Busca Facetada
Turma- Segunda Turma Ordinária d (15,150)
- Quarta Câmara (15,150)
- Terceira Seção De Julgame (15,150)
- PIS - proc. que não vers (64)
- Cofins - ação fiscal (tod (63)
- Cofins- proc. que não ver (59)
- IPI- processos NT - ressa (55)
- PIS - ação fiscal (todas) (34)
- IPI- processos NT- créd.p (21)
- IPI- ação fiscal - penali (16)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (14)
- IPI- ação fiscal- insuf. (11)
- Pasep- proc. que não vers (11)
- CPMF - ação fiscal- (insu (8)
- DCTF_COFINS - Auto eletr (8)
- Outros proc. que não vers (7)
- IRPF- ação fiscal - omis. (6)
- IOF - ação fiscal- (insuf (4)
- PEDRO SOUSA BISPO (2,762)
- WALDIR NAVARRO BEZERRA (1,997)
- RODRIGO MINEIRO FERNANDES (1,008)
- JORGE OLMIRO LOCK FREIRE (677)
- ANTONIO CARLOS ATULIM (654)
- CYNTHIA ELENA DE CAMPOS (585)
- MARIA APARECIDA MARTINS D (579)
- THAIS DE LAURENTIIS GALKO (553)
- MAYSA DE SA PITTONDO DELI (442)
- DIEGO DINIZ RIBEIRO (410)
- JORGE LUIS CABRAL (401)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (378)
- Pedro Sousa Bispo (303)
- JOAO CARLOS CASSULI JUNIO (297)
- Lázaro Antônio Souza Soar (252)
- 2021 (2,507)
- 2019 (1,892)
- 2018 (1,662)
- 2023 (1,391)
- 2017 (1,352)
- 2020 (1,174)
- 2024 (1,101)
- 2016 (975)
- 2011 (707)
- 2012 (473)
- 2022 (411)
- 2014 (360)
- 2013 (343)
- 2015 (243)
- 2025 (238)
- 2019 (2,136)
- 2021 (2,003)
- 2017 (1,483)
- 2023 (1,340)
- 2018 (1,337)
- 2024 (1,212)
- 2020 (1,080)
- 2016 (823)
- 2022 (745)
- 2025 (520)
- 2011 (488)
- 2014 (350)
- 2013 (302)
- 2015 (255)
- 2010 (82)
- os (15,113)
- de (15,100)
- membros (15,064)
- do (14,958)
- por (14,882)
- votos (14,620)
- em (14,364)
- julgamento (14,325)
- colegiado (14,025)
- presidente (13,560)
- participaram (13,556)
- recurso (13,499)
- conselheiros (13,403)
- e (13,289)
- unanimidade (12,994)
Numero do processo: 11080.928466/2009-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/2005 a 30/06/2005
COFINS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ.
A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação após a não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo.
Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72).
Recurso voluntário parcialmente provido.
Aguardando nova decisão.
Numero da decisão: 3402-004.377
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora. Acompanhou o julgamento o patrono da recorrente, o Dr. Valter Tremarin Júnior, OAB/RS 73.247.
(Assinado com certificado digital)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente.
(Assinado com certificado digital)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2005 a 30/06/2005 COFINS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação após a não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72). Recurso voluntário parcialmente provido. Aguardando nova decisão.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11080.928466/2009-91
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5766663
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.377
nome_arquivo_s : Decisao_11080928466200991.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
nome_arquivo_pdf_s : 11080928466200991_5766663.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora. Acompanhou o julgamento o patrono da recorrente, o Dr. Valter Tremarin Júnior, OAB/RS 73.247. (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
id : 6923800
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049465036734464
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1874; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 111 1 110 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.928466/200991 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.377 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 30 de agosto de 2017 Matéria COFINS Recorrente CERAN COMPANHIA ENERGÉTICA RIO DAS ANTAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2005 a 30/06/2005 COFINS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação após a não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72). Recurso voluntário parcialmente provido. Aguardando nova decisão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora. Acompanhou o julgamento o patrono da recorrente, o Dr. Valter Tremarin Júnior, OAB/RS 73.247. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 84 66 /2 00 9- 91 Fl. 693DF CARF MF 2 (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório O presente Processo Administrativo foi objeto da Resolução n. 3402000.275 depois de sua chegada ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (“CARF”). Dessa forma, o caso já foi bem relatado pelo Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, antes de ser a mim redistribuído pelo fato de a Relator originário não mais integrar nenhum dos Colegiados da 3ª Seção. Desta feita, peço licença para tomar emprestadas as suas palavras sobre o histórico do processo: Tratase de processo de restituição/compensação em que o contribuinte teve seu pedido de indébito negado por despacho decisório eletrônico, sob o fundamento de que o crédito financeiro alegado como pagamento indevido foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Na manifestação de inconformidade, o recorrente alega que houve erro no preenchimento da DCTF e que esse erro já foi resolvido por meio de uma declaração retificadora. Nesta linha, afirma que possui direito à restituição de tributos, gerado por pagamentos indevidos e que as comprovações destes indébitos encontramse espelhadas nas retificações feitas nas DCTF. A DRJ de Porto Alegre julgou improcedente a manifestação de inconformidade sob o fundamento de que a restituição de indébito fiscal está condicionada à comprovação da certeza e liquidez do respectivo indébito. Que a simples entrega de DCTF retificadora sem qualquer explicação a respeito da divergência na apuração do débito, não é elemento suficiente para comprovar o indébito apontado. Assim, a liquidez do direito há de ser comprovada pela demonstração do quantum recolhido indevidamente, através da comprovação das bases de cálculo sobre as quais ocorreram os fatos geradores e o efetivo valor devido. Por fim assevera que...também é assente na doutrina que direito líquido e certo é aquele cujos aspectos de fato possam comprovarse documentalmente. Fl. 694DF CARF MF Processo nº 11080.928466/200991 Acórdão n.º 3402004.377 S3C4T2 Fl. 112 3 Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpõe recurso voluntário ao CARF, cujo teor, em síntese é o que se segue: A Recorrente identificou em sua contabilidade que parte de suas receitas decorriam de contratos de fornecimento a preço predeterminado, assinados anteriormente a 31 de outubro de 2003, com prazo de duração superior a um ano ( contratos de Compra e Venda de Energia Elétrica), receitas estas que estão submetidas sistemática de cobrança cumulativa do pagamento da COFINS, nos moldes da Lei n° 9.718/98, por força do que dispõe o artigo 10, inciso XI, alínea b, da Lei n° 10.833/2003. Além disso, vinha a Recorrente considerando como fato gerador da COFINS a efetiva emissão do documento fiscal, ocorrida sempre no primeiro dia do mês subsequente ao reconhecimento de suas receitas, reconhecimento este efetuado por competência. Considerando que o fato gerador não é a emissão física do documento representativo da receita, mas sim o seu reconhecimento quando de sua efetiva realização contábil (reconhecimento por competência), a Recorrente corrigiu também este equivoco, antecipando em um mês, para fins de cálculo retificador, as receitas anteriormente consideradas na base de cálculo das contribuições. Dessa forma, a Recorrente, verificando os equívocos por ela cometidos quando da apuração da COFINS, procedeu a retificação de seu cálculo, submetendo as receitas decorrentes de contratos de fornecimento a preço predeterminado, assinados anteriormente a 31 de outubro de 2003, anteriormente consideradas no regime não cumulativo da Cofins, ao regime cumulativo desse tributo, e considerando tais receitas como auferidas no mês anterior a emissão do documento fiscal. Em razão da diferença entre os valores e a alíquota aplicada da COFINS cumulativa (3%) para a alíquota da COFINS nãocumulativa (7,6%), resultou uma diferença a crédito para Recorrente. Essas são as razões jurídicas que embasam o pedido do recorrente. Com essas causas de pedir recursais, requer a procedência de seu pedido para fins de: a) Homologar integralmente a compensação apresentada nos autos; ou b) Determinar a realização de diligência; ou ainda c) Anular a decisão da DRJ Em julgamento datado de 31 de agosto de 2011 (Resolução n. 3402000.275), a 2ª Turma da 4ª Câmara por expressamente entender equivocado o procedimento adotado pela DRF e a solução dada pela DRJ, além de ponderar que os documentos trazidos aos autos Fl. 695DF CARF MF 4 podem sugerir a mutação de regime de apuração da exação e erro na aplicação do regime de competência determinou a conversão do julgamento em diligência, nos seguintes termos: Voto por converter o julgamento em diligência para que o órgão de origem verifique: a) Quais foram os contratos de compra e venda de energia elétrica firmados antes de 31/10/2003 e qual a receita auferida na execução destes contratos; b) Se todos os contratos firmados antes de 31/10/2003 tinham prazo de vigência superior a 1 (um) ano; c) Se o preço foi predeterminado; d) Quando houve a primeira alteração de preço decorrente da aplicação de cláusula contratual de reajuste periódico ou não; e) Quando houve a primeira alteração de preço decorrente da aplicação de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico/financeiro do contrato, nos termos dos artigos 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; f) Se houve reajuste de preço, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou a variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 12 do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995; e g) Se houve equívoco na apuração da exação quando da apuração da base de cálculo da exação pelo regime de competência. Da conclusão da diligência deve ser dada ciência à contribuinte, abrindolhe o prazo de trinta dias para, querendo, pronunciarse sobre o feito. As respostas pela repartição fiscal de origem foram apresentadas em fls 562 a 573, concluindo que, apesar de não terem sido apresentados alguns documentos requeridos à Recorrente, localizou os pagamentos em questão no sistema da Receita Federal. Suas considerações conclusivas foram que: Com base no entendimento da Solução de Consulta nº 228, de 14/12/2009, acima exposto, verificase que as receitas auferidas no mês de junho de 2005, no total de R$ 4.889.638,25, na execução dos contratos CERCO/2002 211, CERCO/2002 212, CERPA/2002 209 e CERPI/2002 210, de 17/10/2002, e CER CEEE, de 11/11/2002, foram equivocadamente reconhecidas como Receita da Venda no Mercado Interno no regime não cumulativo, na Dacon retificadora do 2º Trimestre de 2005, de nº 0000100200800010811, tendo em vista que nos reajustes nos percentuais de 14%, 12%, 14%, 12% e 31%, respectivamente, dos preços dos Valores de Referência ²VR² mensais inicialmente contratados em relação a cada MWh de energia, foram computas as variações do índice IGPM, descaracterizando o preço predeterminado previsto no artigo 10 da Lei nº 10.833/2003. Fl. 696DF CARF MF Processo nº 11080.928466/200991 Acórdão n.º 3402004.377 S3C4T2 Fl. 113 5 Por sua vez, a Recorrente foi intimada do resultado da diligência, apresentando manifestação de fls 575 a 597, pela qual reforça que a própria autoridade fiscalizadora confirmou suas alegações de defesa e requer, novamente, o provimento de seu recurso voluntário, pois, no seu entendimento: i) a Fiscalização deveria ter comprovado que os reajustes dos preços dos Contratos foram superiores aos custo de produção da Requerente ii) da impossibilidade de retirar dos contratos firmados pela Requerente a característica de serem a preço predeterminado, uma vez que o mero reajuste de preço não seria condição suficiente para descaracterizar o preço predeterminado, conforme dispõe o artigo 3º, §3º da IN 658/2006 (o reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados não descaracteriza o preço predeterminado) iii) Contrato CERCEED, foi celebrado para harmonizar o conceito de valor de referência (VR) com o conceito de valor normativo (VN), estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, Nota Técnica 23/2003). Assim, os reajustes promovido configuram mera alteração nominal no preço. Não configurariam, dessarte, reajuste do preço contratado, mas sim mera recomposição do valor da moeda. iv) Sobre os Contratos CERCEEED, CERCO/2002 211, CERCO/2002 212, CER PA/2002 209 e CERPI/2002 210, lembra quea Lei n. 10.833/2003 não definiu o que seria “preço predeterminado”. Assim, por força do que determina o artigo 109 do CTN, deve ser observado o artigo 487 do Código Civil e, por conseguinte, convalidado que as partes podem contratar preço em função de índices, desde que estes sejam suscetíveis de determinação. Ou seja, a existência de cláusula que preveja índice determinado de reajuste de preço não retira sua característica de contato de preço (pre)determinado; v) o artigo 109 da Lei n. 11.196/2005, com aplicação retroativa a 1º de novembro de 2003 (cf artigo 106, inciso I do CTN, por tratarse de lei meramente interpretativa), esclareceu que o reajuste de preço não pode ser considerado para fins de descaracterização de preço predeterminado a que se refere o artigo 10, inciso XI, alíneas “b” e “c” da Lei n. 10.833/2003. Ademais, o artigo 109 da Lei 11.196/2005, conjuntamente lido com o artigo 27, parágrafo único 1º, incido II da Lei n. 9.069/1995, levam à conclusão de que o contrato que tenha seu preço reajustado em função do custo de produção ou da variação de índica que reflita a variação ponderado dos custos dos insumos utilizados não perde a característica de contrato a preço predeterminado. O IGMP constitui índice que reflete adequadamente a evolução dos preços das atividades produtivas, portanto enquadrandose nos dispositivos anteriormente citados, exatamente como expôs a Nota Técnica n. 224/2006 SFF/ANEEL e o Ofício n. 1.431/2006SFF/ANEEL vi) subsidiariamente, a Fiscalização deveria ter comprovado que os reajustes pelo IGPM superaram o percentual correspondente ao acréscimo dos custos de produção. Posteriormente, a Recorrente apresentou laudo formulado por auditoria independente a respeito da composição do preço predeterminado dos contratos acostados aos autos, razão pela qual, em 26 de maio de 2017, tendo em vista o conteúdo do artigo 10 do Fl. 697DF CARF MF 6 Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015),1 propus a abertura de vista à Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN), para que se manifeste acerca do documento apresentado pela Recorrente, medida imperativa para submeter a documentação ao contraditório, tornandose então prova capaz de legitimamente influenciar o julgamento do caso. A manifestação da PFN veio ao processo em fls 628 a 638, no seguinte sentido: Concluise, portanto, à vista dos argumentos acima expostos, que, de todo modo, o pleito do contribuinte deve ser rechaçado: a) seja para encampar a conclusão exarada pela DRJ de origem, com base nos fundamentos ali expostos, ou seja, de que o fato de o contribuinte ter, posteriormente à ciência do Despacho Decisório, tratado de retificar formalmente a DCTF não tem o efeito de convalidar retroativamente a compensação instrumentada por DCOMP pois a existência do indébito só se aperfeiçoou depois. A razão pela qual não se pode acatar esta retroação de efeitos está associada ao fato de que como a apresentação da DCOMP serve à extinção imediata do débito do sujeito passivo (nos mesmos termos de um pagamento), só pode ela ser efetuada com base em créditos contra a Fazenda Nacional líquidos e certos (como o comanda o artigo 170 do Código Tributário Nacional). Nesse contexto, créditos relativos a valores confessados e não retificados antes de qualquer procedimento de ofício não têm existência jurídica válida (em termos tanto de liquidez quanto de certeza), em razão dos efeitos legais atribuídos à DCTF; b) seja para, não acatado o posicionamento acima, diante da análise da PER/DCOMP com base na DCTF retificada após proferido despachodecisório que não homologou a compensação (cuja possibilidade se admite apenas para argumentar), determinar o retorno dos autos à unidade de origem para verificar a liquidez, certeza, suficiência e legalidade da compensação pleiteada, de forma a apreciar os argumentos e elementos probatórios coligidos ao feito pelo interessado, dando concretude aos princípios do contraditório e da ampla defesa, sem suprimir instâncias. É o relatório. 1 Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Voto Conselheira Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz Fl. 698DF CARF MF Processo nº 11080.928466/200991 Acórdão n.º 3402004.377 S3C4T2 Fl. 114 7 Os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário já foram anteriormente reconhecidos por este Conselho, de modo que passo a apreciação do mérito. Como se depreende do relato acima, o presente processo, oriundo de pedido de restituição, tem como arcabouço jurídico a questão do preço predeterminado dos contratos acostados aos autos pela Recorrente e sua implicação quanto à (não)cumulatividade da Contribuição ao PIS e da COFINS. Nesse tipo de processo discutese a capacidade do índice de correção aplicado aos contratos de longo prazo alterar o preço predeterminado dos mesmos, e foi nesse sentido que caminhou a defesa da Recorrente depois do julgamento a quo, no intuito de demonstrar a legitimidade do crédito pleiteado. Todavia, tal questão de fundo não pode ser objeto de análise neste momento processual. Isto porque o despacho decisório (fls 7) resumiu a não homologação do crédito ao fato de que "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP." Daí que a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte limitouse a, em uma lauda, informar que "comprova a existência do crédito compensado através de retificação da DCTF do período." Por conseguinte, o julgamento da DRJ negou provimento à manifestação de inconformidade por entender que a retificação ou o cancelamento, para fins de comprovação do direito creditório, só poderiam ser adotados pela empresa em uma situação de espontaneidade, nunca após o despacho decisório. Assim, a lide foi demarcada unicamente com relação a este ponto, e não com relação a qualquer outra qualidade do crédito, decorrente de indébito tributário, pleiteado. Pois bem. Com relação aos efeitos da DCTF retificadora, o artigo 18 da Medida Provisória n o 2.18949, de 23 de agosto de 2001,2 dispôs que a DCTF retificadora tem os mesmos efeitos da original. Disciplinando tal regra, a Instrução Normativa n. 903, de 30 de dezembro de 2008, vigente à época dos fatos e cujo regramento foi sistematicamente reproduzido nos atos normativos que lhe sucederam , em seu artigo 11, colocava que: Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. 