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Numero do processo: 13896.722278/2012-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
IMPOSTO COMPLEMENTAR.
Somente os recolhimentos efetuados no decorrer do ano-calendário, até o ultimo dia útil de dezembro, podem ser objeto de compensação a titulo de imposto complementar na DAA do exercício correspondente.
Numero da decisão: 2401-006.508
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Relatora e Presidente.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, José Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1438; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 64 1 63 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13896.722278/201298 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401006.508 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 08 de maio de 2019 Matéria IRPF. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. Recorrente RODRIGO MOLARI CANDIDO RODRIGUES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010 IMPOSTO COMPLEMENTAR. Somente os recolhimentos efetuados no decorrer do anocalendário, até o ultimo dia útil de dezembro, podem ser objeto de compensação a titulo de imposto complementar na DAA do exercício correspondente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Relatora e Presidente. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, José Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento de imposto de renda pessoa física IRPF, fls. 5/8, anocalendário 2010, que apurou imposto suplementar de R$ 108.336,53, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 72 22 78 /2 01 2- 98 Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13896.722278/201298 Acórdão n.º 2401006.508 S2C4T1 Fl. 65 2 acrescido de juros de mora e multa de mora, em virtude de compensação indevida de imposto complementar (mensalão), referente à diferença entre o valor declarado R$ 108.336,53 e o valor efetivamente recolhido com código de receita 0246 de R$ 0,00. Em impugnação apresentada às fl. 2, o contribuinte alega que foi cometido erro no preenchimento da declaração no tipo de modelo do formulário, declarado no modelo simplificado quando o correto é o modelo completo. Aduz que: “Como não dar para fazer a retificadora, peçolhes a gentileza de desconsiderar o imposto complementar, visto que além do erro de preenchimento, os rendimentos e o imposto tratase de valores ganhos utilizados no exterior”. A DRJ/POA, julgou improcedente a impugnação, conforme Acórdão 10 53.633 de fls. 41/44, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 IMPOSTO COMPLEMENTAR. COMPROVAÇÃO. Mantémse a glosa da compensação de imposto complementar quando não comprovado o efetivo recolhimento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Consta do acórdão de impugnação que: Cientificado do Acórdão em 26/6/15 (Aviso de Recebimento AR de fl. 48), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 22/7/15, fls. 50/54, que contém, em síntese: Esclarece que apresentou Solicitação de Retificação de Lançamento SRL, tendo em vista a compensação indevida de imposto complementar no valor de R$ 108.336,53, que foi indeferida. Diz que morava nos Estados Unidos e que lá declarou o imposto de renda, sendolhe facultado pela lei fazer a compensação dos valores obtidos no exterior no imposto declarado no Brasil. Informa que ocorreu erro formal ao preencher a declaração. Ao invés de declarar no modelo de formulário completo, declarou no formulário simplificado. Consequentemente, não foi possível a compensação do imposto, conforme pretendido. Acrescenta que não era de seu conhecimento a necessidade de apresentar a documentação traduzida por tradutor juramentado. Apresenta decisões do CARF no sentido de que identificado erro no preenchimento da declaração, devese aceitar sua retificação. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 13896.722278/201298 Acórdão n.º 2401006.508 S2C4T1 Fl. 66 3 Requer seja lhe dado prazo para retificação do lançamento feito erroneamente e para juntada da declaração do imposto de renda declarado nos Estados Unidos devidamente traduzido, ou ainda, que seja desconsiderado o imposto complementar em questão. É o relatório. Voto Conselheira Miriam Denise Xavier, Relatora. ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário foi oferecido no prazo legal, assim, deve ser conhecido. MÉRITO Sobre a dedução do imposto complementar recolhido, a Lei 9.250/95 assim dispõe: Art. 12. Do imposto apurado na forma do artigo anterior, poderão ser deduzidos: [...] V o imposto retido na fonte ou o pago, inclusive a título de recolhimento complementar, correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo; A Instrução Normativa SRF n° 15, de 2001, vigente à época, determina: Art. 25. É facultado ao contribuinte antecipar o imposto devido na Declaração de Ajuste Anual mediante o recolhimento complementar do imposto. § lº O recolhimento deve ser efetuado, no curso do ano calendário, até o último dia útil do mês de dezembro. No caso, não houve recolhimento de imposto complementar, mas a tentativa de deduzir do imposto devido valores que alega o recorrente que foram recolhidos no exterior. Logo, correta a glosa efetuada pela fiscalização. Não podem ser acolhidos os argumentos apresentados por diversos motivos: a) a declaração foi enviada no modelo simplificado (fl. 19), não sendo permitida, neste caso, a dedução de imposto pago no exterior (também não é permitida a troca de modelo); b) não restou comprovado o efetivo recolhimento do imposto alegado como pago no exterior ou se ele não foi restituído ou compensado no país de origem; e c) não foi apresentada tradução para o português do teor dos comprovantes dos rendimentos e do imposto pago. A Lei 9.250/95, dispõe que: Art. 10. O contribuinte poderá optar por desconto simplificado, que substituirá todas as deduções admitidas na legislação, correspondente à dedução de 20% (vinte por cento) do valor dos Fl. 66DF CARF MF Processo nº 13896.722278/201298 Acórdão n.º 2401006.508 S2C4T1 Fl. 67 4 rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual, independentemente do montante desses rendimentos, dispensadas a comprovação da despesa e a indicação de sua espécie, limitada a: [...] (grifo nosso) Qualquer contribuinte pode optar pelo desconto simplificado. Entretanto, após o prazo para a apresentação da declaração, não será admitida a mudança na forma de tributação de declaração já apresentada. Nesse sentido dispõe a Súmula CARF nº 86: É vedada a retificação da Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física que tenha por objeto a troca de forma de tributação dos rendimentos após o prazo previsto para a sua entrega. O Regulamento do Imposto de Renda, Decreto 3.000/00, determina: Art.84. Independentemente do montante dos rendimentos tributáveis na declaração, recebidos no anocalendário, o contribuinte poderá optar por desconto simplificado, que consistirá em dedução de vinte por cento desses rendimentos, limitada a oito mil reais, na Declaração de Ajuste Anual, dispensada a comprovação da despesa e a indicação de sua espécie. §1º O desconto simplificado substitui todas as deduções admitidas nos arts. 74 a 82. O desconto simplificado substitui todas as deduções a que o contribuinte tem direito na declaração de rendimentos, inclusive aquelas que são diminuídas diretamente do imposto. Desta forma, à época, o contribuinte que pretendia compensar imposto pago no exterior, deveria elaborar a declaração utilizando as deduções legais (modelo completo). Mesmo que se fossem ultrapassadas as questões anteriores, o Regulamento do Imposto de Renda, Decreto 3.000/00, determina: Art. 87. Do imposto apurado na forma do artigo anterior, poderão ser deduzidos (Lei nº 9.250, de 1995, art. 12): [...] V o imposto pago no exterior de acordo com o previsto no art. 103. Art.103. As pessoas físicas que declararem rendimentos provenientes de fontes situadas no exterior poderão deduzir, do imposto apurado na forma do art. 86, o cobrado pela nação de origem daqueles rendimentos, desde que (Lei nº 4.862, de 1965, art. 5º, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 98): I em conformidade com o previsto em acordo ou convenção internacional firmado com o país de origem dos rendimentos, quando não houver sido restituído ou compensado naquele país; ou (grifo nosso) Fl. 67DF CARF MF Processo nº 13896.722278/201298 Acórdão n.º 2401006.508 S2C4T1 Fl. 68 5 II haja reciprocidade de tratamento em relação aos rendimentos produzidos no Brasil. §1ºA dedução não poderá exceder a diferença entre o imposto calculado com a inclusão daqueles rendimentos e o imposto devido sem a inclusão dos mesmos rendimentos. §2ºO imposto pago no exterior será convertido em Reais mediante utilização do valor do dólar dos Estados Unidos da América informado para compra pelo Banco Central do Brasil para o último dia útil da primeira quinzena do mês anterior ao do recebimento do rendimento No presente caso, não restou comprovado que o imposto pago não foi restituído ou compensado no país de origem. Pelo contrário, o documento de fls. 30/31 denominado "US Individual Income Tax Return" demonstra que ocorreu restituição. Ademais, o contribuinte deveria providenciar a tradução para o português, por tradutor juramentado, do teor dos comprovantes dos rendimentos e do imposto pago, para que este possa ser compensado na Declaração de Ajuste Anual, conforme alertado na decisão recorrida. Contudo, apesar de no recurso apresentado em 2015 pedir prazo para juntada da declaração do imposto de renda declarado nos Estados Unidos devidamente traduzido, até a presente data não foram apresentados os documentos traduzidos. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negar lhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 68DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.100212/2007-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 15 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
Ementa:
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
A falta de previsão legal em lei específica impede a restituição ou a compensação de créditos derivados de empréstimo compulsório, relativos a quaisquer débitos, vencidos ou vincendos, de tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. FALTA DE PREVISÃO NORMATIVA.
Empréstimo Compulsório sobre Combustíveis Podem ser restituídas pela SRF as quantias recolhidas titulo de tributo ou contribuição sob sua administração e decorrentes de pagamento espontâneo. indevido ou em valora maior que o devido (IN SRF 600. art. 2'). O Empréstimo Compulsório sobre Combustíveis não é tributo ou contribuição administrado pela SRF.
Deve ser indeferido o pedido de restituição de crédito relativo a obrigações do reaparelhamento econômico, uma vez que inexiste norma que autorize a restituição de créditos da espécie pela Receita Federal do Brasil.
NÃO APRESENTAÇÃO DE NOVAS RAZÕES DE DEFESA PERANTE A SEGUNDA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA.Não tendo sido apresentadas novas razões de defesa perante a segunda instância administrativa, adota-se a decisão recorrida, mediante transcrição de seu inteiro teor. § 3º do art. 57 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 RICARF.
Numero da decisão: 1401-003.423
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin- Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira, Leticia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007 Ementa: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. A falta de previsão legal em lei específica impede a restituição ou a compensação de créditos derivados de empréstimo compulsório, relativos a quaisquer débitos, vencidos ou vincendos, de tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. FALTA DE PREVISÃO NORMATIVA. Empréstimo Compulsório sobre Combustíveis Podem ser restituídas pela SRF as quantias recolhidas titulo de tributo ou contribuição sob sua administração e decorrentes de pagamento espontâneo. indevido ou em valora maior que o devido (IN SRF 600. art. 2'). O Empréstimo Compulsório sobre Combustíveis não é tributo ou contribuição administrado pela SRF. Deve ser indeferido o pedido de restituição de crédito relativo a obrigações do reaparelhamento econômico, uma vez que inexiste norma que autorize a restituição de créditos da espécie pela Receita Federal do Brasil. NÃO APRESENTAÇÃO DE NOVAS RAZÕES DE DEFESA PERANTE A SEGUNDA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA.Não tendo sido apresentadas novas razões de defesa perante a segunda instância administrativa, adota-se a decisão recorrida, mediante transcrição de seu inteiro teor. § 3º do art. 57 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 RICARF.
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EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. A falta de previsão legal em lei específica impede a restituição ou a compensação de créditos derivados de empréstimo compulsório, relativos a quaisquer débitos, vencidos ou vincendos, de tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. FALTA DE PREVISÃO NORMATIVA. Empréstimo Compulsório sobre Combustíveis Podem ser restituídas pela SRF as quantias recolhidas titulo de tributo ou contribuição sob sua administração e decorrentes de pagamento espontâneo. indevido ou em valora maior que o devido (IN SRF 600. art. 2'). O Empréstimo Compulsório sobre Combustíveis não é tributo ou contribuição administrado pela SRF. Deve ser indeferido o pedido de restituição de crédito relativo a obrigações do reaparelhamento econômico, uma vez que inexiste norma que autorize a restituição de créditos da espécie pela Receita Federal do Brasil. NÃO APRESENTAÇÃO DE NOVAS RAZÕES DE DEFESA PERANTE A SEGUNDA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA.Não tendo sido apresentadas novas razões de defesa perante a segunda instância administrativa, adotase a decisão recorrida, mediante transcrição de seu inteiro teor. § 3º do art. 57 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 RICARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 10 02 12 /2 00 7- 44 Fl. 111DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira, Leticia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). Fl. 112DF CARF MF Processo nº 11080.100212/200744 Acórdão n.º 1401003.423 S1C4T1 Fl. 112 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face do v. acórdão n. 10 14.706 1” Turma da DRJ/POA, que, por unanimidade de votos, mantiveram o Despacho Decisório que negou provimento ao pedido de restituição de crédito relativo a Obrigações do Reaparelhamento Econômico, que têm origem nas Leis n° 1.474/1951, n° 1.628/1951 e n° 2.973/1956. Conforme bem relatado pela DRJ: Tratase da manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório DRF/POA, cientificado à contribuinte em O3/O8/2007, por meio do qual foi negado provimento ao pedido de restituição de crédito relativo a Obrigações do Reaparelhamento Econômico, que têm origem nas Leis n° 1.474/1951, n° 1.628/1951 e n° 2.973/1956. A autoridade fazendária fundamentou o indeferimento sob duas premissas: (a) não há lei específica que autorize o reconhecimento de direito creditório lastreado em títulos da dívida pública e (b) a Receita Federal não é o órgão competente para decidir sobre a restituição de créditos de 'natureza não tributária. Se não, vejamos a ementa do Despacho Decisório DRF/POA: “PEDIDO DE RESTITUIÇAO. TITULO DA DIVIDA PUBLICA. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Cumpre não reconhecer o direito creditório fundamentado em títulos da dívida pública, por inexistir lei especifica autorizadora de restituição/ressarcimento e/ou compensação de créditos de natureza não tributária por parte da Secretaria da Receita Federal”. A DRF de origem salienta ainda, em caráter subsidiário, que os títulos reclamados encontramse prescritos, conforme jurisprudência firmada no STJ. A manifestação de inconformidade foi apresentada tempestivamente em 31/08/2007. A interessada contesta o entendimento da DRF sobre a matéria. Defende, em resumo, que: “em se tratando de EMPRÊSTIMO COMPULSÓRIO com receita devidamente registrada na contabilidade e não havendo lei que tenha declarado a decadência do direito do seu portador em requerer administrativamente sua restituição, a União Federal (sujeito ativo) é responsável direta pela sua devolução e o direito do credor/portador (sujeito passivo) se mostra perpétuo e inesgotável”. Requer, pois, o deferimento do pedido de restituição. Fl. 113DF CARF MF 4 Apreciados os argumentos da manifestação de inconformidade, o Despacho Decisório foi mantido, à luz do entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, entendeu a DRJ não restarem dúvidas de que o crédito reclamado diz respeito a títulos da dívida pública, de natureza administrativa, e não tributária. Assim sendo, e dado que o processamento de restituições por parte da Receita Federal é restrito à hipótese de créditos relativos a tributos ou “contribuições” administrados pelo próprio órgão, ou receitas arrecadadas mediante DARF, não há que se falar em restituição. Inconformada com o resultado do julgamento, interpôs Recurso Voluntário, objetivando que seja reconhecido o seu direito a restituição/compensação, referente as Obrigações de Reaparalhemento Econômico, por não terem sido alcançados pelos efeitos da decadência. É o breve relatório. Voto Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. O Recurso de Voluntário preenche os requisitos de admissibilidade, por isto dele conheço. Conforme demonstrado no relatório, a Recorrente, em suas razões recursais, reproduz integralmente os argumentos da impugnação já enfrentados exaustivamente pela DRJ Assim, por economia processual, e em atenção ao §3º do art. 57 do RICARF, adoto as razões exaradas pela decisão da DRJ ora combatida. Para tanto, reproduzo os tópicos atinentes às matérias ora tratadas. O reconhecimento de pedidos de restituição, no âmbito da Receita Federal do Brasil, é regulamentado pela Instrução Normativa SRF n° 600, de 28 de dezembro de 2005. O art. 2° da referida Instrução Normativa delimita a competência do órgão relativamente à matéria, na medida em que autoriza o processamento de restituições tão somente na hipótese em que o crédito reclamado tenha sido recolhido a título de tributos e contribuições administrados pela Receita Federal. Se não, vejamos o disposto no art. 2°, caput e parágrafo primeiro: Art. 2° Poderão ser restituídas pela SRF as quantias recolhidas a título de tributo ou contribuição sob sua administração, nas seguintes hipóteses: I cobrança ou pagamento espontâneo, indevido ou em valor maior que o devido; II erro na identificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. Fl. 114DF CARF MF Processo nº 11080.100212/200744 Acórdão n.º 1401003.423 S1C4T1 Fl. 113 5 § 1° Também poderão ser restituídas pela SRF, nas hipóteses mencionadas nos incisos I a III, as quantias recolhidas a titulo de multa e de juros moratórios previstos nas leis instituidoras de obrigações tributárias principais ou acessórias relativas aos tributos e contribuições administrados pela SRF. Essa delimitação do âmbito de competência da RFB encontra supedâneo legal no art. 165 do CTN e no art. 74 da Lei n° 9.430/1996, abaixo transcritos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4” do artigo 162, nos seguintes casos: (..) Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada ao caput pela Lei n” 10.63 7, de 30.12.2002, DOU 31.12.2002 Ed. Extra, com efeitos a partir de 01.10.2002) [grifei] A mesma instrução normativa assevera, em caráter excepcional, que a Receita Federal poderá promover a restituição de outros créditos, que não aqueles relativos a tributos e contribuições administrados pelo órgão, desde que: (a) os valores se referiram a receitas arrecadadas mediante DARF e (b) o direito creditório tenha sido previamente reconhecido pelo órgão ou entidade responsável pela administração da receita. É o que dispõe o parágrafo segundo do mesmo art. 2° da IN SRF n° 660/2005: § 2° A SRF promoverá a restituição de receitas arrecadadas mediante Darf que não estejam sob sua administração, desde que o direito creditório tenha sido previamente reconhecido pelo órgão ou entidade responsável pela administração da receita. Diante desses limites normativos, não vejo como dar provimento ao pedido da contribuinte, dado que a restituição requerida diz respeito a crédito de natureza não tributária. Ou seja, o valor reclamado não corresponde a crédito derivado de tributos ou contribuições administrados pela RFB e nem a valor recolhido por meio de DARF, de maneira que o reconhecimento do direito de restituição reclamado foge à competência da Receita Federal. O fato de as cártulas de obrigações do reaparelhamento econômico terem sido emitidas com o objetivo de garantir o pagamento de um empréstimo compulsório, segundo doutrina e jurisprudência mencionada na manifestação de inconformidade, em nada socorre a tese da recorrente. Conforme certifica a jurisprudência, não se pode confundir a relação jurídica original, relativa à arrecadação de valores pelo Estado na forma de empréstimo compulsório, com a relação jurídica consecutiva, correspondente ao direito de os contribuintes Fl. 115DF CARF MF 6 exigirem do Poder Público a devolução dos valores anteriormente desembolsados. A primeira apresenta natureza tributária e a segunda, natureza administrativa. Tratando de situação análoga obrigações da Eletrobrás , o Superior Tribunal de Justiça tem decidido, reiteradamente, que a devolução de empréstimo compulsório não é matéria tributária, consoante assentado pela Ministra Eliana Calmon, nos autos do RESP n° 694.051, de 22/03/2005, cuja ementa transcrevo a seguir: TRIBUTÁRIO EMPRESTIMO COMPULSÓRIO DA ELETROBRÁS INAPLICABILIDADE DA TAXA SELIC. (...) 3. No empréstimo compulsório estabelecemse duas relações: a existente entre o Estado e o contribuinte, regida por normas de direito tributário e a existente entre o contribuinte e o Poder Público com vista à devolucão do que foi desembolsado, a qual nada tem de tributário, Qor tratarse de crédito comum, [Grifei] Com vistas a afastar eventuais dúvidas a respeito do entendimento exarado no referido acórdão, transcrevo um pequeno excerto do voto da Ministra: A partir da identificação da natureza jurídica do empréstimo compulsório, podese dizer que é ele uma espécie tributária diferente, de tal modo que, na clássica lição de Alfredo Augusto Becker, há no empréstimo compulsório duas ordens de relação: a relação jurídica que se estabelece entre o sujeito ativo (o Estado) e o sujeito passivo (o contribuinte), cabendo ao primeiro exigir e ao segundo pagar; essa relação é de direito tributário, inquestionavelmente. Há, ainda, uma segunda relação, de natureza administrativa, em que o sujeito ativo é o particular que, como contribuinte, passa a ter o direito de exigir do sujeito passivo, o Estado, a devolução do que desembolsou. Segundo o magistério de Alfredo Becker, Roque Carrazza, Amilcar de Araújo Falcão, entre outros, essa segunda relação nada tem de tributária, sendo um crédito comum, regendose pelas normas pertinentes aos demais créditos. E mais. Ao contrário do alega a requerente, o STJ tem decidido, categoricamente, que as “Obrigações do Reaparelhamento Econômico” subsumemse à modalidade “títulos da dívida pública”, conforme sedimentado no voto do Ministro relator, José Salgado, ao relatar o RESP n° 763.411PR, publicado no DJ em 03/04/2006: As questões jurídicas envolvendo os Títulos da Dívida Pública emitidos pelo Governo Brasileiro até meados do século passado têm gerado controvérsias que estão a exigir estável comportamento jurisprudencial. Cuida se, no recurso em debate, de definição acerca do aspecto prescricional. No particular, reconheço como corretos os fundamentos desenvolvidos pelo acórdão recorrido e a conclusão a que chegou. Transcrevo, por essa razão, o seu inteiro teor Úls. 12 7/128): [segue transcrição do voto citado] Fl. 116DF CARF MF Processo nº 11080.100212/200744 Acórdão n.º 1401003.423 S1C4T1 Fl. 114 7 Concluindo: tendo o título da divida pública em questão sido emitido em 1956, e não sido resgatado oportunamente, há de ser reconhecido o transcurso do lapso prescricional previsto no art. 3 °do DL n° 396/68. O acórdão em questão foi assim ementado: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. APÓLICES DA DÍVIDA PÚBLICA EMITIDAS EM 1956 (OBRIGAÇÕES DO REAPARELHAMENTO ECONÔMICO). RESGATE. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA. DECRETOSLEIS NºS 263/64 E 396/68. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CONDENAÇÃO EXORBITANTE. REDUÇÃO. POSSIBILIDADE. PRONUNCIAMENTO DA CORTE ESPECIAL. 1. Tratam os autos de ação declaratória ajuizada por COMERCIAL DE MÓVEIS HUNTER LTDA. em face da UNIÃO em que se discute a validade de apólice de dívida pública emitida em 1956, a fim de que se possa usufruir os direitos de crédito decorrentes, em especial o seu valor mobiliário, que seria de R$ 2.025.461,77 (dois milhões, vinte e cinco mil, quatrocentos e sessenta e um reais e setenta e sete centavos). Sentença reconhecendo a ocorrência de prescrição e julgando improcedente o pedido; condenação da parte autora ao pagamento de honorários advocatícios em 10% (dez por cento) sobre o valor atribuído à causa. Acórdão do TRF/4ª Região que, à unanimidade, negou provimento à apelação da autora. Recurso especial fundamentado nas alíneas "a" e "c", apontado violação dos seguintes dispositivos: art. 6°, §§ 1° e 2°, da LICC; art. 20, §§ 3º e 4°, do CPC; art. 3° do DecretoLei 263/67; art. 3°, § 1°, da Lei 1.474/1951. 2. Títulos da dívida pública emitidos em 1956. Interpretação dos DLs nºs 263/64 e 396/68. 3. A emissão de títulos da dívida pública é um negócio jurídico sujeito a prazos e, conseqüentemente, a efeitos prescricionais. A tese da imprescritibilidade, embora tenha encontrado eco na doutrina, não se harmoniza com as regras do nosso ordenamento jurídico. Resgate não ocorrido em tempo oportuno. Prescrição reconhecida. 4. A jurisprudência desta Corte, em hipóteses excepcionais, quando manifestamente evidenciado que o arbitramento da verba honorária se fez de modo irrisório ou exorbitante, tem entendido tratarse de questão de direito e não fática, repelindo a aplicação da Súmula nº 07/STJ. 5. Verificase que situação excepcional caracteriza o caso dos autos, revelandose exorbitante a condenação da verba honorária em 10% sobre o valor da causa, tendo esta sido fixada em R$ 2.025.461,77 (dois milhões, vinte e cinco mil, quatrocentos e sessenta e um reais e setenta e sete centavos). O exame superficial dos autos é suficiente para evidenciar uma ação declaratória sem complexidade jurídica, tratando de Fl. 117DF CARF MF 8 matéria puramente de direito, que teve trâmite processual absolutamente tranqüilo e foi julgada prescrita pela sentença e nesses termos confirmada em segundo grau. É patente que a defesa desenvolvida pela parte vencedora não exigiu a aplicação de labor jurídico complexo nem consumo de longo tempo para a sua execução. Os honorários advocatícios devem representar verba que valore a dignidade do trabalho do profissional sem, contudo, implicar em meio que gere locupletamento ilícito. A razoabilidade, aliada aos princípios da eqüidade e proporcionalidade, deve pautar o seu arbitramento. Razoável a fixação de verba honorária no patamar de 2% sobre o valor da causa para o caso dos autos. 6. Recurso especial parcialmente conhecido e parcialmente provido. À luz do entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, não restam dúvidas de que o crédito reclamado diz respeito a títulos da dívida pública, de natureza administrativa, e não tributária. Assim sendo, e dado que o processamento de restituições por parte da Receita Federal é restrito à hipótese de créditos relativos a tributos ou “contribuições administrados pelo próprio órgão, ou receitas arrecadadas mediante DARF, voto por negar provimento à manifestação de inconformidade. Não encontro razões pra reformar a DRJ, até porque, a própria recorrente não se ocupou em trazer novos argumentos que confrontassem ou no mínimo dialogassem com o Acórdão DRJ, de modo a nele demonstrar qualquer inconsistência nas razões de decidir, de modo que mantenho a decisão por seus próprios fundamentos. Pelo exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. Fl. 118DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11843.000218/2009-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE.
A mera alegação da existência do direito creditório, desacompanhada de prova da sua origem, constitui fundamento legítimo para a não homologação da compensação.
Nos termos da lei, cabe ao contribuinte o ônus da prova da certeza e liquidez do seu direito de crédito.
