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Numero do processo: 11080.927778/2011-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/12/2001 a 31/12/2001
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
Inexiste norma legal que prescreva a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. Entender de forma diversa implicaria em violação aos art. 5º, II, e 37, caput, da Constituição e art. 97 do CTN.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-005.195
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/12/2001 a 31/12/2001 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Inexiste norma legal que prescreva a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. Entender de forma diversa implicaria em violação aos art. 5º, II, e 37, caput, da Constituição e art. 97 do CTN. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
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HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Inexiste norma legal que prescreva a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. Entender de forma diversa implicaria em violação aos art. 5º, II, e 37, caput, da Constituição e art. 97 do CTN. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 77 78 /2 01 1- 01 Fl. 76DF CARF MF Processo nº 11080.927778/201101 Acórdão n.º 3301005.195 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de indeferimento do Pedido de Restituição (PER) da Contribuição para o PIS, em virtude de o pagamento informado estar totalmente alocado para quitação de débito da titularidade do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte havia alegado a ocorrência de decadência para a análise do PER, uma vez que fora transmitido havia mais de cinco anos, pleiteando a aplicação do prazo previsto no art. 74, § 5º, da Lei nº 9.430/1996, para reconhecimento da ocorrência de homologação tácita. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 10042.208, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, afastando o pleito por falta de previsão legal e por ausência de comprovação do direito creditório. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e requereu o reconhecimento do seu direito, repisando praticamente os mesmos argumentos de defesa encetados na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 11080.927778/201101 Acórdão n.º 3301005.195 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.190, de 26/09/2018, proferida no julgamento do processo nº 11080.927782/201161, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301005.190): O recurso voluntário é tempestivo e reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Como relatado, a Recorrente transmitiu Pedido de Ressarcimento, visando à restituição do crédito nele informado em razão de pagamento indevido ou a maior de PIS/Pasep. Cabe esclarecer que a prova do recolhimento indevido não foi objeto de defesa da empresa. A Delegacia de origem emitiu Despacho Decisório que indeferiu o pleito diante da inexistência do crédito, nos termos do art. 165 do CTN. Sustenta a contribuinte que entre a data de transmissão do PER, 11/11/2005, até a ciência do despacho decisório, 21/12/2011, transcorreu prazo superior a cinco anos, o que implica na homologação tácita do ressarcimento, nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430/1996. Dispõe o § 5º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996 que: “o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação”. Ressaltese que a Declaração de Compensação DCOMP e o Pedido de Restituição PER são declarações diferentes com efeitos também diversos. Assim, não cabe aplicar ao Pedido de Restituição a homologação tácita prevista para a Declaração de Compensação. Como bem apontado pela DRJ, a compensação se viabiliza por via de um regime declaratório (Declaração de Compensação), enquanto que a restituição se viabiliza por um regime de requerimento (Pedido de Restituição), sendo a compensação operada e satisfeita de imediato, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, ao passo que o valor da restituição pleiteada não é entregue imediatamente ao contribuinte, havendo a necessidade de uma decisão explícita e nunca tácita da Administração Tributária. Não há como se acolher a pretensão da Recorrente, porquanto a previsão legal de homologação tácita referese tão somente ao pedido de compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento. Observese que neste processo não houve qualquer Fl. 78DF CARF MF Processo nº 11080.927778/201101 Acórdão n.º 3301005.195 S3C3T1 Fl. 5 4 vinculação entre crédito e débito, apenas houve o pleito de ressarcimento. Entender de forma diversa implicaria em violação aos art. 5º, II, e 37, caput da Constituição e art. 97 do CTN. Conclusão Do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Importa registrar que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 79DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19647.010485/2007-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2006 a 30/06/2007
COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL.
Não se homologa a compensação de tributo realizada antes do trânsito em julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966, combinado com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996.
O pagamento de tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não gera direito à repetição do indébito enquanto não tiver sido proferida decisão judicial definitiva favorável ao contribuinte.
Numero da decisão: 3301-005.342
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida negar provimento.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Presidente
(assinado digitalmente)
Liziane Angelotti Meira - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira , Marcelo Costa Marques D´ Oliveira, Ari Vendramini , Salvador Candido Brandão Junior, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira.
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2006 a 30/06/2007 COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Não se homologa a compensação de tributo realizada antes do trânsito em julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966, combinado com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. O pagamento de tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não gera direito à repetição do indébito enquanto não tiver sido proferida decisão judicial definitiva favorável ao contribuinte.
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AÇÃO JUDICIAL. Não se homologa a compensação de tributo realizada antes do trânsito em julgado da decisão judicial autorizadora, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966, combinado com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. O pagamento de tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não gera direito à repetição do indébito enquanto não tiver sido proferida decisão judicial definitiva favorável ao contribuinte. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida negar provimento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira , Marcelo Costa Marques D´ Oliveira, Ari Vendramini , Salvador Candido Brandão Junior, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 04 85 /2 00 7- 57 Fl. 567DF CARF MF Processo nº 19647.010485/200757 Acórdão n.º 3301005.342 S3C3T1 Fl. 568 2 Adoto o relatório constante da decisão recorrida (fls. 521/534). Foi apresentado Recurso Voluntário. Voto Conselheira Liziane Angelotti Meira Relatora. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. Defende a Recorrente seu direito de utilizar créditos relativos a decisão judicial ainda não transitada em julgado. Observese, contudo, que a utilização de crédito ainda pendente de decisão judicial definitiva encontrase expressamente vedada no art. 170A do CTN, e no art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, os quais transcrevemos: Código Tributário Nacional Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Lei nº 9.430, de 1996 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...) § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (...) II em que o crédito: (...) d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado;ou (grifouse) Cabe consignar a informação de que o processo judicial em pauta teve trânsito em julgado com decisão desfavorável à Recorrente, com a seguinte ementa: AMS 82188/PE (2002.83.00.0044607) APTE : ENGARRAFADORA IGARASSU LTDA ADV/PROC : FÁBIO HENRIQUE DE ARAÚJO URBANO e outros APDO : FAZENDA NACIONAL ORIGEM : 7ª Vara Federal de Pernambuco (Especializada em Questões Agrárias) Fl. 568DF CARF MF Processo nº 19647.010485/200757 Acórdão n.º 3301005.342 S3C3T1 Fl. 569 3 RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL VLADIMIR SOUZA CARVALHO (Ementa) Tributário. Retorno dos autos para, se for o caso, se proceder a adequação do acórdão, nos termos do art. 543B, § 3º, do Código de Processo Civil, por destoar do entendimento adotado em repercussão geral, RE 562.980, que tem como questão controvertida o creditamento de IPI em relação à aquisição de insumos ou de produtos intermediários aplicados na fabricação de produtos finais sujeitos à alíquota zero ou isentos. 1. O entendimento do Supremo Tribunal Federal é de apenas haver direito constitucional a créditos de IPI, com supedâneo no princípio da não cumulatividade, quando se verifica superposição impositiva, com a incidência tributária na operação antecedente e também na de saída dos produto, exceto diante de previsão de lei específica, o que não é o caso dos autos, vez que se trata aqui de insumos sujeitos à alíquota zero, isentos ou não tributados e produto final tributado. 2. O acórdão recorrido destoa do entendimento do Supremo Tribunal Federal ao conferir à apelante o direito aos créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos isentos ou tributados à alíquota zero, diante de produto final tributado. 3. Adequação do julgado ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, passando se a negar provimento à apelação da Empresa. (Acórdão) Vistos, etc. Decide a Egrégia Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, adequar o acórdão recorrido, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos. Recife, 10 de março de 2015. (Data do julgamento) Ademais, adotase o entendimento constante da decisão de piso no sentido de que a demanda judicial proposta contra a Fazenda Nacional tem objeto em parte coincidente com o proposto no presente processo administrativo. As informações anexadas evidenciam a interposição de recurso especial (REsp n° 644.500 2004/00318349) com relação à AMS 82188PE, correspondente ao processo original n° 2002.83.00.0044607, pendente de julgamento. Não cabe no presente processo reconhecer ou autorizar matéria submetida e decidida pelo Poder Judiciário. Portanto, não se toma conhecimento da parte do mérito que coincide com o objeto da ação judicial em curso, e quanto ao mérito remanescente, desbordante da lide judicial, propõese manter o indeferimento do pedido. Diante do exposto, voto por conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida negar provimento. Fl. 569DF CARF MF Processo nº 19647.010485/200757 Acórdão n.º 3301005.342 S3C3T1 Fl. 570 4 (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira Fl. 570DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.939984/2011-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1402-000.739
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente
(assinado digitalmente)
Evandro Correa Dias - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Paulo Mateus Ciccone (Presidente) e Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado). Ausente justificadamente a conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
Nome do relator: EVANDRO CORREA DIAS
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Paulo Mateus Ciccone (Presidente) e Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado). Ausente justificadamente a conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 39 98 4/ 20 11 -4 9 Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10980.939984/201149 Resolução nº 1402000.739 S1C4T2 Fl. 140 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra o Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento a quo, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte, mantendo integralmente o Despacho Decisório que deixou de homologar a compensação pretendida, por entender que "A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP (...) foram localizados um ou mais pagamentos (...), mas integralmente utilizados para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição". Em sua Manifestação de Inconformidade, alegou a Recorrente que efetuou diversos pagamentos espontâneos de tributos devidos, anteriormente a qualquer procedimento de fiscalização ou cobrança, o que motivou a apresentação do pedido de restituição visando a devolução dos valores indevidamente exigidos a título de multa moratória; Entende que faz jus à devolução da multa de mora, já ser mera conseqüência da denúncia espontânea havida com o pagamento do débito antes de qualquer procedimento fiscalizatório e anteriormente à retificação de DCTF. Alega que conforme o art. Nº 138 do CTN, que dispensa o pagamento de multa, seja ela qual for, em casos de denúncia espontânea apresentada antes de o início de qualquer procedimento administrativo, não há que se cogitar na espécie de multa de qualquer natureza. Ao seu turno, a DRJ a quo proferiu o Acórdão, ora recorrido, em que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e não reconheceu o direito creditório, com o entendimento que "aplicase a multa de mora aos pagamentos efetuados em atraso, não se considerando como crédito, compensável, os valores abarcados pela tese da espontaneidade prevista no art. Nº 138 do CTN". Inconformado com a decisão, a recorrente apresentou recurso voluntário, em que reitera os argumentos apresentados na peça impugnatória. Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10980.939984/201149 Resolução nº 1402000.739 S1C4T2 Fl. 141 3 Voto Conselheiro Evandro Correa Dias, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende ao demais requisitos, motivo pelo qual dele conheço. A Recorrente alega que a previsão legal contida no artigo 138, do CTN, bem assim a jurisprudência pátria, inclusive na esfera administrativa, contemplam a exclusão da responsabilidade por força da denúncia espontânea e, consequentemente, a inexigibilidade de qualquer multa sobre os valores recolhidos em atraso, seja ela de mora ou de ofício. Afirma que tratandose a hipótese subexamine de procedimento espontâneo da Contribuinte (quitação de tributo, antes da inclusão do pagamento e da entrega da DCTF Retificadora ou de qualquer ato fiscalizatório), a multa de mora cobrada é de todo indevida, razão pela qual a sua devolução é medida que se impõe. Aduz que tendo em vista tais premissas fáticas e legais motivadoras do pedido de restituição ora em debate, temse por configurado o "pagamento a maior ou indevido", passível de aproveitamento, nos termos do artigo 74, da Lei 9.430/96 (com a redação da pela Lei n° 10.637/02), razão pela qual merece reforma o v. acórdão recorrido, a fim de reconhecer o direito creditório da Empresa. Verificase que em relação ao mérito há uma questão fundamental ao deslinde da questão, que é a comprovação da alegada denúncia espontânea. Entendeu o STJ que nos casos em que o contribuinte recolhe o tributo, em atraso, mas antes de qualquer procedimento de ofício ou mesmo de apresentar/retificar a DCTF, esse pode se beneficiar do instituto da denúncia espontânea com o fim de eximirse da exigência da multa moratória. Diante da decisão sobre denúncia espontânea do STJ, que é de repercussão geral, fazse necessário para a comprovação da mesma, que se verifique se os pagamentos foram realizados antes de qualquer procedimento de ofício ou mesmo de apresentar/retificar a DCTF. Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10980.939984/201149 Resolução nº 1402000.739 S1C4T2 Fl. 142 4 Pelos fatos expostos, apresentase a necessidade de diligência para confirmar se os pagamentos foram realizados antes de qualquer procedimento de ofício ou mesmo de apresentar/retificar a DCTF. Após a realização da diligência, prestados os esclarecimentos, poderseá formar definitivamente a convicção necessária ao julgamento meritório deste feito. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de converter o julgamento do recurso em diligência, remetendose os autos do presente feito à Unidade Local, para: 1. Pronunciarse sobre a procedência da alegação de espontaneidade apresentada pela recorrente, verificando se os pagamentos foram realizados antes de qualquer procedimento de ofício ou mesmo de apresentar/retificar a DCTF. 2. Juntar ao processo a DCTF com o respectivo comprovante de sua entrega, a fim de se comprovar a pertinência ou não do pagamento da multa e aproveitamento do crédito. 3. Elaborar relatório, trazendo a fundamentação das constatações alcançadas, com justificativas e explicações claras. 4. Após a formulação e juntada do Relatório de Diligência, deverá ser dado vista à Recorrente, para que se manifeste, dentro do prazo legal vigente, garantindo o contraditório e a ampla defesa. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias Fl. 142DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.901301/2014-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1402-000.737
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, sobrestar o presente julgamento deste processo até prolatação de Acórdão meritório definitivo, nesta mesma instância do CARF nos autos do processo nº 11080.903819/2013-27, vencido o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves que votou pelo sobrestamento até decisão definitiva no âmbito administrativo.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto.
(assinado digitalmente)
Caio Cesar Nader Quintella - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto).
Relatório
Trata-se de Recurso Voluntário (fls. 328 a 348) interposto contra v. Acórdão (fls. 306 a 319) proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Fortaleza/CE, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls. 02 a 289), mantendo o r. Despacho Decisório (fls. 297 a 301) que expressamente deixou de reconhecer, parcialmente, o suposto crédito de IRPJ oriundo de saldo negativo do ano-calendário de 2009.
Em resumo, a parcela ainda controversa do crédito pretendido por meio da PER/DCOMP nº 38145.79172.311001.1.3.02-7526 refere-se a R$ 902.105,44, referente ao não reconhecimento de estimativa compensada.
Como mencionado, tal monta denegada refere-se à estimativa de IRPJ de julho de 2009, a qual foi saldada com crédito COFINS por meio de outra DCOMP, igualmente não homologada, que é objeto do processo administrativo nº 11080.903819/2013-27, ainda não findado.
Por muito bem resumir o início da lide, adota-se a seguir trechos do preciso relatório elaborado pela DRJ a quo:
Tem-se no presente o Despacho Decisório nº de rastreamento 079282566, fl. 297, tratando-se de ato administrativo que não reconheceu o direito creditório evidenciado no PER/DCOMP nº 38145.79172.311001.1.3.02-7526, fls. 291/296, concernente ao saldo negativo de IRPJ do ano-calendário 2009, exercício 2010, o que se deu na forma a seguir reproduzida:
A pessoa jurídica postulou o crédito de R$ 11.296.201,95, que foi reconhecido de forma parcial pela autoridade administrativa competente para a apreciação da matéria, o que se manifestou no valor de R$ 10.394.096,51. O resultado se deu em razão da confirmação apenas parcial de estimativas informadas pela interessada, tudo conforme abaixo quantificado:
Demais Estimativas Compensadas: R$ 47.037.339,38 (valor informado) R$ 46.135.234,24 (valor reconhecido) = R$ 902.105,14 (valor não reconhecido)
Dessa forma, o crédito reconhecido foi insuficiente para compensar os débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual a compensação informada pelo sujeito passivo foi homologada de maneira parcial, restando exigível a seguinte quantia:
R$ 779.815,28 + R$ 155.963,05 + R$ 224.898,72 = R$ 1.160.677,05 (total exigido)
A notificação da pessoa jurídica pela via postal se deu no dia 15/04/2014, fl. 302.
Irresignada com o que foi deliberado, em 15/05/2014 a pessoa jurídica apresentou a sua manifestação de inconformidade, fls. 02/20, documento em que teceu as considerações a seguir apresentadas.
Preliminar de nulidade Cerceamento do direito de defesa
A homologação parcial da compensação decorrente do saldo negativo de IRPJ do ano-calendário 2009 teve por fundamento a homologação igualmente parcial da compensação manifestada no PER/DCOMP nº 17485.93389.070510.1.3.11-4080, contendo crédito da Cofins Não-Cumulativa do 3º (terceiro) trimestre de 2008, utilizado pela requerente para compensar débito da estimativa de IRPJ de julho de 2009.
No entanto, não foram apresentados os cálculos das glosas dos créditos da Cofins que impactaram no valor pela Fazenda Nacional apurado para o saldo negativo do IRPJ do exercício 2010. Assim, o agente fiscal não trouxe aos autos elemento essencial a ser analisado, revisado e eventualmente contestado pela ora manifestante.
Limitou-se o representante fazendário a reproduzir os valores que não foram homologados das compensações das estimativas utilizadas na quantificação do saldo negativo de 2009, sem demonstrar os motivos que levaram ao não reconhecimento da integralidade dos créditos utilizados pela pessoa jurídica interessada.
A ausência da apontada informação é essencial para que a manifestante exerça seu direito à ampla defesa e ao contraditório, relativamente à compensação glosada no presente processo, o que acarreta na necessária decretação da nulidade de despacho decisório contraditado (art. 5º, inc. LV, CF).
O prejuízo à defesa do contribuinte é apontado com clareza em lição de Leandro Pausen, conforme doutrina reproduzida.
Evidente, portanto, que o ato administrativo combatido não apresenta os elementos indispensáveis à determinação do montante de créditos do PIS/Pasep e da Cofins glosados e, em razão disso, à redução do saldo negativo utilizado na compensação parcialmente homologada, configurando nítida violação aos artigos 9º e 10, inc. V, do Decreto nº 70.235, de 1972, entendimento que já foi acolhido pelo CARF (Acórdão nº 303-34619, de 16/08/2007).
Razões de Mérito Desse ponto em diante, passou a apresentar as razões de mérito que a ser ver levarão à reforma do despacho decisório, as quais foram assim distribuídas:
- Do necessário sobrestamento do processo em face da pendência de decisão final nos autos dos processos administrativos de nºs 11080.903819/2013-27 e 11080.731521/2012-28 Motivo condicionante e artigo 151, III, do CTN;
- Do direito ao crédito sobre despesas aduaneiras (incluindo transporte/frete); e
- Glosas de crédito em duplicidade no que tange aos pagamentos realizados às empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro (DHL e UPS). No que toca à questão do sobrestamento, registrou ser cediço e pacificado na doutrina e na jurisprudência que tanto as manifestações de inconformidade quanto os recursos têm o condão de suspender a exigibilidade dos créditos tributários (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, c/c art. 151, III, CTN).
No caso em tela, o saldo negativo glosado decorreu da homologação parcial de estimativa de julho de 2009 que foi compensada com crédito da Cofins do 3º semestre de 2008, tratando-se de ato administrativo em relação ao qual a pessoa jurídica apresentou a sua manifestação de inconformidade, como pode ser observado no processo 11080.903819/2013-27.
Dessa maneira, o despacho decisório neste processo combatido desconsiderou a discussão administrativa ainda pendente de decisão definitiva, relativamente à homologação parcial da estimativa compensada que entrou no cômputo do saldo negativo de 2009.
No entender do agente fiscal é possível que um débito com exigibilidade suspensa permita, de imediato, a redução de créditos favoráveis ao contribuinte, o que representa a exigência de um débito suspenso, em evidente e literal contrariedade ao que dispõem a Lei nº 9.430, de 1996, e o CTN.
Se a requerente está discutindo o crédito da Cofins que entende ter direito e que foi usado para compensar a estimativa que deu azo ao saldo negativo, o processo iniciado a partir da presente manifestação de inconformidade deve ser suspenso, sob pena de se correr o risco de decisões e cobranças contraditórias.
Caso a interessada logre êxito nos autos do 11080.903819/2013-27, o saldo negativo ora debatido restará restabelecido e o que o despacho decisório combatido perderá a sua razão de ser, devendo o presente processo ser suspenso até que no outro ocorra uma decisão definitiva.
Ademais, analisando-se o processo 11080.903819/2013-27 vê-se que parcela dos créditos da Cofins foi glosada em razão de um outro processo administrativo, o de nº 11080.731521/2012-28, contendo auto de infração do IRPJ e reflexos, em que a autoridade fiscal arbitrou o resultado do ano-calendário 2007.
A consequência disso foi a alteração da modalidade de apuração da Cofins do regime não-cumulativo para o regime cumulativo, o que reduziu o saldo credor da manifestante para os anos-calendário 2008 e 2009. O processo que trata do IRPJ e reflexos também foi impugnado pela interessada, situação a demonstrar que o crédito tributário lá lançado também está com a sua exigibilidade suspensa.
