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Numero do processo: 15586.001087/2007-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2000 a 30/09/2007
CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE O VALOR DAS FATURAS RELATIVAS A SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERADOS INTERMEDIADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE.
Conforme decisão definitiva do STF, em julgamento com repercussão geral reconhecida, é inconstitucional a contribuição incidente sobre as faturas relativas a serviços prestados por cooperados intermediados por cooperativa de trabalho.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Kleber Ferreira de Araújo - Relator
Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/2000 a 30/09/2007 CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE O VALOR DAS FATURAS RELATIVAS A SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERADOS INTERMEDIADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE. Conforme decisão definitiva do STF, em julgamento com repercussão geral reconhecida, é inconstitucional a contribuição incidente sobre as faturas relativas a serviços prestados por cooperados intermediados por cooperativa de trabalho. Recurso Voluntário Provido.
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INCONSTITUCIONALIDADE. Conforme decisão definitiva do STF, em julgamento com repercussão geral reconhecida, é inconstitucional a contribuição incidente sobre as faturas relativas a serviços prestados por cooperados intermediados por cooperativa de trabalho. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 10 87 /2 00 7- 51 Fl. 708DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 709DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15586.001087/200751 Acórdão n.º 2402004.687 S2C4T2 Fl. 708 3 Relatório Tratase de recurso interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão n.º 12 22.116 de lavra da 13.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ no Rio de Janeiro I (RJ), que julgou improcedente em parte a impugnação apresentada para desconstituir a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD n.º 37.110.2820. O crédito em questão referese à exigência da contribuição patronal para a Seguridade Social, incidente sobre os pagamentos por serviços médicos prestados por cooperados intermediados por cooperativas de trabalho. De acordo com o Relatório Fiscal, os valores que integram a presente NFLD referemse à contribuição devida pela cooperativa incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe foram prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho (outras Unimed's). Os respectivos valores foram discriminados, por competência, no Discriminativo Sintético de Débito DSD. Cientificado do lançamento em 29/11/2007, o sujeito passivo ofertou impugnação na qual, em síntese, requestou pelo reconhecimento da decadência em atendimento ao que determina a Súmula Vinculante STF n.º 08, aplicandose para tal a regra do § 4.º do art. 150 do CTN. Depois suscitou equívoco cometido pela auditoria ao enquadrar os médicos cooperados de outras UNIMED's como contribuintes individuais, ignorando a sistemática de funcionamento das cooperativas e a figura do intercâmbio. Assegura que, tendo em vista a edição da Lei 9.876/1999, as cooperativas não mais estão sujeitas ao recolhimento de contribuição previdenciária sobre o pagamento realizado aos médicos cooperados, nem mesmo quando se tratar de atendimento por médicos associados a cooperativas diversas (intercâmbio). Assim, há ausência de previsão legal expressa para imputar às cooperativas o ônus de recolher contribuição social sobre o pagamento aos seus cooperados ou de outras cooperativas. Asseverou que a Lei n.º 9.876/1999, que instituiu a contribuição em destaque, é inconstitucional. Finalmente contestou a aplicação dos acréscimos de juros e multa. O órgão de primeira instância, aplicando o § 4.º do art. 150 do CTN, declarou decadente o período de 03/2000 a 10/2002. Os demais argumentos defensórios foram afastados. Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, fls. 537 e segs., no qual, apresentou as mesmas alegações trazidas na impugnação. É o relatório. Fl. 710DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O recurso merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. Contribuição sobre faturas relativas a serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho – inconstitucionalidade Em sessão plenária realizada em 23/04/2014, o Corte Constitucional, ao decidir sobre o RE n. 595.838, declarou por unanimidade a inconstitucionalidade do dispositivo questionado, em julgamento, com repercussão geral reconhecida, que teve o seguinte resultado: “O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, deu provimento ao recurso extraordinário e declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999. Votou o Presidente, Ministro Joaquim Barbosa. Ausente, justificadamente, o Ministro Gilmar Mendes. Falaram, pelo amicus curiae, o Dr. Roberto Quiroga Mosquera, e, pela recorrida, a Dra. Cláudia Aparecida de Souza Trindade, Procuradora da Fazenda Nacional. Plenário, 23.04.2014.” Contra essa decisão a Fazenda Nacional opôs embargos de declaração, que foram rejeitados por unanimidade pela Corte, em julgamento com ata publicada no DJE em 20/02/2015. Segundo o inciso I do § 1.º do art. 62 do Regimento Interno RI do CARF, inserto no Anexo II da Portaria MF n.º 343, de 09/06/2015, a contrário senso, esse tribunal administrativo deve afastar a aplicação de dispositivos declarados inconstitucionais por decisão definitiva do STF. Nesse sentido, cabível a declaração de improcedência do auto de infração, haja vista que os pagamentos à Cooperativa de Trabalho não se sujeitam à incidência de contribuições, conforme decisão da Corte Constitucional. Fl. 711DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15586.001087/200751 Acórdão n.º 2402004.687 S2C4T2 Fl. 709 5 Conclusão Voto por dar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 712DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720057/2012-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
VARIAÇÕES CAMBIAIS. TRIBUTAÇÃO. OPÇÃO PELO REGIME DE COMPETÊNCIA.
Para fins de incidência do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro, as variações cambiais devem ser oferecidas à tributação apenas quando da liquidação das obrigações em moeda estrangeira (regime de caixa). Todavia, por opção do sujeito passivo, podem ser tributadas segundo o regime de competência.
Numero da decisão: 1201-001.203
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos voluntário e de ofício.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: MARCELO CUBA NETTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008 VARIAÇÕES CAMBIAIS. TRIBUTAÇÃO. OPÇÃO PELO REGIME DE COMPETÊNCIA. Para fins de incidência do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro, as variações cambiais devem ser oferecidas à tributação apenas quando da liquidação das obrigações em moeda estrangeira (regime de caixa). Todavia, por opção do sujeito passivo, podem ser tributadas segundo o regime de competência.
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 VARIAÇÕES CAMBIAIS. TRIBUTAÇÃO. OPÇÃO PELO REGIME DE COMPETÊNCIA. Para fins de incidência do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro, as variações cambiais devem ser oferecidas à tributação apenas quando da liquidação das obrigações em moeda estrangeira (regime de caixa). Todavia, por opção do sujeito passivo, podem ser tributadas segundo o regime de competência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos voluntário e de ofício. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Presidente e Relator Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida e Ester Marques Lins de Sousa. Relatório Tratase de recursos voluntário e de ofício interpostos nos termos dos arts. 33 e 34, I, ambos do Decreto nº 70.235/72, contra o acórdão nº 1260.403, exarado pela 6ª Turma da DRJ 1 no Rio de Janeiro RJ. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 57 /2 01 2- 55 Fl. 5013DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16561.720057/201255 Acórdão n.º 1201001.203 S1C2T1 Fl. 3 2 Por bem descrever o litígio objeto do presente processo, tomo de empréstimo o relatório contido na decisão de primeiro grau (fl. 4971 e ss.): Trata o presente processo dos autos de infração de fls 4815/4861, referentes ao Imposto sobre a Renda (IR), Pis, Contribuição Social (CSLL) e Cofins lavrados pela Demac SP, por meio dos quais foram consubstanciadas as exigências de R$ 3.228.802,10 e R$ 168.507,79, R$1.164.528,75 e R$776.476,27, respectivamente, multa de 75% e juros de mora. Conforme demonstrativos juntados, foram ainda reduzidas as bases de cálculo negativas declaradas para períodos anteriores (2007 e 2008). Da autuação O crédito tributário foi formalizado, segundo relato de fls 4862/4872, com base nas seguintes infrações: 1.1 Falta de reconhecimento de variações cambiais calculadas sobre faturas referentes a vendas de fornecedor estrangeiro (Item 01 do TVF , referente ao item 03 do Auto de Infração) (...) 1.2 Falta de reconhecimento dos Juros e variação cambial relativos a empréstimo à pessoa jurídica All Plus, sediada no exterior (Item 02 do TVF, referente a parte do item 02 do auto de infração) O contrato firmado entre as partes em 2005 previa juros à taxa Libor acrescido do spread de 3% ao ano, mas a receita decorrente da aplicação de tais taxas não foi incorporada ao resultado do exercício. O câmbio adotado e os cálculos foram discriminados na tabela de fls 4866 da qual resultou a apuração das seguintes bases de cálculo para o 3º e 4º trimestres do ano de 2008: (...) 1.3 Falta de reconhecimento de Juros e variação cambial relativos a empréstimos concedidos à empresa brasileira Memowise ( Item 03 do TVF, referente à parte do item 02 do auto de infração) O contrato firmado entre as partes teria previsão de juros à taxa de 1,38 % ao mês , mas conforme movimento da conta 12.119, as receitas financeiras correspondentes não foram reconhecidas. Os valores a tributar foram calculados e discriminados conforme tabela de fls 4863, dela resultando as seguintes bases: (...) 1.4 Vendas não contabilizadas e/ou contabilizadas a menor e juros recebidos não oferecidos à tributação. (Item 04 do TVF, referente ao item 01 do auto de infração) Fl. 5014DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16561.720057/201255 Acórdão n.º 1201001.203 S1C2T1 Fl. 4 3 A partir da análise da conta “duplicatas a receber” apurouse que os débitos (vendas efetuadas, cuja contrapartida eram receitas de vendas), não batiam com os créditos (recebimentos financeiros). Foi então formalizada a intimação nº 04, que questionava as diferenças e, ainda, solicitava a abertura dos valores por nota fiscal. Em resposta à referida intimação o contribuinte não logrou discriminar as diferenças questionadas, corroborando assim a omissão de receitas, conforme discriminação realizada em tabela de fls 4.871. Às fls 4.872 a autoridade assim sintetiza os fatos apurados: “... Ora, se os saldos bancários fecham com os extratos e as duplicatas tem no crédito (recebimentos) também as contas de bancos, deveria o contribuinte, sob pena de falta de controle do que tem a receber, manter composição por devedor e por documento fiscal, mas este particular não consegui extrair do contribuinte, apesar das intimações e das reuniões pessoais expondo a nossa necessidade. O que se observa é que, por exemplo, juros recebidos de clientes também compuseram o saldo da contas duplicatas a receber e não foram oferecidos à tributação, então podemos concluir que outros valores recebidos que não tinham relação com as notas fiscais emitidas também foram absorvidos nesta conta, em outras palavras vendas sem a correspondente nota fiscal, logo não registradas e não oferecidas à tributação.” (...) 1.5 Glosa de compensação de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativa da CSLL Foram aproveitados, no 2º trim2007, as bases negativas oriundas de períodos anteriores, que totalizaram R$ 314.933,37 tanto para o IRPJ quanto para a CSLL. Em conseqüência, conforme demonstração de fls 4.807, 4.810, 4.811 e 4.814, foram glosadas, por insuficiência de saldo, as compensações realizadas pelo sujeito passivo em sua DIPJ para o 4º trimestre de 2008, conforme abaixo : (...) 2. Da impugnação Cientificada em 30/05/2012 (fls 4.876), a interessada apresentou a impugnação de fls 4.881/4951, protocolada em 29/06/2012, na qual requer o cancelamento da cobrança formalizada e alega, preliminarmente, a nulidade do procedimento assim fundamentada: • Por força do art 30 da MP 2.158/2001, as variações cambiais poderiam ser reconhecidas pelo regime de caixa ou de Fl. 5015DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16561.720057/201255 Acórdão n.º 1201001.203 S1C2T1 Fl. 5 4 competência, conforme opção da pessoa jurídica, devendo a mesma opção perdurar para todo o ano calendário; • Não há sequer uma observação, no Termo de Constatação que embasou o lançamento, referente ao regime adotado pela empresa para reconhecimento das receitas de variações cambiais. Da mesma forma, a autoridade autuante não esclareceu a metodologia de apuração das referidas receitas; • Não houve qualquer investigação acerca do efetivo pagamento e recebimento de juros; • As respostas e justificativas apresentadas ao longo da auditoria foram ignoradas; • A falta de clareza quanto ao método de apuração adotado na autuação enseja a sua nulidade. Quanto ao mérito, argui a seu favor, em síntese, que: • A interessada adotava o regime de caixa para a tributação de suas variações cambiais. Assim, ainda que as receitas correspondentes possuíssem disponibilidade jurídica, não são tributáveis sem a prova de que foram efetivamente recebidas; • Em relação às variações referentes ao pagamento de fornecedores estrangeiros, afirma a autoridade autuante que os saldos positivos referentes aos 3º e 4º trimestre de 2007 deveriam ter sido tributados nos próprios trimestres. A afirmação, porém, é equivocada, pois os referidos saldos podem e devem ser ajustados ao fim do ano calendário, após consideração das estimativas efetivamente pagas; • O auto de infração se baseou em presunções sem respaldo legal. É do Fisco o ônus de comprovar as diferenças tributáveis que aponta; • Em relação às receitas tidas como omitidas, as justificativas referentes às diferenças apontadas foram devidamente apresentadas, ao longo da auditoria, mas foram ignoradas (doc anexo). Especificamente quanto ao valor de R$ 2.451.474,96, a justificativa da autuada estava na primeira página da resposta à intimação item 1.1 – fls 01/36; • Todas as receitas auferidas pela interessada foram tributadas; • Não há incidência do Pis e da Cofins sobre juros decorrentes de mútuos contratados com coligadas; • A jurisprudência administrativa corrobora os argumentos da defesa Fl. 5016DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16561.720057/201255 Acórdão n.º 1201001.203 S1C2T1 Fl. 6 5 Examinadas as razões de defesa a DRJ de origem julgou parcialmente procedente a impugnação para afastar: (i) a imputação de omissão de receitas de vendas e de juros, e; (ii) a exigência do PIS/Cofins decorrente das demais infrações. Uma vez que o órgão de primeiro grau eximiu o sujeito passivo do pagamento de tributos e encargos de multas em montante superior ao limite de sua alçada, submeteu sua decisão a este Conselho para reexame oficial. Irresignada com a parcela da exigência mantida, a interessada interpôs recurso voluntário onde se insurge contra as exigências decorrentes das variações cambiais ativas (fl. 4996 e ss.). Voto Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Relator. 1) DA ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS Os recursos atendem aos pressupostos processuais de admissibilidade estabelecidos no Decreto nº 70.235/72 e, portanto, deles devese tomar conhecimento. 2) DO RECURSO VOLUNTÁRIO Alega a recorrente tributar as variações cambiais segundo o regime de caixa, conforme autorizado pelo art. 30 da Medida Provisória nº 2.158/35/2001, que assim estabelece: Art.30. A partir de 1ode janeiro de 2000, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, bem assim da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação. § 1º À opção da pessoa jurídica, as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da base de cálculo de todos os tributos e contribuições referidos no caput deste artigo, segundo o regime de competência. § 2º A opção prevista no § 1º aplicarseá a todo o ano calendário. § 3º No caso de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias, em anoscalendário subseqüentes, para efeito de determinação da base de cálculo dos tributos e das contribuições, serão observadas as normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal. Pois bem, de acordo com a norma acima, e apenas para fins fiscais, o sujeito passivo adotará o regime de caixa para as variações cambiais ativas e passivas. Todavia, à sua opção, poderá empregar o regime de competência para tributação das referidas rubricas. Fl. 5017DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16561.720057/201255 Acórdão n.º 1201001.203 S1C2T1 Fl. 7 6 Não é demais recordar que, para fins comerciais, as pessoas jurídicas estão obrigadas a adotar o regime de competência no reconhecimento de todas as suas receitas e despesas, inclusive variações cambiais ativas e passivas. Isso posto, como na contabilidade comercial as variações cambiais são levadas ao resultado segundo o regime de competência, se o sujeito passivo desejar, para fins fiscais, reconhecer essas variações cambiais pelo regime e caixa (art. 30, caput), deverá necessariamente promover ajustes nas bases de cálculo dos tributos sobre elas incidentes. Por outro lado, se vier a reconhecer as variações cambiais pelo regime de competência (art. 30, § 1º), o sujeito passivo não precisará promover qualquer ajuste às bases de cálculo dos tributos sobre elas incidentes pois o resultado contábil será igual ao resultado fiscal. No caso dos presentes autos, pelo exame das DIPJs relativas aos anos de 2007 (fl. 4500 e ss.) e 2008 (fl. 4533 e ss.), é possível verificar que em quase todos os trimestres a contribuinte informou variações cambiais ativas e/ou passivas na demonstração do resultado contábil (ficha 06A), entretanto, não promoveu qualquer ajuste a esse título na apuração do lucro real (ficha 09A). Como visto acima, tal fato somente poderia ocorrer se a contribuinte também adotasse, para fins fiscais, o regime de competência para o reconhecimento das variações cambiais ativas e passivas. Concluise, portanto, que ao contrário do afirmado pela defesa, a contribuinte não adotou o regime de caixa para o reconhecimento fiscal das variações cambiais ativas e passivas, mas o regime de competência. Alega também a defesa que a autoridade tributária não demonstrou que a empresa havia adotado o regime de competência. De fato, no termo de verificação fiscal a autoridade nada disse acerca do regime adotado pela ora recorrente para tributação das variações cambiais. Isso, no entanto, somente seria causa para afastarse a exigência acaso a recorrente demonstrasse o emprego do regime de caixa, ou se ao menos houvesse dúvida acerca do regime adotado. Ocorre que, bem ao contrário, restou demonstrada a adoção do regime de competência pela interessada. Argumenta ainda a defesa que, enquanto não liquidadas as obrigações em moeda estrangeira, não é possível a tributação das respectivas variações cambiais, haja vista a ausência de disponibilidade econômica, a teor do disposto no art. 43 do CTN. Ocorre que a regra é mesmo a tributação das variações cambiais apenas na liquidação das respectivas obrigações (art. 30, caput, da MP 2.15835/2001). Apenas por opção do sujeito passivo a tributação se dará antes da liquidação (art. 30, § 1º, da MP 2.15835/2001). E a contribuinte, como dito acima, adotou essa opção para tributar as variações cambiais. 3) DO RECURSO DE OFÍCIO Fl. 5018DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16561.720057/201255 Acórdão n.º 1201001.203 S1C2T1 Fl. 8 7 A DRJ de origem afastou: a) as exigências decorrentes da omissão de receitas de vendas e de juros, sob o argumento de que a fiscalização não comprovou adequadamente a suposta omissão, bem como não observou o regime de competência, tendo empregado no lançamento a data do recebimento do crédito, e não a data da venda; b) a exigência do PIS/Cofins decorrente das demais infrações, sob a alegação de que o auditor promoveu o lançamento dessas contribuições em bases trimestrais, e não em bases mensais. Não há reparos a fazer na decisão de primeiro grau. De fato, em relação ao item “a”, os lançamentos a crédito na rubrica “duplicatas a receber” não significa auferimento de receitas, e sim mera quitação de vendas a prazo anteriormente realizadas. Quanto ao item “b”, segundo disposto no art. 1º das Lei nos 10.637/2002 e 10.833/2003, a incidência do PIS/Cofins é realizada em bases mensais, e não trimestrais. 4) CONCLUSÃO Tendo em vista todo o exposto, voto por negar provimento aos recursos voluntário e de ofício. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Fl. 5019DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 13656.720069/2010-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/03/2010
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE INSUMOS DE PESSOA JURÍDICA OU DE COOPERATIVA QUE EXERÇA A ATIVIDADE DE PREPARAR O BLEND DO CAFÉ OU DE SEPARAR OS GRÃOS POR DENSIDADE, COM REDUÇÃO DOS TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO. REALIDADE QUE NÃO SE SUBSUME ÀS HIPÓTESES DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO PREVISTAS NA LEI Nº 10.925/04.
Ainda que o pleito abordasse hipótese de apuração do crédito presumido das contribuições para o PIS/Pasep e para a COFINS, previsto no art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, não se subsume à possibilidade legal de pleitear aludido direito creditório a aquisição de insumos de pessoa jurídica ou de cooperativa que exerça a atividade cumulativa de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial (inciso II do § 1º do artigo 9º da Lei nº 10.925/04).
PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DA AQUISIÇÃO DE INSUMOS. POSSIBILIDADE, INDEPENDENTEMENTE DO RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO PELOS FORNECEDORES, MAS DESDE QUE COMPROVADO O PAGAMENTO DAS TRANSAÇÕES E A CORRESPONDENTE ENTREGA DAS MERCADORIAS.
Realidade em que as aquisições do sujeito passivo estão sujeitas à apuração de crédito básico pela aquisição de insumos previsto no artigo 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/02.
Direito o qual deverá ser reconhecido uma vez evidenciado nos autos, independentemente do recolhimento da contribuição por parte dos fornecedores, a anotação, no corpo das notas fiscais de entrada, de que as correspondentes operações estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS, associado à comprovação do pagamento das transações e da entrega das mercadorias, o que afasta as conseqüências decorrentes da eventual inidoneidade dos fornecedores, nos termos do artigo 82 da Lei nº 9.430/96.
LAPSO MANIFESTO. EMBARGOS INOMINADOS. ACOLHIMENTO.
"As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão" (RICARF, Anexo II, art. 66, caput).
Embargos inominados acolhidos. Recurso voluntário provido.
Numero da decisão: 3301-002.762
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados para correção do acórdão nº 3802-002.383, proferido pela então segunda Turma Especial da Terceira Seção de julgamento do CARF, retificando unicamente a parte inicial do voto no que concerne às compensações abarcadas pela lide, saneando, assim, o lapso manifesto ocorrido no referido decisum, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.
Na ocasião em que o processo foi julgado pela então segunda Turma Especial da Terceira Seção de julgamento houve sustentação oral, pela recorrente, do Dr. Mario Junqueira Franco Júnior, OAB/SP 140.284.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2010 a 31/03/2010 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE INSUMOS DE PESSOA JURÍDICA OU DE COOPERATIVA QUE EXERÇA A ATIVIDADE DE PREPARAR O BLEND DO CAFÉ OU DE SEPARAR OS GRÃOS POR DENSIDADE, COM REDUÇÃO DOS TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO. REALIDADE QUE NÃO SE SUBSUME ÀS HIPÓTESES DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO PREVISTAS NA LEI Nº 10.925/04. Ainda que o pleito abordasse hipótese de apuração do crédito presumido das contribuições para o PIS/Pasep e para a COFINS, previsto no art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, não se subsume à possibilidade legal de pleitear aludido direito creditório a aquisição de insumos de pessoa jurídica ou de cooperativa que exerça a atividade cumulativa de “padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial” (inciso II do § 1º do artigo 9º da Lei nº 10.925/04). PIS/PASEP. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DA AQUISIÇÃO DE INSUMOS. POSSIBILIDADE, INDEPENDENTEMENTE DO RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO PELOS FORNECEDORES, MAS DESDE QUE COMPROVADO O PAGAMENTO DAS TRANSAÇÕES E A CORRESPONDENTE ENTREGA DAS MERCADORIAS. Realidade em que as aquisições do sujeito passivo estão sujeitas à apuração de crédito básico pela aquisição de insumos previsto no artigo 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/02. Direito o qual deverá ser reconhecido uma vez evidenciado nos autos, independentemente do recolhimento da contribuição por parte dos fornecedores, a anotação, no corpo das notas fiscais de entrada, de que as AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 65 6. 72 00 69 /2 01 0- 71 Fl. 1025DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.011 2 correspondentes operações estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS, associado à comprovação do pagamento das transações e da entrega das mercadorias, o que afasta as conseqüências decorrentes da eventual inidoneidade dos fornecedores, nos termos do artigo 82 da Lei nº 9.430/96. LAPSO MANIFESTO. EMBARGOS INOMINADOS. ACOLHIMENTO. "As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão" (RICARF, Anexo II, art. 66, caput). Embargos inominados acolhidos. Recurso voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados para correção do acórdão nº 3802002.383, proferido pela então segunda Turma Especial da Terceira Seção de julgamento do CARF, retificando unicamente a parte inicial do voto no que concerne às compensações abarcadas pela lide, saneando, assim, o lapso manifesto ocorrido no referido decisum, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro. Na ocasião em que o processo foi julgado pela então segunda Turma Especial da Terceira Seção de julgamento houve sustentação oral, pela recorrente, do Dr. Mario Junqueira Franco Júnior, OAB/SP 140.284. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 2ª Turma da DRJ Juiz de Fora (fls. 605/610 do processo eletrônico – ao qual doravante será utilizado como referência), que, por unanimidade de votos, indeferiu a manifestação de inconformidade apresentada pela interessada contra despacho decisório que não reconheceu o direito creditório referente ao PIS/Pasep nãocumulativo do primeiro trimestre de 2010. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Fl. 1026DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.012 3 O interessado transmitiu o Pedido de Ressarcimento(PER) e as Dcomps relacionadas na fl. 112, referente ao PIS/Pasep não cumulativo mercado externo do 1º trimestre de 2010; A DRFPoços de Caldas/MG emitiu Despacho Decisório nº 194/2011, no qual não reconhece o direito creditório e não homologa as compensações pleiteadas (fl. 112/115); A empresa apresenta manifestação de inconformidade (fls. 119/139), na qual alega, em síntese, que: a) “parte do crédito vinculado à exportação, pleiteado no Pedido de Ressarcimento em questão, que fora glosado pela D. Autoridade Fiscal, é constituída por créditos decorrentes de aquisições de café, de empresas cooperativas para revenda, apurados nos termos do art. 3º, I, da Lei n° 10.637/02”. “Notese, com isso, que de plano a hipótese do crédito presumido deve ser afastada no caso presente. Isto porque, em relação a estas operações, a Requerente adquiriu café das cooperativas com a finalidade exclusiva de revenda e, não como insumo para posterior industrialização, conforme declarado no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON relativo a 2009 e 2010”; b) “o Sr. AFRF negou o direito ao crédito sobre aquisições na medida em que estas teriam se dado junto a fornecedores supostamente, inidôneos. No entanto, ainda "que as empresas sejam consideradas inidôneas, o que se admite ad argumentandum tantum, cumpre esclarecer que a legitimidade dos créditos está devidamente comprovada, eis que as, operações, ensejadoras dos créditos da Contribuição ao PIS e da COFINS ocorreram de fato”; c) “para a fiscalização, a Requerente não poderia ser considerada produtora de café, pois as operações de beneficiamento deste produto são realizadas por terceiros por conta e ordem da Requerente, que figura como encomendante”. “Considerando que a D. Autoridade Fiscal reconhece que as operações de beneficiamento realizadas por terceiros contratados pela Requerente se enquadram nas atividades descritas no art. 6º acima, resta incontroverso que a discussão no presente caso se restringe ao fato de a Requerente não ter produzido diretamente o café, porquanto único argumento utilizado no Despacho Decisório para desclassificar a Requerente como agroindustrial”. Foi requerido diligência em resposta a autoridade administrativa emitiu o despacho respectivo; A empresa apresenta razões adicionais a manifestação de inconformidade, nas quais alega, em síntese, que: d) “a alegação da fiscalização de que todo café adquirido passa por processo industrial, e que portanto a totalidade dos produtos adquiridos pela empresa seria insumo e não produto para revenda, não encontra amparo na realidade dos fatos. Isso porque, a Requerente também adquire café de cooperativas e pessoas jurídicas com a finalidade exclusiva de revenda, e não como insumo para posterior industrialização. Nessas situações, o café adquirido pela Requerente já vem previamente beneficiado, estando pronto para revenda, não se tratando, portanto,de insumo”; e) “nem se alegue, como faz a. D. Autoridade Fiscal, que a empresa Internacional Armazéns Gerais sempre faz o beneficiamento do café adquirido pela Requerente. O beneficiamento em questão ocorre tão somente no café adquirido de pessoas físicas, sendo que, quando o café já vem Fl. 1027DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.013 4 beneficiado, esta apenas presta o serviço de armazenagem dos produtos adquiridos. A própria fiscalização juntou, às fls. 255 a 258 (Processo Administrativo n° 13.656.720061/201012), planilha com relação das Notas Fiscais de saída emitidas entre 2009 e março de 2010 e indicação dos números de CFOP contidos nas referidas Notas Fiscais. Como se vê do citado documento, os CFOPs indicados são os de número 5.102, 6.102, 7.102, que se referem a venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros, 5.202, 6.202, 7.202, que se referem a devolução de compra para comercialização e 5.502 e 6.502, que se referem a remessa de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros, com fim específico de exportação. Resta claro, portanto, da descrição dos CFOPs listados que não se tratam de saídas de café objeto de industrialização, como pretende alegar a d. fiscalização, e sim de saídas de café para revenda, como sustentado pela Requerente”; f) “a fiscalização passou a identificar os fornecedores pessoas jurídicas ou cooperativas agropecuárias, bem como produtores rurais. Com base em tal levantamento e considerando que o café adquirido como insumo de pessoas jurídicas e cooperativas agropecuárias faz jus à suspensão das contribuições, conclui a d. Autoridade Fiscal que a Requerente não teria direito de apurar créditos em tais aquisições. A esse respeito, oportuno observar que, embora tenha sido incluído apenas em dezembro de 2009, pela Instrução Normativa — IN RFB nº 977/09, o artigo 4°, §3°, da IN SRF n° 660/06 veio a dirimir quaisquer dúvidas quanto ao conceito já trazido pelos artigos 8° e 9°, da Lei n° 10.925/04, de que ‘é vedada a suspensão quando a aquisição for destinada à revenda”’; g) “o fiscal argumentou, ainda, a que a Requerente, por não ter solicitado carta corretiva, teria aceitado o rótulo de estabelecimento preponderantemente exportador, estando plenamente ciente de que não teria direito de apurar créditos. Pois bem, no que se refere ao mencionado argumento da d. autoridade fiscal, cumpre observar que o d. Auditor Fiscal acabou por inovar a matéria discutida nos presentes autos. Todavia, ainda que se admita o novo argumento trazido na resposta à diligência, apenas a título de argumentação, restará comprovado que tal não deve prosperar”; h) “a Requerente não possui qualquer habilitação como empresa preponderantemente exportadora, muito menos teve Ato Declaratório Executivo (ADE) emitido a seu favor”; i) “uma vez o Fisco constatando que não se trata de operação de fato amparada pela suspensão das contribuições, era seu dever exigir do vendedor os tributos que deixaram de ser recolhidos, e não efetuar a glosa dos créditos apurados pelo adquirente”. Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: Fl. 1028DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.014 5 ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2010 CRÉDITO PIS/PASEP E COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE A adquirente faz jus aos créditos das compras efetivamente comprovadas, independentemente das vendedoras não declararem a receita bruta ao fisco. As aquisições de mercadorias para revenda efetuadas de sociedades cooperativas geram créditos como as das demais pessoas jurídicas. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDÚSTRIA Para fazer jus ao crédito presumido agroindústria, a empresa precisa produzir ela própria o café que revende, considerando como tal o exercício cumulativo das atividades previstas na legislação de regência. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada da referida decisão em 15/03/2013 (fls. 611), a interessada, em 11/04/2013 (data da transmissão de arquivos via sistema de validação e autenticação de arquivos digitais – fls. 812), apresentou o recurso voluntário de fls. 613/647, onde ressalta o seguinte: a) que a composição dos saldos credores do PIS e da COFINS decorre de aquisições de insumos no mercado interno, de pessoas físicas, jurídicas e de cooperativas, vinculados à receita de exportação, nos termos do artigo 5º, § 1º, inciso II, da Lei nº 10.637/02, artigo 6º, § 1º, inciso II, da Lei nº 10.833/03, bem como no artigo 8º da Lei nº 10.925/04; b) que a glosa do direito creditório foi fundamentada na inexistência de direito a crédito: i) nas compras de café de cooperativas e de pessoas jurídicas, pois tais operações comerciais deveriam ter ocorrido com suspensão do PIS e da COFINS; ii) pela aquisição de café de nove empresas que estariam irregulares perante o Fisco; iii) referente ao crédito presumido de todas as aquisições de café de pessoas físicas, pessoas jurídicas, agropecuárias, cerealistas e de cooperativas, pois não teria realizado ela mesma a industrialização, não fazendo jus ao crédito presumido; c) que seria equivocado o entendimento da fiscalização e da instância recorrida segundo o qual “[...] há um processo industrial para todo o café negociado pela Recorrente” (portanto, todo o produto adquirido pela empresa seria insumo, e não produto para revenda), não podendo a empresa, pois, apropriarse de crédito presumido; d) todavia, aduz a recorrente que adquire café de pessoas jurídicas e de cooperativas, bem como de produtores rurais pessoas físicas, onde somente neste último caso figura a recorrente como encomendante da industrialização, eis que adquire o café in natura (insumo do processo de beneficiamento); e) nesse caso, estaria assegurado à recorrente se apropriar de crédito presumido, pois, “[...] na qualidade de encomendante, é equiparada a estabelecimento industrial e, considerando a atividade exercida Fl. 1029DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.015 6 (beneficiamento de café), deve ser enquadrada no conceito de empresa agroindustrial (artigo 8º da Lei nº 10.925/04); f) que o café adquirido de cooperativas e de pessoas jurídicas seria com finalidade exclusiva de revenda, eis que “[...] já vem previamente beneficiado, estando pronto para revenda, não se tratando, portanto, de insumo”; g) tal seria corroborado pela fiscalização no item I do despacho decisório ao se referir à linha 01 da ficha 16A do DACON (“bens para revenda”), bem como pela planilha juntada pelo fisco onde são elencadas notas fiscais de saídas com CFOP próprios de saídas para revenda; h) que o beneficiamento feito pela empresa Internacional Armazéns Gerais “[...] ocorre tão somente no café adquirido de pessoas físicas, sendo que, quando o café já bem beneficiado, esta apenas presta o serviço de armazenagem dos produtos adquiridos”; i) que não haveria, nos autos, nenhuma prova de que o café adquirido pela recorrente teria sido apenas para industrialização; j) que “resta incontroverso que a Recorrente atua de duas formas distintas: (i) ora adquire café beneficiado de pessoas jurídicas e cooperativas, que é objeto de mera revenda, e (ii) ora adquire café cru de pessoas físicas que envia para industrialização/beneficiamento em terceiros”; k) que parte do crédito vinculado à exportação pleiteado seria relativa a aquisições de café de empresas cooperativas para revenda, apurados nos termos do artigo 3º da Lei nº 10.637/02 e Lei nº 10.833/03; l) que a glosa foi fundamentada m) que, a teor do disposto no artigo 8º, § 1º, inciso III, e 9º, da Lei nº 10.925/04, c/c IN SRF nº 660/06, “as contribuições somente terão suspensão de exigibilidade e, por conseguinte, concederão direito ao crédito presumido nos casos de aquisições realizadas por pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real, de insumos destinados à industrialização de produtos destinados a alimentação humana ou animal, vendidos por cooperativas de produção agropecuária ou pessoas físicas; n) que o artigo 4º, § 3º, da IN 660/06 (incluído pela IN 977/09) dirime quaisquer dúvidas ao prever que “é vedada a suspensão quando a aquisição for destinada à revenda”; o) “dessa maneira, resta evidente a insubsistência da glosa de créditos realizada pela d. Autoridade Fiscal, uma vez que [...] o café adquirido pela Recorrente de pessoas jurídicas e cooperativas já vem beneficiado, sendo objeto de mera revenda”; p) que, a teor do disposto no artigo 9º, § 1º, inciso II, da Lei nº 10.925/04, “[...] as vendas realizadas por cooperativas, com a prévia padronização, Fl. 1030DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.016 7 beneficiamento, preparação e mistura dos tipos de café para definição de aroma e sabor (blend), serão realizadas sem a suspensão das contribuições, o que ocorreu exatamente no caso presente”; assim, considerando que as vendas de café realizadas à recorrente por cooperativas foram tributadas pelo PIS e COFINS, a interessada teria direito à correspondente apuração do direito creditório sobre aduzidas contribuições; q) que nas notas fiscais emitidas nas vendas de café para a recorrente a própria autoridade julgadora relatou que as mesmas foram efetuadas “sem suspensão”, conforme consta dos referidos documentos, muito embora os vendedores, quando intimados, tenham afirmado que as vendas foram efetuadas com suspensão, assertiva que, contudo, não se sustentaria diante da realidade dos fatos; r) que pouco importa o regime de tributação a que esteja submetido o fornecedor de bens ou de serviços, ainda que este seja uma cooperativa; uma vez estando este sujeito às contribuições não há como se negar o direito ao aproveitamento do crédito sobre a aquisição de produtos agropecuários; s) quanto às aquisições de pessoas jurídicas consideradas irregulares perante o fisco, ressalta que as transações correspondentes ocorreram, que as empresas à época estavam habilitadas à realização de transações comerciais; reitera os argumentos apresentados na primeira instância; t) a interessada também reitera os argumentos apresentados na primeira instância relativamente às aquisições dos demais fornecedores pessoas jurídicas e quanto à qualificação da recorrente como empresa preponderantemente exportadora (vedação à inovação da fundamentação não caracterização da empresa como preponderantemente exportadora); u) que, concernente as aquisições realizadas de pessoas físicas, não há como prosperar o entendimento segundo o qual, pelo fato de a industrialização ser feita por terceiros, a reclamante não exerceria cumulativamente as atividades que caracterizam a produção de café para fins de utilização do benefício pleiteado; nessa condição, faria jus ao crédito uma vez que, “na condição de encomendante é considerada, para todos os fins fiscais, produtora de café e, por conseguinte, beneficiária do crédito presumido”, com supedâneo no artigo 6º da IN SRF nº 660/2006, cuja redação foi transcrita do § 6º do artigo 8º da Lei nº 10.925/04; v) que o artigo 9º, inciso IV, do RIPI (Decreto nº 7.212/10) equipara a industrial os estabelecimentos que comercializarem produtos industrializados por terceiros, desde que os insumos tenham sido fornecidos pelo estabelecimento comercial; assim, na industrialização por encomenda o estabelecimento industrial contribuinte do IPI é o encomendante; cita as Soluções de Consulta 189/04 e 81/2010, da 6ª Região Fiscal da RFB, bem como jurisprudência do CARF; e, w) que “a própria autoridade julgadora, a partir da premissa equivocada que todo café adquirido de cooperativas para revenda é objeto de industrialização por encomenda, qualificou a Recorrente como produtora do Fl. 1031DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.017 8 café adquirido”; porém “ao tratar da apropriação do crédito presumido decorrente das aquisições de café de pessoa física, alegou, contrariamente, que a Recorrente não produz o café que revende”, o que caracterizaria “contradição dos argumentos lançados no acórdão recorrido”. Diante do exposto, requer seja dado provimento ao seu recurso, com o reconhecimento do direito creditório pleiteado e a consequente homologação das compensações objeto do pleito. O processo em tela, juntamente com dois outros processos da mesma empresa (nos 13656.720061/201012 e 13656.720065/201092), foi julgado pela então Segunda Turma Especial em 26/02/2014. Na ocasião, referido colegiado, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário formalizado pelo sujeito passivo. A mesma solução ocorreu em relação aos outros dois processos da empresa, relativos a idênticas questões de direito. Não obstante, conforme Termo de Desentranhamento datado de 28/11/2014 (fls. 941), foram desentranhados do presente processo, dentre outros documentos, o ACÓRDÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO proferido pela citada Segunda Turma Especial em 26/02/2014. A justificativa para aludido desentranhamento foi o seguinte: “pedido de esclarecimento do acórdão”. Nos termos do despacho de encaminhamento de fls. 942, o motivo para o desentranhamento do acórdão e devolução do processo foi a falta de menção, no voto, do PER/DCOMP nº 41718.63979.290310.1.3.085902, com demonstrativo de crédito no valor de R$ 80.486,51. Mediante resolução nº 380200380, de 25/02/2004, "e considerando que a unidade de origem, extrapolando sua competência, desentranhou do processo decisão legítima deste Conselho", foram os autos, mediante diligência, devolvidos à aludida unidade, "para que esta providencie o reentranhamento ao processo do acórdão nº 3802002.383, já que foi excluído indevidamente". Reanexado o acórdão aos autos, o processo foi então devolvido para a então Segunda Turma Especial, conforme despachos de fls. 1007 e 1009. Dada a extinção da Segunda Turma Especial o processo em questão foi distribuído para este conselheiro por força do disposto no artigo 2º, caput, da Portaria MF nº 343, de 09/06/20151. É o relatório. 1 Art. 2º Os recursos sorteados aos conselheiros anteriormente à edição desta Portaria, relativos a colegiados extintos, não serão devolvidos ou redistribuídos, sendo julgados na turma para a qual o conselheiro relator tenha sido designado. Fl. 1032DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.018 9 Voto Conselheiro Francisco José Barroso Rios Preliminarmente O voto que trago abaixo é exatamente o mesmo que foi objeto do acórdão nº 3802002.383, com uma única correção na sua parte inicial destinada a sanear dúvida da unidade responsável pela execução no acórdão. Portanto, a alteração que faço no presente voto em relação ao que subsidiou o acórdão nº 3802002.383, diz respeito, exclusivamente, ao seguinte: De (conforme voto objeto do acórdão nº 3802002.383): Do mérito A lide envolve pedido de reconhecimento do direito creditório do PIS/Pasep nãocumulativo exportação (§ 1º do artigo 5º da Lei nº 10.637/2002) do primeiro trimestre de 2010, nos termos dos dois PER/DCOMP de fls. 02/07, nos montantes de R$ 23.853,58 (mês de janeiro) e R$ 17.443,08 (meses de fevereiro e março). Para: Do mérito A lide envolve pedido de reconhecimento do direito creditório do PIS/Pasep nãocumulativo exportação (§ 1º do artigo 5º da Lei nº 10.637/2002) do primeiro trimestre de 2010, nos termos dos PER/DCOMP relacionados às fls. 112 (despacho decisório nº DRF/PCS/SARAC 0194/2011), inerentes ao presente processo. Vale lembrar que a presente retificação do acórdão, mediante a prolação de um novo, está prevista no caput do artigo 66 do anexo II do Regimento Interno deste CARF (aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015), abaixo transcrito: Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. § 1º Será rejeitado de plano, por despacho irrecorrível do presidente, o requerimento que não demonstrar a inexatidão ou o erro. § 2º Caso o presidente entenda necessário, preliminarmente, será ouvido o conselheiro relator, ou outro designado, na impossibilidade daquele. § 3º Do despacho que indeferir requerimento previsto no caput, darseá ciência ao requerente. (grifos nossos) Feita a única observação inerente à novidade trazida no presente voto em relação ao anterior, reproduzo, novamente, meu entendimento outrora proferido, ressalvada a retificação supramencionada. Fl. 1033DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.019 10 Da Admissibilidade do recurso Conforme relatado, a ciência da decisão de primeira instância ocorreu em 15/03/2013 (fls. 611). Quanto ao recurso voluntário, não consta, dos autos, claramente, a data em que o mesmo foi protocolizado. O mesmo pode ser dito em relação aos outros dois processos da empresa que trago na presente sessão. Todavia, admito que aludido recurso foi protocolizado em 11/04/2013, data em que foram transmitidos dois arquivos digitais da empresa segundo o correspondente recibo do Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais (v. fls. 812), recebido pela unidade em 12/04/2013. Assim, considerando que um dos arquivos transmitidos é identificado como “RECURSO.PDF”, e que a unidade preparadora encaminhou o processo para este CARF sem fazer nenhuma alusão à data em que o recurso foi apresentado, julgoo como tempestivo No mais, o recurso voluntário preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Do mérito A lide envolve pedido de reconhecimento do direito creditório do PIS/Pasep nãocumulativo exportação (§ 1º do artigo 5º da Lei nº 10.637/2002) do primeiro trimestre de 2010, nos termos dos PER/DCOMP relacionados às fls. 112 (despacho decisório nº DRF/PCS/SARAC 0194/2011), inerentes ao presente processo. Transcrevo, abaixo, o disposto no artigo 5º da Lei nº 10.637/2002: Art. 5º A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3º para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2º A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1º, poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Segundo relatado, o direito creditório, muito embora seja todo ele vinculado a receitas de exportação, tem dupla natureza: a) parte é constituído por créditos decorrentes de Fl. 1034DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.020 11 aquisições de café de pessoas jurídicas para revenda, e apurados nos termos do art. 3º, I, da Lei n° 10.637/02 (desconto de créditos do PIS em relação a bens adquiridos para revenda); b) e parte é adquirido de pessoas físicas, onde, segundo a recorrente, somente aqui ela participaria como encomendante do processo de industrialização, eis que o café é adquirido in natura para ser beneficiado. De acordo com a ficha 06A do DACON de janeiro de 2010 (fls. 33), o montante de R$ 23.853,58 (créditos de aquisição no mercado interno vinculado à receita de exportação) foi obtido pela aplicação da alíquota de 1,65% sobre a base de cálculo (R$ 1.445.671,49), que tem nos bens adquiridos para revenda seu mais significativo componente (R$ 1.265.691,85). Isso também é observado em relação aos meses de fevereiro e março de 2010 (conf. ficha 06A do DACON, fls. 59 e 85). Dos dados declarados pelo próprio sujeito passivo já se vislumbra que o pleito nada tem a ver com o crédito presumido de que tratam os artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925/04, cujo montante seria determinado, considerando a realidade presente, mediante a aplicação, sobre as aquisições de insumos, do percentual de 35% sobre as alíquotas do PIS e da COFINS (artigo 8º, § 3º, inciso III, da Lei nº 10.925/04). Aliás, nas DACON mensais correspondentes ao trimestre em análise há campo específico onde houve apuração do crédito presumido, o qual é destacadamente diverso do crédito objeto dos autos (ver linha 26 das fichas 06A e 16A – Créditos presumidos – Atividades agroindustriais – Calculados sobre insumos de origem vegetal). Todavia, como a fiscalização e a instância recorrida se reportaram, em alguns momentos, ao crédito presumido do PIS e da COFINS de que trata a Lei nº 10.925/04, faremos referência à mencionada norma no que for relevante para esclarecer os questionamentos apresentados pela suplicante. A fiscalização, em entendimento corroborado pela primeira instância de julgamento, descartou de pronto a parte do crédito calculada sobre as aquisições para revenda, o que fez com fundamento em declaração prestada pela empresa às fls. 118 do processo nº 13656.720061/201012 – onde foram acostados os documentos correspondentes aos pleitos do terceiro trimestre de 2009 ao primeiro trimestre de 2010 – segundo a qual “[...] o contribuinte adquire o café de diversas empresas e remeteo para industrialização em estabelecimentos de terceiros [...]”. Com efeito, em consulta à citada declaração prestada pelo sujeito passivo, este declara o seguinte, verbis: No período de 01.07.2009 a 31.03.2010 o Contribuinte exerceu as seguintes atividades: COMÉRCIO ATACADISTA DE CAFÉ CRU EM GRÃO – CNAE 46.214 00, compra de café cru em grão do Produtor Rural pessoa física ou jurídica, Cooperativa, Agropecuária, Cerealista e outros Comerciantes pessoas jurídicas; remessa do café adquirido para industrialização em estabelecimentos de terceiros para fins de preparo para exportação; exportação do café beneficiado e venda no mercado interno da parte não classificada para exportação. Esta atividade é realizada, por intermédio de terceiros e em favor do Contribuinte, as operações descritas no art. 8º, § 6º da Lei 10.925/04. NCM 0901.11.10 [café em grão]. (grifei) O relatório decorrente do pedido de diligência feito pela DRJ Juiz de Fora (fls. 541/547) não deixa nenhuma dúvida de que todo o produto adquirido pela interessada é Fl. 1035DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.021 12 submetido a processo industrial, de sorte que ao mesmo deve ser dado tratamento de insumo do processo produtivo. Transcrevo, abaixo, a parte de interesse do citado relatório: a) DA NATUREZA DAS OPERAÇÕES 1. Da análise da documentação dos autos (descrição das atividades entre 07/2009 a 03/2010 – fls. Eprocesso 496 – efetuada pelo próprio contribuinte) e da diligência realizada, antes da emissão do despacho decisório da DRF/PCSMG na empresa Bourbon Specialty Coffees S.A, CNPJ 03.586.538/000118, bem como na empresa Internacional Armazéns Gerais, CNPJ 02.218.866/00107, constatouse que esta última processa as operações de industrialização até o blend final para a empresa BOURBON. Na ocasião da referida diligência ficou constatado também que há um processo industrial para todo o café negociado, o que qualifica a Bourbon Specialty Coffees S.A como empresa com atividade Industrial. O fato da industrialização ser realizada pelo Armazéns Gerais não a faz ser uma simples empresa Comercial, pois o produto pertence a ela e o Armazéns Gerais está prestando serviços sob encomenda. Até mesmo na saída de mercadorias o CFOP utilizado é de industrialização (e Processo fls. 255 a 257). Sem contar que a empresa apura créditos relativos aos serviços tanto de armazenagem quanto de industrialização. 2. Fato é que em todos os casos o café não é vendido exatamente como foi adquirido, sendo assim, não podemos considerar que houve aquisição de bens para revenda. Mesmo quando a Bourbon adquire o café que já passou por todas as etapas, previstas no art. 8º, da Lei nº 10.925/2004, sempre há a necessidade de se fazer o blend final para atender as especificações do cliente, que foram pré acordadas no contrato de venda. O café é preparado de acordo com as especificações técnicas exigidas pelo cliente no exterior, o que envolve a realização de um blend específico para cada cliente. Esse blend só é definido no momento da negociação de venda. 3. Ao adquirir o produto, a Bourbon ainda não sabe a quem ele será vendido, portanto não há como comprar o produto já com o blend final. Além do mais se já houvesse destinação certa, não haveria envio ao depósito e sim diretamente ao cliente. 4. Ou seja, o café mesmo o já previamente industrializado, sempre passa pelo processo de industrialização. A veracidade de tal afirmação, conforme antes informado, foi constatada pelos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil: Luiz Gonzaga Ventura Leite Junior (matrícula Sipe 1.172.373) e Flávio Gomes Fernandes (matrícula Sipe 87596) que, com intuito de conhecerem a sistemática do negócio de café, efetuaram visita às empresas Bourbon Specialty Coffees S.A, CNPJ 03.586.538/000118, e a empresa Internacional Armazéns Gerais, CNPJ 02.218.866/00107. 