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Numero do processo: 10580.720405/2008-01
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Oct 31 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Caracterizam como omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
OMISSÃO DE RECEITAS. FRAUDE/SONEGAÇÃO FISCAL. DOLO. MULTA QUALIFICADA
A reiteração da omissão de receita, bem como a significância dos valores omitidos, permitem concluir que a infração não decorreu de mero erro cometido pelo sujeito passivo, e sim de sua vontade livre e consciente de evadir-se do pagamento dos tributos devidos, caracterizando o evidente intuito de fraude/sonegação fiscal, que dá ensejo à aplicação da multa por infração qualificada, no percentual de 150%.
DECADÊNCIA PARCIAL. INOCORRÊNCIA
Comprovada a conduta de sonegação fiscal, que é dolosa, o termo inicial do prazo decadêncial de cinco anos para lançamento do crédito tributário conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
TRIBUTOS LANÇADOS DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral (Súmula CARF nº 5).
COBRANÇA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO LANÇADA JUNTAMENTE COM TRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO. NÃO CABIMENTO
Os juros com base na taxa Selic não devem incidir sobre a multa de ofício lançada juntamente com tributo ou contribuição, uma vez que o artigo 61 da Lei n.º 9.430/96 apenas impõe sua incidência sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições. Igualmente, não incidem os juros previstos no artigo 161 do CTN sobre a multa de ofício. As polêmicas e controvérsias sobre esse assunto vem de longa data, o que já fragiliza a tese em favor da incidência, pois, tratando-se de norma punitiva, com implicação direta na dimensão da pena, não poderia o texto legal dar margem a tantas dúvidas. No âmbito das normas jurídicas de natureza punitiva, nenhuma pena, via de regra, vai sendo agravada com o decurso do tempo. Para que isso pudesse ocorrer (juros sobre a multa/penalidade), a Lei deveria ser muito clara a respeito, o que não se verifica no texto normativo vigente.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA: PIS, COFINS E CSLL
Tratando-se de lançamentos decorrentes, a decisão prolatada no lançamento matriz (IRPJ) é aplicável aos decorrentes, em razão da intima relação de causa e efeito que os vincula, mormente quando inexistir razão fática ou jurídica para decidir diversamente.
Numero da decisão: 1802-001.218
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso para afastar os juros de mora sobre a multa de ofício. Vencidos o Conselheiro relator Nelso Kichel, que limitava os juros de mora a 1%, e a Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, que mantinha a aplicação dos juros Selic sobre a multa. Designado o Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa para redigir o voto vencedor em relação aos juros de mora sobre a multa de ofício.
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa- Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
(documento assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Corrêa- Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista, Marco Antonio Nunes Castilho e Gustavo Junqueira Carneiro Leão.
Nome do relator: NELSO KICHEL
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OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA Caracterizam como omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE RECEITAS. FRAUDE/SONEGAÇÃO FISCAL. DOLO. MULTA QUALIFICADA A reiteração da omissão de receita, bem como a significância dos valores omitidos, permitem concluir que a infração não decorreu de mero erro cometido pelo sujeito passivo, e sim de sua vontade livre e consciente de evadirse do pagamento dos tributos devidos, caracterizando o evidente intuito de fraude/sonegação fiscal, que dá ensejo à aplicação da multa por infração qualificada, no percentual de 150%. DECADÊNCIA PARCIAL. INOCORRÊNCIA Comprovada a conduta de sonegação fiscal, que é dolosa, o termo inicial do prazo decadêncial de cinco anos para lançamento do crédito tributário conta se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. TRIBUTOS LANÇADOS DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 04 05 /2 00 8- 01 Fl. 395DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 3 2 período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral (Súmula CARF nº 5). COBRANÇA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO LANÇADA JUNTAMENTE COM TRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO. NÃO CABIMENTO Os juros com base na taxa Selic não devem incidir sobre a multa de ofício lançada juntamente com tributo ou contribuição, uma vez que o artigo 61 da Lei n.º 9.430/96 apenas impõe sua incidência sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições. Igualmente, não incidem os juros previstos no artigo 161 do CTN sobre a multa de ofício. As polêmicas e controvérsias sobre esse assunto vem de longa data, o que já fragiliza a tese em favor da incidência, pois, tratandose de norma punitiva, com implicação direta na dimensão da pena, não poderia o texto legal dar margem a tantas dúvidas. No âmbito das normas jurídicas de natureza punitiva, nenhuma pena, via de regra, vai sendo agravada com o decurso do tempo. Para que isso pudesse ocorrer (juros sobre a multa/penalidade), a Lei deveria ser muito clara a respeito, o que não se verifica no texto normativo vigente. TRIBUTAÇÃO REFLEXA: PIS, COFINS E CSLL Tratandose de lançamentos decorrentes, a decisão prolatada no lançamento matriz (IRPJ) é aplicável aos decorrentes, em razão da intima relação de causa e efeito que os vincula, mormente quando inexistir razão fática ou jurídica para decidir diversamente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso para afastar os juros de mora sobre a multa de ofício. Vencidos o Conselheiro relator Nelso Kichel, que limitava os juros de mora a 1%, e a Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, que mantinha a aplicação dos juros Selic sobre a multa. Designado o Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa para redigir o voto vencedor em relação aos juros de mora sobre a multa de ofício. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. Fl. 396DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 4 3 (documento assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista, Marco Antonio Nunes Castilho e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Fl. 397DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 5 4 Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls.377/393 contra decisão da 3ª Turma da DRJ/Fortaleza (fls.355/365) que julgou improcedente a impugnação, mantendo os autos de infração do IRPJ e reflexos (CSLL, PIS e Cofins) dos anoscalendário 2003 e 2004. Quanto aos fatos: consta dos citados autos de infração (fls.07/40), a imputação da infração OMISSÃO DE RECEITAS da atividade – depósitos bancários de origem não comprovada para os anoscalendário 2003 e 2004, respectivamente, nos seguintes valores mensais: Meses Anocalendário 2003 Anocalendário 2004 Janeiro 112.522,77 94.976,45 Fevereiro 122.772,14 Março 146.813,30 Abril 207.198,89 17.077,00 Maio 92.122,28 Junho 117.579,84 57.755,10 Julho 168.577,78 22.928,22 Agosto 250.269,48 117.955,09 Setembro 276.107,80 120.224,00 Outubro 105.691,12 122.356,10 Novembro 21.925,06 30.197,04 Dezembro 98.532,08 63.738,00 Obs: A composição, discriminação, desses valores mensais dos anoscalendário 2003 e 2004 consta do Termo de Verificação Fiscal – Anexos I e II, o qual é parte integrante do lançamento fiscal (fls. 268/279). Descrição dos fatos infração Omissão de Receitas constante do Termo de Verificação Fiscal (fls. 268/271), in verbis: (...) No curso da ação fiscal iniciada em 05/03/2007, e de acordo com o disposto nos arts. 841, 911, 926, 927 e 928, Decreto n° 3.000 de 26 de março de 1999 RIR/1999, verificamos os seguintes fatos: 1 Termo de Início de Fiscalização lavrado em 03/01/2007 com ciência do contribuinte mediante aviso de recebimento em 05/03/2007, onde fora solicitado livros e documentos necessários ao desenvolvimento dos procedimentos fiscais previstos na Operação: Movimentação Financeira Incompatível com a Receita Declarada períodos 2003 e 2004, Mandado de Procedimento Fiscal (...) 2 A pessoa jurídica fiscalizada não está em funcionamento no endereço constante nos cadastros da RFB, desta feita utilizamos o domicílio do sócio majoritário Mirian Silva Souza, para cientificar a pessoa jurídica dos Termos necessários ao desenvolvimento da ação fiscal. No atendimento ao Termo de Fl. 398DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 6 5 Início de Fiscalização e outros, compareceu na Delegacia da Receita Federal do Brasil de Salvador representante do fiscalizado munido de procuração, para entrega dos elementos solicitados. 3 Apresentados os livros Diário e Razão dos anos 2003 e 2004, além dos extratos bancários dos anos 2003 e 2004 da conta corrente n° 4003470, agência 15800, Banco Safra, procedemos as análises relativas aos valores creditados na conta corrente com os valores da conta representativa da movimentação bancária na contabilidade apresentada, não esclarecendo tais procedimentos quanto à origem dos recursos depositados na conta bancária. 4— Com o objetivo de esclarecer as origens dos recursos creditados na conta do Banco Safra, o fiscalizado foi devidamente intimado através de seu procurador a apresentar documentos hábeis e idôneos que comprovassem as origens dos recursos da movimentação bancária dos períodos e valores descriminados no Anexo ao Termo de Intimação Fiscal lavrado em 25/04/2007. (...) 6 Ao vencimento do prazo concedido, o contribuinte apresenta petição em 05/06/2007 alegando que se encontrava impedido de atender a ordem fiscal pelo fato que os documentos que comprovariam a exigência se encontravam apreendidos por ordem da Justiça Federal, (...) 17a Vara Seção Judiciária da Bahia autos de Medida Cautelar Penal de Busca e Apreensão n° 2005.33.00.0206566; (...) operação de combate ao contrabando e descaminho, executada em 12/06/2006 por intermédio da Divisão de Repressão ao contrabando e Descaminho DIREP/5ª RF e Escritório de Investigação ESPEI/5ª RF. 7 Da nálise do Termo de Retenção de Livros e Documentos, se verifica que dentre os itens listados no Termo, nenhum deles serviria à comprovação das origens dos recursos creditados na conta corrente do fiscalizado. Portanto, o fiscalizado foi Reintimado a apresentar os documentos anteriormente exigidos, (...) 10 Em contato com o Chefe da DIREP/5ª RF informamos que o fiscalizado estava postergando o atendimento à Intimação anteriormente formulada, alegando que os documentos comprobatórios estavam apreendidos. Obtivemos como resposta que o contribuinte ainda não havia comparecido a Divisão, depois de intimado e de diversos contatos telefônicos efetuados para abertura do malote que ainda estava lacrado. Em seqüência a DIREP/5ª RF expediu Ofício ao Procurador da República o colocando a par da situação e solicitando a abertura deste malote sem a presença do contribuinte. 11 Em dezembro de 2007 finalmente o malote foi aberto na DIREP com a presença do contribuinte, e logo depois a Fl. 399DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 7 6 documentação foi colocada à disposição desta fiscalização. Da análise da documentação não constava nenhum documento que se prestasse à comprovação das origens dos recursos creditados em conta corrente do fiscalizado, portanto a alegação do contribuinte anteriormente formulada teve como objetivo embaraçar e postergar a finalização da ação fiscal em curso. 12 Novamente o fiscalizado foi intimado em 27/02/2008 a apresentar documentação hábil e idônea comprobatória das origens dos créditos em conta corrente, além da solicitação para promover a autenticação na Junta Comercial da Bahia dos livros Diário de 2003 e 2004 anteriormente apresentados. 13 0 contribuinte, em resposta ao Termo de Intimação Fiscal lavrado em 27/02/2008, informa que por ser optante pelo lucro presumido não estaria sujeita a escrituração contábil, portanto estaria apresentando os livros Caixa de 2003 e 2004, e diante de tal razão não forneceria a documentação solicitada. 14 Registrando, o fiscalizado regularmente intimado a apresentar livros, e documentos que comprovassem as origens dos créditos em conta corrente, somente apresentou os livros Caixa. 15 O contribuinte entregou as DIPJ 2004 e 2005, optando pelo lucro presumido, para fins de tributação do Imposto de Renda, informando ainda como atividade econômica: Aluguel de máquinas e equipamentos para escritórios, inclusive computadores e material telefônico CNAE F: 71.331/00, em conformidade com o Contrato Social. Tal atividade acarreta a aplicação do coeficiente de 32% sobre a receita bruta auferida para fins de determinação do lucro presumido trimestral. 16 Caracterizamse como omissão de receitas os valores creditados em conta corrente nos quais as origens dos recursos utilizados nessas operações não foram comprovadas pelo contribuinte depois de regularmente intimado a apresentar documentação hábil e idônea que comprovassem tais operações. Diante da recusa do contribuinte em atender a intimação, os créditos listados no Termo de Intimação lavrado em 25/04/2007, foram consolidados mensalmente, conforme Demonstrativos de Créditos em Conta Corrente não Comprovados anos 2003 e 2004 Anexo 1 e Anexo 2 respectivamente. Estes demonstrativos são partes integrantes e indissociáveis deste Termo de Verificação Fiscal. Fundamentação no art. 42 da Lei n° 9.430/96. 17 Quantificada a receita omitida mensalmente, foi efetuada a apuração do IRPJ trimestral lucro presumido, aplicando o percentual de 32% sobre a receita apurada trimestralmente, obtendose a base de cálculo do imposto de renda por trimestre de apuração. Recomposta a base tributável dos quatro trimestres de 2003 e dos quatro trimestres de 2004, o IRPJ foi apurado à alíquota de 15% e adicional de 10% sobre a parcela do lucro presumido superior a R$ 60.000,00 por trimestre de apuração. Fl. 400DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 8 7 18 Apurado o imposto de renda em cada período de apuração, efetuamos o lançamento de ofício do IRPJ, Infração omissão de receitas falta de comprovação das origens de valores creditados em conta de depósito ou investimento mantida junto à instituição financeira art. 42 daLei n° 9.430/96, conforme demonstrativos de apuração e enquadramento legal constantes do Auto de Infração IRPJ. 19 Detectada a prática de omissão de receitas, cabe autuação reflexa da Contribuição Social sobre o lucro líquido (CSLL), PIS e COFINS art 24, § 2o da Lei n° 9.249/95. 20 Aplicando o percentual de 12% (janeiro de 2003 a agosto de 2003) e 32%(setembro de2003 a dezembro de 2004), sobre a receita trimestral apurada, obtémse a base de cálculo da contribuição. Portanto, recomposta a base tributável dos quatro trimestres de 2003 e dos quatro trimestres de 2004, foi apurada a CSLL a alíquota de 9% por trimestre de apuração. 21 Apurada a Contribuição Social em cada período de apuração, efetuamos o lançamento de ofício da CSLL, conforme demonstrativos de apuração e enquadramento legal constantes do Auto de Infração CSLL 22 Para o PIS e COFINS, os valores mensais da receita omitida são as próprias bases tributáveis, incidindo mensalmente a alíquota de 3% para a COFINS e 0,65% para o PIS. 25 Analisando as fichas das DIPJ 2004 entregue pelo contribuinte, constatase que estão preenchidas somente as apurações do imposto de renda e contribuições referentes ao I o trimestre de 2003 DIPJ 2004 os outros três trimestres estão em branco. Na DIPJ 2005 todas as fichas de apurações do imposto e das contribuições estão em branco, bem como outras informações constantes da declaração. Portanto verificase sistematicamente a omissão do fiscalizado em prestar informações relativas à apuração de imposto e contribuições em declaração de rendimentos exigida em caráter obrigatório, considerada como obrigação tributária acessória. 26 Diante da ação/omissão dolosa do contribuinte tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, fica caracterizada sonegação fiscal, portanto a multa de ofício foi majorada para 150% (multa qualificada). A fundamentação legal da multa de ofício consta do Enquadramento Legal dos Autos de Infração lavrados. (...) o crédito tributário lançado para os anoscalendário 2003 e 2004 perfaz o montante de R$ 874.190,35 (computados valores da multa qualificada de 150% e juros de mora calculados até 29/02/2008), assim especificado por exação fiscal: Fl. 401DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 9 8 Auto de Infração Principal Juros e Mora (calculados até 29/02/2008) Multa de Ofício (150%) Total Folhas IRPJ 148.330,51 91.202,97 222.495,75 462.029,23 08/15 CSLL 46.267,15 26.560,71 69.400,72 142.228,58 16/24 PIS 15.390,95 9.592,54 23.086,36 48.069,85 25/32 COFINS 71.035,52 44.273,94 106.553,23 221.862,69 33/40 TOTAL 874.190,35 Obs: o IRPJ e a CSLL foram apurados com base no regime do lucro presumido, considerando o valor tributável da infração imputada “Omissão de Receitas”. Ciente dos autos de infração em 31/03/2008 (fl. 283), a contribuinte apresentou impugnação em 29/04/2008 (fls. 284/304), juntando, ainda, os documentos de fls. 305/326, cujas razões, em síntese, são as seguintes: suscitou decadência parcial: que os fatos geradores ocorridos até 30/03/2003 estão decaídos, com considerando o prazo decadencial de cinco anos, partir do fato gerador (CTN, art. 150, §4º); descaracterização da omissão de receitas: que, após a edição da Lei Complementar nº 105/2001, o ônus da prova quanto à ocorrência de omissão de receitas com base em movimentação financeira/bancária (extratos bancários) é do fisco; que se torna necessário revisar os valores lançados com base nos extratos bancários, para expurgar os empréstimos contraídos nos anoscalendário 2003 e 2004; que deve ser reduzida a multa de ofício de 150% para 75%, uma vez que essa qualificadora não condiz com os fatos; nulidade do arbitramento do lucro: que quando há possibilidade de levantamento do efetivo crédito tributário, não há razão que justifique o arbitramento do lucro; cancelamento da exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, por ser indevida essa cobrança. A DRJ/Fortaleza, apreciando o litígio em primeira instância, julgou a impugnação improcedente, mantendo a exigência do crédito tributário nos termos dos autos de infração, cuja ementa do acórdão transcrevo a seguir (fls. 355/356), in verbis: (...) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2004, 2005 LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PARTIR DE 01/01/1997. A Lei n° 9.430/1996, vigente a partir de 01/01/1997, estabeleceu, em seu art. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito. Fl. 402DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 10 9 Para efeito de determinação da receita omitida, não serão considerados os créditos decorrentes de contratos de mútuo. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. FATO INDICIÁRIO. FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO. A presunção legal juris tantum inverte o ônus da prova. Neste caso, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimentos (fato jurídico tributário), nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil. Cabe ao contribuinte provar que o fato presumido não existiu na situação concreta. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. Exercício: 2004, 2005 DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Quando a autoridade fiscal demonstra que ocorreram veementes indícios de dolo, fraude ou simulação, a decadência regese conforme o disposto no art. 173, inciso I, do CTN. (Parecer PGFN/CAT n° 1617/2008, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda). DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. São improfícuos os julgados administrativos trazidos pelo sujeito passivo, pois tais decisões não constituem normas complementares do Direito Tributário, já que foram proferidas por órgãos colegiados sem, entretanto, uma lei que lhes atribuísse eficácia normativa, como é exemplo a edição de súmula administrativa vinculante, na forma do artigo 26A do Decreto 70.235/1972 (incluído pela Lei n° 11.196/2005). MULTA QUALIFICADA. A multa de ofício qualificada, no percentual de 150%, será aplicada quando o procedimento fiscal evidenciar que o contribuinte adotou práticas que visaram impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido (...) Ciente desse decisum em 01/03/2010 (fl. 376), a contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 26/03/2010 (fls. 377/393), reiterando as razões já apresentadas na instância a quo, ou seja: a) decadência parcial: que estão decaídos os valores do crédito tributário cujos fatos geradores ocorreram antes de 31/03/2003; Fl. 403DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 11 10 b) que deve ser declarada nula a autuação fiscal que presumiu faturamento de valores que não o eram; não se justificando o arbitramento do lucro; c) que se cancele, ou ao mensos se reduza, a multa qualificada, tendo em vista que não houve sonegação fiscal, nem máfé, pois prestou todas as informações solicitadas pelo fisco; d) que, caso persista alguma parte do lançamento fiscal, que seja afastada a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício aplicada. É o relatório. Fl. 404DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 12 11 Voto Vencido Conselheiro Nelso Kichel, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos para sua admissibilidade. Por conseguinte, dele conheço. Conforme relatado, o litígio versa acerca do crédito tributário lançado por intermédio dos autos de infração do IRPJ e reflexos (CSLL, PIS e Cofins) dos anoscalendário 2003 e 2004, pela imputação da infração “Omissão de Receitas” com base em depósitos bancários de origem não comprovada (Lei nº 9.430/96, art. 42), com imposição de multa qualificada de 150%. Inexistindo preliminar de natureza processual a ser enfrentada, passo à análise do mérito da contenda. OMISSÃO DE RECEITAS – DEPÓSITO BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. (Lei 9.430/96, art. 42). VALOR TRIBUTÁVEL DA INFRAÇÃO IMPUTADA As cópias dos extratos bancários da conta corrente foram fornecidas pela própria contribuinte (fls. 70/117). Quanto ao anocalendário 2003, a contribuinte apresentou DIPJ 2004 com movimento financeiro apenas no 1º trimestre (Janmarço/2003) – fls. 196/230. Para os demais meses desse ano, as Fichas da DIPJ estão zeradas (em branco) – fls. 231/165. Quanto ao anocalendário 2004, a recorrente apresentou DIPJ 2005 sem momento, com todas as Fichas zeradas (em branco). Constam dos autos cópias de livros Caixa de 2003 (fls. 162/184) e de 2004 (fls. 185/193). Os livros Diário não estão escriturados; neles há, apenas, transcrição de Balanços Patrimoniais Anuais dos anos de 2003 e 2004 (fls.55/61 e 62/68). A fiscalização da RFB apurou omissão de receitas conforme demonstrativo já transcrito no relatório. A contribuinte, durante o procedimento de investigação da RFB, foi intimada para fazer a comprovação da origem dos depóstos a crédito na conta corrente bancária no Banco Safra de que trata o demonstrativo dos depósitos a crédito, documento anexo à Intimação Fiscal de 25/04/2007 (fls. 119/127). Entretanto, a recorrente, na época, mesmo tendo protelado ao máximo os prazos para atendimento das intimações, não conseguiu, ao final, provar a origem dos depósitos a crédito em sua conta corrente, conforme exaustiva narrativa dos fatos constante do Termo de Verificação Fiscal, cujos principais trechos já foram transcritos no relatório. Fl. 405DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 13 12 Restando provado e comprovado pelo fisco, por conseguinte, o fato indiciário (fato conhecido) – existência de depósitos bancários a crédito, em conta corrente bancária, de origem não comprovada de que tratam os extratos bancários (fls. 70/117) e efetuada a intimação fiscal com respectivo demonstrativo de créditos Anexo (fls. 119/127), foi então, por presunção legal (Lei nº 9.430/96, artt. 42), imputada a infração Omissão de Receitas (fato probando) dos anoscalendário 2003 e 2004 nos valores constantes do demonstrativo já transcrito no relatório. Pelo art. 42 da Lei nº 9.430/96, destarte, basta ao fisco comprovar a existência do fato indiciário (fato conhecido), para imputação da infração “Omissão de Receitas”. Nesse sentido, constam dos autos cópias dos extratos bancários da conta corrente, fornecidos pela própria contribuinte, dos dépositos de origem não comprovada, dos anoscalendário 2003 e 2004, que intimada pelo fisco, especificamente, para fazer tal comprovação de origem de valores discriminados na intimação fiscal, não conseguiu desemcumbirse desse ônus probatório (fls. 70/117, 119/128 e 138/139). Destarte, quanto ao valor tributável da infração imputada “Omissão de Receitas”, cabe ao sujeito passivo, nos termos do art. 42 da Lei nº 9.430/96, dos art. 15 e 16, III, do Decreto nº 70.235/72 e do Código de Processo Civil – Lei nº 5.869/73, art. 333, II), comprovar a origem dos depósitos a crédito em suas contas correntes, bem como a comprovação da existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito constitutivo do fisco. Na primeira instância de julgamento, quanto ao valor tributável da infração “Omissão de Receitas”, a contribuinte alegou que a fiscalização não teria excluído as operações de mútuo contraídas junto ao Banco Safra. Essa alegação da contribuinte, de pronto, foi rechaçada pela decisão a quo, conforme consta do voto condutor que, nessa parte, transcrevo a seguir (fl. 363), in verbis: (...) Em tempo, o defendente alega que foram computados como omissão de receitas valores oriundos de empréstimos e anexou cópias de contratos de mútuo (fls. 331/352) para comprovar sua alegação. Entretanto, conforme podemos verificar (fls.272/279), os valores referentes a empréstimos não foram computados no DEMONSTRATIVO DE VALORES NÃO COMPROVADOS EXTRATOS BANCÁRIOS ANO 2003 ANO 2004, que é um espelho dos valores lançados no respectivo auto de infração. Daí, sem efeito o requerimento apresentado pelo contribuinte. (...) Nesta instância de julgamento, novamente a recorrente volta a falar dos indigitados instrumentos de mútuo contraídos junto ao Banco Safra, alegando, genericamente, que a fiscalização ao proceder à análise dos extratos bancários da conta corrente – Banco Safra – encontrou valores que não correspondem ao faturamento real da empresa, uma vez que parte Fl. 406DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 14 13 dos créditos, que ingressaram na conta corrente, referese a empréstimos (operações de mútuo); que foram juntados aos autos cópias de instrumentos de contratos de empréstimos contraídos; que o mero depósito bancário, sem maiores investigações, não serve para presumir omissão de receitas e rendimentos tributáveis; que a maior parte desses depósitos bancários a crédito é referente a empréstimos bancários contraídos junto ao Banco Safra. Conforme já demonstrado, a decisão recorrida já enfrentou essa questão. Não obstante, compulsando os autos, observase, constatase, que os valores de que tratam os instrumentos de mútuo (fls. 331/352) não compõem o montante das receitas omitidas. Logo, não há valor a ser excluído, a título de contratos de mútuo contraídos junto ao Banco Safra, do valor tributável da infração imputada “Omissão de Receitas”. Ademais, a mera alegação genérica, sem prova, de que valores de operações de mútuo contraídas estariam, indevidamente, compondo a Receita Omitida é totalmente desproposital e sem sentido. Alegação inócua. Para comprovação da origem dos valores dos depósitos a crédito na conta corrente bancária, há necessida de documentos de suporte, depósito por depósito, de forma que exista coincidência de valores e datas. A presunção legal, de que trata o art. 42 da Lei nº 9.430/96, tem o condão de inversão do ônus da prova; porém, a recorrente, também, nesta instância de julgamento não se desencumbiu do ônus probatório. Por conseguinte, o fisco acertadamente presumiu, no caso, a omissão de receitas (depósitos bancários a crédito de origem não comprovada), pois a contribuinte, regularmente intimada, não comprovou através de documentos hábeis e idôneos a origem dos depósitos a crédito em sua conta corrente bancária. Incabível a invocação da Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos. No caso, não mais se aplica a Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos e, também, não se aplicam os precedentes jurisprudenciais invocados, pois calcados em legislação revogada. Isto porque existem duas realidades distintas no que se refere ao uso da movimentação financeira para a caracterização da omissão de receitas, sendo uma com base no art. 6°, § 5°, da Lei nº 8.021/1990 (este revogado pela Lei n. 9.430/96), e a outra com base no art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Vejamos: Lei n° 8.021/1990 "Art. 6º. O lançamento de oficio, além dos casos já especificados em lei, farse á arbitrandose os rendimentos com base na renda presumida, mediante utilização dos sinais exteriores de riqueza. Fl. 407DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 15 14 (...) § 5º O arbitramento poderá ainda ser efetuado com base em depósitos ou aplicações realizadas junto a instituições financeiras, quando o contribuinte não comprovar a origem dos recursos utilizados nessas operações."[revogado] Lei n°9.430/1996 "Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantido junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações Com base nos dispositivos acima transcritos, verificase que o que distingue uma realidade da outra é que a partir de 01/01/1997 — entrada em vigor da Lei n° 9.430/96 , a existência de depósitos não escriturados ou de origem não comprovada tornouse uma nova hipótese legal de presunção de omissão de receitas, que veio a se juntar as outras já existentes no ordenamento jurídico, sendo que a partir daí, atenuouse a carga probatória atribuída ao fisco, que precisa apenas demonstrar a existência de depósitos bancários não escriturados ou de origem não comprovada para satisfazer o onus probandi a seu cargo. Antes, tal previsão para depósitos bancários inexistia, e com isso o fisco necessitava, nos estritos termos do art. 6°, caput, e § 5°, da Lei n° 8.021/1990, não apenas constatar a existência dos depósitos bancários, mas estabelecer uma conexão, um nexo causal, entre tais depósitos e alguma exteriorização de riqueza e/ou operação concreta do sujeito passivo que pudesse dar ensejo à omissão de receitas. O fato é que após a edição da Lei n° 9.430/1996, a movimentação bancária mantida ao largo da escrituração contábil da empresa ou sem comprovação da origem, presumese realizada com valores omitidos à tributação, salvo prova em contrário; porém, não mais se aplicando, portanto, o entendimento exarado na Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos. Para fatos geradores a partir de 1°/01/1997, no tocante à omissão de rendimentos/receitas com base em depósitos bancários com origem não comprovada, tem vigência única e plenamente o art. 42 da Lei n°9.430196. Não há que se falar em sinais exteriores de riqueza ou prova do consumo da renda para tributar depósitos bancários com origem não comprovada pelo contribuinte, conforme matéria já sumulada neste CARF: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. O depósito bancário não escriturado ou de origem não comprovada, portanto, é rendimento tributável pelo imposto de renda, por presunção legal. Fl. 408DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 16 15 Esse entendimento encontrase pacificado no âmbito deste Conselho de Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, cujos precedentes jurispruencias, alguns, transcrevo a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2001, 2002, 2003, 2004, 2005 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Caracterizam omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantidos junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.