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Numero do processo: 16327.903885/2009-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Data do fato gerador: 06/06/2005
COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ÔNUS PROBATÓRIO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito creditório quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior
Oportunizada, em face do exercício do contraditório, com a trazida da manifestação de inconformidade e do recurso voluntário, a apresentação de documentos pela empresa interessada e não apresentado qualquer documento capaz de afastar a conclusão contida no despacho decisório contestado, mantém-se o indeferimento da compensação, por inexistência do crédito indicado em Per/Dcomp.
DILIGÊNCIA E/OU PERÍCIA. JUNTADA DE PROVAS. DESNECESSIDADE.
Deve ser indeferido o pedido de diligência e/ou perícia, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. Ao indicar como crédito um pagamento indevido, destacando, inclusive, as informações constantes do Darf pleiteado, sem proceder a qualquer retificação, ou comprovar o erro material em sua retificação, não há como transmudar a vontade expressa na Dcomp transmitida, sendo desnecessária a diligência e/ou perícia, bem assim a eventual juntada de novas provas.
VERDADE MATERIAL. PROVA. LIMITES.
Ainda que o Processo Administrativo Fiscal Federal esteja jungido ao principio da verdade material, o mesmo não é absoluto, sob pena de malferi-lo, bem como aos princípios da legalidade e da isonomia e as regra do devido processo legal.
Numero da decisão: 2201-004.923
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ÔNUS PROBATÓRIO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito creditório quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior Oportunizada, em face do exercício do contraditório, com a trazida da manifestação de inconformidade e do recurso voluntário, a apresentação de documentos pela empresa interessada e não apresentado qualquer documento capaz de afastar a conclusão contida no despacho decisório contestado, mantémse o indeferimento da compensação, por inexistência do crédito indicado em Per/Dcomp. DILIGÊNCIA E/OU PERÍCIA. JUNTADA DE PROVAS. DESNECESSIDADE. Deve ser indeferido o pedido de diligência e/ou perícia, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. 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(assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.917, de 17 de janeiro de 2019 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 16327.903749/200912, paradigma deste julgamento. "Acórdão nº 2201004.917 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Tratase de recurso voluntário apresentado em face da decisão de primeiro grau que negou provimento à manifestação de inconformidade formalizada pelo sujeito passivo negando o direito ao crédito do IRRF recolhido a ser compensado com outro tributo administrado pela Receita Federal. De acordo com o despacho decisório, o pagamento indicado não possui saldo disponível para compensação, visto que foi integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte. O contribuinte alega que efetuou a retenção de forma equivocada de IRRF sobre operações de ganho de capital, ocasionada por de erro no cálculo na obtenção do custo médio das ações de propriedade de empresa investidora e deixado de compensar prejuízos em operações anteriores. Alega que após tais ajustes o IR sobre ganho de capital foi reduzido a zero, sendo que houve a apuração de diferença entre o IR correto e o errado objeto da compensação. Aduz também que o cálculo incorreto ocorreu por conta do fato da investidora ter efetuado Split das ações (desdobramento) e que não foi incluído no cálculo do IRRF. Alega que efetuou a devolução do montante do Imposto à empresa investidora. A Delegacia da Receita de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte sob o fundamento em síntese de falta de comprovação do erro de fato no preenchimento da DCTF e falta de comprovação dos lançamentos contábeis e outros documentos que pudessem evidenciar o erro cometido na operação, sendo que considerando esses fatos, foi apresentado recurso voluntário para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para este Conselheiro. Fl. 169DF CARF MF Processo nº 16327.903885/200902 Acórdão n.º 2201004.923 S2C2T1 Fl. 4 3 É o que havia para ser relatado." Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.917, de 17 de janeiro de 2019 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 16327.903749/200912, paradigma deste julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.917, de 17 de janeiro de 2019 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária: "Acórdão nº 2201004.917 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária O recurso preenche os requisitos de admissibilidade e, portanto, o conheço. O presente processo está sendo julgado na mesma sessão dos processos nº 16327.903749/200912, 16327.903880/200971, 16327.903881/200916, 16327.903882/200961, 16327.903883/200913, 16327.903884/200950, 16327.903885/200902, 16327.903886/200949, 16327.903887/200993, 16327.903888/200938 e 16327.903889/200982 nos termos do § 2º do art. 47 do Anexo II à Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, que aprovou o Regimento Interno do CARF. Tratase de recurso voluntário apresentado em face da decisão de primeiro grau que negou provimento à manifestação de inconformidade formalizada pelo sujeito passivo mantendo integralmente os termos do despacho decisório que não homologou o crédito de IRRF para compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Não verifico razões para a reforma do julgado, que se baseou nos elementos de prova juntados pelo contribuinte que teve assegurado o devido processo legal e contraditório, inclusive podendo ter juntado novos documentos na época para comprovar a existência do direito creditório. No presente caso, o Despacho Decisório não homologou a compensação em razão de o crédito a ser compensado estar alocado como pagamento de débito confessado na DCTF original. Após a emissão do Despacho Decisório, a DCTF foi retificada para se excluir tal débito e se caracterizar o recolhimento em questão como indevido/a maior. A apresentação de DCTF constituise em obrigação acessória. Entretanto, uma vez apresentada, o contribuinte comunica a existência de crédito tributário, confessando a dívida (DecretoLei n° 2.124, de 1984, art. 5°, § 1°)1. Destarte, o Despacho Decisório foi validamente emitido, eis que havia débito confessado correspondente ao valor recolhido em DARF. Resta perquirir se sua eficácia permanece, em face da posterior retificação da DCTF. Ao apresentar a DCTF retificadora após a emissão do Despacho Decisório, o contribuinte pretende corrigir pretenso erro de preenchimento da DCTF original, Fl. 170DF CARF MF Processo nº 16327.903885/200902 Acórdão n.º 2201004.923 S2C2T1 Fl. 5 4 conforme expressamente consignado na manifestação de inconformidade e nas razões do recurso. A simples apresentação das DCTFs original e retificadora, ainda que acompanhadas de DARF, não se constitui em prova do alegado erro de fato. A retificação da DCTF é ineficaz, pois cabe ao contribuinte o ônus de comprovar o erro não apurável pelo mero exame das DCTFs (CTN, art. 147; Lei n° 5.869, de 1973, art. 333, II; Lei n° 13.105, 2015, arts. 15 e 373, II2; e IN RFB n° 903, de 2008, art. 11, §2°, III). A alegação de erro de fato nessa instância recursal, no caso, deve vir acompanhada de documentos incontestes quanto a esse fato, posto que tais oportunidades de esclarecimentos e juntada de novos documentos que comprovam a veracidade das razões recursais, o foram analisadas quando do julgamento de primeiro grau constatando a não comprovação do alegado direito pelo contribuinte. Ora, apesar das planilhas estarem com os valores mencionados na manifestação de inconformidade e juntadas também em recurso voluntário, as mesmas vieram desacompanhadas de quaisquer outros documentos que pudessem evidenciar o erro cometido. Da forma como ponderado pela decisão de piso, há uma simples alteração de valores sem qualquer comprovação. No caso, seria necessário demonstrar por meio de notas de compra das ações da empresa investidora o custo médio antes e depois, até porque o manifestante alega que a justificativa do erro é pelo fato de ter ocorrido um split das ações, ou seja, o citado desdobramento na realidade faria com que o custo médio das ações diminuísse e não aumentasse, de forma que seria mais coerente que o preço a ser considerado fosse mesmo o menor. Também seria necessário comprovar o total de prejuízos anteriores trazendo, por exemplo, as operações que geraram tal prejuízo com os respectivos documentos que as embasam. As telas de movimentação financeira juntadas também não comprovam a retenção indevida, mas apenas que houve uma transferência de valores, não foram anexados sequer os lançamentos contábeis indicando a retenção e o alegado estorno para a conferência dos valores e também não ficou evidenciado que a conta creditada era do cliente da recorrente sendo juntado de terceiro com outra denominação, não esclarecendo os fatos. Os empresários têm o dever de manter a escrituração dos negócios de que participam, nos termos do art. 1.179 do Código Civil (lei n° 10.406/2002): "Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. É oportuno citarmos um trecho da exposição de motivos do Código de Comércio Napoleônico, lembrado por Fábio Ulhoa Coelho, em sua obra "Curso de Direito Comercial": "A consciência do comerciante está escrita nos seus livros; neles é que o comerciante registra todas as suas ações; são, para ele, imia espécie de garantia (...). Quando surgem contestações, é Fl. 171DF CARF MF Processo nº 16327.903885/200902 Acórdão n.º 2201004.923 S2C2T1 Fl. 6 5 preciso que a consciência do juiz fique esclarecida; e é então que os livros são necessários, pois que eles são os confidentes das ações do comerciante ". O objetivo primordial da Contabilidade é apreender e entender as mutações sofridas pelo patrimônio de uma entidade. Desta forma, os registros contábeis são o meio de prova mais natural para demonstrar a liquidez e certeza do direito creditório. Nesse ponto, adoto como razões de decidir excerto dessa Turma da lavra do I. Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim AC. 2201004.437 j. 04/04/18, verbis: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Anocalendário: 2004 DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. (...) omissis Ora, não pode a autoridade administrativa proceder com a homologação quando existe, de fato, vinculação do crédito a valores confessados pelo contribuinte como devidos, por meio de instrumento hábil e suficiente a sua exigência. Sobre o tema, adoto como razões de decidir as palavras do Ilustríssimo Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo, proferida no acórdão nº 2201004.311: A criação do Sistema de Controle de CréditosSCC objetivou dar maior celeridade e segurança à necessária conferência dos pedidos de restituição, ressarcimentos e declarações de compensação formalizados pelos contribuintes. Naturalmente, tratase de ferramenta de extrema utilidade e eficiência quando batimentos de sistemas podem indicar a existência dos direitos pleiteados. Por outro lado, quando a complexidade da Fl. 172DF CARF MF Processo nº 16327.903885/200902 Acórdão n.º 2201004.923 S2C2T1 Fl. 7 6 demanda exige, remanesce a necessidade de análise manual dos créditos pleiteados. Das situações possíveis de serem tratadas eletronicamente, sem sombra de dúvida, os indébitos tributários decorrentes de pagamentos indevidos ou a maior são, como regra, os que apresentam menor complexidade de análise, já que basta o SCC localizar o pagamento, identificar suas características e verificar, no sistema próprio, se há débitos compatíveis que demonstrem, no todo ou em parte, a ocorrência de um pagamento indevido ou a maior. (...) Portando, em uma análise primária, notase que a não homologação em discussão é procedente, o que não impede que se reconheça, em respeito à verdade material, que tenha havido algum erro de fato que justifique sua revisão. Contudo, para tanto, necessário que sejam apresentados os elementos que comprovem a ocorrência de tal erro. Portanto, não basta alegar a ocorrência de erro material, é necessário provalo. Quanto ao ônus da prova, o Código de Processo Civil dispõe o seguinte: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Apesar do procedimento de constituição do crédito tributário não ser regido pelo CPC, a adoção dos critérios principiológicos criados por tal norma em aplicação analógica ao presente caso oferece diretrizes de suma importância para resolução da demanda. Assim, uma vez em curso o procedimento de análise de compensação de crédito, é do contribuinte o ônus de provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da Fazenda. (...) Quanto a questão da diligência e perquirição de provas e aplicação do princípio da busca da verdade material, tomo como razões de decidir parte do Voto do I. Conselheiro Orlando Rutigliani Berri no Ac. 3001000.545 j. 17/10/2018, verbis: Mais, que analisados os pretensos elementos de prova carreados aos presentes autos, verificouse que se mostraram insuficientes para comprovar o direito creditório alegado. Fl. 173DF CARF MF Processo nº 16327.903885/200902 Acórdão n.º 2201004.923 S2C2T1 Fl. 8 7 Diante destas constatações e o que dos autos consta, aí também aliado aos corretos fundamentos da decisão recorrida, advogo o entendimento segundo o qual não é papel deste colegiado recursal conceder infindáveis oportunidades para que o contribuinte transponha aos autos documentos e/ou informações que venham confirmar seu direito, digo isto pois entendo que tal concessão importaria em desrespeito aos prazos estabelecidos na legislação processual de regência, como vimos anteriormente. Prosseguindo um pouco mais, podese dize ainda que é comezinho a obrigação do sujeito passivo, desde a feitura de seu pleito reivindicatório, passando pela sua manifestação de inconformidade, municiar sua pretensão em documentos hábeis suficientes para evidenciar a liquidez e certeza do crédito tributário cuja restituição postula. Por isso, e não por outra razão, é que a legislação impõe ao contribuinte o dever de demonstrar sua liquidez e certeza. De outra forma dizendo, é ônus do sujeito passivo e não da Administração Tributária tal mister. Desta feita, não se pode, sob o pálio da "verdade material" suplantar toda e qualquer regra processual aplicável ao processo administrativo fiscal federal a fim de, ao arrepio, dentre outros, do princípio da isonomia, permitir seja desbancada a competência originária da autoridade fiscal ou mesmo do colegiado recorrido, para fins de substituir tarefa que competia ao sujeito passivo, seja espontaneamente ou mesmo depois de provocado, em face das sucessivas rejeições da sua pretensão. Portanto, não é correto afirmar que a aventada a menor rigidez dos prazos para a produção de prova tenha o condão de sobrepujar determinadas regras, vez que o primado da "verdade material", na medida em que autoriza o julgador apreciar provas e/ou indícios não contemplados pela instância a quo, impõe que estas tenham sido produzidas no momento oportuno, o que não se observa nestes autos, uma vez que não foram produzidas. omissis Ultrapassada a contextualização fático, esclareço, por oportuno que este colegiado, atento à hodierna tendência de se mitigar os rigores das regras preclusivas contidas no processo administrativo fiscal, para o fim de acolher provas apresentadas nesta instância recursal, entende que para aplicarse tais regras, o comportamento do sujeito passivo é determinante. Melhor dizendo, estando o contribuinte, como é o caso em apreço, ciente dos motivos pelos quais os elementos de prova coligidos aos autos não foram considerados hábeis e suficientes para seu desiderato, era seu o dever demonstrar que envidou o esforço no sentido de sanar as lacunas probatórias aventadas na decisão recorrida. Fl. 174DF CARF MF Processo nº 16327.903885/200902 Acórdão n.º 2201004.923 S2C2T1 Fl. 9 8 No entanto, o recorrente, ao manter se fiel à linha argumentativa, mesmo sabedor que o fundamento da decisão recorrida assentouse na ausência de documentos que corroborassem sua pretensão, preferiu agir de forma não proativa, ao deixar de se empenhar em provar o direito que alega possuir, impedindo, in totum, que este julgador aventasse, quiçá, a hipótese de conversão deste julgamento em diligência, com supedâneo no novel princípio da cooperação, que atualmente tem redação implementada pelo artigo 6º da Lei nº 13.105, de 16.03.2015 Novo Código de Processo Civil, que afirma que "todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva". Em suma, constatase que no caso destes autos, o alegado indébito não foi correta e suficientemente demonstrado e provado. Conclusão Diante do exposto, conheço do recurso e NEGOLHE PROVIMENTO." Diante do exposto, conheço do recurso e NEGOLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 175DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000170/2007-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002
PIS/COFINS - ZONA FRANCA DE MANAUS - RECEITA DE VENDAS -
ISENÇÃO.
São isentas apenas receitas específicas, hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do art. 14 da Medida Provisória nº 2.158-35 de 2001, decorrentes de vendas à ZFM, não prevalecendo equiparação genérica às receitas de exportação.