5. Pelo exposto concluímos que o produto adquirido é INSUMO e não bem para revenda. A empresa Bourbon adquire café na condição de Agroindústria, haja vista a informação do crédito presumido na linha 26 das fichas 06A/16A para todo o período em análise. A recorrente afirma que somente o café adquirido de produtores rurais pessoas físicas seria submetido a processo industrial, portanto, passível de se apropriar de crédito presumido, pois, “[...] na qualidade de encomendante, é equiparada a estabelecimento industrial e, considerando a atividade exercida (beneficiamento de café), deve ser enquadrada Fl. 1036DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.022 13 no conceito de empresa agroindustrial (artigo 8º da Lei nº 10.925/04). Quanto ao café adquirido de pessoas jurídicas e de cooperativas este seria com finalidade exclusiva para revenda, eis que “[...] já vem previamente beneficiado, estando pronto para revenda, não se tratando, portanto, de insumo”. Contudo, as informações prestadas na linha 01 das fichas 6A e 16A do DACON (“bens para revenda”) e os CFOP das notas fiscais de saídas (que, a teor do afirmado, seriam próprios de saídas para revenda) não são suficientes para afastar as constatações da fiscalização de que há um processo industrial para todo o café negociado, notadamente em vista de a logística adotada pela interessada a obrigar a submeter as mercadorias adquiridas a um processo industrial de elaboração do blend final, como destacado no relatório de diligência acima reproduzido. Sobre isso, a interessada, em seu recurso, não traz elementos capazes de desconstituir as afirmações oficiais. Logo, afastamse os argumentos da reclamante na parte em que esta procura caracterizar o crédito como decorrente da aquisição de produtos para revenda, eis que comprovado nos autos que toda a mercadoria adquirida foi submetida a processo industrial. Assim, considerando que todo o café adquirido pela recorrente é insumo, o direito de creditamento do PIS poderia encontrar guarida no inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.637/2002, ou ainda, no artigo 8º da Lei nº 10.925/2004, neste último caso, se o pleito tivesse alguma relação com a apuração do crédito presumido do PIS e da COFINS (o que não ocorreu, como já destacado). Os preceitos em tela seguem abaixo transcritos: Lei nº 10.637/2002 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Lei nº 10.925/2004 Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, Fl. 1037DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.023 14 e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004). Estabelece o § 1º do artigo 3º da Lei nº 10.637/2002 que “o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês”. Como ressaltado linhas acima, todo o direito creditório pleiteado foi obtido pela aplicação da alíquota de 1,65% sobre a base de cálculo apresentada pelo sujeito passivo, o que leva à conclusão, repitase, de que o sujeito passivo procurou alicerçarse na possibilidade legal de desconto de créditos do PIS albergada pelo artigo 3º da Lei nº 10.637/02. Das hipóteses de creditamento da contribuição tratadas pelo artigo 3º da Lei nº 10.637/02 deve ser excluída a correspondente ao seu inciso I, eis que, como ressaltado, todo o produto foi adquirido na condição de insumo, não se admitindo, conseqüentemente, nenhum cálculo de crédito com base em “bens adquiridos para revenda”. Ressaltese que a Lei nº 10.637/02 admite também o desconto de créditos com base em custos e despesas com energia, aluguéis de prédios e armazenagem e frete (artigo 3º, incisos, IV, IX e II, respectivamente), estas também contempladas pela interessada em seu DACON (conf. fls. 33 – Ficha 6A). Inerente a tais rubricas não houve nenhuma objeção expressa da fiscalização federal, razão pela qual a própria autoridade fiscal reconheceu os créditos inerentes às mesmas, conforme se vê às fls. 570 dos autos (anexo ao relatório de diligência – “Demonstrativo da base de cálculo dos créditos reconhecidos, créditos reconhecidos, utilização na dedução dos débitos declarados de PIS/COFINS e débitos remanescentes”). Na referida apuração há, ainda, o reconhecimento do direito creditório relativo a bens e a serviços utilizados como insumos. Assim, em relação ao presente processo (relativo ao PIS/Pasep do 1º trimestre de 2010), a autoridade fiscal reconheceu direito creditório no montante de R$ 14.151,83 (v. fls. 570, tabela “créditos reconhecidos antes de deduzir os débitos), que corresponde à soma do direito reconhecido nos meses de janeiro, fevereiro e março (R$ 2.969,66, R$ 9.532,13 e R$ 1.650,04, respectivamente). Quanto aos requisitos para a obtenção de crédito presumido do PIS prescritos pela Lei nº 10.925/2004 (admitindo que o pleito de creditamento poderia enquadrarse nessa modalidade), transcrevo, primeiramente, os artigos 8º e 9º da referenciada norma: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, [omissis], destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: [...] III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 1038DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.024 15 [...] § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: [...] III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos.(Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007) [...] § 6o Para os efeitos do caput deste artigo, considerase produção, em relação aos produtos classificados no código 09.01 da NCM, o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial.(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (Revogado pela Medida Provisória nº 545, de 2011) (Revogado pela Lei nº 12.599, de 2012) [portanto, vigente à época do fato gerador]. § 7o O disposto no § 6o deste artigo aplicase também às cooperativas que exerçam as atividades nele previstas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (Revogado pela Medida Provisória nº 545, de 2011) (Revogado pela Lei nº 12.599, de 2012). [portanto, vigente à época do fato gerador]. [...] Art. 9o A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vide Lei nº 12.058, de 2009)(Vide Lei nº 12.350, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 545, de 2011) (Vide Lei nº 12.599, de 2012)(Vide Medida Provisória nº 582, de 2012) (Vide Medida Provisória nº 609, de 2013 (Vide Medida Provisória nº 609, de 2013(Vide Lei nº 12.839, de 2013) I de produtos de que trata o inciso I do § 1o do art. 8o desta Lei [dentre eles o café, NCM 0901], quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 1o O disposto neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6o e 7o do art. 8o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2o A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal – SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Da leitura dos preceitos acima constatase, de início, que a Lei nº 10.925/04 admite crédito presumido para a correspondente dedução do PIS e da COFINS, crédito o qual deverá ser calculado sobre a aquisição de insumos (bens e serviços) utilizados na industrialização do café (código NCM 09.01) – além de outros produtos – fornecidos por pessoa física, por cooperado pessoa física, por cerealista que exerça a atividade de limpar, padronizar, etc., o café e outros produtos elencados pela norma em tela, bem como por pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária. Fl. 1039DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.025 16 Nos termos do artigo 9º da mesma Lei nº 10.925/04, a incidência do PIS e da COFINS fica suspensa, dentre outras hipóteses, quando da venda por “cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01 [...]” (inciso I, o qual faz referência ao inciso I do § 1º do art. 8º da mesma Lei nº 10.925/04), assim como quando da venda de insumos destinados à produção de mercadorias de origem animal ou vegetal (ressalvadas as exceções legais), efetuada por “pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária” (inciso III do § 1º do artigo 8º). Contudo, a suspensão da incidência do PIS e da COFINS a que faz alusão o caput do artigo 9º “não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6º e 7º do art. 8º desta Lei”, como, textualmente, acentua o inciso II do § 1º do artigo 9º da norma em evidência. Assim, segundo a redação dos parágrafos 6º e 7º do artigo 8º da Lei nº 10.925/04 – vigente à época do fato gerador –, não estavam sujeitos à suspensão do PIS e da COFINS as vendas efetuadas: a) pelas pessoas jurídicas e cooperativas que tinham como atividade a produção do blend do café (§ 6º do artigo 8º); b) pelas pessoas jurídicas e cooperativas que se incumbiam de “separar por densidade os grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial”; Em resumo, e no tocante ao âmbito restrito ao presente processo (reitero, acaso estivéssemos diante de hipótese de crédito presumido do PIS e da COFINS), temse que o crédito presumido para dedução do PIS e da COFINS sobre a aquisição de insumos utilizados na industrialização do café (código NCM 09.01), quando proveniente de pessoa jurídica ou cooperativa, não se sujeita à suspensão da incidência do PIS e da COFINS se inerente à atividade de “padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial”. Porém, tal suspensão é obrigatória relativamente ao “cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01 [...]”. Consequentemente, a aquisição de insumos de pessoa jurídica ou de cooperativa que exerça a atividade cumulativa de “padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial” não se subsume à possibilidade legal de pleitear o crédito presumido do PIS e da COFINS de que trata a Lei nº 10.925/04; todavia, pode se beneficiar do direito ao crédito básico pela aquisição de insumos previsto nos artigos 3º, inciso II, das Lei nos 10.637/02 e 10.833/03. Não sem razão os §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei nº 10.925/04 (que se referem às pessoas jurídicas e cooperativas que exercem as atividades de padronizar, beneficiar, preparar e elaborar o blend do café) foram posteriormente revogados pela Lei nº 12.599/12. E é justamente o direito ao crédito básico pela aquisição de insumos o objeto da contenda. Com efeito, conforme ressaltado, segundo o relatório de diligência (trecho acima transcrito), a recorrente adquire o produto de seus fornecedores e, somente depois, por Fl. 1040DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.026 17 meio da empresa Internacional Armazéns Gerais, é que prepara o blend em conformidade com as especificações do encomendante, posto que o “[...] blend só é definido no momento da negociação de venda”. Ressalta ainda a autoridade fiscal que “ao adquirir o produto, a Bourbon ainda não sabe a quem ele será vendido, portanto não há como comprar o produto já com o blend final”. Dada sua relevância para a análise da lide, reproduzimos, abaixo, trecho do relatório de diligência fiscal sobre o qual faremos os pertinentes comentários na seqüência: b) DO DIREITO DE APURAR CRÉDITOS SOBRE AQUISIÇÕES DE INSUMOS 6. Por outro lado, no concernente ao direito de apurar créditos sobre a aquisição de insumos, o artigo 3º da Lei 10.833/2003 estipula que do valor apurado para contribuição da COFINS, na forma do art. 2º, a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. [omitido] 7. O § 2º do mesmo artigo estabelece: § 2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004). 8. Passemos agora a verificar se os fornecedores da Bourbon Specialty Coffees S.A apuraram débito de PIS e Cofins ou se, de alguma forma, não estariam sujeitos a tal contribuição. 9. O artigo 9º da Lei nº 10.925 de 2004 trata da suspensão da incidência da contribuição para o PIS e Cofins nos seguintes termos: [omitido] 10. Buscando identificar qual ou quais dos incisos acima dizem respeito a operação de venda que está sendo tratada neste processo, notamos que o inciso III trata especificamente de insumo. Sendo assim, claro está que o inciso I diz respeito a produtos acabados que serão “bem de venda” para o adquirente, o que não é o nosso caso. 11. Vejamos o que diz o Art. 8º , § 1º, inciso III, mencionado no Art. 9º. [omitido] 13. Dos dispositivos legais mencionados concluímos que a incidência da contribuição para o PIS e Cofins fica suspensa na venda de insumo destinado a produção de café (código 09.01 da NCM) quando efetuada pelas pessoa jurídica do inciso I ou III do § 1º, do art. 8º, da Lei nº 10.925/2004 acima. 14. De posse da relação de fornecedores que embasaram a apuração dos créditos pleiteados pela empresa, procuramos identificar quais deles seriam Fl. 1041DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.027 18 agroindústrias, cerealistas (inc. I, art. 8º, Lei nº 10.925/2004), empresas/cooperativas agropecuárias (inc. III, art. 8º, Lei nº 10.925/2004) ou outros casos. 15. Para tanto consultamos o cadastro de CNPJ e FPAS e constatamos que apenas uma pessoa jurídica não cooperativa (NERIS COMERCIO DE CAFE E SACARIAS LTDA, CNPJ 10566851000150) está classificada como indústria, FPAS código 507, porém em todas as suas notas fiscais de fornecimento de café está informado que se trata de venda à empresa preponderantemente exportadora. Entregou DACON zerado no período de fornecimento a Bourbon (setembro/2009). 16. Com intuito de atender à solicitação da DRJ, levantamos informações sobre CNAE e FPAS para que possamos classificar os fornecedores da Tabela 2 – Fornecedores de produtos – Linha 01, ficha 06A/16A do DACON (fl. 1242 do eprocesso). 17. Dentre as aquisições cujos créditos foram indeferidos foram encontradas 4 (quatro) empresas que foram classificadas no inc. III, § 1º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Para tanto foram consultados o CNAE e FPAS declarados: J. IDA AGROPECUARIA LTDA, CNPJ 6153237000350 (CNAE 0134200 cultivo de café e FPAS 604 – produtor rural); FAZENDA BELA VISTA LTDA, CNPJ 23644420000297 (FPAS 604 – produtor rural); CIB AGROPECUARIA LTDA, CNPJ 63066138001690 (CNAE 0134200 cultivo de café) ICATU AGROPECUARIA LTDA, 64439474000117 (CNAE 0134200 cultivo de café e FPAS 604 – produtor rural). 18. Adicionalmente, consultamos também os dados informados à Previdência Social (através da GFIP), CNAE e anotações nas notas fiscais das cooperativas. Constatamos que a COOP.CAFEIC ZONA DE VARGINHA LTDA, CNPJ 25863341000111 declara FPAS código 744 referente à comercialização de produção rural; COOP. REG. CAFEICULTORES GUAXUPE – COOXUPE, CNPJ 20770566000533, idem; COOP.REGIONAL CAFEICULTORES P.CALDAS, 23641822000157, declara CNAE 0161003 – atividade agropecuária; COOP.REGIONAL DOS CAFEIC. DO VALE DO RIO VERDE LTDA, 19424159000161 declara CNAE 0134200cultivo de café; COOPERATIVA AGRICOLA DO SUDEST DO BRASIL LTDA, CNPJ 10594754000170 declara FPAS código 744 referente à comercialização de produção rural; COOPERATIVA DE CAFEICULTORES E AGROPECUARISTAS – COCAPEC, CNPJ 54772017000196 embora declare FPAS 515 – comércio atacadista, comercializou café beneficiado ou seja, todas as cooperativas se enquadram, no inciso III, § 1º, art. 8° da Lei nº 10.925/2004 (venda com suspensão), uma vez que forneceram produtos agropecuários à empresa que se intitula como agroindústria do art. 8º da Lei nº 10.925/2004. 19. Conforme já explicitado anteriormente a venda de insumo destinado a produção de café (código 09.01 da NCM) quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa agropecuária fica suspensa da incidência do PIS e Cofins, portanto as despesas realizadas pela Bourbon Specialty Coffees SA quando da compra de café da COOP. CAFEIC ZONA DE VARGINHA LTDA, COOP. REG. CAFEICULTORES GUAXUPE – COOXUPE, COOP. REGIONAL CAFEICULTORES P. CALDAS, COOP. REGIONAL DOS CAFEIC. DO VALE DO RIO VERDE LTDA, COOPERATIVA AGRICOLA DO SUDEST DO BRASIL LTDA, COOPERATIVA DE CAFEICULTORES E AGROPECUARISTAS – COCAPEC não dão direito a crédito. Fl. 1042DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.028 19 20. Da mesma forma as despesas com aquisição de produtos das pessoas jurídicas J. IDA AGROPECUARIA LTDA, FAZENDA BELA VISTA LTDA, CIB AGROPECUARIA LTDA, ICATU AGROPECUARIA LTDA, não dão direito de apurar crédito, tendo em vista serem produtores rurais, conforme constatado em consulta ao CNAE e FPAS. 21. Restanos portanto analisar o caso dos fornecedores pessoas jurídicas com atividade exclusivamente comercial. 22. Analisando as notas fiscais emitidas pelos fornecedores e que se encontram anexas ao processo 13.656.720.061/201012, notamos que: as notas fiscais apresentam a observação: ICMS diferido conforme art. 111 inciso IV alínea c Anexo IX Decreto 43.080/2002 ou simplesmente ICMS diferido conforme art. 111 do anexo IX do dec. 43.080/02 ou ainda “ICMS diferido nos termos do item III, letra c do art. 111 do anexo IX do dec. 43.080/02 ”. RICMS / MG CAPÍTULO XI Das Operações Relativas a Café Cru Art. 111 O pagamento do imposto incidente nas operações com café cru, em coco ou em grão, fica diferido nas seguintes hipóteses: I saída da mercadoria de produção própria, em operação interna, promovida pelo produtor rural inscrito, com destino a: […...] a – cooperativa de produtores; b – estabelecimento comercial atacadista de café; c – estabelecimento exportador de café, ressalvado o disposto no § 1º do artigo 5º deste Regulamento; d – outro estabelecimento do mesmo produtor desde que inscrito.... e – indústria de café solúvel; f – indústria de torrefação e moagem de café; II saída da mercadoria, em operação interna, de estabelecimento de cooperativa de produtores, com destino a: a – outra cooperativa de produtores; b – outro estabelecimento da mesma cooperativa central ou federação de cooperativa …..... c – estabelecimento de produtor rural, em retorno de mercadoria por ele anteriormente remetida; d estabelecimento exportador de café, ressalvado o disposto no § 1º do artigo 5º deste Regulamento; e estabelecimento comercial atacadista de café; III saída da mercadoria, em operação interna, de estabelecimento preponderantemente exportador de café, em relação às saídas que promover com destino a: a indústria de café solúvel; b indústria de torrefação e moagem de café; c estabelecimento preponderantemente exportador de café, ressalvado o disposto no §1º do artigo 5º deste Regulamento; IV saída da mercadoria, em operação interna, de estabelecimento atacadista, com destino a: [ … ] c – estabelecimento preponderantemente exportador de café, ressalvado o disposto no § 1º do artigo 5º deste Regulamento d – cooperativa de produtores; e – estabelecimento comercial atacadista de café. Fl. 1043DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.029 20 23. Do item 21 depreendese que os fornecedores emitiram as notas fiscais com informação de que não estaria oferecendo receita a tributação de ICMS, de PIS e de Cofins. 24. Essas informações constam das notas fiscais emitidas contra a Bourbon Specialty Coffeees S.A. Como não solicitou carta corretiva, aceitou o rótulo de estabelecimento preponderantemente exportador estando plenamente ciente de que não teria direito de apurar créditos. 25. Além dos fatos já relatados verificamos ainda que a grande maioria dos fornecedores realmente não oferece receitas à tributação, sendo que muitos sequer entregam DCTF. Não nos alongaremos em demonstrações desses fatos, tendo em vista já terem sido exaustivamente relatados em decisões e despachos acostados no presente processo. 26. Vale ressaltar que boa parte dos fornecedores relacionados pela impugnante transmitiram a GFIP sem movimento ou não entregaram GFIP, ou seja, também não apuraram nenhum valor de contribuição a Previdência Social. [...] Como se vê, a fiscalização, embora, a meu ver, tenha conseguido demonstrar que todo o café adquirido pela recorrente é posteriormente submetido a novo processo industrial previamente à exportação, não logrou êxito em descaracterizar processo de industrialização realizado por seus fornecedores. Aliás, chega até a afirmar a existência prévia de industrialização quando, no item 4 do relatório em resposta à diligência solicitada pela DRJ Juiz de Fora (fls. 542), assevera o seguinte: 4. Ou seja, o café mesmo já previamente industrializado, sempre passa pelo processo de industrialização [...] (grifo nosso) Faço referência a essa questão – irrelevante para a lide – apenas para ressaltar que ainda que o problema estivesse relacionado ao crédito presumido para dedução do PIS e da COFINS (artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925/04), não está provado nos autos que as vendas realizadas pelos fornecedores da interessada deveriam estar sujeitas à suspensão das referidas contribuições. Com efeito, nos autos não há nenhuma prova de que os fornecedores não se enquadrariam nas hipóteses de exceção à obrigatoriedade de suspensão do PIS e da Cofins na venda estabelecidas pelo inciso II do § 1º do artigo 9°, o qual se refere aos parágrafos 6º e 7º do artigo 8º, todos da Lei nº 10.925/04. Tais dispositivos, como já ressaltado, tratam da não aplicação da obrigatoriedade de suspensão do PIS e da COFINS em relação às vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas e cooperativas produtoras do blend do café (§ 6º do artigo 8º), bem como pelas pessoas jurídicas e cooperativas que separavam “por densidade os grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial”. Quando a essa última atividade – de “separar por densidade os grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial” –, a fiscalização também não descarta seu exercício pelos fornecedores da recorrente. Pelo contrário, no mesmo relatório em resposta à diligência solicitada pela DRJ Juiz de Fora, item “a” (“DA NATUREZA DAS OPERAÇÕES”) (fls. 541/542) leva a crer que a mercadoria adquirida passou previamente, ao menos, por fino processo de classificação do produto. Descaracterizada a obrigatoriedade de suspensão nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas e cooperativas (fornecedores) que tinham como atividade a produção do Fl. 1044DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.030 21 blend do café (§ 6º do artigo 8º) ou que separavam “por densidade os grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial”, resta afirmar que, no regime do crédito presumido para dedução do PIS e da COFINS, aludida suspensão só seria obrigatória nas vendas de café, dentre outros produtos, por “cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01 [...]”. Contudo, a própria fiscalização, em resposta ao pedido de diligência da DRJ (item 10 do relatório – fls. 543), faz a subsunção do caso ao inciso III do artigo 9º da Lei n 10.925/04 – em sintonia com seu entendimento de que todo o produto adquirido pela interessada é insumo – e descarta literalmente a aplicação do caso ao inciso I do mesmo artigo, que diz respeito, exatamente, às empresas cerealistas mencionadas no inciso I do § 1º do art. 8º da mesma Lei nº 10.925/04. Reproduzo novamente o trecho do relatório fiscal acima citado: 10. Buscando identificar qual ou quais dos incisos acima dizem respeito a operação de venda que está sendo tratada neste processo, notamos que o inciso III trata especificamente de insumo. Sendo assim, claro está que o inciso I diz respeito a produtos acabados que serão “bem de venda” para o adquirente, o que não é o nosso caso. (grifos do original) Em conclusão, para encerrar a análise frente ao regime de que tratam os artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925/04, resta claro que as vendas realizadas pelos fornecedores do sujeito passivo, ainda que se encontrassem submetidas ao citado mecanismo de crédito presumido para dedução do PIS e da COFINS, não estavam sujeitas à suspensão das referidas contribuições. É por isso que a lide há que ser examinada com foco no direito à apuração de crédito do PIS nãocumulativo exportação, objeto do § 1º do artigo 5º da Lei nº 10.637/2002 , o qual autoriza o reconhecimento do direito creditório da contribuição nos termos do artigo 3° da mesma norma. Transcrevo, abaixo, o § 2º do artigo 3º da norma em evidência: § 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) É verdade que a ementa do julgado da primeira instância atesta que “a adquirente faz jus aos créditos das compras efetivamente comprovadas, independentemente das vendedoras não declararem a receita bruta ao fisco”. Não obstante, tal questão não corresponde à motivação aventada pelo Colegiado a quo, razão pela qual a mesma não pode ser considerada como superada por não ter sido, de fato, objeto de julgamento. Mas examinando o problema, há que se reconhecer que as provas dos autos não dão suporte à afirmação da fiscalização segundo a qual, nas notas fiscais dos fornecedores, teria sido consignada informação de que “não estaria oferecendo receita a tributação”. Nesse Fl. 1045DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.031 22 sentido é interessante ler, novamente, os itens 23 e 24 do relatório em resposta ao pedido de diligência da DRJ Juiz de Fora (v. fls. 546): 23. Do item 21 depreendese que os fornecedores emitiram as notas fiscais com informação de que não estaria oferecendo receita a tributação de ICMS, de PIS e de Cofins. 24. Essas informações constam das notas fiscais emitidas contra a Bourbon Specialty Coffeees S.A. Como não solicitou carta corretiva, aceitou o rótulo de estabelecimento preponderantemente exportador estando plenamente ciente de que não teria direito de apurar créditos. (os grifos são do original) Referido relatório de diligência apresenta, em seu primeiro anexo (fls. 1716/1735 do processo nº 13656.720061/201012), as razões pelas quais houve glosa do creditamento da contribuição, onde, na coluna “G” da planilha de que trata o anexo em tela, é informado o motivo da glosa. Tendo constado, todavia, algumas contradições entre o afirmado na planilha em tela e as informações consignadas em algumas notas fiscais conferidas aleatoriamente, resolvemos analisar referida planilha de forma mais pormenorizada, considerando uma ampla amostragem, uma vez que escolhemos as notas fiscais de valor mais significativo (acima de R$ 25.000,00), ou seja, a grande maioria das aquisições realizadas pela interessada. Como resultado, apresentamos a tabela abaixo, que contempla as informações mais relevantes constantes da planilha elaborada pela fiscalização frente às evidências obtidas junto às cópias das notas fiscais e aos comprovantes de pagamento acostados ao processo eletrônico – duas últimas colunas à direita. As folhas indicativas abaixo correspondem aos autos do processo nº 13656.720061/201012, padrão de referência adotado pela fiscalização. As tabelas abaixo dizem respeito aos três processos da empresa que ora trazemos à apreciação deste colegiado julgador (13656.720061/201012, 13656.720065/2010 92, 13656.720069/201071) o que entendemos é pertinente, uma vez que todo o trabalho foi feito em conjunto, desde a primeira análise do direito creditório. Processo nº 13656.720061/201012 – 3º Trimestre de 2009 Linha planilha Nota Fiscal Valor da nota Motivo da glosa Fls. e processoa Informação real da nota fiscal Prova do pagamento 4 67 87.900,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1660 Saída sem suspensão da PIS e COFINS nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, com alteração da Lei 11.051/04 Transferência conta corrente – fls. 1661 6 46929 268.760,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 624 Operação sujeita a incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 12 2883 25.441,00 Venda com suspensão para 1310 Operação sujeita à incidência do Transferência para conta corrente no valor de R$ Fl. 1046DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.032 23 preponderantemente exportador PIS/Cofins e ñ sujeita à suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 alteração posterior lei 11.051/2004 25.146,66 (fls. 1311) 13 47061 217.385,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 623 Operação sujeita a incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 14 47062 217.385,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 622 Operação sujeita a incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 15 691 72.500,00 Venda com suspensão 625 / 1414 Operação sujeita à incidência do PIS/COFINS. Não Sujeita a suspensão conforme termos do artigo 9º da Lei 10.925/04 com alteração da lei 11.051/04. Transferência conta corrente no valor de R$ 143.806,67 (fls. 1416), valor aproximado das notas fiscais 691 e 692 16 692 72.500,00 Venda com suspensão 626 / 1415 Operação sujeita à incidência do PIS/COFINS. Não Sujeita a suspensão conforme termos do artigo 9º da Lei 10.925/04 com alteração da lei 11.051/04. Transferência conta corrente no valor de R$ 143.806,67 (fls. 1416), valor aproximado das notas fiscais 691 e 692 17 186 84.800,00 629 / 1656 Operação sujeita à incidência do PIS e COFINS e não sujeita à suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alteração da Lei 11.051/04 Depósito contacorrente – fls. 1657 18 580 131.040,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 627 Operação sujeita a incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. IX da Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 21 492 55.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 619 /1321 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Transferência conta corrente no valor de R$ 109.679,17, correspondente às notas fiscais 492 e 493 (fls. 1323) 22 493 55.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 618 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Transferência conta corrente no valor de R$ 109.679,17, correspondente às notas Fl. 1047DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.033 24 fiscais 492 e 493 (fls. 1323) 26 286930 87.680,00 Venda com suspensão – cooperativa de produtores 664 Sem informação acerca do PIS e COFINS Não localizada 28 287057 87.680,00 Venda de produtor rural ou cooperativa de produtores 1085 Sem informação acerca do PIS e COFINS Não localizada 29 52 75.000,00 Venda com suspensão, empresa agrícola 659 / 1475 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Transferência conta corrente – fls. 1476 30 501 63.250,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 650 / 1324 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Transferência conta corrente no valor de R$ 61.828,98 (fls. 1325) 31 502 75.900,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 652 / 1479 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Não localizada 32 503 63.250,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 651 / 1478 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Não localizada 37 1166 65.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 654 / 1417 Sem informação acerca do PIS/COFINS Transferência conta corrente no valor de R$ 64.805,00 38 289415 56.070,00 Venda de produtor rural ou cooperativa de produtores 1086 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Não localizada 39 289417 29.370,00 Venda de produtor rural ou cooperativa de produtores 1086 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Não localizada 40 289448 85.440,00 Venda de produtor rural ou cooperativa de produtores 1087 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Não localizada 41 569 83.220,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 649 / 1330 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Transferência conta corrente – fls. 1331 42 35 92.118,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 648 / 1328 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e ñ sujeita nos termos do art. 9º Lei 10.925/04 alteração posterior lei 11.051/2004 Transferência conta corrente – fls. 1329 43 19038 92.100,00 Venda com suspensão 1214 a 1232 / 1421 [Ilegível] Transferência conta corrente – fls. 1422 44 19040 61.412,00 Venda com suspensão 1214 a 1232 /1420 [Ilegível] Transferência conta corrente – fls. 1420 49 44031 75.000,00 1453 Sem informação acerca do PIS e COFINS Pagamento de título Bradesco – fls. 1454 51 18 77.120,00 Venda com suspensão – produtor rural FPAS 604 726 / 1451 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Transferência conta corrente – fls. 1452 52 158 70.500,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 724 / 1316 Operação sujeita à incidência do PIS e Cofins e não sujeita à suspensão nos termos do art. IX da Lei nr. 10.925/04 alteração posterior lei 11.051/04 Transferência conta corrente – fls. 1317 Fl. 1048DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.034 25 53 218 61.760,40 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 722 / 1319 Operação sujeita à incidência do PIS e Cofins e ñ sujeita à suspensão nos termos do art. IX da Lei 10.923/04 (sic) e alteração posterior lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 190.032,00, que corresponde às notas 218 e 219, nas quantias de R$ 61.760,40 e 128.271,60 54 219 128.271,60 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1318 Operação sujeita à incidência do PIS e Cofins e ñ sujeita à suspensão nos termos do art. IX da Lei 10.923/04 (sic) e alteração posterior lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 190.032,00, que corresponde às notas 218 e 219, nas quantias de R$ 61.760,40 e 128.271,60 55b 163 75.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 718 / 1355 Venda submetida à incidência do PIS/Cofins não sujeita à suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 modificada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 149.275,00, referente às notas fiscais 163 e 164 – fls. 1357 56b 164 75.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 717 / 1356 Venda submetida à incidência do PIS/Cofins não sujeita à suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 modificada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 149.275,00, referente às notas fiscais 163 e 164 – fls. 1357 57 333 108.692,50 Suspensão venda de cooperativa de produtores 698 Operação sujeita à incidência do PIS e Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 58 334 108.692,50 Suspensão venda de cooperativa de produtores 699 Operação sujeita à incidência do PIS e Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 59 335 217.385,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 697 Operação sujeita à incidência do PIS e Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 60 19 46.200,00 Venda com suspensão – produtor rural FPAS 604 727 / 1447 Sem informação acerca do PIS e COFINS Transferência conta corrente no valor de R$ 57.450,00 (fls. 1450), ref. notas fiscais 19, 20 e 21 63 800 162.500,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 716 / 1377 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada Transferência conta corrente no valor de R$ 325.000,00 ref. notas fiscais 800 e 801 (fls. 1379) Fl. 1049DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.035 26 pela Lei 11.051 de 29/12/2004 64 801 162.500,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1378 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 325.000,00 ref. notas fiscais 800 e 801 (fls. 1379) 65 c 21 71.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 713 / 1653 Saída sujeita a incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 141.716,00 (fls. 1656), montante aproximado às notas fiscais 21 e 22 66 c 22 71.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 712 / 1654 Saída sujeita a incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 141.716,00 (fls. 1656), montante aproximado às notas fiscais 21 e 22 68 205 82.500,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 714 / 1445 Sem informação acerca do PIS e COFINS Transferência conta corrente – fls. 1446 69 c 39 71.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 711 /1649 Saída sujeita a incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 212.739,85 (fls. 1652), montante aproximado às notas fiscais 39, 40 e 42 70 c 40 71.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 710 / 1650 Saída sujeita a incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 212.739,85 (fls. 1652), montante aproximado às notas fiscais 39, 40 e 42 71 c 42 71.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 709 / 1651 Saída sujeita a incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 212.739,85 (fls. 1652), montante aproximado às notas fiscais 39, 40 e 42 72 3 75.750,00 701 / 1613 Sem informação acerca do PIS e COFINS Transferência conta corrente no valor de R$ 151.500,00 (fls. 1615) ref. notas fiscais 3 e 4 73 4 75.750,00 700 / 1614 Sem informação acerca do PIS e COFINS Transferência conta corrente no valor de R$ 151.500,00 (fls. 1615) ref. notas fiscais 3 e 4 74b 379 51.194,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 708 / 1358 Venda submetida à incidência do PIS/Cofins não sujeita à suspensão Transferência conta corrente no valor de R$ 51.053,28 Fl. 1050DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.036 27 nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 modificada pela Lei 11.051/04 75 c 55 71.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 707 / 1645 Saída sujeita a incidência de PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 212.692,55 (fls. 1648), montante aproximado às notas fiscais 55, 56 e 58 76 c 56 71.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 706 / 1646 Saída sujeita a incidência de PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 212.692,55 (fls. 1648), montante aproximado às notas fiscais 55, 56 e 58 77 c 58 71.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 705 / 1647 Saída sujeita a incidência de PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 212.692,55 (fls. 1648), montante aproximado às notas fiscais 55, 56 e 58 82 462 107.471,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 689 / 1343 Operação sujeita à incidência do PIS/COFINS Transferência conta corrente no valor de R$ 105.371,00 – fls. 1344 84 c 114 70.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 704 / 1643 Saída sujeita a incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 139.000,00 (fls. 1644), que corresponde ao montante aproximado das notas fiscais 114 e 115 85 c 115 70.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 703 / 1642 Saída sujeita a incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 139.000,00 (fls. 1644), que corresponde ao montante aproximado das notas fiscais 114 e 115 (a) As fls. do eprocesso são correspondentes aos autos do processo nº 13656.720061/201012. (b) Aquisições da empresa Maragogipe Comércio de Cereais Ltda., que, segundo o despacho decisório de fls. 1240/1244 (processo nº 13656.720061/201012), foi declarada inapta em nov/2010, com efeitos a partir de 28/07/2009. (c) Aquisições da empresa Neris Comércio de Café e Sacarias Ltda., a qual, segundo o relatório decorrente do pedido de diligência da DRJ Juiz de Fora, “entregou DACON zerado no período de fornecimento à Bourbon (setembro/2009)”. Processo nº 13656.720065/201092 – 4º Trimestre de 2009 Linha planilha Nota Fiscal Valor da nota Motivo da glosa Fls. e processoa Informação real da nota fiscal Prova do pagamento 89 256 283.220,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1636 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, nos termos do art. 9º Lei Transferência conta corrente – fls. 1637 Fl. 1051DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.037 28 10.925/04, com alteração Lei 11.051/04 90 119 60.940,00 804 / 1671 Venda sob incidência do PIS e COFINS não sujeito a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 mod. pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente – fls. 1672 91 2847 66.750,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1382 Saída sem suspensão PIS/COFINS conf. Art. 9º da Lei 10.925/04 (...) Transferência conta corrente no valor de R$ 226.950,00 ref. notas fiscais 1382, 1383 e 1384 – fls. 1385 92 2848 46.725,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1383 Saída sem suspensão PIS/COFINS conf. Art. 9º da Lei 10.925/04 (...) Transferência conta corrente no valor de R$ 226.950,00 ref. notas fiscais 1382, 1383 e 1384 – fls. 1385 93 2851 113.475,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1384 Saída [ilegível] suspensão PIS/COFINS conf. Art. 9º da Lei 10.925 (...) com redação alterada pela Lei 11.051 (...) Transferência conta corrente no valor de R$ 226.950,00 ref. notas fiscais 1382, 1383 e 1384 – fls. 1385 94b 701 76.986,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 801 / 1362 Venda submetida à incidência do PIS/Cofins não sujeita à suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 modificada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente – fls. 1363 95b 702 83.100,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 802 / 1360 Venda submetida à incidência do PIS/Cofins não sujeita à suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 modificada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente – fls. 1361 96 301 424.830,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1638 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, nos termos do art. 9º Lei 10.925/04, com alteração Lei 11.051/04 Transferência conta corrente – fls. 1639 97 2269 67.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1380 Saída sem suspensão PIS/COFINS (...) Transferência conta corrente – fls. 1381 100 806 62.985,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 790 / 1349 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e ñ sujeita nos termos do art. 9º Lei 10.925/04 alteração posterior lei 11.051/2004 Transferência conta corrente – fls. 1350 104 4178 52.528,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 797 / 1386 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 Transferência no valor de R$ 159.200,00 (fls. 1390), que corresponde ao valor aproximado das Fl. 1052DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.038 29 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 notas fiscais 4178, 4193, 4174 e 4177 105 4193 69.680,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 798 / 1388 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência no valor de R$ 159.200,00 (fls. 1390), que corresponde ao valor aproximado das notas fiscais 4178, 4193, 4174 e 4177 106 12 70.000,00 807 / 1596 [Ilegível] Transferência conta corrente – fls. 1597 107 4176 122.850,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 794 / 1391 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente – fls. 1392 109 4485 134.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 785 / 1392 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente – fls. 1394 111 307 71.250,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 786 / 1545 Operação sujeita à incidência de PIS/Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 79.230,00 (fls. 1547) referente notas fiscais 307 (R$ 71.250,00) e 308 (R$ 7.980,00 – v. fls. 1546) 113 195 68.880,00 1662/1663 [Ilegível] Transferência conta corrente – fls. 1664 114 397 50.400,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 792 / 1634 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, nos termos do art. 9º Lei 10.925/04 com alteração Lei 11.051/04 Transferência conta corrente – fls. 1635 116 12327 60.900,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 1160 Operação com incidência do PIS e da COFINS Não localizada 117 12329 60.900,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 805 Operação com incidência do PIS e da COFINS Não localizada 118 22 333.550,09 Suspensão venda de cooperativa de produtores 793 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alterada pela Lei 11.051/04 Não localizada 119 5009 67.750,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1401 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ Transferência conta corrente no valor de R$ 135.500,00 (fls. 1404), ref. notas fiscais 5009, 5010 e 1011 Fl. 1053DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.039 30 redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 120 5010 40.650,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 783 / 1402 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 135.500,00, ref. notas fiscais 5009, 5010 e 1011 – fls. 1404 121 5011 27.100,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1403 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 135.500,00, ref. notas fiscais 5009, 5010 e 1011 – fls. 1404 122 5014 83.100,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1396 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 277.000,00 (fls. 1400) , ref. notas fiscais 5014 (R$ 83.100,00), 5015 (R$ 60.940,00), 5016 (R$ 83.100,00), 5017 (R$ 27.700,00) e 5018 (R$ 22.160,00) 123 5015 60.940,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1399 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 277.000,00 (fls. 1400) , ref. notas fiscais 5014 (R$ 83.100,00), 5015 (R$ 60.940,00), 5016 (R$ 83.100,00), 5017 (R$ 27.700,00) e 5018 (R$ 22.160,00) 124 5016 83.100,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 776 / 1395 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 277.000,00 (fls. 1400) , ref. notas fiscais 5014 (R$ 83.100,00), 5015 (R$ 60.940,00), 5016 (R$ 83.100,00), 5017 (R$ 27.700,00) e 5018 (R$ 22.160,00) 125 5017 27.700,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1397 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 277.000,00 (fls. 1400) , ref. notas fiscais 5014 (R$ 83.100,00), 5015 (R$ 60.940,00), 5016 (R$ 83.100,00), 5017 (R$ 27.700,00) e 5018 (R$ 22.160,00) 132 35 89.488,00 Venda com suspensão cooperativa de produtores 1697 Sem informação acerca do PIS e COFINS Não localizada 133 24 455.941,44 Suspensão venda de cooperativa de produtores 1699 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 alterado pela Lei 11.051/04 Não localizado Fl. 1054DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.040 31 134 5678 48.780,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1405 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 271.000,00 (fls. 1410) ref. notas fiscais 5678, 5679, 5680, 5681 e 5699. 135 5679 67.750,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1408 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 271.000,00 (fls. 1410) ref. notas fiscais 5678, 5679, 5680, 5681 e 5699. 136 5680 39.295,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1407 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 271.000,00 (fls. 1410) ref. notas fiscais 5678, 5679, 5680, 5681 e 5699. 137 5681 28.455,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1406 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 271.000,00 (fls. 1410) ref. notas fiscais 5678, 5679, 5680, 5681 e 5699. 138 5699 86.720,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1409 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 271.000,00 (fls. 1410) ref. notas fiscais 5678, 5679, 5680, 5681 e 5699. 140 1176 61.971,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 859 / 1352 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e ñ sujeita nos termos do art. 9º Lei 10.925/04 alteração posterior Lei 11.051/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 96.073,25, inerente às notas fiscais 1176, 1177 e 1195 – fls. 1354 141 1177 33.579,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 858 /1351 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e ñ sujeita nos termos do art. 9º Lei 10.925/04 alteração posterior Lei 11.051/2004 Transferência conta corrente no valor de R$ 96.073,25, inerente às notas fiscais 1176, 1177 e 1195 – fls. 1354 143 26 348.344,64 Suspensão venda cooperativa de produtores 1700 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e ñ sujeita nos termos do art. 9º Lei nº 10.925/04 e alterado pela Lei nº 11.051/2004 Não localizado 144 6718 151.405,00 Venda com suspensão para 863 / 1411 Saída sem suspensão do Transferência conta corrente (fls. 1413) ref. Fl. 1055DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.041 32 preponderantemente exportador PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 notas fiscais 6718 (R$ 151.405,00) e 6719 (R$ 147.160,00) 146 16 145.000,00 1568 Sem informação acerca do PIS e COFINS Transferência conta corrente no valor de R$ 137.500,00 – fls. 1569 147 6719 147.160,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 862 / 1412 Saída sem suspensão do PIS/COFINS, conf. art. 9º da Lei 10.925 de 23/07/2004, c/ redação alterada pela Lei 11.051 de 29/12/2004 Transferência conta corrente (fls. 1413) ref. notas fiscais 6718 (R$ 151.405,00) e 6719 (R$ 147.160,00) 148 552 283.220,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 860 / 1423 Saída sem suspensão do PIS e da COFINS, nos termos art. 9º da Lei 10.925/04, c/ alteração Lei 11.051/04 Transferência conta corrente – fls. 1424 155 67 375.243,84 Suspensão venda cooperativa de produtores 871 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º Lei n 10.925/04 e alterado pela Lei n 11.051/2004 Não localizada 161 18 68.400,00 900 / 1627 Sem informação acerca do PIS e COFINS Transferância conta corrente – fls. 1628 163 10239 129.600,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 899 / 1371 Operação sujeita à incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 345.600,00, ref. notas fiscais 10239, 10240 e 10241 (fls. 1372) 164 10240 144.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 898 / 1370 Operação sujeita à incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 345.600,00, ref. notas fiscais 10239, 10240 e 10241 (fls. 1372) 165 10241 72.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1369 Operação sujeita à incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente no valor de R$ 345.600,00, ref. notas fiscais 10239, 10240 e 10241 (fls. 1372) 166 77 136.737,60 Suspensão venda de cooperativa de produtores 894 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º Lei n 10.925/04 e alterado pela Lei n Não localizada Fl. 1056DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.042 33 11.051/2004 167 78 134.261,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 893 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º Lei n 10.925/04 e alterado pela Lei n 11.051/2004 Não localizada 168 79 187.705,50 Suspensão venda de cooperativa de produtores 1701 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º Lei n 10.925/04 e alterado pela Lei n 11.051/2004 Não localizada 170 10328 73.206,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 896 / 1364 Operação sujeita à incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferências conta corrente nos valores de R$ 99.060,50, R$ 2.905,00 e R$ 43.284,50, ref. notas fiscais 10328 e 10329 (fls. 1366/1368) 171 10329 72.044,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 1371 / 1365 Operação sujeita à incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferências conta corrente nos valores de R$ 99.060,50, R$ 2.905,00 e R$ 43.284,50, ref. notas fiscais 10328 e 10329 (fls. 1366/1368) 172 2319 65.827,50 Suspensão venda de cooperativa de produtores 1704 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 173 2336 80.892,50 Suspensão venda de cooperativa de produtores 1705 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada (a) As fls. do eprocesso são correspondentes aos autos do processo nº 13656.720061/201012. (b) Aquisições da empresa Maragogipe Comércio de Cereais Ltda., que, segundo o despacho decisório de fls. 1240/1244 (processo nº 13656.720061/201012), foi declarada inapta em nov/2010, com efeitos a partir de 28/07/2009. Processo nº 13656.720069/201071 – 1º Trimestre de 2010 Linha planilha Nota Fiscal Valor da nota Motivo da glosa Fls. e processoa Informação real da nota fiscal Prova do pagamento 178 7669 96.070,40 Venda com suspensão cooperativa de produtores 934 Op. suj. incid. PIS/Cofins e não suj. susp. termos art. 9º, Lei 10.925/04 e alt. Lei 11.051/04 Não localizada Fl. 1057DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.043 34 179 2646 92.400,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 1057 Operação sujeita à incidência do PIS e Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º Lei 10.925/04 alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 180 2647 176.000,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 1706 Operação sujeita à incidência do PIS e Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º Lei 10.925/04 alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 181 503 132.750,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 931 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º Lei 10.925/04 e alterado pela Lei 11.051/04 Não localizada 182 504 32.450,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 930 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º Lei 10.925/04 e alterado pela Lei 11.051/04 Não localizada 183 64 95.990,00 Venda com suspensão 1698 Sem informação acerca do PIS e COFINS Não localizada 184 11352 70.000,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 928 / 1375 Operação sujeita à incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04, alterada pela Lei 11.051/04 Transferência conta corrente – fls. 1376 185 2914 106.480,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 1059 Operação sujeita à incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 186 2915 106.480,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 1707 Operação sujeita à incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 187 2916 106.480,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 1708 Operação sujeita à incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alteração posterior Não localizada Fl. 1058DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.044 35 Lei 11.051/04 188 2917 106.040,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores Não encontrada 191 3124 91.080,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores 1065 Operação sujeita à incidência do PIS e COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei 10.925/04 e alteração posterior Lei 11.051/04 Não localizada 193 3123 113.080,00 Suspensão venda de cooperativa de produtores Não encontrada 196 31 150.000,00 950 / 1436 [Ilegível] Transferência conta corrente – fls. 1437 197 2288 94.360,00 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 949 /1335 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e não sujeita a suspensão nos termos do art (...) Transferência conta corrente no valor de R$ 94.738,27 – fls. 1336 199 129 213.475,62 946 / 1438 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Transferência conta corrente no valor de R$ 427.303,51, ref. notas fiscais 129 e 130 200 130 213.827,89 947 / 1439 Sem informação acerca do PIS e da COFINS Transferência conta corrente no valor de R$ 427.303,51, ref. notas fiscais 129 e 130 206 2400 66.937,50 Venda com suspensão para preponderantemente exportador 986 / 1337 Operação sujeita à incidência do PIS/Cofins e não sujeita à suspensão nos termos do art. 9º Lei 10.925/04 (...) Transferência conta corrente no valor de R$ 65.917,50 – fls. 1338 207 116 235.290,30 Venda com suspensão 1703 Operação sujeita à incidência do PIS/COFINS e não sujeita a suspensão nos termos do art. 9º da Lei nº 10.925/04 e alterado pela Lei nº 11.051/04 Não localizada (a) As fls. do eprocesso são correspondentes aos autos do processo nº 13656.720061/201012. Foi demonstrado linhas acima que as vendas realizadas pelos fornecedores do sujeito passivo não poderiam se sujeitar à suspensão das referidas contribuições, conclusão a que se chegou com base na disciplina, à época, dos artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925/04. Em sintonia com essa particularidade legal, as tabelas que trazemos demonstram que no corpo das notas fiscais de entrada está consignado, em sua ampla maioria, que as correspondentes operações estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS, e ainda, que as citadas transações não se subsumem à suspensão das referidas contribuições prevista no artigo 9º da Lei nº 10.925/04, alterado pela Lei nº 11.051/04, logo, em perfeita harmonia com o que demonstramos anteriormente dada a realidade fática examinada. Portanto, é incorreta a informação veiculada no relatório decorrente da diligência fiscal segundo a qual “os fornecedores emitiram as notas fiscais com informação de que não estaria oferecendo receita a tributação de ICMS, de PIS e de Cofins” (grifo da fiscalização). Fl. 1059DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.045 36 Ainda, na mesma planilha destacamos, na última coluna à direita, a prova do pagamento das transações indicadas em cada linha, evidência que, como muito bem lembrou o i. conselheiro Solon Sehn, afasta as conseqüências decorrentes da eventual inidoneidade do fornecedor, nos termos do artigo 82 da Lei nº 9.430/96, consoante já decidiu a Turma, por unanimidade, conforme reproduzido abaixo: Portanto, o direito ao crédito está vinculado ao valor do custo de aquisição do insumo e, evidentemente, à sua respectiva comprovação na forma da legislação tributária. Esta, por sua vez, deve ocorrer mediante apresentação de nota fiscal, de recibo ou de documento equivalente, contendo, no mínimo, a identificação das partes, a especificação do CPF ou do CNPJ, a descrição dos bens ou serviços, a data e o valor da operação (Lei nº 9.532/1997, art. 61, § 1º). Exigese ainda, nos termos do art. 82 da Lei nº 9.430/1996, que todo o contribuinte, para não ser alcançado pelos efeitos jurídicos de eventual inidoneidade da documentação fiscal ou de declaração de inaptidão da inscrição do emitente, conserve a prova da efetivação dos pagamentos e dos recebimentos dos bens ou serviços: Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços. Desse modo, nos casos de inidoneidade do documento fiscal ou de declaração de inaptidão do emitente, o sujeito passivo tem direito ao reconhecimento dos efeitos tributários que decorrem da operação, desde que, nos termos da Lei nº 9.430/1996 (art. 82, parágrafo único), apresente a prova do pagamento e do recebimento dos bens ou serviços. Esse dispositivo se aplica mesmo quando os custos encontramse registrados na escrituração fiscal, porque esta somente tem valor probante em favor do contribuinte, consoante o disposto no art. 9.