Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,956)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,617)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,676)
- Primeira Turma Ordinária (15,290)
- Segunda Turma Ordinária d (15,236)
- Primeira Turma Ordinária (15,176)
- Primeira Turma Ordinária (15,074)
- Segunda Turma Ordinária d (13,812)
- Primeira Turma Ordinária (12,696)
- Primeira Turma Ordinária (11,772)
- Segunda Turma Ordinária d (11,736)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,592)
- Terceira Câmara (63,342)
- Segunda Câmara (51,084)
- Primeira Câmara (16,374)
- 3ª SEÇÃO (15,676)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,653)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (115,596)
- Segunda Seção de Julgamen (108,503)
- Primeira Seção de Julgame (71,208)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,658)
- Câmara Superior de Recurs (37,061)
- Terceiro Conselho de Cont (25,921)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,038)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,839)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,821)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,298)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,195)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,339)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,945)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,845)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,057)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,270)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,850)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,014)
- 2025 (12,261)
Numero do processo: 10830.907582/2011-07
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004
COFINS. ICMS. EXCLUSÃO. BASE DE CÁLCULO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA Nº 02.
A exclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e a Cofins, de acordo com a legislação vigente (Lei nº 10.833/200e, art. 1º, § 3º, III; Lei nº 9.718/1998, art. 3º, § 2º, Lei nº 9.715/1998, art. 3º, parágrafo único; Lei nº 10.637/2002, art. 1º, § 3º, II), somente é autorizada no regime de substituição tributária (Icms-ST). No demais casos, pressupõe o reconhecimento da inconstitucionalidade da incidência, matéria que, como se sabe, é objeto da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 14, no Supremo Tribunal Federal. Antes do julgamento desta, não há como se afastar a inclusão do Icms na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep, pela falta de previsão legal e, nos termos da Súmula CARF nº 02, pela incompetência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para declarar a inconstitucionalidade de atos normativos fora das hipóteses previstas no art. 62 do Regimento Interno.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3802-002.930
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente.
(assinado digitalmente)
SOLON SEHN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: Solon Sehn
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201404
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004 COFINS. ICMS. EXCLUSÃO. BASE DE CÁLCULO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA Nº 02. A exclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e a Cofins, de acordo com a legislação vigente (Lei nº 10.833/200e, art. 1º, § 3º, III; Lei nº 9.718/1998, art. 3º, § 2º, Lei nº 9.715/1998, art. 3º, parágrafo único; Lei nº 10.637/2002, art. 1º, § 3º, II), somente é autorizada no regime de substituição tributária (Icms-ST). No demais casos, pressupõe o reconhecimento da inconstitucionalidade da incidência, matéria que, como se sabe, é objeto da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 14, no Supremo Tribunal Federal. Antes do julgamento desta, não há como se afastar a inclusão do Icms na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep, pela falta de previsão legal e, nos termos da Súmula CARF nº 02, pela incompetência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para declarar a inconstitucionalidade de atos normativos fora das hipóteses previstas no art. 62 do Regimento Interno. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10830.907582/2011-07
anomes_publicacao_s : 201408
conteudo_id_s : 5370371
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3802-002.930
nome_arquivo_s : Decisao_10830907582201107.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : Solon Sehn
nome_arquivo_pdf_s : 10830907582201107_5370371.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2014
id : 5572069
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:26:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047033370116096
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2227; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 66 1 65 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.907582/201107 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3802002.930 – 2ª Turma Especial Sessão de 23 de abril de 2014 Matéria COFINSCOMPENSAÇÃO Recorrente CITRATUS IBERTECH DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 COFINS. ICMS. EXCLUSÃO. BASE DE CÁLCULO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA Nº 02. A exclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e a Cofins, de acordo com a legislação vigente (Lei nº 10.833/200e, art. 1º, § 3º, III; Lei nº 9.718/1998, art. 3º, § 2º, Lei nº 9.715/1998, art. 3º, parágrafo único; Lei nº 10.637/2002, art. 1º, § 3º, II), somente é autorizada no regime de substituição tributária (IcmsST). No demais casos, pressupõe o reconhecimento da inconstitucionalidade da incidência, matéria que, como se sabe, é objeto da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 14, no Supremo Tribunal Federal. Antes do julgamento desta, não há como se afastar a inclusão do Icms na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep, pela falta de previsão legal e, nos termos da Súmula CARF nº 02, pela incompetência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para declarar a inconstitucionalidade de atos normativos fora das hipóteses previstas no art. 62 do Regimento Interno. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 75 82 /2 01 1- 07 Fl. 71DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 (assinado digitalmente) SOLON SEHN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, assentada nos fundamentos resumidos na ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O interessado apresentou o PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), sem retificar a Dctf (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais). Tal fato fez com que o pagamento continuasse atrelado à quitação do débito originário, inviabilizando a homologação da compensação. Em sede de manifestação de inconformidade, o Recorrente alegou que o crédito seria decorrente do recolhimento indevido de PIS/Pasep e de Cofins, resultante da inclusão do Icms na base de cálculo das contribuições. Sustentou ainda que, em se tratando de receita tributária dos Estados da Federação, o referido imposto não faria parte da receita auferida pela empresa. Aduz que a manutenção do imposto na base de cálculo da contribuição afrontaria os arts. 146, III, da Constituição e art. 110 do Código Tributário Nacional. A Recorrente, nas razões de fls. 55 e ss., reitera os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade, requerendo a reforma da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheiro Solon Sehn O sujeito passivo teve ciência da decisão no dia 09/10/2013 (fls. 64), interpondo recurso tempestivo em 12/11/2013 (fls. 55). Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade do Decreto no 70.235/1972, o mesmo pode ser conhecido. Fl. 72DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10830.907582/201107 Acórdão n.º 3802002.930 S3TE02 Fl. 67 3 A exclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins, de acordo com a legislação vigente (Lei nº 10.833/200e, art. 1º, § 3º, III; Lei nº 9.718/1998, art. 3º, § 2º, Lei nº 9.715/1998, art. 3º, parágrafo único; Lei nº 10.637/2002, art. 1º, § 3º, II), somente é autorizada no regime de substituição tributária (IcmsST). No demais casos, a exclusão pressupõe o reconhecimento da inconstitucionalidade da incidência, matéria que, como se sabe, é objeto da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 14, no Supremo Tribunal Federal. Antes do julgamento da referida ADC, não há como se afastar a inclusão do Icms na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep, pela falta de previsão legal e, nos termos da Súmula CARF nº 02, pela incompetência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para declarar a inconstitucionalidade de atos normativos fora das hipóteses previstas no art. 62 do Regimento Interno: Súmula Carf nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993. Votase pelo desprovimento do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Solon Sehn Relator Fl. 73DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Fl. 74DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10935.906289/2012-27
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 25/01/2010
Recurso Voluntário não conhecido
A manifestação de inconformidade apresentada fora do prazo legal não instaura a fase litigiosa do procedimento nem comporta julgamento de primeira instância quanto às alegações de mérito.
Numero da decisão: 3802-003.256
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o presente recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim- Presidente.
(assinado digitalmente)
Cláudio Augusto Gonçalves Pereira- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Sólon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201405
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 25/01/2010 Recurso Voluntário não conhecido A manifestação de inconformidade apresentada fora do prazo legal não instaura a fase litigiosa do procedimento nem comporta julgamento de primeira instância quanto às alegações de mérito.
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10935.906289/2012-27
anomes_publicacao_s : 201408
conteudo_id_s : 5372834
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3802-003.256
nome_arquivo_s : Decisao_10935906289201227.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10935906289201227_5372834.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o presente recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim- Presidente. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Sólon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
dt_sessao_tdt : Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
id : 5589652
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:26:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047033391087616
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1705; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 11 1 10 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10935.906289/201227 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1802003.256 – 2ª Turma Especial Sessão de 27 de maio de 2014 Matéria NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Recorrente L A G MATERIAIS DE CONSTRUÇÕES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 25/01/2010 Recurso Voluntário não conhecido A manifestação de inconformidade apresentada fora do prazo legal não instaura a fase litigiosa do procedimento nem comporta julgamento de primeira instância quanto às alegações de mérito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o presente recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim Presidente. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Sólon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 62 89 /2 01 2- 27 Fl. 55DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 3a Turma da DRJ/CTA, a qual, por unanimidade de votos julgou pelo não acolhimento da manifestação de inconformidade apresentada. Em ato contínuo, o despacho decisório pela DRF de Cascavel/PR, que indeferiu o pedido de restituição formulado por meio do PER/DCOMP, devido à inexistência de crédito pleiteado, já que o pagamento de PIS/PASEP, do período acima indicado, estaria totalmente utilizado na extinção, por pagamento, de débito da contribuinte o mesmo fato gerador, nos termos do Acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 25/01/2010 PIS/PASEP. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO EM PER/DCOMP. Inexistindo o direito creditório informado em PERD/DCOMP, é de se indeferir o pedido de restituição apresentado. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e à COFINS, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando for cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. CONTESTAÇÃO DE VALIDADE NORMAS VIGENTES JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. Compete à autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, às quais não se pode, em âmbito administrativo, negar validade sob o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Manifestação de Inconformidade Não Conhecida Direito Creditório Não Reconhecimento. Em sede de impugnação e de recurso, o contribuinte apresenta os mesmos argumentos, que, em síntese, se referem à inconstitucionalidade da cobrança do PIS e da COFINS, sem a exclusão do ICMS da base de cálculo, já que o conceito de faturamento trazido pela Lei nº 9.718, de 1998 não pode ser alargado ao ponto de abranger o conceito de ingresso. É o relatório. Voto Admissibilidade do Recurso. Tendo em vista que a matéria posta para análise – inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS, não está afeta à competência desse Fl. 56DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906289/201227 Acórdão n.º 1802003.256 S1TE02 Fl. 12 3 colegiado, já que não é permitido aos Conselheiros do CARF se pronunciarem sobre os aspectos constitucionais de lei tributária. É de rigor a aplicação da Súmula CARF nº 02 que determina: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Precedentes: Acórdão nº 10194876, de 25/02/2005 Acórdão nº 10321568, de 18/03/2004 Acórdão nº 10514586, de 11/08/2004 Acórdão nº 10806035, de 14/03/2000 Acórdão nº 10246146, de 15/10/2003 Acórdão nº 20309298, de 05/11/2003 Acórdão nº 201 77691, de 16/06/2004 Acórdão nº 20215674, de 06/07/2004 Acórdão nº 20178180, de 27/01/2005 Acórdão nº 20400115, de 17/05/2005. Portanto, pelas razões por mim aqui expostas, NÃO CONHEÇO do recurso ora interposto (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira Relator Fl. 57DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 13888.917203/2011-10
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 24 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/12/2000
Ementa:
COFINS. BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE.
Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberando-se, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixa-se de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72 e pelo Regimento Interno do CARF.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3801-003.939
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário no sentido de se reconhecer o direito à restituição dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201407
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/12/2000 Ementa: COFINS. BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberando-se, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixa-se de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72 e pelo Regimento Interno do CARF. Recurso Voluntário Provido
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 13888.917203/2011-10
anomes_publicacao_s : 201408
conteudo_id_s : 5372920
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3801-003.939
nome_arquivo_s : Decisao_13888917203201110.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : SIDNEY EDUARDO STAHL
nome_arquivo_pdf_s : 13888917203201110_5372920.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário no sentido de se reconhecer o direito à restituição dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente).
dt_sessao_tdt : Thu Jul 24 00:00:00 UTC 2014
id : 5589944
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:26:50 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047033397379072
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1934; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 68 1 67 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13888.917203/201110 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3801003.939 – 1ª Turma Especial Sessão de 24 de julho de 2014 Matéria Receitas Financeiras Recorrente ROMINOR COMÉRCIO, EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/12/2000 Ementa: COFINS. BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberandose, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixase de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72 e pelo Regimento Interno do CARF. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário no sentido de se reconhecer o direito à restituição dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 91 72 03 /2 01 1- 10 Fl. 68DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13888.917203/201110 Acórdão n.º 3801003.939 S3TE01 Fl. 69 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente). Fl. 69DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13888.917203/201110 Acórdão n.º 3801003.939 S3TE01 Fl. 70 3 Relatório Por bem relatar os fatos transcrevo o relatório da DRJ de Ribeirão Preto, assim expresso: Trata o presente de PER/DCOMP (Pedido de Ressarcimento ou Restituição e Declaração de Compensação), cujo crédito provém de pagamento indevido ou a maior da Cofins referente ao fato gerador de... A DRF/Piracicaba, por meio do despacho decisório (eletrônico) de fl., indeferiu o pedido de restituição, porquanto o Darf relativo ao crédito indicado no PER/DCOMP já havia sido utilizado para extinguir a própria contribuição, não restando crédito a restituir. Cientificada do despacho e inconformada com o indeferimento de seu pedido, a interessada apresentou a manifestação de inconformidade às fls. 2/8, alegando, em resumo, que a ampliação da base de cálculo da contribuição, prevista no § 1o do art. 3o da Lei no 9.718, de 1998, foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) no 346.084/PR. Assim, somente seriam tributáveis as receitas provenientes da venda de bens e serviços, o faturamento propriamente dito, sendo excluídos os valores recebidos a título de receitas financeiras e outras receitas. Tanto é assim que o referido § 1º do art. 3º da Lei n.º 9.718, de 1998, foi revogado pelo art. 79 da Lei n.º 11.941, de 2009. Argumenta também que o Conselho de Contribuintes vem decidindo nesse sentido, conforme julgados cujas ementas transcreve. Conclui requerendo a reforma da decisão combatida com o conseqüente deferimento do pedido de restituição da parcela da contribuição indevidamente paga. A DRJ julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade com base na seguinte ementa: CONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ALCANCE. A decisão do Supremo Tribunal Federal, prolatada em Recurso Extraordinário, não possui efeito erga omnes. CONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13888.917203/201110 Acórdão n.º 3801003.939 S3TE01 Fl. 71 4 A instância administrativa não possui competência para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório não Reconhecido A Recorrente apresenta o presente Recurso Voluntário se valendo dos mesmo argumentos apontados na Manifestação de Inconformidade. É o que importa relatar. Fl. 71DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13888.917203/201110 Acórdão n.º 3801003.939 S3TE01 Fl. 72 5 Voto Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, relator. Conforme apontado tratamse de pedidos de Restituição/Compensação de valores pagos a maior em decorrência da indevida ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS pelo § 1º do art. 3º da Lei n.º 9.718/1998, declarada inconstitucional pelo Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento dos Recursos Extraordinários n.ºs 357.950/RS, 358.273/RS, 390840/MG, Relator Ministro Marco Aurélio, conforme ementa abaixo colacionada: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. Destacase, nesse aspecto, que a matéria foi reconhecida como de “Repercussão Geral” e julgada pelo Supremo Tribunal Federal, conforme decisão proferida no RE 585.235. Assim, considerandose o disposto no art. 62A da Portaria MF n.º 256, de 22 de junho de 2009, alterada pela Portaria MF n.º 586, de 21 de dezembro de 20101 (Regimento 1 Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (alterações introduzidas pela Port. MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010–DOU de 22.12.2010). Fl. 72DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13888.917203/201110 Acórdão n.º 3801003.939 S3TE01 Fl. 73 6 Interno do CARF), devese afastar a tributação do PIS e da COFINS exigidas com base no disposto no art. 3º, § 1º, da Lei n.º 9.718, de 1998. Evidentemente, tais decisões vinculam a autoridade administrativa. Nada obstante, o órgão judicante a quo esqueceuse do dever da autoridade preparadora em zelar pela instrução na busca da verdade material, a teor do disposto na Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999, artigo 292, artigo 36, inteligência do artigo 37, artigo 38 e artigo 393. Negar o direito da contribuinte ao aproveitamento de seu crédito configuraria enriquecimento sem causa do Estado. Especificamente quanto à verdade material, transcrevo oportunas lições de Marcos Vinicius Neder e de Maria Tereza Martinez López: Em decorrência do princípio da legalidade, a autoridade administrativa tem o dever de buscar a verdade material. O processo fiscal tem por finalidade garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fato gerador e a constituição do crédito tributário, devendo o julgador pesquisar, exaustivamente se, de fato, ocorreu a hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso de impugnação do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independente do alegado e provado, Odete Medauar preceitua que "o princípio da verdade material ou verdade real, vinculado ao princípio da oficialidade, exprime que a Administração deve tomar decisões com base nos fatos tais como se apresentam na realidade, não se satisfazendo com a versão oferecida pelos sujeitos Para tanto, tem o direito de carrear para o expediente todos os dados, informações, documentos a respeito da matéria tratada, sem estar jungida aos aspectos considerados pelos sujeitos. 2 Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizamse de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias. § 1º. O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à decisão do processo. § 2º. Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem realizarse do modo menos oneroso para estes. 3 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1º. Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2º. Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionandose data, prazo, forma e condições de atendimento. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. Fl. 73DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13888.917203/201110 Acórdão n.º 3801003.939 S3TE01 Fl. 74 7 Segundo Alberto Xavier, a lei concede ao órgão fiscal meios instrutórios amplos para que venha formar sua livre convicção sobre os verdadeiros fatos praticados pelo contribuinte. Nesta perspectiva, é lícito ao órgão fiscal agir sponte sua com vistas a corrigir os fatos inveridicamente postos ou suprir lacunas na matéria de fato, podendo ser obtidas novas provas por meio de diligências e perícias. 4 Em que pese o direito da interessada, do exame dos elementos comprobatórios, constatase que, no caso vertente, os documentos apresentados devem ser devidamente examinados para se apurar se os referidos créditos estão corretos. É importante consignar que compete a autoridade administrativa, com base na escrita fiscal e contábil, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Ante ao exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário interposto pela interessada para reconhecer o direito à restituição dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998. É como voto. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator 4 NEDER, Marcos Vinicius; LOPEZ, Maria Tereza Martinez. Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado 2ª ed. São Paulo: Dialética, 2004, p. 74. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 22/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10935.902367/2012-14
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/07/2002
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE.
Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
Numero da decisão: 3802-002.523
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano DAmorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Bruno Maurício Macedo Curi - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
O conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201403
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 15/07/2002 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10935.902367/2012-14
anomes_publicacao_s : 201409
conteudo_id_s : 5379784
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3802-002.523
nome_arquivo_s : Decisao_10935902367201214.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
nome_arquivo_pdf_s : 10935902367201214_5379784.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano DAmorim - Presidente. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. O conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
id : 5618918
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:28:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047033411010560
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1782; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 111 1 110 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10935.902367/201214 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3802002.523 – 2ª Turma Especial Sessão de 25 de março de 2014 Matéria PIS/PASEP Recorrente JUMBO ALIMENTOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/07/2002 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. DESCABIMENTO. Diante das regras vigentes, não é cabível pedido de restituição de PIS/PASEP que tenha por base a alegação de recolhimento a maior por inclusão do ICMS na base de cálculo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/07/2002 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 23 67 /2 01 2- 14 Fl. 61DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano D’Amorim Presidente. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. O conselheiro Solon Sehn declarouse impedido. Relatório O contribuinte JUMBO ALIMENTOS LTDA. interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0642.673, proferido em primeira instância pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba/PR, que julgou improcedente o direito creditório pleiteado pelo sujeito passivo em sede de manifestação de inconformidade, rejeitandoa. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: “Trata o processo de Despacho Decisório emitido pela DRF Cascavel/PR, em 01/08/2012, que indeferiu o pedido de restituição formulado por meio do Per/Dcomp nº 26957.24781.260207.1.2.043758, rastreamento nº 029224061, devido à inexistência de crédito pleiteado de R$ 1.132,75, uma vez que o pagamento de PIS/PASEP (Código 8109), do período de 30/06/2002, efetuado em 15/07/2002, estaria totalmente utilizado na extinção, por pagamento, de débito da contribuinte do mesmo fato gerador. Cientificada da decisão em 13/08/2012, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da cobrança do PIS e da Cofins sem a exclusão do ICMS da base de cálculo. Diz que o conceito de faturamento trazido pela Lei nº 9.718, de 1998, não pode ser elastecido a ponto de abarcar o conceito de “ingresso”, por isso, o ICMS não integra a base de cálculo das contribuições, por se tratar de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF tem entendido que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo do PIS e da Cofins. Dessa forma, solicita que os créditos sejam restituídos, acrescidos de juros de mora, desde seu pagamento indevido até a data da restituição/compensação. É o relatório.” Indeferida a manifestação de inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a improcedência do direito creditório na forma da ementa que segue: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 15/07/2002 Fl. 62DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902367/201214 Acórdão n.º 3802002.523 S3TE02 Fl. 112 3 COFINS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO EM PER/DCOMP. Inexistindo o direito creditório informado em PER/DCOMP, é de se indeferir o pedido de restituição apresentado. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS/Pasep e à Cofins, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando for cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. CONTESTAÇÃO DE VALIDADE DE NORMAS VIGENTES. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. Compete à autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, às quais não se pode, em âmbito administrativo, negar validade sob o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada acerca da decisão exarada pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. Da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS A Recorrente alega que possui direito de crédito amparada no fato de que incluiu, quando de sua apuração do PIS e da COFINS, o ICMS em sua base de cálculo; e que tal inclusão seria indevida, de modo que merece ser proporcionalmente restituída do montante decorrente desse procedimento. De início vale destacar que, ao invés de questionar a constitucionalidade da regra (o que levaria ao não conhecimento do presente Recurso), o contribuinte cerra sua discussão na extensão do conceito de faturamento – o que, na esteira da decisão proferida pelo STF no RE 346084, no qual se afastou a tributação sobre a receita bruta e se limitou ao faturamento, assim entendido como as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e prestações de serviços. Desse modo, o recurso é passível de conhecimento. Fl. 63DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Além disso, por mais que esteja sujeita ao regime não cumulativo do PIS e da COFINS, por entender que o conceito de faturamento deve ser apenas um (pois, independente do regime de tributação, temse em verdade dois únicos tributos, PIS e COFINS), comungo com o pressuposto de que o conceito de faturamento adotado com relação à lei 9.718 deve ser o mesmo válido também para os regimes das leis 10.637/2002 e 10.833/2003. A Recorrente fundamenta seu pleito defendendo que o ICMS não seria receita própria do sujeito passivo, o que implicaria na seguinte situação: Para tanto, espelhase em doutrina e em julgados que entendem que o ICMS não se enquadra no conceito de faturamento, por não representar vantagem do sujeito passivo, mas apenas receitas de terceiros. A DRJ, todavia, não acolheu o entendimento da Recorrente, pelo singelo fato de que as normas vigentes – às quais o julgador administrativo está adstrito – impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Assim dispôs a decisão recorrida: “Pela manifestação de inconformidade apresentada, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência revisão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, já que esse valor, ainda que assim não entenda a interessada, é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário, consoante se depreende da leitura dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998: (...)” Entendo que a DRJ está correta em suas considerações, apesar de uma pequena impropriedade ao se referir à lei 9.718/98 – pois o direito creditório decorre de PIS e COFINS recolhidos pela sistemática não cumulativa. As normas de direito vigentes, às quais o CARF está vinculado, impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Nesse sentido, vejase o que dispõem as leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que em matéria de ICMS autorizam a dedução somente no caso de exportação: Lei 10.637/2002 “Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: Fl. 64DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902367/201214 Acórdão n.º 3802002.523 S3TE02 Fl. 113 5 VII decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Lei 10.833/2003 “Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Logo, do ponto de vista normativo a Recorrente já não merece acolhida em seu pleito, ao menos no âmbito administrativo. E nem se diga que o conceito simples de faturamento, indicado no parágrafo 2o do artigo 1o das leis 10.637/2002 e10.833/2003, permitiria inferir que o ICMS incidente sobre as operações do próprio sujeito passivo, seria incompatível com a base de cálculo. Trata se de afastamento legal da base de cálculo, apenas para o caso excepcional do ICMS da exportação. E mesmo isso possui uma razão de ser, qual seja a desoneração das exportações. De todo modo, mesmo que se abstraia da letra fria das normas vigentes, ou se entenda que a dicção do inciso VI do § 3o do art. 1o das leis de regência da sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, entendo que não é cabível a exclusão do ICMS da base de cálculo dessas contribuições. E isso pela própria essência do ICMS. Desde que o STF entendeu, no RE 212209, que o ICMS compõe a própria base de cálculo, não restam dúvidas de que esse imposto integra o valor da operação. E não há, com a devida vênia a todos os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais trazidos pela Recorrente, condições de se decompor o valor da operação entre itens que integrariam sua receita, e outros (em especial, o ICMS) que implicariam receitas de terceiros. É o que se verifica, inclusive, do julgado do RE em tela, no qual o Ministro Marco Aurélio, relator, confrontou o Min. Nelson Jobim, redator para o Acórdão. Abaixo segue o questionamento e a resposta: Fl. 65DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Esse raciocínio foi acompanhado pelo STJ, o qual, nos Edcl no REsp no 1.413.129SP, firmou tal entendimento, conforme se verifica do aresto abaixo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. FUNGIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. CONTRADIÇÃO E AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL. AFASTAMENTO. "Não procede ainda a afirmação de que a matéria de fundo é exclusivamente constitucional, pois o STJ conhece reiteradamente da questão e possui firme orientação de que a parcela relativa ao ICMS compõe a base de cálculo do PIS e da Cofins (Súmulas 68 e 94/STJ). Precedentes atuais: AgRg no REsp 1.106.638/RO, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 15/5/2013; REsp 1.336.985/MS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8/2/2013; AgRg no REsp 1.122.519/SC, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe 11/12/2012" (AgRg no Ag 1301160/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12/6/2013). A propósito, valhome do Acórdão proferido no RESP 8.541, o qual serviu como paradigma para as Súmulas 68 (que consagra a inclusão do antigo ICM na base de cálculo do PIS) e também 94 (que consagra a inclusão do ICMS na base de cálculo do antigo Finsocial) do STJ. Nele o Min. Ilmar Galvão, Relator, aponta as seguintes razões: Fl. 66DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902367/201214 Acórdão n.º 3802002.523 S3TE02 Fl. 114 7 Apesar de se referir ao antigo ICM, a discussão travada (assim como o raciocínio espelhado) remanesce atual, pelo que me valho dessas razões de decidir. Sem embargo, o fato de o ICMS ser tributo de repercussão jurídica não me parece promover diferenças relevantes para o deslinde da causa. A não cumulatividade é, ao fundo, uma sistemática de tributação, destinada a atender a um propósito particular de política econômica, com o fito de evitar a verticalização da cadeia produtiva. Assim leciona Alcides Jorge Costa em O ICM na Constituição e na Lei Complementar (Ed. Resenha Tributária, São Paulo, 1978). Entender que o ICMS, por ser de repercussão jurídica, não significa receita própria, implica conseqüências tão graves no âmbito daquele tributo, que é mesmo incogitável admitir isso para o PIS e a COFINS. Apenas à guisa de ilustração, trago outro exemplo, além da inclusão do ICMS na própria base de cálculo (que teria que ser revista, pois perderia sua razão de ser), que a inadimplência teria reflexos diametralmente opostos no ICMS se ele fosse considerado receita de terceiros. Esses reflexos, que podem ser suscitados como marginais ao PIS e à COFINS, em verdade guardam íntima relação com essas contribuições. Basta ver que, se o contribuinte considera que o ICMS é receita de terceiros, teria que observar todos os reflexos contábeis decorrentes disso – inclusive lançando a parcela de ICMS do seu preço em conta contábil própria, de receita de terceiros. De um modo ou de outro, seja do ponto de vista legal, de finalidade das normas, ou mesmo contábil, as próprias raízes do ICMS impedem que ele seja considerado receita de terceiros. E isso, em sede de PIS e COFINS, não pode ser considerado distinto, sob pena de instabilidade e insegurança jurídica absoluta. Os conceitos devem ser trabalhados de maneira uniforme. Por isso mesmo, no que toca os fundamentos do seu pedido de restituição, nego provimento ao Recurso Voluntário. Da ausência de comprovação da materialidade do crédito Ultrapassada a questão acima, o exame da materialidade do crédito do sujeito passivo também não resiste a uma análise mais acurada. Fl. 67DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 Apesar de o despacho decisório afirmar que o crédito argüido pelo sujeito passivo foi integralmente utilizado para pagamento de outros débitos, a Recorrente não demonstrou, por meio de documentos hábeis, que o montante pleiteado referese ao ICMS incluído de modo (a seu ver) indevido na base de cálculo do PIS e da COFINS. Isso se verificou na manifestação de inconformidade e também no presente Recurso Voluntário. Ora, o processo administrativo tributário em si é regido pelo princípio da verdade material, que busca, mais do que qualquer formalismo, a essência do que é levado a revisão administrativa. Assim é que, no que tange ao pedido de restituição, é de responsabilidade do sujeito passivo demonstrar, mediante a apresentação de provas hábeis e idôneas, a composição e a existência do crédito pleiteado junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas (i) sua legitimidade e (ii) a materialidade do seu crédito, para os fins do art. 165 do CTN. Neste espeque, a Recorrente, mesmo instada a tanto pela DRJ, não acostou aos autos documentação suficiente para comprovação de que efetivamente o crédito pleiteado se refere à inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Reiterese aqui, que no rito do processo de análise de pedidos de restituição, o sujeito passivo deve demonstrar a materialidade de seu crédito. Vale repisar que, diferentemente do processo de revisão do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco (demonstrando cabalmente as razões pelas quais o tributo deve ser exigido), no pedido de compensação o contribuinte deve demonstrar as razões pelas quais ele deve ser restituído no montante pleiteado. Assim sendo, não há nos autos fundamentos que legitimem a restituição pleiteada pela Recorrente, de modo que deve ser negado provimento ao presente Recurso Voluntário, não se reconhecendo o crédito requerido. Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Fl. 68DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10865.000451/2007-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006
DEPÓSITOS BANCÁRIOS OMISSÃO DE RENDIMENTOS PRESUNÇÃO ART. 42 DA LEI Nº 9.430/1.996.