Numero da decisão: 3302-006.809
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho
Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 PIS/COFINS ZONA FRANCA DE MANAUS RECEITA DE VENDAS ISENÇÃO. São isentas apenas receitas específicas, hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do art. 14 da Medida Provisória nº 2.15835 de 2001, decorrentes de vendas à ZFM, não prevalecendo equiparação genérica às receitas de exportação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 01 70 /2 00 7- 05 Fl. 289DF CARF MF Processo nº 19515.000170/200705 Acórdão n.º 3302006.809 S3C3T2 Fl. 144 2 Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: Tratase de autos de infração lavrados contra a contribuinte em epígrafe, relativos à falta/insuficiência de recolhimento, nos períodos de apuração de janeiro/2002 a dezembro/2002, da contribuição para o PIS/Pasep (fls. 141/147 – a numeração de referência é sempre a da versão digital do processo), no montante total de R$ 84.701,78, e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins (fls. 151/157), no montante total de R$ 391.093,69. O auditor fiscal, nos Termos de Verificação Fiscal (fls. 139/140 e 149/150), fundamentou o lançamento de ofício no fato de o confronto entre as DCTFs pertinentes ao ano calendário de 2002 e a DIPJ relativa ao mesmo período apontar diferenças correspondentes à exclusão sem fundamento legal das vendas efetuadas à Zona Franca de Manaus. Cientificada dos autos de infração em 07/02/2007, a contribuinte apresentou impugnação em 05/03/2007 (fls. 161/174), na qual alega que a Constituição Federal de 1988 recepcionou na íntegra o Decreto Lei nº 288, de 1967, ou seja, como diz o Ministro Nelson Jobim na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.348, os benefícios advindos do respectivo decreto foram “constitucionalizados” em 1988, razão pela qual as remessas para a Zona Franca de Manaus são consideradas como uma exportação para o exterior e, por isso, a revenda de produtos para ela não está sujeita ao PIS/Pasep ou à Cofins, em conformidade com a Lei nº 9.004, de 1995, e a Lei Complementar nº 70, de 1991. A seguir a impugnante transcreve trechos dos votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal na citada ADI nº 2.348.. A Sexta Turma da DRJ São Paulo (SP) julgou a impugnação improcedente, nos termos do Acórdão nº 1636.244, de 23 de fevereiro de 2012, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 DECADÊNCIA. É de cinco anos o prazo de que a RFB dispõe para constituir os seus créditos, contados, no caso de ter havido recolhimento, da data do fato gerador. ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO. A isenção prevista no art. 14 da Medida Provisória nº 2.03725, de 2000, quando se tratar de vendas à Zona Franca de Manaus, Fl. 290DF CARF MF Processo nº 19515.000170/200705 Acórdão n.º 3302006.809 S3C3T2 Fl. 145 3 aplicase tãosomente às receitas de vendas enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do citado artigo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 DECADÊNCIA. É de cinco anos o prazo de que a RFB dispõe para constituir os seus créditos, contados, no caso de ter havido recolhimento, da data do fato gerador. ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO. A isenção prevista no art. 14 da Medida Provisória nº 2.03725, de 2000, quando se tratar de vendas à Zona Franca de Manaus, aplicase tãosomente às receitas de vendas enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do citado artigo. Inconformado com a decisão da DRJ, apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que a Constituição Federal, no art. 40 do ADCT, ao manter a Zona Franca de Manaus com suas características de área de livre comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais pelo prazo de 25 anos, a partir da promulgação da CF/88, recepcionou o art. 4º do Decretolei nº 88/67, segundo o qual, a exportação de mercadoria de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus é considerada, para efeitos fiscais, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro. Portanto, A receita de venda efetuada pela recorrente às empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus no exercício de 2002 está isenta da incidência do PIS e da Cofins. Sendo descabidas as autuações aqui combatidas. Termina a petição, requerendo a reforma da decisão vergastada a fim de que os autos de infração sejam totalmente cancelados, com a consequente extinção dos créditos tributários neles exigidos. É o breve relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise. A questão central da presente lide referese a identificar o tratamento tributário das receitas de vendas à Zona Franca de Manaus. Pelo acórdão recorrido, apenas as receitas de vendas enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do art. 14 da Medida Provisória nº 2.15835 de 2001, estão isentas das contribuições para o PIS e Cofins. Já no entender do recorrente, toda e qualquer operação de venda à Zona Franca de Manaus equiparase à exportação, afastando a incidência das exações citadas. Fl. 291DF CARF MF Processo nº 19515.000170/200705 Acórdão n.º 3302006.809 S3C3T2 Fl. 146 4 Esse tema foi tratado com maestria pela exconselheira Silvia de Brito Oliveira, no Acórdão nº 34020.637, de 25 de maio de 2010, o qual reflete minha posição sobre o tema. Por essa razão, peço vênia para reproduzir suas razões de decidir e utilizálas como se minhas fossem, verbis: No exame da matéria, primeiro, cabe considerar que os dispositivos da MP nº 2.03725, de 2000, cujas reedições terminaram na MP n° 2,15835, de 24 de agosto de 2001, objeto de medida cautelar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tratam exclusivamente de vendas relacionadas nos inc, IV, VI, VIII e IX do art. 14 da última MP aqui citada e que o § 2° desse mesmo art. 14, em seu inciso I, expressamente excluiu do campo das isenções concedidas por aquele diploma legal as receitas de vendas a empresa estabelecida na Amazônia Ocidental ou em área de livre comércio. Nesse ponto, cumpre lembrar que a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n° 2.3489, por meio da qual requereuse a declaração de inconstitucionalidade e ilegalidade da restrição feita à ZFM, foi baixada ao arquivo do STF, em virtude de se ter transcorrido o prazo regulamentar da publicação no Diário da Justiça de 15 de fevereiro de 2005 da decisão monocrática proferida em 2 de fevereiro de 2005, sem interposição de nenhum recurso Por meio da referida decisão monocrática, decidiuse que, uma vez que a MP impugnada mediante referida ADI sofrera reedições sucessivas e não houvera nenhum aditamento à inicial, declarouse prejudicado o pedido por perda do objeto, ficando prejudicada a medida liminar deferida. Quanto ao mérito da isenção das receitas em questão, não vislumbro abrigo na ordem jurídica para agasalhar a pretensão da recorrente, pois o dispositivo legal invocado no recurso, editado em fevereiro de 1967, traz em si expressão cuja literalidade fornece os exatos contornos temporais para o alcance dos efeitos fiscais a que se refere, estando assim redigido o art. 4' do Decretolei n" 288, de 1967: "Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro." Observase, portanto, que o próprio dispositivo legal tratou de restringir seus efeitos fiscais à legislação vigente à data de sua publicação, evitandose, dessa forma, a produção de efeitos em relação a tributos que forem instituídos posteriormente, como é o caso da Cofins, que somente foi introduzido no ordenamento jurídico pela Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991, que, ao tratar das isenções dessa contribuição, em seu art. 6°, nenhuma referência fez às receitas de vendas a empresas estabelecidas na ZFM, tampouco fez remissão ao Decreto n°288, de 1967, Fl. 292DF CARF MF Processo nº 19515.000170/200705 Acórdão n.º 3302006.809 S3C3T2 Fl. 147 5 Destarte, não havendo na legislação de regência da contribuição em tela referência expressa à isenção ou exclusão da base de cálculo das receitas decorrentes de vendas para consumo ou industrialização na ZFM, não há fundamento legal para, equiparando tais vendas à exportação, concederlhes benefícios fiscais constantes de legislação superveniente à vigência do Decretolei n°288, de 1967. Os mesmos argumentos acima expendidos são aplicáveis à contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), lembrando que tal contribuição, instituída pela Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970, também foi introduzida na ordem jurídica pátria após a entrada em vigor do supracitado Decreto. Esse é o mesmo entendimento do ex conselheiro Henrique Pinheiro Torres em Declaração de Voto firmada no Acórdão n.º 9303002.502 (09/10/13), 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais: “...razão não assiste à recorrente, pois a pretendida isenção, veiculada no Decretolei nº 288, de 1967, não poderia alcançar os tributos ora em análise, posto que, norma inserta no CTN, mais precisamente no inciso II do art. 177, veda, expressamente, a extensão de isenções a tributos instituídos posteriormente à sua concessão, o que é, absolutamente, o caso dos autos. Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I. ... II. aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão. Demais disso, o caput do art. 176 do CTN exige que a lei concessiva de isenção especifique quais os tributos a que se aplica, e sendo o caso, o prazo de sua duração. Ora, por razões óbvias, o citado Decretolei não poderia fazer referência a essas contribuições, visto que elas ainda não existiam à data da edição desse ato legal. Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Nesse mesmo sentido, a SRF se manifestou na Solução de Divergência Cosit nº 7, de 29 de novembro de 2006, publicada no Diário Oficial da União em 04/12/2006, pela qual afirmou que são isentas das contribuições apenas as receitas previstas no art. 14, IV, VI, VIII e IX, da Medida Provisória nº 2.15835/01: 19. Diante do exposto, solucionase a presente divergência respondendo à recorrente que a isenção da Cofins prevista no art. 14 da Medida Provisória no 2.03725, de 2000, atual Medida Provisória no 2.15835, de 2001, quando se tratar de vendas realizadas para empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, aplicase para as receitas de vendas enquadradas Fl. 293DF CARF MF Processo nº 19515.000170/200705 Acórdão n.º 3302006.809 S3C3T2 Fl. 148 6 nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do referido art. 14, a seguir transcritos: IV) receitas do fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível; VI) receitas auferidas pelos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação modernização, conversão e reparo de embarcações préregistradas ou registradas no Registro Especial Brasileiro REB, instituído pela Lei no 9.432, de 8 de janeiro de 1997; VIII) receitas de vendas realizadas pelo produtor vendedor às empresas comerciais exportadoras de que trata o Decretolei no 1.248, de 1972, destinada ao fim específico de exportação; e IX) receitas de vendas efetuadas com fim específico de exportação para o exterior, às empresas comerciais exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 19.1 A isenção da Cofins não alcança os fatos geradores ocorridos entre 1o de fevereiro de 1999 e 21 de dezembro de 2000, período em que produziu efeitos à vedação contida no inciso I do § 2o do art. 14 da Medida Provisória no 1.8586, de 1999, e reedições, até a Medida Provisória no 2.03724, de 2000. 20. Somente a partir de 22 de dezembro de 2000, data de publicação no Diário Oficial da União da Medida Provisória no 2.03725, de 2000, atual Medida Provisória no 2.15835, de 2001, é que estão isentas da Contribuição para o PIS/Pasep às receitas de vendas relacionadas nos incisos “IV”, “VI”, “VIII” e “IX” de seu art. 14. 21. Conseqüentemente, continuam isentas da incidência da Cofins e do PIS/Pasep as demais receitas enquadradas nos incisos I, II, III,V e VII do art. 14 da Medida Provisória no 2.15835, de 2001, por não estarem relacionadas com vendas à Zona Franca de Manaus. 22. Ressaltese que, a partir de 26 de julho de 2004, as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins ficaram reduzidas a zero para as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus ZFM, quando auferidas por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM, com base no dispõe o art. 2º da Lei nº 10.996, de 2004. Diante de todo exposto, entendo que no período de apuração compreendido entre 01/01/2002 e 31/12/2002, só havia isenção das contribuições para vendas à empresas domiciliadas na ZFM para as receitas previstas no art. 14, IV, VI, VIII e IX, da Medida Provisória nº 2.15835/01. Fl. 294DF CARF MF Processo nº 19515.000170/200705 Acórdão n.º 3302006.809 S3C3T2 Fl. 149 7 Afastada a possibilidade de equiparação à exportação de toda e qualquer operação feita para Zona Franca de Manaus, resta analisar se o recorrente provou que as vendas realizadas para as empresas estabelecidas naquela área estavam enquadradas nas hipóteses previstas no art. 14 da MP 2.03725, de 2000, (atual MP 2.15835, de 2001). Compulsando os autos, não restou comprovado que as receitas tidas como isentas foram derivadas de: a) receitas do fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo cm embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível; b) receitas auferidas pelos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação modernização, conversão e reparo de embarcações préregistradas ou registradas no Registro Especial Brasileiro REB, instituído pela Lei no 9.432, de 8 de janeiro de 1997; c) receitas de vendas realizadas pelo produtorvendedor As empresas comerciais exportadoras de que trata o Decretolei no 1.248, de 1972, destinada ao fim especifico de exportação; e d) receitas de vendas efetuadas com fim especifico de exportação para o exterior, às empresas comerciais exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Em virtude dessas considerações, é importante relembrar alguns preceitos que norteiam a busca da verdade real por meio de provas materiais. Um dos principais objetivos do direito é fazer prevalecer a justiça. Para que uma decisão seja justa, é relevante que os fatos estejam provados a fim de que o julgador possa estar convencido da sua ocorrência. Segundo Francesco Carnelutti: as provas são fatos presentes sobre os quais se constrói a probabilidade da existência ou inexistência de um fato passado. A certeza resolvese, a rigor, em uma máxima probabilidade. A certeza vai se formando através dos elementos da ocorrência do fato que são colocados pelas partes interessadas na solução da lide. Mas não basta ter certeza, o julgador tem que estar convencido para que sua visão do fato esteja a mais próxima possível da verdade. Francesco Carnelutti compara a atividade de julgar com a atividade de um historiador. Segundo ele o historiador indaga no passado para saber como as coisas ocorreram. O juízo que pronuncia é reflexo da realidade ou mais exatamente juízo de existência. Já o julgador encontrase ante uma hipótese e quando decide converte a hipótese em tese, adquirindo a certeza de que tenha ocorrido ou não o fato. Estar certo de um fato quer dizer conhecêlo como se houvesse visto. Como o julgador sempre tem que decidir, ele deve ter bom senso na busca pela verdade, evitando a obsessão que pode prejudicar a justiça célere. Mas a impossibilidade Fl. 295DF CARF MF Processo nº 19515.000170/200705 Acórdão n.º 3302006.809 S3C3T2 Fl. 150 8 de conhecer a verdade absoluta não significa que ela deixe de ser perseguida como um relevante objetivo da atividade probatória. A verdade encontrase ligada à prova, pois é por meio desta que se torna possível afirmar idéias verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou certificarse de sua exatidão jurídica. Ao direito somente é possível conhecer a verdade por meio das provas. Posto isto, concluímos que a finalidade imediata da prova é reconstruir os fatos relevantes para o processo e a mediata é formar a convicção do julgador. Os fatos não vêm simplesmente prontos, tendo que ser construídos no processo, pelas partes e pelo julgador. Após a montagem desse quebracabeça, a decisão se dará com base na valoração das provas que permitirá o convencimento da autoridade julgadora. Assim, a importância da prova para uma decisão justa vem do fato dela dar verossimilhança às circunstâncias a ponto de formar a convicção do julgador. Noutro giro, não se pode perder de perspectiva que no direito tributário o que prevalece é a verdade material, comprovada por provas inequívocas. Como sabemos, o processo deve estar instruído com comprovantes do pagamento e com os demonstrativos dos cálculos. Não se pode olvidar que esses demonstrativos, para servir de prova cabal, indiscutível, na comprovação da base de cálculo de qualquer exação, devem refletir a contabilidade fiscal do contribuinte e, para termos convicção que ocorreu a materialização dos dados contábeis em tais demonstrativos, devemos analisar seus livros comerciais e cotejálos com os documentos fiscais. Portanto, fica imperativo a apresentação de documentos probatórios para uma eficiente apreciação dos fatos jurídicos constantes no processo. Neste contexto, a falta de apresentação de documentos que provassem a origem das receita entendidas como isentas, trouxe grandes prejuízos à instrução processual e, por conseqüência, inviabilizou o direito do recorrente, mesmo sendo um processo de auto de infração, explico: O recorrente não negou a existência das receitas imputadas a ele pelo fisco, apenas alegou fato novo, qual seja, que as receitas estavam isentas. Neste momento, inverteu se o ônus da prova, pois é do conhecimentos de todos que a defesa de mérito indireta deve ser provada por quem a suscitou. Em outras palavras, se sujeito passivo reconhece a existência do fato jurídico arrolado pela Fazenda Pública e invoca um novo fato que seja impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do Fisco, ele deve provar suas alegações pela inversão legal do ônus da prova. Como ele não provou que as receitas por ele obtidas foram oriundas de operações enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do art. 14 da Medida Provisória nº 2.15835 de 2001, não há como dar provimento ao recurso. Forte nestes argumentos, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 296DF CARF MF Processo nº 19515.000170/200705 Acórdão n.º 3302006.809 S3C3T2 Fl. 151 9 Fl. 297DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10670.720864/2011-73
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
RENDIMENTOS. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE.
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Súmula CARF nº63.
DEDUÇÃO INDEVIDA -DESPESA MÉDICA - DOCUMENTAÇÃO HÁBIL - COMPROVAÇÃO
As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 - Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99).
Numero da decisão: 2002-000.855
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a conselheira Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (relatora) que lhe deu provimento parcial para cancelar a omissão de rendimentos apontada na autuação. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Thiago Duca Amoni
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Redator designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
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DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. Recorrente MARILZA SILVA FROES DE MELO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2009 RENDIMENTOS. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Súmula CARF nº63. DEDUÇÃO INDEVIDA DESPESA MÉDICA DOCUMENTAÇÃO HÁBIL COMPROVAÇÃO As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 0. 72 08 64 /2 01 1- 73 Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 117 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a conselheira Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (relatora) que lhe deu provimento parcial para cancelar a omissão de rendimentos apontada na autuação. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Thiago Duca Amoni (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e Relatora (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Redator designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório Notificação de Lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (fls. 28/34), relativo a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a alterações na declaração de ajuste anual do contribuinte acima identificado, relativa ao exercício de 2010. A autuação implicou na alteração do resultado apurado de saldo de imposto a restituir declarado de R$7.058,84 para saldo de imposto a pagar de R$10.274,02. A NL noticia omissão de rendimentos (fl.30) e dedução indevida com despesas médicas (fls.31/32). Em relação à primeira infração, consigna que, intimada, a contribuinte não teria justificado a tributação parcial dos rendimentos informados em DIRF pela fonte pagadora. No tocante às despesas médicas, a autoridade autuante aponta que não houve comprovação quanto à prestação do serviço e a seu efetivo pagamento. Impugnação Cientificada ao contribuinte em 17/5/2011, a NL foi objeto de impugnação, em 9/6/2011, às fls. 2/34 dos autos, na qual alega que teria apresentado toda a documentação comprobatória no curso da ação fiscal, tanto no tocante à isenção dos rendimentos a partir de julho de 2009, quanto aos recibos das despesas médicas declaradas. A impugnação foi apreciada na 5ª Turma da DRJ/REC que, por unanimidade, julgou a impugnação procedente em parte, em decisão assim ementada (fls. 61/69): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 118 3 Anocalendário: 2009 CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. O lançamento tributário que obedece a todos os requisitos essenciais de validade legal, expondo de forma clara e precisa o motivo da ação fiscal, permite o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa ao interessado e atende aos princípios constitucionais. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2009 DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. CONDIÇÕES. Somente podem ser acatadas as despesas médicas do contribuinte e seus dependentes, quando comprovadas por documentação que atenda aos requisitos legais e que produzam a convicção necessária ao julgador da realização dos serviços e do seu efetivo pagamento. A legislação tributária não confere aos recibos valor probante absoluto, sendo permitido à fiscalização exigir elementos adicionais de prova que demonstrem a efetividade do pagamento e da realização do serviço. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ISENÇÃO MOLÉSTIA GRAVE. CONDIÇÕES. O reconhecimento da isenção prevista no RIR/99, art. 39, XXXIII (portadores de moléstia grave), requer o cumprimento de dois requisitos: rendimento ter natureza de aposentadoria, reforma ou pensão e comprovação, por meio de laudo médico oficial, da existência de doença mencionada na lei. Para fins de comprovação, não podem ser aceitos laudos particulares ou declaração emitida pela fonte pagadora. O colegiado de primeira instância decidiu por restabelecer parte das despesas médicas glosadas. Recurso voluntário Ciente do acórdão de impugnação em 26/6/2014 (fl. 74), a contribuinte, em 16/7/2014 (fl. 75), apresentou recurso voluntário, às fls. 75/114, no qual alega, em apertado resumo, que: laudo médico emitido por serviço médico público faria prova da existência de moléstia grave a partir de julho de 2009. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 119 4 em relação às despesas médicas efetuadas com o senhor Fernando Ribeiro, estaria juntando relatório discriminando os tratamentos/procedimentos realizados e a modalidade de pagamento. estaria juntando ainda CD, contendo todo o procedimento realizado. o profissional teria declarado à RFB os rendimentos pagos por ela, não havendo porque se cogitar da glosa desses valores, já que, devido à mão de obra e materiais empregados, pessoa alguma faria esses serviços graciosamente. teria disponibilidade financeira para efetuar esses pagamentos. À fl. 115, a Unidade da RFB de origem esclarece que os documentos contidos no CD, referido no recurso voluntário, foram digitalizados e anexados ao processo (fls. 82/114), encontrandose o CD arquivado naquela Unidade. Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 120 5 Voto Vencido Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito Omissão de Rendimentos Parte do lançamento recai sobre rendimentos pagos à recorrente pela Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, os quais ela alega seriam isentos, uma vez que provenientes de aposentadoria e por ter sido ela diagnosticada com moléstia grave a partir de julho de 2009. Sobre o assunto, trago as súmulas CARF nos 43 e 63, de observância obrigatória por este Colegiado: Súmula CARF nº 43 Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Súmula CARF nº 63 Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Portanto, para reconhecimento da isenção pleiteada, é necessária a comprovação da existência de duas condições concomitantes: (i) que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria, reforma ou pensão e (ii) que o contribuinte seja portador de uma das patologias previstas pela legislação de regência atestado em laudo médico que cumpra os requisitos legais. A decisão recorrida não reconheceu a isenção pretendida, consignando: 14.4. No caso concreto, a defesa traz aos autos informação da pessoa jurídica “Cassi”. Não apresenta laudo médico oficial, conforme exigido nos termos legais. A outorga da isenção exige Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 121 6 interpretação literal da lei, não sendo permitida, para fins de comprovação da moléstia grave, a apresentação de documento diverso ao constante do texto legal. Sendo assim, a infração relativa à omissão de rendimentos será mantida. Em seu recurso, a recorrente junta laudo médico de fl.80, emitido por serviço médico oficial do Município de Montes Claros MG, atestando ser ela portadora de moléstia grave desde julho de 2009. Dessa feita, é de se reconhecer que os rendimentos recebidos pela recorrente a partir de julho de 2009 estão isentos de IR (DIRF à fl. 59), sendo de se cancelar a omissão apontada na autuação. Despesas Médicas O litígio recai sobre despesas informadas com o profissional Fernando Ribeiro, no montante de R$18.709,00. Em relação às despesas médicas, são dedutíveis da base de cálculo do IRPF os pagamentos efetuados pelos contribuintes a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"), desde que devidamente comprovados. No que tange à comprovação, a dedução a título de despesas médicas é condicionada ainda ao atendimento de algumas formalidades legais: os pagamentos devem ser especificados e comprovados com documentos originais que indiquem nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) de quem os recebeu (art. 8º, § 2º, inc. III, da Lei 9.250, de 1995). Esta norma, no entanto, não dá aos recibos valor probante absoluto, ainda que atendidas todas as formalidades legais. A apresentação de recibos de pagamento com nome e CPF do emitente têm potencialidade probatória relativa, não impedindo a autoridade fiscal de coletar outros elementos de prova com o objetivo de formar convencimento a respeito da existência da despesa. Nesse sentido, o artigo 73, caput e § 1º do RIR/1999, autoriza a fiscalização a exigir provas complementares se existirem dúvidas quanto à existência efetiva das deduções declaradas: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decretolei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte. (Decreto lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º. (Grifei). Sobre o assunto, seguem decisões emanadas da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) e da 1ª Turma, da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF: IRPF. DESPESAS MÉDICAS.COMPROVAÇÃO. Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 122 7 Todas as deduções declaradas estão sujeitas à comprovação ou justificação, mormente quando há dúvida razoável quanto à sua efetividade. Em tais situações, a apresentação tãosomente de recibos e/ou declarações de lavra dos profissionais é insuficiente para suprir a não comprovação dos correspondentes pagamentos. (Acórdão nº9202005.323, de 30/3/2017) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados ou dos correspondentes pagamentos. Em havendo tal solicitação, é de se exigir do contribuinte prova da referida efetividade. (Acórdão nº9202005.461, de 24/5/2017) IRPF. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO CORRESPONDENTE PAGAMENTO. A Lei nº 9.250/95 exige não só a efetiva prestação de serviços como também seu dispêndio como condição para a dedução da despesa médica, isto é, necessário que o contribuinte tenha usufruído de serviços médicos onerosos e os tenha suportado. Tal fato é que subtrai renda do sujeito passivo que, em face do permissivo legal, tem o direito de abater o valor correspondente da base de cálculo do imposto sobre a renda devido no ano calendário em que suportou tal custo. Havendo solicitação pela autoridade fiscal da comprovação da prestação dos serviços e do efetivo pagamento, cabe ao contribuinte a comprovação da dedução realizada, ou seja, nos termos da Lei nº 9.250/95, a efetiva prestação de serviços e o correspondente pagamento. (Acórdão nº2401004.122, de 16/2/2016) Portanto, os recibos médicos não são uma prova absoluta para fins da dedução. Nesse sentido, entendo possível a exigência fiscal de comprovação do pagamento da despesa ou, alternativamente, a efetiva prestação do serviço médico, por meio de receitas, exames, prescrição médica. Na verdade, é não só direito mas também dever da Fiscalização exigir provas adicionais quanto à despesa declarada em caso de dúvida quanto a sua efetividade ou ao seu pagamento. A legislação tributária reproduzida outorga essa Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 123 8 competência ao agente fiscal. Negar tal permissão significa avançar indevidamente sobre a condução da ação fiscalizadora estatal, restringindo o dever legal de investigação dos fatos, devidamente autorizado pela norma regulamentar. Ao se beneficiar da dedução da despesa em sua Declaração de Ajuste Anual, o contribuinte deve se acautelar na guarda de elementos de provas da efetividade dos pagamentos e dos serviços prestados. Importa salientar que não é o Fisco quem precisa provar que as despesas médicas declaradas não existiram, mas o contribuinte quem deve apresentar as devidas comprovações quando solicitado, visto que o uso de deduções em sua declaração de ajuste reduz a base de cálculo do IR. Esclareçase que a exigência da comprovação da efetividade do pagamento não conflita com a presunção de boafé da contribuinte, porquanto não se cogita, naquele momento, da existência de máfé na conduta do fiscalizado, mediante a prática de atos de falsidade, que levaria à aplicação de penalidade majorada. Do exame dos autos, constato que, no curso da ação fiscal, a contribuinte fora intimada a comprovar o efetivo pagamento da despesa com o profissional Fernando Ribeiro, não tendo apresentado documentação hábil a esse fim. Em sua impugnação, juntou recibos (fls.12/14) e relatório (fl.25) emitidos pelo profissional, os quais não foram considerados hábeis pelo colegiado de primeira instância a fazer a prova exigida, conforme se extrai do trecho a seguir reproduzido: 9. Dessa forma, a prova definitiva e incontestável da despesa médica, nesses casos, é feita com a apresentação de documentos que comprovem a transferência de numerário (o pagamento) e de documentos que comprovem a realização do serviço (laudos). A existência de recibos, por si só, nesses casos, não tem este condão. O recibo é apenas uma prova simples que pode ser contestada por diversos elementos coletados no decorrer da ação fiscal; 9.1. Como solução alternativa, o interessado poderia demonstrar a realização dos serviços através de cópias de exames, laudos, requisições, prontuários, fichas de atendimento ou outros documentos de natureza similar que servissem de sustentação ao conteúdo dos recibos. .... 9.1.2. Já os recibos das despesas relativas ao odontólogo FERNANDO SILVA VILELA RIBEIRO carecem da prova do efetivo pagamento e/ou da efetividade na prestação do serviço. Nada foi juntado aos autos para conferir efetividade a essa despesa. Nesta hipótese, esbarra no requisito da especificação, a que alude o RIR/99, art. 80, §1º, III, e, assim, a glosa no valor de R$ 18.709,00 fica confirmada. 10. Esclareçase que a autuação não possui como fundamento a falsidade documental, mas a falta de comprovação da efetividade do pagamento e da prestação dos serviços, em Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 124 9 decorrência da imprestabilidade dos recibos, apresentados isoladamente, para fruição do benefício fiscal. Em seu recurso, a recorrente junta novo relatório emitido pelo profissional (fl.78) e mídias (fls.82/114), que demonstrariam os serviços realizados. Registro que, a teor do artigo 29 do Decreto nº 70.235, de 1972, na apreciação da prova, o julgador formará livremente sua convicção. Da análise dos documentos juntados, entendo que não há reparos a se fazer à decisão de piso. Destaco que o profissional consignou que os pagamentos teriam sido efetuados de diversas formas: depósito, cheque, dinheiro, transferência. Assim, a recorrente disporia de meios para fazer a prova exigida, por meio, por exemplo, dos comprovantes de transferências e de depósitos, de cópias de cheques emitidos ou da realização de saques. No tocante à mídia juntada, ainda que viesse a ser confirmado que se refere à recorrente, não é possível certificar que seriam decorrentes de tratamentos realizados no ano calendário que se analisa, pelo profissional indicado. As alegações acerca da disponibilidade de renda para respaldar os pagamentos e do fato de que o profissional teria declarado rendimentos à RFB não socorrem a recorrente, visto que lhe foi exigida a comprovação do efetivo pagamento dessas despesas. Assim, na ausência da comprovação exigida, não há reparos a se fazer à decisão de piso nesse tocante. Conclusão Pelo exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário, para cancelar a omissão de rendimentos apontada na autuação. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Voto Vencedor Thiago Duca Amoni Redator designado Peço vênia a ilustre Relatora para discordar do entendimento proferido em seu voto. As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99): Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 125 10 Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; : Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). §1ºO disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento (grifos nossos) O trecho em destaque é claro quanto a idoneidade de recibos e notas fiscais, desde que preenchidos os requisitos legais, como meios de comprovação da prestação de serviço de saúde tomado pelo contribuinte e capaz de ensejar a dedução da despesa do montante de IRPF devido, quando da apresentação de sua DAA. O dispositivo em comento vai além, permitindo ainda que, caso o contribuinte tomador do serviço, por qualquer motivo, não possua o recibo emitido pelo profissional, a comprovação do pagamento seja feita por cheque nominativo ou extratos de conta vinculados a alguma instituição financeira. Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 126 11 Assim, como fonte primária da comprovação da despesa temos o recibo e a nota fiscal emitidos pelo prestador de serviço, desde que atendidos os requisitos legais. Na falta destes, pode, o contribuinte, valerse de outros meios de prova. Ademais, o Fisco tem a sua disposição outros instrumentos para realizar o cruzamento de dados das partes contratantes, devendo prevalecer a boafé do contribuinte. Nesta linha, no acórdão 2001000.388, de relatoria do Conselheiro deste CARF José Alfredo Duarte Filho, temos: (...) No que se refere às despesas médicas a divergência é de natureza interpretativa da legislação quanto à observância maior ou menor da exigência de formalidade da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, e de outro, a busca do direito, pela contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à validade cabal do documento comprobatório, quando se trata tão somente da apresentação da nota fiscal ou do recibo da prestação de serviço. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Lei nº 9.250/95. (...) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (dedução tributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 127 12 honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagador recebedor do valor da prestação de serviço. O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. O termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma." Ainda, há várias outras jurisprudências deste Conselho que corroboram com os fundamentos até então apresentados: Processo nº 16370.000399/200816 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.387 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 18 de abril de 2018 Matéria IRPF DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS Recorrente FLÁVIO JUN KAZUMA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 128 13 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DO DÉBITO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. Processo nº 13830.000508/200923 Recurso nº 908.440 Voluntário Acórdão nº 220201.901 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de julho de 2012 Matéria Despesas Médicas Recorrente MARLY CANTO DE GODOY PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DESPESAS MÉDICAS. RECIBO. COMPROVAÇÃO. Recibos que contenham a indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem prestou os serviços são documentos hábeis, até prova em contrário, para justificar a dedução a título de despesas médicas autorizada pela legislação. Os recibos que não contemplem os requisitos previstos na legislação poderão ser aceitos para fins de dedução, desde que seja apresenta declaração complementando as informações neles ausentes. Assim, às efls. 12 a 14 há os recibos emitidos pelo profissional Fernando Ribeiro, no montante de R$18.709,00. Feitas estas considerações, conheço do presente Recurso Voluntário para, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10670.720864/201173 Acórdão n.º 2002000.855 S2C0T2 Fl. 129 14 Fl. 129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13882.001587/2008-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2007
DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Podem ser deduzidos como despesas médicas os valores pagos pelo
contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar elementos de prova da efetividade dos serviços prestados ou dos correspondentes pagamentos. Para fazer prova das despesas
médicas pleiteadas como dedução na declaração de ajuste anual, os
documentos apresentados devem atender aos requisitos exigidos pela legislação do imposto sobre a renda de pessoa física.