º, § 1.º, do DecretoLei n.º 1.598/1977, no tocante aos fatos lastreados em documentação hábil: Art. 9º [...] § 1º A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. É inviável, destarte, o acolhimento da pretensão do contribuinte. A legislação é clara ao estabelecer que, nos casos de suspeita de inidoneidade, a simples apresentação da nota fiscal e da escrituração fiscal, desacompanhadas da prova do pagamento e da entrega da mercadoria, mostrase insuficiente para a comprovação do custo de aquisição. Não se questiona o entendimento doutrinário que interpreta a palavra “cobrado”, prevista no art. 153, § 3º, I [1], da Constituição, no sentido de incidente ou devido, na linha de Hugo de Brito Machado, José Souto Maior Borges, Cléber Giardino, Geraldo Ataliba, José Souto Maior Borges, Roque Fl. 1060DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.046 37 Antonio Carrazza, Paulo de Barros Carvalho, André Mendes Moreira, Eduardo Domingos Botallo, entre outros [2] . Todavia, na hipótese dos autos, a prova exigida em consonância com a Lei nº 9.430/1996 não se refere ao pagamento do tributo incidente na operação anterior, mas à comprovação da efetiva ocorrência da aquisição por parte daquele que pleiteia a restituição, bem como do valor do respectivo. Ao indeferir o pedido de ressarcimento assentado nessa fundamentação, a decisão recorrida não demanda qualquer reparo, porque, segundo ensina Paulo de Barros Carvalho, não há incompatibilidade entre o princípio constitucional da nãocumulatividade e a exigência, para fins de aproveitamento do crédito, de documento hábil e de prova da efetiva ocorrência das operações documentadas: É, portanto, requisito para o aproveitamento do crédito que esteja ele vertido em documento hábil para certificar a ocorrência do fato que dá ensejo à apuração do crédito. [...] Cabe destacar, nesta exigência [3], a necessidade dos documentos atenderem ao que dispõe a legislação, no tocante à sua confecção, tipo, série e demais peculiaridades. Aquilo que se impõe, no caso, é o dever de o contribuinte conferir os documentos que acompanham os bens adquiridos, buscando identificar se atendem ou não ao que estabelecem os dispositivos legais que tratam da matéria. Nada mais. O derradeiro requisito, também percebido na já mencionada legislação, diz respeito à efetiva ocorrência das operações documentadas, o que já foi previamente lembrado letras acima. Ou, por outras palavras, o que estiver registrado – em documento fiscal – deve refletir a efetiva realização do negócio jurídico, com ingresso, real ou simbólico, da mercadoria no estabelecimento adquirente e o respectivo pagamento. Tais providências, quando tomadas em conjunto, evidenciam a boafé do contribuinte, eximindoo de eventuais responsabilidades caso seja posteriormente verificada a prática de ilícitos por terceiros [4] [1] "Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] § 3º O imposto previsto no inciso IV: [...] II será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;" [2] Cf.: MACHADO, Hugo de Brito. Aspectos fundamentais do ICMS. 2. ed. São Paulo: Dialética, 1999, p. 140 e ss.; BORGES, José Souto Maior. Isenções e reduções do ICM. Revista de direito tributário, São Paulo, n.° 2526, p. 208; GIARDINO, Cléber. O ICM e o princípio da nãocumulatividade. Revista de direito tributário, São Paulo, n.° 2526, p. 119; CARRAZZA, Roque Antonio. ICMS. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 292 e ss.; ed. CARVALHO, Paulo de Barros. Isenções tributárias do IPI, em face do princípio da nãocumulatividade. Revista dialética de direito tributário, São Paulo, n.° 33, p. 160 e ss.; MOREIRA, André Mendes. A nãocumulatividade dos tributos. São Paulo: Noeses, 2010, p. 122; BOTALLO, Eduardo Domingos. IPI: princípios e estrutura. São Paulo: Dialética, 2009, p. 36. MELO, José Eduardo Soares de. IPI: teoria e prática. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 170 e ss. [3] O eminente professor se refere ao disposto especificamente no art. 36 da Lei n. 6.374/89, do Estado de São Paulo. Fl. 1061DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.047 38 [4] CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2008, p. 652 e 653654. (Acórdão nº 380200.603, de 07/07/2011. Processo nº 10665.000571/200769. Relator: Solon Sehn) Nas planilhas acima colacionadas estão indicadas as linhas correspondentes às notas fiscais de venda emitidas pela pessoa jurídica Maragogipe Comércio de Cereais Ltda., a qual, segundo o despacho decisório de fls. 1240/1244 (processo nº 13656.720061/201012), é a única empresa que foi declarada inapta em novembro de 2010 (portanto, posteriormente aos períodos objeto dos litígios da recorrente aqui analisados conjuntamente), mas com efeitos a partir de 28/07/2009. Mesmo se admitida interpretação que pretendesse utilizar a data dos efeitos da inaptidão (28/07/2009) como referência para a glosa, em todas as citadas transações está comprovada a realização do correspondente pagamento (v. linhas 55, 56, 74, 94 e 95 do anexo ao relatório de diligência fiscal – fls. 1716/1735 do processo nº 13656.720061/201012 – referenciado nas tabelas acima reproduzidas), bem como o carimbo de recebimento por Internacional Armazéns Gerais Ltda., local indicado para a entrega do produto, e/ou o carimbo de entrada no estabelecimento da recorrente. Tais evidências, como já dito, afastam eventual inidoneidade do fornecedor, nos termos do artigo 82, parágrafo único, da Lei nº 9.430/96. No relatório em resposta ao pedido de diligência exarado pela DRJ Juiz de Fora a fiscalização também se reporta à empresa Neris Comércio de Café e Sacarias Ltda., a qual “entregou DACON zerado no período de fornecimento à Bourbon (setembro/2009)”. As notas fiscais emitidas pela citada pessoa jurídica (todas do 3º trimestre de 2009) constam das linhas 65, 66, 69, 70, 71, 75, 76, 77, 84 e 85 do mesmo anexo ao relatório de diligência fiscal cujos lançamentos mais relevantes foram reproduzidos em parte nas planilhas acima. Para essa empresa valem as mesmas observações que fizemos para a pessoa jurídica Maragogipe Comércio de Cereais Ltda., uma vez que, como indicado na planilha do 3º trimestre de 2009 (acima), estão comprovados os pagamentos pelos produtos adquiridos (ressalvadas algumas pequenas diferenças – conforme indicado na planilha do 3º trimestre/2009), constando, também, do corpo das notas fiscais, carimbos de recebimento dos produtos. Releva destacar que a DRJ Juiz de Fora, na diligência solicitada à DRF Poços de Caldas, afirmou que “não constam dos autos referência a pagamentos e ou recebimentos das mercadorias adquiridas das empresas relacionadas na tabela 2 [do despacho decisório]” (tabela às fls. 1242/1243 do processo nº 13656.720061/201012) – empresas que, segundo a fiscalização, não recolheram nenhum valor a título do PIS e da COFINS. Em resposta a esse pedido de diligência a DRF de origem anexou os comprovantes de pagamento das correspondentes transações e não fez nenhuma alusão a eventual falta de entrega dos produtos (ver “RESPOSTA AO PEDIDO DE DILIGÊNCIA DA DRJ JUIZ DE FORA MG”, às fls. 1709/1715 do processo nº 13656.720061/201012), razão pela qual admitimos que todos os produtos elencados nas notas fiscais referenciadas foram devidamente entregues. Finalmente, em relação a algumas das transações em que não encontramos o correspondente pagamento, importa lembrar que isso não foi investigado pela fiscalização em relação a todas as aquisições da reclamante, eis que o fisco, para glosar o direito creditório vislumbrado pela requerente, se fundou na equivocada afirmação de que as notas fiscais teriam Fl. 1062DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.048 39 sido emitidas “com informação de que não estaria oferecendo receita a tributação de ICMS, de PIS e de COFINS”, na inidoneidade de alguns fornecedores, além de outras razões já comentadas e rechaçadas no corpo deste voto. Da conclusão Diante do exposto, e considerando: a) que todo o produto foi adquirido na condição de insumo, não se admitindo, conseqüentemente, nenhum cálculo de crédito com base em “bens adquiridos para revenda”; b) que a aquisição de insumos de pessoa jurídica ou de cooperativa que exerça a atividade cumulativa de “padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial” não se subsume à possibilidade legal de pleitear o crédito presumido do PIS e da COFINS de que trata a Lei nº 10.925/04; c) que as compras da empresa dão direito à apuração de crédito básico pela aquisição de insumos previsto nos artigos 3º, inciso II, das Lei nos 10.637/02 e 10.833/03; d) que ainda que o problema estivesse relacionado ao crédito presumido para a dedução do PIS e da COFINS (artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925/04), as evidências trazidas pela fiscalização levam à conclusão de que as vendas realizadas pelos fornecedores do sujeito passivo não seriam objeto de suspensão das referidas contribuições ainda que se encontrassem submetidas ao citado mecanismo de crédito; e) que é equivocada a informação fiscal segundo a qual “os fornecedores emitiram as notas fiscais com informação de que não estaria oferecendo receita a tributação de ICMS, de PIS e de Cofins”, uma vez comprovado nos autos, fruto de exame de ampla amostragem das notas fiscais de entrada, que no corpo das mesmas está consignado, em sua ampla maioria, que as correspondentes operações estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS, e ainda, que as citadas transações não se subsumem à suspensão das referidas contribuições prevista no artigo 9º da Lei nº 10.925/04, alterado pela Lei nº 11.051/04; f) que, em relação às aquisições das duas empresas apontadas pela fiscalização como inidôneas, está comprovado nos autos o correspondente pagamento das transações, não havendo nenhuma evidência de que as mercadorias não teriam sido entregues – pelo contrário, as anotações dispostas nas notas fiscais indicam a entrega dos produtos –, razão pela qual devem ser afastadas as conseqüências decorrentes da eventual inidoneidade dos fornecedores, nos termos do artigo 82 da Lei nº 9.430/96; voto para dar provimento ao recurso voluntário interposto pela recorrente, e reconheço o direito creditório pleiteado, o qual deverá ser utilizado para Fl. 1063DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.049 40 homologar as compensações vislumbradas pela interessada até o exaurimento completo do crédito. Mantenho, pois, o exato entendimento proferido no acórdão nº 3802002.383, da então segunda Turma Especial da Terceira Seção do CARF, saneado pela retificação unicamente da parte inicial do voto no que concerne às compensações abarcadas pela lide, o que faço com fundamento no artigo 66 do anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015. Por fim, em respeito ao histórico do julgamento original, defendo que seja reproduzida abaixo a declaração de voto do então conselheiro Solon Sehn, idêntica à apresenta nos outros dois processos da empresa julgados conjuntamente pela então Segunda Turma Especial da Terceira Seção. Sala de Sessões, em 27 de janeiro de 2016. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios – Relator Declaração de Voto Conselheiro Solon Sehn I. Considerações iniciais: O presente feito, de acordo com PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação) de fls. 02 e ss., referese a pedido de ressarcimento de crédito de Cofins, acumulado em decorrência de operações de exportação, formulado com fundamento no art. 6º, § 1º, da Lei nº 10.833/2003. Não se discute o direito ao crédito presumido previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Não foi, afinal, formulado qualquer pedido nesse sentido por parte do contribuinte. O exame da controvérsia, assim, deve passar pela interpretação dos pressupostos do direito ao crédito básico do art. 6º da Lei nº 10.833/2003. Compulsando os autos, verificase que o direito ao crédito deixou de ser reconhecido porque, de acordo com o despacho decisório e com a decisão recorrida: (i) Não teriam ocorrido aquisições para revenda, mas de insumo industrial, já que todo o produto adquirido sofreria processo de industrialização: (ii) Nas aquisições de cooperativas, houve suspensão do PIS/Pasep e da Cofins (art. 8º, § 1º, III, e 9º, III, da Lei nº 10.925/2004) e exclusão da receita de terceiros da base de cálculo das contribuintes (art. 15, I, da Medida Provisória nº 2.15835/2001): Fl. 1064DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.050 41 (iii) Em relação às demais aquisições de café de outros fornecedores, a glosa do crédito foi realizada porque, de acordo com a Solução de Consulta COSIT nº 58/2008, a venda de produtos agropecuários por pessoas jurídicas à agroindústrias está sujeita à suspensão do PIS/Cofins: (iv) Irregularidades em nove empresas fornecedoras: Inicialmente, registro que, com a devida vênia, não se acompanha a interpretação do alcance do art. 6º, I, § 1º, da Lei nº 10.833/2003 encontrada no despacho decisório e na decisão recorrida. Estes partem da premissa de que o crédito na exportação (crédito básico ou ordinário) somente seria reconhecido para os comerciantes, sendo que, para industriais do segmento da cafeicultura, caberia apenas o crédito presumido do art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Daí a glosa do crédito fundamentada na demonstração de que todo café adquirido sofre processo de industrialização. A legislação do PIS/Pasep e da Cofins em momento algum restringiu o reconhecimento do crédito à exportação de bens acabados. A Lei nº 10.833/2003 assegura a manutenção do crédito básico acumulado em decorrência do art. 6º. Este que, como se sabe, nos termos do art. 149, § 2º, I, da Constituição, estabelece a nãoincidência da contribuição sobre as receitas de “exportação de mercadorias para o exterior” (inciso I) e de “vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação” (inciso II). “Art. 6º A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; [...] III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação.” A amplitude do direito ao crédito básico acumulado, por sua vez, alcança todas as hipóteses de creditamento previstas no art. 3º da Lei nº 10.833/2003, ou seja, todos os seus incisos, e não apenas a aquisição de mercadorias para revenda. Tanto é assim que, de acordo os §§ 1º e 3º do art. 6º, a empresa “poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3º”, desde que se trate de “custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação”: “Art. 6º. [...] § 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3º, para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. Fl. 1065DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.051 42 § 2º A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1º poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 3º O disposto nos §§ 1º e 2º aplicase somente aos créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º.” Notese, da leitura do dispositivo transcrito, que não há restrição aos créditos de aquisições de produtos acabados para revenda nem tampouco vedação ao creditamento de insumos industriais. Aliás, não faria nenhum sentido assegurar o crédito ao industrial que exporta por meio de empresa comercial exportadora (Lei nº 10.833/2003, art. 6º, III), mas não reconhecer esse mesmo direito na exportação direta. O industrial tem direito a todo o crédito básico acumulado na forma do art. 3º, seja na exportação direta ou quando vende para empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. Esta que, por sua vez, fica sujeita aos disposto no art. 6º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003: “Art. 6º. [...] § 4º O direito de utilizar o crédito de acordo com o § 1º não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim previsto no inciso III do caput, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação.” Não há dúvida alguma de que a Lei nº 10.833/2003, ao prever o direito de apuração e ressarcimento dos créditos básicos calculados na forma de seu art. 3º, alcançou as empresas produtoras e exportadoras, inclusive e principalmente no tocante à aquisição de insumos industriais. Tanto é assim que, em seu art. 14, foi previsto que os contribuintes do regime nãocumulativo não teriam mais direito ao crédito presumido apurado nos termos das Leis nº 9.363/1996 e nº 10.276/2001. Isso ocorreu para evitar superposição, já que, tendo sido reconhecido o direito ao crédito de insumos pela aplicação dos §§ 1º e 3º do art. 6º, não faria mais sentido assegurar em duplicidade o crédito para ressarcimento para “empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais” das contribuintes incidentes sobre “as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo”: “Art. 14 . O disposto nas Leis nº s 9.363, de 13 de dezembro de 1996 , e 10.276, de 10 de setembro de 2001 , não se aplica à pessoa jurídica submetida à apuração do valor devido na forma dos arts. 2º e 3º desta Lei e dos arts. 2º e 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002.” É o que destaca o eminente Conselheiro João Carlos Cassuli Junior, em estudo específico sobre o tema: “A legislação partiu da seguinte premissa: o preço relativo às aquisições no mercado interno de matériasprimas, produtos Fl. 1066DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.052 43 intermediários e matérias de embalagens, diante da tributação cumulativa então vigente para o PIS e COFINS, trazia consigo o custo dos tributos suportados nas operações anteriores, sendo certo, portanto, que o adquirenteexportador suportava tal ônus, obrigandoo a repassálo financeiramente no preço dos produtos exportados, situação que persiste ainda hoje. [...] Por decorrência lógica, direta e até mesmo óbvia desse objetivo, ao ser instituído o regime não cumulativo para as contribuições ao PIS e a COFINS, pelas Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, passando então a haver permissão para a manutenção dos créditos sobre as aquisições de insumos realizados no mercado nacional, acabou perdendo sentido preservarse o direito ao crédito presumido de IPI como ressarcimento de tais contribuições, previsto no art. 1º, da Lei nº 9.363/96, para os contribuintes que migrassem para o regime não cumulativo.” 2 Daí a razão pela qual, ainda segundo o autor citado: “Tais créditos, uma vez acumulados por industriais exportadores deve ter o tratamento estipulado pelo incisos II e § 2º do art. 5º da Lei 10.635/2002 e do artigo 6º da Lei n. 10.833/2003, qual seja, ser compensados com tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal ou serem objeto de ressarcimento em dinheiro, pois representam créditos apurados sobre os insumos de que tratam os artigos 3º, II, ambos das Leis n. 10.637/02 e n. 10.833/03 já referidos, sendo essa remissão feita pelo art. 8º, da Lei n. 10.925/04, uma clara demonstração de que está indissociavelmente ligado, no sentido de garantir o regime de apuração não cumulativa e, como tal, igualmente se deve aplicar ao crédito respectivos, os direitos previstos para as receitas de exportação.” 3 Na agroindústria, por sua vez, não há superposição entre o crédito presumido do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 e os créditos básicos da Lei nº 10.833/2003. A situação é distinta das Leis nº 9.363/1996 e nº 10.276/2001. Isso porque, no caso de insumos adquiridos de pessoa jurídica, a aplicabilidade do art. 8º é decorrente das hipóteses de suspensão da incidência do PIS/Pasep e da Cofins previstas no art. 9º da Lei nº 10.925/2004, situações nas quais, segundo o § 2º, II, art. 3º, da Lei nº 10.833/2003, não se tem direito ao crédito básico: Lei nº 10.925/2004: “Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: 2 CASSULI JUNIOR, op. cit., p. 258. 3 CASSULI JUNIOR, João Carlos. Agroindústria: crédito presumido de PIS e COFINS – direito à compensação ou ao ressarcimento do crédito presumido da agroindústria (art. 8º da Lei nº 10.925/2004). In: PEIXOTO, Marcelo Magalhães; MOREIRA JUNIOR, Gilberto de Castro. PIS e Cofins à luz da jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, v. 2. São Paulo: MP, 2013, p. 252 e 253254. Fl. 1067DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.053 44 I de produtos de que trata o inciso I do § 1º do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1º do art. 8º desta Lei; e III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1º do mencionado artigo. § 1º O disposto neste artigo: I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6º e 7º do art. 8º desta Lei.” Lei nº 10.833/2003: “Art. 3º [...] 2º Não dará direito a crédito o valor: [...] II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição.” Por conseguinte, não se tratando de operação sujeita ao crédito presumido do art. 8º e afastada a aplicabilidade da suspensão do art. 9º da Lei nº 10.925/2004, o contribuinte tem direito ao crédito básico, desde que presentes os demais pressupostos da Lei nº 10.833/2003. Feito esse breve e necessário registro, cumpre examinar a situação concreta objeto do presente julgado. II. Da natureza das operações: O despacho decisório infirmou os dados do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) do contribuinte com base na seguinte declaração prestada por este no curso do procedimento fiscal: “[...] pela declaração de folha 118, o contribuinte adquire café e diversas empresas e remeteo para industrialização em estabelecimentos de terceiros, o que nos leva à conclusão de que todo café adquirido sofre processo de industrialização, portanto, os valores informados na linha 01 do DACON não se Fl. 1068DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.054 45 referem a aquisições para revenda, mas sim, a insumos para industrialização e deveriam ter sido declarados na linha 02 do DACON” (fls. 1240. g.n.). A declaração a que se refere o despacho, por sua vez, teve o seguinte teor: “COMÉRCIO ATACADISTRA DE CAFÉ CRU EM GRÃO – CNAE 46.21400, compra de café cru em grão do Produtor Rural pessoa física ou jurídica, Cooperativa, Agropecuária, Cerealista e outros Comerciantes pessoas jurídicas; remessa do café adquirido para industrialização em estabelecimentos de terceiros para fins de preparo para exportação; exportação do café beneficiado e venda no mercado interno da parte não classificada para exportação. Esta atividade é realizada, por intermédio de terceiros e em favor do Contribuinte, as operações descritas no art. 8º, § 6º da Lei 10.925/04. NCM 0901.11.10.”. Notase, portanto, que se trata de declaração que descreve o processo produtivo da empresa, mas que, em momento algum, afirma que “todo café adquirido sofre processo de industrialização”, até porque essa resposta foi prestada considerando a solicitação do item 06 do Termo de Intimação Fiscal: “[...] 6 – Descrição DETALHADA do processo produtivo da empresa informando os principais insumos utilizados em cada etapa e as respectivas classificações fiscais de acordo com as posições da NCM.” (g.n). A declaração do contribuinte, portanto, foi apresentada considerando o teor do termo de intimação. Este, por outro lado, solicitou a descrição do processo produtivo, sem qualquer pedido de explicação no tocante as operações de compra e exportação de produtos acabados informadas no Dacon. Tratase de uma intimação de conteúdo dúbio e, ainda que involuntariamente, acabou induzindo a uma resposta incompleta e pouco esclarecedora. Uma resposta dessa natureza – sobretudo porque atrelada a uma solicitação de descrição do processo produtivo, que nada indagava sobre operações de venda de produtos acabados não autoriza a conclusão peremptória de que “todo café adquirido sofre processo de industrialização”. Tampouco justifica a desconsideração das informações formalmente prestadas na Dacon. Além disso, verificase que, mesmo antes do despacho decisório, foram anexados aos autos (fls. 255265) uma relação de diversas notas fiscais emitidas pela Recorrente com CFOP próprios de operações de venda de mercadoria adquirida de terceiro. O despacho, entretanto, silenciou acerca dessa documentação, optando por atribuir relevo unicamente à frágil declaração prestada pelo contribuinte. Convém ressaltar, ademais, que, na primeira oportunidade em que se manifestou nos autos, após ter ciência da interpretação conferida à declaração de fls. 118, o contribuinte ratificou as informações da Dacon, esclarecendo que, além de atividade industrial, também adquiria café para revenda. Logo, não é de se estranhar que, ao realizar a diligência determinada pela DRJ, a Fiscalização ter informado, antes da prolação do despacho decisório da DRF/PCSMG, que também há um processo industrial para todo o café negociado, o que qualifica a Bourbon Specialty Coffees S.A como empresa com atividade industrial. Fl. 1069DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.055 46 É incontroverso o exercício paralelo da industrialização de café. Ao constatar esse fato relatando que, no estabelecimento, também há um processo industrial , a diligência simplesmente em nada acrescentou. Por outro lado, não se pode deixar de ressaltar que as cooperativas intimadas pela Fiscalização informaram que, no tocante aos produtos comercializados por meio das notas fiscais relacionadas nos autos, exerceram previamente a atividade descrita no § 6º do art. 8º, da Lei nº 10.925/2004, ou seja, padronização, beneficiamento, preparo e mistura tipos de café para definição de aroma e sabor (“blend”) ou separação por densidade dos grãos. Destacase, a título exemplificativo, a declaração da Cooperativa de Produtores de Cafés Finos do Sul de Minas Ltda. (ver ainda as declarações de fls. 18401891): “[...] 3 Conforme aludidas notas fiscais as operações foram feitas ao amparo do Art. 9º, § 1º, Inciso II, combinado com os §§ 6º e 7º do artigo 8º que é o impositivo legal às operações das empresas que especifica, pela atividade exercida listada no § 7º do art. 8º, todos da Lei n.º 10.925 de 23/07/2004, com redação da Lei n.º 11.051/2004”. Ao reconhecer que exercia a referida atividade, a cooperativa, nos termos do § 1º, II, do art. 9º, da Lei nº 10.925/2004, deixava de se beneficiar a suspensão da incidência do PIS/Pasep e da Cofins prevista no dispositivo: “Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: § 1º O disposto neste artigo: II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6º e 7º do art. 8º desta Lei.” Assim, à luz desses elementos, peço vênia para divergir da decisão recorrida e do despacho decisório. A declaração e a diligência não permitem concluir que “todo café adquirido sofre processo de industrialização”. Ao contrário, a prova dos autos (cf. relação de notas fiscais e resposta a intimações das cooperativas) não autoriza a desqualificação das informação da linha 01 do Dacon. III. Da aquisições de cooperativas: De acordo com o despacho decisório, nas passagens transcritas acima (item I ii), as vendas foram abrangidas pela suspensão da incidência das contribuições ao PIS/Pasep e Cofins, na forma do art. 9º da Lei nº 10.925/2004. Além disso, teria havido aplicação da redução de base de cálculo prevista no art. 15, I, da Medida Provisória nº 2.15835/2001, o que, nos termos do § 2º, II, art. 3º, da Lei nº 10.833/2003, afastaria o direito ao crédito da contribuição. Nesse sentido também entendeu o acórdão da DRJ: Fl. 1070DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.056 47 “É fato que nas notas fiscais de aquisição constam que as vendas foram efetuadas “sem suspensão” das contribuições respectivas, mas é fato também que, quando intimadas pela fiscalização, os vendedores informaram que tais vendas foram, na verdade, efetuadas “com suspensão”. Mais que isso, como consta do Despacho Decisório, “todas estas cooperativas utilizaramse da exclusão da base de cálculo ao apurar as contribuições sobre receitas de vendas no DACON”. De fato, a partir do exame dos “dados adicionais” das notas fiscais, constata se que os fornecedores não informaram a aplicação da suspensão na forma do art. 2º, § 2º, da Instrução Normativa SRF nº 660/2006: “Art. 2º Fica suspensa a exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda: [...] § 2º Nas notas fiscais relativas às vendas efetuadas com suspensão, deve constar a expressão ‘Venda efetuada com suspensão da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS’, com especificação do dispositivo legal correspondente.” Por outro lado, diversamente do que afirma a decisão recorrida, não houve retificação desta informação nas respostas aos termos de intimação. Ao contrário, as cooperativas, segundo demonstrado pelo Recorrente, confirmam a não aplicação da suspensão da contribuição: cf. declarações da Cooperativa de Produtores de Cafés Finos do Sul de Minas Ltda.; Cooperativas dos Cafeicultores da Zona de Varginha Ltda.; Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda. – Cooxupé; Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Poços de Caldas; Cooperativa Regional dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde Ltda. – Cocarive; Cooperativa Agrícola do Sudeste do Brasil Ltda.; Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas – COCAPEC; Cooperativa de Produtores de Cafés Finos do Sul de Minas Ltda.; Cooperativas dos Cafeicultores da Zona de Varginha Ltda.; Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda. – Cooxupé; Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Poços de Caldas; Cooperativa Regional dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde Ltda. – Cocarive. Essas cooperativas, conforme já destacado no item anterior, ao serem intimadas pela Fiscalização, informaram que, no tocante aos produtos comercializados por meio das notas fiscais relacionadas nos autos, exerceram previamente a atividade descrita no § 6º do art. 8º, da Lei nº 10.925/2004, ou seja, padronização, beneficiamento, preparo e mistura tipos de café para definição de aroma e sabor (“blend”) ou separação por densidade dos grãos. Portanto, nos termos do § 1º, II, do art. 9º, da Lei nº 10.925/2004, ao contrário do que entendeu a decisão recorrida, não é aplicável a suspensão da incidência do PIS/Pasep e da Cofins: “Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: § 1º O disposto neste artigo: II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6º e 7º do art. 8º desta Lei.” Fl. 1071DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.057 48 Não sendo aplicável a suspensão do PIS/Pasep e da Cofins, não há como deixar de reconhecer o direito ao crédito básico acumulado, porquanto, nos termos do § 2º, II, art. 3º, da Lei nº 10.833/2003, a vedação ao direito ao crédito somente se aplica na “aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição”. Por fim, no tocante a redução da base de cálculo, prevista no art. 15, I, da Medida Provisória nº 2.15835/2001, entendese que a sua aplicação não é afastada pelo § 2º, II, art. 3º, da Lei nº 10.833/2003. Isso porque a redução de base de cálculo tem natureza de isenção e, em tais hipóteses, não há vedação ao crédito: “Art. 3º [...] 2º Não dará direito a crédito o valor: [...] II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição.” Referido dispositivo veda o direito ao crédito na aquisição de bens ou de serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, mesmo quando a operação subsequente for tributada. No caso de isenção, porém, o direito ao crédito é afastado apenas quando o bem adquirido for objeto de revenda ou utilizado como insumo em produtos ou serviços igualmente isentos, sujeitos à alíquota zero ou não tributados. Tratandose de produto ou de serviço tributado pelo PIS/Pasep e pela Cofins, o contribuinte conserva o direito ao crédito, da mesma forma que nas operações de exportação, por força do art. §§ 1º e 3º do art. 6º, da Lei nº 10.833/2003. Não há dúvidas, por outro lado, de que a redução de base de cálculo tem natureza de isenção. É o que ensina Paulo de Barros Carvalho, na obra Direito Tributário, Linguagem e Método: “As normas de isenção pertencem à classe das regras de estrutura, que intrometem modificações no âmbito da regra matriz de incidência tributária. Guardando sua autonomia normativa, a norma de isenção atua sobre a regramatriz de incidência tributária, investindo contra um ou mais critérios de sua estrutura, mutilandoos, parcialmente. [...] O que o preceito de isenção faz é subtrair parcela do campo de abrangência do critério antecedentes ou do consequente, podendo a regra de isenção suprimir a funcionalidade da regra matriz tributária de oito maneiras distintas: (i) pela hipótese: i.1) atingindolhe o critério material, pela desqualificação do verbo; i.2) mutilando o critério material, pela subtração do complemento; i.3) indo contra o critério espacial; i.4) voltando se para o critério temporal; (ii) pelo consequente, atingindo: ii.1) o critério pessoal, pelo sujeito ativo; ii.2) o critério pessoal, Fl. 1072DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.058 49 pelo sujeito passivo; ii.3) o critério quantitativo, pela base de cálculo; e ii.4) o critério quantitativo, pela alíquota.”4. Ao exemplificar, o eminente Professor Titular da PUC/SP e da USP recorre às exclusões da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins: “Por esses motivos, a título exemplificativo e levando em conta que a contribuição ao PIS e à COFINS apresentam como critério material da hipótese normativa o fato de ‘auferir receitas’, tendo como base de cálculo exatamente o montante destas, qualquer supressão acaba por mutilar a regramatriz de incidência tributária. É o que fazem, por exemplo, o art. 1º, § 3º, IV, da Lei n. 10.637/02, e o art. 1º, § 3º, da Lei n. 10.833/03: atacam o critério quantitativo da norma que determina a tributação, atingindo, mais especificamente, a base de cálculo. Essas mesmas leis, entretanto, prescrevem que as receitas não operacionais, decorrentes da venda do ativo imobilizado e permanente, não integram a base de cálculo dos gravames examinados (art. 1º, § 3º, IV, da Lei n. 10.637/02, e art. 1º, § 3º, II, da Lei n. 10.833/03, respectivamente). Ao relacionar as espécies de receitas que são excluídas da base de cálculo tributária, referidas leis acabaram por instituir verdadeira isenção, mediante mutilação parcial do critério quantitativo da regramatriz de incidência.” 5. Nessa mesma linha também se coloca a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, consoante se depreende do seguinte julgado: “[...] No julgamento do RE 174.478/SP, Rel. para o acórdão o Min. Cezar Peluso, o Tribunal passou a entender pela impossibilidade da compensação dos créditos relativos à entrada de insumos realizada com redução da base de cálculo, uma vez que consubstancia isenção fiscal parcial. Precedentes. II Recurso protelatório. Aplicação de multa. III Agravo regimental improvido.” (STF. 1ª T. AI 558.290 AgR/RS . Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI DJe157, de 20/08/2009. No mesmo sentido, cf.: 2ª T. AI 669.557AgR/MG. Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA. DJe081, de 06/05/2010. g.n.). Entendese, assim, por qualquer dos ângulos analisados, que não se justifica a glosa do crédito no tocante às aquisições das cooperativas. IV. Demais aquisições: Em relação às aquisições de café de outros fornecedores, a glosa do crédito foi realizada porque, segundo o despacho decisório, toda a compra realizada pela Recorrente, por se caracterizar como aquisição de insumo, estaria sujeita à suspensão do PIS/Pasep e 4 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2008, p. 521. 5 CARVALHO, op. cit., p. 522. Fl. 1073DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.059 50 Cofins. Ora, conforme demonstrado, a prova dos autos não autoriza a desqualificação das informação da linha 01 do Dacon. Portanto, em se tratando de operação de venda, não se aplica a suspensão do PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do art. 4º, § 3º, da Instrução Normativa SRF nº 660/2006: “Art. 4 º Nas hipóteses em que é aplicável, a suspensão disciplinada nos arts. 2º e 3º é obrigatória nas vendas efetuadas a pessoa jurídica que, cumulativamente: [...] § 3 º É vedada a suspensão quando a aquisição for destinada à revenda.” Ademais, não foi apresentada pela Fiscalização nenhum indício sequer de que as operações foram concretamente realizadas com aplicação das suspensão do PIS/Pasep e da Cofins, de sorte que não se justifica a glosa do crédito. V. Das irregularidades apuradas: A questão das irregularidades não foi examinada de forma expressa pelo voto condutor do acórdão recorrido. A ementa do julgado, entretanto, reconheceu que “a adquirente faz jus aos créditos das compras efetivamente comprovadas, independentemente das vendedoras não declararem a receita bruta ao fisco”. Assim, entendese que se trata de matéria superada. De qualquer sorte, no tocante ao único fornecedor declarado inidôneo, verificase que o contribuinte apresentou, por ocasião da manifestação de inconformidade, a prova da entrega da mercadoria e do efetivo pagamento, coincidente em datas e valores, com pequenas divergências, conforme destacado pelo eminente Conselheiro Relator. Tais provas são suficientes para afastar eventual inidoneidade do fornecedor, nos termos do art. 82 da Lei nº 9.430/1996, consoante já decidiu a Turma, por unanimidade, em acórdão de nossa relatoria: “[...] Portanto, o direito ao crédito presumido está vinculado ao valor do custo de aquisição do insumo e, evidentemente, à sua respectiva comprovação na forma da legislação tributária. Esta, por sua vez, deve ocorrer mediante apresentação de nota fiscal, de recibo ou de documento equivalente, contendo, no mínimo, a identificação das partes, a especificação do CPF ou do CNPJ, a descrição dos bens ou serviços, a data e o valor da operação (Lei no 9.532/1997, art. 61, § 1º). Exigese ainda, nos termos do art. 82 da Lei no 9.430/1996, que todo contribuinte, para não ser alcançado pelos efeitos jurídicos de eventual inidoneidade da documentação fiscal ou de declaração de inaptidão da inscrição do emitente, conserve a prova da efetivação dos pagamentos e dos recebimentos dos bens ou serviços: Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o Fl. 1074DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.060 51 documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços. Desse modo, nos casos de inidoneidade do documento fiscal ou de declaração de inaptidão do emitente, o sujeito passivo tem direito ao reconhecimento dos efeitos tributários que decorrem da operação, desde que, nos termos da Lei no 9.430/1996 (art. 82, parágrafo único), apresente a prova do pagamento e do recebimento dos bens ou serviços. Esse dispositivo se aplica mesmo quando os custos encontramse registrados na escrituração fiscal, porque esta somente tem valor probante em favor do contribuinte, consoante o disposto no art. 9.º, § 1.º, do DecretoLei n.º 1.598/1977, apenas no tocante aos fatos lastreados em documentação hábil: Art. 9º [...] § 1º A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. É inviável, destarte, o acolhimento da pretensão do contribuinte. A legislação é clara ao estabelecer que, nos casos de suspeita de inidoneidade, a simples apresentação da nota fiscal e da escrituração fiscal, desacompanhadas da prova do pagamento e da entrega da mercadoria, mostrase insuficiente para a comprovação do custo de aquisição. Não se questiona o entendimento doutrinário que interpreta a palavra “cobrado”, prevista no art. 153, § 3º, I6, da Constituição, no sentido de incidente ou devido, na linha de Hugo de Brito Machado, José Souto Maior Borges, Cléber Giardino, Geraldo Ataliba, José Souto Maior Borges, Roque Antonio Carrazza, Paulo de Barros Carvalho, André Mendes Moreira, Eduardo Domingos Botallo, entre outros7. Todavia, na hipótese dos autos, a prova exigida em consonância com a Lei no 9.430/1996 não se refere ao pagamento do tributo incidente na operação anterior, mas à comprovação da efetiva ocorrência da aquisição por parte daquele que pleiteia a restituição, bem como do valor do respectivo. Ao indeferir o pedido de ressarcimento assentada nessa fundamentação, a decisão recorrida não demanda qualquer reparo, porque, segundo ensina Paulo de 6 "Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] § 3º O imposto previsto no inciso IV: [...] II será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;" 7 Cf.: MACHADO, Hugo de Brito. Aspectos fundamentais do ICMS. 2. ed. São Paulo: Dialética, 1999, p. 140 e ss.; BORGES, José Souto Maior. Isenções e reduções do ICM. Revista de direito tributário, São Paulo, n.° 2526, p. 208; GIARDINO, Cléber. O ICM e o princípio da nãocumulatividade. Revista de direito tributário, São Paulo, n.° 2526, p. 119; CARRAZZA, Roque Antonio. ICMS. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 292 e ss.; ed. CARVALHO, Paulo de Barros. Isenções tributárias do IPI, em face do princípio da nãocumulatividade. Revista dialética de direito tributário, São Paulo, n.° 33, p. 160 e ss.; MOREIRA, André Mendes. A nãocumulatividade dos tributos. São Paulo: Noeses, 2010, p. 122; BOTALLO, Eduardo Domingos. IPI: princípios e estrutura. São Paulo: Dialética, 2009, p. 36. MELO, José Eduardo Soares de. IPI: teoria e prática. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 170 e ss. Fl. 1075DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.061 52 Barros Carvalho, não há incompatibilidade entre o princípio constitucional da não cumulatividade e a exigência, para fins de aproveitamento do crédito, de documento hábil e de prova da efetiva ocorrência das operações documentadas: É, portanto, requisito para o aproveitamento do crédito que esteja ele vertido em documento hábil para certificar a ocorrência do fato que dá ensejo à apuração do crédito. [...] Cabe destacar, nesta exigência8, a necessidade dos documentos atenderem ao que dispõe a legislação, no tocante à sua confecção, tipo, série e demais peculiaridades. Aquilo que se impõe, no caso, é o dever de o contribuinte conferir os documentos que acompanham os bens adquiridos, buscando identificar se atendem ou não ao que estabelecem os dispositivos legais que tratam da matéria. Nada mais. O derradeiro requisito, também percebido na já mencionada legislação, diz respeito à efetiva ocorrência das operações documentadas, o que já foi previamente lembrado letras acima. Ou, por outras palavras, o que estiver registrado – em documento fiscal – deve refletir a efetiva realização do negócio jurídico, com ingresso, real ou simbólico, da mercadoria no estabelecimento adquirente e o respectivo pagamento. Tais providências, quando tomadas em conjunto, evidenciam a boafé do contribuinte, eximindoo de eventuais responsabilidades caso seja posteriormente verificada a prática de ilícitos por terceiros9 (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão 3802 000.603, s. 07/07/2011). Portanto, nos termos do art. 82 da Lei nº 9.430/1996, entendese que, diante da existência de prova do pagamento e sendo incontroversa a entrega das mercadorias, fica afastada eventual inaptidão do referido fornecedor. Por outro lado, no tocante aos demais fornecedores, ainda que à época não tenha havido o efetivo pagamento da contribuição, este não é suficiente para o afastamento do direito ao crédito. Com efeito, o art. 49 do Código Tributário Nacional referese ao Imposto sobre Produtos Industrializados, não sendo aplicável ao PIS/Pasep e à Cofins. Outrossim, consoante já demonstrado no voto transcrito acima, mesmo no tocante ao IPI, a palavra “cobrado”, prevista no art. 153, § 3º, I10, da Constituição, é interpretada pela melhor doutrina no sentido de incidente ou devido, na linha de Hugo de Brito Machado, José Souto Maior Borges, Cléber Giardino, Geraldo Ataliba, José Souto Maior Borges, Roque Antonio Carrazza, Paulo de Barros Carvalho, André Mendes Moreira, Eduardo Domingos Botallo, entre outros11. 8 O eminente professor se refere ao disposto especificamente no art. 36 da Lei n. 6.374/89, do Estado de São Paulo. 9 CARVALHO, Paulo de Barros Carvalho. Direito tributário, linguagem e método. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2008, p. 652 e 653654. 10 "Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] § 3º O imposto previsto no inciso IV: [...] II será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;" 11 Cf.: MACHADO, Hugo de Brito. Aspectos fundamentais do ICMS. 2. ed. São Paulo: Dialética, 1999, p. 140 e ss.; BORGES, José Souto Maior. Isenções e reduções do ICM. Revista de direito tributário, São Paulo, n.° 2526, p. 208; GIARDINO, Cléber. O ICM e o princípio da nãocumulatividade. Revista de direito tributário, São Paulo, Fl. 1076DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13656.720069/201071 Acórdão n.º 3301002.762 S3C3T1 Fl. 1.062 53 Registrese, para afastar qualquer dúvida acerca da matéria, as seguintes lições do Professor Paulo de Barros Carvalho: “Cabe salientar, enfim, que a regra que estipula o nascimento do direito ao crédito goza de autonomia, relativamente à norma que cuida da imposição tributária. Portanto, se para a formação do direito ao crédito é irrelevante o próprio nascimento da obrigação, muito mais ainda será a circunstância de ter sido ou não extinta essa mesma relação: a cobrança do tributo na operação anterior tornase irrelevante para a formação do direito de crédito.” 12. Ademais, o § 2º, inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.833/2003, ao vedar o direito crédito do PIS/Pasep e Cofins, faz referencia à aquisição de bens ou serviços “não sujeitos ao pagamento da contribuição”: “Art. 3º. [...] § 2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004)” A expressão “não sujeitos ao pagamento da contribuição” abrange os casos de nãoincidência do tributo, pela não subsunção dos eventos à regramatriz de incidência da contribuição. Tais hipóteses não se confundem com os casos em que o contribuinte realiza o fato jurídico tributário, porém, deixa de recolher o crédito tributário devido. Isso porque a operação, apesar da inadimplência do contribuinte, continua sujeita ao pagamento da contribuição. Tanto é assim que, após o insucesso da cobrança administrativa, a Fazenda Pública conserva o direito de cobrança por meio de execução fiscal. Assim, considerando a prova apresentada, voto pelo integral provimento do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Solon Sehn n.° 2526, p. 119; CARRAZZA, Roque Antonio. ICMS. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 292 e ss.; ed. CARVALHO, Paulo de Barros. Isenções tributárias do IPI, em face do princípio da nãocumulatividade. Revista dialética de direito tributário, São Paulo, n.° 33, p. 160 e ss.; MOREIRA, André Mendes. A nãocumulatividade dos tributos. São Paulo: Noeses, 2010, p. 122; BOTALLO, Eduardo Domingos. IPI: princípios e estrutura. São Paulo: Dialética, 2009, p. 36. MELO, José Eduardo Soares de. IPI: teoria e prática. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 170 e ss. 12 CARVALHO, op. cit., p. 160. Fl. 1077DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/02/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS
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Numero do processo: 10830.727566/2012-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE.
Restando comprovado, mediante laudo médico oficial, ser o contribuinte portador de moléstia grave, são isentos os rendimentos de aposentadoria recebidos, consoante regram os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713/88.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.937
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado digitalmente)
Ronaldo de Lima Macedo, Presidente.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson, Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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MOLÉSTIA GRAVE. Restando comprovado, mediante laudo médico oficial, ser o contribuinte portador de moléstia grave, são isentos os rendimentos de aposentadoria recebidos, consoante regram os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713/88. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Ronaldo de Lima Macedo, Presidente. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson, Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente da Turma), Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 75 66 /2 01 2- 13 Fl. 85DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I (SP) DRJ/SP1, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), alterando o saldo de imposto de renda a restituir do anocalendário 2008 de R$ 3.885,75 para o montante de R$ 747,74 de imposto suplementar a pagar (fls. 14/17). O lançamento deuse face à constatação de omissão de rendimentos tributáveis recebidos da fonte pagadora Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – Cassi, no valor de R$ 29.385,03. O contribuinte contestou o lançamento através do instrumento de fls. 02, alegando que os rendimentos são isentos por tratarse de proventos de aposentadoria, reforma ou pensão de portador de moléstia grave. Acrescenta que o laudo anterior estava com o CID errado, pois sofreu AVC e por conseqüência Alienação Mental constatado através de perícia médica da Secretaria de Saúde do Município. A DRJ/SP1 manteve a exigência (fls. 51/55), havendo o contribuinte interposto recurso voluntário em 10/4/2013 (fls. 62/63), repisando as razões da impugnação e juntando novo laudo médico. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. A isenção do imposto de renda para os portadores de moléstia grave tem de como base legal os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelas Leis nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, e nº 11.052, de 29 de dezembro de 2004, abaixo transcritos: Art. 6o Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Pagel (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; Fl. 86DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10830.727566/201213 Acórdão n.º 2402004.937 S2C4T2 Fl. 86 3 (...) XXI os valores recebidos a título de pensão quando o beneficiário desse rendimento for portador das doenças relacionadas no inciso XIV deste artigo, exceto as decorrentes de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão. Por sua vez, o art. 30 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, passou a veicular a exigência de que a moléstia fosse comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, nos termos a seguir: Art. 30. A partir de Io de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6° da Lei n" 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com redação dada pelo art. 47 da Lei n°8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. § 2º Na relação das moléstias a que se refere o inciso XIV do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, fica incluída a fibrose cística (mucoviscidose). Então, é necessário o cumprimento cumulativo de dois requisitos para que o beneficiário faça jus à isenção em foco, a saber: que ele seja portador de uma das doenças mencionadas no texto legal, e que os rendimentos auferidos sejam provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão. A controvérsia cingese à comprovação de que o contribuinte possui a condição de portador de moléstia grave, sendo incontroverso serem os rendimentos tidos por omitidos oriundos de aposentadoria, consoante documentos de fls. 7/9. O aresto contestado, ao denegar a reforma do lançamento, alude inicialmente ao fato de que o próprio contribuinte foi signatário da impugnação, o que revelaria não ser ele portador de alienação mental, enquanto que o recurso voluntário defende ter o referido meramente assinado dita postulação. Não prospera o argumento da DRJ/SP1, pois, ainda que esteja imbuído de certa lógica, traz requisito não estabelecido em lei para fins de aceitação da isenção pretendida. De sua parte, o laudo datado de 28/11/2012 (fls. 10/11) foi refutado sob a alegação de que não continha carimbo de identificação do serviço médico oficial, não trazia a descrição da doença, e, ainda, "a identificação nominal da moléstia não guarda relação com a indicação do CID F41.0 que corresponde a Outros Transtornos Ansiosos – Transtorno do Pânico – Ansiedade Paroxística Episódica". Fl. 87DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Todavia, o laudo juntado com o recurso voluntário (fl. 66) apresenta o carimbo e a descrição da doença demandados pela instância a quo, sendo frisado naquele documento que a isquemia evoluiu para "demência e perda de força muscular". Nessa linha, a apontada incompatibilidade entre o CID apontado no laudo e a identificação da moléstia como "alienação mental" tem caráter preponderantemente subjetivo, sendo deveras factível que a descrição contida no CID F41.0, supra mencionado, leve a um quadro de demência/alienação mental, conforme consignado no laudo. Incompatibilidades do gênero só podem servir de respaldo, por si sós, à rejeição de laudos médicos oficiais para fins de obter isenção do imposto de renda, no caso serem evidentes, considerandose não ser o julgador administrativo, a priori, especialista na área médica. Portanto, entendo que o laudo de fl. 66 supriu as deficiências apontadas pela instância recorrida, e, restando esclarecido ser o contribuinte portador de moléstia grave no decorrer do período no qual foram percebidos os rendimentos tidos por omitidos, não mais subsiste razão para a manutenção do gravame tributário, face ao disposto no art. 6º, inciso XIV da Lei nº 7.713/88. Ante o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 88DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 04/02/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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Numero do processo: 10320.900658/2008-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 02 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OBSCURIDADE
Os embargos de declaração só se prestam para sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão, não servindo à rediscussão da matéria já julgada no recurso.
A Turma de julgamento efetivamente apreciou as questões pertinentes para o deslinde da questão e expressamente manifestou sua posição acerca da matéria, lastreada na legislação e em documentos acostados aos autos.
Embargos de Declaração Rejeitados.