2 Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal estabelecerá as hipóteses de admissibilidade e os procedimentos aplicáveis à retificação de declaração. Fl. 699DF CARF MF 8 § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. No presente caso, o procedimento eletrônico de não homologação referiuse à PERD/COMP e à não localização de créditos suficientes. Ocorre que, como determinam as normas acima transcritas, somente não seriam admitidas para alterar o crédito declarado as DCTF retificadoras relativas a tributos cuja cobrança tenha sido enviada à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ou que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. Ou seja, mesmo após de proferido o despacho decisório, como aqui ocorreu, é possível que a DCTF retificadora tenha seus plenos efeitos de substituir a original. Portanto, o despacho que não homologou a compensação não impedia a DCTF retificadora, que, por sua vez, substituiu completamente a original. Assim, a DCTF retificadora apresentada in casu tem o condão de alterar a situação jurídica anteriormente constatada pelo despacho decisório, o que naturalmente leva à necessidade de o crédito pleiteado pela ora Recorrente ser analisado pela autoridade fiscal de origem com base nessa nova informação, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que poderia ser denegada a compensação. É nesse sentido que tem decidido a pacífica jurisprudência do CARF, como se depreende das ementas dos Acórdãos colacionadas abaixo: Ementa: APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS DESPACHO HOMOLOGATÓRIO POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. A declaração retificadora possui a mesma natureza e substitui integralmente a declaração retificada. Descaracterizadas às hipóteses em que a retificadora não produz efeitos. 1. Saldos enviados à PGFN para inscrição em DAU. 2. Valores apurados em procedimentos de auditoria interna já enviados a PGFN. 3. Intimação de início de procedimento fiscal. Recurso Conhecido e parcialmente provido. (Acórdão 3201 001.237) Retorno dos autos a unidade de jurisdição para apuração do crédito.” CPMF. COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e vinculações declarados, sendo consequência de sua Fl. 700DF CARF MF Processo nº 11080.928466/200991 Acórdão n.º 3402004.377 S3C4T2 Fl. 115 9 apresentação, após a não homologação de compensação por ausência de saldo de créditos na DCTF original, a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Recurso Voluntário Provido em Parte (Acórdão 330201.727) Ementa: COMPENSAÇÃO. FORMALISMO MODERADO. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO À REPETIÇÃO DO INDÉBITO. A prévia retificação da DCTF não é condição sine qua non para a análise de declarações de compensação de indébitos tributários por pagamentos aplicados em débitos confessados, em face da alegação de erro na declaração. Recurso Voluntário Provido. Aguardando Nova Decisão (Acórdão 380302.683) Ocorre que em razão dos procedimentos adotados especificamente no bojo deste processo administrativo, a providência que deve ser tomada é outra. Explico. Repisando o histórico processual, vemos que o Relator que me precedeu entendeu por bem baixar o processo em diligência, o que culminou na análise pela autoridade fiscal de origem sobre a certeza e liquidez dos créditos em discussão (fls 562 a 573). Ou seja, foi já suprida tal necessidade de averiguação pela DRF in casu. Igualmente foi satisfeito o direito da Contribuinte de apresentar nova Manifestação de inconformidade (fls 575 a 597), com relação às considerações trazidas pela autoridade fiscal. Assim, não houve prejuízo ao contraditório e à ampla defesa até então, de modo que mandar que estes atos fossem refeitos significaria desproposita afronta à eficiência e à celeridade processual. Entretanto, esses novos contornos da lide não foram apreciados pela DRJ, já que foram diretamente enviados a este Conselho após o cumprimento da citada diligência. Essa situação não pode ser convalidada no processo administrativo fiscal, sob pena supressão de instância e ofensa ao duplo grau de jurisdição administrativa. Afinal, a ausência de análise do caso pela DRJ nesse contexto ocasiona cerceamento do direito de defesa no processo administrativo e caso fosse proferido julgamento inaugural da matéria (contrato por preço prédeterminado, sua correção monetária e implicações no regime de apuração da COFINS) por este Conselho, estaríamos atuando como instância única. Tal situação não é permitida pelo sistema jurídico, uma vez que o artigo 5º, inciso LV da Constituição confere aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Cumpre destacar a lição de James Marins3 sobre o tema: Não podem, União, Estado, Distrito Federal ou Municípios, instituir no âmbito de sua competência, a denominada “instância única” para o julgamento das lides tributárias 3 Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). São Paulo: Dialética, 2010 5ª ed. Fl. 701DF CARF MF 10 deduzidas administrativamente, sob pena de irremediável mutilação da regra constitucional e consequente imprestabilidade do sistema administrativo processual que, por falta de tal requisito constitucional de validade, não servirá para aperfeiçoar a pretensão fiscal impugnada, remanescendo carente de exigibilidade. É por essa razão que, uma vez superada a questão da DCTF retificadora, os créditos pleiteados já tendo sido avaliados pela autoridade fiscal certificadora e objeto de nova manifestação de inconformidade pela Contribuinte, os autos devem agora ensejar apreciação pela DRJ, porque a lide foi reformulada no decorrer do processo administrativo, dado ao princípio do formalismo moderado que impera nesta seara. Saliento que não se trata de nulidade do Acórdão a quo, que julgou a lide conforme apresentada naquele momento processual. Dessarte, não é o caso de aplicação do artigo 59 do Decreto 70.235/72, mas sim de dar cumprimento ao artigo 60 do mesmo diploma normativo,4 quando determina que irregularidades verificadas no processo devem ser sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo. Dispositivo Diante do exposto, voto por i) dar provimento parcial ao recurso voluntário tão somente quanto ao direito de se valer da DCTF retificadora para o pleito dos créditos; ii) determinar a remessa dos autos para a DRJ de Porto Alegre, para que nova decisão seja proferida, levando em consideração agora os fundamentos da Fiscalização a respeito do crédito pleiteado no Relatório Fiscal de Diligência (fls 562 a 573) e a subsequente manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls 575 a 597), além dos demais elementos de prova constantes dos presentes autos. Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz 4 Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 702DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.006621/2001-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-001.035
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11128.006621/2001-76
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5766678
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-001.035
nome_arquivo_s : Decisao_11128006621200176.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
nome_arquivo_pdf_s : 11128006621200176_5766678.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
id : 6923848
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049465796952064
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1494; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 564 1 563 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11128.006621/200176 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402001.035 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 29 de agosto de 2017 Assunto Diligência Recorrente BASF POLIURETANOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em São Paulo que julgou improcedente a impugnação da contribuinte, mediante o Acórdão nº 16 073.257 23ª Turma da DRJ/SPO, de 30 de maio de 2016, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 21/11/2001 Submetido à desembaraço aduaneiro o produto LUPRANAT M20 S, nome comercial LUPRANOL.2090 com classificação tarifária incorreta na posição NCM 2929.10.90 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 11 28 .0 06 62 1/ 20 01 -7 6 Fl. 564DF CARF MF Processo nº 11128.006621/200176 Resolução nº 3402001.035 S3C4T2 Fl. 565 2 A classificação pretendida pela Fiscalização NCM 3824.90.90 se sustenta, pois passa a ser a posição residual para o caso de uma mistura de diversos elementos, com propriedades distintas do produto puro. Incidência da multa do controle administrativo. Embora conste o nome comercial, a descrição não contém todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, pois omite o fato de ser uma mistura de reação, elemento essencial para o correto enquadramento tarifário do produto. Incidência da multa de ofício (75%) no IPI. Uma vez que houve recolhimento a menor, devido a alteração de alíquota em função de classificação tributária errônea, cabe a incidência da multa de ofício (75%). Incidência da multa proporcional ao valor aduaneiro (1% do V.A.) por erro de classificação tributária. A argumentação de inconstitucionalidade não pode ser enfrentada no âmbito da Delegacia Regional de Julgamento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Versa o processo sobre autos de infração para exigências de Imposto sobre a Importação (II), IPI, multa de ofício (multa proporcional), multa do controle administrativo por falta de Licenciamento de Importação, multa regulamentar de 1% do valor aduaneiro por classificação incorreta (art. 84, I da Medida Provisória nº 2.15835/2001) e juros de mora, decorrentes de reclassificação fiscal da mercadoria importada, conforme demonstrativos abaixo relativamente ao II e ao IPI, respectivamente: A contribuinte importou mediante a Declaração de Importação (DI) nº 01/11331174, registrada em 21/11/2001, o produto descrito abaixo, classificandoo no código NCM 2929.10.90, com alíquotas de 4,5% para o II e de 0% para o IPI: LUPRANAT M20 S POLIOL POLIETER TRIFUNCIONAL HIDROXILA; 28 MG KOH/G NOME COMERCIAL: LUPRANOL 2090 QUALIDADE: INDUSTRIAL ESTADO FÍSICO: LÍQUIDO FINALIDADE: UTILIZADO NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA, CONSTRUÇÃO CIVIL ETC. Fl. 565DF CARF MF Processo nº 11128.006621/200176 Resolução nº 3402001.035 S3C4T2 Fl. 566 3 Por ocasião do despacho aduaneiro, foi retirada amostra do produto, a qual foi analisada em Laudo Técnico, que concluiu que o produto era uma mistura de reação a base de Isocianatos Aromáticos (Polimetileno Polifenil Poliisocianato), contendo 4,4' Diisocianato de Difenilmetano. Assim, a fiscalização entendeu que a classificação fiscal adequada seria no código NCM 3824.90.90, para a qual as alíquotas de II e IPI são 16,5% e 10%, respectivamente. A interessada impugnou a autuação, alegando, em essência, que: a) O Parecer Técnico nº 7071 do Instituto de Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPT atesta que o produto LUPRANAT M20 S, de nome comercial LUPRANOL.2090, tem classificação tarifária na posição NCM 2929.10.90; b) O fato de ser uma mistura não desabona a classificação tarifária no Capítulo 29 da TEC, conforme nota explicativa 1b; c) A classificação tarifária empregada pela fiscalização é subsidiária; d) A luz da Regra 3 do Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado, a posição adotada pelo importador deve prevalecer; e) Ante o disposto no Ato Declaratório COSIT 10/97, a multa do Imposto de Importação é incabível; f) A multa de controle administrativo também é inoportuna pois a impugnante não importou produto diverso do declarado; g) A aplicação da multa do Imposto de Produtos Industrializados não encontra respaldo legal no art. 80 da Lei 4.502/64; h) Enquanto discutível a questão através de Processo Administrativo Fiscal, incabível a exigência de juros moratórios; e i) A aplicação da Taxa Selic é inconstitucional. Mediante o Acórdão n° 1718.022, a 1ª Turma da Delegacia de Julgamento São Paulo II, julgou procedente o lançamento. O CARF converteu o julgamento em diligência, pela Resolução n° 310100.054 1ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 13 de agosto de 2009, para que fosse oficiado o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), para emissão de Laudo solucionador da controvérsia, ante as divergências apresentadas pelas partes litigantes, face a classificação da mercadoria, apoiadas em Laudo e Parecer Técnico conflitantes. No entanto, a recorrente solicitou a devolução dos autos ao CARF para uma nova apreciação, tendo em vista decisão favorável acerca do mesmo produto, nos autos do processo n° 11128.004010/200355, conforme Acórdão n° 1736.589 da 2° Turma da DRJ/SP2. Os autos retornaram ao CARF e, mediante o Acórdão n° 3302003.099, de 15 de março de 2016, da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara deste CARF, a decisão de primeira instância foi declarada nula por preterição do direito de defesa. A Delegacia de Julgamento em São Paulo proferiu novo Acórdão, cuja ementa consta no início deste Relatório, mediante o qual não acatou as razões de defesa da impugnante, sob os seguintes fundamentos: Embora a Nota 1 “b” do capítulo 29 permita que nele se classifique uma mistura de isômeros de um mesmo produto, tanto a literatura técnica quanto as informações técnicas exaradas pelo Labana analisam o produto como sendo composto de 42% de 4,4´MDI (o produto puro), 3% de isômeros de 4,4´MDI e 51,5% de produtos oligoméricos ou oligômeros. Os oligômeros nada mais são que polímeros de poucos monômeros, não se confundindo, pois, com isômeros, que são substâncias que têm a mesma fórmula molecular, ou seja, os mesmos átomos nas mesmas quantidades, mas estruturas diferentes (os átomos, embora sejam os mesmos em cada isômero, se estruturam de maneira diferente em cada um deles). Considerando que a presença de isômeros do 4,4´MDI é de apenas 3%, é inconcebível aceitar a tese do impugnante de que o produto é uma simples mistura de isômeros. Fl. 566DF CARF MF Processo nº 11128.006621/200176 Resolução nº 3402001.035 S3C4T2 Fl. 567 4 Tanto no Relatório do INT quanto na Informação Técnica do Labana demonstram que o produto identificado pela análise como PMDI (o Diisocianato de Difenilmetano polimérico) e o MDI (o produto puro, monomérico) têm propriedades físicoquímicas e registro no C.A.S. diferentes, o que prova serem duas substâncias de natureza diversas. Em outras palavras, os oligômeros identificados pela análise laboratorial, mudam a natureza físicoquímica do produto principal, razão por que não podem ser consideradas meras impurezas. Pelo Laudo Técnico de análise do produto puro 4,4´ Diisocianato de Difenilmetano, de nome comercial LUPRANAT MS, classificável no capítulo 29, fabricado pela própria BASF, depreendese que o LUPRANAT MS e o LUPRANAT M20S são substâncias distintas, o primeiro, de constituição química definida e isolado e o segundo, uma mistura de diversos elementos, com propriedades distintas do produto puro. O subitem 3824.90.3 é específico de Preparações para borracha ou plásticos, exceto as da posição 3812, e outras preparações para endurecer resinas sintéticas, colas, pinturas ou usos similares. Ora tanto o laudo do Labana quanto o do INT deixam claro que a mercadoria é uma mistura de reação (resultante do próprio processo de síntese para obtenção de uma dado produto) e não uma preparação (mistura intencional). Assim, embora também a Preparação seja uma mistura, ela não se confunde com uma mistura de reação. Portanto, a classificação pretendida pela fiscalização NCM 3824.90.90 se sustenta, pois passa a ser a posição residual para o caso de uma mistura de diversos elementos, com propriedades distintas do produto puro. A dispensa de licenciamento prevista na Portaria SECEX nº 14/2004, referida pela impugnante, foi introduzida na legislação aduaneira pela Portaria SECEX nº 17/2003, DOU de 02/12/03, posteriormente a ocorrência dos fatos sob exame. Quando da importação em questão, vigia a Portaria SECEX nº 21/96, que previa apenas dois tipos de licenciamento: o automático e o não automático. Portanto, a correta identificação da mercadoria, feita por meio de análise laboratorial, passou a exigir uma nova licença de importação, porque a licença obtida, ainda que automática, amparava a mercadoria que se encontrava nela descrita, mas não o produto que foi efetivamente importado. Embora conste o nome comercial, a descrição não contém todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, pois omite o fato de ser uma mistura de reação, elemento essencial para o correto enquadramento tarifário do produto. Assim, inaplicáveis os Atos Declaratórios Cosit nº 10 e 12/97. Considerações sobre a graduação da penalidade da multa de ofício não se encontram sob a discricionariedade da autoridade administrativa, uma vez definida objetivamente pela lei, não dando margem a conjecturas atinentes à ocorrência de efeito confiscatório ou de ofensa ao princípio da capacidade contributiva. Cientificada em 21/06/2016, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 19/07/2016, alegando, em síntese: PRELIMINARMENTE a) DA TEMPESTIVIDADE (...) b) DO JULGAMENTO FAVORÁVEL NOS AUTOS DO PROCESSO 11128.004010/ 200355 (...) Assim, o processo 11128.004010/200355 foi julgado favorável aos interesses da empresa peio que o crédito tributário do aludido Auto de Infração foi exonerado. E tal entendimento deve ser aplicado ao presente caso. (...) Fl. 567DF CARF MF Processo nº 11128.006621/200176 Resolução nº 3402001.035 S3C4T2 Fl. 568 5 III DO DIREITO (...) a) DO PRODUTO IMPORTADO E DA SUA CORRETA CLASSIFICAÇÃO FISCAL (NCM 2929.1090) (...) Deste modo Nobres Julgadores, pelo fato de o produto em questão se tratar de uma mistura de isômeros de isocianatos, não existe a menor possibilidade de enquadramento em posição diversa da adotado pela recorrente, posto que o produto "LUPRANAT M 20 S" se encaixa perfeitamente no Capítulo 29, mais especificamente na posição Outros isocianatos", qual seja a 2929.1.090. (...) Temse desse modo que a decisão recorrida merece reforma haja vista que a posição pretendida pelo Fisco e completamente residual e subsidiária, só se aplicando, destarte, aos produtos que não possuem posição mais especifica na tabela. De acordo ao quanto determina a própria TEC, a posição mais específica prevalece sobre a genérica, sendo forçoso reconhecer que a adoção adotada pela Recorrente é a correta sendo inadmissível a pretensa desclassificação. (...) Deste modo, importa destacar que a classificação do produto em questão, qual seja, o Lupranat M 20 S, já foi objeto de outro procedimento administrativo, com decisão favorável aos interesses da ora recorrente (Processo nº 11128.004010/200355). (...) b) DO PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO CONTRIBUINTE E DO PRINCÍPIO DO ATO VINCULADO (...) O artigo 112 do Código Tributário Nacional nos mostra o principio do in dubio pro contribuinte, in verbis: (...) O referido princípio mostra que em caso de dúvidas quanto à aplicação da norma tributária, esta deverá ser interpretada e aplicada de forma mais benéfica ao contribuinte. Assim como ocorre in casu. Caso não seja possível sustentar a classificação fiscal adotada peio contribuinte, o que se admite por amor aos debates, igualmente não se pode sustentar a classificação adotada pelo FISCO, que não logrou êxito em provar que a mercadoria deve ser enquadrada na posição tarifária 3824.9032. (...) Como exaustivamente exposto, o produto em questão jamais poderia ser classificado na NCM adotada pela autoridade fiscal. Nesse sentido, verificase afronta total e completa ao princípio do ato vinculado, plasmado no transcrito no artigo 142 do CTN, corolário do princípio da estrita legalidade dos atos públicos existentes no artigo 50 da Constituição Federal. Nesta esteira, é que merece ser integralmente desconstituído o lançamento em questão, o que desde logo se requer. Fl. 568DF CARF MF Processo nº 11128.006621/200176 Resolução nº 3402001.035 S3C4T2 Fl. 569 6 c) DA MULTA DO CONTROLE ADMINISTRATIVO (...) Vejase que, in casu, o documento existe e foi apresentado, de tal forma a ser impossível a aplicação do artigo utilizandose de mera analogia, para equiparar suposto erro de descrição à falta de guia de importação. Ainda que se entenda possível esta aplicação analógica, o que se ventila ad argumentandum, não pode a referida multa ser aplicada ao caso, em decorrência do quanto determina o Ato Declaratório Normativo no 12 de 21/01/97 que dispõe o seguinte: (...) O LABANA em nenhum momento negou a presença de 4,4 DIFENIL MET1LDIISOCIANATO, e, portanto, nenhuma razão existe para que se mantenha a penalidade aplicada, que só deve ter lugar quando efetivamente o produto importado for fundamentalmente diferente do declarado. É forçoso reconhecer, portanto, que a multa em tela, por ter caráter administrativo e não tributário, exige, para que possa incidir, seja o produto importado substancialmente diverso do declarado, o que indubitavelmente não ocorreu. d) DA MULTA PELA CLASSIFICAÇÃO ERRÔNEA (...) Em vista do exposto acima, em estando a classificação fiscal correta, impossível a manutenção da multa aplicada com base no referido artigo, tendo em conta que a mercadoria importada não foi classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria. (...) Ademais, a multa deste tipo jamais poderia ter sido instituída por intermédio de medida provisória, tendo em vista que ausentes se mostram as características de relevância e urgência constitucionalmente exigidas para que determinada matéria seja tratada diretamente pelo Poder Executivo. Em face deste quadro, ainda na teratológica possibilidade de manutenção da desclassificação tarifária procedida, impossível a manutenção da multa, tendo em conta que o veículo legislativo não é válido. e) DA MULTA DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (...) Todavia, a multa aplicada com base legal no artigo 44, Inciso I da Lei no 9.430/96, não deve ser mantida, ante o disposto no ADI 13/2002, cujo trecho pedese vênia para transcrever: (...) Ora, uma vez tendo o produto sido corretamente descrito e não tendo a autoridade fiscalizadora logrado êxito em comprovar o intuito doloso ou a máfé da ora recorrente, estando a questão controvertida apenas e tão somente por entendimento diverso quanto a classificação do produto, é medida de salutar justiça que se cancele a multa em teia, independente de se declarar a insubsistência do auto. Fl. 569DF CARF MF Processo nº 11128.006621/200176 Resolução nº 3402001.035 S3C4T2 Fl. 570 7 f) DA MULTA DO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS Reza o artigo 80 da Lei 4.502/84, com as alterações da Lei nº 9.430/96: (...) Ocorre, entretanto, que a situação em baila não se enquadra em nenhum dos casos elencados pelo artigo retro, uma vez que não se pode pretender ter a Recorrente agido com dolo, ou cometido infração qualificada, apenas por entender estar o produto inserido em outra classificação fiscal, tendo, por conseguinte, recolhido o imposto conforme a alíquota por ela determinada. (...) É o relatório. VOTO Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Entende a contribuinte que a classificação fiscal do produto LUPRANAT M20 S seria no código NCM 2929.10.90, em conformidade com a composição dada pelo Parecer Técnico n.