Na hipótese, o contribuinte não logrou comprovar a efetiva realização das despesas declaradas.
Numero da decisão: 2101-001.804
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Nome do relator: CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY
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DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO. Podem ser deduzidos como despesas médicas os valores pagos pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar elementos de prova da efetividade dos serviços prestados ou dos correspondentes pagamentos. Para fazer prova das despesas médicas pleiteadas como dedução na declaração de ajuste anual, os documentos apresentados devem atender aos requisitos exigidos pela legislação do imposto sobre a renda de pessoa física. Na hipótese, o contribuinte não logrou comprovar a efetiva realização das despesas declaradas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ________________________________________________ LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. (assinado digitalmente) ________________________________________________ Fl. 139DF CARF MF Impresso em 02/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 2 CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Gonçalo Bonet Allage, José Raimundo Tosta Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa e Celia Maria de Souza Murphy (Relatora). Relatório Trata o presente processo de Notificação de Lançamento contra o contribuinte em epígrafe, médico, na qual foi feita glosa de despesas médicas no valor de R$ 56.670,00, por falta de comprovação ou de previsão legal para a dedução. Segundo relato da Fiscalização (fls. 5), o contribuinte foi intimado a comprovar o efetivo pagamento e a efetiva utilização dos serviços profissionais declarados, uma vez que os recibos médicos apresentados, da forma como foram emitidos e sem as provas dos efetivos pagamentos e prestação dos serviços, careciam de idoneidade e caracterizavam indícios de irregularidades. Ainda de acordo com o relato da Fiscalização, em resposta à intimação, o contribuinte não logrou comprovar de forma inequívoca os pagamentos efetuados, apresentando apenas declarações e laudos dos profissionais relacionados para atestar a prestação de serviços e pagamentos em espécie. Em decorrência dessas constatações, foram glosadas as despesas a seguir relacionadas: Margareth C. Aguiar: R$ 8.000,00 Paulo Roberto C. Coelho: R$ 5.000,00 Ana Luiza A Prudente: R$ 7.600,00 Raquel Oliveira M. Brasil: R$ 4.100,00 Lizzie Helena R. S.Coelho: R$10.000,00 Elaine C B Rois Castro: R$ 5.000,00 Geiza Amelia Baptista Hamad: R$ 9.800,00 Mirian Rois M. Santos: R$ 7.170,00 Em 18.12.2008, o contribuinte impugnou lançamento (fls. 1 a 3), e, pedindo a nulidade do “Auto de Infração”, alega, em síntese, que (a) não houve questionamento quanto à efetividade da prestação dos serviços; (b) o procedimento decorre, apenas, da pretensa falta de comprovação do "efetivo pagamento aos profissionais"; (c) inexiste obrigatoriedade legal de as pessoas efetuarem pagamentos apenas por meio de cheque, cartão de crédito, transferência bancária etc.; (d) nos termos do artigo 80, parágrafo 1°, inciso III, do RIR/99, o recibo de prestação de serviços é documento hábil a comprovar a efetividade das despesas médicas, desde que dele constem nome, endereço e número de inscrição no CPF; (e) a autoridade fiscal não pode desconsiderar recibos que preencham os requisitos da Lei, pelo simples fato de o contribuinte não ter apresentado comprovante do pagamento do valor objeto do recibo, posto Fl. 140DF CARF MF Impresso em 02/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 13882.001587/200801 Acórdão n.º 2101001.804 S2C1T1 Fl. 2 3 que realizado em moeda corrente; e (f) a comprovação da despesa médica através de recibo não é suficiente para afastar sua dedutibilidade. A 8.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo 2 (SP) julgou a impugnação improcedente, por meio do Acórdão n.º 1738.827, de 8 de março de 2010, com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 GLOSA DE DEDUÇÕES COM DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. Mantidas as glosas de despesas médicas, visto que o direito às suas deduções condicionase à comprovação dos correspondentes pagamentos, a juízo da autoridade fiscal. Inteligência do artigo 11, §3°, do Decretolei n° 5.844/43 e artigo 73 do RIR/99. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário às fls. 130 a 133 (equivocadamente numeradas 30 a 33), no qual, citando e transcrevendo ementas de julgados no âmbito administrativo, alega que o recibo é documento hábil e suficiente para comprovar o efetivo pagamento das despesas médicas, e, no caso de pagamentos em espécie, é um absurdo ter que comprovar os saques, coincidentes em datas e valores, com os extratos bancários, pois isto significa dizer que ninguém pode reter e acumular dinheiro em seu poder e com ele efetuar pagamento válido. Além disso, salienta que, em momento algum, foi apontado qualquer vício nos respectivos recibos. Por fim, ao contrário do que pensa o relator, o ônus da prova compete a quem acusa, e, se alguma objeção ou suspeita existisse quanto à prestação do serviço profissional e qualquer vício no tocante aos recibos, caberia ao Fisco apontálo de forma clara e objetiva. Pede que seu recurso seja acolhido e, no mérito, julgado procedente. É o Relatório. Voto Conselheira Celia Maria de Souza Murphy O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais previstos no Decreto n° 70.235, de 1972. Dele conheço. O lançamento constante deste processo originouse de procedimento de revisão de declaração, previsto no artigo 835 do Decreto n.° 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto sobre a Renda. Tal dispositivo prevê, in verbis: Fl. 141DF CARF MF Impresso em 02/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 4 Art. 835. As declarações de rendimentos estarão sujeitas a revisão das repartições lançadoras, que exigirão os comprovantes necessários (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 74). § 1° A revisão poderá ser feita em caráter preliminar, mediante a conferência sumária do respectivo cálculo correspondente à declaração de rendimentos, ou em caráter definitivo, com observância das disposições dos parágrafos seguintes. § 2° A revisão será feita com elementos de que dispuser a repartição, esclarecimentos verbais ou escritos solicitados aos contribuintes, ou por outros meios facultados neste Decreto (DecretoLei n°5.844, de 1943, art. 74, § 1°). § 3° Os pedidos de esclarecimentos deverão ser respondidos, dentro do prazo de vinte dias, contados da data em que tiverem sido recebidos (Lei n° 3.470, de 1958, art. 19). § 4° O contribuinte que deixar de atender ao pedido de esclarecimentos ficará sujeito ao lançamento de oficio de que trata o art. 841 (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 74, §3°, e Lei n° 5.172, de 1966, art. 149, inciso III)." Os dispositivos acima transcritos autorizam a autoridade fiscalizadora a exigir esclarecimentos sobre o conteúdo da Declaração de Ajuste Anual do contribuinte. Além disso, mais especificamente, o artigo 73 do Decreto n.º 3.000, de 1999, que tem por matriz legal o artigo 11 do DecretoLei n.º 5.844, de 1943, autorizaa a exigir comprovação ou justificação de todas as deduções pleiteadas pelo contribuinte em sua declaração de ajuste, nos seguintes termos: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). [...]. Sobre a forma como devem ser comprovadas as deduções utilizadas, na declaração de imposto sobre a renda de pessoa física de ajuste, com despesas médicas, vejamos o que diz o artigo 8.º da Lei n.º 9.250, de 1995: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames Fl. 142DF CARF MF Impresso em 02/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 13882.001587/200801 Acórdão n.º 2101001.804 S2C1T1 Fl. 3 5 laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; [...] § 2º O disposto na alínea a do inciso II: [...] II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; [...] (g. n.) Depreendese, dos dispositivos acima transcritos, que a comprovação de despesas médicas, para fins de dedução do imposto sobre a renda, deve ser apta a demonstrar tanto a prestação do serviço propriamente dita, ao próprio contribuinte ou a dependente seu, quanto o seu efetivo pagamento, feito ao profissional, pelo contribuinte, em valor correspondente à referida prestação, tudo de forma especificada. Na presente hipótese, o contribuinte, desde o início do procedimento fiscal, foi instado a comprovar o efetivo pagamento das despesas médicas deduzidas, tal como informado pelo agente da Fiscalização, na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, integrante da Notificação de Lançamento (fls. 5) e conforme se verifica do Termo de Intimação Fiscal, às fls. 21 e da Intimação Malha Fiscal às fls. 90 e 91. Nesta última, o contribuinte foi especificamente intimado a comprovar o efetivo pagamento das despesas declaradas, por meio de cópias de cheques, ordens de pagamento, transferências e extratos bancários que registrassem tais operações ou quaisquer outros documentos que comprovassem os pagamentos efetuados. Todavia, limitouse a trazer aos autos os documentos às fls. 22 a 85 e 95 a 112verso. Das provas acostadas, interessam à presente análise apenas aquelas concernentes às despesas médicas glosadas, provas essas que passamos a apreciar, ante a legislação reguladora da matéria: a) Margareth C. Aguiar S Ferreira: R$ 8.000,00 A título de “tratamento psicoterápico” com esta profissional, o contribuinte acostou recibos às fls. 37 a 42, emitidos mensalmente, no dia 10, a partir de fevereiro de 2006 até dezembro do mesmo ano, sendo que, de fevereiro a agosto, o valor individual corresponde a R$ 720,00; nos meses de setembro a dezembro, o montante de cada recibo é de R$ 740,00, totalizando R$ 8.000,00 referentes a despesas com psicoterapia. Às fls. 97, consta declaração na qual a profissional atesta que prestou atendimento ao contribuinte em “tratamento psicoterápico” e “terapia alimentar”, e que, devido Fl. 143DF CARF MF Impresso em 02/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 6 às perdas ocorridas no ano de 2005, o contribuinte sofria de “depressão” e “baixa estima”, sendo os pagamentos efetuados “em espécie”. b) Paulo Roberto C. Coelho: R$ 5.000,00 O recorrente apresentou recibos preenchidos de forma incompleta, emitidos por este médico oftalmologista, às fls. 61 a 65, correspondentes aos meses de janeiro, fevereiro e maio a dezembro de 2006, no valor de R$ 500,00 cada, totalizando o montante de R$ 5.000,00. Às fls. 98, consta declaração na qual o profissional atesta que o contribuinte foi submetido a cirurgia de ceratoplastia (Lasik), para correção de miopia e astigmatismo em ambos os olhos em 2003. Todavia, complementa, tendo apresentado recidiva de parte da miopia, foi proposta, em 2006 uma nova intervenção para corrigir o grau remanescente, realizandose retoque em ambos os olhos. Para tanto, teria sido paga a importância, de cinco mil reais, parcelados. Complementam o conjunto probatório receita médica às fls. 99 e exame identificado na informação às fls 93 como “mapeamento ocular” (item 2), com data de “20.11.00”, às fls. 100 a 102. c) Ana Luiza A Prudente: R$ 7.600,00 O recorrente apresentou recibos às fls. 49 a 54, emitidos de fevereiro a novembro de 2006, referentes a “tratamento odontológico”. De fevereiro a setembro, foi emitido um recibo a cada mês, no valor de R$ 600,00 cada. Nos meses de outubro e novembro, foram emitidos dois recibos em cada mês: em 6 de outubro e 4 de novembro, no valor de R$ 600,00 cada; em 14 de outubro e 6 de novembro, no valor de R$ 800 cada. O montante anual corresponde a R$ 7.600,00. d) Raquel Oliveira M. Brasil: R$ 4.100,00 Foram juntados recibos, emitidos de forma incompleta por esta profissional, às fls. 67 e 68, correspondentes aos meses de março, abril, maio e junho de 2006, respectivamente nos montantes de R$ 700,00, R$ 400,00, R$ 600,00 e R$ 550,00. O somatório dos recibos corresponde a R$ 2.250,00. Às fls. 103 consta documento manuscrito parcialmente ilegível. A partir da informação do contribuinte, às fls. 93, podese inferir que tal papel corresponde a “ficha individual da paciente” Dayse Aparecida Alves Reis Monteiro Barbosa a que se refere o item 3. Foi ainda anexado “Relatório Fisioterápico” (fls. 104), em papel em cujo cabeçalho lêse “DRª RAQUEL OLIVEIRA MOURA BRASIL CREFITO 69643”, no qual se atesta que a paciente Dayse Aparecida Alves Reis Monteiro Barbosa procurou atendimento fisioterápico em domicílio devido a fortes dores na cabeça e na coluna cervical, tendo sido diagnosticada com tensão na musculatura de trapézio direito e esquerdo, rotação das vértebras cervicais e formigamento do membro superior direito. No “Relatório Fisioterápico” apresentado não consta data, assinatura ou identificação do responsável pela sua emissão. e) Lizzie Helena R. S.Coelho: R$10.000,00 Fl. 144DF CARF MF Impresso em 02/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 13882.001587/200801 Acórdão n.º 2101001.804 S2C1T1 Fl. 4 7 O recorrente apresentou recibos com preenchimento incompleto às fls. 43 a 48, emitidos mensalmente, de janeiro a dezembro, nos montantes de R$ 900,00 cada, de janeiro a abril e de R$ 800,00 cada os demais. O somatório dos recibos corresponde a R$ 10.000,00. Às fls. 105 consta documento no qual a cirurgiãdentista atesta que o tratamento realizado consistiu em dois implantes, no valor de R$ 3.000,00 cada e duas cirurgias de implante, no valor de R$ 1.000,00 cada, mais acompanhamento radiográfico mensal no valor de R$ 2.000,00. e) Elaine C B Rois Castro: R$ 5.000,00 O recorrente apresentou recibos preenchidos de forma incompleta às fls. 55 a 60, referentes a “terapia fonoaudiológica”, emitidos mensalmente, de janeiro a dezembro de 2006, no valor individual de R$ 400,00, de janeiro a outubro e R$ 500,00 cada em novembro e dezembro, totalizando o montante de R$ 5.000,00. Às fls. 106, foi anexada declaração da profissional, na qual consta que Dayse Aparecida A. R. M. Barbosa foi sua paciente em 2006 e que pagou seus honorários “em espécie”. f) Geiza Amelia Baptista Hamad: R$ 9.800,00 Foram acostados recibos às fls. 31 a 36, referentes a “tratamento fisioterapêutico”, emitidos mensalmente, de janeiro a dezembro de 2006, no valor individual de R$ 800,00, de janeiro a agosto e de R$ 850,00 cada de setembro dezembro, totalizando o montante de R$ 9.800,00. Às fls. 111, o recorrente fez anexar “Relatório da Avaliação” emitido pela profissional, no qual indica diagnóstico de várias moléstias e atesta que o paciente não tem data determinada para “receber alta fisioterapêutica”. É possível que o pedido de 10 sessões de fisioterapia por lombalgia, às fls. 107, tenha sido anexado aos autos para complementar o conjunto probatório das despesas declaradas com esta profissional. No entanto, referido documento não contém identificação legível do médico e tampouco há referência a este pedido no “Relatório de Avaliação” às fls. 111. g) Mirian Rois M. Santos: R$ 7.170,00 O recorrente apresentou recibos às fls. 25 a 30, referentes a “terapia fonoaudiológica”, emitidos mensalmente, de janeiro a dezembro de 2006, totalizando o montante de R$ 7.170,00. Às fls. 95, fez anexar “Relatório da Avaliação e Terapia Fonoaudiológicas”, no qual a profissional atesta que o contribuinte, que “utiliza a voz como instrumento de trabalho”, foi diagnosticado com “disfonia funcional (mau uso da voz)” e, pelo serviço prestado, recebeu os pagamentos relacionados. Considerações gerais Fl. 145DF CARF MF Impresso em 02/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 8 Do exame dos autos, verificase, no cômputo geral, que (i) a alegação de pagamento em dinheiro não ficou comprovada; (ii) os documentos com os quais se pretende comprovar as despesas nem sempre cumprem os requisitos mínimos estipulados na Lei n.º 9.250, de 1995. Primeiramente, analisando os documentos com os quais o contribuinte pretende comprovar as despesas com tratamento odontológico com (i) Ana Luiza Prudente e (ii) Lizzie Helena R. S.Coelho, verifiquei que, além de não comprovarem os pagamentos “em espécie” que afirmou ter feito, são, no primeiro caso, genéricos (meros recibos com descrição inespecífica de “tratamento odontológico”) e, no segundo, os não cumprem nem mesmo os requisitos mínimos exigidos pelo artigo 8.° da Lei n.° 9.250, de 1995. Sendo assim, temse que os documentos acostados pelo recorrente não são suficientes para comprovar de forma satisfatória as despesas odontológicas declaradas. No tocante às demais despesas, destacase que o contribuinte, médico, além de prestar serviços para a Unimed Guaratinguetá (fls. 15), era, no anocalendário sob análise, titular de dois seguros (“Seguro VG” e “Seguro Serit Mais”) e de plano de saúde (“Plano Médico Master”) da mesma Cooperativa de Trabalho Médico (vide fls. 85). No “Guia Médico” disponível na página da internet da Unimed Guaratinguetá (www.unimedguaratingueta.com.br), podese constatar que a cooperativa oferece serviços de oftalmologia, fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia. No entanto, o contribuinte declarou ter incorrido em despesas com tratamentos de saúde particulares e dispendiosos. O fato de ser titular de plano de saúde que inclui todos os serviços declarados, por si só, não impede que o contribuinte incorra em elevados dispêndios com tratamento médico, psicológico, fisioterápico e fonoaudiológico em caráter particular, para si e sua dependente, tal como ocorreu na hipótese. Todavia, nos casos em que isso ocorre, a fim de convencer o julgador que a despesa foi efetivamente realizada, é necessário que o contribuinte seja particularmente cuidadoso na produção das provas, com o objetivo de justificar a opção pela não utilização dos serviços oferecidos pela própria cooperativa de serviços médicos da qual é titular de plano médico, preferindo realizar tratamentos em caráter particular, ainda mais quando se trata de tratamentos prolongados, dispendiosos e quando se alega que todos os pagamentos foram feitos “em dinheiro”, tal como ocorreu neste processo. Em casos como o que aqui se analisa, em que os valores declarados a título de despesa com tratamento de saúde são expressivos, os tratamentos prolongados, o contribuinte é titular de plano de saúde mas não o utiliza e alega que todos os pagamentos pelos serviços médicos foram feitos “em espécie”, tenho entendido ser necessário apresentar outros documentos além dos recibos e declarações dos profissionais prestadores dos serviços, mesmo quando esses documentos cumprem os requisitos mínimos do artigo 8.° da Lei n.° 9.250, de 1995 (o que, como se viu, nem mesmo é a regra neste processo). Para comprovar a efetiva realização dos serviços de saúde, o conjunto probatório pode ser formado por documentos tais como fichas médicas ou odontológicas, receitas, exames, notas fiscais de aquisição de medicamentos, entre outros. Para comprovar o efetivo pagamento pelos serviços, podem ser trazidos aos autos quaisquer documentos hábeis e idôneos, tais como cópias dos cheques utilizados para pagamento dos serviços, comprovantes de transferências bancárias ou DOC, entre outros. No caso de pagamentos “em espécie”, recomendase apresentar cópias dos extratos bancários nos quais figurem os saques que tenham lastreado tais pagamentos, principalmente quando o contribuinte, tal como ocorreu na hipótese, foi especificamente intimado, ainda no procedimento fiscal, para produzir tal prova. Fl. 146DF CARF MF Impresso em 02/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 13882.001587/200801 Acórdão n.º 2101001.804 S2C1T1 Fl. 5 9 O contribuinte alega, em sua peça recursal, que o recibo é documento hábil e suficiente para comprovar o efetivo pagamento das despesas médicas, e, no caso de pagamentos em espécie, é um absurdo ter que comprovar os saques, coincidentes em datas e valores, com os extratos bancários, pois isto significa dizer que ninguém pode reter e acumular dinheiro em seu poder e com ele efetuar pagamento válido. Sobre o tema, importante pontuar que o contribuinte pessoa física, sempre que enquadrado nos requisitos da legislação de regência, deve preencher, anualmente, sua Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda, sendo dever do declarante prestar as informações conforme a verdade. Uma vez regularmente intimado pela Fiscalização a comprovar as deduções efetuadas, deve estar apto a fazêlo, caso contrário as deduções são glosadas, nos moldes previstos no artigo 73 do Decreto n.º 3.000, de 1999, que tem por matriz legal o artigo 11 do DecretoLei n.