(Acórdão nº 10809.836, sessão de 05 de fevereiro de 2009, Relatora Valéria Cabral Géo Verçoza). ASSUNTO: IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA Ano calendário: 2002 a 2004 Ementa: IRPJ — DEPÓSITOS BANCÁRIOS — OMISSÃO DE RECEITAS PRESUNÇÃO LEGAL Caracterizam como omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.(Acórdão nº 10197.116, sessão de 05 de fevereiro de 2009, Relator Valmir Sandri). ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE — SIMPLES Exercício: 2003, 2004 Ementa: OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA —PROCEDÊNCIA Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA PRESUNÇÃO LEGAL Em se tratando de presunção legal, cabe ao Fisco a prova do fato indiciário. Ao contribuinte incumbe provar que o fato indiciário não leva, em seu caso concreto, ao fato presumido por lei. Esse ônus não pode ser transferido pelo contribuinte à Administração Tributária.(Acórdão nº 10517.369, sessão de 17 de dezembro de 2008, Relator Waldir Veiga Rocha). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício. 2000, 2001, 2002 OMISSÃO DE RENDIMENTO. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ARTIGO 42 DA LEI N° 9.430, DE 1996. A presunção legal de omissão de receitas, prevista no art. 42, da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em Fl. 409DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 17 16 depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. ÓNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários.(Acórdão nº 10249.393, sessão de 06 de novembro de 2008. Relatora Núbia Matos Moura). Assunto: SIMPLES NACIONAL EXERCÍCIO: 2004, 2005 Ementa: PRESUNÇÃO LEGAL OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DE ORIGEM INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, DE 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS DO ÔNUS DA PROVA As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tãosomente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei.(Acórdão nº 195 0.088, sessão 09 de dezembro de 2008, Relator Benedicto Celso Benicio Junior). OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS: Caracterizase como omissão de receita os depósitos bancários feitos em nome de interposta pessoa quando as pessoas envolvidas devidamente intimadas não comprovem a origem em renda ou receita. A proporcionalização de acordo com a receita declarada de cada pessoa jurídica que movimentou recursos nas contas não macula o lançamento, pois demonstra a aplicação da prudência da lógica e coerência por parte da fiscalização. (AC. CSRF nº 0105.643, sessão de 27 de março de 2007, Redator designado José Cóvis Alves) Ainda, não há conflito entre o art. 42 da Lei n° 9.430/96, que presume como rendimento omitido os valores creditados em conta de depósitos para os quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprove sua origem, e os arts. 43 e 44 do Código Tributário Nacional que definem o fato gerador do imposto de renda – IR e o conceito de renda. Apenas para argumentar, eventual antinomia entre as normas citadas somente poderia ser resolvido no âmbito de declaração de inconstitucionalidade das normas pelo Poder Judiciário, falecendo competência ao CARF para tanto, conforme máteria já sumulada: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Portanto, deve ser mantida a infração “Omissão de Receitas”. Fl. 410DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 18 17 IRPJ E CSLL. LUCRO PRESUMIDO. A recorrente alegou que seria nulo o arbitramento do lucro, pois a escrituração contábil seria suficiente à apuração dos resultados tributáveis dos períodos de apuração objeto da infração imputada. Diversamente do alegado pela recorrente, não houve arbitramento do lucro, mais apuração do IRPJ e da CSLL com base no lucro presumido. O IRPJ e a CSLL, para os anoscalendário de 2003 e 2004 objeto da autuação, foram apurados pelo fisco pelo regime do lucro presumido – períodos trimestrais sobre a Receita Omitida, com utilização do coeficiente de presunção do lucro (atividade aluguel de máquinas e equipamentos): a) 32% para o imposto; b) 12% (janeiro a agosto/2003) e 32% (setembro/2003 a dezembro/2004) para a CSLL. Assim, diversamente do alegado pela recorrente, não houve arbitramento de lucro, pois o IRPJ e a CSLL foram apurados com base no lucro presumido, regime de apuração adotado pela recorrente nas respectivas DIPJ. Por conseguinte, está prejudicada a alegação da contribuinte de que o arbitramento do lucro seria nulo, pois não houve arbitramento do lucro, no caso. Já, as contribuições (PIS e Cofins) foram apuradas pelo fisco, mensalmente, com base na receita Receita Omitida. RECEITA OMITIDA. FRAUDE/SONEGAÇÃO FISCAL. DOLO. MULTA QUALIFICADA A recorrente rebelase contra a aplicação da multa de 150% (multa qualificada) em relação à infração imputada “Omissão de Receitas” dos anoscalendário 2003 e 2004, objeto dos autos, argumentando que se cancele, ou ao menos se reduza, a multa qualificada, pois não condiz com os fatos, tendo em vista que não houve sonegação fiscal, nem máfé, pois prestou todas as informações solicitadas pelo fisco. Diversamente do alegado pela contribuinte, a DIPJ : a) do anocalendário 2003 foi entregue ao fisco com valores zerados (fichas em branco), exceto para o 1º trimestre que consta receita bruta ínfima; b) do anocalendário 2004 foi entregue ao fisco com valores zerados para todos os trimestres (fichas em branco). Além disso, durante o procedimento de fiscalização, a contribuinte dificultou, protelou, sobremaneira, o encerramento dos trabalhos da fiscalização. Esse modus operandi consta descrito, narrado, pela fiscalização no Termo de Verificação Fiscal, o qual é parte intregrante dos autos de infração (fls. 268/271) e que trtanscrevo a seguir, in verbis: Fl. 411DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 19 18 (...). 1 Termo de Início de Fiscalização lavrado em 03/01/2007 com ciência do contribuinte mediante aviso de recebimento em 05/03/2007, onde fora solicitado livros e documentos necessários ao desenvolvimento dos procedimentos fiscais previstos na Operação: Movimentação Financeira Incompatível com a Receita Declarada períodos 2003 e 2004, Mandado de Procedimento Fiscal (...) (...) 15 O contribuinte entregou as DIPJ 2004 e 2005, optando pelo lucro presumido, para fins de tributação do Imposto de Renda, informando ainda como atividade econômica: Aluguel de máquinas e equipamentos para escritórios, inclusive computadores e material telefônico CNAE F: 71.331/00, em conformidade com o Contrato Social. Tal atividade acarreta a aplicação do coeficiente de 32% sobre a receita bruta auferida para fins de determinação do lucro presumido trimestral. (...). 25 Analisando as fichas das DIPJ 2004 entregue pelo contribuinte, constatase que estão preenchidas somente as apurações do imposto de renda e contribuições referentes ao I o trimestre de 2003 DIPJ 2004 os outros três trimestres estão em branco. Na DIPJ 2005 todas as fichas de apurações do imposto e das contribuições estão em branco, bem como outras informações constantes da declaração. (...) 26 Diante da ação/omissão dolosa do contribuinte tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, fica caracterizada sonegação fiscal, portanto a multa de ofício foi majorada para 150% (multa qualificada). A fundamentação legal da multa de ofício consta do Enquadramento Legal dos Autos de Infração lavrados. (...) Não há reparo a fazer na imputação do fisco, pois a conduta da contribuinte subsume, perfeitamente, ao comando do art.71 da Lei nº 4.502/64, in verbis: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II – Omissis. Os precedentes jurisprudencias deste CARF, também, são pela manutenção da qualificação da multa, nos casos em que os contribuintes declaram receita bruta efetiva ao Fl. 412DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 20 19 fisco estadual e, apenas, valor irrisório, insignificante, de receita bruta ao fisco federal. Senão vejamos: MULTA POR INFRAÇÃO QUALIFICADA. A omissão expressiva de receitas em vários períodos consecutivos demonstra ter a autuada agido com dolo, caracterizando o evidente intuito de fraude, que dá ensejo à aplicação da multa por infração qualificada, no percentual de 150%.(Acórdão nº 10709.340, sessão de 16/08/2008, Relator Jayme Juzrez Grotto). MULTA QUALIFICADA. IRPJ. Comprovado que o contribuinte omitiu integralmente suas receitas e o imposto de renda devido em suas declarações de rendimentos (DIPJ) e de tributos devidos (DCTF), durante períodos de apuração sucessivos, visando retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal pela autoridade fazendária, caracterizase a figura da sonegação descrita no art. 71 da Lei nº 4.502/196, impondose a aplicação da multa de ofício qualificada, prevista no § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996.(Acórdão nº 910101.202, sessão de 17/10/2011, Relator Alberto Pinto S. Jr.). MULTA QUALIFICADA. A reiteração da omissão de receita, bem como a significância dos valores omitidos, permitem concluir que a infração não decorreu de mero erro cometido pelo sujeito passivo, e sim de sua vontade livre e consciente de evadirse do pagamento dos tributos devidos.(Acórdão nº 1201 00.483, sessão de 25/05/2011, Relator Regis Magalhães Soares de Queiroz e Marcelo Cuba Netto Redador do voto vencedor). MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA A multa de ofício qualificada, no percentual de 150%, será aplicada sempre que houver o evidente intuito de fraude definido na forma da lei e caracterizado em procedimento fiscal, in casu, declarar à Receita Federal, bem como recolher os tributos sobre o valor em torno de 10% de seu faturamento mensal efetivo, escriturado no livro registro de saídas e declarado à Secretaria Estadual de Fazenda. (Acórdão nº 140200.505, sessão de 31/03/2011, Relator Antônio José Praga de Souza). MULTA QUALIFICADA. O comportamento consistente do contribuinte em declarar parcela ínfima de suas receitas ao fisco federal, para fins de apuração do pagamento unificado de tributos pelo sistema SIMPLES torna notório o intuito de retardar o conhecimento, por parte da autoridade fiscal, das circunstâncias materiais da obrigação tributária, justificando a aplicação da multa qualificada.(Acórdão nº 9101001.197, sessão de 07/10/2011, Relator Valmir Sandri). O princípio do não confisco insculpido na Constituição, em seu art. 150, IV, dirigese ao legislador infraconstitucional e não à Administração Tributária, que não pode furtarse à aplicação da norma, baseada em juízo subjetivo sobre a natureza confiscatória da exigência prevista em lei. Fl. 413DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 21 20 Tal princípio não se aplica às multas, conforme entendimento já consagrado na jurisprudência administrativa: "CONFISCO – A multa constitui penalidade aplicada como sanção de ato ilícito, não se revestindo das características de tributo, sendo inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso IV do artigo 150 da Constituição Federal (Ac. 10242.741, sessão de 20/02/1998). Ademais, não cabe ao órgão de julgamento administrativo conhecer, no mérito, de argúição de inconstitucionalidade de lei, cuja questão está sumulada neste CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Portanto, devese ser mantida a muta qualificada da infração Omissão de Receitas. DECADÊNCIA PARCIAL. INOCORRÊNCIA A recorrente alegou que os tributos cujos fatos geradores ocorreram antes de 31/03/1993 (data de ciência dos autos de infração do IRPJ e reflexos) estariam decaídos, com base no art. 150, § 4º, do CTN. Não procede a pretensão da recorrente. Como já demonstrado, a conduta de omissão de receitas foi dolosa, configurando Fraude/Sonegação Fiscal. Restando comprovada a conduta de sonegação fiscal, que é dolosa, o termo inicial do prazo decadêncial de cinco anos para lançamento do crédito tributário contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (CTN, art. 173, I). Por conseguinte, todos os períodos de apuração, objeto do lançamento fiscal, estão a salvo da indigitada decadência. TRIBUTOS LANÇADOS DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. MATÉRIA SUMULADA Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO A recorrente argumentou, ainda, que, na hipótese de manutenção da multa aplicada, que seja afastada a cobrança de juros de mora sobre tal parcela lançada. Fl. 414DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 22 21 A multa aplicada compõe o crédito tributário, por isso, quando não paga na data de vencimento, sofre a incidência dos juros de mora. Nesse sentido, dispõe o art. 161 do CTN: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. Conforme facultado pelo CTN, a União legislou acerca da taxa mensal dos juros de mora, fazendo incidir a taxa SELIC na cobrança de tributos e contribuições federais não pagos tempestivamente. A questão maior é saber se sobre a multa de ofício incidem os juros de mora com base na taxa SELIC ou se no percentual de 1% (um por cento) de que trata o art. 161 do CTN, já transcrito acima. Entendo que a multa de ofício, quando lançada juntamente com tributos e contribuições, está sujeita à incidência de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a partir do seu vencimento sem pagamento. Por outro lado, a multa de ofício, quando lançada isoladamente, está sujeita à incidência da taxa SELIC desde seu vencimento sem pagamento. Para embasar esse entendimento, adoto, como fundamento para decidir, o voto condutor do Acórdão nº 140200.213, sessão de 06/07/2010, do Relator Antônio José Praga de Sousa, que se pronunciou assim, in verbis: (...) 4. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFICIO (...) A aplicação de taxa de juros lastreadas em indicadores do mercado financeiro iniciouse com a Lei nº 8.981/95, cujo art. 84 dispõe: Art. 84. Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1º de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; (...) A Seguir, a Lei nº 9.065/95 substituiu o indicador pela taxa SELIC: Fl. 415DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 23 22 Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea "c" do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea "a.2" da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalente à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. (...) Por seu turno, a Lei nº 9.430/1996, ao remodelar a multa de mora incidente nos pagamentos em atraso, estabeleceu em parágrafo que sobre os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal incidirão juros de mora à taxa SELIC, veja: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. Com base nessa disposição a Receita Federal vem entendendo que a multa de ofício também está sujeita aos juros de mora à taxa SELIC, a partir do seu vencimento. O cerne da questão está na interpretação que se deve dar à expressão “débitos decorrentes de tributos e contribuições”. De fato o não pagamento de tributos e contribuições nos prazos previstos na legislação faz nascer o débito. Portanto, o débito decorre do não pagamento de tributos e contribuições nos prazos. A multa de ofício não é débito decorrente de tributos e contribuições. Ela decorre, nos exatos termos do art. 44 da Lei nº 9.430/96, da punição aplicada pela fiscalização às seguintes condutas: a) falta de pagamento ou recolhimento dos tributos e contribuições, após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória; e b) falta de declaração e nos de declaração inexata. Entendendo que a SELIC só incidirá sobre multas isoladas, aplicadas nos termos do art. 43 da Lei nº 9.430/97: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Fl. 416DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 24 23 Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Inaplicável a SELIC como taxa de juros de mora sobre a multa de oficio, restam devidos os juros de 1% ao mês a que alude o Código Tributário Nacional, (...) Portanto, incidem juros de mora sobre a multa de oficio não paga no vencimento, lançada juntamente com o tributo ou contribuição, na proporção de 1% (um por cento) ao mês, nos termos do art. 161 do Código Tributário Nacional. TRIBUTAÇÃO REFLEXA: PIS, COFINS E CSLL Tratandose de lançamentos decorrentes, a decisão prolatada no lançamento matriz (IRPJ) é aplicável aos decorrentes, em razão da intima relação de causa e efeito que os vincula, se não houver razão para dicidir diversamente. Por tudo que foi exposto, voto para DAR provimento PARCIAL ao recurso, de modo a limitar os juros de mora sobre a multa ofício na proporção de 1% ao mês, nos termos do art. 161 do CTN. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 417DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 25 24 Voto Vencedor Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa, Redator designado. Em que pesem as razões de decidir do eminente Relator, peço vênia para dele divergir apenas quanto à incidência dos juros de mora sobre a multa de oficio não paga no vencimento, lançada juntamente com tributo ou contribuição. A questão é bastante polêmica, e a controvérsia vem de longa data. Esse, a meu ver, já é um primeiro ponto que fragiliza a tese em favor da incidência de juros sobre a multa de ofício, posto que, tratandose de aplicação de norma punitiva, com implicação direta na dimensão da pena, não poderia o texto legal deixar margem para tantas dúvidas e polêmicas. Para os que entendem que a “multa de ofício” está incluída na expressão “crédito não integralmente pago no vencimento”, contida no art. 161 do CTN, cabe indagar quais seriam então as “penalidades cabíveis” referidas mais adiante no mesmo dispositivo? Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. (grifos acrescidos) Mas esse não é o único problema. A lei 8.383/1991, que instituiu a UFIR, deixava bastante claro que os juros de mora não incidiam sobre a rubrica relativa à multa de ofício: Art. 54. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, vencidos até 31 de dezembro de 1991 e não pagos até 2 de janeiro de 1992, serão atualizados monetariamente com base na legislação aplicável e convertidos, nessa data, em quantidade de Ufir diária. § 1° Os juros de mora calculados até 2 de janeiro de 1992 serão, também, convertidos em quantidade de Ufir, na mesma data. § 2° Sobre a parcela correspondente ao tributo ou contribuição, convertida em quantidade de Ufir, incidirão juros moratórios à razão de um por cento, por mêscalendário ou fração, a partir de fevereiro de 1992, inclusive, além da multa de mora ou de ofício. (grifos acrescidos) Vêse que a multa de ofício era indiretamente atualizada pela UFIR, porque incidia sobre uma base atualizada por esse índice, mas ela própria (a multa de ofício) não sofria a incidência dos juros de mora. Fl. 418DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 26 25 Com a estabilização econômica, tivemos a extinção das regras de atualização monetária e a instituição da taxa de juros Selic, mas não houve a introdução de uma regra expressa determinando que os juros passariam a incidir sobre a multa de ofício. Aliás, o texto da Lei nº 8.981/1995 indicava que os juros continuavam a incidir apenas sobre a rubrica principal dos débitos: Art. 84. Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1º de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; (grifos acrescidos) Com a introdução da Lei nº 9.430/1996, as regras relativas à multa de mora e aos juros de mora tiveram nova redação: Art.61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (grifos acrescidos) O texto acima, igualmente ao do CTN, veio novamente suscitar dúvidas, na medida em que não identifica claramente quais rubricas estão abrangidas na expressão “débitos para com a União”. Ocorre que se estes “débitos” abrangessem a multa de ofício, haveríamos de concluir também pela incidência da multa de mora sobre a multa de ofício, incidência essa que não poderia ser afastada pelo § 3º do art. 950 do RIR/1999 (Decreto nº 3.000/1999): Art.950.Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61). §1º (...) §2º (...) Fl. 419DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 27 26 §3º A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de ofício. Com efeito, o decreto não poderia derrogar a Lei. Nesse contexto, a interpretação mais adequada, a meu ver, é que a multa de ofício já não estava incluída no caput do art. 61 da Lei 9.430/1996 (de onde concluo que o decreto não incorre em ilegalidade, e não que o decreto exonerou onde a Lei não exonerava). Por outro lado, com a ampliação do alcance da expressão “débitos para com a União”, contida no referido art. 61 da Lei 9.430/1996, os juros de mora deveriam também incidir sobre a multa de mora, e isso todos sabemos que não ocorre. Para afastar esse problema, normalmente se argumenta que os juros devem incidir apenas sobre obrigações com prazo de vencimento, como se apenas a multa de ofício o tivesse, e a multa de mora configurasse uma obrigação sem vencimento, o que a tornaria semelhante às chamadas obrigações naturais em Direito Civil (não exigíveis). Mas a multa de mora, como acontece com a multa de ofício, tem vencimento. Ele apenas é imediato, concomitante à mora (inadimplência), tanto o é que a multa de mora é perfeitamente exigível desde então, configurando, portanto, obrigação vencida. Assim, o argumento em relação ao vencimento não serve para solucionar o problema da incidência dos juros de mora sobre a multa de mora, como também não serviria para afastar a incidência dos juros de mora sobre os próprios juros de mora, ou da multa de mora sobre a multa mora, etc., e não é razoável entender que a lei deixaria em aberto tantas possibilidades de combinação, principalmente quando se trata das conseqüências em relação à aplicação de norma punitiva. A regra contida no parágrafo único do art. 43 da Lei 9.430/1996 poderia solucionar todas essas questões, mas a incidência de juros lá prevista está restrita às multas isoladas. Finalmente, registro que há manifestação da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no sentido de que não deve haver incidência de juros de mora sobre a multa de ofício que acompanha o tributo, conforme Acórdão CSRF/0203.133, de 06/05/2008, nos seguintes termos: 1) Por maioria de votos, NÃO CONHECER da preliminar de perda de objeto do recurso em face do trânsito em julgado da decisão judicial quanto ao mérito, suscitada pela Conselheira Maria Teresa Martínez Lopez. Vencidos os Conselheiros Maria Teresa Martínez Lopez e Manoel Coelho Arruda Junior (Substituto convocado); 2) Por maioria de votos, ACOLHER a preliminar de decadência até os fatos geradores do mês de outubro de 1999, vencidos os Conselheiros Josefa Maria Coelho Marques, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Júlio César Vieira Gomes e Elias Sampaio Freire que não acolhiam; 3) por maioria de votos CONHECER do recurso quanto a incidência sobre a multa de ofício dos juros à taxa SELIC, vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator), Gilson Macedo Rosenburg Filho e Leonardo Siade Manzan, e por maioria de votos DAR Fl. 420DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.720405/200801 Acórdão n.º 1802001.218 S1TE02 Fl. 28 27 provimento nessa parte, vencidos os conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Antonio Praga, que mantinham essa incidência. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Teresa Martínez Lopez. Como um último argumento, observo que no âmbito das normas jurídicas de natureza punitiva, nenhuma pena, via de regra, vai sendo agravada com o decurso do tempo. Para que isso pudesse ocorrer (juros sobre a multa/penalidade), a Lei deveria ser muito clara a respeito, o que não verifico em relação à questão ora debatida. Deste modo, voto no sentido de DAR provimento PARCIAL ao recurso, para afastar a incidência dos juros de mora sobre a multa de oficio não paga no vencimento, que foi lançada juntamente com tributo ou contribuição. (documento assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 421DF CARF MF Impresso em 31/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 10980.908091/2008-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Oct 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/07/2004
COFINS. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO. RECURSO.
Inexiste possibilidade de recurso contra acórdão de primeira instância que reconheceu o direito de crédito, considerando procedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte.
Recurso Voluntário de Que Não Se Conhece
Numero da decisão: 3302-001.810
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator.
(Assinado digitalmente)
Walber José da Silva - Presidente
(Assinado digitalmente)
José Antonio Francisco - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Fábia Regina Freitas.
Nome do relator: JOSE ANTONIO FRANCISCO
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COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO. RECURSO. Inexiste possibilidade de recurso contra acórdão de primeira instância que reconheceu o direito de crédito, considerando procedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte. Recurso Voluntário de Que Não Se Conhece Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Fábia Regina Freitas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 90 80 91 /2 00 8- 56 Fl. 129DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 03/10/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 05/10/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 2 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 76 a 81) apresentado em 13 de maio de 2011 contra o Acórdão no 0630.727, de 16 de março de 2011, da 3ª Turma da DRJ/CTA (fls. 67 e 68), cientificado em 29 de março de 2011, que, relativamente a declaração de compensação de Cofins dos períodos de 15 de julho de 2004, considerou a manifestação de inconformidade procedente, nos termos de sua ementa, a seguir reproduzida: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. A compensação de débitos da contribuinte com créditos cuja existência não for comprovada, não pode ser homologada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A declaração de compensação foi transmitida em 14 de setembro de 2004 e a Primeira Instância assim resumiu o litígio: Trata o processo de manifestação de inconformidade (fls. 10/11), apresentada em 02/09/208, era face da nãohomologação da compensação declarada por meio do Per/Dcomp nº 04470.62450.140904.1.3.043820, nos termos do despacho decisório emitido em 12/08/2008 pela DRF em Curitiba / PR (rastreamento nº 781137867 cópia à fl. 01). Na aludida Dcomp (cópia às fls. 05/09), transmitida eletronicamente em 14/09/2004, a contribuinte indicou um crédito de R$ 3.719,69 (que corresponde a parte de um pagamento efetuado em 15/07/2004, sob o código 5856, no valor de R$ 11.331,83, para o período de apuração 06/2004), e um débito de Cofins (código 5856) de R$ 3.756,89, relativo a agosto de 2004, vencido em 15/09/2004. Segundo o despacho decisório, cientificado em 25/08/2008 (f1. 2), a compensação não foi homologada porque o pagamento indicado como indevido (que foi localizado) já havia sido integralmente utilizado na extinção do débito de Cofins (cód. 5856) de junho de 2004. Na manifestação apresentada a contribuinte alega que a compensação foi corretamente realizada e que teria faltado apenas a retificação da DCTF, já efetuado. [...] Às fls. 63/65, extratos de consulta aos sistemas de controle de DCTF, Dacon e DIPJ. A DRJ considerou, analisando o demonstrativo de compensação, que, “após a extinção, por pagamento, do débito relativo à Cofins de junho, o saldo disponível, devidamente Fl. 130DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 03/10/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 05/10/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10980.908091/200856 Acórdão n.º 3302001.810 S3C3T2 Fl. 130 3 corrigido, é suficiente para a total extinção dos débitos inseridos nas Dcomp mencionadas”, e reconheceu o direito de crédito sobre o valor de R$ 3.672,87. Não obstante, alegou a Interessada no recurso que a DRF Curitiba envioulhe Darf para recolhimento em 31 de março de 2011 do valor de R$ 2.486,75 de PIS (código de receita 6912), mais acréscimos, relativamente ao processo n. 10980.980448/200804. Afirmou a Interessada não haver recolhido o valor por entender que a composição das compensações estaria incorreta. Ademais, haveria erro nos acréscimos legais relativamente a um outro PER/Dcomp. É o relatório. Voto Conselheiro José Antonio Francisco, Relator Dispõe o art. 74, § 3º, da Lei n. 9.430, de 1996, § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) No caso dos autos, o direito de crédito foi reconhecido e a compensação homologada “até o limite do crédito”. Conforme dispositivo acima mencionado, cabe direito à apresentação de manifestação de inconformidade no caso de não homologação da compensação, o que abrange, obviamente, a não homologação parcial. Entretanto, a DRJ considerou procedente a manifestação de inconformidade, o que pressuporia a homologação integral das compensações, uma vez que é a “não homologação”, ainda que parcial, da compensação que é objeto da manifestação de inconformidade. Portanto, formalmente, a DRJ, havendo considerado procedente a manifestação de inconformidade, homologou a compensação em questão. A controvérsia objeto do recurso diz respeito ao fato de a Interessada haver se insurgido contra um Darf enviado pela DRF, como resultado da execução do acórdão. Esse Darf não constou dos presentes autos e a tabela de fl. 68 (fl. 72 do e Processo) sugere saldo de débitos igual a zero. No caso dos autos, a DRJ reconheceu o direito de crédito no valor original de R$ 3.672,78, enquanto que o valor original do débito constante do despacho decisório de fl. 01 foi de R$ 3.756,89. A decisão da DRJ parece não condizer com os fatos. No entanto, como se afirmou, não constou Darf de cobrança dos presentes autos e foi expressamente destacado na fl. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 03/10/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 05/10/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 4 67 que “o valor reconhecido, devidamente atualizado, é suficiente para as compensações em questão”. Portanto, tais questões não podem ser analisadas no âmbito de recurso voluntário, uma vez que o objeto do recurso seria o acórdão de primeira instância, cuja decisão, no caso, foi favorável à Interessada. Na hipótese de eventual divergência entre o resultado formal do julgamento e a execução do acórdão, caberia à DRF emitir novo despacho decisório esclarecendo as razões da nãohomologação. À vista do exposto, voto por não conhecer do recurso. (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Fl. 132DF CARF MF Impresso em 08/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 03/10/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 05/10/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
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Numero do processo: 10680.013853/2005-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jan 14 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
VENDA DE PRODUTOS IN NATURA. SOJA E CAFÉ. SUSPENSÃO. ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004. EFICÁCIA DESDE 1º DE AGOSTO DE 2004.
Em conformidade com o art. 17, III, da Lei nº 10.925, de 2004, e a Instrução Normativa nº 636, de 2006, aplica-se desde 1º de agosto de 2004 a suspensão da incidência do PIS e da Cofins prevista no art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, que atinge a venda de soja e café in natura efetuada pelos cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os referidos produtos, por pessoa jurídica e por cooperativa que exerçam atividades agropecuárias, para pessoa jurídica tributada com base no Lucro Real.
COMPRAS PARA ENTREGA FUTURA. CRÉDITO NO MÊS DA AQUISIÇÃO, INDEPENDENTEMENDO DO EFETIVO RECEBIMENTO DA MERCADORIA.
Na venda para entrega futura, em que o fornecedor possui a mercadoria vendida a ser utilizada como insumo e o contrato de compra e venda se perfaz quando as partes concordam quanto à coisa e ao preço, caracterizando a aquisição por parte do adquirente, tanto o débito quanto o crédito do PIS e COFINS ocorrem no mês em que realizado o negócio, independentemente da efetiva entrega da mercadoria.
INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. INSUMOS SUBMETIDOS À ALÍQUOTA ZERO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO AO CRÉDITO.
Aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento do PIS e da Cofins não dão direito direito a crédito, inclusive o crédito presumido das agroindústrias estatuído no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, exceto na hipótese de aquisições isentas revendidas ou utilizadas como insumos em produtos ou serviços tributados.
INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. AGROINDÚSTRIAS. CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. LEI Nº 10.925/2004, ART. 8º. RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
O crédito presumido do PIS e COFINS não-cumulativos previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, atribuído às agroindústrias pelas aquisições de produtos in natura de pessoas físicas, não pode ser ressarcido, mas apenas utilizado para abatimento dos débitos da mesma Contribuição.
Numero da decisão: 3401-002.071
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso quanto ao crédito sobre a soja e o café e quanto ao momento do reconhecimento do crédito sobre as compras para recebimento futuro, nos termos do voto do relator. Os conselheiros Odassi Guerzoni Filho e Júlio César Alves Ramos votaram pelas conclusões. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Fernando Marques Cleto Duarte.
Júlio César Alves Ramos - Presidente
Emanuel Carlos Dantas de Assis - Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Cleuter Simões Mendonça, Ângela Sartori, Odassi Guerzoni Filho, Fábia Regina Freitas e Júlio César Alves Ramos.
Nome do relator: EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS
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INSUMOS NÃO SUJEITOS À CONTRIBUIÇÃO. AQUISIÇÕES PARA ENTREGA FUTURA. Recorrente AVIÁRIO SANTO ANTONIO LTDA Recorrida DRJ BELO HORIZONTEMG ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 DILIGÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE FATOS A ESCLARECER. DESNECESSIDADE. Diligência é reservada a esclarecimentos de fatos ou circunstâncias obscuras, não cabendo realizála quando as informações contidas nos autos são suficientes ao convencimento do julgador e a solução do litígio dela independe. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 VENDA DE PRODUTOS IN NATURA. SOJA E CAFÉ. SUSPENSÃO. ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004. EFICÁCIA DESDE 1º DE AGOSTO DE 2004. Em conformidade com o art. 17, III, da Lei nº 10.925, de 2004, e a Instrução Normativa nº 636, de 2006, aplicase desde 1º de agosto de 2004 a suspensão da incidência do PIS e da Cofins prevista no art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, que atinge a venda de soja e café in natura efetuada pelos cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os referidos produtos, por pessoa jurídica e por cooperativa que exerçam atividades agropecuárias, para pessoa jurídica tributada com base no Lucro Real. COMPRAS PARA ENTREGA FUTURA. CRÉDITO NO MÊS DA AQUISIÇÃO, INDEPENDENTEMENDO DO EFETIVO RECEBIMENTO DA MERCADORIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 38 53 /2 00 5- 76 Fl. 562DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 557 2 Na venda para entrega futura, em que o fornecedor possui a mercadoria vendida a ser utilizada como insumo e o contrato de compra e venda se perfaz quando as partes concordam quanto à coisa e ao preço, caracterizando a aquisição por parte do adquirente, tanto o débito quanto o crédito do PIS e COFINS ocorrem no mês em que realizado o negócio, independentemente da efetiva entrega da mercadoria. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS SUBMETIDOS À ALÍQUOTA ZERO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO AO CRÉDITO. Aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento do PIS e da Cofins não dão direito direito a crédito, inclusive o crédito presumido das agroindústrias estatuído no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, exceto na hipótese de aquisições isentas revendidas ou utilizadas como insumos em produtos ou serviços tributados. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. AGROINDÚSTRIAS. CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. LEI Nº 10.925/2004, ART. 8º. RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O crédito presumido do PIS e COFINS nãocumulativos previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, atribuído às agroindústrias pelas aquisições de produtos in natura de pessoas físicas, não pode ser ressarcido, mas apenas utilizado para abatimento dos débitos da mesma Contribuição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso quanto ao crédito sobre a soja e o café e quanto ao momento do reconhecimento do crédito sobre as compras para recebimento futuro, nos termos do voto do relator. Os conselheiros Odassi Guerzoni Filho e Júlio César Alves Ramos votaram pelas conclusões. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Fernando Marques Cleto Duarte. Júlio César Alves Ramos Presidente Emanuel Carlos Dantas de Assis Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Cleuter Simões Mendonça, Ângela Sartori, Odassi Guerzoni Filho, Fábia Regina Freitas e Júlio César Alves Ramos. Relatório Tratase de recurso voluntário contra acórdão da DRJ que manteve indeferimento parcial de pedido de ressarcimento da Cofins nãocumulativa, cumulado com compensação. Depois de anulado o primeiro acórdão da DRJ, por omissão no tocante ao pedido de exclusão da multa de mora e dos juros incidentes sobre os débitos não compensados Fl. 563DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 558 3 em virtude do indeferimento parcial, a mesma Turma prolatou um segundo, seguido de um outro recurso voluntário. Reproduzo o relatório do segundo acórdão, excluindo as matérias não contempladas na peça recursal respectiva e as transcrições de dispositivos legais: Segundo informação fiscal de fls. 288/310, procedida à verificação dos créditos informados no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais – Dacon, em face dos livros fiscais e da contabilidade da empresa, foram apontadas as seguintes alterações efetuadas que ensejaram a glosa dos respectivos créditos: da suspensão da exigibilidade do PIS e da Cofins: a contribuinte usufruiu indevidamente da suspensão da exigibilidade da contribuição para o PIS e da Cofins no anocalendário de 2005, eis que anterior à data fixada para a eficácia do dispositivo legal em que se fundamentou a empresa. Conclui a autoridade fiscal que, verificado que a empresa deu saída aos produtos soja e café com suspensão das contribuições incidentes anteriormente a 04/04/2006, data prevista para os efeitos do benefício concedido pelo art. 9º da Lei nº 10.925/2004, há que se proceder a dedução dos seguintes valores, correspondentes às notas fiscais relacionadas, do total dos créditos apurados pela contribuinte: R$17.173,62 (abr/05); R$34.236,36 (mai/05); e R$70.649,46 (jun/05); (...) mês de abril/2005 conclui a autoridade fiscal que dos valores escriturados nas correspondentes rubricas do livro Registro de Apuração do ICMS, verificouse a inexistência do valor de R$6.878,92, consignado a título de “1922 – Compras p/ entrega futura”. Assim, procedeuse à glosa do crédito declarado a maior nas linhas 14, da Ficha 12, do Dacon, equivalente a R$522,80 (R$6.878,92 x 1,65%). (...) Do exame da escrituração da contribuinte verificouse que as aquisições de ovos, sujeitas à alíquota zero (classificados na posição 04.07 da Tipi – Lei nº 10.865/2004, art.28, III) são escrituradas na rubrica contábil de código 16261 – “Ovos de Terceiros”, cujos valores integram a apuração do custo de produção de ovos pasteurizados (conta de código 26028). Por sua vez, os valores assim contabilizados são provenientes das notas fiscais escrituradas nos livros de Registro de Entradas de Mercadorias e de Registro de Apuração do ICMS, da unidade denominada pela empresa fiscalizada como sendo “Indústria – 1053”, cujo CNPJ é 17.425.646/001608, sob os códigos 1.101 (COMPRA P/ INDUSTRIALIZAÇÃO/PROD. RUR), 2.101 (COMPRA P/ INDUSTRIALIZAÇÃO OU PROD. RUR) e 2.120 (COMPRA P/ INDUSTRIALIZAÇÃO, VENDA A O). Em seguida, a autoridade fiscal detalha os créditos em referência por mês e relacionaos as Notas Fiscais do Livro Registro de Entradas, e conclui pela glosa dos créditos sobre as Fl. 564DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 559 4 aquisições dos ovos in natura, sujeitos à alíquota zero, nos valores de: (...) Com base no parecer da autoridade fiscal, decidiu a autoridade jurisdicionante (às fls. 322/324) pela homologação parcial da Dcomp em papel informada neste processo. Registra, ainda, que “os débitos a serem compensados com os ressarcimentos dos 3º e 4º trimestres/2005 foram transferidos para os processos nºs 10680.722913/200979 e 10680.722914/200913, respectivamente”. Cientificada da decisão, a contribuinte manifestou sua inconformidade, alegando, em síntese e fundamentalmente, que (fls. 327/345): Preliminarmente, argüi a conexão do presente processo com os processos nº 10680.722913/200979 e 10680.722914/200913, por ter a autoridade fiscal analisado nesse processo, além do crédito do 2º trimestre, os créditos relativos aos 3º e 4º trimestres. Dessa forma, é necessário que os processos sejam analisados conjuntamente, pois a fundamentação da glosa foi a mesma, sendo que os débitos a serem compensados com os ressarcimentos dos 3º e 4º trimestres/2005 foram transferidos para os processos precitados. Mérito. a) da suspensão da exigibilidade do PIS e da Cofins nas vendas de café e soja. A Lei n° 10.925, de 23 de julho de 2004, autorizou a suspensão da incidência do PIS e da Cofins sobre a receita bruta decorrente da venda de determinados produtos agropecuários, estabelecendo no § 2º do seu art. 9º, que “a suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF.(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004)”. Assim, em 04 de abril de 2006 foi publicada a Instrução Normativa nº 636/06 para regulamentar o art. 9º da Lei n° 10.925/04. A referida IN, em seu art. 5º, dispôs expressamente que os efeitos da suspensão do PIS/Cofins concedida por meio da Lei n° 10.925/04 retroagiram a 1º de agosto de 2004. Em 25 de julho de 2006 foi publicada a IN 660/06, que além de revogar a IN 636/06, estabeleceu que o termo inicial de eficácia da suspensão da exigibilidade do PIS e da Cofins darseia a partir de 4 de abril de 2006. Isso significa dizer que a nova IN estabeleceu a retroação dos seus efeitos, retirando a eficácia da suspensão entre 01/08/04 e 04/04/06 concedida pela IN 636/06. O entendimento da autoridade fiscal de que a suspensão, prevista no art. 9º da Lei 10.925/04, tãosomente poderia ser usufruída a partir da data de publicação da IN 636/06, ou seja Fl. 565DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 560 5 04/04/06, não merece prosperar. A IN 636/06 configura um ato jurídico perfeito e acabado que gera direitos aos contribuintes. A IN 660/06, publicada quase três meses após a IN 636/06, jamais poderia ter revogado a data estabelecida na IN anterior para aproveitamento do benefício, pois atingiu direito líquido e certo da requerente. Cita Súmula do STF que autoriza a anulação de atos pela administração pública quando eivados de vícios, além de manifestação do STJ em sede de Embargos de Divergência, quanto à impossibilidade de aplicação retroativa de Instrução Normativa para impor gravame ao contribuinte. Por fim, caso seja mantida a glosa dos créditos decorrentes da suspensão prevista no art. 9º da Lei n° 10.925 de 2004, a multa, os juros de mora e atualização monetária aplicadas sobre os débitos não compensados são indevidos, tendo em vista que o não recolhimento decorre de compensação realizada com respaldo em ato normativo válido e eficaz (IN 636/06). b) Livro de Registro de Apuração do ICMS – “1922 – Compras para entrega futura. Tal crédito foi glosado equivocadamente, uma vez que a requerente tem direito ao crédito na aquisição da mercadoria, independentemente de quando ela lhe será entregue, fazendo citar o art. 3º da Lei 10.833/03. Como se pode depreender do dispositivo, os créditos são descontados no mês em que as aquisições são feitas, independentemente dos bens serem entregues futuramente. Como dito, o crédito é sobre a aquisição dos bens utilizados como insumos, ou seja, o crédito deve ser feito no mês em que o contribuinte adquire os bens utilizados para insumos. Tal situação é diferente do regime de nãocumulatividade do ICMS, que só gera créditos quando há a efetiva circulação das mercadorias. Nesse caso, o creditamento só pode ser feito no momento em que as mercadorias são entregues ao adquirente. Isto significa dizer que as compras para entregas futuras geram o direito ao desconto de créditos no mês em que elas são feitas e não somente quando do recebimento das mercadorias, como acontece com o ICMS. Diante disso, improcede a glosa feita pela fiscalização do crédito de Cofins no valor de R$522,80, uma vez que as aquisições de mercadorias registradas na conta “1922 – Compras para entrega futura” do livro de apuração do ICMS, no montante de R$6.878,92, possibilitam o desconto dos créditos de Cofins correspondentes no mês de aquisição – abril de 2005. c) créditos sobre aquisições não sujeitas ao pagamento das contribuições (crédito presumido sobre a aquisição de produtos sujeitos à alíquota zero –ovos . Fl. 566DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 561 6 A fiscalização glosou os créditos calculados sobre as aquisições de ovos in natura (subitem 04.07 da TIPI), os quais são sujeitos à alíquota zero da Cofins. Esses valores glosados correspondem a aquisições que se enquadram na hipótese do crédito presumido do art. 8º da Lei 10.925/04. O enquadramento da Requerente como pessoa jurídica que goza do direito ao crédito presumido da Cofins sobre aquisições de insumos utilizados no processo produtivo foi reconhecida no Parecer Sefis nº 24/2009 em relação às aquisições de sorgos em grãos. Com efeito, as aquisições de ovos in natura para industrialização classificados no capítulo 4 da TIPI (NCM 04.07), conforme estabelecido no art. 8º da Lei 10.925/04, dá direito à Requerente aos créditos presumidos em relação às suas aquisições destes mesmos ovos. Desse modo, a fiscalização deveria ter glosado somente a diferença entre os créditos tomados em relação aos ovos in natura e o crédito presumido referente às aquisições destes mesmos ovos. Em seqüência, requer, caso se mantenha a decisão de não homologar a totalidade da compensação, seja preservado o direito à restituição do indébito tributário. Finalizando, a interessada solicita a homologação integral da compensação pleiteada, ou, “quando menos, seja excluída a cobrança de multa, juros de mora e atualização financeira, nos termos do art. 100 do CTN, sobre os débitos decorrentes da glosa dos créditos referentes à suspensão prevista no art. 9°, da Lei n° 10.925/04. Requerse, ainda, seja outorgado à presente Manifestação de Inconformidade o efeito de suspender a exigibilidade do crédito tributário.” No segundo acórdão a 1ª Turma da DRJ repetiu as razões do anulado, complementandoo em relação ao pedido de exclusão da multa de mora e dos juros incidentes sobre os débitos não compensados. Interpretou que a suspensão da Contribuição nas vendas de café e soja só se aplica a partir de 04 de abril de 2006, data da publicação da IN SRF nº 636, de 24 de março de 2006, tal como determinado no art. 11 da IN SRF nº 660, de 17 de julho de 2006. Após se reportar ao § 2º do art. 9º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, na redação dada pelo art. 29 da Lei n° 11.051, de 29 de dezembro de 2004, considerou que a suspensão em debate dependia do estabelecimento de termos e condições de sua aplicação, o que se deu somente com a edição da IN SRF nº 636, de 2006, publicada no DOU de 4 de abril de 2006, posteriormente revogada pela IN SRF nº 660, de 2006. Neste ponto esclareceu que a autoridade fiscal (lançadora e julgadora) não se pode furtar ao cumprimento das determinações da legislação tributária, pois sua atividade é plenamente vinculada, sob pena de responsabilidade funcional, mencionando nesse sentido o Fl. 567DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 562 7 art. 3º e parágrafo único do art. 142 do CTN, bem como o item I da Portaria nº 609, de 27 de julho de 1979, do Ministro de Estado da Fazenda.1 No tocante aos créditos de compras de insumos para entrega futura, manteve o entendimento da fiscalização, para quem o aproveitamento deve se dar no momento em que ocorre a efetiva entrega dos insumos no estabelecimento do adquirente. Contra o argumento da contribuinte, de que o crédito deve ser apropriado no mês de aquisição os insumos, a DRJ interpretou o inc. II do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 empregando a Solução de Consulta n° 50 de 2004, da Disit da SRRF da 1ª Região Fiscal, que trata de créditos da contribuição ao PIS calculados sobre operações de compra de matéria prima para recebimento futuro, bem como o art. 1.267 do Código Civil (Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002), segundo o qual a transferência de propriedade da mercadoria adquirida dá se no momento da tradição. A DRJ também manteve a glosa dos créditos das aquisições não sujeitas ao pagamento das Contribuições PIS e Cofins, que se referem a ovos in natura, com alíquota zero e cujos créditos foram glosados com base no inciso II do § 2º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 2002 (PIS) e 10.833, de 2003 (Cofins), rejeitando a pretensão da contribuinte de se creditar do crédito presumido estabelecido no art. 8º da Lei 10.925, de 2004. Após se reportar também ao art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005, a DRJ considerou que, independentemente de haver ou não o direito ao citado crédito presumido, o seu valor não pode ser ressarcido ou compensado, como assentado o Ato no Declaratório Interpretativo nº 15, de 22 de dezembro de 2005. Por último, cuidou da alegação de exclusão de multa e juros de mora sobre os débitos não compensados em face da glosa, informando que a competência das DRJ limitase ao julgamento de manifestação de inconformidade contra a nãohomologação de compensação, não se estendendo a questões atinentes à cobrança de eventuais débito. De todo modo, em seguida asseverou ser descabida a argüição de que a compensação encontrarseia de acordo com a legislação tributária e se faria presente a circunstância a que se refere o art. 100 do CTN, acrescentando que a multa decorre da falta de recolhimento tempestivo do tributo devido, evidenciada a partir da não homologação das compensações efetuadas, e tem por fundamento legal o art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, enquanto os juros de mora são exigidos consoante o art. 161 do CTN e o art. 38 da IN RFB nº 900, de 2008. No Recurso Voluntário, interposto tempestivamente contra o novo acórdão da DRJ, a contribuinte repisa alegações da Manifestação de Inconformidade, informa que o tema da suspensão a que se refere o art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, já foi julgado pelo STJ (REsp nº 1160835/RS), requerendo ao final o seguinte: a) a suspensão da Contribuição sobre as vendas de café e soja, prevista no art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004 (com a redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004), ou, quando menos, a exclusão de multa e de juros de mora sobre os débitos não compensados por não ter sido reconhecida tal suspensão na origem; b) a manutenção do crédito sobre aquisição de insumos para entrega futura (na situação da Recorrente, recebimento futuro); e 1 I. A interpretação da legislação tributária promovida pela Secretaria da Receita Federal, através de atos normativos expedidos por suas Coordenações, só poderá ser modificada por ato expedido pelo Secretário da Receita Federal. Fl. 568DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 563 8 c) a realização de diligência, visando glosar, em relação às aquisições de produtos sujeitos à aliquota zero (ovos in natura, que segundo a Recorrente faz jus ao crédito presumido previsto no art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004), “apenas a diferença de eventual crédito apropriado indevidamente e não a totalidade do crédito utilizado, bem como para que o crédito apurado seja deduzido com débitos de COFINS.” É o relatório, elaborado a partir do processos digitalizado. Voto Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis, Relator O novo Recurso Voluntário, interposto contra o segundo acórdão da DRJ, também é tempestivo e atende aos demais requisitos do Processo Administrativo Fiscal. As matérias a tratar dizem respeito a três temas: suspensão da incidência das Contribuições do PIS e Cofins, prevista no art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, com a redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004, de modo a definir se a eficácia teve início em 04/04/2006, data da publicação da IN SRF nº 636, de 24 de março de 2006 (tal como determinado no art. 11 da IN SRF nº 660, de 17 de julho de 2006), em 1º de agosto de 2004 (como determinara a IN SRF nº 636, antes de revogada pela IN SRF nº 660, ambas de 2006) ou em uma terceira data; momento de aproveitamento dos créditos sobre os insumos adquiridos para entrega futura (se no mês de aquisição ou do efetivo recebimento); e direito (ou não) ao crédito (básico ou presumido) em relação às aquisições de produtos sujeitos à aliquota zero (ovos in natura, que segundo a Recorrente faria jus ao crédito presumido previsto no art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, pelo caberia glosar apenas a diferença por ela apropriado a maior, ao calcular o crédito básico nessas aquisições). A Recorrente solicita seja realizada diligência visando apurar a diferença entre o crédito presumido defendido e o valor por ela aproveitado, este glosado no indeferimento parcial do ressarcimento porque apurado no montante do crédito básico. Todavia, é desnecessária a diligência cogitada porque, por um lado, a Recorrente não faz jus a crédito básico, ainda que faça jus ao crédito presumido do art. 8º da Lei nº 9.425, esta espécie não admite ressarcimento, como demonstrado mais adiante. Por oportuno, destaco que diligência é reservada a esclarecimentos de fatos ou circunstâncias obscuras, não devendo ser realizada quando as informações contidas nos autos são suficientes ao convencimento do julgador e a solução do litígio dela independe, como se dá na situação em tela. Fl. 569DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 564 9 Antes cuido da suspensão nas vendas de café e soja, escorada no art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004 (o art. 29 da Lei nº 11.051, de 2004, ao alterar a redação original, não afetou esses dois produtos), tema no qual cabe razão à Recorrente. SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES DO PIS E COFINS, PREVISTA NO ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004: EFICÁCIA A PARTIR DE 1º DE AGOSTO DE 2004 Interpreto que a suspensão do PIS e Cofins na venda dos produtos in natura de origem vegetal, classificados nas posições 09.01 (café, um dos produtos da Recorrente), 10.01 a 10.08, 12.01 (soja, o outro produto) e 18.01, todos da NCM, efetuada pelos cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os referidos produtos, por pessoa jurídica e por cooperativa que exerçam atividades agropecuárias, para pessoa jurídica tributada com base no lucro real (repito a redação original do art. 9º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, antes de alterada pelo art. 29 da Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004) se aplica desde 1º de agosto de 2004, tal como inicialmente previsto na IN SRF nº 636, de 2006. Admitida a suspensão desde 1º de agosto de 2004, resta contemplado o trimestre destes autos e, por isso, superada a questão da exclusão de multa e de juros de mora sobre os débitos não compensados por ter sido reconhecida tal suspensão apenas a partir de 04/04/2006. Apesar da regulamentação tardia por parte da Secretaria da Receita Federal, é certo que o art. 17, III, da Lei nº 10.925, de 2004, determina expressamente que o seu art. 9º possui efeitos “a partir de 1º de agosto de 2004”. Daí a retroatividade expressa no art. 5º da IN SRF nº 636, de 2006, de modo a dar eficácia à suspensão desde aquela data estabelecida na Lei nº 10.925, de 2004 (negritos acrescentados). Transcrevo os dispositivos legais da Lei nº 10.925, de 2004, em debate: Art. 9oA incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS fica suspensa na hipótese de venda dos produtosin naturade origem vegetal, classificados nas posições 09.01, 10.01 a 10.08, 12.01 e 18.01, todos da NCM, efetuada pelos cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os referidos produtos, por pessoa jurídica e por cooperativa que exerçam atividades agropecuárias, para pessoa jurídica tributada com base no lucro real, nos termos e condições estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal Art. 9oA incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda:(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004)(Vide Lei nº 12.058, de 2009)(Vide Lei nº 12.350, de 2010)(Vide Medida Provisória nº 545, de 2011)(Vide Lei nº 12.599, de 2012)(Vide Medida Provisória nº 582, de 2012) I de produtos de que trata o inciso I do § 1odo art. 8odesta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso;(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 570DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 565 10 II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1odo art. 8odesta Lei; e(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8odesta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1odo mencionado artigo.(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1oO disposto neste artigo:(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6oe 7odo art. 8odesta Lei.(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2oA suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF.(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) Art. 17. Produz efeitos: (...) III a partir de 1o de agosto de 2004, o disposto nos arts. 8 o e 9o desta Lei; Quando o inc. III do art. 17, acima, estabelece a produção de efeitos a partir de 1º de agosto de 2004 (no início do mês seguinte ao da publicação Lei nº 10.925, que se deu em 23 de julho de 2004), impede que a eficácia da norma jurídica do art. 8º possa ser postergada para o momento da regulamentação a cargo da RFB. Alguma eficácia (ou produção de efeitos), por mínima que seja, a norma do art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, há de ter a partir de 1º de agosto de 2004. Se por um lado é certo que “os termos e condições” estabelecidos pela RFB pode limitar a suspensão da incidência das duas Contribuições, na hipótese do art. 9º da Lei º 10.925, de 2004, por outro, tal limitação não pode impedir por completo a suspensão da incidência das duas Contribuições, a começar necessariamente em 1º de agosto de 2004. Muitos menos pode a RFB, ao deixar de regulamentar a norma, tornar nulos seus efeitos a partir do momento em que já tem alguma eficácia, segundo a Lei nº 10.925, de 2004. Faço aqui um paralelo com a doutrina de José Afonso da Silva2, segundo a qual “não há norma constitucional alguma destituída de eficácia”, para considerar que a partir 2 A doutrina norteamericana classificou as normas constitucionais, quanto à eficácia jurídica, em dois grupos: autoexecutáveis ou autoaplicáveis e não autoexecutáveis ou não autoaplicáveis. As primeiras com eficácia jurídica plena e aplicação imediata porque regulando diretamente as matérias, e as segundas com eficácia jurídica limitada porque dependentes de outras normas infraconstitucionais, pelo que de Fl. 571DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 566 11 de 1º de agosto de 2004 a eficácia da suspensão determinada pelo art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, não pode ser nula. O art. 5º da IN SRF nº 636, de 24 de março de 2006 (publicada em 04/04/2006), ao retroagir os efeitos da regulamentação à data de 1º de agosto de 2004, nada mais fez do que cumprir o art. 17, III, da Lei nº 10.925, de 2004. Diferentemente, a IN SRF nº 660, de 17 de julho de 2006, ao fixar no seu art. 11, I, o termo inicial da suspensão como sendo 04/04/2006 (a data de publicação da IN SRF nº 636, de 2006), apresentase contrária ao art. 17, III, da Lei nº 10.925, de 2004. Diante do confronto entre a IN SRF nº 660, de 2006, e a Lei com base na qual foi editada, afastase a primeira de modo que os efeitos da regulamentação – e da suspensão – tenham início em 1º de agosto de 2004. Quanto às alterações trazidas no art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, pelo art. 29 da Lei nº 11.051, de 2004, têm eficácia a partir da publicação desta mais recente. Assim, em relação à venda do leite in natura por pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e sua venda a granel, bem como às demais modificações contantes do art. 29 da Lei nº 11.051, os efeitos se dão a partir de 30/12/2004. Levando em conta as alterações da Lei nº 11.051, de 2004, o Superior Tribunal de Justiça já tratou do tema, decidindo o seguinte: REsp 1160835 / RS RECURSO ESPECIAL 2009/01936071 Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 13/04/2010 Data da Publicação/Fonte aplicação mediata (cf. SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. São Paulo, Malheiros Editores, 1999, pp.7381 e 88). José Afonso da Silva, considerando que “não há norma constitucional alguma destituída de eficácia” (in Aplicabilidade das Normas Constitucionais, São Paulo, Malheiros Editores, 1999, p. 81), julgou insuficiente a divisão bipartite e propôs a sua divisão tricotômica. Esta identifica, ao lado das normas de eficácia plena, aptas a produzir todos os seus efeitos por si sós, já que o constituinte editou desde logo uma normatividade completa, mais dois grupos, agora empregandose a nomenclatura proposta por Maria Helena Diniz, in Norma constitucional e seus efeitos, São Paulo, Saraiva, 1998, p.113: o das normas constitucionais de eficácia restringível, que podem ter a eficácia jurídica contida (e não necessariamente a tem, como dá a entender o termo contida, empregado por J. Afonso), a depender da legislação infraconstitucional superveniente ou ainda de determinadas circunstâncias postas na própria norma (estado de sítio, por exemplo); e o grupo das normas constitucionais de eficácia jurídica complementável ou dependente de complementação (ou limitada, no dizer de José Afonso da Silva), cuja eficácia jurídica é a menor de todas, dado que o legislador constituinte estabeleceu uma normatização cuja eficácia plena depende da legislação infraconstitucional. Fl. 572DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 567 12 DJe 23/04/2010 Ementa TRIBUTÁRIO. OMISSÃO. SÚMULA 284/STF. PIS/COFINS. SUSPENSÃO DE INCIDÊNCIA. ART. 9º DA LEI 10.925/2004, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.051/2004. EFICÁCIA. (...) 2. Hipótese em que se discute a data a partir da qual passou a ter eficácia o benefício de suspensão da incidência do PIS/Cofins, previsto no art. 9º da Lei 10.925/2004, com a redação dada pela Lei 11.051/2004. O Tribunal de origem entendeu que o termo seria 30.12.2004 (publicação da Lei 11.051/2004). 3. O Fisco aponta ofensa ao art. 9º, § 2º, da Lei 10.925/2004, que remeteria o termo inicial do benefício à regulamentação. Defende a suspensão da incidência a partir de 4.4.2006, data prevista na IN SRF 660/2006 (argumento principal). 4. Também indica violação do art. 34, II, da Lei 11.051/2004. Sustenta que a suspensão da exigibilidade não poderia ter eficácia antes de 1º.4.2005, conforme previsto nesse dispositivo legal (argumento subsidiário). 5. O art. 9º, § 2º, da Lei 10.925/2004, com a redação dada pela Lei 11.051/2004, faz referência aos "termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF", para fins de aplicação do benefício fiscal. A Fazenda defende que este benefício, portanto, é previsto por norma de eficácia limitada, a depender da disciplina pela SRF para sua aplicação. 6. A primeira Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federa que regulou a matéria foi a IN SRF 636, publicada em 4.4.2006. Seu art. 5º previa o início de vigência retroativamente, a partir de 1º.8.2004, data prevista consoante o art. 17, III, da Lei 10.925/2004 como termo inicial do benefício de suspensão da incidência do PIS/Cofins. 7. A IN SRF 636/2006 não tem, por si só, o condão de infirmar o acórdão recorrido, pois, logicamente, o confronto dessas duas normas (IN SRF 636/2006 e Lei 11.051/2004) permite apenas reconhecer o benefício a partir de 30.12.2004 (data mais recente, entre o início de eficácia da IN SRF 636/2006 1º.8.2004 e o da Lei 11.051/2004 ? 30.12.2004), como decidiu o Tribunal a quo. 8. A Fazenda Nacional defende que a posterior IN SRF 660, publicada em 25 de julho de 2006, revogou a IN SRF 636/2006 (publicada em 4.4.2006, previa o início de eficácia retroativamente, a partir de 1º.8.2004) e acabou com a previsão de retroatividade do benefício. Essa segunda IN determinou que o benefício teria eficácia somente a partir de 4.4.2006, quando publicada a primeira Instrução (argumento principal). 9. É como se a Receita Federal tivesse, com a IN SRF 660/2006, mudado de idéia e passado a reconhecer o início de eficácia não mais retroativamente, em 1º.8.2004 (como previa o art. 5º da IN SRF 636/2006), mas apenas em 4.4.2006 (data de publicação da IN SRF 636/2006). Esse argumento não pode subsistir. 