Numero da decisão: 1201-002.955
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado em negar provimento ao recurso, por unanimidade de votos.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Alexandre Evaristo Pinto, Bárbara Santos Guedes (Suplente convocada) e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
Nome do relator: GISELE BARRA BOSSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. A mera alegação da existência do direito creditório, desacompanhada de prova da sua origem, constitui fundamento legítimo para a não homologação da compensação. Nos termos da lei, cabe ao contribuinte o ônus da prova da certeza e liquidez do seu direito de crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em negar provimento ao recurso, por unanimidade de votos. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Alexandre Evaristo Pinto, Bárbara Santos Guedes (Suplente convocada) e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 84 3. 00 02 18 /2 00 9- 13 Fl. 162DF CARF MF Processo nº 11843.000218/200913 Acórdão n.º 1201002.955 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório 1. Tratase o presente processo de Manifestação de Inconformidade (fls. 118/122) contra o Despacho Decisório nº 215 (fls. 98/104) de 01/04/2009 que não homologou os seguintes PER/DCOMP’s: Nº PER/DCOMP FL. Do Processo Data de Transmissão 19497.19728.021007.1.7.023446 1017 02/10/2007 25397.78661.290806.1.3.023018 1821 29/08/2006 16405.52758.260906.1.3.029100 2225 26/09/2006 02007.47322.261006.1.3.025002 2629 26/10/2006 10830.04056.241106.1.3.024077 3033 24/11/2006 2. O sujeito passivo declarou, por meio dos referidos PER/DCOMP’s crédito referente a saldo negativo de IRPJ (R$ 74.002,28), declarado na DIPJ/2002, e solicitou a compensação de débitos de IRPJ e CSLL, apurados nos meses de fevereiro/2002, julho/2002, fevereiro/2005, março/2005 e de julho a outubro de 2006, conforme planilha abaixo: Código de Receita Apuração Vencimento Débito 2362 fev/02 28/03/2005 R$ 29,78 2362 jul/02 30/08/2002 R$ 41.356,04 2484 fev/05 31/03/2005 R$ 5.413,76 2484 mar/05 29/04/2005 R$ 8.307,63 2484 jul/06 31/08/2006 R$ 12.191,62 2484 ago/06 29/09/2006 R$ 7.748,93 2484 set/06 31/10/2006 R$ 12.119,91 2484 out/06 30/11/2006 R$ 2.314,29 TOTAL R$ 89.481,96 3. Em 22/08/2008 foi emitido Termo de Intimação solicitando à contribuinte: “a descrição dos valores contidos no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) que compõem o montante apresentado na rubrica "Outras exclusões", da Ficha 09A” e a “demonstração do Lucro Real, presente na DIPJ, referente aos anoscalendário de 2000 e 2001, assim como, a fundamentação legal que permite a exclusão desses valores do Lucro Real”. 4. A contribuinte tomou ciência do termo, em 26/08/2008 (AR de fl. 77), e se manifestou pedindo prazo de 15 dias para apresentar o solicitado, mas não o fez. 5. Sobreveio despacho decisório, no qual a autoridade fiscal, ao analisar as informações prestadas nos PER/DCOMP’s, concluiu que não existia saldo negativo a compensar, pois caberia o recolhimento de imposto de renda de R$ 133.628,30. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 11843.000218/200913 Acórdão n.º 1201002.955 S1C2T1 Fl. 4 3 6. Com base na documentação anexada ao processo, na legislação citada e nas pesquisas nos sistemas de controle da RFB, a DRF não reconheceu a “compensação sem processo” efetuada em DCTF retificadora, relativa ao 4º trimestre de 2001 (enviada em 02/10/2007 (fl. 69)) e acabou por não homologar as compensações declaradas. 7. Em 08/07/2009 foi emitida carta de cobrança (fls. 111/112) exigindo o pagamento dos débitos cujas compensações restaram não homologadas. 8. A contribuinte, devidamente intimada do despacho em 14/07/2009 (fl. 113), apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 118/122). 9. Em sessão de 25 de fevereiro de 2010, a 4ª Turma da DRJ/BSB, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do voto relator, Acórdão nº 0335.743 (fls. 128/136), cuja ementa recebeu o seguinte descritivo, verbis: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001 Restituição de Saldo negativo IRPJ. A restituição do saldo negativo da IRPJ/compensação somente poderá ser autorizada quando restar comprovado nos autos a existência do crédito, líquido e certo, mediante os registros contábeis e fiscais da contribuinte, comprovados com a documentação hábil. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido”. 10. A DRJ/BSB afastou a alegação de decadência por considerar que o prazo decadencial de cinco anos se refere a perda do direito de o fisco constituir crédito tributário sobre eventual inexatidão presente na compensação pleiteada, e não de examinar a existência do crédito do sujeito passivo, relativo a saldo negativo de IRPJ, contra a Fazenda Nacional. 11. Cientificada da decisão (AR de 09/07/2010, fls. 143), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário (fls. 144/148) em 09/08/2010 e reitera suas razões de defesa, no sentido de que a DRF não poderia inadmitir o direito creditório, relativo ao saldo negativo apurado no anocalendário de 2001, tendo em vista que sobre ele já se operou a decadência. É o relatório. Voto Conselheira Gisele Barra Bossa, Relatora. 12. O Recurso Voluntário interposto é tempestivo e cumpre os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 11843.000218/200913 Acórdão n.º 1201002.955 S1C2T1 Fl. 5 4 Questão Preliminar Da Inocorrência da Decadência 13. Em seu Recurso Voluntário, a Recorrente afirma que o Fisco não poderia rever a composição do saldo negativo declarado em sua DIPJ, pois o direito a alteração desse direito creditório teria sido alcançado pela decadência. 14. A DRJ, por sua vez, afirma que o único direito do Fisco alcançado pela decadência foi o de promover o lançamento dos tributos relativos ao anocalendário de 2001, após sua constatação em 2009 via despacho decisório. 15. Conforme relatado, os PER/DCOMP’s objetos deste processo foram transmitidos entre 29/08/2006 e 02/10/2007 (planilha do item 1). Neles, foi declarado direito creditório relativo a saldo negativo apurado no anocalendário de 2001, no montante de R$ 74.002,28. 16. As autoridades administrativas fiscais solicitaram informações e documentos, como o LALUR, para a verificação da apuração do IRPJ e do direito creditório, por meio do Termo de Intimação, em 22/08/2008. 17. Ciente do pedido, a Requerente solicita prazo para a apresentação das informações, em 01/09/2008. No entanto, diante do não atendimento à solicitação, foi prolatado despacho decisório em 01/04/2009. 18. Nas razões do despacho decisório, a DRF demonstra que a apuração de saldo negativo, declarada em DIPJ/2002, estava equivocada por três motivos, sendo o mais relevante deles a não comprovação dos valores apresentados na rubrica “Outras exclusões”, da Ficha 09A da DIPJ. Tal informação foi devidamente solicitada pela autoridade fiscal à contribuinte, mas esta não atendeu o termo de intimação. 19. Considerando a apuração equivocada do IRPJ no anocalendário de 2001, a DRF concluiu que existia tributo a pagar e não saldo negativo. Diante dessa conclusão, a fiscalização não realizou o lançamento desses valores, visto que já teriam sido alcançados pela decadência. 20. Em que pese o direito de realizar o lançamento sobre o tributo a pagar esteja decaído, o mesmo não ocorre com o direito de análise do crédito pleiteado em compensação. Nesse sentido, são acertadas as razões constantes do r. acórdão da DRJ: “In casu, contudo, não comungo com o entendimento da manifestante, pois, ao meu ver, a decadência é a perda do direito do Fisco de constituir o crédito tributário pelo lançamento, ou seja, procedimento no qual a autoridade fiscal atesta a ocorrência do fato gerador correspondente à obrigação tributária e determina o tributo devido. (CTN, art. 142). A perda do direito é de o Fisco constituir crédito tributário sobre eventuais omissões ou inexatidões que deram origem a eventual recolhimento a menor de tributo, após o transcurso do prazo de Fl. 165DF CARF MF Processo nº 11843.000218/200913 Acórdão n.º 1201002.955 S1C2T1 Fl. 6 5 5 anos previsto para a homologação da declaração, e não de examinar a existência do crédito do sujeito passivo, relativo a saldo negativo de IRPJ, contra a Fazenda Nacional”. 21. Dentro do prazo de 05 anos para fins de homologação do pedido de compensação (contados da transmissão do documento), a autoridade fiscal pode e deve proceder à analise da documentação fiscal e contábil da contribuinte, a fim de verificar e confirmar a efetiva existência do direito creditório pleiteado. 22. Independentemente do suposto direito de crédito ter sido apurado em 2001, somente em 29/08/2006 e 02/10/2007 os pedidos de compensação foram transmitidos. Por sua vez, a autoridade fiscal em 01/04/2009 e, portanto, dentro do prazo dos cinco anos, proferiu despacho decisório não homologando os pedidos de compensação justamente porque a contribuinte não comprovou a origem do seu direito creditório. Logo, não há que se falar aqui em decadência (leiase homologação tácita). 23. Diante do exposto, considero que não operouse a decadência do direito do fisco de analisar a existência ou não de saldo negativo no período. Questão de Mérito Da Ausência de Comprovação da Origem do Direito Creditório 24. Superada a alegação da decadência, passo a enfrentar o mérito da não homologação das compensações pleiteadas. 25. A DRF não homologou as compensações, em face da constatação da inexistência do saldo negativo declarado. A DRJ manteve a não homologação por entender que a decisão proferida pela autoridade fiscal de primeira instância está correta. 26. A Recorrente, por sua vez, não apresenta sua escrituração contábil, fiscal, planilhas demonstrativas ou qualquer outra documentação capaz de comprovar a origem do seu direito de crédito. 27. Em seu Recurso Voluntário afirma que irá juntar a comprovação das “Outras exclusões”, declaradas na Ficha 09A da DIPJ, e que os valores se referem a receitas com órgãos públicos não recebidas: "Não obstante o todo acima exposto, a contribuinte junta , a comprovação das exclusões, que se referem a receitas com órgãos públicos não recebidas naquele anocalendário, documento em anexo." 28. Entretanto, até o momento, não há nos autos quaisquer documentos probatórios. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 11843.000218/200913 Acórdão n.º 1201002.955 S1C2T1 Fl. 7 6 29. A par da inobservância das disposições contidas no artigo 16, do Decreto nº 70.235/721, quando ao aspecto temporal relativo à apresentação das provas no processo administrativo fiscal, é cediço que o ônus da prova do direito creditório pleiteado em PER/DCOMP é do contribuinte. Cabe a ele comprovar a liquidez e certeza do crédito. Nesse mesmo sentido são os acórdãos deste E. CARF, cujas ementas seguem abaixo transcritas: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1999 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e liquidez do crédito são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, constitui fundamento legítimo para a não homologação da compensação”. (Processo nº 10166.902466/200878, Acórdão nº 1201001.876, 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara, 1ª Seção, Sessão de 19 de setembro de 2017, Relator Luis Henrique Marotti Toselli). “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. É do contribuinte o ônus de demonstrar, com provas hábeis e idôneas, a composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa”. (Processo nº 10820.900282/200641, Acórdão nº 1002000.473, 1ª Turma Extraordinária da 1ª Seção, Sessão de 6 de novembro de 2018, Relator Ângelo Abrantes Nunes). 30. Diante das circunstâncias fáticas apresentadas, não é possível homologar a compensação em análise. Conclusão 31. Do exposto, VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO interposto e, no mérito, NEGARLHE provimento. 1 Decreto 70.235/72, "Art. 16. A impugnação mencionará: (...) II os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior." Fl. 167DF CARF MF Processo nº 11843.000218/200913 Acórdão n.º 1201002.955 S1C2T1 Fl. 8 7 É como voto. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Fl. 168DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720031/2016-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 10 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2013, 2014
AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. SOCIEDADE VEÍCULO. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL.
A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, quando ausente o propósito negocial, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte. As operações levada a termo nesses moldes devem ser desqualificadas para fins tributários.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2013, 2014
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE VERIFICADO. CABIMENTO.
Cabe a aplicação de multa qualificada quando verificado o evidente intuito de fraude por parte do sujeito passivo.
Numero da decisão: 1402-003.851
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: i) por unanimidade de votos: i.i) rejeitar a preliminar de suspensão do julgamento em razão da Medida Provisória nº 765/2016; i.ii) rejeitar a arguição de nulidade do acórdão recorrido por ausência de fundamentação; i.iii) rejeitar a arguição de nulidade do acórdão recorrido por alteração de critério jurídico; i.iv) rejeitar a preliminar de aplicação do art. 24 da LINDB, votando pelas conclusões os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella e Junia Roberta Gouveia Sampaio; i.v) negar provimento ao recurso voluntário relativamente aos juros de mora sobre a multa de ofício; ii) por voto de qualidade: ii.i) negar provimento ao recurso voluntário relativamente às exigências de IRPJ e CSLL sobre as glosas de amortização de ágio, divergindo os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Junia Roberta Gouveia Sampaio que restituíam os autos à DRJ para apreciação dos questionamentos acerca do laudo apresentado para prova do fundamento do ágio; ii.ii) negar provimento ao recurso voluntário relativamente à glosa de juros sobre o capital próprio, divergindo os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Junia Roberta Gouveia Sampaio, que davam provimento ao recurso voluntário; e ii.iii) dar provimento ao recurso de ofício, divergindo os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Junia Roberta Gouveia Sampaio, que negavam provimento; e iii) por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário relativamente ao restabelecimento dos prejuízos e bases negativas aproveitados no lançamento, divergindo as Conselheiras Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa, que deferiam o pedido.
(assinado digitalmente)
Edeli Pereira Bessa - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARCO ROGÉRIO BORGES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa.
Nome do relator: MARCO ROGERIO BORGES
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SOCIEDADE VEÍCULO. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, quando ausente o propósito negocial, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte. As operações levada a termo nesses moldes devem ser desqualificadas para fins tributários. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2013, 2014 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE VERIFICADO. CABIMENTO. Cabe a aplicação de multa qualificada quando verificado o evidente intuito de fraude por parte do sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: i) por unanimidade de votos: i.i) rejeitar a preliminar de suspensão do julgamento em razão da Medida Provisória nº 765/2016; i.ii) rejeitar a arguição de nulidade do acórdão recorrido por ausência de fundamentação; i.iii) rejeitar a arguição de nulidade do acórdão recorrido por alteração de critério jurídico; i.iv) rejeitar a preliminar de aplicação do art. 24 da LINDB, votando pelas conclusões os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella e Junia Roberta Gouveia Sampaio; i.v) negar provimento ao recurso voluntário relativamente aos juros de mora sobre a multa de ofício; ii) por voto de qualidade: ii.i) negar provimento ao recurso voluntário relativamente às exigências de IRPJ e CSLL sobre as glosas de amortização de ágio, divergindo os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 31 /2 01 6- 31 Fl. 2723DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.724 2 Junia Roberta Gouveia Sampaio que restituíam os autos à DRJ para apreciação dos questionamentos acerca do laudo apresentado para prova do fundamento do ágio; ii.ii) negar provimento ao recurso voluntário relativamente à glosa de juros sobre o capital próprio, divergindo os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Junia Roberta Gouveia Sampaio, que davam provimento ao recurso voluntário; e ii.iii) dar provimento ao recurso de ofício, divergindo os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Junia Roberta Gouveia Sampaio, que negavam provimento; e iii) por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário relativamente ao restabelecimento dos prejuízos e bases negativas aproveitados no lançamento, divergindo as Conselheiras Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa, que deferiam o pedido. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa Presidente. (assinado digitalmente) MARCO ROGÉRIO BORGES Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa. Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário e Recurso de Ofício interpostos em face de decisão proferida pela 1a Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém PA, que julgou PROCEDENTE, em parte, a impugnação do contribuinte em epígrafe, agora recorrente. Em relação à autuação fiscal imputada à recorrente, na decisão a quo foi exonerada a multa qualificada, mantidos os demais valores autuados. Da autuação fiscal: Trata o presente processo de Autos de Infração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) referentes aos anoscalendário de 2013 e de 2014. Fl. 2724DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.725 3 A Fiscalização apurou, no curso do procedimento fiscal, as seguintes infrações: a) Despesas Financeiras Não Dedutíveis: pagamento de juros sobre o capital próprio em excesso; b) Exclusões Indevidas: valor excluído indevidamente do Lucro Líquido do período, relativo à amortização de ágio. Em decorrência das infrações, foram apurados os seguintes valores de crédito tributário constituído: Imposto/Cont. Juros Multa (150%) Total IRPJ 224.024.795,81 47.071.761,02 322.276.016,59 593.372.573,42 CSLL 81.088.374,74 17.032.644,33 116.678.538,34 214.799.557,41 Total 305.113.170,55 64.104.405,35 438.954.553,43 808.172.129,33 Valores em R$ 1,00 juros corrigidos até abril/2016 Da Impugnação: Inconformada com a autuação, a recorrente apresentou impugnação (fls. 2.142 e segs), a qual aproveito a sua descrição no relatório do v. acórdão recorrido: a) Que todos os atos societários que acarretaram o aproveitamento do ágio teriam se dado de forma lícita e adequada para atingir o objetivo de todas as partes e com o conhecimento dos órgãos competentes envolvidos; b) Que os atos societários não poderiam ser analisados de forma isolada, como teria feito a Fiscalização; c) Que seria necessária a busca pela verdade dos fatos, por meio da análise histórica e cronológica das operações praticadas para se compreender o propósito negocial e econômico das operações societárias efetivamente realizadas, as quais ensejaram a amortização do ágio; d) Que, em fevereiro de 2012, o Grupo Cosan teria demonstrado interesse em adquirir a participação que o Grupo BG detinha, por intermédio da Integral, na Impugnante, razão pela qual as partes teriam firmado um contrato de confidencialidade (“Memorandum of Intentions” ou “Carta de Intenções”), o qual teria permitido o início das negociações; e) Que o Grupo Cosan, ao aprofundar as análises do negócio em questão, teria concluído que a aquisição e incorporação da Impugnante diretamente pela Cosan era possível, mas não era a alternativa mais adequada, pois tal hipótese traria os seguintes riscos: (i) menor transparência ao negócio; (ii) punição pela Comissão de Valores (CVM); (iii) litígio com os demais acionistas da Impugnante; (iv) inviabilização dos demais negócios do Grupo; (v) majoração Fl. 2725DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.726 4 de custos sem qualquer justificativa; e (vi) perda da concessão do serviço público de distribuição de gás natural no Estado de São Paulo; f) Que, em razão do exposto no item anterior, o Grupo Cosan teria decidido que sua controlada Provence realizaria a aquisição; g) Que para demonstrar a licitude da operação realizada, quer sob o aspecto contábil/societário, quer sob o aspecto fiscal, seria necessário discorrer acerca: (i) da natureza jurídico/contábil do ágio na aquisição das participações societárias; (ii) da licitude da aquisição de participação societária com ágio; e (iii) do tratamento tributário dispensado ao ágio no ordenamento jurídico brasileiro; h) Que o ágio ou deságio gerado em operações, como as ocorridas no presente caso, decorreria da diferença entre o valor de aquisição (custo de aquisição) e o valor patrimonial das ações adquiridas (valor de patrimônio líquido), quando se adota o registro da participação societária pelo método da equivalência patrimonial; i) Que a aquisição, pela Provence, de participação societária na Impugnante, (i) teria de dado entre partes e grupos econômicos independentes – Grupo BG e Grupo Cosan; e (ii) mediante o pagamento em dinheiro, decorrente do contrato celebrado entre as partes; j) Que a Provence, em respeito ao disposto na Instrução CVM nº 247/96, estava obrigada a registrar este investimento, desdobrando o seu custo de aquisição em valor de patrimônio líquido e ágio, em razão do método da equivalência patrimonial; k) Que, de acordo com as novas regras contábeis, após o registro do ágio na contabilidade como um ativo, este não mais seria amortizado contabilmente, mas sim avaliado com base em testes anuais de recuperabilidade (impairment test); l) Que, na seara fiscal, o ágio continuaria sendo lançado como uma despesa, dependendo a sua dedutibilidade (i) do fundamento econômico para o pagamento dessa diferença e (ii) da absorção do patrimônio de uma pessoa jurídica por outra na qual detenha participação adquirida com ágio; m) Que a Impugnante teria absorvido o patrimônio da Provence em virtude de sua incorporação, e que a Provence anteriormente tinha registrado ágio apurado com fundamento econômico na expectativa de resultados futuros da Impugnante, razão pela qual seria possível a dedução do ágio; n) Que a Autoridade Fiscal teria reconhecido ter havido o pagamento, entre partes independentes, de ágio nas operações ora examinadas, mas, ao mesmo tempo, teria afirmado equivocadamente que a aquisição, de fato, teria sido realizada pela Cosan, e não pela Provence, pois aquela empresa teria suportado o dispêndio financeiro da operação; o) Que a real adquirente das ações da Impugnante teria sido a Provence, com a subscrição e integralização do valor de R$3,4 bilhões pela Cosan, valor este que ingressou no patrimônio da Provence, e que, em razão disso, não pode ser confundido com o patrimônio da Cosan, em virtude do princípio da entidade; Fl. 2726DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.727 5 p) Que a realização pela Cosan de um aumento de capital na Provence não possuiria o condão de transferir os efeitos da aquisição à Cosan, visto que a efetiva aquisição teria sido realizada pela Provence, e seus efeitos deveriam ser nela registrados; q) Que a amortização do ágio teria se dado de forma legítima, pois (i) teriam sido atendidos todos os requisitos contábeis, societários e fiscais para o seu registro e amortização; (ii) as operações seriam lícitas; (iii) o ágio teria sido efetivamente pago; (iv) as operações teriam sido praticadas entre partes independentes; e (v) teria havido a unificação dos patrimônios da investidora (Provence) e da investida (Impugnante); r) Que a Fiscalização teria entendido que não haveria propósito negocial na participação da Provence no negócio examinado nestes autos; s) Que o CARF teria o entendimento de que o instituto do propósito negocial não possuiria previsão no ordenamento jurídico, motivo pelo qual deveria ser afastada sua aplicação em razão do princípio da legalidade; t) Que, apesar da alegação que consta do item anterior, todos os atos societários teriam sido praticados com finalidade negocial/econômica; u) Que, ao contrário do que teria alegado a Fiscalização, existiriam outras estruturas societárias, distintas da adotada no presente caso, que permitiriam o aproveitamento fiscal do ágio, razão pela qual, logicamente, os fatores que levaram à opção pela participação da Provence teriam cunho eminentemente negocial/econômico; v) Que o entendimento apresentado pela Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal não poderia ser admitido, pois estaria fundamentado em três premissas equivocadas: (i) o ágio foi “transferido”; (ii) o aproveitamento do ágio depende da “extinção do investimento”; e (iii) a participação da Provence era a única forma de se aproveitar fiscalmente o ágio pago pelo controle da Impugnante; w) Que não teria havido “transferência” do ágio, pois este teria sido registrado na empresa que efetivamente o pagou (Provence), e teria passado à Impugnante em razão dos efeitos naturais de sucessão decorrentes de uma operação de incorporação de empresas, nos exatos termos do disposto no art. 227 da Lei das S/A; x) Que a premissa de que o investimento teria que ser extinto para que o ágio pudesse ser aproveitado para fins fiscais não mereceria prosperar, haja vista que o regramento trazido na alínea “b” do artigo 8º da Lei nº 9.532/97 autorizaria, de forma expressa, o reconhecimento fiscal do ágio quando a “empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária” (incorporação reversa); y) Que a terceira premissa estaria equivocada, pois existiriam outras estruturas societárias que permitiriam o reconhecimento desse ágio para fins fiscais; z) Que o ágio não precisaria, necessariamente, ser aproveitado fiscalmente pela Impugnante, eis que poderia ser aproveitado pela própria Cosan, na hipótese de uma “aquisição direta”, alternativa que foi descartada por fatores negociais/econômicos; Fl. 2727DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.728 6 aa) Que existiriam quatro estruturas societárias que poderiam ter sido adotadas pelo Grupo Cosan para que o ágio pudesse ser fiscalmente aproveitado caso a aquisição ocorresse diretamente pela Cosan; bb) Que não seria possível admitir a afirmação da Fiscalização no sentido de que a participação da Provence no negócio teve como única finalidade possibilitar o aproveitamento fiscal do ágio, já que essa amortização seria possível mesmo se a referida empresa não fosse criada; cc) Que a aquisição do controle da Impugnante por intermédio da Provence teria beneficiado o Fisco, na medida em que esta estrutura societária teria resultado em um recolhimento maior de IRPJ e CSLL nos anosbase de 2013 e 2014; dd) Que teriam existido diversos fatores que influenciaram na decisão negocial/econômica das partes; ee) Que um dos motivos que teriam levado o Grupo Cosan a contar com a participação da Provence na aquisição de seu controle teria sido possibilitar uma maior transparência para a operação, de forma que todos os valores relativos à aquisição teriam ficado registrados na Provence, que não possuía outras atividades e investimentos, motivo pelo qual não se confundiriam com os valores referentes aos demais negócios da Cosan; ff) Que a Impugnante, para figurar como Concessionária, estaria sujeita a uma série de regramentos específicos; gg) Que não havia qualquer vedação à incorporação da Impugnante pela Cosan, mas apenas a exigência de prévia autorização pelo Poder Concedente; hh) Que, se a Cosan incorporasse a Impugnante, além dos custos e desafios naturais e inerentes a uma incorporação realizada entre companhias de capital aberto, aquela teria que restringir sua atividade principal à concessão, manter somente as atividades que o Poder Concedente entendesse compatíveis com a referida concessão, bem como adotar o plano de contas e as demais exigências contábeis determinadas pelo Estado de São Paulo, dentre outras obrigações; ii) Que a implementação das alterações mencionadas no item anterior resultaria em despesas expressivas; jj) Que, não obstante o resultado fiscal fosse o mesmo se a Cosan adquirisse diretamente a Impugnante, as despesas, perdas e riscos negociais/econômicos decorrentes de tal opção seriam imensos; kk) Que, se a Cosan tivesse adquirido a Impugnante diretamente e sido incorporada por ela, estaria configurado, em tese, um abuso de poder, na medida em que a Impugnante teria assumido o endividamento feito pela Cosan (acionista controladora), para a aquisição do seu próprio controle, o que prejudicaria, por exemplo, os demais acionistas que arcariam com uma dívida que não os teria beneficiado; ll) Que, da situação exposta no item anterior, as possíveis consequências para o Grupo Cosan seriam: (i) arcar com os custos e enfrentar um processo na CVM; (ii) sofrer as sanções da CVM; (iii) arcar com os custos e enfrentar um processo no judiciário; e (iv) pagar indenização aos lesados; Fl. 2728DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.729 7 mm) Que todos os riscos descritos nos itens anteriores teriam sido evitados pela participação da Provence na operação examinada nestes autos; nn) Que havia o risco de a ARSEP não aprovar o negócio caso entendesse que a estrutura societária apresentada pudesse ter algum tipo de implicação negativa; oo) Que, sem a autorização da ARSEP, somente dois desfechos seriam possíveis: (i) cancelamento do negócio; (ii) perda da concessão pela Impugnante; pp) Que teria ficado evidente que a Provence não poderia ser considerada uma mera “empresa veículo”; qq) Que o Fisco não poderia impor a utilização de uma determinada estrutura societárias aos Grupos BG e Cosan, como se tivesse poder de ingerência sobre as negociações particulares, adentrando à liberdade individual dos contribuintes; rr) Que a liberdade de autoorganização sempre teria sido tida como resultado das garantias asseguradas por diversos princípios constitucionais; ss) Que o planejamento tributário seria legítimo quando se valesse de meios não vedados expressamente em lei para produzir o efeito de economia fiscal, tal como teria ocorrido no presente caso; tt) Que a única norma que poderia ter sido aventada para a desconsideração de uma operação sem substância econômica, seria o parágrafo único do art. 116 do CTN, o qual dependeria de elaboração de lei ordinária, até o momento não editada; uu) Que, ainda que se entenda que a Provence era, de fato, uma empresa veículo”, e que não poderia ter sido utilizada, tal fato não seria motivo para tornar inválida a amortização fiscal do ágio, conforme entendimento do CARF; vv) Que teria sido elaborado um Laudo de Avaliação pela KPMG, com data de setembro de 2012, onde constaria a avaliação econômicofinanceira da Impugnante, de acordo com sua rentabilidade futura; ww) Que, no documento citado no item anterior, teria sido utilizado como critério de avaliação econômicofinanceira o método do fluxo de caixa descontado; xx) Que o ágio pago pela Provence na aquisição do controle da Impugnante estaria respaldado por laudo de avaliação elaborado por empresa de auditoria independente e fundamentado na expectativa de rentabilidade futura da adquirida, nos exatos termos do que determinavam os parágrafos 2º e 3º do artigo 20 do Decretolei nº 1.598/77 à época dos fatos; yy) Que a KPMG teria elaborado, posteriormente, um memorando onde apresentou um exercício de cálculo em que se conclui que o valor acumulado dos resultados antes dos impostos (“EBT”) superaria o valor do ágio pago pela Provence já em 2017; zz) Que não poderia prevalecer a multa agravada no percentual de 150%, pois não teria sido comprovada qualquer prática de conduta dolosa pela Impugnante ou pelo Grupo Cosan; Fl. 2729DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.730 8 aaa) Que todas as operações realizadas teriam sido contabilizadas e declaradas e jamais omitidas de nenhuma Autoridade; bbb) Que não existe prova cabal de que houve a malfadada intenção perniciosa; ccc) Que quem age com intuito de fraude realiza operações proibidas, não as escritura em seus registros comerciais e fiscais, e, quando fiscalizado, não entrega a documentação solicitada, procurando sob todas as formas ocultar essas operações. E mais, adultera documentos, utilizase de documentos calçados e paralelos, pessoas inexistentes ou “laranjas” e de documentos falsos e inidôneos; ddd) Que a multa de ofício aplicada teria caráter confiscatório, razão pela qual não poderia prevalecer; eee) Que, caso venhase a decidir pela manutenção dos lançamentos que deram origem a este processo, e tal decisão ocorra pelo voto de qualidade, seria razoável considerar que haveria, no mínimo, dúvida quanto à infração; fff) Que, em julgamento decidido pelo voto de qualidade, não seria possível aplicar a multa de ofício; ggg) Que o legislador, ao determinar a base de cálculo da CSLL de forma exaustiva (numerus clausus), não teria elencado, como hipótese de adição ao lucro líquido, o valor correspondente à amortização do ágio na aquisição de investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial; hhh) Que a Fiscalização teria comparado os montantes pagos pela Impugnante a título de Juros sobre Capital Próprio (JCP) em 2011 (R$69.798.202,83) e 2012 (R$71.066.970,70), períodos anteriores aos autuados, com aqueles distribuídos em 2013 (R$112.473.991,18) e 2014 (R$145.008.559,30), anoscalendário objeto da autuação; iii) Que, ao verificar que, no período autuado, a parcela de JCP distribuída foi superior àquela paga nos anos anteriores, teria concluído a Fiscalização que teria havido um excesso de distribuição de JCP, decorrente da incorporação da empresa veículo, a qual teve por efeito aumentar o patrimônio líquido da Impugnante em R$844.140.785,40; jjj) Que a limitação do montante a ser pago a título de JCP teria por base o patrimônio líquido da empresa pagadora, sobre o qual se aplicaria a TJLP pro rata dia; kkk) Que a glosa da dedutibilidade fiscal do ágio não causaria impacto no registro contábil do ágio; lll) Que a aquisição de parte da Impugnante pela Provence, a existência e o registro contábil do ágio, e a incorporação da Provence pela Impugnante não seriam objeto de questionamentos pela Fiscalização; mmm) Que a Fiscalização teria promovido, na prática, a desconsideração da incorporação da Provence pela Impugnante, e, consequentemente, do registro da “Reserva Especial de Ágio” decorrente deste evento; Fl. 2730DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.731 9 nnn) Que, ainda que a glosa do ágio viesse a prosperar, os eventos societários que culminaram no registro da “Reserva Especial de Ágio” efetivamente teriam ocorrido, e não poderiam ser desconsiderados; ooo) Que a desconsideração das operações realizadas corresponderia a uma indevida aplicação do já mencionado art. 116 do CTN, o qual, além de não ter servido de fundamentação à autuação, não poderia ser invocado em razão da ausência de regulamentação por meio de lei ordinária; ppp) Que, se a Cosan tivesse adquirido a Impugnante e a incorporasse, o patrimônio líquido da Cosan seria aumentado em virtude da incorporação da Impugnante ao seu capital social, o que resultaria em um aumento do limite de JCP a serem pagos pela Cosan; qqq) Que em todas as hipóteses descritas no tópico II.3.1, o patrimônio líquido da Cosan teria sido incrementado pela incorporação da Impugnante, aumentando se o limite de JCP passível de distribuição; rrr) Que a Fiscalização teria utilizado, de ofício, prejuízos fiscais e bases negativas de CSLL quando da recomposição da base de cálculo dos tributos; sss) Que, como as autuações seriam improcedentes, deveriam ser recompostos os saldos de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL; ttt) Que seria ilegal a cobrança de juros sobre a multa de ofício lançada. Reproduzo, a seguir, o pedido do contribuinte: Diante de tudo o que foi exposto, requerse a esta E. Turma Julgadora o conhecimento e o provimento da presente Impugnação, para que sejam integralmente cancelados os autos de infração lavrados, extinguindose a totalidade dos créditos tributários exigidos, remetendose, como consequência, os autos ao arquivo. Caso não se entenda pelo cancelamento integral dos lançamentos originários do presente processo administrativo o que se alega a título meramente argumentativo requerse sejam cancelados ao menos (I) os valores correspondentes à glosa da CSLL, decorrentes da amortização do ágio; (II) os valores correspondentes à multa agravada no percentual de 150% lançada; (III) o montante referente aos JCP supostamente pagos em excesso; e (IV) os valores referentes à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Da decisão da DRJ: A ementa da decisão é a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Fl. 2731DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.732 10 Anocalendário: 2013, 2014 PROPÓSITO NEGOCIAL. ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO. APLICABILIDADE. O instituto do propósito negocial possui previsão no ordenamento jurídico pátrio, devendo ser aplicado quando da verificação da regularidade das operações realizadas. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. SOCIEDADE VEÍCULO. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, quando ausente o propósito negocial, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte. As operações levada a termo nesses moldes devem ser desqualificadas para fins tributários. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2013, 2014 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE NÃO VERIFICADO. DESCABIMENTO. Descabida a aplicação de multa qualificada quando não verificado o evidente intuito de fraude por parte do sujeito passivo. DECISÃO POR VOTO DE QUALIDADE. EXONERAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. Nos casos em que a decisão colegiada se dá por voto de qualidade não é possível exonerar a penalidade aplicada. Todos os Julgadores possuem livre convicção, e votam conforme seu entendimento pessoal. A dúvida de que trata o art. 112 do CTN, portanto, deve ser aferida individualmente. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Do voto do relator, que foi acompanhado pela unanimidade do colegiado de primeira instância administrativa quanto ao crédito tributário principal, e pela maioria em relação à desqualificação da multa, extraise os seguintes excertos e destaques que entendo mais importantes para dar guarida a sua decisão final: adota o acórdão nº 1402001.404 para fundamentar e concluir pela a existência do propósito negocial. Neste acórdão há uma análise que o planejamento tributário não pode ser absoluto, devendo ter conformação entre os fatos realmente ocorridos e a Fl. 2732DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.733 11 respectiva existência do direito. Do contrário, teríamos uma elisão abusiva no campo tributário, que se configura um abuso de direito; no caso concreto, a participação da Provence nas operações não teria propósito negocial. Segundo o relator, fica claro nos Termo de Verificação Fiscal que o objetivo da Cosan, desde o início, era adquirir a participação na Comgás, de forma que pudesse exercer um controle direto sobre essa empresa. A Provence foi utilizada como empresa veículo, tendo sido tirada da condição de inativa apenas para realizar a compra da participação na Comgás e depois ser por esta incorporada; o caminho mais natural seria a Cosan comprar da Integral a participação na Comgás. No entanto, o que aconteceu é que a Provence, controlada da Cosan, adquiriu a participação societária na Comgás, e, posteriormente, foi por ela incorporada. A estrutura final com a empresa veículo foi a mesma se a Cosan adquirisse diretamente a participação na Comgás, só que neste, caso, o ágio seria registrado na Cosan, e não na Provence, e não seria possível a sua amortização; apesar das alegações da impugnante de que a aquisição e a incorporação da Comgás pela Cosan não ser a alternativa mais adequada, a mesma optou pela aquisição via empresa veículo para não alterar profundamente sua estrutura e nem da Comgás. As hipóteses outras de aquisição eram descartadas pela Cosan e levariam a resultados distintos. Assim, mais que comprovado a inexistência de propósito negocial na utilização da Provence; as alegações que a Provence não seria necessária para o aproveitamento do ágio ora em discussão não procedem. São 4 hipóteses levantadas na peça impugnatória que no entender da recorrente levariam aos mesmos efeitos tributários da utilizada, às quais foram analisadas no v. acórdão, e todas elas não levariam a situação desejada da Cosan: a mera aquisição do controle da Comgás. Em todas ocorreria uma alteração na estrutura da Cosan e/ou Comgás, com a extinção, total ou parcial, de uma ou de outra, por incorporação, o que não era o desejado; a alegação que se a Cosan tivesse adquirido diretamente a recorrente e a incorporada, o Fisco Federal deixaria de receber cerca de R$ 156 milhões não procede, pois é algo fictício e não era o objetivado; os fatores negociais/econômicos que demonstrariam o propósito negocial na participação da Provence nas operações analisadas não são justificáveis, pois o intuito da Cosan era apenas adquirir o controle da Comgás. Os fatores apresentados foram: (I) a diminuição da transparência, pois todos os valores e registros ficariam concentrados na Provence, o que não é válido, pois a maior transparência seria a simples aquisição direta da participação na Comgás pela Cosan; (II) os demais negócios do Grupo Cosan, o que reforça que o objetivo da Cosan sempre foi a mera aquisição do controle da Comgás, o que só seria possível via empresa veículo Provence; (III) os processos CVM e Judiciário, o que reforça a ideia que nunca foi o objetivo mudar a configuração patrimonial ao adquirir a Comgás, por isso se valeu da Provence; e (IV) o negócio analisado e concessão, só demonstra que se houvesse a aquisição direta do controle da Comgás pela Cosan, o ágio seria registrado na Cosan e não seria amortizado, e além do mais, a autorização do órgão competente (CSPE/ARSESP) não se envolveria no modelo aplicado, e sim no seu resultado final; as alegações que a Lei das S/A possibilitaria uma sociedade com o objetivo de aproveitar incentivos fiscais (art. 2º, § 3º), o que não procede, pois há falta de propósito Fl. 2733DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.734 12 negocial na empresa veículo. O contribuinte pode estruturar seu negócio como quiser, não se permitindo que os atos e negócios praticados se fundamentem em uma aparente legalidade, sem qualquer finalidade empresarial ou negocial. O art. 116 do CTN não serviu de base para a autuação ocorreu na prática uma desqualificação e posterior requalificação dos atos realizados pela recorrente; já se demonstrou que, por ausência de propósito negocial, o conjunto de operações artificiais (compra da participação na Comgás pela Provence, e incorporação da Provence pela Comgás) deve ser entendido como uma compra direta, efetuada pela Cosan, da participação na Comgás; quanto a alegada inexistência de base legal para adição à base de cálculo da CSLL da despesa com ágio considerada indedutível, não procede, pois o caso é de inexistência do ágio na recorrente, e, consequentemente, de qualquer valor relativo à sua amortização. Ademais, a IN SRF nº 390/2004 aplica à CSLL o mesmo regime que consta da legislação do IRPJ quanto ao registro e tratamento dispensado ao ágio, inclusive no que tange à sua amortização; a glosa dos juros sobre capital próprio, o ágio inexiste na Comgás (recorrente), quando da desqualificação das operações artificiais que foram realizadas sem propósito negocial. Neste caso, não haveria ágio registrado na Comgás, tampouco haveria incorporação reversa, com a consequência de não haver registro da reserva especial de ágio e nem o aumento do seu patrimônio líquido; quanto à qualificação da multa, entendeu o relator do voto condutor da decisão a quo que não existem provas de que o contribuinte agiu com o dolo de fraudar, o que exonerou a qualificação da multa; quanto ao art. 112 do CTN, o artigo trata de norma de interpretação da legislação tributária, que somente deve ser aplicada em caso de dúvida quanto aos itens nela descritos, e não se confunde com o voto de qualidade ocorrida num colegiado administrativo; quanto a alegação de ilegalidade da cobrança de juros sobre a multa, o crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária, visto que ambos constituem obrigação tributária. Do Recurso Voluntário: Irresignada com o a decisão, apresentou recurso voluntário em que expõe os seguintes elementos e argumentos, repisando praticamente os mesmos elementos suscitados na sua peça impugnatória, e rebatendo alguns pontos suscitados no v. acórdão recorrido. Em síntese: 1) deveria ocorrer a suspensão do julgamento em virtude da Medida Provisória nº 765/16, que estabelece o bônus de eficiência e produtividade na atividade tributária aos auditoresfiscais da Receita Federal do Brasil. Dada a composição do CARF com representantes da RFB, violaria a imparcialidade da administração pública, tal qual disposto no Fl. 2734DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.735 13 art. 37 da CF. De resto, seja suspenso o julgamento até o julgamento da (in)constitucionalidade deste Programa/Bônus; 2) a operação realizada foi lícita, bem como todos os seus atos societários, havendo o conhecimento de todos os órgãos competentes envolvidos. Não bastaria ver os fatos como descritos fotografia a fotografia, mas sim analisar o filme como um todo. Após, passa a analisar os envolvidos e justificar a operação ocorrida; 3) houve a nulidade do acórdão recorrido em razão de ausência de fundamentação. No seu entender, a turma julgadora a quo fez afirmações rasas, genéricas e desconexas dos argumentos de defesa trazidos na peça impugnatória. Igualmente, o v. acórdão recorrido limitouse em alguns momentos a reproduzir trechos de decisão proferida pelo CARF em outro processo; 4) houve nulidade do v. acórdão recorrido por conta de alteração do critério jurídico no seu julgamento em relação a autuação fiscal. Inovou e acrescentou argumentos; 5) as operações realizadas e o respectivo aproveitamento fiscal do ágio foram legítimos. Foram lícitos tanto no aspecto contábil/societário quanto no aspecto fiscal; 6) houve a demonstração do propósito negocial e da necessidade da sociedade "Provence", inexistindo a figura da empresa veículo; 7) houve possíveis estruturas alternativas para o aproveitamento do ágio, aos quais a autoridade fiscal disse no TVF o contrário, o que não se fundamenta. Fato é que a Recorrente demonstrou que havia estruturas alternativas para se realizar a operação em comento, que conduziriam ao mesmo resultado fiscal que foi obtido com as operações questionadas nestes autos para a Recorrente e o Grupo Cosan, mas que prejudicariam a arrecadação do Fisco Federal; 8) há fatores negociais/econômicos que comprovam o propósito negocial, o quais repete da sua peça impugnatória; 9) há jurisprudência administrativa acerca da existência de propósito negocial em face da demonstração de motivos extrafiscais; 10) está ocorrendo uma ingerência pela autoridade fiscal na atividade desenvolvida pela recorrente; 11) as supostas empresas veículo são válidas de acordo com a jurisprudência do CARF; 12) o demonstrativo do fundamento econômico do ágio existe e foi apresentado na peça impugnatória, que foi desconsiderado pela autoridade fiscal; 13) inexiste previsão legal para a adição na base de cálculo da CSLL da despesa com a amortização de ágio considerada indedutível pela autoridade fiscal; 14) os juros sobre o capital próprio (JCP) pagos em 2013 e 2014 são dedutíveis integralmente, em virtude do regime jurídicotributário aplicável aos JCP, e a glosa da dedutibilidade fiscal do ágio não impacta o registro contábil do ágio; Fl. 2735DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.736 14 15) há a necessidade do restabelecimento dos prejuízos fiscais e da base de cálculo negativa da CSLL compensados de ofício pela autoridade fiscal; 16) há ilegalidade da cobrança de juros sobre a multa; Encerra com o seguinte pedido: Por todo o exposto, resta evidente que o Programa de Produtividade da RFB e o Bônus de Eficiência e Produtividade na Atividade Tributária violam diversos dispositivos do ordenamento jurídico brasileiro, de modo que se requer a esse E. Conselho que determine a suspensão do julgamento administrativo nos presentes autos até que seja definitivamente julgada a (in)constitucionalidade deste Programa/Bônus. Na eventualidade de não ser acatada a preliminar supra, o que se admite por amor ao argumento, requerse sejam acolhidas as razões aqui tratadas, tanto preliminarmente quanto no mérito, com o provimento integral do Recurso Voluntário, o que levará à reforma parcial da decisão ora recorrida, e que se negue provimento ao Recurso de Ofício, com a consequente decretação da absoluta improcedência das autuações em questão, extinguindose totalmente os créditos tributários de IRPJ e CSLL lançados e arquivandose o respectivo processo administrativo. Das Contrarrazões da PGFN: A Procuradoriageral da Fazenda Nacional PGFN apresentou contrarrazões ao recurso voluntário, conforme consta de folha 2648 a 2679. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Rogério Borges Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. O Recurso de Ofício atende os requisitos estabelecidos pela Portaria MF nº 63/2017. Em relação ao recurso de ofício, cabe destacar que na primeira instância administrativa, foi mantida a autuação fiscal, sendo exonerada a multa qualificada aplicada. Fl. 2736DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.737 15 Das operações em litígio A operação em discussão no presente processo envolve a aquisição por parte do grupo COSAN da participação que o grupo BG detinha na recorrente, valendose, no entender da autoridade fiscal autuadora, de uma empresa denominada veículo, no caso, a PROVENCE. Em síntese ao relatado no termo de verificação fiscal, a PROVENCE foi constituída em 11/06/2010, permanecendo inativa até 03/04/2012,em que ocorrem assembléias gerais ordinária e extraordinária para aprovação da demonstrações financeiras desta até o término do trimestre anterior. Foram aprovadas também a mudança do seu endereço para o mesmo da Cosan S/A Indústria e Comércio, e, no entender da fiscalização, principalmente, a inclusão de novo objeto social, que envolve "participação societária, majoritária ou não, em sociedade que explore ou que venha a explorar serviços públicos de distribuição de gás canalizado em todo território nacional (...) de sua produção ou não" e alteração do art. 35, que cria obrigações adicionais de que "a companhia se obriga a cumprir rigorosamente, por si, suas investidas e/ou coligadas, as normas legais regulamentares e disposições contratuais pertinentes às atividades relacionadas ao seu objeto social e/ou objeto social de suas investidas e controladas, especialmente no que diz respeito à prestação de serviço público de distribuição de gás e atividades a esta correlatas". Com estas alterações, do novo objeto social e obrigações adicionais, permitiria a PROVENCE assumir o controle da recorrente (COMGÁS). Dias após as assembléias, em 12/04/2012, a recorrente publica Fato Relevante sobre as negociações entre seu controlador indireto BG Gás São Paulo Investments BV (BG) e a Cosan S/A (COSAN) a respeito desta participação indireta. Em 03/05/2012, nova publicação de Fatos Relevantes da recorrente, informando ter sido assinado uma carta de intenções em 02/05/2012, entre a BG e a COSAN para a venda da participação da 60,1% na recorrente por R$ 3,4 bilhões, equivalentes à época em US$ 1,8 bilhões. Nesta mesma carta de intenções consta que em 13/02/2012 já ter sido assinado um contrato de confidencialidade entre essas partes, em que discutiram uma possível aquisição pela COSAN da participação acionária que detinha indiretamente pela BG na recorrente. A participação acionária deveria ser vendida à COSAN pela Integral Investments BV, veículo da joint venture entre a BG e a Shell Gas BV, na qual a BG detém uma participação majoritária. Nesta carta de intenções constam as partes envolvidas na operação e que assinarão o contrato de compra e venda, incluindo a PROVENCE. Em 28/05/2012, outro fato relevante publicado da recorrente, comunicando da assinatura de um contrato de compra e venda da recorrente, entre a BG e a PROVENCE, controlada da COSAN, para venda de 60,1% da participação indireta detida pela BG, pelo valor de R$ 3,4 bilhões. A COSAN também publica fato relevante, sobre este contrato de compra do controle da recorrente, assinado pela sua controlada PROVENCE. Fl. 2737DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.738 16 Neste mesmo dia 28/05/2012, foi realizada uma reunião do conselho de administração da PROVENCE, em cuja ata consta que foi autorizada a celebração pela PROVENCE , como compradora, do contrato de compra e venda de ações para aquisição de participação na recorrente, pelo valor total de R$ 3,4 bilhões. Contudo, nesta data a PROVENCE tinha o capital social de R$ 1.000,00, e não integralizados. Estes R$ 3,4 bilhões seriam disponibilizados em 05/09/2012, mediante assembléia geral extraordinária, que aprovou o aumento de capital social, e foi feito apenas juridicamente, sem lastro fático. O contrato de compra e venda assinado em 28/05/2012, que envolvem as ações da COMGÁS (recorrente) foi assinado pelo seguintes intervenientes: Integral Investments BV (vendedora); BG Gás São Paulo Investments BV (controladora indireta) BG Energy Holdings Limited (garantidora da BG Gás São Paulo); Provence Participações S/A (compradora) Cosan S/A Indústria e Comércio (garantidora da compradora) Em agosto de 2012 o CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica aprova a aquisição, e em 26/10/2012 a ARSESP Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo aprova a operação. Assim, após aprovação do CADE, em 05/09/2012, foi aprovado o aumento de capital da PROVENCE em R$ 3,4 bilhões mediante a emissão de novas ações ordinárias ao preço de R$ 1,00 cada uma. Este total de ações foi subscrito pela COSAN. O valor a ser integralizado seria em moeda corrente, contudo, no prazo de 90 dias para tanto. Em 05/10/2012 foi efetuada uma complementação de aumento de capital social, de mais R$ 12 milhões, mediante emissão de novas ações ordinárias ao preço de R$ 1,00 cada uma, igualmente a ser subscrito pela COSAN, igualmente no prazo de 90 dias. Com esta operação de aumento de capital e a anterior, a PROVENCE passou seu capital social de R$ 1.000,00 para R$ 3.412.001.000,00. No entender a autoridade fiscal autuadora, o prazo de 90 dias para efetivar a integralização dos aumentos de capital decorre do fato da COSAN só ter os recursos necessários através de emissão de debêntures, o que foi efetuado em 22/10/2012. Em 05/11/2012, são publicados fatos relevantes tanto pela recorrente (COMGÁS) quanto pela COSAN: a recorrente informa que a COSAN concluiu a operação de compra de 60,05% da BG detinha sobre si, após autorização dos órgãos reguladores envolvidos CADE e ARSESP; a COSAN informa que concluiu a compra de 60,05% da participação na recorrente, pelo montante de R$ 3,4 bilhões. Como destacado pela autoridade fiscal autuadora, a PROVENCE não é citada nestes fatos relevantes. Fl. 2738DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.739 17 Em 03/12/2012, a PROVENCE é incorporada pela recorrente. Em linhas gerais, foram estes eventos de reorganização societária ocorridos, e quanto a eles não há nenhuma contestação da recorrente. Das alegações suscitadas na peça recursal Da Preliminar Em sede de preliminar, a recorrente alega suspensão e/ou nulidade da autuação, por conta dos aspectos elencados abaixo: requerimento da suspensão do julgamento por conta da MP nº 765/16 Alega a recorrente que deveria ocorrer a suspensão do julgamento em virtude da Medida Provisória nº 765/16, que estabelece o bônus de eficiência e produtividade na atividade tributária aos auditoresfiscais da Receita Federal do Brasil. Dada a composição do CARF com representantes da RFB, violaria a imparcialidade da administração pública, tal qual disposto no art. 37 da CF. Nos seus argumentos, haveria interesse econômico pelos conselheiros representantes da Fazenda Nacional, pois seriam diretamente interessados, na manutenção das autuações. Destarte, requer que seja suspenso o julgamento até a definição da (in)constitucionalidade deste Programa/Bônus, que seria composto sobre o total arrecadado de multas tributárias a aduaneiras, nos termos do artigo 5º, §4º, incisos I e II da referida MP. Primeiramente, no compasso temporal inevitável entre a apresentação da peça recursal e do momento do presente julgamento, cabe esclarecer que a Medida Provisória nº 765/16 já foi convertida na Lei nº 13.464/2017, publicada no DOU em 11/07/2017. Neste processo de conversão em lei, foi vetado o supracitado teor contido originalmente no artigo 5º, §4º da MP 765/16, na sua integralidade, não havendo mais vinculação na redação da lei convertida das multas arrecadadas com a composição do aludido bônus de eficiência e produtividade na atividade tributária dos auditoresfiscais da Receita Federal do Brasil. Por si só, já restaria prejudicada tal alegação da recorrente. Nos termos suscitados pela recorrente, contudo, cabe destacar que o impedimento definido no art. 42 do Anexo II do RICARF, no que tange ao interesse econômico ou financeiro, só tem aplicação para os conselheiros representantes dos contribuintes, consoante o disposto no seu § 1º: Art. 42. O conselheiro estará impedido de atuar no julgamento de recurso, em cujo processo tenha: I atuado como autoridade lançadora ou praticado ato decisório monocrático; II interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto; e Fl. 2739DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.740 18 III como parte, cônjuge, companheiro, parente consanguíneo ou afim até o 3º (terceiro) grau. § 1º Para efeitos do disposto no inciso II do caput, considerase existir interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto, nos casos em que o conselheiro representante dos contribuintes preste ou tenha prestado consultoria, assessoria, assistência jurídica ou contábil ou perceba remuneração do interessado, ou empresa do mesmo grupo econômico, sob qualquer título, no período compreendido entre o primeiro dia do fato gerador objeto do processo administrativo fiscal até a data da sessão em que for concluído o julgamento do recurso. § 2º As vedações de que trata o § 1º também são aplicáveis ao caso de conselheiro que faça ou tenha feito parte como empregado, sócio ou prestador de serviço, de escritório de advocacia que preste consultoria, assessoria, assistência jurídica ou contábil ao interessado, bem como tenha atuado como seu advogado, nos últimos dois anos. (Redação dada pela Portaria MF nº 153, de 2018) (...) Tal norma do inciso II do art. 42 do Anexo II do RICARF não alcança os conselheiros representantes da Fazenda Nacional, em virtude das consequências advindas da sua não observância. Enquanto os Conselheiros representantes dos Contribuintes, nos termos do art. 45, inciso I, do anexo II do RICARF, configurandose o impedimento, e este não o reconhecer, restaria caracterizada a hipótese de descumprimento ao Regimento Interno, ocorrendo a perda do mandato. Já para os Conselheiros representantes da Fazenda Nacional, além da perda do mandato, sujeitaria o descumprimento a ato de improbidade administrativa nos termos dos incisos I e VIII do art. 9º da Lei nº 8.429, de 02 de junho de 1992. Tal matéria já foi abordada na Portaria CARF nº 1, de 2017. Mesmo cabendo entendimento diverso, cabe esclarecer que os Conselheiros representantes da Fazenda Nacional entendem não estarem impedidos, pois sempre julgam de acordo com o melhor direito, tendo a devida imparcialidade que a condição de julgador impõe. Por conseguinte, impõese REJEITAR O PEDIDO DE SUSPENSÃO nos termos requeridos pela recorrente. quanto a nulidade do acórdão recorrido por ausência de fundamentação Alega a recorrente que houve a nulidade do acórdão recorrido em razão de ausência de fundamentação. No seu entender, a turma julgadora a quo fez afirmações rasas, genéricas e desconexas dos argumentos de defesa trazidos na peça impugnatória. Igualmente, o v. acórdão recorrido limitouse em alguns momentos a reproduzir trechos de decisão proferida pelo CARF em outro processo. Fl. 2740DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.741 19 Contudo, analisandose o v. acórdão recorrido, entendo que há a devida fundamentação para as conclusões do voto proferido. Aqui aparenta mais ser uma discordância do decidido, que entendeu não estar de acordo com o impugnado. A fundamentação do v. acórdão recorrido foi clara e trouxe elementos bastantes para afastar a pretensão da recorrente, então impugnante, em relação à matéria de direito em discussão, inclusive dando provimento parcial no que tange à qualificação da multa. Mesmo que uma defesa possa ser rica, trazendo inúmeras alegações sobre uma determinada matéria, a multiplicidade argumentativa não obriga o julgador a esgotála em seu decidir. De qualquer forma, numa análise preliminar meramente quantitativa, o acórdão recorrido tem no total 50 páginas, sendo que 41 foram dedicadas ao seu voto. Voto este com uma análise pormenorizada da operação em litígio no presente processo, em 6 páginas. Posteriormente, há tópicos próprios para cada ponto arguido pela então impugnante. Transcrever trechos de decisão proferida em outro processo, que se entenda pertinente ao caso, adotando sua fundamentação e conclusão como fez o relator condutor do voto a quo, não eiva uma decisão em nula, pois há apenas uma aplicação um raciocínio já feito e aproveitado. Se os fundamentos constantes no voto são suficientes para afastar a pretensão da então impugnante, e não causaram nenhum prejuízo na sua defesa, não há que se falar em nulidade, por isso REJEITO esta preliminar suscitada. quanto a nulidade do v. acórdão recorrido por conta de alteração de critério jurídico Alega a recorrente que houve nulidade do v. acórdão recorrido por conta de alteração do critério jurídico no seu julgamento em relação a autuação fiscal. Contudo, divirjo de tal alegação, pois ao se analisar o v. acórdão recorrido, o voto condutor da decisão se fundamentou no que constava no termo de verificação fiscal, inclusive com várias referências ao mesmo, bem como à peça impugnatória da recorrente. Inclusive, há um parágrafo bem conclusivo no v. acórdão recorrido a respeito: Entendo que o Termo de Verificação Fiscal deve ser analisado como um todo. E assim se fazendo, concluise que a Fiscalização glosou a amortização do ágio utilizando duas justificativas: a não comprovação do seu fundamento econômico, e a inexistência de ágio na Comgás (decorrente da ausência de propósito negocial das operações realizadas com a participação da Provence). (grifo no original) Ou seja, a DRJ, ao analisar a peça impugnatória e a autuação fiscal, decidiu respeitando a delimitação dos critérios jurídicos e da motivação para exarar o v. acórdão. Fl. 2741DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.742 20 Por isso, REJEITO esta preliminar suscitada. Preliminar petição pela aplicação do art. 24 da LINDB O presente processo estava pautado para julgamento em 12/06/2018, em que a recorrente, nas vésperas de então, anexou aos autos petição para aplicação do art. 24 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro LINDB ((fls. 2684/2691)), à qual, com decisão unânime deste colegiado, foi conhecido e encaminhado para manifestação da Procuradoria da Fazenda Nacional, através da Resolução nº 1402000.663. Após manifestação da Procuradoria, retornou os autos para este relator. Sobre a matéria, como já discutido anteriormente neste colegiado, entendo não aplicável ao processo administrativo fiscal (PAF) o art. 24 da LINDB. O art. 24 da LINDB não tem por objeto regulamentar o lançamento fiscal e as decisões proferidas no PAF, dados os seguintes pontos: o ato do lançamento não consubstancia “revisão” de ato da Administração, não sendo possível concluir, do art. 24 da LINDB, que o auditorfiscal, ao efetuar o lançamento, esteja amarrado à jurisprudência administrativa ou judicial existente à época dos fatos geradores; ademais, apenas Lei Complementar poderia dispor sobre norma geral afeta à atividade do lançamento; tampouco faz sentido, diante do texto normativo, concluir que os órgãos responsáveis pelo julgamento de recursos administrativos, ao “revisar o lançamento” estejam vinculados à jurisprudência majoritária existente à época dos fatos geradores; o artigo 24 simplesmente determina que, se a Administração pratica ato que gera uma situação consolidada (por exemplo, emite uma licença de funcionamento, assina um contrato, autoriza um pagamento), a mudança posterior de entendimento sobre a validade deste ato não pode afetar a situação consolidada que a própria Administração gerou; o Código Tributário Nacional (CTN) possui regramento próprio e particular sobre os atos e decisões dotados de caráter normativo (art. 100, I a IV), sobre as consequências de sua observância pelo administrado (art. 100, parágrafo único), bem como sobre o efeito intertemporal da introdução de novos critérios jurídicos – leiase, nova interpretação – no processo de constituição do crédito tributário (art. 146). Tratase de normatização específica quanto às questões que o art. 24 (norma geral) se propõe a regulamentar; a Lei 13.655/2018 não atribui eficácia normativa à jurisprudência majoritária vigente à época dos fatos geradores, não a enquadrando no conceito de decisão normativa, nos termos do art. 100, II, do CTN. Assim, resta demonstrada a inaptidão do art. 24 da LINDB, com a redação dada pela Lei nº 13.655/2018, para regular a atividade do lançamento, bem como o Processo Administrativo Fiscal dele decorrente, REJEITANDOSE esta preliminar. Fl. 2742DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.743 21 Do Mérito Como demonstrado no relatório e nas peças impugnatória e recursal, bem como no v. acórdão recorrido, o tema é recorrente neste Conselho. No presente caso, conforme a peça acusatória, o TVF, temos uma sociedade, a recorrente, querendo aproveitar, para efeitos fiscais, o ágio pago por meio de empresa veículo. Antes de adentrar nas alegações da recorrente, cabe uma análise da matéria, no que tange à legislação tributária aplicável. Legislação tributária quanto à amortização de ágio Considerando que a autuação em litígio referese à amortização de ágio decorrente de participação societária adquirida por preço superior ao do patrimônio líquido da investida, cabe, primeiramente, uma análise da legislação que rege a matéria. Nos termos do art. 25 combinado com o art. 20 do Decretolei nº 1598, de 1977, que dão suporte aos artigos 385 e 391 do RIR/99, respectivamente , a regra geral é a indedutibilidade das contrapartidas da amortização de ágio: Decretolei nº 1.598/1977 “Art.20 – O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I – valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte, e II – ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o inciso anterior. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento. § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam as letras a e b do § 2º deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. ” Fl. 2743DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.744 22 (...) “Art. 25 As contrapartidas da amortização do ágio ou deságio de que trata o artigo 20 não serão computadas na determinação do lucro real, ressalvado o disposto no artigo 33. (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) (grifos meus) Contudo, o inciso III do art. 7º da Lei nº 9.532, de 1997, que passou a produzir efeitos em 01/01/1998, autoriza o contribuinte que incorporou sociedade na qual detinha participação societária adquirida com ágio apurado segundo o disposto no art. 20 do Decretolei 1.598/77, cujo fundamento econômico seja o da expectativa de rentabilidade futura da investida, a amortizar referido ágio nos balanços correspondentes à apuração do lucro real levantados posteriormente à incorporação. O artigo 7º da Lei nº 9.532, de 1997, fundamento legal do art. 386 do RIR/99, assim dispõe: Art. 7° A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977: I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "a" do § 2° do art. 20 do DecretoLei n° 1.598, de 1977, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "c" do § 2° do art. 20 do Decreto Lei n° 1.598, de 1977, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2° do art. 20 do Decretolei n° 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; (grifo meu) (...) Destarte, depreendese do enquadramento legal retrocitado que a presença e dedutibilidade da despesa com amortização de ágio exige os seguintes aspectos: 1. a efetiva aquisição dos controles acionários; 2. que o custo de aquisição seja superior ao patrimônio líquido das participações societárias adquiridas; Fl. 2744DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.745 23 3. haver fundamento econômico baseado na expectativa de rentabilidade futura; 4. ocorrer o efetivo pagamento da aquisição da participação societária; 5. haver a incorporação total pela incorporadora da incorporada; e, 6. extinção da incorporada, via incorporação integral, ainda que reversa. Ou seja, o aproveitamento do ágio decorre de regras especiais e o respectivo cumprimento. Assim, a regra geral é que o ágio é indedutível não implementadas tais regras, não é possível a dedução. Do caso concreto a) quanto ao propósito negocial e assuntos correlatos Alega a recorrente que as operações realizadas e o respectivo aproveitamento fiscal do ágio foram legítimos. Foram lícitos tanto no aspecto contábil/societário quanto no aspecto fiscal. Houve, no entender da recorrente, a demonstração do propósito negocial e da necessidade da sociedade "Provence", inexistindo a figura da empresa veículo. A autoridade fiscal autuadora, no seu termo de verificação fiscal, entendeu que a participação da PROVENCE não teve propósito negocial nas operações envolvendo a recorrente. Fica nítido, pelo relato do caso, que a PROVENCE adentrou nas operações apenas para intermediar o pagamento à vendedora da participação societária, sendo imediatamente incorporada. A COSAN é que detinha a capacidade econômicafinanceira para efetuar a aquisição, o que fica nítido pela emissão e captação de debêntures no valor de R$ 3,3 bilhões, que foi o valor pago aos vendedores. Suas alegações de que a aquisição direta ser possível, e produziria os mesmos efeitos em relação ao ágio, e o fez se valendo da PROVENCE por outras razões extra tributárias, não prospera. Ao se valer da operação como o fez, a recorrente não realização uma incorporação conforme as regras especiais que possibilitam a dedutibilidade do ágio. Fica evidenciado no termo de verificação fiscal que a intenção da COSAN era o de adquirir o investimento e mantêlo separado, sem incorporálo ao seu patrimônio, em razão dos riscos que cita justamente para justificar fazer a operação do jeito que o fez. Não ocorreu a incorporação devida para possibilitar a amortização do ágio, nos termos do art. 386 do RIR/99. Assim, descabem outras alegações pertinentes ao caso, como o fez a recorrente na sua peça recursal, de que outros cenários seriam possíveis para a aquisição da COMGÁS diretamente pela COSAN, pois a intenção foi evitálos. Fl. 2745DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.746 24 Para tanto se valeu, do que é chamado de uma empresaveículo. Interpretandose o conteúdo do art. 386 do RIR/1999 sob a perspectiva da hipótese de incidência tributária, verificase que não restaram observados, no caso concreto, os aspectos pessoal e material necessários à subsunção da situação fática à previsão normativa. A amortização operada pela autuada não teve amparo dos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997 ou dos arts. 385 e 386 do RIR/1999. Conforme se viu, a possibilidade de aproveitamento fiscal do ágio, prevista no art. 386 do RIR/1999, só tem sentido em situações em que a investidora de fato, responsável por arcar com o dispêndio que faz nascer o ágio, incorpora a pessoa jurídica em que possua participação societária (investimento) ou é por ela incorporada. A operação, portanto, não passa sequer na primeira verificação necessária para referendar a amortização do ágio, de modo que, tal fato, por si só, respalda a manutenção da exigência fiscal. Neste sentido, cabe aqui ume excerto sobre o tema, ao qual recorro ao acórdão nº 9101002.301 (sessão de 06/04/2016), proferido pela 1ª CSRF, da relatoria do i. Conselheiro André Mendes de Moura: Percebese claramente, no caso, que o suporte fático delineado pela norma predica, de fato, que investidora e investida tenham que integrar uma mesma universalidade: A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio. A conclusão é ratificada analisandose a norma em debate sob a perspectiva da hipótese de incidência tributária delineada pela melhor doutrina de GERALDO ATALIBA1 Esclarece o doutrinador que a hipótese de incidência se apresenta sob variados aspectos, cuja reunião lhe dá entidade. Ao se apreciar o aspecto pessoal, merecem relevo as palavras da doutrina, ao determinar que se trata da qualidade que determina os sujeitos da obrigação tributária. E a norma em análise se dirige à pessoa jurídica investidora originária, aquela que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura e desembolsou os recursos para a aquisição, e à pessoa jurídica investida. Ocorre que, em se tratando do ágio, as reorganizações societárias empreendidas apresentaram novas pessoas ao processo. Como exemplo, podemos citar situação no qual a pessoa jurídica A adquire com ágio participação societária da pessoa jurídica B. Em seguida, utilizase de uma outra pessoa jurídica, C, e 1 Cf. ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2010. p. 51 e segs. Fl. 2746DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.747 25 integraliza o capital social dessa pessoa jurídica C com a participação societária que adquiriu da pessoa jurídica B. Resta consolidada situação no qual a pessoa jurídica A controla a pessoa jurídica C, e a pessoa jurídica C controla a pessoa jurídica B. Em seguida, sucedese evento de transformação societária, no qual a pessoa jurídica B absorve patrimônio da pessoa jurídica C, ou vice versa. Ocorre que os sujeitos eleitos pela norma são precisamente a pessoa jurídica A (investidora) e a pessoa jurídica B (investida) cuja participação societária foi adquirida com ágio. Para fins fiscais, não há nenhuma previsão para que o ágio contabilizado na pessoa jurídica A (investidora), em razão de reorganizações societárias empreendidas por grupo empresarial, possa ser considerado "transferido" para a pessoa jurídica C, e a pessoa jurídica C, ao absorver ou ser absorvida pela pessoa jurídica B, possa aproveitar o ágio cuja origem deuse pela aquisição da pessoa jurídica A da pessoa jurídica B. Da mesma maneira, encontramse situações no qual a pessoa jurídica A realiza aportes financeiros na pessoa jurídica C e, de plano, a pessoa jurídica C adquire participação societária da pessoa jurídica B com ágio. Em seguida, a pessoa jurídica C absorve patrimônio da pessoa jurídica B, ou vice versa, a passa a fazer a amortização do ágio. Mais uma vez, não é o que prevê o aspecto pessoal da hipótese de incidência da norma em questão. A pessoa jurídica que adquiriu o investimento, que acreditou na mais valia e que desembolsou os recursos para a aquisição foi, de fato, a pessoa jurídica A (investidora). No outro pólo da relação, a pessoa jurídica adquirida com ágio foi a pessoa jurídica B. Ou seja, o aspecto pessoal da hipótese de incidência, no caso, autoriza o aproveitamento do ágio a partir do momento em que a pessoa jurídica A (investidora) e a pessoa jurídica B (investida) passem a integrar a mesma universalidade. São as situações mais elementares. Contudo, há reorganizações envolvendo inúmeras empresas (pessoa jurídica D, E, F, G, H e assim por diante). Vale registrar que goza a pessoa jurídica de liberdade negocial, podendo dispor de suas operações buscando otimizar seu funcionamento, com desdobramentos econômicos, sociais e tributários. Contudo, não necessariamente todos os fatos são recepcionados pela norma tributária. A partir do momento em que, em razão das reorganizações societárias, passam a ser utilizadas novas pessoas jurídicas (C, D, E, F, G, e assim sucessivamente), pessoas jurídicas distintas da investidora originária (pessoa jurídica A) e da investida (pessoa jurídica B), e o evento de absorção não envolve mais a pessoa jurídica A e a pessoa jurídica B, mas sim pessoa jurídica distinta (como, por exemplo, pessoa jurídica F e pessoa jurídica Fl. 2747DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.748 26 B), a subsunção ao art. 386 do RIR/99 tornase impossível, vez que o fato imponível (suporte fático, situado no plano concreto) deixa de ser amoldar à hipótese de incidência da norma (plano abstrato), por incompatibilidade do aspecto pessoal. Em relação ao aspecto material, há que se consumar a confusão de patrimônio entre investidora e investida, a que faz alusão o caput do art. 386 do RIR (A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio...). Com a confusão patrimonial, aperfeiçoase o encontro de contas entre investidor e investida, e a amortização do ágio passa a ser autorizada, com repercussão direta na base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Na realidade, o requisito expresso de que investidor e investida passam a compor o mesmo patrimônio, mediante evento de transformação societária, no qual a investidora absorve a investida, ou vice versa, encontra fundamento no fato de que, com a confusão de patrimônios, o lucro auferido pela investida passa a integrar a mesma universalidade da investidora. SCHOUERI , com muita clareza, discorre que, antes da absorção, investidor e investida são entidades autônomas. O lucro auferido pela investida (que foi a motivação para que a investidora adquirisse a investida com o sobrepreço), é tributado pela própria investida. E, por meio do MEP, eventual acréscimo no patrimônio líquido da investida seria refletido na investidora, sem, contudo, haver tributação na investidora. A lógica do sistema mostrase clara, na medida em que não caberia uma dupla tributação dos lucros auferidos pela investida. Por sua vez, a partir do momento em que se consuma a confusão patrimonial, os lucros auferidos pela então investida passam a integrar a mesma universalidade da investidora. Reside, precisamente nesse ponto, o permissivo para que o ágio, pago pela investidora exatamente em razão dos lucros a serem auferidos pela investida, possa ser aproveitado, vez que passam a se comunicar, diretamente, a despesa de amortização do ágio e as receitas auferidas pela investida. Ou seja, compartilhando o mesmo patrimônio investidora e investida, consolidase cenário no qual a mesma pessoa jurídica que adquiriu o investimento com mais valia (ágio) baseado na expectativa de rentabilidade futura, passa a ser tributada pelos lucros percebidos nesse investimento. Verificase, mais uma vez, que a norma em debate, ao predicar, expressamente, que, para se consumar o aproveitamento da despesa de amortização do ágio, os sujeitos da relação jurídica seriam a pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, ou seja, investidor e investida, não o fez por acaso. Tratase precisamente do encontro de contas da investidora originária, Fl. 2748DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.749 27 que incorreu na despesa e adquiriu o investimento, e a investida, potencial geradora dos lucros que motivou o esforço incorrido. Prosseguindo a análise da hipótese de incidência da norma em questão, no que concerne ao aspecto temporal, cabe verificar o momento em que o contribuinte aproveitase da amortização do ágio, mediante ajustes na escrituração contábil e no LALUR, evento que provoca impacto direto na apuração da base de cálculo tributável. Considerandose o regime de tributação adotado pelo sujeito passivo, aperfeiçoase o lançamento fiscal e o termo inicial para contagem do prazo decadencial. Ou seja, concluise portanto, que o art. 386 do RIR/1999, sob o aspecto pessoal, se dirige à investidora que vier a incorporar a investida (ou por ela ser incorporada). Igualmente, como bem conclui em excerto do acórdão 9101003.366 (sessão de 18/01/2018), pelo i. relator do voto vencedor, o Conselheiro Rafael Vidal de Araújo: Em síntese, a subsunção aos artigos 7° e 8° da Lei n° 9.532, de 1997, assim como aos artigos 385 e 386 do RIR/1999, exige a satisfação dos aspectos temporal, pessoal e material das hipóteses ali previstas. Na atual redação destes dispositivos, exclusivamente no caso em que houver o efetivo desembolso de valores (ou sacrifício de outros ativos) a título de investimento da investidora (futura incorporadora ou, no caso da incorporação reversa, incorporada) na investida (futura incorporada ou, no caso da incorporação reversa, incorporadora), é que haverá o atendimento aos aspectos pessoal e material. Se o ágio não foi de fato arcado por nenhuma das pessoas participantes da "confusão patrimonial", não há sentido em clamarse pela dedutibilidade das despesas decorrentes de amortização de ágio instituída pelo art. 386 do RIR/1999. Caso analisemos a amortização do ágio sob a ótica de despesa, podemos concluir que, in casu, houve a construção artificial do suporte fático de modo a conferir a aparência de uma operação abrangida pelo dispositivo legal que permite a amortização do ágio pago. As eventuais necessidades negociais peculiares, que não estão previstas no ordenamento tributário, não podem é ter repercussão na esfera fiscal. As possíveis estruturas alternativas para o aproveitamento do ágio arrolados pela recorrente na sua peça recursal também seria questionáveis pela autoridade fiscal, se ocorressem. Envolvem operações sem a devida incorporação que possibilite a dedutibilidade do ágio. Trazer estes cenários hipotéticos, que não foram o que aconteceram no caso concreto, e não foram examinados de quando da autuação fiscal é tentar argumentos, também hipotéticos, para desqualificar a autuação fiscal. Analisando as hipóteses trazidas pela recorrente, vislumbrase operações não esperadas de uma incorporação para atingimento do art. 386 do RIR/99, pois envolvem operações sem propósito negocial. Fl. 2749DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.750 28 Seriam criações artificiais de situações, sem substância, para se tentar atingir artificialmente a hipótese do art. 386 do RIR/99, que estão fora do objeto da autuação porque simplesmente não ocorreram. Não cabe a autuação fiscal autuar e também descartar hipóteses que não ocorreram seria, digamos, um absurdo lógico e impossível materialmente. O que importa é que a operação efetuada pela recorrente não cumpriu os requisitos necessários. Parece também pouco plausível que a operação adotada pela recorrente assumiria menos riscos perante o mercado, pois uma empresa veículo, sem capital social integralizado em poucos meses vir a adquirir por bilhões uma empresa como a recorrente parece mais frágil que simplesmente a COSAN, empresa de grande porte e reconhecida no mercado, adquirisse diretamente. O fato é que a COSAN jamais pretendeu adquirir diretamente a recorrente, e por isso se valeu da operação como o fez. Poderia ter feito como o fez? Sim, contudo, sem aproveitamento do ágio, pois não cumpriu os requisitos necessários do art. 386 do RIR/1999. O papel dos órgãos reguladores nestes casos é meramente autorizar a proposta feita pelas partes que negociam. Não tem o condão de definir que a operação seja desta ou de outra forma, mas simplesmente, do jeito que foi proposto, cabe autorizar ou não. Assim, não procede também a alegação que os órgãos reguladores que aprovaram a operação e portanto deveria ser feito assim. Fica nítido dado o exposto acima que a legislação aplicável exige que ocorra a absorção do investimento como pressuposto da amortização do ágio, mas a adquirente (COSAN) não tinha interesse de fazer assim. Para tanto, se valeram de uma empresaveículo para tentar criar a confusão patrimonial exigida pela legislação tributária, o que foi rechaçado pela autoridade fiscal autuadora. Isso tudo acima analisado, com base no caso concreto, é que exemplifica uma falta de propósito negocial na operação. Todos estes eventos foram executados sem propósito negocial, ou seja, sem o devido substrato material. Há uma formalidade aos negócios implementados, mas realizados com abuso de direito, porquanto tinham como objetivo unicamente criar uma hipótese tributária para terem a possibilidade de deduzir o ágio decorrente a operação. No caso concreto, houve operações que cumprem os requisitos formais da sua licitude, mas materialmente, objetivaram modificar os entes, através do uso de uma empresa veículo sem ligação direta com a operação, ali colocada para servir como intermediária e tentar criar uma confusão patrimonial para cumprir os requisitos do art. 386/RIR/99. Foram formalmente lícitos, mas materialmente nulos. Apesar de alegado, não se vislumbra uma elisão fiscal, legítima, mas sim artimanhas revestidas de atos e contratos formalmente válidos, ou seja, algo dissimulado da realidade. Não há que se falar também, como alegado, em ingerência pela autoridade fiscal na atividade da recorrente. Todos seus atos foram válidos para fins societários e até autorizados pelos órgãos reguladores. Isso não se discute aqui. Apenas se discute os efeitos destes atos para fins tributários. Fl. 2750DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.751 29 Poderia ter toda a operação do jeito que fez? Isso já foi respondido anteriormente e repetese sim. As eventuais discussões poderiam ser em outras esferas jurídicas, se algum interessado contestasse. Contudo, a administração tributária, como parte interessada nos efeitos da operação contestou no momento que isto gerou efeitos tributários que prejudicam o erário, ao passar a deduzir o ágio em quem não tem o direito para tanto. Ademais, como alegado pela recorrente, haveria um laudo de avaliação a valor de mercado da COMGÁS, elaborado pela KPMG Corporate Finance Ltda., em que consta a avaliação econômicafinanceira da recorrente, de acordo com sua rentabilidade futura. Tal laudo não foi apresentando no transcorrer do procedimento fiscal, e a autoridade fiscal destaca a inexistência do mesmo. Contudo, a recorrente, então impugnante, o apresenta na sua peça impugnatória, e diz que tal laudo não foi avaliado na decisão recorrida. Contudo, no v. acórdão recorrido houve sim uma análise da questão, conforme transcrito abaixo: Desnecessário, inclusive, para o deslinde deste caso concreto, verificar se o ágio efetivamente existiu, qual o seu fundamento econômico, se o laudo está correto, entre outras questões. Isso porque o registro do ágio deveria ter sido realizado pela Cosan, e o presente processo trata da glosa da amortização do ágio realizada pela Comgás. Em suma, não existindo ágio a ser amortizado pela Comgás, não há que se falar em condições para sua amortização. Ou seja, e acompanho exatamente do mesmo raciocínio, não importa se o ágio realmente existiu, qual seu fundamento econômico, se o laudo está correto o que importa que o ágio foi registrado na recorrente, quando deveria ter sido registrado pela COSAN. Por conseguinte, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário quanto a matéria principal da autuação fiscal. b) quanto a alegação da inexistência de previsão legal para adição na base de cálculo da CSLL O recorrente ainda traz como tese subsidiária a alegação de que, caso seja mantida a glosa referente à amortização do ágio, não há previsão legal para a adição da correspondente despesa na base de cálculo da CSLL. Como sabido, a CSLL tem como base de cálculo o lucro líquido do período com os ajustes determinados na respectiva legislação, conforme dicção dos artigos 248 e 277, RIR/1999: Art. 248. O lucro líquido do período de apuração é a soma algébrica do lucro operacional, dos resultados não operacionais, e das participações, e deverá ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 1º, Lei nº 7.450, de 1985, art. 18, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 4º). Fl. 2751DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.752 30 Art. 277. Será classificado como lucro operacional o resultado das atividades, principais ou acessórias, que constituam objeto da pessoa jurídica (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 11). De outro giro, também pacífico, o lucro operacional resulta do confronto das receitas operacionais com as despesas operacionais (artigo 299, RIR/1999). Da interpretação sistemática destes dispositivos, extraise que somente poderão reduzir o lucro líquido as despesas operacionais que preencham os requisitos previstos no artigo 299, acima transcrito, quais sejam, as despesas necessárias, de forma que, dispêndios que violem as regras de dedutibilidade do IRPJ, não podem reduzir o lucro líquido que é, também, a base de cálculo da CSLL, com os ajustes previstos na sua legislação específica. Como consequência, dispêndios glosados afetam o próprio resultado do exercício, digase, a própria base de cálculo da Contribuição Social, como definida no art. 2º da Lei 7.689, de 1988, com as alterações do art.2º da Lei 8.034, de 1990. Mais a mais, o art. 13, da Lei nº 9.249/951, quando trata das despesas indedutíveis das bases de cálculo de IRPJ e de CSLL, é taxativo ao dispor que tais vedações de dedutibilidade se aplicam independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.502/64, justamente a base legal do art. 299 do RIR/99. Logo, a infração de CSLL apurada é reflexa, sendo que neste caso, a procedência do lançamento do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica impõe a manutenção da exigência fiscal dele decorrente (no caso da CSLL). Isto tudo posto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário neste item. c) quanto a questão do juros sobre capital próprio Alega a recorrente que os juros sobre o capital próprio (JCP) pagos em 2013 e 2014 são dedutíveis integralmente, em virtude do regime jurídicotributário aplicável aos JCP, e a glosa da dedutibilidade fiscal do ágio não impacta o registro contábil do ágio. Como se vê, a incorporação da empresa veículo, PROVENCE, provocou na recorrente um aumento do seu patrimônio líquido, que passou a ser base de cálculo para o JCP. Se a aquisição da operação tivesse sido feito diretamente, não teria ocorrido tal aumento do patrimônio líquido. Desta feita, recalculando o valor do JCP sem o efeito da incorporação da PROVENCE, a autoridade fiscal autuadora verificou excesso no pagamento dos JCP referente aos anos de 2013 e 2014. Entendo que se desconsiderada a existência do ágio na recorrente, como procedido pela autoridade fiscal autuadora, da qual foi mantido na primeira instância administrativa, e acompanho neste posicionamento, totalmente cabível tal glosa dos JCP pagos em excesso. A operação descrita acima, no que concerne ao ágio, este não pertence à recorrente, e sim se fosse feita como esperada a operação, pertence a COSAN. Se vai ser dedutível ou não, é questão inerente ao cumprimento dos requisitos legais para tanto. Fl. 2752DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.753 31 Destarte, não pertencente à recorrente, todos os efeitos tributários decorrentes devem ser reavaliados. No caso, como houve um acréscimo do patrimônio líquido de R$ 844.140.785,20 da recorrente, por conta da incorporação da PROVENCE, algo já analisado como indevido tributariamente, procedente a glosa deste excesso pago de JCP. Por conseguinte, NEGO PROVIMENTO do recurso voluntário quanto este item. d) quanto ao restabelecimento dos prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSLL Alega a recorrente que há a necessidade do estabelecimento dos prejuízos fiscais e da base de cálculo negativa da CSLL compensados de ofício pela autoridade fiscal. Ocorrida a autuação fiscal, permanece intocável a presunção de legitimidade do ato da Autoridade Fiscal até que sobrevenha a decisão em contrário. Com isso, ocorrido o recálculo da apuração do IRPJ e da CSLL da recorrente, haveria de se considerar todos os elementos disponíveis para tanto nos anoscalendários em foco. No caso, os valores lançados se adequam a nova realidade do contribuinte, sendo cabível o aproveitamento dos prejuízos fiscais e base de cálculo então existentes. O próprio art. 250 do RIR/99 reza tal questão, ao estabelecer que: Art. 250. Na determinação do lucro real, poderão ser excluídos do lucro líquido do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 3º): (...) III o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada a compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação, observado o disposto nos arts. 509 a 515 (Lei nº 9.065, de 1995, art. 15 e parágrafo único). Destarte, não vislumbro reparo no procedimento adotado pela autoridade fiscal autuante. g) quanto a ilegalidade da cobrança de juros sobre a multa Alega a recorrente pela ilegalidade da cobrança de juros sobre a multa. Contudo, tal questão há anos vem sendo discutida no âmbito do CARF, tendo conformada a posição que resultou na recentemente publicada súmula CARF nº 108: Fl. 2753DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.754 32 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Ou seja, independentemente da posição meritória aqui a se discutir, a qual individualmente indico posição já adotada anteriormente em outros votos em que vou de encontro ao pleito da recorrente, tal matéria, no momento em que passa a ser sumulada, é de observância obrigatória pelos membros do CARF, nos termos do caput art. 72 do Anexo II da Portaria MF nº 343/2015 (Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Ricarf)). Por conseguinte, NEGASE PROVIMENTO quanto a este item do recurso voluntário. do Recurso de Ofício da multa qualificada aplicada e exonerada na decisão a quo A multa qualificada de 150% tem fundamento legal no art. 44, § 1º, da Lei n.º 9.430/1996 (redação dada pela Lei 11.488/2007). Dispõe o dispositivo que a multa é devida nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Por seu turno, os arts. 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502/1964, assim rezam: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I – da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II – das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72. Há, no termo de verificação fiscal, que houve fraude pela simulação de registros fiscais e societários, visando induzir a Fiscalização a acatar a amortização do ágio Fl. 2754DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.755 33 praticada, produzindo os efeitos referidos no artigo 72 da Lei nº 4.502, de 30/11/1964, ou seja, a ocorrência de fraude. Como relatado no termo de verificação fiscal: 121. Os procedimentos adotados pela fiscalizada estão compreendidos na hipótese prevista na norma acima. Vejamos a exposição de motivos do art. 8° da Medida Provisória n° 1602/97, convertida na Lei n° 9.532/97, base legal dos arts. 385 e 386 do RIR/99: 11. O art. 8° estabelece o tratamento tributário do ágio ou deságio decorrente da aquisição, por uma pessoa jurídica, de participação societária no capital de outra, avaliada pelo método da equivalência patrimonial. Atualmente, pela inexistência de regulamentação legal relativa a esse assunto, diversas empresas, utilizando dos já referidos "planejamentos tributários", vêm utilizando o expediente de adquirir empresas deficitárias, pagando ágio pela participação, com a finalidade única de gerar ganhos de natureza tributária mediante o expediente, nada ortodoxo, de incorporação da empresa lucrativa pela deficitária. Com as normas previstas no Projeto, esses procedimentos não deixarão de acontecer, mas, com certeza, ficarão restritos às hipóteses de casos reais, tendo em vista o desaparecimento de toda vantagem de natureza fiscal que possa incentivar a sua adoção exclusivamente por esse motivo. (grifei) 122. Como se vê, desde o seu início, a intenção com essa legislação era que fosse aplicada aos casos reais, procurando tirar o incentivo que poderia haver anteriormente à incorporação de empresas apenas para obtenção de vantagem de natureza fiscal. 123. Assim, não cabe à empresa invocar desconhecimento, prática de erro escusável ou divergência de interpretação da legislação. A reorganização societária não foi feita ao acaso. Toda a reestruturação societária promovida teve o objetivo de gerar despesas de amortização de ágio. Para isso, foram realizadas diversas operações que, analisadas isoladamente, não violavam nenhuma norma legal. Porém, o resultado da reorganização proporcionou ao sujeito passivo os melhores efeitos tributários que não seriam possíveis legalmente. 124. A Provence foi inserida na transação pela Cosan com o objetivo certo de forçar uma situação formal para transferência do ágio à própria empresa objeto da negociação. Assim, o real adquirente, Cosan S/A Indústria e Comércio, promoveu a obtenção de vantagens fiscais pela dedução da amortização do ágio, reduzindo significativamente, então, a base de cálculo do 1RPJ e da CSLL. 125. Se não houvesse a interposição da Provence, a Cosan S/A Indústria e Comércio seria a controladora da Comgás, mas o Fl. 2755DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.756 34 ágio ficaria registrado na sua contabilidade, sem possibilidade de ser aproveitado na configuração atual das empresas. Não seria possível a dedução das despesas de amortização de ágio porque a lei não o permite. 126. A contribuinte estava perfeitamente consciente da falta de propósito negocial ou societário na interposição realizada, à luz do art. 966 do Código Civil, ficando caracterizada a utilização da Provence como mera "empresa veículo" para transferência do ágio à adquirida Comgás, apenas com o fim almejado de redução do valor tributável do IR e da CSLL pela amortização do ágio. 127. A Provence em seu curto período ativo, não incorreu em custos, despesas ou receitas, apresentando apenas a movimentação decorrente do pretenso investimento na Comgás, e seu ágio. Ou seja, a sociedade formalizada produziu apenas documentos (atas, estatutos, livros contábeis, entre outros) utilizados para movimentar contabilmente recursos da Cosan. A situação do planejamento tributário em questão nesta ação fiscal, a aparência de legalidade e a publicidade dessa aparente legalidade é um aspecto imprescindível de toda a operação. 128. Como buscar guarida e enquadramento na legislação que lhe permitiria obter a redução da despesa fiscal? Com certeza não seria apenas excluindo um valor qualquer que lhe aprouvesse na apuração das bases de cálculo dos tributos, sem qualquer justificativa. É imprescindível mascarar a origem dessa exclusão com a aparência da legalidade e da normalidade. Essa é a única chance de que se obtenha êxito no seu propósito: a redução dos tributos devidos. 129. Assim, através de um processo de reorganização societária, com etapas artificiais, apesar de formalmente legais quando vistas isoladamente, procurouse esconder o objetivo de obter a redução dos tributos devidos, mesmo sabendose que essa redução era ilegal. Admitir essa situação como válida seria admitir que a lei permite a sua própria burla. 130. O dolo tributário não é caracterizado pelos meios utilizados para obterse o resultado pretendido. Fraude fiscal é a violação à norma fiscal pelo contribuinte com a finalidade de escapar do pagamento do imposto devido. 131. O fato de não terem sido utilizados documentos materialmente falsos não implica necessariamente na inexistência da intenção de escapar ao pagamento do imposto. A análise da seqüência das operações, e seus resultados antes e depois de sua ocorrência revelam a existência de um plano, de um artifício criado para reduzir a carga tributária. 132. Juridicamente, podese definir simulação como a aparência de um negócio jurídico contrário à realidade, destinado a provocar uma ilusão a terceiros, seja por não existir negócio de fato, seja por existir um negócio diferente daquele que se aparenta. Fl. 2756DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.757 35 133. Conforme anteriormente demonstrado, a conduta ilícita consistiu na criação artificial da situação prevista nos arts. 7º e 8o da Lei n° 9.532/97. Em outras palavras, da simulação da hipótese legal a fim de ser obtida vantagem fiscal. Houve a interposição de uma aparente controladora da empresa operacional, seguido de uma aparente operação de incorporação. Operações aparentes, porque sem substância econômica, por serem pura forma, sem materialidade. 134. Ressaltese que a contribuinte não escondeu os atos do Fisco. Se isto tivesse ocorrido estaríamos falando de sonegação pura e simples, e não da fraude prevista no art. 72. 135. A situação em análise nesta fiscalização não pode ser vista como mera divergência na interpretação da legislação aplicável. A elaboração de uma seqüência de operações desprovida de razões extratributárias não pode ser equiparada ao erro ou dúvida na interpretação de dispositivos legais. 136. Paradoxalmente, os dispositivos legais criados com o objetivo de restringir as operações de incorporação, fusão e cisão, "às hipóteses de casos reais", está sendo aplicado para obter vantagens tributárias a partir da criação de novas hipóteses de casos artificiais, elaboradas em outro contexto. 137. Por todo o exposto, fica patente a caracterização do intuito fraudulento, uma vez que as operações efetuadas revelam a intenção de reduzir o tributo de maneira artificial, justificando se plenamente a aplicação da multa qualificada. A questão da qualificação nestas casos vai encontrar jurisprudência ampla em ambos os sentidos. Acompanho os que entendem que tal situação envolve adulteração do registro dos fatos para lograr puro proveito tributário. Aqui não basta arguir que foi tudo registrado e/ou lícito. O conjunto dos eventos ocorridos estarem registrados é a pretensão de dar aparência de legitimidade aos mesmos. E sua licitude está no isolamento de cada evento no conjunto, há uma nítida burla à legislação aplicável. Cabe destacar que a multa de ofício simples (75%) tem o seu contexto de aplicação nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata, nos termos do art. 44, I, da Lei nº 9.430/1996 (com alteração dada pela Lei nº 11.488/2007). Notese que não há condições de enquadramento direto em nenhuma destas hipóteses, para os atos da recorrente que objetivaram criar, artificialmente, despesas com ágio para diminuir a apuração do seu lucro real. Não haveria, aqui, em se falar em falta de pagamento ou recolhimento, falta de declaração e no de declaração inexata. Há uma conduta da recorrente, nitidamente dolosa, que objetivou o impedimento da real ocorrência do fato gerador, modificandoo. O elemento dolo, um tanto subjetivo, não há de ser extraído da mente do seu autor, mas sim das circunstâncias que envolvem os fatos a serem analisados. Fl. 2757DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.758 36 No caso concreto, pelo todo o quanto aqui exposto, resta claro que a recorrente conscientemente agiu para distorcer os fatos, com a precípua finalidade de modificar as características do fato gerador, o que levou à redução da base tributável lucro real apurado. O fato de não ter ocorrido nenhuma ilegalidade nos seus atos, e estarem todos registrados não exclui a modificação pretendida. Os atos formais, individualmente, até podem ser juridicamente válidos, mas não há substrato material, pois não refletem a realidade ocorrida. Os atos formais deveriam espelhar a realidade, o mundo real. Inevitavelmente, haverá a intenção de dar ares de validade aos atos e contratos ocorridos, escriturando e documentando toda a operação adulterada. Acontece que todo o preparo documental da situação, não tendo amparo material, foi colocado para evitar a fiscalização e tentar demonstrar uma situação válida da modificação pretendida das circunstâncias do fato gerador. Apenas com uma fiscalização, e um aprofundamento da análise documental é que se poderia ver os vícios contidos neste aporte documental. Ou seja, não há condições de se alegar a transparência e licitude dos seus atos, pois estão eivados de vício material, que procuraram demonstrar outra realidade às obrigações para com o erário, só identificáveis após certa investigação. Nestes termos, aproveito ementa do acórdão 1402003.605, sessão de 11/12/2018, em que a multa qualificada foi mantida, qual seja: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010, 2011, 2012, 2013, 2014 TRANSFERÊNCIA DE CAPITAL PARA AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTO POR EMPRESA VEÍCULO, SEGUIDA DE SUA INCORPORAÇÃO PELA INVESTIDA. SUBSISTÊNCIA DO INVESTIMENTO NO PATRIMÔNIO DA INVESTIDORA ORIGINAL. Para dedução fiscal da amortização de ágio fundamentado em rentabilidade futura é necessário que a incorporação se verifique entre a investida e a pessoa jurídica que adquiriu a participação societária com ágio. Não é possível a amortização se o investimento subsiste no patrimônio da investidora original. (...) MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE Caracteriza o evidente intuito de fraudar o Fisco as operações de reestruturação societárias criadas com o objetivo único de possibilitar a amortização de ágio mediante a utilização de empresasveículo, sem propósito negocial que não seja o de obter benefício tributário. Fl. 2758DF CARF MF Processo nº 16561.720031/201631 Acórdão n.º 1402003.851 S1C4T2 Fl. 2.759 37 Ou seja, a operação ocorreu com etapas artificiais, apesar de formalmente legais quando vistas isoladamente, procurando esconder o objetivo de obter a redução dos tributos devidos, mesmo sabendose que essa redução era ilegal. Isso é um típico caso de fraude e entendo como válida a multa qualificada. Pelo acima exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso de ofício quanto a multa qualificada. Conclusão Diante de todo exposto, NEGO PROVIMENTO iNTEGRAL AO RECURSO VOLUNTÁRIO da recorrente, e DOU PROVIMENTO AO RECURSO DE OFÍCIO. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Fl. 2759DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.009206/2002-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 06 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 1997
IRRF. AUDITORIA INTERNA DE DCTF.