º 5.844, de 1943. Impugnando o lançamento, o contribuinte deve instruir os autos do processo administrativo fiscal com provas fortes o suficiente para respaldar seus argumentos. Quanto mais robustas as provas trazidas aos autos, mais fácil se torna o convencimento do julgador quanto à veracidade das alegações suscitadas. É que a convicção do julgador não é formada por meras alegações sem provas, nem por uma única prova isolada, nem por determinadas provas, mas por todo o conjunto probatório juntado aos autos. Sendo assim, é de suma importância que os argumentos apresentados sejam coerentes e, confrontados com as provas, demonstrem, de forma inequívoca, que os fatos ocorreram da forma descrita. No presente caso, além dos documentos acostados, o contribuinte poderia ter trazido outros, de modo a complementar as provas dos autos, a fim de não deixar qualquer dúvida que os serviços de saúde foram prestados, e, igualmente importante, deveria ter trazido provas do efetivo pagamento dos serviços, tal como exigido desde o início do procedimento fiscal. Todavia, assim não procedeu o interessado. Observase que algumas das provas anexadas não são contemporâneas aos fatos, tal como o exame às fls. 100 a 102, que precede em seis anos a alegada cirurgia oftálmica declarada no anocalendário 2006. Há ainda receitas médicas e recomendação de “fisioterapia” em papel timbrado da Prefeitura Municipal de Guaratinguetá (fls. 107 a 110), com trechos ilegíveis e identificação do médico também ilegível. Além disso, não ficou demonstrada qualquer correlação entre os referidos exame, recomendação e receitas e os tratamentos declarados, providência recomendável quando se considera que os julgadores administrativos não possuem, via de regra, formação acadêmica que os permita fazer essa correlação e tirar conclusões. O recorrente salienta que, em momento algum, foi apontado qualquer vício nos recibos; ao contrário do que pensa o relator da decisão a quo, o ônus da prova compete a quem acusa, e, se alguma objeção ou suspeita existisse quanto à prestação do serviço profissional e qualquer vício no tocante aos recibos, caberia ao Fisco apontálo de forma clara e objetiva. Sobre os argumentos suscitados, oportuno lembrar que o processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União não é sede apropriada para a discussão de vícios em documentos fornecidos à Secretaria da Receita Federal do Brasil. Verificase, do exame dos autos, que os documentos originais apresentados pelo contribuinte foram retidos para averiguação, conforme consta do Termo de Retenção de Documentos às fls. 92. Se for o caso, aquele órgão instaurará o procedimento adequado. Fl. 147DF CARF MF Impresso em 02/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 10 Ainda sobre aqueles argumentos, ressalto que, conforme anteriormente destacado, todas as deduções do imposto sobre a renda estão sujeitas a comprovação ou justificação. Os comprovantes das despesas médicas declaradas não precisam ser apresentados no momento da entrega da declaração anual de ajuste. Todavia, podem ser exigidos em procedimento de fiscalização, tal como ocorreu na hipótese, e, neste caso, é importante que o contribuinte possa comprovar as despesas de forma satisfatória. Caso contrário, as deduções não são restabelecidas no âmbito administrativo. E, conforme afirmado anteriormente, no caso de despesas médicas, ainda que presentes todas as formalidades exigidas pelo artigo 8.°, § 2.°, III, da Lei n.° 9.250, de 1995 (o que, como visto, nem sempre ocorreu, no caso em análise), os documentos apresentados pelo interessado podem ser considerados insuficientes para comprovar as despesas médicas declaradas. Por fim, ao longo da peça recursal, o contribuinte cita e transcreve ementas de julgados deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF que entende virem ao encontro de seus argumentos. A respeito deste tema, impende salientar que as decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não estão vinculadas a outras decisões administrativas válidas somente entre as partes integrantes do processo. O livre convencimento do julgador permite que a decisão proferida, baseada na lei, tenha por supedâneo o argumento que entender razoável ou cabível ao caso concreto, desde que devidamente fundamentada, explicitadas as razões de fato e de direito que o levaram a tal convicção. Não há, portanto, reparos a fazer na decisão a quo. Conclusão Ante todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) _________________________________ Celia Maria de Souza Murphy Relatora Fl. 148DF CARF MF Impresso em 02/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 23/ 08/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10880.944988/2013-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.562
Decisão:
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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(assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório A interessada apresentou pedido de ressarcimento de contribuição não cumulativa, cumulado com compensação de débitos próprios. O pedido foi indeferido pela unidade de origem e não foram homologadas as compensações vinculadas. Irresignada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, onde afirma que houve erros graves nas planilhas elaboradas pela fiscalização, contesta as glosas efetuadas e defende a legitimidade de seu pleito. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 07039.530. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 44 98 8/ 20 13 -3 9 Fl. 1357DF CARF MF Processo nº 10880.944988/201339 Resolução nº 3201001.562 S3C2T1 Fl. 3 2 Inconformada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, o recurso voluntário ora em apreço, por meio do qual alega, em síntese que: As glosas sobre as aquisições de sebo bovino e crédito presumido foram objeto de contestação em processo administrativo próprio, e o pleito já foi lá deferido; O acórdão discutido deixou de se manifestar sobre a oposição a determinadas glosas, de tal sorte que deve ser anulado; Não se justificam as glosas mantidas em relação aos itens especificados na reclamação.; Deve incidir taxa Selic sobre o ressarcimento. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201001.553, de 29 de janeiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.944979/201348, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução nº 3201001.553): "Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso deve ser conhecido. A Recorrente apresentou pedido de ressarcimento da Cofins referente ao 1º trimestre 2012 (origem na receita de mercado externo). Indeferido, apresentou manifestação de inconformidade, ao final considerada improcedente pela DRJ (antes de proferido o acórdão recorrido, em face dos argumentos de defesa, a DRJ baixou os autos em diligência, mediante mero despacho. A Informação Fiscal de fls. 1242 e ss. manteve, no entanto, o indeferimento de todo o valor pleiteado). Noticiam os autos que há muitos outros processos do mesmo Recorrente, tratando da mesma matéria: pedidos de ressarcimento. E vemos, também, que, para o mesmo período de apuração, há diferentes processos, pleiteando, separadamente, créditos de PIS/Cofins, com origem em operações do mercado interno, mercado externo e crédito presumido. Nesse contexto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a unidade preparadora reúna todos os processos do mesmo período (mercado interno, mercado externo e crédito presumido), tanto de PIS como de Cofins, ainda que em algum deles já tenha decisão transitado em julgado." Fl. 1358DF CARF MF Processo nº 10880.944988/201339 Resolução nº 3201001.562 S3C2T1 Fl. 4 3 Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora reúna todos os processos do mesmo período (mercado interno, mercado externo e crédito presumido), tanto de PIS como de Cofins, ainda que em algum deles já tenha decisão transitado em julgado. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 1359DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19647.004707/2005-31
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2000
IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTOS. LEGALIDADE.
A imputação proporcional dos pagamentos referentes a tributos, penalidades pecuniárias ou juros de mora, na mesma proporção em que o pagamento o alcança, encontra amparo no artigo 163 do Código Tributário Nacional.
DENUNCIA ESPONTÂNEA. ART 138 DO CTN. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INAPLICABILIDADE.
Para fins de denúncia espontânea, nos termos do art. 138, do CTN, a compensação tributária, sujeita a posterior homologação, não equivale a pagamento, não se aplicando, por conseguinte, o afastamento da multa moratória decorrente pelo adimplemento a destempo
Numero da decisão: 9101-004.129
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, quanto à matéria "denúncia espontânea", por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Luis Fabiano Alves Penteado e Lívia De Carli Germano, que lhe deram provimento; quanto à imputação proporcional, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Lívia De Carli Germano, que lhe deu provimento.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Demetrius Nichele Macei - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano e Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: DEMETRIUS NICHELE MACEI
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2000 IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTOS. LEGALIDADE. A imputação proporcional dos pagamentos referentes a tributos, penalidades pecuniárias ou juros de mora, na mesma proporção em que o pagamento o alcança, encontra amparo no artigo 163 do Código Tributário Nacional. DENUNCIA ESPONTÂNEA. ART 138 DO CTN. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INAPLICABILIDADE. Para fins de denúncia espontânea, nos termos do art. 138, do CTN, a compensação tributária, sujeita a posterior homologação, não equivale a pagamento, não se aplicando, por conseguinte, o afastamento da multa moratória decorrente pelo adimplemento a destempo Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, quanto à matéria "denúncia espontânea", por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Luis Fabiano Alves Penteado e Lívia De Carli Germano, que lhe deram provimento; quanto à imputação proporcional, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencida a conselheira Lívia De Carli Germano, que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 00 47 07 /2 00 5- 31 Fl. 417DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano e Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Relatório Tratase de processo de compensação de crédito originado em saldo negativo de IRPJ do ano 2000, no valor de R$ 155.636,23 e diversos débitos fiscais, entre os quais o IRPJ de novembro de 2002 (PER/DCOMP efls. 136 a 142). O Despacho Decisório DRF/REC (efl. 155) homologou o pedido da contribuinte até o limite do crédito apurado (efl. 146 do Relatório de Informação Fiscal), ou seja, admitiu os R$ 155.636,23, porém, apesar de reconhecido totalmente, foi insuficiente para extinguir os débitos informados (efl. 237). A ciência do mencionado despacho se deu em 02 de abril de 2007, conforme efl. 158. A contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (efls. 162 a 173) alegando que o Relatório de Informação Fiscal concluiu que o saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2000 seria igual ao pleiteado originalmente pela contribuinte. À efl. 164, a manifestante diz que “Segundo se infere dos demonstrativos anexados ao Relatório de Informação Fiscal (que não dá qualquer fundamento para suas conclusões), a homologação parcial devese a inclusão de exigência de multa de mora, que não foi recolhida pela contribuinte. Isso levou à utilização do crédito da contribuinte de forma mais célere, esgotandoo com menos débitos fiscais.” Entendendo, portanto, que o Despacho Decisório não representara o melhor direito a contribuinte alegou em sua manifestação que no presente caso teria ocorrido a denúncia espontânea, pois em constatou em dezembro de 2003 que possuía débitos fiscais de IRPJ de novembro de 2002 e, então, decidindo regularizar sua situação perante o Fisco, espontaneamente realizou a compensação com crédito fiscal que detinha, originário do saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2000, não podendo, assim, ser aplicada a multa moratória, nos termos do artigo 138, do CTN. Outro argumento levantado, foi o da ilegalidade da imputação proporcional de principal e multa. Neste ponto, a contribuinte defende que a Administração não pode qualificar como pagamento de multa o recolhimento de tributo, pois não lhe cabe a competência para alterar a natureza de um pagamento, mesmo porque não há previsão normativa expressa lhe autorizando a agir de tal maneira. Por fim, explicou que o Despacho Decisório resultou de uma revisão de ofício de lançamento do processo administrativo nº 19647.009690/200699, lavrado contra a TIM Nordeste S/A (sucessora da TELERN Celular S/A), que decorreu da verificação de que a metodologia de cálculo utilizada para realizar as autuações fiscais estaria em desacordo com a interpretação adotada pela solução de consulta interna nº 18. Essa solução de consulta, datada Fl. 418DF CARF MF Processo nº 19647.004707/200531 Acórdão n.º 9101004.129 CSRFT1 Fl. 418 3 de 13.10.06, é posterior aos Autos de Infração lavrados, datados de 09.10.06, motivo pelo qual, para o Relatório de Informação Fiscal, a revisão de ofício seria indispensável. Assim, o processo administrativo nº 19647.009690/200699 teve parte do crédito tributário apartado para integrar novos processos específicos e objeto de cobrança espontânea, acrescidos de multa de mora e juros Selic. Em decorrência de tal desmembramento, a contribuinte oi intimada de 18 despachos decisórios, a maioria fruto de supostas compensações indevidas, com a cobrança de valores a título de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Contudo, como alega a contribuinte à efolha 170, de sua Manifestação de Inconformidade, o novo valor total exigido por intermédio dos 18 despachos decisórios recebidos pela contribuinte, até o momento, é superior ao valor diminuído pela revisão de ofício havida nos autos do processo administrativo nº 19647.009690/200699. Em suma, a contribuinte defende que está diante de uma indevida alteração no lançamento regularmente notificado e que não se coaduna com a legislação de regência (arts.145 e 149 do CTN). Na sequência, à efl. 231, a 3ª Tuma da DRJ em Recife, sob o acórdão 11 26.938, em 10 de julho de 2009, indeferiu a manifestação da contribuinte, por unanimidade de votos. Vejase a ementa de tal decisão: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIUTÁRIO Anocalendário: 2000 CRÉDITO RECONHECIDO. COMPENSAÇÃO DOS DÉBITOS. LIMITE. Reconhecido o direito creditório, homologase a compensação declarada até o limite do crédito reconhecido. COMPENSAÇÃO. DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE JUROS E DE MULTA DE MORA. Na compensação espontânea efetuada pelo sujeito passivo, os débitos vencidos sofrerão a incidência de acréscimos legais (multa de mora e juros), na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. COMPENSAÇÃO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. PROCEDIMENTO DE IMPUTAÇÃO. A compensação de tributo ou contribuição será acompanhada, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2000 ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de Fl. 419DF CARF MF 4 arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados. O contribuinte teve ciência do mencionado acórdão em 06 de agosto de 2009 (efl. 239) e interpôs Recurso Voluntário (efls. 240 a 252) em 28 de agosto de 2009, repisando seus argumentos. Em 12 de setembro de 2013, sob o acórdão nº 1101000.945 (efls. 301 a 315), a 1ª Turma Ordinária, negou provimento ao recurso da contribuinte, por voto de qualidade. Vejase a ementa de tal decisão: ASSUNTO: NORMAS GERIAS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2000 IMPUTAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO AOS DÉBITOS COMPENSADOS EM ATRASO. ALEGAÇÃO DE DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não se cogita da aplicação do art. 138 do CTN quando não há pagamento, mormente se as compensações promovidas em atraso não foram acompanhadas dos juros de mora devidos. IMPUTAÇÃO PROPORCIONAL. REGULARIDADE. O direito creditório reconhecido deve ser imputado proporcionalmente aos débitos compensados acrescidos de multa e juros de mora devidos até a data da compensação. A imputação linear não tem amparo no Código Tributário Nacional. O contribuinte teve ciência de tal decisão em 07/06/2016 (efl. 321) e às e folhas 329 a 339 interpôs Recurso Especial, datado de 16 de junho de 2016. Quanto à aplicação da denúncia espontânea na compensação, apresentou o seguinte acórdão paradigma: DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. COMPENSAÇÃO. CABIMENTO. A compensação ou quaisquer outras formas de adimplemento de obrigação são formas de pagamento que acarretam a extinção da obrigação. Sendo forma de pagamento, a compensação atende as exigências do artigo 138 do CTN” (Acórdão nº 1302001.673, sessão de 03 de março de 2015 – Conselheiro Relator Hélio Eduardo de Paiva Araújo – destacamos – íntegra juntada para comprovar a divergência). Por sua vez, quanto à ilegalidade na imputação proporcional de principal e multa, trouxe os seguintes acórdãos paradigmas: IRRF – RECOLHIMENTO EM ATRASO SEM A MULTA DE MORA – A partir da edição do art. 43 da Lei nº 9.430, de 1996, tornouse inaplicável o método de imputação proporcional, devendo ser lavrado auto de infração para exigência da multa de mora isoladamente” (Acórdão nº 110200.134 – 1ª Fl. 420DF CARF MF Processo nº 19647.004707/200531 Acórdão n.º 9101004.129 CSRFT1 Fl. 419 5 Câmara / 2ª Turma Ordinária, sessão de 28 de janeiro de 2009 – Conselheira Relatora Sandra Faroni – destacamos – íntegra juntada para comprovar a divergência). POSTERGAÇÃO. PAGAMENTOS EFETUADOS NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 9.430/1996. IMPUTAÇÃO PROPORCIONAL. INAPLICABILIDADE. A partir da vigência da Lei nº 9.430/1996, que instituiu nova disciplina para exigência dos pagamentos em atraso sem os acréscimos de juros e multa de mora, é inaplicável o método da imputação proporcional. Na apuração do quantum devido, devese considerar, como valor do imposto ou contribuição postergados, a totalidade dos valores pagos no período subsequente, sem a dedução dos juros e multa de mora” (Ac. nº 910101.233, Conselheiro Relator Claudemir Rodrigues Malaquias – destacamos – íntegra juntada para comprovar a divergência). O Despacho de Admissibilidade (efls. 395 a 398) deu seguimento ao recurso da contribuinte. A Procuradoria apresentou Contrarrazões (efls. 400 a 413) sem questionar a admissibilidade do recurso. No mérito, aduz que, quanto à denúncia espontânea, a única forma de excluir a responsabilidade da infração é pelo pagamento e não pela compensação. Trouxe julgado do STJ, em sede de repetitivo, que foi citado pelo acórdão recorrido (RESP Nº 1.149.022 SP). Já quanto à imputação proporcional, defende que tal método é a única forma de amortização admitida pelo CTN. Transcreve excertos do Parecer PGFN/CDA nº 1936/2005 e diz que tal sistemática não foi alterada com o advento da Lei nº 9.430/96. É o relatório. Voto Conselheiro Demetrius Nichele Macei Relator Conhecimento Conforme o despacho de admissibilidade (efls. 395 a 398), o recurso especial do contribuinte (efls. 329 a 339) é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual foi admitido integralmente em relação aos seguintes temas: (1) Aplicação da denúncia espontânea na compensação e; (2) Ilegalidade na imputação proporcional de principal multa. Registrese, ainda, que a Procuradoria não questionou a admissibilidade do recurso especial. Desta forma, tomo conhecimento do recurso especial do contribuinte, valendome do permissivo do art. 50, § 1º, da Lei 9.784/99. Mérito Fl. 421DF CARF MF 6 Em síntese, a insurgência trazida pelo contribuinte, em seu Recurso Especial, para fins de análise deste Colegiado, cingese à possibilidade da incidência da denúncia espontânea na compensação e à ilegalidade da imputação proporcional de pagamento e multa. Passemos a apreciação destes pontos. I – Da aplicação da denúncia espontânea na compensação O v.acórdão recorrido (efls. 301 a 315) firmou entendimento, quanto à primeira matéria, de que pagamento não se equipara a compensação para fins de incidência da denúncia espontânea, mormente quando as compensações foram desacompanhadas dos juros de mora. Por sua vez, o v.acórdão paradigma nº 1302001.673 (efls. 361 a 372) entendeu que a compensação ou até mesmo outras formas de adimplemento de obrigação são formas de pagamento aptas a extinguir a obrigação. Como exposto acima, há, de fato, uma divergência entre a decisão encartada no v. acórdão recorrido e aquela do v. acórdão paradigma quanto à possibilidade de aplicação da denúncia espontânea em situação de compensação tributária. Para defender o disposto no acórdão paradigma, o contribuinte transcreve o disposto no art. 138, do CTN, asseverando que o dispositivo legal em questão traz “uma excludente de pagamento de multa pelo contribuinte no caso de denúncia espontânea” (efl. 332); Que “a denúncia pode ser utilizada pelo contribuinte toda vez que, havendo contestação de ato ilícito, o sujeito passivo decida regularizar sua situação perante a Administração Fiscal” (efl. 333), para concluir que foi o que ocorreu no presente caso, na medida que o “contribuinte constatou que possuía débitos fiscais de tributos administrados pela RFB. Decidiu, então, regularizar sua situação perante a Administração Fiscal e realizou, espontaneamente, a compensação com crédito fiscal que detinha relacionado ao saldo negativo de IRPJ de 2000” Para corroborar seu posicionamento, transcreve ementa de precedente do E. STJ (AgRg no REsp 1.136.372/RS) reconhecendo que a compensação caracteriza a denúncia espontânea, contudo, com data de julgamento de 18.05.2010. A questão controvertida neste processo foi objeto de decisão neste Colegiado recentemente, por ocasião do julgamento do processo administrativo nº 10980.001789/2004 15, no qual, por maioria, foi reconhecida a ocorrência de denúncia espontânea nos casos em que o contribuinte “envia Declaração de Compensação posteriormente ao vencimento do tributo e anteriormente à transmissão da DCTF”, equiparando a Declaração de Compensação a pagamento. Na ocasião, acompanhei o voto vencedor, de lavra do i. Conselheiro Luís Fabiano Alves Penteado, tendo em vista que o mesmo estava amparado em precedentes do E. STJ – REsp 1.122.131/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª Turma, julgado em 24.05.2016, no qual restou consignado ser “usual tratarse a compensação como uma espécie do gênero pagamento”; EDcl no AgRg no REsp 1.375.380/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª Turma, julgado em 20.08.2015 – também citado pela recorrente – no qual fixouse entendimento de que “a compensação efetuada possui efeito de pagamento sob condição resolutória, ou seja, a denúncia espontânea será válida e eficaz, saldo se o Fisco, em procedimento homologatório, verificar algum erro na operação de compensação”. No entanto, tendo em mãos o presente caso, aprofundei o estudo acerca do tema e pude constatar que o tema da equivalência de compensação a pagamento, para fins de denúncia espontânea – art. 138, do CTN, não era pacífico naquele E. Tribunal, inexistindo, até Fl. 422DF CARF MF Processo nº 19647.004707/200531 Acórdão n.