Numero da decisão: 3402-002.917
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR os Embargos de Declaração, nos termos do relatório e voto do relator que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Proferiu sustentação oral pela Recorrente, a Dra. Joselene Poliszezuk, OAB/SP 182.338.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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AUSÊNCIA DE OBSCURIDADE Os embargos de declaração só se prestam para sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão, não servindo à rediscussão da matéria já julgada no recurso. A Turma de julgamento efetivamente apreciou as questões pertinentes para o deslinde da questão e expressamente manifestou sua posição acerca da matéria, lastreada na legislação e em documentos acostados aos autos. Embargos de Declaração Rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR os Embargos de Declaração, nos termos do relatório e voto do relator que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Valdete Aparecida AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 0. 90 06 58 /2 00 8- 10 Fl. 129DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Proferiu sustentação oral pela Recorrente, a Dra. Joselene Poliszezuk, OAB/SP 182.338. Relatório Tratase de Embargos declaratórios, tempestivamente opostos por BRASIL KIRIN BEBIDAS LTDA., nova denominação social de COMPANHIA DE BEBIDAS BRASIL KIRIN, anteriormente denominada COMPANHIA DE BEBIDAS PRIMO SCHINCARIOL, com fundamento no art. 65, Anexo II, do RICARF, em face do Acórdão nº 3802004.100, de 25/02/2015 (fls. 104/107), prolatado pela extinta 2ª Turma Especial deste CARF, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. INTEMPESTIVIDADE. CONTENCIOSO NÃO INSTAURADO. O prazo para interposição de recurso é de 30 (trinta) dias em conformidade com o disposto pelo art. 33 do Decreto nº 70.235/1972, constatado o decurso do prazo, impõe o não conhecimento. Não instaura o contencioso a apresentação de recurso posteriormente ao prazo de 30 dias prescrito pelo caput do artigo 15 do Decreto no 70.235/72. Recurso Voluntário Não Conhecido. Alega a Embargante que, apesar de expressamente suscitada nas razões recursais, ao analisar o pedido, a 2ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF, não conheceu do recurso sob a alegação de intempestividade. Aduz que tal decisão no Acórdão padece de obscuridade, pois, conforme pode ser comprovado através do extrato emitido pelos Correios (cópia do documento anexo às fls. 120/123), a entrega da correspondência à embargante ocorreu em 29/10/2012. Afirma que nos autos existem 02 (dois) documentos emitidos pelos Correios, que possuem fé pública, com datas divergentes para o mesmo fato, que é a entrega da intimação do acórdão que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e que esse fato impossibilita a declaração de intempestividade do recurso voluntário, pois se há incerteza sobre a data correta. Diante do exposto e das provas anexadas, requerer que seja sanado o vício apontado, reconheça a tempestividade do recurso voluntário e o encaminhe para julgamento do mérito. Esse seria, portanto, em breve relatório, o motivo dos presentes aclaratórios solicitados. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10320.900658/200810 Acórdão n.º 3402002.917 S3C4T2 Fl. 130 3 Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator Assim, com esteio na alegada obscuridade, passo à análise do mérito dos embargos. Os embargos declaratórios foram conhecidos por decisão do Presidente desta Turma Ordinária (fl. 128), na forma do art. 65, caput, Anexo II, do Regimento Interno. Foi determinada, assim, a inclusão do processo em pauta para julgamento deste Colegiado. A ciência do Acórdão embargado ocorreu em 13/05/2015 (fl. 115/116), tendo a oposição dos embargos ocorrido em 18/05/2015 (fl. 117). Tratase, assim, de Embargos declaratórios opostos tempestivamente e que atendem aos demais pressupostos para o seu cabimento. Como já dito, em seus argumentos a Embargante alega conter obscuridade em pontos do Acórdão, explicitando as razões pela qual entende que tais pontos devem ser aclarados e o Recurso Voluntário conhecido e dado seu provimento. Para tanto, objetivando melhor esclarecer os fatos, destacamos os excertos do Acórdão embargado que versaram sobre a referida discussão (fl. 106 e seguintes): "(...) Examinandose os autos, constatase que a ciência do Acórdão recorrido se deu em uma sexta feira, 26/10/2012 (fl. 65 – despacho da Unidade preparadora e fl. 66, cópia do AR). Assim, contase o prazo, prorrogado, a partir de segunda feira, 29 de outubro, 30 (trinta) dias. Portanto, o prazo findo para apresentação do recurso ocorreu em 27 de novembro de 2012. Porém, a petição de recurso voluntário só foi apresentada em 28/11/2012, quarta feira (conforme carimbo de protocolo às fls. 70), portanto, posteriormente ao prazo de 30 dias de que dispõe o sujeito passivo para formalizar sua contestação, tanto na primeira quanto na segunda instância de julgamento, nos termos dos artigos 15 e 33 do Decreto n° 70.235/72 ( ...). (...) Como visto, notase que, no caso, a interposição do recurso aconteceu após o lapso temporal trintídio. Desta forma, o prazo de que trata o dispositivo acima referenciado, além de peremptório, ou seja, improrrogável, é também preclusivo, tendo, portanto, natureza decadencial, posto que findo o mesmo não mais se torna possível a prática de atos posteriores". Embora entendo que esteja clara a conclusão, acolhese os presentes embargos para melhor explicitar os motivos que conduziram o voto a concluir pelo não conhecimento do recurso voluntário. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 O cerne da questão, se dá com a divergência apontada pela Recorrente, quanto a data da ciência no AR do Acórdão proferido pela DRJ em Fortaleza (CE) e a conseqüente intempestividade do seu Recurso Voluntário. Em seus Embargos aduz que, "(...) Tal decisão padece de obscuridade, pois, conforme pode ser comprovado através do extrato emitido pelos Correios (DOC. ANEXO), a entrega da correspondência à embargante ocorreu em 29/10/2012. E prossegue, " (...) Importante destacar, que a época dos fatos a embargante utilizavase de Caixa Postal para o recebimento de suas correspondências, por esse motivo, a consulta do rastreamento do Aviso de Recebimento no site dos Correios é a única forma da embargante conseguir identificar a data em que a intimação foi efetivamente entregue, pois a juntada do AR nos autos não ocorre imediatamente, pelo contrário, freqüentemente ocorre somente após o prazo estabelecido para a apresentação dos recursos. Além disso, conforme pode ser verificado no extrato dos Correios, no dia 26/10/2012 a correspondência estava aguardando retirada, ou seja, ela foi deixada na caixa postal, mas ainda não havia sido entregue à embargante. A entrega da correspondência apenas ocorreu no dia 29/10/2012, como comprova o mesmo extrato". O documento em referência, anexado aos autos às fls. 120/123, denominado SRO Rastreamento de Objetos (fl. 123), tratase de um extrato/consulta do sistema dos Correios, em que aparecem três datas, quais sejam: 24/10/2012 (Postado); 26/10/2012 (Aguardando retirada) e 29/10/2012 (Entregue). No próprio documento, verificase que se encontra impresso a seguinte observação (grifouse): O horário não indica quando a Situação ocorreu, mas sim quando os dados foram recebidos pelo sistema, exceto no caso do SEDEX 10 e SEDEX HOJE em que ele representa o horário real da entrega. Isto pode significar que a data informada pela Embargante, constante do documento (SRO), foi de quando o servidor inseriu tais dados no sistema dos Correios. Por outro lado, encontrase nos autos às fls. 66 e 67, cópia do AR dos Correios, cuja data de postagem foi 24/10/12 (fl. 67) e a data de recebimento (campo próprio), bem como o carimbo datado da agência (carimbo de entrega AC CaxiasMA), no dia 26/10/2012. E mais, observase que no corpo do AR consta o numero deste PAF nº 10320.900658/200810 e do Acórdão (0823.276 4ª Turma da DRJ/FOR), contendo além da data do recebimento, assinatura do recebedor, nome legível e o numero do documento de identificação. É cediço que basta o recebimento do AR no endereço do eleito pelo contribuinte para que a ciência da notificação via postal seja oficializada, mesmo que a pessoa quem assinou o recibo da ECT não seja o próprio contribuinte. Ademais, no âmbito do processo administrativo fiscal federal, a intimação do contribuinte está regulada no art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, diploma normativo com força de lei. Ressaltese que são três os meios de intimação consagrados na norma em questão: i) pessoal; ii) por via postal ou similar, desde que se obtenha prova de Fl. 132DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10320.900658/200810 Acórdão n.º 3402002.917 S3C4T2 Fl. 131 5 recebimento da cientificação no domicílio tributário do sujeito passivo e iii) por meio eletrônico. Vale destacar a existência de expresso comando legal definidor da inexistência de ordem de preferência entre os expedientes aludidos. Regra expressa do Decreto nº 70.235, de 1972 (art. 23, parágrafo segundo, inciso II), estabelece que no caso de intimação por via postal ou similar considerase feita a intimação na data do recebimento no domicílio tributário do sujeito passivo, ou, se omitida, 15 (quinze) dias após a data de expedição da intimação. Importa registrar que não descuidou o legislador de definir o que se considera domicílio tributário do sujeito passivo. Essa definição está presente no parágrafo quarto do art. 23, onde consta expressamente: “o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária”. Por fim, vale reproduzir a Súmula CARF nº 9: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Portanto, as alegações da Embargante, acerca de questões processuais, ao afirmar que nos autos existem 02 (dois) documentos emitidos pelos Correios, que possuem fé pública, com datas divergentes para o mesmo fato (entrega da intimação do acórdão que julgou a Manifestação de Inconformidade), não caracteriza a obscuridade no acórdão embargado. O colegiado efetivamente apreciou as questões pertinentes para o deslinde da questão, e expressamente manifestou sua posição acerca da matéria, lastreada na legislação e em documentos acostados aos autos. Na obscuridade, o vício que enseja a interposição de Embargos de Declaração diz respeito à clareza do posicionamento do julgador naquele julgamento. Ou seja, tratase da hipótese de uma decisão que por sua leitura, a parte tem dúvidas a cerca da real posição do julgador, em virtude de uma manifestação confusa, o que não é o caso. A extinta 2ª Turma Especial, ao examinar o recurso voluntário, concluiu que o mesmo foi interposto a destempo, isso é, após o lapso temporal de trinta dias. Portanto, considero salutar a insistência do contribuinte, no entanto, não comungo com o mesmo raciocínio traçado para ultrapassar o obstáculo processual impeditivo do conhecimento do Recurso Voluntário. Enxergo empecilho intransponível pela norma do art. 33 do Decreto nº. 70.235, de 1972: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 Conclusão Em face do exposto, voto no sentido de conhecer dos embargos de declaração, por serem tempestivos e REJEITÁLOS por ausência de obscuridades a serem sanadas. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Relator De acordo. Diante da argumentação supra, e com fundamento no § 3° do artigo 65, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF (Portaria MF nº 343, de 09/06/2015), acolho os Embargos, nos termos do relatório e voto, para REJEITÁLOS, mantendose, portanto, o resultado do julgamento do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. Fl. 134DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Numero do processo: 15586.720597/2013-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2011 a 31/12/2011
COMPENSAÇÃO. TRIBUTO OBJETO DE DISCUSSÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. VEDAÇÃO.
Comprovado nos autos que o sujeito passivo compensou tributo, objeto de discussão judicial, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial, impõe-se a glosa dos valores indevidamente compensados, acrescida de juros e da multa de mora.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. VEDAÇÃO À COMPENSAÇÃO. PREVISÃO EM LEI. DECLARAÇÃO EM SENTENÇA JUDICIAL. COMPROVAÇÃO DA FALSIDADE.
Correta a imposição de multa isolada de 150% - prevista no § 10 do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991 - quando a autoridade fiscal demonstra, por meio da linguagem de provas, a falsidade da compensação efetuada pelo sujeito passivo, caracterizada pelo oferecimento de crédito sabidamente impróprio para tal fim, posto que contrário não só ao disposto no art. 170-A do CTN, assim como à parte dispositiva da sentença proferida em primeiro grau.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.177
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negar-lhe provimento, nos termos do relatório e voto. O Conselheiro Rayd Santana Ferreira votou pela exclusão da multa isolada.
André Luís Mársico Lombardi - Presidente
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi, Arlindo da Costa e Silva, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Henrique de Oliveira e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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GLOSA E MULTA ISOLADA Recorrente MUNICÍPIO DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE PREFEITURA MUNICIPAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/2011 a 31/12/2011 COMPENSAÇÃO. TRIBUTO OBJETO DE DISCUSSÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. VEDAÇÃO. Comprovado nos autos que o sujeito passivo compensou tributo, objeto de discussão judicial, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial, impõese a glosa dos valores indevidamente compensados, acrescida de juros e da multa de mora. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. VEDAÇÃO À COMPENSAÇÃO. PREVISÃO EM LEI. DECLARAÇÃO EM SENTENÇA JUDICIAL. COMPROVAÇÃO DA FALSIDADE. Correta a imposição de multa isolada de 150% prevista no § 10 do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991 quando a autoridade fiscal demonstra, por meio da linguagem de provas, a falsidade da compensação efetuada pelo sujeito passivo, caracterizada pelo oferecimento de crédito sabidamente impróprio para tal fim, posto que contrário não só ao disposto no art. 170A do CTN, assim como à parte dispositiva da sentença proferida em primeiro grau. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 05 97 /2 01 3- 79 Fl. 319DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 15586.720597/201379 Acórdão n.º 2401004.177 S2C4T1 Fl. 320 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negarlhe provimento, nos termos do relatório e voto. O Conselheiro Rayd Santana Ferreira votou pela exclusão da multa isolada. André Luís Mársico Lombardi Presidente Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi, Arlindo da Costa e Silva, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Henrique de Oliveira e Rayd Santana Ferreira. Fl. 320DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 15586.720597/201379 Acórdão n.º 2401004.177 S2C4T1 Fl. 321 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 13ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), cujo dispositivo tratou de negar provimento à impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 1265.992 (fls. 283/295): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/2011 a 31/12/2011 COMPENSAÇÃO. TRIBUTO OBJETO DE DISCUSSÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. É vedada a compensação de tributo objeto de discussão judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da decisão favorável ao contribuinte. COMPENSAÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. O prazo para pleitear a compensação de tributos pagos indevidamente é de cinco anos, contados da data do pagamento indevido. COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTO INDEVIDO SOBRE REMUNERAÇÃO DE AGENTES POLÍTICOS. RETIFICAÇÃO DE GFIP. OBRIGATORIEDADE. É condição para a realização de compensação da contribuição previdenciária incidente sobre o subsídio de agentes políticos, declarada inconstitucional pelo STF, a apresentação de GFIP retificadora, com exclusão das remunerações sobre a quais incidiu o tributo. MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO. GFIP. FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. Uma vez demonstrada a falsidade da declaração e o dolo específico, justificase a imposição da multa isolada qualificada. 2. Extraise do relatório fiscal, às fls. 14/28, que o processo administrativo é composto por dois autos de infração (AI), a saber: a) AI nº 51.039.0749, relativo à glosa de compensação de contribuição previdenciária, indevidamente realizada pelo sujeito passivo nas competências 04 a 12/2011, acrescida de juros e de multa de mora; e b) AI nº 51.039.0757, referente à multa isolada pela compensação indevida, quando comprovada a falsidade da Fl. 321DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 15586.720597/201379 Acórdão n.º 2401004.177 S2C4T1 Fl. 322 4 declaração apresentada pelo sujeito passivo, nas competências 05 a 12/2011. 2.1 Depreendese da acusação fiscal que a compensação referese a recolhimentos efetuados a título de contribuições previdenciárias incidentes sobre os subsídios percebidos pelos detentores de mandato eletivo municipal, no período de fev/1998 a set/2004, tendo sido parte desse indébito compensado nos meses de jan e set/2007, cujo encontro de contas já foi objeto de homologação. 2.2 Prossegue a fiscalização afirmando que o município ajuizou ação judicial, cadastrada sob o nº 2007.50.02.0000329, com a finalidade da declaração do seu direito de compensar os valores pagos a título de contribuição social incidentes sobre os subsídios dos agentes políticos. 2.3 Tal pedido foi julgado procedente em primeira instância, cuja sentença, publicada em 10/8/2011, reconheceu o direito à compensação, respeitado, porém, o disposto no art. 170A da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, que veicula o Código Tributário Nacional (CTN). 2.4 Dessa sentença, foi interposta apelação pelas partes, cujo acórdão do Tribunal Regional da 2ª Região, preferido em 20/8/2013, declarou prescrita parcialmente a pretensão do autor. 2.5 Portanto, segundo a fiscalização, o contribuinte, tendo buscado a via judicial, não aguardou o trânsito em julgado da decisão para realizar a compensação, em afronta ao prescrito no art. 170A do CTN. 2.6 Além da inobservância pelo contribuinte da sentença proferida na ação judicial, a fiscalização descreveu motivos adicionais para considerar indevidas as compensações, nesses termos: i) prescrição parcial do crédito, ii) ausência de retificação da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP), iii) valores não recolhidos ou divergentes; e iv) aplicação incorreta da Taxa referente ao Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). 2.7 Por fim, a fiscalização registra a aplicação da multa isolada no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), prevista no § 10 do art. 89 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. 2.7.1 Segundo a autoridade fiscal, a conduta do contribuinte equivale a uma declaração falsa e amoldase à descrição de fraude a que alude o art. 72 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, porquanto ao inserir informações sobre direito creditório na GFIP, quando sabidamente não tinha direito a tal compensação, almejou reduzir o valor devido à Previdência Social. 3. Cientificado da autuação em 12/9/2013, às fls. 239, por via postal, o contribuinte impugnou a exigência fiscal (fls. 243/249 e 252/276): 3.1 Nesse ponto, reproduzo as palavras do relator em primeira instância, pois bem sintetizam a argumentação do autuado (fls. 286/287): Fl. 322DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 15586.720597/201379 Acórdão n.º 2401004.177 S2C4T1 Fl. 323 5 Inicialmente, defende a desnecessidade de aguardarse o trânsito em julgado para o início da compensação. Assim, evidenciado o recolhimento indevido, legitimase a compensação. Cita jurisprudência que excepciona a aplicação do art. 170A; Sustenta que não procede a afirmação da fiscalização de inexistência de crédito compensável, tendo em vista que o contribuinte juntou GPS que comprovam a existência do crédito apurado e acrescenta que valores eventualmente não recolhidos foram objeto de retenção no FPM ou parcelamento, fazendose necessária a realização de perícia contábil; Salienta ainda que a fiscalização não pode imputar o crédito apurado às compensações realizadas em 2007, que já se encontram homologadas. Logo, os valores incontroversos dos créditos apurados pela fiscalização devem ser imputados às compensações realizadas em 2011; Defende o início da contagem do prazo prescricional a partir da edição da Resolução nº 26 do Senado Federal, em 22/06/2005, conforme entendimento do CARF. Dessa forma, sustenta que os créditos compensados em 2007 dizem respeito ao crédito apurado em 1998, ao passo que a sentença judicial ampara as compensações realizadas em 2011; Reputa desnecessária a retificação das GFIP, que deveria ser feita de ofício pela RFB, afigurandose descabida a limitação ao exercício do direito à compensação por uma obrigação instituída em portaria ministerial; Defende não ter havido apuração de crédito em excesso pela aplicação de juros compostos. Neste sentido, afirma ter cumprido o que determina a legislação de regência; Contesta a aplicação da multa isolada por apresentação de declaração falsa, tendo em vista que os documentos são verdadeiros. Além disso, não houve demonstração de ter havido evidente intuito de fraude; Registra a nítida boafé do contribuinte, que contratou empresa especializada para ajuizar ação judicial para fins de compensação, tendo seguido as orientações desta. 4. Intimado em 11/6/2014, por via postal, da decisão do colegiado de primeira instância, às fls. 297, o recorrente apresentou recurso voluntário no dia 11/7/2014, em que repete os argumentos expendidos em sua impugnação e solicita a declaração de improcedência das autuações, bem como a reforma do Acórdão nº 1265.992 (fls. 299/313). É o relatório. Fl. 323DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 15586.720597/201379 Acórdão n.º 2401004.177 S2C4T1 Fl. 324 6 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess, Relator Juízo de admissibilidade 5. Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Mérito a) Glosa da compensação 6. Preliminarmente, destaco que o Fisco relata, apoiado em prova documental, a interposição de ação judicial pelo recorrente com a finalidade de obter a declaração do direito de compensar valores recolhidos indevidamente decorrentes de exigência tributária declarada posteriormente inconstitucional. 6.1 Ao optar por seguir o caminho da via judicial, o sujeito passivo não aguardou o trânsito em julgado da decisão para iniciar a compensação, bem como desrespeitou o comando da sentença proferida em primeiro grau. 7. Com relação a esse fato alegado pela acusação fiscal, isto é, que houve compensação de tributo pelo sujeito passivo objeto de discussão judicial antes do respectivo trânsito em julgado, não há contestação, tratandose de fato incontroverso. 8. Pois bem. Estabelece o art. 170 do CTN que a compensação no direito tributário depende de lei específica que a autorize, podendo esta inclusive prever condições e limites ao seu exercício. Eis a redação desse dispositivo: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. 8.1 Pautado em critérios de conveniência da política fiscal de cada ente político, o legislador pode estipular, ou delegar à autoridade administrativa que estipule, condições e garantias à compensação de créditos tributários com crédito líquidos e certos, ou mesmo instituir limites ao seu exercício. Fl. 324DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 15586.720597/201379 Acórdão n.º 2401004.177 S2C4T1 Fl. 325 7 8.2 Em que pese a possibilidade de se implantar restrições à compensação, haverá sempre a opção pela repetição do indébito mediante o procedimento administrativo ou judicial de restituição. 9. Com a Lei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001, foi introduzido o art. 170A no CTN, que prescreve a impossibilidade da compensação de tributo objeto de contestação judicial, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Transcrevo sua redação: Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. 9.1 Dispõe o art. 170A nada mais que ressaltar a necessidade, para fins do direito à compensação, de haver certeza quanto à existência do crédito do sujeito passivo, nos termos estabelecidos no art. 170 do mesmo Código, antes reproduzido. 9.2 Como regra geral, quando o direito creditório amparase em indébito tributário judicialmente contestado, em que o sujeito passivo busca um pronunciamento definitivo pela via judicial, pairam dúvidas sobre a própria existência da dívida, cuja certeza virá apenas com o reconhecimento do crédito por decisão judicial transitada em julgado. 10. Em contraponto, sustenta o recorrente que há "desnecessidade de autorização judicial para autorizar a compensação dos créditos em questão, tendo em vista a existência de normatização administrativa que autoriza a referida compensação". 11. De fato, o Fisco já reconheceu, no plano abstrato, por meio da edição da Portaria MPS nº 133, de 2 de maio de 2006, e da Instrução Normativa SRP nº 15, de 12 de setembro de 2006, a possibilidade de restituição e compensação de valores arrecadados pela Previdência Social em relação aos exercentes de mandato eletivo, cujos recolhimentos deramse por força da alínea "h" do inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, acrescentado pelo § 1º do art. 13 da Lei nº 9.506, de 30 de outubro de 1997. Esse dispositivo foi posteriormente declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. 12. É certo também que na compensação vinculada ao regime dos tributos lançados por homologação, cabe ao contribuinte, por sua iniciativa, apurar seu crédito e efetuar a compensação, ficando esse encontro de contas sujeito a revisão fiscal. Por isso, se diz que essa espécie de compensação prescinde de prévia autorização administrativa ou judicial 13. Porém, como registra o votocondutor do acórdão recorrido, ao submeter ao crivo do Poder Judiciário a sua pretensão de compensação, o sujeito passivo vinculase ao desfecho da ação judicial. A rigor, não só o requerente como também a administração submeterseá à decisão final de mérito do Poder Judiciário. 13.1 Resultado dessa opção, o sujeito passivo fica compelido a aguardar a expedição da norma individual e concreta, revestida dos efeitos da coisa julgada material, para poder exercer o seu direito. 14. Embora o recorrente afirme que a compensação em questão não exige autorização judicial, enxergo contradição nesse ponto do apelo, porque optou exatamente em ingressar em juízo para discutir tal encontro de contas. Fl. 325DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 15586.720597/201379 Acórdão n.º 2401004.177 S2C4T1 Fl. 326 8 14.1 Não é aceitável que interponha, de um lado, ação judicial visando à obtenção de um pronunciamento definitivo pelo Poder Judiciário, e, de outro, aproveite a sistemática no âmbito do lançamento por homologação para compensar, segundo seus critérios, o crédito objeto de contestação judicial. 15. É bom anotar que a ação ajuizada pela recorrente, no ano de 2007, não se limita a discutir meros critérios de compensação, mas também a não incidência da prescrição nos pagamentos realizados, matéria que repercute diretamente na relação de direito material litigiosa (fls. 155/172). 15.1 De maneira que, ao levar a questão à apreciação do Poder Judiciário, há evidências de não estar configurada a indispensável certeza quanto ao crédito pleiteado pelo sujeito passivo, porque incerta a própria possibilidade de exigir o indébito do devedor. Pendendo controvérsia judicial sobre a existência do crédito, devese implementar a compensação somente após o trânsito em julgado da ação judicial. 16. A bem da verdade, o recorrente iniciou a compensação antes mesmo de haver uma decisão judicial, cuja sentença foi prolatada somente em ago/2011 (fls. 89 e 132). 16.1 Mesmo depois de conhecido o conteúdo dessa sentença, em que o magistrado vincula a compensação ao trânsito em julgado da ação, o recorrente não providenciou a retificação do encontro de contas efetuado, nada obstante o início da auditoria fiscal somente em jan/2013 (fls. 96/98). 17. É de verse que a conduta do recorrente de iniciar e manter a compensação antes do trânsito em julgado, além de contrariar o art. 170A do CTN, é igualmente contrária ao próprio pronunciamento judicial. 18. Realço ainda que o art. 170A do CTN, ao exigir que não mais haja discussão judicial acerca dos créditos, não distingue a compensação de tributos no âmbito do lançamento por homologação das demais modalidades de lançamento. 18.1 A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme nessa mesma linha de pensamento: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. COMPENSAÇÃO. ART. 170A DO CTN. MATÉRIA PACIFICADA. SÚMULA N.º 168/STJ. 1. Nas ações ajuizadas após a publicação da Lei Complementar n.º 104/2001, que acrescentou o art. 170A ao CTN, somente se admite a compensação tributária depois do trânsito em julgado da sentença. Precedentes da Seção. 2. A jurisprudência da Corte não diferencia a compensação no âmbito do lançamento por homologação (art. 66 da Lei n.º 8.383/90) das demais hipóteses de compensação para efeito de incidência do disposto no art. 170A do CTN. (grifei) 3. "Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão embargado" (Súmula n.º 168/STJ). Fl. 326DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 15586.720597/201379 Acórdão n.º 2401004.177 S2C4T1 Fl. 327 9 4. Agravo regimental improvido. (AgRg nos EDcl nos Embargos de Divergência em Recurso Especial nº 755.567/PR; Relator Ministro Castro Meira, 1ª Seção, Data de publicação em 13/3/2006) 19. Impõese a vedação do art. 170A do CTN, inclusive, às hipóteses de reconhecida inconstitucionalidade do tributo indevidamente recolhido, porque a norma jurídica não faz menção, tampouco faz qualquer restrição quanto à origem ou causa do indébito tributário a que se pretende submeter à compensação. 19.1. Colaciono, novamente, a pacífica jurisprudência do STJ, desta feita um julgamento na sistemática do recurso repetitivo (art: 543C do Código de Processo Civil): TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 170A DO CTN. REQUISITO DO TRÂNSITO EM JULGADO. APLICABILIDADE A HIPÓTESES DE INCONSTITUCIONALIDADE DO TRIBUTO RECOLHIDO. 1. Nos termos do art. 170A do CTN, "é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial", vedação que se aplica inclusive às hipóteses de reconhecida inconstitucionalidade do tributo indevidamente recolhido. (grifei) 2.. Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (Recurso Especial nº 1.167.039/DF; Relator Ministro Teori Albino Zavascki, 1ª Seção, Data de Publicação: 2/9/2010) 20. Assim, exposto, a compensação mediante aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial, e ainda contrária ao pronunciamento do Poder Judiciário, como ora se cuida, é motivo suficiente para fundamentar a glosa da compensação. 21. Ao menos nesse momento, são irrelevantes os aspectos adicionais apontados pela fiscalização para considerar indevidas as compensações, tais como a prescrição do crédito, a falta de retificação da GFIP, a existência de valores não recolhidos ou divergentes e a capitalização incorreta dos juros. 22. Como dito alhures, ao levar à matéria ao Poder Judiciário, o sujeito passivo vinculase ao desfecho da ação judicial. Após o trânsito em julgado, a norma individual e concreta expedida autorizará a extinção do crédito tributário, nos termos e condições ali fixados. 22.1 Com base na regra individual emanada pelo Poder Judiciário, bem como nas normas gerais administrativas aplicáveis, a autoridade fiscal poderá verificar no futuro, tendo em conta suas atribuições prevista em lei, o cumprimento pelo sujeito passivo dos requisitos à compensação fixados no caso concreto. Até lá, tais critérios estarão pendentes de delimitação pela via judicial. Fl. 327DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 15586.720597/201379 Acórdão n.º 2401004.177 S2C4T1 Fl. 328 10 22.2 De sorte que, ao desconsiderar a acusação fiscal nessa parte, deixo de examinar também a respectiva contestação do recorrente. 23. Em suma, considerando a acusação, devidamente comprovada, de haver desobediência ao art. 170A do CTN, deverá ser mantida, integralmente, a glosa da compensação, acrescida de juros e da multa de mora (art. 89, § 9º, da Lei nº 8.212, de 1991). b) Multa isolada 24. Foi imposta pela fiscalização ao recorrente, em face da compensação indevida, multa isolada no percentual de 150% (cinto e cinquenta por cento) incidente sobre o valor total do débito compensado, nos termos do § 10 do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991. Transcrevo o dispositivo: Art. 89. (...) § 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (grifei) (...) 25. Como se nota, o § 10 não cuida de uma falsidade material, relacionada à autenticidade do documento, mas sim da comprovação de falsidade intrínseca a esse documento, em que se faz presente a mentira no seu conteúdo. 26. A multa está condicionada a comprovação de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Por isso, tenho como premissa que essa sanção fiscal pecuniária exige o elemento subjetivo dolo, ainda que dispensável a presença de um especial fim de agir, visto que a leitura do preceptivo revela que o legislador não elegeu qualquer elemento específico como requisito para a imposição da penalidade. 26.1 De sorte que não se poderá cogitar de falsidade, em razão do próprio significado da sua acepção, sem que haja consciência do agente em esconder, alterar ou suprimir a verdade. 27. Nesse passo, quando da constituição do crédito tributário, exigese que a fiscalização aponte a existência de um modo de agir doloso por parte do sujeito passivo que conduza à falsidade da declaração apresentada. Mais que um ônus, o Fisco tem o dever de aplicar a penalidade com descrição e suporte em provas da ocorrência da falsidade das declarações em GFIP quando das compensações efetuadas. 28. No caso desses autos, a fiscalização sustenta existir não apenas um, mas um conjunto de fatores que relevariam a intenção dolosa do sujeito passivo em efetuar as compensações que sabidamente não teria direito, com o propósito de reduzir a contribuição previdenciária devida mensalmente, mediante as seguintes condutas: i) compensar valores prescritos, ii) compensar valores não recolhidos, iii) utilizar capitalização indevida de juros, iv) Fl. 328DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 15586.720597/201379 Acórdão n.º 2401004.177 S2C4T1 Fl. 329 11 não retificar as GFIPs originais e v) realizar a compensação mesmo que inexistente trânsito em julgado da ação (art. 170A, do CTN). 29. Ao revés, o recorrente aduz não existir a falsidade nas suas declarações, porquanto jamais agiu de máfé. Ao contratar empresa especializada para ingressar com ação judicial e apurar corretamente os valores recolhidos indevidamente, apresentou cálculos e fundamentos do seu direito à compensação, o que demonstraria a boafé. 30. Pois bem. Antes de mais nada, pareceme que a falsidade da declaração não deriva unicamente do oferecimento à compensação de crédito sabidamente inexistente de fato. Há outras situações que podem igualmente levar a inferir a conduta. 31, No direito tributário, não basta a existência de débito e crédito para surgir o direito à compensação. Como visto anteriormente, a compensação regese pelas normas da legislação de cada ente político. 32. Dado o elevado grau de participação do sujeito passivo, exigese com mais razão o dever de veracidade na compensação efetuada no âmbito do lançamento por homologação, consistente em o detentor do crédito relatar, na linguagem apropriada, apenas situações correspondentes ao exercício do seu direito subjetivo autorizado em lei, visto que o encontro de contas opera efeitos imediatos sobre o pagamento do tributo, ainda que sob ulterior possibilidade de verificação pelo Fisco no prazo legal. 33. Em sendo assim, a utilização consciente de crédito pelo sujeito passivo não passível de compensação por expressa disposição de lei, ou assim declarado por decisão judicial, revela a mentira na declaração apresentada. 33.1 Admito que tal critério não é absoluto. A existência de controvérsia sobre questões de direito, interpretação ou aplicação da legislação, no âmbito administrativo e/ou judicial, em que existe margem razoável para discussão, impõe a necessidade de haver um exame mais percuciente da realidade dos fatos e do comportamento do sujeito passivo para que se ateste a conduta dolosa. Entendimentos conflitantes sobre determinada matéria, ainda não pacificados, não podem passar despercebidos do aplicador do direito. 34. A aplicação da penalidade reclama, portanto, haver prova de que o sujeito passivo, mesmo diante da realidade contrária à compensação, pratica uma conduta consciente de oferecer crédito sabidamente inapropriado para tal fim. Evidentemente, passa pela análise do caso concreto o convencimento a respeito de que o sujeito passivo praticou a compensação ciente da inveracidade das informações. 35. No caso sob julgamento, ficou demonstrada a realização de compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva judicial, em afronta direta ao art. 170A do CTN. 36. O recorrente ofereceu tal crédito à compensação no ano de 2011, posteriormente a superação das discussões judiciais sobre a aplicação do art. 170A do CTN à hipótese de inconstitucionalidade do tributo indevidamente recolhido, conforme Recurso Especial nº 1.167.039/DF, antes mencionado, julgamento realizado no regime dos recursos repetitivos. 37. Não bastasse a vedação em abstrato pela lei, a decisão de primeira instância expressamente ressaltou a impossibilidade de compensação imediata, sem estar acobertada Fl. 329DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 15586.720597/201379 Acórdão n.º 2401004.177 S2C4T1 Fl. 330 12 pelo manto da coisa julgada, e, nada obstante, o sujeito passivo, mantendose inerte, não retificou espontaneamente as GFIPs e continuou aproveitando os efeitos da compensação para reduzir o montante a pagar do crédito tributário, nas competências 04 a 12/2011. 38. Ao ter pleno conhecimento da inviabilidade de oferecer o crédito à compensação, seja devido à vedação disposta no art. 170A do CTN, abonada pelo Poder Judiciário, seja em decorrência do conteúdo expresso da parte dispositiva da sentença judicial, seja por estar o provimento judicial passível de modificações até seu trânsito em julgado, o recorrente ofereceu à compensação crédito sabidamente impróprio para esse fim, de forma consciente e intencional. 39. De outra banda, o recorrente dá a entender que terceiro, na condição de prestador de serviço contratado, pode lhe ter induzido a realizar a compensação considerada indevida e, nessa circunstância, inexistiria a intencionalidade quanto à falsidade da declaração apresentada. 39.1 Todavia, ainda que possam ser viáveis argumentos desse jaez para elidir a aplicação da penalidade imposta, o ônus da prova em relação a esse tipo de alegação, como se sabe, pertence a quem dela aproveita e, apesar da leitura atenta da acusação e defesa, não identifiquei elementos suficientes nos autos para validar a realidade dos fatos sugerida pelo recorrente. Pelo contrário, as provas apontam para uma conduta consciente do recorrente. 40. Dessa feita, consoante conjunto probatório, estou convencido da falsidade das declarações da compensação apresentadas pelo sujeito passivo e, por conseguinte, mantenho a multa isolada aplicada pela fiscalização. Conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER do recurso voluntário e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Cleberson Alex Friess. Fl. 330DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS
score : 1.0
Numero do processo: 10410.724088/2013-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
GLOSA DE COMPRAS. MERCADORIA OBTIDA EM EMPRÉSTIMO. Cancela-se a glosa ante a demonstração da escrituração, em estoque, do empréstimo e da posterior transferência das mercadorias para custo dos produtos vendidos, somente se verificando a devolução do equivalente no ano-calendário subsequente.
TRATOS CULTURAIS DA CANA SOCA. LIMITAÇÃO DOS GASTOS AO PERÍODO POSTERIOR À COLHEITA. Não prospera a acusação fiscal erigida a partir do pressuposto de que os tratos culturais da cana soca somente se verificariam depois de concluída a colheita, na medida em que a exploração em larga escala autoriza presumir que estes gastos se verifiquem depois de iniciada a colheita, relativamente à parte da lavoura já submetida a corte, bem como envolvam investimentos em pessoal, maquinário, área técnica e administrativa.
BENS DE NATUREZA PERMANENTE DEDUZIDOS COMO DESPESAS. VALORES APLICADOS EM MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DE OUTROS BENS DO IMOBILIZADO. REQUISITOS DE DEDUTIBILIDADE DIFERENCIADOS. Os materiais e serviços destinados a manutenção e reparos de bens do ativo imobilizado sujeitam-se a imobilização apenas se provada o aumento de vida útil do bem no qual são aplicados, sendo irrelevante o tempo de vida útil do material ou a natureza do serviço, individualmente considerados. SERVIÇOS DESTINADOS À CONSTITUIÇÃO DE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO. As aplicações de valor superior ao limite legal, cuja natureza evidencia a formação de bens ou instalações passíveis de imobilização, não podem ser apropriadas como despesas, senão por depreciação.
ATIVIDADE RURAL. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. INTERPRETAÇÃO LITERAL. O benefício fiscal da depreciação acelerada de bens do ativo imobilizado aplicados na atividade rural não alcança os elementos integrantes deste grupo patrimonial que se sujeitam a exaustão ou amortização. LAVOURA DE CANA-DE-AÇÚCAR. EXAUSTÃO. A diminuição de valor da lavoura canavieira, porque sujeita à exploração mediante corte, é registrada em quotas de exaustão, na proporção do volume explorado.
ENCARGOS E JUROS CALCULADOS SOBRE MULTA POR INFRAÇÃO DE NATUREZA NÃO TRIBUTÁRIA. DESPESA DESNECESSÁRIA. Os encargos e juros calculados sobre multa por infração de natureza não tributária são indedutíveis por serem desnecessários à atividade produtiva e à manutenção da fonte produtora.
ENCARGOS LEGAIS DEVIDOS DEPOIS DA INSCRIÇÃO DO DÉBITO EM DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO. DESNECESSIDADE NÃO DEMONSTRADA. Os encargos legais equivalem a honorários advocatícios arcados pelo derrotado em ação judicial e não se sujeitam a glosa por desnecessidade afirmada em razão da sua classificação como punição.
JUROS INCORRIDOS. CARACTERIZAÇÃO COMO PROVISÃO. A possibilidade de uma lei posterior beneficiar o sujeito passivo com a redução ou exclusão dos juros não acarreta a incerteza dos encargos incorridos. Se no momento do reconhecimento contábil dos juros inexiste lei ou decisão judicial que afaste ou suspenda a obrigação legal do sujeito passivo de pagar o tributo ou os juros de mora, a obrigação correspondente não pode ser caracterizada como provisão.
DESPESAS DE TERCEIROS. Ausente prova de que a contribuinte contratou serviços para obtenção de empréstimo por sua controlada, a transferência posterior de recursos decorrentes do empréstimo apenas autoriza que ela deduza os juros incorridos a partir dali, e não permite presumir que a contratação do empréstimo foi promovida exclusivamente em seu benefício.
Numero da decisão: 1302-001.788
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado em: 1) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 01; 2) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 02; 3) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário relativamente à infração nº 03; 4) por maioria de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 04, divergindo as Conselheiras Daniele Souto Rodrigues Amadio e Talita Pimenta Félix; 5) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 05; 6) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 06; 7) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 07; 8) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 08, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Eduardo de Andrade, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausentes, justificadamente, a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich e, momentaneamente, o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 52; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2536; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 2 1 1 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10410.724088/201311 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1302001.788 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 04 de fevereiro de 2016 Matéria IRPJ/CSLL Glosa de custos e despesas Recorrente CENTRAL AÇUCAREIRA SANTO ANTONIO S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 GLOSA DE COMPRAS. MERCADORIA OBTIDA EM EMPRÉSTIMO. Cancelase a glosa ante a demonstração da escrituração, em estoque, do empréstimo e da posterior transferência das mercadorias para custo dos produtos vendidos, somente se verificando a devolução do equivalente no anocalendário subsequente. TRATOS CULTURAIS DA CANA SOCA. LIMITAÇÃO DOS GASTOS AO PERÍODO POSTERIOR À COLHEITA. Não prospera a acusação fiscal erigida a partir do pressuposto de que os tratos culturais da cana soca somente se verificariam depois de concluída a colheita, na medida em que a exploração em larga escala autoriza presumir que estes gastos se verifiquem depois de iniciada a colheita, relativamente à parte da lavoura já submetida a corte, bem como envolvam investimentos em pessoal, maquinário, área técnica e administrativa. BENS DE NATUREZA PERMANENTE DEDUZIDOS COMO DESPESAS. VALORES APLICADOS EM MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DE OUTROS BENS DO IMOBILIZADO. REQUISITOS DE DEDUTIBILIDADE DIFERENCIADOS. Os materiais e serviços destinados a manutenção e reparos de bens do ativo imobilizado sujeitamse a imobilização apenas se provada o aumento de vida útil do bem no qual são aplicados, sendo irrelevante o tempo de vida útil do material ou a natureza do serviço, individualmente considerados. SERVIÇOS DESTINADOS À CONSTITUIÇÃO DE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO. As aplicações de valor superior ao limite legal, cuja natureza evidencia a formação de bens ou instalações passíveis de imobilização, não podem ser apropriadas como despesas, senão por depreciação. ATIVIDADE RURAL. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. INTERPRETAÇÃO LITERAL. O benefício fiscal da depreciação acelerada de bens do ativo imobilizado aplicados na atividade rural não alcança os AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 72 40 88 /2 01 3- 11 Fl. 5057DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 3 2 elementos integrantes deste grupo patrimonial que se sujeitam a exaustão ou amortização. LAVOURA DE CANADEAÇÚCAR. EXAUSTÃO. A diminuição de valor da lavoura canavieira, porque sujeita à exploração mediante corte, é registrada em quotas de exaustão, na proporção do volume explorado. ENCARGOS E JUROS CALCULADOS SOBRE MULTA POR INFRAÇÃO DE NATUREZA NÃO TRIBUTÁRIA. DESPESA DESNECESSÁRIA. Os encargos e juros calculados sobre multa por infração de natureza não tributária são indedutíveis por serem desnecessários à atividade produtiva e à manutenção da fonte produtora. ENCARGOS LEGAIS DEVIDOS DEPOIS DA INSCRIÇÃO DO DÉBITO EM DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO. DESNECESSIDADE NÃO DEMONSTRADA. Os encargos legais equivalem a honorários advocatícios arcados pelo derrotado em ação judicial e não se sujeitam a glosa por desnecessidade afirmada em razão da sua classificação como punição. JUROS INCORRIDOS. CARACTERIZAÇÃO COMO PROVISÃO. A possibilidade de uma lei posterior beneficiar o sujeito passivo com a redução ou exclusão dos juros não acarreta a incerteza dos encargos incorridos. Se no momento do reconhecimento contábil dos juros inexiste lei ou decisão judicial que afaste ou suspenda a obrigação legal do sujeito passivo de pagar o tributo ou os juros de mora, a obrigação correspondente não pode ser caracterizada como provisão. DESPESAS DE TERCEIROS. Ausente prova de que a contribuinte contratou serviços para obtenção de empréstimo por sua controlada, a transferência posterior de recursos decorrentes do empréstimo apenas autoriza que ela deduza os juros incorridos a partir dali, e não permite presumir que a contratação do empréstimo foi promovida exclusivamente em seu benefício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em: 1) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 01; 2) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 02; 3) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário relativamente à infração nº 03; 4) por maioria de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 04, divergindo as Conselheiras Daniele Souto Rodrigues Amadio e Talita Pimenta Félix; 5) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 05; 6) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 06; 7) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 07; 8) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 08, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Presidente e Relatora Fl. 5058DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 4 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Eduardo de Andrade, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausentes, justificadamente, a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich e, momentaneamente, o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone. Fl. 5059DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 5 4 Relatório CENTRAL AÇUCAREIRA SANTO ANTONIO S/A, já qualificada nos autos, recorre de decisão proferida pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Belém/PA que, por maioria de votos, julgou IMPROCEDENTE a impugnação interposta contra lançamento formalizado em 19/09/2013, reduzindo em R$ 78.879.702,59 o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa apurados no anocalendário 2008. Foram constatadas as seguintes infrações: · Infração 01 EMPAT (R$ 3.307.895,19): a contribuinte computou na linha 03 da Ficha 4 A da DIPJ/2009, a título de compras, a parcela de R$ 3.307.895,37, mas apurouse que este valor representaria apenas o ingresso de produto (açúcar) em estoque, em contrapartida a empréstimo em face de Empat Empresa Alagoana de Terminais. A análise das contas patrimoniais envolvidas revelou uma espécie de contacorrente de açúcar do terminal açucareiro EMPAT, e que o resultado somente seria sensibilizado quando creditada a conta de estoque e debitado o custo de produtos vendidos (conta nº 3.01.06.02.04), não se verificando este registro contábil. · Infração 02 Tratos Culturais (R$ 13.647.959,44): tendo em conta relatório informativo sobre o cultivo de canadeaçúcar, processo produtivo do açúcar e do álcool, safras, tratos culturais e contabilização, a Fiscalização observou que todos os custos de preparação do solo, que não são permanentes, e formação da cultura até a colheita devem ser registrados no ativo imobilizado. Após a cultura estar formada, o valor acumulado da conta Cultura Permanente em Formação seria transferido para a conta Cultura Permanente Formada para já começar a ser exaurida, uma vez que começará a ser cortada. A partir daí, os custos da safra em curso não comporiam mais o ativo imobilizado. Todavia, a Fiscalização constatou que as despesas contabilizadas como tratos culturais da cana soca e apropriadas ao resultado pelo contribuinte, não são despesas de tratos culturais da cana soca, são despesas de formação do canavial, dado o período em que promovidas e a natureza dos gastos. Assim, promoveu a glosa dos valores contabilizados como despesa, admitindo apenas a dedução das parcelas correspondentes à exaustão do período; · Infração 03 Despesas de Apontamento (R$ 1.119.387,00): consoante o relatório antes referido, tais despesas se referem a reparos e manutenção dos equipamentos e instalações para manter a unidade fabril operando, as quais eram acumuladas em contas do ativo circulante como despesas antecipadas para apropriação durante o período da safra, conforme previsão mensal de moagem de canade Fl. 5060DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 6 5 açúcar. Todavia, parte dos gastos superava o limite para dedução destes gastos como despesas, e analisando a documentação correspondente, a autoridade fiscal identificou gastos com natureza de ativo imobilizado em razão de sua própria natureza (obras de construção civil, serviços de fundição, instalação de equipamentos e serviços de retíficas e reformas que inquestionavelmente aumentam a vida útil do bem), da vida útil informada superior a um ano, ou inferior a um ano, mas cujo item correspondente foi mantido em estoque. A autoridade fiscal glosou estas despesas, mas admitiu a dedução da depreciação correspondente no período fiscalizado, considerando as taxas normais de depreciação e o tempo de vida útil de chapas de aço e tubo indicado em Relatório de Estudos Técnicos; · Infração 04 Depreciação Atividade Rural (R$ 17.793.513,61): a autoridade fiscal reportouse à interpretação veiculada em atos administrativos no sentido de que o benefício consistente na dedução integral dos valores dos bens do ativo permanente imobilizado, exceto a terra nua, no próprio ano de aquisição, não inclui a amortização nem a exaustão de recursos florestais, observou que a contribuinte registra exaustão de sua lavoura de cana formada, e citando outras referências jurisprudenciais e doutrinárias entendeu ser passível de glosa a exclusão referente à depreciação acelerada dos bens do ativo permanente imobilizado adquiridos para uso na referida atividade; · Infração 05 Despesa de encargos legais e juros sobre infração a Legislação Trabalhista C.L.T. (R$ 955.348,53 e R$ 1.522.557,48): foram glosados os encargos legais e juros moratórios referentes a multas por infração fiscal, vez que a contribuinte somente adicionou ao lucro real o valor correspondente ao principal; · Infrações 06 Juros sobre tributos e contribuições vencidos e não pagos (R$ 30.246.741,26) e 07 Despesas e encargos (R$ 4.623.472,90): a contribuinte contabilizara no período fiscalizado os encargos legais e juros incorridos sobre débitos de IPI cuja quitação com o aproveitamento de prejuízos fiscais e bases negativas foi autorizada pela Medida Provisória nº 470/2009. A Fiscalização, porém, considerou indedutíveis os encargos legais (honorários da Procuradoria da Fazenda Nacional) porque desnecessários, bem como os juros e multa de mora porque representativos de provisões dependentes do efetivo pagamento. Quanto a este último ponto, a Fiscalização glosou apenas os juros porque as multas de mora foram adicionadas pela contribuinte; e · Infração 08 Despesas de Terceiros: a contribuinte não apresentou contrato de prestação de serviços referente a estruturação financeira promovida por Cedrus Consultoria (R$ 1.023.979,03 e R$ 438.848,15), bem como o contrato de empréstimo entre sua controlada e o Deutsche Bank, do qual decorreriam as despesas por serviço de intermediação financeira EURO DTVM (R$ 2.940.000,00 Fl. 5061DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 7 6 e R$ 1.260.000,00), sendo que as notas fiscais emitidas por esta prestadora de serviços foram dirigidas à controlada Central Energética Jitituba Ltda, e o contrato de mútuo firmado entre a autuada e sua controlada não estabelece o repasse das despesas de captação de recursos. Impugnando o lançamento, a contribuinte pleiteou diligência, discordou da interpretação atribuída pela autoridade fiscal às operações com EMPAT; afirmou imprópria a análise fiscal acerca dos tratos culturais, que conduz a conclusões impossíveis; questionou a análise por amostragem das despesas por apontamento, demonstrando serviços que são de manutenção e, assim dedutíveis; defendeu o benefício fiscal de depreciação acelerada em sua atividade de natureza rural; manifestou discordância quanto à glosa de encargos e juros decorrentes de multas por descumprimento de obrigação