10. O benefício da suspensão de incidência do PIS/Cofins foi claramente concedido em favor da contribuinte pela Lei 11.051, Fl. 573DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 568 13 publicada em 30.12.2004, que deu nova redação ao art. 9º, § 2º, da Lei 10.925/2004. As Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal (IN SRF 636 e 660 de 2006) não trouxeram inovações significativas em relação à normatização da matéria, restringindose a repetir e a detalhar minimamente a norma legal. 11. Ademais, ainda que se reconheça que o disposto no art. 9º, § 2º, da Lei 10.925/2004, com a redação dada pela Lei 11.051/2004, tem característica de norma de eficácia limitada, sua aplicação foi viabilizada pela publicação da IN SRF 636/2006, cujo art. 5º previu sua entrada em "vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de agosto de 2004" (fato incontroverso). 12. A posterior revogação da IN SRF 636/2006 pela IN SRF 660/2006 não poderia atingir o ato jurídico perfeito e o direito dos contribuintes à fruição do benefício a partir de 1º.8.2004; no caso da contribuinte, desde 30.12.2004 (data de publicação da Lei 11.051, que ampliou o benefício em seu favor). 13. De fato, o acolhimento do pleito da Fazenda significaria impedir o aproveitamento do benefício entre 30.12.2004 (data da ampliação da suspensão em favor da contribuinte pela Lei 11.051/2004) e 4.4.2006 (data de publicação da IN SRF 636/2006), o que já havia sido reconhecido pela própria Secretaria da Receita Federal quando da publicação da IN SRF 636/2006 (art. 5º desse normativo). 14. Segundo a Fazenda Nacional, ainda que não se aceite 4.4.2006 como termo inicial para o benefício (data prevista na IN SRF 636/2006), impossível reconhecêlo antes de 1º.4.2005 (data prevista no citado art. 34, II, da Lei 11.051/2004 argumento subsidiário). 15. Há erro no argumento subsidiário da recorrente, pois a discussão recursal referese ao art. 9º da Lei 10.925/2004 (suspensão da incidência do PIS/Cofins) e não ao art. 9º da Lei 11.051/2004 (crédito presumido). Foi o benefício do crédito presumido que teve sua eficácia diferida para o primeiro dia do 4º mês subsequente ao da publicação (art. 34, II, da Lei 11.051/2004), mas isso não tem relação com o presente litígio. 16. A alteração do art. 9º da Lei 10.925/2004, ampliando o benefício fiscal de suspensão de incidência do PIS/Cofins em proveito da recorrida (objeto desta demanda), foi promovida pelo art. 29 da Lei 11.051/2004 (e não por seu art. 9º). Esse dispositivo legal (art. 29) passou a gerar efeitos a partir da publicação da Lei 11.051/2004, nos termos de seu art. 34, III, como decidiu o Tribunal de origem. 17. O art. 34, II, da Lei 11.051/2005, suscitado pela Fazenda, referese a matéria estranha ao debate recursal, de modo que carece de comando suficiente para infirmar o fundamento do acórdão recorrido. Aplicase, nesse ponto, o disposto na Súmula 284/STF. 18. Recurso Especial não provido. Destaco que na situação deste processo não cabe fixar o início da suspensão em 30/12/2004, como fez o STJ no acórdão acima, porque a alteração da Lei nº 11.051, de 2004, não atinge os dois produtos vendidos pela Recorrente (soja e café, ambos in natura). Fl. 574DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 569 14 Para esses produtos e o restante do art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, não alterado pelo art. 29 da Lei nº 11.051, de 2004, a suspensão tem início em 1º de agosto de 2004, tal como constava na IN SRF nº 636, antes de ser revogada pela IN SRF nº 660, as duas de 2004. INSUMOS ADQUIRIDOS PARA RECEBIMENTO FUTURO: DIREITO AO CRÉDITO NO MOMENTO EM QUE HÁ DISPONIBILIDADE JURÍDICA Também entendo assistir razão à Recorrente no tocante às vendas para entrega futura, porque parece haver disponibilidade jurídica por parte da Recorrente desde o momento da aquisição, independentemente do efetivo recebimento dos insumos, que por conveniência do seu fornecedor ou dela própria ocorre numa data futura. A DRJ, ao considerar que os créditos de compras de insumos para entrega futura só podem ser aproveitados no momento em que ocorre a efetiva entrega dos insumos no estabelecimento do adquirente, pode não ter dado o relevo cabível à expressão “adquiridos”, constante do inc. I do § 1º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, versando sobre a Cofins (equivalente ao mesmo artigo da Lei nº 10.637, de 2002, esta do PIS), que possui a seguinte redação (negrito acrescentado): Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 22 a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: 1 bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2° da Lei no 10.485, de 3_ de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (...) § 1º Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 20 desta Lei sobre o valor: 1 dos Itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; Apesar de interpretação da DRJ, assim como a Solução de Consulta n° 50 da 1ª Região Fiscal nº 50, de 19 de maio de 2004, mencionada no acórdão recorrido, possuir amparo no art. 1.267 do Código Civil (Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002), segundo o qual a transferência de propriedade da mercadoria adquirida dáse no momento da tradição, não me parece a melhor. Diante dos débitos da COFINS e do PIS, que devem ser apurados no momento da venda, independentemente da saída ou entrega das mercadorias vendidas ou da data de prestação dos serviços, o corolário, no lado dos créditos, é a data de aquisições dos insumos. Não havendo dúvidas sobre a aquisição, no mês em esta se concretizar passa o Fl. 575DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 570 15 adquirente a dispor dos insumos, ainda que não os tenha recebido efetivamente. Diferentemente do ICMS e do IPI, nos PIS e na COFINS são irrelevantes a data de saída da mercadoria vendida, a gerar débitos, ou de entrada dos insumos, a dar direito a créditos desde que obedecidas às demais condições para tanto. Existem duas situações semelhantes que merecem ser distinguidas: o faturamento antecipado e a venda para entrega futura. No faturamento antecipado o fornecedor conclui a venda, mas não entrega a mercadoria ao seu cliente porque sequer a produziu ou adquiriu. Assim, os custos não são conhecidos, hipótese em que não poderá ser exigido o reconhecimento da receita, não incidindo desta forma tributos sobre tais operações. No faturamento antecipado a receita deverá ser computada no período de apuração em que o bem for produzido (ou adquirido, no caso de revenda), ficando disponível para o comprador, quando então integrará a base de cálculo (débitos) da Cofins. Se a produção do bem negociado for contratada mediante a execução de etapas autônomas, a conclusão de cada etapa, com a entrega da correspondente parcela produzida ao adquirente, demandará a apropriação da correspondente receita e seu oferecimento à tributação pela Contribuição, tenha ou não ocorrido o respectivo recebimento do montante devido pela parte entregue (neste sentido as Soluções de Consulta da Disit da 8ª Região Fiscal nºs 08 e 09, de 07/01/2009, para a COFINS e o PIS, respectivamente). Na venda para entrega futura, diferentemente, o fornecedor conclui a venda, possui em seus estoques o produto, mas não faz sua entrega em face de acordo firmado com o seu cliente. O vendedor emite Nota Fiscal de Simples Faturamento, ficando como depositário da mercadoria vendida, que fica à disposição do cliente adquirente (a Recorrente, na situação destes autos). No momento da entrega é emitida a Nota Fiscal de Simples Remessa, destinada a acompanhar a mercadoria até o destino, junto ao cliente adquirente. Na venda para entrega futura (ou compra, na situação da Recorrente) o contrato de compra e venda se perfaz quando as partes concordam quanto à coisa e ao preço. A tradição da coisa pode ser real ou simbólica. Uma vez perfeito o contrato, impõese o reconhecimento do crédito do PIS e COFINS nãocumulativos, a despeito de a entrega real ser futura. A nãocumulatividade do Pis e da Cofins não exige que haja uma unicidade temporal entre os insumos adquiridos e os produtos fabricados, mercadorias revendidas ou serviços prestados., pois os insumos adquiridos num determinado mês geram crédito nesse período de aquisição, podendo ser utilizados somente nos meses seguintes. Pelos fundamentos acima, e ressaltando que na venda para entrega futura tanto o débito quanto o crédito do PIS e COFINS ocorrem no mês em que realizado o negócio, independentemente da efetiva entrega da mercadoria, concluo pela improcedência da glosa relativa à conta 1.922 (“Compras p/ entrega futura”). AQUISIÇÃO DE OVOS IN NATURA, COM ALÍQUOTA ZERO: INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO BÁSICO E IMPOSSIBILIDADE DE RESSARCIMENTO DO CRÉDITO PRESUMIDO PREVISTO NO ART. 8º DA LEI Nº 10.925/2004 Fl. 576DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 571 16 Quanto à glosa do crédito básico pela aquisição de ovos in natura, produto com alíquota zero no PIS e na Cofins, cabe mantêla, tal como no despacho decisório de origem. Aqui não assiste razão à Recorrente. O acórdão recorrido também negou o pedido para que a glosa se desse a partir da diferença entre o crédito presumido previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004 e o crédito básico computado pela Recorrente, ao considerar o seguinte: Independentemente de haver ou não o direito ao crédito presumido estabelecido pelo art. 8° da Lei n° 10.925 de 26.07.2004, já que devem ser atendidos os demais requisitos da legislação, é de ser registrado que, quanto à forma de sua utilização, deve ser observada a interpretação dada pelo Ato Declaratório Interpretativo n° 15, de 22 de dezembro de 2005... Diante das leis que regem a nãocumulatividade do PIS Faturamento e da Cofins, descabe reforma no acórdão recorrido e mantémse a interpretação do Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 15/2005, segundo o qual “O valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. 8º e 15, somente pode ser utilizado para deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apuradas no regime de incidência nãocumulativa.” Observemse os dispositivos de leis que tratam do tema, na seqüência cronológica e com negritos acrescentados: LEI Nº 10.637, DE 30/12/2002: Art. 2o Para determinação do valor da contribuição para o PIS/Pasep aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento). (...) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) Art. 5º A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I – exportação de mercadorias para o exterior; II – prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III – vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3º para fins de: Fl. 577DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 572 17 I – dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II – compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2º A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1º, poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. LEI 10.833, DE 29/12/2003: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (...) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) Art. 5o A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1o Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2o A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1o, poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Fl. 578DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 573 18 LEI 10.865, DE 30/04/2004 Art. 15. As pessoas jurídicas sujeitas à apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, nos termos dos arts. 2o e 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, poderão descontar crédito, para fins de determinação dessas contribuições, em relação às importações sujeitas ao pagamento das contribuições de que trata o art. 1o desta Lei, nas seguintes hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) LEI 10.925, DE 23/07/2004: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. LEI Nº 11.116, DE 18/05/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto Fl. 579DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 574 19 no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestrecalendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei. Dos dispositivos legais acima, são extraídas duas normas jurídicas relacionadas ao litígio ora julgado, com tratamentos diferenciados a depender de cada um dos seguintes créditos da nãocumulatividade do PIS e Cofins: a primeira norma, relativa aos créditos gerais previstos no art. 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como aos créditos incidentes na importação a que se refere o art. 15 da Lei nº 10.865/2004, possibilita o desconto ou abatimento dos débitos de cada uma das duas Contribuições, seguido, na existência de créditos superiores aos débitos da mesma Contribuição (saldo credor), da compensação com valores devidos de outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil e, finalmente, caso ainda persista saldo credor, do pedido de ressarcimento; a segunda, relativa aos créditos presumidos previstos nos arts. 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004, possibilita apenas o desconto ou abatimento dos débitos de cada uma das duas Contribuições, não se admitindo, na existência de saldo credor, a compensação ou o ressarcimento. A impossibilidade de ressarcimento ou compensação do crédito presumido das agroindústrias estatuído pelo art. 8º da Lei nº 10.925/2004 constitui, por si só, óbice incontornável à pretensão da Recorrente, tal como decidiu a DRJ. Daí a primeira instância ter deixado de analisar a fundo a possibilidade o direito ao crédito presumido em questão, caso sua utilização ficasse restrita ao abatimento de débitos da própria Contribuição. Na situação de insumos adquiridos com alíquota zero é vedado qualquer crédito, seja ele básico ou presumido. Tanto este como aquele só se aplica quando há pagamento da Contribuição porque ambos são calculados sobre o valor dos bens referidos no inc. II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637/ 2002 e 10.833/ 2003 e, dentre esses bens, os não sujeitos ao pagamento não geram qualquer crédito (nem básico, nem presumido), consoante o referido inc. II. O crédito presumido em tela, calculado a uma alíquota inferior à alíquota padrão de 1,65% (PIS) ou 7,6% (COFINS), é regra especial, quando comparada com a do inc. I do § 2º do art. 3º das Leis nºs 10.637/ 2002 e 10.833/ 2003, que trata da regra geral segundo a qual não se admite crédito decorrente de aquisições a pessoa física. Não constitui, todavia, exceção à regra do inc. II do citado § 2º, que encerra norma relacionada com o bem ou serviço (aspecto objetivo), e não como o fornecedor (aspecto subjetivo). Fl. 580DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.013853/200576 Acórdão n.º 3401002.071 S3C4T1 Fl. 575 20 Tanto quanto os ovos in natura em questão (ou qualquer outra mercadoria não sujeita ao pagamento da Contribuição) não gerariam crédito básico se adquiridos de pessoa jurídica, por se sujeitarem à alíquota zero, não geram crédito presumido quando adquiridos de pessoa física, pelo mesmo motivo. Quanto ao argumento de que a aquisição dos ovos in natura seria semelhante à aquisição do cereal sorgo (em grãos), cujo crédito presumido foi reconhecido pelo órgão de origem, não se sustenta porque este produto não é submetido à alíquota zero, ao contrário do que se dá com aqueles. Conforme a Lei nº 10.865/2004, art. 28, III, foram reduzidas a zero as alíquotas de “produtos hortícolas e frutas, classificados nos Capítulos 7 e 8, e ovos, classificados na posição 04.07, todos da TIPI”. Não há, no referido inciso, menção ao cereal cuja aquisição originou o crédito presumido admitido desde a origem. Denegado o direito ao crédito presumido, resta superada a possibilidade da diligência solicitada na peça recursal, como já dito no início deste voto. CONCLUSÃO: PROVIMENTO PARCIAL Pelo exposto, dou provimento parcial ao Recurso para: reconhecer que a suspensão da incidência da Contribuição nas vendas de café e soja, nos termos do art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, teve início em 1º agosto de 2004, de modo a abranger o trimestre de apuração deste processo, e consequentemente, aumentar o valor do ressarcimento na proporção do débito computado por não ter sido admitida na origem tal suspensão, admitindo a compensação adicional correspondente; admitir os créditos sobre as compras para entrega futura no mês em que a aquisição foi realizada, independentemente da efetiva entrega, de modo a cancelar a glosa apurada com base nos valores da conta 1.922 (“Compras p/ entrega futura”). Emanuel Carlos Dantas de Assis Fl. 581DF CARF MF Impresso em 14/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 11/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS
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Numero do processo: 10166.009221/2010-94
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Sep 19 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
PENSÃO ALIMENTÍCIA. DÉCIMO TERCEIRO. GLOSA. Descabe a dedução, na declaração de ajuste anual, de pensão alimentícia já deduzida de décimo terceiro salário tributado exclusivamente na fonte. DESPESAS MÉDICAS. GLOSA. As despesas médicas dedutíveis restringem-se aos pagamentos efetuados pelo contribuinte para o seu próprio tratamento ou de seus dependentes relacionados na Declaração de Ajuste Anual. DEPENDENTE. MENOR POBRE. SÚMULA CARF Nº 13. Menor pobre que o sujeito passivo crie e eduque pode ser considerado dependente na Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física, desde que o declarante detenha a guarda judicial. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. AUSÊNCIA DE MÁ-FE. EXCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. A ausência de má-fé do contribuinte é irrelevante para tipificação da conduta e para a exigibilidade da penalidade aplicada e dos juros de mora. Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2801-002.619
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer dedução com despesas médicas no valor de R$ 4.190,71, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Antonio de Pádua Athayde Magalhães - Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio de Pádua Athayde Magalhães, Tânia Mara Paschoalin, Sandro Machado dos Reis, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Carlos César Quadros Pierre. Ausente, justificadamente, o conselheiro Luiz Cláudio Farina Ventrilho.
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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DÉCIMO TERCEIRO. GLOSA. Descabe a dedução, na declaração de ajuste anual, de pensão alimentícia já deduzida de décimo terceiro salário tributado exclusivamente na fonte. DESPESAS MÉDICAS. GLOSA. As despesas médicas dedutíveis restringemse aos pagamentos efetuados pelo contribuinte para o seu próprio tratamento ou de seus dependentes relacionados na Declaração de Ajuste Anual. DEPENDENTE. MENOR POBRE. SÚMULA CARF Nº 13. Menor pobre que o sujeito passivo crie e eduque pode ser considerado dependente na Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física, desde que o declarante detenha a guarda judicial. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. AUSÊNCIA DE MÁFE. EXCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. A ausência de máfé do contribuinte é irrelevante para tipificação da conduta e para a exigibilidade da penalidade aplicada e dos juros de mora. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer dedução com despesas médicas no valor de R$ 4.190,71, nos termos do voto do Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 00 92 21 /2 01 0- 94 Fl. 76DF CARF MF Impresso em 19/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHA Processo nº 10166.009221/201094 Acórdão n.º 2801002.619 S2TE01 Fl. 77 2 Assinado digitalmente Antonio de Pádua Athayde Magalhães Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio de Pádua Athayde Magalhães, Tânia Mara Paschoalin, Sandro Machado dos Reis, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Carlos César Quadros Pierre. Ausente, justificadamente, o conselheiro Luiz Cláudio Farina Ventrilho. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório do acórdão de primeira instância (fls. 41/42), que reproduzo a seguir: Contra o contribuinte em epígrafe foi emitida Notificação de Lançamento do Imposto de Renda da Pessoa Física – IRPF, referente ao exercício 2009, anocalendário 2008, por Auditor Fiscal da Receita Federal, da DRF/BrasíliaDF. Após a revisão da Declaração foram apurados os seguintes valores (fl. 26): Demonstrativo do Crédito Tributário Cod. DARF Valores Imposto de Renda Pessoa Física – Suplementar (sujeito à multa de ofício) 2904 3.919,57 Multa de Ofício (passível de redução) 2.939,67 Juros de Mora (calculado até 30/09/2010) 499,74 Imposto de Renda Pessoa Física – Suplementar (sujeito à multa de mora) 0211 0,00 Multa de Mora (não passível de redução) 0,00 Juros de Mora (calculado até 30/09/2010) ......0,00 Valor do Crédito Tributário Apurado 7.358,98 O lançamento acima foi decorrente das seguintes infrações: Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial. Glosa de R$7.298,67, por falta de comprovação. Enquadramento legal nos autos. Dedução Indevida de Despesas Médicas. Glosa de R$5.298,46. Despesa médica com não dependente, no valor de R$5.238,46 (Assefaz), e por falta de previsão legal de vacinas, no valor de R$ 60,00. Enquadramento legal nos autos. Fl. 77DF CARF MF Impresso em 19/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHA Processo nº 10166.009221/201094 Acórdão n.º 2801002.619 S2TE01 Fl. 78 3 Dedução Indevida com Dependentes. Glosa do valor de R$1.655,88, por falta de comprovação da guarda judicial, tutela ou adoção. Enquadramento legal nos autos. O contribuinte apresenta impugnação (fls. 01/03), na qual, em síntese, expõe os motivos de fato e de direito que se seguem: Em relação à Pensão Alimentícia Judicial, não concorda com a aplicação da multa de ofício, pois a importância foi declarada e paga à pensionista, e saiu do seu caixa. Não agiu de máfé, sendo que o valor foi declarado tanto por ele como pela pensionista. Em relação à Dedução com Dependentes, a glosa é indevida, pois o dependente é menor pobre, irmão, neto ou bisneto, sem arrimo dos pais, de quem o contribuinte detém a guarda judicial, com idade até 21 anos. Desde que seu pai faleceu, tem arcado com sua manutenção, conforme declaração da mãe que está anexando. Desde essa época (2001), foi pedida a guarda judicial, até agora não despachada pelo Juiz. Está entrando com outra ação, esta de Justificação, mas não tem ideia de quando o Juiz irá despachá la. Solicita prorrogação do prazo para entrega desse documento. Em relação à Dedução Indevida de Despesas Médicas, está questionando o valor de R$3.568,97, pois se refere ao pagamento do plano de saúde de sua companheira. A 3ª Turma da DRJ/BSB julgou o lançamento procedente, nos termos da ementa abaixo transcrita: DEDUÇÃO INDEVIDA DE PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. Somente são dedutíveis, na Declaração do Imposto de Renda, os pagamentos efetuados a título de pensão alimentícia, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS MÉDICAS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. A falta de comprovação por documentação hábil e idônea dos valores informados a título de dedução de despesas médicas na Declaração do Imposto de Renda importa na manutenção da glosa. MULTA DE 75%. LANÇAMENTO DE OFÍCIO CABIMENTO. É cabível nos lançamentos de ofício a aplicação da multa no percentual de 75% sobre a totalidade ou diferença de Imposto nos casos de falta de pagamento, pagamento após o prazo sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração ou de declaração inexata. Fl. 78DF CARF MF Impresso em 19/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHA Processo nº 10166.009221/201094 Acórdão n.º 2801002.619 S2TE01 Fl. 79 4 MENOR POBRE ADMISSIBILIDADE. Inadmissível, para efeito de dedução na determinação do imposto de renda devido, mensal e anual, a inclusão de menor pobre do qual o contribuinte não possua guarda judicial, ainda que tenha suas despesas efetivamente custeadas pelo declarante. Cientificado da decisão de primeira instância em 31/08/2011 (fls. 54), o interessado interpôs, em 23/09/2011, o recurso de fls. 57/61, juntando os documentos de fls. 62/74. Em suas razões recursais reitera as alegações expendidas na peça impugnatória e acrescenta o seguinte: Que requereu inicialmente a dispensa da multa de ofício em relação aos valores glosados de pensão alimentícia, pois não sabia da proibição de se deduzir as importâncias pagas a título de décimo terceiro salário. A sentença do Juiz determinando o desconto mensal da pensão (fl. 9) esclarece que o referido desconto incide sobre os rendimentos brutos, deduzidos o IR e o INSS, devendo incidir inclusive sobre o décimo terceiro salário; Que o valor da glosa do plano de saúde de sua companheira deve ser de R$ 1.047,75, e não de R$ 5.238,46. A diferença dos valores apresentados no recurso e na impugnação se deve ao fato de o requerente ter se baseado em percentuais que não consideraram os valores relativos à sua enteada Nadja Brito Simoni. O novo valor baseiase na Declaração do Tribunal de Contas e nos extratos da ASSEFAZ anexados às fls. 65/68; Que obteve na justiça, mediante Ação de Justificação (CPC, art. 861), sentença de Juiz reconhecendo o seu sobrinho como dependente desde 21 de setembro de 2001, conforme comprovam os documentos anexados. Solicita a anulação da glosa de pensão alimentícia ou, pelo menos, a não aplicação da multa de ofício e juros de mora, à luz do artigo 78 do Decreto nº 3.000/1999 e da decisão judicial, bem como dos dispositivos da IN SRF nº 15/2001; Em relação à glosa de despesas médicas de sua companheira Nadja Maria da Silva Brito, no valor de R$ 5.238,46, pleiteia a juntada dos novos documentos que comprovam o pedido de redução do valor da glosa (de R$ 5.238,46 para R$ 1.047,75), a fim de excluir da mesma importância referente ao reembolso efetuado pela fonte pagadora, já que esta importância não foi computada como dedução em sua declaração; Solicita a juntada de documentos que comprovam que o menor Alírio Rodrigues do Amaral Guerra é seu dependente e, em consequência, a anulação da glosa respectiva, pois se trata de menor pobre, até 21 anos, que cria e educa e do qual detém a guarda judicial, de acordo com a IN SRF nº 15/2001, art. 38, IV. Ao fim, requer seja acolhido o presente recurso para cancelar o crédito tributário constituído. É o relatório. Voto Fl. 79DF CARF MF Impresso em 19/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHA Processo nº 10166.009221/201094 Acórdão n.º 2801002.619 S2TE01 Fl. 80 5 Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. SOLICITAÇÃO DE JUNTADA DE NOVOS DOCUMENTOS Não obstante o § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 estabelecer que a prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o interessado fazêlo em outro momento processual, salvo quando demonstrada, fundamentadamente, alguma das hipóteses descritas nas alíneas “a”, “b” ou “c” do referido parágrafo, os documentos anexados ao presente recurso serão apreciados em homenagem ao princípio da verdade material. GLOSA DE PENSÃO ALIMENTÍCIA Não há amparo legal para dedução, na declaração de ajuste anual, de pensão alimentícia já deduzida de décimo terceiro salário tributado exclusivamente na fonte, como ocorre no caso sob análise. A Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB esclarece a questão em seu sítio eletrônico, nos seguintes termos: 340 É dedutível na Declaração de Ajuste Anual a pensão alimentícia judicial ou por escritura pública descontada do décimo terceiro salário? Não. Tendo em vista que a pensão alimentícia judicial ou por escritura pública descontada do décimo terceiro salário já constituiu dedução desse rendimento, sujeito à tributação exclusiva na fonte, a utilização da dedução na Declaração de Ajuste Anual implicaria na duplicação da dedução. No entanto, a pensão alimentícia paga que foi descontada do décimo terceiro constitui rendimento tributável para o beneficiário da pensão, sujeitandose ao carnêleão e, também, ao ajuste na declaração anual. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto sobre a Renda (RIR/1999), arts. 638, inciso IV, 641 e 643. Quanto à multa de oficio e os juros de mora incidentes sobre o valor glosado a título de pensão alimentícia, oportuno observar que não cabe ao julgador administrativo excluir ou reduzir tais encargos ao arrepio da lei. Como bem ressaltou o acórdão recorrido, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (CTN, art. 136). Significa dizer que a ausência de máfé do contribuinte é irrelevante para tipificação da conduta e para a exigibilidade da penalidade aplicada e dos juros de mora. GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS Na impugnação o interessado requereu a redução do valor da glosa de despesas médicas sob o argumento de que efetuou pagamentos de plano de saúde para sua companheira Nadja Maria da Silva Brito. No recurso pleiteia pelo menos a redução relativa à Fl. 80DF CARF MF Impresso em 19/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHA Processo nº 10166.009221/201094 Acórdão n.º 2801002.619 S2TE01 Fl. 81 6 parcela reembolsada pelo Tribunal de Contas, já que esta importância não foi computada como dedução em sua declaração. Assiste razão ao recorrente no que se refere à importância reembolsada pela fonte pagadora. Verificase, na ficha “Pagamentos e Doações Efetuados” (fl. 21), que o Recorrente lançou como parcela não dedutível, do pagamento efetuado à Fundação ASSEFAZ (R$ 18.996,76), o valor de R$ 12.942,13, resultando em uma parcela dedutível de R$ 6.054,63. O documento de fl. 65, anexado à peça recursal, demonstra que a parcela dedutível referese às mensalidades do plano de saúde descontadas na folha de pagamento do Recorrente menos o valor reembolsado pela fonte pagadora. Especificamente em relação à Nadja Maria da Silva Brito, o valor descontado foi de R$ 5.238,46 e o valor reembolsado de R$ 4.190,71, resultando em uma parcela dedutível de R$ 1.047,75. Assim, entendo que a glosa deve ser restabelecida parcialmente (R$ 4.190,71), haja vista que a Autoridade lançadora glosou o valor integral do plano de saúde de Nadja Maria da Silva Brito (R$ 5.238,46), que corresponde à parcela lançada como dedutível (R$ 1.047,75) mais a parcela lançada como não dedutível (R$ 4.190,71). GLOSA DE DEPENDENTE Poderá ser considerado dependente, para fins de imposto de renda, o menor pobre, até 21 anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial (IN SRF nº 15/2001, art. 38, IV). A guarda que confere à criança e ao adolescente a condição de dependente é aquela estabelecida em consonância com a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA). Nesses termos, é inadmissível, para efeito de dedução no cálculo do imposto de renda, a inclusão de menor pobre em relação ao qual o contribuinte não detenha a guarda judicial, ainda que suas despesas sejam efetivamente custeadas pelo declarante e que a relação de dependência venha a ser reconhecida em processo de justificação judicial. Ensina Humberto Theodoro Júnior (Curso de Direito Processual, Ed. Forense, 23ª edição, p. 514), que “na justificação o magistrado nada decide, limitandose a aferir, extrinsecamente, a observância das formalidades legais, sem pronunciamento algum sobre o conteúdo da prova colhida. A função do magistrado é similar à do tabelião, que assenta em suas notas o que lhe declaram outras pessoas, para documentação e publicidade”. No mesmo sentido se pronunciou o magistrado na Ação de Justificação proposta pelo interessado, verbis: Decido. O processo correu regularmente. Tendo a testemunha prestado os esclarecimentos devidos. Neste procedimento cabe ao Magistrado tão somente proferir sentença que ratifique todos os atos praticados nos autos, não tendo cabimento juízo de valor acerca da prova colhida. Assim, observadas as formalidades legais, julgo por sentença a presente justificação, devendo, em 48 horas, ser os autos entregues ao requerente independentemente de translado (art. 866, CPC), após o pagamento das custas judiciais. Fl. 81DF CARF MF Impresso em 19/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHA Processo nº 10166.009221/201094 Acórdão n.º 2801002.619 S2TE01 Fl. 82 7 Assim, entendo que a glosa de dependente deve ser mantida, porquanto não restou comprovado que o recorrente tem a guarda judicial do sobrinho. Aplicase, à espécie, a Súmula nº 13 deste Conselho, de cujo teor se extrai a seguinte dicção: Súmula CARF nº 13: Menor pobre que o sujeito passivo crie e eduque pode ser considerado dependente na Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física, desde que o declarante detenha a guarda judicial. Face ao exposto, conheço do recurso e voto por darlhe provimento parcial, a fim de que seja restabelecido o valor glosado de R$ 4.190,71, lançado como parcela não dedutível na declaração de ajuste anual do Recorrente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 82DF CARF MF Impresso em 19/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 05/09/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHA
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Numero do processo: 19515.000271/2002-63
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1997, 1998
IRPF - VERBAS RECEBIDAS A TÍTULO DE AUXÍLIO GABINETE DESTINADAS AO CUSTEIO DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE PARLAMENTAR. NÃO INCIDÊNCIA.