° 70711 do Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPT e com a Nota 1b) da NESH do Capítulo 29, que assim dispõe: 1. Ressalvadas as disposições em contrário, as posições do presente Capítulo apenas compreendem: (...) b) As misturas de isômeros de um mesmo composto orgânico (mesmo que contenham impurezas), com exclusão das misturas de isômeros (exceto estereoisômeros) dos hidrocarbonetos acíclicos, saturados ou não (Capítulo 27); (...) De outra parte, o julgador de primeira instância2 rejeitou a tese da impugnante de que o produto seria uma simples mistura de isômeros, concluindo que o produto contém apenas 3% de isômeros do 4,4'MDI, sendo que os oligômeros, que integram o produto na proporção de 51,5%, não se confundem com os isômeros. Não obstante as conclusões obtidas pelo julgador a quo e pela autoridade fiscal acerca do Laudo Labana, no entender desta Relatora, leiga em química, carecem os autos de um pronunciamento técnico específico acerca da possibilidade de que o produto importado seja definido como uma mistura de isômeros de um mesmo composto orgânico (mesmo contendo 1 "De acordo com as análises efetuadas, a amostra não possui uma constituição definida pois, provavelmente, é constituída de uma mistura de isômeros de diisocianatos de difenilmetano, de fórmula geral C15H10N202, a qual não está definida em nenhuma posição especifica. Como se trata de uma mistura de isocianatos cíclicos, ela deve ser classificada, de acordo com a Tarifa Externa Comm — TEC, na posição 2929. 10.90." 2 Tanto a literatura técnica quanto as informações técnicas exaradas pelo Labana analisam o produto como sendo composto de 42% de 4,4´MDI (o produto puro), 3% de isômeros de 4,4´MDI e 51,5% de produtos oligoméricos ou oligômeros. Fl. 570DF CARF MF Processo nº 11128.006621/200176 Resolução nº 3402001.035 S3C4T2 Fl. 571 8 impurezas), que não seja uma mistura de isômeros (exceto estereoisômeros) dos hidrocarbonetos acíclicos, saturados ou não. Além disso, no recurso voluntário, a recorrente requer a aplicação do mesmo resultado obtido no processo nº 11128.004010/200355, no qual o julgador de primeira instância, mediante o Acórdão nº 1736389 2ª Turma da DRJ/SP2, de 24 de novembro de 2009, assim decidiu: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 15/02/2000 CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. LUPRANAT M20S Tendo sido retificado o laudo técnico e identificado o produto em questão como uma resina amínica (Poli (Isocianato de Fenil Metano)), é incabível sua classificação no capítulo 38. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado (...) VOTO (...) A fiscalização baseou a autuação no laudo Labana 0454/2000 que identificou o produto em questão como sendo uma "mistura de reação a base de Isocianatos Aromáticos, contendo 4,4'Diisocianato de Difenilmetano", reclassificando a mercadoria na posição 3824 90.89, relativa aos "Outros produtos e preparações a base de compostos orgânicos, não especificados nem compreendidos em outras posições". Ao reformular a conclusão do laudo técnico, o Parecer 038/2009 identifica o produto importado como sendo uma resina Amínica (Poli (Isocianato de Fenil Metano)). A posição 3824.90.89 é relativa as preparações das indústrias químicas ou conexas que não estão especificados nem compreendidos em outras posições. No entanto, as resinas aminicas tem posição específica na TEC (30.09), sendo indevida sua reclassificação no capitulo 38 e, consequentemente, improcedente o feito fiscal. Dessa forma, conheço da impugnação por tempestiva para, no mérito, DEFERILA. Encaminhese este processo a repartição de origem para efetuar a ciência deste Acórdão ao contribuinte. Desta decisão deixo de recorrer de ofício ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por ser o Crédito Tributário exonerado inferior ao limite de alçada previsto no artigo 1° da Portaria MF 03 de 03/01/2008. (...) No entanto, a recorrente não juntou aos presentes autos o referido Parecer 038/2009, que teria reformulado a conclusão do Laudo Técnico anterior no processo nº 11128.004010/200355, o qual se encontra atualmente arquivado e não consta no sistema e processo. Nesse mesmo sentido foi a conclusão do Acórdão nº 3102002.180 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 26 de março de 2014, sob a relatoria do Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, no processo nº 11128.000246/200231, que sob amparo do Laudo de Análise nº 2411.01 Fl. 571DF CARF MF Processo nº 11128.006621/200176 Resolução nº 3402001.035 S3C4T2 Fl. 572 9 Funcamp Aditamento, concluiu pela impossibilidade de classificação em qualquer desdobramento da Posição 2929, bem como no código NCM proposto pela fiscalização, nestes termos: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 06/09/2001 LUPRANAT M20S. LAUDO PERICIAL. IDENTIFICAÇÃO. POLI (ISOCIANATO DE FENIL METILENO). NOTAS EXPLICATIVAS NESH. APLICAÇÃO. O Produto identificado pela Perícia Técnica como Poli (isocianato de fenil metileno), descrito na importação como Lupranat M20S, classificase na Posição 3909 e não na Posição 3824, pela aplicação das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias NESH, Atualizações nºs 05 e 06, Instrução Normativa nº 509/05. Recurso Voluntário Provido (...) Sobre os laudos ou pareceres no processo administrativo fiscal, assim dispõe o art. 30 do Decreto nº 70.235/72: Art. 30. Os laudos ou pareceres do Laboratório Nacional de Análises, do Instituto Nacional de Tecnologia e de outros órgãos federais congêneres serão adotados nos aspectos técnicos de sua competência, salvo se comprovada a improcedência desses laudos ou pareceres. § 1° Não se considera como aspecto técnico a classificação fiscal de produtos. § 2º A existência no processo de laudos ou pareceres técnicos não impede a autoridade julgadora de solicitar outros a qualquer dos órgãos referidos neste artigo. § 3º Atribuirseá eficácia aos laudos e pareceres técnicos sobre produtos, exarados em outros processos administrativos fiscais e transladados mediante certidão de inteiro teor ou cópia fiel, nos seguintes casos: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) quando tratarem de produtos originários do mesmo fabricante, com igual denominação, marca e especificação; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) (...)[negritei] Nessa esteira, em referência ao princípio da verdade material, e com fundamento no art. 18 do Decreto nº 70.235/72, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para determinar à Alfândega do Porto de Santos o que se segue: a) Juntar aos autos cópias do Parecer 038/2009, que teria reformulado a conclusão do Laudo Técnico anterior no processo nº 11128.004010/200355; do Laudo de Análise nº 2411.01 Funcamp Aditamento constante no processo nº 11128.000246/200231; bem como das Declarações de Importação que ampararam as importações dos produtos analisados nesses processos; Fl. 572DF CARF MF Processo nº 11128.006621/200176 Resolução nº 3402001.035 S3C4T2 Fl. 573 10 b) Verificar a possibilidade de, nos termos do art. 30, §3º, "a" do Decreto nº 70.235/72, acima transcrito, atribuir eficácia no presente processo ao Parecer 038/2009 e ao Laudo de Análise nº 2411.01 Funcamp Aditamento; c) Em caso negativo (produtos analisados no Laudo e no Parecer com diferentes denominação, marca ou especificação do produto ora sob estudo no presente processo), solicitar a elaboração de Laudo Técnico Complementar com esclarecimentos acerca dos seguintes pontos: c.1) possibilidade de que o produto importado seja definido como uma mistura de isômeros de um mesmo composto orgânico (mesmo contendo impurezas), que não seja uma mistura de isômeros (exceto estereoisômeros) dos hidrocarbonetos acíclicos, saturados ou não; bem como c.2) possibilidade de o produto seja identificado como Poli (lsocianato de Fenil Metileno) ou resina amínica. d) Elaborar Relatório Conclusivo acerca dos dados coletados na diligência, acima solicitados, acrescentando outras informações que entender relevantes à solução da lide. c) Cientifique a recorrente desta Resolução, dos demais documentos juntados e do Relatório Conclusivo, concedendolhe o prazo de 30 (trinta) dias para manifestação, nos termos do art. 35 do Decreto nº 7.574/2011. d) Por fim, após decorrido o prazo de manifestação da interessada, devolva os autos a este Colegiado para prosseguimento. É como voto. (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 573DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.917214/2011-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do Fato Gerador: 14/11/2001
BASE DE CÁLCULO. ICMS. EXCLUSÃO.
O valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.665
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro declarou-se impedido.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do Fato Gerador: 14/11/2001 BASE DE CÁLCULO. ICMS. EXCLUSÃO. O valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10830.917214/2011-69
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5788470
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.665
nome_arquivo_s : Decisao_10830917214201169.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
nome_arquivo_pdf_s : 10830917214201169_5788470.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro declarou-se impedido. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 27 00:00:00 UTC 2017
id : 6984773
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:52 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049465907052544
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1557; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.917214/201169 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.665 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de setembro de 2017 Matéria PIS/COFINS Recorrente PLASTIPAK PACKAGING DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do Fato Gerador: 14/11/2001 BASE DE CÁLCULO. ICMS. EXCLUSÃO. O valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro declarouse impedido. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade interposta contra despacho decisório que indeferiu o Pedido de Restituição formulado por meio do PER/DCOMP. O pedido de restituição referese a suposto pagamento a maior de contribuições sociais no período de apuração referido na ementa deste julgado. O despacho AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 72 14 /2 01 1- 69 Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10830.917214/201169 Acórdão n.º 3402004.665 S3C4T2 Fl. 3 2 decisório considerou improcedente o crédito informado no PER/DCOMP, tendo em vista o pagamento efetuado já fora integralmente alocado a outros débitos. Cientificado da decisão, o Contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, requerendo o direito à restituição regularmente pleiteado, alegando que seu direito creditório adviria do alargamento da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins, decorrente da inclusão indevida do ICMS no conceito de faturamento. Seu pleito foi julgado improcedente pela DRJ, ensejando a interposição de Recurso Voluntário, repisando suas razões originais. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.636, de 27 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 10283.903445/201210, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.636): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. 1. Sobre a necessidade de suspensão do processo administrativo Em relação à inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS, foi reconhecida a repercussão geral da temática pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do Recurso Extraordinário 574.706, julgado favoravelmente ao Contribuinte mas pendente de publicação do acórdão, e passível ainda de Embargos de Declaração. Não há, portanto, o seu trânsito em julgado. Como bem ponderado pela Conselheira Thaís de Laurentiis em outro acórdão, haja vista o conteúdo do artigo 15 do Código de Processo Civil (CPC), que determina a sua aplicação supletiva ou subsidiária aos processos administrativo; bem como do artigo 1.035, §5º do mesmo Codex, com a regra sobre a necessidade de sobrestamento dos processos cuja matéria foi objeto de reconhecimento do repercussão geral no âmbito do STF, entendo que o presente processo administrativo deveria ser sobrestado, até que a melhor solução acerca do direito da Recorrente fosse apresentada pelo Pretório Excelso. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10830.917214/201169 Acórdão n.º 3402004.665 S3C4T2 Fl. 4 3 Nesse sentido, destaco as razões apresentadas pelo Conselheiro Diego Diniz Ribeirão no Acórdão n. 3402004.271, com as quais concordo inteiramente. Contudo, sabendo que o entendimento majoritário desse Colegiado é pela impossibilidade de sobrestamento face à ausência de previsão regimental nesse sentido, passo à análise do mérito. 2. Da Inclusão do ICMS na Base de Cálculo do PIS/COFINS Sobre esse tema, este Colegiado se manifestou por unanimidade com a ressalva do voto do Conselheiro Antonio Carlos Atulim, em substituição ao Conselheiro Pedro Bispo ao prolatar o Acórdão CARF nº 3402003.317 de relatoria do Cons. Atulim,e cujas razões reproduzo aqui e adoto como fundamentos da minha decisão: No mérito, deflui dos autos que o contribuinte apurou e recolheu a contribuição incluindo o ICMS na sua base de cálculo e agora comparece perante a Administração Tributária alegando que o recolhimento foi efetuado em montante superior ao devido porque a inclusão do ICMS no faturamento ou na receita é inconstitucional. O recolhimento efetuado pelo contribuinte, incluindo o ICMS na base de cálculo da contribuição, está calcado em entendimento sedimentado desde tempos imemoriais na seara tributária. Tal entendimento tem respaldo legal no art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77 e na Instrução Normativa nº 51, de 03/11/1978, que a regulamentou. O art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77, na redação vigente na época do fato gerador relativo ao pagamento tido como indevido, estabelecia o seguinte: "Art 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. § 1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. (...)" (Fonte da transcrição: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decretolei/ del1598.htm) Já o item 4 da IN SRF nº 51/78, estabelece o seguinte: 4. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta da vendas e serviços, diminuídas (a) das vendas canceladas, (b) dos descontos e abatimentos concedidos incondicionalmente e (c) dos impostos incidentes sobre as vendas. (...) Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10830.917214/201169 Acórdão n.º 3402004.665 S3C4T2 Fl. 5 4 4.3 Para os efeitos desta Instrução Normativa reputamse incidentes sobre as vendas os impostos que guardam proporcionalmente (sic) com o preço da venda ou dos serviços, mesmo que o respectivo montante integra (sic) a base de cálculo, tais como o imposto de circulação de mercadorias, o imposto sobre serviços de qualquer natureza, o imposto de exportação, o imposto único sobre energia elétrica, o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes etc. 4.3.1 Incluemse também neste item: a) taxas que guardam proporcionalidade com o preço de venda; b) a parcela de contribuição para o Programa de integração Social calculada sobre o faturamento; c) a quota de contribuição, ou retenção cambial, devida na exportação. (Fonte da transcrição: http://sijut.fazenda.gov.br/ netahtml/ sijut/Pesquisa.htm) Portanto, o recolhimento efetuado pelo contribuinte está em conformidade com a legislação vigente e com entendimento sedimentado há anos na seara tributária, uma vez que o valor do ICMS integra o preço da mercadoria, sendo tal valor deduzido contabilmente como despesa operacional. O contribuinte alega, em síntese, a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição porque o imposto estadual não se enquadra no conceito de faturamento ou mesmo no de receita estabelecido pela constituição. Ao contrário do alegado pelo contribuinte, tal argumento não pode ser acatado pelos órgãos administrativos de julgamento, pois o art. 26A do Decreto nº 70.235/72 proíbe este colegiado de negar vigência a texto legal com hierarquia superior a Decreto, em razão de arguição de inconstitucionalidade, in verbis: "Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10830.917214/201169 Acórdão n.º 3402004.665 S3C4T2 Fl. 6 5 I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal;(...)" O contribuinte invoca a seu favor o acórdão do STF proferido no RE 240.7852. Entretanto, esse recurso extraordinário ainda não foi definitivamente julgado, não se enquadrando no disposto no § 6º, I, acima transcrito, e nem nas disposições do Decreto nº 2.346/97, para que o entendimento possa ser estendido administrativamente a outros casos concretos. Não se olvide que essa questão é objeto do Tema 69 dos recursos submetidos à sistemática da repercussão geral no STF e será decidida no RE nº 574.706. Acrescentese que a Súmula CARF nº 2 estabelece que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária. 3. Conclusão Ante o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11050.000380/2010-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/03/2009
VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103
O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103).
Recurso de ofício não conhecido.