trabalhista, e não tributária; argumentou que os juros e encargos glosados sob a classificação de provisão seriam líquidos e certos; aduziu que foi destinatária final do empréstimo tomado junto ao Deutsche Bank e que as despesas de estruturação financeira foram necessárias à sua atividade conforme documentos aos quais se reporta. A Turma Julgadora indeferiu o pedido de diligência porque desnecessário e rejeitou estes argumentos aduzindo que: · Infração 01: [...] em momento algum, no processo, a Fiscalizada, ora Impugnante, demonstrou a contabilização dos fatos contábeis que decorressem na apropriação do valor glosado como custo. Pelo, contrário, o que se ficou demonstrado foram as mutações na conta nº 2.1.2.05.89, do Passivo Circulante, em que apresentava um saldo inicial (01/01/2008) de R$ 0,00, e que no Final do anocalendário apresentou um saldo de R$ 3.307.895,37 a favor do credor. Logo, saldo meramente patrimonial, e não de resultado; · Infração 02: correta a interpretação fiscal, com suporte em doutrina contábil, de que os custos/despesas apontados tratamse de custos de formação de canavial e não despesas de tratos culturais; · Infração 03: a glosa procede porque os gastos são significativos; foram aplicados aos bens do ativo imobilizado; nas planilhas, fornecida pelo próprio Contribuinte, a vida útil superior a 01(um) ano, e mesmo assim não foram imobilizados; a Fiscalização concedeu a depreciação dos valores considerados imobilizados, conforme Demonstrativo das Despesas de Apontamento; · Infração 04: os dispositivos legais autorizam exclusivamente o benefício da depreciação acelerada incentivada para as pessoas jurídicas que explorem atividade rural, o que conduz, por óbvio, a concluir que apenas os bens depreciáveis são alcançados por este benefício. Por sua vez, os custos de aquisição e formação da lavoura de canadeaçúcar estão sujeitos à exaustão, tendo em conta as interpretações exteriorizadas em atos administrativos no sentido de que a cultura de canadeaçúcar não é um cultivo florestal, mas sim que, por não se extinguir com o primeiro corte, voltando a produzir Fl. 5062DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 8 7 novos troncos e permitindo um ou mais novos cortes, deve ser objeto de quotas de exaustão à semelhança da exploração de florestas; · Infração 05: as multas decorrentes de leis administrativas, penais, trabalhistas, etc, embora não se caracterizem como fiscais, são desnecessárias e, assim, indedutíveis. Ademais, a autoridade glosou despesas a titulo de multa por Ação Fiscal, no anocalendário de 2009, no valor de R$ 438.782,99; · Infrações 06 e 07: a contribuinte não questionou a desnecessidade dos encargos legais e, quanto à natureza de provisão atribuída aos juros glosados, é indispensável que se verifique seu pagamento, consoante disposto no art. 7º da Lei nº 8.541/92; e · Infração 08: [...] em momento algum consta como beneficiário dos serviços prestados a Impugnante, e em relação ao contrato de mútuo (fls. 4.897/4.899) não ficou demonstrado os repasses dos valores que decorressem em quaisquer despesas financeiras. Ou melhor, esta claro nos documentos acostados somente justifica a relação Jurídica da Central Energética Jitituba Ltda. com os prestadores de serviços Cedrus Investimentos Ltda. e com a EURO DTVM S.A. A manutenção da glosa referente à Infração 02 (Tratos Culturais) foi decidida por maioria de votos. Cientificada da decisão de primeira instância em 26/08/2014 (fl. 5011), a contribuinte interpôs recurso voluntário, tempestivamente, em 24/09/2014 (fls. 5013/5051), no qual reprisa os argumentos apresentados na impugnação, reforçada por outros argumentos, e observando que o acórdão recorrido limitouse a reproduzir as razões da autuação, sem examinar os fundamentos da impugnação apresentada pelo contribuinte. Com referência à "Infração 01 EMPAT", diz ser equivocada a conclusão fiscal de que o valor glosado não transitou por conta de resultado, assim como impróprio o argumento adotado pela autoridade julgadora de 1ª instância para manutenção da exigência, pois o fato de existir no passivo o saldo correspondente ao empréstimo contraído junto a EMPAT não faz a presunção de falta de contabilização do custo, ou mesmo a apropriação indevida de custos. Observa que a conta de passivo recebeu a contrapartida do débito do produto recebido em conta de estoque, e que o valor foi levado a custo na saída do produto, mediante baixa no estoque pelo custo médio, registrado ao final de cada mês. Aduz que a Fiscalização poderia ter facilmente constatado que o custo dos produtos vendidos informado em DIPJ é exatamente igual aos valores contabilizados no grupo de contas contábil 3.1.6 (Custo do Produto Vendido) e 3.3.3 (Compra de Mercadorias, subtraído da parcela de R$ 165.919,10, transferida para a Ficha 05/A da DIPJ, para melhor classificação fiscal. Discorre sobre a composição dos custos de produtos vendidos e conclui ter procedido corretamente na transcrição dos registros contábeis para a DIPJ. Acrescenta, ainda, que mesmo se não contabilizado, o custo em referência poderia ser excluído do lucro real e da base de cálculo da CSLL, na forma do art. 250, I do RIR/99. Esclarece que a venda foi efetuada quando a empresa Recorrente não tinha o produto em estoque e assim a EMPAT, parceira na logística e armazenamento de produtos, emprestou o açúcar de propriedade de Fl. 5063DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 9 8 terceiro, do qual tinha a guarda, para que a recorrente honrasse a venda efetuada, e ressalva que o correto seria registrar venda para entrega futura, em resultado de exercício futuro, no passivo circulante, dado que a recorrente não tinha o produto elaborado no momento em que emitiu a nota fiscal de venda, apropriandose o resultado por ocasião da elaboração do produto. Mas, ocorrida a venda e registrada a saída da mercadoria do terminal, deve ser contabilizada a baixa do estoque, aqui promovida no momento em que a EMPAT efetuou a entrega do produto vendido utilizado produtos de terceiros. Em suas palavras: A divergência apontada pela fiscalização no item 03 compras de insumos a prazo, Ficha 04/A, da DIPJ/200908 decorre de mera reclassificação, no detalhamento dos custos, tanto que o total consignado na mercadoria Ficha, correspondente ao total contabilizado, abatido deste as reclassificações indicadas acima, referentes a parcelas de despesas médicas no montante de R$ 165.919,10, transferidas para despesas operacionais na Ficha 05/A, da DIPJ/200908. Quanto à "Infração 02 Tratos Culturais", diz que a autoridade fiscal não entendeu os estudos que fez, pois dizer que os gastos com tratos culturais só se realizam nos meses de maio e junho e se resumem a aplicação de fertilizantes e herbicidas, é uma demonstração clara da superficialidade com que tratou a fiscalização. Afirma ter procedido nos exatos termos da resposta a consulta formulada junto a Superintendência da Receita Federal da 4ª Região Fiscal, que estaria anexa à defesa, e complementa: A esse respeito, esclarecemos que a safra (corte) da cana se inicia normalmente em setembro, quando então se faz o corte da cana e 30 a 60 dias depois se faz necessário a aplicação de tratos culturais na área colhida, que vai precisar de irrigação, limpa, adubação e outras despesas (depreciação de bens, salários e encargos sociais relativos ao pessoa destinado a essas atividades), de forma que esses gastos são de fundamental importância na manutenção da planta e precisam ser efetuados imediatamente, não dá para esperar até maio ou junho como entendem, erroneamente, as autoridades fiscais lançadora e julgadora. Além do mais, não é demais dizer que nos tratos culturais temos vários outros gastos, além dos citados pela fiscalização, e digase, gastos relevantes que dentre os quais enumeramos: salários de pessoal, encargos sociais, depreciação de máquinas e implementos usados nos tratos, transportes de empregados, irrigação, etc., portanto a afirmação da autoridade fiscal demonstra o seu total desconhecimento de causa, fato este que, presumimos, o levou a desconsiderar os gastos dessa natureza. A autoridade fiscal também teria se equivocado ao glosar todo o gasto pertinente a cana soca, classificandoo como despesas de formação de canavial, porque certamente há valores relativos a tratos culturais, dado que seria impossível safra sem tratos culturais, pois a canadeaçúcar, muito embora perene, precisa ser tratada para se manter produtiva, como inclusive constatado pela própria autoridade fiscal no registro às fls. fls. 3 do Relatório Fiscal. Olvidouse, porém, que os prazos ali citados nem sempre se cumprem como imaginado pela literatura pertinente, dado que fica condicionado a circunstâncias outras, tais como clima, capacidade de investimento, etc. Aduz que: Analisando a planilha elaborada pelo fiscal, facilmente se chega à conclusão de que está considerando todos os gastos de manutenção dos canaviais formados em períodos anteriores, já em cortes, ou seja, gastos com a cana soca, contemplando os tratos culturais em todas as áreas plantadas já objeto de corte anteriormente, e que foram apropriados pela Recorrente no ano de 2008 a débito da conta contábil nº 3.1.5.07.17 Transitória de despesas, em contrapartida a crédito da conta nº Fl. 5064DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 10 9 1.1.2.05.04 Tratos Culturais, no Ativo Circulante, como novos plantios, glosando então as despesas apropriadas daquele ano. [...] Esclarece que os valores lançados na Conta Contábil n° 1.1.2.05.04 no Ativo Circulante, identificados nos mapas auxiliares da contabilidade entregues aquela fiscalização como "Tratos Culturais safra 2007/2008" diz respeito aos canaviais que serão cortados na safra 2007/2008, e não a safra de planta, como entendeu a fiscalização. Complementa que em sua contabilidade os gastos com os tratos culturais dos canaviais que já foram objeto de corte anteriormente estão registrados no Ativo Circulante, enquanto no Ativo não Circulante são mantidas quatro contas devedoras, que agregam os gastos efetivados com os plantios, sendo três delas com os custos de implantação de cada planta, que no ano de 2008 eram: conta n°1.6.3.02.01.11 safra 2005/2006, conta n° 1.6.3.02.01.12 safra 2006/2007, e conta n° 1.6.3.02.01.13 safra 2007/2008. E uma conta n° 1.6.3.09.01 Formação da Lavoura, que recepciona os valores gastos com a formação de novos plantios, sendo desta transferido, após conclusão do plantio, para uma nova conta no Ativo não Circulante. As três primeiras contas seriam mantidas até o quarto corte e consequente exaustão, registrada em conta redutora do Ativo não Circulante. Assevera ter demonstrado, de forma clara e precisa, que para a safra 2007/2008 (corte) iniciou os tratos culturais (planilha início e término das atividades por safra) em julho de 2006 com final em agosto de 2007, cujo corte é realizado a partir de setembro de 2007 com término em abril de 2008, e reportase à planilha denominada "Tratos Culturais e Plantio de Safra", com este conteúdo, sendo o custo levado ao resultado, demonstrado na planilha com o sinal negativo. A Fiscalização entendeu que, neste relatório, os tratos culturais da safra 1 seriam resultado de plantio, mas na verdade se referem a diversos plantios realizados em safras anteriores. Equivocada a interpretação do fiscal de que safra 1, 2 e 3 tratavase de primeiro corte, pois se referem a cortes decorrentes de plantios anteriores. Conclui que os valores glosados tratam realmente de tratos culturais de cana soca e não de plantio como consta da acusação. Complementa que: Tal situação também é visualizada relativamente aos tratos culturais pertinentes a safra 2008/2009, onde é claramente demonstrado que os visualizados valores negativos no período que vai de setembro a dezembro de 2008, considerando que naquela safra o corte foi realizado no período de setembro de 2008 a março de 2009, correspondem a transferência dos gastos com tratos culturais da safra 2008/2009, para conta de resultado. O plantio efetuado, mais uma vez destacamos, o plantio está em separado. [...] Como bem se vê os tratos culturais estarão presentes sempre, haja vista o caráter sazonal das safras, considerando que são várias lavouras, sendo que o fato de estar denominado safra 1, safra 2 e safra 3, num mapa auxiliar onde se pretendeu prestar esclarecimentos a fiscalização, não significa dizer se tratar de primeira safra, mas referese a todos os tratos culturais referentes a todos os plantios efetuados em anos anteriores, razão por que o entendimento fiscal não merece prevalecer. Discorda, também, da crítica fiscal à falta de clareza da nomenclatura dos centros de custos, aduzindo que o nome dado ao centro de custos não poderia servir para dissociálo de tratos culturais de cana soca, e que, dentre os centros de custos apontados na página 7, há tão somente uma conta referente a tratos culturais, conforme se comprova pela Fl. 5065DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 11 10 documentação acostada, o que fragiliza por completo a autuação, realizada por amostragem. Ademais, caso houvesse algum centro de custo que não se relacione a cana soca, nem tampouco à formação de lavoura, seria custo que certamente seria contabilizado direcionado diretamente à despesa, influenciando da mesma forma no resultado. Indica, neste sentido, as despesas listadas nos centro de custos "conservação de casas e vilas residenciais, conservação de estradas e pontes, geração e distribuição de energia elétrica, geração e distribuição de vapor, fabricação de açúcar, fabricação de álcool, manutenção etc.". Passando à "Infração 03 Despesas de Apontamento", inicialmente discorda da manutenção da exigência pela autoridade julgadora sob o argumento de que os valores seriam "significativos", porque carente de fundamento ou, ao menos, de parâmetros. Observa que os valores não chegam a 5% do total imobilizado no ano de 2008 (R$ 17 milhões) e que o imobilizado total representava R$ 353 milhões, e conclui serem superficiais os argumentos utilizados para justificar a manutenção da glosa. Assevera, também, que a lei não correlaciona a durabilidade de determinado bem à sua reposição no tempo máximo de um ano, e assim a Fiscalização se vale de presunção. Observa que a atividade sucroalcooleira vem enfrentando uma grande dificuldade financeira, ao longo dos últimos 6 (seis) anos e tem poupado o máximo os gastos, comprometendo, inclusive, em alguns períodos a produtividade. Assim, na recuperação do parque industrial feita após a safra (moagem), que se denomina, na literatura contábil, comercial e fiscal, de "apontamento", muitas vezes a Recorrente deixou de fazer a devida reposição de algum bem, por força das circunstâncias, ou seja, por falta de recursos, mas nem por isso deixou de moer na safra seguinte, pois buscou alternativas, chegando até mesmo a operar com um maquinário precário em alguns momentos. Essa é a realidade do setor, que vem amargando grandes prejuízos, de forma que é possível sim, alguns dos bens indicados na planilha que norteou a glosa tenha sido reaproveitados, com alguns ajustes, na safra seguinte. Isso, no entanto, não descaracteriza a sua natureza, que é de um bem de reposição. Cita excertos doutrinários para demonstrar que a contabilização em conta de resultado relativa as despesas de manutenção em comento foi efetivada em observância a lei e a doutrina contábil. Entende que a autoridade julgadora deveria ter determinado diligências para confirmação dos fatos ou então aplicar o art. 112 do CTN na presença de dúvida. Diz ser equivocada a afirmação fiscal de que determinados serviços aumentam a vida útil do bem, pois aqueles indicados em planilha anexa à impugnação tratam apenas de manutenção e não podem ser imobilizados. Conclui que a autuação foi realizada por amostragem, e pede a reforma a decisão recorrida para exclusão desta acusação. Com referência à "Infração 04 Depreciação da Atividade Rural", invoca o disposto no art. 6º da Medida Provisória nº 2.15970/2001, no sentido de que os bens do ativo imobilizado empregues na atividade rural do contribuinte podem ser depreciados integralmente no próprio ano da respectiva, e que a própria fiscalização tratou sua atividade como florestal, ao invocar, como fundamento, a definição de "atividade rural" trazida no art. 58, VI do RIR/99, muito embora desprezando o art. 59, §3º, da Lei nº 4.506/64, que assegura ao proprietário das formações florestais destinadas ao corte o direito de deduzir, em quota anual, todas as importâncias aplicadas como gastos no plantio da cultura naquele mesmo exercício, sem se sujeitar às quotas de exaustão. Fl. 5066DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 12 11 No que tange à apuração fiscal acerca do registro de exaustão para a lavoura de canadeaçúcar e exclusão da depreciação acelerada, reitera as seguintes considerações deduzidas em impugnação: a) A Recorrente exerce a atividade agroindustrial, e como tal, integra os sistemas de produção rural e industrial, onde, planta, colhe e beneficia toda sua produção rural, de canadeaçúcar, produzindo açúcar, álcool, melaço e bagaço; b) Tendo em vista tratarse a canadeaçúcar de uma cultura perene, permanente, que propicia em média 4 (quatro) cortes, anuais, os gastos com a formação do plantio repercute em vários períodos posteriores, de forma que na sua formação classificase contabilmente como ativo não circulante Imobilizado, nos termos da Lei 6.404/76, e Decretolei 1.598/77; c) O custo da canadeaçúcar é apropriado anualmente, levado a conta de resultado, mediante apropriação de encargos de depreciação/exaustão, afetando o lucro ou prejuízo do ano em que se efetua cada corte. d) Como agroindústria, a Recorrente recolhe a contribuição para seguridade social com base na Lei 8.212/91, ou seja, com o tratamento previdenciário atribuído as empresas rurais. Esclarece que não contabilizou encargos de exaustão e exclusão de depreciação em duplicidade, afirma correta a classificação contábil dos encargos registrados, e se opõe à interpretação restritiva de que a lavoura de canadeaçúcar, por estar sujeita à exaustão, não teria o benefício da depreciação acelerada, pois ambas dizem respeito a encargos de inversões, são custos que se apropriam em função do uso do bem de capital investido, são resultantes das obrigações de capital fixo da empresa, ou seja, corresponde a apropriação em conta de resultado contábil do custo de aquisição/formação de bem utilizados na atividade da empresa. Assim, o sentido econômico será, sempre, encargo, custo de bem de capital. Reportase a doutrina contábil acerca da semelhança entre os encargos, e defende que todos os gastos de natureza não circulante imobilizados, sujeitos a encargos de depreciação/exaustão/amortização, são passíveis de usufruir do incentivo fiscal previsto na legislação. A única exceção imposta pelo aludido diploma legal, diz respeito ao investimento em terra nua, até porque o art. 58, do RIR/1999, definiu como atividade rural a agricultura, pecuária e extração e, como restrição, dispôs que esse conceito não se aplica às empresas que patrocinam a mera intermediação de produtos agrícolas e animais, permitindo a utilização do encargo de forma acelerada ao contribuinte que exerce atividade rural. Transcreve doutrina acerca do fato de a aquisição de terra não se sujeitar a depreciação, e questiona porque o legislador excluiu este item do benefício concedido, para, na sequência, argumentar: A resposta a essa indagação passa por uma análise hermenêutica da lei e sua aplicação. A eficácia da lei está na possibilidade de fazêla valer, aplicála em seus exatos termos, para tanto, é preciso entender o sentido da norma, a que ela se presta, no caso em tela, o que fica evidente na norma instituidora do mencionado benefício fiscal é que o legislador autorizou o contribuinte que exerce atividade rural, a reconhecer o custo integral do bem adquirido para utilização na atividade rural, no próprio ano da aquisição. Isto é fato. O que fica evidente também é que o emprego do vocábulo "depreciação", alocado na norma, tem acepção ampla, pois diz respeito a encargo, que corresponde ao custo de aquisição de bem. Fl. 5067DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 13 12 Ora, quando a norma diz que os bens adquiridos, exceto a terra nua, poderão ser objeto de depreciação integral no próprio ano da aquisição, resta claro que está tratando da apropriação do custo desse bem, ou melhor, o reconhecimento para fins fiscais do custo do investimento realizado. Não importa aqui, se a apropriação dar seá com a denominação de depreciação, amortização ou exaustão, independentemente disso, o custo do investimento, exceto em terra nua, poderá ser objeto de exclusão do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL, no próprio ano da aquisição. Esse é o correto entendimento, é assim que a norma em comento deve ser aplicada, dado que, a mesma contempla a aquisição de bens do imobilizado para utilização na atividade rural, como é o caso da Recorrente, e, a única restrição que faz é ao investimento em terra nua, que por sua natureza, não está sujeita a depreciação. A manutenção da glosa representaria, assim, uma nova restrição não contemplada na lei, contrariando seu espírito que teve por objetivo claro, incentivar os investimentos feitos na atividade rural, exceto na aquisição de terra nua. Ressalta, ainda, o procedimento contraditório da autoridade fiscal, dado que, procedeu a glosa da exclusão efetuada relativa a imobilização do ano, e, no entanto, não adotou o mesmo procedimento para glosar as adições correspondentes a realização da depreciação/exaustão, dos canaviais plantados nos anos de 2006 e 2007, que foram objetos de utilização desse mesmo incentivo nos citados períodos e que foram adicionados na composição do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL, em montante equivalente as parcelas contabilizadas como exaustão em conta de resultado no ano de 2008, que importou em adição a título de "Realização da Depreciação Acelerada da Atividade Rural" no valor de R$ 8.416.492,06, sendo R$ 2.908.635,57 do plantio de 2007 e R$ 5.507.856,48, do plantio de 2006, conforme consignado na fls. 28, parte "A", do LALUR N° anexos. Além disso, a autoridade fiscal deixou de proceder, ou mesmo determinar, a efetivação dos ajustes nos anos subsequentes, desconsiderando as repercussões dessa glosa no sentido da indedutibilidade das despesas apropriadas nos períodos subsequentes, como se prova com a cópia da DIPJ/10, anexa, anulando assim, os efeitos da exclusão anterior. Entende que esta omissão é prejudicial ao direito, a justiça fiscal e deve ser corrigida. Mais à frente, afirma que a exclusão procedida em 2008 já havia sido integralmente oferecida a tributação, mediante adições na composição do Lucro Real e na base de cálculo da CSLL, nos anos de 2009, 2010, 2011 e 2012, como se prova com as fls. do LALUR. Quanto à "Infração 05 Despesas de encargos legais e juros sobre a infração à legislação trabalhista CLT", inicialmente observa que a decisão recorrida justificou que a autoridade fiscal glosou despesas a título de multa por ação fiscal, no ano calendário 2009, no valor de R$ 438.782,99, para a qual não teria sido apresentada defesa pela Recorrente. Todavia, como o lançamento diz respeito apenas aos fatos geradores ocorridos em 2008, qualquer acusação referente a outro período deve ser afastada de imediato, a bem da justiça fiscal. Defende inexistir vedação legal à dedução de encargos e juros incidentes sobre a multa decorrente de infração a CLT, pois o art. 344, §5º do RIR/99, que em seu entender estaria citado como fundamento da acusação, trata apenas de multas por infrações fiscais. Em consequência, o lançamento é imperfeito e carece de fundamentação legal correta, devendo ser cancelado, por sua manifesta nulidade. Fl. 5068DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 14 13 A recorrente também se opõe às "Infrações 06 Juros sobre tributos e contribuições vencidos e não pagos e 07 Despesas de Encargos", inicialmente abordado os encargos devidos à Procuradoria da Fazenda Nacional, diz que impugnou a glosa corretamente, observando que ela está fundamentada no art. 299 do RIR/99 e no Parecer Normativo nº 61/79, e no mencionado dispositivo legal inexiste a especificação de que a despesa de encargos legais seja indedutível, razão pela qual ele não se presta a fundamentar a acusação fiscal, evidenciando sua insubsistência. Por sua vez, o Parecer Normativo nº 61/79 aborda apenas a indedutibilidade de multas, e também não aborda a questão dos encargos legais. Quanto às multas e juros de mora, anota que a autoridade julgadora de 1ª instância inovou na fundamentação legal e ainda fez ressuscitar o art. 7º da Lei 8.541/92, classificando de inaceitável e ilegal a indicação de um dispositivo legal que já não produzia efeitos no ano de 2008, posto que o art. 41, da lei 8.981/1995, dispôs de forma diferente, admitindo que os tributos e contribuições são despesas dedutíveis no período de sua competência. Observa que o art. 41 da Lei nº 8.981/95 está consolidado no art. 344 do RIR/99, e afirma a dedutibilidade dos juros incorridos com base no art. 374 do mesmo Regulamento, citando julgado administrativo e afirmando que o entendimento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é pacífico nesse sentido, Por fim, no que se refere à "Infração 08 Despesas de Terceiros", argumenta que muito embora tenha afirmado a autoridade julgadora que não haveria qualquer vínculo da Recorrente com os prestadores de serviços, mas sim, destes com a Central Energética Jitituba Ltda, resta clara a relação, na pior das hipóteses indireta, pois os contratos firmados pela Central Energética Jutituba Ltda, que é uma controlada da recorrente, foram repassados integralmente à controladora, no caso à Recorrente. Entende que o fato de o contrato originário haver sido firmado em nome da controlada, não descaracteriza o fato de que a empresa mutuaria, logo em seguida, promoveu o repasse das quantias para a Recorrente, conforme se infere do incluso contrato de mútuo. Afirma, assim, que a despesa é necessária, e não há motivo para desconsiderála, até porque os valores mutuados foram devidamente registrados contabilmente nas duas empresas (controlada e controladora), observando prática comum para obtenção de empréstimos e financiamento por meio de empresas do mesmo grupo. Defende que o mesmo se verificou em relação às despesas de estruturação financeira incorridas com as empresas CEDRUS CONSULTORIA e EURO DISTRIBUIDORA, vinculadas à operação de mútuo conforme evidenciam as correspondências enviadas em 19.05.2008 pela CENTRAL ENERGÉTICA JITITUBA, cuja cópia segue em anexo. Diz que a argumentação fiscal desconsidera o princípio da verdade real, estando provada, nos autos, a relação e o vínculo da Recorrente com a Central Energética Jitituba Ltda e desta, com as prestadoras do serviço, seguindose a transferência integral dos recursos obtidos para a Recorrente, que inclusive assumiu os demais encargos decorrentes dessas operações. Acrescenta, ainda, que figura como codevedora do débito assumido por sua controlada. Diz ser impertinente a citação do texto extraído do Livro GUIA IOB Imposto de Renda Pessoa jurídica Vol 2, pois no caso presente foi beneficiária de recursos repassados pela sua controlada. E observa que os contratos podem ser escritos ou não, de forma que não é preciso estar expresso em contrato que a recorrente assumiria todas as despesas decorrentes dos empréstimos contraídos pela CENTRAL ENERGÉTICA JITITUBA Fl. 5069DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 15 14 LTDA e repassados na íntegra a recorrente, para que a despesa de encargos, dele decorrentes sejam classificadas como necessárias. Isto está claro nas operações efetuadas entre recorrente e controlada. Pede, assim, que o recurso voluntário seja acolhido e provido, para julgarse improcedente o auto de infração combatido, face a inexistência das infrações equivocadamente apontadas pela fiscalização. Fl. 5070DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 16 15 Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA Infração 01 EMPAT Examinando a escrituração do sujeito passivo, a autoridade fiscal concluiu não existir o registro contábil do valor de R$ 3.307.895,37 no custo dos produtos vendidos. Foi apenas informado como custo na DIPJ. A contribuinte fora intimada a demonstrar a composição da linha 03 da ficha 4A (Compras de Insumo) da DIPJ/2009, e ali estava consignado o montante antes referido vinculado à conta de passivo nº 2.1.2.05.89 EMPAT. A fiscalizada alegara que o valor em referência fora contabilizado em custo, conta nº 3.1.6.02.004, mas a Fiscalização constatou apenas o débito em estoque (conta nº 1.01.02.01.02.02 VHP Terminal Açucareiro) e o crédito no passivo antes indicado, como a seguir descrito: Analisando os razões contábeis das contas envolvidas, constatamos que se trata de uma espécie de contacorrente de açúcar do terminal açucareiro EMPAT. Pela tomada do empréstimo de açúcar, se debita o estoque, conta 1.01.02.01.02.02 VHP terminal açucareiro e se credita o passivo, conta n° 2.01.02.05.89 Empat. Quando devolve o açúcar, fazse o lançamento inverso. A contabilização no resultado, só se dá pela apuração do custo das vendas do açúcar do terminal açucareiro, quando se credita o estoque conta 1.01.02.01.02.02 e debita o custo dos produtos vendidos VHP terminal, conta n° 3.01.06.02.04. Assim, concluise que não existe o registro contábil do valor de R$ 3.307.895,37 no custo dos produtos vendidos. Foi apenas informado como custo na DIPJ. Este tipo de operação é meramente uma contacorrente de açúcar como já mencionado. Não envolve contas de resultado em um primeiro momento. A contabilização no custo dos produtos vendidos se dá como um todo na apuração do saldo final de estoque e do custo do açúcar do terminal açucareiro, e não relativamente à operação de empréstimo de açúcar. Desta forma, o valor acima mencionado foi glosado na apuração do resultado do exercício. A recorrente afirma que os custos foram regularmente contabilizados, sendo que o valor informado em DIPJ é exatamente igual aos valores contabilizados no grupo de contas contábil 3.1.6 (Custo do Produto Vendido) e 3.3.3 (Compra de Mercadorias), subtraído da parcela de R$ 165.919,10, transferida para a Ficha 05/A da DIPJ, para melhor classificação fiscal. Esclarece que a venda foi efetuada quando a empresa Recorrente não tinha o produto em estoque e assim a EMPAT, parceira na logística e armazenamento de produtos, emprestou o açúcar de propriedade de terceiro, do qual tinha a guarda, para que a recorrente honrasse a venda efetuada. Assim, registrada a saída da mercadoria do terminal, deve ser contabilizada a baixa do estoque, aqui promovida no momento em que a EMPAT efetuou a entrega do produto vendido utilizando produtos de terceiros. Observase às fls. 39/53 que a autoridade fiscal promoveu conciliação entre os registros da DIPJ e os arquivos contábeis da contribuinte, e requereu esclarecimentos acerca Fl. 5071DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 17 16 de divergências, sendo que relativamente às compras do período a contribuinte assim informou: 4º) Ficha 04 A Linha 03 Compra de Insumos a Prazo Apresentamos a seguir composição da Linha 03 da Ficha 04 A, com os seguintes esclarecimentos: a) Em 2008 contabilizamos como Receita na Venda de Açúcar VHP, produto adquirido através de empréstimo da Empresa Alagoana de Terminais Empat b) Contabilizamos no Custo do Produto conta nº 3.1.6.02.004 o valor de R$ 3.307.895,37 e registramos no Passivo na conta nº 2.1.2.05.89, o empréstimo de açúcar concedido pela Empat Empresa Alagoana de Terminais. c) Cabe registrar que posteriormente realizamos a devolução do empréstimo em produtos (Açúcar Demerara VHP). d) O valor de 163.104,27 C "credor" corresponde à reclassificação na DIPJ de crédito Pis/Cofins não cumulativo para a conta de Impostos a Recuperar, (valor transferido da conta Estoque Final do Álcool). A autoridade fiscal exigiu a apresentação dos lançamentos contábeis nas contas mencionadas, totalizando o valor de R$ 3.307.895,37, cópias das notas fiscais da tomada do empréstimo do açúcar, bem como as das respectivas devoluções do mesmo a Empat, conforme informado na letra c) do mesmo item. Em resposta (fl. 623/624), a contribuinte apresentou os documentos assim descritos: (a) lançamentos contábeis atinentes à conta acima mencionada; (b) extrato de movimentação de açúcar tipo VHP, emitido pela Empresa Alagoana de Terminais Ltda EMPAT, durante o período de 31.10.2008 até 31.03.2009, que bem demonstra toda a movimentação realizada pela empresa intimada no Fl. 5072DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 18 17 referido período; e (c) relatório contemplando toda produção e saída de açúcar pela empresa intimada (em conformidade com seu Livro de Produção Diária), relativa a safra 2008/2009. Nos documentos apresentados (fls. 626/633) é possível constatar que: · A movimentação da conta nº 2.1.2.05.89 (EMPAT) foi apresentada por estabelecimento e apenas a partir do 4º trimestre/2008, evidenciando lançamentos a débito de R$ 3.575.814,12 para a matriz e R$ 7.168.361,40 para a filial Camaragibe, apesar de o movimento total anual a débito, como acima indicado, representar R$ 25.638.884,53. Nos registros contábeis é possível constatar três operações semelhantes, de débito e crédito de mesmo valor em datas próximas: R$ 3.575.814,12 (vinculado à NF nº 70.630), R$ 2.965.485,55 e R$ 3.310.938,99, além da baixa do saldo inicial da conta da filial Camaragibe (R$ 891.936,85). Os históricos no valor de R$ 3.575.814,12 fazem referência à nota fiscal nº 70.630, e os demais, tanto a débito como a crédito, mencionam transferência para a conta nº 1.1.2.01.02.02., sendo que o valor R$ 3.310.939,00 está vinculado à indicação de empréstimo de 5.000 toneladas e depois ao líquido de 4.640 toneladas. Os registros da filial indicam saldo credor de R$ 3.310.938,99 em 31/12/2008, e o razão da matriz saldo devedor de R$ 3.043,62, que já se verificava antes de 30/11/2008; · A movimentação da conta nº 1.1.2.01.02.02 (VHP TERMINAL AÇUCAREIRO) também foi apresentada apenas para o 4º trimestre/2008 e evidencia dois lançamentos a débito de R$ 2.965.485,55 e R$ 3.310.939,00, na mesma data dos créditos no mesmo valor na conta nº 2.1.2.05.89. Com estes lançamentos, o saldo da conta é elevado para R$ 10.205.709,08, seguindose a baixa de duas parcelas em valores também indicados na conta nº 2.12.05.89 (R$ 3.575.814,12 e R$ 891.936,86), que, juntamente com o registro de baixas para custo e perdas, levam a zero o saldo da conta em 30/11/2008. Em 31/12/2008 há um lançamento a crédito de R$ 2.965.485,55 que reduz o saldo final da conta, majorado por outros ingressos, a R$ 1.640.217,87. A contribuinte fez destaque na transferência para custo, em 31/01/2009 e 28/02/2009, das parcelas de R$ 2.182.923,05 e R$ 1.490.898,92. O último registro da conta é o crédito de R$ 3.310.938,99, vinculado à conta nº 2.1.2.05.89, que reduz o saldo do estoque; e · O Extrato do Movimento de Açúcar Tipo VHP referese à filial Camaragibe e traz as quantidades diárias de produto disponível de 31/10/2008 a 31/03/2009, sem qualquer informação destacada. Do exposto, constatase que a parcela glosada pela Fiscalização (R$ 3.307.895,37) resulta da soma dos saldos finais, em 31/12/2008, da conta nº 2.1.2.05.89 da matriz (devedor de R$ 3.043,62) e da filial Camaragibe (credor de R$ 3.310.938,99). Por sua vez, os registros contábeis permitem concluir que os empréstimos a partir da conta nº 2.1.2.05.89 aumentaram o estoque registrado na conta nº 1.1.2.01.02.02, e desta conta foram promovidas as transferências que oneraram o custo do período. É desta forma, portanto, que o Fl. 5073DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 19 18 saldo de estoque da filial Camaragibe, formado por empréstimos da EMPAT de R$ 2.965.485,55 e R$ 3.310.939,00, além de TRANSF D/ USINA de R$ 3.929.284,53, totalizando R$ 10.191.043,14 em 30/11/2008, suporta a transferência para custo de R$ 5.723.292,16, a baixa de perdas de R$ 14.665,94 e a baixa dos empréstimos com a EMPAT nos montantes de R$ 3.575.814,12 e R$ 891.936,86. Não dispondo, naquele momento, de estoque para liquidar o empréstimo com EMPAT das parcela de R$ 2.965.485,55 e R$ 3.310.939,00, o primeiro é liquidado em 31/12/2008 e o segundo apenas em 31/03/2009. De toda sorte, no que importa ao presente caso, está evidenciado que o registro do custo referente ao empréstimo de produto no valor de R$ 3.310.939,00 advém da conta nº 1.1.2.01.02.02, especificamente do registro de R$ 5.723.292,16 que, como demonstrado pela contribuinte em impugnação, foi aportado na conta nº 3.1.6.02.004 e transferido para resultado do exercício (fl. 4792). Frente a tais circunstâncias, não haveria razão para a contribuinte, depois de aumentar o estoque com o empréstimo referido, permitindo a transferência para resultado do custo correspondente, novamente agregar ao custo dos produtos vendidos, no momento da elaboração da DIPJ, o valor do empréstimo em aberto ao final de 31/12/2008. Ou seja, se os custos aportados na conta nº 3.1.6.02.004 foram integrados ao custo dos produtos vendidos informados na DIPJ, seria indevido o acréscimo vinculado à conta nº 2.1.2.05.89. A contribuinte, porém, alega que o custo dos produtos vendidos apurado contabilmente seria praticamente equivalente àquele informado em DIPJ, com exceção de dois registros declarados como despesas. Observase nos documentos juntados ao recurso voluntário que o custo dos produtos vendidos indicado em balancete contábil seria de R$ 200.363.137,27, ao passo que a DIPJ apontou o montante de R$ 200.197.218,17 (fls. 5045/5046). Além disso, notase que a conta nº 3.1.6.02.004 não consta dentre aquelas relacionadas pela contribuinte como determinantes do valor de "Compras" informado em DIPJ para apuração dos custos dos produtos vendidos, ao qual teria sido indevidamente adicionada a parcela de R$ 3.307.895,37. Referida conta, por sua vez, apresenta saldo de R$ 81.671.059,64 no extrato do Livro Razão transcrito pela Fiscalização à fl. 636, assim como no balancete juntado ao recurso voluntário confirmase que a conta nº 3.1.6.02.004 teria agregado ao custo dos produtos vendidos o montante de R$ 81.671.059,64 (fl. 5045). Em verdade, a defesa da recorrente está orientada no sentido de demonstrar que os produtos emprestados junto à EMPAT foram escriturados em estoque e de lá baixados para custo, de modo a infirmar a glosa fundamentada na ausência de registro contábil do valor de R$ 3.307.895,37 no custo dos produtos vendidos. Contudo, a prova neste sentido é complexa em razão de a escrituração do sujeito passivo possivelmente adotar o custeio por absorção, de forma a determinar o custo total de cada produto ao final do período, ao passo que a DIPJ agrega a informação de custo de todos os produtos e ainda adota modelo compatível com o controle periódico de estoques (estoque inicial + compras estoque final), e não o controle permanente normalmente vinculado à prática de custeio por absorção. Para maior clareza, vejase o descompasso entre os itens componentes do custo contábil e do custo informado em DIPJ: · Balancete contábil: Fl. 5074DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 20 19 · DIPJ: Em tais circunstâncias, para determinar as compras a informar em DIPJ, o sujeito passivo deve reunir os ingressos em estoque dos vários itens integrantes do produto final. Esta a razão de ter informado à Fiscalização as contas que representam aquisição de matéria prima e produtos intermediários (cana, sacaria, drogas de fabricação, insumos diversos, açúcar próprio) e dentre elas incluir a conta de passivo representativa de mercadoria recebida por empréstimo. Ou seja, a informação questionada pela Fiscalização (composição do valor informado em DIPJ a título de Compras de Insumo a Prazo) representa, no contexto do custeio por absorção, o ingresso de insumos aplicados nos produtos vendidos, característica que está demonstrada para a parcela glosada, na medida em que tal valor foi integrado ao estoque (conta nº 1.1.2.01.02.02) e não havia sido devolvido até o final do anocalendário, aumentando a quantidade de produto e justificando o registro, em custo (conta nº 3.1.6.02.004), da parcela de R$ 5.723.292,16, como antes demonstrado. Frente ao exposto, a glosa da parcela de R$ 3.307.895,37 não poderia estar fundamentada apenas no fato de ela estar vinculada a uma conta de passivo, ou por não ter sido computada no custo do período. Os elementos juntados aos autos permitem concluir que os produtos referentes àquele empréstimo integraram estoque do período, e estas constatações, associadas à semelhança entre o custo dos produtos vendidos apurado contabilmente e aquele informado em DIPJ, são suficientes para infirmar a acusação fiscal e determinar que seja DADO PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 01. Fl. 5075DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 21 20 Infração 02 Tratos Culturais A acusação fiscal aborda a complexidade do cultivo de canadeaçúcar por meio do Relatório de Informações Complementares de fls. 250/290 e sintetiza os pontos relevantes para a caracterização da infração em referência nos seguintes termos: O cultivo da canadeaçúcar é bastante complexo, específico e envolve diversas etapas, que para melhor entendimento, elaboramos um relatório auxiliar, denominado Relatório de Informações Complementares, onde constam informações sobre o cultivo da canadeaçúcar, processo produtivo do açúcar e do álcool, safras, tratos culturais e contabilização, elaborado com base em informações de empresas, instituições de pesquisa e especialistas no setor.Para os tratos culturais, onde reside à infração, há três definições de especialistas em Agronomia, inclusive da USP Universidade de São Paulo. Conforme descrito no relatório acima mencionado, existem dois tipos de tratos culturais que ocorrem em duas etapas diferentes do cultivo. O primeiro, logo após o plantio (até 90 dias), chamado de tratos culturais da cana planta, e o segundo, logo após cada colheita/corte (até 60 dias), chamado de tratos culturais da cana soca, que é o tratamento da parte da cana residual que permanece no solo após o corte e que crescerá para ser cortada na próxima safra. Conforme diversas descrições constantes do relatório acima mencionado, do que seja tratos culturais da cana soca, podemos dizer que são basicamente a aplicação de fertilizantes como complemento da adubação básica já feita no plantio, herbicidas para controle fitossanitário e eventualmente algum despalhamento. As épocas de realização dos tratos culturais da cana planta, conforme mencionado, dependem da época do plantio, vide comentário sobre safras no relatório acima mencionado. No Nordeste, o plantio pode ser feito nos meses de maio a julho (para cana com maturação em um ano e meio) ou de outubro a novembro (para cana com maturação em um ano ) predominância no Nordeste. Para realização de tratos culturais da cana soca, que dependem da época da colheita, pois são feitos logo em seguida e, como esta fase vai geralmente de setembro a abril do ano seguinte no Nordeste, os tratos culturais da cana soca são realizados nos meses de maio a junho geralmente. No relatório complementar acima mencionado, também há um resumo sobre contabilidade rural e também como são feitos os registros contábeis das culturas permanentes, na qual a canadeaçúcar está inserida, inclusive com ilustração de lançamentos contábeis, plano de contas e fluxogramas, elaborados por uma das maiores autoridades em contabilidade rural do Brasil, Sr. José Carlos Marion, além de outros artigos baseados em extensa bibliografia. De acordo com os artigos contidos no relatório complementar, observamos que todos os custos de preparação do solo, que não são permanentes, e formação da cultura até a colheita devem ser registrados no ativo imobilizado (conta contábil cultura permanente em formação), isto abrange, por exemplo: delineamento de curvas de nível, adubação, formicidas, forragem, fungicidas, herbicidas, mão de obra, encargos sociais, manutenção, arrendamento de equipamentos e terras, seguro da cultura, serviços de terceiros, sementes, mudas, irrigação, produtos químicos, depreciação de equipamentos utilizados na cultura etc. Por definição, alguns desses gastos são chamados também de tratos culturais da cana planta. Após a cultura estar formada, imediatamente antes da colheita (no mês de agosto na região nordeste), transferese o valor acumulado da conta Cultura Permanente em Formação para a conta Cultura Permanente Formada para já começar a ser Fl. 5076DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 22 21 exaurida, uma vez que começará a ser cortada. Desta fase em diante, os custos, como por exemplo da colheita, são custos da safra em curso, e não compõem mais o ativo imobilizado. A partir destas premissas, a autoridade fiscal analisou os procedimentos adotados pela contribuinte relativamente às safras 2007/2008, 2008/2009 e 2009/2010, que afetaram o resultado do anocalendário 2008. Observou que os tratos culturais da cana soca, que são os gastos contabilizados na conta contábil n° 1.1.2.05.04 Tratos culturais da cana soca, começam em junho/2006 e terminam em junho/2007 para safra 2007/2008, para safra 2008/2009, começam em junho/2007 e terminam em junho/2008 e para safra 2009/2010, começam em junho/2008 e terminam em junho/2009, bem como obteve a informação de que o corte da safra 2007/2008 foi de setembro/2007 a abril/2008, período no qual os tratos culturais acumulados até 31/08/2007 foram apropriados como despesa, de acordo com a previsão mensal de moagem da safra, o mesmo se verificando na safra 2008/2009, em relação ao valor acumulado até 31/08/2008. Concluiu, assim, que os tratos culturais da cana soca somente poderiam ter ocorrido em maio e junho de 2008 para a safra 2007/2008, e em maio e junho de 2009 para a safra 2008/2009, ou seja, após a colheita da safra, nesta parte representando custos da próxima safra porque propiciam o crescimento da cana que foi cortada e se desenvolverá para ser cortada novamente na próxima safra, ao passo que as despesas de preparação do solo e de formação da safra até a colheita devem ser contabilizadas no ativo imobilizado para posterior exaustão. Contudo: [...] conforme dito pelo contribuinte, informado nas observações da planilha Tratos Culturais e Plantio Safra gastos e amortização, informado também na planilha Despesa de Tratos Culturais e registrado nos relatórios mensais de centro de custo/conta e balancetes contábeis, os gastos contabilizados como tratos culturais da cana soca, da safra 2007/2008, na conta 1.1.2.05.04, já vinham sendo acumulados bem antes da safra 2007/2008 ser colhida, desde de junho de 2006. Em 31/08/2007, data do início da safra 2007/2008 (primeiro corte), a conta 1.1.2.05.04, tratos culturais no ativo, já possuía um saldo acumulado de R$ 19.776.778,04, dos quais 18.912.922,25 relativos a safra 2007/2008. Em 31/08/2008, data do início da safra 2008/2009 (primeiro corte), o saldo dessa mesma conta já era R$ 21.833.492,27, dos quais 19.491.154.98, relativos a safra 2008/2009.Vide balancetes e planilhas despesa tratos culturais acima mencionada relativa aos respectivos anos. Conforme procedimento de apropriação do contribuinte acima mencionado, Vide planilhas Despesas de tratos culturais e razão contábil da conta n° 3.1.5.07.17, conta transitória tratos culturais (despesa), relativo a safra 2007/2008, foi apropriado em 2008 como despesa de tratos culturais cana soca o valor de R$ 8.981.448,83 e relativo a safra 2008/2009 o valor de R$ 10.713.396.70. Ao analisar os balancetes e os relatórios centro de custo/conta relativos aos tratos culturais da cana soca das safras, verificamos claramente que as despesas alocadas não são tratos culturais da cana soca, conforme definição já mencionada. Como exemplo citamos alguns centros de custo que já englobam diversas despesas, que pela própria descrição já se sabe a que se refere e outros centros de custo com a respectiva despesa ao lado, uma vez que a descrição do centro de custo não é elucidativa, por si só: Centro de custo Denominação 1220503109 Conservação de casas e vilas residenciais 1220503138 Conservação de estradas e pontes 1210601 Geração e distribuição de energia elétrica Fl. 5077DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 23 22 1210701 Geração e distribuição de vapor 1210401 Fabricação de açúcar 1210501 Fabricação de álcool industrial Conta Centro de custo/conta 112050405030 Manutenção/material hidráulico 112050405013 Manutenção/despesa de conservação de bens 112050405003 Manutenção/materiais de construções 112050406009 Manutenção/energia elétrica adquirida 112050405029 Administração/material elétrico 112050405008 Apoio/Material elétrico e hidráulico 112050405014 Apoio/Material de expediente 112050407004 Apoio/utensílios e peças p/ laboratório 112050405026 Apoio/material de copa Desta forma, concluímos que as despesas contabilizadas como tratos culturais da cana soca e apropriadas ao resultado pelo contribuinte, não são despesas de tratos culturais da cana soca, são despesas de formação do canavial, dentre outras, pelos seguintes motivos: 1) Por definição, devem ser realizadas após a colheita, ou seja, entre maio e junho do ano seguinte ao plantio, e nunca no período de preparação do solo e formação da safra, como foi identificado acima. 