Mantém-se o lançamento do imposto de renda retido na fonte informado em DCTF para o qual não tenha sido comprovado o pagamento e afasta-se o lançamento do imposto de renda retido na fonte correspondente aos pagamentos comprovadamente efetuados.
MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. RETROATIVIDADE DE NORMA MAIS BENIGNA. CANCELAMENTO MANTIDO.
Cancela-se a multa de ofício isolada, uma vez que seu fundamento legal foi derrogado por legislação superveniente ao lançamento.
MULTA DE OFÍCIO VINCULADA. RETROATIVIDADE DE NORMA MAIS BENIGNA. CANCELAMENTO MANTIDO.
Cancela-se a multa de ofício vinculada, uma vez que seu fundamento legal foi derrogado por legislação superveniente ao lançamento.
JUROS DE MORA ISOLADOS. CANCELAMENTO MANTIDO.
A análise efetuada em atenção à diligência demonstrou que os juros de ofício lançados são indevidos e devem ser cancelados.
Numero da decisão: 2201-005.078
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Douglas Kakazu Kushiyama - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fófano dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra.
Nome do relator: DOUGLAS KAKAZU KUSHIYAMA
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AUDITORIA INTERNA DE DCTF. Mantémse o lançamento do imposto de renda retido na fonte informado em DCTF para o qual não tenha sido comprovado o pagamento e afastase o lançamento do imposto de renda retido na fonte correspondente aos pagamentos comprovadamente efetuados. MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. RETROATIVIDADE DE NORMA MAIS BENIGNA. CANCELAMENTO MANTIDO. Cancelase a multa de ofício isolada, uma vez que seu fundamento legal foi derrogado por legislação superveniente ao lançamento. MULTA DE OFÍCIO VINCULADA. RETROATIVIDADE DE NORMA MAIS BENIGNA. CANCELAMENTO MANTIDO. Cancelase a multa de ofício vinculada, uma vez que seu fundamento legal foi derrogado por legislação superveniente ao lançamento. JUROS DE MORA ISOLADOS. CANCELAMENTO MANTIDO. A análise efetuada em atenção à diligência demonstrou que os juros de ofício lançados são indevidos e devem ser cancelados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 92 06 /2 00 2- 49 Fl. 1748DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Douglas Kakazu Kushiyama Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fófano dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra. Relatório Tratase de recurso de ofício em face da decisão de primeiro grau (fls. 1715/1722) que julgou procedente em parte a impugnação do sujeito passivo, para exonerar os tributos, multa isoladas e juros isolados lançados. Dado o didatismo do relatório produzido pelo julgador de primeira instância, transcrevo: A interessada apresentou impugnação contra auto de infração exigindo o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) do terceiro e quarto trimestres de 1997, multas e acréscimos legais correspondentes, lançados em decorrência de auditoria interna de DCTF. O auto de infração constituiu o crédito tributário conforme abaixo: Houve julgamento em primeira instância (Acórdão 10 21.126/2009), anulado pelo Carf, no julgamento de recurso voluntário (Acórdão 2202002.203/2013), em virtude do Conselho ter entendido que teria ocorrido cerceamento do direito de defesa em função da não apreciação de matérias suscitadas na impugnação, mais especificamente, da não apreciação da alegação da impugnante de “inexistência de débitos de IRRF motivada por erro de fato derivado de equívoco Fl. 1749DF CARF MF Processo nº 11080.009206/200249 Acórdão n.º 2201005.078 S2C2T1 Fl. 1.749 3 no preenchimento de DCTF's, concernentes à correta identificação do código de receita de DARF e equívoco quanto às corretas semanas de apuração de IRRF”. A impugnante anexou comprovantes de pagamento e, na impugnação alegou, em síntese apertada, que teria efetuado o recolhimento do IRRF, mas equivocouse ao informar as semanas (fato gerador) na DCTF. Defende fartamente a inexistência dos débitos e argumenta que erro de fato não pode dar causa a lançamento, devendose procurar a verdade material. Invocou o princípio da denúncia espontânea da infração (art. 138 do CTN), especificamente em relação ao débito no valor de R$ 1.190.486,31, com vencimento em 08/10/1997 e pago em 09/10/1997, para afastar a exigibilidade da multa de mora. Defendeu que a autuada teria sido incorporada por pessoa jurídica que seria responsável somente pelos tributos devidos e não pelas multas lançadas de ofício, conforme entende o disposto no art. 132 do CTN. O presente processo foi convertido em diligência para que fosse: a) verificada a legitimidade da movimentação contábil que deu azo às alegações da contribuinte; b) identificado se efetivamente ocorreu erro no preenchimento da DCTF; c) confirmado se os pagamentos apresentados estariam disponíveis nos sistemas informatizados da RFB e se poderiam ser aproveitados na liquidação dos débitos em questão; d) informado se, após a verificação dos pagamentos e da DCTF, ainda restaria saldo de IRRF a ser lançado e em que montante. O relatório de diligência (fls. 1.6391.641) informou que foi realizado o confronto entre os valores lançados decorrentes da auditoria interna de DCTF, os livros contábeis apresentados pela contribuinte e os pagamentos efetuados, além de apresentar observações pontuais a respeito de alguns dos períodos de apuração. Foi elaborada a planilha de fls. 16351638, que registrou o saldo devedor de IRRF em valores originais para cada lançamento. Foi apresentada manifestação quanto ao relatório de diligência (fls. 1.6481.657) em que a empresa OI SA, sucessora da autuada, afirma que a diligência não teria atendido integralmente a solicitação desta relatora, manifesta sua concordância quanto aos saldos devedores apurados na diligência, alega erro no preenchimento do código de arrecadação do Darf de valor R$ 1.224,00, solicita que seja efetuado Redarf de ofício para constar o código 0561 e que o débito seja considerado quitado. Fl. 1750DF CARF MF 4 Da Decisão Proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC) Em primeiro grau a DRJ julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade (fls. 1715/1722) que restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1997 IRRF. AUDITORIA INTERNA DE DCTF. Mantémse o lançamento do imposto de renda retido na fonte informado em DCTF para o qual não tenha sido comprovado o pagamento e afastase o lançamento do imposto de renda retido na fonte correspondente aos pagamentos comprovadamente efetuados. MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. CANCELAMENTO. RETROATIVIDADE DE NORMA MAIS BENIGNA. Cancelase a multa de ofício isolada, uma vez que seu fundamento legal foi derrogado por legislação superveniente ao lançamento. MULTA DE OFÍCIO VINCULADA. CANCELAMENTO. RETROATIVIDADE DE NORMA MAIS BENIGNA. Cancelase a multa de ofício vinculada, uma vez que seu fundamento legal foi derrogado por legislação superveniente ao lançamento. JUROS DE MORA ISOLADOS. Cancelase o lançamento dos juros de mora isolados quando restar comprovado que são indevidos. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Do Recurso de Ofício Considerando esses fatos, foi apresentado recurso de ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Este recurso compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório do necessário. Voto Fl. 1751DF CARF MF Processo nº 11080.009206/200249 Acórdão n.º 2201005.078 S2C2T1 Fl. 1.750 5 Conselheiro Relator Douglas Kakazu Kushiyama O Recurso de Ofício preenche os requisitos legais, portanto, dele conheço. Conforme se verifica dos presentes autos, em atendimento à diligência, a planilha de fls. 16351638, discrimina detalhadamente cada um dos lançamentos por código de receita, fato gerador declarado em DCTF, data de vencimento informada na DCTF e faz o confronto dos valores informados e pagamentos vinculados na DCTF com os documentos contábeis e pagamentos efetivamente realizados, evidenciando a ocorrência de erro nas informações constantes na DCTF. Do relatório de diligência fiscal, extraise (fls. 1639/1641): 1 – Fato Gerador/Lançamento 1ª sem./07/97(código 0561): constatouse que para o valor de R$ 843,77 houve informação em duplicidade na DCTF e erro na identificação da semana da ocorrência do fato gerador, resultando dessa análise inexistência de saldo devedor, de acordo com a planilha demonstrativa. 2 – Fato Gerador/Lançamento 1ª sem./07/97(código 1708): localizouse pagamento com código 1708, data de arrecadação em 06/08/1997, no valor de R$ 28,50, encontrandose disponível no sistema informatizado de consulta de pagamentos da RFB. Foi realizada a imputação desse pagamento ao referido débito, resultando saldo devedor no valor de R$ 2,65. Igualmente, houve erro na identificação da semana da ocorrência do fato gerador informado no valor de R$ 1.074,77. 3 Fato Gerador/Lançamento 2ª sem./07/97(código 0588): foi localizado DARF com código 0561, data de vencimento e arrecadação em 16/07/97, no valor de R$ 1.224,00, disponível no sistema informatizado de consulta de pagamentos da RFB, porém, até a presente data, não foi apresentado pedido de Retificação de DARF (Redarf). Salientese que em caso de efetivação de Redarf, não haverá saldo devedor no valor de R$ 1.224,00. 4 Fato Gerador/Lançamento 1ª sem./09/97(código 0490): para o valor total declarado de R$ 378,75 ocorreu erro na identificação da semana, conforme planilha demonstrativa. Outrossim, não foram localizados dois pagamentos informados em DCTF, ambos no valor de R$ 44,85, resultando no saldo devedor de R$ 89,70. 5 Fato Gerador/Lançamento 3ª sem./09/97(código 0490): relativamente ao valor declarado de R$ 210,66 ocorreu erro na identificação da semana, de acordo com a planilha demonstrativa. Além disso, não foi localizado o pagamento informado em DCTF no valor de R$ 2.236,72, resultando no saldo devedor de R$ 2.236,72. 6 Fato Gerador/Lançamento 5ª sem./09/97(código 0561): para os valores declarados de R$ 1.032.402,51 e R$ 1.190.486,31, constatouse que não há registros contábeis, ficando Fl. 1752DF CARF MF 6 comprovada a inexistência desses valores, de acordo com o Livro Razão e a Folha de Pagamento. 7 Fato Gerador/Lançamento 1ª sem./10/97(código 0490): constatada a ocorrência de erro na identificação da semana, conforme planilha demonstrativa. Ademais, não foram localizados os pagamentos informados em DCTF nos valores de R$ 9,69 e R$ 4,36, resultando, por conseqüência, no saldo devedor de R$ 14,05. 8 Fato Gerador/Lançamento 4ª sem./10/97(código 1708): foi verificada a ocorrência de erro na identificação da semana, de acordo com planilha demonstrativa. O pagamento informado em DCTF no valor de R$ 541,17 não foi localizado no sistema informatizado de consulta de pagamentos da RFB, no entanto, constamos que no auto de infração foi imputado ao débito declarado o pagamento realizado em 05/11/97, no valor de R$ 392,72. Assim, permanece como saldo devedor o montante de R$ 148,45. 9 Fato Gerador/Lançamento 3ª sem./12/97(código 0490): verificada a ocorrência de erro na identificação da semana, conforme planilha demonstrativa. Além disso, não foi localizado o pagamento informado em DCTF no valor de R$ 84,42, remanescendo, em decorrência, o saldo devedor de R$ 84,42. 10 Fato Gerador/Lançamento 3ª sem./12/97(código 1708): constatado erro na identificação da semana, de acordo com planilha demonstrativa. O pagamento informado em DCTF no valor de R$ 8.231,26 foi efetuado em data posterior ao vencimento, desse modo, permanece o saldo devedor no valor R$ 81,50. 11 Em relação aos demais períodos, ficou constatada a ocorrência de erro na identificação das semanas, de acordo com a planilha de fls. 1.635 a 1.638. Do confronto entre as datas de vencimento desses débitos (corroboradas pelos documentos contábeis) e as datas dos recolhimentos, fica demonstrado que não restou saldo devedor, conforme coluna “Saldo Devedor de IRRF” da planilha acima referida. Logo, há que se concluir que a decisão recorrida está correta quando dispôs: Em que pese as conclusões da planilha formulada na diligência apontarem a existência de valor devido de R$ 1.224,00 sob o código 0588, do PA 2ª sem 07/1997, o relatório de diligência apresenta as seguintes considerações: 3 Fato Gerador/Lançamento 2ª sem./07/97(código 0588): foi localizado DARF com código 0561, data de vencimento e arrecadação em 16/07/97, no valor de R$ 1.224,00, disponível no sistema informatizado de consulta de pagamentos da RFB, porém, até a presente data, não foi apresentado pedido de Retificação de DARF (Redarf). Salientese que em caso de efetivação de Redarf, não haverá saldo devedor no valor de R$ 1.224,00. A contribuinte, em sua manifestação quanto ao relatório de diligência, alega erro no preenchimento do código de Fl. 1753DF CARF MF Processo nº 11080.009206/200249 Acórdão n.º 2201005.078 S2C2T1 Fl. 1.751 7 arrecadação no Darf, solicita que seja efetuado Redarf de ofício e que o débito seja considerado quitado. Constatada a disponibilidade do recolhimento de R$ 1.224,00 sob o código 0588, do PA 2ª sem 07/1997, deve tal pagamento ser bloqueado para aproveitamento no presente processo. Descabida a exigência de débito neste valor. Quanto ao débito no valor de R$ 1.190.486,31, com vencimento em 08/10/1997, está confessado na primeira semana 10/1997, há registro de recolhimento, devendo ser afastada sua exigência. Com referência ao débito de valor de R$ 1.032.402,51, a contribuinte alega, em sua impugnação que é inexistente, nos seguintes termos: O relatório de diligência e a planilha produzida pela autoridade diligenciante confirmam a alegação da autuada, devendo ser cancelada a exigência de R$ 1.032.402,51, código 0561, da 5ª semana 09/1997. A interessada manifestou sua concordância quanto às demais observações do relatório de diligência, inclusive quanto aos saldos devedores ali apurados. Logo, quanto ao principal, a decisão recorrida deve ser mantida. Multa de ofício vinculada (75%) Na época do lançamento, os saldos a pagar de valores informados em DCTF e apurados em auditoria interna deveriam ser exigidos mediante lançamento de ofício, com acréscimo de multa de ofício (IN SRF nº 045/1998, art. 2º, § 3º). Este entendimento veio a ser corroborado pelo disposto no art. no art. 90, da Medida Provisória nº 2.15835/2001: Art. 90. Serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, Fl. 1754DF CARF MF 8 relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. Ocorre que, com o advento do disposto no artigo 18 da Lei nº 10.833/2003, restringiuse a aplicação do art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, limitando o lançamento de multa de ofício aos casos de nãohomologação da compensação, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão de nãohomologação da compensação, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Sendo assim deve ser aplicada a norma mais benéfica ao lançamento, nos casos ainda pendentes de julgamento, em face do princípio da retroatividade benigna a que alude o artigo 106, II,“c”, do Código Tributário Nacional (CTN). Cabível o cancelamento da multa de ofício vinculada à exigência de tributo, de sorte a incidir apenas os acréscimos legais sobre o valor principal do tributo mantido. Multa de ofício isolada A previsão anterior para o lançamento de multa de ofício isolada nos casos de tributo ou contribuição pagos após o vencimento, mas sem o acréscimo de multa de mora constante do § 1º, II, do art. 44, da Lei nº 9.430/1996, foi derrogada pelo art. 14 da Medida Provisória nº 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, que deu nova redação ao citado art. 44: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. I (revogado); II (revogado); Fl. 1755DF CARF MF Processo nº 11080.009206/200249 Acórdão n.º 2201005.078 S2C2T1 Fl. 1.752 9 (...) Também nesta hipótese, a norma mais benéfica deve ser aplicada ao lançamento, nos casos ainda pendentes de julgamento, em face do princípio da retroatividade benigna a que alude o artigo 106, II,“c”, do Código Tributário Nacional (CTN). Cabível o cancelamento da multa de ofício isolada. Juros de ofício isolados A análise efetuada em atenção à diligência demonstrou que os juros de ofício lançados são indevidos e devem ser cancelados. Conclusão Diante de todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Relator Douglas Kakazu Kushiyama Fl. 1756DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19647.008347/2007-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA.
Para ser considerado nulo, o lançamento deve ter sido realizado por pessoa incompetente ou violar a ampla defesa do contribuinte, e esta violação deve sempre ser comprovada ou ao menos demonstrados fortes indícios do prejuízo sofrido pelo contribuinte. Havendo a descrição pormenorizada dos fatos, a sua compreensão por parte do contribuinte e a correta capitulação da fundamentação legal do lançamento, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. GASTOS E/OU APLICAÇÕES INCOMPATÍVEIS COM A RENDA DECLARADA. FLUXO FINANCEIRO. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO MENSAL. ÔNUS DA PROVA
O fluxo financeiro de origens e aplicações de recursos será apurado, mensalmente, considerando-se todos os ingressos e dispêndios realizados no mês, pelo contribuinte. A lei autoriza a presunção de omissão de rendimentos, desde que a autoridade lançadora comprove gastos e/ou aplicações incompatíveis com a renda declarada disponível (tributada, não tributada ou tributada exclusivamente na fonte).
Cabe ao contribuinte provar a inexistência de acréscimo patrimonial a descoberto, através de documentação hábil e idônea.
CUSTO DE CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES. ARBITRAMENTO COM BASE NO CUSTO UNITÁRIO BÁSICO CUB.
O custo da construção de edificações deve ser comprovado por meio da apresentação das notas fiscais de aquisição de materiais, recibos/notas fiscais de prestação de serviços e comprovantes de pagamentos junto aos órgãos controladores. A falta ou insuficiência da comprovação autoriza o arbitramento da edificação com base nas tabelas do CUB divulgadas pelo SINDUSCON.
RECURSO DESTITUÍDO DE PROVAS.
O recurso deverá ser instruído com os documentos que fundamentem as alegações do interessado. É, portanto, ônus do contribuinte a perfeita instrução probatória.
DILIGÊNCIA E/OU PERÍCIA. JUNTADA DE PROVAS. DESNECESSIDADE.
Deve ser indeferido o pedido de diligência e/ou perícia, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo.
Numero da decisão: 2201-005.080
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fófano dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra.
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Recorrente LUIS CLAUDIO GOMES DA SILVA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002, 2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Para ser considerado nulo, o lançamento deve ter sido realizado por pessoa incompetente ou violar a ampla defesa do contribuinte, e esta violação deve sempre ser comprovada ou ao menos demonstrados fortes indícios do prejuízo sofrido pelo contribuinte. Havendo a descrição pormenorizada dos fatos, a sua compreensão por parte do contribuinte e a correta capitulação da fundamentação legal do lançamento, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. GASTOS E/OU APLICAÇÕES INCOMPATÍVEIS COM A RENDA DECLARADA. FLUXO FINANCEIRO. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO MENSAL. ÔNUS DA PROVA O fluxo financeiro de origens e aplicações de recursos será apurado, mensalmente, considerandose todos os ingressos e dispêndios realizados no mês, pelo contribuinte. A lei autoriza a presunção de omissão de rendimentos, desde que a autoridade lançadora comprove gastos e/ou aplicações incompatíveis com a renda declarada disponível (tributada, não tributada ou tributada exclusivamente na fonte). Cabe ao contribuinte provar a inexistência de acréscimo patrimonial a descoberto, através de documentação hábil e idônea. CUSTO DE CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES. ARBITRAMENTO COM BASE NO CUSTO UNITÁRIO BÁSICO CUB. O custo da construção de edificações deve ser comprovado por meio da apresentação das notas fiscais de aquisição de materiais, recibos/notas fiscais de prestação de serviços e comprovantes de pagamentos junto aos órgãos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 00 83 47 /2 00 7- 16 Fl. 503DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 504 2 controladores. A falta ou insuficiência da comprovação autoriza o arbitramento da edificação com base nas tabelas do CUB divulgadas pelo SINDUSCON. RECURSO DESTITUÍDO DE PROVAS. O recurso deverá ser instruído com os documentos que fundamentem as alegações do interessado. É, portanto, ônus do contribuinte a perfeita instrução probatória. DILIGÊNCIA E/OU PERÍCIA. JUNTADA DE PROVAS. DESNECESSIDADE. Deve ser indeferido o pedido de diligência e/ou perícia, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fófano dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 484/500, interposto contra decisão da DRJ em Recife/PE de fls. 467/480, a qual julgou procedente o lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física – IRPF de fls. 5/12, lavrado em 16/8/2007, relativo aos anoscalendário de 2002 e 2003, com ciência do RECORRENTE em 18/8/2007, conforme AR de fls. 380. O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado: por: (i) omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebido de pessoa jurídica; e (ii) omissão de rendimentos caracterizada por acréscimo patrimonial a descoberto. O valor total do crédito tributário apurado foi de R$ 175.178,30, já inclusos juros de mora (até o mês da lavratura) e multa de ofício de 75%. De acordo com o Relatório de Encerramento da Ação Fiscal acostado às fls. 18/29, a fiscalização entendeu que houve dispêndios e aplicações de recursos em montante Fl. 504DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 505 3 superior aos rendimentos declarados e comprovados, em especial em razão da construção de casa na Granja Mennphis, no município de Igarassu/PE. Isso porque o RECORRENTE adquiriu no ano calendário de 2001 um Terreno de 6 Hectares situado no município de Igarassu/PE, cujo valor inicial declarado de aquisição foi R$ 11.000,00 e que foi aumentando gradativamente até alcançar o total de R$ 130.000,00 no ano calendário de 2006 (fl. 20). Assim, o RECORRENTE foi intimado para apresentar ”Documentação comprobatória dos pagamentos efetuados pela aquisição da área de 6 hectares com casa em Igarassu, e/ou comprovantes dos gastos efetuados nas benfeitorias realizadas dos anos calendários de 2001, 2002, 2003 e 2004. Bem como, o Alvará de construção/Habitese, e as informações de nome, CPF ou CNPJ do construtor, arquiteto ou engenheiro responsável técnico da obra” (fl. 21). Em resposta a fiscalização, o contribuinte se limitou a afirmar que não houve construção de imóvel, posto que já existiam duas casas de alvenaria na época da aquisição do terreno, havendo apenas reformas e ampliações ao longo dos anos. E que tais reformas foram feitas todas com mão de obra local, razão pela qual não tem como indicar o construtor/engenheiro responsável pela obra (fls. 22). Assim, com o intuito de esclarecer em que termos se deu a construção da casa na Granja Mennphis, a fiscalização efetuou diversas diligências, dentre as quais se destaca o ofício para o Sindicado da Indústria da Construção Civil em Pernambuco (SINDUSCON/PE) para questionar acerca do Custo Unitário Básico para construção/reforma em Pernambuco, bem como a diligência ao imóvel para fazer as medições da área construída. Sobre a diligência ao imóvel, assim sintetizou a fiscalização (fls. 26): 3.2.9 Em face do disposto no parágrafo acima, esta auditora fiscal juntamente com a Auditora Renata Aragão (supervisora da equipe fiscal) a auditora fiscal Márcia Cabral Leal e o Sr. Carlos Alberto Pinto Carvalho (representante do fiscalizado), efetuamos diligência na Granja Mennphis, quando procedemos a medição da área construída, inclusive tiramos fotos e obtivemos informações do caseiro Sr. Cícero Evaristo da Conceição, conforme "Termo de Constatação Fiscal" anexo às fls. 308 a 309 do presente processo administrativo fiscal. Fizemos um rascunho com o croqui da área construída, onde anotamos as medidas necessárias para o respectivo calculo, que anexamos às fls. 310. As fotos citadas do parágrafo anterior constam das fls. 311 a 331 do presente processo, e mostram parte da área interna da casa, sendo uma das salas, a cozinha, 2 banheiros de um total de 4, um closet, o corredor que dá acesso aos quartos, parte da área externa, que são as varandas, parte do jardim, a piscina a subestação, a caixa dágua, a extensão do muro bem como da entrada principal da propriedade. Analisando essas fotos, relativamente a parte externa, constatamos que a casa construída bem como todas as benfeitorias da área encontravamse nas mesmas condições constantes da foto apresentada na reportagem de 22 de maio de 2004 do Jornal do Fl. 505DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 506 4 Comercio, anexa às fls. 332, onde noticia o assalto ocorrido na propriedade. (Todas as numerações de páginas indicadas são do processo físico) Assim, em razão de o RECORRENTE não mais possuir a documentação hábil e idônea para comprovar o efetivo custo das obras de benfeitorias realizadas no imóvel (pois o contribuinte afirmou que os recibos e notas fiscais foram extraviados quando do assalto ocorrido em sua propriedade, fato inclusive noticiado por jornal à época), a autoridade fiscalizadora arbitrou o custo de construção com base no CUB (Custo Unitário Básico) informado pelo SINDUSCON/PE, considerando apenas a edificação, não incluindo em seu valor os gastos referentes a subestação, a piscina ao ajardinamento, etc (demonstrativo à fl. 17). Quanto ao rateio do custo, a autoridade fiscal constatou o que segue (fls. 27/28): “(...) Verificamos também que o fiscalizado não informou esse bem na declaração de bens constante de sua DIRPF/2002, informando apenas na declaração de bens da DIRPF/2003, quando inclui nas duas colunas, com valores superiores aos constantes da escritura, mas que não ultrapassam a renda liquida informada nessa DIRPF. Tais valores aumentam gradativamente a cada declaração de bens constantes das DIRPFs de 2004, 2005 e 2006 até alcançar o total de R$ 130.000,00. Também os alienantes da posse da referida área, conforme diligência efetuada por esta fiscalização, informaram que quando da alienação não existia nenhuma benfeitoria na área alienada, carta às fls. 261. Análise da justificativa b) Diante das respostas, tanto da CELPE quanto do engenheiro responsável técnico pela construção da subestação elétrica, que nos entregou o projeto anexo às fls. 350 a 358, constatamos a existência de serviços técnicos prestados por esse engenheiro e da empresa responsável pela construção da subestação, logo, o fiscalizado deveria ter informado pelo menos este fato e não negar totalmente a participação de qualquer empresa ou mesmo de qualquer engenheiro. Relativamente ao fato dos gastos terem sido efetuados nos anos de 2001, 2002, 2003 e 2004, constatamos, em diligência ao local em 14 de maio de 2007, e fotos anexas às fls. 311 a 315, que a área estava nas mesmas condições da reportagem do jornal do comercio em maio de 2004, referente ao assalto ocorrido na propriedade, anexo as fls. 332, isto é, a casa pronta com acabamento, a piscina, o muro, a subestação, o ajardinamento etc.... Ainda para confirmar o fato, o caseiro Sr. Cícero Evaristo da Conceição informou que a construção/reforma da casa começou no ano de 2002, mas, que no ano de 2003 a mesma ficou pronta não sabendo informar em que mês. Tal fato constatase quanto semelhança da área nas datas acima citadas.” Ou seja, o RECORRENTE adquiriu o imóvel no anocalendário 2001 contudo somente o informou em sua DIRPF/2003 (anocalendário 2002) “com valores Fl. 506DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 507 5 superiores aos constantes da escritura, mas que não ultrapassam a renda liquida informada nessa DIRPF”. Houve o aumento gradativo do valor do imóvel em cada ano, até alcançar o valor de R$ 130.000,00 na DIRPF/2006 (anocalendário 2005). Contudo, para a realização dos cálculos do custo, a fiscalização considerou como período de construção/reforma apenas os anos de 2002 e 2003 (índices às fls. 288/311), num período total de 24 meses, tendo em vista que (fl. 29): “a) a aquisição da área conforme informação do fiscalizado e documentação apresentada ter ocorrido em outubro de 2001; b) a ART – Anotação de responsabilidade Técnica com a solicitação de aprovação do projeto da construção da subestação elétrica ter ocorrido em janeiro de 2002; c) o caseiro Sr. Cícero informou como inicio da obra foi em o ano de 2002 e o termino o ano de 2003, porém não soube especificar em quais meses. d) a reportagem do jornal em maio de 2004, constante do dossiê do fiscalizado, e também por ele citada em suas respostas, mostrar a área com todas as benfeitorias, constatadas quando da diligência efetuada por esta fiscalização em maio de 2007, logo não houve construção/reforma após maio de 2004.” Deste modo, os custos arbitrados com a construção da granja Mennphis foram lançados mensalmente como aplicação de recursos nas planilhas de Análise da Evolução Patrimonial de fls. 13/16, o que ensejou o lançamento como acréscimo patrimonial a descoberto, posto que não havia disponibilidade de origem suficiente. Além disso, houve a constatação de omissão de rendimentos trabalho assalariado recebido da Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho/PE no valor de R$ 5.500,00 em março de 2002, conforme DIRF de fl. 42. Sobre este fato, o contribuinte afirmou que se referiu a pagamento referente à elaboração dos Códigos Sanitários (ou de Saúde) do respectivo Município, não tendo sido declarado por esquecimento (fl. 129). Da Impugnação O RECORRENTE apresentou sua Impugnação de fls. 382/393. Ante a clareza e precisão didática do resumo da Impugnação elaborada pela DRJ Recife/PE, adotase, ipsis litteris, tal trecho para compor parte do presente relatório 4. Devidamente cientificado da autuação em 18/08/2007, fl. 374, o contribuinte apresentou em 18/09/2007 a impugnação de fls. 376386 para alegar em síntese que: 4.1. reconhece a omissão dos rendimentos descrita no item "001 – OMISSÃO DE RENDIMENTOS DO TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS" do auto de infração examinado; Fl. 507DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 508 6 4.2. entende ser insubsistente a autuação da omissão de rendimentos tendo em vista a variação patrimonial a descoberto, suscitando a sua nulidade, haja vista a falta de explicitação dos critérios utilizados para o arbitramento do valor das obras realizadas pelo impugnante, vez que tal arbitramento limitouse a medições realizadas e aplicações do Custo Unitário Básico (CUB), conforme indicações do SINDUSCON/PE; 4.3. afirma que a fiscalização deveria ter descrito quais as obras realizadas pelo impugnante e, com esteio nas tabelas elaboradas pelo SINDUSCON/PE, discriminar, ainda que de forma aproximada, os quantitativos de materiais e mãodeobra, indicando obrigatoriamente, os respectivos custos unitários, de forma a possibilitar ao impugnante a verificação da adequação e correção dos valores utilizados; 4.4. que estas ausências lhe acarretaram prejuízos quanto a sua defesa, pois ficou impossibilitado de conhecer, de forma precisa, os critérios utilizados para a formação dos valores, bem como trazer elementos técnicos que infirmem tais critérios; 4.5. alega decadência parcial do direito de lançar, asseverando que as reformas efetuadas pelo impugnante foram iniciadas em maio de 2001, época em que foi imitido na posse da Chácara Mennphis; 4.6. junta declaração do Sr. Ivan Isaac Ferreira a despeito de ter formalizado a aquisição do bem imóvel em questão somente em 05 de outubro de 2001 (Escritura Pública de Cessão e Transferência de Direito de Posse e Indenização de Benfeitorias), haja vista que foi efetivamente imitido na posse em maio de 2001, iniciando a partir de então as obras de reforma e construção descritas (insuficientemente) pela fiscalização; 4.7. justificando que não há elementos seguros para a definição da data de início e término das obras, propugna pela utilização de critério mais favorável ao contribuinte, fixandose o início das obras quando da imissão da posse em maio de 2001 ou quando da formalização da aludida Escritura Pública de Cessão e Transferência de Direito de Posse e Indenização de Benfeitorias em 05 de outubro de 2001; 4.8. aponta que a declaração firmada pelo Sr. Severino Pedro Soares no sentido de ter realizado serviços de carpintaria no imóvel no período de outubro a dezembro de 2001, também comprova a realização dos serviços e obras naquele ano; 4.9. justificando que fora intimado da exigência fiscal em 17/08/2007, razão pela qual não podem ser consideradas as omissões de rendimentos verificadas em período anterior a 01/01/2002, posto que atingidos pela decadência; 4.10. que deve ser incluído o período de junho a dezembro de 2001 no rateio dos valores necessários à execução das obras e que devem ser afastados da tributação os valores imputados relativos a este período; Fl. 508DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 509 7 4.11. alega ainda incorreção quanto ao valor arbitrado (R$ 328.725,61), pois contratou um orçamento de empresa especializada (Construtora Assis Lopes Ltda), a qual por intermédio de engenheiro fixou em R$ 284.086,25 o custo de realização das obras descritas no Auto de Infração, sendo que, ao utilizar o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) neste orçamento, elaborado em agosto de 2007, atingese a cifra de R$ 161.583,31, relativamente à maio de 2001, importando num dispêndio mensal (em 24 meses) de R$ 6.732,64; 4.12. cita acórdãos do então Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda e do Superior Tribunal de Justiça para amparar suas justificativas; 4.13. justificando disparidade entre os valores encontrados (arbitrado pela fiscalização e orçado pela Construtora Assis Lopes Ltda), depreca pela realização de perícia técnica, apontado os pontos a serem esclarecidos: (i) descriminação minuciosa e completa das obras e serviços realizados no imóvel de propriedade do impugnante; (ii) definição dos custos unitários de materiais e mãodeobra necessários à execução das obras e serviços à época da realização dos mesmos; (iii) fixação do prazo médio de execução de obras e serviços no intervalo de 180 (previsto no orçamento apresentado) a 712 (prazo fixado pela fiscalização)dias; e (iv) custo total da obra; 4.14. indica assistente técnico (Eng. Roberto de Assis Lopes, CREA n2 12449D/PE); 4.15. requer por fim o acolhimento de suas alegações para: (i) deferir a prova pericial na forma acima descrita; (ii) decretação da nulidade da autuação; (iii) fixação do início das obras em maio de 2001; (iv) ser decretada a decadência em relação aos valores despendidos pelo impugnante no período compreendido entre maio a dezembro de 2001; (v) utilização do orçamento elaborado pela Construtora Assis Lopes Ltda. Da Decisão da DRJ Quando do julgamento do caso, a DRJ em Recife/PE, julgou procedente o lançamento, conforme ementa abaixo (fls. 467/480). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Anocalendário: 2003, 2004 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. INFORMAÇÕES DA DIRF EMITIDA PELA FONTE PAGADORA. As Declarações do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) possuem força probatória suficiente para dar sustentação ao lançamento fundamentado em omissão de rendimentos tributáveis e/ou compensação indevida de imposto de renda. Fl. 509DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 510 8 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ARBITRAMENTO. CONSTRUÇÃO/REFORMA DE IMÓVEL. CUSTOS. TABELA DO SINDUSCON A falta ou insuficiente comprovação dos custos da construção, por meio de notas fiscais e recibos, implica o seu arbitramento com base na tabela divulgada pelo SINDUSCON. A falta de comprovação de rendimentos, suficientes para cobrir os referidos custos, implica o acréscimo patrimonial a descoberto sujeito à incidência do imposto de renda pessoa física. IMPOSTO DE RENDA DECADÊNCIA. ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO. Havendo pagamento do imposto, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador, que no caso do imposto de renda é o dia 31 de dezembro do ano da percepção da renda. IMPOSTO DE RENDA. RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. HIPÓTESE DE ANTECIPAÇÃO. Na hipótese de retenção do imposto de renda pela fonte pagadora, resta caracterizada a antecipação do pagamento do imposto, conforme restou assentado na Solução de Consulta Interna Cosit n2 26, de 12 de novembro de 2005. PEDIDO DE PERÍCIAS. INDEFERIMENTO. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de oficio ou a requerimento do impugnante, a realização perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Do Recurso Voluntário O RECORRENTE, devidamente intimado da decisão da DRJ em 19/11/2009, conforme AR de fl. 483, apresentou o recurso voluntário de fls. 484/500 em 17/12/2009. Em suas razões, reiterou os argumentos da impugnação. Inovou apenas quanto ao pedido de nulidade do julgamento da DRJ, por cerceamento do direito de defesa, uma vez que postulou o pela “realização de perícia para apuração do valor efetivo das edificações realizadas no imóvel de sua propriedade, fundamentando o pedido de prova técnica na discrepância entre o valor arbitrado pela autoridade lançadora (R$ 328.725,61) e orçamento elaborado por empresa especializada (R$ 161.583,31)”. No entanto, tal pedido foi indeferido pela DRJ. Este recurso voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Fl. 510DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 511 9 Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais, razões por que dele conheço. PRELIMINAR Nulidade do lançamento Conforme elencado no relatório fiscal, o contribuinte alega nulidade do auto de infração ocasionada por cerceamento de direito de defesa, pois (i) a DRJ indeferiu o pedido de perícia pleiteado, cuja finalidade seria para apurar o efetivo valor das edificações realizadas no imóvel, ante a discrepância entre o valor arbitrado pela autoridade lançadora e o orçamento elaborado por empresa especializada; e (ii) a autoridade fiscalizadora não explicitou os critérios utilizados para arbitramento do valor das obras realizadas, tendo a autuação limitandose a consignar o arbitramento a aplicação do Custo Unitário Básico (CUB), sem contudo, discriminar os quantitativos de materiais, e mão de obra, bem como os respectivos custos unitários. No processo administrativo federal são nulos os atos lavrados por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972. Por sua vez, o art. 10, também Decreto nº 70.235/1972, elenca os requisitos obrigatórios mínimos do auto de infração, in vebis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 511DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 512 10 § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. Desta forma, para ser considerado nulo, o lançamento deve ter sido realizado por pessoa incompetente ou violar a ampla defesa do contribuinte. Ademais, a violação à ampla defesa deve sempre ser comprovada, ou ao menos demonstrados fortes indícios do prejuízo sofrido pelo contribuinte. Havendo compreensão dos fatos e fundamentos que levaram à lavratura do auto de infração pelo contribuinte, bem como cumprimento dos requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235/2012, não há como se falar em nulidade do auto de infração. Assim entende o CARF: AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. Comprovado que o sujeito passivo tomou conhecimento pormenorizado da fundamentação fática e legal do lançamento e que lhe foi oferecido prazo para defesa, não há como prosperar a tese de nulidade por cerceamento do contraditório e da ampla defesa. (Acórdão 3301004.756 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Sessão de 20/6/2018, Rel. Liziane Angelotti Meira ) AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não se verificando a ocorrência de nenhuma das hipóteses previstas no artigo 59 do Decreto nº 70.235/72 e observados todos os requisitos do artigo 10 do mesmo diploma legal, não há que se falar em nulidade da autuação (Acórdão nº 3302005.700 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, Sessão 26/7/2018, Rel. Paulo Guilherme Déroulède) No presente caso, houve perfeita compreensão dos fatos e fundamentos que ensejam a lavratura do auto de infração, conforme comprovado inclusive pela impugnação e pelo recurso voluntário do RECORRENTE que adereçaram perfeitamente a matéria objeto do lançamento. Como cediço, o pedido de perícia serve para solucionar questões técnicas de alta complexidade, e não para fazer prova em favor do RECORRENTE, especialmente nos casos em que era seu dever apresentálas. Ora, durante a fiscalização o RECORRENTE foi intimado por diversas vezes para informar os custos incorridos com as benfeitorias realizadas na Granja Mennphis, não apresentando sequer um comprovante. É de conhecimento que o contribuinte afirmou à autoridade fiscal que os documentos teriam sido extraviados em decorrência de furto ocorrido em sua residência em 2004. Contudo, não houve nenhuma busca por segundas vias das notas/recibos perante os fornecedores; nem mesmo foram apresentados outros documentos financeiros (como transferências bancárias, cheques, extratos bancários, etc.) que, em conjunto com a declaração Fl. 512DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 513 11 das pessoas que prestaram o serviço/venderam os materiais, poderia atestar o valor do pagamento feito pelo RECORRENTE. Por sua vez, existem nos autos uma série de documentos (e de razões fáticas) que justificam o fato da autoridade fiscalizadora ter arbitrado o custo da construção com base no CUB. Percebese, deste modo, que de um lado da balança encontrase o RECORRENTE que não apresentou nenhum documento em momento oportuno, e do outro lado da balança temse a fiscalização que tomou todas as atitudes possíveis para tentar descobrir o real custo de aquisição, inclusive realizando diligências presenciais a Granja Mennphis. Logo, a perícia não é medida necessária para solução da controvérsia da presente lide, posto que existem nos autos inúmeros documentos capazes de formar a opinião do julgador, sendo a perícia medida exclusiva de produção de prova em favor do RECORRENTE. Assim, seu indeferimento não deve ser entendido como cerceamento do direito de defesa. Por estes fundamentos, e pelo fato de ser legítima a utilização, pela autoridade fiscal, do índice CUB fornecido pelo SINDUSCON/PE (por já contemplar a média dos custos básicos incorridos em todas as fases da construção/reforma) como estimativa do valor do m² de obra a fim de apurar o valor da mesma (conforme será adiante exposto), entendo que não merece prosperar o argumento de incorreção do valor arbitrado, não sendo necessária a realização da perícia pleiteada. No que se refere a suposta ausência de indicação dos critérios para o arbitramento, ante a ausência de discriminação dos quantitativos de materiais, e mão de obra, bem como os respectivos custos unitários, entendo que não merecem prosperar os argumentos do RECORRENTE. Como razão para justificar tal entendimento, bem como para negar provimento para os demais argumentos aduzidos pelo RECORRENTE, quais sejam, a alegação de que a obra teria se iniciado em maio/2001, a decadência parcial do direito de lançar e incorreção do valor arbitrado, considerando o bem fundamentado voto proferido pela DRJ, bem como que não houve interposição de novas razões com o recurso voluntário, proponho adotar as razões apresentadas pela DRJ para manter o lançamento, nos termos do § 3º do art. 57 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria nº 343/2015: "Dos critérios adotados pela fiscalização e da alegada nulidade da ação fiscal 9. Conforme restou apontado pela autoridade administrativa encarregada da ação fiscal analisada, foram dadas oportunidades para que o contribuinte apresentasse os elementos de prova relacionados com os custos da obra de reforma do imóvel situado no município de Igarassu (PE), denominado Granja Mennphis. 10. A argumentação do fiscalizado foi que já havia apresentado os documentos probatórios sobre a aquisição do referido imóvel, no caso uma Escritura Pública de Cessão e Transferência de Direito de Posse e Indenização de Benfeitorias (fls. 7476). Todavia, a comprovação dos gastos com a reforma/construção restou prejudicada em razão de assalto em sua propriedade, sem especificação de data, tendo acostado aos autos o Termo de Declaração (fls. 7273) prestado no dia 09/06/2004 à Polícia Civil do Estado de Pernambuco. 11. Verificase que a fiscalização promoveu diversas diligências no sentido de buscar elementos que trouxessem subsídios acerca das obras/benfeitorias efetuadas na dita propriedade, citados nos subitens 3.7 e 3.8 do Relatório deste Voto. Fl. 513DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 514 12 12. Assim, com base nos elementos até então disponíveis, a autoridade fiscal providenciou diligência no próprio imóvel para aferição de medidas da área construída, registro fotográfico e tomada de informações com o caseiro da granja consubstanciada no Termo de Constatação Fiscal, tudo na presença de representante do fiscalizado. Tais elementos possibilitaram à autoridade fiscal determinar a área construída/reformada relativamente à casa, casa do caseiro e o galinheiro (excluindo os gastos referentes a subestação, a piscina e o ajardinamento). 13. A partir desses elementos, aplicou as tabelas fornecidas pelo SINDUSCON/PE (fls. 282305), relativas ao Custo Unitário Básico (CUB) por metro quadrado (m²), para elaborar o Demonstrativo de Cálculo do Custo à fl. 15. 14. Na falta ou inexatidão de importâncias declaradas, convém verificar o que dispõe o art. 845 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n2 3.000, de 26 de março de 1999): "Art. 845. Farseá o lançamento de oficio, inclusive (DecretoLei n2 5.844, de 1943, art. 79): III computandose as importâncias não declaradas, ou arbitrando o rendimento tributável de acordo com os elementos de que se dispuser, nos casos de declaração inexata. (..)". (grifouse). 15. Já a utilização do Custo Unitário Básico (CUB) por metro quadrado (m²) encontra amparo no § 4º do art. 62 da Lei nº 8.021, de 12/04/1990: "Art. 620 lançamento de oficio, além dos casos já especificados em lei, farseá arbitrandose os rendimentos com base na renda presumida, mediante utilização dos sinais exteriores de riqueza. § 4º No arbitramento tomarseão como base os preços de mercado vigentes à época da ocorrência dos fatos ou eventos, podendo, para tanto, ser adotados índices ou indicadores económicos oficiais ou publicações técnicas ou especializadas." (grifouse). 16. Da análise das normas acima, verificase que a autoridade fiscal procedeu regularmente ao utilizarse de informações das dimensões do imóvel, coletadas mediante diligência realizada no próprio local, e índices de custos fornecidos pelo SINDUSCON/PE, entidade de classe representativa da indústria da construção civil no Estado de Pernambuco. 17. Deve ser apontado que o índice referenciado é o Custo Unitário Básico (CUB) 'por metro quadrado (m2), calculado mediante metodologia (NBR12721) fixada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Tratase de uma estimativa parcial1 para o valor do metro quadrado de obra, que reflete a variação mensal dos custos básicos com materiais e mãodeobra, sendo largamente utilizado na execução e análise de orçamentos. Inferese, portanto, que a sua utilização pela autoridade fiscal é revestida de legalidade e adequação. Este é inclusive o 1 Na formação dos custos unitários básicos não são considerados vários itens adicionais importantes, como elevadores, fundações especiais, instalações prediais (água, luz, esgoto, telefonia), serviços complementares de urbanização, recreação e ajardinamento, remuneração de engenharia etc. Fl. 514DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 515 13 entendimento do antes denominado Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), conforme ementas a seguir transcritas: "IRPF — CUSTO DE CONSTRUÇÃO — ARBITRAMENTO COM BASE NA TABELA DO SINDUSCON — Aplicase a tabela do SINDUSCON ao arbitramento do custo de construção de edificaçães quando o contribuinte não declara a totalidade do valor despendido em construção própria, limitandose a comprovar com documentos hábeis apenas uma parcela dos custos efetivamente realizados, em montante incompatível com a área construída. Para o cálculo do rateio do custo arbitrado da obra por anobase deve ser utilizada a proporcionalidade da duração da obra, assim entendido o período compreendido entre a expedição do Alvará de Construção e o Habitese, fornecidos pela Prefeitura Municipal. (Acórdão 104 16052). IRPF — ARBITRAMENTO DOS VALORES DESPENDIDOS NA CONSTRUÇÃO COM BASE NA TABELA DO SINDUSCON — A falta ou insuficiente comprovação dos custos da construção, por meio de notas fiscais e recibos, implica no seu arbitramento com base na tabela divulgada pelo SINDUSCON. A falta de comprovação de rendimentos, suficientes para cobrir os referidos custos, implica em acréscimo patrimonial a descoberto sujeito à incidência do imposto de renda pessoa fisica. (Acórdãos 10242981, 10242850, 102 43021, 102 43538 e 10243815). IRPF — ACRÉSCIMO PATRIMONIAL — CUSTO DE CONSTRUÇÃO — ARBITRAMENTO — Havendo indício veemente de subavaliação do custo de imóvel, é facultado ao fisco efetuar o arbitramento com base em tabelas de custos mínimos elaboradas por entidades especializadas. (Acórdão 10610593). TABELA DO SINDUSCON — Os custos da construção civil devem ser comprovados através de notas fiscais de aquisição de insumos necessários à implementação da obra e de prestação de serviço, também podendo ser aceitos recibos quando prestados por pessoas fisicas. A falta de apresentação de toda a documentação necessária a comprovar tais dispêndios autoriza o arbitramento com base na tabela divulgada pelo Sinduscon. Representando a garagem 49,54% da área total construída, aplicase 50% do CUB. (Acórdão 10243428). CUSTO DE CONSTRUÇÃO — ARBITRAMENTO — TABELA DO SINDUSCON — O arbitramento é procedimento amparado em lei, a ser efetuado quando o sujeito passivo não comprovar, com documentação hábil e idônea, o custo de construção de imóvel. Cabível, pois, a aplicação da tabela do SINDUSCON ao arbitramento do custo de construção de edifcação quando o contribuinte não declara a totalidade do valor despendido em construção própria. (Acórdão 10417528)." Fl. 515DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 516 14 18. Ao lado dessas observações, é pertinente apontar que o demonstrativo de fl. 15 discrimina a quantidade de metros quadrados mensalmente rateada para o período de execução considerado pela fiscalização (anos de 2002 e 2003) para cada uma das obras realizadas (casasede, casa do caseiro e galinheiro), utilizando o valor relativo ao tipo de construção/acabamento2 na tabela CUB do mês correspondente, o que confere razoabilidade e coerência ao critério adotado pela fiscalização. 19. Ademais, é desnecessária a elaboração de um orçamento para explicitar, detalhadamente, os custos de todas as fases da construção/reforma, tal como reclama o impugnante, eis que o índice CUB é composto pela média dos custos básicos incorridos nas etapas citadas, calculado mediante metodologia específica da ABNT, levando em consideração inclusive diversas peculiaridades, tais como: tipo e acabamento da obra, aspectos regionais (insumos e mãodeobra) e o momento em que a construção fora realizada. 20. O impugnante suscita que o procedimento fiscal deve ser considerado nulo pela falta de explicitação de critérios, o que lhe acarretou prejuízos quanto à promoção de sua defesa. 21. Acerca desse assunto, é digno de nota considerar que a nulidade dos atos administrativos pressupõe a ocorrência concreta de um dano causado ao impugnante e que este dano reste inequivocamente demonstrado. É somente em face de prejuízos causados à parte que irregularidades processuais podem acarretar a nulidade de determinado ato, pois do contrário seria sobrepor as formalidades processuais ao seu real objetivo. Tal fato (demonstração do prejuízo) não restou demonstrado em sua peça de defesa. 22. Em relação ao tema a professora Ada Pellegrini Grinover3 leciona que o "princípio do prejuízo constitui, seguramente, a viga mestra do sistema de nulidades e decorre da idéia geral de que as formas processuais representam tão somente um instrumento para correta aplicação do direito". 23. Sobre o Princípio da Instrumentalidade das Formas, oportuna observar o magistério de Araújo Cintra, Grinover e Dinamarco4: "O princípio da instrumentalidade das formas, de que já se falou, quer que só sejam anulados os atos imperfeitos se o objetivo não tiver sido atingido (o que interessa, afinal, é o objetivo do ato, não o ato em si mesmo). Várias são suas manifestações na lei processual, e podese dizer que esse princípio coincide com a regra pas de nullité sans griel Tal princípio, formulado legislativamente nesses mesmos termos no direito francês, está presente nos códigos brasileiros: a) mediante expressa referencia ao prejuízo como requisito para a anulação (CPP, art. 563; CPC, ar! 249, § 12); b) estatuindo a lei que a consecução do objetivo visado pela determinação da forma processual faz com que o ato seja válido ainda que praticado contra a exigência legal (CPC, 2 Embora nas tabelas fornecidas pelo SINDUSCON/PE haja previsão relativamente ao tipo do imóvel (popular, galpão, 2 e 3 quartos), bem como relacionada com acabamento, a autoridade autuante utilizouse, para a casasede (que é a principal construção) o custo de casa com 3 quartos e acabamento médio. 3 Nulidades do Processo Penal, 6a ed., RT, São Paulo, 1997, pp. 26/27. 4 Teoria Geral do Processo. 2P ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 352. Fl. 516DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 517 15 art. 244). "'Teoria Geral do Processo. 210 ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 352) 24. Na impugnação apresentada, percebese com absoluta clareza que a alegada impossibilidade na identificação da infração não existiu. O impugnante demonstra ter identificado e compreendido a infração apontada no lançamento, pois em sua impugnação indica precisamente o ponto específico da matéria em discussão, qual seja, a sua discordância sobre o arbitramento utilizado pela autoridade fiscal no levantamento dos custos das obras/reformas realizadas na Granja Mennphis, em Igarassu (PE). 25. Assim, os argumentos de que a falta de explicitação de critérios utilizados pela fiscalização teria lhe acarretado prejuízos quanto a sua defesa, não devem ser acatados e nem deve ser considerado nulo o lançamento realizado, uma vez que estão presentes no Auto de Infração examinado todos os seus pressupostos legalmente previstos (art. 10 do Decreto n 70.235, de 1972). Do marco inicial considerado pela fiscalização e da alegação de decadência 26. O impugnante discorda do marco inicial e do período de execução da obra/reforma considerados pela fiscalização (anos de 2002 e 2003), justificando que deve ser adotada a data de maio de 2001, época em que teria ocorrido a imissão na posse da mencionada propriedade. Por esta razão deve ser considerado o período compreendido entre junho e dezembro de 2001 para fins do rateio dos custos da obra/reforma, o qual estaria alcançado pela decadência tributária, considerando a data em que o mesmo fora cientificado da exigência discutida (agosto de 2007). 27. Para comprovar as suas alegações, o defendente juntou a declaração do Sr. Ivan Isaac Ferreira (fl. 447) segundo o qual o impugnante o teria procurado em meados de maio de 2001 com a finalidade de mostrar a granja vizinha à do declarante, época em que o impugnante efetuou o negócio. 28. Também restou acostado aos autos a declaração de fl. 448, assinada pelo Sr. Severino Pedro Soares, que, dizendose ser marceneiro, teria prestado serviços de carpintaria para o impugnante na Granja Mennphis no período de outubro a dezembro de 2001. 29. Em relação à validade das declarações é conveniente observar o que a Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil em vigor), verbis: "Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiras em relação aos signatários. Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de proválas." (Grifouse) 30. Nesse sentido, Washington de Barros Monteiro, em seu livro Curso de Direito Civil, 12 volume, Parte Geral, 34a Edição, pp. 257258, ao abordar o assunto, assim se manifesta: "Afirmao o art. 131 do Código Civil [art.219 do Código Civil em vigor], nosseguintes termos: as declarações Fl. 517DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 518 16 constantes de documentos assinados presumemse verdadeiras em relação aos signatários. Esse princípio, legado pelo direito romano e que encerra incontestável verdade, vale não só para a escritura pública, como também para o instrumento particular. Salientese, entretanto, que a presunção de veracidade só prevalece contra os próprios signatários, não contra terceiros, estranhos ao ato. Adverte, contudo, o parágrafo único do art. 131: 'Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais, ou com a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de proválas". 31. Observase, portanto, que caberia ao impugnante trazer outros elementos de prova que pudessem complementar as declarações apresentadas, haja vista que as mesmas têm eficácia apenas entre as partes interessadas. 32. Por seu turno, consignou a autoridade fiscal no Relatório de Encerramento de Ação Fiscal (fl. 1627) os motivos pelos quais convenceuse de que o marco de início da execução da obra/reforma foi o mês de janeiro de 2002 e que o período considerado da execução da obra estendeuse até o fim do ano de 2003, perfazendo 24 meses de atividades de construção: (i) informação do fiscalizado e documentação apresentada atestando que a aquisição da área ocorrera em outubro de 2001; (ii) a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), fl. 61, com a aprovação do projeto da construção da subestação elétrica ter ocorrido em 21 de janeiro de 2002; (iii) o caseiro da granja sob referência ter apontado o início da obra no ano de 2002 e término no ano de 2003, não sabendo especificar os meses; (iv) reportagem do Jornal do Comércio (fl. 332), datada de 22 maio de 2004, mostrando foto do imóvel com todas as obras/benfeitorias, as quais foram constatadas em diligência efetuada em maio de 2007. 33. Ora, as provas juntadas pela autoridade autuante são bastante convincentes de que a obra não iniciara em maio de 2001, conforme alega o impugnante, mas no início do ano de 2002. Isto porque a Certidão de Escritura Pública e Cessão de Transferência de Direitos de Posse e Indenização de Benfeitorias certifica que a sua respectiva Escritura Pública foi lavrada no dia 05 de outubro de 2001. A espontânea declaração do caseiro Cícero Evaristo da Conceição, consubstanciada no Termo de Verificação Fiscal de fls. 308309, assinada inclusive pelo representante do fiscalizado (Sr. Carlos Alberto Pinto Carvalho), de que o início das obras ocorrera no início do ano de 2002, época que inclusive coincide com a aprovação do projeto da construção da subestação elétrica, prevista na ART de fl. 61. 34. Além desses fatos, segundo depoimento do caseiro Cícero Evaristo da Conceição, a obra/reforma se estendeu pelo ano de 2003, embora não soubesse precisar o mês, lançam fortes elementos probatórios que se confirmam com a reportagem citada, inclusive sendo possível verificar na foto aérea tirada do referido imóvel. 35. É oportuno asseverar que no processo administrativo, assim como no processo civil, são aceitos todos os meios de prova em Direito admitidas, inclusive a presunção simples, desde que, no caso desta última, a presunção seja corroborada por vários indícios convergentes. Neste sentido, ensina o mestre Moacyr Amaral Fl. 518DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 519 17 Santos, na sua obra "Primeiras Linhas de Direito Processual Civil", Editora Saraiva, São Paulo, 1999, 22 volume, 20a edição, pp.500/501: "Presunções simples — também ditas comuns, de homem, ou "hominis" — são as conseqüências que o juiz, como homem, e como qualquer homem criterioso, atendendo ao que ordinariamente acontece (quod plerum que accidit), extrai dos fatos da causa, ou suas circunstâncias, e nas quais assenta sua convicção quanto ao fato probando. Formamse na consciência do juiz. É este que, conhecido o indício, desenvolve o raciocínio e estabelece a presunção." 36. Neste mesmo sentido, afirma Leonardo Sperb de Paola, em "Presunções e Ficções em Direito Tributário", Dei Rey Editora, p.267 : "O uso de presunções simples pelo agente administrativo independe de expressa autorização legal. Isso não significa que sua atividade vinculada transformese em discricionária, pois continua preso à pesquisa, mesmo que indireta, dos fatos previstos no tipo tributário." 37. Diante da teoria das presunções simples, os diversos elementos fáticos explicitados anteriormente constituem robusto conjunto de indícios, os quais levam o homem criterioso à conclusão de a obra/reforma não teve seu início em maio de 2001, mas no início do ano de 2002 (janeiro), cuja execução é razoável admitir ter se estendido pelo ano de 2003. 38. Acatado, assim, que as parcelas mensais dos custos da obra/reforma do imóvel levantados pela autoridade fiscal estão compreendidos nos anoscalendários de 2002 a 2003, convém verificar a existência da decadência tributária, tal como alegado pelo impugnante em sua peça de defesa. 39. Sobre o assunto, é pertinente transcrever trecho do Parecer PGFN/CAT N2 1617/2008, aprovado em caráter vinculante no despacho do Ministro de Estado da Fazenda em 18/08/2008: “49. [...] d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inc. I do C7'N, pouco importando se houve ou não declaração, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplicase a regra do § 4 do art. 150 do CTN.” 40. Destarte, na presente análise é primordial verificar a existência ou não de pagamento a fim de ser fixada qual das duas regras será utilizada para a determinação do termo inicial para a contagem do prazo decadencial se a do art. 173 (inc. I) ou art. 150 (§ 42) ambos do Código Tributário Nacional. 41. Da verificação da Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda (DIRPF 2003) do autuado, fls. 35, constatase retenção do imposto de renda na fonte de R$ 2.392,84. Fl. 519DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 520 18 42. Convém trazer ao presente julgado trechos do entendimento fixado pela CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit) desta Secretaria da Receita Federal do Brasil, exarado na Solução de Consulta Interna n2 26, de 12 de novembro de 2005: "8. No que tange aos casos em que há retenção na fonte, é fato que ao invés de o sujeito passivo receber os rendimentos em determinado mês e submetêlos à tabela progressiva, para fins de apuração do tributo, tal procedimento é feito por um terceiro (fonte pagadora), que, por disposição expressa de lei, deve efetuar a retenção e posteriormente recolher o imposto de renda. Entretanto, também aqui não há como negar que houve antecipacão do pagamento do imposto. 8.1 A diferença reside no fato que as informações relativas à retenção são prestadas mediante entrega de declaração específica (DIRF), que relaciona os beneficiários e discrimina, individualizadamente, os valores relativos aos rendimentos e respedivo imposto retido. 9.Logo, também na hipótese de retencão do imposto de renda, resta caracterizada a hipótese de antecipação do pagamento do imposto, o que enseja que a contagem do prazo decadencial, para fins de lançamento, também se inicia na data de ocorrência do fato gerador: 31 de dezembro. ...... 12. Por todo o exposto, concluise que o dies a quo da contagem do prazo decadencial para a Fazenda proceder ao lançamento relativamente ao imposto de renda das pessoas fisicas, em se tratando de rendimentos sujeitos ao ajuste anual recebidos no anocalendário, e tendo havido antecipação do pagamento do imposto pelo recolhimento a título de "carnêleão" ou "mensalão", ou mediante retenção do imposto pela fonte pagadora, tem início na data de ocorrência do fato gerador, ou seja, em 31 de dezembro do respectivo anocalendário." (Grifouse). 43. À vista da citada interpretação, a retenção efetuada pela fonte pagadora é considerada antecipação de pagamento do imposto de renda, o que traz como consequência a utilização da regra da contagem do prazo decadencial prevista no § 42 do art. 150 do CTN: "Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) Fl. 520DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 521 19 § 4 Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. "(Grifouse). 44. O fato gerador do imposto de renda considerase ocorrido em 31 de dezembro do respectivo anocalendário. No caso em exame o fato gerador ocorreu em 31/12/2002, o prazo para que a Fazenda Pública constitua o crédito tributário iniciarase em 2003, havendo expirado este direito após o decurso de 5 anos, ou seja, a Fazenda poderia efetuar o lançamento até o final de 2007. Como a exigência do lançamento ocorreu em 18/08/2007, não há como acatar a tese de decadência apresentada pelo impugnante. Do pedido de perícia 45. O impugnante alega ainda incorreção quanto ao valor arbitrado (R$ 328.725,61), pois contratou um orçamento de empresa especializada (Construtora Assis Lopes Ltda), a qual por intermédio de um engenheiro fixou em R$ 284.086,25 o custo de realização das obras descritas no Auto de Infração, o qual, utilizando o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), este orçamento, elaborado em agosto de 2007, atinge a cifra de R$ 161.583,31 em maio de 2001. Pela disparidade apontada, depreca pela realização de perícia técnica, indica os pontos a serem esclarecidos, indicando assistente técnico. 46. Os artigos 18 e 29 do Decreto nº 70.235, de 1972, deixam claro que a determinação de realização de diligências e perícias deve ser feita pela autoridade julgadora quando entendêlas necessárias, indeferindo aquelas que considerar prescindíveis. Ora, no presente caso tornase desnecessária a realização de perícia técnica para discriminar minuciosa e completamente as obras e serviços realizados no imóvel de propriedade do impugnante, levantando custos unitários de materiais e mãodeobra necessários à execução das obras e serviços à época da realização dos mesmos, posto que, conforme se discorreu anteriormente neste voto (nos itens 16 18), é legítima e razoável a utilização do índice CUB fornecido pelo SINDUSCON/PE, haja vista que o próprio índice, sendo largamente utilizado na execução e análise de orçamentos, já contempla a média dos custos básicos incorridos em todas as fases da construção/reforma.” Em complemento às razões acima, ressalto que, conforme exposto pela autoridade fiscal, o contribuinte afirmou que os documentos que comprovariam os custos com a obra teriam sido extraviados em decorrência de furto ocorrido em sua residência em 2004. Contudo, se o valor do imóvel foi majorado gradativamente em sua declaração até o ano calendário 2005, deveriam existir recibos/notas fiscais de datas posteriores ao noticiado furto. Porém, nada foi apresentado. Assim, pela ausência de comprovantes de gastos ocorridos após o mencionado furto, constatase que não houve dispêndios com a obra a partir de 2004. Caso contrário, não haveria razão para o contribuinte não mais possuir tais documentos. O procedimento adotado pelo contribuinte, de diluir o custo da construção ao longo dos anos, até 2005, fazendo com que o valor gasto em cada ano fosse abaixo do que efetivamente ocorreu, foi uma forma de mascarar a ocorrência do acréscimo patrimonial a descoberto. Fl. 521DF CARF MF Processo nº 19647.008347/200716 Acórdão n.º 2201005.080 S2C2T1 Fl. 522 20 Esta constatação confirma o correto procedimento adotado pela fiscalização para ratear os custos até o ano 2003, e não para estender o rateio até o ano de 2005, conforme informou o contribuinte em sua declaração, o que revelou o APD sobre o qual foi lavrado o auto de infração objeto do presente processo. CONCLUSÃO Em razão do exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, conforme razões acima apresentadas. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 522DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.000648/2004-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. COMPROVAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 26.