Numero da decisão: 3402-004.233
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 30/03/2009 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103 O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103). Recurso de ofício não conhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Aug 02 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11050.000380/2010-93
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5750143
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Aug 02 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.233
nome_arquivo_s : Decisao_11050000380201093.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
nome_arquivo_pdf_s : 11050000380201093_5750143.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
id : 6877513
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049465909149696
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1550; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11050.000380/201093 Recurso nº 2 De Ofício Acórdão nº 3402004.233 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de junho de 2017 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente UNIFERTIL UNIVERSAL DE FERTILIZANTES SA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/03/2009 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO SÚMULA CARF 103 O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103). Recurso de ofício não conhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 0. 00 03 80 /2 01 0- 93 Fl. 410DF CARF MF Processo nº 11050.000380/201093 Acórdão n.º 3402004.233 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso de ofício interposto pela autoridade julgadora de primeira instância, nos termos do Acórdão 07028.406, que ao julgar a impugnação cancelou a exação objeto dos autos em montante que, à época da decisão, ultrapassou o limite de alçada. O valor exonerado (principal + multa de ofício), contudo, é inferior ao limite atualmente vigente, estabelecido pela Portaria MF nº 63, de 09/02/2017. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.199, de 26 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10410.720607/201445, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.199): "Como relatado, o valor exonerado objeto do recurso de ofício foi inferior à R$ 2.500.000,00. A Portaria MF nº 63, de 09/02/2017 (DOU 10/02/2017), estabeleceu que: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Por seu turno, a Súmula CARF, abaixo transcrita, explicita o direito intertemporal para aplicação do teor da transcrita Portaria Ministerial, consoante o brocardo que é princípio do direito adjetivo, qual seja, tempus regit actum. Fl. 411DF CARF MF Processo nº 11050.000380/201093 Acórdão n.º 3402004.233 S3C4T2 Fl. 4 3 Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Com efeito, sendo o valor de alçada nesta data inferior à R$ 2.500.000,00, o presente recurso não pode ser conhecido. Diante do exposto, não conheço do recurso de ofício". Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 412DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.928479/2009-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005
COFINS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ.
A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação após a não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo.
Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72).
Recurso voluntário parcialmente provido.
Aguardando nova decisão.
Numero da decisão: 3402-004.380
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora. Acompanhou o julgamento o patrono da recorrente, o Dr. Valter Tremarin Júnior, OAB/RS 73.247.
(Assinado com certificado digital)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente.
(Assinado com certificado digital)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005 COFINS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação após a não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72). Recurso voluntário parcialmente provido. Aguardando nova decisão.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11080.928479/2009-61
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5766666
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.380
nome_arquivo_s : Decisao_11080928479200961.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
nome_arquivo_pdf_s : 11080928479200961_5766666.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora. Acompanhou o julgamento o patrono da recorrente, o Dr. Valter Tremarin Júnior, OAB/RS 73.247. (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
id : 6923806
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049465986744320
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1875; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 111 1 110 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.928479/200961 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.380 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 30 de agosto de 2017 Matéria COFINS Recorrente CERAN COMPANHIA ENERGÉTICA RIO DAS ANTAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005 COFINS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação após a não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72). Recurso voluntário parcialmente provido. Aguardando nova decisão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora. Acompanhou o julgamento o patrono da recorrente, o Dr. Valter Tremarin Júnior, OAB/RS 73.247. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 84 79 /2 00 9- 61 Fl. 702DF CARF MF 2 (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório O presente Processo Administrativo foi objeto da Resolução n. 3402000.278 depois de sua chegada ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (“CARF”). Dessa forma, o caso já foi bem relatado pelo Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, antes de ser a mim redistribuído pelo fato de a Relator originário não mais integrar nenhum dos Colegiados da 3ª Seção. Desta feita, peço licença para tomar emprestadas as suas palavras sobre o histórico do processo: Tratase de processo de restituição/compensação em que o contribuinte teve seu pedido de indébito negado por despacho decisório eletrônico, sob o fundamento de que o crédito financeiro alegado como pagamento indevido foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Na manifestação de inconformidade, o recorrente alega que houve erro no preenchimento da DCTF e que esse erro já foi resolvido por meio de uma declaração retificadora. Nesta linha, afirma que possui direito à restituição de tributos, gerado por pagamentos indevidos e que as comprovações destes indébitos encontramse espelhadas nas retificações feitas nas DCTF. A DRJ de Porto Alegre julgou improcedente a manifestação de inconformidade sob o fundamento de que a restituição de indébito fiscal está condicionada à comprovação da certeza e liquidez do respectivo indébito. Que a simples entrega de DCTF retificadora sem qualquer explicação a respeito da divergência na apuração do débito, não é elemento suficiente para comprovar o indébito apontado. Assim, a liquidez do direito há de ser comprovada pela demonstração do quantum recolhido indevidamente, através da comprovação das bases de cálculo sobre as quais ocorreram os fatos geradores e o efetivo valor devido. Por fim assevera que...também é assente na doutrina que direito líquido e certo é aquele cujos aspectos de fato possam comprovarse documentalmente. Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpõe recurso voluntário ao CARF, cujo teor, em síntese é o que se segue: Fl. 703DF CARF MF Processo nº 11080.928479/200961 Acórdão n.º 3402004.380 S3C4T2 Fl. 112 3 A Recorrente identificou em sua contabilidade que parte de suas receitas decorriam de contratos de fornecimento a preço predeterminado, assinados anteriormente a 31 de outubro de 2003, com prazo de duração superior a um ano ( contratos de Compra e Venda de Energia Elétrica), receitas estas que estão submetidas sistemática de cobrança cumulativa do pagamento da COFINS, nos moldes da Lei n° 9.718/98, por força do que dispõe o artigo 10, inciso XI, alínea b, da Lei n° 10.833/2003. Além disso, vinha a Recorrente considerando como fato gerador da COFINS a efetiva emissão do documento fiscal, ocorrida sempre no primeiro dia do mês subsequente ao reconhecimento de suas receitas, reconhecimento este efetuado por competência. Considerando que o fato gerador não é a emissão física do documento representativo da receita, mas sim o seu reconhecimento quando de sua efetiva realização contábil (reconhecimento por competência), a Recorrente corrigiu também este equivoco, antecipando em um mês, para fins de cálculo retificador, as receitas anteriormente consideradas na base de cálculo das contribuições. Dessa forma, a Recorrente, verificando os equívocos por ela cometidos quando da apuração da COFINS, procedeu a retificação de seu cálculo, submetendo as receitas decorrentes de contratos de fornecimento a preço predeterminado, assinados anteriormente a 31 de outubro de 2003, anteriormente consideradas no regime não cumulativo da Cofins, ao regime cumulativo desse tributo, e considerando tais receitas como auferidas no mês anterior a emissão do documento fiscal. Em razão da diferença entre os valores e a alíquota aplicada da COFINS cumulativa (3%) para a alíquota da COFINS nãocumulativa (7,6%), resultou uma diferença a crédito para Recorrente. Essas são as razões jurídicas que embasam o pedido do recorrente. Com essas causas de pedir recursais, requer a procedência de seu pedido para fins de: a) Homologar integralmente a compensação apresentada nos autos; ou b) Determinar a realização de diligência; ou ainda c) Anular a decisão da DRJ Em julgamento datado de 31 de agosto de 2011 (Resolução n. 3402000.278 6), a 2ª Turma da 4ª Câmara por expressamente entender equivocado o procedimento adotado pela DRF e a solução dada pela DRJ, além de ponderar que os documentos trazidos aos autos podem sugerir a mutação de regime de apuração da exação e erro na aplicação do regime de competência determinou a conversão do julgamento em diligência, nos seguintes termos: Voto por converter o julgamento em diligência para que o órgão de origem verifique: Fl. 704DF CARF MF 4 a) Quais foram os contratos de compra e venda de energia elétrica firmados antes de 31/10/2003 e qual a receita auferida na execução destes contratos; b) Se todos os contratos firmados antes de 31/10/2003 tinham prazo de vigência superior a 1 (um) ano; c) Se o preço foi predeterminado; d) Quando houve a primeira alteração de preço decorrente da aplicação de cláusula contratual de reajuste periódico ou não; e) Quando houve a primeira alteração de preço decorrente da aplicação de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico/financeiro do contrato, nos termos dos artigos 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; f) Se houve reajuste de preço, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou a variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 12 do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995; e g) Se houve equívoco na apuração da exação quando da apuração da base de cálculo da exação pelo regime de competência. Da conclusão da diligência deve ser dada ciência à contribuinte, abrindolhe o prazo de trinta dias para, querendo, pronunciarse sobre o feito. As respostas pela repartição fiscal de origem foram apresentadas em fls 566 a 577, concluindo que, apesar de não terem sido apresentados alguns documentos requeridos à Recorrente, localizou os pagamentos em questão no sistema da Receita Federal. Suas considerações conclusivas foram que: Com base no entendimento da Solução de Consulta nº 228, de 14/12/2009, acima exposto, verificase que as receitas auferidas no mês de setembro de 2005, no total de R$ 4.889.638,25, na execução dos contratos CERCO/2002 211, CERCO/2002 212, CERPA/2002 209 e CERPI/2002 210, de 17/10/2002, e CERCEEE, de 11/11/2002, foram equivocadamente reconhecidas como Receita da Venda no Mercado Interno no regime nãocumulativo, na Dacon retificadora do 2º Trimestre de 2005, de nº 0000100200800010811, tendo em vista que nos reajustes nos percentuais de 14%, 12%, 14%, 12% e 31%, respectivamente, dos preços dos Valores de Referência ²VR² mensais inicialmente contratados em relação a cada MWh de energia, foram computas as variações do índice IGPM, descaracterizando o preço predeterminado previsto no artigo 10 da Lei nº 10.833/2003. Por sua vez, a Recorrente foi intimada do resultado da diligência, apresentando manifestação de fls 579 a 602, pela qual reforça que a própria autoridade fiscalizadora confirmou suas alegações de defesa e requer, novamente, o provimento de seu recurso voluntário, pois, no seu entendimento: Fl. 705DF CARF MF Processo nº 11080.928479/200961 Acórdão n.º 3402004.380 S3C4T2 Fl. 113 5 i) a Fiscalização deveria ter comprovado que os reajustes dos preços dos Contratos foram superiores aos custo de produção da Requerente ii) da impossibilidade de retirar dos contratos firmados pela Requerente a característica de serem a preço predeterminado, uma vez que o mero reajuste de preço não seria condição suficiente para descaracterizar o preço predeterminado, conforme dispõe o artigo 3º, §3º da IN 658/2006 (o reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados não descaracteriza o preço predeterminado) iii) Contrato CERCEED, foi celebrado para harmonizar o conceito de valor de referência (VR) com o conceito de valor normativo (VN), estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, Nota Técnica 23/2003). Assim, os reajustes promovido configuram mera alteração nominal no preço. Não configurariam, dessarte, reajuste do preço contratado, mas sim mera recomposição do valor da moeda. iv) Sobre os Contratos CERCEEED, CERCO/2002 211, CERCO/2002 212, CER PA/2002 209 e CERPI/2002 210, lembra quea Lei n. 10.833/2003 não definiu o que seria “preço predeterminado”. Assim, por força do que determina o artigo 109 do CTN, deve ser observado o artigo 487 do Código Civil e, por conseguinte, convalidado que as partes podem contratar preço em função de índices, desde que estes sejam suscetíveis de determinação. Ou seja, a existência de cláusula que preveja índice determinado de reajuste de preço não retira sua característica de contato de preço (pre)determinado; v) o artigo 109 da Lei n. 11.196/2005, com aplicação retroativa a 1º de novembro de 2003 (cf artigo 106, inciso I do CTN, por tratarse de lei meramente interpretativa), esclareceu que o reajuste de preço não pode ser considerado para fins de descaracterização de preço predeterminado a que se refere o artigo 10, inciso XI, alíneas “b” e “c” da Lei n. 10.833/2003. Ademais, o artigo 109 da Lei 11.196/2005, conjuntamente lido com o artigo 27, parágrafo único 1º, incido II da Lei n. 9.069/1995, levam à conclusão de que o contrato que tenha seu preço reajustado em função do custo de produção ou da variação de índica que reflita a variação ponderado dos custos dos insumos utilizados não perde a característica de contrato a preço predeterminado. O IGMP constitui índice que reflete adequadamente a evolução dos preços das atividades produtivas, portanto enquadrandose nos dispositivos anteriormente citados, exatamente como expôs a Nota Técnica n. 224/2006 SFF/ANEEL e o Ofício n. 1.431/2006SFF/ANEEL vi) subsidiariamente, a Fiscalização deveria ter comprovado que os reajustes pelo IGPM superaram o percentual correspondente ao acréscimo dos custos de produção. Posteriormente, a Recorrente apresentou laudo formulado por auditoria independente a respeito da composição do preço predeterminado dos contratos acostados aos autos, razão pela qual, em 26 de maio de 2017, tendo em vista o conteúdo do artigo 10 do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015),1 propus a abertura de vista à Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN), para que se manifeste acerca do documento apresentado pela Recorrente, medida imperativa para submeter a documentação ao 1 Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Fl. 706DF CARF MF 6 contraditório, tornandose então prova capaz de legitimamente influenciar o julgamento do caso. A manifestação da PFN veio ao processo em fls 633 a 647, no seguinte sentido: Concluise, portanto, à vista dos argumentos acima expostos, que, de todo modo, o pleito do contribuinte deve ser rechaçado: a) seja para encampar a conclusão exarada pela DRJ de origem, com base nos fundamentos ali expostos, ou seja, de que o fato de o contribuinte ter, posteriormente à ciência do Despacho Decisório, tratado de retificar formalmente a DCTF não tem o efeito de convalidar retroativamente a compensação instrumentada por DCOMP pois a existência do indébito só se aperfeiçoou depois. A razão pela qual não se pode acatar esta retroação de efeitos está associada ao fato de que como a apresentação da DCOMP serve à extinção imediata do débito do sujeito passivo (nos mesmos termos de um pagamento), só pode ela ser efetuada com base em créditos contra a Fazenda Nacional líquidos e certos (como o comanda o artigo 170 do Código Tributário Nacional). Nesse contexto, créditos relativos a valores confessados e não retificados antes de qualquer procedimento de ofício não têm existência jurídica válida (em termos tanto de liquidez quanto de certeza), em razão dos efeitos legais atribuídos à DCTF; b) seja para, não acatado o posicionamento acima, diante da análise da PER/DCOMP com base na DCTF retificada após proferido despachodecisório que não homologou a compensação (cuja possibilidade se admite apenas para argumentar), determinar o retorno dos autos à unidade de origem para verificar a liquidez, certeza, suficiência e legalidade da compensação pleiteada, de forma a apreciar os argumentos e elementos probatórios coligidos ao feito pelo interessado, dando concretude aos princípios do contraditório e da ampla defesa, sem suprimir instâncias. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz Os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário já foram anteriormente reconhecidos por este Conselho, de modo que passo a apreciação do mérito. Como se depreende do relato acima, o presente processo, oriundo de pedido de restituição, tem como arcabouço jurídico a questão do preço predeterminado dos contratos acostados aos autos pela Recorrente e sua implicação quanto à (não)cumulatividade da Contribuição ao PIS e da COFINS. Nesse tipo de processo discutese a capacidade do índice de correção aplicado aos contratos de longo prazo alterar o preço predeterminado dos mesmos, e foi nesse sentido que caminhou a defesa da Recorrente depois do julgamento a quo, no intuito de demonstrar a legitimidade do crédito pleiteado. Fl. 707DF CARF MF Processo nº 11080.928479/200961 Acórdão n.º 3402004.380 S3C4T2 Fl. 114 7 Todavia, tal questão de fundo não pode ser objeto de análise neste momento processual. Isto porque o despacho decisório (fls 7) resumiu a não homologação do crédito ao fato de que " a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP." Daí que a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte limitouse a, em uma lauda, informar que "comprova a existência do crédito compensado através de retificação da DCTF do período." Por conseguinte, o julgamento da DRJ negou provimento à manifestação de inconformidade por entender que a retificação ou o cancelamento, para fins de comprovação do direito creditório, só poderiam ser adotados pela empresa em uma situação de espontaneidade, nunca após o despacho decisório. Assim, a lide foi demarcada unicamente com relação a este ponto, e não com relação a qualquer outra qualidade do crédito, decorrente de indébito tributário, pleiteado. Pois bem. Com relação aos efeitos da DCTF retificadora, o artigo 18 da Medida Provisória n o 2.18949, de 23 de agosto de 2001,2 dispôs que a DCTF retificadora tem os mesmos efeitos da original. Disciplinando tal regra, a Instrução Normativa n. 903, de 30 de dezembro de 2008, vigente à época dos fatos e cujo regramento foi sistematicamente reproduzido nos atos normativos que lhe sucederam , em seu artigo 11, colocava que: Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou 2 Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal estabelecerá as hipóteses de admissibilidade e os procedimentos aplicáveis à retificação de declaração. Fl. 708DF CARF MF 8 III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. No presente caso, o procedimento eletrônico de não homologação referiuse à PERD/COMP e à não localização de créditos suficientes. Ocorre que, como determinam as normas acima transcritas, somente não seriam admitidas para alterar o crédito declarado as DCTF retificadoras relativas a tributos cuja cobrança tenha sido enviada à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ou que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. Ou seja, mesmo após de proferido o despacho decisório, como aqui ocorreu, é possível que a DCTF retificadora tenha seus plenos efeitos de substituir a original. Portanto, o despacho que não homologou a compensação não impedia a DCTF retificadora, que, por sua vez, substituiu completamente a original. Assim, a DCTF retificadora apresentada in casu tem o condão de alterar a situação jurídica anteriormente constatada pelo despacho decisório, o que naturalmente leva à necessidade de o crédito pleiteado pela ora Recorrente ser analisado pela autoridade fiscal de origem com base nessa nova informação, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que poderia ser denegada a compensação. É nesse sentido que tem decidido a pacífica jurisprudência do CARF, como se depreende das ementas dos Acórdãos colacionadas abaixo: Ementa: APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS DESPACHO HOMOLOGATÓRIO POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. A declaração retificadora possui a mesma natureza e substitui integralmente a declaração retificada. Descaracterizadas às hipóteses em que a retificadora não produz efeitos. 1. Saldos enviados à PGFN para inscrição em DAU. 2. Valores apurados em procedimentos de auditoria interna já enviados a PGFN. 3. Intimação de início de procedimento fiscal. Recurso Conhecido e parcialmente provido. (Acórdão 3201 001.237) Retorno dos autos a unidade de jurisdição para apuração do crédito.” CPMF. COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e vinculações declarados, sendo consequência de sua apresentação, após a não homologação de compensação por ausência de saldo de créditos na DCTF original, a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Recurso Voluntário Provido em Parte (Acórdão 330201.727) Ementa: COMPENSAÇÃO. FORMALISMO MODERADO. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO À REPETIÇÃO DO INDÉBITO. Fl. 709DF CARF MF Processo nº 11080.928479/200961 Acórdão n.º 3402004.380 S3C4T2 Fl. 115 9 A prévia retificação da DCTF não é condição sine qua non para a análise de declarações de compensação de indébitos tributários por pagamentos aplicados em débitos confessados, em face da alegação de erro na declaração. Recurso Voluntário Provido. Aguardando Nova Decisão (Acórdão 380302.683) Ocorre que em razão dos procedimentos adotados especificamente no bojo deste processo administrativo, a providência que deve ser tomada é outra. Explico. Repisando o histórico processual, vemos que o Relator que me precedeu entendeu por bem baixar o processo em diligência, o que culminou na análise pela autoridade fiscal de origem sobre a certeza e liquidez dos créditos em discussão (fls 566 a 577). Ou seja, foi já suprida tal necessidade de averiguação pela DRF in casu. Igualmente foi satisfeito o direito da Contribuinte de apresentar nova Manifestação de inconformidade (fls 579 a 602), com relação às considerações trazidas pela autoridade fiscal. Assim, não houve prejuízo ao contraditório e à ampla defesa até então, de modo que mandar que estes atos fossem refeitos significaria desproposita afronta à eficiência e à celeridade processual. Entretanto, esses novos contornos da lide não foram apreciados pela DRJ, já que foram diretamente enviados a este Conselho após o cumprimento da citada diligência. Essa situação não pode ser convalidada no processo administrativo fiscal, sob pena supressão de instância e ofensa ao duplo grau de jurisdição administrativa. Afinal, a ausência de análise do caso pela DRJ nesse contexto ocasiona cerceamento do direito de defesa no processo administrativo e caso fosse proferido julgamento inaugural da matéria (contrato por preço prédeterminado, sua correção monetária e implicações no regime de apuração da COFINS) por este Conselho, estaríamos atuando como instância única. Tal situação não é permitida pelo sistema jurídico, uma vez que o artigo 5º, inciso LV da Constituição confere aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Cumpre destacar a lição de James Marins3 sobre o tema: Não podem, União, Estado, Distrito Federal ou Municípios, instituir no âmbito de sua competência, a denominada “instância única” para o julgamento das lides tributárias deduzidas administrativamente, sob pena de irremediável mutilação da regra constitucional e consequente imprestabilidade do sistema administrativo processual que, por falta de tal requisito constitucional de validade, não servirá para aperfeiçoar a pretensão fiscal impugnada, remanescendo carente de exigibilidade. É por essa razão que, uma vez superada a questão da DCTF retificadora, os créditos pleiteados já tendo sido avaliados pela autoridade fiscal certificadora e objeto de nova manifestação de inconformidade pela Contribuinte, os autos devem agora ensejar apreciação pela DRJ, porque a lide foi reformulada no decorrer do processo administrativo, dado ao princípio do formalismo moderado que impera nesta seara. 3 Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). São Paulo: Dialética, 2010 5ª ed. Fl. 710DF CARF MF 10 Saliento que não se trata de nulidade do Acórdão a quo, que julgou a lide conforme apresentada naquele momento processual. Dessarte, não é o caso de aplicação do artigo 59 do Decreto 70.235/72, mas sim de dar cumprimento ao artigo 60 do mesmo diploma normativo,4 determina que irregularidades verificadas no processo devem ser sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo. Dispositivo Diante do exposto, voto por i) dar provimento parcial ao recurso voluntário tão somente quanto ao direito de se valer da DCTF retificadora para o pleito dos créditos; ii) determinar a remessa dos autos para a DRJ de Porto Alegre, para que nova decisão seja proferida, levando em consideração agora os fundamentos da Fiscalização a respeito do crédito pleiteado no Relatório Fiscal de Diligência (fls 566 a 577) e a subsequente manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte (579 a 602), além dos demais elementos de prova constantes dos presentes autos. Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz 4 Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 711DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.903134/2012-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/09/2009
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA.