º 9101004.129 CSRFT1 Fl. 420 7 o momento, posicionamento em sede de recurso repetitivo (art. 1036, do CPC) no âmbito do E. STJ. Apenas para ilustrar, transcrevo decisões do E. STJ, 2ª Turma, em sentido diametralmente oposto à equiparação de compensação e pagamento para fins de reconhecimento da denúncia espontânea: AgInt no REsp 1568857/PR AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2015/02977680 Relator: Ministro OG FERNANDES Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 16/05/2017 Data da Publicação: DJe 19/05/2017 EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. DEFICIÊNCIA NA ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE AO ART. 535 DO CPC/73. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CARACTERIZADA. 1. É deficiente a fundamentação do recurso especial em que a alegação de ofensa ao art. 535 do CPC/73 se faz de forma genérica, sem a demonstração exata dos pontos pelos quais o acórdão incorreu em omissão, contradição ou obscuridade. Aplicase, na hipótese, o óbice da Súmula 284 do STF. 2. A compensação tributária não se equipara a pagamento de tributo para fins de aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea regido pelo art. 138 do CTN. Precedentes: EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.375.380/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe30/11/2016; AgRg no REsp 1.461.757/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17/9/2015; AgRg no AREsp 174.514/CE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 10/9/2012. 3. Agravo interno a que se nega provimento. (grifamos) ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente), Francisco Falcão e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. REsp 1657437/RS RECURSO ESPECIAL 2017/00461010 Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 04/04/2017 Fl. 423DF CARF MF 8 Data da Publicação: DJe 25/04/2017 EMENTA TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CONFIGURADA. 1. Hipótese em que o Tribunal local consignou: "o instituto da denúncia espontânea é perfeitamente aplicável aos casos em que o pagamento do tributo é realizado através da compensação" (fl. 665, eSTJ). 2. A Segunda Turma do STJ no julgamento do REsp 1.461.757/RS, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, firmou o entendimento de que "a extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". 3. Recurso Especial provido.(grifamos) ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça: ""A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)Relator(a)."Os Srs. Ministros Og Fernandes, Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente) e Francisco Falcão votaram com o Sr. Ministro Relator." Havendo, portanto, precedentes em ambos os sentidos, estaria este Colegiado livre para decidir em um ou outro sentido conforme a livre convicção de cada julgador. Contudo, a partir da decisão acima transcrita – REsp 1.657.437/RS, o tema subiu, através de Embargos de Divergência, para julgamento por parte da 1ª Seção do STJ, a qual tem a incumbência de uniformizar os julgamentos exarados pelas 1ª e 2ª Turmas do STJ, competentes para julgamento naquele Tribunal em matéria tributária. Vejase decisão da C. 1ª Seção do E. STJ, exarada em setembro/2018: AgInt nos EDcl nos Embargos de Divergência em REsp. nº 1.657.437/RS (2017/00461010) Relator: Ministro GURGEL DE FARIA Órgão Julgador: PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ Data do Julgamento: 12/09/2018 Data da Publicação: DJe 17/10/2018 EMENTA TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. CONDIÇÃO RESOLUTÓRIA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. REQUISITOS. INOCORRÊNCIA. Fl. 424DF CARF MF Processo nº 19647.004707/200531 Acórdão n.º 9101004.129 CSRFT1 Fl. 421 9 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidouse no sentido de que é incabível a aplicação do benefício da denúncia espontânea, previsto no art. 138 do CTN, aos casos de compensação tributária, justamente porque, nessa hipótese, a extinção do débito estará submetida à ulterior condição resolutória da sua homologação pelo fisco, a qual, caso não ocorra, implicará o não pagamento do crédito tributário, havendo, por consequência, a incidência dos encargos moratórios. Precedentes. 2. Agravo interno desprovido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Herman Benjamin, Og Fernandes, Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina e Regina Helena Costa votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. A decisão acima transitou em julgado em 14.12.2018. Desta forma, seguindo a decisão da 1ª Seção do E. STJ, que difere a situação de pagamento e compensação para fins de reconhecimento da denúncia espontânea, mantenho a incidência legal da multa de mora no caso concreto, não reconhecendo a ocorrência da denúncia espontânea. Este colegiado continua não vinculado a esta decisão, mas é preciso reconhecer que o STJ, ultima instância competente para interpretar a legislação infraconstitucional, uniformizou jurisprudência neste sentido. Com isso, mesmo contrário ao meu entendimento pessoal, entendo que devemos primar pela segurança jurídica, eficiência administrativa e ainda, como objetivo declarado do CARF, desafogar o Poder Judiciário. II – Da imputação proporcional Quanto à imputação proporcional, o v.acórdão recorrido (efls. 301 a 315) firmou entendimento de que tal método é legal, possuindo fundamento no artigo 163 do CTN e que a amortização linear não tem amparo neste diploma. Por sua vez, os v.acórdãos paradigma (110200.134 e 910101.233 – efls. 373 e 380, respectivamente), compreendem que após a vigência da Lei nº 9.430/96, o método de imputação proporcional se tornou inaplicável, pelo fato de aquela lei propor, em seu artigo 43, nova metodologia para a exigência de pagamentos em atraso sem os acréscimos de juros e multa de mora. Mantida a incidência da multa de mora no caso concreto, nos termos do v. acórdão recorrido (inaplicabilidade da denúncia espontânea em compensação), a consequência foi o reconhecimento de um crédito menor do que o débito declarado/confessado em PER/DCOMP (efl. 237). Assim, ficou a Administração Fiscal com a incumbência de imputar o crédito menor ao débito maior de maneira a atender a legislação tributária. Fl. 425DF CARF MF 10 Para tanto, como bem disposto pela PGFN em suas contrarrazões (efls. 406 a 413), encontrase nos arts. 163 c/c o 167, ambos do CTN, o método de imputação proporcional de pagamento, no caso, do crédito reconhecido em favor do contribuinte. Vejase: Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas: I em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária; II primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos; III na ordem crescente dos prazos de prescrição; IV na ordem decrescente dos montantes. Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição. Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a determinar. Expõe a Procuradoria: “A partir de uma interpretação conjunta desses dispositivos, concluise que a imputação proporcional dos pagamentos encontra fundamento no CTN, visto que, somente se pode falar em obrigatória proporcionalidade entre as parcelas que compõem o indébito tributário se houver também obrigatória proporcionalidade na imputação do pagamento sobre as parcelas que compõem o débito tributário.” (p. 407) Vejamos, em contrapartida, o quanto disposto no art. 43, da Lei nº 9.430/96, trazido à baila pelo contribuinte: Art.43.Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafoúnico.Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirãojuros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. A tese dos acórdãos paradigma, encampada pelo contribuinte, afirma que: “Em razão da previsão legal para lavratura de auto de infração para exigir o acessório sem o principal (art. 43 da Lei nº 9.430, de 1996) tornouse inaplicável o método da imputação proporcional. Dessa forma, em caso de pagamento de tributo em atraso sem o pagamento dos acréscimos moratórios no montante devido de acordo com a lei, deve ser lavrado auto de infração Fl. 426DF CARF MF Processo nº 19647.004707/200531 Acórdão n.º 9101004.129 CSRFT1 Fl. 422 11 para exigência da multa de moura e/ou dos juros de mora não pagos”. (Acórdão nº 110200.134) “Como já assentado por esta Corte, a partir da vigência da Lei nº 9.430/1996, que instituiu nova disciplina para a exigência dos pagamentos em atraso sem os acréscimos de juros e multa de mora, é inaplicável o método da imputação proporcional. Em consequência, na apuração do quantum devido na hipótese de postergação, devese considerar como valor do imposto ou contribuição postergada a totalidade dos valores pagos no período subsequente, sem a dedução dos juros e multa de mora” (Acórdão nº 9101001.233) Inicialmente, devese observar que o CTN tem natureza de lei complementar e a Lei nº 9.430/96, lei ordinária. Em caso de antinomia entre uma norma inserta no CTN e uma lei ordinária, prevalece a norma do CTN. Mas antes de se questionar a ilegalidade da norma, é preciso buscar, no próprio CTN, regras de integração, de tal forma que a norma hierarquicamente inferior possa ser interpretada de forma a atender a norma que lhe dá suporte de validade. A Procuradoria, em suas contrarrazões, cita a Nota Cosit nº 106, de 2004, e o Parecer PGFN/CDA nº 1936/2005, no qual verificase as razões jurídicas para a coexistência pacífica dos arts. 163 e 167 do CTN, com os arts. 43 e 44 da Lei nº 9.430/96 em relação à imputação proporcional de pagamento, merecendo destaque o disposto no item 16, do referido Parecer, dentro do qual está transcrito excerto da Nota Cosit nº 106: “10. A partir de uma interpretação conjunta dos arts. 163 e 167 do CTN, chegase à conclusão de que referido Diploma Legal não só estabelece, na imputação de pagamentos pela autoridade administrativa, a inexistência de precessão entre tributo, multa e juros moratórios, como também veda ao próprio sujeito passivo estabelecer precedência de pagamento entre as parcelas que compõem um mesmo débito tributário, ou seja, veda ao sujeito passivo imputar seu pagamento apenas a uma das parcelas que compõem o débito tributário. 10.1 É que somente se pode falar em obrigatória proporcionalidade entre as parcelas que compõem o indébito tributário se houver obrigatória proporcionalidade na imputação do pagamento sobre as parcelas que compõem o débito tributário.” Assim, em que pese os argumentos dispendidos pelo contribuinte, a imputação proporcional não é ilegal. Não faria o menor sentido quitar integralmente o principal e os juros decorrentes e manter, exclusivamente, a multa de mora. Por ser um consectário legal, na medida em que incide sobre o principal, não poderia a multa de mora remanescer sozinha no caso concreto. Poderseia argumentar, neste ponto, que o art. 354, do Código Civil, tem regra diferente, na medida que determina primeiro o pagamento dos juros e, somente depois, do capital. Contudo, nos termos da Súmula STJ 464, “a regra de imputação de pagamentos estabelecida no art. 354 do Código Civil não se aplica às hipóteses de compensação tributária”. Desta forma, a imputação proporcional na esfera tributária é técnica legal para que todo o valor do crédito do contribuinte seja utilizado e o eventual saldo devedor esteja distribuído de maneira adequada entre principal, juros e multa devidos. Fl. 427DF CARF MF 12 Por fim, a incidência da multa de mora, de 0,33% ao dia, limitada a 20%, decorre de lei, especificamente do disposto no art. 61, da Lei nº 9430/96. Ante o exposto, voto para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do contribuinte, não reconhecendo a denúncia espontânea no caso concreto e concordando com o método da imputação proporcional. É o voto. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Fl. 428DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13873.720310/2016-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2016
MULTA POR ATRASO NO CUMPRIMENTO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. IMPOSSIBILIDADE
A denúncia espontânea não afasta a aplicação da multa por atraso no cumprimento de obrigações tributárias acessórias, ainda que o contribuinte efetua a regularização antes de iniciado procedimento fiscal. Aplicável o teor da Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ANÁLISE DE CONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
Não pode a autoridade lançadora e julgadora administrativa, invocando o princípio do não-confisco, afastar a aplicação da lei tributária. Isso ocorrendo, significaria declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da lei tributária que funcionou como base legal do lançamento (imposto e multa de ofício). Aplicável o teor da Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 1201-002.799
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado em conhecer e negar provimento ao recurso voluntário, por unanimidade. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13873.720284/2016-01, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. IMPOSSIBILIDADE A denúncia espontânea não afasta a aplicação da multa por atraso no cumprimento de obrigações tributárias acessórias, ainda que o contribuinte efetua a regularização antes de iniciado procedimento fiscal. Aplicável o teor da Súmula CARF nº 49: “A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração”. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ANÁLISE DE CONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não pode a autoridade lançadora e julgadora administrativa, invocando o princípio do nãoconfisco, afastar a aplicação da lei tributária. Isso ocorrendo, significaria declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da lei tributária que funcionou como base legal do lançamento (imposto e multa de ofício). Aplicável o teor da Súmula CARF nº 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em conhecer e negar provimento ao recurso voluntário, por unanimidade. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 13873.720284/201601, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 87 3. 72 03 10 /2 01 6- 92 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13873.720310/201692 Acórdão n.º 1201002.799 S1C2T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de notificação de lançamento lavrado para a cobrança de multa, no montante de R$ R$ 6.863,49, decorrente de atraso na entrega da DCTF, referente ao mês de fevereiro de 2016. A contribuinte teria entregue a referida declaração apenas em 07/06/2016, com 03 meses de atraso. Segundo consta na descrição dos fatos do Auto de Infração, a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) entregue fora do prazo fixado na legislação enseja a aplicação da multa de 2% ao mês ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na declaração, ainda que tenham sido integralmente pagos, reduzida em 50% em virtude da entrega espontânea da declaração, respeitado o percentual máximo de 20% e o valor mínimo de R$ 200,00 no caso de inatividade e de R$ 500,00 nos demais casos”. Devidamente intimada a contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, na qual afirma que o auto de infração não merece prosperar, seja em razão da ocorrência da denúncia espontânea (artigo 138 do CTN), seja porque exige multa com caráter confiscatório e desproporcional, já que foi calculada com base em percentual dos tributos informados na declaração. Em sessão de 11 de setembro de 2017, a 4ª Turma da DRJ/REC, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, nos termos do voto relator, Acórdão nº 1157.585, cuja ementa recebeu o seguinte descritivo, verbis: “ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2016 ATRASO NA ENTREGA DA DCTF. O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, sujeitarseá a multa especificada na legislação. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não se considera como denúncia espontânea o cumprimento de obrigações acessórias depois de decorrido o prazo legal para seu adimplemento. A multa aplicada decorre da impontualidade do contribuinte e não tem qualquer vínculo com a existência de fato gerador de tributo. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13873.720310/201692 Acórdão n.º 1201002.799 S1C2T1 Fl. 4 3 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO OBRIGATORIEDADE DO CERTIFICADO DIGITAL E VALOR DA MULTA APLICADA. As autoridades administrativas são obrigadas a observar a legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para apreciar arguições de inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido”. Cientificada da decisão (AR de 11/10/2017), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 09/11/2017, onde reitera as razões apresentadas em sede impugnação para requerer o afastamento da multa exigida considerando a denúncia espontânea (artigo 138 do CTN) e o efeito de confisco da exigência (vedado pelo artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal). É o relatório. Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1201002.774, de 20/03/2019, proferido no julgamento do Processo nº 13873.720284/2016 01, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº1201002.774): O Recurso Voluntário interposto é tempestivo e cumpre os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar. Questões de Mérito I. Da Aplicação da Súmula CARF nº 49 Conforme exposto no relatório, a exigência em questão referese a multa decorrente de atraso na apresentação de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais referente a janeiro de 2014. A Recorrente não cumpriu o prazo do dia 25/03/2014 e apresentou a declaração apenas em 07/06/2016. Em sede recursal, a Recorrente afirma que apresentou a declaração de forma espontânea, antes de qualquer manifestação do Fisco. Segundo ela, a espontaneidade enseja a exclusão de qualquer penalidade. Para corroborar sua alegação, apresenta jurisprudência judicial e doutrina. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13873.720310/201692 Acórdão n.º 1201002.799 S1C2T1 Fl. 5 4 De antemão, vale registrar que o instituto da denúncia espontânea foi altamente debatido por este E. CARF e, inclusive, é objeto da Súmula CARF nº 49: “A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018)”. (Grifos nossos). A partir da edição da referida Súmula, não há que se aplicar o benefício da denúncia espontânea, previsto no artigo 138 do CTN, para afastar penalidade decorrente de atraso na entrega de declaração. Nesse mesmo sentido são as ementas abaixo transcritas, verbis: “MULTA POR ATRASO NO CUMPRIMENTO. EFEITOS DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº. 49. A denúncia espontânea não afasta a aplicação da multa por atraso no cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Aplicação da Súmula CARF nº. 49. Assim, impossível aplicarse o benefício previsto no art. 138 do CTN no caso de multa por entrega de FCONT em atraso”. (Processo nº 13770.002101/200721, Acórdão nº 1001000.973, Turma Extraordinária / 1ª Seção, Sessão de 04 de setembro de 2018) “DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 49 Ainda que o contribuinte efetue a regularização da entrega de obrigação acessória (DIFPapel Imune) antes de iniciado procedimento fiscal, não é aplicável o benefício da denúncia espontânea, previsto no artigo 138, do CTN. Precedentes do STJ. Existência de súmula desse Colegiado, o que impede decisão em contrário.” (Processo nº 19515.000850/200559, Acórdão nº 3401004.461, 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária / 3ª Seção, Sessão de 22 de março de 2018) Assim, como situação fática apresentada nos presentes autos configura a hipótese tratada pela Súmula CARF nº 49, a multa exigida (fl. 17) no lançamento deve ser mantida. II. Da Alegação do Caráter Confiscatório da Multa Outro argumento manifesto pela Recorrente é o do caráter confiscatório da multa exigida, o que seria vedado pelo artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal. Alega que o cálculo da exigência, a partir de percentual do valor declarado, é ilógico e que deveria ter sido aplicado o princípio da proporcionalidade. Em que pese a inconformidade da Recorrente, cumpre consignar que a exigência da multa está compreendida no artigo 7º da Lei nº 10.426/2002. E, em análise da composição da exigência, Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13873.720310/201692 Acórdão n.º 1201002.799 S1C2T1 Fl. 6 5 constatei que a autoridade fiscal realizou o lançamento corretamente e de acordo com o dispositivo mencionado. O argumento da Recorrente caracteriza a arguição de inconstitucionalidade dos dispositivos legais que dão suporte à penalidade aplicada e, a respeito, não cabe à Administração Pública afastar a legislação vigente. Isso ocorrendo, significaria declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da lei tributária que funcionou como base legal do lançamento. Ora, como é cediço, somente os órgãos judiciais tem esse poder. Essa é a diretriz da Súmula CARF nº 2: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Conclusão Diante do exposto, VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO interposto e, no mérito, NEGARLHE provimento. É como voto. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO interposto e, no mérito, NEGARLHE provimento (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.918348/2009-69
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 27 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1003-000.064
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que a DRF analise a documentação acostada em grau de recurso voluntário, se manifeste a respeito das informações e provas colacionadas pela Recorrente no recurso voluntário, a fim de verificar se o crédito é líquido e certo e havendo a constatação de liquidez e certeza do crédito em questão, que sejam realizadas as compensações possíveis em relação à Declaração de Compensação (Dcomp) nº PER/DCOMP nº 17866.42196.200405.1.3.04-7520.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente), Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Wilson Kazumi Nakayama.
