no Registro de Despachantes Aduaneiros, mantido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (Decreto Lei nº 2.472, de 1988, art. 5º, § 3º). § 1o A inscrição no registro a que se refere o caput será feita, a pedido do interessado, atendidos os seguintes requisitos: I comprovação de inscrição há pelo menos dois anos no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, mantido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; II ausência de condenação, por decisão transitada em julgado, à pena privativa de liberdade; III inexistência de pendências em relação a obrigações eleitorais e, se for o caso, militares; IV maioridade civil; IVA nacionalidade brasileira; (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). V formação de nível médio; e VI aprovação em exame de qualificação técnica. § 2o Na execução das atividades referidas no art. 809, o despachante aduaneiro poderá contratar livremente seus honorários profissionais (DecretoLei nº 2.472, de 1988, art. 5º, § 2º). § 3o A competência para a inscrição nos registros a que se referem o caput e o inciso I do § 1o será do chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição aduaneira sobre o domicílio do requerente. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). Fl. 1956DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 24 23 § 4o Para inscrição no Registro de Ajudante de Despachantes Aduaneiros, o interessado deverá atender somente os requisitos estabelecidos nos incisos II a V do § 1o. § 5o Os ajudantes de despachantes aduaneiros poderão estar tecnicamente subordinados a um despachante aduaneiro e exercer as atividades relacionadas nos incisos I, IV, V e VI do art. 808. § 6o Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil: (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). I editar as normas necessárias à implementação do disposto neste artigo; e (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). II dar publicidade, em relação aos despachantes aduaneiros e ajudantes inscritos, das seguintes informações: (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). a) nome; (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). b) número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas; (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). c) número de registro; (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). d) número e data de publicação do ato declaratório de inscrição no registro em Diário Oficial da União; e (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). e) situação do registro. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). § 7o Enquanto não for disciplinada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil a forma de realização do exame a que se refere o inciso VI do § 1o, o ingresso no Registro de Despachantes Aduaneiros será efetuado mediante o atendimento dos demais requisitos referidos no § 1o. § 8o Aos despachantes aduaneiros e ajudantes de despachantes aduaneiros inscritos nos respectivos registros até a data da publicação deste Decreto ficam asseguradas as regras vigentes no momento de sua inscrição. § 9o A aplicação do disposto neste artigo não caracterizará, em nenhuma hipótese, qualquer vinculação funcional entre os despachantes aduaneiros, ajudantes de despachante aduaneiro e a administração pública. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). § 10. É vedado, a quem exerce cargo, emprego ou função pública, o exercício da atividade de despachante ou ajudante de despachante aduaneiro. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010).” (destacado) Esse contorno definido em lei constitui o campo jurídico dentro qual se pode significar as relações mantidas entre o despachante e seus representados, e também a extensão da representação desempenhada pelos despachantes junto à Receita Federal. Lembremos que o mesmo importador pode ter mais de um representante, e mais de um despachante. A Aduana dialogará com o despachante que demonstre estar representando Fl. 1957DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 25 24 o importador ou exportador para determinada operação de importação ou de exportação, mesmo que ele tenha um mandato amplo. A legislação reconhece que a relação do representado e o despachante implica em honorários (§ 2º do art. 810 do RA), ou seja, a procuração do representado e o despachante está vinculada a um contrato de prestação de serviços, e esse contrato provavelmente designará a que operações o despachante estará responsável em nome do representado. A Aduana não dialogará com o outro despachante que detém mandato do mesmo importador/exportador, mas que não esteja se responsabilizando pela importação/exportação sob análise da autoridade fiscal. Não basta o despachante ter mandato/procuração. A significação deste mandato se insere no campo jurídico que permite às pessoas chegarem à compreensão de que não se intimará o contribuinte, em tempo de despacho, através do despachante "errado". Ademais, o importador / exportador confere a procuração ao despachante tendo em mente que ele exercerá esses poderes e mandato dentro das atividades do despacho aduaneiro para determinada(s) importações/exportações (e não para todas ou qualquer uma) E esse mandato será válido em tempo de despacho, ou seja, enquanto a autoridade aduaneira exercer sua competência durante o despacho (de importação e exportação). A revisão aduaneira, apesar de ser a conclusão do despacho, não se realiza dentro do tempo do despacho estrito senso, mas em momento posterior, pela iniciativa da administração aduaneira. O despacho aduaneiro, enquanto procedimento é inescapável às atividades que tratam da recepção, controle e direcionamento da movimentação física do bem procedente ou destinado ao exterior, sob o controle aduaneiro na zona primária, e as correspondentes providencias para atendimento documentalnormativo no que se refere ao conhecimento, petição (de liberação e tratamento tributário fiscal aduaneiro) e deferimento, tudo isso em tempo de despacho. Mas a revisão aduaneira não é inescapável, pois pode não ser realizada pela administração. E ela é feita em temporalidade distinta da que se dá dentro do despacho aduaneiro estrito senso. Talvez ela se dê em um ano após o desembaraço dos bens, ou talvez dois, a administração decidirá a oportunidade conforme seus critérios de gestão. Essa possibilidade é diversa no despacho aduaneiro estrito senso, pois, nessa ocasião, a autoridade aduaneira está cingida ao fato da materialidade da operação logística, e ela é instada a atuar e decidir. Não estão nas expectativas do importador ou do exportador conferir ao despachante poderes para representálo diante de revisões aduaneiras. Pensemos, senhores conselheiros, por hipótese, uma revisão de dois anos, que abrange várias declarações prestadas pelo contribuinte, e para esse conjunto, qual dos despachantes que as representaram que a autoridade fiscal vai dar ciência? O critério de escolher aleatoriamente um deles traz uma incerteza que não pode ser aceita para esse tipo de ato administrativo. Além do mais, como pode a administração dar oportunidade de um determinado despachante conhecer o conteúdo de declarações de importação à que ele não havia sido contratado para atuar? Como permitir uma pessoa física tomar conhecimento de documentos comerciais e fiscais que o importador não teria autorizado acesso e conhecimento? Fl. 1958DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 26 25 Espero estar deixando claro o que entendo pelo campo jurídico e as bases postas em lei para a atuação do despachante, e por que entendo que ele não detém geral e ordinariamente (no modelo de procuração como o discutido neste caso) legitimidade para representar a contribuinte em situação de ato resultante de revisão aduaneira. Quando consultamos a aludida Procuração (fls.1058/1060) podemos ver que ela se restringe às atividades de despachante, nos limites do despacho aduaneiro. (ela cita precisamente os artigos próprios do Regulamento Aduaneiro). Por outro lado, o contribuinte possui domicílio certo e conhecido. O correto seria a autoridade fiscal, em função de procedimento administrativo, fiscal, como é a revisão aduaneira, seguir as regras de intimação corretas e adequadas, e não as regras que pertencem ao campo do despacho aduaneiro estrito senso. “SEÇÃO IV Da Intimação Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 2° Considerase feita a intimação: Fl. 1959DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 27 26 I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) III se por meio eletrônico: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) c) na data registrada no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; (Incluída pela Lei nº 12.844, de 2013) IV 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 6o As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da administração tributária. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) A meu ver, o despachante não possuía legitimidade para representar a contribuinte em atos de revisão aduaneira, nem para peticionar em seu nome perante a administração Tributárioaduaneira quanto a atos decorrentes da revisão aduaneira. Manifesto esse meu entendimento, tanto por considerar que a administração deve se pronunciar a respeito, quanto para que não se passe a crer que a administração estaria admitindo incontroversamente que o despachante teria ampla e completa legitimidade para representar o importador ou o exportador em situações fora do tempo do despacho aduaneiro estrito senso. Fl. 1960DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 28 27 Do reconhecimento de ofício de matérias de ordem pública e a verificação da validade e correção do ato administrativo Auto de Infração, independente da constituição do contraditório. Preciso prosseguir mais um pouco, em breves linhas. Desculpome. Preciso explicar por que defendo que o CARF tem o dever, como órgão da administração, de se pronunciar no caso. Não podemos olvidar do Princípio da Autotutela. O processo administrativo chega a este Colegiado sob o manto de se tratar de um processo administrativo, no mínimo sob a égide da Lei n. 9.784/1998, secundado pelo Decreto n. 70.235, de 1972. Não se reconhecendo a validade da intimação, mesmo assim, há um processo administrativo ordinário. Tenho certeza que este Alto Tribunal Administrativo reconhece a presença da Lei n. 9.784, de 1999, no âmbito do cumprimento de sua missão. “Lei n. 9.784, de 1999 Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências. § 1o A intimação deverá conter: I identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa; II finalidade da intimação; III data, hora e local em que deve comparecer; IV se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazerse representar; V informação da continuidade do processo independentemente do seu comparecimento; VI indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. § 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de comparecimento. § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado. § 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial. § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade.” Fl. 