2) As despesas relativas aos tratos culturais da cana soca, basicamente se resumem à aplicação de fertilizantes como complemento da adubação básica já feita no plantio e herbicidas para controle fitossanitário. As despesas constantes do relatório centro de custo/conta e balancetes, acima exemplificado, demonstram que não se referem à tratos culturais da cana soca. A autoridade fiscal ainda acrescenta referências a outros estudos que demonstram o descompasso entre a relação percentual entre os tratos culturais da cana soca e o custo de formação da safra verificada na contribuinte (54%) e aquela apurada acerca de outras usinas de açúcar no mesmo período (26%). A glosa alcançou: 1) os tratos culturais relativos à safra 2007/2008 apropriados de janeiro a maio/2008, no montante de R$ 8.981.448,83, do qual foi admitida a dedução, a título de exaustão, da parcela de R$ 2.254.343,66; e 2) os tratos culturais relativos à safra 2008/2009 apropriados de setembro a dezembro/2008, no montante de R$ 10.713.396,70, do qual foi admitida a dedução, a título de exaustão, da parcela de R$ 3.792.542,43. Em suma, a autoridade fiscal discordou da apropriação dos tratos culturais acumulados até agosto/2007 e até agosto/2008 nos meses de colheita das safras 2007/2008 e 2008/2009, respectivamente, e admitiu a dedução, apenas, da parcela equivalente ao percentual de exaustão da plantação nestas safras no anocalendário 2008. Importa, assim, aferir se os valores contabilizados pela contribuinte correspondem à formação da lavoura, ou são despesas passíveis de apropriação durante a colheita da safra. A recorrente alega que a autoridade fiscal não entendeu os estudos que fez, pois dizer que os gastos com tratos culturais só se realizam nos meses de maio e junho e se resumem a aplicação de fertilizantes e herbicidas, é uma demonstração clara da superficialidade com que tratou a fiscalização. Enuncia outros gastos que integram os tratos culturais (salários de pessoal, encargos sociais, depreciação de máquinas e implementos usados nos tratos, transportes de empregados, irrigação, etc.) e esclarece que: Fl. 5078DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 24 23 [...] a safra (corte) da cana se inicia normalmente em setembro, quando então se faz o corte da cana e 30 a 60 dias depois se faz necessário a aplicação de tratos culturais na área colhida, que vai precisar de irrigação, limpa, adubação e outras despesas (depreciação de bens, salários e encargos sociais relativos ao pessoa destinado a essas atividades), de forma que esses gastos são de fundamental importância na manutenção da planta e precisam ser efetuados imediatamente, não dá para esperar até maio ou junho como entendem, erroneamente, as autoridades fiscais lançadora e julgadora. A argumentação da recorrente é crível. A autoridade lançadora partiu da premissa de que os tratos culturais da cana soca somente seriam implementados depois de encerrada a colheita da safra, e não teve em conta a possibilidade de os gastos se verificarem ao longo da colheita, sobre a parcela da plantação já submetida a corte. Por sua vez, como demonstrado pela autoridade fiscal à fl. 259, é inconteste que, ao longo do anocalendário 2008, a contribuinte promoveu a colheitas de safras em segundo e terceiro corte. Vejase: Assim, relativamente ao período autuado, a contribuinte poderia estar: 1) desde janeiro/2008, apropriando tratos culturais aplicados na cana soca: 1.1) depois de iniciado o segundo corte da safra 2005/2006; e 1.2) depois iniciado o primeiro corte da safra 2006/2007; e 2) desde setembro/2008, apropriando tratos culturais aplicados na cana soca depois de iniciado o primeiro corte da safra 2007/2008. Não se pode negar a possibilidade da acumulação contábil destes tratos culturais, no ativo, desde o início do segundo corte da safra 2005/2006 e do primeiro corte da safra 2006/2007 (setembro/2007), dado que nada nos autos permite afirmar que a empresa estaria obrigada a aguardar até o final da colheita para iniciar o tratamento da cana soca já existente em suas plantações. De fato, a autoridade fiscal se empenha em demonstrar a diferença entre os tratos culturais destinados à canaplanta e à cana soca, vinculando os primeiros à formação de lavouras e, consequentemente, sujeitandoos à exaustão, mas ao abordar os tratos culturais da cana soca prendese ao fato de que eles somente se verificam depois da colheita, concebendoa como um evento único, e não um processo passível de parcelamento, especialmente quando se está frente a extensas áreas cultivadas. A recorrente assevera que a Fiscalização não teve em conta que os prazos citados na doutrina nem sempre se cumprem como imaginado pela literatura pertinente, dado que fica condicionado a circunstâncias outras, tais como clima, capacidade de investimento, etc, porém as conclusões fiscais tiveram por referência informações da própria contribuinte acerca do período de corte das safras. Aduz, também, que os valores lançados na Conta Contábil n° 1.1.2.05.04 no Ativo Circulante, identificados nos mapas auxiliares da contabilidade entregues aquela fiscalização como "Tratos Culturais safra 2007/2008, dizem respeito aos canaviais que serão cortados na safra 2007/2008, e não a safra de planta, como Fl. 5079DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 25 24 entendeu a fiscalização, estendendose, mais à frente em sua defesa, para demonstrar os efeitos desta incorreta interpretação de seus demonstrativos das demais safras. De toda sorte, ainda que este equívoco tenha se verificado, sua investigação é desnecessária porque, como antes demonstrado, a premissa adotada pela Fiscalização de que os tratos culturais da cana soca somente se verificariam depois de concluída a colheita de todas as plantações prejudica todas as conclusões a partir dela extraídas. A recorrente esclarece que os gastos com os tratos culturais dos canaviais que já foram objeto de corte anteriormente estão registrados no Ativo Circulante, enquanto no Ativo não Circulante são mantidas quatro contas devedoras, que agregam os gastos efetivados com os plantios, sendo três delas com os custos de implantação de cada planta, que no ano de 2008 eram: conta n°1.6.3.02.01.11 safra 2005/2006, conta n° 1.6.3.02.01.12 safra 2006/2007, e conta n° 1.6.3.02.01.13 safra 2007/2008. E uma conta n° 1.6.3.09.01 Formação da Lavoura, que recepciona os valores gastos com a formação de novos plantios, sendo desta transferido, após conclusão do plantio, para uma nova conta no Ativo não Circulante, mantendose as três primeiras contas até o quarto corte e consequente exaustão, registrada em conta redutora do Ativo não Circulante. Aduz que a autoridade fiscal também teria se equivocado ao glosar todo o gasto pertinente a cana soca, classificandoo como despesas de formação de canavial, porque certamente há valores relativos a tratos culturais, dado que seria impossível safra sem tratos culturais, pois a canadeaçúcar, muito embora perene, precisa ser tratada para se manter produtiva. De fato, se isoladamente considerados, a maior parte dos gastos promovidos pela contribuinte com as plantações poderiam ser, em primeira análise, associados, indistintamente, à cana soca e à canaplanta. Com exceção dos insumos destinados exclusivamente ao plantio, os insumos diretos e os gastos indiretos aplicados à lavoura inicial ou depois do primeiro corte não têm sua classificação contábil determinada em razão da natureza do gasto, mas sim tendose em conta o local e período de sua aplicação. Por este motivo, gastos com conservação/manutenção, energia elétrica, material de consumo, citados pela Fiscalização como anormais em relação à plantação já submetida ao corte, somente poderiam ser assim classificados se desconsiderado que são necessários equipamentos e recursos humanos, assim como administração e intervenção técnica, para a aplicação de fertilizantes e herbicidas após cada colheita, mormente frente a grandes extensões cultivadas, com destinação comercial. Frente a tal contexto, para afirmar que os tratos culturais contabilizados antes do término da colheita se sujeitariam a imobilização para posterior exaustão, a autoridade fiscal deveria ter avaliado a natureza dos gastos e a sua destinação, assim infirmando a classificação contábil a eles atribuída pela contribuinte. Não se pode negar a possibilidade de a contribuinte ter errado nesta classificação, e alocado como tratos culturais de cana soca valores correspondentes a insumos e gastos indiretos destinados à formação de lavoura. Aliás, a Fiscalização apresentou indícios neste sentido ao demonstrar o descompasso entre a relação percentual destes gastos implementados pela contribuinte, frente às demais empresas que exerceram a mesma atividade no período fiscalizado. Porém, a reclassificação contábil dos gastos somente é possível mediante prova consistente, que a autoridade fiscal não logrou produzir no presente caso. Por fim, registrese que embora a recorrente afirme ter procedido nos exatos termos da resposta a consulta formulada junto a Superintendência da Receita Federal da 4ª Região Fiscal, referido documento não foi juntado aos autos. Fl. 5080DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 26 25 De toda sorte, a acusação fiscal não está suportada por argumentos e provas que sustentem a conclusão acerca da indedutibilidade de parte dos valores apropriados pela contribuinte, no período autuado, a título de tratos culturais. Assim, com referência à infração nº 02, deve ser DADO PROVIMENTO ao recurso voluntário. Infração 03 Despesas de Apontamento A autoridade fiscal relata que a contribuinte classifica como despesas de apontamento reparos e manutenções de equipamentos e instalações para manter a unidade fabril operando, acumulando estes valores no ativo circulante para apropriálos no período da safra, conforme previsão mensal de moagem da canadeaçúcar. Examinando os valores acumulados até agosto/2007 e até setembro/2008, apropriados parcialmente no período fiscalizado, a autoridade fiscal constatou vários gastos que superavam o limite de dispensa de imobilização (R$ 326,61) e intimou a contribuinte a fazer prova da vida útil dos gastos realizados. A partir dos documentos recebidos em resposta, a autoridade fiscal concluiu que parte dos gastos: 1) deveriam ter sido imobilizadas pela própria natureza do gasto, conforme exame das notas fiscais e descrição fornecida pela área técnica do contribuinte. Como por exemplo; obras de construção civil, serviços de fundição, instalação de equipamentos e serviços de retíficas e reformas que inquestionavelmente aumentam a vida útil do bem; 2) foi informada vida útil superior a um ano, para itens de valor superior a R$ 326,61 e mesmo assim não foram imobilizados; 3) foi informada vida útil inferior a um ano, para itens de valor superior a R$ 326,61 e conforme ficha Kardex do almoxarifado, ficou comprovado que não houve requisição posterior do respectivo item, na quantidade requisitada na intimação, no prazo de um ano, para o mesmo centro de custo, contados da data da requisição selecionada na intimação, portanto sua vida útil é superior a um ano e deveriam ter sido imobilizados. Nos demonstrativos de fls. 1263/1269 estão individualizados os itens de material de consumo glosados pela Fiscalização em razão da vida útil superior a um ano ou da permanência do item em estoque por mais de um ano, consoante informações prestadas pela contribuinte (fls. 1282/1285 e 1468/1471), e às fls. 1270 estão relacionados os serviços classificados como passíveis de imobilização. O demonstrativo de fl. 1262 consolida mensalmente os valores glosados e apresenta sua repercussão na apropriação promovida a cada safra, determinando as parcelas a serem acrescidas ao lucro tributável, depois de deduzida a depreciação pertinente ao anocalendário 2008. A recorrente inicialmente manifestase contra a manutenção da exigência em primeira instância sob a justificativa de que os valores seriam "significativos" e, de fato, esta circunstância isoladamente nada representa, na medida em que um dos dispositivos legais que fundamenta a exigência está assim redigido no Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 3.000/99: Art. 301. O custo de aquisição de bens do ativo permanente não poderá ser deduzido como despesa operacional, salvo se o bem adquirido tiver valor unitário não superior a trezentos e vinte e seis reais e sessenta e um centavos, ou prazo de vida útil que não ultrapasse um ano (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 15, Lei nº Fl. 5081DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 27 26 8.218, de 1991, art. 20, Lei nº 8.383, de 1991, art. 3º, inciso II, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30). § 1º Nas aquisições de bens, cujo valor unitário esteja dentro do limite a que se refere este artigo, a exceção contida no mesmo não contempla a hipótese onde a atividade exercida exija utilização de um conjunto desses bens. § 2º Salvo disposições especiais, o custo dos bens adquiridos ou das melhorias realizadas, cuja vida útil ultrapasse o período de um ano, deverá ser ativado para ser depreciado ou amortizado (Lei nº 4.506, de 1964, art. 45, § 1º). Nestes termos, bens de valor "significativo" podem ser deduzidos como despesa, sem prévia imobilização, caso sua vida útil não ultrapasse um ano. De toda sorte, o procedimento fiscal foi dirigido no sentido de determinar as aplicações que não se sujeitassem a nenhum das duas hipóteses de dedução imediata, e nesse sentido deve ser analisado. Com referência à definição de vida útil para os materiais de consumo, a recorrente discorda do que classifica como presunção, na medida em que a lei não correlaciona a durabilidade de determinado bem à sua reposição no tempo máximo de um ano. Apresenta justificativas para não ter promovido a reposição de alguns bens no prazo que seria necessário, e conclui que esta prática não descaracteriza o bem como sendo de reposição. Como se vê nos demonstrativos de fls. 1263/1269, alguns itens deduzidos como despesa estão associados à informação prestada pela própria contribuinte de que sua vida útil seria superior a um ano. Já em relação aos demais, embora a contribuinte tenha informado vida útil inferior a um ano, a autoridade fiscal observou que item de mesma natureza somente havia sido requerido do estoque depois de ultrapassado um ano do consumo glosado, e concluiu presente evidência suficiente de que a vida útil do item deduzido como despesa no período fiscalizado seria superior a um ano. Para maior clareza, são a seguir sintetizadas as características de alguns itens glosados pela Fiscalização: · Produto 007.001.0141, descrito como chapa em aço 10201/2, no valor de R$ 15.858,20, destinado a revisar esteira de arrate "B" no transporte de cana, cuja vida útil declarada pela contribuinte seria de 6 a 7 meses de uso, mas foi requisitado para aquele centro de custo em 04/04/2007, e somente foi registrada nova saída em 28/03/2008; · Produto 003.004.0057, descrito como corrente F 698 forjada P 153,2mm, destinado a revisar esteira de arrate "B" no transporte de cana, cuja vida útil declarada seria de 6 a 7 meses de uso, mas foi requisitado para aquele centro de custo em 19/07/2007 e somente foi registrada nova saída em 31/12/2008; · Produto descrito como tubo BKM 1020 2.1/2" no valor de R$ 3.582,71, destinado a manutenção préaquecedor de ar da caldeira, cuja vida útil seria de 01 safra, interpretada pelo Fisco como 8 meses, mas foi requisitado para aquele centro de custo em 30/07/2007 e somente foi registrada nova saída em 31/12/2009; · Produto 007.002.0014, descrito como cantoneira L 3" x 3", no valor de R$ 646,83, destinado a revisar desfibrador de cana "B" antes da Fl. 5082DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 28 27 extração, cuja vida útil declarada seria de 6 a 7 meses de uso, mas foi requisitado para aquele centro de custo em 04/04/2007 e a contribuinte não forneceu o Kardex para verificação do momento da saída posterior; e · Produto descrito como tubo BKM 1020 2.1/2" no valor de R$ 3.582,71, destinado a manutenção préaquecedor de ar da caldeira, cuja vida útil seria de 01 safra, interpretada pelo Fisco como 8 meses, mas foi requisitado para aquele centro de custo em 30/07/2007 e somente foi registrada nova saída em 31/12/2009; · Produto 007.001.0055, descrito como chapa em aço 10201/4", no valor de R$ 24.342,70, destinado a reformar o piso de trabalho do setor de evaporação na fabricação de açúcar para permitir que os equipamentos sejam operados, cuja vida útil declarada seria de 5 a 6 anos de uso; Os demais itens glosados apresentam descrições semelhantes, sempre fazendo referência a manutenção, reforma, montagem ou revisão de equipamentos do processo produtivo da contribuinte. Ou seja, não se tratam de bens com utilidade autônoma, mas sim com a função de permitir que outro bem da pessoa jurídica tenha tal utilidade. E, neste caso, a dedutibilidade do gasto não é regida pelo art. 301 do RIR/99, mas sim pelo art. 346 do RIR/99, que assim dispõe: Art. 346. Serão admitidas, como custo ou despesa operacional, as despesas com reparos e conservação de bens e instalações destinadas a mantêlos em condições eficientes de operação (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48). § 1º Se dos reparos, da conservação ou da substituição de partes e peças resultar aumento da vida útil prevista no ato de aquisição do respectivo bem, as despesas correspondentes, quando aquele aumento for superior a um ano, deverão ser capitalizadas, a fim de servirem de base a depreciações futuras (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48, parágrafo único). § 2º Os gastos incorridos com reparos, conservação ou substituição de partes e peças de bens do ativo imobilizado, de que resulte aumento da vida útil superior a um ano, deverão ser incorporados ao valor do bem, para fins de depreciação do novo valor contábil, no novo prazo de vida útil previsto para o bem recuperado, ou, alternativamente, a pessoa jurídica poderá: I aplicar o percentual de depreciação correspondente à parte não depreciada do bem sobre os custos de substituição das partes ou peças; II apurar a diferença entre o total dos custos de substituição e o valor determinado no inciso anterior; III escriturar o valor apurado no inciso I a débito das contas de resultado; IV escriturar o valor apurado no inciso II a débito da conta do ativo imobilizado que registra o bem, o qual terá seu novo valor contábil depreciado no novo prazo de vida útil previsto. § 3º Somente serão permitidas despesas com reparos e conservação de bens móveis e imóveis se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso III). Fl. 5083DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 29 28 Em tais circunstâncias, a dedutibilidade imediata do gasto fica condicionada à inexistência de aumento da vida útil do bem no qual ele foi aplicado. Não basta, portanto, avaliar a vida útil do bem de reposição individualmente considerado. Assim, embora a autoridade fiscal tenha transcrito o art. 346 do RIR/99 ao descrever a infração, tais glosas não podem subsistir em razão da ausência de análise dos requisitos específicos de dedutibilidade expostos neste dispositivo legal. Além dos materiais de consumo assim aplicados em manutenção e conservação de bens do imobilizado, registrados na conta nº 1.1.2.05.03.05, a autoridade fiscal também questionou valores referentes a mão de obra de terceiros, registrados na conta nº 1.1.2.05.03.04 e relacionados à fl. 1270. Nestes casos, a descrição do serviço foi suficiente para a autoridade fiscal concluir que eles deveriam ter sido imobilizados. Assim, também tendo em conta esta descrição, de plano constatase que, na mesma linha da abordagem anterior, submetemse à regência do art. 346 do RIR/99 os serviços que fazem referência a manutenção e conservação, quais sejam: · Serviço de usinagem, retífica, recuperação e pintura em válvulas, no valor de R$ 19.135,56, escriturado em junho/2007; · Serviço de fundição e reparo em bombas centrífugas, no valor de R$ 26.181,09, escriturado em junho/2007; · Serviço de reforma em turbinas a vapor, no valor de R$ 23.595,00, escriturado em julho/2007; · Serv. de restauração em redutores do desfibrilador, no valor de R$ 17.960,10, escriturado em agosto/2007; · Serv. de reforma em engrenagens e eixo interno da moenda, no valor de R$ 42.160,00, escriturado em agosto/2007; · Serv. de recuperação de bombas de alimentação da caldeira, no valor de R$ 24.605,00, escriturado em agosto/2007; · Serv. de recuperação de bombas de alimentação da caldeira, no valor de R$ 38.598,15, escriturado em agosto/2007; · Serviços de recuperação, usinagem e retífica em válvulas na produção de vapor, no valor de R$ 20.500,00, escriturado em julho/2008; · Serviços de fundição em buchas das bombas centrífugas na prod. de açúcar, no valor de R$ 24.891,86, escriturado em julho/2008; · Serviços de usinagem em barras e eixos em equipamentos do processo de extração, no valor de R$ 17.151,75, escriturado em junho/2008; · Serviço de confecção de 02 anéis para tambor do secador central em construção, no valor de R$ 20.872,50, escriturado em junho/2008; Fl. 5084DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 30 29 · Serviço de recuperação de coluna em equipamento de prod. de açúcar, no valor de R$ 87.991,20, escriturado em junho/2008; · Serviço de reforma em 04 mancais de turbinas a vapor, no valor de R$ 5.756,29, escriturado em julho/2008; · Serviços de usinagem e retífica em cabeçotes de hidráulicos da moenda, no valor de R$ 13.208,11, escriturado em julho/2008; · Serviço de solda em camisa de 48", no valor de R$ 59.430,00, escriturado em agosto/2008; · Serviço de revisão e usinagem em turbina a vapor, no valor de R$ 19.191,22, escriturado em agosto/2008; · Serviço de recuperação em moeda e turbina, no valor de R$ 15.200,00, escriturado em julho/2008; e · Serviço de recuperação em bagaceiras, eixos e flanges, no valor de R$ 15.200,00, escriturado em julho/2008. Tais glosas, portanto, não podem subsistir sem a investigação do aumento de vida útil dos bens do ativo imobilizado nos quais os gastos foram aplicados. Restam, porém, os seguintes serviços cuja descrição não faz referência a manutenção e conservação: · Construção de subestação e sanitário industrial, no valor de R$ 36.799,82, escriturado em junho/2007; · Serviço de instalação de instrumentação p/ trat. de água e turbina a vapor, em duas parcelas no valor de R$ 18.558,38, em agosto/2007; · Serviço de cabeamento p/ instrumentação de motores na moenda, no valor de R$ 29.244,08, escriturado em julho/2007; · Fornecimento de concreto para fundações, no valor de R$ 10.005,19, escriturado em julho/2007; · Serv. de construção civil de duas bacias de concreto p/ torres de resf. de água, no valor de R$ 67.443,60, escriturado em julho/2007; · Serv. de construção civil de piso em concreto armado, no valor de R$ 30.468,26, escriturado em julho/2007; · Execução de dois corpos de dorna, torre de resfriamento e outros na calderaria, no valor de R$ 60.000,00, escriturado em julho/2008; · Construção de estrutura de concreto para de torres de resfriamento de água, no valor de R$ 31.762,50, escriturado em julho/2008; e Fl. 5085DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 31 30 · Serviços de passagem de cabos ópticos para equipamentos de controle, no valor de R$ 6.075,51, escriturado em julho/2008. Tais investimentos revelam novas instalações, de imobilização obrigatória se não evidenciada uma das excludentes do art. 301 do RIR/99. Como os valores são superiores ao limite legal, e obras de construção civil e de instalação elétrica ou assemelhada caracterizamse por vida útil superior a um ano, cumpriria à contribuinte produzir prova em sentido contrário. Todavia, a defesa da recorrente centrase na glosa dos materiais de consumo, afirmandoos bens de reposição, e na possibilidade de dedução de despesas de manutenção. Relativamente aos serviços, a contribuinte apenas se reporta àqueles indicados em planilha anexa à impugnação, que caracterizariam mera manutenção, mas os elementos referidos possivelmente são aqueles de fls. 4823/4841, encartados entre os documentos referentes às infrações 02 e 04, que apenas relacionam contas por centro de custo, sem individualizar qualquer operação. Como visto, a acusação fiscal não se baseou em amostragem, mas sim na análise individualizada dos gastos reunidos sob o título de despesas de apontamento para apropriação durante a safra correspondente, de modo que cabia à defesa apresentar argumentos e provas documentais específicas para justificar a dedução de cada item glosado. Desnecessária, portanto, qualquer diligência para suprir a omissão da recorrente em produzir prova contra as acusações regularmente formalizadas nestes autos. Subsistem, portanto, as glosas de serviços cuja descrição não faz referência a manutenção e conservação, acima relacionados. Por fim, observase que também foram glosados serviços para os quais não foi apresentada nota fiscal do serviço, escriturados em agosto/2008 nos valores de R$ 14.095,00, R$ 5.257,60 e R$ 12.164,00. Relativamente a estes itens nada foi especificamente oposto pela recorrente, devendo subsistir, também nesta parte, a glosa promovida. Diante do exposto, o presente voto é no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para, relativamente à infração nº 03, manter as glosas das apropriações de despesas de apontamento referentes aos serviços cuja descrição não faz referência a manutenção e conservação e para os quais não foi apresentada nota fiscal de serviço, individualizados no presente voto. Em consequência, na liquidação do acórdão, o demonstrativo de fl. 1262 deverá ser reconstituído para contemplar, apenas, as glosas aqui admitidas. Infração 04 Depreciação da Atividade Rural A autoridade fiscal não admitiu a exclusão da depreciação acelerada correspondente à formação da lavoura de cana de 2008, dado que este ativo sujeitase a exaustão, e o benefício fiscal não contempla a amortização nem a exaustão de recursos florestais. A recorrente invoca o disposto no art. 6º da Medida Provisória nº 2.159 70/2001; observa que própria fiscalização tratou sua atividade como florestal, contemplada no art. 58, VI do RIR/99, como atividade rural; reitera que sua atividade integra os sistemas de produção rural e industrial, inclusive submetendose ao tratamento previdenciário atribuído às Fl. 5086DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 32 31 empresas rurais; que a cultura de canadeaçucar, por ser perene, é classificada no Ativo não Circulante (Imobilizado), sujeitandose a apropriação por meio de encargos de depreciação/exaustão; e discorda da interpretação restritiva adotada pela Fiscalização, porque tanto a depreciação, como a exaustão, dizem respeito a encargos de inversões, são custos que se apropriam em função do uso do bem de capital investido, são resultantes das obrigações de capital fixo da empresa. Reportase a doutrina contábil acerca da semelhança entre os encargos, e enfatiza que o único gasto de natureza não circulante que usufrui do incentivo fiscal é a terra nua. Acrescenta que o art. 58, do RIR/1999, definiu como atividade rural a agricultura, pecuária e extração e, como restrição, dispôs que esse conceito não se aplica às empresas que patrocinam a mera intermediação de produtos agrícolas e animais, permitindo a utilização do encargo de forma acelerada ao contribuinte que exerce atividade rural. Aborda as razões de a aquisição de terra não se sujeitar a depreciação e estar excluída do benefício fiscal, e diz que o sentido da norma instituidora do incentivo foi autorizar o contribuinte que exerce atividade rural, a reconhecer o custo integral do bem adquirido para utilização na atividade rural, no próprio ano da aquisição, de modo que o vocábulo "depreciação" teria acepção ampla, alcançando qualquer apropriação do custo desse bem, sendo irrelevante a denominação a ela atribuída (depreciação, amortização ou exaustão). Assim, a glosa representaria uma restrição não contemplada na lei, contrariando seu espírito. Esta Relatora manifestou seu entendimento, alinhado ao da Fiscalização, acerca da interpretação restritiva da norma instituidora do benefício fiscal, nos termos do voto condutor do Acórdão nº 1101000.334: Argumenta a recorrente que a depreciação acelerada é benefício fiscal à atividade rural, em geral, e não a determinada espécie de cultura, destinandose, assim, a fomentar toda e qualquer cultura, fruto da exploração adequada do solo, para obtenção de produtos agrícolas e industrializados, alimentos e riqueza. Reproduz a exposição de motivos da Lei nº 8.023/90 e frisa a extensão dos benefícios já concedidos às pessoas físicas também às pessoas jurídicas: "Diversos instrumentos de política fiscal são implementados para diminuir o ônus tributário sobre a agricultura, objetivando o aumento da eficiência do setor(...) (...) permite que os efeitos do beneficio deixem de restringirse ao agricultor ou empresa rural isoladamente e passem a beneficiar o setor como um todo.(...) (...)os valores investidos na atividade podem ser considerados despesas no ano do dispêndio, o que permitirá ao agricultor recuperar mais rapidamente o capital investido. (...)estendese à pessoa jurídica a redução da base de cálculo do imposto nos termos previstos no art. 90 e permitese a depreciação integral dos investimentos no ano de sua realização, como forma de, a exemplo da pessoa física, reforçar a disponibilidade de recursos da pessoa jurídica." Por oportuno esclareçase que embora tais argumentos dirijamse à agricultura, o âmbito de aplicação do benefício (atividade rural) foi assim fixado no art. 2o da Lei nº 8.023/90: Art. 2º Considerase atividade rural: I a agricultura; II a pecuária; III a extração e a exploração vegetal e animal; IV a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; Fl. 5087DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 33 32 V a transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura e não configure procedimento industrial feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada. Nestes termos, não há dúvida que a lavoura de canadeaçúcar, quer como agricultura, quer como extração ou exploração vegetal, estaria ao alcance da referida norma. Mas é necessário precisar se o benefício da depreciação acelerada alcançaria, também, bens sujeitos a amortização ou exaustão. Entende a recorrente que haveria ofensa ao princípio da isonomia, ante o favorecimento de apenas algumas culturas agrícolas, e cita entendimentos firmados pelo Primeiro Conselho de Contribuintes nos acórdãos nº 10194.957 e 10419.138. A Fiscalização, inicialmente, adota como fundamento o conteúdo da Solução de Divergência nº 12/2003, editada pela Coordenação do Sistema de Tributação COSIT, que pôs fim a dissenso entre as Superintendências Regionais da Receita Federal da 9a e 10a RF, firmando que o benefício fiscal não inclui a amortização nem a exaustão de recursos florestais. A Solução de Consulta SRRF/9°RF nº 120 entendeu que o incentivo não alcança a amortização e a exaustão de recursos florestais, ao passo que a SRRF/10°RF, na Solução de Consulta nº 28, firmou que não importa a denominação contábil dada a essa apropriação das despesas efetuadas com os investimentos incentivados se depreciação, amortização ou exaustão mas sim a efetiva realização do investimento destinado à atividade que se deseja fomentar. A COSIT, na Solução de Divergência nº 12/2003 ressaltou o fato de o legislador ter renovado o referido benefício por meio da Medida Provisória nº 1.459/96 em sucessivas renovações, e ainda por meio da Medida Provisória nº 2.15870/2001, sem nunca ampliar o conteúdo da norma para além da possibilidade dos bens serem depreciados, deixando, assim, de abranger a realização integral dos ativos sujeitos à exaustão ou à amortização. Ainda, mencionou que a exaustão é proporcional ao período projetado de exploração do recurso a ser exaurido, o que poderia gerar dedução excessiva no primeiro ano de aquisição, impossíveis de serem deduzidos de um resultado tributável referente a apenas um ano de operações. Da mesma forma, não seria razoável a amortização imediata de bens imateriais que levariam qüinqüênios ou décadas para retornarem seus próprios valores por meio da exploração comercial associada. Por fim, concluiu que aos três institutos contábeis, embora semelhantes, preponderam atributos que lhes dão distinção própria, o que justifica a diferença de tratamento perante a legislação tributária e, considerando que as isenções ou abrandamentos de ônus de tributos devem ser interpretados restritamente no Direito Tributário, firmou que somente os bens sujeitos à depreciação podem ser deduzidos no mesmo ano de aquisição. De fato, para se definir o alcance da norma que estabelece o benefício fiscal da depreciação acelerada em favor da atividade rural é necessário observar o que dispõe o Código Tributário Nacional: Art. 107. A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste Capítulo. [...] Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; Fl. 5088DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 34 33 III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Por meio do benefício fiscal em referência foi postergado o pagamento de tributo mediante antecipação de despesa, hipótese que se aproxima da suspensão do crédito tributário, mas sem a incidência de juros moratórios, e assim se revela, na verdade, como isenção desta compensação que seria devida pela quitação após o prazo de vencimento. Assim, discordase do entendimento defendido pela recorrente: a norma deve ser interpretada literalmente, e alcança apenas os bens do ativo imobilizado sujeitos à depreciação. Em que pese o legislador tenha excetuado expressamente a “terra nua”, não o fazendo em relação aos demais bens que compõem o ativo permanente imobilizado, utilizou a expressão “depreciados” que exclui daquele grupo os bens sujeitos a amortização e exaustão. É perfeitamente possível que a lei tenha buscado favorecer a renovação de bens físicos sujeitos a desgastes ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência, como máquinas e equipamentos aplicados na atividade rural, sem dar maior relevo a outros direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração, cuja perda de valor decorre de sua exploração. Relevante abordar, porém, o entendimento em contrário, alegado pela recorrente, e firmado nesta instância de julgamento administrativo, pela I. Conselheira Sandra Maria Faroni, relatora do acórdão nº 10194.597 (e não 10194.957 como mencionado no recurso). Reproduzse excertos de seu voto: O § 2° do art. 12 da Lei 8.023/90, ao permitir a apropriação imediata e integral, no próprio ano de sua aquisição, dos bens do ativo imobilizado aplicados na produção, buscou criar incentivo à atividade rural mediante antecipação da apropriação dos encargos correspondentes à sua perda de valor, da mesma forma que o fez o § 2° do art. 4°, em relação ao produtor rural pessoa física. Não pretendeu, a lei, distinguir entre bens do ativo imobilizado sujeitos a amortização ou a exaustão. Observase que o referido julgado procurou equivaler o benefício fiscal em discussão àquele antes já concedido à pessoa física, mas assim previsto na Lei nº 8.023/90: Art. 4º Considerase resultado da atividade rural a diferença entre os valores das receitas recebidas e das despesas pagas no anobase. § 1º É indedutível o valor da correção monetária dos empréstimos contraídos para financiamento da atividade rural. § 2º Os investimentos são considerados despesas no mês do efetivo pagamento. § 3º Na alienação de bens utilizados na produção, o valor da terra nua não constitui receita da atividade agrícola e será tributado de acordo com o disposto no art. 3º, combinado com os arts. 18 e 22 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988. (negrejou se) A lei admite, nos termos do caput do art. 4o, a apuração do resultado da atividade rural exercida por pessoa física segundo o regime de caixa, mediante confronto entre receitas recebidas e despesas pagas no período. Considerando que o regime de caixa é aplicado como regra na apuração dos rendimentos tributáveis da pessoa física, o benefício fiscal revelase na permissão de dedução dos investimentos como se despesas fossem, no mês do efetivo pagamento. Ocorre que a própria lei conceitua investimento nos seguintes termos: Art. 6º Considerase investimento na atividade rural, para os propósitos do art. 4º, a aplicação de recursos financeiros, exceto a parcela que corresponder ao valor da terra nua, com vistas ao desenvolvimento da atividade para expansão da produção ou melhoria da produtividade agrícola. (negrejouse) Fl. 5089DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 35 34 Ou seja, a dedução integral dos investimentos na atividade rural, no próprio período do pagamento, está prevista para os dispêndios destinados à expansão da produção ou melhoria da produtividade. O Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, aprovado pelo Decreto nº 3.000/99, por sua vez, exemplifica as aplicações que se caracterizam como investimentos na forma do art. 6o da Lei nº 8.023/90: Art. 62. Os investimentos serão considerados despesas no mês do pagamento (Lei nº 8.023, de 1990, art. 4º, §§ 1º e 2º). § 1º As despesas de custeio e os investimentos são aqueles necessários à percepção dos rendimentos e à manutenção da fonte produtora, relacionados com a natureza da atividade exercida. § 2º Considerase investimento na atividade rural a aplicação de recursos financeiros, durante o anocalendário, exceto a parcela que corresponder ao valor da terra nua, com vistas ao desenvolvimento da atividade para expansão da produção ou melhoria da produtividade e seja realizada com (Lei nº 8.023, de 1990, art. 6º): I benfeitorias resultantes de construção, instalações, melhoramentos e reparos; II culturas permanentes, essências florestais e pastagens artificiais; III aquisição de utensílios e bens, tratores, implementos e equipamentos, máquinas, motores, veículos de carga ou utilitários de emprego exclusivo na exploração da atividade rural; IV animais de trabalho, de produção e de engorda; V serviços técnicos especializados, devidamente contratados, visando elevar a eficiência do uso dos recursos da propriedade ou exploração rural; VI insumos que contribuam destacadamente para a elevação da produtividade, tais como reprodutores e matrizes, girinos e alevinos, sementes e mudas selecionadas, corretivos do solo, fertilizantes, vacinas e defensivos vegetais e animais; VII atividades que visem especificamente a elevação sócioeconômica do trabalhador rural, tais como casas de trabalhadores, prédios e galpões para atividades recreativas, educacionais e de saúde; VIII estradas que facilitem o acesso ou a circulação na propriedade; IX instalação de aparelhagem de comunicação e de energia elétrica; X bolsas para formação de técnicos em atividades rurais, inclusive gerentes de estabelecimentos e contabilistas. [...] Vêse, daí, que as aplicações efetuadas com vistas a um resultado futuro (desenvolvimento da atividade para expansão da produção ou melhoria da produtividade), fora do conceito, portanto, de despesas de custeio, ainda assim recebem, em razão do benefício em tela, o mesmo tratamento destas, sendo computadas para redução do resultado do período no qual foram pagas. Observese, aliás, que o inciso II classifica como investimento a aplicação de recursos financeiros em culturas permanentes, essências florestais e pastagens artificiais. Todavia, como adiante se verá, a lavoura canavieira, embora seja classificada como cultura permanente por permitir mais de um corte, não apresenta a longevidade própria das culturas citadas, na medida em que a planta dali resultante é ceifada na sua exploração, diversamente das culturas permanentes em geral, nas quais a árvore é mantida e são extraídos apenas seus frutos ou essências. Em conseqüência, no âmbito da atividade rural exercida pela pessoas físicas, os gastos para formação da lavoura canavieira não se classificam como investimentos, e o seu cômputo no resultado não se rege pelo disposto no art. 4o, §2o da Lei nº 8.023/90 c/c seu art. 6o. Em verdade, é possível o seu confronto imediato com as Fl. 5090DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 36 35 receitas do período, mas em razão do disposto no caput do art. 4o da mesma lei, que determina a apuração do resultado da atividade rural segundo o regime de caixa. Contudo, a atividade rural exercida por pessoa jurídica tem seus resultados apurados contabilmente, mediante regime de competência, o que impede a transposição integral dos efeitos verificados em idêntica atividade exercida por pessoa física, mesmo no que tange às aplicações que, no âmbito da Lei nº 8.023/90 são denominadas investimentos, mas que, na seara contábil, regida pela Lei nº 6.404/76, são classificadas como Ativo Permanente, e sujeitas a regras específicas para seu cômputo no resultado do período. Assim, mostrase irrelevante o aprofundamento das discussões acerca da apuração do resultado da atividade rural exercida por pessoa física, pois quer se classifique os gastos para formação da lavoura canavieira como despesas de custeio ou investimentos, sua dedução no momento do pagamento se daria em razão do regime de caixa, o qual não foi estabelecido como regra para a apuração dos resultados por pessoa jurídica. Analisando sob este prisma, o benefício fiscal às pessoas jurídicas foi expresso desde a Lei nº 8.023/90, nos seguintes termos: Art. 12. A pessoa jurídica que explorar atividade rural pagará o imposto à alíquota de vinte e cinco por cento sobre o lucro da exploração (art. 19 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e alterações posteriores), facultada a redução da base de cálculo nos termos previstos no art. 9º, não fazendo jus a qualquer outra redução do imposto a título de incentivo fiscal. §1º Na redução da base de cálculo, o saldo médio anual dos depósitos de que trata o art. 9º será expresso em cruzados novos e corresponderá a um doze avos da soma dos saldos médios mensais dos depósitos. §2º Os bens do ativo imobilizado, exceto a terra nua, quando destinados à produção, poderão ser depreciados integralmente, no próprio ano da aquisição. §3º O imposto de que trata este artigo será pago de conformidade com as normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Ao assim proceder, o legislador restringiu o alcance do benefício fiscal limitandoo aos bens sujeitos à depreciação, como já antes explicitado, inclusive mantendo esta mesma redação ao restabelecer o incentivo, após a revogação expressa na lei nº 9.249/95: Medida Provisória nº 1.459, de 1996: Art. 7º Os bens do ativo permanente imobilizado, exceto a terra nua, adquiridos por pessoa jurídica que explore a atividade rural, para uso nessa atividade, poderão ser depreciados integralmente no próprio ano da aquisição. Medida Provisória nº 2.15970, de 2001: Art.6o Os bens do ativo permanente imobilizado, exceto a terra nua, adquiridos por pessoa jurídica que explore a atividade rural, para uso nessa atividade, poderão ser depreciados integralmente no próprio ano da aquisição. Relevante anotar que este entendimento diverge também do exposto no voto do I. Conselheiro Remis Almeida Estol, contido no acórdão nº 10419138, citado pela recorrente: Vejase que o comando legal apenas excetua a "terra nua" e é destinado exclusivamente a apuração do lucro tributável da atividade rural, não podendo ser confundido com regras que norteiam a contabilização dos atos e fatos praticados pelas pessoas jurídicas em geral. Em outras palavras, não obstante o contribuinte tenha de alocar no ativo imobilizado os custos com a formação de lavoura canavieira e lançar na contabilidade, em cada exercício, a quota de depreciação ou exaustão conforme o caso, não significar limitar Fl. 5091DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 37 36 seu direito de apropriar como custo a totalidade do investimento no próprio ano dos dispêndios, o que deve ser feito no LALUR. O fato de a “terra nua” ser objeto de exclusão no dispositivo em questão não permite, apenas, a conclusão de que as aplicações em outros bens do ativo imobilizado são passíveis de cômputo imediato na apuração do resultado da atividade rural. Pode significar, também, que cogitando a “terra nua” como bem do ativo imobilizado sujeito à depreciação, o legislador cuidou de afastála expressamente. Notese, porém, que a preocupação com os efeitos dos investimentos em “terra nua” é uma transposição do que expresso nos dispositivos que tratam da atividade rural da pessoa física, antes citados, cuja finalidade era garantir a manutenção desta aplicação imobiliária no rol dos “bens e direitos” a serem declarados pela pessoa física, bem como evitar a possível anulação dos resultados da atividade rural mediante dedução imediata de investimentos de grande monta, cuja essência subsistiria íntegra no patrimônio pessoal do investidor. Em verdade, no âmbito da apuração da pessoa jurídica, o legislador sequer precisaria ter feito tal ressalva, na medida em que a “terra nua”, à semelhança dos terrenos não edificados, embora integrantes do ativo imobilizado, não sofre depreciação, porque não está sujeita a desgastes ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência (art. 307, parágrafo único, inciso I do RIR/99). Ante tais evidências, não é possível dar ao dispositivo legal em questão um alcance maior do que o evidenciado nos termos nele expressos. Apenas há previsão de depreciação acelerada na atividade rural, o que deixa fora do alcance do referido incentivo os gastos destinados à formação da lavoura de canadeaçúcar, que devem ser imobilizados e realizados como despesas na proporção do corte da lavoura, segundo as normas aplicáveis aos bens sujeitos a exaustão. E, se ao assim proceder, o legislador agiu de forma discriminatória, ensejando ofensa ao princípio da isonomia, é certo que este não é o foro para discussão destes aspectos, na medida em que, nos termos da Súmula CARF nº 2, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Passase, então, à análise da sistemática contábil aplicável à lavoura de canade açúcar. O principal argumento trazido na autuação está contido na doutrina de José Carlos Marion (Contabilidade rural contabilidade agrícola, contabilidade da agropecuária, IRPJ, 4ª edição, São Paulo, Atlas, 1996, págs. 39, 41, 64, 65 e 71) o qual se reporta ao Parecer Normativo da Coordenação do Sistema de Tributação – CST nº 18/79. Inicialmente firma o ilustre autor que cultura permanente é a que dura mais de um ano e propicia mais de uma colheita. Os custos para formação desta cultura integrariam o Ativo Imobilizado, e em alguns casos a cultura não chegaria a ser contabilizada como formada, pois seria ceifada ao se considerar acabada, como no caso da canadeaçúcar. A depreciação ou exaustão desta cultura, juntamente com outros custos de colheita, seriam contabilizados como estoques, integrantes do Ativo Circulante. A distinção entre depreciação e exaustão, feita no Parecer Normativo CST nº 18/79, que no entender do autor em nada contradiz os conceitos aplicáveis à matéria, dependeria do objeto da exploração: os frutos ou a própria árvore. Mantida a árvore após a extração dos frutos, haveria apenas depreciação computada em razão do período de tempo em que esta produção é esperada. Ceifada, cortada ou extraída do solo a árvore, o caso será de exaustão, na proporção da quantidade exaurida. E, nos casos em que as espécies vegetais que não se extinguem com o primeiro corte, mas voltam a produzir novos troncos ou ramos e permitem um segundo ou até Fl. 5092DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 38 37 um terceiro corte, ressalta que a técnica a ser adotada é a da exaustão, mas confrontandose o volume extraído em cada período com a produção total esperada que engloba os diversos cortes. O fiscal autuante ainda cita diversos outros doutrinadores que firmam a aplicação da exaustão como técnica para reconhecer o custo correspondente às culturas permanentes de canadeaçúcar. A recorrente, por sua vez, procura descaracterizar a canadeaçúcar como árvore, de forma a demonstrar que seu cultivo não enseja a formação de florestas para corte. Enfatiza a perda da produtividade em razão da colheita, que pode resultar em 4 a 8 safras, e procura assemelhar os colmos da canadeaçúcar aos frutos das demais árvores, sendo aqueles colhidos da árvore que não é visível, por estar plantada longitudinal à terra. A literatura especializada, porém, aponta que a canadeaçúcar é uma planta herbácea rizomatosa da família das gramíneas assim como a taquara e o bambu. É um caule (tronco), e por isso não pode ser considerada fruto do rizoma; é o próprio rizoma. Desta forma, após a plantação das mudas, o que se colhe é o caule, que cresce novamente para novo corte e assim sucessivamente até a exaustão. Nada em sua composição permite equivaler o colmo a fruto, órgão que possui a semente. Na defesa também deduz argumentos para firmar a aplicação da depreciação às lavouras de canadeaçúcar, por consistirem em bens em condições de produzir e sujeitos à perda de valor por ação da própria natureza. Todavia, se tal lavoura sofre alguma perda de valor por ação da própria natureza, é certo que ela não é mensurada em razão da quantidade de safras produzidas por seu corte, ação humana que somente pode ser classificada como extração de recursos florestais, e totalmente distinta do desgaste decorrente do envelhecimento das árvores que produzem frutos. Logo, é inadmissível a afirmação de que a cultura de canade açúcar, por ser sujeita a cortes, tem diminuída a força de brotação por ação da natureza. Não prospera, ainda, a pretensão da recorrente de afastar aplicação da exaustão por se tratar, aqui, de culturas permanentes e não recursos minerais e florestais, possivelmente vislumbrando aí uma distinção em razão da atuação humana na formação dos recursos que serão explorados. É evidente, porém, que a aplicação da exaustão não decorre da origem do bem explorado, mas sim da forma de sua exploração: o desgaste se dá na proporção da perda de indivíduos que compõem o conjunto explorado, quer seja uma floresta nativa, quer seja uma cultura permanente que resulta em exemplares que serão explorados mediante corte. Como bem esclarecido na doutrina antes citada, é possível compreender como cultura permanente qualquer atividade agrícola que resulte em produção por mais de um ano. Daí, a afirmação atribuída a Bulhões Pedreira, no sentido de que "as culturas permanentes não se confundem com florestas sujeitas à extração e não podem ser objeto de exaustão", somente pode ser compreendida como uma comparação entre as culturas permanentes para extração de frutos e as culturas permanentes para extração das árvores, pois quando estas árvores resultam do cultivo humano, certamente elas também resultam em culturas permanentes. Assim, não logrou a recorrente desconstituir as conclusões extraídas da doutrina, acerca da aplicação da exaustão à lavoura canavieira. A recorrente esclarece que não contabilizou encargos de exaustão e exclusão de depreciação em duplicidade, mas esta não é a acusação fiscal, limitada à glosa da exclusão que complementa os efeitos da exaustão de modo a alcançar todo o investimento na formação de lavoura no anocalendário 2008. Também alega que a autoridade fiscal olvidouse que sua Fl. 5093DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 39 38 atividade se sujeitaria ao art. 59, §3º, da Lei nº 4.506/64, que assegura ao proprietário das formações florestais destinadas ao corte o direito de deduzir, em quota anual, todas as importâncias aplicadas como gastos no plantio da cultura naquele mesmo exercício, sem se sujeitar às quotas de exaustão. Referido dispositivo legal está assim redigido: Art. 59. Poderá ser computada como custo ou encargo, em cada exercício, a importância correspondente à diminuição do valor de recursos minerais e florestais, resultante da sua exploração. § 1º A quota anual de exaustão será determinada de acôrdo com os princípios de depreciação a que se refere o § 1º do art. 57, desta lei, com base: a) no custo de aquisição ou prospecção, corrigido monetàriamente, dos recursos minerais explorados; b) no custo de aquisição ou plantio, corrigido monetàriamente, dos recursos florestais explorados. § 2º O montante anual da quota de exaustão será determinado tendo em vista o volume da produção no ano e sua relação com a possança conhecida da mina, ou a dimensão da floresta explorada, ou em função do prazo de concessão ou do contrato de exploração. § 3º O proprietário de florestas exploradas poderá optar pela dedução, como quota anual de exaustão, das importâncias efetivamente aplicadas em cada ano no plantio de árvores destinadas ao corte. [...] Porém, o último parágrafo acima reproduzido, ao contrário dos dois primeiros, não foi integrado ao Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 3.000/99: Art. 330. Poderá ser computada como custo ou encargo, em cada período de apuração, a importância correspondente à diminuição do valor de recursos minerais, resultante da sua exploração (Lei nº 4.506, de 1964, art. 59). § 1º A quota de exaustão será determinada de acordo com os princípios de depreciação (Subseção II), com base no custo de aquisição ou prospecção, dos recursos minerais explorados (Lei nº 4.506, de 1964, art. 59, § 1º). § 2º O montante da quota de exaustão será determinado tendo em vista o volume da produção no período e sua relação com a possança conhecida da mina, ou em função do prazo de concessão (Lei nº 4.506, de 1964, art. 59, § 2º). § 3º O disposto neste artigo não contempla a exploração de jazidas minerais inesgotáveis ou de exaurimento indeterminável, como as de água mineral. Isto porque o DecretoLei nº 1.483/76 regulou integralmente a dedução fiscal da exaustão de recursos florestais nos seguintes termos: Art. 4º Na apuração do lucro sujeito ao imposto de renda, as empresas que explorem, através de corte, recursos florestais, poderão deduzir, como custo ou encargo, cota de exaustão determinada de acordo com o disposto neste artigo. § 1º A cota de exaustão terá como base de cálculo o valor original das florestas, corrigido monetariamente. § 2º Para o cálculo do valor da cota de exaustão será observado o seguinte critério: Fl. 5094DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 40 39 a) apurarseá inicialmente, o percentual que o volume dos recursos florestais utilizados ou a quantidade de árvores extraídas durante o períodobase representa em relação ao volume ou à quantidade de árvores que no início do anobase compunham a floresta; b) o percentual encontrado será aplicado sobre o valor da floresta, registrado no ativo, e o resultado será considerado como custo dos recursos florestais extraídos. § 3º As disposições deste artigo aplicamse também às florestas objeto de direitos contratuais de exploração por prazo indeterminado, devendo as cotas de exaustão serem contabilizadas pelo adquirente desses direitos, que tomará como valor da floresta o do contrato, corrigido monetariamente. Art. 5º Poderão ser computadas, como custo ou encargo, em cada exercício, as importâncias correspondentes à amortização do valor dos direitos contratuais de exploração de florestas. § 1º A cota anual de amortização terá como base de cálculo o valor original do contrato, corrigido monetariamente, se for o caso, e será calculada em função do prazo de sua duração. § 2º Opcionalmente, poderá ser considerada como data do inicio do prazo contratual, para os efeitos do parágrafo anterior, a do início da efetiva exploração dos recursos florestais. § 3º Ocorrendo a extinção dos recursos florestais antes do término do prazo contratual, o saldo não amortizado poderá ser computado como custo ou encargo do períodobase em que ocorrer a extinção. § 4º As disposições deste artigo não se aplicam aos contratos de exploração firmados por prazo indeterminado. A exaustão, assim, passou a ser determinada exclusivamente em razão da diminuição do valor de recursos florestais, resultante de sua exploração, não subsistindo a possibilidade de o proprietário de florestas exploradas optar pela dedução, como quota anual de exaustão, das importâncias efetivamente aplicadas em cada ano no plantio de árvores destinadas ao corte. Referido dispositivo está integrado ao art. 334 do RIR/99. A interessada também afirma contraditório o procedimento fiscal ao proceder a glosa da exclusão efetuada relativa a imobilização do ano sem glosar as adições correspondentes a realização da depreciação/exaustão, dos canaviais plantados nos anos de 2006 e 2007. Referidas adições, porém, vinculamse às exclusões passadas que, embora também indevidas pelas razões aqui expostas, foram promovidas e reduziram as bases tributáveis. Não se vinculam, portanto, às exclusões glosadas e sua reversão somente poderiam ser promovida pela própria contribuinte caso também anulasse as exclusões anteriores, fora do alcance da autoridade fiscal em razão do decurso do prazo decadencial. Por fim, a recorrente argumenta que a autoridade fiscal também deixou de proceder, ou mesmo determinar, a efetivação dos ajustes nos anos subsequentes, desconsiderando as repercussões dessa glosa no sentido da indedutibilidade das despesas apropriadas nos períodos subsequentes. Afirma que a exclusão procedida em 2008 já havia sido integralmente oferecida a tributação, mediante adições na composição do Lucro Real e na base de cálculo da CSLL, nos anos de 2009, 2010, 2011 e 2012, como se prova com as fls. do LALUR. Ocorre que as glosas aqui promovidas não resultaram em exigência de crédito tributário, mas sim na redução do prejuízo fiscal e da base negativa de CSLL originalmente Fl. 5095DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 41 40 apurados no anocalendário 2008. Em tais circunstâncias, a Fiscalização não está obrigada a perquirir de eventuais pagamentos indevidos em períodos subsequentes, simplesmente porque não há tributo devido no período fiscalizado, ao qual poderiam ser imputados aqueles pagamentos em atraso. Cabe à contribuinte revisar suas apurações, caso concorde com a glosa, e anular os efeitos das adições posteriores, de modo a determinar eventuais indébitos passíveis de restituição ou compensação. Portanto, confirmada a infração nº 04, deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário neste ponto. Infração 05 Despesas de encargos legais e juros sobre a infração à legislação trabalhista CLT A autoridade fiscal glosou encargos legais e juros aplicados sobre multas exigidas em razão de infração à legislação trabalhista. Observou que a contribuinte adicionou ao lucro tributável apenas a multa exigida, mas os acessórios se sujeitariam à mesma indedutibilidade do principal. A defesa, com razão, diz ser impertinente, aqui, a referência feita pela autoridade julgadora de 1ª instância acerca da glosa despesas a título de multa por ação fiscal, no anocalendário 2009, no valor de R$ 438.782,99, para a qual não teria sido apresentada defesa pela Recorrente, dado que a discussão, nestes autos, se prende aos fatos geradores ocorridos em 2008. No mérito, defende inexistir vedação legal à dedução de encargos e juros incidentes sobre a multa decorrente de infração a CLT, pois o art. 344, §5º do RIR/99, que afirma citado como fundamento da acusação, trata apenas de multas por infrações fiscais. Art. 344. Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência (Lei nº 8.981, de 1995, art. 41). [...] § 5º Não são dedutíveis como custo ou despesas operacionais as multas por infrações fiscais, salvo as de natureza compensatória e as impostas por infrações de que não resultem falta ou insuficiência de pagamento de tributo (Lei nº 8.981, de 1995, art. 41, § 5º). [...] Ocorre que a glosa não tem por fundamento referido dispositivo legal. A autoridade fiscal classificou as multas por infrações à legislação trabalhista como desnecessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora, nos termos do art. 299 do RIR/99 e ainda invocou, neste sentido, o Parecer Normativo CST nº 61/79: 5. MULTAS POR INFRAÇÃO DE LEI NÃO TRIBUTÁRIA 5.1 – O § 4.º do artigo 16, do Decretolei n.º 1.598/77 diz respeito especificamente às multas impostas pela legislação tributária. A ele são estranhas as multas decorrentes de infração a normas de natureza não tributária, tais como as leis administrativas (Trânsito, Sunab, etc.), penais, trabalhistas, etc. Fl. 5096DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 42 41 5.2 – Por refugirem ao alcance da norma específica, essas multas caem nas malhas do preceito geral inscrito no artigo 162 do Regulamento do Imposto de Renda/75, o qual condiciona a dedutibilidade das despesas a que elas sejam necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. Ora, é inadmissível entender que se revistam desses atributos despesas relativas a atos e omissões, proibidos e punidos por norma de ordem pública. Assim, as multas impostas por transgressões de leis de natureza não tributária serão indedutíveis. Como antes mencionado, a própria contribuinte reputou as multas indedutíveis e as adicionou seu valor ao lucro tributável. Os encargos legais e juros sobre elas aplicados, demonstrados à fl. 4132, possuem a mesma natureza do débito principal, e também se mostram desnecessários à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora, consoante exposto no ato normativo acima transcrito. A recorrente, por sua vez, nada opõe contra esta argumentação que, por estar correta, deve subsistir. Assim, evidenciado que o lançamento não carece de fundamentação legal correta, deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 05. Infrações 06 Juros sobre tributos e contribuições vencidos e não pagos e 07 Despesas de Encargos A contribuinte contabilizara no período fiscalizado os encargos legais e juros incorridos sobre débitos de IPI cuja quitação com o aproveitamento de prejuízos fiscais e bases negativas foi autorizada pela Medida Provisória nº 470/2009. Foram também registrados acréscimos referentes a débitos compensados. A Fiscalização, porém, considerou indedutíveis os encargos legais porque desnecessários, bem como os juros e multa de mora porque representativos de provisões dependentes do efetivo pagamento. Quanto a este último ponto, a Fiscalização glosou apenas os juros porque as multas de mora foram adicionadas pela contribuinte. Inicialmente no que se refere aos encargos devidos à Procuradoria da Fazenda Nacional, a recorrente reportase à impugnação na qual observou que a acusação fiscal está fundamentada no art. 299 do RIR/99 e no Parecer Normativo nº 61/79, mas no mencionado dispositivo legal inexiste a especificação de que a despesa de encargos legais seja indedutível, razão pela qual ele não se prestaria a fundamentar a acusação fiscal, evidenciando sua insubsistência. Por sua vez, o Parecer Normativo nº 61/79 aborda apenas a indedutibilidade de multas, e também não enfrenta a questão dos encargos legais. A autoridade fiscal relata que os tributos em referência remontam mais de 10 anos, mas seus acréscimos foram contabilizados como despesas no período fiscalizado. Anota que a contribuinte deveria ter observado o regime de competência para tais registros, porém abstraiu esta irregularidade por considerar integralmente indedutíveis os encargos legais, referentes a honorários da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, vez que desnecessários à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. Para afirmálos desnecessários, a autoridade fiscal fez referência ao Parecer Normativo nº 61/79 que, como alegado pela recorrente, não trata diretamente do tema, apesar de reconhecer a multiplicidade de acréscimos legais previstos no âmbito tributário e demonstrar por meio de exemplos aqueles que seriam dedutíveis no âmbito tributário. Vejase: Fl. 5097DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 43 42 4.5 Há uma pletora de acréscimos moratórios na legislação tributária. Nem todos, porém, compensatórios. E que o não cumprimento oportuno da obrigação motiva o legislador ora a afligir o infrator (punição), ora a compensar o sujeito ativo pelo dano sofrido em decorrência da mora (compensação). A multa moratória somente terá natureza compensatória quando, cumulativamente, preencher as seguintes condições: a) não ser excluída pela denúncia espontânea; e b) guardar equivalência com a lesão provocada o que é revelado pela própria lei ao fixar a taxa de cálculo em função do tempo de atraso (exemplos : 1% ao mês; 10% ao semestre; 5% em atrasos de 30 dias, 10% em atrasos de 60 etc.). 