Nome do relator: MAURITANIA ELVIRA DE SOUSA MENDONCA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que a DRF analise a documentação acostada em grau de recurso voluntário, se manifeste a respeito das informações e provas colacionadas pela Recorrente no recurso voluntário, a fim de verificar se o crédito é líquido e certo e havendo a constatação de liquidez e certeza do crédito em questão, que sejam realizadas as compensações possíveis em relação à Declaração de Compensação (Dcomp) nº PER/DCOMP nº 17866.42196.200405.1.3.04-7520. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Presidente (assinado digitalmente) Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente), Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Wilson Kazumi Nakayama.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que a DRF analise a documentação acostada em grau de recurso voluntário, se manifeste a respeito das informações e provas colacionadas pela Recorrente no recurso voluntário, a fim de verificar se o crédito é líquido e certo e havendo a constatação de liquidez e certeza do crédito em questão, que sejam realizadas as compensações possíveis em relação à Declaração de Compensação (Dcomp) nº PER/DCOMP nº 17866.42196.200405.1.3.047520. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente), Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Wilson Kazumi Nakayama. RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário contra acórdão de nº 0632.366, proferido pela 1ª Turma da DRJ/CTA, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte, não conhecendo do direito creditório. Versa o presente processo de PER/DCOMP N° 41934.99051.200405.1.3.04 0341 transmitido em 20/04/2005 (fls. 05), informando Crédito de Pagamento Indevido ou a Maior de CSRF, no Valor Original e Crédito Original na Data da Transmissão de R$ 312,57 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 18 34 8/ 20 09 -6 9 Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10980.918348/200969 Resolução nº 1003000.064 S1C0T3 Fl. 3 2 (fls. 07); conforme DARF (CSRF, Cód Rec. 5952, PA 17/07/2004, Dt Vcto 21/07/2004, Vr. R$ 10.264,45), às fls. 08. Contudo, tal compensação não foi homologada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em CuritibaPR, pois o DARF discriminado, fonte do direito creditório, foi localizado nos sistemas da RFB, mas estava totalmente utilizado para quitação de débito do contribuinte, conforme se vê do Despacho Decisório de fls. 01: Irresignada, em 10/07/2009, a Recorrente interpôs Manifestação de Inconformidade, de fls. 1112, instruída com os documentos de fls. 1346, alegando que: "a) Por equivoco foi efetuada retenção a titulo de PIS, COFINS e CSLL, determinada pela Lei 10.833/2003, sobre as notas fiscais n° 7390, 7395, 7399 e 7412; emitidas em 07/06/2004, 08/06/2004, 09/06/2004, e 15/06/2004; nos valores totais de R$ 646,88, R$ 4.987,60, R$ 122,59, e R$ 964,88, por SACMI DO BRASIL Indústria e Comércio Ltda, CNPJ 62.557.749/000191, de fls. 4245, já que elas se referem A compra de materiais e não de prestação de serviços. b) Por decorrência, preencheu incorretamente a DCTF do 3° trimestre de 2004, entregue em 26/08/2008 (fls. 37), sendo que referente a 3a semana de julho de 2004 mencionou Débito de PIS/PASEP, Receita 59792, no valor de R$ 10.264,45, vinculando DARF de igual valor ao referido Débito (fls. 48). c) Após, percebido o equivoco, foi encaminhado o PER/DCOMP deste processo, pleiteando Crédito de Pagamento Indevido ou a Maior de R$ 312,57 (4,65% s/ R$ 6.721,95); e também se transmitiu DCTF Retificadora em 09/07/2009 (fls. 33), reduzindo o valor do Débito para R$ 9.596,74, repetindo a vinculação original, quanto ao DARF no valor de R$ 10.264,45 (Fls. 36). d) Ao final, pede que seja homologado seu PER/DCOMP pelas razões expostas. Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10980.918348/200969 Resolução nº 1003000.064 S1C0T3 Fl. 4 3 Por sua vez, a 1ª Turma da DRJ/CTA, ao apreciar a manifestação de inconformidade, entendeu por bem julgála improcedente e não reconheceu o crédito informado pela Recorrente, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTARIA Anocalendário: 2004 PER/DCOMP. NÃOHOMOLOGAÇÃO. PGTO INDEVIDO OU A MAIOR. RETIFICAÇÃO DA DCTF, REDUZINDO DÉBITO, APÓS A CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVAS INEQUÍVOCAS DA CAUSA DA REDUÇÃO. A entrega de DCTF retificadora, após a ciência de Despacho Decisório que nãohomologou o PER/DCOMP, reduzindo Débito anteriormente declarado, de tal sorte a restar do pagamento anteriormente vinculado saldo disponível, este pretendido como Direito Creditório, somente pode ser aceita mediante comprovação cabal e inequívoca dos motivos pelos quais o Débito diminuiu, fazendose por via de documentos hábeis e idôneos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada da decisão da DRJ, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário ratificando os argumentos delineados na Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese: Requereu, a juntada documentos adicionais apresentados, visando a comprovação de suas alegações e do crédito informado na PER/DCOMP de nº 41934.99051.200405.1.3.040341, e, por fim, concluiu: É o Relatório. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10980.918348/200969 Resolução nº 1003000.064 S1C0T3 Fl. 5 4 VOTO Conselheira Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça, Relatora O recurso é tempestivo e cumpre com os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar. De acordo com o já relatado, a Recorrente alega que cometeu equívoco, retendo e pagando indevidamente PIS, COFINS e CSLL, de que trata a Lei 10.833/2003, sobre notas fiscais de compra de materiais, que foram emitidas em junho/2004. Percebido o erro, tratou de encaminhar PER/DCOMP em 20/04/2005, pleiteando compensação do pagamento indevido, bem como providenciou a retificação de sua DCTF, em 09/07/2009, corrigindo o equívoco constatado, o que acarretou a diminuição do valor do débito originalmente confessado. Para comprovação do alegado, a Recorrente juntou aos autos cópia das notas fiscais que teriam sido objeto da retenção e pagamento indevidos, e que, por conseguinte, lhe geraria o crédito informado no PER/DCOMP. Ocorre que a DRJ entendeu ser insuficiente a documentação apresentada pela Recorrente e não reconheceu o direito creditório pleiteado, ante a ausência de sua liquidez e certeza. Do voto do acórdão de piso, destacase o seguinte trecho: "11. A simples apresentação de notas fiscais quaisquer, que poderiam ser quaisquer outras entre as tantas que habitam os arquivos do contribuinte, e sobre a quais se alega, sem nenhum outro elemento de prova, que foram calculadas, retidas e pagas indevidamente Contribuições Sociais, não é linguagem bastante para autorizar o reconhecimento do Crédito pretendido. 12. Como cediço, quem alega um fato há de proválo, mas não só proválo, mas bem proválo. Mister se faz aportar cabedal de provas suficientes, por documentos hábeis e idôneos, que exerçam persuasão suficiente para se dobrar o convencimento na direção que se pretende. 13. No presente caso isso não acontece: faltam provas em quantidade e qualidade. 14. Concorreria muito ao convencimento do fato alegado, se fossem carreados outros elementos que atestassem o referido equivoco propalado, como por exemplo o documento onde aparece a retenção indevida; documento onde se mostra que o pagamento foi realizado a menor para o fornecedor; documento onde se mostra que, percebido o erro, o fornecedor foi ressarcido do valor indevidamente retido; parte da escrituração contábil onde se pudesse apreciar a contabilização de todas essas ocorrências; detalhamento da DIRF onde constou a menção da retenção equivocada; etc". Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10980.918348/200969 Resolução nº 1003000.064 S1C0T3 Fl. 6 5 Assim, considerando a decisão da DRJ, em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente complementou os documentos outrora apresentado, juntando cópias dos livros de sua contabilidade e extratos bancários. De acordo com a Recorrente, o conjunto probatório ofertado é robusto e demonstram claramente o erro de fato constante na DCTF, já que a operação de compra e venda de mercadorias não está sujeita à retenção de PIS, COFINS e CSLL. Por conseguinte, com o reconhecimento do erro de fato alegado, restaria comprovado, também, que houve recolhimento a maior que o valor devido (conforme DCTF retificadora), gerando à Recorrente o direito creditório informado no PERDCOMP. De fato, cabe à Recorrente produzir comprovar nos autos a veracidade de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde de constatação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado, nos termos do art. 170 do CNT. Portanto, a Recorrente tem o ônus de instruir os autos com documentos hábeis e idôneos que justifiquem a retificação das informações alteradas., por isso, disse que acertadamente a DRJ, naquele momento, não reconheceu o direito creditório pleiteado. Nesse sentido também vale ressaltar o disposto no art. o art. 195 do Código Tributário Nacional e o art. 4º do DecretoLei nº 486, de 03 de março de 1969, que preveem, em última análise, "que os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram." Afinal, para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. Importante frisar que é determinação legal a necessidade de apresentação de documentos comprobatórios do erro de fato cometido pelo contribuinte, conforme art. 147 da Lei nº 5.172/1966, in verbis: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. A comprovação, portanto, é condição para admissão da retificação da DCTF realizada, quando essa, como no caso dos autos, reduz tributos. A DIPJ, embora seja um documento importante, não comprova as alegações do autor por se tratar de mera declaração sem efeitos de confissão de dívidas, tendo, pois, efeitos meramente informativos (Instrução Normativa SRF n° 014/2000). Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10980.918348/200969 Resolução nº 1003000.064 S1C0T3 Fl. 7 6 Importante lembrar que as situações de erro material podem ser corrigidas de ofício ou a requerimento, após prolação de despacho decisório, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 2, de 28 de agosto de 2015, desde que comprovadas. Aludido Parecer assim determina: Conclusão 22. Por todo o exposto, concluise: a) as informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário; b) não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010; c) retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo; d) o procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/nãohomologação do PER/DCOMP; e) a não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10980.918348/200969 Resolução nº 1003000.064 S1C0T3 Fl. 8 7 2010, não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios; f) o valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996; e g) Retificada a DCTF e sendo intempestiva a manifestação de inconformidade, a análise do pedido de revisão de ofício do PER/DCOMP compete à autoridade administrativa de jurisdição do sujeito passivo, observadas as restrições do Parecer Normativo nº 8, de3 de setembrode 2014, itens 46 a 53. (grifos acrescentados) Porém, a referida e necessária comprovação, foi devidamente produzida por ocasião da apresentação do Recurso Voluntário, oportunidade em que a Recorrente juntou aos autos cópias de documentos de sua contabilidade, conforme aqui já mencionado. Ante o contexto fático, entendo que a juntada de documentos deve ser admitida, ainda que, conforme dito, produzidos quando da interposição do Recurso voluntário. Essa possibilidade jurídica encontrase expressamente normatizada pela interpretação sistemática do art. 16 e do art. 29 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, em casos específicos como o ora analisado. De fato, o regramento do instituto da preclusão visa estabelecer uma ordem no sistema processual com a finalidade de atingir um desempenho satisfatoriamente célere e ordenado. Contudo, se generalizado, por puro formalismo, acaba sendo aplicado de forma exagerada. É sabido que, por vezes, a ausência de um ato no limite temporal aprazado pode levar o julgador a proferir uma decisão de forma definitiva, ocasionando a perda de direito a um julgamento justo na esfera administrativa. Ora, em verdade, a autoridade julgadora deve se orientar pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. O princípio da ampla defesa, por outro lado, garante ao contribuinte o direito de defenderse plenamente de todos os fatos e fundamentos dentro do processo administrativo. Assim, para uma correta e adequada decisão no contencioso administrativo fiscal o julgador deve se utilizar de todos os meios de provas disponíveis ou colocadas a disposição, não deixando de recebêlas em razão de não terem sido apresentadas no momento da instrução do processo, posto que a baliza temporal não deve impedir ou dificultar o exercício do direito no que se refere aos princípios da verdade material, do contraditório e da ampla defesa. Destarte, para evitar prejuízo à defesa ou a supressão de instância de julgamento, deve o processo retornar à DRF para que seja possível analisar as declarações da Recorrente quanto à demonstração do erro de fato apontado, através da análise dos documentos juntados nesta oportunidade, conforme prevê o art. 29 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10980.918348/200969 Resolução nº 1003000.064 S1C0T3 Fl. 9 8 Por todo o exposto, VOTO EM CONVERTER O JULGAMENTO DO RECURSO EM DILIGÊNCIA à Unidade de Origem, para que a DRF analise a documentação acostada em grau de recurso voluntário, se manifeste a respeito das informações e provas colacionadas pela Recorrente no recurso voluntário, a fim de verificar se o crédito é líquido e certo e havendo a constatação de liquidez e certeza do crédito em questão, que sejam realizadas as compensações possíveis em relação à Declaração de Compensação (Dcomp) nº PER/DCOMP discutida nos autos. Por fim, destaco que, em razão do princípio da ampla defesa, que seja o contribuinte intimado do resultado da diligência para, querendo, manifestarse sobre os resultados alcançados. (assinado digitalmente) Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça Fl. 135DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13502.000617/2006-10
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 15 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004
COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não pode ter interpretação excessivamente restritiva, conforme a extraída da legislação do IPI, nem demasiadamente alargada, nos termos estabelecidos pela legislação do IR. Para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo na sistemática da não-cumulatividade das Contribuições para o PIS e da COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente.
CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMOS. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. POSSIBILIDADE.
Dentro do critério da essencialidade, os Equipamentos de Proteção Individual - EPI são considerados insumos quando utilizados pelos empregados que trabalham na linha de produção de fios e cordas a partir de fibras naturais de sisal.
Numero da decisão: 3001-000.816
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para conceder o aproveitamento de crédito em relação aos uniformes e equipamentos de segurança. Vencido o Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante que dava provimento em maior extensão para os "materiais de embalagens, armazenagem, identificação e transportes" e "frete na aquisição de embalagens e peças de manutenção".
(assinado digitalmente)
Marcos Roberto da Silva Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Roberto da Silva (Presidente), Francisco Martins Leite Cavalcante e Luis Felipe de Barros Reche.