As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.407
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 30/09/2009 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13830.903134/2012-03
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5788490
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.407
nome_arquivo_s : Decisao_13830903134201203.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
nome_arquivo_pdf_s : 13830903134201203_5788490.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6984827
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:53 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049466675658752
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1610; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13830.903134/201203 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.407 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de setembro de 2017 Matéria Normas Gerais de Direito Tributário Recorrente QUEIJARIA BUFALO D'OESTE LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/09/2009 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 31 34 /2 01 2- 03 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Belo Horizonte, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte sobre pedido de restituição de créditos de COFINS. O despacho decisório indeferiu o pedido de restituição por inexistência do crédito pleiteado face a vinculação do DARF nele informado com a quitação de débitos do contribuinte. Em sua manifestação de inconformidade, a recorrente alega em síntese que: (...) a empresa tem seus produtos tributados à alíquota zero de PIS e Cofins, conforme determina o art. 1º, inciso XII, da Lei nº 10.925, de 2004. Faz ainda referência à legislação que autoriza o contribuinte a solicitar o ressarcimento ou restituição dos valores que resultarem em crédito acumulado ou recolhimento que se revelou indevido ou a maior. Destaca que revisou suas apurações de PIS e Cofins e constatou que apurou erroneamente os valores ao tributar receitas sujeitas à alíquota zero, tendo efetuado os pedidos de restituição, via PER/DCOMP. Diante disso, foram retificados os Dacon, revelando saldo credor das referidas contribuições. Afirma ainda que, em data posterior ao protocolo dos pedidos, efetuou também as retificações das DCTF, cujo recibo segue anexo. Diante disso, o recorrente não pode ter seu pedido de restituição indeferido sem que se analise o crédito que lhe deu origem, demonstrado no Dacon retificador que se encontra no banco de dados da Receita Federal. Também é necessário que se verifiquem as DCTF retificadoras apresentadas. Defendeu ainda o direito à incidência da taxa Selic sobre o crédito em debate. Ao final, requer: 1. seja recebida e processada a manifestação de inconformidade; 2. seja determinada nova verificação do Dacon retificador e da DCTF retificadora relativa ao período em debate, para o fim de identificar o crédito objeto deste processo; 3. seja reformado o Despacho Decisório, para o fim de reconhecer integralmente o crédito objeto do PER/DCOMP nº 19327.90131.170910.1.2.043613, que tem origem em pagamento indevido ou a maior demonstrado em Dacon e DCTF; 4. que seja determinada a atualização do crédito pela taxa Selic, nos termos fixados no § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 1995; Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 4 3 5. que seja determinado o depósito do valor solicitado e atualizado em conta corrente especificada. Sobreveio então o Acórdão 02060.670, da 2ª Turma da DRJ/BHE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, devido a ausência de comprovação do pagamento indevido ou a maior. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, no qual repisa os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.394, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 13830.903129/201292, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.394): "Como se depreende do relato acima, a lide resumese à comprovação da existência e suficiência do crédito objeto da compensação. Pois bem. A Lei n. 5.172/66 (Código Tributário Nacional), em seu art. 165, assegura o direito à restituição de tributos por recolhimento ou pagamento indevido ou a maior que o devido e estabelece os casos que configuram tal recolhimento ou pagamento, como a Recorrente afirma possuir, nos seguintes termos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos I Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 5 4 Por sua vez, o instituto da compensação de créditos tributários está previsto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) Com o advento da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a compensação passou a ser tratada especificamente em seu artigo 74, tendo a citada Lei disciplinado a compensação de débitos tributários com créditos do sujeito passivo decorrentes de restituição ou ressarcimento de tributos ou contribuições, âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF). Ainda, o §1º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (incluído pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02) 1 determina que a compensação será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados (PER/DCOMP), como pretende a Recorrente in casu. Nesse sentido, a Recorrente processou pedido de compensação, afirmando possuir créditos relativos à COFINS, decorrente de pagamentos indevidos (receita da venda de seus produtos, queijos, que é reduzida a zero pela legislação da Contribuição). Entretanto, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Assim, concluiu a Fiscalização que não restava crédito disponível para restituição, e, por conseguinte, a compensação não foi homologada. Muito embora a falta de prova sobre a existência e suficiência do crédito tenha sido o motivo tanto da não homologação da compensação por despacho decisório, como da negativa de provimento à manifestação de inconformidade, a Recorrente permanece sem se desincumbir do seu ônus probatório, insistindo que efetuou a retificação do Dacon, o que demonstraria seu direito ao crédito. Ocorre que o Dacon constitui demonstrativo por meio do qual a empresa apura as contribuições devidas. Com efeito, o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), instituído pela Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, é uma declaração acessória obrigatória em que as pessoas jurídicas informavam a Receita Federal do Brasil sobre a apuração da Contribuição ao PIS e da 1 A referida legislação recebeu ainda algumas alterações promovidas pelas Leis nºs 10.833/2003 e 11.051/2004. Atualmente, os procedimentos respectivos encontramse regidos pela IN RFB nº 1.300/2012 e alterações posteriores Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 6 5 COFINS. Em outros termos, sua função é de refletir a situação do recolhimento das contribuições da empresa, sendo os créditos autorizados por lei e com substrato nos documentos contábeis da empresa, basicamente notas fiscais os livros fiscais onde estão registradas as referidas notas, além da própria DCTF. Assim, são esses últimos documentos que possuem aptidão para comprovar o crédito. Ademais, a Instrução Normativa n. 1.015, de 05 de março de 2010, vigente à época dos fatos, estabelece que Art. 10. A alteração das informações prestadas em Dacon, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de demonstrativo retificador, elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. § 1º O Dacon retificador terá a mesma natureza do demonstrativo originariamente apresentado, substituindoo integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar alteração nos créditos e retenções na fonte informados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas no demonstrativo original, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) § 5º A pessoa jurídica que entregar Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar, também, DCTF retificadora. Conforme mencionado anteriormente, a Contribuinte não apresentou nenhum documento que comprovasse o crédito alegado. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 7 6 Ressalto que com relação à alegação em manifestação de inconformidade que haveria DCTF retificadora, a decisão recorrida bem coloca que os valores constantes desse documento foram aqueles utilizados pela Fiscalização para a análise do PER/DCOMP, bem como que, com o exame do DACON retificador, fica evidenciada a utilização do crédito em questão. Nesse sentido, destaco o seguinte trecho do acórdão da DRJ: Quanto à alegada retificação da DCTF, registrese que o documento retificador constante dos sistemas mantidos pela Receita Federal, entregue em 28/09/2012 (conf. recibo de entrega), revela a existência do débito no valor que foi considerado no Despacho Decisório e indicado no quadro “UTILIZAÇÃO DOS PAGAMENTOS ENCONTRADOS PARA O DARF DISCRIMINADO NO PER/DCOMP. (...) Nestas condições, fica convalidado em todos os seus termos o Despacho Decisório contestado, que evidencia que o crédito postulado pelo contribuinte foi utilizado conforme especificado no demonstrativo de utilização do pagamento, não restando crédito passível de restituição. Ao não apresentar documentos indispensáveis à apreciação do alegado crédito, o interessado prejudicou a análise por parte da Administração, visto que restou impossibilitada a comprovação de certeza e liquidez do crédito solicitado, conforme preceitua o artigo 170 do CTN. Com relação a prova dos fatos e o ônus da prova, dispõem o artigo 36, caput, da Lei nº 9.784/99 e o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, abaixo transcritos, que caberia à Recorrente, autora do presente processo administrativo, o ônus de demonstrar o direito que pleiteia: Art. 36 da Lei nº 9.784/99. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 373 do Código de Processo Civil. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Peço vênia para destacar as palavras do Conselheiro relator Antonio Carlos Atulim, plenamente aplicáveis ao caso sub judice: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 8 7 provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade. A jurisprudência do CARF é pacífica sobre o tema, como se depreende das ementas abaixo colacionadas: Ementa(s) Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 30/06/2006 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. A DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório que não homologa a compensação e a DACON não têm o condão de provar suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos (Acórdão 3803 006.915, Relator Conselheiro Corintho Oliveira Machado) Ementa(s) NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2009 PIS/COFINS. DCOMP. CRÉDITOS DECORRENTES DE DCTF NÃO RETIFICADA POR DECURSO DE PRAZO (5 ANOS). PER/DCOMP NÃO HOMOLOGADO. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. PIS/COFINS. DCOMP. DACON RETIFICADOR Embora o DACON seja uma fonte válida de informações Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 9 8 para o Fisco, tomado isoladamente, ele não é prova suficiente do erro alegado, sendo incapaz de elidir o valor inicialmente declarado em DCTF (Acórdão 3802003.316, Relator Conselheiro Waldir Navarro Bezerra) Ementa(s) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/01/2005 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE DCTF RETIFICADORA. A informação dos valores devidos a título de PIS prestada na DACON não enseja o direito creditório, uma vez que o crédito tributário constituise pela DCTF. No caso de divergência entre os valores declarados em DCTF e DACON, prevalece o montante constituído em DCTF. A DCTF é o instrumento hábil e suficiente para constituição do crédito tributário, por consequência lógica, que o indébito tributário pelo pagamento a maior deve ser apurado pelo confronto com os valores constituídos em DCTF e os valores recolhidos. A desconstituição da confissão depende de robusta prova e detalhada demonstração de materialidade diversa da declara. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO (Acórdão 3101001.259, Conselheiro Relator Luis Roberto Domingo). Dessarte, não tendo sido em momento algum comprovada pela Recorrente a liquidez e certeza do crédito pleiteado, de acordo com toda a disciplina jurídica supra mencionada, não há reparos a serem feitos quanto ao Acórdão recorrido. Quanto a correção monetária do crédito, hodiernamente não restam mais dúvidas sobre a necessidade de correção monetária do indébito, desde a data em que o pagamento foi feito ao Estado. É o que consta tanto da jurisprudência do Supremo, da Súmula nº 46 do extinto Tribunal Federal de Recursos, quanto da Súmula n. 162 do Superior Tribunal de Justiça, vazada nos seguinte dizeres: “na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.” Inclusive, merece destaque o Parecer AGU/MF01/96 da AdvocaciaGeral da União, publicado no Diário Oficial de 18.01.96, que claramente sintetizou as soluções adotadas pelos legítimos intérpretes da lei, além de enfatizar o papel da correção monetária nas ações de repetição de indébito. 2 2 Mesmo na inexistência de expressa previsão legal, é devida correção monetária de repetição de quantia indevidamente recolhida ou cobrada a título de tributo. A restituição tardia e sem atualização é restituição incompleta e representa enriquecimento ilícito do Fisco. Correção monetária não constitui um plus a exigir expressa previsão legal. É, apenas, recomposição do crédito corroído pela inflação. O dever de restituir o que se recebeu indevidamente inclui o dever de restituir o valor atualizado. Se a letra fria da lei não cobre tudo o que no seu espírito se contém, a interpretação integrativa se impõe como medida de Justiça. Disposições legais anteriores Fl. 63DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 10 9 Ademais, fato é que a Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 (artigo 66, § 3º) trouxe a disciplina de forma expressa ao âmbito tributário, especificamente sobre a restituição e compensação de tributos federais. Desde então, diferentes índices foram usados para fins de atualização monetária dos indébitos fiscais, terminando com a taxa de juros Selic aplicada atualmente. Contudo, como destacado alhures, não houve a comprovação de crédito a ser utilizado pela Recorrente, de modo que resta prejudicado seu pedido acerca da correção monetária do mesmo. Dispositivo Por essas razões, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire à Lei n° 8.383191 e princípios superiores do Direito brasileiro autorizam a conclusão no sentido de ser devida a correção na hipótese em exame. A jurisprudência unânime dos Tribunais reconhece, nesse caso, o direito a ̀ atualização do valor reclamado. O Poder Judiciário não cria, mas, tãosomente aplica o direito vigente. Se tem reconhecido esse direito é porque ele existe. Fl. 64DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11762.720108/2013-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Oct 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Data do fato gerador: 10/10/2008
Ementa:
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA.
A impetração de mandado de segurança coletivo, por substituto processual, não se configura hipótese em que se deva declarar a renúncia à esfera administrativa.
Numero da decisão: 3402-004.678
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que seja integrada a decisão recorrida para que ela aprecie o mérito apenas quanto à discussão objeto do mandado de segurança coletivo, nos termos do voto do Relator.
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente.
