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7524813 #
Numero do processo: 11080.927778/2011-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/12/2001 a 31/12/2001 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Inexiste norma legal que prescreva a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. Entender de forma diversa implicaria em violação aos art. 5º, II, e 37, caput, da Constituição e art. 97 do CTN. Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-005.195
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA

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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/12/2001 a 31/12/2001 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Inexiste norma legal que prescreva a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. Entender de forma diversa implicaria em violação aos art. 5º, II, e 37, caput, da Constituição e art. 97 do CTN. Recurso Voluntário Negado.

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.

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3301­005.195  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  26 de setembro de 2018  Matéria  RESTITUIÇÃO  Recorrente  AGROFERTIL S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE FERTILIZANTES  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Período de apuração: 01/12/2001 a 31/12/2001  PEDIDO  DE  RESTITUIÇÃO.  HOMOLOGAÇÃO  TÁCITA.  INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.   Inexiste  norma  legal  que  prescreva  a  homologação  tácita  do  Pedido  de  Restituição  no  prazo  de  5  anos.  Entender  de  forma  diversa  implicaria  em  violação aos art. 5º, II, e 37, caput, da Constituição e art. 97 do CTN.  Recurso Voluntário Negado.       Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso voluntário, nos  termos do relatório e do voto que integram o presente  julgado.  (assinado digitalmente)  Winderley Morais Pereira ­ Presidente e Relator  Participaram  da  presente  sessão  de  julgamento  os  conselheiros  Winderley  Morais  Pereira  (Presidente),  Marcelo  Costa  Marques  d'Oliveira,  Valcir  Gassen,  Liziane  Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido  Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 77 78 /2 01 1- 01 Fl. 76DF CARF MF Processo nº 11080.927778/2011­01  Acórdão n.º 3301­005.195  S3­C3T1  Fl. 3          2 Relatório  Trata­se  de  Recurso  Voluntário  interposto  contra  decisão  de  primeira  instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a  decisão  da  repartição  de  origem  de  indeferimento  do  Pedido  de  Restituição  (PER)  da  Contribuição para o PIS, em virtude de o pagamento informado estar totalmente alocado para  quitação de débito da titularidade do contribuinte.  Em  sua  Manifestação  de  Inconformidade,  o  contribuinte  havia  alegado  a  ocorrência de decadência para a análise do PER, uma vez que fora transmitido havia mais de  cinco anos, pleiteando a aplicação do prazo previsto no art. 74, § 5º, da Lei nº 9.430/1996, para  reconhecimento da ocorrência de homologação tácita.  A  Delegacia  de  Julgamento  (DRJ),  por  meio  do  acórdão  nº  10­042.208,  julgou  improcedente  a  Manifestação  de  Inconformidade,  afastando  o  pleito  por  falta  de  previsão legal e por ausência de comprovação do direito creditório.  Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso  Voluntário  e  requereu  o  reconhecimento  do  seu  direito,  repisando  praticamente  os  mesmos  argumentos de defesa encetados na Manifestação de Inconformidade.  É o relatório.  Fl. 77DF CARF MF Processo nº 11080.927778/2011­01  Acórdão n.º 3301­005.195  S3­C3T1  Fl. 4          3 Voto             Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator.  O  julgamento  deste  processo  segue  a  sistemática  dos  recursos  repetitivos,  regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF),  aprovado  pela Portaria MF  343,  de  9  de  junho  de  2015,  aplicando­se,  portanto,  ao  presente  litígio  o  decidido  no Acórdão  nº  3301­005.190,  de  26/09/2018,  proferida  no  julgamento  do  processo nº 11080.927782/2011­61, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.  Transcreve­se,  nos  termos  regimentais,  o  entendimento  que  prevaleceu  naquela decisão (Resolução nº 3301­005.190):  O  recurso  voluntário  é  tempestivo  e  reúne  os  pressupostos  legais  de  interposição, dele, portanto, tomo conhecimento.   Como relatado, a Recorrente transmitiu Pedido de Ressarcimento, visando  à restituição do crédito nele informado em razão de pagamento indevido ou a  maior  de  PIS/Pasep.  Cabe  esclarecer  que  a  prova  do  recolhimento  indevido  não foi objeto de defesa da empresa.  A Delegacia de origem emitiu Despacho Decisório que  indeferiu o pleito  diante da inexistência do crédito, nos termos do art. 165 do CTN.  Sustenta  a  contribuinte  que  entre  a  data  de  transmissão  do  PER,  11/11/2005, até a ciência do despacho decisório, 21/12/2011, transcorreu prazo  superior a cinco anos, o que implica na homologação tácita do ressarcimento,  nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430/1996.  Dispõe  o  §  5º  do  art.  74  da  Lei  nº  9.430/1996  que:  “o  prazo  para  homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco)  anos, contado da data da entrega da declaração de compensação”.  Ressalte­se  que  a  Declaração  de  Compensação  ­  DCOMP  e  o  Pedido  de  Restituição  ­  PER  são  declarações  diferentes  com  efeitos  também  diversos.  Assim,  não  cabe  aplicar  ao  Pedido  de  Restituição  a  homologação tácita prevista para a Declaração de Compensação. Como  bem  apontado  pela  DRJ,  a  compensação  se  viabiliza  por  via  de  um  regime  declaratório  (Declaração  de  Compensação),  enquanto  que  a  restituição  se  viabiliza  por  um  regime  de  requerimento  (Pedido  de  Restituição), sendo a compensação operada e satisfeita de imediato, sob  condição resolutória de sua ulterior homologação, ao passo que o valor  da  restituição  pleiteada  não  é  entregue  imediatamente  ao  contribuinte,  havendo  a  necessidade  de  uma  decisão  explícita  e  nunca  tácita  da  Administração Tributária.  Não  há  como  se  acolher  a  pretensão  da  Recorrente,  porquanto  a  previsão legal de homologação tácita refere­se tão somente ao pedido de  compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição  ou  Ressarcimento.  Observe­se  que  neste  processo  não  houve  qualquer  Fl. 78DF CARF MF Processo nº 11080.927778/2011­01  Acórdão n.º 3301­005.195  S3­C3T1  Fl. 5          4 vinculação  entre  crédito  e  débito,  apenas  houve  o  pleito  de  ressarcimento.  Entender  de  forma  diversa  implicaria  em  violação  aos  art.  5º,  II,  e  37,  caput da Constituição e art. 97 do CTN.  Conclusão  Do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário.  Importa  registrar  que,  nos  presentes  autos,  as  situações  fática  e  jurídica  encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento  lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado.  Portanto,  aplicando­se  a  decisão  do  paradigma  ao  presente  processo,  em  razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado  decidiu negar provimento ao recurso.  (assinado digitalmente)  Winderley Morais Pereira                              Fl. 79DF CARF MF

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7553099 #
Numero do processo: 19647.010485/2007-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2006 a 30/06/2007 COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Não se homologa a compensação de tributo realizada antes do trânsito em julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966, combinado com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. O pagamento de tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não gera direito à repetição do indébito enquanto não tiver sido proferida decisão judicial definitiva favorável ao contribuinte.
Numero da decisão: 3301-005.342
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida negar provimento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira , Marcelo Costa Marques D´ Oliveira, Ari Vendramini , Salvador Candido Brandão Junior, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira.
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA

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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2006 a 30/06/2007 COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Não se homologa a compensação de tributo realizada antes do trânsito em julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966, combinado com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. O pagamento de tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não gera direito à repetição do indébito enquanto não tiver sido proferida decisão judicial definitiva favorável ao contribuinte.

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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida negar provimento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira , Marcelo Costa Marques D´ Oliveira, Ari Vendramini , Salvador Candido Brandão Junior, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira.

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3301­005.342  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  23 de outubro de 2018  Matéria  RESSARCIMENTO DE IPI  Recorrente  ENGARRAFADORA IGARASSU LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS ­ IPI  Período de apuração: 01/10/2006 a 30/06/2007  COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL.  Não  se  homologa  a  compensação  de  tributo  realizada  antes  do  trânsito  em  julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170 do Código  Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de  1.966, combinado com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996.  O pagamento de tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não gera direito à  repetição  do  indébito  enquanto  não  tiver  sido  proferida  decisão  judicial  definitiva favorável ao contribuinte.       Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer  em parte o recurso voluntário e na parte conhecida negar provimento.   (assinado digitalmente)  Winderley Morais Pereira Presidente    (assinado digitalmente)   Liziane Angelotti Meira ­ Relatora    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Liziane  Angelotti  Meira  ,  Marcelo  Costa Marques  D´  Oliveira,  Ari  Vendramini  ,  Salvador  Candido  Brandão  Junior, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira.  Relatório     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 04 85 /2 00 7- 57 Fl. 567DF CARF MF Processo nº 19647.010485/2007­57  Acórdão n.º 3301­005.342  S3­C3T1  Fl. 568          2 Adoto o relatório constante da decisão recorrida (fls. 521/534).  Foi apresentado Recurso Voluntário.   Voto             Conselheira Liziane Angelotti Meira ­ Relatora.  O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de  admissibilidade e deve ser conhecido.  Defende  a  Recorrente  seu  direito  de  utilizar  créditos  relativos  a  decisão  judicial ainda não transitada em julgado.    Observe­se, contudo, que a utilização de crédito ainda pendente de decisão  judicial definitiva encontra­se expressamente vedada no art. 170­A do CTN, e no art. 74 da Lei  nº 9.430, de 1996, os quais transcrevemos:   Código Tributário Nacional   Art. 170­A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento  de  tributo,  objeto  de  contestação  judicial  pelo  sujeito  passivo,  antes  do  trânsito  em  julgado  da  respectiva  decisão  judicial. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)  Lei nº 9.430, de 1996  Art.  74.  O  sujeito  passivo  que  apurar  crédito,  inclusive  os  judiciais  com  trânsito  em  julgado,  relativo  a  tributo  ou  contribuição  administrado  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  passível de  restituição ou de  ressarcimento,  poderá utilizá­lo na  compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e  contribuições administrados por aquele Órgão.   (...)  §  12.  Será  considerada  não  declarada  a  compensação  nas  hipóteses: (...)  II ­ em que o crédito: (...)  d)  seja  decorrente  de  decisão  judicial  não  transitada  em  julgado;ou (grifou­se)  Cabe  consignar  a  informação  de  que  o  processo  judicial  em  pauta  teve  trânsito em julgado com decisão desfavorável à Recorrente, com a seguinte ementa:  AMS 82188/PE (2002.83.00.004460­7)   APTE : ENGARRAFADORA IGARASSU LTDA   ADV/PROC  :  FÁBIO HENRIQUE DE ARAÚJO URBANO  e  outros   APDO : FAZENDA NACIONAL   ORIGEM  :  7ª  Vara  Federal  de  Pernambuco  (Especializada  em  Questões Agrárias)   Fl. 568DF CARF MF Processo nº 19647.010485/2007­57  Acórdão n.º 3301­005.342  S3­C3T1  Fl. 569          3 RELATOR  :  DESEMBARGADOR  FEDERAL  VLADIMIR  SOUZA CARVALHO   (Ementa)   Tributário. Retorno dos autos para,  se  for o caso, se proceder a  adequação do acórdão, nos termos do art. 543­B, § 3º, do Código  de  Processo  Civil,  por  destoar  do  entendimento  adotado  em  repercussão  geral,  RE  562.980,  que  tem  como  questão  controvertida  o  creditamento  de  IPI  em  relação  à  aquisição  de  insumos  ou  de  produtos  intermediários  aplicados  na  fabricação  de produtos finais sujeitos à alíquota zero ou isentos.   1.  O  entendimento  do  Supremo  Tribunal  Federal  é  de  apenas  haver direito constitucional a créditos de IPI, com supedâneo no  princípio da não cumulatividade, quando se verifica superposição  impositiva, com a incidência tributária na operação antecedente e  também na de saída dos produto, exceto diante de previsão de lei  específica, o que não é o caso dos autos, vez que se trata aqui de  insumos  sujeitos  à  alíquota  zero,  isentos  ou  não  tributados  e  produto final tributado.   2.  O  acórdão  recorrido  destoa  do  entendimento  do  Supremo  Tribunal Federal ao conferir à apelante o direito aos créditos de  IPI decorrentes da aquisição de  insumos  isentos ou  tributados à  alíquota zero, diante de produto final tributado.   3. Adequação do julgado ao entendimento do Supremo Tribunal  Federal, passando­ se a negar provimento à apelação da Empresa.     (Acórdão)     Vistos, etc.     Decide a Egrégia Segunda Turma do Tribunal Regional Federal  da 5ª Região, por unanimidade, adequar o acórdão recorrido, nos  termos  do  relatório,  voto  e  notas  taquigráficas  constantes  dos  autos.     Recife, 10 de março de 2015.   (Data do julgamento)  Ademais, adota­se o entendimento constante da decisão de piso no sentido de  que a demanda  judicial proposta contra a Fazenda Nacional  tem objeto em parte coincidente  com o proposto no presente processo administrativo. As  informações anexadas evidenciam a  interposição  de  recurso  especial  (REsp  n°  644.500  ­  2004/0031834­9)  com  relação  à  AMS  82188­PE,  correspondente  ao  processo  original  n°  2002.83.00.004460­7,  pendente  de  julgamento.   Não cabe no presente processo reconhecer ou autorizar matéria submetida e  decidida  pelo  Poder  Judiciário.  Portanto,  não  se  toma  conhecimento  da  parte  do mérito  que  coincide com o objeto da ação judicial em curso, e quanto ao mérito remanescente, desbordante  da lide judicial, propõe­se manter o indeferimento do pedido.  Diante do exposto, voto por conhecer em parte o recurso voluntário e na parte  conhecida negar provimento.    Fl. 569DF CARF MF Processo nº 19647.010485/2007­57  Acórdão n.º 3301­005.342  S3­C3T1  Fl. 570          4 (assinado digitalmente)  Liziane Angelotti Meira                               Fl. 570DF CARF MF

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7542712 #
Numero do processo: 10980.939984/2011-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1402-000.739
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Paulo Mateus Ciccone (Presidente) e Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado). Ausente justificadamente a conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
Nome do relator: EVANDRO CORREA DIAS

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1402­000.739  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária  Data  18 de outubro de 2018  Assunto  PER/DCOMP  Recorrente  CIA DE CIMENTO ITAMBE  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Resolvem  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  converter  o  julgamento  em  diligência.  O  julgamento  deste  processo  segue  a  sistemática  dos  recursos  repetitivos.    (assinado digitalmente)  Paulo Mateus Ciccone ­ Presidente    (assinado digitalmente)  Evandro Correa Dias ­ Relator     Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges,  Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro  Correa  Dias,  Paulo  Mateus  Ciccone  (Presidente)  e  Eduardo  Morgado  Rodrigues  (Suplente  Convocado). Ausente justificadamente a conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio. Ausente  momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.       RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 39 98 4/ 20 11 -4 9 Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10980.939984/2011­49  Resolução nº  1402­000.739  S1­C4T2  Fl. 140          2 Relatório  Trata­se  de  Recurso  Voluntário  interposto  contra  o  Acórdão  proferido  pela  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  a  quo,  que  negou  provimento  à  Manifestação  de  Inconformidade  apresentada  pela  Contribuinte,  mantendo  integralmente  o  Despacho Decisório que deixou de homologar a compensação pretendida, por entender que "A  partir das  características do DARF discriminado no PER/DCOMP (...)  foram  localizados um  ou  mais  pagamentos  (...),  mas  integralmente  utilizados  para  a  quitação  de  débitos  do  contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição".  Em  sua  Manifestação  de  Inconformidade,  alegou  a  Recorrente  que  efetuou  diversos pagamentos espontâneos de tributos devidos, anteriormente a qualquer procedimento  de fiscalização ou cobrança, o que motivou a apresentação do pedido de restituição visando a  devolução dos valores indevidamente exigidos a título de multa moratória;  Entende que faz jus à devolução da multa de mora, já ser mera conseqüência da  denúncia  espontânea  havida  com  o  pagamento  do  débito  antes  de  qualquer  procedimento  fiscalizatório e anteriormente à retificação de DCTF.  Alega que conforme o art. Nº 138 do CTN, que dispensa o pagamento de multa,  seja ela qual for, em casos de denúncia espontânea apresentada antes de o início de qualquer  procedimento administrativo, não há que se cogitar na espécie de multa de qualquer natureza.  Ao  seu  turno,  a DRJ a quo proferiu  o Acórdão,  ora  recorrido,  em  que  julgou  improcedente a Manifestação de Inconformidade e não reconheceu o direito creditório, com o  entendimento  que  "aplica­se  a  multa  de  mora  aos  pagamentos  efetuados  em  atraso,  não  se  considerando  como  crédito,  compensável,  os  valores  abarcados  pela  tese  da  espontaneidade  prevista no art. Nº 138 do CTN".  Inconformado  com  a  decisão,  a  recorrente  apresentou  recurso  voluntário,  em  que reitera os argumentos apresentados na peça impugnatória.    Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10980.939984/2011­49  Resolução nº  1402­000.739  S1­C4T2  Fl. 141          3 Voto  Conselheiro Evandro Correa Dias, Relator.     O  recurso  voluntário  é  tempestivo  e  atende  ao  demais  requisitos, motivo  pelo  qual dele conheço.    A Recorrente  alega  que  a previsão  legal  contida  no  artigo  138,  do CTN,  bem  assim  a  jurisprudência  pátria,  inclusive  na  esfera  administrativa,  contemplam  a  exclusão  da  responsabilidade por  força da denúncia espontânea e, consequentemente, a  inexigibilidade de  qualquer multa sobre os valores recolhidos em atraso, seja ela de mora ou de ofício.    Afirma que tratando­se a hipótese sub­examine de procedimento espontâneo da  Contribuinte  (quitação  de  tributo,  antes  da  inclusão  do  pagamento  e  da  entrega  da  DCTF­ Retificadora ou de qualquer  ato  fiscalizatório),  a multa de mora  cobrada  é de  todo  indevida,  razão pela qual a sua devolução é medida que se impõe.    Aduz que tendo em vista tais premissas fáticas e  legais motivadoras do pedido  de  restituição  ora  em  debate,  tem­se  por  configurado  o  "pagamento  a  maior  ou  indevido",  passível de aproveitamento, nos termos do artigo 74, da Lei 9.430/96 (com a redação da pela  Lei n° 10.637/02), razão pela qual merece reforma o v. acórdão recorrido, a fim de reconhecer  o direito creditório da Empresa.    Verifica­se que em relação ao mérito há uma questão fundamental ao deslinde  da questão, que é a comprovação da alegada denúncia espontânea.    Entendeu  o  STJ  que  nos  casos  em  que  o  contribuinte  recolhe  o  tributo,  em  atraso,  mas  antes  de  qualquer  procedimento  de  ofício  ou  mesmo  de  apresentar/retificar  a  DCTF, esse pode se beneficiar do instituto da denúncia espontânea com o fim de eximir­se da  exigência da multa moratória.     Diante  da  decisão  sobre  denúncia  espontânea  do  STJ,  que  é  de  repercussão  geral,  faz­se  necessário  para  a  comprovação  da  mesma,  que  se  verifique  se  os  pagamentos  foram realizados antes de qualquer procedimento de ofício ou mesmo de apresentar/retificar a  DCTF.  Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10980.939984/2011­49  Resolução nº  1402­000.739  S1­C4T2  Fl. 142          4 Pelos fatos expostos, apresenta­se a necessidade de diligência para confirmar se  os  pagamentos  foram  realizados  antes  de  qualquer  procedimento  de  ofício  ou  mesmo  de  apresentar/retificar  a  DCTF.  Após  a  realização  da  diligência,  prestados  os  esclarecimentos,  poder­se­á formar definitivamente a convicção necessária ao julgamento meritório deste feito.    Conclusão   Diante  do  exposto,  voto  no  sentido  de  converter  o  julgamento  do  recurso  em  diligência, remetendo­se os autos do presente feito à Unidade Local, para:  1.  Pronunciar­se  sobre  a  procedência  da  alegação  de  espontaneidade  apresentada pela recorrente, verificando se os pagamentos foram realizados  antes de qualquer procedimento de ofício ou mesmo de apresentar/retificar a  DCTF.  2.  Juntar ao processo a DCTF com o respectivo comprovante de sua entrega, a  fim  de  se  comprovar  a  pertinência  ou  não  do  pagamento  da  multa  e  aproveitamento do crédito.  3.  Elaborar  relatório,  trazendo  a  fundamentação  das  constatações  alcançadas,  com justificativas e explicações claras.  4.  Após  a  formulação  e  juntada  do  Relatório  de  Diligência,  deverá  ser  dado  vista  à  Recorrente,  para  que  se  manifeste,  dentro  do  prazo  legal  vigente,  garantindo o contraditório e a ampla defesa.       (assinado digitalmente)  Evandro Correa Dias  Fl. 142DF CARF MF