As verbas concedidas aos parlamentares, a título de auxílio gabinete, destinadas ao custeio do exercício da atividade parlamentar, não estão sujeitas à incidência do imposto de renda pessoa física, uma vez não se caracterizarem como renda, mas, sim, em recursos para o trabalho e não pelo trabalho, salvo na hipótese em que a fiscalização lograr comprovar que o parlamentar utilizou referidos valores em benefício próprio, não relacionado à sua atividade, o que não se vislumbra no caso vertente.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-002.379
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo Presidente
(Assinado digitalmente)
Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator
EDITADO EM: 12/11/2012
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann ( Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1997, 1998 IRPF - VERBAS RECEBIDAS A TÍTULO DE AUXÍLIO GABINETE DESTINADAS AO CUSTEIO DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE PARLAMENTAR. NÃO INCIDÊNCIA. As verbas concedidas aos parlamentares, a título de auxílio gabinete, destinadas ao custeio do exercício da atividade parlamentar, não estão sujeitas à incidência do imposto de renda pessoa física, uma vez não se caracterizarem como renda, mas, sim, em recursos para o trabalho e não pelo trabalho, salvo na hipótese em que a fiscalização lograr comprovar que o parlamentar utilizou referidos valores em benefício próprio, não relacionado à sua atividade, o que não se vislumbra no caso vertente. Recurso especial negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator EDITADO EM: 12/11/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann ( Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire.
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NÃO INCIDÊNCIA. As verbas concedidas aos parlamentares, a título de auxílio gabinete, destinadas ao custeio do exercício da atividade parlamentar, não estão sujeitas à incidência do imposto de renda pessoa física, uma vez não se caracterizarem como renda, mas, sim, em recursos para o trabalho e não pelo trabalho, salvo na hipótese em que a fiscalização lograr comprovar que o parlamentar utilizou referidos valores em benefício próprio, não relacionado à sua atividade, o que não se vislumbra no caso vertente. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 02 71 /2 00 2- 63 Fl. 256DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/11/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 2 (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 12/11/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann ( VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório LUIZ PAULO TEIXEIRA FERREIRA, contribuinte, pessoa física, já devidamente qualificado nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 26/07/2002, exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente de omissão de rendimentos do trabalho com vínculo empregatício recebidos de pessoa jurídica (Assembléia Legislativa de São Paulo – ALESP), em relação aos anoscalendário 1997 e 1998, mais precisamente de 05/1197 a 12/1998, conforme peça inaugural do feito, às fls. 37/41, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário a então Terceira Seção de Julgamento do CARF contra decisão da 3a Turma da DRJ em São Paulo/SP, consubstanciada no Acórdão nº 14.068/2006, às fls. 75/88, que julgou procedente o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 1a Turma Ordinária da 4a Câmara, em 01/06/2009, pelo voto de qualidade, achou por bem DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO DO CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 3401 00.075, sintetizados na seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Anocalendário: 1997, 1998 IRPF OMISSÃO DE RENDIMENTOS AUXÍLIO GABINETE HIPÓTESE DE NÃO INCIDÊNCIA. Por sua própria natureza, os valores pagos pela Assembléia Legislativa aos parlamentares para custeio das despesas incorridas no exercício da função não estão sujeitos à incidência do Imposto de Renda, salvo se comprovada a sua utilização para outros fins diversos daquele para o qual o pagamento se destina. Recurso provido.” Fl. 257DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/11/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 19515.000271/200263 Acórdão n.º 9202002.379 CSRFT2 Fl. 243 3 Irresignada, a Procuradoria interpôs Recurso Especial, às fls. 182/189, com arrimo no artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, alegando ter contrariado entendimento levado a efeito pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes/CARF e, bem assim, da Câmara Superior de Recursos Fiscais a respeito da mesma matéria, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, uma vez comprovada à divergência arguida. Em defesa de sua pretensão, sustenta que a jurisprudência deste Colegiado, traduzida no Acórdão n° CSRF/0400.981, ora adotado como paradigma, impõe que as verbas recebidas pelos parlamentares a título de ajuda de custo, somente não estão sujeitas à incidência do imposto de renda pessoa física quando o contribuinte lograr comprovar que, de fato, foram utilizadas para custear despesas incorridas no exercício da atividade no âmbito do Poder Legislativo Estadual, ao contrário do que restou assentado pelo decisum recorrido, entendendo ser desnecessária referida comprovação. Não tendo o contribuinte comprovada a destinação de tais verbas para o fim acima mencionado, serão consideradas como acréscimo patrimonial, dentro, portanto, do campo de incidência do imposto de renda. Contrapõese ao Acórdão atacado, por entender que a incidência do imposto de renda, contemplada pelo artigo 4º, § 3o, da Lei nº 7.713/88, c/c artigo 43, § 1º, do Código Tributário Nacional, independe da denominação dos rendimentos percebidos pela pessoa física, impondo seja analisada a efetiva natureza da verba concedida. Defende que o imposto de renda incide sobre o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados e não contemplados nas hipóteses de isenção. Infere que a denominação conferida à aludida verba, “auxílio”, ou mesmo o fato da fonte pagadora a enquadrar como indenização, não é capaz de lhe garantir a natureza indenizatória, de maneira a se afastar do campo de incidência do imposto sobre a renda, sobretudo quando implica em aquisição de disponibilidade econômica, visto que acresce o patrimônio do beneficiário, e não se encontra no rol das hipóteses de isenção inscritas nos incisos XVI e XXIV, do artigo 39, do RIR/99. Acrescenta que o ônus de comprovar a destinação dessa verba, ou seja, que tiveram a finalidade de custear as despesas incorridas no exercício da atividade no âmbito do Poder Legislativo Estadual, recai sobre o autuado, que, assim não o fazendo, rechaça a sua natureza indenizatória, mormente em razão de ser dever do contribuinte a comprovação do preenchimento das condições legais para o seu deferimento. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da 2ª Câmara da 2a SJ do CARF, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Procuradoria, sob o Fl. 258DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/11/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 4 argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido divergiu do entendimento consubstanciado no paradigma, Acórdão n° CSRF/0400.981, a propósito da mesma matéria, conforme Despacho nº 220100.187/2010, às fls. 197/200. Instado a se manifestar a propósito do Recurso Especial da Fazenda Nacional, o contribuinte apresentou suas contrarrazões, às fls. 218/240, corroborando as razões de decidir do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção. É o relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da 2ª Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF a divergência suscitada, conheço do Recurso Especial da Procuradoria e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretende a recorrente a reforma do Acórdão em vergasta, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram a jurisprudência deste Colegiado, traduzida no Acórdão n° CSRF/0400.981, bem como malferiram a legislação de regência, notadamente o artigo 4°, § 3°, da Lei n° 7.713/88, c/c artigo 43, § 1°, do Código Tributário Nacional. A fazer prevalecer sua pretensão, sustenta que a incidência do imposto de renda, contemplada pelo artigo 4º, § 3o, da Lei nº 7.713/88, c/c artigo 43, § 1º, do Código Tributário Nacional, independe da denominação dos rendimentos percebidos pela pessoa física, impondo seja analisada a efetiva natureza da verba concedida. Arremata, alegando que o ônus de comprovar a destinação dessa verba, ou seja, que tiveram a finalidade de custear as despesas incorridas no exercício da atividade no âmbito do Poder Legislativo Estadual, recai sobre o autuado, que, assim não o fazendo, rechaça a sua natureza indenizatória, mormente em razão de ser dever do contribuinte a comprovação do preenchimento das condições legais para o seu deferimento. Consoante se infere dos autos, concluise que a pretensão da Fazenda Nacional não tem o condão de prosperar, por não espelhar a melhor interpretação a respeito do tema, contrariando a farta e mansa jurisprudência administrativa. Do exame dos elementos que instruem o processo, constatase que o Acórdão recorrido apresentase incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, como passaremos a demonstrar. Com efeito, essa Colenda Câmara Superior de Recursos Fiscais já se manifestou em diversas ocasiões a respeito da matéria, decidindo pela não incidência do imposto de renda sobre as importâncias pagas a título de auxílio gabinete, conforme se extrai do decisum da lavra do ilustre Conselheiro Moisés Giacomelli Nunes da Silva, exarado nos autos do processo nº 19515.000482/200204, Acórdão nº 920200053 (Sessão de 17/08/2009), o qual peço vênia para transcrever ementa e excerto do voto e adotar como razões de decidir, in verbis: “Ementa: Assunto: Imposto de Renda Pessoa Fisica IRPF Fl. 259DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/11/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 19515.000271/200263 Acórdão n.º 9202002.379 CSRFT2 Fl. 244 5 VERBA GABINETE. IMPOSTO DE RENDA. VALORES UTILIZADOS NO EXERCICIO DA ATIVIDADE PARLAMENTAR NÃO INCIDÊNCIA Os valores recebidos pelos parlamentares, a titulo de verba de gabinete, necessários ao exercício da atividade parlamentar, não se incluem no conceito de renda por se constituirem em recursos para o trabalho e não pelo trabalho. A premissa exposta no item anterior não se aplica nos casos em que a Fiscalização apurar que o parlamentar utilizou ditos recursos em beneficio próprio não relacionado à atividade Parlamentar. Recurso especial negado VOTO: [...] Sem entrar no mérito político da decisão da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo de aprovar a Resolução 783, de 1997, cujo artigo 11 prevê a instituição do denominado “Auxílio Encargos Gerais de Gabinete de Deputado e Auxílio Hospedagem” destinado a cobrir gastos com o funcionamento e manutenção dos Gabinetes, hospedagens, combustível, lubrificantes, extração de cópias reprográficas, expedição de cartas e telegramas, assinaturas de jornais e revistas, fornecimento de materiais de escritório, impressão de livretos e tablóides parlamentares, periódicos e demais despesas inerentes ao pleno exercício das atividades parlamentares”, cabe perquirir se a referida verba tinha natureza indenizatória ou remuneratória. Em regra, nas verbas de natureza indenizatória, a fonte que alcança os recursos necessários ao seu adimplemento exige prestação de contas. No caso dos autos, entretanto, no período em questão, apesar da Assembléia Legislativa mencionar que tais verbas destinavamse ao pagamento das despesas inerentes ao exercício do mandado de Deputado Estadual (art. 11, § 2°, I a VII da Resolução 783, de 01 de julho de 1997), não exigia prestação de contas, exigência que somente iniciou a fazer a partir da Resolução n° 822, de 14 de dezembro de 2001, cujos artigos 1° e 2°, assim dispõem: [...] Questão a ser enfrentada diz respeito à natureza jurídica do citado “auxílio” antes da Resolução n° 822, de 14 de dezembro de 2001, em que a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo não exigia a devida comprovação das despesas. O fato da fonte que aporta os recursos não exigir a comprovação das despesas seria suficiente para mudar a natureza jurídica dos valores correspondentes? Entendo que a exigência ou não de comprovação das despesas não transforma em renda aquilo que não é renda. Se eu digo que a comprovação dos valores correspondentes aos meios Fl. 260DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/11/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 6 necessários ao exercício de determinada atividade não se constitui em rendimentos, não será o fato da fonte que alcança os recursos, destinados ao mesmo fim, dispensar a respectiva comprovação, que tais valores se transformarão em renda, aqui entendida como riqueza nova, acréscimo patrimonial. [...] Tenho que as “verbas de gabinete” se constituem nos meios necessários para que o parlamentar possa exercer seu mandado. A não exigência de prestação de contas da forma com que foi gasta a citada verba é questão que diz respeito ao controle e a transparência da Administração. Isto, todavia, não transporta a “verba de gabinete” do campo da indenização para o campo dos rendimentos caracterizados por acréscimo patrimonial. Em certos casos, a Administração, por exemplo, quando paga diária com valor previamente fixado, pode exigir que o servidor comprove sua participação no evento, sem precisar o quanto foi gasto. Em tais hipóteses, se o servidor gastar mais do que o valor presumido como meio suficiente à finalidade a que se destina, não terá direito de reclamar a diferença. Entretanto, se o mesmo servidor que recebeu os recursos destinados à alimentação e, por qualquer razão, resolver ficar sem se alimentar, tais recursos não se transformarão em rendimentos para sobre eles incidir contribuição social, imposto de renda e reflexos no cálculo do valor da aposentadoria. Nas palavras de Luigi Vittorio Berliri, citado por Roque Antonio Carrazza, em sua Obra Imposto sobre a Renda, 2a. Edição, Ed. Malheiros, 2006, pág. 37, “A renda tributável não pode ser constituída senão por uma nova riqueza, produzida do capital, do trabalho ou de um e outro conjuntamente, e que seja destacada de uma causa produtiva, conquistando uma autonomia própria e uma aptidão própria e independentemente para produzir concretamente outra riqueza.” Dito de outro modo, segundo o autor citado, “renda e proventos de qualquer natureza são acréscimo patrimoniais experimentados pelo contribuinte ao longo de um determinado período de tempo. Ou, se preferirmos, são o resultado positivo de uma subtração que tem por diminuendo os rendimentos brutos auferidos pelo contribuinte entre dois marcos temporais, e por subtraendo o total das deduções e abatimentos, que a Constituição e as leis que com ela se afirmam permitem fazer.” No exame do caso concreto ainda se pode considerar as disposições do artigo 11, § 2°, I a VII, da Resolução 783, de 1997, que instituiu a citada “verba de gabinete”, “in verbis”: Art. 11 – Ficam instituídos os AuxíliosEncargos gerais de Gabinete de Deputado e Auxílio Hospedagem, devidos mensalmente, correspondentes a 1.250 (hum mil duzentos e cinqüenta) UPFs., destinados a cobrir gastos com o funcionamento e manutenção dos gabinetes, previstos nos artigos, 1°, inciso I, alínea “I” e 8° da Resolução n° 776/96, com hospedagem e demais despesas inerentes ao pleno exercício das atividades parlamentares. Fl. 261DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/11/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 19515.000271/200263 Acórdão n.º 9202002.379 CSRFT2 Fl. 245 7 [...] § 2° Em razão da instituição do Auxílio de que trata o artigo 11, ficam cessados: I – fornecimento de combustível e lubrificantes; II – reembolso de despesas efetuadas com reparos de avarias mecânicas, inclusive com troca de peças e componentes, bem como de aquisição de combustível e lubrificantes; III impressão de livretos e tablóides parlamentares; IV – extração de cópias reprográficas; V – expedição de cartas e telegramas; VI – expedição de cartas e telegramas; VI – fornecimento de materiais de escritório classificados como despesas de consumo, e VII – assinaturas de jornais e periódicos. Pelo que se depreende da norma ora transcrita, as despesas acima referidas são necessárias para que o parlamentar possa desempenhar o seu mandato. Assim, têm natureza indenizatória. Não é pelo fato da Casa Legislativa editar norma prevendo que o reembolso das referidas despesas seria feito, mensalmente, mediante valor fixo, que tais rubricas transportarseão do campo da indenização para a esfera da remuneração. Pelos fundamentos acima expostos, concluo que as verbas de gabinete recebidas pelos Senhores Deputados, destinadas ao custeio do exercício das atividades parlamentares, não se constituem em acréscimos patrimoniais, razão pela qual estão fora do conceito de renda especificado no artigo 43 do CTN.[...]” Na esteira desse entendimento, uma vez firmado o posicionamento deste Egrégio Conselho, no sentido da não incidência do imposto de renda sobre as verbas sub examine, despiciendas maiores elucubrações a propósito da matéria, impondo seja mantido o provimento ao recurso voluntário do contribuinte, na forma decidida pela então 1a Turma Ordinária da 4a Câmara da 3a SJ do CARF, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 262DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/11/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 8 Fl. 263DF CARF MF Impresso em 27/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/11/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 10980.013138/2008-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Mar 01 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004, 2005
ÁREA DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. REQUISITO. Para efeito de sua exclusão da base de cálculo do ITR, a área de reserva legal deve estar averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente.
AVERBAÇÃO DE ÁREA DE RESERVA LEGAL. ADA. A protocolozição tempestiva do ADA não substitui a averbação na matrícula do imóvel da Área de Reserva Legal, prevista no §8o, do art.16 do Código Florestal.
PROCOLIZAÇÃO. PLANO DE AVERBAÇÃO DE ÁREA DE RESERVA LEGAL. Mesmo tendo sido protocolado no IAP, solicitação de aprovação do plano de averbação de Reserva Legal, enquanto o mesmo não for aprovado e a área registrada na matrícula do imóvel, a mesma não pode ser excluída base de cálculo do ITR.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA - A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2201-001.839
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente
(assinado digitalmente)
RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANÇA Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Eduardo Tadeu Farah, Rodrigo Santos Masset Lacombe, Gustavo Lian Haddad e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente).
Nome do relator: RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004, 2005 ÁREA DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. REQUISITO. Para efeito de sua exclusão da base de cálculo do ITR, a área de reserva legal deve estar averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente. AVERBAÇÃO DE ÁREA DE RESERVA LEGAL. ADA. A protocolozição tempestiva do ADA não substitui a averbação na matrícula do imóvel da Área de Reserva Legal, prevista no §8o, do art.16 do Código Florestal. PROCOLIZAÇÃO. PLANO DE AVERBAÇÃO DE ÁREA DE RESERVA LEGAL. Mesmo tendo sido protocolado no IAP, solicitação de aprovação do plano de averbação de Reserva Legal, enquanto o mesmo não for aprovado e a área registrada na matrícula do imóvel, a mesma não pode ser excluída base de cálculo do ITR. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA - A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Recurso Voluntário Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2217; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 210 1 209 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.013138/200800 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201001.839 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 16 de outubro de 2012 Matéria ITR Recorrente RENOVA FLORESTA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004, 2005 ÁREA DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. REQUISITO. Para efeito de sua exclusão da base de cálculo do ITR, a área de reserva legal deve estar averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente. AVERBAÇÃO DE ÁREA DE RESERVA LEGAL. ADA. A protocolozição tempestiva do ADA não substitui a averbação na matrícula do imóvel da Área de Reserva Legal, prevista no §8o, do art.16 do Código Florestal. PROCOLIZAÇÃO. PLANO DE AVERBAÇÃO DE ÁREA DE RESERVA LEGAL. Mesmo tendo sido protocolado no IAP, solicitação de aprovação do plano de averbação de Reserva Legal, enquanto o mesmo não for aprovado e a área registrada na matrícula do imóvel, a mesma não pode ser excluída base de cálculo do ITR. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais” (Súmula CARF nº 4). Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO– Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 01 31 38 /2 00 8- 00 Fl. 210DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por MARIA HELEN A COTTA CARDOZO 2 (assinado digitalmente) RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANÇA – Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Eduardo Tadeu Farah, Rodrigo Santos Masset Lacombe, Gustavo Lian Haddad e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente). Relatório Contra a contribuinte acima identificada, foi lavrado Auto de Infração (fls. 02/04) para exigir o pagamento de ITR dos exercícios 2004 e 2005, acrescido de juros moratórios e multa de ofício de 75%, totalizando o crédito tributário de R$176.378,18, relativo ao imóvel rural denominado Fazenda Fulla, com área total de 898,3ha, NIRF 0.991.9147, localizado no município de Mandirituba/PR. Conforme se depreende dos Demonstrativos de Apuração de ITR (fls.90/93), que acompanharam o Auto de Infração, no exercício de 2004 foi glosado integralmente o total de 337,4ha da Área de Utilização Limitada e alterada de 49,8ha para 57,9ha a Área de Preservação Permanente. No exercício de 2005, foi também glosado integralmente o total de 337,4ha da área de utilização limitada e elevado o VTN de R$1.122.875,00 para R$1.544.247,79. O lançamento foi assim justificado na descrição dos fatos e enquadramento legal (fls.97/99): Tendo em vista o exposto, e considerando a existência de ADA protocolizado pelo contribuinte no prazo legal, foi mantida a área de preservação permanente originalmente declarada no exercício 2005, alterandose a área declarada no exercício 2004 para 57,9 hectares. No que se refere à área de reserva legal originalmente declarada, não são apresentados os respectivos termos de responsabilidade de manutenção da reserva legal/termos de ajustamento de conduta, solicitados na intimação. (...) No que se refere ao valor da terra nua originalmente declarado no exercício 2005, o mesmo foi retificado para R$ 1.544.247,79 com base no valor obtido no laudo de avaliação apresentado. Cientificada do lançamento, a contribuinte apresentou tempestivamente, em 13/10/2012, impugnação às fls.113/118, acompanhada dos documentos de fls. 119/148, cujos principais argumentos estão sintetizados pelo relatório do Acórdão de primeira instância, o qual adoto, nesta parte: 7.1. Em Do Direito, reproduzindo dispositivos legais e jurisprudência que tratam do tema, alegou, entre outros, que, dos mesmos, não decorre qualquer exigência de averbação de ARL para sua exclusão, pois, o que importa verificar para fins de apuração do tributo é o caráter de utilização limitada da área, que a impede de ser explorada economicamente. Fl. 211DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por MARIA HELEN A COTTA CARDOZO Processo nº 10980.013138/200800 Acórdão n.º 2201001.839 S2C2T1 Fl. 211 3 7.2. Mencionou dispositivo legal que dispensa a prévia comprovação das áreas em foco e reproduziu jurisprudência administrativa que considera a ARL independentemente da averbação e mencionou que a existência da área não foi questionada, sendo aceito o mapa no tocante à APP. 7.3. Disse que o entendimento adotado pelo Auditor não carece, apenas, de base legal, mas, é absolutamente ilógico. Pretende que a ausência de averbação faria desaparecer a ARL. 7.4. Na seqüência tratou das obrigações no âmbito ambiental, tais como a averbação da ARL, bem como das penalidades cabíveis quando de seu descumprimento e destacou que, mesmo sem a averbação, a ARL e sua utilização limitada continua existindo. 7.5. Conforme comprova ofício anexo, a impugnante havia apresentado ao Instituto Ambiental do Paraná IAP, em 09/12/2003, o seu Plano de Averbação de ARL e APP e passado mais um ano sem que houvesse resposta ao seu pedido, foi protocolado ofício junto à autoridade ambiental questionando. Mais de cinco anos se passaram sem a empresa conseguir uma definição por parte daquele instituto. 7.6. Após outros assuntos pertinentes finalizou este item afirmando que a empresa se pauta pelo cumprimento da legislação vigente e integral respeito ao ambiente e que qualquer irregularidade que, eventualmente, exista seria fruto da inércia das autoridades competentes. 7.7. Em da Inaplicabilidade dos Juros com Base na SELlC, questionou, longamente, da utilização da taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC. 7.8. Em Do Pedido, pelo exposto, requereu: a) Seja dado total provimento à impugnação, para o fim de reconhecer a isenção do ITR sobre a ARL não averbada, sendo anulado o AI. b) Seja reconhecido que os juros com base na taxa SELIC não se prestam para a atualização de supostos indébitos tributários federais. Após a protocolização da impugnação, a contribuinte juntou aos autos, pedido de averbação da reserva perante o Instituto Ambiental do Paraná – IAP (fls.147/148), datado de 2003. Após analisar a matéria, os Membros da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande/MS, acordaram, por unanimidade de votos, em julgar procedente o lançamento, nos termos do Acórdão DRJ/CGE n°0423.222, de 28/01/2011, fls.150/161, em decisão assim ementada: Áreas de Florestas Preservadas Requisitos de Isenção. A concessão de isenção de ITR para as Áreas de Preservação Permanente APP ou de Utilização Limitada Fl. 212DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por MARIA HELEN A COTTA CARDOZO 4 AUL, como Área de Reserva Legal ARL, está vinculada à comprovação de sua existência, como laudo técnico específico e averbação na matrícula até a data do fato gerador, respectivamente, e de sua regularização através do Ato Declaratório Ambiental ADA, cujo requerimento deve ser protocolado no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA em até seis meses após o prazo final para entrega da Declaração do ITR. A prova de uma não exclui a da outra. Isenção – Hermenêutica. A legislação tributária para concessão de benefício fiscal deve ser interpretada literalmente, assim, se não atendidos os requisitos legais para a isenção, a mesma não deve ser concedida..” Cientificada da decisão da DRJ em 21/03/2011 (“AR” fls.163), a contribuinte interpôs, na data de 20/04/2011, tempestivamente, o Recurso Voluntário de fls. (164/234), em que ratifica os termos da impugnação apresentada, ressaltando com base em farta jurisprudência administrativa e judicial, a desnecessidade da averbação da área de Reserva Legal na matricula do imóvel e a inaplicabilidade dos juros com base na taxa SELIC. Quanto à inexistência de averbação, a contribuinte acostou ao processo, às fls. 147/148, cópia da solicitação de aprovação do plano de averbação de ARL, endereçada ao IAP, argumentando no seu recurso voluntário: “(v) Há de ser registrado, ainda, que não se poderia imputar à Recorrente qualquer irregularidade do ponto de vista da legislação ambiental, pois a averbação na matrícula do imóvel não havia sido concluída por inércia do órgão ambiental competente (o Instituto Ambiental do Paraná IAP), que precisaria aprovar a localização das áreas de Reserva Legal e eventuais compensações entre áreas de matrículas distintas (§§4 o e 11 do artigo 16, da Lei 4.771/65, com a redação dada pela Medida Provisória 2.16667/01), considerando que a Empresa protocolou novo ofício junto à autoridade ambiental questionando quanto ao seu pleito e passados cinco anos a Recorrente não teve uma definição por parte do IAP;” O processo foi distribuído a esta Conselheira, numerado até as fls.251 (última). É o Relatório. Voto Conselheira Rayana Alves de Oliveira França Relatora O Recurso preenche as condições de admissibilidade. Dele conheço. Não há arguição de preliminar. Diferentemente da maioria dos processos que essa turma de julgamento tem se deparado nesse conselho, no presente processo há protocolização tempestiva do ADA e restou evidenciado, desde a fiscalização, através de laudo técnico, que a Área de Preservação Fl. 213DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por MARIA HELEN A COTTA CARDOZO Processo nº 10980.013138/200800 Acórdão n.º 2201001.839 S2C2T1 Fl. 212 5 Permanente existente é efetivamente maior que a declarada, já tendo sido a mesma corrigida desde o lançamento. Cingese, portanto, a matéria em discussão, à inexistência de averbação à margem da matrícula do imóvel no que se refere à Área de Reserva Legal informada no laudo técnico e no ADA tempestivamente protocolado. Em relação aos que entendem que a Reserva Legal, para ser excluída da área tributável, não precisa estar averbada na matrícula do imóvel, reservome o direito de divergir deste entendimento. Para a área de Reserva Legal ser excluída da área tributável, é imprescindível a averbação na matrícula do imóvel, nos termos do Código Florestal, com redação dada pela Lei nº 9803/89: Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) [...] §8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Grifei.). A averbação da área de Reserva Legal, não visa, tão somente, vedar a alteração de sua destinação em caso de transmissão do imóvel a qualquer título ou de desmembramento da área, mas também visa definir qual área deve ser considerada de Reserva Legal, para atingir a finalidade da lei de defesa e preservação do meio ambiente. Apesar da contribuinte ter protocolado no IAP a solicitação de aprovação do plano de averbação de Reserva Legal, enquanto o mesmo não for aprovado e registrado na matricula do imóvel, a contribuinte não pode usufruir do benefício legal. Por conseguinte, não estando devidamente averbada essa área, não há como excluíla da base de cálculo do ITR, mesmo estando indicada no laudo e no ADA. Sobre esse ponto, corretamente se pronunciou a decisão recorrida, in verbis: “34. Um dos argumentos apresentado é o fato de haver solicitado ao IAP tal providência, conforme cartas direcionadas àquele instituto, (inadequadamente denominadas de ofício, já que a interessada não se trata de órgão público), protocoladas em dezembro de 2003 e 2004, respectivamente, não havendo, ainda, pronunciamento do Órgão ambiental. Fl. 214DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por MARIA HELEN A COTTA CARDOZO 6 35. Assim sendo, em virtude de o Órgão ambiental não haver procedido, ainda, o deferimento do pedido, a interessada não tem, ainda, o direito à isenção dessa área nos exercícios em pauta. 36. Em razão disso, as pretensas áreas não deveriam estar declaradas como isentas, pois, não foram cumpridos os requisitos legais para tal; não estavam amparadas para essa concessão e, assim, sua informação como isenta configurou declaração incorreta. 37. Considerando que as atividades do servidor público estão vinculadas à lei, se constatado o não atendimento aos requisitos legais necessários para a isenção, as áreas declaradas como isentas devem ser glosadas, pois, em atendimento ao disposto no artigo 111, do Código Tributário Nacional CTN, o dispositivo legal de concessão de benefício fiscal interpretase restritivamente: (...)” Ademais o mencionado pedido data de 2003 e, mesmo diante da inércia do órgão responsável, não há qualquer prova nos autos de que a contribuinte tenha ratificado seu pedido ou tomado qualquer outra providência para fazer valer seu direito, nesses quase 10 anos. É possível, ainda, na situação em tela, questionase se ocorreu o indeferimento do mencionado pedido perante o Órgão competente. Não obstante a tese fucral da contribuinte é de que protocolado o ADA haveria a desnecessidade da averbação. Ocorre que a legislação vigente é clara ao determinar a necessidade de averbação da Área de Reserva Legal e está obrigação não pode ser substituída por simples declaração da contribuinte no ADA, pois a questão é referente a efetiva materialidade da área. Dessa forma, não estando devidamente averbada essa área, não há como acolher a área de Reserva Legal declarada pela contribuinte. Por fim, no que se refere à improcedência da aplicação da taxa SELIC como juros de mora, esta também já é matéria objeto de súmula deste Conselho, fato este que dispensa maiores considerações a respeito. Tratase da Súmula CARF nº 4, a seguir reproduzida: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais” (Súmula CARF nº 4). Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rayana Alves de Oliveira França Fl. 215DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por MARIA HELEN A COTTA CARDOZO Processo nº 10980.013138/200800 Acórdão n.º 2201001.839 S2C2T1 Fl. 213 7 Fl. 216DF CARF MF Impresso em 01/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 21/02/2013 por RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANCA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por MARIA HELEN A COTTA CARDOZO
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Numero do processo: 15586.001160/2009-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Feb 07 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 2402-000.229
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Julio César Vieira Gomes - Presidente
Igor Araújo Soares - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Igor Araújo Soares, Ewan Teles Aguiar, Ronaldo de Lima Macedo, Nereu Miguel Ribeiro Domingues e Ana Maria Bandeira.