Estando a empresa discutindo a decisão que determinou o arbitramento do lucro e a alteração do regime da Cofins do não-cumulativo para o cumulativo, tem-se mais uma razão para que o processo 11080.903819/2013-27, assim como o presente, sejam suspensos, única medida possível para que as decisões sejam compatíveis entre si.
Nesse sentido, a jurisprudência encontrada no TRF da 4ª Região.
Finalizou suas considerações acerca da necessidade do sobrestamento do presente julgamento com a seguinte assertiva:
Ante todo o exposto, não há o que tergiversar; enquanto tramitarem os processos relativos às compensações de COFINS (3o trimestre de 2008) com IRPJ relativo a julho de 2009 (processo n° 11080.903819/2013-27) e o processo que determinou a mudança do regime de apuração de COFINS de não-cumulativo para cumulativo (processo n° 11080-731.521/2012-28), não pode o Fisco, com fundamento na homologação parcial de compensação objeto do processo n° 11080.903819/2013-27 (no caso, a DCOMP 17485.93389.078510.L3.77-4080) e no auto de lançamento objeto do processo n° 11080-731,521/2012-28, glosar créditos, indeferir de plano compensações que utilizaram tais créditos e proceder com a cobrança destes, antes de findos aqueles processos administrativos.
Assim, requer a Manifestante que o presente processo permaneça sobrestado até que exarada decisão final administrativa nos autos dos processos n°s 11080.903819/2013-27 e 11080.731521/2012-28, sob pena de violação às disposições do artigo 151, III do CTN.
A partir desse ponto em diante, passou a abordar as duas temáticas pertinentes ao reconhecimento parcial do crédito da Cofins do 3º (terceiro) trimestre de 2008, matéria tratada no processo 11080.903819/2013-27:
IV.2 Do direito ao crédito sobre despesas aduaneiras (incluindo transporte/frete); e
IV.3 Das glosas em duplicidade no que tangem aos pagamentos realizados para empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro (DHL e UPS).
Ao final de tudo, formulou as seguintes conclusões e requerimentos:
(i) Preliminarmente, o reconhecimento da nulidade do presente despacho decisorio em face do evidente cerceamento de defesa em relação à redução do saldo negativo de IRPJ, devido à glosa de créditos de COFINS pela alteração do regime não-cumulativo para cumulativo de PIS/Pasep e COFINS, que haviam sido utilizados para compensação com estimativas de IRPJ;
Caso não reconhecida a nulidade acima apontada, requer-se o sobrestamento deste processos tendo em vista:
(ii) a evidente conexão entre a presente demanda e o processo n° 11080.731521/2012-28, havendo este último determinado a aplicação do arbitramento do lucro da ora Manifestante para o ano de 2008, implicando, por consequência, a alteração do regime não-cumulativo para o cumulativo de PIS/Pasep e COFINS e extinguindo a possibilidade de a ora Manifestante aproveitar créditos de tais contribuições apropriados em 2007, os quais, por sua vez afetaram o montante de créditos disponíveis em 2008, as compensações de tais créditos com estimativas de IRPJ de 2009 e , finalmente, o saldo negativo de IRPJ de 2010;
(iii) a perfeita identidade da presente demanda com o processo n° 11080.903819/2013-27, tanto em relação às razões, quanto em relação aos períodos e tributos no que tange à suposta inexistência de créditos decorrentes de pagamentos de despacho aduaneiro.
Ainda, caso os julgadores desta Delegacia Regional de Julgamento decidam pelo prosseguimento e julgamento da demanda mesmo ante as implicações acima descritas, requer a Manifestante:
(iv) a reversão da glosa de créditos de COFINS em relação às despesas aduaneiras incorridas pela ora Manifestante durante o 3o trimestre de 2008, com a consequente majoração do saldo negativo de IRPJ de 2010; e, por fim;
(v) o adiamento das glosas de crédito em duplicidade no que tange aos pagamentos realzados às empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro ("DHL" e "UPS"), com a consequente majoração do saldo negativo de IRPJ de 2010.
Requer, por fim, a produção de todos os meios de prova em direito admitidas, em especial ajuntada posterior de documentos relacionados aos fatos tratados no presente feito.
Ainda, requer a aplicação de efeito suspensivo, nos termos dos art. 74, §11, da Lei 9.430/96 combinado com o art. 151, III, do CTN em relação ao crédito tributário em discussão na DCOMP referida pelo Despacho Decisório discutido.
É o que se tem a relatar.
Processada a Defesa, foi proferido pela 3ª Turma da DRJ/FOR o v. Acórdão, ora recorrido, negando provimento às razões apresentadas, mantendo o r. Despacho Decisório recorrido:
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
SALDO NEGATIVO. NÃO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. ESTIMATIVA COMPENSADA. NÃO HOMOLOGAÇÃO OU HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DA COMPENSAÇÃO. QUESTÃO PENDENTE DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DOS ATRIBUTOS DE CERTEZA E DE LIQUIDEZ.
A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Ausentes os atributos de certeza e de liquidez, dada a inexistência de decisão administrativa definitiva, a respeito do direito creditório utilizado na compensação da estimativa, não há como se reconhecer o direito creditório pertinente ao saldo negativo.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
DESPACHO DECISÓRIO SUCINTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DISPONIBILIZAÇÃO DE DEMONSTRATIVO CONTENDO OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS AO PLENO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO.
O demonstrativo de análise do crédito disponibilizado eletronicamente ao sujeito passivo, quando da notificação do despacho decisório contestado, possui aptidão suficiente para o pleno exercício do direito de defesa da requerente, entendimento que se mostra ratificado pelas teses que se fazem presentes na peça contestatória por este colegiado analisadas.
Manifestação de Inconformidade Improcedente
Direito Creditório Não Reconhecido
Diante de tal revés, foi interposto o Recurso Voluntário, em suma, abandonando as alegações meritórias referentes às outras compensações das quais a presente DCOMP depende, mas trazendo alegações de nulidade dos débitos correspondentes à compensação aqui não homologada, em razão de duplicidade de sua exigência, a nulidade do v. Acórdão por cerceamento de defesa e a relação de prejudicialidade com a demanda que envolve o crédito oriundo da estimativa de julho de 2009.
Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar.
É o relatório.
Nome do relator: CAIO CESAR NADER QUINTELLA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, sobrestar o presente julgamento deste processo até prolatação de Acórdão meritório definitivo, nesta mesma instância do CARF nos autos do processo nº 11080.903819/2013-27, vencido o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves que votou pelo sobrestamento até decisão definitiva no âmbito administrativo. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Relatório Trata-se de Recurso Voluntário (fls. 328 a 348) interposto contra v. Acórdão (fls. 306 a 319) proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Fortaleza/CE, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls. 02 a 289), mantendo o r. Despacho Decisório (fls. 297 a 301) que expressamente deixou de reconhecer, parcialmente, o suposto crédito de IRPJ oriundo de saldo negativo do ano-calendário de 2009. Em resumo, a parcela ainda controversa do crédito pretendido por meio da PER/DCOMP nº 38145.79172.311001.1.3.02-7526 refere-se a R$ 902.105,44, referente ao não reconhecimento de estimativa compensada. Como mencionado, tal monta denegada refere-se à estimativa de IRPJ de julho de 2009, a qual foi saldada com crédito COFINS por meio de outra DCOMP, igualmente não homologada, que é objeto do processo administrativo nº 11080.903819/2013-27, ainda não findado. Por muito bem resumir o início da lide, adota-se a seguir trechos do preciso relatório elaborado pela DRJ a quo: Tem-se no presente o Despacho Decisório nº de rastreamento 079282566, fl. 297, tratando-se de ato administrativo que não reconheceu o direito creditório evidenciado no PER/DCOMP nº 38145.79172.311001.1.3.02-7526, fls. 291/296, concernente ao saldo negativo de IRPJ do ano-calendário 2009, exercício 2010, o que se deu na forma a seguir reproduzida: A pessoa jurídica postulou o crédito de R$ 11.296.201,95, que foi reconhecido de forma parcial pela autoridade administrativa competente para a apreciação da matéria, o que se manifestou no valor de R$ 10.394.096,51. O resultado se deu em razão da confirmação apenas parcial de estimativas informadas pela interessada, tudo conforme abaixo quantificado: Demais Estimativas Compensadas: R$ 47.037.339,38 (valor informado) R$ 46.135.234,24 (valor reconhecido) = R$ 902.105,14 (valor não reconhecido) Dessa forma, o crédito reconhecido foi insuficiente para compensar os débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual a compensação informada pelo sujeito passivo foi homologada de maneira parcial, restando exigível a seguinte quantia: R$ 779.815,28 + R$ 155.963,05 + R$ 224.898,72 = R$ 1.160.677,05 (total exigido) A notificação da pessoa jurídica pela via postal se deu no dia 15/04/2014, fl. 302. Irresignada com o que foi deliberado, em 15/05/2014 a pessoa jurídica apresentou a sua manifestação de inconformidade, fls. 02/20, documento em que teceu as considerações a seguir apresentadas. Preliminar de nulidade Cerceamento do direito de defesa A homologação parcial da compensação decorrente do saldo negativo de IRPJ do ano-calendário 2009 teve por fundamento a homologação igualmente parcial da compensação manifestada no PER/DCOMP nº 17485.93389.070510.1.3.11-4080, contendo crédito da Cofins Não-Cumulativa do 3º (terceiro) trimestre de 2008, utilizado pela requerente para compensar débito da estimativa de IRPJ de julho de 2009. No entanto, não foram apresentados os cálculos das glosas dos créditos da Cofins que impactaram no valor pela Fazenda Nacional apurado para o saldo negativo do IRPJ do exercício 2010. Assim, o agente fiscal não trouxe aos autos elemento essencial a ser analisado, revisado e eventualmente contestado pela ora manifestante. Limitou-se o representante fazendário a reproduzir os valores que não foram homologados das compensações das estimativas utilizadas na quantificação do saldo negativo de 2009, sem demonstrar os motivos que levaram ao não reconhecimento da integralidade dos créditos utilizados pela pessoa jurídica interessada. A ausência da apontada informação é essencial para que a manifestante exerça seu direito à ampla defesa e ao contraditório, relativamente à compensação glosada no presente processo, o que acarreta na necessária decretação da nulidade de despacho decisório contraditado (art. 5º, inc. LV, CF). O prejuízo à defesa do contribuinte é apontado com clareza em lição de Leandro Pausen, conforme doutrina reproduzida. Evidente, portanto, que o ato administrativo combatido não apresenta os elementos indispensáveis à determinação do montante de créditos do PIS/Pasep e da Cofins glosados e, em razão disso, à redução do saldo negativo utilizado na compensação parcialmente homologada, configurando nítida violação aos artigos 9º e 10, inc. V, do Decreto nº 70.235, de 1972, entendimento que já foi acolhido pelo CARF (Acórdão nº 303-34619, de 16/08/2007). Razões de Mérito Desse ponto em diante, passou a apresentar as razões de mérito que a ser ver levarão à reforma do despacho decisório, as quais foram assim distribuídas: - Do necessário sobrestamento do processo em face da pendência de decisão final nos autos dos processos administrativos de nºs 11080.903819/2013-27 e 11080.731521/2012-28 Motivo condicionante e artigo 151, III, do CTN; - Do direito ao crédito sobre despesas aduaneiras (incluindo transporte/frete); e - Glosas de crédito em duplicidade no que tange aos pagamentos realizados às empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro (DHL e UPS). No que toca à questão do sobrestamento, registrou ser cediço e pacificado na doutrina e na jurisprudência que tanto as manifestações de inconformidade quanto os recursos têm o condão de suspender a exigibilidade dos créditos tributários (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, c/c art. 151, III, CTN). No caso em tela, o saldo negativo glosado decorreu da homologação parcial de estimativa de julho de 2009 que foi compensada com crédito da Cofins do 3º semestre de 2008, tratando-se de ato administrativo em relação ao qual a pessoa jurídica apresentou a sua manifestação de inconformidade, como pode ser observado no processo 11080.903819/2013-27. Dessa maneira, o despacho decisório neste processo combatido desconsiderou a discussão administrativa ainda pendente de decisão definitiva, relativamente à homologação parcial da estimativa compensada que entrou no cômputo do saldo negativo de 2009. No entender do agente fiscal é possível que um débito com exigibilidade suspensa permita, de imediato, a redução de créditos favoráveis ao contribuinte, o que representa a exigência de um débito suspenso, em evidente e literal contrariedade ao que dispõem a Lei nº 9.430, de 1996, e o CTN. Se a requerente está discutindo o crédito da Cofins que entende ter direito e que foi usado para compensar a estimativa que deu azo ao saldo negativo, o processo iniciado a partir da presente manifestação de inconformidade deve ser suspenso, sob pena de se correr o risco de decisões e cobranças contraditórias. Caso a interessada logre êxito nos autos do 11080.903819/2013-27, o saldo negativo ora debatido restará restabelecido e o que o despacho decisório combatido perderá a sua razão de ser, devendo o presente processo ser suspenso até que no outro ocorra uma decisão definitiva. Ademais, analisando-se o processo 11080.903819/2013-27 vê-se que parcela dos créditos da Cofins foi glosada em razão de um outro processo administrativo, o de nº 11080.731521/2012-28, contendo auto de infração do IRPJ e reflexos, em que a autoridade fiscal arbitrou o resultado do ano-calendário 2007. A consequência disso foi a alteração da modalidade de apuração da Cofins do regime não-cumulativo para o regime cumulativo, o que reduziu o saldo credor da manifestante para os anos-calendário 2008 e 2009. O processo que trata do IRPJ e reflexos também foi impugnado pela interessada, situação a demonstrar que o crédito tributário lá lançado também está com a sua exigibilidade suspensa. Estando a empresa discutindo a decisão que determinou o arbitramento do lucro e a alteração do regime da Cofins do não-cumulativo para o cumulativo, tem-se mais uma razão para que o processo 11080.903819/2013-27, assim como o presente, sejam suspensos, única medida possível para que as decisões sejam compatíveis entre si. Nesse sentido, a jurisprudência encontrada no TRF da 4ª Região. Finalizou suas considerações acerca da necessidade do sobrestamento do presente julgamento com a seguinte assertiva: Ante todo o exposto, não há o que tergiversar; enquanto tramitarem os processos relativos às compensações de COFINS (3o trimestre de 2008) com IRPJ relativo a julho de 2009 (processo n° 11080.903819/2013-27) e o processo que determinou a mudança do regime de apuração de COFINS de não-cumulativo para cumulativo (processo n° 11080-731.521/2012-28), não pode o Fisco, com fundamento na homologação parcial de compensação objeto do processo n° 11080.903819/2013-27 (no caso, a DCOMP 17485.93389.078510.L3.77-4080) e no auto de lançamento objeto do processo n° 11080-731,521/2012-28, glosar créditos, indeferir de plano compensações que utilizaram tais créditos e proceder com a cobrança destes, antes de findos aqueles processos administrativos. Assim, requer a Manifestante que o presente processo permaneça sobrestado até que exarada decisão final administrativa nos autos dos processos n°s 11080.903819/2013-27 e 11080.731521/2012-28, sob pena de violação às disposições do artigo 151, III do CTN. A partir desse ponto em diante, passou a abordar as duas temáticas pertinentes ao reconhecimento parcial do crédito da Cofins do 3º (terceiro) trimestre de 2008, matéria tratada no processo 11080.903819/2013-27: IV.2 Do direito ao crédito sobre despesas aduaneiras (incluindo transporte/frete); e IV.3 Das glosas em duplicidade no que tangem aos pagamentos realizados para empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro (DHL e UPS). Ao final de tudo, formulou as seguintes conclusões e requerimentos: (i) Preliminarmente, o reconhecimento da nulidade do presente despacho decisorio em face do evidente cerceamento de defesa em relação à redução do saldo negativo de IRPJ, devido à glosa de créditos de COFINS pela alteração do regime não-cumulativo para cumulativo de PIS/Pasep e COFINS, que haviam sido utilizados para compensação com estimativas de IRPJ; Caso não reconhecida a nulidade acima apontada, requer-se o sobrestamento deste processos tendo em vista: (ii) a evidente conexão entre a presente demanda e o processo n° 11080.731521/2012-28, havendo este último determinado a aplicação do arbitramento do lucro da ora Manifestante para o ano de 2008, implicando, por consequência, a alteração do regime não-cumulativo para o cumulativo de PIS/Pasep e COFINS e extinguindo a possibilidade de a ora Manifestante aproveitar créditos de tais contribuições apropriados em 2007, os quais, por sua vez afetaram o montante de créditos disponíveis em 2008, as compensações de tais créditos com estimativas de IRPJ de 2009 e , finalmente, o saldo negativo de IRPJ de 2010; (iii) a perfeita identidade da presente demanda com o processo n° 11080.903819/2013-27, tanto em relação às razões, quanto em relação aos períodos e tributos no que tange à suposta inexistência de créditos decorrentes de pagamentos de despacho aduaneiro. Ainda, caso os julgadores desta Delegacia Regional de Julgamento decidam pelo prosseguimento e julgamento da demanda mesmo ante as implicações acima descritas, requer a Manifestante: (iv) a reversão da glosa de créditos de COFINS em relação às despesas aduaneiras incorridas pela ora Manifestante durante o 3o trimestre de 2008, com a consequente majoração do saldo negativo de IRPJ de 2010; e, por fim; (v) o adiamento das glosas de crédito em duplicidade no que tange aos pagamentos realzados às empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro ("DHL" e "UPS"), com a consequente majoração do saldo negativo de IRPJ de 2010. Requer, por fim, a produção de todos os meios de prova em direito admitidas, em especial ajuntada posterior de documentos relacionados aos fatos tratados no presente feito. Ainda, requer a aplicação de efeito suspensivo, nos termos dos art. 74, §11, da Lei 9.430/96 combinado com o art. 151, III, do CTN em relação ao crédito tributário em discussão na DCOMP referida pelo Despacho Decisório discutido. É o que se tem a relatar. Processada a Defesa, foi proferido pela 3ª Turma da DRJ/FOR o v. Acórdão, ora recorrido, negando provimento às razões apresentadas, mantendo o r. Despacho Decisório recorrido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 SALDO NEGATIVO. NÃO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. ESTIMATIVA COMPENSADA. NÃO HOMOLOGAÇÃO OU HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DA COMPENSAÇÃO. QUESTÃO PENDENTE DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DOS ATRIBUTOS DE CERTEZA E DE LIQUIDEZ. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Ausentes os atributos de certeza e de liquidez, dada a inexistência de decisão administrativa definitiva, a respeito do direito creditório utilizado na compensação da estimativa, não há como se reconhecer o direito creditório pertinente ao saldo negativo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 DESPACHO DECISÓRIO SUCINTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DISPONIBILIZAÇÃO DE DEMONSTRATIVO CONTENDO OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS AO PLENO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO. O demonstrativo de análise do crédito disponibilizado eletronicamente ao sujeito passivo, quando da notificação do despacho decisório contestado, possui aptidão suficiente para o pleno exercício do direito de defesa da requerente, entendimento que se mostra ratificado pelas teses que se fazem presentes na peça contestatória por este colegiado analisadas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Diante de tal revés, foi interposto o Recurso Voluntário, em suma, abandonando as alegações meritórias referentes às outras compensações das quais a presente DCOMP depende, mas trazendo alegações de nulidade dos débitos correspondentes à compensação aqui não homologada, em razão de duplicidade de sua exigência, a nulidade do v. Acórdão por cerceamento de defesa e a relação de prejudicialidade com a demanda que envolve o crédito oriundo da estimativa de julho de 2009. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório.