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7513023 #
Numero do processo: 11080.901301/2014-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1402-000.737
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, sobrestar o presente julgamento deste processo até prolatação de Acórdão meritório definitivo, nesta mesma instância do CARF nos autos do processo nº 11080.903819/2013-27, vencido o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves que votou pelo sobrestamento até decisão definitiva no âmbito administrativo. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Relatório Trata-se de Recurso Voluntário (fls. 328 a 348) interposto contra v. Acórdão (fls. 306 a 319) proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Fortaleza/CE, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls. 02 a 289), mantendo o r. Despacho Decisório (fls. 297 a 301) que expressamente deixou de reconhecer, parcialmente, o suposto crédito de IRPJ oriundo de saldo negativo do ano-calendário de 2009. Em resumo, a parcela ainda controversa do crédito pretendido por meio da PER/DCOMP nº 38145.79172.311001.1.3.02-7526 refere-se a R$ 902.105,44, referente ao não reconhecimento de estimativa compensada. Como mencionado, tal monta denegada refere-se à estimativa de IRPJ de julho de 2009, a qual foi saldada com crédito COFINS por meio de outra DCOMP, igualmente não homologada, que é objeto do processo administrativo nº 11080.903819/2013-27, ainda não findado. Por muito bem resumir o início da lide, adota-se a seguir trechos do preciso relatório elaborado pela DRJ a quo: Tem-se no presente o Despacho Decisório nº de rastreamento 079282566, fl. 297, tratando-se de ato administrativo que não reconheceu o direito creditório evidenciado no PER/DCOMP nº 38145.79172.311001.1.3.02-7526, fls. 291/296, concernente ao saldo negativo de IRPJ do ano-calendário 2009, exercício 2010, o que se deu na forma a seguir reproduzida: A pessoa jurídica postulou o crédito de R$ 11.296.201,95, que foi reconhecido de forma parcial pela autoridade administrativa competente para a apreciação da matéria, o que se manifestou no valor de R$ 10.394.096,51. O resultado se deu em razão da confirmação apenas parcial de estimativas informadas pela interessada, tudo conforme abaixo quantificado: Demais Estimativas Compensadas: R$ 47.037.339,38 (valor informado) – R$ 46.135.234,24 (valor reconhecido) = R$ 902.105,14 (valor não reconhecido) Dessa forma, o crédito reconhecido foi insuficiente para compensar os débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual a compensação informada pelo sujeito passivo foi homologada de maneira parcial, restando exigível a seguinte quantia: R$ 779.815,28 + R$ 155.963,05 + R$ 224.898,72 = R$ 1.160.677,05 (total exigido) A notificação da pessoa jurídica pela via postal se deu no dia 15/04/2014, fl. 302. Irresignada com o que foi deliberado, em 15/05/2014 a pessoa jurídica apresentou a sua manifestação de inconformidade, fls. 02/20, documento em que teceu as considerações a seguir apresentadas. Preliminar de nulidade – Cerceamento do direito de defesa A homologação parcial da compensação decorrente do saldo negativo de IRPJ do ano-calendário 2009 teve por fundamento a homologação igualmente parcial da compensação manifestada no PER/DCOMP nº 17485.93389.070510.1.3.11-4080, contendo crédito da Cofins Não-Cumulativa do 3º (terceiro) trimestre de 2008, utilizado pela requerente para compensar débito da estimativa de IRPJ de julho de 2009. No entanto, não foram apresentados os cálculos das glosas dos créditos da Cofins que impactaram no valor pela Fazenda Nacional apurado para o saldo negativo do IRPJ do exercício 2010. Assim, o agente fiscal não trouxe aos autos elemento essencial a ser analisado, revisado e eventualmente contestado pela ora manifestante. Limitou-se o representante fazendário a reproduzir os valores que não foram homologados das compensações das estimativas utilizadas na quantificação do saldo negativo de 2009, sem demonstrar os motivos que levaram ao não reconhecimento da integralidade dos créditos utilizados pela pessoa jurídica interessada. A ausência da apontada informação é essencial para que a manifestante exerça seu direito à ampla defesa e ao contraditório, relativamente à compensação glosada no presente processo, o que acarreta na necessária decretação da nulidade de despacho decisório contraditado (art. 5º, inc. LV, CF). O prejuízo à defesa do contribuinte é apontado com clareza em lição de Leandro Pausen, conforme doutrina reproduzida. Evidente, portanto, que o ato administrativo combatido não apresenta os elementos indispensáveis à determinação do montante de créditos do PIS/Pasep e da Cofins glosados e, em razão disso, à redução do saldo negativo utilizado na compensação parcialmente homologada, configurando nítida violação aos artigos 9º e 10, inc. V, do Decreto nº 70.235, de 1972, entendimento que já foi acolhido pelo CARF (Acórdão nº 303-34619, de 16/08/2007). Razões de Mérito Desse ponto em diante, passou a apresentar as razões de mérito que a ser ver levarão à reforma do despacho decisório, as quais foram assim distribuídas: - Do necessário sobrestamento do processo em face da pendência de decisão final nos autos dos processos administrativos de nºs 11080.903819/2013-27 e 11080.731521/2012-28 – Motivo condicionante e artigo 151, III, do CTN; - Do direito ao crédito sobre despesas aduaneiras (incluindo transporte/frete); e - Glosas de crédito em duplicidade no que tange aos pagamentos realizados às empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro (“DHL” e “UPS”). No que toca à questão do sobrestamento, registrou ser cediço e pacificado na doutrina e na jurisprudência que tanto as manifestações de inconformidade quanto os recursos têm o condão de suspender a exigibilidade dos créditos tributários (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, c/c art. 151, III, CTN). No caso em tela, o saldo negativo glosado decorreu da homologação parcial de estimativa de julho de 2009 que foi compensada com crédito da Cofins do 3º semestre de 2008, tratando-se de ato administrativo em relação ao qual a pessoa jurídica apresentou a sua manifestação de inconformidade, como pode ser observado no processo 11080.903819/2013-27. Dessa maneira, o despacho decisório neste processo combatido desconsiderou a discussão administrativa ainda pendente de decisão definitiva, relativamente à homologação parcial da estimativa compensada que entrou no cômputo do saldo negativo de 2009. No entender do agente fiscal é possível que um débito com exigibilidade suspensa permita, de imediato, a redução de créditos favoráveis ao contribuinte, o que representa a exigência de um débito suspenso, em evidente e literal contrariedade ao que dispõem a Lei nº 9.430, de 1996, e o CTN. Se a requerente está discutindo o crédito da Cofins que entende ter direito e que foi usado para compensar a estimativa que deu azo ao saldo negativo, o processo iniciado a partir da presente manifestação de inconformidade deve ser suspenso, sob pena de se correr o risco de decisões e cobranças contraditórias. Caso a interessada logre êxito nos autos do 11080.903819/2013-27, o saldo negativo ora debatido restará restabelecido e o que o despacho decisório combatido perderá a sua razão de ser, devendo o presente processo ser suspenso até que no outro ocorra uma decisão definitiva. Ademais, analisando-se o processo 11080.903819/2013-27 vê-se que parcela dos créditos da Cofins foi glosada em razão de um outro processo administrativo, o de nº 11080.731521/2012-28, contendo auto de infração do IRPJ e reflexos, em que a autoridade fiscal arbitrou o resultado do ano-calendário 2007. A consequência disso foi a alteração da modalidade de apuração da Cofins do regime não-cumulativo para o regime cumulativo, o que reduziu o saldo credor da manifestante para os anos-calendário 2008 e 2009. O processo que trata do IRPJ e reflexos também foi impugnado pela interessada, situação a demonstrar que o crédito tributário lá lançado também está com a sua exigibilidade suspensa. Estando a empresa discutindo a decisão que determinou o arbitramento do lucro e a alteração do regime da Cofins do não-cumulativo para o cumulativo, tem-se mais uma razão para que o processo 11080.903819/2013-27, assim como o presente, sejam suspensos, única medida possível para que as decisões sejam compatíveis entre si. Nesse sentido, a jurisprudência encontrada no TRF da 4ª Região. Finalizou suas considerações acerca da necessidade do sobrestamento do presente julgamento com a seguinte assertiva: Ante todo o exposto, não há o que tergiversar; enquanto tramitarem os processos relativos às compensações de COFINS (3o trimestre de 2008) com IRPJ relativo a julho de 2009 (processo n° 11080.903819/2013-27) e o processo que determinou a mudança do regime de apuração de COFINS de não-cumulativo para cumulativo (processo n° 11080-731.521/2012-28), não pode o Fisco, com fundamento na homologação parcial de compensação objeto do processo n° 11080.903819/2013-27 (no caso, a DCOMP 17485.93389.078510.L3.77-4080) e no auto de lançamento objeto do processo n° 11080-731,521/2012-28, glosar créditos, indeferir de plano compensações que utilizaram tais créditos e proceder com a cobrança destes, antes de findos aqueles processos administrativos. Assim, requer a Manifestante que o presente processo permaneça sobrestado até que exarada decisão final administrativa nos autos dos processos n°s 11080.903819/2013-27 e 11080.731521/2012-28, sob pena de violação às disposições do artigo 151, III do CTN. A partir desse ponto em diante, passou a abordar as duas temáticas pertinentes ao reconhecimento parcial do crédito da Cofins do 3º (terceiro) trimestre de 2008, matéria tratada no processo 11080.903819/2013-27: IV.2 – Do direito ao crédito sobre despesas aduaneiras (incluindo transporte/frete); e IV.3 – Das glosas em duplicidade no que tangem aos pagamentos realizados para empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro (“DHL” e “UPS”). Ao final de tudo, formulou as seguintes conclusões e requerimentos: (i) Preliminarmente, o reconhecimento da nulidade do presente despacho decisorio em face do evidente cerceamento de defesa em relação à redução do saldo negativo de IRPJ, devido à glosa de créditos de COFINS pela alteração do regime não-cumulativo para cumulativo de PIS/Pasep e COFINS, que haviam sido utilizados para compensação com estimativas de IRPJ; Caso não reconhecida a nulidade acima apontada, requer-se o sobrestamento deste processos tendo em vista: (ii) a evidente conexão entre a presente demanda e o processo n° 11080.731521/2012-28, havendo este último determinado a aplicação do arbitramento do lucro da ora Manifestante para o ano de 2008, implicando, por consequência, a alteração do regime não-cumulativo para o cumulativo de PIS/Pasep e COFINS e extinguindo a possibilidade de a ora Manifestante aproveitar créditos de tais contribuições apropriados em 2007, os quais, por sua vez afetaram o montante de créditos disponíveis em 2008, as compensações de tais créditos com estimativas de IRPJ de 2009 e , finalmente, o saldo negativo de IRPJ de 2010; (iii) a perfeita identidade da presente demanda com o processo n° 11080.903819/2013-27, tanto em relação às razões, quanto em relação aos períodos e tributos no que tange à suposta inexistência de créditos decorrentes de pagamentos de despacho aduaneiro. Ainda, caso os julgadores desta Delegacia Regional de Julgamento decidam pelo prosseguimento e julgamento da demanda mesmo ante as implicações acima descritas, requer a Manifestante: (iv) a reversão da glosa de créditos de COFINS em relação às despesas aduaneiras incorridas pela ora Manifestante durante o 3o trimestre de 2008, com a consequente majoração do saldo negativo de IRPJ de 2010; e, por fim; (v) o adiamento das glosas de crédito em duplicidade no que tange aos pagamentos realzados às empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro ("DHL" e "UPS"), com a consequente majoração do saldo negativo de IRPJ de 2010. Requer, por fim, a produção de todos os meios de prova em direito admitidas, em especial ajuntada posterior de documentos relacionados aos fatos tratados no presente feito. Ainda, requer a aplicação de efeito suspensivo, nos termos dos art. 74, §11, da Lei 9.430/96 combinado com o art. 151, III, do CTN em relação ao crédito tributário em discussão na DCOMP referida pelo Despacho Decisório discutido. É o que se tem a relatar. Processada a Defesa, foi proferido pela 3ª Turma da DRJ/FOR o v. Acórdão, ora recorrido, negando provimento às razões apresentadas, mantendo o r. Despacho Decisório recorrido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 SALDO NEGATIVO. NÃO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. ESTIMATIVA COMPENSADA. NÃO HOMOLOGAÇÃO OU HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DA COMPENSAÇÃO. QUESTÃO PENDENTE DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DOS ATRIBUTOS DE CERTEZA E DE LIQUIDEZ. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Ausentes os atributos de certeza e de liquidez, dada a inexistência de decisão administrativa definitiva, a respeito do direito creditório utilizado na compensação da estimativa, não há como se reconhecer o direito creditório pertinente ao saldo negativo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 DESPACHO DECISÓRIO SUCINTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DISPONIBILIZAÇÃO DE DEMONSTRATIVO CONTENDO OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS AO PLENO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO. O demonstrativo de análise do crédito disponibilizado eletronicamente ao sujeito passivo, quando da notificação do despacho decisório contestado, possui aptidão suficiente para o pleno exercício do direito de defesa da requerente, entendimento que se mostra ratificado pelas teses que se fazem presentes na peça contestatória por este colegiado analisadas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Diante de tal revés, foi interposto o Recurso Voluntário, em suma, abandonando as alegações meritórias referentes às outras compensações das quais a presente DCOMP depende, mas trazendo alegações de nulidade dos débitos correspondentes à compensação aqui não homologada, em razão de duplicidade de sua exigência, a nulidade do v. Acórdão por cerceamento de defesa e a relação de prejudicialidade com a demanda que envolve o crédito oriundo da estimativa de julho de 2009. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório.
Nome do relator: CAIO CESAR NADER QUINTELLA

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, sobrestar o presente julgamento deste processo até prolatação de Acórdão meritório definitivo, nesta mesma instância do CARF nos autos do processo nº 11080.903819/2013-27, vencido o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves que votou pelo sobrestamento até decisão definitiva no âmbito administrativo. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Relatório Trata-se de Recurso Voluntário (fls. 328 a 348) interposto contra v. Acórdão (fls. 306 a 319) proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Fortaleza/CE, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls. 02 a 289), mantendo o r. Despacho Decisório (fls. 297 a 301) que expressamente deixou de reconhecer, parcialmente, o suposto crédito de IRPJ oriundo de saldo negativo do ano-calendário de 2009. Em resumo, a parcela ainda controversa do crédito pretendido por meio da PER/DCOMP nº 38145.79172.311001.1.3.02-7526 refere-se a R$ 902.105,44, referente ao não reconhecimento de estimativa compensada. Como mencionado, tal monta denegada refere-se à estimativa de IRPJ de julho de 2009, a qual foi saldada com crédito COFINS por meio de outra DCOMP, igualmente não homologada, que é objeto do processo administrativo nº 11080.903819/2013-27, ainda não findado. Por muito bem resumir o início da lide, adota-se a seguir trechos do preciso relatório elaborado pela DRJ a quo: Tem-se no presente o Despacho Decisório nº de rastreamento 079282566, fl. 297, tratando-se de ato administrativo que não reconheceu o direito creditório evidenciado no PER/DCOMP nº 38145.79172.311001.1.3.02-7526, fls. 291/296, concernente ao saldo negativo de IRPJ do ano-calendário 2009, exercício 2010, o que se deu na forma a seguir reproduzida: A pessoa jurídica postulou o crédito de R$ 11.296.201,95, que foi reconhecido de forma parcial pela autoridade administrativa competente para a apreciação da matéria, o que se manifestou no valor de R$ 10.394.096,51. O resultado se deu em razão da confirmação apenas parcial de estimativas informadas pela interessada, tudo conforme abaixo quantificado: Demais Estimativas Compensadas: R$ 47.037.339,38 (valor informado) – R$ 46.135.234,24 (valor reconhecido) = R$ 902.105,14 (valor não reconhecido) Dessa forma, o crédito reconhecido foi insuficiente para compensar os débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual a compensação informada pelo sujeito passivo foi homologada de maneira parcial, restando exigível a seguinte quantia: R$ 779.815,28 + R$ 155.963,05 + R$ 224.898,72 = R$ 1.160.677,05 (total exigido) A notificação da pessoa jurídica pela via postal se deu no dia 15/04/2014, fl. 302. Irresignada com o que foi deliberado, em 15/05/2014 a pessoa jurídica apresentou a sua manifestação de inconformidade, fls. 02/20, documento em que teceu as considerações a seguir apresentadas. Preliminar de nulidade – Cerceamento do direito de defesa A homologação parcial da compensação decorrente do saldo negativo de IRPJ do ano-calendário 2009 teve por fundamento a homologação igualmente parcial da compensação manifestada no PER/DCOMP nº 17485.93389.070510.1.3.11-4080, contendo crédito da Cofins Não-Cumulativa do 3º (terceiro) trimestre de 2008, utilizado pela requerente para compensar débito da estimativa de IRPJ de julho de 2009. No entanto, não foram apresentados os cálculos das glosas dos créditos da Cofins que impactaram no valor pela Fazenda Nacional apurado para o saldo negativo do IRPJ do exercício 2010. Assim, o agente fiscal não trouxe aos autos elemento essencial a ser analisado, revisado e eventualmente contestado pela ora manifestante. Limitou-se o representante fazendário a reproduzir os valores que não foram homologados das compensações das estimativas utilizadas na quantificação do saldo negativo de 2009, sem demonstrar os motivos que levaram ao não reconhecimento da integralidade dos créditos utilizados pela pessoa jurídica interessada. A ausência da apontada informação é essencial para que a manifestante exerça seu direito à ampla defesa e ao contraditório, relativamente à compensação glosada no presente processo, o que acarreta na necessária decretação da nulidade de despacho decisório contraditado (art. 5º, inc. LV, CF). O prejuízo à defesa do contribuinte é apontado com clareza em lição de Leandro Pausen, conforme doutrina reproduzida. Evidente, portanto, que o ato administrativo combatido não apresenta os elementos indispensáveis à determinação do montante de créditos do PIS/Pasep e da Cofins glosados e, em razão disso, à redução do saldo negativo utilizado na compensação parcialmente homologada, configurando nítida violação aos artigos 9º e 10, inc. V, do Decreto nº 70.235, de 1972, entendimento que já foi acolhido pelo CARF (Acórdão nº 303-34619, de 16/08/2007). Razões de Mérito Desse ponto em diante, passou a apresentar as razões de mérito que a ser ver levarão à reforma do despacho decisório, as quais foram assim distribuídas: - Do necessário sobrestamento do processo em face da pendência de decisão final nos autos dos processos administrativos de nºs 11080.903819/2013-27 e 11080.731521/2012-28 – Motivo condicionante e artigo 151, III, do CTN; - Do direito ao crédito sobre despesas aduaneiras (incluindo transporte/frete); e - Glosas de crédito em duplicidade no que tange aos pagamentos realizados às empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro (“DHL” e “UPS”). No que toca à questão do sobrestamento, registrou ser cediço e pacificado na doutrina e na jurisprudência que tanto as manifestações de inconformidade quanto os recursos têm o condão de suspender a exigibilidade dos créditos tributários (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, c/c art. 151, III, CTN). No caso em tela, o saldo negativo glosado decorreu da homologação parcial de estimativa de julho de 2009 que foi compensada com crédito da Cofins do 3º semestre de 2008, tratando-se de ato administrativo em relação ao qual a pessoa jurídica apresentou a sua manifestação de inconformidade, como pode ser observado no processo 11080.903819/2013-27. Dessa maneira, o despacho decisório neste processo combatido desconsiderou a discussão administrativa ainda pendente de decisão definitiva, relativamente à homologação parcial da estimativa compensada que entrou no cômputo do saldo negativo de 2009. No entender do agente fiscal é possível que um débito com exigibilidade suspensa permita, de imediato, a redução de créditos favoráveis ao contribuinte, o que representa a exigência de um débito suspenso, em evidente e literal contrariedade ao que dispõem a Lei nº 9.430, de 1996, e o CTN. Se a requerente está discutindo o crédito da Cofins que entende ter direito e que foi usado para compensar a estimativa que deu azo ao saldo negativo, o processo iniciado a partir da presente manifestação de inconformidade deve ser suspenso, sob pena de se correr o risco de decisões e cobranças contraditórias. Caso a interessada logre êxito nos autos do 11080.903819/2013-27, o saldo negativo ora debatido restará restabelecido e o que o despacho decisório combatido perderá a sua razão de ser, devendo o presente processo ser suspenso até que no outro ocorra uma decisão definitiva. Ademais, analisando-se o processo 11080.903819/2013-27 vê-se que parcela dos créditos da Cofins foi glosada em razão de um outro processo administrativo, o de nº 11080.731521/2012-28, contendo auto de infração do IRPJ e reflexos, em que a autoridade fiscal arbitrou o resultado do ano-calendário 2007. A consequência disso foi a alteração da modalidade de apuração da Cofins do regime não-cumulativo para o regime cumulativo, o que reduziu o saldo credor da manifestante para os anos-calendário 2008 e 2009. O processo que trata do IRPJ e reflexos também foi impugnado pela interessada, situação a demonstrar que o crédito tributário lá lançado também está com a sua exigibilidade suspensa. Estando a empresa discutindo a decisão que determinou o arbitramento do lucro e a alteração do regime da Cofins do não-cumulativo para o cumulativo, tem-se mais uma razão para que o processo 11080.903819/2013-27, assim como o presente, sejam suspensos, única medida possível para que as decisões sejam compatíveis entre si. Nesse sentido, a jurisprudência encontrada no TRF da 4ª Região. Finalizou suas considerações acerca da necessidade do sobrestamento do presente julgamento com a seguinte assertiva: Ante todo o exposto, não há o que tergiversar; enquanto tramitarem os processos relativos às compensações de COFINS (3o trimestre de 2008) com IRPJ relativo a julho de 2009 (processo n° 11080.903819/2013-27) e o processo que determinou a mudança do regime de apuração de COFINS de não-cumulativo para cumulativo (processo n° 11080-731.521/2012-28), não pode o Fisco, com fundamento na homologação parcial de compensação objeto do processo n° 11080.903819/2013-27 (no caso, a DCOMP 17485.93389.078510.L3.77-4080) e no auto de lançamento objeto do processo n° 11080-731,521/2012-28, glosar créditos, indeferir de plano compensações que utilizaram tais créditos e proceder com a cobrança destes, antes de findos aqueles processos administrativos. Assim, requer a Manifestante que o presente processo permaneça sobrestado até que exarada decisão final administrativa nos autos dos processos n°s 11080.903819/2013-27 e 11080.731521/2012-28, sob pena de violação às disposições do artigo 151, III do CTN. A partir desse ponto em diante, passou a abordar as duas temáticas pertinentes ao reconhecimento parcial do crédito da Cofins do 3º (terceiro) trimestre de 2008, matéria tratada no processo 11080.903819/2013-27: IV.2 – Do direito ao crédito sobre despesas aduaneiras (incluindo transporte/frete); e IV.3 – Das glosas em duplicidade no que tangem aos pagamentos realizados para empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro (“DHL” e “UPS”). Ao final de tudo, formulou as seguintes conclusões e requerimentos: (i) Preliminarmente, o reconhecimento da nulidade do presente despacho decisorio em face do evidente cerceamento de defesa em relação à redução do saldo negativo de IRPJ, devido à glosa de créditos de COFINS pela alteração do regime não-cumulativo para cumulativo de PIS/Pasep e COFINS, que haviam sido utilizados para compensação com estimativas de IRPJ; Caso não reconhecida a nulidade acima apontada, requer-se o sobrestamento deste processos tendo em vista: (ii) a evidente conexão entre a presente demanda e o processo n° 11080.731521/2012-28, havendo este último determinado a aplicação do arbitramento do lucro da ora Manifestante para o ano de 2008, implicando, por consequência, a alteração do regime não-cumulativo para o cumulativo de PIS/Pasep e COFINS e extinguindo a possibilidade de a ora Manifestante aproveitar créditos de tais contribuições apropriados em 2007, os quais, por sua vez afetaram o montante de créditos disponíveis em 2008, as compensações de tais créditos com estimativas de IRPJ de 2009 e , finalmente, o saldo negativo de IRPJ de 2010; (iii) a perfeita identidade da presente demanda com o processo n° 11080.903819/2013-27, tanto em relação às razões, quanto em relação aos períodos e tributos no que tange à suposta inexistência de créditos decorrentes de pagamentos de despacho aduaneiro. Ainda, caso os julgadores desta Delegacia Regional de Julgamento decidam pelo prosseguimento e julgamento da demanda mesmo ante as implicações acima descritas, requer a Manifestante: (iv) a reversão da glosa de créditos de COFINS em relação às despesas aduaneiras incorridas pela ora Manifestante durante o 3o trimestre de 2008, com a consequente majoração do saldo negativo de IRPJ de 2010; e, por fim; (v) o adiamento das glosas de crédito em duplicidade no que tange aos pagamentos realzados às empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro ("DHL" e "UPS"), com a consequente majoração do saldo negativo de IRPJ de 2010. Requer, por fim, a produção de todos os meios de prova em direito admitidas, em especial ajuntada posterior de documentos relacionados aos fatos tratados no presente feito. Ainda, requer a aplicação de efeito suspensivo, nos termos dos art. 74, §11, da Lei 9.430/96 combinado com o art. 151, III, do CTN em relação ao crédito tributário em discussão na DCOMP referida pelo Despacho Decisório discutido. É o que se tem a relatar. Processada a Defesa, foi proferido pela 3ª Turma da DRJ/FOR o v. Acórdão, ora recorrido, negando provimento às razões apresentadas, mantendo o r. Despacho Decisório recorrido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 SALDO NEGATIVO. NÃO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. ESTIMATIVA COMPENSADA. NÃO HOMOLOGAÇÃO OU HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DA COMPENSAÇÃO. QUESTÃO PENDENTE DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DOS ATRIBUTOS DE CERTEZA E DE LIQUIDEZ. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Ausentes os atributos de certeza e de liquidez, dada a inexistência de decisão administrativa definitiva, a respeito do direito creditório utilizado na compensação da estimativa, não há como se reconhecer o direito creditório pertinente ao saldo negativo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 DESPACHO DECISÓRIO SUCINTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DISPONIBILIZAÇÃO DE DEMONSTRATIVO CONTENDO OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS AO PLENO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO. O demonstrativo de análise do crédito disponibilizado eletronicamente ao sujeito passivo, quando da notificação do despacho decisório contestado, possui aptidão suficiente para o pleno exercício do direito de defesa da requerente, entendimento que se mostra ratificado pelas teses que se fazem presentes na peça contestatória por este colegiado analisadas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Diante de tal revés, foi interposto o Recurso Voluntário, em suma, abandonando as alegações meritórias referentes às outras compensações das quais a presente DCOMP depende, mas trazendo alegações de nulidade dos débitos correspondentes à compensação aqui não homologada, em razão de duplicidade de sua exigência, a nulidade do v. Acórdão por cerceamento de defesa e a relação de prejudicialidade com a demanda que envolve o crédito oriundo da estimativa de julho de 2009. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório.