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Data do fato gerador: 10/10/2008 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA. A impetração de mandado de segurança coletivo, por substituto processual, não se configura hipótese em que se deva declarar a renúncia à esfera administrativa.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Oct 05 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11762.720108/2013-40
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5782793
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Oct 05 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.678
nome_arquivo_s : Decisao_11762720108201340.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : DIEGO DINIZ RIBEIRO
nome_arquivo_pdf_s : 11762720108201340_5782793.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que seja integrada a decisão recorrida para que ela aprecie o mérito apenas quanto à discussão objeto do mandado de segurança coletivo, nos termos do voto do Relator. Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente. Diego Diniz Ribeiro- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
id : 6967072
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467016445952
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1597; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 4.790 1 4.789 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11762.720108/201340 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.678 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 28 de setembro de 2017 Matéria Concomitância Recorrente LOGIN LOGÍSTICA INTERMODAL S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 10/10/2008 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA. A impetração de mandado de segurança coletivo, por substituto processual, não se configura hipótese em que se deva declarar a renúncia à esfera administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que seja integrada a decisão recorrida para que ela aprecie o mérito apenas quanto à discussão objeto do mandado de segurança coletivo, nos termos do voto do Relator. Jorge Olmiro Lock Freire Presidente. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de Auto de Infração que tem por objetivo a cobrança de crédito tributário referente a Imposto de Importação, IPIimportação, PISImportação e COFINS AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 76 2. 72 01 08 /2 01 3- 40 Fl. 4790DF CARF MF 2 Importação, devidamente acrescido dos consectários legais e que originalmente totalizava o importe de R$ 8.004.19,30. Segundo a acusação fiscal o II e o IPIimportação estariam sujeitos à isenção, enquanto que o PISImportação e o COFINSImportação estariam submetidos à alíquota zero, o que decorreria de regime tributário favorecido no caso de importações de partes e peças destinadas às embarcações registradas ou préregistradas no Registro Especial Brasileiro – REB. 2. Detalhando melhor os fatos, a Recorrente faz jus a um regime tributário beneficiado em operações de importação dos bens alhures citados desde que tais bens apresentem uma destinação específica, o que encontra guarida nas leis n. 8.032/90, 9.493/97 e 10.865/04. Tratase, portanto, de um benefício fiscal condicionado. 3. Segundo a fiscalização, para que o benefício fiscal aqui tratado seja fruído é indispensável a (i) comprovação de inexistência de similar nacional; bem como que (ii) os produtos importados de fato sejam empregados em embarcações registradas ou préregistradas no Registro Especial Brasileiro – REB. Assim, com o escopo de apurar se tais condições foram atendidas, deuse início a um procedimento fiscalizatório registrado sob o n. 071540002012 015030, o qual redundou na presente autuação com base em dois fundamentos autônomos, sendo eles (i) a Recorrente não demonstrou que os bens importados não apresentavam similar nacional, nos termos do que exige o disposto no art. 17 do Decretolei n. 37/661; e, ainda (ii) a Recorrente não fez prova de que os bens listados nas tabelas de fls. 3.684/3.690 de fato foram empregados em embarcações registradas ou préregistradas no Registro Especial Brasileiro – REB. 4. Devidamente notificado, o contribuinte apresentou tempestiva Impugnação (fls. 3.714/3.753), oportunidade em que alegou o que sumariamente segue abaixo: (i) em relação à similaridade, aduz que: (a) o art. 1o da lei n. 8.032/902 revogou todas as isenções e reduções de II e IPI, de caráter geral ou especial, concedidas no caso de importação de produtos estrangeiros para, ato contínuo, em seus artigos 2o e 3o conceder a isenção de II e IPI na hipótese de importação de partes, peças e componentes destinados ao reparo, revisão e manutenção de embarcações3, independentemente do produto importado ter ou não similar nacional; 1 "Art. 17 A isenção do impôsto de importação sòmente beneficia produto sem similar nacional, em condições de substituir o importado." 2 "Art. 1º Ficam revogadas as isenções e reduções do Imposto de Importação e do Imposto sobre Produtos Industrializados, de caráter geral ou especial, que beneficiam bens de procedência estrangeira, ressalvadas as hipóteses previstas nos artigos 2º a 6º desta lei." 3 "Art. 2º As isenções e reduções do Imposto de Importação ficam limitadas, exclusivamente: (...). II aos casos de: (...). j) partes, peças e componentes destinados ao reparo, revisão e manutenção de aeronaves e embarcações; (...)." "Art. 3º Fica assegurada a isenção ou redução do Imposto sobre Produtos Industrializados, conforme o caso: I nas hipóteses previstas no art. 2º desta lei, desde que satisfeitos os requisitos e condições exigidos para a concessão do benefício análogo relativo ao Imposto de Importação; (...)." Fl. 4791DF CARF MF Processo nº 11762.720108/201340 Acórdão n.º 3402004.678 S3C4T2 Fl. 4.791 3 (b) que destoar da interpretação acima e impor a realização de exigência não prevista em lei para a fruição do benefício fiscal implica ofensa ao princípio da tipicidade cerrada, bem como ao disposto no art. 111 do Código Tributário Nacional; (c) a exigência de prova quanto à inexistência de similaridade nacional após o desembaraço das mercadorias importadas redundaria em alteração do critério jurídico do lançamento, razão pela qual a presente autuação estaria em descompasso com o disposto no art. 146 do CTN; (d) que a inexistência, no desembaraço aduaneiro, de exigência de prova quanto à similaridade nacional configura prática reiterada pela autoridade administrativa, reclamando, por conseguinte, a incidência da regra prescrita no art. 100 do CTN; (ii) em relação à destinação do bem importado, assevera que: (a) fez prova de que os bens importados estavam vinculados à embarcações devidamente inscritas no Registro Especial Brasileiro – REB (fls. 2.031/2.054), o que estaria comprovado pela apresentação de notas fiscais de entrada (fls. 2.765/3.130, 3.881/3.900 e 3.908/3.925) e de saída (fls. 2.062/2.170; 2.204/2.329 e 3.133/3.699) referentes às mercadorias relacionadas nas DI's fiscalizadas, bem como na tabela de controle de importação (3.902/3.907); e, por fim (b) em relação às DI's n.s 12/07002102 e 12/08153554 haveria uma exigência em duplicidade, uma vez que os tributos aqui debatidos e relacionados a tais declarações já estavam sendo exigidos nos PA's n.s 10711.723289/201284 e 10715.724361/201294. 5. Devidamente processada a Impugnação, o processo foi convertido em diligência pela DRJSão Paulo (fls. 4.055/4.071) para que fossem apurados: (i) a aludida duplicidade em relação às DI's n.s 12/07002102 e 12/0815355 4; e (ii) verificar a concomitância da discussão aqui deflagrada com aquela esposada no mandado de segurança coletivo autuado sob o n. 0028166.42.2012.4.01.3400, com trâmite pela Justiça Federal de Brasília, e que fora impetrado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima, da qual a Recorrente é associada. 6. Referida diligência foi atendida e, ato contínuo, adveio o acórdão n. 16 61.011 (fls. 4.272/4.316), que julgou parcialmente procedente a Impugnação do contribuinte nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 10/10/2008 Fruição das isenções ou das reduções de tributos devidos em importações, concedidas a partes, peças e componentes destinados ao reparo, revisão e manutenção de aeronaves e embarcações. O regime somente beneficia mercadoria sem similar nacional. Fl. 4792DF CARF MF 4 Concomitância. O objeto do Mandado de Segurança Coletivo é específico para a exigência do Imposto de Importação e do Imposto sobre Produtos Industrializados. O presente Auto de Infração exige multa de mora.Inaplicável a legislação invocada, por se referir à multa de ofício. De acordo com a legislação, a isenção do imposto de importação somente beneficia produto sem similar nacional, em condições de substituir o importado. Estão sujeitas ao licenciamento não automático as importações amparadas por benefícios fiscais isenção ou redução do imposto de importação. Duplicidade de exigência dos tributos de Declaração de Importação. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. 7. Uma vez intimado da decisão alhures, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fls. 4.385/4.426, oportunidade em que repisou os fundamentos expostos em sua Impugnação. 8. Submetido à julgamento, esta Turma julgadora, em sua antiga composição, resolveu baixar o presente caso em diligência (resolução n. 3402000.801 fls. 4.579/4.584) para que fossem tomadas as seguintes providências: (i) juntada de cópia das principais peças do mandado de segurança autuado sob o n. 0028166.42.2012.4.01.3400, em especial as cópias da inicial, sentença, embargos de declaração, decisão integrativa, apelação e, se houver, acórdão da apelação e eventuais recursos especial e extraordinários e correlatas decisões; e, ainda (ii) a análise de todas as notas fiscais (de entrada e de saída) apresentadas pela Recorrente, em especial aquelas acostadas com a Impugnação, com a consequente preparação de tabela analítica capaz de promover a distinção (i) dos bens sem prova de similar nacional, mas com prova de adequado destino da mercadoria importada (ii) daqueles bens sem prova de similar nacional e também sem prova da adequada destinação no mercado nacional. 22. Da conclusão da diligência deve ser dada ciência ao contribuinte, abrindolhe o prazo de 30 (trinta) dias para, querendo, pronunciarse sobre o feito, o que deve ser feito com especial ênfase para as questões fáticas aqui tratadas. Ato contínuo, o presente processo deverá ser devolvido para o seu processamento e julgamento por este Tribunal Administrativo. (...). 9. Em cumprimento a sobredita diligência foram acostado aos autos os documentos de fls. 4.589/4.770, a respeito do qual o contribuinte manifestouse as fls. 4+779/4.786. Fl. 4793DF CARF MF Processo nº 11762.720108/201340 Acórdão n.º 3402004.678 S3C4T2 Fl. 4.792 5 10. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 11. O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da suposta concomitância parcial de instâncias 12. Conforme exposto no relatório alhures, parte da impugnação apresentada pelo contribuinte não foi conhecida pela instância a quo ao fundamento que haveria parcial concomitância entre a insurgência do contribuinte e o objeto do litígio retratado no mandado de segurança coletivo autuado sob o n. 0028166.42.2012.4.01.3400, impetrado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima SYNDARMA (FLS. 4.637/4.662). 13. Segundo consta da inicial do aludido mandamus, a impetrante, na qualidade de substituto processual, assim vindicou em nome dos seus associados: (...). Fl. 4794DF CARF MF 6 14. Diante deste quadro, a DRJ do Rio de Janeiro, por intermédio do acórdão n. 1661.011, assim prescreveu: (...). Entendese que o PEDIDO constante do Mandado de Segurança Coletivo n° 0028166.42.2012.4.01.3400 referente à ... desde que atendidas às condições específicas previstas na Lei n° 8.032/90 e na Lei n° 9.493/97... ENGLOBA necessariamente o exame da comprovação ou não da similaridade do produto importado com o nacional. De outro modo, ao levar ao Poder Judiciário a discussão referente de quais são as condições específicas previstas na Lei n° 8.032/90 e na Lei n° 9.493/97 para se permitr a fruição das isenções ou das reduções de tributos devidos em importações, concedidas a partes, peças e componentes destinados ao reparo, revisão e manutenção de aeronaves e embarcações, necessariamente o exame dessas condições específicas permeará a questão da comprovação ou não da similaridade do produto importado com o nacional. Portanto, HÁ IDENTIDADE DOS PEDIDOS quanto ao Mérito, o que respalda a CONCOMITÂNCIA. (...) (grifos constantes no original). 15. O reconhecimento da suposta concomitância pela instância a quo redundou na seguinte disposição: (...) Acordam os membros da 23ª Turma de Julgamento, por unanimidade de Votos, em relação ao total lançado de R$ 8.004.193,30: Não conhecer da impugnação quanto aos valores que foram levados ao judiciário, no montante de R$ 1.049.255,24, para os quais fica o crédito tributário mantido; (...) (grifos nosso). 16. Tracejado este cenário fático, mister se faz neste instante precisar se o ajuizamento do mandamus coletivo aqui mencionado redunda ou não na concomitância com a instância administrativa provocada pelo contribuinte por meio da sua impugnação. 17. A respeito do tema, i.e., concomitância de processos administrativo frente à demandas de caráter coletivo, já tive a oportunidade de manifestarme no âmbito acadêmico em trabalho4 realizado em coautoria com Carlos Augusto Daniel Neto, oportunidade em que assim me manifestei: Em uma definição preliminar, a concomitância é um pressuposto negativo de admissibilidade de impugnações e recursos administrativos, consistente na inexistência de processo judicial ajuizado pelo contribuinte antes ou durante o curso do processo administrativo fiscal. 4 No prelo. Fl. 4795DF CARF MF Processo nº 11762.720108/201340 Acórdão n.º 3402004.678 S3C4T2 Fl. 4.793 7 Tal medida tem o condão, em síntese, de garantir a unidade da jurisdição, evitando que decisões contraditórias sejam proferidas nos âmbitos judicial e administrativo, como medida de segurança jurídica para o jurisdicionado. Em razão da ação de um modelo de monopólio da última palavra por parte do Judiciário, nos casos em que se verifica a concomitância, deve prevalecer o processo judicial, em detrimento do administrativo. Primeiramente, cumpre repisar as bases legais do regime jurídico da concomitância no PAF, com menção inicial ao art. 1º, §2º do DecretoLei n 1.737/1979, ao art. 1º da Lei nº 6.830/1980 (Lei de Execuções Fiscais), e ao art. 78, §2º da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF), verbis: DecretoLei nº 1737/79 Art 1º Serão obrigatoriamente efetuados na Caixa Econômica Federal, em dinheiro ou em Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional ORTN, ao portador, os depósitos: §2º A propositura, pelo contribuinte, de ação anulatória ou declaratória da nulidade do crédito da Fazenda Nacional importa em renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. LEF Art. 38 A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. RICARF Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratáve l de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. Sob um prisma subjetivo, se verifica na literalidade dos dispositivos que a legislação exige sempre que a propositura da ação judicial tenha sido realizada pelo próprio contribuinte, que está sendo parte também na discussão administrativa ou que tem legitimidade e interesse para interpor impugnações e recursos nesta seara. Fl. 4796DF CARF MF 8 Por outro lado, sob uma perspectiva procedimental, cumpre observar também que os dispositivos arrolaram expressamente os tipos de ações propostas pelo contribuinte que tem o condão de gerar a concomitância com efeitos de obstar o conhecimento dos pleitos administrativos: i) ação anulatória ou declaratória de nulidade do crédito; ii) ação de repetição de indébito; e iii) mandado de segurança. Apesar do art. 38 da LEF mencionar expressamente o "mandado de segurança", cabe uma breve consideração ao fato de que essa lei foi escrita e promulgada às vésperas do início da década de 80, reportandose assim à figura processual regulamentada na Lei nº 1.533/1951, que previa expressamente que o MS seria impetrado individualmente, especialmente em seu art. 1º, §2º ("Quando o direito ameaçado ou violado couber a varias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança."). O mandado de segurança coletivo somente foi inserido no ordenamento jurídico brasileiro com a promulgação da Constituição de 1988, que trouxe previsão expressa em seu art. 5º, LXX ("O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:"), e atualmente encontra maior regulamentação na Lei nº 12.016/2009. Isso deixa claro, pois, que ao mencionar "mandado de segurança", a LEF referese exclusivamente à modalidade de tutela individual, visto que era a existente legislativamente à época, não sendo crível que o legislador pretendesse aí, no bojo das regras de execução fiscal, antever um instrumento processual que só seria positivado anos depois. O MS Coletivo apenas foi regulamentado expressamente e de forma geral (isto é, fora de campos normativos específicos) com o art. 21 do Lei nº 12.016/2009: Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser: I coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; II individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. Assim, uma análise literal e histórica parece militar a favor da impossibilidade de concomitância entre um mandado de Fl. 4797DF CARF MF Processo nº 11762.720108/201340 Acórdão n.º 3402004.678 S3C4T2 Fl. 4.794 9 segurança coletivo e um processo administrativo movido por um contribuinte. Outro ponto que merece destaque é o papel que o contribuinte ostenta no caso de MS Coletivo movido por entidade com legitimidade para tanto. Isso é relevante pois, nos termos do art. 18 do CPC, " ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico" é dizer, quando a associação ou organização sindical, apenas a título de exemplo, impetra o mandamus, não há qualquer dúvida de que atue ali exclusivamente como parte, ainda que o direito material vindicado pertença a esfera patrimonial de terceiros, i.e., seus associados ou sindicalizados. Nesse caso, o impetrante goza de uma legitimidade extraordinária a título de substituto processual outorgada pela própria Constituição Federal, em seu art. 5º, LXX, que não se confunde com aquela representação veiculada no inciso XXI do mesmo artigo, verbis: (...). XXI as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; LXX o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; (...). Nesse sentido, inclusive, é o posicionamento de longe data assumido pelo Supremo Tribunal Federal, a exemplo do ilustrativo voto do Min. Marco Aurélio no RE 364.051/SP, transcrito abaixo: No tocante ao mérito, há de distinguirse, sob o ângulo da legitimidade, o disposto nos incisos XXI e LXX do artigo 5º da Constituição Federal. O primeiro versa sobre a representação judicial e extrajudicial dos filiados pelas entidades associativas, consideradas as ações em geral. Exigese a autorização para ingressar em Juízo, que pode constar do estatuto da sociedade. Já o segundo, norma específica disciplinadora do mandado de segurança coletivo, estampa, por si próprio, substituição processual, a revelar que os partidos políticos com representação no Congresso Nacional, as organizações sindicais, as entidades de classe e associações legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano têm legitimidade para propositura do mandado de segurança. Fl. 4798DF CARF MF 10 Consolidouse a tal ponto a distinção entre a representação e a substituição processual nos incisos analisados que o STF editou a súmula nº 629, nos seguintes termos: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes. Assim, resta claro que embora as associações sejam entidades com legitimidade para impetrar mandados de segurança, no caso do inciso LXX do art. 5º da CF/88 o MS Coletivo é instrumento privativo desta entidade, enquanto na hipótese do inciso XXI o MS seria um instrumento geral, manejável tanto pelo indivíduo separadamente como também pela entidade na condição de representante processual, cuja autorização daquele é exigida como condição dessa legitimidade representacional. É preciso que fique absolutamente claro que a substituição processual não se confunde com a representação. Este atua processualmente em nome alheio, e para a defesa de interesses e pretensões alheias, ao passo que aquele age em nome próprio, no interesse dos substituídos. Neste sentido é a precisa lição de Giuseppe Chiovenda: As posições fundamentais e secundárias acima examinadas assumeas normalmente a própria pessoa que se afirma titular da relação deduzida em juízo. Mas excepcionalmente assumeas pessoa que não se afirma e apresenta como sujeito da relação substancial em litígio. Como no direito substancial casos se verificam em que se admite alguém a exercer no próprio nome direitos alheios, assim também outro pode ingressar em juízo no próprio nome (isto é, como parte) por um direito alheio. Ao introduzir e analisar essa categoria, porfiei em definirlhe o caráter, atribuindolhe a denominação de substituição processual. Categoria e denominação são hoje aceitas a todos, inclusive pela jurisprudência da Corte de Cassação, (aresto de 8 de abril de 1926, na Giurisprudenza italiana, 1926, p. 489; de 13 de julho de 1931, no Foro italiano, 1932, p. 735; de 24 de julho de 1934, no Foro italiano, 1935, p. 59). Muitos dos casos por mim incluídos em tal categoria são comumente explicados como casos de representação; mas, conquanto se produzam, aí, alguns efeitos análogos aos da representação, não é de representação que se trata, de vez que o representante processual age em nome de outro, de sorte que parte na causa é, na verdade, o representado; ao passo que o substituto processual age em nome próprio e é parte na causa. Como tal responde pelas despesas judiciais, não servir como testemunha etc. O fato, porém, de ser o substituto processual autorizado por lei a comparecer em juízo pelo direito alheio decorre de uma relação em que aquele se encontra com o sujeito dele. Esta relação, em que ele se encontra com o titular, constitui o interesse como condição da substituição processual, apresentado, pois, como coisa bem diferente do interesse como condição da ação que se faz valer. (CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil. Vol. II. Campinas: Bookseller; 1998, p. 300302) Como se depreende da ilustrativa cita do mestre italiano, a relação jurídica de fundo é distinta nos dois casos: na Fl. 4799DF CARF MF Processo nº 11762.720108/201340 Acórdão n.