Na presunção de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada, prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/1.996, é imprescindível a prévia intimação do contribuinte para comprovação da origem dos recursos, acompanhada de planilha identificando, de forma individualizada, os créditos cuja origem deve ser comprovada. Não supre esta necessidade a intimação genérica, no início da ação fiscal, para apresentação de extratos e comprovação da origem dos créditos bancários, porquanto ausente a prévia análise individualizada dos créditos determinada pela norma. Ausente um destes pressupostos, a presunção se afasta da legalidade, não podendo prosperar o lançamento dela decorrente.
Recurso de ofício negado.
Numero da decisão: 2202-002.769
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Presidente e Relator
Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Antonio Lopo Martinez, Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior e Fabio Brun Goldschmidt.
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201408
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006 DEPÓSITOS BANCÁRIOS OMISSÃO DE RENDIMENTOS PRESUNÇÃO ART. 42 DA LEI Nº 9.430/1.996. Na presunção de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada, prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/1.996, é imprescindível a prévia intimação do contribuinte para comprovação da origem dos recursos, acompanhada de planilha identificando, de forma individualizada, os créditos cuja origem deve ser comprovada. Não supre esta necessidade a intimação genérica, no início da ação fiscal, para apresentação de extratos e comprovação da origem dos créditos bancários, porquanto ausente a prévia análise individualizada dos créditos determinada pela norma. Ausente um destes pressupostos, a presunção se afasta da legalidade, não podendo prosperar o lançamento dela decorrente. Recurso de ofício negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10865.000451/2007-13
anomes_publicacao_s : 201409
conteudo_id_s : 5379108
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2202-002.769
nome_arquivo_s : Decisao_10865000451200713.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : Antonio Lopo Martinez
nome_arquivo_pdf_s : 10865000451200713_5379108.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Presidente e Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Antonio Lopo Martinez, Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior e Fabio Brun Goldschmidt.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 14 00:00:00 UTC 2014
id : 5613795
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:28:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047033468682240
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1744; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10865.000451/200713 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 2202002.769 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 14 de agosto de 2014 Matéria IRPF Recorrente CLOVIS MENEGHEL Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006 DEPÓSITOS BANCÁRIOS OMISSÃO DE RENDIMENTOS PRESUNÇÃO ART. 42 DA LEI Nº 9.430/1.996. Na presunção de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada, prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/1.996, é imprescindível a prévia intimação do contribuinte para comprovação da origem dos recursos, acompanhada de planilha identificando, de forma individualizada, os créditos cuja origem deve ser comprovada. Não supre esta necessidade a intimação genérica, no início da ação fiscal, para apresentação de extratos e comprovação da origem dos créditos bancários, porquanto ausente a prévia análise individualizada dos créditos determinada pela norma. Ausente um destes pressupostos, a presunção se afasta da legalidade, não podendo prosperar o lançamento dela decorrente. Recurso de ofício negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 04 51 /2 00 7- 13 Fl. 4488DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 06/09/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Presidente e Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Antonio Lopo Martinez, Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior e Fabio Brun Goldschmidt. Fl. 4489DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 06/09/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10865.000451/200713 Acórdão n.º 2202002.769 S2C2T2 Fl. 3 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, CLOVIS MENEGHEL, foi lavrado Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física, 28/03/2.007, o Auto de Infração de fls. 6 a 12, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercícios 2.003, 2.004, 2.005 e 2.006 (anos calendário 2.002, 2.003, 2.004 e 2.005, respectivamente), por intermédio do qual lhe é exigido crédito tributário, no montante de R$ 5.266.521,39, dos quais R$ 2.453.479,88 correspondem a imposto, R$ 1.840.109,90, a multa proporcional, e R$ 972.931,61, a juros de mora, calculados até 28/02/2.007. Conforme Termo de Verificação Fiscal (fls. 13 a 71) e Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 7), o procedimento teve origem na apuração da seguinte infração: OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados, durante os meses dos anos calendário 2.002, 2.003, 2.004 e 2.005, em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Cientificado do Auto de Infração em 10/04/2.007 (fl. 1.221), o contribuinte apresentou, em 10/05/2.007, a impugnação de fls. 1.224 a 1.291, acompanhada dos documentos de fls. 1.292 a 1.394, 1.398 a 1.595, 1.600 a 1.771, 1.957 a 1.975, 1.980 a 2.107, 2.108 a 2.177 e 2.181 a , 2.280, alegando, em síntese, que: DA METODOLOGIA E DO TRABALHO FISCAL PARA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO a Autoridade Administrativa agiu com absoluta presunção, ignorando documentos e informações prestadas oportunamente pelo impugnante, no que tange à movimentação financeira das contas correntes nºs 90.0508 e 8451, mantidas junto ao Banco Bradesco S/A, agências 02151 e 36145, ambas de AmericanaSP, e, também, os recursos advindos das alienações de bens e direitos devidamente declaradas, bem como as transferências havidas entre contas da mesma titularidade; em anexo à peça impugnatória constam 2 (duas) pastas contendo fichas de movimento de caixa da empresa TASATinturaria Americana S/A, com a descrição dos valores recebidos e das despesas efetuadas, além de cópias das declarações de rendimentos do impugnante, comprovando a origem dos recursos movimentados nas contascorrentes; o Fisco ignorou todos os demais documentos apresentados, que comprovavam a movimentação financeira de R$ 1.926.516,30, sendo R$ 1.789.600,12, no ano calendário 2.003, e R$ 136.916,23, no ano calendário 2.004, de titularidade da pessoa jurídica TASATinturaria Americana S/A, bem como desconsiderou os valores oportunamente declarados pelo Fl. 4490DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 06/09/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 contribuinte, as alienações de bens e direitos havidas nos anos calendário fiscalizados, não promovendo, ainda, para apuração de eventual lançamento complementar, a dedução do imposto de renda retido na fonte ou aquele oportunamente pago pelo impugnante na declaração de ajuste anual; com isto, o Fisco quer fazer crer que a receita tributável e nãotributável oportunamente declaradas, ou a movimentação da atividade rural e patrimonial promovida pelo recorrente nos anos calendário 2.002 e 2.004 não circularam pelas contas correntes fiscalizadas, indução essa demais frágil; portanto, o lançamento em foco é absolutamente nulo, por violação do princípio da estrita legalidade tributária, da capacidade contributiva, dos princípios da razoabilidade e da eficiência, além da violação de inúmeros preceitos e garantias constitucionais previstas na Constituição Federal; DA PRELIMINAR DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE, ANTE A UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTOS OBTIDOS DE FORMA ILÍCITA houve, na presente autuação, nítida violação do princípio da legalidade e da garantia individual do sigilo bancário, uma vez que o Auditor Fiscal, sem qualquer autorização judicial, promoveu a quebra do sigilo bancário do impugnante, solicitando às instituições financeiras a apresentação dos extratos de movimentação financeira existentes (reproduz o art. 5º, incisos II e XII, e o art. 37, todos da CF, e menciona o art. 42 da Lei nº 9.430/1.996); a autorização legal de acesso a informações bancárias por parte da Autoridade Administrativa limitase à fiscalização do regular pagamento da CPMF e, ultrapassado esse limite, a inconstitucionalidade é patente não há que se utilizar o disposto no art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/1.996que trata da preservação, por parte da Secretaria da Receita Federal do sigilo das informações prestadas uma vez que todos os atos foram praticados sem a prévia autorização do Poder Judiciário, violando as disposições do art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal; o sigilo bancário, por encontrar abrigo nas disposições do art. 5º, incisos X e XII da Constituição Federal, que trata das garantias e direitos individuais é cláusula pétrea protegida pelo art. 60, § 4º, IV, do Texto Constitucional, não sendo suscetível de ser abolida nem mesmo por Emenda Constitucional (reproduz Doutrina e Jurisprudência); fica evidente, assim, que os documentos que embasaram o lançamento em análise foram obtidos de forma ilícita, sem que houvesse justificativa comprovada da indispensabilidade da quebra do sigilo bancário, e, ainda, sem qualquer autorização do Poder Judiciário; DA VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE FORMAL ANTE A INDICAÇÃO DO LOCAL DA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO nos termos do art. 10, “caput”, do Decreto nº 70.235/1.972, o auto de infração será lavrado no local da verificação da falta, conduzindo tal disposição ao entendimento de que os autos Fl. 4491DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 06/09/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10865.000451/200713 Acórdão n.º 2202002.769 S2C2T2 Fl. 4 5 deveriam ser lavrados no estabelecimento do contribuinte, local onde, supostamente, teria ocorrido a infração à legislação do” IRPJ” (entendase IRPF) tal preceito, no entanto, não foi respeitado pelo Agente Fiscal, posto que os autos foram lavrados na Sede da delegacia da Receita Federal em Limeira, sendo remetidos ao impugnante via correio, o que afronta o princípio da legalidade, consagrado e assegurado pelo art. 96, do CTN e pelos arts. 37, caput, e 5º inciso II, da Constituição Federal, sendo a autuação nula de pleno direito (reproduz Doutrina); DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA ANTE A NOTIFICAÇÃO EXPRESSA PARA COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS OBJETOS DA AUTUAÇÃO em afronta aos arts.. 5º, incisos LIV e LV, e 150, I, todos da CF e ao art. 42 da Lei nº 9.430/1.996, o impugnante, em nenhum momento, foi intimado a apresentar justificativa para a movimentação financeira das importâncias informadas pelo Banco Alvorada S/A, Banco do Estado de São Paulo S/A, Banco Santander Brasil S/A, Banco do Brasil S/A e HSBC Bank Brasil S/A, sendolhe solicitado, apenas, a apresentação dos extratos de movimentação bancária nas citadas Instituições Financeiras, sem indicar qual o montante movimentado em cada uma delas e, como inexistiam tais extratos bancários, não tinha qualquer informação que lhe permitisse promover a comprovação hábil e idônea dos referidos depósitos; o princípio da estrita legalidade impunha à Autoridade Fiscal que apresentasse ao contribuinte os extratos de movimentação bancária apresentados pelas Instituições Financeiras, com a finalidade de cientificálo das informações disponibilizadas, permitindo que fossem comprovadas as origens dos recursos recebidos, se de sua titularidade ou não, fato que não ocorreu, o que caracterizou cerceamento do direito à ampla defesa e ao devido processo legal, preceitos constitucionais que devem ser observados em qualquer procedimento, seja judicial, seja administrativo (reproduz Doutrina); no caso em análise, a violação dos princípios e garantias constitucionais foi patente, já que não houve análise individualizada dos crédito em contas correntes, considerados para a composição da base de cálculo da obrigação tributária em foco, como exigem as disposições do art. 42 da Lei nº 9.430/1.996, reproduzidas pela Instrução Normativa nº 246/2.002, mesmo porque desconhecidos do impugnante; a ausência da análise individualizada dos valores lançados na base de cálculo da obrigação tributária pode ser verificada no próprio Termo de verificação Fiscal, onde a Autoridade Fiscal demonstra que se utilizou de rendimentos auferidos em aplicações financeiras para composição da movimentação financeira mensal e apuração do Imposto sobre a Renda, sendo cediço que os rendimentos decorrentes de aplicações financeiras sofrem tributação exclusiva na fonte, não podendo ser considerados na composição da base de cálculo do IRPF, quer Fl. 4492DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 06/09/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 pela sua natureza, quer pela vedação expressa contida no art. 42 da Lei nº 9.430/1.996; evidente, portanto, o cerceamento do direito de defesa do contribuinte, ante a ausência de intimação com a indicação individualizada dos depósitos bancários efetuados nas citadas contas correntes, para que houvesse possibilidade de comprovação hábil e idônea da origem dos recursos, ficando manifesta a nulidade da autuação pela afronta aos princípios da ampla e irrestrita defesa e do devido processo legal; DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO E IMPOSIÇÃO DE MULTA PELA VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA, DA SEGURANÇA JURÍDICA E DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA EFICIÊNCIA DOS ATOS ADMINISTRATIVOS no caso em análise, a presunção da Autoridade Fiscal deve ser afastada por absoluta ausência de comprovação documental ou fática de que os recursos movimentados nas contas correntes do contribuinte representam a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza (reproduz os arts. 5º, inciso II e 37, todos da CF, bem com o Doutrina); DA NULIDADE DO LANÇAMENTO DECORRENTE DA PRESUNÇÃO DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA na autuação em análise, A Autoridade Fiscal não comprovou que nenhum dos recursos depositados em conta corrente do impugnante enquadravase na conceituação de renda trazida no inciso I, do art. 43 do CTN, não havendo, ainda, nenhuma demonstração de que os depósitos havidos em suas contas correntes representavam acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito de renda (reproduz o art. 42 da Lei nº 9.430/1.996, o art. 112 do CTN, bem como Doutrina e Jurisprudência); DA ILEGALIDADE DA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO EXIGIDO a irregularidade da apuração da base de cálculo é medida pela utilização integral dos valores depositados em contas correntes do impugnante, sem qualquer dedução dos valores já oferecidos à tributação na declaração de ajuste anual simplificada, oportunamente apresentada pelo impugnante, ou, ainda, aqueles decorrentes da venda ou movimentação de bens integrantes da declaração de bens e direitos (reproduz os arts. 43, 44 e 45 do CTN, bem como Doutrina e Jurisprudência); DA ILEGALIDADE DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO ANTE O EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL PELO IMPUGNANTE A Autoridade Fiscal não cuidou de por à mostra a origem das receitas tidas como omitidas pelo impugnante, não podendo se concluir que não fossem decorrentes do exercício da atividade rural, nem mesmo se pode afirmar que sejam decorrentes do exercício de outra atividade (reproduz Doutrina e Jurisprudência); DA ABUSIVIDADE DA MULTA PUNITIVA IMPOSTA a multa de 75% é desmedida e abusiva, com nítida conotação confiscatória, violando os preceitos contidos no art. 150, inciso Fl. 4493DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 06/09/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10865.000451/200713 Acórdão n.º 2202002.769 S2C2T2 Fl. 5 7 IV, da CF (reproduz Doutrina, o art. 145 da CF, o art. 106 do CTN, bem como Jurisprudência); REQUERIMENTOS em face do exposto requer: a) a prestação, por parte da Autoridade Administrativa, das necessárias informações acerca da lavratura do auto de infração, com as dilações probatórias que se impõem; b) acolhimento da preliminar de nulidade do lançamento ante a utilização de documentos obtidos de forma ilícita; c) acolhimento da preliminar de nulidade formal do lançamento ante a violação das disposições do Decreto nº 70.235/1.972; d) acolhimento da preliminar de nulidade do lançamento tributário em virtude do cerceamento do direito de defesa e do devido processo legal, face a ausência de intimação com a descrição pormenorizada dos depósitos considerados como receita omitida; e) acolhimento da preliminar de nulidade do lançamento tributário ante a evidente violação do princípio da legalidade tributária material, vez que não restou demonstrado o nexo causal entre os depósitos havidos em conta corrente e a aquisição de disponibilidade jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza. se superadas as questões preliminares, sejam acolhidas as razões de mérito, para decretar a improcedência do auto de infração, lastreada nos seguintes fundamentos: 1) ilegalidade na apuração da base de cálculo, determinandose: 1.1) exclusão dos valores movimentados em contacorrente do impugnante, mas contabilizados pela empresa Tinturaria Americana S/ATASA; 1.2) exclusão dos valores oportunamente declarados e resultantes da venda de bens e direitos; 1.3) violação da capacidade contributiva e da alteração do conceito de renda; 2) aplicação das disposições do art. 112 do CTN para exigência do IRPF decorrente do exercício de atividade rural; 3) redução da multa aplicada. protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidas, especialmente pela realização de perícia técnica contábil para apurar a regularidade da comprovação da movimentação financeira da conta corrente nº 8451, mantida no Banco Bradesco S/A, agência 3614, AmericanaSP; que os depósitos realizados na data de 02 de janeiro de 2.003 e 02 de janeiro de 2.004 referem se a valores sacados pelo impugnante nos exercícios anteriores, e, ainda, para comprovar o exercício da atividade rural pelo contribuinte. A DRJ julgou o lançamento improcedente pois teria existido nulidade no lançamento, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário: 2002,2003,2004,2005 DEPÓSITOS BANCÁRIOS OMISSÃO DE RENDIMENTOS PRESUNÇÃO ART. 42 DA LEI Nº 9.430/1.996 PRESSUPOSTOS DE APLICABILIDADE DA NORMA PRESUNTIVA Fl. 4494DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 06/09/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 NECESSIDADE DE PRÉVIA INTIMAÇÃO PARA COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS CRÉDITOS BANCÁRIOS ACOMPANHADA DE ANÁLISE INDIVIDUALIZADA DESSES CRÉDITOS. A aplicabilidade de uma presunção legal está adstrita à observação, pela Autoridade Fiscal, de todos os pressupostos previstos na lei. Isto se traduz na necessidade de comprovação de todos os fatos base e de observação de todas as formalidades indicados pela norma como requisitos necessários para conclusão da ocorrência do fato presumido. Na presunção de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada, prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/1.996, é imprescindível a prévia intimação do contribuinte para comprovação da origem dos recursos, acompanhada de planilha identificando, de forma individualizada, os créditos cuja origem deve ser comprovada. Não supre esta necessidade a intimação genérica, no início da ação fiscal, para apresentação de extratos e comprovação da origem dos créditos bancários, porquanto ausente a prévia análise individualizada dos créditos determinada pela norma. Ausente um destes pressupostos, a presunção se afasta da legalidade, não podendo prosperar o lançamento dela decorrente. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado A autoridade julgadora recorre de ofício da decisão. É o relatório. Fl. 4495DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 06/09/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10865.000451/200713 Acórdão n.º 2202002.769 S2C2T2 Fl. 6 9 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso de ofício atende aos pressupostos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. A autoridade de primeira instância julgou a lançamento improcedente pois no seu entendimento não houve a regular intimação do contribuinte:. Assim se manifesta a autoridade de primeiro instância: 13. No caso em análise, a Autoridade Fiscal, por intermédio do “Termo de Início de Ação Fiscal e Intimação” (fl. 72), com recebimento datado de 03/10/2.006 (fl. 73), e do “Termo de Prosseguimento da Ação Fiscal e Intimação” (fl. 74), com recebimento em 10/11/2.006 (fl. 75), requisitou do contribuinte, além dos extratos bancários que deram origem à movimentação financeira, no período de 01 de janeiro de 2.002 a 31 de dezembro de 2.005, no Banco Alvorada S/A, no Banco Bradesco S/A, no Banco BCN, no Banespa, no Banco Santander, no Banco do Brasil e no HSBC Bank BrasilBanco Múltiplo, documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, para comprovar a origem dos recursos depositados nas citadas contas bancárias. 14. Não logrando êxito nas supracitadas intimações, a Autoridade Fiscal obteve os extratos bancários mediante requisição junto às mencionadas Instituições Financeiras (fls. 102 a 206, 210 a 499, 503 a 703, 707 a 946 e 950 a 1.027) e, após a obtenção destes extratos, elaborou os demonstrativos de “Depósitos/Créditos de Origens Não Comprovadas” (fls. 14 a 69), parte integrante do “Termo de Verificação de Infração” (fls. 13 a 71) e, com base nos créditos identificados e individualizados, lavrou o correspondente Auto de Infração (fls. 6 a 12), onde apurou omissão de rendimentos com base na presunção legal já examinada, considerando não comprovada a origem dos recursos utilizados nas operações bancárias. 15. Entretanto, não constam nos autos elementos que noticiem ter a Autoridade Fiscal feito a análise individualizada de todos os depósitos bancários, nem, tampouco, que tenha sido feita intimação ao contribuinte contendo a discriminação individualizada dos créditos bancários, no sentido de que ele comprovasse sua origem. Pelo contrário, o “Termo de Verificação de Infração”, à fl. 13, informa terem sido efetuadas ao contribuinte somente duas intimações, em 03/10/2.006 e em 10/11/2.006, acima já mencionadas, ocasiões em que a Autoridade Fiscal, sequer, possuía os extratos bancários, não tendo conhecimento, ela própria, da natureza, dos valores e das datas dos créditos bancários envolvidos. 16. A intimação para que seja válida para os fins preconizados pela Lei nº 9.430/1.996 deve ser acompanhada de demonstrativo Fl. 4496DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 06/09/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 10 identificando, um a um, os créditos bancários. A exigência da análise individualizada prevista no parágrafo 3°, do art. 42 reproduzido acima é direcionada não somente ao contribuinte no ato da comprovação da origem, como também à Autoridade Fiscal. A intimação genérica sem a identificação dos créditos cujas origens dos recursos devem ser comprovadas não cumpre o pressuposto da norma e, dessa forma, não tem o condão de desencadear a presunção legal nela estabelecida. 17. No caso em questão, as intimações determinando ao contribuinte a comprovação da origem dos recursos envolvidos nas operações bancárias foram realizadas antes da Autoridade Fiscal ter acesso aos extratos bancários e não apresenta nenhuma relação de créditos identificados nas contascorrentes. 18. Assim, não há como considerar observados os pressupostos contidos na presunção legal de omissão de rendimentos de que trata o art. 42 da Lei nº 9.430/1.996, razão pela qual a sua aplicação restou prejudicada. Após apreciar os autos, não identifiquei as intimações as quais a autoridade recorrida apontou as sua ausência. Não há dúvida, que art. 42 da Lei nº 9.430/1.996 relaciona estes pressupostos, a saber: 1) identificação da titularidade da conta; 2) comprovação, por parte do Fisco, dos depósitos realizados; 3) análise individual desses depósitos por parte do Fisco; 4) intimação do titular e/ou cotitular da conta bancária para comprovar a origem de tais créditos; e 5) ausência de provas hábeis e idôneas apresentadas pelo contribuinte, no sentido de comprovar a origem dos créditos bancários. A falta de um destes pressupostos é suficiente para que a presunção se afaste da legalidade. Não sendo legal, o lançamento dela decorrente não pode prosperar. Uma vez que não está demonstrado nos autos a intimação do titular para comprovar a origem de tais créditos, não há como manter o lançamento. Ante ao exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 4497DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 06/09/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 10935.902403/2012-40
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Sep 19 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/01/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE.
Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
Numero da decisão: 3802-002.558
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano DAmorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Bruno Maurício Macedo Curi - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
O conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201403
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 15/01/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Sep 19 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10935.902403/2012-40
anomes_publicacao_s : 201409
conteudo_id_s : 5380224
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Sep 19 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3802-002.558
nome_arquivo_s : Decisao_10935902403201240.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
nome_arquivo_pdf_s : 10935902403201240_5380224.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano DAmorim - Presidente. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. O conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
id : 5619843
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:28:22 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047033483362304
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1782; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 121 1 120 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10935.902403/201240 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3802002.558 – 2ª Turma Especial Sessão de 25 de março de 2014 Matéria PIS/PASEP Recorrente JUMBO ALIMENTOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/01/2007 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. DESCABIMENTO. Diante das regras vigentes, não é cabível pedido de restituição de PIS/PASEP que tenha por base a alegação de recolhimento a maior por inclusão do ICMS na base de cálculo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/01/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 24 03 /2 01 2- 40 Fl. 60DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano D’Amorim Presidente. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Relator. Participaram da sessão de julgamento os Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. O conselheiro Solon Sehn declarouse impedido. Relatório O contribuinte JUMBO ALIMENTOS LTDA. interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0642.708, proferido em primeira instância pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba/PR, que julgou improcedente o direito creditório pleiteado pelo sujeito passivo em sede de manifestação de inconformidade, rejeitandoa. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: “Trata o processo de Despacho Decisório emitido pela DRF Cascavel/PR, em 01/08/2012, que indeferiu o pedido de restituição formulado por meio do Per/Dcomp nº 06510.08980.161107.1.2.042193, rastreamento nº 029224968, devido à inexistência de crédito pleiteado de R$ 7.186,53, uma vez que o pagamento de PIS/PASEP (Código 6912), do período de 31/12/2006, efetuado em 15/01/2007, estaria totalmente utilizado na extinção, por pagamento, de débito da contribuinte do mesmo fato gerador. Cientificada da decisão em 13/08/2012, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da cobrança do PIS e da Cofins sem a exclusão do ICMS da base de cálculo. Diz que o conceito de faturamento trazido pela Lei nº 9.718, de 1998, não pode ser elastecido a ponto de abarcar o conceito de “ingresso”, por isso, o ICMS não integra a base de cálculo das contribuições, por se tratar de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF tem entendido que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo do PIS e da Cofins. Dessa forma, solicita que os créditos sejam restituídos, acrescidos de juros de mora, desde seu pagamento indevido até a data da restituição/compensação. É o relatório.” Indeferida a manifestação de inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a improcedência do direito creditório na forma da ementa que segue: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 15/01/2007 Fl. 61DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902403/201240 Acórdão n.º 3802002.558 S3TE02 Fl. 122 3 COFINS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO EM PER/DCOMP. Inexistindo o direito creditório informado em PER/DCOMP, é de se indeferir o pedido de restituição apresentado. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS/Pasep e à Cofins, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando for cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. CONTESTAÇÃO DE VALIDADE DE NORMAS VIGENTES. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. Compete à autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, às quais não se pode, em âmbito administrativo, negar validade sob o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada acerca da decisão exarada pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. Da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS A Recorrente alega que possui direito de crédito amparada no fato de que incluiu, quando de sua apuração do PIS e da COFINS, o ICMS em sua base de cálculo; e que tal inclusão seria indevida, de modo que merece ser proporcionalmente restituída do montante decorrente desse procedimento. De início vale destacar que, ao invés de questionar a constitucionalidade da regra (o que levaria ao não conhecimento do presente Recurso), o contribuinte cerra sua discussão na extensão do conceito de faturamento – o que, na esteira da decisão proferida pelo STF no RE 346084, no qual se afastou a tributação sobre a receita bruta e se limitou ao faturamento, assim entendido como as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e prestações de serviços. Desse modo, o recurso é passível de conhecimento. Fl. 62DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Além disso, por mais que esteja sujeita ao regime não cumulativo do PIS e da COFINS, por entender que o conceito de faturamento deve ser apenas um (pois, independente do regime de tributação, temse em verdade dois únicos tributos, PIS e COFINS), comungo com o pressuposto de que o conceito de faturamento adotado com relação à lei 9.718 deve ser o mesmo válido também para os regimes das leis 10.637/2002 e 10.833/2003. A Recorrente fundamenta seu pleito defendendo que o ICMS não seria receita própria do sujeito passivo, o que implicaria na seguinte situação: Para tanto, espelhase em doutrina e em julgados que entendem que o ICMS não se enquadra no conceito de faturamento, por não representar vantagem do sujeito passivo, mas apenas receitas de terceiros. A DRJ, todavia, não acolheu o entendimento da Recorrente, pelo singelo fato de que as normas vigentes – às quais o julgador administrativo está adstrito – impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Assim dispôs a decisão recorrida: “Pela manifestação de inconformidade apresentada, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência revisão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, já que esse valor, ainda que assim não entenda a interessada, é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário, consoante se depreende da leitura dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998: (...)” Entendo que a DRJ está correta em suas considerações, apesar de uma pequena impropriedade ao se referir à lei 9.718/98 – pois o direito creditório decorre de PIS e COFINS recolhidos pela sistemática não cumulativa. As normas de direito vigentes, às quais o CARF está vinculado, impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Nesse sentido, vejase o que dispõem as leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que em matéria de ICMS autorizam a dedução somente no caso de exportação: Lei 10.637/2002 “Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: Fl. 63DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902403/201240 Acórdão n.º 3802002.558 S3TE02 Fl. 123 5 VII decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Lei 10.833/2003 “Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Logo, do ponto de vista normativo a Recorrente já não merece acolhida em seu pleito, ao menos no âmbito administrativo. E nem se diga que o conceito simples de faturamento, indicado no parágrafo 2o do artigo 1o das leis 10.637/2002 e10.833/2003, permitiria inferir que o ICMS incidente sobre as operações do próprio sujeito passivo, seria incompatível com a base de cálculo. Trata se de afastamento legal da base de cálculo, apenas para o caso excepcional do ICMS da exportação. E mesmo isso possui uma razão de ser, qual seja a desoneração das exportações. De todo modo, mesmo que se abstraia da letra fria das normas vigentes, ou se entenda que a dicção do inciso VI do § 3o do art. 1o das leis de regência da sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, entendo que não é cabível a exclusão do ICMS da base de cálculo dessas contribuições. E isso pela própria essência do ICMS. Desde que o STF entendeu, no RE 212209, que o ICMS compõe a própria base de cálculo, não restam dúvidas de que esse imposto integra o valor da operação. E não há, com a devida vênia a todos os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais trazidos pela Recorrente, condições de se decompor o valor da operação entre itens que integrariam sua receita, e outros (em especial, o ICMS) que implicariam receitas de terceiros. É o que se verifica, inclusive, do julgado do RE em tela, no qual o Ministro Marco Aurélio, relator, confrontou o Min. Nelson Jobim, redator para o Acórdão. Abaixo segue o questionamento e a resposta: Fl. 64DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Esse raciocínio foi acompanhado pelo STJ, o qual, nos Edcl no REsp no 1.413.129SP, firmou tal entendimento, conforme se verifica do aresto abaixo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. FUNGIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. CONTRADIÇÃO E AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL. AFASTAMENTO. "Não procede ainda a afirmação de que a matéria de fundo é exclusivamente constitucional, pois o STJ conhece reiteradamente da questão e possui firme orientação de que a parcela relativa ao ICMS compõe a base de cálculo do PIS e da Cofins (Súmulas 68 e 94/STJ). Precedentes atuais: AgRg no REsp 1.106.638/RO, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 15/5/2013; REsp 1.336.985/MS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8/2/2013; AgRg no REsp 1.122.519/SC, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe 11/12/2012" (AgRg no Ag 1301160/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12/6/2013). A propósito, valhome do Acórdão proferido no RESP 8.541, o qual serviu como paradigma para as Súmulas 68 (que consagra a inclusão do antigo ICM na base de cálculo do PIS) e também 94 (que consagra a inclusão do ICMS na base de cálculo do antigo Finsocial) do STJ. Nele o Min. Ilmar Galvão, Relator, aponta as seguintes razões: Fl. 65DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902403/201240 Acórdão n.º 3802002.558 S3TE02 Fl. 124 7 Apesar de se referir ao antigo ICM, a discussão travada (assim como o raciocínio espelhado) remanesce atual, pelo que me valho dessas razões de decidir. Sem embargo, o fato de o ICMS ser tributo de repercussão jurídica não me parece promover diferenças relevantes para o deslinde da causa. A não cumulatividade é, ao fundo, uma sistemática de tributação, destinada a atender a um propósito particular de política econômica, com o fito de evitar a verticalização da cadeia produtiva. Assim leciona Alcides Jorge Costa em O ICM na Constituição e na Lei Complementar (Ed. Resenha Tributária, São Paulo, 1978). Entender que o ICMS, por ser de repercussão jurídica, não significa receita própria, implica conseqüências tão graves no âmbito daquele tributo, que é mesmo incogitável admitir isso para o PIS e a COFINS. Apenas à guisa de ilustração, trago outro exemplo, além da inclusão do ICMS na própria base de cálculo (que teria que ser revista, pois perderia sua razão de ser), que a inadimplência teria reflexos diametralmente opostos no ICMS se ele fosse considerado receita de terceiros. Esses reflexos, que podem ser suscitados como marginais ao PIS e à COFINS, em verdade guardam íntima relação com essas contribuições. Basta ver que, se o contribuinte considera que o ICMS é receita de terceiros, teria que observar todos os reflexos contábeis decorrentes disso – inclusive lançando a parcela de ICMS do seu preço em conta contábil própria, de receita de terceiros. De um modo ou de outro, seja do ponto de vista legal, de finalidade das normas, ou mesmo contábil, as próprias raízes do ICMS impedem que ele seja considerado receita de terceiros. E isso, em sede de PIS e COFINS, não pode ser considerado distinto, sob pena de instabilidade e insegurança jurídica absoluta. Os conceitos devem ser trabalhados de maneira uniforme. Por isso mesmo, no que toca os fundamentos do seu pedido de restituição, nego provimento ao Recurso Voluntário. Da ausência de comprovação da materialidade do crédito Ultrapassada a questão acima, o exame da materialidade do crédito do sujeito passivo também não resiste a uma análise mais acurada. Fl. 66DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 Apesar de o despacho decisório afirmar que o crédito argüido pelo sujeito passivo foi integralmente utilizado para pagamento de outros débitos, a Recorrente não demonstrou, por meio de documentos hábeis, que o montante pleiteado referese ao ICMS incluído de modo (a seu ver) indevido na base de cálculo do PIS e da COFINS. Isso se verificou na manifestação de inconformidade e também no presente Recurso Voluntário. Ora, o processo administrativo tributário em si é regido pelo princípio da verdade material, que busca, mais do que qualquer formalismo, a essência do que é levado a revisão administrativa. Assim é que, no que tange ao pedido de restituição, é de responsabilidade do sujeito passivo demonstrar, mediante a apresentação de provas hábeis e idôneas, a composição e a existência do crédito pleiteado junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas (i) sua legitimidade e (ii) a materialidade do seu crédito, para os fins do art. 165 do CTN. Neste espeque, a Recorrente, mesmo instada a tanto pela DRJ, não acostou aos autos documentação suficiente para comprovação de que efetivamente o crédito pleiteado se refere à inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Reiterese aqui, que no rito do processo de análise de pedidos de restituição, o sujeito passivo deve demonstrar a materialidade de seu crédito. Vale repisar que, diferentemente do processo de revisão do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco (demonstrando cabalmente as razões pelas quais o tributo deve ser exigido), no pedido de compensação o contribuinte deve demonstrar as razões pelas quais ele deve ser restituído no montante pleiteado. Assim sendo, não há nos autos fundamentos que legitimem a restituição pleiteada pela Recorrente, de modo que deve ser negado provimento ao presente Recurso Voluntário, não se reconhecendo o crédito requerido. Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Fl. 67DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 13646.000292/2003-98
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 20 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 04 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1998 a 01/06/1998
NORMAS PROCESSUAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO OU OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
A não configuração das hipóteses previstas no art. 65 do Regimento Interno do CARF impede o acolhimento dos embargos de declaração. Inexistência de omissão, contradição ou obscuridade.
Embargos Rejeitados
Numero da decisão: 3801-004.174
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar os embargos de declaração nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201408
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/1998 a 01/06/1998 NORMAS PROCESSUAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO OU OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. A não configuração das hipóteses previstas no art. 65 do Regimento Interno do CARF impede o acolhimento dos embargos de declaração. Inexistência de omissão, contradição ou obscuridade. Embargos Rejeitados
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Sep 04 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 13646.000292/2003-98
anomes_publicacao_s : 201409
conteudo_id_s : 5374489
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Sep 04 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3801-004.174
nome_arquivo_s : Decisao_13646000292200398.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : SIDNEY EDUARDO STAHL
nome_arquivo_pdf_s : 13646000292200398_5374489.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar os embargos de declaração nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente).
dt_sessao_tdt : Wed Aug 20 00:00:00 UTC 2014
id : 5597868
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:27:17 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047033500139520
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1727; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 2 1 1 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13646.000292/200398 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3801004.174 – 1ª Turma Especial Sessão de 20 de agosto de 2014 Matéria Decadência Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado PRESCISMEC PRECISÃO MECANICA IND. E COM. LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1998 a 01/06/1998 NORMAS PROCESSUAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO OU OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. A não configuração das hipóteses previstas no art. 65 do Regimento Interno do CARF impede o acolhimento dos embargos de declaração. Inexistência de omissão, contradição ou obscuridade. Embargos Rejeitados Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar os embargos de declaração nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 64 6. 00 02 92 /2 00 3- 98 Fl. 163DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13646.000292/200398 Acórdão n.º 3801004.174 S3TE01 Fl. 3 2 Relatório A Fazenda Nacional, por intermédio de seu procurador, com fulcro no art. 65, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, opõe embargos de declaração em face do Acórdão n° 3801002.060, proferido pela Primeira Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento do CARF. Alega que a Turma acolheu a decadência, todavia resta obscura a forma de contagem do prazo decadencial, notadamente o termo inicial. Argumenta que o colegiado não se manifestou expressamente sobre a existência de pagamento parcial, entendendo apenas genericamente que o prazo de cinco anos já havia transcorrido. Ademais, sustenta que a questão mostrase mais complexa do que entendeu a Turma, haja vista a presença de algumas peculiaridades. Primeiro, o caso concreto trata da lavratura de auto de infração contra o qual o contribuinte apresenta impugnação sob o fundamento de extinção do crédito da Fazenda tendo em vista a compensação com créditos de PIS pago a maior em exercícios anteriores. Desse modo, a Colenda 1ª Turma Especial não se manifestou sobre eventual pagamento parcial pelo contribuinte, muito menos se a referida “compensação” equivaleria a “pagamento antecipado”, fatos imprescindíveis para a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN. Defende a tese de que para ser possível verificar a validade da compensação, devese analisar se o contribuinte efetuou a compensação mediante o procedimento correto, bem como se efetivamente comprovou a existência de crédito em face da Fazenda e se eles ainda não estavam atingidos pela decadência do art. 168, I, do CTN. Por fim, requereu que fossem conhecidos e providos os presentes Embargos de Declaração, a fim de que essa Colenda 1ª Turma Especial se manifeste expressamente sobre: a) a existência de “compensação” equivalente a “pagamento antecipado”, a justificar a contagem do prazo decadencial a partir do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4°, do CTN; b) a validade da compensação efetuada pelo contribuinte, diante do procedimento adotado, da efetiva comprovação do crédito decorrente de pagamento a maior em exercícios anteriores e incidência da decadência do art. 168, I, do CTN. Os embargos foram admitidos pelo Presidente da Turma. É o que importa relatar. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13646.000292/200398 Acórdão n.º 3801004.174 S3TE01 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, Conheço dos presentes embargos por tempestivos. Quanto ao termo inicial do prazo decadencial, pareceme que está clara a questão no referido acórdão, cujo trecho referente é o seguinte: O termo inicial da contagem do prazo deve ser extraído das alíneas “d” e “e” do item 48 do Parecer PGFN/CAT n.º 1.617, de 2008, de 1º de agosto, de 2008, assim expressas: d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplicase a regra do § 4º do art. 150 do CTN; E também nos termos do voto da Ministra Eliana Calmon no Recurso Especial n.º 512,840 – SP, com a seguinte ementa: TRIBUTÁRIO DECADÊNCIA LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO (ART. 150 § 4º E 173 DO CTN). 1. Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4o, do CNT). 2. Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN. 3. Em normais circunstâncias, não se conjugam os dispositivos legais. 4. Precedentes das Turmas de Direito Público e da Primeira Seção. 5. Recurso especial provido (...) O presente auto de infração se refere ao PIS do primeiro e segundo trimestres de 1998, cujo vencimento mais recente é o dia 15 de junho de 1998 (fls. 12). Fl. 165DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13646.000292/200398 Acórdão n.º 3801004.174 S3TE01 Fl. 5 4 Conforme pode ser constatado às fls. 16 a contribuinte foi cientificada dos autos em 02/07/2003, quando já havia decaído o direito da Fazenda de lançar. Além disso, a alegação da embargante de que a Turma não se pronunciou se a existência de “compensação” equivalente a “pagamento antecipado” não tem importância no presente processo. A turma não equivaleu compensação a pagamento no presente caso, mas constatou pagamento antecipado conforme consta das guias juntadas aos autos e o extrato constante às fls. 68, de modo que a discussão é desnecessária. Desse modo, tendo havido pagamento antecipado – não mediante compensação, mas por meio de efetivo pagamento – por um lado, o “pagamento mediante compensação” não é objeto de discussão e, por outro, o prazo decadencial se conta a partir da ocorrência do fato gerador. Assim, conforme apontado no acórdão embargado já havia em 02/07/2003, data em que foi cientificada a contribuinte, decaído o direito da Fazenda de lançar o PIS do primeiro e segundo trimestres de 1998, cujo vencimento mais recente foi o dia 15 de junho de 1998. Em decorrência do exposto as demais questões apontadas em embargos ficam superadas eis que derivam dessa primeira e indevida alegação. Nesse sentido, conheço dos embargos e os rejeito. É como voto. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator Fl. 166DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 13811.001548/2007-59
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Sep 05 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício:2004
NULIDADE. DEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO.
No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento não há que se falar em nulidade do ato em litígio.
Cabe ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, na atribuição do exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil em caráter privativo, no caso de verificação do ilícito, constituir o crédito tributário, cuja atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA.
A denúncia espontânea da infração acompanhada do pagamento do tributo devido e dos juros de mora exclui a responsabilidade do sujeito passivo pela penalidade pecuniária em função da inobservância da conduta prescrita na norma jurídica primária. A exteriorização de vontade não tem forma prevista em lei e alcança tão-somente o adimplemento o tributo sujeito ao lançamento por homologação que não esteja declarado à época e o recolhimento seja efetuado antes de qualquer procedimento fiscal.
Numero da decisão: 1803-002.329
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201408
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício:2004 NULIDADE. DEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO. No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento não há que se falar em nulidade do ato em litígio. Cabe ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, na atribuição do exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil em caráter privativo, no caso de verificação do ilícito, constituir o crédito tributário, cuja atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A denúncia espontânea da infração acompanhada do pagamento do tributo devido e dos juros de mora exclui a responsabilidade do sujeito passivo pela penalidade pecuniária em função da inobservância da conduta prescrita na norma jurídica primária. A exteriorização de vontade não tem forma prevista em lei e alcança tão-somente o adimplemento o tributo sujeito ao lançamento por homologação que não esteja declarado à época e o recolhimento seja efetuado antes de qualquer procedimento fiscal.
turma_s : Terceira Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Sep 05 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 13811.001548/2007-59
anomes_publicacao_s : 201409
conteudo_id_s : 5374932
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Sep 05 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1803-002.329
nome_arquivo_s : Decisao_13811001548200759.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : CARMEN FERREIRA SARAIVA
nome_arquivo_pdf_s : 13811001548200759_5374932.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 27 00:00:00 UTC 2014
id : 5598018
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:27:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047033529499648
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2114; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 187 1 186 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13811.001548/200759 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1803002.329 – 3ª Turma Especial Sessão de 27 de agosto de 2014 Matéria LUCRO PRESUMIDO Recorrente AES TIETE EMPREENDIMENTOS S/A (SUCESSORA COMPANHIA BRASILIANA DE ENERGIA) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício:2004 NULIDADE. DEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO. No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento não há que se falar em nulidade do ato em litígio. Cabe ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, na atribuição do exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil em caráter privativo, no caso de verificação do ilícito, constituir o crédito tributário, cuja atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A denúncia espontânea da infração acompanhada do pagamento do tributo devido e dos juros de mora exclui a responsabilidade do sujeito passivo pela penalidade pecuniária em função da inobservância da conduta prescrita na norma jurídica primária. A exteriorização de vontade não tem forma prevista em lei e alcança tãosomente o adimplemento o tributo sujeito ao lançamento por homologação que não esteja declarado à época e o recolhimento seja efetuado antes de qualquer procedimento fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 15 48 /2 00 7- 59 Fl. 191DF CARF MF Impresso em 05/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13811.001548/200759 Acórdão n.º 1803002.329 S1TE03 Fl. 188 2 Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva. Relatório Contra a Recorrente acima identificada foi lavrado o Auto de Infração às fls. 7177, com a exigência do crédito tributário no valor de R$253.108,30, em decorrência da falta de seu recolhimento da multa de mora pelo pagamento em 30.03.2007 da terceira quota do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) apurado pelo regime de tributação com base no lucro real devido no quarto trimestre do anocalendário de 2004, cujo vencimento era 31.03.2005. Esse débito de nº 338399640 está informado na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) nº 0000020061830272110 referente ao anocalendário de 2004, entregue em 12.12.2006, fl. 55. Somente o valor de R$2.949.980,29 de IRPJ e o valor de R$110.624,26 de juros de mora constam do Darf de fls. 77. Consta na Descrição dos Fatos: O presente Auto de Infração da realização de Auditoria Interna na(s) DCTF discriminadas [...], conforme INSRF n° 045 e 077/98. Foi(ram) constatada(s) irregularidade(s) no(s) crédito(s) vinculado(s) informado(s) na(s) DCTF, conforme indicada(s) no Demonstrativo de Créditos Vinculados não Confirmados (Anexo I), e/ou no "Relatório de Auditoria Interna de Pagamentos Informados na(s) DCTF" (Anexos la ou Ib), e /ou "Demonstrativo de Pagamentos Efetuados Após o Vencimento" (Anexos IIa ou llb), e/ou no "Demonstrativo do Crédito Tributário a Pagar" (Anexo III) e/ou no "Demonstrativo de Multa e/ou Juros a Pagar Não Pagos ou Pagos a Menor" (Anexo IV). [...] PAGAMENTO DE TRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO APÓS O VENCIMENTO, COM FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE ACRÉSCIMOS LEGAIS (Multa de Mora e/ou Juros de Mora parcial ou total), conforme Anexo IV"DEMONSTRATIVO DE MULTA E/OU JUROS A PAGAR NÃO PAGOS OU PAGOS A MENOR", em anexo. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 160 do Código Tributário Nacional, art. 43 e art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e art. 9º da Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002. Cientificada, a Recorrente apresentou a impugnação, fls. 0211, com as alegações a seguir sintetizadas. Tece esclarecimentos sobre os fatos suscitando: DOS FATOS A Impugnante é pessoa jurídica que tem como objeto social o exercício do controle acionário da empresa AES Tietê S.A., mediante a participação direta no capital social dessa empresa, sendo, dessa forma, contribuinte do Imposto de Renda. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 05/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13811.001548/200759 Acórdão n.º 1803002.329 S1TE03 Fl. 189 3 Em virtude de um equívoco em seus procedimentos fiscais de apuração e recolhimento de tributos, ao qual estão sujeitos todos os contribuintes, a Impugnante havia efetuado o pagamento a menor de valores devidos a título de Imposto de Renda Pessoa Jurídica ("IRPJ"), relativo ao anocalendário de 2004. Contudo, ao identificar essa insuficiência de recolhimento de IRPJ, a Impugnante — antes de qualquer procedimento fiscalizatório ou da retificação das correspondentes DCTF’s denunciou espontaneamente tais débitos às autoridades fiscais, nos termos do artigo 138 do Código Tributário Nacional. Para tanto, a Impugnante: (i) efetuou o recolhimento do débito acrescido apenas de juros de mora, conforme comprova DARF anexo [...]; (ii) apresentou petição formalizando a denúncia espontânea [...] e, por fim, (iii) retificou sua Declaração de Créditos e Débitos Tributários Federais ("DCTF"), na qual informou os valores efetivamente devidos e recolhidos a título de IRPJ. A despeito de ter cumprido com todos os requisitos para gozo do benefício da denúncia espontânea, a Impugnante foi surpreendida, no último dia 9 de abril, com o recebimento do auto de infração em exame, através do qual a fiscalização Federal exige o recolhimento da multa de mora calculada sobre os valores de IRPJ recolhidos em atraso. A Impugnante, entretanto, não pode jamais concordar com tal exigência, na medida em que o instituto da denúncia espontânea sabidamente existe para exonerar o contribuinte de boafé do pagamento de qualquer valor a título de multa sobre os créditos tributários integralmente pagos em atraso. É o que se passa a demonstrar. DO DIREITO Da denúncia espontânea O artigo 138 do Código Tributário Nacional introduziu no sistema tributário nacional o instituto da denúncia espontânea A leitura do dispositivo legal acima permite concluir, desde logo, que o Código Tributário Nacional visou incentivar os contribuintes, mediante a exclusão da aplicação de penalidades, a efetuarem espontaneamente o pagamento de tributos devidos e não recolhidos tempestivamente. O aproveitamento desse benefício, conforme a letra do dispositivo transcrito acima, depende tãosomente (i) da apresentação de instrumento formal de denúncia espontânea; (ii) do pagamento do tributo devido acrescido de juros de mora; e (iii) da inexistência de procedimento fiscalizatório instaurado contra o contribuinte. Dessa forma, é forçosa a conclusão de que, uma vez observadas as condições mencionadas acima como ocorre no presente caso não cabe a aplicação de qualquer penalidade sobre os valores recolhidos em procedimento de denúncia espontânea, seja essa ela multa de mora ou de ofício. Isto porque a análise sistemática do sistema tributário nacional leve à necessária constatação, permissa venia, de que esses dois tipos de multa têm claro caráter punitivo, devendo, portanto, serem caracterizados, de forma geral, como penalidades. Com efeito, todas as penalidades (até em virtude da própria acepção da palavra penalidade) implicam alguma dose de punição por comportamento não desejável no ordenamento jurídico. A multa de mora consiste em penalidade decorrente do não recolhimento de tributos dentro do prazo legal, tendo, portanto, Fl. 193DF CARF MF Impresso em 05/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13811.001548/200759 Acórdão n.