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1284; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1­C4T2  Fl. 350          1 349  S1­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  11080.901301/2014­30  Recurso nº            Voluntário  Resolução nº  1402­000.737  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária  Data  17 de outubro de 2018  Assunto  COMPENSAÇÃO  Recorrente  DELL COMPUTADORES DO BRASIL LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.    Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, sobrestar o presente  julgamento  deste  processo  até  prolatação  de  Acórdão  meritório  definitivo,  nesta  mesma  instância  do CARF nos  autos  do  processo  nº  11080.903819/2013­27,  vencido  o Conselheiro  Leonardo  Luis  Pagano  Gonçalves  que  votou  pelo  sobrestamento  até  decisão  definitiva  no  âmbito administrativo.    (assinado digitalmente)  Paulo Mateus Ciccone ­ Presidente Substituto.    (assinado digitalmente)  Caio Cesar Nader Quintella ­ Relator.    Participaram da sessão de  julgamento os  conselheiros: Marco Rogerio Borges,  Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro  Correa  Dias,  Lucas  Bevilacqua  Cabianca  Vieira,  Junia  Roberta  Gouveia  Sampaio  e  Paulo  Mateus Ciccone (Presidente Substituto).     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 80 .9 01 30 1/ 20 14 -3 0 Fl. 350DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 351            2 Relatório    Trata­se  de  Recurso Voluntário  (fls.  328  a  348)  interposto  contra  v.  Acórdão  (fls.  306  a  319)  proferido  pela  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  de  Fortaleza/CE,  que  negou  provimento  à  Manifestação  de  Inconformidade  apresentada  pela  Contribuinte  (fls.  02  a  289),  mantendo  o  r.  Despacho  Decisório  (fls.  297  a  301)  que  expressamente deixou de reconhecer, parcialmente, o suposto crédito de IRPJ oriundo de saldo  negativo do ano­calendário de 2009.    Em  resumo,  a  parcela  ainda  controversa  do  crédito  pretendido  por  meio  da  PER/DCOMP nº 38145.79172.311001.1.3.02­7526 refere­se a R$ 902.105,44, referente ao não  reconhecimento de estimativa compensada.    Como mencionado, tal monta denegada refere­se à estimativa de IRPJ de julho  de 2009, a qual foi saldada com crédito COFINS por meio de outra DCOMP, igualmente não  homologada,  que  é  objeto  do  processo  administrativo  nº  11080.903819/2013­27,  ainda  não  findado.    Por  muito  bem  resumir  o  início  da  lide,  adota­se  a  seguir  trechos  do  preciso  relatório elaborado pela DRJ a quo:    Tem­se  no  presente  o  Despacho  Decisório  nº  de  rastreamento  079282566,  fl.  297,  tratando­se  de  ato  administrativo  que  não  reconheceu  o  direito  creditório  evidenciado  no  PER/DCOMP  nº  38145.79172.311001.1.3.02­7526,  fls.  291/296,  concernente  ao  saldo  negativo de IRPJ do ano­calendário 2009, exercício 2010, o que se deu  na forma a seguir reproduzida:    Fl. 351DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 352            3 A  pessoa  jurídica  postulou  o  crédito  de  R$  11.296.201,95,  que  foi  reconhecido  de  forma  parcial  pela  autoridade  administrativa  competente para a apreciação da matéria, o que se manifestou no valor  de  R$  10.394.096,51.  O  resultado  se  deu  em  razão  da  confirmação  apenas  parcial  de  estimativas  informadas  pela  interessada,  tudo  conforme abaixo quantificado:  Demais  Estimativas  Compensadas:  R$  47.037.339,38  (valor  informado) – R$ 46.135.234,24 (valor reconhecido) = R$ 902.105,14  (valor não reconhecido)   Dessa forma, o crédito reconhecido foi insuficiente para compensar os  débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual a compensação  informada  pelo  sujeito  passivo  foi  homologada  de  maneira  parcial,  restando exigível a seguinte quantia:  R$ 779.815,28 + R$ 155.963,05 + R$ 224.898,72 =  R$ 1.160.677,05 (total exigido)   A  notificação  da  pessoa  jurídica  pela  via  postal  se  deu  no  dia  15/04/2014, fl. 302.   Irresignada com o que foi deliberado, em 15/05/2014 a pessoa jurídica  apresentou  a  sua  manifestação  de  inconformidade,  fls.  02/20,  documento em que teceu as considerações a seguir apresentadas.   Preliminar de nulidade – Cerceamento do direito de defesa   A homologação parcial da compensação decorrente do saldo negativo  de IRPJ do ano­calendário 2009 teve por fundamento a homologação  igualmente  parcial  da  compensação manifestada  no PER/DCOMP nº  17485.93389.070510.1.3.11­4080,  contendo  crédito  da  Cofins  Não­ Cumulativa  do  3º  (terceiro)  trimestre  de  2008,  utilizado  pela  requerente para  compensar débito da  estimativa de  IRPJ de  julho de  2009.   No  entanto,  não  foram  apresentados  os  cálculos  das  glosas  dos  créditos  da  Cofins  que  impactaram  no  valor  pela  Fazenda  Nacional  apurado  para  o  saldo  negativo  do  IRPJ  do  exercício  2010.  Assim,  o  agente fiscal não trouxe aos autos elemento essencial a ser analisado,  revisado e eventualmente contestado pela ora manifestante.   Limitou­se o representante fazendário a reproduzir os valores que não  foram  homologados  das  compensações  das  estimativas  utilizadas  na  quantificação do  saldo  negativo  de  2009,  sem demonstrar  os motivos  que  levaram  ao  não  reconhecimento  da  integralidade  dos  créditos  utilizados pela pessoa jurídica interessada.   A  ausência  da  apontada  informação  é  essencial  para  que  a  manifestante  exerça  seu  direito  à  ampla  defesa  e  ao  contraditório,  relativamente  à  compensação  glosada  no  presente  processo,  o  que  acarreta na necessária decretação da nulidade de despacho decisório  contraditado (art. 5º, inc. LV, CF).   O prejuízo à defesa do contribuinte é apontado com clareza em lição  de Leandro Pausen, conforme doutrina reproduzida.   Fl. 352DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 353            4 Evidente, portanto, que o ato administrativo combatido não apresenta  os elementos indispensáveis à determinação do montante de créditos do  PIS/Pasep e da Cofins glosados e, em razão disso, à redução do saldo  negativo  utilizado  na  compensação  parcialmente  homologada,  configurando nítida violação aos artigos 9º e 10, inc. V, do Decreto nº  70.235, de 1972, entendimento que já foi acolhido pelo CARF (Acórdão  nº 303­34619, de 16/08/2007).  Razões  de  Mérito  Desse  ponto  em  diante,  passou  a  apresentar  as  razões  de  mérito  que  a  ser  ver  levarão  à  reforma  do  despacho  decisório, as quais foram assim distribuídas:   ­ Do necessário  sobrestamento do processo  em  face da pendência de  decisão  final  nos  autos  dos  processos  administrativos  de  nºs  11080.903819/2013­27  e  11080.731521/2012­28  –  Motivo  condicionante e artigo 151, III, do CTN;   ­  Do  direito  ao  crédito  sobre  despesas  aduaneiras  (incluindo  transporte/frete); e   ­  Glosas  de  crédito  em  duplicidade  no  que  tange  aos  pagamentos  realizados  às  empresas  responsáveis  pelo  desembaraço  aduaneiro  (“DHL” e “UPS”). No que toca à questão do sobrestamento, registrou  ser  cediço  e  pacificado na  doutrina  e na  jurisprudência  que  tanto  as  manifestações de inconformidade quanto os recursos têm o condão de  suspender a exigibilidade dos créditos  tributários  (§ 11 do art. 74 da  Lei nº 9.430, de 1996, c/c art. 151, III, CTN).   No caso em tela, o  saldo negativo glosado decorreu da homologação  parcial de estimativa de julho de 2009 que foi compensada com crédito  da Cofins do 3º semestre de 2008, tratando­se de ato administrativo em  relação  ao  qual  a  pessoa  jurídica  apresentou  a  sua manifestação  de  inconformidade,  como  pode  ser  observado  no  processo  11080.903819/2013­27.   Dessa  maneira,  o  despacho  decisório  neste  processo  combatido  desconsiderou  a  discussão  administrativa  ainda  pendente  de  decisão  definitiva,  relativamente  à  homologação  parcial  da  estimativa  compensada que entrou no cômputo do saldo negativo de 2009.   No  entender  do  agente  fiscal  é  possível  que  um  débito  com  exigibilidade  suspensa  permita,  de  imediato,  a  redução  de  créditos  favoráveis ao contribuinte, o que representa a exigência de um débito  suspenso, em evidente e literal contrariedade ao que dispõem a Lei nº  9.430, de 1996, e o CTN.   Se  a  requerente  está  discutindo  o  crédito  da  Cofins  que  entende  ter  direito  e  que  foi  usado  para  compensar  a  estimativa  que  deu  azo  ao  saldo negativo, o processo iniciado a partir da presente manifestação  de inconformidade deve ser suspenso, sob pena de se correr o risco de  decisões e cobranças contraditórias.   Caso a interessada logre êxito nos autos do 11080.903819/2013­27, o  saldo negativo ora debatido restará restabelecido e o que o despacho  decisório  combatido  perderá  a  sua  razão  de  ser,  devendo  o  presente  processo ser suspenso até que no outro ocorra uma decisão definitiva.   Fl. 353DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 354            5 Ademais,  analisando­se  o  processo  11080.903819/2013­27  vê­se  que  parcela  dos  créditos  da  Cofins  foi  glosada  em  razão  de  um  outro  processo administrativo, o de nº 11080.731521/2012­28, contendo auto  de infração do IRPJ e reflexos, em que a autoridade  fiscal arbitrou o  resultado do ano­calendário 2007.  A  consequência  disso  foi  a  alteração da modalidade  de  apuração da  Cofins  do  regime  não­cumulativo  para  o  regime  cumulativo,  o  que  reduziu o saldo credor da manifestante para os anos­calendário 2008 e  2009. O processo que trata do IRPJ e reflexos também foi impugnado  pela  interessada,  situação  a  demonstrar  que  o  crédito  tributário  lá  lançado também está com a sua exigibilidade suspensa.   Estando  a  empresa  discutindo  a  decisão  que  determinou  o  arbitramento  do  lucro  e  a  alteração  do  regime  da  Cofins  do  não­ cumulativo  para  o  cumulativo,  tem­se  mais  uma  razão  para  que  o  processo  11080.903819/2013­27,  assim  como  o  presente,  sejam  suspensos,  única  medida  possível  para  que  as  decisões  sejam  compatíveis entre si.   Nesse sentido, a jurisprudência encontrada no TRF da 4ª Região.   Finalizou suas considerações acerca da necessidade do sobrestamento  do presente julgamento com a seguinte assertiva:   Ante todo o exposto, não há o que tergiversar; enquanto tramitarem os  processos relativos às compensações de COFINS (3o trimestre de 2008)  com IRPJ relativo a julho de 2009 (processo n° 11080.903819/2013­27)  e  o  processo  que  determinou  a  mudança  do  regime  de  apuração  de  COFINS  de  não­cumulativo  para  cumulativo  (processo  n°  11080­ 731.521/2012­28), não pode o Fisco, com fundamento na homologação  parcial  de compensação objeto do processo n° 11080.903819/2013­27  (no  caso,  a  DCOMP  17485.93389.078510.L3.77­4080)  e  no  auto  de  lançamento  objeto  do  processo  n°  11080­731,521/2012­28,  glosar  créditos, indeferir de plano compensações que utilizaram tais créditos e  proceder  com  a  cobrança  destes,  antes  de  findos  aqueles  processos  administrativos.   Assim,  requer  a  Manifestante  que  o  presente  processo  permaneça  sobrestado  até  que  exarada  decisão  final  administrativa  nos  autos  dos  processos  n°s  11080.903819/2013­27  e  11080.731521/2012­28,  sob  pena de violação às disposições do artigo 151, III do CTN.   A  partir  desse  ponto  em  diante,  passou  a  abordar  as  duas  temáticas  pertinentes  ao  reconhecimento  parcial  do  crédito  da  Cofins  do  3º  (terceiro)  trimestre  de  2008,  matéria  tratada  no  processo  11080.903819/2013­27:    IV.2  –  Do  direito  ao  crédito  sobre  despesas  aduaneiras  (incluindo  transporte/frete); e   IV.3  –  Das  glosas  em  duplicidade  no  que  tangem  aos  pagamentos  realizados  para  empresas  responsáveis  pelo  desembaraço  aduaneiro  (“DHL” e “UPS”).  Ao final de tudo, formulou as seguintes conclusões e requerimentos:   Fl. 354DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 355            6 (i)  Preliminarmente,  o  reconhecimento  da  nulidade  do  presente  despacho  decisorio  em  face  do  evidente  cerceamento  de  defesa  em  relação à redução do saldo negativo de IRPJ, devido à glosa de créditos  de COFINS pela alteração do regime não­cumulativo para cumulativo  de PIS/Pasep e COFINS, que haviam sido utilizados para compensação  com estimativas de IRPJ;   Caso  não  reconhecida  a  nulidade  acima  apontada,  requer­se  o  sobrestamento deste processos tendo em vista:   (ii)  a  evidente  conexão  entre  a  presente  demanda  e  o  processo  n°  11080.731521/2012­28,  havendo  este  último  determinado  a  aplicação  do  arbitramento  do  lucro  da  ora  Manifestante  para  o  ano  de  2008,  implicando,  por  consequência,  a  alteração  do  regime  não­cumulativo  para  o  cumulativo  de  PIS/Pasep  e  COFINS  e  extinguindo  a  possibilidade  de  a  ora  Manifestante  aproveitar  créditos  de  tais  contribuições  apropriados  em  2007,  os  quais,  por  sua  vez  afetaram  o  montante  de  créditos  disponíveis  em  2008,  as  compensações  de  tais  créditos  com  estimativas  de  IRPJ  de  2009  e  ,  finalmente,  o  saldo  negativo de IRPJ de 2010;  (iii)  a  perfeita  identidade  da  presente  demanda  com  o  processo  n°  11080.903819/2013­27, tanto em relação às razões, quanto em relação  aos períodos e tributos no que tange à suposta inexistência de créditos  decorrentes de pagamentos de despacho aduaneiro.   Ainda,  caso  os  julgadores  desta  Delegacia  Regional  de  Julgamento  decidam pelo prosseguimento e julgamento da demanda mesmo ante as  implicações acima descritas, requer a Manifestante:   (iv) a reversão da glosa de créditos de COFINS em relação às despesas  aduaneiras  incorridas  pela  ora Manifestante  durante  o  3o  trimestre  de  2008,  com  a  consequente  majoração  do  saldo  negativo  de  IRPJ  de  2010; e, por fim;   (v) o adiamento das glosas de crédito em duplicidade no que tange aos  pagamentos  realzados  às  empresas  responsáveis  pelo  desembaraço  aduaneiro  ("DHL"  e  "UPS"),  com  a  consequente majoração  do  saldo  negativo de IRPJ de 2010.   Requer,  por  fim,  a  produção  de  todos  os  meios  de  prova  em  direito  admitidas, em especial ajuntada posterior de documentos relacionados  aos fatos tratados no presente feito.   Ainda, requer a aplicação de efeito suspensivo, nos termos dos art. 74,  §11,  da  Lei  9.430/96  combinado  com  o  art.  151,  III,  do  CTN  em  relação  ao  crédito  tributário  em  discussão  na  DCOMP  referida  pelo  Despacho Decisório discutido.  É o que se tem a relatar.    Processada a Defesa, foi proferido pela 3ª Turma da DRJ/FOR o v. Acórdão, ora  recorrido,  negando  provimento  às  razões  apresentadas,  mantendo  o  r.  Despacho  Decisório  recorrido:  Fl. 355DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 356            7   ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA  ­  IRPJ  Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009  SALDO  NEGATIVO.  NÃO  RECONHECIMENTO  DO  CRÉDITO.  ESTIMATIVA  COMPENSADA.  NÃO  HOMOLOGAÇÃO  OU  HOMOLOGAÇÃO  PARCIAL  DA  COMPENSAÇÃO.  QUESTÃO  PENDENTE DE  JULGAMENTO.  AUSÊNCIA  DOS  ATRIBUTOS DE  CERTEZA E DE LIQUIDEZ.   A  lei  pode,  nas  condições  e  sob  as  garantias  que  estipular,  ou  cuja  estipulação  em  cada  caso  atribuir  à  autoridade  administrativa,  autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos  e  certos,  vencidos ou vincendos,  do  sujeito passivo  contra a Fazenda  Pública.  Ausentes  os  atributos  de  certeza  e  de  liquidez,  dada  a  inexistência de decisão administrativa definitiva, a respeito do direito  creditório  utilizado  na  compensação  da  estimativa,  não  há  como  se  reconhecer o direito creditório pertinente ao saldo negativo.   ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL  Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009  DESPACHO DECISÓRIO SUCINTO. CERCEAMENTO DO DIREITO  DE  DEFESA.  DISPONIBILIZAÇÃO  DE  DEMONSTRATIVO  CONTENDO  OS  ELEMENTOS  NECESSÁRIOS  AO  PLENO  EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO.   O demonstrativo de análise do crédito disponibilizado eletronicamente  ao  sujeito  passivo,  quando  da  notificação  do  despacho  decisório  contestado, possui aptidão suficiente para o pleno exercício do direito  de defesa da requerente,  entendimento que se mostra  ratificado pelas  teses que se fazem presentes na peça contestatória por este colegiado  analisadas.   Manifestação de Inconformidade Improcedente   Direito Creditório Não Reconhecido    Diante de tal revés, foi interposto o Recurso Voluntário, em suma, abandonando  as  alegações  meritórias  referentes  às  outras  compensações  das  quais  a  presente  DCOMP  depende, mas trazendo alegações de nulidade dos débitos correspondentes à compensação aqui  não  homologada,  em  razão  de  duplicidade  de  sua  exigência,  a  nulidade  do  v.  Acórdão  por  cerceamento de defesa e a relação de prejudicialidade com a demanda que envolve o crédito  oriundo da estimativa de julho de 2009.    Na  sequência,  os  autos  foram  encaminhados  para  este  Conselheiro  relatar  e  votar.  Fl. 356DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 357            8   É o relatório.                                              Fl. 357DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 358            9 Voto  Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella ­ Relator     O Recurso Voluntário  é manifestamente  tempestivo e sua matéria  se enquadra  na  competência  desse  N.  Colegiado.  Os  demais  pressupostos  de  admissibilidade  igualmente  foram atendidos.    Inicialmente alega a Recorrente que a não homologação da DCOMP agora sob  análise, diante da justificativa de que a compensação da estimativa de IRPJ de julho de 2009,  debatida  nos  autos  do  processo  administrativo  nº  11080.903819/2013­27,  foi  inicialmente  denegada, conjuntamente com a rejeição da apreciação das razões meritórias de procedência do  crédito e consequentemente da homologação daquela outra compensação pretendida, deixou­a  em um beco sem saída, não admitindo qualquer forma de defesa das compensações,  fazendo  tábula raza do direito de defesa. Desse modo, o v. Acórdão deveria ser cassado.     Não assiste razão à Recorrente nesse ponto.    Ainda que, realmente, as circunstâncias fáticas envolvidas no caso condicionem  a homologação da compensação gora sob verificação à procedência daquela outra que saldou a  estimativa de IRPJ de julho de 2009, formando a integralidade do saldo negativo utilizado, não  se verifica, por parte da N. Instância a quo, qualquer violação à ampla defesa e ao contraditório  legalmente conferidos à Contribuinte.    Primeiro, como expressamente consta do v. Julgado, no entender daquela DRJ, o  fato  da  compensação  debatida  no  processo  administrativo  nº  11080.903819/2013­27  não  ter  sido  homologada  pela  Unidade  Local  e  ainda  estar  sob  trâmite  administrativo,  faz  com  a  parcela  controversa  do  crédito  utilizado  não  apresente  a  necessária  certeza  e  liquidez,  nos  termos do art. 170 do CTN.    Não  há  qualquer  vício  em  tal  posição  que  possa  ensejar  a  nulidade  do  v.  Acórdão ­ que fora devidamente fundamentado e atendeu a todas formalidades legais.    Fl. 358DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 359            10 Em  relação  ao  não  conhecimento  das  matérias  referentes  à  procedência  do  crédito  empregado  naquela  outra  compensação  e  a  sua  necessidade  de  homologação  ­  revelando, assim, a procedência deste pleito compensatório em tela ­ justificou a DRJ seu não  conhecimento  no  fato  de  tal  tema  ser  objeto  de  outro  processo  administrativo,  autônomo  e  individual, não sendo de sua competência promover um novo julgamento, tendo em vista que  naqueles autos já existe decisão própria da 1ª Instância administrativa.    Igualmente,  não  há  qualquer  defeito  jurídico  em  tal  entender,  estando  plenamente motivado.    A mera divergência  em  relação às posições  adotadas no v. Acórdão  recorrido,  inclusive  o  afastamento  do  pedido  de  sobrestamento,  ainda  que  dê  margem  para  a  devida  irresignação recursal, não tem o condão de revesti­lo de nulo ou motivar sua cassação.    Diante disso, rejeita­se tal alegação preliminar da Recorrente.    Ainda preliminarmente ao mérito, alega a Contribuinte que a não homologação  da presente compensação, sob a mesma  justificativa de que a DCOMP referente ao processo  administrativo  nº  11080.903819/2013­27  foi  inicialmente  rejeitada  e  encontra­se,  ainda,  em  trâmite administrativo, representaria cobrança em duplicidade.    Por tal motivo e considerando que ou será tal crédito reconhecido ou, se negado,  a  Contribuinte  promoverá  o  pagamento  do  débito  correspondente,  deveria,  então,  aqui  ser  homologada  a  compensação  que  depende  de  tal  outro pleito,  evitando  a oneração  dupla  e o  indevido enriquecimento da União.    Pois bem, o entendimento há muito professado por essa C. 2ª Turma Ordinária é  que tal correlação de dependência entre débitos não pode ensejar a denegação da compensação  pretendida  (como  procedeu  a  DRJ  a  quo),  mas,  também,  não  basta  para  justificar  a  homologação da manobra do Contribuinte.    Isso  porque,  de  fato,  no  presente  momento,  não  é  ainda  líquida  e  certa  esta  parcela  do  crédito  empregado  na  compensação,  não  podendo,  legalmente,  confirmar­se  a  satisfação dos débitos saldados pela DCOMP.    Fl. 359DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 360            11 E  não  há  aqui  propriamente  o  enriquecimento  ilícito  da  União  Federal  ou  mesmo  cobrança  de  débitos  em  duplicidade,  mas  somente  um  anacronismo  na  apuração  de  procedência da cadeia de créditos auferida e declarada pela própria Contribuinte, sendo a mais  adequada solução o sobrestamento do feito dependente, sem a resolução instantânea do mérito,  como será visto a seguir.    Já passando ao enfrentamento do terceiro  tópico de alegações da Recorrente, é  imperiosa a verificação de relação de conexão e prejudicialidade entre a presente contenda e o  processo  administrativo nº 11080.903819/2013­27  (que  trata da  estimativa de  julho de 2009,  que formaram o saldo negativo IRPJ).    Nesse  sentido,  a  dependência  da  procedência  do  crédito  pretendido  pela  Recorrente naquele  feito  com a homologação da  compensação daquela  estimativa,  objeto do  processo administrativo mencionado, não só é fato notório e inquestionável, como também foi  a motivação para a denegação da DCOMP no r. Despachos Decisório e pela sua manutenção  pela DRJ a quo.    Confira­se trecho do v. Acórdão recorrido da DRJ:    Acontece que o que deverá prevalecer, para o deslinde da controvérsia  posta  em  julgamento,  é  a  situação  atual  da  compensação  tratada  no  processo  n°  11080.903819/2013­27,  que  é  no  sentido  de  sua  não  homologação e da improcedência da manifestação de  inconformidade  apresentada,  de  forma  que  na  presente  conjuntura  não  há  como  se  alterar o que foi decidido no despacho decisório atacado, posto que  no  julgamento  de  primeira  instância  não  foi  acatado  o  pedido  da  pessoa jurídica interessada.   Reconhecer  o  saldo  negativo  aqui  discutido,  sem  que  exista  uma  decisão  administrativa  definitiva,  decretando  a  homologação  da  compensação  informada  no  PER/DCOMP  nº  17485.93389.070510.1.3.01­4080, representaria inquestionável afronta  ao caput do art. 170 do CTN, dada a ausência dos atributos da certeza  e  da  liquidez,  imprescindíveis  para  o  reconhecimento  do  direito  creditório postulado pelo sujeito passivo, senão vejamos:  (...)  Portanto, tendo em conta o fato de já haver ocorrido o julgamento em  primeira  instância da questão relacionada à estimativa de  julho/2009  (tratada  no  processo  administrativo  de  nº  11080.903819/2013­27,  em  que  foi  considerada  improcedente  a  manifestação  de  inconformidade  pela empresa apresentada), o que resta patente no presente julgado é a  correção do despacho decisório contraditado.     Fl. 360DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 361            12 Claramente,  tem­se aqui uma didática  relação de dependência, na  forma como  leciona Fredie Didier Jr1, na medida que o fundamento causal e a premissa essencial (sine qua  non) para a constatação da existência do crédito estampada na DCOMP, ora  sob análise,  é a  homologação  de  outra  Declaração  de Compensação,  que  saldou  estimativa  de  IRPJ  no  ano­ calendário de 2009 (dando margem ao saldo negativo utilizado).    Por sua vez, o RICARF/MF, no art. 6º do seu Anexo II, faz apenas as seguintes  previsões sobre conexão:    Art.  6º  Os  processos  vinculados  poderão  ser  distribuídos  e  julgados  observando­ se a seguinte disciplina:   §1º Os processos podem ser vinculados por:   I  ­  conexão,  constatada  entre  processos  que  tratam  de  exigência  de  crédito  tributário  ou  pedido  do  contribuinte  fundamentados  em  fato  idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos  passivos;   II  ­  decorrência,  constatada  a  partir  de  processos  formalizados  em  razão  de  procedimento  fiscal  anterior  ou  de  atos  do  sujeito  passivo  acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem  outras matérias autônomas;e  III ­  reflexo, constatado entre processos  formaliza dos em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos  elementos de prova, mas referentes a tributos distintos.   §  2º  Observada  a  competência  da  Seção,  os  processos  poderão  ser  distribuídos  ao  conselheiro  que  primeiro  recebeu  o  processo  conexo,  ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão.   §  3º  A  distribuição  poderá  ser  requerida  pelas  partes  ou  pelo  conselheiro que entender estar prevento, e a decisão será proferida por  despacho  do  Presidente  da  Câmara  ou  da  Seção  de  Julgamento,  conforme a localização do processo.   § 4º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III d o § 1º, se o processo  principal  não  estiver  localizado  no  CARF,  o  colegiado  deverá  converter  o  julgamento  em  diligência  para  a  unidade  preparadora,  para determinar a vinculação dos autos ao processo principal.   § 5º Se o processo principal  e os decorrentes  e os  reflexos  estiverem  localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter  o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o                                                              1 A relação de dependência entre causas pendentes pode ocorrer de duas maneiras: a) uma causa é prejudicial a  outra: a solução que se der a uma causa pode interferir na solução que se der a outra; b) uma causa é preliminar a  outra: a solução que ser a uma pode impedir o exame da outra.  (...)  Essa  visão  autoriza­nos  a  concluir  pela  existência  de  conexão  por  prejudicialidade  ou  preliminaridade:  se  uma  causa  é  prejudicial/preliminar  a  outra  há  conexão  e  a  reunião  se  exige,  respeitados  os  limites  impostos  para  qualquer reunião.  Disponível em: http://www.frediedidier.com.br/artigos/parecer­conexao­preliminaridade/  Fl. 361DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 362            13 sobrestamento  do  julgamento  do  processo  na  Câmara,  de  forma  a  aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal.   § 6º Na hipótese prevista no § 4º se não houver recurso a ser apreciado  pelo  CARF  relativo  ao  processo  principal,  a  unidade  preparadora  deverá  devolver  ao  colegiado  o  processo  convertido  em  diligência,  juntamente  com  as  informações  constantes  do  processo  principal  necessárias  para  a  continuidade  do  julgamento  do  processo  sobrestado.   §  7º  No  caso  de  conflito  de  competência  entre  Seções,  caberá  ao  Presidente do CARF decidir, provocado por resolução ou despacho d o  Presidente da Turma que ensejou o conflito.   §  8º  Incluem­se  na  hipótese  prevista  no  inciso  III  do  §  1º  os  lançamentos de contribuições previdenciárias realizados em um mesmo  procedimento fiscal, com incidências tributárias de diferentes espécies.    Como  há muito  vem  decidindo  esta C.  2ª  Turma Ordinária,  por  unanimidade,  não há como se prosseguir com o julgamento desta pendenga sem o desfecho, pelo menos em  mesma instância administrativa, do outro processo.    Caso contrário, não só será mantido um profundo anacronismo na apreciação de  verdadeira  cadeia  creditória  (esta,  fruto  das  disposições  do  art.  74  da  Lei  nº  9.430/96  e  regulamentação  infralegal),  como  também  poder­se­ia  ensejar  a  indevida  denegação  precipitada de compensação ulteriomente procedente. Sequer a quantificação do crédito pode  ser objeto de aferimento antes da apreciação do crédito debatido naquele outro feito.    Como já mencionado, não se está diante de inexistência de crédito, mas sim de  verdadeiro  obstáculo,  lógico  e  temporal,  para  tal  apuração  e  confirmação,  não  podendo  simplesmente afastar a pretensão do Contribuinte.    Posto  isso,  temos  que  o  processo  administrativo  nº  11080.903819/2013­27  encontra­se pendente de distribuição na C. 3ª Seção de E. CARF2.    Como acima se observa, não houve em tal contenda a apreciação do mérito da  procedência do crédito utilizado pela Contribuinte nessa instância recursal ordinária.                                                                2  http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarInformacoesProcessuais/consultarInformacoesProcessuais .jsf ­ consulta realizada em 01/10/2018.  Fl. 362DF CARF MF Processo nº 11080.901301/2014­30  Resolução nº  1402­000.737  S1­C4T2  Fl. 363            14 Certamente,  em  face  de  tal  circunstância  e  diante  da  patente  relação  de  dependência  preliminar  no  julgamento  daquele  outro  processo,  é  racional,  lógico  e  processualmente  adequado  aqui  o  sobrestamento  do  feito  até  o  desfecho  meritório,  nessa  mesma instância, de tal feito ­ como é o entendimento pacífico e absoluto deste N. Colegiado.    Por  fim,  a  Recorrente  vem  informando  nos  autos,  desde  a  Manifestação  de  Inconformidade,  que  o  processo  administrativo  nº  11080.731521/2012­28  trata  de Autuação  que  abrange  o  ano­calendário  de  2009,  lançada  sob  o  regime  do  arbitramento  do  lucro,  cambiando ­ por sua vez ­ a modalidade da apuração das Contribuições Sociais, o que afetaria  diretamente  os  saldos  de  PIS  e  COFINS  que  deram  margem  ao  crédito  utilizado  na  compensação da estimativa de IRPJ de julho daquele mesmo ano.    Tal fato também guarda potencial reflexo na procedência de tal compensação a  que  o  presente  feito  depende,  podendo  revelar  a  inexistência  de  todo  o  direito  creditório  envolvido.    Consultando o andamento de tal feito, verifica­se que já houve a prolatação de  Acórdão  meritório  (1301­002.203),  dando  provimento  parcial  ao  Recurso  Voluntário  lá  manejado, para  reconhecer a decadência de parte dos débitos apurados. Contudo,  tal Julgado  ainda é objeto de recurso neste E. CARF3, sendo passível de modificação. Dessa forma, ainda  resta  plenamente  preservada  a  relação  direta  de  dependência  e  prejudicialidade,  como  inicialmente apresentada, com o processos administrativo nº 11080.903819/2013­27.    Diante  de  todo  o  exposto,  resolve­se  por  sobrestar  o  presente  feito  até  a  prolatação de Acórdão meritório definitivo, nesta mesma instância deste E. CARF, apreciando  a  procedência  do  crédito  e  a  homologação  da  compensação,  nos  autos  do  processo  administrativo nº 11080.903819/2013­27, para, somente então, retomar­se o julgamento.     (assinado digitalmente)  Caio Cesar Nader Quintella                                                               3  http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarInformacoesProcessuais/exibirProcesso.jsf;jsessionid=1D 22303E23A9AEC6613E6F8BEEF08AD8 ­ consulta efetuada em 01/10/2018.  Fl. 363DF CARF MF

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Numero do processo: 13884.902387/2012-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EXCESSO DE PRAZO. INSTRUMENTO DE CONTROLE DA ATIVIDADE FISCAL. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal se constitui em elemento de controle da atividade fiscal, sendo que eventual irregularidade na sua expedição ou renovação não gera nulidade do lançamento. O auto de infração lavrado identificando a matéria tributada e com fundamentação legal correlata (artigo 10 do Decreto nº 70.235/72) não caracterizada a preterição do direito de defesa, devendo ser mantida a autuação. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Em processos decorrentes da não-homologação de declaração de compensação, deve o Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito. No âmbito do processo administrativo fiscal, constando perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização integral do crédito para quitação de outro débito, o ônus da prova sobre o direito creditório recai sobre o contribuinte, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.684
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA

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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.