º 3402004.678 S3C4T2 Fl. 4.795 11 substituição processual a relação de fundo possui natureza de direito material, dando legitimidade extraordinária para a entidade pleitear tutela de direito alheio, mas em nome próprio, enquanto na representação a relação jurídica é processual, com a atribuição de um mandato processual para que a entidade defenda direito alheio em nome do mandatário, e não em seu próprio nome tratase de legitimação ordinária decorrente da existência de pretensão do mandatário, mas cujo exercício no âmbito do processo é atribuído a terceiro. A distinção fica ainda mais patente quando se analisam os efeitos da coisa julgada decorrente de um MS Coletivo, no qual atuou a entidade como substituto processual, e em um MS Individual, onde ela atuou como representante. Tal regramento, emprestado do tratamento dado à matéria no Código de Defesa do Consumidor, foi consignada no art. 22 da Lei nº 12.016/2009, verbis: Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. § 1o O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva. Como se vê, a lei reconhece claramente a possibilidade de coexistência de mandados de segurança coletivo e individuais, mas limitando subjetivamente a eficácia daquele em relação a estes, nos casos em que o sujeito opte por prosseguir a sua discussão própria da matéria. Ora, se sequer há que se falar em litispendência no âmbito judicial, pela existência de MS individual e coletivo, a fortiori não haveria que se cogitar também de concomitância entre este e o procedimento administrativo, visto que é prerrogativa constitucional do contribuinte ter acesso à via judicial e administrativa, e a todos os recursos e meios de defesa a ela inerentes, exercidos em contraditório (art. 5º, LV da CF/88), somente lhe sendo afastado a via administrativa nos casos em que sponte propria optou por acessar prioritariamente o Judiciário, cujas decisões prevalecem sobre aquela proferidas em processos administrativos. A coisa julgada em ação coletiva nunca poderá prejudicar os substituídos, até mesmo porque a legitimação extraordinária decorre de lei, e não da vontade destes, e cercear o seu acesso posterior e individual ao Judiciária seria, inequivocamente, um ofensa ao art. 5º, XXXV da Constituição (a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito). Nesse sentido é a lição do saudoso Min. Teori Albino Zavascky: "O interessado que optar pela nãovinculação poderá ser beneficiado, mas jamais prejudicado, com o resultado da Fl. 4800DF CARF MF 12 demanda coletiva. Conseqüências negativas ao seu patrimônio jurídico dependeriam de previsão legal, inexistente em nosso ordenamento" (ZAVASCKY. Teori Albino. Processo Coletivo, 2ªed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 225) A distinção entre o mandado de segurança coletivo e o individual e o alcance de ambos é relevante quando se analisa a incidência ou não da Súmula CARF nº 1 no caso em tela: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. É preciso, para definir a aplicabilidade ou não da mesma, a análise dos seus fundamentos determinantes, consubstanciados nos acórdãos paradigmas de sua elaboração, procedimento este imposto pelo art.489, §1º, V do Código de Processo Civil (Lei 13.105/2016), que se aplica subsidiariamente ao procedimento administrativo (art. 15), verbis: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (...) V se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (...). No caso da súmula em comento, os acórdãos em questão são os seguintes, conforme pesquisa no sítio virtual do CARF: Acórdão nº 10193877, de 20/06/2002; Acórdão nº 10321884, de 16/03/2005; Acórdão nº 10514637, de 12/07/2004; Acórdão nº 10706963, de 30/01/2003; Acórdão nº 10807742, de 18/03/2004; Acórdão nº 20177430, de 29/01/2004; Acórdão nº 20177706, de 06/07/2004; Acórdão nº 20215883, de 20/10/2004; Acórdão nº 20178277, de 15/03/2005; Acórdão nº 20178612, de 10/08/2005; Acórdão nº 20177430, de 29/01/2004, Acórdão nº 30330029, de 07/11/2001; Acórdão nº 30131241, de 16/06/2003, Acórdão nº 30236429, de 19/10/2004, Acórdão nº 30331801, de 15/03/2005, Acórdão nº 30131875, de 15/06/2005. Fl. 4801DF CARF MF Processo nº 11762.720108/201340 Acórdão n.º 3402004.678 S3C4T2 Fl. 4.796 13 Compulsandoos individualmente, verificase que absolutamente todos versam sobre ações individuais propostas ou mandados de segurança individuais impetrados pelo contribuinte, pessoalmente, sem haver um precedente sequer que tratasse da questão dos mandados de segurança coletivos. Essa minuciosa análise dos acórdãos paradigmas que embasaram a súmula CARF nº 01 bastam para demonstrar que ela não pode ser aplicada em casos outros que não sejam de ações individuais, sob pena de considerarse não fundamentada a decisão proferida com base nela, com fulcro no art.489, §1º, V do Novo CPC. Por fim, cumpre mencionar que a 3ª CSRF deste CARF possui precedente recentíssimo, julgado unanimemente, no sentido de reconhecer a inexistência de concomitância nos casos de mandado de segurança coletivo, no acórdão CSRF nº 9303 005.189, julgado em 18 de Maio de 2017 e assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1999 a 31/01/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA. A impetração de mandado de segurança coletivo, por substituto processual, não se configura hipótese em que se deva declarar a renúncia à esfera administrativa. Em seu voto, o Conselheiro Andrada Natal entendeu que no MS Coletivo o substituto teria capacidade de ajuizar a ação independente da autorização do substituído, na linha da Súmula nº 629 do STF e que nos termos do art. 22, §1º da Lei nº 12.016/2009, o MS Coletivo não induz litispendência para ações individuais. 18. Diante deste quadro, resta claro que a impetração de mandado de segurança coletivo não tem o condão de implicar o reconhecimento da concomitância com processo administrativo. Dispositivo 19. Ex positis, dou provimento parcial ao recurso voluntário interposto para reformar o acórdão recorrido, devendo o presente caso ser devolvido à instância julgadora a quo para que ela aprecie o mérito apenas da discussão indevidamente suprimida em razão de equivocado reconhecimento de concomitância de instâncias. 20. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator. Fl. 4802DF CARF MF 14 Fl. 4803DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.723007/2013-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010
OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO.
Na determinação da base de cálculo do PIS e da Cofins, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindo-se neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida, nos termos do §9º-A, art. 3º da Lei 9.718/98.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010
OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO.
Na determinação da base de cálculo do PIS e da Cofins, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindo-se neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida, nos termos do §9º-A, art. 3º da Lei 9.718/98.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010
NORMA INTERPRETATIVA. RETROATIVIDADE. POSSIBILIDADE.
Nos termos do art. 106, inciso I, do Código Tributário Nacional - CTN, a norma que seja expressamente interpretativa aplica-se, em qualquer caso, a ato ou fato pretérito, restando excluída a aplicação da penalidade à infração dos dispositivos interpretados. Amolda-se o comando da retroatividade benigna do art. 106, I, do CTN ao §9º-A, do art. 3º da Lei nº 9.718/98, norma de caráter interpretativo, introduzido em 2013 pela Lei nº 12.873, que retroage para alcançar os fatos geradores do presente processo administrativo.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 3402-004.337
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por negar provimento ao Recurso de Ofício, nos termos do voto da relatora.
(assinado com certificado digital)
Jorge Lock Olmiro Freire - Presidente.
(assinado com certificado digital)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Lock Olmiro Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO. Na determinação da base de cálculo do PIS e da Cofins, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindo-se neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida, nos termos do §9º-A, art. 3º da Lei 9.718/98. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO. Na determinação da base de cálculo do PIS e da Cofins, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindo-se neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida, nos termos do §9º-A, art. 3º da Lei 9.718/98. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 NORMA INTERPRETATIVA. RETROATIVIDADE. POSSIBILIDADE. Nos termos do art. 106, inciso I, do Código Tributário Nacional - CTN, a norma que seja expressamente interpretativa aplica-se, em qualquer caso, a ato ou fato pretérito, restando excluída a aplicação da penalidade à infração dos dispositivos interpretados. Amolda-se o comando da retroatividade benigna do art. 106, I, do CTN ao §9º-A, do art. 3º da Lei nº 9.718/98, norma de caráter interpretativo, introduzido em 2013 pela Lei nº 12.873, que retroage para alcançar os fatos geradores do presente processo administrativo. Recurso de Ofício Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13888.723007/2013-30
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5756491
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.337
nome_arquivo_s : Decisao_13888723007201330.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
nome_arquivo_pdf_s : 13888723007201330_5756491.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por negar provimento ao Recurso de Ofício, nos termos do voto da relatora. (assinado com certificado digital) Jorge Lock Olmiro Freire - Presidente. (assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Lock Olmiro Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6884664
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:40 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467329970176
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1894; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 7.371 1 7.370 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13888.723007/201330 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 3402004.337 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de julho de 2017 Matéria RETROATIVIDADE. ART. 3º, §9ºA, LEI N.º 9.718/98 Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado UNIMED DE SANTA BARBARA DOESTE AMERICANA COOP. TRAB. MED. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO. Na determinação da base de cálculo do PIS e da Cofins, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida, nos termos do §9ºA, art. 3º da Lei 9.718/98. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO. Na determinação da base de cálculo do PIS e da Cofins, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida, nos termos do §9ºA, art. 3º da Lei 9.718/98. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 NORMA INTERPRETATIVA. RETROATIVIDADE. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 72 30 07 /2 01 3- 30 Fl. 7384DF CARF MF 2 Nos termos do art. 106, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN, a norma que seja expressamente interpretativa aplicase, em qualquer caso, a ato ou fato pretérito, restando excluída a aplicação da penalidade à infração dos dispositivos interpretados. Amoldase o comando da retroatividade benigna do art. 106, I, do CTN ao §9ºA, do art. 3º da Lei nº 9.718/98, norma de caráter interpretativo, introduzido em 2013 pela Lei nº 12.873, que retroage para alcançar os fatos geradores do presente processo administrativo. Recurso de Ofício Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por negar provimento ao Recurso de Ofício, nos termos do voto da relatora. (assinado com certificado digital) Jorge Lock Olmiro Freire Presidente. (assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Lock Olmiro Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de Recurso de Ofício em face do Acórdão 1453.401 da 14ª Turma da DRJ/RPO que julgou parcialmente procedente o lançamento fiscal, para excluir, com fulcro em diligência realizada nos autos, os valores correspondentes à aplicação retroativa do art. 3º, §9ºA da Lei n.º 9.718/98, incluído pela Lei n.º 12.873/2013. Assim, foram deduzidos da receita bruta aferida pela empresa, como operadora de plano de saúde, toda a matriz de custos assistenciais despendida no atendimento de seus próprios conveniados ou de outras operadoras atendidos no regime de responsabilidade assumida. O acórdão recorrido foi ementado nos seguintes termos, com destaque para o ponto objeto do Recurso de ofício: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 Fl. 7385DF CARF MF Processo nº 13888.723007/201330 Acórdão n.º 3402004.337 S3C4T2 Fl. 7.372 3 COOPERATIVA. ATO COOPERATIVO ISENÇÃO. MEDIDA JUDICIAL. SEGREGAÇÃO. A partir de 1º/07/1999, por força da MP 1.8586/99, inexiste a isenção inicialmente estabelecida em prol dos atos cooperativos, incidindo a contribuição sobre a totalidade das receitas. Havendo, contudo, medida judicial que garanta a não tributação dos atos ditos cooperativos, correto o lançamento fiscal que, a partir de segregação dos atos cooperativos e não cooperativos, exige a contribuição não paga sobre esses últimos. COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. ATO COOPERATIVO. CONCEITO. EXTENSÃO. A cooperativa de trabalho médico que administra plano de saúde não pratica atos cooperativos quando paga laboratórios, clínicas, hospitais e demais serviços de terceiros. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITAS AUFERIDAS. CONCEITO. O critério material da hipótese de incidência das contribuições sobre o faturamento é o auferimento de receita, fenômeno diretamente relacionado à remuneração percebida pela entidade por seus serviços, bens e direitos colocados à disposição de terceiros. A base de cálculo das operadoras de planos de saúde é o faturamento mensal recebido por contraprestação à disponibilização de serviços de assistência à saúde dos clientes e não à taxa de administração. BASE DE CÁLCULO. OPERADORAS DE PLANOS DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE. LEI INTERPRETATIVA. APLICAÇÃO RETROATIVA. O §9°A, acrescido ao artigo 3º da Lei n° 9.718, de 1998, pela Lei n° 12.873, de 2013, veio fixar a interpretação do §9º do artigo 3º daquela lei (introduzido pela Medida Provisória n° 2.15835, de 2001), no sentido da possibilidade de exclusão da base de cálculo da contribuição, todos os custos assistenciais decorrentes tanto do atendimento a usuários próprios quanto a usuários de outras operadoras. A interpretação legal tem aplicação retroativa impondo a retificação do lançamento baseado em interpretação anterior mais restritiva do rol de deduções. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 COOPERATIVA. ATO COOPERATIVO ISENÇÃO.. MEDIDA JUDICIAL. SEGREGAÇÃO. A partir de 1º/07/1999, por força da MP 1.8586/99, inexiste a isenção inicialmente estabelecida em prol dos atos cooperativos, incidindo a contribuição sobre a totalidade das receitas. Havendo contudo medida judicial que garanta a não tributação dos atos ditos cooperativos, correto o lançamento fiscal que, a partir de segregação dos atos cooperativos e não cooperativos, exige a contribuição não paga sobre esses últimos. COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. ATO COOPERATIVO. CONCEITO. EXTENSÃO. A cooperativa de trabalho médico que administra plano de saúde não pratica atos cooperativos quando paga laboratórios, clínicas, hospitais e demais serviços de terceiros. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITAS AUFERIDAS. CONCEITO. O critério material da hipótese de incidência das contribuições sobre o faturamento é o auferimento de receita, fenômeno diretamente relacionado à remuneração percebida pela entidade por seus serviços, bens e direitos colocados à disposição de terceiros. A base de cálculo das operadoras de planos de saúde é o faturamento mensal recebido por contraprestação à disponibilização de serviços de assistência à saúde dos clientes e não à taxa de administração. BASE DE CÁLCULO. OPERADORAS DE PLANOS DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE. LEI INTERPRETATIVA. APLICAÇÃO RETROATIVA. Fl. 7386DF CARF MF 4 O §9°A, acrescido ao artigo 3º da Lei n° 9.718, de 1998, pela Lei n.° 12.873, de 2013, veio fixar a interpretação do §9º do artigo 3º daquela lei (introduzido pela Medida Provisória n.° 2.15835, de 2001), no sentido da possibilidade de exclusão da base de cálculo da contribuição, todos os custos assistenciais decorrentes tanto do atendimento a usuários próprios quanto a usuários de outras operadoras. A interpretação legal tem aplicação retroativa impondo a retificação do lançamento baseado em interpretação anterior mais restritiva do rol de deduções. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. CONFISCO. O percentual da multa de ofício aplicada decorre de lei, não tendo a autoridade administrativa competência para afastálo sob a alegação de confisco. JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Incidem juros sobre a multa de ofício que não for paga até a data de seu vencimento. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte" (efls. 7.312/7.314 grifei) Conforme informado no despacho das efls. 7.370, após a decisão, o contribuinte parcelou a parte que lhe foi desfavorável, através do processo nº 13886.721314/201487. Com isso, os autos foram remetidos a este Conselho para julgamento do Recurso de Ofício. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne. Com fulcro no art. 34, I, do Decreto n.º 70.235/72 e presentes os pressupostos de admissibilidade, vez que o valor exonerado ultrapassa o valor de alçada previsto na Portaria n.º 63/2017, conheço do Recurso de Ofício, passando à análise do mérito. Atentandose para o presente caso, vislumbrase que a decisão recorrida não merece reparo. Com efeito, o entendimento externado pela decisão recorrida pela aplicação retroativa do art. 3º, §9ºA da Lei n.º 9.718/98 está em plena conformidade com o entendimento deste E. Conselho, externado de forma unânime pela Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF no Acórdão n.º 9303004.399, abaixo ementado: "Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/01/2006 a 31/12/2008 OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO. Na determinação da base de cálculo do PIS e da Cofins, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os Fl. 7387DF CARF MF Processo nº 13888.723007/201330 Acórdão n.º 3402004.337 S3C4T2 Fl. 7.373 5 beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida, nos termos do §9ºA, art. 3º da Lei 9.718/98. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 31/01/2006 a 31/12/2008 OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO. Na determinação da base de cálculo do PIS e da Cofins, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida, nos termos do §9ºA, art. 3º da Lei 9.718/98. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 31/01/2006 a 31/12/2008 NORMA INTERPRETATIVA. RETROATIVIDADE. POSSIBILIDADE. Nos termos do art. 106, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN, a norma que seja expressamente interpretativa aplicase, em qualquer caso, a ato ou fato pretérito, restando excluída a aplicação da penalidade à infração dos dispositivos interpretados. Amoldase o comando da retroatividade benigna do art. 106, I, do CTN ao §9ºA, do art. 3º da Lei nº 9.718/98, norma de caráter interpretativo, introduzido em 2013 pela Lei nº 12.873, que retroage para alcançar os fatos geradores do presente processo administrativo." (Número do Processo 13982.001408/200981 Data da Sessão 09/11/2016 Relatora Vanessa Marini Cecconello Nº Acórdão 9303004.399. Unânime) Por bem enfrentar a questão, adoto aqui as razões de decidir trazidos pela Conselheira Vanessa Marini Cecconello naquele julgado, à luz do art. 50, §1º, da Lei n.º 9.784/991: "Cingese a controvérsia, no mérito, à possibilidade de a Contribuinte deduzir da base de cálculo do art. 3º, §9º, inciso III da Lei nº 9.718/98, os pagamentos realizados pelas cooperativas a terceiros para suportar os atendimentos aos usuários dos planos de saúde, independente de serem estes usuários da própria operadora ou de outras operadoras. Na decisão recorrida, restou assentado o entendimento de que a dedução prevista no inciso III do art. 3º, §9º, da Lei nº 9.718/98 trata dos pagamentos realizados pelas operadoras de planos de saúde a terceiros credenciados, a saber, médicos, laboratórios, clínicas e hospitais, a título dos atendimentos prestados para a cobertura dos planos de saúde, limitandose aos valores efetivamente pagos, reduzidos, ainda, dos valores que sejam recuperados de outras operadoras de saúde. Quando da autuação, a Fiscalização pautouse pela lógica de que a dedução prevista no inciso III se resumiria ao confronto entre o valor pago pela operadora para prestar atendimento a usuários de outras operadoras e o montante recebido pela operadora, proveniente de outras operadoras, como forma de ressarcimento. Ocorre que, para aclarar a interpretação do referido dispositivo, sobreveio a Medida Provisória nº 619/2013, convertida na Lei nº 12.873/2013, inserindo o §9ºA no art. 3º da Lei nº 9.718/98, estabelecendo o entendimento encartado na decisão recorrida, in verbis: 1 "Art. 50 (...) § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato." Fl. 7388DF CARF MF 6 Art. 3º O faturamento a que se refere o art. 2º compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977. [...] § 9º Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: [...] III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 9oA. Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9o entendese o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida.(Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) [...] (grifouse) Portanto, a interpretação da norma restou esclarecida no sentido de que o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos engloba o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários, da própria operadora ou de outras atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida, da cobertura oferecida pelos planos de saúde. Indubitavelmente podem ser excluídos da base de cálculo das contribuições para o PIS e a COFINS. Embora deva a lei tributária, quando da instituição de tributos, observar o princípio constitucional da irretroatividade (art. 150, inciso III, alíena "a" da Constituição Federal), sendo aplicável aos fatos geradores posteriores a sua edição, há casos em que o sistema tributário admite, excepcionalmente, a retroatividade da norma. São os casos estampados no art. 106 do Código Tributário Nacional. Assim, nos termos do art. 106, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN, a norma que seja expressamente interpretativa aplicase, em qualquer caso, a ato ou fato pretérito, restando excluída a aplicação da penalidade à infração dos dispositivos interpretados. A norma interpretativa, assim, é aquela que tem por objeto determinar, em caso de dúvidas, o alcance das leis existentes, sem introduzir gravame ou disposições novas. Amoldase o comando da retroatividade benigna do art. 106, I, do CTN ao caso em exame, tendo em vista ser o §9ºA, do art. 3º da Lei nº 9.718/98, norma de caráter interpretativo, e embora introduzido em 2013 pela Lei nº 12.873, retroage para alcançar os fatos geradores do presente processo administrativo, sendo inconteste, portanto, a possibilidade de dedução das referidas rubricas da base de cálculo das contribuições para o PIS e a COFINS." (grifei) Ressaltese que para a exclusão dos valores autuados, a decisão recorrida devidamente se respaldou no resultado da diligência realizada nos autos especificamente para este fim (efls. 7.290/7.297). Como indicado na informação fiscal: "Tratase de Diligência Fiscal amparada no Mandado de Procedimento Fiscal – Diligência nº 0812500.2014.001412, aberta com a finalidade de atender solicitação da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP (fls. 72357241), para quantificação pelo Auditor Fiscal autuante da repercussão da interpretação legal fixada pelo §9ºA, art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, acrescido à redação original pelo artigo 19 da Lei nº 12.873, de 2013, sobre os valores exigidos no lançamento. A interessada apresentou em planilha de folhas 63796380 cálculos por ela elaborados que refletiriam os efeitos do §9ºA retrocitado à base de cálculo do Fl. 7389DF CARF MF Processo nº 13888.723007/201330 Acórdão n.º 3402004.337 S3C4T2 Fl. 7.374 7 lançamento com a inclusão das linhas Eventos Atendimento Usuários Próprios e Coparticipação à planilha originalmente utilizada pela auditoria. Levandose em consideração a planilha formulada pela interessada bem como com base na contabilidade (fls. 26855507) e na planilha apresentada anteriormente que demonstrou os Eventos Atendimento Usuários Terceiros (fls. 56425649), algumas divergências foram encontradas com relação à conta contábil 411 – Eventos/Sinistros Conhecidos ou Avisados. Tendo em vista os valores constantes da contabilidade e que parte do montante desta conta foi utilizada anteriormente na linha “Intercâmbio – Deduções” a partir de informações apresentadas pelo próprio contribuinte, foram elaboradas as planilhas constantes dos Anexos I, II, III e IV. A partir dos valores apurados, a interessada foi intimada a apresentar elementos que refutassem o apurado, tendo em vista que qualquer divergência eventual poderia ser sanada neste momento. A interessada foi cientificada em 04/04/2014, oferecendo resposta em 16/04/2014, alegando não haver ponderações adicionais a fazer sobre o recálculo da base nesta etapa processual (fls.72217267). Tendo em vista o exposto ficam os valores recalculados conforme planilhas em anexo (fls. 7290 a 7297)." (efl. 7.290/7.291) Diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso de Ofício. É como voto. Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora Fl. 7390DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.720532/2009-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2004 a 31/12/2006
VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103
O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103).
