Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,938)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,601)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,675)
- Primeira Turma Ordinária (15,289)
- Segunda Turma Ordinária d (15,189)
- Primeira Turma Ordinária (15,159)
- Primeira Turma Ordinária (15,050)
- Segunda Turma Ordinária d (13,812)
- Primeira Turma Ordinária (12,687)
- Primeira Turma Ordinária (11,759)
- Segunda Turma Ordinária d (11,722)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,527)
- Terceira Câmara (63,247)
- Segunda Câmara (51,030)
- Primeira Câmara (16,295)
- 3ª SEÇÃO (15,675)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,635)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (115,411)
- Segunda Seção de Julgamen (108,296)
- Primeira Seção de Julgame (71,067)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,641)
- Câmara Superior de Recurs (37,042)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,038)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,836)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,823)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,293)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,187)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,945)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,839)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,269)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,849)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,014)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 13888.908260/2012-81
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Mar 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2010 a 31/07/2010
PRELIMINAR. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Demonstrados no despacho decisório eletrônico os fatos que ensejaram a não-homologação da compensação, informada a sua correta fundamentação legal e emitido por autoridade competente, é de se rejeitar a alegação de nulidade do despacho decisório por cerceamento de defesa.
AUSÊNCIA DE DILIGÊNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Inexiste cerceamento de defesa quando o próprio contribuinte não requer a realização de diligência e o julgador de primeira instância não determina a sua realização por entender que os elementos que integram os autos são suficientes para a plena formação de convicção e, portanto, para que se proceda ao julgamento. A diligência fiscal não tem a finalidade de trazer aos autos as provas documentais que cabia ao sujeito passivo produzir.
COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE.
Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação.
PROVA. APRECIAÇÃO INICIAL EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. LIMITES. PRECLUSÃO.
A apreciação de documentos não submetidos à autoridade julgadora de primeira instância é possível nas hipóteses previstas no art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972 e, excepcionalmente, quando visem à complementar instrução probatória já iniciada quando da interposição da manifestação de inconformidade.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3002-000.621
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto da Silva Esteves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Alan Tavora Nem e Carlos Alberto da Silva Esteves
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DA SILVA ESTEVES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2010 a 31/07/2010 PRELIMINAR. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Demonstrados no despacho decisório eletrônico os fatos que ensejaram a não-homologação da compensação, informada a sua correta fundamentação legal e emitido por autoridade competente, é de se rejeitar a alegação de nulidade do despacho decisório por cerceamento de defesa. AUSÊNCIA DE DILIGÊNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa quando o próprio contribuinte não requer a realização de diligência e o julgador de primeira instância não determina a sua realização por entender que os elementos que integram os autos são suficientes para a plena formação de convicção e, portanto, para que se proceda ao julgamento. A diligência fiscal não tem a finalidade de trazer aos autos as provas documentais que cabia ao sujeito passivo produzir. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. PROVA. APRECIAÇÃO INICIAL EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. LIMITES. PRECLUSÃO. A apreciação de documentos não submetidos à autoridade julgadora de primeira instância é possível nas hipóteses previstas no art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972 e, excepcionalmente, quando visem à complementar instrução probatória já iniciada quando da interposição da manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 22 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13888.908260/2012-81
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5975153
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 22 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3002-000.621
nome_arquivo_s : Decisao_13888908260201281.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO DA SILVA ESTEVES
nome_arquivo_pdf_s : 13888908260201281_5975153.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Alan Tavora Nem e Carlos Alberto da Silva Esteves
dt_sessao_tdt : Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2019
id : 7664175
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:40:18 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051659816402944
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2055; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T2 Fl. 892 1 891 S3C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13888.908260/201281 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3002000.621 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 20 de fevereiro de 2019 Matéria DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR COFINS Recorrente ELRING KLINGER DO BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2010 a 31/07/2010 PRELIMINAR. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Demonstrados no despacho decisório eletrônico os fatos que ensejaram a nãohomologação da compensação, informada a sua correta fundamentação legal e emitido por autoridade competente, é de se rejeitar a alegação de nulidade do despacho decisório por cerceamento de defesa. AUSÊNCIA DE DILIGÊNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa quando o próprio contribuinte não requer a realização de diligência e o julgador de primeira instância não determina a sua realização por entender que os elementos que integram os autos são suficientes para a plena formação de convicção e, portanto, para que se proceda ao julgamento. A diligência fiscal não tem a finalidade de trazer aos autos as provas documentais que cabia ao sujeito passivo produzir. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. PROVA. APRECIAÇÃO INICIAL EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. LIMITES. PRECLUSÃO. A apreciação de documentos não submetidos à autoridade julgadora de primeira instância é possível nas hipóteses previstas no art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972 e, excepcionalmente, quando visem à complementar instrução probatória já iniciada quando da interposição da manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 82 60 /2 01 2- 81 Fl. 892DF CARF MF Processo nº 13888.908260/201281 Acórdão n.º 3002000.621 S3C0T2 Fl. 893 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Alan Tavora Nem e Carlos Alberto da Silva Esteves Relatório O processo administrativo ora em análise trata de PER/DCOMP (fl. 33/38), cujo crédito teria origem em recolhimento da COFINS efetuado a maior. A compensação declarada não foi homologada, conforme despacho decisório (fl. 24), pelos seguintes motivos: "A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Após ser intimada da decisão, a ora recorrente apresentou tempestivamente Manifestação de Inconformidade e a instruiu com atos constitutivos e de representação da empresa, o Despacho Decisório, o Dacon retificador e o Per/Dcomp original. Em seqüência, analisando os argumentos apresentados, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte DRJ/BHE julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, por Acórdão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/07/2010 DESPACHO DECISÓRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. Fl. 893DF CARF MF Processo nº 13888.908260/201281 Acórdão n.º 3002000.621 S3C0T2 Fl. 894 3 Deve ser rejeitada a preliminar de nulidade, quando o Despacho Decisório contém a fundamentação legal e as informações e orientações necessárias ao exercício da plena defesa do contribuinte, e a tramitação do processo se dá em observância estrita ao rito do processo administrativo fiscal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/07/2010 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada dessa decisão, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fl. 102/112), no qual requereu a reforma do Acórdão recorrido, em linhas gerais, alegando cerceamento do direito de defesa, tanto do Despacho Decisório, como do Acórdão recorrido, e, no mérito repisa argumentos já apresentados em sua Manifestação de Inconformidade. Anexa aos autos novos documentos. É o relatório, em síntese. Voto Conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves Relator O direito creditório envolvido no presente processo encontrase dentro do limite de alçada das Turmas Extraordinárias, conforme disposto no art. 23B do RICARF. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Esta Turma Julgadora já teve, recentemente, oportunidade de se debruçar exatamente sobre matéria, situação fática e probatória semelhantes as constantes nos presentes autos em outros processos da mesma contribuinte. Como exemplo desse fato, citese o processo administrativo nº 13888.906857/201291, no qual foi proferido o Acórdão nº 3002 000.523 da relatoria da Ilustre Conselheira Larissa Nunes Girard. Fl. 894DF CARF MF Processo nº 13888.908260/201281 Acórdão n.º 3002000.621 S3C0T2 Fl. 895 4 Assim, por entender que o Acórdão citado espelha perfeitamente o meu entendimento sobre a matéria posta em análise no processo atual, reproduzo excerto daquele voto condutor e adoto como razões de decidir os fundamentos ali lançados: "Preliminar de Nulidade – Cerceamento de Defesa Na alegação de nulidade por cerceamento do direito de defesa, a recorrente defende que, em prol da verdade material, deveria a autoridade administrativa ter analisado os documentos juntados e solicitado novos documentos (e/ou diligência) para apurar mais alguma informação necessária para a decisão. Prossegue afirmando que a divergência entre Dacon e DCTF não seria motivo suficiente para o indeferimento do pedido, visto que a DCTF por si só não é garantia de liquidez ou certeza da compensação, motivo pelo o qual deveria o julgador ter procurado esclarecer a razão da divergência entre Dacon e DCTF, em uma análise mais cuidadosa da situação, e que o cerceamento se configura por não ter havido fundamentação baseada na análise dos documentos apresentados. De pronto, chama a atenção a inversão de papéis e responsabilidades pretendida pela recorrente. O que temos, de fato, ao longo de todo este processo, são falhas na atuação do contribuinte. Quando fez a transmissão da declaração de compensação, ela estava em desacordo tanto com o Dacon quanto com a DCTF. Ao se aperceber da divergência, providenciou a retificação apenas do Dacon, mas não da DCTF, que é uma declaração que tem o poder de uma confissão de dívida. Posteriormente, ao protocolar sua manifestação de inconformidade, mesmo sabedor do não provimento do seu pedido, não trouxe aos autos eventuais provas que pudesse ter sobre o montante do débito que considerava realmente devido. Limitouse a juntar o Dacon retificador, documento ao qual a DRJ já tinha acesso. E agora, nesta fase, após a segunda negativa a seu pleito, junta notas fiscais em valor insuficiente para respaldar a redução do débito realizada e protesta contra a omissão da Administração Fazendária, que não teria se ocupado de produzir as provas que a ele caberia. É cediço que, nos casos de solicitação de restituição, compensação e ressarcimento de crédito contra a Fazenda Nacional, cabe ao contribuinte, aquele que alega o direito, o ônus da produção da prova. Tal entendimento, aplicado de forma pacífica nos diversos colegiados do Carf, sustentase no Decreto nº 7.574/2011, que regulamenta o processo de determinação e de exigência de créditos tributários da União. Por ele, vemos em seu art. 28 que cabe ao interessado a prova dos fatos que alega. Igualmente podemos nos socorrer do Código de Processo Civil, que estabelece em seu art. 373 que, quanto ao fato constitutivo de seu direito, o ônus da prova incumbe ao autor. Fl. 895DF CARF MF Processo nº 13888.908260/201281 Acórdão n.º 3002000.621 S3C0T2 Fl. 896 5 Portanto, se o contribuinte não exerceu o seu direito no momento e na forma que deveria, não cabe inculpar a Administração por sua desatenção. O Decreto nº 70.235/1972 (PAF) estabelece que a manifestação de inconformidade deve conter os argumentos e provas necessários para a demonstração do que se alega, nos seguintes termos: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito; V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (grifado) Fica claro pelo texto legal que a recorrente deveria ter produzido as provas quando apresentou sua impugnação/manifestação de inconformidade. No que tange à reclamação pela ausência de diligência, deve ser esclarecido que se trata de procedimento facultativo, disponível para o julgador quando há dúvida substancial, que deve ser sanada para que seja possível a tomada de decisão, nos termos do que dispõe o PAF em seu art. 18, in verbis: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (grifado) Segundo se depreende do voto do Acórdão da DRJ, não houve qualquer incerteza que justificasse a determinação de ofício de realização de diligência. Como, de sua parte, o contribuinte também não solicitou o procedimento, possibilidade prevista no PAF, não cabe reclamar do julgador que entendeu existirem elementos suficientes para a decisão e assim a proferiu. Fl. 896DF CARF MF Processo nº 13888.908260/201281 Acórdão n.º 3002000.621 S3C0T2 Fl. 897 6 Cabem ainda algumas considerações sobre o PER/Dcomp e o despacho decisório. A declaração de compensação (Per/Dcomp) que se analisa teve tratamento eletrônico, que consiste no cruzamento dos dados informados pelo contribuinte em suas declarações, em busca de se encontrar, ao menos, consistência e coerência nas informações, de modo a permitir o deferimento do pleito. Essa sistemática visa ao processamento rápido de um número expressivo de compensações, o que não se alcança com a análise manual. De se ressaltar que esse batimento de dados não é apto para verificar a fidedignidade contidos nas declarações, mas tão somente a coerência entre eles, de tal forma que o mínimo que se exige do contribuinte nesta fase é que preste a mesma informação em sua declaração de compensação e em sua DCTF. Caso se constate divergência, a compensação é indeferida e o contribuinte tem a oportunidade de apresentar explicações e documentos que irão demonstrar o seu direito ao crédito. Portanto, ainda que a verificação eletrônica consista em um procedimento préestabelecido e limitado, de forma alguma o direito de argumentar, explicar ou se defender é reduzido ou retirado do contribuinte. Fazse necessário, ainda, o esclarecimento sobre o propósito e alcance de cada declaração, aspectos que a recorrente trata com impropriedade e tenta utilizar como forma de desacreditar as decisões. A Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) constitui confissão de dívida, instrumento hábil e suficiente para a cobrança administrativa, conforme dispõe o DecretoLei nº 2.124/1984, sendo enviada para inscrição na Divida Ativa da União em caso de não liquidação dos débitos, e, por isso, é a declaração que a Receita Federal utiliza em suas verificações. O Dacon, por sua vez, é mero demonstrativo da apuração das contribuições sociais, prestandose a detalhar para a Receita Federal como o contribuinte encontrou o valor declarado em DCTF e auxiliar a fiscalização. O Dacon não tem o mesmo status jurídico da DCTF. Por esse motivo, o que consta no Dacon é indício de direito, mas não prova, não havendo qualquer mácula na fundamentação da decisão de primeira instância quando afirma que a retificação de Dacon, destituída de documentos que comprovem a redução do débito não faz prova do direito creditório. (...) Igualmente descabido é o argumento de que a DRJ teria ignorado as alegações e argumentos juntados pela recorrente, sem considerálos em sua decisão. A leitura do voto é suficiente para demonstrar o que se afirma e, por isso, transcrevo a parte final do acórdão recorrido: Fl. 897DF CARF MF Processo nº 13888.908260/201281 Acórdão n.º 3002000.621 S3C0T2 Fl. 898 7 "No caso, o recorrente não comprova erro que possa alterar o fundamento do despacho decisório. Na falta de comprovação do erro, a divergência entre os valores informados em Dacon e DCTF afasta a certeza do crédito e é razão suficiente para o indeferimento do pedido de restituição ou da compensação. Nesse ponto, cabe assinalar que a simples indicação de supostos valores corretos em Dacon retificador ou em demonstrativo integrante da manifestação de inconformidade não é suficiente para comprovar erro nas informações prestadas originalmente na DCTF, de forma a evidenciar a existência de pagamento indevido ou a maior no período considerado e atestar a certeza e liquidez do crédito." (...) Dessa maneira, concluo que não há vício nas decisões que integram este processo, pois estão fundamentadas, foram proferidas por autoridades competentes, os prazos e ciências foram respeitados, os argumentos e o único documento pertinente juntado à manifestação de inconformidade foi analisado. Ademais, e tratase de aspecto elementar para a caracterização do cerceamento de defesa, pelo conteúdo das peças recursais, vêse que o sujeito passivo compreendeu perfeitamente o motivo da denegação do seu pedido. Pelo o exposto, afasto a preliminar de nulidade por cerceamento de defesa. Mérito Tendo compreendido que a mera retificação do Dacon, desacompanhada de documentação que justificasse a redução do débito confessado, não era suficiente para demonstrar o direito, a recorrente traz aos autos provas documentais, pela primeira vez, na fase de recurso voluntário. E requer a sua apreciação, sem maiores considerações sobre o fato de fazêlo intempestivamente. Sobre esse ponto, então, irá residir o cerne deste julgamento. A compensação somente pode ser concedida para créditos líquidos e certos, conforme estabelece o art. 170 do Código Tributário Nacional, e, como já mencionado, que a demonstração da certeza e liquidez nos casos de compensação é ônus que recai sobre o requerente. Assim sendo, para que a Receita Federal autorize a compensação, deve a recorrente demonstrar de forma inequívoca seu crédito, por meio de alegações e provas, e o momento de fazêlo é quando da apresentação da manifestação de inconformidade, em obediência ao Decreto nº 70.235/1972, que assim instituiu: Art. 16. A impugnação mencionará: Fl. 898DF CARF MF Processo nº 13888.908260/201281 Acórdão n.º 3002000.621 S3C0T2 Fl. 899 8 (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamentar, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (grifado) Do exposto, extraímos que a recorrente deveria ter juntado a documentação necessária para comprovar o seu direito quando decidiu recorrer do despacho decisório. Foi aí que se iniciou o contencioso e foram definidos os limites desta lide. A apresentação da manifestação de inconformidade é momento crucial no processo administrativo fiscal. O que é trazido pelo sujeito passivo a título de razões e provas define a natureza e a extensão da controvérsia que, regra geral, só deveria alcançar este Conselho após a apreciação da matéria pela primeira instância. Ao admitir o início da produção de provas em fase de recurso voluntário, suprimimos o exame da matéria pelo colegiado a quo, de fato, uma supressão de instância, em desfavor do contraditório e do rito processual estabelecido no referido Decreto. Consoante ainda o art. 16, transcrito acima, preclui o direito da recorrente de fazer prova em momento posterior à apresentação da manifestação de inconformidade, exceto se demonstrada a impossibilidade de fazêlo tempestivamente por motivo de força maior ou a existência de novos fatos ou razões, ocorridos ou trazidos aos autos após a juntada da manifestação. Ainda sobre a entrega extemporânea de documentos, dita o comando que tal solicitação deve ocorrer mediante petição fundamentada, na qual fique demonstrada a ocorrência de alguma das exceções. Conforme já abordado, no momento do despacho decisório havia informação discrepante sobre o real débito de Cofins, prestada pelo próprio contribuinte, que desconsiderou que a redução de débitos confessados em DCTF deveria estar amparada por documentos fiscais e contábeis, hábeis a comprovála, como determina o art. 147 do CTN: Fl. 899DF CARF MF Processo nº 13888.908260/201281 Acórdão n.º 3002000.621 S3C0T2 Fl. 900 9 Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. (grifado) Por esse motivo as instruções normativas da Receita Federal que disciplinavam o Dacon, já extinto, determinavam que a pessoa jurídica que retificasse esse Demonstrativo deveria também apresentar DCTF retificadora, confirmando a concepção de que o conteúdo do Dacon pode ser indício de direito, mas não faz prova. É pacífico neste Colegiado que a ausência de retificação da DCTF pode ser superada pela comprovação do direito ao crédito por meio de documentos fiscais e contábeis hábeis e suficientes, mas a manifestação de inconformidade foi instruída apenas com a retificadora do Dacon, que não tem valor de prova, e agora foram juntadas algumas notas fiscais, por amostragem, insuficientes para cobrir a redução que débitos que se pretende, sem justificativa para a apresentação tardia dessa documentação. Incontestável que a situação não se enquadra em nenhuma das alíneas do § 4º do art. 16 do Decreto e está configurada, por conseqüência, a preclusão temporal. Há de se ponderar, todavia, que a ocorrência de determinadas especificidades permitiria ao julgador conhecer da prova apresentada intempestivamente, em prol da verdade material, que é um princípio caro ao processo administrativo fiscal, mas não absoluto, como muitas vezes se pretende. Deve o julgador procurar o equilíbrio com os demais princípios, em especial como os princípios da legalidade e do devido processo legal, principalmente porque se trata de afastar a aplicação de um dispositivo legal que determina expressamente a preclusão. Para tanto, é requisito que o contribuinte tenha exercido seu papel de tentar demonstrar o direito quando devido, ou seja, na interposição da manifestação de inconformidade. Nesse contexto, as provas apresentadas com o recurso voluntário poderiam ser conhecidas com o objetivo de esclarecer um ponto obscuro, complementar uma demonstração já iniciada ou reforçar o valor do que foi anteriormente apresentado, algo próprio do desenvolvimento da marcha processual. O que se configura inadmissível é a invocação da busca da verdade material com vistas a propiciar ao recorrente a oportunidade de suprir sua própria omissão em fase anterior, que é o que ocorre nestes autos. Fl. 900DF CARF MF Processo nº 13888.908260/201281 Acórdão n.º 3002000.621 S3C0T2 Fl. 901 10 Tal entendimento é o que prevalece atualmente em diversos colegiados no Carf. A ver os Acórdãos seguintes, todos proferidos em julgamentos realizados em 2018: nº 3201003.476 do conselheiro Marcelo Vieira e nº 1302002.731 do conselheiro Flávio Dias, representativos de decisões em Turmas Ordinárias de diferentes Seções de Julgamento, bem como o Acórdão nº 9303007.555, do conselheiro Luiz Eduardo Santos, nº 9303 006.241, da conselheira Vanessa Cecconello, e nº 9303007.334, do conselheiro Demes Brito, todos da 3ª Seção da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Transcrevese, a título complementar, as razões de decidir da conselheira relatora Vanessa Cecconello no Acórdão nº 9303 006.241, pela pertinência no presente caso: "Esclareçase não se estar privilegiando o formalismo exacerbado em detrimento do princípio da verdade material, norteador do processo administrativo fiscal. Ocorre que não ficou demonstrada no caso em exame qualquer das hipóteses autorizadoras do acolhimento das provas apresentadas somente na fase recursal, quais sejam: (a) impossibilidade de apresentação oportuna, por força maior; (b) sejam referentes a fato ou a direito supervenientes ou, ainda, (c) destinemse a contrapor fatos ou razões posteriormente veiculados nos autos. Somese aos fundamentos até aqui expendidos, que, conforme consignado no acórdão recorrido, mesmo sendo admitidos os documentos fiscais e contábeis trazidos pelo Sujeito Passivo em sede de recurso voluntário, não seriam suficientes para comprovar a certeza e a liquidez do indébito tributário. Por conseguinte, demandaria a reabertura da fase de instrução do processo para que a Contribuinte colacionasse aos autos outras provas complementares, as quais provavelmente estavam em seu poder quando da apresentação da manifestação de inconformidade, providência incabível, nesse caso, em sede de recurso. Admitirseia a análise de argumentos e provas novas se os mesmos tivessem sido apresentados com a manifestação de inconformidade e, somente no julgamento da mesma por meio de acórdão, tivessem sido considerados por insuficientes. Nessa hipótese, em prol da busca da verdade real dos fatos e demonstrando, a empresa, o intuito de comprovar o seu direito ao crédito pleiteado, poderseia acolher a complementação das alegações e do conjunto probatório trazido ao processo. Nesse diapasão, os argumentos e provas não trazidos em sede de manifestação de inconformidade, mas tão somente em sede de recurso voluntário e não comprovada a ocorrência de uma das hipóteses do art. 16, §4º do Decreto 70.235/72, são considerados preclusos, não podendo ser analisados por este Conselho em sede recursal. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial do Contribuinte." Fl. 901DF CARF MF Processo nº 13888.908260/201281 Acórdão n.º 3002000.621 S3C0T2 Fl. 902 11 Assim sendo, por todo o exposto, voto no sentido de rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Fl. 902DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11030.001826/2004-97
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 11 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2001
ITR — ITR — EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL - EXECÍCIO DE 2001 - IMPRESC1NDIBILIDADE.
Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, após a vigência da Lei n° 10.165, de 27/12/2000, se tornou imprescindível a informação em ato declaratório ambiental protocolizado no prazo legal.
ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA - RESERVA LEGAL — AVERBAÇÃO - ATO CONSTITUTIVO.
A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimi-la da base de cálculo para apuração do ITR.
Recurso Negado.