Nome do relator: Não se aplica
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Julio César Vieira Gomes Presidente Igor Araújo Soares Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Igor Araújo Soares, Ewan Teles Aguiar, Ronaldo de Lima Macedo, Nereu Miguel Ribeiro Domingues e Ana Maria Bandeira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 86 .0 01 16 0/ 20 09 -5 6 Fl. 192DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 23/01/2 013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por IGOR ARAUJO SOARES Processo nº 15586.001160/200956 Resolução nº 2402000.229 S2C4T2 Fl. 187 2 RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário interposto por SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE CACHOEIRO DO ITAPEMIRIM em face do acórdão fls. 141/152, que manteve a integralidade do Auto de Infração n. 37.240.4740, lavrado para a cobrança de contribuições devidas à Seguridade Social, parte da empresa e empregados, incidentes sobre: a) serviços prestados por segurados empregados, incluídos os valores destinados ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho — GILRAT; b) serviços que lhe foram prestados por contribuintes individuais, estando as alíquotas aplicadas expressas no Demonstrativo Analítico de Debito — DAD. O lançamento compreende o período de 01/2007 a 13/2007, tendo sido o contribuinte cientificado em 16/09/2009 (fls. 43). Consta do relatório fiscal que a ação fiscal decorreu da Decisão n° 70, prolatada no Processo 2008.34.00.0383144 que tramita no Juízo da 13a Vara/DF determinou à Secretaria da Receita Federal do Brasil a cobrança mediante lançamento de todos os créditos de contribuições devidas à Seguridade Social, em face de entidades que possuíam pedidos de concessão e renovação de Certificados de Entidade Beneficente de Assistência Social CEBAS e Representações Administrativas que estavam pendentes de julgamento no Conselho Nacional de Assistência Social — CNAS quando da edição da Medida Provisória 446/2008, bem como das que aguardavam decisões em Recursos/ Pedidos de Reconsideração dirigidos ao Ministro da Previdência Social, relativamente aos fatos geradores ocorridos dentro dos períodos de validade ou análise dos CEBAS solicitados. Nesta mesma decisão supramencionada, observase o crédito tributário ora constituído está com sua exigibilidade suspensa. Extraise do relatório que a recorrente apresentou certidão emitida pelo Conselho Nacional de Assistência Social CNAS, datada de 06/07/2006, com validade de 01/01/2004 a 31/12/2006, da qual se verifica a empresa protocolizou pedido de renovação do certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social no CNAS, o qual aguardava análise e foi DEFERIDO por força do artigo 37 da Medida Provisória 446, de 07/11/2008, publicada no Diário Oficial da União em 23/01/2009. A recorrente obteve a validade da renovação que abrangeu o período de 01/01/2007 a 31/12/2009, por meio do processo n.° 71010.002999/200654. Ainda no relatório, restou consignado que nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações Sociais Previdência Social — GFIP, relativas às competências compreendidas no período de 01/2007 a 12/2007, o contribuinte informou o código FPAS 639, por entender ser portadora do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social emitido pelo CNAS, mesmo não o possuindo em mãos, pois aguardava a renovação do mesmo, a qual veio a ser deferido por força da MP 446/2008. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 23/01/2 013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por IGOR ARAUJO SOARES Processo nº 15586.001160/200956 Resolução nº 2402000.229 S2C4T2 Fl. 188 3 Em seu recurso, a recorrente sustenta ser entidade isenta das contribuições sociais patronais, uma vez que, durante o curso da ação fiscal, apresentou a certidão emitida pelo CNAS, datada de 06/07/2006, com validade para o período de 01/01/2004 a 31/12/2006, além de também ter oferecido ao auditor o documento protocolizado junto ao CNAS com o pedido de renovação do certificado, datado de 11/10/2006, o qual aguardava análise e posteriormente veio a ser deferido por força do artigo 37 da Medida Provisória 446, de 07/11/2008. Esclarece, por conseguinte, que o período de validade obtido na renovação abrangeu as competências de 01/01/2007 a 31/12/2009. Logo, entende que o período de validade da renovação retroagiu de 01/01/2007 a 31/12/2009, ou seja, garantindolhe a isenção durante o período relativo ao lançamento objeto do presente auto de infração, nas competências compreendidas entre 01/2007 a 12/2007, incluindo, 13/2007. Assim, não há que se falar em pagamento de cota patronal, acidente de trabalho, multas, penalidades, terceiros/outras entidades, relativos a salário educação, Incra, Senac, Sesc, SEBRAE (determinadas pelo FPAS 515). Aduz serem ilegítimos e nulos os autos de infração, pois não possuem fundamentação legal, o que caracterizou a conduta do fiscal como ilegítima, já que a recorrente nunca deixou de ter o direito de declarar o código FPAS (639), tendo comprovado ser portadora do certificado de entidade beneficente de assistência social emitido pelo CNAS para o período lançado, sendo que a sua não apresentação quando da fiscalização ocorreu exclusivamente devido à demora do órgão na análise do pedido de renovação formulado. Finaliza requerendo que seja reconsiderada a decisão para declarar a nulidade dos Autos de Infração ou declarálos insubsistentes, tornando sem efeito os lançamentos, multas e demais cobranças pretendidas, com a competente baixa dos seus registros nesse órgão, por não estar legitimada a pretensão do agente do fisco. Sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, vieram os autos a este Eng. Conselho. É o relatório. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 23/01/2 013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por IGOR ARAUJO SOARES Processo nº 15586.001160/200956 Resolução nº 2402000.229 S2C4T2 Fl. 189 4 VOTO Conselheiro Igor Araújo Soares, Relator Conforme relatado, o presente lançamento decorreu de ordem liminar emanada do Poder Judiciário em ação Civil Pública, determinando que a Secretaria da Receita Federal do Brasil levasse a efeito o lançamento de contribuições sociais objeto do Auto de Infração ora combatido. A ordem liminar tinha o seguinte comando: “Por tal razão, em sede de liminar, determino à Secretaria da Receita Federal do Brasil para que constitua proceda ao lançamento de todos os créditos de contribuições devidas 6 Seguridade Social, em face de entidades que tinham pedidos de concessão e renovação de Certificados de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) e Representações Administrativas, que estavam pendentes de julgamento no Conselho Nacional de Assistência Social CNAS, quando da edição da Medida Provisória 446/2008, bem como das que aguardavam decisões em Recursos/Pedidos de Reconsideração dirigidos ao Ministro da Previdência Social (art.7°, §1° do Decreto 2.536/98 e § único do art. 18 da Lei n.° 8.742/93), relativamente aos fatos geradores ocorridos dentro dos períodos de validade ou análise dos Certificados de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) solicitados, suspendendose contudo a exigibilidade do crédito tributário até a decisão em contrário deste Juízo.” Dessa forma, não vejo como deixar de concordar com o entendimento proferido pelo v. acórdão de primeira instância quando entendeu ser válido o presente Auto de Infração, eis que lavrado em decorrência de ordem liminar vigente e de cumprimento obrigatório, não havendo que se falar em sua anulação pelo fato da liminar ter sido cassada pelo Tribunal Regional Federal da 1a Região, pois aqui o lançamento fora devidamente formalizado. Todavia, outra não pode ser a conclusão, senão a de que o presente processo está intimamente ligado à sorte da Ação Civil Pública impetrada no Judiciário. Se naquela ação restar entendido que as renovações por força da MP 446/08 foram ilegais, é certo que o presente lançamento deverá ser mantido. Por outro lado, se ali restar decidido que as renovações por força da MP 446/08 são legais, fato é que para o período lançado, deverá ser considerada válida a decisão do CNAS que deferiu a renovação do certificado, de modo que, em sendo este o único motivo para o lançamento, o presente Auto de Infração deverá ser anulado. Ao analisar o andamento processual de referida ação civil pública no site do TRF da 1a Região, verifiquei que o processo fora concluso para sentença em 20/05/2010, quando então fora convertido em diligência, diante de uma informação acerca de um pedido de desistência noticiado. Dessa forma, entendo prudente constar dos autos maiores informações acerca da situação atual da ação civil pública n. 2008.34.00.0383144, motivo pelo qual voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para que baixem os autos à repartição de origem de modo que a autoridade fiscal providencie a juntada aos autos de Fl. 195DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 23/01/2 013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por IGOR ARAUJO SOARES Processo nº 15586.001160/200956 Resolução nº 2402000.229 S2C4T2 Fl. 190 5 informações atualizadas sobre o andamento da ação, especialmente sobre o pedido de desistência formulado, esclarecendo, ainda se houve ou não a sua homologação. É como voto. Igor Araújo Soares Fl. 196DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 23/01/2 013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por IGOR ARAUJO SOARES
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Numero do processo: 15504.019282/2008-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2004 a 31/12/2005
Ementa:
ISENÇÃO DA COTA PATRONAL
A isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário e, desse modo, interpreta-se literalmente a legislação que disponha sobre o benefício legal. À época dos fatos geradores, vigorava o artigo 55 da Lei n.º 8.212/91, sendo a isenção concedida pelo INSS àquelas entidades que cumprissem os requisitos formais e operacionais descritos na legislação e a solicitassem ao Instituto.
A entidade que não possui o Ato Declaratório de Reconhecimento da Isenção das Contribuições Sociais , sujeita-se ao recolhimento integral de tais contribuições.
PARCELAS SALARIAIS INTEGRANTES DA BASE DE CÁLCULO. RECONHECIMENTO PELO CONTRIBUINTE ATRAVÉS DE FOLHAS DE PAGAMENTO E OUTROS DOCUMENTOS POR ELE PREPARADOS.
O reconhecimento através de documentos da própria empresa da natureza salarial das parcelas integrantes das remunerações aos segurados torna incontroversa a discussão sobre a correção da base de cálculo.
TERCEIROS
As atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições de Terceiros são de competência do INSS/MPS/RFB, conforme legislação, por período de regência.
JUROS/SELIC
As contribuições sociais e outras importâncias, pagas com atraso, ficam sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, nos termos do artigo 34 da Lei 8.212/91.
Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2302-002.168
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencida a Conselheira Juliana Campos de Carvalho Cruz, que votou pelo provimento parcial do recurso para reconhecer a entidade como isenta das contribuições previdenciárias, no período de 12/2004 a 01/2006 por entender que a entidade, atendendo aos comandos constitucionais instituídos pelo art. 23, inciso X da CF, não tem fins lucrativos e, como tal, é possuidora do Certificado das Entidade Beneficentes de Assistência Social na Área de Saúde, logo, não deveria ficar submetida aos entraves administrativos, principalmente quando o requerimento exigido pelo agente fiscal foi aniquilado pelo ordenamento jurídico em 2009 quando da edição da Lei nº 12.101 cujos efeitos deveria retroagir, nos termos, do art. 106, II, 'b', CTN, para alcançar a Recorrente.
Liege Lacroix Thomasi Relatora e Presidente Substituta
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Manoel Coelho Arruda Junior, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Adriana Sato.
Nome do relator: LIEGE LACROIX THOMASI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/09/2004 a 31/12/2005 Ementa: ISENÇÃO DA COTA PATRONAL A isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário e, desse modo, interpreta-se literalmente a legislação que disponha sobre o benefício legal. À época dos fatos geradores, vigorava o artigo 55 da Lei n.º 8.212/91, sendo a isenção concedida pelo INSS àquelas entidades que cumprissem os requisitos formais e operacionais descritos na legislação e a solicitassem ao Instituto. A entidade que não possui o Ato Declaratório de Reconhecimento da Isenção das Contribuições Sociais , sujeita-se ao recolhimento integral de tais contribuições. PARCELAS SALARIAIS INTEGRANTES DA BASE DE CÁLCULO. RECONHECIMENTO PELO CONTRIBUINTE ATRAVÉS DE FOLHAS DE PAGAMENTO E OUTROS DOCUMENTOS POR ELE PREPARADOS. O reconhecimento através de documentos da própria empresa da natureza salarial das parcelas integrantes das remunerações aos segurados torna incontroversa a discussão sobre a correção da base de cálculo. TERCEIROS As atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições de Terceiros são de competência do INSS/MPS/RFB, conforme legislação, por período de regência. JUROS/SELIC As contribuições sociais e outras importâncias, pagas com atraso, ficam sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, nos termos do artigo 34 da Lei 8.212/91. Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. Recurso Voluntário Negado
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À época dos fatos geradores, vigorava o artigo 55 da Lei n.º 8.212/91, sendo a isenção concedida pelo INSS àquelas entidades que cumprissem os requisitos formais e operacionais descritos na legislação e a solicitassem ao Instituto. A entidade que não possui o Ato Declaratório de Reconhecimento da Isenção das Contribuições Sociais , sujeitase ao recolhimento integral de tais contribuições. PARCELAS SALARIAIS INTEGRANTES DA BASE DE CÁLCULO. RECONHECIMENTO PELO CONTRIBUINTE ATRAVÉS DE FOLHAS DE PAGAMENTO E OUTROS DOCUMENTOS POR ELE PREPARADOS. O reconhecimento através de documentos da própria empresa da natureza salarial das parcelas integrantes das remunerações aos segurados torna incontroversa a discussão sobre a correção da base de cálculo. TERCEIROS As atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições de Terceiros são de competência do INSS/MPS/RFB, conforme legislação, por período de regência. JUROS/SELIC AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 92 82 /2 00 8- 81 Fl. 320DF CARF MF Impresso em 21/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 31/10/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 As contribuições sociais e outras importâncias, pagas com atraso, ficam sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, nos termos do artigo 34 da Lei 8.212/91. Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencida a Conselheira Juliana Campos de Carvalho Cruz, que votou pelo provimento parcial do recurso para reconhecer a entidade como isenta das contribuições previdenciárias, no período de 12/2004 a 01/2006 por entender que a entidade, atendendo aos comandos constitucionais instituídos pelo art. 23, inciso X da CF, não tem fins lucrativos e, como tal, é possuidora do Certificado das Entidade Beneficentes de Assistência Social na Área de Saúde, logo, não deveria ficar submetida aos entraves administrativos, principalmente quando o requerimento exigido pelo agente fiscal foi aniquilado pelo ordenamento jurídico em 2009 quando da edição da Lei nº 12.101 cujos efeitos deveria retroagir, nos termos, do art. 106, II, 'b', CTN, para alcançar a Recorrente. Liege Lacroix Thomasi – Relatora e Presidente Substituta Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Manoel Coelho Arruda Junior, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Adriana Sato. Fl. 321DF CARF MF Impresso em 21/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 31/10/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15504.019282/200881 Acórdão n.º 2302002.168 S2C3T2 Fl. 158 3 Relatório Trata o presente Auto de Infração de Obrigação Principal, lavrado e cientificado ao sujeito passivo em 04/11/2008, de contribuições previdenciárias arrecadadas para as terceiras entidades, incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados, apuradas através das folhas de pagamento, informações prestadas em GFIP e lançamentos contábeis efetuados pela autuada, no período de 09/2004 a 12/2005. O relatório fiscal de fls. 65/66, diz que a autuada consideravase isenta da contribuição previdenciária patronal, informando tal situação em GFIP, mas que não gozava da isenção previdenciária. Após a impugnação, os autos baixaram em diligência para que fossem examinados os documentos juntados pela impugnante, que buscava comprovar sua condição de isenta e para que fosse informado em quais elementos a fiscalização baseouse para constatar que a entidade não gozava do benefício legal. Relatório Fiscal Complementar de fls.110/112, esclarece que a recorrente teve indeferido em 02/08/2004, o seu Requerimento de Reconhecimento de Isenção das Contribuições Sociais, conforme documentos juntados às fls.106/109, por não cumprir, cumulativamente, com os requisitos do artigo 55 da Lei n.º 8.212/91, entre outros, por não possuir Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social válido e pela existência de débitos de contribuições previdenciárias. A entidade teve ciência do Relatório Complementar, manifestouse e Acórdão de fls. 132/137, julgou o lançamento procedente. Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntário, onde alega em síntese: a) a nulidade do procedimento fiscal porque o fisco não diz como chegou a conclusão de que não possui a isenção, já que os documentos examinados foram apenas folhas de pagamento, GFIP’s, Fichas de Registro de Empregados, Estatutos, Atas de Reuniões, Livros Diário e Razão; b) que o auto de infração foi baseado em presunções e a autuação é ilegal, pois é entidade isenta, sem fins lucrativos possuidora de CEBAS e títulos de utilidade pública, prestando assistência social; c) que sempre primou pela regularidade de sua contabilidade, não havendo motivo para que a isenção não seja reconhecida; d) a impossibilidade da aplicação da SELIC. Fl. 322DF CARF MF Impresso em 21/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 31/10/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 Requer a reforma da decisão e o provimento do recurso para cancelar o auto de infração. É o relatório. Fl. 323DF CARF MF Impresso em 21/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 31/10/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15504.019282/200881 Acórdão n.º 2302002.168 S2C3T2 Fl. 159 5 Voto Conselheira Liege Lacroix Thomasi, Relatora O recurso cumpriu com o requisito de admissibilidade, frente à tempestividade, motivo pelo qual o conheço e passo ao seu exame. Não vislumbro a tese de nulidade apontada pela recorrente, uma vez que o auto de infração cumpriu com todos os requisitos necessários para sua lavratura, conforme exposto nos artigos 10 e 11 do Decreto n° 70.235, de 06/03/72, verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. A recorrente foi devidamente intimada de todos os atos processuais que trazem fatos novos, assegurandolhe a oportunidade de exercício da ampla defesa e do contraditório, nos termos do artigo 23 do mesmo Decreto: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, Fl. 324DF CARF MF Impresso em 21/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 31/10/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) III por edital, quando resultarem improfícuos os meios referidos nos incisos I e II. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) A decisão recorrida também atendeu às prescrições que regem o processo administrativo fiscal: enfrentou as alegações pertinentes do recorrente, com indicação precisa dos fundamentos e se revestiu de todas as formalidades necessárias. Não contém, portanto, qualquer vício que suscite sua nulidade, passando, inclusive, pelo crivo do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 9.12.1993). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA 188/STJ. 1. Não há nulidade do acórdão quando o Tribunal de origem resolve a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados “. (RESP 946.447RS – Min. Castro Meira – 2ª Turma – DJ 10/09/2007 p.216) Portanto, em razão do exposto e nos termos das regras disciplinadoras do processo administrativo fiscal, não se identificam vícios capazes de tornar nulo quaisquer dos atos praticados: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. A recorrente não possui razão quando diz que a fiscalização não podia chegar a conclusão de que não era isenta apenas com o exame das folhas de pagamento, GFIP’s, fichas de registro de empregados, registros contábeis, etc., porque a auditoria fiscal realizada não teve por finalidade conceder ou não a isenção das contribuições sociais. A Fiscalização, através do Fl. 325DF CARF MF Impresso em 21/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 31/10/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15504.019282/200881 Acórdão n.º 2302002.168 S2C3T2 Fl. 160 7 Mandado de Procedimento Fiscal e demais Termos de Início de Ação Fiscal e Termos de Intimação para Apresentação de Documentos, teve como objetivo ver a regularidade dos recolhimentos das contribuições previdenciárias. A recorrente teve indeferida sua solicitação de reconhecimento de isenção em 02/08/2004, através do Oficio n.º 11.401.1 1/237/2004, fls. 107/109, por não cumprir cumulativamente os requisitos do artigo 55, da Lei n.º 8.212/91, que à época regulava a concessão da isenção das contribuições previdenciárias. Assim, este Auto de Infração de Obrigação Principal não tem o escopo de conceder ou não a isenção, mas apenas referese às contribuições previdenciárias que não foram recolhidas pela recorrente, que se entendia isenta, situação não comprovada pela mesma, pois não possui Ato Declaratório de Reconhecimento de Isenção das Contribuições Sociais, uma vez que sua solicitação foi indeferida e não consta dos autos outro requerimento. Notase que uma entidade pode, efetivamente, ser filantrópica, mas isto não pressupõe que seja isenta das contribuições previdenciárias. A isenção era um benefício regulado, à época dos fatos geradores, pela Lei n.º 8.212/91, no seu artigo 55 e pelo Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99, nos artigos 206 em diante, sendo concedida pelo INSS àquelas entidades que cumprissem os requisitos formais e operacionais descritos na legislação e a solicitassem ao Instituto. Os requisitos a serem cumpridos para o gozo do benefício legal eram aqueles especificados no artigo 55 da Lei n.º 8.212/91. De posse dos documentos formais e estando adequada aos demais requisitos operacionais, a entidade deveria requerer a isenção patronal das contribuições previdenciárias ao INSS (art. 55, § 1º da Lei n.º 8.212/91). A isenção, uma vez concedida, retroagia à data do protocolo do pedido (art. 208, §2º, do RPS). No caso em tela a recorrente requereu a isenção, mas sua solicitação foi indeferida e não consta dos autos outro requerimento, tampouco a autuada alega que solicitou novamente a isenção, argüindo apenas que por ser filantrópica deve ter a isenção /imunidade reconhecida, de forma que o lançamento se mostrou correto. O levantamento não foi efetuado por presunção, porque teve por base as informações prestadas pela recorrente nas suas folhas de pagamento, registros contábeis e GFIP’s, em confronto com os valores recolhidos em GPS, de forma que se tornam incontroversos os valores lançados e totalmente inócua a alegação de nulidade frente à presunção. As folhas de pagamentos foram preparadas pela própria recorrente que reconheceu, através da inclusão das rubricas salariais no campo destinado à remuneração dos segurados, a incidência sobre as mesmas das contribuições sociais lançadas pela fiscalização. Não pertencem ao lançamento impugnado parcelas contestadas pelo recorrente quanto à sua natureza salarial ou não. A base de cálculo considerada pela fiscalização coincide com o montante de salários informado pela recorrente. Apreciada a regularidade das bases de cálculo consideradas pela fiscalização, passase ao exame das exações exibidas no relatório discriminativo analítico do débito. Todos os recolhimentos e créditos do recorrente foram devidamente considerados para o cálculo das contribuições e todas as rubricas levantadas decorrem de regrasmatrizes legalmente criadas e que, portanto, não podem ser afastadas do lançamento sob pena de se negar aplicação aos Fl. 326DF CARF MF Impresso em 21/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 31/10/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 diplomas legais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico. Cuidou a autoridade fiscal de demonstrar ao recorrente em seu relatório de fundamentos legais do débito todos os dispositivos legais e regulamentares que impõem a obrigação tributária de recolhimento. Este Auto de Infração referese exclusivamente às contribuições arrecadadas para os terceiros e de acordo com o artigo 94 da Lei n.º 8.212/91, o INSS tinha a competência de arrecadar e fiscalizar tais contribuições. Com a edição da Lei n.º 11.098/2005, passou ao Ministério da Previdência Social a competência para arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento, em nome do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título de substituição, bem como as demais atribuições correlatas e conseqüentes, inclusive as relativas ao contencioso administrativo fiscal, conforme disposto em regulamento e foi autorizada a criação da Secretaria da Receita Previdenciária. Posteriormente, com a Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007, ocorreu a fusão entre a Secretaria da Receita Federal (SRF) e a Secretaria da Receita Previdenciária (SRP), sendo criada a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). E, a Lei n.º 11.457/2007, em seu artigo 3º, atribui competência à Secretaria da Receita Federal do Brasil para planejar , executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições de Terceiros, mediante retribuição do percentual de 3,5% do montante arrecadado: Art. 3o As atribuições de que trata o art. 2o desta Lei se estendem às contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, na forma da legislação em vigor, aplicando se em relação a essas contribuições, no que couber, as disposições desta Lei. (Vide Decreto nº 6.103, de 2007). § 1o A retribuição pelos serviços referidos no caput deste artigo será de 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) do montante arrecadado, salvo percentual diverso estabelecido em lei específica. § 2o O disposto no caput deste artigo abrangerá exclusivamente contribuições cuja base de cálculo seja a mesma das que incidem sobre a remuneração paga, devida ou creditada a segurados do Regime Geral de Previdência Social ou instituídas sobre outras bases a título de substituição. § 3o As contribuições de que trata o caput deste artigo sujeitam se aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios daquelas referidas no art. 2o desta Lei, inclusive no que diz respeito à cobrança judicial. Portanto, o crédito referente às contribuições arrecadadas para as terceiras entidades está bem suportado na legislação vigente à época do fato gerador, não incorrendo em qualquer ilegalidade. No tocante à taxa SELIC, cumpre asseverar que sobre o principal apurado e não recolhido, incidem os juros moratórios, aplicados conforme determina o artigo 34 da Lei 8.212/91: Fl. 327DF CARF MF Impresso em 21/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 31/10/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15504.019282/200881 Acórdão n.º 2302002.168 S2C3T2 Fl. 161 9 “... As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC, a que se refere o artigo 13, da Lei n.º 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável.” O art. 161 do CTN prescreve que os juros de mora serão calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês, se a lei não dispuser de modo diverso. No caso das contribuições em tela, há lei dispondo de modo diverso, ou seja, o aludido art. 34 da Lei 8.212/91 dispõe que sobre as contribuições em questão incide a Taxa SELIC. Portanto, está correta a aplicação da referida taxa a título de juros, perfeitamente utilizável como índice a ser aplicado às contribuições em questão, recolhidas com atraso, objetivando recompor os valores devidos. Ainda, quanto à admissibilidade da utilização da taxa SELIC, ressaltamos que o Segundo Conselho, do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, aprovou na Sessão Plenária de 18 de setembro de 2007, publicada no D.O.U. de 26/09/2007, Seção 1, pág. 28 a Súmula 3, que dita: É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liqüidação e Custódia – Selic para títulos federais. E, com a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, tal súmula foi consolidada na Súmula CARF n.º 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Por todo o exposto, Voto por negar provimento ao recurso. Liege Lacroix Thomasi, Relatora Fl. 328DF CARF MF Impresso em 21/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 31/10/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 Fl. 329DF CARF MF Impresso em 21/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/10/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 31/10/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI
score : 1.0
Numero do processo: 13896.002157/2010-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
AUXÍLIO-TRANSPORTE PAGO HABITUALMENTE E EM DINHEIRO. NÃO INCIDÊNCIA. JURISPRUDÊNCIA DO STF.