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3402­005.684  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  23 de outubro de 2018  Matéria  Compensação ­ Contribuição para o PIS/Pasep  Recorrente  EMBRAER S.A.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP  Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008  MANDADO  DE  PROCEDIMENTO  FISCAL.  EXCESSO  DE  PRAZO.  INSTRUMENTO  DE  CONTROLE  DA  ATIVIDADE  FISCAL.  INEXISTÊNCIA DE NULIDADE.  O Mandado de Procedimento Fiscal se constitui em elemento de controle da  atividade  fiscal,  sendo  que  eventual  irregularidade  na  sua  expedição  ou  renovação  não  gera  nulidade  do  lançamento.  O  auto  de  infração  lavrado  identificando a matéria tributada e com fundamentação legal correlata (artigo  10  do  Decreto  nº  70.235/72)  não  caracterizada  a  preterição  do  direito  de  defesa, devendo ser mantida a autuação.  ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE  CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº  70.235/1972.  Em  processos  decorrentes  da  não­homologação  de  declaração  de  compensação,  deve  o  Contribuinte  apresentar  e  produzir  todas  as  provas  necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito. No  âmbito do processo  administrativo  fiscal,  constando perante  a Secretaria da  Receita  Federal  do  Brasil  a  utilização  integral  do  crédito  para  quitação  de  outro  débito,  o  ônus  da  prova  sobre  o  direito  creditório  recai  sobre  o  contribuinte, aplicando­se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil.  Recurso Voluntário Negado.  Direito Creditório Não Reconhecido.      Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao Recurso Voluntário.       AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 23 87 /2 01 2- 26 Fl. 181DF CARF MF Processo nº 13884.902387/2012­26  Acórdão n.º 3402­005.684  S3­C4T2  Fl. 0          2   (assinado digitalmente)    Waldir Navarro Bezerra ­ Presidente e Relator.     Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros:  Waldir  Navarro  Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena  de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e  Renato Vieira  de Ávila  (suplente  convocado  em  substituição  à  conselheira  Thais  de  Laurentiis  Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.  Relatório  Trata­se  de  Recurso  Voluntário  interposto  contra  o  Acórdão  nº  02­ 053.107proferido  pela  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  em  Belo  Horizonte/MG,  que  julgou  procedente  em  parte  a  Manifestação  de  Inconformidade,  reconhecendo parcialmente o direito creditório da Recorrente.  A  contribuinte  transmitiu  Pedido  de Ressarcimento  ­  PER,  de  PIS,  que  foi  parcialmente reconhecido após auditoria realizada pela unidade de origem da RFB.  Irresignada com o reconhecimento apenas parcial de seu pleito, a recorrente  apresentou manifestação de inconformidade onde alega, em sede preliminar, nulidade do MPF  por falha em sua prorrogação, e no mérito, a efetiva existência do direito creditório.  O Colegiado a quo julgou parcialmente procedente a manifestação interposta,  nos termos da decisão supracitada.  Regularmente  cientificada  desta  decisão,  a  recorrente  interpôs  o  Recurso  Voluntário ora  em análise,  pugnando pela  reforma da decisão de primeira  instância na parte  vencida, o que fez com fundamento especificamente quanto às seguintes matérias:    PRELIMINARMENTE  – Nulidade  do  procedimento  fiscal  efetuado,  uma  vez  que o Mandado de Procedimento Fiscal  tinha validade  até  27/12/2011,  enquanto  a  prorrogação  se deu  somente  em 31/01/2012,  com  a  emissão  do  “Termo de Ciência e de Continuação de Procedimento Fiscal”,  cuja ciência  se deu em 26/04/2012. Desta forma, seria nulo o procedimento fiscal, por ter  descumprido o disposto nos artigos 12 e 14 da Portaria RFB nº 3.034/2011,  que  regulamenta  o MPF. E,  por  conseqüência,  os  atos  posteriores  ao MPF  “viciado”, como o Relatório Fiscal e também o Despacho Decisório.  NO MÉRITO:  DO EFETIVO DIREITO AO APROVEITAMENTO DOS CRÉDITOS DAS  CONTRIBUIÇÕES  DO  PIS  E  DA  COFINS  EM  DECORRÊNCIA  DA  AQUISIÇÃO  DE  INSUMOS  DESTINADOS  À  INDUSTRIALIZAÇÃO,  uma  vez  que  os  créditos  glosados  neste  item  decorrem  da  aquisição  de  insumos para  industrialização/montagem de peças vendidas para a  indústria  Fl. 182DF CARF MF Processo nº 13884.902387/2012­26  Acórdão n.º 3402­005.684  S3­C4T2  Fl. 0          3  aeronáutica  e  foram  tratados  como  insumos  para  industrialização  por  encomenda, não tendo sido aplicada, portanto, a redução de alíquota prevista  no inciso IV do art. 28 da Lei nº 10.865/2004. Como a aquisição dos insumos  incorreu  normalmente  em  tributação  do  PIS  e  da  Cofins,  a  contribuinte  entende serem passível de creditamento as respectivas contribuições. Aplica­ se a Solução de Consulta nº 144, de 14/05/2008 da Receita Federal do Brasil;  DA  POSSIBILIDADE  DE  APROVEITAMENTO  DOS  CRÉDITOS,  POR  FORÇA  DA  DISPOSIÇÃO  CONTIDA  NO  ARTIGO  17  DA  LEI  Nº  11.033/2004,  subsidiariamente,  que  seu  aproveitamento  então  estaria  respaldado pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, considerando tão somente a  saída das mercadorias para aproveitamento de créditos presumidos.  É o relatório.  Voto             Conselheiro Waldir Navarro Bezerra  O  julgamento  deste  processo  segue  a  sistemática  dos  recursos  repetitivos,  regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo  II do RICARF, aprovado pela Portaria MF  343,  de  09  de  junho  de  2015.  Portanto,  ao  presente  litígio  aplica­se  o  decidido  no Acórdão  3402­005.673,  de  23  de  outubro  de  2018,  proferido  no  julgamento  do  processo  13884.901477/2013­81, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.  Transcrevem­se,  como  solução  deste  litígio,  nos  termos  regimentais,  os  entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402­005.673):    "PRESSUPOSTOS LEGAIS DE ADMISSIBILIDADE  O Recurso  Voluntário  é  tempestivo  e  atende  aos  demais  pressupostos  legais  de  admissibilidade,  devendo  ser  conhecido  por este Colegiado.    PRELIMINAR  DE  NULIDADE  POR  VÍCIO  NO  MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL  A  Recorrente  alega  que  o  Mandado  de  Procedimento  Fiscal  (MPF)  tinha  validade  até  27/12/2011,  sendo  que  a  prorrogação se deu somente em 31/01/2012, com a emissão do  “Termo de Ciência e de Continuação de Procedimento Fiscal”,  cuja  ciência ocorreu  em 26/04/2012. Desta  forma,  seria nulo o  procedimento  fiscal por  ter descumprido o disposto nos artigos  12  e  14  da  Portaria  RFB  nº  3.034/2011,  que  regulamenta  o  MPF.  Por  conseqüência,  o  Relatório  Fiscal  e  o  Despacho  Decisório igualmente estariam viciados, ensejando em nulidade.  Fl. 183DF CARF MF Processo nº 13884.902387/2012­26  Acórdão n.º 3402­005.684  S3­C4T2  Fl. 0          4  Sem razão.  O  Mandado  de  Procedimento  Fiscal  é  instrumento  de  controle  da  atividade  fiscal,  sendo  que  eventual  irregularidade  na sua expedição ou subsequentes renovações não torna nulo o  lançamento.  As  hipóteses  de  nulidade  do  lançamento  estão  consignadas no artigo 59 do Decreto nº 70.235/72, as quais não  restaram caracterizadas no presente caso.  Com iso, está correta a decisão de primeira instância ao  concluir que:  "O Mandado  de  Procedimento  Fiscal  – MPF  é  um mero  instrumento da Administração Fiscal para gerenciamento,  controle  e  acompanhamento  do  procedimento  fiscal,  em  sua fase prévia à autuação, servindo também para notificar  o  contribuinte  que  está  sendo  fiscalizado  por  autoridade  regularmente  constituída,  sendo  que  eventuais  falhas  em  sua  emissão  ou  prorrogação  não  contaminam  o  lançamento,  implicando,  em  essência,  que  não  atingem a  competência impositiva e vinculada dos Auditores Fiscais  da  Receita  Federal  do  Brasil.  A  competência  para  o  lançamento  dos  Agentes  Fiscais  da  Receita  Federal  está  definida em Lei  (art. 142 do CTN c/c o art. 6º, I, “a”, da  Lei  nº  10.593/2002),  não  podendo  eventuais  infrações  a  dispositivos  de  controle  do  procedimento  fiscal,  criados  por atos infralegais, como o MPF, inquinar de nulidade o  próprio  lançamento,  pois,  no  máximo,  se  poderia  questionar  a  conduta  das  autoridades  fiscais,  se  fosse  o  caso, no terreno disciplinar. Dessa forma, a imputação do  poder dever do lançamento às autoridades fiscais federais  está  definida  em  lei,  e,  como  tal,  somente  a  violação  de  procedimentos  definidos  em  lei  poderia  inquinar  de  nulidade o lançamento.          (...)  No  caso  desse  auto,  como  se  pode  ver  na  tela  às  fls.  134/135, obtida na Internet  (www.receita.fazenda.gov.br),  a partir do código de acesso disponível no Termo de Início  de  Fiscalização,  sequer  se  pode  falar  em  irregularidade  formal nas prorrogações do MPF, pois este foi prorrogado  validamente  pela  autoridade,  em  29/08/2011,  não  tendo  expirado por decurso de prazo.  Atente­se  que  a  autoridade  fiscal  não  está  obrigada  a  notificar o contribuinte a cada prorrogação do MPF, dentro  do  prazo  de  validade  deste,  pois  quem  está  obrigado  a  cumprir o prazo de prorrogação é o Delegado da Receita  Federal  do  Brasil,  este  que  deve  prorrogá­lo  dentro  do  prazo,  sob  pena  dele  expirar.  E,  no  caso  destes  autos,  o  MPF foi validamente prorrogado, lembrando que a ciência  do  mandado  (e  de  suas  prorrogações),  por  parte  do  contribuinte, deve ser feita via internet, como se vê no art.  Fl. 184DF CARF MF Processo nº 13884.902387/2012­26  Acórdão n.º 3402­005.684  S3­C4T2  Fl. 0          5  4º,  parágrafo  único,  da  Portaria  RFB  nº  3.014/2011,  ou  seja,  não  há  que  se  falar  em  irregularidade  por  eventual  notificação  fora  do  prazo  de  MPF  regularmente  prorrogado.  No  mesmo  sentido  vem  decidindo  este  Colegiado,  concluindo  que  eventual  irregularidade  na  emissão  ou  na  prorrogação  de  mandado  de  procedimento  fiscal  não  gera  nulidade  do  lançamento,  sobretudo  quando  dela  não  tenha  decorrido prejuízo para o contribuinte, como ocorre neste litígio,  uma  vez  que  a  Recorrente  demonstrou  em  manifestação  de  inconformidade o domínio sobre todas as matérias que embasam  a autuação.   Precedentes:  Acórdão  3402­004.7561  e  Acórdão  3402­ 002­9092.                                                    1 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS  Anocalendário: 2010  MPF  MANDADO  DE  PROCEDIMENTO  FISCAL.  EXPEDIÇÃO.  PRORROGAÇÃO.  NULIDADE.  NÃO  OCORRÊNCIA. Eventual  irregularidade na emissão ou na prorrogação de mandado de procedimento fiscal não  gera nulidade do lançamento, sobretudo quando dela não tenha decorrido prejuízo para o contribuinte.  LANÇAMENTO  PARA  PREVENIR  DECADÊNCIA.  CRÉDITO  TRIBUTÁRIO.  SUSPENSÃO  DE  EXIGIBILIDADE. O  lançamento  realizado com a  finalidade de evitar a decadência constitui, desde o  início, o  crédito tributário com exigibilidade suspensa.  CONCOMITÂNCIA.  PROPOSITURA DE AÇÃO  JUDICIAL.  APLICAÇÃO DA  SÚMULA CARF Nº  01.  A  teor da Súmula CARF nº 01, iimporta renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de  ação judicial com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de  julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.  ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP  Anocalendário: 2010  PIS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA. Aplica­se  ao  lançamento  da Contribuição  para  o PIS/Pasep  o  decidido  em  relação  à COFINS  lançada  a partir  da mesma  matéria fática.  Recurso Voluntário Não Conhecido.      2 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS  Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004  PIS  E  COFINS.  REGIME  NÃOCUMULATIVO.  DIFERENÇA  ENTRE  O  VALOR  ESCRITURADO  E  O  DECLARADO/PAGO. ESTOQUE DE ABERTURA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.  A pessoa jurídica contribuinte da COFINS e do PIS, submetida à apuração do valor devido na forma do art. 3º,  terá direito  a desconto  correspondente  ao  estoque de  abertura dos bens  de que  tratam os  incisos  I  e  II  daquele  mesmo  artigo, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, existentes na data  de início da incidência da COFINS, de acordo com a Lei nº 10.833/2003, art.  12 e do PIS, nos estoques de abertura existentes em 1º de dezembro de 2002, de acordo com o art. 11 da Lei nº  10.637/2002.  COFINS E PIS. AUTO DE INFRAÇÃO. MPF. IRREGULARIDADES.NULIDADE. INOCORRÊNCIA.  O  MPF  é  instrumento  de  controle  gerencial,  e  que  eventual  irregularidade  poderia,  no  máximo,  dar  azo  a  procedimento interno de natureza administrativa, mas nunca invalidar o lançamento de crédito tributário, cuja  competência é deferida por lei aos ocupantes do cargo de Auditor Fiscal da  Receita Federal do Brasil.  APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS. PRECLUSÃO. DILIGÊNCIA.  Os documentos que comprovam as alegações trazidas na impugnação devem  ser com ela apresentados, à exceção das hipóteses contempladas no art. 16, § 4º do Decreto no 70.235, de 1972. A  diligência não se presta a suprir deficiência probatória, seja do fisco ou da empresa Recorrente.  Recurso Voluntário Negado  Fl. 185DF CARF MF Processo nº 13884.902387/2012­26  Acórdão n.º 3402­005.684  S3­C4T2  Fl. 0          6  Por  tais  razões,  rejeito  a  preliminar  suscitada  pela  Recorrente.    MÉRITO  SOBRE  O  EFETIVO  DIREITO  AO  APROVEITAMENTO  DOS  CRÉDITOS  DAS  CONTRIBUIÇÕES  DO  PIS  E  DA  COFINS  EM  DECORRÊNCIA  DA  AQUISIÇÃO  DE  INSUMOS  DESTINADOS À  INDUSTRIALIZAÇÃO,  alega  a  Recorrente  que os  créditos glosados neste  item decorrem da aquisição dos  insumos,  com  tributação  do  PIS  e  da  Cofins,  utilizados  para  industrialização/montagem  de  peças  vendidas  para  a  indústria  aeronáutica  e,  por  isso,  foram  tratados  como  insumos  para  industrialização  por  encomenda,  não  tendo  sido  aplicada,  portanto, a redução de alíquota prevista no inciso IV do art. 28  da Lei nº 10.865/2004. Invoca a Solução de Consulta nº 144, de  14/05/2008.  SUBSIDIARIAMENTE,  SOBRE  A  POSSIBILIDADE  DE APROVEITAMENTO DOS CRÉDITOS, POR FORÇA DA  DISPOSIÇÃO  CONTIDA  NO  ARTIGO  17  DA  LEI  Nº  11.033/2004,  alega  a  Recorrente  que  o  aproveitamento  de  crédito presumido então estaria respaldado pelo artigo 17 da Lei  nº  11.033/2004,  considerando  tão  somente  a  saída  das  mercadorias  quando  a  incidência  estivesse  suspensa,  com  alíquota zero, isenção ou nos casos de não incidência.   Sem razão à Recorrente.  Como  se  observa  da  decisão  de  primeira  instância,  o  crédito  negado  à  Contribuinte  decorre  de  ausência  de  comprovação de efetiva utilização de tais insumos.  Importante  frisar  o  que  destacou  o  Eminente  Relator  da  DRJ/BHE  quanto  à  intimação  oportunizada  para  que  fossem  apresentadas as provas necessárias:  "Pelos documentos  acostados  aos  autos,  verifica­se que  a  contribuinte,  a  princípio,  não  se  insurge  contra  o  entendimento  da  fiscalização  de  que  os  insumos  de  que  trata o art. 28, inciso V, da Lei nº 10.865/2004 não seriam  passíveis  de  creditamento  de  suas  contribuições,  por  estarem  sujeitos  à  alíquota  zero.  Apenas  informa  que  as  referidas  aquisições  foram  devidamente  tributadas  das  contribuições  de  PIS  e  Cofins,  por  não  se  enquadrarem  naquele dispositivo.  As  alegações  apresentadas  são  no  mesmo  sentido  das  respostas  anteriormente  fornecidas  à  fiscalização,  diante  das  intimações  recebidas.  Em  relação  aos  períodos  anteriores  a  junho  de  2008,  a  contribuinte  aduz  que  não  teria  sido  aplicado  tal  dispositivo  às  referidas  aquisições,  por  se  destinarem  à  industrialização  por  encomenda;  Fl. 186DF CARF MF Processo nº 13884.902387/2012­26  Acórdão n.º 3402­005.684  S3­C4T2  Fl. 0          7  quanto  as  períodos  de  junho,  julho  e  agosto  de  2008  e  janeiro  de  2009,  simplesmente  argumenta  que  seriam  créditos  extemporâneos  e,  portanto,  anteriores  à  vigência  da  Lei  nº  10.865/2004;  quanto  aos  demais  períodos,  a  contribuinte não se manifesta.  Diante  dessas  informações,  a  Autoridade  Fiscal  intimou  a  contribuinte  para  que  detalhasse  as  aquisições  que  alegava  não  terem  sido  tributadas  à  alíquota zero, mas nenhum documento foi apresentado  nesse sentido. O mesmo se verifica na Manifestação de  Inconformidade  apresentada,  em  que  a  contribuinte  não traz novos elementos aos autos.  Em  resumo,  o  deslinde  da  questão  que  aqui  se  apresenta  passa  pela  verificação  de  alíquota  da  contribuição  que  foi  efetivamente  aplicada  nas  aquisições  efetuadas  nos  períodos  de  apuração  anteriores a junho de 2008. Com base no art. 28 da Lei  nº 10.865/2004, a Autoridade Fiscal presumiu que essas  aquisições estariam sujeitas à alíquota zero, enquanto a  contribuinte  afirma  que  dera  interpretação  diversa  à  legislação  vigente,  tributando  normalmente  aqueles  valores.  Ocorre que, em um processo de restituição, ressarcimento  ou compensação, é o contribuinte que toma a iniciativa de  viabilizar  seu  direito  ao  aproveitamento  do  crédito,  quer  por  pedido  de  restituição  ou  ressarcimento,  quer  por  compensação, em ambos os casos mediante a apresentação  do  Per/Dcomp,  de  tal  sorte  que,  se  a  RFB  resistir  à  pretensão  do  interessado,  indeferindo  o  pedido  ou  não  homologando  a  compensação,  incumbirá  a  ele  –  o  contribuinte  –,  na  qualidade  de  autor,  demonstrar  o  seu  direito.  A  partir  dessa  perspectiva  e,  levando­se  em  conta  que  o  crédito oferecido à compensação deve ser líquido e certo,  conclui­se que seria lícito à RFB decidir indeferir o pedido  ou não homologar a compensação, quando não há certeza  e liquidez. Por sua vez, o indício constitui meio de prova,  admitido até mesmo no processo penal, art. 239 do Código  de Processo Penal (CPP).  Assim,  uma  vez  que  a  contribuinte  não  apresentou  nenhum  elemento  no  sentido  de  comprovar  que  as  alegadas aquisições haviam de fato sido tributadas, não  há como reconhecer o seu direito creditório em relação  aos  respectivos  créditos  das  contribuições."  (sem  destaque no original)  Cabe ainda observar a incidência do Artigo 37 da Lei nº  9.430/1996, o qual prevê que "Os comprovantes da escrituração  da  pessoa  jurídica,  relativos  a  fatos  que  repercutam  em  lançamentos  contábeis  de  exercícios  futuros,  serão  conservados  Fl. 187DF CARF MF Processo nº 13884.902387/2012­26  Acórdão n.º 3402­005.684  S3­C4T2  Fl. 0          8  até  que  se  opere  a  decadência  do  direito  de  a  Fazenda  Pública  constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios".  Aplica­se, neste caso, o artigo 373, inciso I do Código de  Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao  fato constitutivo de seu direito, bem como a incidência do artigo  16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72.  Neste  sentido,  cita­se  o  Acórdão  nº  3302­005.292,  proferido  pela  2ª  Turma Ordinária  da  3ª  Câmara  da  3ª  Seção  deste Tribuna Administrativo:  ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP  Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005  DA  CONTRIBUIÇÃO  PARA  O  PIS/PASEP.  PEDIDO  DE  RESSARCIMENTO.  AUSÊNCIA  DE  PROVA.  INDEFERIMENTO.  O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de  créditos da Contribuição para o PIS/Pasep será indeferido  se  o  contribuinte  não  apresentar  os  documentos  necessários  a  análise  e  confirmação  do  valor  do  crédito  pleiteado/compensado.  Para  esse  fim,  o  postulante  deve  apresentar  à  fiscalização,  quando  solicitado,  os  arquivos  digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à  comprovação dos créditos apropriados.  ASSUNTO:  NORMAS  GERAIS  DE  DIREITO  TRIBUTÁRIO  Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004  CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA  O  PIS/PASEP  E  COFINS.  DEDUÇÃO,  RESSARCIMENTO  OU  COMPENSAÇÃO.  ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.  O  aproveitamento  de  crédito  decorrente  do  regime  não  cumulativo  da  Contribuição  para  o  PIS/Pasep  e  Cofins,  seja  sob  a  forma  de  dedução,  compensação  ou  ressarcimento,  não  ensejará  atualização  monetária  ou  incidência de juros moratórios.  COMPENSAÇÃO  DECLARADA.  ANÁLISE  ANTES  DE  COMPLETADO  O  PRAZO  DE  CINCO  ANOS.  HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE.  Não  há  homologação  tácita  da  compensação  declarada  quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório  não homologatório da compensação antes de completado o  prazo  de  cinco  anos,  contado  da  data  da  apresentação  da  correspondente declaração de compensação.  ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL   Fl. 188DF CARF MF Processo nº 13884.902387/2012­26  Acórdão n.º 3402­005.684  S3­C4T2  Fl. 0          9  Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004  PEDIDO  DE  PERÍCIA/DILIGÊNCIA..  IMPRESCINDIBILIDADE  DA  NOVA  PROVA.  INDEFERIMENTO.  Se  nos  autos  há  todos  os  elementos  probatórios  necessários  e  suficientes  à  formação  da  convicção  do  julgador  quanto  às  questões  de  fato  objeto  da  lide,  indefere­se,  por  prescindível,  o  pedido  de  diligência  e  perícia formulado.  PEDIDO  DE  PERÍCIA  E  DILIGÊNCIA.  INDEFERIMENTO  PELA  AUTORIDADE  JULGADORA.  MOTIVAÇÃO  SUFICIENTE  E  ADEQUADA.  INEXISTÊNCIA  DE  CERCEAMENTO  AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO  A QUO. IMPOSSIBILIDADE.  1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção  da prova pericial  somente se justifica nos casos a análise  da  prova  exige  conhecimento  técnico  especializado.  Por  não  atender  tal  condição,  a  apreciação  de  documentos  contábeis  e  fiscais  prescinde  de  realização  de  perícia  técnica.  2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não  configura  vício  de  nulidade  da  decisão  de  primeira  instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos  em  que  a  autoridade  julgadora,  fundamentadamente,  demonstra  que  a  produção  da  prova  pericial  e  realização  da  diligência  eram  desnecessárias  e  prescindíveis  para  o  deslinde da controvérsia.  DIREITO  CREDITÓRIO.  PROVA  IMPRESCINDÍVEL  À  COMPROVAÇÃO.  NÃO  APRESENTAÇÃO  NA  FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA  E  INTENCIONAL.  PRINCÍPIO  DO  NEMO  AUDITUR  PROPRIAM  TURPITUDINEM  ALLEGANS.  REABERTURA  DA  INSTRUÇÃO  PROBATÓRIA  NA  FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO.  Se  no  curso  do  procedimento  fiscal,  após  ser  intimada  e  reintimada  a  recorrente,  de  forma  deliberada  e  como  estratégia  de  defesa,  omite­se  de  apresentar  os  arquivos  digitais  e  a  documentação  contábil  e  fiscal  necessária  à  apuração  da  certeza  e  liquidez  do  crédito  da  Cofins  pleiteado,  a  reabertura  da  instrução  probatória  na  fase  recursal, inequivocamente, implicaria clara  afronta  ao  princípio  jurídico  de  que  ninguém  pode  se  beneficiar  de  sua  própria  torpeza  (ou  nemo  auditur  propriam turpitudinem allegans).  DESPACHO  DECISÓRIO  PROFERIDO  POR  AUTORIDADE  COMPETENTE.  CERCEAMENTO  DE  Fl. 189DF CARF MF Processo nº 13884.902387/2012­26  Acórdão n.º 3402­005.684  S3­C4T2  Fl. 0          10  DIREITO  DE  DEFESA  INEXISTENTE.  NULIDADE.  IMPOSSIBILIDAE.  Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido  por  autoridade  competente  da  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  (RFB)  e  que  contenha  todos  os  fundamentos  fáticos  e  jurídicos  suficientes  para  o  pleno  exercício do direito de defesa do contribuinte.  PEDIDO  DE  RESSARCIMENTO.  ÔNUS  DA  PROVA  DO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE.  No  âmbito  do  processo  administrativo  fiscal,  em  que  formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório,  o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido.  Recurso Voluntário Negado.  Portanto,  ao  que  pese  a  alegação  sobre  o  direito  de  crédito invocado pela Recorrente ao argumentar que adquiriu os  insumos  com  regular  tributação  pela  contribuição  ao  PIS  e  à  COFINS,  com crédito declarado em DACON, o  fato é que não  houve a comprovação da certeza e liquidez deste crédito, o que  seria  indispensável  para  o  devido  reconhecimento  à  compensação.  Destarte,  como  bem  observou  o  Eminente  Relator  de  primeira  instância,  não consta nos autos nenhum elemento que  indique que os  referidos  insumos  foram de  fato  empregados na  industrialização  por  encomenda,  conforme  alegado,  não  sendo  possível  aplicar  a  Solução  de  Consulta  nº  144,  de  14/05/2008  citada  pela  Recorrente,  uma  vez  que  o  fato  concreto  não  se  refere àquele sobre o qual versou a consulta em referência.  Por  sua  vez,  com  relação  ao  argumento  subsidiário,  consigna­se que, caso fosse comprovada a certeza e liquidez do  crédito  pleiteado,  poderia  a  Contribuinte  se  enquadrar  na  aquisição  com  tributação  regular  de PIS/COFINS, motivo  pelo  qual igualmente resta afastado o crédito presumido previsto pelo  artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, por ausência de enquadramento  legal.    DISPOSITIVO  Ante  o  exposto,  conheço  o  Recurso  Voluntário,  rejeito  a  preliminar  suscitada  e,  no mérito,  NEGO PROVIMENTO  para  manter na íntegra o acórdão recorrido.   É como voto."    Fl. 190DF CARF MF Processo nº 13884.902387/2012­26  Acórdão n.º 3402­005.684  S3­C4T2  Fl. 0          11  Importa  registrar  que  nos  autos  ora  em  apreço,  a  situação  fática  e  jurídica  encontra correspondência com a verificada no paradigma, de  tal  sorte que o entendimento  lá  esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado.  Aplicando­se  a  decisão  do  paradigma  ao  presente  processo,  em  razão  da  sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por  rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, negar provimento para manter na íntegra o acórdão  recorrido.   (assinado digitalmente)  Waldir Navarro Bezerra                              Fl. 191DF CARF MF