Numero da decisão: 2101-000.452
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por maioria de votos, em NEGAR
provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka que dava provimento parcial ao recurso em relação à área de preservação permanente.
Matéria: ITR - ação fiscal - outros (inclusive penalidades)
Nome do relator: Ana Neyle Olimpio Holanda
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : ITR - ação fiscal - outros (inclusive penalidades)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201003
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2001 ITR — ITR — EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL - EXECÍCIO DE 2001 - IMPRESC1NDIBILIDADE. Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, após a vigência da Lei n° 10.165, de 27/12/2000, se tornou imprescindível a informação em ato declaratório ambiental protocolizado no prazo legal. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA - RESERVA LEGAL — AVERBAÇÃO - ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimi-la da base de cálculo para apuração do ITR. Recurso Negado.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
numero_processo_s : 11030.001826/2004-97
conteudo_id_s : 5990737
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 18 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2101-000.452
nome_arquivo_s : Decisao_11030001826200497.pdf
nome_relator_s : Ana Neyle Olimpio Holanda
nome_arquivo_pdf_s : 11030001826200497_5990737.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os Membros do Colegiado, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka que dava provimento parcial ao recurso em relação à área de preservação permanente.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 11 00:00:00 UTC 2010
id : 7698160
ano_sessao_s : 2010
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:22 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051659844714496
conteudo_txt : Metadados => date: 2010-07-13T14:01:33Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2010-07-13T14:01:32Z; Last-Modified: 2010-07-13T14:01:33Z; dcterms:modified: 2010-07-13T14:01:33Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:cfbc7f58-f699-4154-af0a-274a3b144587; Last-Save-Date: 2010-07-13T14:01:33Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2010-07-13T14:01:33Z; meta:save-date: 2010-07-13T14:01:33Z; pdf:encrypted: false; modified: 2010-07-13T14:01:33Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2010-07-13T14:01:32Z; created: 2010-07-13T14:01:32Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; Creation-Date: 2010-07-13T14:01:32Z; pdf:charsPerPage: 1461; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2010-07-13T14:01:32Z | Conteúdo => S2-C1T1 Fl. 1 „ MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 1.5.' • 7: SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 11030.001826/2004-97 Recurso n° 336.783 Voluntário Acórdão n° 2101-00.452 — ia Câmara / 1a Turma Ordinária Sessão de 11 de março de 2010 Matéria ITR Recorrente ANTONIO CARLOS XAVIER DE QUADROS Recorrida 1' TURMAJDRJ-CAMPO GRANDE/MS Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2001 ITR — ITR — EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - ATO DECLARATORIO AMBIENTAL - EXECÍCIO DE 2001 - IMPRESC1NDIBILIDADE. Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, após a vigência da Lei n° 10.165, de 27/12/2000, se tornou imprescindível a informação em ato declaratório ambiental protocolizado no prazo legal. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA - RESERVA LEGAL — AVERBAÇÃO - ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimi-la da base de cálculo para apuração do ITR. Recurso Negado. • Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka que dava provimento parcial ao recurso em relação à área de preservação permanente. CAIO MARCOS CÂNDIDO - Presidente ( p v Z4& LJ1 —.ANA N-E LE OLIMPIO HOLANDA — Relatora EDITADO EM: 1 a 11 U 1-11-11V 201à Participaram do julgamento os Conselheiros Caio Marcos Cândido, Ana Neyle Olímpio Holanda, Alexandre Naoki Nishioka, Robinson Passos de Castro e Silva, José Raimundo Tosta Santos e Gonçalo Bonet Allage. Relatório Trata o presente processo de auto de infração referente a imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR), por meio do qual se exige do sujeito passivo acima identificado o montante de R$ 41.575,80, a título de imposto, acrescido da multa de oficio equivalente a 75% do valor do tributo apurado, além de juros de mora, em face da glosa de valores apresentados na declaração do tributo, referente ao exercício 2001, com supedâneo nos artigos 1°, 7°, 9°, 10, 11 e 14 da Lei n°9.393, de 19/11/1996, nos seguintes moldes: i) Área de Preservação Permanente — 35,00 ha para 00,00 ha; ii) Área de Utilização Limitada — 380,00 ha para 0,00 ha. 2. Em contraposição, foi apresentada a impugnação de fls. 36 a 49. 3. Submetida a lide a julgamento, os membros da 1' Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande (MS) acordaram por dar o lançamento como procedente, resumindo o seu entendimento nos termos da ementa a seguir transcrita: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — ITR Exercício: 2001 Ementa: ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Argüições de inconstitucionalidade refogem à competência da instância administrativa, salvo se já houver decisão do Supremo Tribunal Federal declarando a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, hipótese em que compete à autoridade julgadora afastar a sua aplicação. ATO DECIARATÓRIO AMBIENTAL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL. A exclusão das áreas declaradas como de preservação permanente e de reserva legal, esta integrante da área de utilização limitada, da área tributável do imóvel rural, para efeito de apuração do ITR, está condicionada à protocolização tempestiva do Ato Declaratório Ambiental — ADA, perante o IBAMA ou órgão conveniado. É também necessária a averbação da área de reserva legal, à margem da matrícula do imóvel, no Cartório de Registro competente, até a data de ocorrência do fato gerador do Imposto. PERÍCIA. 2 Processo n° 11030.00182612004-97 S2-C1T1 Acórdão n.° 2101-00.452 Fl. 2 A perícia técnica destina-se a subsidiar a formação da convicção do julgador, limitando-se ao aprofundamento de questões sobre provas já incluídas nos autos. Deve ser indeferida quando, em subversão à lei processual, vise produzir prova que deveria ter sido apresentada com a impugnação. Lançamento Procedente 4. Intimado aos 16/08/2006, o sujeito passivo apresenta sua irresignação por meio de recurso voluntário tempestivo (fls. 86 a 116). 5. No apelo interposto, o sujeito passivo apresenta, em síntese, os seguintes argumentos de defesa: I — tem a posse de 1.450,50 ha de terras rurais, nos quais existem 35,00 ha de Área de Preservação Permanente e 380,00 ha de Área de Reserva Legal, totalizando 425,00 ha de matas/floresta nativa, confoime Laudo Técnico de fls. 25 a 27; II — da área total, apenas 250,069076 ha estão matriculados e registrados em seu nome, sendo que os demais 1.200,430924 ha estão matriculados em nome de Sadi Sampaio de Quadros, seu falecido pai, de quem é o único herdeiro, por tal, vem declarando, como possuidor, desde o falecimento daquele; III — as áreas de floresta existentes na propriedade são compostas de mata nativa, que cresceu e se desenvolveu na época de formação do relevo da região, nunca tendo sido aproveitada para fins econômicos; IV — apresentou Ato Declaratório Ambiental (ADA) (fl. 19) e Laudo Técnico (fls. 25 a 27) firmado por profissional legalmente habilitado com Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do Conselho Regional de Engenharia (fl. 50); V — sem cabimento o argumento de não comprovação dos requisitos para isenção, em razão de ter o ADA sido protocolado no IBAMA aos 24/10/2002, fora do prazo estipulado na legislação, de seis meses contados da data final para entrega da declaração de ITR, e porque a Área de Reserva Legal não foi previamente averbada na Certidão da matrícula').j/ do imóvel até 01/01/2000; - VI — o agente fiscal reconheceu a existência das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal, vez que cita o Laudo Técnico, sem desconsiderá-las; VII — a Lei n° 9.393, de 1996, não faz qualquer exigência para exclusão das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal para exclusão na apuração do ITR, bastando a declaração do sujeito passivo, o que também faz o artigo 16, § 2°, da Lei n° 4.771, de 1965; VIII — as Instruções Normativas SRF n os 43, de 1997, 63, de 1997, 67, de 1997, 136, de 1998, 73, de 2000, 75, de 2000, 60, de 2001, e 256, de 2002, são normas de caráter interpretativo e apenas visam a aplicação da noima legal, sem criar direito novo, sendo que as Portarias do IBAMA têm a mesma natureza; 3 IX — o fisco não comprovou a inexistência das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal declaradas, como também que as declarações de ITR são inexatas, não podendo efetuar o lançamento de oficio; X — a prosperar o lançamento, devem ser excluídos os juros moratórios e multa de oficio, por indevidos, vez que devem se cobrado exclusivamente sobre o imposto lançado de forma suplementar. 6. Ao final, defende o provimento do recurso para o cancelamento do auto de infração guerreado. 7. Submetidos os autos a julgamento na Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, os membros do colegiado decidiram por diligência, com o escopo de que a autoridade preparadora determinasse ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) a verificação do imóvel objeto do auto de infração, vistoriando-o para, em parecer indicar, quais as áreas existentes de preservação permanente e de reserva legal. 8. Em resposta, o Escritório Regional de Passo Fundo (RS) do IBAMA apresentou o Relatório de Vistoria n° 16/09/ESREG/PSF, em que constam as seguintes informações: i) o imóvel rural denominado Fazenda Pinheirinho, com uma área total de 1.432,94588 ha, está matriculado no Oficio de Registro de Imóveis da Comarca de Carazinho (RS), sob n° 9.323, Livro n° 2 — Registro Geral, onde, conforme Termo de Declaração para Averbação de Área de Reserva Legal n° 001/2006 DEFAP/SEMA, consta a Averbação n° 26- 9.323, de 03/11/2006, com Área de Reserva Legal de 402,5615 ha; ii) no Memorial Descritivo consta como área total georeferenciada 1.438,7987 ha, sendo 1.432,94588 ha relativos à matrícula n°9.323 e outros 17,00 ha referentes - à matrícula n° 4.105, do Oficio de Registro de Imóveis da Comarca de Carazinho (RS), Livro n° 2 — Registro Geral; iii) sobre a primeira área foram destinados 347,4033 ha para Reserva Legal e 24,0642 de Área de Preservação Permanente, enquanto para a segunda área está determinada Reserva Legal de 55,1582 ha e 0,1568 ha de Área de Preservação Permanente; iv) com base nas vistorias realizadas no local, pode-se concluir que o imóvel rural Fazenda Pinheirinho possui de fato as Áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente apresentadas na Averbação n° 26-9.323. 9. Após as providências adotadas, vieram os autos a julgamento nesse colegiado, de acordo com as determinações de competência veiculadas pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009, em seu artigo 3°, III. É o Relatório. Voto Conselheira Ana Neyle Olímpio Holanda, Relatora 4 Processo n° 11030.001826/2004-97 S2-C1T1 Acórdão n.° 2101-00.452 Fl. 3 O recurso preenche os requisitos para sua admissibilidade, dele tomo conhecimento. O objeto do presente processo é o auto de infração que diz respeito a imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR), referente ao imóvel Fazenda Pinheirinho, localizada no município de Carazinho (RS), no exercício 2001, em face da glosa de valores apresentados na declaração do tributo, por falta de comprovação, mediante documentação hábil e idônea das informações prestadas na declaração do ITR, a título de: i) Área de Preservação Permanente — 35,00 ha, e ii) Área de Utilização Limitada — 380,00 ha. A lavratura do auto de infração fez-se sob o argumento de que o sujeito passivo deixara de apresentar, para a Área de Preservação Permanente, o Ato Declaratório Ambiental (ADA), e, no que diz respeito à Área Utilização Limitada, o ADA e à falta da sua averbação à margem da inscrição da matrícula do imóvel, no cartório de registro de imóveis competente. No tocante à obrigatoriedade do Ato Declaratório Ambiental (ADA), tem-se que a sua exigência para efeito de exclusão da base de cálculo do ITR das áreas de preservação permanente, de utilização limitada, assim entendidas as áreas de reserva legal, áreas de reserva particular de patrimônio natural e áreas de declarado interesse ecológico, e de outras áreas passíveis de exclusão, como áreas com plano de manejo florestal e áreas para reflorestamento, somente se fez valer a partir da Lei n° 10.165, de 27/12/2000, em seu artigo 17-0, em seu § 1°, que deu nova redação à Lei n° 6.938, de 31/01/1981, nos seguintes termos: Art. 17-0. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — ITR, com base em Ato Declarató rio Ambiental - ADA, deverão recolher ao IBA1VIA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei n' 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a titulo de Taxa de Vistoria. (-) "§ I'. A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória." Sob esse pórtico, somente a partir de 1° de janeiro de 2001, o sujeito passivo está obrigado a apresentar o ADA, para fins de exclusão da Área de Preservação Permanente declarada pelo sujeito passivo, no cálculo da base do ITR. Na espécie, consta de fl. 19, Ato Declaratório Ambiental, expedido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), aos 01/10/2002, portanto, em período posterior à ocorrência do fato gerador e aos seis meses permitidos pela legislação tributária, contados a partir da data limite para entrega da declaração do ITR, que, para o exercício 2001, deu-se aos 28/09/2001, confoline artigo 3° da Instrução Normativa SRF n°61, de 06/06/2001. Assim, deve ser mantido o auto de infração na parte referente à Área de Preservação Permanente. Passamos á analise da glosa da Área Utilização Limitada — Reserva Legal, pela falta de averbação à margem da inscrição da matrícula do imóvel, no cartório de registro de imóveis competente. O mandamento que determinou a averbação da área de reserva legal à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, foi inserido 5 no § 8°, do artigo 16 da Lei n° 4.771, de 15/09/1965 - o chamado Código Florestal, pelo artigo 1° da Medida Provisória n° 2.166-67, de 24/08/2001, litteris: Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: § 8° A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matricula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinaçã o, nos casos de transmissão, a qualquer titulo, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (destaques da transcrição) Conforme consta de fl. 275-verso, o sujeito passivo procedeu, aos 03/11/2006, a Averbação n° 26-9.323, à Matrícula n° 9.323, no Livro n° 2 — Registro Geral, do Oficio do Registro de Imóveis, da Comarca de Carazinho (RS), onde consta que o imóvel rural foi gravado com Área de Reserva Legal, com coordenadas UTM do polígono constante no projeto de treze remanescentes florestais, descritas no memorial descritivo, sendo vedada a alteração de sua destinação no caso de transmissão a qualquer título ou desmembramento da propriedade. Com efeito, na espécie, como se trata de lançamento referente ao exercício 2001, e a averbação à margem do registro do imóvel da Área de Reserva Legal somente se deu aos 03/11/2006, deve ser mantido o lançamento nessa parte. Por oportuno, cabe ressaltar que a averbação de determinada área imobiliária como reserva legal não se trata de founalidade, mas sim de ato constitutivo, vez que modifica o direito real sobre o imóvel, conforme determina o artigo 1.227 do Código Civil: Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. Ademais, que é uma peculiaridade da reserva legal a eleição, pelo proprietário, da parcela do imóvel, não inferior a 20%, que será reservada para a proteção ambiental, por tal, somente se constitui reserva legal com a averbação daquela área no registro de imóveis, o que lhe revestirá dos efeitos contra terceiros. Assim, a Lei n° 4.771, de 15/09/1965, passou a exigir a averbação no registro público, o que implica que a sua utilização se submeta às limitações legais. Nesse sentido, o entendimento do Supremo Tribunal Federal no julgamento do Mandado de Segurança n° 22688-9/PB, de relatoria do Ministro Moreira Alves (DJ de 28/04/2000), em que se discutiam os efeitos da constituição de reserva legal sobre o cálculo da produtividade de imóvel em processo de desapropriação para fins de reforma agrária, cuja ementa a seguir se transcreve: EMENTA: Mandado de Segurança. Desapropriação de imóvel rural para fins de reforma agrária. Preliminar de perda de objeto da segurança que se rejeita. 1_1 6 Processo n° 11030.001826/2004-97 S2-C1T1 Acórdão n.° 2101-00.452 Fl. 4 No mérito, não fizeram os impetrantes prova da averbação da área de reserva legal anteriormente à vistoria do imóvel, cujo laudo (fls. 71) é de 09.05.96, ao passo que a averbação existente nos autos data de 26.11.96 (fls. 73-verso), posterior inclusive ao Decreto em causa, que é de 06.09.96. Mandado de segurança indeferido. Em voto-vista, proferido naquele julgamento, o Ministro Sepúlveda Pertence assim se pronunciou: Entendo que esse dispositivo não se refere a uma fração ideal do imóvel, mas as áreas identificadas ou identificáveis. Desde que sejam conhecidas as áreas de efetiva preservação permanente e as protegidas pela legislação ambiental devem ser tidas como aproveitadas. Assim, por exemplo, as matas caiares, as nascentes, as margens de cursos de água, as áreas de encosta, os manguezais. A reserva legal não é uma abstração matemática. Há de ser entendida corno uma parte determinada do imóvel. Sem que esteja identificada, não é possível saber se o proprietário vem cumprindo as obrigações positivas e negativas que a legislação ambiental lhe impõe. Por outro lado, se sabe onde concretamente se encontra a reserva, se ela não foi medida e demarcada, em caso de divisão ou desmembramento de imóvel, o que dos novos proprietários só estaria obrigado por a preservar vinte cento da sua parte. Desse modo, a cada nova divisão ou desmembramento, haveria uma diminuição do tamanho da reserva, proporcional à diminuição do tamanho do imóvel, com o que restaria frustrada a proibição da mudança de sua destinaçã o nos casos de 2` -transmissão a qualquer título ou de desmembramento, que a lei florestal prescreve. Estou assim em que, sem a averbaçã o determinada pelo § 2° do art. 16 da Lei n°4.771/65, não existe a reserva legal. Nessa mesma linha, o julgamento do Mandado de Segurança n° 23.370-2/GO, Relator designado Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 28/04/2000, Com a seguinte ementa: EMENTA: 1 - Reforma agrária: apuração da produtividade do imóvel e reserva legal:A "reserva legal", prevista no art. 16, § 2° do Código Florestal, não é quota ideal que possa ser subtraída da área total do imóvel rural, para o fim do cálculo de sua produtividade (cf L. 8.629/93, art. 10, 1V),sem que esteja identificada na sua averbação (v.g MS 22.688) II — Reforma agrária: desapropriação: vistoria e notificação. Ainda que na linha do entendimento majoritário do Tribunal, se empreste à notificação prévia da vistoria do imóvel expropriando, prevista no art. 2°, § 2°, da L 8.926/93, as galas de requisito de validade da expropriação subseqüente, não se trata 7 de direito indisponível: não pode, pois, invocar a sua falta, o proprietário que, expressamente, consentiu que, sem ela, se iniciasse a vistoria. Mandado de segurança indeferido. Ressalta-se que permanece firme a jurisprudência do STF, como no julgamento do MS no 28.1561DF, DJ de 02/03/2007. Sob esses entendimentos, a área de reserva florestal não identificada no registro imobiliário não é de ser subtraída da área total do imóvel para o fim de cálculo da incidência do ITR. Forte no exposto, somos por negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Sala das Sessões, em 11 de março de 2010 it4QQ Ana N yie Olímpio Flolanda 8
score : 1.0
Numero do processo: 16306.000154/2009-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 05 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2004
RECURSO VOLUNTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SUMULA 80.
Na Declaração de Compensação podem ser utilizados os créditos comprovadamente existentes, passíveis de restituição/compensação, respeitadas as demais regras determinadas pela legislação vigente para a sua utilização.
Súmula CARF nº 80: Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto.