Nome do relator: MARCOS ROBERTO DA SILVA
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CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não pode ter interpretação excessivamente restritiva, conforme a extraída da legislação do IPI, nem demasiadamente alargada, nos termos estabelecidos pela legislação do IR. Para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo na sistemática da não cumulatividade das Contribuições para o PIS e da COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente. CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. POSSIBILIDADE. Dentro do critério da essencialidade, os Equipamentos de Proteção Individual EPI são considerados insumos quando utilizados pelos empregados que trabalham na linha de produção de fios e cordas a partir de fibras naturais de sisal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para conceder o aproveitamento de crédito em relação aos uniformes e equipamentos de segurança. Vencido o Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante que dava provimento em maior extensão para os "materiais de embalagens, armazenagem, identificação e transportes" e "frete na aquisição de embalagens e peças de manutenção". (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 06 17 /2 00 6- 10 Fl. 202DF CARF MF 2 Marcos Roberto da Silva – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Roberto da Silva (Presidente), Francisco Martins Leite Cavalcante e Luis Felipe de Barros Reche. Relatório Por economia processual e por bem relatar a realidade dos fatos reproduzo trechos do relatório da decisão de piso: Tratase de Manifestação de Inconformidade contra o Parecer nº014/2011, da DRF/Camaçari/BA, de fls. 58/64, e do Despacho Decisório DRF/CCI nº047, de 2011, fl.68, que o aprovou, que reconheceu parcialmente o direito creditório no valor de R$32.031,94, relativo ao ressarcimento de créditos do PIS/PASEP não cumulativo – exportação, referente ao 2º trimestre de 2004, no valor solicitado de R$38.064,05, e homologou parcialmente a compensação declarada do débito cadastrado no sistema PROFISC. A interessada pretendeu utilizar o crédito do PIS pleiteado no Pedido Eletrônico de Ressarcimento –PER nº26596.71747.240806.1.1.083315 para compensação de débitos próprios nos valores de principal de R$7.577,31 e R$15.340,02, e mais juros e multa de mora, na DCOMP nº33337.67970.280806.1.3.085281. Consta no despacho decisório que relativamente ao saldo credor da contribuição para o PIS mercado externo, 2º trimestre de 2004, utilizouse a análise efetuada no processo nº 13502.000618/200664, nos termos do Parecer DRF/CCI/Saort nº008/2011, cópia de fls.30/57, e mais documentação anexada aos autos, no qual se determinou o saldo credor da Cofins mercado externo do citado período de apuração, 2º trimestre/2004. Cientificada, fl.73, a interessada irresignada apresenta Manifestação de Inconformidade (fls.74/87) alegando que: • é uma empresa industrial que tem por objeto a produção de fios e cordas a partir de fibras naturais de sisal; • transcreve os dispositivos legais que regulam a matéria; • o processo produtivo, anexo 06, tem seu funcionamento através de motores elétricos, correias e grande número de eixos, engrenagens e barramentos que demandam rigorosa lubrificação diária, com elevado nível de ruído, acima do Limite de Tolerância, tornando obrigatório o fornecimento de protetores auditivos; além disso o nível quantitativo de poeira do sisal é elevado, fazendose obrigatório o fornecimento de máscaras respiratórias descartáveis (Lei n° 6.514); • com um processo produtivo em que todas as máquinas fazem movimentos rotativos, são fornecidos e indispensáveis, equipamentos de proteção individual como, botas, fardamento apropriadamente desenhado, óculos de proteção, luvas, entre outros; • Bens utilizados como insumos Aquisição de matéria prima a RFB homologou os créditos relativos às aquisições de sisal beneficiado, entretanto não homologou os créditos relativos às aquisições das notas fiscais que discrimina, por não terem sido apresentadas, ora trazidas aos autos, que totalizam em maio e junho/2004, os valores de R$17.078,20 e 25.686,50, respectivamente, contabilizadas no Livro Razão; Fl. 203DF CARF MF Processo nº 13502.000617/200610 Acórdão n.º 3001000.816 S3C0T1 Fl. 326 3 • Aquisição dos materiais de embalagem, armazenagem, identificação e transporte a RFB não homologou os créditos relativos às aquisições de sacos de papel, fitas poly, fitas adesivas, película lisa, etiquetas, filmes para embalagem e palletes utilizados para embalar e proteger seus produtos até o destino final, alegando que os produtos se destinam apenas para movimentação, armazenagem e transporte de produtos, sem que haja a incorporação desses bens durante o processo de industrialização e por serem utilizados após a conclusão do processo produtivo, aplicados no produto já acabado, em bobinas e novelos de sisal, seriam meros facilitadores de acondicionamento e transporte, não devendo, desse modo, compor a base de cálculo dos créditos a ressarcir do PIS nãocumulativo, porém não pode prosperar tais argumentos; • o contribuinte do PIS e da COFINS nãocumulativos, segundo as leis que os regem, tem o direito de tomar créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como "insumos" na fabricação de produtos destinados à venda; • nenhuma legislação conceitua "insumos" e, tampouco, remetem à utilização subsidiária da legislação do IPI para a busca do seu conceito, a exemplo do que ocorreu quando da instituição do crédito presumido de IPI em ressarcimento ao PIS e à COFINS de que trata a Lei n° 9.363/1996; • a RFB ao "interpretar e aplicar" a legislação fiscal, editando atos normativos e as instruções necessárias à sua execução, disciplinou ilegalmente sobre "insumos" nas Instruções Normativas 247/2002 e 404/2004, porquanto extrapolou os limites de sua competência ao fixar uma interpretação restritiva a esse termo, no âmbito das contribuições sociais não cumulativas incidentes sobre o faturamento, desrespeitando o art.110 do CTN; • as referidas instruções normativas interpretam o termo "insumos" em sentido estrito, amoldandoo à forma prevista no regulamento do IPI (art. 164, I), o que as torna viciadas de ilegalidade, pois o conteúdo e o alcance dos decretos e de quaisquer outros atos normativos infralegais restringem se aos das leis em função dos quais sejam expedidos (art.99 do Código Tributário Nacional); • não se pode afirmar simplista e categoricamente que o conceito de "insumos", para fins da legislação do PIS e da COFINS, tenha a mesma dimensão dada pela legislação do IPI, pois para este, "insumos", tem um significado técnico (sentido estrito), enquanto para aquelas contribuições (PIS e COFINS) tem um significado comum (sentido lato), se relaciona com a totalidade das receitas auferidas (faturamento) pelo contribuinte, as quais, para serem obtidas, exigem que o contribuinte incorra em custos e despesas, conforme descrição do custo de produção dado pelos arts.290 e 299 do Regulamento do Imposto de Renda; • por unanimidade, os conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) definiram que quaisquer custos ou despesas para a produção do bem ou prestação de serviço deve gerar crédito dessas contribuições, conforme ementa que transcreve, e deste modo, deve a RFB homologar os créditos de PIS relativos às aquisições de materiais de embalagem, armazenagem, identificação e transporte (palletes, estrados, ripas, etiquetas, sacos de papel, fitas poly, fitas adesivas, película lisa, etiquetas, filmes para embalagem, etc.); • Manutenção de Máquinas e Equipamentos a RFB não homologou os créditos de PIS relativos às aquisições de disjuntor, lâmpada incandescente, óleo solúvel boreal, fusível NH, aplicador fita de embalagem, sensor capacitivo, rolamento, tarugo de polietileno, barra trefilado, fluído de corte, pilha alcalina duracell, lâmpada mista, cola cascorez, prego Gerdau, máscara 3M, luva mucambo, luva de Fl. 204DF CARF MF 4 vaqueta, martelo unha Tramontina, rebite, contrato de manutenção de sua balança rodoviária, oxigênio gás, célula de carga, cadeado papaiz, faca inox peixeira, rolamento, Shell tellus, fio torcido para telefone para telefone, canaleta, bucha de nylon, tomada telefone, inserto de metal. Alega que tais produtos adquiridos não se enquadram no conceito de insumo (bens e serviços utilizados como insumo na produção e ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis, lubrificantes, partes e peças de reposição e outros bens, não incorporados ao ativo imobilizado, que sofram alterações em razão da sua ação direta sobre o bem ou produto elaborado, adquiridos de pessoa jurídica para manutenção de veículos, máquinas e equipamentos componentes do ativo imobilizado, utilizados na fabricação de bens destinados à venda), descabe tal argumento; • a Solução de Consulta n° 90, de 18 de marco de 2011, que transcreve, reafirma que as despesas com aquisição de partes e peças de reposição usadas em máquinas e equipamentos utilizados diretamente na produção de bens destinados a venda, quando não representem acréscimo de vida útil superior a um ano ao bem em que forem aplicadas, são consideradas insumos para os fins de creditamento na forma do disposto no art. 3º II, da Lei n° 10.637, de 2002, desde que respeitados todos os demais requisitos normativos e legais atinentes à espécie. As mesmas disposições se aplicam às despesas efetuadas com serviços de manutenção dos aludidos equipamentos e máquinas utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda, quando prestados por pessoas jurídicas domiciliadas no País. • Uniformes e Equipamentos de Segurança – a RFB não homologou os créditos de PIS relativos às aquisições de uniforme e equipamentos de segurança. Alega que tais produtos adquiridos pela Recorrente não se enquadram na categoria de insumos aplicados, consumidos ou de quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Alega que tais bens não se enquadram no disposto na alínea "b", do inciso I, do caput do art. 8º, bem como no disposto na "a", do inciso I, do § 4º do citado art. 8o da IN SRF n° 404/2004, mas descabe tal argumento, pelos mesmos motivos já explanados, conforme a Solução de Consulta n° 40, de 19/Julho/2004, compõem a base de cálculo dos créditos a serem descontados do valor da contribuição para o PIS/PASEP não cumulativo os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País pela aquisição de equipamentos de Proteção Individual –EPI; • Utensílios e Ferramentas a Secretaria da Receita Federal não homologou os créditos de PIS relativos às aquisições de broca aço rápido, adesivo fixador baixa viscosidade, adesivo super bonder, estopa para limpeza, lixa ferro aplicador de fita e alicate amper digital. Alega que tais bens adquiridos pela Recorrente não se enquadram na categoria de insumos disposta na alínea "b", do inciso I, do caput do art. 8º, bem como no disposto na "a", do inciso I, do § 4º do citado art. 8º da IN SRF n° 404/2004, descabem tais argumentos, pois, conforme explanado na manifestação relativa a itens anteriores (materiais de embalagem, armazenagem, identificação e transporte), deve ser reconhecida a acepção ampla do termo "insumos" dentro da legislação do PIS e da COFINS, pela sua direta relação com o faturamento, portanto, devese, então, admitir que todos os custos de produção e despesas operacionais incorridos pelo contribuinte com a fabricação de produtos destinados à venda são insumos; • Frete na aquisição de embalagens e peças de manutenção A RFB não homologou os créditos de PIS relativos aos contratos de transporte referentes à aquisição/devolução de peças para manutenção e materiais de embalagem. Alega que somente o frete pago na aquisição de insumos gera direito a crédito e que as peças de manutenção bem como os materiais de embalagem apresentados pela recorrente não se enquadram no conceito de insumo conforme disposto na alínea Fl. 205DF CARF MF Processo nº 13502.000617/200610 Acórdão n.º 3001000.816 S3C0T1 Fl. 327 5 "b", do inciso I, do caput do art. 8º, bem como no disposto na "a", do inciso I, do § 4º do citado art. 8º da IN SRF n° 404/2004, mas descabe tal argumento, pois o serviço de transporte obedece ao mesmo tratamento dado ao insumo. Ambos constituem base de cálculo de créditos de PIS a descontar em favor da empresa no período em questão. A Solução de Consulta n° 63, de 12 de julho de 2010, reafirma que o valor do frete pago na aquisição de insumo pode integrar a base de cálculo do crédito previsto no art. 3º, II, da Lei n° 10.637, de 2002, desde que a aquisição do insumo dê direito à apuração de crédito e desde que a aquisição do frete esteja sujeita à incidência da Cofins; • Despesas de armazenamento de mercadorias e frete na operação de venda A Secretaria da Receita Federal não homologou os créditos de PIS relativos às despesas com capatazia (Port of Loading Handling) ou (THB), Taxa de Liberação de BL (Export Documentation Fee) ou (TDL) e seguros sobre o transporte. Alega que o texto da Lei n° 10.637/2002 é claro quanto à geração de crédito, ou seja, somente gera direito ao crédito as despesas com frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor, mas descabe tal argumento. No processo de importação, os valores referentes a capatazia, taxa de liberação de BL e seguros sobre o transporte integram a base de cálculo para a Empresa importadora aproveitar o direito ao crédito do PIS. Por analogia, na exportação, tais despesas também integrarão a base para aproveitamento do direito ao crédito do PIS e assim deve a RFB homologar os créditos de PIS relativos às despesas com capatazia, Taxa de Liberação de BL e seguros sobre o transporte; • Encargos de depreciação de bens não utilizados na produção – a RFB não homologou os créditos de PIS relativos aos encargos de depreciação de bens não utilizados na produção. Alega que dão direito a crédito os encargos de depreciação dos bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços, independentemente da data de aquisição, assim, glosou as despesas de depreciação em função de referirse a encargos de depreciação de bens não utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços, mas descabe tal argumento. O art. 3º, VII, da Lei n° 10.637/2002, possibilita o aproveitamento de crédito sobre encargos de depreciação de edificações e benfeitorias em imóveis utilizados nas atividades da empresa; e não apenas no prédio onde efetivamente é realizada a produção de bens destinados à venda ou prestados os serviços, conforme longamente explanado na manifestação relativa a item anterior deve a RFB homologar os créditos de PIS relativos, por analogia, todos os bens do ativo imobilizado da empresa, mesmo os que não abrigam a produção de bens destinados à venda ou prestação de serviços permitem à Empresa o aproveitamento de créditos de PIS relativos aos encargos de depreciação dos referidos bens, assim deve a RFB homologar os créditos de PIS relativos às despesas com encargos de depreciação de bens não utilizados na produção; • por todo o exposto, seja recebida a presente Manifestação de Inconformidade, que objetiva promover a reforma do Despacho Decisório DRF/CCI n° 0047/2011 e homologar os créditos postulados, promovendo sua compensação nos termos requeridos, evitando, assim, o encaminhamento do suposto débito para cobrança; • por fim, seja declarada a improcedência do supramencionado Despacho Decisório, vez que não homologou os créditos de PIS de direito da Impugnante, e, conseqüentemente, sejam homologados os créditos informados; A empresa apresentou junto a sua manifestação de inconformidade as cópias: do instrumento particular de procuração, alteração contratual e consolidação do Fl. 206DF CARF MF 6 Contrato Social da empresa, intimação DRF/Camaçari e Despacho Decisório, processo produtivo e relação dos materiais utilizados, notas fiscais de entrada nº2685 e 2686, razão consolidado. A DRJ de Salvador julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade e reconheceu em parte o direito creditório conforme Acórdão no 1530.244 a seguir transcrito: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITOS. INSUMOS. O sujeito passivo poderá descontar da contribuição apurada no regime não cumulativo, créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos as matériasprimas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. EMBALAGEM DE TRANSPORTE As embalagens que não são incorporadas ao produto durante o processo de industrialização, mas apenas depois de concluído o processo produtivo, e que se destinam tão somente ao transporte dos produtos acabados, não geram direito ao crédito. INSUMOS. INSTRUÇÃO NORMATIVA. ILEGALIDADE. É inócuo suscitar na esfera administrativa alegação de ilegalidade de ato normativo editado pela Receita Federal do Brasil. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Inconformada com a decisão da DRJ, a Recorrente apresenta Recurso Voluntário contra a decisão de primeira instância repisando os mesmos argumentos apresentados na impugnação e contra argumentando aquela decisão em relação aos seguintes pontos objeto de análise neste por este colegiado no que se refere ao conceito de insumos para fins de creditamento da nãocumulatividade da contribuição para o PIS: 1) do material de embalagem, armazenagem, identificação e transporte; 2) da manutenção de máquinas e equipamentos; 3) dos uniformes e equipamentos de segurança; 4) dos utensílios e ferramentas; 5) do frete na aquisição de embalagens e peças de manutenção; 6) das despesas de armazenagem e fretes na operação de vendas; 7) dos encargos de depreciação de bens não utilizados na produção. Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Marcos Roberto da Silva Fl. 207DF CARF MF Processo nº 13502.000617/200610 Acórdão n.º 3001000.816 S3C0T1 Fl. 328 7 Da competência para julgamento do feito O presente colegiado é competente para apreciar o presente feito, em conformidade com o prescrito no artigo 23B do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, com redação da Portaria MF nº 329, de 2017. Conhecimento O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Mérito A discussão objeto da presente demanda versa sobre a glosa de créditos de COFINS efetuada na análise de Pedido de Ressarcimento da Contribuição para o PIS. Os créditos glosados e mantidos pela decisão de piso referemse às seguintes rubricas: 1) do material de embalagem, armazenagem, identificação e transporte; 2) da manutenção de máquinas e equipamentos; 3) dos uniformes e equipamentos de segurança; 4) dos utensílios e ferramentas; 5) dos equipamentos locados de pessoas jurídicas; 6) do frete na aquisição de embalagens e peças de manutenção; 7) das despesas de armazenagem e fretes na operação de vendas; 8) dos encargos de depreciação de bens não utilizados na produção. Antes de adentrarmos na análise de cada um destes itens, mister se faz tecer alguns comentários a respeito da conceituação de insumos que vem prevalecendo na jurisprudência deste Conselho. A sistemática da nãocumulatividade para as contribuições do PIS e da COFINS foi instituída, respectivamente, pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002 (PIS) e pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003 (COFINS). O art. 3º, inciso II de ambas as leis autoriza a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. A Emenda Constitucional nº 42/2003 estabeleceu no §12º, do art. 195 da Constituição Federal o princípio da nãocumulatividade das contribuições sociais, consignando a sua definição por lei dos setores de atividade econômica. Portanto, a constituição deixou a cargo do legislador ordinário a regulamentação da sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS. A Secretaria da Receita Federal apresentou nas Instruções Normativas nos 247/02 e 404/04 uma interpretação sobre o conceito de insumos passíveis de creditamento pelo PIS e pela COFINS um tanto restritiva, semelhante ao conceito de insumos empregado para a utilização dos créditos do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, previsto no art. 226 do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI). Este entendimento extrapola as disposições previstas nas Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, contrariando o fim a que se propõe a sistemática da não cumulatividade das referidas contribuições. Nesta mesma linha de entendimento, igualmente incorre em erro quando se utiliza a conceituação de insumos conforme estabelecido na legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, visto que esta seria demasiadamente ampla. Segundo o RIR/99, aprovado pelo Decreto nº 3.000/99, poderseia enquadrar como insumo todo e qualquer custo da pessoa Fl. 208DF CARF MF 8 jurídica, ou seja, seria insumo na sistemática da não cumulatividade das contribuições sociais todos os bens ou serviços integrantes do processo de fabricação ou da prestação de serviços. Portanto, é entendimento deste Conselho que o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, deve ser interpretado seguindo o critério da essencialidade. Este critério busca uma posição "intermediária" construída pelo CARF na definição insumos, com vistas a alcançar uma relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo, e a atividade realizada pelo Contribuinte. Reproduzo a seguir um conceito de insumo consignado no Acórdão nº 9303 003.069, construído a partir da jurisprudência do próprio CARF, e que vem servindo de base para os julgamentos dos processos deste Conselho: [...] Portanto, "insumo" para fins de creditamento do PIS e da COFINS não cumulativos, partindo de uma interpretação histórica, sistemática e teleológica das próprias normas instituidoras de tais tributos (Lei no. 10.637/2002 e 10.833/2003), deve ser entendido como todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestação de serviço ou na produção ou fabricação de bem ou produto que seja destinado à venda, e que tenha relação e vínculo com as receitas tributadas (critério relacional), dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. (grifos da reprodução) Sintetizando, para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo na sistemática da nãocumulatividade das Contribuições para o PIS e da COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente, bem como haja a respectiva prova. O Superior Tribunal de Justiça adota o mesmo entendimento conforme pode ser observado no julgamento do recurso especial nº 1.246.317MG, cuja ementa segue abaixo reproduzida: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo únic o, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a Fl. 209DF CARF MF Processo nº 13502.000617/200610 Acórdão n.º 3001000.816 S3C0T1 Fl. 329 9 conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015) Portanto, após o relato do entendimento predominante a respeito da conceituação de insumos na sistemática da nãocumulatividade das Contribuições para o PIS e para a COFINS, adentremos nas circunstâncias que regem o caso concreto. Do material de embalagem, armazenagem, identificação e transporte O Acórdão vergastado decidiu que somente podem gerar créditos o material de embalagem de apresentação no âmbito da legislação do PIS e da Cofins. Isto porque, como insumo, só se pode ter aqueles bens "que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado”. Apresenta uma diferenciação entre “embalagens de transporte” e “embalagem de apresentação”, afirmando que somente estes podem ser considerados insumos e compor a base de cálculo do produto para fins de creditamento das contribuições para PIS e COFINS, excluindo as embalagens de transportes por se destinarem apenas ao transporte do produto e comportarem quantidades superiores as vendidas no varejo. Afirma ainda que em relação aos demais produtos, tais como etiquetas, fitas poly, fitas adesivas, película lisa, filmes para embalagem, não consta na descrição do processo produtivo e tampouco na manifestação de inconformidade há evidência de que tais materiais sejam empregados em outra finalidade que não a do transporte do produto final ou em quantidade compatível com a venda a varejo e, portanto, não há como tratalas como insumos do processo de produção, sendo correta a glosa aplicada. Fl. 210DF CARF MF 10 A Recorrente embasa sua defesa, conforme visto nos argumentos da Manifestação de Inconformidade (reproduzido no relatório) e novamente espelhado no Recurso Voluntário, de que “quaisquer custos ou despesas para a produção do bem ou prestação do serviço devem gerar créditos dessas Contribuições”. Não há como concordar com o posicionamento da Recorrente conforme disposto nas considerações iniciais deste relator, visto que o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, deve ser interpretado seguindo o critério da essencialidade. Este critério busca uma posição "intermediária" construída pelo CARF na definição insumos, com vistas a alcançar uma relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo, e a atividade realizada pelo Contribuinte Importante ressaltar que a jurisprudência predominante deste Conselho, na qual este relator se filia, é que somente pode ser caracterizado como insumo na tributação de PIS/COFINS aqueles empregados no processo produtivo e os demais gastos relacionados no art. 3º das Leis 10.637/02 e 10.833/03. Neste preceito normativo se inclui a armazenagem e frete na operação de venda, ou seja, inexiste previsão legal que conceda direito à apropriação de créditos para gastos genéricos com armazenagem ou produto acabado. Reproduzo a seguir trecho da ementa do Acórdão 9303006.871, de 12 de junho de 2018 que possui o mesmo entendimento deste relator sobre o aproveitamento de crédito sobre armazenagem e frete na operação de venda: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 (...) SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE APURAÇÃO. ARMAZENAGEM E TRANSPORTE. GASTOS GENÉRICOS ASSOCIADOS. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE. No sistema de apuração não cumulativo das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, não será admitida a apropriação de créditos vinculados a gastos genéricos associados com o transporte e a armazenagem de produtos diversos (matériaprima, produto em elaboração e produto acabado), sob a alegação de que a continuidade das atividades da empresa depende dos serviços correspondentes. É do contribuinte o ônus de provar que os gastos enquadramse em uma duas hipóteses contempladas pelo inciso IX do art. 3º das Leis 10.833/03 e 10.637/02, identificadas no texto legal como armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor, ou, então, que tratamse de gastos com o transporte do insumo empregado no processo produtivo da empresa e foram contabilizados como custo de aquisição de estoques.” Diante do exposto, voto por negar provimento neste particular. Da manutenção de máquinas e equipamentos Com relação a este item, novamente a recorrente adota como linha de defesa do direito ao crédito, a interpretação de que “quaisquer custos ou despesas para a produção do bem ou prestação do serviço devem gerar créditos dessas Contribuições”. Não busca de quaisquer maneiras tentar demonstrar que a manutenção de máquinas e equipamentos estão Fl. 211DF CARF MF Processo nº 13502.000617/200610 Acórdão n.