1961DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 29 28 Ele deve se manifestar sobre matérias de ordem pública, independente de não ter se estabelecido o contraditório, tais como decadência, ilegitimidade, falta de requisitos para a validade do ato administrativo, entre outros. Sublinho que não se trata de discutir ou confrontar a Súmula CARF n. 01 (a propositura de ação judicial com o mesmo objeto que o tratado no processo administrativo), pois essas matérias não estão sendo discutidas na esfera judicial. Além do mais, sob qualquer hipótese, mesmo que a administração se manifeste a respeito de matéria que poderia estar, direta ou indiretamente, em superposição com o eventualmente definido pela autoridade judicial, sempre, sem dúvida, esta prevalecerá sobre aquela. Não há conflito ou perda. Vejamos duas matérias de deveriam ser acolhidas por este órgão administrativo, para decidir e sanear o processo, apesar de ele estar aguardando o desenlace da questão da validade da intimação, e da composição do contraditório. Da exigência do PIS Importação e da COFINS Importação Com relação à inclusão do ICMS e das próprias contribuições sociais na determinação das bases de cálculos e da apuração dos valores devidos. O entendimento do Supremo Tribunal Federal, em sede do Recurso Extraordinário n° 559.937/RS, afetado com repercussão geral, julgado em 20 de março de 2013, declarou a inconstitucionalidade do inciso I do artigo 7° da Lei n° 10.865/2004. O dispositivo julgado inconstitucional determinava a inclusão do ICMS e das próprias contribuições para o PIS e COFINS, na base de cálculo dessas contribuições incidentes na importação de bens. O acórdão tem a seguinte ementa: "EMENTA. Tributário. Recurso extraordinário. Repercussão geral. PIS/COFINS importação. Lei n° 10.865/04. Vedação de bis in idem. Não ocorrência. Suporte direto da contribuição do importador (arts. 149, II, e 195, IV, da CF e art. 149, § 2°, III, da CF, acrescido pela EC 33/01). Alíquota específica ou ad valorem. Valor aduaneiro acrescido do valor do ICMS e das próprias contribuições. Inconstitucionalidade. Isonomia. Ausência de afronta. 1. Afastada a alegação de violação da vedação ao bis in idem, com invocação do art. 195, § 4°, da CF. Não há que se falar sobre invalidade da instituição originária e simultânea de contribuições idênticas com fundamento no inciso IV do art. 195, com alíquotas apartadas para fins exclusivos de destinação. 2. Contribuições cuja instituição foi previamente prevista e autorizada, de modo expresso, em um dos incisos do art. 195 da Constituição validamente instituídas por lei ordinária. Precedentes. 3. Inaplicável ao caso o art. 195, § 4°, da Constituição. Não há que se dizer que devessem as contribuições em questão ser necessariamente nãocumulativas. O fato de não se admitir o crédito senão para as empresas sujeitas à apuração do PIS e da COFINS pelo regime nãocumulativo não chega a implicar ofensa à isonomia, de modo a fulminar todo o tributo. A sujeição ao regime do lucro Fl. 1962DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 30 29 presumido, que implica submissão ao regime cumulativo, é opcional, de modo que não se vislumbra, igualmente, violação do art. 150, II, da CF. 4 Ao dizer que a contribuição ao PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação poderão ter alíquotas ad valorem e base de cálculo o valor aduaneiro, o constituinte derivado circunscreveu a tal base a respectiva competência. 5. A referência ao valor aduaneiro no art. 149, § 2°, III, a , da CF implicou utilização de expressão com sentido técnico inequívoco, porquanto já era utilizada pela legislação tributária para indicar a base de cálculo do Imposto sobre a Importação. 6. A Lei 10.865/04, ao instituir o PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação, não alargou propriamente o conceito de valor aduaneiro, de modo que passasse a abranger, para fins de apuração de tais contribuições, outras grandezas nele não contidas. O que fez foi desconsiderar a imposição constitucional de que as contribuições sociais sobre a importação que tenham alíquota ad valorem sejam calculadas com base no valor aduaneiro, extrapolando a norma do art. 149, § 2°, III, a, da Constituição Federal. 7. Não há como equiparar, de modo absoluto, a tributação da importação com a tributação das operações internas. O PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação incidem sobre operação na qual o contribuinte efetuou despesas com a aquisição do produto importado, enquanto a PIS e a COFINS internas incidem sobre o faturamento ou a receita, conforme o regime. São tributos distintos. (...) 9. Inconstitucionalidade da seguinte parte do art. 7°, inciso I, da Lei 10.865/04: "acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições , por violação do art. 149, § 2°, III, a, da CF, acrescido pela EC 33/01. 10. Recurso extraordinário a que se nega provimento. " (RE 559937, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 20/03/2013, DJe206 DIVULG 16102013 PUBLIC 1710 2013 EMENT VOL0270601 PP00011) S.m.j., o caput do art. 62A do RICARF determina que "as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C" do Código de Processo Civil (CPC), "deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF". Sendo assim, por força desse dispositivo deve prevalecer o afastamento do entendimento fiscal quanto a inclusão do ICMS e das próprias contribuições na base de cálculo dos PIS e da COFINS aqui em discussão. Fl. 1963DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 31 30 Da aplicação das multa e juros por erro de classificação fiscal Ora, estamos a analisar uma autuação resultante da revisão aduaneira de declarações de importação para um período de quase quatro anos. Durante esse longo tempo, a maior parte das importações desse produto foi classificada na NCM escolhida pelo contribuinte e desembaraçada provavelmente pelo canal verde. Uma parte bem menor, mas não menos significativa, teria sido desembaraçada após ter sido submetida ao canal amarelo ou ao vermelho. Creio justo se crer que cada uma das autoridades desses despachos aduaneiros considerou correta essa NCM. Como já expliquei neste Colegiado antes, esse desembaraço não forma critério jurídico para os termos do artigo 146 do CTN, exceto se tiver ocorrido exigência fiscal para alterar a NCM. Mas, essa repetição constitui, em meu entendimento, uma prática reiterada por parte das autoridades aduaneiras no exercício de sua exclusiva competência (que não se confunde com uma prática ou entendimento da própria administração tributária e aduaneira), consoante o que lhe atribui a lei da carreira c/c a Lei n. 5.172/1966 e o DL n. 37/1966. Além disso, como sabemos pela experiência em vários processos tratando desse mesmo tipo de produto e a que apreciamos em sessão, a classificação NCM deste tipo de bem foi objeto de dúvidas e divergências durante anos, sendo inequívoco que não havia uma posição oficial da Receita Federal definitiva e pacificadora naqueles anos de 2008 a 2012. Desse quadro histórico, penso que se pode inferir plausível que houvesse interpretações individuais diferentes por parte das autoridades dos despachos em todo o Brasil e também por parte dos importadores, para se determinar a NCM desse tipo de produto. Esse quadro me leva à conclusão de que estamos diante, sim, de uma situação que se enquadra na hipótese prevista do inciso III e do parágrafo único do artigo 100 do CTN: “Decretolei n. 37 de 1966 Art.97 Compete à autoridade julgadora: I determinar a pena ou as penas aplicáveis ao infrator ou a quem deva responder pela infração, nos termos da lei; II fixar a quantidade da pena, respeitados os limites legais. (...) Art.101 Não será aplicada penalidade enquanto prevalecer o entendimento a quem proceder ou pagar o imposto: I de acordo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal inclusive de consulta, seja o interessado parte ou não; II de acordo com interpretação fiscal constante de decisão de primeira instância proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, em que o interessado for parte; Fl. 1964DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 32 31 III de acordo com interpretação fiscal constante de circular, instrução, portaria, ordem de serviço e outros atos interpretativos baixados pela autoridade fazendária competente.” “Lei n. 5.172, de 1966: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.” Como já expus neste voto, acho legítimo que a Administração, em ato de revisão aduaneira, resolva definir um NCM que considera correta para determinado produto. Acho legítimo que ela imponha essa nova classificação para as importações anteriores, chegando mesmo obrigar a retificação dessas Declarações de Importação e chegando, também a rever de ofício a aprovação da autoridade do despacho nas desembaraçadas pelo canal amarelo e vermelho. Entretanto, apesar de não se tratar de uma mudança de critério jurídico, a posição firmada a partir da revisão aduaneira nega a prática reiterada das autoridades do despacho, exercidas individualmente. Sendo assim, em meu entendimento, essa situação deve invocar a aplicação da lei posta no parágrafo único do artigo 100 do CTN, exercida nos termos da competência estatuída pela lei do processo administrativo fiscal (Decreto n. 70.235, de 1972) e estatuída na lei aduaneira (artigo 97 DL 37/1966). Por isso, entendo inarredável a aplicação, por reconhecimento de ofício deste Colegiado, que nessa situação de revisão aduaneira em que se determinou uma classificação fiscal para as importações passadas, com segura constatação de terem sido recorrentemente desembaraçadas por NCM diferente, seja reconhecida a possibilidade de exigir apenas os tributos à luz do que dispõe o parágrafo único do artigo 100 do CTN. Por óbvio, e pelos mesmo fundamentos acima expostos, que defendo que essas penalidades não podem ser exigidas das importações em que o contribuinte atendeu a intimação fiscal para alterar sua classificação exatamente para a que hoje a revisão aduaneira está considerando como incorreta. Fl. 1965DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 33 32 Da necessidade de declarar a nulidade de decisão proferida por órgão incompetente. Há a informação de que há ação judicial discutindo a validade da intimação feita ao despachante, mas em minha visão, esse fato não subtrai do CARF o poder e o dever de se manifestar sobre as matérias de ordem pública. E sublinho que a autoridade judicial não emitiu ordem proibindo o CARF e a Administração de se manifestar no processo. Faço ressaltar que não se trata de concomitância, mas de prejudicialidade. A matéria validade da intimação não tem coincidência com a matéria verificação da validade do ato fiscal, da existência de decadência, da constatação de erro na elaboração do auto de infração. Estas matérias não estão sendo submetidas ao judiciário, mas apenas a prejudicial da intimação. O auto de infração, como ato administrativo, é anterior à inicialização do contraditório, e ele deve ser analisado pelo órgão da administração pública instado a essa apreciação, no caso, este CARF. Por outra monta, não posso acolher a decisão dos Julgadores de 1ª piso que, após terem constatado que o ato fiscal mereceria reparos por erros e vícios de sua formação, voltaram atrás nessa decisão por subordinarem essa constatação à dúvida sobre a legitimidade da intimação e à existência do contraditório.. Além do mais, faltava competência ao órgão de 1ª instância para rever seu acórdão depois de recorrido pela contribuinte. “Decreto 70.235,de 1972 Art.25.O julgamento do processo de exigência de tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal compete:(Vide Decreto nº 2.562, de 1998)(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001)(Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) Iem primeira instância, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento, órgãos de deliberação interna e natureza colegiada da Secretaria da Receita Federal;(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001)(Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) a) aos Delegados da Receita Federal, titulares de Delegacias especializadas nas atividades concernentes a julgamento de processos, quanto aos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal.(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)(Vide Medida Provisória nº 232, de 2004)(Vide Lei nº 11.119, de 2005) b) às autoridades mencionadas na legislação de cada um dos demais tributos ou, na falta dessa indicação aos chefes da projeção regional ou local da entidade que administra o tributo, conforme for por ela estabelecido.(Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) II – em segunda instância, ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão colegiado, paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, com atribuição de julgar recursos de ofício e voluntários de decisão Fl. 1966DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720049/201398 Resolução nº 3401000.937 S3C4T1 Fl. 34 33 de primeira instância, bem como recursos de natureza especial.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)” Neste processo, os julgadores de 1º piso decidiram (1º Acórdão proferido) em 19/08/2014, e revisaram essa decisão em 08/10/2014 (2º Acórdão proferido em substituição ao primeiro). Eles justificaram que a autoridade judicial havia revertido a ordem liminar em 18/08/2014, um dia antes da sessão. Ocorre que a contribuinte já havia apresentado seu recurso voluntário em 18/09/2014. Apesar do protocolo deste recurso voluntário, a unidade de administração local somente o juntou após a revisão da decisão pelos Julgadores a quo, mas, sem dúvida, que a data de referência não reside na juntada, mas no protocolo, a que legalmente instalou a remessa dos autos à 2ª instância, a mesma data que serve para aferirmos a tempestividade do recurso. O recurso voluntário apresentado redefine a competência de análise do conteúdo e objeto do processo, transferindoa para a 2 instância. Esse fato constitui inobservância da lei processual administrativa e merece reparos; por isso creio que o segundo acórdão deveria ser declarado nulo, retomando ao status anterior. Conclusão: Foi por essas considerações é que propus: declarar a nulidade do ato recorrido e a manutenção da 1ª decisão da instância a quo (Acórdão 0737.386, de 19/08/2014), conhecer matérias de ordem pública: decadência, aplicação do artigo 159 do DL 37/66, exclusão do ICMS da determinação do PIS e da COFINS devidos, conforme decisão transitada em julgado pelo STF. conhecer matéria de ordem tributário processual, qual seja: a de que se aplica ao caso o disposto no artigo 100 inciso III e parágrafo único do CTN, pois se trata de exigência resultante revisão aduaneira referente a importações submetidas a despachos aduaneiros, que em seu conjunto denota prática da autoridade fiscal e do sistema SISCOMEX face à mesma NCM considerada por ela admissível. Eloy Eros da Silva Nogueira. Fl. 1967DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 04/08/2016 p or ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 04/08/2016 por LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJ O BRANCO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 10580.720336/2007-47
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Nov 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2003
TEMPESTIVIDADE.
O prazo recursal se inicia da ciência da decisão de primeira instância com todos os documentos que a compõem. A juntada de eventuais anexos mencionados do acórdão também devem ser levados ao conhecimento do contribuinte.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2301-004.820
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para intimar o contribuinte do acórdão de impugnação, bem como do Anexo I da fl. 155, reabrindo-se prazo para a apresentação do recurso voluntário.
João Bellini Junior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 11065.000043/2005-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 31 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-000.756
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM- Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Ausência justificada de Charles Mayer de Castro Souza.
RELATÓRIO
O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS.
Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir:
DA AUTUAÇÃO Em 06/01/2005 foi emitido auto de infração, referente à multa isolada de ofício, totalizando R$560.264,22 (fls. 03-11).
O fundamento para a autuação está detalhado no Relatório do Trabalho Fiscal, que transcrevo (fls. 05-11):
RELATÓRIO DO TRABALHO FISCAL Trata-se de ação fiscal realizada na empresa PLÁSTICOS SUZUKI LTDA., com sede na Rua Almirante Tamandaré n° 584, município de Estância Velha, RS, inscrita no CNPJ sob o n° 89.188.973/0001-00, doravante denominada simplesmente de Fiscalizada, no curso da qual foram examinadas as compensações dos débitos de Imposto de Renda da Pessoa jurídica-IRPJ, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL, Imposto Sobre Produtos Industrializados IPI, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS, sendo os débitos extintos em DCTF, por compensação sem DARF com créditos de natureza não tributária.
OS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS A Fiscalizada entregou, em 04/10/2002, junto à Delegacia de Receita Federal de Novo Hamburgo, Declaração de Compensação de crédito seu de natureza não tributaria, originado de empréstimo compulsório sobre energia elétrica à Eletrobrás, com débitos de Imposto de Renda da Pessoa jurídica-IRPJ, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL, Imposto Sobre Produtos Industrializados IPI, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, e da Contribuição para o PIS por ela devidos, anexados ao processo administrativo nº 11065.003707/2002-18.
Esse pedido administrativo foi apreciado pela Saort dessa Delegacia da Receita Federal em Novo Hamburgo, sendo emitido o parecer DRF/NHO/ Saort n°242/2002, o qual indeferiu totalmente o pedido, por não constituir o empréstimo compulsório um tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal. Em Despacho Decisório de 13/09/2002, a Delegada dessa DRF/NHO denegou o pedido de compensação.
ENQUADRAMENTO LEGAL A Lei n°5.172, de 25/10/1966, Código Tributário Nacional, em seu artigo 156, elenca quais as formas de extinção do crédito tributário:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado.
XI a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.
O Código Tributário Nacional, em se artigo 170, dispõe que a compensação poderá ser autorizada por lei, nas condições em que ela estipular:
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento.
Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.
Na Lei No 4.502, de 30/11/1964 encontra-se a definição de fraude. Diz assim seu art.72:.
Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.
A Lei nº 8.137, de 27/12/1990 veio a definir os crimes contra a ordem tributária. Em seus artigos 1° e 2° estão descritas as condutas que constituem crime dessa natureza. Assim diz em seu art. 2°: Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)
I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
Posteriormente, a Lei 9.430, de 27/12/1996, em seu artigo 44, determinou o percentual das multas a serem aplicadas nos casos de lançamento ofício, fixando o percentual de cento e cinqüenta por cento para os casos de evidente intuito de fraude:
Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição:
I - de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte;II - cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.
§ 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas:
V - isoladamente, no caso de tributo ou contribuição social lançado, que não houver sido pago ou recolhido.
A Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, em seu artigo 90, dispõe sobre as diferenças apuradas em declaração do sujeito passivo:
Art.90.Serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal.
O Ato declarativo Interpretativo SRF n°17, de 02/10/2002, dispondo sobre hipóteses de evidente intuito de fraude praticada em pedidos ou declarações de compensação, veio a esclarecer da seguinte forma:
Artigo único. Os lançamentos de ofício relativos a pedidos ou declarações de compensação indevidos sujeitar-se-ão à multa de que trata o inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, por caracterizarem evidente intuito de fraude, nas hipóteses em que o crédito oferecido à compensação seja:
I de natureza não-tributária;
II inexistente de fato;
III não passível de compensação por expressa disposição de lei;
IV baseado em documentação falsa.
Também a Instrução Normativa SRF n°226, de 18/10/2002, dispõe sobre pedidos de restituição ou ressarcimento e pedidos ou declarações de compensação:
Art. 1º Será liminarmente indeferido:
I - o pedido de restituição ou ressarcimento cujo direito creditório alegado tenha por base o "crédito-prêmio" instituído pelo art. 1º do Decreto-lei nº 491, de 5 de março de 1969;
II - o pedido ou a declaração de compensação cujo direito creditório alegado tenha por base:
a)o "crédito-prêmio", referido no inciso I;
b)título público;
c)crédito de terceiros, cujo pedido ou declaração tenha sido protocolizado a partir de 10 de abril de 2000. Por fim, o § 12. do Art. 4°, da Lei No 11.051, de 29 de dezembro de 2004, se referindo à Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 assim diz:
Art. 4o O art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 74. ............................................................................
§ 3o ............................................................................
IV - o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela Secretaria da Receita Federal - SRF;
V - o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e VI - o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal - SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa.
§ 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses:
I - previstas no § 3o deste artigo;
II - em que o crédito:
a) seja de terceiros;
b) refira-se a "crédito-prêmio" instituído pelo art. 1o do Decreto-Lei no 491, de 5 de março de 1969;
c) refira-se a título público;
d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal - SRF.