O valor do auxílio-transporte pago habitualmente em pecúnia tem natureza indenizatória; portanto, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias e das destinadas a terceiros.
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR.
Não incide contribuição previdenciária sobre pagamentos a título de previdência complementar privada disponibilizado à totalidade dos segurados empregados e dirigentes da empresa.
GFIP. OMISSÕES. INCORREÇÕES. INFRAÇÃO. PENALIDADE MENOS SEVERA. RETROATIVIDADE BENIGNA. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE.
Em cumprimento ao artigo 106, inciso II, alínea c do CTN, aplica-se a penalidade menos severa modificada posteriormente ao momento da infração. A norma especial prevalece sobre a geral: o artigo 32-A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-003.231
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que sejam excluídos do lançamento os valores relativos ao programa de previdência complementar e ao transporte dos segurados e para adequação da multa remanescente ao artigo 32-A da Lei n° 8.212/91, caso mais benéfica.
Julio Cesar Vieira Gomes Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Ana Maria Bandeira, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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FATOS GERADORES Recorrente CPM BRAXIS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 AUXÍLIOTRANSPORTE PAGO HABITUALMENTE E EM DINHEIRO. NÃO INCIDÊNCIA. JURISPRUDÊNCIA DO STF. O valor do auxíliotransporte pago habitualmente em pecúnia tem natureza indenizatória; portanto, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias e das destinadas a terceiros. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. Não incide contribuição previdenciária sobre pagamentos a título de previdência complementar privada disponibilizado à totalidade dos segurados empregados e dirigentes da empresa. GFIP. OMISSÕES. INCORREÇÕES. INFRAÇÃO. PENALIDADE MENOS SEVERA. RETROATIVIDADE BENIGNA. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. Em cumprimento ao artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN, aplicase a penalidade menos severa modificada posteriormente ao momento da infração. A norma especial prevalece sobre a geral: o artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 00 21 57 /2 01 0- 64 Fl. 17DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que sejam excluídos do lançamento os valores relativos ao programa de previdência complementar e ao transporte dos segurados e para adequação da multa remanescente ao artigo 32A da Lei n° 8.212/91, caso mais benéfica. Julio Cesar Vieira Gomes – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Ana Maria Bandeira, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 18DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13896.002157/201064 Acórdão n.º 2402003.231 S2C4T2 Fl. 18 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente em parte a autuação fiscal de 24/09/2010 que decorre da omissão em GFIP de fatos geradores de contribuições previdenciárias. A multa foi reduzida pela exclusão da parcela relativa ao “Reembolso Assistência Médica”. Vêse que esse lançamento constitui crédito sobre as mesmas parcelas do processo do principal, apenas se diferencia por se referirem à obrigação acessória de declarálos. Seguem transcrições de trechos da decisão recorrida: AUTO DE INFRAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA: APRESENTAR GFIP COM OS DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. JUÍZO DE CONSTITUCIONALIDADE Embora a Impugnação argua a constitucionalidade de normas, com base nas quais deu se o lançamento, é vedado à instância administrativa de julgamento proferir decisões a respeito (artigo 26A do Decreto 70.235/1972). DUPLICIDADE DE LANÇAMENTO A declaração em GFIP e inclusão em parcelamento, durante ação fiscal, de valores lançados não caracteriza “duplicidade de lançamento”, por força das disposições do artigo 138 do CTN. ARBITRAMENTO AFERIÇÃO INDIRETA. LANÇAMENTO COM BASE EM SUPOSIÇÕES Os valores lançados não foram arbitrados ou obtidos indiretamente por aferição. Constam dos autos planilhas informativas, anexadas ao Relatório Fiscal, que informam como foram obtidas as bases de cálculo consideradas e que são corroboradas pelas informações constantes dos anexos DD e RL. CRÉDITO RECONHECIDO POR DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO Consta que o Contribuinte seria titular de crédito perante a RFB, decorrente de decisão judicial relativa à Mandado de Segurança, o que foi objeto de “Requerimento de Restituição de Valores Indevidos RRVI”. Concluído o processo relativo ao RRVI, com a final apuração do eventual crédito devido ao Contribuinte, este terá direito, em processo próprio, com o atendimento das respectivas e devidas formalidades legais, a compensálo com os créditos tributários então pendentes. O lançamento fiscal em análise tem objeto e trâmite próprios, que independem do trâmite do processo Fl. 19DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 relativo ao RRVI. Deverá, por isso, seguir, não se vinculando ao desfecho daquele. A DETERMINAÇÃO DO SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Exceto nas hipóteses com expressa previsão legal, “... a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título ... destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma ...” (artigo 28 da Lei 8.212/91). PRECARIEDADE DAS PROVAS Os elementos constantes dos autos os anexos, documentos e demonstrativos devidamente articulados pelo Relatório Fiscal, cumprem os requisitos legais capazes de assegurar a certeza e a liquidez do crédito tributário constituído, estando descartada a alegação de que teria havido precariedade, quanto às provas sobre as quais se assenta o levantamento. PRODUÇÃO DE PROVAS No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção de provas submetese ás disposições do artigo 16 do Decreto 70.235/72. Quanto às diligências e perícia: não foram suscitadas questões ou motivos que as justificassem. Ainda quanto à prova pericial, não foram cumpridos os requisitos legais pertinentes, incidindo, por isso, os efeitos do parágrafo primeiro do artigo 16. Quanto ao protesto pela posterior juntada de documentos, fica ressalvada a aplicação da regra do parágrafo quarto do mesmo artigo 16. ... Levantamentos fiscais “11 – DIFERENÇA FOLHA X GFIP 13 SAL”, “15 – DIFER FOLHA X GFIP 13 SAL DIRET”, “151 – DIFER FOLHA X GFIP 13 SAL DIRET” e “D1 – DIF FOLHA X GFIP EMPREGADOS” Valores extraídos de arquivos digitais, incluídos em folhas de pagamento, mas não declarados em GFIP. O Relatório Fiscal informa: 6.15. Pela planilha geral, ANEXO II, docs. 01 a 186v, temos as informações detalhadas dos valores de GFIP (valores meramente informativos) e das rubricas consideradas no presente termo de débito, unificadas em uma só planilha. 7 Os valores das bases de cálculo, estão também especificados, de forma sintética, no RELATÓRIO DE LANÇAMENTOS RL. 8 A Autuada apresentou planilhas de diversas rubricas, considerandose que os valores foram pagos aos empregados do CNPJ de final 0001. Todavia, após confrontar essas informações com a GFIP, notouse a existência de divergências, quanto ao CNPJ informado. Isto posto, as informações tratadas, e o levantamento de débito foi feito considerandose o CNPJ constante da GFIP. Fl. 20DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13896.002157/201064 Acórdão n.º 2402003.231 S2C4T2 Fl. 19 5 “13 – 13 SALARIO DIV RUBRICAS”: O Relatório Fiscal apresenta uma planilha com nomes de segurados e respectivos valores recebidos (“rubricas do 13º salário”), sobre as quais não incidiram contribuições previdenciárias. “AC – AJ CUSTO RUBRICA 342” O Contribuinte informou que se trataria de “complementação ao valor do auxílio doença”. Entretanto, o Auditor Fiscal constatou que: 6.9.1 Todavia, em consulta à GFIP entregue pela Empresa, os empregados que receberam essa verba, NÃO tiveram nenhuma movimentação, exceção feita ao sr. Cláudio Wagner, que teve em 07/2006 a movimentação I1, que nada tem a ver com o alegado pela Empresa, se não vejamos: 6.9.1.1 As instruções de GFIP, no que respeita à movimentação dos empregados, traz como movimentação I1: I1 Rescisão sem justa causa, por iniciativa do empregador, inclusive rescisão antecipada do contrato a termo; 6.9.2 Pelo TIF 07, item 8, fl. 950 do anexo I, foi solicitado esclarecimento sobre o afastamento dos empregados, constantes da planilha abaixo. No esclarecimento, foi declarado: "Nenhum dos profissionais listado estiveram afastados no período (2006)”. “AM – REEMBOLSO ASSISTENC MEDICA” O Relatório Fiscal informa tratarse de reembolso de despesas médicas com um único empregado (Paul Robert Bergami), o que seria contrário às disposições da letra “q” parágrafo nono, inciso I do artigo 28 da Lei 8.212/91, concluindo que: 6.7.2 Por outro lado, essa rubrica nada tem a ver com o plano de assistência médica que a Empresa proporcionava aos seus empregados. Tratase de uma verba específica, paga exclusivamente a um empregado; “AT – ADICIONAL DE TRANSFERENCIA”: Segundo esclarecimento prestado pelo Contribuinte, tratarseia do pagamento previsto na letra “g” do parágrafo nono do artigo 28 da Lei 8.212/91. O Auditor Fiscal, entretanto, constatou que: 6.10.1 Não assiste qualquer razão o alegado, tendo em vista que os valores pagos a esse título, para a empregada constante da planilha abaixo, o foram de forma reiterada, o que está frontalmente em desacordo com a previsão legal para adicional de transferência. Segue planilha informando pagamentos mensais de R$ 2.545,75 (total de R$ 12.728,75), para Márcia Cristina de Jesus Neves, entre agosto e dezembro de 2006. Fl. 21DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 “B1 – BÔNUS EMPREGADOS” e “B5 – BÔNUS DIRETORES NO EMPREGADOS”: Os créditos tributários relativos a estes lançamentos foram incluídos em parcelamento (petição de fls. 6508/6511 e anexos Discriminativo Analítico de Débito Desmembrado – DADD, fls. 6705/6774), requerido pelo Contribuinte depois do início da ação fiscal. “HA – HORAS ADICIONAIS”: Conta que se trata de “horas adicionais”, sobre cujos pagamentos não teriam incidido contribuições previdenciárias. O Relatório Fiscal informa: 6.8. HA HORAS ADICIONAIS A Autuada deixou de incidir contribuições previdenciárias, sobre diversas rubricas de horas adicionais, conforme planilha VI, ANEXO II, docs. 253 a 254v; 6.8.1 Nos esclarecimentos, doc. 127 do anexo I, item 2, f até k, a Empresa declara que não fez incidir contribuições previdenciárias sobre essas rubricas; “L1 – PLR EMPREGADOS CAT 1” e “L5 – PLR DIRETORIA CATEG 5”: Os créditos tributários relativos a estes lançamentos foram incluídos em parcelamento (petição de fls. 6508/6511 e anexos Discriminativo Analítico de Débito Desmembrado – DADD, fls. 6705/6774), requerido pelo Contribuinte depois do início da ação fiscal. “P1 – PREV PRIV RELAÇÃO COM EMPREGAD”, “P5 – PREV PRIV RELAÇÃO COM DIRETORE”, “C1 – PREV PRI CONTAB EMPREGADOS” e “C5 – PREVID PRIV CONTAB DIRETORES N”: Tratase de pagamentos realizados apenas para uma parte dos empregados, a título de “previdência privada”. O Contribuinte informou à Auditoria Fiscal que tal benefício seria pago a todos os empregados (“adesão automática”, com a assinatura do contrato de trabalho). Constatouse, entretanto, que o benefício era concedido a apenas parte dos empregados (menos de 5% deles), justamente para “os detentores de cargos mais altos (executivos, consultores, coordenadores, gerentes, diretores, vicepresidente e presidente)”. Consta que, não obstante formal intimação específica, o Contribuinte não informou os beneficiários individualmente, sendo que parte deles pode ser identificada pela Auditoria Fiscal, a partir de informações colhidas nos registros contábeis. ... O desencadeamento dos fatos – primeiro, as intimações do Auditor Fiscal e respostas do Contribuinte; depois, a Impugnação – efetivamente indicam que o Contribuinte custeou previdência privada para parte de seus empregados; e, quanto aos demais, se também custeou, jamais demonstrou nos autos, Fl. 22DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13896.002157/201064 Acórdão n.º 2402003.231 S2C4T2 Fl. 20 7 não obstante reiteradas e específicas intimações expedidas pela Fiscalização. Aliás, o Contribuinte poderia facilmente ter se desincumbido da comprovação, caso tivesse: 1. Apresentado as folhas de pagamento analíticas, pois, ainda que não sujeitos à incidência de contribuições previdenciárias, os respectivos valores individualizados haveriam de ser informados, inclusive para efeito da determinação/demonstração da remuneração total de cada empregado. 2. Apresentado os demonstrativos de cálculo da apuração das mensalidades pagas à administradora, pois os valores mensais despendidos a tal título são evidentemente variáveis, pois dependem, não apenas da quantidade de segurados no respectivo mês, como provavelmente das respectivas remunerações dos beneficiários. Aliás, quanto à variação dos valores pagos, a própria planilha de fls. 1739/1759 demonstra expressamente esta variação de valores. Não é plausível que, despendendo o Contribuinte vultosa importância mensal, supostamente abrangendo todos os seus empregados, não tenha podido demonstrar, nem mesmo para um único mês, como foi precisamente apurado respectivo montante. Nestas circunstâncias, em face dos valores apurados pela Fiscalização nos registros contábeis e demais informações prestadas pelo Contribuinte, a título de custeio de previdência complementar de empregados (valores estes sobre os quais incidem contribuições previdenciárias, exceto quando atendida exigência legal específica); e, considerando que o Contribuinte foi formalmente (e de maneira reiterada) intimado a comprovar o atendimento da exigência legal, deixando de cumprila, está correto o entendimento da Fiscalização de que sobre os respectivos valores incidem contribuições previdenciárias, na forma implementada. “P4 – PRO LABORE 4”: Segundo informações prestadas pelo Contribuinte, tratarseia de adiantamentos, por conta do décimo terceiro salário pago à Diretoria. Entretanto, o Auditor Fiscal não teria encontrado os respectivos descontos, quando dos correspondentes pagamentos, assim expondo os fatos: 6.5.1 Esclarecendo o item 5 do TIF 01, a Autuada declara: Subitem 5.1, doc. 148 do anexo I: "A rubrica 304 corresponde ao adiantamento por conta de 13° salário pago para a diretoria". 6.5.2 Instada a demonstrar o desconto por conta dessa rubrica, vez que, se há pagamento de adiantamento, obrigatoriamente terá que haver o desconto de tal adiantamento, quando do Fl. 23DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 efetivo pagamento da rubrica, no caso em pauta, quando do pagamento do 13° salário, a Autuada declarou: "A Fiscalizada informa que não encontrou, até o momento, os documentos demonstram o desconto, razão pela qual, solicita a esta D. Fiscalização o prazo adicional de 20 dias”. Até o presente momento, nada foi informado ou esclarecido; O Relatório Fiscal, em face de tais constatações, conclui, a respeito: 6.5.4 Essa Auditoria analisou todos os valores descontados dos empregados acima, durante todo o ano de 2006 e NADA localizou; 6.5.5 Por conta disso, referidos valores foram considerados como pagamentos efetivos e NÃO como adiantamento por conta de 13° salário, conforme declarou a Autuada; “P7 – PRO LABORE 7”: Tratase também de pagamentos de pro labore, cujas circunstâncias são assim informadas no Relatório Fiscal: .... A Autuada considerou essa rubrica como não incidente. Todavia, tratase de pagamento a título de prolabore; 6.6.1 Em 11/05/2010, foram apresentados esclarecimentos a cerca dessa rubrica doc. 130 do anexo I, item 10, d, onde a Empresa declara que apenas um profissional teve incidência de contribuição. Tratase do sr. Antônio Carlos Rego Gil, mês 10/2006, o que se confirmou pela análise das GFIP's. Segue um quadro demonstrativo com os beneficiários e respectivos pagamentos, no qual é excluído o valor pago a Antonio Carlos Rego Gil. “R1 – RETENTION EMPREGADOS” e “R5 – RETENTION DIRETORES não EMPREG”: Consta que, tendo sido intimado para prestar esclarecimentos acerca dos pagamentos, o Contribuinte assim informou: "Tratase de bônus pagos para a retenção de talentos. A fiscalizada informa a existência denominada” Retenção", a que representa o mesmo evento, sendo decorrente de atualizações de sistema”. Adiante, o Relatório Fiscal informa: 6.4.4 Em 30/04/2010, a Empresa apresentou esclarecimentos sobre "Bônus de Retenção" fls.3, item C doc. 23 do anexo I, onde informa: "Nos termos em que solicitado por esta D. Fiscalização,são apresentadas cópias de 5 (cinco) contratos de assunção de obrigações (doc. 02)." Referidos verdade a Empresa apresentou 8 (oito) contratos e não 5 (cinco), como informado no item C, fls. 3 dos esclarecimentos de 30/04/2010 e para alguns apresentou aditivo) fazem parte do presente termo de débito docs. 79 a 104 do anexo I. Da análise dos 8 (oito) Fl. 24DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13896.002157/201064 Acórdão n.º 2402003.231 S2C4T2 Fl. 21 9 contratos apresentados, pode se observar, por exemplo, o seguinte: (...). São, então, enumerados os empregados beneficiários destes pagamentos, concluindo que: 6.4.5. Pela análise das amostras dos contratos apresentados, está claro que a Empresa pretendeu dar um caráter eventual ao pagamento dessa rubrica, visto que em referidos contratos, está previsto sempre o pagamento de uma parcela durante o ano, com data e valor previsto; 6.4.6. No entanto, na prática, o que se vê EFETIVAMENTE, são pagamentos efetuados mês a mês; 6.4.7 Como podese depreender da análise dos itens III e IV dos contratos apresentados, os pagamentos feitos a esse título nada mais são do que uma gratificação, um prêmio, uma bonificação, um incentivo, uma "luva", "a compra do passe" do empregado, com vistas a retêlo (RETENTION) no quadro de empregados da Empresa; 6.4.8 Da análise da cláusula 7 a dos contratos ora em análise, tem se claramente a intenção da Empresa de transferir a sua responsabilidade pelos encargos trabalhistas ao empregado, se não vejamos". "As partes concordam que todos os tributos e contribuições sociais ou parafiscais incidam ou que venham incidir diretamente sobre o presente contrato serão de responsabilidade exclusiva de ...”. (...). Constam dos autos cópias de tais contratos e, em alguns casos, respectivos aditamentos (fls. 380/405). “UT – COTA UTILIDADE”: Os créditos tributários relativos a estes lançamentos foram incluídos em parcelamento (petição de fls. 6508/6511 e anexos Discriminativo Analítico de Débito Desmembrado – DADD, fls. 6705/6774), requerido pelo Contribuinte depois do início da ação fiscal. “VT VALE TRANSPORTE EM PECÚNIA” Os valores pagos pelo Contribuinte a título de “vale transporte” foram considerados remuneração (e, portanto, sujeitos à incidência de contribuições previdenciárias), porque realizados em dinheiro, em desacordo com a legislação, pertinente. Demais informações do Relatório Fiscal Quanto às GFIP e recolhimentos previamente realizados pelo Contribuinte, consta do Relatório Fiscal: 10. DA GFIP Para os valores considerados no presente termo de débito, o contribuinte NÃO apresentou GFIP. Os valores Fl. 25DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 constantes em GFIP apresentadas pela Empresa, DEIXARAM de ser considerados no presente termo de débito. 10.1 . Os valores relativos à GFIP constantes da planilha geral, referemse, EXCLUSIVAMENTE, aos segurados para os quais houve algum valor de levantamento de débito. Assim sendo, NÃO reflete o total das GFIP's apresentadas. 11 . DAS GPS's Nenhuma GPS foi objeto de apropriação para o presente termo de débito. As GPS's pagas pela autuada foram consideradas como pagamento dos valores DECLARADOS EM GFIP. Consta, também, que em face das alterações introduzidas na Lei 8.212/91 pela Medida Provisória (MP) 449/08 (convertida na Lei 11.941/09) na determinação da multa incidente sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas e não declaradas em GFIP, foram comparadas ambas as sistemáticas de cálculo da multa – a da Lei 8.212/91 (vigente no período a que se referem os fatos geradores) e a da Lei 11.941/09 (vigente quando do lançamento) – e, em atenção às disposições do artigo 106 do Código Tributário Nacional (CTN), foi aplicada a mais benéfica para o Contribuinte, conforme planilha demonstrativa. Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, onde reitera as alegações trazidas na impugnação: a) os órgãos administrativos estão obrigados a aplicar as decisões de mérito proferidas em sede de recurso repetitivo e repercussão geral. Daí, são indevidas as contribuições sobre ajuda de custo, adicional de transferência e valetransporte em dinheiro. Com relação a apenas essa última, indicada decisão do STF; b) embora tenha sido desmembrado o processo para que os valores parcelados fossem segregados, ainda assim existe duplicidade e o lançamento é nulo; c) também seria nulo, pois o lançamento foi realizado por aferição indireta e não com base na documentação, como afirma a fiscalização; d) sobre as rubricas não parceladas não incidem a contribuição previdenciária; e) são indevidos os juros e multa cobrados. Levantamentos: 11 – DIFERENÇA FOLHA X GFIP 13 SAL”, “15 –DIFER FOLHA X GFIP 13 SAL DIRET”, “151 – DIFER FOLHA X GFIP 13 SAL DIRET”, “D1 – DIF FOLHA X GFIP EMPREGADOS” “HA – HORAS ADICIONAIS”, “P4 – PRO LABORE 4” “P7 – PRO LABORE 7” e “13 – 13 SALARIO DIV RUBRICAS Fl. 26DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13896.002157/201064 Acórdão n.º 2402003.231 S2C4T2 Fl. 22 11 A recorrente alega desde a impugnação que incluiu os valores em parcelamento. Retention/Retension Segundo justifica o Contribuinte, tratase de “... valores pagos em razão dos contratos de captação/retenção de talentos pela Impugnante ...”. Nega que tenham ocorrido os pagamentos mensais, mencionados pela Fiscalização e novamente fundamenta a não incidência de contribuições previdenciárias nas disposições do número sete da letra “e” do parágrafo nono do artigo 28 da Lei 8.212/91. Levantamentos de prolabore, décimoterceiro salários, folha de pagamento maior que a GFIP e horas adicionais Declara que os valores relativos aos levantamentos também estariam incluídos em GFIP retificadora e incluídos no parcelamento previsto na Lei 11.941/09. Reembolso de assistência médica Conforme esclarecido pela própria empresa no item 9 do TIF 01, somente o empregado Paul Robert Bergami recebia valores a título reembolso de despesas médicas (doc. 13), sendo certo que à época todos os outros empregados da empresa aderiram ao plano de saúde oferecido pela empresa. Todavia, o fato de somente um empregado, dentre milhares, não aceitar o piano oferecido pela Impugnante, preferindo o reembolso mensal do valor correspondente ao plano por ele escolhido não desconfigura a total abrangência da cobertura oferecida pela Impugnante, não havendo que se falar em incidência das contribuições previdenciárias sobre esta rubrica. Ajuda de custo Reconhece que a informação prestada originariamente pelo Contribuinte (tratarseia de “complementação do valor do auxílio doença”) era equivocada e apresenta nova versão acerca dos fundamentos dos respectivos pagamentos: Adicional de transferência Assim, para afastar a pretensão fiscal de incidência de contribuição previdenciária sobre os mencionados valores, a Impugnante esclarece que a empregada Mareia Cristina de Jesus Neves percebeu valores a título de ajuda custo em razão de transferência provisória, nas competências de agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro de 2006, não havendo que se falar em integração desses valores na respectiva base de cálculo tributária. Previdência privada Fl. 27DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 12 Nega que os pagamentos seriam realizados a apenas uma parte dos empregados: Vale transporte pago em dinheiro Ressalta a existência de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pela não descaracterização do benefício, quando pago em dinheiro. Regularidade fiscal. Crédito reconhecido por decisão judicial transitada em julgado. Informa ser titular de um crédito decorrente de sentença judicial favorável, com trânsito em julgado, que lhe asseguraria haveres no montante de R$ 21.570.482,23 e destaca as disposições do artigo 162 do CTN, em razão do que propõe e requer: “Indevida” aplicação da multa Apresenta o argumento de que, como não existiria “irregularidade fiscal”, tampouco “má fé”, não haveria multa a ser aplicada, pois “... nestes casos o acessório segue o principal ...”. É o Relatório. Fl. 28DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13896.002157/201064 Acórdão n.º 2402003.231 S2C4T2 Fl. 23 13 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Procedimentos formais Quanto ao procedimento da fiscalização e formalização do lançamento também não se observou qualquer vício. Foram cumpridos todos os requisitos dos artigos 10 e 11 do Decreto n° 70.235, de 06/03/72, verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O recorrente foi devidamente intimado de todos os atos processuais que trazem fatos novos, assegurandolhe a oportunidade de exercício da ampla defesa e do contraditório, nos termos do artigo 23 do mesmo Decreto. Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) Fl. 29DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 14 II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) III por edital, quando resultarem improfícuos os meios referidos nos incisos I e II. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) Portanto, em razão do exposto e nos termos das regras disciplinadoras do processo administrativo fiscal, não se identificam vícios capazes de tornar nulo quaisquer dos atos praticados e tão pouco se faz necessária a realização de diligência ou perícia, já que os autos estão devidamente instruídos para exame e julgamento: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Ressaltase que no desmembramento do processo originário de lançamento os valores parcelados não mais pertencem a esse processo ora sob exame. A alegada duplicidade neste processo, portanto, é improcedente. Reconhecese aqui que as rubricas abaixo não integram o objeto: 1. “L1 – PLR EMPREGADOS CAT 1” e “L5 – PLR DIRETORIA CATEG 5”, relativos a valores pagos a título de participação nos lucros e resultados (PLR). 2. “B1 – BÔNUS EMPREGADOS” e “B5 – DIRETORES NO EMPREGADOS”, relativos aos valores pagos a título de “bônus desvinculado da remuneração”. 3. “UT – COTA UTILIDADE”, relativo a valores pagos a título de “cota utilidade”. Portanto, entendo acertada a decisão recorrida e improcedentes as alegações reiteradas pela recorrente quanto à duplicidade, valor principal e acréscimos legais: Com base nestes dados a Administração Tributária promoveu, nos respectivos lançamentos fiscais, as exclusões dos correspondentes valores, que foram formalizadas com base no “Parecer DRF/BRE/SECAT Nº 095/2011”, de 12/04/2011 (fls. 6519/6534) e respectivos Discriminativos Analíticos de Débitos Retificados – DADD (constam cópias nos autos), do que o Contribuinte foi formalmente notificado em 27/04/2001 (fl. 7001), através da “Intimação DRF/BRE/SECAT Nº 930 – L” (fl. 7000). Nestas circunstâncias, a alegação da Impugnação de que, em face da inclusão (pelo Contribuinte) dos valores parcelados em GFIP e no lançamento fiscal (pelo Auditor Fiscal), teria caracterizado a ocorrência de “duplicidade de lançamento”, carece de qualquer fundamento, pois os valores (fatos geradores/bases de cálculo), que o Contribuinte expressa e formalmente informou incluir em GFIP e no parcelamento da Lei 11.941/09, foram excluídos do lançamento fiscal e transferidos para outros lançamentos, que passaram a compor o Fl. 30DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13896.002157/201064 Acórdão n.