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Numero do processo: 11634.720435/2015-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2010 a 31/07/2012 DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Quando restar evidenciado que a empresa se utilizou de artifício para permanecer no Simples Nacional e, dessa forma, não efetuou qualquer antecipação de pagamento da contribuição previdenciária a cargo da empresa e das contribuições para terceiros, o prazo decadencial tem sua contagem iniciada no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO, FRAUDE OU CONLUIO. Demonstrado que a contabilidade da empresa não retrata os fatos econômicos, existindo movimentação financeira não justificada em montante bastante superior às receitas declaradas, comprovado a inexistência de estabelecimento fabril nos endereços informados e que os empregados declarados pelo sujeito passivo na verdade trabalham em benefício de outra empresa do mesmo grupo econômico, e não incluída no mesmo regime favorecido de tributação, está suficientemente caracterizada a existência de conduta dolosa voltada à prática de sonegação, fraude e conluio. GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. Havendo um conjunto extenso de elementos de convicção evidenciando que as empresas operam no mesmo ramo, pertencem às mesmas pessoas, utilizam os mesmos empregados, movimentam recursos financeiros entre elas sem registros confiáveis, caracterizada está a existência de grupo econômico de fato a ensejar a responsabilidade pelos créditos tributários previdenciários. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA. A mudança de critério jurídico ocorre quando se atribui aos mesmos fatos já conhecidos diferentes efeitos jurídicos. Não há mudança de critério jurídico quando os diferentes efeitos decorrem de informações anteriormente desconhecidas sobre a realidade das operações são realizadas.
Numero da decisão: 2201-004.731
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso, e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI

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2201­004.731  –  2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  02 de outubro de 2018  Matéria  CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ­ EXCLUSÃO DO SIMPLES  Recorrente  BRASIPAR ­  INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA. ­ ME  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2010 a 31/07/2012  DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO.  Quando  restar  evidenciado  que  a  empresa  se  utilizou  de  artifício  para  permanecer  no  Simples  Nacional  e,  dessa  forma,  não  efetuou  qualquer  antecipação de pagamento da contribuição previdenciária a cargo da empresa  e  das  contribuições  para  terceiros,  o  prazo  decadencial  tem  sua  contagem  iniciada no primeiro dia do exercício  seguinte  àquele em que o  lançamento  poderia ter sido efetuado.  MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO, FRAUDE OU CONLUIO.  Demonstrado  que  a  contabilidade  da  empresa  não  retrata  os  fatos  econômicos, existindo movimentação financeira não justificada em montante  bastante  superior  às  receitas  declaradas,  comprovado  a  inexistência  de  estabelecimento  fabril  nos  endereços  informados  e  que  os  empregados  declarados pelo sujeito passivo na verdade  trabalham em benefício de outra  empresa  do  mesmo  grupo  econômico,  e  não  incluída  no  mesmo  regime  favorecido  de  tributação,  está  suficientemente  caracterizada  a  existência  de  conduta dolosa voltada à prática de sonegação, fraude e conluio.  GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO.  Havendo um conjunto extenso de elementos de convicção evidenciando que  as empresas operam no mesmo ramo, pertencem às mesmas pessoas, utilizam  os  mesmos  empregados,  movimentam  recursos  financeiros  entre  elas  sem  registros  confiáveis,  caracterizada  está  a  existência  de  grupo  econômico  de  fato a ensejar a responsabilidade pelos créditos tributários previdenciários.  MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA.  A mudança de critério jurídico ocorre quando se atribui aos mesmos fatos já  conhecidos diferentes efeitos  jurídicos. Não há mudança de critério  jurídico     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 72 04 35 /2 01 5- 29 Fl. 459DF CARF MF     2 quando  os  diferentes  efeitos  decorrem  de  informações  anteriormente  desconhecidas sobre a realidade das operações são realizadas.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso voluntário.  (assinado digitalmente)  Carlos Alberto do Amaral Azeredo ­ Presidente.   (assinado digitalmente)  Dione Jesabel Wasilewski ­ Relatora.    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Dione  Jesabel  Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo  Mendes  Bezerra,  Marcelo  Milton  da  Silva  Risso,  e  Carlos  Alberto  do  Amaral  Azeredo  (Presidente).    Relatório  Trata­se de recurso voluntário (fls. 436/449) pelo qual se pretende a revisão  do Acórdão nº 01­033.279, da 5ª Turma da DRJ/BEL (fls. 396/422), que negou provimento à  impugnação  do  sujeito  passivo  (fls.  369/389)  ao  lançamento  que  exige  crédito  tributário  relativo  à  contribuição  previdenciária  da  empresa  e  contribuições  para  outras  entidades  e  fundos das competências compreendidas no período de janeiro de 2010 a julho de 2012.  Segundo o  relatório  fiscal  (fls. 308/352), o  lançamento decorre de exclusão  do  sujeito  passivo  do  Simples  Nacional,  discutido  no  âmbito  do  processo  nº  11634.720174/2015­47.  A  exclusão  foi  motivada  pelos  fatos  minuciosamente  descritos  no  termo  de  verificação  fiscal,  cuja  cópia  se  encontra  às  folhas  6/107,  e  que  são  bastante  resumidos a seguir:  1. A empresa Brasipar apurou receita bruta total nos anos­calendário 2010 e  2011 no valor de R$ 2.228.906,35, contudo suas entradas na contabilidade no mesmo período  somam mais de R$ 22.000.000,00, sendo que parte significativa delas decorre de transferência  de outras empresas que fariam parte do mesmo grupo econômico de fato.  2.  Os  valores  registrados  na  contabilidade  não  refletem  a  movimentação  bancária da empresa.  3. A movimentação financeira nos anos­calendário 2010 e 2011 foi na ordem  de R$ 36.000.000,00 e a empresa não justificou sua discrepância com a contabilidade.  4. A autuada alega a realização de mútuos com empresas do grupo (Somopar  e Mobisul), contudo a fiscalização entendeu que sua operacionalização não foi comprovada, já  Fl. 460DF CARF MF Processo nº 11634.720435/2015­29  Acórdão n.º 2201­004.731  S2­C2T1  Fl. 460          3 que os contratos não foram registrados em cartório e também não há registro dessas transações  na contabilidade.  5. A empresa apresentou dois contratos de mútuo com a Somopar, contudo os  mútuos  seriam  cruzados,  uma  vez  que  em  um  a  fiscalizada  apareceria  como mutuante  e  no  outro como mutuária.  6. Foi constatada a existência de grupo econômico de fato, formado por onze  empresas constituídas por membros da mesma família e por funcionários vinculados ao grupo,  com sede nos mesmos endereços, havendo registro contábil de movimentação financeira entre  elas mesmo quando se declaravam inativas ou registros contábeis de operações realizadas por  outras empresas do suposto grupo.  7. A Brasipar  viria  acumulando  prejuízo,  já  que  seu  faturamento  não  seria  suficiente  nem  para  cobrir  sua  folha  de  pagamentos,  fato  que  evidenciaria  sua  falta  de  autonomia financeira e a necessidade de suplementação de caixa, que teria sido realizada pela  empresa Somopar.  8. Diligência  realizada nos endereços  informados pela Brasipar  revelou que  não  havia  nenhum  estabelecimento  industrial  neles,  contudo  em  endereços  próximos  foram  localizados  estabelecimentos  de  filial  da  Somopar,  com  várias  pessoas  uniformizadas  que  trabalhavam na fabricação de sofás e outros estofados.  9. A pessoa que se apresentou como controller da Somopar consta no banco  de dados na RFB como contador da Brasipar desde fevereiro de 2013.  10.  Em  consulta  ao  banco  de  dados  da RFB,  verificou­se  que  no  endereço  onde  foi  localizado o estabelecimento  industrial  da Somopar não há  registro de  empregados,  mas  apenas  de  dois  administradores,  por  outro  lado  a  Brasipar  teria  registrado  no  mesmo  período centenas de pessoas trabalhando, o que evidenciaria que o serviço fabril é efetivamente  realizado  pela  Somopar,  mas  os  empregados  permanecem  registrados  na  Brasipar  e  outras  empresas do grupo incluídas no Simples.  11. Grande parte das notas  fiscais apresentadas pela Brasipar para  justificar  seu faturamento declarado contém a logomarca da Somopar.  Com base nesses fatos e em vários outros detalhados no termo de verificação  fiscal, a empresa foi excluída da sistemática  favorecida de tributação (Simples Nacional) por  meio do Ato Declaratório Executivo nº 26 de 01/06/2015, com efeitos a partir de 01/01/2010.   Essa  exclusão  está  sendo  discutida  no  âmbito  do  processo  nº  11634.7204352015­29, onde já existe decisão deste CARF. Com efeito, através do Acórdão nº  1201­002.081, da 1ª Turma Ordinária, 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, Relatora Gisele  Barra  Bossa,  foi  negado  provimento  o  recurso  voluntário  do  sujeito  passivo  e  mantida  sua  exclusão do Simples Nacional.  Como  a  contribuinte  apresentou  GFIP  no  período  de  01/2010  a  07/2012  como optante pelo Simples Nacional, deixou de recolher a contribuição à seguridade social a  cargo  da  empresa,  o  adicional  SAT/RAT  e  as  contribuições  destinadas  a  outras  entidades  e  fundos (Salário Educação/FNDE, INCRA, SEBRAE, SENAI e SESI) que estão sendo cobradas  neste processo.  Fl. 461DF CARF MF     4 A base de cálculo está composta pelo montante da remuneração declarada em  GFIP e não oferecida a tributação.  Foi  atribuída  responsabilidade  solidária  à  empresa  Somopar  ­  Sociedade  Moveleira Paranaense Ltda., em virtude da formação de grupo econômico, e aplicada a multa  qualificada de 150% pela utilização de mecanismo artificioso para o fim específico de evitar o  pagamento de contribuição previdenciária.  A ciência do lançamento deu­se em 06/11/2015 (fls. 360 e 363).  Em  sede  de  impugnação,  as  empresas  alegaram,  em  síntese,  que  (fls.  369/389):  1.  O  período  de  01/2010  a  10/2010  já  estava  decaído  quando  ocorreu  o  lançamento.  2. A multa de 150% deve ser excluída já que tem nítido caráter confiscatório.  3. A caracterização do grupo econômico é  fantasiosa e  fruto da  imaginação  fértil da fiscalização.  4. Só quem teve o patrimônio acrescido em virtude das operações que deram  origem ao fato gerador pode responder pelo crédito tributário.  5.  Não  há  obrigatoriedade  de  que  empresas  conexas  exerçam  todas  as  atividades em uma única pessoa jurídica.  6. A alegação de que foram utilizados  laranjas está calcada em meros erros  nas declarações das pessoas físicas mencionadas no TVF.  7. Não é possível presumir o intuito fraudulento, pois ele precisa ser evidente.  8. A quebra do sigilo bancário é inconstitucional e ilegal.  9.  A  empresa  Somopar  demonstrou  que  obteve  vários  empréstimos  com  instituições diversas para obter recursos e repassá­los via mútuos. As falhas na contabilização  não invalidam as transferências.  10. A Brasipar e a Somopar já haviam passado por várias fiscalizações sem a  aplicação  de  sanções,  assim  o  que  ocorreu  foi  mudança  de  interpretação,  que  não  pode  ser  retroativa a teor do que determina o art. 146 do Código Tributário Nacional ­ CTN.  Os argumentos dos sujeitos passivos não foram acatados pela decisão de piso  que manteve integralmente o lançamento efetuado.  Além disso, em vista de falha no documento de procuração  juntado, a DRJ  não acatou a representação da Somopar, considerando que esta não impugnou o lançamento.  A  ciência  dessa  decisão  foi  dada  em  21/09/2016  (fl.  434)  e  o  recurso  voluntário  foi  tempestivamente  apresentado  em  19/10/2016  (fls.  436/449)  em  nome  das  empresas Brasipar e Somopar.  Como razões recursais, alega­se, em síntese, que:  Fl. 462DF CARF MF Processo nº 11634.720435/2015­29  Acórdão n.º 2201­004.731  S2­C2T1  Fl. 461          5 1. A empresa Mobisul não pode ser  arrolada como  solidária,  já que não há  interesse  comum  e  não  desfrutou  dos  resultados,  não  tendo  se  demonstrado  a  existência  de  grupo econômico.  2. Não restou caracterizado dolo específico, de modo a justificar a aplicação  da multa qualificada, que deve ser reduzida para 75%.  3. As competência de 01/2010 a 10/2010 já estavam decaídas quando ocorreu  o lançamento.  4. A caracterização do grupo econômico é absurda, pois não foi evidenciada  confusão  patrimonial,  mas  apenas  que  a  empresa  Somopar  é  provedora  de  empréstimos  às  demais empresas do grupo.  5. Não foi demonstrado o interesse comum que exige o art. 124, I, do CTN.  6. Meros  erros  nas  declarações  das  pessoas  físicas  ou  na  contabilização  de  contratos não são suficientes para descaracterizar os empréstimos, de forma que as conclusões  de que houve fraude e utilização de laranjas são exageradas.  7.  Os  mútuos  existiram  e  foram  comprovados  pelas  recorrentes  não  tendo  havido omissão de receita.  8. Reprisa seu argumento quanto à aplicação do art. 146 do CTN.  9.  A  procuração  outorgada  pela  Somopar  dá  direito  de  representação,  de  forma que ela deve ser tratada como recorrente.   Com  base  nesses  argumentos,  as  recorrentes  pedem:  que  seja  acatada  a  preliminar de decadência dos meses de 01/2010 a 10/2010; a redução da multa; a exclusão da  Somopar  como  responsável  tributária;  a  exclusão  da  Mobisul  do  presente  PAF;  que  seja  declarado  que  as mudanças  nos  critérios  jurídicos  sejam  aplicados  apenas  a  fatos  geradores  futuros; o retorno da Brasipar ao Simples; a reforma do acórdão guerreado.  Neste  colegiado,  o  processo  em  análise  compôs  lote  sorteado  em  sessão  pública para esta Relatora.  É o que havia para ser relatado.    Voto             Conselheira Dione Jesabel Wasilewski ­ Relatora  Inicialmente, deve ser enfrentada a questão da empresa Somopar, que a DRJ  considerou como não integrante da lide, por falha de representação.  Fl. 463DF CARF MF     6 Quanto a esse aspecto, tendo a empresa saneado a falha apontada na decisão  recorrida (fl. 450) e tendo havido impugnação total por parte da co­responsável (Brasipar), que  a todos aproveita, admito­a como recorrente neste sede.  Ademais,  deve  ser  registrado  que  todas  as  alegações  apresentadas  em  conjunto  pela  defesa  foram  enfrentadas  pela  Delegacia  de  Julgamento,  não  havendo  que  se  falar em prejuízo ou supressão de instância.  Isto posto, e tendo em vista que o recurso voluntário apresentado preenche os  demais requisitos de admissibilidade, dele conheço.  Por  outro  lado,  é necessário  delimitar  a matéria  a  ser  tratada nesta  sede,  já  que o recurso voluntário apresenta argumentos para justificar o pedido de exclusão da empresa  Mobisul deste processo.   Compulsando­se  os  documentos  que  o  compõem,  vê­se  que  a  empresa  Mobisul  não  foi  arrolada  como  sujeito  passivo.  Além  disso,  não  consta  que  as  recorrentes  tenham poderes para  representá­la,  de modo que  está  se pleiteando  em nome próprio direito  alheio, o que não é possível por carência de legitimidade.   Portanto, não se conhece das alegações pertinentes a essa matéria.  Preliminar de mérito ­ Decadência  Alegam as recorrentes que as competências de 01/2010 a 10/2010 já estavam  decaídas quando o lançamento se aperfeiçoou, em 06/11/2015.  Quanto  a  esse  aspecto,  em  decorrência  do  julgamento  dos  Recursos  Extraordinários nº 556.664, 559.882, 559.943 e 560.626, o Supremo Tribunal Federal editou a  Súmula Vinculante nº 8, nos seguintes termos:  São  inconstitucionais  o parágrafo  único  do  art.  5º  do Decreto­ Lei  nº  1.569/77  e  os  artigos  45  e  46  da  Lei  nº  8.212/91,  que  tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.  Assim, definindo o STF a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212,  de 1991, que estabelecia o prazo decenal para constituição dos créditos previdenciários e para  terceiros,  a  matéria  passou  a  ser  regida  pelos  artigos  173,  inciso  I,  e  150,  §  4º,  do  Código  Tributário Nacional:  Art.  150  ­ O  lançamento  por  homologação,  que  ocorre  quanto  aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de  antecipar  o  pagamento  sem  prévio  exame  da  autoridade  administrativa, opera­se pelo ato em que a referida autoridade,  tomando  conhecimento  da  atividade  assim  exercida  pelo  obrigado, expressamente a homologa.  (...)  § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco)  anos,  a  contar  da  ocorrência  do  fato  gerador;  expirado  esse  prazo  sem  que  a  Fazenda  Pública  se  tenha  pronunciado,  considera­se homologado o lançamento e definitivamente extinto  o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou  simulação.  Fl. 464DF CARF MF Processo nº 11634.720435/2015­29  Acórdão n.º 2201­004.731  S2­C2T1  Fl. 462          7 Art.  173  ­ O  direito  de  a Fazenda Pública  constituir  o  crédito  tributário extingue­se após 5 (cinco) anos, contados:  I  ­  do  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento poderia ter sido efetuado;  (...)  Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue­se  definitivamente  com  o  decurso  do  prazo  nele  previsto,  contado  da  data  em  que  tenha  sido  iniciada  a  constituição  do  crédito  tributário  pela  notificação,  ao  sujeito  passivo,  de  qualquer  medida preparatória indispensável ao lançamento.  Com  respeito  à  forma  de  contagem  de  prazos  relativos  às  contribuições  sociais previdenciárias e às contribuições para terceiros, o Ministro da Fazenda aprovou, em 18  de  agosto  de  2008,  o Parecer PGFN/CAT nº  1617/2008,  que  estabelece  orientações  a  serem  observadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e pela Procuradoria Geral da Fazenda  Nacional, em face da edição da Súmula Vinculante nº 8, nos seguintes termos:  49. (...)  a)  A  Súmula  Vinculante  nº  8  não  admite  leitura  que  suscite  interpretação  restritiva,  no  sentido  de  não  se  aplicar  ­  efetivamente  ­  o  prazo  de  decadência  previsto  no  Código  Tributário  Nacional;  é  o  regime  de  prazos  do  CTN  que  deve  prevalecer,  em  desfavor  de  quaisquer  outras  orientações  normativas, a exemplo das regras fulminadas;  b) apresentada a declaração pelo contribuinte (GFIP ou DCTF,  conforme o tributo) não há necessidade de lançamento pelo fisco  do  valor  declarado,  podendo  ser  lançado  apenas  a  eventual  diferença a maior não declarada (lançamento suplementar);  c)  na  hipótese  do  subitem  anterior,  caso  o  Fisco  tenha  optado  por  lançar  de  ofício,  por  meio  de  NFLD,  as  diferenças  declaradas  e  não  pagas  em  sua  totalidade,  aplica­se  o  prazo  decadencial dos arts. 150, § 4º, ou 173 do CTN, conforme tenha  havido  antecipação  de  pagamento  parcial  ou  não,  respectivamente;  o  prazo  prescricional,  ainda,  e  por  sua  vez,  conta­se da constituição definitiva do crédito tributário;  d)  para  fins  de  cômputo  do  prazo  de  decadência,  não  tendo  havido qualquer pagamento, aplica­se a regra do art. 173, inc. I  do  CTN,  pouco  importando  se  houve  ou  não  declaração,  contando­se  o  prazo  do  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;  e)  para  fins  de  cômputo  do  prazo  de  decadência,  tendo  havido  pagamento antecipado, aplica­se a regra do § 4º do art. 150 do  CTN;  f) para fins de cômputo do prazo de decadência, todas as vezes  que comprovadas as hipóteses de dolo, fraude e simulação deve­ se aplicar o modelo do inciso I, do art. 173, do CTN;  Fl. 465DF CARF MF     8 (...)  A esses esclarecimentos deve ser adicionado o que expressa o enunciado nº  99 da Súmula do CARF:  Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150,  § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza  pagamento  antecipado  o  recolhimento,  ainda  que  parcial,  do  valor  considerado  como  devido  pelo  contribuinte  na  competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo  que  não  tenha  sido  incluída,  na  base  de  cálculo  deste  recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida  no auto de infração.  Na hipótese em análise, mesmo que não se adentre à questão da existência de  dolo, não seria possível a aplicação da regra do art. 173, I, do CTN, uma vez que, declarando­ se  como  optante  pelo  Simples Nacional,  a  empresa  fiscalizada  não  realizou  antecipações  de  pagamentos dos  tributos aqui exigidos, de forma a atrair  a aplicação do art. 150, § 4º,  como  pretende.  Além disso,  como  será  tratado  com mais  detalhes  adiante,  a  existência  dos  elementos que revelam o dolo e a fraude é mais do que evidente neste processo, o que também  seria suficiente para justificar a contagem do prazo pelo art. 173, I.  Neste caso, não se operou a decadência alegada.  Multa qualificada ­ dolo específico  Segundo as recorrentes, não restou caracterizado dolo específico, de modo a  justificar a aplicação da multa qualificada, que deveria ser reduzida para 75%.  No  que  diz  respeito  a  essa  alegação,  tem­se  que  a  fiscalização  trouxe  um  relato  minucioso  em  que  descreve  graves  inconsistências  nas  informações  prestadas  pela  empresa  fiscalizada  e  a  imprestabilidade  de  sua  contabilidade  para  registrar  os  fatos  econômicos.  Foi  amplamente  demonstrado  que  os  eventos  do  mundo  fenomênico  não  estão  retratados  na  documentação  fornecida  pela  contribuinte,  o  que  demonstra  a  falsidade  dela.   Essas  inconsistências  provocaram  a  redução  dos  tributos  devidos  e  dificultaram  o  conhecimento  da  fiscalização  quanto  à  ocorrência  do  fato  gerador,  o  que  caracteriza a sonegação.  Os  fatos  foram  praticados  por  diversas  pessoas  naturais  e  jurídicas,  evidenciando a existência de conluio.  As  receitas  omitidas  foram  disfarçadas  de  operações  de  mútuo,  o  que  modificaria características essenciais do fato gerador, conduta fraudulenta.  A  empresa  declarava  como  seus,  empregados  que  operavam  em  unidade  industrial de outra empresa, falsidade.  Fl. 466DF CARF MF Processo nº 11634.720435/2015­29  Acórdão n.º 2201­004.731  S2­C2T1  Fl. 463          9 Não havia unidade industrial nos endereços onde a fiscalizada supostamente  exercia  suas  operações  e  que  foram  informados  às  autoridades  públicas,  mais  uma  vez,  prestação de informação falsa à autoridade pública.  A  todo  o  conjunto  de  fatos  descritos  pela  autoridade  fiscal  e  lastreados  em  documentação,  as  recorrentes  limitam­se  a  apresentar  argumentos  de  ordem  genérica,  desacompanhados de qualquer comprovação documental.  Ou  seja,  toda  a  defesa  está  calcada  em  meras  negativas  que  desafiam  a  experiência  e  a  lógica,  não  tendo  se  produzido  um  único  documento  ou  demonstrativo  que  lance dúvida sobre a narrativa zelosamente construída pela fiscalização.   Portanto,  entendo  que  neste  processo  está  amplamente  demonstrada  a  existência  de  dolo  na  realização  de  condutas  que  caracterizam  sonegação,  fraude  e  conluio,  sendo correta a aplicação da multa qualificada de 150%.  Solidariedade  Segundo  a  defesa,  a  caracterização  do  grupo  econômico  seria  absurda,  por  ausência de evidência de confusão patrimonial. Alega­se que a empresa Somopar seria apenas  provedora de empréstimo às demais empresas do grupo.  Também não teria sido demonstrado o interesse comum que exige o art. 124,  I, do CTN.  Os fatos que deram origem aos tributos ora exigidos consistem no pagamento  de remuneração aos empregados registrados na autuada.   Como foi demonstrado pelo relatório fiscal, essas pessoas atuavam na sede da  empresa Somopar, utilizando seu uniforme e produzindo para ela.   Portanto,  havia  sim  uma  confusão  entre  as  empresas  na  contratação  e  pagamento desses empregados, que trabalhavam para uma e eram registrados pela outra.  Ou seja, há um interesse comum na situação que constitui o fato gerador.  Além  disso,  o  que  a  fiscalização  apurou  não  foi  um  ou  outro  erro  de  declaração ou contabilização como querem fazer crer as recorrentes.  Os fatos apurados são todos convergentes para a prática de fraude, sonegação  e conluio através de vários expedientes, inclusive utilização de interpostas pessoas.  A  confusão  na  utilização  de mão­de­obra  e  na  transferência  de  recursos,  a  contabilização  de  operações  de  outras  pessoas  jurídicas  e  até mesmo  a  alegação  apresentada  pela defesa de que a Somopar era provedora das demais empresas do grupo, não deixam dúvida  quanto à existência de grupo econômico.  Portanto,  por  qualquer  ângulo  que  se  analise  foi  correta  a  imputação  de  responsabilidade levada a cabo pela autoridade fiscal.  Omissão de receitas  Fl. 467DF CARF MF     10 A  defesa  procura  afastar  a  presunção  de  omissão  de  receitas,  alegando  a  efetiva existência de mútuo.  Entendo que essa matéria não é pertinente ao lançamento em análise, já que  nele está sendo tributada a folha de pagamentos.   Na  verdade,  a  omissão  de  receitas  que  deu  origem  à  exclusão  do  Simples  Nacional foi discutida em processo próprio, no qual o sujeito passivo não logrou êxito, o que  autoriza a continuidade da exigência aqui realizada.  Aplicação do art. 146 do CTN  As  recorrentes  também  invocam  em  seu  favor  o  art.  146  do  CTN.  Esse  dispositivo  trata  de  mudança  no  critério  jurídico.  Não  foi  isso  o  que  ocorreu  no  caso  em  análise.  Mudar  critério  jurídico  significa  dar  um  novo  significado  aos  mesmos  fatos  já  conhecidos.  Quando novos fatos são descobertos pela fiscalização e ela lhes atribui novos  efeitos, não há qualquer mudança. Tanto é assim, que a jurisprudência dos tribunais superiores  admite inclusive revisão de lançamentos já realizados.  Com  efeito,  ao  analisar  a  possibilidade  de  revisão  de  lançamento  pela  autoridade fiscal, já se manifestou o STJ em recurso submetido à sistemática do art. 543­C do  CPC/1973. Dessa decisão, é de se destacar:  PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO  DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543­C, DO CPC. TRIBUTÁRIO  E  PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL.  LANÇAMENTO  TRIBUTÁRIO.  IPTU.  RETIFICAÇÃO  DOS  DADOS  CADASTRAIS  DO  IMÓVEL.  FATO  NÃO  CONHECIDO  POR  OCASIÃO DO LANÇAMENTO  ANTERIOR  (DIFERENÇA DA  METRAGEM  DO  IMÓVEL  CONSTANTE  DO  CADASTRO).  RECADASTRAMENTO.  NÃO  CARACTERIZAÇÃO.  REVISÃO  DO  LANÇAMENTO.  POSSIBILIDADE.  ERRO  DE  FATO.  CARACTERIZAÇÃO.  1.  A  retificação  de  dados  cadastrais  do  imóvel,  após  a  constituição  do  crédito  tributário,  autoriza  a  revisão  do  lançamento  pela  autoridade  administrativa  (desde  que  não  extinto o direito potestativo da Fazenda Pública pelo decurso do  prazo decadencial), quando decorrer da apreciação de fato não  conhecido por ocasião do lançamento anterior, ex vi do disposto  no artigo 149, inciso VIII, do CTN.  2. O ato  administrativo  do  lançamento  tributário,  devidamente  notificado  ao  contribuinte,  somente  pode  ser  revisto  nas  hipóteses enumeradas no artigo 145, do CTN, verbis:  "Art.  145.  O  lançamento  regularmente  notificado  ao  sujeito  passivo só pode ser alterado em virtude de:  I ­ impugnação do sujeito passivo;   II ­ recurso de ofício;  III ­ iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos  previstos no artigo 149."  Fl. 468DF CARF MF Processo nº 11634.720435/2015­29  Acórdão n.º 2201­004.731  S2­C2T1  Fl. 464          11 3. O artigo 149, do Codex Tributário, elenca os casos em que se  revela  possível  a  revisão  de  ofício  do  lançamento  tributário,  quais sejam:  "Art.  149.  O  lançamento  é  efetuado  e  revisto  de  ofício  pela  autoridade administrativa nos seguintes casos:  I ­ quando a lei assim o determine;  II ­ quando a declaração não seja prestada, por quem de direito,  no prazo e na forma da legislação tributária;  III  ­  quando  a  pessoa  legalmente  obrigada,  embora  tenha  prestado  declaração  nos  termos  do  inciso  anterior,  deixe  de  atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido  de  esclarecimento  formulado  pela  autoridade  administrativa,  recuse­se a prestá­lo ou não o preste  satisfatoriamente,  a  juízo  daquela autoridade;  IV  ­  quando  se  comprove  falsidade,  erro  ou  omissão  quanto  a  qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo  de declaração obrigatória;  V  ­  quando  se  comprove  omissão  ou  inexatidão,  por  parte  da  pessoa  legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se  refere o artigo seguinte;  VI ­ quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou  de  terceiro  legalmente  obrigado,  que  dê  lugar  à  aplicação  de  penalidade pecuniária;  VII ­ quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em  benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;  VIII  ­  quando  deva  ser  apreciado  fato  não  conhecido  ou  não  provado por ocasião do lançamento anterior;  IX ­ quando se comprove que, no  lançamento anterior, ocorreu  fraude  ou  falta  funcional  da  autoridade  que  o  efetuou,  ou  omissão,  pela  mesma  autoridade,  de  ato  ou  formalidade  especial.  Parágrafo único. A revisão do  lançamento só pode ser iniciada  enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública."  4.  Destarte,  a  revisão  do  lançamento  tributário,  como  consectário  do  poder­dever  de  autotutela  da  Administração  Tributária,  somente  pode  ser  exercido  nas  hipóteses  do  artigo  149, do CTN, observado o prazo decadencial para a constituição  do crédito tributário.  5. Assim é que a  revisão do  lançamento  tributário por erro de  fato  (artigo  149,  inciso  VIII,  do  CTN)  reclama  o  desconhecimento de  sua existência ou a  impossibilidade de  sua  comprovação à época da constituição do crédito tributário.  Fl. 469DF CARF MF     12 6.  Ao  revés,  nas  hipóteses  de  erro  de  direito  (equívoco  na  valoração  jurídica  dos  fatos),  o  ato  administrativo  de  lançamento tributário revela­se imodificável, máxime em virtude  do princípio da proteção à confiança, encartado no artigo 146,  do CTN, segundo o qual "a modificação introduzida, de ofício ou  em  conseqüência  de  decisão  administrativa  ou  judicial,  nos  critérios  jurídicos  adotados  pela  autoridade  administrativa  no  exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação  a  um  mesmo  sujeito  passivo,  quanto  a  fato  gerador  ocorrido  posteriormente à sua introdução".  7.  Nesse  segmento,  é  que  a  Súmula  227/TFR  consolidou  o  entendimento  de  que  "a  mudança  de  critério  jurídico  adotado  pelo Fisco não autoriza a revisão de lançamento".  8. A distinção entre o "erro de fato" (que autoriza a revisão do  lançamento)  e  o  "erro  de  direito"  (hipótese  que  inviabiliza  a  revisão) é enfrentada pela doutrina, verbis:  "Enquanto  o  'erro  de  fato'  é  um  problema  intranormativo,  um  desajuste interno na estrutura do enunciado, o 'erro de direito' é  vício  de  feição  internormativa,  um descompasso  entre  a  norma  geral e abstrata e a individual e concreta.  Assim constitui  'erro de  fato', por exemplo, a contingência de o  evento  ter  ocorrido  no  território  do  Município  'X',  mas  estar  consignado como tendo acontecido no Município 'Y' (erro de fato  localizado  no  critério  espacial),  ou,  ainda,  quando  a  base  de  cálculo  registrada  para  efeito  do  IPTU  foi  o  valor  do  imóvel  vizinho (erro de fato verificado no elemento quantitativo).  'Erro  de  direito',  por  sua  vez,  está  configurado,  exemplificativamente,  quando  a  autoridade  administrativa,  em  vez de exigir o ITR do proprietário do imóvel rural, entende que  o sujeito passivo pode ser o arrendatário, ou quando, ao lavrar o  lançamento  relativo  à  contribuição  social  incidente  sobre  o  lucro, mal interpreta a lei, elaborando seus cálculos com base no  faturamento da empresa, ou, ainda, quando a base de cálculo de  certo  imposto é o valor da operação, acrescido do  frete, mas o  agente, ao lavrar o ato de  lançamento,  registra apenas o valor  da  operação,  por  assim  entender  a  previsão  legal.  A  distinção  entre ambos é sutil, mas incisiva." (Paulo de Barros Carvalho, in  "Direito Tributário ­ Linguagem e Método", 2ª Ed., Ed. Noeses,  São Paulo, 2008, págs.445/446)   "O  erro  de  fato  ou  erro  sobre  o  fato  dar­se­ia  no  plano  dos  acontecimentos:  dar  por  ocorrido  o  que  não  ocorreu.  Valorar  fato diverso daquele  implicado na controvérsia ou no  tema sob  inspeção.  O  erro  de  direito  seria,  à  sua  vez,  decorrente  da  escolha equivocada de um módulo normativo  inservível  ou não  mais  aplicável  à  regência  da  questão  que  estivesse  sendo  juridicamente considerada. Entre nós, os critérios jurídicos (art.  146,  do CTN)  reiteradamente  aplicados  pela Administração na  feitura de lançamentos têm conteúdo de precedente obrigatório.  Significa  que  tais  critérios  podem  ser  alterados  em  razão  de  decisão  judicial  ou  administrativa,  mas  a  aplicação  dos  novos  critérios  somente  pode  dar­se  em  relação  aos  fatos  geradores  posteriores  à  alteração."  (Sacha  Calmon  Navarro  Coêlho,  in  Fl. 470DF CARF MF Processo nº 11634.720435/2015­29  Acórdão n.º 2201­004.731  S2­C2T1  Fl. 465          13 "Curso de Direito Tributário Brasileiro",  10ª Ed., Ed. Forense,  Rio de Janeiro, 2009, pág. 708)  "O comando dispõe sobre a apreciação de fato não conhecido ou  não  provado  à  época  do  lançamento  anterior. Diz­se  que  este  lançamento  teria  sido  perpetrado  com  erro  de  fato,  ou  seja,  defeito  que  não  depende  de  interpretação  normativa  para  sua  verificação.  Frise­se  que  não  se  trata  de  qualquer  'fato',  mas  aquele  que  não  foi  considerado  por  puro  desconhecimento  de  sua existência. Não é, portanto, aquele fato, já de conhecimento  do  Fisco,  em  sua  inteireza,  e,  por  reputá­lo  despido  de  relevância,  tenha­o  deixado  de  lado,  no  momento  do  lançamento. Se o Fisco passa, em momento ulterior, a dar a um  fato  conhecido  uma  'relevância  jurídica',  a  qual  não  lhe  havia  dado,  em  momento  pretérito,  não  será  caso  de  apreciação  de  fato novo, mas de pura modificação do critério jurídico adotado  no lançamento anterior,com fulcro no artigo 146, do CTN, (...).  Neste art. 146, do CTN, prevê­se um 'erro' de valoração jurídica  do fato (o tal 'erro de direito'), que impõe a modificação quanto  a  fato  gerador  ocorrido  posteriormente  à  sua  ocorrência.  Não  perca  de  vista,  aliás,  que  inexiste  previsão  de  erro  de  direito,  entre as hipóteses do art. 149, como causa permissiva de revisão  de  lançamento  anterior."  (Eduardo  Sabbag,  in  "Manual  de  Direito Tributário", 1ª ed., Ed. Saraiva, pág. 707)  (...)  Considerando que a revisão do lançamento não se deu por erro  de fato, mas, por erro de direito, visto que o recadastramento no  imóvel  foi  posterior  ao  primeiro  lançamento  no  ano  de  1998,  tendo  baseado  em  dados  corretos  constantes  do  cadastro  de  imóveis do Município, estando o contribuinte notificado e tendo  quitado,  tempestivamente, o  tributo, não se verifica  justa  causa  para  a  pretensa  cobrança  de  diferença  referente  a  esse  exercício."  (...)  10. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do  artigo 543­C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.  Portanto, o fato de ter havido fiscalização de outros períodos sem os mesmos  resultados, não confere um salvo conduto para a empresa, sendo possível, diante do surgimento  de novas informações, inclusive a revisão da fiscalização de períodos já fiscalizados.  Aliás, tratando­se de relações continuativas, cada fato gerador é um novo fato  gerador, como evidencia o seguinte enunciado da Súmula do Supremo Tribunal Federal:  Súmula  239 ­  decisão  que  declara  indevida  a  cobrança  do  imposto  em  determinado  exercício  não  faz  coisa  julgada  em  relação aos posteriores.  Logo, na situação em análise, não restou caracterizada a mudança de critério  jurídico, sendo inaplicável o art. 146 do CTN.  Fl. 471DF CARF MF     14 Conclusão  Pelas razões expostas, voto por conhecer do recurso apresentado e lhe negar  provimento.  Dione Jesabel Wasilewski                                 Fl. 472DF CARF MF