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Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, sobrestar o presente julgamento deste processo até prolatação de Acórdão meritório definitivo, nesta mesma instância do CARF nos autos do processo nº 11080.903819/201327, vencido o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves que votou pelo sobrestamento até decisão definitiva no âmbito administrativo. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente Substituto. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 80 .9 01 30 1/ 20 14 -3 0 Fl. 350DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 351 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 328 a 348) interposto contra v. Acórdão (fls. 306 a 319) proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Fortaleza/CE, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls. 02 a 289), mantendo o r. Despacho Decisório (fls. 297 a 301) que expressamente deixou de reconhecer, parcialmente, o suposto crédito de IRPJ oriundo de saldo negativo do anocalendário de 2009. Em resumo, a parcela ainda controversa do crédito pretendido por meio da PER/DCOMP nº 38145.79172.311001.1.3.027526 referese a R$ 902.105,44, referente ao não reconhecimento de estimativa compensada. Como mencionado, tal monta denegada referese à estimativa de IRPJ de julho de 2009, a qual foi saldada com crédito COFINS por meio de outra DCOMP, igualmente não homologada, que é objeto do processo administrativo nº 11080.903819/201327, ainda não findado. Por muito bem resumir o início da lide, adotase a seguir trechos do preciso relatório elaborado pela DRJ a quo: Temse no presente o Despacho Decisório nº de rastreamento 079282566, fl. 297, tratandose de ato administrativo que não reconheceu o direito creditório evidenciado no PER/DCOMP nº 38145.79172.311001.1.3.027526, fls. 291/296, concernente ao saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2009, exercício 2010, o que se deu na forma a seguir reproduzida: Fl. 351DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 352 3 A pessoa jurídica postulou o crédito de R$ 11.296.201,95, que foi reconhecido de forma parcial pela autoridade administrativa competente para a apreciação da matéria, o que se manifestou no valor de R$ 10.394.096,51. O resultado se deu em razão da confirmação apenas parcial de estimativas informadas pela interessada, tudo conforme abaixo quantificado: Demais Estimativas Compensadas: R$ 47.037.339,38 (valor informado) – R$ 46.135.234,24 (valor reconhecido) = R$ 902.105,14 (valor não reconhecido) Dessa forma, o crédito reconhecido foi insuficiente para compensar os débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual a compensação informada pelo sujeito passivo foi homologada de maneira parcial, restando exigível a seguinte quantia: R$ 779.815,28 + R$ 155.963,05 + R$ 224.898,72 = R$ 1.160.677,05 (total exigido) A notificação da pessoa jurídica pela via postal se deu no dia 15/04/2014, fl. 302. Irresignada com o que foi deliberado, em 15/05/2014 a pessoa jurídica apresentou a sua manifestação de inconformidade, fls. 02/20, documento em que teceu as considerações a seguir apresentadas. Preliminar de nulidade – Cerceamento do direito de defesa A homologação parcial da compensação decorrente do saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2009 teve por fundamento a homologação igualmente parcial da compensação manifestada no PER/DCOMP nº 17485.93389.070510.1.3.114080, contendo crédito da Cofins Não Cumulativa do 3º (terceiro) trimestre de 2008, utilizado pela requerente para compensar débito da estimativa de IRPJ de julho de 2009. No entanto, não foram apresentados os cálculos das glosas dos créditos da Cofins que impactaram no valor pela Fazenda Nacional apurado para o saldo negativo do IRPJ do exercício 2010. Assim, o agente fiscal não trouxe aos autos elemento essencial a ser analisado, revisado e eventualmente contestado pela ora manifestante. Limitouse o representante fazendário a reproduzir os valores que não foram homologados das compensações das estimativas utilizadas na quantificação do saldo negativo de 2009, sem demonstrar os motivos que levaram ao não reconhecimento da integralidade dos créditos utilizados pela pessoa jurídica interessada. A ausência da apontada informação é essencial para que a manifestante exerça seu direito à ampla defesa e ao contraditório, relativamente à compensação glosada no presente processo, o que acarreta na necessária decretação da nulidade de despacho decisório contraditado (art. 5º, inc. LV, CF). O prejuízo à defesa do contribuinte é apontado com clareza em lição de Leandro Pausen, conforme doutrina reproduzida. Fl. 352DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 353 4 Evidente, portanto, que o ato administrativo combatido não apresenta os elementos indispensáveis à determinação do montante de créditos do PIS/Pasep e da Cofins glosados e, em razão disso, à redução do saldo negativo utilizado na compensação parcialmente homologada, configurando nítida violação aos artigos 9º e 10, inc. V, do Decreto nº 70.235, de 1972, entendimento que já foi acolhido pelo CARF (Acórdão nº 30334619, de 16/08/2007). Razões de Mérito Desse ponto em diante, passou a apresentar as razões de mérito que a ser ver levarão à reforma do despacho decisório, as quais foram assim distribuídas: Do necessário sobrestamento do processo em face da pendência de decisão final nos autos dos processos administrativos de nºs 11080.903819/201327 e 11080.731521/201228 – Motivo condicionante e artigo 151, III, do CTN; Do direito ao crédito sobre despesas aduaneiras (incluindo transporte/frete); e Glosas de crédito em duplicidade no que tange aos pagamentos realizados às empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro (“DHL” e “UPS”). No que toca à questão do sobrestamento, registrou ser cediço e pacificado na doutrina e na jurisprudência que tanto as manifestações de inconformidade quanto os recursos têm o condão de suspender a exigibilidade dos créditos tributários (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, c/c art. 151, III, CTN). No caso em tela, o saldo negativo glosado decorreu da homologação parcial de estimativa de julho de 2009 que foi compensada com crédito da Cofins do 3º semestre de 2008, tratandose de ato administrativo em relação ao qual a pessoa jurídica apresentou a sua manifestação de inconformidade, como pode ser observado no processo 11080.903819/201327. Dessa maneira, o despacho decisório neste processo combatido desconsiderou a discussão administrativa ainda pendente de decisão definitiva, relativamente à homologação parcial da estimativa compensada que entrou no cômputo do saldo negativo de 2009. No entender do agente fiscal é possível que um débito com exigibilidade suspensa permita, de imediato, a redução de créditos favoráveis ao contribuinte, o que representa a exigência de um débito suspenso, em evidente e literal contrariedade ao que dispõem a Lei nº 9.430, de 1996, e o CTN. Se a requerente está discutindo o crédito da Cofins que entende ter direito e que foi usado para compensar a estimativa que deu azo ao saldo negativo, o processo iniciado a partir da presente manifestação de inconformidade deve ser suspenso, sob pena de se correr o risco de decisões e cobranças contraditórias. Caso a interessada logre êxito nos autos do 11080.903819/201327, o saldo negativo ora debatido restará restabelecido e o que o despacho decisório combatido perderá a sua razão de ser, devendo o presente processo ser suspenso até que no outro ocorra uma decisão definitiva. Fl. 353DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 354 5 Ademais, analisandose o processo 11080.903819/201327 vêse que parcela dos créditos da Cofins foi glosada em razão de um outro processo administrativo, o de nº 11080.731521/201228, contendo auto de infração do IRPJ e reflexos, em que a autoridade fiscal arbitrou o resultado do anocalendário 2007. A consequência disso foi a alteração da modalidade de apuração da Cofins do regime nãocumulativo para o regime cumulativo, o que reduziu o saldo credor da manifestante para os anoscalendário 2008 e 2009. O processo que trata do IRPJ e reflexos também foi impugnado pela interessada, situação a demonstrar que o crédito tributário lá lançado também está com a sua exigibilidade suspensa. Estando a empresa discutindo a decisão que determinou o arbitramento do lucro e a alteração do regime da Cofins do não cumulativo para o cumulativo, temse mais uma razão para que o processo 11080.903819/201327, assim como o presente, sejam suspensos, única medida possível para que as decisões sejam compatíveis entre si. Nesse sentido, a jurisprudência encontrada no TRF da 4ª Região. Finalizou suas considerações acerca da necessidade do sobrestamento do presente julgamento com a seguinte assertiva: Ante todo o exposto, não há o que tergiversar; enquanto tramitarem os processos relativos às compensações de COFINS (3o trimestre de 2008) com IRPJ relativo a julho de 2009 (processo n° 11080.903819/201327) e o processo que determinou a mudança do regime de apuração de COFINS de nãocumulativo para cumulativo (processo n° 11080 731.521/201228), não pode o Fisco, com fundamento na homologação parcial de compensação objeto do processo n° 11080.903819/201327 (no caso, a DCOMP 17485.93389.078510.L3.774080) e no auto de lançamento objeto do processo n° 11080731,521/201228, glosar créditos, indeferir de plano compensações que utilizaram tais créditos e proceder com a cobrança destes, antes de findos aqueles processos administrativos. Assim, requer a Manifestante que o presente processo permaneça sobrestado até que exarada decisão final administrativa nos autos dos processos n°s 11080.903819/201327 e 11080.731521/201228, sob pena de violação às disposições do artigo 151, III do CTN. A partir desse ponto em diante, passou a abordar as duas temáticas pertinentes ao reconhecimento parcial do crédito da Cofins do 3º (terceiro) trimestre de 2008, matéria tratada no processo 11080.903819/201327: IV.2 – Do direito ao crédito sobre despesas aduaneiras (incluindo transporte/frete); e IV.3 – Das glosas em duplicidade no que tangem aos pagamentos realizados para empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro (“DHL” e “UPS”). Ao final de tudo, formulou as seguintes conclusões e requerimentos: Fl. 354DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 355 6 (i) Preliminarmente, o reconhecimento da nulidade do presente despacho decisorio em face do evidente cerceamento de defesa em relação à redução do saldo negativo de IRPJ, devido à glosa de créditos de COFINS pela alteração do regime nãocumulativo para cumulativo de PIS/Pasep e COFINS, que haviam sido utilizados para compensação com estimativas de IRPJ; Caso não reconhecida a nulidade acima apontada, requerse o sobrestamento deste processos tendo em vista: (ii) a evidente conexão entre a presente demanda e o processo n° 11080.731521/201228, havendo este último determinado a aplicação do arbitramento do lucro da ora Manifestante para o ano de 2008, implicando, por consequência, a alteração do regime nãocumulativo para o cumulativo de PIS/Pasep e COFINS e extinguindo a possibilidade de a ora Manifestante aproveitar créditos de tais contribuições apropriados em 2007, os quais, por sua vez afetaram o montante de créditos disponíveis em 2008, as compensações de tais créditos com estimativas de IRPJ de 2009 e , finalmente, o saldo negativo de IRPJ de 2010; (iii) a perfeita identidade da presente demanda com o processo n° 11080.903819/201327, tanto em relação às razões, quanto em relação aos períodos e tributos no que tange à suposta inexistência de créditos decorrentes de pagamentos de despacho aduaneiro. Ainda, caso os julgadores desta Delegacia Regional de Julgamento decidam pelo prosseguimento e julgamento da demanda mesmo ante as implicações acima descritas, requer a Manifestante: (iv) a reversão da glosa de créditos de COFINS em relação às despesas aduaneiras incorridas pela ora Manifestante durante o 3o trimestre de 2008, com a consequente majoração do saldo negativo de IRPJ de 2010; e, por fim; (v) o adiamento das glosas de crédito em duplicidade no que tange aos pagamentos realzados às empresas responsáveis pelo desembaraço aduaneiro ("DHL" e "UPS"), com a consequente majoração do saldo negativo de IRPJ de 2010. Requer, por fim, a produção de todos os meios de prova em direito admitidas, em especial ajuntada posterior de documentos relacionados aos fatos tratados no presente feito. Ainda, requer a aplicação de efeito suspensivo, nos termos dos art. 74, §11, da Lei 9.430/96 combinado com o art. 151, III, do CTN em relação ao crédito tributário em discussão na DCOMP referida pelo Despacho Decisório discutido. É o que se tem a relatar. Processada a Defesa, foi proferido pela 3ª Turma da DRJ/FOR o v. Acórdão, ora recorrido, negando provimento às razões apresentadas, mantendo o r. Despacho Decisório recorrido: Fl. 355DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 356 7 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 SALDO NEGATIVO. NÃO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. ESTIMATIVA COMPENSADA. NÃO HOMOLOGAÇÃO OU HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DA COMPENSAÇÃO. QUESTÃO PENDENTE DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DOS ATRIBUTOS DE CERTEZA E DE LIQUIDEZ. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Ausentes os atributos de certeza e de liquidez, dada a inexistência de decisão administrativa definitiva, a respeito do direito creditório utilizado na compensação da estimativa, não há como se reconhecer o direito creditório pertinente ao saldo negativo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 DESPACHO DECISÓRIO SUCINTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DISPONIBILIZAÇÃO DE DEMONSTRATIVO CONTENDO OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS AO PLENO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO. O demonstrativo de análise do crédito disponibilizado eletronicamente ao sujeito passivo, quando da notificação do despacho decisório contestado, possui aptidão suficiente para o pleno exercício do direito de defesa da requerente, entendimento que se mostra ratificado pelas teses que se fazem presentes na peça contestatória por este colegiado analisadas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Diante de tal revés, foi interposto o Recurso Voluntário, em suma, abandonando as alegações meritórias referentes às outras compensações das quais a presente DCOMP depende, mas trazendo alegações de nulidade dos débitos correspondentes à compensação aqui não homologada, em razão de duplicidade de sua exigência, a nulidade do v. Acórdão por cerceamento de defesa e a relação de prejudicialidade com a demanda que envolve o crédito oriundo da estimativa de julho de 2009. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 357 8 É o relatório. Fl. 357DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 358 9 Voto Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella Relator O Recurso Voluntário é manifestamente tempestivo e sua matéria se enquadra na competência desse N. Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. Inicialmente alega a Recorrente que a não homologação da DCOMP agora sob análise, diante da justificativa de que a compensação da estimativa de IRPJ de julho de 2009, debatida nos autos do processo administrativo nº 11080.903819/201327, foi inicialmente denegada, conjuntamente com a rejeição da apreciação das razões meritórias de procedência do crédito e consequentemente da homologação daquela outra compensação pretendida, deixoua em um beco sem saída, não admitindo qualquer forma de defesa das compensações, fazendo tábula raza do direito de defesa. Desse modo, o v. Acórdão deveria ser cassado. Não assiste razão à Recorrente nesse ponto. Ainda que, realmente, as circunstâncias fáticas envolvidas no caso condicionem a homologação da compensação gora sob verificação à procedência daquela outra que saldou a estimativa de IRPJ de julho de 2009, formando a integralidade do saldo negativo utilizado, não se verifica, por parte da N. Instância a quo, qualquer violação à ampla defesa e ao contraditório legalmente conferidos à Contribuinte. Primeiro, como expressamente consta do v. Julgado, no entender daquela DRJ, o fato da compensação debatida no processo administrativo nº 11080.903819/201327 não ter sido homologada pela Unidade Local e ainda estar sob trâmite administrativo, faz com a parcela controversa do crédito utilizado não apresente a necessária certeza e liquidez, nos termos do art. 170 do CTN. Não há qualquer vício em tal posição que possa ensejar a nulidade do v. Acórdão que fora devidamente fundamentado e atendeu a todas formalidades legais. Fl. 358DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 359 10 Em relação ao não conhecimento das matérias referentes à procedência do crédito empregado naquela outra compensação e a sua necessidade de homologação revelando, assim, a procedência deste pleito compensatório em tela justificou a DRJ seu não conhecimento no fato de tal tema ser objeto de outro processo administrativo, autônomo e individual, não sendo de sua competência promover um novo julgamento, tendo em vista que naqueles autos já existe decisão própria da 1ª Instância administrativa. Igualmente, não há qualquer defeito jurídico em tal entender, estando plenamente motivado. A mera divergência em relação às posições adotadas no v. Acórdão recorrido, inclusive o afastamento do pedido de sobrestamento, ainda que dê margem para a devida irresignação recursal, não tem o condão de revestilo de nulo ou motivar sua cassação. Diante disso, rejeitase tal alegação preliminar da Recorrente. Ainda preliminarmente ao mérito, alega a Contribuinte que a não homologação da presente compensação, sob a mesma justificativa de que a DCOMP referente ao processo administrativo nº 11080.903819/201327 foi inicialmente rejeitada e encontrase, ainda, em trâmite administrativo, representaria cobrança em duplicidade. Por tal motivo e considerando que ou será tal crédito reconhecido ou, se negado, a Contribuinte promoverá o pagamento do débito correspondente, deveria, então, aqui ser homologada a compensação que depende de tal outro pleito, evitando a oneração dupla e o indevido enriquecimento da União. Pois bem, o entendimento há muito professado por essa C. 2ª Turma Ordinária é que tal correlação de dependência entre débitos não pode ensejar a denegação da compensação pretendida (como procedeu a DRJ a quo), mas, também, não basta para justificar a homologação da manobra do Contribuinte. Isso porque, de fato, no presente momento, não é ainda líquida e certa esta parcela do crédito empregado na compensação, não podendo, legalmente, confirmarse a satisfação dos débitos saldados pela DCOMP. Fl. 359DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 360 11 E não há aqui propriamente o enriquecimento ilícito da União Federal ou mesmo cobrança de débitos em duplicidade, mas somente um anacronismo na apuração de procedência da cadeia de créditos auferida e declarada pela própria Contribuinte, sendo a mais adequada solução o sobrestamento do feito dependente, sem a resolução instantânea do mérito, como será visto a seguir. Já passando ao enfrentamento do terceiro tópico de alegações da Recorrente, é imperiosa a verificação de relação de conexão e prejudicialidade entre a presente contenda e o processo administrativo nº 11080.903819/201327 (que trata da estimativa de julho de 2009, que formaram o saldo negativo IRPJ). Nesse sentido, a dependência da procedência do crédito pretendido pela Recorrente naquele feito com a homologação da compensação daquela estimativa, objeto do processo administrativo mencionado, não só é fato notório e inquestionável, como também foi a motivação para a denegação da DCOMP no r. Despachos Decisório e pela sua manutenção pela DRJ a quo. Confirase trecho do v. Acórdão recorrido da DRJ: Acontece que o que deverá prevalecer, para o deslinde da controvérsia posta em julgamento, é a situação atual da compensação tratada no processo n° 11080.903819/201327, que é no sentido de sua não homologação e da improcedência da manifestação de inconformidade apresentada, de forma que na presente conjuntura não há como se alterar o que foi decidido no despacho decisório atacado, posto que no julgamento de primeira instância não foi acatado o pedido da pessoa jurídica interessada. Reconhecer o saldo negativo aqui discutido, sem que exista uma decisão administrativa definitiva, decretando a homologação da compensação informada no PER/DCOMP nº 17485.93389.070510.1.3.014080, representaria inquestionável afronta ao caput do art. 170 do CTN, dada a ausência dos atributos da certeza e da liquidez, imprescindíveis para o reconhecimento do direito creditório postulado pelo sujeito passivo, senão vejamos: (...) Portanto, tendo em conta o fato de já haver ocorrido o julgamento em primeira instância da questão relacionada à estimativa de julho/2009 (tratada no processo administrativo de nº 11080.903819/201327, em que foi considerada improcedente a manifestação de inconformidade pela empresa apresentada), o que resta patente no presente julgado é a correção do despacho decisório contraditado. Fl. 360DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 361 12 Claramente, temse aqui uma didática relação de dependência, na forma como leciona Fredie Didier Jr1, na medida que o fundamento causal e a premissa essencial (sine qua non) para a constatação da existência do crédito estampada na DCOMP, ora sob análise, é a homologação de outra Declaração de Compensação, que saldou estimativa de IRPJ no ano calendário de 2009 (dando margem ao saldo negativo utilizado). Por sua vez, o RICARF/MF, no art. 6º do seu Anexo II, faz apenas as seguintes previsões sobre conexão: Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observando se a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas;e III reflexo, constatado entre processos formaliza dos em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. § 3º A distribuição poderá ser requerida pelas partes ou pelo conselheiro que entender estar prevento, e a decisão será proferida por despacho do Presidente da Câmara ou da Seção de Julgamento, conforme a localização do processo. § 4º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III d o § 1º, se o processo principal não estiver localizado no CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para a unidade preparadora, para determinar a vinculação dos autos ao processo principal. § 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o 1 A relação de dependência entre causas pendentes pode ocorrer de duas maneiras: a) uma causa é prejudicial a outra: a solução que se der a uma causa pode interferir na solução que se der a outra; b) uma causa é preliminar a outra: a solução que ser a uma pode impedir o exame da outra. (...) Essa visão autorizanos a concluir pela existência de conexão por prejudicialidade ou preliminaridade: se uma causa é prejudicial/preliminar a outra há conexão e a reunião se exige, respeitados os limites impostos para qualquer reunião. Disponível em: http://www.frediedidier.com.br/artigos/parecerconexaopreliminaridade/ Fl. 361DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 362 13 sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. § 6º Na hipótese prevista no § 4º se não houver recurso a ser apreciado pelo CARF relativo ao processo principal, a unidade preparadora deverá devolver ao colegiado o processo convertido em diligência, juntamente com as informações constantes do processo principal necessárias para a continuidade do julgamento do processo sobrestado. § 7º No caso de conflito de competência entre Seções, caberá ao Presidente do CARF decidir, provocado por resolução ou despacho d o Presidente da Turma que ensejou o conflito. § 8º Incluemse na hipótese prevista no inciso III do § 1º os lançamentos de contribuições previdenciárias realizados em um mesmo procedimento fiscal, com incidências tributárias de diferentes espécies. Como há muito vem decidindo esta C. 2ª Turma Ordinária, por unanimidade, não há como se prosseguir com o julgamento desta pendenga sem o desfecho, pelo menos em mesma instância administrativa, do outro processo. Caso contrário, não só será mantido um profundo anacronismo na apreciação de verdadeira cadeia creditória (esta, fruto das disposições do art. 74 da Lei nº 9.430/96 e regulamentação infralegal), como também poderseia ensejar a indevida denegação precipitada de compensação ulteriomente procedente. Sequer a quantificação do crédito pode ser objeto de aferimento antes da apreciação do crédito debatido naquele outro feito. Como já mencionado, não se está diante de inexistência de crédito, mas sim de verdadeiro obstáculo, lógico e temporal, para tal apuração e confirmação, não podendo simplesmente afastar a pretensão do Contribuinte. Posto isso, temos que o processo administrativo nº 11080.903819/201327 encontrase pendente de distribuição na C. 3ª Seção de E. CARF2. Como acima se observa, não houve em tal contenda a apreciação do mérito da procedência do crédito utilizado pela Contribuinte nessa instância recursal ordinária. 2 http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarInformacoesProcessuais/consultarInformacoesProcessuais .jsf consulta realizada em 01/10/2018. Fl. 362DF CARF MF Processo nº 11080.901301/201430 Resolução nº 1402000.737 S1C4T2 Fl. 363 14 Certamente, em face de tal circunstância e diante da patente relação de dependência preliminar no julgamento daquele outro processo, é racional, lógico e processualmente adequado aqui o sobrestamento do feito até o desfecho meritório, nessa mesma instância, de tal feito como é o entendimento pacífico e absoluto deste N. Colegiado. Por fim, a Recorrente vem informando nos autos, desde a Manifestação de Inconformidade, que o processo administrativo nº 11080.731521/201228 trata de Autuação que abrange o anocalendário de 2009, lançada sob o regime do arbitramento do lucro, cambiando por sua vez a modalidade da apuração das Contribuições Sociais, o que afetaria diretamente os saldos de PIS e COFINS que deram margem ao crédito utilizado na compensação da estimativa de IRPJ de julho daquele mesmo ano. Tal fato também guarda potencial reflexo na procedência de tal compensação a que o presente feito depende, podendo revelar a inexistência de todo o direito creditório envolvido. Consultando o andamento de tal feito, verificase que já houve a prolatação de Acórdão meritório (1301002.203), dando provimento parcial ao Recurso Voluntário lá manejado, para reconhecer a decadência de parte dos débitos apurados. Contudo, tal Julgado ainda é objeto de recurso neste E. CARF3, sendo passível de modificação. Dessa forma, ainda resta plenamente preservada a relação direta de dependência e prejudicialidade, como inicialmente apresentada, com o processos administrativo nº 11080.903819/201327. Diante de todo o exposto, resolvese por sobrestar o presente feito até a prolatação de Acórdão meritório definitivo, nesta mesma instância deste E. CARF, apreciando a procedência do crédito e a homologação da compensação, nos autos do processo administrativo nº 11080.903819/201327, para, somente então, retomarse o julgamento. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella 3 http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarInformacoesProcessuais/exibirProcesso.jsf;jsessionid=1D 22303E23A9AEC6613E6F8BEEF08AD8 consulta efetuada em 01/10/2018. Fl. 363DF CARF MF
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Numero do processo: 13884.902387/2012-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EXCESSO DE PRAZO. INSTRUMENTO DE CONTROLE DA ATIVIDADE FISCAL. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE.