AÇÃO FISCAL Em procedimento de fiscalização interna, visando as indevidas compensações objeto do processo administrativo nº 1065.003707/2002-18, assim como as efetuadas diretamente nas DCTFs, foram levantadas as informações constantes nas declarações recepcionadas e processadas pelos sistemas da Secretaria da Receita Federal, constantes nos sistemas dessa DRF/NHO, onde apuraram-se os seguintes valores:
PIS PERÍODO DE APURAÇÃO
DÉBITOS DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO
MULTA AGRAVADA
TOTAL APURADO
AGO/02
R$ 11.500,00
150%
R$ 17.250,00
FEV/03
R$ 10.000,00
150%
R$ 15.000,00
JUL/03
R$ 12.000,00
150%
R$ 18.000,00
SET/03
R$ 11.000,00
150%
R$ 16.500,00
ABR/04
R$ 16.001,58
150%
R$ 24.002,37
SET/04
R$ 19.425,47
150%
R$ 29.138,20
TOTAIS
R$ 79.927,05
150%
R$ 119.890,57
COFINS
PERÍODO DE APURAÇÃO
DÉBITOS DE COFINS INDEVIDAMENTE COMPENSADO
MULTA AGRAVADA
TOTAL APURADO
AGO/02
R$ 54.000,00
150%
R$ 81.000,00
FEV/03
R$ 47.000,00
150%
R$ 70.500,00
JUL/03
R$ 56.000,00
150%
R$ 84.000,00
SET/03
R$ 53.000,00
150%
R$ 79.500,00
ABR/04
R$ 73.853,44
150%
R$ 110.780,16
SET/04
R$ 89.656,04
150%
R$ 134.484,06
TOTAIS
R$ 373.509,48
150%
R$ 560.264,22
IPI
PERÍODO DE APURAÇÃO
DÉBITOS DE IPÍ INDEVIDAMENTE COMPENSADO
MULTA AGRAVADA
TOTAL APURADO
1° DEC/MAR/03
R$ 41.000,00
150%
R$ 61.500,00
2º DEC/MAR/03
R$ 71.000,00
150%
R$ 106.500,00
1º DEC/AGO/03
R$ 55.000,00
150%
R$ 82.500,00
2º DEC/AGO/03
R$ 75.000,00
150%
R$ 112.500,00
1º DEC/OUT/03
R$ 100.000,00
150%
R$ 150.000,00
2º DEC/OUT/03
R$ 51.000,00
150%
R$ 76.500,00
TOTAIS
R$ 393.000,00
150%
R$ 589.500,00
IRPJ
PERÍODO DE APURAÇÃO
DÉBITO DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO
MULTA AGRAVADA
TOTAL APURADO
3° QUOTA/4°TRIM/02
R$ 38.944,81
150%
R$ 58.417,21
2° QUOTA/2°TRIM/03
R$ 36.000,00
150%
R$ 54.000,00
2° QUOTA/3°TRIM/03
R$ 41.000,00
150%
R$ 61.500,00
TOTAIS
R$ 115.944,81
150%
R$ 173.917,21
CSLL
PERÍODO DE APURAÇÃO
DÉBITO DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO
MULTA AGRAVADA
TOTAL APURADO
3° QUOTA/4°TRIM/02
R$ 20.940,33
150%
R$ 31.410,49
2° QUOTA/2°TRIM/03
R$ 20.000,00
150%
R$ 30.000,00
1° QUOTA/3°TRIM/03
R$ 21.500,00
150%
R$ 32.250,00
TOTAIS
R$ 62.440,33
150%
R$ 93.660,49
Multa Agravada Total:..................................................................... R$ 1.537.232,49
A compensação que a contribuinte realizou para zerar seus débitos dos referidos períodos é uma compensação indevida com créditos de natureza não tributária, aplicando-se o percentual de cento e cinqüenta porcento, por caracterizar evidente intuito de fraude.
Com base nas irregularidade aqui relatadas, lavraram-se os Autos de Infração, constituindo-se um montante total de R$ 1.537.232,49 (um milhão quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e nove centavos).
A ciência do auto de infração deu-se em 21/01/2005 (fl. 22).
DA IMPUGNAÇÃO
A contribuinte apresentou, em 17/02/2005, impugnação ao auto de infração (fls. 23-45). Alegou, em síntese:
ter incluído no PAES os valores compensados referentes à competência de agosto de 2002;
ser nulo o auto de infração em face de omissão na descrição da matéria tributável;
inexistir fato típico a ensejar a aplicação de norma penalizadora, pois as compensações efetuadas ainda estão pendentes de julgamento nos autos do processo administrativo no 11065.003707/2002-18;
não terem as Obrigações Eletrobrás natureza jurídica de títulos públicos, como afirmado no auto de infração;
não poder a Lei no 11.051, de 29/12/2004, ser aplicada retroativamente, a fatos ocorridos de 31/08/2002 a 30/09/2004;
ser confiscatória a multa aplicada;
ser inaplicável a multa por ofensa ao princípio constitucional da dosimetria da pena conjugada com o da tipicidade cerrada;
Cita jurisprudência e doutrina defendendo sua tese.
Requer que seja declarada a improcedência do auto de infração.
O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/POA no 5.700, de 12/05/2005, proferida pelos membros da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS, cuja ementa dispõe, verbis:
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/08/2002, 28/02/2003, 31/07/2003, 30/09/2003, 30/04/2004, 30/09/2004 Ementa: PRELIMINAR DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA.
Não se configurando nenhuma das hipóteses arroladas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72 que rege o processo administrativo fiscal, não se pode admitir pedido de nulidade.
INCLUSÃO NO PAES DE PARTE DO TRIBUTO QUE SERVE DE BASE DE CÁLCULO PARA A APLICAÇÃO DE MULTA ISOLADA. FALTA DE PROVA DA DESISTÊNCIA EXPRESSA DE MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE SOB APRECIAÇÃO PERANTE O CONSELHO DE CONTRIBUINTES.
Ao teor do disposto no art. 4º da Lei no 10.684/2003, o parcelamento especial PAES somente alcançará débitos que se encontrarem com exigibilidade suspensa por força dos incisos III a V do art. 151 do CTN no caso de o sujeito passivo desistir expressamente e de forma irrevogável da impugnação ou do recurso interposto, e renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam os referidos processos administrativos relativamente à matéria cujo respectivo débito queira parcelar.
COMPENSAÇÃO DE TÍTULOS PÚBLICOS COM CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. IMPOSIÇÃO DE MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. PROCEDÊNCIA.
É procedente a imposição de multa de ofício qualificada nos casos em que a compensação efetivada pela contribuinte caracteriza evidente intuito de fraude.
Lançamento Procedente
O julgamento foi no sentido de afastar as preliminares e não acolher as alegações e considerar procedente o lançamento.
Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, protocolizou o Recurso Voluntário, no qual, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória.
Ressalta ainda:
-a decisão recorrida não se manifestou sobre o mérito da questão no que se refere à inconstitucionalidade da aplicação da multa com caráter confiscatório,
-assim como, ao fato de ser inaplicável a multa por ofensa ao princípio constitucional da dosimetria da pena, alegando que estas teses envolviam aspectos constitucionais, devendo ser apreciadas pelo Poder Judiciário e não por órgão administrativo;
- a autoridade administrativa não pode ficar adstrita a apenas aplicar a lei, deverá emitir sempre juízo valorativo, mesmo no tocante a legalidade, ou ainda, da constitucionalidade das normas.
-Reitera o pedido de que seja observada a determinação disposta na sentença proferida em Mandado de Segurança n° 2003.71.08.010487-8, determinando à DRF/Novo Hamburgo que se abstivesse de proceder à cobrança dos débitos compensados até que seja proferida decisão definitiva acerca do pedido administrativo de ressarcimento/compensação. Seja julgada procedente a Impugnação para o efeito de tornar exigível e indevida a imposição tributária apurada pela fiscalização.
Foi proferido o acórdão de n° 303-35.316, de 19/05/2008, do recurso voluntário, conforme ementa reproduzida abaixo, onde a turma do CARF julgou procedente em parte, tendo em vista aplicação da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inc. II , c do CTN:
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/08/2002, 28/02/2003, 31/07/2003, 30/09/2003, 30/04/2004, 30/09/2004
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS ADMINISTRADOS PELA SRF COM CRÉDITOS DE TÍTULOS DA ELETROBRÁS. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO RETROATIVA DE LEI MAIS FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE.
A lei aplica-se a ato ou fato pretérito, quando ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Aplicação do art. 106, II, "c" do CTN.
RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE
Insatisfeito, a empresa entra com embargos de declaração, em 25/09/2008, às e-fls. 248 e ss, para esclarecer contradição, nos seguintes termos:
Pelo exposto, requer dignem-se Vossas Senhorias, em recebendo os presentes embargos declaratórios e acolhendo-os no sentido de esclarecer a contradição apontada quanto ao não encerramento do processo administrativo n. 11065.003707/2002-18, reconhecer que deve ser suspenso todo e qualquer procedimento enquanto não definitiva a decisão no âmbito administrativo, declarando nula a cobrança da multa isolada enquanto pendente a decisão definitiva acerca do pedido administrativo de ressarcimento/compensação, nos termos do quanto sustentado e fundamentado tanto na manifestação de inconformidade como no próprio recurso voluntário, por ser medida de justiça.