Numero da decisão: 1301-003.752
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito de crédito pleiteado e homologar a compensação declarada até esse limite, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felícia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2004 RECURSO VOLUNTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SUMULA 80. Na Declaração de Compensação podem ser utilizados os créditos comprovadamente existentes, passíveis de restituição/compensação, respeitadas as demais regras determinadas pela legislação vigente para a sua utilização. Súmula CARF nº 80: Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Apr 05 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 16306.000154/2009-43
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5983107
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 05 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1301-003.752
nome_arquivo_s : Decisao_16306000154200943.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
nome_arquivo_pdf_s : 16306000154200943_5983107.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito de crédito pleiteado e homologar a compensação declarada até esse limite, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild - Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 19 00:00:00 UTC 2019
id : 7680322
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:41:17 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051659891900416
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-04-03T20:55:07Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2019-04-03T20:55:07Z; Last-Modified: 2019-04-03T20:55:07Z; dcterms:modified: 2019-04-03T20:55:07Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:f458f3e0-79bf-41e6-bc91-ee5e469cf678; Last-Save-Date: 2019-04-03T20:55:07Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-04-03T20:55:07Z; meta:save-date: 2019-04-03T20:55:07Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-04-03T20:55:07Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2019-04-03T20:55:07Z; created: 2019-04-03T20:55:07Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; Creation-Date: 2019-04-03T20:55:07Z; pdf:charsPerPage: 1108; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-04-03T20:55:07Z | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 481 1 480 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16306.000154/200943 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301003.752 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 19 de fevereiro de 2019 Matéria DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente APSL ONPN PARTICIPACOES S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2004 RECURSO VOLUNTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SUMULA 80. Na Declaração de Compensação podem ser utilizados os créditos comprovadamente existentes, passíveis de restituição/compensação, respeitadas as demais regras determinadas pela legislação vigente para a sua utilização. Súmula CARF nº 80: Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 30 6. 00 01 54 /2 00 9- 43 Fl. 481DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito de crédito pleiteado e homologar a compensação declarada até esse limite, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 482DF CARF MF Processo nº 16306.000154/200943 Acórdão n.º 1301003.752 S1C3T1 Fl. 482 3 Relatório Inicialmente, adotase o relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os fatos ocorridos e os fundamentos adotados até então: Tratase de Declaração de Compensação (DCOMP), mediante utilização de IRRF referente a `juros sobre capital próprio" no valor de R$ 2.585.630,81. 2. A compensação declarada pelo contribuinte, sinteticamente: A análise do documento protocolizado pelo contribuinte foi efetuada pela DRF através do Despacho Decisório anexado às fls. 60 a 63, exarado aos 29/10/2009, onde, em síntese, se manifesta: 3.1 "(..) tanto os rendimentos quanto o IRRF respectivo, foram informados parcialmente nas DIPJ s transmitidas pelo contribuinte relativas ao anocalendário de 2004". Esclarece que as informações acerca dos rendimentos e do IRF prestados pelas fontes pagadoras em DIRF não constaram nas DCTF s respectivas e não foram recolhidas por estas fontes pagadoras. 3.2 Neste contexto, a DRF não reconhece como válido o direito de crédito utilizado pelo contribuinte, e como conseqüência, NÃO HOMOLOGA as compensações declaradas nas DCOMP's acima identificadas. 4. O contribuinte foi cientificado do procedimento aos 06/11/2009, conforme AR — Aviso de Recebimento anexado à fl. 68. Irresignado, o contribuinte apresenta em 07/12/2009 a manifestação de inconformidade anexada às fls. 69 a 81, onde resumidamente alega: 4.1 A tempestividade da manifestação de inconformidade. 4.2 Que, na condição de incorporadora final da APSL ONPN PARTICIPAÇÕES SA, a ARCELORMITTAL BRASIL S A "é quem deve arcar e assumir eventuais passivos". 4.3 Tendo em vista os mesmos elementos de prova, o manifestante solicita a "conexão dos dois feitos administrativos, julgando de forma una, inclusive com o aproveitamento das provas eventualmente produzidas", fazendo alusão ao processo 10880.726064/200976. 4.3.1 Esclarece que neste processo o crédito utilizado reportase ao IRRF decorrente de 'juros sobre capital próprio", enquanto no processo 10880.726064/200976, este mesmo crédito foi utilizado como componente do "Saldo Negativo de IRPJ". Fl. 483DF CARF MF 4 4.4 A ocorrência de homologação tácita para a DCOMP de n° 13338.18059.070704.1.3.060462, tendo em vista o § 5 1 do art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, considerando que a DCOMP em questão foi protocolizada em 07/07/2004, enquanto a ciência do Despacho Decisório somente ocorreu em 06/11/2009. Ilustra com passagem de Leandro Paulsen, Acórdaos do Conselho de Contribuintes, da DRJ/Rio de JaneiroRJ e da DRJ/CampinasSP. Assevera os rendimentos que deram origem ao IRRF utilizado nas DCOMP's foi oferecido à tributação, o IRRF está identificado na DIPJ e não foi utilizado para quitação das estimativas ao longo do ano. Acrescenta que estas informações já foram checadas e expressamente reconhecidas pelo Despacho Decisório. 4.6 Invoca os arts. 668, 717, 722 e 943 do RIR, de 1999 para afirmar que "para que o contribuinte beneficiário dos rendimentos que sofreram retenção em fonte possa compensar este débito, bastalhe comprovar a tributação dos rendimentos e apresentar o competente comprovante de retenção." 4.6.1 Menciona que no presente caso, a Receita Federal entendeu ter havido a retenção do IRRF, mas uma suposta falta de recolhimento. Desta feita, argumenta que "referese a tributo retido e não recolhido". Nesta hipótese, cita o Parecer Normativo COSIT n° 01, de 2002 para amparar o seu direito à dedução do imposto retido. Ilustra com Acórdão do Conselho de Contribuintes. 4.7 Tece diversas considerações acerca da origem das receitas e o IRRF correspondente, informando que "obteve junto à fonte pagadora a comprovação da retificação das DCTF's" , identificando os DARF's correspondentes ao recolhimento do IRRF em comento. 4.8 Por fim, propugna pela retificação do pólo passivo para Arcelormittal Brasil SA, pela homologação tácita da DCOMP n° 13338.18059.070704.1.3.06 0462 e pela homologação integral das compensações declaradas. 5. Diante da manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte, o processo foi encaminhado a esta DRJ para manifestação acerca da lide (fl. 183). A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento considerou procedente em parte a manifestação de inconformidade. A decisão da DRJ foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Na Declaração de Compensação somente podem ser utilizados os créditos comprovadamente existentes, passíveis de restituição/compensação, respeitadas as demais regras determinadas pela legislação vigente para a sua utilização. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Em resumo a decisão de primeira instancia decidiu por: INDEFERIR ajuntada de processos. Considerar TACITAMENTE HOMOLOGADA a DCOMP de n° 13338.18059.070704.1.3.060462. Fl. 484DF CARF MF Processo nº 16306.000154/200943 Acórdão n.º 1301003.752 S1C3T1 Fl. 483 5 NÃO HOMOLOGAR a compensação declarada na DCOMP de n° 29168.35797.301204.1.3.067480 Cientificada, a empresa interpôs recurso voluntário, repisando as alegações apresentadas na impugnação no que se refere a DCOMP de n° 29168.35797.301204.1.3.06 7480. É o relatório. Fl. 485DF CARF MF 6 Voto Conselheira Bianca Felícia Rothschild Relatora Recurso Voluntário Admissibilidade O recurso voluntário é TEMPESTIVO e uma vez atendidos também às demais condições de admissibilidade, merece, portanto, ser CONHECIDO. Fatos Tratase de recurso voluntário (fls. 402/426) interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte – DRJ/BHE (fls. 371/385), que considerou procedente em parte manifestação de inconformidade do contribuinte (fls. 137/161) em face de Despacho Decisório (fls. 119/125) que não homologou duas compensações apresentadas. As DCOMP têm por objeto a compensação de Imposto de Renda Retido na Fonte relativo a Juros sobre o Capital Próprio – JCP referente ao anocalendário 2004 com débitos próprios da recorrente, consoante previsto no art. 9º da Lei nº 9.249/1995. A Recorrente transmitiu a declaração de compensação (dcomp) n° 13388.18059.070704.1.3.060462 (para facilitação da análise irei me referir a esta dcomp apenas pelos seus últimos quatro números "0462"), por meio da qual informa crédito próprio decorrente de imposto de renda incidente na fonte (IRRF) sobre juros de capital próprio (JCP) no valor de R$2.585.630,81 e débito desse mesmo tributo (código 5706) no valor de R$2.346.459,97, com vencimento em 07/07/2004. A Recorrente transmitiu, ainda, uma segunda Dcomp de n° 29168.35797.301204.1.3.067480 (para facilitação da análise irei me referir a esta dcomp apenas pelos seus últimos quatro números "7480"), por meio da qual informa crédito do IRRF de JCP no valor de R$1.388.937,10 e débito desse mesmo tributo (código 9453) no valor de R$1.260.460,42. Seguem valores abaixo constantes em DIRF nas quais o contribuinte figura como beneficiário: Fl. 486DF CARF MF Processo nº 16306.000154/200943 Acórdão n.º 1301003.752 S1C3T1 Fl. 484 7 Os valores das retenções acima tiveram a seguinte destinação: a soma dos dois primeiros valores de IRRF (R$2.585.630,84) compõe o crédito informado na dcomp 14434.18831.280205.1.3.020229 (para facilitação da análise irei me referir a esta dcomp apenas pelos seus últimos quatro números "0229"), (R$239.170,84) tratado no processo 10680.726.064/200976, e na dcomp 0462 (R$2.346.459,97), tratado no presente processo; o valor do IRRF informado acima (R$2.722.934,09) foi parcialmente utilizado (R$1.388.937,10) na dcomp 7480, também tratada no presente processo. Quanto à tributação dos rendimentos que geraram o IRRF informado nas declarações de compensação, verificouse que foi oferecido à tributação o total de R$26.497.119,47, sendo R$17.237.538,79 na declaração n° 1238781 (período de 01/01 a 03/12/2004) e R$9.259.580,68 na declaração n° 0343270 (período de 04/12 a 31/12/2004). O total do IRRF incidente sobre tais rendimentos importa em R$3.974.567,92, valor este idêntico à soma do IRRF aproveitado nas declarações de compensação: R$ 2.585.630,81 + R$ 1.388.937,10 =R$3.974.567,91. Cabe, pois, frisar que, tanto os rendimentos quanto o IRRF respectivo, foram informados em ambas as DIPJ transmitidas pelo contribuinte relativas ao anocalendário de 2004. Quanto aos valores do IRRF informados em Dirf pelas fontes pagadoras Aços Planos do Sul S/A, CNPJ 02.675.078/000131 e CSTCompanhia Siderúrgica Tubarão, CNPJ 27.251.974/000102 tendo o contribuinte em referência como beneficiário, relativamente ao anocalendário de 2004, apurouse que não houve informação em DCTF dos valores declarados nas Dirf (PA Fevereiro=R$2.722.934,09 e Agosto/2004=R$2.561.447,97) nos códigos 5706, nem tampouco recolhimento dos valores, ainda que com outros códigos. Por conta do acima, o despacho decisório decidiu que os créditos informados nas declarações de compensação de que trata o presente processo não seriam passíveis de restituição/compensação. A decisão de primeira instancia, no entanto, considerou tacitamente homologada a Dcomp 0472 por decurso de tempo (fl. 379): A DCOMP 13318059.070704.1.3.060462 foi apresentada pelo contribuinte aos 07/07/2004. A análise da DRF acerca do procedimento executado pelo contribuinte ocorreu em 29/10/2009, com ciência ao contribuinte em 06/11/2009 (fl. 68). Enfim, a DRF invalidou o procedimento executado pelo contribuinte quando já transcorridos mais de cinco anos da protocolização da DCOMP e a compensação declarada já se encontrava tacitamente homologada. Neste contexto, o débito declarado na DCOMP de n° 13318059.070704.1.3.060462, em litígio neste processo, não pode mais ser exigido pelo fisco. Tendo em vista que a decisão de primeira instancia considerou homologada tacitamente a DCOMP 0462, a matéria pendente de apreciação baseiase somente na DCOMP 7480, cuja análise passase a realizar. Fl. 487DF CARF MF 8 Delimitação da lide DCOMP 7480 O direito de crédito indicado pelo contribuinte na DCOMP 7480 reportase ao IRRF de JCP da fonte pagadora portadora do CNPJ 27.251.974/000102, conforme indicado à fl. 12. Esta mesma origem de crédito foi indicada na DCOMP 0462 (fl. 07). O IRRF utilizado pelo contribuinte nas DCOMP's em análise neste processo e os documentos comprobatórios da origem do crédito: A fiscalização identificou que, ao longo do anocalendário de 2004, a Recorrente sofreu retenções em fonte de imposto de renda que foram utilizadas para compor o crédito aqui analisado. Estes créditos de IRRF foram indicados tanto nas PER/DComp objeto deste processo, como na PER/DComp 2922, objeto do processo tributário administrativo n° 10880.726064/200976, de modo que toda a questão discutida, tanto no presente como naquele processo, cingese em averiguar se os créditos de IRRF mencionados acima têm lastro e são passíveis de utilização para compensação. As citadas retenções de imposto de renda foram as seguintes: Das retenções indicadas acima, as duas primeiras somam um total de R$ 2.585.630,84 e foram utilizadas para composição dos créditos das DComp 2922 (saldo negativo de R$ 239.170,84, objeto de outro processo), e DComp n° 0462 (IRRF sobre JCP de R$ 2.346.459,97, objeto desta processo). Da terceira retenção indicada no quadro acima, R$ 1.388.937,10 foram utilizados para composição do crédito da DComp 7480 (IRRF sobre JCP objeto deste processo). Pois bem, a DComp 2922 (objeto do outro processo) foi apresentada com indicação de que o crédito apontado para a compensação teria surgido como saldo negativo de 2005 (AnoCalendário 2004). Neste sentido, consta da DIPJ da empresa que durante o ano de 2004 foram oferecidos à tributação um total de R$ 26.497.119,47 de rendimentos de juros sobre capital próprio. Fl. 488DF CARF MF Processo nº 16306.000154/200943 Acórdão n.º 1301003.752 S1C3T1 Fl. 485 9 O art. 6681 do RIR/99 estabelece que a alíquota do IRRF sobre juros sobre capital próprio é de 15%. Assim, ao aplicar esta alíquota sobre o total de rendimentos de JCP informados em DIPJ (26.497.119,47), temse que o valor da retenção sofrida a que teria direito a requerente é de R$ 3.974.567,92, que corresponde exatamente ao total dos créditos pleiteados (R$2.585.630,84 que corresponde às duas primeiras retenções, somadas ao valor de R$ 1.388.937,10 que se refere à utilização parcial da terceira retenção). Logo, diferentemente do que conclui o acórdão recorrido, o rendimento oferecido à tributação comporta a retenção informada. Ademais, o total das retenções foi devidamente indicado na ficha de informações de retenções, e nenhum destes valores foi aproveitado para quitação de estimativas ao longo do anocalendário. A Recorrente argumenta que a decisão de primeira instancia não considerou a existência de DIPJ retificadora oferecendo as receitas à tributação. Ou seja, afirma que as receitas correspondentes ao IRRF utilizado na PER/Dcomp 7480 foram efetivamente oferecidas à tributação. O que mais se estranha é que o próprio despacho decisório, como citado acima, já havia considerado que as receitas foram oferecidas à tributação, vejamos (fl. 121): No entanto, tal fato já havia sido reconhecido pelo próprio Despacho Decisório que deu inicio ao presente processo, ao afirmar que "quanto à tributação dos rendimentos que geraram o IRRF informado nas declarações de compensação, verificouse que foi oferecido à tributação o total de 26.497.119,47, sendo R$17.237.538,79 na declaração n.° 1238781 (período de 01/01 a 03/12/2004) e 9.259.580,68 na declaração n.° 0343270 (período de 04/12 a 31/12/2004)" Apesar do Despacho Decisório proferido anteriormente reconhecer que o total do IRRF incidente sobre a receita que foi oferecida a tributação ser idêntica ao valor aproveitado nas declarações de compensação (R$26.497.119,47), o Acórdão proferido agora pela DRJ, diverge do que já havia sido constatado e reconhece apenas uma das DIPJ apresentadas pelo contribuinte, afirmando que o oferecimento à tributação das receitas de juros sobre o capital próprio ocorreu no importe de R$ 17.237.538,79, ou seja, apenas os rendimentos referentes à Dcomp 0462. Eis a nítida contradição entre as decisões: Despacho Decisório n.° 3.874 Proferido pela RF/BHE proferido em 06/11/2009 — fls.119 e segs dos autos "Quanto à tributação dos rendimentos que geraram o IRRF informado nas declarações de compensação, verificouse que foi oferecido à tributação o total de R$ 26.497.119,47, sendo R$ 17.237.538,79 na declaração n.° 1238781 (período de 01/01 a 03/12/2004) e R$ 9.259.580,68 na declaração n.° 0343270 (período de 04/12 a 31/12/2004). O total do IRRF incidente sobre tais rendimentos importa em R$ 3.974.567,92, valor este idêntico à soma do IRRF aproveitado nas declarações de compensação: R$ 2.585.630,81 + R$ 1.388.397,10 = R$ 3.974.567,91. Quanto aos valores do IRRF informados em Dirf pelas fontes pagadoras Aços Planos do Sul S/A, CNPJ 02.675.078/000131 e CST Companhia Siderúrgica Tubarão, CNPJ 27.251.974/000102 tendo o contribuinte em referência como Fl. 489DF CARF MF 10 beneficiário, relativamente ao anocalendário de 2004, apurouse que não houve informação em DCTF dos valores declarados nas Dirf (PA fevereiro = R$2.722.934,09 e agosto/2004 = R$ 2.561.447,97) nos códigos 5706, nem tampouco recolhimento dos valores, ainda que com outros códigos". Isto demonstra que o verdadeiro fundamento pelo qual as compensações não foram homologadas pelo despacho decisório é que as fontes pagadoras dos rendimentos que sofreram retenções não teriam efetuado os respectivos recolhimentos. Acórdão Recorrido n.° 0226.944 — 3a Turma da DRJ/BHE proferido em 17.06.2010 fls. 371 "Os documentos anexados ao processo comprovam a efetiva retenção do IRF sobre o recebimento dos rendimentos de "juros sobre capital próprio" no importe de R$ 5.308.564,91. O valor dos rendimentos que deram origem a esta retenção importa em R$ 35.390.432 70. Verificando a DIPJ apresentada pelo contribuinte no AC de 2004, constatase o oferecimento à tributação das receitas de "juros sobre capital próprio" no importe de R$ 17.237.538,79, conforme fl. 26. Ou seja, somente foram oferecidos à tributação os rendimentos correspondentes ao IRF utilizado na DCOMP de n.° 13338.18059.070704.1.3.06462, cuja compensação já foi considerada homologada tacitamente em itens precedentes. Considerando que as receitas correspondentes ao IRF utilizado na DCOMP de n.° 29168.35797.301204.1.3.067480 não foram oferecidas à tributação, não há como validar a utilização desta retenção como moeda de troca em compensações de débito, ou mesmo como dedução do imposto devido no encerramento do período de apuração". O acima demonstra que o fundamento pelo qual a DCOMP 7480 não foi homologada em primeira instancia foi de que os rendimentos não teriam sido oferecidos à tributação, a despeito do afirmado pelo despacho decisório. *** De todo modo, verificase pela documentação acostada aos autos, que a Recorrente logrou êxito em comprovar não só a efetiva retenção na fonte como o oferecimento à tributação dos rendimentos de JCP recebidos (fl. 81). Súmula CARF nº 80: Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto. Desta forma, voto por homologar a declaração de compensação 7480. Fl. 490DF CARF MF Processo nº 16306.000154/200943 Acórdão n.º 1301003.752 S1C3T1 Fl. 486 11 Conclusão Diante de todo o acima exposto, voto no sentido de CONHECER o Recurso Voluntário para no mérito DARLHE PROVIMENTO no sentido de homologar a declaração de compensação n.° 29168.35797.301204.1.3.067480. (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild. Fl. 491DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.906606/2009-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/10/2000 a 31/12/2000
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
É assegurado ao contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência da decisão recorrida. Demonstrada nos autos a intempestividade da peça recursal, não se conhece das razões de mérito.
Numero da decisão: 3401-006.008
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer da peça recursal intempestivamente apresentada.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Seixas Pantarolli Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE SEIXAS PANTAROLLI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/10/2000 a 31/12/2000 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO. É assegurado ao contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência da decisão recorrida. Demonstrada nos autos a intempestividade da peça recursal, não se conhece das razões de mérito.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10580.906606/2009-77
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5988700
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3401-006.008
nome_arquivo_s : Decisao_10580906606200977.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CARLOS HENRIQUE DE SEIXAS PANTAROLLI
nome_arquivo_pdf_s : 10580906606200977_5988700.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer da peça recursal intempestivamente apresentada. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Seixas Pantarolli Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
id : 7697909
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:13 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051659936989184
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1462; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 213 1 212 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.906606/200977 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401006.008 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de março de 2019 Matéria IPI Recorrente BOM BRASIL ÓLEO DE MAMONA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2000 a 31/12/2000 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO. É assegurado ao contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência da decisão recorrida. Demonstrada nos autos a intempestividade da peça recursal, não se conhece das razões de mérito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer da peça recursal intempestivamente apresentada. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Seixas Pantarolli – Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 90 66 06 /2 00 9- 77 Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10580.906606/200977 Acórdão n.º 3401006.008 S3C4T1 Fl. 214 2 Relatório O presente versa sobre o Pedido de Restituição/Declaração de Compensação (PER/DCOMP nº 09139.79920.251105.1.1.013059) de fls. 02/147, transmitido em 25/11/2005, invocando crédito presumido de IPI apurado no quarto trimestre de 2000 referente ao ressarcimento de PIS/PASEP e COFINS de que trata a Lei n° 9.363/96, regulamentada pela IN/SRF n° 23/96 e pela Portaria MF n° 38/97, no valor de R$ 216.251,22. O Despacho Decisório Eletrônico de fls. 148, datado de 09/06/2009, indeferiu o pedido de ressarcimento, tendo em conta a fiscalização ter glosado integralmente o crédito pretendido pelo contribuinte sob a alegação, contida no Termo de Verificação Fiscal de fls. 155/158, de que “[...] todas as aquisições foram efetuadas junto as (sic) pessoas físicas, não gerando assim o direito ao crédito presumido por não sofrerem incidência de PIS e da COFINS”. Irresignada, a empresa apresentou a Manifestação de Inconformidade de fls. 160/185, em que alegou: (a) a ilegalidade da IN/SRF n° 23/97, pois esta teria modificado a Lei n° 9.363/96 ao limitar a concessão de crédito presumido de IPI às aquisições de produtos oriundos da atividade rural efetuadas apenas de pessoas jurídicas contribuintes do PIS/PASEP e da COFINS; (b) a jurisprudência que lhe é favorável oriunda do então Segundo Conselho de Contribuintes, da Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais e do Tribunal Regional Federal da 5ª Região; (c) o desrespeito ao princípio da verdade material, pois os produtos da atividade rural adquiridos de pessoas físicas pelo produtorexportador contem invariavelmente parcelas de PIS e COFINS embutidas em seu valor decorrentes da aquisição de insumos realizada ao longo de todo o processo produtivo, o que por si já justificaria o ressarcimento pleiteado; (d) a dicção do Decreto n° 2.367/98 (RIPI) no sentido de que a base de cálculo do ressarcimento seria o valor total das aquisições. A decisão de primeira instância (fls. 189/194), proferida em 29/05/2013, foi unânime pela improcedência da manifestação de inconformidade, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2000 a 31/12/2000 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. Os valores referentes às aquisições de insumos de pessoa não contribuintes do PIS/Pasep e da Cofins não integram o cálculo do crédito presumido. Entendeu o julgador de 1ª instância que: (a) o ressarcimento das contribuições para o PIS/PASEP e Cofins mediante o crédito presumido de IPI previsto pela Lei n° 9.363/96 requer a incidência de tais contribuições na aquisição realizada pelo produtor exportador, o que não se verifica quando esta é realizada junto a pessoas físicas, as quais não são contribuintes do PIS/PASEP e da Cofins (IN/SRF n° 23/97, Parecer PGFN/CAT/N° 3092/2002, Nota MF/SRF/COSIT/COTIP/DIPEX n° 312/98); (b) a jurisprudência administrativa apontada pela Recorrente não vincula a atuação dos julgadores de 1ª instância, produzindo efeito apenas quanto às partes envolvidas naqueles processos; (c) o julgador de 1ª instância, enquanto autoridade administrativa, está impossibilitado de examinar a legalidade e constitucionalidade de normas e atos administrativos. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10580.906606/200977 Acórdão n.º 3401006.008 S3C4T1 Fl. 215 3 Ciente do acórdão de piso em 18/10/2013 (fl. 196), a empresa protocolou o Recurso Voluntário de fls. 198/208 no dia 22/11/2013, cuja juntada no eprocesso se deu em 27/11/2013, sustentando em suas razões que: (a) a Lei n° 9.363/96 firmou apenas dois requisitos para a concessão de crédito presumido de IPI, quais sejam, ser o contribuinte produtor e exportador de mercadorias nacionais e efetuar o cálculo com base nas aquisições, no mercado interno, de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem para utilização no processo produtivo; (b) que a IN/SRF n° 313/2003 extrapolou sua competência normativa ao regulamentar a citada lei, pois incluiu um terceiro requisito, o de que as aquisições de produtos oriundos da atividade rural sejam efetuadas de pessoas jurídicas contribuintes do PIS/PASEP e da Cofins; (c) que a IN/SRF n° 315/2013 incorreu em igual situação ao regulamentar a concessão de crédito presumido de IPI prevista na Lei n° 10.276/2001; (d) que as Câmaras do Segundo Conselho de Contribuintes e a Câmara Superior de Recursos Fiscais têm acolhido as mesmas razões por ela suscitadas conforme os julgados colacionados. Em 27/11/2013, o presente é encaminhado a este CARF para apreciação da peça recursal, tendo sido sorteado a conselheiro que devolveu o processo à Câmara após renúncia, havendo posterior distribuição a este relator, por sorteio, em 24/10/2018. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Relator Em juízo de admissibilidade, verificase que o presente Recurso Voluntário não atende ao pressuposto da tempestividade, senão vejamos. Determina o Decreto n° 70.235/1972: Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Art. 23. Farseá a intimação: II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; § 2° Considerase feita a intimação: II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10580.906606/200977 Acórdão n.º 3401006.008 S3C4T1 Fl. 216 4 O Recorrente foi cientificado do Acórdão de Manifestação de Inconformidade por via postal remetida ao endereço eleito pelo mesmo em seu cadastro junto ao Fisco. Conforme consta do Aviso de Recebimento de fls. 196, a ciência se deu em 18/10/2013. Neste ponto, convém destacar a regularidade da intimação realizada, a teor da Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Assim sendo, o Decreto nº 70.235/1972 é expresso ao determinar que os prazos são contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento (art. 5º, caput) e que os prazos só se iniciam ou vencem em dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato (art. 5º, parágrafo único). Considerandose que o dia 18/10/2013 foi uma sextafeira, o prazo teve início no dia 21/10/2013, segundafeira, sendo este o primeiro dia do prazo. Por conseguinte, o trigésimo dia do prazo, quando se encerrou o lapso temporal para a interposição do Recurso Voluntário deuse no dia 19/11/2013. O Recurso Voluntário foi interposto no dia 22/11/2013, conforme aposto no carimbo de protocolo às fls. 198. Não consta dos autos manifestação da autoridade preparadora acerca da tempestividade do presente recurso. Ademais, não há prova da ocorrência de eventual fato impeditivo da prática do ato processual carreada aos autos pela Recorrente. Em verdade, na peça recursal não há qualquer menção à interposição tempestiva. Constatase ainda a inocorrência de feriados na cidade de Salvador que modificassem a forma de contagem do prazo acima. Destarte, reconhecida a intempestividade, não é admissível o conhecimento do presente Recurso Voluntário nos termos dos arts. 5º e 33 do Decreto n.º 70.235, de 1972, tornandose definitiva a decisão de primeira instância como dispõe o art. 42 do mesmo diploma: Art. 42. São definitivas as decisões: I – de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto; Ante o exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Seixas Pantarolli Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10580.906606/200977 Acórdão n.º 3401006.008 S3C4T1 Fl. 217 5 Fl. 217DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10218.721233/2013-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Mar 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2006
RECURSO DE OFÍCIO. CONHECIMENTO. SUMULA CARF Nº 103.
Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
LANÇAMENTO FISCAL. PARCELAMENTO.
o pedido de parcelamento formalizado pelo contribuinte importa desistência do recurso e configura renúncia ao direito sobre o qual se fundam suas alegações, atribuindo caráter de definitividade ao lançamento fiscal.
Numero da decisão: 2201-005.036
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício em razão do limite de alçada e, também por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário, por ter restado configurada a desistência do litígio em razão de pedido de parcelamento.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fófano dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Ano-calendário: 2006 RECURSO DE OFÍCIO. CONHECIMENTO. SUMULA CARF Nº 103. Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. LANÇAMENTO FISCAL. PARCELAMENTO. o pedido de parcelamento formalizado pelo contribuinte importa desistência do recurso e configura renúncia ao direito sobre o qual se fundam suas alegações, atribuindo caráter de definitividade ao lançamento fiscal.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 29 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10218.721233/2013-81
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5979239
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 29 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2201-005.036
nome_arquivo_s : Decisao_10218721233201381.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
nome_arquivo_pdf_s : 10218721233201381_5979239.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício em razão do limite de alçada e, também por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário, por ter restado configurada a desistência do litígio em razão de pedido de parcelamento. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fófano dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
id : 7673128
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:40:49 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051659940134912
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1750; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 377 1 376 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10218.721233/201381 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 2201005.036 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 12 de março de 2019 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrentes FAZENDA NACIONAL PREFEITURA MUNICIPAL DE CUMARU DO NORTE ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Anocalendário: 2006 RECURSO DE OFÍCIO. CONHECIMENTO. SUMULA CARF Nº 103. Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. LANÇAMENTO FISCAL. PARCELAMENTO. o pedido de parcelamento formalizado pelo contribuinte importa desistência do recurso e configura renúncia ao direito sobre o qual se fundam suas alegações, atribuindo caráter de definitividade ao lançamento fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício em razão do limite de alçada e, também por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário, por ter restado configurada a desistência do litígio em razão de pedido de parcelamento. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fófano dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 12 33 /2 01 3- 81 Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10218.721233/201381 Acórdão n.º 2201005.036 S2C2T1 Fl. 378 2 O presente processo trata de recursos de ofício e voluntário em face do Acórdão nº 1277.570 12ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ, fl. 337 a 347. No Relatório Fiscal, fl. 61 a 97, podese concluir que, originariamente, os Documentos de Crédito controlados nestes autos são: AIOA DEBCAD 51.051.4006 relativo à contribuição patronal e riscos ambientais do trabalho (SAT/RAT), parte patronal dos segurados empregados, contribuintes individuais e glosa das compensações realizadas pela fiscalização, no valor total de R$ 3.148.020,97 (fl. 258 a 271); AIOA DEBCAD 51.051.4014 relativo à contribuição previdenciária do empregado, no valor de 379.610,00 (fl. 279 a 286); AIOA DEBCAD 51.051.4030 relativo à multa isolada aplicada pela caracterização de falsidade nas declarações constantes nas GFIP, no valor de R$ 1.759.804,47 (fl. 272 a 278). O contribuinte foi cientificado da autuação em 26 de novembro de 2013, conforme AR de fl. 289 e , inconformado, apresentou a impugnação de fl. 302 a 309, em 20 de dezembro de 2013, oportunidade em que elencou as razões que entendia justificar o cancelamento da autuação. No despacho de fl. 318, consta que, em razão de pedido de parcelamento formulado nos termos da MP 589/12, foram transferidos e suspensos os créditos tributários relacionados aos DEBCAD 51.051.4006 e 51.051.4014, remanescendo a discussão administrativa tão somente em relação ao AIOA DEBCAD 51.051.4030. Debruçada sobre os termos da Impugnação, a DRJ RJO exarou o Acórdão ora recorrido, em que tratou de todos os temas expressos pela defesa e, especificamente em relação ao AIOA DEBCAD 51.051.4030, concluiu: (...)20. A fiscalização comprovou que se trata de compensação indevida, porque o Impugnante deixou de atender aos termos e condições legais para a compensação, mas não a falsidade da declaração, nem o intuito de fraudar. Sendo assim, urge exonerar a multa aplicada, tornando improcedente o AI nº 51.051.4030. Contra a Decisão acima, foi interposto recurso de ofício, em virtude de o crédito tributário exonerado ser superior ao limite de alçada previsto no Decreto nº 70.235/72, art. 34, I, c/c artigo 1º da Portaria do Ministro da Fazenda nº 3, de 03/01/2008. Cientificado da decisão da DRJ em 16/12/2015, conforme AR de fl. 350, o contribuinte apresentou, tempestivamente, o recurso voluntário de fl. 352 a 360, em que estruturou sua defesa nos seguintes termos? DA MULTA CONFISCATÓRIA E DO BIS IN IDEM Fl. 378DF CARF MF Processo nº 10218.721233/201381 Acórdão n.º 2201005.036 S2C2T1 Fl. 379 3 Sustenta que a multa de ofício aplicada no percentual de 75% compromete as atividades do município, ofendendo diversos Princípios, dentre eles da capacidade contributiva, do não confisco; Alega que a aplicação concomitante de multa moratória e de ofício implica penalizar duas vezes o mesmo contribuinte pela imputação de penalidades da mesma natureza. DA LIMITAÇÃO DO VALOR DA MULTA DE OFÍCIO Afirma que a multa de ofício deve se restringir ao limite de 20% previsto no art. 32A da lei 8.212/91. DA DIVERGÊNCIA QUANTO A APURAÇÃO DOS VALORES DEVIDOS Questiona a utilização de valores constantes na DIRF para o lançamento, quando o correto seria, em seu entendimento, a utilização dos valores da GFIP. A partir de tais considerações, o recorrente conclui: Posto isto, demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer o recorrente que seja acolhido o presente recurso para o fim de REFORMAR a decisão de primeiro grau e autuação constante do AI DEBCAD 51.051.400 6 e AI DEBCAD 51.051.4014 para o fim de: 1) determinar que a apuração da contribuição previdenciária seja incidente sobre a GFIP e não na DIRF; 2) determinar que seja excluída da autuação a MULTA DE OFÍCIO confiscatória e configuradora de bis in idem, permanecendo apenas a multa moratória no DEBCAD 51.051.4006; 3) e ou ainda, atento ao princípio da eventualidade, caso seja mantida a multa de ofício, que seja a mesma limitada a 20% do AI DEBCAD 51.051.4006 e no AI DEBCAD 51.051.4014, em razão da especificidade da lei 8.212/91 aplicável aos casos relativos a recolhimentos da contribuição previdenciária. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Do recurso de ofício: A Portaria MF 63/17 estabeleceu um novo limite para a sua interposição, ao prever que a DRJ recorrerá sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Vejase: Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10218.721233/201381 Acórdão n.º 2201005.036 S2C2T1 Fl. 380 4 Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. A Súmula CARF 103 preleciona que o limite de alçada deve ser aferido na data de apreciação do recurso em segunda instância: Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. No presente caso, o Julgador de 1ª Instância recorreu de ofício da decisão que exonerou o crédito tributário de multa isolada de que trata o AIOA DEBCAD 51.051.4030, por concluir: (...)20. A fiscalização comprovou que se trata de compensação indevida, porque o Impugnante deixou de atender aos termos e condições legais para a compensação, mas não a falsidade da declaração, nem o intuito de fraudar. Sendo assim, urge exonerar a multa aplicada, tornando improcedente o AI nº 51.051.4030. Analisando os autos, temse que o valor lançado para o referido DEBCAD alcança o valor de R$ 1.759.804,47, razão pela qual não conheço do recurso de ofício, do que resulta a definitividade da exoneração do AIOA DEBCAD 51.051.4030. Do recurso voluntário: Inicialmente cumpre ressaltar que, conforme bem claro no Relatório supra, o recurso voluntário se limita a tratar de questões relacionadas aos DEBCAD 51.051.4006 e 51.051.4014, os quais foram transferidos para o processo 10.218.720180/201461, em razão de sua inclusão em parcelamento. Sobre a questão, assim dispõe o Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. (...) § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. Fl. 380DF CARF MF Processo nº 10218.721233/201381 Acórdão n.º 2201005.036 S2C2T1 Fl. 381 5 § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente. Verificase, portanto, que o pedido de parcelamento formalizado pelo contribuinte importa desistência do recurso e configura renúncia ao direito sobre o qual se fundam suas alegações, atribuindo caráter de definitividade ao lançamento fiscal. Assim, não há matéria a ser conhecida. Conclusão Assim, tendo em vista tudo que consta nos autos, bem assim na descrição fatos e fundamentos legais que integram o presente, voto por não conhecer dos recursos de ofício e voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 381DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001732/2006-78
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 25 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.784
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do processo na unidade preparadora, até a decisão judicial definitiva sobre a concomitância entre a Ação de Repetição de Indébito 0012509-25.2010.4.03.6100 e o presente processo, para que, então, sejam juntadas as suas principais peças, incluindo a petição inicial.
(assinatura digital)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinatura digital)
Marcelo Giovani Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 25 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 16327.001732/2006-78
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5975538
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 25 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-001.784
nome_arquivo_s : Decisao_16327001732200678.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : MARCELO GIOVANI VIEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 16327001732200678_5975538.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do processo na unidade preparadora, até a decisão judicial definitiva sobre a concomitância entre a Ação de Repetição de Indébito 0012509-25.2010.4.03.6100 e o presente processo, para que, então, sejam juntadas as suas principais peças, incluindo a petição inicial. (assinatura digital) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
id : 7665007
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:40:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051659943280640
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1465; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.001732/200678 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201001.784 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 27 de fevereiro de 2019 Assunto COMPENSAÇÃO Recorrente BANIF BANCO INTERNACIONAL DO FUNCHAL BRASIL S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do processo na unidade preparadora, até a decisão judicial definitiva sobre a concomitância entre a Ação de Repetição de Indébito 001250925.2010.4.03.6100 e o presente processo, para que, então, sejam juntadas as suas principais peças, incluindo a petição inicial. (assinatura digital) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior. Relatório Tratase de Pedido de Compensação de indébitos de Cofins, com Pedido de Habilitação, cujo crédito correspondente é oriundo do Mandado de Segurança nº 99.0022308 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .0 01 73 2/ 20 06 -7 8 Fl. 4437DF CARF MF Processo nº 16327.001732/200678 Resolução nº 3201001.784 S3C2T1 Fl. 3 2 0, impetrado pelo contribuinte pedindo a inconstitucionalidade de diversos dispositivos da Lei 9.718/98. A segurança foi denegada totalmente pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Porém, em sede de Recurso Extraordinário, o STF decidiu por parcial provimento (RE 405568/RJ. Transcrevo: DECISÃO: Vistos. O acórdão recorrido, em mandado de segurança, decidiu pela constitucionalidade do art. 3º, § 1º, e do art. 8º, caput, da Lei 9.718/98, que dispõe sobre as contribuições para o PIS e COFINS. Rejeitaramse os embargos de declaração opostos. Daí o RE, interposto pelas contribuintes, sustentandose, em síntese, a inconstitucionalidade dos arts. 3º, § 1º, e 8º, caput e § 1º, da Lei 9.718/98. Admitido o recurso, subiram os autos. Decido. Em 09.11.2005, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar os Recursos Extraordinários 346.084/PR, Relator p/ o acórdão o Sr. Ministro Marco Aurélio, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Relator o Sr. Ministro Marco Aurélio, conheceu dos recursos e deu lhes parcial provimento para declarar a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, vencidos parcialmente os Srs. Ministros Cezar Peluso e Celso de Mello, que davam interpretação conforme ao caput do art. 3º. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 336.134/RS, Relator o Sr. Ministro Ilmar Galvão, decidiu pela constitucionalidade do art. 8º e § 1º da Lei 9.718/98, no que toca à majoração da alíquota de 2% para 3% e tendo em vista a compensação de até um terço com a contribuição sobre o lucro líquido CSLL, quando o contribuinte registrar lucro no exercício, o que se afirmava ofensiva ao princípio da isonomia (“DJ” de 16.5.2003). Certo é que citada majoração há de ser observada, entretanto, tendo em consideração a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. É dizer, a majoração da alíquota ocorrerá, apenas, relativamente às bases de cálculo inscritas no art. 2º da Lei Complementar 70, de 1991. Nestes termos, forte nos precedentes, dou provimento, em parte, ao recurso (CPC, art. 557, § 1ºA). Sem honorários (Súmula 512STF). O crédito pretendido pelo contribuinte era de R$ 9.426.382,75, atualizado até 10/2006. Consta às folhas 2.197 a 2.207, um primeiro Despacho Decisório homologando parcialmente a compensação. A parcela não reconhecida referese a indébitos de Cofins já compensados em outros pedidos de compensação, e divergências quanto a pagamentos efetuados. Não houve divergência quanto às bases de cálculo utilizadas. Reconheceuse o indébito no valor de R$ 6.426.382, 75, atualizado até 10/2006. Houve Manifestação de Inconformidade, fls. 2.221 a 2.269. Sobreveio novo Despacho Decisório (2.725 a 2.739), retificando o anterior, e alterando as bases de cálculo, para abranger “receitas advindas da cobrança de tarifas (serviços bancários) e das operações bancárias (intermediação financeira)”, por adotar o Parecer PGFN 2.773/2007, do que decorreria como indébito de Cofins somente aquele Fl. 4438DF CARF MF Processo nº 16327.001732/200678 Resolução nº 3201001.784 S3C2T1 Fl. 4 3 incidente sobre receitas não operacionais das entidades financeiras. O novo resultado terminou por reconhecer como indébito o valor de R$ 1.087.808, 44, atualizado até 10/2006. Nova Manifestação de Inconformidade, fls. 2.745 a 2.795. A DRJ/São Paulo I/SP, por meio do Acórdão 1621.237, de 29/04/2009 (fls. 2.807 a 2.869), decidiu pela improcedência total das Manifestações de Inconformidade. Transcrevo a ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 PRELIMINARES. VÍCIOS FORMAIS. INEXISTÊNCIA. NULIDADE. DESCABIMENTO. Constatada a inexistência de vícios alegadamente formais na decisão da autoridade, deve ser rejeitado o pleito de declaração de nulidade da decisão, mormente se as pretensas falhas apontadas, por sua natureza, dizem mais com o Mérito do que com os pressupostos de constituição e desenvolvimento regular do processo fiscal. MÉRITO. NÃO CONSIDERAÇÃO DE CRÉDITOS. ERROS DE CALCULO E DE ATUALIZAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Comprovada a inexistência de irregularidades quanto a não consideração de indébitos de determinados períodos de apuração, e quanto a erros de atualização, rejeitase o pleito de reconhecimento do direito creditório que dai derivaria. BASE DE CALCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. FATURAMENTO. RECEITA BRUTA. RECEITAS OPERACIONAIS. A base de cálculo da COFINS, a teor do estipulado no artigo 2°, da Lei Complementar 70/91 e nos artigos 2° e 3° da Lei 9.718/98 e consoante o entendimento pacificado do STF, é constituída pelo faturamento da pessoa jurídica, que corresponde à receita bruta definida como as receitas operacionais, decorrentes, portanto, das atividades normais e típicas da empresa, devendo, assim, no caso das instituições financeiras incluir, entre outras, as receitas de intermediação financeira, além das derivadas de tarifas por serviços financeiros prestados, por tais ingressos comporem as receitas operacionais destas entidades. DECISÃO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE, EM DESCONFORMIDADE COM A LEI. IMPERIOSIDADE DA REFORMA. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE JULGADORA. CONTROLE DE LEGALIDADE. INOCORRÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS OU MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. PREVALÊNCIA DO INTERESSE PÚBLICO E DO PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO BEM PÚBLICO. As instâncias fiscais julgadoras tem como atribuição decidir sobre a legalidade dos atos praticados pela administração fiscal ativa levando Fl. 4439DF CARF MF Processo nº 16327.001732/200678 Resolução nº 3201001.784 S3C2T1 Fl. 5 4 em conta, ainda, a predominância do interesse público sobre o privado e a indisponibilidade do bem público. Em razão da aplicação desses princípios, a decisão da instância julgadora em desfavor do contribuinte, in casu, reduzindo direito creditório reconhecido pela administração fiscal ativa, não configura situação de reformatio in pejus, nem de mudança de critério jurídico, nem de violação de direito adquirido, pois que de atos administrativos portadores de vícios que os não harmonizem com a lei, não se originam direitos, mormente se existe expressa autorização legal para a Administração anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis aos administrados, dentro do prazo decadencial. Solicitação Indeferida O contribuinte apresentou então o Recurso Voluntário, renovando as argumentos apresentados na manifestação de inconformidade, e acrescentando objeções ao acórdão recorrido. Apresento, em síntese, suas razões de recurso: No Recurso Voluntário, a empresa sustenta: nulidade do Despacho Decisório, por diversos vícios formais, nos termos do art. 2º, inciso VIII, e do art. 50, inc. I, e §1º da Lei 9.784/99, e art. 59, inc. II do Decreto 70.235/72; existência de contradição e falta de fundamentação legal do despacho decisório e de erros de cálculo constantes do demonstrativo de apuração do crédito; o acórdão recorrido teria incorrido em “reformatio in pejus”, ao acatar o segundo despacho decisório; que o primeiro despacho decisório seria ato definitivo e sem possibilidade de alteração; que se estaria então vulnerando seu direito adquirido e a segurança jurídica; que, conforme relatado, teria havido mudança de critério jurídico de fatos geradores passados, em confronto com o art. 146 do CTN; sustenta a legitimidade dos créditos constantes das DCOMP´s canceladas e alega que houve, por parte da decisão recorrida, ausência de fundamentação na desconsideração de créditos referentes ao período de fevereiro de 1999 a fevereiro de 2000; os pagamentos de multas de mora e juros por atraso nos considerados pagamentos indevidos também seriam crédito legítimos a ressarcir; teriam sido, ainda, empregados índices equivocados de taxa Selic, e se deixado de aplicar a taxa Selic em alguns períodos; a retificação do Despacho Decisório teria ofendido seu direito adquirido e o princípio da segurança jurídica, e constituiria mudança de critério jurídico, que seria vedada pelo art. 146 do CTN; O julgamento no Carf, em 21/02/2017, foi convertido em diligência, por meio da Resolução 3301000.283, para que se verificasse a existência de ação judicial de repetição de indébito, conforme noticiado pela Procuradoria da Fazenda Nacional PGFN, e se juntassem aos autos as peças e certidão da referida ação. Fl. 4440DF CARF MF Processo nº 16327.001732/200678 Resolução nº 3201001.784 S3C2T1 Fl. 6 5 O Despacho de Diligência, fls. 4.422, relata todo o histórico da processo. Conclui que há concomitância entre ação de repetição de indébito tributário 0012509 25.2010.4.03.6100 e o presente processo. Copio excerto (fl. 4.425): No caso, fica evidenciado que a instituição financeira pretende reaver o mesmo direito creditório em dois processos distintos. No presente processo administrativo de nº 16327.001732/200678 [o presente processo], vinculado ao mandado de segurança nº 0022308 95.1999.4.02.5101 foi questionada a base de cálculo da COFINS prevista no artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 no período de fevereiro de 1999 a março de 2006. Agora, no contexto da ação de repetição/compensação de indébito tributário nº 0012509 25.2010.4.03.6100 o demandante alega ter se equivocado no cômputo da base de cálculo da mesma contribuição no período de janeiro de 2001 a dezembro de 2005 ao inobservar os ditames da IN SRF nº 37/1999 e IN SRF nº 247/2002, ambas fundamentadas na Lei nº 9.718/98. Porém, segundo a instituição financeira, são dois direitos creditórios distintos a serem reconhecidos: o primeiro referente ao questionamento da base de cálculo da COFINS prevista na Lei nº 9.718/98 e o segundo referente ao cômputo incorreto da base de cálculo da contribuição. O caso em comento foi examinado em quatro ocasiões no contexto do Edossiê nº 10080.002056/081507 formalizado para acompanhar a ação de repetição/compensação de indébito tributário nº 0012509 25.2010.4.03.6100 (folhas 316 a 318, folhas 593 a 596, folhas 659 a 662 e folhas748 a 752 do arquivo eletrônico do referido Edossiê). Em todas as ocasiões, foi salientado que parte do direito creditório encontrase em discussão no processo administrativo nº 16327.001732/200678, vinculado ao citado mandado de segurança e parte em discussão na ação de repetição de indébito, sendo salientado que os dois mencionados pontos deveriam ser examinados de maneira conjunta, de modo a evitar que o mesmo direito creditório fosse repetido em duplicidade ao sujeito passivo. O Despacho de Diligência informa ainda que houve algumas compensações apresentadas pela recorrente que não foram consideradas como Declaração de Compensação, porque não havia, nas