O Mandado de Procedimento Fiscal se constitui em elemento de controle da atividade fiscal, sendo que eventual irregularidade na sua expedição ou renovação não gera nulidade do lançamento. O auto de infração lavrado identificando a matéria tributada e com fundamentação legal correlata (artigo 10 do Decreto nº 70.235/72) não caracterizada a preterição do direito de defesa, devendo ser mantida a autuação.
ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972.
Em processos decorrentes da não-homologação de declaração de compensação, deve o Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito. No âmbito do processo administrativo fiscal, constando perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização integral do crédito para quitação de outro débito, o ônus da prova sobre o direito creditório recai sobre o contribuinte, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.684
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EXCESSO DE PRAZO. INSTRUMENTO DE CONTROLE DA ATIVIDADE FISCAL. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal se constitui em elemento de controle da atividade fiscal, sendo que eventual irregularidade na sua expedição ou renovação não gera nulidade do lançamento. O auto de infração lavrado identificando a matéria tributada e com fundamentação legal correlata (artigo 10 do Decreto nº 70.235/72) não caracterizada a preterição do direito de defesa, devendo ser mantida a autuação. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Em processos decorrentes da não-homologação de declaração de compensação, deve o Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito. No âmbito do processo administrativo fiscal, constando perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização integral do crédito para quitação de outro débito, o ônus da prova sobre o direito creditório recai sobre o contribuinte, aplicando-se o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1879; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13884.902387/201226 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402005.684 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de outubro de 2018 Matéria Compensação Contribuição para o PIS/Pasep Recorrente EMBRAER S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EXCESSO DE PRAZO. INSTRUMENTO DE CONTROLE DA ATIVIDADE FISCAL. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal se constitui em elemento de controle da atividade fiscal, sendo que eventual irregularidade na sua expedição ou renovação não gera nulidade do lançamento. O auto de infração lavrado identificando a matéria tributada e com fundamentação legal correlata (artigo 10 do Decreto nº 70.235/72) não caracterizada a preterição do direito de defesa, devendo ser mantida a autuação. ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Em processos decorrentes da nãohomologação de declaração de compensação, deve o Contribuinte apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito. No âmbito do processo administrativo fiscal, constando perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil a utilização integral do crédito para quitação de outro débito, o ônus da prova sobre o direito creditório recai sobre o contribuinte, aplicandose o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 23 87 /2 01 2- 26 Fl. 181DF CARF MF Processo nº 13884.902387/201226 Acórdão n.º 3402005.684 S3C4T2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra o Acórdão nº 02 053.107proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou procedente em parte a Manifestação de Inconformidade, reconhecendo parcialmente o direito creditório da Recorrente. A contribuinte transmitiu Pedido de Ressarcimento PER, de PIS, que foi parcialmente reconhecido após auditoria realizada pela unidade de origem da RFB. Irresignada com o reconhecimento apenas parcial de seu pleito, a recorrente apresentou manifestação de inconformidade onde alega, em sede preliminar, nulidade do MPF por falha em sua prorrogação, e no mérito, a efetiva existência do direito creditório. O Colegiado a quo julgou parcialmente procedente a manifestação interposta, nos termos da decisão supracitada. Regularmente cientificada desta decisão, a recorrente interpôs o Recurso Voluntário ora em análise, pugnando pela reforma da decisão de primeira instância na parte vencida, o que fez com fundamento especificamente quanto às seguintes matérias: PRELIMINARMENTE – Nulidade do procedimento fiscal efetuado, uma vez que o Mandado de Procedimento Fiscal tinha validade até 27/12/2011, enquanto a prorrogação se deu somente em 31/01/2012, com a emissão do “Termo de Ciência e de Continuação de Procedimento Fiscal”, cuja ciência se deu em 26/04/2012. Desta forma, seria nulo o procedimento fiscal, por ter descumprido o disposto nos artigos 12 e 14 da Portaria RFB nº 3.034/2011, que regulamenta o MPF. E, por conseqüência, os atos posteriores ao MPF “viciado”, como o Relatório Fiscal e também o Despacho Decisório. NO MÉRITO: DO EFETIVO DIREITO AO APROVEITAMENTO DOS CRÉDITOS DAS CONTRIBUIÇÕES DO PIS E DA COFINS EM DECORRÊNCIA DA AQUISIÇÃO DE INSUMOS DESTINADOS À INDUSTRIALIZAÇÃO, uma vez que os créditos glosados neste item decorrem da aquisição de insumos para industrialização/montagem de peças vendidas para a indústria Fl. 182DF CARF MF Processo nº 13884.902387/201226 Acórdão n.º 3402005.684 S3C4T2 Fl. 0 3 aeronáutica e foram tratados como insumos para industrialização por encomenda, não tendo sido aplicada, portanto, a redução de alíquota prevista no inciso IV do art. 28 da Lei nº 10.865/2004. Como a aquisição dos insumos incorreu normalmente em tributação do PIS e da Cofins, a contribuinte entende serem passível de creditamento as respectivas contribuições. Aplica se a Solução de Consulta nº 144, de 14/05/2008 da Receita Federal do Brasil; DA POSSIBILIDADE DE APROVEITAMENTO DOS CRÉDITOS, POR FORÇA DA DISPOSIÇÃO CONTIDA NO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004, subsidiariamente, que seu aproveitamento então estaria respaldado pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, considerando tão somente a saída das mercadorias para aproveitamento de créditos presumidos. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.673, de 23 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 13884.901477/201381, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402005.673): "PRESSUPOSTOS LEGAIS DE ADMISSIBILIDADE O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. PRELIMINAR DE NULIDADE POR VÍCIO NO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL A Recorrente alega que o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) tinha validade até 27/12/2011, sendo que a prorrogação se deu somente em 31/01/2012, com a emissão do “Termo de Ciência e de Continuação de Procedimento Fiscal”, cuja ciência ocorreu em 26/04/2012. Desta forma, seria nulo o procedimento fiscal por ter descumprido o disposto nos artigos 12 e 14 da Portaria RFB nº 3.034/2011, que regulamenta o MPF. Por conseqüência, o Relatório Fiscal e o Despacho Decisório igualmente estariam viciados, ensejando em nulidade. Fl. 183DF CARF MF Processo nº 13884.902387/201226 Acórdão n.º 3402005.684 S3C4T2 Fl. 0 4 Sem razão. O Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle da atividade fiscal, sendo que eventual irregularidade na sua expedição ou subsequentes renovações não torna nulo o lançamento. As hipóteses de nulidade do lançamento estão consignadas no artigo 59 do Decreto nº 70.235/72, as quais não restaram caracterizadas no presente caso. Com iso, está correta a decisão de primeira instância ao concluir que: "O Mandado de Procedimento Fiscal – MPF é um mero instrumento da Administração Fiscal para gerenciamento, controle e acompanhamento do procedimento fiscal, em sua fase prévia à autuação, servindo também para notificar o contribuinte que está sendo fiscalizado por autoridade regularmente constituída, sendo que eventuais falhas em sua emissão ou prorrogação não contaminam o lançamento, implicando, em essência, que não atingem a competência impositiva e vinculada dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil. A competência para o lançamento dos Agentes Fiscais da Receita Federal está definida em Lei (art. 142 do CTN c/c o art. 6º, I, “a”, da Lei nº 10.593/2002), não podendo eventuais infrações a dispositivos de controle do procedimento fiscal, criados por atos infralegais, como o MPF, inquinar de nulidade o próprio lançamento, pois, no máximo, se poderia questionar a conduta das autoridades fiscais, se fosse o caso, no terreno disciplinar. Dessa forma, a imputação do poder dever do lançamento às autoridades fiscais federais está definida em lei, e, como tal, somente a violação de procedimentos definidos em lei poderia inquinar de nulidade o lançamento. (...) No caso desse auto, como se pode ver na tela às fls. 134/135, obtida na Internet (www.receita.fazenda.gov.br), a partir do código de acesso disponível no Termo de Início de Fiscalização, sequer se pode falar em irregularidade formal nas prorrogações do MPF, pois este foi prorrogado validamente pela autoridade, em 29/08/2011, não tendo expirado por decurso de prazo. Atentese que a autoridade fiscal não está obrigada a notificar o contribuinte a cada prorrogação do MPF, dentro do prazo de validade deste, pois quem está obrigado a cumprir o prazo de prorrogação é o Delegado da Receita Federal do Brasil, este que deve prorrogálo dentro do prazo, sob pena dele expirar. E, no caso destes autos, o MPF foi validamente prorrogado, lembrando que a ciência do mandado (e de suas prorrogações), por parte do contribuinte, deve ser feita via internet, como se vê no art. Fl. 184DF CARF MF Processo nº 13884.902387/201226 Acórdão n.º 3402005.684 S3C4T2 Fl. 0 5 4º, parágrafo único, da Portaria RFB nº 3.014/2011, ou seja, não há que se falar em irregularidade por eventual notificação fora do prazo de MPF regularmente prorrogado. No mesmo sentido vem decidindo este Colegiado, concluindo que eventual irregularidade na emissão ou na prorrogação de mandado de procedimento fiscal não gera nulidade do lançamento, sobretudo quando dela não tenha decorrido prejuízo para o contribuinte, como ocorre neste litígio, uma vez que a Recorrente demonstrou em manifestação de inconformidade o domínio sobre todas as matérias que embasam a autuação. Precedentes: Acórdão 3402004.7561 e Acórdão 3402 0029092. 1 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2010 MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EXPEDIÇÃO. PRORROGAÇÃO. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. Eventual irregularidade na emissão ou na prorrogação de mandado de procedimento fiscal não gera nulidade do lançamento, sobretudo quando dela não tenha decorrido prejuízo para o contribuinte. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. O lançamento realizado com a finalidade de evitar a decadência constitui, desde o início, o crédito tributário com exigibilidade suspensa. CONCOMITÂNCIA. PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 01. A teor da Súmula CARF nº 01, iimporta renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2010 PIS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA. Aplicase ao lançamento da Contribuição para o PIS/Pasep o decidido em relação à COFINS lançada a partir da mesma matéria fática. Recurso Voluntário Não Conhecido. 2 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 PIS E COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. DIFERENÇA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO. ESTOQUE DE ABERTURA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A pessoa jurídica contribuinte da COFINS e do PIS, submetida à apuração do valor devido na forma do art. 3º, terá direito a desconto correspondente ao estoque de abertura dos bens de que tratam os incisos I e II daquele mesmo artigo, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, existentes na data de início da incidência da COFINS, de acordo com a Lei nº 10.833/2003, art. 12 e do PIS, nos estoques de abertura existentes em 1º de dezembro de 2002, de acordo com o art. 11 da Lei nº 10.637/2002. COFINS E PIS. AUTO DE INFRAÇÃO. MPF. IRREGULARIDADES.NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O MPF é instrumento de controle gerencial, e que eventual irregularidade poderia, no máximo, dar azo a procedimento interno de natureza administrativa, mas nunca invalidar o lançamento de crédito tributário, cuja competência é deferida por lei aos ocupantes do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS. PRECLUSÃO. DILIGÊNCIA. Os documentos que comprovam as alegações trazidas na impugnação devem ser com ela apresentados, à exceção das hipóteses contempladas no art. 16, § 4º do Decreto no 70.235, de 1972. A diligência não se presta a suprir deficiência probatória, seja do fisco ou da empresa Recorrente. Recurso Voluntário Negado Fl. 185DF CARF MF Processo nº 13884.902387/201226 Acórdão n.º 3402005.684 S3C4T2 Fl. 0 6 Por tais razões, rejeito a preliminar suscitada pela Recorrente. MÉRITO SOBRE O EFETIVO DIREITO AO APROVEITAMENTO DOS CRÉDITOS DAS CONTRIBUIÇÕES DO PIS E DA COFINS EM DECORRÊNCIA DA AQUISIÇÃO DE INSUMOS DESTINADOS À INDUSTRIALIZAÇÃO, alega a Recorrente que os créditos glosados neste item decorrem da aquisição dos insumos, com tributação do PIS e da Cofins, utilizados para industrialização/montagem de peças vendidas para a indústria aeronáutica e, por isso, foram tratados como insumos para industrialização por encomenda, não tendo sido aplicada, portanto, a redução de alíquota prevista no inciso IV do art. 28 da Lei nº 10.865/2004. Invoca a Solução de Consulta nº 144, de 14/05/2008. SUBSIDIARIAMENTE, SOBRE A POSSIBILIDADE DE APROVEITAMENTO DOS CRÉDITOS, POR FORÇA DA DISPOSIÇÃO CONTIDA NO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004, alega a Recorrente que o aproveitamento de crédito presumido então estaria respaldado pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, considerando tão somente a saída das mercadorias quando a incidência estivesse suspensa, com alíquota zero, isenção ou nos casos de não incidência. Sem razão à Recorrente. Como se observa da decisão de primeira instância, o crédito negado à Contribuinte decorre de ausência de comprovação de efetiva utilização de tais insumos. Importante frisar o que destacou o Eminente Relator da DRJ/BHE quanto à intimação oportunizada para que fossem apresentadas as provas necessárias: "Pelos documentos acostados aos autos, verificase que a contribuinte, a princípio, não se insurge contra o entendimento da fiscalização de que os insumos de que trata o art. 28, inciso V, da Lei nº 10.865/2004 não seriam passíveis de creditamento de suas contribuições, por estarem sujeitos à alíquota zero. Apenas informa que as referidas aquisições foram devidamente tributadas das contribuições de PIS e Cofins, por não se enquadrarem naquele dispositivo. As alegações apresentadas são no mesmo sentido das respostas anteriormente fornecidas à fiscalização, diante das intimações recebidas. Em relação aos períodos anteriores a junho de 2008, a contribuinte aduz que não teria sido aplicado tal dispositivo às referidas aquisições, por se destinarem à industrialização por encomenda; Fl. 186DF CARF MF Processo nº 13884.902387/201226 Acórdão n.º 3402005.684 S3C4T2 Fl. 0 7 quanto as períodos de junho, julho e agosto de 2008 e janeiro de 2009, simplesmente argumenta que seriam créditos extemporâneos e, portanto, anteriores à vigência da Lei nº 10.865/2004; quanto aos demais períodos, a contribuinte não se manifesta. Diante dessas informações, a Autoridade Fiscal intimou a contribuinte para que detalhasse as aquisições que alegava não terem sido tributadas à alíquota zero, mas nenhum documento foi apresentado nesse sentido. O mesmo se verifica na Manifestação de Inconformidade apresentada, em que a contribuinte não traz novos elementos aos autos. Em resumo, o deslinde da questão que aqui se apresenta passa pela verificação de alíquota da contribuição que foi efetivamente aplicada nas aquisições efetuadas nos períodos de apuração anteriores a junho de 2008. Com base no art. 28 da Lei nº 10.865/2004, a Autoridade Fiscal presumiu que essas aquisições estariam sujeitas à alíquota zero, enquanto a contribuinte afirma que dera interpretação diversa à legislação vigente, tributando normalmente aqueles valores. Ocorre que, em um processo de restituição, ressarcimento ou compensação, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, quer por pedido de restituição ou ressarcimento, quer por compensação, em ambos os casos mediante a apresentação do Per/Dcomp, de tal sorte que, se a RFB resistir à pretensão do interessado, indeferindo o pedido ou não homologando a compensação, incumbirá a ele – o contribuinte –, na qualidade de autor, demonstrar o seu direito. A partir dessa perspectiva e, levandose em conta que o crédito oferecido à compensação deve ser líquido e certo, concluise que seria lícito à RFB decidir indeferir o pedido ou não homologar a compensação, quando não há certeza e liquidez. Por sua vez, o indício constitui meio de prova, admitido até mesmo no processo penal, art. 239 do Código de Processo Penal (CPP). Assim, uma vez que a contribuinte não apresentou nenhum elemento no sentido de comprovar que as alegadas aquisições haviam de fato sido tributadas, não há como reconhecer o seu direito creditório em relação aos respectivos créditos das contribuições." (sem destaque no original) Cabe ainda observar a incidência do Artigo 37 da Lei nº 9.430/1996, o qual prevê que "Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados Fl. 187DF CARF MF Processo nº 13884.902387/201226 Acórdão n.º 3402005.684 S3C4T2 Fl. 0 8 até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios". Aplicase, neste caso, o artigo 373, inciso I do Código de Processo Civil, que atribui o ônus da prova ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, bem como a incidência do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Neste sentido, citase o Acórdão nº 3302005.292, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção deste Tribuna Administrativo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO. O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios. COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Fl. 188DF CARF MF Processo nº 13884.902387/201226 Acórdão n.º 3402005.684 S3C4T2 Fl. 0 9 Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA.. IMPRESCINDIBILIDADE DA NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omitese de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, inequivocamente, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE Fl. 189DF CARF MF Processo nº 13884.902387/201226 Acórdão n.º 3402005.684 S3C4T2 Fl. 0 10 DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDAE. Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Recurso Voluntário Negado. Portanto, ao que pese a alegação sobre o direito de crédito invocado pela Recorrente ao argumentar que adquiriu os insumos com regular tributação pela contribuição ao PIS e à COFINS, com crédito declarado em DACON, o fato é que não houve a comprovação da certeza e liquidez deste crédito, o que seria indispensável para o devido reconhecimento à compensação. Destarte, como bem observou o Eminente Relator de primeira instância, não consta nos autos nenhum elemento que indique que os referidos insumos foram de fato empregados na industrialização por encomenda, conforme alegado, não sendo possível aplicar a Solução de Consulta nº 144, de 14/05/2008 citada pela Recorrente, uma vez que o fato concreto não se refere àquele sobre o qual versou a consulta em referência. Por sua vez, com relação ao argumento subsidiário, consignase que, caso fosse comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado, poderia a Contribuinte se enquadrar na aquisição com tributação regular de PIS/COFINS, motivo pelo qual igualmente resta afastado o crédito presumido previsto pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, por ausência de enquadramento legal. DISPOSITIVO Ante o exposto, conheço o Recurso Voluntário, rejeito a preliminar suscitada e, no mérito, NEGO PROVIMENTO para manter na íntegra o acórdão recorrido. É como voto." Fl. 190DF CARF MF Processo nº 13884.902387/201226 Acórdão n.º 3402005.684 S3C4T2 Fl. 0 11 Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, negar provimento para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 191DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11634.720435/2015-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/07/2012
DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO.