Foi convertido o julgamento em diligência, através da Resolução de n° 3201-00027, de 20/05/2009, para verificar se o processo de n° 11065.003707/2002-18 ainda se encontrava pendente de julgamento, conforme e-fls. 293 e ss.
Registre-se que foi designado o Conselheiro José Luiz Feistauer de Oliveira como relator ad hoc para formalizar a Resolução acima, tendo em vista que o Conselheiro relator não mais integrar ao CARF.
Ressalte-se que considero a demanda da Resolução acima, com fins de subsidiar a informação ao recurso interposto (embargos). No entanto, o mesmo foi formalizado, posteriormente a 15/09/2015, tendo em vista o despacho de encaminhamento ao conselheiro ad hoc.
Observa-se a existência de outro recurso formulado pela empresa, como aditamento aos embargos, em 10/05/2011.
Por sua vez, consta a informação do despacho de encaminhamento, à e-fl. 338, em 27/11/2015, nos seguintes termos, como resultado da Resolução:
Atendendo a Diligência determinada pela Resolução nº 3201-00027 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária juntei ao presente processo documentos de fls. 312/335. Em suma: os débitos constantes do processo 11065.003707/2002-18, inclusive os que deram causa ao lançamento em discussão, foram transferidos para o 11065.001430/2006-12, o qual foi consolidado no parcelamento instituído pela Lei nº 11.941/09. Proponho o retorno do mesmo ao CARF.
Em sendo assim, observa-se que os dois embargos interpostos pela empresa não foram devidamente apreciados.
O processo digitalizado foi redistribuído e encaminhado a esta Conselheira, de forma regimental.
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM- Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Ausência justificada de Charles Mayer de Castro Souza. RELATÓRIO O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: DA AUTUAÇÃO Em 06/01/2005 foi emitido auto de infração, referente à multa isolada de ofício, totalizando R$560.264,22 (fls. 03-11). O fundamento para a autuação está detalhado no Relatório do Trabalho Fiscal, que transcrevo (fls. 05-11): RELATÓRIO DO TRABALHO FISCAL Trata-se de ação fiscal realizada na empresa PLÁSTICOS SUZUKI LTDA., com sede na Rua Almirante Tamandaré n° 584, município de Estância Velha, RS, inscrita no CNPJ sob o n° 89.188.973/0001-00, doravante denominada simplesmente de Fiscalizada, no curso da qual foram examinadas as compensações dos débitos de Imposto de Renda da Pessoa jurídica-IRPJ, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL, Imposto Sobre Produtos Industrializados IPI, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS, sendo os débitos extintos em DCTF, por compensação sem DARF com créditos de natureza não tributária. OS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS A Fiscalizada entregou, em 04/10/2002, junto à Delegacia de Receita Federal de Novo Hamburgo, Declaração de Compensação de crédito seu de natureza não tributaria, originado de empréstimo compulsório sobre energia elétrica à Eletrobrás, com débitos de Imposto de Renda da Pessoa jurídica-IRPJ, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL, Imposto Sobre Produtos Industrializados IPI, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, e da Contribuição para o PIS por ela devidos, anexados ao processo administrativo nº 11065.003707/2002-18. Esse pedido administrativo foi apreciado pela Saort dessa Delegacia da Receita Federal em Novo Hamburgo, sendo emitido o parecer DRF/NHO/ Saort n°242/2002, o qual indeferiu totalmente o pedido, por não constituir o empréstimo compulsório um tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal. Em Despacho Decisório de 13/09/2002, a Delegada dessa DRF/NHO denegou o pedido de compensação. ENQUADRAMENTO LEGAL A Lei n°5.172, de 25/10/1966, Código Tributário Nacional, em seu artigo 156, elenca quais as formas de extinção do crédito tributário: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento; II - a compensação; III - a transação; IV - remissão; V - a prescrição e a decadência; VI - a conversão de depósito em renda; VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado. XI a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. O Código Tributário Nacional, em se artigo 170, dispõe que a compensação poderá ser autorizada por lei, nas condições em que ela estipular: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Na Lei No 4.502, de 30/11/1964 encontra-se a definição de fraude. Diz assim seu art.72:. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. A Lei nº 8.137, de 27/12/1990 veio a definir os crimes contra a ordem tributária. Em seus artigos 1° e 2° estão descritas as condutas que constituem crime dessa natureza. Assim diz em seu art. 2°: Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; Posteriormente, a Lei 9.430, de 27/12/1996, em seu artigo 44, determinou o percentual das multas a serem aplicadas nos casos de lançamento ofício, fixando o percentual de cento e cinqüenta por cento para os casos de evidente intuito de fraude: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I - de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte;II - cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: V - isoladamente, no caso de tributo ou contribuição social lançado, que não houver sido pago ou recolhido. A Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, em seu artigo 90, dispõe sobre as diferenças apuradas em declaração do sujeito passivo: Art.90.Serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. O Ato declarativo Interpretativo SRF n°17, de 02/10/2002, dispondo sobre hipóteses de evidente intuito de fraude praticada em pedidos ou declarações de compensação, veio a esclarecer da seguinte forma: Artigo único. Os lançamentos de ofício relativos a pedidos ou declarações de compensação indevidos sujeitar-se-ão à multa de que trata o inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, por caracterizarem evidente intuito de fraude, nas hipóteses em que o crédito oferecido à compensação seja: I de natureza não-tributária; II inexistente de fato; III não passível de compensação por expressa disposição de lei; IV baseado em documentação falsa. Também a Instrução Normativa SRF n°226, de 18/10/2002, dispõe sobre pedidos de restituição ou ressarcimento e pedidos ou declarações de compensação: Art. 1º Será liminarmente indeferido: I - o pedido de restituição ou ressarcimento cujo direito creditório alegado tenha por base o "crédito-prêmio" instituído pelo art. 1º do Decreto-lei nº 491, de 5 de março de 1969; II - o pedido ou a declaração de compensação cujo direito creditório alegado tenha por base: a)o "crédito-prêmio", referido no inciso I; b)título público; c)crédito de terceiros, cujo pedido ou declaração tenha sido protocolizado a partir de 10 de abril de 2000. Por fim, o § 12. do Art. 4°, da Lei No 11.051, de 29 de dezembro de 2004, se referindo à Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 assim diz: Art. 4o O art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 74. ............................................................................ § 3o ............................................................................ IV - o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela Secretaria da Receita Federal - SRF; V - o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e VI - o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal - SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa. § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: I - previstas no § 3o deste artigo; II - em que o crédito: a) seja de terceiros; b) refira-se a "crédito-prêmio" instituído pelo art. 1o do Decreto-Lei no 491, de 5 de março de 1969; c) refira-se a título público; d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal - SRF. AÇÃO FISCAL Em procedimento de fiscalização interna, visando as indevidas compensações objeto do processo administrativo nº 1065.003707/2002-18, assim como as efetuadas diretamente nas DCTFs, foram levantadas as informações constantes nas declarações recepcionadas e processadas pelos sistemas da Secretaria da Receita Federal, constantes nos sistemas dessa DRF/NHO, onde apuraram-se os seguintes valores: PIS PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITOS DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO AGO/02 R$ 11.500,00 150% R$ 17.250,00 FEV/03 R$ 10.000,00 150% R$ 15.000,00 JUL/03 R$ 12.000,00 150% R$ 18.000,00 SET/03 R$ 11.000,00 150% R$ 16.500,00 ABR/04 R$ 16.001,58 150% R$ 24.002,37 SET/04 R$ 19.425,47 150% R$ 29.138,20 TOTAIS R$ 79.927,05 150% R$ 119.890,57 COFINS PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITOS DE COFINS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO AGO/02 R$ 54.000,00 150% R$ 81.000,00 FEV/03 R$ 47.000,00 150% R$ 70.500,00 JUL/03 R$ 56.000,00 150% R$ 84.000,00 SET/03 R$ 53.000,00 150% R$ 79.500,00 ABR/04 R$ 73.853,44 150% R$ 110.780,16 SET/04 R$ 89.656,04 150% R$ 134.484,06 TOTAIS