respectivas datas, o trânsito em julgado da decisão judicial. Apresenta ainda um resumo de todo o contexto (fl.4.427): Assim sendo, repisandose os pontos aqui examinados, foi visto que o demandante impetrou o mandado de segurança nº 0022308 95.1999.4.02.5101 buscando questionar o alargamento da base de cálculo da COFINS prevista no § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. O mandamus transitou em julgado em 01/03/2006 atendendo parte do pleito do contribuinte no RE nº 405.5686. Diante disso, a DIORT/DEINF/SPO calculou o reclamado direito creditório (folhas 2.197 a 2.207). Posteriormente, com base no entendimento firmado no Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, foi visto que o alargamento da base imponível da COFINS foi declarado inconstitucional pelo STF tão somente no contexto de pessoas jurídicas que produzem mercadorias ou as fazem circular ou prestadores de serviços. Para esses entes jurídicos, as receitas advindas de aplicações e intermediação financeiras não são correlatas aos objetivos sociais por eles Fl. 4441DF CARF MF Processo nº 16327.001732/200678 Resolução nº 3201001.784 S3C2T1 Fl. 7 6 perseguidos. Então, sob a ótica da decisão da Suprema Corte e a partir do entendimento firmado no Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, a decisão proferida pelo Pretório Excelso deve ser aplicada à realidade das instituições financeiras de modo a afastar da base de cálculo das contribuições apenas as receitas de cunho não operacional desses entes jurídicos. Diante disto, a DIORT/DEINF/SPO, em observância ao referido parecer e considerando a decisão da DIFIS/DEINF/SPO (folhas 2.643 a 2.647), recalculou o direito creditório reclamado em R$ 1.087.808,44 em valores atualizados para outubro de 2006 (folhas 2.725 a 2.739). Nesses cálculos, foram afastadas as receitas não operacionais (conta COSIF nº 7.3.0.00.006) da base imponível da COFINS. O contribuinte recorreu dessa decisão à DRJ/SP1, porém, o despacho decisório recorrido foi mantido pelo órgão administrativo de julgamento (folhas 2.807 a 2.869). Ao mesmo tempo, a instituição financeira apresentou uma segunda demanda à Justiça Federal por meio da ação de repetição/compensação de indébito tributário nº 001250925.2010.4.03.6100 na qual questionava a mesma base de cálculo da COFINS no período de janeiro de 2001 a dezembro de 2005. Desta vez, o contribuinte alega que no período em questão computou incorretamente a base imponível da contribuição, sem observar as determinações previstas nas IN SRF nº 37/1999 e IN SRF nº 247/2002, fundamentadas na Lei nº 9.718/98. Em cálculos realizados no contexto da ação de repetição/compensação de indébito tributário nº 001250925.2010.4.03.6100, a DIORT/DEINF/SPO apurara um indébito de R$ 2.600.778,31 em discussão nessa segunda medida judicial, em valores de outubro de 2006, os quais já incorporam os R$ 1.087.808,44 discutidos no mandado de segurança nº 002230895.1999.4.02.5101 e ainda em discussãono presente processo de nº 16327.001732/200678. Ocorreu que esses cálculos se deram sem que fossem consultados os balancetes mensais escriturados pelo reclamante e sem considerar eventuais deduções da base de cálculo da COFINS estipuladas nas IN SRF nº 37/1999 e IN SRF nº 247/2002. Tal fato foi alertado à jurisdição de primeiro grau responsável pelo julgamento em primeira instância da ação de repetição/compensação de indébito tributário nº 001250925.2010.4.03.6100. Em consulta ao sítio que a Justiça Federal em São Paulo mantém na Internet, constatase que o feito atualmente aguarda a prolação de sentença. Bem assim, diante do exposto e com as informações ora prestadas, entendemos atendida a solicitação formulada por esse douto CARF acerca da necessidade de se esclarecer o contexto da ação de repetição/compensação de indébito nº 001250925.2010.4.03.6100 e seus efeitos na discussão travada no presente processo, originada do mandado de segurança nº 002230895.1999.4.02.5101. A recorrente, por sua vez, manifestase, fls. 4.392 e seguintes, no sentido de que as ações seriam independentes. Expressase assim: Fl. 4442DF CARF MF Processo nº 16327.001732/200678 Resolução nº 3201001.784 S3C2T1 Fl. 8 7 A informação fazendária, entretanto, não é verídica, porque a demanda judicial em comento, em nada, se relaciona com o crédito de COFINS objeto do presente administrativo. Apenas para fins de contextualização, na ação ajuizada em 08/06/2010, a Recorrente visa obter a recuperação de valores recolhidos a maior de COFINS, entre janeiro de 2001 e dezembro de 2005, a partir de discrepâncias entre 1) os valores declarados em suas obrigações acessórias Declarações de Informações Econômicofiscais das Pessoas Jurídicas – DIPJs (exercícios de 2001 a 2004) e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais – DACON (exercício de 2005) e 2) as guias DARFs, em observância às Instruções Normativas SRFs nºs. 37/1999 e 247/2002. Na manifestação, a recorrente noticia que houve determinação judicial para a realização de perícia técnicocontábil a fim de esclarecer, justamente, a concomitância, nesses termos: “(...) levandose em conta o pedido deduzido na inicial e os documentos juntados pela ré, reputo necessário para o julgamento, a apresentação de novos cálculos referentes aos períodos pleiteados na inicial, com as compensações já efetuadas pelo autor, bem como esclarecimentos se a pretensão deduzida nos presentes autos já foi objeto do pedido administrativo de habilitação de crédito no PAF nº 16.327.001.732/200678”. O laudo pericial concluiu que não haveria concomitância. Finalmente, a recorrente apresentou memorial (fl. 4.329 e seguintes), anexando parecer da ExMinistra do STF Ellen Gracie, reforçando suas teses de mérito, sustentando, em sumaríssimo resumo, a coisa julgada, no âmbito do RE 405.5686 (MS 99.00223080), para que a recorrente seja tributada apenas na prestação de serviços; sustenta ainda que intermediação financeira não se reveste da natureza de prestação de serviços. É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Relator Conforme relatado, há possibilidade de concomitância entre as matérias a decidir no presente processo e na ação de repetição de indébito nº 001250925.2010.4.03.6100. A própria concomitância está submetida ao juízo, conforme relatado. Não obstante, a fim de aquilatar eventuais matérias que podem ser decididas administrativamente, se ausentes das demandas judiciais, é necessário analisar a petição inicial na ação de repetição de indébito. A Resolução desta Turma, 3301000.283, já havia solicitado a juntada dessas peças judiciais aos autos. Embora o Despacho de Diligência seja minucioso e esclareça muita coisa, não houve a referida juntada. Fl. 4443DF CARF MF Processo nº 16327.001732/200678 Resolução nº 3201001.784 S3C2T1 Fl. 9 8 Assim, não resta alternativa senão reiterar o teor da Resolução 3301000.283, para que se juntem aos presentes autos as peças da ação de repetição de indébito nº 0012509 25.2010.4.03.6100, em especial, a petição inicial. Antes, porém, devem os autos serem sobrestados na unidade preparadora, até a decisão judicial definitiva sobre a concomitância entre a Ação de Repetição de Indébito 001250925.2010.4.03.6100 e o presente processo, para que, então, sejam juntadas as suas principais peças, incluindo a petição inicial, e retornem os autos a este Carf para prosseguimento do julgamento. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira Relator Fl. 4444DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18470.905747/2010-65
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2006
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO. PAGAMENTO A MAIOR. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei.
DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO.
Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro qüinqüenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. TRANSCURSO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL OBSERVOU LISURA E REGULARIDADE.
Não se admite argumento genérico de cerceamento de defesa, mormente quando o PAF transcorreu de forma escorreita e observou todos os ditames legais, oferecendo ao Contribuinte as oportunidades de postulação previstas na norma.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 1002-000.627
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Breno do Carmo Moreira Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira e Ângelo Abrantes Nunes.
Nome do relator: BRENO DO CARMO MOREIRA VIEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO. PAGAMENTO A MAIOR. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO. A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO. Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro qüinqüenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. TRANSCURSO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL OBSERVOU LISURA E REGULARIDADE. Não se admite argumento genérico de cerceamento de defesa, mormente quando o PAF transcorreu de forma escorreita e observou todos os ditames legais, oferecendo ao Contribuinte as oportunidades de postulação previstas na norma. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 18470.905747/2010-65
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5971365
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1002-000.627
nome_arquivo_s : Decisao_18470905747201065.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : BRENO DO CARMO MOREIRA VIEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 18470905747201065_5971365.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva - Presidente. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira e Ângelo Abrantes Nunes.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 13 00:00:00 UTC 2019
id : 7649744
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:36 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051659948523520
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1597; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T2 Fl. 171 1 170 S1C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18470.905747/201065 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1002000.627 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 13 de fevereiro de 2019 Matéria PER/DCOMP Recorrente POSTO DE GASOLINA AMOR LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO. PAGAMENTO A MAIOR. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO. A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO. Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro qüinqüenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. TRANSCURSO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL OBSERVOU LISURA E REGULARIDADE. Não se admite argumento genérico de cerceamento de defesa, mormente quando o PAF transcorreu de forma escorreita e observou todos os ditames legais, oferecendo ao Contribuinte as oportunidades de postulação previstas na norma. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 0. 90 57 47 /2 01 0- 65 Fl. 171DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 172 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira e Ângelo Abrantes Nunes. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto tempestivamente contra o Acórdão n° 1241.987 (efls. 110 à 120) proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ1, que, por unanimidade de votos, não reconheceu o direito creditório do Contribuinte. O Despacho Decisório (efl. 07), de 01 de novembro de 2010, aduz que os valores informados na DCOMP (transmitida em 21/08/2006) foram utilizados integralmente para a quitação de débitos do Contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos ora informados. Em sua Manifestação de Inconformidade, o Contribuinte alegou o que segue: 1. Senhor Delegado como se vê do Despacho Decisório, o contribuinte foi penalizado, com base na seguinte alegação: "Limite de crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informada no PER/DCOMP: R$ 2.337,61. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP..." 2. Não pode, data vênia, conformarse o contribuinte com essa apenação haja vista que: a) A DCTF do 4 o trimestre de 2002 (Pág. 11), nos mostra que o valor principal do débito relativo à competência de maio de 2002 é de R$2.337,61. (Doc. 1) b) No DARF datado de 28 de junho de 2002 verificase que o pagamento corresponde ao valor total do débito acima referido. Fl. 172DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 173 3 c) Os lançamentos efetuados no Livro Diário N° 19 folhas 246 e Razão N° 19 folhas 331 e 332 nos mostram que o principal do débito e o seu respectivo pagamento, também correspondem ao valor acima mencionado. (Docs. 2 e 3) 3. Portanto, o que daí se extrai, é que o PER/DCOMP foi preenchido e transmitido equivocadamente, ou seja, tanto o DARF no valor de R$ 2.337,61 quanto o débito nesse mesmo valor foram ali apontados indevidamente. (Doc.4) 4. Isto ainda mais se infere, porque além do crédito e do débito resgataram o mesmo valor de R$ 2.337,61, eles também referem se à mesma competência de maio de 2002. 5. Acrescentase que por um lado o valor do DARF foi compensado corretamente do mês de pagamento, ou seja, no 2 o trimestre de 2002, e por outro lado, vemos que o valor constante do PER/DCOMP, objeto do rastreamento, não foi compensado nos meses de setembro de 2002 (3o trimestre de 2002) e outubro de 2003 (4o trimestre de 2003), onde não houve nenhuma compensação, como V.Sa pode analisar nas DCTF's acima. (Docs. 5 e 6) 6. Ainda nessa esteira, verificase que o Pedido de Compensação teve como base o regime de apuração mensal, quando na verdade as folhas 252 do mesmo Livro Diário No. 19 e as folhas No. 331 e 332 do mesmo Livro Razão No. 19, nos mostram que o regime de tributação era trimestral. (Doc. 7 e 3) 7. Não houve valor nenhum compensado no PER/DCOMP, objeto do rastreamento, nos meses de setembro de 2002 e dezembro de 2002, os quais, não foram compensados em nenhum período, conforme DCTF's do 3 o trimestre de 2002 e 4 o trimestre de 2002, DCTF's em anexo. (Docs. 5 e 6) 8. Cabe citar, que não foi possível reparar o equívoco espontaneamente, em vista do sistema da Receita não ter recepcionado o pedido de cancelamento do PER/DCOMP, por conta da instauração da Ação Fiscal. 9. Sabendo, porém, do espírito de justiça que norteia às decisões proferidas por V. Sa., espera que o PER/DCOMP seja cancelado quando da respectiva análise no âmbito da Receita Federal. Isto posto, inclusive por juntada de documentos cuja menção vai no bojo do presente, pede V. Sa. Se digne mandar cancelar o crédito tributário, bem como tornar sem efeito o respectivo PER/DCOMP, com base nos fatos aqui demonstrados. Como desiderato final de seu arrazoado, o Acórdão da DRJ concluiu o que segue: Conclusão 36 Nos termos da Instrução Normativa RFB nº 900, de 2008, ao declarante cabe solicitar (antes que a autoridade lançadora Fl. 173DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 174 4 emita intimações ou profira decisão administrativa), e sempre através do Programa Gerador de Per/DcompPGD Perdcomp, o cancelamento da Dcomp transmitida, inexistindo previsão para que a autoridade julgadora nele se subrogue, ou que tal se dê em sede de julgamento. 37 Se o declarante não cancela a Dcomp que ele mesmo transmitiu, as declarações nesta veiculadas se consolidam na esfera administrativa, com os efeitos que lhes são próprios, ainda mais se não comprovado que o débito objeto de compensação era indevido ou inexistente. 38 Assim, o pedido deve ser rejeitado: quer por ser contrário à legislação de regência, quer por não ter sido comprovado que o débito compensado era indevido ou inexistente. 39 Observese, por fim, que, nesta data, estão em julgamento nesta Turma 18 (dezoito) processos (incluindo este), nos quais o interessado, em sede de MI, pede o cancelamento das respectivas Dcomps: (...) Ao longo do processo, restou ajuizada execução fiscal pela Fazenda Nacional, tendo sido proferida sentença extintiva sem julgamento de mérito. Já em sede de Recurso Voluntário, o Contribuinte aduz os seguintes aspectos: PRELIMINARMENTE Requer ao D. Julgador de 1o Instância, em sede de pressuposto de admissibilidade recursal, em conformidade com o artigo 32 c/c art. 60, ambos do Decreto 70.235/72, dispondo sobre o processo administrativo fiscal, que seja corrigida de ofício a omissão do julgado, ora recorrido, eis que na decisão atacada é mencionado que a empresa ora recorrente compensou tributo de forma Indevida. (...) No caso em debate flagrante a nulidade encontrada, devendo este Colegiado decretar a mesma de ofício, posto que ainda criou a esta recorrente cerceio do direito de defesa, conforme art. 59, II do Decreto 70.235/72. Ad Argumentandum, que a Constituição da República Federativa do Brasil prevê em seu art. 5o, II que ninguém, seja pessoa jurídica e/ou física, está obrigado a cumprir determinado preceito sem previsão legal, pois o ato da autoridade Fiscal não encontra fundamento legal, que ampare o r. decisum, o qual pedimos vênia para transcrever: (...) Fl. 174DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 175 5 Caso não sejam acolhidas as assertivas acima, para que seja cancelada a decisão, ora recorrida, vejamos então, preliminar abaixo sobre Prescrição e Decadência: (...) Cumprenos mencionar que no item 32 da decisão, ora recorrida, de fls. 112, o próprio julgador menciona que a compensação foi realizada há mais de 5 (cinco) anos, o que viola a legislação em regência; Bem se a compensação já por isto foi tachado como indevida, mais indevida ainda é a constituição em mora do tributo, sua cobrança, a constituição do crédito tributário, eis que já passados mais de cinco anos. Posto Isto indevida é cobrança, eis que já alcançada pela Decadência, conforme previsão do artigo 173 do Código Tributário Nacional, além ainda de estar prescrita, conforme redação do artigo 174 do CTN, como a seguir pedimos vênia para transcrever: DO MÉRITO Sem nos estendermos por demais, nos comentários, eis que este D. Julgador lê pacientemente todas as questões, ora em comento, melhor sorte não assiste à D. Receita Federal, posto pelas argumentações acima expostas Verificase claramente pelos documentos acostados aos autos que as declarações e pagamentos estão perfeitamente corretos, conforme os preceitos estipulados na Legislação em vigor, demonstrando toda a boafé da empresa. Ora, passados todos os argumentos, e ainda com a demonstração de todos os protestos acima, requer o provimento do presente recurso para que seja cancelado o débito, em cobrança, por todo exposto acima. DO PEDIDO "Ex Positis" é a presente a fim de requerer a estes Ilustres membros desta Turma Julgadora acolher " In Totun" a presente pretensão, por tudo aquilo que ficou devidamente expositado, dando provimento ao recurso, para que cancelada a cobrança, eis que a PER/DCOMP foi feita de forma equivocada, haja vista a inexistência de débito e saldo a compensar, além da Decadência e Prescrição que já alcançaram o débito, ora cobrado do Recorrente.Cabe consignar que não restou apresentada qualquer prova adicional em sede de Recurso Voluntário. Por fim, consignase a existência de um total de 18 (dezoito) Processos Administrativos Fiscais semelhantes ao presente, sob a relatoria deste Conselheiro que ora subscreve. É o Relatório. Fl. 175DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 176 6 Voto Conselheiro Breno do Carmo Moreira Vieira, Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade intrínsecos e extrínsecos, portanto, dele conheço. Preliminares Conforme relatado acima, as preliminares alegadas abarcam uma série de elementos, que serão doravante rechaçados. a) Da correção da suposta omissão do julgado Segundo sustenta o Contribuinte, houve imprecisão material na Decisão de piso, eis que nesta é mencionado que se compensou tributo de forma indevida. No entanto, o Recorrente não aponta exatamente onde estaria o suposto erro material, e se utiliza de argumentos genéricos de impugnação. Sabese que, para que se proponha tal correção, é necessário exibir categoricamente a imprecisão detectada. Caso contrário, a alegação acaba esvaziada por configurar mero argumento de retórica. Portanto, afasto a preliminar de omissão. b) Do suposto cerceamento de defesa Outra preliminar aduzida foi a suposta ocorrência de cerceamento de defesa. Contudo, em momento algum o Recorrente logrou demonstrar em quais oportunidades o dito cerceamento teria se perpetrado. Novamente, notamse alegações genéricas, as quais são desprovidas de amparo fático. Vejo, ainda, que presente Processo Administrativo cumpriu com seu regular deslinde, apresentando todas as oportunidades de defesa à Contribuinte e observando as normas a ele intrínsecas. Assim, não restou comprovada qualquer incidência do rol do art. 59 do Decreto n° 70.235/72. Logo, afasto a preliminar de cerceamento de defesa. c) Da suposta prescrição e decadência Por fim, entende o Recorrente pela existência de prescrição e decadência. Sem embargo, tais fenômenos não ocorreram no presente caso. Isso porque o marco a quo do lustro tem início neste caso quando da apresentação da DCOMP, que, por seu turno, é o veículo introdutório da compensação ora pretendida. Portanto, seria uma absoluta incoerência admitir como início a contagem Fl. 176DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 177 7 decadencial ou prescricional em etapa distinta, pois sequer há móvel fáticojurídico para sustentar tal intelecção. Quanto ao mais, anoto que este assunto já se encontra pacificado na jurisprudência deste e. CARF, conforme se extrai do Acórdão n° 340301.376, Rel. i. Conselheiro Antonio Carlos Atulim: Realmente, não merece reparo a decisão recorrida. Uma coisa é a decadência do direito do fisco constituir o crédito tributário por meio do lançamento de ofício e outra coisa totalmente distinta é o prazo de decadência para o fisco não homologar a compensação declarada pelo contribuinte. Os prazos de decadência do direito do fisco constituir o crédito tributário estão previstos nos arts. 150, § 4º e 173, do CTN. Estes dispositivos legais deixam claro que a decadência fulmina o direito da administração tributária exigir tributo por meio de lançamento de ofício, não afetando de modo algum o direito de abrir fiscalização ou de rever os créditos lançados no livro de IPI. Em outras palavras, a decadência inibe o processo de positivação do direito consubstanciado no ato de lançamento tributário; mas não inibe o processo de positivação do direito do fisco declarar que o crédito, no todo ou em parte, é ilegítimo, ainda que este crédito tenha sido lançado na escrita há mais de cinco anos. No caso dos autos, a administração tributária agiu dentro dos lindes da legalidade, pois não foi expedida nenhuma norma individual e concreta por parte do fisco tendente a exigir tributo, o que existe é a exigência de crédito tributário em razão de norma individual e concreta que foi introduzida no mundo jurídico pelo próprio contribuinte, consistente na declaração de compensação. No que tange ao prazo de decadência para o fisco não homologar a compensação, o art. 74, § 5º da Lei nº 9.430/96, com as alterações introduzidas pelas Leis nº 10.637/02 e 10.833/03 estabelece que o prazo é de cinco anos, contados da data entrega da declaração de compensação. Nesta parte, a defesa alegou que deve prevalecer como termo inicial de contagem do prazo decadencial a data de transmissão do PER/Decomp original, pois além da alteração ter alcançado apenas o valor do crédito, a retificação posterior não consubstancia cancelamento do pedido original, mas mera retificação dos dados anteriormente informados. Acontece que a retificação das informações referida pela defesa, significa, na verdade, a inserção de nova norma individual e concreta no mundo jurídico distinta da anterior, Fl. 177DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 178 8 uma vez que o elemento quantitativo atinente ao crédito sofreu alteração. Assim, a norma individual e concreta consubstanciada no documento original, que declarava o direito de compensar um crédito equivalente a R$ 14.556,92 com um débito equivalente a R$ 14.362,22, foi revogada e substituída por uma nova norma individual e concreta, introduzida no mundo jurídico pelo próprio contribuinte, por meio da qual declarouse o direito de compensar um crédito equivalente a R$ 2.284.013,42 com o débito de R$14.362,22. A norma que declarava o direito de compensar o crédito de R$ 14.556,92 deixou de existir e foi substituída por uma nova, que passou a declarar a existência do direito de compensar um crédito cerca de cento e cinquenta vezes maior. É evidente que a mudança no elemento quantitativo, correspondente ao valor do crédito vinculado à compensação, acarreta uma alteração no mundo jurídico. E em decorrência deste fato, justificase o início do transcurso de novo prazo de decadência. A cada alteração no mundo jurídico provocada pelo contribuinte, é disparado o cronômetro do art. 74, § 5º da Lei nº 9.430/96, concedendo um novo prazo de cinco anos para que o fisco possa aferir a legitimidade do novo direito alegado. Não foi por outro motivo, que as instruções normativas da Receita Federal que regulamentaram o procedimento de compensação, com base no permissivo legal no art. 74 § 14 da Lei nº 9.430/96, sempre estabeleceram que no caso de retificação, o termo inicial da contagem do prazo de decadência é a data da apresentação da retificadora. Portanto, também não em razão a recorrente quando alega que a Receita Federal está dispondo sobre interrupção ou suspensão de prazos de decadência por meio de atos administrativos, pois as instruções normativas apenas explicitaram a interpretação do art. 74, da Lei nº 9.430/96. A cada norma individual e concreta introduzida pelo contribuinte, nasce um prazo de cinco anos para que o fisco exerça a competência de homologar ou não a compensação. (GN) Igual intelecção é adotada na prescrição, eis a inocorrência do lustro qüinqüenal na modalidade prescritiva. Rechaçadas, pois, as alegações de decadência e prescrição. Mérito Quanto ao mérito não assiste razão ao Recorrente, conforme se observará. Trata o presente caso de pedido de compensação, alegando o Contribuinte possuir crédito contra a Administração Tributária (Art. 74 da Lei n° 9.430/96). Afinal, Fl. 178DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 179 9 como reza o Código Civil, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguemse, até onde se compensarem (Art. 368 do CC). O regime jurídico da compensação tem fundamento no art. 170 do Código Tributário Nacional (CTN) dispondo que a lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à Autoridade Administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Neste diapasão, inicialmente, o instituto da compensação tributária foi regido pelo art. 66 da Lei n.