Quando restar evidenciado que a empresa se utilizou de artifício para permanecer no Simples Nacional e, dessa forma, não efetuou qualquer antecipação de pagamento da contribuição previdenciária a cargo da empresa e das contribuições para terceiros, o prazo decadencial tem sua contagem iniciada no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO, FRAUDE OU CONLUIO.
Demonstrado que a contabilidade da empresa não retrata os fatos econômicos, existindo movimentação financeira não justificada em montante bastante superior às receitas declaradas, comprovado a inexistência de estabelecimento fabril nos endereços informados e que os empregados declarados pelo sujeito passivo na verdade trabalham em benefício de outra empresa do mesmo grupo econômico, e não incluída no mesmo regime favorecido de tributação, está suficientemente caracterizada a existência de conduta dolosa voltada à prática de sonegação, fraude e conluio.
GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO.
Havendo um conjunto extenso de elementos de convicção evidenciando que as empresas operam no mesmo ramo, pertencem às mesmas pessoas, utilizam os mesmos empregados, movimentam recursos financeiros entre elas sem registros confiáveis, caracterizada está a existência de grupo econômico de fato a ensejar a responsabilidade pelos créditos tributários previdenciários.
MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA.
A mudança de critério jurídico ocorre quando se atribui aos mesmos fatos já conhecidos diferentes efeitos jurídicos. Não há mudança de critério jurídico quando os diferentes efeitos decorrem de informações anteriormente desconhecidas sobre a realidade das operações são realizadas.
Numero da decisão: 2201-004.731
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso, e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2010 a 31/07/2012 DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Quando restar evidenciado que a empresa se utilizou de artifício para permanecer no Simples Nacional e, dessa forma, não efetuou qualquer antecipação de pagamento da contribuição previdenciária a cargo da empresa e das contribuições para terceiros, o prazo decadencial tem sua contagem iniciada no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO, FRAUDE OU CONLUIO. Demonstrado que a contabilidade da empresa não retrata os fatos econômicos, existindo movimentação financeira não justificada em montante bastante superior às receitas declaradas, comprovado a inexistência de estabelecimento fabril nos endereços informados e que os empregados declarados pelo sujeito passivo na verdade trabalham em benefício de outra empresa do mesmo grupo econômico, e não incluída no mesmo regime favorecido de tributação, está suficientemente caracterizada a existência de conduta dolosa voltada à prática de sonegação, fraude e conluio. GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. Havendo um conjunto extenso de elementos de convicção evidenciando que as empresas operam no mesmo ramo, pertencem às mesmas pessoas, utilizam os mesmos empregados, movimentam recursos financeiros entre elas sem registros confiáveis, caracterizada está a existência de grupo econômico de fato a ensejar a responsabilidade pelos créditos tributários previdenciários. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA. A mudança de critério jurídico ocorre quando se atribui aos mesmos fatos já conhecidos diferentes efeitos jurídicos. Não há mudança de critério jurídico quando os diferentes efeitos decorrem de informações anteriormente desconhecidas sobre a realidade das operações são realizadas.
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ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/07/2012 DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Quando restar evidenciado que a empresa se utilizou de artifício para permanecer no Simples Nacional e, dessa forma, não efetuou qualquer antecipação de pagamento da contribuição previdenciária a cargo da empresa e das contribuições para terceiros, o prazo decadencial tem sua contagem iniciada no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO, FRAUDE OU CONLUIO. Demonstrado que a contabilidade da empresa não retrata os fatos econômicos, existindo movimentação financeira não justificada em montante bastante superior às receitas declaradas, comprovado a inexistência de estabelecimento fabril nos endereços informados e que os empregados declarados pelo sujeito passivo na verdade trabalham em benefício de outra empresa do mesmo grupo econômico, e não incluída no mesmo regime favorecido de tributação, está suficientemente caracterizada a existência de conduta dolosa voltada à prática de sonegação, fraude e conluio. GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. Havendo um conjunto extenso de elementos de convicção evidenciando que as empresas operam no mesmo ramo, pertencem às mesmas pessoas, utilizam os mesmos empregados, movimentam recursos financeiros entre elas sem registros confiáveis, caracterizada está a existência de grupo econômico de fato a ensejar a responsabilidade pelos créditos tributários previdenciários. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA. A mudança de critério jurídico ocorre quando se atribui aos mesmos fatos já conhecidos diferentes efeitos jurídicos. Não há mudança de critério jurídico AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 72 04 35 /2 01 5- 29 Fl. 459DF CARF MF 2 quando os diferentes efeitos decorrem de informações anteriormente desconhecidas sobre a realidade das operações são realizadas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso, e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 436/449) pelo qual se pretende a revisão do Acórdão nº 01033.279, da 5ª Turma da DRJ/BEL (fls. 396/422), que negou provimento à impugnação do sujeito passivo (fls. 369/389) ao lançamento que exige crédito tributário relativo à contribuição previdenciária da empresa e contribuições para outras entidades e fundos das competências compreendidas no período de janeiro de 2010 a julho de 2012. Segundo o relatório fiscal (fls. 308/352), o lançamento decorre de exclusão do sujeito passivo do Simples Nacional, discutido no âmbito do processo nº 11634.720174/201547. A exclusão foi motivada pelos fatos minuciosamente descritos no termo de verificação fiscal, cuja cópia se encontra às folhas 6/107, e que são bastante resumidos a seguir: 1. A empresa Brasipar apurou receita bruta total nos anoscalendário 2010 e 2011 no valor de R$ 2.228.906,35, contudo suas entradas na contabilidade no mesmo período somam mais de R$ 22.000.000,00, sendo que parte significativa delas decorre de transferência de outras empresas que fariam parte do mesmo grupo econômico de fato. 2. Os valores registrados na contabilidade não refletem a movimentação bancária da empresa. 3. A movimentação financeira nos anoscalendário 2010 e 2011 foi na ordem de R$ 36.000.000,00 e a empresa não justificou sua discrepância com a contabilidade. 4. A autuada alega a realização de mútuos com empresas do grupo (Somopar e Mobisul), contudo a fiscalização entendeu que sua operacionalização não foi comprovada, já Fl. 460DF CARF MF Processo nº 11634.720435/201529 Acórdão n.º 2201004.731 S2C2T1 Fl. 460 3 que os contratos não foram registrados em cartório e também não há registro dessas transações na contabilidade. 5. A empresa apresentou dois contratos de mútuo com a Somopar, contudo os mútuos seriam cruzados, uma vez que em um a fiscalizada apareceria como mutuante e no outro como mutuária. 6. Foi constatada a existência de grupo econômico de fato, formado por onze empresas constituídas por membros da mesma família e por funcionários vinculados ao grupo, com sede nos mesmos endereços, havendo registro contábil de movimentação financeira entre elas mesmo quando se declaravam inativas ou registros contábeis de operações realizadas por outras empresas do suposto grupo. 7. A Brasipar viria acumulando prejuízo, já que seu faturamento não seria suficiente nem para cobrir sua folha de pagamentos, fato que evidenciaria sua falta de autonomia financeira e a necessidade de suplementação de caixa, que teria sido realizada pela empresa Somopar. 8. Diligência realizada nos endereços informados pela Brasipar revelou que não havia nenhum estabelecimento industrial neles, contudo em endereços próximos foram localizados estabelecimentos de filial da Somopar, com várias pessoas uniformizadas que trabalhavam na fabricação de sofás e outros estofados. 9. A pessoa que se apresentou como controller da Somopar consta no banco de dados na RFB como contador da Brasipar desde fevereiro de 2013. 10. Em consulta ao banco de dados da RFB, verificouse que no endereço onde foi localizado o estabelecimento industrial da Somopar não há registro de empregados, mas apenas de dois administradores, por outro lado a Brasipar teria registrado no mesmo período centenas de pessoas trabalhando, o que evidenciaria que o serviço fabril é efetivamente realizado pela Somopar, mas os empregados permanecem registrados na Brasipar e outras empresas do grupo incluídas no Simples. 11. Grande parte das notas fiscais apresentadas pela Brasipar para justificar seu faturamento declarado contém a logomarca da Somopar. Com base nesses fatos e em vários outros detalhados no termo de verificação fiscal, a empresa foi excluída da sistemática favorecida de tributação (Simples Nacional) por meio do Ato Declaratório Executivo nº 26 de 01/06/2015, com efeitos a partir de 01/01/2010. Essa exclusão está sendo discutida no âmbito do processo nº 11634.720435201529, onde já existe decisão deste CARF. Com efeito, através do Acórdão nº 1201002.081, da 1ª Turma Ordinária, 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, Relatora Gisele Barra Bossa, foi negado provimento o recurso voluntário do sujeito passivo e mantida sua exclusão do Simples Nacional. Como a contribuinte apresentou GFIP no período de 01/2010 a 07/2012 como optante pelo Simples Nacional, deixou de recolher a contribuição à seguridade social a cargo da empresa, o adicional SAT/RAT e as contribuições destinadas a outras entidades e fundos (Salário Educação/FNDE, INCRA, SEBRAE, SENAI e SESI) que estão sendo cobradas neste processo. Fl. 461DF CARF MF 4 A base de cálculo está composta pelo montante da remuneração declarada em GFIP e não oferecida a tributação. Foi atribuída responsabilidade solidária à empresa Somopar Sociedade Moveleira Paranaense Ltda., em virtude da formação de grupo econômico, e aplicada a multa qualificada de 150% pela utilização de mecanismo artificioso para o fim específico de evitar o pagamento de contribuição previdenciária. A ciência do lançamento deuse em 06/11/2015 (fls. 360 e 363). Em sede de impugnação, as empresas alegaram, em síntese, que (fls. 369/389): 1. O período de 01/2010 a 10/2010 já estava decaído quando ocorreu o lançamento. 2. A multa de 150% deve ser excluída já que tem nítido caráter confiscatório. 3. A caracterização do grupo econômico é fantasiosa e fruto da imaginação fértil da fiscalização. 4. Só quem teve o patrimônio acrescido em virtude das operações que deram origem ao fato gerador pode responder pelo crédito tributário. 5. Não há obrigatoriedade de que empresas conexas exerçam todas as atividades em uma única pessoa jurídica. 6. A alegação de que foram utilizados laranjas está calcada em meros erros nas declarações das pessoas físicas mencionadas no TVF. 7. Não é possível presumir o intuito fraudulento, pois ele precisa ser evidente. 8. A quebra do sigilo bancário é inconstitucional e ilegal. 9. A empresa Somopar demonstrou que obteve vários empréstimos com instituições diversas para obter recursos e repassálos via mútuos. As falhas na contabilização não invalidam as transferências. 10. A Brasipar e a Somopar já haviam passado por várias fiscalizações sem a aplicação de sanções, assim o que ocorreu foi mudança de interpretação, que não pode ser retroativa a teor do que determina o art. 146 do Código Tributário Nacional CTN. Os argumentos dos sujeitos passivos não foram acatados pela decisão de piso que manteve integralmente o lançamento efetuado. Além disso, em vista de falha no documento de procuração juntado, a DRJ não acatou a representação da Somopar, considerando que esta não impugnou o lançamento. A ciência dessa decisão foi dada em 21/09/2016 (fl. 434) e o recurso voluntário foi tempestivamente apresentado em 19/10/2016 (fls. 436/449) em nome das empresas Brasipar e Somopar. Como razões recursais, alegase, em síntese, que: Fl. 462DF CARF MF Processo nº 11634.720435/201529 Acórdão n.º 2201004.731 S2C2T1 Fl. 461 5 1. A empresa Mobisul não pode ser arrolada como solidária, já que não há interesse comum e não desfrutou dos resultados, não tendo se demonstrado a existência de grupo econômico. 2. Não restou caracterizado dolo específico, de modo a justificar a aplicação da multa qualificada, que deve ser reduzida para 75%. 3. As competência de 01/2010 a 10/2010 já estavam decaídas quando ocorreu o lançamento. 4. A caracterização do grupo econômico é absurda, pois não foi evidenciada confusão patrimonial, mas apenas que a empresa Somopar é provedora de empréstimos às demais empresas do grupo. 5. Não foi demonstrado o interesse comum que exige o art. 124, I, do CTN. 6. Meros erros nas declarações das pessoas físicas ou na contabilização de contratos não são suficientes para descaracterizar os empréstimos, de forma que as conclusões de que houve fraude e utilização de laranjas são exageradas. 7. Os mútuos existiram e foram comprovados pelas recorrentes não tendo havido omissão de receita. 8. Reprisa seu argumento quanto à aplicação do art. 146 do CTN. 9. A procuração outorgada pela Somopar dá direito de representação, de forma que ela deve ser tratada como recorrente. Com base nesses argumentos, as recorrentes pedem: que seja acatada a preliminar de decadência dos meses de 01/2010 a 10/2010; a redução da multa; a exclusão da Somopar como responsável tributária; a exclusão da Mobisul do presente PAF; que seja declarado que as mudanças nos critérios jurídicos sejam aplicados apenas a fatos geradores futuros; o retorno da Brasipar ao Simples; a reforma do acórdão guerreado. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta Relatora. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora Inicialmente, deve ser enfrentada a questão da empresa Somopar, que a DRJ considerou como não integrante da lide, por falha de representação. Fl. 463DF CARF MF 6 Quanto a esse aspecto, tendo a empresa saneado a falha apontada na decisão recorrida (fl. 450) e tendo havido impugnação total por parte da coresponsável (Brasipar), que a todos aproveita, admitoa como recorrente neste sede. Ademais, deve ser registrado que todas as alegações apresentadas em conjunto pela defesa foram enfrentadas pela Delegacia de Julgamento, não havendo que se falar em prejuízo ou supressão de instância. Isto posto, e tendo em vista que o recurso voluntário apresentado preenche os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço. Por outro lado, é necessário delimitar a matéria a ser tratada nesta sede, já que o recurso voluntário apresenta argumentos para justificar o pedido de exclusão da empresa Mobisul deste processo. Compulsandose os documentos que o compõem, vêse que a empresa Mobisul não foi arrolada como sujeito passivo. Além disso, não consta que as recorrentes tenham poderes para representála, de modo que está se pleiteando em nome próprio direito alheio, o que não é possível por carência de legitimidade. Portanto, não se conhece das alegações pertinentes a essa matéria. Preliminar de mérito Decadência Alegam as recorrentes que as competências de 01/2010 a 10/2010 já estavam decaídas quando o lançamento se aperfeiçoou, em 06/11/2015. Quanto a esse aspecto, em decorrência do julgamento dos Recursos Extraordinários nº 556.664, 559.882, 559.943 e 560.626, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante nº 8, nos seguintes termos: São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5º do Decreto Lei nº 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Assim, definindo o STF a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212, de 1991, que estabelecia o prazo decenal para constituição dos créditos previdenciários e para terceiros, a matéria passou a ser regida pelos artigos 173, inciso I, e 150, § 4º, do Código Tributário Nacional: Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Fl. 464DF CARF MF Processo nº 11634.720435/201529 Acórdão n.º 2201004.731 S2C2T1 Fl. 462 7 Art. 173 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (...) Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Com respeito à forma de contagem de prazos relativos às contribuições sociais previdenciárias e às contribuições para terceiros, o Ministro da Fazenda aprovou, em 18 de agosto de 2008, o Parecer PGFN/CAT nº 1617/2008, que estabelece orientações a serem observadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, em face da edição da Súmula Vinculante nº 8, nos seguintes termos: 49. (...) a) A Súmula Vinculante nº 8 não admite leitura que suscite interpretação restritiva, no sentido de não se aplicar efetivamente o prazo de decadência previsto no Código Tributário Nacional; é o regime de prazos do CTN que deve prevalecer, em desfavor de quaisquer outras orientações normativas, a exemplo das regras fulminadas; b) apresentada a declaração pelo contribuinte (GFIP ou DCTF, conforme o tributo) não há necessidade de lançamento pelo fisco do valor declarado, podendo ser lançado apenas a eventual diferença a maior não declarada (lançamento suplementar); c) na hipótese do subitem anterior, caso o Fisco tenha optado por lançar de ofício, por meio de NFLD, as diferenças declaradas e não pagas em sua totalidade, aplicase o prazo decadencial dos arts. 150, § 4º, ou 173 do CTN, conforme tenha havido antecipação de pagamento parcial ou não, respectivamente; o prazo prescricional, ainda, e por sua vez, contase da constituição definitiva do crédito tributário; d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplicase a regra do § 4º do art. 150 do CTN; f) para fins de cômputo do prazo de decadência, todas as vezes que comprovadas as hipóteses de dolo, fraude e simulação deve se aplicar o modelo do inciso I, do art. 173, do CTN; Fl. 465DF CARF MF 8 (...) A esses esclarecimentos deve ser adicionado o que expressa o enunciado nº 99 da Súmula do CARF: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Na hipótese em análise, mesmo que não se adentre à questão da existência de dolo, não seria possível a aplicação da regra do art. 173, I, do CTN, uma vez que, declarando se como optante pelo Simples Nacional, a empresa fiscalizada não realizou antecipações de pagamentos dos tributos aqui exigidos, de forma a atrair a aplicação do art. 150, § 4º, como pretende. Além disso, como será tratado com mais detalhes adiante, a existência dos elementos que revelam o dolo e a fraude é mais do que evidente neste processo, o que também seria suficiente para justificar a contagem do prazo pelo art. 173, I. Neste caso, não se operou a decadência alegada. Multa qualificada dolo específico Segundo as recorrentes, não restou caracterizado dolo específico, de modo a justificar a aplicação da multa qualificada, que deveria ser reduzida para 75%. No que diz respeito a essa alegação, temse que a fiscalização trouxe um relato minucioso em que descreve graves inconsistências nas informações prestadas pela empresa fiscalizada e a imprestabilidade de sua contabilidade para registrar os fatos econômicos. Foi amplamente demonstrado que os eventos do mundo fenomênico não estão retratados na documentação fornecida pela contribuinte, o que demonstra a falsidade dela. Essas inconsistências provocaram a redução dos tributos devidos e dificultaram o conhecimento da fiscalização quanto à ocorrência do fato gerador, o que caracteriza a sonegação. Os fatos foram praticados por diversas pessoas naturais e jurídicas, evidenciando a existência de conluio. As receitas omitidas foram disfarçadas de operações de mútuo, o que modificaria características essenciais do fato gerador, conduta fraudulenta. A empresa declarava como seus, empregados que operavam em unidade industrial de outra empresa, falsidade. Fl. 466DF CARF MF Processo nº 11634.720435/201529 Acórdão n.º 2201004.731 S2C2T1 Fl. 463 9 Não havia unidade industrial nos endereços onde a fiscalizada supostamente exercia suas operações e que foram informados às autoridades públicas, mais uma vez, prestação de informação falsa à autoridade pública. A todo o conjunto de fatos descritos pela autoridade fiscal e lastreados em documentação, as recorrentes limitamse a apresentar argumentos de ordem genérica, desacompanhados de qualquer comprovação documental. Ou seja, toda a defesa está calcada em meras negativas que desafiam a experiência e a lógica, não tendo se produzido um único documento ou demonstrativo que lance dúvida sobre a narrativa zelosamente construída pela fiscalização. Portanto, entendo que neste processo está amplamente demonstrada a existência de dolo na realização de condutas que caracterizam sonegação, fraude e conluio, sendo correta a aplicação da multa qualificada de 150%. Solidariedade Segundo a defesa, a caracterização do grupo econômico seria absurda, por ausência de evidência de confusão patrimonial. Alegase que a empresa Somopar seria apenas provedora de empréstimo às demais empresas do grupo. Também não teria sido demonstrado o interesse comum que exige o art. 124, I, do CTN. Os fatos que deram origem aos tributos ora exigidos consistem no pagamento de remuneração aos empregados registrados na autuada. Como foi demonstrado pelo relatório fiscal, essas pessoas atuavam na sede da empresa Somopar, utilizando seu uniforme e produzindo para ela. Portanto, havia sim uma confusão entre as empresas na contratação e pagamento desses empregados, que trabalhavam para uma e eram registrados pela outra. Ou seja, há um interesse comum na situação que constitui o fato gerador. Além disso, o que a fiscalização apurou não foi um ou outro erro de declaração ou contabilização como querem fazer crer as recorrentes. Os fatos apurados são todos convergentes para a prática de fraude, sonegação e conluio através de vários expedientes, inclusive utilização de interpostas pessoas. A confusão na utilização de mãodeobra e na transferência de recursos, a contabilização de operações de outras pessoas jurídicas e até mesmo a alegação apresentada pela defesa de que a Somopar era provedora das demais empresas do grupo, não deixam dúvida quanto à existência de grupo econômico. Portanto, por qualquer ângulo que se analise foi correta a imputação de responsabilidade levada a cabo pela autoridade fiscal. Omissão de receitas Fl. 467DF CARF MF 10 A defesa procura afastar a presunção de omissão de receitas, alegando a efetiva existência de mútuo. Entendo que essa matéria não é pertinente ao lançamento em análise, já que nele está sendo tributada a folha de pagamentos. Na verdade, a omissão de receitas que deu origem à exclusão do Simples Nacional foi discutida em processo próprio, no qual o sujeito passivo não logrou êxito, o que autoriza a continuidade da exigência aqui realizada. Aplicação do art. 146 do CTN As recorrentes também invocam em seu favor o art. 146 do CTN. Esse dispositivo trata de mudança no critério jurídico. Não foi isso o que ocorreu no caso em análise. Mudar critério jurídico significa dar um novo significado aos mesmos fatos já conhecidos. Quando novos fatos são descobertos pela fiscalização e ela lhes atribui novos efeitos, não há qualquer mudança. Tanto é assim, que a jurisprudência dos tribunais superiores admite inclusive revisão de lançamentos já realizados. Com efeito, ao analisar a possibilidade de revisão de lançamento pela autoridade fiscal, já se manifestou o STJ em recurso submetido à sistemática do art. 543C do CPC/1973. Dessa decisão, é de se destacar: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO E PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. IPTU. RETIFICAÇÃO DOS DADOS CADASTRAIS DO IMÓVEL. FATO NÃO CONHECIDO POR OCASIÃO DO LANÇAMENTO ANTERIOR (DIFERENÇA DA METRAGEM DO IMÓVEL CONSTANTE DO CADASTRO). RECADASTRAMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. REVISÃO DO LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE. ERRO DE FATO. CARACTERIZAÇÃO. 