º 1803002.329 S1TE03 Fl. 190 4 como objetivo central desestimular o pagamento de tributos fora desse prazo. Por sua vez, a multa de ofício tem como objetivo punir a falta de pagamento de tributos verificada apenas após procedimento de fiscalização. É fato que a multa de mora tem relação (até certo ponto) ao tempo decorrido entre o vencimento do tributo e o efetivo pagamento, mas isso não autoriza a conclusão de que aquela teria caráter compensatório. Para compensar o atraso no pagamento de tributos o sistema tributário já prevê a incidência de juros de mora, calculados atualmente com base na taxa SELIC. Aliás, admitirse que tanto os juros como a multa de mora teriam caráter compensatório o que, por certo, só se admite para o fim de argumentar implicaria concluir pela (i) aplicação de dois tipos de acréscimo legal com a mesma função e (ii) a cobrança, a mero título de compensação de capital, de mais de 10% (dez por cento) ao mês, o que é claramente inadmissível em uma economia que vem registrando níveis de inflação inferiores a 0,5% ao mês. Assim, a despeito de realmente haver distinção entre penalidade moratória (0,33% sobre o principal, ao dia até o limite de 20%) e penalidade punitiva (75% sobre o principal) na legislação tributária Federal, há de se reconhecer que ambas têm carga punitiva e que, portanto, o instituto da denúncia espontânea a ambas é aplicável. Cumpre mencionar que o próprio Código Tributário Nacional, na medida em que achou necessário realizar a distinção entre multa moratória e multa punitiva, o fez, sendo que, no artigo 138, claramente não há qualquer distinção entre a aplicação a essas duas subespécies de penalidade. [...] Dessa forma, não havendo tal limitação literal no texto do artigo 138 do Código Tributário Nacional, claramente não cabe ao intérprete restringir o uso desse benefício pelos contribuintes de boafé. Nesse sentido, aliás, é o comando contido no artigo 111 do mesmo Código, o qual determina, expressamente, a interpretação literal da legislação tributária que disponha sobre suspensão ou exclusão do crédito tributário, outorga de isenção e dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. [...] No caso presente, pois, devese aplicar o princípio do in claris non fit interpretatio, ou seja, estando diante de uma norma clara o suficiente para permitir sua perfeita aplicação, não deve o intérprete fazer uso de técnicas de exegese que prejudiquem a aplicação da norma tal como criada pelo legislador. Desta forma, restando claro que as penalidades de mora e de ofício previstas na legislação tributária Federal têm nítido caráter punitivo, mostrase imperativa, permissa venia, a exclusão destas no procedimento de denúncia espontânea iniciado pelo contribuinte, nos estritos termos do artigo 138 do Código Tributário Nacional. [...] Em vista de todo o exposto, na medida em que a Impugnante efetuou o recolhimento do valor devido a título de IRPJ acrescido de juros de mora e, ainda, apresentou instrumento formal de denúncia espontânea perante a Delegacia da Receita Federal de São Paulo antes de qualquer procedimento fiscalizatório ou mesmo da retificação da correspondente DCTF, não há como se admitir a cobrança de valores a título de multa de mora, tal como ora exige a d. fiscalização Federal, mostrandose imperativa, permissa venia, o reconhecimento da regularidade do valor pago e a conseqüente improcedência do auto de infração em exame. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 05/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13811.001548/200759 Acórdão n.º 1803002.329 S1TE03 Fl. 191 5 Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Diante de todo exposto, requer a Impugnante seja o auto de infração ora atacado julgado inteiramente improcedente, com o conseqüente cancelamento dos valores nele exigidos. Está registrado como ementa do Acórdão da 3ª TURMA/DRJ/SPO I/SP nº 16.32.628, de 14.07.2011, fls. 136141: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2004 RECOLHIMENTO DA MULTA DE MORA. DESCAB1MENTO DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A alegação de que o instituto da denúncia espontânea (art. 138 do CTN) excluiria a exigência da multa de mora no pagamento espontâneo de tributo em atraso não possui fundamento, quer no CTN, quer na legislação ordinária. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Notificada em 06.01.2012, fl. 145, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 03.02.2012, fls. 146155, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge e reitera os argumentos apresentados na peça impugnatória. Acrescenta que: SUMÁRIO O presente processo administrativo é decorrente de auto de infração lavrado para exigir multa de mora decorrente do pagamento em atraso de valores de Imposto de Renda Pessoa Jurídica ("IRPJ"), realizado pela Recorrente em procedimento de denúncia espontânea. De um lado, a Recorrente, amparada pelo artigo 138 do Código Tributário Nacional, está certa de que o pagamento em atraso de tributo não declarado anteriormente a qualquer procedimento de fiscalização está sujeito, exclusivamente, aos juros de mora. Por outro lado, as dd. autoridades fiscais e julgadoras entendem que, mesmo em caso de denúncia espontânea, a multa de mora não pode ser excluída pelo contribuinte. A controvérsia objeto destes autos, portanto, reside na incidência ou não da multa de mora sobre débitos de IRPJ denunciados e pagos espontaneamente pela Recorrente. DOS FATOS Fl. 195DF CARF MF Impresso em 05/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13811.001548/200759 Acórdão n.º 1803002.329 S1TE03 Fl. 192 6 Tal como demonstrado em sua defesa, a Recorrente, ao realizar revisão de seus procedimentos fiscais, identificou pagamento a menor de IRPJ relativo ao ano calendário de 2004. Então, em demonstração da boafé e lisura com que trata suas obrigações fiscais, a Recorrente antes de qualquer procedimento fiscalizatório ou da retificação da correspondente DCTF denunciou e pagou espontaneamente tais débitos às autoridades fiscais, nos termos do artigo 138 do Código Tributário Nacional. De forma mais específica, a cronologia dos atos praticados pela Recorrente é a seguinte: (i) recolhimento do débito acrescido de juros de mora [...]; (ii) protocolo de petição formalizando a denúncia espontânea [...] e, por fim, (iii) retificação da Declaração de Créditos e Débitos Tributários Federais ("DCTF"), na qual foram informados os valores efetivamente devidos e recolhidos a título de IRPJ. A despeito de ter cumprido com todos os requisitos para gozo do benefício da denúncia espontânea, a Recorrente foi surpreendida com o recebimento do auto de infração que deu origem a este processo, através do qual as dd. autoridades fiscais exigiram o recolhimento da multa de mora calculada sobre os valores de IRPJ recolhidos em atraso. Por não concordar com tal exigência, a ora Recorrente apresentou sua impugnação, demonstrando, em linhas gerais, que o instituto da denúncia espontânea exclui a incidência de qualquer tipo de penalidade, isto é, tanto da multa de mora como da multa de ofício. Não obstante os argumentos apresentados pela Recorrente, as dd. autoridades julgadoras de primeira instância consideraram integralmente procedente o lançamento fiscal sob o argumento de que, ipsis litteris, "(...) Aceitar a interpretação ampliada dada pela Recorrente ao instituto da denúncia espontânea consignada no artigo 138 do CTN seria transformálo em estímulo ao desrespeito à lei, e em violação à isonomia com relação àqueles contribuintes que, adotando interpretação diferente, recolhem os tributos nas datas estipuladas em lei: e caso o façam, em atraso, e no período de espontaneidade, o fazem com os juros e multa de mora fixados na lei.. ". Com o devido respeito, essa não é a melhor e mais técnica solução para o presente caso, uma vez que o instituto da denúncia espontânea existe, justamente, para incentivar o contribuinte de boafé a efetuar, espontaneamente, o pagamento de débitos tributários em atraso e, para tanto, exonera o contribuinte que por ele opta do pagamento de qualquer valor a título de multa. E o que se passa a demonstrar. DO DIREITO Da denúncia espontânea O artigo 138 do Código Tributário Nacional introduziu no Sistema Tributário Nacional o instituto da denúncia espontânea [...] A leitura do dispositivo legal acima permite concluir, desde logo, que o Código Tributário Nacional visou incentivar os contribuintes, mediante a exclusão da aplicação de penalidades, a efetuarem, espontaneamente, o pagamento de tributos devidos e não recolhidos tempestivamente. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 05/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13811.001548/200759 Acórdão n.º 1803002.329 S1TE03 Fl. 193 7 O aproveitamento desse benefício, conforme a letra do dispositivo transcrito acima, depende, tãosomente, (i) da apresentação de instrumento formal de denúncia espontânea, (ii) do pagamento do tributo devido acrescido de juros de mora e (iii) da inexistência de procedimento fiscalizatório instaurado contra o contribuinte. Dessa forma, é forçosa a conclusão de que, uma vez observadas as condições mencionadas acima como ocorre no presente caso não cabe a aplicação de qualquer penalidade sobre os valores recolhidos em procedimento de denúncia espontânea, seja ela multa de ofício ou de mora. Vale lembrar que esses dois tipos de multa têm claro caráter punitivo, devendo, portanto, ser caracterizados, de forma geral, como penalidades. Com efeito, todas as penalidades (até em virtude da própria acepção da palavra) implicam alguma dose de punição por comportamento não desejável no ordenamento jurídico. A multa de mora consiste em penalidade decorrente do não recolhimento de tributos dentro do prazo legal, tendo, portanto, como objetivo central desestimular o pagamento de tributos fora desse prazo. Por sua vez, a multa de ofício tem como objetivo punir a falta de pagamento de tributos verificada apenas após procedimento de fiscalização. E fato que a multa de mora tem relação ao tempo decorrido entre o vencimento do tributo e o efetivo pagamento, o que, contudo, não autoriza a conclusão de que referida penalidade teria caráter compensatório. Para compensar o atraso no pagamento de tributos o Sistema Tributário já prevê a incidência de juros de mora, calculados, atualmente, com base na taxa SELIC. Não obstante a Recorrente reconhecer que há distinção entre penalidade moratória (0,33% ao dia sobre o principal, até o limite de 20%) e penalidade punitiva (75% sobre o principal) na legislação tributária Federal, há de se reconhecer também que ambas têm carga punitiva e que, portanto, o instituto da denúncia espontânea a ambas é aplicável. É de se destacar que o próprio Código Tributário Nacional, na medida em que achou necessário realizar a distinção entre multa moratória e multa punitiva, o fez, sendo que no artigo 138 claramente não há qualquer distinção entre essas duas subespécies de penalidade. [...] Dessa forma, não havendo tal limitação literal no texto do artigo 138 do Código Tributário Nacional, claramente não cabe ao intérprete restringir o uso desse benefício pelos contribuintes de boafé, como ocorre no caso da Recorrente. Nesse sentido, aliás, é o comando contido no artigo 111 do mesmo Código, o qual determina, expressamente, a interpretação literal da legislação tributária que disponha sobre suspensão ou exclusão do crédito tributário, outorga de isenção e dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. [...] No caso presente, pois, devese aplicar o princípio do in claris non et interpretatio, ou seja, estando diante de uma norma clara o suficiente para permitir sua perfeita aplicação, não deve o intérprete fazer uso de técnicas de exegese que prejudiquem a aplicação da norma tal como criada pelo legislador. Dessa forma, uma vez que as penalidades de mora e de ofício previstas na legislação tributária Federal possuem nítido caráter punitivo, mostrase imperativa, com todo o respeito, a exclusão de ambas as multas no procedimento de denúncia espontânea iniciado pelo contribuinte, nos estritos termos do artigo 138 do Código Tributário Nacional. [...] Fl. 197DF CARF MF Impresso em 05/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13811.001548/200759 Acórdão n.º 1803002.329 S1TE03 Fl. 194 8 Assim, na medida em que a Recorrente efetuou o recolhimento do valo. devido a título de IRPJ acrescido de juros de mora e, ainda, apresentou instrumento formal de denúncia espontânea perante a Receita Federal antes de qualquer procedimento fiscalizatório ou mesmo da retificação da correspondente DCTF, não há como se admitir, com o devido respeito, a cobrança de valores a título de multa de mora, fazendose necessário o reconhecimento da regularidade do valor pago e a conseqüente improcedência do auto de infração em exame. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Em vista de todo o exposto, requer a Recorrente seja dado provimento integral ao presente recurso voluntário, determinandose a reforma da decisão recorrida e, conseqüentemente, o total cancelamento das exigências fiscais consubstanciadas no auto de infração combatido. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. A Recorrente alega que os atos administrativos são nulos. Cabe ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, no exercício da competência da RFB, em caráter privativo constituir o crédito tributário pelo lançamento. Esta atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, ainda que ele seja de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. É a autoridade legitimada para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador. Nos casos em que dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário, os Autos de Infração podem ser lavrados sem prévia intimação à pessoa jurídica no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do seu estabelecimento, os quais devem estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Estes atos administrativos, sim, não prescindem da intimação válida para que se instaure o processo, vigorando na sua totalidade os direitos, Fl. 198DF CARF MF Impresso em 05/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13811.001548/200759 Acórdão n.º 1803002.329 S1TE03 Fl. 195 9 deveres e ônus advindos da relação processual de modo a privilegiar as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes1. As manifestações unilaterais da RFB foram formalizadas por ato administrativo, como uma espécie de ato jurídico, deve estar revestido dos atributos que lhe conferem a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade, ou seja, para que produza efeitos que vinculem o administrado deve ser emitido (a) por agente competente que o pratica dentro das suas atribuições legais, (b) com as formalidades indispensáveis à sua existência, (c) com objeto, cujo resultado está previsto em lei, (d) com os motivos, cuja matéria de fato ou de direito seja juridicamente adequada ao resultado obtido e (e) com a finalidade visando o propósito previsto na regra de competência do agente. Tratandose de ato vinculado, a Administração Pública tem o dever de motiválo no sentido de evidenciar sua expedição com os requisitos legais2. Os Autos de Infração foram lavrados por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, que verificou a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinou a matéria tributável, calculou o montante do tributo devido, identificou o sujeito passivo, aplicou a penalidade cabível e determinou a exigência com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumprila ou impugnála no prazo legal, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional. As Autoridade Fiscais agiram em cumprimento com o dever de ofício com zelo e dedicação as atribuições do cargo, observando as normas legais e regulamentares e justificando o processo de execução do serviço, bem como obedecendo aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 3 Desse modo, não tem validade jurídica a afirmativa da Recorrente de que as os agentes públicos tributários na teriam competência para o exercício da atividade de lançamento. Frisese, pelo contrário, a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. A decisão de primeira instância está motivada de forma explícita, clara e congruente e da qual a pessoa jurídica foi regularmente cientificada. Ainda, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formou livremente sua convicção, em conformidade do princípio da persuasão racional, de modo que não há que se falar em inovação em relação à situação fática e jurídica apurada lançamento4. Assim, o Auto de Infração, fls. 7111 e o Acórdão da 3ª TURMA/DRJ/SPO I/SP nº 16.32.628, de 14.07.2011, fls. 136141, contêm todos os requisitos legais, o que lhes conferem existência, validade e eficácia. As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos no processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos, em observância às garantias ao devido processo legal. O enfrentamento das questões na peça de 1 Fundamentação legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional. art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 9º, art. 10, art. 23 e 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, Decreto nº 6.104, de 30 de abril de 2007, art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 e Súmulas CARF nºs 6, 8, 27 e 46. 2 Fundamentação legal: art. 179 da Constituição Federal, art. 2º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, § 2º do art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. 3 Fundamentação legal: art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 21 de janeiro de 1999 e art. 37 da Constituição Federal. 4 Fundamentação legal: art. 29 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Fl. 199DF CARF MF Impresso em 05/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13811.001548/200759 Acórdão n.º 1803002.329 S1TE03 Fl. 196 10 defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos e dos enquadramentos legais que ensejaram os procedimentos de ofício. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. A Recorrente discorda do lançamento de ofício. A autoridade fiscal tem o direito de examinar a escrituração e os documentos comprobatórios dos lançamentos nela efetuados e a pessoa jurídica tem o dever de exibilos e conserválos até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial, bem como de prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dela dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. O IRPJ tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos. A partir do anocalendário de 1997, o IRPJ determinado com base no lucro real pode ser por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada anocalendário. O imposto de renda devido, apurado dessa forma deve ser pago em quota única, até o último dia útil do mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração. À opção da pessoa jurídica, o imposto devido poderá ser pago em até três quotas mensais, iguais e sucessivas, vencíveis no último dia útil dos três meses subseqüentes ao de encerramento do período de apuração a que corresponder. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos administrados pela RFB, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. 5 No exercício de sua competência regulamentar a RFB pode instituir obrigações acessórias, inclusive, forma, tempo, local e condições para o seu cumprimento, o respectivo responsável, bem como a penalidade aplicável no caso de descumprimento. 6 Em relação à DCTF, cabe esclarecer que todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, devem apresentála centralizada pela matriz, via internet: 5 Fundamentação legal: art. 43 do Código Tributário Nacional, art. 1º, art. 5º e art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 6 Fundamentação legal: art. 5º da DecretoLei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, Portaria MF nº 118, de 28 de junho de 1984 e art. 16 da Lei n° 9.779, de 19 de janeiro de 1999. Fl. 200DF CARF MF Impresso em 05/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13811.001548/200759 Acórdão n.º 1803002.329 S1TE03 Fl. 197 11 (a) para os anoscalendário de 1999 e 2004, trimestralmente, até o último dia útil da primeira quinzena do segundo mês subseqüente ao trimestre de ocorrência dos fatos geradores. (b) para os anoscalendário de 2005 a 2009: (b.1) semestralmente, sendo apresentada até o quinto dia útil do mês de outubro de cada anocalendário, no caso daquela relativa ao primeiro semestre e até o quinto dia útil do mês de abril de cada anocalendário, no caso daquela atinente ao segundo semestre do anocalendário anterior; (b.2) mensalmente, de acordo com o valor da receita bruta auferida pela pessoa jurídica, sendo apresentada até o quinto dia útil do segundo mês subseqüente ao mês de ocorrência dos fatos geradores; (c) a partir do anocalendário de 2010, mensalmente, com apresentação até o décimo quinto dia útil do segundo mês subsequente ao mês de ocorrência dos fatos geradores7. Esse documento comunicando a existência de crédito tributário, constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. A denúncia espontânea da infração acompanhada do pagamento do tributo devido e dos juros de mora exclui a responsabilidade do sujeito passivo pela penalidade pecuniária em função da inobservância da conduta prescrita na norma jurídica primária. A exteriorização de vontade não tem forma prevista em lei e alcança tãosomente o adimplemento o tributo sujeito ao lançamento por homologação que não esteja declarado à época e o recolhimento seja efetuado antes de qualquer procedimento fiscal.8 Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Recurso Especial Repetitivo nº 1149022/SP 9, cujo trânsito em julgado ocorreu em 01.09.2010 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF10. Assim, verificase no caso o efeito vinculante, que não pode ser afastado pela não aplicação do art. 111 do Código Tributário Nacional. Restou comprovado nos autos que o pagamento foi efetuado em 30.03.2007 da quota do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) apurado pelo regime de tributação com base no lucro real devido do anocalendário de 2004, cujo vencimento era 31.03.2005. Somente o valor de R$2.949.980,29 de IRPJ e o valor de R$110.624,26 de juros de mora 7 Fundamentação legal: Instrução Normativa SRF nº 126, de 30 de outubro de 1998, Instrução Normativa SRF nº 255, de 11 de dezembro de 2002, Instrução Normativa SRF nº 583, de 20 de dezembro de 2005, Instrução Normativa SRF nº 695, de 14 de dezembro de 2006, Instrução Normativa RFB nº 786, de 19 de novembro de 2007, Instrução Normativa RFB nº 903, de 30 de dezembro de 2008, Instrução Normativa RFB nº 974, de 27 de novembro de 2009 e Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010. 8 Fundamentação legal: art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 138 do Código Tributário Nacional. 9 BRASIL.Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 1149022/SP. Ministro Relator:Luiz Fux, Primeira Seção, Brasília, DF, 9 de junho de 2010. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=10649420&sReg=2009013414 24&sData=20100624&sTipo=5&formato=PDF>. Acesso em: 31 ago.2011. 10 Fundamentação legal: art. 138 do Código Tributário Nacional, art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Fl. 201DF CARF MF Impresso em 05/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13811.001548/200759 Acórdão n.º 1803002.329 S1TE03 Fl. 198 12 constam do Darf de fls. 77. Assim à época do mencionado recolhimento não foi aplicada espontaneamente a multa de mora pelo pagamento da obrigação principal fora do prazo legal. Esse débito de nº 338399640 está informado na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) original de nº 0000020061830272110 referente ao ano calendário de 2004, entregue em 12.12.2006, fl. 51. Por ocasião do recolhimento do IRPJ em 26.04.2005, ou seja, fora do prazo legal, fl. 77, a Recorrente não havia apresentado a DCTF o confessando. Nesse sentido, aplicando o entendimento do STJ ao caso concreto, temse que a Recorrente estava amparada pelo instituto da denúncia espontânea quando da efetivação do pagamento sem a aplicação da multa de mora, mesmo porque não estava sob procedimento fiscal. A justificativa arguida pela defendente, por essa razão, está comprovada nos autos. Em assim sucedendo, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Fl. 202DF CARF MF Impresso em 05/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
score : 1.0
Numero do processo: 10552.000649/2007-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1994 a 30/06/2004
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. IMUNIDADE. ATO CANCELATÓRIO. NULIDADE DO ATO CANCELATÓRIO: DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO QUE DETERMINOU A OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 14, DO CTN. VÍCIO MATERIAL.
As nulidades estabelecidas pelo art. 59 são absolutas, ou seja, os atos maculados por vício subjetivo ou proferidos com preterição do direito de defesa devem necessariamente ser invalidados, uma vez que seus defeitos são considerados insanáveis. O rigor da sanção se justifica, pois a competência do agente e a influência do autuado são as principais garantias para que o lançamento chegue à sua finalidade. Além disso, os direitos ao contraditório e à ampla defesa no processo administrativo são constitucionalmente garantidos.
Assim, quando o lançamento for lavrado em desconformidade com o estabelecido no art. 142 do CTN ou art. 10 do PAT, que dispõem sobre o conteúdo e a forma do ato, a decretação da nulidade é dever do julgador administrativo.
Da análise dos autos restou patente que a autoridade fiscal deveria, por força de decisão judicial transitada em julgado, ter fundamentado o ato administrativo - cancelatório e lançamentos - que afastou a imunidade tributária prevista no art. 195, §7º, da CF/1988, por meio do preenchimento ou não dos requisitos dispostos no art. 14, do CTN, haja vista a declaração incidental da inconstitucionalidade do art. 55, da Lei n. 8.212/91.
Ao revés disso, afastou o direito à fruição da imunidade por suposto descumprimento dos requisitos previstos nos incisos II a V, do art. 55 da Lei n. 8.212/91, conforme se aduz da leitura da decisão prolatada pela Delegada da DRF em Novo Hamburgo/RS que aprovou o Parecer DRF/NHO/Scort n. 676/2008 [fls. 263/266] e cancelou a isenção das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23, da Lei n. 8.212/91 [fl. 267].
DECADÊNCIA. ENUNCIADO DA SÚMULA CARF N. 99.
O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, devendo ser observadas as regras do Código Tributário NacionalCTN.
A observância dos requisitos legais para a fruição da imunidade das contribuições previdenciárias, sujeitase ao prazo decadencial.
Numero da decisão: 2301-004.123
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento ao recurso, por fundamentar o ato cancelatório no Art. 55, da Lei 8.212/1991, em ofensa a coisa julgada material que possuía a recorrente, nos termos do voto do Relator; b) em dar provimento ao recurso, devido a questão da aplicação da regra decadencial prevista no I, Art. 173 do CTN. Sustentação oral: Karen Melo de Souza Borges. OAB: 245.581/SP.
MARCELO OLIVEIRA - Presidente.
MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR - Relator.
EDITADO EM: 28/08/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), ADRIANO GONZALES SILVÉRIO, WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, DANIEL MELO MENDES BEZERRA, MAURO JOSE SILVA, MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR.
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201408
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1994 a 30/06/2004 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. IMUNIDADE. ATO CANCELATÓRIO. NULIDADE DO ATO CANCELATÓRIO: DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO QUE DETERMINOU A OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 14, DO CTN. VÍCIO MATERIAL. As nulidades estabelecidas pelo art. 59 são absolutas, ou seja, os atos maculados por vício subjetivo ou proferidos com preterição do direito de defesa devem necessariamente ser invalidados, uma vez que seus defeitos são considerados insanáveis. O rigor da sanção se justifica, pois a competência do agente e a influência do autuado são as principais garantias para que o lançamento chegue à sua finalidade. Além disso, os direitos ao contraditório e à ampla defesa no processo administrativo são constitucionalmente garantidos. Assim, quando o lançamento for lavrado em desconformidade com o estabelecido no art. 142 do CTN ou art. 10 do PAT, que dispõem sobre o conteúdo e a forma do ato, a decretação da nulidade é dever do julgador administrativo. Da análise dos autos restou patente que a autoridade fiscal deveria, por força de decisão judicial transitada em julgado, ter fundamentado o ato administrativo - cancelatório e lançamentos - que afastou a imunidade tributária prevista no art. 195, §7º, da CF/1988, por meio do preenchimento ou não dos requisitos dispostos no art. 14, do CTN, haja vista a declaração incidental da inconstitucionalidade do art. 55, da Lei n. 8.212/91. Ao revés disso, afastou o direito à fruição da imunidade por suposto descumprimento dos requisitos previstos nos incisos II a V, do art. 55 da Lei n. 8.212/91, conforme se aduz da leitura da decisão prolatada pela Delegada da DRF em Novo Hamburgo/RS que aprovou o Parecer DRF/NHO/Scort n. 676/2008 [fls. 263/266] e cancelou a isenção das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23, da Lei n. 8.212/91 [fl. 267]. DECADÊNCIA. ENUNCIADO DA SÚMULA CARF N. 99. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, devendo ser observadas as regras do Código Tributário NacionalCTN. A observância dos requisitos legais para a fruição da imunidade das contribuições previdenciárias, sujeitase ao prazo decadencial.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Sep 03 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10552.000649/2007-12
anomes_publicacao_s : 201409
conteudo_id_s : 5374175
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Sep 03 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2301-004.123
nome_arquivo_s : Decisao_10552000649200712.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10552000649200712_5374175.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento ao recurso, por fundamentar o ato cancelatório no Art. 55, da Lei 8.212/1991, em ofensa a coisa julgada material que possuía a recorrente, nos termos do voto do Relator; b) em dar provimento ao recurso, devido a questão da aplicação da regra decadencial prevista no I, Art. 173 do CTN. Sustentação oral: Karen Melo de Souza Borges. OAB: 245.581/SP. MARCELO OLIVEIRA - Presidente. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR - Relator. EDITADO EM: 28/08/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), ADRIANO GONZALES SILVÉRIO, WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, DANIEL MELO MENDES BEZERRA, MAURO JOSE SILVA, MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 14 00:00:00 UTC 2014
id : 5597538
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:27:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047033548374016