O artigo 42, da Lei nº 9.430/96, estabeleceu a hipótese da caracterização de omissão de receita com base em movimentação financeira não comprovada. A presunção legal trazida ao mundo jurídico pelo dispositivo em comento torna legítima a exigência das informações bancárias e transfere o ônus da prova ao sujeito passivo, cabendo a este prestar os devidos esclarecimentos quanto aos valores movimentados. A presunção estabelecida no art. 42 da lei nº 9.430/96 dispensa o fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada, nos termos da SÚMULA CARF Nº 26. Argumentações com ausência de prova enseja o indeferimento da pretensão, haja vista a impossibilidade de se apurar a veracidade das alegações. É mister destacar que alegações genéricas e desacompanhadas de provas não têm o condão de afastar os lançamentos, pois compete ao sujeito passivo o ônus da prova no tocante a fatos impeditivos, modificativos e extintivos da pretensão do fisco, como regra geral disposta no art. 373, II, do Código de Processo Civil.
Numero da decisão: 2401-006.208
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier (Presidente), Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite, Rayd Santana Ferreira e Marialva de Castro Calabrich Schlucking.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. COMPROVAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 26. O artigo 42, da Lei nº 9.430/96, estabeleceu a hipótese da caracterização de omissão de receita com base em movimentação financeira não comprovada. A presunção legal trazida ao mundo jurídico pelo dispositivo em comento torna legítima a exigência das informações bancárias e transfere o ônus da prova ao sujeito passivo, cabendo a este prestar os devidos esclarecimentos quanto aos valores movimentados. A presunção estabelecida no art. 42 da lei nº 9.430/96 dispensa o fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada, nos termos da SÚMULA CARF Nº 26. Argumentações com ausência de prova enseja o indeferimento da pretensão, haja vista a impossibilidade de se apurar a veracidade das alegações. É mister destacar que alegações genéricas e desacompanhadas de provas não têm o condão de afastar os lançamentos, pois compete ao sujeito passivo o ônus da prova no tocante a fatos impeditivos, modificativos e extintivos da pretensão do fisco, como regra geral disposta no art. 373, II, do Código de Processo Civil. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 00 06 48 /2 00 4- 49 Fl. 844DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier – Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier (Presidente), Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite, Rayd Santana Ferreira e Marialva de Castro Calabrich Schlucking. Relatório Tratase de auto de infração de fls. 792/802, lavrado para a exigência de Imposto de Renda Pessoa Física (“IRPF”), acrescido de juros de mora e multa proporcional de 75%, referente a períodos dos anoscalendários de 2000, 2001 e 2002, com fundamento em omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Devidamente cientificado do lançamento o Contribuinte apresentou impugnação tempestiva em 05/08/2004 (fls. 807/810), alegando, em síntese que os depósitos bancários não representaram acréscimo a seu patrimônio, pois os recursos são do Instituto Paulista de Ensino Superior Unificado (IPESU), o qual, diante de restrições financeiras, utilizou a conta bancária do Requerente para fins de pagamento de despesas com fornecedores, salários, energia elétrica, telefone e etc. Assim, o Requerente defendeu que a íntegra dos recursos era do IPESU e que foram utilizados em prol deste Instituto, não caracterizando a hipótese de incidência do imposto de renda. Em complemento, informou que pedira às instituições financeiras extratos bancários e pugnou pela juntada posterior aos autos. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo II (SP) lavrou o Acórdão nº 1733.454 da 5ª Turma da DRJ/SPOII, às fls. 814/819, julgando procedente o lançamento, haja vista que o Contribuinte, regularmente intimado, não teria comprovado a origem dos recursos utilizados nas operações financeiras, mediante documentação hábil e idônea. Além disso, mesmo após 4 (quatro) anos após o protocolo da impugnação, não teria colacionado aos autos qualquer documento probatório. Recordese: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2000, 2001,2002 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OM1SSÃO DE RENDIMENTOS A Lei n° 9.430/1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a Fl. 845DF CARF MF Processo nº 13851.000648/200449 Acórdão n.º 2401006.208 S2C4T1 Fl. 3 3 origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. APRESENTAÇÃO DAS PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL A faculdade, prevista nas letras “a”,”b” e “c”, do § 4° do art.l6, do Decreto n° 70.235/72, de o contribuinte apresentar as provas documentais em outro momento processual além da impugnação ao lançamento, não impede que o processo administrativofiscal seja de pronto julgado Lançamento Procedente Inconformado com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, o Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 09/09/2009 (às fls. 835/845), argumentando o que segue: a) os depósitos bancários, por si só, não são suficientes para comprovar a existência de renda ou rendimentos, aptos a caracterizar a sua omissão. É preciso que o Fisco comprove a efetiva existência de renda consumida. É o relatório. Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 06/08/2009 (quintafeira), conforme AR de fl. 829, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 08/09/2009 (terçafeira) às fls. 835/845, tendo em vista que no dia 07/09/2009 (segundafeira) foi feriado nacional, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. MÉRITO Em seu Recurso Voluntário, o Recorrente se limitou a alegar às fls. 835/845 que os depósitos bancários, por si só, não seriam suficientes para comprovar a existência de renda ou rendimentos, aptos a caracterizar sua omissão. Para ele, seria preciso a comprovação, pelo Fisco, da efetiva existência de renda consumida, sob pena de conflitar com o art. 43 do CTN. Fl. 846DF CARF MF 4 No entanto, não merece prosperar o entendimento do Recorrente. A tributação da omissão de rendimentos provenientes de depósitos bancários de origem não comprovada tem como supedâneo o art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Com efeito, tratase de uma presunção legal de omissão de rendimentos que ocorrerá sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Presunção esta relativa, que pode ser infirmada por prova em contrário apresentada pelo contribuinte, o qual possui a incumbência de elidir a imputação, mediante a comprovação da origem dos recursos, já que a própria lei define os depósitos bancários de origem não comprovada como omissão de receita ou de rendimentos. Outra questão relevante sobre o tema é que a comprovação da origem dos recursos deve ser individualizada, ou seja, há que existir correspondência de datas e valores constantes da movimentação bancária, a fim de que se tenha certeza inequívoca da procedência dos créditos movimentados, consoante o §3º do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Assim, não é preciso a coincidência absoluta entre os dados, mas os valores auferidos devem corresponder aos depósitos efetuados nas contas, para fins de provas robustas da origem do recurso. Inclusive, este E. Conselho já sumulou o assunto no sentido de que o Fisco não precisa comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada, prevalecendo a presunção legal do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Súmula CARF nº 26 A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Ademais, tendo em vista a presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, cabe ao contribuinte demonstrar, por meio de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos questionados – o que não ocorreu no caso em apreço. Conforme fl. 799/800 (Anexo I da autuação), a Fiscalização considerou comprovadas as origens referentes aos recursos oriundos do IPESU, pois foram lançados como prólabore e declarados na DIRPF, e os empréstimos foram provados por meio de cópias do livro razão. Com efeito, manteve como origem não comprovada o valor de R$ 802.023,79. No entanto, da análise da documentação apresentada, temse que não é possível correlacionala com os depósitos cujas origens estão sendo combatidas no presente caso e tampouco o Recorrente ousou fazêlo em sua defesa, articulando os referidos valores com suas respectivas origens e saídas. Em verdade, se pautou em combater a invalidade da imputação da presunção legal de omissão de rendimentos, mas não fez provas do contrário. Fl. 847DF CARF MF Processo nº 13851.000648/200449 Acórdão n.º 2401006.208 S2C4T1 Fl. 4 5 Ora, certo é que as alegações apresentadas pela Recorrente devem vir acompanhadas das provas documentais correspondentes, especialmente para combater uma presunção legal (relativa) como a do presente feito, não sendo suficiente juntar documentos aleatórios, sem a devida correlação com os fatos geradores tributários. Argumentações com ausência de prova enseja o indeferimento da pretensão, haja vista a impossibilidade de se apurar a veracidade das alegações. É mister destacar que alegações genéricas e desacompanhadas de provas não têm o condão de afastar os lançamentos, pois compete ao sujeito passivo o ônus da prova no tocante a fatos impeditivos, modificativos e extintivos da pretensão do fisco, como regra geral disposta no art. 373, II, do Código de Processo Civil. Portanto, resta demonstrada a ocorrência do fato gerador in casu, qual seja, a aquisição de disponibilidade de renda pela Recorrente representada pelos recursos que ingressaram em seu patrimônio, por meio de depósitos ou créditos bancários cuja origem não foi esclarecida, consoante o art. 42 da Lei n° 9.430/1996. 3. CONCLUSÃO Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário, para no mérito NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 848DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12585.720303/2011-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008
RECEITA DE EXPORTAÇÃO. RATEIO PROPORCIONAL DOS CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE
Para fins de cálculo do rateio proporcional dos créditos, deve-se parâmetro para o reconhecimento da efetiva realização da exportação a data em que houve o embarque para o exterior, conforme averbação no SISCOMEX.
PIS/COFINS NÃO CUMULATIVO. INSUMO. ALCANCE.
O alcance do termo insumo, no art. 3º, I, b, das Lei 10.833/2003, deve observar os ditames insculpidos no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, com efeito de recurso repetitivo, devendo-se observar, entre outros elementos, as premissas trazidas pelo Parecer Normativo COSIT 5/2018. Gastos com estadia e translado de empregados, passagens aéreas e hospedagens, cessão de mão de obra de motorista de passageiros, locação de veículos, sem conexão direta com a atividade da empresa não se adequam ao conceito consagrado pela jurisprudência administrativa e judicial, não gerando direito ao crédito.
CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE.
Consoante art. 3º, § 4º da Lei nº 10.833/03, o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sê-lo nos meses subseqüentes, não havendo norma que imponha limites temporais que não o prazo de cinco anos para sua escrituração como crédito.
Numero da decisão: 3401-005.956
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer a possibilidade de apropriação dos chamados créditos extemporâneos.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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RATEIO PROPORCIONAL DOS CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE Para fins de cálculo do rateio proporcional dos créditos, devese parâmetro para o reconhecimento da efetiva realização da exportação a data em que houve o embarque para o exterior, conforme averbação no SISCOMEX. PIS/COFINS NÃO CUMULATIVO. INSUMO. ALCANCE. O alcance do termo “insumo”, no art. 3º, I, “b”, das Lei 10.833/2003, deve observar os ditames insculpidos no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, com efeito de recurso repetitivo, devendose observar, entre outros elementos, as premissas trazidas pelo Parecer Normativo COSIT 5/2018. Gastos com estadia e translado de empregados, passagens aéreas e hospedagens, cessão de mão de obra de motorista de passageiros, locação de veículos, sem conexão direta com a atividade da empresa não se adequam ao conceito consagrado pela jurisprudência administrativa e judicial, não gerando direito ao crédito. CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Consoante art. 3º, § 4º da Lei nº 10.833/03, o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes, não havendo norma que imponha limites temporais que não o prazo de cinco anos para sua escrituração como crédito. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 58 5. 72 03 03 /2 01 1- 69 Fl. 5209DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer a possibilidade de apropriação dos chamados créditos extemporâneos. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Trata de Recurso Voluntário contra decisão da DRJ, que considerou improcedente a Manifestação de Inconformidade contra despacho decisório, nos seguintes termos: (..) JULGAMENTO EM CONJUNTO. AUTO DE INFRAÇÃO E PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. Não configura cerceamento do direito de defesa o fato de o julgamento administrativo, relativo a determinado auto de infração, ter sido efetuado em data anterior a que ocorre a análise de manifestação de inconformidade de compensação não homologada, envolvendo o mesmo fato gerador e tributo. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, deve ser indeferido, por prescindível, o pedido de diligência. ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. DESCABIMENTO. É descabida a discussão sobre a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício em processo administrativo de manifestação de inconformidade que não homologou a compensação, quando os débitos relacionados no PERDCOMP não foram objeto de lançamento de ofício. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Restando comprovado que a empresa tomou conhecimento pormenorizado da fundamentação fática e legal do despacho decisório e que lhe foi oferecido prazo Fl. 5210DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 4 3 para defesa, inclusive com acolhimento de petição e documentos apresentados após seis meses da petição original, resta superada a discussão sobre nulidade por cerceamento do direito de defesa. (...) REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO PROPORCIONAL. Na determinação dos créditos da nãocumulatividade passíveis de utilização na modalidade compensação, há de se fazer o rateio proporcional entre as receitas obtidas com operações de exportação e de mercado interno. REGIME NÃOCUMULATIVO. EXPORTAÇÃO. FATO GERADOR. ASPECTO TEMPORAL. A receita de exportação deve ser reconhecida na data do embarque dos produtos vendidos para o exterior. REGIME NÃO CUMULATIVO. APURAÇÃO DOS CRÉDITOS. MOMENTO. No regime da nãocumulatividade, os créditos a descontar/ressarcir/compensar devem ser apurados em relação às aquisições de insumos/bens para revenda, ou serviços, ocorridos no próprio mês de apuração. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO. PRAZO QÜINQÜENAL. O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes, observado o prazo de prescrição de cinco anos contados do primeiro dia do mês seguinte ao de sua apuração. REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. Entendese por insumos utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado e sejam utilizadas na fabricação ou produção de bens destinados à venda e os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na sua produção ou fabricação. ASSUNTO: (...) COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ. Não há como considerar líquido e certo o direito creditório relativo a período de apuração abrangido por auditoria fiscal, que redundou na formalização de exigência do período em que o suposto crédito teria sido apurado. (...) Do Recurso Voluntário Fl. 5211DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 5 4 Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso, reprisando as razões apresentadas na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401005.953, de 27 de março de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 12585.720271/201100. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401005.953): "Da Preliminar de Nulidade por Cerceamento de Defesa Não assiste razão à Recorrente concernente a sua afirmativa de que teria havido cerceamento de defesa quando do despacho decisório, em vista de esse não ter fundamentação clara. Ora, não encontra abrigo essa assertiva, uma vez que, pela análise dos autos, não houve falta de clareza ou justificação por parte da fiscalização; se a motivação vier a ser insuficiente para o não reconhecimento do crédito, não é caso para admitir a nulidade, mas sim de provimento quando da análise mérito do recurso – o que será analisado a posteriori. Por fim, ressalto que os vícios que podem ensejar a nulidade do lançamento são aqueles previstos no artigo 59, do Decreto 70.235/1972. Não identifico no presente processo, quaisquer das hipóteses ali encontradas, razão pela qual afasto a preliminar suscitada pela Recorrente. Do Mérito Em síntese, o cerne do presente recurso possui três grandes pontos que devem ser analisados por esse colegiado: Qual deve ser o critério utilizado para o reconhecimento de receitas de exportação para fins de cálculo do rateio proporcional dos créditos nãocumulativos de COFINS passíveis de ressarcimento? É possível a apropriação de créditos decorrentes da não cumulatividade em período de competência distinto daquele em que houve a aquisição do bem ou do serviço? Fl. 5212DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 6 5 No caso concreto, qual deve ser o critério adotado para “insumo”, para apropriação de créditos de COFINS não cumulativo, e os bens e serviços que geraram os créditos glosados por ocasião do despacho decisório se adequam àquele conceito? Vejamos. SOBRE O MOMENTO PARA O RECONHECIMENTO DE RECEITAS DE EXPORTAÇÃO A previsão para a utilização do saldo credor de COFINS não cumulativa proveniente de operações de exportação e respectivo cálculo via rateio proporcional decorre está na própria Lei Federal 10.833/2003, nos artigos 3º e 6º: Art. 3º (...) § 8º Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I Apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II Rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 9o O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito, na forma do § 8o, será aplicado consistentemente por todo o anocalendário e, igualmente, adotado na apuração do crédito relativo à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal. (...) Art. 6º § 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3º, para fins de: I Dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; Fl. 5213DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 7 6 II Compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. §2º A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no §1º poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. §3º O disposto nos §§ 1º e 2º aplicase somente aos créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º. Ora, a legislação ordinária previu expressamente a possibilidade de se fazer a apropriação de créditos de exportação via rateio proporcional, porém, não previu qual seria o critério temporal para se definir qual o momento que a receita bruta, seja de mercado interno, seja a de exportação, seria tida como gerada. No âmbito da Receita Federal do Brasil, a Instrução Normativa 404/2004, que regulamentou a matéria – a despeito de ter sido legitimada pela legislação ordinária a fazêlo – tampouco o fez, limitandose a reprisar os ditames exarados na norma federal. Caberia então verificar se haveria outra norma complementar que pudesse ser aplicada na estipulação do momento em que a receita de exportação seria apurada. Nesse contexto, a decisão ora recorrida caminhou bem ao entender que a Portaria MF 356/1988 seria aplicável ao caso, já que ela definira, há muito tempo, que A receita bruta de vendas nas exportações de produtos manufaturados nacionais será determinada pela conversão, em cruzados, de seu valor expresso em moeda estrangeira à taxa de câmbio fixada no boletim de abertura pelo Banco Central do Brasil, para compra, em vigor na data de embarque dos produtos para o exterior. I.1 Entendese como data de embarque dos produtos para o exterior aquela averbada pela autoridade competente, na Guia de Exportação ou documento de efeito equivalente. Não só isso, partindose da discussão sobre quando se aperfeiçoa a operação de venda ao exterior, é importante ressaltar que, nos próprios argumentos na decisão recorrida, ela não se adstringe à mera verificação da data da emissão das respectivas notas fiscais, mas sim quando houve a tradição do bem ao respectivo cliente no exterior: Fl. 5214DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 8 7 A adoção do regime de competência revela que, sob o aspecto contábil, o momento do reconhecimento da receita, no caso de venda de mercadorias para o mercado externo, a exemplo de vendas no mercado interno, ocorre no momento da tradição. Com efeito, o que determina a obtenção de uma receita não é a emissão da NF ou da fatura como o termo faturamento poderia levar a supor, mas sim a realização dos atos pelos quais foi fixada a contraprestação. Sob essa questão, extraise do Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações Fipecafi (Sérgio de Iudícibus e outros. São Paulo: Atlas, 2003, p. 333): (...) o momento do reconhecimento da receita de vendas deve ser, normalmente, o do fornecimento de tais bens ao comprador. Nas empresas industriais e nas empresas comerciais, a contabilização das vendas pode ser feita pelas notas fiscais de vendas, já que a entrega dos produtos é praticamente simultânea à da emissão das notas fiscais. Ocorre, comumente, todavia, uma pequena defasagem entre a data da emissão da nota fiscal e a da entrega dos produtos, quando a condição da venda é a entrega no estabelecimento comprador. Teoricamente, deveriam ser registradas como receita somente após a entrega dos produtos. (não grifado no original) Com a entrega dos bens (ou a prestação dos serviços), e não com a mera contratação ou emissão da nota fiscal, o vendedor teria realizado o esforço necessário para fazer jus ao preço. Ocorre que o local de entrega dos bens pode ser livremente pactuado pelas partes, e essa definição vai interferir no momento em que se considera auferida a receita. Sendo certa a adoção da premissa acima, caberia, no caso concreto, entender quando houve, de fato, a entrega dos bens objeto de exportação ao comprador no exterior. Diante desse cenário, talvez fosse relevante a condição de compra e venda para cada uma das notas fiscais através dos denominados INCOTERMS , porém, em se tratando de exportação, basta trazer à baila o fato de que, em qualquer hipótese de condição de venda, o responsável por proceder ao despacho de exportação é o exportador, qual seja, o Recorrente, não sendo possível, em qualquer hipótese, conceber a tradição de bem antes da averbação do embarque para o exterior. Assim, sem entrar nos meandros de cada negociação comercial, pareceme razoável adotar como parâmetro para o reconhecimento da efetiva realização da exportação a data em que houve o embarque para o exterior, conforme averbação no SISCOMEX. Nessa linha, entendo a administração fazendária acertou ao se utilizar dessa premissa, devendo ser mantida a decisão de primeiro grau. Fl. 5215DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 9 8 SOBRE OS CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS O entendimento fazendário, que restou confirmado na decisão recorrida, direcionase no sentido de que os bens e serviços somente poderiam ter seus créditos imputados ao período de competência em que foram adquiridos. Contudo, não comungo do mesmo posicionamento. Primeiramente, vejamos o que diz o citado artigo 3º, em seu caput e no parágrafo quarto: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 4º O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subsequentes. Vejam que, em interpretação literal e sistemática, o parágrafo quarto estabeleceu o direito de o contribuinte apropriar crédito que eventualmente não tenha sido utilizado para desconto da base de cálculo em um determinado mês em períodos de apuração subsequentes. Caso o legislador fizesse menção ao excesso de créditos, ou mesmo a expressão “saldo credor” – como o faz em diversos outros normativos relativos às contribuições sociais – ele teria o feito. Desse modo, não caberia restrição ao Poder Executivo restringir esse direito quando estabeleceu normas relativas à gestão da fiscalização e arrecadação desses tributos, como faz crer a decisão ora recorrida. É claro que o direito original aos créditos das contribuições parte do pressuposto de que eles devam ser registrados simultaneamente à escrituração dos documentos que embasam a aquisição de bens e serviços, ou ainda que venha a ser apropriado nos períodos em que determinados custos e despesas forem considerados incorridos. Todavia, o parágrafo quarto acima mencionado possibilitou ao contribuinte vir a registrar extemporaneamente os créditos de PIS e COFINS registrados na sistemática não cumulativa das referidas contribuições, vindo a aproveitálos para desconto das contribuições sociais em períodos de apuração distintos (futuros) dos quais se originaram. Esse entendimento vem sendo unânime nessa turma, que aduziu dessa mesma maneira, no Acórdão 3401004.022, proferido em outubro/2017, de relatoria do Conselheiro Robson Bayerl. Vejamos: Fl. 5216DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 10 9 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2010 a 31/01/2010, 01/04/2011 a 30/06/2011, 01/08/2011 a 31/08/2011, 01/11/2011 a 30/11/2011 PIS/PASEP NÃO CUMULATIVO. INSUMO. ALCANCE. O alcance do termo “insumo”, insculpido no art. 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, não pode ser equiparado restritivamente aos conceitos de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem, próprios da legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, tal como detalhado no PN CST 65/79, tampouco extenso como os conceitos de custo de produção e despesas operacionais da legislação do IRPJ, arts. 290 e 299 do RIR/99 (Decreto nº 3.000/99), consistindo em bens e serviços, inerentes e necessários à atividade da empresa, adquiridos e empregados diretamente na área de produção, desde que sofram a incidência das contribuições não cumulativas na etapa anterior da cadeia produtiva. CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Consoante art. 3º, § 4º da Lei nº 10.833/03, o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes, não havendo norma que imponha a retificação das DACONs para que seja alocado no período de apuração a que se refira o dispêndio. ALUGUÉIS. DIREITO DE CRÉDITO. DELIMITAÇÃO. O direito de crédito relativo aos aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos utilizados na empresa, previsto no art. 3º, IV das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, compreende apenas a retribuição pelo uso e gozo da coisa não fungível, nos contratos de locação, como regulado pelo art. 565 e ss. do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), não englobando as despesas condominiais e demais taxas sob responsabilidade dos locatários, bem assim, as contraprestações financeiras, a cargo dos parceiros públicos, nos contratos administrativos de concessão das parcerias públicoprivadas. BENEFÍCIO FISCAL ESTADUAL. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. INCIDÊNCIA. SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Afastada a hipótese de caracterização do crédito presumido concedido pelo Estado do Bahia, através do Decreto nº 6.734/97, como subvenção para investimento, inaplicável as disposições do art. 21 da Lei nº 11.941/2009, então vigente, enquadrandose o benefício fiscal em comento no conceito amplo de receita veiculado no art. 1º das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, submetendose à incidência das contribuições de que tratam. Recurso voluntário provido em parte. Fl. 5217DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 11 10 Em seu voto, o Ilustre Conselheiro destaca: Esta interpretação atribuída aos dispositivos é plausível, porém, não é a única aceitável, pois, tanto as Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, como as INs RFB 247/02 e 404/04 que as normatizam, não distinguem o crédito, como espécie, do saldo credor, preferindo a adoção do termo “crédito” indistintamente para uma e outra finalidade, razão porque a interpretação do contribuinte é também acertada, mormente pela sua dicção literal, consoante a qual “o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes”. Ora, os créditos da não cumulatividade podem ser pleiteados a qualquer tempo, enquanto não decaído o direito ao seu exercício, não havendo norma clara que imponha a retificação das DACONs para inclusão de créditos nos períodos de apuração a que se refiram, de maneira que não haveria obstáculo ao aproveitamento a destempo sem observância estrita do regime de competência, como exigiram a DRF/DRJ, eis que se trataria de situação esporádica, valendo a analogia com o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, onde os créditos alegados extemporaneamente não impõem a reescrituração do livro, bastando sua indicação em campo próprio. Assim, o aproveitamento de créditos fora dos períodos de apuração a que se referem é possível, como defendido pelo contribuinte, cumprindo à fiscalização a verificação se, de fato, este crédito não foi aproveitado anteriormente e observada a delimitação do conceito de insumo formulada no presente acórdão. Entendo não ser possível criar uma vedação, por meio de interpretação, onde a lei, ou mesmo os atos administrativos correlatos, não expressamente o fizeram. Desse modo, deve ser acolhida a pretensão do contribuinte. Diante do exposto, reformo a decisão recorrida para considerar possível a apropriação extemporânea de créditos das contribuições sociais, observados os demais requisitos legais para seu creditamento. SOBRE O CONCEITO DE INSUMOS. SUA APLICAÇÃO NO CASO CONCRETO Seguindo a crescente orientação da Receita Federal sobre o tema, o despacho decisório veio a glosar créditos referentes a: serviço com pagamento de estadia e translado, passagens aéreas Fl. 5218DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 12 11 e hospedagens, sessão de mão de obra de motorista, locação de veículos, e despesas de transporte de funcionários. Quantos à glosa de créditos sobre esses itens, creio não merecer reforma a decisão recorrida. Conforme vem sendo exaustivamente discutido pela doutrina e jurisprudência judicial, o conceito de insumo para fins de apropriação de créditos de COFINS nãocumulativa deve ser alargado, porém não a ponto de se confundir com o conceito de despesa dedutível, como chegouse a cogitar. De fato, a Anteriormente, a nãocumulatividade tributária no Brasil foi inaugurada com o ICMS e o IPI, sob influência da sistemática de tributação sobre o valor agregado, em voga em muitos países europeus a partir da segunda metade do século XIX, e pouco se desenvolveu de doutrina – e jurisprudência – a respeito da definição dos itens que poderiam ser admitidos como crédito; primeiro, porque houve uma taxatividade mais explícita dos itens creditáveis; segundo, até o advento da não cumulatividade do PIS e da COFINS, os debates jurídicos eram monopolizados pelos conflitos de ordem eminentemente formal. Contudo, diferentemente de outros tributos nãocumulativos, como o ICMS e o IPI, a regulamentação constitucional do PIS e da COFINS limitouse a delegar à lei ordinária para que essa estabelecesse quais setores de atividade econômica o regime nãocumulativo seria aplicável, conforme se denota da inclusão do parágrafo doze ao artigo 195, da Constituição Federal: § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. Vejam que, em relação ao ICMS e ao IPI, a Constituição Federal foi um pouco menos econômica, buscando definir limites mínimos para a aplicação do conceito da não cumulatividade tributária: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: IV produtos industrializados; II será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; (...) Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: Fl. 5219DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 13 12 (...) II operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (...) § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; De tal forma, ainda que o princípio da nãocumulatividade guarde um significado próprio – qual seja a de viabilizar a tributação sobre o valor agregado –, é certo que a modalidade nãocumulativa das contribuições sociais deve ser encarada mormente pelos mandamentos previstos nas respectivas leis de sua criação, não cabendo a esse Tribunal ultrapassar os limites objetivos previstos por essa legislação infraconstitucional. Esse é o comentário de Ricardo Mariz de Oliveira, na obra coletiva “Não Cumulatividade Tributária: Todavia, pelo que consta desse artigo, já se pode constatar que se trata de um regime de nãocumulatividade parcial, pois ele não assegura plena dedução de créditos, mas apenas dos valores listados “numerus clausulus” e segundo regras de cálculo prescritas expressamente. (Editora Dialética, 2009. Página 427) Assim, devese ter em vista que a nãocumulatividade não comporta um conceito absoluto e independente da legislação que regra os tributos com essa particularidade. Isso não será diferente com as contribuições sociais. Na miríade de atos normativos que regem a contribuições sociais nãocumulativas, é muito claro que nos detemos no artigo 3º, das Leis Federais de regência, muito embora as modalidades de direito ao crédito estejam espalhadas na legislação ordinária que regulam as contribuições sociais para setores específicos e operações específicas, as quais algumas serão objeto de análise mais adiante. Nesse primeiro momento, vejamos o citado artigo 3º: Fl. 5220DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 14 13 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) Fl. 5221DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 15 14 XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. E fica bem claro que o item de maior questionamento desde o início da vigência do regime nãocumulativo é aquele que se refere a “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda.” Vejam que a expressão “insumo”, na legislação de referência, não foi adicionada de uma definição própria para aplicação, de modo que, nos termos do artigo 11, da Lei Complementar 95/1998, que trata da elaboração e redação das leis, as palavras devem ser utilizadas no texto legal em seu sentido comum, de modo que a interpretação da legislação deve seguir tal comando como premissa. Diante disso, cabe mencionar que, segundo o Dicionário Aurélio1, insumo pode ser definido como o “elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou serviços; máquinas e equipamentos, trabalho humano, etc.; fator de produção”. No que se refere ao conceito de insumo em âmbito jurídico, o eminente tributarista Aliomar Baleeiro2, há muito já definira: (...) é uma algaravia de origem espanhola, inexistente em português, empregada por alguns economistas para traduzir a expressão inglesa 'input', isto é, o conjunto dos fatores produtivos, como matériasprimas, energia, trabalho, amortização do capital, etc., empregados pelo empresário para produzir o 'output' ou o produto final. (...) De fato, do ponto de vista puramente econômico, o conceito acima nos parece apropriado. Para a ciência econômica, tal definição inclui todos os elementos necessários à produção de um bem, mercadoria ou serviço, tais como matériasprimas, bens intermediários, equipamentos, capital, horas de trabalho, etc. Todavia, para fins fiscais, o termo insumo é utilizado de maneira mais restrita, haja vista a pouca disposição existente até hoje para se desenvolver esse conceito no Direito Brasileiro. Nas raras remissões legislativas encontradas, usualmente trata se do ICMS e do IPI, tributos onde há uma forte vinculação física entre o produto final e o bem que irá gerar crédito fiscal, mesmo porque constituem impostos sobre a “produção e 1 Novo Aurélio Século XXI – O Dicionário da Língua Portuguesa, 3ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 2 In Direito Tributário Brasileiro, 9ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1980, pág. 214. Fl. 5222DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 16 15 circulação de bens e serviços”, tal como disposto em nosso Código Tributário Nacional (Capítulo IV da Lei nº 5.172/1966 CTN). No caso do ICMS, o que se observa é uma evolução gradual do conceito de insumo, que acaba ampliando o conceito básico e evidente da tríade matériaprima/produto intermediário/material de embalagem, principalmente no que se refere ao que se chama produto intermediário. Nas raras oportunidades em que a legislação estadual enfrentou o tema, podemos citar um ato normativo que pode ser considerado como pioneiro na definição de insumo: a Decisão Normativa CAT 01/2001, do Estado de São Paulo, que, ao exemplificar mercadorias que poderiam ser consideradas insumos, deu especial destaque àqueles produtos que são utilizados no processo ainda que não componham o produto final: Entre outros, têmse ainda, a título de exemplo, os seguintes insumos que se desintegram totalmente no processo produtivo de uma mercadoria ou são utilizados nesse mesmo processo produtivo para limpeza, identificação, desbaste, solda etc.: lixas; discos de corte; discos de lixa; eletrodos; oxigênio e acetileno; escovas de aço; estopa; materiais para uso em embalagens em geral tais como etiquetas, fitas adesivas, fitas crepe, papéis de embrulho, sacolas, materiais de amarrar ou colar (barbantes, fitas, fitilhos, cordões e congêneres), lacres, isopor utilizado no isolamento e proteção dos produtos no interior das embalagens, e tinta, giz, pincel atômico e lápis para marcação de embalagens; óleos de corte; rebolos; modelos/matrizes de isopor utilizados pela indústria; produtos químicos utilizados no tratamento de água afluente e efluente e no controle de qualidade e de teste de insumos e de produtos. Porém, como podemos verificar, o conceito amplificado de insumo para o ICMS (e também do IPI) é derivado da conclusão de que são os elementos que participam efetivamente do processo produtivo, haja vista que, conforme dito anteriormente, o ICMS demanda uma intrínseca relação entre a entrada da mercadoria utilizada no processo econômico que ensejará a saída do produto final. Ademais, verificase que enquanto o ICMS e o IPI possuem profunda relação com a movimentação física de bens e mercadorias, o que se reflete na maneira como a não cumulatividade se manifesta – como regra, apropriase créditos na entrada de bens e mercadorias que venham a serem movimentados posteriormente com débito do imposto , o PIS e a COFINS possuem relação com um aspecto absolutamente econômico, representado e controlado graficamente pela contabilidade, a geração de receitas tributáveis. Fl. 5223DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 17 16 Nessa linha, a nãocumulatividade das contribuições sociais deve se performar não mais de uma perspectiva “Entrada vs. Saída”, mas de uma perspectiva “Despesa/Custo vs. Receita”, expressivamente mais complexa e mais alheia aos operadores do Direito e aos legisladores, que durante cinquenta anos acostumaram com a “nãocumulatividade física” em detrimento de uma “nãocumulatividade econômica” De certo, é possível entender essa falha conceitual ao se analisar com cuidado o artigo 3º acima mencionado, quando se observa que os incisos e parágrafos insistem na ideia de permitir o crédito, por exemplo, desde a entrada dos bens para estoque (quando menciona “aquisição”) enquanto o conceito intrínseco da nãocumulatividade econômica está sobre a noção de custo e despesa, que não são registrados no momento da aquisição do estoque, mas sim quando da sua realização pela venda, e consequente registro contábil da receita. Desse modo, acredito que o conceito de insumo para a legislação do PIS/PASEP e da COFINS parece ser mais abrangente que o utilizado para créditos do IPI e do ICMS – como faz crer das conclusões da decisão ora recorrida –, de maneira que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços. Nesse caso, entendo que a legislação possibilitou o desconto de créditos das contribuições além dos elementos que compõem os custos diretos e indiretos de produção através alocação por atividade (i.e. “Sistema de Custeio ABC”), e incluiu componentes que, em uma análise puramente contábil, seriam classificados como despesas variáveis, estritamente atreladas com a geração de receitas. Porém, como premissa básica para a apuração de créditos de PIS/PASEP e COFINS, temos que os custos diretos e indiretos constituem base de cálculo de forma inquestionável; já as despesas deverão ser analisadas caso a caso, na medida em que cada uma contribua de forma cabal para a venda do produto ou serviço. Por outro lado, a Instrução Normativa SRF nº 247/2002, com a redação dada pela Instrução Normativa SRF nº 358/2003, ao regulamentar a cobrança do PIS/PASEP e da COFINS, definiu insumo de uma maneira mais restrita, contrariando, em última análise, o espírito das Leis Federais nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, que visavam mitigar o efeito cascata das contribuições e “estimular a eficiência econômica”3: Art. 66. (...) 3 Exposição de Motivos da Lei Federal nº 10.833/2003. Fl. 5224DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 18 17 § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço.(...) Partindo esse entendimento, a Receita Federal amenizou algumas restrições, criando um entendimento, que vigora até hoje em diversas Soluções de Consulta, de que deve haver um vínculo de imprescindibilidade e à essencialidade do respectivo bem ou serviço para que seja possível a apropriação de créditos. Assim, destacou a Solução de Consulta que inaugurou esse raciocínio: “Solução de Consulta nº 400/2008 (8ª Região Fiscal) PIS/PASEP. CRÉDITO. INSUMOS. Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. Dessa forma, somente os gastos efetuados com a aquisição de bens e serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens ou prestação de serviços Fl. 5225DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 19 18 geram direito a créditos a serem descontados da contribuição para o PIS/PASEP devida. Não dão direito a crédito os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País, a título de despesas administrativas, contábeis, de venda, de propaganda, de advocacia, assim como, a aquisição de bens e serviços destinados a essas atividades, efetuados por empresa que se dedica à indústria e comércio de alimentos, por não configurarem pagamento de bens e serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Dispositivos legais: Lei no 10.637, de 2002, art. 3o, inciso II; IN SRF no 247, de 2002, art.66, § 5o. COFINS. CRÉDITO. INSUMOS. Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da Cofins nãocumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. Dessa forma, somente os gastos efetuados com a aquisição de bens e serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens ou prestação de serviços geram direito a créditos a serem descontados da COFINS devida. Não dão direito a crédito os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País, a título de despesas administrativas, contábeis, de venda, de propaganda, de advocacia, assim como, a aquisição de bens e serviços destinados a essas atividades, efetuados por empresa que se dedica à indústria e comércio de alimentos, por não configurarem pagamento de bens e serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Dispositivos legais: Lei no 10.833, de 2003, art. 3o, inciso II; IN SRF no 404, de 2004, art.8o, § 4o.(DOU de 08/12/2008)” Já a Instrução Normativa SRF nº 404/2004 manteve a definição anterior, em seu artigo 8º, §4º, que assim dispôs: Artigo 8º. (...) § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: Fl. 5226DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 20 19 I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (...) Consideradas, pois, as manifestações acima, podemos afirmar que o conceito de insumo para fins de apropriação de créditos de PIS e COFINS deve ser tido de forma mais abrangente, desde que tais itens estejam intimamente ligados à atividadefim da empresa e que principalmente venham a ser utilizados efetivamente e de forma identificável na venda de produtos ou serviços, contribuindo para geração de receitas, devendo ser inquestionável o crédito decorrente dos elementos que compõem o custo de produção, seja direto ou indireto. Seguindo essa linha, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, com efeito de recurso repetitivo, culminando na edição do Parecer Normativo COSIT 5/2018, que amplificou o espectro para a apropriação de créditos sobre insumos na atividade dos contribuintes: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO ESTABELECIDA NO RESP 1.221.170/PR. ANÁLISE E APLICAÇÕES. Conforme estabelecido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica. Consoante a tese acordada na decisão judicial em comento: a) o “critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço”: Fl. 5227DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 21 20 a.1) “constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço”; a.2) “ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência”; b) já o critério da relevância “é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja”: b.1) “pelas singularidades de cada cadeia produtiva”; b.2) “por imposição legal”. Dispositivos Legais. Lei nº10.637, de 2002, art. 3º, inciso II; Lei nº10.833, de 2003, art. 3º, inciso II. Analisando o teor do leading case, bem como do Parece COSIT acima ementado, verificase que, no caso concreto, ainda que não guiado por esses, a fiscalização acertadamente glosou créditos sobre despesas que – evidentemente – não teriam conexão direta com a atividade da Recorrente a ponto de ser tratada como imprescindível ou essencial à sua geração de receitas. Por isso mesmo, entendo pela manutenção das glosas propostas no despacho decisória, não merecendo reforma a decisão de primeiro grau nesse particular. Pelo exposto, voto por conhecer do Recurso, e darlhe provimento parcial." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por dar provimento parcial ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 5228DF CARF MF Processo nº 12585.720303/201169 Acórdão n.º 3401005.956 S3C4T1 Fl. 22 21 Fl. 5229DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.010431/2005-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2002
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO.
É intempestivo o Recurso Voluntário interposto após o transcurso do prazo legal de trinta dias contados da data da ciência da decisão recorrida, excluindo-se o dia do início (data da ciência) e incluindo-se o do vencimento do prazo.
Não interposto Recurso Voluntário no prazo legal, tal como ocorreu na hipótese, torna-se definitiva a decisão de primeira instância.
Numero da decisão: 2101-001.945
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por intempestividade.
Matéria: IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
Nome do relator: CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY
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materia_s : IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
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RECURSO INTEMPESTIVO. É intempestivo o Recurso Voluntário interposto após o transcurso do prazo legal de trinta dias contados da data da ciência da decisão recorrida, excluindose o dia do início (data da ciência) e incluindose o do vencimento do prazo. Não interposto Recurso Voluntário no prazo legal, tal como ocorreu na hipótese, tornase definitiva a decisão de primeira instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por intempestividade. (assinado digitalmente) __________________________________________________ JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS – Presidente Substituto (assinado digitalmente) ________________________________________________ CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Raimundo Tosta Santos (Presidente Substituto), Gonçalo Bonet Allage, José Evando Carvalho Araujo, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 01 04 31 /2 00 5- 64 Fl. 91DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 2 Alexandre Naoki Nishioka, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa e Celia Maria de Souza Murphy (Relatora). Relatório Trata o presente processo de Auto de Infração contra a contribuinte em epígrafe, no qual apurouse: (i) omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício, recebido da Prefeitura Municipal de Curitiba; (ii) dedução indevida de despesas médicas; e (iii) dedução indevida a título de doação a entidades filantrópicas. Em 22.9.2005, foi apresentada impugnação parcial, na qual a interessada alegou que as despesas médicas são dedutíveis, as doações foram feitas a instituições devidamente cadastradas na Secretaria da Receita Federal e não atendeu à intimação da Fiscalização em razão do falecimento de seu esposo. A 5.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) julgou o lançamento procedente, por meio do Acórdão n.º 0618.662, de 18 de julho de 2008, que contou com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. A legislação tributária prevê que a prova das despesas médicas dedutíveis na Declaração de Ajuste Anual seja feita por meio de documentos originais que demonstram a efetiva prestação dos serviços. DEDUÇÕES DO IMPOSTO Só podem ser deduzidas do valor do imposto apurado, as contribuições feitas aos fundos controlados pelos Conselhos Municipais, Estaduais ou Nacional dos Direitos da Criança e dos Adolescentes; as contribuições feitas em favor de projetos culturais aprovados pelo PRONAC e as contribuições feitas a título de incentivo às atividades audiovisuais. Lançamento Procedente. Ciente da decisão em 19 de agosto de 2008, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 25 de setembro do mesmo ano. É o Relatório. Voto Conselheira Celia Maria de Souza Murphy Fl. 92DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10980.010431/200564 Acórdão n.º 2101001.945 S2C1T1 Fl. 81 3 O Acórdão n.º 0618.662, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) no presente processo foi entregue no domicílio da interessada no dia 19 de agosto de 2008, conforme comprova o carimbo de entrega dos Correios no Aviso de Recebimento – AR às fls. 39. Examinando os autos, verifiquei que o Recurso Voluntário foi protocolizado na Delegacia da Receita Federal do Brasil em Curitiba (PR) no dia 25 de setembro de 2008, conforme atesta funcionária daquela unidade, em carimbo aposto no referido documento, às fls. 42. Em sua peça recursal, a interessada suscita uma preliminar de tempestividade, argumentando que é funcionaria pública da Universidade Federal do Paraná, na função de Professora de Ensino Superior e, em razão desta função, realiza constantes viagens a Brasília (DF), em atividades decorrentes do cargo. Acredita que, por esta razão, a intimação do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, proferido no presente processo, não lhe foi entregue pessoalmente, mas a uma terceira pessoa, que realizava a limpeza da portaria do edifício onde reside. Explica que, por esse motivo, referida correspondência acabou se misturando a outras daquele Condomínio, e somente lhe foi entregue no dia 1 de setembro de 2008, quando retornou de uma viagem a Brasília (DF). Sendo assim, considerando que o Aviso de Recebimento foi juntado a este processo somente no dia 25 de agosto de 2008, e que a Intimação não lhe foi feita pessoalmente, conclui que a interposição do recurso voluntário é plenamente tempestiva. Primeiramente, cumpre esclarecer que os meios pelos quais pode ser feita a intimação ao sujeito passivo, no processo administrativo fiscal, está disciplinada no Decreto n.º 70.235, de 1972. Vejamos: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) [...] § 2° Considerase feita a intimação: [...] Fl. 93DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS 4 II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Da leitura dos dispositivos acima transcritos, depreendese que a lei admite diversos meios pelos quais o sujeito passivo possa ser cientificado da intimação feita no âmbito do processo administrativo fiscal. Dentre eles, a intimação pessoal e a intimação por via postal. Primeiramente, a intimação pessoal, além de não ser o único meio legal para que ocorra intimação válida, não é requisito para a intimação por via postal. Nos termos do § 3.º do artigo 23 do Decreto n.º 70.235, de 1972, os meios pelos quais a Administração pode intimar o sujeito passivo não estão sujeitos a ordem de preferência. No caso de intimação por via postal, ocorre a ciência do sujeito passivo na data em que a correspondência que a veicula tenha sido comprovadamente entregue no seu domicílio tributário. Desse modo, uma vez recepcionada no domicílio do sujeito passivo, reputase este ciente da intimação, na data do recebimento da correspondência, mesmo que o respectivo Aviso de Recepção dos Correios tenha sido assinado por terceira pessoa. Este entendimento, que tem por fundamento legal o Decreto n.º 70.235, de 1972, já está consolidado no âmbito deste Conselho, nos termos da Súmula CARF n.º 9, a seguir transcrita: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. No caso sob análise, a intimação que veiculou a decisão administrativa de primeira instância foi recepcionada no domicílio tributário da interessada no dia 19 de agosto de 2008, mas o recurso voluntário foi protocolado somente no dia 25 de setembro daquele ano. Ocorre que o prazo para a interposição de recurso voluntário é de trinta dias contados da ciência da Decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, nos termos do artigo 33 do Decreto n.º 70.235, de 1972, a seguir transcrito: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. A contagem dos prazos no Processo Administrativo Fiscal está disciplinada no artigo 5.º do mesmo diploma legal, que assim dispõe, ipsis litteris: Art. 5° Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. No presente caso, iniciouse a contagem do prazo em 20 de agosto de 2008, quartafeira, dia seguinte ao do recebimento da Decisão de primeira instância. Tendo em vista Fl. 94DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10980.010431/200564 Acórdão n.º 2101001.945 S2C1T1 Fl. 82 5 que não consta ter havido expediente anormal nas repartições federais em Curitiba (PR) na data, a contagem dos trinta dias teve início no próprio dia 20 de agosto de 2008 e encerrouse em 18 de setembro do mesmo ano, uma quintafeira, também dia de expediente normal. Sendo assim, o recurso voluntário poderia ter sido interposto pela interessada até essa data, mas isso não se realizou. Ocorre que os prazos recursais são peremptórios e preclusivos. Decorrendo o lapso temporal previsto em lei sem que ocorra a interposição do Recurso Voluntário, extingue se, tal como sucedeu na hipótese, o direito do interessado de deduzilo. Constatada a sua intempestividade, o Recurso Voluntário não preenche os requisitos de admissibilidade. Impõese, portanto, a conclusão que o quanto decidido no Acórdão n.º 06 18.662, de 18 de julho de 2008, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) tornouse definitivo na esfera administrativa, nos termos do artigo 42 do Decreto n.º 70.235, de 1972, uma vez esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tivesse sido interposto. Conclusão Ante todo o exposto, voto por não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestividade. (assinado digitalmente) _________________________________ Celia Maria de Souza Murphy Relatora Fl. 95DF CARF MF Impresso em 08/11/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 10/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 04/11/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 13888.902750/2014-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR DE ESTIMATIVAS. UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PLEITEADO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE SALDO NEGATIVO. INDEFERIMENTO.
Não é possível, sob pena de aproveitamento em duplicidade, deferir à recorrente, a título de pagamento indevido ou a maior de estimativa, o mesmo crédito já utilizado na apuração do saldo negativo anual pleiteado em outra DCOMP já homologada.
Numero da decisão: 1302-003.551
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13888.722205/2014-67, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR DE ESTIMATIVAS. UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PLEITEADO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE SALDO NEGATIVO. INDEFERIMENTO. Não é possível, sob pena de aproveitamento em duplicidade, deferir à recorrente, a título de pagamento indevido ou a maior de estimativa, o mesmo crédito já utilizado na apuração do saldo negativo anual pleiteado em outra DCOMP já homologada.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13888.722205/2014-67, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator. Participaram do julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR Recorrente WEIDMANN TECNOLOGIA ELÉTRICA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR DE ESTIMATIVAS. UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PLEITEADO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE SALDO NEGATIVO. INDEFERIMENTO. Não é possível, sob pena de aproveitamento em duplicidade, deferir à recorrente, a título de pagamento indevido ou a maior de estimativa, o mesmo crédito já utilizado na apuração do saldo negativo anual pleiteado em outra DCOMP já homologada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 13888.722205/201467, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram do julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 27 50 /2 01 4- 35 Fl. 759DF CARF MF Processo nº 13888.902750/201435 Acórdão n.º 1302003.551 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do acórdão da 4ª Turma da DRJRecife, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório pleiteado em PER/DCOMP referente a pagamento indevido ou a maior de IRPJ pago por estimativa em 30/04/2007, conforme sintetizado na seguinte ementa: COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e a liquidez dos créditos são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. Devidamente cientificado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, recurso voluntário, no qual alega, em síntese: a) que o Despacho Decisório, não homologou a compensação declarada, sob o fundamento de que o crédito pleiteado, respaldado em pagamento indevido, não foi comprovado pela contribuinte; b) que apresentou manifestação de inconformidade esclarecendo que é optante do regime de recolhimento de IRPJ/CSLL por estimativa mensal, e que no período de apuração de março de 2007, por um equívoco em sua apuração, recolheu valor acima do efetivamente devido, gerando um pagamento a maior de R$ 13.894,27; e, que os lançamentos estão em consonância com os seus documentos fiscais e que o artigo 165 do Código Tributário Nacional concede ao sujeito passivo o direito à restituição total ou parcial do tributo no caso de pagamento espontâneo indevido. d) que em atendimento à diligência determinada pela DRJ, a Autoridade Fiscal apresentou “Informação Fiscal”, aduzindo que, segundo seu entendimento, não seria possível reconhecer o direito creditório, pois haveria divergência entre o Lucro Líquido informado no LALUR e no Livro Diário, bem como que a contribuinte teria informado o crédito em duplicidade, vez que todo o recolhimento do valor pleiteado foi informado na estimativa que compôs o Saldo Negativo de IRPJ, compensado em outro PERD/DCOMP n°, discutido em outro processo administrativo. e) que manifestouse, esclarecendo que a divergência apontada pela Autoridade Fiscal não pode impedir o reconhecimento do direito creditório, visto que a apuração se deu com base no valor do Lucro Líquido e, também, demonstrou que os valores recolhidos de forma indevida ou a maior não foram compensados em duplicidade no processo de Saldo Negativo. f) que, contudo, a DRJ não acatou os argumentos apresentados e a manifestação de inconformidade foi indeferida pela DRJ, com base na informação fiscal de diligência; g) que não pode ter seu direito creditório obstado por meros equívocos no preenchimento do PER/DCOMP ou em outros documentos, devendo a Autoridade Fiscal possibilitar a retificação das informações, com o escopo de convalidar eventuais erros no preenchimento do documento informativo do crédito, conforme a jurisprudência do CARF; Fl. 760DF CARF MF Processo nº 13888.902750/201435 Acórdão n.º 1302003.551 S1C3T2 Fl. 4 3 h) os valores recolhidos de forma indevida ou a maior não foram compensados em duplicidade; i) que em diversos meses a Recorrente recolheu o IRPJ em valor superior ao das estimativas apuradas, como no mês em referência; j) que os valores lançados a título de IRPJ para o período sempre foram aqueles constantes da DIPJ, uma vez que esta nunca foi retificada, concluindose, assim, que o imposto devido nunca restou incontroverso; k) que todos os lançamentos efetuados estão em consonância entre Livro Diário, Balancetes e LALUR, juntados ao autos e evidenciam que as estimativas apuradas em DIPJ pela Recorrente estão corretas e decorrem de cálculo baseado no lucro de cada período; l) que apesar disso, o crédito pleiteado não foi homologado, sob a premissa equivocada de que o valor integrou o Saldo Negativo do ano calendário de 2007, o qual foi reconhecido e utilizado para compensação dos débitos informados em outro PER/DCOMP; m) que não houve compensação em duplicidade, pois consta do Despacho Decisório que o montante total do crédito pleiteado no outro PER/DCOMP em que se compensou o Saldo Negativo, não inclui o valor dos recolhimentos feitos à maior no período de apuração ora em discussão; n) que, do total recolhido no ano calendário de 2007, apenas uma parte se refere ao pagamento efetivamente alocado de acordo com as estimativas mensais devidas e, portanto, passíveis de compensação de Saldo Negativo. Logo, todo o excedente de efetivamente não compôs a formação do Saldo Negativo de IRPJ de 2007, sendo relativa tão somente aos pagamentos indevidos ou a maior feito durante o ano e, portanto, os pagamentos a maior, não integrantes do Saldo Negativo, foram compensados mensalmente pela contribuinte, como no caso em questão; o) que a Recorrente faz jus ao crédito pleiteado neste processo administrativo, visto que restou comprovado que houve recolhimento indevido ou a maior do IRPJ, não havendo que se falar que o crédito foi compensado em duplicidade, devendo ser integralmente reformado o acórdão recorrido, em respeito ao princípio da verdade material que deve nortear o processo administrativo fiscal, mesmo havendo erros formais no preenchimento do PER/DCOMP; e p) que o acórdão recorrido não deve prevalecer, vez resta demonstrado que o direito de compensação não se encontra extinto, uma vez que o que houve, em verdade, foi a declaração equivocada da apuração de débitos maiores do que o realmente existente em DCTF. É o relatório. Fl. 761DF CARF MF Processo nº 13888.902750/201435 Acórdão n.º 1302003.551 S1C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.540, de 17/04/2019 proferido no julgamento do Processo nº13888.722205/201467, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.540): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos pressupostos legais e regimentais. Assim, dele conheço. O acórdão recorrido indeferiu a manifestação de inconformidade sob o fundamento de que o crédito pleiteado como pagamento indevido ou a maior no recolhimento da estimativa mensal foi integralmente utilizado na apuração do Saldo Negativo do tributo, pleiteado por meio da PER/DCOMP nº 30498.58765.111209.1.3.029897, cujo crédito restou integralmente reconhecido, homologandose as compensações pleiteadas até o limite do crédito reconhecido. Ou seja, nas parcelas indicadas na referida PER/DCOMP, a interessada incluiu na composição do crédito apurado como saldo negativo, o valor integral da estimativa mensal recolhida no mês de apuração, ora em discussão, de sorte que, o valor indicado como recolhido à maior já foi integralmente utilizado naquela DCOMP. A recorrente alega que o que houve, em verdade, foi a declaração equivocada da apuração de débitos maiores do que o realmente existente em DCTF e que o pagamento indevido ou a maior restou efetivamente demonstrado. De fato, ao se analisar individualmente os valores informados mensalmente na DIPJ e na DCTF (retificadora), resta evidenciado que no período de apuração em discussão a interessada recolheu à maior exatamente o valor pleiteado na PER/DCOMP. O valor informado no LALUR como resultado acumulado do período também está em consonância com os dados da DIPJ. A única divergência que se observa na apuração do período é o montante do lucro líquido informado no balancete mensal apresentado que registra um valor menor que o informado no Lalur (o que, aparentemente, é desfavorável ao contribuinte que, inexplicavelmente, partiu de um valor maior para apurar o lucro real). Ocorre que, conforme observou a decisão de primeiro grau, ao indicar as parcelas que compunham o saldo negativo anual apurado, a recorrente informou o pagamento integral do período de apuração objeto da DCOMP ora discutida e este restou integralmente homologado. Desta feita, não é possível, sob pena de aproveitamento em duplicidade, deferir à recorrente o mesmo crédito já utilizado na apuração do saldo negativo anual, a despeito da possibilidade de, eventualmente, ter deixado de aproveitar Fl. 762DF CARF MF Processo nº 13888.902750/201435 Acórdão n.º 1302003.551 S1C3T2 Fl. 6 5 parcelas quitadas em outro períodos de apuração mensais e não utilizadas em outras compensações Ante ao exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 763DF CARF MF
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