R$ 373.509,48 150% R$ 560.264,22 IPI PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITOS DE IPÍ INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO 1° DEC/MAR/03 R$ 41.000,00 150% R$ 61.500,00 2º DEC/MAR/03 R$ 71.000,00 150% R$ 106.500,00 1º DEC/AGO/03 R$ 55.000,00 150% R$ 82.500,00 2º DEC/AGO/03 R$ 75.000,00 150% R$ 112.500,00 1º DEC/OUT/03 R$ 100.000,00 150% R$ 150.000,00 2º DEC/OUT/03 R$ 51.000,00 150% R$ 76.500,00 TOTAIS R$ 393.000,00 150% R$ 589.500,00 IRPJ PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITO DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO 3° QUOTA/4°TRIM/02 R$ 38.944,81 150% R$ 58.417,21 2° QUOTA/2°TRIM/03 R$ 36.000,00 150% R$ 54.000,00 2° QUOTA/3°TRIM/03 R$ 41.000,00 150% R$ 61.500,00 TOTAIS R$ 115.944,81 150% R$ 173.917,21 CSLL PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITO DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO 3° QUOTA/4°TRIM/02 R$ 20.940,33 150% R$ 31.410,49 2° QUOTA/2°TRIM/03 R$ 20.000,00 150% R$ 30.000,00 1° QUOTA/3°TRIM/03 R$ 21.500,00 150% R$ 32.250,00 TOTAIS R$ 62.440,33 150% R$ 93.660,49 Multa Agravada Total:..................................................................... R$ 1.537.232,49 A compensação que a contribuinte realizou para zerar seus débitos dos referidos períodos é uma compensação indevida com créditos de natureza não tributária, aplicando-se o percentual de cento e cinqüenta porcento, por caracterizar evidente intuito de fraude. Com base nas irregularidade aqui relatadas, lavraram-se os Autos de Infração, constituindo-se um montante total de R$ 1.537.232,49 (um milhão quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e nove centavos). A ciência do auto de infração deu-se em 21/01/2005 (fl. 22). DA IMPUGNAÇÃO A contribuinte apresentou, em 17/02/2005, impugnação ao auto de infração (fls. 23-45). Alegou, em síntese: ter incluído no PAES os valores compensados referentes à competência de agosto de 2002; ser nulo o auto de infração em face de omissão na descrição da matéria tributável; inexistir fato típico a ensejar a aplicação de norma penalizadora, pois as compensações efetuadas ainda estão pendentes de julgamento nos autos do processo administrativo no 11065.003707/2002-18; não terem as Obrigações Eletrobrás natureza jurídica de títulos públicos, como afirmado no auto de infração; não poder a Lei no 11.051, de 29/12/2004, ser aplicada retroativamente, a fatos ocorridos de 31/08/2002 a 30/09/2004; ser confiscatória a multa aplicada; ser inaplicável a multa por ofensa ao princípio constitucional da dosimetria da pena conjugada com o da tipicidade cerrada; Cita jurisprudência e doutrina defendendo sua tese. Requer que seja declarada a improcedência do auto de infração. O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/POA no 5.700, de 12/05/2005, proferida pelos membros da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS, cuja ementa dispõe, verbis: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/08/2002, 28/02/2003, 31/07/2003, 30/09/2003, 30/04/2004, 30/09/2004 Ementa: PRELIMINAR DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Não se configurando nenhuma das hipóteses arroladas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72 que rege o processo administrativo fiscal, não se pode admitir pedido de nulidade. INCLUSÃO NO PAES DE PARTE DO TRIBUTO QUE SERVE DE BASE DE CÁLCULO PARA A APLICAÇÃO DE MULTA ISOLADA. FALTA DE PROVA DA DESISTÊNCIA EXPRESSA DE MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE SOB APRECIAÇÃO PERANTE O CONSELHO DE CONTRIBUINTES. Ao teor do disposto no art. 4º da Lei no 10.684/2003, o parcelamento especial PAES somente alcançará débitos que se encontrarem com exigibilidade suspensa por força dos incisos III a V do art. 151 do CTN no caso de o sujeito passivo desistir expressamente e de forma irrevogável da impugnação ou do recurso interposto, e renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam os referidos processos administrativos relativamente à matéria cujo respectivo débito queira parcelar. COMPENSAÇÃO DE TÍTULOS PÚBLICOS COM CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. IMPOSIÇÃO DE MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. PROCEDÊNCIA. É procedente a imposição de multa de ofício qualificada nos casos em que a compensação efetivada pela contribuinte caracteriza evidente intuito de fraude. Lançamento Procedente O julgamento foi no sentido de afastar as preliminares e não acolher as alegações e considerar procedente o lançamento. Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, protocolizou o Recurso Voluntário, no qual, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. Ressalta ainda: -a decisão recorrida não se manifestou sobre o mérito da questão no que se refere à inconstitucionalidade da aplicação da multa com caráter confiscatório, -assim como, ao fato de ser inaplicável a multa por ofensa ao princípio constitucional da dosimetria da pena, alegando que estas teses envolviam aspectos constitucionais, devendo ser apreciadas pelo Poder Judiciário e não por órgão administrativo; - a autoridade administrativa não pode ficar adstrita a apenas aplicar a lei, deverá emitir sempre juízo valorativo, mesmo no tocante a legalidade, ou ainda, da constitucionalidade das normas. -Reitera o pedido de que seja observada a determinação disposta na sentença proferida em Mandado de Segurança n° 2003.71.08.010487-8, determinando à DRF/Novo Hamburgo que se abstivesse de proceder à cobrança dos débitos compensados até que seja proferida decisão definitiva acerca do pedido administrativo de ressarcimento/compensação. Seja julgada procedente a Impugnação para o efeito de tornar exigível e indevida a imposição tributária apurada pela fiscalização. Foi proferido o acórdão de n° 303-35.316, de 19/05/2008, do recurso voluntário, conforme ementa reproduzida abaixo, onde a turma do CARF julgou procedente em parte, tendo em vista aplicação da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inc. II , c do CTN: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/08/2002, 28/02/2003, 31/07/2003, 30/09/2003, 30/04/2004, 30/09/2004 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS ADMINISTRADOS PELA SRF COM CRÉDITOS DE TÍTULOS DA ELETROBRÁS. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO RETROATIVA DE LEI MAIS FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito, quando ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Aplicação do art. 106, II, "c" do CTN. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE Insatisfeito, a empresa entra com embargos de declaração, em 25/09/2008, às e-fls. 248 e ss, para esclarecer contradição, nos seguintes termos: Pelo exposto, requer dignem-se Vossas Senhorias, em recebendo os presentes embargos declaratórios e acolhendo-os no sentido de esclarecer a contradição apontada quanto ao não encerramento do processo administrativo n. 11065.003707/2002-18, reconhecer que deve ser suspenso todo e qualquer procedimento enquanto não definitiva a decisão no âmbito administrativo, declarando nula a cobrança da multa isolada enquanto pendente a decisão definitiva acerca do pedido administrativo de ressarcimento/compensação, nos termos do quanto sustentado e fundamentado tanto na manifestação de inconformidade como no próprio recurso voluntário, por ser medida de justiça. Foi convertido o julgamento em diligência, através da Resolução de n° 3201-00027, de 20/05/2009, para verificar se o processo de n° 11065.003707/2002-18 ainda se encontrava pendente de julgamento, conforme e-fls. 293 e ss. Registre-se que foi designado o Conselheiro José Luiz Feistauer de Oliveira como relator ad hoc para formalizar a Resolução acima, tendo em vista que o Conselheiro relator não mais integrar ao CARF. Ressalte-se que considero a demanda da Resolução acima, com fins de subsidiar a informação ao recurso interposto (embargos). No entanto, o mesmo foi formalizado, posteriormente a 15/09/2015, tendo em vista o despacho de encaminhamento ao conselheiro ad hoc. Observa-se a existência de outro recurso formulado pela empresa, como aditamento aos embargos, em 10/05/2011. Por sua vez, consta a informação do despacho de encaminhamento, à e-fl. 338, em 27/11/2015, nos seguintes termos, como resultado da Resolução: Atendendo a Diligência determinada pela Resolução nº 3201-00027 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária juntei ao presente processo documentos de fls. 312/335. Em suma: os débitos constantes do processo 11065.003707/2002-18, inclusive os que deram causa ao lançamento em discussão, foram transferidos para o 11065.001430/2006-12, o qual foi consolidado no parcelamento instituído pela Lei nº 11.941/09. Proponho o retorno do mesmo ao CARF. Em sendo assim, observa-se que os dois embargos interpostos pela empresa não foram devidamente apreciados. O processo digitalizado foi redistribuído e encaminhado a esta Conselheira, de forma regimental.