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2637; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 537 1 536 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10552.000649/200712 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301004.123 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de agosto de 2014 Matéria IMUNIDADE ATO CANCELATÓRIO Recorrente ASSOCIAÇÃO PRO ENSINO SUPERIOR EM NOVO HAMBURGO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1994 a 30/06/2004 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. IMUNIDADE. ATO CANCELATÓRIO. NULIDADE DO ATO CANCELATÓRIO: DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO QUE DETERMINOU A OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 14, DO CTN. VÍCIO MATERIAL. As nulidades estabelecidas pelo art. 59 são absolutas, ou seja, os atos maculados por vício subjetivo ou proferidos com preterição do direito de defesa devem necessariamente ser invalidados, uma vez que seus defeitos são considerados insanáveis. O rigor da sanção se justifica, pois a competência do agente e a influência do autuado são as principais garantias para que o lançamento chegue à sua finalidade. Além disso, os direitos ao contraditório e à ampla defesa no processo administrativo são constitucionalmente garantidos. Assim, quando o lançamento for lavrado em desconformidade com o estabelecido no art. 142 do CTN ou art. 10 do PAT, que dispõem sobre o conteúdo e a forma do ato, a decretação da nulidade é dever do julgador administrativo. Da análise dos autos restou patente que a autoridade fiscal deveria, por força de decisão judicial transitada em julgado, ter fundamentado o ato administrativo cancelatório e lançamentos que afastou a imunidade tributária prevista no art. 195, §7º, da CF/1988, por meio do preenchimento ou não dos requisitos dispostos no art. 14, do CTN, haja vista a declaração incidental da inconstitucionalidade do art. 55, da Lei n. 8.212/91. Ao revés disso, afastou o direito à fruição da imunidade por suposto descumprimento dos requisitos previstos nos incisos II a V, do art. 55 da Lei n. 8.212/91, conforme se aduz da leitura da decisão prolatada pela Delegada da DRF em Novo Hamburgo/RS que aprovou o Parecer DRF/NHO/Scort n. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 55 2. 00 06 49 /2 00 7- 12 Fl. 566DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA 2 676/2008 [fls. 263/266] e cancelou a “isenção” das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23, da Lei n. 8.212/91 [fl. 267]. DECADÊNCIA. ENUNCIADO DA SÚMULA CARF N. 99. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, devendo ser observadas as regras do Código Tributário NacionalCTN. A observância dos requisitos legais para a fruição da imunidade das contribuições previdenciárias, sujeitase ao prazo decadencial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento ao recurso, por fundamentar o ato cancelatório no Art. 55, da Lei 8.212/1991, em ofensa a coisa julgada material que possuía a recorrente, nos termos do voto do Relator; b) em dar provimento ao recurso, devido a questão da aplicação da regra decadencial prevista no I, Art. 173 do CTN. Sustentação oral: Karen Melo de Souza Borges. OAB: 245.581/SP. MARCELO OLIVEIRA Presidente. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR Relator. EDITADO EM: 28/08/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), ADRIANO GONZALES SILVÉRIO, WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, DANIEL MELO MENDES BEZERRA, MAURO JOSE SILVA, MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR. Relatório Em 18/03/2005, o INSS emitiu Informação Fiscal [fls. 01/19] que apontou irregularidades relacionadas ao não atendimento dos requisitos estabelecidos no art. 55 da Lei n° 8.212/91 pela Entidade ora Recorrente,tais como: 2.1 inciso II — "seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos", no período de 01/01/1995 a 01.07.1998. o CNAS indeferiu a renovação do CEAS; 2.2 inciso III "promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência" Fl. 567DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10552.000649/200712 Acórdão n.º 2301004.123 S2C3T1 Fl. 538 3 (redação alterada pela Lei n° 9.732/98, suspensa pela ADIn 2.0285/99); Original — "promova a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes;"desde 01.01.1995 a Entidade não promove a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes; 2.3 inciso IV "não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título", desde 17.06.1997 nas contratações de parentes de dirigentes da Entidade c, posteriormente, cm 16.06.2003 nas situações de recebimento de benefícios por dirigentes da entidade; 2.4 inciso V "aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades", desde 06/2001, quando a Entidade investiu parte de suas receitas na aquisição do patrimônio de um clube de futebol. Intimada da Informação Fiscal, a Entidade apresentou defesa que, em síntese, alega que não descumpriu as disposições contidas nos incisos II, III, IV e V do art. 55, da Lei n. 8.212/91, uma vez que: 3.1 a Entidade é portadora de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, cuja validade teve início cm 01.07.1998, deferido em 18.07.2000; 3.2 a gratuidade exercida pela Entidade pode ser considerada para fins de isenção, pois a mesma e direcionada a pessoas carentes, considerando que as bolsas de estudo e serviços concedidos a funcionários da Instituição do setor de limpeza, dentre outros, cuja remuneração não ultrapassa o piso salarial, são benefícios oferecidos a pessoas consideradas carentes. Informa que cm relação aos serviços de saúde, apesar de não serem prestados de forma 100% gratuita, devem ser computados a título de gratuidade, tendo em vista que determinado serviço quando realizado com 50% de gratuidade, faz com que o benefício seja estendido para mais pessoas necessitadas. Quanto aos serviços gratuitos disponibilizados à população serem prestados por alunos da Instituição, no desempenho das atividades curriculares, não descaracteriza o seu caráter benemérito, já que são supervisionados e de responsabilidade direta da Instituição; 3.3 as contratações de funcionários, com estreito grau de parentesco com os dirigentes da Instituição, foram efetivadas através de processo seletivo e igualitário aos demais funcionários da entidade, percebendo remuneração compatível com o cargo ou função desempenhados, o que não caracteriza a presença de benefícios ou vantagens aos dirigentes. Fl. 568DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA 4 Informa também, que a Instituição não é obrigada a contratar serviços através de licitações e, que a suposta remuneração de dirigente através da celebração de um contrato de mútuo entre as empresas Kaefe Engenharia e Empreendimentos Imobiliários Ltda e Stürmer Indústria de Artefatos de Couro Ltda, esta última de propriedade do presidente da ASPEUR, não tem fundamento; 3.4 a aquisição de um complexo desportivo composto por um estádio de futebol guarda relação com os objetivos sociais da Instituição. Instada a se manifestar, a Delegada da DRF em Novo Hamburgo/RS resolveu aprovar o Parecer DRF/NHO/Scort n. 676/2008 [fls. 263/266] e cancelou a “isenção” das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23, da Lei n. 8.212/91, conforme se verifica abaixo [fl. 267]: 1. Tendo em vista o disposto no art. 238 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF n° 95, de 30 de abril de 2007 (Edição Extra do DOU de 02.05.2007), com as alterações introduzidas pela Portaria MF n" 225, de 05/09/07, publicada no DOU 11/09/07, c pela Portaria MF n° 323, de 19/12/07, publicada no DOU de 21/12/07 e considerando ainda os termos do Parecer DRF/NHO/Scort n" 676/2008, que aprovo, DECLARO CANCELADA, com base no disposto no inciso 1 do §8° do art. 206 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, a partir de 01/01/1995, a isenção das contribuições de que tratam os art.22 e 23 da Lei n" 8.212/91, da Associação PróEnsino Superior Em Novo Hamburgo ASPEUR, CNPJ 91.693.531/000162, por infração ao art. 55 da Lei n° 8.212/91, incisos II; III, IV e V, combinado com o art. 206, incisos III; IV, V e VI do RPS. 2. Desta decisão, de acordo com o § 9 o do art. 206 do RPS, não cabe recurso. 3. Ao Scort para dar ciência à contribuinte, encaminhandose cópia desta decisão. Cientificado do Despacho Decisório, em 18/11/2008 [fl. 268], a Entidade interpôs Recurso Voluntário com anexos, em 17/12/2008 – fls. 278/504, tendo alegado, em resumo: (i)Em preliminar, requer o conhecimento do RV, haja vista que é inaplicável ao caso o art. 206, §9º, do RPS; (ii) a decisão recorrida é nula, pois o art. 55, da Lei n. 8.212/91 foi revogado pela MP n. 446/2008; e (iii) Quanto ao mérito, reitera os argumentos disposto na peça de defesa quanto ao atendimento dos incisos do art. 55, da Lei n. 8.212/91, tido por violado. Em 18/03/2009, a DISIT informou, que não há matéria ou recurso a ser analisado. O Serviço de Orientação e Análise Tributária (SEORT), desta DRF, através do Termo de Intimação n° 622/2009, de 20 de agosto de 2009, cientificou o contribuinte, em Fl. 569DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10552.000649/200712 Acórdão n.º 2301004.123 S2C3T1 Fl. 539 5 21/08/2009, da Informação Fiscal de folhas 350 a 352 e de que o processo está findo administrativamente, não cabendo qualquer espécie d e recurso. A ASPEUR solicitou, por sua vez em 02/09/2009 , conforme folhas 356 a 386, pedido de reconsideração. Tal pedido não foi conhecido pelo SEORT, conforme despacho de folha 388, com ciência da Entidade em 25/09/2009 (fl. 389). Por meio do Despacho n. 021/2011 – 6ª Turma da DRJ/POA [fls. 393/394], a DRJ em Porto Alegre/RS resolveu dar seguimento ao Recurso Voluntário interposto, em atenção aos seguintes fundamentos: [...] Desta feita, uma vez que o cancelamento da isenção foi fundamentado, além do inciso III, também nos incisos IV, V e VI do art. 206 do RPS, s.m.j., a negativa de seguimento do recurso não encontra respaldo na legislação, motivo pelo qual sugiro remessa dosw autos ao CARF para apreciação do recurso a fim de garantir o princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório insculpidos no art. 5º , inciso I V da Constituição Federal de 1988. É de suma importância salientar a existência de decisão judicial transitada em julgado reconhecendo o direito à imunidade a esta instituição, por não haverem provas na ação que tratou da matéria, do descumprimento de qualquer dos requisitos do art. 14 do CTN (situação que muda a partir deste processo de cancelamento de isenção, cujos motivos não são apenas a falta de CEBAS, mas também o fornecimento de vantagens a diretores e a aplicação de recursos em aquisição de bens que não se destinam às suas atividades operacionais, ferindo além dos requisitos do art. 55 da Lei n° 8.212/91, também os requisitos do art. 14 do CTN). Assim, face ao reconhecimento do direito à isenção desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN, cabe à fiscalização vincular os requisitos descumpridos do art. 55 da Lei n° 8.212/91 às exigências do CTN, no intuito de levar a discussão ao judiciário para que seja reformada aquela decisão. Considerando que este processo administrativo de cancelamento de isenção não encontrase definitivamente julgado entendo que deve ser aplicado o art. 234 da IN RFB n. 971/2009, na redação dada pela IN RFB n. 1.0701/2010 que prevê: [...] Em vista de todo o exposto, sugiro a ciência deste despacho ao contribuinte bem como de outras informações/considerações que vierem a ser efetuadas pela fiscalização, abrindolhe prazo para manifestação e o posterior encaminhamento do processo (que se encontra apensado ao Auto de Infração n. 11065.002856/2009 28 ao CARF para apreciação do recurso voluntário. [Grifo nosso] Fl. 570DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA 6 Em 30 de maio de 2011, a Entidade de Ensino foi notificada do Despacho [fl. 401], tendo apresentado em 20/06/2011 manifestação que, em síntese, argumenta e, ao final, requer: (i) existência de decisão judicial transitada em julgado declarando a imunidade tributária da Entidade ao recolhimento de contribuições destinadas às Seguridade Social , ante o cumprimento dos requisitos do artigo 14 do CTN; (ii) existência de decisão judicial proferida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região atestando que a imunidade da Entidade está condicionada à estrita fiscalização dos requisitos do artigo 14 do CTN pelo Fisco; (iii) entidade cingese, singelamente, a afirmar que a partir do advento da MP n° 446/08. é possuidora do CEBAS inclusive retroativamente quanto aos períodos mencionados na decisão recorrida não havendo que se falar, então, em descumprimento às disposições do inciso II do artigo 55 da Lei n° 8.212/91; (iv) não está evidenciado o argumento de que a Entidade não faz jus à isenção em questão por não atender, também, às, disposições do inciso III do artigo 55 da Lei n° 8.212/91, o qual determina a aplicação em gratuidade às pessoas carentes de parte da receita bruta anual da Instituição; (v) não é consistente a alegação de que a Recorrente remunera seus diretores, descumprimento ao inciso IV, do artigo 55, da Lei n. 8.212/91; (vi) A alegação de que a Entidade possui em seu quadro de funcionários algumas pessoas que guardam certo grau de parentesco com alguns dirigentes da Instituição, o, que traduzirseia, no entender do fiscal, em, remuneração indireta dos mesmos, não passa a mesma de uma absurda e descabida afirmação; (vii) A alegação de que a recorrente não aplica seus resultados nos seus objetivos a Instituição, por ter adquirido um estádio de futebol na cidade de Novo Hamburgo [inciso V, do artigo 55], vêse que a afirmação foi feita sem o conhecimento dos projetos de futura utilização do mesmo, ou seja, sem qualquer elemento material a sustentála ; e (viii) Requer, ao final, o provimento do Recurso Voluntário para que seja reconhecido por esta Autoridade Fazendária que a "isenção" da Entidade ao recolhimento das contribuições de que tratam os artigos Fl. 571DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10552.000649/200712 Acórdão n.º 2301004.123 S2C3T1 Fl. 540 7 22 e 23 da Lei 8.212/91 ainda se encontra em vigor, em face do processamento do Recurso Voluntário apresentado pela Instituição contra a decisão "que cancelou o benefício, fiscal, o qual possui efeito suspensivo, nos termos fios termos do artigo 33 do Decreto n° 70.235/72 e do artigo 21 da Portaria RFB n° 10.875/07. Em 04 de outubro de 2013, foi protocolada petição pela Recorrente que, em resumo, manifesta [fls. 500 e ss]: [...] é de suma informar a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF que, recentemente a recorrente obteve judicialmente nos autos do processo n. 5000852 83,2012,404,7108, em decisão transitada em julgado em 31/05/2013, vide certidão narratória em anexo, o direito à revalidação de todos os Certificados de Entidade Beneficente de Assistência Social cancelados indevidamente por Representação fiscal movida pelo INSS, assim como o direito a Renovação de todos os Certificados cuja renovação se encontra pendente de análise pelo CNAS. [...] No caso presente, temse que, a partir da decisão judicial proferida e já transitada em julgado a Entidade nunca deixou de cumprir os requisitos previstos nos então vigentes artigos 2º e 3º do Decreto Federal n. 2.536/98 [...] 07. Nesse contexto, ao ter reconhecido pelo Poder Judiciário o cumprimento de todos os requisitos previstos nos artigos 2º e 3º do Decreto Federal n 2.536/98, automaticamente restou atestado judicialmente também o cumprimento dos incisos II, III, IV e V, do artigo 55 da Lei n. 8,212/91 durante o período objeto da fiscalização, visto que os requisitos previstos na Lei Ordinária em tela são os mesmos daqueles previstos no Decreto referido. [Grifo no original] É o relatório. Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Júnior Sendo tempestivo o Recurso Voluntário, passo ao exame das questões preliminares e, posteriormente, ao mérito. I DAS PRELIMINARES: I.1 NULIDADE DO ATO CANCELATÓRIO: DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO QUE DETERMINOU A OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 14, DO CTN Fl. 572DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA 8 Por meio do Ato Cancelatório julgado em 05/11/2008 – Despacho Decisório DRF/NHO e teve por base o Parecer DRF/NHO/Scort N. 676/2008 , foi afastado o direito à fruição da “isenção” 1 das contribuições previdenciárias de que tratam os artigos 22 e 23, da Lei n. 8,212/91 pela ora Recorrente, por suposto não atendimento das regras dispostas nos incisos II a V, da Lei n. 8.212/91. Em decorrência do Ato Cancelatório foram lavrados 03 [três] lançamentos 11065.002856/200928 (patronal), 11065.002857/200972 (terceiros) e 11065.002858/2009 17 (GFIP) – cujos créditos referemse ao período de 01/01/2004 a 31/12/2008. Registrese que, desde o protocolo da impugnação, a Recorrente suscitou que, não obstante o cancelamento administrativo de sua “isenção”, a Entidade encontravase albergada por decisão judicial transitada em julgado em 05/11/2002, proferida nos autos do processo n. 98.18113845, que lhe declarou o direito a imunidade tributária em relação às contribuições sociais previdenciárias patronais, haja vista atender a todos os requisitos previstos na norma regulamentadora do §7º do artigo 95 da Constituição Federal, qual seja, o art. 14 do CTN. Assim, para o gozo da imunidade em questão, a Recorrente estaria adstrita tão somente ao cumprimento dos requisitos do art. 14, do CTN, não podendo o Fisco exigirlhe o cumprimento de nenhuma outra condição, sob pena de afronta à coisa julgada. Tal apontamento foi feito também pela Presidente da 6ª Turma da DRJ/POA [fls. 393/394] Despacho n. 021/2011 –, quando resolveu dar seguimento ao Recurso Voluntário interposto, em atenção aos seguintes fundamentos: [...] Desta feita, uma vez que o cancelamento da isenção foi fundamentado, além do inciso III, também nos incisos IV, V e VI do art. 206 do RPS, s.m.j., a negativa de seguimento do recurso não encontra respaldo na legislação, motivo pelo qual sugiro remessa doswautos ao CARF para apreciação do recurso a fim de garantir o princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório insculpidos no art. 5º , inciso I V da Constituição Federal de 1988. É de suma importância salientar a existência de decisão judicial transitada em julgado reconhecendo o direito à imunidade a esta instituição, por não haverem provas na ação que tratou da matéria, do descumprimento de qualquer dos requisitos do art. 14 do CTN (situação que muda a partir deste processo de cancelamento de isenção, cujos motivos não são apenas a falta de CEBAS, mas também o fornecimento de vantagens a diretores e a aplicação de recursos em aquisição de bens que não se destinam às suas atividades operacionais, ferindo além dos requisitos do art. 55 da Lei n° 8.212/91, também os requisitos do art. 14 do CTN). Assim, face ao reconhecimento do direito à isenção desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN, cabe à fiscalização vincular os requisitos descumpridos do art. 55 da Lei n° 8.212/91 às exigências do CTN, no intuito de levar a discussão ao judiciário para que seja reformada aquela decisão. 1 Instituto utilizado pela Autoridade Fiscal e que aqui se utiliza tãosomente para ser fidedigno ao argumento acusatório. Fl. 573DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10552.000649/200712 Acórdão n.º 2301004.123 S2C3T1 Fl. 541 9 Considerando que este processo administrativo de cancelamento de isenção não encontrase definitivamente julgado entendo que deve ser aplicado o art. 234 da IN RFB n. 971/2009, na redação dada pela IN RFB n. 1.0701/2010 que prevê: [...] Em vista de todo o exposto, sugiro a ciência deste despacho ao contribuinte bem como de outras informações/considerações que vierem a ser efetuadas pela fiscalização, abrindolhe prazo para manifestação e o posterior encaminhamento do processo (que se encontra apensado ao Auto de Infração n. 11065.002856/2009 28 ao CARF para apreciação do recurso voluntário. [Grifo nosso] Este também foi o entendimento exarado pela mesma 6ª Turma da DRJ/POA quando do julgamento dos processos conexos numerados acima: Proc. N. 11065.002856/200928 (Acórdão 1031.129) – fls. 2577 e ss [...] A decisão judicial a que se refere a impugnante – com trânsito em julgado em 05/11/2002, é anterior ao cancelamento administrativo da isenção, procedido pela RFB em 05/11/2008. Naquela decisão judicial foi reconhecido o direito à imunidade desde e enquanto atendidos os requisitos do art. 14 do CTN, não havendo nenhum óbice aos procedimentos de fiscalização contínua do preenchimento de tais requisitos. Assim, apesar de a autoridade da 6ª Turma da DRJ/POA ter manifestado que o decisum que cancelou a “isenção” deveria ser revisto para adotar o mandamento judicial transitado em julgado, infelizmente, o que se verificou foi que os autos foram encaminhados ao CARF e as i. Autoridades Fiscais resolveram lançar créditos tributários com espeque no Ato Cancelatório questionado. O art. 5°, LV, estabelece que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Tratamse, portanto, de princípios que não se aplicam exclusivamente ao processo judicial, mas também ao administrativo e, em particular, ao Processo Administrativo Tributário. O Processo Administrativo Tributário é um instrumento de que se vale o Estado para aperfeiçoar as exigências fiscais. As exações devem ser perfeitas, ou seja, devese exigir do sujeito passivo exatamente o que é devido, nada mais nem menos, em observância aos princípios da legalidade tributária e da responsabilidade fiscal. Partese da premissa de que os atos administrativos podem conter defeitos e que, portanto, deve haver um mecanismo de correção. Neste contexto, se entende que o interessado deve ser chamado a contribuir, assegurandoselhe o direito da manifestar sua inconformidade, caso disponha de informações capazes de compor uma antítese à tese da Administração. Daí porque, nos despachos decisórios que nãohomologam compensações e nos lançamentos de ofício – apenas para citar dois exemplos – o sujeito passivo não é simplesmente intimado a pagar, mas a pagar ou impugnar a exigência. Fl. 574DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA 10 Assegurar o contraditório consiste, portanto, em conduzir o processo de forma dialética, de tal sorte que o interessado tenha o direito de se manifestar sobre todas as teses e provas que a Administração trouxer aos autos. Dizer que o interessado tem direito à ampla defesa significa que ele pode defenderse livremente, sem qualquer limitação, salvo as que o próprio Direito impõe. A fixação de restrições ao direito de defesa justificase porque todo princípio está associado a um valor, e, como não existe valor absoluto, os princípios podem sofrer limitações em face de outros princípios e valores. Como é cediço, o processo não é um fim em si mesmo, mas um método, ou instrumento, para se alcançar determinado fim. Em abstrato, os requisitos formais estabelecidos para a prática dos atos existem como garantia de que o fim será atingido, embora, em concreto, tais exigências possam ter efeito justamente contrário, quando se perde de vista a instrumentalidade do processo, e as formas se degeneram em formalismo excessivo, deixando de ser garantia, para transformaremse em obstáculo à realização do direito material. Para evitar que se perca a visão do processo como instrumento e das formas como garantia, a LPA, no art. 2°, parágrafo único, incisos VIII e IX, prescreve que, no processo administrativo, serão observadas formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; e adotadas formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados. Quando o interessado opta por discutir a mesma questão pela via judicial, o interesse de agir na esfera administrativa desaparece, posto que a decisão administrativa perderá toda a utilidade que poderia ter para o interessado. A decisão administrativa, na parte em que for coincidente com a decisão judicial, será inútil, posto que desnecessária; e, na parte na que for conflitante, também não terá utilidade, uma vez que a decisão judicial, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide e das questões decididas2. Segundo o art. 301, § 3°, do CPC, com redação dada pela Lei n° 5.925/1973, há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso. Para Fredie Didier Jr., o entendimento majoritário da doutrina tradicional brasileira é o de que a coisa julgada representa a imutabilidade dos efeitos da decisão judicial. Integram esta corrente, entre outros, Liebman, Dinamarco e Ada Pellegrini 3. A obrigação tributária nasce com o fato gerador, 4logo, desde o momento em que um fato amoldase à hipótese de incidência, já existe também um credor (sujeito ativo), um devedor (sujeito passivo) e uma prestação (de pagar). Ocorre que esta obrigação, por ser prevista em lei de forma geral e abstrata, depende de uma apuração para que se determinem os seus elementos, possibilitandose, assim, o pagamento ou, em caso de inadimplência, o ajuizamento de uma execução fiscal. O lançamento, apesar do que sugere a interpretação literal do texto normativo, não constitui o crédito tributário porque este surge com o próprio fato gerador, visto que não há obrigação de pagar sem crédito. Assim, o lançamento tem como 2 CPC, art. 468. 3 DIDIER JR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da prova, direito probatório, teoria do precedente, decisão judicial, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela. 4. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODIVM, 2009, vol. 2, p. 413415. 4 CTN, art. 113, § 1o: “A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Fl. 575DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10552.000649/200712 Acórdão n.º 2301004.123 S2C3T1 Fl. 542 11 finalidade imediata fixar os elementos da obrigação, identificando o sujeito passivo e apurando, ou liquidando, o crédito tributário. A legislação que rege o Processo Administrativo Tributário prevê a sanção de nulidade apenas para atos inquinados por vício de competência (falta de requisito subjetivo) ou lavrados com preterição do direito de defesa. O vício subjetivo (incompetência) e o cerceamento do direito de defesa ensejam a decretação de nulidades, conforme art. 59 do PAT, in verbis: CAPÍTULO III Das Nulidades Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. As nulidades estabelecidas pelo art. 59 são absolutas, ou seja, os atos maculados por vício subjetivo ou proferidos com preterição do direito de defesa devem necessariamente ser invalidados, uma vez que seus defeitos são considerados insanáveis. O rigor da sanção se justifica, pois a competência do agente e a influência do autuado são as principais garantias para que o lançamento chegue à sua finalidade. Além disso, os direitos ao contraditório e à ampla defesa no processo administrativo são constitucionalmente garantidos. Em conformidade com o disposto no art. 142 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional – CTN) o auto de infração lavrado de acordo com o artigo anterior conterá, obrigatoriamente: I – a identificação do sujeito passivo; II – a matéria tributável, assim entendida a descrição dos fatos e a base de cálculo; III – a norma legal infringida; IV – o montante do tributo ou contribuição; V – a penalidade aplicável; VI – o nome, o cargo, o número de matrícula e a assinatura do AFTN autuante; VII – o local, a data e a hora da lavratura; VIII – a intimação para o sujeito passivo pagar ou impugnar a exigência no prazo de trinta dias contado a partir da data da ciência do lançamento. Assim, quando o lançamento for lavrado em desconformidade com o estabelecido no art. 142 do CTN ou art. 10 do PAT, que dispõem sobre o conteúdo e a forma do ato, a decretação da nulidade é dever do julgador administrativo. Fl. 576DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA 12 Da análise dos autos restou patente que a autoridade fiscal deveria, por força de decisão judicial transitada em julgado, ter fundamentado o ato administrativo – cancelatório e lançamentos – que afastou a imunidade tributária prevista no art. 195, §7º, da CF/1988, por meio do preenchimento ou não dos requisitos dispostos no art. 14, do CTN, haja vista a declaração incidental da inconstitucionalidade do art. 55, da Lei n. 8.212/91. Ao revés disso, afastou o direito à fruição da imunidade por suposto descumprimento dos requisitos previstos nos incisos II a V, do art. 55 da Lei n. 8.212/91, conforme se aduz da leitura da decisão prolatada pela Delegada da DRF em Novo Hamburgo/RS que aprovou o Parecer DRF/NHO/Scort n. 676/2008 [fls. 263/266] e cancelou a “isenção” das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23, da Lei n. 8.212/91, conforme se verifica abaixo [fl. 267]: 1. Tendo em vista o disposto no art. 238 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF n° 95, de 30 de abril de 2007 (Edição Extra do DOU de 02.05.2007), com as alterações introduzidas pela Portaria MF n" 225, de 05/09/07, publicada no DOU 11/09/07, c pela Portaria MF n° 323, de 19/12/07, publicada no DOU de 21/12/07 e considerando ainda os termos do Parecer DRF/NHO/Scort n" 676/2008, que aprovo, DECLARO CANCELADA, com base no disposto no inciso 1 do §8° do art. 206 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, a partir de 01/01/1995, a isenção das contribuições de que tratam os art.22 e 23 da Lei n" 8.212/91, da Associação PróEnsino Superior Em Novo Hamburgo ASPEUR, CNPJ 91.693.531/000162, por infração ao art. 55 da Lei n° 8.212/91, incisos II; III, IV e V, combinado com o art. 206, incisos III; IV, V e VI do RPS. 2. Desta decisão, de acordo com o § 9 o do art. 206 do RPS, não cabe recurso. Ao Scort para dar ciência à contribuinte, encaminhandose cópia desta decisão. Demais disso, não cabia à DRJ modificar a fundamentação do lançamento a fim de legitimálo, aduzindo que ao descumprir o requisito V, do art. 55, da Lei n. 8.212/91 a Entidade também não atendeu ao inciso II, do art. 14, do CTN, conforme se extrai dos Acórdãos recorridos prolatados nos autos dos lançamentos [vide processo n. 11065.002856/200928, Acórdão n. 1031.129, fls. 2.582 e 2.583]. Igualmente nula por vício subjetivo é a decisão administrativa que traz novos argumentos para manutenção do lançamento, além dos apresentados pela autoridade lançadora. Ocorre que não se devem concentrar, em uma mesma autoridade, as competências para embasar e julgar o lançamento, sob pena de total comprometimento da imparcialidade. A jurisprudência do CARF já manifestou que não se afigura possível à autoridade julgadora de primeira instância alterar o fundamento do lançamento, adotandose um novo critério, diverso daquele apontado pela autoridade fiscal no auto de infração. Referida alteração configura mudança do critério jurídico, o que é vedado pelo artigo 146 do CTN, caracterizando inovação e aperfeiçoamento do lançamento: LANÇAMENTO ELETRÔNICO. DCTF. MOTIVAÇÃO INCONSISTENTE. CANCELAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO. Fl. 577DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10552.000649/200712 Acórdão n.º 2301004.123 S2C3T1 Fl. 543 13 Deve ser cancelado o auto de infração quando a motivação do lançamento (“proc jud de outro CNPJ”) não se mostrou verdadeira, notadamente em face do conteúdo fáticoprobatório trazido aos autos. AUTO DE INFRAÇÃO. ALTERAÇÃO PELA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. MUDANÇA DO CRITÉRIO JURÍDICO. ART. 146 DO CTN. Não se afigura possível à autoridade julgadora de primeira instância alterar o fundamento do lançamento, adotandose um novo critério, diverso daquele apontado pela autoridade fiscal no auto de infração. Referida alteração configura mudança do critério jurídico, o que é vedado pelo artigo 146 do CTN, caracterizando inovação e aperfeiçoamento do lançamento. Recurso Especial do Procurador Negado. (CARF, Acórdão 9303001.690, rel. Rodrigo Miranda) [Grifo nosso] Dessa forma, constatado o vício quanto à aplicação da norma tida por infringida, decreto a nulidade do Ato Cancelatório, por vício material, e conseqüência dos lançamentos fiscais decorrentes 11065.002856/200928 (patronal), 11065.002857/200972 (terceiros) e 11065.002858/200917 (GFIP). I.2 DECADÊNCIA: OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS PARA A FRUIÇÃO DA ISENÇÃO SUJEITASE AO PRAZO DECADENCIAL À época da informação fiscal, cabia a Receita Federal do Brasil verificar se a entidade cumpria com os requisitos esposados no artigo 14, do CTN – conforme fundamento disposto no item I.1 – ou para aqueles que entenderem o artigo 55 da Lei n.º 8.212/91, cumulativamente, para poder usufruir da isenção patronal previdenciária. O parágrafo §1º, do art. 14 ou §4º do artigo 55 era taxativo ao afirmar que: CTN Art. 14 [...] § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. Lei n. 8.212/91 Art. 55 [...] § 4o O Instituto Nacional do Seguro SocialINSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo.(Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998).(Vide ADIN nº 2028 5)(Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) Fl. 578DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA 14 Com este objetivo foi iniciada auditoria fiscal na entidade e o Fisco, após a análise dos elementos disponibilizados, entendeu que a mesma não faz jus à fruição da imunidade, eis que não cumpre cumulativamente os requisitos expostos nos inciso II a V, do artigo 55 da Lei n.º 8.212/91, que se refere à promover assistência social, educacional e de saúde ao público alvo. Todavia, é de se ver que o inciso III do citado artigo 55, está suspenso por força de liminar do Supremo Tribunal Federal na Adin 2.0285/99, referendada pelo Plenário em 11/11/1999, é de se atentar que prevalece a redação original do inciso e que a Informação Fiscal, que postula pelo cancelamento da imunidade fruída trouxe elementos para comprovar o não cumprimento dos requisitos legais cumulativamente pela entidade para gozar do beneficio legal. Contudo, mesmo que se considerasse regular a pretensão fiscal quanto ao “cancelamento da isenção” fruída pela Entidade por não comprovar o cumprimento dos requisitos constantes dos incisos II a V, do artigo 55 da Lei n.º 8.212/91, há que se observar a decadência nos limites impostos pela Súmula Vinculante n.º08, do Supremo Tribunal Federal. Os efeitos da Súmula Vinculante são previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n. 11.417/2006, verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)(Vide Lei nº 11.417, de 2006). [...] Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Como se constata, a partir da publicação na imprensa oficial, que se deu em 20/06/2008, todos os órgãos judiciais e administrativos ficam obrigados a acatarem a Súmula Vinculante. Fl. 579DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10552.000649/200712 Acórdão n.º 2301004.123 S2C3T1 Fl. 544 15 Compulsando os autos, constatase que o período de apuração do procedimento fiscal ficou delimitado de 01/01/2004 a 31/12/2008. A Informação Fiscal foi emitida em 18/03/2005 e o Ato Cancelatório exarado em 05/11/2008, com arrimo no Parecer DRF/NHO/Scort n. 676/2008 [fls. 263/266]. A ciência ocorreu em 18/11/2008, conforme AR à folha 268. Já as autuações fiscais foram lavradas em 07/12/2009 e a ciência ocorreu em 11/12/2009. Logo, considerando a ciência do Ato Cancelatório [18/11/2008] a verificação do cumprimento ou não das exigências deve cingirse ao período posterior a 31/12/2002. Considerando a ciência das autuações [11/12/2009], limitarseá ao período posterior a 31/12/2003. Os motivos para exarar o Ato Cancelatório foram [fls. 263 e ss]: (i) inciso II – ausência de certificação válida no período de 01/01/2005 a 01/07/1998; (ii) Inciso III: suposta não comprovação do atendimento a promoção de atividades voltadas a assistência social e educacional pelas bolsas de estudo concedidas, no período de 1994 a 2002; (iii) Inciso IV: suposta remuneração/vantagens indiretas aos dirigentes da entidade pela contratação de profissionais com vínculo familiar (período de 1997 a 2002) e a pactuação de contrato de mútuo entre empresas distintas mais com reciprocidade de vínculo afetivo com a diretoria; (iv) Inciso V: suposta não aplicação do resultado nos objetivos institucionais pela aquisição de imóvel do Esporte Clube Novo Hamburgo (junho/2001). Portanto, inclinome à tese jurídica na Súmula Vinculante n° 08 para acatar o prazo decadencial exposto no Código Tributário Nacional, artigo 173, inciso I: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento A propósito, tal entendimento já foi manifestado pela 2ª Turma Ordinária, desta Câmara, conforme se verifica abaixo: Fl. 580DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA 16 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/1999 Ementa: DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, devendo ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. A observância dos requisitos legais para a fruição da isenção patronal das contribuições previdenciárias, sujeitase ao prazo decadencial Recurso Voluntário Provido (Acórdão n. 2302003.001, Julgamento em 19/02/2014, Conselheira Relatora Liege Lacroix Thomasi) [Grifo nosso] Portanto, os documentos solicitados, examinados e as razões expostas pelo Fisco para “cancelar a isenção” devido ao descumprimento do artigo 55, incisos II a V da Lei n.º 8.212/91, se referiram a período anterior, que já se encontrava abrangido pela decadência qüinqüenal, exposta no artigo 173, I do Código Tributário Nacional, quando da fiscalização, não servindo para sustentar o cancelamento da isenção usufruída pela entidade. DISPOSITIVO Por todo o exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário interposto, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, haja vista que foi decretada a nulidade do ato cancelatório, por vício material, vez que há decisão judicial transitada em julgado que determinou a observância dos requisitos do art. 14, do CTN e os documentos solicitados, examinados e as razões expostas pelo Fisco para “cancelar a isenção” devido ao descumprimento do artigo 55, incisos II a V da Lei n.º 8.212/91, se referiram a período anterior, que já se encontrava abrangido pela decadência qüinqüenal, exposta no artigo 173, I do Código Tributário Nacional, quando da fiscalização, não servindo para sustentar o cancelamento da isenção usufruída pela entidade. É como voto. Manoel Coelho Arruda Júnior Relator Fl. 581DF CARF MF Impresso em 03/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/ 08/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por MARCELO OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 19740.720195/2009-19
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 29 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Aug 19 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício:2007
NULIDADE. DEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO.
No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento não há que se falar em nulidade do ato em litígio.
Cabe ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, na atribuição do exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil em caráter privativo, no caso de verificação do ilícito, constituir o crédito tributário, cuja atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.