º 8.383, de 1991, sendo, posteriormente, fixadas novas regras para compensação de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil no art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, com suas alterações. 1. Dos erros de adequação instrumental para a compensação de crédito Em que pese a recalcitrância do Recorrente em admitir equívocos em sua sistemática procedimental, notamse claros erros na via eleita para a compensação. Ao invés de requerer seu cancelamento quando da Manifestação de Inconformidade, o Contribuinte deveria procedêlo por iniciativa própria, conforme se extrai do texto claro da norma (IN RFB n° 900/2008). Aliás, o Acórdão a quo logrou a conferir com precisão os procedimentos que necessários, cujo arrazoado adoto desde já como parte da fundamentação do presente Voto, verbis: 13 Na forma da legislação de regência (Instrução Normativa RFB n° 900, de 30 de dezembro de 2008), o pedido de cancelamento da Dcomp deve ser transmitido através do programa eletrônico Per/dcomp (disponibilizado a partir de 14 de maio de 2003): CAPITULO XII DA DESISTÊNCIA DE PEDIDO DE RESTITUIÇÃO, DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO, DE PEDIDO DE REEMBOLSO E DE COMPENSAÇÃO Art. 82. A desistência do pedido de restituição, do pedido de ressarcimento, do pedido de reembolso ou da compensação poderá ser requerida pelo sujeito passivo mediante a apresentação a RFB do pedido de cancelamento gerado a partir do programa PER/DCOMP ou, na hipótese de utilização de formulário em meio papel, mediante a apresentação de requerimento a RFB, o qual somente será deferido caso o pedido de restituição, o pedido de ressarcimento, o pedido de reembolso ou a compensação se encontre pendente de decisão administrativa a data da apresentação do pedido de cancelamento ou do requerimento. (...) Fl. 179DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 180 10 Art. 95. Considerase pendente de decisão administrativa, para fins do disposto nos arts. 77, 82 e 86, a Declaração de Compensação, o pedido de restituição ou o pedido de ressarcimento em relação ao qual ainda não tenha sido intimado o sujeito passivo do despacho decisório proferido pelo titular da DRF, Derat, Deinf, IRFClasse Especial ou ALF competente para decidir sobre a compensação, a restituição ou o ressarcimento. 14 Além disso, a sobredita Instrução Normativa dispõe que o pedido de cancelamento de Declaração de Compensação — Dcomp só pode ser aceito se transmitido antes da ciência para apresentação de documentos referentes A compensação, ou, antes da decisão administrativa correspondente, sendo vejamos: Art. 86 (..) Parágrafo único. O pedido de cancelamento da Declaração de Compensação será indeferido quando formalizado após intimação para apresentação de documentos comprobatórios da compensação. 15 No caso, o interessado transmitiu a Dcomp em 21.08.2006. O Despacho Decisório foi emitido em 01.11.2010. Desse modo, o pedido do interessado para cancelamento da Dcomp colide com a legislação de regência e deve, de plano, ser indeferido. 16 Da data da transmissão da Dcomp, até a ciência do Despacho Decisório, o interessado teve mais de 4 (quatro) anos para veicular o pedido de cancelamento da dita Dcomp, e não o fez. Destacase, ainda, que o procedimento de DCOMP eletrônica e seu respectivo cancelamento já era há muito tempo adotado pela Receita Federal do Brasil, de modo que não se pode alegar qualquer desconhecimento dessa sistemática. Outrossim, é imperativo ressaltar que a indigitada práxis também é descrita na IN SRF n° 900/2008; e, mesmo editada posteriormente à apresentação da DCOMP, era vigente à época do Despacho Decisório (datado de 01 de novembro de 2010). Logo, o Contribuinte teve ainda mais tempo para proceder com o cancelamento de seu pedido (ainda que se admitisse tal feito após decisão administrativa). Quanto ao mais, o Recorrente não apresenta quaisquer documentos aptos a corroborar seu pleito e sua versão de regularidade contábil. De tal modo, complemento tais aspectos fáticos e normativos com a jurisprudência deste e. CARF na figura do Acórdão n° 1302002.403, Rel. i.Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa , que expõe o trâmite correto na retificação dos valores apresentados na DCOMP, bem como seus consectários: Salientese que a contribuinte não apresentou qualquer retificação em sua DCTForiginal, nem prova documental Fl. 180DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 181 11 que abrigue a alegada alteração dos importes que foram levados a efeito para fins de constituição definitiva do imposto, sob a modalidade de lançamento por homologação, cuja informação confessada na declaração original serviu de base para certificação da inexistência de crédito tipificado na modalidade de pagamento indevido ou a maior. (...) O documento intitulado Declaração de Compensação (DCOMP) se presta, assim, a formalizar o encontro de contas entre o contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro a quem cabe, portanto, a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, cabendo à autoridade tributária a sua necessária verificação e validação. De fato, o pedido de compensação delimita a amplitude de exame do direito creditório alegado pelo sujeito passivo quanto ao preenchimento dos requisitos de liquidez e de certeza necessários à extinção de créditos tributários .Instaurado o contencioso, não se admite que o contribuinte altere o pedido mediante a modificação do direito creditório aduzido na declaração de compensação, posto que tal procedimento desnatura o próprio objeto do processo. Logo, sem receio de redundâncias, é fundamental destacar que os pedidos de compensação para que possam ser analisados e deferidos devem seguir os exatos trâmites delineados pela norma. Tal aspecto é que garante o escorreito deslinde petitório, devendo ser respeitado em sua totalidade, e não encarado como uma espécie de "burocracia dispensável". Impende destacar que, para que se tenha faculdade à compensação, torna se necessário que o Contribuinte comprove que o seu crédito (montante a restituir) é líquido e certo. Cuidase de conditio sine qua non, isto é, sem a qual aquela não pode ocorrer. O ônus probatório do crédito alegado pelo Contribuinte contra a Administração Tributária é especialmente dele, devendo comprovar a liquidez e certeza de seu direito creditório. Pois bem. No caso em comento, após análise do PER/DCOMP, também não foi possível à Administração Tributária por consectário lógico reconhecer a certeza e liquidez do crédito vindicado pelo Contribuinte, pois lhe faltavam elementos probatórios capazes de assegurar a existência do crédito, fosse um pagamento indevido ou a maior ou, mesmo, crédito decorrente de saldo negativo. Assim, não vejo reparos a serem aplicados na decisão de primeira instância, quando conclui que não resta demonstrado o direito creditório Portanto, a decisão da DRJ resta irretocável, razão pela qual sua fundamentação serve de igual amparo no presente caso, com base no § 1º do art. 50, da Lei nº 9.784/1999, e no § 3° do artigo 57 do Anexo II do RICARF: 18 Ainda que a legislação não proibisse que, após a emissão do Despacho Decisório, se intentasse o cancelamento da confissão de dívida (real natureza da Dcomp), a diversidade Fl. 181DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 182 12 de informações que o interessado confessou em DCTFs, como a seguir se verá, relativamente à natureza, ao montante e aos modos de extinção da CSLL apurada, não se resolve com o registro contábil do pagamento, e nem livra tal informação contábil de questões concernentes à sua consistência e confiabilidade. 19 Aliás, as folhas de Diário/Razão que o interessado junta aos autos nada dizem acerca das diversas mutações pelas quais passou o dito débito compensado. 20 Com efeito, como se vê no quadro 1, o interessado, nesta Dcomp em tela, confessou débitos de estimativas de CSLL de setembro e de dezembro de 2002, terceiro e quarto trimestres. (...) 25 À vista de ambas as relações de DCTFs acima, e, considerando que as informações em declarações entregues à RFB têm que espelhar a informação registrada na contabilidade sob pena de desconsideração daquelas, desta ou de ambas , é lícito supor que, nos registros contábeis do interessado, vigoraram pelo menos de 23.08.2006 (data de entrega da penúltima DCTF Retificadora) até 01.12.2008 (data de entrega da última DCTF Retificadora) os débitos de estimativas mensais que ele agora quer cancelar. 26 É ônus do interessado juntar não só a prova dos elementos que compuseram cada um dos diferentes valores apurados, como, também, todos os registros de lançamento e de estorno contábil que embarram tais mutações. 27 Tal está nos moldes da legislação de regência, segundo a qual, a escrituração mercantil só faz prova dos fatos nela registrados se, além de elaborada com a observância das disposições legais e dos princípios contábeis, estiver instruída com os documentos em que se lastreia (art.26 do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011). 28 Sem o registro e sem a documentação que deu causa a tantas modificações, a contabilidade não faz prova a favor do sujeito passivo, notadamente, da forma de apuração e do montante devido do tributo. Mas, o interessado não junta aos autos tais provas. 29 Em seu entendimento, movido pela certeza de que esta Dcomp estaria fadada ao cancelamento automático (porque foge à lógica a simultaneidade de dois regimes de apuração: anual (estimativa e trimestral), transmitiu, para ambos os trimestres em tela, em 01.12.2008 novas DCTFs, na quais as compensações a que se refere esta Dcomp sequer existem. 30 As sobreditas DCTFs – que, ao final, são aquelas cujas informações vigorariam, caso acolhido o pedido de cancelamento desta Dcomp – contêm informações sobre Fl. 182DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 183 13 compensações efetuadas sem a utilização do Programa Gerador de Per/dcomp, programa de utilização obrigatória desde maio de 2003. 31 De fato, desde a Medida Provisória (MP) nº 66, de 30 de agosto de 2002 (convertida na Lei nº 10.637, de 31 de dezembro de 2002), o procedimento de compensação exige a apresentação de Dcomp a esta Secretaria, através do PGD Per/dcomp o que, no caso, não ocorreu. 32 Ademais disso, tais “compensações”, veiculadas nas últimas DCTFs Retificadoras de ambos os trimestres, além de informadas sem Dcomp, estão sendo efetuadas com darfs (de 2001, 2002 e 2003), cuja data de arrecadação ocorreu há mais 5 (cinco) anos, e, também por isso, violam a legislação de regência. 33 Com efeito, se desde a DCTF Retificadora anterior (23.08.2006), os débitos estavam compensados em Dcomp regularmente entregues a esta Secretaria, e, se apenas em 01.12.2008 o interessado entregou DCTFs Retificadoras, é essa última data que regerá o procedimento de compensação. 34 No entanto, na sobredita data, já havia decorrido o prazo decadencial de 5 (cinco) anos (darfs de 2001 e darfs de 2002), de forma que tais pagamentos não poderiam mais ser objeto de restituição/compensação. 35 Temse, assim, que as últimas DCTFs Retificadoras estão contrárias à legislação em vigor, de forma que as informações nela veiculadas não podem substituir as veiculadas nas DCTFs anteriores. Nesse espeque, ressalto que não há uma precisa indicação consubstanciada em elementos documentais para confrontar DIPJ, DCTF, LALUR, códigos de recolhimento, informativo quanto ao método, balancetes de apuração de resultados, a fim de comprovar o crédito, inclusive para também se compreender eventuais cálculos de valores originalmente declarados e porventura retificados. Nesse sentido entendo por bem trazer aos autos o resumo da conclusão do seguinte precedente que entendo reforçar o presente fundamento: Acórdão n.º 3001000.312 – Recurso Voluntário Relator: Orlando Rutigliani Berri – Sessão: 11/04/2018 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2004 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. Nos processos que versam a respeito de compensação, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Logo, deve o contribuinte demonstrar que o crédito que alega Fl. 183DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 184 14 possuir é capaz de quitar, integral ou parcialmente, o débito declarado em Per/Dcomp. Salientese que alegações desprovidas de indícios mínimos para ao menos evidenciar a verdade dos fatos ou colocar dúvida quanto à acusação fiscal de insuficiência de crédito, uma vez a análise fiscal é realizada sobre informações prestadas pelo contribuinte, colhidas nos sistemas informatizados da RFB, carece de elementos que justifica a autorização da realização de diligência, pois esta não se presta a suprir deficiência probatória. É dever primário do contribuinte, quando o onus probandi lhe compete, comprovar com elementos eficientes e com a finalidade própria a sua pretensão, sendo parte colaborativa para a resolução do caso. Ressaltese, não caberia ao julgador, em instância do contencioso administrativo, realizar trabalho de auditoria; sem falar que eventual documentação contábil não pode ser meramente colacionada ao processo, prescindindo de detalhamento, de articulação, de aclaramento e de devida fundamentação com análise circunstanciada das conclusões que se extrairiam da escrita contábil ou da escrita fiscal, a fim de demonstrar o fato jurídico constitutivo da situação de direito a crédito que se pretende invocar sob a ótica da restituição, que seria o elo para efetivar a compensação. Para tanto, cito o precedente o i. Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros, no Acórdão n° 1002000.405, de 13/09/2018: O primeiro passo do PER/DCOMP é exatamente a análise do pedido de restituição; apenas se houver crédito líquido e certo se efetuará a compensação com a extinção do crédito tributário que o próprio contribuinte confessa e indica para ser objeto da quitação via compensação. No caso dos autos, a Administração Tributária não homologou a compensação declarada, por não reconhecer o pagamento indevido ou a maior, negando a restituição, vale dizer, por não reconhecer o crédito. Para a análise que foi efetivada não se comprovou crédito líquido e certo, incontroverso, inclusive sendo apontada a alocação do DARF para extinção de débitos próprios do sujeito passivo. Logo, se havia alocação do DARF, assistiu razão ao conteúdo do despacho decisório, pelo que, quando a DRJ atestou correção naquele ato administrativo, agiu corretamente a primeira instância ao efetivar o controle de legalidade, não havendo razões para reformar o decisum vergastado. Quando da apresentação do relatório destes autos, na forma acima apresentada, constou o respectivo quadro sintético demonstrativo da situação de inexistência do crédito vindicado com as características do DARF discriminado no PER/DCOMP e a demonstração da sua efetiva alocação, de modo a não restar saldo residual como pretendido para restituição. Por isso, não vejo reparos a serem aplicados na decisão de primeira instância. A despeito das alegações do contribuinte Fl. 184DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 185 15 quanto a retificação e a alegada surgência do crédito a partir da retificadora, ao meu ver não se desincumbiu o sujeito passivo de demonstrar a contento o referido crédito, isto porque, com os elementos que constam dos autos, inexiste qualquer materialidade probatória para que se possa dar certeza e liquidez ao apontado crédito. Não houve a demonstração cabal de elementos documentais, de prova da escrita contábil e fiscal, que possibilitem efetivar de forma inconteste e transparente a respectiva comprovação, inclusive para justificar e validar a retificação invocada. E mais, não caberia ao julgador, em segunda instância do contencioso administrativo, realizar trabalho de auditoria, sem falar que eventuais provas documentais não poderia ser meramente colacionada ao processo, prescindindo de detalhamento, de articulação, de aclaramento e fundamentação, a fim de demonstrar o fato jurídico a ser provado. Ressaltese, neste aspecto, que existindo controvérsia quanto ao crédito a demonstração de sua efetiva existência, inclusive com a prova da escrituração contábil e fiscal, integra o ônus de prova atribuído ao contribuinte. Dessa forma, não cumpre ao presente Relator, sequer a este Colegiado, na condição de instância recursal, suprir o ônus do contribuinte, realizando uma verdadeira auditoria nos livros contábeis, que sequer foram apresentados, para, em substituição ao seu ônus, comprovar a certeza de liquidez do crédito perseguido no seu exclusivo interesse. Nesse sentido: Acórdão n.º 3001000.312 – Recurso Voluntário Relator: Orlando Rutigliani Berri – Sessão: 11/04/2018 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano calendário: 2004 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. Nos processos que versam a respeito de compensação, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Logo, deve o contribuinte demonstrar que o crédito que alega possuir é capaz de quitar, integral ou parcialmente, o débito declarado em Per/Dcomp. Salientese que alegações desprovidas de indícios mínimos para ao menos evidenciar a verdade dos fatos ou colocar dúvida quanto à acusação fiscal de insuficiência de crédito, uma vez a análise fiscal é realizada sobre informações prestadas pelo contribuinte, colhidas nos sistemas informatizados da RFB, carece de elementos que justifica a autorização da realização de diligência, pois esta não se presta a suprir deficiência probatória. Fl. 185DF CARF MF Processo nº 18470.905747/201065 Acórdão n.º 1002000.627 S1C0T2 Fl. 186 16 É dever primário do contribuinte, quando o onus probandi lhe compete, comprovar com elementos eficientes e com a finalidade própria a sua pretensão, sendo parte colaborativa para a resolução do caso. Não há, portanto, motivos que justifiquem a reforma da decisão proferida pela DRJ, principalmente por ser atribuição deste Colegiado o controle da legalidade, e não o saneamento de erros imputados aos próprios contribuintes, notadamente quando destinados à constituição de créditos para fins de compensação e, mais, o ponto principal não resta claramente demonstrado o alegado saldo negativo/pagamento a maior. Logo, verificandose correção no julgamento a quo, bem como observando que a Administração Tributária não agiu em desconformidade com a lei, nada há que se reparar no procedimento adotado na análise do pedido transmitido pelo contribuinte. No mais, a decisão da DRJ apreciou, com riqueza e rigor de detalhes, a matéria suscitada na manifestação de inconformidade, apresentando os devidos fundamentos transcritos ao longo destes autos para rebatêla; de seu turno, o Contribuinte não estabeleceu, através de seu recurso, dialeticidade suficiente para apontar, na decisão combatida, quais daqueles argumentos da primeira instância não seriam adequados e conteriam eventual erro de julgamento ou erro de procedimento. Não foram refutados pontos importantes da decisão vergastada, repetindoa sem enfrentar algumas das razões de decidir da decisão objeto do Recurso Voluntário. Dessa forma, como cumpria exclusivamente ao contribuinte o ônus de provar a liquidez e certeza de seu alegado crédito, como não o fez, não restando este devidamente comprovado, assim como considerando o até aqui esposado, entendo pela manutenção do julgamento da DRJ por não merecer quaisquer reparos. Dispositivo Ante o exposto, voto para rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário. É como Voto. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Relator Fl. 186DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.005207/2009-81
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/06/2007 a 30/06/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO.
A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72, além de suspenderem a exigibilidade do crédito tributário, conforme dispõem os §§ 4º e 5º da Instrução Normativa da RFB nº 1.300/2012.
Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazê-lo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 9303-008.093
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora) e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Vanessa Marini Cecconello.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
(Assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/06/2007 a 30/06/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72, além de suspenderem a exigibilidade do crédito tributário, conforme dispõem os §§ 4º e 5º da Instrução Normativa da RFB nº 1.300/2012. Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazê-lo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13971.005207/2009-81
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5986852
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 9303-008.093
nome_arquivo_s : Decisao_13971005207200981.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : TATIANA MIDORI MIGIYAMA
nome_arquivo_pdf_s : 13971005207200981_5986852.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora) e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Vanessa Marini Cecconello. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora (Assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2019
id : 7693116
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:41:54 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051659957960704
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1691; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 1.500 1 1.499 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13971.005207/200981 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303008.093 – 3ª Turma Sessão de 20 de fevereiro de 2019 Matéria COFINS Recorrente BUNGE ALIMENTOS S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2007 a 30/06/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72, além de suspenderem a exigibilidade do crédito tributário, conforme dispõem os §§ 4º e 5º da Instrução Normativa da RFB nº 1.300/2012. Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazêlo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora) e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 52 07 /2 00 9- 81 Fl. 1500DF CARF MF 2 (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora (Assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello – Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo contra o acórdão nº 3302003.211, da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares arguidas e o pedido de realização de diligência e, no mérito, deu provimento parcial ao recurso voluntário, para reverter a glosa correspondentes aos gastos com fretes no transporte de insumos e produtos em elaboração transferidos entre estabelecimentos ou remetidos para depósitos fechados ou armazéns gerais. O Colegiado, assim, consignou a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2007 a 31/06/2007 PRODUTO SEM DIREITO A CRÉDITO. GASTOS COM FRETE. CUSTO DE AQUISIÇÃO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Se para o produto transportado (mercadorias adquiridas de pessoas físicas, mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação etc) é vedado o Fl. 1501DF CARF MF Processo nº 13971.005207/200981 Acórdão n.º 9303008.093 CSRFT3 Fl. 1.501 3 direito de dedução do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep, pelo mesmo motivo, tal vedação também se estende aos gastos como frete relativos à operação de transporte dos referidos produtos, que a eles se agregam como custo de produção. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE INTERNO NO TRANSPORTE DE PRODUTO IMPORTADO DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Os gastos com frete interno relativos ao transporte de bens destinados à revenda ou utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ainda que pagos a pessoa jurídica domiciliada no País, não geram direito a crédito da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, pois sobre tais gastos não há pagamento da CofinsImportação e da Contribuição para o PIS/PasepImportação, por não integrarem a base de cálculo destas contribuições (valor aduaneiro, segundo art. 7º, I, da Lei 10.865/2004), nem se enquadrarem nas demais hipóteses de dedução de crédito previstas nos incisos III a XI do art. 3º da Lei 10.833/2003. TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO CONTRIBUINTE E REMESSA PARA ARMAZÉM GERAL. GASTOS COM FRETE. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é admitido o direito de apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep sobre os gastos com frete relativos à operação de transporte entre estabelecimentos do contribuinte ou nas remessas para armazéns gerais. TRANSPORTE DE INSUMOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO CONTRIBUINTE. GASTOS COM FRETE. CUSTO DE PRODUÇÃO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Na sistemática de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, os gastos com frete relativo à operação de transporte de insumos, incluindo os produtos inacabados, entre estabelecimentos do próprio contribuinte propicia o direito ao crédito da contribuição como custo de produção dos produtos destinados à venda. Fl. 1502DF CARF MF 4 DEVOLUÇÃO DE MERCADORIA VENDIDA. GASTO COM FRETE. CUSTO DE AQUISIÇÃO. DEDUÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por compor o custo do bem devolvido, é passível de apropriação os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados sobre os gastos com frete pagos na operação de devolução de produto/mercadoria vendido, cuja receita tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior e submetido à prévia tributação segundo o regime não cumulativo. GASTOS COM FRETE. FALTA DE COMPROVAÇÃO. GLOSA DOS CRÉDITOS APROPRIADOS. CABIMENTO. No âmbito do regime não cumulativo, ainda que haja previsão legal da dedução, a glosa dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep deve ser integralmente mantida se o contribuinte não comprova a realização do pagamento dos gastos com frete à pessoa jurídica domiciliada no País com documento hábil e idôneo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/11/2007 a 30/11/2007 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO ADEQUADA E SUFICIENTE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, não configura cerceamento do direito de defesa a decisão que apresenta fundamentação adequada e suficiente para o indeferimento do pleito de restituição formulado pela contribuinte, que foi devidamente cientificada e exerceu em toda sua plenitude o seu direito de defesa nos prazos e na forma na legislação de regência. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. INOCORRÊNCIA CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade, por cerceamento ao direito de defesa, a decisão de primeiro grau em que houve pronunciamento claro e suficiente sobre todas as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória e cujas conclusões foram apresentadas de forma congruente e devidamente fundamentada. PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. NÃO DEMONSTRADA A IMPRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. POSSIBILIDADE. Fl. 1503DF CARF MF Processo nº 13971.005207/200981 Acórdão n.º 9303008.093 CSRFT3 Fl. 1.502 5 Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado.” Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão para restabelecer a glosa levada a efeito pela fiscalização em relação aos créditos decorrentes de fretes entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica. Insatisfeito, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão, trazendo, entre outros, que, relativamente à necessária apreciação das provas documentais trazidas aos Autos: · A recorrente trouxe no trâmite processual diversos documentos capazes de reverter as glosas dos créditos objetos do pedido de restituição, mas que não foram analisados pela autoridade administrativa sob alegação de suposta preclusão; · O processo administrativo tem como norte o Princípio da Verdade Material, segundo o qual a autoridade julgadora deverá buscar a realidade dos fatos e, para formar sua livre convicção na apreciação da causa, poderá determinar a realização de diligência que considere necessárias à complementação da prova ou ao esclarecimento de dúvida, imprescindível ao deslinde do feito; · Embora os documentos supracitados sejam resultados do processamento de informações e registros da própria recorrente, o reprocessamento do seu conteúdo e nova conformação de dados constituem documentos novos e informações a serem revisadas, e principalmente entendidas para poderse contra argumentar ou mesmo reconhecer sua exatidão e conformarse com o feito fiscal. Em Despacho às fls. 1440 a 1445, não foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Fl. 1504DF CARF MF 6 Em Despacho às fls. 1459 a 1465, não foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. Agravo foi apresentado pelo sujeito passivo contra decisão que negou seguimento ao recurso interposto pelo sujeito passivo. Em Despacho às fls. 1481 a 1485, o agravo foi acolhido, sendo dado seguimento ao recurso especial relativamente à matéria “necessária apreciação dos documentos juntados aos autos”. Contrarrazões ao recurso foram apresentadas pela Fazenda Nacional, trazendo que não procede o argumento de que o acórdão recorrido violou o princípio do contraditório e da ampla defesa. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Tatiana Midori Migiyama – Relatora. Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, entendo que devo conhecêlo, em respeito ao art. 67 do RICARF/2015 – Portaria MF 343/15. O que concordo com o exame de admissibilidade presente no despacho de admissibilidade. Ventiladas tais considerações, recordo que há apenas uma matéria sob lide apreciação das provas documentais trazidas no trâmite processual. Para melhor elucidar, importante recordar os fatos: · A decisão recorrida trouxe que não configura cerceamento do direito de defesa o fato de o órgão julgador de 1º grau não ter analisado as provas Fl. 1505DF CARF MF Processo nº 13971.005207/200981 Acórdão n.º 9303008.093 CSRFT3 Fl. 1.503 7 coligidas aos autos após a fase de manifestação de inconformidade, porque atingida pela preclusão; · Asseverou ainda a decisão recorrida que no âmbito do processo administrativo fiscal, além do atendimento dos requisitos legais, a decisão quanto ao deferimento ou não de realização de diligência ou de produção de prova pericial integra poder discricionário da autoridade julgadora, que poderá assim requisitar somente se entender necessária a obtenção de provas adicionais imprescindíveis ao deslinde da controvérsia. Vêse dos autos que o sujeito passivo juntou diversos documentos, inclusive notas fiscais, inerentes às glosas dos créditos objeto do pedido – mas que não foram analisados pela autoridade sob a alegação de preclusão. Considerando que prezo pelo Princípio da Verdade Material que deve carrear o Processo Administrativo Fiscal, eis que diretamente vinculado aos Princípio da razoabilidade e Eficiência, entendo que esse órgão julgador deve apreciar as provas juntadas aos autos, ainda que posteriormente à apresentação da manifestação de inconformidade, em respeito ao art. 2º da Lei 9.784/99. É de se invocar o Princípio da Eficiência, pois caso no âmbito administrativo as provas juntadas aos autos não forem apreciadas, o contribuinte deverá, por óbvio, ingressar com medida judicial no judiciário para que enfrente a análise das provas, com o intuito de comprovar o crédito pleiteado. In Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado – 3ª edição, Dialética, traz os nobres exconselheiros Marcos Vinicius Neder e Maria Teresa Martinez Lopez, que: “O princípio da eficiência comunga os propósitos do princípio da razoabilidade (ou proporcionalidade) na medida em que este contribui para a escolha da solução mais adequada ao interesse público, de modo a satisfazer plenamente a demanda social. Caberá ao administrador a escolha da melhor solução quando houver necessidade de decidir, presente duas ou mais alternativas legais, tendo, por conseguinte, espaço livre na avaliação do motivo e na eleição do objeto por juízo de conveniência e oportunidade. Tal discricionariedade administrativa fundamentase no dever de boa Fl. 1506DF CARF MF 8 administração, intimamente relacionada à eficiência. Mas mesmo diante de atos ou decisões oriundos do poder vinculado, há sempre uma certa margem de liberdade sobre o modo de cumprimento do dever previsto na norma jurídica. Assim, a Administração deve adotar os procedimentos por ela regulados de simplicidade razoável, visando garantir, no dizer de Egon Bockman, um processo célere, simples, econômico e efetivo em alcançar resultados propostos. Diabte de tais observações, é possível se inferir a ligação entre o princípio da eficiência e o princípio da economia processual, eis que este último preconiza o máximo resultado na autuação do direito com o mínimo emprego possível de atividades processuais.” Em vista de todo o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. É o meu voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Voto Vencedor Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Redatora designada Fl. 1507DF CARF MF Processo nº 13971.005207/200981 Acórdão n.º 9303008.093 CSRFT3 Fl. 1.504 9 Com a devida vênia à Ilustre Conselheira Relatora, ousouse divergir do seu bem fundamentado voto para se negar provimento ao recurso especial interposto pelo Sujeito Passivo, consoante razões explicitadas no presente voto que prevaleceram em votação pela maioria do Colegiado. O mérito da demanda consiste na possibilidade de serem apreciados argumentos e provas trazidos na fase recursal, posteriormente ao julgamento de primeira instância. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72, além de suspenderem a exigibilidade do crédito tributário, conforme dispõem os §§ 4º e 5º do art. 771 da Instrução Normativa RFB nº 1300/2012, que reproduzem os termos dos §§ 4º e 5º do art. 66 da IN RFB nº 900/2008. No âmbito do processo administrativo fiscal, portanto, da mesma forma que a impugnação, a manifestação de inconformidade, instaura a sua fase litigiosa (art. 14, do Decreto nº 70.235/72) e constituise em meio de suspensão da exigibilidade do débito pela Fazenda Nacional, nos termos do art. 151, inciso III, do Código Tributário Nacional CTN. Assim, quando o contribuinte omitese em combater algum item da exigência fiscal na impugnação ou deixa de juntar os documentos que comprovem o seu direito, caracterizarseá a sua concordância com aquela parte, considerandose como não impugnada, razão pela qual poderá a Autoridade Administrativa providenciar, em autos apartados, a cobrança da parcela não contestada. Conforme disposto nos artigos 16 e 17 do Decreto nº 70.235/1972, não se pode discutir no processo administrativo aquilo que o contribuinte se absteve de questionar na impugnação/manifestação de inconformidade, pois operase o fenômeno da preclusão. O texto legal está assim redigido: 1 Art. 77 . É facultado ao sujeito passivo, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da ciência da decisão que indeferiu seu pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso ou, ainda, da data da ciência do despacho que não homologou a compensação por ele efetuada, apresentar manifestação de inconformidade contra o indeferimento do pedido ou a não homologação da compensação. [...] § 4º A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam o caput e o § 3º obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 1972. § 5º A manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação, bem como o recurso contra a decisão que julgou improcedente essa manifestação de inconformidade, enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 do CTN relativamente ao débito objeto da compensação. [...] Fl. 1508DF CARF MF 10 Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Por conseguinte, a não impugnação da matéria trará, efetivamente, a presunção de verdade das alegações, impedindo o julgador de adentrar nas discussões a ela pertinentes. Fl. 1509DF CARF MF Processo nº 13971.005207/200981 Acórdão n.º 9303008.093 CSRFT3 Fl. 1.505 11 Assim, no caso em tela, o efeito legal da omissão do Sujeito Passivo em aduzir na manifestação de inconformidade os argumentos contra a não homologação do pedido de compensação e juntar os documentos hábeis a comprovar a liquidez e certeza do crédito pretentido compensar, é a preclusão, impossibilidade de o fazer em outro momento. Sobre a preclusão, lecionam os ilustres doutrinadores Maria Teresa Martínez López e Marcos Vinícius Neder, na obra Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado: "A preclusão ligase ao princípio do impulso processual. Consiste em um fato impeditivo a garantir o avanço progressivo da relação processual e a obstar o recuo às fases anteriores do procedimento. Por força deste princípio, anulase uma faculdade ou o exercício de algum poder ou direito processual. Em processo fiscal, a inicial e a impugnação fixam os limites da controvérsia, integrando o objeto da defesa às afirmações contidas na petição inicial e na documentação que a acompanha. Se o contribuinte não contesta alguma exigência feita pelo Fisco, na fase da impugnação, não poderá mais contestá la no recurso voluntário. A preclusão ocorre com relação à pretensão de impugnar ou recorrer à instância superior. Na sistemática do processo administrativo fiscal, as discordâncias recursais não devem ser opostas contra o lançamento em si, mas contra as questões processuais e de mérito decididas em primeiro grau. Tal qual no processo civil, o administrativo fiscal, pelas regras do Decreto nº 70.235/72, prevê a concentração dos atos processuais em momentos processuais preestabelecidos conforme se depreende do exame do seu artigo 16, a saber: "Art. 16. A impugnação mencionará: I omissis; II omissis; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância, as razões e provas que possuir." Nessa mesma linha, o artigo 17 do PAF considera não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Segundo este dispositivo não é lícito inovar na produção recursal para incluir questão diversa daquela que foi originariamente deduzida quando da impugnação do lançamento na instância a quo. Apenas os fatos ainda não ocorridos na fase impugnatória ou os de que o contribuinte não tinha conhecimento é que podem ser suscitados no recurso ou durante o seu processamento." Diferentemente seria a situação de apresentação de razões e documentos complementares à impugnação/manifestação de inconformidade, em momento anterior ao julgamento de primeira instância, na qual se admitiria a possibilidade de o julgador proceder à análise dos argumentos suscitados pelo sujeito passivo naquele momento processual em atenção aos princípios da verdade material, do contraditório e da ampla defesa. Fl. 1510DF CARF MF 12 Também com relação à produção de provas no âmbito do processo administrativo fiscal, admitese a relativização do princípio da preclusão, tendo em vista que, por força do princípio da verdade material, podem ser analisados documentos e provas trazidos aos autos posteriormente à análise do processo pela autoridade de primeira instância, ainda mais quando alteram substancialmente a prova do fato constitutivo. A flexibilização está no próprio art. 16 do Decreto nº 70.235/72, ao prever hipóteses de juntada de provas em momento posterior à impugnação. Pertinente nesse aspecto, para que o posicionamento aqui defendido o seja de forma clara, transcrever uma vez mais lição dos ilustres Maria Teresa Martínez López e Marcos Vinícius Neder, na obra Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado: "Este tratamento, contudo, não tem sido levado às últimas consequências pela Fazenda nos casos de inovação de prova, mediante juntada aos autos de elementos não submetidos à apreciação da autoridade monocrática. Nessa hipótese, por força do princípio da verdade material, impõese o exame dos fatos. Sobretudo, se os documentos alteram, substancialmente, a prova do fato constitutivo. [...] O direito da parte à produção de provas comporta graduação a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca de sua utilidade e necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade desejável e a segurança indispensável na realização da Justiça. [...] O artigo 38 da Lei nº 9.784/99 flexibiliza o rigor do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72 e permite que requerimentos probatórios possam ser feitos até a tomada da decisão administrativa. Nesse mesmo sentido, é o permissivo contido no art. 63, parágrafo 2º, da Lei nº 9.784/99 que admite a revisão pela Administração do ato ilegal mesmo não tendo sido conhecido o recurso desde que não operada a preclusão administrativa. Ainda nesta linha, o artigo 65, parágrafo único, da Lei nº 9.784/99 prescreve que poderão ser revistos, a qualquer tempo, os processos administrativos de que resultem sanções quando surgirem fatos novos ou circunstância relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada." Não é o que ocorre no caso dos autos. Esclareçase não se estar privilegiando o formalismo exacerbado em detrimento do princípio da verdade material, norteador do processo administrativo fiscal. Ocorre que não ficou demonstrada no caso em exame qualquer das hipóteses autorizadoras do acolhimento das provas apresentadas somente na fase recursal, quais sejam: (a) impossibilidade de apresentação Fl. 1511DF CARF MF Processo nº 13971.005207/200981 Acórdão n.º 9303008.093 CSRFT3 Fl. 1.506 13 oportuna, por força maior; (b) sejam referentes a fato ou a direito supervenientes ou, ainda, (c) destinemse a contrapor fatos ou razões posteriormente veiculados nos autos. Somese aos fundamentos até aqui expendidos, que, conforme consignado no acórdão recorrido, a Turma afastou a necessidade de análise das provas posteriormente trazidas aos autos também por ser a matéria posta em discussão passível de decisão com base em questões unicamente de direito. Nesse sentido, é a fundamentação do voto proferido no julgamento do recurso voluntário, in verbis: [...] Ainda segundo os referidos preceitos legais, o deferimento de realização de diligência somente se justifica se as provas documentais não puderem ser carreadas aos autos pelas partes e o de perícia somente quando há dúvida sobre questão de natureza técnica, cujos esclarecimentos dependem de conhecimento especializado, não sendo necessária nenhuma das duas quando o fato probante puder ser demonstrado com a mera juntada de documentos aos autos. No caso em tela, o pleito da autuada não merece acatamento, pois se limita a pedido de exame de provas documentais que se encontram sob sua guarda e que, certamente, poderia ter sido coligidas aos autos na fase processual adequada. Além disso, os questionamentos por ela formulados podem ser facilmente respondidos com base na análise dos elementos probatórios coligidos aos autos, em especial, dos demonstrativos e planilhas que integram o relatório fiscal, em que explicitados, pormenorizadamente, quais os valores dos créditos que foram glosados em correlação os valores informados nos respectivos Dacon, o que dispensa o concurso de profissional especializado, o que, por si só, torna desnecessária a realização da perícia requerida, conforme expressamente prevê o art. 4204, parágrafo único, I, do Código de Processo Civil. [...] Admitirseia a análise de argumentos e provas novas se os mesmos tivessem sido apresentados com a manifestação de inconformidade e, somente no julgamento da mesma por meio de acórdão, tivessem sido considerados por insuficientes. Nessa hipótese, em prol da busca da verdade real dos fatos e demonstrando, a empresa, o intuito de comprovar o seu direito ao crédito pleiteado, poderseia acolher a complementação das alegações e do conjunto probatório trazido ao processo, com a possibilidade de realização de diligência. Fl. 1512DF CARF MF 14 Nesse diapasão, os argumentos e provas não trazidos em sede de manifestação de inconformidade, mas tão somente em sede de recurso voluntário e não comprovada a ocorrência de uma das hipóteses do art. 16, §4º do Decreto nº 70.235/72, são considerados preclusos, não podendo ser analisados por este Conselho em sede recursal. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da contribuinte. É o voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 1513DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10835.721581/2012-08
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
DEDUÇÃO INDEVIDA - DESPESA MÉDICA - FALTA DE COMPROVAÇÃO
As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 - Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99).
MULTA DE OFÍCIO - INCIDÊNCIA
Como o contribuinte não cumpriu o dever de lançar corretamente o tributo devido é correta a aplicação da multa de ofício de 75%, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96.
Numero da decisão: 2002-000.731
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar preliminar de nulidade arguida e, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário. Votaram pelas conclusões as conselheiras Mônica Renata Mello Ferreira Stoll e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201901
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007 DEDUÇÃO INDEVIDA - DESPESA MÉDICA - FALTA DE COMPROVAÇÃO As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 - Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99). MULTA DE OFÍCIO - INCIDÊNCIA Como o contribuinte não cumpriu o dever de lançar corretamente o tributo devido é correta a aplicação da multa de ofício de 75%, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10835.721581/2012-08
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5968549
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 08 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2002-000.731
nome_arquivo_s : Decisao_10835721581201208.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : THIAGO DUCA AMONI
nome_arquivo_pdf_s : 10835721581201208_5968549.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar preliminar de nulidade arguida e, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário. Votaram pelas conclusões as conselheiras Mônica Renata Mello Ferreira Stoll e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni - Relator. Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
id : 7637521
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051659962155008
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1660; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T2 Fl. 146 1 145 S2C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10835.721581/201208 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2002000.731 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 30 de janeiro de 2019 Matéria IRPF Recorrente DORIVAL SGRINHOLI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 DEDUÇÃO INDEVIDA DESPESA MÉDICA FALTA DE COMPROVAÇÃO As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99). MULTA DE OFÍCIO INCIDÊNCIA Como o contribuinte não cumpriu o dever de lançar corretamente o tributo devido é correta a aplicação da multa de ofício de 75%, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar preliminar de nulidade arguida e, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário. Votaram pelas conclusões as conselheiras Mônica Renata Mello Ferreira Stoll e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 72 15 81 /2 01 2- 08 Fl. 146DF CARF MF 2 Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 40 a 45), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a glosa de despesas médicas indevidamente deduzidas. Tal autuação gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 1.190,68, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, às efls. 02 a 38 dos autos, que, conforme decisão da DRJ: Cientificado do lançamento em 20/09/2012 (Aviso de Recebimento de fls. 46), o Interessado apresentou, em 16/10/2012, a impugnação de fls. 04 a 21, juntamente com os documentos de fls. 22 a 36, alegando, em suma, que: a) foram juntados recibos, laudos e declarações de quem prestou os serviços, que informam que o pagamento foi efetuado. Junta cópia de extratos bancários para demonstrar a origem do dinheiro gasto; b) os recibos utilizados para comprovar as despesas médicas estão em conformidade com a legislação que trata da matéria (fls. 66 a 68); c) os extratos bancários comprovam que foram sacados valores e emitidos diversos cheques em montante superior àquele referente à despesa médica glosada; d) está assegurado pela legislação em vigor, ao fazer o lançamento das despesas médicas como dedução da base de cálculo do imposto de renda, conforme disposto no art. 11, § 3º, d DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 8º, inciso II, alínea “a”, e §§ 2º e 3º, da Lei nº 9.250, de 1995, e arts. 73 e 80, do Decreto nº 3.000,de 1999; e) o fato de realizar os pagamentos em espécie não inibe o direito de deduzir as despesas médicas da base de cálculo do imposto de renda; Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10835.721581/201208 Acórdão n.º 2002000.731 S2C0T2 Fl. 147 3 f) o profissional emitente dos recibos reconheceu em sua DIRPF tais valores como receita; g) a manutenção da glosa implicaria em bitributação, pois o valor glosado já foi oferecido à tributação pelo prestador de serviço; h) reproduz decisões do Conselho de Contribuintes que seriam favoráveis ao seu entendimento; i) a exigência da multa de ofício no percentual de 75% constitui afronta aos princípios do não confisco, da razoabilidade e da proporcionalidade, razão pela qual requer sua redução para o percentual de 20%, conforme decisões judiciais citadas em sua impugnação. A impugnação foi apreciada na 6ª Turma da DRJ/BSB que, por unanimidade, em 25/11/2014, no acórdão 03064.894 às efls. 99 a 104, julgou a impugnação improcedente. Recurso Voluntário Ainda inconformado, o contribuinte apresenta Recurso Voluntário, às efls. 109 a 139, alegando, em síntese: · preliminarmente, requer a nulidade do lançamento fiscal devido a falta de motivação e comprovação do auto de infração. Alega a infringência dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório e aqueles ínsitos a Administração Pública, tais como a moralidade, legalidade, publicidade e moralidade; · No mérito, sustenta que os recibos juntados aos autos são provas cabais da prestação dos serviços . Ainda, anexa declarações e extratos da conta bancária; · Insurgese ainda contra a multa de ofício no importe de 75%, sob fundamento que é abusiva. Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que a contribuinte foi intimada do teor do acórdão da DRJ em 19/10/2014, efls. 104, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 16/01/2015, efls. 109, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. O contribuinte foi autuado pela dedução indevida das seguintes despesas médicas com o profissional Caio Marcelus Neves Damato no valor de R$13.500,00. Fl. 148DF CARF MF 4 Preliminarmente alega nulidade do auto de infração por falta de motivação e pro afronta a diversos princípios constitucionais, dentre eles a ampla defesa e o contraditório. De acordo com o artigo 10 do Decreto nº 70.235/72, são requisitos do auto de infração, sob pena de nulidade: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Observase que o auto de infração que de início a fiscalização contem todos os requisitos acima delineados, não havendo qualquer vício, posto que deve subsistir. Ainda, o contribuinte fora notificado para apresentação, tanto de impugnação, quanto do Recurso Voluntário. Regra geral, o ônus da prova cabe a quem alega. Contudo, em determinados casos, a lei pode atribuir a determinado sujeito a incumbência de provar determinado fato, como ocorre nos casos de deduções, inclusive de despesas médicas, conforme redação do artigo 11, § 3º do DecretoLei nº 5.844, de 19: Art 11 Poderão ser deduzidas, em cada cédula, as despesas referidas nêste capítulo, necessárias à percepção dos rendimentos. § 1° As deduções permitidas senão as que corresponderem a despesas efetivamente pagas. § 2° As despesas deduzidas numa cédula não o serão noutras. § 3° Tôdas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. § 4° Se forem pedidas deduções exageradas em relação ao rendimento bruto declarado, ou se tais deduções não forem cabíveis, de acôrdo com o disposto neste capítulo, poderão ser glosadas sem audiência de contribuinte. § 5° As deduções glosadas por falta de comprovação ou justificação, exigidas na forma dêste decretolei, não poderão Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10835.721581/201208 Acórdão n.º 2002000.731 S2C0T2 Fl. 148 5 ser restabelecidas depois que o ato se tornar irrecorrível na órbita administrativa. Logo, por determinação legal, neste caso, cabe ao contribuinte o ônus da prova, posto que afasto a preliminar suscitada pelo contribuinte, pois não há qualquer violação a princípios constitucionais. A DRJ manteve a autuação sob fundamento de que o contribuinte não colacionou aos autos prova do efetivo pagamento das despesas médicas, como se vê: Verificase, portanto, que a dedução de despesas médicas na declaração do contribuinte está, sim, condicionada ao preenchimento de alguns requisitos legais, entre eles a comprovação do efetivo pagamento, se assim for exigido pela autoridade lançadora, como neste caso. Desse modo, se o interessado foi intimado a comprovar o pagamento das respectivas despesas, fazse necessário que ele apresente provas nesse sentido para que possa fazer jus à dedução declarada. Somente recibos e declarações prestadas pelo profissional não constituem prova de pagamento das despesas médicas ali descritas. As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99): Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; : Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com Fl. 150DF CARF MF 6 exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). §1ºO disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento (grifos nossos) O trecho em destaque é claro quanto a idoneidade de recibos e notas fiscais, desde que preenchidos os requisitos legais, como meios de comprovação da prestação de serviço de saúde tomado pelo contribuinte e capaz de ensejar a dedução da despesa do montante de IRPF devido, quando da apresentação de sua DAA. O dispositivo em comento vai além, permitindo ainda que, caso o contribuinte tomador do serviço, por qualquer motivo, não possua o recibo emitido pelo profissional, a comprovação do pagamento seja feita por cheque nominativo ou extratos de conta vinculados a alguma instituição financeira. Assim, como fonte primária da comprovação da despesa temos o recibo e a nota fiscal emitidos pelo prestador de serviço, desde que atendidos os requisitos legais. Na falta destes, pode, o contribuinte, valerse de outros meios de prova. Ademais, o Fisco tem a sua disposição outros instrumentos para realizar o cruzamento de dados das partes contratantes, devendo prevalecer a boafé do contribuinte. Nesta linha, no acórdão 2001000.388, de relatoria do Conselheiro deste CARF José Alfredo Duarte Filho, temos: (...) No que se refere às despesas médicas a divergência é de natureza interpretativa da legislação quanto à observância maior ou menor da exigência de formalidade da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, e de outro, a busca do direito, pela contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à validade cabal do documento Fl. 151DF CARF MF Processo nº 10835.721581/201208 Acórdão n.º 2002000.731 S2C0T2 Fl. 149 7 comprobatório, quando se trata tão somente da apresentação da nota fiscal ou do recibo da prestação de serviço. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Lei nº 9.250/95. (...) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (dedução tributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagador recebedor do valor da prestação de serviço. O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de Fl. 152DF CARF MF 8 prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. O termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma." Ainda, há várias outras jurisprudências deste Conselho que corroboram com os fundamentos até então apresentados: Processo nº 16370.000399/200816 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.387 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 18 de abril de 2018 Matéria IRPF DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS Recorrente FLÁVIO JUN KAZUMA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DO DÉBITO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. Processo nº 13830.000508/200923 Recurso nº 908.440 Voluntário Acórdão nº 220201.901 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de julho de 2012 Matéria Despesas Médicas Recorrente MARLY CANTO DE GODOY PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 Fl. 153DF CARF MF Processo nº 10835.721581/201208 Acórdão n.º 2002000.731 S2C0T2 Fl. 150 9 DESPESAS MÉDICAS. RECIBO. COMPROVAÇÃO. Recibos que contenham a indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem prestou os serviços são documentos hábeis, até prova em contrário, para justificar a dedução a título de despesas médicas autorizada pela legislação. Os recibos que não contemplem os requisitos previstos na legislação poderão ser aceitos para fins de dedução, desde que seja apresenta declaração complementando as informações neles ausentes. Às efls. 66 a 68 há os recibos emitidos pelo profissional Caio Marcelus Neves Damato no valor de R$13.500,00. Ainda, às efls. 129 a 131 há declarações do profissional confirmando a prestação de serviços, contudo relativas aos anos de 2009 a 2011, que não se relacionam com o ano calendário dos autos, que é 2007. Pelo conflito de informações apresentadas pelo próprio contribuinte, entendo que, por mais que os recibos apresentem os requisitos elencados na legislação, in casu, o efetivo pagamento deveria ser comprovado, posto que mantenho a glosa. Passase a análise da multa de ofício. À luz do Direito Tributário, sem adentrar correntes doutrinárias específicas, o lançamento tributário é didaticamente dividido em três modalidades: lançamento de ofício, lançamento por homologação e lançamento por declaração. Conforme dispositivos do Código Tributário Nacional: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; Fl. 154DF CARF MF 10 VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No lançamento por homologação o contribuinte tem o dever de apurar e pagar o tributo por sua conta, antecipandose a autoridade administrativa. Atualmente, pelo Princípio da Praticidade, a maioria dos tributos, inclusive o imposto de renda, estão sujeitos ao lançamento por homologação e, caso o contribuinte não cumpra seu dever legal, caberá ao Fisco efetuar o lançamento tributário de oficio, cuja conseqüência é aplicação da multa de ofício de 75%, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 155DF CARF MF Processo nº 10835.721581/201208 Acórdão n.º 2002000.731 S2C0T2 Fl. 151 11 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social o lucro líquido, no ano calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Não interessa ao presente processo, contudo, como fora mencionado acima, o lançamento por declaração é aquele em que a autoridade administrativa, frente a uma informação prestada pelo sujeito passivo da obrigação tributária, exige o pagamento do tributo (por exemplo, o IPTU). Logo, como o contribuinte não cumpriu o dever de lançar corretamente o tributo devido, é correta a aplicação da multa de ofício. Feitas estas considerações, conheço do presente Recurso Voluntário, afasto as preliminares aventadas para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 156DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14120.000273/2008-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2003
PRESUNÇÕES LEGAIS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
Tendo-se em vista o disposto no art. 42 da Lei n. 9.430/1996 que criou presunção legal, depósitos bancários cuja origem não for comprovada são considerados como receita omitida, podendo haver o correspondente lançamento de IRPF.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INTIMAÇÃO DE CO-TITULARES. SÚMULA CARF nº 29.