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Numero do processo: 18470.725382/2016-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 2301-000.733
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que seja verificado se o crédito tributário em questão no presente processo guarda vinculação com o processo 12448.914984/2014-41, e, caso positivo, se o crédito tributário em questão no presente processo foi extinto, total ou parcialmente, por homologação da compensação/restituição. (assinado digitalmente). João Bellini Júnior - Presidente (assinado digitalmente) Wesley Rocha - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Reginaldo Paixão Emos (suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, João Bellini Júnior (Presidente), e Wesley Rocha. Relatório
Nome do relator: WESLEY ROCHA

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1524; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C3T1  Fl. 2          1 1  S2­C3T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  18470.725382/2016­82  Recurso nº            Voluntário  Resolução nº  2301­000.733  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária  Data  03 de outubro de 2018  Assunto  Imposto de Renda sobre a Pessoa Física  Recorrente  SÉRGIO LEAL CAMPOS  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Resolvem  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  converter  o  julgamento  em  diligência  para  que  seja  verificado  se  o  crédito  tributário  em  questão  no  presente processo guarda vinculação com o processo 12448.914984/2014­41, e, caso positivo,  se o crédito tributário em questão no presente processo foi extinto, total ou parcialmente, por  homologação da compensação/restituição.  (assinado digitalmente).  João Bellini Júnior ­ Presidente   (assinado digitalmente)  Wesley Rocha ­ Relator   Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Antônio  Sávio  Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Reginaldo Paixão Emos (suplente  convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, João Bellini Júnior  (Presidente), e Wesley Rocha.  Relatório Trata­se  de  Recurso  Voluntário  interposto  por  SÉRGIO  LEAL  CAMPOS,  contra  o  Acórdão  de  julgamento  (e­fls.  195/198)  que  julgou  improcedente  a  impugnação  interposta.  O relatório do Acórdão recorrido foi descrito nos seguintes termos:     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 84 70 .7 25 38 2/ 20 16 -8 2 Fl. 383DF CARF MF Processo nº 18470.725382/2016­82  Resolução nº  2301­000.733  S2­C3T1  Fl. 3          2 O interessado  impugna  lançamento do ano­calendário 2011, onde  foi  glosado imposto retido na fonte de R$ 218.619,22 da Brookfield Brasil  Ltda,  resultando  em  imposto  suplementar  neste mesmo  valor,  exigido  com multa e juros de mora.  De  acordo  com  o  relatório  fiscal,  o  contribuinte  é  diretor  vice­ presidente da Brookfield Brasil Ltda, que se encontra inadimplente do  imposto  de  renda  retido  na  fonte,  a  que  se  refere  o  processo  de  cobrança nº 12448.914984/2014­41. Os valores exigidos originaram­se  de  análise  de  declaração  de  compensação  cujos  créditos  de  compensação  em DCTF  foram  julgados  insuficientes  para  liquidação  dos valores devidos.  O impugnante argumenta, em síntese, que no processo de compensação  a que se refere o autuante restou um saldo devedor não homologado,  quanto ao imposto de renda retido na fonte sob o cód. 0561, de apenas  R$ 72.314,69. A Brookfield Brasil Ltda. recorreu administrativamente  contra  a  não  homologação  dos  créditos  a  compensar  e  já  obteve  em  mandado  de  segurança  o  reconhecimento  do  efeito  suspensivo  desta  medida.  Ainda  que  assim  não  fosse,  a  pessoa  física  não  poderia  ser  responsabilizada  pela  falta  de  recolhimento,  por  parte  da  pessoa  jurídica, do imposto retido na fonte incidente sobre os rendimentos do  sócio, que já suportou o ônus tributário".  Em Recurso Voluntário apresentado nas e­fls. 204/217, o recorrente alega que a  maior  parte  deste  debito  encontra­se  extinto,  sob  condição  resolutória,  por  ocasião  da  compensação  declarada  no  PER/DCOMP n?.  02421.99753.150311.1.7.02­5039,  sendo  que  a  maior  parte  dos  débitos  atrelados  ao  Processo  de  Débito  12448.914984/2014­41  já  foram  homologados e definitivamente extintos) pelo Despacho Decisório ns 098639254. recebido em  17.03.2015 pela Fonte Pagadora.   Segundo o recorrente, suas alega de forma mais detalhada são no sentido de:   "Verifica­se que do valor total do crédito declarado no PER/DCOMP  na.  02421.99753.150311.1.7.02­5039  em  relação  à  compensação  do  débito  de  IRRF  de  01/2011  ­  Rendimento  do  Trabalho  Assalariado  (Código de Receita 0561, do qual  estaria  inadimplente),  no montante  de R$  235.818,33  (duzentos  e  trinta  e  cinco mil,  oitocentos  e  dezoito  reais e trinta e três centavos), o próprio Fisco já reconheceu a liquidez  e  certeza  de  parte  dos  créditos  compensados,  restando  parcialmente  homologada a compensação e apurado contra aquela Pessoa Jurídica  um saldo devedor pendente de julgamento pela RFB com exigibilidade  suspensa  de  R$  72.314,69,  relativo  ao  IRRF  controlado  no  PAF  n2  12448.914984/2014­41".  Alega, ainda, que "Pela análise do direito creditório da Fonte Pagadora, verifica­ se  que  do  valor  total  do  crédito  declarado  nos  PER/DCOMP  PER/DCOMP's  n9  04873.19304.310311.1.7.02­0697 (PA 01­02/2011); 33030.23082.140411.1.3.02­1183 (PA 01­ 03/2011  e  15­03/2011);  35480.03789.190411.1.3.03­1050  (PA  01­03/2011);  29167.26564.030511.1.3.03­9004  (PA  01­03/2011)  e  10097.43592.130511.1.3.03­2664  (PA  0104/2011 e 15­04/2011), bem como os respectivos processos de cobrança, estão pendentes de  análise e que parte dos créditos corresponderiam a exigência do presente feito.  Pede a reforma da decisão de primeira instância.  Fl. 384DF CARF MF Processo nº 18470.725382/2016­82  Resolução nº  2301­000.733  S2­C3T1  Fl. 4          3 É breve o relatório.   Voto  Conselheiro Wesley Rocha ­ Relator   O recurso voluntário é tempestivo. Assim, passo a analisar o mérito.  Conforme  se  constata  do  enquadramento  legal  e  dos  fatos  apurados,  o  Lançamento se deu em decorrência da glosa da compensação de R$ 218.619,22 da Brookfield  Brasil Ltda, resultando em imposto suplementar neste mesmo valor, exigido com multa e juros  de mora, em razão da não comprovação do recolhimento pela empresa da qual que o recorrente  é sócio dirigente.  De  fato  o  Lançamento  decorre  da  responsabilidade  do  recorrente  quanto  ao  imposto  devido,  uma  vez  que  no  presente  caso  a  responsabilidade  da  fonte  pagadora  é  repassada ao sócio administrador, diretor, gerente ou representante da pessoa jurídica a quem  cabe a retenção, tendo em vista sua solidariedade pelo recolhimento, no que dispõe os termos  do art. 723 do RIR/1999.   "Art.  723.  São  solidariamente  responsáveis  com  o  sujeito  passivo  os  acionistas  controladores,  os  diretores,  gerentes  ou  representantes  de  pessoas jurídicas de direito privado, pelos créditos decorrentes do não  recolhimento do imposto descontado na fonte (Decreto­Lei nº 1.736, de  20 de dezembro de 1979, art. 8º)".  Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas referidas neste artigo  restringe­se  ao  período  da  respectiva  administração,gestão  ou  representação (DecretoLeinº1.736, de1979,art.8º,parágrafo único).  O teor do artigo 723 do RIR/99, tem respaldo no artigo 135, do CTN, que assim  dispõem:  "Art.  135.  São  pessoalmente  responsáveis  pelos  créditos  correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados  com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:   I–as pessoas referidas no artigo anterior; II–os mandatários, prepostos  e empregados; III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas  jurídicas de direito privado".  Para  análise  completa  do  presente  caso,  em  interpretação  sistemática  da  legislação tributária, temos o artigo 45, que estabelece o seguinte:  " Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que  se  refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a  lei  essa condição ao  possuidor,  a  qualquer  título,  dos  bens  produtores  de  renda  ou  dos  proventos tributáveis.  Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos  proventos  tributáveis  a  condição  de  responsável  pelo  imposto  cuja  retenção e recolhimento lhe caibam.  Fl. 385DF CARF MF Processo nº 18470.725382/2016­82  Resolução nº  2301­000.733  S2­C3T1  Fl. 5          4 Diante  das  normas  gerias,  verifica­se  que  poderão  ser  deduzidos,  pelo  contribuinte,  as parcelas do  imposto  retidas antecipadamente pela  fonte pagadora, quando da  apresentação de sua Declaração de Ajuste Anual, referente aos valores de imposto de renda da  pessoa física, conforme se constata do art. 87, in verbis:  "Art. 87. Do imposto apurado na forma do artigo anterior, poderão ser  deduzidos (Lei nº 9.250, de 1995, art. 12):   I­  As  contribuições  feitas  aos  fundos  controlados  pelos  Conselhos  Municipais,  Estaduais  e  Nacional  dos  Direitos  da  Criança  e  do  Adolescente;   II  as  contribuições  efetivamente  realizadas  em  favor  de  projetos  culturais,aprovados  na  forma  da  regulamentação  do  Programa  Nacional do Apoio à Cultura PRONAC,de que trata o art. 90;   III  ­  os  investimentos  feitos  a  título  de  incentivo  às  atividades  áudio  visuais de que tratam os arts.97 a 99;   IV  o  imposto  retido  na  fonte  ou  o  pago,  inclusive  a  título  de  recolhimento complementar, correspondente aos rendimentos incluídos  na base de cálculo;   V­ o imposto pago no exterior de acordo com o previsto no art. 103".  Para  que  possa  ser  feita,  portanto,  a  compensação,  oartigo55,daleinº7.450/85, dispõe o seguinte:   "Art  55  O  imposto  de  renda  retido  na  fonte  sobre  quaisquer  rendimentos somente poderá ser compensado na declaração de pessoa  física ou jurídica, se o contribuinte possuir comprovante de retenção  emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos".  A legislação tributária condiciona a compensação do imposto de renda retido na  fonte, nesses casos, mediante a comprovação do efetivo pagamento do  imposto,  sendo que a  pessoa  física,  por  ser  sócio/diretor  da  pessoa  jurídica,  é  solidariamente  responsável  com  a  empresa,  na  apresentação  dos  documentos  comprobatórios  da  quitação  do  imposto  de  renda  retido na fonte pagadora.  Nesse sentido,segue a jurisprudência deste CARF:  "IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE E NÃO RECOLHIDO.  SÓCIO  ADMINISTRADOR  DA  FONTE  PAGADORA.  GLOSA  DE  FONTE.  RESPONSABILIDADE.  Por  força  do  princípio  da  responsabilidade  tributária  solidária,  sendo  o  contribuinte  sócio­ administrador da empresa (fonte pagadora),  incabível a compensação  do  I.R.  Fonte  quando  comprovada a  inexistência  do  recolhimento  do  tributo retido.” (Acórdão nº 220200.826, de 19 de outubro de 2010).  Ocorre que, o  recorrente, vem desde a  impugnação solicitando a  realização da  diligência  para  que  sejam  colhidos  nestes  autos  os  esclarecimentos  necessários  quanto  à  compensação  efetuada  e  já  confirmada  no  Processo  Administrativo  de  Crédito  nº  12448.914984/2014­41, controlador do débito originário da presente.  Segundo o recorrente, em suas argumentações em segunda instânica, o equivoco  na cobrança se deu em razão de:  Fl. 386DF CARF MF Processo nº 18470.725382/2016­82  Resolução nº  2301­000.733  S2­C3T1  Fl. 6          5 12. Em face dessa homologação parcial foi apresentada Manifestação  de Inconformidade no Processo de Crédito n9 12448.900527/2013­99,  pendente  de  julgamento  pela RFB  e  com  exigibilidade  suspensa  (art.  151,  III,  CTIM),  na  qual  a  Brookfield  Brasil  Ltda.  demonstra  a  existência de todo o crédito de IRPJ (exercício de 2009, ano­calendário  2008) declarado para compensação do débito de IRRF (código 0561),  controlado  no Processo Administrativo  n9  12448.900756/2013­11,  de  modo a extinguir, em definitivo, todas as obrigações remanescentes.   13.Conforme  já  informado  nos  autos  através  do  DOC.  05  da  Impugnação  ­  Manifestação  de  Inconformidade  no  processo  n9  12448.900527/2013­99  ­  a  Fonte  Pagadora  utilizou,  para  fins  de  compensação  de  débitos  diversos,  créditos  de  saldo  negativo  de  Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), referente ao exercício de  2009,  ano­calendário  2008,  tendo  sido  este  crédito  corretamente  identificado  tanto  na  DIPJ  como  no  PER/DCOMP  para  o  qual  foi  realizada a análise de crédito.  14.  O  que  se  constata,  no  entanto  é  que,  apesar  da  manifesta  regularidade  das  aludidas  compensações,  foi  proferido  Despacho  Decisório que compensou apenas parte dos créditos declarados.  15.Tal desencontro de informação por parte do Fisco se deu, em razão  de  valor  informado  incorretamente  na  ficha  12­A  da  DIPJ  2009  da  Empresa sucedida pela Fonte Pagadora, sucessão essa que é a razão  para a impossibilidade de correção da informação por intermédio dos  sistemas disponibilizados pela Receita Federal.  16.Assim, em que pese a regularidade do crédito, a Empresa encontra­ se  impossibilitada  de  retificar  a  DIPJ  conforme  determinado  ante  a  baixa do CNPJ da sucedida, o que, naturalmente poderia ser realizado  ex officio pelo Fisco quando verificado que apenas se deixou de incluir  na totalização do Imposto de Renda pago por estimativa na ficha 12­A  da  DIPJAssim,  verifico  que  o  recorrente  que  não  obrou  afastar  as  provas  trazidas  pela  fiscalização  quando  da  autuação,  deixando  de  apresentar comprovações do direito por ele alegado.  Alega  ainda  que  o:  "  PER/DCOMP  n.  02421.99753.150311.1.7.02­5039  em  relação à compensação do débito de IRRF de 01/2011 ­ Rendimento do Trabalho Assalariado  (Código  de  Receita  0561,  do  qual  estaria  inadimplente),  no  montante  de  R$  235.818,33  (duzentos  e  trinta  e  cinco mil,  oitocentos  e dezoito  reais  e  trinta  e  três  centavos),  o próprio  Fisco  já  reconheceu  a  liquidez  e  certeza  de  parte  dos  créditos  compensados,  restando  parcialmente homologada a compensação e apurado contra aquela Pessoa Jurídica um saldo  devedor  pendente  de  julgamento  pela  RFB  com  exigibilidade  suspensa  de  R$  72.314,69,  relativo ao IRRF controlado no PAF nº 12448.914984/2014­41.  Alega ainda que:  "Tal desencontro de informação por parte do Fisco se deu, em razão de  erro  material  no  preenchimento  do  PER/DCOMP  analisado,  sendo  certo  que,  baseado  na  utilização  inferior  do  crédito  passível  de  compensação  declarado  no  PER/DCOMP  pelo  Contribuinte,  o  Fisco  reconheceu  como  Saldo  Negativo  disponível  somente  o  valor  de  R$  2.171.281,99  e  não  o montante  total  passível  de  compensação  de R$  2.370.511,13,  corretamente  declarado  na  DIPJ,  o  que  resultou  no  Fl. 387DF CARF MF Processo nº 18470.725382/2016­82  Resolução nº  2301­000.733  S2­C3T1  Fl. 7          6 aproveitamento  menor  de  saldo  credor  e,  por  conseguinte,  gerando  neste PERPDCOMP saldo devedor consolidado de R$ 263.931,19".  Nesse  sentido,  De  fato,  tendo  o  contribuinte  efetivamente  sofrido  o  ônus  da  retenção  do  imposto  de  renda  na  fonte,  tem  ele  o  direito  de  compensá­lo  na  declaração,  independentemente  de  ter  havido  ou  não  o  recolhimento  do  imposto,  cuja  responsabilidade  recai exclusivamente sobre a empresa retentora. Isso porque, de fato o contribuinte não poderá  pedir a restituição do imposto em nome da pessoa jurídica.  Penso que, na busca da verdade material, que envolve o processo administrativo  fiscal, o recorrente possui relativa razão, devendo ser apurada melhor as referidas informações  de compensação homologadas e deferidas parcialmente no processo mencionado, a fim de que  se  possa  ter  analisar  as  provas  com  mais  assertividade,  quanto  ao  efetivo  recolhimento  do  imposto.  Conclusão   Ante  o  exposto,  voto  por  converter  o  julgamento  em  diligência  para  que  seja  trazido aos autos as  informações sobre as compensações mencionadas pelo contribuinte, para  que seja verificado se o crédito tributário em questão no presente processo guarda vinculação  com o processo 12448.914984/2014­41, e, caso positivo, se o crédito tributário em questão no  presente  processo  foi  extinto,  total  ou  parcialmente,  por  homologação  da  compensação/restituição.   Após,  seja  dado  vista  ao  contribuinte  para  que  esse  se  manifeste  quanto  à  referida  diligência,  bem  como  apresente  eventual  prova  de  seu  direito  alegado  no  presente  recurso.  (assinado digitalmente)  Wesley Rocha ­ Relator    Fl. 388DF CARF MF

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Numero do processo: 10935.907098/2011-00
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Sep 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 15/01/2002 PIS E COFINS. AMPLIAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins é o faturamento, assim compreendido o ingresso proveniente da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9718/98, por sentença proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado 29/09/2006. MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. Recurso negado.
Numero da decisão: 3803-005.600
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso. (Assinado Digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Presidente. (Assinado Digitalmente) Jorge Victor Rodrigues - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo De Sousa E Jorge Victor Rodrigues.
Nome do relator: JORGE VICTOR RODRIGUES

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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 15/01/2002 PIS E COFINS. AMPLIAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins é o faturamento, assim compreendido o ingresso proveniente da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9718/98, por sentença proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado 29/09/2006. MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. Recurso negado.