ALIENAÇÃO DE TÍTULOS DA BOVESPA. GANHO DE CAPITAL. ATUALIZAÇÃO DOS VALORES NOMINAIS DOS TÍTULOS PATRIMONIAIS.
Estão sujeitas à apuração de ganho de capital as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição. Especificamente considera-se ganho de capital a diferença positiva entre o valor de alienação das participações societárias e o respectivo custo de aquisição.
A atualização dos títulos patrimoniais da Bovespa não afeta a apuração do ganho de capital no momento de sua alienação pois, de um lado, não representa efetivo custo de aquisição, e, de outro, integra reserva de capital que deve ser realizada na baixa dos direitos.
JUROS DE MORA.
Tem cabimento a incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic sobre débitos tributários não pagos nos prazos legais.
MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL. MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. POSSIBILIDADE.
A multa de ofício proporcional é uma penalidade pecuniária aplicada em razão de inadimplemento de obrigações tributárias apuradas em lançamento direto com a comprovação da conduta culposa.
A aplicação da multa de ofício proporcional pressupõe a constituição do crédito tributário pelo lançamento direito, diante da constatação dos ilícitos tributários previsto na legislação de regência. Distintas, são as aplicações das multas de ofício isoladas por falta de recolhimentos de IRPJ e de CSLL determinados sobre a base de cálculo estimada, ainda que o sujeito passivo tenha sido apurado prejuízo fiscal para o IRPJ e base de cálculo negativa para a CSLL, no ano-calendário correspondente. Essas infrações são passíveis de penalidades distintas, previstas em diferentes dispositivos da legislação, por essa razão não há que se falar em concomitância de aplicação de multas de ofício. Vale esclarecer que a previsão legal que possibilita a imposição de mais de uma penalidade no mesmo Auto de Infração é admissível, desde que se tratem de ilícitos distintos.
DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA.
Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
LANÇAMENTO DECORRENTE.
O lançamento de CSLL sendo decorrente da mesma infração tributária, a relação de causalidade que o informa leva a que o resultado do julgamento deste feito acompanhe aquele que foi dado à exigência de IRPJ.
Numero da decisão: 1803-002.263
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, nos termos do voto da Relatora:
(1) Por voto de qualidade negar provimento ao recurso voluntário e acompanhou pelas conclusões o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes. Vencidos os Conselheiros Victor Humberto da Silva Maizman, Arthur José André Neto e Roberto Armond Ferreira da Silva que davam provimento ao recurso voluntário.
(2) Por voto de qualidade negar provimento ao recurso em relação à multa de ofício isolada. Vencidos os Conselheiros Victor Humberto da Silva Maizman, Arthur José André Neto e Roberto Armond Ferreira da Silva que davam provimento ao recurso voluntário para exonerar a aplicação da multa de ofício isolada.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Victor Humberto da Silva Maizman, Artur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Roberto Armond Ferreira da Silva e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201407
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício:2007 NULIDADE. DEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO. No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento não há que se falar em nulidade do ato em litígio. Cabe ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, na atribuição do exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil em caráter privativo, no caso de verificação do ilícito, constituir o crédito tributário, cuja atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. ALIENAÇÃO DE TÍTULOS DA BOVESPA. GANHO DE CAPITAL. ATUALIZAÇÃO DOS VALORES NOMINAIS DOS TÍTULOS PATRIMONIAIS. Estão sujeitas à apuração de ganho de capital as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição. Especificamente considera-se ganho de capital a diferença positiva entre o valor de alienação das participações societárias e o respectivo custo de aquisição. A atualização dos títulos patrimoniais da Bovespa não afeta a apuração do ganho de capital no momento de sua alienação pois, de um lado, não representa efetivo custo de aquisição, e, de outro, integra reserva de capital que deve ser realizada na baixa dos direitos. JUROS DE MORA. Tem cabimento a incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic sobre débitos tributários não pagos nos prazos legais. MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL. MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. POSSIBILIDADE. A multa de ofício proporcional é uma penalidade pecuniária aplicada em razão de inadimplemento de obrigações tributárias apuradas em lançamento direto com a comprovação da conduta culposa. A aplicação da multa de ofício proporcional pressupõe a constituição do crédito tributário pelo lançamento direito, diante da constatação dos ilícitos tributários previsto na legislação de regência. Distintas, são as aplicações das multas de ofício isoladas por falta de recolhimentos de IRPJ e de CSLL determinados sobre a base de cálculo estimada, ainda que o sujeito passivo tenha sido apurado prejuízo fiscal para o IRPJ e base de cálculo negativa para a CSLL, no ano-calendário correspondente. Essas infrações são passíveis de penalidades distintas, previstas em diferentes dispositivos da legislação, por essa razão não há que se falar em concomitância de aplicação de multas de ofício. Vale esclarecer que a previsão legal que possibilita a imposição de mais de uma penalidade no mesmo Auto de Infração é admissível, desde que se tratem de ilícitos distintos. DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. LANÇAMENTO DECORRENTE. O lançamento de CSLL sendo decorrente da mesma infração tributária, a relação de causalidade que o informa leva a que o resultado do julgamento deste feito acompanhe aquele que foi dado à exigência de IRPJ.
turma_s : Terceira Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 19 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 19740.720195/2009-19
anomes_publicacao_s : 201408
conteudo_id_s : 5369280
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 19 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1803-002.263
nome_arquivo_s : Decisao_19740720195200919.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : CARMEN FERREIRA SARAIVA
nome_arquivo_pdf_s : 19740720195200919_5369280.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, nos termos do voto da Relatora: (1) Por voto de qualidade negar provimento ao recurso voluntário e acompanhou pelas conclusões o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes. Vencidos os Conselheiros Victor Humberto da Silva Maizman, Arthur José André Neto e Roberto Armond Ferreira da Silva que davam provimento ao recurso voluntário. (2) Por voto de qualidade negar provimento ao recurso em relação à multa de ofício isolada. Vencidos os Conselheiros Victor Humberto da Silva Maizman, Arthur José André Neto e Roberto Armond Ferreira da Silva que davam provimento ao recurso voluntário para exonerar a aplicação da multa de ofício isolada. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Victor Humberto da Silva Maizman, Artur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Roberto Armond Ferreira da Silva e Carmen Ferreira Saraiva.
dt_sessao_tdt : Tue Jul 29 00:00:00 UTC 2014
id : 5567367
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:26:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047033592414208
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 32; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2209; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 1.412 1 1.411 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19740.720195/200919 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1803002.263 – 3ª Turma Especial Sessão de 30 de julho de 2014 Matéria LUCRO REAL Recorrente BANCO PROSPER S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício:2007 NULIDADE. DEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO. No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento não há que se falar em nulidade do ato em litígio. Cabe ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, na atribuição do exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil em caráter privativo, no caso de verificação do ilícito, constituir o crédito tributário, cuja atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. ALIENAÇÃO DE TÍTULOS DA BOVESPA. GANHO DE CAPITAL. ATUALIZAÇÃO DOS VALORES NOMINAIS DOS TÍTULOS PATRIMONIAIS. Estão sujeitas à apuração de ganho de capital as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição. Especificamente considerase ganho de capital a diferença positiva entre o valor de alienação das participações societárias e o respectivo custo de aquisição. A atualização dos títulos patrimoniais da Bovespa não afeta a apuração do ganho de capital no momento de sua alienação pois, de um lado, não representa efetivo custo de aquisição, e, de outro, integra reserva de capital que deve ser realizada na baixa dos direitos. JUROS DE MORA. Tem cabimento a incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic sobre débitos tributários não pagos nos prazos legais. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 72 01 95 /2 00 9- 19 Fl. 1450DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.413 2 MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL. MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. POSSIBILIDADE. A multa de ofício proporcional é uma penalidade pecuniária aplicada em razão de inadimplemento de obrigações tributárias apuradas em lançamento direto com a comprovação da conduta culposa. A aplicação da multa de ofício proporcional pressupõe a constituição do crédito tributário pelo lançamento direito, diante da constatação dos ilícitos tributários previsto na legislação de regência. Distintas, são as aplicações das multas de ofício isoladas por falta de recolhimentos de IRPJ e de CSLL determinados sobre a base de cálculo estimada, ainda que o sujeito passivo tenha sido apurado prejuízo fiscal para o IRPJ e base de cálculo negativa para a CSLL, no anocalendário correspondente. Essas infrações são passíveis de penalidades distintas, previstas em diferentes dispositivos da legislação, por essa razão não há que se falar em concomitância de aplicação de multas de ofício. Vale esclarecer que a previsão legal que possibilita a imposição de mais de uma penalidade no mesmo Auto de Infração é admissível, desde que se tratem de ilícitos distintos. DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. LANÇAMENTO DECORRENTE. O lançamento de CSLL sendo decorrente da mesma infração tributária, a relação de causalidade que o informa leva a que o resultado do julgamento deste feito acompanhe aquele que foi dado à exigência de IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, nos termos do voto da Relatora: (1) Por voto de qualidade negar provimento ao recurso voluntário e acompanhou pelas conclusões o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes. Vencidos os Conselheiros Victor Humberto da Silva Maizman, Arthur José André Neto e Roberto Armond Ferreira da Silva que davam provimento ao recurso voluntário. (2) Por voto de qualidade negar provimento ao recurso em relação à multa de ofício isolada. Vencidos os Conselheiros Victor Humberto da Silva Maizman, Arthur José André Neto e Roberto Armond Ferreira da Silva que davam provimento ao recurso voluntário para exonerar a aplicação da multa de ofício isolada. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Fl. 1451DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.414 3 Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Victor Humberto da Silva Maizman, Artur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Roberto Armond Ferreira da Silva e Carmen Ferreira Saraiva. Relatório Contra a Recorrente acima identificada foram lavrados: I O Auto de Infração às fls. 11321138 , com a exigência do crédito tributário no valor de R$421.260,05, a título de Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), juros de mora e multa de ofício proporcional e multa de ofício isolada determinada sobre a base de cálculo estimada apurados pelo regime de tributação com base no lucro real no anocalendário de 2006. Consta na Descrição dos Fatos: GANHO E PERDA DE CAPITAL – ALIENAÇÃO/BAIXA DE BENS DO ATIVO PERMANENTE [TÍTULOS PATRIMONIAIS DA BOVESPA] Falta de contabilização do ganho de capital na alienação/baixa de bem do ativo permanente [de dois títulos patrimoniais da Bovespa] gerando em consequência redução indevida do lucro sujeito à tributação [no valor tributável de R$823.807,36 decorrente da diferença positiva entre o custo de aquisição de R$1.522.252,14 em 30.12.2004 do Banco Equity de Investimento S/A e o valor de alienação de R$2.346.059,50 em 26.12.2006 para a Prosper S/A Corretora de Valores e Câmbio]. MULTAS ISOLADAS – FALTA DE RECOLHIMENTO DE IRPJ SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA Falta de pagamento de Imposto de Renda Pessoa Jurídica incidente sobre a base de cálculo estimada em função da receita bruta e acréscimos e/ou balanços de suspensão ou redução [...]. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 44 da Lei nº 430, de 26 de dezembro de 1996, art. 14 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, art. 106 do Código Tributário Nacional e art. 247, art. 248 e art. 251 do Regulamento do Imposto de Renda constante no Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR, de 1999). Em decorrência de serem os mesmos elementos de provas indispensáveis à comprovação dos fatos ilícitos tributários foi constituído o seguinte crédito tributário pelo lançamento formalizado neste processo: II O Auto de Infração às fls. 11391145, com a exigência do crédito tributário no valor de R$144.239,34 a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), juros de mora e multa de ofício proporcional e multa de ofício isolada determinada sobre a base de cálculo estimada apurados pelo regime de tributação com base no lucro real no anocalendário de 2006. Fl. 1452DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.415 4 Consta na Descrição dos Fatos: GANHO E PERDA DE CAPITAL – ALIENAÇÃO/BAIXA DE BENS DO ATIVO PERMANENTE [TÍTULOS PATRIMONIAIS DA BOVESPA] Falta de contabilização do ganho de capital na alienação/baixa de bem do ativo permanente [de dois títulos patrimoniais da Bovespa] gerando em consequência redução indevida do lucro sujeito à tributação [no valor tributável de R$823.807,36 decorrente da diferença positiva entre o custo de aquisição de R$1.522.252,14 em 30.12.2004 do Banco Equity de Investimento S/A e o valor de alienação de R$2.346.059,50 em 26.12.2006 para a Prosper S/A Corretora de Valores e Câmbio]. MULTAS ISOLADAS – FALTA DE RECOLHIMENTO DE CSLL SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA Falta de pagamento de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido incidente sobre a base de cálculo estimada em função da receita bruta e acréscimos e/ou balanços de suspensão ou redução [...]. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, art. 37 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, art. 1º da Lei nº 9.316, de 22 de novembro de 1996, art. 28 e art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 17 da Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008, art. 14 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, art. 106 do Código Tributário Nacional, e art. 222 e art. 843 do Regulamento do Imposto de Renda constante no Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR, de 1999). Cientificada, a Recorrente apresentou a impugnação, fls. 11981233, com as alegações a seguir sintetizadas. Tece esclarecimentos sobre os fatos suscitando: II FATOS, NO ESSENCIAL Em 30.12.2004, a Impugnante adquiriu do Banco Equity de Investimentos S/A, pelo valor total de R$1.522.525,14, dois títulos patrimoniais da Bovespa. Em 26.12.2006, os referidos títulos foram alienados pela Impugnante à Prosper S/A Corretora de Valores e Câmbio ("CVC"), pelo valor total de R$2.346.059,50. Em 07.10.2009, o Sr. Auditor Fiscal intimou a Impugnante a prestar esclarecimentos acerca dos motivos e fundamentos para a não tributação de suposto ganho de capital auferido na alienação de títulos patrimoniais da Bovespa, tendo sido informado pela Impugnante, em 28.10.2010, que o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores em decorrência de alteração do seu patrimônio social não constituía receita nem ganho de capital das sociedades associadas às Bolsas de Valores, de acordo com a Portaria do Ministério da Fazenda n° 785, de 20.12.77, e por isso era excluído do lucro real daquelas sociedades, com a condição de que não fosse distribuído e constituísse reserva para oportuna incorporação ao capital social. Por essa razão, o valor assim atualizado dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores passou a constituir, para fins de apuração de eventual ganho de capital, o novo custo de aquisição do ativo, e tendo os títulos patrimoniais da Bovespa sido Fl. 1453DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.416 5 vendidos à CVC pelo (então) respectivo custo de aquisição, não houve lucro tributável decorrente da operação. A Impugnante ressaltou que a única condição para a exclusão do acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores do lucro real das sociedades associadas e que tal valor não seja distribuído como dividendo (sendo mantido em reserva ou capitalizado), condição esta que foi atendida pela Impugnante. O Lançamento e sua "Fundamentação" Nada obstante o regime jurídico aplicável à atualização do valor dos títulos patrimoniais das bolsas de valores, o Sr. Auditor Fiscal fez tábula rasa da Portaria MF n° 785/77, e autuou a Impugnante sob a alegação de que incidiria o IRPJ e a CSLL sobre a diferença entre o valor de alienação dos títulos patrimoniais (R$2.346.059,50) e o seu custo de aquisição (R$1.522.252,14), correspondente aos valores creditados na conta Reserva de Atualização dos Títulos Patrimoniais a título de atualização contábil dos títulos patrimoniais da Bovespa. [...] E concluiu (equivocadamente) que a Impugnante deveria ter adicionado o suposto ganho com a alienação dos títulos da Bovespa, no valor de R$823.807,36, ao cálculo do lucro real anual e, conseqüentemente, ter considerado esse valor nos cálculos das estimativas mensais de IRPJ e da CSLL de 2006. III MÉRITO Resumo da Impugnação Ao longo da Impugnação, restará demonstrado que os lançamentos efetuados contra a Impugnante são improcedentes, tendo em conta que: (i) A Portaria MF n° 785/77 foi recepcionada pela legislação que sucedeu à que originalmente lhe servia de fundamento; (ii) A inteligência da Portaria MF n° 785/77 não deve deixar de admitir abrangidas outras sociedades membro das Bolsas de Valores em razão de sua literalidade que se refere tãosomente a "sociedades corretoras"; (iii) O Sr. Auditor Fiscal distorceu o preceito contido na Portaria MF n° 785/77, afirmando equivocadamente que, ao alienar os títulos patrimoniais da Bovespa, a Impugnante deixou de observar as hipóteses previstas no referido ato normativo para a manutenção do gozo da isenção da atualização do valor dos referidos títulos: a alienação, pelo valor contábil, dos títulos patrimoniais da Bovespa, não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas na Portaria MF nº 785/77 para a suspensão do gozo da isenção da atualização do valor dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores: (iv) Os atos administrativos (no caso concreto, a Portaria MF n° 785/77) gozam de presunção de validade. Enquanto não sobrevier pronunciamento acerca de sua revogação ou declaração de sua ilegalidade pelo próprio órgão que os aprovou ou pelos órgãos hierarquicamente superiores, suas determinações vinculam tanto a Administração quanto o Administrado; (v) Não cabe ao Sr. Auditor Fiscal argüir vício da Portaria MF n° 785/77 e, ao fazêlo, exorbite os limites de sua competência funcional; Fl. 1454DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.417 6 (vi) A Impugnante deixou de oferecer à tributação o valor correspondente atualização dos títulos patrimoniais da Bovespa por ocasião da sua alienação, com observância de critério jurídico formalmente estabelecido em ato normativo da autoridade tributária (Portaria MF n° 785/77) e das práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas à época da alienação de tais títulos; (vii) Todos os questionamentos levantados pelo Sr. Auditor Fiscal sobre a revogação e a legalidade da Portaria MF n° 785/77, ainda que procedentes o que se admite apenas para argumentar constituem modificação de critério jurídico na aplicação de legislação tributária; (viii) Por essa razão, se uma nova norma complementar vier a estabelecer a incidência de imposto sobre a atualização dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, somente poderá ser aplicada a fatos geradores ocorridos após a sua entrada em vigor, por força da irretroatividade dos atos normativos em matéria tributária, expressamente estabelecida no artigo 105 do CTN; (ix) Mesmo que não se aplicasse o preceito referido no subitem (viii) acima, o que se admite apenas para argumentar, nos termos do parágrafo único do art. 100 do CTN, a observância das normas complementares exclui a imposição de penalidades e a cobrança de juros de mora, em razão de que é ilegal a cobrança de juros e de multas (proporcional e isolada) pretendida pelo Sr. Auditor Fiscal; e (x) É vedada a aplicação concomitante da multa de ofício e da multa isolada. Registro da Atualização do Valor dos Títulos Patrimoniais As Bolsas de Valores, na época em que foi editada a Portaria MF n° 785/77, eram associações civis sem finalidades lucrativas. Seu patrimônio social, inicialmente formado com as contribuições dos associados, era atualizado em função do resultado e da correção monetária. E a variação no valor do patrimônio social das Bolsas de Valores refletiase na atualização do valor nominal dos títulos patrimoniais detidos por seus associados assim como se fora (analogamente) aplicado o método do patrimônio líquido na avaliação de investimentos conforme dispunha o parágrafo único do art. 4º do Regulamento BCB n° 39, de 1966 [...] A atualização do valor dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores pelos associados, que não decorresse de correção monetária, deveria gerar, como contrapartida, crédito na conta Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais de Bolsas de Valores, como sempre determinou o Plano Contábil das Instituições Financeiras do Sistema Financeiro Nacional. Legalidade da Isenção Reconhecida pela Portaria MF n° 785/77 Segundo o Sr. Auditor Fiscal, a fundamentação da Portaria MF n° 785/77 não tem efeito, tendo em conta que utiliza como fundamento de suas disposições o inciso "m" do artigo 223 do RIR/75, o qual descreve "diversas situações fáticas, isentadas legalmente, que não guardam nenhuma correlação com a matéria por ela tratada". Por conseguinte, a Portaria MF n° 785/77 assumiria natureza constitutiva, reservada à lei, ao enunciar a isenção sem indicar o dispositivo legal específico que a concede. Essa norma do art. 223, "m", do RIR/75 fundase no princípio constante de várias normas legais, das quais decorrem o preceito, acolhido no RIR, de que há isenção de imposto de renda quando o acréscimo de valor das participações societárias não for distribuído aos titulares destas participações, mas sim mantido no patrimônio líquido. Fl. 1455DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.418 7 Desta forma, no caso em que há incremento do patrimônio da sociedade investida, o valor da participação societária, como reflexo, sofre um acréscimo, que deverá gerar contrapartida no patrimônio líquido da sociedade titular das referidas participações societárias (no caso, as sociedades membro das Bolsas de Valores). [...] Recepção da Portaria MF 785/1977 pela Legislação Fiscal O fundamento da Portaria MF 785/1977 vem sendo recepcionado pela legislação fiscal que sucedeu àquela que serviu como na base legal original. Neste sentido, vejase o que dispõe o art. 257 do RIR/80, que reproduziu, em outra linguagem, o inciso "m" do art. 223 do RIR/75 [...] De acordo com a Portaria MF n° 785/77, o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração do seu patrimônio social, não constituía receita nem ganho de capital das corretoras, e, por isso, era excluído do lucro real destas, com a condição de que não fosse distribuído e constituísse reserva para oportuna incorporação ao capital social. O aumento de capital das corretoras mediante a incorporação de reserva de atualização dos títulos patrimoniais também não estava sujeito a tributação desde que, nos 5 anos subseqüentes ao aumento foi anteriores ao aumento), não ocorresse (ou tivesse ocorrido) redução de capital, ou extinção da pessoa jurídica hipótese em que o valor incorporado deveria ser tributado como lucro distribuído, ficando os sócios sujeitos ao imposto de renda na declaração de rendimentos, ou na fonte, no ano em que ocorresse a extinção ou redução [art. 3º do DecretoLei nº 1.190, de 26 de junho de 1970]. [...] Vale lembrar que, após a revogação, [pelo art. 10 da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1996] da tributação, pelo imposto de renda, dos dividendos pagos ou distribuídos por pessoas jurídicas, a condição de que o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais somente não constituía receita nem ganho de capital caso não fosse distribuído de acordo com as condições e o prazo estipulados na Portaria do Ministério da Fazenda n° 785/77 foi implicitamente revogada. A Impugnante sempre Atualizou o Custo Contábil de seus Títulos Patrimoniais da Bovespa em Conformidade com a Portaria MF n° 785/77 [...] A Atualização dos Títulos Patrimoniais pela Impugnante não Implicou Inobservância Preceito Contido na Portaria MF 785/77 Segundo o Sr. Auditor Fiscal, muito embora o registro contábil da Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais tenha sido mantido no seu patrimônio, a Impugnante, ao alienar os títulos patrimoniais da Bovespa, descumpriu o disposto na Portaria MF n° 785/77, em razão de o que a isenção já não mais seria aplicável à atualização dos títulos patrimoniais. Ainda de acordo com o Sr. Auditor Fiscal, a alienação dos títulos patrimoniais implicou a distribuição financeira da atualização do valor dos títulos patrimoniais da Bovespa. E concluiu que incidiria tributação sobre a diferença entre o valor contábil atualizado dos títulos patrimoniais da Bovespa e o custo histórico de aquisição dos referidos títulos correspondente aos valores creditados na conta Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais por ocasião de sua alienação. Fl. 1456DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.419 8 Essas afirmações são d.v. totalmente equivocadas. [...] As únicas hipóteses previstas na Portaria do Ministério da Fazenda n° 785/77 para a suspensão do gozo da isenção da atualização do valor dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores são (i) a sua não distribuição aos sócios dos associados e a constituição de reserva para oportuna incorporação ao capital social e (ii) a redução do capital social das corretoras nos 5 (cinco) anos subseqüentes à capitalização da reserva de atualização. [...]. A alienação, pelo valor contábil, dos títulos patrimoniais da Bovespa, não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas na Portaria MF n° 785/77 para a suspensão [da] isenção da atualização do valor dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, cedida em que: (i) não implicou em distribuição de lucros originados da atualização dos referidos títulos aos sócios da Impugnante, e (ii) tampouco em redução de seu capital social subseqüente à capitalização da reserva de atualização. No plano da Impugnante, ocorreu mera mutação patrimonial decorrente da transferência do valor financeiro dos títulos patrimoniais da Bovespa da conta "investimentos" para a conta "caixa", sem qualquer ganho dos títulos patrimoniais foram alienados por seu valor contábil, atualizado de acordo com a Portaria MF 785/77). tendo a reserva de atualização dos títulos patrimoniais remanescido (intocada) no patrimônio líquido da Impugnante o que foi, inclusive, expressamente reconhecido pelo Sr. Auditor Fiscal – e os seus sócios permanecido na sociedade. [...] Princípio da Presunção de Legitimidade dos Atos da Administração Os questionamentos constantes do Auto de Infração acerca da legalidade e vigência da Portaria MF n° 785/77, além de improcedentes [...] ofendem os princípios: (i) da presunção de legitimidade dos atos da Administração, (ü) da hierarquia dos órgãos da Administração e (iii) da vinculação dos atos da Administração. [...] Especificamente sobre a aplicação, no plano tributário, desse princípio da presunção de legitimidade dos atos da Administração, vale citar dois exemplos: (i) a Portaria RFB nº 3.608, de 06.07.94. que dispõe sobre as Delegacias da Receita Federal de Julgamento, determina que os Delegados da Receita Federal de Julgamento observarão em seus julgados os atos da Administração, dentre os quais se incluem as Portarias; e (ii) o art 62 do Regimento Interno Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). aprovado pela Portaria Ministro de Estado da Fazenda n° 256, de 22.06.09, que proíbe os membros do CARF a afastar a aplicação da legislação sob fundamento de inconstitucionalidade vedação esta análoga à que estão sujeitos os auditores fiscais no exercício de sua competência funcional [...]. Fl. 1457DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.420 9 Hierarquia dos Órgãos da Administração e o Processo de Revogação dos Atos da Administração Em decorrência do princípio da presunção de legitimidade dos atos administrativos (no caso concreto, a Portaria MF n° 785/77), somente o próprio órgão que os criou, os órgãos hierarquicamente superiores ou órgão especial de controle, é que têm competência para declarar/decretar a sua invalidade. [...] Do Principio da Vinculação da Administração Os atos normativos, basicamente as instruções normativas e as portarias, têm por objetivo explicitar a norma legal a ser observada tanto pela Administração quanto pelo administrado. Enquanto não revogados ou declarados inválidos por órgão competente, vinculam a Administração e o administrado, e garantem ao administrado exoneração de responsabilidade ante o Poder Público. [...] A Observância da Legislação Tributária pela Impugnante A interpretação e aplicação das leis tributárias sempre foram influenciadas pelos atos das autoridades administrativas encarregadas da arrecadação dos tributos e pelas decisões de órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, o que explica o seguinte conceito de "legislação tributária" adotado [pelos artigos 96 e 199 do Código Tributário Nacional (CTN)]. [...] A Impugnante deixou de oferecer à tributação o valor correspondente à atualização dos títulos patrimoniais com observância de critério jurídico formalmente estabelecido em ato normativo da autoridade tributária (Portaria MF n° 785/77), das práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas e em atos dos agentes tributários que a fiscalizaram e a todas as demais instituições financeiras que eram membros da Bolsas de Valores [...] Da Irretroatividade das Normas da Legislação Tributária [...] O princípio da irretroatividade dos atos normativos é fundamental no ordenamento jurídico brasileiro: a Constituição de 1988 inclui entre os direitos e garantias fundamentais a regra de que "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada" (art. 5º, XXXVI) [...]. A Irretroatividade dos Atos Normativos em Matéria de Lei Tributária Encontrase Expressamente Estabelecida no Art. 105 do CTN [...] Assim, se uma nova norma complementar vier a estabelecer a incidência de imposto sobre a atualização dos títulos patrimoniais cujo efeito será revogar a norma complementar, com ela incompatível somente poderá, por força do artigo 105 do CTN. ser aplicada a fatos geradores ocorridos após a sua entrada em vigor. Irretroatividade da Modificação de Critério Jurídico na Aplicação da Legislação Tributária Todos os questionamentos levantados pelo Sr. Auditor Fiscal no que diz respeito à legalidade e à vigência da Portaria do MF n° 785/77, constituem, na prática se por acaso, fossem válidos (o que se admite apenas para argumentar) — modificação de critério jurídico na aplicação de legislação tributária, sendo vedada a sua aplicação a fatos pretéritos. [...] Prevalecer o entendimento do Sr. Auditor Fiscal, as autoridades administrativas estariam agindo contra seus próprios atos, o que [...] violaria o Fl. 1458DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.421 10 princípio da moralidade que a administração pública tem de obedecer segundo o artigo 37 da Constituição. Apresenta argumentos contra a incidência dos juros de mora equivalentes à taxa Selic e em oposição às aplicações da multa de ofício proporcional e da multa de ofício isolada, inclusive sobre a impossibilidade de concomitância das penalidades. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referências a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Ante todo o exposto, demonstrada assim, de forma irrefutável, a procedência das razões da Impugnante, requer seja dado provimento à presente Impugnação e julgado extinto o crédito tributário lançado. Está registrado como ementa do Acórdão da 7ª TURMA/DRJ/RJO I/RJ nº 1240.288, de 09.09.2011, fls. 12651277: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 ALIENAÇÃO DE TÍTULOS PATRIMONIAIS. GANHO DE CAPITAL. É tributável o ganho de capital, decorrente de alienação de títulos patrimoniais, calculado pela diferença entre o preço de venda e o valor contábil, assim considerado o preço de aquisição do título patrimonial sem qualquer atualização. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2006 CSLL. LANÇAMENTO CONEXO. Aplicase ao lançamento conexo o mesmo tratamento dispensado ao lançamento principal, em razão da relação de causa e efeito que os vincula. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 MULTA ISOLADA PELA FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS DE IRPJ e CSLL. Incide multa de ofício isolada sobre os valores do imposto de renda e da contribuição social devidos e não pagos, calculados sobre a base de cálculo estimada. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Fl. 1459DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.422 11 Notificada em 11.04.2012, fl. 1284, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 10.05.2012, fls. 12871335, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge e reitera os argumentos apresentados na peça impugnatória. Acrescenta que: II FATOS, NO ESSENCIAL Em 30.12.2004, a Recorrente adquiriu do Banco Equity de Investimentos S/A, pelo valor total de R$1.522.525,14, dois títulos patrimoniais da Bovespa, Em 26.12.2006, os referidos títulos foram alienados pela Recorrente à Prosper S/A Corretora de Valores e Câmbio ("CVC"), pelo valor total de R$2.346.059,50. Neste ínterim.o valor da reserva de atualização dos títulos patrimoniais aumentou em R$823.807,36, em decorrência do aumento patrimonial da BOVESPA. Em 07.10.2009, o Sr. Auditor Fiscal intimou a Recorrente a prestar esclarecimentos acerca dos motivos e fundamentos para a não tributação de suposto ganho de capital auferido na alienação de títulos patrimoniais da Bovespa, tendo sido informado pela Recorrente, em 28.10.2010, que o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores em decorrência de alteração do seu patrimônio social não constituía receita nem ganho de capital das sociedades associadas às Bolsas de Valores, de acordo com a Portaria do Ministério da Fazenda n° 785, de 20.12.77, e por isso era excluído do lucro real daquelas sociedades, com a condição de que não fosse distribuído e constituísse reserva para oportuna incorporação ao capital social. Por essa razão, o valor assim atualizado dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores passou a constituir, para fins de apuração de eventual ganho de capital, o novo custo de aquisição do ativo, e tendo os títulos patrimoniais da Bovespa sido vendidos à CVC pelo (então) respectivo custo de aquisição R$1,522.525,14 + R$823.807,36 = R$2.346.059,50), não houve lucro tributável decorrente da operação. A Recorrente ressaltou que a única condição para a exclusão do acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores do lucro real das sociedades associadas e que tal valor não seja distribuído como dividendo (sendo mantido em reserva ou capitalizado), condição esta que foi atendida pela Recorrente. O Lançamento e sua "Fundamentação" Nada obstante o regime jurídico aplicável à atualização do valor dos títulos patrimoniais das bolsas de valores, o Sr. Auditor Fiscal fez tábula rasa da Portaria MF n° 785/77, e autuou a Recorrente sob a alegação de que incidiria o IRPJ e a CSLL sobre a diferença entre o valor de alienação dos títulos patrimoniais (R$2.346.059,50) e o seu custo de aquisição (R$1.522.252,14), correspondente aos valores creditados na conta Reserva de Atualização dos Títulos Patrimoniais a título de atualização contábil dos títulos patrimoniais da Bovespa. [...] E concluiu (equivocadamente) que a Recorrente deveria ter adicionado o suposto ganho com a alienação dos títulos da Bovespa, no valor de R$823.807,36, ao cálculo do lucro real anual e, conseqüentemente, ter considerado esse valor nos cálculos das estimativas mensais de IRPJ e da CSLL de 2006. A Decisão da Delegacia de Julgamento Fl. 1460DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.423 12 Nada obstante as fundadas razões expostas pelo Recorrente em sua Impugnação, a 9ª Turma da Delegacia de Julgamento da Receita Federal no Rio de Janeiro manteve o lançamento efetuado, inovando na fundamentação ao alegar, que: (i) A Portaria MF n° 785/1977 afastava a oneração do IRPJ e CSLL nos acréscimos do valor nominal dos títulos patrimoniais à vista do que instituía a Circular Bacen n° 1.273/1987 que, por sua vez, era regulamentada pela Resolução BACEN n° 1.656/89 que deixou de existir quando da edição do novo regulamento aprovado, no ano de 2000, pela Resolução CMN n° 2.690/2000. O art. 9º deste novo Regulamento, que trata do mesmo assunto contido no artigo 10 do Regulamento revogado, não traz disposição semelhante; (ii) Ante a nova Regulamentação dada aos valores nominais dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, o tratamento tributário dado pela Portaria MF n° 785/1977 perde a sua razão de ser, haja vista que não mais existe acréscimo no valor nominal dos referidos títulos; (iii) O artigo 257 do RIR/80, que reproduziu o artigo 223, alínea “m”, do RIR/1975, equivale, por sua vez, ao artigo 381 do RIR/99, que dispõe que não haverá qualquer alteração no valor contábil do ativo permanente no caso em que o valor das ações tenha sido recebido sem custo, de modo que não há que se disciplinar qualquer tratamento tributário a suposto acréscimo de valor em investimento se não houve qualquer esforço relatado em outra conta de ativo ou passivo; iv) Considerando tratarse de bem do ativo permanente, o ganho de capital em razão da alienação dos títulos patrimoniais deve ser computado na determinação do lucro real (artigo 418 do RIR/99) pela diferença entre o valor de alienação e aquele que consta registrado na contabilidade. O valor contábil, em razão do que dispõe a Resolução CMN n° 2.690/2000 e o artigo 381 do RIR/99, é o próprio valor pelo qual o título foi adquirido; (v) Só poderia haver tratamento fiscal diferente se o investimento houvesse sido avaliado pelo método de equivalência patrimonial, e, no caso, não há como se considerar investimento relevante em controlada ou coligada; (vi) Devem ser concomitantemente aplicadas as multas isolada e de ofício, visto trataremse de duas modalidades punitivas que incidem sobre fatos infracionais distintos: uma penalidade sobre o não recolhimento da estimativa ao mês, e a outra penalidade sobre o não recolhimento do valor do imposto ou contribuição devido ao ano, conforme apurado no final do ano calendário. A seguir serão expostas as razões que impõem a reforma integral do acórdão recorrido, com o consequente cancelamento do auto de infração lavrado contra o Recorrente. III – RESUMO DESTE RECURSO Ao longo deste Recurso, restará demonstrado que o lançamento efetuado contra a Recorrente é improcedente, tendo em conta que: (i) O Acórdão é nulo, visto que não compete à Delegacia de Julgamento inovar ou aperfeiçoar os fundamentos do lançamento, tal como feito pelo i. Relator. Conforme jurisprudência administrativa remansosa, a mudança dos fundamentos legais que embasaram a autuação caracteriza inovação do lançamento, requerendo a Fl. 1461DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.424 13 lavratura de novo auto de infração ou notificação de lançamento suplementar o que não ocorreu no presente caso; (ii) A não repetição do disposto no § 1º do art. 10 da Resolução BACEN n° 1.656/1989 na Resolução CVM n° 2.690/2000, relativamente à atualização do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, não impediu, nem invalidou a atualização do valor nominal daqueles títulos (que continuaram a ter seus novos valores anualmente calculados pelas Bolsas de Valores e informados aos seus associados) visto que não se pode concluir pela revogação de norma jurídica pelo simples fato de o dispositivo que lhe contém não ter sido reproduzido em novo diploma legal; (iii) Não se pode falar em revogação tácita da Portaria MF n° 785/1977 em decorrência da revogação do RIR/1975 (e seu art. 223, alínea "m") uma vez que tal Portaria continuou a ser aplicada pelo Fisco ao reiteradamente admitir a exclusão do lucro real do Recorrente (e de todos os demais associados às Bolsas de Valores) o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais da BOVESPA em decorrência de alteração do seu patrimônio social; (iv) O Ofício Circular CVM n° 325/1979 e a Carta Circular n° 1.273/1987 do Banco Central do Brasil determinavam a avaliação dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores pelo método da equivalência patrimonial ("MEP"), com o que se deveria considerar o patrimônio social como base de cálculo do valor contábil de tais títulos. Deste modo, devese considerar a aplicabilidade do MEP no presente caso; (v) É vedada a aplicação concomitante da multa de ofício e da multa isolada. IV DA REAL SITUAÇÃO JURÍDICA DO RECORRENTE EM FACE DA PORTARIA MF N° 785/1977 Os argumentos levantados pelo Recorrente em sede de Impugnação não foram infirmados e nem sequer adequadamente analisados pela Delegacia de Julgamento, de forma que passaram incólumes até o momento. [...] Dispositivo à Época da Edição da Portaria MF n° 785/1977 As Bolsas de Valores, na época em que foi editada a Portaria MF n° 785/1977, e. associações civis sem finalidades lucrativas. Seu patrimônio social, inicialmente formado com as contribuições dos associados, era atualizado em função do resultado e da correção monetária. E a variação no valor do patrimônio social das Bolsas de Valores refletiase na atualização do valor nominal dos títulos patrimoniais atidos por seus associados — assim como se fora (analogamente) aplicado o método do patrimônio líquido na avaliação de investimentos — conforme, à época, dispunha o parágrafo único do art. 4º do Regulamento BCB n° 39, de 1966 [...]. A atualização do valor dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores pelos associados, que não decorresse de correção monetária, deveria gerar, como contrapartida, crédito na conta Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais de Bolsas de Valores, como sempre determinou o Plano Contábil das Instituições Financeiras do Sistema Financeiro Nacional Isenção da Atualização do Valor dos Títulos Patrimoniais das Bolsas de Valores: a Tributação da Reserva de Atualização dos Títulos Patrimoniais Estava Condicionada Apenas NãoDistribuição aos Sócios das Associadas, de Acordo com as Condições e o Prazo nela Estipulados Fl. 1462DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.425 14 De acordo com a Portaria MF n° 785/1977, o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração do seu patrimônio social, não constituía receita nem ganho de capital das associadas, e, por isso, era excluído do lucro real destas, com a condição de que não fosse distribuído e constituísse reserva para oportuna incorporação ao capital social. O aumento de capital das corretoras mediante a incorporação de reserva de atualização dos títulos patrimoniais também não estava sujeito à tributação desde que, nos cinco anos subsequentes ao aumento (ou anteriores ao aumento), não ocorresse (ou tivesse ocorrido) redução de capital, ou extinção da pessoa jurídica hipótese em que o valor incorporado deveria ser tributado como lucro distribuído, ficando os sócios sujeitos ao imposto de renda na declaração de rendimentos, ou na fonte, no ano em que ocorresse a extinção ou redução, nos termos do parágrafo 3 0 do art. 3º do DecretoLei n° 1.109, de 26.06.1970. [...] Transcreve excertos da Portaria MF n° 785, de 20 de dezembro de 1977 e do DecretoLei nº 1.109, de 26 de junho de 1970, para defender a tese de que: A atualização dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência da alteração do seu patrimônio social, não compunha o lucro real das corretoras e demais associadas às Bolsas de Valores e, consequentemente, não estava sujeita à incidência do IRPJ e da CSLL, desde que observadas as condições nela previstas [e ainda que] após a revogação, [pelo art. 10 da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995], da tributação, pelo imposto de renda, dos dividendos pagos ou distribuídos por pessoas jurídicas, a condição de que o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais somente não constituía receita nem ganho de capital caso não fosse distribuído de acordo com as condições e o prazo estipulados na Portaria do Ministério da Fazenda n° 785/1977 foi implicitamente revogada. A Recorrente sempre Atualizou o Custo Contábil de seus Títulos Patrimoniais da Bovespa em Conformidade com a Portaria MF n° 785/77 [...] A Recorrente (e todas as demais pessoas jurídicas associadas à BOVESPA) sempre atualizou o valor contábil dos títulos patrimoniais da BOVESPA, registrando a contrapartida em conta específica de reserva de capital (reserva de atualização de títulos patrimoniais) determinada no Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional — COSIF. [...] Distorção do Preceito da Portaria MF nº 785/1977 [...] As únicas hipóteses previstas na Portaria do Ministério da Fazenda n° 785/77 para a suspensão do gozo da isenção da atualização do valor dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores são (i) a sua não distribuição aos sócios dos associados e a constituição de reserva para oportuna incorporação ao capital social e (ii) a redução do capital social das corretoras nos 5 (cinco) anos subsequentes à capitalização da reserva de atualização. [...]. A alienação pela Recorrente dos títulos patrimoniais da BOVESPA à Prosper CVC não implicou distribuição de lucros originados da atualização dos referidos títulos aos sócios, nem tampouco em redução de seu capital social no período de cinco anos subsequente à capitalização da reserva de atualização. Com a venda dos referidos títulos patrimoniais, houve apenas uma substituição de um ativo (títulos) por outro (dinheiro), sem que daí tenha resultado qualquer redução do patrimônio Fl. 1463DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.426 15 líquido que é o que necessariamente ocorre quando há distribuição de lucros ou redução de capital É, portanto, improcedente a tributação dos valores correspondentes à diferença entre o valor do custo de aquisição do título patrimonial da BOVESPA (R$1.522.525,14) e o valor de alienação do título patrimonial corrigido monetariamente (R$2.346.059,50). O Sr. Auditor Fiscal Questionou (Indevidamente) a Legalidade da Isenção Reconhecida pela Portaria n° 785/1977 Segundo o Sr. Auditor Fiscal, a Portaria MF n° 785/1977 "exorbitou dos seus limites ao excluir o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores decorrente de alteração de seu patrimônio social do conceito de ganho de capital para efeito de tributação do imposto de renda." E acrescenta que esta exclusão tem natureza de isenção, "situação excepcional de exclusão do crédito tributário, na forma do art. 175 do Código Tributário Nacional (CTN), [que] consiste em favor legal do poder tributante que, por meio de lei, concede desoneração tributária em relação a determinados fatos ou situações descritos expressamente na norma [...] Enunciando situações não previstas na lei para a concessão da isenção, o ato administrativo na verdade burla o dispositivo legal, invadindo a competência do legislador." Legalidade da Isenção Reconhecida pela Portaria MF n° 785/1977 A Portaria MF n° 785/1977 teve como fundamento imediato de suas disposições a alínea "m" do artigo 223 do RIR/75, que foi aprovado pelo Decreto n° 76.186, de 02.9.1975, onde se trata de ações, quotas ou quinhões de capital recebidos pela investidora, em decorrência de aumentos de capital da investida. E este art. 223, "m", por sua vez, tinha como origem uma série de dispositivos de leis ordinárias e decretosleis que permaneceram em vigor mesmo após a revogação do RIR/1975, pelo Decreto n° 85.450/1980, que por sua vez aprovou o RIR/1980. [...] Desta forma, no caso em que há incremento do patrimônio da sociedade investida, o valor da participação societária, como reflexo, sofre um acréscimo, que deverá gerar contrapartida no patrimônio líquido do titular das referidas participações societárias (no caso, as sociedades membro das Bolsas de Valores). [...] Isto porque a Portaria MF n° 785/1977 reconhece a isenção da atualização do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, decorrente da alteração patrimônio social destas, desde que não seja distribuída e constitua reserva para futura incorporação ao capital. Para além da questão dos questionamentos acerca da legalidade da Portaria MF n° 785/1977 serem improcedentes, deve ser destacado que: (i) o Sr Auditor Fiscal (e o acórdão recorrido) não tem competência para deixar de aplicar norma da legislação tributária aprovada pelo Ministro da Fazenda sob o argumento de sua ilegalidade; e (ii) os questionamentos acerca da legalidade da Portaria MF n° 785/1977 constituem modificação de critério jurídico da legislação tributária, e portanto, não são aplicáveis a fatos pretéritos — como será demonstrado nas seções seguintes desta defesa. Fl. 1464DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.427 16 Assim, permaneceu e permanece em vigor a Portaria MF n° 785/1977 e, por conseguinte, não assiste razão ao Sr. Auditor Fiscal ao afirmar que os efeitos da Portaria do Ministério da Fazenda n° 785/1977 cessaram a partir da entrada em vigor do Decreto n° 85.450/1980. Mais do que "recepção pelo RIR/1980", vêse que a Portaria MF n° 785/1977 teve por fundamento o art. 223, "m" do RIR/1970, que por sua vez se fundava em normas que permaneceram em vigor mesmo após a entrada em vigor do RIR/1980, aprovado pelo Decreto n° 85.450/1980. Não Houve Revogação Tácita Não cabe, tampouco, falar em revogação tácita da Portaria MF n° 785/1977 decorrente da revogação do RIR/1975 (e seu art. 223, al. "m"), uma vez que tal Portaria continuou a ser aplicada pelo Fisco ao reiteradamente excluir do lucro real do Banco Prosper o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais da BOVESPA (e todas as demais associadas das Bolsas) em decorrência de alteração do seu patrimônio social. Desta forma, após décadas de aplicação da sistemática da Portaria MF n° 785/1977 pelo Contribuinte sem que houvesse qualquer manifestação do Fisco a respeito, é descabida a alegação de que não é aplicável ao caso em exame a norma da referida Portaria, bem como a pretensão em fazer incidir IRPJ e CSLL sobre o valor de atualização dos títulos patrimoniais da BOVESPA detidos pelo Banco Prosper, valores estes referentes a atualizações do valor nominal dos mencionados títulos patrimoniais, e que foram mantidos, sem distribuição, em reserva específica no patrimônio líquido do Recorrente "Reserva de Atualização dos Títulos Patrimoniais". [...] A Alienação dos Títulos Patrimoniais pelo Recorrente não Implicou em Inobservância do Preceito Contido na Portaria MF 785/1977 Segundo afirmado no "Termo de Verificação Fiscal", muito embora o registro contábil da Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais tenha sido mantido no seu patrimônio, o Recorrente, ao alienar os títulos patrimoniais da BOVESPA, descumpriu o disposto na Portaria MF n° 785/1977, em razão de o que a isenção já não mais seria aplicável à atualização dos títulos patrimoniais. Ainda de acordo com o Auto de Infração, a alienação dos títulos patrimoniais implicou a distribuição financeira da atualização do valor dos títulos patrimoniais da BOVESPA. E concluiu que incidiria tributação sobre a diferença entre o valor contábil atualizado dos títulos patrimoniais da BOVESPA e o custo histórico de aquisição dos referidos títulos — correspondente aos valores creditados na conta Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais — por ocasião de sua alienação. Essas afirmações são d.v. totalmente equivocadas. Como visto acima, as únicas hipóteses previstas na Portaria do Ministério da Fazenda n° 785/1977 para a suspensão do gozo da isenção da atualização do valor dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores são: (i) a sua distribuição aos sócios dos associados sem a constituição de reserva para oportuna incorporação ao capital social e (ii) a redução do capital social das corretoras nos cinco anos subsequentes à capitalização da reserva de atualização. [...] Fl. 1465DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.428 17 A alienação, pelo valor contábil, dos títulos patrimoniais da BOVESPA não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas na Portaria MF n° 785/1977 para a suspensão do gozo da isenção da atualização do valor dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, na medida em que (i) não implicou distribuição de lucros originados da atualização dos referidos títulos aos sócios do Recorrente, (ii) tampouco em redução de seu capital social subsequente à capitalização da reserva de atualização. No plano do Recorrente, ocorreu mera mutação patrimonial decorrente da transferência do valor financeiro dos títulos patrimoniais da BOVESPA da conta "investimentos" para a conta "caixa", sem qualquer ganho (os títulos patrimoniais foram alienados por seu valor contábil, atualizado de acordo com a Portaria MF 785/1977, tendo a reserva de atualização dos títulos patrimoniais remanescido (intocada) no patrimônio líquido do Recorrente — o que foi, inclusive, expressamente reconhecido pelo Sr. Auditor Fiscal — e os seus sócios permanecido na sociedade. [...] O Acréscimo do Valor Nominal dos Títulos Patrimoniais não Constituía Receita ou Ganho de Capital para Qualquer das Sociedades Membro das Bolsas de Valores (e Não apenas as Corretoras) O Sr. Auditor Fiscal alega, ademais, que a Portaria MF n° 785/1977 somente aproveitaria às sociedades corretoras, em função da literalidade daquela norma complementar. O art. 111 do CTN dispõe que a legislação tributária que outorga isenção deve ser interpretada literalmente, para deixar certo que não cabe interpretação que promova analogia ou extensão dos benefícios fiscais. É, contudo, inadequada a simples interpretação literal ou gramatical da lei, onde palavras avulsas são elevadas ao posto de guia do ordenamento jurídico, em detrimento do espírito da lei. As palavras servem de veículo para a transmissão de idéias, e a interpretação, literal que seja, sempre servirá para construir sua correta significação. [...] Neste sentido, ressalta a impropriedade de se pretender restringir a aplicabilidade da Portaria MF n° 785/1977 às sociedades corretoras, de maneira que sejam excluídas as demais sociedades membro das Bolsas de Valores. [...] Ocorre que em 2002, quando o Recorrente (uma instituição financeira) adquiriu títulos patrimoniais da BOVESPA, vigia o Regulamento do BCB n° 2.690, de 28.01.2000, que admitia outras sociedades, além das corretoras, como Membro das Bolsas de Valores. [...] Desta forma, cumpre notar que a inteligência da Portaria MF nº 785/1977 não deve deixar de admitir abrangidas outras sociedades membro das Bolsas de Valores em razão de sua literalidade — que, aliás, se refere tãosomente a "sociedades corretoras" em função da regulamentação das Bolsas de Valores que vigia à época em que o Ministério da Fazenda editou aquela Portaria. Princípio da Presunção de Legitimidade dos Atos da Administração Para além do necessário reconhecimento das razões positivas acerca da legalidade e vigência da Portaria MF n° 785/77, [...] ofendem os princípios: (i) da presunção de legitimidade dos atos da Administração, Fl. 1466DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.429 18 (ü) da hierarquia dos órgãos da Administração e (iii) da vinculação dos atos da Administração. [...] Especificamente sobre a aplicação, no plano tributário, desse princípio da presunção de legitimidade dos atos da Administração, vale citar dois exemplos: (i) a Portaria RFB nº 3.608. de 06.07.94. que dispõe sobre as Delegacias da Receita Federal de Julgamento, determina que os Delegados da Receita Federal de Julgamento observarão em seus julgados os atos da Administração, dentre os quais se incluem as Portarias; e (ii) o art 62 do Regimento Interno Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). aprovado pela Portaria Ministro de Estado da Fazenda n° 256, de 22.06.09, que proíbe os membros do CARF a afastar a aplicação da legislação sob fundamento de inconstitucionalidade vedação esta análoga à que estão sujeitos os auditores fiscais no exercício de sua competência funcional [...]. Hierarquia dos Órgãos da Administração e o Processo de Revogação dos Atos da Administração Em decorrência do princípio da presunção de legitimidade dos atos administrativos (no caso concreto, a Portaria MF n° 785/77), somente o próprio órgão que os criou, os órgãos hierarquicamente superiores ou órgão especial de controle, é que têm competência para declarar/decretar a sua invalidade. [...] Do Principio da Vinculação da Administração Os atos normativos, basicamente as instruções normativas e as portarias, têm por objetivo explicitar a norma legal a ser observada tanto pela Administração quanto pelo administrado. Enquanto não revogados ou declarados inválidos por órgão competente, vinculam a Administração e o administrado, e garantem ao administrado exoneração de responsabilidade ante o Poder Público. [...] A Observância da Legislação Tributária pela Recorrente A interpretação e aplicação das leis tributárias sempre foram influenciadas pelos atos das autoridades administrativas encarregadas da arrecadação dos tributos e pelas decisões de órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, o que explica o seguinte conceito de "legislação tributária" adotado [pelos artigos 96 e 199 do Código Tributário Nacional (CTN)]. [...] A Recorrente deixou de oferecer à tributação o valor correspondente à atualização dos títulos patrimoniais com observância de critério jurídico formalmente estabelecido em ato normativo da autoridade tributária (Portaria MF n° 785/77), das práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas e em atos dos agentes tributários que a fiscalizaram e a todas as demais instituições financeiras que eram membros da Bolsas de Valores [...] Da Irretroatividade das Normas da Legislação Tributária [...] O princípio da irretroatividade dos atos normativos é fundamental no ordenamento jurídico brasileiro: a Constituição de 1988 inclui entre os direitos e garantias fundamentais a regra de que "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada" (art. 5º, XXXVI) [...]. Fl. 1467DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.430 19 A Irretroatividade dos Atos Normativos em Matéria de Lei Tributária Encontrase Expressamente Estabelecida no Art. 105 do CTN [...] Assim, se uma nova norma complementar vier a estabelecer a incidência de imposto sobre a atualização dos títulos patrimoniais cujo efeito será revogar a norma complementar, com ela incompatível somente poderá, por força do artigo 105 do CTN. ser aplicada a fatos geradores ocorridos após a sua entrada em vigor. Irretroatividade da Modificação de Critério Jurídico na Aplicação da Legislação Tributária Todos os questionamentos levantados pelo Sr. Auditor Fiscal no que diz respeito à legalidade e à vigência da Portaria do MF n° 785/77, constituem, na prática. se por acaso, fossem válidos (o que se admite apenas para argumentar) — modificação de critério jurídico na aplicação de legislação tributária, sendo vedada a sua aplicação a fatos pretéritos. [...] A prevalecer o entendimento do Sr. Auditor Fiscal, as autoridades administrativas estariam agindo contra seus próprios atos, o que [...] violaria o princípio da moralidade que a administração pública tem de obedecer segundo o artigo 37 da Constituição. A Observância das Normas Complementares Exclui a Imposição de Penalidades Como já demonstrado [...], as portarias vinculam a Administração e garantem ao administrado exoneração de responsabilidade ante o Poder Público. Por essa razão, se acaso não acatadas as razões acima expostas — que fundamentam a não cobrança do próprio tributo — seria aplicável, pelo menos, o disposto no parágrafo único do art. 100 do CTN, cuja função é reforçar a segurança jurídica dos sujeitos passivos dos tributos que as observam, que estabelece que a observância das normas complementares exclui a imposição de penalidades. [...] Por conseguinte, com base no princípio da eventualidade, caso se entenda devido o tributo (o que se admite apenas para argumentar), não caberia a cobrança de juros de mora e multas proporcional e isolada imputada à Recorrente. Apresenta argumentos contra a incidência dos juros de mora equivalentes à taxa Selic e em oposição às aplicações da multa de ofício proporcional e da multa de ofício isolada, inclusive sobre a impossibilidade de concomitância das penalidades. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referências a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: O Recorrente, ante todo o exposto, espera e confia que essa Egrégia Turma se dignará de prover o presente Recurso Voluntário para o fim de cancelar integralmente o auto de infração, julgando extinto o crédito tributário lançado. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Fl. 1468DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.431 20 Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. A Recorrente alega que os atos administrativos são nulos e que os lançamentos não poderiam ter sido formalizados. Cabe ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, no exercício da competência da RFB, em caráter privativo constituir o crédito tributário pelo lançamento. Esta atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, ainda que ele seja de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. É a autoridade legitimada para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador. Nos casos em que dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário, os Autos de Infração podem ser lavrados sem prévia intimação à pessoa jurídica no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do seu estabelecimento, os quais devem estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Estes atos administrativos, sim, não prescindem da intimação válida para que se instaure o processo, vigorando na sua totalidade os direitos, deveres e ônus advindos da relação processual de modo a privilegiar as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes1. As manifestações unilaterais da RFB foram formalizadas por ato administrativo, como uma espécie de ato jurídico, deve estar revestido dos atributos que lhe conferem a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade, ou seja, para que produza efeitos que vinculem o administrado deve ser emitido (a) por agente competente que o pratica dentro das suas atribuições legais, (b) com as formalidades indispensáveis à sua existência, (c) com objeto, cujo resultado está previsto em lei, (d) com os motivos, cuja matéria de fato ou de direito seja juridicamente adequada ao resultado obtido e (e) com a finalidade visando o propósito previsto na regra de competência do agente. Tratandose de ato vinculado, a Administração Pública tem o dever de motiválo no sentido de evidenciar sua expedição com os requisitos legais2. Os Autos de Infração foram lavrados por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, que verificou a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinou a matéria tributável, calculou o montante do tributo devido, identificou o sujeito passivo, aplicou a penalidade cabível e determinou a exigência com a regular intimação para que a 1 Fundamentação legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional. art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 9º, art. 10, art. 23 e 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, Decreto nº 6.104, de 30 de abril de 2007, art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 e Súmulas CARF nºs 6, 8, 27 e 46. 