Os co-titulares da conta bancária que apresentem declaração de rendimentos em separado devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de exclusão, da base de cálculo do lançamento, dos valores referentes às contas conjuntas em relação às quais não se intimou todos os co-titulares.
Numero da decisão: 2301-005.807
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar e, no mérito, dar parcial provimento para excluir do lançamento os depósitos da conta conjunta nº 13.620, mantida no Banco Bradesco, Ag. 1902.
(assinado digitalmente)
João Maurício Vital - Presidente.
(assinado digitalmente)
Antonio Sávio Nastureles - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Jorge Henrique Backes (suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Maurício Vital (Presidente).
Nome do relator: ANTONIO SAVIO NASTURELES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201901
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2003 PRESUNÇÕES LEGAIS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Tendo-se em vista o disposto no art. 42 da Lei n. 9.430/1996 que criou presunção legal, depósitos bancários cuja origem não for comprovada são considerados como receita omitida, podendo haver o correspondente lançamento de IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INTIMAÇÃO DE CO-TITULARES. SÚMULA CARF nº 29. Os co-titulares da conta bancária que apresentem declaração de rendimentos em separado devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de exclusão, da base de cálculo do lançamento, dos valores referentes às contas conjuntas em relação às quais não se intimou todos os co-titulares.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 14120.000273/2008-68
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5969497
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2301-005.807
nome_arquivo_s : Decisao_14120000273200868.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : ANTONIO SAVIO NASTURELES
nome_arquivo_pdf_s : 14120000273200868_5969497.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar e, no mérito, dar parcial provimento para excluir do lançamento os depósitos da conta conjunta nº 13.620, mantida no Banco Bradesco, Ag. 1902. (assinado digitalmente) João Maurício Vital - Presidente. (assinado digitalmente) Antonio Sávio Nastureles - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Jorge Henrique Backes (suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Maurício Vital (Presidente).
dt_sessao_tdt : Wed Jan 16 00:00:00 UTC 2019
id : 7643719
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:19 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051659968446464
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1734; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 1.066 1 1.065 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 14120.000273/200868 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301005.807 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 16 de janeiro de 2019 Matéria Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Recorrente GLORIA MARIA SEBBEN CESAR Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2003 PRESUNÇÕES LEGAIS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Tendose em vista o disposto no art. 42 da Lei n. 9.430/1996 que criou presunção legal, depósitos bancários cuja origem não for comprovada são considerados como receita omitida, podendo haver o correspondente lançamento de IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INTIMAÇÃO DE COTITULARES. SÚMULA CARF nº 29. Os cotitulares da conta bancária que apresentem declaração de rendimentos em separado devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de exclusão, da base de cálculo do lançamento, dos valores referentes às contas conjuntas em relação às quais não se intimou todos os cotitulares. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar e, no mérito, dar parcial provimento para excluir do lançamento os depósitos da conta conjunta nº 13.620, mantida no Banco Bradesco, Ag. 1902. (assinado digitalmente) João Maurício Vital Presidente. (assinado digitalmente) Antonio Sávio Nastureles Relator. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 12 0. 00 02 73 /2 00 8- 68 Fl. 1066DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Jorge Henrique Backes (suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Maurício Vital (Presidente). Relatório 1. Tratase de julgar Recurso Voluntário (efls 967/996) interposto em face do Acórdão nº 0417.244 (efls 936/949), prolatado pela 2ª Turma da DRJ Campo Grande, na sessão de julgamento de 3 de abril de 2009. 2. Fazse a transcrição do Relatório (efls 938/939) contido na decisão recorrida: Glória Maria Sebben César, acima qualificada, foi autuada conforme Auto de Infração (AI) e demonstrativos de f. 02 a 361, tendo sido apurados os valores de R$ 323.667,18 de imposto, R$ 485.500,77 de multa proporcional de oficio qualificada (150%) e R$ 189.280,56 de juros moratórios calculados até 30 de junho de 2008, totalizando R$ 998.448,51 de crédito tributário. O lançamento ocorreu em face de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada no anocalendário 2003. A descrição e o enquadramento legal da infração encontramse às f. 03 a 052. Os enquadramentos legais relativos à multa proporcional e aos juros de mora encontramse à f. 363. Como se vê nos autos, durante o procedimento de fiscalização a contribuinte foi intimada a apresentar documentos e a prestar esclarecimentos. Na descrição da infração, o autuante evidencia com detalhes todo o procedimento efetuado. A ciência quanto ao lançamento ocorreu em 17 de julho de 2008 (Aviso de Recebimento à f. 7734). Inconformada, a autuada apresentou impugnação em 18 de agosto de 2008 (f. 781 a 809 – anexos às f. 810 a 9035), na qual aduz, em apertada síntese, que: a) o lançamento é nulo porque: a.1) a descrição de supostos rendimentos omitidos por não ter a contribuinte comprovado a idônea origem dos depósitos é genérica, simplista e imprecisa; a.2) o lançamento se pautou na mera presunção de que qualquer quantia depositada em conta bancária seja rendimento omitido; a.3) não consta do auto lavrado menção ao dispositivo legal infringido; 1 f. 02 a 36 tem correspondência com a numeração eletrônica efls 04/38. 2 f. 03 a 05 tem correspondência a efls 05/07. 3 Efls 38. 4 f. 773 tem equivalência com efls 785, inserto no documento com título "VolumeV4". 5 f. 781 a 809 e anexos às f. 810 a 903 guardam correspondência, respectivamente, com efls 794/822 e efls 823/917. Fl. 1067DF CARF MF Processo nº 14120.000273/200868 Acórdão n.º 2301005.807 S2C3T1 Fl. 1.067 3 a.4) houve violação ao art. 142 do Código Tributário Nacional em face de o autuante ter aplicado penalidades exorbitantes e não apenas proposto a aplicação delas; b) o autuante atuou a partir de presunções subjetivas; c) o autuante violou o art. 43 do CTN considerando como renda simples depósitos bancários; d) depósito bancário é estoque e não fluxo e não sendo fluxo não tipifica renda; e) só é renda a parcela acrescida de riqueza de que o titular pode dispor; f) houve bis in idem uma vez os créditos serem decorrentes da atividade de pessoa jurídica da qual a autuada é sócia quotista e que tais valores já foram oferecidos à tributação por essa pessoa jurídica, conforme retificação da DIPJ/2004 ocorrida espontaneamente no ano de 2005; g) não poderia ser aplicada a multa no percentual de 150% em face da nova redação dada ao inciso II do art. 44 da Lei n. 9.430/1996, porque não houve prática intencional de sonegação fiscal e, ainda, porque o percentual tem natureza confiscatória; h) é inconstitucional e ilegal a aplicação dos juros moratórios pelo percentual da taxa Selic. É requerida a realização de perícia, tendo sido indicados quesitos e o perito. Ao final, é requerida a declaração de nulidade ou a improcedência do lançamento. Se mantido, que sejam reduzidos os percentuais de multa e juros. Há o protesto por todos os meios de prova em direito admitidos. Os autos baixaram em diligência determinada pelo presidente da turma de julgamento (f. 9076). Intimado o sujeito passivo, foram reiteradas as razões de impugnação (f. 915 a 9177). 2.1. Ao julgar procedente em parte o lançamento, exonerando o crédito tributário relativo à diferença entre o percentual de 150% e 75% da multa de ofício, o acórdão recorrido tem a ementa que se segue: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2003 NULIDADE. O lançamento está calcado na legislação aplicável à espécie e a contribuinte demonstrou ter pleno conhecimento da infração que lhe é imputada, não havendo de se falar em nulidade. INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. 6 Efls 920. 7 Efls 928/930. Fl. 1068DF CARF MF 4 É defeso no processo administrativo discutirse sobre inconstitucionalidade e ilegalidade de normas em vigor. PRODUÇÃO DE PROVAS. PEDIDO DE PERÍCIA. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal as provas documentais devem ser apresentadas junto com a impugnação e a perícia só é determinada no caso de questões que demandem essa providência. PRESUNÇÕES LEGAIS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Tendose em vista o disposto no art. 42 da Lei n. 9.430/1996 que criou presunção legal, depósitos bancários cuja origem não for comprovada são considerados como receita omitida, podendo haver o correspondente lançamento de IRPF. CRÉDITOS BANCÁRIOS. BIS IN IDEM. NÃOCOMPROVAÇÃO. Não comprovada a origem dos depósitos por meio de documentação hábil e idônea, correto o lançamento baseado na presunção legal de omissão de rendimentos do art. 42 da Lei n. 9.430/1996. MULTA QUALIFICADA. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A presunção de omissão de rendimentos prevista no art. 42 da Lei n. 9.430/1996 é incompatível com a multa qualificada prevista no art. 44, § 1º do mesmo diploma legal. JUROS. TAXA SELIC. Os juros calculados pela taxa Selic são aplicáveis aos créditos tributários não pagos no prazo de vencimento, por expressa determinação legal. 3. Intimado da decisão de primeira instância em 22/04/2009 (efls 956), foi apresentado Voluntário em 19/05/2009 (efls 967/996), em que o Recorrente sustenta, na essência os mesmos argumentos defendidos na impugnação. 3.1. Por meio de petição protocolada em 30/11/2009 (efls 1019/1021), a Recorrente reformula os termos de petição anterior (efls 1002/1004), e apresenta requerimento de desistência parcial do Recurso Voluntário, na parte que trata de depósitos efetuadas no Banco Itaú (conta nº 22.3604) e do Banco Bradesco (conta nº 29383). 3.2. Renova petição, protocolada em 21/07/2010 (efls 1013/1015), dada da publicação da Portaria MF nº 383/2010, que atribuíra efeito vinculante às Súmulas do CARF especificadas, dentre elas a Súmula CARF nº 29, sustenta a nulidade do lançamento com relação aos depósitos bancários realizados na conta bancária nº 13.2604, da agência 1902 do Banco Bradesco. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Sávio Nastureles 4. O recurso reúne os requisitos de admissibilidade. Fl. 1069DF CARF MF Processo nº 14120.000273/200868 Acórdão n.º 2301005.807 S2C3T1 Fl. 1.068 5 5. Cuida o presente lançamento de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada, relativa ao anocalendário 2003. NNUULLIIDDAADDEE DDOO LLAANNÇÇAAMMEENNTTOO PPEELLAA AALLEEGGAADDAA VVIIOOLLAAÇÇÃÃOO AAOO PPRRIINNCCÍÍPPIIOO DDAA EESSTTRRIITTAA LLEEGGAALLIIDDAADDEE EE CCEERRCCEEAAMMEENNTTOO DDEE DDEEFFEESSAA.. 6. A Recorrente suscita alegação de nulidade do Auto de Infração por pretensa violação a princípio da estrita legalidade, ao fazer referência ao artigo 142 do Código Tributário Nacional. 6.1. Como se trata da mesma alegação suscitada em sede de impugnação, adoto os mesmos fundamentos constantes na decisão de primeira instância para fins de rejeitar a presente preliminar, destacadamente o trecho delimitado pelas efls 939/941 ao concluir: "Por fim, temse que a contribuinte produziu defesa robusta, com extensos arrazoados, fato que demonstra o pleno conhecimento da impugnante em relação ao quanto a ela imputado, não havendo que se falar em cerceamento do direito de defesa". ""NNUULLIIDDAADDEE"" DDOO LLAANNÇÇAAMMEENNTTOO PPEELLAA AALLEEGGAADDAA VVIIOOLLAAÇÇÃÃOO ÀÀ SSÚÚMMUULLAA VVIINNCCUULLAANNTTEE NNºº 2299 DDOO CCAARRFF 7. A Recorrente suscita alegação de nulidade do lançamento tributário por suposta violação ao enunciado da Súmula nº 29 do CARF, considerando a redação em vigor antes da revisão de tal enunciado. 7.1. Dizia a Súmula: Súmula CARF nº 29: todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. 7.2. Sustenta que o fato de não ter havido intimação do irmão, Dalci Vicente Sebben, cotitular da conta nº 13.620 mantida no Banco Bradesco, justifica a decretação de nulidade nos termos do enunciado supra transcrito. 8. Para fins de analisar a presente preliminar, afigurase útil transcrever trecho contido no bojo do autodeinfração, destacadamente na parte intitulada "DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO(S) LEGAL(IS)" (efls 6) : Consta em anexo a planilha "Demonstrativo Mensal de Depósitos Bancários NãoJustificados", nela estão relacionados e totalizados mensalmente os depósitos que não foram justificados. Como a conta 13620, do Banco Bradesco, agência 1902, é em conjunto com o contribuinte Dalci Vicente Sebben, que não é seu cônjuge, somente a metade dos valores dos depósito nela efetuados foi considerada como valor não justificado. 9. Imperioso, ainda, elucidar, que o Enunciado da Súmula CARF nº 29, foi submetido a processo de revisão, tendo sido aperfeiçoado em Sessão Extraordinária do Pleno, conforme Ata publicada no DOU de 11/09/2018. Fl. 1070DF CARF MF 6 9.1. Fazse a transcrição do novo enunciado: Súmula CARF nº 29 Os cotitulares da conta bancária que apresentem declaração de rendimentos em separado devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de exclusão, da base de cálculo do lançamento, dos valores referentes às contas conjuntas em relação às quais não se intimou todos os co titulares. 10. Neste ponto, cumpre elucidar questão relevante sobre o momento do julgamento, notadamente em vista da revisão do enunciado da Súmula. Mesmo que o presente processo administrativo fiscal tivesse sido indicado para julgamento em momento anterior à revisão da citada Súmula, o deslinde da questão não seria diferente do desfecho que se espera nesta oportunidade. 10.1. Passo a explicar. 10.2. Mesmo diante da redação anterior (subitem 7.1 supra), na apreciação de situações fáticas similares ao caso sob exame, o entendimento deste Relator se alinhava com a posição firmada no Acórdão CSRF nº 9202003.742, de 28/01/2016. 10.3. Transcrevese, por pertinente, excerto elucidativo do voto proferido pela Relatora do citado acórdão, Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, ao delinear os contornos do enunciado da Súmula de que se trata, solicitando, ainda, a devida licença para o adotar como razões de decidir: "A matéria é objeto da Súmula CARF nº 29 (Vinculante), de 08/12/2009: Súmula CARF nº 29 (VINCULANTE): Todos os co titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Na aplicação desta súmula, devem ser observados dois aspectos: quando a súmula especifica que os cotitulares devem ser intimados, obviamente ela se refere aos casos de conta conjunta em que a lei determina a divisão proporcional dos depósitos (§ 6º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996), até porque a súmula não faz lei, e sim torna mais prática e célere a aplicação da lei; a "nulidade do lançamento" referida na súmula deve ser interpretada como "exclusão, da base de cálculo, dos depósitos relativos a contaconjunta, cujos cotitulares declarem em separado e não tenham sido intimados"; com efeito, em nenhum dos acórdãos que deram suporte a esta súmula se promoveu a declaração de nulidade do lançamento, mas tãosomente a exclusão dos respectivos depósitos." (grifos meus) 10.4. Acrescentese que, antes da revisão do enunciado, ao dar prevalência ao entendimento do Acórdão CSRF nº 9202003.742, o Colegiado nada mais fazia do que aplicar a jurisprudência firmada desde os antigos Conselhos de Contribuintes, de se reconhecer a nulidade somente quando os vícios formais impossibilitarem o contribuinte de impugnar a Fl. 1071DF CARF MF Processo nº 14120.000273/200868 Acórdão n.º 2301005.807 S2C3T1 Fl. 1.069 7 exigência, com prejuízo real ao direito de defesa, o que não se evidenciou no curso do contencioso fiscal. 11. Em vista das considerações delineadas nos itens precedentes (6 a 10), e verificado nos autos que não foi feita a intimação do Senhor Dalci Vicente Sebben, cotitular da conta nº 13.620 mantida no Banco Bradesco, não há que se cogitar em decretação de nulidade do lançamento, mas sim, de situação a ensejar a exclusão da base de cálculo em relação aos depósitos feitos na contaconjunta. DDAASS DDEEMMAAIISS AALLEEGGAAÇÇÕÕEESS EE PPEEDDIIDDOOSS DDIISSPPOOSSTTOOSS NNOO RREECCUURRSSOO VVOOLLUUNNTTÁÁRRIIOO 12. No que tange ao pedido de redução de juros, com a exclusão da incidência da Taxa Selic (efls 996), indeferese com fundamento na Súmula CARF nº 4. Súmula CARF nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). CCOONNCCLLUUSSÃÃOO 13. Diante do exposto, voto por rejeitar a preliminar e, no mérito, dar parcial provimento para excluir do lançamento os depósitos da conta conjunta nº 13.620, mantida no Banco Bradesco, Ag. 1902. (Assinado digitalmente) Antonio Sávio Nastureles Relator Fl. 1072DF CARF MF
score : 1.0