4.6 Impõese concluir que, para fins de compreensão do parágrafo 4º do artigo 16 do Decretolei nº 1.598/77, compensatórias serão somente as moratórias que preencham as condições descritas no subitem 4.5. 4.7 A título de exemplo, sejam citados : a) acréscimos moratórios compensatórios ; juros de mora : 1% ao mês (Lei nº 5.421/68, art. 2º ); multas por recolhimento fora do prazo: RIR, art. 531. , RIPI, art. 392. ; multa por apresentação espontânea, fora do prazo, de declaração : RIR, art. 533. , I "a"; multa por indicação espontânea de rendimentos omitidos: RIR, art. 533. , I, "b". b) multas punitivas : multas relativas a lançamentos, de ofício: RIR, art. 534. , "b" e "c"; RIPI, art. 393. (mora punitiva); multas do art. 533. , II, "a" e "b", do RIR; multa por falta de retenção : RIR, art. 535. § 1º. Assim, importa definir se os encargos legais devidos à Procuradoria da Fazenda Nacional integrariam uma destas classes e, conforme o caso, sujeitarseiam a glosa. Neste sentido, constatase que a origem dos encargos legais tem em conta os seguintes dispositivos legais: Lei nº 4.439, de 1964: Art. 21. As percentagens devidas aos Procuradores da República, aos Procuradores da Fazenda Nacional ... (VETADO) ... Promotores Públicos, pela cobrança judicial da dívida ativa da União, passarão a ser pagas pelo executado. § 1º No Distrito Federal e nos Estados da Guanabara e São Paulo a percentagem será de 1% para cada Procurador, não podendo exceder o limite de 10% por categoria. Nos demais Estados a percentagem será de 6% para os Procuradores da República e 6% para os Procuradores da Fazenda Nacional. § 2º O total das percentagens estabelecias no parágrafo anterior será dividido, em quotas iguais, entre os Procuradores da República ou Procuradores da Fazenda Nacional com exercício no Distrito Federal ou Estados, onde se processar a execução. § 3º (VETADO). § 4º Os Promotores Públicos farão jus a percentagem de 6% pela cobrança judicial da dívida ativa da União ... (VETADO) ... nas marcas do interior dos Estados. Fl. 5098DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 44 43 § 5º Em nenhuma hipótese, a percentagem será paga aos Procuradores ou Promotores, antes do recolhimento, aos cofres públicos, da dívida objeto da execução. Lei nº 5.421, de 1968 Art 1º O pagamento da dívida Ativa da União, em ação executiva (Decretolei nº 960, de 17 de dezembro de 1938), será feito com a atualização monetária do débito, na forma da lei e o acréscimo dos seguintes encargos: I juros de mora previstos no artigo seguinte; II percentagens devidas ao ProcuradorGeral e Procuradores da Fazenda Nacional, bem como aos SubprocuradoresGerais da República, aos Procuradores da República ou Promotor Público, que serão calculados e entregues na forma do art. 21 da Lei nº 4.439, de 27 de outubro de 1964, com as modificações constantes do art. 32 do Decretolei número 147, de 3 de fevereiro de 1967; (Vide Decretolei nº 1.645, de 1978) III custas de despesas judiciais. Com a edição do DecretoLei nº 1.025/69, tais valores passaram a ser recolhidos aos cofres públicos como renda da União: Art 1º É declarada extinta a participação de servidores públicos na cobrança da Dívida da União, a que se referem os artigos 21 da Lei nº 4.439, de 27 de outubro de 1964, e 1º, inciso II, da Lei nº 5.421, de 25 de abril de 1968, passando a taxa, no total de 20% (vinte por cento), paga pelo executado, a ser recolhida aos cofres públicos, como renda da União. O percentual devido foi reduzido a 10% se verificadas as condições expostas no DecretoLei nº 1.569/77: Art. 3º O encargo previsto no art. 1º do Decretolei nº 1.025, de 21 de outubro de 1969, calculado sobre montante do débito, inclusive multas, atualizado monetariamente e acrescido dos juros e multa de mora, será reduzida para 10% (dez por cento), caso o débito, inscrito como Dívida Ativada da União, seja pago antes da remessa da respectiva certidão ao competente órgão do Ministério Público, federal ou estadual, para o devido ajuizamento. (Redação dada pelo Decretolei nº 2.163, de 1984) Acerca da natureza dos encargos legais, releva destacar também o disposto no Decretolei nº 1.645/78: Art 3º Na cobrança executiva da Divida Ativa da União, a aplicação do encargo de que tratam o art. 21 da lei nº 4.439, de 27 de outubro de 1964, o art. 32 do Decreto lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967, o art. 1º, inciso II, da Lei nº 5.421, de 25 de abril de 1968, o art. 1º do Decretolei nº 1.025, de 21 de outubro de 1969, e o art. 3º do Decretolei nº 1.569, de 8 de agosto de 1977, substitui a condenação do devedor em honorários de advogado e o respectivo produto será, sob esse título, recolhido integralmente ao Tesouro Nacional. Parágrafo Único. O encargo de que trata este artigo será calculado sobre o montante do débito, inclusive multas, monetariamente atualizado e acrescido dos juros de mora. Fl. 5099DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 45 44 Os encargos legais, consoante exposto nos referidos dispositivos, representam a condenação do devedor em honorários de advogado, atribuível à Fazenda Pública quando esta é vencedora na execução fiscal. Não se trata, portanto, de punição, mas apenas de retribuição devida à semelhança dos demais casos em que uma pessoa jurídica é derrotada em um litígio judicial. Embora não se trate de penalidade, considerandose os parâmetros antes mencionados, tais encargos estariam mais próximos da compensação devida ao sujeito ativo, mas aqui em razão do ônus decorrente da contratação de um advogado para solução judicial do litígio. É certo que tais encargos resultam de omissões do sujeito passivo como as mencionadas no Parecer Normativo nº 61/79 ao abordar as multas classificadas como desnecessárias, afinal, a execução fiscal somente se verifica porque o sujeito passivo não recolheu os tributos até o prazo final da cobrança amigável. Porém, a proibição e punição por ordem pública da falta de recolhimento somente alcança tributos não declarados, submetidos a lançamento de ofício, sendo certo que quando declarado, o crédito tributário não recolhido sujeitase apenas a multa de mora, admitida como dedutível, porque de natureza compensatória. Ou seja, a omissão objeto de proibição e punição por ordem pública é aquela que associa a falta de recolhimento à falta de declaração e demanda a atuação de um agente fiscal para constituição do crédito tributário por meio do lançamento. A atuação da Receita Federal ou da Procuradoria da Fazenda Nacional para alcançar a satisfação do crédito tributário declarado não resulta em punição e apenas demanda compensação por meio de multa de mora e dos encargos legais. Frente ao exposto, importa concluir que as referências da autoridade fiscal ao art. 299 do RIR/99 e ao Parecer Normativo nº 61/79 são insuficientes para firmar a indedutibilidade dos encargos legais em referência, razão pela qual deve ser DADO PROVIMENTO ao recurso voluntário para afastar a glosa resultante da infração nº 07. Prosseguindo, a recorrente reportase às multas e juros de mora questionados pela Fiscalização, observando que a autoridade julgadora de 1ª instância inovou na fundamentação legal e ainda fez ressuscitar o art. 7º da Lei 8.541/92, classificando de inaceitável e ilegal a indicação de um dispositivo legal que já não produzia efeitos no ano de 2008, posto que o art. 41, da lei 8.981/1995, dispôs de forma diferente, admitindo que os tributos e contribuições são despesas dedutíveis no período de sua competência. De fato, a autoridade julgadora de 1ª instância equivocouse ao invocar o art. 7º da Lei nº 8.541/92, dado que a vedação ali contida ganhou novos contornos com o art. 41 da Lei nº 8.981/95, deixando de ser exigido o pagamento para fins de dedução de tributos na apuração do lucro tributável. Todavia, a acusação fiscal não está fundamentada nesses dispositivos legais, e se vale, sim, da vedação à dedução de provisões estipulada no art. 335 do RIR/99, e do rol de provisões permitidas pela legislação tributária, contida no art. 13, inciso I da Lei nº 9.249/95. Observando que a atualização dos tributos não pagos no vencimento, no presente caso, não se reveste de certeza, na medida em que passível de redução ou dispensa, como inclusive verificado por parte da Medida Provisória nº 470/2009 que beneficiou a contribuinte, a autoridade fiscal também afastou a aplicação do art. 299 do RIR/99, desqualificando os registros como despesas incorridas. Destacou, ao final, que a contribuinte já considerara as multas indedutíveis, de modo que a glosa recairia apenas sobre os juros. Fl. 5100DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 46 45 A defesa da autuada, em essência, afirma a dedutibilidade dos juros incorridos com base no art. 374 do RIR/99, que assim dispõe: Art 374. Os juros pagos ou incorridos pelo contribuinte são dedutíveis, como custo ou despesa operacional, observadas as seguintes normas (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 17, parágrafo único): I os juros pagos antecipadamente, os descontos de títulos de crédito, e o deságio concedido na colocação de debêntures ou títulos de crédito deverão ser apropriados, pro rata temporis , nos períodos de apuração a que competirem; II os juros de empréstimos contraídos para financiar a aquisição ou construção de bens do ativo permanente, incorridos durante as fases de construção e pré operacional, podem ser registrados no ativo diferido, para serem amortizados. Parágrafo único. Não serão dedutíveis na determinação do lucro real, os juros, pagos ou creditados a empresas controladas ou coligadas, domiciliadas no exterior, relativos a empréstimos contraídos, quando, no balanço da coligada ou controlada, constar a existência de lucros não disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil (Lei nº 9.532, de 1997, art. 1º, § 3º). Esta Relatora já abordou a caracterização de provisões indedutíveis, mas tendo por objeto tributos com exigibilidade. Neste sentido é o voto condutor do Acórdão nº 1101000.813, a seguir transcrito: O presente lançamento tem por fundamento o art. 13, inciso I da Lei nº 9.249/95, que assim dispõe: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: I de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimoterceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável; [...] (negrejouse) O entendimento da recorrente, no sentido de que os valores glosados possuem natureza de obrigação legal, já foi acolhido em Turma deste Conselho Administrativo, no julgamento refletido no Acórdão nº 140100.058, de cuja ementa extraise: TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA – DEDUTIBILIDADE Provisão passiva representa uma obrigação incerta, ou certa mas ilíquida. O ato legal, a lei, tem presunção de constitucionalidade e de legitimidade. A obrigação ex lege tributária desfruta desse atributo e só com o trânsito em julgado favorável ao contribuinte têmse derruídas a certeza e a liquidez: obrigação tributária com exigibilidade suspensa não traduz contabilmente uma provisão, mas um contas a pagar diversamente, por ex., de um passivo relativo a uma reclamação trabalhista ainda em curso. As interpretações literal, lógica e sistemática conduzem à exegese de que as despesas com tributos com exigibilidade suspensa permanecem dedutíveis, para a determinação da base de cálculo da CSLL. No voto condutor do referido acórdão, o I. Conselheiro Marcos Shigueo Takata observa que provisão representa uma obrigação incerta, ou certa mas ilíquida, e que a obrigação tributária, em razão da presunção de constitucionalidade e de Fl. 5101DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 47 46 legitimidade da lei, é certa e líquida enquanto não se der o trânsito em julgado favoravelmente ao contribuinte, o qual, em verdade, exige a reversão do passivo antes contabilizado. Discorda, assim, que o fato de se ingressar com ação judicial contra certa lei tributária ou contra a legalidade de uma obrigação tributária transforme o passivo representativo desta obrigação em provisão, e afirma o acerto o item 4 do Anexo II do Pronunciamento IBRACON NPC nº 22, aprovado pela Deliberação CVM nº 489/2005. Referido Pronunciamento assim estabelece no Sumário que integra seu Anexo I: DEFINIÇÕES 6. Os termos a seguir são utilizados nesta NPC com os seguintes significados: (...) ii. Uma provisão é um passivo de prazo ou valor incertos. O termo provisão também tem sido usado no contexto de contas retificadoras, como depreciações acumuladas, desvalorização de ativos e ajustes de valores a receber. Esses ajustes aos valores contábeis de ativos não são abordados nesta NPC. iii. Provisões derivadas de apropriações por competência são passivos por mercadorias ou serviços que foram recebidos ou fornecidos, mas que não foram faturados ou acordados formalmente com o fornecedor, incluindo montantes devidos a empregados (por exemplo, os montantes relativos à provisão para férias), os devidos pela atualização de obrigações na data do balanço, entre outros. Embora às vezes seja necessário estimar o valor ou o tempo das provisões derivadas de apropriações por competência, o que poderia assemelharse conceitualmente a uma provisão, a diferença básica está no fato de que as provisões derivadas de apropriações por competência são obrigações já existentes, registradas no período de competência, sendo muito menor o grau de incerteza que as envolve. [...] vi. Uma obrigação legal é aquela que deriva de um contrato (por meio de termos explícitos ou implícitos), de uma lei ou de outro instrumento fundamentado em lei. [...] Ocorre que os conceitos de provisão e obrigação legal podem se tocar e se confundir em determinadas circunstâncias. O próprio Pronunciamento acima referido cogita desta possibilidade ao assim estabelecer, também no Anexo I: Provisões 10. Uma provisão deve ser reconhecida quando: a. uma entidade tem uma obrigação legal ou não formalizada presente como conseqüência de um evento passado; b. é provável que recursos sejam exigidos para liquidar a obrigação; e c. o montante da obrigação possa ser estimado com suficiente segurança. Se qualquer uma dessas condições não for atendida, a provisão não deve ser reconhecida. É importante notar, por outro lado, a diferença existente entre provisões e outros passivos e contingências passivas, conforme os itens 7, 8 e os exemplos no Anexo II a esta NPC, notadamente aqueles incluídos no item 4. No presente caso, as decisões judiciais favoráveis à contribuinte afetam não só o direito do Fisco de exigir o crédito tributário, mas também suspendem a obrigação legal da contribuinte de pagálo. Há não só incerteza quanto ao seu recebimento por parte do Fisco, como também em relação ao seu pagamento por parte da contribuinte. Daí a possibilidade, como citado no voto do I. Conselheiro Marcos Shigueo Takata, de reversão deste passivo ao final do litígio judicial, prática comum no âmbito das provisões. Caso se tratasse de uma obrigação legal, líquida e certa, a decisão judicial final favorável ao contribuinte ensejaria o reconhecimento de uma Fl. 5102DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 48 47 receita por insubsistência passiva, semelhante a um perdão de dívida, e não mera reversão de provisão. Quanto ao referido item 4 do Anexo II do Pronunciamento IBRACON NPC nº 22, não se vislumbra, ali, um reconhecimento explícito de que tributos com exigibilidade suspensa por decisão judicial seriam qualificados como obrigação legal e não como provisão. Vejase: ANEXO II EXEMPLOS DE TRATAMENTO A SER DADO ENVOLVENDO CONTINGÊNCIAS ATIVAS E CONTINGÊNCIAS PASSIVAS O objetivo deste anexo é auxiliar no entendimento da NPC sobre Provisões, contingências ativas e contingências passivas e deve ser lido no contexto completo da NPC, não devendo ser considerado isoladamente. [...] 4. Tributos a. A administração de uma entidade entende que uma determinada lei federal, que alterou a alíquota de um tributo ou introduziu um novo tributo, é inconstitucional. Por conta desse entendimento, ela, por intermédio de seus advogados, entrou com uma ação alegando a inconstitucionalidade da lei. Nesse caso, existe uma obrigação legal a pagar à União. Assim, a obrigação legal deve estar registrada, inclusive juros e outros encargos, se aplicável, pois estes últimos têm a característica de uma provisão derivada de apropriações por competência. Tratase de uma obrigação legal e não de uma provisão ou de uma contingência passiva, considerando os conceitos da NPC. Em uma etapa posterior, o advogado comunica que a ação foi julgada procedente em determinada instância. Mesmo que haja uma tendência de ganho, e ainda que o advogado julgue como provável o ganho de causa em definitivo, pelo fato de que ainda cabe recurso por parte do credor (a União), a situação não é ainda considerada praticamente certa, e, portanto, o ganho não deve ser registrado. É de se ressaltar que a situação avaliada é de uma contingência ativa, e não de uma contingência passiva a ser revertida, pois o passivo, como dito no item anterior, é uma obrigação legal e não uma provisão ou uma contingência passiva. [...] c. Ao obter decisão final favorável sobre um ganho contingente, a entidade deverá observar o momento adequado para o seu reconhecimento contábil. Não havendo mais possibilidades de recursos da parte contrária, o risco da nãorealização do ganho contingente é considerado "remoto", e, portanto, a entidade deve reconhecer contabilmente o ganho quando a decisão judicial final produzir seus efeitos, o que ocorre, normalmente, após a publicação no Diário Oficial. Isso significa dizer que, a partir desse momento, o ganho deixará de ser contingente e se tornará um direito da entidade. Antes do registro do ganho contingente, porém, e periodicamente após seu registro, a administração da entidade deve avaliar a capacidade de recuperação do ativo, uma vez que a parte contrária pode tornarse incapaz de honrar esse compromisso, ou pode ser que sua utilização futura seja incerta. No primeiro contexto, abordado no item “a”, observase que, embora proposta uma ação judicial, nada se fala da existência de decisão hábil a suspender a exigibilidade do crédito tributário. O mesmo ocorre na seqüência do desenvolvimento do exemplo, no qual a análise tem em conta, apenas, decisões judiciais ainda não definitivas, sem qualquer referência acerca da eficácia imediata destes atos judiciais. Em tais condições, não há dúvida que o tributo devido representa uma obrigação legal da contribuinte, passível de exigência a partir de seu vencimento, e que pode vir a constituir um ganho futuro, caso haja certeza suficiente do sucesso da interessada na ação judicial proposta. Aqui, porém, a incerteza está presente ante a Fl. 5103DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 49 48 existência de decisões judiciais hábeis a suspender a exigibilidade do crédito tributário, impedindo, por prazo indeterminado, que o Fisco receba ou possa executar o direito que decorreria do fato gerador praticado. Oportuno transcrever, neste ponto, doutrina invocada na decisão recorrida, extraída do Manual de Contabilidade Societária, da FIPECAFI, ed. Atlas, 2010, cap. 19 (Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes), p.p. 339/341. Os autores dessa obra, manifestandose precisamente sobre o exemplo 4a do Anexo II da NPC 22 do Ibracon, consignam que: Ao afirmar que se trata o caso de uma obrigação legal e não de uma provisão, foi criada, no nosso entender, uma ideia inexistente na norma: a de que uma obrigação de natureza legal não pode ser reconhecida como provisão, ou então não pode ser considerada de natureza possível ou remota, e sim tem que, obrigatoriamente, ser registrada como passivo líquido e certo, a pagar, independentemente da característica de probabilidade de desembolso futuro. E isso contraria frontalmente o texto da própria norma, como já visto. Isto porque, na introdução do tema, os autores comparam o Pronunciamento IBRACON NPC nº 22 com o entendimento expresso pelo IASB e assim concluem: Em primeiro lugar, a NPC deriva da IAS 37 emitida pelo IASB, e esta não contém o referido exemplo, e ele não se coaduna, no nosso julgamento, com o conteúdo das próprias normas, nem com a NPC 22 e nem com a IAS 37. No corpo da IAS 37 não há qualquer distinção entre "obrigação legal" e "obrigação não formalizada" (constructive obligation) para fins de reconhecimento de uma provisão. Vejase na parte inicial relativa às Definições, dentro do § 6a, da NPC 22: “(v) Um passivo é uma obrigação presente de uma entidade, decorrente de eventos já ocorridos, cuja liquidação resultará em uma entrega de recursos. (vi) Uma obrigação legal é aquela que deriva de um contrato (por meio de termos explícitos ou implícitos), de uma lei ou de outro instrumento fundamentado em lei. (vii) Uma obrigação não formalizada é aquela que surge quando uma entidade, mediante práticas do passado, políticas divulgadas ou declarações feitas, cria uma expectativa válida por parte de terceiros e, por conta disso assume um compromisso.” A partir dessas três definições podese construir que: "Um passivo é uma obrigação legal ou uma obrigação não formalizada presente de uma entidade." Ainda nas definições, há o conceito de provisão: "(ii) Uma provisão é um passivo de prazo ou valor incertos." Substituindo a definição de passivo nessa da provisão, chegase então a: "Uma provisão é uma obrigação legal ou uma obrigação não formalizada presente de uma entidade, decorrente de eventos já ocorridos, de prazo ou valor incertos, cuja liquidação resultará em uma entrega de recursos." Nestes termos, portanto, obrigação legal não é um conceito excludente de provisão. É possível que uma obrigação legal represente uma provisão, caso seja incerto, como no presente caso, o prazo para seu pagamento. Logo, o fato de a doutrina mencionada afirmar que compete à administração da companhia avaliar a situação na qual está inserida e fazer refletir da melhor forma essa avaliação em suas demonstrações é irrelevante para alterar a natureza atribuída ao passivo aqui em debate. Acrescentese, ainda, a conclusão do outro texto doutrinário citado na decisão recorrida, elaborado por Ricardo Mariz de Oliveira (“O Alcance e o Sentido Sistemático da lndedutibilidade dos Depósitos de Tributos em Processos Fiscais – A Dedutibilidade dos Depósitos em Processos de Consignação em Pagamento”, in Direito Tributário Atual volume 12 IBDTUSP e da Resenha Tributária, 1995): [...] Fl. 5104DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 50 49 E nenhuma lógica existe na atitude do contribuinte, de dizer que não deve o tributo quando vierem lhe cobrar, mas dizer na contabilidade que o deve, assim como na declaração de rendimentos para deduzilo fiscalmente. Num primeiro momento ele opõe ao fisco suas razões para não reconhecer o débito, e num momento seguinte, que deveria ser conseqüente, ele, inconseqüentemente, opõe ao fisco o direito de deduzir o tributo, que só existe se este for devido. [...] Assim, se o contribuinte não reconhece o débito não deve registrálo pura e simplesmente como uma despesa a pagar, como o faria em circunstâncias normais. O que ele deve fazer é registrar o risco em reserva ou provisão, que é indedutível. [...] O essencial, portanto, dentro dos preceitos relativos ao chamado "regime de competência", é que a dúvida lançada sobre o débito redunda em reserva ou provisão indedutível, e não em conta de despesa devida e a pagar, correspondente à despesa fiscalmente dedutível. A suspensão da exigibilidade, como dito, é suficiente para retirar a certeza desta despesa e caracterizar sua contrapartida como uma provisão, de modo a tornála indedutível no âmbito da apuração da CSLL. Em tais condições, a Câmara Superior de Recursos Fiscais, em decisão unânime e posterior ao Acórdão nº 140100.058, posicionouse contrariamente à pretensão de contribuinte autuada, consoante expresso na ementa do Acórdão nº 910100.592: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL Exercício: 1998, 1999, 2000 Ementa: CSLL. PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, por traduzirse em nítido caráter de provisão. Assim, a dedutibilidade de tais rubricas somente ocorrerá por ocasião de decisão final da justiça, desfavorável à pessoa jurídica. [...] Quanto aos juros glosados, a abordagem genérica da Lei nº 9.249/95 é suficiente para também afastar sua dedutibilidade imediata, pois se as obrigações com exigibilidade suspensa têm a natureza de provisão, o incremento que lhes é feito, da mesma forma destituído de exigibilidade imediata, terá por contrapartida, necessariamente, despesa indedutível. Em nada altera esta conclusão o fato de tais tributos estarem sujeitos à incidência de juros por determinação legal, pois relevante é a sua inexigibilidade, à semelhança do principal ao qual se vincula. Correta, portanto, a fundamentação adotada para glosa das despesas apontadas pela autoridade fiscal, inexistindo qualquer incongruência entre o fato efetivamente ocorrido e o enquadramento legal dado à infração. Em conseqüência, é desnecessário abordar a inaplicabilidade do art. 41, §1o da Lei nº 8.981/95 à apuração da CSLL. Nestes termos, uma obrigação contábil caracterizase como provisão quando há incerteza acerca do prazo ou do valor a ser pago. A autoridade fiscal entende que a possibilidade de uma lei posterior beneficiar a contribuinte, reduzindo ou excluindo os juros devidos, acarreta incerteza quanto ao valor a ser pago. Todavia, no momento do reconhecimento contábil dos juros, ao longo do anocalendário 2008, inexistia qualquer norma ou decisão judicial afastando ou suspendendo a obrigação legal do sujeito passivo de pagar juros de mora calculados à taxa SELIC sobre os créditos tributários devidos à Fazenda Fl. 5105DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 51 50 Nacional. E, admitir que a possibilidade de uma dispensa de juros futura acarreta incerteza, no momento presente, acerca da dívida tributária, implica caracterizar como provisão indedutível todas as dívidas tributárias e seus acessórios exigíveis no momento presente, fazendo letra morta a dedutibilidade autorizada no art. 344 do RIR/99, em conformidade com o regime de competência, vez que apenas o pagamento da dívida poria fim à exigibilidade e à possibilidade de alguma lei alterar o valor devido. Concluise, do exposto, que as características da dívida tributária devem ser analisadas de acordo com as normas e decisões judiciais vigentes no momento do registro contábil. Em consequência, no presente caso, são dedutíveis os juros apropriados segundo o regime de competência e proporcionalmente à variação da taxa SELIC aplicada sobre tributos devidos à Fazenda Nacional. Caso lei posterior venha a dispensar encargos, este fato será reconhecido contabilmente no momento de sua ocorrência, com a consequente reversão da anterior redução do lucro tributável. De outro lado, a autoridade fiscal, embora cogitando de a apropriação contábil dos juros não ter observado o regime de competência, não aprofundou suas análises neste sentido, de modo que, neste momento, não é possível inovar o lançamento e agregar outras motivações para justificar, ao menos em parte, as glosas promovidas. Assim, também deve ser DADO PROVIMENTO ao recurso voluntário para afastar as glosas decorrentes da infração nº 06. Infração 08 Despesas de Terceiros Foram glosadas: 1) despesas decorrentes de contrato de prestação de serviços referente a estruturação financeira promovida por Cedrus Consultoria (R$ 1.023.979,03 e R$ 438.848,15), porque não apresentado o contrato correspondente, mas apenas notas fiscais dirigidas à controlada Central Energética Jitituba Ltda; e 2) despesas por serviço de intermediação financeira EURO DTVM (R$ 2.940.000,00 e R$ 1.260.000,00) em razão de contrato de empréstimo entre sua controlada e o Deutsche Bank, sem qualquer estipulação de repasse das despesas de captação de recursos. A recorrente argumenta que muito embora tenha afirmado a autoridade julgadora que não haveria qualquer vínculo da Recorrente com os prestadores de serviços, mas sim, destes com a Central Energética Jitituba Ltda, resta clara a relação, na pior das hipóteses indireta, pois os contratos firmados pela Central Energética Jutituba Ltda, que é uma controlada da recorrente, foram repassados integralmente à controladora, no caso à Recorrente. Acrescenta que o mesmo se verificou em relação às despesas de estruturação financeira incorridas com as empresas CEDRUS CONSULTORIA e EURO DISTRIBUIDORA, vinculadas à operação de mútuo conforme evidenciam as correspondências enviadas em 19.05.2008 pela CENTRAL ENERGÉTICA JITITUBA, cuja cópia segue em anexo. Às fls. 4897/4899 consta contrato de mútuo por meio do qual Central Energética Jitituba Ltda, em 20/05/2008, concede créditos à autuada (R$ 17.700.700,00) e a sua filial (R$ 7.800.300,00) a serem pagos a partir de 27/10/2008 com o acréscimo de juros e variação monetária. Porém, referido contrato somente transfere à autuada o direito de apropriar os juros correspondentes ao período em que os valores lhe foram disponibilizados. Não lhe atribui as despesas precedentes, que contribuíram para contratação do empréstimos no valor Fl. 5106DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 52 51 total de R$ 32.725.000,00 pela controlada, mormente tendo em conta que em todos os documentos referentes a estas despesas figura como contratante, apenas, a controlada Central Energética Jitituba (fls. 4901/4959). A autuada somente é referida como avalista nos empréstimos. Assim, ao contrário do que entende a recorrente, o fato de o contrato originário haver sido firmado em nome da controlada determina quem é o titular da despesa. O repasse dos valores obtidos em razão destes empréstimos é, salvo prova em contrário, uma deliberação posterior, que não guarda necessária vinculação com a contratação anterior. De fato, se a contratação do empréstimo foi promovida com o objetivo de partilhar os recursos obtidos entre as empresas do grupo, então as providências neste sentido deveriam ter sido adotadas em conjunto, e ao menos precedidas de um acordo entre tais empresas acerca da repartição das despesas decorrentes. O repasse de quantias recebidas em razão do empréstimo não é suficiente para deslocar para o destinatário dos recursos a titularidade das despesas destinadas à sua contratação. A recorrente invoca o princípio da verdade real, porém, como dito, a transferência integral dos recursos somente opera efeitos em relação aos encargos incorridos depois de sua ocorrência. Os fatos jurídicos foram precisamente analisados pela autoridade fiscal, e não há reparos às consequências deles extraídas: as despesas para contratação dos empréstimos são de titularidade da pessoa jurídica que figura nos contratos e notas fiscais correspondentes. Por sua vez, como dito, a autuada consta apenas como avalista, ou seja, garantidora da obrigação, e não como devedora. Ainda, ao contrário do que alega a recorrente, não está claro nas operações efetuadas entre recorrente e controlada que a recorrente assumiria todas as despesas decorrentes dos empréstimos contraídos pela CENTRAL ENERGÉTICA JITITUBA LTDA e repassados na íntegra a recorrente. Há, apenas, proximidade de data entre a contratação dos empréstimos e o contrato de mútuo antes referido, mas sequer se vislumbra, na comparação dos valores indicados em cada conjunto de operações, a transferência da totalidade dos recursos obtidos por Central Energética Jitituba Ltda. Ademais, se a contratação tinha por objetivo beneficiar exclusivamente a autuada, esperado seria que fosse promovida em seu próprio nome. A contratação do empréstimo por empresa controlada atuante em setor de atividade distinto da autuada, mas também operacional, autoriza presumir que os recursos destinavamse à sua atividade, e nada mais que isso. É certo, como diz a recorrente, que os contratos podem ser escritos ou não, de forma que não é preciso estar expresso em contrato o negócio jurídico alegado. Todavia, a contribuinte não logrou provar os fatos que alega por nenhuma das formas do art. 212 do Código Civil, sendo certo que a prova testemunhal ou por presunção não pode ser admitida quando ultrapassado, como no presente caso, o limite previsto no art. 227 do Código Civil. Subsistem, assim, as conclusões fiscais acerca da titularidade das despesas glosadas, razão pela qual deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à infração nº 08. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora Fl. 5107DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 10410.724088/201311 Acórdão n.º 1302001.788 S1C3T2 Fl. 53 52 Fl. 5108DF CARF MF Impresso em 17/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por EDELI PEREIRA BESSA
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Numero do processo: 10882.004680/2008-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2008
DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO.
Havendo pagamento antecipado, o prazo decadencial é contado de cinco anos a partir da ocorrência do fato gerador, ressalvado a prática de dolo, fraude ou simulação.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
As multas de ofício que não forem recolhidas dentro dos prazos legais previstos, estão sujeitas à incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento.
Recurso de Ofício Negado
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-002.630
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da relatora. Por maioria de votos em negar a realização de diligência proposta pela relatora, vencidos Fábia Regina Freitas e Mônica Elisa de Lima. Pelo voto de qualidade em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos Fábia Regina Freitas, Mônica Elisa de Lima e Sidney Eduardo Stahl. Designado para elaborar o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. O conselheiro Sidney Eduardo Stahl fará declaração de voto. Fez sustentação oral pela recorrente, o advogado Paschoal Raucci, OAB/SP 215520.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente da 3ª Câmara
(assinado digitalmente)
Hélcio Lafetá Reis - Relator ad hoc
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Sidney Eduardo Stahl, Luiz Augusto do Couto Chagas, Mônica Elisa de Lima, Fábia Regina Freitas e Andrada Márcio Canuto Natal.
Nome do relator: FABIA REGINA FREITAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2008 DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. Havendo pagamento antecipado, o prazo decadencial é contado de cinco anos a partir da ocorrência do fato gerador, ressalvado a prática de dolo, fraude ou simulação. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. As multas de ofício que não forem recolhidas dentro dos prazos legais previstos, estão sujeitas à incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. Recurso de Ofício Negado Recurso Voluntário Negado
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2008 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA. A vedação de aplicação retroativa de critério jurídico modificado no curso do lançamento de ofício somente se aplica a um mesmo sujeito passivo. Não se verifica violação àquela vedação em se tratando de consulta administrativa formulada por contribuinte diverso da autuada. PIS. COFINS. VEÍCULO DE DIVULGAÇÃO. AGÊNCIA PUBLICIDADE. DESCONTO PADRÃO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. IMPOSSIBILIDADE. Integra o faturamento do veículo de comunicação todo o valor recebido do anunciante para veiculação de sua propaganda, dele não se excluindo a parcela paga, a título de desconto padrão ou comissão de agência de publicidade. Não se aplica o art. 19 da Lei nº 12.232/2010 nas relações entre particulares já que a lei disciplina a contratação de agências de publicidade pela administração pública. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2008 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA. A vedação de aplicação retroativa de critério jurídico modificado no curso do lançamento de ofício somente se aplica a um mesmo sujeito passivo. Não se verifica violação àquela vedação em se tratando de consulta administrativa formulada por contribuinte diverso da autuada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 46 80 /2 00 8- 71 Fl. 429DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 430 2 PIS. COFINS. VEÍCULO DE DIVULGAÇÃO. AGÊNCIA PUBLICIDADE. DESCONTO PADRÃO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. IMPOSSIBILIDADE. Integra o faturamento do veículo de comunicação todo o valor recebido do anunciante para veiculação de sua propaganda, dele não se excluindo a parcela paga, a título de desconto padrão ou comissão de agência de publicidade. Não se aplica o art. 19 da Lei nº 12.232/2010 nas relações entre particulares já que a lei disciplina a contratação de agências de publicidade pela administração pública. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2008 PROPOSTA DE DILIGÊNCIA. QUESTÃO INCONTROVERSA. DESNECESSIDADE. Deve ser indeferida proposta de diligência destinada a esclarecer fatos que não são controversos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2008 DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. Havendo pagamento antecipado, o prazo decadencial é contado de cinco anos a partir da ocorrência do fato gerador, ressalvado a prática de dolo, fraude ou simulação. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. As multas de ofício que não forem recolhidas dentro dos prazos legais previstos, estão sujeitas à incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. Recurso de Ofício Negado Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da relatora. Por maioria de votos em negar a realização de diligência proposta pela relatora, vencidos Fábia Regina Freitas e Mônica Elisa de Lima. Pelo voto de qualidade em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos Fábia Regina Freitas, Mônica Elisa de Lima e Sidney Eduardo Stahl. Designado para elaborar o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. O conselheiro Sidney Eduardo Stahl fará declaração de voto. Fez sustentação oral pela recorrente, o advogado Paschoal Raucci, OAB/SP 215520. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente da 3ª Câmara (assinado digitalmente) Fl. 430DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 431 3 Hélcio Lafetá Reis Relator ad hoc Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Sidney Eduardo Stahl, Luiz Augusto do Couto Chagas, Mônica Elisa de Lima, Fábia Regina Freitas e Andrada Márcio Canuto Natal. Relatório Por se tratar de acórdão da relatoria de Conselheiro que não mais compõe o Colegiado, fui designado como relator ad hoc neste processo, em razão do quê reproduzo o relatório elaborado pelo relator original e adoto o voto redigido pelo redator designado, bem como a ementa, em conformidade com os termos constantes da ata de julgamento. Tratase de Auto de Infração lavrado em face da ora Recorrente para exigir Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS e contribuição para o Programa de Integração Social – PIS (fls. 134/179) no valor total de R$ 53.486.413,81, aí inseridos multa e juros, relativas ao período de janeiro de 2003 a outubro de 2008. A acusação Fiscal resumese na ausência de recolhimento das mencionadas contribuições sobre valores recebidos pela Recorrente (Veículo de propaganda) para a Agência de propaganda. A fiscalização, com base em análise de leis e de alguns livros contábeis fornecidos pela Recorrente concluiu que no caso concreto a receita total, incluindo o chamado descontopadrão, seria da Recorrente (Veículo) que, por entender de forma diversa, não teria recolhido tributo sobre essa parcela. A Recorrente apresentou impugnação (fls. 193/230) apontando, em síntese o seguinte: 1 – Decadência em razão da inaplicabilidade ao caso concreto do prazo de 10 anos estabelecido pelos arts. 45 e 46 da Lei n. 8.212 e a consequente aplicação ao caso concreto do disposto no art. 150, par. 4º. do CTN. Nessa esteira, estariam decaídos os créditos atinentes ao período de janeiro de 2003 a novembro de 2003; 2 Insurgiuse apontando inadequada alteração do critério jurídico pela Fiscalização e a conseqüente violação ao art. 146 do CTN e ao art. 2º, XIII. da Lei n. 9784/99. Isso porque sobre o tema específico tratado nesses autos e a amparar a conduta da Recorrente havia a Solução de Consulta SRF n. 17, de 30 de abril de 2007, que explicitou que “o desconto devido à agência de propaganda previsto no art. 11 da Lei n. 4680 de 1965 não integra a base de cálculo da COFINS devida por veículo de divulgação”, bem como o Parecer da COSIT n. 198/2001, cuja conclusão a respeito da matéria era a mesma. No entanto, em 2008, outra Solução de Consulta da SRF de n. 24/2008, concluiu de forma diversa, reformando o entendimento até então vigente. Segundo explicitou a Impugnante em sua peça a nova orientação não deveria ter sido aplicada aos fatos geradores anteriores à sua publicação. 3 – Aponta, ainda, em relação à Solução de Consulta n. 17, destaca que, a despeito de não ser a Recorrente a Consulente no caso em tela, a matéria analisada naquela oportunidade consistia em interpretação de lei e não de fato concreto, sendo abstrata a análise. Ademais tanto a Solução de Consulta como o Parecer COSIT mencionam amplamente os veículos de divulgação e descontos de agência, não se referindo a um fato isolado, mas ao desconto de agência previsto na lei 4680/65. Fl. 431DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 432 4 4 – No mérito, aponta que as receitas que ingressaram em sua contabilidade a título de descontos de agência não constituem seu faturamento, nos termos do que determina o art. 3º. Da Lei n. 9.718/98 e do art. 2º. Do Decreto 4.544/02. Destaca que não se trata de receita que ingressa definitivamente no seu patrimônio, não é por ela auferida efetivamente, razão pela qual deve ser afastadas do campo e incidência do PIS e da COFINS, pois constituem receitas de terceiros. Cita jurisprudência específica do Eg. 2º. Conselho de Contribuintes e da 2ª. Turma da Câmara Superior a respeito do tema. A DRJ, analisando as razões expostas, houve por bem desprovêlas em parte apenas para afastar da autuação o período decaído (janeiro a novembro de 2003). O v. aresto recorrido (fls. 328/344) tem a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/10/2008 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PRAZO DECADENCIAL. Afastado, por inconstitucional, o prazo de dez anos para o lançamento das contribuições destinadas à Seguridade Social, a contagem do prazo decadencial regese pelo disposto no Código Tributário Nacional. Na hipótese em que há recolhimento parcial, o prazo decadencial de cinco anos tem início na data de ocorrência do fato gerador. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA. A vedação de aplicação retroativa de critério jurídico modificado no curso do lançamento de ofício somente se aplica a um mesmo sujeito passivo. Não se verifica violação àquela vedação em se tratando de consulta administrativa formulada por contribuinte diverso da autuada. BASE DE CÁLCULO. VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO. FATURAMENTO. DESCONTOS DE AGÊNCIA. EXCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. O faturamento bruto dos veículos de comunicação decorre da venda dos seus espaços/tempos aos anunciantes. Os valores correspondentes aos chamados "descontos de agência" integram o valor do faturamento dos veículos de comunicação e são devidos às agências de publicidade por conta da intermediação entre anunciante e veículo, possuindo natureza de comissão. Assim, os "descontos de agência" vinculamse a momento posterior ao do auferimento da receita tributável pelos veículos de comunicação, dela não podendo serem excluídos por falta de previsão legal. Fl. 432DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 433 5 Em face do mencionado acórdão foi interposto recurso de ofício, conforme informação de fl. 345 e recurso voluntário pela contribuinte (fls.355/407), mediante o qual, de forma resumida, pleiteia a reforma parcial do julgado pelos seguintes fundamentos: 1 – Ilegitimidade da cobrança dos juros sobre a multa de ofício. Cita jurisprudência desse Eg. CARF a respeito do tema; 2 – Alega violação ao princípio da isonomia sob o fundamento de que o acórdão recorrido, ao deixar de aplicar aos contribuintes em geral interpretação dada à legislação ora tratada em consulta formulada por um contribuinte em igualdade de condições. Além disso, o art. 48, par. 11º. da Lei n, 9430/96 remeter à necessidade de publicação da consulta, remete ao que determina o art. 100 do CTN, pois se trataria de norma complementar. Também interessa para a demonstração da generalidade da consulta a disposição no sentido de que havendo divergência entre os entendimentos, haverá edição de ato especifico para a unificação de entendimento. Ademais, o par. 4º. do mesmo dispositivo aponta que as autoridades competentes observarão o quanto decidido. 3 – A alteração do critério jurídico pela Receita, por meio de outra Solução de Consulta de número 24, em junho de 2008 somente deve ser aplicada a partir dessa data, razão pela qual devem ser canceladas as exigências, com base nesse novo critério jurídico, de janeiro de 2003 a junho de 2008. 4 – Tece considerações a respeito da Lei n. 9.718/98 e do Regulamento do PIS e da COFINS para defender que a base de cálculo das mencionadas contribuições é a receita bruta auferida pela pessoa jurídica e não a receita de terceiros, ainda que apenas transitem em suas contas. 5 – Aponta, com base na legislação que rege a atividade de propaganda, que é comum que os veículos emitam em face do anunciante nota fiscal abrangendo todo o valor devido, incluindose aí o chamado desconto padrão de agência (20%), que é indicado na própria fatura. 6 – Menciona jurisprudência administrativa e judicial, requerendo a aplicação ao caso concreto. 7 – Requer a aplicação do Parecer COSIT n. 198, de 2001, que, em relação à matéria em tela, destacou que tal remuneração “é decorrência da relação jurídica estabelecida entre a agência de publicidade e o anunciante” e “o desconto de agência não integra a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP, como também não integra a base de cálculo da COFINS”. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Fábia Regina Freitas O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235, de 06 de março de 1972, assim dele tomo conhecimento. Fl. 433DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 434 6 I Desde já adianto que do exame dos autos, verifico que a documentação trazida pela fiscalização para a autuação e pela contribuinte não são, por si só, suficientes para se firmar um juízo de valor a respeito das questões postas. Explico: A matéria em tela referese a inclusão ou não, na base de cálculo do PIS e da COFINS do veículo de comunicação (Recorrente), do valor atinente ao “desconto padrão de agência”. A celeuma se dá porque, de um lado, a fiscalização entende que o mencionado valor, ainda que transite temporariamente pelas contas do veículo (Recorrente), deve compor a base de cálculo dos mencionados tributos. De outra parte, o contribuinte defende que tal valor não integra definitivamente seu patrimônio, nem decorre de serviços por ele prestados, não se constituindo, portanto, base de cálculo das contribuições devidas pelos veículos. O que pude verificar é que nem a fiscalização solicitou, nem a Recorrente trouxe aos autos dois documentos que a jurisprudência desse Eg. CARF reputa essencial para o deslinde da causa, quais sejam: os contratos firmados entre o veículo e o anunciante e entre a agência e o anunciante se houver, bem como as faturas emitidas contra os anunciantes. Os documentos trazidos pela contribuinte, em atendimento às solicitações, foram: Contrato social, planilha informando receitas escrituradas pela contribuinte e demonstrativos da composição da base de cálculo das mencionadas contribuições, DIPJs, LALUR e livros contábeis do período e saldos das contas do Plano de Contas relativo ao ano calendário 2003. Veja que em momento algum a fiscalização ou mesmo o recorrente trouxe aos autos o contrato de prestação de serviços celebrado entre a recorrente e seus clientes, as notas fiscais emitidas contra os clientes da recorrente. Não se conseguiu, assim, estabelecer no caso concreto, a relação fática existente entre veículo (Recorrente), agência e anunciante (cliente) para se verificar se, de fato, tais valores poderiam ou não constituir receita da Recorrente. Buscouse, por meio de planilhas e livros, bem como por meio de análise da legislação estabelecer essa relação, o que, em função das peculiaridades desse tema, não é suficiente. Seria imprescindível a análise da relação contratual, da origem dessas verbas, bem como da forma com que fora faturada essa verba. Tal, entretanto, não foi feito. Assim, entendo que, para se firmar convicção em relação ao caso em tela é primordial que se baixe os autos em diligência para a apresentação desses documentos (faturas do período – do veículo em face do anunciante e, se houver, da agência em face do veículo ou do anunciante e contratos entre o veículo e seus clientes e entre os clientes e as agências – se houver), bem como para possibilitar tanto à Recorrente como ao Fisco a manifestação a respeito dos mesmos. II Caso, entretanto, seja superada a proposta supra, entendo que assiste razão ao Recorrente. Primeiramente, entendo que a Solução de Consulta n. 24, de 2001 deve ser aplicada ao caso concreto por força do que determina o art. 9º da Instrução Normativa RFB n. 1396/2013, que reza: Fl. 434DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 435 7 Art. 9º A Solução de Consulta Cosit e a Solução de Divergência, a partir da data de sua publicação, têm efeito vinculante no âmbito da RFB, respaldam o sujeito passivo que as aplicar, independentemente de ser o consulente, desde que se enquadre na hipótese por elas abrangida, sem prejuízo de que a autoridade fiscal, em procedimento de fiscalização, verifique seu efetivo enquadramento. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.434, de 30 de dezembro de 2013) Como se verifica, a própria Secretaria da Receita Federal reconhece que, ao contrário do que decidiu a DRJ, a Solução de Consulta pode ter efeito vinculante em relação a outros contribuintes e não apenas para o consulente. Caberia, assim, à fiscalização verificar o efetivo enquadramento da Recorrente ao caso concreto. No caso dos autos, pelo panorama traçado pela fiscalização e pela Recorrente, a situação resolvida na solução de Consulta n. 17, de 30 de abril de 2007, é a mesma, qual seja: Saber se o desconto padrão devido à agência de publicidade (art. 11 da Lei n. 4.680/65) integra ou não a base de cálculo devida pelos veículos de comunicação, como a Recorrente. No caso da Consulta que se pretende ver aplicada, a Receita Federal concluiu que o valor não integra a base de cálculo das mencionadas contribuições devidas pelo veículo de comunicação, já que tais valores seriam apenas repassados para as agências. Já no caso concreto, a Fiscalização concluiu pela incidência das contribuições sobre tais verbas, em total dissonância com a interpretação dada pela COSIT. Nesse passo, entendo que a autuação deve ser cancelada, nos moldes do que decidido na Solução de Consulta n. 17 de 2007, que corroborou o entendimento já consagrado no Parecer COSIT n. 198, de 2001. O fato de a Consulta n. 17 haver sido revogada posteriormente não afasta sua aplicação ao caso concreto por força do que determina o art. 146 do CTN, que reza: Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. Assim, considerando que o art. 9º. da IN n. 1396/2013, com redação dada pela IN 1434/2013, determina que as Soluções de Consulta possuem caráter vinculante para a Receita Federal e, considerando, ainda, que a Solução de Consulta n. 17 de 2007 trata do mesmo tema, concluindo que não incide sobre o PIS e a COFINS sobre desconto padrão de agência, deve ser cancelada a exigência compreendida até junho de 2008, quando foi publicada nova Consulta, a de número 24, reformando a anterior Consulta n. 17. III – Ainda que superada a questão relacionada à aplicação da Solução de Consulta, entendo que assiste razão à recorrente pelas seguintes razões, que passo a expor: Primeiramente, ainda que não seja determinante para o caso em tela, impõe se destacar que a presente autuação tem como base legal para sua interpretação o disposto na Lei Complementar n. 70/1991 e no art. 3º. Da Lei n. 9.718/98, incluindo seu parágrafo 1, que foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Fl. 435DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 436 8 A mencionada declaração de inconstitucionalidade se deu em sede de Repercussão Geral, por ocasião do julgamento do RE n. 582.235, daí porque aplicável ao caso por força do que determina o art. 62A do RICARF no que couber. Voltando ao tema objeto do Recurso Voluntário, qual seja se os descontos padrão recebido pelos veículos de comunicação e posteriormente repassados às respectivas agências de publicidade pelo serviço por ela prestados, na forma da lei, integram o não a base de cálculo do PIS e da COFINS devida pelo veículo entendo que assiste razão à Recorrente. É que a legislação que trata do tema não deixa dúvida de que nem toda a receita que circula pelo caixa da empresa será base para a tributação pelo PIS e pela COFINS. A legislação, mais especificamente o art. 2º. da já mencionada Lei n. 9.718/98 determina, inclusive, que as mencionadas contribuições serão calculadas com base no SEU faturamento. Ou seja, o faturamento passível de tributação pelo PIS e pela COFINS é o faturamento da própria pessoa jurídica, restando afastada a tributação no caso de haverem valores decorrente da prestação de serviços por terceiros. Ou seja, ainda que os valores decorrentes de “descontopadrão” seja efetivamente recebido pelos veículos no preço global da fatura, como entendeu a fiscalização, esse fato não quer dizer, por si só, que constitui receita própria, até mesmo porque os valores correspondentes ao desconto são escriturados em contas redutoras de receitas, compensando com o valor global lançado como receita. Nesse ponto, caberia ao Fisco comprovar que não houve o repasse desse montante às mencionadas agências ou que essa exclusão foi fraudulenta ou mesmo comprovar que, em verdade, esses valores correspondem efetivamente seriam custos do próprio veículo, o que não se procedeu nesses autos. Quanto à alegação de que não se poderia afastar a incidência das mencionadas parcelas porque tal exclusão não está expressamente prevista na legislação, entendo que ao julgador é dado interpretar a legislação de regência de cada tributo, até porque a lei não prevê ou descreve todas as realidades físicas possíveis. Nessa medida, entendo totalmente passível de exclusão da base de cálculo tal parcela atinente ao descontopadrão, quando recebido pelo veículo e repassado para as agências de publicidade em razão de decorrer de faturamento de terceiro, não passível de tributação pelo PIS e pela COFINS a teor do que determina o art. 2º. da Lei n. 9.718/98 Aproveito para citar o Processo nº 13808.000175/0074, Acórdão nº 9303002.207 – 3ª Turma, julgado pela Câmara Superior em sessão de 12 de março de 2013, conforme ementa colacionada abaixo, no qual por voto de qualidade, negouse provimento ao recurso, ficando vencidas as Conselheiras Nanci Gama, Maria Teresa Martinez Lopez e Susy Gomes Hoffmann e os Conselheiros Rodrigo Cardozo Miranda e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva: Matéria COFINS.AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE Recorrente LEO BURNETT Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Fl. 436DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 437 9 Período de apuração: 01/01/1995 a 31/12/1998 COFINS. BASE DE CÁLCULO. AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE. Neste julgado por voto de qualidade foi considerado que o valor tributável da COFINS, devida na forma da Lei Complementar nº 70/91, é o faturamento da pessoa jurídica, assim entendido o total da receita proveniente da venda de mercadorias ou da prestação de serviços, pressupondo–se que na falta de documentação hábil e idônea a demonstrar o contrário que a receita da recorrente é o valor total constante das notas fiscais faturas por ela emitidas contra os seus clientes. Com efeito, tratase de relações jurídicas absolutamente distintas. Assim entendeuse que a agência, em relação aos seus anunciantes, opera em nome e por conta próprios, significando a veiculação da campanha publicitária junto aos meios de comunicação um dos custos do serviço que presta e, por isso, não pode ser subtraído da base de cálculo das contribuições sobre a receita. Filiome à tese levantada pelos contribuintes no acórdão vergastado de que não pode constituir base de cálculo da recorrente o valor repassado a agência de publicidade. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso da Recorrente para afastar a incidência do PIS e da COFINS sobre o desconto padrão que é repassado às agências de publicidade. Julgo, por conseqüência prejudicada a análise do Recurso de Ofício. Apenas a título de complemento, quanto ao pedido do contribuinte de aplicação do que determina o art. 19 da Lei n. 12.232 de 2010, entendo por bem indeferilo e faço pela seguinte razão: A mencionada norma dispõe, segundo sua ementa, sobre as normas gerais para licitação e contratação pela administração pública de serviços de publicidade prestados por intermédio das agências de propaganda e dá outras providências. Ou seja, a norma pleiteada pelo contribuinte diz respeito à contratação com o Poder Público, o que nãos e observa na hipótese. Ademais, o já referido art. 19 possuía, quando de sua aprovação pelo Senado Federal, o parágrafo único, cuja redação era a seguinte: O disposto nesse artigo se aplica inclusive à contratação de servi’.cos entre particulares, observadas normas de orientação expedidas pelo Conselho Executivo das NormasPadrão – CENP. O mencionado parágrafo foi vetado , conforme se verifica da Mensagem no. 203, de 29 de abril de 2010, na qual conta como razão do veto o seguinte trecho: “O projeto de lei disciplina a contratação de agências de publicidade pela administração pública, não adentrando nas relações entre os particulares que exercem atividades publicitárias com fundamento na Lei n. 4.680, de 18 de junho de 1965” A referida Lei nº 4.680/65 não dispõe sobre o tratamento tributário das pessoas que menciona. Assim a incidência das contribuições devidas pelas agências publicitárias e pelos veículos de divulgação, obedecia à regra geral das demais pessoas jurídicas. Nesta senda, para que se chegue à conclusão de não tributação recorrese à interpretação dos dispositivos legais e principalmente do art. 2° da Lei 9718/98 que traz em seu bojo o conceito de faturamento próprio e não de faturamento de terceiro, o que possibilita Fl. 437DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 438 10 excluir, ao meu ver, o descontopadrão de agência de publicidade, posto tratarse de faturamento desta. Como visto, resta claro que se torna inviável a aplicação da mencionada norma ao caso concreto, em que se prevê relação entre particulares. Caso, entretanto, fique vencida quanto ao provimento do Recurso Voluntário, entendo que o Recurso de Ofício deveria ser desprovido pelas seguintes e sintéticas razões: 1 A presente autuação levou em consideração, para contagem do prazo da constituição do crédito, o previsto no art. 45 da Lei n° 8212/1991, declarado inconstitucional pelo Eg. STF, conforme sumula vinculante n° 08/ STF. 2 Em razão de ter havido antecipação de pagamento, já que a autuação informa que houve insuficiência de pagamento da contribuição, o prazo deve se contar a partir do fato gerador do tributo, a teor do disposto no art. 150, par. 4° do CTN e da firme jurisprudência desse Eg. CARF nesse mesmo sentido. Fábia Regina Freitas Relatora Voto Vencedor Conselheiro Hélcio Lafetá Reis Relator ad hoc Conforme apontado no Relatório supra, tendo sido designado como relator ad hoc neste processo, adoto o voto redigido pelo redator designado, bem como a ementa, em conformidade com os termos constantes da ata de julgamento. Com todo respeito ao voto da relatora, a qual muito bem se pronunciou a respeito do seu entendimento sobre o presente processo, ouso discordar de suas conclusões em relação ao provimento do recurso voluntário. De princípio a relatora propôs a realização de diligência para que fosse providenciada a juntada aos autos notas fiscais e contratos de prestação de serviços celebrados entre a recorrente e as agências de publicidade e anunciantes. Serviriam para a análise das relações contratuais estabelecidas e para demonstração da forma em foram faturados os recursos envolvidos. Neste sentido, entendo que não há controvérsia estabelecida em relação aos fatos ocorridos. A fiscalização efetuou o lançamento discriminando os valores excluídos das bases de cálculo do PIS e da Cofins, esclarecendo a origem dessas exclusões e as razões de direito pelas quais não seriam admitidas. Por sua vez, em sua impugnação, a contribuinte não contesta questões fáticas do lançamento, apenas questões de direito. Assim não foi estabelecida qualquer controvérsia em relação à base de cálculo, valores e origem do lançamento. O próprio contribuinte nunca solicitou a realização de diligências para esclarecimento de qualquer questão relativa ao lançamento, ao contrário, toda a sua defesa está amparada em questões de direito. Portanto, por esta razão, entendo que a diligência solicitada pela ilustre relatora não tem o condão de trazer qualquer luz ao deslinde do julgamento e deve ser rejeitada. MÉRITO Fl. 438DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 439 11 O contribuinte defende, em síntese, que houve mudança de critério jurídico no lançamento o que não é permitido nos termos do art. 146 do CTN. Afirma que o seu procedimento estava amparado em entendimento da própria Receita Federal quando teria proferido a Solução de Consulta nº 17, de 30/04/2007, cuja ementa está citada na impugnação. A conselheira relatora dá razão ao recorrente com base no art. 9º da IN RFB nº 1.396/2013, abaixo transcrito: Art. 9º A Solução de Consulta Cosit e a Solução de Divergência, a partir da data de sua publicação, têm efeito vinculante no âmbito da RFB, respaldam o sujeito passivo que as aplicar, independentemente de ser o consulente, desde que se enquadre na hipótese por elas abrangida, sem prejuízo de que a autoridade fiscal, em procedimento de fiscalização, verifique seu efetivo enquadramento. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.434, de 30 de dezembro de 2013)(destaquei). Ocorre, que o dispositivo normativo só aplica efeito vinculante às Soluções de Consulta Cosit, a partir de sua publicação, e não a qualquer solução de consulta. No caso a Solução de Consulta nº 17, de 30/04/2007, cuja ementa foi publicada no DOU Seção 1, página 18, de 28/05/2007, foi proferida pela Divisão de Tributação Disit da Superintendência da Receita Federal do Brasil da 4ª Região Fiscal. Portanto não sendo emitida pela Cosit não tem o efeito vinculante de que trata o citado art. 9º da IN RFB nº 1.396/2013. De fato, no período em questão, as soluções de consulta só tinham validade e efeito vinculante para os consulentes. Isto, a meu ver, por uma questão de segurança jurídica, já que o que se publicava era somente a sua ementa, sendo que pela ementa não era possível saber exatamente todo o contexto factual. A legislação sobre consulta tributária não permitia que fosse efetuada consulta sobre fatos hipotéticos ou situações em tese (art. 46 do Decreto nº 70.235/72). De forma que não era possível saber qual o procedimento adotado pela consulente em relação à forma de seu relacionamento comercial com as agências de publicidade, como eram emitidas as respectivas faturas e como o veículo de publicidade contabilizava as suas receitas ou o seu faturamento. Portanto é temerária a tese do contribuinte de que trataria somente de uma questão de interpretação do direito e que seria aplicável o princípio da isonomia tributária. Como é sabido este princípio resumese em tratar igualmente os que se encontram em idêntica situação fática perante a lei. Somente a leitura de uma ementa em solução de consulta diversa não é possível presumir ou determinar que eles se encontravam em situação fática semelhante. Somente a partir da edição da IN RFB 1.396/2013, acima citada, é que se alterou a sistemática dos procedimentos e efeitos em relação às soluções de consulta. Como se percebe a competência para responder as consultas foi centralizada na Cosit, órgão central da Receita Federal do Brasil. Passou a ter efeito vinculante a todos e não só ao consulente. Antes disto a competência para emitir as soluções de consulta era pulverizada nas diversas superintendências da RFB e seus efeitos eram restritos aos consulentes. Veja o que dispõe o art. 46 do Decreto nº 70.235/72 a respeito da consulta: Art. 46. O sujeito passivo poderá formular consulta sobre dispositivos da legislação tributária aplicáveis a fato determinado. Fl. 439DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 440 12 Parágrafo único. Os órgãos da administração pública e as entidades representativas de categorias econômicas ou profissionais também poderão formular consulta. (destaquei) Evidente que não se pode afirmar que os fatos determinados constantes do presente processo são idênticos aos fatos objetos da referida solução de consulta. No caso o próprio contribuinte poderia ter formulado um processo de consulta, esclarecendo os fatos e solicitando a correta tributação nos termos da legislação aplicável. Por conseguinte é de se concluir que não houve quebra do princípio da segurança jurídica ou mudança de critério jurídico, pois o art. 146 do CTN, abaixo transcrito, determina que não pode haver mudança de critério jurídico, anteriormente estabelecido, em relação ao mesmo sujeito passivo, sendo certo que o sujeito ativo até então não havia sequer se pronunciado anteriormente sobre os procedimentos de tributação adotados pela recorrente. Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. (destaquei) Concluindo então que referida solução de consulta não tem qualquer poder de vinculação em relação ao contribuinte resta então a análise da questão controversa se as comissões pagas às agências de publicidade pela recorrente podem ser excluídas da base de cálculo do PIS e da Cofins com base na Lei nº 9.718/98. Neste ponto a ilustre relatora concluiu que não deve haver a tributação destes valores por eles não se constituírem em faturamento do veículo de comunicação e sim da agência de publicidade. Ou seja seria faturamento de terceiros que simplesmente transitam pelo caixa da recorrente sem lhe pertencer. Ao contrário do IRPJ e da CSLL, em que se tributa o lucro ou a diferença entre as receitas e despesas, as contribuições ao PIS e Cofins, na sistemática determinada pela Lei nº 9.718/98 a tributação é incidente sobre o total do faturamento, assim entendido, as receitas provenientes da venda de mercadorias, de serviços ou de ambos, ou ainda as receitas provenientes decorrentes de suas atividades operacionais. No caso sob análise, a fiscalização tributou as receitas oriundas do faturamento realizado pela recorrente, com base nas notas fiscais por ela emitidas e que decorriam dos recebimentos realizados pela prestação de serviços aos seus clientes anunciantes de produtos diversos. A recorrente, sendo veículo de comunicação, emitia notas fiscais de serviços em favor dos anunciantes e repassava parte deste valor às agências de publicidade, na maioria das vezes produtoras dos anúncios que seriam divulgados. Neste sentido peço emprestado trecho do voto proferido pelo ilustre relator Henrique Pinheiro Torres, no processo nº 10783.902708/200856, no julgamento do Acórdão nº 9303002.598, abaixo transcrito: (...) No caso em exame, o veículo de divulgação recebeu o total do valor negociado, emitindo uma fatura comercial em nome do anunciante e, após, a agência de publicidade emitiu uma fatura comercial em nome do veículo de divulgação. São duas relações negociais que se formam. Uma entre o veiculo de divulgação e o anunciante e outra entre a agência de propaganda e o veículo de Fl. 440DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 441 13 divulgação. E cada uma dessas relações negociais haverá repercussão financeira, e, por conseguinte, tributária. No caso específico dos autos, a relação entre anunciante e veiculo de divulgação gera receita para este, no valor total da fatura por ele emitida contra àquele. Já na relação estabelecida entre a agência de propagada e o veículo de divulgação, a receita gerada será da agência, também, no valor da fatura comercial emitida contra o veículo anunciante. Quanto à tributação dessas receitas em relação ao PIS e à Cofins, não há novidade: comporão o faturamento tanto da agência quanto do veículo de divulgação, e, por conseguinte, integrarão a base de cálculo dessas contribuições, devidas por essas duas pessoas jurídicas. Assim, a receita referente à fatura emitida pelo veículo de divulgação deverá ser, por ele, oferecida à tributação dessas duas contribuições. O mesmo procedimento é esperado da agência de publicidade, em relação à receita recebida do veículo de divulgação. Notese que as faturas emitidas, tanto pelo veículo de divulgação contra a anunciante, quanto a da agência contra o veiculo de divulgação, referemse a serviços prestados por duas pessoas jurídicas distintas, e cada uma delas foi remunerada pelo serviço prestado. Essa remuneração, qualquer que seja a classificação adotada, contábil, fiscal, econômica, não importa, representa faturamento da prestadora do serviço, e como tal está sujeita à incidência do PIS e da Cofins. (...) Portanto a conclusão inequívoca que se chega é que os valores pagos às agências de publicidade constituem custos/despesas necessárias à obtenção de receitas por parte dos veículos de comunicação e não podem ser excluídas das bases de cálculo do PIS e da Cofins por falta de previsão legal. Veja o que dispõe a Lei nº 9.718/98: Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Art. 3º O faturamento a que se refere o art. 2º compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) $ 1º (revogado e não aplicável por inconstitucionalidade declarada pelo STF) § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Fl. 441DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 442 14 Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; II as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) III os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo; (Vide Medida Provisória nº 1.99118, de 2000) (Revogado pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) IV a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. V a receita decorrente da transferência onerosa, a outros contribuintes do ICMS, de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1º do art. 25 da Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996. (Incluído pela Medida Provisória nº 451, de 2008) (Produção de efeito) (...) Como se vê entre as exclusões previstas da base de cálculo a única que poderia se encaixar no caso em questão seria a do inc. III do § 2º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, acima transcrito, a qual trata das exclusões de receitas transferidas para outra pessoa jurídica. Porém este dispositivo foi revogado antes de regulamentado e, por esta razão não teve eficácia no mundo jurídico. Esta é a jurisprudência pacífica do STJ, conforme julgados abaixo transcritos: RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. LEI N.º 9.718/98, ARTIGO 3º, § 2º, INCISO III. NORMA DEPENDENTE DE REGULAMENTAÇÃO. REVOGAÇÃO PELA MEDIDA PROVISÓRIA N.º 199118/2000. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ARTIGO 97, IV, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. DESPROVIMENTO. 1. Se o comando legal inserto no artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 previa que a exclusão de crédito tributário ali prevista dependia de normas regulamentares a serem expedidas pelo Executivo, é certo que, embora vigente, não teve eficácia no mundo jurídico, já que não editado o decreto regulamentador, a citada norma foi expressamente revogada com a edição de MP 199118/2000. Não comete violação ao artigo 97, IV, do Código Tributário Nacional o decisório que em decorrência deste fato, não reconhece o direito de o recorrente proceder à compensação dos valores que entende ter pago a mais a título de contribuição para o PIS e a COFINS. Fl. 442DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 443 15 2. "In casu", o legislador não pretendeu a aplicação imediata e genérica da lei, sem que lhe fossem dados outros contornos como pretende a recorrente, caso contrário, não teria limitado seu poder de abrangência. 3. Recurso Especial desprovido. (Superior Tribunal de Justiça, Resp n° 445.452 RS (2002∕00836607) DJ de 10/03/2003, Relator Min. José Delgado). Podese citar os seguintes precedentes administrativos, a respeito da impossibilidade de exclusão das chamadas comissões das agências de publicidade da base de cálculo do PIS e da Cofins: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2003 COFINS. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. COMISSÕES PAGAS A AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE. Integra o faturamento do veículo de comunicação todo o valor recebido do anunciante para veiculação de sua propaganda, dele não se excluindo a parcela paga, a título de comissão de agência, às pessoas jurídicas que realizam a atividade de agenciamento de propaganda.(Processo 10435.000172/200710. Acórdão 3ª Turma da CSRF nº 9303002887, de 20/02/2014, relatoria do conselheiro Júlio César Alves Ramos). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/08/2002 DESCONTO PADRÃO. AGÊNCIA PUBLICIDADE. VEÍCULO DIVULGAÇÃO. O desconto padrão pago pelo veículo de divulgação à agência de publicidade integra a base de cálculo do PIS e da COFINS. Não se aplica o art. 19 da Lei nº 12.232/2010 nas relações entre particulares já que a lei disciplina a contratação de agências de publicidade pela administração pública. Recurso Especial do Contribuinte Negado. (Processo nº 10783.902708/200856. Acórdão da 3ª Turma da CSRF nº 9303002598, de 09/10/2013. Relatoria do conselheiro Henrique Pinheiro Torres). Portanto entendo que as receitas recebidas pelo veículo de comunicação integram o seu faturamento, base de cálculo do PIS e da Cofins, e não há previsão legal para exclusão da base de cálculo dos valores repassados às agências de publicidade. APLICAÇÃO DOS JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO Fl. 443DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 444 16 O recorrente defende que não é aplicável os juros Selic sobre a multa de ofício. Em seu recurso ele apresenta jurisprudência administrativa que vão ao encontro de sua tese. De acordo com o art. 161 do CTN, o crédito tributário não pago no vencimento deve ser acrescido de juros de mora, qualquer que seja o motivo da sua falta. Dispõe ainda em seu parágrafo primeiro que, se a lei não dispuser de modo diverso, os juros serão cobrados à taxa de 1% ao mês. De forma que o art 61 da Lei nº 9.430/96 determinou que, a partir de janeiro/97, os débitos vencidos com a União serão acrescidos de juros de mora calculados pela taxa Selic quando não pagos nos prazos previstos na legislação tributária, até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Entendo que os débitos a que se refere o art. 61 da Lei nº 9.430/96 correspondem ao crédito tributário de que dispõe o art. 161 do CTN. O art. 139 do CTN dispõe que o crédito tributário decorre da obrigação tributária e tem a mesma natureza desta. Já o art. 113, parágrafo primeiro, do mesmo diploma legal, define que a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Assim, se o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta, necessariamente deve abranger o tributo e a penalidade pecuniária. A multa de ofício aplicada ao presente lançamento está prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96 que prevê expressamente a sua exigência juntamente com o tributo devido. Ao constituir o crédito tributário pelo lançamento de ofício, ao tributo somase a multa de ofício, tendo ambos a natureza de obrigação tributária principal, devendo incidir os juros à taxa Selic sobre a sua totalidade. Tanto é assim, que a própria Lei 9.430/96, em seu art. 43, prevê a incidência de juros Selic quando a multa de ofício é lançada de maneira isolada. Não faria sentido a incidência dos juros somente sobre a multa de ofício exigida isoladamente, pois ambas tem a mesma natureza tributária. Neste mesmo sentido, transcrevo abaixo algumas recentes decisões da CSRF: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2000 a 30/06/2000 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. (CSRF, 3ª Turma, Processo nº 10835.001034/0016, Sessão de 15/08/2013, Acórdão nº 9303002400. Relator Joel Miyazaki). JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO As multas de ofício que não forem recolhidas dentro dos prazos legais previstos, estão sujeitas à incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Fl. 444DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 445 17 Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. (CSRF, 1ª Turma, Processo nº 13839.001516/200664, Sessão de 15/05/2013, Acórdão nº9101001657. Relator designado Valmir Sandri). Por fim, esclareço que concordo com a relatora quanto a negar provimento ao recurso de ofício e quanto a não aplicação ao caso do art. 19 da Lei nº 12.232/2010. Diante do exposto, voto por negar provimento aos recursos de ofício e voluntário. É o voto. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis Relator ad hoc Declaração de Voto Conselheiro Sidney Eduardo Stahl. Em que pesem os excelentes votos da Relatora e do Relator designado para o voto vencedor ouso discordar de ambos em relação aos motivos do meu convencimento. A minha primeira discordância se refere à demonstração da materialidade do auto de infração em exame. Pelo que se pode observar o auto foi lançado consubstanciado nos seguintes motivos lançados no auto de infração, fls. 126/1281, a saber (os destaques são nossos): As receitas decorrentes da prestação de serviços das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens permaneceram sujeitas a apuração das contribuições para o PIS e para a COFINS pelo regime cumulativo, com base na Lei 9.718/98. Neste contexto, foi verificada a exclusão de valores significativos da base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, sob a rubrica "outras exclusões e deduções" conforme as planilhas elaboradas pelo contribuinte (fls. 30 a 34 e 55 a 60), consoantes com seus livros contábeis e com as DIPJs apresentadas (fls. 17). Regularmente intimada, em 29/08/20 8 (fls 37 e 38) e em 24/11/2008 (fls. 45 a 47), a contribuinte informou que as exclusões referiamse comissões de agência, escrituradas na conta contábil 3120301010001 — Comissões de Agência, tendo como conta redutora a conta contábil 3120301010003— Cancelamento de Comissões (fls. 44 e 53). 1 Os números apontados por este Conselheiro se referem ao processo digital. Fl. 445DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 446 18 (...) Em 24/11/2008, a contribuinte foi intimada a esclarecer a base legal que amparasse as exclusões efetuadas (fls. 45 a 48). Após solicitação de prorrogação de prazo (fls. 49 e 50), a contribuinte atendeu ao Termo (fls. 51 a 64), informando, em síntese que (fls.62 a 64): (...) os valores em questão não se referem à receitas da empresa, e sim de terceiros, portanto não integram a base de cálculo das contribuições. as atividades de propaganda estão disciplinadas, há mais de quarenta anos pela Lei 4.680/65 e pelo Decreto 57.690/66 nos termos do artigo 3° da lei 4.680/65, a agência de propaganda tem personalidade jurídica própria, e é quem "estuda, concebe, executa e distribui propaganda", e mais, "por ordem e conta de clientes anunciantes", não se confundindo com o veículo de divulgação, empresa distinta e que tem personalidade jurídica diversa da primeira. o regulamento da Lei 4.680/65, aprovado pelo Decreto 57.960/66, em seu artigo 7°, estabelece que "Os serviços de propaganda serão prestados pela Agência", mediante contratação de honorários e reembolso de despesas, isso tudo sem a interveniência ou ingerência do veículo de comunicação (os negritos e sublinhados constam no original — fls. 62 a 64). E conclui às fls. 132: Uma vez que o desconto padrão de agência não importa em nenhum desconto incondicional concedido pelo veículo de divulgação ao anunciante, e que as exclusões permitidas na base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS são apenas aquelas elencadas no § 2° do artigo 3° da Lei 9.718/96, acima transcrito essa fiscalização considerou as exclusões efetuadas pela contribuinte sob a rubrica de "comissões de agência", discriminadas na Tabela I, como indevidas, em razão da falta de previsão legal para tal. Em razão disto, é lavrado o presente auto de infração para a exigência do crédito tributário em favor da Fazenda Nacional, relativo à contribuição para o PIS e para a COFINS, nos períodos e valores constantes na Tabela I, acrescido das respectivas multas de ofício e juros. O que fica evidenciado, portanto, é que em decorrência de uma exclusão na base de cálculo de valores supostamente decorrentes de pagamentos de comissão de agência é que a fiscalização lançou o auto. Aponto que os valores excluídos foram supostamente de pagamentos de comissão de agência porque a única referencia a tal fato é a alegação da contribuinte e no meu entender a mera alegação da contribuinte não é prova efetiva do fato. Fl. 446DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 447 19 Vejamos que o artigo 9º do Decreto n.º 70.235/1972 expressa o seguinte (os destaques são nossos): Art.9º A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito.(Redação dada pela Medida Provisória n.º 449, de 2008 convertida na Lei n.º 11.941/2009) O que dispõe o artigo é que o lançamento deve ser amparado por provas indispensáveis para demonstrar a configuração do ilícito. Uma informação da contribuinte de que a exclusão deuse por conta do repasse da comissão de agência não tem o cunho de substanciar adequadamente o lançamento que deveria ter sido amparado pelos contratos, escrituração e notas fiscais cabendo ao fisco demonstrar que tal valor efetivamente é receita da empresa autuada. O que ficou configurado nesse auto foi um lançamento meramente teorético, sem substrato fático, isso quer dizer que se a contribuinte viesse e alegasse em sua defesa que não se tratava de redução da base de cálculo por conta de pagamento da “comissão de agência” ou “desconto padrão de agência” como apontado, informando que fora mero erro de lançamento ou que a redução se deu por qualquer outro motivo, apenas para exemplificar, o auto de infração deixaria de existir simplesmente porque a afirmação inicial havia sido contraposta, ou seja, contra mera alegação outra alegação é suficiente para contrapôla porque alegação não produz direito para qualquer uma das partes2. Nesse sentido, tenho que o referido auto está eivado de vício material insanável, sendo, portanto, nulo. Se isso não o fosse, tenho que, a se supor que realmente as exclusões foram decorrentes do desconto padrão de agência, feita uma leitura adequada, esses valores não compõem a base tributável pelo PIS e pela COFINS, sendo essa a minha segunda divergência. Como se vê, os valores que pretende a Fazenda Nacional sejam tidos como receita da recorrida tratamse da remuneração das agências de propaganda, isso é, desconto de agência como reconhecido pelo próprio auto de infração. O fato de a Recorrida ter informado que o valor se referia a comissão de agência não desvirtua a sua real natureza de desconto de agência, parcela que, data venia, não compõe a base de cálculo das Contribuições, conforme esclarece o Parecer Normativo Cosit n.º 08/2001 e conforme já decidido inúmeras vezes por esse Conselho, a saber: “PROPAGANDA E PUBLICIDADE – BASE DE CÁLCULO DESCONTO DE AGÊNCIA – COMISSÃO – BONIFICAÇÃO Não integra a base de cálculo da Cofins o “Desconto de agência” concedido por imposição legal, conforme valor fixado em tabela e obedecendo às Normas padrão da Atividade Publicitária (expedidas pelo CENP). Não é passível de exclusão 2 Allegatio partis non facit jus. Fl. 447DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 448 20 da base de cálculo da Cofins, o valor pago ao agenciador de propaganda a título de comissão pela intermediação de negócios. Também não se exclui da base de cálculo da Cofins a bonificação concedida por antecipação de pagamento. (...)”(Parecer Normativo Cosit n. 8/2001, negritamos) “PIS BASE DE CÁLCULO Se o veículo de comunicação não recebe diretamente do anunciante o valor da comissão da agência de publicidade pela veiculação de anúncio de propaganda ("descontos"), dessa forma não escriturandoo em conta de receita, tal valor não é base imponível da PIS, restando ao Fisco, por todos os meios lícitos, invertendo o ônus da prova, demonstrar que tal valor efetivamente é receita da empresa. Por outro lado, se o valor referente à comissão da agência é pago diretamente pelo anunciante ao agente veiculador do anúncio para que este a repasse à agência publicitária, sendo tal valor escriturado em conta redutora de receita, também tal valor não integra a base de cálculo do PIS. De igual sorte, resta ao FISCO, sendo seu o ônus, provar que tais valores não foram repassados ou que referemse a custos operacionais. Recurso voluntário a que se dá provimento” (AC 20173943, Rel. Cons. Jorge Freire, d.j. 16/08/2000, negritamos). “NORMAS PROCESSUAIS. NULIDADE DO LANÇAMENTO. Descabido invocar o disposto no art. 62 do Decreto nº 70.235/72 para argüir a nulidade de lançamento destinado a prevenir a decadência de tributos e contribuições com a exigibilidade suspensa, porquanto esse dispositivo não alcança a providência formal de constituição do crédito tributário pelo lançamento, mas, sim, sua oposição ao contribuinte em medida de cobrança, no rito de inscrição na Dívida Ativa e conseqüente execução. NORMAS PROCESSUAIS. DCTF. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Os créditos tributários declarados em DCTF com exigibilidade suspensa por força de medida judicial não importam em confissão de dívida, daí a imprescindibilidade do lançamento de ofício para prevenir a decadência do direito de constituir o crédito tributário. COFINS. BASE DE CÁLCULO. VALORES FATURADOS EM NOME PRÓPRIO REPASSADOS A TERCEIRO COMO COMISSÃO DE AGÊNCIA. DISTINÇÃO ENTRE RECEITAS E ENTRADAS. PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO. Os valores faturados em nome próprio por veículo de propaganda e depois repassados, a título de comissão, à agência de publicidade, conforme disposições legais e regulamentares e a praxe do mercado, não são receitas daquele nem integram a base de cálculo da Contribuição por ele devida. Distinção necessária entre receita e meras entradas. Se o legislador, constituinte e ordinário, elegeu como base de cálculo da COFINS signo presuntivo de riqueza, importa em desvalia do princípio constitucional da capacidade contributiva a tributação de valores que não se agregam ao patrimônio do contribuinte, mesmo quando faturados em seu nome, por efetivamente Fl. 448DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 449 21 pertencerem a terceiro, a quem posteriormente são repassados. A interpretação das normas deve se conformar à Constituição Federal. MULTA DE OFÍCIO. LANÇAMENTO ELISIVO DA DECADÊNCIA. TRIBUTO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. É de ser afastada em relação à parcela da exigência compensada com amparo em provimento judicial. Recurso provido.” (AC 20214979, Rel. Cons. p/ acórdão Eduardo Rocha Schmidt, d.j. 12/08/2003, negritamos) Mas, para que não se diga que esse meu entendimento é meramente para seguir a jurisprudência apontada, passo a motiválo diretamente. Evidentemente, que não dá, simplesmente para confundir conceitos distintos, por mais parecidos que sejam. Quero dizer, se tem orelha de porco, lombo de porco, rabo de porco e pé de porco e anda, é porco; se não anda, é feijoada! A expressão receita está diretamente vinculada ao resultado da empresa. A formação do resultado decorre dos processos de mutação patrimonial das diversas categorias que compõem os elementos do custo e da receita3. Receita definese, segundo o autor, como a “quantidade de valor financeiro, originários de outro patrimônio, cuja propriedade é adquirida pela sociedade empresária ao exercer as atividades que constituem as fontes do resultado” 4. Mais especificadamente esclarece Bulhões Pedreira que receita “é o valor financeiro cuja propriedade é adquirida por efeito do funcionamento da sociedade empresária. As quantidades de valor financeiro que entram no patrimônio da sociedade em razão do seu financiamento e capitalização não são receitas; na transferência de capital de terceiros a sociedade adquire apenas o poder de usar o capital; na de capital próprio adquire a propriedade de capital destinado a aumentar seu capital estabelecido” 5. Nesses termos, receita e resultado não se confundem: o segundo é mais extenso (conceito denotativo) que o primeiro. Ou seja, por força dessa distinção será possível dizer que receita tem a ver com valores cuja propriedade, sendo adquirida por força do funcionamento da empresa (atividade típica, receita operacional), excluiria a receita não operacional. Já a receita bruta designa a contraprestação da venda de bens e serviços, enquanto valor financeiro cuja disponibilidade a empresa adquire com a venda de bens ou a prestação de serviços. Nesse sentido, distinguese da receita líquida, que é aquele valor, “diminuído de deduções e abatimentos e dos tributos cujo fato gerador seja a venda dos bens ou o fornecimento dos serviços” 6. Só a receita bruta nesse sentido estrito é que equivale a faturamento. 3 cf. Bulhões Pedreira: Finanças e demonstrações financeiras da companhia – conceitos fundamentais, Rio de Janeiro, Forense, 1989. 4 pág. 455, grifei. 5 p. 456, grifei. 6 idem, p. 457. Fl. 449DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10882.004680/200871 Acórdão n.º 3301002.630 S3C3T1 Fl. 450 22 Já o conceito de receita, como a nova fonte instituída pela EC n.º 20/98, é que significaria quantidade de valor financeiro, originário de outro patrimônio, cuja propriedade é adquirida pela sociedade empresária ao exercer as atividades que constituem as fontes do resultado: todas as receitas operacionais. Afinal, da receita operacional se excluem os valores que constituem a receita não operacional, os que entram no patrimônio da sociedade por força de financiamento e capitalização, o capital de terceiros do qual a empresa tem apenas o uso. Desse esclarecimento técnico decorre, então, que receita bruta e receita operacional não se identificam inteiramente. Quer dizer, porco é porco e feijoada é feijoada. Assim, a transição do desconto padrão de agência pelas contas da Recorrente não constitui receita ou faturamento sujeito à incidência das Contribuições por não integrar o patrimônio da mesma, ou seja, apenas transitam pelos cofres e pela contabilidade desta para depois serem repassados à agência por expressa obrigação legal. Tributarse esses valores implicaria em absoluto enriquecimento ilícito do Estado o que é defeso em uma sociedade civilizada. Permitir tal fato implicaria, ainda, em criar um precedente perigoso e ilegal, bastaria que se obrigasse em cada atividade que as cobranças fossem feitas em cascata de modo a cumular as incidências, ou seja, obrigandose, por ex., em uma obra que o empreiteiro recebesse o valor do seu serviço acrescido dos serviços do pintor, encanador e do pedreiro e repassasse ao pintor os valores a serem recebidos por aquele (o pintor) e pelo encanador e pelo pedreiro, e esse repassasse, obrigatoriamente ao encanador o valor devido a ele e ao pedreiro e esse último repassasse a parte devida ao pedreiro de modo que a receita que originalmente deveria ser 25% para cada pessoa envolvida na obra fosse tributada não uma vez, mas algumas, 4 vezes na conta do empreiteiro, três vezes na conta do pintor, duas vezes na conta do encanador e uma vez na conta do pedreiro, multiplicandose o que deveria ter uma base tributável de 100% para uma base tributável de 250%. Assim, entendo que a transição desses valores pelas contas da Recorrente não se configuram receitas passíveis de tributação e nesse sentido voto pelo provimento do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Fl. 450DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/10/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 11516.721435/2012-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3402-000.764
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 4ª Câmara/ 2ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro declarou-se impedido de votar.
ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente
VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Relatora
Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz e Carlos Augusto Daniel Neto.
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ACORDAM os membros da 4ª Câmara/ 2ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro declarouse impedido de votar. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz e Carlos Augusto Daniel Neto. Complementando, o relatório de fls. dessa mesma Conselheira em 27/12/2014 a extinta 1ª Turma da 1ª Câmara da 3ª Seção acordou em baixar o presente processo em diligência, Resolução nº 31.01000.407 para que o mesmo retornasse a DRJ para revisão da liquidez e certeza da base das contribuições do PIS e da COFINS do mês de dezembro de 2007, diante das provas acostadas aos autos e a novas se fossem necessárias. Em despacho de devolução o Presidente da Quarta Turma de Julgamento da DRJ/ Florianópolis/SC tomou a liberdade de expor a esse colegiado de segunda instância, que encontrou alguns óbices para executar a medida demandada na referida resolução e por conta disso, entendeu o pedido de diligências em questão como uma demanda por uma verdadeira RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 15 16 .7 21 43 5/ 20 12 -4 0 Fl. 487DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 22 /03/2016 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO CARLOS AT ULIM Processo nº 11516.721435/201240 Resolução nº 3402000.764 S3C4T2 Fl. 3 2 revisão da decisão de mérito da instância a quo, pleiteando a anulação do objeto da Resolução nº 3101000.407 e que o julgamento seja promovido independentemente de outra manifestação da Quarta Turma da DRJ/Florianópolis/SC, ressalvada, por óbvio, a hipótese de anulação do acórdão de primeira instância por conta de razões que a segunda instância entender justificáveis. Também, em manifestação juntada aos autos a recorrente alega ter tomado conhecimento do despacho de fls. 476 e 477 proferido pelo Presidente da Quarta Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal de julgamento de Florianópolis/SC (DRJ) pelo qual requereu a anulação da Resolução nº 3101000.407. A Recorrente alegou não concordar com a manifestação da d. autoridade julgadora a quo e espera que os autos retornem para cumprimento da diligência determinada de forma correta, para que ao final se reconheça a iliquidez e incerteza do crédito tributário, uma vez que a Autoridade Fiscal lançadora desconsiderou os lançamentos feitos a crédito na conta 114801 (estorno contábil) em dezembro de 2007, como demonstrado pela Recorrente às fls. 22 a 26 de sua impugnação, bem como reiterado às fls. 10 a 19 de seu Recurso Voluntário. Alternativamente, a Recorrente espera que ao menos seja anulada a r.decisão recorrida, tendo em vista que a DRJ se furtou de analisar os argumentos da Recorrente e as provas acostadas aos autos, que comprovam a iliquidez e incerteza do crédito tributário e que restou comprovado em sede de Recurso Voluntário que a Recorrente impugnou expressamente todo o lançamento e não apenas o lançamento referente ao mês de dezembro de 2007, como decidido pela DRJ, de modo a coibir a supressão de instância. É o relatório final. Conselheira Relatora Valdete Aparecida Marinheiro, Conforme inicialmente relatado, tratase de Recurso Voluntário, tempestivo, contra acórdão unânime da Quarta Turma da DRJ Florianópolis/SC. O processo trata de Autos de Infração por meio dos quais estão sendo exigidas da impugnante, acima qualificada, as quantias de R$ 7.839.128,82 e R$ 1.701.916,12 a título de, respectivamente, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins e de Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, não cumulativas, correspondentes a fatos geradores ocorridos em 30/06/2007, 31/07/2007, 31/08/2007, 30/09/2007, 31/10/2007, 30/11/2007, 31/12/2007. A essas importâncias foi acrescido o correspondente valor dos juros de mora. Do quadro DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO LEGAL Verifica se que a infração consiste de FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO da contribuição para o PIS e da Cofins, insuficiência que se deu em razão da não inclusão, na base de cálculo dessas contribuições, das receitas auferidas a título de juros sobre capital próprio. Conforme já reconhecido em meu voto de fls. a Recorrente a muito vem tratando do assunto “ incidência do PIS e COFINS sobre as receitas auferidas a título de juros sobre capital próprio” e nesse sentido, já afirmei que andou bem a decisão recorrida quando reconheceu a concomitância entre os processos administrativo e judicial. Fl. 488DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 22 /03/2016 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO CARLOS AT ULIM Processo nº 11516.721435/201240 Resolução nº 3402000.764 S3C4T2 Fl. 4 3 Entretanto, entendo que o reconhecimento da concomitância na esfera administrativa, nada mais é do que paralisar o processo, tendo em vista a suspensão da exigibilidade imposta pela Justiça aos órgãos administrativos até decisão final do processo judicial. Porém, esse processo administrativo deve ser saneado, porque, se a decisão for desfavorável no mérito ao contribuinte o acordão aqui recorrido será executado como se fosse um título executivo, portanto, deverá ser líquido e certo. Com esse entendimento foi proposta a diligência que o Presidente da Quarta Turma da DRJ/Florianópolis/SC expos óbices em executala e por fim pediu sua anulação. Assim, voltando ao voto condutor da decisão recorrida observamos que o julgador em fls. 415 para justificar a concomitância da matéria de mérito afirma: “Como relatado o fisco informou em seu relatório fiscal e a impugnante a sua vez, não contesta que a matéria de direito objeto do presente processo administrativo – exclusão dos juros sobre capital próprio das bases de cálculo da contribuição para o PIS e Cofins é a mesma submetida ao judiciário através de Mandado de Segurança impetrado pela contribuinte antes do lançamento fiscal” Em outra parte do mesmo voto condutor afirma que a Recorrente somente se insurgiu contra o valor referente ao mês de dezembro de 2007. Portanto, estamos diante de duas verdades, ou seja, a do acordão recorrido que trata da “Matéria Inconteste” e o voto condutor limita o que não foi contestado. Por outro lado, é razoável que a Recorrente possa ter entendido que o acordão tenha o intuito de afirmar que ela concordava com tudo e se insurgindo apenas com a exigência do mês de dezembro de 2007. Assim, nesse grau de julgamento entendo que os efeitos do acordão recorrido deve se ater que apenas os valores dos meses de junho a novembro de 2007 não foram contestados pela Recorrente. Quanto as divergências entre o valor apurado pela fiscalização e o valor defendido pela Recorrente para o mês de dezembro de 2007, entendo verificando o voto condutor da decisão recorrida, que já foi enfrentado essa questão e a decisão recorrida certa ou errada já foi proferida. Assim, cabendo a essa segunda instância julgar, proponho converter o julgamento em diligência agora para a DRF, sem qualquer risco de supressão de instância, para que a fiscalização analise todos os documentos contábeis apresentados pela Recorrente encontrados nos autos, bem como notifique a Recorrente a prestar demais esclarecimentos se necessário, para a busca da verdade material no sentido de instruir esse julgamento quanto ao valor dos juros sobre capital próprio real de dezembro de 2007, se é de R$ 33.375.931,86 conforme Auto de Infração ou se é de R$ 8.002.750,00 como afirma e defende a Recorrente. Concluído a diligência através de relatório minucioso e conclusivo, notifique a Recorrente para se manifestar em 10 dias. Após isso retorne os autos ao CARF para julgamento. É como voto. Relatora Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro Fl. 489DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 22 /03/2016 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO CARLOS AT ULIM Processo nº 11516.721435/201240 Resolução nº 3402000.764 S3C4T2 Fl. 5 4 Fl. 490DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 22 /03/2016 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ANTONIO CARLOS AT ULIM
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Numero do processo: 13804.002244/00-23
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/1990 a 31/07/1990, 01/09/1990 a 31/03/1992
FINSOCIAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO.
Devem ser reproduzidas pelos conselheiros, nos julgamentos deste Tribunal Administrativo, as decisões do Supremo Tribunal Federal proferidas em sede de recursos com repercussão geral reconhecida, por força do §2º do art. 62 do RICARF/2015,.
O prazo para repetição de indébito, para pedidos efetuados até 08 de junho de 2005, é de 10 anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido (tese dos 5 + 5). Somente a partir de 9 de junho de 2005, com o vigência do art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005, é que esse prazo passou a ser de 5 anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado.
Recurso Especial da Fazenda parcialmente provido.
Numero da decisão: 9303-003.319
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso nos termos do voto do relator.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Joel Miyazaki - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen (substituto convocado), Joel Miyazaki, Vanessa Cecconello, Maria Tereza Martínez Lopez e Carlos Alberto Freitas Barreto (presidente).
Nome do relator: JOEL MIYAZAKI
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RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado AÇOS PRIMAVERA LTDA ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1990 a 31/07/1990, 01/09/1990 a 31/03/1992 FINSOCIAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. Devem ser reproduzidas pelos conselheiros, nos julgamentos deste Tribunal Administrativo, as decisões do Supremo Tribunal Federal proferidas em sede de recursos com repercussão geral reconhecida, por força do §2º do art. 62 do RICARF/2015,. O prazo para repetição de indébito, para pedidos efetuados até 08 de junho de 2005, é de 10 anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido (tese dos 5 + 5). Somente a partir de 9 de junho de 2005, com o vigência do art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005, é que esse prazo passou a ser de 5 anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado. Recurso Especial da Fazenda parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso nos termos do voto do relator. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Joel Miyazaki Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg, Demes Brito, Rodrigo da Costa AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 22 44 /0 0- 23 Fl. 571DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI 2 Pôssas, Valcir Gassen (substituto convocado), Joel Miyazaki, Vanessa Cecconello, Maria Tereza Martínez Lopez e Carlos Alberto Freitas Barreto (presidente). Relatório Tratase de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional (efls. 187/193) contra decisão proferida no Acórdão nº. 320100.265, de 13/08/2009, que deu provimento parcial ao recurso voluntário oferecido pela contribuinte, nos termos da ementa adiante transcrita: ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/01/1990 a 31/07/1990, 01/09/1990 a 31/03/1992 FINSOCIAL. PRAZO PARA SOLICITAÇÃO DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO. Segundo entendimento consolidado pelo STJ, antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118/205, não há como se cogitar em prescrição antes de esgotado o prazo de 10 (dez) anos condizente à soma do prazo de 5 (cinco) anos, previsto no §4º do artigo 150 do CTN, e de igual interstício (cinco anos) assinalado no artigo 168, I, do referido diploma. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. Decidiu a Turma julgadora dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado pela contribuinte, para fins de afastar a prescrição em relação a parte do pedido formulado pela contribuinte. Irresignada, a PGFN apresentou recurso especial perante esta CSRF, onde pede para que o termo inicial da contagem do prazo qüinqüenal extintivo do direito à repetição do indébito, na forma do art 168 do CTN, seja contado a partir da extinção do crédito tributário (data do pagamento). Com isso, pretende ver reconhecida a prescrição do direito à restituição pleiteada pelo sujeito passivo. O recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional foi admitido, nos termos do Despacho constante às efls. 136/137. Regularmente intimado, o sujeito passivo apresentou contrarrazões às efls. 538/552 É o Relatório. Voto Fl. 572DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 13804.002244/0023 Acórdão n.º 9303003.319 CSRFT3 Fl. 571 3 Conselheiro Joel Miyazaki, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razões pelas quais dele conheço. A teor do relatado, a matéria posta em debate cingese à questão da prescrição para fins de repetição de indébito referente a recolhimentos efetuados a maior relativos ao Finsocial . O Colegiado recorrido afastou a prescrição em relação a parte do pedido formulado pela contribuinte, relativo a repetição de indébito de Finsocial, sob o entendimento de que o prazo para postular a repetição de indébito seria de 10 anos contados a partir da data de ocorrência do fato gerador. Vejase o que afirma o voto condutor do acórdão recorrido: “(...) Consoante relatório lido em Sessão, o presente processo trata de pedido de restituição cumulado a pedidos de compensações, protocolizado em 03/10/2000 pela contribuinte em epígrafe (doravante denominada Interessada), referente a recolhimentos efetuados a titulo de FINSOCIAL, dos períodos de apuração compreendidos entre 01/90 a 07/90 e 09/90 a 03/92, e a titulo de COFINS nos períodos de apuração de 04/92 a 12/95. Ab initio, mister se faz reiterar que a Interessada abstevese de recorrer no que tange ao indeferimento de seu pedido de restituição relativo a COFINS. Portanto, assim como a decisão recorrida, entendo que tal matéria deve ser considerada preclusa. (...) Partindo da premissa que a solicitação efetuada pela Interessada foi protocolizada em 03 de outubro de 2000 e se refere a fatos geradores ocorridos entre janeiro de 1990 a julho de 1990 e setembro de 1990 a março de 1992, entendo que o pedido da Interessada é PARCIALMENTE tempestivo.” Pelos fundamentos acima expostos, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso da Interessada.” Assim, diferentemente do que afirma a contribuinte em suas contrarrazões, não houve qualquer reconhecimento do direito à restituição dos valores pagos indevidamente até porque não houve análise de mérito em relação a estes mas tãosomente o Colegiado, adotando a chamada tese dos 5 + 5, afastou a prescrição e, ainda assim, afastoua apenas em relação a parte do pedido formulado. Contudo, temse que, por força do §2º do art. 62 do RICARF/2015, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal na sistemática prevista pelo art. 543B (com repercussão geral reconhecida) da Lei nº. 5.869/73 (CPC/1973), devem ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No caso concreto, a matéria referente à prescrição da pretensão de repetição de indébito tributário já foi julgada pelo STF, em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, no RE nº. 566.621, cujo julgado possui a seguinte ementa (grifos meus): Fl. 573DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI 4 DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da Fl. 574DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 13804.002244/0023 Acórdão n.º 9303003.319 CSRFT3 Fl. 572 5 vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (RE 566.621. Relatora Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 04/08/2011, REPERCUSSÃO GERAL. DjE195 DIVULG. 10102011 PUBLIC.. 11102011) De acordo com o referido julgamento, o prazo para o contribuinte pleitear a restituição de pagamentos indevidos, referentes aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, é de 10 anos, estes aplicados tãosomente para os pedidos que tenham sido protocolizados antes da vigência da Lei Complementar nº. 118/2005, em 09/06/2005. Assim, até 08/06/2005, vale a chamada tese dos 5 + 5: 5 anos da data da ocorrência do fato gerador, para homologação do lançamento (na forma do artigo 150, §4º do CTN), mais 5 anos, a partir dessa homologação, para pleitear a restituição (na forma do artigo 168, I do CTN). Referida decisão não deixa margem a dúvida de que o artigo 3º da Lei Complementar nº 118/2005 só produziu efeitos a partir de 9 de junho de 2005, de forma que, ao contribuinte que ajuizou ação judicial de repetição de indébito em período anterior a essa data – isto é, até 08/06/2005, inclusive gozava do prazo decenal (tese dos 5 + 5) para repetição de indébito, contado a partir da data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Dessa forma, mostrase inaplicável, em relação ao caso concreto, o entendimento da Fazenda Nacional, de que o prazo prescricional de 5 anos seria contado a partir da data da extinção do crédito tributário (data do pagamento). Por outro lado, no caso ora sob apreciação, o pedido administrativo de repetição de indébito foi protocolizado em 03/10/2000 e referese a pagamentos de Finsocial realizados a maior relativos a fatos geradores ocorridos em janeiro/1990 a julho/1990 e setembro/1990 a março/1992. Verificase, portanto, que, sendo o pedido anterior à vigência da Lei Complementar nº. 118/2005, isto é, anterior a 09/06/2005, deve ao caso ser aplicado o prazo prescricional de 10 anos a partir da data da ocorrência do fato gerador, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543B do Código de Processo Civil, o qual vincula os Conselheiros do CARF, por força do §2º do artigo 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF/2015. Desta forma, encontrase prescrito o pedido da contribuinte em relação aos fatos geradores ocorridos entre janeiro/1990 a setembro/1990, vez que o pedido administrativo de repetição de indébito foi protocolizado em 03/10/2000, já passado portanto, o prazo de 10 anos. Em relação, porém, aos fatos geradores ocorridos entre outubro/1990 a março/1992, tem se que a prescrição não ocorreu, razão pela qual a decisão recorrida deu provimento parcial ao pedido formulado pela contribuinte no recurso voluntário, o qual tratou apenas da questão relativa à prescrição/decadência. Por tais razões, é de se DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, para afastar a prescrição apenas em relação aos pagamentos efetuados a título de Finsocial referentes a fatos geradores ocorridos entre Fl. 575DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI 6 outubro/1990 e março/1992, e determinar o retorno dos autos à DRFB de origem, para análise das questões de mérito. É como voto. Joel Miyazaki Fl. 576DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por JOEL MIYAZAKI
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