2 Fundamentação legal: art. 179 da Constituição Federal, art. 2º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, § 2º do art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. Fl. 1469DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.432 21 Recorrente pudesse cumprila ou impugnála no prazo legal, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional. As Autoridade Fiscais agiram em cumprimento com o dever de ofício com zelo e dedicação as atribuições do cargo, observando as normas legais e regulamentares e justificando o processo de execução do serviço, bem como obedecendo aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 3 Desse modo, não tem validade jurídica a afirmativa da Recorrente de que as os agentes públicos tributários na teriam competência para o exercício da atividade de lançamento. Frisese, pelo contrário, a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. A decisão de primeira instância está motivada de forma explícita, clara e congruente e da qual a pessoa jurídica foi regularmente cientificada. Ainda, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formou livremente sua convicção, em conformidade do princípio da persuasão racional, de modo que não há que se falar em inovação em relação à situação fática e jurídica apurada lançamento4. Assim, os Autos de Infração, fls. 11322245 e o Acórdão da 7ª TURMA/DRJ/RJO I/RJ nº 1240.288, de 09.09.2011, fls. 12651277, contêm todos os requisitos legais, o que lhes conferem existência, validade e eficácia. Além disso, a premissa normativa de que as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas excluem a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo não é aplicável ao Mandado de Procedimento Fiscal nº 07.1.66.002009002153 (Portaria RFB nº 11.371, de 12 de dezembro de 2007) e nem aos Autos de Infração, fls. 11322245 e nem ao Acórdão da 7ª TURMA/DRJ/RJO I/RJ nº 1240.288, de 09.09.2011, fls. 12651277 (art. 10, art. 25, art. 26A e art. 29 do Decreto nº 70.235 de 06 de março de 1972), pois não são equiparados a atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas em relação aos quais a lei conferiu efeito vinculante, nos termos do art. 100 do Código Tributário Nacional. Somase ainda as circunstâncias legais de que o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada, bem como de que a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional (art. 142 e art. 144 do Código Tributário Nacional. Nesse sentido, as formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos no processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos, em observância às garantias ao devido processo legal. O enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos e dos enquadramentos legais que ensejaram os procedimentos de ofício. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. A Recorrente discorda do procedimento fiscal. A autoridade fiscal tem o direito de examinar a escrituração e os documentos comprobatórios dos lançamentos nela efetuados e a pessoa jurídica tem o dever de exibilos e 3 Fundamentação legal: art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 21 de janeiro de 1999 e art. 37 da Constituição Federal. 4 Fundamentação legal: art. 29 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Fl. 1470DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.433 22 conserválos até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial, bem como de prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. Estão sujeitas à apuração de ganho de capital as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição. Especificamente considerase ganho de capital a diferença positiva entre o valor de alienação das participações societárias e o respectivo custo de aquisição. O valor contábil para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação de investimento em coligada ou controlada é avaliado pelo valor de patrimônio líquido. Temse que o método de equivalência patrimonial consiste em atualizar o valor contábil do investimento ao valor equivalente à participação societária da sociedade investidora no patrimônio líquido da sociedade investida, e no reconhecimento dos seus efeitos na demonstração do resultado do exercício. O valor do investimento, portanto, é determinado mediante a aplicação da porcentagem de participação no capital social, sobre o patrimônio líquido de cada sociedade coligada ou controlada, Estão obrigadas a proceder à avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido as sociedades empresárias que tenham participações societárias relevantes em: (a) sociedades controladas, (b) sociedades coligadas sobre cuja administração a sociedade investidora tenha influência e (c) sociedades coligadas de que a sociedade investidora participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital social. Consideramse coligadas as sociedades quando uma participa, com 10% ou mais, do capital da outra, sem controlála e controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores 5 A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dela dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, cabendo à autoridade a prova da não veracidade dos fatos registrados. O lucro real anual é determinado pelo lucro líquido do período de apuração ajustado, nos termos legais, pelas adições dos valores que não sejam dedutíveis e dos os ganhos e rendimentos de capital e pelas exclusões dos valores autorizados, do prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, das perdas no recebimento de créditos decorrentes das suas atividades e das provisões expressamente autorizadas. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta excluídos, via de regra, as vendas canceladas, os descontos concedidos incondicionalmente e os impostos incidentes sobre vendas. Excepcionalmente a 5 Fundamentação Legal: art. 243 da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e arts. 384 a 391 e art. 427 e art. 427 do Regulamento do Imposto de Renda constante no Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR, de 1999). Fl. 1471DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.434 23 legislação prevê taxativamente as hipóteses em que a pessoa jurídica pode deduzir outras parcelas da receita bruta. O lucro bruto é o resultado da atividade de venda de bens ou serviços que constitua seu objeto e corresponde à diferença entre a receita líquida das vendas e serviços e o custo dos bens e serviços vendidos. O lucro operacional é o lucro bruto excluídos os custos e as despesas operacionais necessárias, usuais e normais à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora incorridas para a realização operações exigidas pela sua atividade econômica apropriadas simultaneamente às receitas que gerarem, em conformidade com o regime de competência e com o princípio da independência dos exercícios. O lucro líquido é a soma algébrica do lucro operacional, dos resultados não operacionais e das participações e deve ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial6. Especificamente em relação à matéria objeto de litígio atinente ao lançamento, a Recorrente suscita que a legislação sobre a alegada isenção alcançaria a diferença positiva entre o valor de alienação dos títulos patrimoniais da Bovespa classificados no Ativo Permanente e o respectivo custo contábil de aquisição. Isso porque essa diferença positiva constituiria somente o acréscimo do valor nominal dos referidos valores mobiliários e não poderia ser caracterizada como ganho de capital. A matéria deve ser analisada sistematicamente, senão vejamos. A vigência da lei no tempo está regulada pelo art. 2º do DecretoLei nº 4.657, de 04 de setembro de 1942, ou seja, Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, no sentido de que a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Por seu turno, no Código Tributário Nacional consta que o art. 111 determina que “a legislação pertinente à outorga de isenção deve ser interpretada literalmente” e o art. 144 prevê que “o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada”. Essas são as premissas básicas para o deslinde da questão. O lançamento se fundamenta na falta de contabilização do ganho de capital na alienação/baixa de bem do ativo permanente de dois títulos patrimoniais da Bovespa] gerando em consequência redução indevida do lucro sujeito à tributação no valor tributável de R$823.807,36 decorrente da diferença positiva entre o custo de aquisição de R$1.522.252,14 em 30.12.2004 do Banco Equity de Investimento S/A e o valor de alienação de R$2.346.059,50 em 26.12.2006 para a Prosper S/A Corretora de Valores e Câmbio. A descrição dos fatos e da legislação fatos evidencia que houve acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais da Recorrente decorrente do aumento do patrimônio Bovespa. As Bolsas de Valores ostentam a posição de órgãos integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários e até 28.08.20077 eram associações sem fins lucrativos que 6 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º, art. 9º e 31 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 7 Fundamentação Legal: inciso IV do art. 15 da Lei nº 6.385 de 07 de dezembro de 1976, arts. 53 a 61 do Código Civil e artigo 252 da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Comentário: A “desmutualização” da Bovespa ocorreu em 28 de agosto de 2007 e envolveu as seguintes etapas, todas realizadas na mesma data: (i) cisão parcial da Bovespa, com a versão das parcelas de seu patrimônio em duas sociedades: Bovespa Holding e Bovespa Fl. 1472DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.435 24 emitiam títulos patrimoniais representativos do seu patrimônio, sendo condição inarredável que as instituições financeiras e as corretoras de valores fossem detentoras dos mencionados títulos patrimoniais para que pudessem operar mercado financeiro. Atinente à isenção tratada nos presentes autos, o Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 76.186, de 02 de setembro de 1975 (RIR, de 1975), assim dispunha: Art. 223. Serão excluídos do lucro real para os efeitos de tributação: [...] m) o valor das ações, quotas ou quinhões de capital, recebidos em decorrência dos aumentos de capital efetuados nos termos e condições dos artigos 197, 6e 02 223, alínea l, 223, § 3º, 236, 243, alínea d, 250, 254, § 3º, 283, 297, 577, 578 e 583 (Decreto lei nº 1.096/70, art. 1º, §§ 6º e 7°, Lei nº 4.862/65, art. 49, Decretolei nº 1.260/73, art. 4º, Decretolei n° 1.109/70, art. 3º e § 1º, Lei nº 4.357/64, art. 3º, § 6º, Decretolei nº 756/69, art. 25, Decretolei nº 1.338/74, art. 15, §4º, Decretolei nº 1.191/71, art. 9º, § único, Decretolei n° 221/67, art. 80, § 4º, Lei n° 5.508/68, art. 36, Decretolei nº 756/69, art. 24, § 4º, Decretolei nº 1.346/74, arts. 6°, § 3º, e 11, e Decretolei nº 1.370/74, art. 2º, § 3º). Posteriormente foi editada a Portaria MF nº 785, de 20 de dezembro de 1977, que tratou sobre o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração do seu patrimônio social, resolvendo em sua ementa que “não constitui receita nem ganho de capital das sociedades corretoras associadas e, por isso, pode ser excluído do lucro real destas, desde que não seja distribuído e constitua reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital”, no seguinte sentido: O Ministro de Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições, e, com fundamento no que dispõe o art. 223, "m" do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 76.186/75, RESOLVE I. O acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração do seu patrimônio social, não constitui receita nem ganho de capital das sociedades corretoras associadas e, por isso, pode ser excluído do lucro real destas, desde que não seja distribuído e constitua reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital. II. Aos aumentos de capital assim procedidos aplicase o disposto no Decretolei nº 1.109/70, art. 3º , § 3º (RIR, art. 237). Não restou comprovado nos autos que a Recorrente tenha distribuído e constituído reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital do valor correspondente ao acréscimo do valor nominal do título patrimonial da Bovespa. Serviços S.A. (“Bovespa Serviços”); e (ii) incorporação das ações da Bovespa Serviços ao capital da Bovespa Holding. Em decorrência das operações em questão, os antigos detentores de títulos patrimoniais da Bovespa passaram a ser titulares de ações representativas do capital da Bovespa Holding. Fl. 1473DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.436 25 Em relação à vigência da Portaria MF nº 785, de 20 de dezembro de 1977, não consta que a Administração tenhao expressamente anulado ou revogado8. Ademais, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade ou ilegalidade da referida norma tributária, nos termos do enunciado da Súmula CARF º 2. A Circular do Banco Central do Brasil (Bacen) nº 1.273 de 29 de dezembro de 1987, competente por criar o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif), assim regulamentou os registros contábeis dessa operação: CAPÍTULO: Normas Básicas [...] 1 SEÇÃO: Ativo Permanente 11 [...] 3 – Os títulos patrimoniais de bolsas de valores, de mercadorias e de futuros, são corrigidos mensalmente e atualizados, por ocasião dos balanços, pelo valor informado pela respectiva bolsa, procedendose aos seguintes lançamentos de ajustes: a) se o novo valor informado pelas bolsas for superior ao saldo contábil corrigido na database do balanço, debitase TÍTULOS PATRIMONIAIS pela diferença apurada, em contrapartida com RESERVA DE ATUALIZAÇÃO DE TÍTULOS PATRIMONIAIS; b) se o novo valor informado pelas bolsas for inferior ao saldo contábil corrigido na database do balanço, creditase TÍTULOS PATRIMONIAIS pela diferença apurada, em contrapartida com RESERVA DE ATUALIZAÇÃO DE TÍTULOS PATRIMONIAIS até o limite do seu saldo. A parcela excedente, se houver, é debitada em LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS.” Verificase que o Capítulo 1, item 11, subitem 3, § 3º do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif) estabelece que a conta utilizada para registro dos títulos patrimoniais pertence ao grupo do Ativo Permanente – Investimentos (contas Cosif 2.1.4.10.10.000183, 2.1.4.10.20.00037 e 2.1.4.10.20.00040), e que a Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais é registrada na conta Cosif 6.1.3.709, que integra o Patrimônio Líquido – Reserva de Capital. Nesse sentido, até então os atos normativos conferiam neutralidade tributária aos acréscimos dos valor nominal do título patrimonial da Bovespa, enquanto mantido no Ativo Permanente da Recorrente. A Recorrente ainda se ampara na Resolução do Bacen nº 1.656, de 28 de outubro de 1989, que assim resolveu: ATUALIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO SOCIAL Art. 10. Ao término de cada exercício social, o valor do patrimônio social deve ser atualizado com base nas demonstrações financeiras correspondentes, feitas de acordo com os procedimentos e critérios adotados pelas sociedades anônimas. 8 Fundamentação Legal: art. 53 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Fl. 1474DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.437 26 § 1º O valor do patrimônio, apurado anualmente, dividido pelo número de títulos patrimoniais, computados, inclusive, os que não tenham sido ainda colocados ou que estejam em tesouraria, dará o valor nominal destes, e terá vigor nos 12 (doze) meses subsequentes. § 2º A atualização anual do patrimônio deve ser submetida, até 10 (dez) dias depois de aprovada pela assembléia geral, à Comissão de Valores Mobiliários, para sua homologação. § 3º A falta de manifestação da Comissão de Valores Mobiliários, após 30 (trinta) dias da apresentação dos respectivos processos de atualização, implicará aceitação da proposta. § 4º O prazo previsto no parágrafo anterior poderá ser interrompido, uma única vez, por no máximo 30 (trinta) dias, caso a Comissão de Valores Mobiliários requisite à Bolsa de Valores informações ou documentos adicionais. Esse ato foi revogado pela Resolução nº 2.680, de 28 de janeiro de 2000. O caso tratado nos presentes autos, qual seja, a tributação do acréscimo de título patrimonial representativo do patrimônio social de uma associação civil sem fins lucrativos, no caso Bovespa, em decorrência de alteração do seu patrimônio social. A Recorrente afirma que há, semelhanças procedimentais com o Método de Equivalência Patrimonial, que pode resultar em acréscimos periódicos não tributáveis, e ainda assim representativos do valor contábil do investimento, para fins de apuração do ganho de capital em eventual alienação. A situação jurídica que autoriza esse entendimento é distinta daquele no qual a Recorrente quer que seja aplicado nos presentes autos. Devese observar que o Método da Equivalência Patrimonial é critério contábil de avaliação de ativos, reconhecido pela Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e pela doutrina contábil, diversamente da atualização determinada pelas referidas Resoluções do Banco Central do Brasil (Bacen). Ainda há que se considerar que esse acréscimo não é tributável porque resulta de operações de uma sociedade controlada ou coligada cujo acréscimo patrimonial está sujeito à tributação, diversamente do acréscimo de título patrimonial representativo do patrimônio social de associação civil sem fins lucrativos. Por fim, a investidora que é obrigada a atualizar o valor contábil de seu investimento pelo Método da Equivalência Patrimonial (MEP) tem poderes para influenciar nas decisões da investida, em razão da relevância do investimento, diversamente da sociedade corretora, que só pode cogitar da realização dos resultados auferidos por intermédio do título patrimonial representativo de sua participação na Bovespa em caso de sua alienação. Tendo em vista todas essas considerações, inferese que os resultados reconhecidos periodicamente, em razão desta participação em associação civil sem fins lucrativos, não afetam o lucro tributável das instituições financeiras no momento de seu registro, mas também não podem afetar a apuração do ganho de capital no momento de sua alienação, de modo que a tributação incida no momento da realização efetiva dos resultados antes contabilmente reconhecidos por determinação do Banco Central do Brasil (Bacen). Fl. 1475DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.438 27 Ocorre que a alienação deste título patrimonial pela Recorrente verificouse por valor superior ao de aquisição, e o debate, então, cingese à existência, ou não, de ganho de capital suscetível de tributação na forma estabelecida pelo Regulamento do Imposto de Renda constante no Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR, de 1999): Art. 418. Serão classificados como ganhos ou perdas de capital, e computados na determinação do lucro real, os resultados na alienação, na desapropriação, na baixa por perecimento, extinção, desgaste, obsolescência ou exaustão, ou na liquidação de bens do ativo permanente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 31). § 1º Ressalvadas as disposições especiais, a determinação do ganho ou perda de capital terá por base o valor contábil do bem, assim entendido o que estiver registrado na escrituração do contribuinte e diminuído, se for o caso, da depreciação, amortização ou exaustão acumulada (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 31, § 1º). § 2º O saldo das quotas de depreciação acelerada incentivada, registradas no LALUR, será adicionado ao lucro líquido do período de apuração em que ocorrer a baixa. [...] Art. 425. O ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação de investimento será determinado com base no valor contábil (art. 418, § 1º) (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 31, § 3º). Parágrafo único. A provisão para perdas constituídas até 31 de dezembro de 1995, quando dedutível na apuração do lucro real nos termos da legislação aplicável, deverá ser considerada na determinação do ganho ou perda de capital. O custo contábil a que alude a legislação é aquele suportado na ocasião da aquisição do título patrimonial registrado no Ativo Permanente, devidamente escriturado. As únicas modificações permitidas, na conformação destes montantes, são condizentes a sua correção monetária e à dedução de depreciação ou amortização ou exaustão acumulada. De toda sorte, ainda que se interprete literalmente o §1º do art. 418 do RIR, de 1999, de modo a adotar como valor contábil do bem o montante pelo qual ele estiver registrado na escrituração da Recorrente, independentemente das operações que ensejaram aquele resultado, não se pode olvidar que contabilmente também está registrado, no patrimônio líquido da instituição financeira, o total das atualizações promovidas desde a aquisição do título patrimonial, em conta de reserva de capital. E tal reserva deve ser baixada no momento em que o ativo que a justifica também o é. Esse entendimento não implica reconhecimento: (a) da retroatividade da norma tributária de cunho não penal, (b) da modificação do seu critério jurídico e (c) da revogação tácita da Portaria MF nº 785, de 20 de dezembro de 1977, mas tãosomente, aplicação da norma geral de regência da matéria então vigente por ocasião da ocorrência do fato gerador, ou seja, 31.12.2006. Ademais, não ficou comprovado nos autos que a Recorrente Fl. 1476DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.439 28 não tenha observado os preceitos da mencionada Portaria MF nº 785, de 20 de dezembro de 1977. Resumindo, a atualização dos títulos patrimoniais da Bovespa não afeta a apuração do ganho de capital no momento de sua alienação pois, de um lado, não representa efetivo custo de aquisição, e, de outro, integra reserva de capital que deve ser realizada na baixa dos direitos. Em conseqüência, se há apuração do ganho de capital deve ter em conta o valor contábil do bem, no montante defendido pela Recorrente, a reserva assim baixada deve necessariamente integrar o resultado tributável, o que mantém inalterada a presente exigência. A inferência denotada pela defendente, nesse caso, não é acertada. A Recorrente discorda da incidência de juros de mora equivalentes à taxa Selic. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, e se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês9. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) para títulos federais, nos termos da Súmula CARF nº 4. Por conseguinte, os débitos tributários não pagos nos prazos legais são acrescidos de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic, seja qual for o motivo determinante da falta. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em recurso especial repetitivo nº 1.111.175/SP, cujo trânsito em julgado ocorreu em 09.09.200910 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF11. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. A Recorrente discorda da aplicação da multa de ofício proporcional e ainda discorda da aplicação da multa de ofício isolada determinada sobre a base de cálculo estimada, por haver concomitância com a aplicação da multa de ofício proporcional. Via de regra, a norma jurídica secundária impõe uma sanção em decorrência da inobservância da conduta prescrita na norma jurídica primária. A multa de natureza tributária é uma penalidade procedente da lei em razão do inadimplemento de uma obrigação legal principal ou acessória e expressa a obrigação de dar determinada quantia em dinheiro ao sujeito passivo. A aplicação da multa de ofício proporcional pressupõe a constituição do crédito tributário pelo lançamento direito, diante da constatação da falta de pagamento ou recolhimento, pela falta de declaração e pela declaração inexata de obrigações tributárias pelo sujeito passivo. Tem como requisito necessário a comprovação, de plano, da conduta culposa do agente, que é a falta cometida contra um dever, por ação ou omissão, de forma a evidenciar 9 Fundamentação legal: art. 161 do Código Tributário Nacional. 10 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 1111175/SP. Ministra Relatora: Denise Arruda. Primeira Seção, Brasília, DF, 10 de junho de 2009. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sSeq=892437&sReg=200900188256&sData=20090 701&formato=PDF>. Acesso em: 31 ago.2011. 11 Fundamentação legal: art. 161 do Código Tributário Nacional, art. 5º e art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, Súmulas CARF nºs 4 e 5 e art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Fl. 1477DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.440 29 a inobservância de diligência que deveria ser observada quando da prática de um ato a que se está obrigado. No lançamento de ofício está afastada a aplicação da multa de mora que pressupõe o pagamento espontâneo do tributo antes do início de qualquer procedimento fiscal em relação à matéria e ao período tratados nos autos12. No presente caso, houve constituição do crédito tributário pelo lançamento direito, de modo que está correta a aplicação da multa de ofício proporcional. Temse que a multa de ofício proporcional pode ser reduzida nos seguintes percentuais, se o sujeito passivo, uma vez notificado, efetuar o pagamento, a compensação ou o parcelamento dos tributos lançados de ofício: – 50% (cinquenta por cento), se efetuar o pagamento ou a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi notificado do lançamento; – 40% (quarenta por cento), se requerer o parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi notificado do lançamento; – 30% (trinta por cento), se efetuar o pagamento ou a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi notificado da decisão administrativa de primeira instância; e – 20% (vinte por cento), se requerer o parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi notificado da decisão administrativa de primeira instância13. No presente caso, houve constituição do crédito tributário pelo lançamento direito e a Recorrente não efetuou o pagamento, a compensação ou o parcelamento dos tributos lançados de ofício até a notificação da decisão administrativa de primeira instância, de modo que está correta a aplicação da multa de ofício proporcional no percentual de 75% (setenta e cinco por cento). A pessoa jurídica que adota o regime de tributação do lucro real pode optar pela apuração anual de IRPJ e de CSLL, o que lhe impõe o pagamento destes tributos em cada mês, determinados sobre base de cálculo estimada, ainda que venha a apurar prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa no balanço encerrado em 31 de dezembro do anocalendário. Pode, todavia, suspender ou reduzir os pagamentos dos tributos devidos em cada mês, desde que demonstre, mediante de balanços ou balancetes mensais, que as quantias acumuladas já recolhidas excedem os valores dos tributos devidos referentes ao período em curso. Para tanto, estes balanços ou balancetes de suspensão ou redução devem ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no livro Diário e a demonstração do lucro real relativa ao período deve ser transcrita no Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur). O pressuposto é de que a norma jurídica secundária impõe uma sanção em decorrência da inobservância da conduta prescrita na norma jurídica primária. A multa de natureza tributária, penalidade que tem como fonte a lei é imposta em razão do inadimplemento de uma obrigação legal principal ou acessória e expressa a obrigação de dar 12 Fundamentação Legal: art. 142, art. 149 e art. 150 do Código Tributário Nacional, art. 44 e art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e art. 21 do Decretolei nº 401, de 30 de dezembro de 1968, bem como art. 7º do Decreto 70. 235, de 06 de março de 1972. 13 Fundamentação legal: art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 14 de julho de 2007 e art. 6º Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991 com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Fl. 1478DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.441 30 determinada quantia em dinheiro ao sujeito passivo. Por esta razão, caso as obrigações tributárias mencionadas não sejam cumpridas a pessoa jurídica fica sujeita à multa de 50% (cinquenta por cento), aplicada isoladamente, calculada sobre o montante das parcelas dos tributos não recolhidos ou das insuficiências apuradas. Este percentual foi fixado a partir 15.06.2007, abrandando aquele originalmente previsto. Assim, para os atos não definitivamente julgados em for imposta a penalidade em percentual mais severo previsto na lei vigente ao tempo da sua prática, a lei superveniente mais branda aplicase ao ato pretérito, tendo em vista a excepcionalidade prevista no princípio da retroatividade benigna14. A aplicação da multa de ofício proporcional pressupõe a constituição do crédito tributário pelo lançamento direito, diante da constatação dos ilícitos tributários previsto na legislação de regência. Distintas, são as aplicações das multas de ofício isoladas por falta de recolhimentos de IRPJ e de CSLL determinados sobre a base de cálculo estimada, ainda que o sujeito passivo tenha sido apurado prejuízo fiscal para o IRPJ e base de cálculo negativa para a CSLL, no anocalendário correspondente15. Essas infrações são passíveis de penalidades distintas, previstas em diferentes dispositivos da legislação, por essa razão não há que se falar em concomitância de aplicação de multas de ofício. Vale esclarecer que a previsão legal que possibilita a imposição de mais de uma penalidade no mesmo Auto de Infração é admissível, desde que se tratem de ilícitos distintos16, como é o caso tratado no presente processo. Reiterese que não há entre falta de recolhimentos de IRPJ e de CSLL determinados sobre a base de cálculo estimada e as exigências de IRPJ e de CSLL devidas no encerramento do anocalendário uma relação de meio e fim, ou de parte e todo, mesmo porque a obrigatoriedade daqueles recolhimentos não fica afastada pela apuração de prejuízo fiscal ou da base de cálculo negativa de CSLL. Ao contrário disso, tal obrigatoriedade subsiste e a sua não observância enseja a aplicação da penalidade prevista no inciso IV do § 1º do art. 44 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1997. As multas de ofício isoladas por falta de recolhimentos de IRPJ e de CSLL determinados sobre a base de cálculo estimada foram aplicadas, uma vez que não houve o pagamento do tributo devido, ainda que a Recorrente tenha apurado prejuízo fiscal para o IRPJ e a base de cálculo negativa para a CSLL, referente ao anocalendário de 2006. Os presentes autos não estão instruídos com a comprovação dos pagamentos integrais, tampouco com as transcrições no Livro Diário dos balanços ou balancetes mensais de suspensão ou de redução e no Lalur da demonstração do lucro real do respectivo período. Por seu turno, o enunciado da Súmula CARF nº 93 determina que “a falta de transcrição dos balanços ou balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário não justifica a cobrança da multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, quando o sujeito passivo apresenta escrituração contábil e fiscal suficiente para comprovar a suspensão ou redução da estimativa”. Ainda assim, não foram produzidos no processo novos elementos de prova, de modo que o conjunto probatório que já consta nos autos evidencia que o procedimento de ofício está correto. A conclusão oferecida pela defendente, porém, não pode subsistir. 14 Fundamentação legal: art. 106 do Código Tributário Nacional, art. 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, art. 2º e art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 13 da Instrução Normativa SRF nº 93, de 24 de dezembro de 1997 e art. 14 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. 15 Fundamentação Legal: art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 16 Fundamentação legaç: art. 74 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Fl. 1479DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.442 31 No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados pela Recorrente, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso17. A alegação relatada pela defendente, consequentemente, não está justificada. Atinente aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade18. Temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 41 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de julho de 2009). A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. O nexo causal entre as exigências de créditos tributários, formalizados em autos de infração instruídos com todos os elementos de prova, determina que devem ser objeto de um único processo no caso em que os ilícitos dependam da mesma comprovação e sejam relativos ao mesmo sujeito passivo19. O lançamento de CSLL sendo decorrente da mesma infração tributária, a relação de causalidade que o informa leva a que o resultado do julgamento deste feito acompanhe aquele que foi dado à exigência de IRPJ. Em assim sucedendo, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 17 Fundamentação legal: art. 100 do Código Tributário Nacional e art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. 18 Fundamentação legal: art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e Súmula CARF nº 2. 19 Fundamentação legal: art. 9º do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 1480DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19740.720195/200919 Acórdão n.º 1803002.263 S1TE03 Fl. 1.443 32 Fl. 1481DF CARF MF Impresso em 19/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
score : 1.0