º 3001000.816 S3C0T1 Fl. 330 11 diretamente relacionados com o processo produtivo da empresa tal qual insculpido na tese defendida por este relator e acima descrita. Portanto, por bem retratar a tese do critério da essencialidade construída pela maioria dos membros deste Conselho, adoto como fundamento de decidir o disposto no acórdão de piso abaixo reproduzido: Também não socorre à interessada o fato de tais produtos não estarem incluídos no ativo imobilizado, pois no presente caso o que releva observar, pela própria definição de insumos já citada neste voto, é que são insumos para efeito de apuração de créditos relativos à Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins não cumulativas, as partes e peças de reposição empregadas em veículos, máquinas e equipamentos utilizados diretamente na prestação de serviços e na fabricação ou produção de bens destinados à venda, desde que referidas partes e peças sofram alterações decorrentes de ação diretamente exercida sobre o serviço prestado e o bem fabricado ou produzido, tais como: consumo; desgaste; dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida no serviço que está sendo prestado e no bem ou produto que está sendo fabricado, e, desde que, por óbvio, não estejam incluídas no ativo imobilizado. Ressalvese que se os bens estiverem incluídos no imobilizado, que seria o caso das partes e peças adquiridas para reposição em veículos, máquinas e equipamentos utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda, cuja utilização represente acréscimo de vida útil superior a um ano ao bem no qual ocorra sua aplicação, essas partes e peças deixariam de ser consideradas insumos e poderiam gerar créditos decorrentes de depreciação futura, conforme previsto na Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º, inciso VI, combinado com o seu § 1º, inciso III, e na Lei nº 10.833, de 2003, art. 3º, inciso VI, combinado com o seu § 1º, inciso III, regulamentados, respectivamente, pelo art. 66, inciso III, alínea “a”, da IN SRF nº 247, de 2002, e pelo art. 8º, inciso III, alínea “a”, da IN SRF nº 404, de 2004. Embora os itens acima reclamados representem despesa necessária à empresa, não geram crédito a descontar, uma vez que não se enquadram na definição legal de insumos passíveis de gerar crédito do PIS, pois não se constituem em bens ou serviços diretamente aplicados no processo produtivo da empresa. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento neste particular. Dos uniformes e equipamentos de segurança Sobre este item o acórdão recorrido fundamentou a manutenção da glosa tendo por base a Solução de Divergência COSIT no 43/08 em contraponto a Solução de Consulta no 40/04. Afirma que a referida Solução de Consulta não se aplica à Recorrente pois sua atividade é industrialização e não prestação de serviços nela tratados. Afirma o seguinte: Segundo Solução de Consulta nº40/2004, os valores gastos na aquisição de combustíveis e lubrificantes efetivamente empregados e consumidos em veículos da própria empresa, utilizados no transporte de seus funcionários, bem como o fornecimento de fardamento, alimentação e valetransporte aos seus funcionários envolvidos diretamente na prestação dos serviços e, bem assim, os valores gastos com equipamentos de proteção individual utilizados na prestação de serviço, Fl. 212DF CARF MF 12 enquadrariamse como insumos para fins de apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Por conseguinte, em razão de tais despesas, efetuadas com o fornecimento de alimentação, de transporte, de uniformes ou equipamentos de proteção aos empregados, adquiridos de outras pessoas jurídicas ou fornecido pela própria empresa, não geram direito à apuração de créditos a serem descontados do PIS, por não se enquadrarem no conceito de insumos aplicados, consumidos ou daqueles que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida no processo de fabricação ou na produção de bens destinados à venda. Por sua vez, a Recorrente retoma seus argumentos de que “quaisquer custos ou despesas para a produção do bem ou prestação do serviço devem gerar créditos dessas Contribuições”. Acrescenta ainda o disposto na Solução de Consulta no 40 da SRRF da 5ª Região Fiscal na qual entende que “compõem a base de cálculo dos créditos a serem descontados do valor da contribuição para o PIS/PASEP não cumulativo os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no país pela aquisição de: a) Equipamentos de Proteção Individual – EPI utilizados na prestação de serviços”. Discordo, em parte, pelo posicionamento adotado pela DRJ tendo em vista que, dentro do critério da essencialidade adotado por grande parte dos membros deste Conselho, os Equipamentos de Proteção Individual – EPI podem ser considerados como insumos se forem empregados que trabalhem na linha de produção de fios e cordas a partir de fibras naturais de sisal. Apesar de não concordar com o posicionamento da Recorrente no que se refere a tese de que quaisquer custos geram direito ao crédito na sistemática da não cumulatividade da Contribuição para o PIS e da COFINS. Entendo que o argumento referente ao crédito relacionado aos Equipamentos de Proteção Individual merece ser restabelecido tendo em vista que na descrição do processo produtivo constante da efl. 106 constam as seguintes informações referentes a Segurança do Trabalho: Fl. 213DF CARF MF Processo nº 13502.000617/200610 Acórdão n.º 3001000.816 S3C0T1 Fl. 331 13 Portanto, diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário neste particular. Dos utensílios e ferramentas Neste item ficou assim decidido pela DRJ: Não assiste razão à interessada quanto ao creditamento dos valores correspondentes a aquisição de broca aço rápido, adesivo fixador baixa viscosidade, Adesivo Super Bonder, Estopa para Limpeza, Lixa Ferro, Aplicador Fita, e Alicate Amper Digital, uma vez que de fato tais bens não se enquadram ao disposto nos dispositivos da legislação transcrita. Ou seja, não se enquadrarem no conceito de insumos aplicados, consumidos, ou nem tampouco sofrem alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação. Novamente os argumentos da Recorrente foram tão somente o seguinte: “quaisquer custos ou despesas para a produção do bem ou prestação do serviço devem gerar créditos dessas Contribuições”. Portanto, nego provimento ao recurso voluntário neste particular. Do frete na aquisição de embalagens e peças de manutenção A decisão de piso foi clara ao entender que seria possível o aproveitamento do frete na aquisição de insumos, desde que seja efetivamente suportado pelo vendedor nos seguintes termos: Podese observar da literalidade dos incisos do art.3º da Lei nº10.833, de 2003, este que se aplica à contribuição para o PIS, nos termos do art.15 deste mesma lei, que que somente podem ser descontados créditos relativos ao pagamento de frete, quando este for suportado pelo vendedor e quando for relacionado aos bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, desde que tal despesa seja paga a pessoa jurídica domiciliada no País. Deste modo, não há como se admitir o frete relacionado ao transporte na aquisição de embalagens e peças de manutenção, estes, objeto da glosa em razão de não se enquadrarem como insumos, não assistindo razão à interessada, uma vez que somente o valor do frete pago a pessoa jurídica na compra de insumos a serem utilizados na produção de bens à venda ou à prestação de serviços pode ser considerado na Entretanto, a decisão de piso foi coerente ao glosar as despesas de frete na aquisição de produtos tendo em vista que estes não se enquadraram no conceito de insumo, quais sejam: embalagens e peças de manutenção. Apesar de a Recorrente apresentar como fundamento para reversão da glosa o que descrito na Solução de Consulta no 63, em total sintonia com o entendimento tanto da decisão de piso quanto do presente relator, os produtos aos quais estavam o frete relacionados Fl. 214DF CARF MF 14 não foram enquadrados dentro do conceito de insumos nos termos do presente voto e, portanto, não há que se falar em reversão da glosa efetuada. Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário neste particular. Das despesas de armazenagem e fretes na operação de vendas As despesas objeto da presente glosa se refere a capatazia (Port of Loading Handling) ou (THB), Taxa de Liberação de BL (Export Documentation Fee) ou (TDL) e seguros sobre o transporte. Tais despesas, conforme informado na Manifestação de Inconformidade e no Recurso Voluntário, estão diretamente relacionadas com a exportação dos produtos industrializados. A decisão de piso reforça que Como já visto tanto a armazenagem de mercadoria quanto o frete na operação de venda, relacionados aos insumos utilizados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, somente geram direito ao crédito quando o ônus for suportado pelo vendedor. O valor do frete pago na aquisição de insumo pode integrar a base de cálculo do crédito previsto no art. 3º, II, da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003, desde que a aquisição do insumo dê direito à apuração de crédito e desde que a aquisição do frete esteja sujeita à incidência do PIS/Pasep e da Cofins. No entanto, vinculadas tais despesas aos materiais de embalagem e peças de manutenção que não se enquadram no conceito de insumo, não há como admitir tal creditamento. Quanto às demais despesas relativas aos fretes, não logrou a interessada apresentar documentação que demonstrasse o contrário. Estamos diante da fundamentação estabelecida no art. 3º, IX da Lei no 10.833/03, também aplicável ao PIS, em função do Inc. II da mesma lei, que assim dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Necessário se faz averiguar se as referidas despesas estão diretamente relacionadas com aos produtos fabricados pela Recorrente e destinados à venda. O Parecer DRF/CCI/Saort no 014/2011 de efls. 58 a 64, em seu item 08 assim dispôs: Fl. 215DF CARF MF Processo nº 13502.000617/200610 Acórdão n.º 3001000.816 S3C0T1 Fl. 332 15 Reproduzse abaixo os trechos extraídos do Parecer DRF/CCI/Saort no 0008/2011 das efls. 30 e 57 que assim decidiram sobre as despesas glosadas no presente item, quais sejam, capatazia (Port of Loading Handling) ou (THB), Taxa de Liberação de BL (Export Documentation Fee) ou (TDL) e seguros sobre o transporte: (...) Fl. 216DF CARF MF 16 Percebese que a fiscalização detalhou as informações das despesas efetivamente empregadas em armazenagem e frete nas operações de vendas, glosando aquelas que não se relacionavam com tais despesas previstas no art. 3º, IX da Lei no 10.833/03 e que, por conseguinte, não geravam direito ao creditamento para fins de apuração das contribuições para o PIS. A Recorrente repisa os mesmos argumentos apresentados ao longo de seu Recurso Voluntário que assim reproduzo: Perceba que a Recorrente não busca demonstrar se os serviços de capatazia, Taxa de Liberação de BL e seguros sobre o transporte estavam relacionados a armazenagem e frete nas operações vendas de produtos de sua fabricação. Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário neste particular. Fl. 217DF CARF MF Processo nº 13502.000617/200610 Acórdão n.º 3001000.816 S3C0T1 Fl. 333 17 Dos encargos de depreciação de bens não utilizados na produção A decisão recorrida assim decidiu sobre o presente tema: É inegável que uma planta industrial dispõe de bens depreciáveis, mas, como bem destacou a autoridade no despacho decisório, de acordo com a sistemática descrita no art. 3º, da lei que instituiu a sistemática de crédito, a pessoa jurídica pode descontar créditos sobre a depreciação e amortização de máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda ou prestação de serviços, e exclusivamente em relação aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no país. Deste modo, não assiste razão à interessada quando pretende apurar créditos de PIS relativos às despesas com encargos de depreciação de bens não utilizados na produção. Os argumentos da Recorrente são no sentido de que é possível o aproveitamento de créditos relacionados a encargos de depreciação de edificações e benfeitorias em imóveis utilizados na atividade da empresa conforme disposto no art. 3º, VII da Lei no 10.637/02, que assim dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; De fato, não há qualquer restrição ao tipo de atividade executada neste dispositivo. Não há uma estrita vinculação ao processo produtivo da empresa, conforme os créditos estabelecidos nos incisos II, VI e XI do art. 3º da Lei nº 10.833/03, por exemplo. Entretanto, a sua análise não deve ser realizada isoladamente conforme exposto pela recorrente. Perceba o que estabelece o art. 6º da Lei nº 11.488, de 2007, que trouxe uma previsão mais específica: “Art. 6º As pessoas jurídicas poderão optar pelo desconto, no prazo de 24 (vinte e quatro) meses, dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que tratam o inciso VII do caput do art. 3o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e o inciso VII do caput do art. 3o da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, na hipótese de edificações incorporadas ao ativo imobilizado, adquiridas ou construídas para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços” Diferentemente do estabelecido no inciso VII do art. 3º da Lei nº 10.833/03, a redação do art. 6º da Lei nº 11.488/07 é restritiva ao afirmar que as edificações devem ser adquiridas para utilização na produção de bens ou na prestação de serviços. Com essa definição, para que a pessoa jurídica possa apurar crédito com base em suas regras deverá não só exercer uma atividade industrial ou prestar serviços a terceiros, como também é necessária a existência de uma relação entre a edificação construída ou adquirida e a execução direta dessas atividades, qual seja, o atendimento do critério da essencialidade exposto neste voto. Fl. 218DF CARF MF 18 Portanto, voto por negar provimento ao recurso voluntário neste particular. Conclusão Diante de todo o exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para conceder o aproveitamento de crédito em relação aos uniforme e equipamentos de segurança. (assinado digitalmente) Marcos Roberto da Silva Fl. 219DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.900014/2014-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/05/2013 a 31/05/2013
PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA.
A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracteriza-se a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade.
Numero da decisão: 3302-006.821
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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CONCOMITÂNCIA. A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracterizase a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. Relatório Trata o presente processo do Pedido de Restituição (PER), transmitido pelo contribuinte acima identificado, no qual solicita a restituição de COFINS. Consta no processo Despacho Decisório Eletrônico proferido pela unidade de origem, o qual concluiu pela improcedência do crédito original informado no PER, sob o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 00 14 /2 01 4- 47 Fl. 658DF CARF MF Processo nº 16682.900014/201447 Acórdão n.º 3302006.821 S3C3T2 Fl. 3 2 fundamento de que o pagamento relacionado havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Cientificado desta decisão, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, julgada improcedente pela DRJ, nos termos do Acórdão nº 12082.400. Inconformado com a decisão da DRJ, apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) A ausência de retificação de DCTF ou de qualquer outra obrigação acessória jamais poderia ser impeditivo do reconhecimento do seu direito ao crédito, na medida em que o Fisco possui outros meios de apurar a existência de eventual indébito tributário. Assim, não restam dúvidas de que a falta de retificação da DCTF não deve implicar na perda do direito ao crédito; b) Não há concomitância entre o presente processo e o Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. A lide proposta foi no sentido de que fosse reconhecido o direito líquido e certo da recorrente não se sujeitar à incidência do PIS/Cofins sobre as receitas de interconexão, bem como para reconhecer o crédito referente a eventuais valores pagos indevidamente, relativamente a contribuições apuradas e recolhidas após a impetração do writ. O objeto da ação judicial se destina apenas às contribuições de PIS e Cofins apuradas e recolhidas após a distribuição do referido MS; c) No caso concreto, há uma divisão muito clara. Os pagamentos indevidos de PIS/COFINS sobre receitas de interconexão de redes, apuradas antes de 23.9.2013, foram objeto de pedido administrativo de restituição. Apenas os pagamentos realizados com base em apurações de PIS/COFINS feitas partir de 23.9.2013, foram objeto do pedido judicial formulado no Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. Bem verdade que há certa semelhança entre as causas de pedir dos processos administrativos e judicial. Ambos estão fundados na “não incidência do PIS/COFINS sobre receitas de interconexão”. Todavia, os pedidos efetuados para se afastar o PIS e a COFINS sobre as receitas de interconexão, bem como para se reconhecer o crédito sobre pagamentos indevidos realizados envolvem a mesma discussão para períodos de apuração distintos. Frisese: os pedidos administrativos se voltam às contribuições apuradas e pagas antes da impetração do mandado de segurança. Já aquelas apuradas e pagas após o ajuizamento da ação judicial são objeto do mandado de segurança. Diante desse cenário, verificase que não há concomitância entre o mandado de segurança em curso perante o Poder Judiciário e o presente processo administrativo, tendo em vista que os períodos de apuração relativos ao crédito referente ao indébito tributário são distintos; d) Os valores recebidos pela Recorrente e repassados a outras operadoras a título de interconexão de redes não configuram receita tributável pelo PIS e COFINS, pois não se trata de “receita” auferida pela Recorrente, quer do ponto de vista jurídico, quer mesmo do ponto de vista contábil. No caso dos valores recebidos pela Recorrente e repassados a terceiros a título de interconexão de redes, o que se verifica é um mero e transitório ingresso de recursos que devem ser repassados ao terceiro que cedeu seus meios de rede à Recorrente. Não há, portanto, qualquer efetivo acréscimo patrimonial da Recorrente, porque já há um imediato e compulsório destino para aquele valor recebido, que é repassado para as outras operadoras de telecomunicação; e) A tributação nos moldes pretendidos pelo Fisco implica a tributação pelo PIS/COFINS da receita total auferida pela Recorrente pela prestação do serviço de Fl. 659DF CARF MF Processo nº 16682.900014/201447 Acórdão n.º 3302006.821 S3C3T2 Fl. 4 3 telecomunicação, incluindo a parcela que será repassada a terceiros pela interconexão de redes. E, além dessa tributação, nos termos da pretensão fiscal, haveria uma nova incidência do PIS/COFINS pelo terceiro que realiza a interconexão, no momento em que ele apropriar a receita que lhe é repassada, caracterizando o bis in idem tributário; f) A base de cálculo do PIS/COFINS não deve ser integrada por elementos estranhos à receita auferida, notadamente pelos valores que devem ser repassados a terceiros a título de interconexão de redes. Na prática, isso faz com que todo o valor pago pela Recorrente a título de PIS/COFINS sobre esses valores de interconexão de redes seja qualificado como indébito tributário, que lhe deve ser restituído. Termina o recurso requerendo o provimento para que seja reformado o acórdão recorrido, a fim de que seja deferido o pedido de restituição formulado. É o breve relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Acórdão nº 3302006.815, de 25 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 16682.900008/201490, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3302006.815): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise. O cerne da questão está em decidir se há concomitância entre esse processo administrativo e o Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. Para tanto, é necessário analisar os objetos dos respectivos processos. Conforme já mencionado na decisão a quo, o indébito pleiteado no Pedido de Restituição decorre, nas palavras do contribuinte, “da indevida inclusão na base de cálculo do PIS de valores referentes a ingressos de numerário em razão de contratos de interconexão, os quais não constituem "receita" da Manifestante”. Portanto, defende em processo administrativo a não incidência do PIS/COFINS sobre tarifas de interconexão. Vejamos o objeto do MS nº 002418579.2013.4.02.5101: Pela petição inicial, temos os seguintes pedidos: a) concessão de medida liminar para assegurar o direito liquido e certo da impetrante à suspensão da exigibilidade dos créditos tributários, nos termos do art. 151, IV, do CTN, das Fl. 660DF CARF MF Processo nº 16682.900014/201447 Acórdão n.º 3302006.821 S3C3T2 Fl. 5 4 contribuições ao PIS e a Cofins, sobre os meros ingressos apurados mensalmente pelo regime de competência pela impetrante decorrentes tão somente das tarifas de interconexão recebidas dos usuários pela coprestação dos serviços de telecomunicações prestados pelas demais operadoras e a elas integralmente repassadas (serviços de transmissão, emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza); b) determinação à Autoridade Coatora sobre o contudo da decisão liminar, bem como acerca do conteúdo do presente mandamus, para que no prazo legal, preste as informações que entender necessárias, com a posterior oitiva do representante do Ministério Público; c) Ciência à União Federal, nos termos do art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009; d) ao final, a concessão da segurança para confirmar a liminar requerida e assegurar o direito liquido e certo de a impetrante não se sujeitar à incidência das contribuições ao PIS e à Cofins, sobre meros ingressos apurados mensalmente pelo regime da competência pela impetrante decorrentes tão somente das tarifas de interconexão recebidas dos usuários pela coprestação dos serviços de telecomunicações prestados pelas demais operadoras e a elas integralmente repassadas (serviços de transmissão, emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza), sob pena de violação ao art. 2º da Lei nº 9,718/99 e aos arts. 5º, II; 145 § 1º; 150, I e IV e 195, I, "b" da Constituição Republicana de 1988, com a consequente compensação do indébito dessas contribuições, apurados desde a distribuição do presente writ, devidamente atualizado pela Taxa Selic, após o trânsito em julgado, nos termos dos artigos 165, 170 e 170A do CTN. A sentença de primeiro grau do Mandado de Segurança nº 002418579.2013.4.02.5101, assim decidiu: Tratase de mandado de segurança com pedido de liminar impetrado por INTELIG COMUNICAÇÕES LTDA contra ato atribuído ao DELEGADO DA DELEGACIA ESPECIAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE MAIORES CONTRIBUINTES NO RIO DE JANEIRO DEMAC, objetivando a declaração de não incidência das contribuições ao PIS e à COFINS, sobre os ingressos apurados mensalmente pelo regime de competência pela Impetrante, decorrentes de tarifas de interconexão serviços prestados pelas demais operadoras, que são posteriormente repassados àquelas congêneres, bem como a declaração do direito de compensar o indébito referente a estas contribuições, apurado desde a distribuição do writ. Sustenta, em apertada síntese, que as chamadas "tarifas de interconexão" não constituem receita, e sim meros ingressos econômicos ou financeiros, tendo cm vista que são recebidas, cm um primeiro momento, pela Impetrante, porem repassadas cm seguida às operadoras que efetivamente prestaram os serviços ao cliente usuário da Impetrante. (...) Fl. 661DF CARF MF Processo nº 16682.900014/201447 Acórdão n.º 3302006.821 S3C3T2 Fl. 6 5 Pelo exposto, com fulcro no art. 269. I, do CPC. JULGO PROCEDENTE O PEDIDO e CONCEDO A SEGURANÇA, para determinar ao Impetrado que se abstenha de exigir da Impetrante que recolha o PIS e a Cofins, incluindo na base de cálculo o valor recebido pela Impetrante e posteriormente repassado a operadora congênere, que prestou efetivamente o serviço, a título de "tarifa de interconexão", bem como para declarar o direito da Impetrante à compensação do indébito, apurado desde a distribuição do presente, na forma da lei de regência, de acordo com a modalidade escolhida pelas Impetrantes, aplicandose a SELIC como critério de atualização do indébito, vedada a cumulação com qualquer outro índice, nos termos da fundamentação supra. Analisando as razões jurídicas apresentadas na peça recursal, fico convencido da identidade das demandas administrativa e judicial, pois nas duas esferas o que se discute é a inexistência de relação jurídica tributária do PIS e da Cofins em relação as receitas de interconexão. O próprio recorrente reconhece essa congruência entre os processos administrativo e judicial. Sua alegação para afastar a concomitância se ampara no fato de que os pagamentos indevidos de PIS/COFINS sobre receitas de interconexão de redes, apuradas antes de 23.9.2013, foram objeto de pedido administrativo de restituição, e que apenas os pagamentos realizados com base em apurações de PIS/COFINS feitas partir de 23.9.2013, foram objeto do pedido judicial formulado no Mandado de Segurança n° 0024185 79.2013.4.02.5101. Não comungo do entendimento no qual a concomitância é afastada pela falta de identidade entre os períodos de apuração apontados nos processos judicial e administrativo. O diferencial entre os períodos de apuração, aqueles contemplados pelo mandamus e os não contemplados, na minha visão, referese somente à possibilidade de o recorrente utilizálos para pedido de compensação antes do trânsito em julgado, por ordem judicial, conforme sua solicitação na exordial. Os demais períodos de apuração, os que foram apurados antes da distribuições do writ, deverão esperar o trânsito em julgado da ação para poderem se credenciar a objeto de um pedido de restituição, com possíveis compensações. Digo isso, pois a decisão do Poder Judiciário sobre a incidência do PIS e da Cofins nas receitas oriundas das tarifas de interconexão, terá reflexos para todos os períodos de apuração, independentemente se foi contemplado no pedido do MS nº 002418579.2013.4.02.5101 ou não Isso se deve ao fato de que na existência de processos paralelos, com objeto e finalidade idênticos, não é salutar que haja decisões com efeitos redundantes ou antagônicos. Em qualquer das hipóteses, prevalecerá a decisão judicial, motivo pelo qual a concomitância de processos ofende o princípio da economia processual. Em face disso, a opção do contribuinte pela via judicial encerra o processo administrativo fiscal em definitivo, em qualquer das fases em que ele se encontre. Fl. 662DF CARF MF Processo nº 16682.900014/201447 Acórdão n.º 3302006.821 S3C3T2 Fl. 7 6 Registrese que a coisa julgada a ser proferida no âmbito do Poder Judiciário jamais poderia ser alterada no processo administrativo, pois tal procedimento feriria a Constituição Federal, que adota o modelo de jurisdição una, onde são soberanas as decisões judiciais. Sendo assim, nos casos em que o sujeito passivo opta pela via judicial para a discussão de matéria tributária implica na renúncia ao poder de recorrer nesta instância, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei nº 6.830/80 e do § 2º, art. 1º do Decretolei nº 1.737, de 1979. Ratificando este entendimento, foi aprovado o enunciado de Súmula CARF nº 01, in verbis: Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Na linha do entendimento fixado, não conheço do recurso quanto à matéria submetida ao crivo do Poder Judiciário e na parte conhecida, nego provimento ao recurso por enxergar identidade entre os pedidos e as causas de pedir apresentados no MS nº 2007.70.00.0222765 e neste recurso administrativo." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer parcialmente do recurso e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 663DF CARF MF
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