1. A retificação de dados cadastrais do imóvel, após a constituição do crédito tributário, autoriza a revisão do lançamento pela autoridade administrativa (desde que não extinto o direito potestativo da Fazenda Pública pelo decurso do prazo decadencial), quando decorrer da apreciação de fato não conhecido por ocasião do lançamento anterior, ex vi do disposto no artigo 149, inciso VIII, do CTN. 2. O ato administrativo do lançamento tributário, devidamente notificado ao contribuinte, somente pode ser revisto nas hipóteses enumeradas no artigo 145, do CTN, verbis: "Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149." Fl. 468DF CARF MF Processo nº 11634.720435/201529 Acórdão n.º 2201004.731 S2C2T1 Fl. 464 11 3. O artigo 149, do Codex Tributário, elenca os casos em que se revela possível a revisão de ofício do lançamento tributário, quais sejam: "Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública." 4. Destarte, a revisão do lançamento tributário, como consectário do poderdever de autotutela da Administração Tributária, somente pode ser exercido nas hipóteses do artigo 149, do CTN, observado o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário. 5. Assim é que a revisão do lançamento tributário por erro de fato (artigo 149, inciso VIII, do CTN) reclama o desconhecimento de sua existência ou a impossibilidade de sua comprovação à época da constituição do crédito tributário. Fl. 469DF CARF MF 12 6. Ao revés, nas hipóteses de erro de direito (equívoco na valoração jurídica dos fatos), o ato administrativo de lançamento tributário revelase imodificável, máxime em virtude do princípio da proteção à confiança, encartado no artigo 146, do CTN, segundo o qual "a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução". 7. Nesse segmento, é que a Súmula 227/TFR consolidou o entendimento de que "a mudança de critério jurídico adotado pelo Fisco não autoriza a revisão de lançamento". 8. A distinção entre o "erro de fato" (que autoriza a revisão do lançamento) e o "erro de direito" (hipótese que inviabiliza a revisão) é enfrentada pela doutrina, verbis: "Enquanto o 'erro de fato' é um problema intranormativo, um desajuste interno na estrutura do enunciado, o 'erro de direito' é vício de feição internormativa, um descompasso entre a norma geral e abstrata e a individual e concreta. Assim constitui 'erro de fato', por exemplo, a contingência de o evento ter ocorrido no território do Município 'X', mas estar consignado como tendo acontecido no Município 'Y' (erro de fato localizado no critério espacial), ou, ainda, quando a base de cálculo registrada para efeito do IPTU foi o valor do imóvel vizinho (erro de fato verificado no elemento quantitativo). 'Erro de direito', por sua vez, está configurado, exemplificativamente, quando a autoridade administrativa, em vez de exigir o ITR do proprietário do imóvel rural, entende que o sujeito passivo pode ser o arrendatário, ou quando, ao lavrar o lançamento relativo à contribuição social incidente sobre o lucro, mal interpreta a lei, elaborando seus cálculos com base no faturamento da empresa, ou, ainda, quando a base de cálculo de certo imposto é o valor da operação, acrescido do frete, mas o agente, ao lavrar o ato de lançamento, registra apenas o valor da operação, por assim entender a previsão legal. A distinção entre ambos é sutil, mas incisiva." (Paulo de Barros Carvalho, in "Direito Tributário Linguagem e Método", 2ª Ed., Ed. Noeses, São Paulo, 2008, págs.445/446) "O erro de fato ou erro sobre o fato darseia no plano dos acontecimentos: dar por ocorrido o que não ocorreu. Valorar fato diverso daquele implicado na controvérsia ou no tema sob inspeção. O erro de direito seria, à sua vez, decorrente da escolha equivocada de um módulo normativo inservível ou não mais aplicável à regência da questão que estivesse sendo juridicamente considerada. Entre nós, os critérios jurídicos (art. 146, do CTN) reiteradamente aplicados pela Administração na feitura de lançamentos têm conteúdo de precedente obrigatório. Significa que tais critérios podem ser alterados em razão de decisão judicial ou administrativa, mas a aplicação dos novos critérios somente pode darse em relação aos fatos geradores posteriores à alteração." (Sacha Calmon Navarro Coêlho, in Fl. 470DF CARF MF Processo nº 11634.720435/201529 Acórdão n.º 2201004.731 S2C2T1 Fl. 465 13 "Curso de Direito Tributário Brasileiro", 10ª Ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2009, pág. 708) "O comando dispõe sobre a apreciação de fato não conhecido ou não provado à época do lançamento anterior. Dizse que este lançamento teria sido perpetrado com erro de fato, ou seja, defeito que não depende de interpretação normativa para sua verificação. Frisese que não se trata de qualquer 'fato', mas aquele que não foi considerado por puro desconhecimento de sua existência. Não é, portanto, aquele fato, já de conhecimento do Fisco, em sua inteireza, e, por reputálo despido de relevância, tenhao deixado de lado, no momento do lançamento. Se o Fisco passa, em momento ulterior, a dar a um fato conhecido uma 'relevância jurídica', a qual não lhe havia dado, em momento pretérito, não será caso de apreciação de fato novo, mas de pura modificação do critério jurídico adotado no lançamento anterior,com fulcro no artigo 146, do CTN, (...). Neste art. 146, do CTN, prevêse um 'erro' de valoração jurídica do fato (o tal 'erro de direito'), que impõe a modificação quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua ocorrência. Não perca de vista, aliás, que inexiste previsão de erro de direito, entre as hipóteses do art. 149, como causa permissiva de revisão de lançamento anterior." (Eduardo Sabbag, in "Manual de Direito Tributário", 1ª ed., Ed. Saraiva, pág. 707) (...) Considerando que a revisão do lançamento não se deu por erro de fato, mas, por erro de direito, visto que o recadastramento no imóvel foi posterior ao primeiro lançamento no ano de 1998, tendo baseado em dados corretos constantes do cadastro de imóveis do Município, estando o contribuinte notificado e tendo quitado, tempestivamente, o tributo, não se verifica justa causa para a pretensa cobrança de diferença referente a esse exercício." (...) 10. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Portanto, o fato de ter havido fiscalização de outros períodos sem os mesmos resultados, não confere um salvo conduto para a empresa, sendo possível, diante do surgimento de novas informações, inclusive a revisão da fiscalização de períodos já fiscalizados. Aliás, tratandose de relações continuativas, cada fato gerador é um novo fato gerador, como evidencia o seguinte enunciado da Súmula do Supremo Tribunal Federal: Súmula 239 decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores. Logo, na situação em análise, não restou caracterizada a mudança de critério jurídico, sendo inaplicável o art. 146 do CTN. Fl. 471DF CARF MF 14 Conclusão Pelas razões expostas, voto por conhecer do recurso apresentado e lhe negar provimento. Dione Jesabel Wasilewski Fl. 472DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18470.725382/2016-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 2301-000.733
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que seja verificado se o crédito tributário em questão no presente processo guarda vinculação com o processo 12448.914984/2014-41, e, caso positivo, se o crédito tributário em questão no presente processo foi extinto, total ou parcialmente, por homologação da compensação/restituição.
(assinado digitalmente).
João Bellini Júnior - Presidente
(assinado digitalmente)
Wesley Rocha - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Reginaldo Paixão Emos (suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, João Bellini Júnior (Presidente), e Wesley Rocha.
Relatório
Nome do relator: WESLEY ROCHA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que seja verificado se o crédito tributário em questão no presente processo guarda vinculação com o processo 12448.914984/201441, e, caso positivo, se o crédito tributário em questão no presente processo foi extinto, total ou parcialmente, por homologação da compensação/restituição. (assinado digitalmente). João Bellini Júnior Presidente (assinado digitalmente) Wesley Rocha Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Reginaldo Paixão Emos (suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, João Bellini Júnior (Presidente), e Wesley Rocha. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto por SÉRGIO LEAL CAMPOS, contra o Acórdão de julgamento (efls. 195/198) que julgou improcedente a impugnação interposta. O relatório do Acórdão recorrido foi descrito nos seguintes termos: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 84 70 .7 25 38 2/ 20 16 -8 2 Fl. 383DF CARF MF Processo nº 18470.725382/201682 Resolução nº 2301000.733 S2C3T1 Fl. 3 2 O interessado impugna lançamento do anocalendário 2011, onde foi glosado imposto retido na fonte de R$ 218.619,22 da Brookfield Brasil Ltda, resultando em imposto suplementar neste mesmo valor, exigido com multa e juros de mora. De acordo com o relatório fiscal, o contribuinte é diretor vice presidente da Brookfield Brasil Ltda, que se encontra inadimplente do imposto de renda retido na fonte, a que se refere o processo de cobrança nº 12448.914984/201441. Os valores exigidos originaramse de análise de declaração de compensação cujos créditos de compensação em DCTF foram julgados insuficientes para liquidação dos valores devidos. O impugnante argumenta, em síntese, que no processo de compensação a que se refere o autuante restou um saldo devedor não homologado, quanto ao imposto de renda retido na fonte sob o cód. 0561, de apenas R$ 72.314,69. A Brookfield Brasil Ltda. recorreu administrativamente contra a não homologação dos créditos a compensar e já obteve em mandado de segurança o reconhecimento do efeito suspensivo desta medida. Ainda que assim não fosse, a pessoa física não poderia ser responsabilizada pela falta de recolhimento, por parte da pessoa jurídica, do imposto retido na fonte incidente sobre os rendimentos do sócio, que já suportou o ônus tributário". Em Recurso Voluntário apresentado nas efls. 204/217, o recorrente alega que a maior parte deste debito encontrase extinto, sob condição resolutória, por ocasião da compensação declarada no PER/DCOMP n?. 02421.99753.150311.1.7.025039, sendo que a maior parte dos débitos atrelados ao Processo de Débito 12448.914984/201441 já foram homologados e definitivamente extintos) pelo Despacho Decisório ns 098639254. recebido em 17.03.2015 pela Fonte Pagadora. Segundo o recorrente, suas alega de forma mais detalhada são no sentido de: "Verificase que do valor total do crédito declarado no PER/DCOMP na. 02421.99753.150311.1.7.025039 em relação à compensação do débito de IRRF de 01/2011 Rendimento do Trabalho Assalariado (Código de Receita 0561, do qual estaria inadimplente), no montante de R$ 235.818,33 (duzentos e trinta e cinco mil, oitocentos e dezoito reais e trinta e três centavos), o próprio Fisco já reconheceu a liquidez e certeza de parte dos créditos compensados, restando parcialmente homologada a compensação e apurado contra aquela Pessoa Jurídica um saldo devedor pendente de julgamento pela RFB com exigibilidade suspensa de R$ 72.314,69, relativo ao IRRF controlado no PAF n2 12448.914984/201441". Alega, ainda, que "Pela análise do direito creditório da Fonte Pagadora, verifica se que do valor total do crédito declarado nos PER/DCOMP PER/DCOMP's n9 04873.19304.310311.1.7.020697 (PA 0102/2011); 33030.23082.140411.1.3.021183 (PA 01 03/2011 e 1503/2011); 35480.03789.190411.1.3.031050 (PA 0103/2011); 29167.26564.030511.1.3.039004 (PA 0103/2011) e 10097.43592.130511.1.3.032664 (PA 0104/2011 e 1504/2011), bem como os respectivos processos de cobrança, estão pendentes de análise e que parte dos créditos corresponderiam a exigência do presente feito. Pede a reforma da decisão de primeira instância. Fl. 384DF CARF MF Processo nº 18470.725382/201682 Resolução nº 2301000.733 S2C3T1 Fl. 4 3 É breve o relatório. Voto Conselheiro Wesley Rocha Relator O recurso voluntário é tempestivo. Assim, passo a analisar o mérito. Conforme se constata do enquadramento legal e dos fatos apurados, o Lançamento se deu em decorrência da glosa da compensação de R$ 218.619,22 da Brookfield Brasil Ltda, resultando em imposto suplementar neste mesmo valor, exigido com multa e juros de mora, em razão da não comprovação do recolhimento pela empresa da qual que o recorrente é sócio dirigente. De fato o Lançamento decorre da responsabilidade do recorrente quanto ao imposto devido, uma vez que no presente caso a responsabilidade da fonte pagadora é repassada ao sócio administrador, diretor, gerente ou representante da pessoa jurídica a quem cabe a retenção, tendo em vista sua solidariedade pelo recolhimento, no que dispõe os termos do art. 723 do RIR/1999. "Art. 723. São solidariamente responsáveis com o sujeito passivo os acionistas controladores, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, pelos créditos decorrentes do não recolhimento do imposto descontado na fonte (DecretoLei nº 1.736, de 20 de dezembro de 1979, art. 8º)". Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas referidas neste artigo restringese ao período da respectiva administração,gestão ou representação (DecretoLeinº1.736, de1979,art.8º,parágrafo único). O teor do artigo 723 do RIR/99, tem respaldo no artigo 135, do CTN, que assim dispõem: "Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I–as pessoas referidas no artigo anterior; II–os mandatários, prepostos e empregados; III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado". Para análise completa do presente caso, em interpretação sistemática da legislação tributária, temos o artigo 45, que estabelece o seguinte: " Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam. Fl. 385DF CARF MF Processo nº 18470.725382/201682 Resolução nº 2301000.733 S2C3T1 Fl. 5 4 Diante das normas gerias, verificase que poderão ser deduzidos, pelo contribuinte, as parcelas do imposto retidas antecipadamente pela fonte pagadora, quando da apresentação de sua Declaração de Ajuste Anual, referente aos valores de imposto de renda da pessoa física, conforme se constata do art. 87, in verbis: "Art. 87. Do imposto apurado na forma do artigo anterior, poderão ser deduzidos (Lei nº 9.250, de 1995, art. 12): I As contribuições feitas aos fundos controlados pelos Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente; II as contribuições efetivamente realizadas em favor de projetos culturais,aprovados na forma da regulamentação do Programa Nacional do Apoio à Cultura PRONAC,de que trata o art. 90; III os investimentos feitos a título de incentivo às atividades áudio visuais de que tratam os arts.97 a 99; IV o imposto retido na fonte ou o pago, inclusive a título de recolhimento complementar, correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo; V o imposto pago no exterior de acordo com o previsto no art. 103". Para que possa ser feita, portanto, a compensação, oartigo55,daleinº7.450/85, dispõe o seguinte: "Art 55 O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado na declaração de pessoa física ou jurídica, se o contribuinte possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos". A legislação tributária condiciona a compensação do imposto de renda retido na fonte, nesses casos, mediante a comprovação do efetivo pagamento do imposto, sendo que a pessoa física, por ser sócio/diretor da pessoa jurídica, é solidariamente responsável com a empresa, na apresentação dos documentos comprobatórios da quitação do imposto de renda retido na fonte pagadora. Nesse sentido,segue a jurisprudência deste CARF: "IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE E NÃO RECOLHIDO. SÓCIO ADMINISTRADOR DA FONTE PAGADORA. GLOSA DE FONTE. RESPONSABILIDADE. Por força do princípio da responsabilidade tributária solidária, sendo o contribuinte sócio administrador da empresa (fonte pagadora), incabível a compensação do I.R. Fonte quando comprovada a inexistência do recolhimento do tributo retido.” (Acórdão nº 220200.826, de 19 de outubro de 2010). Ocorre que, o recorrente, vem desde a impugnação solicitando a realização da diligência para que sejam colhidos nestes autos os esclarecimentos necessários quanto à compensação efetuada e já confirmada no Processo Administrativo de Crédito nº 12448.914984/201441, controlador do débito originário da presente. Segundo o recorrente, em suas argumentações em segunda instânica, o equivoco na cobrança se deu em razão de: Fl. 386DF CARF MF Processo nº 18470.725382/201682 Resolução nº 2301000.733 S2C3T1 Fl. 6 5 12. Em face dessa homologação parcial foi apresentada Manifestação de Inconformidade no Processo de Crédito n9 12448.900527/201399, pendente de julgamento pela RFB e com exigibilidade suspensa (art. 151, III, CTIM), na qual a Brookfield Brasil Ltda. demonstra a existência de todo o crédito de IRPJ (exercício de 2009, anocalendário 2008) declarado para compensação do débito de IRRF (código 0561), controlado no Processo Administrativo n9 12448.900756/201311, de modo a extinguir, em definitivo, todas as obrigações remanescentes. 13.Conforme já informado nos autos através do DOC. 05 da Impugnação Manifestação de Inconformidade no processo n9 12448.900527/201399 a Fonte Pagadora utilizou, para fins de compensação de débitos diversos, créditos de saldo negativo de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), referente ao exercício de 2009, anocalendário 2008, tendo sido este crédito corretamente identificado tanto na DIPJ como no PER/DCOMP para o qual foi realizada a análise de crédito. 14. O que se constata, no entanto é que, apesar da manifesta regularidade das aludidas compensações, foi proferido Despacho Decisório que compensou apenas parte dos créditos declarados. 15.Tal desencontro de informação por parte do Fisco se deu, em razão de valor informado incorretamente na ficha 12A da DIPJ 2009 da Empresa sucedida pela Fonte Pagadora, sucessão essa que é a razão para a impossibilidade de correção da informação por intermédio dos sistemas disponibilizados pela Receita Federal. 16.Assim, em que pese a regularidade do crédito, a Empresa encontra se impossibilitada de retificar a DIPJ conforme determinado ante a baixa do CNPJ da sucedida, o que, naturalmente poderia ser realizado ex officio pelo Fisco quando verificado que apenas se deixou de incluir na totalização do Imposto de Renda pago por estimativa na ficha 12A da DIPJAssim, verifico que o recorrente que não obrou afastar as provas trazidas pela fiscalização quando da autuação, deixando de apresentar comprovações do direito por ele alegado. Alega ainda que o: " PER/DCOMP n. 02421.99753.150311.1.7.025039 em relação à compensação do débito de IRRF de 01/2011 Rendimento do Trabalho Assalariado (Código de Receita 0561, do qual estaria inadimplente), no montante de R$ 235.818,33 (duzentos e trinta e cinco mil, oitocentos e dezoito reais e trinta e três centavos), o próprio Fisco já reconheceu a liquidez e certeza de parte dos créditos compensados, restando parcialmente homologada a compensação e apurado contra aquela Pessoa Jurídica um saldo devedor pendente de julgamento pela RFB com exigibilidade suspensa de R$ 72.314,69, relativo ao IRRF controlado no PAF nº 12448.914984/201441. Alega ainda que: "Tal desencontro de informação por parte do Fisco se deu, em razão de erro material no preenchimento do PER/DCOMP analisado, sendo certo que, baseado na utilização inferior do crédito passível de compensação declarado no PER/DCOMP pelo Contribuinte, o Fisco reconheceu como Saldo Negativo disponível somente o valor de R$ 2.171.281,99 e não o montante total passível de compensação de R$ 2.370.511,13, corretamente declarado na DIPJ, o que resultou no Fl. 387DF CARF MF Processo nº 18470.725382/201682 Resolução nº 2301000.733 S2C3T1 Fl. 7 6 aproveitamento menor de saldo credor e, por conseguinte, gerando neste PERPDCOMP saldo devedor consolidado de R$ 263.931,19". Nesse sentido, De fato, tendo o contribuinte efetivamente sofrido o ônus da retenção do imposto de renda na fonte, tem ele o direito de compensálo na declaração, independentemente de ter havido ou não o recolhimento do imposto, cuja responsabilidade recai exclusivamente sobre a empresa retentora. Isso porque, de fato o contribuinte não poderá pedir a restituição do imposto em nome da pessoa jurídica. Penso que, na busca da verdade material, que envolve o processo administrativo fiscal, o recorrente possui relativa razão, devendo ser apurada melhor as referidas informações de compensação homologadas e deferidas parcialmente no processo mencionado, a fim de que se possa ter analisar as provas com mais assertividade, quanto ao efetivo recolhimento do imposto. Conclusão Ante o exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que seja trazido aos autos as informações sobre as compensações mencionadas pelo contribuinte, para que seja verificado se o crédito tributário em questão no presente processo guarda vinculação com o processo 12448.914984/201441, e, caso positivo, se o crédito tributário em questão no presente processo foi extinto, total ou parcialmente, por homologação da compensação/restituição. Após, seja dado vista ao contribuinte para que esse se manifeste quanto à referida diligência, bem como apresente eventual prova de seu direito alegado no presente recurso. (assinado digitalmente) Wesley Rocha Relator Fl. 388DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.907098/2011-00
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Sep 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/01/2002
PIS E COFINS. AMPLIAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins é o faturamento, assim compreendido o ingresso proveniente da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9718/98, por sentença proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado 29/09/2006.
MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação.
PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72.
Recurso negado.
Numero da decisão: 3803-005.600
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso.
(Assinado Digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente.
(Assinado Digitalmente)
Jorge Victor Rodrigues - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo De Sousa E Jorge Victor Rodrigues.
Nome do relator: JORGE VICTOR RODRIGUES
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 15/01/2002 PIS E COFINS. AMPLIAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins é o faturamento, assim compreendido o ingresso proveniente da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9718/98, por sentença proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado 29/09/2006. MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. Recurso negado.
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AMPLIAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins é o faturamento, assim compreendido o ingresso proveniente da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9718/98, por sentença proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado 29/09/2006. MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso. (Assinado Digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 70 98 /2 01 1- 00 Fl. 53DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 28/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 Corintho Oliveira Machado Presidente. (Assinado Digitalmente) Jorge Victor Rodrigues Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo De Sousa E Jorge Victor Rodrigues. Relatório O Despacho Decisório eletrônico (Rastreamento nº 015070555), indeferiu o Per/DComp transmitida em 15/01/2002, sob a alegação de que, a partir do DARF apresentado, o crédito nele informado foi integralmente utilizado no pagamento de outros débitos, não restando saldo credor para a restituição pleiteada. Manifestando a sua inconformidade a contribuinte alegou que apurou as contribuições ao PIS e à Cofins, com base no art. 3º da então vigente Lei nº 9.718/98; que ampliou o conceito de base de cálculo dessas contribuições e que o Supremo Tribunal Federal, por meio do RE 346.084, julgou inconstitucional a ampliação da base de cálculo trazido por esse dispositivo legal; que a comprovação do recolhimento efetuado a maior se dá através de planilhas de apuração do PIS, as quais demonstram que compuseram a base de cálculo a receita da venda de mercadorias, da prestação de serviços e outras receitas – financeiras, aluguéis, recuperação de despesas, bem assim dos DARF’s correspondentes anexos, que comprovam o pagamento do valor apurado. Ao final postula pela restituição dos valores pagos a maior a título de PIS, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional e art. 2º, III, ‘c’, da IN RFB 900/08, acrescidos de juros com base na taxa Selic. Em julgamento realizado em 18/04/2013, por meio do Acórdão nº 0640.346, a decisão proferida pela 3ª Turma DRJ/CTA indeferiu a manifestação de inconformidade aviada, consoante transcrição da ementa a seguir ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do Fato Gerador: 15/01/2002 PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. JULGAMENTO PELO STF. É perfeitamente aplicável a disposição § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, até a sua revogação pela Lei 11.941, de 27 de maio de 2009, uma vez que o julgamento do STF pela inconstitucionalidade da ampliação da base de Fl. 54DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 28/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10935.907098/201100 Acórdão n.º 3803005.600 S3TE03 Fl. 7 3 cálculo contida naquele dispositivo não tem efeito erga omnes, só atingindo as partes envolvidas, posto que a decisão não foi em ADIN, mas em Recurso Extraordinário. Em apertada síntese a decisão de primeira instância limitouse à alegação de que a declaração de inconstitucionalidade do STF não gerou efeito erga omnes, porém apenas inter partes; que até a edição da Lei nº 11.941, DOU de 29/05/09, que revogou tal dispositivo inconstitucional contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, o mesmo era perfeitamente aplicável; e que as condições para o afastamento da aplicação da norma julgada inconstitucional, não se coadunaram com o disposto nos artigos 1º e 4º do Decreto nº 2.346/97, o que fez em observância ao disposto no artigo 26A do Decreto nº 70.235/72, com redação dada pela Lei nº 11.941/09. Por tal razão deixou o voto condutor de reconhecer o direito creditório pleiteado, consoante consta da fl. 03 da decisão vergastada. No que atine à questão probatória a referida decisão entendeu que não há nos autos provas do direito alegado, eis que a contribuinte não demonstrou fazer parte de ação judicial na qual foi declarada a inconstitucionalidade do dispositivo informado na peça inaugural, bem assim não trouxe aos autos documentos e livros fiscais, que demonstrassem de forma inequívoca, a base de cálculo utilizada para o pagamento a maior da contribuição, a teor do artigo 147, § 1º, do CTN, eis que incumbe à interessada trazer aos autos junto à peça contestatória, o direito em que se fundamenta e as provas a que se alude, em conformidade ao art. 16, III, do Dec. Nº 70.235/72. Cientificado do teor da decisão de primeira instância por meio de AR em 29/04/2013 e, com ela irresignado, o contribuinte ingressou com Recurso Voluntário em 17/05/2013, reiterando os termos expendidos na exordial, de forma minudente, para pugnar pela reforma da decisão hostilizada. É o relatório. Voto Jorge Victor Rodrigues Relator Fl. 55DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 28/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 O recurso interposto preenche os requisitos necessários à sua admissibilidade, dele conheço. O apelo devolvido a esta Corte versa acerca da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins, bem assim acerca da liquidez e certeza do crédito, cuja restituição foi suscitada pela contribuinte, com a devida atualização de acordo com a taxa Selic. O Supremo Tribunal Federal – STF, reconheceu a inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98, e em decisão unânime, o Plenário resolveu a questão de ordem constitucional no sentido de reconhecer a repercussão geral, para reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98. Confirase: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.09.2006; REs 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 18.08.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso Improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS, prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235/MG, Relator: Min. Cézar Peluso, julgado em 10/09/2008). Nos julgamentos realizados no âmbito do CARF a regulação acerca deste tema encontra supedâneo no disposto artigo 62A do RICARF/09, que assim estabelece: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Reiteradas vezes como julgador, ao deparar com o tema sob exame, tenho me pronunciado de forma a observar o contido no artigo 62A do Regimento Interno do CARF/09, e igualmente o faço nesta oportunidade, com o fito de solucionar a questão atinente ao reconhecimento do direito alegado pela Recorrente. Fl. 56DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 28/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10935.907098/201100 Acórdão n.º 3803005.600 S3TE03 Fl. 8 5 No que atine à questão probatória, bem se vê que a decisão a quo esteve silente em relação à eficácia da planilha e dos DARF’s correspondentes, colacionados aos autos pela Recorrente, quando da sua manifestação de inconformidade. Quanto a este aspecto o aresto recorrido limitouse a indicar a ausência nos autos de documentos “inominados” e de livros fiscais, que demonstrassem de forma inequívoca, a base de cálculo utilizada para o pagamento a maior da contribuição, a teor do artigo 147, § 1º, do CTN. Logo, a conclusão a que chegou a referida decisão é que os documentos apresentados pela Recorrente foram considerados insuficientes para demonstrar a legitimidade de sua pretensão. Neste aspecto, de os documentos apresentados pela Recorrente não serem o bastante e suficientes para demonstrar cabalmente acerca do quantum e da liquidez e certeza do crédito alegado, assiste razão ao juízo a quo, eis que aos mesmos deveriam se somar, no mínimo, as DCTF’s correspondentes e o Livro Razão relacionados ao período de apuração objeto do pedido de restituição, em observância aos princípios da segurança jurídica, da verdade material, da razoabilidade e da proporcionalidade, esculpidos no artigo 37, CF/88. É cediço que quando da apresentação de Per/DComp à repartição fiscal, por se tratar de iniciativa do próprio contribuinte, cabe ao transmitente o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. Por sua vez à autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72, sobre as quais a contribuinte não se manifestou. Os juros de mora apurados com base na taxa Selic, por força de norma legal vigente, Conforme Dispõe o art. 13 da Lei nº 9.065, de 1995, c/c o art. 61, § 3º da Lei nº 9.430, de 1996, são devidos, entretanto deles não fará proveito a Recorrente pelas razões explicitadas. Com tais observações oriento o meu voto para NEGAR provimento ao recurso interposto. É assim que voto. Sala de Sessões, 27 de fevereiro de 2014. Fl. 57DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 28/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Jorge Victor Rodrigues – Relator. Fl. 58DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 28/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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Numero do processo: 10882.003613/2010-54
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 16 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2801-000.148
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do recurso, nos termos do art. 62-A, §§1º e 2º do Regimento do CARF.
Nome do relator: TANIA MARA PASCHOALIN
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do recurso, nos termos do art. 62A, §§1º e 2º do Regimento do CARF. Assinado digitalmente Antonio de Pádua Athayde Magalhães Presidente Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Antonio de Pádua Athayde Magalhães, Sandro Machado dos Reis, Tânia Mara Paschoalin, Carlos César Quadros Pierre e Marcelo Vasconcelos de Almeida. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Luiz Claudio Farina Ventrilho. Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 4ª Turma de Julgamento da DRJ/SP2/SP. Por bem descrever os fatos, reproduzse abaixo o relatório da decisão recorrida: “Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrada a notificação de lançamento de fls. 07 a 08, relativa ao imposto sobre a renda das pessoas físicas do anocalendário 2007, que apurou a seguinte infração: omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, decorrentes de ação da Justiça Federal, no valor de R$ 21.364,56. Consta ainda, que Fl. 61DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALHAES, Assinado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOA LIN Processo nº 10882.003613/201054 Resolução n.º 2801000.148 S2TE01 Fl. 62 2 na apuração do imposto devido, foi compensado o imposto de renda retido sobre os rendimentos omitidos no valor de R$ 640,94. Cientificado do lançamento em 07/12/2010 (fl. 16), o contribuinte apresentou, em 28/12/2010, a impugnação de fls. 02 a 04, alegando que não foi de má fé que deixou de declarar, pois é do seu conhecimento que todo dinheiro que vem do governo, o imposto devido já é cobrado antecipadamente. Impugna a multa e juros e afirma que o STJ definiu a isenção do imposto de renda às pessoas que possuem hepatopatia grave. Posteriormente, atendendo a intimação regular (fls. 30, 32 e 33), o interessado apresentou os documentos de fls. 34 a 41.” A impugnação foi julgada improcedente, conforme Acórdão de fls. 43/48, que restou assim ementado: RESPONSABILIDADE DA FONTE PAGADORA E DO CONTRIBUINTE. Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extinguese, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual. OMISSÃO DE RENDIMENTOS ACUMULADOS. ISENÇÃO. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Ficam isentos da tributação os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, inclusive a sua complementação, percebidos por portador de moléstia grave elencada em lei, devidamente reconhecida mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, onde reste claramente identificado ser o contribuinte portador de moléstia grave, constante da legislação vigente. MULTA DE OFÍCIO. No que tange a aplicação de multa de 75%, prescrita no art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996, é aplicável, sempre, nos lançamentos de ofício. Referida multa consiste em penalidade pecuniária aplicada em decorrência da infração cometida, no caso, omissão de rendimentos. JUROS DE MORA. Devidos os juros de mora calculados com base na taxa SELIC, incidentes sobre tributos e contribuições não pagos nos prazos previstos na legislação específica, na forma da legislação vigente. Regularmente cientificado daquele acórdão em 20/12/2011 (AR, fl. 52), o interessado interpôs recurso voluntário de fls. 53/54, em 12/01/2012. Em sua defesa, repete os argumentos da impugnação. É o relatório. Fl. 62DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALHAES, Assinado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOA LIN Processo nº 10882.003613/201054 Resolução n.º 2801000.148 S2TE01 Fl. 63 3 Voto Conselheira Tânia Mara Paschoalin, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. No presente caso, temse que o auto de infração objeto deste processo versa sobre rendimentos recebidos acumuladamente pelo contribuinte. Compulsando os autos, verificase que a Fiscalização, ao proceder ao lançamento tributário, em 2010, aplicou a Tabela Progressiva Anual sobre o total dos rendimentos recebidos acumuladamente no anocalendário 2007. Ocorre que a constitucionalidade da regra estabelecida no art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, foi levada à apreciação, em caráter difuso, por parte do Supremo Tribunal Federal, o qual reconheceu a repercussão geral do tema e determinou o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC, em decisão assim ementada, in verbis: “TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados – se por regime de caixa ou de competência – vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC.” (STF, RE 614406 AgRQORG, Relatora: Min. Ellen Gracie, julgado em 20/10/2010, DJe043 DIVULG 03/03/2011). Ante o reconhecimento da repercussão geral do tema, pelo Supremo Tribunal Federal, e a determinação do sobrestamento dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC, verifica se que as questões concernentes ao artigo 12 da Lei n.º 7.713, de 1988, não podem ser Fl. 63DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALHAES, Assinado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOA LIN Processo nº 10882.003613/201054 Resolução n.º 2801000.148 S2TE01 Fl. 64 4 apreciadas por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais até que ocorra o julgamento final do Recurso Extraordinário pelo Supremo Tribunal Federal. É que, recentemente, foi alterado (Portaria MF n.º 586, de 2010) o Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), editado pela Portaria MF n.º 256, de 2009, determinando o sobrestamento ex officio dos recursos nas hipóteses em que reconhecida a repercussão geral do tema e determinado o sobrestamento dos julgamentos sobre a matéria pelo Supremo Tribunal Federal, a teor do art. 62A, §§1º e 2º, do Regimento Interno do CARF, que, a seguir transcrevese, ipsis litteris: Artigo 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543 B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Esses os motivos pelos quais entendo por bem sobrestar a apreciação do presente recurso voluntário, até que ocorra decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, a ser proferida nos autos do RE nº 614.406, nos termos do disposto nos artigos 62A, §§1º e 2º, do RICARF. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Fl. 64DF CARF MF Impresso em 12/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 27/08/201 2 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALHAES, Assinado digitalmente em 23/08/2012 por TANIA MARA PASCHOA LIN
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Numero do processo: 13811.001154/2003-77
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Sep 26 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002
IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE.
O princípio da não-cumulatividade garante aos contribuintes o direito ao crédito do imposto que for pago nas operações anteriores para abatimento com o IPI devido nas posteriores, assim como o transporte do saldo credor da escrita para períodos de apuração subseqüentes para a mesma finalidade.
RESSARCIMENTO. SALDO CREDOR DE ESCRITA.
Com o advento do art. 11 da Lei nº 9.779/99 o legislador ordinário excedeu a garantia constitucional e, além da possibilidade de transferência do saldo credor para os períodos seguintes, instituiu o direito ao ressarcimento e à compensação desse saldo.
SALDO CREDOR DE ESCRITA TRANSPORTADO DE PERÍODOS ANTERIORES. RESSARCIMENTO .
As Instruções Normativas SRF nº 210/2002, 460/2004 e 600/2005, com a redação que lhe foi dada pela IN SRF nº 728/2007, quando interpretadas em consonância com as normas de hierarquia superior não vedaram o direito ao ressarcimento do saldo credor de IPI transportado de períodos anteriores.
RESSARCIMENTO. LIMITAÇÃO DO PEDIDO A UM TRIMESTRE CALENDÁRIO.
Com o advento da IN SRF 728/2007 cada pedido de ressarcimento de saldo credor da escrita deve se referir a um único trimestre calendário.
ÔNUS DA PROVA.
Cabe ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito oposto à Administração.