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso. (Assinado Digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Presidente. (Assinado Digitalmente) Jorge Victor Rodrigues - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo De Sousa E Jorge Victor Rodrigues.

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 28/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO     2  Corintho Oliveira Machado ­ Presidente.     (Assinado Digitalmente)  Jorge Victor Rodrigues ­ Relator.  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Corintho  Oliveira  Machado  (Presidente),  João  Alfredo  Eduão  Ferreira,  Juliano  Eduardo  Lirani,  Hélcio  Lafetá  Reis, Belchior Melo De Sousa E Jorge Victor Rodrigues.      Relatório  O Despacho Decisório eletrônico (Rastreamento nº 015070555),  indeferiu o  Per/DComp transmitida em 15/01/2002, sob a alegação de que, a partir do DARF apresentado,  o  crédito  nele  informado  foi  integralmente  utilizado  no  pagamento  de  outros  débitos,  não  restando saldo credor para a restituição pleiteada.    Manifestando  a  sua  inconformidade  a  contribuinte  alegou  que  apurou  as  contribuições  ao  PIS  e  à Cofins,  com  base  no  art.  3º  da  então  vigente  Lei  nº  9.718/98;  que  ampliou o conceito de base de cálculo dessas contribuições e que o Supremo Tribunal Federal,  por meio do RE 346.084,  julgou  inconstitucional a ampliação da base de cálculo  trazido por  esse dispositivo legal; que a comprovação do recolhimento efetuado a maior se dá através de  planilhas de apuração do PIS, as quais demonstram que compuseram a base de cálculo a receita  da  venda  de mercadorias,  da  prestação  de  serviços  e  outras  receitas  –  financeiras,  aluguéis,  recuperação de despesas, bem assim dos DARF’s correspondentes anexos, que comprovam o  pagamento  do  valor  apurado.  Ao  final  postula  pela  restituição  dos  valores  pagos  a maior  a  título de PIS, nos  termos  do  art.  165 do Código Tributário Nacional  e  art.  2º,  III,  ‘c’,  da  IN  RFB 900/08, acrescidos de juros com base na taxa Selic.    Em julgamento realizado em 18/04/2013, por meio do Acórdão nº 06­40.346,  a  decisão  proferida  pela  3ª  Turma  DRJ/CTA  indeferiu  a  manifestação  de  inconformidade  aviada, consoante transcrição da ementa a seguir    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Data do Fato Gerador: 15/01/2002  PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. JULGAMENTO PELO STF.  É  perfeitamente  aplicável  a  disposição  §  1º  do  art.  3º  da  Lei  nº  9.718,  de  1998, até a sua revogação pela Lei 11.941, de 27 de maio de 2009, uma vez  que o julgamento do STF pela inconstitucionalidade da ampliação da base de  Fl. 54DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 28/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10935.907098/2011­00  Acórdão n.º 3803­005.600  S3­TE03  Fl. 7          3  cálculo contida naquele dispositivo não tem efeito erga omnes, só atingindo  as partes envolvidas, posto que a decisão não foi em ADIN, mas em Recurso  Extraordinário.    Em apertada síntese a decisão de primeira instância limitou­se à alegação de  que a declaração de inconstitucionalidade do STF não gerou efeito erga omnes, porém apenas  inter partes; que até a edição da Lei nº 11.941, DOU de 29/05/09, que revogou tal dispositivo  inconstitucional  contido  no  §  1º  do  art.  3º  da  Lei  nº  9.718/98,  o  mesmo  era  perfeitamente  aplicável;  e  que  as  condições  para  o  afastamento  da  aplicação  da  norma  julgada  inconstitucional, não se coadunaram com o disposto nos artigos 1º e 4º do Decreto nº 2.346/97,  o que  fez em observância ao disposto no artigo 26­A do Decreto nº 70.235/72, com redação  dada pela Lei nº 11.941/09.    Por  tal  razão  deixou  o  voto  condutor  de  reconhecer  o  direito  creditório  pleiteado, consoante consta da fl. 03 da decisão vergastada.    No que atine à questão probatória a referida decisão entendeu que não há nos  autos  provas  do  direito  alegado,  eis  que  a  contribuinte  não  demonstrou  fazer  parte  de  ação  judicial  na  qual  foi  declarada  a  inconstitucionalidade  do  dispositivo  informado  na  peça  inaugural, bem assim não trouxe aos autos documentos e livros fiscais, que demonstrassem de  forma inequívoca, a base de cálculo utilizada para o pagamento a maior da contribuição, a teor  do  artigo  147,  §  1º,  do  CTN,  eis  que  incumbe  à  interessada  trazer  aos  autos  junto  à  peça  contestatória, o direito em que se fundamenta e as provas a que se alude, em conformidade ao  art. 16, III, do Dec. Nº 70.235/72.    Cientificado  do  teor  da  decisão  de  primeira  instância  por meio  de  AR  em  29/04/2013  e,  com  ela  irresignado,  o  contribuinte  ingressou  com  Recurso  Voluntário  em  17/05/2013,  reiterando  os  termos  expendidos  na  exordial,  de  forma minudente,  para  pugnar  pela reforma da decisão hostilizada.    É o relatório.        Voto             Jorge Victor Rodrigues ­ Relator  Fl. 55DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 28/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO     4    O recurso interposto preenche os requisitos necessários à sua admissibilidade,  dele conheço.    O  apelo  devolvido  a  esta  Corte  versa  acerca  da  inconstitucionalidade  da  ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins, bem assim acerca da  liquidez e certeza do  crédito,  cuja  restituição  foi  suscitada  pela  contribuinte,  com  a  devida  atualização  de  acordo  com a taxa Selic.    O Supremo Tribunal  Federal  – STF,  reconheceu  a  inconstitucionalidade  da  ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98, e  em  decisão  unânime,  o  Plenário  resolveu  a  questão  de  ordem  constitucional  no  sentido  de  reconhecer  a  repercussão  geral,  para  reafirmar  a  jurisprudência  do  Tribunal  acerca  da  inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98. Confira­se:    RECURSO  EXTRAORDINÁRIO.  TRIBUTO.  CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º,  § 1º,  da Lei nº 9.718/98.  Inconstitucionalidade. Precedentes do  Plenário  (RE nº  346.084/PR, Rel.  orig. Min.  ILMAR GALVÃO,  DJ de 1º.09.2006; REs 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG,  Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 18.08.2006) Repercussão Geral  do  tema.  Reconhecimento  pelo Plenário.  Recurso  Improvido.  É  inconstitucional  a  ampliação  da  base  de  cálculo  do  PIS  e  da  COFINS,  prevista  no  art.  3º,  §  1º,  da  Lei  nº  9.718/98.  (RE  585235/MG,  Relator:  Min.  Cézar  Peluso,  julgado  em  10/09/2008).    Nos  julgamentos  realizados  no  âmbito  do  CARF  a  regulação  acerca  deste  tema encontra supedâneo no disposto artigo 62­A do RICARF/09, que assim estabelece:    Art.  62­A.  As  decisões  definitivas  de  mérito,  proferidas  pelo  Supremo  Tribunal  Federal  e  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça  em  matéria  infraconstitucional,  na  sistemática prevista pelos  artigos 543­B e 543­C da Lei nº 5.869, de 11  de  janeiro de 1973,  Código  de  Processo  Civil,  deverão  ser  reproduzidas  pelos  conselheiros  no  julgamento  dos  recursos no âmbito do CARF.    Reiteradas vezes como julgador, ao deparar com o tema sob exame, tenho me  pronunciado de forma a observar o contido no artigo 62­A do Regimento Interno do CARF/09,  e  igualmente  o  faço  nesta  oportunidade,  com  o  fito  de  solucionar  a  questão  atinente  ao  reconhecimento do direito alegado pela Recorrente.    Fl. 56DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 28/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10935.907098/2011­00  Acórdão n.º 3803­005.600  S3­TE03  Fl. 8          5  No  que  atine  à  questão  probatória,  bem  se  vê  que  a  decisão  a  quo  esteve  silente  em  relação  à  eficácia  da  planilha  e  dos  DARF’s  correspondentes,  colacionados  aos  autos pela Recorrente, quando da sua manifestação de inconformidade.  Quanto a este aspecto o aresto recorrido  limitou­se a  indicar a ausência nos  autos  de  documentos  “inominados”  e  de  livros  fiscais,  que  demonstrassem  de  forma  inequívoca,  a base de  cálculo utilizada para o pagamento  a maior da contribuição,  a  teor do  artigo  147,  §  1º,  do  CTN.  Logo,  a  conclusão  a  que  chegou  a  referida  decisão  é  que  os  documentos apresentados pela Recorrente foram considerados insuficientes para demonstrar a  legitimidade de sua pretensão.    Neste aspecto, de os documentos apresentados pela Recorrente não serem o  bastante e suficientes para demonstrar cabalmente acerca do quantum e da liquidez e certeza do  crédito  alegado,  assiste  razão  ao  juízo  a  quo,  eis  que  aos  mesmos  deveriam  se  somar,  no  mínimo,  as  DCTF’s  correspondentes  e  o  Livro  Razão  relacionados  ao  período  de  apuração  objeto  do  pedido  de  restituição,  em  observância  aos  princípios  da  segurança  jurídica,  da  verdade material, da razoabilidade e da proporcionalidade, esculpidos no artigo 37, CF/88.    É cediço que quando da apresentação de Per/DComp à repartição fiscal, por  se tratar de iniciativa do próprio contribuinte, cabe ao transmitente o ônus probante da liquidez  e certeza do crédito tributário alegado.   Por  sua  vez  à  autoridade  administrativa  cabe  a  verificação  da  existência  e  regularidade  desse  direito, mediante  o  exame  de  provas  hábeis,  idôneas  e  suficientes  a  essa  comprovação.  Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas  com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazê­lo em outro  momento  processual,  ressalvadas  as  situações  previstas  nas  hipóteses  previstas  no  §  4o  do  artigo 16 do Decreto nº 70.235/72, sobre as quais a contribuinte não se manifestou.  Os juros de mora apurados com base na taxa Selic, por força de norma legal  vigente, Conforme Dispõe o art. 13 da Lei nº 9.065, de 1995, c/c o art. 61, § 3º da Lei nº 9.430,  de 1996, são devidos, entretanto deles não fará proveito a Recorrente pelas razões explicitadas.  Com  tais  observações  oriento  o  meu  voto  para  NEGAR  provimento  ao  recurso interposto.    É assim que voto.    Sala de Sessões, 27 de fevereiro de 2014.    Fl. 57DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 28/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO     6  Jorge Victor Rodrigues – Relator.                                    Fl. 58DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 28/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO

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Numero do processo: 10882.003613/2010-54
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 16 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2801-000.148
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do recurso, nos termos do art. 62-A, §§1º e 2º do Regimento do CARF.
Nome do relator: TANIA MARA PASCHOALIN

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conteudo_txt : Metadados => date: 2020-11-03T12:57:00Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2020-11-03T12:57:00Z; Last-Modified: 2020-11-03T12:57:00Z; dcterms:modified: 2020-11-03T12:57:00Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:9141e311-9939-4a1d-b98f-b97b74c0850f; Last-Save-Date: 2020-11-03T12:57:00Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2020-11-03T12:57:00Z; meta:save-date: 2020-11-03T12:57:00Z; pdf:encrypted: true; modified: 2020-11-03T12:57:00Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2020-11-03T12:57:00Z; created: 2020-11-03T12:57:00Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; Creation-Date: 2020-11-03T12:57:00Z; pdf:charsPerPage: 1840; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2020-11-03T12:57:00Z | Conteúdo => S2­TE01  Fl. 61          1 60  S2­TE01  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10882.003613/2010­54  Recurso nº  935.896   Resolução nº  2801­000.148  –  1ª Turma Especial  Data  16 de agosto de 2012  Assunto  IRPF  Recorrente  ABEL FONSECA BATISTA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Resolvem  os  membros  do  Colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  sobrestar  o  julgamento do recurso, nos termos do art. 62­A, §§1º e 2º do Regimento do CARF.     Assinado digitalmente  Antonio de Pádua Athayde Magalhães ­ Presidente     Assinado digitalmente  Tânia Mara Paschoalin ­ Relatora  Participaram  do  presente  julgamento  os  conselheiros:  Antonio  de  Pádua  Athayde Magalhães, Sandro Machado dos Reis, Tânia Mara Paschoalin, Carlos César Quadros  Pierre  e  Marcelo  Vasconcelos  de  Almeida.  Ausente,  justificadamente,  o  Conselheiro  Luiz  Claudio Farina Ventrilho.  Relatório  Trata­se  de  recurso  voluntário  apresentado  contra  decisão  proferida  pela  4ª  Turma de Julgamento da DRJ/SP2/SP.  Por bem descrever os fatos, reproduz­se abaixo o relatório da decisão recorrida:  “Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrada a notificação de  lançamento  de  fls.  07  a  08,  relativa  ao  imposto  sobre  a  renda  das  pessoas  físicas  do  ano­calendário  2007,  que  apurou  a  seguinte  infração:  ­ omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, decorrentes de  ação da Justiça Federal, no valor de R$ 21.364,56. Consta ainda, que     Fl. 61DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALHAES, Assinado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOA LIN Processo nº 10882.003613/2010­54  Resolução n.º 2801­000.148  S2­TE01  Fl. 62          2 na  apuração  do  imposto  devido,  foi  compensado  o  imposto  de  renda  retido sobre os rendimentos omitidos no valor de R$ 640,94.  Cientificado  do  lançamento  em  07/12/2010  (fl.  16),  o  contribuinte  apresentou,  em  28/12/2010,  a  impugnação  de  fls.  02  a  04,  alegando  que  não  foi  de  má  fé  que  deixou  de  declarar,  pois  é  do  seu  conhecimento que todo dinheiro que vem do governo, o imposto devido  já é cobrado antecipadamente. Impugna a multa e juros e afirma que o  STJ  definiu  a  isenção  do  imposto  de  renda  às  pessoas  que  possuem  hepatopatia grave.  Posteriormente,  atendendo  a  intimação  regular  (fls.  30,  32  e  33),  o  interessado apresentou os documentos de fls. 34 a 41.”  A impugnação  foi  julgada  improcedente,  conforme Acórdão de fls. 43/48, que  restou assim ementado:  RESPONSABILIDADE  DA  FONTE  PAGADORA  E  DO  CONTRIBUINTE.  Quando  a  incidência  na  fonte  tiver  a  natureza  de  antecipação  do  imposto a  ser apurado pelo  contribuinte,  a  responsabilidade da  fonte  pagadora  pela  retenção  e  recolhimento  do  imposto  extingue­se,  no  caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de  ajuste anual.  OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS  ACUMULADOS.  ISENÇÃO.  PORTADOR  DE  MOLÉSTIA  GRAVE.  NECESSIDADE  DE  COMPROVAÇÃO.  Ficam isentos da tributação os proventos de aposentadoria, reforma ou  pensão,  inclusive  a  sua complementação,  percebidos  por  portador  de  moléstia  grave  elencada  em  lei,  devidamente  reconhecida  mediante  laudo  pericial  emitido  por  serviço  médico  oficial  da  União,  dos  Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, onde reste claramente  identificado  ser  o  contribuinte  portador  de moléstia  grave,  constante  da legislação vigente.  MULTA DE OFÍCIO.  No que tange a aplicação de multa de 75%, prescrita no art. 44, inciso  I,  da Lei  9.430/1996,  é  aplicável,  sempre,  nos  lançamentos  de  ofício.  Referida  multa  consiste  em  penalidade  pecuniária  aplicada  em  decorrência da infração cometida, no caso, omissão de rendimentos.  JUROS DE MORA.  Devidos  os  juros  de  mora  calculados  com  base  na  taxa  SELIC,  incidentes  sobre  tributos  e  contribuições  não  pagos  nos  prazos  previstos na legislação específica, na forma da legislação vigente.  Regularmente  cientificado  daquele  acórdão  em  20/12/2011  (AR,  fl.  52),  o  interessado interpôs recurso voluntário de fls. 53/54, em 12/01/2012. Em sua defesa, repete os  argumentos da impugnação.  É o relatório.  Fl. 62DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALHAES, Assinado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOA LIN Processo nº 10882.003613/2010­54  Resolução n.º 2801­000.148  S2­TE01  Fl. 63          3 Voto  Conselheira Tânia Mara Paschoalin, Relatora.  O  recurso  é  tempestivo  e  atende  às  demais  condições  de  admissibilidade,  portanto merece ser conhecido.  No  presente  caso,  tem­se  que  o  auto  de  infração  objeto  deste  processo  versa  sobre rendimentos recebidos acumuladamente pelo contribuinte.   Compulsando  os  autos,  verifica­se  que  a  Fiscalização,  ao  proceder  ao  lançamento  tributário,  em  2010,  aplicou  a  Tabela  Progressiva  Anual  sobre  o  total  dos  rendimentos recebidos acumuladamente no ano­calendário 2007.   Ocorre  que  a  constitucionalidade  da  regra  estabelecida  no  art.  12  da  Lei  nº  7.713,  de  1988,  foi  levada  à  apreciação,  em  caráter  difuso,  por  parte  do  Supremo  Tribunal  Federal,  o  qual  reconheceu  a  repercussão  geral  do  tema  e  determinou  o  sobrestamento,  na  origem,  dos  recursos  extraordinários  sobre  a matéria,  bem  como  dos  respectivos  agravos  de  instrumento, nos termos do art. 543­B, § 1º, do CPC, em decisão assim ementada, in verbis:  “TRIBUTÁRIO.  REPERCUSSÃO  GERAL  DE  RECURSO  EXTRAORDINÁRIO.  IMPOSTO  DE  RENDA  SOBRE  VALORES  RECEBIDOS  ACUMULADAMENTE.  ART.  12  DA  LEI  7.713/88.  ANTERIOR  NEGATIVA  DE  REPERCUSSÃO.  MODIFICAÇÃO  DA  POSIÇÃO  EM  FACE  DA  SUPERVENIENTE  DECLARAÇÃO  DE  INCONSTITUCIONALIDADE  DA  LEI  FEDERAL  POR  TRIBUNAL  REGIONAL FEDERAL. 1. A questão  relativa ao modo de  cálculo do  imposto  de  renda  sobre  pagamentos  acumulados  –  se  por  regime  de  caixa  ou  de  competência  –  vinha  sendo  considerada  por  esta  Corte  como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão  geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no  art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento  da  inconstitucionalidade  parcial  do  art.  12  da  Lei  7.713/88  por  Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para  justificar,  agora,  seu  caráter  constitucional  e  o  reconhecimento  da  repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da  questão,  tendo  em  conta  os  princípios  constitucionais  tributários  da  isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida  para:  a)  tornar  sem  efeito  a  decisão  monocrática  da  relatora  que  negava  seguimento  ao  recurso  extraordinário  com  suporte  no  entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral  da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem,  dos  recursos  extraordinários  sobre  a  matéria,  bem  como  dos  respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543­B, § 1º, do  CPC.”  (STF, RE 614406 AgR­QO­RG, Relatora: Min. Ellen Gracie,  julgado  em 20/10/2010, DJe­043 DIVULG 03/03/2011).  Ante  o  reconhecimento  da  repercussão  geral  do  tema,  pelo  Supremo Tribunal  Federal, e a determinação do sobrestamento dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem  como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543­B, § 1º, do CPC, verifica­ se  que  as  questões  concernentes  ao  artigo  12  da  Lei  n.º  7.713,  de  1988,  não  podem  ser  Fl. 63DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALHAES, Assinado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOA LIN Processo nº 10882.003613/2010­54  Resolução n.º 2801­000.148  S2­TE01  Fl. 64          4 apreciadas por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais até que ocorra o julgamento  final do Recurso Extraordinário pelo Supremo Tribunal Federal.  É que,  recentemente,  foi alterado (Portaria MF n.º 586, de 2010) o Regimento  Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), editado pela Portaria MF  n.º 256, de 2009, determinando o sobrestamento ex officio dos recursos nas hipóteses em que  reconhecida a repercussão geral do tema e determinado o sobrestamento dos julgamentos sobre  a matéria pelo Supremo Tribunal Federal, a teor do art. 62­A, §§1º e 2º, do Regimento Interno  do CARF, que, a seguir transcreve­se, ipsis litteris:  Artigo 62­A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo  Tribunal  Federal  e  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça  em  matéria  infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543­B e 543­ C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil,  deverão  ser  reproduzidas  pelos  conselheiros  no  julgamento  dos  recursos no âmbito do CARF.   §  1º  Ficarão  sobrestados  os  julgamentos  dos  recursos  sempre  que  o  STF  também  sobrestar  o  julgamento  dos  recursos  extraordinários  da  mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543­ B.   §  2º  O  sobrestamento  de  que  trata  o  §  1º  será  feito  de  ofício  pelo  relator ou por provocação das partes.  Esses  os  motivos  pelos  quais  entendo  por  bem  sobrestar  a  apreciação  do  presente recurso voluntário, até que ocorra decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, a  ser proferida nos autos do RE nº 614.406, nos termos do disposto nos artigos 62­A, §§1º e 2º,  do RICARF.    Assinado digitalmente  Tânia Mara Paschoalin   Fl. 64DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALHAES, Assinado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOA LIN