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ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Ausência justificada de Charles Mayer de Castro Souza. RELATÓRIO O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 65 .0 00 04 3/ 20 05 -7 0 Fl. 345DF CARF MF Processo nº 11065.000043/200570 Resolução nº 3201000.756 S3C2T1 Fl. 342 2 Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: DA AUTUAÇÃO Em 06/01/2005 foi emitido auto de infração, referente à multa isolada de ofício, totalizando R$560.264,22 (fls. 0311). O fundamento para a autuação está detalhado no “Relatório do Trabalho Fiscal”, que transcrevo (fls. 0511): “RELATÓRIO DO TRABALHO FISCAL Tratase de ação fiscal realizada na empresa PLÁSTICOS SUZUKI LTDA., com sede na Rua Almirante Tamandaré n° 584, município de Estância Velha, RS, inscrita no CNPJ sob o n° 89.188.973/000100, doravante denominada simplesmente de Fiscalizada, no curso da qual foram examinadas as compensações dos débitos de Imposto de Renda da Pessoa jurídicaIRPJ, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido – CSLL, Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS e da Contribuição para o PIS, sendo os débitos extintos em DCTF, por compensação sem DARF com créditos de natureza não tributária. OS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS A Fiscalizada entregou, em 04/10/2002, junto à Delegacia de Receita Federal de Novo Hamburgo, Declaração de Compensação de crédito seu de natureza não tributaria, originado de empréstimo compulsório sobre energia elétrica à Eletrobrás, com débitos de Imposto de Renda da Pessoa jurídicaIRPJ, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido – CSLL, Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, e da Contribuição para o PIS por ela devidos, anexados ao processo administrativo nº 11065.003707/200218. Esse pedido administrativo foi apreciado pela Saort dessa Delegacia da Receita Federal em Novo Hamburgo, sendo emitido o parecer DRF/NHO/ Saort n°242/2002, o qual indeferiu totalmente o pedido, por não constituir o empréstimo compulsório um tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal. Em Despacho Decisório de 13/09/2002, a Delegada dessa DRF/NHO denegou o pedido de compensação. ENQUADRAMENTO LEGAL A Lei n°5.172, de 25/10/1966, Código Tributário Nacional, em seu artigo 156, elenca quais as formas de extinção do crédito tributário: “Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I o pagamento; II a compensação; III a transação; IV remissão; Fl. 346DF CARF MF Processo nº 11065.000043/200570 Resolução nº 3201000.756 S3C2T1 Fl. 343 3 V a prescrição e a decadência; VI a conversão de depósito em renda; VII o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X a decisão judicial passada em julgado. XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei”. O Código Tributário Nacional, em se artigo 170, dispõe que a compensação poderá ser autorizada por lei, nas condições em que ela estipular: “Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial”. Na Lei No 4.502, de 30/11/1964 encontrase a definição de fraude. Diz assim seu art.72:. “Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento”. A Lei nº 8.137, de 27/12/1990 veio a definir os crimes contra a ordem tributária. Em seus artigos 1° e 2° estão descritas as condutas que constituem crime dessa natureza. Assim diz em seu art. 2°: “Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) Fl. 347DF CARF MF Processo nº 11065.000043/200570 Resolução nº 3201000.756 S3C2T1 Fl. 344 4 I fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximirse, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;” Posteriormente, a Lei 9.430, de 27/12/1996, em seu artigo 44, determinou o percentual das multas a serem aplicadas nos casos de lançamento ofício, fixando o percentual de cento e cinqüenta por cento para os casos de evidente intuito de fraude: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte;II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: V isoladamente, no caso de tributo ou contribuição social lançado, que não houver sido pago ou recolhido”. A Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, em seu artigo 90, dispõe sobre as diferenças apuradas em declaração do sujeito passivo: “Art.90.Serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal”. O Ato declarativo Interpretativo SRF n°17, de 02/10/2002, dispondo sobre hipóteses de evidente intuito de fraude praticada em pedidos ou declarações de compensação, veio a esclarecer da seguinte forma: “Artigo único. Os lançamentos de ofício relativos a pedidos ou declarações de compensação indevidos sujeitarseão à multa de que trata o inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, por caracterizarem evidente intuito de fraude, nas hipóteses em que o crédito oferecido à compensação seja: I – de natureza nãotributária; II – inexistente de fato; III – não passível de compensação por expressa disposição de lei; Fl. 348DF CARF MF Processo nº 11065.000043/200570 Resolução nº 3201000.756 S3C2T1 Fl. 345 5 IV – baseado em documentação falsa.” Também a Instrução Normativa SRF n°226, de 18/10/2002, dispõe sobre pedidos de restituição ou ressarcimento e pedidos ou declarações de compensação: “Art. 1º Será liminarmente indeferido: I o pedido de restituição ou ressarcimento cujo direito creditório alegado tenha por base o "créditoprêmio" instituído pelo art. 1º do Decretolei nº 491, de 5 de março de 1969; II o pedido ou a declaração de compensação cujo direito creditório alegado tenha por base: a)o "créditoprêmio", referido no inciso I; b)título público; c)crédito de terceiros, cujo pedido ou declaração tenha sido protocolizado a partir de 10 de abril de 2000”. Por fim, o § 12. do Art. 4°, da Lei No 11.051, de 29 de dezembro de 2004, se referindo à Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 assim diz: Art. 4o O art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 74. ............................................................................ § 3o ............................................................................ IV o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela Secretaria da Receita Federal SRF; V o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e VI o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa. § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: I previstas no § 3o deste artigo; II em que o crédito: a) seja de terceiros; b) refirase a "créditoprêmio" instituído pelo art. 1o do DecretoLei no 491, de 5 de março de 1969; Fl. 349DF CARF MF Processo nº 11065.000043/200570 Resolução nº 3201000.756 S3C2T1 Fl. 346 6 c) refirase a título público; d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal SRF. AÇÃO FISCAL Em procedimento de fiscalização interna, visando as indevidas compensações objeto do processo administrativo nº 1065.003707/200218, assim como as efetuadas diretamente nas DCTFs, foram levantadas as informações constantes nas declarações recepcionadas e processadas pelos sistemas da Secretaria da Receita Federal, constantes nos sistemas dessa DRF/NHO, onde apuraramse os seguintes valores: PIS PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITOS DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO AGO/02 R$ 11.500,00 150% R$ 17.250,00 FEV/03 R$ 10.000,00 150% R$ 15.000,00 JUL/03 R$ 12.000,00 150% R$ 18.000,00 SET/03 R$ 11.000,00 150% R$ 16.500,00 ABR/04 R$ 16.001,58 150% R$ 24.002,37 SET/04 R$ 19.425,47 150% R$ 29.138,20 TOTAIS 1.1 R$ 79.927,05 150% R$ 119.890,57 COFINS PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITOS DE COFINS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO AGO/02 R$ 54.000,00 150% R$ 81.000,00 FEV/03 R$ 47.000,00 150% R$ 70.500,00 JUL/03 R$ 56.000,00 150% R$ 84.000,00 SET/03 R$ 53.000,00 150% R$ 79.500,00 ABR/04 R$ 73.853,44 150% R$ 110.780,16 SET/04 R$ 89.656,04 150% R$ 134.484,06 TOTAIS 1.2 R$ 373.509,48 150% R$ 560.264,22 IPI PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITOS DE IPÍ INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO 1° DEC/MAR/03 R$ 41.000,00 150% R$ 61.500,00 2º DEC/MAR/03 R$ 71.000,00 150% R$ 106.500,00 1º DEC/AGO/03 R$ 55.000,00 150% R$ 82.500,00 2º DEC/AGO/03 R$ 75.000,00 150% R$ 112.500,00 1º DEC/OUT/03 R$ 100.000,00 150% R$ 150.000,00 2º DEC/OUT/03 R$ 51.000,00 150% R$ 76.500,00 TOTAIS 1.3 R$ 393.000,00 150% 1.4 R$ 589.500,00 IRPJ Fl. 350DF CARF MF Processo nº 11065.000043/200570 Resolução nº 3201000.756 S3C2T1 Fl. 347 7 PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITO DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO 3° QUOTA/4°TRIM/02 R$ 38.944,81 150% R$ 58.417,21 2° QUOTA/2°TRIM/03 R$ 36.000,00 150% R$ 54.000,00 2° QUOTA/3°TRIM/03 R$ 41.000,00 150% R$ 61.500,00 TOTAIS 1.5 R$ 115.944,81 150% 1.6 R$ 173.917,21 CSLL PERÍODO DE APURAÇÃO DÉBITO DE PIS INDEVIDAMENTE COMPENSADO MULTA AGRAVADA TOTAL APURADO 3° QUOTA/4°TRIM/02 R$ 20.940,33 150% R$ 31.410,49 2° QUOTA/2°TRIM/03 R$ 20.000,00 150% R$ 30.000,00 1° QUOTA/3°TRIM/03 R$ 21.500,00 150% R$ 32.250,00 TOTAIS 1.7 R$ 62.440,33 150% 1.8 R$ 93.660,49 Multa Agravada Total:..................................................................... R$ 1.537.232,49 A compensação que a contribuinte realizou para zerar seus débitos dos referidos períodos é uma compensação indevida com créditos de natureza não tributária, aplicandose o percentual de cento e cinqüenta porcento, por caracterizar evidente intuito de fraude. Com base nas irregularidade aqui relatadas, lavraramse os Autos de Infração, constituindose um montante total de R$ 1.537.232,49 (um milhão quinhentos e trinta e sete reais e quarenta e nove centavos).” A ciência do auto de infração deuse em 21/01/2005 (fl. 22). DA IMPUGNAÇÃO A contribuinte apresentou, em 17/02/2005, impugnação ao auto de infração (fls. 2345). Alegou, em síntese: ter incluído no PAES os valores compensados referentes à competência de agosto de 2002; ser nulo o auto de infração em face de omissão na descrição da matéria tributável; inexistir fato típico a ensejar a aplicação de norma penalizadora, pois as compensações efetuadas ainda estão pendentes de julgamento nos autos do processo administrativo no 11065.003707/200218; não terem as Obrigações Eletrobrás natureza jurídica de títulos públicos, como afirmado no auto de infração; Fl. 351DF CARF MF Processo nº 11065.000043/200570 Resolução nº 3201000.756 S3C2T1 Fl. 348 8 não poder a Lei no 11.051, de 29/12/2004, ser aplicada retroativamente, a fatos ocorridos de 31/08/2002 a 30/09/2004; ser confiscatória a multa aplicada; ser inaplicável a multa por ofensa ao princípio constitucional da dosimetria da pena conjugada com o da tipicidade cerrada; Cita jurisprudência e doutrina defendendo sua tese. Requer que seja declarada a improcedência do auto de infração. O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/POA no 5.700, de 12/05/2005, proferida pelos membros da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS, cuja ementa dispõe, verbis: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/08/2002, 28/02/2003, 31/07/2003, 30/09/2003, 30/04/2004, 30/09/2004 Ementa: PRELIMINAR DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Não se configurando nenhuma das hipóteses arroladas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72 que rege o processo administrativo fiscal, não se pode admitir pedido de nulidade. INCLUSÃO NO PAES DE PARTE DO TRIBUTO QUE SERVE DE BASE DE CÁLCULO PARA A APLICAÇÃO DE MULTA ISOLADA. FALTA DE PROVA DA DESISTÊNCIA EXPRESSA DE MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE SOB APRECIAÇÃO PERANTE O CONSELHO DE CONTRIBUINTES. Ao teor do disposto no art. 4º da Lei no 10.684/2003, o parcelamento especial – PAES – somente alcançará débitos que se encontrarem com exigibilidade suspensa por força dos incisos III a V do art. 151 do CTN no caso de o sujeito passivo desistir expressamente e de forma irrevogável da impugnação ou do recurso interposto, e renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam os referidos processos administrativos relativamente à matéria cujo respectivo débito queira parcelar. COMPENSAÇÃO DE TÍTULOS PÚBLICOS COM CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. IMPOSIÇÃO DE MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. PROCEDÊNCIA. É procedente a imposição de multa de ofício qualificada nos casos em que a compensação efetivada pela contribuinte caracteriza evidente intuito de fraude. Lançamento Procedente O julgamento foi no sentido de afastar as preliminares e não acolher as alegações e considerar procedente o lançamento. Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, protocolizou o Recurso Voluntário, no qual, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. Ressalta ainda: Fl. 352DF CARF MF Processo nº 11065.000043/200570 Resolução nº 3201000.756 S3C2T1 Fl. 349 9 a decisão recorrida não se manifestou sobre o mérito da questão no que se refere à inconstitucionalidade da aplicação da multa com caráter confiscatório, assim como, ao fato de ser inaplicável a multa por ofensa ao princípio constitucional da dosimetria da pena, alegando que estas teses envolviam aspectos constitucionais, devendo ser apreciadas pelo Poder Judiciário e não por órgão administrativo; a autoridade administrativa não pode ficar adstrita a apenas aplicar a lei, deverá emitir sempre juízo valorativo, mesmo no tocante a legalidade, ou ainda, da constitucionalidade das normas. Reitera o pedido de que seja observada a determinação disposta na sentença proferida em Mandado de Segurança n° 2003.71.08.0104878, determinando à DRF/Novo Hamburgo que se abstivesse de proceder à cobrança dos débitos compensados até que seja proferida decisão definitiva acerca do pedido administrativo de ressarcimento/compensação. Seja julgada procedente a Impugnação para o efeito de tornar exigível e indevida a imposição tributária apurada pela fiscalização. Foi proferido o acórdão de n° 30335.316, de 19/05/2008, do recurso voluntário, conforme ementa reproduzida abaixo, onde a turma do CARF julgou procedente em parte, tendo em vista aplicação da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inc. II , c do CTN: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/08/2002, 28/02/2003, 31/07/2003, 30/09/2003, 30/04/2004, 30/09/2004 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS ADMINISTRADOS PELA SRF COM CRÉDITOS DE TÍTULOS DA ELETROBRÁS. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO RETROATIVA DE LEI MAIS FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. A lei aplicase a ato ou fato pretérito, quando ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Aplicação do art. 106, II, "c" do CTN. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE Insatisfeito, a empresa entra com embargos de declaração, em 25/09/2008, às efls. 248 e ss, para esclarecer contradição, nos seguintes termos: Pelo exposto, requer dignemse Vossas Senhorias, em recebendo os presentes embargos declaratórios e acolhendoos no sentido de esclarecer a contradição apontada quanto ao não encerramento do processo administrativo n. 11065.003707/200218, reconhecer que deve ser suspenso todo e qualquer procedimento enquanto não definitiva a decisão no âmbito administrativo, declarando nula a cobrança da multa isolada enquanto pendente a decisão definitiva acerca do pedido administrativo de ressarcimento/compensação, nos termos do quanto sustentado e fundamentado tanto na manifestação de inconformidade como no próprio recurso voluntário, por ser medida de justiça. Foi convertido o julgamento em diligência, através da Resolução de n° 3201 00027, de 20/05/2009, para verificar se o processo de n° 11065.003707/200218 ainda se encontrava pendente de julgamento, conforme efls. 293 e ss. Fl. 353DF CARF MF Processo nº 11065.000043/200570 Resolução nº 3201000.756 S3C2T1 Fl. 350 10 Registrese que foi designado o Conselheiro José Luiz Feistauer de Oliveira como relator ad hoc para formalizar a Resolução acima, tendo em vista que o Conselheiro relator não mais integrar ao CARF. Ressaltese que considero a demanda da Resolução acima, com fins de subsidiar a informação ao recurso interposto (embargos). No entanto, o mesmo foi formalizado, posteriormente a 15/09/2015, tendo em vista o despacho de encaminhamento ao conselheiro ad hoc. Observase a existência de outro recurso formulado pela empresa, como aditamento aos embargos, em 10/05/2011. Por sua vez, consta a informação do despacho de encaminhamento, à efl. 338, em 27/11/2015, nos seguintes termos, como resultado da Resolução: Atendendo a Diligência determinada pela Resolução nº 320100027 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária juntei ao presente processo documentos de fls. 312/335. Em suma: os débitos constantes do processo 11065.003707/200218, inclusive os que deram causa ao lançamento em discussão, foram transferidos para o 11065.001430/200612, o qual foi consolidado no parcelamento instituído pela Lei nº 11.941/09. Proponho o retorno do mesmo ao CARF. Em sendo assim, observase que os dois embargos interpostos pela empresa não foram devidamente apreciados. O processo digitalizado foi redistribuído e encaminhado a esta Conselheira, de forma regimental. VOTO Conselheiro MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Consta recurso primeiro, segundo a embargante, que o acórdão foi omisso em apreciar a argumentação na qual sustenta a inexistência de fato típico a ensejar a aplicação da multa, ante a pendência de julgamento do pedido de restituição objeto do processo nº 11065.003707/200218, bem como um aditamento a este. A empresa interpôs recurso especial ao STJ em face do referido acórdão, do qual desistiu para incluir os débitos compensados com base no processo administrativo nº 11065.003707/200218 no parcelamento instituído pela Lei nº 11.941/09. O trânsito em julgado ocorreu em 15/03/2011. Por todo o exposto no relatório acima, antes de analisar os dois embargos, necessário se faz ter a confirmação pela DRF/RS, se efetivamente o débito deste processo está também inserido no parcelamento instituído pela Lei nº 11.941/09, tendo em vista a informação recente, por se tratar de um processo antigo no CARF e com muitas fases e considerando que o acórdão do recurso voluntário deu provimento parcial para ponderar a multa isolada nos percentuais de 75% e não de 150%, por conta da aplicação da retroatividade benigna. Fl. 354DF CARF MF Processo nº 11065.000043/200570 Resolução nº 3201000.756 S3C2T1 Fl. 351 11 A informação prestada registra: Atendendo a Diligência determinada pela Resolução nº 320100027 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária juntei ao presente processo documentos de fls. 312/335. Em suma: os débitos constantes do processo 11065.003707/200218, inclusive os que deram causa ao lançamento em discussão, foram transferidos para o 11065.001430/200612, o qual foi consolidado no parcelamento instituído pela Lei nº 11.941/09. Proponho o retorno do mesmo ao CARF. Nesse contexto, entendemos que o presente julgamento deva ser convertido em diligência, a fim de que a unidade preparadora esclareça se o crédito tributário do lançamento em discussão (multa) foi objeto de parcelamento, pois sendo, os embargos não devem ser conhecidos, pela desistência desses mesmos recursos. Dessa forma, voto por que se CONVERTA O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para atender ao solicitado acima. Por fim, devem os autos retornar a esta Turma para prosseguimento no julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Relator Fl. 355DF CARF MF
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Numero do processo: 18050.006012/2008-83
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/09/2005
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.751
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 05 0. 00 60 12 /2 00 8- 83 Fl. 947DF CARF MF Processo nº 18050.006012/200883 Acórdão n.º 9202004.751 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 948DF CARF MF Processo nº 18050.006012/200883 Acórdão n.º 9202004.751 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 949DF CARF MF Processo nº 18050.006012/200883 Acórdão n.º 9202004.751 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 950DF CARF MF Processo nº 18050.006012/200883 Acórdão n.º 9202004.751 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 951DF CARF MF Processo nº 18050.006012/200883 Acórdão n.º 9202004.751 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 952DF CARF MF Processo nº 18050.006012/200883 Acórdão n.º 9202004.751 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 953DF CARF MF Processo nº 18050.006012/200883 Acórdão n.º 9202004.751 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 954DF CARF MF Processo nº 18050.006012/200883 Acórdão n.º 9202004.751 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 955DF CARF MF Processo nº 18050.006012/200883 Acórdão n.º 9202004.751 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 956DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13819.903349/2008-98
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2003 a 30/04/2003
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.060
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente THREE BOND DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2003 a 30/04/2003 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 90 33 49 /2 00 8- 98 Fl. 153DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/200898 Acórdão n.º 9303004.060 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3402001.419, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 154DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/200898 Acórdão n.º 9303004.060 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 155DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/200898 Acórdão n.º 9303004.060 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 156DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/200898 Acórdão n.º 9303004.060 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 157DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/200898 Acórdão n.º 9303004.060 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/200898 Acórdão n.º 9303004.060 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 159DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903349/200898 Acórdão n.º 9303004.060 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 160DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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