º 2402003.231 S2C4T2 Fl. 24 15 parcelamento, devendo os créditos tributários remanescentes (aqueles não indicados na manifestação do Contribuinte – fls. 6508/6511) ser considerados como saldo do lançamento fiscal, razão pela qual serão analisados adiante e oportunamente. Quanto ao suposto lançamento por aferição indireta, também não procedem as alegações. Não se equipara a arbitramento o cumprimento do artigo 4º do CTN: Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificála: I a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II a destinação legal do produto da sua arrecadação. A fiscalização constatou na verdade que os pagamentos teriam natureza salarial e, portanto, sujeitos à incidência da contribuição previdenciária, independentemente da denominação atribuída pelo recorrente. Tudo com base na documentação apresentada. O arbitramento ou aferição ocorreria caso fossem desconsiderados os valores escriturados e as contribuições fossem apuradas através de cálculos indiretos, conforme artigo 33, §3º da Lei nº 8.212/91: Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. ... § 3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. Por tudo, voto pela rejeição das preliminares suscitadas. No mérito LEVANTAMENTOS DE PROLABORE, DÉCIMOTERCEIRO SALÁRIOS, FOLHA DE PAGAMENTO MAIOR QUE A GFIP E HORAS ADICIONAIS Embora tenha alegado do contrário, o exame dos processos de parcelamento confirma que essas parcelas não foram parcelas e a recorrente não trouxe em seu recurso qualquer contraprova que desconstituísse a cobrança. Mesmo no documento juntado pela recorrente para informar do parcelamento não constam tais parcelas. “AC – AJ CUSTO RUBRICA 342”, “AT – ADICIONAL DE TRANSFERENCIA”, “R1 – RETENTION EMPREGADOS”, “R5 – RETENTION DIRETORES NÃO EMPREG” Fl. 31DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 16 Quanto à suposta existência de crédito reconhecido em juízo, a recorrente protocolou pedido de restituição que uma vez deferido será objeto de restituição. Não há qualquer relação dos supostos créditos com a falta de pagamento das contribuições previdenciárias sobre essas parcelas. Quando se opta pela restituição, não cabe mais a compensação. Quanto à suposta ajuda de custo, de que na verdade seria uma complementação do auxíliodoença, a fiscalização constatou que os beneficiários dos pagamentos são diferentes e a recorrente não trouxe contraprovas do contrário. Quanto ao adicional de transferência, apesar da denominação, não há qualquer documento apresentado que ateste a mudança da segurada, permanente ou transitória, de uma localidade para outra. Quanto ao “retention”, conforme reconhece a recorrente, os valores estão relacionados ao perfil profissional do segurado, ao seu valor para a empresa. De forma que através do pagamento da parcela, ele não vá para outras empresas. Tratase, portanto, incentivo ao segurado, o que se caracteriza como parcela remuneratória, nos termos do artigo 28 da Lei 8.212/91. “P1– PREV PRIV RELAÇÃO COM EMPREGAD”, “P5 – PREV PRIV RELAÇÃO COM DIRETORE”, “C1 – PREV PRI CONTAB EMPREGADOS”, “C5 – PREVID PRIV CONTAB DIRETORES N” Consta nos autos contrato celebrado com a empresa Bradesco Vida e Previdência S.A, fls. 1968, e planilhas com nomes dos segurados empregados. Embora a decisão recorrida tenha reconhecido o pagamento a título de previdência complementar, manteve o lançamento pelo fato de que os valores não constavam na folha de pagamento e nem foram todos incluídos na planilha preparada por solicitação da fiscalização. Entendeu que a recorrente deveria ser capaz de informar o detalhamento por segurado do montante pago à entidade de previdência. Do exame do contrato celebrado com a empresa Bradesco Vida e Previdência S.A constatase que o benefício é extensivo à totalidade dos dirigentes e empregados da recorrente, inclusive consta adesão automática, e que o valor da contribuição observa o perfil de cada beneficiário. Caso a fiscalização não tenha se convencido de que os valores se referem à previdência complementar, caberia a realização de outras diligências para desconsiderálos como tal, mas não pelo fundamento de que não seriam disponibilizados a todos, já que a documentação indica que sim. De acordo com a artigo 28, §9º alínea “p” da Lei nº 8.212/91, o requisito para a isenção seria a ausência de condições restritivas para o acesso ao benefício, o que não ocorre no presente caso: Art. 28. (...). § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...). p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus Fl. 32DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13896.002157/201064 Acórdão n.º 2402003.231 S2C4T2 Fl. 25 17 empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; Por tudo, entendo que devam ser excluídos do lançamento os valores, efetivamente, pagos para o programa de previdência complementar. “VT VALE TRANSPORTE EM PECÚNIA” Tratase de matéria com trânsito em julgado no Supremo Tribunal Federal em 24/02/2012, que declarou a inconstitucionalidade da cobrança ainda quando o benefício é pago em pecúnia. Segue ementa do acórdão: RE 478.410 RECURSO EXTRAORDINÁRIO EMENTA: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. VALETRANSPORTE. MOEDA. CURSO LEGAL E CURSO FORÇADO. CARÁTER NÃO SALARIAL DO BENEFÍCIO. ARTIGO 150, I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONSTITUIÇÃO COMO TOTALIDADE NORMATIVA. 1. Pago o benefício de que se cuida neste recurso extraordinário em valetransporte ou em moeda, isso não afeta o caráter não salarial do benefício. 2. A admitirmos não possa esse benefício ser pago em dinheiro sem que seu caráter seja afetado, estaríamos a relativizar o curso legal da moeda nacional. 3. A funcionalidade do conceito de moeda revelase em sua utilização no plano das relações jurídicas. O instrumento monetário válido é padrão de valor, enquanto instrumento de pagamento sendo dotado de poder liberatório: sua entrega ao credor libera o devedor. Poder liberatório é qualidade, da moeda enquanto instrumento de pagamento, que se manifesta exclusivamente no plano jurídico: somente ela permite essa liberação indiscriminada, a todo sujeito de direito, no que tange a débitos de caráter patrimonial. 4. A aptidão da moeda para o cumprimento dessas funções decorre da circunstância de ser ela tocada pelos atributos do curso legal e do curso forçado. 5. A exclusividade de circulação da moeda está relacionada ao curso legal, que respeita ao instrumento monetário enquanto em circulação; não decorre do curso forçado, dado que este atinge o instrumento monetário enquanto valor e a sua instituição [do curso forçado] importa apenas em que não possa ser exigida do poder emissor sua conversão em outro valor. 6. A cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título de valestransporte, pelo recorrente aos seus empregados afronta a Constituição, sim, em sua totalidade normativa. Recurso Extraordinário a que se dá provimento. Fl. 33DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 18 Assim, em cumprimento ao artigo 26A do Decreto nº 70.235/72, inclino à tese da Suprema Corte para que sejam excluídos do lançamento os valores correspondentes ao benefício em exame: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) ... § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) ... MULTA APLICADA É direito da recorrente a retroatividade benéfica prevista no artigo 106 do Código Tributário Nacional e em face da regra trazida pelo artigo 26 da Lei n° 11.941, de 27/05/2009 que introduziu na Lei n° 8.212, de 24/07/1991 o artigo 32A. Passo, então, ao seu exame, sobretudo para explicar porque não deve ser aplicada ao caso a regra no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996. Seguem transcrições: Art.26. A Lei no 8.212, de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações: ... Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: Fl. 34DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13896.002157/201064 Acórdão n.º 2402003.231 S2C4T2 Fl. 26 19 I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Código Tributário Nacional: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” Podemos identificar nas regras do artigo 32A os seguintes elementos: a) é regra aplicável a uma única espécie de declaração, dentre tantas outras existentes (DCTF, DCOMP, DIRF etc): a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP; b) é possibilitado ao sujeito passivo entregar a declaração após o prazo legal, corrigila ou suprir omissões antes de algum procedimento de ofício que resultaria em autuação; c) regras distintas para a aplicação da multa nos casos de falta de entrega/entrega após o prazo legal e nos casos de informações incorretas/omitidas; sendo no primeiro caso, limitada a vinte por cento da contribuição; d) desvinculação da obrigação de prestar declaração em relação ao recolhimento da contribuição previdenciária; e) reduções da multa considerando ter sido a correção da falta ou supressão da omissão antes ou após o prazo fixado em intimação; e f) fixação de valores mínimos de multa. Fl. 35DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 20 Inicialmente, esclarecese que a mesma lei revogou as regras anteriores que tratavam da aplicação da multa considerando cem por cento do valor devido limitado de acordo com o número de segurados da empresa: Art. 79. Ficam revogados: I – os §§ 1o e 3º a 8º do art. 32, o art. 34, os §§ 1º a 4º do art. 35, os §§ 1º e 2º do art. 37, os arts. 38 e 41, o § 8º do art. 47, o § 2º do art. 49, o parágrafo único do art. 52, o inciso II do caput do art. 80, o art. 81, os §§ 1º, 2º, 3º, 5º, 6º e 7º do art. 89 e o parágrafo único do art. 93 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; Para início de trabalho, como de costume, devese examinar a natureza da multa aplicada com relação à GFIP, sejam nos casos de “falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo” ou “informações incorretas ou omitidas”. No inciso II do artigo 32A em comento o legislador manteve a desvinculação que já havia entre as obrigações do sujeito passivo: acessória, quanto à declaração em GFIP e principal, quanto ao pagamento da contribuição previdenciária devida: II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. Portanto, temos que o sujeito passivo, ainda que tenha efetuado o pagamento de cem por cento das contribuições previdenciárias, estará sujeito à multa de que trata o dispositivo. Comparandose com o artigo 44 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996, que trata das multas quando do lançamento de ofício dos tributos federais, vejo que as regras estão em outro sentido. As multas nele previstas incidem em razão da falta de pagamento ou, quando sujeito a declaração, pela falta ou inexatidão da declaração, aplicandose apenas ao valor que não foi declarado e nem pago. Ao declarado e não pago é aplicada apenas multa de mora. Melhor explicando essa diferença, apresentamos o seguinte exemplo: o sujeito passivo, obrigado ao pagamento de R$ 100.000,00 apenas declara R$ 80.000,00, embora tenha efetuado o pagamento/recolhimento integral dos R$ 100.000,00 devidos, qual seria a multa aplicável? Somente a prevista no artigo 32A. E se houvesse pagamento/recolhimento parcial de R$ 80.000,00? Incidiria a multa de 75% (considerando a inexistência de agravamento) sobre a diferença de R$ 20.000,00 e, independentemente disso, a multa do artigo 32A em relação ao valor não declarado. Isto porque a multa de ofício existe como decorrência da constituição do crédito pelo fisco, isto é, de ofício através do lançamento. Caso todo o valor de R$ 100.000,00 houvesse sido declarado, ainda que não pagos, a declaração constituiria o crédito tributário por confissão; portanto, sem necessidade de autuação. A diferença reside aí. Quanto à GFIP não há vinculação com o pagamento. Ainda que não existam diferenças de contribuições previdenciárias a serem pagas, estará o contribuinte sujeito à multa do artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991: LEI Nº 9.430, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. ... Fl. 36DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13896.002157/201064 Acórdão n.º 2402003.231 S2C4T2 Fl. 27 21 Seção V Normas sobre o Lançamento de Tributos e Contribuições ... Multas de Lançamento de Ofício Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. A DCTF tem finalidade exclusivamente fiscal, diferentemente do caso da multa prevista no artigo 32A, em que independentemente do pagamento/recolhimento da contribuição previdenciária, o que se pretende é que, o quanto antes (daí a gradação em razão do decurso do tempo), o sujeito passivo preste as informações à Previdência Social, sobretudo os salários de contribuição percebidos pelos segurados. São essas informações que viabilizam a concessão dos benefícios previdenciários. Quando o sujeito passivo é intimado para entregar a GFIP, suprir omissões ou efetuar correções, o fisco já tem conhecimento da infração e, portanto, já poderia autuálo, mas isso não resolveria um problema extrafiscal: as bases de dados da Previdência Social não seriam alimentadas com as informações corretas e necessárias para a concessão dos benefícios previdenciários. Por essas razões é que não vejo como se aplicarem as regras do artigo 44 aos processos instaurados em razão de infrações cometidas sobre a GFIP. E no que tange à “falta de declaração e nos de declaração inexata”, parte também do dispositivo, além das razões já expostas, devese observar o Princípio da Especificidade a norma especial prevalece sobre a geral: o artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Pela mesma razão, também não se aplica o artigo 43 da mesma lei: Auto de Infração sem Tributo Art.43.Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Fl. 37DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 22 Em síntese, para aplicação de multas pelas infrações relacionadas à GFIP devem ser observadas apenas as regras do artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 que regulam exaustivamente a matéria. É irrelevante para tanto se houve ou não pagamento/recolhimento e, nos casos que tenha sido lavrada NFLD (período em que não era a GFIP suficiente para a constituição do crédito nela declarado), qual tenha sido o valor nela lançado. E, aproveitando para tratar também dessas NFLD lavradas anteriormente à Lei n° 11.941, de 27/05/2009, não vejo como lhes aplicar o artigo 35A, que fez com que se estendesse às contribuições previdenciárias, a partir de então, o artigo 44 da Lei n° 9.430/1996, pois haveria retroatividade maléfica, o que é vedado; nem tampouco a nova redação do artigo 35. Os dispositivos legais não são interpretados em fragmentos, mas dentro de um conjunto que lhe dê unidade e sentido. As disposições gerais nos artigos 44 e 61 são apenas partes do sistema de cobrança de tributos instaurado pela Lei n° 9.430/1996. Quando da falta de pagamento/recolhimento de tributos são cobradas, além do principal e juros moratórios, valores relativos às penalidades pecuniárias, que podem ser a multa de mora, quando embora a destempo tenha o sujeito passivo realizado o pagamento/recolhimento antes do procedimento de ofício, ou a multa de ofício, quando realizado o lançamento para a constituição do crédito. Essas duas espécies são excludentes entre si. Essa é a sistemática adotada pela lei. As penalidades pecuniárias incluídas nos lançamentos já realizados antes da Lei n° 11.941, de 27/05/2009 são, por essa nova sistemática aplicável às contribuições previdenciárias, conceitualmente multa de ofício e pela sistemática anterior multa de mora. Do que resulta uma conclusão inevitável: independentemente do nome atribuído, a multa de mora cobrada nos lançamentos anteriores à Lei n° 11.941, de 27/05/2009 não é a mesma da multa de mora prevista no artigo 61 da Lei n° 9.430/1996. Esta somente tem sentido para os tributos recolhidos a destempo, mas espontaneamente, sem procedimento de ofício. Seguem transcrições: Art.35.Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 1996. Art.35A.Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996. Seção IV Acréscimos Moratórios Multas e Juros Art.61.Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. Fl. 38DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13896.002157/201064 Acórdão n.º 2402003.231 S2C4T2 Fl. 28 23 §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. Redação anterior do artigo 35: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; b) quatorze por cento, no mês seguinte; c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; Retomando os autos de infração de GFIP lavrados anteriormente à Lei n° 11.941, de 27/05/2009, há um caso que parece ser o mais controvertido: o sujeito passivo deixou de realizar o pagamento das contribuições previdenciárias (para tanto foi lavrada a NFLD) e também de declarar os salários de contribuição em GFIP (lavrado AI). Qual o tratamento do fisco? Por tudo que já foi apresentado, não vejo como bis in idem que seja mantida na NFLD a multa que está nela sendo cobrada (ela decorre do falta de pagamento, mas não pode retroagir o artigo 44 por lhe ser mais prejudicial), sem prejuízo da multa no AI pela falta de declaração/omissão de fatos geradores (penalidade por infração de obrigação acessória ou instrumental para a concessão de benefícios previdenciários). Cada uma das multas possuem motivos e finalidades próprias que não se confundem, portanto inibem a sua unificação sob pretexto do bis in idem. Agora, temos que o valor da multa no AI deve ser reduzido para ajustálo às novas regras mais benéficas trazidas pelo artigo 32A da Lei n° 8.212/1991. Nada mais que a aplicação do artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN: Código Tributário Nacional: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: Fl. 39DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 24 ... II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” De fato, nelas há limites inferiores. No caso da falta de entrega da GFIP, a multa não pode exceder a 20% da contribuição previdenciária e, no de omissão, R$ 20,00 a cada grupo de dez ocorrências: Art. 32A. (...): I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. Certamente, nos eventuais casos em a multa contida no autodeinfração é inferior à que seria aplicada pelas novas regras (por exemplo, quando a empresa possui pouquíssimos segurados, já que a multa era proporcional ao número de segurados), não há como se falar em retroatividade. Outra questão a ser examinada é a possibilidade de aplicação do §2° do artigo 32A: § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Deve ser esclarecido que o prazo a que se refere o dispositivo é aquele fixado na intimação para que o sujeito passivo corrija a falta. Essa possibilidade já existia antes da Lei n° 11.941, de 27/05/2009. Os artigos 291 e 292 que vigeram até sua revogação pelo Decreto nº 6.727, de 12/01/2009 já traziam a relevação e a atenuação no caso de correção da infração. Fl. 40DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 13896.002157/201064 Acórdão n.º 2402003.231 S2C4T2 Fl. 29 25 E nos processos ainda pendentes de julgamento neste Conselho, os sujeitos passivos autuados, embora pudessem fazêlo, não corrigiram a falta no prazo de impugnação; do que resultaria a redução de 50% da multa ou mesmo seu cancelamento. Entendo, portanto, desnecessária nova intimação para a correção da falta, oportunidade já oferecida, mas que não interessou ao autuado. Resulta daí que não retroagem as reduções no §2°: Art.291.Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. §1oA multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. ... CAPÍTULO VI DA GRADAÇÃO DAS MULTAS Art.292. As multas serão aplicadas da seguinte forma: ... V na ocorrência da circunstância atenuante no art. 291, a multa será atenuada em cinqüenta por cento. Retornando à aplicação do artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, devem ser comparadas as duas multas, a aplicada pela fiscalização com a prevista no artigo 32 A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, prevalecendo a menor. Em razão do exposto, voto pelo provimento parcial ao recurso para que seja reduzida a multa aplicada considerando a não incidência sobre os valores, efetivamente, pagos para o programa de previdência complementar e relativos ao transporte dos segurados. Após, seja reconhecida a retroatividade benéfica nos termos do parágrafo anterior. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 41DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/12/ 2012 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 13161.001166/2007-27
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Dec 28 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 3802-000.054
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Regis Xavier Holanda - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Relator.
Participaram, ainda, da presente sessão, os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, José Fernandes do Nascimento e Solon Sehn.
Nome do relator: Não se aplica
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Recorrida Fazenda Nacional Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e do voto do relator. (assinado digitalmente) Regis Xavier Holanda Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator. Participaram, ainda, da presente sessão, os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, José Fernandes do Nascimento e Solon Sehn. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 3ª Turma da DRJ Juiz de Fora (fls. 126/130), a qual, por unanimidade de votos, indeferiu os argumentos objeto da manifestação de inconformidade apresentada pela interessada em acórdão assim ementado: Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO DE IPI. VEDAÇÃO NA CONCOMITÂNCIA DE PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL DE EXIGÊNCIA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 31 61 .0 01 16 6/ 20 07 -2 7 Fl. 149DF CARF MF Impresso em 28/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 19/ 12/2012 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 27/12/2012 por REGIS XAVIER HOLAND A Processo nº 13161.001166/200727 Resolução nº 3802000.054 S3TE02 Fl. 150 2 É vedado o ressarcimento do crédito do trimestrecalendário cujo valor possa ser alterado total ou parcialmente por decisão definitiva em processo judicial ou administrativo fiscal de determinação e exigência de crédito do IPI. (art. 25 da IN RFB nº 900, de 2008, com redação dada pela IN RFB nº 1.224, de 2011) Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A interessada, com base no artigo 11 da Lei no 9.779/99, formalizou pedido de ressarcimento do IPI de competência do 3o trimestre de 2006, cumulado com pedido de compensação. Instada a se pronunciar sobre o direito creditório alegado, a Seção de Fiscalização da DRF Dourados encontrou irregularidades na saída de produtos com suspensão do IPI, fato que motivou a lavratura do auto de infração objeto do processo no 13161.720020/201080. As irregularidades apontadas na ação fiscal, inerentes ao não atendimento das condições para a saída com suspensão do IPI, motivaram a recomposição dos valores e o lançamento para a constituição do crédito tributário relativo ao imposto apurado a menor. Consequentemente, foi indeferido o pedido de ressarcimento do imposto e não homologada a DCOMP correspondente. O valor total pleiteado foi de R$ 129.790,06. Inconformada, a interessada formalizou manifestação de inconformidade onde alegou, em síntese, que as exigências objeto do procedimento fiscal referenciado ainda estavam pendentes de julgamento, de forma que o crédito tributário constituído contra a empresa só seria definitivo, sendo o caso, depois de transitada em julgado a lide administrativa. Ao examinar a questão, a DRJ Juiz de Fora não acolheu os argumentos apresentados pela interessada em sua manifestação de inconformidade, o que fez alicerçada no artigo 25 da IN RFB no 900, de 20/12/20081 (vide fls. 126/130 do processo eletrônico). Cientificada da referida decisão em 05/07/2012 (vide AR de fls. 132), a recorrente apresentou, em 25/07/2012, o recurso voluntário de fls. 133/137, onde se insurge contra o indeferimento de seu pleito reiterando a necessidade de exaurimento da lide administrativa relativa ao processo de formalização da exigência do IPI, e ainda, em defesa de aduzida ofensa a princípios de natureza constitucional no seio do artigo 25 da IN SRF no 900, de 2008, notadamente o princípio de ampla defesa e o direito de petição (CF, artigo 5o, incisos LV e XXXIV, respectivamente). Aduz, também, que a proibição assinalada no referido artigo 25 da IN no 900/2008 só se caracterizaria quando pudesse “[...] ser alterado total ou parcialmente por decisão definitiva em processo judicial ou administrativo fiscal”. O caso presente, contudo, por carecer da referida decisão definitiva, deveria ser sustado até o julgamento final do processo de exigência dos créditos. Diante do exposto, requer seja dado provimento ao seu recurso. É o relatório. 1 Art. 25. É vedado o ressarcimento do crédito do trimestrecalendário cujo valor possa ser alterado total ou parcialmente por decisão definitiva em processo judicial ou administrativo fiscal de determinação e exigência de crédito do IPI. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.224, de 23 de dezembro de 2011) Fl. 150DF CARF MF Impresso em 28/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 19/ 12/2012 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 27/12/2012 por REGIS XAVIER HOLAND A Processo nº 13161.001166/200727 Resolução nº 3802000.054 S3TE02 Fl. 151 3 Voto O recurso merece ser conhecido por preencher os requisitos formais e materiais exigidos para sua aceitação. A contenda decorre da não homologação de declaração de compensação em virtude de a unidade preparadora, ao examinar o direito creditório apontado pela interessada, haver concluído pela sua inexistência, inclusive tendo formalizado lançamento contra o imposto – IPI – relativamente ao qual a recorrente alega possuir direito creditório. Em outras palavras, no entender da fiscalização, a interessada, no lugar de crédito, seria devedora para com a Fazenda Pública. A consulta ao processo correspondente ao lançamento do IPI (no 13161.720020/201080) revelou que o mesmo ainda carece de decisão da primeira instância, a ser proferida pela DRJ Juiz de Fora. Esta, mediante o despacho no 28, de 09/05/2012, baixou o processo em diligência, já tendo adiantado, de antemão, que ao menos parte dos créditos consignados no lançamento seria improcedente, nos termos do referenciado despacho, abaixo transcrito: Irresignado, o contribuinte, por intermédio de seu procurador, constituído às fls. 394/395, apresentou a impugnação de fls. 371/380 e fez juntada dos documentos de fls. 381/393 e 396/442. Na peça impugnatória, o contribuinte contestou o lançamento efetuado em razão das 4 (quatro) modalidades em que ocorreu: fornecimentos a optantes pelo simples, a pessoas físicas, a pessoas jurídicas que não apresentaram a declaração de condição ou a apresentaram em data posterior às respectivas aquisições de insumos. Especialmente em relação às aquisições de contribuintes optantes pelo Simples (federal e nacional), o contribuinte alegou que quem dera causa às saídas com suspensão indevida do IPI era o próprio comprador que lhe enviara correspondência declarando atender às condições para o gozo da suspensão prevista no art. 29 da Lei nº 10.637,de 2002. Nesse contexto, entende a relatora que as saídas com suspensão do IPI, direcionadas a optantes pelo SIMPLES, quando de fato houve declaração específica para esse fim pelo adquirente dos insumos, são eles, os adquirentes, que deram causa à suspensão indevida do tributo. Depreendese o fato pelo que estipula o parágrafo único do art. 5º da IN SRF nº 207, de 27/09/2002, que primeiro regulamentou a matéria: Art. 5º Sairão do estabelecimento industrial com suspensão do IPI as matérias primas (MP), produtos intermediários (PI) e material de embalagem (ME), quando adquiridos por estabelecimento industrial fabricante, preponderantemente, de componentes, chassis, carroçarias, partes e peças para industrialização dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 8432.40.00, 8432.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5 e 87.01 a 87.06 da Tipi. Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, as empresas adquirentes deverão declarar ao vendedor, de forma expressa e sob as penas da lei, que atendem a todos os requisitos estabelecidos. O dispositivo acima transcrito foi repetido pelas Instruções Normativas que sucessivamente foram utilizadas para a regulamentação do incentivo fiscal, ou Fl. 151DF CARF MF Impresso em 28/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 19/ 12/2012 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 27/12/2012 por REGIS XAVIER HOLAND A Processo nº 13161.001166/200727 Resolução nº 3802000.054 S3TE02 Fl. 152 4 seja, as IN SRF nos 235, de 31/10/2002; 296, de 06/02/2003, e IN RFB nº 948, de 15/06/2009, sempre no respectivo parágrafo único do art. 5º. Assim sendo, o crédito tributário estribado nas saídas para optantes pelo simples devem ser expurgados da autuação. Para tanto, deverá ser refeita a escrituração fiscal do contribuinte, a fim de determinar quais os créditos tributários deverão ser mantidos para cada período autuado. No que tange a uma outra contestação do contribuinte, que diz respeito às declarações de condição de utilização da suspensão relativas ao anocalendário de 2007, disse o contribuinte que não foi intimado a apresentálas, mas que as apresentou juntamente com os arquivos SINTEGRA. Sobre as declarações do anocalendário de 2007, a fiscalização deve se manifestar para informar se o contribuinte realmente às apresentou e se apresentadas foram se consideradas na sua totalidade, à vista dos documentos disponibilizados pelo contribuinte e de acordo com o entendimento expresso pela fiscalização no Relatório Fiscal. Esclarece a relatora que vale para o anocalendário de 2007 o mesmo entendimento expresso para os fornecimentos a optantes pelo Simples (federal e nacional). Pelo exposto, PROPÕESE que os autos retornem à DRF de origem para que seja reformulada a reconstituição da escrituração fiscal do contribuinte, com a exclusão dos débitos lançados relativamente às saídas com suspensão do IPI para adquirentes optantes pelo Simples (nacional e federal) e para que se manifeste a fiscalização sobre as declarações do anocalendário de 2007, tal qual esclarecido no parágrafo anterior. Apesar de o entendimento acima proferido ainda necessitar do julgamento do colegiado responsável pelo exame da lide, sabese, de pronto, que a situação dos créditos tributários constituídos contra o sujeito passivo é precária. Por sua vez, para exame do presente contencioso, onde a interessada requer a compensação tributária com os supostos créditos do IPI glosados pela fiscalização, há que se ter um entendimento conclusivo relativamente à legitimidade dos créditos alegados, o que só ocorrerá quando do julgamento do processo no 13161.720020/201080. Diante do exposto, proponho seja o presente julgamento convertido em diligência para que a autoridade administrativa responsável pelo indeferimento inicial da compensação, de posse do resultado do julgamento definitivo (art. 42 do Decreto no 70.235/72) do processo no 13161.720020/201080, sendo o caso, informe se os créditos eventualmente reconhecidos em favor da recorrente são suficientes para a quitação dos débitos objeto do presente processo, apresentando demonstrativo, acaso necessário, do crédito tributário remanescente. Instruído o processo com a documentação e os esclarecimentos necessários, e intimado o contribuinte do resultado da diligência para sua eventual manifestação, deverão os autos ser devolvidos a este Conselho para prosseguimento do julgamento. É como voto. Sala de Sessões, em 29 de novembro de 2012. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator Fl. 152DF CARF MF Impresso em 28/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2012 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 19/ 12/2012 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 27/12/2012 por REGIS XAVIER HOLAND A
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