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Numero do processo: 13811.001154/2003-77
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Sep 26 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. O princípio da não-cumulatividade garante aos contribuintes o direito ao crédito do imposto que for pago nas operações anteriores para abatimento com o IPI devido nas posteriores, assim como o transporte do saldo credor da escrita para períodos de apuração subseqüentes para a mesma finalidade. RESSARCIMENTO. SALDO CREDOR DE ESCRITA. Com o advento do art. 11 da Lei nº 9.779/99 o legislador ordinário excedeu a garantia constitucional e, além da possibilidade de transferência do saldo credor para os períodos seguintes, instituiu o direito ao ressarcimento e à compensação desse saldo. SALDO CREDOR DE ESCRITA TRANSPORTADO DE PERÍODOS ANTERIORES. RESSARCIMENTO . As Instruções Normativas SRF nº 210/2002, 460/2004 e 600/2005, com a redação que lhe foi dada pela IN SRF nº 728/2007, quando interpretadas em consonância com as normas de hierarquia superior não vedaram o direito ao ressarcimento do saldo credor de IPI transportado de períodos anteriores. RESSARCIMENTO. LIMITAÇÃO DO PEDIDO A UM TRIMESTRE CALENDÁRIO. Com o advento da IN SRF 728/2007 cada pedido de ressarcimento de saldo credor da escrita deve se referir a um único trimestre calendário. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito oposto à Administração. Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3403-003.223
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer do direito de o contribuinte utilizar o valor remanescente de R$ 9.140.274,69, correspondente a saldo credor de IPI transferido para o 4º Trimestre de 2002, para ressarcimento e compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal. Sustentou pela recorrente o Dr. Ricardo Valim de Camargo, OAB/SP 163.086. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2161; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­C4T3  Fl. 4          1 3  S3­C4T3  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  13811.001154/2003­77  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3403­003.223  –  4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária   Sessão de  16 de setembro de 2014  Matéria  Ressarcimento de IPI  Recorrente  MONSANTO DO BRASIL LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS ­ IPI  Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002  IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE.  O  princípio  da  não­cumulatividade  garante  aos  contribuintes  o  direito  ao  crédito  do  imposto  que  for  pago  nas  operações  anteriores  para  abatimento  com o IPI devido nas posteriores, assim como o transporte do saldo credor da  escrita para períodos de apuração subseqüentes para a mesma finalidade.  RESSARCIMENTO. SALDO CREDOR DE ESCRITA.  Com o advento do art. 11 da Lei nº 9.779/99 o legislador ordinário excedeu a  garantia  constitucional  e,  além  da  possibilidade  de  transferência  do  saldo  credor  para  os  períodos  seguintes,  instituiu  o  direito  ao  ressarcimento  e  à  compensação desse saldo.  SALDO  CREDOR  DE  ESCRITA  TRANSPORTADO  DE  PERÍODOS  ANTERIORES. RESSARCIMENTO .   As  Instruções  Normativas  SRF  nº  210/2002,  460/2004  e  600/2005,  com  a  redação que lhe foi dada pela IN SRF nº 728/2007, quando interpretadas em  consonância com as normas de hierarquia superior não vedaram o direito ao  ressarcimento do saldo credor de IPI transportado de períodos anteriores.  RESSARCIMENTO.  LIMITAÇÃO  DO  PEDIDO  A  UM  TRIMESTRE  CALENDÁRIO.  Com o advento da IN SRF 728/2007 cada pedido de ressarcimento de saldo  credor da escrita deve se referir a um único trimestre calendário.  ÔNUS DA PROVA.  Cabe ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a  liquidez do crédito  oposto à Administração.  Recurso voluntário provido em parte.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 11 54 /2 00 3- 77 Fl. 1297DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM     2     Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  Colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  dar  provimento  parcial  ao  recurso  para  reconhecer  do  direito  de  o  contribuinte  utilizar  o  valor  remanescente de R$ 9.140.274,69, correspondente a saldo credor de IPI  transferido para o 4º  Trimestre de 2002, para ressarcimento e compensação com outros tributos administrados pela  Receita Federal. Sustentou pela recorrente o Dr. Ricardo Valim de Camargo, OAB/SP 163.086.  (Assinado com certificado digital)  Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator.     Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  Conselheiros  Antonio  Carlos  Atulim,  Alexandre  Kern,  Domingos  de  Sá  Filho,  Rosaldo  Trevisan,  Luiz  Rogério  Sawaya  Batista e Ivan Allegretti.    Relatório  Trata­se de pedido de ressarcimento de saldo credor de escrita do IPI no valor  de R$ 12.287.569,66, relativo ao 4º Trimestre de 2002, formulado com base no art. 11 da Lei  nº 9.779/99 e formalizado em 29/04/2003.  Ao pedido de ressarcimento foram vinculadas declarações de compensação.  Por  meio  da  informação  fiscal  (fls.  174/179)  e  do  Parecer  SEORT  nº  138883.572/2007  (fls.  187/193),  o  pleito  foi  parcialmente  deferido  pela  autoridade  administrativa, que reconheceu o direito creditório no valor de R$ 483.062,50 e homologou as  compensações  declaradas  até  este  limite,  sob  o  fundamento  de  que  o  saldo  credor  de  IPI  referente ao 4º trimestre de 2002 se refere ao total do montante deferido e que o valor restante  (R$ 11.804.507,16)  é  saldo  acumulado de  trimestres  anteriores  (anos de 1999 a  setembro de  2002), que não poderia ser ressarcido,  já que cada pedido de ressarcimento deve se restringir  aos créditos escriturados no trimestre. No referido despacho foi informado que a legitimidade  do crédito dos períodos anteriores (1999 a 10/2002) não foi analisada.  Em  sede  de  manifestação  de  inconformidade,  o  contribuinte  alegou,  em  síntese, que o art. 11 da Lei nº 9.779/99 não impede o ressarcimento de créditos acumulados  em outro período,  já que o regulamento do IPI determina que o saldo credor apurado em um  trimestre  pode  ser  transferido  para o  trimestre  seguinte  para  abater  débitos  do  imposto,  para  compensação com outros tributos ou ressarcimento em espécie. Insurgiu­se contra a aplicação  retroativa  de  normas  e  sobre  a  ilegalidade  da  restrição  de  direitos  por  meio  atos  administrativos.  A  DRJ  baixou  o  processo  em  diligência  para  que,  relativamente  ao  saldo  credor que veio por transferência de trimestres anteriores (R$ 11.804.507,16), fosse esclarecido  se os valores estavam regularmente escriturados, se eram créditos passíveis de ressarcimento e  se não se referia a créditos fictos.  Fl. 1298DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13811.001154/2003­77  Acórdão n.º 3403­003.223  S3­C4T3  Fl. 5          3 No relatório de diligência de fls. 1031/1035, a fiscalização informou que dos  R$  12.287.569,66  pleiteados  originalmente  pelo  contribuinte,  R$  2.549.955,17  se  refere  a  crédito  que  não  foi  comprovado,  sendo  que:  a)  não  foram  apresentadas  notas  fiscais  para  comprovar a legitimidade do crédito de R$ 2.538.732,72; e b) R$ 11.222,45, se refere a crédito  tomado sobre aquisições para o ativo permanente.  Cientificada do  termo de diligência, o  contribuinte apresentou manifestação  alegando o seguinte: a) seu pleito não pode ser negado apenas porque apresentou um pedido de  ressarcimento englobando o  saldo acumulado de 16  trimestres; b) concordou com a glosa de  R$ 11.222,45 porque aquisições para o imobilizado não geram crédito do imposto; c) quanto  aos R$ 2.538.732,72 disse que não encontrou as notas  fiscais. Não se pode concluir que  tais  créditos  são  ilegítimos,  fictos  ou  indevidos,  simplesmente  não  puderam  ser  comprovados  porque as notas  fiscais  não  foram encontradas. Disse que a  legitimidade do  crédito pode ser  provada por outros meios, como os livros fiscais de entradas, saídas e controle da produção e  do estoque, requerendo a juntada posterior das aludidas notas fiscais. (fls. 1050/1057).  A 8ª Turma da DRJ  ­ Ribeirão Preto  proferiu  o Acórdão  34.019,  de  07  de  junho de 2011, o qual foi anulado pelo Acórdão 3401­002.310.  A 8ª Turma da DRJ ­ Ribeirão Preto proferiu então o Acórdão nº 44.588, de  09  de  setembro  de  2013  (fls.  1167/1179),  por  meio  do  qual  foi  reconhecido  um  crédito  adicional de R$ 114.277,30.  Após  a  relatora  insurgir­se  contra  a  declaração  de  nulidade  do  acórdão  anterior,  ficou decidido o seguinte: a)  a  jurisprudência citada pela  recorrente não  tem caráter  normativo e não vincula o  julgador  administrativo; b)  a  juntada posterior de documentos  foi  indeferida; c) o art. 11 da Lei nº 9.779/99 realmente não  impede o ressarcimento de créditos  acumulados de outro período, mas o art. 74, § 14 da Lei nº 9.430/96 sim; d) a IN SRF 210, de  04 de outubro de 2002,  foi editada com base nesse permissivo  legal e seu art. 14, §§ 2º e 3º  estabelecem  que  somente  os  créditos  escriturados  no  período  de  apuração  são  passíveis  de  ressarcimento ou compensação. O saldo credor que veio acumulado de períodos anteriores só  pode ser utilizado para o abatimento do imposto no próprio livro de apuração; e) assim, após a  entrada  em  vigor  da  IN  210/2002,  somente  é  passível  de  ressarcimento  ou  compensação  o  saldo credor composto pelos créditos escriturados no trimestre a que o pedido de ressarcimento  fizer referência; f) a Receita Federal não é obrigada a corrigir de ofício o erro de formalização  do processo, pois quando ele foi protocolado a IN 210/2002 já vigia há cerca de seis meses; g)  quanto à legitimidade do crédito, ficou decidido que dos R$11.690.229 restantes, R$ 11.222,45  se  referem a  créditos  indevidos por  aquisições do  imobilizado e R$ 2.538.732,86 não  foram  comprovados e R$ 9.140.274,69 se referem a créditos escriturados em períodos anteriores que  não são passíveis de ressarcimento ou compensação  Por  meio  do  termo  de  abertura  de  documento  de  fls.  1209,  o  contribuinte  tomou ciência do acórdão da DRJ em 25/10/2013 às 13:36h.  Por meio do termo de ciência eletrônica por decurso de prazo de fls. 1210, o  contribuinte tomou ciência do acórdão da DRJ em 09/11/2013.  Em  14/11/2013  o  contribuinte  apresentou  recurso  voluntário,  alegando,  em  síntese o seguinte: a) a DRJ ignorou a determinação contida no Acórdão 3401­002.310 e mais  uma  vez  não  se  manifestou  sobre  a  diligência  que  analisou  a  legitimidade  dos  créditos  acumulados  de  trimestres  anteriores;  b)  a  questão  da  falta  de  apresentação  de  documentos  Fl. 1299DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM     4 comprobatórios dos créditos acumulados de períodos anteriores foi superada pela realização da  diligência  fiscal,  que  atestou  a  legitimidade  do  valor  de  R$  9.737.614,49;  c)  o  verdadeiro  motivo  para  o  indeferimento  desses  créditos  foi  o  óbice  de  natureza  puramente  formal  envolvendo  a  periodicidade  do  pedido  de  ressarcimento;  d)  a  IN  210/2002  não  pode  ser  aplicada  retroativamente  aos  créditos  gerados  antes  de  sua  vigência,  além  do  que,  atos  administrativos  não  podem  estabelecer  restrições  não  previstas  em  lei;  e)  não  foi  possível  retificar  os  pedidos  de  ressarcimento  fracionando­os  por  trimestre  calendário  em  razão  da  decadência; f) o princípio da não­cumulatividade garante o direito à transferência dos créditos  para  os  períodos  subsequentes  (art.  49  do  CTN);  e  g)  protestou  pela  juntada  posterior  dos  documentos  comprobatórios  da  parcela  de  créditos  de  IPI  não  comprovados  em  sede  de  diligência, no valor de R$ 2.538.732,72.  É o relatório.  Voto             Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator.   Conforme  se  verifica  nos  autos,  o  contribuinte  tomou  ciência  do  Acórdão  recorrido por duas vezes consecutivas.  A  primeira,  após  abrir  o  link  Processo  Digital,  no  Centro  Virtual  de  Atendimento  ao  Contribuinte  (Portal  e­CAC)  através  da  opção  Consulta  Comunicados/Intimações (fl. 1209), ocorrida no dia 25/10/2013.  E a segunda, por decurso de prazo no dia 09/11/2013, conforme fls. 1210.  Essa situação tem se tornado frequente e, em alguns casos, é fonte de conflito  com  os  contribuintes,  quando  o  recurso  é  considerado  intempestivo  em  relação  à  data  da  primeira ciência, mas tempestivo em relação à segunda.  Se o ato processual (notificação) já ocorreu por meio da abertura da decisão  recorrida no e­CAC, por qual motivo a Administração expede o termo de ciência por decurso  de prazo?  Observem a gravidade da situação: o termo de ciência por decurso de prazo  de fls. 1210 é um documento ideologicamente falso porque atesta um fato que não existiu. O  fato  que  existiu  foi  a  ciência  por  meio  da  abertura  do  acórdão  no  e­CAC  e  não  a  ciência  presumida.  Além disso, com a ciência ocorrida por meio da abertura do acórdão da DRJ  no  e­CAC,  o  ato  processual  (notificação)  foi  validamente  praticado,  fato  que  torna  nula  a  ciência "por decurso de prazo", em face da preclusão consumativa.  Considerando que neste caso concreto o recurso é tempestivo e que preenche  os requisitos formais de admissibilidade, dele se toma conhecimento.  A questão de fundo controvertida nestes autos é exclusivamente de direito e  consiste em saber se o art. 11 da Lei nº 9.779/99, o art. 74 da Lei nº 9.430/96, a IN 210/2002 e  as  demais  que  se  seguiram,  vedaram  o  ressarcimento  e  a  compensação  do  saldo  credor  de  escrita do IPI, que veio por transferência de trimestres anteriores.  Fl. 1300DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13811.001154/2003­77  Acórdão n.º 3403­003.223  S3­C4T3  Fl. 6          5 Este  colegiado  já  enfrentou  essa  questão  na  sessão  do  dia  25  de  julho  de  2013, quando foi proferido o Acórdão 3403­002.387 no qual, por unanimidade de votos, esta  turma  considerou  que  nem os  dispositivos  legais  e  tampouco os  atos  administrativos  que  os  regulamentaram  impuseram qualquer  vedação  ao  aproveitamento  do  saldo  credor  transferido  de períodos anteriores para fins de ressarcimento ou compensação.  Entendeu a turma de julgamento da DRJ que o art. 14 da IN 210/2002; o art.  16  da  IN  460/2004  e  o  art.  16  da  IN  600/2005  (com  as  alterações  introduzidas  pela  IN  728/2007) impedem o ressarcimento do saldo credor acumulado em decorrência de transporte  de períodos anteriores. Em outras palavras: entendeu a DRJ que somente o saldo credor gerado  no próprio trimestre objeto do pedido de ressarcimento é que pode ser ressarcido e utilizado na  compensação  de  outros  tributos.  Segundo  aquela  turma  de  julgamento,  o  saldo  credor  acumulado por transporte de trimestres anteriores só poderia ser utilizado para abater débitos  do próprio imposto no livro modelo 8.  Esse entendimento da DRJ está escorado na leitura isolada do art. 14, §§ 1º e  3º, da IN 210/2002; do art. 16, §§ 1º e 4º, II e III, da IN 460/2004 e do art. 16, §§ 1º, 4º e 7º da  IN 600/2005, com a alteração introduzida pela IN 728/2007.  A  leitura  das  referidas  instruções  normativas,  sugere  a  concessão  de  uma  “permissão” para que o contribuinte transfira o saldo credor de um período de apuração para o  período de apuração seguinte para posterior abatimento dos débitos do imposto.  Já  o  art.  14,  §  3º  da  IN  210/2002  e  os  arts.  16,  §§  4º  das  IN  460/2004  e  600/2005, sugerem a existência de uma “restrição” ao estabelecem textualmente que somente  são passíveis de ressarcimento créditos escriturados no trimestre calendário.  A leitura apressada desses dispositivos realmente pode conduzir à equivocada  conclusão de que criaram vedação ao aproveitamento, via compensação ou ressarcimento, do  saldo credor de IPI acumulado em virtude de transporte de períodos anteriores.  Entretanto,  o  direito  administrativo  nos  ensina  que  os  atos  administrativos  gozam  da  presunção  de  legitimidade,  ou  seja,  deve­se  sempre  supor  que  foram  baixados  conforme as leis e desse modo devem ser interpretados.  Nesse  sentido,  ganha  relevância  analisar  a  evolução  legislativa  do  regime  jurídico dos créditos de IPI, cujo objetivo único é o de implementar o princípio constitucional  da não­cumulatividade.  É  consenso  na  doutrina  que  o  princípio  da  não­cumulatividade  pode  ser  introduzido  no  sistema  tributário  de  um  determinado  país  por  meio  das  técnicas  do  valor  agregado  ou  da  dedução  do  imposto.  Na  técnica  do  valor  agregado,  originária  do  direito  francês,  subtrai­se  do  valor  da  operação  posterior  o  valor  da  operação  anterior.  É  o  que  se  conhece  como  dedução  na  base.  Na  técnica  da  dedução  do  imposto,  subtrai­se  do  imposto  devido na operação posterior o imposto que foi pago na operação anterior.  No sistema tributário brasileiro, o constituinte, ao delimitar as competências  tributárias  das  entidades  federadas,  consignou  no  art.  153,  da  CF/1988  que  (...)  Compete  à  União instituir impostos sobre (...) IV­ produtos industrializados (...) § 3º­ O imposto previsto  no inciso IV (...) II­ será não­cumulativo, compensando­se o que for devido em cada operação  com o montante cobrado nas anteriores; (...). (grifei)  Fl. 1301DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM     6 Conforme  se  pode  verificar,  o  IPI  não  é  imposto  incidente  sobre  o  valor  agregado,  pois  a  constituição  claramente  optou  pela  técnica  da  dedução  do  imposto,  onde  a  única  garantia  assegurada  ao  contribuinte  é  que  o  imposto  devido  a  cada  operação  seja  deduzido do que foi pago na operação anterior, silenciando o dispositivo quanto à existência de  eventual saldo credor e seu ressarcimento.  A  primeira  disposição  infraconstitucional  sobre  o  saldo  credor  da  escrita  fiscal aparece no art. 49 do CTN, que se encontra vazado nos seguintes termos:  “Art.  49.  O  imposto  é  não­cumulativo,  dispondo  a  lei  de  forma  que  o  montante  devido  resulte  da  diferença  a  maior,  em  determinado  período,  entre  o  imposto  referente  aos  produtos  saídos  do  estabelecimento  e  o  pago  relativamente  aos  produtos nele entrados.  Parágrafo  único.  O  saldo,  verificado  em  determinado  período,  em  favor  do  contribuinte, transfere­se para o período ou períodos seguintes.”  E esse direito foi confirmado e ratificado no art. 27 da Lei nº 4.502/64, com a  redação que lhe foi dada pelo Decreto­Lei nº 34/66:  “Art. 27. Quando ocorrer saldo credor de impôsto num mês, será êle transportado  para  o  mês  seguinte,  sem  prejuízo  da  obrigação  de  o  contribuinte  apresentar  ao  órgão  arrecadador,  dentro  do  prazo  legal  previsto  para  o  recolhimento,  a  guia  demonstrativa dêsse saldo.” (Grifei)  Portanto, no direito brasileiro o conteúdo do princípio da não­cumulatividade  consiste no direito ao crédito do imposto destacado em nota fiscal e no direito à transferência  do saldo credor para períodos  subseqüentes a  fim de ser utilizado na amortização de débitos  futuros do imposto.  Observe­se que à luz do princípio da não­cumulatividade: 1) o crédito de IPI  tem  a  natureza  de  um  crédito  meramente  escritural,  pois  o  constituinte  garantiu  apenas  a  transferência do saldo credor para o período seguinte, em vez do ressarcimento em dinheiro; e  2)  a  transferência  do  saldo  credor  para  o  período  seguinte  é  um  direito  assegurado  ao  contribuinte e não uma “permissão” do legislador ordinário ou da administração pública, que  possa ser suprimida a qualquer tempo.  Desse modo, e considerando que o silêncio das normas superiores em relação  ao ressarcimento em dinheiro não impedia a União de concedê­lo por meio de incentivo fiscal,  foi que a legislação ordinária criou os chamados créditos incentivados.  Os  créditos  básicos  têm  matriz  constitucional  no  princípio  da  não­ cumulatividade e previsão legal no art. 25 da Lei nº 4.502, de 30/11/1964. Em cumprimento ao  princípio  da  não­cumulatividade,  esses  créditos  são  meramente  escriturais,  não  admitiam  o  ressarcimento  em  dinheiro  e  ­  até  1997  ­  sujeitavam­se  ao  estorno  quando  os  insumos  tributados  pelo  IPI  fossem  empregados  na  industrialização  de  produtos  cuja  saída  fosse  desonerada do imposto.  A partir da publicação do Decreto nº 2.637, de 25/06/1998 (RIPI/1998), que  incorporou as inovações trazidas pela Lei nº 9.493, de 10/09/1997, foi reconhecido o direito ao  crédito  básico  em  relação  a  insumos  empregados  na  industrialização  de  produtos  isentos  e  tributados  com  alíquota  zero,  uma  vez  que  paralelamente  à  inclusão  dos  produtos  sujeitos  à  alíquota  zero  no  campo  de  incidência  do  imposto,  por meio  do  art.  2º,  parágrafo  único,  do  referido decreto; foi suprimida do texto do art. 147, I a expressão (...) exceto os de alíquota 0  (zero) e os isentos, (...), que constava do texto do art. 82, I, do Regulamento de 1982.  Fl. 1302DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13811.001154/2003­77  Acórdão n.º 3403­003.223  S3­C4T3  Fl. 7          7 Relativamente aos créditos incentivados, ao contrário do que ocorria com os  créditos escriturais, eram eles concedidos a título de incentivos fiscais. Não tinham (e não têm)  nem  previsão  e  nem  óbice  constitucional  a  sua  instituição  por  meio  de  lei  e  podiam  ser  passíveis de manutenção na escrita fiscal, ou de manutenção e de ressarcimento em dinheiro,  conforme previsão específica na lei do incentivo.  Essa situação perdurou até janeiro de 1999, quando entrou em vigor a Lei nº  9.779,  de  19/01/1999,  que  na  prática  acabou  com  a  distinção  entre  créditos  básicos  e  incentivados  e  instituiu  a  possibilidade  de  utilização  do  saldo  credor  da  escrita  fiscal  de  IPI  para compensação ou ressarcimento ao estabelecer no seu artigo 11 que (...) O saldo credor do  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados  ­  IPI,  acumulado  em  cada  trimestre­calendário,  decorrente da aquisição de matéria­prima, produto  intermediário  e material  de embalagem,  aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o  contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser  utilizado  de  conformidade  com  o  disposto  nos  arts.  73  e  74  da  Lei  nº  9.430,  de  1996,  observadas  normas  expedidas  pela  Secretaria  da  Receita  Federal  ­  SRF,  do  Ministério  da  Fazenda.(...)" (grifei).  Ao  editar  esse  dispositivo  legal,  o  legislador  ordinário  excedeu  a  garantia  constitucional  concedida  pela  não­cumulatividade,  pois,  na  prática,  além  de  acabar  com  a  figura do crédito incentivado,  instituiu o direito de compensação e de ressarcimento do saldo  credor da conta corrente de IPI, direito inexistente até então, e ao qual não estava obrigado pela  Constituição.  Dessa breve análise do regime jurídico dos créditos de IPI, verifica­se que a  lei  sempre  foi  imperativa  no  sentido  de  determinar  a  transferência  do  saldo  credor  de  um  determinado  período  para  o  período  seguinte  com  a  finalidade  de  que  fosse  utilizado  prioritariamente no abatimento de débitos futuros do imposto. E com o advento do art. 11 da  Lei  nº  9.779/99,  o  saldo  credor  acumulado  em  cada  trimestre­calendário  continuou  a  ser  prioritariamente utilizado no abatimento de débitos do  imposto, mas o  eventual  saldo  credor  resultante  dessa  operação,  ao  final  de  cada  trimestre­calendário,  deixou  de  ser  um  crédito  meramente escritural e passou a ser um crédito ressarcível e compensável com outros tributos.   Para o fim de interpretar as instruções normativas, é importante frisar que no  art. 11 da Lei nº 9.779/99 o legislador utilizou a expressão “saldo credor de IPI acumulado  em  cada  trimestre  calendário”  e  não  a  expressão  “saldo  credor  de  IPI  gerado  em  cada  trimestre calendário”. Resulta daí que o entendimento da DRJ ao expurgar do saldo passível  de  ressarcimento  o  saldo  credor  acumulado  por  transporte  de  períodos  anteriores,  configura  uma aplicação ilegal as instruções normativas citadas, pois conforme se viu alhures, as normas  de  hierarquia  superior  são  imperativas  quanto  ao  direito  de  os  contribuintes  transferirem  o  saldo  credor  de  escrita  para  os  períodos  de  apuração  subseqüentes  a  fim  de  ser  utilizado  na  amortização  de  débitos  do  imposto  e,  na  hipótese  de  ainda  sobrar  crédito,  utilizá­lo  via  compensação ou ressarcimento.  Os  referidos  atos  administrativos,  conforme  já  mencionado,  possuem  presunção  de  legalidade  e  devem  ser  interpretados  conforme  o  dispositivo  legal  que  visam  regulamentar, no caso o art. 11 da Lei nº 9.779/99.  A faculdade concedida à administração tributária na parte final do “caput” do  art. 11 da Lei nº 9.779/99 e também no art. 74, § 14, da Lei nº 9.430/96, certamente não inclui  a possibilidade de suprimir o direito que foi concedido por lei.  Fl. 1303DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM     8 Desse modo, do fato de as instruções normativas mencionarem textualmente  que  “somente  são  passíveis  de  ressarcimento  os  créditos  escriturados  no  período”,  não  decorre logicamente a conclusão de que o saldo credor acumulado por transporte de períodos  anteriores  não  possa  ser  objeto  de  ressarcimento  ou  compensação.  A  uma,  porque  essa  interpretação literal não encontra guarida nas normas de hierarquia superior, uma vez que o art.  11 da Lei nº 9.779/99 valeu­se da expressão “saldo credor acumulado” e não “saldo credor  gerado”. E a duas, porque o saldo credor de período anterior também deve ser escriturado  no período seguinte para que possa se “acumular” com os créditos gerados nesse período.   Não  se  olvide  de  que  a  regra  é  no  sentido  de  que  o  crédito  de  IPI  só  tem  existência  jurídica  se  estiver  escriturado  (a  exceção  é  o  art.  252  do  RIPI/2010).  Não  existe  crédito de IPI  fora do  livro de  IPI. Assim, para que o saldo credor do período anterior  tenha  existência jurídica ele precisa ser necessariamente escriturado no período seguinte. E se ele foi  escriturado  no  período  seguinte,  obviamente  que  atendeu  à  determinação  das  instruções  normativas,  que  jamais  poderiam  admitir  o  ressarcimento  de  créditos  que  não  estivessem  escriturados no período.  Desse modo, o fato de as instruções normativas mencionarem que “somente  são  passíveis  de  ressarcimento  os  créditos  escriturados  no  período  ou  no  trimestre­ calendário”, não autoriza a conclusão de que a Receita Federal está vedando o ressarcimento  do  saldo  credor  acumulado em virtude de  transporte de  trimestres  anteriores, mesmo porque  não é esse o comando emanado do regime jurídico de créditos do IPI atualmente em vigor.   Tendo  em  vista  que  a  administração  pública  só  age  dentro  dos  lindes  da  legalidade,  a  menção  contida  nas  instruções  normativas,  no  sentido  de  que  “somente  são  passíveis de ressarcimento os créditos escriturados no período”, só pode ser entendida no  sentido de que somente poderão ser ressarcidos os créditos que possuírem existência jurídica,  ou seja, aqueles que estiverem devidamente escriturados no livro.   As  instruções  normativas  citadas  na  fundamentação  do  voto  condutor  do  acórdão  de  primeira  instância,  em momento  algum  vedaram  de  forma  expressa  o  direito  ao  ressarcimento do saldo credor de IPI transportado de períodos anteriores.   A  interpretação  acima  exposta  foi  ratificada  pela  IN  728/2007,  que  acrescentou o § 7º ao art. 16 da IN 600/2005. O referido § 7º está em total harmonia com o art.  11 da Lei nº 9.779/99,  ao prescrever que cada pedido de  ressarcimento deve  se  referir  a um  único  trimestre­calendário,  devendo  ser  efetuado  pelo  saldo  credor  remanescente  no  trimestre calendário, após efetuadas as deduções na escrituração fiscal.  Tal determinação está em consonância com o art. 11 da Lei nº 9.779/99, pois  a primeira utilização do saldo credor continua sendo o abatimento dos débitos no período de  apuração. Somente na hipótese de ainda restar saldo credor acumulado no período é que será  possível o aproveitamento mediante ressarcimento ou compensação.  Quanto  à  obrigatoriedade  de  cada  pedido  de  ressarcimento  se  referir  a  um  único  trimestre  calendário,  não  existe  nenhuma  ilegalidade  em  tal  limitação,  pois  o  aspecto  procedimental  do  pedido  está  incluído  no  poder  normativo  da  administração  tributária  estabelecido  no  art.  11,  parte  final,  da  Lei  nº  9.779/99  e  também no  art.  74,  §  14  da Lei  nº  9.430/96.  Observe­se que o próprio art. 11 da Lei nº 9.779/99 já impõe que o período  de  apuração  do  ressarcimento  seja  trimestral.  O  que  a  IN  728/2007  fez  foi  impedir  que  um  mesmo Perdecomp contemple saldos credores de dois ou mais trimestres calendário.  Fl. 1304DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13811.001154/2003­77  Acórdão n.º 3403­003.223  S3­C4T3  Fl. 8          9 Assim, a conclusão a que se chega é no sentido de que, atualmente, embora  haja vedação de se incluir no pedido de ressarcimento saldos credores de mais de um trimestre  calendário, não existe óbice algum quanto ao direito ao ressarcimento do saldo credor de IPI  que chegou por transporte de períodos anteriores ao trimestre calendário objeto do pedido.  Uma  coisa  é  a  restrição  procedimental  de  vincular  um  pedido  de  ressarcimento a cada trimestre­calendário, e outra coisa totalmente distinta é entender que essa  limitação  impede  o  ressarcimento  do  saldo  credor  de  escrita  que  veio  por  transporte  de  trimestres anteriores.  Deve  o  acórdão  de  primeira  instância  ser  reformado quanto  a  este  aspecto,  pois  a  interpretação  literal  das  instruções  normativas,  fazem  com  que  aqueles  atos  administrativos pareçam ilegais, quando na verdade não o são.  No caso  concreto,  a  legitimidade do  saldo  credor  acumulado por  transporte  de períodos anteriores foi aferida pela autoridade administrativa no termo de diligência de fls.  1031 a 1035 e houve indeferimento expresso por parte da 8ª Turma da DRJ ­ Ribeirão Preto  nas fls. 1179, in verbis:  "(...) Dos R$ 11.690.229,86 restantes, R$ 11.222,45 são créditos  indevidos,  por  referirem  a  ativo,  R$  2.538.732,72  foram  glosados, pois não comprovados e R$ 9.140.274,69 se referem a  créditos  escriturados  em  outro  período  e  não  podem  ser  compensados  com  os  débitos  declarados  nas  DCOMP,  pelos  motivos expostos no tópico acima9.  No entanto, seguindo o exemplo da apuração  feita no presente,  deve­se  esclarecer  que  os  valores  dos  trimestres  anteriores  podem ser usados na conta­gráfica do estabelecimento (Livro de  apuração  do  IPI)  para  abater  os  débitos  de  IPI  de  períodos  posteriores  e  assim  aumentar  o  ressarcimento  dos  períodos  futuros10  (...)"  Sendo assim, é evidente que a DRJ homologou o resultado da diligência ao  autorizar o aproveitamento do saldo credor transferido de período anterior na escrita fiscal para  abatimento  do  IPI.  Se  esses  créditos  fossem  ilegitimos,  eles  já  teriam  sido  glosados  pela  fiscalização no termo de diligência, o que não ocorreu.  No que concerne à glosa de R$ 2.538.732,72, o contribuinte não trouxe aos  autos as notas  fiscais comprobatórias da legitimidade dos créditos pleiteados. Sendo assim, a  glosa deve ser mantida por falta de comprovação dos créditos.  Quanto ao pedido de juntada posterior, não há como deferi­lo neste momento  processual,  pois  este  acórdão  é  a  última  decisão  das  instâncias  ordinárias  de  julgamento.  A  Câmara Superior é instância especial e se presta à uniformização da jurisprudência eliminando  divergências de interpretação, não sendo da sua alçada o reexame de provas.  Com  esses  fundamentos,  voto  no  sentido  de  dar  provimento  parcial  ao  recurso  para  reconhecer  do  direito  de  o  contribuinte  utilizar  o  valor  remanescente  de  R$  9.140.274,69 correspondente a saldo credor de IPI transferido para o 4º Trimestre de 2002 para  ressarcimento e compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal.  Fl. 1305DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM     10 (Assinado com certificado digital)  Antonio Carlos Atulim                                  Fl. 1306DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM

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