Recurso de ofício não conhecido.
Numero da decisão: 3402-004.232
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/04/2004 a 31/12/2006 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103 O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103). Recurso de ofício não conhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10980.720532/2009-71
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5752351
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.232
nome_arquivo_s : Decisao_10980720532200971.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
nome_arquivo_pdf_s : 10980720532200971_5752351.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
id : 6877851
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:13 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467580579840
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1568; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.720532/200971 Recurso nº 2 De Ofício Acórdão nº 3402004.232 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de junho de 2017 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente COOPERATIVA PARANAENSE DOS ANESTESIOLOGISTAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2004 a 31/12/2006 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO SÚMULA CARF 103 O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103). Recurso de ofício não conhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 05 32 /2 00 9- 71 Fl. 4853DF CARF MF Processo nº 10980.720532/200971 Acórdão n.º 3402004.232 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso de ofício interposto pela autoridade julgadora de primeira instância, nos termos do Acórdão 06043.074, que ao julgar a impugnação cancelou a exação objeto dos autos em montante que, à época da decisão, ultrapassou o limite de alçada. O valor exonerado (principal + multa de ofício), contudo, é inferior ao limite atualmente vigente, estabelecido pela Portaria MF nº 63, de 09/02/2017. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.199, de 26 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10410.720607/201445, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.199): "Como relatado, o valor exonerado objeto do recurso de ofício foi inferior à R$ 2.500.000,00. A Portaria MF nº 63, de 09/02/2017 (DOU 10/02/2017), estabeleceu que: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Por seu turno, a Súmula CARF, abaixo transcrita, explicita o direito intertemporal para aplicação do teor da transcrita Portaria Ministerial, consoante o brocardo que é princípio do direito adjetivo, qual seja, tempus regit actum. Fl. 4854DF CARF MF Processo nº 10980.720532/200971 Acórdão n.º 3402004.232 S3C4T2 Fl. 4 3 Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Com efeito, sendo o valor de alçada nesta data inferior à R$ 2.500.000,00, o presente recurso não pode ser conhecido. Diante do exposto, não conheço do recurso de ofício". Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 4855DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.903150/2012-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/08/2009
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA.
As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.423
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/08/2009 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13830.903150/2012-98
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5788506
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.423
nome_arquivo_s : Decisao_13830903150201298.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
nome_arquivo_pdf_s : 13830903150201298_5788506.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6984859
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:54 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467588968448
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1576; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13830.903150/201298 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.423 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de setembro de 2017 Matéria Normas Gerais de Direito Tributário Recorrente QUEIJARIA BUFALO D'OESTE LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/08/2009 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 31 50 /2 01 2- 98 Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Belo Horizonte, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte sobre pedido de restituição de créditos de PIS. O despacho decisório indeferiu o pedido de restituição por inexistência do crédito pleiteado face a vinculação do DARF nele informado com a quitação de débitos do contribuinte. Em sua manifestação de inconformidade, a recorrente alega em síntese que: (...) a empresa tem seus produtos tributados à alíquota zero de PIS e Cofins, conforme determina o art. 1º, inciso XII, da Lei nº 10.925, de 2004. Faz ainda referência à legislação que autoriza o contribuinte a solicitar o ressarcimento ou restituição dos valores que resultarem em crédito acumulado ou recolhimento que se revelou indevido ou a maior. Destaca que revisou suas apurações de PIS e Cofins e constatou que apurou erroneamente os valores ao tributar receitas sujeitas à alíquota zero, tendo efetuado os pedidos de restituição, via PER/DCOMP. Diante disso, foram retificados os Dacon, revelando saldo credor das referidas contribuições. Afirma ainda que, em data posterior ao protocolo dos pedidos, efetuou também as retificações das DCTF, cujo recibo segue anexo. Diante disso, o recorrente não pode ter seu pedido de restituição indeferido sem que se analise o crédito que lhe deu origem, demonstrado no Dacon retificador que se encontra no banco de dados da Receita Federal. Também é necessário que se verifiquem as DCTF retificadoras apresentadas. Defendeu ainda o direito à incidência da taxa Selic sobre o crédito em debate. Ao final, requer: 1. seja recebida e processada a manifestação de inconformidade; 2. seja determinada nova verificação do Dacon retificador e da DCTF retificadora relativa ao período em debate, para o fim de identificar o crédito objeto deste processo; 3. seja reformado o Despacho Decisório, para o fim de reconhecer integralmente o crédito objeto do PER/DCOMP nº 19327.90131.170910.1.2.043613, que tem origem em pagamento indevido ou a maior demonstrado em Dacon e DCTF; 4. que seja determinada a atualização do crédito pela taxa Selic, nos termos fixados no § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 1995; Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 4 3 5. que seja determinado o depósito do valor solicitado e atualizado em conta corrente especificada. Sobreveio então o Acórdão 02060.686, da 2ª Turma da DRJ/BHE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, devido a ausência de comprovação do pagamento indevido ou a maior. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, no qual repisa os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.394, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 13830.903129/201292, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.394): "Como se depreende do relato acima, a lide resumese à comprovação da existência e suficiência do crédito objeto da compensação. Pois bem. A Lei n. 5.172/66 (Código Tributário Nacional), em seu art. 165, assegura o direito à restituição de tributos por recolhimento ou pagamento indevido ou a maior que o devido e estabelece os casos que configuram tal recolhimento ou pagamento, como a Recorrente afirma possuir, nos seguintes termos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos I Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 5 4 Por sua vez, o instituto da compensação de créditos tributários está previsto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) Com o advento da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a compensação passou a ser tratada especificamente em seu artigo 74, tendo a citada Lei disciplinado a compensação de débitos tributários com créditos do sujeito passivo decorrentes de restituição ou ressarcimento de tributos ou contribuições, âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF). Ainda, o §1º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (incluído pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02) 1 determina que a compensação será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados (PER/DCOMP), como pretende a Recorrente in casu. Nesse sentido, a Recorrente processou pedido de compensação, afirmando possuir créditos relativos à COFINS, decorrente de pagamentos indevidos (receita da venda de seus produtos, queijos, que é reduzida a zero pela legislação da Contribuição). Entretanto, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Assim, concluiu a Fiscalização que não restava crédito disponível para restituição, e, por conseguinte, a compensação não foi homologada. Muito embora a falta de prova sobre a existência e suficiência do crédito tenha sido o motivo tanto da não homologação da compensação por despacho decisório, como da negativa de provimento à manifestação de inconformidade, a Recorrente permanece sem se desincumbir do seu ônus probatório, insistindo que efetuou a retificação do Dacon, o que demonstraria seu direito ao crédito. Ocorre que o Dacon constitui demonstrativo por meio do qual a empresa apura as contribuições devidas. Com efeito, o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), instituído pela Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, é uma declaração acessória obrigatória em que as pessoas jurídicas informavam a Receita Federal do Brasil sobre a apuração da Contribuição ao PIS e da 1 A referida legislação recebeu ainda algumas alterações promovidas pelas Leis nºs 10.833/2003 e 11.051/2004. Atualmente, os procedimentos respectivos encontramse regidos pela IN RFB nº 1.300/2012 e alterações posteriores Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 6 5 COFINS. Em outros termos, sua função é de refletir a situação do recolhimento das contribuições da empresa, sendo os créditos autorizados por lei e com substrato nos documentos contábeis da empresa, basicamente notas fiscais os livros fiscais onde estão registradas as referidas notas, além da própria DCTF. Assim, são esses últimos documentos que possuem aptidão para comprovar o crédito. Ademais, a Instrução Normativa n. 1.015, de 05 de março de 2010, vigente à época dos fatos, estabelece que Art. 10. A alteração das informações prestadas em Dacon, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de demonstrativo retificador, elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. § 1º O Dacon retificador terá a mesma natureza do demonstrativo originariamente apresentado, substituindoo integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar alteração nos créditos e retenções na fonte informados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas no demonstrativo original, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) § 5º A pessoa jurídica que entregar Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar, também, DCTF retificadora. Conforme mencionado anteriormente, a Contribuinte não apresentou nenhum documento que comprovasse o crédito alegado. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 7 6 Ressalto que com relação à alegação em manifestação de inconformidade que haveria DCTF retificadora, a decisão recorrida bem coloca que os valores constantes desse documento foram aqueles utilizados pela Fiscalização para a análise do PER/DCOMP, bem como que, com o exame do DACON retificador, fica evidenciada a utilização do crédito em questão. Nesse sentido, destaco o seguinte trecho do acórdão da DRJ: Quanto à alegada retificação da DCTF, registrese que o documento retificador constante dos sistemas mantidos pela Receita Federal, entregue em 28/09/2012 (conf. recibo de entrega), revela a existência do débito no valor que foi considerado no Despacho Decisório e indicado no quadro “UTILIZAÇÃO DOS PAGAMENTOS ENCONTRADOS PARA O DARF DISCRIMINADO NO PER/DCOMP. (...) Nestas condições, fica convalidado em todos os seus termos o Despacho Decisório contestado, que evidencia que o crédito postulado pelo contribuinte foi utilizado conforme especificado no demonstrativo de utilização do pagamento, não restando crédito passível de restituição. Ao não apresentar documentos indispensáveis à apreciação do alegado crédito, o interessado prejudicou a análise por parte da Administração, visto que restou impossibilitada a comprovação de certeza e liquidez do crédito solicitado, conforme preceitua o artigo 170 do CTN. Com relação a prova dos fatos e o ônus da prova, dispõem o artigo 36, caput, da Lei nº 9.784/99 e o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, abaixo transcritos, que caberia à Recorrente, autora do presente processo administrativo, o ônus de demonstrar o direito que pleiteia: Art. 36 da Lei nº 9.784/99. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 373 do Código de Processo Civil. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Peço vênia para destacar as palavras do Conselheiro relator Antonio Carlos Atulim, plenamente aplicáveis ao caso sub judice: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 8 7 provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade. A jurisprudência do CARF é pacífica sobre o tema, como se depreende das ementas abaixo colacionadas: Ementa(s) Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 30/06/2006 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. A DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório que não homologa a compensação e a DACON não têm o condão de provar suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos (Acórdão 3803 006.915, Relator Conselheiro Corintho Oliveira Machado) Ementa(s) NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2009 PIS/COFINS. DCOMP. CRÉDITOS DECORRENTES DE DCTF NÃO RETIFICADA POR DECURSO DE PRAZO (5 ANOS). PER/DCOMP NÃO HOMOLOGADO. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. PIS/COFINS. DCOMP. DACON RETIFICADOR Embora o DACON seja uma fonte válida de informações Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 9 8 para o Fisco, tomado isoladamente, ele não é prova suficiente do erro alegado, sendo incapaz de elidir o valor inicialmente declarado em DCTF (Acórdão 3802003.316, Relator Conselheiro Waldir Navarro Bezerra) Ementa(s) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/01/2005 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE DCTF RETIFICADORA. A informação dos valores devidos a título de PIS prestada na DACON não enseja o direito creditório, uma vez que o crédito tributário constituise pela DCTF. No caso de divergência entre os valores declarados em DCTF e DACON, prevalece o montante constituído em DCTF. A DCTF é o instrumento hábil e suficiente para constituição do crédito tributário, por consequência lógica, que o indébito tributário pelo pagamento a maior deve ser apurado pelo confronto com os valores constituídos em DCTF e os valores recolhidos. A desconstituição da confissão depende de robusta prova e detalhada demonstração de materialidade diversa da declara. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO (Acórdão 3101001.259, Conselheiro Relator Luis Roberto Domingo). Dessarte, não tendo sido em momento algum comprovada pela Recorrente a liquidez e certeza do crédito pleiteado, de acordo com toda a disciplina jurídica supra mencionada, não há reparos a serem feitos quanto ao Acórdão recorrido. Quanto a correção monetária do crédito, hodiernamente não restam mais dúvidas sobre a necessidade de correção monetária do indébito, desde a data em que o pagamento foi feito ao Estado. É o que consta tanto da jurisprudência do Supremo, da Súmula nº 46 do extinto Tribunal Federal de Recursos, quanto da Súmula n. 162 do Superior Tribunal de Justiça, vazada nos seguinte dizeres: “na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.” Inclusive, merece destaque o Parecer AGU/MF01/96 da AdvocaciaGeral da União, publicado no Diário Oficial de 18.01.96, que claramente sintetizou as soluções adotadas pelos legítimos intérpretes da lei, além de enfatizar o papel da correção monetária nas ações de repetição de indébito. 2 2 Mesmo na inexistência de expressa previsão legal, é devida correção monetária de repetição de quantia indevidamente recolhida ou cobrada a título de tributo. A restituição tardia e sem atualização é restituição incompleta e representa enriquecimento ilícito do Fisco. Correção monetária não constitui um plus a exigir expressa previsão legal. É, apenas, recomposição do crédito corroído pela inflação. O dever de restituir o que se recebeu indevidamente inclui o dever de restituir o valor atualizado. Se a letra fria da lei não cobre tudo o que no seu espírito se contém, a interpretação integrativa se impõe como medida de Justiça. Disposições legais anteriores Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 10 9 Ademais, fato é que a Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 (artigo 66, § 3º) trouxe a disciplina de forma expressa ao âmbito tributário, especificamente sobre a restituição e compensação de tributos federais. Desde então, diferentes índices foram usados para fins de atualização monetária dos indébitos fiscais, terminando com a taxa de juros Selic aplicada atualmente. Contudo, como destacado alhures, não houve a comprovação de crédito a ser utilizado pela Recorrente, de modo que resta prejudicado seu pedido acerca da correção monetária do mesmo. Dispositivo Por essas razões, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire à Lei n° 8.383191 e princípios superiores do Direito brasileiro autorizam a conclusão no sentido de ser devida a correção na hipótese em exame. A jurisprudência unânime dos Tribunais reconhece, nesse caso, o direito a ̀ atualização do valor reclamado. O Poder Judiciário não cria, mas, tãosomente aplica o direito vigente. Se tem reconhecido esse direito é porque ele existe. Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0