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3403-003.223
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer do direito de o contribuinte utilizar o valor remanescente de R$ 9.140.274,69, correspondente a saldo credor de IPI transferido para o 4º Trimestre de 2002, para ressarcimento e compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal. Sustentou pela recorrente o Dr. Ricardo Valim de Camargo, OAB/SP 163.086.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. O princípio da nãocumulatividade garante aos contribuintes o direito ao crédito do imposto que for pago nas operações anteriores para abatimento com o IPI devido nas posteriores, assim como o transporte do saldo credor da escrita para períodos de apuração subseqüentes para a mesma finalidade. RESSARCIMENTO. SALDO CREDOR DE ESCRITA. Com o advento do art. 11 da Lei nº 9.779/99 o legislador ordinário excedeu a garantia constitucional e, além da possibilidade de transferência do saldo credor para os períodos seguintes, instituiu o direito ao ressarcimento e à compensação desse saldo. SALDO CREDOR DE ESCRITA TRANSPORTADO DE PERÍODOS ANTERIORES. RESSARCIMENTO . As Instruções Normativas SRF nº 210/2002, 460/2004 e 600/2005, com a redação que lhe foi dada pela IN SRF nº 728/2007, quando interpretadas em consonância com as normas de hierarquia superior não vedaram o direito ao ressarcimento do saldo credor de IPI transportado de períodos anteriores. RESSARCIMENTO. LIMITAÇÃO DO PEDIDO A UM TRIMESTRE CALENDÁRIO. Com o advento da IN SRF 728/2007 cada pedido de ressarcimento de saldo credor da escrita deve se referir a um único trimestre calendário. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito oposto à Administração. Recurso voluntário provido em parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 11 54 /2 00 3- 77 Fl. 1297DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer do direito de o contribuinte utilizar o valor remanescente de R$ 9.140.274,69, correspondente a saldo credor de IPI transferido para o 4º Trimestre de 2002, para ressarcimento e compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal. Sustentou pela recorrente o Dr. Ricardo Valim de Camargo, OAB/SP 163.086. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti. Relatório Tratase de pedido de ressarcimento de saldo credor de escrita do IPI no valor de R$ 12.287.569,66, relativo ao 4º Trimestre de 2002, formulado com base no art. 11 da Lei nº 9.779/99 e formalizado em 29/04/2003. Ao pedido de ressarcimento foram vinculadas declarações de compensação. Por meio da informação fiscal (fls. 174/179) e do Parecer SEORT nº 138883.572/2007 (fls. 187/193), o pleito foi parcialmente deferido pela autoridade administrativa, que reconheceu o direito creditório no valor de R$ 483.062,50 e homologou as compensações declaradas até este limite, sob o fundamento de que o saldo credor de IPI referente ao 4º trimestre de 2002 se refere ao total do montante deferido e que o valor restante (R$ 11.804.507,16) é saldo acumulado de trimestres anteriores (anos de 1999 a setembro de 2002), que não poderia ser ressarcido, já que cada pedido de ressarcimento deve se restringir aos créditos escriturados no trimestre. No referido despacho foi informado que a legitimidade do crédito dos períodos anteriores (1999 a 10/2002) não foi analisada. Em sede de manifestação de inconformidade, o contribuinte alegou, em síntese, que o art. 11 da Lei nº 9.779/99 não impede o ressarcimento de créditos acumulados em outro período, já que o regulamento do IPI determina que o saldo credor apurado em um trimestre pode ser transferido para o trimestre seguinte para abater débitos do imposto, para compensação com outros tributos ou ressarcimento em espécie. Insurgiuse contra a aplicação retroativa de normas e sobre a ilegalidade da restrição de direitos por meio atos administrativos. A DRJ baixou o processo em diligência para que, relativamente ao saldo credor que veio por transferência de trimestres anteriores (R$ 11.804.507,16), fosse esclarecido se os valores estavam regularmente escriturados, se eram créditos passíveis de ressarcimento e se não se referia a créditos fictos. Fl. 1298DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13811.001154/200377 Acórdão n.º 3403003.223 S3C4T3 Fl. 5 3 No relatório de diligência de fls. 1031/1035, a fiscalização informou que dos R$ 12.287.569,66 pleiteados originalmente pelo contribuinte, R$ 2.549.955,17 se refere a crédito que não foi comprovado, sendo que: a) não foram apresentadas notas fiscais para comprovar a legitimidade do crédito de R$ 2.538.732,72; e b) R$ 11.222,45, se refere a crédito tomado sobre aquisições para o ativo permanente. Cientificada do termo de diligência, o contribuinte apresentou manifestação alegando o seguinte: a) seu pleito não pode ser negado apenas porque apresentou um pedido de ressarcimento englobando o saldo acumulado de 16 trimestres; b) concordou com a glosa de R$ 11.222,45 porque aquisições para o imobilizado não geram crédito do imposto; c) quanto aos R$ 2.538.732,72 disse que não encontrou as notas fiscais. Não se pode concluir que tais créditos são ilegítimos, fictos ou indevidos, simplesmente não puderam ser comprovados porque as notas fiscais não foram encontradas. Disse que a legitimidade do crédito pode ser provada por outros meios, como os livros fiscais de entradas, saídas e controle da produção e do estoque, requerendo a juntada posterior das aludidas notas fiscais. (fls. 1050/1057). A 8ª Turma da DRJ Ribeirão Preto proferiu o Acórdão 34.019, de 07 de junho de 2011, o qual foi anulado pelo Acórdão 3401002.310. A 8ª Turma da DRJ Ribeirão Preto proferiu então o Acórdão nº 44.588, de 09 de setembro de 2013 (fls. 1167/1179), por meio do qual foi reconhecido um crédito adicional de R$ 114.277,30. Após a relatora insurgirse contra a declaração de nulidade do acórdão anterior, ficou decidido o seguinte: a) a jurisprudência citada pela recorrente não tem caráter normativo e não vincula o julgador administrativo; b) a juntada posterior de documentos foi indeferida; c) o art. 11 da Lei nº 9.779/99 realmente não impede o ressarcimento de créditos acumulados de outro período, mas o art. 74, § 14 da Lei nº 9.430/96 sim; d) a IN SRF 210, de 04 de outubro de 2002, foi editada com base nesse permissivo legal e seu art. 14, §§ 2º e 3º estabelecem que somente os créditos escriturados no período de apuração são passíveis de ressarcimento ou compensação. O saldo credor que veio acumulado de períodos anteriores só pode ser utilizado para o abatimento do imposto no próprio livro de apuração; e) assim, após a entrada em vigor da IN 210/2002, somente é passível de ressarcimento ou compensação o saldo credor composto pelos créditos escriturados no trimestre a que o pedido de ressarcimento fizer referência; f) a Receita Federal não é obrigada a corrigir de ofício o erro de formalização do processo, pois quando ele foi protocolado a IN 210/2002 já vigia há cerca de seis meses; g) quanto à legitimidade do crédito, ficou decidido que dos R$11.690.229 restantes, R$ 11.222,45 se referem a créditos indevidos por aquisições do imobilizado e R$ 2.538.732,86 não foram comprovados e R$ 9.140.274,69 se referem a créditos escriturados em períodos anteriores que não são passíveis de ressarcimento ou compensação Por meio do termo de abertura de documento de fls. 1209, o contribuinte tomou ciência do acórdão da DRJ em 25/10/2013 às 13:36h. Por meio do termo de ciência eletrônica por decurso de prazo de fls. 1210, o contribuinte tomou ciência do acórdão da DRJ em 09/11/2013. Em 14/11/2013 o contribuinte apresentou recurso voluntário, alegando, em síntese o seguinte: a) a DRJ ignorou a determinação contida no Acórdão 3401002.310 e mais uma vez não se manifestou sobre a diligência que analisou a legitimidade dos créditos acumulados de trimestres anteriores; b) a questão da falta de apresentação de documentos Fl. 1299DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 comprobatórios dos créditos acumulados de períodos anteriores foi superada pela realização da diligência fiscal, que atestou a legitimidade do valor de R$ 9.737.614,49; c) o verdadeiro motivo para o indeferimento desses créditos foi o óbice de natureza puramente formal envolvendo a periodicidade do pedido de ressarcimento; d) a IN 210/2002 não pode ser aplicada retroativamente aos créditos gerados antes de sua vigência, além do que, atos administrativos não podem estabelecer restrições não previstas em lei; e) não foi possível retificar os pedidos de ressarcimento fracionandoos por trimestre calendário em razão da decadência; f) o princípio da nãocumulatividade garante o direito à transferência dos créditos para os períodos subsequentes (art. 49 do CTN); e g) protestou pela juntada posterior dos documentos comprobatórios da parcela de créditos de IPI não comprovados em sede de diligência, no valor de R$ 2.538.732,72. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. Conforme se verifica nos autos, o contribuinte tomou ciência do Acórdão recorrido por duas vezes consecutivas. A primeira, após abrir o link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC) através da opção Consulta Comunicados/Intimações (fl. 1209), ocorrida no dia 25/10/2013. E a segunda, por decurso de prazo no dia 09/11/2013, conforme fls. 1210. Essa situação tem se tornado frequente e, em alguns casos, é fonte de conflito com os contribuintes, quando o recurso é considerado intempestivo em relação à data da primeira ciência, mas tempestivo em relação à segunda. Se o ato processual (notificação) já ocorreu por meio da abertura da decisão recorrida no eCAC, por qual motivo a Administração expede o termo de ciência por decurso de prazo? Observem a gravidade da situação: o termo de ciência por decurso de prazo de fls. 1210 é um documento ideologicamente falso porque atesta um fato que não existiu. O fato que existiu foi a ciência por meio da abertura do acórdão no eCAC e não a ciência presumida. Além disso, com a ciência ocorrida por meio da abertura do acórdão da DRJ no eCAC, o ato processual (notificação) foi validamente praticado, fato que torna nula a ciência "por decurso de prazo", em face da preclusão consumativa. Considerando que neste caso concreto o recurso é tempestivo e que preenche os requisitos formais de admissibilidade, dele se toma conhecimento. A questão de fundo controvertida nestes autos é exclusivamente de direito e consiste em saber se o art. 11 da Lei nº 9.779/99, o art. 74 da Lei nº 9.430/96, a IN 210/2002 e as demais que se seguiram, vedaram o ressarcimento e a compensação do saldo credor de escrita do IPI, que veio por transferência de trimestres anteriores. Fl. 1300DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13811.001154/200377 Acórdão n.º 3403003.223 S3C4T3 Fl. 6 5 Este colegiado já enfrentou essa questão na sessão do dia 25 de julho de 2013, quando foi proferido o Acórdão 3403002.387 no qual, por unanimidade de votos, esta turma considerou que nem os dispositivos legais e tampouco os atos administrativos que os regulamentaram impuseram qualquer vedação ao aproveitamento do saldo credor transferido de períodos anteriores para fins de ressarcimento ou compensação. Entendeu a turma de julgamento da DRJ que o art. 14 da IN 210/2002; o art. 16 da IN 460/2004 e o art. 16 da IN 600/2005 (com as alterações introduzidas pela IN 728/2007) impedem o ressarcimento do saldo credor acumulado em decorrência de transporte de períodos anteriores. Em outras palavras: entendeu a DRJ que somente o saldo credor gerado no próprio trimestre objeto do pedido de ressarcimento é que pode ser ressarcido e utilizado na compensação de outros tributos. Segundo aquela turma de julgamento, o saldo credor acumulado por transporte de trimestres anteriores só poderia ser utilizado para abater débitos do próprio imposto no livro modelo 8. Esse entendimento da DRJ está escorado na leitura isolada do art. 14, §§ 1º e 3º, da IN 210/2002; do art. 16, §§ 1º e 4º, II e III, da IN 460/2004 e do art. 16, §§ 1º, 4º e 7º da IN 600/2005, com a alteração introduzida pela IN 728/2007. A leitura das referidas instruções normativas, sugere a concessão de uma “permissão” para que o contribuinte transfira o saldo credor de um período de apuração para o período de apuração seguinte para posterior abatimento dos débitos do imposto. Já o art. 14, § 3º da IN 210/2002 e os arts. 16, §§ 4º das IN 460/2004 e 600/2005, sugerem a existência de uma “restrição” ao estabelecem textualmente que somente são passíveis de ressarcimento créditos escriturados no trimestre calendário. A leitura apressada desses dispositivos realmente pode conduzir à equivocada conclusão de que criaram vedação ao aproveitamento, via compensação ou ressarcimento, do saldo credor de IPI acumulado em virtude de transporte de períodos anteriores. Entretanto, o direito administrativo nos ensina que os atos administrativos gozam da presunção de legitimidade, ou seja, devese sempre supor que foram baixados conforme as leis e desse modo devem ser interpretados. Nesse sentido, ganha relevância analisar a evolução legislativa do regime jurídico dos créditos de IPI, cujo objetivo único é o de implementar o princípio constitucional da nãocumulatividade. É consenso na doutrina que o princípio da nãocumulatividade pode ser introduzido no sistema tributário de um determinado país por meio das técnicas do valor agregado ou da dedução do imposto. Na técnica do valor agregado, originária do direito francês, subtraise do valor da operação posterior o valor da operação anterior. É o que se conhece como dedução na base. Na técnica da dedução do imposto, subtraise do imposto devido na operação posterior o imposto que foi pago na operação anterior. No sistema tributário brasileiro, o constituinte, ao delimitar as competências tributárias das entidades federadas, consignou no art. 153, da CF/1988 que (...) Compete à União instituir impostos sobre (...) IV produtos industrializados (...) § 3º O imposto previsto no inciso IV (...) II será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; (...). (grifei) Fl. 1301DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 Conforme se pode verificar, o IPI não é imposto incidente sobre o valor agregado, pois a constituição claramente optou pela técnica da dedução do imposto, onde a única garantia assegurada ao contribuinte é que o imposto devido a cada operação seja deduzido do que foi pago na operação anterior, silenciando o dispositivo quanto à existência de eventual saldo credor e seu ressarcimento. A primeira disposição infraconstitucional sobre o saldo credor da escrita fiscal aparece no art. 49 do CTN, que se encontra vazado nos seguintes termos: “Art. 49. O imposto é nãocumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados. Parágrafo único. O saldo, verificado em determinado período, em favor do contribuinte, transferese para o período ou períodos seguintes.” E esse direito foi confirmado e ratificado no art. 27 da Lei nº 4.502/64, com a redação que lhe foi dada pelo DecretoLei nº 34/66: “Art. 27. Quando ocorrer saldo credor de impôsto num mês, será êle transportado para o mês seguinte, sem prejuízo da obrigação de o contribuinte apresentar ao órgão arrecadador, dentro do prazo legal previsto para o recolhimento, a guia demonstrativa dêsse saldo.” (Grifei) Portanto, no direito brasileiro o conteúdo do princípio da nãocumulatividade consiste no direito ao crédito do imposto destacado em nota fiscal e no direito à transferência do saldo credor para períodos subseqüentes a fim de ser utilizado na amortização de débitos futuros do imposto. Observese que à luz do princípio da nãocumulatividade: 1) o crédito de IPI tem a natureza de um crédito meramente escritural, pois o constituinte garantiu apenas a transferência do saldo credor para o período seguinte, em vez do ressarcimento em dinheiro; e 2) a transferência do saldo credor para o período seguinte é um direito assegurado ao contribuinte e não uma “permissão” do legislador ordinário ou da administração pública, que possa ser suprimida a qualquer tempo. Desse modo, e considerando que o silêncio das normas superiores em relação ao ressarcimento em dinheiro não impedia a União de concedêlo por meio de incentivo fiscal, foi que a legislação ordinária criou os chamados créditos incentivados. Os créditos básicos têm matriz constitucional no princípio da não cumulatividade e previsão legal no art. 25 da Lei nº 4.502, de 30/11/1964. Em cumprimento ao princípio da nãocumulatividade, esses créditos são meramente escriturais, não admitiam o ressarcimento em dinheiro e até 1997 sujeitavamse ao estorno quando os insumos tributados pelo IPI fossem empregados na industrialização de produtos cuja saída fosse desonerada do imposto. A partir da publicação do Decreto nº 2.637, de 25/06/1998 (RIPI/1998), que incorporou as inovações trazidas pela Lei nº 9.493, de 10/09/1997, foi reconhecido o direito ao crédito básico em relação a insumos empregados na industrialização de produtos isentos e tributados com alíquota zero, uma vez que paralelamente à inclusão dos produtos sujeitos à alíquota zero no campo de incidência do imposto, por meio do art. 2º, parágrafo único, do referido decreto; foi suprimida do texto do art. 147, I a expressão (...) exceto os de alíquota 0 (zero) e os isentos, (...), que constava do texto do art. 82, I, do Regulamento de 1982. Fl. 1302DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13811.001154/200377 Acórdão n.º 3403003.223 S3C4T3 Fl. 7 7 Relativamente aos créditos incentivados, ao contrário do que ocorria com os créditos escriturais, eram eles concedidos a título de incentivos fiscais. Não tinham (e não têm) nem previsão e nem óbice constitucional a sua instituição por meio de lei e podiam ser passíveis de manutenção na escrita fiscal, ou de manutenção e de ressarcimento em dinheiro, conforme previsão específica na lei do incentivo. Essa situação perdurou até janeiro de 1999, quando entrou em vigor a Lei nº 9.779, de 19/01/1999, que na prática acabou com a distinção entre créditos básicos e incentivados e instituiu a possibilidade de utilização do saldo credor da escrita fiscal de IPI para compensação ou ressarcimento ao estabelecer no seu artigo 11 que (...) O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente da aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal SRF, do Ministério da Fazenda.(...)" (grifei). Ao editar esse dispositivo legal, o legislador ordinário excedeu a garantia constitucional concedida pela nãocumulatividade, pois, na prática, além de acabar com a figura do crédito incentivado, instituiu o direito de compensação e de ressarcimento do saldo credor da conta corrente de IPI, direito inexistente até então, e ao qual não estava obrigado pela Constituição. Dessa breve análise do regime jurídico dos créditos de IPI, verificase que a lei sempre foi imperativa no sentido de determinar a transferência do saldo credor de um determinado período para o período seguinte com a finalidade de que fosse utilizado prioritariamente no abatimento de débitos futuros do imposto. E com o advento do art. 11 da Lei nº 9.779/99, o saldo credor acumulado em cada trimestrecalendário continuou a ser prioritariamente utilizado no abatimento de débitos do imposto, mas o eventual saldo credor resultante dessa operação, ao final de cada trimestrecalendário, deixou de ser um crédito meramente escritural e passou a ser um crédito ressarcível e compensável com outros tributos. Para o fim de interpretar as instruções normativas, é importante frisar que no art. 11 da Lei nº 9.779/99 o legislador utilizou a expressão “saldo credor de IPI acumulado em cada trimestre calendário” e não a expressão “saldo credor de IPI gerado em cada trimestre calendário”. Resulta daí que o entendimento da DRJ ao expurgar do saldo passível de ressarcimento o saldo credor acumulado por transporte de períodos anteriores, configura uma aplicação ilegal as instruções normativas citadas, pois conforme se viu alhures, as normas de hierarquia superior são imperativas quanto ao direito de os contribuintes transferirem o saldo credor de escrita para os períodos de apuração subseqüentes a fim de ser utilizado na amortização de débitos do imposto e, na hipótese de ainda sobrar crédito, utilizálo via compensação ou ressarcimento. Os referidos atos administrativos, conforme já mencionado, possuem presunção de legalidade e devem ser interpretados conforme o dispositivo legal que visam regulamentar, no caso o art. 11 da Lei nº 9.779/99. A faculdade concedida à administração tributária na parte final do “caput” do art. 11 da Lei nº 9.779/99 e também no art. 74, § 14, da Lei nº 9.430/96, certamente não inclui a possibilidade de suprimir o direito que foi concedido por lei. Fl. 1303DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM 8 Desse modo, do fato de as instruções normativas mencionarem textualmente que “somente são passíveis de ressarcimento os créditos escriturados no período”, não decorre logicamente a conclusão de que o saldo credor acumulado por transporte de períodos anteriores não possa ser objeto de ressarcimento ou compensação. A uma, porque essa interpretação literal não encontra guarida nas normas de hierarquia superior, uma vez que o art. 11 da Lei nº 9.779/99 valeuse da expressão “saldo credor acumulado” e não “saldo credor gerado”. E a duas, porque o saldo credor de período anterior também deve ser escriturado no período seguinte para que possa se “acumular” com os créditos gerados nesse período. Não se olvide de que a regra é no sentido de que o crédito de IPI só tem existência jurídica se estiver escriturado (a exceção é o art. 252 do RIPI/2010). Não existe crédito de IPI fora do livro de IPI. Assim, para que o saldo credor do período anterior tenha existência jurídica ele precisa ser necessariamente escriturado no período seguinte. E se ele foi escriturado no período seguinte, obviamente que atendeu à determinação das instruções normativas, que jamais poderiam admitir o ressarcimento de créditos que não estivessem escriturados no período. Desse modo, o fato de as instruções normativas mencionarem que “somente são passíveis de ressarcimento os créditos escriturados no período ou no trimestre calendário”, não autoriza a conclusão de que a Receita Federal está vedando o ressarcimento do saldo credor acumulado em virtude de transporte de trimestres anteriores, mesmo porque não é esse o comando emanado do regime jurídico de créditos do IPI atualmente em vigor. Tendo em vista que a administração pública só age dentro dos lindes da legalidade, a menção contida nas instruções normativas, no sentido de que “somente são passíveis de ressarcimento os créditos escriturados no período”, só pode ser entendida no sentido de que somente poderão ser ressarcidos os créditos que possuírem existência jurídica, ou seja, aqueles que estiverem devidamente escriturados no livro. As instruções normativas citadas na fundamentação do voto condutor do acórdão de primeira instância, em momento algum vedaram de forma expressa o direito ao ressarcimento do saldo credor de IPI transportado de períodos anteriores. A interpretação acima exposta foi ratificada pela IN 728/2007, que acrescentou o § 7º ao art. 16 da IN 600/2005. O referido § 7º está em total harmonia com o art. 11 da Lei nº 9.779/99, ao prescrever que cada pedido de ressarcimento deve se referir a um único trimestrecalendário, devendo ser efetuado pelo saldo credor remanescente no trimestre calendário, após efetuadas as deduções na escrituração fiscal. Tal determinação está em consonância com o art. 11 da Lei nº 9.779/99, pois a primeira utilização do saldo credor continua sendo o abatimento dos débitos no período de apuração. Somente na hipótese de ainda restar saldo credor acumulado no período é que será possível o aproveitamento mediante ressarcimento ou compensação. Quanto à obrigatoriedade de cada pedido de ressarcimento se referir a um único trimestre calendário, não existe nenhuma ilegalidade em tal limitação, pois o aspecto procedimental do pedido está incluído no poder normativo da administração tributária estabelecido no art. 11, parte final, da Lei nº 9.779/99 e também no art. 74, § 14 da Lei nº 9.430/96. Observese que o próprio art. 11 da Lei nº 9.779/99 já impõe que o período de apuração do ressarcimento seja trimestral. O que a IN 728/2007 fez foi impedir que um mesmo Perdecomp contemple saldos credores de dois ou mais trimestres calendário. Fl. 1304DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13811.001154/200377 Acórdão n.º 3403003.223 S3C4T3 Fl. 8 9 Assim, a conclusão a que se chega é no sentido de que, atualmente, embora haja vedação de se incluir no pedido de ressarcimento saldos credores de mais de um trimestre calendário, não existe óbice algum quanto ao direito ao ressarcimento do saldo credor de IPI que chegou por transporte de períodos anteriores ao trimestre calendário objeto do pedido. Uma coisa é a restrição procedimental de vincular um pedido de ressarcimento a cada trimestrecalendário, e outra coisa totalmente distinta é entender que essa limitação impede o ressarcimento do saldo credor de escrita que veio por transporte de trimestres anteriores. Deve o acórdão de primeira instância ser reformado quanto a este aspecto, pois a interpretação literal das instruções normativas, fazem com que aqueles atos administrativos pareçam ilegais, quando na verdade não o são. No caso concreto, a legitimidade do saldo credor acumulado por transporte de períodos anteriores foi aferida pela autoridade administrativa no termo de diligência de fls. 1031 a 1035 e houve indeferimento expresso por parte da 8ª Turma da DRJ Ribeirão Preto nas fls. 1179, in verbis: "(...) Dos R$ 11.690.229,86 restantes, R$ 11.222,45 são créditos indevidos, por referirem a ativo, R$ 2.538.732,72 foram glosados, pois não comprovados e R$ 9.140.274,69 se referem a créditos escriturados em outro período e não podem ser compensados com os débitos declarados nas DCOMP, pelos motivos expostos no tópico acima9. No entanto, seguindo o exemplo da apuração feita no presente, devese esclarecer que os valores dos trimestres anteriores podem ser usados na contagráfica do estabelecimento (Livro de apuração do IPI) para abater os débitos de IPI de períodos posteriores e assim aumentar o ressarcimento dos períodos futuros10 (...)" Sendo assim, é evidente que a DRJ homologou o resultado da diligência ao autorizar o aproveitamento do saldo credor transferido de período anterior na escrita fiscal para abatimento do IPI. Se esses créditos fossem ilegitimos, eles já teriam sido glosados pela fiscalização no termo de diligência, o que não ocorreu. No que concerne à glosa de R$ 2.538.732,72, o contribuinte não trouxe aos autos as notas fiscais comprobatórias da legitimidade dos créditos pleiteados. Sendo assim, a glosa deve ser mantida por falta de comprovação dos créditos. Quanto ao pedido de juntada posterior, não há como deferilo neste momento processual, pois este acórdão é a última decisão das instâncias ordinárias de julgamento. A Câmara Superior é instância especial e se presta à uniformização da jurisprudência eliminando divergências de interpretação, não sendo da sua alçada o reexame de provas. Com esses fundamentos, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso para reconhecer do direito de o contribuinte utilizar o valor remanescente de R$ 9.140.274,69 correspondente a saldo credor de IPI transferido para o 4º Trimestre de 2002 para ressarcimento e compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal. Fl. 1305DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM 10 (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 1306DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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